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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


BRUMA NAS HIGHLAND / Donna Grant
BRUMA NAS HIGHLAND / Donna Grant

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio "SEBO"

 

 

 

 

   

           Castelo Sinclair, as Highland de Escócia.

           3 de Fevereiro de 1607.

Nunca foi fácil ser um homem. Mas ser um Druida e além Laird era ainda mais difícil. Entretanto, Duncan Sinclair tinha conseguido ser as duas coisas, além de marido e pai, mas foram estes dois últimos papéis os que lhe deram as maiores satisfações de sua vida.

Girou a cabeça e olhou sua esposa que sustentava em seus braços a sua filha recém-nascida. Não deixava de recordar a profecia. Uma profecia que poderia alterar o curso do futuro.

Duncan levantou da cadeira colocada diante do fogo e se aproximou da cama. Descansou sua mão sobre a cabecinha do bebê.

–Não pense nisso agora. – disse Catriona suavemente para não despertar ao bebê.

–Não posso deixar de recordá-lo. O destino do mundo descansa sobre seus ombros, Cat.  

Catriona riu em silêncio, seus verdes olhos faiscavam.

–Se preocupa muito, marido. Tivemos a nossa terceira filha, depois de muito tempo sem nenhuma esperança de ter mais filhos. Somos Druidas. As educaremos bem e lhe ensinaremos a utilizar bem seus poderes.

Duncan gemeu.

–Poderes. O Fae deve ter as coisas muito claras para lhes conceder poderes.

O bebê se mexeu e emitiu um pequeno grito.

–Tem bons pulmões, igual a seu pai, – disse Catriona balançando à pequena. Como deveríamos chamá-la? Moira e Fiona irão perguntar amanhã pela manhã.

–Silêncio, – Duncan elevou uma mão sossegando a sua esposa – ouvi algo.

Logo que tinha pronunciado essas palavras quando as portas do quarto se abriram com força estrelando-se contra as paredes.

–Você – vaiou Duncan.

Correu para agarrar sua espada perto da cama e rapidamente a levantou.

Alistair MacNeil passeou pela antecâmara com seis homens colados em seus calcanhares.

–Então é verdade. O moleque nasceu no Imbolc tal como a profecia prognosticava.

–Morrerá por ter se atrever a entrar em meu lar – resmungou com ódio Duncan.

Duncan levantou sua espada e atacou MacNeil.

MacNeil deu um passo para trás esquivando-o. – Não seja idiota Sinclair. Não sou seu inimigo.

Pela extremidade do olho, Duncan viu como Catriona, sua mulher saiu da cama e virou-se para um canto com sua filha entre os braços. Não permitirei que lhe façam mal. – Seus homens não são ninguém.

A risada seguiu a suas palavras. – Realmente acha que só trouxe seis homens comigo? Eu vim matar a suas filhas, Sinclair. Trouxe meu exército inteiro.

Duncan deu um passo para MacNeil e foi interceptado no caminho por um soldado. Duncan não vacilou com sua espada e resistiu o ataque do soldado.

MacNeil riu vendo lutar a Sinclair. Sim resultava tudo tal como o planejou era hora de dar o seguinte passo. –A propósito Sinclair. Sabiam que há um traidor entre seus homens? Infelizmente para ti, nunca saberá quem é.

Riu ao escutar grunhir a Sinclair. Justo a reação que queria.

–Não se preocupe Sinclair, sua família logo se unirá no inferno.

Fez um sinal com a cabeça e seus homens se equilibraram sobre Sinclair, que simplesmente levantou sua loira cabeça e os chamou de traidores. MacNeil a contra gosto deu crédito a Sinclair. O homem lutou corajosamente até tendo tudo contra.

Para sua surpresa, Sinclair se desfez de dois de seus homens tão rápido como um batimento do coração, e feriu outro. Por um instante MacNeil chegou a pensar que esse homem não era mortal, que tinha se aliado com algum demônio, ou inclusive com o diabo, para ter tanta força. O último soldado logo foi derrotado e ele não teria muitas possibilidades de sucesso ante as habilidades de Sinclair.

Mas MacNeil encontrou sua oportunidade quando Sinclair se girou para bloquear um golpe do último soldado. Com um movimento rápido elevou sua espada e a incrustou pelas costas de Sinclair.

Um grito estridente quebrou o ar tal e como o fez a espada do homem sossegando o ruído que fez o corpo inerte ao cair ao chão, com os olhos frágeis olhando a sua mulher. –Assassino – gritou Catriona.

MacNeil se girou e olhou fixamente à mulher que estava diante dele, com cabelos negros e seus olhos verdes brilhando de fúria. Ela podia lhes dar filhos bons e fortes apesar de ser uma pagã. Embainhou a espada e caminhou para ela, detendo-se umas polegadas de distância, seus dedos acariciando o punho de sua adaga oculta em uma das mangas. Os gritos do bebê, esquecido em um canto do quarto, ressonaram na antecâmara.

–Só libero a Escócia de escória como eles, Catriona - disse antes de lhe cortar a garganta.

Seus olhos verdes se alargaram de assombro antes de fechar-se e cair ao lado de seu marido.

MacNeil olhou ao casal, o sangue que derramaram ambos misturando-se no chão.

–Traga o bebê–. Ordenou, ao único soldado que restou vivo.

Os soldados de MacNeil abandonaram a antecâmara rindo ao ver com que facilidade tomaram o castelo.

A luta quase tinha cessado e agora os sons de seus homens celebrando a vitória podiam ser ouvidos.

Tão só ficava uma tarefa por realizar.

Seus homens se apinhavam fora do quarto das crianças se separaram quando se aproximou. Dentro, viu a duas garotinhas no meio do cômodo, seus corpos sem vida estavam cobertos de sangue.

– Estas eram as únicas crianças?– perguntou-lhes.

–Sim, meu Laird.

MacNeil suspirou aliviado.

Terminou.

Acabaram-se as profecias pendurando sobre sua cabeça como um machado pronto para cair em cima. Isso foi o que pensou até que escutou o grito de uma criança, recordando-o que tinha deixado uma com vida. Então pensou que com as irmãs mortas essa criança em particular não representava nenhum perigo.

Podia usar suas habilidades de Druida e os poderes que possuísse para seu próprio benefício.

Sem a ameaça da profecia era livre para saquear a vontade, mas… Quanto mais poderoso podia chegar a ser com um Druida ao seu lado?

Nenhum Clã de Escócia se oporia.

–Venham nosso trabalho aqui já terminou - disse.

– E o bebê? – perguntou-lhe um dos soldados.

–Traga-o.

 

 

 

 

                               Terras Altas De Escócia

                               Abril de 1625

Conall MacInnes nunca quis atravessar as portas do castelo MacNeil a quem queria destruir com sua própria mão, mas pelo bem de seu clã era o que estava fazendo nesse momento.

–É um bom momento para perguntar sobre Iona – disse Angus enquanto cavalgavam através das portas.

Conall olhou a seu amigo. – Sim. Já tinha pensado nisso.

A mera menção a sua irmã produzia um espasmo doloroso. Tinha passado quase um ano desde seu desaparecimento, e não tinham encontrado nenhum rastro. Não graças aos Druidas que mantinham escondidos. Afastou de lado seus pensamentos e se concentrou na tarefa pendente.

Angus grunhiu enquanto desmontava, seu gigantesco corpo ressaltava diante de qualquer homem, incluído Conall. –Não sei se quarenta de nossos homens são suficientes para meter-se neste poço Infernal.

–É uma reunião pacífica. Não podia trazer um exército, – vaiou Conall embora desejasse ter trazido mais. Olhou para cima e divisou a forma desajeitada de Alistair MacNeil caminhado para eles.

MacNeil mantinha o cabelo cinza separado do pescoço. A barba marrom claro era espessa e estava salpicada ligeiramente de cinza, mas ainda se comportava como um jovem guerreiro. A autoridade sobre seu clã se notava quando os homens inclinavam à cabeça respeitavelmente e as mulheres evitavam olhá-lo enquanto passava.

Não era exatamente o que Conall chamaria um bom líder, se todo mundo lhe temia, mas de todas as maneiras MacNeil era conhecido nas Highlands como um açougueiro que não conhecia o significado da palavra misericórdia.

–Estava temendo que não tomasse a sério minha oferta. Muitos diziam que é muito jovem e estúpido para vir, – disse MacNeil quando chegou até eles. Seus olhos castanhos vagaram sobre os homens de Conall avaliando-os para a batalha.

Conall tinha na ponta da língua lhe dizer que não tomava a sério a oferta.

–Os Lairds farão bem em manter seu clã seguro e feliz.

– Inclusive um como eu?

Conall literalmente podia sentir a Angus preparando-se para uma briga. –Sim, MacNeil, inclusive um como você.

–Mas tenho que me perguntar, – disse e se colocou diante de Conall. – Por quê? Todos outros recusaram e me desafiaram no campo de batalha.

–Lutei contra muitos clãs, mas quero a paz para o meu. E se o preço para consegui-la é ter uma trégua com você, então que assim seja.

– Não me teme?

Conall viu a surpresa no fraco rosto de MacNeil. –Não, não temo.

–Meus soldados excedem em número a seu clã, e se atreve a falar assim.

–A lealdade é o que conta. Que importa se tiver dez mil soldados, mas nenhum é leal a você.

MacNeil assentiu pensativo e o golpeou ruidosamente no ombro. – Vêem e bebe comigo. Temos a melhor cerveja dos arredores. E enquanto bebemos podemos falar de paz.

Conall o seguiu lentamente. Suas vísceras lhe diziam que algo não estava bem. Observou a condição do muro exterior do castelo MacNeil. Estava horroroso, não havia meninos correndo, brincando ao redor ou grupos de mulheres conversando. As pessoas não respondiam a seu olhar, mas os soldados o desafiavam com sua atitude a fazer um mau movimento.

Gotejavam brutalidade. Conall sabia que seria um milagre sair vivo daqui, podia ser que o Laird quisesse uma trégua, mas os soldados não a queriam.

A tranqüila quietude do muro exterior do castelo perturbou a Conall. Estava acostumado ao bate-papo e aos sons da vida cotidiana em sua casa, mas não ao silêncio de um cemitério.

Viu seus homens olhar com cautela ao redor. Nenhum era tolo. MacNeil tinha demonstrado ser uma e outra vez o inimigo, por que hoje devia ser diferente? Era muito provável que não, mas tinha que pensar na promessa feita a sua mãe de trazer para casa a Iona. E para levá-la a casa tinha que pôr de lado seus sentimentos pessoais.

–Estamos aqui em prol da paz entre nossos clãs, – recordou Conall a seus homens e a si mesmo.

–Independentemente do que os soldados tentem não façam caso a menos que eu diga o contrário.

Entraram em uma sombria sala que se encontrava cheia de soldados e de umas poucas mulheres servindo hidromel, mas MacNeil não se via por nenhuma parte. O guarda de Conall subiu imediatamente enquanto ele observava a condição horrenda do castelo e de seus habitantes.

Fragmentos de ossos velhos e urina cobriam o chão. A roupa das mulheres estava imunda e rasgada, e apenas cobria os corpos. A diferença dos soldados que tinham a roupa suja, mas não desgastada. O resto das velas não tinha sido limpo do chão nem dos juncos. Definitivamente, era um lugar repugnante para entrar, e estava imensamente agradecido que sua mãe tivesse mantido o castelo tão limpo.

Seus olhos percorreram os arredores do salão, desta vez revisando mais ao fundo os homens. A maioria estava em grupos lhes olhando cautelosamente, só uns poucos permaneciam sozinhos. Conall era um homem que tomava vantagem quando tinha ocasião. Agora era uma dessas vezes.

Agarrando uma taça de cerveja se dirigiu para um moço que se recostava contra a parede. Enquanto se aproximava advertiu que era muito jovem e ocultou um sorriso pela facilidade com que conseguiria informação.

O moço o olhou e imediatamente lhe saudou. –Laird MacInnes.

– Conhece-me?– perguntou-lhe Conall e observou com atenção.

–Sim, – respondeu e se engasgou visivelmente. – Um clã conhece tudo de seus vizinhos.

– Assim sabem de minha irmã, Iona, e seu desaparecimento?

–Não, – respondeu o jovem moço rapidamente – um pouco muito rápido e baixou a cabeça.

Está mentindo. O poder não desejado o impactou ante a mentira do moço. Conall quis gritar de fúria. Mas se conteve e o alfinetou adicionalmente, suavizando a voz.

–Certamente sabe. Como diz que conhece tudo de meu clã.

O moço levantou os preocupados olhos e mordeu o lábio. – Lembro que diziam que tinha desaparecido.

– Mas não sabe nada mais?

–Não. Devo ir aos estábulos A... Ah... Necessitam-me, – terminou fracamente e saiu rapidamente.

Conall chutou com fúria desenfreada. Não haveria nenhuma conversa de trégua, agora que sabia que MacNeil tinha algo que ver com desaparecimento de Iona. Agora falariam de vingança e lutariam.

Apesar de que odiava admiti-lo, seus poderes eram muito oportunos em momentos como este. Respirou profundamente, várias vezes, antes de poder acalmá-lo suficiente para retornar com seus homens e informar de suas conclusões. Justo quando se voltou, um brilho de luz captou sua atenção.

Espadas. Espadas desembainhadas.

Esta não era uma negociação de paz. Era uma armadilha. Assobiou e jogou no chão a taça. Em segundos as espadas de seus homens estavam desembainhadas. Uma tropa de tartanes com as cores MacNeil lhes rodeou. Tirou a espada e olhou de frente a seus inimigos, oferecendo a cada um uma larga e dolorosa morte.

Os sons de metal se chocando contra o metal os rodeavam enquanto seus homens lutavam. Pela extremidade do olho divisou a Angus que jogava como uma besta a um homem por cima de seus ombros antes de tirar rapidamente a espada do soldado. De um só olhar captou que todos seus homens estavam rodeados e lutavam com valentia.

Com um giro para baixo fugiu da estocada mortífera de uma espada e se incorporou disposto a ver sua espada manchada de sangue. Seu sangue clamava vingança, exigia vingança. Vingança para Iona. Talvez quando sua família fosse vingada deixaria de sentir-se impotente.

Os cinco soldados que o rodeavam não fizeram nem um só movimento. Conall estudou a cada um até que encontrou justamente ao homem que procurava. O soldado tinha um olhar cauteloso nos olhos.

Quase riu quando piscou os olhos ao soldado e viu como seu rosto avermelhava. O soldado correu para ele com a espada girando grosseiramente. Com um veloz arco descendente de sua própria lâmina, Conall terminou com a vida do homem.

Os outros quatro trataram de alcançá-lo imediatamente. Bloqueou um golpe mortal que deixou seu braço como se estivesse em chamas, mas ignorou a penetrante dor. Em rápida sucessão enviou dois soldados mais à morte e enfrentou aos dois últimos.

Um deles se tornou para trás, e Conall voltou sua atenção no outro homem. O soldado se equilibrou. Conall se afastou facilmente do caminho e baixou a espada para fatiar a parte traseira do joelho do soldado. O homem se encolheu, gritando de dor, com a espada e a batalha esquecida.

Conall se encontrou então de barriga para baixo no chão, com um grande peso sobre as costas, lhe aprisionando. Divisou um braço e rapidamente começou a rodar o peso liberando-se. Um olhar lhe disse que o soldado estava morto. Sentou-se e encontrou a Angus de pé em cima dele.

–Não posso acreditar em meus olhos. O que estas fazendo sobre o chão quando há uma briga, homem?– perguntou-lhe Angus com um brilhou nos olhos.

Conall revirou os olhos e levantou sobre seus pés quando mais soldados MacNeil atacavam. Sua espada estava empapada com sangue quando viu um homem que não vestia nenhum tartán, salvo um colete de pele e umas estreitas calças escocesas que tropeçava com um cadáver enquanto lutava com um MacNeil. O soldado levantou os braços, a ponto de acabar com a vida do desconhecido. Conall não estava disposto a permitir que o homem morresse, não quando lutava contra os MacNeil.

Com uma estocada baixa, Conall matou ao soldado que tinha estado opondo-se o e saltou em cima de vários mais antes de empurrar sua espada entre o desconhecido e o soldado MacNeil.

A espada do soldado soou como um sino contra a sua.

Sorriu pela surpresa em sua face antes de retorcer os braços totalmente. A espada do soldado voou de sua mão, e quando se encontrou repentinamente privado da arma, deu meia volta e se escapuliu. Conall riu e interrogou ao desconhecido.

–Salvou minha vida, – disse o desconhecido, com os olhos negros vigilantes.

–Sou Conall MacInnes. E seu é?– perguntou-lhe.

–Gregor.

Conall ignorou o fato que Gregor não ter dado seu sobrenome e estendeu o braço para ajudá-lo a levantar-se. – Boa sorte para você. Eu preciso encontrar a MacNeil.

–Conheço quem te pode dizer.

Olhou a Gregor. – Quem?

–Ela, – disse Gregor e assinalou para a parte superior das escadas.

Em lugar de perguntar-se como sabia Gregor da moça, somente a olhou fixamente. Pela primeira vez em sua vida estava mudo.

De pé em cima das escadas estava uma moça tão bela que podia envergonhar até o pôr-do-sol. As ondas de cabelo escuro se derramavam sobre os ombros quase até a cintura. Era pequena, mas não tinha nenhuma dúvida de que era uma mulher por suas exuberantes curvas e amplos seios. Embora o vestido azul, que se agarrava a sua bonita forma estava melhor remendado que a das criadas, também estava gasto e descolorido.

Passou-se a língua pelos lábios enquanto seus olhos percorriam o delicioso corpo outra vez antes de subir o olhar. Tinha os lábios perfeitamente formados, cheios, mas não muito grossos divididos ligeiramente como se ela levantou teimosamente o pequeno queixo. Seu rosto oval e angelical não tinha expressão, mas seus grandes olhos amendoados estavam cravados nele.

– Quem é ela?– Perguntou ao Gregor.

–A filha de MacNeil.

 

Glenna estava observando a batalha, mas a mente paralisou ante a vista do gigante de cabelo negro com o remarcado tartan verde e azul dos MacInnes, girando a espada com um braço como se não pesasse mais que uma pluma. Os músculos flexionados de seus braços e das nuas costas davam indícios das horas de treinamento, e sua rapidez, para um homem de seu tamanho era quase assombrosa.

Seus amplos e musculosos ombros empurraram aos homens a um lado como se não fossem mais que ervas daninhas que necessitavam ser cortadas. Como não trazia posta uma camisa sob sua saia escocesa, pôde-lhe ver o abdômen musculoso e a estreiteza da cintura. As pernas musculosas o sustentaram quando girou e se afiançou para um golpe.

Mas era seu rosto o que ela queria ver mais de perto.

Quando seus olhos se encontraram com os dela, soube que mudaria sua vida para sempre. Este homem tinha sua alma na palma de suas mãos sem sabê-lo até. Tinha que ser o homem de que Iona tinha falado.

Alguma força desconhecida a manteve plantada onde estava parada com os olhos postos sobre o Laird MacInnes. Inclusive quando correu até acima pelas escadas, esperou em lugar de partir correndo, esperou em lugar de matá-lo como seu pai ordenou.

Chegou até ela e suas pupilas chapeadas arderam quando a olharam, mantinha na quadrada mandíbula um gesto inflexível e duro e o muito negro cabelo seguro na nuca.

– É a filha de MacNeil?

Sua rouca e profunda voz verteu-se sobre ela como água. –Sim.

– Onde está ele?

–Não sei. – Não era mentira. Não sabia. MacNeil tinha escapado depois de ordenar matar aos intrusos. Ela não tinha tido tempo de lhe perguntar exatamente como, uma simples mulher, supunha-se que ia matar a guerreiros treinados.

Não era a primeira vez que se envergonhou de seu pai, e duvidava de que fosse a última. Depois de tudo, um Laird deveria ficar com seus soldados, não escapar.

Outros dois homens se uniram ao Laird MacInnes, um sem tartán e outro com uma barba vermelha. O da barba vermelha perguntou: – Está mentindo, Conall?

Conall. Um bom nome, forte, e muito adequado para este guerreiro das Highland, como o eram seus cinzas olhos, suas altas maçãs do rosto e suas afeições cinzeladas.

–Esta falando com a verdade, Angus, – respondeu sem lhe tirar os olhos de cima. É obvio que dizia a verdade. A urgência por indagar em seus olhos para saber se mentia era forte, mas ela não mostrava nenhuma emoção. Isso tinha aprendido à força com o MacNeil.

– Como se chama moça?

O Laird deu um passo para ela. Seu só tamanho intimidaria ao homem mais valente, e estava muito longe de ser valente. Tragou, com a boca agora seca, e tratou de manter a expressão vazia. – Glenna.

–Bem, Glenna, seja uma boa moça e me diga que direção tomou seu covarde pai.

Sabia que esta era sua única e incomparável oportunidade para escapar de seu pai com êxito. Assim é que conteve seu crescente medo e rapidamente disse, - A única maneira de apanhá-lo é me capturando.

Os notáveis olhos prateados se estreitaram sobre ela, e lhe aproximou um passo mais. – Por quê? Por que voluntariamente se entregaria ao inimigo para ser utilizada como criada?

Para ser livre ansiava gritar. Em lugar disso, disse, – Se você quer vingança e ele me quer . É a única solução.

Depois de vários segundos de ver seu olhar sobre ela, estendeu a mão.

–selou seu destino, moça.

OH sim, pensou ela e olhou a Conall. Era uma breve mensagem que tinha dado sua única amiga, Iona, tinha dito que viria um homem que com sua reclamação facilitaria entregar-se.

Um homem que a liberaria.

Essas tinham sido as palavras de Iona, e tinham sido essas poucas palavras que tinham sustentado Glenna a cada dia. Surpreendentemente, não tinha levado tanto tempo como Glenna tinha esperado. Menos de dois meses, realmente, e tinha se preparado para esperar anos.

Seguiu a Conall e caminhou entre seus parentes mortos. O ódio para os homens MacInnes deveria ter penetrado em seu coração, mas em lugar disso não havia nada. Um vazio intumescido residia em seu peito graças a seu pai e ao clã que somente tinha lhe dado ódio.

Com o Conall liderando diante e Angus e o estranho detrás, estava oculta à vista. Conall a mantinha segura com uma mão ao redor do braço como se temesse que ela fugisse.

Se soubesse que tão desesperadamente ansiava ser livre de tudo isto nem se incomodaria, pensou.

Enquanto esperavam, contou os homens MacInnes e todos os quarentas seguiam de pé, embora a maioria com feridas que precisam ser atendidas. Um assobio baixo de Conall ressonou advertindo a seus homens que já era hora de ir-se.

Um a um, deslizaram-se fora do salão. Olhou ao redor do vazio muro exterior do castelo e ouviu a chamada para que mais soldados MacNeil viessem. O pânico se aferrou a seu coração, e se perguntou se estaria livre por fim de sua prisão.

Aquele rápido olhar foi tudo o que pôde dar Conall a puxou de detrás, ao mesmo tempo em que a empurrava ao cavalo. Antes de dar-se conta, já estava fora das portas do MacNeil só pela segunda vez em sua vida.

–Sou livre, – murmurou contra o vento, agarrando-se a um abdômen sólido como uma rocha enquanto o cavalo corria a toda velocidade fora do castelo.

Os homens de MacInnes se dividiram em dois grupos diferentes para confundir aos soldados MacNeil. Logo se detiveram e se esconderam entre as árvores, esperando que os restos dos homens MacInnes os alcançassem. Conall desmontou e se aproximou para ajudá-la a descer.

Seu olhar a manteve imóvel enquanto lentamente a baixava ao chão. As grandes e firmes mãos a absorveram e a fez sentir-se até menor do que realmente era. Odiava ser tão pequena, mas tinha sido sua sorte na vida, e estar ao lado deste gigante a fazia sentir tão pequena como uma pulga.

De todas as coisas que ela deveria pensar esta não era uma delas. Começou a afastar-se dando meia volta e divisou o sangue em seu braço. –Está ferido, – disse, e se envergonhou de ficar sem fôlego.

Ele olhou o braço e se encolheu de ombros. –Não se engane. É uma ferida pequena. Buscou em sua bolsa e de um forte puxão tiro um pedaço de tecido.

–Deveria cuidar disso agora.

Envolveu o tecido ao redor da ferida de seu braço. – Cuidarei quando chegarmos a minha casa.

Ajudou-o a atar a vendagem com força e retrocedeu. –Você me tocou mais neste curto tempo que ninguém em toda minha vida – disse enquanto esfregava o pescoço do cavalo.

–As pessoas se tocam mutuamente todos os dias, - disse Angus e se moveu mais perto deles. Glenna não disse mais. Toda sua vida tinha sido tratada diferente, e necessitava que pensassem que era tão normal como eles.

Salvou-se de ter que explicar-se pela aparição do desconhecido.

–Ah, Gregor, – chamou Conall. – conheça meu amigo, Angus MacDuff e aos membros de meu clã.

Glenna conseguiu dar uma primeira olhada ao Gregor. O cabelo loiro lhe caía livremente sobre os ombros exceto por duas pequenas tranças que penduravam junto a sua face, e a postura era a de um homem que não temia a nada. Mas seus olhos negros observavam muito. Viu ele passear junto a Conall e observou que eram similares em forma e ambos muito altos.

Angus e Gregor se estreitaram as mãos e Conall informou sobre como tropeçou com Gregor. – O que estava fazendo ali de todos os modos?– Perguntou Angus.

–MacNeil não é conhecido por sua bondade.

Os três homens a olharam antes que Gregor respondesse, – estava ali por um assunto pessoal. Devo-te minha vida, Conall.

Declarou como se isso o atormentasse, e Glenna percebeu tratar-se de um homem que não gostava de estar em dívida com ninguém. E sorria somente o necessário, sem que o sorriso alcançasse os olhos. Seu interesse provinha do fato que tinha estado na casa de sua família e ela nem sequer o tinha conhecido. O que mais esconderia MacNeil?

–É bem-vindo em meu clã em qualquer momento, – disse Conall e aplaudiu Gregor nas costas. – Qualquer homem que luta contra os MacNeils é um aliado.

Sua mente correu depressa assim que tinha escutado a Gregor. O que tinha estado fazendo no castelo? Nunca o tinha visto antes, mas atuava como se conhecesse MacNeil. Não passou muito tempo antes que o resto de homens MacInnes o rodeasse. Rapidamente se ocuparam de suas feridas enquanto a estudavam. O peito começou a lhe doer com uma grande pressão como se tivesse um grande peso ali, enquanto que a parte de atrás de seu pescoço lhe pulsava dolorosamente.

Ela olhou para cima e divisou os olhares de ódio e malícia dirigida a ela. Certamente os soldados não podiam ser a causa, mas sabia em seu coração que o eram. Anteriormente havia sentido essa dor em sua própria casa, mas não tinha sido como este horror.

Suas extremidades ficaram tão pesadas que apenas as podia levantar sem grande esforço. A respiração se fechou dentro de seus pulmões e quanto mais batalhava mais difícil era respirar.

A dor alagou seu corpo enquanto tratava de evitar que percebessem em seu rosto. Os olhares corroeram sua resistência até que teve que apoiar-se contra o cavalo ou derrubar-se sob o peso delas. O medo aninhou comodamente em seu estômago e ameaçou trazendo de volta os velhos demônios.

– O que vais fazer com ela, Laird?– Perguntou um.

Afastou o medo e afiou os sentidos para poder escutar a resposta. Tinha sido uma idiota por acreditar nas palavras de Iona? Como podia qualquer cativo confiar em seu raptor tão facilmente sua segurança como confiou a sua a ele?

–É minha prisioneira. Tenho a intenção de trocá-la por minha irmã, Iona.

Glenna ficou sem fôlego e tratou de permanecer sobre os pés enquanto as palavras de Conall se afundavam na escuridão e ameaçava prendê-la.

Iona? Os Santos me ajudem. Matará-me quando souber a verdade...

 

A primeira coisa que Glenna viu quando abriu os olhos foi um intenso olhar prateado perfurando-a. A firme mandíbula de Conall, um nariz que tinha sido quebrado ao menos uma vez e as negras sobrancelhas que se arqueavam muito ligeiramente, surgiam ameaçadamente por cima dela.

–Pensamos que a tínhamos perdido, moça, – disse Angus enquanto se ajoelhava junto ao Conall. Conall franziu o cenho. – Deveria ter dito que precisava descansar.

– Não era isso – disse ela.

– Então o que foi?

Seu olhar viajou sobre os homens que a estavam olhando com aberta hostilidade. –Odeiam-me porque sou uma MacNeil. – Não podia acreditar que ela se deprimiu, mas a vergonha a abandonou rapidamente enquanto a dor começava novamente.

–Isso é verdade, – disse Angus. –Não se pode dizer que os culpe, moça. Era uma armadilha o que MacNeil planejou.

Anos de escutar aos serventes murmurar palavras sobre a crueldade de MacNeil quando pensavam que ela não os ouvia, veio-lhe à mente. O que tinha feito ele? Alguma vez acabaria a vergonha de ser uma MacNeil?

– Glenna?– Obrigo-a Conall outra vez a lhe prestar atenção.

–Sinto o que têm feito os MacNeil. É imperdoável. Tinha ouvido cochichos antes, mas nada sólido até o dia de hoje. Não tinha nem idéia…

Encolheu seus fortes ombros. –Talvez sim. Talvez não. Independentemente disso, agora é minha prisioneira, – disse-lhe e a levantou sobre os pés. – Está suficientemente bem para viajar? Perdemos bastante tempo.

A dor se reduziu enquanto os homens desviaram a atenção dela para as selas. Seu alívio foi de curta duração embora esta vez Conall a colocou diante e o contato do duro peito musculoso contra suas costas era tão estranho como o terreno em que estavam. Mas sentiu-se segura. Segura pela primeira vez na vida. Iona.

As lágrimas empanaram seus olhos, de forma que a formosa paisagem verde em florações se tornou impreciso. Iona, sua única e incomparável amiga. Glenna renunciaria a sua vida para saber onde estava Iona, e se estava a salvo. Tinha rogado a MacNeil que dissesse algo, algo de Iona, mas tinha se negado.

MacNeil havia dito que Iona tinha vindo ao castelo MacNeil para ensiná-la, mas Glenna não tinha estado segura de que Iona tinha sido enviada para lhe ensinar até que tinham começado falar sobre a magia. Logo, Glenna soube que MacNeil estava utilizando a Iona.

Inesperadamente, uma lembrança das garotas nos braços de Iona veio à mente. Tinha perguntado a Iona a respeito delas, mas nunca tinha obtido uma resposta. Nenhuma das perguntas a respeito de onde procedia Iona foram respondida.

Glenna tinha pensado que Iona escapou de sua casa, mas vendo o Conall tinha que repensar o caso. Pelo tinha visto até agora que ele não era como MacNeil.

MacNeil disse que Iona tinha saído, mas o fez realmente? Ou tinha escapado do castelo MacNeil? Glenna não a culparia se tinha fugido. Muitas vezes ela tinha desejado escapar dos vínculos dos MacNeil, e não apenas uma vez tinha sido apanhada antes de alcançar o portão do guarda.

–Está tranqüila. Eu tinha pensado que me interrogaria até que meus ouvidos doessem com o que ia fazer com você, – a voz profunda de Conall a alcançou enquanto passavam debaixo de um enorme pinheiro.

–Sei o que vocês vão fazer comigo. Em lugar disso, estou observando que fui rejeitada. – Era verdade tinha medo do que era antes ela, mas as palavras de Iona a confortaram. Por não falar de que estar com o irmão de Iona ajudava a aliviar alguns desses medos.

– Rejeitada? Do que está falando, moça?– Sua voz retumbou em seu peito com a pergunta.

Ela olhou com avidez as numerosas árvores e flores que ultrapassavam. –MacNeil me manteve dentro de suas paredes toda a vida.

– E o que disse sobre tocar?

Ela volteou a cabeça sobre o ombro e olhou a seu raptor, sua boca larga, cheia só a polegadas dela. –A única pessoa que me tocava era MacNeil, e mesmo assim só de vez em quando.

– Por quê?– Interrogou, os olhos se estreitaram.

– Por que sai o sol pelo oeste? Por que controlam a lua as marés?– encolheu os ombros. –Nunca me deu uma resposta, embora perguntasse muitas vezes.

– Que idade tem?

Ela bufou. –O suficientemente velha para estar casada e com crianças.

– E por que não está?

–Rejeitou a uns poucos guerreiros que tinham pedido minha mão.

– Que razão te deu?

–MacNeil nunca dá uma razão.

–Nenhuma criança deveria criar-se assim, – disse e a moveu contra seu peito.

Deve ser um reflexo de sua parte, mas Glenna não pôde evitar querer estar em estreito contato com ele. Era atraente à vista e a tinha tratado com mais bondade do que tinha visto ela em seu próprio clã.

As mulheres a ignoravam, os soldados se burlavam dela, e as crianças se afastavam gritando. Ela fechou seus olhos e quis que essas lembranças se desvanecessem.

Ela não podia deixar de tremer, embora se fosse por frio ou por estar junto ao Conall não sabia. Não estava acostumada a tocar e ser tocada e aqui estes homens minimizava a importância. Este homem a salvou. Mas não sabia.

– Tem frio, moça? Estas tremendo.

–Um pouco.

Conall a envolveu com o tartan e a situou mais comodamente contra ele. Não sabia o que fazer com ela, mas sabia que já era tempo de retornar a casa.

Aspirou o perfume limpo dela e enrugou o nariz quando uma mecha de seu escuro cabelo o fez cócegas com descaramento. Com um pequeno ajuste de sua cabeça pôde ter uma vista de sua face.

Tinha uma testa alta, as sobrancelhas escuras acentuavam seus olhos em forma de amêndoa. Olhos grandes, escuros absorviam tudo e a deliciosa boca se separava enquanto ela contemplava a paisagem.

Olhou as árvores e o céu e não viu nada incomum, mas podia ter uma perspectiva diferente se tivesse estado trancado dentro de paredes de pedra.

Seus lábios estavam cheios, amadurecidos... Beijáveis. Agora que diabos podia ter feito para pensar isso?

Ela não tinha mentido a respeito de sua infância. Sua habilidade para saber quando alguém estava sem dúvida mentindo vinha bem em situações como esta. Deixou vagar seus pensamentos sobre ela e o que tinha aprendido.

Muito mais tarde puseram fim a seus constantes progressos. – Necessitamos que o resto dos cavalos descansados se queremos retornar antes do anoitecer.

Os homens desmontaram para dar água aos cavalos. Ele se deslizou do cavalo e se estirou para ajudar a Glenna a desmontar. –Não morderei moça, – disse, acrescentando um sorriso quando ela vacilou.

Permitiu-lhe ajudá-la, embora repentinamente fosse mais cuidadosa. Ele não se surpreendeu de encontrar que suas mãos abrangiam sua diminuta cintura. Sua cabeça apenas chegava ao peito, mas sentiu um poder ainda desconhecido para ela.

E Deus ajudará a todos, quando o encontrasse.

Observou a miúda figura enquanto caminhava para uma rocha e se recostava nela. Agarrou as rédeas de seu cavalo e conduziu ao animal para o riacho.

Seu olhar ia à deriva sobre os homens e a facilidade com a que falavam, riam e tocavam. Esses prazeres simples que sempre tinha dado é obvio, e se perguntou como seria a vida sem essas pequenas coisas. Mas sua mente se recusou a fazer insistência sobre isso quando tinha grandes preocupações.

Igual a MacNeil.

A guerra que Conall tinha desejado impedir já não era evitável... Era inevitável. Especialmente agora que sabia que MacNeil era responsável pelo desaparecimento de sua irmã.

Glenna tinha devotado a si mesma, e ao fazer isso, não só traria o MacNeil e daria a Conall permissão para exigir sua vingança, também lhe proporcionava um meio pela volta segura de Iona. Só logo, depois de cumprir com seus votos para sua mãe e seu pai, seria livre para seguir a promessa que fez a si mesmo, ver cada MacNeil que teve algo que ver com o desaparecimento de Iona morrer por sua espada.

Passou a mão por seu rosto e suspirou profundamente. Abriu os olhos para encontrar Gregor a seu lado, com um indício de preocupação em seus escuros olhos.

–Eu vigiaria seus homens ao redor de Glenna. Seu ódio está tendo nela um efeito que nunca tinha visto.

Conall fez girar sua cabeça até que a divisou. Caminhava perto e estudava os arredores. Suas esbeltas mãos se estendiam e acariciavam as árvores, as folhas e qualquer outra coisa que ela pudesse captar, com um toque reverente como se fossem se quebrar com seu contato.

Mas viu pela opressão em sua boca, sua tez pálida e o brilho fino de suor que Gregor havia dito a verdade. Avistou-o e dedicou um débil sorriso e assinalando a água. – Vêem beber.

–Och, mas esta fria, – disse quando os dedos se inundaram na água geada.

–Sim. Esta corrente esta alimentada pela neve de cima das montanhas. Durante o verão ficará um pouquinho mais quente.

Ela se inclinou para baixo e trouxe água para os lábios. Os olhos se fecharam. A água perolada escapava de sua boca. Baixando rapidamente desde seu queixo até o pescoço, desaparecendo em lugares ocultos que a Conall provocaram e formigaram por tocar e ver.

O corpo lhe endureceu instantaneamente. Sua mão desejava seguir o caminho da água e ver se sua pele era tão suave como parecia. Amaldiçoou e jogou a culpa a que não tinha estado com nenhuma mulher recentemente, asseguraria-se de remediá-lo logo que pudesse.

–Monta, – chamou-a quando tinha bebido até ficar saciada.

Colocou-a sobre o cavalo, seu pequeno corpo moldado contra o seu como se fossem um.

Sua mão baixou até a cintura e descansou sobre seus quadris. Pelo caminho ela se sentou com as costas retas e o corpo tenso, e soube que estava com alguma moléstia, mas em a única coisa que podia pensar era em olhar por cima do ombro a curva de seus seios.

Recitou uma breve oração para que não sentisse a protuberância de seu desejo nas costas, e outra vez a abrigou com o tartan envolvendo-a e tomou as rédeas.

Viajaram rápido, e embora a maioria das mulheres se queixasse, ela não disse uma só palavra. Acabava de frear ao cavalo quando se voltou e lhe perguntou, – Ouve isso?

Ele escutou, mas não ouviu nada mais que os sons das Highlands. – O que é isso que ouve?

–Música. Uma bela música, – murmurou, olhando para o céu.

–Não há música, moça. – E agora tenho que acrescentar sua prudência a minha crescente lista de preocupações.

Ela não disse nada mais a respeito da música, e para o Conall foi um alívio. Estaria louca? Seria por isso que nenhum dos MacNeil a tocava?

Não. Esse não podia ser o motivo. Ali tinha que haver algo mais, algo que não lhe dizia. Viajaram em silêncio, e o incomodou gostar de estar com ela porque era o inimigo depois de tudo, embora fosse inocente.

Depois de um momento, olhou ao sol e se surpreendeu de ter chegado tão longe. Assombrou-lhe ainda mais que não fosse como a maioria das mulheres que conhecia, as quais teriam estado gritando ao serem tiradas de seus lares por um completo desconhecido, entretanto virtualmente tinha pedido que a levasse.

Mas Glenna não era como as mulheres às que estava acostumado. De algum jeito recordava a sua mãe que tinha sido uma mulher de vontade forte e teimosa.

Quando não pôde ir mais longe sem descansar os cavalos, fez um alto e desmontou. Voltou-se e lhe tendeu os braços. Ela se deslizou facilmente neles, mas quando suas mãos a soltaram ela desabou.

Conall a pegou antes que golpeasse com a terra. –Eu tenho você, – disse e a levou até uma grande rocha redonda. –Descansa. Vou trazer-te água.

Enquanto recuperava seu odre, notou os olhares hostis que seus homens lhe dirigiam. Uma dor surda detrás de seu pescoço começou a golpear, avisando que poderia ter problemas. Problemas que não queria nem necessitava.

Não obstante, sua gente merecia vingança pelos muitos atos de violência a que foram submetidos pelos MacNeils. Inclusive o próprio pai de Conall tinha procurado essa vingança só para morrer pela espada de MacNeil no campo de batalha.

Entretanto não podia permitir que seu clã machucasse a Glenna. A vingança seria tomada, mas contra MacNeil, não de uma inocente moça que era sua filha por um capricho do destino. Retornou e a encontrou dormindo, seu escuro cabelo voando ao redor dela movido pela brisa. Com um dedo, alcançou e liberou uma mecha de cabelo de suas grosas pestanas escuras.

Seus olhos se abriram repentinamente ante seu toque. O medo espreitava nos belos e profundos olhos assim como determinação e espírito. Um espírito que MacNeil não tinha conseguido matar embora Conall apostasse sua espada que MacNeil tinha tentado. Deu-lhe a água e voltou a dar um momento de privacidade.

Glenna tomou a água e tremeu com o terno toque de Conall. A água fresca tocou seus lábios e seu corpo demandou mais. Ela não tinha dado conta de quão sedenta estava e bebeu com avidez.

Manteve a cabeça dobrada, mas vigiou a Conall e a seus soldados. O peito começou a fechar-se o hermeticamente e ficou difícil respirar.

Não outra vez. Por favor, não outra vez.

A dor diminuiu quando Conall os chamou para montar. Quis chorar de alívio até que tratou de recompor-se e então quis chorar pela dor ardente que lhe atravessava as pernas e a parte inferior de suas costas.

Nunca a permitiram montar a cavalo antes e não estava preparada para isto. Todos esses anos desejando cavalgar, mas depois de hoje se alegraria de não voltar a ver nunca mais um cavalo.

Pouco a pouco, e mais lentamente do que lhe teria gostado, caminhou para Conall e notou que pôs uma camisa. Tomou toda a força que tinha manter-se em posição vertical e não mostrar o muito que lhe doíam às pernas.

Alcançou a Conall e o encontrou sentado escarranchado sobre o cavalo em lugar de esperar para ajudá-la a montar. Estendeu-lhe a mão e disse, – Temos uma difícil viagem por diante. Vai detrás de mim.

Não. Quero ir à parte dianteira. Não tenho forças para me agarrar, quis protestar, mas a discussão morreu em seus lábios quando lhe viu o brilho de determinação nos olhos. Tinha visto essa mesma determinação nos olhos de MacNeil e tinha melhor critério que discutir, embora o impulso fosse forte, mais forte do que tinha sido em muitos anos. –Bem.

Colocou-a facilmente detrás dele, e agarrou seu tórax, forte e musculoso com o cabelo que cobria a batida de seu coração para responder ao seu toque. A brisa forte varreu rapidamente ao redor e colocou os braços à procura de calor e precipitadamente o envolveu com os braços procurando seu calor.

Os músculos de seu estômago deram um salto com o toque e ouviu sua forte inspiração quando colocou a cabeça em suas costas. Não concedeu tempo para regozijar-se com o efeito que lhe causou, enquanto o cavalo saltava rapidamente, pois se viu forçada a agarrar-se por sua própria vida enquanto seu corpo gritava silenciosamente de dor.

Quando começaram a descender sobre a base de uma montanha coberta de rochas ela apertou os fechados olhos. Cada respiração parecia que era a última, e seu agarre transformaria em um agarre da morte. O som do deslizamento das rochas soltas caindo aumentou seu medo dez vezes.

–Não posso respirar moça.

–Sinto muito, – resmungou ela em suas costas, os olhos ainda fechados.

–Estes cavalos são as criaturas de pés mais seguros.

–Uh, huh, – murmurou ela.

Com uma risada afogada lhe disse. –Não despencará para morte enquanto cavalga comigo. – Mas as palavras não serviram para aliviar seu medo.

 

Conall pôs a Glenna diante de novo, depois que atravessaram o passo. Um tremor a sacudiu, e puxou seu tartan para cobri-la. O calor de seu corpo penetrou em sua camisa açafrão, queimando-o.

Endureceu-se instantaneamente e amaldiçoou sua sorte.

Com a batida seguinte, ela recostou a cabeça em seu peito. Seu corpo reagiu novamente. Sabia que tinha passado muito tempo sem uma mulher quando o simples toque de uma menina o fazia arder.

Estava mais que um pouco surpreso quando ficou adormecida em seus braços. Sua face arrebitada parecia tão inocente e confiante que se perguntou se forma de agir tinha sido o correto, mas então não tinha tido muita escolha. Glenna tinha razão. A única forma de capturar a MacNeil e encontrar a Iona era levar-lhe Ainda não gostava da idéia de havê-la seqüestrado, mas não havia outra forma.

Repugnava-lhe a idéia, mas, tinha que admiti-lo, sentia-se atraído por ela. Era uma MacNeil. Uma inimiga. Mas despertava sua sexualidade como nenhuma. Seu simples toque, indeciso e ligeiro como uma pluma, despertava um instinto protetor que até o presente só lhe tinha dado a sua família. Inquietava-lhe que pudesse agitar sentimentos tão fortes dentro de seu coração.

Tinha passado tempo desde que sustentara uma mulher tão perto. Desde que sua irmã desapareceu tinha renunciado a qualquer tipo de prazer físico e se concentrou em ser o Laird que seu pai tinha querido e a cumprir o último desejo de sua mãe, trazer para casa a Iona que tinha sido levada a força. Tinha-lhe dado sua palavra a sua mãe e nada o deteria. Nada. A honra era tudo o que tinha e nada podia mudar isso.

–A música é agora mais forte, – resmungou ela e se encolheu mais perto.

Congelou-se. A música? Como pôde ser tão entupido? Já sabia o que ela estava ouvindo. Aos Druidas. Chamavam-na, era uma deles.

Pelo prego de São Jorge, sua vida se complicou imensamente mais, se isso era possível. Sua vida se apoiava na honra, mas agora o poriam severamente a prova. Desde muitas gerações atrás, que ele soubesse, seu clã tinha mantido ocultos aos Druidas. Agora teria que romper um voto. Que tinha feito o dia em que se converteu no Laird, proteger a todos os Druidas, ou a promessa a sua mãe, encontrar a Iona

 

Glenna despertou com o aroma em seu nariz de cavalo, pinheiro e de… homem. Estirou-se quase tinha caído na terra se Conall não a tivesse segurado.

Seu poderoso e ardente olhar chapeado questionou seu julgamento, e ela não pôde culpá-lo.

–Esqueci onde estava – disse ela rapidamente quando o tartan caiu de seus ombros.

Limitou-se a colocar o tartan ao redor dela, de novo, e a puxou contra seu peito.

–Ainda temos um pouco de viaje por diante. Descansa enquanto pode.

Mas ela não o ouviu. A música se tornou tão ruidosa que logo que podia ouvir algo mais e atirou de sua alma, impulsionando-a para alguma força desconhecida, e instintivamente soube que encontraria suas respostas somente seguindo a música.

Pulsou-lhe forte o coração. Logo. Logo saberia quem era realmente, tal como Iona tinha prometido. Seu coração estava ligeiro, mais do que nunca tinha estado, mas seu corpo lhe doía muito para alegrar-se. Se fez difícil sustentar a cabeça erguida, por isso descansou sua bochecha contra o forte e musculoso peito de Conall.

Com cada passo que o cavalo dava, a dor explorava por seu corpo. Seu estômago se queixou de fome, e rezou para que ele não o tivesse ouvido.

–Paramos para comer logo– lhe disse ao ouvido.

Alguma vez terminaria sua vergonha? Escutou a música envolvente, formosa e contemplou o selvagem entorno de abetos, discos e pinheiros e ocasionais manchões de urze. As árvores estavam em florações e as flores brotavam da terra enquanto os raios do sol esquentavam a terra fria.

Surpreendentemente formoso, é como ela descreveria a paisagem montanhosa, e as montanhas que se elevavam ao redor deles só acrescentavam majestade à cena. A cólera por tudo o que perdeu estes passados anos brotava a fervuras e quase a consumia por sua intensidade.

Durante anos ela tinha tratado de entender a necessidade que tinha MacNeil de mantê-la no castelo, mas quanto mais se negava a lhe responder, mais crescia seu ressentimento. Nunca foi um bom pai, por isso tinha sido fácil manter-se longe dele.

E por fim se escapou. Graças ao presságio de Iona a respeito de Conall.

–Me fale de ti, – propôs ela, precisando tirar-se o MacNeil da mente.

Sua proposta foi recebida pelo silêncio, e durante um momento pensou que teria que voltar para seus pensamentos tristes.

–Nasci para ser Laird de meu clã, – disse ele finalmente– e o realizei faz quatro verões, quando morreu meu pai.

– Conheceu sua mãe?

–Sim. Perdi-a no inverno passado depois que Iona desapareceu. –Pôs o cavalo a trote.

Sua brusca voz deveria lhe haver indicado que não desejava falar, mas ela seguiu adiante. –Eu nunca conheci minha mãe. MacNeil nunca a mencionou, só dizia que me pareço com ela.

Algo do que ela havia dito deveu ter incomodado a Conall por que se retirou dela, e isto a preocupou. Tinha posto sua fé nele desde o começo tal como Iona lhe tinha pedido, e o pensamento que ao melhor não podia lhe fazê-lo retorceu o estômago.

– Ouvistes falar alguma vez dos Druidas?– Perguntou ele de repente.

– Druidas? Não. O que são eles?

Ficou olhando fixamente para frente por vários segundos, e já estava pensando que se negou a lhe responder quando disse, –Eles são curadores, videntes e coisas pelo estilo. Alguns dizem que eles sustentam a magia de Escócia.

–Falas como alguém que embora diga as palavras, não acredita nelas. – mas lamentou suas palavras quando viu a dor que passava rapidamente por seus olhos.

–Descansa, – ordenou-lhe e empurrou sua cabeça contra seu peito.

As emoções, estranhas e inequívocas em sua intensidade, lutaram dentro dela. Mas uma pergunta a golpeava – era Conall seu salvador e o homem que Iona tinha mencionado, ou outro carcereiro?

A imagem de uma mulher alta e formosa levando um vestido branco, com o cabelo loiro e os olhos verdes a chamou. Glenna piscou e a imagem desapareceu tão rapidamente como tinha vindo.

 

Conall empreendeu uma guerra consigo mesmo. Os Druidas já a estavam chamando, considerou que se nunca sabia que era uma Druidisa, não teria que quebrar um voto. Certamente, o mero feito de pensar desta forma não era um bom presságio para sua honra.

Eles viriam a procurá-la. A não ser que ela os rejeitasse.

Sua mente se fechou naquele pensamento. Se ela os rejeitasse, não teria que protegê-la e sua honra ficaria intacta. Tudo o que tinha que fazer era voltá-la contra os Druidas, o qual não seria difícil já que ainda estava zangado por sua negativa de lhe ajudar a encontrar a Iona.

Seus pensamentos se voltaram para seu clã. Tinha que manter Glenna a salvo. Não só dos Druidas, mas também de sua própria gente quando vissem o tartan MacNeil e só Deus sabia que passaria depois. A hostilidade de seus próprios soldados tinha crescido em vez de diminuir, como tinha esperado.

Não havia nenhum engano nos olhos café dourado, só honestidade e verdade residiam ali, mas seu clã não veria isso.

Ela suspirou e se acomodou mais perto dele, e seu corpo gritou por provar seus lábios, seu corpo. Sabia que estava intacta, e o fato de que nenhum outro a tivesse provado só o fazia arder mais forte por ela. Seus quadris se moveram para encontrar uma posição mais cômoda, mas tudo o que fizeram foi esfregar-se contra sua acalorada e pulsante virilidade, inflamando seu crescente desejo.

Era uma ânsia tão forte que tomou toda sua vontade mantê-la segura. Nenhuma mulher tinha tido tal poder sobre ele jamais, e isso era exatamente o que tinha ela, embora não soubesse. E não saberia, se ele tinha algo que dizer sobre isso.

–Conall.

Olhou sobre seu ombro e encontrou a Angus galopando a seu lado. A frente de seu amigo tinha linhas de preocupação, e isso não era um bom sinal. – Algo anda mal?

–Sim–, disse seu amigo. –Os homens querem vingança pela armadilha.

–Em outras palavras, eles querem a Glenna.

Angus assentiu. –Lhes disse que você faria o que é correto, mas o ódio por MacNeil corre faz muito tempo e profundamente neles.

–Assim é, mas quando e em que momento um homem do clã MacInnes pôs uma mão sobre uma mulher? Isso não começará agora, tampouco. Pode ter certeza. Se alguém a machucar, responderão ante mim.

Angus sorriu e girou sua cabeça para cuspir. – Estive esperando que o caráter MacInnes se mostre. Sentiu-se seguro com a moça dormida?

Conall levantou seus olhos para o céu e rezou por paciência.

–Você levaria um santo à loucura.

–Realmente o tento–. A expressão de Angus se tornou séria. –Nunca conheci uma moça que se voltasse de bom grau ao inimigo. Não pensa que o MacNeil a use como espiã, verdade?

–Não há nenhum engano nela.

–Então seu dom é útil outra vez, Sim?– Angus riu em silêncio.

Conall o alcançou e o golpeou no braço. –Suficiente.

–Não sei por que o mantém em segredo. –Disse Angus e esfregou o braço.

–Não há nenhum segreto. Não tenho nenhum tipo de dom, assim é que o deixa ir.

Angus estalou a língua. –Sua mãe me disse que o negava. Esteve em sua família por gerações. Não lute contra ele. Sua irmã não o fez.

Só custo um olhar de Conall para que Angus calasse qualquer outra palavra que pudesse querer dizer.

–Não vou pedir perdão. Tem que falar disso – declarou Angus. –Só vim para te dizer que me assegurarei que a moça esteja a salvo quando você não possa.

–Sabia que podia contar contigo.

Angus fez girar seu cavalo ao redor. Conall sabia que tomaria a retaguarda para vigiar aos homens. Maldição. Jogou uma olhada a Glenna. Ao menos não tinha escutado nada da conversação com o Angus.

–Um dom– soprou.

Não tinha um dom. Era uma maldição. Tão atrás no tempo como podia recordar sua mãe lhes tinha relatado a ele e a Iona contos dos Druidas e suas qualidades. Contos mágicos. E isto tinha enchido sua cabeça de pensamentos que um moço não deveria ter.

Tinha crescido pensando que seria um sacerdote Druida, assim como o líder de seu clã. Mas o destino parecia ter outras idéias. Mas Iona só tinha um sonho, chegar a ser uma sacerdotisa Druida.

Cada ano ela e sua mãe se aventuravam nos bosques e não saíam durante semanas. A vida inteira de Iona tinha estado centrada ao redor dos Druidas enquanto sua vida tinha estado sobre o clã.

Seu pai lhe aconselhou que se casasse com uma Druidisa para fazer sua linha mais forte. Tudo teria ido como seus pais tinham planejado se Iona não tivesse desaparecido, e a mesma gente que ela procurou seguir tinha negado lhe ajudar.

A tolice que os Druidas haviam dito a Conall a respeito da realização do destino de Iona só lhe fez querer chiar os dentes. Escapava além de sua compreensão o porquê os Druidas não podiam lhe dizer o que pensavam. Não, tudo foi dito em versos que tomaria anos a um homem comum decifrar.

A cólera se revolveu dentro de seu coração até que alcançaram o topo de uma colina, e atirou das rédeas. Lar.

O castelo MacInnes tinha sido construído quatrocentos anos antes, e com cada Laird tinham sido acrescentados uma nova seção a seu tamanho já considerável. Da torre da comemoração original à praça e quatro torres redondas.

Tinha o dever de terminar o caminho de pedra que seu pai tinha querido do castelo ao lago, e encontrar uma esposa. Em troca, seu único pensamento tinha sido para a Iona e o voto que lhe tinha feito a sua mãe.

Desde sua vantajosa posição, sobre o topo de uma colina, tinha uma visão clara da terra circundante e o castelo. Uma olhada rápida lhe disse que nenhum inimigo estava perto.

Ainda.

Levantou a mão e fez gestos a seus homens para seguir enquanto esporeava seu cavalo. O passo rápido do cavalo sacudiu a Glenna despertando-a.  

–Estamos em casa, moça.

 

Glenna lançou um suspiro ante a breve vista que teve do castelo. Construiu-se nos escarpados, o qual ajudava em sua defesa igual ao lago que rodeava dois lados e as suaves e ondulantes colinas nos outros dois.

Agora sabia por que o queria MacNeil. Que não só era formoso, estava bem defendido. Ninguém podia atacá-lo sem ser visto pelos guardas do castelo.

Quando Conall deu uma joelhada a seu cavalo para continuar a marcha, ela se acomodou melhor para aliviar a dor das pernas. O céu tinha começado a obscurecer-se. Não tinha precavido que tinha dormido tanto tempo.

Não foi até que o cavalo fez um giro à direita que perguntou, –O castelo está em linha reta. Aonde vamos nós?

–Já o verás, – foi tudo o que lhe disse.

Assim é que ela se centrou na zona entre as orelhas do cavalo para evadir-se da penosa agonia, e disse a si mesmo que era simplesmente um pouco mais de tempo antes de estar fora da besta.

Uma gotinha de água lhe aterrissou na mão e a tirou de seu estupor. A escuridão se encontrou com seu olhar, e um abismo abriu sua boca quando entraram nela.

–É só uma caverna, – disse Conall, sua voz baixa e tranqüila como se houvesse sentido que ela tinha medo.

Só uma caverna. Sei! –Não posso entrar aí. Não me leve aí, – implorou enquanto se dava a volta para enfrentá-lo. Nem sequer tinha tratado de ocultar que estava aterrorizada.

O pensamento de aranhas pendurando do teto, esperando para arrastar-se sobre ela, bloqueava qualquer distração que tratasse de usar. Estava petrificada de medo, e devia fazer que Conall entendesse que levá-la a caverna seria implicá-la em um pesadelo vivo.

Seus duros olhos cravaram o olhar nela. –Com a ameaça de seu pai, tenho que tomar precauções e entrar através das cavernas é uma delas. Não está muito longe o outro lado.

Ela olhou por cima do ombro o enorme buraco em sombras. –Eu não entro aí, – declarou.

–Sim, o fará.

Perdeu-se o tom tranqüilizador, e em seu lugar soou uma voz dura como o aço. Não havia nada que pudesse dizer a este homem para que mudasse de opinião, e sabia que tentar correr seria estúpido com as pernas lhe doendo como o faziam.

Seu estômago se fechou com força pela apreensão. Tremeu ao pensar em todas as patas das aranhas que caminhariam sobre ela. O medo a agarrou enquanto suas garras se fechavam ao redor dela. O corpo começou a estremecer-se o enquanto tratava de investigar na escuridão.

–Dou-te minha palavra de que nada te passará.

O mais estranho é que sabia que trataria de protegê-la. Deixou que a endireitasse na sela de montar, e se agarrou em sua mão, decidida a atuar com mais valor do que sentia.

–Vou fazer-te cumprir esse voto, MacInnes, – disse e esperou que pudesse desencapar sua espada antes que a primeira aranha aterrissasse sobre ela.

Envolveu um braço ao redor de sua cintura e a manteve apertada contra seu corpo. Pouco antes que alcançassem a entrada da caverna assobiou, e Angus esporeou a seu cavalo mais a frente para tomar a dianteira.

– Se houver algo aí dentro se aproximará primeiro a Angus, – murmurou enquanto se introduziam na escuridão.

Ela sorriu com sua brincadeira enquanto sua respiração lhe esquentava o pescoço e fazia que os seios lhe esticassem, por agora deixou a um lado o estremecimento. Seu braço envolvia-se comodamente ao redor de sua cintura, lhe tocando as partes baixa dos seios.

Sem a paisagem gloriosa das Highland para distraí-la, tomou consciência de cada polegada de seu corpo tão emocionado pelo toque masculino. Suspirou e fechou os olhos enquanto cada nova sensação varria violentamente através dela.

Suas largas pernas tinham joelhos formosos, se alguém pode chamar os joelhos formosos. As grossas e musculosas coxas ajudavam a mantê-la firme em cima do cavalo e a moldavam contra uma dureza que tinha sido premente contra suas costas há algum tempo.

Braços tão sólidos, tão fortes que estava segura de que poderiam destroncar a um carvalho antigo com um simples empurrão, seguravam-na suave, mas firmemente. Os músculos desses poderosos braços se flexionaram enquanto movia as rédeas.

Um soldado detrás deles deu uma palmada a algo e resmungou a respeito de um inseto. Ela se esticou, com a expectativa de sentir centens de pernas peludas aglomeradas sobre ela, mas não havia nada. Nada exceto Conall e seus músculos.

Forçou-se a si mesma a inclinar-se de novo contra seu ombro antes que sua cabeça começasse a lhe doer e se surpreendeu por encontrar que sua mão passava roçando a garganta, logo se moveu pela bochecha.

–Vê. Disse-te que não havia nada perto que incomodará, – murmurou em sua orelha.

Ela sorriu. Era um Laird arrogante.

–Ah. Um sorriso. É bom que confie em mim.

–Me deu sua palavra, e apesar do que deveria sentir, de algum jeito sei que honrasse esse voto. – Voltou à cabeça e sentiu que seus lábios roçavam a mandíbula coberta com a barba crescente de um dia.

As aranhas passaram ao esquecimento enquanto se concentrou na sensação de sua cara contra a sua. Sua cabeça se moveu ligeiramente e ela esperou com ilusão um pouco de luz, pois tinha certeza que eram seus lábios o que sentiu por um instante contra os seus.

–É minha prisioneira, e enquanto esteja em minha casa te protegerei. Sempre protejo o que é meu.

Um humor nefasto a alcançou com suas palavras, mas não pensou mais a respeito delas enquanto viajava pela caverna.

A luz a cegou quando emergiram da caverna, e rapidamente se cobriu os olhos com as mãos. As salvas de palmas estalaram ao redor deles ante a volta de Conall à segurança, até que o tartan descendeu e expôs o tartán MacNeil.

O silêncio foi ensurdecedor.

Não podia olhar às pessoas que cravava os olhos nela com tal hostilidade manifesta, assim que olhou ao redor do muro exterior do castelo. À esquerda estava a volumosa casa de dois pisos dos guardas, flanqueada por duas torres quadradas, projetavam-se fora da parede pelo que podia ver. Uma escada no muro exterior do castelo conduzia à casa do guarda. Duas portinhas, ou portas secundárias, eram visíveis na fachada que formava um muro exterior retangular. A fachada mesma era feita de pedras cortadas formando almenas alternando partes sólidas e espaço, os parapeitos e os ocos lhe pareciam dentes quadrados.

À direita estava o castelo principal, a capela e o poço onde muitos dos ocupantes se reuniam. Em conjunto se tratava de um castelo impressionante. Não só em sua estrutura, mas também em seu tamanho.

–MacNeil nos estendeu uma armadilha, – gritou a voz do Conall. –Sei agora que são os responsáveis pelo desaparecimento de Iona. Tenho à filha de MacNeil até que devolvam a minha irmã.

As vozes outra vez se elevaram para elogiar o seu Laird, mas não os deixou. Com uma mão levantada os silenciou.

–Apesar de algo que possamos sentir contra os MacNeils, não quero que façam mal a Glenna. Está sob meu amparo até que a devolva.

Devolver-me? Esse não tinha sido seu plano, mas de todas as formas se pôs a si mesmo nas mãos de Conall. Para apanhar ao MacNeil, não para me devolver a ele.

Não importava como, teria que convencer a Conall para fazer retornar a Iona de outra forma, ou teria que escapar. E tinha a terrível sensação de que escapar de Conall não seria fácil.

Olhou às pessoas MacInnes enquanto deixavam cair seus olhares nela. A maioria era curiosa, enquanto que outras tinham ódio faiscando em suas profundidades. Não os podia culpar. Se as posições se investissem, então provavelmente sentiria o mesmo.

O frio a rodeou quando Conall se apeou. Sem ele detrás se sentiu vulnerável e repentinamente assustada. Sabia que se tratava de caminhar cairia sobre sua cara, mas não o podia fazer, e não lhe diria que a ajudasse a desmontar. Já tinha atuado como uma idiota na caverna.

Deslizou-se em seus braços e em lugar de colocá-la sobre os pés, começou a caminhar para o castelo com ela carregada. Quando levantou os olhos, encontrou que a olhava diretamente, com a mandíbula apertada fortemente.

–Obrigado, – disse e centrou a atenção em seu tartan em lugar das caras que a observavam. Ela sobreviveria a isto. Tinha-o feito através das cavernas. E quem sabe quantas aranhas tinham estado espreitando-a?

Uma vez que entraram no castelo, olhou ao redor e descobriu que estava cheia de belas tapeçarias, adornados meticulosamente assim como também espadas, escudos, manguais e outras armas. Desejou olhar ao redor e explorá-lo tudo. Era um lugar tão colorido e feliz em comparação com sua casa. E limpo.

Tinha crescido pensando que um castelo devia ser sujo, mas tinha se negado a deixar que sua própria câmara, pequena como era, estivesse asquerosa. Agora sabia que era sua casa a que estava suja e não algo que fosse comum.

Os passos de Conall não diminuíram enquanto mudava de direção e subia as escadas. Deteve-se na primeira plataforma e a carregou corredor abaixo antes de entrar em uma câmara.

Caminhou para a cama e amavelmente a colocou nela. –Preparem um banho imediatamente, – disse e um criado que Glenna não tinha visto correu a toda pressa fora a cumprir seu mandato.

– Um banho?

–Seus músculos estão sobrecarregados. O calor da água os relaxará.

Agora não podia esperar para colocar silenciosamente na água quente seu dolorido corpo. Talvez depois, podia caminhar outra vez. – Obrigado.

– Por que não queria entrar na caverna?

Tinha pensado que se esqueceu de seu terror, mas parece que se enganou a si mesma outra vez. – Não é nada.

–Era definitivamente algo mais. Tem medo à escuridão?

–Não, – disse precipitadamente e se deu conta de seu engano. Era melhor dizer que tinha medo à escuridão em lugar das aranhas.

– Então o que?– pediu-lhe ele.

–Nada. – Cravou os olhos nele, lhe desafiando a que explorará mais à frente. Um canto de sua boca se levanto em um sorriso.

Inclinou a cabeça e se deu a volta para ir-se, mas se deteve na porta da câmara.

–Te trarei o jantar. Tenho certeza de que não tem desejo de ter a todo mundo te olhando com curiosidade em sua primeira noite aqui.

E antes que pudesse dar o obrigado, foi. Não confiava em que suas pernas as sustentaram para inspecionar a quarto assim é que esperou o banho, o qual, era de agradecer, não demorou muito.

Uma vez que os serventes se foram, rapidamente se despiu e jogou o tartan MacNeil em cima da cama. Teve quase que engatinhar até a banheira, mas uma vez se afundou na água quente, os músculos começaram a relaxar-se.

A água e a serenidade, junto com a garrafa de vinho que estava ao lado da banheira, puseram-na brandamente em paz. Encontrou indo à deriva dentro e fora do sonho com uns apaixonantes olhos chapeados enfeitiçando-a.

 

Conall abriu a porta da câmara e se deteve meia pernada. Glenna se reclinava na banheira de madeira diante do fogo. O vapor tinha ido à deriva ao redor dela, lhe molhando a pele, e as chamas do próximo fogo a iluminava. Tinha o cabelo preso em cima da cabeça e vários fios tinham escapado e agora se pegaram ao pescoço e aos lados da cara.

Tudo o que queria era meter-se na banheira com ela. Fechou os olhos e respirou profundamente, acalmando seu desejo. Mas não serviu. Essa imagem agora queimava sua memória.

Pelos dedos peludos de São Myrtle.

Olhou de novo seu rosto se voltou para ele suspirando e abriu os olhos. Se estava surpreendida de lhe ver, não o demonstrou.

Durante uns largos momentos simplesmente cravaram os olhos um no outro, e tudo o que pôde pensar era no toque breve de seus lábios na caverna. Tinha sido um acidente, mas um que lhe tinha banhado como água fervendo até a alma.

–Laird.

A voz, rouca pela relaxante água e o sonho emocionou seu corpo. Logo viu a jarra vazia de vinho e se precaveu de por que não gritava ao vê-lo em seu banho.

Deveria sentir-se agradecido de qualquer criado que tivesse deixado o vinho, mas agora necessitava uma bebida forte para si mesmo. Finalmente, encontrou a voz. – A água melhorou suas pernas?

–Sim. Embora não acredito que possa caminhar durante outra semana, – disse, com um sorriso atirando do canto dos lábios.

– Tenho que lhe levar até a cama?– logo que as palavras saíram de sua boca se viu fazendo exatamente isso, mas não a deixava para dormir. Fazia amor com ela.

Minha, disse uma voz. Negou com a cabeça e afastou a um lado a voz.

Sua risada suave flutuou ao redor do quarto. –Acredito que posso dormir aqui mesmo se a água permanecesse quente.

Esta conversação estava saindo de controle, mas aparentemente era o único que pensava assim. Olhou para o chão. –Só vim ver como lhe arrumava isso.

–Não deveria estar aqui. Não enquanto estou na banheira.

Por fim, um pensamento cordato. –Perguntava-me se o vinho tinha despachado o sentido comum em ti.

Riu outra vez, o som trouxe uma pequena careta a seus lábios. –Nunca bebi tanto vinho, e não acho que o volte a fazer outra vez. Acho que deveria te exigir que saia imediatamente.

– E por que não o faz?– Que diabo o alfinetou para perguntar isso nunca saberia, mas agora que perguntou, queria saber a resposta.

Ela suspirou e pôs uma mão sobre a frente. –Não importa, – disse, afastando o olhar, mas não antes que visse sua desolação.

Queria recuperar o travesso sorriso, mas tinha a sensação de que ela estava rapidamente voltando para a realidade.

– Devo permanecer neste quarto?

Levantou a vista para encontrá-la olhando-o. – se queria te encarcerar, então te teria metido na masmorra. Não sou um monstro.

–Sei. Simplesmente queria saber seus planos.

Encolheu-se de ombros e passou a mão pelo cabelo. –Não tinha pensado nisso realmente, mas não tenho intenção de te confinar nesta câmara.

– O que ocorreria se te dissesse que quero explorar fora das muralhas do castelo?– Perguntou e se inclinou.

Por um momento se esqueceu de respirar, esqueceu a pergunta, esqueceu tudo exceto a água como gotas peroladas sobre sua pele quente baixava rodando por seus ombros e o nu pescoço. Queria seguir essas gotinhas com a língua e morder o pedacinho de pele enquanto ela se retorcia baixo ele.

Piscou e se centrou de novo em sua cara. – se quer explorar, então te levarei.

Um sorriso brilhante iluminou a cara. – De verdade?

–Sim.

– Seria um sacrilégio se dissesse que não quero ser devolvida a MacNeil?

–Ninguém quer ser devolvida a um monstro, até se esse monstro é o pai de um.

Ela levantou os joelhos e se envolveu com os esbeltos braços ao redor das pernas.

–Tem muito ódio a MacNeil. Diga-me o que lhes tem feito.

–Aprenderá bastante sobre seu clã enquanto esteja aqui. – Seu corpo lhe queimava mais ardentemente com cada polegada de pele exposta. Não sábia quanto tempo mais podia permanecer ali sem tirá-la bruscamente da banheira e saboreá-la.

–Os clãs estão sempre em boca de todos, e as histórias se distorcem.

–Não mentimos, – chiaram os dentes. Não a podia culpar. Tinha estado pensando o mesmo. Ainda assim o alfinetou.

–Tudo o que sei é que esta luta seguiu durante gerações. Quem sabe ainda como começou?

–Eu sei, – disse e observou seus olhos aumentar-se. –Como logo o averiguará. Seu pai levou a luta a um novo nível quando se converteu no Laird.

– Como?

Ouviu o medo em sua voz, mas não podia deter a verdade que saía de seus lábios.

–Não se chama um açougueiro por nada.

Glenna se recostou na água depois de que Conall partiu e pensou sobre suas palavras. Sua mente se aturdiu com perguntas a respeito de seu pai e do clã, mas realmente não queria sabê-lo. Se o que disse Conall era verdade, então não era de estranhar que seu clã tivesse tal ódio por ela.

A paz da água a evitou enquanto seu embotado cérebro empapado em vinho se desembebedou. Saiu da agora morna água e rapidamente se secou completamente. O calor do fogo a protegia da frieza afundada dentro de seus ossos, mas não da que feria sua alma.

O que a tinha impulsionado para atuar como uma desavergonhada? Poderia jogar a culpa ao vinho, mas se era honesta, então admitiria que gostasse do fogo aceso nos olhos do Conall. Agora que o vinho se dissolvia, estava envergonhada pelo que tinha feito.

Quando se voltou para a cama encontrou uma simples camisola branca jazendo ao pé da cama. Coxeou para a cama e se retorceu dentro da bata. Justamente tinha sentado quando advertiu uma pequena caixa azul situada ao lado da banheira.

Não tinha estado ali faz um momento. Com um suspiro se levantou e lentamente caminhou de retorno à banheira. Com um grande esforço se dobrou para baixo e recuperou a caixa e quando conseguiu sentar-se de novo, abriu-a.

Dentro encontrou um creme de cor marrom. Inalou pelo nariz e o aroma da hortelã encheu seus sentidos. Era um creme curativo o que sustentava, e não havia uma coisa má nela. Encolheu-se de ombros, levantou a prega do vestido e se esfregou as pernas com o creme.

Depois de cobrir toda a pele de suas pernas com o creme, Glenna começou a sentir-se inquieta. Era uma sensação estranha, já que estava acostumada a permanecer largos períodos em seu quarto em sua casa, mas aqui era diferente. Desde que tinha deixado o Castelo MacNeil, tinha tido a sensação inconfundível que tinha magia rodeando esta terra.

Que era seu dever estar ausente de sua casa. Riu entre dentes e o som ricocheteou nas paredes da câmara. Permaneceu de pé e encontrou que as pernas já não lhe doíam tanto.

A janela a convidava e ela olhou com atenção para fora. A noite caiu em cascata de estrelas e as nuvens revoaram frente o atalho da lua. Um brilho chamou sua atenção. Estava fora das paredes do castelo no bosque. Esforçou-se por encontrá-lo, e estava aponto de render-se quando o viu.

Era uma luz tão brilhante que se via branca por sua intensidade. Não era grande, não mais que um homem, mas Glenna ainda não podia divisar o que era.

É magia, parecia lhe murmurar a noite.

Sim, provavelmente devia ser magia, pois tinha sido a mágica o que tinha trazido Iona até ela e a tinha liberado de MacNeil. Uma magia especial golpeava o coração de Escócia? E se perguntou por que era tão forte aqui e não existia em MacNeil

Apesar de tudo, estava decidida a averiguar o que era a luz branca, e aprofundar no mistério desta terra mágica.

 

Os dois Druidas ficaram olhando ao castelo. – Funcionou?– perguntou o homem.

– Viu-a?

–Sim, Frang, – respondeu a mulher. –veio para casa por fim.

Eles se voltaram quando o Fae se aproximou. –Não tem muito tempo.

–Glenna estará preparada, Aimery, – declarou a mulher.

Aimery sorriu. –Glenna já sente a magia deste lugar. Virá a ti ansiosamente, Moira. Se assegure de que aprenda tudo o que precisa conhecer, pois MacNeil a desafiará.

Frang mudou de posição e olhou outra vez fixamente ao castelo. – Quanto acha que temos que lhe dizer a respeito de seus pais?

–Nada, – respondeu rapidamente Moira. –Ainda não.

–Precisa sabê-lo, – disse Aimery. –Sem esse conhecimento, não pode lutar contra o mal.

–Dentro de pouco saberá, – disse Frang e pôs a mão no ombro da Moira.

–Até a próxima vez, – disse Aimery e desapareceu rapidamente.

–Moira, – começou Frang, mas ela negou com a cabeça.

–Não quero que saiba.

–Tem que sabê-lo, – insistiu Frang. –O Fae sabe muito mais que nós. São eles o que outorgaram a Glenna seus poderes. Quem somos para questioná-los?

– Quem em realidade? – repetiu Moira enquanto cravava os olhos no castelo. –Ela nos observa, apesar de que não pode nos ver.

–Vê o que o Fae quer que veja.

 

Ao dia seguinte Conall entrou no quarto de Glenna e lhe disse sem duvidar, –Passe o dia comigo.

– Contigo?– perguntou ela estupidamente quando lhe deu uma simples toga amarela.

–É o Laird e está muito ocupado. Não precisa me ter por perto.

–Lhe fará bem um pouco de exercício a suas pernas e meu clã se acostumará a sua presença.

Abriu a boca para protestar, mas a fechou com rapidez.

Levantando uma de suas negras sobrancelhas a interrogou. – Tem algo que dizer?

Tentou tragar ar. Castigaria por dizer o que pensava como tinha feito MacNeil? Era uma oportunidade que queria, não, precisava usar. Com o coração na garganta disse com valentia, – Prefiro passar o dia em meu quarto.

–E eu preferiria que estivesse comigo. Preocupa-me sua segurança.

–Em outras palavras, não confia em seu clã?

–Confio neles com minha vida. – Fez uma pausa e se cruzou de braços.

–Não obstante suas mentes estão cheias de ódio, e o canalizarão para ti.

–Sempre que me vejam estarei contigo e pode te proteger.

Um lento e sensual sorriso se elevou na comissura de sua boca. Tinha certeza de que esse sorriso tinha quebrado muitos corações de jovens donzelas.

–Claro, – disse. –Mas em troca de algo.

Seu amplo sorriso se desvaneceu rapidamente. Por que tinha que pedir algo. E ela que pensava que tinha diante um bom homem que só pensava em sua segurança.

Baixou seus braços e a olhou fixamente com seus olhos cinzas, ferozes e inflexíveis. Sabia que algo que dissesse seria definitiva e que nada lhe faria mudar de opinião.

–Segue levando o tartan dos MacNeil, mas não o fará aqui.

Pestanejou. Não esperava que lhe pedisse tão pouco. Deixar o tartan MacNeil de lado não lhe custaria muito já que nunca tinha formado parte do clã. A verdade é que se sentia agradecida de poder tirar-lhe Tinha querido deixar atrás o clã desde fazia muitos anos. Tinha a oportunidade e não a deixaria passar.

–Peço-lhe isso por seu bem, – continuou sem dar-se conta da urgência com a que tirou o tartan. –Minha gente reage mal ante as cores dos MacNeil.

Deixar que pensasse que quero guardá-lo, pensou ela. O estava pondo muito fácil, mas lhe convinha que ele soubesse? –me dê um momento para me trocar.

Deteve-se quando saía e assinalou a caixa azul. – De onde tiraste isso?

–Não sei. Pensava que você tinha trazido. Encontrei-o depois de meu banho.

Moveu a cabeça, mas não disse nada mais. Saiu do quarto e ela agarrou rapidamente o tartan MacNeil, dobrou-o e guardou no pequeno baú da esquina.

Passou-se a toga pela cabeça e se surpreendeu ao notar que ficava quase perfeita. Só lhe apertava um pouco o peito. Também ficava um pouco larga, mas podia ver que lhe tinham arrumado a prega.

Não seria difícil caminhar com a preciosa toga. Não era nova, mas se asseguraria de devolver-lhe intacta a seu dono.

Deu um passo esperando sentir uma dor atroz nos músculos, mas só sentiu uma ligeira opressão e uma leve dor. Fora o que fosse o que continha àquela jarra fazia maravilha com o mal-estar, pensou.

Com uma ligeira inspiração ocultou sua dor e abriu a porta de seu quarto para encontrar-se de cheio com o Conall apoiado na parede da frente, como se tivesse todo o tempo do mundo. Assentiu com aprovação e estendeu seu braço.

Notou que tinham tratado a ferida do braço e que não parecia lhe incomodar absolutamente.

– A quem devo agradecer por me ter emprestado esta toga?– perguntou enquanto baixavam as escadas.

–Iona.

Lhe afrouxaram as pernas. Sentiu como as escadas se aproximavam a grande velocidade por um momento, mas sua mente se congelou para ouvir o nome de Iona. Umas fortes mãos a sustentaram pela cintura e a levantaram. Ficou sem respiração ao olhar seus profundos olhos cinzas.

– Está bem? Perguntou com uma mescla de irritação e preocupação em sua voz.

Tragou com força e assentiu.

–Me esqueci de suas pernas, – disse e passou seu braço por suas costas para ajudá-la.

Piscou com rapidez para ocultar suas lágrimas e seguiram baixando as escadas, seus pensamentos estavam ainda em Iona. Tinham estado juntas muito pouco, mas tinham se convertido nas melhores amigas. Não teve tempo de pensar muito nos dias que passou com Iona enquanto entrava no hall com o Conall. Seus soldados giraram e a observaram com ódio.

Esperou sentir seu ódio. Perdeu o fôlego, mas não a debilitou tanto como antes. Contribuiu a isso o que não levasse o tartan MacNeil, era isso ou o feroz olhar do Conall. Não lhe importava muito que fora o que os tinha detido, só se alegrava de que algo partisse.

Conall não ficou muito tempo no hall e a arrastou fora. Uma vez no pátio a pôs perto da parede. –Fique aqui, – ordenou-lhe de uma vez que girava para começar o treinamento com seus soldados.

Ficou hipnotizada pela vista de seus músculos à luz do sol enquanto movia sua espada como se fora uma extensão de si mesmo. Movia-se com a graça de um cavalo e a força de um leão.

Tomou segundos para derrotar seus homens, e ainda assim não havia rancor entre eles. Não podia deixar de comparar este treinamento com o dos soldados MacNeil. Lá, os comandantes ridicularizariam e atormentariam a qualquer incapaz de desarmá-los. Era estranho que passasse um só dia sem que algum dos soldados morresse por causa do que chamavam treinamento.

Começaram-lhe a doer às pernas de estar tanto tempo de pé. Agachou-se lentamente com a ajuda da parede e lhe surpreendeu ter uma melhor vista do Conall desde essa posição.

O som de alguém se aproximando chamou sua atenção. Afastou a contra gosto seu olhar de Conall para observar ao ancião que tinha ao seu lado.

Tinha uma emaranhada barba e o pouco cabelo que ficava era de um branco puro. Parecia ter participado de muitas batalhas pela cicatriz que lhe cobria o rosto. Seguiu a linha da cicatriz e viu que lhe faltava meia orelha.

–Você gosta da cicatriz, não?– perguntou com um sorriso zombador em sua enrugada cara, mostrando suas gengivas sem dentes.

Tragou saliva. –Parece como se a dor tivesse sido terrível.

– Sabe quem a pôs aí?

–Não. – E não queria sabê-lo.

–O próprio MacNeil, embora só era um guri naquela época. Seu pai seguia vivo. Não foi até depois de converter-se no Laird que matou a toda minha família.

Glena sentiu a bílis na garganta. O que a fez pensar que queria saber o que tinha feito MacNeil? –Não quero ouvir mais.

–Tenho certeza de que está desejosa de saber como sei que foi ele. – riu para seus adentro e a assinalou com um torcido dedo. –Porque lhe vi fazê-lo. Minha mulher ia ter um menino, e meus dois filhos eram somente bebês. Só bebês, – gritou.

Ela se escapuliu longe dele, seu coração gritando que parasse. Mas não o fez.

– Que tipo de homem mata mulheres e meninos? Um açougueiro. Isso. Seu pai é um monstro, como você!

–Já basta, – rugiu Conall enquanto ficava a seu lado.

Mas não pôde afastar os olhos do ancião. Seguia sofrendo sua dor e ela podia entender por que. Como desejava que MacNeil não fora seu pai. Faria algo para poder mudar seu passado.

–Glenna.

Passou o olhar do ancião a Conall. – Por que lhe deteve? Pensei que você queria que soubesse o que meu pai fez.

–Não assim, – disse depois de uma pausa. Estendeu uma mão para ajudá-la a levantar-se.

–Vêem, é hora de arrumar certos assuntos do clã.

Ela esperou enquanto jogava água sobre a cabeça e salpicava a alguns dos meninos. Surpreendia-a que fora tão amável e cuidadoso com os meninos. MacNeil não teria se incomodado em olhá-los.

Podia ser que tudo o que lhe tinham ensinado enquanto crescia estivesse mau? Sabia de coração que Conall era um bom homem. Qualquer que tratasse aos meninos com tanta decência e honestidade tinha que ser um bom homem. Gostava inclusive aos animais, e acaso não tinham a habilidade de distinguir às más pessoas? Tinha visto já enorme diferencia entre Conall e MacNeil, e tinha certeza de que havia muitas mais.

Conall lhe fez um gesto para que lhe seguisse. Sentiu seus pés pesados enquanto lhe seguia para o grande hall do castelo. Quando entraram dois homens e começaram a regatear por um porco, deixou que seus pensamentos se dispersassem.

Até que uma mulher maior caminhou para ela com um sorriso cálido. Glenna lhe sorriu também, ansiosa por fazer amigos. A mulher caminhava com uma ligeira claudicação e Glenna viu que lhe faltava um dedo do pé.

–Perguntava-me se poderia falar contigo, – disse, seu sorriso foi substituído por uma careta de desprezo.

Glenna sentiu temor. Soube antes que a mulher abrisse a boca que não lhe ia gostar do que tinha que lhe dizer.

–É a menina de MacNeil. Finalmente te encontro para poder te cortar a garganta como fez ele com meu marido. Não tenho certeza se posso convencer a um dos homens para que te viole como fez comigo.

–Por favor, – suplicou Glenna, querendo pará-la desesperadamente.

– Por favor?– ofegou a mulher. –Supliquei-lhe e tudo o que obtive foi que me cortasse o dedo, minha tripa enche com seu filho e toda minha família morta, e tudo porque a mãe do Laird escolheu a outro homem antes que ao pai de MacNeil.

Glenna tragou bílis. – Teve a seu filho?

A mulher riu. –Não traria para o mundo ao demônio.

– Matou a um menino inocente?

–Nada que tenha que ver com os MacNeil é inocente, – cuspiu. –Chegará sua hora. Nosso Laird pode te haver posto sob seu amparo, mas há maneiras de pular esse obstáculo.

Glenna a olhou enquanto se afastava e tentou acalmar sua respiração. Um rápido olhar a seu redor confirmou que outros não só tinham ouvido a mulher, mas também estavam de acordo.

Tremeu com medo, mas tentou parecer imperturbável. A mulher tinha razão. Chegaria o momento em que Conall não estaria perto, e sabia que a matariam embora fora inocente.

Não completamente inocente.

Ignorou sua consciência e às pessoas ao seu redor para concentrar-se na calmante voz de Conall enquanto este resolvia os diversos problemas de seu clã.

Não foi até que o dia quase tinha acabado e Conall estava ocupado inspecionando uns cavalos que notou à preciosa pequena de cabelo negro que a olhava fixamente. Glenna lhe sorriu e se surpreendeu quando a menina começou a caminhar para ela.

Quando se deteve frente a ela, Glenna se agachou e se mordeu o lábio para evitar deixar escapar um grito de dor. Ficou boquiaberta quando contemplou os familiares olhos.

–Olá, – disse a pequena menina. –Meu nome é Ailsa.

–Que nome tão bonito. Eu sou Glenna.

–Eu gosto, – disse Ailsa. – De onde vem?

Glenna olhou para baixo, a pequena mãozinha sobre seu braço. –De muito longe, – respondeu finalmente.

– Vais a ficar aqui?

–Por um tempo. – Um movimento captou sua atenção e viu a Conall falando com o Angus. Quando voltou a olhar a Ailsa esta se estava partindo.

– Aonde vai?

–Disseram-me que me mantivera longe do Laird.

– Quem?

Ailsa baixou seus olhos e se encolheu de ombros.

Agarrou as mãos da Ailsa. – Quem disse que te mantivera afastada de Conall?

–Glenna, – chamou-a Conall.

Ela o olhou e depois a Ailsa. – falaste com ele alguma vez antes?

–Não, – Ailsa negou com sua cabeça de cachos negros. –E não devo.

Sentiu uma forte determinação. Conall não sabia que tinha uma filha, e esses olhos eram inconfundíveis. Ailsa era dele, e ela ia assegurar se de que soubesse. Hoje.

– Confia em mim, Ailsa?– perguntou-lhe, pegando-a nos braços.

Depois de um momento de dúvida respondeu, –Sim.

–Então vêem comigo. – Agarrou a Ailsa em braços e foi para Conall, ignorando a agonia de suas pernas.

Sorriu-lhe à medida que se aproximava. –Vejo que tem feito uma amiga. Como se chama?

A respiração de Glenna se fez mais e mais rápida, seu coração pulsava velozmente.

–Ailsa.

–Que nome tão bonito para uma menina tão encantadora, – disse enquanto beliscava o nariz da Ailsa. Esta riu feliz antes de esconder a cabeça no pescoço da Glenna.

–Olha-a, – disse-lhe Glenna.

–Já o tenho feito. É uma menina muito doce.

–Não. Olha-a, – disse-lhe de novo e levantou a carinha da Ailsa para ele. –Olhe seus olhos e me diga por que lhe disseram que não se aproximasse nunca a ti.

Glenna ouviu sua inspiração entrecortada quando olhou seus próprios olhos. –Pelo sangue de Cristo, – vaiou e agarrou a Ailsa em seus braços. – Quem é sua mãe, moça?

Ailsa se encolhido de ombros. –Fiz que morresse.

A dor flamejou nos olhos de Conall quando olhou a Glenna. –Vêem, – disse a ela e a Angus enquanto levava a Ailsa ao castelo.

Surpreendeu-a o silêncio de Angus, mas um só olhar a sua cara de assombro lhe disse que ninguém sabia. Seguiu a Conall até o solar e se sentou em uma cadeira frente a ele. Ailsa se desfez de seu abraço e subiu ao colo de Glenna.

–Ailsa, tem que me dizer o nome de sua mãe, – suplicou-lhe, a angústia tingindo sua voz enquanto apoiava seus cotovelos nos joelhos.

–Mary MacBeth.

Fechou os olhos e baixou a cabeça. –Bom, ao menos sei quem te disse que te mantivera afastada de mim, – murmurou.

Glenna rodeou com os braços a Ailsa. – Por que queriam que te mantivesses afastada do Laird Conall?

–Não me dizem isso.

Uns olhos cinzas atormentados olharam a Glenna. –Estou em dívida contigo, – disse Conall antes de girar-se para Angus. –te ocupe de que Francis MacBeth saiba que tenho a minha filha, e que crescerá aqui. Também quero saber por que a afastaram de mim.

–Enviarei a alguém para que se ocupe de acomodar a Ailsa, – disse Angus antes de abandonar o solar.

Glenna sorriu a Conall para que soubesse que estava fazendo o correto, mas não foi até que um servente apareceu para ocupar-se de Ailsa que falou.

–Negou a minha filha por cinco verões. Por que quereriam fazer algo assim?

–Não tenho nem idéia.

Levantou-se e caminhou pelo cômodo antes de deter-se frente a uma pequena janela que dava ao pátio. –Não acredito poder te devolver o favor de ter visto o que outros não puderam.

Mas ela conhecia uma maneira. – Não me devolva ao MacNeil.

A escura cabeça do Conall girou lentamente em sua direção. –Pede-me o impossível.

 

O dia não acabou para a Glenna com o descobrimento de Ailsa, como lhe tivesse gostado. Tinha esperado jantar de novo tranquilamente em seu quarto, mas Conall tinha outros planos. Solicitou sua presença, e ter que suportar outra vez tanto ódio não era algo que tivesse a intenção de fazer.

–Não, – indicou e caminhou para a janela.

Seus olhos arderam como prata líquida. –Sentará a meu lado esta noite. Não te esconderá mais em seu quarto.

–Estive a seu lado todo o dia, como me pediu, e não quero receber mas ameaças de novo.

– Quem te ameaçou?– perguntou com preocupação e ira evidentes por seu cenho franzido.

Evitou pôr os olhos em branco. O que lhe tinha passado? Tinha uma veia rebelde que se supunha que as mulheres não deviam possuir e os anos passados com o Alistair MacNeil não tinham suprimido qualquer resistência por sua parte.

Até que conheceu o Conall. Nunca lhe teria ocorrido discutir com o MacNeil. – Não importa, – respondeu finalmente.

–Sim que importa, ou não o tivesse mencionado. Diga-me isso.

Era um homem acostumado a sair-se com a sua, e já era hora de que alguém lhe negasse algo. –Inventei isso.

Imediatamente avançou os poucos passos que os separavam e ficou frente a ela. –Não minta e quem quer o fez te assustou a consciência.

O fato de que tivesse dado com a verdade a surpreendeu. Deixou de lutar quando viu a preocupação em seus olhos. Baixou os seus e se encolheu de ombros.

– Porquê não me conta sobre a inimizade entre nossas famílias?– pediu-lhe, necessitando uma mudança de tema.

Ele suspirou. –Parece ser que seu avô procurava constantemente uma esposa. Sua avó morreu ao dar a luz a seu pai.

–Não sabia. MacNeil nunca falava comigo.

–Durante anos seu avô procurou outra esposa. Apaixonou-se, mas esta preferiu ao Laird dos Sinclair. Depois daquilo, seu pai só quis uma esposa. Pediu-lhe a mão a minha mãe, mas se negou. A inimizade começou quando se inteirou de que tinha elegido a meu pai.

Não tinha palavras para acalmar a dor de ver seus leais companheiros do clã morrer.

–Deixa que fique.

–Não. Necessito que o clã te veja.

– Não te importa em nada o que eu queira?

–Te protegerei.

Teimoso. –Nem sempre está perto.

Sorriu e quase lhe derrete o coração. –Por isso te manterei a meu lado.

Glenna sabia que podia ficar todo o dia de pé discutindo e não ganharia. Estava decidido, e faria algo para sair-se com a sua. Tomou a mão que lhe oferecia.

Respirou fundo e levantou a cabeça enquanto entravam no hall. Conall a guiou até o estrado e a sentou ao lado de Angus enquanto se sentava a seu outro lado. Acabava de se sentar quando começou a aparecer gente.

O hall se encheu com o MacInnes e todos giraram para observá-la. Estava à vista de todos, e tinha pensado que se o efeito de quarenta guerreiros MacInnes que tinham mostrado seu ódio era mau, essa noite certamente morreria.

Aversão. Repugnância. Ódio.

As emoções dirigidas para ela a cravaram na cadeira, incapaz de levantar sequer um dedo. Sentiu apertar-se seu peito dolorosamente e a cômodo começou a girar, mas tentou enfocar o olhar.

Olhou o hall, procurando a aquele que desprendia o maior ódio, mas tinha muita gente. Com essa multidão o clamor de sua conversação deveria ser ensurdecedor, mas não havia bulício, nem risadas, nem juramentos. Sussurros e olhares a saudavam cada vez que entrava alguém. Sua visão começou a obscurecer-se. Concentrou-se em seu prato para evitar deprimir-se.

Conall suspirou e soube que não deveria tê-la forçado a comer no hall principal, mas tinha gostado da idéia de tê-la ao lado. Tinha o surpreendido sua negativa, mas gostava que não tivesse medo de dizer o que pensava.

Olhou a seu clã e se sentiu envergonhado. Glenna não era a malvada, mas ser a filha do vilão a fazia sê-lo.

Uma cotovelada a suas costelas chamou a atenção. Girou e se encontrou com o olhar de Gregor. – Que demônios têm?

– Está tão cego que não vê o que lhe está passando a Glenna?– perguntou-lhe horrorizado. –Outra vez.

Conall observou a Gregor um pouco mais antes de olhar a Glenna. Sua pele estava quase cinza e uma fina capa de suor lhe cobria a cara. Tinha-a visto assim só uma vez.

–Glenna, – sussurrou-lhe. Manteve a cabeça encurvada para não chamar a atenção sobre ela.

–Por favor. Me leve – Fora – Daqui.

Em um só movimento se levantou de sua cadeira e a agarrou em seus braços. Necessitava ar fresco e privacidade. Correu para as almenas. Uma vez ali apoiou o quadril em uma almena. Inclinou-se para a parte sólida, e moveu do lugar a Glenna para poder lhe tirar o cabelo da cara.

Uma ligeira brisa esfriou sua pele, mas seguiu pálida. –Glenna, me diga. O que você tem?

–O ódio, – murmurou, seus olhos fortemente fechados.

Gregor tinha razão, pensou. Via-se afetada pelo ódio de seu clã, só que não se deu conta de quanto até essa noite. E sua estupidez quase a mata.

– O que preciso fazer?

–Me manter. Aqui fora. – Fez uma pausa e acrescentou, – Por favor, fale comigo.

Assim que se sentou com ela em seus braços, seu cabelo envolvendo-os. Com a ajuda da lua e uma tocha próxima pôde ver como recuperava a cor pouco a pouco.

–Falei com o Francis MacBeth faz um momento. Disse que foi o desejo de sua filha não me ver, embora não acredito.

Viu um débil sorriso em seus lábios e se alegrou.

–Mary estava bastante louca por mim, sabe? – provocou-a.

–Arrogante.

O débil sussurro lhe fez rir entre dentes. –Francis teve o descaramento de pedir que Ailsa fosse devolvida. Conseguirei respostas. Ninguém me contradiz.

Ela abriu os olhos lentamente e tentou sorrir.

–Deveria me ter dito o que te estava passando. – Tirou-lhe o cabelo da cara.

Ela passou a língua pelos lábios. –Não podia. Chegou a tal extremo que não podia me mover.

– Está-me dizendo que não podia te levantar e sair da sala?

–Não. O ódio era muito forte, especialmente de uma fonte. – Suspirou e se acolheu um pouco mais perto dele.

Encontrou-se olhando seus lábios cheios e desviou o olhar rapidamente de volta a seus olhos. – Quem?

–Não pude localizá-lo. O hall estava muito cheio.

–Agora está a salvo, – sussurrou-lhe e se encontrou atraído por seus lábios ligeiramente abertos e seus olhos entrecerrados. Chegou-lhe o som de um alaúde, a música era sensual e romântica e flutuava na brisa noturna.

Um desejo de provar o néctar de sua boca o encheu, para saciar a sede de seu corpo. Baixou a cabeça até que seus lábios ficaram a escassos centímetros.

Seus olhos encontraram os seus. Uma parte lhe urgia a tomá-la. Era uma prisioneira. Dele.

Minha.

Sim, era dele, e sabia que ela não o rejeitaria. Viu a fome ardente nas profundidades de seus olhos. E as palavras de seu pai que tinha esquecido faziam anos lhe vieram à mente.

–Um Druida sempre reconhece a sua companheira, menino. E embora seu destino não seja ser sacerdote, o sangue Druida corre por suas veias.

Companheira? Havia algo que lhe estava advertindo de que Glenna era sua companheira? Não podia ser. Já que se a beijava, se deixasse ir, não a mandaria de volta com os MacNeil. E não devolveriam a Iona.

Separou-se da cara uma mecha de cabelo escuro.

–Eu gosto de seu cabelo solto. Parece selvagem e primitivo.

–Entretanto não sou nenhuma das duas coisas. – Sorriu, ele sabia bem. –Só que ainda não sabe.

 

Moira girou e olhou ao Frang quando este se aproximou. O velho Druida riu entre dentes ao ver o que ela estava observando.

–Parece que Glenna e Conall encontrarão o amor por sua conta.

–Ele luta contra isso, – disse Moira e se voltou para o casal.

–Ela o ajudará a ver o caminho.

Moira assentiu e continuou observando enquanto Conall ajudava a Glenna a ficar em pé.

–Poderíamos lhe liberar do juramento que nos fez.

– O que? E fazê-lo mais fácil? Sabe que isso não gostaria de nada a Aimery.

Suspirou fortemente. –Não sei se posso fazer isto, Frang. Não sou tão forte como pensa.

Deu-lhe tapinhas no ombro e lhe sorriu de maneira paternal. –Aimery não te teria dado tal tarefa se não tivesse acreditado que podia levá-la a cabo. Tenha mais fé em ti mesma, menina.

–Sinto algo no ar.

Frang riu entre dentes, sua larga barba cinza movendo-se com a brisa. –É o desejo.

–Não. Outra coisa. Algo que não deveria ser.

Frang ficou imóvel e levantou a cara para a lua. –Sim, tem razão. Teremos que vigiar de perto Glenna e Conall. Tanto depende deles.

Moira olhou uma última vez ao casal antes de seguir a Frang para o círculo de pedra. Formigaram-lhe as costas perto da coluna, e isso queria dizer que havia um grande mal, maior que MacNeil, que queria arruinar seus planos. Mas quem?

 

A Sombra entrou mais profundamente nos bosques. Devia tomar cuidado. Frang e Moira quase lhe tinham visto. Não esperava encontrá-los espiando a Glenna e Conall também, mas isso só demonstrava quanto estava em jogo para os Druidas.

Riu suavemente e se apressou para o castelo. Tinha seus próprios planos, e com a ajuda de certa moça tudo sairia à perfeição.

Então poderia ter a Moira. Frang era velho, muito para evitar que conseguisse o que queria. Tinha esperado suficiente, e lhe tinham negado muitas coisas. Era sua hora.

Não mais espera.

 

A manhã tinha começado perfeitamente. Ailsa tinha entrado correndo no quarto de Glenna e lhe tinha pedido que a levasse a explorar. Glenna rapidamente esteve de acordo, impaciente por que a inocência da infância lavasse a dor e a confusão que crescia firmemente em seu coração. Ela nunca se deteve para pensar que diria Conall, e tampouco quis sabê-lo.

Acabavam de entrar no ruidoso pátio e Glenna divisou a Conall treinando com seus homens. Mas Ailsa a apressou a seguir em vez de olhar os músculos de Conall estirando-se e dobrando-se com cada golpe e parada de sua espada.

Seu estômago se apertou quando recordou o calor de seus olhos quando quase a tinha beijado a noite anterior. Com as estrelas brilhando no alto, a música do alaúde acalmando-a e a boca do Conall só a um fôlego de longe, tinha sido uma noite mágica.

Sim, tinha estado perto, mas algo o deteve, para sua decepção. Frequentemente se perguntava como seria ser esposa e mãe, mas nenhum homem a tinha feito sonhar sendo beijada. Até que Conall lhe fez pensar em coisas que fariam ruborizar a uma monja.

Tinha querido sua boca na sua mais que qualquer outra coisa. A suavidade de suas mãos lhe afastando o cabelo da cara, e a intensidade de seus olhos tinha atormentado seu sonho. Tinha-lhe gostado de saber do seu sabor era a metade de bom de como se via.

– Se prefere ficar a olhar ao Laird em vez de explorar comigo eu a compreenderia. Todas as mulheres dizem que é um homem bonito.

Glenna sorriu. Com a Ailsa ao redor nunca estaria aborrecida. A menina dizia as coisas mais estranhas. –Certamente que quero ir contigo.

Mas o comentário de Ailsa atraiu sua atenção. Olhou ao redor do pátio e viu muitas mulheres, jovens e velhas, que se paravam e olhavam embevecidas ao Conall.

A Glenna incomodou que elas olhassem tão abertamente até que se deu conta que ela estava fazendo o mesmo.

Entretanto, tinha uma formosa ruiva, que o comia com os olhos tão lascivamente, que fez crescer a ira de Glenna.

Com a firme resolução de ignorar a Conall e seu magnífico corpo, tomou a mão da Ailsa e estava a ponto de sair quando reconheceu uma suave e aveludada voz que as fez deter.

– E aonde vão vocês duas?

O estômago da Glenna revoou quando ouviu o suave acento de Conall. Deu a volta e o encontrou sorrindo a sua filha. –vamos explorar.

– Quer vir?– perguntou Ailsa, então rapidamente baixou sua cabeça. –Não importa.

Conall enrugou a frente e olhou a Glenna, mas ela se encolheu de ombros.

– Você não quer que vá?– perguntou a Ailsa.

Ailsa levantou sua cabeça. –É o Laird e não tem tempo para m… qualquer pessoa.

Glenna apertou a mão de Ailsa. À menina tinha dito que Conall não tinha tempo para ela. Isto lhe trouxe dolorosas lembranças de sua própria infância. Se Conall não consentia em vir, ia dar um rápido chute na tíbia.

–Em realidade– disse Conall e se ajoelhou diante da Ailsa, – não tenho nada que fazer hoje. Eu gostaria de ir se você ainda me quer.

A cara da Ailsa se iluminou com um enorme sorriso enquanto se jogava nos braços do Conall. –OH, sim, quero que venha.

Glenna se alegrou silenciosamente. Conall seguia fazendo coisas tão inesperadas ao que ela não estava acostumada, mas não lhe importou. Somente lhe demonstrava que havia amor neste mundo.

Eles saíram depois que Conall se lavou a imundície do corpo. Ailsa correu diante e os conduziu abaixo pelo caminho ao lago enquanto Glenna e Conall caminhavam um ao lado do outro.

–Estou surpreendida que não mantenha a todos no pátio, – disse ela finalmente quando Ailsa estava muito adiantada para ouvir.

Conall a olhou com seus olhos chapeados. –Não há forma que MacNeil nos possa alcançar aqui. Do outro lado do bosque estão as montanhas escarpadas. O único modo de alcançar meu castelo é por este caminho.

–E os soldados das torres da casa do guarda podem descobri-los de longe adiantados.

–Exatamente. – estirou-se e lhe tirou a cesta de comida da mão.

Deixaram de falar quando Ailsa declarou que tinha encontrado o lugar perfeito e correu com o passar do bordo do lago, recolhendo pedras enquanto o fazia.

Glenna morria de vontades de ir com ela, mas não se sentia cômoda com o Conall perto. Não queria que soubesse quanto significava isto para ela porque poderia recusar a deixá-la vir outra vez, ou pior, poderia fazer que ela retornasse ao castelo imediatamente.

– O que está esperando?– perguntou ele.

Suas palavras a assombraram. Podia acaso conhecer seus mais profundos e escuros desejos? – Perdão?

–Deveste explorar com a Ailsa e não está fazendo nenhuma exploração.

–Então te deixarei aqui só– disse ela e se foi rapidamente antes que mudasse de parecer.  

Sem dar um olhar atrás correu detrás de Ailsa. O fresco aroma do lago alagou seus sentidos. O sol os esquentou do frio que não afrouxaria seu agarre até a primavera, e as canções dos pássaros se somaram à magia.

A Glenna tomou algum tempo caminhar pelas rochas que rodeavam o lago sem torcer um tornozelo, mas rapidamente o obteve com a ajuda de Ailsa. Conall olhou a sua filha e a sua cativa enquanto praticavam saltar pedras sobre a água. Fazia muito tempo que não tinha rido tanto em uma manhã.

Se a situação fosse diferente quase pudesse acreditar que era sua família a que observava. Doeu-lhe pensar que nunca poderia saber o que era ter uma esposa e uma família. Graças aos Druidas nunca seria capaz de casar-se até que encontrasse sua companheira. Seria um cruel giro do destino encontrar finalmente a sua companheira só para ter que perdê-la.

Pôs a um lado seus pensamentos de vingança e seus votos e se permitiu seu primeiro dia livre enquanto observava como Ailsa e Glenna exploravam. A risada despreocupada delas lhe trouxe lembranças de sua infância jogando no lago.

Não foi até que o pescoço lhe começou a ter cãibras pela imobilidade que olhou para cima e encontrou o sol alto no céu. A manhã tinha passado rápida e o meio-dia estava sobre eles. Escavou na cesta e encontrou um banquete. A cozinheira, Tess, tinha-lhes dado uma das primeiras partes de queijo da primavera, rodelas de pão fresco e leite, acomodou tudo sobre a manta com a que tinham empacotado tudo.

Chamou a Glenna e a Ailsa, que lhe sentaram uma a cada lado e escutou enquanto Ailsa explicava o que sabia das Highlands a Glenna. Depois de várias olhadas, notou que Glenna não estava comendo ouvindo encantada a palavra de Ailsa. Ocultou um sorriso e empurrou comida na boca de Glenna.

Uma risada escapou enquanto Glenna tomou uma pequena mordida de pão e tragou. Então viu claro tudo o que ela se perdeu sendo mantida dentro dos muros de MacNeil.

Era estranho estar vendo uma menina ensinando a um adulto, mas isso era o que estava passando justo frente a seus olhos. Enquanto escutava as descrições de Ailsa do lago no inverno, os falcões que se elevavam sobre eles, e o sabor da neve fresca, compreendeu que tinha dado muitas coisas por sentado.

Notou que Ailsa não era consciente do muito que significavam suas palavras para Glenna. Ela comia enquanto falava. –Justo esse, – apontou Ailsa sobre seu ombro esquerdo, –é meu pinheiro favorito.

– Tem uma árvore favorita?– perguntou Glenna, com os olhos aumentados pelo assombro.

–Sim. Venho aqui quase todos os dias a visitá-lo. – Ailsa então indicou um ponto na terra. –Muito em breve brotará um grupo de jacintos selvagens, se olhar mais de perto poderá ver as folhas que estão saindo.

Conall aprendeu muito sobre sua filha e Glenna, e não havia dito nem duas palavras em todo esse tempo. De tanto em tanto Ailsa levantava seus olhos e lhe sorria, para assegurar-se que ainda seguia ali.

Glenna tinha fome de informação e Ailsa era uma professora disposta, mas sabia que o tempo de voltar se aproximava. Empacotou o resto da comida e olhou como elas se agachavam juntas a observar o jacinto que Ailsa tinha indicado.

Levantou sua cara ao sol. A tarde tinha passado voando e odiou ter que lhes dizer que era hora de partir e destruir sua diversão. –É hora de voltar, – chamou-as.

Ailsa franziu o cenho. Glenna ficou de pé e disse, – Continua então. Nós lhe alcançaremos mais tarde.

Quase riu. Ninguém lhe dizia que não, muito menos sua prisioneira. Entendia por que não queria voltar, mas o ponto era que lhes tinha dado uma ordem. –Voltaremos todos juntos.

Glenna se mordeu a língua quando se deu conta de quão brusca tinha sido, e pela dureza dos olhos de Conall soube que o tinha feito mal. Decidiu tentar outra tática.

–Você mesmo disse que estávamos seguros aqui.

–Sei o que disse, Glenna. Vocês voltarão comigo, – disse-lhe e deu a volta para caminhar para o escarpado caminho do castelo.

E pela primeira vez em sua vida ela atuou como uma menina caprichosa e deu uma patada no chão. Ailsa ofegou e correu detrás de Conall. Glenna levantou os olhos e viu a prega da saia escocesa de Conall fumegando como se lhe tivessem disparado chamas.

– Conall! – chamou-o quando Ailsa o alcançava e começava a lhe bater com a mão na parte inferior da saia escocesa. Ele se girou e, vendo as chamas, rapidamente saltou ao lago. Quando se saiu da água, Glenna conheceu o verdadeiro medo. Seus olhos acerados vagaram pela área ao redor deles.

– Como se acendeu meu tartan?– perguntou-lhe.

Encolheu-se de ombros e partiu pela colina para o castelo. A última coisa que queria explicar era como lhe prendia fogo às coisas quando se zangava. Não, melhor deixar isso fora por agora, e controlar seu temperamento para que não passasse outra vez.

Eles acabavam de entrar no pátio quando um guarda gritou, –Cavaleiro aproximando-se. Glenna voltou os olhos para o Conall. A agitação se concentrou em seu ventre e cresceu como uma erva não desejada. Sua mente gritava não!, porque sabia que era um MacNeil o que se aproximava.

É muito logo, não tenho minhas respostas.

Mas agora tudo estava derrubando-se ao redor dela. Colocou a Ailsa nos braços de Angus para alcançar ao Conall antes que chegasse aos degraus que conduziam às almenas.

– Espera-os tão logo?

–Sim. Esperava-os ontem.

Seu tom plano e seus olhos duros disseram muito a ela. Este era o homem que entrava na batalha e isto enviou um tremor por seu corpo e quase a fez perder um degrau quando subia a escada.

Uma imagem da espada de Conall levantada contra o MacNeil se disparou em sua mente. Ela parou e fechou seus olhos com a esperança de ver mais, mas a visão se desvaneceu. Seus olhos se abriram para encontrar que Conall já tinha alcançado o topo. Correu detrás e parou a seu lado.

Um grunhido baixo saiu de sua garganta. –Enviou a um homem sozinho. Eu pensei que viria com seu exército.

–Você ainda terá a possibilidade de lutar com ele, Laird, – disse ela enquanto olhava sob as almenas um moço jovem que já tinha visto um par de vezes na propriedade MacNeil.

Aventurou uma olhada sobre o Conall e encontrou seus pesados olhos nela. – Como sabe isso?– perguntou-lhe.

–Só sei. – encolheu-se tratando de encontrar as palavras. –Não posso explicar o melhor que dizendo o que vi enquanto subíamos a escada.

–Glenna, – começou e então se deteve e lutou com algo que queria dizer. Voltou-se para o MacNeil que esperava abaixo.

–Tenho uma mensagem para o Laird MacInnes, – proclamou o moço.  

–Sou o Laird dos MacInnes, – respondeu Conall. – Que mensagem traz?

–O Laird MacNeil solicitou que devolva a Glenna imediatamente, e deixará que você e seu clã vivam. Se não o fizer, será responsável pela devastação de seu clã. –Ela olhou como Conall agarrava a pedra com tanta força que suas mãos se tornaram branca. – Como pode ver, Glenna está aqui e bem. A devolverei assim que o MacNeil devolva a minha irmã, Iona.

Isto surpreendeu ao cavaleiro já que ficou perplexo procurando as palavras. –Darei sua mensagem ao MacNeil, – disse finalmente e girou seu cavalo.

Glenna olhou até que o cavaleiro desapareceu da vista. Quando se voltou para o Conall sabia que lhe perguntaria o que sabia de Iona, e rezou por algum indulto. Ainda não estava pronta para lhe divulgar tudo.

–Há uma pergunta que estive querendo te fazer, – disse ele.

Ela tragou com força e se mordeu a língua para deter-se se mesma de lhe rogar que não lhe perguntasse. Um grito de um guarda distraiu sua atenção. Sua formosa cara avermelhou de ira.

–Pelos Santos. Ela não… não, – Conall vaiou e a empurrou ao passar.

Olhou-o descer pelos degraus quase voando e enfrentar a uma mulher com o cabelo loiro comprido e solto. Era incrivelmente formosa, ainda a essa grande distancia. O ciúme, agudo e tangível a atravessou.

Nunca lhe ocorreu lhe perguntar ao Conall se era casado. Nenhuma mulher tinha vindo a lhe receber quando chegou, e nenhuma se sentou com eles enquanto jantavam. Mas vendo a encantadora criatura discutindo com ele, fez-lhe compreender que lhe tinha pedido à mulher que se mantivera afastada enquanto Glenna estivesse ali. Suspirou profundamente e sentiu que alguém tomava sua mão.

Ailsa. A menina tinha uma destreza misteriosa para saber quando necessitava consolo. –O Laird não gosta dela, – disse Ailsa.

–É formosa.

–Sim. Nós poucas vezes a vemos algum agora.

– Algum quem?

Ailsa não respondeu mas em troca assinalou. Glenna olhou e encontrou ao Conall e a mulher olhando-a com fixidez antes que ele indicasse à mulher que se fora.

A música que Glenna tinha escutado começou de novo enquanto a mulher partia. Cada fibra de seu corpo a apressava a falar com a mulher e correr atrás dela. Foi então quando se deu conta de que era a mulher de sua visão.

Ela tratou de alcançar o pátio antes que Conall a detivera. – Aonde vai?

– Quem era ela?– perguntou-lhe e olhou pelo lado de seus largos ombros para ver de novo à mulher.

–Ninguém.

A música diminuiu até que só ficaram as vozes de gente a seu redor.

–Por favor, – rogou-lhe enquanto o olhava. – Quem era ela?

Chiando os dentes lhe respondeu. –Seu nome é Moira.

– Ela é sua esposa?

–Santos não, – cuspiu e voltou a cabeça para olhar onde tinha estado Moira. Voltou-se para a Glenna e disse, –Eu não tenho esposa.

Tinha-lhe visto os olhos cheios de ódio só um momento antes, e isso tinha sido pelo MacNeil. Quem queira que fora essa mulher, ele a desprezava. Mas por quê?

Quando se voltou sobre seus talões e se foi, não o deteve. Precisava estar sozinha e as almenas lhe ofereciam um pouco de privacidade. Voltou-se, subiu as escadas pega à parede e tratou de não notar como as pessoas a evitava como à praga. Tinha sido o mesmo no castelo MacNeil, mas ali tinham uma razão para tratá-la assim. Alcançou o topo e saudou com a cabeça ao soldado enquanto procurava um lugar isolado de onde pudesse olhar a paisagem.

O lago estava tranqüilo, pétreo, nenhuma onda na água, e a sua esquerda, nada a não ser belos e ondeados prados. Na distância, mas não muito longe, as montanhas se elevavam e mostravam seus picos cobertos de neve, alguma névoa se montava nelas.

Se havia algum outro lugar tão pacifico e de tanta quietude no que viver, ela não o tinha visto nunca. E provavelmente este seria seu lar se ela não fora quem era e não estivesse Iona por meio.

Antes que Iona deixasse o Castelo MacNeil tinha feito uma advertência a Glenna.

–Chegará o dia em que precisará confessá-lo tudo. Verá o mais escuro dos dias, mas uma luz brilhará através das nuvens.

Iona sempre tinha falado em adivinhações, nunca respondeu diretamente. Glenna ainda não tinha idéia a que se estava referindo a menos que falasse com Conall o que sabia de Iona e…todo o resto.

–É linda esta vista– disse Gregor enquanto parava a seu lado.

Ela o olhou e lhe surpreendeu não vê-lo vestido com seu habitual traje de couro, a não ser com uma camisa açafrão. –Sim.

– Sabe quanto tempo estive com os MacNeil?

Ela estava surpreendida de que tivesse saído e lhe tivesse perguntado tão rápido. –Não, mas isso não me surpreende. Eu sei muito pouco do que passava ali.

–Tinham-lhe escondida.

–Sim, – disse e olhou longe de seus escuros e penetrantes olhos. –Eu não sei o por que MacNeil estava envergonhado de mim. Eu nunca lhe fiz nada.

– Sabe Conall como te usava o MacNeil?

Sua cabeça girou ao olhá-lo. – Do que está falando?

–Eu estava ali o dia que MacNeil quis te mostrar aos Mackenzie.

Ela sentiu o sangue abandonar sua cara enquanto recordava bem aquele dia. Ela tinha estado feliz de saber que deixaria o castelo pela primeira vez, mas isso se converteu rapidamente em medo quando a tinham tomado para lutar. –Eu…eu…–

– Disse-te MacNeil alguma vez o que fez?

Ela fechou os olhos e ouviu o clã Mackenzie gritar enquanto seus lares ardiam ao redor deles. –Eu não fiz isso.

– Para que mais acha que MacNeil queria a seu lado?

–Disse-me que queria me mostrar a crueldade de outros clãs, – disse ela e abriu seus olhos para posar-se nos olhos negros dele. – Como sabe tanto a respeito de meu clã?

Ele levantou um ombro. –Eu escuto. Os pais querem proteger a seus filhos da dureza da guerra, não levá-los com eles a brigar.

Tinha pensado o mesmo, mas quando lhe tinha perguntado ao MacNeil ficou tão colérico que não quis pressionar mais. –Os Mackenzie tinham tomado um menino de nosso clã, enforcaram-no e o deixaram para que o visse todo mundo.

–Esse era um moço de Mackenzie. E o seu clã o pendurou.

Seus joelhos ameaçaram dobrando-se. A enormidade do que tinha feito lhe pesava gravemente em seu coração. Ainda via a desolação em seus sonhos. Nada do que dissesse ou fizesse a perdoaria pela destruição dos Mackenzie.

–Ter a habilidade de controlar o fogo é um grande dom, – continuou Gregor, seu intenso olhar se mantinha sobre ela.

–Mas eu não posso controlá-lo.

– Por que acha que mandaram a Iona?

Esse pensamento nunca lhe tinha ocorrido a ela, mas agora que o pensava, Iona lhe tinha perguntado muitas coisas sobre o fogo. –Ela não foi capaz de me ensinar tudo.

Passando uma mão pelo loiro cabelo lhe disse. –Aprendeu só o suficiente para ser perigosa. MacNeil não queria que soubesse muito. Foi um peão para ser usado.

Não! Gritava a mente de Glenna. Sabia que seu pai tinha feito coisas horríveis, mas certamente não a tinha usado desse modo. Estreitou os olhos e lhe aproximou um passo.

– Quanto tempo esteve com os MacNeil?

–Muito tempo, – murmurou e rapidamente sob seus olhos. Quando levantou seu olhar os escudos que guardavam seus sentimentos foram postos em seu lugar. –MacNeil não sabe que estou aqui. De todos os modos, não ainda.

– O que propõe?

–Posso-te tirar daqui. Conall confia em mim.

–Não imaginava sendo fiel aos MacNeil.

–Eu sou leal a uma só pessoa, Glenna. A mim. Não te engane pensando que estou fazendo isto pela amabilidade de meu coração, – disse-lhe com a cara escura e ameaçadora.

Ela olhou profundo em seus negros olhos e viu amabilidade neles. Um grosso muro de pedra a escondia, mas estava aí. O que fora que lhe tinha ocorrido o tinha marcado terrivelmente.

–Não irei, – respondeu ela finalmente. –O que te tenha ferido não se irá com ajuda dos MacNeil.

A boca do Gregor sustentou o nu esboço de um sorriso. – Está tratando de me advertir?

–Sim.

– Pensa que temo que conte ao Conall o que te ofereci?

–Não há nada que contar.

A cara do Gregor se tornou tão séria como a morte.

–Faz muito tempo que MacNeil não vem atrás deste clã. Se o fizer, nem todos os anjos, nem nenhum santo poderiam te ajudar.

Olhou-o diretamente e soube que o que dizia era certo. Sua oferta não tinha sido levar a de volta ao MacNeil. Tinha sido simplesmente tirá-la dali, porque sabia, assim como ela, que se ficava e MacNeil vinha não ficaria nada do clã MacInnes.

Os olhos dela encontraram ao Conall que estava parado, cabeça e ombros sustentando a outros homens. Seu muito negro cabelo estava amarrado atrás na base da nuca por uma tira de couro, e ela se encontrou perguntando-se quão comprido o teria.

Não podia partir. Não partiria.

Não importava quanta distancia ela tinha que percorrer para estar fora da vista do MacNeil, não o faria. Deixar este castelo, esta terra… Conall, simplesmente era algo que não podia fazer.

Não quando as respostas que Iona lhe tinha prometido estavam tão perto.

 

Moira entrou em círculo de pedras e se moveu para o Frang. –Não vai ser fácil ganhar um acesso a Glenna, – disse-lhe ela uma vez que o alcançou.

– O que aconteceu?

–Conall me negou a entrada e recusou me deixar falar com a Glenna e nem sequer a deixou que se aproximasse de mim.

Frang assentiu com a cabeça e caminho para o bebedouro sagrado que descansava em cima de uma de suas pedras menores. Olhou atentamente dentro desta e moveu a água com seu dedo. Alguns momentos depois levantou a cabeça e suspirou.

–O ódio de Conall para nós se intensificou. Não abrirá seu coração à verdade.

– O que fazemos?

–Só o tempo o dirá. Levaremos a cabo nossas tarefas e rezaremos porque Glenna tenha a fortaleza necessária para atravessar as barreiras de Conall.

 

Conall amaldiçoou comprido e baixo. O que estavam Gregor e Glenna discutindo? Disse- a si mesmo que era medo por sua segurança, mas por alguma razão, não podia deixar de tê-la sob seus próprios olhos mais que por uns poucos minutos.

Quando a descobriu no alto das almenas com Gregor, a suspeita e o ciúmes correram rompantes através dele. Não era tolo. As mulheres ao redor do castelo tinham cansado todas sobre se mesmas para ganhá-la atenção de Gregor. Por que tinha que ser diferente Glenna?

Mas sua conversação tinha sido acalorada. Inclusive da distância tinha sido capaz de vê-los ambos chegar a zangar-se até certo ponto. E lhe fez perguntar-se se poderia confiar em Gregor tanto como acreditou em um primeiro momento.

O qual trouxe outro pensamento. Gregor disse que tinha estado com os MacNeil por negócios. Mas quanto tempo tinha estado ali? Gregor podia muito bem saber um pouco de Iona e ainda não lhe tinha perguntado.

Algo que teria que remediar logo. Como agora, pensou quando viu Gregor encaminhar-se aos estábulos.

 

O aroma de cavalo e feno, um dos favoritos de Conall, deu-lhe a bem-vinda quando entrou no estábulo. Seu cavalo tirou a cabeça por cima da casinha e soprou.

Acariciou-lhe o suave e negro nariz e observou a Gregor enquanto este selava a seu próprio cavalo. – Vai a alguma parte?

Deteve-se só uns instantes ao escutar a voz do Conall. –Só quero me cansar um pouco. Quer me acompanhar?

–Sim, acho que o farei. – Conall abriu a porta da casinha, balançou-se e montou sobre seu cavalo. –Os exercícios aos que submeto meus homens não devem ser suficientes para ti.

Gregor lhe jogou um olhar de aborrecido antes de montar e esporeou seu cavalo à carreira. Conall sorriu e pôs em marcha ao dele. Passaram a grande velocidade pelo pátio, através do portão e fora dos muros, o chão era uma mancha imprecisa sob os cascos do cavalo.

Correram até que o lombo dos cavalos se esticou e seus corpos brilharam de suor. Conall deu um puxão às rédeas quando alcançaram o riacho. Esperou a que Gregor girasse e trotasse até lhe alcançar.

– O que quer me perguntar? Interpelou-lhe Gregor enquanto descia do cavalo e o deixava beber e descansar.

–Vai direto ao grão.

–Não tem sentido perder o tempo.

Conall teve que lhe dar a razão. Por muito que odiasse admiti-lo, não podia evitar que seu respeito por Gregor aumentasse com o passado do tempo. – De que falava com a Glenna nas almenas?

Gregor girou e olhou aos olhos. –Perguntei-lhe se queria que a tirasse daqui.

– por quê?– perguntou entre dentes. Inspirou profundamente e se forçou a acalmar-se. –Não a estou tratando mal.

– Não? Há muito que não sabe sobre a Glenna. Está-lhe fazendo mal e nem sequer te dá conta. Oferece-lhe uma vida que deverá deixar atrás quando a devolver com o MacNeil. Isso está além da crueldade.

Conall se equilibrou sobre ele. Agarrou-lhe pelas lapelas da camisa e apertou com os punhos. Sentiu uma palpitante ira e empurrou ao Gregor contra uma árvore. – O que é o que sabe que eu não saiba? O que me está escondendo?

–Nós dois sabemos até que ponto MacNeil é um monstro, – respondeu Gregor, sua voz acalmada, mas seus olhos ardiam com fúria pelas mãos de Conall sobre ele. –Embora Glenna não o admita ainda, não merece lhe ser devolvida.

Conall afrouxou seu agarre e deu um passo atrás. – Está apaixonado por ela?

Gregor se pôs a rir incontroladamente e alisou sua camisa. –Não há nada parecido ao amor entre nós, Conall.

–Se não a amas então, por que quer ajudá-la?

–Viu muito dor. Todo mundo merece um pouco de felicidade em suas vidas.

Um brilho de dor passou através dos olhos de Gregor, Conall sabia que quando um homem tinha segredos queria mantê-los escondidos. Não pressionou a Gregor sobre essa questão. – O que sabe de Iona?– Precisava conhecer a resposta.

Gregor deixou escapar um comprido suspiro e se sentou. –Estava ali quando foi levada a guarida de MacNeil. Era óbvio que a tinham arrancado de seu lar.

– Estava ferida?

–Tinha uns quantos arranhões, mas nada grave. Perguntei-lhe muitas vezes por seu lar, mas não quis me responder.

– O que quer dizer?– Conall se sentou quando suas pernas não puderam lhe sustentar por mais tempo. Não podia entender por que Iona não tinha procurado ajuda para voltar para casa.

– Por que não te disse que era uma MacInnes?

Gregor se encolheu de ombros. –Tinham-lhe tirado seu tartan. Tudo o que me disse foi que estava ali para cumprir com seu destino.

Conall não acreditou ser capaz de suportar que alguém mais lhe dissesse que tinha sido o destino de Iona. Fechou os olhos com força e deixou cair à cabeça entre suas mãos. – O que lhe faziam fazer?

–A levaram para que ensinasse os princípios Druidas. Te ocorre alguém que necessite lições?

Conall levantou o olhar e tudo esteve claro. –Glenna.

–Mas MacNeil não quis que Iona terminasse suas lições. Deteve-a pouco depois de começar e usou o resto do tempo para tentar lhe surrupiar informação sobre seu clã.

– Segue viva?

Gregor se olhou as mãos. –Isso não posso dizer, não sei.

Conall tinha visto pena nos olhos de Gregor. Estendeu seus poderes e sondou a mente do Gregor. Normalmente não precisava concentrar-se tanto para dar com a informação que queria, mas Gregor se fechou em si mesmo e isso o fazia mais difícil.

Finalmente, Conall o conseguiu e soube que Gregor lhe havia dito a verdade. Teve que pagar pelo esforço, não obstante, ao começar a sentir uma palpitante dor na cabeça.

Mas se Gregor não podia lhe dizer o que lhe tinha acontecido a Iona certamente Glenna podia.

 

Glenna observava a Conall e Gregor das almenas enquanto estes abandonavam o castelo. Desejava ir com eles, mas a idéia de ter que montar de novo sobre um cavalo a deteve.

Sua vida aqui, pelo tempo que fora, tinha melhorado muito. Apesar de que alguns membros do clã a tinham ameaçado, ao menos alguém se fixava nela. Em casa incluso os serventes apenas a olhavam. O medo e ódio estavam arraigados em seu clã.

Sempre tinha sido ignorada, mais tarde temida ao parecer. Ninguém lhe falava, nem sequer quando ela mesma procurava conversação. A situação se voltou tão incomoda que começou a comer em seu quarto depois de passar pela cozinha ela mesma posto que a criada lhe tinha medo.

Nunca soube por que se comportavam com tanta ansiedade. Até hoje. O saber que tinha matado a gente inocente revolvia o estômago e lhe formava milhares de dolorosos nós nele.

Para as pessoas do clã era uma assassina como MacNeil.

E tinham razão.

Fechou os olhos com força ante esse pensamento. Girou sobre seus talões e baixou com rapidez as escadas até o pátio. Seu quarto lhe daria a paz e tranqüilidade que necessitava para refletir.

O clã de Conall a tinha chamado um monstro. Tinha acreditado que podia começar uma nova vida aqui uma vez obtida as respostas, mas parecia improvável. O clã não a ignorava, mas o ódio era pior.

Pensou que Deus a tinha castigado incendiando o estábulo quando se zangou com seu pai. A imagem do pequeno que saiu gravemente queimado a tinha açoitado após, mas agora… esse pecado não era nada comparado com o que lhes tinha feito aos Mackenzie.

A única luz em tudo isto era Conall. Incomodava-lhe dar-se conta do muito que confiava nele e com quanta facilidade se ganhou essa confiança. Tinha aprendido a não confiar em ninguém até que apareceu Iona. Entretanto, nunca tinha exposto dúvidas com respeito a Conall.

Sabia Iona que seria Conall o que viria por Glenna? Sabia o efeito que teria sobre ela? Sabia que Conall mudaria seu mundo e idéias por completo? De algum jeito a resposta a estas perguntas ressonava como um –Sim. –

Iona tinha mudado muitas coisas na vida de Glenna. Tinha esperado com impaciência conhecer o homem que a liberaria. Esse homem era Conall. Era justamente o contrário a MacNeil e muito mais. Era bom, um homem honesto que não merecia o que MacNeil fazia a seu clã. Tampouco os problemas que vinham com ela. As portas do castelo estavam a uns quantos passos quando algo a golpeou no ombro e quase a tira ao chão. Levantou os olhos e viu a mulher da outra noite.

–Disse que te encontraria sozinha, – a mulher riu entre dentes.

Uma sensação apreensiva lhe percorreu as costas. Escutando as advertências de sua cabeça de que se pusesse a correr, deu um passo atrás e se girou. A risada da mulher desapareceu quando começou a correr.

Chegou ao barraco dos guardas e se surpreendeu um pouco de que estes a deixassem passar livremente. Desceu pela ladeira e olhou para o intimidante castelo para ver se alguém a seguia. Parecia que a ninguém importava. Sempre tinha sido assim, por que deveria incomodá-la isso agora?

Se quisesse, poderia ir-se sem olhar atrás. Mas não era o que queria. Queria aventurar-se por si só, ver que podia encontrar o que esta terra podia lhe oferecer, ver se realmente tinha magia e se mostraria em sua presença.

Um grupo de árvores mais adiante chamou sua atenção, e a formosa e atraente música a alcançou de novo. Vinha do bosque, tinha certeza, e se apressou a aproximar-se. Entrou no bosque e a música se fez mais forte. Sua respiração se acelerou junto com sua agitação ante o possível encontro da origem da música.

Seus pés a levaram perto de enormes carvalhos e altos pinheiros com séculos de antiguidade.

Pássaros e mariposas voavam a seu redor como se fora uma deles, seu gorjeio misturado com a música. Mais à frente do conjunto de árvores viu um falcão planeando nas alturas, seus chiados ressonando a seu redor.

Chegou a uma pequena clareira com uma coleção de flores silvestres florescendo no ar primaveril. Tivesse-lhe gostado de sentar-se ali todo o dia e aspirar tanta beleza. Um galho se quebrou. Girou bruscamente a cabeça para o ruído e ficou boquiaberta pelo assombro.

Tinha diante o grande círculo de pedra, que lhe tinha descrito Iona. As pedras deviam ter seis metros de alto e quase um de largura pelo menos, e de onde estava não podia ver quantas havia.

Toque-as.

Glenna alargou o braço para tocar uma pedra, mas uma voz a deteve.

–Perguntava-me quando viria.

Ficou boquiaberta pela segunda vez. Era a mulher do castelo. A que Conall tinha proibido entrar no pátio. – Conhece-me?

–Sim, Glenna. Estive-te esperando bastante tempo, – disse e lhe sorriu calorosamente.

–É Moira.

Moira riu. –Vejo que Conall te disse isso ao menos.

– Vieram para ver-me antes?

–Sim. Conall se negou.

O aborrecimento começou a acalorá-la. Como se atrevia Conall. – O que quer de mim?

–Quer te contar mentiras, – disse Conall enquanto entrava na clareira.

Glenna se girou e o olhou, e viu que tinha os olhos postos em Moira. Glenna olhou de um a outro e lhe perguntou, – por que não me deixa falar com ela?

Mas a ignorou. –Volta para castelo, Glenna.

Moira olhou com seus verdes olhos a Glenna. –Não pode parar ao destino, Conall, não importa o muito que o tente.

–Sim que posso, – rápido como um raio foi até a Glenna e a agarrou pelo braço. –Deixa de chamá-la, Moira. Não quero ter que trancá-la no castelo.

–Não poderia, embora quisesse Conall. Que me diz da profecia, – disse Moira.

Glenna voltou a observá-los aos dois. – Que profecia? E por que não poderia me trancar no castelo?

–Não se de que falas, – disse Conall a Moira.

–Lhe disse faz isso muitos anos, – disse Moira e se agachou para agarrar uma flor amarela. – Esqueceste-o tão facilmente?

Glenna estava sobressaltada pela beleza e espírito de Moira. Estava recolhendo flores frente a um zangado Conall. Glenna não se atreveria a tanto.

–Não a necessita. Deixa-a em paz, – disse e girou para partir, levando-se a Glenna consigo.

–Fez um juramento, Conall. Não pode ignorá-lo, – chegou-lhes a voz de Moira enquanto se afastavam.

 

A Sombra sorriu e refletiu sobre o novo desenvolvimento das coisas. Sabia que a Conall não gostava dos Druidas, mas que mantivera afastada a uma poderosa sacerdotisa Druida do resto de propósito. Não era algo que esperasse que o Laird dos MacInnes, acérrimo protetor de todos os Druidas, fizesse.

Isto podia ser benéfico para seus planos. Se tão só MacNeil se desse pressa e chegasse já. Deveria ter o pensado melhor antes de associar-se com tipos como MacNeil, mas era o único com a mentalidade necessária. Odiava ver a Moira zangada. Poderia matar facilmente a Conall por angustiá-la, mas não seria simples. Iona tinha jogado um encantamento protetor sobre ele antes de ser seqüestrada.

Mas não soube até que tentou matar a Conall. A magia de Iona tinha sido forte. Não tanto como a sua, mas o suficiente para manter a salvo a Conall. Não importava, bem pensado. Havia outras maneiras de fazê-lo, pensou a Sombra com um sorriso.

Mas se estava fazendo tarde. Precisava voltar antes que lhe sentissem falta. Tinha sido muito cuidadoso até agora. Não havia necessidade de arruiná-lo tudo ficando ali plantado desfrutando-se.

 

Gregor se esfregou as Palmas das mãos contra os olhos e se tornou para trás contra a árvore uma vez que Conall se foi.

Tinha ocorrido finalmente.

Tinha começado a sentir de novo e seu estômago não o estava tomando bem. Para sobreviver, precisava manter todo tipo de sentimentos o mais afastado possível. E tivesse funcionado se não tivesse conhecido a Glenna e Conall.

Gregor grunhiu. Conall lhe tinha dado sua amizade sem fazer perguntas nem duvidar. Conall o tinha levado inclusive a sua casa para lhe dar a bem-vinda ao clã. Pela primeira vez em anos sentiu um desejo por seu clã e o consolo de suas cores.

A vulnerabilidade de Glenna lhe chegava até onde estava acostumado a ter o coração. Era uma inocente que tinha feito algo contra sua vontade, e todo seu clã a condenava por isso.

Também recordava a sua irmã. A agonia que tinha mantido sob controle lhe alcançou e o envolveu com firmeza. Se deixava levar-se pela dor este o destruiria.

Com lentas e profundas inspirações se afastou de sua angústia e pôs em ordem seu mundo outra vez. Roía-lhe por dentro saber que teria que ferir esta gente, mas era sua forma de ser.

Sempre o tinha sido.

Sempre o seria.

Era pelo que mantinha todo tipo de emoção e a qualquer que tentasse ser seu amigo o mais longe possível. Esperava poder levar isto a cabo. Se não…

Não queria pensar no que aconteceria.

 

Glenna esperou até que saíram do bosque para perguntar, – por que odeia a Moira?

Conall acelerou o passo até que ela quase teve que correr para poder segui-lo. Caminharam ao redor do castelo até alcançar o lago, sua respiração desigual e os flancos doloridos pela caminhada.

Deteve-se, respirando profundamente e a pele suarenta; soltou-lhe o braço, e ela deu um passo atrás. Tinha visto esse olhar nos olhos de seu pai e normalmente ia acompanhado de um golpe à mandíbula.

Um olhar atrás, para o castelo, disse-lhe que estava o suficientemente longe para que ninguém visse nada, e se perguntou que tinha Conall planejado.

Um forte chapinho ressonou no silêncio. Girou e viu que se foi. Uns momentos depois sua cabeça emergiu da água.

– Pode nadar?– perguntou Glenna, odiando o tom temeroso de sua voz.

–Sim. – Seus olhos tinham perdido o duro brilho. –Preciso me refrescar. Sempre o faço depois de falar com a Moira, – murmurou.

–É uma Druidisa, não é assim?

–Sim, – respondeu e se afundou na água antes que pudesse lhe fazer mais perguntas.

Reapareceu, a água escorregando por seu peito nu e musculosos braços, descendo por seu ventre escultural até… lugares proibidos.

Tragou e tentou olhar para outro lado, mas seu olhar faminto queria mais dele.

Quanto mais via mais queria.

Os lábios dele se torceram em um sorriso sardônico. –Entre também.

–Não sei nadar.

– Te ensinarei, então.

Sabia o que lhe oferecia? Podia saber quanto a tentava? Umedeceu os lábios e olhou para o castelo.

–Estamos muito longe para que alguém nos veja. Virarei-me até que entre na água, – ofereceu-lhe.

Sua mente pedia a gritos que fizesse algo imprudente. Acabo de fazer algo imprudente. Abandonei o castelo.

Sim, mas nadar com um homem é o que eu chamaria imprudente.

Sua consciência tinha razão. Conall estava quase nu…ou nu. Por todos os Santos, não tinha pensado nisso. Era algo que não teria feito enquanto estava com os MacNeil.

Mas já não está com os MacNeil. Toma esta oportunidade porque não sabe quando voltará a tê-la.

–Dê a volta, então, – disse, sem acreditar em seus próprios ouvidos. Para quando se tirou a toga, os sapatos e as méias de lã estava tão nervosa que teve que morder o lábio para evitar rir bobamente. Só ficavam os calções e não pensava tirar-lhe A mera idéia de estar tão perto de Conall nua lhe acelerou o coração e os seios lhe formigaram.

Cobrindo o seio com os braços caminhou para a água e colocou um pé. Estava fria, mas não tanto como o arroio no que tinham parado. Procurou a Conall mas não o viu por nenhum lado. Antes de perder a pouca coragem que ficava entrou na água até o pescoço.

Perdeu o fôlego quando sentiu as mãos de Conall ao redor de sua cintura. Não o tinha ouvido mover-se.

–Te peguei, – disse-lhe ao ouvido de detrás.

Arrepiou-lhe o cabelo da nuca onde seu quente fôlego tinha roçado a sensível pele. Seu corpo respondeu imediatamente a seu toque e pediu mais. Não teve muito tempo para pensar nisso quando a arrastou para águas mais profundas.

Moveu sua boca perto de sua orelha e lhe sussurrou em voz baixa, – Tem medo?

Negou com a cabeça e desejou ver sua cara. Não sabia o que planejava e isso a deixava nervosa. Em um só impulso a girou e a abraçou contra seu duro corpo.

Seu aborrecimento se esfumou ao sentir como seu chapeado olhar a dissolvia. Seus olhos ardiam como fogo líquido. Chamuscava sua pele exposta com seu calor. Ardia-lhe o corpo, mas não sabia por quê.

Tudo o que sabia era que queria que a tocasse.

Se pensou que quase a tinha beijado a noite anterior, enganou-se. Mas sabia que teria seu primeiro beijo agora pelo suave brilho de desejo incontrolado que via em seus olhos.

–Não deveria ter se metido na água, – disse-lhe, com o olhar cravado em seus lábios.

Ficou sem respiração ante suas palavras. Era perigoso, mas só para seu coração e se não tomava cuidado. A verdade é que queria esquecer-se de toda classe de precaução cada vez que o tinha perto. –Sei.

Seus olhos se encontraram. –Não sei por quanto tempo poderei resistir a ti.

Glenna sentiu medo de repente. Não podia dar nada seu a Conall. Merecia algo melhor que um monstro como seu pai. Sem mencionar que uma vez que se inteirasse do que sabia sobre Iona a odiaria.

Com todas suas forças se separou de Conall. Quando não tocou o fundo como esperava permaneceu tranqüila. Não tentou alcançar a superfície. Se morria assim Conall nunca se inteiraria de seus pecados e sua opinião dela não mudaria ao desprezo.

Temia aquilo mais que à morte.

Com um furioso puxão foi tirada da água e depositada na borda do lago. Inspirou profundamente e olhou as nuvens no céu azul. Sabia que Conall estava inclinado ao seu lado, mas não podia olhar seus olhos sabendo que veria preocupação em suas chapeadas profundidades.

–Se não queria que te tocasse só tinha que dizê-lo. Não faz falta que te afogue.

–Não era por isso, – disse e enfocou seu olhar em tudo menos ele. Até que Conall se levantou e se inclinou sobre ela o suficiente para que a água de sua cara caísse sobre a dela.

– Então por que quase te afoga?

 

O corpo do Conall cantarolava de desejo. Ainda podia sentir os seios amplos de Glenna pressionados contra seu peito, suas pernas contra as suas, e seus braços enrolando-se ao redor de seu pescoço enquanto as mãos dela se inundavam em seu cabelo.

A necessidade de beijá-la tinha sido entristecedora, e se ela não tivesse movido justo isso era o que tivesse feito. Prometeu-se não aproximar-se dela, mas seu corpo obviamente não estava escutando.

E a tinha incitado a aprender a nadar. Por todos os Santos! Seu cérebro estava confundido este dia. Em realidade, lhe tinha confundido desde a primeira vez que a tinha visto. Só sua beleza tinha eclipsado a qualquer mulher que alguma vez tivesse visto.

Olhou-a, sua respiração ainda estava trabalhosa e olhava fixamente seu peito. Algo andava mal. Mostrava seus sentimentos a todo mundo, e estava preocupada. Não era pelo episódio com a Moira. Havia algo mais.

Procurou com seus poderes e sentiu a desolação e o medo de Glenna. Então soube.

Iona.

Ele tinha desistido de perguntar a Glenna porque no fundo sabia que tinha as respostas. Não era algo que pudesse adiar por muito mais tempo. Levantou-se e começou a vestir-se.

Uma vez que prendeu seu tartan, voltou-se para a Glenna e encontrou que também se vestiu e estava sentada sobre uma rocha passando os dedos por seu cabelo molhado. Irradiava tal abjeta miséria que vacilou em lhe perguntar.

–Você tem algumas pergunta para mim– disse ela.

Sua cara estava desprovida de emoção e isto o desestabilizou. Suas notícias não seriam boas. –me diga tudo o que sabe de Iona.

–Ela foi levada ao castelo faz aproximadamente um ano. MacNeil me disse que ela me ensinaria… coisas.

– Que coisas? – ele incitou.

Ela o olhou com cautela. – Importa isso?– depois de uns momentos de silêncio continuou. – Só a via durante umas quatro horas por dia e os guardas estavam sempre no quarto conosco. Perguntei-lhe várias vezes por que tinha sido tomada.

– Bem? Qual foi sua resposta?– perguntou ele mais severamente do que quis.

–Que era seu destino.

–São Cristóvão– grunhiu Conall e manteve a raia algo de sua energia. –Continua.

–Um dia ela não chegou. Quando perguntei a MacNeil, disse-me que não necessitava mais a Iona. Nunca averigüei o que lhe passou.

O coração de Conall se apertou dolorosamente, e seus pés se detiveram em seus rastros. Ele tinha fixado todas suas esperanças em que Glenna lhe daria as respostas que necessitava. Daqui, já não sabia aonde ir.  

Ela se girou e o olhou aos olhos. –Eu não sabia que ela era sua irmã.

Agora sabia por que se negou a beijá-la. No fundo, tinha intuído que sabia algo, que de algum modo estava implicada no desaparecimento de Iona.

Tinha que afastar-se de Glenna. –Tenho que retornar ao castelo.

Com o coração pesado, começou a andar pelo caminho escarpado e não esperou que o seguisse. Uma parte dele queria que fugisse, assim não teria que mantê-la ao redor, lhe recordando o que não podia ter. Mas a outra metade... Queria desesperadamente que ela o seguisse. Aquela parte dele a necessitava como nunca tinha necessitado a outra pessoa, e isto o assustava.

Como pode ser possível? Realmente não a conheço.

Você realmente a conhece.

Conall se deteve e olhou para o lago. Este tinha sido o lugar favorito de Iona, outro, além disso, o círculo de pedras. Não, não podia deixar a Glenna livre. Era sua prisioneira. Dele. Minha.

Ele se deu volta e a viu ainda sentada na rocha olhando o tranqüilo lago.

–Glenna.

Ela se girou e o olhou fixamente com olhos atormentados. Ainda lhe ocultava algo, disso estava seguro. –Vêem–, ordenou-lhe.

Esperou até que se aproximou antes de seguir pelo caminho. Se algo lhe tinha passado a Iona, se ela estava morta, tinha que decidir que faria com Glenna. Manda-la ao MacNeil não era uma possibilidade.

Mas tampouco podia permitir que vivesse aqui. Assim como foram, se ficasse perto outro minuto, cederia à tentação e provaria seus lábios, sua pele, sua alma.

Uma vez que entraram pelas portas e alcançaram a porta do castelo, disse-lhe, –Vá a seu quarto até que envie por ti.

Era a única coisa que a manteria a salvo de seu desejo. Isso e o conhecimento de que era uma Druidisa, uma MacNeil. Isso em si mesmo deveria ser o bastante, mas seu dragão tinha estado duro desde aquele primeiro contato na água.

–Disse-lhe isso.

Conall levantou seus olhos para encontrar a Gregor de pé diante dele. –Sim.

– Isso é tudo o que te contou?– Gregor perguntou, os olhos duros e os braços cruzados sobre seu peito.

Conall estreitou seus olhos. O que fosse que Glenna seguia lhe ocultando, Gregor também sabia. –Sei que me oculta algo. Não lhe perguntei quê, mas penso que não me dirá isso tão facilmente como me disse o de Iona.

– E depois de todas essas perguntas ainda não está mais perto de saber algo, não é assim?

–Me diga Gregor. Quanto tempo esteve com os MacNeil?

–Muito tempo– respondeu ele, seus olhos nunca vacilaram. –Não tenho um clã. Sou um mercenário. Alugado a quem quer que pague mais. Respondi já todas suas perguntas?

– Por que os soldados MacNeil não sabiam quem foi? Um esteve a ponto de te matar.

–Eu poucas vezes estava ali, e logo só uns poucos sabiam de minhas idas e vindas.

– Para que lhe contrataram?– Os negros olhos do Gregor se tornaram em uma sombra mais escura. Sua mandíbula se apertou. –Para ganhar sua confiança. Tomar seu castelo e seu clã.

Conall tomou sua espada e apontou à garganta de Gregor. Todos os homens no salão se armaram, esperando uma palavra dele.

Para dar crédito a Gregor, não piscou ante a espada pressionada em seu pescoço.

–Adiante, Conall. Seria um alívio morrer e terminar com esta vida miserável.

Mas Conall não pôde fazê-lo. Sob o duro exterior sentia que Gregor era um bom homem. –ganhaste minha confiança. Tenho que te trancar na caverna para impedir de tomar meu castelo e entregar meu clã ao MacNeil?

Uma sobrancelha loira se levantou. – Você pensa que te direi a verdade?

Conall quase riu. Gregor não tinha forma de saber a respeito de seu dom, e tinha a intenção de mantê-lo assim. Sim.

Depois de um momento de silêncio Gregor soltou um comprido fôlego. –Não. Você não tem nada de que preocupar-se por mim.

Conall tratou de ler ao Gregor, mas esta vez não pôde obtê-lo. Seu instinto, entretanto, disse-lhe que podia confiar em Gregor.  

–Te direi sinceramente– seguiu Gregor. –O MacNeil te quer morto e não se deterá ante nada, sobre tudo desde que tem a Glenna. Ela é valiosa para ele.

–Sei, – disse Conall e baixou sua espada e fez gestos a seus homens para fazer o mesmo.

–Me diga, O que é o que ela me está ocultando?

Gregor sacudiu sua cabeça. –Isso não é algo que eu deva te dizer, e você sabe. Quando estiver pronta lhe dirá isso. Entretanto, não seja muito duro em seu julgamento a respeito dela, – advertiu-lhe.  

A Conall não gostou do fato de que Gregor estivesse lhe advertindo, mas o que mais o irritou foi que o estava fazendo em favor de Glenna. Independentemente do que Gregor disse, Conall não podia deixar de pensar que ele e Glenna se conheceram o um ao outro no castelo MacNeil. Isto explicaria como Gregor sabia tanto a respeito dela.

Gregor soprou. – Quantas vezes devo te dizer que Glenna nunca me tinha visto antes do dia que veio ao Castelo MacNeil?

Conall o olhou afastar-se, seus pensamentos densos. Como, pelos Santos, sabia Gregor o que tinha estado pensando? Gregor era um Druida também?

 

Glenna se sentou sobre sua cama e ficou olhando o fogo. Agora Conall a odiava. Tinha sido inevitável, mas ela tinha esperado que a fantasia continuasse um pouco mais antes que caísse a seu redor como sempre acontecia com tudo.

O destino não tinha sido amável com ela. E tinha sido ainda mais cruel com Iona.

Iona. Ela tinha sido a primeira e única amiga de Glenna. Iona tinha mantido sempre silencio a respeito de onde tinha vindo, nunca disse a Glenna de onde a tinha tomado o MacNeil. Ela se afligiu pela ausência de sua amiga e rezou para que estivesse ainda viva.

Uma rajada de vento uivou pela estreita janela e se formou redemoinhos ao redor da Glenna enviando seu cabelo a seus olhos.

Glenna.

Ela saltou da cama e olhou ao redor do quarto. Alguém havia dito seu nome, Embora estava sozinha. Que magia era esta?

Glenna. Sou Moira.

– Moira?– perguntou ela e alisou o cabelo fora de seus olhos. – Onde está? Não te vejo.

A risada encheu o quarto. Pensa, Glenna. Iona foi enviada para te ensinar sobre seu poder.

–Não tenho poderes– sussurrou enquanto calafrios se elevavam em sua pele, o vento levantava suas saias. Bem, isso não era completamente verdadeiro. Gregor, depois de tudo, tinha visto do que era capaz.

Sim, os tem. Fogo. O meu é o vento. Posso controlá-lo tal como você será capaz de controlar o fogo. Com o tempo e o treinamento, seus poderes crescerão.

Agora ela estava intrigada. – Poderes? Tenho mais de um?

Você pode prever o futuro. Aquele dom é um de quão muitos os Druidas têm. Outro é o dom da cura, o qual eu tenho.

–Iona nunca me disse nada disto.

Ela não podia. Ela realizou seu destino, Glenna. Agora é seu turno.

– Que destino?

Você é uma de três escolhidos antes que eles nascessem para realizar uma antiga profecia. O tempo é essencial, e tem muito para aprender. Vêem a mim, Glenna.

–Não posso. Conall o proibiu – disse ela. O vento se debilitou. Moira partia, mas Glenna tinha muitas perguntas mais.

Vêem, Glenna...

–Não me deixe, – rogou ela, mas era muito tarde. Moira tinha partido. E Glenna sabia que tinha que aprender mais, inclusive se isto queria dizer ganhar a ira de Conall. Os Druidas eram os que lhe diriam tudo o que precisava saber. Iona tinha sido um Druida e não lhe tinha mentido a Glenna.

 

Moira se derrubou contra o carvalho verdadeiro, seu fôlego entrava em grandes goles, mas tinha um sorriso em seus lábios.

– Bem?– perguntou Frang, o supremo sacerdote Druida que a tinha criado.

–Virá. O MacNeil quase abate todo seu espírito, mas ainda fica algo. Sua curiosidade tirará o melhor dela.

–Se desafiar a Conall, provavelmente a prenderá em uma torre – advertiu Frang e se inclinou em sua alta fortificação.

Moira olhou ao Druida maior e sorriu. –Tratará, mas os poderes de Glenna são maiores do que pensamos. É tal a força que corre por ela, e ela ainda não tem nem idéia.

–Então é bom que Conall a afastasse de MacNeil antes que mais danos pudessem ser feito.

Moira fervia por como o MacNeil tinha usado a Glenna. Tinham morrido muitos inocentes, mas ela não tinha intenção de que isto passasse novamente. Uma vez que Glenna aprendesse a controlar seus poderes o MacNeil não seria capaz de usá-la outra vez.

–Conall não sabe que está realizando seu destino. Deu-lhe as costas a seu sangue Druida.

–Tenta-o– disse Frang e passou-se uma mão por sua barba larga e branca. –Mas não pode negar o que lhe deram. Com a ajuda de Glenna ainda pode vir.

Moira se levantou e parou-se ao lado do homem que a tinha criado depois da morte de seus pais.

Tinha-lhe ensinado tudo o que sabia. – Pensa que combaterá os sentimentos que tem por ela?

Frang soltou uma gargalhada, o som ressonou ao redor do círculo de pedra. –Esteve combatendo-o do primeiro momento em que pôs seus olhos sobre ela. Ainda pode a deixar de lado.

Moira quadrou seus ombros. –Então terei que me assegurar de que não apresente um verdadeiro combate.

 

Amanheceu um dia esplendido, a manhã era ensolarada. Glenna esperou com impaciência antes de abandonar seu quarto quando ouviu a Conall treinar com seus homens. Viu os guardas rondar pelas almenas. Não precisavam cavalgar pelas colinas à espera do MacNeil. Pela maneira em que o castelo se elevava sobre o escarpado ninguém poderia aproximar-se sem ser visto várias léguas de distância.

Era impossível que os MacNeil lançassem um ataque surpresa, por isso se sentia o bastante segura para entrar no bosque, embora como pulsava seu coração tinha certeza de que todos a seu redor podiam ouvi-lo.

Rodeou a Conall e seus soldados. As pessoas ainda não a tinham aceitado, entretanto ninguém a deteve quando saiu do castelo nem quando passou pelos portões. Deveria ter sentido regozijada, mas uma parte dela se sentia miserável. Era ignorada uma vez mais. Chegaria algum dia o momento em que lhe importaria algo a alguém? A qualquer?

A música a tinha despertado e seguiu escutando-a enquanto tomava o café da manhã, até que não pôde ignorar a chamada e a atração que exercia sobre ela. Puxava de sua própria alma, acelerando seus passos até estar frente ao círculo de pedras.

Moira apareceu em seu campo de visão. Tinha tantas perguntas que Glenna queria fazer, mas esperaria pelo momento. Por agora se conformaria vendo e aprender enquanto Moira lhe oferecia a mão.

Glenna caminhou com ela até que chegaram a um sólido muro de pedra. Olhou a Moira e esperou.

– Crer em tudo o que te disse?

Glenna assentiu. –Sei o que me ensinou Iona. Sei que há gente inocente que sofreu por que…

–…porque quando te enfurece ou entristece se iniciam fogos, – terminou Moira por ela. –Iona foi levada para te ensinar que traz o fogo contigo quando sente emoções fortes. Ensinarei-te como apagar um, como iniciá-lo e como controlá-lo.

– Pode fazer isso?–

Sorriu. –Sou uma Druidisa.

– É isso o que sou eu também?– Iona tinha tido razão. Estava obtendo respostas, e se encontraria a si mesmo aqui.

Moira assentiu. –Uma poderosa, além disso. Acreditas?

Glenna olhou a Moira e depois ao muro de pedra. Moira tentava lhe dizer algo, mas não sabia o que. –Sim, acredito.

Nesse instante o muro de pedra desapareceu deixando à vista um delicioso campo de erva verde com uma cascata. Era como um sonho. Tudo florescia, e nunca tinha visto tantas classes de pássaros diferentes.

–Como, – sussurrou incapaz de acreditar o que viam seus olhos.

–É o que chamamos uma fé – confiada, um escudo de invisibilidade. Fazemo-lo invisível para qualquer que não crer em nós. Não podem ver nada salvo as próprias pedras.

– E que acontece se alguém mente e afirma acreditar?

–Não acontece dessa maneira. Se a gente não crer de coração não vê nada mais que pedras.

Glenna a seguiu até o círculo de pedras. Algo poderoso e forte cresceu em seu interior. Estava em casa. Sentia seu espírito leve, mais livre.

–Bem-vinda a casa, Glenna, – disse um homem com abundante cabelo branco que caía até sua cintura e com uma barba branca que pendurava além de seu pescoço.

Andava com uma comprida fortificação, mas seus olhos não eram os de um ancião. Eram poderosos por sua intensidade, e olhavam além de sua alma como se queria determinar se era adequada.

–Este é Frang, – disse Moira. –É o alto sacerdote Druida.

–Olá, – disse Glenna e se sentiu aliviada quando lhe sorriu, mostrando uns dentes branquíssimos. Podia lhe mostrar ao mundo a aparência de um homem ancião, mas se deu conta em seguida de que era tudo menos velho.

Frang caminhou até ela e estendeu sua mão. Glenna olhou para baixo e viu uma adaga. Um rubi do tamanho da palma de sua mão estava encravado no punho, e uma bela escritura artesanal recobria a lâmina.

–Isto devia te ser entregue depois de nascer, – disse e a ofereceu.

Glenna tomou a adaga, surpreendida por seu peso, embora parecesse que encaixava em suas mãos à perfeição. – Por que não queria MacNeil que a tivesse?

–Porque não é seu pai.

Olhou-o aos olhos. –Mentira, – disse incapaz de acreditar no que ouvia. Não podia ser verdade depois de tantos anos de desejá-lo. Era muito cruel.

–Não minto, – respondeu, olhando-a com azuis olhos compassivos e amáveis. Mas também possuíam tristeza. –Sei que é difícil para ti, mas é a verdade. MacNeil arrebatou de seus pais.

Glenna viu o brilho da verdade em seus olhos e lhe tremeram os joelhos. Moira a pegou e lhe passou um braço ao redor para ajudá-la.

Formou-lhe um nó no estomago. – E quem é meu pai?

–Um grande Laird chamado Duncan Sinclair. Era bem conhecido nas Highlands, e sua morte foi chorada.

– Está morto?– Não, gritou sua mente. Não pode estar morto quando acabo de me inteirar de sua existência. – Minha mãe?

–Catriona. A mulher mais etérea que conheci. Tinha mais graça na ponta de seu dedo mindinho que qualquer rainha.

Glenna não podia acreditar no que estava ouvindo. Tinha tanto que queria saber de seus pais. Embrulhou-lhe o estomago com medo ante a possível resposta, mas inspirou profundamente e perguntou.

– Onde está minha mãe?

Frang e Moira se olharam antes de responder, – Também está morta. Morreram juntos.

–Preciso saber como.

–Vêem, – urgiu-a Moira. –Não mais pergunta.

Glenna afastou o braço do agarre de Moira. –Não. Vivi com mentiras durante muito tempo. Responda-me.

Moira fechou os olhos e lhe deu as costas. Frang sorriu com desânimo. –Sim, tem direito, ou seja. MacNeil matou aos dois depois de que nascesse.

Glenna sentiu uma faca no coração enquanto assimilava suas palavras. Não. Não podia ser verdade. Mas sabia que assim era. – por quê?

–Seus pais eram Druidas. MacNeil lhes temia.

–Mas me criou. Não o entendo.

–Queria te utilizar.

–E o fez, – disse pensando desolada nos Mackenzie.

–Não o faça, – disse-lhe Frang e pôs uma mão sobre seu ombro. –Não deixe que as más lembranças posem em seu coração. Não tem a culpa do que aconteceu com os Mackenzie.

Mas não podia acreditar em suas palavras porque tinha sido ela a que tinha incendiado o clã inteiro.

Moira a abraçou. –foi muito para ti em um só dia. Agora deve se concentrar em aprender os caminhos do Druida. Fica pouco tempo para te preparar.

Glenna olhou ao Frang e depois a Moira. – Me preparar para que?

–A profecia logo se realizará. Tem tanto que aprender antes que aconteça se deve obtê-lo.

Mas Glenna era incapaz de pensar em outra coisa: sua vida tinha sido uma mentira, e se vingaria de MacNeil pelo que tinha feito.

 

Conall tirou o suor da frente. Tinha treinado duro e por mais tempo esta manhã, e incluso não tinha conseguido liberar-se da escura atração que ocupava seus pensamentos.

A imagem de seu corpo, molhado e quente até permanecia em sua mente depois do banho no lago. Seus lábios cheios até pediam ser beijados, e seu corpo lhe pedia que se afundasse nela até que só fossem um.

Necessitava desesperadamente uma mulher, mas não qualquer mulher.

Levantou a espada a tempo de parar a estocada de Angus. Com um passo e um giro Conall lhe tirou a espada. O homem olhava sua arma a vários passos de distância estupidamente.

–Och, Conall. Depois de tantos anos como consegue fazer isso inclusive distraído?

Conall riu. –Não lhe esperava isso.

Sentiu uma súbita preocupação. Olhou a janela de Glenna. Não estava no castelo. Não sabia por que estava tão seguro, mas sabia.

–Termina o treinamento, Angus, – disse-lhe enquanto saía pelas portas do castelo para o bosque e o círculo de pedras.

Por muito que desejasse que Glenna não estivesse com Moira, sabia que era inútil. Tinha sido questão de tempo que Moira a alcançasse, e se tivesse vigiado a Glenna um pouco melhor talvez poderia ter atrasado o inevitável um pouco mais. Tinha sido estúpido de sua parte acreditar que poderia separar aos Druidas de Glenna.

Diminuiu o passo e se arrastou perto do círculo de pedra. Só tinha estado dentro uma vez, quando era pequeno, mas o recordou sempre.

Os Druidas andavam por casais enquanto que os Druidas guerreiros, Druidas que defendiam a outros como eles sem poder, mantinham o guarda.

Conall soprou. Não tinha nem a fila de guerreiro Druida.

–É um prazer poder verte de novo, Conall. Passou muito tempo.

Conall se deu a volta para encontrar-se com o Frang a suas costas. Baixou a cabeça e se esfregou os olhos. – Tem que fazer sempre isso?

–Enquanto siga espiando a minha gente, – respondeu Frang com um amplo sorriso. –-Te estava esperando.

Conall ficou tenso e apertou as mãos. – Por quê?

–Sabia que viria por Glenna, mas deve deixá-la treinar.

Conall tinha na ponta da língua a replica de por que não queria a Glenna com os Druidas, mas o pensou melhor.

Frang se sentou em uma pedra próxima. –Os pactos são coisas estranhas.

– O que quer dizer?– perguntou Conall. Cruzou os braços e esperou a que o alto sacerdote compartilhasse a sabedoria que acreditasse necessária compartilhar com ele.

–As pessoas podem fazer muitos pactos. Quando o fazem, põem sua honra em interdição, ou ao menos pensam que o fazem.

– Por que não me diz de uma vez o que seja que queira me dizer e deixa de adivinhações?– Frang moveu um pouco sua barba para um lado e sorriu abertamente.

–Estou-o fazendo, Conall. Só que não escuta.

Chegou-lhe a voz de Glenna, girou e a viu ao lado de Moira. Parecia mais relaxada do que estava acostumada a estar, e lhe pesava o saber que tentaria afastá-la deles.

É somente por um tempo. Mas tarde pode passar a eternidade com eles se quiser.

–Não vai a mentir a ti mesmo.

Conall girou para lhe dizer a Frang o que pensava a respeito, mas tinha desaparecido.

–Odeio que faça isso.

A risada de Frang ressonou no bosque. Esperou enquanto Glenna treinava com Moira até que saíram do círculo. Com uma rapidez que lhe tinha salvado a vida mais de uma vez, agachou-se atrás de uma árvore e as observou enquanto se despediam. Seus pés quase não tocavam o chão enquanto seguia a Glenna até que esteve segura dentro dos muros do castelo.

Queria interrogá-la, mas sabia que não devia aproximar-se dela ainda. Poderia chegar a estrangulá-la por lhe desobedecer, e então ficaria sem respostas.

Mesmo assim, admirava sua coragem. A MacNeil gostava das mulheres dóceis e tímidas, mas Glenna lhe tinha mostrado que possuía fogo em seu interior. E era algo que necessitaria se ia converter-se na esposa de um Highlander.

Esposa? Desde onde vinha essa idéia?

Pensou em encontrar-se a Glenna nua e deitada sobre as mantas esperando-o enquanto os lençóis lhe deixavam ver as tentadoras partes de seu corpo. Essa simples imagem acendeu seu desejo. Dolorosamente.

Um banho no lago era justo o que necessitava para refrescar seu duro dragão. Quase correu até o lago, ignorando os gritos de Angus enquanto avançava. Tirou-se com rapidez seu kilt e se inundou na geada água. Mas não lhe ajudou.

A água que formava redemoinhos ao seu redor só conseguia lhe recordar suas sedosas pernas e como de bem se sentiriam ao rodeá-lo enquanto a enchia.

Estaria estreita e quente, mas demonstraria tanta paixão pelo amor como o fazia com a vida. Só teria que persuadi-la.

Tinha que esquecer-se de Glenna e seus tentadores lábios. Inundou-se e ficou ali até que lhe arderam os pulmões. Saiu à superfície e respirou fundo. E então ouviu o chapinho.

 

Glenna não pôde resistir a tentação do lago. Tinha-a atraído a idéia de ir desde que se despediu de Moira, e depois de informar ao Angus de aonde se dirigia seus passos a levaram rápidos e seguros. Incluso não sabia nadar, mas ao menos esta vez poderia tirar-se toda a roupa e desfrutar da deliciosa sensação da água contra sua pele.

Aventurou-se até que a água lhe cobriu a cintura e se agachou. Jogou a cabeça para trás para olhar as nuvens que passavam pelo céu enquanto se perguntava por que lhe tinha sorrido Angus quando lhe disse aonde ia.

Deu-se uma ondulação na superfície da água o que a advertiu. Não estava sozinha. Girou e viu um traseiro nu enquanto alguém se afundava na água. Por uns momentos ficou sentada e esperou enquanto sua mente lhe gritava que corresse.

Quando se convenceu a se mesma de partir, um homem saiu da água. Conall. Sua respiração se voltou errática enquanto observava seu corpo.

Foi então quando se deu conta que não levava nada posto.

A água caía de seu cabelo desatado que lhe chegava mais debaixo dos ombros e caía por seu peito. Os músculos de seu peito se flexionaram quando levantou uma mão para tirar a água da cara. Uma gota de água manteve sua atenção enquanto descendia por seu peito coberto de cabelo negro até seu duro estômago e elegante cintura e desaparecia no lago.

Deveria sentir-se envergonhada por sua desilusão ao não poder ver o resto, mas não sentiu nada pelo estilo. Era bastante bonito com um corpo que a maioria das mulheres mataria por acariciar, e tinha que admitir que era uma delas.

Estava tão concentrada na glória de seu corpo que quase perde o equilíbrio e cai para trás. Um pouco de água lhe salpicou a cara e lhe viu avançar para ela. Sem pensar ofegou e se levantou. O parou a meia braçada. Seus olhos deixaram de olhar a cara para posar-se famintos sobre seu corpo.

Seus seios se endureceram e começou a sentir uma dor entre suas pernas. A necessidade de ter suas mãos sobre o corpo a esquentou. Um grunhido baixo, um que só podia proceder de um homem consumido pelo desejo, ressonou. Ela olhou para baixo e gemeu antes de cobrir os seios com rapidez e afundar-se na água.

Como pôde ter esquecido que estava nua? Porque estava fascinada pela fome em seus olhos. Só para assegurar-se que não se enganou sobre esse olhar, olhou-o com cuidado. Em vez de desejo, seus profundos olhos irradiavam ira.

Sentiu medo no fundo do estomago. Caminhou para trás entrando em águas mais profundas até que a água chegou ao queixo e esteve sobre a ponta de seus pés.

Alcançou-a com rapidez e a agarrou dos braços. Logo que teve tempo de ofegar quando a arrastou para águas mais profundas. Mantinha-a longe de seu corpo, tinha a mandíbula apertada, e a observava.

–Conall, – disse ela, mas seu olhar se endureceu mais.

– O que fazia fora do castelo?

–Disse a Angus que vinha para aqui.

–Sei onde esteve – Seus olhos brilharam com o reflexo do sol sobre a água.

Como sabia que tinha ido ver a Moira? Parecia incapaz de lhe esconder algo a este homem. – se já sabe, porque perguntas?

–Disse-te que não queria te ver perto de Moira.

Tinha que lhe fazer compreender. –Não posso controlá-lo. Vejo-me atraída por uma força desconhecida, algo que não posso ignorar, como o ar que pausa.

–Não o tentaste de verdade.

–Por favor, – suplicou. –aprendi muito hoje. Sinto-me como se tivesse encontrado uma parte de mim mesma que tinha perdido. Não me tire isso.

–Não posso te deixar voltar.

– sim que pode.

Suspirou e não gostou da tristeza que viu em seus olhos. –Há razões. Se apreciar sua liberdade, não volte com eles.

A ira a consumiu. Como se atrevia a lhe negar ver às pessoas que lhe tinha dado respostas e encher vazios de sua vida? Como se atrevia a lhe negar o viver como se supunha que devia fazê-lo. Levantou um pé e com todas suas forças o empurrou enviando-se a si mesma para as profundas e escuras profundidades. Era muito mais escuro do que lembrava, reprimiu o pânico que sentiu ao não tocar o fundo.

Embora o tentasse não podia tocar o fundo. Pensou que estava de costas à borda, mas tinha estado muito concentrada em Conall para dar-se conta de nada. E agora o pagaria com sua vida. Agora que não desejava morrer, a não ser viver.

O destino ria dela uma vez mais.

Olhou para cima e viu raios de luz filtrando-se para o fundo, mas não havia sinal de Conall. Seus pulmões ardiam e suas mãos formaram garras para tentar alcançar a superfície sem efeito algum. Não podia mover-se para baixo nem para cima.

Quando tentava mover as pernas, estas não lhe respondiam. Olhou para baixo e viu que estava apanhada entre as algas do fundo. Já que era a segunda vez que o fazia não podia culpar a Conall por deixá-la afogar-se esta vez.

Quanto mais lutava mais se enganchavam suas pernas nas algas como se esta estivesse viva. Uma forma avançou frente a ela e se esqueceu de suas pernas. Não se afogaria; a comeria um monstro marinho.

Mas foi a cara de Conall a que apareceu. Suas mãos começaram a trabalhar sobre a alga imediatamente, mas não foi o bastante rápido. Tentou manter-se quieta para que pudesse liberá-la, mas o medo se apropriou dela e tudo no que podia pensar era em liberar-se. Acreditou que Conall o tinha conseguido um par de vezes, mas cada vez mais alga se enganchava em suas pernas.

Acabava-lhe o tempo, e também o ar em seus pulmões. Olhou-o intensamente lhe suplicando que conseguisse ar.

De repente Conall lhe rodeou a cara com as mãos. Ela abriu os olhos enquanto sua boca cobria a sua. O prezado ar fluiu em seus pulmões. Se não tivesse necessitado tanto o ar teria que pensar na sua boca sobre a dela.

Separou-se e foi para a superfície. Voltou e ficou a trabalhar de novo nos matos, mas somente liberou algumas. Teve que lhe dar ar uma vez mais, mas esta vez lhe tocou os lábios com a língua.

Fazia tempo que tinha deixado de ter medo porque sabia que Conall terminaria por liberá-la. O calor de seu corpo a esquentava enquanto lhe oferecia seu ar. Uma vez mais se afastou e a olhou aos olhos. Com um sorriso subiu de novo.

Levou-lhe duas viagens mais antes de conseguir liberar suas pernas por completo. Em um instante foi arrastada à superfície e apoiada contra uma rocha. Exceto porque não era uma rocha a não ser o peito do Conall. Pôs seus braços ao redor de seus ombros e se agarrou forte.

Soltou-lhe um pouco quando sentiu sua mão em sua cintura. –Obri…obrigado.

Separou-a o suficiente para ver sua cara. –É a segunda vez que tenta se afogar. Por quê? Nunca te faria mal.

A dor em seus olhos era quase mais do que podia suportar. –Não queria me afogar. Dirigia-me à borda, mas não me dava conta do longe que estávamos.

Soltou-lhe uma mão e seu corpo escorregou sobre o dele. Seus mamilos se endureceram. Suspirou profundamente quando sentiu sua virilidade, dura e quente contra sua perna.

Olhou no profundo de seus olhos e viu o desejo que ali flamejava. Seus braços pressionaram seu corpo nu contra o dele, e a necessidade que a consumia quando o tinha perto se inflamou.

Tocou-lhe o cabelo solto com os dedos. Estavam a poucos centímetros e seu olhar se desviou a sua firme boca. Seu braço a aproximou mais. Ela se inclinou mais, seus lábios se tocaram brevemente, grunhiu e a apertou com mais força.

Ela cedeu a seus próprios desejos. Tinha querido isto por muito tempo e não o negaria a si mesma. Seus lábios se moveram sobre os dela, mordiscando, saboreando e aprendendo.

Sua língua se deslizou sobre seus lábios urgindo-a a abrir-se para ele. Ela o fez e quase morre de prazer que sentiu quando sua língua entrou e girou sobre a sua. Sua língua tocava cada parte de sua boca, lhe dando todo seu ser e pedindo o mesmo em troca.

Seu primeiro beijo foi quente, apaixonado e lascivo. Um aperitivo do que seria ter a um homem como Conall como amante. A dor entre suas pernas se intensificou enquanto sua protuberância a roçava quando a virou para colocá-la de frente. Grunhiu e afundou suas mãos no cabelo dela. Seus lábios marcavam beijos quentes por seu pescoço e voltavam para sua boca onde a reclamou com um beijo tão cheio de ardor e necessitado que lhe chegou à alma.

Suas mãos abandonaram seu pescoço para afundar-se em seu cabelo enquanto o beijo se intensificava e aprofundava. Baixou as mãos por suas costas e lhe agarrou o traseiro para empurrá-la contra sua virilidade.

Ela gemeu enquanto a paixão a esquentava, enviando ondas de prazer por seu corpo. Queria acariciá-lo como a acariciava, aprender como ele o fazia dela.

Deixou sua boca para lhe dar pequenos beijos no pescoço enquanto suas mãos agarravam seus seios. Suas calosas mãos passaram sobre seus mamilos, e ela gritou de prazer. Instintivamente levantou os quadris para ele.

Conall ia morrer pelo desejo que percorria seu corpo e seu dragão. Uma vez que provou sua doce boca não tinha volta atrás. Tinha que possuí-la.

Toda ela.

Era como um vinho do que não tivesse o bastante. Seus seios, maiores do que tinha pensado, enchiam suas mãos. Moveu seu polegar sobre seu mamilo. Endureceu-se enquanto jogava a cabeça para trás e levantava seus quadris para ele.

Pôs suas pernas ao redor de sua cintura e o calor dela o chamuscou. Seu dragão saltou ante o contato, e por pura casualidade não se afundou nela.

Ela estava recostada na água, seu comprido cabelo negro flutuando ao redor, seus seios se elevavam buscando-o. Agachou-se, introduziu um mamilo em sua boca e passou sua língua por ele.

As unhas lhe cravaram nos ombros e braços enquanto ela gritava de prazer quando sugava. Sustentou suas costas com uma mão e com a outra encontrou sua feminilidade.

Estava úmida e quente. Moveu seus dedos e encontrou seu centro de prazer. Enquanto o acariciava com seu polegar introduziu um dedo em sua cavidade, e ela quase cai de seus braços.

Toma-a.

Nunca tinha desejado tanto a uma mulher. Não tinha existido uma que igualasse sua paixão, mas não podia tê-la. Tinha que parar antes de tomá-la ali mesmo. Abraçou-a e beijou profundamente enquanto a arrastava consigo sob a água.

A sensação da água rodeando-os enquanto suas bocas se uniam só intensificava o beijo. Levou-os a superfície e foi para a borda enquanto ela ainda se sustentava com suas pernas ao redor dele.

Tombou-a no chão, a água gotejando a seu redor. Seus dourados olhos marrom brilhavam com paixão, e seus lábios estavam inchados por seus beijos.

– Porque parou?– Ela levantou o braço para lhe acariciar a cara.

Merece mais do que ser tomada assim sua primeira vez. –Não deveria ter acontecido.

– Por que lutas contra o que há entre nós? Pode que seja uma inocente, mas sei que o que há entre nós não é normal.

Conall ignorou suas palavras enquanto estas lhe atravessavam o coração. –Prometi a minha mãe que traria de volta a Iona.

Seus olhos, momentos antes cheios de paixão e desejo estavam agora cheios de dúvidas e desconfiança. Rodou debaixo dele. Olhou-a enquanto se vestia e caminhava para o castelo.

Voltou sobre suas costas, seus braços estendidos e olhou o céu. Fazia somente uns momentos o sol brilhava, mas agora escuras nuvens o cobriam.

Bastante parecido a seu humor atual.

 

A Sombra olhou com odeio a Conall. Maldito fora, pensou. Conall tinha ultrapassado os limites com Glenna. Tinha-lhe dado seu amparo, mas agora as coisas estavam em um nível completamente distinto.

A Sombra se arrastou sigilosa de volta ao castelo. Se encarregaria de Glenna de uma vez por todas. Conall era um poderoso guerreiro, e não queria ter que lutar contra ele. Seus planos tinham sido estudados cuidadosamente, mas não tinha pensado na possibilidade de que Conall se apaixonasse por Glenna. Grunhiu. Tinha que deter tudo isto antes que reclamasse seu corpo como próprio. Mas teria que tomar cuidado. Os Druidas tinham estado muito ativos com os seres do Outro Mundo. Os Fae se metiam nos assuntos dos humanos como não o tinham feito antes.

A Sombra se escondeu depois de uma árvore enquanto Conall passava. Manteve a respiração quando Conall se parou e escutou. Com movimentos lentos, a Sombra liberou a adaga de sua bota se por acaso Conall se aproximava mais.

Mas Conall seguiu seu caminho e a Sombra pôde voltar para castelo para pôr em marcha seus novos planos.

 

O salão principal zumbia com a conversação. O som de facas talhando sobre as pranchas de cortar e taças golpeando as mesas teriam feito a qualquer pensar que tudo era normal. Mas não o era.

Glenna podia sentir os olhos das pessoas sobre ela.

A ira se cozia a fogo lento justo debaixo da superfície, mas estava determinada a mantê-la oculta. Ela tinha se recusado a ficar em seu quarto. Tinha permanecido escondida sua vida inteira. Não mais ocultar do mundo porque eles não queriam vê-la.

Bem, eles teriam que acostumar-se a vê-la. Tinha decidido, depois de ter deixado a Conall no lago, que agora o tinha tudo por que viver. Saber que não era uma MacNeil ajudou a curar algumas de suas feridas, mas exigiria sua vingança contra ele.

Possivelmente então pudesse pensar em encontrar a alguém com quem envelhecer inclusive com quem ter meninos. Entretanto, não pensou muito tempo sobre isso, porque tinha medo que o destino lhe tirasse isto também.

Os trovões rodavam à distância enquanto a chuva continuava caindo. Ela se alegrou por isso. A chuva chorava as lágrimas que ela se negava a derramar. Depois da terna maneira em que Conall a tinha tocado no lago, agora era duro suportar seu tratamento frio, como se não a conhecesse absolutamente.

Tinha estado furioso quando recusou ficar em seu quarto. OH, tinha usado o que passava com o ódio do clã como desculpa, mas tinha o pressentimento que não queria vê-la.

Levantou-se do soalho para sentar-se com a Ailsa ante o fogo quando a dor a golpeou. Levou-a a ajoelhar-se e agarrou seu peito enquanto o ódio lhe queimava dolorosamente.

Gregor e Conall estiveram a seu lado em um instante, mas não lhes prestou atenção enquanto desesperadamente procurava pelo salão. A mulher foi fácil de encontrar, pois não tratou de ocultar-se.

Estava de pé contra a parede, sua trança vermelha escura caindo sobre seu ombro enquanto olhava fixamente a Glenna, o ódio formando uma aura ao redor dela. Era a mesma mulher que tinha cuidado tão lascivamente a Conall o outro dia no pátio.

–Pelos Santos, Glenna. Eu sabia que deveria ter ficado em seu quarto, sussurrou Conall em seu ouvido.

– Quem é essa? – Glenna conseguiu lhe perguntar enquanto a levava para fogo.

– Quem?

Ela buscou por ar, rogando silenciosamente por algum alívio da intensa dor. Finalmente, devagar, a dor começou a remeter. Quando ela olhou para trás onde tinha estado à mulher, tinha ido.  

– Quem?– Conall perguntou outra vez, seus olhos chapeados nublados de preocupação.

–Se foi agora. É muito bonita, com o cabelo vermelho.

–Effie, – disse Conall, um suspiro abandonando seus lábios.

Gregor lhe girou sua cabeça para ele com cuidado, seus olhos negros cheios de preocupação.

– Está bem?

Ela tratou de sorrir para lhe tranqüilizar, mas sabia que falhava miseravelmente. –Acho que estarei bem.

Assentiu com a cabeça e se foi. Olhou-o, perguntando-se sobre sua preocupação para ela quando Conall disse, – Está ocorrendo algo entre você e Gregor?

Ela quase riu. Em troca sacudiu sua cabeça. –Conheci-o o dia que me tirou do MacNeil. Você sabe mais dele que eu.

Pareceu satisfeito por aquela resposta e a ajudou a chegar ao fogo assim podia sentar-se com a Ailsa. Antes que pudesse partir Glenna tomou seu braço. – por que me odeia Effie?

–Durante um breve tempo, nós fomos amantes. Pensou que seria minha esposa mesmo que eu nunca lhe dava nenhuma razão para fazê-lo.

– Quanto tempo faz isso?

–Faz quase dois anos.

Glenna pensou no que lhe havia dito enquanto colocava a Ailsa sobre seu colo. A menina tinha pedido uma história antes de ir à cama e ela tinha estado de acordo. Nunca tinha estado ao redor de meninos antes, e não ia renunciar a uma oportunidade como esta.

Depois que a história foi contada, uma com uma formosa princesa, gente Fae e um formoso príncipe que salvou o dia do bandido mau, Ailsa foi levada a cama. Glenna ficou perto do fogo, sentou-se sozinha em uma das grandes cadeiras, mas o preferiu assim.

A hostilidade do clã tinha diminuído, exceto por uns quantos, e ela podia dirigir a dor que seu ódio lhe causava desde esta distancia graças aos ensinos de Moira.

O fogo rangia e assobiava suas chamas amarelas, laranjas e vermelhas a levavam mais profundo em seus pensamentos. Quando ela olhou fixamente as chamas, viu-se em um quarto deitada nua sobre uma cama.

Mãos, grandes e fortes a rodeavam e a estreitavam contra um peito de músculo sólido. Conall. Inclinou a cabeça para um lado para lhe conceder acesso a seu pescoço enquanto sua boca e sua língua encontravam pontos sobre sua pele que a voltavam louca de desejo.

Seus quadris se balançavam para trás contra as dele, sua virilidade quente e dura contra suas costas. A fazia rodar e tomava um mamilo em sua boca enquanto lhe guiava a mão a sua vara e fechava seus dedos a seu redor.

Glenna gemeu. Era veludo liso e estava tão quente que abrasava sua mão. Não podia tirar seus olhos de sua mão enquanto o rodeava. Uma líquida conta na ponta de sua vara. Ela moveu seu dedo para agarrá-la e a trouxe para seus lábios.

Com um grunhido profundo se conduziu dentro dela enchendo-a com sua dureza. Gemeu e moveu seus quadris ao mesmo ritmo que as dele. O prazer tão intenso lhe tirou o fôlego inundando-a. Seu único pensamento era sobre ele e a paixão entre eles.

Sua respiração se fez mais e mais rápida enquanto o bombeava nela levando-a mais e mais perto de... Algo.

O som da madeira queimando tirou de sua visão. Ela tragou e tratou de controlar sua respiração. Olhou ao redor do quarto para ver se alguém a observava quando seus olhos encontraram a Conall.

Inclusive da grande distancia que os separava ela podia ver o desejo fundido ardendo em seus olhos chapeados, e o corpo de Glenna pulsou com uma necessidade tão forte que quase a levou até ele.

Era quase como se também tivesse visto sua visão.

Seus seios se apertaram em resposta, e soube que tinha que deixar o salão. Ficou de pé, e com pernas instáveis caminhou a seu quarto. Acabava de fechar a porta quando se abriu, e Conall encheu a entrada.  

– Está tudo bem?– perguntou-lhe com uma mão apoiada contra a porta.

–Estou bem. Só cansada– mentiu ela, seu corpo palpitando de necessidade. Por ele.

Os olhos de Conall vagaram sobre ela enviando um arrepiou por sua coluna. Queria-a. O brilho intenso em seus olhos o delatava, mas lutava contra isso.

Conall agarrou a porta da antecâmara em um esforço de evitar entrar no quarto e beijar aqueles lábios cheios, rosados. A visão que teve abaixo, deles fazendo amor, tinha levado seu já dolorido dragão a um estado de necessidade como nunca tinha experimentado.

Foi pior quando se deu conta que ela não só tinha visto sua visão, se não que a tinha compartilhado também. Quando o tinha olhado com seus lábios separados e o peito subindo e baixando rapidamente quase a tinha tomado justo aí.

Não soube que o tinha incitado a segui-la, mas agora que estava aqui, não podia partir. Não queria partir. Desejava-a. Sobre a cama. Nua.

E disposta.

–Me diga o que Moira te disse. – Tinha que tirar de sua mente o desejo de amá-la, ou terminariam no chão em questão de minutos.

–Disse-me que o MacNeil me usou– disse Glenna e olhou para outra parte. Durante um breve momento um brilho de tristeza tinha brilhado em seus dourados olhos café.

–Há mais. Conte-me– lhe disse e entrou na antecâmara para deter-se ao lado dela.

Levantou a cabeça e pôde ver-se a cólera irradiando dela justo uns segundos antes que as chamas na chaminé rugissem à vida. Passou o olhar do fogo até ela. Glenna tinha causado isso. Seus poderes eram grandiosos. – Sempre foste capaz de fazer isto?

Ela se sentou na cama, sua cara triste. –Não posso controlá-lo.

–Meu tartan o outro dia. Foi você?

Ela sorriu com vergonha e baixou sua cabeça.

–Deduzo que aprendeu algo por ti mesma hoje. – Odiou o fato de que os Druidas a tivessem achado e agora comprometessem seus juramentos, mas a tinha visto ali. Ela pertencia a esse lugar.

Pensava que sua cara não poderia chegar a estar mais desolada, mas se enganou. Piscando para afastar as lágrimas com a boca tremente lhe disse. –MacNeil não é meu pai.

Conall se sentou a seu lado, atordoado. Isto tinha sido a última coisa que tinha esperado ouvir. –Sinto muito.

–Eu não. Sinto-me aliviada, – disse-lhe com seu olhar quente pelo ódio.

– Se MacNeil não for seu pai, quem é?

–Um homem chamado Duncan Sinclair.

O quarto se inclinou a seu redor enquanto as lembranças o alagavam. Tinham passado quase dezoito anos desde que Sinclair e sua esposa tinham sido assassinados com suas três filhas. O bebê nunca tinha sido encontrado e se assumiu que havia falecido com sua família. Ninguém tinha pensado que a tinham levado.

E a profecia da que Moira tinha falado soou clara e verdadeira em sua cabeça.

 

Em um tempo de Conquista

Haverá três

Quem porá fim à linha MacNeil

Três nascidos da

Luz, a Colheita e Beltaine

Quem destruirá a todos no

Samhain, a festa dos Mortos.

 

Ele levantou seus olhos e olhou a Glenna. – O que aconteceu com seus pais?

–MacNeil os matou.

– Que mais te disse Moira?

–Que eu era parte de uma profecia. Uma de três Druidas que realizarão aquela profecia.

– E os outros dois? –perguntou, com a garganta grosa e apertada.

–Eu… não perguntei, – disse ela, sua cabeça inclinada. –Eu estava tratando de aprender tudo o que podia de meu passado.

–Todos estes anos pensamos que você estava morta.

– O que?

Recuperou-se e ficou de pé. A contrariedade lhe comia por dentro, e necessitava tempo para pensar. –boa noite, Glenna.

Sem outra palavra a deixou e subiu à torre quadrada que vigiava para o lago. A torre sempre lhe oferecia consolo. Inalou profundamente o ar limpo da noite, enchendo seus pulmões com a frescura da chuva recente. As estrelas e a lua faziam brilhar as tranqüilas águas do lago, mas a guerra lhe seguiu radiando dentro.

Seu lado Druida o impulsionava a levar Glenna a Moira para terminar seu treinamento para que assim a profecia pudesse cumprir-se. Mas sua outra metade queria a Iona devolvida como lhe tinha prometido a sua mãe.

Os juramentos que tinha dado davam voltas por seu pescoço como uma corda. Tinha que recuperar a Iona, se não o fazia falharia a sua mãe. E se devolvendo a Glenna a MacNeil podia obtê-lo, então o faria.

Tinha que fazê-lo.

–Não posso, – sussurrou e baixou sua cabeça apoiando-a nas frias e úmidas pedras do castelo. O pensamento de devolvê-la a MacNeil lhe embrulhou o estômago. Sem mencionar que se a profecia não fora realizada toda Escócia poderia estar perdida.

Mas teria que tomar sua decisão logo. O MacNeil e seu clã chegariam qualquer dia. Se só tivesse a segurança de que Iona não tinha sido assassinada.

 

–Vê, – insistiu a Sombra a jovem criada. Tinha visto a forma em que ela tinha olhado a Conall durante a comida da tarde e lhe tinha dado um modo de abrir uma brecha entre Conall e Glenna.

A criada, Lorna, girou-se para ele e lhe deu um último olhar na porta da antecâmara de Conall.

– Tem certeza que pediu por mim? Nunca me prestou muita atenção.

–Sim, tenho certeza, moça. Te esta esperando agora.

Conall gemeu e tratou de encontrar uma posição cômoda em sua cama. Seu corpo precisava encontrar a uma mulher, e até que o fizesse, não conseguiria dormir. Mas o pensamento de procurar uma mulher somente para a noite não lhe atraía.

Sabia que podia ir onde Glenna está, já que de todos os modos tinha chegado a uma difícil posição depois de beijá-la, mas não desejava piorá-lo unindo seus corpos.

Uma chamada a sua porta o tirou da cama. Abriu de repente a porta e encontrou uma das criadas de serviço, Lorna, parada ante ele.

– Posso te ajudar?– perguntou-lhe pensando o que a tinha trazido para seu quarto.

–Eu pensei... eu, – ela começou, mas se deteve. Rapidamente deu um passo sob seu braço e entrou no quarto.  

Conall piscou e se deu volta para encontrar-la de pé nua. Seu corpo, já em um estado de tal necessidade que era doloroso, flamejou.

Lorna caminhou para ele e o agarrou sob seu tartan. Sua mão quente ao redor de sua vara lhe tirou um gemido. Não a desejava, mas seu corpo a necessitava desesperadamente.

Não a deteve quando ela desencaixou seu tartan. Ela esfregou seu corpo contra o seu e levou a mão de Conall até seu seio. Seu corpo tomou o controle tomando-a e atirando-a contra ele.

As mãos dela lhe baixaram sua cabeça para um beijo, mas assim que a boca de Lorna tocou a sua soube que não poderia fazer isto. Não era Glenna, e era a ela quem seu corpo realmente queria. Começou a separá-la quando ouviu um ofego na porta.

Idiota como era, não tinha fechado sua porta e ali estava Glenna. Seus olhos bem abertos se moveram de Lorna a ele antes de voltar-se e escapar corredor abaixo.

–Maldição, – resmungou antes de recolher seu tartan e apressar-se detrás dela.

Abriu a porta de seu quarto e a encontrou sentada na cama. – Glenna.

–Eu não deveria ter estado ali. Sinto muito, – disse ela, mas sem olhá-lo aos olhos. –Não passará outra vez.

Conall sabia que era idiota tentar explicar o que tinha passado. Faria melhor deixando as coisas como estavam.

Glenna esperou até que Conall fechou sua porta detrás dele antes de cobrir sua cara com suas mãos. A visão dele com aquela mulher lhe tinha dado um ataque de ciúmes tão forte que por uma fração de segundo tinha pensado machucar à mulher.

Estaria enganando-se pensasse durante um momento que haveria qualquer esperança para ela e Conall. Inclusive embora seus corpos se quisessem o um ao outro, o coração do Conall queria mais a sua irmã.  

E quem poderia culpá-lo por isso?

 

Glenna se desfrutou na borda do lago essa manhã ensolarada enquanto os pássaros gorjeavam. A chuva da noite anterior tinha limpado a terra e tudo brilhava a seu redor. Inclusive o aroma da urze era mais pronunciado.

Cobriu-se a boca para afogar um bocejo. Tinha dormido muito pouca graças à vívida visão que teve de Conall lhe fazendo o amor, e depois sua visita a seu quarto.

Tinha-a embargado uma sensação de decepção quando se foi a toda pressa depois de saber o de MacNeil, e não se permitiu recordá-lo com essa outra mulher. Era muito doloroso.

Podia ser que a tivesse evitado toda a manhã porque não era a filha de MacNeil? Não é que o tivesse estado procurando, mas normalmente a queria perto. Mas Angus tinha ido procurá-la, e então soube que algo tinha zangado a Conall.

Escapou-lhe uma risada enquanto via a Ailsa jogar perto da água com os outros meninos. A menina lhe tinha suplicado que a trouxesse, e Glenna não tinha podido lhe negar nada a esses grandes olhos chapeados. A olharia Conall algum dia assim?

Sacudiu a cabeça e expulsou todos esses pensamentos fora de sua cabeça. Ou ao menos o tentou.

Angus se sentou a seu lado para protegê-la do clã. Tinha graça. Ela não era a que necessitava amparo. Outros a necessitavam contra seus incontroláveis poderes.

Com Angus a seu lado toda a manhã não tinha podido abandonar o castelo para visitar a Moira e seguir seu treinamento. Tinha certeza de que Conall se encarregou disso, mas ela também tinha certeza de que conseguiria voltar eventualmente para círculo de pedra e ver a Moira.

Teria que encontrar outra maneira de ir. Havia tanto que aprender sobre os Druidas e suas habilidades, e se Moira tinha razão, não ficava muito tempo.

Ouviu-se um grito do castelo. Angus se levantou de repente e disse a todos que corressem a ficar a salvo. Glenna agarrou a Ailsa e começou a correr para os degraus de pedra que davam ao castelo.

Tocou uma pedra enquanto avançava. A imagem de Ailsa correndo para o Conall e uma flecha cravada nas costas da pequena invadiu sua mente por um instante.

–Angus, temos que manter a Ailsa conosco.

O gigante girou, com suas vermelhas sobrancelhas juntas. – O que anda mau, moça?

–Não estou segura. Tenho que chegar até o Conall.

Sem dizer nada mais Angus agarrou a Ailsa em seus braços e avançou a grandes pernadas para o castelo. Glenna correu atrás dele para manter o passo. Uma vez que chegaram à segurança do castelo pôs uma mão sobre a parede para estabilizar-se e tragou saliva.

Quando olhou para cima, Ailsa já não estava. –Não, – gritou, mas Angus a deteve.

–Não passa nada, moça. Deixei Ailsa a cargo de um servente para que esteja mais segura.

Sentiu um alívio imenso. Enquanto estivesse em segurança não teria que preocupar-se com nenhuma flecha perdida. E então um pensamento lhe passou pela cabeça. Quem podia ter chegado ao castelo e posto a todo mundo em alerta?

Mas já sabia. MacNeil.

O medo lhe embrulhou as vísceras e a envolveu até afogá-la. Estava zangada e assustada por intervalos. Queria enfrentar-se a MacNeil e lhe perguntar porque tinha matado a seus pais, mas não podia. Podia perfeitamente usá-la como já o tinha feito no passado.

–Glenna.

Girou e viu o Conall atrás dela, seus olhos cheios de intenção. –É MacNeil.

–Sim.

Gregor avançou para eles, arco em mão. –ouvi que temos companhia.

–Esperava que chegasse antes, – disse Conall enquanto girava. Sobre seu ombro disse,

–Glenna, necessito que se mantenha a meu lado. Quero que MacNeil te veja.

Os olhos de Glenna se encontraram com os surpreendidos olhos negros de Gregor. –Não– Disseram de uma vez.

Conall os olhou de frente, respirando com força. –Sim, o fará. Não é um bom momento para discutir, Glenna.

Um soluço a percorreu enquanto pensava em seu clã morto. Olhou a Gregor, lhe pedindo silenciosamente ajuda.

–Não pode, – disse Gregor e olhou ao Conall. –MacNeil a usará como fez antes. Seu clã não terá a mínima oportunidade.

Mas Conall não estava convencido. Olhou a Glenna. –vou trazer a minha irmã de volta. Isso significa que tem que voltar com os MacNeil, e estas mentiras não evitam que te entregue.

Ela elevou a mão e lhe agarrou do braço. –Não o entende. Se me vê, ganha. Preciso estar em algum lugar no que não possa vê-lo nem ouvi-lo.

–Me diga por quê. Me dê uma razão.

–Não há tempo para explicações. Por favor. Confie em mim, – suplicou-lhe.

Gregor deu um passo para diante. –A destruição que causará o MacNeil será grande se deixar a Glenna a seu lado. Não é uma mentira, Conall.

Glenna olhou a Conall enquanto lhe formavam rugas na frente e olhava com intensidade a Gregor, e então girou para ela. Sacudiu a cabeça para esclarecer as idéias, era óbvio que algo o preocupava.

–Não há nada que possa fazer o MacNeil de lá abaixo. Estará a meu lado, – disse finalmente Conall.

Não pôde conter uma lágrima. Mas ouviu o som de uma voz infantil. A voz de Ailsa. Girou a tempo de ver como a pequena corria para o Conall, chamando-o.

E Glenna soube. Sua visão se faria realidade ante seus olhos.

 

A Sombra sorriu a Ailsa. –Vai com seu pai, pequena. Quer te vê.

–Não tenho certeza. Angus e Glenna queriam me manter a salvo.

–Não poderá encontrar maior segurança que nos braços de seu pai. – A Sombra se felicitou a si mesmo por aquelas palavras. Ailsa não duvidou enquanto avançava para seu pai.

Girou para olhar a Effie. –Agora é sua oportunidade. Só terá uma, assim te assegure de lhe dar ao branco, – disse enquanto Effie esticava a corda de seu arco e deixava voar a flecha.

–Tudo começa agora, – disse enquanto ouvia o grito de Glenna.

–Por fim, – disse Effie e se apressou a esconder o arco. –Confortarei a Conall enquanto chora a morte de sua filha.

–É uma zorra, Effie, mas isso é o que me chamou a atenção de ti. Tem seus usos.

 

Glenna se enganou ao pensar que Ailsa seria ferida durante a batalha. Concentrada em salvar a Ailsa correu para a pequena. Glenna olhou para cima e viu a flecha antes que esta fora lançada.

Lançou-se para a Ailsa. Agarrou à pequena contra seu corpo e recebeu o impacto da dura queda ao tocar o chão, o vaio de uma flecha passou justo ao lado de seu ouvido.

Quando pararam de girar ficou quieta. Ouviu os soluços da Ailsa justo quando umas mãos agarraram seus ombros e outro par os da Ailsa. Glenna olhou para cima e viu os surpreendidos olhos de Conall. – Está ferida?– perguntou-lhe ela.

Moveu-se para que pudesse ver a flecha cravada no chão e que atravessava sua toga. Ele agarrou a Ailsa com rapidez e lhe deu um forte abraço.

Angus começou a falar. –Pela Santa Brigit, moça. Menos mal que sabia que algo aconteceria.

– O que?– perguntou Conall. Deixou a Ailsa em mãos de Angus e retirou a flecha do chão liberando a Glenna.

Levantou-se e sacudiu o vestido. –Tive uma visão de Ailsa correndo para ti e sendo atravessada por uma flecha. O que não vi foi que seria alguém do castelo o que dispararia.

Conall entrecerrou os olhos e observou a flecha. Glenna tinha razão. A flecha procedia do castelo. Não necessitava isto. Não agora. Não com todos os problemas que já tinha. Além disso, por que quereria alguém matar a sua filha? Era só uma menina.

–Parece ser que há um traidor entre nós. – Olhou a Gregor. –Não acredito que seja prudente que MacNeil saiba que estão aqui. Leve a Glenna a caverna e a proteja.

Esperou a que tivessem transpassado a entrada da caverna para olhar ao Angus. – O que tenho feito?

Angus lhe aplaudiu as costas. –Fez o correto. Fez um juramento de manter a todos os Druidas a salvo.

– E que tem que o que prometi a minha mãe? Se o MacNeil não vê a Glenna não poderei convencê-lo de que a tenho, e não devolverá a Iona.

Os usualmente joviais olhos de Angus se encheram de tristeza. –Meu instinto me diz que Iona está morta.

–Não o diga, – advertiu-lhe Conall a seu amigo. Negava-se a render-se, e não deixaria que ninguém dissesse o que pensava atormentado na escuridão da noite.

–Não pode negar que te tenha passado pela cabeça.

–Não tenho tempo de falar disto. O MacNeil se aproxima. – partiu para as almenas antes que Angus pudesse dizer nada mais.

Viu os homens de MacNeil avançar para o castelo. Não passou muito tempo até que o MacNeil se separou do grupo e avançou ao galope para as portas.

– Onde está Glenna?– gritou MacNeil.

–A salvo.

– Esperas que acredite em sua palavra?

Conall riu. –Não tem eleição.

–Preciso vê-la. Pelo o que sei poderia estar morta.

Conall apertou os dentes. –Me mostre a Iona e te deixarei ver a Glenna.

O MacNeil riu entre dentes, o som ressonava a seu redor. –Não quis vir.

A ira invadiu ao Conall. – Pensou que poderia ocultar o fato de que te levou a Iona? Pensou que não descobriria?

–Não. Por que acha que te convidei a passar entre meus muros?– riu outra vez. –Não acreditava que fosse um Laird tão estúpido, Conall, mas somente um idiota tivesse aceitado o convite.

–Tentou me matar. Sigo em pé, assim como todos os homens que entraram por suas portas aquele dia.

MacNeil assentiu. –É certo, mas não por muito. Quis seu castelo por muito tempo, e não esperarei mais. Mostre-me a Glenna.

–Não.

O MacNeil rugiu com raiva.

Conall se regozijou com a ira de MacNeil. Os homens furiosos não lutavam racionalmente. Cometiam enganos. –Muitos clãs maiores que o teu tentaram roubar este castelo, e nenhum o conseguiu.

–Não irei sem a Glenna.

–Glenna não irá a nenhuma parte até que Iona me seja devolvida.

MacNeil tirou sua espada. –Iona não deseja retornar a casa. Disse-me que te pedisse que devolvesse a Glenna.

–Iona jamais teria dito isso.

– Tem certeza? Perguntou o MacNeil. –As pessoas mudam. Especialmente quando todos meus homens a provaram.

Conall o viu tudo vermelho. Rugiu o grito de guerra dos MacInnes, a vingança correndo livre por suas veias.

 

Glenna se acurrucó dentro da caverna. Odiava a total escuridão que não lhe deixava ver dois palmos de distância, mas Gregor tinha insistido em que precisavam esconder-se.

De repente a assaltou uma visão de Conall saindo do castelo com sua espada na mão, preparado para lutar contra o MacNeil. Mas era atacado e o assassinavam pelas costas. –Gregor, – chamou.

Imediatamente estava a seu lado sustentando uma tocha para poder lhe ver a cara. – O que?

–Deve deter o Conall. Vai lutar contra o MacNeil, mas morrerá. MacNeil tem a um homem escondido depois de uma pedra que matará a Conall quando este saia pelas portas.

Gregor girou e pôs-se a correr sem uma palavra. Glenna se afundou no chão, seus pensamentos postos em Conall. Só esperava ter tido a visão a tempo.

–Moira, – chamou. –Moira, necessito-te.

Passaram uns instantes sem que se ouvisse nenhum som, uma brisa a rodeou.

Estou aqui, Glenna.

–Vi a morte de Conall. Deve ajudá-lo.

Farei o que possa, disse e desapareceu.

Glenna se rodeou as pernas com os braços. Rezou por outra visão, algo que lhe dissesse o que acontecia, mas não aconteceu nada.

Em vez disso, só tinha a escuridão e seus próprios pensamentos como companhia.

 

Conall saiu pelas portas, as duras palavras de Angus ainda ressonavam em sua cabeça. Angus não queria que abandonasse a segurança do castelo, mas não tinha eleição. Tinha que vingar a Iona.

Estava a dez passos do MacNeil quando um som de pegadas se aproximando de suas costas lhe fez dá-la volta. – O que faz?– perguntou ao Gregor.

–Te salvando o traseiro. – Gregor deu a volta a uma grande rocha e voltou com uma adaga sobre o pescoço de um dos MacNeil.

Conall olhou ao MacNeil.

MacNeil se encolheu de ombros. –Nunca disse que brigasse justamente.

Conall andou em círculos ao redor de MacNeil, com a espada em alto. Lançou um forte reverso contra MacNeil. Este girou sobre os pés e realizou um varrido horizontal, mas Conall antecipou o movimento e sorriu quando seu cotovelo golpeou no nariz de MacNeil.

MacNeil limpou o sangue de seu nariz e sorriu com sarcasmo. Carregou contra Conall, sua espada efetuando um reverso para baixo. Conall parou o golpe e tentou esquivar o punho de MacNeil.

Sentiu o sabor metálico do sangue na boca. Cuspiu e balançou sua espada antes de lançar outro ataque. Esta era sua oportunidade de vingar-se, e não falharia.

Atacou ferozmente, sem descanso. Esfaqueou o peito de MacNeil e o sangue lhe salpicou o tartan. Depois de esquivar um débil corte horizontal, Conall investiu e conseguiu dar um bom corte no braço de MacNeil. Golpe detrás golpe martelou ao MacNeil até que o braço do ancião começou a ceder.

Sentiu uma quebra de onda de triunfo. Ele e MacNeil acabaram de costas a uma rocha. Era o momento. Com um golpe de pulso MacNeil deixaria este mundo. Seu pai seria vingado, Iona voltaria e Glenna não teria que preocupar-se nunca mais por ter que voltar. E toda Escócia estaria a salvo deste maldito assassino bastardo.

Conall levantou sua espada mas uma profunda dor o deteve. Pôde ouvir a malvada risada de MacNeil. Olhou para baixo e viu uma flecha que sobressaía de seu braço. Pela extremidade do olho viu o MacNeil levantar sua espada.

Como o estúpido que era, tinha-lhe dado as costas a MacNeil e agora o pagaria com sua vida. Os pensamentos de Conall se centraram em Glenna e como a afetaria se desaparecesse. Antes que a espada de MacNeil atravessasse sua pele um terrível vento soprou ao seu redor.

O vento uivava com força, e Conall logo que podia abrir os olhos. Levantou o braço para protegê-los olhos e viu que MacNeil corria para seu cavalo.

–Outro dia será, – gritou MacNeil enquanto montava e ele e seus homens cavalgaram afastando-se.

Angus e Gregor alcançaram a Conall e o vento parou do nada. – Deveríamos ir atrás deles?– perguntou Angus.

–Não. Se deixarmos o castelo ganha, e não podemos permitir que se apodere do castelo MacInnes.                                                                    

Conall olhou para o bosque e levantou a vista para o escarpado. Moira o observava. Só tinha visto seu poder sobre o vento em outra ocasião. Tinha-lhe ajudado. Fez-lhe vacilar, mas não pensava deixá-la ganhar.

–Isto não significa que vá deixar que Glenna vá contigo, – sussurrou e soube que ela tinha ouvido cada palavra.

 

Glenna tremia na umidade da caverna. Gregor a tinha levado tão profundo que não podia ouvir nada mais que a destilação constante da água.

Mordeu-se um lábio e se moveu para sua esquerda. Insetos. Só sabia que havia insetos que avançavam lentamente sobre ela. Odiava os insetos, mas odiava mais as aranhas. E uma vez que pensou em uma aranha, cada lugar de seu corpo sentiu como se centenas de pernas diminutas caminhassem lentamente sobre seu corpo.

Ao princípio tratou de ignorá-lo, mas não pôde. Tirou-se o cabelo da cara, mas as sensações regularmente pioraram. Sua pele e seu couro cabeludo sentiram comichão de só pensar naquelas aranhas repugnantes. Cada som eram aquelas oito patas caminhando sobre sua pele.

Foi muito. Levantou-se de um salto e correu na direção que pensou que Gregor a tinha levado. Não importava quantas vezes disse que era uma idiota por arrancar de algo que não estava segura que houvesse sentido, o fato era que poderia ter havido algo. Seu medo era muito. Rasgou-se a si mesma por não pôr mais atenção depois de se chocar com um par de paredes.

Mas era difícil as detectar quando não havia nada mais que escuridão ao redor com apenas uma tocha ocasional para dirigi-la. Seus olhos tinham chegado a acostumar-se ao escuro, mas não o suficiente para que realmente pudesse ver.

Teria que falar com Conall sobre isto. Como esperavam eles que uma pessoa caminhasse nesta escuridão?

Então chocou de cara com uma teia de aranha do tamanho de um castelo.

Chiou enquanto lutava por tirar a teia de cima. Se alguém tivesse perguntado tinha jurado que podia ouvir as aranhas avançando lentamente para ela. Seu coração palpitava e quanto mais tratava de tirar a teia, mais se aderia a ela. A histeria se apoderou dela.

Algo tocou sua mão. Ela gritou e tropeçou com uma parede quando saltou. Seu cabelo se aderiu a sua cara pelo suor, e não foi até que se tirou uma mecha de sua cara que ela o sentiu.

Uma aranha.

A inequívoca sensação de oito pernas caminhou rapidamente sobre seu dedo e era tudo o que ela poderia fazer para não deprimir-se. Sua mente lhe dizia que a jogasse de sua mão, mas seu corpo rejeitou mover-se.

Ficou de pé congelada de terror.

Mas quando isto afundou suas presas nela, soltou um grito e brutalmente jogou longe a aranha. Então agitou sua cabeça e sacudiu seu cabelo para assegurar-se que não havia mais delas ocultando-se em seu cabelo.

Infelizmente, as aranhas se sentiam atraídas por ela, e a que se tirou, rapidamente voltou exatamente como antes para ela.

 

– Onde diabos ela está? – exclamou Conall.      

–Deixei-a justo aqui, – disse Gregor e sustentou a tocha mais alta para fazer-se de mais luz. – Ela deve ter aventurado mais à frente.

– A não ser que possa fazer-se invisível penso que tem razão. – disse Conall apanhando um gemido quando o sangue gotejou abaixo por seu braço. – Ela poderia estar em qualquer parte. Estas cavernas são mais profundas do que alguma vez cheguei a explorar, ainda quando era menino. –– Eu sabia que deveria haver ficado com ela, – resmungou Gregor.

Ambos se pararam e ficaram olhando o um ao outro quando o grito os alcançou.

– Glenna, – disseram ao uníssono e correram na direção do grito.

 

Glenna deixou de correr quando seus pulmões pediram fôlego e um ponto começou a lhe doer no flanco. Ela não tinha idéia quão longe tinha ido, mas este definitivamente não era o caminho ao castelo. Tudo o que viu quando se deteve para olhar ao redor foram as intermináveis paredes de pedra. Desejava uma tocha para assegurar-se que as aranhas já não a seguiam.

Uma piscada de luz captou sua atenção. Rapidamente a seguiu esperando que fora Conall. Em troca encontrou a Moira.

– Perguntava-me quanto tempo tomaria.

Ainda ofegando, Glenna perguntou, – De que está falando?  

– Queria ver se podia encontrar seu caminho sem ouvir a música. Fez-o. Seus poderes de Druida são maiores do que esperava, sobre tudo com o pouco que lhe ensinaram.

Com isso Moira se deu a volta e se afastou.

Glenna ficou olhando bobamente. Realmente a tinha encontrado ela sozinha?

– Moira?

– Recorda o caminho! – exclamou ela, e sua imagem desapareceu na escuridão. –Aqui é onde te encontrarei. Esta coverna conduz ao círculo de pedras.

Glenna ficou com a boca aberta.   Foi coincidência que ela encontrasse este caminho?

– Vai, Glenna. Conall está chegando.

Fez caso a Moira e se girou para voltar sobre seus passos. Ela não tinha ido longe quando Conall e Gregor davam a volta em uma esquina.

– Aí está, – disse Conall e se precipitou para ela enquanto sustentava a tocha. – Está bem? Ouvimos um grito.

Ela assentiu com a cabeça. – É tolo, realmente. Odeio as aranhas.

– Correu porque viu uma aranha? – perguntou Gregor.

A tocha emitia suficiente luz para lhe permitir vê-los como ambos pensavam que estava louca. – Não me deixava tranqüila. Pensei que estava zangada porque entrei correndo em sua rede. – Ela tremeu e esfregou suas mãos ao longo de seus braços.

– Matou-a? – perguntou Conall.      

– Não poderia. Vejo que Gregor te alcançou a tempo. – Ela estava ansiosa de assegurar-se que estava ileso, saber que sua visão ajudava.

– SIm.

Foi o leve estremecimento o que chamou sua atenção para o ombro de Conall. Ela descobriu o sangue e a atadura posta a toda pressa que envolvia seu braço. Pensar que estava ferido lhe tirou o fôlego que ficava.

Com cuidado pôs os dedos em seu braço. – Está ferido.

– É só um arranhão. Angus o curou.

– Isto não parece um arranhão. O que aconteceu?

– Um soldado tratou de me impedir de matar a MacNeil.

– OH, isso é tudo, – disse ela asperamente pela cólera. Como poderia ser tão despreocupado sobre isso? Tinha sangue. Doía-lhe.

Por não mencionar que ela tinha tido uma visão sobre alguém tratando de matá-lo. Como ajudariam estas visões se ela não podia as ter quando as necessitava?

– Esta não é a primeira vez que fui ferido, tampouco penso que seja a última. Agora, me diga. Teve outra visão?

Ela se encolheu de ombros. – Parece que tive algumas delas ultimamente. Mas eu não vi esta, – disse ela e outra vez tocou seu braço.

Girou-lhe a cara para ele com um dedo sob seu queixo. – Salvou a vida de Ailsa assim como a minha este dia.

Foi a tristeza de sua voz e seus olhos a que lhe disse o que ela tinha estado temendo. Não pôde controlar que as lágrimas corressem por sua cara. – Não trouxe Iona, verdade?

Sacudiu sua cabeça e lhe secou as lágrimas.

Morria de vontades de gritar sua angústia. Em troca, pôs sua confiança em Conall.

– O que fará agora?

Colocando-lhe uma mão nas costas a impulsionou a caminhar.   – Tenho algumas idéias e planos que fazer. Fez-nos saber que quer o Castelo MacInnes e fará o que seja para consegui-lo. Estava fortemente transtornado porque não te viu.

– Pensei que o estaria, – disse ela. – Sinto que seja um homem tão mau. Eu nunca soube.

– Ninguém deveria ser criado por um homem assim.

– Onde está o MacNeil? Está esperando fora de seus muros?

– Ele e seu exército se foram. Por agora. Eles voltarão com mais homens, tenho certeza.

– Mas você os estará esperando.

Deteve-se e a olhou fixamente. – SIm, estarei esperando para matá-lo.

Glenna começou a falar quando a tocha se apagou. Um som veio de mais longe na caverna e ela soube que era a aranha. A raiva e o medo brotaram dentro dela.

– Necessito luz. Não posso suportar esta escuridão. As aranhas virão.

– Conheço o caminho, – disse ele e lhe pôs a mão em suas costas.

Mas Glenna não se moveu. O medo a tinha congelado outra vez. Fechou seus olhos e desejou com todo seu ser que ele acendesse alguma luz.

A tocha ardeu outra vez. Ela abriu os olhos e encontrou a Conall olhando a tocha.

– Você fez isto?

Ela se encolheu de ombros. – Não sei. Talvez?

– Ela o fez, – disse Gregor.

 

Conall passou as mãos por sua cara e observou o frasco de hidromel disposto entre ele, Gregor e Angus no agora vazio salão. O braço lhe pulsava, mas a pomada que tinha encontrado colocada sobre a mesa de sua antecâmara tinha diminuído a dor e tinha detido a hemorragia. Nem sequer quis saber como Moira tinha conseguido entrar em seu quarto para deixar a pomada curativa sem ser vista.

Sim, sabia que foi ela quem deixou a pomada. Suas habilidades como curadora eram legendárias, mas por que ela queria lhe ajudar depois de tudo o que lhe tinha feito era um mistério.

Angus esclareceu a garganta. – Podemos ir depois atrás do bastardo.

– Seus homens nos excedem em número. – Conall esfregou seus olhos enquanto o cansaço se instalava pesadamente sobre seus ossos.

– O que está pensando? – perguntou Gregor.

Conall se encolheu de ombros. – estive planejando sua morte desde algum tempo até agora, mas não deixarei a minha gente indefesa. Este castelo resistiu muitos assédios dos Lairds famintos de nossa terra. Ocorrerá outra vez.

– MacNeil tem uma arma que você não conhece.

Conall levantou seus olhos a Gregor. – E que arma é essa?

–Glenna.

Se um Fae de repente tivesse passado frente a ele, Conall não teria estado mais surpreso.

–Se explique.

Gregor levantou sua taça e esgotou seu conteúdo. – É por isso que ela não quer ver ou ouvir o MacNeil. Iona ensinou a Glenna só o suficiente...

– Para ser perigosa, – terminou Conall. – São Joseph. – levantou-se e começou a passear-se. – Quão perigosa é ela?

– De que forma é Glenna perigosa? – Angus perguntou.

Gregor levantou seus olhos negros. – Ela não mentia Conall. Todo seu clã morreria.

– Certamente há um modo de tirar o clã, – disse Conall.

– De que forma é Glenna perigosa? – Angus perguntou outra vez, sua cara avermelhando em sua agitação ao ser ignorado.  

– Fogo, – Conall e Gregor disseram de uma vez.  

Conall se deslizou em sua cadeira. – O fogo é seu poder.

– Ela não tem controle sobre isso? – perguntaram Angus a Gregor, seus olhos abertos pela confusão.

– Ela não sabe como controlá-lo, – respondeu Conall pelo Gregor. – É por isso que Moira era tão insistente em vir por ela.

Gregor assentiu com a cabeça e se verteu mais hidromel. – O que você vai fazer?

– Não sei, – respondeu Conall e olhou por cima para encontrar a Ailsa caminhando para ele. – O que está fazendo fora da cama? – perguntou-lhe com um sorriso.

– Quero te dizer o que passou hoje, – disse ela com uma pequena voz.

Conall a agarrou e a pôs em seu colo. – Sei o que passou hoje. Glenna salvou sua vida, mas não se preocupe, encontraremos quem o fez.

– Um homem me disse que me queria. É por isso que deixei o castelo, mas penso que me enganou.

Conall levantou seus olhos a Angus e Gregor. Suas expressões sobressaltadas refletiram a sua própria.

– Como era esse homem?

– Não tenho certeza. Tinha posta uma capa e cobria sua cara.

– Viu algo mais? – Ela sacudiu sua cabeça. – Está bem, – disse-lhe e a pôs de pé. – À cama. Encontraremos a este homem com capa.

Depois de que Ailsa se foi do salão, Conall passou as mãos pelo cabelo. O que devia fazer agora com um estranho com capa em seu castelo?

Gregor assobiou por entre os dentes. – Encontrar a um homem com capa não deveria ser difícil, mas tenho o pressentimento que vestiu a capa só para ocultar-se de Ailsa.

– Tem razão, – esteve de acordo Conall.

– O que você vai fazer? – Angus perguntou esta vez.

– Não sei, – disse Conall e saiu do quarto. Necessitava tempo para pensar.

Sozinho.

 

Glenna se sentou na cama e observou por sua estreita janela ao sol descendendo no céu, esperava a hora em que se encontraria com Moira. Tinha que assegurar-se de recordar o caminho pelas cavernas quando Conall a trouxe de volta.

A excitação corria por ela. Odiava enganar a Conall, mas era uma Druidisa. Não podia ignorar o desejo que tinha dentro. Ainda assim, o pensamento que fazia algo que não devia estar fazendo pesava sobre seu coração, mas não podia negar que depois que chegasse aqui estava se encontrando a si mesma, pouco a pouco.

Levantou-se e deixou seu quarto. O castelo estava ocupado pela comida da tarde quando baixou a escada. Uma olhada lhe disse que o salão estava cheio, o que manteria ocupado a Conall. A tinha deixado sozinha esta noite, e estava segura que seguiria desse modo. Saiu rapidamente.

Uma vez no pátio se manteve nas sombras e se dirigiu à caerna. Quando chegou à caverna agarrou uma tocha e suspirou antes de encaminhar-se à escuridão.

Antes de dar-se conta, ela tinha chegado ao ponto onde Moira tinha estado. Depois de tomar um profundo fôlego, forçou a seus pés a mover-se e logo se encontrou no bosque, o círculo de pedra diante dela. Não podia acreditar que ninguém tivesse tropeçado com isto antes.

– Eles não podem ver o que não acreditam, – disse Frang por detrás dela. – E não desalentamos aos que realmente acreditam. Não temos nada que ocultar aqui, Glenna.

Ela mordeu-se um lábio. – Você lê os pensamentos? –

– Eu pude deduzir por sua expressão o que pensava.

Ela riu, aliviada de não ter que esconder seus pensamentos. Então Moira deu um passo adiante e lhe ofereceu sua mão.

– Está pronta para aprender mais da história dos Druidas?

Glenna foi de bom grado com ela, e se sentou enquanto as palavras de Moira começaram.

– A filosofia Druida de equilíbrio entre o espírito e a carne é a unidade entre o físico e espiritual. Esta é uma unidade que sustentamos como um estado natural, saudável e necessário.

Glenna fechou seus olhos. Tinha magia ao redor dela e ela com impaciência se abria a isso.

– Também reconhecemos uma unidade com este mundo e o Otherworld (Outro Mundo), – seguiu Moira, sua voz suave e Lisa. – O Otherworld é um lugar substancial, justo como o nosso. Embora as leis de tempo possam diferir, em tanto que eles não envelhecem como nós o fazemos, sua magia é mais poderosa ainda.

– Magia, – Glenna sussurrou.

– O reino do Otherworld é feito de terra, água e vento. É energizado pelo fogo.

Os olhos da Glenna saltaram abrindo-se. – Quais são estes seres do Otherworld?

Moira se aproximou e olhou detida e profundamente nos olhos de Glenna. – Eles são os Fae. São eles os que nos deram a profecia da que você forma uma parte.

– Nem todos os Druidas têm poderes?

– Não. Você é diferente, especial. Deram-lhe aqueles poderes porque você nasceu durante um festival Druida, Imbolc, que é marcado pelo fogo e a água.

– E os outros dois?

Moira baixou seus olhos verdes. – Um nasceu durante o Lughnasadh, a celebração da vida, e o outro nasceu durante o Beltaine, o retorno do sol.

Um calafrio correu pela espinha de Glenna. Ela jogou uma olhada ao redor e viu os Druidas levando máscaras e poucos vestidos. Seus olhos se devolveram para a Moira. – Esta noite é uma Festa.

– Sim. Beltaine.

– Quero ver.

– Não é tempo, – Moira declarou e se girou afastando-se.   – Esta é a noite mais poderosa para os Druidas. O véu entre os mundos é magro esta noite. Você não conhece o suficiente para entender, e poderia resultar ferida.

Glenna recusava escutar. Como poderia Moira lhe dizer estas coisas, e esperar que ela se mantivera afastada. Ela guardou seus pensamentos para se mesma e se concentrou na aprendizagem de seu poder.

Durante as duas horas seguintes ela começou a aprender a controlar o fogo. Tomava uma concentração imensa, e ela estava tentando criar um fogo quando a voz de Conall retumbou a seu redor.  

– Moira! Moira, tenho que te falar agora, – exigiu ele.

Glenna olhou a Moira. – Como soube que eu estava aqui?

– Não sabe, – respondeu ela. – quer me falar de ti. Estive esperando-o desde que MacNeil partiu. Permanece oculta, – disse-lhe antes de caminhar para ele.

Glenna se escondeu detrás de um enorme pilar assim poderia ver a Conall. Estava parado fora do círculo, a luz da lua o rodeava com seu brilho. Seu cabelo pendurava frouxo ao redor de seus ombros lhe dando uma aparência primitiva, e a lembrança de quão sedoso o tinha sentido esquentou sua pele.

– O que te traz aqui tão tarde? – Moira lhe perguntou.

Sua mandíbula se contraía. – por que me ajudou antes?

– Porque Glenna me pediu isso.

Assentiu e cruzou seus braços sobre seu peito. – Sabe onde está Iona? – A cabeça da Moira se inclinou e suas mãos se empunharam a seu lado. – Não. Quis-lhe dizer isso mas eu sabia que você não escutaria, mesmo que facilmente poderia ter usado seu dom.

– O dom, –bramou. – Isto não um dom, senão uma maldição.

– Como pode dizer isso? Você o usou bastante frequentemente. Deveria saber por ti mesmo se MacNeil está mentindo.

Evitou suas palavras. – por que não ajudou a Iona?

– Eu... Nós não podíamos Conall. Era seu destino. Ela e sua mãe souberam durante anos.

– Se explique, – disse e deu um passo para ela.

Glenna temeu por Moira, mas uma mão sobre seu ombro a deteve. Ela deu volta e encontrou a Frang a seu lado.

– Não, moça. Moira pode cuidar-se sozinha, – advertiu ele.

Glenna duvidou disso já que ela sabia como Conall lutava, mas ela não discutiu.

Moira suspirou. – Não tenho nenhuma necessidade de te explicar. Você sabe do que falo, também lhe falaram a respeito de seu destino.

Conall soprou. – Está enganada.

– Odeia-nos tanto que te voltasse contra o que está em seu sangue? – perguntou Moira, incrédula.

– Eu sabia que me odiava, mas pensei era devido à Iona. Mas não é só a mim certo?

Nem negou nem esteve de acordo com sua avaliação, mas pelo brilho prateado em seus olhos Glenna soube que Moira tinha golpeado sobre algo doloroso.

– É seu juramento.

Conall girou sua cabeça longe dela e olhou fixamente para as árvores. – Um homem é construído ou destruído segundo seus juramentos.

– Mas você fez outro juramento, – disse ela brandamente.

Glenna lamentava não poder ver a cara de Moira. Algo que ela tivesse recordado pareceu mudar muitas coisas. Mas o coração de Glenna foi para Conall enquanto lutava com sua cólera e ressentimento.

Conall riu silenciosamente, mas carecia de humor. – Você sabe que o fiz. Estava sentada ao lado de minha mãe. Esqueceu-o tão facilmente?

Não lhe respondeu. – Então é por isso que não quer Glenna aqui.

– Eu sabia que não tomaria muito tempo compreendê-lo.

– Não pode negar o que há dentro de ti para sempre. Inclusive agora está lutando contra o inevitável.

– Por todos... O que se supõe que significa isso?

Glenna estava surpreendida de encontrar que Moira se girava e a olhava.

– Esperas que Frang te ajude? – perguntou-lhe Conall e começou a passear-se.  

Moira sorriu e se voltou para ele. – Deve recordar o que lhe disseram se não o fizer tudo poderia estar perdido.

Levantou sua cabeça e olhou ao redor. – Moira? Volta. Não terminei.

Glenna piscou e Moira tinha desaparecido. Conall jogou uma olhada a um lado e logo ao outro exigindo a Moira que se mostrasse. Moira veio a parar-se ao lado de Glenna.

– Deve voltar agora. Guiará-lhe até sua antecâmara. E, Glenna, fique ali esta noite. Não te aventure a sair fora.

Com a advertência de Moira soando em sua cabeça Glenna entrou precipitadamente na caverna. Não deixou de correr até que alcançou o pátio, e foi só então que se deu conta que tinha entrado nas caernas sem uma tocha.

Os cânticos do festival a alcançaram e ela soube que não voltaria para seu quarto. Queria ver o que acontecia. Queria ser uma parte de tudo. Certamente jogar uma olhada não faria nenhum dano, pensou e se afastou das portas. O castelo e o pátio estavam desertos, mas não desejava ser descoberta. Então, quando encontrou uma capa perto da casa do guarda rapidamente a pôs e se jogou em cima o capuz.

Não foi difícil de encontrar a celebração. Os fogos podiam ser vistos do castelo. Glenna se apressou ao bosque onde o fogo maior rugia, enviando seu brilho laranja alto nas árvores.

Escondeu-se detrás de uma árvore quando viu aproximar-se de um casal. Ambos levavam máscaras e nada mais. Sua paixão era evidente, e Glenna não tinha nenhum desejo de alertar os de sua presença.

Com passos silenciosos caminhou mais perto ao fogo, ocultando-se detrás de uma enorme pedra. Moira e Frang estavam de pé perto do fogo com suas mãos levantadas o céu enquanto outros Druidas dançavam ao redor de uma colina grande de terra.

Glenna nunca tinha visto antes nada parecido, atirou-se para trás o capuz da capa para ver melhor. A erva, mais verde do que alguma vez tinha visto, cobria o colina de terra. Algo atirou de sua alma, e ela fechou seus olhos.

Magia.

A magia fluiu pura e feroz do montão de terra. Seus olhos se abriram ante um som lhe vaiem. Uma luz branca e brilhante saía de um talho que se abriu de repente na colina. Então, muitas luzes coloridas voaram da abertura.

As luzes coloridas se elevaram rápidas e furiosas ao redor dos Druidas e o bosque. A mais brilhante veio para deter-se diante de Moira e Frang. A luz branca rodeando os seres diminuiu, e Glenna pôde distinguir uma forma humana.

A mulher era mais formosa que as meras palavras. Seu cabelo brilhava como o ouro que pendurava diante de seus quadris. Sua cara era a perfeição, como se um artista a tivesse criado.

Uma olhada ao redor mostrou a Glenna que as luzes brilhantes se debilitaram para revelar a muitos mais seres formosos. Isto era sobre o que Moira lhe tinha contado. Estes seres eram do Otherworld onde a magia era um modo de viver e não tinham que ocultar-se como se fazia aqui.

Glenna queria lhe falar com um destes seres, perguntar... Ela não sabia o que queria perguntar. Ela somente queria, não, precisava estar perto de um.

 

As folhas sussurravam na escuridão. A sombra de um mocho se equilibrou para baixo rapidamente desde sua alta cabide nas árvores para apanhar a sua presa. Mas Moira não voltou.

Conall permanecia sozinho no círculo de pedra, entretanto sabia que não estava sozinho. Podia sentir a presença de outros, mas não podia ver nenhum dos Druidas. Haviam encoberto o círculo de algum jeito. E tinha uma razão para que eles lhe fizessem isso.

Glenna. Tinha estado ali. Sim, provavelmente tinha deslocado logo que tinha vociferado por Moira.

Amaldiçoou comprido e baixo. Moira o deixava louco. Deveria ter tido melhor critério que tratar de obter respostas dela, mas tinha descoberto algo. Não sabia mais que ele do paradeiro de Iona, mas era pouco para aliviar sua mente.

A lua, não mais que uma ranhura no escuro céu da noite, rondava no alto.   Contemplo-a seriamente e considerou cuidadosamente as palavras de Moira. De que profecia tinha falado ela? OH, conhecia a profecia em torno de Glenna, mas segundo o que Moira havia dito parecia que tinha mais.

Algo continuou incomodando-o dentro de sua cabeça, algo que deveria saber, mas que não podia entender completamente. Precisava falar com Glenna para que limpasse sua mente.

Falar? Não quer falar. Quer raptá-la.

Ah, era a verdade. Cada vez que a recordava imaginava sua pele sedosa rosando a sua e sua boca aberta e disposta. Seu dragão cobrou vida instantaneamente.

Amaldiçoando. Não podia nem aproximar-se neste estado. Não sabia o que faria se o fizesse.

O som de cânticos chegou até onde estava. Beltaine. Como pôde esquecer-se desta importante festa Druida, a noite mais poderosa onde podia ver-se o Outro Mundo?

A última vez que tinha presenciado o Beltaine tinha sido somente um moço de quatorze anos e tinha saído furtivamente do castelo. Ainda podia recordar o desejo que fluiu tão livremente essa noite. Seu dragão se inchou até mais duramente. Tinha sangue Druida e poderes. Tinha fugido o Beltaine e as outras festas durante anos. Talvez tivesse chegado a hora de que participará. Possivelmente lhe ajudaria a estar em condições de aprender algo sobre Iona.

E talvez, só talvez, pudesse manter uma parte de sua honra quando tudo isto estivesse terminado. Com a decisão tomada, as pernas rapidamente lhe levaram para o nemeton, um espaço sagrado em meio de um bosque arborizado, e com uma colina Faerie.

 

O corpo da Glenna gritava com uma necessidade que ela não entendia. Em todas as partes ela via os casais que entrelaçados juntos enquanto alguns Druidas na colina e falavam com os seres do outro mundo.

A carícia fresca da lua sobre sua pele era mística. As sombras do bosque lhe ofereceram uma promessa de mistério e segredos primitivos. Perguntou-se brevemente onde estava Conall e se tinha ido a seu quarto a procurá-la, mas esses pensamentos rapidamente se desvaneceram com os fogos do Beltaine rugindo o suficientemente alto para alcançar o céu.

Seus olhos não podiam desviar-se por muito tempo longe do Fae que estava ao lado de Moira e de Frang. Um homem e uma mulher, mas era óbvio por sua roupa que eles eram muito poderosos. O outro Fae partiu com os Druidas ao bosque enquanto os sons dos gemidos chegavam a ela.

Repentinamente o Fae masculino se voltou e ela podia ter jurado que a viu claramente, mas seguro que isso não era possível. Estava escondida detrás de muitas árvores.

Fechou os olhos enquanto os cânticos dos Druidas ao redor dos fogos alcançavam o nível mais alto. Sua alma floresceu e se estendeu como asas. Estava em casa, e nada do que Conall pudesse lhe dizer mudaria sua mente. Estava destinada a este mundo e ao poder que o sustentava, e ela cumpriria a profecia ou morrerá tentando-o.

 

Conall sentiu a atração mais potente ao aproximasse do nemeton. Os fogos sagrados iluminavam o caminho da colina como o Sol depois da noite ou do inverno.

Pela primeira vez em dias Conall podia sentir seu poder. Estava na sombra e olhou o mágico Fae e aos Druidas, e se perguntou por que nunca se aventurou aqui antes.

Com razão os Druidas encontrava este lugar tão especial. A magia radiando da colina Faerie era forte, e as árvores faziam uma barreira natural assim é que os espíritos eram livres de pular e interactuar com os Druidas.

Uma risada nervosa a sua esquerda revelava a um casal acasalando-se. Os pés de Conall lhe levaram para o colina e ao assustador Fae que conversava com Moira e Frang, mas uma figura nua deu um passo diante dele.

Seu dragão exigiu a liberação, e Conall não podia negar-se a si mesmo mais do que podia deter os Druidas. Magras e elegantes mãos trataram de alcançá-lo, mas o resplendor azul dos olhos dela punha de manifesto que se tratava de um Fae que desejava formar casal com ele.

Abriu a boca para falar, mas lhe deteve com uma mão e negou com a cabeça.

Sem palavras, ouviu-lhe sussurrar em sua cabeça.

Ela se inclinou mais perto e pressionou seu corpo contra o seu. Sua magia lhe absorveu enquanto lhe delineava com as mãos o peito nu.

 

Glenna se voltou para som de seu nome. Exceto ninguém tinha falado. Ela o tinha ouvido em sua cabeça. Parado ante ela estava um dos seres que tinha chegado da colina.

Sorriu-lhe e lhe tendeu a mão. Sem titubear ela a aceitou e lhe permitiu que lhe tirasse sua capa. A seguir a dirigiu mais profundamente para as árvores. Seu corpo pulsava com crescente necessidade, e quando seus dedos agilmente passaram roçando seu braço ela quase gritou de agrado por isso.

– O que está acontecendo?– Perguntou, mas não respondeu.

Cobriu-lhe os olhos com a mão e caminhou detrás dela. Puxou-a para seu corpo. Glenna se ofereceu a si mesmo à magia que fluía através dela. Palpitou forte e segura e se regozijo disso.

Está destinada a algo grande, Glenna. Segue sempre a seu coração e te guiará.

As palavras penetraram sua mente. Abriu a boca para falar com mesmo tempo que lhe tiravam as mãos de seus olhos. As palavras foram esquecidas enquanto cravava o olhar em Conall abraçando a uma Fae feminina nua.

Lentamente, sua cabeça se levantou e seus olhos se imobilizaram nela. Afastou a criatura nua de seus braços e deu um passo para ela.

Ele te deseja.

Não necessitava que um Fae lhe dissesse isso. Mostrava-o o brilho prateado dos olhos de Conall, olhos que prometiam prazeres além de seus sonhos mais descabelados. Seus pés se moviam para ela, seu corpo esperava seu toque.

Com o coração trovejando no peito, Glenna se voltou e correu tão rápido como pôde para a segurança de seu quarto. Fechou de um golpe a porta e se apoiou contra ela, os cânticos dos Druidas passavam através da janela.

Saltou com o golpe contra a porta. Sabia que era Conall. Voltou-se com pernas trementes enquanto o fogo rangia e sussurrava. Tomou uma profunda respiração, abriu a porta.

Conall encheu a soleira. Tinha ainda o peito nu com sua saia escocesa envolta ao redor da cintura. Não pôde recuperar o fôlego quando viu o desejo em seus olhos.

Entrou no quarto, e a olhou com certeza. Retrocedeu afastando-se até chocou bruscamente com a parede oposta. Seguiu-a e colocou suas mãos a ambos os lados de sua cara detendo qualquer retirada em que ela podia ter pensado.

Mas ela não tinha medo.

Inclinou a cabeça e a olhou aos olhos. –Não deveria ter deixado o castelo.

Glenna piscou. –O q... O que?

–Não esperava encontrar a minha prisioneira tão disposta. Tinha ouvido que MacNeil mantinha a suas mulheres mansas.

Sua mente correu a velocidade nas palavras. –Gosta que suas mulheres sejam mansas.

– Por que deixou o castelo?

–Tenho perguntas que necessitam respostas.

Levantou sua escura frente. – De verdade? Assim que tudo o que melhor você faz é me desobedecer?Esta não é uma noite para aventurar-se fora, – disse brandamente e percorrendo rapidamente com um dedo um lado de sua cara.

Seus joelhos se estremeceram, mas estava decidida a enfrentá-lo corajosamente. Nunca em sua vida tinha conhecido um homem como Conall. Assustava-a, mas também a emocionava. Seus olhos quase resplandeceram, mas foi tão suave quando a tocou. Seus seios se incharam e a dor entre suas pernas aumentou.

Ela chupou os lábios e viu seus olhos viajar até sua boca. – Me trancará na masmorra agora?– Perguntou ela.

–Não, – respondeu-lhe, depois de vários compridos e angustiantes segundos. –Terei sua palavra de que não voltará com os Druidas. – inclinou-se para frente e deixou um beijo quente em seu pescoço.

O corpo de Glenna chorou por mais de seu toque, e ela lutou para manter as mãos quietas. –Não posso te oferecer o que seria uma mentira. Moira é uma boa mulher que não faria nada para te prejudicar.

–Isto não tem nada que ver com Moira. É sobre ti aceitando ser como uma Druidisa. Disse-lhe e agachou a cabeça.

Enquanto olhava fixamente sua cara atormentada, desejou confortá-lo. Urgia-lhe perguntar sobre o juramento a sua mãe que era forte, mas não queria que soubesse que tinha ouvido com atenção sua conversa com Moira. Necessitava que alguém cuidasse dele e ela facilmente poderia fazer essa simples tarefa.

Mas, não era tarefa para que ela a fizesse. Essa nunca seria sua casa. OH sim! Ela queria ficar, ansiava ficar, mas sabia que não podia e se não se refreava suas emoções a delatariam, e ele já tinha deixado claro que não queria que se envolvesse com os Druidas.

Não, não faria efeito. Era uma Druidisa e ele odiava aos Druidas.

–Peço-lhe isso uma vez mais. Me dê sua palavra, – disse enquanto levantava a cabeça.

Ela examinou as profundidades de prata e quis chorar com lágrimas de desespero. –Não posso.

– Por que diabos não?– Resfolegou de fúria.

–Faz o que deva Laird, mas me dê à oportunidade para ir com os Druidas outra vez.

–Me dê uma boa razão pela que não deveria te trancar nesta câmara, – disse, mas seus olhos estavam outra vez fixos em seus lábios.

–MacNeil voltará, e quando o faça preciso estar preparada.

Seu olhar se agitou nos olhos. –É obvio que voltará. Isso é um fato perfeitamente claro. Necessitarei algo melhor que isso.

–Sabe por que.

E Conall sabia o por que. –Porque é uma Druidisa.

–Sim, – disse, com as lágrimas brilhando em seus olhos.

Nunca tinha podido manter-se firme ao ver uma mulher chorar. Empurrou-a fora da parede e caminhou sem rumo. – E se lhe tranco aqui?– Mas sabia a resposta.

–Irei com os Druidas. MacNeil nunca conseguirá me alcançar ali e seu clã estará a salvo.

E eu nunca conseguirei te alcançar.

Deixou de passear-se e a olhou. Nunca se cansava de olhá-la. O comprido e escuro cabelo marrom pendurava em ondas quase até a cintura, e os dourados olhos marrons mostravam tal dor que quase o partiu em dois. –Sempre poderá lhe dar as costas aos Druidas. Posso lutar contra MacNeil.

Ela inclinou a cabeça para um lado e sorriu. –Não posso mudar o que sou, Conall.

–Não lhe estou pedindo isso.

– Sim, o faz. Diga-me a verdadeira razão pela que não me quer com os Druidas.

–Eu.

–Não é certo. Como pode esperar que te entenda quando não compartilha a verdade.

O fogo rugiu enviando faíscas que subiam velozmente pela chaminé, mas não o olhou. Seus olhos estavam em Glenna e no resplendor de sua pele à luz do fogo.

Por própria vontade, seus pés caminharam para ela. Ela lambeu-se os lábios. Não pôde deter o gemido que veio de sua boca ao ver sua rosada língua, e todos os sentimentos que lhe tinham alagado no nemeton voltaram de novo como um assobio. Ia ser a morte para ele.

Levantando o braço percorreu com o polegar ao longo de seu lábio inferior, e quase caiu de joelhos quando sua língua se lançou fora para lhe tocar o polegar. Seu peito subia e baixava rapidamente, e se encontrou que sua própria respiração era um ofego.

Os olhos dela arderam com intensidade. A mão se posou em seu pescoço apressando os dedos até o volumoso cabelo dela. Com a mão embalou sua cabeça para atrair sua boca para ele. O fae lhe havia dito que tomara a Glenna, que a fizesse dele.

Glenna deu o último passo pegando-se contra seu peito. O impacto de seus corpos tocando-se trouxe uma corrente de sangue até sua virilidade palpitante. Queria devorá-la, amá-la até que o sol alcançasse o ponto máximo no horizonte.

Seu corpo pediu a gritos que tomasse que a fizesse dela. Depois de tudo ela era sua prisioneira. Minha.

 

Conall deixou de pensar e se permitiu sentir enquanto levava sua outra mão para a pequena cintura. Ela separou os lábios, esperando-o, tinha a respiração entrecortada e o coração lhe pulsava a toda velocidade.

Não pôde reprimir o sorriso de homem satisfeito ao vê-la nesse estado sem havê-la tocado sequer. Mas seu corpo estava em chamas, e precisava apagá-lo antes que se queimassem os dois.

–Glenna, – sussurrou e aproximou seus lábios até que quase se tocaram. Lhe rodeou o pescoço com os braços e o puxou para baixo.

Seu corpo chispou com seu beijo, sua língua tocava seus lábios vacilantes. Ficou surpreso por seu comportamento, mas tomou o controle do beijo com rapidez.

Beijou-a uma e outra vez, percorrendo sua boca com sua língua e lhe agarrando o traseiro para aproximá-la mais a seu necessitado dragão. Sentiu-a gemer quando esfregou sua haste contra a união de suas pernas e só conseguiu endurecer-se mais, se isso era possível.

Enredou-lhe os dedos no cabelo e ofegou quando sentiu suas mãos sobre sua ardente pele. Seu toque inocente era devastador.

Procurou a cama. Sem pensar-lhe duas vezes a empurrou até que suas pernas tocaram a cama. Ela caiu para trás, suas negras mechas pulverizadas a seu redor.

–Och, moça, não tem nem idéia de quão bela é.

–Não. É você o formoso, – respondeu, seus olhos brilhando com a verdade.

Ela estendeu a mão, mas ele queria estar seguro de que ela sabia o que fazia.

– Glenna?

–Não, – cortou-lhe ela. –Não quero deixar de sentir como agora.

Foi tudo o que necessitou. Deixou que o arrastasse sobre ela e ouviu como lhe cortava a respiração.

– Estou-te fazendo mal?

Sorriu e negou com a cabeça. –É só que não sabia quão bem seria te sentir sobre mim.

Suspirou e pôs a cabeça sobre seu pescoço. Sim, ela seria sua perdição. Os lábios dela começaram a lhe dar beijos sobre o pescoço e o queixo. Levantou a cabeça e a olhou aos olhos. –Não posso te deixar ir.

Ela somente sorriu e lhe aproximou mais. Seu corpo era tão suave, tão pequeno que pensou que podia lhe fazer machucar, mas quando começou a mover-se para um lado ela o deteve.

O desejo correu através de seu corpo rápido e implacável. Reclamou sua boca e seu corpo como próprio e posou a mão sobre seu peito e o apertou através da toga.

Seu mamilo se endureceu e sua boca esteve sobre ele instantaneamente. Não reduziu seu assalto até que ela esteve retorcendo-se na cama e gritando seu nome. Levantou a cabeça e lhe olhou os lábios inchados e a pele brilhante, e tudo isso com a toga posta.

Céus Santos, tinha que parar. Não podia lhe fazer isto. Merecia algo melhor.

–Não, – gritou ela quando começou a levantar-se.

Deu-se conta do estado no que estava, provavelmente tão mau como a seu próprio graças ao Beltaine. Não podia deixá-la assim, e embora ia matar o conseguiria fazê-lo.

Levantou-lhe a toga até os quadris enquanto tomava sua boca com outro beijo. Ela choramingou e arqueou as costas quando sua mão cobriu seu monte. Estava quente e úmida, pronta, mas controlou seu furioso dragão e introduziu um dedo dentro dela.

Elevou os quadris e se esfregou contra ele. Retirou seu dedo e voltou a introduzi-lo lentamente outra vez. Ela gemeu e se agarrou nos lençóis. Seu polegar encontrou seu lugar mais sensível e começou a acariciar quão de uma vez aumentava o ritmo de seu dedo.

Ela o abraçou e gritou quando a alcançou o orgasmo, mas isso não era tudo. Continuou até que ela esteve completamente esgotada.

Só então levantou a cabeça. Nunca antes tinha desejado somente agradar a uma mulher, mas de algum jeito Glenna tinha mudado as coisas. Seu corpo desejava afundar-se nela, necessitava-a com uma força que não tinha experiente nunca.

Com a respiração acelerada mais e mais tratou de controlar sua excitação, lhe sorriu e tocou seus lábios com seu dedo. Esse simples toque quase o envia ao bordo.

O toque inocente e suave de Glenna só conseguiu aumentar mais seu ardor. Sua língua desejava apanhar seu dedo e colocá-lo em sua boca, para provar mais de sua carne.

Em vez disso fechou os olhos e rezou por manter o controle. Quando voltou a abrir os olhos ela estava profundamente dormida, com um pequeno sorriso em seus doces lábios.

Acomodou-lhe a toga e a moveu até deixá-la sobre o travesseiro. Cobriu-a partiu antes de afundar-se nela e montá-la como tinha sonhado fazer. Foi direto ao seu quarto, e com cada passo que dava se arrependia de não haver ficado com ela. Fora do castelo, Beltaine continuava e o faria até a manhã.

A porta de seu quarto se fechou, ressonando em seu solitário quarto. Deixou-se cair em sua cadeira favorita e observou o fogo enquanto seus pensamentos voltavam para a Glenna.

– Algo de beber, Laird?

Por um momento pensou que era Glenna. Deu-se a volta e viu o Effie. Entrecerrou os olhos. – O que estas fazendo aqui?

–Estava acostumado há vir cada dia, Laird, – ronronou e lhe acariciou o ombro.

Levantou-se e lhe parou diante. Em algum momento tinha pensado que era bonita, mas agora não via nada atrativo nela. Seus olhos alguma vez alegres tinham agora um matiz cruel. –Não hei te convidado.

O olhar dela vagou até sua franga. –Sei quando um homem precisa ser atendido, Laird, e você certamente está necessitado.

Seu corpo gritava pela liberação, mas o mero pensamento de deitar-se com o Effie lhe revolvia o estomago. –passou muito tempo da última vez que esquentou minha cama. Foi você a que me rejeitou.

Ela se encolheu de ombros e sacudiu a cabeça, fazendo que seu cabelo vermelho ondeasse a seu redor. –mudei. Queria me casar.

– Quer te casar.

–É verdade, – sorriu e se lambeu.

Dois anos atrás já a teria sobre a cama, mas tinham acontecido muitas coisas após. Uma delas é que tinha descoberto o que tinha em mente Effie… casar-se. Com ele.

– Por que está aqui?– cruzou-se de braços e pôs sua cara mais severa, a que reservava para seus soldados.

–Sinto saudades de seu toque. Não é suficiente? – Percorreu seu próprio corpo de maneira lasciva enquanto se aproximava.

–Não. Não te necessito em minha cama esta noite.

Sua atitude mudou instantaneamente. Adeus à sedutora. Em seu lugar tinha uma mulher desdenhosa. Seus lábios se elevaram em uma careta, e seus olhos brilharam com fúria. –Não sabe o que perde.

Abriu a porta e a manteve aberta. –Não volte aqui sem minha permissão, – disse-lhe quando passou a seu lado.

Percorreu-lhe um calafrio. Sua mãe houvesse dito que era uma premonição que algo mal ia ocorrer, mas deu por feito que era pela natureza fria de Effie.

Mas no profundo de sua mente não tinha tanta certeza.

Fechou com ferrolho. Por que o queria Effie de repente? Depois de um ano virtualmente ignorando-o? Passou-se uma mão pelo cabelo e se sentou.

O fogo rangia e brilhava e recordava a Glenna. Soltou um suspiro e estirou as pernas para as cruzar sobre os tornozelos.

Ela queria viver com os Druidas. Mas não podia deixá-la ir. Não queria pensar em por que, não queria deixá-la ir.

Minha.

Sim, era dele. Seu corpo o dizia cada vez que estava perto. Ansiava seu toque, ter suas mãos sobre seu corpo, tê-la completamente rendida.

Só teria que convencê-la que o caminho Druida não era para ela. Seria difícil já que Moira se asseguraria de lhe recordar a Glenna que o sangue dos Druidas corria por suas veias.

Seus pensamentos se centraram nas palavras de Moira sobre uma profecia. Procurou em suas lembranças, mas não pôde recordar nenhuma. A profecia com séculos de antiguidade sobre três Druidas que trariam a queda de MacNeil lhe era conhecida desde que não era mais que um moço.

Quando se deu conta de que não poderia ser um sacerdote Druida se desfez de tudo o que lhe haviam dito, até o ponto de não utilizar seus dons. Mas agora precisava recordar tudo o que lhe haviam dito.

Algo lhe dizia que era realmente importante que recordasse. Enquanto isso precisava encontrar a maneira de manter a Glenna perto. E então lhe ocorreu. Tinha salvado a Ailsa e a ele mesmo e também ao clã inteiro.

Riu. Ela nem sequer sabia o que isso significava para um Highlander, mas em pouco tempo saberia.

 

Aimery sorriu abertamente e elevou os braços sobre a cabeça. Seu onisciente poder tinha captado a decisão de Conall. Ao fim, o Highlander admitiria que sua alma estava conectada com a de Glenna. Tinha-lhe levado seu tempo, pensou Aimery com pesar.

Desvaneceu-se seu sorriso. Mas ainda havia muitos obstáculos aos que sobrepor-se, e sobre os que duvidariam. Suspirou e esfregou os olhos. Por quanto tempo deixaria a seus Fae fora do assunto observando aos humanos tomar as decisões erradas?

Não por muito. Os Druidas dependiam dos Três para salvar Escócia e seu modo de vida. O tempo passava fugazmente, inclusive para um Fae.

Entrecerrou os olhos ao sentir o mal que espreitava no castelo MacInnes. Sim, era hora de que os fae investigassem este mau.

 

Glenna se estirou e rodou fora da cama e se precaveu que ainda tinha posta a toga. As lembranças da passada noite passaram por sua mente e voltou a tombar-se na cama. O coração martelava pelo que tinha feito, mas não mudaria nada. Conall lhe tinha mostrado algo com o que não tinha sonhado jamais.

Também viu algo que pensava que era impossível. As fadas a haviam meio tocado, falado inclusive. A magia corria por suas veias, e com um pouco de trabalho poderia controlá-lo para que não resultassem feridos mais inocentes.

Sorriu e foi com pressa a lavar-se, ignorando o brilhante sol através de sua janela e o canto dos pássaros. Jogou água na cara e penteou o cabelo antes de trançá-lo.

Um olhar pela janela lhe permitiu ver a Conall treinando com seus homens. E então, como se soubesse que o observava, levantou a cabeça e lhe sorriu.

Sentiu uma revoada no estomago, e se deu a volta antes de fazer algo embaraçoso. Seguiu sorrindo enquanto limpava o quarto. Olhou a chaminé e as cinzas ainda quentes.

Utilizou tudo o que tinha aprendido e se concentrou. Uma faísca se agitou e por um momento acreditou que estalaria em uma calorosa chama. Em vez disso só deixou um fio de fumaça cinza que saía a baforadas pela chaminé.

Depois de ter acendido a tocha de Conall no túnel deveria ser capaz de acender este pequeno fogo. Quadrou-se de ombros e o voltou a tentar.

Nada. Nem sequer fumaça esta vez. Levantou-se e olhou quietamente as cinzas. Um sentimento de frustração a percorreu. Como podia ser uma dos três grandes Druidas se não podia usar seus poderes? Sentou-se na cama e voltou a levantar-se o ver prender o fogo que enviava faíscas por todos os lados.

Sorriu. Não era como o tinha planejado, mas era um começo. Se somente pudesse aprender a apagá-lo.

 

Gregor jogou a cabeça para um lado até que ouviu ranger seu pescoço, depois se estirou para trás para desfazer-se das dores por ter dormido sobre terra e rochas.

O festival do Beltaine tinha sido irresistível. Algo sobre os Druidas e os mistérios que os rodeavam lhe tinham feito sair. Tinha escutado histórias de como afetava Beltaine às pessoas, mas não tinha esperado ver toda essa gente nua.

Tinha visto um momento a Conall e perguntou se tinha encontrado uma companheira de cama tão ansiosa como a que dormia a seu lado com um sorriso na cara. Gregor a tinha seguido para o bosque ansioso, mas tinha esperado sentir algo além do descarregue físico se sentia decepcionado.

A mulher gemeu e se deu a volta, seu vermelho cabelo brilhava ao sol. Em que tipo de homem se converteu se não lhe tinha importado no mais mínimo que a mulher sussurrasse o nome do Conall em vez do dele?

Esta não era a vida que tinha desejado, mas o que se podia esperar depois que sua família abandonasse a sua sorte e seu clã se voltasse contra ele?

Isto era o melhor que podia esperar. Faria bem em aceitá-lo e deixar de preocupar-se com os sentimentos de Conall e Glenna.

 

Ailsa esperou a Glenna até que esta baixou ao grande salão para tomar seu café da manhã.

– Que tal dormiu?– perguntou a menina.

–Muito bem, – respondeu Glenna e estava bastante contente de não ser propensa aos rubores.

– Te falou o Laird o que lhe contei?

– Sobre que?

–Quando o MacNeil veio e eu corri pelo pátio. Havia um homem encapuzado que disse que o Laird queria me ver. É por isso que corri para ele.

Glenna se sentou com o pão a meio caminho de sua boca. Um homem encapuzado? Havia um inimigo dentro do castelo de Conall e devia lhe advertir. Seguiu comendo e escutando o bate-papo substancial de Ailsa quando sentiu que estava paralisada de repente. Sentiu como lhe comprimia o estomago e lhe dava voltas como se fora a perder seu conteúdo.

Tragou e tratou de respirar com normalidade. Começava a sentir pânico, e o saber que Conall não andava perto piorava as coisas. Quem quer que a odiasse tanto estava muito perto.

Olhou ao redor do salão. Estava vazio exceto por uma mulher. Effie estava a dez passos delas. E para surpresa de Glenna não a estava olhando a ela. Olhava a Ailsa.

Não ficaria sentada olhando como Effie machucava a Ailsa. Glenna pensou nas palavras de Moira sobre como podia controlar a reação de seu corpo para o ódio. Fazendo provisão de todas suas forças se levantou de seu assento. Os olhos de Effie abandonaram a Ailsa liberando-a.

Glenna agarrou a Ailsa e abandonou o salão. Uma vez fora tomo umas quantas inspirações e se apoiou sobre o muro sustentando ainda o braço de Ailsa.

– Glenna?– perguntou Ailsa. – Está bem? Você estar um pouco verde.

–Estarei bem em um momento. – Tentou sorrir, mas não acreditou havê-lo feito muito bem pela cara de dúvida que colocou Ailsa.

Sem mediar uma palavra mais Ailsa se deu a volta e pôs-se a correr. Glenna começou a persegui-la e ofegou quando a viu correr ao redor dos soldados para Conall. Umas poucas palavras ditas a Conall e ele caminhou com grandes pernadas para ela com a Ailsa nos braços.

–Me disse que está doente, – disse e a olhou um pouco. –Estar pálida. O que aconteceu?

Glenna desviou o olhar para a Ailsa e Conall assentiu. Deixou-a no chão e lhe disse que fosse brincar. Ficou direito. – Te disse alguém algo?

Ela negou com a cabeça. –Comecei a me sentir mal e soube que alguém andava perto. Quando olhei Effie estava perto de nós. Salvo que não me olhava.

Juntou as sobrancelhas. – Então a quem olhava?

–Ailsa.

–A menina não lhe tem feito nada. Por que a aborreceria Effie?

Glenna se encolheu de ombros. –Você saberá melhor que eu.

–Effie nem sequer sabe que tenho uma filha. Não há razão para que odeie a Ailsa. Angus e eu estivemos procurando a quem disparou a flecha.

Ela pensou no homem com a capa que tinha mencionado Ailsa e Effie. – Encontrou algo?

–Nada. Não posso acreditar que alguém de meu clã queira machucar a minha filha. É inocente de qualquer coisa.

– E que passa com Effie?– Algo lhe dizia que não foi o homem encapuzado o que disparou a flecha.

Riu entre dentes. –Effie não o faria. Foi um homem. Ailsa me falou de um homem encapuzado que a mandou para mim.

–Sei. Também me contou isso. Sigo acreditando que Effie tem algo que ver. Eu não gosto da idéia de um traidor em seu castelo.

–A mim tampouco, – indicou ele. –As mulheres não se metem nestas coisas. Foi o encapuzado, e o encontrarei.

Mas ela não tinha tanta certeza, e tinha que convencer a Conall.

–Angus já está fazendo perguntas aos do clã, – continuou. –Teremos ao culpado em pouco tempo.

Ficou quieta até que se afastou antes de separar do muro. Deu-se a volta e se topou com duas mulheres que a esperavam, suas caras ansiosas enquanto olhavam ao redor.

–Olá, – disse, sem esperar que fizessem algo mais que o usual e que soltassem alguma pua.

–Olá, – disse a do cabelo castanho claro preso até a cintura. –Meu nome é Grizel, e esta é Jamesina, – disse, assinalando à mulher de cabelo escuro.

–Prazer em conhecê-la, – disse Glenna.

–Nós…ah…escutamos que não é uma MacNeil em realidade, – disse Grizel e olhou a Jamesina.

Jamesina deu um passo adiante. – É isso certo?

Assim que era por isso que se tornaram amáveis de repente. –Sim. Acabo de me inteirar que MacNeil me separou de meus pais.

– Sabe quem são?– as mãos de Grizel estavam unidas com antecipação.

–Sinclair. Duncan e Catriona Sinclair.

As duas mulheres ofegaram surpreendidas e se olharam para depois olhar a Glenna. –Todos os clãs dos Highlands escutaram o que aconteceu no castelo Sinclair faz uns dezoito anos, – disse Jamesina.

Grizel assentiu. – Sabe algo de suas irmãs?

A Glenna lhe caiu a alma aos pés. – Irmãs?

–Tinha três filhas Sinclair. Quando o castelo foi atacado a mais pequena acabava de nascer uns poucos dias antes. Contava-se que as outras dois tinham sido assassinadas.

–Não sabia nada de irmãs. – Glenna se esforçou por recordar algo sobre irmãs ou uma família, mas não lembrava nada.

Jamesina lhe tocou o braço. – Então deve ser a menina que todos pensavam que estava morta também.

Começou a lhe palpitar a cabeça. –Por favor, me perdoem, – disse e se deu a volta para voltar a entrar em castelo.

 

A sombra se envolveu um pouco mais com a capa. Era o momento de vingar-se de Glenna. Morreria esta vez, pensou.

Olhou a seu redor para assegurar-se que ninguém olhava e a seguiu para o castelo.

 

Glenna tinha desejado respostas e as estava conseguindo e mais rapidamente do que esperava. Seus passos a levaram para as escadas e as subiu até que não houve mais. Seguiu andando pelo corredor vazio até chegar a uma das seis torres.

Era uma torre quadrada e ao parecer sem usar pela escuridão e vazio que a envolviam. Viu mais escadas e as subiu com pressa para ver aonde conduziam. No alto encontrou uma porta, com as dobradiças oxidadas, e quando a abriu pôde ver o lago do alto. A brisa lhe tirava o cabelo dos olhos e levantou a cabeça para o vento enquanto se aproximava do bordo e colocava suas mãos sobre o muro.

Porque não lhe havia dito Moira que tinha irmãs? Tinha uma família. Irmãs. Mas todo lhe tinha sido arrebatado.

As lágrimas nublaram sua visão, e o ódio para MacNeil cresceu em seu coração. Não só a tinha afastado de seus pais, mas sim os tinha matado a ambos e a suas irmãs.

Todos esses anos que tinha estado perguntando-se por que MacNeil não lhe mostrava afeto ou algum tipo de sentimento enquanto clamava ser seu pai. Tudo começava a ter sentido agora, sobre tudo o porquê tinha estado trancada no castelo.

Não queria que soubesse a verdade, e tinha razão em temer que se inteirasse da verdade fora dos muros. O que mais lhe doía era o fato de que Iona também o soubesse. E não a tinha dito.

Se ela era Druida, isso queria dizer que suas irmãs também o eram? Evidentemente MacNeil soube o que era e por isso levou a Iona. Tinha que averiguar por que MacNeil tinha matado a sua família, e sabia quem poderia lhe dar a resposta. Moira.

Precisava falar com Moira, e não podia esperar até a noite. Decidida a isso se deu a volta para partir e umas ásperas mãos a apanharam pelos ombros.

Suas mãos tentaram agarrar-se a algo a seu redor quando viu que se aproximava do bordo da torre. Um grito saiu de sua garganta. O atacante queria empurrá-la pelo bordo, mas ela não tinha conseguido escapar do MacNeil para que a matassem tão facilmente.

Revolveu-se e lhe deu cotoveladas nos rins até conseguir escapar de seu atacante invisível. Girou-se para enfrentá-lo, mas só viu uma figura encapuzada. A capa estava a ponto de deslizar-se e descobrir sua cara, mas antes de poder ver alguma coisa recebeu um murro na mandíbula.

Tudo deu voltas a seu redor e aterrissou com um ruído surdo. As mãos como tenazes agarraram seu pescoço. Tentou resistir à escuridão que ameaçava cobrindo para poder ver quem a atacava, mas não podia respirar.

 

Conall levantou a cabeça de repente para ouvir o grito que ressonava pelas colinas. – Glenna! – Exclamou e correu para o castelo, com a espada até em suas mãos.

Para quando chegou a seu quarto tremia turbado. Abriu de repente a porta e encontrou o quarto vazio. Gregor e Angus correram por volta do quarto e o olharam.

–As torres, – disse Angus enquanto girava sobre se mesmo e corria para as escadas.

O coração de Conall pulsava com força em seus ouvidos. Esse grito se repetia uma e outra vez em sua cabeça, seu terror era evidente. Alcançaram o alto das escadas e cada um foi a uma torre diferente.

–Aqui, – gritou Gregor da torre quadrada.

Conall se precipitou para a torre e se deteve. Gregor estava de pé olhando para o chão onde jazia Glenna, seu corpo quieto e silencioso. –Não, – murmurou e correu para Gregor enquanto chegava Angus.

Tinha-lhe soltado o cabelo da trança e lhe cobria a cara, mas podiam ver hematomas que começavam a aparecer sobre suas bochechas e pescoço. A mente de Conall se negava a aceitar que estivesse morta, mas não conseguia mover-se para verificá-lo.

Por sorte Gregor se ajoelhou a seu lado e lhe afastou o cabelo da cara. –Vive. – As pernas de Conall quase se dobraram ao escutar essas palavras. Um grande alívio o percorreu e o enjoou. Mas sua euforia durou pouco ao dar-se conta que alguém tinha tentado matá-la. Primeiro Ailsa, agora Glenna.

– Quem lhe tem feito isto?– perguntou Gregor.

Conall mordeu a língua e olhou pelo bordo da torre a seu clã. Davam voltas, olhando para a torre, esperando inteirar-se do acontecido. –Já nos inteiraremos uma vez que a levemos a segurança de seu quarto.

–Algo não anda bem, Conall. – Angus arranhou o queixo com cara de preocupação. –Pensei que o clã tinha mudado de atitude ao inteirar-se de que MacNeil não é seu pai.

– O que?– perguntou Gregor. – MacNeil não é seu pai?

Conall negou com a cabeça. –Duncan Sinclair era seu pai.

Gregor assobiou entre dentes. –Isso explica um montão de coisas. E também as muda.

–Já te explicará mais tarde. Por agora não quero que ninguém se inteire do acontecido. Quero, sobretudo que o clã não se inteire de que Glenna está ferida.

Todos assentiram de acordo. Com muito cuidado Conall a levantou do chão e a levou ao seu quarto. Depois de deixá-la na cama se encontrou com Moira a suas costas.

–Posso curá-la.

Olhou a Glenna, seu corpo machucado e cheio de arranhões e não pôde suportar que sofresse. Sofreria deixando que um Druida a ajudasse se com isso se curava. Assentiu e começou a limpar o sangue das feridas em seus braços e cara. Glenna se tinha defendido, e se asseguraria de que o maldito bastardo pagasse por machuca-la.

Moira chamou sua atenção. Olhou-a enquanto preparava umas ervas. – Como soube?

Ficou quieta. –Escutei o grito e soube que era Glenna. – depois de um momento seguiu com os preparativos. –Surpreende-me que me deixe ajudar.

–Só o faço por Glenna.

Moira o olhou sobre seu ombro. –Está fazendo o correto.

Mas Conall não queria pensar nisso. Concentrou-se em Glenna e sua contração de dor quando Moira lhe aplicou o ungüento sobre os cortes.

Deteve-a quando trouxe uma taça a Glenna com um líquido para beber. Não deixaria passar nada por seus lábios que pudesse alterar quem era. – O que é?

–É para ajudar com os hematomas. Não necessito encantamentos. Sangre Druida corre por suas veias e não lhe passará nada que a afaste de seu destino. Seres mais poderosos que eu, tem predisposto o caminho de Glenna.

Esperou a que sua habilidade lhe dissesse se mentia, e lhe custou muito averiguar que não o fazia. Assustou-lhe dar-se conta de que não podia usar seu poder com tanta facilidade como antigamente, mas não tinha tempo para pensar nisso agora. Precisava concentrar-se em Glenna. –Já veremos.

Moira se encolheu de ombros e levantou a cabeça de Glenna. Juntos conseguiram que tragasse a maioria do líquido. Depois de limpar a cara de Glenna, Moira lhe tocou a mão.

–Por favor, deixa que fique com ela.

Olhou seus olhos verdes e viu a dor refletida neles. Assentiu antes de mudar de parecer.

 

Conall sustentava a mão de Glenna rogando silenciosamente que despertasse. Tinham passado quase dois dias desde que a encontraram, e nem ele nem Moira a tinham deixado sozinha.

E durante esse tempo se imaginou cada forma possível de vingar-se da pessoa que tentou machucar a Glenna.

O fato de que fora alguém de seu clã não abrandava sua resolução. Tinha lhes dito que a protegeria. Isto deveria ter sido suficiente para manter a qualquer afastado dela.

Observou a Moira estudando-a enquanto ela olhava para fora pela janela. Só por um momento recordou a alguém, mas não podia determinar a quem.

Então soube. Foi pelo sutil movimento de sua cabeça.

– Quando planeja lhe dizer a Glenna que é sua irmã?

A loira cabeça de Moira se girou para enfrentá-lo. – Como soube?

– Semelhanças entre vocês duas.   Supõe-se que são três irmãs. O que tem a outra?

Ela olhou longe. –Então, você recorda a profecia.

–Sim.

Ela riu, mas a risada não chegou a seus olhos. –Não, não a recorda. Você deve recordá-la toda, Conall. Seu futuro depende disso.

–Conta-me

Ela suspirou e tomou a cadeira do lado oposto da Glenna. –Não posso.

–Ainda não me respondeste a respeito de sua outra irmã. Já que Glenna foi tomada quando era um bebê, sei que ela é a menor.

–E eu sou a maior.

Esperou a que ela continuasse. – Sabe onde está a outra?

– Sim. Está segura no momento.

– Onde?– Algo o aguilhoava a perguntar, embora não estava seguro que.

– A salvo. Onde Glenna poderia ter estado também. Nada resultou como deveria essa noite.

– Não foi sua culpa. – Os lábios cansados de Moira lhe diziam que ela se culpava a si mesma.

– Sou a maior. Era minha tarefa manter a salvo as minhas irmãs. Eu falhei aquela noite. Não falharei outra vez, – disse ela e voltou seu olhar.

Eles se sentaram em silêncio até que Glenna murmurou. Ambos saltaram a ficar de pé. –Glenna, – ele a chamou. – desperta.

–Sim, – disse Moira. –dormiste bastante tempo.

Para alívio dos dois, os olhos de Glenna pestanejaram abrindo-se. Passou seu olhar de Moira a Conall e deu a ele um sorriso. Ela gemeu e colocou uma mão na cabeça.

– O que aconteceu? Sinto-me terrível.

– Eu esperava que você me dissesse isso, – disse ele sentando-se. – Não recorda nada?

Ela pensou durante um momento. Tratou de assentir, mas se deteve depois de uma careta e disse, – sim, recordo-o. Alguém tratou de me empurrar da torre.

As tripas de Conall se revolveram. – Quem foi?

– Eu nunca vi sua cara. Tudo o que lembro são as mãos ao redor de minha garganta. As mãos de um homem, grandes e muito fortes. E estava encapuzado.

Suspirou e lhe sorriu quando viu que fechava seus olhos. – Descansa. Falaremos mais tarde.

– Espera, – chamou-o, franzindo o cenho. – Tinha uma marca na mão.

Conall se congelou. – Uma marca?

– Não a vi claramente, mas se parecia com as tatuagens que vi em alguns dos Druidas.

–Dorme, – insistiu-a Moira e passou suas mãos sobre os olhos de Glenna. Ela cravou seu olhar no Conall. – Encontra a quem fez isto.

– Só os Druidas levam essas marcas.

Ela se endireitou e entrelaçou suas mãos diante dela. – Não só os Druidas.

– Os guerreiros, – disse ele.

– Encontra-o. Está transtornando o equilíbrio.

– OH, o farei, – prometeu-lhe.

 

Dois dias mais tarde ainda não estava mais perto de descobrir quem tinha tratado de matar a Glenna. Frang e os Druidas o estavam ajudando em sua busca, mas demonstrou ser em vão. Inclusive os guerreiros lhe tinham mostrado as mãos, embora fosse evidente que eles só o fizeram a pedido de Frang.

Conall parou ao lado de Frang. – Isto muda tudo. Meus antepassados juraram manter aos Druidas a salvo, mas não honrarei aquele voto com um Druida velhaco que trata de assassinar minha família.

– Não foi um Druida quem tentou matar a Ailsa.

– Como sabe?– perguntou Conall, não mascarando sua cólera. – Aponta sua infinita sabedoria ao atacante? Minha família não está segura.

– Porque é o supremo sacerdote.

Conall olhou além do Frang para encontrar a um guerreiro. Este homem era diferente. Não exatamente humano.

– Não recordo ter te perguntado, – disse Conall e ficou ao lado de Frang.

– Quem é?

O guerreiro elevou um lado de sua boca em um sorriso zombador. –Dartayous. E se questionar a Frang, você questiona a todos os Druidas.

Conall sopesou ao guerreiro. Pelas muitas adagas colocadas estrategicamente sobre seu corpo, a espada gigantesca pendurando de seu quadril e um arco em nada parecido ao que ele tivesse visto antes, era um guerreiro em cada polegada. E um que outros admiravam.        

O sorriso de Dartayous cresceu quando Conall pôs uma mão sobre o punho de sua espada.

– Finalmente, – disse Dartayous e deu um passo para Conall.

– Pare, – disse Frang a Dartayous. Pela primeira vez em sua vida, Conall viu como Frang se permitia mostrar seu cansaço. – Manteremos sua família a salvo, Conall.

– Acredito que não. Vocês não mantiveram a salvo a Iona, nem a meu pai em realidade. Cuidarei de minha família eu mesmo, – disse e se voltou a grandes passos para o castelo.

Conall esperou uma réplica da parte de Frang e se sentiu aliviado de que não veio nenhuma. Seu juramento pendurava sobre sua cabeça como uma nuvem escura preparada para desencadear seu poder.

Queria paz. Queria uma família. Queria felicidade. Era muito pedir? Não pedia riquezas nem poder. Seus desejos eram simples, mas ao parecer estavam fora de seu alcance. Tinha dormido muito pouco depois do atentado às vidas de Ailsa e Glenna.

Alguém, em algum lugar as queria mortas. Se for o mesmo homem ou não, Conall estava determinado a encontrá-lo. Diria a Angus que incrementasse o interrogatório de seu clã.

A maior parte de seu clã, uma vez que ouviram que Glenna não era uma MacNeil, tinha-a aceito facilmente. Apesar da ordem dada a Angus e Gregor, o clã rapidamente se inteirou do que lhe tinha passado a Glenna. A indignação de sua gente esquentava seu coração.

Conall entrou no salão e tomou a cadeira na cabeceira da mesa onde Angus e Gregor estavam sentados.

– Pensei que a esta hora já teríamos encontrado ao homem, – Angus se queixou e mordeu uma torta de morangos.

Gregor assentiu.  

Conall olhou ao redor do salão e a seus homens que se mesclavam. – Nosso clã conta com perto de duzentos, Angus. Não esperava falar com cada um deles em dois dias, não acha?

– Sim, – veio à resposta áspera. – Tem que ser um homem.

Gregor assentiu com a cabeça outra vez, mas Conall recordou algo que Glenna havia dito.   – E se não for?

Angus e Gregor o olharam como se lhe tivessem brotado chifres. – Uma mulher não teria aquela aula de força, – raciocinou Gregor.

– Não?– duvidou Conall. – Sabemos que um homem atacou a Glenna, mas se era uma mulher a que disparou a flecha?

– Os dois poderiam estar relacionados de algum modo, – disse Angus lentamente.

Os três se olharam entre eles.

– Deduzo que melhor começamos a perguntar às mulheres, – disse Gregor e se inclinou para trás em sua cadeira.

Conall ficou de pé. – E sei por quem começar.

 

– Já te disse que eu estava aqui nas cozinhas quando Glenna foi atacada.

Conall estreitou seus olhos sobre Effie enquanto ela amassava a massa para o pão. Assim que ela o viu tinha tentado correr. Depois de um grande esforço seu poder lhe disse que dizia a verdade. De todos os modos não podia entender por que ela estava tão à defensiva – por que odeia a Glenna?

– Ela é uma MacNeil, – disse Effie e seguiu fazendo rodar a massa.

– Você sabe que não o é. Sei quão rápido rodam as palavras em um clã.

Ela se encolheu de ombros. – Ela pode não ter sangue de MacNeil, mas ela foi criada como um deles. Para mim é o mesmo.

Observou como destroçava a massa, mostrando sua agitação. Estendeu seu poder uma vez mais para ver se ela dizia a verdade, e durante um momento não houve nada. Imediatamente ele se deteve. – Então me diga por que você não gosta de minha filha?

A cabeça do Effie se levantou, seus olhos redondos de surpresa. – Eu... Não sei o que quer dizer.

– Sim, moça, sim sabe– Não necessitava seu poder para saber que ela mentia.

– Tem-te feito algo a menina alguma vez?

Ela se encolheu de ombros novamente e seguiu golpeando a massa. – Ela é só uma menina. Ela não significa nada para mim.

Apertou a mandíbula e cruzou os braços sobre seu peito. – Se segue golpeando essa massa até morrer nunca se elevará. – Conall esperou que ela o olhasse, e quando não o fez, ele colocou suas mãos em cima das suas para captar sua atenção. – me diga quem empurrou a Glenna.

– Eu não saberia. –Sem inclusive usar seu poder soube a verdade. Mentirosa. Queria estrangulá-la.

– Disparou a flecha a Ailsa?

Os olhos azuis dela o fulminaram com o olhar. – supunha-se que nunca saberia que tinha uma filha.

– E suponho que você foi a responsável por isso, – cuspiu ele. Como pôde alguma vez pensar que ela era remotamente bonita?

Ela lançou a massa através do cômodo, seus olhos disparando adagas. – supunha-se que seria eu a que te daria filhos.

– Posso dizer com segurança que isso nunca passará. Agora. Me responda. Tratou de matar a Ailsa?

Ela riu histericamente. – Não.

Lutou com seus poderes, mas não pôde determinar se ela mentia ou não. – O averiguarei, e se teve algo que ver com os atentados às vidas de Ailsa ou Glenna, te renegarei. – Quase sorriu quando ela ficou branca ante sua ameaça. Girou sobre seus talões e saiu da cozinha.

– Bem?– Angus e Gregor lhe perguntaram quando se deslizou em sua cadeira na mesa.

– Ela sabe quem o fez.

– E não lhe dissesse quem fez isso?–   Gregor suspirou. – Em meu clã...

Conall esperou a que terminasse. – Pensei que disse que não tinha um clã.

– Não o tenho. Já não.

– A que clã pertencia?– quis saber Angus.

Gregor rapidamente mudou de tema. – Quanto tempo vai dar para que lhe diga isso?

– Um dia. Ela tem medo de ser renegada. Me dirá isso, – disse Conall seguro de sua vitória.

 

Gregor esperou até que Angus e Conall abandonassem o salão antes de encaminhar-se à cozinha. Effie estava sentada no chão balançando-se para frente e para trás. Estava a ponto de ir para ela para lhe tirar a informação quando um sussurro de um assobio alcançou seus ouvidos.

Effie levantou a cabeça e se parou perto das sombras da porta traseira. O instinto de Gregor lhe disse que era o homem encoberto que eles procuravam. Podia atacá-lo agora e submetê-lo, mas se o fizesse eles nunca encontrariam todas as respostas.

Sua consciência guerreava dentro dele. O que queria ser e a batalha que estava lutando, de repente lhe fizeram palpitar a cabeça.

A seguirei e verei o que encontro. Não estou tomando partido algum ao fazer esta pequena coisa.

Por que não posso escolher o que é correto? Pensou para si. Era tão mau como seu pai lhe dizia que era?

Uns pés escapulindo-se assinalaram a Gregor que não podia seguir discutindo consigo mesmo. Rapidamente seguiu a Effie e ao forasteiro enquanto caminhavam para a cabana de Effie. Antes que eles alcançassem à cabana, o homem se deteve e se inclinou ao lado dela.

Gregor aguçou a vista, mas não pôde distinguir nada do homem salvo que não levava kilt. O homem se moveu rapidamente nas sombras, e Gregor se impressionou por sua velocidade que rivalizava com a de um cervo.

Com sua atenção centrada em Effie, Gregor olhou como ela correu a sua cabana. Não golpeou ao cruzar a porta.

Ela se girou rapidamente, seus olhos abertos pela surpresa. – OH, é você, – disse ela com um sorriso.

– Se o que diz é verdade, que quer fazer mal a Conall, então pode me ajudar.

Gregor não respondeu a suas palavras, mas ela tomou seu silêncio como um acordo e se jogou em seus braços. – Eu sabia que era como eu.

Nunca.

– Faremos um magnífico casal, você e eu, e governaremos este castelo como o rei e a rainha.

Tirou-a de seus braços e plasmou um sorriso em sua cara. Ao parecer esteve bastante bem para ela porque correu a terminar de empacotar.

– Devemos nos apressar, – disse ela envolvendo algum pão. – Podemos cavalgar durante a noite e alcançar ao MacNeil amanhã.

Ao Gregor lhe revolveram as tripas. Estava-se metendo nisto mais profundamente do que queria, mas não tinha opção. MacNeil esperava que enganasse a Conall, e Conall esperava que fora seu amigo.

Conall esperava muito. Gregor não era amigo de ninguém, mais que de se mesmo.

Eu poderia mudar, pensou para si.

Quem confiaria alguma vez em alguém como você? Você provou que só o dinheiro te importa.

– Está preparado?– Effie perguntou. Ela caminhou para a porta e lhe ofereceu sua mão. Gregor ficou olhando por um comprido momento. Podia atirá-la sobre seu ombro e levar-lhe a Conall. Eles poderiam ser capazes de tirar alguma informação dela. Podia.

Mas tinha dado sua palavra a MacNeil, não a Conall. Não, Conall nunca tinha pedido sua palavra, porque Conall sabia o que era.  

Um mercenário.

E quem era ele para pensar que podia mudar? Um plano se formou em sua cabeça.

 

Conall pensou que Effie lhe diria tudo. À manhã seguinte, quando foi a cabana de Effie encontrou que se foi.

– São Thomas, - bramou. Girou-se para a assustada mulher que estava a seu lado. – Liza, está segura que era Effie?

– Sim, Laird, – a mulher inclinou sua cabeça branca. – Minha vista já não é tão boa, mas seus cabelos vermelhos são inconfundíveis.

– Espia frequentemente a seus vizinhos? – perguntou Gregor.

Liza gritou e riu com um sorriso desdentado. – Admito que eu gosto de fazê-lo, só para ver com quem se está encontrando de uma semana a outra.

– Encontrando?– repetiu Conall. – Ela deixava frequentemente sua cabana depois que obscurecia?

– Cada noite.

– Viu alguém com ela ontem à noite?

Liza pensou um momento. – Não saberia te dizer, Laird.

– Com quem foi vista ultimamente?– perguntou Angus.

Liza se encolheu de ombros. – Por isso é que eu estava olhando tanto. Ela o estava mantendo em segredo. Por um momento pensei que era você, Laird, – disse ela olhando ao Conall.

Conall fechou com força os olhos. – Angus, vá falar com os serventes do castelo para ver se algum a viu esta manhã. Gregor, fala com os guardas da entrada. Eles não a teriam deixado sair em meio da noite.

Precisava falar com Glenna e Moira. Se alguém sabia algo era uma dessas mulheres.

Entrou no quarto de Glenna e a encontrou sentada em sua cama. Os golpes tinham tomado um matiz arroxeado amarelado, mas estavam sarando mais rápido com a ajuda de Moira.

– Como se sente?

Ela sorriu. – A cabeça ainda me dói, mas estou viva.

Voltou-se para a Moira. – Necessito sua ajuda.

– Com o que?– perguntou ela enquanto mesclava pétalas de rosa na água. Logo inundou um pano. Depois de enrolar o tecido e colocou na testa de Glenna.

–Isto te ajudará com sua dor de cabeça.

Conall apertou os dentes. Odiava pedir ajuda a Moira, porque sabia que ela o exortaria antes de lhe dizer algo. – Moira, estou tratando de encontrar ao homem responsável por tentar matar a Glenna. Procurei os Druidas e os guerreiros no círculo, mas nenhum tinha a marca em suas mãos.

–Sei.

– O que aconteceu?– perguntou Glenna esquecendo o pano com água de rosas. Seus olhos estavam abertos em antecipação quando o olhou. – Sabe quem o fez?

Negou com a cabeça. – Mas estive perto. Eu deveria havê-la pressionado para que me dissesse isso ontem à noite, mas pensei que me diria isso por se mesma.

–Effie, – disse Glenna. – Ela teve algo que ver com isto?

–Sim. Ela não o fez, mas sabe quem foi. Disse-lhe que se não me dizia isso a renegaria. Também penso que esteve envolta no atentado a Ailsa.

Moira levantou seus olhos verdes. –Effie partiu.  

–Ontem à noite, – disse ele. – Ela esteve vendo um homem, mas ninguém sabe quem é ele.

– Disse ela por que queriam me matar?– perguntou Glenna.

Ele agitou sua cabeça. –Eu estava esperando ter essa resposta hoje.

–Você tem maiores preocupações, – disse Moira, sua cara se girou para a janela.

–MacNeil estará aqui logo.

Depois de dar um olhar a Glenna, Conall se voltou e saiu pela porta. Effie teria que esperar no momento. As vidas de seu clã eram mais importantes.

 

Glenna esperou até que Conall abandonasse o quarto antes de voltar-se para a Moira. – Meu treinamento não terminou.

– Posso te treinar aqui. Não temos muito tempo, e deve estar pronta para MacNeil.

Glenna assentiu e se colocou novamente o pano com água de rosas. Tinha aliviado sua dor de cabeça. Se só houvesse algo para aliviar a dor de seu coração.

– Não perca a esperança, – disse Moira.

– Esperança, – repetiu Glenna. – Existe tal coisa?

–Muitas coisas podem ser obtidas com a esperança. – Glenna suspirou e olhou sua porta, desejando que Conall estivesse a seu lado.

– Você e Conall têm muitos obstáculos que vencer, mas podem ser conquistados.          

– O que é o que não me conta?

Moira sob seus olhos verdes e apontou ao coração. –Falaremos mais tarde. Deve estar preparada para o MacNeil.

 

– Quero cada homem do clã interrogado. Liza me disse os nomes dos homens que Effie tinha visto, assim é que começaremos com eles, – disse Conall a Angus.

– Isto levará dias.

– Semanas, – acrescentou Conall. – Toma um homem contigo. Necessitará um pouco de ajuda.

Angus lhe fez uma breve inclinação. – O encontraremos.

Será melhor que o façamos, pensou Conall. Estava arriscando muito metendo nisto a seu comandante quando seu maior inimigo chegaria qualquer dia, mas não tinha eleição.  

Os atentados sobre as vidas de Ailsa e Glenna o deixaram vulnerável. Ailsa recém lhe tinha sido dada, não podia enviá-la longe, e não podia confrontar seus sentimentos por Glenna.

Seguia dizendo-se que a queria viva para poder trocá-la com MacNeil por Iona, mas era mais que isso se era honesto consigo mesmo. Desde todas as vezes que em sua vida tinha encontrado a alguém tão atraente como Glenna, esta era a pior.

Sua mente deveria estar concentrada em MacNeil não em quando seria capaz de levar a Glenna à cama. Tinha um louco galopando para seu castelo, um atacante desconhecido oculto em seu clã e os poderes que nunca tinha querido estava lhe falhando.

Ainda assim sua mente permanecia em Glenna.

 

Gregor saudou com a cabeça a um guarda enquanto se aproximava da casa de vigilância. Deslizou-se nas sombras e passou os guardas como um sopro de vento. Um grupo de homens viajava para o bosque, e rapidamente se uniu a eles. Uma vez que alcançaram o bosque, Gregor reduziu seu passo até que foi capaz de deslizar-se entre as espessas árvores sem ser visto. Assobiou e seu cavalo trotou para ele.

– Bem, moça, – disse-lhe e lhe esfregou o suave nariz. O som de cascos de cavalo alcançou seus ouvidos um segundo antes de poder vê-los.

– Pode mimar à besta mais tarde. Perdemos bastante tempo. Devemos ir agora, – exigiu Effie.

Gregor apertou seus dentes em um esforço por manter calado o que queria dizer e montou seu cavalo, e jogou uma última olhada ao Castelo MacInnes antes de impulsionar ao cavalo a uma carreira.

 

Glenna apoiou sua cabeça contra o respaldo da cadeira, sentindo-se melhor só por estar fora da cama. Ela tinha melhorado muito, mas seu corpo ainda lhe doía pelo ataque. Uma olhada para fora da janela lhe mostrou que o sol se pôs e a lua tinha subido no céu.

– Te vê melhor que uma hora atrás.

Ela levantou a vista e ali estava Conall parado na entrada. – Sinto-me muito melhor graças à habilidade de Moira. – Nada tinha sido dito de sua noite juntos, Beltaine ou os seres do Otherworld. Glenna tinha muitas vontades de lhe falar sobre isso, para ter certeza que não tinha sido tudo um sonho.

– Você e Moira… falaram?

– Certamente que o fizemos. – Algo no modo em que lhe fez a pergunta captou sua atenção. Era como se estivesse esperando algo.

Balançou-se sobre os talões, com as mãos agarradas detrás das costas. – Contou-te a profecia?

A suspeita começou a crescer em seu coração. Estava-lhe tratando de lhe dizer algo. – por quê?

–Só estou sendo curioso.

– Você nunca é curioso, Conall. Tomas uma decisão e nunca dúvidas dela. Você odeia todo o Druida.

– Não tudo, – disse-lhe e se moveu para tomar a cadeira frente a ela. – Eu não te odeio.

– Só porque salvei a vida de Ailsa.

Tomou a mão. – Você tem feito muito mais que isso.

– Cedo ou tarde chegaria a odiar o que sou. – Ela olhou longe dele, não querendo ver a aversão que ela fazia brilhar aí.

– Você não tem que ser um Druida.

Ela o olhou aos olhos. – O que?

– Por gerações minha família se casou com Druidas e hão sentido a chamada. Eu não a segui.

– Só porque te converteu no Laird.

Em um segundo estava fora da cadeira e ajoelhado frente a ela. – Não posso te dizer à dor que senti quando pensei que tinha morrido.

–Conall…

– Shh, – disse e lhe pôs um dedo na boca antes de riscar seu lábio inferior com o polegar.   –Nós fazemos as coisas de maneira diferente nas Highlands. Você não sabia por que MacNeil te encerrou longe.

Ela procurou seus olhos, mas não podia entender o que tratava de lhe dizer. Ela abriu sua boca para perguntar, mas Conall lhe roubou o fôlego com um ardente beijo.

Tomou a boca e debilitou sua vontade para pensar. Então os lábios de Conall se suavizaram, mordiscando e chupando sua boca. Quando levantou a cabeça logo que podia ligar duas idéias juntas. Elevou seus olhos para encontrá-lo caminhando para a porta.

– Não vais terminar o que me estava dizendo?

Deteve-se e a olhou sobre seu ombro, com um satisfeito sorriso em sua cara. – O fiz.

 

Glenna esfregou-se os olhos. – Homens.

– Do que te está queixando?– Perguntou Moira enquanto caminhava pela antecâmara.

–Dos homens.

Moira riu. –Como vi o Conall saindo deduzo que lhe estas referindo a ele.

–Segue dizendo que não tenho que seguir a chamada dos Druidas.

Moira deixou cair a tigela de madeira e se girou rapidamente para olhar à cara de Glenna, empalidecendo enquanto se levava firmemente as mãos ao peito. –Não sabe o que esta dizendo.

–Então acredito que é tempo de que me diga isso, – disse Glenna e cruzou os braços sobre seu peito.

Uns instantes mais tarde Moira suspirou e puxou a cadeira. –Conall se nega a reconhecer seu sangue Druida e ao fazer isso causa uma grande fricção dentro de si mesmo.

–Culpa aos Druidas pelo desaparecimento de Iona.

–O que não sabe é que queria ser um sacerdote Druida. Seu pai lhe disse que devia ser o Laird de seu clã. Quando tomou a decisão de ser Laird, deixou fora todas as lembranças dos Druidas.

– Como isso me afeta?

Moira formou um redemoinho de mecha loira ao redor de seu dedo. –A profecia sobre a que te falei implica a ele. Iniciou-se quando te arrebatou de MacNeil.

O estomago da Glenna caiu a seus pés com um ruído surdo. –Há mais.

–Sim. Ele será uma parte dos três Druidas que reduzirão a MacNeil.

– Quais são os outros dois?

–Suas irmãs, – respondeu depois de uma larga pausa.

O quarto deu voltas ao redor dela com as palavras da Moira. –Assim é verdade.

– Soube?– Perguntou Moira, a dúvida brilhava em seus olhos.

–Faz um par de dias duas mulheres me deram a bem-vinda depois de inteirar-se de que não era uma MacNeil. Quando me perguntaram quem eram meus verdadeiros pais me disseram que os Sinclairs tiveram três meninas. Onde estão minhas irmãs?– exigiu.

Moira se engasgou visivelmente. –Uma dela se criou em outro lar igual a você.

– E não a trouxeste ainda aqui?– Estava furiosa. Bastava pensar que sua irmã teve que sofrer quão mesmo ela, era como lhe cravar uma faca no coração.

–Não tem nem idéia de que essa gente não são seus verdadeiros pais, e a trataram de maravilha. Não quisemos enviar por ela até o momento em que a profecia estivesse perto. – foi treinada como uma Druidisa?– Moira afirmou com a cabeça.

– Quando é o começo da profecia?

–Logo, – respondeu Moira e inclinou a cabeça.

–Logo, – repetiu Glenna. – Não acha que deveria trazê-la?

–Não é o momento. Há outras coisas que devem ser tomadas em primeira conta.

Glenna olhou duramente a Moira, esperando ouvir mais. Por último, disse, – e minha outra irmã?

–criou-se com os Druidas, – disse Moira e lentamente levantou a cara.

Glenna piscou e ficou de pé com pernas trementes. – Você? Você é minha irmã?– A cólera e o júbilo se misturaram pelo achado de sua família. – por que não me disse isso?

–Necessitava tempo, – começou a dizer Moira. – Você não tomou o descobrimento de que MacNeil não era seu pai muito bem, e não quis te empurrar muito de repente.

– Que mais me está ocultando?– Glenna sabia que estava gritando, mas a cólera se apossou dela. De soslaio ela viu o fogo rugindo de vida, mas não o podia deter.

Moira permanecia de pé e estendeu uma mão a ela. –Nada. Queria te dar tempo para que te adaptasse.

–Estas mentindo. – Sabia tal e como ela sentia o ar em seus pulmões. Tinha muito mais que Moira mantinha em segredo, e Glenna simplesmente já não suportava que a mantivesse na escuridão por mais tempo. Isso se deteria. Agora.

A fúria a cegou. Ouviu a Moira gritando, mas não poderia ver qual era a ofensa. Não foi até que um grande peso a golpeou e a jogou no chão, com isso a fúria se afastou. Ela se voltou e viu os homens extinguir o fogo que se propagou da chaminé.

O traje da Moira estava queimado, sua cara negra pela fumaça.

– O que aconteceu?– perguntou Conall.

Glenna girou a cabeça e o encontrou deitado em cima dela. Precisava fugir, para encontrar um pouco de paz. –Me leve fora daqui.

Sem falar se levantou e a agarrou nos braços. Caminhou ao exterior com ela para as almenas e amavelmente a colocou sobre seus pés. Permaneceu a seu lado, os braços cruzados sobre o volumoso peito, enquanto ela cravava os olhos nas estrelas.

Precisava falar, precisava explicar o que tinha acontecido. –Moira me falou de minhas irmãs.

–Ah.

Ela sorriu apesar de se mesma. Inclusive o Laird, podia ficar sem palavras. –Soube.

–Sim, mas ela me pediu que não lhe dissesse isso. É por isso pelo que te zangou tanto?

–Manteve um pouco afastado de mim. Estava muito zangada ao descobrir que me ocultou sua identidade, mas quando lhe perguntei se tinha algo mais e me disse não... – voltou-se para ele.

–Nunca senti tanta raiva. Não o podia controlar.

– Da mesma maneira que te utilizou MacNeil?

–Muito pior.

–Foi uma menina.

Levantou a vista. –Não tão inocente.

–Diga-me isso lhe urgiu ele e escovou seu cabelo para trás.

Ela lambeu os lábios. –Zanguei-me com o MacNeil porque não me deixava sair com as outras garotas. Não me explicava por que, simplesmente se negava. Quão seguinte soube foi que o fogo apanhou uma pilha de feno e um moço jovem estava muito queimado, quase morre.

–Mas não morreu, – disse Conall.

Ela não protestou quando a envolveu em seus braços. Necessitava sua força e muito mais se permitisse sonhar. Ter uma família própria e um homem que estivesse a seu lado, era um sonho que ela tinha tido durante muito tempo. Tinha escutado como lhe contava seu segredo mais profundo, mais escuro e estava ainda a seu lado.

Seria um marido genial. – por que não tomaste uma esposa? – Não a tinha encontrado ainda. – Respondeu à pergunta.

–O que aconteceu em minha câmara reforça minha necessidade de estar com os Druidas. – Ela se arrancou de seus braços e perdeu seu calor. –Sou um perigo para todo mundo. Tenho que aprender a controlá-lo.

–Aprenderá a controlá-lo.

–Necessito aos Druidas para isso. Chamam-me. O Beltaine me demonstrou isso.

–O Beltaine chama a todo mundo, – discutiu ele.

–Esses seres de outro mundo me deram meus poderes por uma razão. Negá-lo seria negar meu coração.

Conall soube que isto ocorreria do momento em que entrou em sua câmara e a viu quase em chamas. Moira tinha tido razão em dizer que os poderes de Glenna eram grandes. Mas não podia deixá-la ir. O pensamento de perder um dia sem ver seu belo sorriso, sem tocar as escuras tranças, sem ouvir a musical voz dizendo seu nome não era algo que pudesse fazer.

–Não te incomode por isso agora. Ganhou uma irmã esta noite. Se alegre disso.

–O fiz não é assim?

Foi recompensado com um sorriso que poderia ter infundido vida aos mortos de tão bela que era. E ela era dele.

Minha.

Ela não sabia ainda, mas quando o tempo se aproximará, saberia.

 

A Sombra lançou a taça pelo quarto. Não só tinha sido incapaz de matar a Glenna, agora devia voltar a avaliar seus planos. Sua mente simplesmente se negava a acreditar que Moira era sua irmã.

Como lhe tinha passado isso? Ocultou-se bem entre os Druidas. Tinha que manter a Glenna e a Moira afastada. Fortaleceram-se em número, e seu tempo se cortava.

O Fae de repente tinha desenvolvido um intenso interesse pelas atividades do Castelo MacInnes. Devia matar a Glenna logo que fora possível. Sem ela podia convencer a Moira para que viesse a seu lado.

 

MacNeil levantou a cara para a lua e suspirou com satisfação. Logo. Logo tudo o que sempre tinha querido seria dele. Mostraria aos MacInnes que uma briga com os MacNeil significava só a morte. Teria ao Castelo MacInnes como sua nova fortaleza, e liberaria a Escócia dos últimos Druidas.

Um pensamento no fundo de sua mente o mantinha inquieto, possivelmente as coisas não saíssem segundo o plano, mas o afastou longe. Tinha matado às irmãs de Glenna. A profecia já não podia voltar-se realidade.

O fez porque seu pai era um covarde. Tinha admirado a seu pai até que se negou a matar as garotas Sinclair só porque eram as filhas da mulher que ele amou. MacNeil não tinha vacilado em assassinar a seu pai para assegurar-se que sua vida continuaria. Tinha sido humilhante ter a seu pai apaixonado por uma mulher com a metade de sua idade.

Um sussurro detrás dele distraiu sua atenção. Voltou-se lentamente e viu a mulher espreguiçando-se sob as mantas. Uma perna nua saiu furtivamente das mantas, e a ponta do peito se elevava para fora enquanto levantava os braços por cima da cabeça. Ela seria a que lhe daria um herdeiro. As demais tinham carecido da capacidade de adaptar-se. Só uma mulher forte lhe daria os filhos que necessitava.

–Vêem a cama, – ronronou e lhe tendeu a magra mão. Sim, pensou ele. Entre esta descarada e Effie era certeza que concebesse um menino que ansiosamente ocuparia seu lugar.

 

Glenna permanecia fora do círculo de pedra, a névoa matinal se suspendia por cima dos ramos das árvores enquanto o sol se elevava através das impenetráveis nuvens cinza.

Tinha dormido pouco a noite anterior enquanto se perguntava a respeito de sua irmã e da vida que tivessem tido de não ter interferido MacNeil. Mordeu os lábios.

Depois do que tinha feito a Moira duvidava que lhe permitissem estar com eles neste amanhecer, mas tinha que fazer o intento. Em sua mente chamou em busca de Moira. Em uma piscada a pedra cedeu e se dividiu. Glenna entrou no círculo e divisou a Frang que estava de pé esperando por ela.

– Onde esta Moira?– Um olhar rápido em torno mostrava que as coisas se alteraram dentro do círculo.

Os animais ainda circulavam em massa, os cantos das aves enchiam o ar, os novelos ainda floresciam com cores vibrantes e a água ainda reluzia clara como o cristal. Mas eram os ocupantes os que mostravam uma mudança real. Os Druidas não estavam tão ativos como sempre, e ela advertiu a vários homens que não tinha visto antes.

A maioria levava kilt enquanto uns quantos se vestiam com calções, e um em particular chamou sua atenção. Estava vestido com colete e calções de couro e com botas negras que chegavam até os joelhos. Estava armado com uma espada, arco e flecha assim como também várias adagas que viu que sobressaía do cinturão e botas. E só Deus sabia o que escondia em sua roupa.

Mas eram seus olhos os que destacavam. Ali estava o azul mais claro, mais brilhante que alguma vez tinha visto, quase o mesmo tipo de azul do Fae. Quando se deu conta que a olhava tão atrevidamente como ela o fazia com ele, sob a vista, mas não antes de divisar a um Fae ao seu lado.

–São protetores dos Druidas. Os chamamos Guerreiros, disse Frang enquanto a guiava mais profundamente no círculo.

–Mas os Druidas têm poderes especiais.

–Não todos. Você é especial, benzida pelo Fae. A maioria é como Conall e podem ser facilmente assassinados. Então, os protetores velam por outros.

Ela assentiu. –Preciso falar com Moira.

Frang se deteve e se voltou para ela. –Não esteja zangada com ela. Fez o que pensou que era o melhor.

– Já não estou zangada. Quero me desculpar.

Dedicou-lhe um sorriso e fez gestos com a mão para um grupo de grandes rochas redondas onde Moira estava sentada de costas a eles.

O medo a encaixotou enquanto caminhava para a Moira. Tinha medo de perder a sua irmã justo depois de encontrá-la; medo que agora Moira não queria ser sua irmã. Mas sobre tudo tinha medo de estar sozinha de novo.

Situou-se detrás de Moira e observou como escrevia um pergaminho, ensismada. Moira era tudo o que ela não era. Segura de si mesma, controlando seu destino, equilibrada, alta, bela e amada.

As lágrimas surgiram e rodaram por sua cara, mas não as enxaguou. Odiou-se a se mesma pelo que tinha feito, e rezou para que não estivesse em sua natureza dar golpes iguais a outros.

Não acredito que possa me desculpar nunca o suficiente pelo que fiz.

Moira se deu a volta e permaneceu à espera. –Não há nada do que desculpar-se. Não devi ter esperado para lhe contar isso

– Você me ouviu?

–O fiz, – sorriu, com tristes olhos verdes. –Estamos conectadas por ser irmãs. Não obstante, não estava ao tanto até recentemente ou teria feito algo que estivesse em meu poder para te liberar de MacNeil anos atrás.

As lágrimas fluíam livremente agora. Ela negou com a cabeça para fazer um intento e deter as palavras de Moira.

–Não o faça. Não podemos mudar o passado.

–Só podemos construir o futuro, – acabou Moira com um sorriso e estendeu os braços.

Glenna correu precipitadamente para os braços de sua irmã e desfrutou com o amor e a segurança. Depois de uns momentos ela levantou sua cabeça. – Machucou-te o fogo?

–Estou bem, – disse Moira, secando suas lágrimas. –Minha capacidade de cura cresceu ao longo dos anos.

–Realmente somos desconhecidas, com tantos anos para nos pôr ao dia.

–E passaremos o resto de nossa vida fazendo isso.

–Depois de que cumpramos a profecia, que há.

A cara da Moira se iluminou com um sorriso. –Então não perca mais tempo.

 

Quando o vais dizer a ela?

Conall olhou para encontrasse a Angus de pé ante a mesa. Levantou sua taça e bebeu o resto de sua cerveja antes de percorrer com o olhar ao redor da sala para ver quem pudesse estar escutando.

– Do que está falando?

Angus suspirou e se sentou na cadeira junto a ele. – Quando vais a dizer a Glenna que ela será sua esposa?

– Como sabe?– Não tinha dito a uma alma pelo que não havia maneira de que Angus pudesse sabê-lo com segurança. –Vejo a forma em que a olha. Se encontrasse a uma moça como ela, então a faria rapidamente minha esposa.

Conall negou com a cabeça, mas não podia deixar de sorrir. –Quer viver com os Druidas.

–Depois da exibição em seu quarto penso que tem direito a tomar a decisão.

Não disse a Angus a verdadeira razão. E era que Glenna fazia deste castelo um lar, e pela primeira vez da morte de sua mãe tinha alguma esperança. Agora a esperança se desvanecia outra vez. –Não posso deixá-la partir.

–Bem, só afirma que ela é sua companheira.

– Como se isso fora tão fácil.

–É uma poderosa Druidisa, e incluso não sabe.

–Sim. – Gemeu Conall.

– O que vais fazer?

–Convencer-la de que se supõe que nós estaremos juntos, e logo convencer-la de que se esqueça dos Druidas.

Angus lentamente se levantou. –Você lhe vai pedir um impossível. Talvez deveria reconsiderar como olhas aos Druidas. Se a necessitarem, então terá que aceitar o que ela é.

–Isso eu não posso fazê-lo, amigo.

–Então não a merece, – disse Angus.

–Tenho juramentos que devo considerar.

–Não vais ser capaz de levar a cabo ambos os juramentos. Até se te casa com ela não soluciona seu problema.

–Sei, – suspiro Conall. –Meus juramentos estão sujeitos, a minha honra. Se não os honrar, então não sou adequado para ser o Laird.

–Estas se consumido por esses juramentos e não usa sua cabeça, – disse e partiu dando meia volta. Conall seguiu com o olhar a seu amigo por um comprido tempo, ensismado até que recordou que Angus poderia ter notícias que lhe dar. Levantou-se e caminhou a grandes passos lhe seguindo. –Pare, Angus, – chamou.

Angus se deteve e esperou. – Tua mente já mudou?

Conall lhe olhou com mordacidade. – O que descobriu dos homens? Qualquer deles conhece o homem que esteve com o Effie? Ou quem poderia ter disparado essa flecha a Ailsa?

–Nada. Todo mundo com quem falei até agora disse que Effie se negou a ver nenhum deles. Disse-lhes que ela tinha encontrado a alguém mais.

– Sabe-se quem era o outro homem?

–Não. Estou ainda trabalhando nisso. Há muitos homens em nosso clã.

– Ailsa?

–Nada tampouco. Nunca pensei que seria tão difícil obter informação de nosso clã. Eu não gosto disto, Conall. Nem um pouco. Nunca pensei que veria o dia em que tivéssemos um traidor entre nós.

–Devemos nos apressar. Tenho um mau pressentimento sobre tudo isto.

–Eu também.

Conall se dispôs a procurar o Gregor esperando que tivesse encontrado algo na casa dos guardas. Mas não encontrou a Gregor por nenhuma parte.

Decidiu provar na casa de guarda. Depois de perguntar aos guardas estava surpreso de descobrir que Gregor não os tinha interrogado. A suspeita começou a roer em seu interior como um rato faminto. Gregor lhe havia dito o plano de MacNeil, mas também o tinha protegido a ele e às pessoas do castelo. Era Gregor o assaltante de Glenna? Podia estar tão enganado a respeito de alguém que deixou que uma ameaça potencial entrasse em seu clã sem sabê-lo?

 

Gregor olhou diretamente e ignorou o aspecto lastimo de Ailsa. Pela primeira vez em sua vida tinha considerado assassinar a uma mulher. Effie não se incomodou em lhe dizer que levariam a Ailsa, mas de qualquer jeito, Gregor realmente não tinha nenhuma opção.

Tinha elegido sua sorte na vida, e o levaria acabo. Era hábil no que fazia. Um dos melhores e por esta razão obteve tantas moedas com o que fazia.

Mas uma menina?

Depois desse primeiro olhar chapeado de Ailsa a qual era idêntica a do Conall, Gregor se tinha negado a olhá-la outra vez. Se MacNeil queria a ira de Conall, então definitivamente a teria agora. Só um louco seqüestraria a uma menina.

–Por favor, – murmuro Ailsa.

Gregor apertou os dentes junto para ouvir a assustada voz.

–Cale-se, – chiou Effie e esbofeteou a Ailsa a um lado da cabeça.

Sem titubear, Gregor a alcançou e arrancou a Ailsa do cavalo de Effie e a pôs diante dele.

–A golpeia outra vez e sentirá minha mão, – advertiu a Effie.

– De que lado está?

–Conhece quem me paga. Simplesmente não golpeie à menina outra vez.

Effie o olhou um momento antes de inclinar a cabeça e se manteve detrás dele enquanto o caminho se fazia mais estreito.

Gregor poderia sentir a Ailsa tremendo. –Aconteça o que acontecer, mantém a boca fechada, Ailsa. – Envolveu-a com o braço e as lembranças de sua irmã saíram à superfície como uma inundação.

Nunca lhe tivesse deixado tomar este curso, mas de todas formas, se não a tivessem matado nunca teria deixado o clã. Deveria ter escutado a seus instintos quando disseram que se afastara de Conall.

Estar no Castelo MacInnes fazia algo nele. Algo no que não queria pensar. Mudou-o de certa forma e não gostou. Nenhum pingo.

Teria que assegurar-se de afastar a um lado estas emoções que tinha tirado a luz estando ao redor de Conall. Mas primeiro teria que devolver a casa a Ailsa sã e salva.

Sua consciência não podia permitir-se outra morte. Sua irmã lhe tinha feito suficiente dano para que durasse uma vida.

 

O sol da tarde desapareceu depois das montanhas. Glenna acelerou sua marcha para o castelo. Decidiu não aventurar-se pelas cavernas apesar de sua recente vitória. Além disso, a natureza lhe dava paz.

Deteve-se para observar um dos carvalhos gigantescos e acariciou seu tronco nodoso. Atraía-a. Pôs ambas as mãos sobre a árvore e poderia ter jurado que se esquentava sob seu toque. Lembranças da clareira e a colina a envolveram.

Seus pés avançaram por acaso sozinhos, levando-a a clareira. Tinha pensado que era formoso com a lua brilhando sobre ela, mas era igual de encantado sob o sol.

As mariposas abundavam. Todas as cores e tamanhos sobrevoavam a colina como esperando entrar. A colina em si era de um verde mais brilhante que o resto da erva e Glenna quase podia jurar que sentia sua magia.

O poder dentro dela pulsou enquanto se aproximava da colina.

Indecisa, ajoelhou-se e posou sua mão com gentileza no chão. Tinha sonhado com o Beltaine e os Fae? Impossível.

Um pássaro cantante posado sobre um carvalho perto do montezinho a chamou. Glenna se levantou e caminhou para o carvalho. Sorriu ao pequeno pássaro antes que este começou a voar. Ausentou-se por muito tempo e não queria preocupar ao Conall.

Com uma última olhada ao carvalho se deu a volta e viu o Conall apoiado contra uma pedra girando um pouco de erva entre seus dedos. Suas escuras mechas penduravam sobre seu peito e se moviam com a suave brisa que se escorria entre os ramos.

Mas foi seu meio sorriso a que lhe roubou o coração. –Não esperava te encontrar aqui.

–Senti sua falta, – disse e lhe piscou um olho.

Ela tropeçou com seus próprios pés, surpreendida por sua alegria. Mas não pôde ocultar a emoção em sua voz. – De verdade?

Sorriu-lhe amplamente. –Sim. Que tal foi seu dia?

–Maravilhoso. Estou começando a conhecer minha irmã, e a verdade é maravilhoso ter uma família. – Não foi até depois de pronunciar as palavras que se deu conta de seu engano. Ele tentou esconder o brilho de tristeza, mas ela o viu.

– Quantos treinamentos ficam por fazer?

Não importava quanto o tentasse, não podia esconder quanto odiava que viesse aqui e a euforia de encontrá-lo esperando-a minguou.

– Por que faz isto?

Seu sorriso desapareceu, e sua frente se enrugou com confusão.

– Fazer o que, moça?

–Você não gosta que venha aqui.

– Aqui?– perguntou e olhou a seu redor. –Isto é um nemeton. É sagrado para os Druidas, que é pelo qual Beltaine e outras festividades se celebram aqui.

– Sagrado?

Seus olhos se entrecerraron.

–Não posso acreditar que Moira não lhe tenha contado isso.

–Não sabe que estive aqui durante o Beltaine.

–A elevação de terra é o que alguns chamam colina Faerie.

Ofegou. –É de onde vêm os seres. Como posso alcançá-los? Quero falar com eles.

–Só durante um festival Druídico o véu entre os mundos se estreita.

–OH, – disse e girou só para sentir as mãos de Conall sobre seus ombros.

–Uma velha lenda de mulheres diz que se rodear a colina nove vezes para a direita invoca uma fada, – disse-lhe ao ouvido.

Girou para olhá-lo. –Sabe tanto. Por que não deixa de lado seu ódio e une aos Druidas?

Suspirou audivelmente. –Não posso evitar me sentir assim, Glenna. Sou o que sou.

–Como eu, – respondeu. –Não suporta ver a Moira.

–Não é verdade, – interrompeu-a. –Eu não gosto do que é.

–Acabará sentindo o mesmo por mim apesar de seu juramento.

Negou com a cabeça. Ela conteve a respiração quando levantou uma mão e lhe acariciou a mandíbula.

–Nunca, – prometeu-lhe antes de baixar a cabeça.

O beijo a chamuscou. Seu corpo cobrou vida sob suas mãos enquanto a exploravam. Gemeu e pôs seus braços sobre seu pescoço por medo de que ele terminasse o beijo.

Esmagou-a contra seu corpo. Sua virilidade pressionava seu ventre com fome. Com um descaramento que desconhecia possuir alargou a mão entre seus corpos e envolveu seus dedos sobre ele. Ele grunhiu e aprofundou o beijo até que ela não pôde pensar em nada mais que ser uma com ele.

Com um movimento de seu pulso o tartan calou ao chão. Deixou que seus olhos explorassem seu corpo. Deu-se conta que não tinha nenhuma parte de seu corpo onde não ressaltassem os músculos enquanto o olhava da cabeça aos pés.

Um olhar além da pedra lhe permitiu ver suas botas. Queria lhe perguntar quanto tempo a tinha esperado, mas não queria estragar esse momento.

Permaneceu de pé silenciosamente esperando a que terminasse sua inspeção, mas ela poderia ter observado seu maravilhoso corpo todo o dia, inspecionando cada parte com seus olhos, mãos, boca e língua.

Levantou a vista e se encontrou com seu intenso olhar. Sabia o que queria, e também o desejava quase com a mesma intensidade. Sorriu-lhe sedutoramente e começou a tirar a roupa. Quando terminou de despir-se, viu que já tinha estirado o tartan sobre o chão.

Ofereceu-lhe a mão e não duvidou em aceitá-la. Parecia correto que sua união tivesse lugar entre árvores e a natureza neste nemeton onde a magia os rodeava.

Logo que tocou o tartan a atraiu para si, sua boca quente, hábil e exigente. O contato de pele contra pele era justo o que necessitava seu corpo, o que ansiava. Nenhum podia estar o bastante perto do outro.

Gemeu protestando quando deixou de beijá-la e a empurrou para o chão e colocando-se a seu lado. Olhou os chapeados olhos surpreendida pelo ardente desejo que refletiam.

Seus dedos roçaram sua pele riscando círculos por seu estômago, seios e pescoço. Fechou os olhos e se desfrutou no toque que avivava seu corpo.

Conall olhou com assombro à mulher a seu lado. Ainda sabendo o que sentia pelos Druidas e sobre seu juramento, ela estava se oferecendo a ele.

–É minha.

–OH, sim, – exclamou seu acordo e passou sua mão sobre seu peito.

Seu toque, tão suave, tão gentil, fez-lhe arder. Era sua companheira. Era dele. E depois de esta noite não a deixaria abandoná-lo. A faria ver que o caminho Druida não faria mais que separa-la dele.

Agachou a cabeça e tomo um mamilo na boca, que se endureceu fazendo-a ofegar, enquanto lhe percorria os ombros com suas unhas. Moveu as mãos para cima e abaixo por suas pernas acariciando-a, e quando as separou um pouco ela se abriu para ele.

Sussurrou seu nome enquanto enterrava os dedos em seu cabelo. Desfrutava com sua pele, da cor da nata, sem imperfeições salvo por um sinal em seu quadril esquerdo. Com sua língua marcou um caminho desde seu seio até o sinal, e o beijou.

Acomodou-se entre suas pernas para ter melhor acesso. Acariciava-lhe o cabelo e lhe sorria docemente. Manteve o contato visual enquanto se inclinava e lhe lambia os seios.

Seus olhos brilharam com um toque brincalhão, mas quando sua língua girou sobre um mamilo fechou os olhos, respirando a baforadas.

Concentrou-se em seus seios, chupando, espremendo e lambendo até que ela começou a esfregar os quadris contra seu abdômen. Com sua mão entre seus corpos a encontrou molhada e pronta. Não podia esperar um segundo mais. Tinha que estar dentro dela, fazê-los um só.

Agora e para sempre.

Guiou a ponta de seu dragão dentro e ela abriu os olhos por completo.

–Sim, – sussurrou e lhe puxou a cabeça para baixo para beijá-lo.

Seu coração pulsava desbocado. Penetrou-a lentamente até que sentiu seu hímen, e se surpreendeu quando lhe rodeou com as pernas.

–Pode que isto doa um pouco.

–Confio em ti, – disse e lhe arranho suavemente o ombro.

Levantou-se sobre os cotovelos e olhou seus profundos olhos dourados.

–Olhe-me, – disse-lhe enquanto se retirava para afundar-se nela, rompendo a barreira.

Ofegou e se abraçou a ele. Sustentou-a firmemente desejando poder aliviar sua dor.

– Acabou?

Quase riu. –Claro que não.

Moveu-se dentro dela. Ela ofegou e compassou seu ritmo e enviou a novas alturas, alturas que não tinha alcançado nunca antes com outra mulher. Ficou de costas e a pôs a ela sobre seu corpo.

–Faz o que queira moça, – disse-lhe e viu o fogo arder em seus olhos.

Glenna olhou ao homem que lhe fez provar pela primeira vez o céu. Percorreu com as mãos seu peito, maravilhada pelas múltiplas cicatrize em seu abdômen. Foi para diante para lhe beijar e o notou pela primeira vez dentro dela tendo ela o controle.

Sentou-se reta e moveu os quadris, maravilhando-se de senti-lo dentro, tão duro e quente. Suas mãos cobriram seus seios. Tragou ante o delicioso prazer que lhe dava.

Com suas mãos sobre seu peito como suporte começou a mover-se acima e abaixo e logo seus corpos brilharam com suor. Justo quando ia encontrar a liberação ele se incorporou.

–Ainda não, – murmurou-lhe ao ouvido, sua respiração lhe dando calafrios que a percorriam por todo o corpo.

Ficou detrás dela e lhe separou as pernas. Com uma só investida a penetrou e ela quase se desfaz. Pôs uma mão sobre seu quadril e com a outra encontrou sua umidade. Seu polegar girava sobre seus clitóris enquanto seguia empurrando dentro e fora dela.

Antes de dar-se conta o clímax a envolveu. Quebrou-se em mil pedaços mas não parou. Seus impulsos se voltaram mais fortes e profundos e quando pensou que não podia aguentar mais teve outro orgasmo enquanto ele gritava sua própria liberação.

Caíram juntos, seus corpos entrelaçados, e ela soube que não sentiria nada parecido com nenhum outro homem.

–É minha, – sussurrou-lhe.

Ela sorriu e se aproximou mais a ele. –Sim.

–Para sempre.

Quando não respondeu á separou um pouco. –É minha.

Passou a língua pelos lábios, seu estomago revoando pelo olhar possessivo. Se não fora pelo futuro negro que lhes aguardava estaria celebrando o que havia entre eles. Uma tristeza tão doce a encheu, pensou. –Sim.

– Então por que chora?

–Porque não pode ser.

–Não te deixarei partir. Os Highlanders tomam o que queremos, e quero a ti. Será minha Glenna.

Deixou-lhe acreditar o que quisesse. Não ganharia nada discutindo. Logo se daria conta de que não havia esperança. Até então, tomaria estes momentos e os guardaria em seu coração para sempre.

 

Aimery fez um brinde com seu companheiro Fae. Conall tinha tomado ao fim a Glenna. Suas almas estavam unidas. Não tinha possibilidade de separar-se.

Sua alegria desapareceu quando começou a correr a notícia sobre o sequestro de Ailsa.

–MacNeil, – vaiou Aimery. Precisavam averiguar o que acontecia no castelo MacNeil.

–Envia aos exploradores.

 

–Não vejo para que veio hoje. Tem a cabeça em outra parte.

Glenna baixou a cabeça. Moira tinha razão. Sua mente estava em outra parte, mais explicitamente no bosque fazendo amor com o Conall com os raios do sol caindo a seu redor.

–Sinto muito.

Voltou a escapar essa manhã, ou assim acreditou até que viu o Angus observando-a das almenas. Começaram com seu treinamento assim que chegou ao círculo.

Moira lhe passou um braço pelos ombros.

–Não se preocupe. Tudo irá bem.

– O que sabe que não eu saiba?

Moira se encolheu de ombros.

–Só mantém a esperança em seu coração. Conall tem razão. É seu e ele é teu.

Glenna estava mortificada. De algum jeito Moira sabia o que tinha acontecido nos bosques à véspera.

Por favor, não me julgue.

–Não, – disse Moira e levantou uma mão.

–Não precisa dizer nada. Não sou seu juiz. Deixou a seu coração te guiar, e este te levou a seu companheiro.

Compartilharam um sorriso, e Moira se esclareceu garganta. –Agora, me deixe te contar a profecia. Muitos recordam somente uma parte, mas há muito mais.

– Por que as pessoas não a conhecem inteira?

Moira se encolheu de ombros. –Por qualquer razão pela que pensaram que não era importante. MacNeil é um desses. Só sabe o princípio.

 

Em tempo de conquistas

Haverá três

Que acabassem com os MacNeil.

Os três nascidos de

As festividades do Imbolc, Beltaine e Lughnasad

Quem destruirá tudo em

Samhain a celebração da morte.

–E o resto diz–:

Uma que nega o caminho Druida

Herda o inverno e ao fazê-lo

Marca o princípio do fim.

Para que o bem prevaleça, o fogo

Enfrentará sozinho ao herdeiro,

A água acalmasse à besta selvagem, e

O vento se inclinará ante a árvore.

 

Glena pestanejou. –Não o entendo. O que significa?–

–Temos nossas teorias.

–Mas não me dirá nada, – supôs Glenna.

– Se tiver que ver conosco, então devo ser o fogo e Conall o herdeiro.

Moira se contentou olhando-a.

–Tu deves de ser o vento, – continuou Glenna. – Mas Como te inclinará ante uma árvore?

Moira se encolheu de ombros. –Não sei.

– Não sabe? Perguntaste a Frang?

–Sim.

Quando Moira não acrescentou nada mais Glenna suspirou. –negou-se, não é certo?– Riu ante o sorriso de Moira. – Temos que averiguá-lo por nossa conta?

–Sim. Se soubermos o que acontecerá antes do tempo pode ser que as coisas não partam como devessem.

–Mas se não souber o futuro, Como tomaremos as decisões corretas?

Moira se encolheu de ombros de novo. –Teremos que fazer o que pudermos.

Glenna pensou uns momentos.

– Se eu sou o fogo e você o vento, então nossa irmã é a água. Como se chama?

–Fiona.

–Não posso esperar para conhecê-la. Quanto falta para que venha?

–Não muito, – disse Moira profeticamente.

De repente recordou a Moira lhe dizendo a Conall que recordasse a profecia.

– Sabe Conall a profecia?

–Sim. Iona e Ele a escutaram quando eram pequenos. É só que não o recorda tudo.

– E que passa se não se lembra a tempo?

Moira a olhou com olhos verdes cheios de tristeza. –Então tudo terá sido para nada.

–Então lhe ajudarei a recordar, – jurou ela.

Mas lhe resultou mais difícil do que lhe tinha parecido em princípio. Conall não queria falar de nada que tivesse que ver com os Druidas e se negou.

– O que te assusta? – perguntou-lhe essa tarde depois de comer enquanto estavam sentados frente ao fogo.

Levantou a cabeça para olhá-la, seus olhos nivelados e em total controle. O olhar de um guerreiro. –Não temo a nada.

–Então me fale.

Alargaram-lhe as fossas nasais, mostrando sua ira. Levantou-se e caminhou para sua cadeira até ficar a seu lado. –Só porque tenhamos compartilhado nossos corpos não significa que vá compartilhar meus segredos.

Cravou-lhe uma faca no coração ante essas cruéis palavras. Observou-o em silêncio enquanto partia. Tinha sido uma estúpida ao pensar que poderia alcançá-lo, uma estúpida ao pensar que lhe importava algo.

Depois de tudo, ela era o que ele mais odiava.

 

Conall se sacudiu e girou, a cama estava muito mais dura e menor que antes. Não conseguia tirar-se da mente a imagem dos suaves olhos café de Glenna, cheios de dor. Não tinha sido sua intenção arremeter contra ela dessa maneira, mas se zangou quando continuou fazendo perguntas sobre seu passado e os Druidas.

Ela queria algo que não podia lhe dar, passasse o que passasse a parte de seu passado que implicava aos Druidas estava fechada e nunca seria aberta outra vez.

Nunca. Tinha que entender isso embora houvesse algo entre eles.

O vento uivou brutalmente fora e logo se formou redemoinhos em seu quarto. Tratou de levantar-se e descobriu que não podia mover-se. Seus olhos estavam pesados e um poderoso desejo de dormir apoderou dele. Não pôde resistir ao poderio do impulso que o atraía.

Estava caindo. Em meio da escuridão que o rodeava pôde vislumbrar algo. O mundo se inclinou e se balançou até que não pôde dizer se estava sentado ou de pé. Então, tudo se deteve.  

Abriu os olhos e pôde ver sua mãe que estava sentada ao lado de dois meninos pequenos. A cena o alagou de lembranças desse dia cheio de sol. Aproximou-se desejando, não, precisando ouvir o que dizia a ele e a Iona, podia lembrar aquele dia, mas não as palavras que sua mãe lhe havia dito.

E de algum modo sabia que aquelas palavras eram muito importantes.

Agora, escutem com muita atenção, disse sua mãe e olhou ao redor para assegurar-se que não havia outros escutando.

Esforçou-se por ouvir o que dizia, mas ela tinha inclinado sua cabeça perto dos meninos. Caminhou até que esteve de pé ao lado de sua mãe, mas então ela já tinha terminado de lhes contar seu segredo.

Aquela profecia se cumprirá durante sua vida. Vocês, meus meninos, serão parte dela e é importante que nunca esqueçam o que lhes hei dito.

Subitamente a imagem de sua mãe se desvaneceu. Tratou de alcançá-la. Não! Gritou, mas era muito tarde. Ela tinha ido, e quando abriu os olhos de novo, já estava de volta em seu quarto.

Saltou da cama com a respiração acelerada enquanto lutava por entender o que acabava de passar. Examinou sua mente procurando aquela lembrança, mas continuava sem poder recordar as palavras de sua mãe. Muitas vezes os tinha sentado e lhes tinha contado as grandes historia dos Druidas e o que eles tinham feito pelo bem das pessoas.

OH, sabia qual era a profecia da que falava Moira, quão mesma assustou ao MacNeil, mas tinha mais. Moira tinha dito muito. Mas não importava quanto se esforçasse, não conseguia agarrar os fios daquela lembrança.

A cabeça começou a lhe doer na base do pescoço. Mas não lhe deu importância à dor, a necessidade de encontrar essa lembrança se sobrepunha a todo o resto.

 

Moira se derrubou contra Frang, seu corpo estava fraco depois de usar seus poderes.

–Mostrei-lhe a lembrança, mas não acredito que tenha servido de ajuda.

–Fez tudo o que podia fazer, disse Frang e a ajudou a sentar-se enquanto lhe secava o suor da frente.  

–Isto pode fazer fracassar tudo se ele fizer Glenna ficar contra nós.

– Sua irmã é forte.   Disse, lhe dando um pouco de vinho. – Bebe. Necessitará sua força.

Ela tomou um sorvo e baixou o odre. – Não é suficiente. Tenho que ver o que vai passar. Se só pudesse ter previsto a fuga de Effie.

Frang suspirou profundamente. – Todos queremos isso, mas não é algo sobre o que tenhamos poder. Nós vemos o que nos mostra, e o resto o deixamos para perguntá-lo, igual a outros.

–Tenho um muito mau pressentimento de que Effie está mais envolta do que nós gostaríamos que estivesse.

–Sim, moça, – disse ele e cabeceou tristemente. – Temo que isso seja verdade.

Ela se sentou, apesar de seu corpo debilitado para ouvir estas palavras. – Você viu algo! O que é?

Ele olhou ao chão durante vários momentos antes de falar. – Não estou seguro exatamente. É tudo muito confuso.

Moira sentiu que o estômago lhe contraía. Se Frang não podia determinar suas visões então estas eram muito pior do que ela imaginava. Com tantos inimigos rondando ao redor de Glenna e Conall, era difícil saber onde começar.

 

Glenna olhou o céu desde sua janela e observou as escuras nuvens que se reuniam no alto, sinistras por sua quantidade. Os trovões retumbavam à distância e os relâmpagos raiavam cruzando o céu cinza.

A névoa era tão pesada e úmida que quase a afogava. Tirou a mão fora da janela e uma gorda gota de água aterrissou sobre sua palma aberta.

Tinha passado a maior parte da noite sem poder dormir, imagens atormentadas tão breves que ela não podia dizer se era de noite ou de dia. Uma tempestade vinha com certeza, e não era precisamente causada pelas nuvens reunidas no céu.

MacNeil, disse ela.

O medo cresceu em seu ventre. Uma sensação de ardência lhe percorria as costas. Algo aconteceu. Ela se girou e saiu correndo de sua antecâmara ao quarto do Conall.

Esmurrou a porta com seus punhos. – Conall!

Abriu a porta de repente, fulminando-a com o olhar, estava gloriosamente nu. Ela se esqueceu de respirar. A ardência ao longo de suas costas lhe recordou por que estava aqui. Levantou a vista do corpo de Conall a sua cara. – Algo aconteceu.

– Deixa que me vista, – disse ele.

Mas não podia esperar. O medo seguiu crescendo até que pensou que seu coração arrebentaria. Correu, deixando que seus instintos a guiassem. Para seu assombro estes a conduziram ao quarto de Ailsa.

Suspirou e abriu de repente a porta.

Que os Santos nos ajudem!

A cama estava vazia. O pequeno baú aos pés da cama tinha sido aberto e seu conteúdo jogado por todo o quarto. As cadeiras estavam derrubadas e as tapeçarias que penduravam na parede estavam agora partidos em dois.

Conall chegou detrás dela. Não!   Rugiu e de um só passo chegou à cama. Ajoelhou-se ao lado desta e posou sua cabeça sobre os braços.

Passos rápidos se aproximavam. Angus foi o primeiro em alcançá-los. –Não a pequena Ailsa, – disse enquanto inspecionava o quarto.

Conall não se moveu quando mais de seus homens encheram a antecâmara. – Pensei que ela tinha ido todo o dia com sua avó, – disse Conall. – Nunca pensei...

Sua pena e o olhar de completa impotência provocaram algo dentro de Glenna. Ela sabia que podia ajudar, averiguar algo, assim Conall podia deixar de culpar-se.

Ela escapou escada abaixo e saiu do castelo. A chuva caía tão pesada que a molhava e quase a cegava, mas ela continuou até que chegou à entrada da caverna. Esta vez o medo à escuridão e as aranhas não reduziu sua marcha. Não deixou de correr até que chegou ao círculo de pedra e encontrou a Frang e Moira esperando-a.

Moira envolveu uma manta ao redor dela e a levou a interior do círculo onde incrivelmente, não chovia. – Esperava que viesse.

–Sabe o que aconteceu? – Perguntou Glenna.

Frang sacudiu sua cabeça. – Sabemos que algo passou, mas não temos certeza do que.

–Do que servem as visões se não poderem ajudar? – perguntou Glenna, com a voz tremente pela cólera.

–Nem eu mesmo posso provocar uma visão, – disse Frang. –Tanto como eu gostaria de controla-las, mas não posso.

Glenna chorou sem contenção. – Alguém levou a Ailsa.

Moira limpou suas lágrimas. – Faremos o que possamos para encontrá-la. Verdade? – disse, olhando de forma significativa ao supremo sacerdote.

–Sim, faremo-lo, acordou ele.

Elas olharam como Frang se afastava uns passos, fechou os olhos e sustentou seus braços abertos.

– O que está fazendo? – Perguntou Glenna.

–Está tratando de encontrar a Ailsa. Embora não sempre funciona, advertiu ela.

Sentaram-se em silencio pelo que pareceram anos antes que caísse de joelhos, e em seguida se precipitaram para ele. Olhou a Glenna, com seus brilhantes olhos azuis. – MacNeil a tem.

Glenna se voltou para a Moira enquanto a determinação a enchia. – E eu sei o que se deve fazer.

–MacNeil virá aqui por ti, –disse Moira depois de um momento. – Não tem nenhuma necessidade de ir por ele.

Glenna perguntou-se como sua irmã conhecia seus mais profundos pensamentos.

– Devo advertir a Conall.

Frang tirou uma mão para detê-la. – Seja o que seja que faça, não lhe diga o que planeja fazer para negociar por Ailsa.

– Por quê?

– Ele não te deixará ir, Glenna. Você é sua agora.

Ela refletiu sobre suas palavras antes de dar uma cabeçada de aceitação. Ela olhou a sua irmã. – Ensinou-me bem. Estou preparada.

 

Glenna encontrou a Conall no grande salão, com a cabeça entre suas mãos e uma taça de hidromel diante. Sentou-se na cadeira a seu lado e lhe tocou o braço. Quando elevou a cabeça e a olhou o vazio em seus olhos rasgou seu coração.

–Está molhada, –disse observando seu vestido e seu cabelo.

– Fui falar com a Moira e Frang.

– Falei com o Francis MacBeth. Disse que Ailsa nunca chegou esta manhã e que pensou que eu tinha mudado de ideia a respeito de lhe permitir à menina ir vê-la.

– MacNeil tem a Ailsa, – disse ela odiando lhe trazer tais notícias.

Ele fechou seus olhos. – Por que a levaram? É só uma menina.

–Você sabe por quê.

Lentamente, seus olhos se abriram. – Eu lhe prometi isso, MacNeil nunca se aproximará de ti.

Ela sorriu ante a indiferença do voto feito a sua mãe. Frang tinha tido razão. Ela teria que inventar algum plano se por acaso mesma se queria que Ailsa retornasse a casa com vida.

– Sei.

A cara de Conall se torceu de raiva e pena. – Desta vez o matarei, – Bramou e golpeou a mesa com seu punho, causando que a taça se derrubasse.

O líquido vermelho se verteu sobre a mesa, e Glenna ficou olhando, transposta enquanto lhe ladrava ordens a seus homens. Foi então que ela notou a ausência de alguém.

– Onde está Gregor?

Conall se esfregou a parte de atrás do pescoço. – Ninguém o viu.

Ela sabia o que ele estava pensando, não podia menos que pensá-lo ela mesma. – Não posso acreditar que esteja envolvido no sequestro de Ailsa.

– Não há nenhuma outra explicação, – vaiou ele. – Tratei de pensar em algo que pusesse ao Gregor sob um aspecto favorável, mas não há nenhuma. Quando vi que levaram a Ailsa soube que o tinha feito ele.

O resto do dia Glenna o passou em seu quarto inventando seu plano. Teria que enganar a Conall, mas se Ailsa e Iona retornavam com ele teria valido a pena.

Todos lamentaram a perda de outro membro do clã e permaneceram em suas casas.

Surpreendeu-se quando ouviu golpear a sua porta. Entre, disse e se girou, Conall estava apoiado contra o marco da porta.

Não tinha se barbeado e a barba grande de dois dias cobria sua cara sombreando seu queixo.

Chegou a ela com seu comprido passo, pô-la de pé e envolveu seus braços ao seu redor, apertando-a até que ela logo que pôde respirar.

Sua dor se escorreu dentro dela, e soube o modo de aliviá-lo. Parou-se nas pontas dos pés e atraiu sua boca à sua. Beliscou-lhe os lábios e lhe passou sua língua pela boca até que ele gemeu e inclinou seus lábios sobre os dela.

O beijo foi feroz em sua intensidade, e isto há assustou um pouco. As mãos de Conall encontraram seus mamilos através do vestido e os beliscou até que se endureceram e seus seios se inflamaram.

Uma fome, quente e demandante a envolvia. Precisava o ter enchendo-a outra vez, até chegar a ser um só O corpo duro contra o seu foi gentil e insistente enquanto a tocava.

Era seu salvador, seu campeão… seu companheiro. Sim, e pelo amor em seu coração, ela daria sua vida por ele.

Ficou aturdida pelo desejo quando sua boca saqueou seus lábios. Suas mãos passearam por suas costas lhe cavando as nádegas antes de levantá-la e lhe colocar as pernas ao redor de sua cintura.    

Com suas mãos o ajudou a tirar do caminho o vestido antes que seus dedos a encontrassem. Gritou quando deslizou um dedo dentro dela. Seu corpo se elevou para ele e moveu os quadris, procurando desesperadamente o alívio que lhe prometia.

– Pelos Santos, está pronta para mim, – sussurrou-lhe no ouvido, o quente fôlego sobre sua pele lhe provocava coisas loucas.  

Esperou enquanto afastava as roupas de ambos, a boca de Glenna lambia e beijava seu pescoço e sua cara, seu aroma especial lhe alvoroçava os sentidos.

–Devo te ter agora, – disse ele e a pressionou contra a parede.

Com um movimento de seus quadris a encheu. Ela jogou para trás sua cabeça quando o êxtase a rodeou. Seu coração e seu corpo renasceram, lhe dando a bem-vinda a sua força, sua paixão.

Conall enterrou a cara em seu pescoço enquanto bombeava dentro e fora dela. O suave corpo pressionado contra ele aumentava seu conhecimento dela, e sua divina boca o distraía.

Mas eram suas mãos as poderosas.   Elas roçavam sua pele quente, seu toque era leve e urgente, deixando um rastro de necessidade a seu passo. Tocava cada parte dele, inclusive sua alma. Não podia conseguir bastante de seu toque, certamente, desejava mais enquanto ainda a tinha em seus braços.

Cravou-lhe as unhas nas costas quando alcançou o clímax e lhe arranhou os ombros. E ele perdeu o pouco controle que tinha quando sentiu os espasmos dela rodeando-o. Com uma estocada se enterrou por completo. Jogou para trás sua cabeça e deixou que ela o drenasse.

Tropeçou e caiu de costas na cama ainda estando dentro dela. Glenna se estirou sobre seu corpo e lhe passou levemente as unhas por um braço. Tinha conseguido acalmar a besta dentro dele e nem sequer sabia.

– O que está pensando? – perguntou e levantou a cabeça para olhá-lo.

Alisou o cabelo solto de sua cara. – Em ti, amo seu cabelo escuro.

Ela riu. – Está especulando.

– Sim, – esteve de acordo e rodou até ficar frente a ela. – Há algo do que preciso falar contigo.

O sorriso dela morreu ante a seriedade de seu tom. – De que se trata?

– Eu… nós… – Nunca pensou quão difícil seria lhe dizer que a queria por esposa. – Você é minha.

Seus olhos café dourado cintilaram à luz das velas. – Você segue dizendo isso. O que significa?

– Significa que te quero para mim. Quero-te como minha esposa.

Abriu os olhos com assombro e sua boca se abriu e fechou várias vezes antes de saltar da cama. – Não sabe o que está dizendo.

– Sim que sei moça. – levantou-se lentamente e olhou como ela lutava para baixar o vestido que tinha conseguido enredar-se   ao redor de sua cintura.

– Me deixe te ajudar.

–Não. – Sustentou uma mão em alto para mantê-lo afastado. Finalmente se rendeu e se deixou cair em uma cadeira com uma mão sobre a frente. –Eu não posso ser sua esposa.

– Por quê?

Seu olhar refletiu o carente de engenho que ela o encontrava. – Porque sou uma Druidisa. Ou o esqueceste?

–Mas não tem que sê-lo. – ajoelhou-se frente a ela. –Somos feito um para o outro. Vais a negar isso?

Sacudiu cabeça, a luz do fogo fazia parecer seu cabelo quase vermelho. – E o que acontece com a profecia?

–Não importará. Eu vou matar a MacNeil. – Algo na maneira em que seus olhos piscaram o alertou que ela estava tramando algo.

– O que tem que seus votos? Se, Angus me contou isso. Você jurou proteger aos Druidas com sua vida, e jurou a sua mãe que encontraria a Iona. Sou sua única esperança de recuperar a Iona.

–Não necessito que me recorde meus juramentos. Estive sem poder dormir cada noite pensando neles.

Tocou sua cara delicadamente com a gema dos dedos. –Eu posso fazer que MacNeil devolva a Ailsa e a Iona.

–Não há nada que possa dizer ou fazer que me convença de te deixar ir a MacNeil. Posso trazer Ailsa e Iona de volta sem que você tome seu lugar.

Ela sorriu tristemente. –Sei.

–Então, está de acordo em ser minha esposa?

Silêncio. Logo, - Me deixe pensar nisso.

Levantou-a da cadeira e lhe tirou o vestido. – Pode pensá-lo enquanto estamos na cama.

 

A Sombra observou a Frang e a Moira enquanto conversavam. Seu tempo se esgotou. Os Fae estavam agora entre eles e quem sabia onde mais.

Tinha sido difícil plasmar um sorriso em sua cara quando os Druidas tinham sido informados que Conall e Glenna se haviam transado que suas almas agora estavam unidas.

Para todos os outros isto queria dizer que a profecia se estava inclinando a seu favor, mas ele não precisava destruir a MacNeil para ter todo o poder. Somente precisava ter a Moira a seu lado.

Suas mãos morriam com vontades de vagar sobre sua pele branca como o leite e ver se os cachos entre suas pernas eram do mesmo matiz de ouro de seu cabelo. Nunca antes uma mulher o tinha atraído como Moira, e ela nem sequer sabia o que lhe tinha feito.

Mas logo saberia. Uma vez que sua irmã estivesse fora do caminho. Seria fácil. Logo Glenna faria seu sacrifício e se trocaria ela mesma pela Iona e Ailsa.

Riu em silêncio e isto ganhou um olhar de desaprovação da sacerdotisa que estava a seu lado. Ignorou-a e pensou em Iona. Conall tinha muito para aprender de sua irmã, e era duvidoso que gostasse do que tinha averiguado.

Uma espetada em seu pescoço lhe fez saber que um Fae estava detrás. Deu-se volta e encontrou não um Fae, se não ao guerreiro Druida, Dartayous, olhando-o fixamente com um suspeito brilho em seus ferozes olhos azuis.

Inclinou a cabeça para o guerreiro e se girou quando Frang começou a lhes falar.

 

–Ah, Gregor, – disse MacNeil e se esfregou as mãos. –Perguntava-me quando retornaria. Embora, devo dizer que não gostei que assassinasse a um de meus soldados.

Gregor chiou os dentes com a menção do soldado. O que tinha esperado MacNeil que fizesse quando o soldado tinha tratado de lhe tirar a Ailsa?

Mas estava decidido a chegar ao final disto sem mostrar a MacNeil seu temperamento. Em lugar de deixar que sua boca lhe cuspisse se encolheu de ombros.

MacNeil cacarejou. –Teve êxito em ganhar a confiança de Conall. Mas parece haver um pequeno problema.

Gregor cruzou os braços sobre o peito e deixou que seus olhos vagassem pelo pobre salão. O Castelo MacNeil era deprimente em comparação com o de Conall, e lhe chateou que Conall se entremetesse em todos seus pensamentos. – Qual seria o problema?

–Effie me diz que mudasse.

– De verdade?– Suspirou Gregor e se apoiou contra a parede. Sábia que mostrar compaixão a Ailsa faria que Effie suspeitasse. – E quando começou a acreditar nas mulheres?

–É um mercenário, Gregor. Não tem sentimentos. Isso é o que disse a ela. Só se assegure de não cruzar em meu caminho. Não quereria estar no lado equivocado.

Gregor se mordeu a língua. Não faria nada para matar a MacNeil porque então nunca lhe pagariam e necessitava esse dinheiro. Tinha esperado o tempo suficiente para isso.

MacNeil mostrava o cabelo mais cinza do que recordava. Também observo que o nariz de MacNeil não tinha sido colocado em seu lugar. Com um gesto da mão, indicou a Gregor que lhe seguisse para uma câmara privada. MacNeil colocou a mão no peito. Voltou-se e tilintou a pesada carteira.

Gregor fechou as mãos antecipadamente. Seu dinheiro. Desejava isso, mas MacNeil o atirou longe.

–Ah, ah, ah, – disse MacNeil e sacudiu um dedo ante ele. –Seu trabalho não está realmente terminado.

Foi tudo o que Gregor podia fazer não grunhir sua frustração. – O que quer agora?– O sorriso de MacNeil desapareceu, com olhos letais. –Retornará com Conall.

–A esta hora sabe que levei a Ailsa. Não há forma de que volte a confiar em mim outra vez.

MacNeil se encolheu de ombros. –Pensará em algo. Uma vez que eu chegue até a Glenna, atacará do interior. Quero que Conall veja que tenho feito o que outros não puderam.

Gregor estendeu uma mão, a outra pronta para agarrar a adaga escondida em seu cinturão.

–Quero meu dinheiro. Agora.

–Sabia que eu gostava, – disse MacNeil e lhe lançou a bolsa.

Sem demora, Gregor saiu do castelo e montou em seu cavalo. – Sei que está cansada, – disse à égua.

–Eu também, mas parece que não vamos ter nenhum descanso.

Tomou as rédeas e girou o cavalo. Enquanto o fazia divisou ao Effie, com um sorriso de satisfação na cara. Ela sabia, como ele, que Conall nunca voltaria a lhe dar sua confiança, e o mais provável era que lhe matasse.

Gregor suspirou. Fez retrocede as rédeas e se sentou durante um minuto. Uma comoção detrás de lhe disse que MacNeil tinha entrado no muro exterior do castelo. Sentia a necessidade de tranquilizar a Ailsa, lhe dizer que seria devolvida a seu pai, mas Gregor não o podia fazer. Fez uma promessa similar a sua irmã.

Não era o guardião que custodiava coisas preciosas como garotinhas. O destino lhe tinha demonstrado isso com a morte de sua irmã. Mostrava-lhe outra vez que não tinha a maneira das manter a salvo.

–Gregor, – chorou Ailsa.

Pela esquina do olho viu o Effie contendo-a enquanto lutava por liberar-se. As lágrimas lhe corriam por sua cara suja lhe recordando a sua irmã.

Apertou seus olhos fechados e pela primeira vez em anos suplicou a qualquer deus que lhe escutasse que o ajudará. Tinha trabalho que fazer, e não tinha outra opção que fazê-lo. Com uma joelhada leve de seu talão pôs a seu cavalo rapidamente e fez ouvidos surdos aos gritos da Ailsa pedindo sua ajuda.

MacNeil tinha esperado pacientemente enquanto Gregor se sentava em cima de seu cavalo. Tinha esperado que o mercenário agarrasse a Ailsa, mas, infelizmente, o que tinha feito era seguir cavalgando.

–Pensei que me poderia machucar, – ronronou Effie a seu lado.

–Esperava que o tentará. Passou tempo desde que vi um pouco de ação. – Os olhos do Effie se ampliaram com alarme. – Teria deixado que me machucasse?

MacNeil riu e aplaudiu a bochecha. –Claro que não, meu amor, – mentiu ele.

–Gregor levaria por diante a muitos de meus homens, mas lhe teria detido antes de chegar a ti.

–Amo seu poder. – Effie se esfregou contra ele.

– Gregor não satisfez seus apetites?

Ela se sacudiu fortemente. – Como…? Não, não o fez.

MacNeil arqueou a frente. Então, ela não ia negar o. Ela queria poder, e ele queria filhos. Fariam um bom par, eles dois. –Vamos.

– E a menina?

Percorreu com o olhar a Ailsa que em silêncio ainda olhava como partia Gregor. Com um movimento da mão chamou um guarda. –Leve-a à torre e ponha sob chave.

–Sim, meu Laird. – O guarda baixo e lançou a Ailsa sobre o ombro. MacNeil levantou a cabeça e encontrou o olhar de Ailsa fixa nele. Lhe causando um arrepiou que desçeu por sua coluna vertebral. As crianças não deveriam conhecer tal ódio, pensou, mas ignorou a advertência de seu olhar.

 

O Fae escondido entre os humanos se separou em dois grupos. Um grupo seguiu a Ailsa para assegurar sua segurança e o outro seguiu a Gregor.

O tempo era primitivo para o grupo que seguiu o passo de Gregor enquanto cobravam velocidade acampo través. Cada um deles conhecia seu dever, e para preservar a profecia fariam o que for necessário para assegurar que as pessoas envolvidas estivessem fora de perigo.

 

Conall não poderia acreditar no que via. Recostou-se sobre as almenas e piscou.

Debaixo, Gregor sentado em cima de seu cavalo e pedindo entrar. Tinha passado quase cinco dias desde que Ailsa tinha sido capturada, e desde esse momento Conall tinha estado ocupado preparando a seus homens.

–Sua audácia me assombra, – gritou Conall abaixo. – Tem desejos de morrer?– Ardia em desejos de desafiar a Gregor.

Gregor levantou a loira cabeça. – Não é sua maneira de atuar compulsivamente. Não quer saber quem levou a Ailsa?

–Você lhe levou.

–Não. Segui aos que o fizeram.

Ele estendeu a mão com seus poderes mas não puderam lhe dizer a essa grande distancia se Gregor lhe enganava ou não. Amaldiçoou. Gostava de Gregor, mas podia aproveitar a oportunidade de ver se estava enganado e se Gregor não levou a Ailsa.

–Ajudou-te quando chegou MacNeil, – disse Glenna enquanto chegava seu lado. –Se seguiu a quem quer que levou a Ailsa, não teve tempo de te dizer aonde ia.

Conall ficou com o olhar fixo em seus escuros olhos dourados. –Isso é o que eu gostaria de acreditar.

– Se não estar seguro mantén a Angus lhe vigiando. Tanto como odeia usar seu poder, penso que agora seria um bom momento.

Negou com a cabeça e a deixou pensar que era a aversão a seu poder o que lhe mantinha sem usá-lo. Com um sinal da mão indicou a seus homens que deixassem entrar Gregor.

–Vamos, – disse e tomou sua mão. –nos inteiremos se foi Effie quem nos causou tanto dor.

Alcançaram o muro exterior do castelo enquanto Gregor desmontava e dava seu cavalo a um menino do estábulo. Conall esperou que dissesse algo, mas Gregor permanecia ali, os braços sobre o peito, e esperado.

–Penso que isto não deveria fazer-se diante do clã inteiro, – disse Angus e passou roçando a Gregor, golpeando seu ombro.

Conall sorriu abertamente a Glenna quando advertiu que a mandíbula de Gregor se esticava.

Uma vez que estiveram sentados na grande sala e as bebidas gastas, Angus se inclinou para frente.

– E bem? Não fique sentado em silêncio, homem, nos diga o que aconteceu antes que rache em tiras sua garganta.

Gregor se sentou com as pernas estiradas diante dele, as mãos agarradas. Encolheu-se de ombros.

–Sentirá-o se o tenta, Angus. – Voltou os olhos negros para Conall.

– Por onde você gostaria que começasse? Quando cheguei e comecei me deitar com o Effie, ou quando a vi capturar a Ailsa e a segui.

Conall estava de pé e começou a passear-se. – Sabia. Então, é o homem com o que ela se deitava, mas ao que ninguém podia lhe pôr uma cara.

–Sim, me ofereceu, e não sou um homem que deixei passar tal oferta. Não foi até mais tarde que deixou ver quanto odiava a Glenna.

Conall se voltou e olhou a Glenna. Ela pôs as mãos sobre a mesa e se umedeceu os lábios. – É a que tratou de me matar?

Gregor negou com a cabeça. –riu a respeito disso, mas admitiu que não foi ela. Embora saiba quem o fez. Tratei de obter a informação, mas não pude.

– Alguma vez averiguou tudo o que sabia?– Exigiu Conall.

–Estava-o conseguindo. Mas seria estranho se mostrasse tal interesse em Glenna. Effie esta muito ciumenta dela.

Conall se sentou e passou uma mão pelo cabelo. Tinha estado indagando com Gregor para ver se mentia ou não, mas até agora não tinha sido capaz de dizê-lo. Gregor sempre tinha sido difícil de ler, mas agora estava completamente fechado.

–Me conte sobre a Ailsa, – disse precisando saber que ela estava a salvo.

–Não esta machucada. Assegurei-me disso. Effie a levou com o MacNeil. Tem a intenção de intercambiá-la por Glenna. Ela estará a salvo.

– Como descobriu isto?– perguntou Glenna.

–Sabia que Effie tinha estado atuando de maneira estranha, e quando Conall me pediu que interrogasse os guardas a vi partindo do castelo e decidi segui-la.

–Deveria ter enviado a alguém por mim, – disse Conall, a cólera aumentando com o Gregor por tomar o assunto em suas próprias mãos. Depois de tudo, esta não era a família de Gregor, era a sua.

–Era meu plano até que a vi agarrar a comida da cozinha. Segui-a o resto do dia enquanto recolhia suas coisas. Assumi que tinha intenção de deixar o clã.

Angus fechou de um golpe as mãos sobre a mesa. –Está mentindo– Dando a volta de sua entupida cabeça para Conall. – Não é assim?

Conall leu a urgência na expressão de Angus. Encolheu-se de ombros e se voltou para o Gregor, com a esperança de que Angus não o empurrasse. –Termina.

Gregor cravou os olhos em Angus durante um momento antes de continuar. –Essa noite enfrentei a Effie quando a vi meter-se às escondidas no bosque. Ela me disse do que se tratava, e sabia que para que Ailsa permanecesse viva tinha que atuar como se estivesse envolvido.

A cabeça de Conall começou a lhe doer enquanto lhe ouvia. Toda sua vida tinha dado o obvio a seu poder. Agora quando precisava saber se Gregor estava mentindo pela segurança de seu clã não podia dizer nada.

Nada. E quanto mais severamente o tentava mais lhe pulsava a cabeça.

– Retornou com o MacNeil?– perguntou Glenna. –depois do que fez teria pensado que estaria morto.

Os lábios do Gregor se curvaram pelos lados. –MacNeil pensa que me há devolvido aqui para lhe ajudar quando vier por ti.

–Conall, por que em nome de São Pedro não há dito nada?– Angus gritou enquanto ficava de pé –Não faz nada mais que sentar-se aí. Está Gregor mentindo ou não?

Conall não podia encontrar-se com o olhar do Angus. Em lugar disso manteve os olhos no piso.

–Preciso pensar.

Sem outra palavra se levantou e subiu pelas escadas. Sabia que Glenna entenderia. Uma vez que entrou em sua câmara caminhou para a janela e contemplado o céu de noite.

Glenna se umedeceu os lábios e fechou a porta detrás dela. – Conall? O que aconteceu?

–Não posso dizer se esta Gregor mentindo.

Agora entendeu por que não havia dito nada para contradizer a Gregor. Sua ansiedade e seu medo a golpeavam como uma parede de pedra. Fez-lhe caso omisso e caminhou para ele.

– O que vais fazer?

– O que posso fazer?– Perguntou e girou em torno de sua cama. –Necessito sua espada, mas ao mesmo tempo pode ser um traidor. É um mercenário pago depois de tudo.

Ela colocou uma mão em seu ombro. –Talvez te esforça muito ao lhe ler.

–Me pergunte algo.

O olhar prata subiu até seus olhos. – Deixará aos Druidas?

Ela tragou de repente, assustada de que lhe pedisse algo nesse sentido. –Sim, – mentiu. Durante um momento ficou olhando-a logo sacudiu a cabeça. –Não posso dizê-lo, – disse e se colocou as mãos sobre a cara. –Agora, quando mais o necessito me abandona.

–Abandonou o caminho dos Druidas faz muito tempo, – recordou-lhe ela.

Sua cabeça estava chateada pela pressão, e seus olhos brilhavam intermitentemente de cólera.

–Assim que o que sugere que faça?

–Confia em seus instintos. Você gosta de Gregor. Pensa que é capaz de aceitar a oferta de MacNeil?

Encolheu os grandes ombros e se desabou sobre uma cadeira. –A verdade é que não conheço muito a respeito de Gregor exceto o que me há dito. Quero acreditar que é um bom homem, mas não muitos mercenários o são.

Esperou a que Conall dissesse algo mais, mas estava ensismado. Silenciosamente saiu do quarto e se dirigiu em busca de Moira. Possivelmente elas poderiam ajudá-los nesta merda que cobriu ao redor deles.

Concretamente porque Conall não podia já usar sua habilidade. Era estranho como seus poderes tinham crescido enquanto os dele se debilitaram até extinguir-se.

 

Uma vez que Glenna entrou no bosque, tranquilizou-se. Mas não podia tomar tempo para sentar-se entre os antigos carvalhos e acalmar sua alma agitada. A vida das pessoas estavam em jogo.

Ela se moveu dentro do círculo de pedra, assombrada uma vez mais da serenidade e da tranquila beleza dentro das pedras. Seus olhos procuraram até que encontrou a Moira sentada com alguns meninos pequenos. Moira levantou os olhos e a saudou com uma inclinação da cabeça. Depois de falar umas poucas palavras com outro Druida, ficou de pé e caminhou para Glenna.

–Algo te preocupa, – disse Moira e procurou a mão de Glenna.

Glenna fechou os olhos enquanto a mão fria de Moira tomava a sua. –É Conall.

–Descansa sua mente, – disse Moira.

Imediatamente todas as preocupações que se formavam redemoinhos na cabeça de Glenna desapareceram e a paz reinou outra vez. O caos foi substituído pela ordem.

Abriu os olhos. – O que fez?

–Te ajudar a esvaziar sua mente. Não pode ajudar a ninguém se sua mente não estiver clara. Essa é uma lição muito importante a aprender. Se pode limpar sua mente nem MacNeil nem ninguém em realidade, pode ter o controle de suas emoções.

Este era só outro aviso de que ela devia afastar-se para aprender. Tanto que aprender, tão pouco tempo. Estaria preparada para MacNeil? Poderia arriscar as vidas do clã de Conall?

–Terei que trabalhar sobre isto.

–Então, – disse Moira e se sentou sobre uma rocha lisa. Ela aplaudiu o espaço a seu lado para que Glenna se sentasse. – Conall perdeu seu poder. Perguntava-me quando passaria.

– Como soube que…?

–Quando limpei sua essa mente era uma das preocupações mais fortes dentro de ti. Não podia menos que sabê-lo.

Glenna suspirou e se defendeu da ardência das lágrimas. – Há algo que ele possa fazer?

Moira negou com a cabeça. –Surpreende-me que o poder tenha permanecido com ele por tanto tempo. Uma vez que uma pessoa renega de seu sangue Druida sua mente recusa lhes deixar acreditar que têm qualquer habilidade especial.

–Em outras palavras, é só recentemente que Conall realmente se tornou contra os Druidas, apesar de suas palavras.

–Exatamente.

–Não entendo porque agora.

– Não? – Moira perguntou e a olhou atentamente.

Então isto golpeou a Glenna. Sua boca aberta em negação. Ela se umedeceu os lábios. – Por mim?

Moira assentiu. –Te ama, mas é algo que despreza por cima de tudo.

–Uma Druidisa, – disse Glenna. A tristeza a embargou. Sabia que era certo, e apesar de suas objeções sabia que isto era o que acontecia.

–E enquanto estas aprendendo e crescendo em seu poder é um aviso do que ele não pôde ser.

Ela pensou sobre isso durante um momento antes de perguntar, – Seu poder, pode ser devolvido?

–Só se tiver uma razão para acreditar em seu sangue Druida novamente.

–Isso não acontecerá nunca, – disse Glenna. Tinha esperado ser capaz de levar a Conall algumas boas notícias.

–Jamais diga alguma vez. Não pode pensar em uma pessoa que pudesse lhe dar uma razão para acreditar?

Glenna se deteve nos olhos verdes de sua irmã. Uma imagem dela e Conall rindo e sustentando um bebê cintilou ante ela. Ela sacudiu sua cabeça e olhou a Moira. –É verdade que me quer como esposa, mas só se renunciar ao caminho Druida.

–Não abandone a esperança, – advertiu Moira. – Sem esperança não há nada. Ama-o?

–Tanto que morreria por ele.

–Esperemos que não cheguemos a isso.

 

Conall se parou no alto da torre redonda e observou quando Glenna passou pelo pátio das cavernas. Não necessitava a visão para saber que tinha ido ver a Moira, e pelo cabisbaixa que se via soube que as notícias não eram boas.

Com um suspiro olhou a terra que tinha pertencido aos MacInes durante centenas de anos. Desde o começo seus antepassados tinham aceitado e tinham oculto aos Druidas do perigo, e se esperava que o Laird se casasse com uma deles.

Ainda assim não podia fazê-lo.

Não podia negar que sua alma desejava ardentemente ter a Glenna a seu lado pelo resto de suas vidas, mas seu coração se recusava a passar por cima que era uma Druida.

Estava também isto. Os Druidas tinham sido quase varridos de Escócia, e o resto se ocultou temendo por suas vidas. Não, não seguiria a seus antepassados. Sua esposa não seguiria aos Druidas, Se asseguraria que isso não passasse.

Seus próprios olhos encontraram a Glenna, sua magra figura parada ao lado de Angus. Ela era perfeita para ele. Sua companheira. E seu coração e sua alma sabiam. Ela também saberia se escutasse seu coração.

Seria sua esposa, e governaria seu clã sem nenhum poder. Não necessitava esse poder. Seu instinto o guiaria.

 

Glenna olhou ao redor do pátio enquanto o clã de Conall se preparava para uma invasão. As emoções estavam atadas fortemente ante a perspectiva da chegada de MacNeil.

Muitos do clã ainda não a consideravam favoravelmente, mas eles já não abrigavam ódio em seus corações. Disso ela estava muito agradecida.

– Perdeu seu poder, certo?

Ela olhou a Angus, seus olhos cor avelã enrugados de preocupação.

– Perdido o que?

–Não pode dizer se Gregor está mentindo, verdade?

Não sabia se lhe dizer ou não a verdade a Angus, mas ao final ela sabia que o averiguaria.

– Sim, se foi.

Acariciou-se sua vermelha barba e seguiu a Gregor com os olhos. –Então teremos que nos assegurar que lhe seja devolvido.

Ela não pôde deter o sorriso que se estendia por seu rosto. –Exatamente meus pensamentos.

–Vá falar com ele. Vai dizer que não necessita nenhum poder, mas sei que está mais preocupado do que gostaria de admitir. Está refletindo no alto desta torre. Eu ficarei aqui e me assegurarei que Gregor não fuja.

–Gregor não partirá Angus. Confia em mim sobre isso.

–Desejaria fazê-lo, moça. – Disse tristemente.

 

Glenna alcançou o topo da torre, ofegante. Apoiou-se contra uma parede e se esforçou por levar suficiente ar a seus pulmões depois dos muitos degraus tortuosos que teve que subir.

Olhou para cima e encontrou a Conall observando-a. Um ombro estava apoiado contra a pedra e seus braços estavam cruzados sobre seu musculoso peito. Uma rajada de vento açoitou ao redor deles, e ela desejou ver seu cabelo desatado e voando no vento.

– Tinha Moira algo que dizer?

Ela ignorou sua pergunta e se separou da parede. –Angus tinha razão. Está refletindo.

–Não estou meditando. – disse-lhe e se voltou de costas.

Ela parou a seu lado e olhou as terras. – Nunca tinha estado nesta torre. O lago é minha paisagem favorita, mas esta vista é magnífica.

Conall fez uma breve olhada sobre Glenna.

–O lago me dá um pouco de consolo, mas observar a seu clã é bastante intrigante. Acredito que a próxima vez subirei aqui para te ver treinar.

– Me observa treinar?

Glenna deveria haver-se mordido a língua. Nunca tinha querido que soubesse que ela o observava.

–Em ocasiões.

Ele riu, o som agradava a sua mente e a seu espírito. –Não necessito meus poderes para saber que está mentindo.

–OH, está bem. Eu gosto de olhar, – confessou ela. Mas nunca lhe diria que vendo as ondulações de seus músculos fazia que seu coração palpitasse e seu corpo suasse.

–Então terei que fazer algo extra para ti de agora em diante.

Ela arriscou uma olhada e encontrou um genuíno sorriso sobre sua formosa cara. Seus olhos encontraram seus lábios e esqueceu tudo exceto como eles se sentiam sobre seu corpo.

–Não me olhe assim, – advertiu-lhe brandamente.

Ela pôs em sua cara o que esperava que fosse um olhar inocente e perguntou, – Assim como?

–Como se queria me devorar.

Ela atirou seu cabelo sobre seu ombro como tinha visto uma mulher fazer ontem e voltou a olhar para o pátio. –O que acontece é que quero te devorar.

A decepção a golpeou quando não lhe disse nada. Obviamente seu intento de ser coquete não resultou. Definitivamente teria que trabalhar em suas habilidades de paquerar, pensou tristemente.

De repente o duro corpo do Conall a pressionou por detrás e a boca lhe fez coisas deliciosas a seu pescoço enquanto as mãos agarravam seus quadris e a puxava contra ele.

–Você não pode dizer coisas assim e não esperar que eu faça algo, – sussurrou-lhe antes que sua língua riscasse sua orelha.

Ela se estremeceu. O corpo lhe ardia por estar unida com ele outra vez. Era só meia pessoa quando estava longe. –OH, certamente quero que faça algo.

–Você tentaria a um santo, – Girou-a para olhar-la de frente. –Está bem. Admito-o. Estava pensando, mas já não. Nunca posso pensar quando você está perto.

Sorriu e seu coração deu um pequeno salto. –Então é bom que tenha subido até aqui.

–Você veio porque viu a Moira.

Os olhos chapeados sustentaram os dela e esperou. Não queria dizer-lhe tudo, mas pôde ver que a pressionaria até que lhe confessasse totalmente. – Sim, a vi. Eu queria saber por que perdeste sua habilidade.

–Porque me voltei contra os Druidas.

–Assim é.

–Então me explique, por que o tive até agora? Reneguei os druidas faz muito tempo, – disse e passou uma mão pelo cabelo.

Ela odiava vê-lo ferido, e debateu se lhe contar tudo o que Moira havia dito. Ao final, ela sabia que tinha que dizer-lhe. – Moira diz que é por mim. Que eu te recordo o que você quis ser.

– Posso recuperá-lo? – Perguntou o ignorando suas palavras.

– O quer de volta? Eu pensei que o detestava. –Não teria estado mais surpreendida se lhe houvesse dito que queria fazer-se um Druida.

–Nunca o quis, mas agora que se foi…

Ela pôs uma mão em sua bochecha. –Você é um grande Laird. Não necessita nenhuma habilidade especial para liderar o seu clã, e eles sabem.

Sua cara se suavizou em um pequeno sorriso. –Espero que tenha razão.

–Pois claro que a tenho. Um Druida sempre a tem.

O sorriso de Conall se alargou antes de reclamar os lábios de Glenna.

 

Essa tarde depois de jantar, Conall se sentou com Angus para planejar sua estratégia contra MacNeil. O salão estava tranquilo, o qual lhe sentava muito bem.

–Sei que Glenna vai tentar algo.

Angus assentiu e a viu sentada perto do fogo. –Acredito que tem razão, mas fora de trancá-la em seu quarto não sei o que mais fazer.

–Terei que pensar em algo. Estão os homens preparados?

–Sim. As pessoas também foram advertidas e estão prontas para qualquer ataque surpresa.

Conall assentiu. –Precisamos conseguir colocar tanta gente como podemos dentro destas muralhas.

–Está-se fazendo.

Conall olhou de perto de seu amigo. Angus queria dizer algo. –Só cospe-o.

–Poderíamos usar a ajuda de Frang e Moira nisto.

–Não.

–Não está sendo razoável, Conall, – vaiou Angus. – MacNeil fará tudo para conseguir o que quer. Seu pai teria pedido sua ajuda.

–Eu não sou meu pai, – disse Conall.

–Isso é seguro. É um grande Laird, mas não cometa enganos justo agora porque mantém um ressentimento contra os Druidas.

Conall ficou pensando nas palavras de Angus depois de que partiu. Estava confundido por dentro, e o que tinha parecido correto ontem, hoje não o era. Seu clã necessitava um Laird que tomasse as decisões apoiado em seu bem-estar. Não sabia se ainda era esse homem.

Glenna captou sua atenção quando se levantou de sua cadeira perto do fogo e lhe aproximou sorridente.

Sua mão pequena deveu descansar sobre seu ombro. –As decisões serão difíceis de tomar sem uma mente clara.

–Suponho que os Druidas lhe ensinaram isso. – logo que as palavras saíram de sua boca as lamentou. –Glenna, eu…

–Shh, – disse e pôs um dedo sobre seus lábios. –É verdade que isto aprendi de Moira, mas é certo, independente de quem me tenha ensinado isso. Está fazendo isto mais difícil para ti.

– Como é isso?

–Você não pode ver nada exceto seu ódio pelos Druidas. Realmente não sei como pode suportar me olhar.

O desejava pôr a um lado seu passado e pensar claramente, mas não podia. Era um Laird, um guerreiro. Não um Druida.

Por um comprido momento olhou fixamente nas profundidades marrons. Havia-lhe dito que renunciaria aos Druidas, mas realmente lhe tinha dito a verdade?

Ansiava poder lhe falar de seus sentimentos, mas as palavras se obstruíam em sua garganta. –Necessito-te.

–E eu necessito a ti. Sempre o farei. Por favor, recorda-o.

Sujeitou-a pela mão quando começou a retirar-se. –Perdi-os a todos. Não poderia suportar te perder a ti também.

–Eu sempre estarei aqui. – Além disso, terá a Ailsa e a Iona de volta. Lhe prometo isso.

Parou-se e a olhou de frente. –Necessito uma promessa de ti. Quero que permaneça longe de MacNeil. Trarei Iona e Ailsa para casa, mas não poderei fazê-lo se estou preocupado por ti.

–Não posso te dar essa promessa. Você necessita minha ajuda embora não o admita.    

 

Aimery baixou a vista para Moira e lamentou não poder aliviar a dor dentro dela. Apesar da tranquilidade que a pedra trazia para os Druidas havia uma agitação nela que não podia ser acalmada. Em troca, ele se concentrou na tarefa que tinha entre mãos. Inalou profundamente e olhou ao redor do círculo de pedra e aos Druidas.

–O traidor está muito perto. Também é bastante poderoso para encobrir-se, tanto que ainda não posso dizer quem é.

Os olhos do Frang se alargaram. – Um Druida?

–Glenna disse outro tão quando explicou o da tatuagem, – disse Moira.

–Sei. Só que não quis acreditá-lo. – Frang se apoiou contra uma pedra. –Poucos Druidas têm o poder de proteger-se dos Fae. Nem sequer eu posso dirigi-lo por um comprido período de tempo.

Aimery pôs sua mão sobre o ombro do Frang. –Não te culpe. Além disso, não estou tão seguro de que seja um Druida. Este homem tem feito de tudo para cobrir seus rastros. Mas tem que ser encontrado logo. Já tentou matar a Glenna uma vez. Temo que o fará de novo.

– O que acontece com Moira?– perguntou Frang.

Moira negou com a cabeça. –Estou a salvo. O traidor teve muitas oportunidades de me matar enquanto estive no círculo. Não o tem feito, o que me leva a acreditar que isto não tem nada que ver com a profecia.

–OH, mas o faz, – declarou Aimery. Ou ele não sabe que você é a irmã de Glenna, ou pensa que é um objetivo mais fácil.

Frang suspirou. –Nenhumas das duas possibilidades são boas.

–Tenho a muitos dos Fae já entre vocês, e eles ficarão até que isto tenha terminado.

Aimery se voltou para Moira. –Te assegure de que Glenna esteja preparada.

–Estará preparada, – declarou Moira.

Aimery sorriu e assentiu. Moira sustentava a maior parte de seu poder a raia, mas viria o tempo em que ela soltaria sua força completa e se asseguraria de estar ali para vê-lo.

–Tenho fé em ti.

Os olhos de Moira se dirigiram a outra parte e olharam a alguém. Aimery não precisava dar-se volta para saber que Dartayous estava parado aí. O guerreiro era o melhor entre eles, razão pela que Aimery o mantinha aqui. Essa e outra razão, pensou com um sorriso enquanto observava a Moira.

–No caso do traidor realmente viesse detrás de Moira, quero a Dartayous perto.

Os olhos da Moira se estreitaram. –Eu posso cuidar de mim mesma.

Aimery ocultou um sorriso e girou sua cabeça para ver como as sobrancelhas de Dartayous se elevavam em interrogação. –Certo que pode, mas Dartayous sabe o que procurar. Necessito que te concentre em Glenna. Deixa que Dartayous cuide de ti.

Sabia que Moira queria opor-se, mas Frang tinha posto seu braço a seu redor. Por agora ela aceitaria a Dartayous, e isso era tudo o que importava.

 

A noite tinha vencido ao sol, mas Glenna não conseguia pregar o olho. Rememorava a conversação que tinha mantido com Iona no breve tempo em que estiveram juntas. Em todas as advertências que lhe tinha feito Iona, não tinha mencionado nada a respeito de ter o coração partido em dois. Seu coração lhe doía com a decisão que teve que tomar, e não sabia quanto tempo mais passaria antes que Conall exigisse uma resposta.

Glenna quase riu da ironia de haver-se apaixonado por seu sequestrador.

Desde o começo lhe tinha confiado sua vida e desde fazia muito pouco seu coração. Mas uma pergunta lhe rondava a mente. Trocaria MacNeil por sua irmã e sua filha? Tinha dito que não, mas se isto chegasse ser definitivo não estava tão segura. Depois de todo lhe tinha feito um voto a sua mãe e todos sabiam como se comportava Conall ante uma promessa. De uma só coisa estava segura, que não mataria a MacNeil.

Seu coração sabia este fato, mas era uma loucura tentar dizer-lhe a Conall. Era um Laird, um guerreiro, um homem acostumado a não escutar as mulheres, sobre tudo às Druidas. E ela era todo isso de uma vez.

A inquietação a matava.

Não podia olhar a cama sem pensar em Conall. Uma caminhada aliviaria tanto sua mente como seu coração.

Não foi até que esteve de pé no escarpado perto do lago, quando o viu. Ao causador de suas insônias.

O homem nadava com energia, a água brilhava pela luz da lua. Levantou-se e sacudiu a cabeça salpicando pequenas gotas de água ao seu redor.

Tentou tragar, mas não pôde. Ele levantou os braços e jogou o cabelo para trás de sua esculpida cara. Sua frente mostrava sinais de preocupação.

Seus pés a levaram até a borda do lago. Suas mãos não duvidaram quando tirou a roupa, ele levantou a cabeça quando entrou na água.

Nenhuma palavra foi pronunciada entre os dois quando se dirigiu aonde ele estava. A necessidade recarregava o ar. Aproximou-se dela quando esteve o suficientemente perto e a puxou contra seu peito. Seus corpos se uniram freneticamente procurando a comodidade que só eles podiam dar-se.

Juntaram as bocas, em um intento por acalmar seus agitados corações.

Não podia obter o suficiente dele, nunca podia. Suas mãos se moveram por seu corpo nu como se reconhecesse cada centímetro de pele.

Inclinou-se para trás quando sentiu sua boca delineando seu estômago.

As estrelas resplandeciam no céu sem nuvens, e a lua cheia se via branca e arredondada.

Conall olhou para baixo, à mulher que tinha entre seus braços, seu cabelo escuro se ondulava sobre a água. Olhou-o e se perguntou sobre seus pensamentos.

Tanta dor.

– Chegará o momento em que não tenha que preocupar-se dos MacNeil e os Druidas?

–Não acredito, – sussurrou– façamos amor e esqueçamos por um breve instante o mundo que nos rodeia.

Agora mesmo nem sequer importava se podia ler sua mente. Necessitava-a com urgência, que se incrementava cada vez que a tinha entre seus braços.

Já chegaria o momento da eleição, mas já sabia que não podia deixá-la ir.

E esse era o problema. Tinha-a tomado para que devolvessem a Iona, e agora Ailsa. Mas isso significaria perder a mulher que tinha seu coração.

Uma mulher que lhe tinha mostrado como ter esperança, pela primeira vez em meses, uma mulher que lhe fez sonhar com uma família e com o amor.

O que pensaria essa mulher dele se a entregava a MacNeil?

Mas sabia a resposta. O odiaria.

Embora tivesse que perguntar-se se Moira permitiria que ela fosse devolvida aos MacNeil. Se o que lhe havia dito era acerto, faria todo o necessário para manter a segurança de Glenna. Em cujo caso, talvez pudesse honrar os dois votos.

Glenna cavou com suas mãos a água, para deixar a cair por seu peito. Não permitiu que se inundasse mais em seus escuros pensamentos, quando se agachou e mordiscou seu ereto mamilo.

Não podia esperá-la, necessitava-a agora, desesperadamente ou explodiria. Levantou-a em seus braços e a levou a bordo da água. Ali lhe apresentou brandamente.

– Ah. Deve ser um Druida. – disse-lhe e se inclinou a beijar seu pescoço.

– por que diz isso?

– Porque leu a minha mente.

Envolveu seus braços ao redor de seu pescoço e a recostou seguindo-a na descida e se maravilhou com a suavidade de seu corpo debaixo do dele. Lambeu a água a seu redor ao tempo em que entrava nela.

Terminou muito rápido, intuía que Glenna tinha puxado dele. Embora certamente fosse sua imaginação. Sabia que tinha uma opinião muito dura a respeito dele. O amor nunca se mencionou, mas não lhe importava, porque uma força mais forte os atou.

Mas havia coisas que precisavam discutir-se. –MacNeil virá logo.

Ela suspirou e percorreu com a mão seu peito. – Não podemos fingir um pouquinho que não existe?

–Meus pensamentos se centram em me assegurar que o clã e você estejam seguros enquanto trato de recuperar a Ailsa e a Iona antes que as mate.

–Pensei que ia ser intercambiada por elas.

Ela havia dito a única coisa que não queria discutir. Mas não tinha eleição. –vou matar lhe.

–Não pode. Que acontece se o único meio para vê sua filha e irmã viva é as trocar por mim?

–Não há necessidade de pensar nisso, Glenna. Repito-lhe isso, vou mata-lo.

–Não é seu momento de matá-lo. Isso é para o que está a profecia.

Ele se apoiou sobre um cotovelo preocupado agora.

– Viu isso?

–Não tenho porque havê-lo visto. Sei que até a profecia seja cumprida o MacNeil viverá.

– Isso não é aceitável. – Disse sentando-se e apoiando as mãos nos joelhos. – Procurarei vingança pelo que passou a minha família.

Ela se inclinou. – E o que lhe fez à minha?

–Vou matar-lo, a profecia não significa nada para mim.

Afastou o olhar e ficou de pé. Recolheu sua roupa e então se voltou para ele.

–A profecia significa tudo para ti. É parte dela e se abrisse sua mente recordaria porque é tão importante.

Conall não a deteve quando se afastou a grandes passos. Sentiu a dor lhe percorrer todo o corpo por causa da tristeza, como nunca o havia sentido. Inclusive agora quando sua companheira estava tão perto, estava-a perdendo. Embora possivelmente nunca a tivesse tido, só tinha pensado.

 

Gregor viu a Glenna e a Conall do topo da torre norte. Possivelmente essas duas pessoas tivessem em mente permanecer juntos, mas o MacNeil estava no meio do caminho.

Era a primeira vez, desde que se foi de seu clã e se fez mercenário, que pensava a respeito do que fazia. Soube, que as coisas iam mudar, no momento em que Conall lhe salvou a vida. Para bem, ou para mau, incluso não sabia.

Mas a mudança tinha começado.

Seus pensamentos retornaram a Iona. Tinha-lhe perguntado a Effie repetidamente o que ela sabia, mas não obteve nada. Inclusive quando havia questionando a uns poucos guardas do MacNeil tinha descoberto pouco.

Agora tinha uma decisão que tomar. As pessoas não podiam destruir tudo a seu redor. Tinha rogado que o poder de Conall o detectasse como mentiroso e fizesse o correto, mas parecia como se os poderes de Conall lhe tivessem abandonado. Isso lhe deixava que tomasse suas próprias decisões.

Colocou a mão dentro da camisa e retirou o medalhão que pendurava ao redor de seu pescoço. Acariciou com seus dedos a cruz celta e o patrão, recordando a sua família.

O chiado de um mocho interrompeu seus pensamentos. Não pôde tirar-se de cima a sensação de que lhe estavam observando. Não se tratava de nenhum dos soldados de Conall, embora sabia que Angus não lhe tirava o olho desde que tinha retornado.

Não, era outra coisa.

Embora soubesse que Conall não acreditava na existência dos Druidas, Gregor certamente sim. O ar que lhe rodeava neste lugar parecia muito diferente aqui que em qualquer outro lugar. Era quase mágico.

Mágico? Agora sim que se estava convertendo em um homem transtornado.

Começou a afastar-se quando um brilho esbranquiçado, capturou sua atenção. Estava sendo vigiado por Moira.

Em um piscado se esfumou.

Estava surpreso, por que os Druidas lhe vigiavam? Podiam saber em que estava envonvido?

Trata-se de uma possibilidade a tomar em conta e teria que planejá-lo tudo cuidadosamente.

 

Os pés da Glenna voaram até o nemeton. Com os olhos cegados pelas lágrimas, permitiu que sua magia atirasse dela e empurrasse os ramos de árvore.

Então caiu de joelho, soluçando e chorando.

A lua se via através das nuvens e seus chapeados raios iluminaram a colina com seu etéreo resplendor. Sem o calor do fogo e os Druidas, o nemeton era completamente diferente do Beltaine. Também era muito diferente de quando ela tinha chegado durante o dia e tinha permanecido junto a Conall. As imagens de Conall atravessaram sua mente, como se tivesse chamado a revoltosas fadas. Estava de pé com as pernas trementes e caminhou muito perto da colina. Uma coruja escura gritou perto dela e afastou os temores de sua pele. Encontrou-a estalagem em um ramo da árvore. Pareceu-lhe estranho que uma coruja escolhesse um matagal com espinhos e matagal.

Com uma sacudida de cabeça para a coruja, começou a caminhar ao redor da colina. O que esperava que ocorresse, não sabia, mas depois de ter caminhado nove vezes ao redor da colina, tivesse sido feliz por ter à coruja gritando de novo.

Mas, por desgraça, não aconteceu nada.

Desabou-se no chão, e notou uma árvore que não tinha visto antes. Inclusive na escuridão da noite se podia ver a cor avermelhada de seus bagos.

–É uma grande árvore.

Glenna piscou ao encontrar-se que havia um homem apoiado sobre a árvore. Não tinha armas e não levava tartan. Seu cabelo era loiro, comprido e fluido, e seus olhos azuis brilhavam lhe recordando ao Fae do Beltaine. Era como Conall, mas com um ar diferente.

Reprovou-se a si mesmo, ter sido tão estúpida para afastar do castelo de noite, mas não por medo a esse homem, se é que era um homem.

– Quem é você?– perguntou e lentamente esperou que seus pés lhe funcionassem no caso de ter que escapar.

Ele sorriu.

–Esta árvore é uma velha árvore mágica de renome. Repele as forças do mal.

– Quem é você?

–Você me trouxe aqui.

O estômago de Glenna se revolveu. –Mas…

– O que é o que esperava? – Disse empurrando a árvore. – Uma grande entrada como o Beltaine! Isto é o que ocorre quando lhes visitamos.

Ela assentiu, sua mente tentando assimilar o que escutava.

– Me vai dizer por que me chamou?

A mente de Glenna ficou em branco. Havia tantas coisas que desejava lhe perguntar, mas que perguntava?

O Fae se aproximou até a árvore rodeando-o.

– Sabia que estas árvores estão associadas com a influência positiva das Fadas? Sua madeira a utilizam os Druidas para queimar no fogo mágico.

– Não sabia.

Dirigiu-lhe um triste sorriso, e lhe disse o que já sabia. –Nunca é tarde para aprender.

–Temo-me que já não vou aprender muito.

– Você e suas irmãs são dignas sucessoras dos Druidas, seus poderes se manifestarão e conseguirão vencer aos MacNeil.

– Pode ver o futuro?

–Poderia dizer que sim.

–Então... Por que não salvou a meus pais?– a ira que sentia começava a consumi-la por dentro.

Ele levantou as mãos e imediatamente deixou de estar zangada.

– Deve aprender a controlar a raiva. Seus inimigos podem usar-la em seu contrário– suspirou e olhou à escura coruja que seguia estalagem em um ramo– Quanto a seus pais. Não se previu. Aconteceu de repente e não tivemos tempo para detê-lo.

– Não entendo.

– Tinha um traidor no clã Sinclair.

Glenna se deixou cair de joelhos ao chão. O que parecia simples se complicou tudo.

– Acredito que não posso fazê-lo.

– Tem a força e a fortaleza dos que foram escolhidos.

Ela levantou a vista e o olhou. Seu sorriso era devastador, muito bonito, mas as lembranças de Conall a fizeram sorrir abertamente.

– O que é?

– Nós gostamos de ser chamados os do outro mundo, mas para alguns somos Fae. O que somos não tem importância. Aprenderá de nós mais tarde. Foi minha sugestão a Moira o que a levou a encher sua cabeça com excesso sem demora.

– Qual é o seu nome?

– Pode me chamar Aimery.

– Aimery– repetiu Glenna – Pode me ajudar?

– O que é o que desejas? Quer o amor de Conall? Ou desejas que te apague a memória?

– Pode fazer isso?

– Posso fazer muitas coisas. – disse com suficiência

– Eu quero.... eu quero...

Aimery riu.

– Deve pensá-lo bem antes de me chamar.

– Há muitas coisas que quero.

– Sei. – seu tom de voz mostrava tristeza. – Infelizmente não posso te ajudar em tudo.

– O que? Pensei que podia fazer magia.

– Sim, posso. Mas tem em seu interior a suficiente magia para cumprir seus objetivos.

Glenna apoiou sua cabeça entre as mãos. Em sua opinião, o peso do mundo estava em sua cabeça.

– Simplesmente não tenha tantas dúvidas a respeito de ti, e atua.

– Mas não sei ainda o suficiente.

– Tem tempo.

Quando voltou a olhar a Aimery este se foi.

– Lógico.– disse ela olhando-se a seus pés.

Com uma última olhada à colina, Glenna começou a caminhar de novo ao castelo com mais dúvidas das que tinha em um princípio.

 

Glenna tratou em vão de controlar seu crescente mau humor, e fazer caso omisso ao grande salão cheio de gente e das muitas pessoas que a escutaram em vão. Por mais que o tentava não podia pôr sua mente em branco.

Desde que entrou no salão para o café da manhã Conall lhe tinha informado.

A trocaria por Iona e Ailsa. A dor lhe tinha machucado mais do que tinha acreditado possível.

– Não te deixarei aí. – Disse como se diminua assim sua dor– Virei a te buscar.

Ela o tinha tentado tudo para lhe fazer mudar de ideia. Não lhe tinha dado muito bem.

– Posso te ajudar. – tentou-o de novo.

– Não posso me preocupar de se encontrar MacNeil ou não. Não posso fazer isso.

– Não. Quão único pode fazer é me dizer a verdade. Que você não me quer.

– Glenna. – Disse lentamente, apertando a mandíbula– Sabe que isso não é verdade.

– De verdade? Se de verdade me quiser como esposa não estaria disposto a me devolver ao homem que assassinou a meus pais.

– Glenna. – seu tom voltou a baixar e se aproximou até ela.

– Sou uma idiota por permanecer aqui e confiar em ti. Iona estava enganada. Não é o homem que me vai pôr em liberdade. – ela se deu meia volta disposta a fugir, mas um braço duro como o ferro a deteve.

– O que quer dizer com que Iona disse que te deixaria livre?– perguntou depois de volteá-la para ele.

Por um breve momento pensou em negar-se a responder, mas a dor que viu em seus olhos lhe fez mudar de idéia. Odiava-se a si mesmo, ela sabia que o homem tinha ganhado seu coração embora ela não ganhasse o seu.

– Iona me disse que viria um homem que me daria liberdade. Quando chegou e me tirou dos MacNeil eu idiota pensei que foi você.

Ele a olhou com fixidez.

– O que mas te disse?

– Que devia confiar a esse homem minha vida.

Afastou-lhe o braço e lhe deu as costas.

– Vai!

– O que? – perguntou temerosa de ter ouvido mau.

– Tem razão Glenna sou um monstro ao pensar em te devolver ao MacNeil em troca de minha família. Vai me Deixe!

– Como conseguirá a Iona e Ailsa? O que há do voto a sua mãe?

Ele golpeou a mesa com ambas as mãos.

– Já o pensarei. Merece alguém melhor que eu, e o demonstrei esta manhã.

Glenna abriu a boca para lhe dizer que estava enganado. Estava fazendo todo o possível para fazer retornar a sua família, e ela protestando tão egoistamente. Tinha-o perdido tudo e estava pensando nela somente, com seus poderes, podia livrar-se facilmente do MacNeil. Sabia.

Ainda, não havia dito nada. Deixava-a ir. E sabia que era para sempre.

Deu um passo para trás quando Conall se sentou em sua grande cadeira.

– Conall....

– Virá comigo.

Todos levantaram suas cabeças para encontrar-se a Moira de pé na soleira. Caminhava com confiança para a Glenna, uma confiança que Glenna invejava. Não esperava encontrar-se com Moira, de fato lhe surpreendeu que Conall não a expulsasse.

Em lugar disso Conall sacudiu a cabeça e disse.

– Quantas vezes tenho que dizer que não são bem-vindos.

– Seus antepassados se asseguraram que sempre existisse um lugar para os Druidas aqui. Não tem o direito de mudar isso.

Levantou-se tão rapidamente de sua cadeira que a atirou ao chão.

– Sou o Laird neste lugar. Se te disser que desapareça terá que fazê-lo.

– Terá que me matar primeiro.

Glenna se interpôs diante da Moira antes que Conall pudesse dizer algo mais.

– Morda a língua. – disse-lhe. – Não diga nada do que depois te arrependerá.

– Não a quero aqui.

– Por quê? Qual é a diferença entre ela e eu?

Piscou, com a frente sulcada por rugas.

– Há muita diferença.

– Não há nenhuma. – respondeu Glenna. De repente, ela sabia que Frang tinha razão. Conall nunca a deixaria ir sozinha. Essa era a razão pela que a tinha empurrado. Nunca ia admitir que não a fosse entregar ao MacNeil, mas não lhe permitia ir-se tampouco.

Só havia uma maneira de conseguir que a Iona e Ailsa retornassem, e ela era a pessoa indicada para tal fim. Por muito que lhe doesse, teria que deixá-lo.

– Moira tem razão. Vou com ela. Dessa maneira poderá combater aos MacNeil sem ter que preocupar-se por mim.

Ela se voltou e caminhou para a porta, antes de mudar de opinião. Não foi até que chegou às portas de entrada do castelo, quando se deu de conta que Conall não tinha tentado detê-la.

– Recorda o que te disse. – Disse-lhe Moira a seu lado– Não perca a esperança.

– Nem sequer o tentou... – não pôde terminar a frase.

– O orgulho o deteve. Se tivessem estado sozinhos as coisas tivessem sido diferentes. Tudo o desta manhã tivesse sido diferente.

– Fez tudo isto diante de todo mundo, para ter uma só eleição.

– Sim. Contava com que eu viesse por ti.

Seu coração ferido se partiu em dois e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Podia ter falado comigo. Podíamos ter trabalhado juntos em tudo isto, para que todos ganhassem.

– Essa é a parte que não entende irmã minha. Nem todo mundo pode ganhar e Conall sabe isso, você ainda tem que aprendê-lo.

Glenna se deteve e olhou a sua irmã.

– Sabe o que tenho feito?

– Deixou-o para vir comigo.

– Não. – riu com tristeza através de suas lágrimas– Me defendi. Tomei uma decisão e a cumpri.

Moira sorriu e passou um braço por seus ombros.

– Se for ser a esposa de um highlander deve ter uma forte coluna vertebral.

As palavras de Moira a alegraram um pouco.

– Nunca me aceitará como Druida.

– Nunca diga nunca. Isso é muito tempo.

– Deixou-me claro de novo sua opinião a respeito.

– É um Laird Glenna, toma decisões difíceis.

– Isto me envolve.

– É algo que terá que lhe ensinar. Não é fácil para os homens confiar nas mulheres. Eles pensam que podem fazer-se carrego de tudo.

– Quando na verdade a que se encarrega de tudo é a mulher.

– Sim.

Glenna olhou a sua irmã e viu através de seus olhos uma alma rasgada.

Assombrou-se. Durante todo este tempo se preocupou por si mesmo, quando sua irmã sofria tanto.

– Moira. – começou a dizer quando se deteve.

– Terá que dar-se pressa. MacNeil se aproxima.

 

A sombra seguiu de perto a Glenna e a Moira. Não havia maneira de matar a Glenna agora que estava com sua amada. Mas já encontraria a maneira, estaria pendente delas de qualquer maneira. A gente nunca sabia quando lhe apresentaria uma oportunidade.

Se tão só Moira não lhe regulasse esses sorrisos celestiais. Ela sempre foi amável com ele, mas também o era com todos outros.

Por que não lhe podia oferecer um pouco mais?

Logo que compartilhar um pouco de seu amor.

Mas o momento chegaria em que se desse de conta, e quando esse tempo chegasse não se perderia o olhar assombrado de Frang e de Aimery. Seria por tudo o que tinha sofrido.

Tinha que dar-se pressa, Moira tinha acelerado seu ritmo. Esperou que incluso não se deu de conta que a seguia.

Justo então divisou ao guerreiro, Dartayous. Tragou com dificuldade.

Não era nenhum segredo entre os Druidas que Dartayous e Moira não se levavam bem, e o fato de querer que a seguisse parecia desmentir isto. Que necessidade tinha que um guerreiro que as seguisse, sobre tudo um que a Moira não gostava.

Utilizou seu poder para proteger-se a si mesmo de olhares indiscretos. Tinha chegado a cinco passos de Dartayous, quando o guerreiro se deteve. Viu como Dartayous se deteve e olhou para os lados. O som do metal abandonando a capa chegou a seus ouvidos, e se atirou ao chão enterrando sua cara. Uma larga adaga se enterrou na terra onde tinha estado há uns minutos.

– Sei que está aí, traidor. – Disse Dartayous ao recuperar a adaga. – Pode invocar o manto que queira, mas não pode te ocultar de mim, Cheira a maldade. Buscarei-te e pagará com acréscimo tudo o que tem feito.

Esperou até que Dartayous desapareceu, então baixou seu escudo e se escondeu entre as árvores para que ninguém o pudesse ver. Teria que ser mais cuidadoso a partir de agora. Tinha sido uma grande surpresa descobrir que Dartoyous podia percebê-lo. Nenhum dos outros Druidas podia. Possivelmente Dartayous era mais poderoso do que acreditava. Agarrou seu manto e o escondeu detrás de uma pedra e começou a recolher as ervas que lhe tinham caído.

 

–Foi. – Conall tinha repetido o mesmo uma e outra vez desde que Glenna partisse do castelo, mas até se negava a aceitá-lo.

No salão só ficavam Gregor, Angus e ele. E ainda não poderia acreditar que se afastou sem outra palavra. Nada. Nem sequer adeus. Nem sequer tinha olhado para trás.

–Você queria um lugar seguro para ela, e eu diria que esse é o lugar mais seguro, – disse Gregor.

Angus se esclareceu a garganta e apoio os cotovelos sobre a mesa. –Ele está certo, Conall. –É onde você a queria para começar.

–Ela se tivesse negado se lhe houvesse dito que se fora. – recordou-lhe Gregor. –Fez o único que podia para mantê-la segura.

Conall negou com a cabeça. –Acredita que realmente ia entregar a MacNeil. Agora pensa que sou um monstro. Vi-o em seus olhos.

–Está a salvo. Você sabe que Moira fará o que seja para que não seja machucada. Depois que isto termine lhe pode dizer o que aconteceu, – disse Angus. –Precisa prestar toda sua atenção ao MacNeil.

Conall sabia que tinham razão, só desejava que seu coração escutasse. Seu plano tinha funcionado embora quase o tinha jogado tudo a um lado quando tinha visto sua angústia pensando que seria tão insensível para entregá-la a MacNeil.

Embora estava onde queria que estivesse, o preço tinha sido que o odiasse. Esperava que fosse um preço o suficientemente alto para mantê-la segura.

 

MacNeil montado sobre seu melhor corcel examinou a seus soldados. Seu clã era conhecido por toda parte como ladrões e assassinos. Eram bons homens. Principalmente porque davam a vida por ele. Alguns eram contratados como Gregor, mas a maioria era de seu clã, estavam dispostos a brigar e a morrer junto a seu Laird.

Seus olhos vagaram até que encontrou à menina MacInnes. Estava sentada diante de Effie e o olhava de maneira desafiante. Para ser uma menina tão jovem tinha espírito.

Recordava-lhe à mãe de Glenna. Foi uma lástima que tivesse tido que matar a Catriona, mas tinha sido uma pagã depois de tudo. Glenna lhe tinha servido bem. Até que Conall tinha vindo.

MacNeil se perguntou se ela sabia a verdade sobre seus pais. Independentemente, disso a necessitava a seu lado. A conquista foi muito mais fácil quando ela o auxiliou, voluntariamente ou não.

Inclinou a cabeça para seu comandante. Era hora de recuperar o que era dele.

 

O verão logo chegaria, pensava Conall enquanto o suor corria por seu peito e o sol esquentava suas costas. Treinou-se com seus homens toda a manhã, mas tudo no que podia pensar era em Glenna. Havia-lhe dito que gostava de olhá-lo enquanto treinava mas já não estava aqui.

Sua ausência se sentia por todo o castelo, mas sobre tudo dentro de seu coração, e só tinha passado um dia desde que se partiu. Um dia que lhe parecia uma eternidade.

Escorregou-se e a duras penas evitou ser destruído pela espada de Angus. Com um rápido passo para um lado esquivou o vaivém e golpeou duramente com um cotovelo o estômago de Angus.

–Pela Santa Brigit, – amaldiçoou Angus. – Deve me deixar sem respiração cada vez?

–Foi um ato reflexo.

Angus bufou. –Merda. Você têm a mente vagando em certa moça de cabelo escuro.

A vida de Conall tinha perdido seu brilho sem ela, mas devia estar pior do que pensava se Angus fazia comentários sobre isso. Tinha que perguntar-se como planejava viver o resto de sua vida sem ela. Pois isso era exatamente o que ia acontecer. A tinha dado aos Druidas e com esse ato tinha renunciado a toda esperança de um futuro com ela. Já não lhe preocupava sua honra ou seus votos. Sem Glenna não era nada.

Quase lhe tinha matado vê-la caminhar fora do castelo e não lhe rogar que fique a seu lado. Igual a como lhe tinha revolto o estomago ao lhe dizer as mentiras a respeito de devolvê-la a MacNeil, a pesar que tinha sido com a melhor das intenções, para mantê-la segura. Já tinha perdido a sua irmã e agora a sua filha pelo MacNeil. Esse bastardo não tomaria nada mais dele.

Conall enterrou sua espada em terra firme. Sim, por sua vida tinha declarado sob juramento matar ao homem que se atreveu a desestabilizar seu mundo, que se tinha atrevido a matar aos pais de uns inocentes meninos por uma profecia e que se atreveu a despedaçá-los para divertir-se.

Angus lhe segurou no ombro. – Está perdido sem ela. Depois de que isto termine, vá por ela.

Negou com a cabeça. – Não posso. Apesar de como a necessito a meu lado ela nunca perdoará o que fiz.

–Foi uma mentira. A direi eu mesmo.

– Não! – quase gritou Conall, logo sob o tom e disse, – Está muito melhor sem mim.

Angus deu um bufado de desaprovação. –Você nunca estará completo sem uma companheira. – É a bênção dos Druidas a sua família por escondê-los.

–É uma maldição, Angus, não uma bênção, não quando não pode ter a sua companheira. Conall desviou a atenção de seu amigo por volta dos dois soldados que corriam. – Que notícias há?– Perguntou.

–A maior parte do clã esta seguro dentro destas paredes – disse Thomas, um moço alto e magro que ia converter se em um bom soldado.

–Bom trabalho.

–Estamos preparados para MacNeil, – disse. –ouvi que alguns dos homens estão dizendo que os Druidas nos ajudarão.

Conall se encolheu de ombros e os despediu antes de dirigir-se a Angus. – O que sabe disso?

Angus deslizou sua espada na vagem. – Não se esqueça que eu também cresci neste clã, sei que os Druidas sempre nos ajudaram. O que te faz pensar que eles se deteriam agora?

O que faço? Pensou Conall. –Podemos dirigir a MacNeil nós mesmos.

Angus cravou os olhos nele, logo se voltou e se afasto. Sua expressão decepcionada queimou na memória de Conall. Nunca antes tinha estado Angus em desacordo com uma decisão que tivesse tomado.

Até agora.

Devia estar perdendo a habilidade para dirigir ao clã. Uma vez que MacNeil estivesse morto e Iona e Ailsa a salvo, deixaria a um lado por um Laird novo. Um que pudesse dirigir o clã corretamente.

 

A Sombra olhou com olhos míopes a forma adormecida de Moira. Queria aproximar-se mais, mas Dartayous estava perto. O maldito guerreiro alguma vez dormia?

Seus olhos encontraram a Glenna que dormia ao lado da Moira. Seria tão fácil rachar sua garganta, mas então Moira despertaria e veria o que tinha feito. Não podia permitir-se isso. Além disso, nunca ultrapassaria a Dartayous. Tinha que ter outra maneira.

 

Glenna despertou repentinamente, a serenidade do círculo de pedra não chegava a sua perturbada mente. Lutou por recordar o sonho que acabava de ter, mas se desvaneceu logo que se esforçou em recordá-lo.

Tinha que ver Conall. Sua mente lhe urgiu a que saísse para buscá-lo, mas não estava segura para que. Levantou-se da cama e caminhou passando pela forma adormecida Moira. Nunca lhe passou pela cabeça lhe perguntar onde estava o guerreiro Druida, Dartayous, que as tinha estado vigiando.

Com a lua minguante iluminando seu caminho se moveu rapidamente para a entrada escondida da caverna. Deteve-se justo à entrada da mesma.   Seu medo pelas aranhas à fez vacilar, mas sua necessidade de ver a Conall afastava qualquer apreensão. Além disso, se o tentava o suficientemente forte, poderia torrar a qualquer que divisará, pensou com uma risada afogada.

Não havia tochas por aí e caminhar sem uma não era uma opção. Ela se agachou e recolheu um robusto pau. Com olhos fechados concentrou todos seus poderes para iluminar o pau, e para sua total surpresa estalou em chamas. Atirou o pau ao chão enquanto as chamas o devoravam, e rapidamente apagou o fogo. Quando não ficou nada do pau, retorno à escura caverna. As dúvidas a assaltaram. Como as ia arrumar para derrotar ao MacNeil se não podia acender um simples pau para usar como tocha? Não podia convocar seus poderes corretamente e isso podia causar muitas mortes. Moira era mais que paciente com ela, mas Glenna sabia que tinha muito pouco tempo para obter anos de conhecimentos Druida.

Mas Ailsa, Iona e Conall penetraram através de suas dúvidas. Amava a Conall embora ele não a quisesse, e por esse amor, faria qualquer coisa para que Ailsa e Iona se mantiveram seguras. Inclusive com as aranhas que infestavam as covernas.

Respirou profundamente, fechou seus olhos para acalmar os nervos, e entrou correndo nas cavernas. Não diminuiu o passo, nem ainda quando o flanco lhe doía e logo que podia respirar.

Quando divisou o muro exterior do castelo surgiu à vista foi que diminuiu a velocidade da caminhada. Justo antes de sair da caverna uma aranha cruzou correndo o atalho. Aspiro com um sopro e ficou paralisada até que todas as oito patas estiveram fora da vista.

Isso não é algo mais que torrar. Estava muito assustada para fazer nada exceto rezar para que não viesse em sua direção.

Quadrou os ombros e deu um passo fora da caverna. Uma olhada ao redor do muro exterior do castelo e as almenas lhe mostrou que seu Conall estava preparado para a chegada de MacNeil. Os guardas tinham sido duplicados nas almenas e havia mais protegendo o muro exterior do castelo. Depois de uma inclinação de cabeça para o soldado que vigiava a entrada da caverna, caminhou rumo ao castelo. Entrou e encontrou a sala cheia de soldados dormidos.

Os grunhidos e os roncos enchiam a sala. Divisou a Angus sentado diante do fogo e lhe dedicou um pequeno sorriso. Piscou-lhe um olho e assinalou por cima dela. –Pensei que viria de visita, moça.

– Por quê?– Perguntou e tomou a taça que lhe ofereceu.

– Por quê?– riu. –Porque ele necessita a ti.

Negou com a cabeça e tomou um sorvo de aguamel. –Não. Conall necessita a sua família.

Ele limpou-se sua boca depois de tomar um gole grande de sua taça. –É certo. Mas você não te dá o suficiente crédito. Chegou-lhe, moça, e isso é mais do que nenhuma mulher daqui tem feito.

–Sim se isso fora certo.

–Moça, – disse depois de um profundo suspiro. –É tão teimosa como Conall. O que não sabe é que os Druidas lhe deram à família de Conall a habilidade para casar-se somente com suas companheiras.

Ela piscou e se umedeceu os lábios enquanto as palavras de Conall foram à mente. –É minha.

–Os Druidas quiseram que os Lairds dos MacInnes fossem felizes para que suas famílias sejam felizes. Conall sabe que encontrou a sua companheira.

Ela considerou suas palavras enquanto olhava fixamente ao fogo. Podia estar Angus certo? Conall a necessitava tanto como ela esperava? Colocou a taça na mesa e lhe sorriu.

Angus riu fogosamente e assinalo para as escadas. –Está em seu quarto.

Lhe devolveu a piscada antes de subir pelas escadas. Com cada passo seus pés se voltavam mais pesados. O coração lhe agitava erraticamente no peito e o corpo lhe acalorou ao pensar em ver a Conall outra vez.   Tinha sentido falta de seu sorriso brincalhão, e a forma em que seus olhos ardiam a fogo lento quando a olhava.

Mas a rejeitaria?

Essa pergunta atormentou sua mente quando chegou diante da porta da antecâmara. Colocou as mãos sobre a madeira e fechou os olhos. Uma visão foto instantânea de Conall convexo sobre a terra com os soldados MacNeil apinhados a seu redor, o sangue de sua vida empapava a terra.

E ela sabia que embora lhe ordenasse sair do castelo tinha que lhe advertir de sua visão. O pensamento dele moribundo lhe retorceu o estômago. Ela era uma Druidisa, e como tal estava obrigada a ajudar ao clã MacInnes, até se o Laird não tinha desejo de sua ajuda.

Tirou o passador da porta e brandamente a abriu. Seus olhos rapidamente esquadrinharam a câmara até que o encontrou. Estava sentado diante do fogo em sua cadeira favorita com a espada entre as pernas enquanto a afiava e a limpava.

Mas foram as sombras movendo-se pelos músculos das costas o que fez golpear seu sangue. Um gemido escapou de sua boca enquanto recordava a pele desses músculos sob sua mão enquanto faziam o amor.

Com a rapidez do Fae se deu a volta rapidamente, a ponta da espada apontando ao pescoço dela enquanto se inclinava para diante preparado para a batalha. Seus olhos cinza se abriram com assombro antes que se estreitassem confusos.

– Glenna?

Ela sorriu e afastou a espada. –Sim. Sou eu, Laird.

– Retonaste?– Perguntou, com expressão cautelosa agora.

–Tinha que verte.

Baixou a espada e inclinou a cabeça para um lado. – retornaste?

–Não me quer aqui, Conall.

–Você não sabe o que quero, – disse-lhe e se elevou com toda sua altura.

–Porque não me fala. – Quando abriu a boca para discutir. Ela continuou rapidamente.

–Mas não estou aqui para discutir esse assunto.

– Então porque está aqui?– Perguntou e voltou a sentar-se diante do fogo.

Ela lhe aproximou e se ajoelhou a seu lado. Com uma respiração profunda e uma oração rápida para obter algo, fechou os olhos e tocou sua mão.

Sua visão foi clara e forte. Conall e o MacNeil brigavam, suas espadas soando como ruidosos sinos. Conall se deu a volta e gritou enquanto uma espada se afundava em suas costas. Estremeceu-se e abriu os olhos. A visão se desvaneceu quando ela olhou a Conall.

Ele entrecerrou seu olhar chapeado. – O que viu?

–Sua morte nas mãos de MacNeil.

Riu e continuou afiando a espada. –Ele não me matará.

–Não é invencível. Por que não me escuta? – depois de ver a visão e que sabia qual era o sonho que tinha tido, tinha que fazer que se precaver do perigo que estava correndo.

–Nem todas as visões do Druida são corretas. – deteve-se e a olhou. – Se te faz sentir melhor, então serei mais cuidadoso quando me encontrar com ele.

–É um bom Laird, Conall. O melhor que eu conheci alguma vez.

–Só conheceste dois.

OH, algumas vezes a enfurecia. –Não importa se não tiver conhecido a centenas. Sei que é o melhor. Mas para poder seguir dirigindo seu clã deve recordar o resto da profecia.

– Por que não acaba de me dizer isso. Economizaria a todo mundo muito tempo, – disse e se levantou.

– Por que estas aqui de todos os modos?

Ela permanecia de pé e observou como se servia um pouco de vinho. –Tinha que te advertir de sua morte. Necessitamos que leve a cabo a profecia.

Seu grunhido ressonou por todo o quarto. –Talvez minha morte leve a cabo sua profecia.

–Necessito que vivas.

Lentamente se voltou para ela. – retornaste por mim?

–Não.

O silêncio encheu a câmara enquanto cravava os olhos nela. –Necessito-te.

O calor a alagou com suas palavras, mas seu futuro dependia da profecia. –Não posso estar aqui agora. Não é o momento.

–Basta de adivinhações, – disse e lançou a taça dentro do fogo. –Fale claro.

–Sou eu. Estou-te dizendo que não posso estar aqui agora.

– Por quê?

Certamente não havia um homem mais teimoso em toda Escócia, pensou ela. Primeiro, queria-a fora do castelo e tinha feito todo o possível para obtê-lo, e agora a queria aqui. Ela suspirou cansadamente. – Pelo MacNeil.

–Eu te protegerei dele.

–Sim, sei que faria. – Lhe aproximou e o acariciou com os dedos ao longo de sua firme mandíbula.

–Devo ir agora.

Fechou uma mão ao redor de seu pulso. –Fique. Fica comigo esta noite.

–Nunca te deixei.

–Necessito-te, Glenna, – disse olhando-a com seus olhos fundidos com o desejo.

Seu corpo estalou a vida com essas simples palavras, mas havia também um ar de desespero em suas palavras. Ela contemplou profundamente seus olhos e viu a insegurança e o medo enterrado muito profundamente ali. Não podia fazer nada agora para aliviar suas dúvidas, somente lhe conceder um desejo, dispor que Iona e Ailsa retornassem a salvo ao seu lado outra vez. Isso o podia fazer, e o faria, por ele. Porque o amava.

Também soube que se ele ia viver outro dia ela tinha que partir. Ficar só lhe faria perder a concentração e deslocar sua lembrança da profecia completa.

–Sempre te necessitei. – Retiro seu braço e caminhou para a porta.

–Não perca a esperança, – pediu-lhe sobre seu ombro.

 

A Sombra se esfregou as mãos. Tinha sido fácil seguir a Glenna até as covernas por onde esperava que retornasse. Tinha que matá-la esta vez. Inclusive se gritava estariam tão inundados dentro das covernas que ninguém a escutaria. Era perfeito. Como foi pedido.

–Já vem, – disse, quando apareceu pelo muro exterior do castelo.

Escondeu-se entre as sombras e esperou até que entrou profundamente nas covernas para deslizar-se mais perto. Com seu poder se envolveu a se mesmo para que não pudesse vê-lo. Estava quase a seu lado quando ela girou rapidamente balançando a tocha em sua mão.

– Quem está aí?– Perguntou sua voz com um tom alto de medo.

Não havia necessidade de dizer nada. Sorriu e tirou uma adaga do interior de sua capa. Colocou-se a seu lado e tinha observado com assombro como seu medo aumentava. Era uma boa coisa que não o tivesse aprendido tudo de seus poderes ou nunca seria capaz de levar a isto cabo.

Pôs à vista a adaga e estava a ponto de saltar sobre ela quando um rugido encheu a caverna. Levantou a vista a tempo de ver o Dartayous saltando de uma greta na parte superior da caverna. O guerreiro aterrissou em meio dele e Glenna.

Com uma maldição deslizou a adaga de volta a sua capa e se mesclou com as sombras.

–Dartayous, – Glenna disse. – O que estas fazendo aqui?

–Estava aqui, – declarou o guerreiro, com sua espada desembainhada e colocada diante dele enquanto olhava ao redor da caverna.

– Quem estava aqui?

–Esteve a ponto de te matar, Glenna, – disse e se voltou a confrontá-la. – Te segui porque sabia que ele o faria também. É muito forte para esconder-se tão bem de meus olhos.

–Não deveria ter vindo, – disse ela e inclino a cabeça.

–Veem. Temos que retornar ao círculo. Ele não te pode machucar ali.

A Sombra não os esperou para abandonar o lugar. Correu logo que pôde através das cavernas, para retornar ao círculo antes que o sentisse falta dele. Tinha cometido outro engano esta noite, e se não estava mais atento seus cuidadosos planos seriam em vão.

 

Os raios do sol saltavam ao redor das montanhas e derramavam sua luz dourada, sobre a terra, ainda úmida pelo rocio matutino. Conall estirou sua espada sobre sua cabeça e começou seu rito matinal.

Gostava de estar sozinho a primeira hora da manhã. A alvorada estava acostumada acalmar sua alma com novas esperanças, mas nada calmaria sua tortura este dia. Deixou cair seus braços e sacudiu a cabeça para esclarecê-la.

Praticou até que o suor gotejou por seu corpo, mas ainda assim não pôde concentrar-se. As palavras de Glenna tinham atormentado seu sonho, e quando se levantou o amanhecer, soube que hoje seria o dia em que MacNeil chegaria.

Seu engenho precisava estar acordado, e seu exercício matutino sempre tinha posto tudo em perspectiva antes. Mas as coisas eram diferentes agora. Ele tinha perdido tudo. Iona, sua mãe, Ailsa, seu poder e agora… Glenna.

O sol o cegou quando alcançou a cúpula da montanha. Fechou os olhos e ouviu as palavras de sua mãe.

–Abre sua mente, Conall. É assombroso as coisas que a vida pode nos dar se lhe dermos uma oportunidade.

Com um rugido brandiu sua espada ao redor, e se fez um com ela. Esta vingaria aos pais de Glenna. Esta espada traria de retorno a Iona e Ailsa, e cumpriria o voto que lhe tinha dado a sua mãe.

Ao diabo todo o resto, especialmente seu voto aos Druidas. Tinha encontrado sua companheira, e se negava a viver sem ela. Depois de tudo tinham sido os Druidas quem lhe tinha outorgado a sua família a capacidade de casar-se com seus companheiros de alma.

Sua mente estava bem posta agora. Tudo estava claro. Venceria a MacNeil e teria novamente a Iona, Ailsa e Glenna fora de perigo a seu lado. Então cada Highlander em Escócia estaria a salvo do açougue de MacNeil.

Conall se deu volta para encontrar a Angus e Gregor apoiados contra a parede. –Alistem os homens. O MacNeil chega hoje.

Ambos os homens se separaram do muro. Angus correu a fazer o ordenado, mas Gregor não se moveu.

– Está seguro?– perguntou Gregor.

–Tão seguro como sei que o sol ficará.

Gregor olhou a seus pés, sua cara enrugada pela inquietação. –Será melhor que me prepare então.

–Espera, – disse Conall. Quando Gregor se deu volta para olhar o de frente lhe disse, – Não sei se me mentiste ou não.

–Sei. Perdeste sua habilidade.

Conall assentiu. –Seguirei meu instinto, mas se de verdade me trai e a este clã, tem que saber que os Druidas lhe perseguirão por isso.

–Não pensei que aceitasse a ajuda dos Druidas, – disse Gregor, cruzando seus braços sobre seu peito.

–Não o fiz. Faz séculos os Druidas e o clã MacInnes fizeram um pacto. Nada pode destruir aquele pacto, não importa o muito que eu gostaria.

Gregor o olhou por um comprido momento antes de lhe fazer uma breve inclinação de cabeça e partir. Conall suspirou. Rogou não estar enganado a respeito de Gregor.

Acabava de tirar a cabeça que tinha submerso em uma tina de água quando ouviu uma chamada da sentinela que uns cavaleiros tinham sido avistados. Conall secou-se a água da cara e agarrou sua espada e seu arco antes de correr à torre de vigilância.

Uma vez que alcançou o topo percorreu o terreno, mas não viu nada. Estava a ponto de lhe perguntar à sentinela se de verdade tinha visto um cavaleiro quando os trovões retumbaram à distância.

Só que não eram trovões. Era um exército.

–O MacNeil chegou. – voltou-se para seus soldados. – Preparem-se, homens. O demônio veio ao Castelo MacInnes.

 

Glenna ficou de cócoras junto ao rio fora do círculo e se lavou a cara e os braços.

Moira a acompanhava e riram das palhaçadas que fazia um passarinho fazendo intentos para aprender a voar.

De repente se parou. –Moira.

–Sei, – respondeu sua irmã e se levantou. – MacNeil chegou.

Glenna correu para o penhasco que dominava o vale. Observou horrorizada como ia aparecendo ante sua vista linha detrás linha de soldados MacNeil. –Há muitos.

–Podemos dirigi-los, – disse Frang quando veio a parar-se ao lado dela e de Moira.

Ela não pôde ocultar sua surpresa. – Vocês vão ajudar ao Conall?

–É obvio, menina. Os Druidas e os MacInnes fizeram um pacto faz muitos séculos atrás.

Moira riu. – Tanto se Conall quiser nossa ajuda como se não, a terá.

O alívio embargou a Glenna até que pensou em sua visão da morte de Conall. –Espero que seja suficiente.

–Você teve uma visão, – disse Moira olhando-a atentamente.

–Da morte de Conall.

Frang levantou a cabeça. –O necessitamos para cumprir a profecia, por isso temos que nos assegurar de mantê-lo a salvo.

Glenna divisou a Effie cavalgando ao lado do MacNeil. –A traidora voltou.

–E sustenta a Ailsa, – disse Moira.

–Então isto começa.

Moira agarrou o braço de Glenna antes que pudesse ir-se. –Tome cuidado. Necessitamos a ti também.

–O MacNeil não me matará. Quer me usar recorda?

–Por favor. Só seja cuidadosa. Não somos imortais.

 

–Santa Brigit, – sussurrou Angus.

Conall esteve muito de acordo quando viu a quantidade de homens que o MacNeil havia trazido consigo. A fúria explorou quando divisou a Ailsa sentada diante de Effie com suas mãos atadas.

O MacNeil se adiantou e levou seu cavalo perto da entrada. Dois homens maciços o flanqueavam a cada lado. –Bem, Conall, disse-te que voltaria. Está disposto a negociar?

–Não até que veja a Iona.

MacNeil se mofou. – Está-me dizendo que crer que eu a tenho?

– Você não a tem? Ela teria retornado a casa se não a mantivera contra sua vontade.

–Talvez. Mas a verdade é que não a tenho.

A raiva corria com violência pelo corpo do Conall até que a única coisa que viu foi a morte de MacNeil. –Mostre-me isso ou morre.

MacNeil compartilhou uma risada com os soldados que estava a seu lado. –Seria muito difícil para mim lhe devolver isso suponho que poderia, mas não acredito que a reconheceria.

Com os dentes fortemente apertados, Conall lutou por controlar-se. – por que é isso?

–Ela esteve enterrada faz já algum tempo depois de que lhe cortei a garganta.

A ira do Conall estalou, mas antes que abrisse sua boca para responder, uma comoção a sua esquerda o deteve.

Seu coração se parou e calou a seus pés quando descobriu a Glenna.

 

Glenna quis correr e esconder-se no instante em que os malvados olhos de MacNeil se posaram sobre ela. Em troca seu olhar procurou o Conall. Estava de pé na torre sobre o barraco do guarda com seu cabelo negro caindo a correntes a seu redor. Seu olhar firme deu a ela valor.

–Veem, Glenna.

Ela observou ao homem que tinha assassinado a seus pais e a tinha separado de suas irmãs e começou a tremer. Não poderia fazê-lo. Não estava pronta para confrontá-lo. Seus poderes não podiam ser controlados e um só movimento de parte dele o demonstrava.

E com esse medo seus olhos olharam a Conall outra vez. Sua vontade, de dar tudo pela volta de sua família, tocou-a muito fundo. Se o podia enfrentar-se a um monstro sabendo que podia morrer, então ela poderia enfrentar ao diabo e vencer seus demônios.

Tomou uma profunda e calmante pausa e juntou suas mãos. –Você devolverá a Ailsa. Agora.

–Não até que venha comigo. – Esporeou seu cavalo e ficou mais perto dela.

O ódio corria desenfreado através de Glenna. Depois de tudo o que lhe tinha feito, não voltaria atrás. Não agora. Nem nunca. Queria respostas e as obteria. –Me diga, MacNeil. Por que matou a Iona?

Ele ficou uma mão no quadril e riu. – Ela se atravessou em meu caminho. Teria enchido sua cabeça com tolices, tal como o tem feito esta gente.

–Tudo o que eles têm feito é me dar às respostas que eu necessitei por anos.

–Basta de falar. O passado não pode ser mudado. Agora, baixa daí e vamos a casa.

–Não até que devolva Ailsa a Conall.

A indignação torceu a cara do MacNeil. –Bem, – cuspiu e fez gestos a um soldado para trazer a Ailsa.

–Uma petição mais, – disse ela. Quase gargalhou ante a expressão de incredulidade na cara dele.

– O que?– perguntou com os dentes fortemente apertados.

–O clã MacInnes quer vingança. Lhes dê a Effie.

O MacNeil refletiu sobre isto durante um momento. Effie começou a chamá-lo.

Com um pequeno gesto de sua mão outro soldado agarrou a Effie.

–Não, MacNeil, – gritou ela. –Você não pode me fazer isto. Eu ia te dar filhos.

O soldado rudemente a pôs de barriga para baixo sobre seu cavalo quando as palavras do MacNeil alcançaram a Glenna. –Você poderia me haver dado filhos, Effie, mas com a Glenna eu terei o mundo e os filhos. Tudo o que você poderia me dar é seu negro coraçãozinho .

Glenna deveria sentir pena por Effie, mas não pôde encontrar tal emoção. Effie tinha selado seu próprio destino quando tomou a Ailsa. Glenna esperou até que Ailsa e Effie estiveram a salvo dentro das portas antes de voltar sua atenção a MacNeil.

–Surpreende-me, – disse-lhe ela.

– De verdade? Então isso significa que não me conhece realmente.

–Isso não é certo, – replicou. – Eu sei muito sobre ti. Sei que matou a meus pais.

–Mentiras. Tudo mentira. Por que está escutando a esta gente? Você é uma MacNeil, moça.

Finalmente ela seria capaz de fazer o que tinha querido por muito tempo. Trouxe o tartan dos MacNeil que tinha estado escondendo detrás de suas costas. –Eu nunca fui uma MacNeil, – disse e o prendeu em chamas.

Ela se alegrou de que estivesse muito longe para ver a surpresa em sua cara porque seus poderes em realidade lhe tinham obedecido. MacNeil soltou um rugido, mas parou a seus soldados quando eles quiseram atacá-la. Esta vez Glenna realmente riu.

– Encontra um pouco divertido, moça? Estaria morta agora se não tivesse detido a meus soldados.

–Eu acredito que não. Depois de tudo eu sou uma Druidisa, e quem você acha que habita este bosque?

A expressão amistosa se desvaneceu da cara do MacNeil. –Então, pensa que sabe tudo agora?

–Sabe o suficiente, – disse Moira e veio a parar-se ao lado dela.

MacNeil entreabriu seus olhos. – Quem é você?

– Não sabe?– perguntou Moira. –Eu pensava que me conheceria de vista, já que foi as minhas primas a quem matou aquela noite.

Ele empunhou suas mãos e observou como o tartan de seu clã ardia até as cinzas.

Moira levantou suas mãos sobre sua cabeça. –A profecia está a ponto de ser cumprida. Você conseguiu matar a meus pais, mas nós três escapamos.

 

Conall morria de vontades de escutar tudo o que Glenna dizia ao MacNeil, mas no momento que Effie passou pelas portas seu clã estalou em violência.

Eles gritavam por sua morte enquanto ele empurrava entre seus soldados para alcançar a Ailsa. Não foi até que a pequena esteve segura em seus braços, que se permitiu acreditar que ela estava em casa.

–Tenho-te, amor. Está em casa agora, – disse Conall enquanto a esmagava contra ele.

–Nunca o duvidei, Pai.

Ele fechou os olhos fortemente e enterrou sua cara no pescoço de Ailsa. Ela confiava tanto nele, e isto recordou a alguém mais que lhe tinha tido muita fé. Glenna.

–Ailsa, – disse-lhe quando a pôs de pé. –Necessito que vá a seu quarto e fique ali até que vá te buscar.    

– vais trazer a Glenna de volta?

–Sim, amor, isso farei.

Ela se inclinou e beijou sua bochecha. –Boa sorte, Pai. – Com isso ela correu entre as pernas das pessoas e logo pela porta do castelo.

Ele podia ter perdido uma irmã, mas tinha a sua filha de volta, graças a Glenna, e ele estaria malditamente seguro de recuperar a Glenna também. Mas primeiro tinha que acalmar a seu clã antes que matassem a Effie.

 

–Conall– gritou Angus por cima dos gritos do clã. –Temos um pequeno problema.

 

MacNeil elevou sua espada como sinal para seus homens. O exército inteiro levantou seus arcos, molas de suspensão e espadas, mas Glenna não estava preocupada. Não havia nada que eles pudessem fazer com o clã MacInnes a salvo dentro dos muros.

Um grito de um soldado MacInnes a alertou que algo não estava bem. Ela se deu volta e viu edifícios em chamas dentro do pátio.

–Agora, Glenna, – disse Moira urgentemente.

Glenna concentrou toda sua energia mas não pôde apagar os fogos. –Não posso, – sussurrou enquanto o medo a dominava.

–Não o deixe ganhar, – urgiu Moira enquanto tomava as mãos da Glenna. –Você pode fazer isto. Eu acredito em ti.

Glenna olhou fixamente aos olhos verdes de sua irmã, olhos que ela de algum modo soube que olhavam tal como os olhos de sua mãe o fizeram. Assentiu e procurou em sua mente alguma forma de combater os fogos. Se não podia apagá-los ela mesma, então encontraria algo que o fizesse.

Ela se concentrou nas chamas que varriam rapidamente para o estábulo. –Moira, detén o vento, – exclamou.

Por favor permite que funcione.

Seus olhos enfocaram o estábulo enquanto esperava que os homens tirassem todos os animais. Quando o último animal saiu correndo do edifício ela concentrou seus poderes, e para seu assombro o estábulo prendeu fogo.

–Moira, empurra o fogo.

 

Conall saiu do celeiro e viu que o fogo lhe rodeava. Logo alcançaria o castelo. Seu clã já não estava a salvo aqui. – Angus, leva-os às cavernas.

Mas o clã entretanto ficou enrascado em Effie enquanto o fogo ardia. Quando o fogo se iniciou lhe tinha jogado uma olhada a Gregor pensando que podia ser ele, mas Gregor tinha permanecido a seu lado.

Quem quer que iniciará o fogo era o assaltante de Glenna, e a única que lhe podia dar essas respostas era Effie. Se o clã não a matava primeiro.

Antes de chegar aonde estava Effie uma forte explosão soou detrás dele. Deu-se a volta para encontrar o celeiro em chamas, mas o fogo original ainda não o tinha alcançado.

–Ali, – Gritou Angus e assinalo para o escarpado.

Glenna os tinha salvado. Todos observaram como os dois fogos se mesclaram e lutaram pelo controle até que não ficava nada por queimar. Queria ir para ela, agradecê-la, mas seu clã tinha retornado a por Effie.

Quando chegou até o Effie a encontrou enrolada sobre si mesma como uma bola enquanto seu clã lhe lançava algo que pudessem agarrar. –Basta, – gritou para chamar a atenção.

Eles lhe olharam, com a violência ainda refletida em seus olhos. –Ela traiu ao clã, – gritou alguém.

–Sim, o fez. Mas Ailsa foi devolvida a seu lar graças a Glenna.

–Renegue-a, – gritou uma mulher.

Conall sob o olhar para a que uma vez foi à orgulhosa Effie. O cabelo vermelho e a cara salpicada de barro e comida podre, o vestido rasgado, os sapatos perdidos, e a derrota se mostravam em seus olhos.

Ajoelhou-se ao lado dela. –Tem a oportunidade de responder ou lhes deixarei que terminem contigo.

Ela assentiu e inclinou a cabeça.

– Por que odeia a Ailsa?

–Ela impediu que te casasse comigo.

Conall ficou pasmado de assombro. –te explique.

–Sou eu que convenceu a Mary de não te dizer sobre o bebe. Sabia que se o averiguava te casaria com ela.

–Já me contou tudo isto. – Suspirou e esperou o resto.

–Pensei que tinha tudo sob controle até que ela viu o parecido da menina e disse que queria que soubesse.

–Então, matou-a – deduziu.

Effie assentiu entretanto não havia lágrimas em sua cara. –Foi fácil convencer à mãe da Mary de proteger Ailsa de ti.

Conall suspirou com suas palavras. Como uma pessoa lhe podia fazer isto a uma inocente menina o horrorizava. – E Glenna?

Effie levantou a vista e o ódio ardia ali. –Quando vi a forma em que a olhava soube que tinha que me desfazer dela.

–Sei que não tratou de matá-la. Quem o fez?

Ela se gargalhou estridentemente. – Você gostaria de sabê-lo?

–Sabemos que é um Druida. Diga-me seu nome.

–Até se o fizesse nunca poderia lhe machucar. É muito podereso.

–O encotraremos. Dê-lhe ao clã uma razão para não te renegar. Dê-me seu nome, – fez um intento outra vez.

Os olhos do Effie arderam brilhantes com seu segredo. – Morrerei antes de traí-lo.

Conall soube que tinha pouco tempo, e necessitava tantas respostas como pudesse conseguir.

– Do que conhece o MacNeil?

–Eu era uma menina quando vim a este clã. Mentimos a respeito de aonde viemos.

– E que clã era esse? Do MacNeil?

–Não.

–Diga-me isso ameaçou. Aborreceu-se de suas respostas vagas. Necessitava a verdade e com seu poder perdido não tinha essa segurança.

– Não!, –gritou ela e se revolveu sobre seus pés. –Nunca saberá isso, ou quem é o homem que tratou de matar a Glenna. Ele a apanhará sabe.

Conall permaneceu de pé e divisou o dirk em sua mão. Não sabia como o tinha obtido, e não tinha importância. Somente queria que o deixasse cair para poder continuar interrogando-a.

–Solta-o, Effie.

–Vou cumprir com minha obrigação familiar.

– E esta é?– perguntou enquanto dava um passo para ela.

–Assegurar que nenhum Sinclair viva outra vez.

Conall se equilibrou sobre ela, mas já tinha enterrado a adaga em seu estômago. Ela se oscilou sobre a terra firme, com seus olhos sem vida abertos para o céu.

 

A Sombra se agachou rapidamente detrás de uma árvore. Tinha sentido curiosidade por ver como se dirigia Effie. Tinha estado mais que um pouco surpreso quando ela tinha acabado com sua vida. Nunca tinha tido muito respeito por ela até esse momento.

As coisas não tinham ido como tinha pensado. Quando MacNeil participava das coisas nunca foram como estava planejado, pensou para seus adentro. Teria que dar ao MacNeil mais incentivos para ir conforme ao previsto.

Quantas vezes havia dito ao MacNeil que deveria ter comprovado a essas garotas Sinclair? Incontáveis, de fato. Mas MacNeil lhe tinha assegurado que foram as irmãs maiores as que tinham morrido. Ainda assim tinha sabido que MacNeil se enganou. Agora aprenderia quanto lhe custaria seu engano. Não todas as irmãs Sinclair tinham que morrer. De fato, só uma tinha que morrer, e já tinha decidido que Glenna seria essa irmã.

Suspirou. Tinha pensado que matá-la seria fácil, mas tinha brigado como uma gata. A única graça salvadora é que não lhe tinha visto a cara e não podia denunciá-lo. Embora o fato que soubessem que era um Druida lhe perturbava. Teria que reconsiderar em ficar por Moira. Talvez seria melhor que se fora por um tempo.

As vozes lhe trouxeram de volta ao presente. Alguns homens carregavam o corpo sem vida de Effie. Precisava retornar ao círculo e começar a planejar a seguinte etapa, e precisava monitorar a Moira. Não se expor a que MacNeil o desobedecesse outra vez e matasse a Moira em lugar de Glenna.

MacNeil sobreviveria a este dia, assim é que não esbanjou nenhum pensamento nele. Não, seu pensamento voltou para Moira, se asseguraria que uma das irmãs morrera. Juntos, ele e Moira podiam governar Escócia como os sidhe o fizeram uma vez, antes de deixar esta terra.

Outra vez a magia reinaria nesta terra. Não mais esconder o que eram. O poder do Fae empurraria aos reis e dominaria as diminutas mentes das pessoas. Seria tão, mas tão fácil, e desde que tinha encontrado a forma de bloquear-se a si mesmo do Fae podia circular livremente.

Só teria que manter-se longe de Dartayous. Esse guerreiro via através de seu escudo e muito bem poderia arruinar todos seus planos cuidadosamente preparados.

 

Glenna se voltou contra MacNeil assim que o fogo esteve com toda segurança apagado.

–Você entre todas as pessoas deveria saber de minhas habilidades.

–Todos os de sua classe merecem morrer. Te mantive viva, – cuspiu. –E olhe como me agradece isso.

–Matou a meus pais, – gritou, logo que controlando sua fúria. –A profecia se cumprirá. Seus dias estão contados.

Ele riu, um som sinistro tão negro como o coração do diabo. – Não me pode enganar. Não tem à outra irmã. E apostaria que ainda não sabem onde esta.

–Não acredito que te importe apostar por isso. – disse Moira, com a encantadora frente loira levantada.

O lábio de MacNeil se curvou com uma mofa. – OH, posso te assegurar, garota, que a encontrarei mais rápido que você.

–Duvido-o.

MacNeil se encolheu de ombros despreocupadamente. –Tenho a um aliado que nunca encontrará, um aliado que já tratou de matar a Glenna. Terá êxito a próxima vez. Prometo-lhe isso.

Glenna tinha tido suficiente. A confiança em seus poderes lhe dava a confiança em si mesmo que nunca tinha tido. Justo com um simples pensamento estalou um fogo ao redor de MacNeil e seus homens. Moira trouxe uma rajada de vento e as chamas dançaram ao redor das patas dos cavalos.

Os homens contratados pelo MacNeil começaram a gritar-se para fugir. MacNeil viu a confusão e tratou de ganhar sua lealdade. –Lhes darei outro saco de ouro a cada um se ficarem e brigam.

– Não nos falou dos Druidas, – gritou uma voz.

–Não são nada. Superamos-lhe em números. São duas garotas contra um exército. – discutiu-lhes.

Mas os soldados não queriam nada disso. Glenna extinguiu a chama, e os homens contratados fugiram por suas vidas. Ela e Moira compartilharam um sorriso até que o estalo continuado das portas do castelo alcançou seus ouvidos.

–Não, – disse Glenna e se agarrou pela mão da Moira quando divisou a Conall correndo para MacNeil.

 

Conall tinha visto o bastante. Negava-se a esconder-se detrás das paredes do castelo enquanto Glenna e Moira lutavam contra MacNeil. A batalha era para os homens, não para mulheres, incluída mulheres Druidas. Angus lhe aproximou. – Com os mercenários ausentes nossos homens igualam aos soldados de MacNeil.

Era todo o ânimo que Conall necessitava. Passou roçando a Angus e Gregor e baixou correndo pelas escadas para o muro exterior do castelo. Seus soldados cobriam as almenas e estavam dispostos no muro exterior do castelo.

–É o tempo dos homens. Agora é nossa oportunidade para a vingança, – disse e foi recebido com um coro de aclamações. Apelou a Angus. –Mantén operando os arqueiros.

–Se pensar que me vais deixar atrás está louco, – disse Angus e fez um sinal para um soldado antes de seguir a Conall.

Conall inclinou a cabeça para os guardas. As porteiras se abriram repentinamente enquanto rugia o grito de guerra dos MacInnes. Os soldados MacNeil ficaram surpreendidos pelo ataque já que sua atenção estava posta em Glenna e Moira. Viu o MacNeil e se dirigiu para ele enquanto os homens MacInnes continuavam gritando seu grito de guerra. MacNeil lhe viu e esporeou seu cavalo. Conall plantou seus pés e esperou até que o cavalo estivesse quase sobre ele. Logo deu um passo para um lado e cortou totalmente com sua espada de um lado a outro a perna de MacNeil.

MacNeil gritou e se aferrou a perna ao mesmo tempo em que avançava dando tombos para manter o controle. O cavalo se encabritou e enviou a MacNeil contra o chão.

Mas Conall não teve oportunidade de acabar com a vida do MacNeil quando os soldados se aglomeraram ao seu redor. Conall perdeu a pista de MacNeil enquanto brigava, o suor lhe picava nos olhos, até que algo lhe chocou bruscamente desde atrás.

Voltou-se e se encontrou a Angus a suas costas. –Justo como os velhos tempos, sim, meu amigo.

–Francamente, estou muito velho para isto, – disse Angus e atravessou com a espada a barriga de um soldado.

Conall acabou com seu último soldado e observado como MacNeil se aproximava de modo ameaçador a Gregor desde atrás. Conall se lançou para o MacNeil e aterrissou com o ombro no estômago de MacNeil. Gregor se voltou e lhe olhou. –É todo teu. Boa sorte, – disse e continuou brigando.

Conall saltou precipitadamente sobre os pés e sorriu quando viu a dor que MacNeil tinha por dentro pelo corte de sua pele. –Verti o primeiro sangue.

–Mas sou o que ganhará o dia, – MacNeil ridicularizou.

Conall balançou a espada e se equilibrou. –Não esteja tão seguro. Tem muito por que pagar.

MacNeil se burlou. –Não é o suficientemente homem para me matar. Nem sequer pôde conservar a sua irmã ou a sua filha a salvo.

Com uma estocada e um feroz impulso Conall esfaqueo a MacNeil no ombro. –Não me importa se tiver que te cortar parte a parte. Terei minha vingança.

 

–Controlem-se, – disse Aimery a sua gente. Morriam de vontades de unir-se aos homens de Conall e lutar, mas se supunha que isso não ia acontecer. Sua presença na Highland, e de fato no mundo, devia continuar acontecendo despercebida. A coisa poderia sair-se fora de controle se as pessoas soubessem que o Fae estava ainda entre eles.

Era suficiente que pudessem olhar esta batalha entre os MacNeil e MacInnes. Chegaria o momento em que teriam que ocupar esse lugar.

 

Glenna observava, horrorizada, como sua visão se realizava diante de seus olhos. Ela não podia permitir que Conall morresse. Recusou-se a deixar que sua visão se fizesse realidade. Eles lutavam feroz e violentamente, as lâminas de suas espadas soavam ruidosamente por sobre o rugido da batalha.

A espada de Conall se movia mais rápido que a de MacNeil, e MacNeil estava cansando-se, mas ainda assim, Glenna sabia que algo poderia acontecer. Se só pudesse ajudar a Conall de algum modo.

Ela continha sua respiração tendo a esperança de que Conall ganhasse a briga, até que se tropeçou com um soldado cansado, golpeou o chão com força enquanto MacNeil levantava sua espada em cima de sua cabeça. Gritou ao Conall, pensando em salvá-lo, até que o viu chutando a espada das mãos de MacNeil.

Mas então foi muito tarde. Ela o tinha distraído.

Conall se girou e foi então que ela se deu conta de que ela era a causa de sua morte. Sua visão não o tinha mostrado tudo.

 

Conall se girou ao redor quando ouviu a Glenna gritar seu nome. E não entendeu até que viu o horror em sua cara. Ouviu o som de uma espada descendo para ele e rodou sobre si mesmo, mas não a tempo para evitar que a lamina cruzasse lhe cortando as costas. Um rastro de feroz agonia flamejante lhe açoitou e a terra queimada sobre a que rodou, enviava raios de aguda dor ao redor do corte. Mas deixou de lado a dor e ficou de pé de um salto. Deu-se volta e viu que era o comandante de MacNeil quem tinha tratado de matá-lo.

De esguelha divisou a MacNeil arrastando-se longe, mas o comandante se parou diante de Conall para detê-lo. Conall jogou uma olhada a MacNeil antes de voltar sua total atenção ao soldado.

Com sua espada arranca-rabo em uma mão, alcançou sua bota e tirou sua adaga. Queria que esta briga terminasse com rapidez porque tinha outra partida mais interessante que jogar.

O comandante não era rival para ele. Com cada ataque da espada de Conall, o soldado elevava os braços e deixava seu corpo desprotegido. Conall brandiu sua espada e fatiou ao soldado quase em dois.

O corpo do comandante não havia meio caído ao chão quando viu o MacNeil agarrar uma mola de suspensão. Antes que Conall pudesse alcançá-lo, MacNeil já tinha disparado o arco, e Conall viu a flecha encontrar seu branco. Com horror, viu a Glenna desabar-se.

O grito de Moira rompeu o ar quando Glenna caiu. E subitamente as palavras de sua mãe aquele fatídico dia, quando só tinha sete anos e lhe contou a profecia, vieram-lhe à memória. Cada palavra da profecia gritava em sua mente enquanto observava como Glenna caía.

O impacto da profecia, inclusive a parte que tinha esquecido, golpeava pesadamente em seu peito. Tinha sido um idiota em querer esquecer algo que afetava sua vida tão profundamente. Se só o tivesse recordado antes, pensou.

A ira o saturou quando se voltou para o MacNeil. –Fez suficiente mau nesta vida. É hora que sua vida termine, – disse Conall e sustentou a ponta de sua espada no coração de MacNeil.

Ouviu a Moira gritar seu nome, mas a vingança por tudo o que MacNeil lhe tinha causado, soava ruidosamente em sua cabeça. Fechou-se à voz de Moira e concentrou toda sua raiva e ódio no monstro que o tinha criado tudo.

–Conall, Glenna te necessita, – chamou-o Moira de novo.

O sangue de Conall cantava por vingança, mas seu coração chorava por Glenna. Tinha lhe curado as feridas que nem sabia que tinha. E o necessitava. Não podia negar-se a ela, mas não podia permitir que MacNeil vivesse.

MacNeil riu e se levantou em um cotovelo. –Parece que tem uma eleição. Me matar ou salvar a Glenna. Pergunto-me qual escolherá.

–Conall, – chamou Gregor enquanto corria para o bosque. – Depressa!

Conall não tinha muita eleição, e seria um idiota se perdesse mais tempo. Olhou aos olhos de MacNeil e lhe cuspiu no peito. –Viverá este dia, mas eu vigiaria minhas costas se fosse você, – disse e se apressou detrás de Gregor.

 

Glenna tratou de bloquear a agonia que percorria sua coxa quando Moira e Frang a arrastaram à segurança das pedras.

– Sobreviveu Conall? – Perguntou ela por décima vez, mas eles não lhe respondiam. – Por favor, preciso saber.

–Vive, – sussurrou Moira e limpou sua bochecha. – Agora se preocupa por ti.

Glenna sentiu uma gota golpear sua cara e se deu conta de que Moira chorava. – Sem lágrimas, irmã. Você é a melhor curadora dos arredores. Se posso ser salva, é você quem o fará.

Moira inclinou sua cabeça, e Glenna soube que suas palavras a tinham afetado. Glenna mordeu o lábio para não gritar quando a colocaram em cima de uma rocha larga e plana.

Seus olhos se abriram para olhar o céu azul. As nuvens se moviam lentamente sobre ela, despreocupadas da batalha baixo delas. Não podia menos que perguntar-se se os Fae eram assim de despreocupados. Se só tivesse pensado ir a eles por ajuda, talvez nada disto teria passado.

Só um idiota pensaria assim.

E ela estava sendo uma idiota. Não tinha aprendido bastante para salvar a Conall, e logo que tinha salvado seu clã. Se Moira não tivesse estado a seu lado, ela não poderia ter sido capaz de reunir a coragem que necessitava para controlar seus poderes.

–Bebe, – ordenou Frang enquanto sustentava uma taça em seus lábios.

O líquido frio reconfortava sua boca seca enquanto se deslizava facilmente por sua garganta. Imediatamente a dor desapareceu até que Frang agarrou a flecha e a atirou de sua coxa.

Ela tratou de conter o grito, mas a cegadora dor ultrapassou seus esforços.

 

Conall correu ao topo do penhasco, mas não pôde encontrar a Glenna por nenhuma parte. Só encontrou sangue sobre as rochas. –Pelos Santos, Onde está ela?

–Nas pedras possivelmente, – disse Gregor.

Conall gemeu por dentro, mas correu ao círculo de pedra de todos os modos. Alcançou o círculo e chamou a Glenna quando viu que estava encoberto.

–Você deve entrar por ela, – disse Moira.

–Não mais jogos. Preciso vê-la. Preciso saber que está bem. Só me diga isso, – urgiu ele.

–Se a quiser, veem e toma-a.

Conall amaldiçoou e golpeou as pedras. –Estou farto de truques, Moira.

–Abre sua mente, Conall. Eu si que recorda a profecia agora, mas não é suficiente. Se ama a Glenna então deve vir por ela. Deve acreditar nela, em nós, e em ti mesmo.

Conall olhou ao Gregor e o viu ondeando sua mão. – O que está fazendo?

–Estou saudando a Moira, – disse ele.

Conall se passou as mãos pela cara. Este dia não estava resultando como deveria ser. Por alguma razão os fae estavam encobrindo o círculo só para ele. – Pode ver dentro?

–Sim.

–Não pensei que acreditasse no que os Druidas pudessem fazer.

Gregor cruzou seus braços sobre seu peito. –Eu certamente acredito, como você o faria se lhe permitisse isso.

Conall voltou para as pedras e disse a se mesmo que acreditava, e se acreditava. Mas não era suficiente. Moira queria que ele tomasse os Druidas dentro de sua vida novamente, como sua mãe o tinha criado.

Disse que podia fazê-lo, mas seu coração sabia que era uma mentira. Como podia depois de tudo o que os Druidas tinham permitido que ocorresse a sua família?

–Não pode seguir culpando aos Druidas pelo que passou, – disse Gregor enquanto se parava mais perto. –Eles só podem fazer um tanto. Eles não têm o poder de mudar o mundo.

Conall inclinou sua cabeça e pôs suas mãos sobre a pedra e recordou a cara sorridente de Glenna, o sol cintilando em suas mechas de cabelo escuro, e seu doce suspiro quando faziam amor.

De repente soube que abriria seu coração a algo se ela estava a seu lado. Levantou sua cabeça, preparado para lhe dizer a Moira justo isso quando se encontrou olhando dentro do círculo. Não perguntou como souberam, só agradeceu o fato de poder entrar agora.

Moira estava de pé ao lado de uma rocha larga e plana onde Glenna jazia imóvel. Deixou cair sua espada e correu a seu lado. Os olhos de Glenna estavam fechados e temeu o pior.

–Cheguei muito tarde, – sussurrou e pôs sua mão em cima das dela.

–Nunca.

Ele se encontrou olhando-nos mais belos e suaves olhos marrons que embelezassem a uma alma vivente. –Pensei que te tinha perdido, – disse a Glenna.

–Moira não me permitia dizer nada.

Conall riu. – Perdoará-me por ser tão obstinado?

–Só se me beijaer.

Ele baixou sua cabeça e reclamou seus doces lábios. –Amo-te, – disse ele, uma vez que foi capaz de separar seus lábios dos de Glenna.  

–E eu a ti.

Ele secou a lágrima que rodava pela bochecha de Glenna. – Retornará comigo agora e será minha esposa e a mãe de Ailsa e das crianças com que sejamos abençoados?

Ela envolveu seus braços ao redor de seu pescoço. –Nada poderia me deter.

E então sentiu a verdade em suas palavras. –Meu poder voltou.

Moira sorriu através de suas lágrimas. –Eu sabia que passaria uma vez que aceitasse totalmente a Glenna pelo que é. –É um bom dia.

–Sim, MacNeil se foi, – disse ele.

Ela sacudiu sua cabeça. – Você lembrou a profecia e sua parte nela, assim como a posse das crenças dos Druidas estão outra vez dentro de seu coração.

–É um bom dia, – disse Glenna. – Agora, deixa que Moira se ocupe de suas costas. Não te terei sangrento em nosso casamento.

 

A Sombra juntou a capa ao redor dele. Tinha sido derrotado aqui, mas tinha ainda outra irmã que poderia alcançar. Não tinha sido capaz de saber sua localização, mas se conhecia o Frang e Moira eles enviariam a alguém por ela e simplesmente lhe seguiria.

Mas primeiro, tinha que ver MacNeil. A morte de Effie mudava as coisas. Uma nova estratégia teria que ser idealizada. Se eles esperavam que a outra irmã se unisse a Moira e Glenna, então tudo estaria acabado para eles. Mas não se renderia sem uma briga, e ao final sabia que ganharia. Gente como ele era desumano e quando se era desumano um podia fazer que as coisas acontecessem.

E fazer amor com Moira seria um ato singelo.

 

Glenna inspecionou o dano causado pelo fogo entre os fortes e seguros braços de Conall.

–Perdemos tanto.

– Tudo isto pode ser reconstruído. Salvou a todos nós, minha senhora.

Ela riu e descansou sua cabeça em seu ombro.

–Quase não pude fazê-lo.

– Mas o fez, e isso é o que importa.

Um chiado os ressonou antes que Ailsa chegasse até eles.

– O fez! – Correu para o Conall.

Glenna riu ao ver como Ailsa se abraçou ao redor das pernas de Conall. A pequena olhou a Glenna e disse.

– Disse-me que te traria de volta a casa.

– É o Laird, Que esperava?

– Vamos, – disse Conall as empurrando com suavidade e entrando em um dos corredores.

Os aplausos estalaram quando viram a Glenna em braços de Conall. Ao fim tinha tudo o que sempre tinha tido saudades, um homem ao que amar, uma filha, irmãs, e um clã que a aceitou.

– Me deixe estar de pé. – disse a Conall.

A contra gosto o homem a deixou e ela confrontou ao clã que a tinha odiado mais à frente do sentimento, mas que agora lhe tinha dado a bem-vinda com os braços abertos. Eles eram boa gente que tinha sido aterrorizada por MacNeil. Não podia julgá-los por suas ações.

–Tenho notícias. Declarou Conall. – Glenna finalmente aceitou converter-se em minha esposa.

Outra vez o corredor estalou em um ensurdecido aplauso.

Com uma mão de Conall apoiada em suas costas, confortando-a, Glenna saudou cada membro do clã, seu coração se inflamava com cada risada.

 

– Estou tão feliz por sua sorte.

Glenna se voltou, Moira estava detrás dela. Manteve-se dentro das pedras para preparar-se.

– Você sabia tudo o que ia acontecer, não?

Moira riu e se aproximou até ficar de pé a seu lado.

– Sempre há uma pequena probabilidade de que as coisas não aconteçam como se espera. Estava preocupada de que Conall não aceitasse ser um Druida. Nesse caso, nós tivéssemos tido problemas.

– Sinceramente não pensei que me aceitasse. – disse Glenna.

Moira riu e levantou sua cara ao sol.

– Chegou a hora.

Glenna suspirou e seguiu a Moira ao interior do círculo de pedras que se via o lado do castelo MacInnes. Quase todo o clã e todos os druidas se aproximaram para presenciar o acontecimento, uns aguardavam sobre umas rochas, mas outros olhavam de abaixo.

Os Druidas sobre as rochas tinham formado um círculo grande externo, dentro do qual havia um círculo menor. Com assombro Glenna observou aos membros da raça Fae. Sentindo o olhar de todos sobre ela, começou a sentir-se nervosa, até que ela viu a Conall.

Estava de pé ao lado de Frang perto do bordo da rocha. Seu cabelo azeviche, úmidos pelo recente banho, balançava-se com suavidade sobre seus ombros,. Ao pensar no homem submerso no lago, Glenna sentiu como seu estômago revoava encantado. Passaria muitos dias nessas deliciosas águas do lago provavelmente

Conall estava magnífico com o Kilt de tartan azul e verde.

Mas foram seus olhos os que a sustentaram e acalmaram. Manteve seu olhar nele, enquanto se aproximava até ficar de frente.

– Preocupava-me que pudesse mudar seu pensamento. – Disse-lhe.

– Nunca. Propusemos-nos estar juntos.

– Então juntos estarão. – Disse Frang levantando os braços para deixar claro a outros que a cerimônia estava a ponto de começar.

Frang consagrou o círculo interior e exterior, enquanto Moira lhe aproximava.

– Bem-vindo.

– Bem-vindos. – Responderam todos.

Frang levantou sua cara ao céu e fechou os olhos. Quatro dos Druidas maiores caminharam até colocar-se nos quatro pontos cardeais.

–Grande Espírito – a voz do Frang ressonou – pedimos sua bênção para esta Cerimônia. Permite que os quatro honoráveis espíritos penetrem com sua energia e resplendor em nosso círculo para bem de todos os seres.

Glenna sorriu a Conall quando o Druida do norte disse.

– Com a bênção da Ursa Maior do céu estrelado e a terra profunda e produtiva, pedimos os poderes do Norte.

–Com a bênção do macho no calor da perseguição e o fogo interior do sol, pedimos os poderes do sul. – disse a Druida Sacerdotisa representante do Sul.

O Druida do oeste levantou sua cara. – Com a bênção dos salmões da sabedoria que moram nas águas sagradas da piscina, pedimos os poderes do oeste.

Glenna jogou uma olhada à mulher que representava o Este.

Sorriu- fracamente a Glenna antes de dizer.

– Com a bênção do falcão que se eleva ao amanhecer ao céu claro e puro, pedimos aos poderes do Oriente.

Frang baixou seus braços.

– Estamos de pé sobre esta terra e ante o Céu para testemunhar o sagrado ato do matrimônio entre o Conall e Glenna. Estamos presente sua família e amizades, que pedimos aos Maiores Poderes que estejam presentes junto a nós neste círculo de pedra. Esta sagrada união pode estar cheia de sua presença sagrada? Pelo poder que me concedestes invoco que esse encanto seja declarado.

–Pelo poder que me concedestes invoco a chama brilhante para estar presente neste sagrado lugar. Sua paz declaramos. – disse Moira.

– Em nome dos antepassados cujas tradições honramos– disse Frang.

– Em nome dos que nos deram à vida. – disse Moira.

– Podemos nos unir para dizer que estes dois seres estão apaixonados. – disseram ao uníssono.

Moira capturou os olhos de Glenna.

– A conexão criada nesta união entre um homem e uma mulher pelo rito sagrado do matrimônio, trará grandes força a futuras gerações por ser nutridas dentro da matriz do tempo. Uma união apoiada no amor verdadeiro encontra muitas expressões. Esta união realmente é Sagrada.

Os olhos de Glenna brilharam quando se encontraram com os chapeados de Conall. Continham tal promessa, que ela se perguntou se alguma vez realmente pensou em abandoná-la. Afastou estes pensamentos quando chegou o momento em que tinha que participar no ato.

– Quem percorre o atalho da lua para suportar o Céu antes de declarar seu Voto sagrado?– perguntou Frang.

Glenna tragou saliva e riu quando Conall lhe piscou um olho. Ela deu um passo para diante.

– Eu o farei.

– Quem percorre o atalho do sol para estar de pé sobre esta Terra e declarar seu Voto Sagrado?

Conall se aproximou e ficou parado perto de Glenna.

– Eu o farei.

A alma da Glenna se elevou da alegria para ouvir essas palavras. Suas mãos se acariciaram brandamente e Glenna teve as vontades de sentir seus braços fortes ao redor dela. Mas por agora tinha que contentar sustentando sua mão.

Caminharam juntos ao redor do Círculo.

Primeiro em uma direção, logo para outra até que retornaram ao Este.

Frang lhes sorriu.

– Conall, Glenna caminhastes ao redor do círculo da lua e o sol, caminharão agora juntos pelo Círculo do tempo, viajando através dos elementos e do tempo?

Glenna e Conall compartilharam um sorriso antes de responder.

– O faremos.

Ainda sustentando-se as mãos caminharam até o Druida que representava o Sul.

– Seu amor sobreviverá os fogos severos da mudança?

– Sobreviverá. – responderam ao uníssono Glenna e Conall.

– Então aceitem a bênção do Elemento de Fogo neste lugar do verão. Sua casa estará cheia de calor.

Conall e Glenna se aproximaram do Druida do oeste.

– Seu amor sobreviverá ao fluxo e vazante do pressentimento?– perguntou-lhes o Druida.

– Sobreviverá. – respondeu Glenna.

– Aceitem então a bênção do Elemento de Água neste lugar de outono. Sua vida em casal estará cheia de amor.

Seus passos os levaram ao Druida do Norte.

– Seu amor sobreviverá às épocas de silêncio e restrição?

Compartilharam um breve sorriso.

– Sobreviverá.

– Aceitem então a bênção do Elemento de terra neste lugar de inverno. Sua união será forte e produtiva.

Por fim chegaram ao Druida do Este.

A Druida riu calidamente antes de lhes dizer.

– Seu amor sobreviverá à clara luz do dia?

– Sobreviverá.

– Então aceitem a bênção do Elemento de Ar neste lugar de primavera. Seu matrimônio estará bento com a luz de cada novo amanhecer.

Os olhos da Glenna se nublaram quando Conall lhe apertou a mão.

Embora a cerimônia quase tinha finalizado, ela e Conall se sentiam unidos em corpo e alma desde dia em que se conheceram.

– Juram manter seus Votos Sagrados? – perguntou-lhe Frang.

Conall tomou sua outra mão, colocaram-se frente a frente e responderam.

– Os manteremos.

Moira colocou uma mão sobre o ombro de Glenna e a outra sobre o de Conall.

–Então selem suas promessas com um beijo.

Glenna colocou seus braços ao redor do pescoço de Conall, quando a apertou contra ele. O beijo selou suas almas, seus corações e seus corpos. Eram companheiros que se encontraram outra vez, e continuariam fazendo-o através do tempo. Glenna pensou por um instante nas benções de Frang a respeito das futuras crianças que teriam. Gradualmente Conall deu fim ao beijo, mas não a liberou. Glenna sabia que uma vez que chegassem ao castelo Conall não a deixaria sair do quarto durante uma semana, e ela de bom gosto aceitaria o castigo. Enquanto Glenna e Conall se olhavam aos olhos, os quatro Druidas dos elementos disseram suas bênções.

Frang e Moira disseram suas bênções e terminaram a cerimônia.

–Está feito – disse Conall lhe segurando o queixo e olhando-a com o amor brilhando intensamente em seus olhos. – Sim. Está feito.

Gregor viu como Conall levava a Glenna ao castelo, onde lhes esperava um grande banquete para celebrar a união. Parecia que as coisas se normalizavam no clã MacInnes.

Conall aceitou sua parte Druida e o MacNeil se foi longe.

Por agora e se tudo o que Moira disse era verdade, MacNeil estaria longe. Disto tinha muitas dúvidas. MacNeil queria mortas às irmãs, se era assim seguiria detrás delas por muito tempo até que conseguisse seu objetivo. Só então MacNeil estaria tranquilo.

Gregor esfregou seu medalhão através de sua camisa e colete. A casa. Não tinha visto sua casa desde fazia dez anos. Nem sequer se tinha aproximado dessa região. Agora desejava voltar às ver.

Tudo porque seu sentido do dever despertou no fundo de seu ser, lhe provocando emoções que acreditava estarem esquecidas.

Estava orgulhoso de si mesmo por fazer as coisas corretas e estar à direita de Conall, mas também estava molesto porque sua vida mercenária estava chegando a seu fim.

O que ia fazer agora? Percorrer a Escócia para sempre? Não, estava farto de vagar.

Tinha se sentido cômodo na casa de Conall e lhe tinha feito desejar ter uma própria.

Olhou para cima e se encontrou a sós sobre o escarpado. Outros estavam no castelo celebrando. Era o momento perfeito para partir. Conhecia melhor que ninguém a Conall. Se o pedia, estava seguro que Conall lhe ofereceria um lugar dentro do clã, e não seria capaz de rejeitar o oferecimento. Se desejava partir, este era o melhor momento. Olhou por última vez o castelo, os sons da farra se escutavam ao fundo. Encontrou-se que Frang o olhava fixamente. O Sacerdote Druida deu uma cabeçada.

Gregor devolveu o gesto, assentindo com a cabeça e se apressou a ir junto a sua égua. Melhor escapar logo, disse-se.

Grandes forças palpitavam neste lugar e não precisava estar apanhado entre elas.

 

Glenna agradeceu o apoio que lhe deu Conall quando saiu com dificuldade do castelo. O banquete de bodas tinha começado assim que a cerimônia terminou e tinha durado todo o dia. Quando o sol começou a ocultar-se pelo horizonte, Glenna sentiu o chamado de Moira. O disse a Conall mas ele se negou a afastar a de sua vista. Depois de várias horas tentando raciocinar com ele, pôde ir junto à Moira depois de aceitar ele a contra gosto.

–Já é suficiente– se queixou o homem levantando-a nos braços

Ele a levou até que alcançaram a Moira quem aguardava de pé ao lado de Gregor.

– Onde vai agora?– perguntou a jovem ao ver o cavalo perto de Gregor.

Sua presença pareceu alterar a Gregor, como se não fosse capaz de afastar do lugar agora que estavam eles perto. Glenna não entendeu sua reação, sobre tudo depois de tudo o que tinha jogodo por eles.

Gregor se encolheu de ombros.

–Irei a algum lugar.

–Tenho um trabalho para ele. – Disse Moira, desculpando a Gregor.

Gregor levantou sua frente loira.

–Não acredito que seja o homem que necessite.

Moira riu.

– Como te soa isto? – Perguntou-lhe Moira lhe lançando uma pequena bolsa que repicou com o som de moedas.

– Metade agora, metade depois quando terminar.

Gregor ficou olhando a bolsa que tinha em sua mão.

– O que quer que faça?

– Que traga para casa nossa irmã Fiona.

Glenna olhou como ele se pensou a oferta de Moira. Não sabia que Moira lhe ia pedir que encontrasse a Fiona, mas ela estava de acordo que Gregor era o homem que necessitavam. Gregor era o tipo de homem que impunha respeito e que era muito capaz de levar a cabo a missão, e trazer de volta a Fiona era de soma importância.

–Por favor– lhe pediu Glenna. –Você é a única pessoa que pode trazer-la de volta sem cair nas armadilhas de MacNeil.

–Bem–, conveio o homem. – Mas atendam que faço isto pelo dinheiro, não por que eu goste de vocês.

–Certamente–, respondeu-lhe Conall com um sorriso satisfeito que não pretendia ocultar.

Glenna lhe deu uma cotovelada nas costelas, gesto que provocou que Gregor risse.

– Boa sorte– lhe disse Glenna, abrigando-se em braços de Conall, quem fechou seus braços ao redor dela, lhe sussurrando ao ouvido enquanto Gregor montava seu cavalo e desaparecia pela porta.

–Ele conseguirá trazer a de volta.  

–Sei.

–Bom, então mulher me acompanhe e desfrutemos de nossa noite de núpcias – lhe sussurrou de maneira sedutora em seu ouvido antes que a beijasse no ponto sensível ao dorso de seu pescoço.

–Mas Moira.

Conall jogou uma olhada por cima de seu ombro e descobriu que Moira se foi.

–Ela se foi.

Glenna apoiou então sua cabeça em seu peito.

–Então não nos demoremos muito tempo, meu Laird.

Conall olhou com assombro a sua ninfa, quem tinha capturado sua alma e seu coração.

Ainda o assombrava que fosse sua esposa.

Dele.

Ao fim dele.

 

                                                                               Donna Grant 

 

 

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