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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BOUND / Dani René
BOUND / Dani René

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

Já se passaram anos, desde que fiz isso pela primeira vez.
Quando a necessidade de ter alguém com medo de mim, tomou conta e me tornei um homem que não se importava com quem diabos machucava. Mas agora é diferente. Eu tenho uma mulher que amo. Só que ela quer mais do que acho que posso lhe dar.
Este clube é meu castelo, e a doce Savvie é minha rainha. Meu passado nunca me permitiu liberdade e, até hoje, ainda estou preso à vida em que cresci, ainda ligado ao vício, que corre em minhas veias. O problema é que Savannah não sabe sobre meu passado sombrio.
Seven Sins se tornou minha salvação, de muitas maneiras, mas por mais que eu tente esconder a pessoa que eu era, ela revida com força total. Posso não querer, mas não posso mais me esconder, estou vinculado por um código. Tem um poder sobre mim e sempre terá.
Entrando em meu escritório, fecho a porta e tranco. Savvie vai entrar e não posso permitir que ela me veja assim. Ela tem sido um anjo, por aturar minhas manias. Minhas mentiras me alcançaram e não posso fazer nada para impedir, que elas se infiltrem em sua vida.
Eu não sei o que fazer.
Pela primeira vez na minha vida, estou perdido.
Quando a conheci, fiquei encantado com a beleza loira, que era tão diferente das garotas, que cresci conhecendo. Ela me agarrou, mais do que qualquer submissa que eu já tive. Seus desejos se infiltraram em minha vida e me encontrei doendo, quando não estava perto dela. Eu estava faminto por ela, a cada segundo do dia.
Eu sabia que tinha que reivindicar ela.
Antes dela, eu era um homem sem emoções.
Frio.
Sem coração.
Raivoso.
Eu trabalhei muito para provar a meu pai, que sou o filho que ele sempre quis, mas o decepcionei, quando o vi morrer na minha frente. Eu deveria entrar no lugar dele, mas não consegui. Em vez disso, permiti que meu primo assumisse a responsabilidade. É errado, eu nunca deveria ter feito isso, mas essa vida era algo que eu queria deixar para trás, da mesma forma que Carrick fez com a dele. Só que a minha não era tão fácil.
Com as notícias que recebi esta manhã, sei que não posso mais esconder quem sou de Savvie. E o que mais me assusta é que, quando ela descobrir o que estou escondendo, finalmente, vai embora.
Eu sei que ela está esperando por um anel e eu o quero dar, mas acredito que ela merece algo melhor do que eu. Quatro anos e me escondi dela. Seu passado é pontilhado pela violência, que lhe roubou tudo. E agora, sei que não posso trazer ela para meu próprio mundo sombrio.
Suspirando, abro a gaveta e retiro o que preciso.

Nunca houve sequer um indício de que ela soubesse. Levei anos para aperfeiçoar minha vida dupla. Quando Cristiano precisava de mim, eu estava lá. Não porque me senti culpado, por tê-lo comandando uma organização que eu é que deveria comandar, mas porque tenho sede de sangue.
Estou preso à minha necessidade.
Enquanto amarro minha linda mulher todas as noites, sinto sua agonia e desejo. É uma força motriz atrás de mim.
Eu a amo.
E a quero.
Mas nunca poderei me permitir ceder totalmente a isso. Saber que nunca serei bom o suficiente para ela, me manteve à distância.
Eu sei que preciso deixar Savannah ir. Mas sou um bastardo egoísta, arrogante, cheio de orgulho. Mas sei que, em algum momento, a verdade se espalhará e não há nada que eu possa fazer para impedir. Não é nada novo para mim. No momento em que ela entrou no clube, percebi que o futuro para nós era sombrio. Eu não pude evitar, no entanto, ansiava por possuí-la e o fiz. Agora, enquanto minha vida chega ao auge, ela aprenderá muito sobre mim, sobre quem eu realmente sou.
Ela vai embora.
E eu sei, quando esse dia chegar, estarei perdido.
Não vou sobreviver.

 


 


Quatro anos atras


Savannah

 

Entrando, encontro uma cortina preta, que me levará ao que quase posso dizer que é o meu futuro. Os nervos passam por mim e minha mão treme, quando procuro o material sedoso. Eu puxo suavemente as bordas e, conforme elas se abrem, me encontro dentro de um espaço luxuoso. Tons suaves revestem as paredes, que são visíveis, com detalhes em prata, que se destacam contra um fundo escuro, oferecendo um toque elegante. A fraca luz amarela fornece iluminação apenas o suficiente para manter a sala confortável, mas esconde os segredos em cantos sombreados.

Ainda não há muitas pessoas aqui, mas noto que sou a única mulher. Meu estômago dá uma cambalhota e tento engolir a ansiedade, que sobe pela minha espinha. Eu me pergunto se eles estão entrevistando outras pessoas. Há um murmúrio suave de vozes, profundas e baixas, enquanto os homens conversam. É como se estivessem tendo uma reunião de negócios com colegas, mas sinto seus olhos em mim, quando passo por ali e me dirijo ao bar.

Como estão conduzindo entrevistas, achei que estaria fechado à noite. Quando recebi o e-mail, achei que estaria preparada, mas nada poderia ter me preparado para entrar na cova de um leão, como presa. Eu encurto a distância entre mim e o bar, em alguns passos rápidos, encontrando um jovem de óculos brilhantes.

—Olá. — Minha voz sai mais suave do que eu queria, preciso ser mais forte do que isso. Minha timidez precisa se dissipar, para que isso funcione. Não há outros entrevistados, pelo que posso dizer, então, espero ter uma boa chance de conseguir, pois preciso disso.

—O que você quer, querida? — O jovem sorri. Ele é fofo. Covinhas e olhos azuis. Seu crachá diz Luke.

—Estou aqui para ver o Sr. Mason Gianetti, — digo a ele com um sorriso.

Ele pousa o copo e dá a volta no bar. —Você é uma rope bunnies1?— Ele sorri, olhando-me, como se estivesse pensando em me levar para um test drive.

—Estou aqui para a entrevista, — digo, parecendo mais confiante. Dizer que estou nervosa, seria um eufemismo. Tenho apenas vinte e dois anos e estou em um dos clubes de BDSM mais conhecidos de Chicago. Luke não responde, ele balança a cabeça e pega a garrafa e o copo no balcão e me leva até uma mesa. O couro escuro parece confortável, e eu me sento no assento luxuoso. Os sapatos que escolhi prendem meus dedos dos pés, e percebo que não foi uma boa ideia usá-los. Eles são novos e não tive tempo de amaciá-los. Mas sentar vai ajudar a aliviar a pressão.

—Sente aqui. Vou buscar Mason, — ele me informa, deixando-me com a garrafa, do que vejo agora ser Prosecco. Servindo a mim mesma, encho o copo e tomo um gole do líquido frio. Não faz nada para dissipar o nervosismo correndo pelo meu corpo.

Observo os clientes que entram no clube. Os homens que frequentam este lugar, são bem conhecidos. Todos eles estão aos olhos do público, daí a necessidade de anonimato. Algumas das torções, que ocorrem dentro das paredes deste clube, são coisas sobre as quais eu só li.

Não posso permitir que ele me mande embora, então, preciso convencer Mason que sou a única para este trabalho. Quando enviei a inscrição, fiquei surpresa, ao receber uma resposta. Meu plano funcionou. Estou dentro, mas ainda tenho o problema de falar com ele.

O anúncio chamava uma mulher que não tem medo de experimentar coisas novas. Alguém que gosta de brincar de corda, mas não haverá cenas de nudez. Só estive com um Dominante, e foi por acaso que nos conhecemos. Tem sido uma jornada intrigante, para dizer o mínimo. Descobri que gostava das coisas que ele me apresentava, palmadas, vendas e algemas, ser amarrada. Era algo que eu nunca pensei que iria querer, mas, no momento em que aconteceu, encontrei uma calma diferente de tudo.

Descobri meu lado submisso há dois anos. Agora, estou procurando esse tipo de relacionamento, novamente. O homem com quem estava era um dominante sensual, que explorou meu corpo de maneiras que ainda tem a capacidade de me fazer corar. Seu toque, beijo, a maneira como ele me fodeu. Tudo me transformou em uma poça no chão.

Mas eu permiti que meu coração caísse e batesse por ele.

Permiti que cada parte do meu corpo quisesse apenas ele. E quando lhe disse que o amava, ele me informou que estávamos apenas brincando, pois tinha uma esposa e família para quem voltar.

Agora, não confio em homens que prometem o mundo.

Minha vida nem sempre foi repleta de pessoas confiáveis, então, não foi uma coisa única. Mas depois dele, fiquei intrigada com o estilo de vida, mas não tinha ninguém para se aventurar nesse caminho comigo, novamente. Até agora. Isto é, se o Sr. Gianetti me contratar.

Eu tomo outro gole do álcool, apreciando o sabor na minha língua. Olho ao redor, tentando localizar o homem que estou aqui para encontrar. O e-mail confirmou que ele está procurando alguém que possa trabalhar com ele em um show, que dá todas as noites. Ele é um dos sócios do clube e, pelo que percebi, um homem bastante esquivo.

Seven Sins. Um lugar onde as cenas são a ordem do dia e a torção depende de você.

É decorado com extravagâncias, com homens de todas as idades, podres de ricos, e todos eles têm uma necessidade particular. Com cada par de olhos que caem sobre mim, não consigo conter meu corpo trêmulo. Não há nada mais erótico para mim, do que um Dominante com olhos penetrantes, percorrendo seu olhar sobre minha forma.

Posso estar aqui sob o pretexto de trabalhar, mas tudo que quero é aprender o que há para saber, sobre o homem que se esconde atrás do clube. Sei que há muito mais nele, mas algo sobre este lugar me intriga, e estou muito tentada a entrar em uma das salas dos fundos para uma cena. Mas entrei por vingança. Ele é a razão pela qual vim para o infame Seven Sins, e logo, ele saberá por quê.

Eu me pergunto quantos dos homens aqui, esta noite, têm esposas esperando em casa? Essas mulheres, que não gostam de se submeter. Que não podem dar aos maridos o que eles precisam. Por mais errado que seja, entendo por que eles fazem isso. Alguns, realmente, amam suas esposas, mas depois de experimentar a escuridão, você nunca mais poderá voltar atrás. É uma necessidade que só surge quando você desbloqueia. Mas colocar aquela trava de volta no lugar, é a coisa mais difícil do mundo.

Eu sei, pois tentei.

Eu sinto olhos queimando em mim. Mas eu não olho para eles. Não posso trazer meu olhar para vagar sobre os homens, que querem me levar e me açoitar, espancar e prender a qualquer superfície que eles possam encontrar, para que possam usar meu corpo. Não, em vez disso, olho para o meu copo e o encho mais uma vez.

É como se eles fossem todos predadores e eu tivesse sido jogada em sua toca. Talvez eu tenha. Mas vim aqui por minha própria vontade. Estou usando um vestido de coquetel preto, que brilha com minúsculas partículas de prata. A parte inferior das costas e o decote redondo, deixam pouco para a imaginação. Mas o anúncio dizia para se vestir ‘sexy.’

Quando me movo e a luz certa atinge o material, é como se o céu noturno estivesse envolvendo meu corpo. Arrisco um olhar para a porta, quando três homens entram, todos vestidos imaculadamente em ternos caros. Seus olhos caem sobre mim por um momento, mas nenhum deles se aproxima.

O espaço se enche rapidamente e em breve, sou a única pessoa sozinha em uma das cabines.

—Senhorita Cunningham. — Uma voz de barítono suave, tão picante e rico quanto um uísque maltado, arrasta-me de meus pensamentos estúpidos de como, de repente, sinto-me solitária.

Minha respiração fica presa na garganta, quando permito que meus olhos viajem até as pernas altas, em uma calça escura. Meus olhos se arregalam, quando vejo o homem que está pairando sobre a minha mesa. Ele está vestido com um caro terno Brioni carvão, camisa branca e uma gravata azul escura, que combina com meus olhos e faz sua pele parecer ainda mais bronzeada do que é.

Mason Gianetti está diante de mim e não consigo encontrar as palavras para responder.

Ele é o epítome de alto, moreno e bonito.

Uma mandíbula angular, com uma leve camada de restolho escuro, complementa os olhos verdes intensos, que abrem um buraco nos meus nervos e focam na mulher que está abaixo. Aquela que quer se ajoelhar e tudo o que ele fez, foi me fixar com um olhar genuinamente curioso.

—Eu sou Mason, — ele me diz, estendendo a mão para eu agarrar. Quando minha mão desliza na dele, o calor me atinge. Isso me agarra, mantendo-me como refém sob seu escrutínio.

—É um prazer conhecer você. Meu nome é...

—Savannah.

Meu nome é acariciado por sua voz profunda. Sua língua se lança para fora, umedecendo os lábios carnudos, como se ele estivesse saboreando o gosto.

—Sim senhor. — As palavras saem da minha boca espontaneamente, mas seus olhos escurecem consideravelmente, com a minha gafe. Algo, lá no fundo, força-me a chamá-lo assim. Pode ser estúpido, mas as orbes verde-floresta, que agora ficam quase pretas, dizem que minhas palavras, claramente, tiveram um efeito sobre o homem.

—Venha, conversaremos no meu escritório.

Ele me puxa para uma posição de pé, facilmente. Meu corpo é um brinquedo, para ele se curvar à sua vontade, e aperto minhas coxas juntas, para suprimir a dor girando na minha barriga.

—É um clube lindo, — digo a ele, seguindo atrás de seu corpo alto. De costas, passo meus olhos sobre ele. Ele tem cabelo preto como breu, que é despenteado e sexy. Talvez ele só tenha dado uma trepada nos quartos dos fundos, porque parece que alguma mulher o puxou.

—Obrigado. Carrick e eu temos muito orgulho de nosso trabalho e esperamos que cada um de nossos funcionários faça o mesmo.

Há um tom realista em sua voz, e percebo que é uma espécie de aviso. Se eu fosse trabalhar aqui, precisaria me concentrar, oferecer o mesmo cuidado no que estarei fazendo.

Subimos até o segundo andar e viramos à direita. O corredor escuro leva a uma grande porta de madeira, que Mason abre, e sou levada a uma sala lindamente mobiliada.

Uma janela atrás de sua mesa de aço e vidro, dá para o clube. Em um canto, há um pequeno bar. Um sofá fica em frente à mesa e ao longo de uma parede, há brinquedos que fazem meu corpo estremecer.

—Por favor, sente-se, — diz Mason, enquanto dá a volta em sua mesa, desabotoa o paletó do terno e se acomoda na grande cadeira de couro branco. Eu me sento na poltrona roxa, de frente para ele. Nas luzes suaves de seu escritório, ele parece ainda mais bonito do que no andar de baixo.

Ele puxa uma pasta, abre e lá no topo de uma pilha de papéis, está minha foto, aquela que enviei por e-mail, com minhas informações. Estou vestida com um espartilho preto e calcinha combinando. Ela é do estilo shortinho, que abraça minha bunda. Meu longo cabelo loiro cai nas costas, liso e reto, brilhando como seda branca.

—Por que você quer trabalhar comigo? — Ele questiona, não me olhando, seu olhar está na minha fotografia. É como se ele estivesse tentando encontrar respostas, no papel de tamanho oito por dez brilhante.

—Eu ouvi sobre você, vi seu trabalho. As fotos da corda que você postou no site do clube. — Isso o faz erguer os olhos em choque. —Minha prioridade é descobrir sobre um empregador no qual estou interessada. Além disso, — sorrio, sabendo que minhas bochechas estão aquecidas em um leve rubor, — sempre me interessei pelo trabalho de corda, que vi online, e é por isso que me candidatei ao cargo. Não sendo excessivamente experiente, é algo que acena para mim.

Sua boca se curva. Um sorriso ilumina seu rosto e meu coração bate forte no peito, fazendo-me engolir o nó na garganta. Ele é de tirar o fôlego.

Com um leve assobio, ele fecha a pasta de papel manilha. Sentando reto, ele junta os dedos sob o queixo. Sua cabeça se inclina para o lado, os olhos me avaliam, de onde ele está sentado, aquecendo minha pele, causando arrepios em cada centímetro do meu corpo.

—Então, você segue orientações facilmente? — Ele questiona em um sussurro suave. O canto de sua boca se inclinou em um sorriso malicioso. Meus mamilos endurecem, com o pensamento dele fazendo coisas com aquela boca.

—Eu sigo.

—Boa menina, — ele murmura. —Eu gostaria que você tirasse esse lindo vestido. Deixe-o formar uma poça no chão.

Seus olhos brilham, quando me levanto. Lentamente, empurro as mangas do meu vestido elegante sobre os ombros. O material desliza pelas minhas curvas e cai aos meus pés.

—Olhos em mim.

Levanto meu olhar, encontrando seu faminto.

—Lingerie tão linda.

A calcinha preta que estou usando, abraça meus quadris, segurando minha bunda e minha boceta. O material é renda, escondendo o que precisa ser escondido. Por causa do meu vestido, eu não poderia usar sutiã, então, meus seios nus estão em exibição para este homem. Os mamilos rosados atingem o pico, quando seus olhos pousam neles.

—Você é simplesmente requintada.

—Obrigada, Sr. Gianetti, — respondo timidamente, sorrindo com o elogio.

Ele se levanta da cadeira, tirando o paletó, pendurando-o nas costas da cadeira. A cada passo, ele fecha a distância entre nós, causando arrepios em mim. Ele está controlado. Assistir seus movimentos calculados, faz meu corpo vibrar em antecipação, enquanto se aproxima de mim.

Ele é muito mais alto do que eu, e tenho que inclinar a cabeça, para encontrar seu olhar. Há uma sugestão de travessura nessas orbes verdes, mas também há um fogo, que parece brilhar. O canto de sua boca está curvado por um centímetro minúsculo, mas faz seu rosto se iluminar, com a ferocidade de um predador.

Isso é o que Mason Gianetti é, e eu faria o melhor para lembrar disso. Se eu não fizer isso, não vai funcionar. Ele tem uma aura que pode te puxar, fazer você se afogar em sua órbita perigosa, e preciso me lembrar por que estou, realmente, aqui.

Ele me observa atentamente e sei que está esperando a menor nuance, para ver se sou afetada por ele. Eu preciso ficar calma, para lhe mostrar que não estou assustada, ou excitada com sua presença, mas por mais que eu tente, eu sei que não vai demorar muito para que eu esteja perdida para ele.


Mason

 

Ela é perfeita. Pele lisa e sedosa, que estou morrendo de vontade de ver amarrada com uma corda vermelha brilhante, em belos padrões. Nunca fiquei tão intrigado com uma mulher que entrou no meu clube. E houve muitas.

Há uma gentileza nela, como se fosse frágil, mas algo me diz que essa mulher está longe de ser delicada. Ela pode ser pequena em estatura, mas sua confiança transparece.

A porta do meu escritório se abre e Carrick entra. O idiota nunca bate.

—Bem, o que temos aqui? — Ele sorri, avaliando a mulher que me cativou.

Eu olho para ele, enquanto aponto para a bela loira. —Esta é Savannah, — eu a apresento.

Estou esperando que ela se encolha, mas não o faz, sorri, oferece a mão, que ele pega e dá um beijo suave nos nós dos dedos.

—Sente-se, — sua ordem é obedecida sem questionamento e o ciúme ruge em mim.

—O que você quer?

—Nate e Asher querem se encontrar para uns drinks mais tarde, — ele me diz, e sei o que isso significa. Eles querem uma cena com uma das minhas meninas. —Posso dizer a eles que oito vai funcionar?

—Sim. Isso é bom, preciso terminar aqui. — Há uma pitada de frustração em meu tom, ele, imediatamente, percebe, mas não questiona. No entanto, conheço Rick e ele vai me perguntar sobre essa beleza, mais tarde.

—Aproveite, — ele sorri, então se vira para nos deixar em silêncio.

Há quase quatro anos que administro o Seven Sins com meu melhor amigo e confidente, Carrick Anderson. Só que ele também esconde segredos, por trás de um exterior calmo e confiante. Assim como muitos dos homens que frequentam nosso clube, precisamos de nosso anonimato. Eu mais do que a maioria.

Carrick é o único que conhece minha conexão, com a violência que emana de Chicago, junto com algumas outras cidades também. Minha família, os Gianettis, é bem conhecida por seu tráfico de drogas. E sou conhecido por participar das ofertas, uma e outra vez.

Eu permito que meu olhar caia para a mulher diante de mim.

Savannah.

Até o nome dela é inebriante.

—Diga-me, por que você quer trabalhar aqui? — Aperto meus dedos, observando-a se contorcer, sob meu intenso escrutínio. Seu corpo é incrível. Já estive com algumas mulheres, mas há algo nesta, que me intriga.

—Sou uma amante da corda, uma submissa e ainda sou nova nisso, mas quero aprender tudo o que há para saber. Tenho vinte e dois anos e sei que gostaria de explorar mais.

Ela ainda é uma criança, para mim, pelo menos. Tenho trinta e dois anos e ela apenas vinte e dois. E ela também parece aquela doce inocência.

—Você tem sido uma submissa? Tem dono? Encoleirada? — Questiono, intrigado com ela. Há algo sobre essa mulher, que me pegou em uma teia, que parece estar apertando, a cada resposta que ela oferece. Voltando-me para a minha mesa, espalhei seu currículo em torno, até encontrar a página que eu queria, mas já memorizei cada pedaço de informação, cada palavra. Já fui treinado para isso, para aprender sobre a minha oponente, só que dessa vez ela não é a inimiga, é uma mulher que quero abaixo de mim.

—Eu estava com um dominante antes. Quando fiz dezoito anos, fiz uma excursão pelas faculdades. Nós nos conhecemos, eu me apaixonei e ele me possuiu por dois anos, enquanto eu estudava. — Ela se senta reta na cadeira mais uma vez e me vejo observando seu corpo equilibrado. Mesmo que ela ainda esteja nua, há uma elegância e confiança, com que ela se carrega.

—E ele te ensinou?

—Sim ele fez. — Sua resposta é suave, quase tímida, mas sei que não é ela. Pelo menos, essa não é a verdadeira ela.

—Diga-me uma coisa, Savannah, — começo, encontrando aqueles profundos olhos azuis, emoldurados por cílios delicados. Encostando-me contra a borda da mesa, estou a poucos centímetros dela e não posso deixar de sorrir, quando seu olhar cai por um segundo para o meu zíper, então voa de volta para cima. O fato de seu rosto estar na altura da virilha, não passa despercebido, porque há um leve rubor em suas bochechas. —Ele te ensinou como engolir o pau dele?

Um som dela é tudo que preciso, para me causar uma ereção violenta. Felizmente, não tenho vergonha de coisas como essa, e sei que ela pode ver o quanto me deixa duro.

—Eu... eu... sim, é o que quero dizer...

—Boa menina, — elogio, interrompendo-a. Eu não precisava que ela me chupasse. Eu não me importaria se ela o fizesse, mas precisava ver se ela lutaria comigo, ou se seria tão dócil quanto uma doce submissa. Uma, que venho desejando há anos.

Não sou como Carrick, meu parceiro. Ele joga com algumas mulheres, em uma cena. Eu, por outro lado, gosto de desfrutar de uma mulher de cada vez. Realmente, saboreá-la. É meu orgulho. Quero possuir completamente uma mulher, nos momentos em que estou com ela. Embora eu possa imaginar a doce Savannah, com aqueles lábios carnudos, festejando em outra boceta bonita. Agora, isso seria outra coisa para assistir.

—Vista-se. Eu já vi o suficiente. — Minhas palavras são roucas, desejando essa mulher, antes mesmo de ter a chance de fazer uma verificação de antecedentes dela. Não sei por que estou quebrando minhas regras, mas preciso tê-la aqui. —Você começa amanhã. Esteja aqui às sete da noite e não se atrase, abomino quando as pessoas que trabalham para mim, chegam atrasadas.

Ela balança a cabeça com eficiência, deslizando o material preto macio sobre seu corpo inebriante. Passaram apenas alguns segundos e já sinto falta de suas curvas. A expectativa de amarrá-la está passando por mim e estou ansioso para o momento em que, finalmente a amarrarei em minha corda.

Ela pega sua bolsa e se levanta nos saltos do tipo foda-me, que está usando. Não sei por que está vestida como se fosse para uma boate, mas o pensamento me irrita.

—Existe uma razão para você estar usando esses sapatos vis?

Seu olhar azul cai para os saltos plataforma pretos, em que ela está empoleirada, então, sobe, encontrando meu intenso brilho escuro.

—Vou encontrar amigos, depois daqui, — ela me diz.

—Eu não contrato garotas festeiras. Se entrar no trabalho de ressaca, ou se trouxer festas para cá, vai ser dispensada sem remuneração, entendeu?

Sua boca se abre em choque, mas não estou brincando. Eu não lido com coelhinhas de clube, nem tenho mulheres drogadas trabalhando para mim. Mas se eu tivesse que ser completamente honesto, há uma pitada de ciúme passando por mim.

—Não pretendo foder tudo, — ela me diz, indignada e imediatamente eu rio. Sua doce voz, dizendo a palavra foder, tem meu pau respondendo na mesma moeda. Ele está intrigado com essa beleza. E devo dizer, eu também estou.

—Boa menina. Eu te vejo amanhã.

Ela se vira para sair, e não posso evitar meu olhar apreciativo, percorrendo sua bunda e coxas. Ela é curvilínea em todos os melhores lugares, e não posso ajudar minha mente, vagando em pensamentos mais imundos, sobre o quão bonita ela ficaria, curvada sobre minha mesa, levando meu pau em sua boceta.

Meu telefone vibra na mesa, o som de tambor é um aviso, lembrando-me de quem eu sou, porque o nome na tela é a razão pela qual não posso ter uma mulher como ela. Há algo muito doce e inocente em Savannah Cunningham, que não é bom para mim. Ou será que, simplesmente, não sou bom para ela?

Pego meu telefone e falo no receptor. —O que?

—Cugino.2

A voz, do outro lado da linha, é o forte sotaque italiano do meu primo Cristiano Russo. Ele é um dos homens mais temidos de Las Vegas. Dirigir seu negócio de agiotas, na Cidade do Pecado, deu a ele a reputação de um dos homens mais cruéis da máfia italiana, na América. Os Nostra são temidos em qualquer lugar do mundo, mas quando você dirige na raiz deles e vê os homens que estão no comando, é quando você aprende o quão vis podem ser. Meu primo não é diferente.

—Cristiano, — sorrio, sentando na minha cadeira.

—Senti falta da sua cara feia. — Ele ri. —Há um carregamento chegando, e eu estava indo para Chicago, para ver se tudo vai bem.

Suas palavras me arrepiam. Se há uma coisa que aprendi, ao longo dos anos, é que quando meu primo diz que vai me visitar, acontece alguma merda.

—Eu não acredito que você possa sentir falta de qualquer outro rosto, além do seu, cugino. — A palavra primo, em nossa língua materna, sai facilmente dos meus lábios. —Isso é por causa do padre3 ?

—Não, certo che no4,— ele me diz. O problema é que posso ouvir a mentira em seu tom. Fui treinado para captar a mais leve inflexão, na voz de alguém e foi isso que ouvi, quando Savannah me contou sobre seu ex-Dom. Algo não estava certo e pretendo descobrir, exatamente, o que é. Talvez eu mande Cristiano visitar o idiota.

—Estou ansioso para te ver, então, — digo a ele.

—Presto5, — afirma ele com confiança.

—Tenho certeza.

Desligo, antes que ele possa dizer mais alguma coisa, para aumentar minha tensão. Levantando da cadeira, observo a cena abaixo de mim. O clube está cheio. São apenas dez da noite e já estamos lotados. Nós permitimos apenas um determinado número de pessoas ao mesmo tempo, e parece que conseguimos isso, em questão de horas.

O que me preocupa é contratar Savannah e Cristiano ver uma mulher, que de alguma forma me interessou. Talvez seja a hora de ter uma cena com uma mulher que não conheço, resolver minha frustração, e assim que a bela loira entrar aqui, terei minha tensão aliviada e ela não será alguém que eu quero dobrar, amarrar e chicotear em submissão.


Savannah

 

O céu da madrugada é azul claro, o sol escondido de minha vista, enquanto corro pelo cais. Minhas pernas estão acordadas, doendo e protestando contra os cinco quilômetros que já fiz. Minha rota é mapeada e, a cada manhã, encontro novos pontos turísticos, enquanto desço o caminho asfaltado.

Minha mente ainda está no homem que me contratou para trabalhar em seu clube.

Mason Gianetti.

Até mesmo seu nome me causa calafrios. O olhar intenso com que ele me fixou, ainda está tão fresco em minha mente, que é como se ele estivesse bem aqui, olhando para mim. Sua avaliação minha ontem, foi acalorada, para dizer o mínimo e, embora eu não tenha planos de me envolver com meu chefe, não posso negar o desejo que se acendeu em sua presença. E isso não é bom, se devo conseguir o que vim buscar aqui.

Estou intrigada com o homem. Quando cheguei em casa ontem, passei a noite pesquisando sobre ele, mas não há nada online. Encontrei uma foto dele com o Carrick Anderson, seu sócio no clube, mas fora isso, é como se o Mason não existisse.

Quando chego ao meu prédio, entro no foyer de entrada e respiro longa e profundamente. Meu corpo está relaxado da corrida, mas os músculos estão protestando contra serem empurrados ao máximo.

—Uma mulher que cuida de si mesma.

O estrondo profundo, atrás de mim, me faz pular de medo. Quando giro no calcanhar, encontro o homem que está ocupando meus pensamentos, desde que o conheci.

—Mason? Sr. Gianetti, — murmuro em choque, enquanto meus olhos se arregalam, vendo o terno caro, feito sob medida para seu corpo esguio, mas musculoso. Seu cabelo escuro está mais uma vez despenteado e aqueles olhos verde-oliva parecem me perfurar. —O que você está fazendo aqui? — Questiono, sem fôlego. Meus pulmões ainda estão tentando puxar o ar, mas com ele tão perto, tudo que posso sentir, cheirar e ouvir, é o homem diante de mim.

—Queria trazer o uniforme de trabalho que você deve usar esta noite, — ele me informa com frieza, levantando a bolsa preta, que esconde o que só posso imaginar ser uma roupa um tanto cara.

—Oh. — Minha resposta é um suspiro suave. Quando o alcanço, meus dedos roçam ao longo da pele macia e bronzeada de sua mão masculina e aqueles longos dedos, que sei que poderiam me dar prazer e me deixar ofegante. Suas unhas bem cuidadas me fazem pensar em como eu as sentiria, traçando ao longo das curvas do meu corpo.

—Eu acredito que você tem sapatos pretos? Prefiro mulheres de salto, mas não aqueles saltos, foda-me, que você usou ontem, — ele me diz, o exterior legal que usa tão bem, sem se mover um centímetro, enquanto me olha.

—Sim, sim, eu tenho saltos pretos, — murmuro, levantando meu olhar azul para encontrar o seu verde.

—Boa menina, — ele murmura, fazendo borboletas vibrarem em meu estômago, da mesma forma que fizeram, quando ele me disse que fui contratada. —Espero que você chegue na hora.

—Eu tenho o hábito de sempre chegar na hora certa, — informo, levantando o queixo, indignada, o que apenas deixa seus olhos em chamas.

—Ciao Bella, — ele me diz. Ele fala com um rico sotaque italiano, que eu percebi antes, mas quando pronuncia as palavras, no que eu só posso supor ser sua língua materna, minhas entranhas derretem. Eu o vejo sair pela porta, meus olhos grudados em cada centímetro do homem de terno cor carvão. Estou encrencada, se já estou verificando meu chefe e ainda nem comecei a trabalhar para ele.

Eu me viro para ir até o apartamento e tomar um longo banho quente, depois dando uma olhada no uniforme que ele me trouxe. Meu apartamento está em silêncio, quando entro. Há um cheiro suave de canela, e percebo que é da bolsa de roupas, que Mason deixou para trás. Sua colônia masculina flutua ao meu redor quando abro o zíper de plástico.

Quando puxo o cabide para fora, o vestido preto elegante, preso a ele, cai até o chão. É seda, com um diamante deslumbrante costurado no decote. O decote na frente e nas costas, vai garantir que seja realmente perceptível, e a parte de trás ficará aberta para todos verem.

É uma peça de roupa incrível e não quero pensar no que lhe custou. De alguma forma, duvido que ele ofereça a todos os seus funcionários, algo tão impressionante.

Penduro o vestido no armário, garantindo que nada mais entre em contato com ele, pois não consigo imaginá-lo estragando. Com minha mente em meu novo vestido e novo trabalho, corro para o chuveiro e me deleito com a fragrância de lavanda do meu gel de banho.

Esta noite será minha primeira noite no Seven Sins, o lugar que vim colocar meu passado para descansar, em uma tentativa de, finalmente, encerrar a dor e a agonia, com as quais vivi por tanto tempo. E tudo o que posso esperar e rezar, é que Mason não descubra meu segredo.

 


São apenas sete horas, quando entro no clube. O vestido longo, balançando entre minhas pernas suavemente depiladas, parece luxuoso na minha pele. O decote baixo oferece uma olhada em meus seios fartos, e as costas abertas mostram a pele bronzeada. Prendi meu longo cabelo loiro frouxamente, permitindo que cachos soltos emoldurassem meu rosto em formato de coração.

Meus olhos azuis profundos estão delineados com preto, oferecendo uma aparência de gato. O brilho suave de rosa, em meus lábios, é a única cor, além da ametista pendurada entre meus seios. O colar de prata é longo, oferecendo a elegância da joia sem exagerar.

Meus sapatos, conforme solicitado, são de salto, escarpins feitos de camurça preta e adornados com um diamante no peito do pé. Enquanto caminho através da multidão, sinto olhares acalorados em mim. Eles estão famintos, intensos e tremo, sob o escrutínio de cada Dominante no clube.

—A nova garota está aqui.

Um tom agudo, mas de comando, vem da minha esquerda. Quando me viro, encontro um homem mais velho e mais distinto do que qualquer outra pessoa nas proximidades, neste exato momento e sinto que estou corando.

—Sou tão óbvia? — Sorrio, inclinando minha cabeça para o lado, para considerá-lo. Há um ligeiro envelhecimento nas têmporas de seu cabelo bastante escuro. Seus lábios se curvam no canto. É um pequeno movimento, que me oferece um vislumbre de seu sorriso, que é bastante bonito.

—Uma mulher como você, entrando aqui com essa aparência, — ele responde, transformando o pequeno sorriso que ofereceu anteriormente, em um sorriso megawatt. —Eu diria que você virou algumas cabeças neste lugar. — Seus olhos, o cinza suave de um céu tempestuoso, observam-me atentamente. Não há dúvida de que este homem pode ter qualquer pessoa nesta sala. A confiança exala dele em ondas e parece que está tentando derrubá-las em cima de mim, arrastando-me para suas profundezas.

—Oliver. — O tom familiar, com sotaque denso, que envia calor através de mim, vem do meu novo chefe, quando ele aparece ao nosso lado. Mason mantém seu olhar no homem que está flertando comigo. Há um perigo em seus olhos e me pergunto se está com ciúme.

—Mason. — Os homens apertam as mãos, como se fossem velhos amigos. —Eu estava conversando com a adorável senhora aqui.

O homem, Oliver, sorri na minha direção, fazendo com que outra onda de calor escureça minhas bochechas. Eu sei que estou corando, mas não posso evitar. Há um certo charme, que esse homem parece possuir.

—Percebi. Ela está trabalhando aqui agora. Acredito que isso garantirá que ela esteja tão fora dos limites, quanto o resto da equipe. — A voz de Mason está rígida, gotejando, com um aviso não dito, mas eu sinto isso até os meus ossos.

—Claro, — Oliver sorri, como se soubesse que ele se meteu na pele do homem que agora é meu chefe. —Se você parar de trabalhar para Carrick e Mason, espero que me dê o prazer de sua companhia uma noite, — ele me diz, com um aceno de seu copo de uísque.

—Obrigada. — É tudo o que posso dizer, porque o toque gentil, dos dedos do Sr. Gianetti trilham ao longo da minha espinha, estabelecendo-se na base, enquanto me conduz na frente dele e para longe do homem encantador, que está sorrindo como um gato que acabou de dar uma lambida no creme.

—Mais tarde, Oliver. — O adeus de Mason é amigável, muito relaxado, após a conversa tensa, apenas alguns momentos atrás e tenho certeza de que eles já tiveram esse tipo de debate antes.

—Ele é um amigo seu?

Mason para com a minha pergunta, então, começa a me guiar escada acima, em direção aos escritórios no segundo andar.

—Algo assim, — ele responde, enquanto segue atrás de mim. Quando alcançamos o nível superior, paro, afastando-me, para que ele possa me levar ao seu escritório, que me lembro de ontem. A grande janela com vista para o clube oferece uma visão panorâmica das pessoas abaixo, mas sei que elas não podem nos ver.

O homem segue em direção à sua mesa, acomodando-se na cadeira, que parece um trono. Couro grande e caro da cor da neve.

—Sente-se, — ele ordena suavemente, apontando para a cadeira em frente à sua mesa formidável.

Sento-me no assento, meu coração catapultando descontroladamente no peito.

—As coisas importantes primeiro, — ele começa empurrando uma pasta na minha direção. —Toda a minha equipe passa por uma verificação de antecedentes, — ele me diz, e minha garganta se contrai. —Você, minha querida Senhorita Cunningham, apareceu com uma ficha limpa, como dizem. Eu nunca conheci alguém que não tivesse alguns segredos escondidos em seu armário.

Meu coração dá um salto, com suas palavras, e me forço a engolir a tensão, que agora aperta todos os músculos do meu corpo.

—Bem, suponho que agora você conheceu alguém que está em branco. — Meu encolher de ombros é uma tentativa de indiferença, esperando que ele não veja minhas mãos tremerem.

—Parece que sim, querida, mas...— ele me diz com uma peculiaridade de sua boca. O sorriso é totalmente pecaminoso, diabólico e incrivelmente tentador. —Abra a pasta, — ele ordena, fazendo meus nervos vibrarem de ansiedade.

Meus dedos tremem, quando abro a capa de papel manilha para encontrar os quatro meses de nada na folha de rastreamento. Seus homens são realmente bons, se o encontraram. Passei quatro meses treinando e ninguém sabia onde eu estava. Era para ser encoberto, mas claramente, os contatos de Mason têm influência.

—Eu... eu devo ir. Obrigada pela oportunidade, — digo, levantando da cadeira até a minha altura máxima, os joelhos fracos, de tremer de medo. Eu me viro em direção à porta.

—Pare. — A voz de Mason vem de trás de mim, acalmando-me no local. Eu não olho para ele, minhas costas retas, rígidas, e então, sinto seu calor me envolver.

—Eu não disse para você ir embora. Disse?

—Não, Sr. Gianetti. — Minha resposta é suave, submissa e não posso deixar de tremer, quando sua mão agarra meu bíceps. Seu aperto é forte, mas gentil, comandante, mas carinhoso. Lentamente, me vira para encará-lo. Com os saltos que estou usando, alcanço seu queixo, mas ainda tenho que inclinar a cabeça para trás, para encontrar aqueles olhos penetrantes, que me penetram de maneiras que não posso explicar.

—Quando eu digo para você fazer algo, é quando você faz. Encontrei seu passado facilmente, porque tenho homens que podem fazer coisas, Savannah.

Não é uma ameaça em absoluto, mas me faz estremecer, quando ele confessa suas conexões. Eu sei que esse homem está conectado a um passado muito sombrio, pois o perigo emana dele, como uma colônia.

—Compreendo. Sinto muito, Sr. Gianetti, — digo a ele, sinceramente. Eu gostaria de trabalhar aqui, porque ouvi que ele é justo, mas do jeito que está me olhando, com aquele olhar intenso, não posso deixar de me perguntar que tipo de punição ele consideraria adequada, se eu desobedecesse.

—Senhor, — ele me diz.

Minhas sobrancelhas franzem em confusão, com sua resposta.

—Você vai me chamar de Senhor, enquanto estivermos trabalhando, ou de Mason, quando estivermos fora do palco ou não em uma das salas dos fundos, no meio de uma cena. O Sr. Gianetti era meu pai, — ele me diz, em um estrondo profundo, que só acentua ainda mais seu sotaque italiano.

—Sim senhor, — digo sem pensar. Seu olhar se derrete, enquanto ele me observa atentamente.

—Você é linda demais.

Suas palavras fazem com que o calor escureça minhas bochechas, descendo até meu pescoço e sobre o decote, que é tão nu para seus olhos famintos.

—Obrigada, Mason.

—Você já foi realmente possuída? — Ele pergunta, inclinando a cabeça, enquanto permite que seu olhar apreciativo passe por mim, centímetro por centímetro torturante. —Quer dizer, viveu a vida vinte e quatro por sete?

—Não, eu não era propriedade dessa forma, Mason. — Com cada murmúrio de seu nome em meus lábios, sua expressão muda de inquisitiva, para um estado quase selvagem.

—É como se você fosse virgem, querida, — diz ele com satisfação. Sua boca se inclina ligeiramente, o sorriso é lupino, até brincalhão. —Eu encontrei muitas virgens bonitas para deflorar, em minha vida, mas algo em você é bastante inebriante.

Outro rubor aquece minhas bochechas. Ele levanta a mão, permitindo que os nós dos dedos tracem um caminho incandescente sobre a minha bochecha, descendo no meu pescoço. Com a ponta do dedo indicador, ele traça uma linha entre meus seios arfantes.

—Há algo absolutamente delicioso ouvir a respiração ofegante de uma mulher, quando ela está ligada.

Ele continua sua jornada em direção ao meu estômago, encontrando o umbigo facilmente, mergulha o dedo na reentrância, fazendo-me choramingar. Estou molhada, minha calcinha está encharcada de desejo ardente, por este homem escuro e perigoso.

—Quando eu decidir deslizar meu pau entre seus lábios carnudos, — ele profere em um tom rouco. —Eu sei que vou gostar de assistir você me chupar. Adoraria ouvir como sua garganta se contrai, enquanto você engasga. Isso te assusta, Savannah?

—Não Mason. — Minha resposta é quase inaudível. A rouquidão em meu tom é uma evidência de que ele me tem e me excitou com meras palavras.

—A ideia de ver como você ficaria linda de joelhos, enquanto idolatra meu pau com essa boca linda, é a única coisa em que pude pensar a noite toda e esta manhã.

Não respondo, porque não posso.

Não há palavras para descrever o que sinto por este homem. Ele me possui mais, do que confissões pronunciadas, com um sotaque pecaminosamente decadente. Espesso, luxuoso, como se tivesse caído sobre minha carne nua.

—E agora que você está aqui, tremendo com a necessidade de eu te tocar, sinto que devo agradar a bela mulher.

Erguendo meu queixo, encontro alguma forma de confiança. —Então me toque.


Mason

 

Três palavras são tudo o que preciso para erguer Savannah e coloca-la contra a parede, ao lado da porta do meu escritório. Ela quase saiu, mas é aí que não percebe com quem está lidando, não sou alguém de quem alguém se afasta.

Pressiono minha coxa entre as suas, minha perna musculosa contra seu núcleo aquecido. Eu estava certo, ela está encharcada por mim. Há gemidos de submissas com quem estive e que adoro, mas o que sai dos lábios desta bela loira faz mais por mim, do que qualquer uma das mulheres antes dela.

—Você faz isso com todos os seus novos membros da equipe? — Ela me pergunta e não consigo deixar de rir. Eu amo mulheres agressivas e Savannah está provando ser exatamente isso.

—Deixe-me esclarecer uma coisa, Bella. — pronuncio a palavra em minha língua materna, apreciando o sabor dela ali. —Quando eu tomo uma mulher, uma escrava, uma submissa, é porque ela é especial. Eu não brinco, não pressiono qualquer mulher que entra em meu escritório, contra a parede. E eu, certamente, não fico com tesão por uma mulher qualquer.

Eu não pergunto. Minhas mãos encontram o decote de seu vestido e empurro as pontas para longe de seus seios. Eles são cheios, cremosos e lindos pra caralho. Seus mamilos são grandes, rosados e duros como seixos, provavelmente doendo por atenção dos meus dedos ou minha boca.

—Eu quero te ver comer uma boceta bonita, — murmuro, fazendo-a choramingar, enquanto olho para seu corpo. —Você me obedeceria e lamberia outra doce garota, até que você estivesse encharcada em seus sucos?

—Se isso lhe agrada, Senhor.

Coloco minha boca em um botão pontudo, sugando-o, permitindo que meus dentes rocem a carne. Seus dedos se enredam no meu cabelo, puxando-me para mais perto, enquanto ela arqueia as costas em minha direção. Pensamentos de tê-la amarrada invadem minha mente, e não posso deixar de esfregar meu pau rígido contra seu corpo.

Uma batida na porta a assusta, mas não desisto, meus dedos encontram a fenda no vestido e encontro sua calcinha encharcada. Eu pressiono seu clitóris, circulando-o com meu polegar, enquanto outro som estrondoso vem do outro lado da porta.

Ignorando, porque sei quem é, continuo provocando essa mulher intoxicante. Seu perfume é suave e doce, como a flor de jasmim roxo profundo.

—Goze para mim, bella, — ordeno, mordendo com força seu mamilo, enquanto pressiono seu clitóris sobre o material, fazendo-a gritar de dor e de prazer.

A batida para por um momento, antes de eu ouvir a voz do meu primo.

—Gesù Cristo, stronzo6,— ele amaldiçoa, quando percebe o que estou fazendo. Dou um passo para trás, endireitando minha doce flor de jasmim, então abro a porta. Os olhos azuis de Savannah brilham de prazer, ao olhar para Cristiano.

—Primo, — eu o cumprimento, com um sorriso satisfeito.

—Ciao7.— Seu olhar percorre a beleza e ele profere —Bellissima.

—Desça as escadas. Peça a Dylan para lhe mostrar o bar. Estarei de volta em alguns instantes para lhe dar um tour, — eu ordeno a ela, e como qualquer boa submissa, obedece, balançando a cabeça e deixando meu primo e eu falarmos de negócios.

—Ela é linda, Mason, — ele me diz.

—Eu sei. E fora dos limites para você, — eu o informo, enquanto me recosto na cadeira. Ele não se incomoda comigo ou com minhas ordens, porque sabe que, uma vez que um de nós reivindica uma mulher, não há lances que permitirão que o outro invada.

—Si.

Ele se senta no sofá, que fica contra a parede oposta do meu escritório, puxando um de seus charutos. Observo, enquanto ele sacode a tampa de seu Zippo, queimando a ponta. A fumaça que enche meu escritório lembra-me a fruta doce que amávamos, quando crianças, cerejas. Minha mãe costumava fazer uma torta com aquelas que escolhíamos, e qualquer coisa que sobrasse viraria geleia.

—Então o que posso fazer por você? — Pergunto, recostando-me, observando-o atentamente. Seu terno é feito sob medida para caber nele perfeitamente. Há um toque de cinza em suas têmporas, o que mostra sua idade. Aos trinta e dois anos, tenho sorte de ainda ter meu cabelo escuro. Mas sei que, quando chegar aos trinta e cinco anos, igual ao Cristiano, vamos parecer irmãos.

—Há um homem na cidade, Lawson, — ele cospe o nome com veneno. —Ouvi dizer que ele gosta da sua cena, — diz meu primo.

—E você não podia ligar para Franco te ajudar? — Questiono, perguntando sobre o homem que é meu sangue. Franco Moretti é meu primo materno, filho do meu tio.

—Ele está... indisposto, — ele me diz, com um sorriso malicioso no rosto, e sei exatamente o que isso significa... meu primo tem um trabalho a fazer. Esses empregos que exigem violência e assassinato, ou, Deus me livre, ele encontrou uma mulher.

—Qual é o nome dela?

Christian dispensa minha pergunta. Franco mora na Costa Oeste, com os dois irmãos Moretti mais jovens.

—Cugino, isso é muito mais urgente. Preciso da ajuda dos seus homens, aqui na cidade, — diz ele, puxando um charuto.

—O que você precisa?

Um sorriso malicioso em seus lábios me diz que é algo ilegal. Não há como mexer com meu primo. Ele não respeita a lei e, quando era mais jovem, conhecia os policiais pelo primeiro nome, quando completou dezoito anos.

—Cristiano, não estou fazendo merdas ilegais no meu clube.

—E aquele pó branco que você tem na gaveta, não é ilegal? — Ele zomba de mim, conhecendo meu vício. Mas sou orgulhoso demais para admitir meu vício. Não sou como os outros viciados. Eu tenho um controle sobre isso. —Troppo fottutamente orgoglioso8, Gianetti,— ele ri.

—Vaffanculo9, Cristiano,— mordo de volta. Levantando da cadeira, caminho até o bar e sirvo duas doses de sambuca10. A bebida com sabor de alcaçuz é áspera, a mais forte que tenho no meu bar. Colocando o copo na frente de Cristiano, levanto o meu em sua direção. —Qualquer coisa que você precisar, mantenha meu nome fora disso. Este é o meu estabelecimento. Se eu cair, Carrick vai cair. Eu não vou fazer isso com ele, pois confia em mim tanto quanto confio nele. Este clube é nosso sustento e não permitirei que ninguém nos tire isso, nem mesmo a organização.

—Claro Mason, — ele me diz, antes de engolir o álcool e dar uma tragada profunda em seu charuto. —Ah, que merda boa, — ele sorri com satisfação, quando o sabor, misturado ao charuto, é o paraíso em si.

A necessidade de inalar uma longa linha vem forte em mim, mas a contenho. Christian está certo. Há momentos em que quero o pó branco escondido na minha mesa, e é aí que está o problema, passei minha vida indo e voltando da reabilitação, mas sempre foi infrutífero.

—Outro? — Pergunto, sabendo que o álcool vai acalmar a necessidade em minhas veias. Ele acena com a cabeça, seus profundos olhos chocolate encarando-me, como se ele pudesse ver meus nervos à flor da pele.

Eu me viro, pegando a garrafa e enchendo os dois copos até a borda, enquanto o líquido claro escorre pela lateral, fazendo padrões enquanto desce até meus dedos. Meu primo levanta o seu, quando eu o entrego, estreita seu olhar escuro em mim e comenta. —Você logo vai quebrar, cugino.

Tento ignorar suas palavras, mas por mais que tente bloqueá-las, sei que no fundo há uma tempestade se aproximando. Engulo o licor, permitindo que ele queime pela goela abaixo. O formigamento do álcool me acalma um pouco, e sei do que preciso, do que quero.

Savannah Cunningham.

—Ela não vai resolver o seu problema, — ele me diz, como se estivesse lendo minha mente.

—Não tenha tanta certeza, Cristiano, — ofereço.

Ele se levanta, rindo, enquanto apaga o charuto no cinzeiro de metal da minha mesa. Eu sabia que ele fumaria aqui. Mesmo que não goste de charuto, gosto do cheiro dele, então, sempre deixo um cinzeiro para meu primo, quando me visita.

Ele se inclina. —Tenho muita certeza, mio fratello. Mulheres assim só servem para uma coisa e não para ser esposa.

Não sei por que suas palavras me irritam e incomodam. Não acredito que Savannah seja como as prostitutas que ele paga para gozar. Ela é algo completamente diferente. Algo que não mereço, mas sempre fui orgulhoso e nunca aceito não como resposta. Ela será minha.


Savannah

 


—E esta é a bandeja de vidro para onde vão todos os copos sujos. — Dylan sorri para mim. Ele deve ter a minha idade, porque parece muito jovem para trabalhar aqui.

—Obrigada por isso. Já se passou muito tempo, desde que alguém foi gentil comigo, — digo a ele. Não sei por que digo isso, mas as palavras saem da minha boca sem pensar.

—Ouça-me, Savannah. Mason e Carrick são rígidos, mas são bons homens. Eles vão cuidar de você e te guiar para uma vida melhor. — Sua mão no meu ombro me acalma.

—Eu assumo a partir daqui, Dylan. — A voz profunda, atrás de mim, envia calor por cada centímetro do meu corpo. Seus olhos passam, preguiçosamente, por mim, quando me viro para encará-lo. —Venha.

Uma palavra é tudo o que ele oferece, antes de se virar para seguir por um longo corredor.

Já ouvi falar das salas dos fundos do Seven Sins. A conversa sobre o que acontece lá, é notória em toda a cidade. Garotas que conheci, enquanto fazia meus estudos noturnos, sussurravam sobre homens espancando, amarrando e fazendo todo tipo de coisa com as mulheres ali.

Fiquei intrigada.

Quando fiz uma pequena pesquisa sobre BDSM, encontrei imagens que me chocaram, outras me assustaram e algumas me excitaram. A corda, também conhecida como Shibari, foi o que chamou minha atenção. Como as mulheres ficam suspensas no teto, permitindo que seus corpos se contorçam, lindamente amarrados em vários tons de corda grossa, foi o que me fez fantasiar, tarde da noite.

Meus pais, se ainda estivessem vivos, odiariam saber onde estou agora. Depois do tempo que passei com um homem que mentiu para mim, um homem que pensei que me amava e que acabou sendo casado, voltei para casa com o rabo entre as pernas. Pagaram para eu estudar, compraram-me um apartamento na cidade e, como sempre, deixaram-me por conta própria.

Foi só quando perdi tudo, que percebi que precisava crescer e encontrar paz com o que aconteceu. Quando percebi como realmente estava sozinha, finalmente fiz a escolha de fazer algo com minha vida. Fiz algo que sei que meu pai nunca aprovaria e agora estou aqui. Minha melhor amiga, Peyton, foi a única com quem mantive contato.

Mas agora, vivendo em cidades diferentes, sinto falta dela, mais do que pensei que sentiria. Estou perdida em meus pensamentos, quando bato em um corpo duro e musculoso. Não há nada de suave em Mason Gianetti, e tenho certeza de que seu toque será igualmente duro.

—Sinto muito, — sussurro, levantando meu olhar para encontrar o dele.

—Não há nada para se desculpar, Bella, — ele responde, curvando o canto da boca em um sorriso, que deixa meu corpo derretido de desejo. A maneira como meu corpo reage a ele, a maneira como ele me faz desejá-lo, é perigosa. Não é para isso que vim aqui. —Você pensa demais, tesoro, — ele murmura mais uma vez, em uma fala arrastada e enfumaçada.

—Tesoro?— Questiono, as sobrancelhas batendo juntas em confusão. Não sou muito versada no italiano, então, essa palavra é completamente nova para mim.

—Querida, — ele me diz, traduzindo o carinho, que só me queima mais quente e mais brilhante do que antes.

—Você terá que aprender a língua, quanto mais tempo passarmos juntos. — Ele parece confiante em suas palavras.

—Mais tempo juntos?

Ele empurra a porta, conduzindo-me, a um lindo espaço decorado em cereja escura e roxo, com detalhes em ouro, do lustre à barra do edredom, na grande cama king-size.

—Mason, — murmuro, girando no meu calcanhar para enfrentá-lo. —O que estamos fazendo aqui?

—Falando, — ele me diz, enquanto se aproxima de mim. —Eu preciso que você se sente e me escute. Tenho uma oferta para você, acho que será algo que apreciará.

—Oh? — Gracejo, sentando na cadeira, no canto do quarto, para que eu possa ver todo o espaço diante de mim. Ele não chega perto, em vez disso, puxa outra cadeira, que coloca na minha frente. Quando está sentado, ele se inclina para trás, seu único tornozelo colocado no outro.

—Estive pensando, eu te contratei para experimentar Shibari e gostaria de experimentar com você, mas... — Me observa mais uma vez, como o predador, que estou aprendendo que ele é. —Eu tenho uma vaga, mais uma... — Suas palavras diminuem gradualmente, o que faz meu coração pular na garganta. Meus nervos atacam em choques elétricos, através do meu corpo, quando seu olhar pousa no meu peito. —Personale11.

—Eu não entendo.

—É simples, tesoro.— Ele sorri. —Eu quero que você seja minha submissa. Mesmo que você vá se apresentar comigo no palco, todas as noites, acho que poderíamos... combinar. Você quer aprender. Eu quero ensinar. Você quer um Dominador. Quero uma linda mulher de joelhos por mim.

—Você quer dizer como... quero dizer... Você quer me possuir? — Pareço incrédula, confusa e lisonjeada, ao mesmo tempo.

Ele concorda e está mortalmente sério, enquanto observa minha reação.

—Claro, se esse trabalho não é o que você queria, é bem-vinda para trabalhar no bar, como garçonete. — Ele acena com a mão no ar, como se o trabalho fosse servil para ele. E suponho que seja.

—Eu não sei o que dizer, — digo, em estado de choque.

O canto de sua boca se levanta, seus olhos verdes escurecem ligeiramente e os lábios se apertam. O movimento é suficiente para que eu acene com a cabeça, mas me contenho, apenas por mais um momento, enquanto pondero sua oferta. Eu não esperava por isso. Sim, vim aqui para trabalhar, saber quem ele é e mergulhar nos segredos que esconde. Mas ser possuída?

—Bem, eu sei o que eu gostaria que dissesse, mas é claro, depende de você, bella, — ele me diz facilmente, apontando para a cama. —Este é o meu quarto de jogos. Vou te trazer aqui para praticar. Aprendi a arte de Shibari nos últimos dez anos.

Há melancolia em seu tom, que ele endurece, com as próximas palavras que fala.

—É algo que fala à minha alma. A arte, a beleza, — ele me expressa com reverência. —E eu imaginei seu corpo flexível amarrado em minhas cordas, desde que coloquei meus olhos em você ontem.

Cada centímetro do meu corpo estremece, com suas palavras e a confissão, que faz meu coração pular e bater descontroladamente. E com o que este homem está me prometendo. Mas por mais que eu queira isso e o quero, tenho que ter cuidado. Ele se levanta lentamente, espreitando ao redor do quarto, permitindo que seu olhar vagueie sobre o espaço, então, tem aquelas orbes pousando em mim.

Quando alguém que se parece com Mason e vive a vida que ele vive, a oportunidade que está oferecendo me deixa desconfiada. Eu sei que ele está se escondendo mais do que eu esperava, mas engulo o nó na garganta e abro a boca. Antes que eu responda, ele fala.

—Não há necessidade de responder neste segundo, Savannah. — Ele sorri. Há um toque de humor em sua voz, mesmo assim, é mais comandante do que coloquial. —Vou te dar vinte e quatro horas. Vá para casa esta noite, pense, converse sobre isso com um amigo, se precisar. Se quiser conversar comigo, estou aqui, sabe onde me encontrar. Lembre-se de que isso é trabalho, mas a submissão que te ofereço será pessoal, a menos que não seja o que você deseja.

Desta vez, ele se acomoda perto de mim, agachando-se. Pega minha mão, então encontra meu olhar com o seu.

—Tudo que eu preciso é que você concorde com um teste. Um mês. Se você não quiser, pode ir embora. Se preferir ser apenas uma das garçonetes, que seja. Mas estou intrigado e se eu puder te prender, mesmo que apenas uma vez, então, vou permitir que você escolha seu futuro em Seven Sins.

Eu não posso deixar de rir. Parece tão sinistro. Mas Mason não sorri, ele apenas me olha com aquelas esferas penetrantes.

—Vou pensar sobre isso.

Ele concorda. —Boa menina.


Mason

 

Eu ofereci a Savannah algo que não dei a nenhuma mulher que entrou aqui. Eu queria que ela fosse minha submissa. Já faz muito tempo que uma mulher me fez sequer pensar em reivindicá-la, mas a beleza loira é diferente. Não consigo identificar o que há com ela. Eu só sei que tenho que tê-la.

Faz três meses que trabalhamos juntos e, todas as noites, subimos no palco e eu a amarro, enquanto ela está de biquíni. Os homens assistem, as mulheres ficam vermelhas e sei que todos a desejam. Seu corpo é perfeito em todos os sentidos. Seus seios são perfeitamente empinados, redondos e cheios. A curva de sua bunda deixa meu pau duro, quando a tenho elevada na corda de seda.

E todas as noites, quando saímos do palco, permitindo que os clientes fantasiem sobre o que testemunharam, eu a levo para o meu escritório e transamos como adolescentes. Mas depois de passarmos o primeiro mês juntos e ela concordar em ser minha submissa, finalmente fiz amor com ela. No momento em que deslizei para dentro dela, naquela noite, algo dentro de mim mudou. Percebi que nunca mais seria o mesmo. Eu sabia que Savannah seria o meu fim.

Mesmo quando era mais jovem, nunca me senti assim, a necessidade inata de devorar uma mulher. Quero estar dentro dela constantemente, e sei que pode ser minha ruína, mas descobri, nas últimas semanas com ela, meu vício diminuiu. Eu não desejo mais o alto. O que eu tenho fome é Savannah.

O clube já está cheio de clientes, e sei que ela estará aqui em breve. Quero testar sua disposição de me obedecer, e esta noite, terei uma fantasia particular minha, desenrolando, isto é, se ela estiver no jogo.

A morena, que chamei esta noite, chega na hora. Eu a encontro entrando no clube, usando um vestido preto, o que acentua seus quadris. Ela é curvilínea, bonita e sempre disposta a representar uma cena. O único limite, ela só gosta de mulheres. Quando Savannah entrou pela primeira vez em Sins, eu queria vê-la brincando com outra mulher, e conforme Selena se aproxima de mim, sei que é a escolha certa.

Sua pele bronzeada, cabelo escuro e olhos quase pretos, são um contraste gritante com Savvie e a cena que tenho em mente vai, realmente, deixar-me salivando para foder minha bela loira.

—Mason. — A morena sorri, inclinando, para me saudar com sua bochecha. Seu perfume doce e floral, invade minhas narinas. —Obrigada por me ligar, mas você sabe que eu não...

—Eu tenho uma submissa que gostaria de te apresentar, — digo a ela. —Ela é linda, e quero ver vocês duas brincando juntas. Não estou dominando você, ou ela, quero vê-las se divertindo.

—Ela é bi?

Balançando a cabeça, eu me levanto, abotoando meu paletó. —Não. Bem, não que eu saiba, mas ela disse que está disposta a tentar qualquer coisa comigo.

—Certo. Vou esperar no quarto de costume, até que você esteja pronto.

Ela se vira e me deixa no bar, sem pedir uma bebida. Eu assisto Selena fazer seu caminho para os quartos dos fundos. Savvie não deve demorar muito, mas sei que, no momento em que entrarmos no quarto, Selena estará pronta. Ao longo dos anos em que frequenta o Sins, ela aprendeu o que eu gosto. Mesmo que nunca tenhamos sido físicos, gosto de observá-la. Há uma proeza, no poder que ela exala e pode não ser totalmente dominante, mas também não é completamente submissa. Há um fogo suave nela, e adoro ver como recebe instruções, enquanto controla outra mulher.

Oliver e eu participamos de cenas com ela e outras submissas algumas vezes, e é incrível vê-la em ação. Então, esta noite, não posso impedir a antecipação subir pela espinha, meu pau já está duro e latejando, pela cena que tenho em mente.

Eu pego o copo, mas antes que tenha tempo para tomar um gole, Savannah entra, usando um vestido azul marinho, na altura do joelho. Suas pernas parecem muito mais longas, com os saltos que está usando. Seu longo cabelo loiro está solto, caindo até o meio das costas. Pálpebras escuras enquadram seus olhos cor de safira e estou congelado. Ela está deslumbrante.

Seu olhar encontra o meu, instantaneamente, como se estivesse magnetizada pela minha presença. Quando ela me alcança, seu sorriso ilumina o lindo rosto, que eu quero ver, ao acordar todas as manhãs. E adormecer ao seu lado, cada noite.

—Mason. — Ela sorri, parando a centímetros de mim. Seu perfume é doce, mas não floral. É frutado, lembrando-me de algo que quero devorar.

—Estou feliz em ver você, — digo a ela, permitindo que meus dedos encontrem a base de sua coluna. Eu a conduzo pelo longo corredor, até o quarto em que jogaremos esta noite. —Tenho um presente para nós esta noite.

—Oh? Achei que você queria uma cena?

Assentindo, paro do lado de fora da porta e sorrio para ela. —Esta noite, estamos testando você. Não é nada muito desafiador, mas é uma fantasia que tenho, desde o momento em que te vi.

Sua cabeça inclina para o lado e ela parece tão inocente e doce, que quero levá-la para cima e contaminá-la. Mas planejei isso para esta noite, então, terei que esperar por outra noite.

—Teremos uma das submissas mais profissionais se juntando a nós, — digo a ela, notando seu rosto cair, mas não vejo decepção em suas feições, e sim ciúme. —Você e ela vão brincar, enquanto observo.

—Você não está tocando nela? — Sua pergunta confirma minhas suspeitas, e não posso deixar de rir, enquanto me inclino e pressiono um beijo em sua testa.

—Não querida, — respondo. —Ela é uma lésbica, que se submete a mulheres Dommes, mas gosta de se envolver com outras submissas, de vez em quando.

Percebo como minhas palavras a acalmam. O fato de que ela estava com ciúmes, apenas solidifica que me quer, tanto quanto eu a desejo.

—Certo.

—Você tem certeza? — Pergunto, usando meus dedos sob seu queixo, inclinando sua cabeça para trás, para que possamos nos olhar nos olhos. —Você sabe que tem uma palavra de segurança. Se usar, paramos com isso. Eu não quero que se sinta desconfortável de forma alguma.

Minha garantia a fez sorrir.

—Eu quero.

Um tom rosado profundo escurece seu pescoço e sobe lentamente, até as bochechas. Ela é tão bonita, quando é tão inocente. Meu pau lateja, querendo lutar para sair da minha calça, para sentir sua pulsação ao meu redor.

—Boa menina. Mas lembre-se do que eu disse, — advirto, e ela acena com um sorriso.


Savannah

 

Os dedos de Mason se entrelaçam nos meus, enquanto ele me leva para o quarto. Uma vez lá dentro, encontramos a garota, esperando de joelhos, nua, com seus longos cabelos escuros trançados perfeitamente. Por mais que tenha sentido ciúme antes, não sinto agora, porque aqueles olhos verdes que me capturaram, estão fixos em mim, não nela.

—Lembre-se de sua palavra de segurança, — ele me lembra, conforme avançamos no espaço.

A mulher não levanta os olhos, seu olhar está focado no chão à sua frente. Quando Mason para na frente dela, ele acena para mim. Uma ordem silenciosa para me despir. Lentamente, deslizo o material do meu corpo, permitindo que ele olhe para o meu espartilho roxo e preto, junto com a calcinha combinando.

—Mantenha. — Ele aponta para a calcinha, mas me ajuda a desfazer as cordas do espartilho. Assim que está no chão, ele dá um passo para trás, esperando que eu me ajoelhe ao lado de nossa nova amiga. Estou nervosa, meu estômago dá cambalhotas, enquanto sinto o cheiro de seu perfume. Algo floral atinge meu nariz, e não posso deixar de tremer de antecipação.

Não olho para Mason, mas ouço cada movimento seu, não importa o quão silencioso ele tente ser. Assim que fica feliz com o que está fazendo, ele para diante de nós, porque tudo que vejo são seus sapatos pretos brilhantes.

—Olhe para mim, — ele ordena em seu tom profundo e de comando. Nós duas levantamos nossos olhares para encontrá-lo sorrindo. —Vocês duas vão jogar para mim. Quero vê-las se divertindo, — ele nos informa, enquanto desabotoa a camisa, arregaçando as mangas, até chegarem aos cotovelos.

Ele vai até a grande poltrona e se acomoda. Ele não se toca, apenas me lança um olhar faminto, que se instala profundamente em meus ossos. Eu me viro para a linda morena, observando-a por um momento, antes que ela se incline e pressione seus lábios nos meus. O beijo é suave e hesitante, mas há uma gentileza, que não vem com beijar Mason, ou qualquer homem, para esse assunto.

Eu alcanço seu rosto, colocando-o em minhas mãos, enquanto a puxo para mais perto. O silêncio em torno de nós oferece uma calma, enquanto sua língua lambe minha boca, pedindo para entrar, o que eu ofereço de bom grado. Meu corpo já está zumbindo, quando ela leva as mãos aos meus seios.

Meus mamilos endurecem com o toque, com a maneira como ela está chupando minha língua em sua boca. Eu sigo seus cuidados, provocando seus mamilos com beliscões e puxões, que a fazem choramingar. Quebrando o beijo, eu a puxo para cima e para a cama, junto comigo.

Quando nos deitamos, ofereço a Mason um olhar, antes de abrir minhas pernas e ela se acomodar entre minhas coxas. O prazer dispara por mim, quando seus dedos hesitantes encontram minha boceta vestida com calcinha e circulam meu clitóris, sobre o material. Seus olhos queimam em mim com prazer e fome, desejo e necessidade. Minhas mãos pousam em suas coxas, espalhando-as enquanto nos enrolamos no colchão macio, e eu gentilmente a empurro de costas.

Lentamente, rastejo por seu corpo e sorrio, quando noto sua boca aberta em um gemido suave, quando minha respiração quente sopra sobre sua boceta. Ela está bem aparada, uma mancha escura de cabelo em seu monte, logo acima do clitóris. Eu me inclino e pressiono um beijo nela.

Mesmo nervosa, estou excitada, como se estivesse com um cara. E fecho meus olhos. Sabendo que estou agradando a Mason, sinto o orgulho correndo por mim, quando lambo sua entrada encharcada. O gosto almiscarado é diferente do meu. Não é ruim, apenas diferente.

Ainda estou tremendo, quando lentamente introduzo um dedo em sua boceta, bombeando para dentro e para fora, fazendo o que gosto de fazer comigo mesma. Suas mãos agarram meu cabelo, puxando-me para mais perto, enquanto chupo seu clitóris e permito que meus dentes pastem sobre a protuberância endurecida. Ela geme, murmurando um sim, quando coloco outro dedo nela, enquanto a chupo.

Meu queixo está pegajoso de excitação, mas minha própria boceta está encharcada, o clitóris lateja. De repente, sinto suas mãos em mim, puxando minha calcinha. Não demora muito para que eu seja empalada na grossa ereção de Mason, enquanto ele desliza para dentro de mim.

—Você é muito perfeita, querida, — ele rosna, agarrando as bochechas da minha bunda com tanta força, que grito. Ele dá um tapa em cada globo, fazendo-me choramingar na boceta da mulher, enquanto ela arqueia para fora da cama, de prazer. Os quadris de Mason me batem e bato nela, e somos uma sinfonia de prazer e desejo.

O quarto está cheio de sexo, luxúria e necessidade. Minha boca está nela mais uma vez, enquanto Mason provoca minha entrada apertada com um dedo, seu pau grosso no cio dentro de mim quase violentamente, enquanto ele rosna, através do que eu só posso imaginar que sejam dentes cerrados.

A bela deitada na cama logo me puxa ainda mais perto, enquanto mordo seu clitóris, dobrando meus dedos contra aquele ponto dentro dela, que a faz gritar seu orgasmo. Mason me bate duas vezes em cada globo, antes de chegar ao redor e circular meu clitóris com os dedos, causando-me espasmos em torno de seu pau.

—É isso, querida, ordenhe meu pau, — ele grunhe, e eu o sinto engrossar. O calor de sua excitação dispara em mim, e eu gozo, no momento em que ele fica imóvel. Meu corpo está tremendo no colchão, enquanto ele se afasta de mim, suavemente. Os braços de Mason me envolvem. Erguendo-me contra ele, despede-se de nossa convidada, antes de deixá-la no quarto e me levar para o banheiro.

Quando ele me coloca no balcão frio, seus olhos encontram os meus, o olhar aquecido, brilhando com emoção. Pressionando um beijo suave no canto da minha boca, ele sorri, depois se vira para abrir a torneira do chuveiro.

Uma vez que está aquecido, ele me leva para baixo da água, fechando as portas de vidro atrás de nós.

—Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho, que me dói.

—Não deveria ser o oposto? — Gracejo de brincadeira.

Ele acena lentamente. —Deveria, mas você é especial.— Com uma piscadela arrogante, ele começa a se banhar e à mim, e sei que não há como dizer a ele quem realmente sou.


No Dias Atuais

 

Mason

 

O clube está em silêncio, enquanto caminho até os escritórios. Estou assinando uma das nossas entregas de álcool, esta manhã, e meu jeans está encharcado de sujeira e lama. Os invernos em Chicago são a ruína da minha existência. Prefiro passar um tempo no oeste, onde posso ver meus primos, os Morettis. Savannah ainda não os conheceu. Ela sabe que minha família é italiana, mas não sabe quão profundos são os vínculos com o crime organizado. Eu escondi dela. Escondi quem sou, porque tenho medo de que, assim que ela descobrir, vá embora. Eu só sei disso porque fiz algumas pesquisas, quando a conheci. Eu sei onde está seu passado.

O Sr. Cunningham foi um dos clientes de Franco por muito tempo. Duvido que Savvie saiba sobre o envolvimento de seu pai com a Máfia. E me pergunto por que ela está aqui. Já se passaram anos, mas ela não me confessou nada. Esperei meu tempo, curtindo seu corpo, seu coração e sua alma, mas sempre mantendo um olho em seus movimentos.

Não ter Carrick aqui será uma pena. Meu melhor amigo, meu parceiro, está partindo em breve com sua esposa e seus gêmeos para Londres, e eles estarão visitando a família, enquanto eu administro o clube, junto com seu irmão Callan. O homem é implacável, quando se trata de manter a sujeira fora do clube. Temos nosso quinhão de idiotas, que pensam que podem entrar aqui e fazer o que quiserem. Desde que está com Madison, eles andam pelo lugar como se fossem seus donos, o que eu não me importo. Eu amo a companhia. Adoro saber que há outra pessoa aqui, além de mim.

Entrando no escritório, fecho a porta atrás de mim e sento na cadeira. Abro a gaveta de cima, que normalmente mantenho trancada e encontro três objetos, que escondo de Savvie há anos. A pequena caixa de veludo, que contém a coleira que comprei para ela, está lá me provocando, e o saquinho de plástico ao lado, chama por mim. Quero pegar, abri-lo e inalar cada grama de pó para esquecer, mas não faço.

Quando começamos a jogar, Savannah me deu tudo. Ela se submeteu a mim e eu menti para ela. Eu lhe disse que estava bem, que era forte, capaz e poderia lutar, para abrir caminho através do buraco negro da minha juventude, mas foi tudo inventado, porque não estou bem e sou orgulhoso demais para contar isso a ela.

Havia duas coisas sobre ser um Príncipe da Máfia que eu gostava, drogas e mulheres. Festejei muito, quando era mais jovem. Meu pai balançava a cabeça, mas nunca me impediu. Ele me disse que, enquanto eu estivesse fazendo meu trabalho, ele me deixaria em paz.

Eu matei antes, há sangue em minhas mãos e não importa quantas vezes fiquei chapado, bebi até o esquecimento, ou fodi Savannah, nunca estarei limpo das vidas que tirei. Você pode pensar que sinto muito por tirar aquelas vidas, mas não sinto. Eu me deleitei com a vida que levei. E é por isso que Savvie nunca poderá me ver como sou. Ela nunca poderá conhecer meu verdadeiro eu.

Colocando a bolsa na mesa, fico olhando para ela, por um longo tempo. Ao lado dela, olho para o terceiro objeto, minha arma Sig P266 preta e prata personalizada, que tem o brasão da família gravado no cabo. Tudo nela é lindo, e é minha, desde que fiz dezesseis anos. É a arma que usei para matar pela primeira vez, enquanto estava drogado com o pó branco, que amenizou o que eu estava prestes a fazer. Minha vítima era um idiota, que estava roubando do meu pai. Um homem que reconheci, por ter visto seu rosto pela mansão, visitando meu pai em várias ocasiões. Observei a vida sumir de seus olhos e sorri. Eu tinha dezessete anos. Lembro-me do dia, com uma precisão perfeita.

Ele implorou por misericórdia. Eu ri e puxei o gatilho. Não uma, não duas, mas três vezes. Tiros claros. Um em sua rótula, um em sua virilha e, em seguida o último, que demorei para entregar. Eu permiti que ele uivasse de agonia, antes de atirar bem no meio dos olhos.

O homem diante de mim não passa de uma barata. Eu o vejo se contorcer. Sua forma trêmula me faz sorrir. Aproveito esse momento, antes de roubar sua vida. Enquanto o homem de joelhos se aproxima, apertando as mãos, como se estivesse rezando para mim. Como se eu fosse um deus e ele fosse meu seguidor. Suplicando por algo semelhante à misericórdia, ele murmura incoerentemente. Mas cresci com um pai que me ensinou que a compaixão é para os fracos.

—Sr. Gianetti, — ele diz, sua voz tremendo de pavor. É como um perfume. Uma de uma garota bonita, que balança os cílios para mim para que eu concorde em transar com ela, mas nunca faço isso. Não gosto de quem se joga aos meus pés e se oferece com facilidade. Onde está o desafio nisso?

—Meu pai disse que roubar é proibido, se você faz parte da organização. Seus empréstimos não foram pagos e você teve duas prorrogações, — eu explico, a arma apontada para sua cabeça. Talvez eu devesse fazê-lo sofrer, antes de exterminá-lo completamente. Eu gosto dos gritos.

—Eu... eu... há dinheiro chegando, — ele promete, um aceno de cabeça tão rápido, que me deixa tonto, mas não tenho tempo para isso. Há coisas para fazer, mulheres para foder. Isso me lembra, enquanto observo esse pobre idiota tremendo no chão, há uma mulher casada que precisa da minha atenção. As mais velhas estão sempre mais dispostas a experimentar coisas diferentes. E estou morrendo de vontade de algemá-la e açoitá-la com meu cinto.

Meu mergulho nas partes mais escuras da minha mente, deu origem a um belo prazer dolorido, no ano passado. Quando eu fiz uma garota se ajoelhar para mim pela primeira vez, no meu aniversário de dezessete anos, vendo-a engasgar com meu pau duro, eu sabia que havia algo bem dentro de mim, que eu precisava liberar.

Eu dei uma longa cheirada de coca, inalando a felicidade em minhas veias, e foi quando comecei a pesquisar. BDSM. Chicotadas, açoitadas, tantos instrumentos divertidos.

—Sr. Gianetti, vou pagar. Eu vou. Por favor, eu só precisava...

—Você só precisava das drogas. Você queria deixar sua bunda alta, então, você não sabia que a garota que estava forçando, não era maior de idade. Isso é o que você precisava fazer. Sabemos tudo sobre suas preferências. E eu não sou a favor de homens como você, — zombei, apontando a arma para sua rótula e puxando o gatilho.

Seu grito é arrancado do fundo de suas entranhas, mas eu não espero. O próximo tiro é disparado, direto em sua virilha, garantindo que ele sinta a dor que forçou em uma inocente. Eu escuto por um momento, desfrutando da agonia de seus grunhidos e súplicas. Então aponto o cano para sua cabeça e dou meu tiro final.

—Adeus, idiota.

A porta do meu escritório se abre e Cristiano entra. Vestido com um terno preto imaculado, uma camisa azul impecável e uma gravata cinza escuro, ele parece um cavalheiro sempre. Mas eu sei melhor. Sei que meu primo está longe de ser um cavalheiro. A porta se fecha e o silêncio nos envolve.

—Cugino, — ele sorri, se acomodando em frente à minha mesa.

—O que você está fazendo aqui hoje? — Pergunto, levantando-me, para servir uma bebida, porque tenho certeza de que com ele aqui, vou precisar, especialmente se está trazendo notícias de um trabalho que tenho que ajudá-lo.

—Eu tenho saudade de você.

Encontro seu olhar. Combina com a mesa de madeira escura, que meu pai mantinha em seu escritório. Por anos falei a meu primo como ele tinha escuridão em seus olhos castanhos. Mas não teve nada a ver com a cor. Era o perigo que se escondia nas órbitas profundas. Ele encolhe os ombros, pegando a bebida que ofereço e tilinta o copo.

—E há um trabalho chegando, — ele finalmente confessa o que eu temia ouvir.

—É algo que preciso estar lá?

—Mason, — ele começa engolindo o uísque de cem dólares, inclinando o copo de um lado para o outro, observando os restos de líquido que grudam no copo. —Eu não me importo em ser o rosto da organização, mas eles sabem que você é o príncipe, sentado na cadeira do rei. Seu pai deixou para você, não para mim.

Assentindo, eu me acomodo de volta, querendo retrucar algum comentário espertinho, mas não o faço. Bebo minha bebida lentamente, permitindo que a queimadura me lembre quem eu sou, o filho de Marco Gianetti, o herdeiro de um trono.

—Você não tem que me lembrar onde está minha lealdade, Russo, — digo a ele facilmente.

Eu o vejo se levantar, ir até o bar e se servir de outra dose. Ele não se vira para mim. Sua mão livre agarra o balcão, segurando, e sei que algo está vindo.

—Há algo que eu não te disse, — ele começa.

Meu coração bate forte no peito, a ansiedade me atinge violentamente. Não tenho certeza se quero ouvir o que ele tem a dizer, mas sei que vai me dizer de qualquer maneira.

—Temos uma ameaça vinda de uma das famílias. Encontrei Romano, em uma ligação no armazém. Ele pensou que estava sozinho, mas esperei em silêncio, até que ele mencionasse o carregamento de cocaína vindo da Colômbia, em duas semanas.

—Eu pensei que ele estava lidando com isso?

Eu conheço Romano. Ele trabalhou para nossa família por quase dez anos. O homem era o braço direito do meu pai, sempre lá para ele. Levou a porra de uma bala por ele uma vez, quando eram mais jovens.

—Oh, ele está lidando com tudo bem. — Cristiano se vira para mim então. —Ele está sendo pago, tanto por eles, quanto por nós. Não tenho certeza sobre os detalhes, ou o que ele prometeu, mas algo está errado.

Eu medito sobre seu aviso, perguntando-me o que exatamente está acontecendo com os homens que meu pai contratou, treinou e considerou como amigo. Não é a primeira vez, mas o que mais me choca é o fato de ser Romano.

—Vai me ajudar? — Desta vez, meu primo olha para mim. Seus olhos encontram os meus, as perguntas dançando neles, enquanto me olha. Eu sei o que quer perguntar, mas não o faz. É melhor que não, porque não estou lhe dando nenhum indício sobre meus sentimentos pela bela loira.

—Eu estarei lá. Afinal, é meu legado.

—É isso que eu gosto de ouvir, cugino. — Ele me oferece o mesmo sorriso, que sei que usa para persuadir os homens a pagar taxas exorbitantes por drogas e as mulheres a tirarem as calcinhas, em um piscar de olhos. Porém, Cristiano é o tipo de homem que fode, até que gritem, e depois as faz gozar com tanta força, que esquecem porque estavam protestando.

Ele também lhe apontará uma arma, no momento em que sentir um indício de desonestidade, e não terá medo de se banhar no líquido carmesim, que escorre do ferimento onde cravou a bala.

—E vai me dizer como está o seu lindo brinquedo? — Ele finalmente pergunta. Engolindo outra dose dupla de líquido âmbar, coloca o copo na mesa e caminha em direção à grande janela de mão única, com vista para o clube. Não preciso voltar meu olhar para o bar, porque sei que ela está lá. Seus olhos estão grudados nela.

—Ela não é da sua conta, Cristiano, — mordo em frustração.

Ele balança a cabeça, cansado, e sei que estou sendo um idiota.

—Ela significa algo para você, Mason, logo, é nossa preocupação. Se eles souberem que há algo que você preza, aceitarão.

Ele tem razão. Por anos, eu sabia que esse dia chegaria, o momento em que Savannah poderia estar em perigo, por causa de quem eu sou. Escondi isso por muito tempo, esperando que ela nunca tivesse que saber, mas não há como esconder o fato de que vou sair para um trabalho, por Deus sabe quanto tempo.

—Estou apenas dizendo a você...

—Você não tem que me castigar, Russo. Estou mais velho, mais sábio agora. Não sou mais o garoto de dezessete anos, que você colocou sob sua proteção. Eu tenho trinta e seis, posso cuidar disso sozinho. — Minha resposta é afiada, interrompendo a conversa.

Ele acena com a cabeça facilmente, deixando a janela e se acomodando na cadeira mais uma vez. Seu único tornozelo descansando no joelho oposto, enquanto ele me olha limpar a arma. Não há marcas, arranhões ou mesmo impressões digitais, mas minha ansiedade está diminuindo e preciso manter minhas mãos ocupadas.

Talvez eu devesse descer e puxar Savannah para uma cena. Amarrar e açoitá-la, vai aliviar minha tensão. Eu sei que vai.

—Estou indo para o bar, — digo ao meu primo, que me dá um sorriso malicioso em resposta.

—E eu vou me juntar a você. Gostaria de ver que belezas você esconde neste lugar. Tenho certeza de que vou encontrar uma com gostos semelhantes aos meus.

Ele me segue até a porta e paro, antes de sair.

—Apenas se certifique de que ela não saia daqui chorando.

Meu aviso é claro, este é o meu negócio. Este clube é meu sustento. Mesmo que eu não precise do dinheiro, não posso deixar Carrick nessa droga.

—Vamos Mason. — Cristiano coloca a mão no meu ombro, dando um aperto amigável. —Você sabe que adoro fazer as mulheres sorrirem.

—Só quando estiver com vontade, — respondo, com uma risada. Eu conheço meu primo muito bem. Ele gosta de mulheres, mais do que eu, mas esta não é a vida dele, é a minha. Desnecessário dizer que esta será sua primeira experiência real em Sins, e eu me pergunto se vai achar isso tão atraente quanto eu.

Enquanto descemos a escada para a decadência que é Seven Sins, encontro Savannah facilmente. Meu olhar é como um ímã, encontrando-a até mesmo na maior multidão. Está parada ao lado de Peyton, que sorri de orelha a orelha, e me pergunto do que elas estão falando. Carrick fez bem em agarrar a bela loira. Houve um tempo em que pensei que ela fosse deixá-lo, mas meu melhor amigo tem jeito com as palavras e conseguiu voltar em suas boas graças. Para ser justo, foram feitos um para o outro, e se ele não se desculpasse logo, acho que estávamos todos prestes a empurrá-lo naquela direção.

—Vou deixar você com isso. — Eu me viro para Cristiano, que está olhando para Savvie, não com luxúria ou desejo, mas posso dizer que está curioso.

—Claro. Eu sou um menino crescido, posso cuidar de mim mesmo.

Com um aceno de cabeça, sigo na direção da minha mulher.

—Peyton. — Sorrio, dando-lhe um beijo suave na bochecha. —Estou roubando Savannah. Espero que você não se importe?

—De modo nenhum, tenho que encontrar Ellie. Ela vai se encontrar com Oliver, então, vamos nos trocar. Ela pediu minha opinião sobre uma roupa.

Isso é novidade para mim, pois Eliana é uma garota que resgatamos de um monstro psicopata, que a sequestrou. Gia, a esposa de Elijah, estava em uma gaiola, ao lado de Ellie, quando encontramos as duas meninas. Lembro-me de Eli fora de si de preocupação com Giana.

—Eu não achei que Ellie era o tipo submisso.

—Ela está aprendendo. Além disso, tenho a sensação de que Asher está mais interessado em sair com ela, do que qualquer outra coisa. Talvez ambos estejam aqui por um motivo.

O sorriso de Peyton é amigável, quando me conta isso, e me pergunto se está guiando a jovem. É verdade que Eliana deve ter vinte e poucos anos.

—Além disso, tenho que fazer as malas para a nossa viagem. Carrick é um maníaco por controle, dizendo-me exatamente o que preciso vestir e quando preciso vestir. — Ela revira os olhos, e sei que Rick teria um dia de campo batendo em sua bunda, por isso.

—Oh, tenho certeza de que ele vai se divertir, quando estiverem sozinhos. Tenho certeza que as meninas vão se divertir com a família em Londres. E o avô deles ficará em êxtase em tomar conta, enquanto Carrick está mostrando a você os pontos turísticos. — Ofereço minha resposta, com uma piscadela arrogante, sabendo exatamente o que Rick planejou para sua esposa. Ela sorri para mim e permito que meus dedos permaneçam na parte inferior das costas de Savannah.

Dizemos adeus, antes de ir para a minha sala de jogos. É uma das salas situadas na parte de trás do clube, onde apenas alguns membros têm acesso, Carrick, Oliver, Nate, Eli e, claro, Asher. Já que Callan está trabalhando para nós, ele também tem acesso VIP. Sendo irmão de Carrick, adicionei-o à lista.

—Vamos jogar hoje à noite?

Os profundos olhos azuis de Savvie encontram os meus e aceno. Ainda estou tenso, depois da minha conversa com Cristiano, e ela é a única que pode aliviar minha tensão.


Savannah

 


Ele está falando sério. A tensão está saindo dele e me pergunto o que aconteceu em seu escritório. Eu sei que há família envolvida, porque vi seu primo entrar no clube. Algo sobre ele me deixa nervosa.

A sala em que entramos está escura, mas Mason aperta o botão e somos banhados pelo brilho amarelo suave. A primeira vez que entrei nesta sala, não tinha certeza do que aconteceria. Naquela noite, tive quatro orgasmos, que reviraram os dedos dos pés.

Desde então, cada vez que vimos aqui, tem sido bastante sensual. Mason não é um sádico, de forma alguma. E sei que a dor não é seu forte. Ele gosta de controle em todas as formas. Desde como me ajoelho, me curvo e choramingo, até a forma como meu corpo se move por ele, ondulando, sob seus cuidados intensos. Mas acima de tudo, ele adora controlar meus orgasmos, até que eu esteja destruída.

—Dispa-se, deixe sua calcinha, — Mason ordena. Estranhamente, assim que ele cruza a soleira desta sala, ele se transforma em um Dominador. Sempre há uma presença de comando, que ele segura, mas assim que entramos aqui, ele é diferente.

Eu, lentamente, empurro as alças do meu vestido sobre os ombros, permitindo que o material sedoso se acumule aos meus pés. Saindo da roupa, curvo-me para pegar, dobrando a pequena peça de roupa e a colocando na cadeira. Puxo meu cabelo em um coque bagunçado, mas sou interrompida por sua mão forte na minha.

—Deixe seu cabelo. Eu o quero solto.

—Sim senhor. — sorrio, movendo as mãos para o sutiã e desabotoando. Uma vez que fico apenas de calcinha, ajoelho aos pés da cama e espero. Meus olhos estão no chão, as coxas estão a centímetros de distância e minhas mãos estão apoiadas nas pernas.

Ouço seus passos se moverem pela sala, mas não tenho certeza do que ele está fazendo. Eu sei que não devo olhar. Por mais que minha curiosidade me incomode, forço-me a manter meu olhar treinado no chão, diante de mim.

—Olhe para mim. — A voz de Mason é sombria, comandante, e não posso deixar de obedecer. —Hoje à noite, estou com vontade de jogar, — ele me diz facilmente, o canto de sua boca se erguendo em um sorriso escuro e lobo. —Fique de pé. Quero você ajoelhada na cama.

Sua ordem é rude, mas eu me levanto e sigo para a beira do colchão, uma vez que estou de joelhos, ouço o barulho da corda, quando ele a desembaraça.

—Braços nas costas.

Eu obedeço, permitindo que ele enrole a corda em volta dos meus membros. Seu toque é autoritário, mas gentil ao mesmo tempo. A força que ele exala, às vezes, é sufocante, mas nunca me senti tão segura com ninguém. Eu nunca deveria ter caído, nunca ter deixado meu coração atrapalhar o que vim fazer aqui, mas com o tempo, com cada cena e cada momento que passei com ele, fui desviada pela necessidade de vingança e me encontrei no amor.

Fecho os olhos e conto, cada vez que ele torce as amarras de seda. Nós giramos e sei que ele está criando um lindo padrão, uma obra de arte, apenas com meu corpo e corda. Quando ele alcança meus pulsos, sinto o puxão de um nó que aperta a corda e estou totalmente à sua mercê. Ele me levanta, virando-me, para ficar de frente para os pés da cama. Gentilmente, pressiona-me para trás, para permitir que minhas mãos agarrem meus tornozelos, o que força minhas coxas a se espalharem mais.

—Quero que você fique calma, — ele me informa. Eu o vejo se mover novamente. Levantando a mordaça, ordena. —Abra.— Minha boca se abre instintivamente e ele a coloca confortavelmente entre meus lábios, prendendo o clipe atrás da minha cabeça. Minhas pernas protestam contra a postura inclinada que meu corpo assumiu, mas não faço nenhum som.

Mason sorri, observando minha posição. Ele parece satisfeito com sua obra de me submeter à sua vontade, como sempre faz. Ele se vira para o armário e traz a varinha preta. Ligando o vibrador, ele sorri, antes de pressioná-lo no meu monte.

Minha boceta vestida com calcinha pulsa, com as sensações que gotejam por mim. A varinha ainda não está no alto, mas sei que logo ele vai me torturar com tantos orgasmos quanto puder, antes que eu implore para parar. Meus mamilos endurecem e seu aquecido olhar verde cai para meus seios, outro sorriso curvando seus lábios.

—Tão linda, — murmura. —Eu amo quando você fica excitada, querida, — ele me diz. Com um movimento do dedo, a vibração aumenta e estou tremendo. Segurando meu orgasmo, mordo a mordaça em concentração, para evitar que ele me alcance muito cedo.

Aguardo sua permissão para encontrar a liberação e permitir ao meu corpo o prazer que ele anseia. Seu sorriso é pecaminoso, e ele sabe que não posso morder meu lábio, para manter o orgasmo sob controle. Ele descobriu meu truque, em nossa segunda vez juntos. Obriguei-me a me concentrar na dor, em vez do prazer, mas Mason me descobriu dentro de instantes, e agora, estou amordaçada para me impedir de continuar fazendo isso.

Eu imploro, através da bola na minha boca, para ele me deixar gozar, mas balança a cabeça. Eu não consigo aguentar, sinto isso me atacando com uma vingança. Já se passou muito tempo, desde que estivemos aqui, e minha mente não é forte o suficiente para me concentrar. Eu não esperava isso.

—Veja como você está ficando molhada, — Mason profere, enquanto se agacha na minha frente, pressionando a varinha com mais força contra meu clitóris. Minha excitação escoa através da calcinha, e sei que ele está gostando de assistir meu corpo ganhar vida.

Ele move o instrumento para baixo, sobre a minha fenda, depois sobe novamente para o clitóris, novamente e novamente. Meus gemidos enchem a sala, junto com o zumbido do dispositivo, que ele está usando para me torturar. Meus joelhos tremem na cama, os braços balançam, enquanto tento me segurar. Fechando os olhos, murmuro, através da bola em minha boca, que não consigo segurar, que não posso lhe dar o que precisa. Estou prestes a gozar, quando a vibração para e estou caindo de volta à terra.

—Você é uma garota má, está prestes a gozar sem minha permissão?

Meus murmúrios são incoerentes. Meus apelos caem em ouvidos surdos, quando ele sorri para mim, tendo se levantado para observar meu corpo trêmulo. Com a varinha ainda ameaçadoramente em sua mão, ele vira o botão para uma configuração mais alta e gentilmente coloca-o no meu mamilo, primeiro no esquerdo, depois no direito. Para frente e para trás, provocando cada botão endurecido, até que meus quadris estão se erguendo em direção a ele, precisando de mais, ou menos, não tenho certeza. Minhas unhas cavam em minha carne, tentando oferecer dor para me concentrar, em vez de prazer. Quero pular e envolver minhas pernas em torno dele, mas minhas mãos estão segurando meus tornozelos, com ferocidade de dedos brancos.

—Você está pronta para me dar seu orgasmo, querida?

Eu aceno rapidamente. Meus olhos estão arregalados, enquanto o vejo. Há uma escuridão em sua expressão, uma que eu não via há muito tempo. Já se passaram quatro longos anos e não posso dizer quem está diante de mim agora. Neste momento particular, ele é o estranho que conheci para uma entrevista, anos atrás.

Mason abaixa o vibrador no meu clitóris mais uma vez e se inclina, seus lábios capturando meu mamilo em sua boca quente, e ele o chupa com força, causando choques de prazer doloroso, disparando entre minhas pernas. O ataque à minha boceta e seus dentes pastando no pico endurecido, fazem meu corpo estremecer violentamente, quando minha liberação me atinge bem no estômago.

Um grito sai do meu estômago, mas é abafado pela mordaça em minha boca. Então, estou caindo, mas braços fortes envolvem minha cintura, segurando-me firme, enquanto molho minha calcinha, a varinha, a cama, qualquer coisa debaixo de mim.

—Uma garota tão boa, — ele murmura no meu ouvido, enquanto puxa a corda, que se solta dos meus braços gelatinosos. Não consigo me mover, mas ele sabe disso. Ele me segura em um abraço de estilo nupcial e me leva até a mesa, com vista para uma sala de exibição. O espelho unidirecional nos permite vê-los, mas eles não podem ver as coisas imundas que ele está fazendo comigo. Eu sei que, quando estamos aqui, em sua sala de jogos privada, não há ninguém olhando, porque Mason nunca teria os olhos de outro homem em mim.

Estou curvada sobre a mesa, a calcinha arrancada de meus quadris, rasgada e em pedaços. Meus tornozelos estão presos às pernas da mesa de madeira, que é a única coisa que está me segurando neste momento. Enquanto está se movendo, Mason não fala. Ele não pede nada de mim. Mason apenas me controla com toques suaves e comandantes.

—Eu preciso te foder forte, querida, — ele me diz, antes de eu ouvir o assobio de um zíper, então, seu calor está na entrada do meu corpo. Ele provoca meu núcleo, deslizando seu pau para cima e para baixo nos lábios encharcados da minha boceta.

Eu olho para cima, vendo seu reflexo na janela. Ele está com minha calcinha no nariz, enquanto inala meu perfume. A visão é erótica, suja, e quase gozo de novo, só de vê-lo saborear meu perfume.

—Tão delicioso, — diz ele, em um tom grave, então, sem aviso, seus quadris batem contra mim, seu pau entrando em mim em uma longa estocada, que me faz gritar dentro da mordaça. Mason é grande e cada vez que fazemos sexo, parece que estou sendo dividida em duas.

Ele não cede. Há violência, na maneira como ele me fode. Ele deixa cair minha calcinha, suas mãos agarrando meus quadris, dedos mordendo a carne, e sei que estarei machucada amanhã. Ele puxa para fora, em seguida, bate de volta, atingindo aquele ponto dentro de mim que faz meus dedos do pé se enrolarem e meus olhos revirarem.

O único som na sala, é seu corpo batendo no meu. Severamente. Asperamente. Ele levanta a mão, batendo na minha bunda, uma e outra vez.

—Minha. Você é minha porra, Savannah, — ele range.

Estou tão confusa, mas não posso responder a ele para concordar.

—Nunca me deixe. Por favor.

Desta vez, ele implora. Mason nunca me implorou. Ele nunca pareceu tão angustiado.

—Apenas nunca saia.

Com isso, ele se enterra tão profundamente dentro de mim, que parece que está fodendo minha alma, e esvazia sua semente.

 


—Com meu primo aqui, há algumas coisas que preciso fazer, — ele me diz, enquanto se move em nosso espaço pessoal. —Preciso ajudar o Cristiano em algo relacionado ao trabalho, — diz Mason, sem olhar na minha direção e sei que algo está errado. Eu o vejo se mover pelo quarto, vestindo uma camisa branca bem passada, junto com uma gravata verde escura, que acentua seus olhos. Ele é bonito, em todos os sentidos. O homem que amo, que parecia estar perdido em sua mente, desde que transamos na noite passada. Nosso apartamento acima do clube, é perfeito, mas Mason tem estado distante ultimamente, o que só me deixa nervosa.

—E você precisa ir embora? Por quanto tempo? — Eu me sento, meu olhar sobre ele, enquanto se vira para mim. Algo está brilhando em seus olhos. Ele está escondendo alguma coisa. Se o primo dele está aqui, isso significa que posso, finalmente, conseguir o que vim buscar. Talvez eu possa confessar e dizer a ele por que estou aqui.

—Sim, não por muito tempo. É uma reunião de família, da qual preciso comparecer, e se eu não estiver lá... — Suas palavras morrem. Ele balança a cabeça. —Eu preciso estar lá para representar minha família, — ele diz, mas não me informa de mais nada, o que me deixa ainda mais desconfiada.

—E o que você vai fazer?

—É um negócio de família, querida. — Ele sorri então, mas não atinge seus olhos, e sei que há algo que está mascarando. Eu conheço Mason há muito tempo, para não saber o que ele diz.

Quando comecei a trabalhar para Mason e Carrick, estudei os dois homens, em cada interação que tive com eles. Foi assim que fui treinada para aprender como as pessoas reagem às perguntas, às situações, e com Mason, era sempre fácil ver quando ele estava estressado, ou escondendo algo que o estava incomodando.

Quando permiti que Mason me amarrasse com uma corda e me suspendesse no teto, aprendi que seu controle era tão sólido em uma cena, quanto nos negócios e em sua vida pessoal. Foi só depois de nos mudarmos para a casa, três anos atrás, que eu o vi em seu elemento mais casual, em calça de moletom e uma camiseta.

Por quatro anos que o conheci, ele estava sempre de terno, com uma camisa de botões. Nada menos. Uma expressão séria, que significava negócios. Eu fui a única com quem ele se permitiu relaxar, e foi isso que me fez cair. Sua honestidade. Mas desta vez, eu sei que ele está mentindo.

—Eu tenho que ir. Vejo você esta noite, — ele promete. Inclinando-se, dá um beijo na minha testa, antes de me deixar no quarto. O aroma picante de sua colônia permanece, quando ele sai do quarto e do apartamento, com um clique suave da porta da frente.

Eu vim aqui trabalhar, para encontrar uma nova vida. E por mais que eu queira ficar com raiva dele, por não ser honesto comigo, não posso ir embora, porque sei o que ele está escondendo. Eu sei que ele não está me dizendo para onde está indo, porque sabe de onde eu venho, e sabe o que passei.

A questão é que ele não percebe que sei quem é o verdadeiro Mason Gianetti.

Ele não sabe que aprendi sobre sua família, muito antes de colocar os pés em Seven Sins.

E ele não sabe que vim aqui, por causa dele.


Mason

 

Tenho uma decisão a tomar. Uma que pode destruir todo o meu maldito mundo. E não tenho certeza de como fazer isso. A dúvida se instalou em minha mente, desde que Cristiano entrou aqui. Eu sei que Savannah e eu somos um erro. Não porque eu não a amo, mas porque se ela ficar comigo, estará em perigo. Agora que tenho que assumir meu lugar na organização, não posso mais lhe esconder quem sou.

Eles têm sido pacientes comigo, dando a Cristiano o benefício de tomar meu lugar, porque ele é como um irmão para mim, mas eu sei que é hora de finalmente assumir a responsabilidade, por quem sou. Eu pego o telefone, disco seu número e pressiono o dispositivo no ouvido.

No terceiro toque, sua voz sai clara. —Cugino, — diz ele, parecendo muito satisfeito. Ele conhece a vida em que vivemos, sabe que não posso ter Savvie e esta vida.

—Vou ocupar o meu lugar à cabeceira da mesa. Assim que Carrick estiver de volta e focado no trabalho no próximo mês, explicarei o que preciso fazer. Informe aos homens que Gianetti está de volta e marque um encontro com Marcello para o sábado da próxima semana. Quero que seja feito na casa dele, de manhã cedo, digamos às sete.

—Estou orgulhoso de você, Mason, — ele me diz.

Eu deveria me sentir feliz, mas não. Sinto uma agonia em meu peito, mas não há mais como atrasar isso.

—Vejo você na próxima semana.

—Claro, Capo.

Eu posso ouvir o sorriso em sua voz, quando ele me chama assim. Não há como negar que me sinto bem em ouvi-lo me reconhecer, com o título que eu deveria ter escolhido anos atrás. O legado de meu pai não morrerá com ele, irei me certificar disso.

Eu não respondo, apenas desligo e coloco o telefone na mesa. Virando minha cadeira para a grande janela com vista para o clube, observo Savannah, enquanto ela se move através da multidão. Seu lindo sorriso é brilhante, despretensioso e não tem ideia de que estou prestes a terminar com ela. Também não tem ideia de que estou prestes a sair da vida dela e nunca mais voltar.

Ela para e fala com Oliver, que está sentado no bar. Ele está apaixonado por ela. Sei disso, porque me lembro do dia em que ele veio até mim, para ver se eu permitiria que fizesse uma cena com ela. Isso foi antes de mim, finalmente, reivindicá-la. Quando ele viu o trovão em meus olhos, soube que nunca deveria me perguntar isso novamente.

Oliver é um bom homem, sei mais sobre ele, do que pensa. Ele dirige um negócio secreto, que derruba políticos e celebridades corruptos. Eu o conheço há oito anos, desde que abri o Seven Sins com Carrick. E ele sabe quem eu, realmente, sou. Não tenho dúvidas de que Oliver Michaelson estaria aqui, se não soubesse sobre Carrick, ou eu.

As cortinas se abrem, conforme mais clientes entram no clube. A cada um que assisto, pergunto-me se eles estariam aqui, se soubessem quem eu sou. Nunca me preocupei tanto com a clientela.

Agora que meu primo está aqui na cidade, sei que virão procurar. Não tenho dúvidas de que vão me encontrar; é o que eles fazem. Os homens que comandam o cartel mexicano são inimigos das famílias em Chicago e Nova York, e eu ouvi de Franco, que eles estão tentando invadir a Costa Oeste também. O perigo, que se esconde ao meu redor, nunca para e se eles descobrirem sobre Savannah, não haverá como parar suas ações contra mim. Foi meu pai quem quase os derrubou, e eles nunca se esqueceram disso.

Sento em meu escritório, observando minha doce Savvie, enquanto ela faz cada pessoa com quem fala, sorrir. É o jeito dela. Por quatro longos anos, aprendi tudo sobre seu corpo, suas nuances sutis, quando ela está triste, ou quando está animada, mas sempre houve algo que me incomodava. Eu nunca consegui colocar o dedo nisso. Sua verificação de antecedentes voltou limpa, mas me incomodou que ela fosse tão inocente. A única informação, sobre a qual eu poderia questioná-la, era sobre os quatro meses em que ela não estava trabalhando. Ela passou quatro meses fora do radar. Talvez, depois da morte do pai, ela precisasse de um tempo longe, pelo menos foi o que concluí.

Sacudindo a cabeça com os pensamentos errantes, volto ao meu computador para encontrar um e-mail de Cristiano. Com sua insistência, vou ajudá-lo, trabalhar com ele em um acordo, que pode afundar nosso inimigo e a única pessoa que eu queria matar, desde o momento em que o conheci. E agora, posso ter essa chance novamente. Meu pai me ensinou há muito tempo, mantenha seus inimigos mais perto do que seus amigos, e eu fiz isso.

Mas é hora de encerrar seus jogos. O homem em questão tem traficado mulheres, uma rede de escravas sexuais no Brasil, que ele comanda há seis meses. Todas as provas estão aí e Cristiano tinha razão. Recebi a confirmação de que Franco Moretti e seus dois irmãos, estão interessados em ajudar a derrubar o idiota.

Agradeço os contatos do meu pai, pelas pessoas em quem ele confiou sua vida, porque sei que posso confiar a minha vida a elas. Eu olho para Savannah novamente, querendo uma cena esta noite. Pode ser a última vez que estou com ela, a última vez que vou espancá-la, fazê-la gemer meu nome, com sua voz sensual. O pensamento de lhe dizer adeus, rouba cada grama de ar em meus pulmões. Mas ela estará mais segura sem mim. Agora que tenho que dar um passo à frente e ser o homem que meu pai criou, não posso mais mentir para mim mesmo. Não consigo mais me convencer de que o amor está nas cartas para mim.

A vida que estou prestes a embarcar não é segura. E se algo acontecer com ela, eu sei que nunca vou me perdoar. A vida dela é mais importante do que minhas necessidades egoístas. Como um Dominador, tenho que colocar minha submissa antes de mim. E isso significa ir embora.

Eu sei que ela vai encontrar um homem que lhe seja digno. Alguém que a amará, do jeito que precisa ser amada. Contanto que ela não faça isso perto de mim, porque se eu a visse com outro homem, provavelmente mataria o filho da puta. Eu o cortaria da cabeça aos pés e o alimentaria com seu pau, enquanto ele gorgolejava seu último suspiro.

A violência em meu sangue corre por mim, queimando em minhas veias e sei que vou precisar de uma cena mais escura do que o normal. Eu quero fazer Savvie gritar. Meu pau endurece com o pensamento.

Digito minha resposta para Cristiano, informando que Marcello precisa estar lá. Sem chamadas em conferência, quero aquele homem na minha frente, quando eu disser que estou me preparando para sentar à cabeceira da mesa. Mas antes de fazer tudo isso, preciso ter certeza de que Savannah está bem.

Carrick precisará estar no local, quando eu for para casa, e sei que com seu irmão por perto, o clube estará em boas mãos. Odeio ficar longe do Seven Sins, mas com os dois homens aqui, vou ser capaz de levar o tempo que for necessário, para descobrir como equilibrar a gestão do clube e nossa organização. Com a resposta enviada, desliguei meu computador e desci as escadas.

Oliver se aproxima de mim, seus olhos cinzentos penetrando nos meus, como se ele pudesse ver a turbulência me atormentando nos últimos dias.

—Você está bem, Mason?

—Sempre, Oliver. — Ofereço um sorriso, mas ele balança a cabeça. —Do que eu poderia reclamar, quando tenho um clube como este e uma bela submissa para se ajoelhar para mim todas as noites?

Mesmo quando digo as palavras, ouço a insegurança que as envolve.

Ele suspira, acomodando-se no banco do bar.

—Sabe, Mason, eu faço isso para viver, farejo ladrões e mentirosos, e posso sentir o cheiro tão facilmente, quanto um cachorro treinado fareja drogas, — ele me informa facilmente, bebendo seu bourbon. —Se você mentir, eu posso dizer.

—Oliver, isso não tem nada a ver com você.

—Tem tudo a ver com Savvie, — ele me diz, sem encontrar meu olhar. Seus olhos estão treinados no palco. Duas das submissas estão brincando com corda. Observo por um momento, antes de olhar para o homem, que passei a conhecer muito bem.

—Eu tenho que sair.

Ele concorda. —Você tem que dizer a ela a verdade, Mason.— Sua voz é baixa, e sei que ele está fazendo isso, no caso de Savannah encontrar o caminho até nós. —Se você não fizer isso, ela nunca vai te perdoar.

—E se eu não quiser que ela me perdoe?

Desta vez, ele me lança um olhar furioso.

—Tenho feito isso há muito tempo para não saber quando um homem está apaixonado. Eu não sei o que você está passando, ou que desculpa besteira tem na sua cabeça agora, mas se você se afastar daquela garota. — Ele aponta com o queixo para onde Savvie está conversando com Ellie, uma das garotas que escolheu partir. Ela veio aqui quebrada e esfarrapada, mas eu a ouvi mencionar a morte do pai. Ela decidiu deixar Chicago e tenho a sensação de que Savannah vai sentir falta dela. —Ela nunca vai sobreviver à semana.

—Apenas uma semana?

—Ela é forte, — ele me diz. —Mas é frágil. Ela está ligada a você, Mason. Há algo a ser dito sobre o amor de uma submissa. Elas podem te oferecer tudo, ajoelhar-se por você, permitir que você controle, mas, no final das contas, quando amam, não amam apenas com o coração, fazem isso com sua mente, corpo e alma.

Ele finalmente engole o resto de sua bebida.

—E quando você mancha uma alma, partindo um coração... — diz ele, levantando e abotoando o paletó. Ele se inclina, sua boca no meu ouvido. —... é quando você muda alguém, e não será para melhor. Como um Dominador, tome cuidado ao fazer isso com sua submissa.

Ele me deixa atordoado com a informação. Olho para a minha garota. Ela sorri, seus olhos brilham, quando pousam nos meus, e sei, naquele momento, Oliver está certo. Estou prestes a escurecer sua alma, com tantos dos meus demônios, que ela nunca mais será a mesma.


Mason

 

Assim que entro em meu escritório, encontro meu primo sentado na cadeira, em frente à minha mesa. Ele se vira para me olhar, uma sobrancelha escura levantada em questão. Está esperando que eu diga a eles quando estamos saindo. Eu preciso fazer os arranjos. É hora de assumir o título que meu pai me deu, no momento em que deu seu último suspiro. Mesmo que eu quisesse recusar, sei que não posso, pelo menos não nesta vida.

—A reunião está marcada? — Questiono, quando ele olha para mim.

Ele concorda. —Marcello disse que vai estar nesta casa. Teremos que dirigir durante a noite anterior, para estar lá às sete da manhã.

Ele tem razão. Nove horas a partir daqui, precisaríamos ficar na mansão, que fica perto das Smoky Mountains. Eu quero acabar com isso. Parei de jogar com meu tio.

—Bom. Partiremos em alguns dias. Preciso ligar para alguém, antes de nós. E Savvie... — Minhas palavras morrem e ele sabe o que eu quero dizer, mas eu não.

—Por que não dizer a ela que você é um príncipe da máfia? — Ele ri.

—Você sabe o que acontece, quando aqueles que amamos sabem quem somos, — eu o lembro, injustamente Cristiano perdeu alguém próximo a ele há muito tempo. Agora, ele é um bastardo de coração frio, que não pensa mais que o amor é possível nesta vida. Eu concordo com ele, quando percebo o quanto o perigo está bem à minha porta.

—Vejo você em algumas horas. Eles querem ouvir você, finalmente, admitir quem é. Os homens estão contando contigo para, finalmente, apresentar-se e lhes dar a certeza de que está pronto para fazer isso, Mason. Do contrário, a reputação de seu pai e a sua serão arruinadas. E você sabe o que vai acontecer, então. Marcello vai se apresentar, como sempre quis fazer, — ele me diz, levantando-se do assento e abotoando o paletó. —Há muitas coisas na vida que amamos, cugino. — Ele suspira então, um som longo e lânguido. —Mas há apenas uma coisa a que estamos obrigados. Ele nunca vai nos libertar, a menos que não estejamos mais respirando.

—De acordo. Mas eu nunca vou dizer a Savannah quem sou. Isso a colocará em perigo, e não é algo que eu posso fazer.

—Então, você precisa deixá-la ir, Mason. — Seu aviso é claro. A organização descobrirá sobre ela, e virá atrás. Eu permiti que minhas responsabilidades ficassem em segundo plano, por muito tempo. E eles vão culpá-la por isso. Não é o fato de eu não querer mais essa vida, mas eles vão acreditar que ela me distraiu de quem sou.

—Eu sei, — digo a ele. Me acomodando atrás da mesa, pego o telefone e digito uma mensagem para Carrick, informando que houve um desenvolvimento na organização e que preciso ver ele.

Vou explicar que, quando suas férias acabarem, ele precisará estar aqui, enquanto eu estiver fora. Nunca houve dúvida sobre nossa amizade, e ele conhece minha formação, da mesma forma que eu conheço a dele. Quando você abre negócios com alguém, precisa confiar nessa pessoa de todo o coração e, quando quis abrir a Seven Sins, ele foi a única pessoa em quem confiei o suficiente para colocar na linha de fogo.

Ele é um mafioso que não se importa. Assim que Callan chegou da Irlanda, ele assumiu nossa segurança. Além de Carrick e Oliver, Callan é a única outra pessoa aqui, que sabe quem eu sou. Mantenha isso perto, a voz do meu pai vem do túmulo para me assombrar, quando me lembro de como estraguei minha vida, ao me apaixonar.

Minha mãe era da vida. Ela sabia o que se esperava dela e sabia que todas as noites em que meu pai saía para trabalhar, ele poderia não voltar. Ela bateu o pé, quando eu era jovem. Ela disse a meu pai que não lhe daria mais filhos. Um filho para assumir a organização era o suficiente. Ela não conseguia viver com a ideia de seus filhos serem mortos, por causa de uma rixa entre famílias.

—Você sabe, — Cristiano sorri. —Há uma coisa que posso dizer sobre você, cugino, — diz ele, inclinando-se para a frente. —Você se saiu bem. Ela é uma beleza.

—Posso ter me saído bem, mas agora preciso me concentrar na minha família. — Ele concorda. —Há tanto que ela não sabe. Eu só queria ter dito a ela quem sou. Eu estraguei tudo. Meu pai...

—Ficaria orgulhoso, Mason.

Há orgulho em sua expressão e, por um momento, vejo meu pai. Não sei por que, mas seu rosto vem a mim, como se uma memória estivesse aparecendo. Cristiano gesticula ao seu redor.

—Este lugar é perfeito. Não é um bar decadente, que as pessoas entram. É lindo, elegante. Não há nada aqui que possa fazê-lo pensar que seu filho falhou. E a organização ainda está de pé. Sua mãe pode estar na casa de repouso, mas você ainda a vê o tempo todo.

—Não a visito há meses, — confesso.

Ele concorda. —Eu sei, mas ela ainda ama seu filho.

Isso me faz sorrir. Eu encontro seu olhar, então, sabendo que ele não está mentindo, ou tentando me enganar.

—Sabe, eu costumava pensar em ter filhos com Savvie.

—Você realmente ama essa garota, — ele diz, observando-me atentamente, enquanto puxa um charuto, que coloca entre os lábios. Eu o vejo acendê-lo. A ponta brilha em vermelho, quando ele puxa uma golfada de fumaça.

—Eu faço, — admito, com um aceno de cabeça.

—Diga a ela, Mason. E se ela aceitar você e quiser fazer isso funcionar? Você vai se afastar de alguém que tem sido bom para você.

—Cristiano, — digo seu nome em advertência. —Está feito. Já me decidi e nada vai mudar isso.

Ele encolhe os ombros. Pegando seu telefone celular, ele digita algo, em seguida, coloca o dispositivo no ouvido. Escuta por um momento, antes de falar. —Ciao, vem stai?— Olá como vai você? Ele me observa, enquanto ouve com quem está falando. —Ho bisogno di informazioni su Savannah Cunningham.— Eu preciso de informações sobre Savannah Cunningham. Alguém diz a ele, acena para mim e sorri. —Grazie, — diz, antes de desligar. —Se houver algo que eu possa fazer para ajudar, eu farei. Sua garota será sua, Mason. Não consigo ver essa merda caindo no meu chefe. Se você a ama, você a terá.

—Isso é ridículo, Cristiano. Nunca vou ganhar sua confiança, depois de mentir para ela por tantos anos. — Afastando-me da mesa, vou até o bar e pego dois copos. O uísque que sirvo é o mais caro que temos no clube, um single malte escocês, que Callan trouxe de Londres, quando voou de volta com Madison.

—E se uma mulher te ama, ela vai perdoar qualquer coisa que você jogar em seu caminho.

É como se ele estivesse tentando me dar conselhos sobre relacionamento, quando sei que meu primo se endureceu para a dor de perder a única mulher, que foi o amor de sua vida. Desde então, ele fodeu quase todas as mulheres daqui até a Europa. Em cada cidade em que chega, ele tem belas mulheres em seus braços, como uma criança em uma loja de doces.

—Cugino, — sorrio. —Você é um pregador, tentando converter os ímpios.

—Eu sou um homem que pode ler uma mulher como a porra de um contrato. Quando olho para sua garota, posso ver o seu amor por você. Não há dúvida em seus olhos. — Ele se levanta, vai até o meu bar e enche o copo com outra dose. —Estive com mulheres por um longo tempo, Mason, — ele me diz, levando o copo aos lábios, enquanto observa o clube abaixo. —E há algumas que só estão nisso pelo dinheiro, pelo sexo, ou por qualquer outra coisa que o homem ofereça.

—E Savannah? — Questiono, minha curiosidade assumindo, e preciso saber. Ele sorri, encontra meu olhar por um longo tempo, e eu meio que espero que me diga que ela me odeia. Quando ele engole sua bebida, sibila entre os dentes, antes de voltar sua atenção para o clube.

—Essa mulher vai mover céus e terras por você, cugino, — ele me diz com confiança.

Ele tem razão. Ela ficou ao meu lado durante todo o nosso tempo juntos. Mesmo antes de ser minha submissa, ela era minha. No momento em que entrou neste clube, eu sabia que tinha que tê-la. Egoisticamente, não me permiti tempo para pensar sobre isso, apenas peguei.

Eu deveria lhe contar sobre quem sou. O verdadeiro eu. Mostrar-lhe a escuridão, que faz parte da minha vida há tanto tempo, mas meu orgulho não me permite esse luxo. Nunca vou querer ver uma mulher olhar para mim, com um medo de gelar os ossos.

—Ela pode pensar que quer, mas esta vida é muito perigosa. Eu a trouxe sem pensar. O amor te faz fazer coisas estúpidas, e quando você percebe que a pessoa que segura seu coração pode estar em grave perigo, é então que percebe que é melhor ir embora. Se ela ainda estiver aqui, quando eu voltar, vou confessar.

Isso me dá uma risada. Ele acha que estou mentindo, mas percebo que preciso dar isso a ela. Apenas uma aparência de verdade. Durante anos, implorei-lhe o mesmo e ela me deu tudo.

Se ela for embora me odiando, é algo com que terei que conviver. Eu mereço, por mentir para ela por tanto tempo. Savannah não deveria me amar, mas em algum lugar no fundo da minha alma, sei que ela ainda vai me amar, mesmo quando lhe contar quem realmente sou.


Savannah

 

Eu sorrio para Ellie, que está indo embora e ofereço um pequeno aceno. Não fiz muitos amigos, estando aqui. Mantendo a maior parte para mim mesma, só permiti a entrada de uma pessoa, e é a única pessoa que, provavelmente, magoarei mais, quando descobrir minha verdade.

A porta para os escritórios no andar de cima se abre, e olho, para encontrar o homem em questão descendo as escadas, com seu primo. O homem mais velho, que descobri ser apenas alguns anos mais velho do que Mason, é bonito, com traços europeus, um queixo forte e angular, cabelo escuro e aqueles olhos amendoados, que brilham nas luzes baixas. Sua pele morena combina com a de seu primo. Ele parece um modelo de passarela, mas é a leve camada de prata em seu cabelo, que confirma sua idade.

Mason fecha a distância entre nós. Quando ele me alcança, seus dedos pousam na parte inferior das minhas costas, enviando arrepios aquecidos por mim.

—Hoje à noite, vamos fazer uma cena na sala preta, — ele me diz, antes de levantar seu olhar verde para o meu.

—Sim senhor. — Sorrio, a antecipação já arranhando minha carne.

—Encontre-me em dez minutos. Quero você se apresentando, esperando por mim, — ele sussurra, então me deixa, para falar com dois homens perto do palco. Eu me desculpo pela conversa que estava mantendo e vou em direção ao fundo do clube. O quarto que ele quer é o seu favorito. É privado, grande o suficiente para uma cena, com algumas pessoas participando e pequeno o suficiente para parecer um oásis.

Tiro o vestido, deixando minha calcinha. Eu saio dos saltos, colocando ordenadamente no canto. Meus dedos se movem rapidamente para o cabelo, trançando, amarro a ponta com um elástico. A longa trança fica sobre o ombro esquerdo, cobrindo meu seio.

Ele é meticuloso. Sei disso, porque conheço o tipo de homem que é. O que ele é. Mason nunca descobriu meu segredo. Ele nunca deixou transparecer que sabe e no fundo, a culpa de mentir para ele devora-me todos os dias.

Eu gostaria de poder lhe contar. Para confessar e deixá-lo saber que, mesmo tendo vindo aqui para me vingar, apaixonei-me por ele. Mas ele não vai entender. Não é por isso que sua família é conhecida, aprendi isso há muito tempo. Então, interpreto a submissa disposta para ele, não porque preciso, mas porque quero. Às vezes em minha mente, tarde da noite, enquanto ele está dormindo, fantasio que tudo isso é real. Que os últimos quatro anos foram perfeitos em minha vida. E que não estou mentindo para o único homem que amei de verdade e não estou escondendo coisas dele, que podem ser prejudiciais a quem ele é.

O clique da porta me alerta que ele entrou. Estou na minha pose de apresentação, com os olhos no chão, esperando que ele me dê uma ordem. Não sei o que faremos esta noite, mas sei que com Mason nunca precisarei usar minha palavra de segurança. Quando começamos essa jornada juntos, ele garantiu que eu soubesse disso em cada cena. Mesmo agora, nunca quis usá-la, porque tudo que ele fez para mim, deu para mim, foi puro prazer.

Ele caminha em silêncio até o armário, abre a gaveta e ouço o tilintar de metal. Seus sapatos aparecem momentos depois, e sua voz baixa é de comando.

—Levante-se, meu tesoro. — Ele sorri para o meu apelido e eu também. Obedecendo-lhe, fico de pé e estendo as mãos. Algo parece estranho, na energia que o cerca esta noite, mas não consigo identificar exatamente o que está errado. —Tire sua roupa de baixo. Eu quero te ver.— Suas palavras são baixas, gotejando com algo semelhante à tristeza, mas quase fugindo da emoção.

Silenciosamente, eu me dispo completamente, colocando o sutiã e calcinha na cadeira, onde sei que ele vai pegar, para inspecionar o quão molhada está. Eu assisti com admiração, quando ele inalou meu perfume e se deleitou com ele, uma e outra vez. Ele fez isso tantas vezes, que perdi a conta.

Mason amarra meus pulsos, como fez muitas vezes, nos últimos quatro anos. Ele me leva até o pé da cama, levantando minhas mãos para travá-las no lugar na grade, acima da minha cabeça. Ele se move silenciosamente enquanto continua amarrando meus tornozelos de cada lado da cama, as pernas abertas, meu corpo nu para ele.

—Minha linda Savvie, — ele diz, seu tom quase triste.

—Você está bem, Senhor?

Seus olhos verdes perfuram os meus, como se quisesse dizer algo, mas ele não fala. Em vez disso, concorda. —Estou bem, querida. — Ele sorri. Quando ele pega a varinha, eu sei que vou implorar. Mason gosta de me ultrapassar. Ele adora me fazer tremer de desejo. Ele adora o controle.

Na outra mão, ele levanta o pequeno cata-vento de prata. Quando ele o pressiona contra meu peito, inclina-se, até que seus lábios estejam a centímetros dos meus. O calor de sua respiração, a sensação dos pinos espinhosos faz meus joelhos ficarem fracos.

—Minha doce submissa está pronta para jogar? — Ele murmura ao longo da minha boca, sua língua disparando para me lamber, provando-me, enquanto pressiona a varinha contra meu núcleo. A vibração, junto com a forma como o dispositivo de metal se move sobre meus seios, meus mamilos endurecidos e para baixo em meu estômago, enquanto segue seu caminho sobre meu corpo nu, é o suficiente para enrolar meus dedos dos pés.

Levantando o dispositivo de metal, ele dá um passo para o meu lado, permitindo que os alfinetes corram lentamente pela minha espinha, da curva do meu pescoço, avançando sobre cada uma das minhas vértebras. Fechando os olhos, respiro as sensações, ao senti-lo atingir minha parte inferior das costas, batendo contra meu cóccix, enviando meu desejo e necessidade em órbita.

Estou choramingando e gemendo, enquanto sinto meu orgasmo próximo. O aperto na minha barriga está enrolando como uma serpente. Minha excitação goteja da boceta e minha cabeça cai para trás, enquanto o prazer me atinge, como uma bomba prestes a explodir. De repente, Mason se afasta de mim e sou rapidamente trazida de volta à terra.

—Por favor senhor, — imploro, minha voz rouca de necessidade. —Eu preciso gozar.

Ele sorri. Ele me dá aquele sorriso sombrio de lobo, que sempre inutilizou meu coração e minha mente, porque tudo que quero é agradá-lo. Ele me observa por um momento, observando cada centímetro do meu corpo trêmulo, antes de se aproximar. Uma vez que ele reinicia sua tortura no meu clitóris e mamilos, estou gritando e implorando novamente, querendo sentir euforia, mas ele para, quando estou perto. Enquanto estou na borda, ele me permite descer do alto.

—Eu adoro brincar com você, querida, — ele me diz. Ele abaixa a varinha, mas o cata-vento ainda está em suas mãos. Ele trilha outro caminho lento e meticuloso sobre meus seios, pressionando o metal em minha pele. Fecho os olhos e permito que as sensações de dor e prazer percorram meu corpo.

Os dedos de Mason acariciam minhas curvas, sussurrando toques, junto com a dureza do objeto, fazendo-me choramingar seu nome.

—Um animal de estimação tão lindo. — Ele ri, enquanto eu estremeço, tentando segurar meu orgasmo. —Se você gozar, Savannah... — ele avisa, sem dizer mais nada. Eu sei que terei problemas. Aceno, mordendo meu lábio, para impedir que minha liberação indisciplinada me bata.

Seus dedos mergulham na minha umidade, profundo, áspero, rápido. De novo e de novo, ele me faz estremecer. Ele me faz gemer e gritar. A dor do cata-vento faz explodir estrelas, atrás de minhas pálpebras. O prazer de seu polegar no meu clitóris é o suficiente para me fazer implorar ainda mais.

—Por favor, por favor, Mason. Senhor, por favor, oh Deus, eu não posso.

Minhas palavras caem em ouvidos surdos. E eu sei que não posso aguentar muito mais tempo. Ele também sabe disso. Mergulha dois dedos profundamente dentro de mim, pressionando contra o meu ponto doce, e então eu grito, quando ele morde meu mamilo. Meus joelhos cedem e sinto minha liberação encharcar sua mão, seu punho e tudo abaixo de mim.

Ele mantém sua boca no meu mamilo, sugando-o suavemente, depois o outro. O calor de sua respiração, a umidade de sua saliva, os toques suaves de seus dedos, enquanto ele agarra minhas coxas, fazem-me choramingar. Lentamente, ele se move pelo meu corpo, beijando e sugando cada centímetro da minha pele, até que está ajoelhado diante de mim.

—Olhe para mim, Savannah, — ele ordena, e o olho. O verde dessas esferas me prende, segurando-me em suas garras. —Eu nunca pensei em mim como o tipo amoroso. Não pensei por um momento que seria capaz de me importar tão profundamente com alguém.

Ele planta beijos no meu monte, entre cada palavra. Gentil. Doce. Romântico.

—Quatro longos anos, — ele continua. —Você esteve na minha vida e roubou não só minha mente, mas também meu coração.

Suas palavras batem em meu peito, minhas sobrancelhas franzem não em confusão, mas medo. Tenho medo do que ele está fazendo. O que ele está tentando me dizer. Ele sabe sobre mim? Ele sabe quem eu realmente sou?

—Mason...

—Cada centímetro de você é perfeito, — ele me diz, de joelhos, seu olhar no meu. Mas lentamente, enquanto ele sorri, eu me pergunto por uma fração de segundo, se ele está prestes a pedir, mas eu sei que ele não vai. Ele não pode. Não com a vida que está prestes a embarcar. Eu não deveria saber quais são seus planos. Mas eu sei. E desejo, por tudo que mereço, poder mudar meus conhecimentos, naquele momento.

—Eu te amo, — confesso. E então ele beija minha boceta mais uma vez, provocando meu clitóris, até que estou ondulando meus quadris contra ele. Quando ele se levanta, seu pau está na minha entrada. Sem aviso, mergulha dentro de mim, acomodando-se profundamente.

—Eu te amo, Savannah, — ele me diz, então. Cada palavra gotejando culpa, dor e mentiras. Como duas pessoas tão apaixonadas podem mentir tanto uma para a outra? Ele me fode, lento e gentil. Nós olhamos nos olhos do outro, enquanto ele me enche com seu pau grosso. De novo e de novo.

—Mason, senhor, — imploro. Eu não quero que ele faça isso. Eu sei o que ele está fazendo. Ele está me deixando, e meu coração balança, enquanto ele circunda meu clitóris com o polegar, tirando um orgasmo de mim, que oblitera minha alma. E eu permito que as lágrimas de agonia escapem dos meus olhos, enquanto ele libera sua semente em meu útero. Meu coração se parte, mente está entorpecida e minha alma está destruída, quando ele coloca um beijo em meu pescoço.

Mason me solta, colocando-me na cama, e eu o vejo abotoar sua camisa. É como pornografia. Seus dedos delgados, que podem causar tanta dor, também podem oferecer muito prazer. O material branco e nítido contra sua pele bronzeada, é um contraste gritante com o próprio homem.

Nos negócios, ele é duro e implacável.

No quarto, ele é sensual e autoritário.

Mas em nosso relacionamento, quando ele está prestes a sair e me deixar, sei que está sofrendo tanto quanto eu.

Mas sei que um dia, em breve, vou machucá-lo mais do que ele jamais me machucou.


Savannah

 

Sentando no sofá, pego a taça de vinho branco e tomo um gole. Foi um longo dia e meus nervos estão à flor da pele. Preciso falar com Mason, mas como o Cristiano está aqui quase todos os dias, não tive um momento para sentar com ele.

Eu gostaria que as coisas ainda estivessem tão fáceis quanto, quando ele não estava tão estressado. Todas as manhãs, ele sai da cama antes de eu acordar e todas as noites entra cansado e frustrado. Eu penso no momento em que me apaixonei por Mason Gianetti.

A sala é mal iluminada com velas ao redor, colocadas em todas as superfícies disponíveis. Eu escorrego para fora do vestido e permito que ele se acumule aos meus pés, enquanto entro na sala de jogos. É tão lindo, que fico sem fôlego por um momento, antes de sentir seu calor atrás de mim.

—Esta é a nossa noite, — ele me informa. A rouquidão de sua voz envia um tremor sobre mim, causando arrepios em cada centímetro da minha pele.

—Eu quero você nua, Savvie. Eu quero ver você aberta e pronta para o meu pau. Esta noite, você experimentará suspensão.

Ele me vira para encará-lo. Aqueles olhos verdes brilham com a luz das velas piscando neles. Mas é o calor de seu olhar que me queima.

—Você confia em mim?

Eu aceno, porque como posso não confiar nele? Eu permiti que meus sentimentos tomassem conta de mim. Não importa todos os avisos que fiz, não há mais como negar, apaixonei-me pelo inimigo e não consigo parar.

Ele dá um passo para trás, observa-me, espera que eu faça um movimento. Eu pego o fecho do sutiã, permitindo que as alças escorreguem dos meus ombros. Está no chão em segundos, e minha calcinha segue o exemplo.

—Boa menina, — ele murmura, curvando o dedo, para me chamar para ele. Levanta a outra mão e noto a corda carmesim, pendurada em seus dedos experientes.

Eu vejo quando ele começa em meus quadris, a corda apertando em torno de mim, puxando-me suavemente, enquanto ele trabalha. Os padrões que cria são incríveis. Meu olhar o segue, enquanto ele se move até meus seios, criando uma forma de estrela contra meu peito. A cor da corda se destaca na minha pele, na luz fraca.

Mason fica em silêncio, enquanto trabalha. A concentração está em sua expressão, enquanto ele amarra meus braços na minha frente. Em seguida, alcança os ganchos presos ao teto. Ele puxa, até que estejam em uma altura onde possa prender minhas amarras ao metal. De repente sou levantada, suspensa no metal e estou voando.

Nunca experimentei nada assim. Mason pega uma perna, prendendo-a com a corda, permitindo que meu outro membro caia livre. Estou aberta para ele, exposta de uma maneira que nunca estive antes. E não porque estou nua, mas porque estou entregando minha alma a ele. Estou lhe oferecendo uma confiança inata, que nunca dei a ninguém antes.

Uma vez que estou amarrada, ele dá um passo para trás para me observar.

—Feche os olhos, querida, — ele ordena em um tom baixo. Quando obedeço, ouço o zumbido do vibrador. Ele trilha o objeto sobre meus mamilos duros, fazendo-me choramingar, com a eletricidade que dispara por mim.

Ele se move mais para baixo sobre o meu estômago, parando no meu monte, o que faz com que mais choques de prazer passem por mim. Quero me mexer, soltar-me, para poder tocá-lo, mas estou presa com muita força. E, neste momento, percebo que não estou apenas presa ao teto, ele também me amarrou a ele.

Mason coloca o vibrador no meu clitóris. Está na configuração mais baixa, mas me queima de dentro para fora. Estou carente. Ele sabe disso. Não consigo vê-lo, mas ele certamente pode me ler como um livro. Um gemido cai livre de mim, quando seu dedo trilha sobre as dobras escorregadias da minha entrada.

—Você está tão molhada, querida. — Suas palavras são cheias de admiração e gentis. —Você quer gozar para mim, bichinho?

Eu aceno em resposta, minha cabeça se movendo rapidamente, e ele lentamente me gira no gancho. Seus dedos estão em mim mais uma vez, desta vez na minha espinha, escorrendo, causando arrepios em cada centímetro de mim. Quando, finalmente, alcança minha bunda, ele aperta as bochechas, abrindo-me para o seu olhar e isso me transforma em uma bagunça choramingando.

—Diga-me, querida, o quanto você me quer?

—Por favor, senhor, — imploro. —Eu preciso de você dentro de mim, provando-me, por favor?

Uma risada sombria vem, quando ele me vira para encará-lo novamente. É quando sinto um hálito quente contra minha boceta espalhada, e sua língua me lambe. Minha perna treme, enquanto a outra é amarrada com tanta força, que sei que terei o padrão embutido em minha pele.

A língua magistral de Mason bate em mim, até que estou tremendo, precisando gozar, mas ele não permite, não me oferece a liberação.

—Abra seus lindos olhos, — ele ordena, e obedeço facilmente. Sua boca está brilhando com a minha excitação, e o sorriso em seus lábios me diz que gostou de brincar comigo. Ele se inclina, sua boca perto da minha, e posso sentir meu cheiro almiscarado nele.

—Por favor, senhor, — imploro mais uma vez, esperando que ele me dê o orgasmo que anseio. Ele balança a cabeça, colocando o vibrador de volta no meu clitóris, fazendo com que um gemido percorra meu peito e saia dos meus lábios. —Por favor.

Ele me ignora, olhando-me com aqueles olhos intensos, que fazem um buraco em mim. É então que eu vejo. Antes, quando jogávamos, eu não percebia. Mas está lá, brilhando, enquanto ele me observa. A emoção que ignorei em meu próprio coração por tanto tempo. Acho isso nos olhos verdes de Mason.

Amor.

Eu não digo isso. Eu não reconheço, mas então ele sorri e se inclina para mais perto, pressionando um beijo em meus lábios. Minha língua sai disparada e eu me sinto nele. O cheiro picante dele, misturado com o meu sabor doce, mas almiscarado, é tudo que preciso, e estou tremendo.

—Goze para mim. Só para mim, — Mason finalmente ordena, e meu corpo se quebra, enquanto grito de prazer. Ele não para embora, continua a segurar o dispositivo vibratório em meu núcleo, e outro orgasmo corre através de mim. E quando estou prestes a implorar para ele parar, um terceiro lançamento bate bem no meu estômago, e tudo fica escuro.

A porta se abre, roubando-me da memória da minha primeira suspensão, e Mason entra no apartamento. A camisa branca, que veste, está amarrotada e os botões abertos me dão um vislumbre de sua pele bronzeada e macia. Sua gravata está enrolada em sua mão, como se estivesse prestes a estrangular alguém.

Algo está errado.

Muito errado pra caralho.

—Você está bem?

Seu olhar encontra o meu, escuro e agourento, e o medo passa por mim. Ele não pode saber sobre mim, pode? Isso explicaria a raiva dançando em seu olhar. Mas no momento em que ele me vê vestida com a camisola preta transparente, que eu estava prestes a modelar para ele, a raiva se dissipa.

—Sim. Tem sido um longo dia.

—Seu primo ainda está aqui? — Questiono. Caminhando até ele, coloco a mão em seu peito, na esperança de acalmar a tempestade que o segue. Desde que Cristiano entrou em seu escritório, Mason tem agido de forma estranha. Eu sei o que é, mas não ofereço consolo a ele. Não posso dizer a ele, depois de todo esse tempo, que escondi algo tão importante. Ele nunca vai me perdoar. Conheço a história de Mason e conheço sua família melhor do que ele.

—Ele está, — responde. Suas mãos encontram meus quadris, puxando-me para mais perto. Inclinando, seus lábios pousam nos meus. Ele é gentil, mas há uma tristeza em seu beijo, que aperta meu coração dolorosamente. É este o momento em que ele me mata? Ele deve saber quem eu sou.

Quando Mason finalmente se afasta, há afeto em seu olhar, o que só me confunde. Suas ações são um contraste, com a maneira como ele invadiu aqui.

—Eu tenho que ir embora por um tempo, — ele me diz. —Há algumas coisas que preciso resolver, negócio de família.

—Onde você vai?

—Para ver meu tio, — ele sussurra, plantando beijos em minhas bochechas. Sua boca traça um caminho incandescente pelo meu pescoço, até chegar à minha clavícula. Ele suga a carne, fazendo-me choramingar com a ação.

—Quanto tempo você vai ficar fora?

Ele não responde. Suas mãos agarram minha bunda, levantando-me contra ele. Seu pau está duro, cutucando meu núcleo, como se procurasse entrar. Ele nos leva até a sala de estar, colocando-me no sofá.

Ele se instala entre minhas coxas, sua boca devorando cada centímetro do meu corpo, enquanto trabalha seu caminho sobre meus seios. Chupando meus botões endurecidos em sua boca quente, ele me provoca com a língua.

Mason se move mais para baixo, puxando a calcinha que estou usando, junto com seu movimento, e logo estou bem aberta. Ele não perde tempo, atacando minha boceta com a ferocidade de um animal selvagem.

Sua língua mergulha em meu calor, lambendo-me. Com os polegares, ele me abre para seu olhar aquecido. O calor de sua respiração só está me deixando derretida de necessidade. Cada nervo do meu corpo está queimando e uma dor gira no meu estômago. Este homem é meu, é perfeito, mas no fundo, enquanto ele me leva ao limite, sei que ambos estamos desempenhando nossos papéis perfeitamente.

—Foda-se, — ele rosna. —Você é tão perfeita, Savannah, — ele fala, mas não olha para mim. Ele não levanta os olhos para encontrar os meus, e é quando eu sei que algo está terrivelmente errado.

Mas ele não espera minha resposta. Ele, mais uma vez, bate sua boca na minha boceta e estou perdida de prazer. Ele passa por mim como um raio, e estou agarrando seu cabelo, puxando-o para mais perto. Meus quadris levantam contra sua boca, precisando de mais, implorando por mais.

Estou perto, tão perto, quando seu telefone começa a tocar incessantemente. Acho que ele está ignorando, quando de repente se afasta, deixando-me contorcendo no sofá.

Uma olhada na tela e ele resmunga.

—Eu preciso atender esta ligação. Vá para o quarto. Espere por mim na cama. — Sua ordem é tão rápida, quanto seu movimento, quando ele se levanta e espreita para a varanda, com vista para a cidade. A necessidade que senti, momentos atrás, evapora-se e corro para o quarto.


Mason

 

Já se passaram duas noites, desde que quebrei com Savvie. Eu nunca tinha feito isso antes. Ainda estou sofrendo, ainda confuso sobre o que diabos deu em mim. Quando finalmente fui para a cama, ela estava dormindo, depois de nossa cena. Sua respiração suave é, geralmente, uma melodia de calma para mim, mas desta vez eu estava no limite.

Eu confessar meu amor assim, nunca foi algo que fiz, seja em uma cena ou não. Ela sabe que eu a amo, e já lhe disse antes, mas nunca caí de joelhos por ela, ou qualquer outra pessoa. Mas eu sei o que está por vir, sei que em breve vou quebrá-la, e eu precisava que ela soubesse que a amo, antes de destruir seu mundo para sempre.

Mas quando pressiono o telefone no ouvido e atendo a ligação, não estou preparado para a tempestade que está prestes a destruir minha casa e meu coração.

—Cugino.

—Mason, preciso falar com você. — Cristiano faz uma pausa por um momento, antes de suspirar, então continua baixinho. —Em particular.

Algo em sua voz me perturba. Já se passaram vários anos, desde que tivemos conversas sobre os empregos em que estivemos, sobre as coisas que ele fez, enquanto eu estava aqui, administrando Sins.

—Estou sozinho, — informo, antes de sair para o terraço do nosso apartamento. A cidade brilha com luzes sob o céu escuro. É como se diamantes brilhassem em todas as janelas. —O que foi, Cristiano?

—Quão bem você conhece a sua doce Savannah? — Sua pergunta me acalma. Não sei aonde ele quer chegar, mas não gosto disso. Falar sobre ela com meu primo é perigoso. Se alguém grampeou nossos telefones, descobrirá sobre ela, saberá que tenho um ponto fraco e a usará para me machucar.

—Por quê? — Minha voz está baixa e olho para trás, para ver se ela obedeceu minha ordem. Quando encontro a sala vazia, volto para a vista da cidade e espero. Isso é uma coisa sobre meu primo, ele adora teatro, deixando-me pendurado por um fio de antecipação, é o que ele está se divertindo agora. —Se você não me contar, vou apenas pendurar...

—Eu coloquei meus homens em Savannah, para garantir que ela não estava escondendo nada, — ele interrompe minha réplica, com uma resposta. —Já que eu sei que você está apaixonado por ela, queria ter certeza de que o tio não pode foder com você, mas... Mason...

—Você não acha que eu já tinha feito tudo isso, antes de aceitá-la como minha submissa? Nada saiu irregular, então não sei por que você teve que fazer isso de novo. — A raiva alimenta minhas palavras. Não gosto dele metendo o nariz no meu negócio. Mesmo que ele esteja administrando a organização para mim, esta é minha vida amorosa, minha vida pessoal. E ele não tem nada a ver com isso.

—Diga-me, Mason, — ele começa. —Você cavou bem?

Minhas sobrancelhas franzem em confusão. Lembro da pasta que tenho sobre ela, em meu escritório. Seus pais estão mortos. Ela é filha única e a melhor amiga de Peyton. Carrick teria dito algo, se tivesse descoberto sobre ela por sua esposa, mas nunca houve qualquer dúvida quanto à honestidade de Savannah sobre seu passado.

—Eu não sei do que você está falando. Ela está sempre...

—Ela te disse a razão pela qual ela se aproximou de você, no momento em que entrou em seu clube? Ou até mesmo concordou em ser sua submissa? — Ele questiona, provocando-me com informações que ele não está oferecendo. Aparentemente, descobriu algo, mas não está me dizendo, e é isso que está me fazendo ver vermelho. Se ele estivesse na mesma sala, eu o teria nocauteado.

Minhas defesas aumentam com suas palavras, e meus punhos em volta do telefone estão tão apertados, que tenho certeza de que vai quebrar a qualquer momento.

—Russo, eu respeito você como meu primo, como meu sangue, mas se não me disser aonde quer chegar com isso, não se engane, não vou pensar duas vezes, antes de acabar com você.

—Savannah disse que ela é uma agente disfarçada, tentando encontrar o assassino de seu pai?

Meu sangue corre frio em minhas veias. Parece que o gelo substituiu o calor. Meus pulmões não puxam o ar. Por mais que eu tente, eles param por um longo momento, antes que minha visão turve.

—O que? — Minha voz é baixa, enquanto a palavra é mordida, a fúria tomando conta de mim, do meu coração, e o aperta em um abraço venenoso. Eu alcanço o corrimão da varanda, o metal frio sob minha pele não me acalma, como eu esperava.

—Eu tenho a pasta na minha frente, Mason.

Ele está confiante no que está me dizendo. Não há dúvida em sua mente e, se for esse o caso, deve ser verdade. Mas estou balançando a cabeça, antes mesmo que ele me diga as próximas palavras.

—Eu sei quem matou o pai dela. Ela está aqui por causa de um trabalho que deu errado, há muito tempo.

—Você a conhece?

—Não, eu não sabia no começo. Mas tenho uma foto do pai dela, e é um agente secreto, que estava trabalhando com Bianchi, — ele me diz rapidamente, e posso ouvi-lo folheando as páginas, do outro lado da linha.

—Isto... não pode ser verdade. Savannah não teria mentido para mim. — Balançando a cabeça mais uma vez, enquanto a descrença ameaça me sufocar, eu me viro para encarar a sala de estar. Está vazio e eu sei que Savvie está em nosso quarto. Ela está sentada na cama, que compartilhamos por tanto tempo. O lugar onde fizemos amor, fodemos, o lugar onde eu lhe disse que a amava. Eu quase pedi em casamento uma mulher, que mentiu para mim o tempo todo que estivemos juntos, e não fez para me manter a salvo, como fiz com ela. Não, ela está escondendo quem é, e está aqui porque quer vingança pelo assassinato de seu pai. De certa forma posso entender, mas quando você ama alguém, não conta tudo a ele?

—Eu vou te enviar a papelada. Sinto muito, cugino, — ele me diz, mas desligo, antes que ele tenha tempo de dizer mais alguma coisa. A fúria estremece dentro de mim. Sim, eu menti, mas fiz isso para mantê-la segura. Ela estava na minha casa, na porra do meu coração, para rasgar e enterrar no chão com seu pai.

Eu permito que minha raiva tome conta, quando entro no apartamento. Deixando meu telefone na mesa de centro, faço meu caminho em direção ao nosso quarto. Nosso. Cada momento que passamos juntos, cada segundo que ela tinha para me contar sobre si mesma, mentiu. Ela escondeu o fato de que eu sou apenas um alvo do caralho.

Tudo o que fizemos, tudo o que dei a ela, foi uma mentira. Foi uma mentira filha da puta. Quando chego à porta do quarto, estou vibrando de raiva. Ela não é mais a mulher que eu quero dar meu colar, não é mais a bela loira que me enredou com seu sorriso, com sua risada e seu lindo coração.

Ela é uma mentirosa do caralho.

Uma agente.

Ela é uma maldita agente federal.


Savannah

 

Sorrindo, eu puxo o vestido do armário e o seguro na minha frente. Quero fazer algo de bom para Mason, para lhe mostrar o quanto o amo. Esta noite, talvez eu possa dar a Mason um motivo para voltar para mim.

Estou prestes a fechar o armário, quando Mason entra no quarto. Seu rosto é uma imagem de raiva e fúria. Seus olhos, que normalmente me lembram pedras preciosas, são escuros, quase pretos, e um calafrio desce pela minha espinha, e os cabelos da minha nuca se arrepiam.

—Aquele era o Cristiano, — ele me diz. Suas palavras interrompem meus movimentos e espero por isso. Não preciso lhe perguntar o que seu primo disse, porque está escrito em seu rosto. A raiva, a dor, as mentiras que contei, estão gravadas em cada ruga de seu belo rosto. Fogo queima em seus olhos, e eu sei.

Eu sei que ele sabe.

Todos os anos que passei com Mason, esperei por este dia. Rezei para que nunca acontecesse, mas sabia que, se acontecesse, eu lhe contaria a verdade. Eu diria a ele por que fiz o que fiz. E também diria a ele que o amo.

—Você é um deles. Não é? — Sua voz é baixa e perigosa.

O verdadeiro Mason Gianetti aparece, quando olho para ele. O homem que eu deveria ter matado, no momento em que descobri seu sobrenome. Mas eu queria uma prova, precisava saber quem estava caçando.

A tensão no quarto disparou a níveis vulcânicos, e sei que logo estarei morta. Ele levou todo esse tempo, anos, para descobrir sobre mim, para ver através da mentira.

Apenas nunca foi uma mentira com Mason.

Eu deveria me vingar. Só aceitei a designação por causa do meu pai e da maneira como ele foi assassinado. Vingança, era meu objetivo final, mas então, Mason vagueou em minha vida, em meu coração, e eu não tinha como escapar.

Meus sentimentos atrapalharam. Eu nunca deveria ter deixado isso acontecer, mas fui arrebatada por seu estilo de vida, por essa fantasia de que poderia ser feliz e encontrar o amor. Eu me apaixonei pelo homem por trás do terno, por trás da máscara, e não tinha como me salvar da queda.

—Savannah, eu juro por Deus, se você não me responder em um segundo, — ele sibila, fechando a distância entre nós, com alguns passos. Sua mão envolve minha garganta com raiva, batendo-me com força contra a parede, o que tira o ar dos meus pulmões.

—Sim, Mason. Sou um dos agentes secretos enviados aqui para reunir informações sobre você e Cristiano, — confesso com um sussurro de pesar. A culpa pesa no meu estômago já coagulado, e sei que estou prestes a vomitar, se ele não me deixar ir.

—Todos esses anos, você me fez pensar que me queria. Queria isso. — Ele gesticula ao nosso redor para o espaço em que tínhamos sido tão íntimos, mais do que qualquer outra pessoa em minha vida antes. Nosso quarto, que costumava ser cheio de amor, agora está encharcado de ódio e raiva. Eu não posso culpá-lo. Eu fiz isso e esperava sua raiva.

—Eu fiz. Eu queria você, eu só...

Minha confissão é silenciada pela porta que se abre, ao bater com força contra a parede. Nossos olhos se voltam para a entrada, para encontrar Carrick olhando para nós dois.

—Que porra você está fazendo? — O homem morde, seu olhar fixo em Mason, o calor queimando através deles, como um incêndio. Se eu pensei que a tensão era densa antes, agora é um maldito bloco de cimento. Nada está penetrando nele, até que todos deem sua opinião.

O aperto de Mason no meu pescoço afrouxa e sou capaz de engolir um soluço, quando ele se inclina para mais perto de mim, um aviso.

—Se você mexer um centímetro, vou bronzear sua bunda, até que você não consiga mais sair deste apartamento esquecido por Deus. — Ele volta sua atenção para Carrick. —Suponho que você já ouviu.

—Claro, eu ouvi, porra, — o irlandês mordeu. —Você acha que meus homens são estúpidos pra caralho, Mason? — Ele parece dividido entre socar seu melhor amigo ou abraça-lo. Eu iria com o primeiro.

—Eu só precisava de tempo para descobrir tudo, e então Savvie...

—A porra do FBI poderia estar em todo este lugar, como uma erupção cutânea. Não que eles encontrassem nada. Eu sou um Anderson, meus rastros estão cobertos. Os seus estão? — Carrick questiona Mason.

—Eu pareço um amador? — Mason ri sombriamente.

Os dois homens estão furiosos e não os culpo. Eu poderia arruinar muitas vidas, mas também poderia salvar vidas. Tenho uma escolha a fazer, meu trabalho ou meu coração. Não é fácil. Eu tinha dezesseis anos, quando meu pai me treinou. Ele era um dos melhores agentes secretos do FBI, lá fora, mas quando sua vida foi interrompida por um dos homens de Russo, jurei vingança.

—Você. — Carrick aponta para mim, e de repente fico chocada e rígida, porque seu olhar é mais assustador do que o de Mason. Ambos são homens perigosos, mas Carrick tem uma escuridão, que me diz que ele não pensaria duas vezes em me enterrar no fundo do oceano. —Você precisa consertar o que quebrou e precisa fazer isso agora, porra.

—Rick, — o tom de advertência de Mason agora está em seu melhor amigo. —Consigo lidar com isso. Por que você não vai e vê como estão Peyton e os gêmeos, e eu falo com Savannah?

Mason difunde a situação em um instante. Carrick dá um passo para trás e me lança um último olhar feroz, antes de sair do quarto. Ele não olha para trás, deixando-me sozinha com o homem por quem me apaixonei.

—Você realmente fodeu tudo, querida, — ele me diz, observando, enquanto seu melhor amigo nos deixa, então se vira para mim. Seu olhar escuro, implacável, segurando-me como refém, como eu sei que ele quer.

—Eu não fiz nada. Eu deveria fazer uma checagem a cada poucas semanas, mas atrasei com meu parceiro. Eu disse a ele que não havia nada que pudesse encontrar. Eles ligaram e eu os acalmei, mas eu não posso fazer muito...

—Como porra, você pode! — Mason se enfurece, seu rosto queimando brilhante no quarto escuro. Não há nada além de nós, nada além da turbulência que eu trouxe sobre ele, e eu vejo isso em seus olhos. Ele quer me machucar. Ele quer me fazer chorar e gritar.

Mas acima de tudo, ele quer me quebrar.


Mason

 

Eu caminho em direção a ela, minha mão batendo contra a parede ao lado de sua cabeça, fazendo-a estremecer. Seu rosto se contorce e meu coração estilhaça. Como ela pôde fazer isso comigo? Já passamos por tanta coisa juntos e agora descobri que a mulher que amo, é uma mentirosa. Um maldito agente. A raiva se apodera de mim, como um furacão prestes a destruir tudo em seu caminho.

—É isso que você queria, Savvie? — Questiono. —Eu para te machucar porra, por que mentiu para mim? Você sabe o que minha família faz com pessoas como você?

Ela olha para mim. Seus longos cílios tremulam e brilham, com as lágrimas enchendo seus lindos e grandes olhos azuis.

—Eu nunca quis que isso acontecesse. Eu te amo, Mason.

—Você tem uma maneira engraçada de mostrar isso, — mordo, me afastando da parede.

—Mason, vim aqui apenas para uma coisa. Vingança. Você... você...

Seus soluços destroem seu corpo esguio e estou em guerra comigo mesmo. Uma parte de mim quer abraçá-la e aliviar sua agonia, e a outra parte quer machucá-la, apenas para se sentir bem novamente. Cristiano estava certo. Nunca serei capaz de me livrar do passado.

—Você soube quem eu era, no momento em que soube meu sobrenome.

Ela concorda. —Eu sabia dos Gianettis. E percebi que é por isso que você nunca oferece seu sobrenome a ninguém que entra no clube. As únicas pessoas que conhecem você sou eu, Carrick, Callan e Oliver.

Ela está certa. Quando as pessoas entram neste lugar, elas me conhecem como Mason, parceiro de Carrick Anderson. Por anos, escondi quem eu realmente sou. Não porque tenho vergonha da minha família, mas porque queria uma vida normal.

—E eu sabia que você se afastou dessa vida. É por isso que fiquei, porque sabia que você não era como eles.

—Você acha? Porque eu poderia facilmente cortar sua garganta, sem culpa.

Ela volta seu olhar para o meu.

—Você poderia?

Seu desafio paira no ar entre nós, pesado e inflexível. Não há como negar que ela está certa sobre tudo. Eu nunca poderia machucá-la. Mas se minha família descobrir que ela é uma agente, eles não pensarão duas vezes, antes de matá-la.

—Você precisa sair daqui.

Com cada palavra que digo, meu coração se parte. Com cada palavra, há um buraco que fica para trás, e me pergunto como diabos devo continuar sem ela.

—Eu não posso estar com você agora. Ou nunca.

—Mason, isso...

—Savannah, — murmuro seu nome, interrompendo sua resposta. —Nunca podemos funcionar. Se descobrirem sobre você, sobre tudo o que aprendeu, enquanto me espionava, eles a matariam.

—Por que você se importa? — Ela morde. Minha pequena atrevida. Ela sempre foi teimosa. Nunca houve um dia em que eu me perguntasse se ela seria capaz de viver sem mim. Savannah é única de uma forma como nenhuma outra mulher é. Ela é mais forte do que a maioria, teimosa, e eu sei que, no momento em que sair deste apartamento e a deixar para embalar suas coisas, ela ficará bem.

Eu tenho uma escolha a fazer. Neste momento, olho em seus olhos e sei que preciso ter certeza de que ela pode seguir em frente. Sempre soube que, se algum dia tivesse o luxo do amor e do casamento, seria com alguém que me desafiasse, mas se submetesse a mim. E ela é a única mulher com quem eu poderia me ver.

Vida ou morte.

Sangue ou amor.

Família ou destino.

Eu decido deixá-la ir. E a única maneira de fazer isso, é garantir que ela não me ame, depois disso, então, ofereço uma resposta.

—Eu não. Eu nunca posso te dar o que você precisa. Vou sair agora. Arrume suas coisas e vá embora. Não olhe para trás. Não pense em mim e nunca mais tente entrar em contato comigo.

Girando no calcanhar, saio do apartamento, ignorando-a chamando meu nome. Pela última vez, percebo sua voz. Eu guardo na memória, e sei que é a única vez que vou ouvi-la me chamar de novo.

Quando chego ao meu escritório, abro a porta para encontrar Carrick sentado na cadeira, em frente à minha mesa.

—Você disse a ela para ir embora, — ele me diz. Ele sabe que tenho uma escolha a fazer. Ele tinha que fazer o mesmo, quando se tratava de Peyton, só que era mais fácil. Sua família aceitou a garota em sua casa. Minha família nunca aceitará uma federal.

—Eu precisei.

—Não, você escolheu. — Sua voz me irrita e eu quero dar um soco nele, mas ele está certo. Peguei o caminho mais fácil.

—Você sabe com certeza que os Gianettis nunca aceitarão um agente entre eles. — Pego uma garrafa de Jack do bar e dois copos. Colocando na minha mesa, despejo uma dose grande em cada um e pego um. Eu não espero por Carrick. Em vez disso, engulo em um gole ardente.

—Você está no comando da organização, Mason, — meu melhor amigo me lembra. —Se eles não podem aceitar suas escolhas, depende de você garantir que eles saiam.

—Não é tão fácil.

—Porque ela, provavelmente, vai doer pelo amor que tem por você?

As palavras de Carrick me cortam. Eu conheço Savannah há muito tempo, e quando ela me disse que me amava, mais cedo, apaguei a ideia, como se ela fosse uma mentirosa. Mas não havia nada na maneira como ela olhou para mim, para confirmar que não era verdadeira. Minha raiva me cegou e eu a empurrei.

—Isso é ridículo pra caralho.

—É, — Carrick concorda facilmente e inclinando-se para frente, continua, —Savannah poderia ter colocado este clube em encrenca, mas algo me diz que ela não o fez. Se eles soubessem de qualquer um de nós, os federais teriam invadido este lugar há muito tempo.

Mais uma vez, Carrick está certo. Eu não acho que ela nos revelou. Eu nem pensei que teria contado a seu parceiro sobre nós, mas meu orgulho não me permite voltar lá e impedi-la de ir. Eu sou um idiota. Nunca neguei.

Meu pai uma vez me disse que você nunca conseguia ouvir um coração partido. Mas eu fiz. Quando eu disse a Savannah para ir embora, ouvi cada pequeno estalo, que fraturou seu coração. E sei que ela nunca vai me perdoar pelo que eu disse.

—Ela pode não ter nos delatado, mas mentiu para mim, Rick, — digo a ele. Há uma consciência em seu olhar. Ele sabe o que é amar e perder, sabe como são nossas vidas. Com sua família fazendo parte da máfia irlandesa, ele entende como essa vida é vivida.

—Eu acreditei por muito tempo que tinha que ficar sozinho. Cresci, ouvindo que amor não estava nas cartas, para pessoas como nós. — Ele balança a cabeça, levantando a garrafa de Jack e servindo de outra dose. —Mas quando eu tive que escolher entre Peyton e a vida, não tive ninguém para me dar o insight que estou dando a você. Essa mulher te ama e você tem sorte de ter encontrado isso, uma vez na vida. Não deixe merdas como essa foderem tudo.

—E o que devo fazer?

Ele encolhe os ombros. Levando o copo aos lábios, eu o vejo beber o líquido doce e pegajoso, antes de responder. —Se você ama Savvie, então, precisa lutar por ela.

—E se ela não quiser que eu lute por ela?

Carrick balança a cabeça, oferecendo-me um sorriso malicioso. —Então deixe que ela lhe diga isso cara a cara.


Savannah

 

Eu deveria ter saído há horas, mas não consigo encontrar no meu coração para fazer isso. Para dizer adeus ao lugar que chamo de casa há tanto tempo. Eu sei que ele está em seu escritório, e pode me ver de lá. É também assim que sei que ele não virá aqui.

Se há uma coisa que sei sobre Mason, é que está cheio de orgulho pra caralho, para se desculpar por como ele terminou as coisas. Eu não esperava que fosse assim. Veja bem, eu não esperava ainda estar viva, depois que ele descobriu sobre mim.

Mas estou aqui. Embora eu só tenha pedido um refrigerante, bebo lentamente, imaginando outro momento em que Mason e eu éramos felizes. É a última bebida que tomarei no Seven Sins, um clube que me ofereceu consolo, quando eu mais precisava. E ao longo dos anos, isso me deu algo que eu nunca esperava. Isso me trouxe amor.

Eliana entra no clube com um vestido esvoaçante de seda preta. Ela sorri, enquanto se aproxima de mim. Quando a salvamos daquele idiota que a manteve prisioneira, ela bloqueou a maior parte do que aconteceu, enquanto foi mantida em sua masmorra. E mesmo agora, quando olho para ela, percebo que fechou o passado. Seus olhos estão vazios.

—Ei, — ela diz em um tom gentil.

—Como você está? — Questiono, engolindo o último gole do meu refrigerante.

Ela encolhe os ombros. —Bom, eu decidi que vou voltar, para ver o que posso salvar da propriedade do meu pai. Eu quero ver o que ficou para trás.

Sei que o pai dela faleceu e não tenho certeza se isso é algo que também a está incomodando, mas tenho certeza de que há um limite para o que uma garota pode suportar.

—Tem certeza que é uma boa ideia? Vai voltar lá?

Ela se acomoda ao meu lado. —Honestamente, não sei, mas preciso vende-la e seguir em frente, ou fazer algo com ela. Estar aqui... — ela gesticula ao seu redor, —...há muitas memórias. Talvez, estar na casa do meu pai, permita-me superar a merda que tive que passar.

—Estaremos sempre aqui, se você precisar voltar, — digo a ela, notando Archer entrando no clube. Ele costumava ser sócio de Nate em um negócio que já fechou. Quando Nathan e Eva se mudaram para Los Angeles, Archer decidiu se afastar da empresa e fechá-la completamente.

Seu olhar cai sobre Ellie primeiro. Algo pisca em seus olhos e tenho certeza de que ele está prestes a vir dizer oi, mas vira as costas e segue pelo corredor, em direção aos quartos dos fundos. Há algo estranho nisso, mas me concentro na garota diante de mim.

—Acho que, depois de cuidar da propriedade, poderei decidir o que fazer. — Ela sorri. É doce, inocente, e me pergunto se o passado vai persegui-la para sempre, ou será capaz de seguir em frente e encontrar alguém?

—Entendi. — concordo. —É melhor eu ir.

—O que? Aonde você vai? — Ela me encara chocada, mas não consigo falar.

Balançando a cabeça, engulo a dor no meu peito e pisco para conter as lágrimas. A ideia de deixar este lugar me dá vontade de gritar, mas foi culpa minha. Eu menti para ele e não posso esperar que me perdoe. Ele pediu honestidade e tudo o que ofereci foram mentiras.

—Savvie, o que está acontecendo? — Ellie está de pé, segurando-me, como se eu estivesse prestes a cair. —Venha para casa comigo. Você pode ficar no quarto de hóspedes, até descobrir algo, — ela diz, envolvendo um braço em volta de mim. Ela me puxa até a porta, onde o porteiro entrega duas malas grandes. Suas sobrancelhas escuras se erguem em choque. —Você o está deixando?

Eu aceno lentamente. Pegando as alças de cada bolsa, puxo minha vida comigo e sigo Ellie até o carro. Nada pode se comparar à dor de um coração partido. Uma vez que minhas malas estão no porta-malas, deslizo para o banco do passageiro e Ellie liga o carro.

—Você vai me dizer por que está abandonando Mason?

Sua pergunta é formulada suavemente, mas não consigo encontrar a resposta certa. Enquanto ela ziguezagueia pelas ruas quase vazias, vejo as luzes brilharem pela janela, perguntando-me como vou explicar ter abandonado um homem, que claramente amo.

—Ele me disse para sair. Eu não posso te dizer por que, mas estraguei tudo, — confesso. Com cada palavra, um nó se forma na minha garganta. Eu sabia, a cada dia que passava, que estava brincando com fogo. Não havia motivo para esconder quem eu era, mas escondi.

Quando Mason me disse que me amava, eu deveria ter confessado e contado tudo a ele. Eu poderia ter explicado porque entrei em sua vida. Talvez então, ele tivesse me perdoado, mas com todos os meses, anos que se passaram, não posso mais pedir seu perdão.

Se eu tivesse ouvido meu pai. Crescendo, eu sabia que seu trabalho era perigoso. Sabia que um dia ele não voltaria para casa. Ele sempre me disse para me concentrar no trabalho da escola e, se algum dia seu trabalho o roubasse de mim, não deveria vingá-lo. Ele me disse que a vingança não é tão boa quanto pode parecer.

Eu não dei ouvidos a ele. Quando foi assassinado, perdi a cabeça. Ele era a única família que eu tinha e, quando ficava sozinha à noite, a única coisa que me consolava era a ideia de fazer pagar quem o tirou de mim.

Ellie para no estacionamento de um belo edifício, e estou surpresa que ela more em um lugar tão luxuoso, mas não comento. Nós nos sentamos no escuro por um tempo, antes de eu me virar para ela, encontrando seus olhos verdes castanhos grandes e curiosos.

—Aprendi que o amor pode ser inconstante, mas quando conheci você e Mason, fiquei com ciúmes, — Ellie diz, com um sorriso triste. —A maneira como ele olha para você, há tanta emoção, que é como se ele pudesse queimar o clube com um único olhar.

Meu coração bate forte, o peito dói e minhas lágrimas queimam meus olhos mais uma vez, quando ela me conta o que vi por conta própria. Quando Mason olhou para mim, era como se eu fosse o seu mundo. Mesmo que ele mentiu sobre seu passado, ele não escondeu quem era. Ele nunca falou sobre sua família, mas achava que eu não sabia muito sobre as famílias de Chicago.

Eu tinha confessado que só havia me mudado para a cidade algumas semanas antes de encontrar Seven Sins, então, ele não tinha como saber que minhas mentiras eram apenas isso. Mentiras.

—O amor é um fio tênue de emoção, que pode ser rompido facilmente, — respondo. Empurrando a porta do carro, inalo uma respiração profunda e calmante e rezo para que minhas lágrimas não caiam. Ellie segue, pegando uma bolsa, e empurro uma mala, enquanto seguimos para o elevador. Uma vez lá dentro, viajamos em silêncio até o quinto andar. Quando as portas de metal se abrem, nós seguimos pelo corredor, que é decorado com tons suaves de creme e castanhos ricos.

Observo, enquanto ela destranca a porta de seu apartamento e a sigo para dentro.

—A sala de estar é ali, — diz ela, apontando para a esquerda do foyer de entrada, que está vazio, além da mesinha encostada na parede à direita. —Sente-se, podemos levar as malas para o quarto mais tarde. Vou pegar bebidas na cozinha.

Ela me deixa e, quando entro na sala, vejo lindos sofás de couro preto, dois deles posicionados frente a frente, uma mesa de centro de vidro e uma pequena lareira, o que dá ao espaço uma sensação aconchegante. Não é grande, mas é o suficiente. Sentando no sofá, espero Ellie se juntar a mim. Com uma garrafa de vinho branco e duas taças, sinto meus nervos se instalando.

—Posso ter água? — Questiono, fazendo-a olhar para mim com curiosidade. —Estou com sede e minha garganta queima. — Ellie acena com um sorriso suave e se dirige para a cozinha. Quando ela retorna, oferece-me uma garrafa de água gelada, que aceito.

Eu observo, enquanto ela enche uma taça com vinho, colocando a garrafa perto de mim, como uma oferta. Preciso de uma bebida para acalmar meus nervos, mas agora, gostaria de manter a cabeça limpa. Entrar em contato com meu parceiro é a primeira coisa que preciso fazer pela manhã, e é isso que está me incomodando.

—Eu entendo que algumas pessoas não ficam juntas para sempre, mas isso não é você e Mason.

Ela parece tão inflexível e gostaria de poder concordar com ela.

Eu bebo minha bebida e encontro seu olhar curioso. —Às vezes, você vê o que está na superfície, mas no fundo, nunca pode conhecer alguém de verdade.

Ela acena com a cabeça, ponderando o que acabei de dizer, enquanto toma pequenos goles de seu vinho. Seu corpo esguio, cabelo castanho e aqueles olhos grandes, que olham através de você, fazem-na parecer quase como uma fada.

Volto minha atenção para a janela, observando o céu escuro, a lua cheia e as nuvens brancas e suaves, que contrastam com o fundo escuro. Mason sempre gostou da noite. Ou deitávamos na cama e não falávamos sobre absolutamente nada, ou ele perguntava sobre minha infância. Ele iria arrastar as pontas dos dedos suavemente sobre o meu ombro nu, distraidamente, como se não pudesse não me tocar.

—Você pode ficar aqui o tempo que precisar, — Ellie diz, quebrando meus pensamentos de como minha vida era feliz e como tudo foi destruído agora, em um momento de raiva.

—Obrigada. — Sorrio, levando a garrafa aos lábios mais uma vez, engolindo a água fria. Mesmo que eu prefira algo mais forte, sei que não deveria.

—Há muito mais de onde isso veio, — Ellie sorri gentilmente.

—Isto significa muito para mim. Com Peyton ocupada com os gêmeos, eu não queria incomodá-la, — ofereço, colocando a garrafa na mesa, uma vez que está vazia. O pensamento de minha melhor amiga descobrindo por Carrick, perturba-me. Mesmo sabendo que ele pode não falar sobre o que aconteceu, quero ser a única a contar a Peyton sobre minha merda. Também preciso confessar minhas razões para estar aqui.

—Eu posso pedir a ela para vir e ver você...

—Não, ainda não estou pronta. — Minhas palavras saem em uma corrida nervosa. —Vou ligar para ela, — digo a Ellie, esperando soar mais calma do que há momentos.

Minha melhor amiga e eu nos conhecemos há tanto tempo, que nunca pensei que Peyton me odiaria, por ingressar em uma organização como a CIA e não lhe contar. O pai dela estava envolvido em negócios dissimulados e, embora eu nunca tenha contado, meu pai também contribuiu para sua morte.

Todos os segredos logo vão se soltar e vou ficar no escuro sem ninguém. Mas não posso culpar ninguém. Eu fiz isso. Foi minha escolha ignorar o desejo de meu pai moribundo. Entrei em Seven Sins, sabendo no que estava me metendo. Só não esperava me apaixonar pelo meu alvo.


Mason

 


Ignorei todas as ligações, desde que acordei, quatro horas atrás. Sei que Carrick vai cuidar do clube, mas são as ligações do Cristiano que me incomodam. Meu peito está apertado de emoção, mas não me permito, realmente, perceber que ela se foi. Só quando olho para a esquerda é que me dou conta.

Esse lado da cama está vazio. Ela realmente se foi. Como posso sentir tanta agonia por alguém que mentiu para mim?

Grunhindo, pego meu celular vibrante e atendo a chamada, pressionando o dispositivo no meu ouvido. —O que?

—Ciao, — murmura Cristiano ao receptor. —Acredito que você está sozinho?

—Sim, fodidamente estou. Você está feliz?

Ele ri do outro lado da linha e estou tentado a abrir caminho através da parede, enquanto a raiva me consome.

—Guarde essa raiva para algo mais construtivo, — ele me diz. —Sua garota vai voltar para você. No momento, é a sua organização que você precisa consertar, está em pedaços.

Empurrando para fora da cama, vou para a cozinha, inalando o perfume de Savvie a cada passo que dou. Ela pode ter partido, mas nunca vai realmente sair da minha vida. Por mais que esteja com raiva de suas mentiras, ainda a amo. Eu caí forte e rápido, e nada poderia ter me parado.

Agora, como ela não está no apartamento, sei que ainda está no meu coração, e isso é o que mais dói.

—Vamos derramar um pouco de sangue, — digo a Cristiano.

—É disso que estou falando. Estarei no clube em trinta minutos.

Ele desliga, antes que eu possa responder, mas não preciso. Ele me conhece melhor do que ninguém. Ao longo dos anos, tê-lo comandando a parte organizacional da empresa de meu pai, permitiu-me um tempo longe da vida à qual ainda estou vinculado e estarei preso a ela até o dia em que der meu último suspiro.

Por mais que me doa, sei que deveria ter sentado com Savannah para falar com ela. Talvez, se eu tivesse sido mais aberto, ela teria me contado sobre o fato de que era uma agente secreta.

Se eu tivesse, poderia haver uma chance de ela ter confiado em mim o suficiente para me contar sobre seu pai. Eles encobriram bem. Meus homens não encontraram nada, mas é claro, meu primo é quem cavou muito mais fundo.

No fundo, eu me pergunto se não cavei em seu passado sombrio, porque não queria acreditar que ela estava querendo me pegar. Para pegar minha família e derrubá-los. Eu olho ao redor da sala de estar, da cozinha, do corredor, notando que, embora nós dividíssemos o espaço, quando eu disse a ela para embalar suas coisas, ela se certificou de que não havia nada para voltar.

Ela não deixou nada aqui, não temos mais nenhuma conexão um com o outro, além das lembranças que me assombram a cada momento. Esteja eu dormindo ou acordado, ela está lá, fodendo com minha cabeça e meu coração.

Pegando uma caneca, coloco sob a máquina de café e fico olhando encher a xícara com um líquido preto fumegante. Volto para o quarto, evitando o espaço e indo para o banheiro. Colocando o café no balcão, coloco a cueca boxer para baixo, entro no chuveiro para duas pessoas e abro as torneiras.

O spray frio é um choque para o meu sistema, pois me atinge em espinhos gelados. Enquanto a água esquenta, fecho os olhos e imagino Savvie. Aqueles grandes olhos azuis, aquele longo cabelo loiro, seu belo corpo, em que me perdi por tanto tempo, que sei que vai demorar um pouco, antes que eu possa me livrar das garras de Savannah.

Cristiano está certo. Preciso me concentrar no trabalho que estou realizando. Precisamos resolver a organização do meu pai. Depois de fazer isso, posso descobrir o que fazer com a mulher que mentiu para mim. Aquela que enterrou seu caminho em minhas veias, em meu coração, onde nunca deixei ninguém entrar antes. Ela está acomodada lá, como se fosse parte de mim, e a única maneira de tirá-la é se eu me destruir.

Ela está gravada em mim, esculpida na própria medula dos meus ossos. O sangue que corre nas minhas veias pode ser o de um príncipe da máfia, mas sei que ela também pertence a esse lugar. Esse é o problema. Eu não posso negar, Savannah é a única mulher que amarei por toda a minha vida, e não há como eu ir embora.

Fechando as torneiras em frustração, saio do chuveiro e pego uma toalha. Amarrando em volta da minha cintura, olho para o chão, onde minha boxer está deitada. Mas não é isso que chama minha atenção, é o objeto olhando para mim da lata de lixo.

Porra.

 


—Isso demorou bastante, — meu primo brinca, quando entro em meu escritório trinta e cinco minutos após sua ligação. Percebo o sorriso afetado em seu rosto e me pergunto se ele está feliz com o meu status atual de relacionamento.

—Estou distraído.

—Si, você está, — ele concorda. —Eu entendo, Mason, mas este é um trabalho em que precisamos nos concentrar totalmente. Não podemos ter distrações externas. Eu me pergunto se...

—Apenas me diga o que diabos precisamos fazer, cugino. Não preciso que você me dê conselhos de vida agora. Eu sei que a organização de meu pai está sob ameaça. Diga-me como consertar e eu o farei.

Ele levanta as mãos em sinal de rendição e oferece uma breve reverência. —Bem. Falaremos sobre sua garota outra hora. Agora, temos que nos encontrar com Mancini, — ele me diz, puxando um de seus charutos gordos. O lugar já fede pior do que o escritório do meu pai, quando ele era vivo.

A memória de ser um garotinho correndo para o grande escritório sinistro, onde meu pai dirigia suas reuniões, bate em mim de repente, lembrando-me de onde vim, quem eu era.

Meu pai era um homem orgulhoso, nunca pediu ajuda, sempre teve o respeito de seus homens, mas foi quando eu corri até ele para dizer que o amava, só então meu pai sorriu. Como filho único, eu era seu orgulho e alegria. O filho que um dia assumiria sua organização, aquele que deveria governar com punho de ferro, assim como ele.

—Você sente falta dele? — Cristiano pergunta, enquanto acende a ponta do charuto, que logo se enche de fumaça espessa e branca, tornando sua expressão impossível de ver através da névoa.

—O tempo todo.

—Ele teria gostado da sua principessa, — meu primo me diz, soprando para fora a nuvem de fumaça.

Pego meus documentos, que imprimi na noite anterior, e os coloco em um envelope. O contrato que meu pai tinha com Mancini, é a única coisa que me impede de matar o filho da puta, por invadir nosso território.

—Oh? E como você sabe disso? — Arqueando uma sobrancelha para Russo, espero por sua resposta, mas ele apenas me dá de ombros. —Cugino, ti piacerebbe condividere?— Pergunto se ele gostaria de compartilhar o que sabe sobre meu pai.

—Seu pai entendeu como amar alguém, — ele me diz, agitando o charuto no ar, fazendo círculos brancos turvos. —Ele e sua mãe eram... um casal para sempre.

—Isso não significa nada. Ele não conhecia Savannah, e se conhecesse, concordaria com minha escolha de manda-la embora. Na realidade...— finalmente paro todos os movimentos, encontrando o olhar escuro do meu primo. —Ele teria insistido que eu acabasse com a vida dela.

—Talvez, mas amor... Esse é um jogo totalmente diferente, Mason.— O canto de sua boca se inclina, enquanto ele sorri para mim. — L'amore fa girare il mondo —, diz ele. O amor faz o mundo girar.

—E também é o amor que pode matar você.

—Touché, cugino, touché.


Savannah

 

O teto que estou olhando, está manchado de um azul estranho, quase como se eles não tivessem certeza se queriam branco ou cinza, mas acabou com uma mistura de um céu tempestuoso.

Esta manhã, quando abri meus olhos, eles doíam. A queimadura das lágrimas que derramei é outra coisa. Chorei, quando meu pai foi morto. Eu não acho que poderia sentir uma dor assim novamente. E morte não é o mesmo que desgosto, de jeito nenhum, mas algo precisa ser dito para sentir como se seu mundo estivesse desabando.

As memórias são o que mais doem. Cada vez que fecho meus olhos, eu o vejo. Ele está bem ali, com sua pele bronzeada, profundos olhos verdes e aqueles lábios, que costumavam me oferecer consolo em seus comandos. Eles não estão mais aqui. Nada pode me dar o que senti com Mason.

Tenho sido forte por tanto tempo e, finalmente, permitir que outra pessoa seja forte por mim foi edificante. Permitiu-me submeter-me, que minhas emoções tomassem conta de mim e é aí que reside o problema.

Meu trabalho nada mais era do que vingança. Mas também falhei nisso. Sabendo o que preciso fazer, pego o telefone e disco o número para o qual não ligo há duas longas semanas. A checagem é parte da minha missão, eu sabia disso, mas quando vi que Mason realmente não tinha ouvido falar do carregamento de armas chegando, não pude dar a eles nenhuma informação, de qualquer maneira.

O nome que eu procurava é Bianchi, e ele era amigo de longa data do primo de Mason, Cristiano Russo. Pelo menos essa é a informação que recebi. Estranhamente, quando Russo olhou para mim, ele não me reconheceu. Eu me pareço tanto com meu pai, que ele deveria ter percebido quem eu era, a filha do homem que ele e seu amigo mataram. Ele nem sabia quem eu era, quando seus olhos escuros pousaram em mim.

O toque do outro lado da linha é alarmante. Eu nunca tive uma ligação sem resposta antes. Sempre que eu precisava fazer a checagem, alguém sempre estava do outro lado para pegar as informações e executá-las.

Mas desta vez, o sinal alto, dizendo que a ligação não foi atendida, fez meu estômago revirar de medo. E se algo aconteceu, por que fui descoberta? Se Tray foi morto por minha causa, nunca vou me perdoar.

Estou de pé em segundos. Esquecendo minha dor por um momento, corro para o banheiro, observando meus olhos inchados, o cabelo loiro bagunçado e o rímel que escorre pelo meu rosto, fazendo-me parecer um guaxinim.

—Porra, — eu me xinguei. Abrindo a torneira, jogo água fria no rosto, na esperança de sair do estupor em que estou.

—Tem removedor de maquiagem no armário. — A voz de Ellie me assusta.

Estalando meu olhar para a porta, eu a encontro parada na soleira, sorrindo para mim, com uma caneca de café nas mãos.

—Achei que você também precisaria disso, — ela me diz, colocando a grande caneca de porcelana branca na bancada. O cheiro forte de moca enche a sala e meu estômago se revira mais uma vez. Eu chego ao banheiro com segundos de sobra, meu corpo está convulsionando, enquanto tusso e cuspo.

—Acho que a exaustão finalmente me atingiu, — murmuro na tigela branca, agarrando a borda, como se fosse minha tábua de salvação.

—Você sabe que é bem-vinda para ficar aqui o tempo que precisar. Vou voltar para casa em breve, então, pode até passar um tempo aqui, enquanto estou fora.

Ela me entrega uma toalha e um pano quente, o que alivia o frio em meus ossos, por um momento. Parece que estou desmaiando. Espero que não. Não tenho tempo para vomitar na cama. Preciso ir para a casa segura, para ter certeza de que todos estão vivos.

—Peyton está vindo. Ela me ligou mais cedo e perguntou onde você estava, — Ellie sussurra, segurando meu longo cabelo loiro em suas mãos.

Pisco as lágrimas, percebendo que minha melhor amiga não está aqui. Ela não sabe o que aconteceu. Ou talvez saiba e esteja vindo aqui para me dizer para nunca mais pisar em sua casa, novamente.

Eu não apenas coloquei Mason e o clube em risco, coloquei minha melhor amiga e sua família em perigo também. O passado de Carrick é pontilhado de escuridão e violência e se eles soubessem sobre Mason, também saberiam sobre Rick.

—Obrigada, — digo à garota, que aos poucos está se tornando muito mais do que uma conhecida. Ela é uma amiga que eu não sabia que precisava, até que ela ofereceu sua ajuda.

—A qualquer momento. É melhor eu ir andando. Preciso pegar algumas caixas para empacotar minhas coisas, — ela me diz, e eu me lembro dela falando sobre ir para casa para ver a propriedade do pai, ou vende-la, ou algo assim.

—Tudo bem. — Tento sorrir, mas tenho certeza de que é mais uma careta. Quando finalmente me levanto momentos depois, não me sinto firme em meus pés. Além da náusea, sinto tontura.

Embora não tenha bebido ontem à noite, estou com ressaca. Minha cabeça está entupida, a garganta ainda queima e a língua está presa no céu da boca. Meu estômago gira, como se eu tivesse comido muito doce.

Pelo menos, é assim que parece. Lembro do dia em que meus pais me levaram ao carnaval, uma das poucas vezes que papai estava em casa. Eu tinha me alimentado demais de algodão doce e passei mal a noite toda. Até hoje, não suporto ver aquela penugem rosada pegajosa.

Encontrando a caneca de café, eu a levanto e tento um gole, que desce suavemente, aquecendo-me de dentro para fora. Mas assim que atinge meu estômago, estou vomitando no vaso sanitário novamente.

Isto é ridículo.

Sentando-me na beira da banheira, penso em como vou consertar as coisas entre Mason e eu. Eu me pergunto se ele me daria tempo para explicar, ou me desculpar. Ele me disse para sair, para ir e eu fiz, mas ele pode, simplesmente, calar seus sentimentos? Por mais que eu saiba que ele queria me machucar, com o que disse, sei que o homem me ama, como eu o amo. Podemos ter mentido sobre nosso passado, mas não há equívocos sobre nosso presente ou futuro.

Ele teve momentos de indiferença fria, quando nos conhecemos. Quando concordei em ser dele, aos poucos, descobri quem era o homem por baixo do terno caro. Por mais rude que fosse, às vezes, ele também era gentil comigo.

Depois de cada sessão em que transamos, ou fizemos amor por horas, ele finalmente me deu mais, do que apenas as cenas no palco. Jogamos, mas ele nunca me penetrou. Ele provocava e zombava, mas foi apenas na noite em que ele, finalmente, fez amor comigo. Foi doce, romântico e muito sensual. Não muito depois, conheci o áspero Mason, o homem com a personalidade ígnea e o sangue italiano, que corre em suas veias e o amei ainda mais.

O problema é que ainda havia segredos entre nós. Depois de todos esses anos, Mason nunca realmente se abriu comigo. Ele foi ensinado a ser fechado, por seu pai.

Marco Gianetti.

É o modo de vida que eles levaram. Eu sabia sobre seu passado e sabia das coisas que ele fez. Mas, em todo o tempo que passei com ele, nunca quis ir embora. Nem me passou pela cabeça que um dia ficaria sem ele. E, no fundo, gostaria que ele tivesse me permitido entrar na parte de sua mente que escondeu de todos.

Mas, com o passar dos anos, eu sabia que ele não faria isso. Talvez estivesse tentando me manter segura, ou talvez não visse um futuro para nós. Não como o que eu vi. Estupidamente, vi-me casada e com filhos, talvez até um cachorro. Eu queria a vida normal, que sabia que Mason nunca seria capaz de me dar.

Não porque ele não quisesse, mas porque a vida de um príncipe da máfia não é algo de que você, simplesmente, possa se afastar. Promessas não o prendem, ele está vinculado por sangue. E nenhuma quantidade de amor, ou afeto, pode mudar isso.

Ele pode ter me amado, mas nunca seria capaz de deixar a vida. E está claro para mim, agora que estou vivendo em um mundo de fantasia. Cada vez que caia mais forte, mais fundo, não me importava, porque na minha mente, eu tinha o conto de fadas.

Eu me permito piscar as lágrimas dos olhos, observando como os ladrilhos sob meus pés descalços, logo ficam molhados, com a emoção que derrama de mim. Cresci com a cabeça nas nuvens e agora, já adulta, acreditava na magia, em vez do que estava bem na minha frente.

Mason é um assassino.

E eu deveria impedi-lo.

 


Quando a campainha toca, uma hora depois, sei que Peyton está na porta. Estou nervosa para encontrar seus olhos. Minha mão torce a maçaneta da porta e, quando a abro, encontro minha melhor amiga. Sua expressão é de tristeza, e sei que deveria ter ido direto para ela ontem à noite, mas não pude encará-la.

—Você está bem? — Ela sussurra, puxando-me para um abraço. Seus braços me envolvem e eu deixo a dor, que ainda queima em cada parte de mim. Lágrimas correm pelo meu rosto, encharcando sua camiseta, mas ela não se afasta.

Com um empurrão, ela chuta a porta e ficamos paradas na entrada. Ela me oferecendo a força que não tenho mais.

—Ele é um idiota, — ela me diz, quando eu, finalmente, dou um passo para trás.

—Ele não é. Eu mereço. Menti para ele por tanto tempo, e deveria ter esclarecido, — digo-lhe, virando-me, não sendo capaz de encará-la.

Ela estende a mão, colocando-a no meu ombro.

—Você fez o que precisava. Lembro-me do dia em que seu pai morreu. Você estava uma bagunça. Certamente, ele, de todas as pessoas, pode entender isso, — ela tenta me consolar, mas está errada. Desta vez, minha melhor amiga está errada.

—Eu sou um agente secreto de uma organização que pode derrubar Mason e toda sua família. Eu poderia tê-lo prendido pelo resto da vida, — insisto. — Seus olhos se arregalam, quando digo isso a ela. —Eu estraguei tudo, Pey. — Minha voz está encharcada de tristeza e culpa. Acho que é algo que terei de aceitar, porque nunca serei capaz de me perdoar, pelo que quase fiz ao homem que amo.

—Olha, eu entendo isso. Eu faço. Quando descobri sobre Carrick, fiquei assustada. Nós duas tivemos um passado difícil, Savvie. Mason precisa entender por que você fez o que fez.

—Ele não quer falar comigo.

Ela suspira. —Então ele terá que falar comigo.

—Não. — Atiro meu olhar para o dela. —Não, deixe como está. Voltarei para DC em alguns dias, só preciso verificar com meu parceiro.

Seguimos para a pequena cozinha e pego duas canecas. A máquina de café ganha vida. Depois que as duas xícaras estão fumegantes, entrego uma a Peyton e nos acomodamos nos banquinhos altos do balcão.

—Isso é loucura, — ela diz. —Como você não contou a ninguém? Quero dizer...

Eu sei o que ela quer dizer, não lhe contei. Eu deveria ter. Mas não a queria em perigo. Quanto menos ela soubesse, melhor.

—Há coisas que eu deveria ter falado com você, mas fui ordenada a manter isso em segredo. Além disso, — encolho os ombros. —Eu queria ter certeza de que você estava segura. Se a merda atingisse o clube, eu não queria que você fosse implicada.

—E você não achou que meu marido faria parte do desastre, que teria caído sobre o clube?

Balançando a cabeça, tomo meu café e respondo. —Não, eles queriam a Máfia, não sabiam sobre Carrick e suas conexões com ela. O homem que matou meu pai, trabalhava para o primo de Mason.

—Aquele cara, Cristiano?

Eu concordo.

—Ele tem estado muito no clube ultimamente, — ela me diz. —Eu me pergunto se há mais nessa história. Quero dizer, certamente Mason saberia sobre o seu pai?

—Não, se meu pai estivesse disfarçado, — digo-lhe. — Ele usou um pseudônimo, então, se soubessem que ele foi morto, não teria sido seu nome verdadeiro que encontrariam.

—E agora?

—Eu não sei. Para ser honesta, nunca pensei sobre o futuro, ou qualquer coisa além da vingança que eu sabia que precisava. Eu estava convencida de que, no momento em que matasse o homem que roubou meu pai de mim, eu ficaria bem, mas não estou. Estou tão longe disso.

—Você deveria falar com Mason, — Peyton diz então. —Ele está furioso com alguma coisa.

Franzindo as sobrancelhas, encontro seus grandes olhos verdes. —O que você quer dizer?

—Ele entrou no clube resmungando sobre mentiras e segredos. — Ela encolhe os ombros. —Eu pensei que talvez fosse sobre você ir embora, mas eu o ouvi dizer a Carrick que há algo mais importante que você estava escondendo?

Seu olhar curioso queima em mim, e aceno lentamente. Não achei que teria que dizer as palavras em voz alta, mas sei que, se não admitir para Peyton, nunca vou conseguir acreditar. E é por isso que preciso sair.

O problema é que não tenho ideia de como Mason sabe. Mas, novamente, ele saberia como descobrir coisas que tentei esconder. Principalmente isso.

—Savvie?

Eu encontro o olhar da minha melhor amiga e digo a ela a única coisa que não posso nem confessar para mim mesma. Expresso as palavras, e sei que não há como voltar agora.

—Estou grávida.


Mason

 

Eu deveria ir para Savannah. Preciso conversar com ela sobre o que descobri, mas isso está prevalecendo, e o Cristiano já tem a reunião marcada. Não tenho escolha, a não ser esperar, até que eu possa tirar esta reunião do caminho. No momento em que entrar naquele apartamento para falar com a mulher que ainda possui meu coração, não preciso da ameaça de Marcello, pairando sobre minha cabeça.

Durante anos, acreditei que era eu quem a possuía, mas isso não é verdade. Ela sempre foi aquela que me segurou. O pequeno saco plástico está queimando um buraco no meu bolso. Eu o tirei, precisando de uma carreira, querendo inalar a porra de todo o lote, mas não o fiz. Fechei os olhos, sem olhar para o monte de pó branco, que estava sobre a mesa de centro e me concentrei no que aprendi.

A dor é insuportável. Saber que Savannah não me contou sobre o teste, é uma coisa, mas aprender que vou ser pai, é outra. Foi algo em que pensei ao longo dos anos. Mesmo que eu nunca quisesse trazer uma criança ao meu mundo, permiti-me fantasiar sobre ver Savannah inchada com meu bebê. E agora está acontecendo, e ela não conseguiu nem me dizer.

—Você precisa manter o foco nesta reunião, Mason, — Russo profere ao meu lado.

Eu não volto minha atenção para ele. Em vez disso, concentro-me no cenário voando por nós. O motorista vira à esquerda, quando nos aproximamos do deserto e as montanhas aparecem. Não há mais o horizonte da cidade, mas algo mais robusto. O céu escuro me lembra os olhos de Savannah.

A necessidade de cheirar uma linha de produto, está correndo desenfreada em minhas veias, neste momento. Ontem à noite, eu bebi até o esquecimento, mas agora, estou precisando de algo mais forte.

Sendo um Dominador, sempre me orgulhei do controle que mantive sobre meu vício, minha submissa e minha vida, mas agora, a única coisa que está no controle é minha necessidade.

—Estou tão focado quanto preciso, Cristiano. Nada vai atrapalhar esta reunião, — digo a ele, esperando que pare e fique em silêncio. Sempre gostei de ficar quieto, onde minha mente pode pensar em novas maneiras de administrar o negócio, ou amarrar Savannah, para que eu possa fazer o que quero com ela.

Balançando a cabeça, tento livrar minha mente de pensamentos sobre ela. Assim que esta reunião terminar, vou direto para onde está hospedada com Ellie e resolverei essa merda. Ela está mentindo para mim há muito tempo e cansei de sentar e esperar que confessasse tudo.

É hora de eu forçar o assunto.

É hora de eu conseguir o que queria.

O único problema é que não tenho certeza do que exatamente é. Preciso lidar com seus segredos e também lidar com as mentiras que ela me ofereceu, nos últimos anos.

—Aqui estamos, — murmura meu primo, enquanto o carro para nos portões de ferro forjado da mansão, onde meu tio mora. O irmão do meu pai é um homem que sempre me assustou. Desde que o conheci, aos treze anos, sempre quis correr para o lado oposto. Agora, estarei sentado em frente a ele, como chefe da organização.

A limusine sobe a calçada, levando-nos para mais perto da mansão, que fica na colina. As luzes que iluminam as janelas, acenam, lembrando-me do passado, e me lembro da última conversa de meu pai comigo.

Papai está sentado atrás de sua mesa, a nuvem de fumaça de charuto flutuando em torno dele, como se estivesse tentando consumi-lo. Ele olha para cima, seus olhos escuros pousando em mim, no momento em que entro no escritório.

—Mason, — ele grunhe. —Stavo aspettando... — ele olha para o Rolex de ouro em seu pulso, então levanta aqueles olhos escuros para mim, —più di un'ora.— O resmungo profundo e áspero de meu pai me faz sorrir. Ele está sempre falando comigo sobre deixá-lo esperando. Na verdade, pouco mais de uma hora, mas eu tinha um trabalho.

—Mi dispiace, Papá, il lavoro è finito12.— Eu respondo facilmente, instalando-me na cadeira em frente à sua mesa. —O trabalho vem primeiro, você é quem sempre me diz isso.

Ele acena com a cabeça, seu sorriso iluminando todo o rosto. Meu pai é um homem intimidante, formidável em todos os sentidos, e comigo, ele é ainda pior.

—Sabe, desde que você fez dezesseis anos e trabalha aqui, realmente se provou.

Ele coloca o charuto no cinzeiro de vidro. Levantando de sua cadeira, dá a volta em sua mesa e se aproxima de onde estou sentado.

—Eu quero dar a você mais responsabilidade. Você vê, — ele suspira. —Seu tio quer assumir a organização, mas você é o próximo na fila.

—Ele não vai ficar feliz com a minha intensificação, — respondo.

Ele encolhe os ombros, seu paletó escuro abraçando os ombros largos. —Esta é minha escolha, — ele me diz. —Questa organizzazione è tua.

Desta vez, reconheço a sinceridade do meu pai, ao me informar que assumirei a Organização Gianetti. Tenho trabalhado nisso toda a minha vida. Por mais difícil que ele fosse comigo, enquanto crescia, eu sabia que tinha seus motivos. E eu sabia, sem dúvida, que Marco Gianetti me amava.

—Eu sei que você vai me deixar orgulhoso, Mason.

—Grazie, Padre.— Eu concordo.

Saindo do veículo, viro-me para meu primo, que está ao meu lado, desde o dia em que me lembro de segurar minha primeira Glock. Cada arma que empunhei, ele estava lá para me ensinar, para me treinar. Algo me incomoda, quando os olhos de Cristiano encontram os meus. Savannah me disse que estava vingando seu pai, e os homens de Russo o mataram, o que me faz imaginar o que ele estava fazendo, matando um Federal disfarçado.

A casa que eu olho, não é estranha para mim. Já se passaram anos, desde que visitei meu tio aqui, embora ele esteja a apenas um dia de carro de Chicago. Nunca tive a mínima intenção de fazer as pazes com ele e, mesmo agora, que estamos aqui, prefiro estar na casa do meu pai. O único lugar em que não pus os pés, desde que ele morreu.

—Você está pronto, cugino? — Ele questiona, segurando meu ombro, em uma demonstração de camaradagem.

Concordo. —Claro. Eu nasci para fazer isso, — digo a ele facilmente, abotoando o paletó e caminhando à frente dele para a cova do meu tio.

—Boa noite senhor. — Sou saudado por uma linda mulher, vestida com um vestido longo de renda preta. Sua calcinha espreita através do tecido transparente, oferecendo-me uma visão de seu espartilho vermelho e carvão, junto com uma calcinha que acentua sua bunda, quando ela se vira para Cristiano.

—Sr. Russo. — Ela fica vermelha.

Antes de me perguntar onde estão os guardas de segurança, noto quatro deles posicionados ao longo do corredor, perto do foyer. É uma jogada inteligente. Faça com que a beleza chegue até a porta. Se ela for baleada, eles intervêm. Meu tio sempre foi um homem implacável, mas isso é ridículo.

Desde que me lembro, sempre jurei nunca matar inocentes. Nesta linha de trabalho, você não pode ter muito cuidado com quem são os agentes, claramente, e quem são fiéis à organização. Nem todos os que andam entre nós, nesta organização, são culpados.

—Sr. Gianetti. — Um dos guardas corpulentos oferece um leve aceno de cabeça em saudação. —Sr. Russo. Vou acompanhá-los até o escritório.

—Está bem. — levanto a mão para detê-lo. —Eu sei para onde estou indo.

Ignorando seu brilho, perambulo pelo corredor escuro, com meu primo nos meus calcanhares. As portas sinistras estão entreabertas, quando eu as alcanço, chamando-me para o espaço amplo, que meu tio usa como seu escritório.

O pai de Cristiano, irmão da minha mãe, meu tio, faleceu há muito tempo. Meu pai o seguiu, cinco anos depois e, agora, o último primo restante, está sentado atrás de sua mesa. Ele parece muito satisfeito consigo mesmo e me pergunto se é o responsável.

—Mason. — Meu tio se levanta, oferecendo-me um sorriso malicioso, que só me faz sentir sua ameaça, com o gesto. Ele nunca aprovou que eu assumisse o comando da organização. O ciúme percorreu a comunicação, quando ele soube que os últimos desejos de Marco, seu último testamento e vontade, legaram-me tudo, exceto uma grande quantia, que deixou para meu tio. Ele tinha falado sobre isso, dizendo a todos que quisessem ouvir, como ele seria muito mais adequado para o papel.

—Marcello. — Aceno, oferecendo minha mão, que ele pega com um aperto firme. Porém, não há nada de amigável nisso. Ele está zangado. Posso ver em seus olhos escuros.

—Já faz muito tempo, nepote.

Ele cospe a palavra sobrinho, como se tivesse gosto horrível em sua língua.

Eu encolho os ombros, vagando para o espaço e me estabelecendo no grande e profundo sofá cor de vinho, que provavelmente é mais caro do que o carro que ele estacionou do lado de fora. Ele sempre teve gostos extravagantes, mas como foi presenteado com quinze milhões do testamento de meu pai, grandes quantias estão sendo gastas em drogas, armas e móveis para sua casa.

—Seu pai ficaria com tanta raiva, — diz ele, o sotaque forte em suas palavras. Mesmo depois de viver na América, por tanto tempo quanto viveu, Marcello nunca deixou sua terra natal. As raízes sicilianas ainda estão fortes em seu sangue, como eram com meu pai, minha mãe e eu.

Eu não nasci lá, mas cresci perto de homens que juraram lealdade ao meu pai, sempre estive cercado pela linguagem, pela paixão e até pela raiva. Dizem que os italianos são um povo impetuoso e é verdade. Quando amamos, o fazemos com ferocidade, e quando matamos, o fazemos com ferocidade.

—Meu pai entenderia...

—A porra que ele faria, Mason. Sei andato via13 , — ele me diz com raiva, seu rosto ficando sombrio, enquanto a raiva o faz parecer um troll furioso.

—Eu nunca me afastei de nada, — mordo. —Eu precisava de tempo para superar sua morte.

—Então, você pode brincar com alguma loira idiota estúpida? — Ele ri, e cerro meus punhos com tanta força, que sinto minhas unhas cravando na carne. Eu quero arrancar seu coração do peito, mas não o faço. Em vez disso, olho para ele, dando-lhe silêncio, que o frustra mais do que palavras.


—Senhores, — Cristiano murmura, tentando acalmar o tornado que está prestes a rasgar o escritório, aproximando-se de Marcello, ele se concentra no velho. —Mason precisava de tempo. Ele está aqui agora e está pronto para garantir que o nome do príncipe seja conhecido em todas as organizações e fornecedores.

—Eu vou lutar contra isso, — Marcello profere com raiva, fazendo-me levantar do meu lugar e me aproximar do homem, que estou tentado a acabar com minhas próprias mãos. —Mason não tem experiência. Eu serei aquele a assumir a responsabilidade. Levaremos isso ao quadro, pela manhã.

Rindo, encurto a distância. Inclinando-me, eu solto. —Isso é besteira. Esta é a porra da minha organização. — Minha mão bate na superfície, o eco ressoando na sala, enquanto eu, finalmente me levanto pelo que é meu. Nunca senti a queimação no sangue para assumir o controle, mas neste momento, bem aqui, sei por que meu pai deixou isso para mim. E não vou decepcioná-lo, não desta vez.

—É isso? — Ele responde facilmente com um sorriso, que eu gostaria de limpar de seu rosto com a porra de uma cadeira. Ele não merece nada. Meu pai nunca deveria ter dado a ele nem mesmo um centavo da fortuna. Sempre esteve contra nós, durante toda a sua vida, mas agora, quer reivindicar seu direito. Bem, ele não pode. Minha decisão é final. É meu. E ninguém vai tirar isso de mim.

—Meu nome é Gianetti. Os desejos finais do meu pai foram claros para todos, — rosno, puxando a Glock do coldre, na parte de trás do meu cinto.

—Você demorou demais, Gianetti, — ele diz, com satisfação em seu rosto velho e enrugado. A arma que seguro está firme, meu objetivo direto em sua testa. O velho queria roubar tudo de mim, mas sei que em parte é minha culpa. Eu permiti que isso acontecesse.

O que ele faria, se eu o matasse em sua própria casa?

A mansão cara, que ele comprou, fica no meio das Smoky Mountains. Meu tio comprou a propriedade para irritar meu pai, para mostrá-lo, mas isso é algo com que Marco Gianetti nunca se importou. Sim, ele tinha o dinheiro, mas nunca o desperdiçou.

Por mais bonita que seja a vista daqui, lembro-me da minha mulher e da tempestade pela qual precisamos atravessar. Eu quero voltar para ela, para, finalmente, dizer-lhe que não está me deixando. E então, espero que ela me perdoe, por manda-la embora, quando eu estava com raiva.

—Isso acabou, Marcello, — cuspi seu nome, como se fosse um veneno em meus lábios. Cansei de andar na linha tênue, entre perder a organização para meu tio e ir atrás da mulher, que ainda segura meu coração.

Ele dá de ombros, não se incomodando com a arma que estou apontando para ele. Acariciando o charuto grosso, acende o isqueiro, a chama dançando na brisa fresca da janela, que está entreaberta.

—Acabou, quando eu digo que acabou, — ele responde. — Tu, figlio mio, hai scelto questa vita.— Você, meu filho, escolheu esta vida.

Ele tem razão. Eu escolhi, mas agora estou de volta e vou garantir que meu pai não morreu em vão. Vou deixá-lo orgulhoso.

—Então, você vai ter que me matar, tio, — digo-lhe com sinceridade.

—Você jogou tudo fora por uma jovem. — Ele parece chocado. Seus olhos, que combinam com os meus, brilham de preocupação com a minha escolha, em como posso jogar fora a fortuna da família.

—Tinha o Cristiano pronto para me substituir, enquanto encontrava o meu caminho. Os Morettis - Franco, Matteo, Gio e os Carnevalis - Alexei e Atreo, são todos confiáveis na minha, e quero dizer, na minha organização, — insisto, mencionando todos os meus primos, que são mais adequados para dirigir os negócios, do que sou. Mesmo que sejam filhos dos irmãos da minha mãe, eles ainda são família. Sangue.

—Faz muito tempo que não digo isso a você, Mason. — Ele se vira, sorri e acena com a cabeça. —Você me lembra muito sua mãe.

—Ela apontou uma arma para sua cabeça também? — Respondo, abaixando a mão, porque, para ser honesto, eu nunca vou matar meu tio. Queria que ele me deixasse viver a vida que eu desejava, para dirigir a organização e a Seven Sins, para me libertar das correntes, que me mantiveram refém por tanto tempo.

—Ela fez, uma vez, il mio ragazzo14.— Ele sorri tristemente, e meu coração dói, sabendo que minha mãe estava tão brava com ele, quanto eu, neste momento.

—Deixe Savannah e eu vivermos nossas vidas. Permita-me dirigir a organização, da maneira que meu pai pretendia. Estou aqui. Estou pronto para assumir o papel.

Seu olhar volta para o meu, estreitando, enquanto ele me olha. Lentamente, acomoda-se na cadeira, que dá para a floresta atrás de sua mansão. O fundo me lembra os dias, que é melhor passar dentro de casa, com a mulher que amo.

—Você ama essa garota, — ele afirma, sem olhar para mim, mas eu aceno. —Infelizmente, você sempre estará nesta vida, quer comande uma das organizações ou não, Mason. Você é um Gianetti. Você é filho de um dos líderes da Nostra. Os Morettis, Carnevalis e Russos estarão ao seu lado. Eles podem estar lá para te apoiar, mas você será o rosto da Organização Gianetti. Depois de se levantar para reivindicar seu lugar, você não pode mais se afastar e se lembre, — diz ele, finalmente, olhando para mim, —Pode haver um momento em que eles o chamarão e, você precisará estar lá.


Savannah

 

Já se passaram dias, desde que vi Mason. E mesmo, que a cada momento que passe, sinta falta dele ainda mais, sei que é o melhor. Eu deveria ter ido embora há muito tempo. Peyton me disse que ele não foi ao clube, disse a Carrick, há dois dias, que estava saindo para ver seu tio, mas não tenho certeza de onde é.

Quando minha melhor amiga entrou no apartamento, alguns dias atrás e confessei o que estava com tanto medo de admitir, ela me abraçou e disse que tudo ia dar certo. Ela está aqui todos os dias para conversar, chorar e oferecer conselhos.

E cada vez que ela entra, caio em seus braços, segurando-a, como uma tábua de salvação. Eu não percebi quanta dor eu estava sentindo, até que olhei para ela. O desgosto pode virar você do avesso. Isso pode te fazer em pedaços, mas nunca vai admitir, até que alguém pergunte ‘como vai você’ e é aí que se desmorona.

Mas não é só isso. Admitir a única coisa que estava com muito medo de fazer, me deixou em um colapso emocional. Saber que em oito meses terei um bebê, é assustador. Não sei ser mãe. Eu nem sei se Mason quer ser pai.

Ele não pode saber, não posso lhe contar.

De qualquer maneira, ainda não.

—Eu não posso acreditar que você não disse a ele ainda. — O rosto de Peyton é de choque. —Quero dizer, ele é um dos homens mais sensatos que conheço, e se soubesse...

—Ele me ordenou que pegasse minhas coisas e fosse embora. Eu menti para ele por tanto tempo... — suspiro, inclinando minha cabeça no encosto do sofá. Meu corpo está devastado pelo estresse e sei que não é bom para mim, mas não consigo evitar. Eu não consigo parar a ansiedade agitando meu estômago.

Eu deveria ter contado a Mason, no momento em que descobri, mas quando saí do clube, fiquei magoada. Eu não queria que ele soubesse que vai ser pai. Agora, tudo que quero é que ele entre aqui e me roube, para me abraçar e me dizer que as coisas vão ficar bem. O Mason, por quem me apaixonei, já se foi e em seu lugar está um homem que não conheço, o filho de um rei da máfia.

Se sua família pode facilmente matar meu pai... o que ele faria comigo?

Levantando meu olhar para o dela, eu a vejo me olhando. A minha melhor amiga, a única pessoa que conheço que nunca vai me abandonar, não importa o quanto eu estrague tudo. —Eu não fiz porquê...

Seu olhar me mantém como refém, esperando, mas não consigo encontrar palavras para dizer o porquê. Não porque eu não queira, mas porque não sei se é melhor trazer um filho para essa família. Um filho, certamente, será puxado para essa vida, e não tenho certeza se sou forte o suficiente para sobreviver a isso.

Teimosia sempre foi minha fraqueza. Eu nunca deixei ninguém chegar perto o suficiente para me machucar, e então, Mason entrou... não, vagueou em minha vida e nada foi o mesmo.

—Você sabe que ele nunca vai deixar você ir, quando descobrir sobre o bebê. E uma vez que você está nessa vida, não há como voltar atrás. Mesmo que Carrick não trabalhe mais para seu pai, ele ainda está vinculado a isso.

Ela está certa. Estou tão ligada a ele, quanto ele à família. Não posso negar que, embora ele faça coisas ruins, são essas coisas que me fazem desejá-lo ainda mais.

—Eu sei, — finalmente suspiro. Recostando-me nas almofadas macias, vejo minha melhor amiga. Levo o copo de limonada aos lábios e tomo um gole. É a única coisa que posso beber neste momento, que não me dá vontade de vomitar. Como eu gostaria de poder beber um copo gelado de Chardonnay.

—E você sabe que ele será um pai incrível.

Sua voz abaixa suavemente, e sei que ela está tentando me fazer ver a razão. E eu faço. Não há como negar a habilidade de Mason de ser pai.

—Peyton, pare de ser uma sabe-tudo, — rio, virando-me para encará-la. Mas não é ela quem rouba meu fôlego, é a pessoa na porta do apartamento de Ellie, olhando para mim por cima do ombro da minha melhor amiga.

Mason.

—Um pai.

Merda.

Ele não parece feliz. Na verdade, parece que está prestes a apontar uma arma para mim. Meu coração pula na garganta, quando eu me levanto, dando passos em direção a ele. Eu me pergunto como entrou no apartamento de Ellie, mas não tenho que me perguntar por muito tempo, quando ela aparece atrás dele, uma sombra de culpa em seu rosto, e sei que ele deve tê-la forçado a trazê-lo aqui.

—Mason. — Seu nome é apenas um sussurro em meus lábios tensos. Ele pode ouvir. Há uma oscilação nessas orbes verdes, que me diz que ele não está de bom humor. Não tenho certeza se é por minha causa, ou do trabalho, mas não tenho a chance de questioná-lo.

Sua grande mão se estende para mim, agarrando meu braço quase dolorosamente, enquanto me puxa para mais perto. A ansiedade flui dele, em ondas de colônia picante, como uma névoa, e sou pega em sua névoa.

—Nós precisamos conversar.

Ele quase me arrasta pelo longo corredor, deixando as duas meninas atrás de nós, na sala de estar. Eu não discuto. Depois de dar uma olhada em Peyton, sigo mais fundo no apartamento e para o quarto, onde passei a noite passada, pensando em como dizer a ele que vai ser pai.

Há uma coisa que aprendi sobre Mason Gianetti, enquanto dividia sua cama, ele é orgulhoso demais para se desculpar, mas não está abaixo de me advertir, por algo que eu deveria ter feito. E percebo, naquele momento, é disso que eu preciso.

Eu amo ser cuidada por ele. Como ele comanda minha submissão, pune minha desobediência e me recompensa, quando acha que eu mereço. Ele me puxa para o quarto e fecha a porta com um grande estrondo, fazendo-me pular.

Quando ele se vira para mim, encontro um turbilhão de emoção em seus olhos. A cor quase luminosa do sol da tarde, que penetra pela janela atrás de mim.

—Mason.

—Quando você ia me dizer, Savannah?

Sua pergunta saiu por entre os dentes cerrados, e sei que ele mal consegue se conter. Eu gostaria que ele me punisse, só para me fazer sentir de novo. Se o fizesse, talvez fosse uma pista sobre seus sentimentos. Se ainda se preocupa comigo.

—Eu... eu não tenho certeza do que você quer que eu te diga, Mason. — Sei que arrastar isso me causará problemas, mas preciso de tempo para descobrir como fazer isso. Como dizer ao homem que amo que, possivelmente, não me quer mais, que estou carregando seu filho. Mas eu não preciso, porque ele deve saber.

Ele suspira, passando os dedos pelos cabelos. Posso ver claramente o quão cansado ele está, e me pergunto se está estressado com a gente, ou se é a família que o está incomodando por mim.

Talvez ele tenha mudado para outra mulher. Não. Ele não teria.

Ele não teria estado com mais ninguém, a menos que tentasse tirar o meu cheiro de sua casa, do clube. O pensamento me entristece, mais do que deveria. Eu fiz isso. Eu estraguei tudo.

—Não brinque de fodidos jogos comigo, Savvie, — ele morde com raiva. —Não estou com humor para mais mentiras suas. Quando você ia me dizer que está grávida?

Meu coração pula na garganta, batendo descontroladamente, sufocando-me, no momento em que ouço a pergunta de sua boca. Oh Deus.

—Você não deveria ter ouvido essa conversa, — digo-lhe, apontando para a sala de estar.

—Você acha que foi assim que descobri? Vamos, Savvie, não sou um idiota de merda.

—É por isso que você está aqui? Para mandar em mim, agora por que estou carregando seu filho?

Cruzando meus braços na frente do peito, eu espero por ele, vejo o fogo queimando nele e sei que está no limite. Está perto de quebrar, e é tudo por minha causa.

—Foda-se, Savannah, isso não tem nada a ver com mandar em você. Tenho maneiras de descobrir essa merda mas, desde que você decidiu deixar a porra do seu teste em nosso banheiro, eu o encontrei, na noite em que você saiu. Eu só não sabia como te confrontar, sem perder minha cabeça. — Ele suspira, sua voz fica triste e cheia de medo. —Você vai me dizer agora, quando soube que tinha meu bebê em seu corpo. Isso, — diz ele, aproximando-se de mim, —não acabou. Não terminamos, porque você está carregando um Gianetti e não vou te deixar ir.

—Você não é mais meu dono, Mason. — Uma consciência fria escorre pela minha espinha, quando percebo o quão certa Peyton estava, apenas alguns momentos atrás. —Você me disse para sair, e fui. Você não tem mais direito sobre mim.

—Porra, eu não sei, Savannah, — ele rosna, o som baixo em seu peito, lembrando-me de um leão criado e com raiva. —Isso, — ele aponta para minha barriga, —é meu. — Suas palavras me aquecem, ao mesmo tempo que me gelam até os ossos.

—Pode ser parte de você, mas é o meu corpo.

Ele ri baixo e ameaçador. —Se por um momento você pensou que seu corpo não me pertence, então está enganada, querida. — Os cantos de sua boca se inclinam para cima, a pele lisa e bronzeada se enruga, enquanto covinhas se formam, e percebo que é a primeira vez que o vejo sorrir, um sorriso verdadeiro e prático. —Você era minha, no momento em que entrou no clube.

—E quanto ao meu...?

—Você tem uma escolha a fazer, querida, — ele me diz então, agarrando meus quadris e me puxando para ele. Um gemido sai dos meus lábios, quando ele se inclina para mais perto. Sua boca em meu ouvido, o hálito quente soprando sobre minha pele sensível. —Vou te deixar aqui esta noite, mas sua escolha vai depender de sua vida ou morte.

Um suspiro cai livre, quando faço a pergunta. —Você me mataria?

—Eu sou um homem mau, lembra? — Ele brinca. —Você não entrou em minha casa, mentiu na minha cara e me fodeu, enquanto tentava derrubar minha organização?

—Mason...

—E enquanto você fazia tudo isso, me fez te amar. Você percebe isso, Savannah? Todos esses anos tentei esconder quem eu sou, porque você era a única coisa que me fazia sentir uma boa pessoa, um bom homem. Mas isso está terminado agora.

Suas palavras rompem a nuvem de desejo, que gira em torno de mim. Elas destroem o medo que se apodera de mim, pegam meu coração e o demolem. A dor em meu peito é aguda, ameaçando tomar conta de mim, completamente. Fiquei magoada, na noite em que saí, mas ouvi-lo dizer o quanto o mudei, é o que mais dói, porque não sei como vamos superar esse obstáculo.

—Eu... eu não queria que isso acontecesse.

—O que você achou que aconteceria, quando você entra na cova dos leões, querida?

Ele inclina a cabeça para o lado, seus olhos verdes segurando os meus, e não consigo desviar o olhar. Não posso me afastar da escuridão que o cerca, agora. O Mason que conheci está se escondendo atrás de sua dor. É como se ele estivesse interpretando Jekyll e Hyde, duas faces, duas personalidades, e eu acabasse de ver o verdadeiro homem que amo.

—Eu estava pronta para morrer pela memória do meu pai. Sua família o matou sem motivo. Um homem inocente morreu, tirado de sua única filha, e isso sempre assombrará sua consciência.

Ele dá um passo para trás então, como se eu o tivesse esbofeteado. Ele parece congelado, com minhas acusações. Talvez ele não soubesse, mas agora sabe.

—Sua organização atirou na cabeça de meu pai, sem nenhuma preocupação no mundo. Eles jogaram o corpo dele do lado de fora da fábrica, onde você traz seu carregamento de armas. Era um cadáver, esperando que eu o encontrasse. Durante toda a minha vida, meu pai me disse que se algo acontecesse com ele, eu não deveria vingá-lo. Ele foi inflexível, mas sou teimosa, — sibilo, aproximando-me dele, encontrando força em minha raiva. —Mas você já sabe disso, não é, Mason Gianetti?

—Não fui eu quem puxou o gatilho.

—Mas você sabe muito bem quem fez isso. — As palavras que saem da minha boca, fazem-no me olhar em estado de choque. Não sei onde encontro o fogo queimando em meu coração, mas cutuco seu peito com um dedo. —Este é o meu corpo, meu bebê, e se você quiser uma parte da vida dele, sairá daqui e nunca mais me ameaçará.

Suas mãos se fecham em punhos, ao lado do corpo e seu corpo vibra visivelmente, enquanto me observa, com aqueles olhos penetrantes. Olhando através de mim, de repente, ele sorri. É uma expressão sombria e perigosa, que me faz tremer involuntariamente.

—Vou deixar uma coisa clara, Savvie, — ele profere. Sua língua se lança para fora, umedecendo os lábios carnudos, enquanto seu olhar cai para a minha boca. —Você é minha. Cada centímetro de você.

Caminhando em minha direção, ele fecha a distância entre nós, fazendo-me recuar contra a porta do armário.

—O que está dentro de você é meu, coração, mente e alma, assim como o bebê. E se pensar por um minuto que estou te deixando ir... — Ele ri, roçando seus lábios nos meus. Faíscas passam por mim, com o leve contato. —Você é uma fodida sem noção. Pode ter mentido... — Sua cabeça inclina em um aceno. —Mas vou me certificar de que seja punida de acordo, com minha mão. Então, quando eu terminar de te fazer implorar por perdão, colocarei uma coleira em você, — ele promete, em um tom baixo.

Mason gira sobre os calcanhares e me deixa cambaleando, enquanto deslizo contra a porta e caio sentada. Meu estômago está revirando violentamente, o coração está batendo tão forte, que é ensurdecedor, e sei que nunca vou conseguir me afastar dele.


Mason

 

Empurrando a porta do meu escritório, cambaleio para dentro, caindo na cadeira. Abro a gaveta e encontro o pequeno pacote de plástico com o pó branco, que me tornei melhor amigo por um longo tempo. Cristiano me deu a primeira carreira para aliviar, quando confessei a pressão que senti, depois que meu pai anunciou que queria que eu assumisse. Com o passar dos anos, eu entraria sorrateiramente em uma ou duas carreiras de pó. Quando fiz dezenove anos e saí da casa do meu pai, fiquei viciado.

Meu orgulho não me deixava admitir, mas no fundo eu sabia que não tinha mais nada a perder. Um dia eu possuiria uma organização, onde os homens se curvariam a mim. Eu poderia matar, se quisesse, e poderia ter mulheres nuas na minha cama, espalhadas para mim, sempre que precisasse.

A superfície lisa da minha mesa acena, e não me contenho desta vez. Quatro longos anos de doce afeto de Savannah, impediram-me de mergulhar na escuridão. Mas agora que ela não está me deixando, porque nunca vou deixá-la ir embora, estou em dúvida quanto a mergulhar em me entorpecer, ou sentir o furacão de emoções, crescendo dentro de mim.

Sabendo, com certeza, que serei pai, tenho vontade de comemorar.

A longa linha branca de pó brilha e lambo meus lábios, com o pensamento de fazer isso, de inalar a droga em meu sistema e esquecer o que desceu hoje. Esquecer que a mulher que amo, quer levar meu filho e me deixar.

Ela não vai.

Vou me certificar disso.

Pegando um canudo, corto um pedaço curto e o seguro entre o polegar e o indicador. O objeto treme, quando começo a tremer. Depois de seguir esse caminho, sei que não há como voltar atrás. Assumir meu lugar à frente da Organização Gianetti é algo que nasci para fazer, mas algo, lá no fundo, deixa-me inseguro.

A porta se abre e Carrick entra no escritório.

—Você realmente acha que isso vai te ajudar? — Ele gesticula com o queixo, fechando a porta atrás de si e se acomodando na cadeira, em frente à minha mesa. Relaxando no assento, descansa um tornozelo sobre o joelho oposto e me observa. Seu olhar é confiante, curioso, e sei que ele está prestes a me dar uma bronca, pelo que quero fazer.

—Por que você está no meu escritório?

—Porque você está agindo como um idiota, — ele range facilmente. Carrick sempre foi direto comigo, contando-me as coisas sem se conter e, agora, estou grato por isso. —Você acha que seu filho gostaria de ser criado por um pai viciado em crack?

—Vai se foder.

—Vai se foder você também. Controle sua merda, cara. — Rick se inclina, colocando os cotovelos nas coxas. —Se Savannah entrasse aqui agora, você nunca veria seu filho novamente.

—Ainda nem nasceu.

—Ela lutaria com você com unhas e dentes e, acredite, ela venceria. Se você estiver mergulhando neste buraco escuro, — ele levanta o queixo em direção ao pó branco em minha mesa, —você perderá tudo. Incluindo Sins, — ele me diz, apontando para a janela unilateral, com vista para o nosso clube.

Carrick se levanta, vai até o bar e pega uma garrafa de bourbon, junto com um copo. Quando ele coloca os dois na minha mesa, pega sua mão e limpa a coca da superfície, garantindo que não haja mais nada. Meu olhar se fixou no dele, e ele afastou meu olhar, como se não fosse nada.

—Dê-me o saquinho, — ele ordena. —Eu não vou te deixar sozinho com essa merda. Se quiser se foder, beba essa garrafa de bourbon e desmaie. Amanhã, você tomará banho, fará a barba e irá ver sua mulher. Reivindique-a e coloque a porra de um anel em seu dedo e uma coleira em seu pescoço.

—Você é tão exigente e irritante, — eu mordo, abrindo a gaveta e entregando a ele o resto da coca.

—É por isso que Peyton me ama.

Rindo, levanto o copo vazio para meu melhor amigo. —Saúde, idiota.

—Você vai me agradecer, quando Savannah voltar aqui de joelhos, esperando para te agradar.

Revirando os olhos, sirvo uma dose dupla de bourbon e viro o copo em sua direção. Ele ri, os cantos de seus olhos enrugando, quando me olha.

—Você ainda não aprendeu, Mason? — Ele me diz. —Eu estou sempre certo.

—Tenho certeza de que você está, Rick, mas é um pouco difícil de acreditar em qualquer coisa, agora.

Ele acena em compreensão. —Quando Peyton saiu daqui eu não tinha certeza se poderia continuar. Estraguei tudo. Levei duas mulheres para uma das salas de jogos e as observei. Eu estava duro, precisava de liberação, mas sabia que nenhuma outra mulher seria capaz de me oferecer isso.

—Apenas Peyton.

Ele concorda. Eu sei o que ele quer dizer. Eu poderia, facilmente, levar qualquer submissa escada abaixo para os quartos e amarrar, espancar e transar com ela, mas não teria a satisfação que sei que sempre senti com Savannah.

—Eu vou te acordar de manhã, quando descer para trazer a entrega.

—Como você sabe que ainda estarei aqui? — Questiono. Engolindo a bebida, saboreio a queimadura que escorre pela minha garganta.

—Porque eu estive lá. — Ele aponta para a garrafa, com o olhar escurecendo. —E senti a agonia aqui. — Ele bate no peito, onde está seu coração. —E nenhum homem pode se afastar da única.

Rick se vira e me deixa mergulhar na porra do meu próprio orgulho. Minha autocomiseração, que parece estar me consumindo a cada segundo que passa.

A garrafa de uísque está na minha mesa, advertindo-me, por ter me apaixonado por ela. Por amar uma mulher que mentiu para mim por tanto tempo. Eu deveria estar alerta. Deveria estar mais ciente, mas ela atrapalhou meu julgamento. Minhas fodidas emoções.

Durante toda a minha vida, meu pai me alertou para me concentrar no trabalho que estava à minha frente. Para assumir de onde ele parou, e eu não fiz. Deixei Cristiano fazer isso por mim, porque queria alguma aparência de vida normal, mas com um bebê a caminho e minha determinação em trazer Savannah de volta, há um vislumbre de esperança de que eu possa ter tudo.

Pegando o copo, eu o encho com outra dose e engulo. Enquanto o líquido forte serpenteia em minhas veias, agradeço a Deus por Carrick me impedir de cometer o erro de inalar a porra de uma carreira, apenas para anestesiar a dor. Fecho os olhos por um momento, relembrando as palavras ardentes de Savannah. Já faz muito tempo que perdi o controle. Já se passaram anos, desde que entrei na porra de um coma, mas aqui estou.

Desta vez, não é porque meu pai me disse que eu precisava matar meu melhor amigo, quando ele foi pego roubando nossas entregas.

É porque me apaixonei, caí fundo e forte, e não havia como voltar disso.

Cristiano estava certo. Eu preciso sentir a onda de vingança, novamente. Algo para me acordar desse estupor em que estou. Mas não consigo pegar minha arma e sair para trabalhar com ele. Recostando-me, fechei os olhos e recordei a memória da única morte que fiz, e que mudou a forma como eu via o mundo.

O armazém que está à nossa frente, brilha com o sol batendo nele. Papai caminha ao meu lado, enquanto nos aproximamos. As portas se abrem e noto dois homens que trabalham para nós, de guarda com armas a postos. Não tenho certeza do que está acontecendo, mas quando meu pai me disse que eu deveria aprender sobre honestidade e lealdade hoje, tive uma sensação de aperto no estômago.

Eu sei quem somos. O que somos. Nunca houve nenhum segredo entre nós. Meu pai tem sido sincero sobre a vida que vive, desde o momento em que pude entender. Crescer nesta vida pode não ser uma escolha, mas é algo que preciso fazer com os dois pés. Não há como ignorar o fato de que a violência corre em minhas veias.

Ao chegar à entrada, noto dois dos meus primos, parados do lado de dentro. Franco, o mais velho dos três irmãos Moretti, junto com Matteo, que é dois anos mais novo que Franco. Ele acena com a cabeça, quando me aproximo deles. O terceiro irmão, Gio, gêmeo de Matteo, avança para cumprimentar meu pai e noto que sua camisa está ensopada de sangue.

—Tio, — ele sorri, fazendo com que o cigarro que está pendurado entre seus lábios, salte com o movimento.

—Gio, que bom ver você. — Meu pai concorda. Um sorriso de satisfação no rosto. Em seguida, ele se vira para os outros dois irmãos, que oferecem o mesmo aceno de cabeça em saudação e respeito. Meu pai sempre ganhou de cada homem que trabalhou para ele. —Rapazes.

Embora os três sejam uma família, são tratados como parte da organização. O pai deles é irmão da minha mãe e, como mora na Sicília há dez anos, meu pai protegeu os três. Um dia, Franco se apresentará e ocupará o lugar do pai, na direção da Organização Moretti, trazendo armas e munições.

—Consegui dele todas as informações que pude, — conta Gio. —Sinto muito, — ele me oferece.

Suas palavras me confundem, mas não demoro muito para descobrir o que quis dizer.

Eu sigo meu pai mais fundo no armazém, encontrando um dos meus melhores amigos, sentado em uma cadeira. O sangue se acumulou a seus pés e, quando ele ergueu o olhar, noto que estão faltando alguns dentes, o nariz está quebrado e um olho está inchado e fechado.

—P-por favor, — ele resmunga.

—O que está acontecendo? — Viro-me para Marco Gianetti, meu pai, o homem com quem cresci. Ele me ensinou muito, mas agora, não tenho certeza do que fazer.

—Este jovem tem roubado de nós, Mason, — ele me diz. Ele não olha para mim, mas parece que suas palavras estão me agarrando com garras afiadas, cravadas em meu peito.

Balançando a cabeça, fico na frente dele.

—Isso não pode ser verdade, padre. Você sabe que Luca é meu melhor amigo, — imploro, mas ele não oferece mais nada. Eu vejo com horror, quando ele puxa sua arma. A realização me bate. Ele vai me fazer matá-lo.

Conheço Luca desde os oito anos. Nossos pais cresceram juntos, tornaram-se melhores amigos e foi assim que nos conhecemos. Ele está na minha vida há muito tempo, não há como puxar o gatilho.

—Como eu disse esta manhã, — papai diz. —Você aprenderá sobre lealdade, Mason. Nem todo mundo que é amigo, é honesto com você. Com o passar dos anos, perceberá que algumas pessoas estão lá para te derrubar, para tirar de você. —

Suas palavras são inflexíveis, mas calmas e controladas. Ele não fica com raiva, mas é a frieza que ele exala, que eu não tenho certeza se um dia vou conseguir.

—Mas padre, isso é ridículo. O que ele roubou?

—M-M-Mason, — choraminga Luca, fazendo-me virar para ele. Há um leve sorriso em seu rosto, um sorriso triste, que só me faz compreender que meu pai pode estar certo. —Eu sinto muito.

—O que você fez? — Minha voz está cheia de tensão, o medo envolvendo cada palavra.

Ele balança a cabeça. Não há mais nada a dizer. Ele aceitou seu destino, e agora, preciso apontar uma arma para sua cabeça e atirar nele.

—Mason. — Meu pai atrai minha atenção. —É hora de colocar os sentimentos de lado. Eles só vão te impedir de fazer o que você precisa fazer.

Ele me entrega a arma pesada de metal, que preciso usar para acabar com a vida do meu melhor amigo.

Não há uma segunda chance nesta vida. Meu pai pode ser um homem justo, mas se alguém está roubando dele, não oferece a você a hora do dia para se desculpar. Compreendo.

—Você está pronto para desligar esses sentimentos? — Sua pergunta me acalma.

Eu estou?

O silêncio nos cerca. Meus primos me observam atentamente. Mesmo que Franco e eu tenhamos a mesma idade, dezessete anos, sei que ele já matou pela primeira vez e passou no teste, como herdeiro do trono de sua família. É hora de eu fazer isso. E não posso falhar. Só não sabia que seria a única pessoa que conheci, na maior parte da minha vida.

—Sim estou pronto. — Minha confirmação faz meu pai sorrir. É raro vê-lo fazer isso, e algo próximo ao orgulho aquece meu peito. Eu quero que ele tenha orgulho de mim.

Fico atrás de Luca, cuja cabeça caiu para o lado, e aponto o cano da arma em sua direção. Meu dedo se curva, através do pequeno orifício de metal e se detém no gatilho. Engolindo o nó na garganta, ofereço a meu pai um aceno de cabeça, antes de pressionar para baixo e o tiro ecoa em meus ouvidos, como uma buzina de nevoeiro. Isso me avisa, naquele momento, que minha vida nunca mais será a mesma.

Meu olhar está preso no buraco na cabeça do meu melhor amigo, de onde o sangue jorra. O fluido vermelho escuro se acumula aos pés da cadeira.

Morte.

Violência.

Esta agora é minha vida.

—Você foi bem, filho, — papai diz. —Está pronto para dar o próximo passo.


Savannah

 

Não tenho certeza de como me sinto, quando olho para o relógio e os números vermelhos brilhando para mim, dizendo-me que são três da manhã. Eu não dormi. Estou olhando para o teto, desde que Peyton e Mason foram embora, ontem à noite.

Rolando, minha mão cai para o estômago, circulando-o suavemente, enquanto sorrio na escuridão. —Seu pai é um pouco selvagem. Louco, mas ele nos ama. Eu sei que ele faz. — Minha voz geme, enquanto as lágrimas ardem em meus olhos. Na noite passada, Mason ficou furioso, quando descobriu sobre o bebê. Ele estava com raiva, porque eu estava pronta para ir embora, mas não sei mais como viver em seu mundo.

Vê-lo assumir o papel para o qual nasceu, não é algo para o qual me preparei. A cada dia que passava, eu sabia que, em algum momento, ele teria que fazer isso, mas agora que aceitou seu destino, não vejo como o destino vai desempenhar seu papel em nossas vidas.

O silêncio é sufocante naquele momento em que percebo que Mason ainda me quer. Ele jurou que iria me encoleirar, e me pergunto se vai colocar um anel no meu dedo, especialmente agora que temos um filho a caminho.

Nunca me vi como o tipo de mulher que pensaria que um bebê pode consertar um relacionamento. Se duas pessoas, em qualquer relacionamento, estão em terreno instável, nada pode consertar isso, a menos que trabalhem juntas. Não há um botão mágico para deixar isso bem, e sei que nada vai impedir meu amor por Mason. Tudo que preciso que ele veja, é que quero uma segunda chance.

Eu decido, naquele momento, que farei isso da maneira certa. Não estou trazendo uma criança ao mundo, quando seu pai e eu não estamos juntos. Ou até mesmo falando. Balançando minhas pernas na beirada da cama, vou até o banheiro para enxaguar o rosto com água fria.

Preciso ir para a casa segura terminar este trabalho e voltar para Seven Sins, onde tenho certeza de que encontrarei Mason de ressaca. Peyton me mandou uma mensagem, mais cedo, dizendo que Rick deu uma bronca nele e o deixou com uma garrafa de uísque.

Isso me faz sorrir.

Por mais que tenhamos lutado e as coisas parecessem tristes, o fato de que ele não desceu ao clube para encontrar outra mulher para se perder, é a confirmação suficiente de que Mason está sofrendo. Da mesma forma que eu.

De volta ao quarto, visto uma calça e blusa de moletom cinza. O calor me envolve e vou para a cozinha para pegar uma caneca de café. Se vou fazer isso, terei um longo dia pela frente, que vai exigir muito de mim.

Meu estômago se revira mais uma vez, com o cheiro do café acabado de fazer.

—Obrigada por isso, pequenino, — digo ao meu solavanco inexistente. —Seu pai também não é um grande fã de café.

Sorrindo para mim mesma, abro a geladeira e encontro garrafas de água gelada. Pego uma para mim e me sento no sofá, com meu telefone.

Batendo uma mensagem para Tray, informo que estarei na cabana em algumas horas. Colocando o telefone ao meu lado, tomo pequenos goles de água, desejando que a náusea passe. Lembro-me de Peyton passando por enjoos matinais e ela sempre me disse que se algum dia eu ficar grávida, vou entender como os cheiros podem fazer você se sentir mal. Não achei que seria afetada, mas isso é ridículo. Sem café por nove longos meses. E talvez depois, se eu decidir amamentar.

Eu poderia?

A ansiedade revira meu estômago, quando penso em ter um bebê. Toda a minha vida adulta, estive tão focada em encontrar o assassino do meu pai, mas agora que tenho tempo para realmente pensar sobre isso, ser uma mãe nunca esteve na minha lista para fazer.

Meu pai teria ficado muito feliz em ter um neto. Ele sempre falava com carinho de um dia, vendo uma pequena versão minha correndo descalça pela casa, com rabo de cavalo loiro. Mais uma vez, a tristeza se apodera de mim e pisco as lágrimas para longe, permitindo que caiam.

Meu telefone vibra com uma resposta de Tray, que estará lá esperando, e sei que é isso. Minha escolha, a agência ou meu coração. Fechando os olhos, eu me acomodo no sofá e tento relaxar. Tenho tempo, antes de precisar ir, então, permito-me adormecer.

 


Quando chego à casa segura, encontro-a quieta. Batendo na porta, espero Tray abrir, mas ele não abre. A confusão se instala em minha mente. Puxando o telefone do bolso, bato em seu número, ouvindo o toque de dentro de casa, mas tudo o que encontro é o silêncio.

Eu desligo e me agacho. Erguendo o tapete na entrada, encontro a chave reserva, que ele me mostrou quando chegamos aqui. É nas profundezas da floresta, um lugar onde poderíamos conversar livremente, sem medo de quaisquer escutas que estariam escondidas por todo o espaço.

Empurrando a porta, entro na casa empoeirada e clamo ao silêncio. —Olá? Tray? — Mais uma vez, não há resposta, mas entro mesmo assim, puxando a arma do coldre, apontando-a para a escuridão, enquanto procuro um interruptor.

Assim que aperto, a luz ilumina vagamente a sala, que está vazia de móveis e qualquer equipamento de câmera. Algo parece estranho, enquanto olho ao redor. Lembro-me da pequena mesa e cadeira, junto com os computadores, que usamos para entrar em contato com a sede. Agora está estéril.

Meu telefone toca alto, ecoando pelo espaço vazio. Tirando do bolso, vejo o nome de Mason na tela, olhando-me. Eu quero atender. Deus, como quero ouvir a voz dele, mas não posso. Sei que não posso entrar em contato com ele, antes de falar com meu parceiro. Regras que foram incutidas em mim por tanto tempo, levantam sua cabeça feia.

Tocando no botão de recusar, coloco o dispositivo no bolso e entro mais fundo na casa. O toque começa de novo e suspiro, sabendo que ele não vai desistir, até eu atender. Mason é persistente, ele sempre foi. Eu sei que se continuar a ignorá-lo, continuará ligando, até que eu finalmente submeta e responda.

—Alô, — digo, pressionando o telefone no meu ouvido. Minha voz salta nas paredes da cabana.

Ele não se importa com sutilezas, quando responde. —Onde diabos você está?

—Estou fora. Por quê?

O suspiro que me cumprimenta lembra-me da primeira vez em que ele me amarrou com uma corda, quando amarrou minhas mãos atrás das costas, a corda de seda serpenteando até meus braços. Eu estava à sua mercê, enquanto ele tocava meu corpo como um instrumento afinado. E eu cantei para ele.

—Savvie, não estou tentando ser um idiota, apenas me diga onde você está?

—Você sabe, Mason, é um pouco tarde para não ser um idiota, — mordo com raiva. —Você fez um bom trabalho ontem à noite.

—Eu sei. — A tensão em sua voz é alarmante, e me pergunto quanto sono ele dormiu. Mesmo agora, que não estamos realmente juntos, ainda me importo. Eu ainda me preocupo com ele. E parece que ainda está preocupado comigo.

—Apenas me diga onde você está, e eu posso ir te buscar.

—Por quê?

—Meu tio...

O telefone é arrancado de mim e um pano é colocado sobre meu nariz e boca. Minhas pernas chutam para trás, em uma tentativa de lutar contra meu atacante, quando ouço um grunhido alto. Os braços que me mantêm como refém são liberados e corro, sem olhar para trás. Estou prestes a virar e apontar minha arma, quando outro conjunto de braços me agarra, derrubando a arma da minha mão, fazendo-a cair no chão, com um estrondo alto.

—Socorro!

—Cale a boca, vadia. — O forte sotaque italiano vem atrás de mim. Meu instinto de luta ou fuga, entra em ação, e ataco, erguendo a cabeça para trás, atingindo o homem no rosto. A dor atinge meu crânio, mas ele me solta.

Aproveitando a oportunidade, corro para a porta dos fundos, sabendo que será mais fácil, do que tentar correr escada acima. Meu coração bate dolorosamente contra as costelas, a garganta está seca, enquanto tento engolir o medo que está me dominando. Assim que estou fora, corro. Corro tão rápido, que minhas pernas protestam, mas posso ouvi-los. O solo, sob os pés, está seco e racha ruidosamente, a cada passo.

Minha respiração está acelerada, enquanto desvio pela floresta. Eletricidade chia por mim, enquanto a adrenalina entra em ação, e os troncos das grandes árvores se tornam um borrão. Minha cabeça está girando, com tudo o que eles tentaram me drogar, mas me forço para frente.

De repente a dor me queima, quando tropeço no chão e um pequeno galho corta o tecido da minha calça de moletom. O sangue escorre pela calça e desmorono nas folhas secas. Minhas mãos agarram o chão, em uma tentativa de fugir, mas estou com muita dor, e mãos ásperas e calejadas me agarram, levantando-me facilmente, como se eu fosse um brinquedo.

—O chefe quer ver você, — o homem me diz. Seu sotaque é muito mais forte do que o de Mason, mas não há engano.

Meu coração dói, naquele momento. Mason tentou me avisar. Ele sabia de algo e estava tentando me manter segura. Eu e seu filho. Neste momento, preciso dele mais do que nunca, anseio pela segurança que ele sempre me ofereceu, enquanto sou arrastada pela floresta e jogada na parte de trás de um SUV preto. Eles não vendam meus olhos, e quando meu sequestrador se acomoda ao meu lado, eu não o reconheço.

Era o tio de Mason. Deve ter sido. Mas por que eles não me encontraram antes?

—Para quem você está trabalhando? — Questiono, mas ele apenas ri em resposta. Eu sei que não vou tirar muito desses idiotas. Observo o que está ao meu lado. Seu rosto tem uma longa cicatriz, que vai desde o olho até o queixo. —Seu chefe fez isso também?

—Se você não calar a boca, vadia, vou fazer você calar a boca.

O homem que eu estava observando era, na verdade, o alvo errado e, no processo de busca de vingança, não apenas magoei Mason, mas também parti meu próprio coração. E agora, não sei se algum dia serei capaz de dizer a ele que o amo, novamente.


Mason

 

O clube está tranquilo, nas primeiras horas da manhã. Quando liguei para Savvie, tive um mau pressentimento sobre onde ela estava. Mesmo que não tenha me contado, eu tenho um dos meus homens rastreando seu telefone. Algo aconteceu, a sensação está pesando em minhas entranhas.

—Cugino, — diz meu primo.

—Cristiano, — respondo, minha voz grossa e pesada, com o medo de que minha garota se machuque em algum lugar. —Eu preciso de seus homens trabalhando para encontrar o localizador, em seu telefone.

—Eles estão nisso, Mason, — ele me informa facilmente, como se estivéssemos falando sobre a porra do tempo.

—Você acha que Marcello tem algo a ver com isso?

Minha pergunta fica sem resposta, porque a porta do meu escritório se abre e o homem em questão está vagando pelo espaço.

—Não importa, eu ligo de volta.

Colocando o telefone na mesa, vejo meu tio se acomodar na cadeira em que Carrick estava ontem à noite.

—Mason, há coisas sobre nossa organização que você não entende, — ele me diz, colocando os dedos sob o queixo enrugado.

—Onde ela está?

Ele balança a cabeça. —Perder a cabeça por causa de uma garota, — ele diz. —Estou muito decepcionado com você, filho.

—Não sou seu filho, porra. — Empurro a cadeira para trás, fazendo-a bater no painel de vidro, atrás de mim. Meu corpo está vibrando de raiva. —Se você a machucou. — As palavras que eu digo com raiva, são um sibilo gotejando veneno, mas ele não recua. Eu não acho que faria, conheço esse homem toda a minha vida, e ele é tão cruel quanto o próprio diabo.

—Há um trabalho que preciso que você conclua para mim, — ele me diz, ignorando minha pergunta.

Contornando minha mesa, encurto a distância entre ele e eu. Colocando minhas mãos nos braços da cadeira, eu me inclino, meu rosto diretamente no dele. —Eu te fiz uma maldita pergunta.

Ele suspira, como se minha raiva fosse frustrante para ele.

—Ela está viva. Agora, se eu fosse você, ouviria e faria exatamente o que eu disser, ou sua beleza loira vai dar o último suspiro, antes do que você pensa.

—Você não vai se safar com isso, — digo a ele, fazendo-o rir. O som é escuro, perigoso e ameaçador. —O que você precisa de mim?

—Se você completar este trabalho, vai conseguir sua garota, e irei dar um passo atrás de tentar tirar a organização de você. Eu irei até mesmo ao ponto de jurar minha lealdade.

Minhas sobrancelhas franzem, com sua admissão. —Eu não dou a mínima para a organização, eu quero Savannah.

—Como eu disse, você a deixará sã e salva. — Ele acena com a cabeça em concordância, mas a satisfação doentia, em sua expressão, só serve para definir uma torção de desconforto em meu intestino.

—E você promete seu apoio para eu assumir a Organização Gianetti? Recuar completamente, na tentativa de me derrubar?

—Sou um homem de palavra, Mason. Você sabe disso.

Balançando a cabeça, concordo com ele. Mesmo que ele nunca tenha sido meu maior fã, tudo o que ele prometeu ao meu pai, manteve sua palavra. Por mais que eu acredite nele, ainda sou cauteloso quanto ao que ele quer de mim.

—Eu quero uma prova de que você fará o que você diz. Um juramento assinado.

Ele concorda. —Prepare e eu assino.

—E enquanto eu faço isso, você precisa prometer que nada acontecerá com Savannah.

Ele me observa por um tempo, e sei que não consegue entender meu amor por ela. Marcello nunca teve uma mulher em sua vida, ou pelo menos, uma que eu conhecesse. Ele nunca teve filhos, nunca teve família, além dos meus pais.

—Seu fascínio por esta mulher é surpreendente.

—Não é fascinação. É amor. Quando você ama alguém o suficiente, faria qualquer coisa por ele, mas suponho que você não entenderia.

Marcello se levanta, encontrando meu olhar, ele sorri.

—Eu amei uma vez, há muito tempo.

Minhas sobrancelhas se erguem com a confissão. Isso é novidade para mim.

—No mesmo fôlego que eu disse a ela que a amava, esfaqueei-a no peito.

—Por quê?

—Eu descobri que ela estava trabalhando para um de nossos inimigos, disfarçada. — Ele inclina a cabeça para o lado. —Soa familiar?

Ele sabe sobre Savannah. Não tenho dúvidas de que sim, porque de outra forma, não teria tocado no assunto.

—Eu não sei...

—Mason, eu sei, por que você só descobriu sobre ela recentemente. Seu amor o cegou para o que ela realmente é. Você não fez uma verificação completa de antecedentes, fez?

Abro a boca para responder, para retrucar meu veneno para ele, mas não posso.

—Você não achou estranho que uma garota simplesmente entrou na cena, concordando em ser sua submissa? Ou sua linda boceta era uma distração muito grande?

Recuando, meu punho acerta sua mandíbula, em um estalo alto. E no verdadeiro estilo de Marcello, ele ri da minha explosão.

—Eu pensei assim. O fogo que atou sua resposta, é prova suficiente, Mason. Você está de pernas para o ar, algo que seu pai sempre acreditou que o fortalecia, mas o amor o torna fraco. Isso faz de você um covarde.

—O único covarde nesta sala é você. E sabe por quê? — Não espero sua resposta, porque não quero ouvir suas mentiras. —Você sabia que nunca conseguiria a organização, e isso o irrita, então, tem que me forçar. Envie-me o trabalho. Vou terminar, mas antes de começar, o juramento deve ser assinado.

Ele balança a cabeça, enquanto massageia o osso da mandíbula com a mão esquerda. —Será feito.

Eu o vejo virar para a saída. Alcançando a maçaneta, ele a torce e sai, fechando-a atrás de si, deixando-me olhando para a porta de madeira escura.

Não tenho certeza de como vou fazer isso, mas tenho que encontrar uma maneira. Pegando o telefone, sei que a primeira pessoa a ligar é Cristiano. Ele poderá fazer o contrato rapidamente. Eu preciso salvar minha garota e meu bebê. Todos esses anos, tive certeza de que ela me deixaria, mas sei que nunca poderei deixá-la ir. Mesmo se ela não estivesse carregando meu bebê, ela ainda seria minha. Sempre.

 


Demorou apenas uma hora e tenho a papelada assinada por Marcello. Também acabei de receber os detalhes sobre o trabalho, que ele quer que eu conclua. Um fornecedor está invadindo seu território, o homem precisa ser retirado.

Por mais que eu queira que minhas mãos estejam limpas, sei que não tenho escolha, Savannah está em perigo. O fato de Marcello saber que ela está disfarçada, significa que ela poderia ser facilmente morta pelas mãos dele e não tenho como impedir.

Cristiano encontrou mais de cinquenta depósitos em nome de Marcello, isso significa que precisaremos revistar cada um, se tivermos alguma esperança de encontrá-la. Se eu tentar fazer isso, ele saberá, antes mesmo de eu acertar o segundo.

Ele sempre esteve de ouvido no chão, mantendo o controle sobre coisas que nunca o preocuparam. E por mais que eu odiasse, meu pai permitiu. A frustração queima minhas veias, com o pensamento dele machucando Savvie. O fato de que ele a alcançou, é alarmante. Mas, novamente, eu nunca colocaria nada além dele.

Pegando a documentação que ele enviou, digitalizo as informações de que vou precisar para o trabalho. Há uma entrega acontecendo esta noite, e é a única chance que terei de garantir, que esse idiota que está roubando nossos suprimentos, não esteja mais respirando. Eu pego o telefone, teclo o número de Russo e pressiono o telefone no ouvido.

—Mason.

—Prepare o jato particular. Quero estar em Nova York nas próximas horas. Encontro você na pista de pouso. — Estou de pé e indo para o apartamento para pegar algumas coisas que preciso. —Além disso, certifique-se de ter munição suficiente para este trabalho, — digo ao meu primo.

—Vou fazer. Vejo você em breve, cugino.

Posso dizer que Cristiano está pronto para isso. Ele está comigo há anos para voltar a assumir esse papel, e cada vez que recusei, sabia que meu tempo era limitado.

Preciso entrar nessa área de envio à meia-noite. Com algumas horas para chegar lá e ter certeza de que o time está armado e pronto, sei que vou precisar de ajuda do outro lado. Há um homem que conheço, que pode me dar acesso às docas privadas. Percorrendo meus contatos, encontro seu nome e ligo. É tarde, mas se há uma coisa que aprendi sobre o homem com quem trabalhei poucas vezes, é que ele é implacável.

—Mason Gianetti. — Sua voz profunda vem do outro lado da linha. —A que devo este prazer?

—Samael Wolfe, já faz muito tempo e preciso da sua ajuda, — digo a ele, enquanto coloco as roupas em uma pequena mala, a mesma que Savvie comprou para mim, no ano passado. A memória daquela noite me lembra o que aconteceu, quando ela me disse que queria que fôssemos juntos de férias como um casal. Foi a primeira viagem que fizemos e jurei que não seria a última.

—Você sabe que estou sempre disposto a te ajudar.

—Obrigado, Sam. Estou voando para Nova York esta noite. Eu não quero invadir...

—Você vai ficar com Freya e eu, se não se importar que as crianças façam confusão pela casa, é claro. — Ele ri. Lembro de sua adorável esposa, a bela loira que colocou o homem de joelhos. Ele a salvou uma vez, há muito tempo, e me faz pensar se Savannah, algum dia, vai se casar comigo, depois do que ela está prestes a suportar nas mãos do meu tio. Mesmo que ele tenha prometido que ela estaria segura, eu não confio nele.

—Obrigado, Sam, — digo a ele sinceramente. —Vou voar com meu primo. Assim que pousarmos, eu ligo para você.

—A qualquer momento. Estou até tarde, trabalhando em um plano de marketing para o clube, que estamos planejando abrir em Miami, então, por favor, não hesite.

—Eu agradeço, Sam. Isso é uma questão de vida ou morte.

—Bem, não há nada como uma ameaça para fazer você se mover. Tem algo a ver com a organização de seu pai? — Ele questiona, e eu sei que logo terei que lhe dar todas as informações.

—Sim. Eu preciso entrar nas docas privadas, onde as importações entram. Eu sei que você tinha um amigo lá?

—Eu tenho. Ele poderá nos ajudar. Vejo você em breve, — diz ele, desligando, antes que eu tenha tempo de responder. Samael Wolfe é bem conhecido na cidade, por derrubar a organização de seu pai.

As histórias que ouvi sobre ele e seu irmão, junto com seus parceiros, Dax e Axel, são infames, entre os homens que trabalham para meu pai e agora trabalham para mim. Ele é um bom homem, que encontrou a mulher que ama e a salvou de um futuro terrível. Se ele pôde fazer isso, eu também posso.

Vou me certificar de que Savannah saiba que nunca vou deixá-la ir novamente. Eu permiti que a raiva tomasse conta de mim e estraguei tudo. Rolando a mala para a sala de estar, certifico-me de que não estou perdendo mais nada. Depois de pegar as chaves e o telefone, vou até o carro. Vou ter que ligar para Carrick mais tarde, mas ele vai entender, porque isso é importante.

A estrada está tranquila, o que me dá tempo para pensar em tudo o que aconteceu nos últimos dias. Demorando-me no momento em que descobri que serei pai, não posso deixar de sorrir como um idiota. Achei que nunca iria querer filhos. Trazê-los ao mundo em que cresci, não era minha primeira escolha, mas sei que, com a influência de Savvie, eles crescerão para ser bons. E não permitirei que a organização governe suas vidas, como fez com a minha.

Quando paro na pista, quinze minutos depois, encontro o carro de Cristiano esperando na vaga. Saio do meu veículo e entrego as chaves a um dos homens que trabalham para nós.

—Cuide dele, — digo a ele.

—Sim, Sr. Gianetti,— ele oferece, apressando-se em direção ao carro.

Cristiano desce do veículo. —Você está pronto para fazer essa merda? — Ele questiona, arqueando uma sobrancelha, com curiosidade em seus olhos escuros.

—Eu estou. Desta vez, estou terminando o trabalho, depois vou atrás do Marcello. Ele tem minha garota, e se a machucar, vou matá-lo, sem pensar duas vezes.

Ele ri em resposta. —Bom.

E eu o sigo em direção ao avião.


Savannah

 

O quarto em que abro os olhos é decadente. Móveis bonitos preenchem o espaço, e me encontro deitada em uma cama king-size, com o colchão mais macio que já tive o prazer de dormir.

Minha cabeça lateja, fazendo-me erguer os dedos até a testa, onde encontro uma pequena saliência se formando. A dor é o suficiente para me fazer estremecer. Meus pés formigam, quando os balanço para fora do colchão.

Não tenho ideia de onde estou, mas consigo ir até a janela. Puxando as cortinas, vejo as árvores, atrás da casa em que estou sendo mantida em cativeiro. É um jardim incrível. Mesmo com o tempo mais frio, posso dizer o quão lindo esse lugar seria no verão. As árvores, que alinham a propriedade, são pinheiros, lembrando-me da cabana que meu pai nos levava todo Natal. O belo verde, contra o branco da neve, sempre foi inspirador para mim.

Há uma piscina ao lado da casa. Está coberto no momento, mas não posso deixar de sorrir, quando imagino crianças brincando lá no verão. Pego a maçaneta da janela, na esperança de sair deste quarto, mas a encontro trancada, quando a sacudo.

—Estas estão fechadas para sua proteção. — A voz de um homem me assusta.

Virando, eu o encaro, um estranho com os olhos mais azuis que já vi. Suas feições cinzeladas parecem ter sido moldadas em mármore. Uma mandíbula lisa e angular, nariz afilado e lábios carnudos, fazem-no parecer de tirar o fôlego. Cabelo dourado despenteado no topo de sua cabeça, com raízes mais escuras, que me fazem pensar se ele teve o cabelo descolorido.

—Savannah, eu presumo, — ele sorri, o canto de sua boca se inclinando em um sorriso.

—Presume corretamente. E você é? — Retruco, cruzando os braços na frente do meu peito, enquanto o considero.

Percebo como o terno escuro que usa, abraça seu corpo largo, quando ele se aproxima de mim. Há uma sugestão de sotaque, quando fala, e me pergunto se este é um dos sócios de Mason. Se Mason me sequestrou, vou matá-lo eu mesma.

—Meu nome é Alexei Carnevali, — ele se apresenta, estendendo a mão para mim, que não aceito. —Sou um dos primos do seu noivo.

—Noivo? — Minha pergunta o faz arquear a boca e a sobrancelha. —Você quer dizer Mason?

Ele concorda.

O idiota disse que estamos noivos? Mais raiva corre através de mim, e olho Alexei com um olhar feroz. Se Mason quiser jogar este jogo, eu vou jogar, mas quando colocar as mãos nele, vai se arrepender. —Ele nunca mencionou você.

Ele ri então, o som um estrondo suave.

—Ele não iria. Mason e eu trabalhamos juntos em muitos trabalhos, quando estávamos crescendo. — Isso o faz sorrir. —Ter dezesseis anos e fazer parte de uma organização como nossa família, é nada menos que uma formatura.

Ele parece tão orgulhoso do fato e me pergunto como Mason se sente sobre isso, agora que ele decidiu assumir a responsabilidade.

—Ele é um bom homem. Sou do lado Carnevali da família. A mãe de Mason e meu pai eram irmãos, — explica ele, sentando na cadeira perto da porta.

—Não sei muito sobre a família dele. Onde estou? — Questiono, percebendo que ele não está aqui para me deixar sair deste quarto.

—Você está na propriedade Gianetti, — ele me diz facilmente.

—O que?

—Marcello Gianetti nos mandou trazer você aqui e te manter segura, a menos que Mason não cumpra sua promessa de concluir um trabalho, — ele me diz. Inclinando-se para trás, descansa um tornozelo sobre o joelho oposto. Seus olhos azuis olham para mim por um momento, antes de ele falar novamente.

—Eu posso ver por que Mason está tão apaixonado por você.

—Oh? — Gracejo. —Ele permitiu que eu fosse sequestrada, porque me ama?

Minha pergunta o faz rir alto e estou intrigada com o homem bonito. Parece, obviamente, pertencer à linha de sangue desses homens, porque todos eles parecem modelos de passarela.

—Isso não tem nada a ver com Mason. Infelizmente, Marcello está tentando assumir a organização, mas Mason, é claro, é nomeado o próximo na fila. É mais um jogo de poder da parte de Marcello, do que qualquer outra coisa.

—Por que ele me odeia tanto? — Questiono. Eu sei que o tio de Mason é um enigma. A polícia nunca foi capaz de acusa-lo, mas ele não pode saber quem eu sou, pode?

—Marcello está convencido de que você foi uma distração demais para meu primo, — ele me diz. —Sei troppo bella.

—O que isso significa?

—Você é linda demais, — ele admira, seu olhar indo da minha cabeça até os dedos dos pés, e então, de volta, para encontrar o meu olhar.

—E ardente. Eu posso ver porque Mason se apaixonou por você.

—O que acontece comigo agora?

Ele suspira. Levantando de seu assento, segue em direção à janela, me fazendo recuar de sua forma próxima.

—Mason tem que completar uma tarefa, definida por seu tio, como parte de um acordo. Ele estará de volta a Chicago amanhã, talvez no dia seguinte, se demorar para pegar o jato particular para trazê-lo aqui. Se ele passar no teste, Mason leva você de volta, junto com a Organização.

Parece tudo tão arcaico, lutar pela minha honra e toda essa besteira. Posso ter sabido sobre as organizações mafiosas e famílias em todo o país, mas nunca meu pai explicou, verdadeiramente, como tudo é complicado.

—Onde está Mason agora? Estou tão confusa com tudo isso. — Suspiro, sentando no colchão. O cansaço toma conta de mim e me pergunto se é assim que é estar grávida, cansada, frustrada e com fome o tempo todo.

—Não posso dizer o que acontecerá, se Mason não terminar o que foi enviado para fazer, porque meu tio é uma espécie de canhão solto, — o homem me diz, sem olhar na minha direção. Ele está de frente para a janela mas, embora esteja de costas para mim, é como se ele estivesse olhando diretamente para mim. Um assassino treinado está parado a centímetros de mim e não estou com medo.

—Você quer dizer que ele vai me matar. — Minha voz é quase um sussurro, mas ele me ouve, porque acena levemente com a cabeça. O acordo está fazendo meu estômago revirar e coloco a mão, protetoramente, sobre meu bebê em crescimento.

—Por que você está aqui?

—Estou sendo a babá. — Ele se vira para mim, suas mãos escorregando nos bolsos da calça do terno, enquanto me olha. —É algo que eu faço, caçar, roubar e matar.

Algo é assustador em suas palavras e estremeço, com a promessa que ele acabou de me dizer.

—Mas você não está aqui para morrer, menina bonita.

—Estou aqui até Mason voltar?

Ele concorda.

—E se ele não voltar? Quero dizer, se não fizer o trabalho? — Percebo que não posso deixar esta casa. Também me ocorre que Mason pode não querer voltar para esta vida e isso significa que serei mantida aqui, até que Marcello decida me matar. Outro tremor percorre minha espinha, enquanto o medo aperta meu peito.

—Mason nasceu para ser um líder. Está em seu sangue, Bella. Ele será capaz de matar o homem e voltar, sem pensar duas vezes.

—Matar? — Atiro meu olhar chocado para o dele.

—Claro. — Ele sorri. —O que você achou que ele iria fazer?

Sua indiferença faz meu coração doer. Esta é uma vida normal para eles. Não há nenhuma maneira de Mason querer criar uma criança nesta merda.

—Posso pegar um pouco de água, por favor, Alexei? — Questiono, de repente me sentindo seca. Tentando engolir o nó na garganta, encontro-me desejando que eles me deixem ir. Para me libertar no mundo e longe desta escuridão.

—Vou trazer um pouco de comida e água para você. E, por favor, me chame de Alex. — Ele sorri mais uma vez, antes de ir em direção à porta. —Não se preocupe, — diz ele. —Não é bom para o bebê. — E então ele se foi, me deixando olhando para a porta de madeira fechada, que leva às entranhas da casa. Eu preciso descobrir como sair daqui. De alguma forma.

 

Quando a porta se abre novamente, Alex entra com uma bandeja com um prato e duas garrafas, do que parece ser água gelada.

—Como você está se sentindo?

—Você sabia que eu estava grávida. — Não é uma pergunta, mas ele balança a cabeça em resposta.

—Como?

Ele coloca a bandeja na cômoda, vira-se para mim e sorri.

—Uma mulher que com tanta vontade e ternura, segura a barriga sem pensar, é um sinal claro de algo que precisa de proteção. É instinto. E fui treinado para estudar, exatamente, o que as pessoas fazem, então, quando chegar a hora, posso facilmente eliminá-las.

Um calafrio percorre minha espinha com suas palavras.

—Além disso, devo te avisar que Marcello assumiu a responsabilidade de manter o controle de todos na organização. E já que você está com Mason, você é uma extensão da família, — ele me diz, como se eu devesse saber disso, mas seus olhos pousam na minha barriga. É um aviso.

—Não sou parente de ninguém aqui. Eu nem sou casada com Ma...

—Ainda, — Alex me interrompe. —Eu conheço meu primo, e se ele quiser você, vai te pegar. Mason sempre se orgulhou de conseguir o que queria.

—Bem, eu não sou uma porra de posse para ser empurrada assim. Não gosto de ser um peão, em um jogo entre Marcello e Mason.

Alex sorri para mim, como se eu fosse uma criança em crise de birra e ele fosse meu pai. Observando-me atentamente, balança a cabeça, em seguida, pega uma garrafa de água, entregando-me.

—Beba isso. Se quiser um comprimido para dormir, para se acalmar, eu também tenho.

Ele levanta a cúpula de prata do prato, e o cheiro de comida atinge minhas narinas, fazendo-me sentir enjoada novamente. Essa merda tem que parar. Eu não posso continuar vomitando. Sinto-me fraca, quando o faço, mas não consigo comer nada.

Abrindo a garrafa, tomo pequenos goles de água, deleitando-me com o líquido frio escorrendo pela minha garganta. Alivia a secura, e tomo outro gole maior, desejando uma xícara de café, que sei que só vai me fazer sentir mal.

—Me ouça, — diz Alex então, estabelecendo na cama. —Se você ficar quieta, não causar a porra de uma confusão, poderá ir para casa. Se eu disser a Marcello que você está sendo difícil, ele entrará aqui e garantirá que você obedeça aos seus comandos.

—Vocês são todos monstros, e é por isso...

Minhas palavras são cortadas pelo olhar gelado, que Alex me lança.

—Se você ao menos proferir outra palavra, chamarei Marcello para lhe fazer uma visita. Estou aqui para assistir você, não para jogar, porra.

Há raiva escorrendo de cada palavra. Seus olhos estão queimando com chamas azuis, enquanto ele me olha.

—Sinto muito, — digo a ele.

Cruzando as pernas na cama, acho que vou ficar confortável, já que não vou a lugar nenhum tão cedo. Eu queria comer, mas o cheiro da comida não é tentador, no momento, está fazendo meu estômago revirar.

Ele fica em silêncio por um longo tempo, antes de concordar.

—Você sentirá. Não gosto de garotinhas que tentam agir como se soubessem de tudo, — diz Alex. Ele passa os dedos pelo cabelo, bagunçando ainda mais do que antes.

—Eu não estava...

—Quando estávamos crescendo, meu irmão e eu viemos para a América com nossos pais. Minha mãe. — Ele sorri, e me pergunto por que ele está me dizendo isso. —Ela é descendente de gregos e, claro, meu pai é italiano. Quando chegamos, Marco não gostou, mas Marcello foi quem quis nos renunciar à família.

—Isso não faz sentido. Você é sangue. — Meu argumento o faz concordar com a cabeça, mas ainda assim, tenho a sensação de que essa história não termina bem.

—Podemos ser sangue, mas por causa de nossa mãe, Marcello acreditava que estávamos contaminados.

Ele parece tão triste, como se quisesse agradá-los, mas não há como mudar quem você é.

Tomo outro gole d'água, antes de perguntar. —O que aconteceu?

Ele levanta os olhos azuis, que perfuram o meu com tristeza.

—Ele mandou matar minha mãe, antes que pudéssemos fugir de volta para a Itália.

Minha boca se abre em choque. Meu coração bate descontroladamente contra o meu peito, quando percebo o que isso pode significar para mim, para Mason e para o bebê que estou carregando.

—Se seu tio pôde fazer algo tão hediondo, o que o impede de simplesmente entrar aqui e me matar?

—Não se preocupe, — Alex me diz. —Marcello responde a Mason. Enquanto o seu homem decidir dirigir esta organização, ele não tem nenhuma palavra a dizer sobre com quem Mason se casará.

—Mas...

—Como eu disse, Mason nasceu na organização, é um líder. Seu pai era o Capo, ele é o príncipe, o próximo na fila a se sentar no trono. Ele comandará a Costa Leste, enquanto seu primo Franco, comandará o Oeste, — assegurou-me Alex. —Não há mais ninguém que possa assumir o controle, a menos que mate Mason.

—E o que está impedindo Marcello de fazer isso?

—A última vontade e testamento de Marco Gianetti. Afirma que, se alguma coisa acontecesse ao filho do Capo, o próximo da fila seria nosso primo Franco. Como ele já é o líder da Organização Moretti, assumirá automaticamente os dois.

Tudo isso está começando a soar como a porra do roteiro de um filme, e sinto como se tivesse sido jogada no fundo do poço.

Minhas sobrancelhas franzem em confusão. Lembro-me de Mason mencioná-lo antes, mas mesmo sendo um dos primos, ele não é um Gianetti.

—Eu pensei que não era permitido. Se Franco fosse um Moretti, ele seria capaz de dirigir a Organização Gianetti?

—Está na vontade do Capo, o que ele diz vale, mesmo que esteja morto. Seus desejos precisam ser realizados. Além disso, a linhagem da mãe de Franco é Gianetti, então, tecnicamente, não há nada de errado com isso, embora eles nunca respeitem a linha materna, tanto quanto a paterna. No entanto, Franco é o mais velho, depois de Mason. Sou o único que está livre de subir para o cargo. E para ser sincero, prefiro assim, não preciso disso nos meus ombros. Eu trabalho para eles, encontro pessoas que não querem ser encontradas e é isso que estou feliz fazendo.

Alex sorri para mim, enquanto franzo a testa, tentando assimilar todas as informações que está me dando. Algo é calmante sobre ele. Mesmo que pudesse me matar tão facilmente, acredito que não vai me machucar.

—E o Cristiano? — Questiono, mais confusa do que nunca. Tantas regras, tantas leis, e nada disso importa no mundo real. Pelo menos, não onde estamos preocupados. A Máfia tem um mundo próprio. E ninguém jamais pode romper a hierarquia, o que me faz pensar em como seria aceita como esposa de Mason.

—Ah, o outro primo. Ele nunca será capaz de superar o Gianetti. Ele comanda a linha Russo, com punho de ferro, cuidou do papel de Mason por um tempo, apenas porque não tinha direito a ele.

A família tem muitas camadas, em comparação com a minha. É muito mais complexo do que eu poderia imaginar. O que me preocupa é que logo Mason vai querer que eu fique com ele, para lhe dar uma família, e com o perigo que se esconde na personalidade volátil de seu tio, não sei se algum dia estarei segura. Mesmo que Alex diga que não vai me machucar, há algo que me incomoda, no fundo do meu intestino, medo.

—Tudo isso é tão confuso. Nada disso faz sentido para mim. — Sei que não estou segura aqui, posso sentir isso na tensão que paira pesadamente neste quarto. Alex pode não ter me machucado, mas pode, facilmente, ligar para Marcello. E é disso que tenho medo.

—Há muita informação para assimilar. Além disso, você está cansada. Descanse um pouco. Vou trazer algo para você comer de manhã.

Ele se levanta, enquanto deslizo sob o edredom pesado e o puxo até o queixo. O calor me mantém refém, enquanto meus olhos se fecham.

—Durma bem, Savannah, — ele murmura, antes de me deixar no quarto, até que meus sonhos me capturem.


Mason

 

O avião pousou momentos atrás e sei que em breve poderei falar com Savannah. Marcello prometeu permitir uma conversa esta noite. Ela pode estar dormindo, mas preciso saber se está bem e se não está ferida.

Assim que ponho o pé fora da pista, um Jaguar prateado e lustroso para e Samael Wolfe desce. Ele está vestido com jeans e uma camisa de botão.

—Mason. — Ele oferece a mão, quando me aproximo dele.

—É bom ver você, depois de todos esses anos. — Ele acena na direção de Cristiano e, embora nunca tenham se conhecido, sei que vão se dar bem. Ambos os homens têm uma queda por Scotch caro e dirigem seus próprios negócios. Acho que é por isso que Sam e eu sempre estivemos à vontade um com o outro. Interesses semelhantes nos permitiram conversar facilmente, oferecendo conselhos de nossas experiências anteriores.

—Obrigado pela ajuda. Assim que este trabalho estiver concluído, posso tirar meu tio da minha vida, mas acima de tudo, voltar para a mulher que amo.

—Devo ser honesto. — Ele ri. —Nunca, na minha vida, pensei que ouviria Mason Gianetti dizer que está apaixonado.

—Você deveria ver a loira, ela é incrível, — Cristiano fala ao meu lado.

Sam desliza seu olhar para mim. —Loira, hein? Não achei você um amante de loiras. Lembro-me de uma certa morena, demorando-se em seu braço, anos atrás.

—Isso foi há muito tempo atrás. Mas Savannah é diferente. Ela é forte, independente e, por mais que eu não queira admitir, ela me domina pelas bolas.

Isso faz com que os dois homens gargalhem. Nunca é fácil admitir, quando você está apaixonado, especialmente para homens endurecidos como os dois, mas sei que Sam, entre todas as pessoas, vai entender.

—Olha, eu sei o que você quer dizer. Freya é tudo para mim e para as crianças, embora estejam crescendo tão rápido, são meu orgulho e minha alegria. — Ele gesticula, com um movimento de seu braço em direção ao carro, que brilha nas luzes baixas que nos cercam. —Vamos lá. Freya preparou algo para vocês comerem e os dois quartos de hóspedes estão prontos.

—Você não precisava se preocupar...

—Se minha esposa soubesse que deixei o primo de Mason dormir em um hotel, ela cortaria minhas bolas. Venha, — ele sorri, indo em direção ao carro. Assim que as malas são guardadas, sentamos nos assentos confortáveis e Sam nos leva quinze minutos até sua casa, nos arredores da cidade.

A casa em que paramos tem dois andares de beleza. Os jardins estão cobertos de neve, lembrando-me do inverno na mansão. A propriedade Gianetti, onde cresci, era meu lugar favorito no mundo, mas depois que meu pai morreu, eu nunca mais quis pisar lá. Então, fiquei longe. O clube era meu refúgio e, com os apartamentos no andar de cima, nunca precisei voltar para a mansão. Às vezes, ir para casa não significa lembrar os bons tempos, trata-se de relembrar os momentos que você prefere esquecer.

Saindo do carro assim que ele para, inalo o ar fresco e limpo, que enche meus pulmões, com a respiração de que eu precisava. Nova York é meu antigo reduto, o lugar onde aprendi quem eu era e de onde vim. Nossa família se mudou para cá pela primeira vez, depois de desembarcar da Itália, e foi meu pai quem decidiu que Chicago seria onde ele teria a sede da Organização Gianetti.

Ao longo dos anos, voamos de um lado para o outro, entre as duas cidades, nos encontrando com familiares, amigos e fornecedores. Estar de volta aqui, só traz memórias à tona em minha mente.

Eu sigo Sam para dentro da casa, que tem luzes baixas em toda a entrada, e direto para a cozinha, onde encontramos uma linda loira.

—Olá, senhores, — ela sorri.

Freya Wolfe.

A mulher é requintada, e imediatamente me lembro da mulher que agarrou meu coração, desde o momento em que entrou no clube.

—É bom ver você de novo, — sorrio, dando-lhe um beijo rápido na bochecha.

—E você, Mason. Lamento que não seja em melhores circunstâncias, — ela oferece, envolvendo seus braços delicados em volta da minha cintura. Quando ela dá um passo para trás, cumprimenta meu primo e nos acomodamos ao redor da mesa.

Freya coloca os pratos diante de nós, trazendo uma assadeira cheia de vegetais e outra caçarola fumegante que cheira divinamente. Cristiano se intromete, enquanto explico a Sam do que precisamos.

—Esta noite, há um carregamento chegando. Ele deve chegar ao cais quinze, e acho que é um barco cheio de armas, pelo menos é isso que Marcello espera. O fornecedor tem trabalhado com alguém na Colômbia e estamos supondo que está conseguindo armas a um preço mais barato. O problema é que as caixas são forradas com coca.

—Eu coloquei escuta, após sua ligação. Dois dos meus homens, que trabalham nas docas, confirmaram que haverá uma entrega à uma da manhã. Ela foi atrasada por algum motivo.

Ele levanta a garrafa que Freya colocou diante dele, tomando um gole de cerveja, antes de continuar.

—Assim que terminarmos aqui, vou te levar até o porão. Precisamos empacotar alguma coisa, e tenho uma variedade de opções lá embaixo.

—Você realmente não precisa vir conosco. Esta é a minha luta.

Ele balança a cabeça. —Não estou perdendo a oportunidade de um bom confronto.

Freya se inclina, dando um beijo em sua bochecha, então olha na minha direção. —Ele é teimoso. Basta trazê-lo de volta inteiro.

Assentindo, ofereço a ela um sorriso. —Claro que vou. Eu sei o quanto ele significa para você e para as crianças.

Não é a primeira vez que Sam e eu trabalhamos juntos, mas será a primeira vez que farei isso, como líder da organização de meu pai.

Freya nos deixa, para falar sobre o que iremos enfrentar nas docas, mas minha mente está em Savannah. Quero ligar, ouvir sua voz, mas sei que preciso me concentrar no trabalho que tenho pela frente. Com a confirmação de Marcello de que ele não a machucaria, eu sei que ela está segura, por enquanto.

—Mason?

Olhando para Sam, respondo. —Sim, desculpe. Ainda estou preocupado com Savvie.

—Por que você não liga? Você sabe onde ele a está mantendo?

Balançando minha cabeça, eu me recosto, tomando um longo gole de cerveja.

—Não, tenho a sensação de que ela está na mansão do meu pai. Ele sabe que não gosto de pisar nesse terreno. Não, desde a morte de Marco.

Estou prestes a continuar, quando meu telefone vibra descontroladamente na mesa. Uma mensagem. Destravando a tela, abro o aplicativo para encontrar o nome do meu primo Alex olhando para mim. Não nos falamos há muito tempo, e não sei por que ele estaria me mandando mensagens.

Alex: Ela está segura. Estou na casa dos Gianetti com ela. Marcello foi para Los Angeles para ver Franco.

Meu coração bate forte em meu peito, batendo dolorosamente contra minhas costelas. Alex e eu deixamos as coisas em um lugar ruim, anos atrás. Quando fiz dezoito anos e Marcello mandou matar sua mãe, defendi meu sangue. Eu era obrigado a obedecer à linha Gianetti. Agora, porém, é ele quem está me ajudando. O que levanta a questão: por que ele estaria obedecendo a Marcello, quando o homem mandou matar sua mãe?

Batendo em seu número, peço licença para sair da cozinha, pressionando o telefone no ouvido. Quando Alex atende, sou atingido por um lembrete do que aconteceu há tantos anos.

—Cugino, — diz ele. Posso ouvir a rispidez em seu tom e percebo que ele ainda está com raiva. Eu também estaria. Eu não posso culpá-lo de forma alguma.

—Alexei, você está cuidando de Savvie?

—Eu estou. Você sabe que não faria nada para machucá-la. Ela é uma boa garota, Mason e ama você.

Sua voz está calma, mas há uma rigidez subjacente, em suas palavras.

—Eu a amo. Espero que Marcello tenha lhe dito para não machucar ela.

—Ele fez. Muita coisa está acontecendo na família, Mason.

Meus músculos ficam tensos, com sua confissão.

—Já faz muito tempo. Devemos colocar a conversa em dia. Talvez eu visite seu clube, quando você estiver de volta à cidade.

—Você deve. Precisamos ter uma longa conversa sobre tudo.

Ele suspira na linha. Nada pode mudar quem é sua família, aprendi isso há muito tempo, mas você pode ter certeza de que sua família está segura. E agora, minha única preocupação é minha mulher e meu filho.

—Vejo você, quando voltar.

Ele desliga, antes que eu possa responder, e fico olhando para a tela em branco. Se alguma coisa acontecer com Savannah, irei em um ataque sangrento. Família ou não, todos morrerão pelas minhas mãos.


Savannah

 

—Savannah.

Meu nome parece estar vindo de muito longe. Uma voz, de algum lugar, que não consigo alcançar. Não é Mason, mas reconheço a voz.

—Savvie, — ele chama novamente, e tento abrir os olhos, mas as pálpebras estão pesadas, como se eu tivesse sido drogada. Demoro um pouco, antes de encontrar os olhos azuis de Alex.

—Minha cabeça dói, — digo a ele.

—Você dormiu por algumas horas, — ele me informa facilmente. —Mason está preocupado com você, mas está trabalhando. Eu disse a ele que estou com você.

—O que? — Eu me empurro, sentando contra a cabeceira da cama, encontrando seu olhar calmo.

—Mason ligou há pouco para falar com você, mas eu disse que você estava dormindo.

—Oh, — eu murmuro. Eu não deveria ficar triste, por não poder falar com ele, mas fico. —Ele vai voltar em breve?

—Ele estará de volta em breve. Eu te disse, Mason é capaz. Ele é o chefe da organização agora.

Alexei parece feliz com essa informação que está oferecendo. Ficamos sentados em silêncio por um momento, enquanto assimilo o que ele acabou de me dizer. Nunca houve um momento em que pensei que estaria envolvida com um dos líderes da máfia, mas agora que o bebê de Mason está dentro de mim e meu coração está com ele, sei que não posso ir embora.

O amor nunca nos dá um momento para pensar sobre as coisas. Ele se impõe em nossas vidas e nos faz sentir, mesmo quando não queremos. E foi o que aconteceu. Eu estava em uma missão. Um trabalho para vingar meu pai, mas no final, me apaixonei.

—Ele te ama.

—Você disse isso antes, — respondo, levantando meu olhar lacrimoso para o homem que está aqui, desde que acordei mais cedo.

—Ele me disse isso, quando ligou mais cedo. Nunca ouvi meu primo falar de mulheres antes. Eu vi a festa de Mason, quando era mais jovem. Não queria ser amarrado e, para ser honesto, nunca pensei que ele encontraria alguém que chamasse sua atenção assim, mas havia convicção em suas palavras, quando falei com ele. — Alex sorri. —Isso é outra coisa. Ele está tão fodido por você, que tive que lembrá-lo de que há um trabalho a ser feito.

—O que você ganha com isso? — Questiono, expressando minhas reflexões em voz alta. Por alguma razão, sinto-me calma perto deste homem. Talvez isso seja prejudicial, mas algo me diz que nenhum homem nesta casa ficará vivo, se eu for ferida de alguma forma.

Alex se levanta, indo até a janela, observando a escuridão lá fora, e me pergunto se ele pode ver algo que eu não posso.

—Eu recebo minha vida de volta. Meu negócio é tão forte quanto a organização, e meu irmão, Atreo, começou a trabalhar ao meu lado. Ele é... tenaz e frustrante, na mesma medida, mas quer esta vida, e eu também.

—Esta é a vida que você deseja para si mesmo e talvez para uma família um dia? — Sua resposta me intriga. Como alguém pode querer essa vida para seus filhos, não é algo que me agrada. Certo, estou trazendo um bebê Gianetti a este mundo, mas escolher isso, não é algo que eu possa imaginar.

—Eu não me vejo tendo uma família, — Alex me diz friamente.

Como se estivesse fechado, ele se afasta de mim, com a cabeça baixa e os olhos fixos no chão.

—Minha vida não permite filhos, uma esposa. Tenho necessidades que não vão agradar a outra pessoa.

—Eu também pensei isso, — confesso, fazendo-o girar sobre os calcanhares. —Por um longo tempo, estive tão focada em vingar a morte do meu pai, que não pensei em amor, em uma família, ou em encontrar alguém que pudesse entender o que eu precisava.

—Você tem Mason.

Eu concordo. —Sim, eu tenho, mas não foi isso que planejei. Com o tempo, percebi que, mesmo com os planos mais perfeitos, a vida poderia te empurrar em uma direção que você não esperava.

—Talvez, — ele concorda. —Mas, para mim, fiz uma missão de afastar todos de mim. Não sou um bom homem, Bella. — Seus olhos encontram os meus em um olhar sério.

—Ninguém é bom. Mason fez coisas, tenho certeza. Coisas que, provavelmente, não quero ou preciso saber, porque, provavelmente, vou correr para o outro lado, e ele, atualmente, está trabalhando para matar um homem. Você não pode se trancar, porque decidiu isso. O destino tem uma maneira de intervir, quando você menos espera.

—Eu entendo o que você quer dizer, mas Savannah...— ele sorri tristemente. —... esta vida é feita para pessoas como eu. Solitários.

Há um toque de emoção, que desaparece no instante em que aparece. Acho que é tristeza, ou arrependimento, mas não tenho certeza. Ele abaixa o olhar, focando no tapete, mas quero que olhe para mim novamente. Preciso ver se está mentindo, ou me contando a verdade. Mas ele não me olha novamente.

—Você pode acreditar nisso, mas sei que há alguém que pode mudar sua perspectiva, — insisto, sem saber mais por que me importo, mas há algo em Alex que me faz querer que ele tenha uma segunda chance de ser feliz.

Nenhuma criança deve ver sua mãe morta, isso é algo que pode quebrar você. Eu saberia. Mesmo que eu não estivesse na mesma sala, quando meu pai foi baleado, eu fiquei em pedaços. Tudo dentro de mim se despedaçou, quando ouvi a notícia.

—Você é uma boa menina, Savannah. — Alex finalmente olha para mim, com um sorriso suave. Seus olhos azuis, ainda mais luminosos à luz prateada da lua, que entrava pela janela atrás dele. Isso o ilumina, fazendo-o parecer um anjo escuro na noite. Talvez ele seja. Talvez tenha feito coisas que deveriam me assustar, mas acho que não. Ele não parece um monstro, parece um homem.

—E você não me parece o monstro raivoso que gostaria de pensar que é, — digo a ele.

Ele sorri. É desarmante, porque está falando sério, com uma expressão dura, mas há bondade em seus olhos.

—Não confunda minha simpatia com ser um bom homem.

—Você pode ser um homem mau e ainda assim amar.

—Touché, doce menina. — Ele acena com a cabeça, deixando-me no quarto mais uma vez, e eu me deito e fico olhando para o teto. Rezo para que Mason possa terminar o que quer que esteja fazendo e voltar para casa. Eu quero ir para casa.

Fechando os olhos, lembro-me do momento em que soube que queria ser a esposa de Mason Gianetti. Na noite em que percebi que a vingança não era mais meu foco e meu coração havia sido roubado pelo homem, que em breve será o chefe de uma Organização da Máfia.

—Jantar? — Mason diz, quando entra no quarto. Ele acabou de receber uma entrega para o clube lá embaixo, e sua camiseta está colada no peito. Seus ombros estão tensos, com a tensão do treino, e sei que ele gosta de me provocar assim.

O canto de sua boca levanta, quando percebe que estou olhando para ele. Silenciosamente, passeia mais perto de onde estou sentada à mesa. Meu computador é esquecido, quando ele se inclina e respira fundo, permitindo que a ponta de seu nariz vá do meu ombro nu até a minha nuca.

—Há algo que eu gostaria de comer esta noite, — ele me diz, em um rosnado rouco.

—Isso está certo? — Brinco, ganhando um pequeno tapa no quadril. —Senhor. — A palavra é murmurada pelos meus lábios entreabertos, e sou premiada com um suave ruído de apreciação de Mason.

—Eu quero você nua em nossa cama, aberta para mim. Quero inspecionar sua linda boceta. E quando eu terminar, e estiver satisfeito, vou lamber você, até que esguiche na minha língua.

Sem uma resposta, eu me levanto e vou para o quarto. O apartamento é silencioso, exceto pelos sons suaves da música clássica, vindos das caixas de som surround que temos ao redor do espaço.

Mesmo que a maioria das áreas de estar seja em plano aberto, nosso quarto é privado, com cortinas blackout, para quando Mason está com vontade de me fazer contorcer. Tirando o vestido, coloco na cadeira e me posiciono no colchão. Minhas pernas abrem, conforme as instruções e meu corpo nu como Mason quer.

Assim que ele entra, o ar muda. É escuro, quase perigoso, e sei que o homem com quem estou brincando, poderia facilmente me punir ou me matar, mas quando ele faz meu corpo cantar, esqueço porque estou realmente aqui.

Ele não fala. O silêncio é ensurdecedor. Um suave som é o único que me diz que está bem aqui comigo. Ele se move ao redor do quarto, uma gaveta se abre, um monte de roupas sendo removidas e, logo, Mason está na beira da cama.

Ele está parado na ponta dos pés, seu olhar aquecendo minha pele, enquanto me percorre. Ele está no comando, mas sei que, se algum dia eu dissesse a palavra de segurança, ele pararia todos os movimentos. Ele não me machucaria.

—Olhe para mim, querida, — ele ordena, em um tom baixo e áspero.

Meu olhar se fixa no dele, encontrando as íris verdes escuras, queimando no meu azul. Um pequeno sorriso aparece em seus lábios, quando seu olhar aquecido cai sobre meus mamilos endurecidos.

—Alguém já está ligado, — ele brinca. —Você gostaria que meus dedos estivessem em você, bichinho? — Ele sorri desta vez e aceno. Ele sabe que vou concordar. Vou implorar em breve. —Você está linda deitada aí, um banquete para eu devorar.

—Por favor, senhor, — sussurro, minhas mãos tremendo ao meu lado, enquanto a antecipação do que ele vai fazer, envia arrepios em cada centímetro de mim.

Ele se inclina para frente, ambas as mãos pousando nas minhas coxas. Seus dedos pressionam a carne, enviando correntes elétricas através de mim. Mason dá um beijo no meu joelho esquerdo, depois no direito. Com cada toque de seus lábios, ele se move mais para baixo, mais perto do meu núcleo.

Mas ele nunca me toca onde eu mais preciso.

Suas mãos sobem e descem pelas minhas coxas, massageando e, inadvertidamente, abrindo-me a cada movimento. Eu não choramingo, mordendo minha língua para não implorar a ele. Entre minhas pernas, seus olhos estão escuros, quase pretos de luxúria.

—Você cheira como um bichinho carente, — ele me diz. —Minha doce Savvie está querendo mais?

Eu aceno, meus dentes afundando em meu lábio inferior.

—Diga querida, me dê suas palavras e implore.

Seu olhar baixa para minha boceta, enquanto seus polegares me abrem. Os lábios da minha entrada se abrem, para lhe dar uma visão do meu corpo. Minha parte mais íntima.

—Uma boceta tão linda e molhada, — ele murmura.

—Por favor, Mason. Apenas faça isso, por favor?

Com um sorriso pecaminosamente escuro, ele bate no meu núcleo, sua língua mergulhando em mim, lambendo dos lençóis, onde minha bunda está parada, até a protuberância latejante, que precisa de sua atenção. Ele continua a me devorar, até minhas pernas começarem a tremer. Sua boca sugando minha carne, enquanto ele me observa de baixo.

—Oh, Deus, — grito, quando ele mergulha dois dedos em mim, mergulhando-os cada vez mais rápido, então os curvando, esfregando contra meu ponto ideal, até que eu veja estrelas. Meu corpo perde todo o controle, e estou arranhando e gritando, enquanto sinto minha excitação encharcar Mason.

—Uma visão tão bonita, esguichando apenas para mim. — A voz de Mason está distante, mas sei que ele está gostando de seu controle sobre mim, e eu não mudaria nada. Meus olhos ainda estão fechados, enquanto tento encontrar o caminho para descer do alto. Sem aviso, ele se afasta, liberando-me de seu domínio, então, suas mãos estão puxando meus tornozelos, arrastando-me para fora da cama e me virando.

Antes que eu tenha tempo de descer do alto, seu cinto encontra minha bunda. A picada me faz gritar alto, os dedos cavando nos lençóis, enquanto ele me bate com o couro. Uma e outra vez. O calor da minha pele está queimando cada centímetro do meu corpo, até que ouço o barulho fraco do zíper, e então estou cheia.

Seu pau penetra em mim, pressionando-me contra o colchão. Sua mão segura meu cabelo, puxando-me para trás. Não tenho tempo para pensar, tudo que posso fazer é sentir. Não há mais dor em meu coração, apenas felicidade e liberdade.

Meu corpo é dele. Ele me controla, mas sou a única com poder. Ele pode ser um príncipe da máfia, mas eu sou a maldita rainha.

Seu pau engrossa, esticando-me, antes que ele grunhe sua liberação, enchendo-me profundamente, e sei que vou para o inferno, porque estou apaixonada por um homem perigoso. Alguém que poderia ter matado meu pai.


Mason

 

O quarto está cheio de silêncio, oferecendo-me um momento para pensar. Não demorou muito para apertar o botão de discagem e esperar para ouvir sua voz, novamente.

—Mason.

—Deixe-me falar com ela, — ordeno. Ele não pode recusar. Embora Marcello o tenha sob ordens, ele não pode negar meu pedido. —Alex, você sabe que eu teria feito algo para impedi-lo, se pudesse.

Ele está quieto, provavelmente decidindo se deve acreditar em minha confissão, ou não. Se ele não o fizer, eu entenderia. Não há muito mais que eu possa lhe oferecer agora. Fechando os olhos, rezo para que ele me permita ouvir sua voz.

—Éramos crianças naquela época. Nenhum de nós poderia ter impedido o que aconteceu. Marcello sempre soube que tinha o controle e tínhamos que aceitar isso.

—Aceitar o assassinato de um pai, não é uma experiência que qualquer criança deveria enfrentar, — digo-lhe. —Eu não sou Marcello. Vou garantir que nada assim aconteça com ninguém, novamente.

—Espere, — ele me diz.

Encontro o silêncio por um tempo. Ouço seu tom murmurado ao fundo e então, sua voz vem através da linha, como a salvação na escuridão. Eu me deito no colchão. Olhando para o teto, deleito-me com seu tom doce.

—Mason?

—Querida, — murmuro baixinho. —Eu vou consertar isso. Por favor, lembre-se, eu te amo. E o bebê que você está carregando, eu também o amo. — Percebo que meu tom é insistente, urgente.

—O que você está fazendo aí? — Ela pergunta, acalmando meu coração por um momento. Digo a ela? A verdade a fará fugir?

—Há algo que preciso fazer pelo meu tio. Um trabalho.

—Você vai ter que matar alguém, Mason? — Ela respira timidamente. Eu posso ouvir a tensão, em cada palavra. —Por favor, diga. Se isso vai funcionar entre nós, preciso saber a verdade.

Ela está certa. Eu tenho que aceitar o fato de que Savannah está agora na minha vida. Ela vai precisar ouvir sobre o que faço, o que realmente faço.

—Sim, querida. Mas o homem que preciso eliminar é perigoso.

Erguendo meu braço, coloco sobre os olhos, imaginando minha garota, minha linda Savvie. Eu me pergunto o que ela está vestindo, o que está fazendo, mas não tenho muito tempo para falar, então, concentro-me em apenas ouvir sua voz.

—Acredito em você, — ela finalmente me diz. —Eu nunca deveria ter mentido para você no começo. Estava errada de...

—Por favor, não se desculpe pelo que precisava fazer. Compreendo. Mas de agora em diante, precisamos ser honestos. Eu quero tudo, Savannah. Cada parte de você é minha, e não vou parar, até que você me deixe entrar. Eu quero me enterrar tão profundamente dentro de você, que precisará de um cutelo para me cortar.

Eu me sento então, olhando para o nada.

—Eu quero que você viva e me respire, para me ter correndo em suas veias. Você me entende, querida?

Um som suave de Savannah faz meu coração bater descontroladamente.

—Sempre direi a verdade, Mason. Lamento não ter feito isso antes.

—Quando eu voltar, vamos recomeçar, — digo-lhe. —Não há mais jogos. Você é minha família agora, Savvie, você e o bambino.

—Amo você, Mason. Eu sempre fiz.

Uma batida na porta me alerta que temos que ir em breve. É hora de terminar esse trabalho bastardo e voltar para minha garota.

—Vejo você amanhã. Descanse um pouco.

—Tenha cuidado, Mason. Venha para nós, — ela me diz calmamente. Eu aceno, antes de desligar, sem responder, porque estarei em casa com ela em breve.

Colocando a jaqueta, certifico-me de que meu coldre está seguro, antes de me encontrar com Cristiano, que está parado na porta. Ele está me observando atentamente e sei que morre de vontade de perguntar se estou pronto. Para ser honesto, não tenho certeza se estou, mas a vida da mulher que amo está em jogo. Portanto, embora eu possa não estar pronto, tenho que fazer isso.

—Vamos, — digo-lhe, espreitando-o e ignorando as perguntas ardentes, em seus olhos. Ele me segue pelo corredor até a sala de estar, onde encontramos Sam, junto com seu parceiro, Dax. —Vocês dois vão?

—Sam disse que um bom amigo precisa de ajuda, — Dax me diz. —E não sou de dizer não a uma briga.

O homem, que deve ter facilmente mais de um metro e noventa, ri e, estranhamente, isso se encaixa perfeitamente nele. O som é um estrondo escuro. Existem tatuagens que serpenteiam pelos braços, pescoço e até pelas mãos.

—Obrigado, — digo a ele. Eu só o encontrei uma vez, antes e mesmo assim, sabia que ele seria uma força a ser reconhecida. Seguimos para os SUVs pretos, estacionados do lado de fora da entrada.

—Vamos levar os dois carros, dois homens em cada, — Sam me diz. Assentindo, eu o sigo até um e Cristiano se acomoda no assento, ao lado de Dax. Ele me dá um aceno de cabeça, e sei o que significa. Meu pai costumava fazer o mesmo, antes de sairmos para terminar um trabalho e, de repente, estou ciente de que estou me colocando no lugar do meu pai.

Depois de tantos anos sem ouvir seus conselhos, finalmente, aceitei meu destino. O mundo ao qual estou destinado, não está cheio de sol, está encharcado de escuridão. No passado, tudo que eu queria fazer era me perder em uma longa carreira de cocaína. Cada vez que sinto o estresse de um longo dia, é a primeira coisa que recorro. Quando Savvie entrou na minha vida, ela era minha droga preferida. Agora, porém, está longe e não consigo alcançá-la. Mas mesmo com ela longe, a necessidade é a mesma.

—Essa vai ser fácil, — Sam me diz, sem me olhar, seu olhar fixo na estrada, diante de nós.

—Faz muito tempo que não faço isso, — admito. —Meu pai sabia que eu teria que assumir o papel, em algum momento, mas acho que ele nunca imaginou que eu estaria fazendo um trabalho para meu tio. Nunca nos demos muito bem.

—Ciúmes? — Sam pergunta, lançando um olhar na minha direção.

Assentindo, suspiro. —Sim, meu tio queria a organização, mas meu pai nunca o deixaria assumir. Foi deixado para mim, em seu testamento, mas depois que ele morreu e eu finalmente fui nomeado sucessor, não quis isso. Se eu pudesse escolher, preferiria viver uma vida feliz com Savannah e meu bebê.

—Você é pai? — Sua voz está cheia de choque, fazendo-me rir.

—Eu vou ser. Não tenho certeza de quanto tempo ela está, — digo-lhe. —Eu só descobri alguns dias atrás.

Ele acena com a cabeça, seu foco na estrada, enquanto avançamos em direção às docas. Quando chegamos à beira da água, observo os barcos, carros no estacionamento e um grande armazém, que pertence aos Gianettis.

Só visitei este lugar com meu pai, quando era muito mais jovem. Sam para ao lado da porta do armazém, que está bem fechada. Saindo do carro, seguimos em direção à beira do cais.

—Temos dez minutos, antes da chegada da cavalaria, — digo a Sam.

Cristiano caminha ao meu lado, junto com Dax, que parece estar pronto para matar, e estou feliz por ele estar aqui, porque não estamos lidando com amadores. Nós quatro, silenciosamente, caminhamos em direção à parte de trás do armazém, onde encontro um carro estacionado, um SUV escuro, com vidros escurecidos. A placa não dá nenhuma resposta sobre a quem pertence, e me pergunto se estão trabalhando para Marcello ou não.

—Alguém está aqui, — assobio. Abaixando minha posição, puxo a arma. Com um aperto firme, assumo a liderança, enquanto fechamos a distância para a porta de metal, que está entreaberta. Quando eu a alcanço, ouço vozes dentro. Há um rosnado profundo em italiano, que me alerta que, realmente, não estamos mais sozinhos.

—Mantenha os olhos abertos, — Sam murmura, enquanto ele flanqueia a porta do lado oposto. Com nossas armas em mãos, Sam passa pela entrada primeiro, enquanto eu sigo depois.

Com Dax e Cristiano correndo atrás de mim, entramos no armazém. Caixotes de armas fornecem o espaço, dispostos em círculo, com uma mesa no centro, enquanto três dos homens de Marcello, estão empoleirados em volta dela.

Pilhas de dinheiro estão na superfície com eles contando, criando torres de notas de cem dólares. Observo cada homem, um com uma camiseta cinza, que parece que já viu dias melhores. Há um homem, que usa uma camisa escura de botão e um paletó, e me pergunto se está no comando.

—Esse idiota não vai saber o que o atingiu. — Um dos homens, que está vestido com a camisa preta de botões ri. —Russo deve estar aqui em alguns minutos, — o idiota rosna, me fazendo olhar para o meu primo. Cristiano balança a cabeça, encolhendo os ombros em confusão, enquanto olhamos um para o outro.

—Ele vai querer seu dinheiro, — diz o de camiseta. Erguendo a arma, ele balança o dinheiro que está sobre a mesa. Um telefone toca, ecoando pelo armazém vindo de um deles. Mantenho meu olhar treinado em quem responde. —Sim senhor, — ele fala. —Bem espere. A entrega será aqui em... — ele levanta o braço, olhando para o relógio em seu pulso, em seguida, responde. —Cinco minutos.


Mason

 

Antes que os cinco minutos acabem, outros dois homens entram em nossa visão. Eu não reconheço nenhum deles. Não esperando mais, entro na área, fechando a distância para a mesa.

—Senhores, — saúdo, com um tom severo. Todos os cinco homens levantam, olhando para mim em choque.

—Gianetti, — um dos homens profere. Seu sorriso é mau, sombrio e perigoso, e sei que este é um dos homens que mataria sem se importar.

—Já que vocês sabem quem eu sou, sabem por que estou aqui, — digo-lhes, caminhando, enquanto os homens que decidiram me acompanhar, seguem-me. Paramos, quando chegamos à mesa. Pego uma pilha de notas e as abano no rosto. —Então, esses são os pagamentos que você estava escondendo dos Gianettis?

—Claro que não, — um deles profere. —Trabalhamos para o Marcello, — ele me diz. —Nunca faríamos isso com o homem que paga nossos salários.

Eu passo em volta da mesa e me inclino para o homem que me ofereceu sua confissão.

—Você acha que eu sou tão estúpido? — Os homens balançam a cabeça e não posso deixar de rir. —Meus amigos e eu queremos ter certeza de que os pagamentos são feitos aos beneficiários corretos.

—Sr. Gianetti, — o homem de terno me diz. Eu não sei quem ele é ou o que está fazendo aqui. Eu nem sei qual é o seu papel, mas vou garantir que todos saibam quem eu sou.

—Qual de vocês é Bianchi? — Questiono, lançando meu olhar sobre cada um deles. Com cada par de olhos que olho, vejo medo e não posso deixar de sorrir. Eles estão todos com medo de mim, do que estou aqui para fazer, e isso é uma coisa boa, porque agora que estou liderando a organização, eles precisam aprender que sou eu que tenho suas vidas em minhas mãos.

—Eu sou, Sr. Gianetti. — O de terno caminha até mim. Ele estende a mão e eu aceito. —O que posso fazer para você?

—Eu tenho informações de que você tem lidado com o território Gianetti. Quão verdade é isso? — Questiono, espreitando ao redor da mesa, meu olhar percorrendo os homens.

—Sr. Gianetti, isso é...

—Porque você sabe, que se está trabalhando em nosso território, pode ser um problema sério, Bianchi, — digo a ele. Seus homens estão em silêncio, enquanto assistem a troca. Dax passeia pelo espaço, abrindo cada caixa que foi marcada com o logotipo Bianchi.

—Elas não deveriam estar aqui. Deviriam? — Dax sorri, puxando uma das armas. —Porque, se assim fosse, não teriam os números de série removidos.

Ele joga a arma na minha direção. Assim que o tenho em mãos, vejo os números inexistentes. Meu pai sempre garantiu que nossas armas fossem trazidas com números. Ele manteve um registro de todas as armas de fogo que deixaram nosso armazém.

—Isso é bastante lamentável, — digo a Bianchi. —Por causa disso, vou ter que sair com você, Bianchi. — Os homens se movem rapidamente, mas Sam, Dax e Cristiano são mais rápidos. Cada homem tem uma arma apontada para a cabeça, enquanto me concentro no meu alvo. Alcançando seu pescoço, eu o agarro, empurrando-o na cadeira.

—Por favor, Sr. Gianetti, — ele implora, mas eu não escuto. Eu não posso. É hora de fazer isso.

—Se eu lhe der misericórdia, Bianchi, — eu me inclino, pressionando uma arma contra seu joelho, —isso vai permitir que outros acreditem que podem fazer o mesmo.

—Não, por favor, cometemos um erro. Nós vamos pegar o dinheiro...

Meu dedo puxa o gatilho, fazendo com que o eco de um tiro ecoe pelo grande espaço.

—Como eu disse, mostrar misericórdia fará com que os outros pensem que podem fazer o mesmo.

Sorrindo, aponto o cano da minha arma para o outro joelho e puxo o gatilho. O idiota se agacha em posição fetal, agarrando suas feridas, enquanto o líquido carmesim jorra de seus joelhos.

—Eu... eu... p-p-por favor...

Eu vago ao redor dele, inclinando-me para frente, encontro seu olhar de dor.

—Quem é o fornecedor? — Questiono. Minha confiança e calma permanecem firmes, enquanto considero o homem, que estou prestes a matar.

—Todos os documentos estão na pasta. — Ele aponta com o queixo, em direção ao estojo de couro preto, no chão.

—Sam, você pode verificar para mim?

Ele o levanta sobre a mesa, sacudindo as travas. Levantando a tampa, ele examina a papelada escondida na mala. —Está aqui. Contratos, comunicação, — Sam me diz. —Estão bons.

Sem protelar ainda mais esta situação fodida, aponto a arma para a testa de Bianchi. —É hora de você fazer um pagamento. — Puxando o gatilho, vejo o sangue jorrar do centro de sua cabeça. —Terminamos aqui. Silencie-os, — digo a Cristiano, gesticulando para os quatro homens restantes. É hora de voltar para minha mulher.

 


Assim que estamos no ar, tiro o telefone do bolso da jaqueta e procuro nos contatos. Batendo no número de Marcello, pressiono o aparelho no ouvido. Leva quatro toques, antes de meu tio atender.

—Mason, meu sobrinho favorito.

—Está feito. Eu acredito que Savannah está segura e você manteve sua palavra? — Pergunto, sem me preocupar com as gentilezas.

Ele ri em resposta. Ele não pode mais escondê-la de mim. O trabalho acabou.

—Ela está em casa, — ele me informa. Eu posso ouvir o sorriso em seu tom. Está satisfeito, com a forma como me usou, mas isso não vai acontecer novamente.

—A mansão Gianetti é sua, afinal, e é onde sua família deveria estar. Tenho certeza de que Savannah está amando o lugar.

—Então, você a levou para a casa do meu pai, para ver se ela gostaria de lá?

—Sim, com um bebê a caminho, com certeza ela vai querer explorar seu novo lar. Mason, — ele suspira, —você tem que voltar lá, em algum momento, não pode mais se esconder.

Por mais que eu odeie meu tio pelo que fez, ele está certo. Já faz muito tempo, desde que coloquei os pés dentro da mansão, ou mesmo entrei na propriedade.

—Eu sei. — Assentindo, não posso evitar a compreensão que me ocorre então. —Por que você a levou? Se você quisesse que eu fizesse um trabalho, poderia ter pedido.

Ele fica em silêncio por um tempo e me pergunto o que está se passando em sua mente. Ele sempre foi tão diferente de meu pai.

—Se ela soubesse quem você ia matar, ela teria sujado as mãos. É algo que você queria?

Ele tem razão. Savannah é teimosa e agressiva, e se eu lhe dissesse que estava indo embora, ela teria apenas seguido. Não há dúvida de que estaria bem ao meu lado, se soubesse que o idiota iria morrer. Quando Marcello me deu a pasta com as informações e vi o nome do pai de Savannah como uma das vítimas de Bianchi, eu sabia que não tinha escolha, a não ser fazer isso por ela.

Suponho que isso seria seu encerramento, mas agora, pode lhe dar isso e muito mais, e ela nunca teria que ver o sangue, ou tê-lo nas mãos. E não teve que testemunhar a violência, que vem com a vingança.

—A mulher é um pedaço de dinamite, Mason. Cuide dela, — ele me diz, e posso ouvir o sorriso em suas palavras. Depois de todos esses anos, é preciso um trabalho, para Marcello finalmente me oferecer o respeito que eu mereci, por tanto tempo.

—Verei você, quando voltar? — Pergunto, mas no fundo, eu sei que não vou.

—Não, — ele confirma facilmente. —É hora de eu ir para casa. A Itália está chamando. Como prometi, a organização é sua. A cidade agora é sua.

Essas palavras me deixaram à vontade. Pela primeira vez na minha vida, desde que soube que tinha que ficar à cabeceira da mesa, sinto que pertenço a esse lugar e não sou um impostor.

Eu aceno em concordância. É meu.

—Obrigado, Marcello.

—Eu disse a você que manteria minha palavra. Somos sangue, Mason. Você, mais do que ninguém, deveria saber que o sangue sempre vem primeiro. Seja na vida, no trabalho, ou no amor. Mesmo que eu nunca quisesse que nos liderasse, sei que Marco ficaria orgulhoso de você. — Ele ri e me diz. —É hora de ganhar esse título, Capo. Mas posso ver que você cresceu e se tornou um bom homem, Mason.

Suas palavras me chocam. Em toda a minha vida, ele nunca foi bom comigo, nunca me ofereceu nada. Eu não acho que seria tão afetado por nossa troca, mas no meu coração, parece que posso seguir em frente com o passado.

—Isso significa muito. Obrigado, Marcello.

—Não nos decepcione.

Ele desliga, antes que eu possa responder.

—E o que nosso tio favorito tem a dizer? — Cristiano murmura, levando o copo aos lábios.

—Ele acha que meu pai ficaria orgulhoso de mim, — digo-lhe. Erguendo o copo, eu o inclino, antes de tomar um longo gole de uísque. —Ele está saindo para ir para casa.

—Europa?

—Sim, ele vai para a Itália. Parece que podemos ser livres.

Ele considera isso por um momento, antes de concordar. —Nunca confie em Marcello, — diz Cristiano. —Ele pode estar indo embora, mas vai ficar de olho em nós, mesmo de lá.

—Isso é verdade. Verdade, porra. Mas tudo o que importa agora, é que estou voltando para casa para buscar minha garota. — Recostando-me, olho pela janela, observando o céu escuro lá fora. Estou cansado, pronto para ver Savannah e lhe pedir em casamento. É hora de eu ligar para ela.


Savannah

 

Ouvindo a voz de Mason na noite passada, percebi como estava cheia de confiança, mas estou preocupada com ele. Fez um esforço consciente, durante todos esses anos, para deixar essa vida para trás, e agora, está sendo empurrado de volta para ela. A exigência de Marcello é injusta. Mas, novamente, eu não sei a complexidade do que é esperado dele, agora que está assumindo a organização familiar.

Empurrando os cobertores de lado, eu me levanto e vou até a janela. Abrindo as cortinas, aprecio o frio gelado do novo dia. Destranco a maçaneta da janela e ela se abre ligeiramente. Eu me pergunto se Alex fez isso, para que eu me sentisse segura com ele aqui.

É tudo que preciso. O sol aparece por entre as nuvens e, embora o solo esteja pesado de neve, respiro profundamente, desejando ar fresco. Posso imaginar Mason crescendo aqui, brincando do lado de fora, e me pergunto como ele era, então. Se ele gostava de tomar sol, ou se sua mãe costumava chamar por ele na hora do jantar.

Eu não posso deixar de sorrir, enquanto minha mão circunda o estômago. Eu gostaria que nosso filho morasse aqui, para experimentar os mesmos lugares que seu pai fez. Então me pergunto se vai ser uma menina, ou um menino. Mason e eu teríamos um filho, ou filha?

Meu coração se enche de felicidade e alegria, ao pensar em dar a Mason uma família, que ele possa amar e cuidar. Não tinha pensado nisso antes, mas agora que estou grávida, percebo que também gostaria. Perdi minha família há muito tempo, mas logo assumirei o papel de mãe e terei a minha própria.

Eu me viro para me acomodar na cama, enquanto a frustração aperta meu peito. Quero vê-lo, ouvi-lo e saber que está voltando para casa. Tudo o que posso fazer é esperar. Não sei a que horas ele vai voltar. Puxando os cobertores sobre minhas pernas, eu me recosto e pego o telefone, que Alexei deixou para mim. Posso ficar online, mas não quero enviar uma mensagem a ninguém, caso a rastreie, então, em vez disso, procuro nas notícias, nas redes sociais e em tudo o mais que posso, para manter minha mente ocupada.

Estou prestes a fechar os olhos para descansar um pouco, quando a porta se abre. Meu olhar se levanta para encontrar o homem que estou esperando. Não consigo me mover, tudo que posso fazer é observá-lo por um momento.

Ele fica parado na porta, sem se mover. Seu silêncio fala por si. É como se estivesse tentando me dizer tudo, com um único olhar. Seu cabelo escuro está despenteado e a mandíbula angular, salpicada de restolho escuro. Ele está lindo, perfeito em todos os sentidos. O canto de sua boca se inclina em um quase sorriso. Eu vejo, quando Mason entra no quarto, fechando a distância entre nós e estou feliz por isso. Ele está vestido com um terno cinza escuro, uma camisa de botão branca e uma gravata cor de carvão.

—Este é o último lugar em que eu queria pisar novamente.

Empurrando-me para fora da cama, vou até onde ele parou. Timidamente, coloco minhas mãos em seu peito, sentindo o material sob minhas palmas. Correndo meus dedos em direção aos seus ombros, eu os agarro, segurando nele, antes de subir na ponta dos pés.

—Eu não quero que você me deixe nunca mais, — digo-lhe. Meus lábios estão a centímetros dos dele, quando sussurro. —Sentimos sua falta.

Minhas palavras têm um sorriso brincando em seus lábios, fazendo-me querer prová-los. Eu me inclino mais perto, pressionando um beijo no canto de sua boca.

—Você está voltando para casa comigo, agora, e nunca vai sair da porra da minha vista de novo, — ele rosna, puxando-me impossivelmente mais perto. Seus braços me envolvem, fazendo meu coração bater mais rápido e minha respiração engata.

—Mason, desculpe...

—Não há nada para você se desculpar. Eu deveria me desculpar. Fiquei com raiva, sabendo que você estava escondendo algo de mim. Esta vida, — ele murmura, —não é para todos. Eu não tive escolha, nasci nisso. Eu nunca quis te vincular a isso.

Balançando a cabeça, seguro seu rosto em minhas mãos, segurando-o, para que ele não desvie o olhar. —Você pode não ter me desejado naquela vida, mas me amarrou a você, e não vou a lugar nenhum.

—Tem certeza que quer isso? Você me quer? — Ele questiona, em um tom rouco. Seus olhos verdes brilham com incerteza, e sei que ele está com medo de que eu vá embora.

—Leve-me para casa, Mason.

 


Quando chegamos ao apartamento, Mason me leva para a sala. Ainda precisamos conversar, para entender o porquê de eu ter saído e por que ele queria que eu fosse embora, mas agora, o silêncio é o que eu foco.

Eu me sento no sofá, feliz por estar em casa. O lugar não parece diferente de alguns dias atrás, quando saí. A familiaridade de estar aqui me acalma, mas quando Mason se senta na poltrona, seu olhar permanece em mim, com perguntas dançando em seus olhos.

—Mason, — começo, engolindo o nó na minha garganta. —Eu estava tão focada na vingança, pelo assassinato do meu pai, que não pensei em mais nada, e então...

Ele se inclina para frente, enquanto minhas palavras se transformam em nada. —E depois?

—Eu não esperava me apaixonar por você, Mason.

Eu me levanto, precisando me mover, enquanto confesso tudo que segurei por tanto tempo.

—Quando entrei em Seven Sins, você não fazia parte do plano.

—Você não fazia parte do meu, — ele me diz honestamente. —Mas o que encontrei foi algo que nunca esperava. Durante toda a minha vida, meu pai me ensinou como matar, como me fechar para todos.

A tristeza em seu tom, aperta meu coração, com cada palavra.

—Mason. — Eu me sento em seu colo, envolvendo meus braços em volta do seu pescoço. —Me leve para o quarto, — peço-lhe, pressionando meus lábios nos dele. —Eu quero você, quero começar de novo.

Mason une sua mão à minha. —Você tem certeza? Nós podemos esperar.

Balançando a cabeça, sussurro. —Me lembre a quem eu pertenço.

Ele me levanta sem palavras, carregando-me através do apartamento e em nosso espaço sagrado. Quando chegamos à cama, ele me coloca de pé.

—Tire suas roupas lentamente, — Mason comanda, em seu tom sensato. Um arrepio percorre meu corpo, acendendo cada centímetro da minha pele. Observo o homem que amo se acomodar na cadeira de veludo, que está posicionada no canto do nosso quarto. Colocamos lá exatamente por esse motivo, para Mason ficar sentado lá, observando-me despir para ele. É sensual, erótico e as luzes baixas o tornam ainda mais intenso, com as sombras que dançam pelo espaço.

Nosso quarto está repleto de tons suaves, uma grande cama king-size, que fica contra uma parede, e a varanda, com vista para a cidade, do outro lado. Com um closet escondido, temos espelhos que refletem as luzes da cidade, além.

Alcançando a bainha da minha blusa azul, que estava escondida sob o moletom com que eles me raptaram, puxo pela minha cabeça. Colocando na cama, tiro a calça de moletom. Ela se junta ao meu top, no colchão, e agora estou de pé, descalça, na frente de Mason, em apenas uma calcinha preta e um sutiã combinando.

—Você é linda, querida, — ele murmura. Sua mão pressiona contra a protuberância em sua calça, e eu o vejo apertar seu pau. Um gemido baixo de prazer sai de seus lábios. —Tire seu sutiã.

Eu chego atrás de minhas costas, soltando a trava e permitindo que o material caia no chão. Estou prestes a pegar, quando ele me interrompe.

—Deixe no chão. A calcinha é a próxima.

Empurrando a calcinha para a madeira, saio dela, esperando minha próxima ordem. Ele levanta a mão, girando o dedo, instruindo-me a girar. Obedecendo a Mason, eu me viro, permitindo que ele olhe para mim por inteira. Cada centímetro da minha pele está à mostra, e quando encontro seus olhos mais uma vez, estão com fome.


Mason

 

Ela é linda. Perfeita.

Levantando da cadeira, caminho até nossa cômoda, onde guardo alguns dos brinquedos que usamos no quarto. Abro a gaveta de cima, agarrando as braçadeiras de mamilo, um pequeno plug anal e o vibrador, que ela preferia no passado. Junto com a venda, eu me viro para minha mulher e lhe ofereço um sorriso, antes de colocar tudo na cama.

—Eu quero que você se deite, — digo-lhe. —Vou tirar sua visão.

—Sim senhor. — Ela sorri, obedecendo-me facilmente. Mal posso esperar para vê-la inchada com meu bebê. Ela já está brilhando, e sei que está cuidando dele, enquanto passou um tempo na mansão. Faço uma nota mental para agradecer a Alexei, por cuidar dela.

Assim que ela está na cama, cubro seus olhos com a venda de cetim roxa. Sua pele macia, em lingerie preta, sempre foi minha criptonita, mas nua, sou um homem que perdeu todo o senso de controle.

Pego a corda que comprei não muito tempo atrás, a cor combinando com a venda, e enrosco suas mãos no metal preto da cabeceira da cama. Uma vez que ela está segura, eu a considero, meu olhar faminto vagando por cada parte desta mulher incrível.

Com as braçadeiras na mão, eu me inclino e puxo um mamilo em minha boca, fazendo-a gemer. Suas costas se arqueiam, precisando mais de mim, mas tudo que ela consegue é minha boca. Uma vez que seu botão está duro e molhado, eu o prendo. Repetindo a ação em seu outro mamilo, dou um passo para trás e a considero.

—Senhor, — ela sussurra. —Estou molhada.

—Boa menina. — Sorrio, sabendo que ela está molhada, porque posso sentir seu cheiro doce e almiscarado, de onde estou. —Abra bem as pernas, — digo-lhe, pegando o plug anal.

Uma vez que suas coxas estão abertas, eu provoco o metal frio sobre sua carne aquecida. Ela estremece com o contato, arrepios subindo em cada centímetro de sua pele. Linda pra caralho.

—Levante suas pernas. Eu quero ver os dois buracos. — Meu comando é rouco, cheio de necessidade. Já estive com muitas mulheres antes, mas Savannah é o epítome da perfeição.

Eu molhei o brinquedo de metal com sua excitação, antes de deslizar para baixo, entre suas nádegas. Gentilmente, eu a provoco. Choramingos suaves são tudo que ouço, quando ele desliza em seu buraco apertado.

—Abaixe as pernas agora e as mantenha abertas. — Ela me obedece. Levantando da cama, pego o pequeno chicote, no gancho contra a parede. Eu o arrasto sobre seu corpo, provocando os grampos, ganhando um miado, e não sei quanto tempo posso aguentar, antes de foder sem piedade.

Erguendo o chicote, eu o coloco em suas coxas, peito, depois em cada seio, ganhando belos gritos de prazer. Sua pele fica com um adorável tom de vermelho, com o formato quadrado da ponta do chicote. Eu arrasto o couro contra sua boceta, sorrindo, quando ela estremece com o contato contra sua carne sensível.

—Você quer, querida? — Questiono, batendo em suas coxas suavemente no início, então mais forte a cada golpe. Pequenos vergões rosa se formam em sua pele cremosa, fazendo meu pau latejar. Ela está linda, amarrada e indefesa, deitada na cama, à minha mercê. Posso fazer o que quiser com ela. Ela é minha.

—Sim, por favor, senhor.

—Em sua linda boceta? — Brinco, observando o quanto ela adora sentir a leve mordida do couro. Eu não a machuco, mas o formigamento, que sei que lhe dá prazer, é minha principal prioridade.

Ela move a cabeça em um aceno. —Sim, sim, por favor, — ela murmura, e eu lhe dou o que ela precisa. Assim que o primeiro golpe atinge sua boceta, ela grita e estremece. Suas coxas já estão tremendo, os dedos dos pés se enrolando e as mãos puxando a corda. Sua cabeça se inclina para trás contra o colchão, e eu sei que ela está perto.

—Se você gozar, vou te punir.

Eu chovo mais três chicotadas em seus lábios da boceta, agora rosados, antes que ela levante os quadris e implore. —Por favor, senhor, eu preciso gozar. Por favor, posso gozar?

—Isso te agradaria?

—Se isso lhe agrada, Senhor.

Dou mais dois golpes contra sua boceta, antes de ordenar. —Faça. Goze para mim.

E ela faz. Seu corpo está atormentado por calafrios e tremores. É a vista mais linda que já tive a sorte de testemunhar. Ligando o vibrador no mínimo, eu o pressiono contra seu clitóris, antes que ela tenha tempo para pensar, provocando um gemido alto dela.

—Oh, por favor, senhor. Deus, eu não posso... eu não posso...

Suas palavras são incoerentes, enquanto a vejo responder à tortura. Suas pernas estão tremendo e sei que ela está perto de seu segundo orgasmo, mas vê-la deitada sob meu controle, é como uma linha grossa de cocaína, atingindo todos os meus sentidos de uma vez.

Eu não preciso dessa merda na minha vida. Tenho tudo o que preciso e está bem aqui nesta cama. Eu continuo a torturar minha garota, enquanto ela encharca os lençóis debaixo dela, mas nada disso importa, apenas o seu prazer importa.

—Senhor, por favor, posso gozar? — Ela pergunta novamente. O apelo em sua voz é inebriante e viciante. Isso me deixa ainda mais duro, e eu giro o vibrador, até que ela esteja agarrando a corda, os nós dos dedos brancos, enquanto segura as amarras. —Por favor, senhor, não posso... por favor?

—Faça isso, — ordeno, mergulhando dois dedos em sua boceta, e seu corpo convulsiona descontroladamente, enquanto seus quadris sobem, montando minha mão, até que ela grita, enquanto o desejo puro e inalterado a destrói.

Puxando meus dedos dela, eu me inclino sobre sua forma trêmula e pressiono meus dedos em seus lábios. Ela suga os dois dedos, saboreando sua essência. Segurando-me em um cotovelo, empurro minha calça para baixo, meu pau saltando livre, cutucando sua entrada.

—Você me quer dentro da sua linda boceta? — Questiono, puxando a venda de seu rosto. Grandes olhos cor de safira encontram os meus e brilham como a própria gema.

—Por favor, faça-me sua.

—Você sempre foi minha, — digo a ela, deslizando lentamente em seu calor pulsante. Totalmente dentro, paro todos os movimentos, dando a ela um momento para se acostumar comigo. O plug, que está dentro dela, esfrega contra meu eixo, mas o objeto só faz sua doce boceta ficar muito mais apertada. Preciso de todo o meu controle para não encher ela com minha semente, quando deslizo para fora lentamente, em seguida, empurro de volta. Com seus calcanhares pressionando minha bunda, ela levanta seus quadris contra mim, fazendo-me sorrir. —Minha namorada precisa de mim?

—Você sabe que sim, Senhor.

Eu me movo. Lento no início, mas sua boceta parece muito boa para fazer amor. Este sou eu a reivindicando, e faço isso rápido, forte e profundo. Meus quadris balançam para frente e para trás, meu pau entrando tão fundo nela, que tenho certeza de que ela pode me sentir em seu estômago.

Nossos corpos se movem em uníssono. Suas unhas arranham minhas costas, puxando-me para mais perto, e é como se eu não pudesse chegar perto o suficiente. Eu quero escalar dentro de sua alma e viver para sempre dentro dela.

—Goze no meu pau, — digo-lhe. Ela sorri, seu corpo perdendo todo o senso de controle, quando começa a tremer novamente. Eu puxo os grampos de seus mamilos, sugando-os em minha boca, quando ela geme e arqueia em mim.

Eu quero aguentar, quero transar com ela até que desmaie, mas sua perfeição não me permite esperar, porque momentos depois, eu me junto a ela em euforia e derramo minha semente dentro dela.


Savannah

 

O sol aquece minha pele, quando rolo e abro os olhos. Eu encontro um olhar verde afetuoso, me olhando.

—Você está sendo perseguidor, — digo a ele.

Mason ri. —Eu sempre vou perseguir você, querida, — ele me informa, e sei que ele não está mentindo, pois tem as conexões para fazer o que quiser, e tenho certeza de que, se algum dia quisesse ir embora, ele me seguiria a qualquer lugar que eu fosse.

Eu me levanto, enrolando-me em seus braços, mas não consigo mais olhar para ele. A tristeza da nossa discussão ainda está doendo, e eu sei que precisamos conversar, mas odeio fazer coisas de adulto e ter que passar pela dor que ambos, claramente, experimentamos.

—Savannah, — ele murmura no meu cabelo, pressionando um beijo na minha cabeça. —Nós precisamos conversar. Há muito que preciso dizer.

Eu me afasto. Ajoelhada na cama, sento-me em meus calcanhares e o observo. Estou embrulhada no lençol e nada mais. Seu olhar passa por mim, então, languidamente, encontra o meu.

—Levei muito tempo para admitir quem eu sou. Não só para você, mas para mim.

Ele parece culpado e me pergunto se eu poderia ter-lhe facilitado. Mas então, percebo que não há nada que pudesse ter feito, porque ele escolheu não estar naquela vida, muito antes de eu aparecer.

—Eu sabia quem você era, no momento em que entrei em Sins. Mas não foi por isso que aceitei ser sua submissa.

Ele concorda. —Eu sei. Percebi, quando estava puxando o gatilho, vendo o homem que matou seu pai dar seu último suspiro.

—O que?

—O homem que fui matar em Nova York, — explica Mason. —Meu tio Marcello, ele mandou que levassem você, para eu sair e matar aquele idiota, porque ele não queria que você sujasse as mãos com sangue.

—E você sabia disso?

—Não no começo, — ele admite. —Mas quando ele me disse, depois que terminei o trabalho, percebi que, por mais que não confie nele, pela primeira vez na minha vida, meu tio fez algo de bom.

Balançando a cabeça, eu franzo minhas sobrancelhas em confusão. —Eu não entendo. Você disse...

—Eu li o arquivo sobre o homem que eu ia matar. Ele era um traficante. Também começou a negociar em nosso território. Armas, mulheres, drogas. Eu vi o caso em que seu pai estava trabalhando, estava no arquivo. Seu pai estava disfarçado, querendo derrubar Bianchi. Foi quando ele foi assassinado.

Piscando, permito que minhas lágrimas caiam. Mason me puxa para seus braços e me segura, enquanto choro. Todas as emoções, a raiva e a tristeza pelo que aconteceu, vazam dos meus olhos, e permito. Eu me permiti sentir a dor pela última vez, porque agora que sei que o idiota está morto, posso, finalmente, seguir em frente.

—Você o matou?

—Eu fiz.

A voz de Mason é baixa, com uma sugestão de algo, talvez orgulho.

—E agora é hora de você me ouvir sobre outro assunto.

Erguendo meus olhos, encontro os dele.

—Nosso bebê. Você, eu, somos uma família. Eu não posso deixar você ir, Savannah. Não demorei muito para perceber. Você sempre foi a única mulher que desejei. Desde o momento em que você entrou na minha vida, até o momento em que encontrei aquele maldito teste de gravidez no lixo. E quando eu quero algo...

—Você pega? — Gracejo.

—De fato. — Sua boca se inclina, com um sorriso pecaminoso.

—E o que te faz pensar que vou ficar?

—Se você não fizer isso, vou te amarrar à cama e te manter aqui para sempre. Você não tem mais escolha, querida, — ele me diz. —Você é minha e quero te tornar a Sra. Gianetti.

—Você está propondo? — Questiono, afastando-me dele, para olhar seu rosto. Há travessura em sua expressão. Ele alcança a gaveta de sua mesa de cabeceira. Puxando uma caixa de prata elegante, ele a entrega para mim.

—Abra isto.

Com dedos trêmulos, desfaço o laço, a fita caindo no colchão. Abrindo a tampa, encontro uma gargantilha de prata fina, com diamantes engastados no delicado cordão. Junto com ele está um anel de diamante de corte de princesa. Eles estão entrelaçados, como se o anel fosse um pingente, mas sei que não é.

—Mason...

Ele se levanta e se ajoelha ao lado da cama. Alcançando minha mão, ele a pega com as suas, pressionando um beijo suave em meus dedos. Seus olhos verdes brilham, enquanto me olham com tanto amor, que me tira o fôlego.

—Esta não é apenas uma proposta para ser minha esposa, mas também uma coleira, para ser minha submissa. Eu quero ficar para sempre com você como parceira, uma submissa, uma esposa, uma mãe para meus filhos. Você é tudo para mim, Savannah. Você é meu amor, meu mundo, minha rainha.

Sua voz está rouca, carregada de emoção, o que me sufoca.

Mais uma vez pisco e permito que as lágrimas caiam. Desta vez, não é tristeza, é a felicidade que escorre dos meus olhos. Assentindo, sorrio para ele. Puxando ele para mais perto, permito que meus lábios toquem os dele, antes de sussurrar. —Eu serei sua. Sempre.

Assim que o anel está no meu dedo, não consigo parar de olhar para ele. Mason prende a gargantilha em volta do meu pescoço, que brilha nas luzes que estão sobre nós, do teto. É excelente.

—Você nunca mais vai me deixar, — ele me diz, e não tenho dúvidas de que Mason me encontrará, não importa aonde eu vá. Mas é exatamente isso. Eu cansei de correr. Eu quero uma família. Eu quero uma vida livre de raiva e vingança.

Tudo o que quero agora é felicidade e amor.


Epilogo


Mason


Cinco meses depois

 


—Eu te odeio, Mason Gianetti! — Seu grito é alto, ecoando nas paredes da sala privada, que paguei. Ela está ainda mais bonita agora, do que nunca. Seu cabelo está emaranhado, seus olhos arregalados, queimando de um azul de fúria por mim, e tenho que lutar para abafar a risada estrondosa em meu peito.

—Eu te amo, querida, — digo a ela.

—Empurre, — o médico diz a ela, fazendo-a morder um palavrão para o homem, que está para lhe entregar nosso bebê. Um menino. Sempre soube que seria e mal posso esperar para segurá-lo em meus braços. Savvie queria um parto natural e me pergunto se neste momento, ela está se arrependendo.

—Você está indo muito bem, meu amor, — digo-lhe, observando seu rosto enrugar de raiva.

—Não seja um idiota, — ela retruca com veemência, e minhas palmas se contraem para espancar sua bunda empinada. Mesmo que ela tenha obtido novas curvas, seu corpo é glorioso, e eu a quero constantemente. Depois de todo esse tempo, ela ainda é a mulher mais linda que já vi.

Eu me inclino, enquanto ela grita assassinato sangrento. O médico ergue os olhos, sorrindo, ao nos informar que a cabeça está para fora.

—Mais um grande empurrão, — ele diz a ela. —Estamos quase lá.

—Porra! Mason, eu te odeio para sempre.

—Eu te amo, sempre, — respondo. Sua mão esmaga a minha, enquanto ela a agarra com um aperto de aço, que faz com que o fluxo de sangue pare seu caminho até a ponta dos meus dedos.

Um grito alto, vindo dos braços de nosso médico, chama minha atenção e meu olhar encontra meu filho. Ele é minúsculo, mas sua voz é poderosa, e não consigo impedir meus olhos de lacrimejarem de emoção. Nunca, na minha vida, pensei que veria o dia em que me tornaria pai, mas bem aqui, neste momento, encontrei o amor perfeito. Savvie me deu um presente, que nunca poderei devolver.

—Ele é perfeito, — eu digo, quando o médico coloca o pequeno pacote nos braços de Savannah. Ela já está chorando, e sei que logo vou seguir seu exemplo. O corpo minúsculo que ela está segurando, enche meu coração de afeto, amor e orgulho.

—Ele é tão doloroso quanto você, — minha esposa ri, cansada, olhando para mim, quando a mãozinha envolve meu dedo. Eu nem percebo o barulho dos médicos, enfermeiras e máquinas. A única coisa que importa, é o menino nos braços de Savannah.

—Você nos ama.

Ela concorda com a cabeça, com um sorriso que nunca vi em seu rosto antes. Seus olhos vibram e eu me ofereço para levá-lo, dando-lhe tempo para descansar um pouco, após o parto. Tem sido exaustivo e não fui eu quem estava na cama. Pressionando um beijo em sua testa, ofereço um sorriso e ela, lentamente se acomoda.

Sua pele brilhante está suada, o cabelo emaranhado, mas ela é perfeita. Uma mãe. Minha esposa. A mulher que sempre vou amar e proteger. E ela também aceitou minha coleira. Uma submissa que se curva à minha vontade, mesmo enquanto me desafia a cada passo. A combinação perfeita de doce e sedutor.

—Eu sempre vou te amar, doce Savvie, — murmuro, antes de seguir o médico para limpar Marco. Decidimos batizá-lo com o nome de meu pai. Um bom homem, cheio de orgulho, mas ele amava sua família do mesmo jeito. Ele me ensinou tudo, e tenho sorte de tê-lo tido em minha vida.

Agora, tudo o que está faltando em nossas vidas é uma linda filha, que se pareça com sua mãe. Eu pretendo levar Savvie de volta para aquela cama de hospital, dando à luz uma menina, assim que eu puder. Se ela não me matar primeiro.

Eu rio com o pensamento, enquanto observo meu bebê mamar em seu punho. Eu sei que ela me ama e ama nossa família. Mesmo que tenhamos tido um caminho difícil, sei que vamos ficar bem.

É isso que o orgulho faz, dá a você a confiança obstinada que sempre tive. E é isso que minha doce menina tem que aguentar. Tenho sorte de ela ter concordado em fazer isso para sempre.

 


Savannah

 

Já se passaram dois meses, desde que dei à luz a um menino perfeito. Mason assumiu seu papel na organização, mas ainda tem o foco no clube. Por mais que ele queira correr em tempo integral, finalmente tem que se colocar no lugar do pai.

Sempre me perguntei por que ele nunca fez isso antes, mas uma noite, ele admitiu que não se sentia bom o suficiente. Mesmo que tenha gostado do caminho escuro com o qual cresceu, demorou muito, por ver seu pai morrer e então, entrar no lugar do homem e assumir o controle.

Eu não conseguia imaginar isso. Ter que administrar o negócio sem seu mentor. Quando relatei à agência, que o homem que matou meu pai foi Bianchi, eles encontraram seu corpo em um depósito em Nova York, com a ajuda de Cristiano Russo. Eles encerraram o caso.

Quando perguntei sobre meu parceiro, o homem que deveria estar lá, quando eu precisasse de apoio, eles me informaram que seu corpo apareceu no necrotério com as mãos cortadas. Eu me perguntei quem era o responsável. Eles não podiam me oferecer respostas, mas, no fundo, tenho a sensação de que tinha a ver com o tio de Mason. Há algo em que não confio naquele homem.

Assim que pude, saí. Não era mais a vida que eu queria. Quando entrei para a agência, tinha vingança em meu coração. Agora, tenho amor. Não havia mais razão para eu estar ali. Tive que seguir em frente e agora tenho uma família para cuidar. Algo novo para focar. Mas Mason me deu o encerramento que eu precisava. Saber que o homem que matou meu pai está morto, deu-me uma sensação de segurança.

Olhando para a cadeira de balanço, vejo meu marido e meu filho dormirem. Mason se agarra a ele, como se fosse frágil, e sei que ele é, mas a gentileza que vi em meu marido, apenas encheu meu coração com mais amor do que nunca. Nosso filho, Marco Alessandro, tem sido um sonho. Mesmo que tenhamos passado algumas noites sem dormir, na maioria das vezes foi fácil. Não posso deixar de sorrir para meus meninos, enquanto coloco o cobertor sobre eles e vou para a cozinha.

Enchendo minha caneca com água quente, coloco um saquinho de chá e me sento no sofá. Esta vida pode não ter sido um caminho fácil, mas o destino foi tudo que eu poderia desejar. A única coisa que tornaria tudo ainda mais perfeito, seria ter meu pai aqui, mas sei que ele está em espírito. E, no fundo, eu sei que ele teria amado Mason e Marco, tanto quanto eu.

—Obrigada por esta vida, papai, — sussurro e fecho meus olhos, enquanto relaxo em nosso sofá.

 

 

                                                                  Dani René

 

 

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