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Depois que o primeiro homem e a primeira mulher comeram do fruto proibido e foram expulsos do Jardim do Éden, Javé não os abandonou à sua sorte, mesmo tendo desobedecido, mas os abrigou com vestidos e túnicas de peles e os protegeu para que, uma vez que a mulher concebesse os seus dois filhos, Caim e Abel, fundassem uma família e povoassem a face da Terra com sua descendência.
Mas, Caim, por causa da inveja que sentia, matou seu irmão, Abel; e Javé, Deus, o castigou e ordenou que se afastasse e fosse morar nos confins do mundo: “Desde agora andarás errante pelos campos e montanhas e não terás tranquilidade em todos os dias de tua vida”, sentenciou Javé.
Mas, o Criador da humanidade apiedou-se de Caim e pôs em seu caminho uma mulher para que fosse sua esposa, quem lhe deu um filho ao qual chamaram pelo nome Henoc e do qual nasceria uma estirpe de heróis que, por sua vez, conheceriam outras mulheres e procriariam e povoariam a terra. E assim se cumpriram os desígnios de Javé.
Henoc, o filho de Caim e da mulher que Javé pôs em seu caminho, teve uma grande descendência que se continuou com Irad, Maviael, Matusael e Lamec, que se casou com Ada e Sela. Ada engendrou os irmãos Jabel e Jubal. E Sela engendrou Tubalcain e sua irmã Noema. Em determinado momento, e para preencher o vazio deixado por Abel, Adão e Eva engendraram um novo filho ao qual chamaram Set.
De Set surgiu uma nova família que começou com Enós, que, por sua vez, engendrou Cainã, que teve um filho chamado Malaleel, que seria pai de Jared, do qual nasceria um varão chamado também Henoc, que seria o progenitor do célebre Matusalém. De Matusalém nasceu outro Lamec, um homem que, na sua longa vida, engendraria muitos filhos, entre eles Noé.
Noé tinha sido sempre justo e bom num mundo em que os demais homens eram luxuriosos, tão luxuriosos como os gigantes com os quais coexistia e com os quais suas mulheres de deitavam. Javé decidiu exterminar todas as suas criaturas, incluindo os animais, pois se arrependia de tê-los criados, à exceção do bom Noé, a quem ordenou construir uma grande barca de madeira.
Logo que terminou, Noé embarcou sua mulher, seus filhos, Sem, Cam e Jafé, as mulheres de seus filhos, os sete casais de cada espécie e um só casal de cada espécie impura e carregou alimento suficiente para a travessia, que deveria durar pouco mais de um ano, após aqueles quarenta dias e quarenta noites de chuvas que inundariam toda a face da terra.
Durante um ano esteve flutuando a barca com todos os integrantes em seu interior. Até que, a cabo de um ano e dez dias, já estava seca, novamente, a superfície da terra. A expedição desembarcou, ofereceu um sacrifício com um exemplar de cada espécie pura e Javé, ao cheirar “o suave odor”, prometeu-se que nunca mais voltaria a maldizer a terra. Fez, portanto, um pacto com os humanos, a primeira aliança com seu povo escolhido, e os selou com o arco-íris, sua assinatura celestial.
De Sem, Cam e Jafé nasceu a nova espécie humana, mas destes sucessores de Noé também se originou a ideia de edificar uma torre tão alta quanto o céu, que lhes serviria de referência na dispersão. Mas Javé viu que não era bom a unidade, e de um só povo e de uma só língua fez surgir a confusão e a disparidade de linguagens, dizendo-se: “Eis aqui um povo único, pois todos falam a mesma língua. Tem se proposto isto, e nada lhes impedirá levá-lo a cabo. Desçamos, então, e confundamos sua língua, de forma que não se entendam uns aos outros”.
E assim, os descendentes de Noé se dispersaram, mas sem ficar a referência monumental da planície de Sennaar, a torre inacabada de Babel, Babilónia, sinónimo desde então, de todos os males e todas as corrupções.
Um dos mais longínquos descendentes de Sem, o bom Abraão, foi escolhido por Javé para uma delicada missão. Abraão, irmão de Najor e Aram, era filho de Teraj, e por sua vez filho de Najor, este de Sarug, que foi filho de Reu, e Reu filho de Paleq, que foi filho de Heber, o filho de Sale, neto de Arfaxad e bisneto de Sem.
Javé ordenou ao bom Abraão que fosse ao Egito com sua gente. Javé estabeleceu com ele a segunda aliança e em troca do sacrifício, que supunha mudar-se para um lugar desconhecido, Abraão e seus descendentes iriam receber, muito mais tarde, a terra designada por Javé.
O povo de Abraão deveria ir se preparando para a anunciada escravidão de quatrocentos anos, com a promessa de que, após aqueles quatro séculos, Javé, Deus, castigaria os egípcios por abusar de seu povo e premiaria os futuros filhos de Abraão com “muita terra”, com os territórios que vão desde “o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates”.
Abraão acatou o mandado, assim como também obedeceria, depois, a ordem de sacrificar seu filho, Isaac, sem vacilar, e se pôs nas mãos de Javé, enquanto iniciava, disciplinadamente, a longa viagem para o seu destino; viagem que duraria vários anos e estaria cheia de avatares, nas quais surgiria novas raças e novos poços.
Muito teria que passar Abraão, que começou sua viagem escutando estas palavras: “Sai de tua terra, de teus parentes, da casa de teu pai, para a terra que eu te indicarei; eu te farei um grande povo, abençoarei e engrandecerei o teu nome, que será uma benção, e abençoarei aos que te abençoem e amaldiçoarei aos que te maldizem. E serão abençoadas em ti todas as famílias da terra”.
Abraão, que contava com setenta e cinco anos de idade, acatou seu destino e saiu de Jaram, com rumo à Canaã, acompanhado por sua mulher Sara, seu sobrinho Lot e sua comitiva de pastores e gados. Chegando a Siquem, Javé apareceu ao trio para anunciar-lhes que, para sua descendência, daria aquela terra que podiam contemplar seguindo suas indicações, como tinha prometido fazer.
Foram depois para o Egito, mas Abraão temeu pela sorte da formosa Sara, e lhe disse que se fizesse passar por sua irmã. Os egípcios se encantaram pela bela Sara e a levaram para o palácio, enquanto obsequiara de presentes a Abraão, mas Javé, irritado pela alteração de seus planos, mandou grandes pragas para os egípcios.
O faraó, ao ver o desastre, e inteirado da astúcia de Abraão, libertou Sara e manifestou que não compreendia o comportamento de seu esposo e, ainda menos, o castigo recebido por culpa daquele engano.
Abraão saiu do Egito e voltou para o norte, separando-se de Lot por causa das desavenças e brigas existentes entre os pastores de ambos. Lot marchou para Sodoma, com tão má sorte que se viu envolvido, sem querer, numa guerra entre pequenos reis locais, sendo capturado e preso.
Abraão, ao ficar sabendo, montou uma tropa de trezentos e dezoito homens dentre seu povo para libertar Lot, o que finamente conseguiu, além de enriquecer-se com o butim e com o dízimo recebido dos derrotados inimigos.
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