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Series & Trilogias Literarias
Em sua busca de vingança, Maeve se encontra presa em um mundo de magia e ilusão... Com sua irmã gêmea morta, Maeve procura justiça por seu assassinato. Ela descobriu a chave que garantirá seu sucesso: um feitiço mágico para controlar um vampiro. Agora tem que procurar um bruxo com a pura intenção de que ensine o feitiço. Quinn Montgomery não quer ter nada haver com sua mãe, Mortianna. Rejeitado no momento de seu nascimento, Quinn foi convocado a seu lado só depois da morte de sua meia irmã, Bliss, a herdeira reconhecida. Quando descobre à bela Maeve como prisioneira na casa da mãe, nega-se a permitir que os planos de sua mãe continuem e resgata a espinhosa imortal de uma morte iminente. Juntos, Maeve e Quinn a contra gosto, unem-se para lutar contra as forças da escuridão, enquanto lutam contra a crescente atração pelo outro. Quinn ensinará a Maeve o feitiço que necessita desesperadamente, ou, em vez disso ela cairá sob seu feitiço?
CAPÍTULO 01
Parecia bem, para ser um cadáver.
Da porta do solário, Quinn Montgomery olhou sua meia irmã através da tampa de cristal de seu caixão. Bliss deitada em uma cama de seda de cor marfim rodeada de centenas de botões de rosa, que cercava sua
cama eterna. O cabelo dourado emoldurava o rosto em cachos de cabelo delicados, enquanto sua pele conservava o rubor frágil da vida. Seus lábios eram de cor rosa e cheios. A sombra espessa de seus cílios
chegava às bochechas. Sua irmã mais nova parecia como se estivesse dormindo. A bruxaria obteve essa façanha. Ele estava na casa das montanhas de Washington, quando a notícia de sua morte chegou oito semanas
antes. Segundo a carta, tinha sido assassinada no Colorado, e Mortianna e seus seguidores levaram seu corpo de volta à Inglaterra. Com seu corpo machucado e quebrado, sua cabeça foi cortada limpamente
de seus ombros, sua vida tinha sido terminada por um vampiro sem escrúpulos. Olhando-a agora, Quinn sabia que só a bruxaria podia pô-la de novo no lugar.
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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Humpty Dumpty 1 não teve tanta sorte.
Trocou sua atenção à rígida figura de pé junto ao caixão. Mortianna a sem-coração, também era conhecida como a Mamãe querida e velha. Com seu cabelo marrom claro ligeiramente enroscado com toques prateados,
estava vestida de negro de pés a cabeça. Sua longa capa de veludo que pendurava dos ombros até o chão envolvia sua figura com suas volumosas dobras. A barra estava cheia de sujeira e folhas de grama. Que
tipo de pensamentos sombrios estariam rondando o seu diabólico cérebro? Ele se moveu pela sala. Seus sapatos com sola de couro fizeram pouco ruído no chão de mármore polido. A pedra com incrustações de
latão maciço do pentagrama no caixão estava em um cadafalso 2 envolto em metros de seda de cor rosa claro. Grossas velas brancas de ferro forjado nos lados se elevavam e transbordavam urnas de rosas e
lírios rodeando a macabra cena. Seu aroma adocicado pendurava grosso no ar frio. Sobrecarregado para qualquer pessoa? Ao redor da cena em um círculo muito separado entre eles, estavam alguns dos seguidores
de Mortianna. Quinn reprimiu uma careta de desgosto quando sua mão acariciou o manto de uma das pequenas bestas. O exército dos demônios pessoais de Mortianna eram tão altos como sua cintura, mas eram
brutalmente eficientes como assassinos. Podiam rasgar um humano em só uns segundos. Ninguém sabia exatamente o que eram ou de onde vinham. Muitos acreditavam que eram demônios chamados das profundidades
da terra e obrigados a servir a contra gosto. Duvidava desse conto em particular, já que eram completamente leais a sua ama, obedecendo cada uma de suas ordens, inclusive se isso significava sua morte.
Eram kamikazes muito pequenos dispostos a morrer pelo movimento do dedo dela. Estavam em silêncio e imóveis, com seus pequenos e brilhantes olhos resplandecendo nas escuras curvas de suas conchas quando
romperam o círculo. Fazendo pouco caso da espetada da agulha de malevolência que dançou através de sua pele, concentrou-se em sua mãe. O aroma de seu perfume, escuro e pesado, assaltou seu nariz quando
chegou a seu lado. Era uma mulher bonita, apesar de que parecia ter envelhecido nas últimas vinte e quatro horas. Sua pele estava como papel e seca, enquanto as linhas de expressão faziam parênteses sobre
sua boca e mais se radiavam pelas comissuras de seus olhos azul claro. Ele tinha seus olhos. Algo mudou em seu interior. Um desejo que negou toda sua vida surgiu na cabeça enquanto a olhava. Nunca sonhou
que esse momento chegaria; que mãe e o filho estariam na mesma sala
1 Humpty Dumpty: É um personagem de uma canção de ninar da Mamãe Ganso, criado na Inglaterra. É representada com um ovo
personificado. Na Inglaterra, é usado para designar uma pessoa torpe e pequena.
2
Cadafalso: Túmulo adornado com magnificência, o qual está acostumado a ficar nos templos para as exéquias solenes. (Túmulo: Armação de madeira, vestido de panos fúnebres, que se erige para a celebração
das honras de um defunto). Exéquias: Honras fúnebres.
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ao mesmo tempo. Ao crescer, sempre conheceu esta mulher poderosa que lhe deu a luz, mas nunca se viram até ontem. Segundo seu pai, Keirgen, Mortianna declarou momentos depois da chegada de Quinn que não
tinha nenhum uso para um filho varão. Depois de várias tentativas mais de ficar grávida, cada uma terminando em fracasso, expulsou Keirgen de sua vida com o bebê Quinn escondido nos braços. Agora, anos
mais tarde, reuniram-se. Mãe e filho. Só que desta vez, ele se dispunha a sair em seus próprios termos, e sabia que nunca voltaria.
— Deve descansar. — Manteve a voz baixa.
Ela se agitou, voltando a cabeça lentamente, como se estivesse despertando de um sono profundo. Seu olhar foi plano.
— Como posso descansar quando minha filha se encontra em seu caixão?
— Estar aqui não mudará o acontecido. Não pode alterar a história, e não faz a Bliss nenhum bem. Já desaparece sua magia. — Levantou uma mão para indicar os cada vez maiores fios da prata em seu cabelo.
Ela deu a volta, com seu olhar na face da filha como se fosse um ímã.
— Não me importa nada a magia. Só quero vingança.
Ele sabia muito bem o preço da vingança e o custo era muito caro, inclusive pela morte de sua irmã. Negou.
— Edward matou Bliss e ele é um montão de cinzas agora. Que mais quer?
— Quero a vida do homem que a levou a isto. — Ela se virou para ele, com sua mão levantada em um punho. — Procuro a vida de Damien St. James em troca da de minha filha. Ele é quem a levou de mim, anos
atrás quando a fez imortal.
Sinjin.
Quinn ficou quieto. O vampiro era muito conhecido no mundo sobrenatural e uma espécie de enigma. Raramente aparecia em público, vivia em um enorme castelo nas partes mais setentrionais da Escócia. Entre
os sobrenaturais, se dizia que estava louco embora Quinn não tivesse ideia se era certo. Não era incomum para os vampiros ficarem loucos, enquanto sua longevidade os levava ao desaparecimento de uma forma
ou outra.
— Mortianna, não pode ir atrás de um vampiro antigo.
Separou-se dele, espreitando em torno do outro lado do caixão.
— Ora! Posso e o farei. — O olhar se encontrou com o seu, e ele viu a raiva e a dor fervendo em seu interior. — Atreveu-se a tocar a minha perfeita filha e, ao fazê-lo, selou seu destino. Bliss defendeu
suas atrozes ações e me fez prometer que não faria nada, e durante anos mantive minha promessa e sua vida não se viu afetada. Agora ela está morta diante mim e nada evitará que tenha minha vingança.
A consciência formou um poço vazio em seu estômago.
— É por isso que me convidou a vir, não é? Quer que te ajude a derrubar Sinjin. Um sorriso curvou na boca dela.
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— Fiz, em efeito. Meu filho, o escritor e notável autoridade em armamento antigo, teria a desculpa perfeita para contatá-lo. Todo mundo sabe que St. James tem uma das coleções mais extensas e completas
de armas na Grã-Bretanha. A melhor parte é que ninguém vincularia você e a mim juntos. A traição o queimou quente e grossa na garganta. Fez um esforço para sossegar as palavras que lutaram por explodir.
Nunca deixaria ver o impacto direto que acaba de dar.
— Não te ajudarei.
A expressão dela se tornou fria e encolheu os ombros. — Soube que no momento em que nos encontramos que não poderia me ajudar.
— Não que não possa, não quero. Há uma diferença.
Ela moveu sua mão como se fosse despedir suas palavras.
— Não para mim. Terei minha vingança com ou sem sua ajuda.
— Sua ira te destruirá.
Ela começou a rir e foi um som amargo e feio.
— Está equivocado, meu filho. Minha ira será a morte de Damien St. James. Já enviei os esbirros para que o tragam diante mim. Só é questão de tempo.
— Nada bom sairá disto.
— Que digam a sua irmã.
Finalmente ele se foi.
*******
Maeve entrou na biblioteca, tomando cuidado de fechar a porta atrás dela. Suas botas com sola de couro só fizeram o mais leve ruído sobre o grosso tapete enquanto caminhava para o escritório. Viveu na
casa de Sinjin durante quase um ano, embora a duração de sua estadia não tinha sido sua decisão. Estava sendo retida contra sua vontade e desejava voltar para sua casa nos Estados Unidos. Originalmente
iria às Terras Altas para concentrar-se em seu treinamento e ficou porque Val e seu anfitrião decidiram que era muito perigoso para que retornasse a casa. Pareciam pensar que Mikhail quereria ir por ela
em represália da derrota do solstício do inverno passado. Enquanto Sinjin poderia chamá-la uma convidada... Soprou em voz baixa, uma prisioneira seria mais apropriado. Apesar de que era luxuoso, esse lugar
era ainda uma jaula. Seu castelo nas selvas do norte da Escócia estava isolado, tão só como poderia estar. Mas cumpria seu propósito. Ele era um anfitrião atento quando estava perto. Um ermitão quase até
o ponto da obsessão, raramente saía da biblioteca e, quando o fazia, era só para visitar as catacumbas sob o castelo. Era ainda mais estranho quando saía dos limites da casa. Por sorte para ela estava
na
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galeria superior, quando anunciou ao mordomo estaria ausente durante várias horas. Essa poderia ser sua única oportunidade para encontrar as respostas que procurava. Um fogo lento era a única luz na sala
enquanto ia ao redor dos móveis. A menos que Sinjin estivesse presente, a biblioteca estava fora dos limites no momento em que ela colocou um pé na casa. Enquanto ele trabalhava, tinha permitido passar
muitas horas seguras dentro de seus muros sagrados, desfrutando dos muitos tesouros da biblioteca. Os únicos livros que tinha proibido ler eram os que se encontravam atrás de sua mesa. Só uma vez conseguiu
romper seu domínio pessoal, mas essa única vez tinha sido suficiente para que pudesse reconhecer o que estava procurando. Quando chegou a mesa, ligou o pequeno abajur. Os trabalhos estavam espalhados na
parte superior polida, mas ela não prestou atenção. A um lado estava um enorme livro de couro. Bem utilizado, o couro estava descolorido depois de séculos de mãos ansiosas que desejaram adivinhar os segredos
contidos em seu interior. Na penumbra, o guia dourado da capa brilhava. LEEGEN. Seu pulso acelerou quando deu o primeiro passo em sua busca. Conteve o fôlego quando passou os dedos sobre o couro macio.
Não tinha que dar a volta para saber que as estantes do chão ao teto atrás dela estavam cheias a transbordando com volumes de couro, cada um correspondendo com o que estava diante dela. Dentro desse volume
estava a chave para as respostas que necessitava desesperadamente. Sinjin era o cronista dos sobrenaturais, o eleito para ver e gravar todos os aspectos da história da vida dos não naturais. Nessa sala
estavam os frutos de uma vida de investigação. Séculos de palavras e de conhecimento escondidos em uma montanha de grandes livros. Escondido em um desses enormes volumes estava a elucidação do que procurava.
“Como matar um vampiro antigo.”
Exalou enquanto passava o dedo sobre as letras douradas, queimando-se pela curiosidade brilhante dentro dela. O que daria para ter tempo de ler todos os volumes. Um sorriso amargo curvou seus lábios. Era
provavelmente a única revenant no planeta amaldiçoando sua falta de tempo. Apesar de que ser imortal tinha seus usos, por desgraça, não podia colher os frutos de sua situação atual. Talvez depois de tudo,
se Sinjin não a odiasse, permitiria ler alguns dos livros. Se sobrevivesse à missão. Maeve franziu o cenho e empurrou o pensamento longe. A sobrevivência não era importante em sua situação. O sucesso era.
Obrigou-se a pôr sua atenção de novo no índice. Aproximando-se, abriu o livro e examinou as entradas por ordem alfabética. Parecia estar escrito por várias mãos diferentes, algumas com traços finos e inseguros,
passados de moda, enquanto outras eram descabeladas e mais modernas. Uma a reconheceu como de Maggie, a assistente de Sinjin. As outras eram desconhecidas para ela. Passou a seguinte página e continuou
explorando os registros. Pena que não tivesse evoluído a um computador. Sem dúvida, faria as coisas muito
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mais fáceis para ela...
Seu coração saltou enquanto uma entrada prendia sua atenção.
Matar um vampiro, volume 132.
Tenho!
Fechando o livro, deixou-o no canto da mesa antes de passá-lo às prateleiras. Estirando o pescoço, procurou os enlaces até que encontrou o Volume 132 em uma prateleira inferior. Agachando-se, tirou-o e
o pôs no chão. Abrindo a capa de couro procurou na tabela de conteúdo e, na parte inferior, encontrou o que queria.
Matar um Antigo, página 359.
Ficou sem fôlego, enquanto a emoção brotava em sua garganta. Finalmente, depois de anos de planos, estava mais perto de realizar seu objetivo. Maeve foi à página correta e com entusiasmo procurou na nítida
e estreita escritura.
O método para matar um antigo dependerá em grande medida dos poderes que o vampiro possua. Em caso de que o vampiro possua telepatia, abandone os métodos enumerados a seguir e continue à página 370.
Maeve franziu o cenho. Mikhail seria telepático? Não tinha ideia. Mordeu o lábio e continuou lendo.
O primeiro passo é incapacitar o vampiro. Cuidado, este é o passo mais perigoso e mortífero. Pode fazer-se utilizando vários métodos:
1. Estaca no coração... Isto não garante matar um antigo, mas pode ser usado para incapacitá-lo e deixá-lo imóvel. Quando se trata com um antigo, este não é o melhor método. Uma estaca no coração pode
ser utilizada para matar um jovem vampiro com menos experiência. Tome cuidado. É muito complicado.
Maeve sorriu. Não me diga.
2. Uma cruz de prata... Uma cruz de prata pressionada entre os olhos de um vampiro o incapacitará até que um método mais permanente possa ser utilizado. Entretanto, o perigo deste método é ter que estar
fisicamente perto do vampiro para que seja eficaz. Este método não deve usar-se em um antigo.
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3. Magia... Um feitiço conhecido como o feitiço de união pode imobilizar um vampiro.
Advertência, enquanto que há vários tipos de feitiços de união, só o feitiço A’bhais Cadail” funcionará em um antigo. O feitiço A’bhais Cadail se transmite de geração em geração através de umas poucas
linhas de bruxas, e o conhecimento se considera sagrado. A linhagem é de suma importância, e só uma bruxa de...
Click.
Maeve ficou tensa. Sua cabeça se moveu para cima. Com muito cuidado, procurou na sala. Sinjin já teria retornado? Seus olhos se estreitaram enquanto avaliava a borda das portas francesas e janelas altas
e estreitas que formavam a parede do fundo. Como era habitual, todas estavam fechadas contra a escuridão impenetrável do exterior. Voltou sua atenção para o livro.
O feitiço A’bhais Cadail se transmite de geração em geração através de umas poucas linhas de bruxas, e o conhecimento se considera sagrado. A linhagem é de suma importância, e só uma bruxa de intenção
pura deve capacitar o aluno. Este feitiço nunca se documentou, e só umas poucas tradições inclusive possuem a habilidade de lançar...
Plink.
Maeve abandonou o livro e desta vez ficou em pé. Uma calma glacial desceu como seus afiados sentidos sobrenaturais. Mantendo as prateleiras nas costas, começou a procurar pela sala. A biblioteca era uma
sala longa e estreita cheia de estantes em três de suas paredes. A quarta parede continha numerosas portas de vidro que davam a um terraço de pedra longo. Avançando rapidamente, sua imagem se refletiu
nos cristais escuros de vidro. Olhando atrás de cada peça do mobiliário, não encontrou nada errado. Poderia estar um pouco nervosa? A tensão começou a filtrar-se em seu corpo quando um movimento chamou
sua atenção. Uma espessa névoa caia, rapidamente envolvendo o chão e destruindo algo reconhecível. Um formigamento peculiar se moveu por suas costas. Algo, alguém a estava observando. Maeve roçou seus
dedos pelo interior de seu antebraço esquerdo. Sob seu pescoço, usava uma capa de couro à medida que tinha uma fina navalha de prata atada a seu braço. Um cabo de ébano simples dava um bom equilíbrio e
a convertia em uma excelente faca de lançamento. Mais tranquila, chegou à parte superior de sua bota esquerda e colocou seus dedos no interior. Aquecida pelo calor de sua pele, deu boas-vindas à sensação
de solidez de uma adaga com cabo de marfim. Em sua bota direita estava sua companheira. Acalmada, Maeve se endireitou. Estava armada e em ótimas condições físicas. Havia passado a maior parte dos últimos
dez anos, em particular os doze meses mais recentes, trabalhando em
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suas habilidades de combate mão a mão. Nenhum oponente, vivo ou morto, tomaria de surpresa nunca mais. Imagens de Mikhail e sua irmã Rebecca mortos passaram por sua cabeça. Fazendo pouco caso da sacudida
familiar de dor, empurrou sem piedade a imagem longe. Agora não era momento para recordar o passado... Havia trabalho por fazer. Depois de dar à sala uma revisão final, dirigiu-se para a mesa. Ao chegar
à janela do meio, o vidro explodiu para dentro, chovendo fragmentos de vidro e pedaços de moldura de madeira no chão. Com um grito de guerra, Maeve dobrou os dedos ao redor do punho de sua faca em seu
antebraço enquanto algo pequeno e sólido batia contra seu ombro direito, deixando-a fora de balanço. Inclinando-se grosseiramente, arrancou a folha enquanto um tecido grosso era jogado sobre sua cabeça,
cegando-a. Dedos fortes se afundaram em seus ombros, e o tecido se apertou ao redor da garganta. O joelho de Maeve golpeou a borda de uma mesa de café. A dor a deixou sem fôlego inclusive quando cortou
as mãos que a atormentavam. Seu atacante emitiu um grito quando a faca golpeou sua carne e de repente, ficou em liberdade. Arranhando o pano que a cegava, inclusive enquanto caía de joelhos, perdeu o equilíbrio
quando algo bateu contra seu lado esquerdo. Golpeou o chão com um ruído surdo e algo sólido aterrissou sobre seu estômago, tirando o fôlego. Os dedos se envolveram ao redor da garganta, enquanto o tecido
caía. Um grito de fúria saiu de seus lábios. Resistiu e rodou sobre seu lado direito, com seu atacante cavalgando-a como um potro selvagem. Envolvendo as mãos ao redor dos pulsos de seu torturador, Maeve
ficou olhando à criatura que a mantinha em seu lugar. Pequeno, do tamanho de um menino de seis anos, mas muito mais pesado, com a figura vestida de marrom surpreendentemente sólida. Brilhantes olhos vermelhos
brilhavam no fundo de suas conchas, enquanto que suas escamas, com seus dedos como palitos se afundavam na garganta, ameaçando cortar suas vias respiratórias. Sua consciência ia desaparecendo com rapidez
e era tudo ou nada. Agarrou suas mãos, agarrando a corrente de um pingente negro que pendurava ao redor do pescoço. Deu um puxão, tentando atrair à criatura para baixo e longe. Um grunhido escapou da profundidade
dos ocos de suas conchas. O apertão na garganta se acalmou, e depois a agarrou pelo cabelo, levantando-a pela cabeça e estrelando-a contra o chão. As luzes explodiram diante seus olhos, e Maeve não soube
mais.
CAPÍTULO 02
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Quinn atirou sua bolsa de viagem no assento traseiro da caminhonete alugada, depois fechou a porta. Fez uma pausa, fechou os olhos e deixou que a noite o rodeasse. A escuridão abrangia tudo. Gostava da
tranquilidade que o campo Inglês oferecia tarde de noite. Só quebrado por uma casca ocasional ou rangido na mata, o silêncio era total, um oásis de paz. Até que a pessoa tropeçou com um pedaço de terra.
Abriu os olhos para estudar a estrutura labiríntica que Mortianna chamava seu lar. Tratava-se de uma grande casa inglesa de estilo Tudor. Os jardins eram rígidos em seu desenho e a casa tinha ao menos
vinte cômodos. Dezenas de janelas vazias olhavam fixamente, e tudo estava às escuras exceto pela luz brilhante na borda das janelas, onde Bliss repousava no solário. Os servos estavam de volta. Através
do vidro, olhou o círculo de figuras vestidas que permitiam a seus companheiros entrar. Sustentando um vulto envolto em seus ombros, os últimos a chegar deixaram sua carga no chão a poucos metros da caixa.
Parecia como se tivessem conseguido encontrar Sinjin e agora o entregassem a Mortianna. Demônios. E agora o que? Deveria tentar resgatar o vampiro? Em geral, não tinha nada a favor ou contra os não-mortos.
Deixava-os sozinhos e eles a sua vez, devolviam o favor. Enquanto que não conhecia a história completa por trás de sua irmã... Sua transformação a uma revenant. Tentou manter sua mente aberta a respeito
da situação. Alguns imortais eram levados pela força, enquanto outros optavam pela vida eterna. A julgar pelo fio de proteção de sua irmã no que se referia a Sinjin, ele adivinhava que ela escolheu voluntariamente.
Quinn acreditava firmemente nas leis do carma e deixava que o universo se ocupasse dos problemas a seu próprio tempo. Duvidava que a Deusa pudesse pensar muito bem de Mortianna por esse truque. Sinjin
morrerá se não voltar a buscá-lo. Quinn bufou. Sinjin já estava morto, morto fazia tempo de fato. Sua irmã o amou uma vez. Através dos servos, divisou o corpo de sua irmã em sua cama dourada. Tinha ouvido
que Bliss amou Sinjin profundamente em um passado não muito longínquo. Quem teria sabido? Talvez o fez até o momento em que morreu. Não sabia com certeza, já que nunca tinham sido próximos, mas bem conhecidos
que meio irmão e irmã. Fechou os olhos enquanto um raio de arrependimento atravessava o coração. Tinham vivido em dois mundos completamente diferentes e além do sangue, não tinham nada em comum. Inclusive
quando trataram de forjar uma relação foi forçada e desconfortável. Em vez de forçar o tema, ambos se retiraram, e sua associação se reduziu a um correio eletrônico ocasional ou a uma ligação telefônica.
Agora ela se foi, levando a última oportunidade de construir uma amizade entre eles. O remorso que sentia seria um companheiro constante pelo resto de seus dias. Quinn abriu os olhos a tempo para ver os
capangas deixando o pacote no chão. Agora a vida de seu amante
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pendia de um fio. Por sua irmã, deveria entrar e resgatar o vampiro? Quem é você para decidir quem vive ou morre?
— Maldição, maldição, maldição! — Com um grunhido ele deu volta e foi para a casa.
— Tolos!
A consciência bateu contra o crânio de Maeve enquanto a voz da mulher ressoava em sua abusada cabeça. O som característico de contato com carne humana ressoou, seguido pelo som inquietante de algo que
deslizava sobre uma superfície escorregadia.
Piscou várias vezes e pouco a pouco sua visão começou a clarear. A uns metros havia um pedaço de corda e metros de uma pesada estopa.
— Imbecis! — Gritou a mulher — Deveria enviá-los de volta de onde vieram.
Suponho que não estamos em Kansas, Toto 3.
— Parece um vampiro de verdade? — A voz da mulher ecoou aguda ao redor da sala. — Trata-se de uma mulher, e Sinjin definitivamente não é feminino.
Sinjin? O que era que quereriam com o vampiro?
— Talvez não sejam suficientemente inteligentes para dar-se conta do que era Sinjin? — A voz de um homem soou.
Maeve ficou tensa. Seu tom era baixo, ressoante, conjurando imagens de lençóis revoltos e carne úmida deslizando-se junta. Justo esse tom rouco foi suficiente para enviar um calafrio de prazer ilícito
por suas costas.
— Lixo! — A mulher parecia irritada. — Quem saberia que o vampiro teria uma mulher na casa? — Um pé a golpeou nas costas, balançando-a para frente. Maeve conteve o fôlego enquanto a dor disparava através
de sua caixa torácica — O que farei com ela?
— Deixe que se vá. — A voz do homem estava mais perto.
Botas negras se moveram a sua linha nublada de visão, detendo-se escassos centímetros de sua face. Ela ficou sem fôlego quando ele se agachou e dedos quentes foram ao lado do pescoço procurando em sua
carne vulnerável. Ela estremeceu enquanto calafrios de consciência corriam através dela, e orou para que o recém-chegado não se desse conta de sua reação.
— Acredito que a matarei.
As palavras da mulher em voz baixa trouxeram tensão para o homem. Ele se levantou.
— Não.
Maeve se atreveu a dar um olhar através dos cílios. De sua perspectiva em desvantagem, ele se elevava sobre ela e só podia ver a altura de sua cintura. Para ver mais acima, teria que mover a cabeça, e
não podia arriscar-se no momento.
Neste ponto, sua única vantagem, se podia chamar assim, era o subterfúgio. Tinha que pegálos por surpresa.
— O que disse? — A mulher murmurou.
— Disse que não. — Sua voz foi firme — Não matará esta mulher porque seus cães do
3 Referência ao Mágico de Oz, quando Dorothy é levada por um tornado para uma terra fantástica.
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inferno não podem diferenciar entre um homem e uma mulher. A mulher começou a rir, e foi um som horrível que fez que os cabelos de sua nuca, levantassem-se com atenção. Maeve poderia jurar que a temperatura
da sala caiu pelo menos dez graus.
— Com quem acha que está falando?
— Com minha mãe.
Sua mãe? Ele era um deles? O que seja que eram? Basta já disso. Chegou o momento de escapar. Ainda teria suas facas ou teriam tirado? Não podia dizer com segurança.
Maeve fez um rápido inventário mental de seu estado físico. A mandíbula doía e a cabeça palpitava, mas em sua maior parte, parecia estar bem. Sua visão seguia dançando um pouco ao redor das bordas, e isso
poderia ser complicado. Piscou, tentando apagar sua vontade longe e a força da dor tomou do fundo enquanto ordenava a seus músculos que se movessem.
Moveu a cabeça e alcançou a ver a face da mulher enquanto falava com o homem que se proclamou como seu filho.
— Você não tem mãe. — Cuspiu ela — Só é um filho de puta fraco, sem caráter como seu pai.
Não era uma faladora doce? Por que não nos diz como se sente, Cruella?
Maeve rodou sobre suas costas, longe de seus algozes, depois a seu lado antes de puxar suas pernas para seu peito. Sem pausa ficou de joelhos e depois de pé, com seus maltratados músculos gritando em sinal
de protesto.
Com sua cabeça agachada, lutou por manter o equilíbrio enquanto examinava a sala, procurando a saída mais próxima. A sala era um octógono, e as paredes eram todas de vidro com exceção de uma com um arco.
Esperava que a levasse a exterior, já que era a única maneira de sair dali.
Piscou quando viu o caixão e a seus assistentes miúdos.
— Parece que nossa bela adormecida despertou depois de tudo. — A diversão soou nas palavras da mulher.
Maeve enfrentou sua sequestradora. Suave cabelo castanho generosamente enroscado prateado estava recolhido em um coque, enquanto que olhos azul claros a avaliavam. A julgar pelo agrupamento de linhas bem
duras e por seus olhos, Maeve pensava que ela parecia estar em algum lugar de seus quarenta e tantos anos. Magra e vestida de negro com uma capa sobre os ombros, parecia estranhamente frágil com sua pesada
roupa.
— Por que me trouxe aqui? — Maeve esteve orgulhosa de que sua voz fosse forte e não mostrasse sua inquietação.
— Você, querida, é um engano.
— Como se nunca tivesse escutado isso antes. — Murmurou Maeve.
— Um engano que logo retificarei — Continuou a mulher.
— Me matando? — Maeve começou a sacudir a cabeça e depois se deteve, decidindo que não faria a não ser agravar sua dor de cabeça — Temo que terei que me opor a seu plano.
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A mulher elevou as sobrancelhas.
— É uma garota valente? — Ela levantou a mão e fez gestos uma das bestas pardas pequenas a seu lado. — Isto deveria ser interessante. Maeve não sabia o que eram esses demônios tão pequenos, mas eram viciosos
pequenos bastardos. Certamente, o suficientemente fortes para derrubá-la. É óbvio, ela derrubou vários deles quando finalmente a imobilizaram. Eram condenadamente baixos e se não fosse por suas roupas,
não haveria nada do que agarrar-se. Era como lutar com um relutante menino de três anos. Quando finalmente os agarrou, de repente, se voltavam escorregadios e incontroláveis. Que espécie de bruxos seriam?
— Não. Não permitirei que a machuque.
O homem falou de novo, e Maeve olhou em sua direção quando ele se aproximou de sua mãe. Um imponente arranjo de flores cobria seu rosto, mas ela alcançou a ver cabelo dourado antes que sua visão turvasse.
Condenada dor de cabeça. Piscou várias vezes, aliviada quando sua vista se limpou.
— E quem é você para me impedir isso. — Exigiu a mulher.
Maeve olhou para a porta e observou ao menos quinze dos pequenos demônios que se interpunham entre ela e a liberdade. Não haveria ajuda ali. As janelas eram sua única saída. Deu uma olhada a uma das enormes
urnas de bronze situadas na cabeceira do caixão. Cheia de flores bicudas e uma profusão de rosas e lírios, o vaso de barro tinha que pesar ao menos 27 quilos. Sem dúvida, era o suficientemente grande para
quebrar o vidro.
Avançando para a urna, tomou cuidado de manter um olho em sua captora que estava de pé olhando fixamente o homem. Bastante raiva emanava de seu pequeno corpo.
Nossa, acredito que mamãe não está muito contente com sua cria. Talvez o mande à cama sem jantar.
As gemas de seus dedos roçaram a urna fria de bronze e depois congelou quando viu o ocupante do caixão.
Bliss.
Ficou sem fôlego quando sua boca caiu. O que? Como? Por que estava o corpo de Bliss aqui?
Maeve não conheceu bem à mulher, mas a viu em numerosas ocasiões na casa de Sinjin. Sempre tinha sido amável e rápida para sorrir e Maeve sentiu realmente que a ex-amante de Sinjin tivesse morrido.
Mas isso fazia mais de dois meses. Por que não a enterraram? Franziu o cenho. Se Bliss estava aí, essa mulher...
— Mortianna.
A cabeça de sua captora se moveu para ela, franzindo o cenho gravado em seu rosto.
— O que?
Maeve fez um gesto para o caixão.
— Bliss. Você é sua mãe?
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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— Sim, e o quê? — A bruxa se moveu para pôr uma mão possessiva na tampa do caixão.
— Eu a conhecia. — Espetou Maeve. — Não muito bem, claro, mas ela era muito querida. A expressão de Mortianna se suavizou só uma fração. Seus dedos acariciaram meigamente a vasilha que sustentava o corpo
de sua filha.
— De onde conhece minha filha?
— Por Sinjin. Fico em sua casa e Bliss a visitou...
— Bliss visitou o St. James na Escócia? — A mão dela ficou quieta. — Quando foi isso?
— A última vez foi durante várias semanas antes de sua morte.
Com cada palavra, a expressão de Mortianna se endurecia. Sua mão abandonou o caixão para estreitar um pingente negro que pendurava de uma corrente ao redor de seu pescoço.
Antes que Maeve se desse conta do que estava fazendo, ela recuou um passo.
— Bliss me disse que eles tinham sido amigos durante séculos...
— Amigos? — Seus nódulos ficaram brancos. — Minha filha continuava sendo amiga dessa criatura?
Bliss tinha sido uma visitante frequente do castelo, mas Maeve sabia que, provavelmente não era algo que devesse compartilhar com Mortianna.
— Era uma mulher encantadora, e é querida por muitos.
O bronze foi frio debaixo de seus dedos quando passou a mão pelo lado da urna para dobrála sobre seu lábio.
— Destruirei a esse filho de puta. — Com cada palavra seu volume aumentava. — Despedaçarei e o enviarei diretamente às vísceras do inferno. Damien Saint-James lamentará o dia que pôs uma mão sobre minha
filha. — Dando a volta, a bruxa se dirigiu à porta, com sua ira estimulando seus passos. Enquanto saía, volteou por cima do ombro. — Matem-na e que seja rápido. Temos trabalho que fazer.
Quatro dos pequenos animais romperam a formação e avançaram sobre Maeve.
O filho de Mortianna fez um ruído de dissidência.
É agora ou nunca.
Lançou-se à urna da coluna, atônita quando o peso ameaçou jogá-la no chão.
Cheia de água e flores, a urna era muito mais pesada do que ela previu. Deixou-se cair no chão, inclinando-se no processo, enviando um rio de flores brilhantes e galões de água no chão.
A formação dos miúdos demônios se rompeu enquanto as criaturas esquivavam da água, com um assobio estranho escapando debaixo dos capuzes de suas capas.
Agora vazia, a urna ainda pesava uma tonelada. O enorme peso a impedia de levantá-la sobre sua cabeça, por isso se conformou com um estranho tiro a duas mãos como boliches, à janela mais próxima.
Então o inferno desatou.
A urna golpeou a janela enquanto uma das bestas se jogava contra a parte traseira de seus joelhos. Cambaleando-se para golpe, estava a ponto de recuperar seu equilíbrio quando outro bateu na metade das
costas. Ela caiu no chão, com a respiração forçada de seus pulmões com um
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assobio.
A água fria empapou sua roupa e os aromas misturados de rosas e lírios triturados invadiram seu nariz. O peso sólido das criaturas dava repulsão e os chutou, liberando a si mesma da que se agarrava a suas
pernas. Pondo suas mãos contra o chão polido, rodou sobre suas costas, fixando o outro debaixo dela. O demônio deu um grito e soltou seu agarre de morte em seu cabelo enquanto dois mais levitavam no ar
e se precipitavam para ela. Rodou para um lado e depois se levantou, tropeçando quando um bateu em seu ombro, o que a fez deslizar-se sobre o escorregadio chão. Mãos fortes a agarraram pela cintura e puxaram
ela em posição vertical contra uma parede de músculo. Ficou sem fôlego quando viu outra criatura partir em sua direção. Este sustentava um par de facas de aspecto familiar em suas mãos como garras. Maldição,
esses são meus brinquedos! Escapando de suas mãos, agachou-se quando o demônio saiu voando para ela, a faca passou a uma polegada de sua garganta. Agarrando a cauda de seu manto com as duas mãos, ela golpeou
seu suposto assassino como um laço. Quando soltou o tecido, a besta navegou a uma janela com um crash. Suas facas deslizaram pelo chão, e ela as recolheu. Girando ao redor, bateu contra uma parede de músculo.
O braço do estranho foi ao redor de sua cintura, e começou a sussurrar em um idioma que ela não reconheceu. Três mais das criaturas se dirigiam para eles quando chegaram e pararam repentinamente, como
se fossem parados por um painel de vidro. Por um segundo pensou que se pareciam com os gatos de pelúcia que as pessoas aderiam às janelas de seus veículos com ventosas.
— Que fe...?
— Se mova. — Ele a soltou, empurrando-a para a janela quebrada.
Mortianna reapareceu na porta, com sua expressão mudando de choque a enfurecida quando viu o caos. Seu olhar parou em algum lugar sobre o ombro de Maeve.
— O que está fazendo?
— Detendo-os. — Disse o homem.
— Se souber o que é bom para você, deixará de se meter em meus assuntos. — A bruxa entrou na sala e a temperatura caiu. Uma fria brisa se agitou, que aumentou com poder. As flores se moveram, e a cortina
de seda rosa se agitou debaixo do caixão. — Isto não tem nada que ver com você, filho.
Assim agora ela queria ser a mãe do ano?
O olhar de Mortianna se fixou em Maeve, e ela estremeceu.
— Fora do caminho, mortal. — Com um movimento de seu dedo, o ar gelado empurrou Maeve a uma das janelas.
— O que...— Seu controle sobre as facas se apertou.
Levantando uma mão, a bruxa assinalou seu filho.
— Ou está comigo ou contra mim, Quinn. Escolhe.
— Não te deixarei matar uma inocente.
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— Filho de puta fracote. — Mortianna começou a rir. — Igual a seu pai. Agora é o momento de fazer o que devia ter feito quando nasceu.
— Que assim seja. — Disse o homem.
Maeve se afastou para a janela enquanto mãe e filho se encerravam em um duelo em silêncio. O olhar da bruxa permaneceu cravado sobre ele, e sua expressão se rompeu por uma fração de segundo. Maeve poderia
ter jurado que viu passar por cima das feições de Mortianna um lamento. Muito cedo, entretanto, foi.
— Matem os dois.
Maeve girou para a janela quebrada só para dar-se conta de que estava intacta. Fora, nas folhas nítidas do outono estava a urna que ela jogou. Inclinou a cabeça.
Como podia ser quando o vidro foi quebrado?
— Fora daqui, mulher. — Vaiou Quinn.
— Não posso. Não está quebrada. — Disse ela. — Como pode ser?
— É magia, é uma ilusão. Confia em mim, à janela está quebrada.
— Magia? — Ela se virou para ele e ficou boquiaberta quando uma das criaturas agarrou sua trança e deu um puxão. Com um grunhido, ela alcançou suas costas e recolheu seu cabelo, arrancando-o do agarre
de suas mãos. Torcendo-se, deu um chute no meio, fazendo-o recuar. Seu pé acertou o estômago e a criatura emitiu um som enquanto o ar escapava como de um globo.
Voou pela sala para golpear a parede do fundo com um ruído surdo.
Com o couro cabeludo dolorido, Maeve empurrou sua trança à parte trás de sua camisa para que não pudesse ser utilizada contra ela. O desconhecido estava recuando para ela, com as mãos em frente dele e
os demônios restantes pendurando congelados no ar. O que estava fazendo?
Seria um mago?
— Vá pela janela agora. Não posso mantê-los para sempre. — Disse ele entre dentes.
— Não posso...
— Tem que confiar em mim.
Ela olhou à janela uma vez mais, e sua imagem devolveu o olhar. A confiança era mais fácil dizer que ter. Assim como podia confiar neste homem, o filho da bruxa mais poderosa do mundo?
Por outra parte, não era como se tivesse um montão de opções. Aproximou-se mais. Além disso, se não estivesse quebrada então ricochetearia como uma mosca...
Um braço se envolveu ao redor de sua cintura, e ela pulou pela surpresa.
— Não temos tempo. — Disse Quinn.
Um grito apanhou em sua garganta enquanto corria à janela, puxando-a com ele.
No momento em que ouviu o rangido de fragmentos de vidro sob seus pés, soube que ele estava certo. A imagem do vidro vacilou então se rompeu para revelar o dano.
Ela saltou através da abertura ao ar frio de outubro. Perifericamente, foi consciente de uma pontada aguda em seu ombro, e seus pés deslizaram nas folhas úmidas. Os músculos de ferro do braço em sua cintura
a mantiveram em posição vertical. Entrando em uma corrida, ele a levou para uma caminhonete estacionada no meio-fio.
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Suas botas deslizaram sobre a areia e sua visão vacilou, sacudindo a cabeça com cada passo que davam. Ela fechou um olho com a esperança de que isso ajudasse a estabilizar o mundo rodando constantemente
a seu redor. Quando chegaram ao carro, abriu a porta e voou enquanto seu companheiro de crime para o lado do condutor. Golpeando sua porta, fechou-a com chave quando saltou atrás do volante. O motor arrancou
com um rugido, e os pneus jogaram pedras para as portas e chão. Maeve se virou para a casa. Mortianna estava nos restos da janela quebrada. Seus animais formavam redemoinhos em torno dela como abelhas
operárias que assistiam sua rainha. Inclusive a essa distância Maeve pôde ver a estranha mistura de raiva e dor em seu rosto enquanto observava sua fuga.
CAPÍTULO 03
Mortianna.
Maeve esfregou a mancha palpitante entre seus olhos enquanto o nome da bruxa entrava em seu cérebro, como roupa na secadora. Na realidade esteve na presença da bruxa mais poderosa do mundo e sobreviveu
para contar. Certamente Mortianna conheceria o feitiço que provocaria a queda de um vampiro antigo. Deslizou um olhar de canto de olho a seu companheiro em silêncio. O filho de Mortianna também devia conhecer
o feitiço. Como seu filho, a bruxa teria ensinado tudo o que sabia ao menino? A única questão era como conseguir dele. Olhando pela janela do lado do passageiro, franziu o cenho. Era curioso, nunca ouviu
que a bruxa tinha um filho. Por outra parte, a maioria dos sobrenaturais não falavam sobre Mortianna, ao menos não em voz alta. Viviam mais tempo dessa maneira. Nos últimos meses, a taxa de mortalidade
entre os bruxos se elevou e se dizia que ela estava no centro disso. Depois de ser testemunha da boa vontade da bruxa para matar seu próprio filho, Maeve acreditava. Quanto mais tempo estivesse sentada,
mais desconfortável se sentia. A mandíbula doía e o ombro palpitava, mas tinha uma necessidade ainda mais urgente.
— Podemos parar? — Sua voz era rouca. — Preciso ir ao banheiro. Ele fez um som suspeitosamente parecido a um bufido, e Maeve olhou seu perfil. Obviamente, ele era desumano e não tinha essas necessidades,
mas ela sim e a situação era urgente. Não havia luz que se visse por milhas e um posto de gasolina estava fora de questão. Parecia que teria que improvisar. O que pareceu uma eternidade mais tarde, ele
saiu da estrada pavimentada a um caminho de cascalho coberto de vegetação. Os ramos raiaram os lados do automóvel enquanto manobrava
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o veículo através da escuridão. Quando chegaram a um buraco particularmente profundo, ela agarrou o OH-Deus-Meu o cabo para evitar saltar do assento.
— Aonde vamos? — Ela apertou os dentes quando eles saltaram sobre uma grande rocha e o movimento golpeou seu dolorido ombro contra o marco da porta.
— Algum lugar privado.
Ahh, tirou duas palavras de seu companheiro. Agora estava chegando a alguma parte. A próxima vez poderia administrar uma frase completa. Entretanto, não conteria a respiração.
Afogou um gemido quando eles seguiram dando tombos pela estrada, com seu mal-estar cada vez maior à medida que subiam cada vez mais alto. Finalmente o terreno se nivelou e pararam em uma pequena clareira.
Antes que pudesse parar o carro, ela se queixou e abriu a porta.
Lutando, não se incomodou em fechar a porta atrás antes de lançar-se ao bosque. Subiu pelas árvores caídas e a mata uns poucos metros na escuridão antes de encontrar um lugar que se adaptasse a seus propósitos.
Com sua necessidade mais imediata aplacada, levantou-se e fez uma careta enquanto puxava sua roupa a seu lugar. Graças a sua queda com os demônios anões, estava incomodamente úmida e fria. O esgotamento
puxava seus membros enquanto o último da adrenalina deixava a seu sistema.
Tremendo, Maeve se dirigiu para a clareira. Pela última hora, não viu luz que anunciasse uma civilização, só uma casa de campo ocasional ou algum celeiro. A que distância estaria o campo? Na verdade, em
que país estava? Escócia? Inglaterra? Gales? Não tinha ideia, e seu sentido de direção nesse maldito país só parecia feder.
As criaturas da noite se agitavam entre a mata, mas ela as ignorou. Não temia aos vivos, e sim os mortos, que era com quem ela tinha que preocupar-se.
Sobre sua cabeça vislumbrou um céu noturno visível através das árvores nuas.
As nuvens criavam manchas cinza contra o céu escuro enquanto brincavam de esconder com estrelas desconhecidas.
Uma onda de nostalgia se apoderou dela, e afastou o sentimento intruso. Sua irmã gêmea morreu, e não tinha amigos próximos que sentissem falta dela. Quanto a sua família, soltou um bufo, a porta de sua
casa na infância se fechou para ela. As lembranças de sua infância eram distantes, como se tratasse de algo que leu em um livro fazia muito tempo.
Timidamente, estirou-se para aliviar os músculos tensos das costas. Sua primeira ordem do dia era chegar à cidade, a uma aldeia ou casa e contatar Sinjin. Precisava saber que estava no topo da lista de
Mortianna. Maeve negou. Era triste quando a única pessoa que se daria conta de sua ausência era um vampiro.
Avançando saiu das árvores, dirigindo-se à caminhonete. À luz fria e azul da lua crescente, seu resgatador se situava na borda da clareira perto de uma rocha plana.
Com as mãos nos quadris, contemplava a escuridão do vale de abaixo. Com sua atenção desviada, Maeve teve a oportunidade de ver seu relutante companheiro.
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Era alto, bem por cima de seus próprios 1,52cm, fazendo dele pelo menos alguém de 1,90 de altura. Tudo a respeito desse homem era grande desde seus ombros aos pés. A luz da lua converteu seu cabelo curto
e dourado em prata e acentuou suas feições nas sombras. Vestido totalmente de negro se misturava com seu entorno. Mesmo dali ela sentia a tensão que emanava de seu corpo pondo os nervos de ponta. A ira,
a desilusão, a tristeza e a resignação criavam uma nuvem escura de energia a seu redor e seu primeiro instinto foi deixá-lo em paz. Quando se tornou uma revenant, percebeu que sua capacidade de sentir
a energia e a emoção de outros tinha sido muito maior. Às vezes era bom, mas agora se sentia como uma intrusa. Pouco a pouco ele começou a voltar sobre seus passos quando o som de um ramo seco fez que
voltasse. Seus olhos claros a percorreram e ela lutou contra a vontade de tremer. Uma ruga cruzou a face e ele foi ao Range Rover. Movia-se como um gato, fluía com uma sensualidade inconsciente que garantia
capturar a atenção do sexo oposto. Maeve afastou a vibração em seu estômago. Passou muito tempo desde que teve uma liberação física, assim era natural que o corpo comprido e esbelto dele captasse sua atenção.
Infernos. Teria que estar morta para não olhar duas vezes o traseiro apertado que não via em anos. Avançando para ele, ela cruzou os braços sobre o peito.
— Então, qual é o plano?
— Te levarei de volta de onde veio.
A voz dele era baixa e o sotaque era dolorosamente familiar. Sua voz era totalmente do menino americano do lado.
— Não, obrigada. Não quero voltar para a casa de Sinjin.
— Independentemente do que queira, te levarei de volta aonde veio. — Abrindo a porta traseira, tirou uma bolsa negra de lona e a deixou cair no chão aos pés. — O que faça uma vez que esteja ali depende
de você.
Ela pôs as mãos nos quadris.
— Disse que não, obrigada. Só me leve à civilização e poderei seguir dali.
Ele tossiu e soou suspeitosamente como se estivesse tratando de ocultar um sorriso.
— Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma.
— Então chama ser sequestrada e arrastada até aqui inconsciente? — Ele se ocupou de desdobrar uma manta e abrir a parte traseira da caminhonete.
Machucada, ela se endireitou.
— Havia seis dos pequenos insetos.
— E não ganhou, por isso ilustra meu ponto.
— Agora, me escute. Teria podido lidar tanto como eu...
— Entra. — Com um saco de dormir sobre o braço, fez um gesto para a manta. Ela franziu o cenho e deu um passo atrás.
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— Por quê?
— Tenho que descansar. Não dormi em quase três dias.
— Isso não é minha culpa. — Olhou o interior do compartimento escuro e viu que ele colocou o assento traseiro para baixo para fazer um espaço maior. Mesmo assim, não havia maneira de que ela estivesse
disposta a ir ali com ele. Ela sacudiu a cabeça. — Posso dirigir.
— Não ficarei aqui parado e discutirei com você. Sobe para que ambos possamos descansar um pouco.
Um eixo de medo se acendeu em seu peito e ela deu outro passo para trás.
— Não.
— Acredito que não está entendendo. — Ele baixou a voz. — Entra, ou te coloco à força. É sua escolha.
As imagens dessas mãos fortes no ar, sustentando às bestas de Mortianna em um lugar vieram à mente. Teria o poder de movê-la fisicamente? Olhou-o ao rosto e viu que se via cansado e não estava de humor
para brigar. A luz da lua fria iluminava as linhas ao redor de seus olhos e boca.
Os ombros dela caíram. Estava esgotada, embora se mostrasse receosa a admitir diante dele. Não todos os dias uma garota era sequestrada por seres demoníacos e enfrentava uma bruxa zangada. Inclusive na
escala de Maeve os acontecimentos de hoje os catalogava como um dos mais estranhos até o momento.
Rodeando-o, subiu à parte traseira da caminhonete, indo ao canto mais próximo ao assento do passageiro para evitar o contato com ele. Ele jogou o saco de dormir em sua direção antes recolher a bolsa de
lona. O carro balançou enquanto ele subia, puxando a porta e fechando-a atrás deles.
Estar sentada no fechado, confinado espaço enviou ansiedade a disparar-se através de seu corpo. Uma onda de claustrofobia se apoderou dela e sufocou o impulso de jogar-se pela porta.
Seu companheiro não fez caso de sua presença enquanto se estendia em seu lado da manta, de costas a ela.
— Deveria trocar essa roupa úmida. Não quero que adoeça.
É claro que não, sua alteza. Nós não gostaríamos que tivesse que baixar-se para fazer frente aos germes.
— Há algumas coisas secas na bolsa. — As palavras dele foram arrastadas e em uns momentos a respiração dele era profunda.
Estaria dormindo já?
Com seu olhar pego a suas costas, ela conteve o fôlego enquanto esperava para ver se se movia. Não o fez. Depois de um momento ela soltou seu fôlego e chegou à bolsa.
Abriu-a e escavou no interior e encontrou uma pequena lanterna no bolso lateral.
Acendendo-a, encontrou calça esportiva limpa e um pulôver grosso de lã cor marfim. Olhou com inquietação ao homem de novo, agarrando a roupa seca em suas mãos. Daria a volta?
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Ela franziu o cenho. Ao diabo com ele. Se queria vê-la, permitiria. Deixando cair à roupa em seu colo, colocou a lanterna na dobra de seu joelho. Agarrando a barra de sua camisa, viu-se obrigada a morder
de novo um gemido quando a dor sacudiu seu ombro e foi para baixo a seu lado. Que diabos foi isso? Inspecionando a camisa, esteve consternada ao encontrar um grande rasgo no ombro que se estendia vários
centímetros para baixo na parte traseira. O tecido estava úmido pelo sangue. Usando a camisa, secou a lesão que não podia ver muito bem. A julgar pela quantidade de sangue fresco na camisa, não pensava
que estivesse ruim. Graças a Deus se curava rapidamente como imortal e era uma vantagem chave. Olhando com pesar o pulôver seco, limpou os dedos úmidos na calça antes de lançar o pulôver sobre as costas
do assento do condutor. Não havia maneira de que pudesse colocá-lo se ia sangrar por toda parte. A calça era outra história. Lutou para tirar as botas, depois colocou a única faca que ficava a pouca distância.
Movendo-se para desligar a lanterna, deixou-a cair de novo na bolsa, e se empurrou para baixo na cama improvisada. Depois de sair da calça molhada, afogou um gemido de prazer quando colocou a seca. O algodão
era grosso e quente, exatamente o que necessitava. Estendeu sua roupa na parte traseira do assento do passageiro para que secasse ao ar e depois deslizou debaixo do saco de dormir. O homem não se mexeu
enquanto Maeve se acomodava de costas a ele. Ela dobrou um braço para apoiar sua cabeça, com calafrios em seu corpo enquanto ela mesma tentava relaxar-se. Fechando os olhos, envolveu o outro braço ao redor
de sua cintura em uma tentativa de entrar em calor. O esgotamento se deslizou e seu último pensamento foi que esperava que deixasse de sangrar no saco de dormir dele.
*******
Mortianna sorriu quando a jovem vampira entrou em seu quarto de trabalho, com todos seus movimentos cautelosos. Vestida simplesmente com meia-calça preta de algodão e um suéter branco de mohair, Gabrielle
DesNoir parecia frágil, quase íntegra em uma forma macabra. Seu cabelo era de uma sombria cor marrom clara, cortado em um estilo de pajem e sua roupa discreta, com uma clara cor nos lábios, era a imagem
da garota norte-americana do lado em vez da chupa sangue demônio que Mortianna sabia que era. Só sua pele anormalmente pálida a delatava. A bruxa não se deixaria enganar. Só o muito valente ou um imbecil
se atreveriam a aproximar-se dela em sua própria casa. Quanto à categoria em que esta vampira caía, Mortianna tinha muita curiosidade por conhecê-la. O desespero colocou em ridículo a muitas pessoas antes
dela e continuaria fazendo muito depois de que essa criatura fosse pó.
— Por que quer falar comigo, Gabrielle?
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A vampira saltou e girou para a voz. Sua expressão mostrou seu temor antes que rapidamente o ocultasse. Mortianna sufocou sua satisfação pelas novas provas de mal-estar. A vampira clareou garganta antes
de falar.
— Tenho uma proposta de negócio para você e sua gente. Mortianna saiu das sombras e tomou uma pequena bandeja de elementos que havia juntado antes.
— Seriamente? Presume muito em pensar que necessito algo de um vampiro.
No centro da sala havia uma lareira. Um caldeirão enorme se abatia sobre um fogo lento e Mortianna pôs a bandeja sobre uma pequena mesa de mármore antes de recolher um vidro. Fez um grande espetáculo sustentando-o
à luz para que a vampira pudesse ver que continha dentes humanos.
— Tenho algo que necessita.
A voz de Gabrielle era trêmula, embora tentasse controlá-la.
Com um par de pinças, Mortianna selecionou um dente e o deixou cair no caldeirão. Um assobio de vapor de água de cor azul escura escapou quando o dente rompeu a superfície do líquido turvo. Ela devolveu
o frasco à bandeja e selecionou uma variedade de ervas secas.
— Estou te escutando.
— Estou certa de que está a par dos acontecimentos do solstício de inverno passado. O vampiro Mikhail fez uma oferta à Direção do Conselho de Anciões e foi enganado por Conor MacNaughten. Quase morremos.
Mortianna não acalmou sua risada.
— Assim não é exatamente como me inteirei que aconteceu, mas, sim, conheço a história.
— Deixou cair as ervas no líquido, e diferentes tons de verde no vapor escaparam quando se afundaram sob a superfície. O aroma do líquido borbulhante se voltou escuro e terroso.
— Depois, nossas vidas se converteram em um pesadelo de perseguição. Nossos seguidores restantes, por temor à retribuição dos membros do Conselho, dispersaram-se. Mikhail e eu queríamos solicitar respeitosamente
sua ajuda para concentrar nossos seguidores e assumir o controle do Conselho.
O olhar de Mortianna se moveu sobre a jovem vampira. Havia algo muito familiar nessa mulher, mas não podia pôr seu dedo na chaga.
— Por que Mikhail não vem e ele mesmo não me pergunta? Por que te enviou para que o represente?
A expressão da vampira se tornou triste.
— Houve um acidente no círculo e Mikhail foi ferido.
— Machucado? — Ela riu. — Por que no mundo deveria ir ajudar alguém com saúde duvidosa? Se não pode incomodar-se em fazer uma visita, como pode ter a esperança de dominar o Conselho? Necessita-se uma vontade
de ferro e uma mão ainda mais forte para manter as criaturas em fila. A vampira se aproximou.
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— No caso de Mikhail não possa levar a cabo suas funções, eu serei mais que capaz de assumir. Ah, a trama se complicava... Mortianna selecionou uma concha de sopa grande e agitou o líquido, com o cabo
antigo contra a palma de sua mão.
— Quer que ajude a sua causa para tomar o controle do Conselho? Como se propõe que posso obter isso?
— Alinhando seus seguidores com os nossos.
Surpreendida, o olhar de Mortianna se encontrou com o da vampira. Nunca esperaria que a criatura fizesse tal audaz petição. Contrariamente ao que alguns acreditavam, as bruxas não estavam em um grupo coeso
como os outros sobrenaturais. A única coisa em que as bruxas concordavam era que não queriam, nem necessitavam a intromissão do Conselho. Em consequência, viviam com seus próprios termos, e não a instâncias
do Conselho de Anciões.
— Pede muito, pequena vampira. No começo da bruxaria, optei por permanecer fora da política dos que moram nas sombras. Agora me pede que ajude à causa dos vampiros. — Deu um olhar arqueado a Gabrielle.
— O que há nisso para nós?
— Damien St. James em sua porta dentro de quarenta e oito horas.
Surpreendida, Mortianna soltou o cabo da colher que afundou debaixo da superfície.
— Diabos! — Murmurou ela, irritada ao deixar a pequena vampira minguar sua concentração. Agarrou outra colher para pescar a primeira. — O que você sabe de St. James?
— Sei que ele tomou sua filha faz muitos anos e em última instância, jogou um papel em sua morte. É bem sabido que pôs uma maldição sobre ele e que o teríamos matado se não fosse pela interferência de
Bliss.
As duas colheres de Mortianna caíram na bandeja com estrépito.
Moça presunçosa. Sim, queria Sinjin morto, mas como se atrevia esta pequena mucosa…?
Bliss. Essa mulher lembrava sua filha morta.
Aturdida por essa tira de consciência, os olhos dela se abriram. Bliss era tão audaz como Gabrielle e sua filha não estremecia diante o próprio diabo no inferno se tivesse sido necessário.
Inteligente, franca e tola até sua mesma essência, esta vampira era muito parecida com sua amada Bliss.
— Edward matou minha filha, não St. James. — Murmurou ela, ainda chocada pela revelação.
— E por isso pagou com sua vida imortal. Mas foi Sinjin quem pôs Bliss no caminho a sua destruição final, e sua morte é o que se interpõe entre você e vingar a perda de sua filha. — A vampira se moveu
a uma cadeira de respaldo reto, e se sentou na borda, com um suave sorriso jogando ao redor da boca. — Posso entregar isso diretamente a você.
A mente Mortianna girou com as possibilidades. O que a pequena vampira dizia era interessante. Poderia aproximar-se o suficiente de Sinjin e apanhá-lo sem ele saber? Ainda mais importante, haveria algo
que ganhar para as bruxas lançando seu apoio a Mikhail? Não tinha
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interesse nos assuntos do Conselho, mas poderia ser útil para ele estar em dívida com ela. Com um movimento de sua mão, um par de cadeiras confortáveis apareceram ao outro lado do fogo.
— Veem, vamos nos esquentar enquanto conversamos um pouco mais. Sorrindo para si, ela viu a vampira levantar-se de seu assento, com movimentos muito mais relaxados que quando entrou na sala poucos minutos
antes. Gabrielle e seus escuros seguidores poderiam oferecer St. James, mas não poderiam evitar que Mortianna levasse a cabo seus planos atuais. Escavando nas volumosas dobras de sua capa, encontrou uma
bolsa de cor esmeralda. Ao abri-la, retirou um pouco de pó cinza, e o orvalhou no caldeirão. A poção se tornou negra. Estava quase preparada, e o tempo para sua vingança estava perto.
*******
O sol da manhã o despertou.
Quinn piscou, e por um momento não pôde descobrir por que se encontrava dormindo na parte traseira de um SUV. Depois os acontecimentos de ontem à noite se estrelaram contra seu crânio, e fechou os olhos.
Tinha traído Mortianna, sua mãe. Ela tinha te traído muito antes disso. Era estranho, muito estranho, que pensasse nela como sua mãe. Tinha sido muito jovem quando seu pai o levou para ter alguma lembrança
dela e o pouco que sabia procedia de histórias que ouviu. Seu pai deixou de falar de sua mãe por vontade própria. Abriu os olhos. Ter permitido matar uma inocente ia contra tudo o que acreditava. A Rede
Wicca, “se não machucar a ninguém, faça o que queira”, era mais que uma crença antiga. Ele se esforçava por viver com essa regra todos os dias de sua vida. Depois de um deslizamento custoso em seus anos
de adolescência, era uma lição que nunca esqueceria. Se isso incluía deter a maldade de sua mãe em sua necessidade de vingança, que assim fosse. Tentou levantar, mas um peso particular em seu lado direito
o deteve. Um corpo quente, muito feminino estava aconchegado contra ele e restringia seus movimentos. Uma trança grossa de cabelo vermelho brilhante estava em seu peito. O sol da manhã tinha feito que
mechas se vissem de ouro e mogno. A necessidade de libertar as mechas de fogo líquido era forte. A maior parte de seu rosto estava obscurecida por seu braço cobrindo os olhos. Um hematoma cobria um lado
dela. Apertou os dentes, enquanto a irritação lanceava através dele. Ninguém deveria tê-la golpeado, sem dúvida não um dos esbirros. E não deveria ter sido tão duro com ela ontem à noite. Por sua natureza,
Quinn não era alguém sem sentimentos. Sua madrasta teria voltado sua
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cabeça ao contrário, se tivesse sido testemunha da discussão de ontem à noite e ele merecia. Sua convidada se agitou, chamando sua atenção sobre o corpo moldado firme em contra o seu lado. O volumoso saco
de dormir escondia o resto dela desde seu ponto de vista, mas sem dúvida sentia cada delicioso centímetro. Seu pênis se moveu quando ela trocou de posição. Sua perna deu cotovelada na virilha. O calor
entre suas pernas descansou sobre a coxa. Um suave gemido escapou, e uma onda de desejo correu até sua virilha. Ela se agitou de novo com a palma sobre seu coração. Suas extremidades eram fortes contra
ele e ela se estendia através dele como uma manta viva. Sua mandíbula se fechou com um clique quando a luxúria se juntou em suas vísceras. Fazia tempo que não tomava uma mulher em sua cama e seu corpo
palpitava de necessidade. Infernos, só o aroma de seu cabelo e sua pele era suficiente para acender seu sangue com fogo. A mulher voltou a mover-se. Seus pequenos e firmes seios pressionaram a seu lado
enquanto o aroma do verão e mulher quente formava redemoinhos a seu redor. Seus dentes chiaram quando o pênis se lançou por liberdade. O que daria por simplesmente dar a volta e afundar-se em seu corpo.
Muito para seu autocontrole. Os esbirros a sequestraram da casa de Sinjin. Seria sua amante? Suavemente, desenredou-se da mulher e se sentou. Esmigalhado abriu a porta, e saiu à brisa matutina. Respirou
fundo e exalou lentamente. Esse era seu momento favorito do dia. O ar era fresco e o dia era jovem e ontem estava no passado. Era um novo começo. Um gemido feminino levou sua atenção de novo à mulher.
Ela deu a volta no ponto de calor que ele deixou vago. Movendo os quadris, moveu-se uma vez mais. Afogando um gemido, ele fechou a porta. Tinham um longo caminho pela frente, no pôr do sol estariam na
casa de Sinjin. Quinn olhou a barraca armada de sua ereção na calça. Tinha a sensação de que ia ser o caminho mais longo de sua vida.
*******
Maeve estremeceu quando saiu do carro. Vestida com sua calça preta, ainda úmida pela aventura de ontem, e com um sutiã esportivo, apoiou-se contra a porta traseira para puxar suas botas até o joelho. Não
podia recordar a última vez que acampou no deserto, não desde que não haveria ovos e toucinho defumado queimado para o café da manhã ou uma irmã gêmea perseguindo-a ao redor da fogueira. Um suspiro melancólico
escapou quando tirou sua faca da camisa rasgada. Havia momentos em que sentia saudades de sua irmã como se fosse um membro amputado. Sua gêmea, a única pessoa que a compreendeu e amou incondicionalmente,
havia-se ido. Mesmo agora, anos mais tarde, era uma pílula difícil de engolir.
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A ironia era que agora que era um ser imortal, podia esperar centenas de anos de luto por sua irmã. Se essa não era penitência, então, Maeve não sabia que seria. A eternidade nunca tinha parecido tão solitária.
Lançando a camisa por cima do ombro, fechou a porta. Solitária ou não, tinha trabalho que fazer e isso incluía a busca de seu antigo companheiro de viagem. Depois de atender suas necessidades mais prementes,
o som da água chamou a atenção. Maeve foi atrás dela, caminhou por uma pequena colina, através de um matagal de árvores. Sem prévio aviso, as árvores deram passo a uma costa rochosa e a um largo rio. Na
borda oposta, as árvores cresciam grossas e impenetráveis a poucos metros do rio. A água era uma corrente rápida, cristalina e azul, e o som era relaxante. Encantada, tomou um fôlego profundo e exalou
com gosto. A beleza imponente desse lugar puxava sua alma. Quando foi a última vez que deixou atrás as armadilhas da civilização em favor das adversidades? Inclinando a cabeça, viu uma grande e sobrecarregada
ave. Pendurava de uma corrente, com as asas estendidas, abatendo-se como se estivesse suspensa de um cabo. Agora essa era a definição de liberdade, sair à espera de ver onde está o vento a leva depois.
Um toque na água chamou a atenção. Um grande peixe saiu voando fora da água, com a luz do sol refletindo-se em suas escamas douradas. Um salmão? Outra rajada água e seu corpo se contorcionou em um gracioso
arco. Não tinha se afundado sob a água quando apareceu outro. Ela conteve a respiração enquanto observava o balé desenvolvendo-se diante dela. Tanto ela como sua irmã amavam a água. Cada ano, seus pais
as levavam a praia, e todo o clã Leigh passava todo o tempo possível no oceano. Sua mãe fazia o almoço, e elas brincava na areia até que seu pai declarava que era seguro aventurar-se de novo na água. A
dor percorreu seu corpo, congelando seu fôlego nos pulmões. Maldito fosse o inferno por tê-la afastado dela. Dando uma respiração profunda, limpando seu fôlego, abriu os olhos enquanto a tensão pouco a
pouco saía de seu corpo. Era uma perda de energia viver no passado. Era o que era, e só podia esperar que cedo ou tarde, seu coração aceitasse o que sua mente sabia. Um ramo passou flutuando sobre a corrente
rápida em movimento. Quão fácil seria caminhar na água e deixar-se ir, permitir ao rio levá-la longe de seus problemas. Não lutar mais. Deu um passo para o rio e depois parou. Que demônios estava pensando?
A morte não era para um ser imortal o caminho mais fácil. Segundo Sinjin, matar um imortal não era tarefa simples e o suicídio era terrivelmente não prático. A decapitação era a única maneira segura de
garantir a morte de um revenant. Um amargo sorriso torceu sua boca. O diabo estava nos detalhes. Afastando do rio, parou quando viu o brilho prateado na luz do sol. A menos de cinco metros de distância
estava seu companheiro de viagem em equilíbrio sobre o tronco de uma enorme árvore caída. Com o torso nu, estava de pé frente ao sol da manhã, com os braços em linha reta dos ombros, com suas palmas para
cima, com a cabeça inclinada para trás para expor a espessa coluna
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de sua garganta. O sol se refletia em um medalhão que pendurava de seu pescoço. O sol branqueava seu cabelo a um fogo branco e dourado, e seu físico bronzeado. Não havia nada de gordura em seu corpo. Cada
músculo de seu peito estava delineado à perfeição e ela teve a sensação de que não era por trabalhar em uma academia. Não, esse não era o tipo de homem que andava em um clube caro bebendo suco de laranja
enquanto repassava às loiras alegres com camisetas de cor rosa. Este era um homem que considerava seu corpo como um templo... E sem dúvida era digno de adoração. Os braços dele eram musculosos, mas não
se viam avultados. Ombros largos, mais que suficientes para que uma mulher se agarrasse a eles ao fazer amor, afiavam-se para baixo em uma cintura estreita. Folgada calça preta estava sob seus quadris
como uma brisa suave moldada as largas extremidades. Insensível ao frio, parecia completamente a gosto com seu entorno. Maeve lambeu os lábios e o calor se expandiu por todo seu corpo. Não estava construído
como um levantador de pesos, todo músculos e pescoço, mas se via sólido, forte. Seu corpo balançava com a brisa, com seus músculos movendo-se debaixo de sua pele dourada. Diabos, até seus pés eram sexys.
Sua respiração se voltou superficial, e seus joelhos ficaram cambaleantes. Havia um sentimento latente de poder que o rodeava e puxava ela. Ali estava a segurança, a força e a honra encarnadas em um homem.
Não queria nada mais que caminhar com ele, permitir albergar seu corpo e alma até que passasse a tempestade. Ela não sofreria dano algum. Isso era o que pensou dele também. Uma realização fria se apoderou
dela. No que estava pensando? Tirando o olhar do homem na árvore, deixou cair a cabeça. Palpitava o coração e a boca secou. Com um nó no estômago, apoiou as mãos sobre os joelhos enquanto tomava uma baforada
de ar como um homem que se afogava. Sua falta de juízo custou a vida de Rebecca. Nunca mais Maeve permitiria a um homem bonito alterar sua calma com uma falsa sensação de segurança. A julgar pela resposta
de seu corpo, esse homem era perigoso para seu sentido de autopreservação. Tinha que afastar-se dele e rápido, antes de fazer algo estúpido como dar um beijo. Um sobrecarregado e rouco grito chamou sua
atenção. Vários metros além da cabeça do homem voaram várias aves de diferentes tamanhos. Equilibraram-se e jogaram, grasnando em voz alta, como se fizessem gestos ao homem para participar de suas travessuras.
Um corvo grande flutuou no ar justo em cima de sua cabeça... Com seus olhos pequenos e brilhantes fixos nela. Corre. A escuridão passou lambendo as bordas de sua visão. Assustada recuou com suas botas
sobre as rochas, antes que uma raiz retorcida a apanhasse. Maeve afogou um grito quando perdeu o equilíbrio. A concentração de Quinn se rompeu quando ouviu o ruído de pedras e um suave grito feminino.
Agitando os braços, a ruiva aterrissou quase em silêncio sobre sua parte traseira.
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Ele fez uma careta. A costa estava cheia de rochas e sabia que tinha que ter machucado, entretanto, ela não fez outro som. Saltando da árvore, ele aterrissou em uma rocha antes de cair à borda. Evitando
às rochas maiores olhou à mulher caída.
— Está bem?
Ela ficou de pé antes que pudesse chegar até ela. À luz brilhante do sol, seu cabelo era da cor das chamas e seus olhos eram a sombra mais surpreendente de cor verde.
Brilhante como o verde prado da Irlanda e cheio de desconfiança, apanharam-no.
Deusa. Era encantadora.
Suas suaves sobrancelhas estavam arqueadas sobre seus fascinantes olhos e seu nariz era vivaz com uma leve inclinação ao final insinuando descaramento. Com a clara pele de uma ruiva de verdade, algumas
sardas se dispersavam através da ponte de seu nariz e seus lábios estavam muito abertos e cheios. A única imperfeição era a contusão em sua mandíbula, que tinha tons escuros de cor arroxeado e azul.
A ira se agitou nas vísceras dele e se obrigou a olhá-la.
Ela usava um sutiã esportivo preto que esmagava seu seio quase plano. Seu estômago estava perfeitamente plano e os braços tinham músculos. A calça ajustada preta se agarrou a suas pernas longas, destacando
os estreitos quadris e musculosas coxas. Botas altas de camurça tampavam os pés e as panturrilhas.
Maldição, com razão havia sentido tão dura contra ele. Uma culturista profissional teria que trabalhar para obter seu físico. Apesar de que não era muito alta, recordava a uma guerreira amazona, bonita,
valente e letal em última instância.
Normalmente, ele preferia suas mulheres pequenas, próximas à delicada aparência.
Cultas e inteligentes era sua ideia da mulher perfeita, mais interessadas nas atividades intelectuais que em aperfeiçoar os músculos. Seu irmão Marty zombava dele sem piedade sobre sua afeição pelas nerds
informáticas de cabelo comprido loiro com seios grandes.
Esta mulher era justamente o contrário ao que normalmente atraía do sexo oposto. Um fogo lento cresceu em sua virilha, e o pênis se agitou. Bem, ela não poderia ser seu tipo habitual, mas a seu corpo não
poderia se importar menos. A uma parte crucial de sua anatomia gostava da mulher que estava diante dele e estava muito interessado em conhecê-la.
— Você gosta do que vê?
Quinn fez um gesto com o olhar em seu estômago plano para encontrar-se com seu olhar hostil.
— Estava pensando que tem que fazer um montão de exercício. — Mentiu ele.
O olhar dela baixo a sua virilha, e ele soube que o pegou.
Murmurando algo pouco adulador baixinho ela viu além dele, o que permitiu uma visão de suas costas. O que viu o surpreendeu.
Da nuca de seu pescoço até a parte superior da calça tinha uma tatuagem de henna de Mehndi. A triplo Deusa... Donzela, Mãe e Anciã, estava representada na face da lua. Suas fitas e
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laços balançavam obscurecendo o desenho, mas ele pôde dizer a habilidade do artista, inclusive dali. Justo em cima da cintura da calça havia símbolos rúnicos, mas não podia lê-los já que estava afastando
a um ritmo rápido. A profunda cor avermelhada da tatuagem de henna, em um exótico contraste com sua pele clara, também era um inferno de excitante. Abaixo, maldição. Quando ela chegou à borda do rio jogou
sua camiseta a uma rocha e ele viu a ferida em seu ombro. O sangue seco obscurecia sua omoplata até a barra larga do sutiã esportivo. Vermelha e irritada, a ferida se via incrivelmente dolorosa.
— Está ferida. — Disse ele.
Deixando-se cair de cócoras ela falou por cima do ombro. — Viverei. — Cavando as mãos ela jogou punhados de água gelada ao rosto.
Ignorando a dor das rochas cravando-se em seus pés, foi para onde estava sua bolsa e a roupa tinha sido desprezada.
— Temos que conseguir limpar isso ou terminará com uma infecção.
Ela fez uma pausa em suas apressadas abluções para olhá-lo.
— Disse que viveria. — Um gesto se torceu nos lábios dela.
Quinn colocou os mocassins e colocou a mão na bolsa por uma camiseta limpa que sustentou. Ela abriu a boca, mas deteve o protesto que estava a ponto de pronunciar.
— Segue a corrente. — Ele falou em voz baixa.
O olhar dela procurou e ele se manteve impassível, enquanto estudava seu rosto. Depois de um momento, ela aceitou sua oferta com uma leve inclinação de agradecimento.
Secou a face com a camisa, depois subiu a sua altura e se encontrou com o olhar dele.
Tinha os ombros para trás e a cabeça bem alta.
— Obrigada.
Ela era uma coisa espinhosa.
— De nada. — Ele assentiu a uma rocha baixa e plana próxima. — Por que não se senta ali, e vejo seu ombro?
— Antes que comece, quero te perguntar algo.
Quinn tirou sua bolsa e a jogou no ombro.
— Claro.
— Qual é seu nome?
Ele não pôde evitar sorrir.
— Acredito que não nos apresentamos, não é? — Estendeu a mão. — Quinn Montgomery, a seu serviço.
Ela vacilou antes de colocar a mão na sua. Uma sacudida elétrica de consciência correu pelo braço dele e se expandiu através de seu corpo. Por uma fração de segundo, sua pele se sentiu como se estivesse
em chamas. Havia calor nessa mulher, um calor como nunca tinha experimentado antes. Viu o brilho de consciência nos olhos dela e depois deixou cair a mão, como
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se a tivesse queimado.
— Maeve, Maeve Leigh.
Deu a volta, quase correndo em sua pressa por pôr certa distância entre eles. Escalando a rocha, levou os joelhos para seu peito antes de envolver os braços ao redor deles.
Ele a seguiu e deixou cair a bolsa na rocha atrás dela. Procurando no conteúdo, encontrou o estojo de primeiro socorros. Olhou-o, e ele teve a sensação desses olhos de esmeralda perdiam um pouco.
— Foi escoteiro?
Uma gargalhada escapou dele ao abrir a caixa.
— Dificilmente.
— Bem, certamente parece estar preparado. — O tom dela era seco.
— Geralmente, vale a pena planejar com antecipação.
— Isso não é… — O fôlego dela assobiou entre dentes enquanto ele inspecionava a ferida.
— Sinto muito. Isto vai doer. — Ele fez uma pausa. — Talvez seja necessário que tire o sutiã para poder limpar melhor.
Ela girou o ombro depois fez uma careta enquanto o movimento puxava sua ferida.
— Não há maneira de que possa passar essa coisa por cima de minha cabeça. Terá que cortar.
Ele olhou através do estojo de primeiro socorros de novo.
— Tudo o que tenho é uma de tesoura pequena para ataduras. Terei que voltar para a caminhonete.
— Não se incomode. — Chegou a bota direita e tirou sua faca. Com um movimento prático, cortou as alças do sutiã e o empurrou fora do caminho antes de cortar o material elástico entre seus seios. O tecido
rompeu longe de seu corpo enquanto cruzava os braços sobre o seio nu, protegendo a si mesma de seu olhar.
— Isso também funciona.
Deu a volta, mas não antes de uma tentadora imagem de uma Maeve seminua ficasse gravada em sua mente. À medida que cortava o sutiã na frente, ele conseguiu uma olhada dos montículos cheios de seus seios.
Era maior do que suspeitou. Maldição! Quem saberia que tiraria o sutiã dessa maneira? O menos que podia ter feito foi adverti-lo. Mentalmente castigando a si mesmo, dirigiu a atenção a sua ferida.
Não era muita profunda… Mas se estendia da parte superior de seu ombro a uns centímetros pelas costas. Devia ter a costurado antes, mas já era muito tarde. O risco de infecção era muito grande para arriscar-se.
Ele alargou a mão para o álcool.
— É realmente o filho de Mortianna?
Estava acostumado à pergunta, mas ainda o incomodava cada vez que escutava. Mortianna nunca reclamou publicamente seu filho como fez com sua filha. Bliss tinha sido a filha desejada, enquanto ele. Mesmo
agora, ainda o irritava.
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— Escutou-a dizer, não?
Maeve assentiu.
— Nunca ouvi que tinha um filho.
— Não muitos escutaram. — Murmurou ele.
Tentou ignorar a tentação de sua pele nua, enquanto limpava a ferida. O sol da manhã dava fogo a seu cabelo, distraindo-o, enquanto a esfregava com álcool para limpar a carne machucada.
Quando secou o líquido no extremo mais profundo do corte, seu corpo estremeceu sob a mão dele. Não pôde dizer se era devido ao desconforto ou ao ar frio. Apesar de que estava excepcionalmente quente, não
podia estar muito mais de 13ºC graus.
— É um bruxo, então?
— Sim. — De maneira eficiente, rasgou o pacote de uma bandagem quatro por quatro, depois aplicou a atadura ao corte.
— Como faz um bruxo para aprender os feitiços?
O tom dela era curioso, mas havia algo mais atrás das palavras. Interiormente, comoveu-se.
Provavelmente era como os outros que iam a ele uma vez que se inteiravam de seu talento.
Invariavelmente, estavam na busca de um feitiço para garantir a felicidade e a riqueza em suas vidas.
— Ensinam-nos nossos pais. — Disse ele. — O conhecimento mágico se transmite de geração em geração.
— E se não dizem tudo?
Ele optou por fazer pouco caso da pergunta, acrescentando a última tira de fita adesiva para segurar o emplastro em seu lugar.
— Aí está. Muito melhor.
Ela se virou a olhá-lo, com o olhar direto.
— O que acontece se seus pais não ensinassem o feitiço que precise? Onde o conseguiria?
A ira borbulhou. Quando outros bruxos descobriam quem eram seus pais, era a mesma velha história. Sempre queriam algo dele, geralmente um feitiço ou seu nome em matrimônio.
Algumas mulheres pensavam que estar casada com ele daria direito a uma vida de ócio que incluiria uma grande quantidade de feitiços para cuidar dos detalhes irritantes como as tarefas domésticas e trabalhar
para ganhar a vida. Poucos sabiam que não havia muito que fazer com ele porque seria um marido terrível.
Quinn se inclinou até que seus narizes estiveram a escassos centímetros de distância.
— Olhe, Maeve. A bruxaria não é um feitiço para limpar a casa ou fazer que alguém se apaixone por você. É uma forma de vida, e é sagrada para nós. Não te darei um feitiço para te deixar rica, nem te darei
um feitiço para sua imortalidade. Ambos são uma abominação.
Ela piscou. Sua expressão se tornou cautelosa.
— A imortalidade é uma abominação?
Nossa! Agora sabia o que ela queria, um feitiço para a imortalidade. Típico. A maioria dos humanos não se dava conta do que implicava a verdadeira imortalidade para alguns era a
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maldição final.
— Alguns de nós nascemos imortais enquanto que os vampiros ou os sobrenaturais podem também ser criados. — Grunhiu ele. — A menos que seja o dom dado pela Deusa, que é uma abominação para Ela. Ela se levantou
da pedra. Sua cabeça quase bateu contra a mandíbula e ele saltou para trás para evitar ser golpeado. Sua coluna estava rígida e reta, e seus braços estavam cruzados sobre o peito ainda para cobrir a nudez.
— Obrigada por sua ajuda e inestimável experiência. — O sarcasmo gotejou de cada palavra.
Agarrando a camisa de uma rocha baixa, deu a volta para lutar com o objeto de vestir em farrapos.
— Devia ter me dito a respeito de sua lesão ontem de noite.
Quinn se obrigou a suavizar a voz. Não era culpa dela que ele a tivesse protegido, graças à enfastiada corrente sem fim de pessoas que queriam algo dele.
— Esperar só ocasionará que a cicatriz seja ainda pior.
— Não, não o fará. Ao cair a noite estará totalmente curada e não será o mais sábio. — Ela se voltou para ele, com expressão desafiante. — Sou uma imortal criada por um vampiro. Ou, em suas palavras, uma
abominação.
CAPÍTULO 04
O cinismo se verteu quente e pesado através de suas veias enquanto Maeve pisoteava pelo bosque para a caminhonete. Ele era igual ao resto deles, de mente fechada e ignorante. Depois da morte de Rebecca,
sua família, sem saber o que mudou em sua filha restante se afastou dela. Tudo muito bem, ela se lembrou dos gritos da mãe pela justiça e a condenação tácita a filha sobrevivente. Maeve era a mais velha
e devia ter protegido a irmã. É óbvio, ela só era quatorze minutos mais velha que sua irmã gêmea. Reb atraía os problemas como o mel atrai um urso. Desde o começo tinha sido a responsabilidade de Maeve
manter sua irmã no bom caminho, e fez um bom trabalho até essa noite. Como podia ter dito a seus pais que um vampiro antigo matou Rebecca, e ela, quão gêmea ficava, converteu-se em uma imortal? Os sobrenaturais
eram fanáticos a respeito de seus segredos, e qualquer um que revelasse a existência dos habitantes das sombras perderia sua vida. Para não mencionar o fato de que ninguém acreditaria. Inclusive tentando
dizer que ganhou um bilhete de ida ao parque de diversões. Não só as circunstâncias reais soavam completamente loucas, que pessoa poderia compreender essas coisas? Nenhuma. Agora Maeve era a única no mundo
por vontade própria. A seu modo, fecharam filas contra
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ela. Era mais fácil chorar a perda de duas filhas que fazer frente às incomuns mudanças da que sobreviveu. Com suas perguntas sem respostas tácitas, ela decidiu que sua presença machucaria a sua família
mais que ajudá-la. Era uma viva lembrança do pesadelo em que suas vidas se tornaram. Alcançou a clareira. Abriu a porta do lado do passageiro e pegou o pulôver de Quinn do assento. Tremendo violentamente,
o pôs sobre a camisa, fazendo pouco caso da atadura e da ferida. Quando se tratava de pesadelos, ela poderia escrever um livro. Sua família, tão imediata como extensa, tinha sido muito estreita e intrusiva
ao crescer. Ao entrar na universidade Maeve descobriu que gostava de estar sozinha, à exceção de sua irmã. Centenas de quilômetros de distância da família, não tinham a ninguém a quem reportar-se, que
as recolhesse depois ou cozinhasse para elas, e finalmente aprenderam a fazer por sua conta. Sem que ninguém olhasse sobre seu ombro ela poderia concentrar todo seu tempo e atenção em seu objetivo, seguindo
e destruindo do assassino de sua irmã. Sua sede de vingança era o que sustentava sua alma, não sua família. O rangido da mata seca anunciou a chegada de Quinn. Completamente vestido, deteve-se uns metros
de distância, com sua bolsa pendurando nos dedos.
— Temos que retornar ao caminho.
Ela se negou a encontrar-se com seu olhar, em seu lugar se concentrou em puxar a lã quente ao redor dos quadris.
— Está disposta a fazê-lo? — A voz dele era rouca.
Ela sabia do que ele estava falando. Não tinha que explicar.
— Importa? O que se fez, feito está.
Ela subiu no lado do passageiro e fechou a porta, disposta a não ver a condenação em seu rosto. Que pensasse o que quisesse. A maioria fazia de todos os modos.
Passaram vários minutos antes que ele subisse e ligasse o motor. Olhando para frente esperou que pusesse em movimento a caminhonete e não dissesse outra palavra.
— Me olhe.
A voz dele era baixa, com comando. Incapaz de resistir a sua chamada, entretanto armandose de coragem para a censura dele, ela se virou para ele.
— Importa. — Disse ele.
Ela se voltou para olhar pela janela lateral, enquanto ele movia o veículo ao caminho.
Sim, claro.
Maeve deu um suspiro de alívio quando bordearam a curva montanhosa e a casa de Sinjin ficou à vista. Situada sobre um escarpado com vista ao mar, Aisling Crioch, Dream’s End, era uma estrutura de pedra
maciça construída fazia mais de quatrocentos anos, sobre os restos de uma fortaleza medieval.
Paredes de pedra de clara de cor creme e janelas de vidro olhando abaixo enquanto eles conduziam pelo comprido caminho de cascalho. Uma grande quantidade de gárgulas de pedra e
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dragões, estava localizada nas muralhas como se esperassem seu turno para saltar sobre os despreparados visitantes. Não era que a Dream’s End tivesse muitos visitantes. Os habitantes da aldeia mais próxima
acreditavam que a casa era a porta de entrada ao submundo e Sinjin estava confabulado com o diabo. Poucos se atreviam a pôr um pé nessa maldita terra. Um amargo sorriso puxou sua boca. Se soubessem que
tão perto estavam da verdade. Enquanto Quinn guiava a caminhonete através das portas de ferro forjado, Maeve se esticou, esperando que o poder do vampiro passasse sobre ela. Franziu o cenho, já que enquanto
se aproximavam não aconteceu nada. Os vampiros tinham uma variedade de métodos para manter aos indesejáveis longe de suas guaridas. Um deles era manter um porteiro, humano ou revenant para manter a vida
fora de seu lugar de dormir. Outra consistia em utilizar um protetor, uma espécie de fechadura mágica que requeria uma chave ou contrassenha para entrar no território do vampiro. Enquanto Sinjin tinha
vários humanos trabalhando para ele, utilizava guardas para proteger seu domínio. Do momento em que passaram as portas, sentiu seu poder pulsando debaixo de sua pele, que recordou uma corrente de baixa
tensão. Não se deu conta até agora do acostumava que estava à energia mística que a rodeava durante o último ano. Agora, não sentia nada, exceto o ar frio do inverno acerando-se às terras altas. A inquietação
picou pelas costas, e seus sentidos saltaram com atenção. Algo não estava bem. Quinn parou a caminhonete na base dos degraus, e ela abriu a porta antes que ele inclusive parasse totalmente. Seu coração
pulsava violentamente, detendo-se só o tempo suficiente para puxar sua espada antes de subir correndo as escadas. Ouviu Quinn gritar, mas não hesitou. A antiga porta de carvalho estava aberta uns centímetros,
e de par em par quando ela pôs sua mão sobre ela e a empurrou com suavidade. Apesar de que o sol ainda não se pôs, a entrada estava às escuras e em silêncio. Maeve umedeceu os lábios secos. Realmente,
realmente odiava a escuridão. A tensão fez um nó no estômago. Sem importar a hora do dia ou da noite, sempre havia luzes acesas na sala principal, mas estavam apagadas agora. Apertou seu agarre em sua
espada. A casa estava tão silenciosa como uma tumba, e o ar tinha o inconfundível sabor acobreado da morte. Hilton, o sempre presente mordomo de Sinjin, não estava por nenhum lado. Sinos de alarme soaram
em sua mente. Agora sabia que algo estava errado. Hilton nunca deixava a porta principal aberta, e voluntariamente nunca abandonaria seu posto. Serviu ao vampiro durante centenas de anos, e tomava seus
deveres muito a sério. Com as palmas das mãos no cabo da espada, ela avançou em direção à sala de música a sua direita. Um aroma estranho flutuava no ar, como o de moedas de um centavo úmidas e algodão
de açúcar. Que demônios era esse aroma? Os restos escuros de luz se filtravam através da descoloração das altas janelas no lado
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oposto da sala. Um piano de cauda negro estava no centro do piso polido, com seu banco inclinado para um lado. Somente uns poucos metros à esquerda estavam os pedaços de um vaso quebrado e um grande atoleiro
de água. No meio do atoleiro de uma manta empapada estavam os caules das rosas mortas da estufa, de urze e de cardo. Com cautela, moveu a anomalia com a ponta da bota. Com a ponta da espada, enganchou
uma dobra de tecido e o levantou. O aroma enjoativo doce de algodão de açúcar com um toque subjacente de cobre assaltou seu nariz. Quando deixou cair o pano, golpeou o chão com uma bofetada empapada. Algo
pequeno e branco saiu da confusão, e seus olhos se abriram. Via-se como um osso humano. Com repulsão, afastou-se. Olhou ao redor da sala procurando o significado disso, quando viu Quinn a menos de três
metros de distância. Em uma postura prática, sustentava uma espada de samurai que reconheceu como parte de uma exibição da sala principal. Tinha uma segunda espada colocada, curta no cinturão. Seu olhar
passou do tecido úmido para encontrar-se com o de Maeve.
— É um dos seus.
Ela não necessitou nenhuma outra explicação. Os pés dos soldados de Mortianna estiveram ali, e este, por alguma razão, não voltaria nunca para seu amo.
— Assim parece.
Entrando na sala, tomou cuidado de manter as bordas do hall de entrada fora da vista das galerias abertas de cima. Quinn caminhou atrás dela e em completo silêncio investigou cada uma das salas do andar
principal em busca de alguém que tivesse sobrevivido.
Em seu lugar, tudo o que encontraram foi morte.
Na sala principal estava outro dos esbirros, ou sua roupa, ao menos já que seu corpo desapareceu. Outro estava no canto da sala principal, como um montão de lã empapada de cor marrom e uns poucos ossos
branqueados.
Que espécie de bruxaria era essa?
Maeve lançou um olhar a seu companheiro em silêncio enquanto inspecionava seu último descobrimento, com uma expressão dura, distante.
Algo tocou sua pele, trazendo consigo o aroma de ar fresco. A porta da biblioteca se moveu com a brisa abrindo-a umas quantas polegadas mais. Deu uns golpes a Quinn no ombro e indicou que a seguisse.
Agachando-se pela porta aberta, estirou um braço e a empurrou pouco a pouco.
As sequelas de seu sequestro não a alteraram. Os vidros quebrados das portas enchiam uma vez sem apreço o tapete persa, agora em ruínas pela água de chuva. Duas das elegantes cadeiras Chippendale estavam
volteadas, um vaso de porcelana estava quebrado na lareira, seus habitantes anteriores estavam enrugados nas pedras.
No chão jazia o livro que ela viu antes, e se sentiu aliviada ao ver que não tinha sofrido danos. Já haveria tempo para isso mais tarde. Nesse momento, ela tinha que encontrar Sinjin e rápido.
— Aqui é onde ocorreu.
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As palavras silenciosas de Quinn a sobressaltaram enquanto ela quase esqueceu que estava com ela. Isso por si só era incomum, já que estava custodiada pela maioria da gente, sempre consciente de onde estavam
e o que estavam fazendo.
— Sim.
Sua bonita boca estava firme como se algo o aborrecesse. Seu olhar não perdia nada enquanto revisava os escombros da sala, com expressão fechada. A tensão irradiava de seu corpo.
Afastou o olhar, levando-o a descansar em uma garrafa quebrada. Seu conteúdo tinha empapado a flor e o creme do tapete, deixando uma feia mancha de cor caramelo.
Que desperdício de bom brandy.
Levantando-se, Maeve entrou na sala. Sentia como se toda uma vida houvesse passado desde que foi sequestrada, quando na realidade, passou menos de vinte e quatro horas. Baixando sua espada, empurrou uma
flor morta com a ponta de sua bota.
— O que aconteceu aqui teve que ter ocorrido pouco depois de que fui sequestrada. — Sua voz era rouca. — Hilton não teria deixado este desastre.
Maeve.
A voz de Sinjin soou em sua mente. Automaticamente ela levantou a folha e deu a volta, pronta para enfrentar qualquer ameaça que se apresentasse.
— O que acontece?
Quinn apareceu junto a ela, com a espada em mão.
— Ele está aqui. — Sussurrou ela.
Quinn olhou ao redor por qualquer nova ameaça para sua segurança.
— Quem está aqui?
— Sinjin.
Abaixo, Maeve...
A voz do vampiro voltou a soar, estimulando sua ação. Pouco a pouco, ela saiu da biblioteca e entrou na sala principal, com seus sentidos internos esforçando-se por escutá-lo de novo.
Quando o diabo...
Abaixo...
A palavra era fraca, quase desvanecida, como se estivesse muito longe. Ela engoliu duro.
Não soava como Sinjin que ela conhecia. Esse homem estava em calma e tinha autoridade.
Se não fosse pelo sotaque distinto de seu sotaque escocês, ela pensaria que era sua imaginação.
Abaixo, desça...
O coração saltou. Construída sobre os restos de um castelo medieval, os porões originais estavam intactos e serviam unicamente para armazenar vinhos e móveis velhos.
Debaixo disso estavam os...
Não, Sinjin não iria ali de boa vontade.
Sim, faria, e fez.
O pânico explodiu por seu corpo, e ela começou a correr. O mármore era muito polido debaixo das botas enquanto ela se lançava pelo corredor, sem incomodar-se sequer em olhar para
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cima às galerias de cima por qualquer ameaça potencial. Seu coração pulsava com força em seus ouvidos enquanto corria pelo corredor ao solário, com as pegadas de Quinn ao tempo com as suas. Agachou-se
atrás de um canto e depois girou à direita para a cozinha e saltou dois degraus. Deteve-se de repente no chão de pedra irregular. Havia várias entradas às catacumbas debaixo da casa, mas a rota mais direta
era pelo oco do velho guarda-roupa atrás da despensa. Construídas com a casa original, as catacumbas serviram como rotas de fuga aos escarpados do norte durante o assédio. Agora, Sinjin utilizava as passagens
em caso de emergência. Outras entradas nos andares superiores incluíam caminhar por um labirinto de estreitas e mofadas passagens. Era muito fácil perder-se nas curvas de Crioch Aisling, e sem dúvida outros
tentaram acessar As passagens para não ser vistos outra vez.
— Por aqui.
Ela levou Quinn à despensa. No outro extremo havia uma pequena porta de madeira que se abria para o eixo não utilizado de uma privada medieval. A porta estava torta, o que confirmou suas suspeitas. Abrindo-a,
olhou dentro da fina abertura, fazendo uma careta à escuridão de abaixo.
— Necessitaremos uma lanterna. — Disse ela, e assinalou as lanternas que estavam em uma prateleira perto da porta. — Pega algumas delas.
— Aonde vamos?
Quinn escolheu uma lanterna e lhe entregou.
Ela assinalou para a consumida escuridão.
— Para baixo.
CAPÍTULO 05
— Maeve, me deixe ir primeiro.
Quinn pegou uma segunda lanterna, meio enterrada debaixo de um saco enorme de sal marinho. Verificando para ver se funcionava, voltou-se bem a tempo para ver Maeve desaparecendo pelo oco da antiga privada.
— Mulher obstinada. — Murmurou ele.
Deslizando a espada em seu cinturão frente à outra, colocou a cabeça no eixo. A luz de Maeve ricocheteava nas paredes de pedra enquanto descia a um pequeno conjunto de oxidados degraus de aço na escuridão.
Pegando a lanterna pelo cabo pela primeira vez, passou a perna pela abertura.
— A Deusa Clemente nos proteja do que estamos a ponto de fazer. — Murmurou ele. — Só os tolos vão aonde os anjos temem pisar.
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Seu pé tocou um degrau metálico encravado na parede do eixo. Obtendo um equilíbrio ele agarrou a borda da abertura e se sentou na escuridão, com cuidado de não raspar-se nem a espada contra as pedras.
Começou a descida e rapidamente a escória da luz do dia se perdeu na escuridão.
— Só um pouco mais e terá descido.
Sua voz soou de baixo, e olhou para baixo para ver seu pálido rosto iluminado pela lanterna. Quando chegou aos últimos degraus, saltou, em vez de saltá-los. Aterrissou ao lado dela e tirou a lanterna do
bolso. O feixe de luz revelou um túnel de pedra úmido. O aroma da terra, mofo e ar viciado invadiu seus sentidos.
— O que é este lugar?
— As catacumbas debaixo dos porões. — Caminhavam lado a lado ao longo do estreito caminho. — Foram construídos como via de escape durante um cerco. Abrem-se em uma grande caverna na base dos escarpados
e o primeiro foi usado por Saint-James para proteger sua frota de navios.
— Fascinante. O vampiro te contou tudo isso?
— Não. — Brilhou um sorriso rápido. — Tenho lido um montão.
Hmm, talvez fosse mais friki do que ele pensou originalmente.
— Por que estamos aqui?
— Sinjin tem um lugar para esconder-se aqui.
Um segundo túnel bifurcava ao que seguia, e Maeve apontou sua lanterna para a esquerda.
— Ouvi sua voz em minha cabeça e me disse que fosse para baixo, e isto é tão baixo como se pode.
— O quanto conhece estes túneis?
— Muito bem.
Chegaram a outra passagem bifurcada, e desta vez ela apontou para a direita. Ao final do túnel havia um arco e depois um conjunto de estreitos, desmoronados degraus de pedra.
— Só por aqui.
Desceram a um estreito túnel forrado com seis portas. A maioria delas estavam abertas, as tábuas de carvalho antigo estavam apodrecendo em suas dobradiças. O corredor estava cheio de pedaços quebrados
de madeira, pedaços de tecido podre e cadáveres de umas quantas ratos.
As paredes e o chão a estavam úmidos e o aroma da água de mar se misturava com o mofo e a decomposição era forte ali. Ouviu o som característico de destilação de água sobre pedra.
Quinn podia imaginar facilmente que o ar úmido dentro das paredes pegajosas era o mesmo que respiravam os prisioneiros indefesos muitos séculos antes. Uma sensação de desespero e má intenção brotou de
todas as gretas e fendas.
Aqui não era um lugar para que habitasse a deusa.
Maeve desapareceu por uma estreita porta, e ele se apressou a segui-la. Mal havia entrado na sala antes de saber que chegaram. O sentido do desespero estava ausente e enquanto as paredes estavam úmidas,
não havia resíduos espalhados pelo chão.
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No centro da sala havia uma mesa de madeira de carvalho coberta com uma tapeçaria bordada pesada. O feixe da lanterna apanhou os fios de ouro e prata na barra. O desenho consistia em uma série de estrelas
e luas em toda sua fase. Interessante. Uma espada medieval estava sobre a mesa e, junto a ela, um caixão de mogno com um esculpido elaborado. A antiga tampa estava no chão à apoiada na mesa. Maeve deu
um passo ao lado dele com seu olhar fixo nos habitantes do caixão. Um homem deitado de costas com os olhos fechados, com a pele pálida azulada. O cabelo escuro, ondulado tinha sido retirado da testa alta.
Um corte marcava sua testa escura, e o sangue manchava o lado esquerdo de sua face. Apesar dos danos, era uma pessoa muito bonita, com maçãs do rosto altas e uma mandíbula firme. Estava vestido muito simplesmente
com jeans escuros e uma camisa branca feita farrapos, rasgada no ombro e manchada de sangue. Esse tinha que ser Sinjin. Aconchegada junto a ele havia uma mulher, com a cabeça apoiada em seu ombro. Não
podia ter visto mais fora de lugar nessa mancha de umidade do inferno, se tentasse. Seu cabelo muito curto era da cor do ouro fiado. Suas feições eram delicadas, como de menina abandonada, e se via muito
frágil nos braços desse enorme vampiro. Era pequena, não muito mais de 1.52cm, e vestida com uma espécie de chiffon fino estampado com flores. Dezenas de braceletes de ouro cobriam seus pulsos e os antebraços
magros. Ele deu uma olhada a Maeve.
— Sinjin?
Ela assentiu, com seu olhar sem afastar-se do casal. — E Sunni.
— Sunni? É um vampiro também?
— Sim.
Ele conteve o impulso de rir. Sunni era uma mulher vampiro. Quem o saberia?
— Acredito que está morto. — A voz de Maeve saiu como um sussurro angustiado.
— Todos os vampiros estão mortos, Maeve.
Quinn levou sua mão ao abdômen do homem, roçando-o um lado a outro, tendo muito cuidado de não tocar a carne fria. Um formigamento percorreu seu fraco braço, com a palma desviando-se perto da garganta
do vampiro.
Quinn se afastou. O vampiro estava ainda ali, mas algo o mantinha em seu lugar. Sentia-se como se St. James se encontrasse em uma espécie de transe, a diferença do sonho em que os vampiros entravam voluntariamente.
Não sabia muito a respeito da fisiologia de um vampiro, mas sabia de magia e o mal estava em movimento.
Passou sua mão por cima da diminuta loira e detectou só o sono tranquilo de um jovem vampiro.
— Os dois estão vivos.
— Graças a Deus. — Maeve exalou em voz alta. — Nunca tinha visto o sono de Sinjin, não
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assim pelo menos. Como um velho que raramente dorme e utiliza seu poder para evitar que outros estejam longe de sua casa.
— O que quer dizer?
— Muitos vampiros usam algo como uma fechadura mágica. Sinjin pode controlar quem entra em sua casa e em sua propriedade mediante a colocação de uma espécie de feitiço sobre as entradas. — Ela mordeu o
lábio inferior. — Pelo que entendo, é como magia, mas não. Tem que ter permissão ou conhecer a chave para a fechadura. Quando chegamos à casa, o primeiro que notei foi que as fechaduras se foram.
— Por que é isso?
— Não sei. Mortianna enviou esses demônios, e agora ele e Sunni estão aqui. Nem Sunni nem Sinjin estariam dispostos a vir aqui a menos que fosse uma emergência. Sinjin sempre me disse que passou muitos
anos dormindo com os ratos para evitar este lugar agora. — Sua expressão se voltou angustiada.
— Não sei muito a respeito de vampiros, Maeve, mas se minha mãe está envolvida, isto não pode ser bom.
— Acredito que estarão suficientemente seguros aqui por agora. A maioria dos vampiros está muito mais segura debaixo da terra que em cima dela. O sol se porá dentro de pouco e verei se despertarem sozinhos.
E se não...
— Lutaremos com isso quando chegar o momento. — Disse ele. — Não compremos problemas grátis.
O olhar dela se encontrou com seu.
— Esta não é sua luta, sabe. Pode sair deste desastre e ninguém se inteiraria.
— Exceto você e eu saberemos. — Quinn franziu o cenho com desgosto. Daria conta do mal preparada que estava para fazer frente a Mortianna? — Isso é o que quer que faça? O que me afaste?
— Não importa o que eu queira. O resultado final não é seu problema. Cumpriu com sua obrigação e me devolveu de onde saí. É livre de ir — Ela se moveu a seu redor e se dirigiu para a porta. — Tenho que
começar a me mover já que tenho um montão de coisas que fazer.
Depois de sua saída da câmara, ele se conformou com o cenho franzido enquanto faziam a viagem de volta através do labirinto de túneis.
Desta vez, teve muito cuidado de tomar nota de sua direção e de cada volta. Quando alcançou o aroma do ar fresco, seu passo acelerou. Sentia-se como se tivesse sido sequestrado na escuridão durante horas,
quando tinham sido trinta minutos como máximo.
Quinn chegou ao primeiro raio de luz, colocou a lanterna em seu bolso antes de começar a subida. Maeve o seguia de perto e para o momento em que chegavam à despensa, estavam cobertos de pó e ela tinha
uma teia de aranha no cabelo.
Maeve se moveu junto a ele e à cozinha em direção a um telefone na parede perto da entrada. Apoiou-se no balcão enquanto ela tomava o telefone e começava a apertar botões. Houve um tempo em seu passado,
quando ele teria acariciado a ideia de afastar-se dessa
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confusão. Enquanto que já não era esse menino irresponsável, seu sentido equivocado do cavalheirismo o colocou em apuros uma vez ou duas, e não seria enganado outra vez. Maeve e seus problemas poderiam
ser desastrosos para ele. Realmente necessitava esses problemas? Ela esperava que se fosse, não era que ela fosse dizer em sua cara. Maeve não necessitava palavras para expressar-se. Sua linguagem corporal
dizia mais do que queria. Ele a olhou, só para pegá-la olhando-o. Ela afastou o olhar, mas não antes que ele captasse um brilho daqueles incríveis olhos verdes. Sempre foi fanático dos olhos verdes. A
sensação de frio contra a parte traseira de seu pescoço o fez endireitar-se. Sua mão se fechou sobre a espada e se separou do balcão. Girando em um círculo lento, percorreu a cozinha em busca de algo que
pudesse tê-lo feito sentir o calafrio. Além de Maeve, agora falando no telefone, estavam sozinhos. Ou seriam eles? Algo os estava olhando, a eles. Mas o quê? Fechando os olhos, ficou atento a seus sentidos
mortais e centrou seu poder para procurar pela casa qualquer ameaça. Nada. Os olhos dele se abriram. Movendo-se rapidamente, deslizou por uma porta traseira à escuridão mais profunda. Fechando os olhos,
repetiu o processo. Mal tinha começado quando um flash de cor azul elétrico misturada com o vermelho despertou sua mente antes de converter-se em uma lavagem de cor negra. Seus olhos se abriram de repente.
Algo estava definitivamente vindo, e não era o poder latente dos vampiros adormecidos o que cravava. Mortianna. O descobrimento o enviou ao corredor da casa, depois à despensa. Antes viu um saco de sal.
Potes de mantimentos enlatados se fizeram pedacinhos contra o chão de pedra, caindo, enquanto puxava o saco de cinquenta quilos de sal marinho da plataforma. Por sorte para eles, o saco estava cheio e,
se andasse depressa, poderiam sobreviver ao que vinha por eles. Maeve estava paralisada, com o telefone agarrado em sua mão, enquanto o olhava com os olhos muito abertos. Quinn deixou cair o saco na ilha
da cozinha depois tirou a espada cortando-o e fatiando o tecido. Alcançou e baixou uma panela grande e começou a jogar o sal nela até que encheu a panela.
— O que está fazendo? — Maeve se abateu a seu lado.
— Não tenho tempo para explicar isso. — Ele colocou o saco em seus braços antes de agarrar a panela pelas asas. — Temos que rodear a casa em um círculo de sal.
Ela franziu o cenho.
— Por quê...?
— Só faça — Tomando seu braço ele puxou ela fora. Já se aproximavam e seu tempo estava acabando. — Por aqui. — Ele assinalou para o oeste. — Circula a casa, jogando uma linha contínua
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de sal até chegar à calçada.
Ainda assim, ela hesitou.
— Se mova!
Com um gesto brusco, ela se movimentou, afastando-se dele, sustentando o saco perto de seu corpo ao tempo que permitia um fluxo pequeno, mas constante de cristais brancos escapar da abertura. Satisfeito
que ela estava fazendo como indicou, voltou-se e começou a sentar sua linha na direção oposta. O sal não seria muita proteção, mas compraria algum tempo.
Quando se aproximou da parte dianteira da casa e o nível de sal foi perigosamente baixo, rezou porque os escassos restos fossem suficientes. Dobrou a esquina a tempo para ver Maeve fazer o mesmo. Sua bolsa
estava quase vazia também. Continuou vertendo até que chegou à calçada, e sua ração se esgotou. Elevou a vista para ver que tão longe ela chegou e amaldiçoou em voz baixa quando terminou a estreita linha
no silvestre oposto da calçada.
— Tudo se foi. — Ela assentiu ao saco vazio. — E agora o quê?
— Boa pergunta. — Quinn deixou cair a panela a seu lado e tomou a espada de samurai que seguia atada ao quadril.
A espada!
Ele jogou em um lado o saco. Tomando a mão de Maeve, levou-a a círculo de sal enquanto as sombras se concretizavam no bosque frente a casa. Pares de olhos pequenos e brilhantes resplandeciam dourados e
avermelhados na crescente escuridão.
Os esbirros chegaram.
— São eles, não é?
— Sim.
Ele tirou a espada de seu cinturão depois assinalou para o norte.
— Consagro esta espada no nome da Deusa. Que proteja a aqueles que servem em seu nome.
Colocando da espada no centro do passeio, apontou para fora do círculo de sal, selou o círculo e começou a lançar o feitiço.
— Guardiães da torre de vigilância das Quatro Cantos da Terra, escutem minhas palavras e me assistam agora. Neste mágico lugar, peço a proteção daqueles que querem subverter o nome da Deusa. Só aqueles
que caminham na luz entrarão aqui.
Só aqueles que não procuram nenhum dano dará a bem-vinda. Que assim seja.
Quando terminou o feitiço, um brilho de aço chamou sua atenção. Maeve estava a vários metros a sua esquerda, com a faca de bota com as duas mãos entrelaçadas, sustentando-o à altura de sua cintura. Seus
pés estavam colocados para um melhor equilíbrio e seu olhar esquadrinhava a zona que os rodeava, sempre vigilante por qualquer ameaça.
Em parte mulher, parte Valkyrie.
Ele sacudiu o pensamento imaginativo.
— Estaremos suficientemente a salvo por agora. No alto, um raio de luz explodiu rapidamente seguido por um trovão. O chão retumbou sob
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seus pés. Ela o olhou depois retornou a sua vigília, claramente sem estar convencida.
— Veem. — Ele estendeu a mão, em silêncio rogando que ela tomasse. — O círculo se manterá. Agora temos que comer e descansar um pouco. Por um momento, pensou que se recusaria. Depois baixou a faca. Guardando-a
em uma mão, deslizou a outra na sua e permitiu levá-la a casa. Sua pele era quente, e suas mãos encaixaram entre si como se pertencem um para o outro. Sustentar a mão de alguém nunca se sentiu tão bem?
Depois de assegurar a porta da entrada, Maeve foi a busca das velas enquanto fazia sanduíches para jantar, com manteiga de amendoins, geleia e água. Sem eletricidade e com eles em modo de acampamento.
Ambos permaneceram em silêncio enquanto devoravam o jantar antes de ir acima.
— Pode dormir aqui. — Ela abriu a porta para revelar um quarto grande. O tapete sob os pés era de cor vermelha sangue com detalhes dourados e móveis pesados de carvalho. — O banheiro é através dessa porta,
e meu quarto está do outro lado do corredor. Deixa a porta aberta e chama se necessitar algo.
— Obrigado... Foi uma grande ajuda ali fora, Maeve.
Seus olhos eram solenes, e seu sorriso foi fugaz.
— Salvou minha vida e a de meus amigos. Devo-te muito. — Com isso, ela se voltou e apresentando a ele um movimento de traseiro enquanto caminhava para o quarto em frente do seu.
Muito cansado para discernir o quebra-cabeças de suas palavras, dirigiu-se a seu quarto.
Uma ducha quente e uma longa sesta eram as únicas duas coisas que queria nesses momentos.
Bom, e uma ruiva impressionante em sua cama, agradeceria também.
Por outra parte, estava tão cansado que não era seguro que não dormisse antes do primeiro beijo. Depois de uma busca rápida, notou que não havia toalhas penduradas, fosse nos armários ou no gabinete. Entrou
na sala e se aproximou de sua porta.
— Maeve?
Silêncio.
Ao entrar pela porta, encontrou-a de barriga para baixo deitada no centro de sua cama.
Ainda estava completamente vestida, com uma bota enquanto sua companheira jazia no chão. Uma vela ardia sobre a cômoda, projetando sombras que dançavam no quarto.
Estava profundamente adormecida.
Quinn sorriu. No sono, seus escudos estavam abaixo e a mulher vulnerável se revelava. Ela podia pensar que era o suficientemente forte para enfrentar o mundo, mas agora parecia uma menina esgotada depois
de um comprido dia de brincadeiras.
Suavemente, tirou a bota e a colocou com sua companheira. O cabo de sua espada estava presa de forma segura a sua perna, e a tirou. Depois de encontrar a faca na cama perto de sua mão, deslizou-a em seu
lugar, depois a deixou sobre o criado mudo. Agarrando o edredom dos pés da cama, estendeu-o sobre ela. Ela murmurou algo e se
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aconchegou mais em seu calor. Inclusive com esses impressionantes olhos fechados, parecia tão doce e tentadora, toda suave e enrugada em seu sono. Sentiu o familiar formigamento da excitação e se deu conta,
não só de que não ficaria adormecido antes desse primeiro beijo, mas também quando a levasse a cama teria sorte se dormia absolutamente. Rodando a cama, ele subiu a seu lado. Como se soubesse que ele estava
perto, murmurou algo em seu sono depois se moveu para aconchegar-se contra ele. Ele deslizou seu braço a seu redor, aproximando-a mais. Alcançando o edredom, cobriu a ambos em um casulo de suave calor.
À medida que adormecia, um suave ronco fez erupção do pacote quente em seus braços. Fora os trovões e relâmpagos continuaram, um testemunho mais da fúria da Mortianna.
CAPÍTULO 06
Maeve golpeou o saco de boxe com um gancho brutal de sua direita, deleitando-se com a sacudida da resistência por seu braço. Havia momentos em que ser imortal tinha suas compensações. A contusão em sua
mandíbula se foi, e seu ombro estava quase são por completo. Só a mais mínima dor se mantinha. Mmm... Talvez o Conselho poderia usar isso como um slogan publicitário.
“Venha, venham todos... Convertam-se em um ser imortal e vivam para sempre. Os benefícios adicionais incluem longevidade, melhora de algumas habilidades psíquicas e cura rápida. Quebre uma perna e volte
a caminhar em dois dias. Tudo o que precisa é uma pequena dentada...” A imagem de sua irmã morta no chão de uma adega suja, veio à cabeça e franziu o cenho. Por outra parte, talvez não fosse uma boa ideia.
Golpeou o saco com sua esquerda, depois outra vez com a direita. Estava a ponto de obter sua meta agora, a justiça para sua irmã, a retribuição para si mesma e, finalmente, uma pequena medida de paz para
sua família. Com a morte de Mikhail, seu trabalho estaria completo. Agora a seguinte pergunta era, Quinn saberia como realizar o feitiço de união e se sim, ensinaria? Era o filho da bruxa mais temível
viva. Suas possibilidades eram boas de que ele tivesse os conhecimentos que necessitava para ter êxito. Agora, teria que convencê-lo. Atacou o saco com um retrocesso que teria derrubado um homem grande.
Depois deu a volta e deu um golpe impressionante na carótida desenhada para matar um mortal em uma piscada de olhos. Mas não seria suficiente para um vampiro, sobre tudo, não para um antigo. Seus movimentos
se voltaram lentos. Poderia tentar com uma estaca de madeira, com alho
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e água benta, mas o livro indicou que esses métodos eram muito mais perigosos que o feitiço de união. Com o fim de utilizar qualquer dessas opções, teria que estar a muito pouca distância de uma criatura
que podia matá-la de maneira mais eficiente que com um bom golpe na carótida. Enquanto que não tivesse medo à morte, não podia permitir o luxo de cometer um engano e terminar morta antes que seu plano
se levasse a cabo. Se ela fracassasse… Não podia pensar nisso. Mikhail devia morrer, e se necessitava que um feitiço o fizesse, que assim fosse. O vampiro destruiu sua família. Por cima de tudo, tomou
a vida de sua irmã gêmea, de sua outra metade. Sem Reb a seu lado, Maeve se sentia perdida, impotente, como se alguém tivesse arrancado a metade de sua alma. Como com a maioria dos gêmeos, tinha um vínculo,
uma conexão que era de uma vez reconfortante e inquietante. Agora, quando chegava a esse lugar abissal onde sua irmã viveu, encontrava só silêncio. Maeve esteve sozinha, realmente sozinha, durante os últimos
dez anos. Maldição. As lágrimas se estenderam enquanto açoitava o saco de boxe, com a ira e a frustração impulsionando cada movimento. O suor corria por seu rosto, misturando-se com as lágrimas enquanto
imaginava a face do vampiro no lugar do saco. Um grito primitivo ficou preso em sua garganta e ela atacou, com a maltratada imagem do homem que destruiu sua vida. Golpeia. Golpe rápido, golpe rápido. Chuta.
Golpe rápido. Surra. Um som rasgado a tirou de concentração e, com um ruído surdo, o saco de areia caiu no chão. Sua respiração fazia estragos em seus pulmões, e ela se inclinou e apoiou as mãos sobre
os joelhos, lutando por seu controle. Uma costura tinha estalado na parte superior do saco e explodido o recheio pelo buraco. Tinha despachado a sua primeira vítima. Se só matar um vampiro fosse tão fácil.
Quinn entrou na sala quando o saco de boxe caía no chão. Maeve estava sobre o saco dizimado vestida com short justo preto e um sutiã esportivo combinando. Cada centímetro da deliciosa mulher estava delineado
em preto por lycra. Seu cabelo estava preso em uma longa trança de fogo por suas costas, e a tatuagem mehndi se destacava contra a pele clara. Seu pênis se moveu. Com cada minuto que passava com ela, seu
desejo se fazia mais forte. Quanto mais descobria dela, mais queria saber. Intrigava-o de tal maneira que era novo e emocionante. Maeve Leigh o embriagava. Imagens de dobrar seu corpo flexível em um banco
de pesos e tomá-la pelas costas encheram sua mente. Carne tensa, mãos procurando. Seu fôlego assobiou entre dentes, enquanto a luxúria se combinava quente e grossa em sua virilha.
— Veio ver ou fazer exercício?
A voz dela entrecortada fez pedacinhos suas fantasias quentes. Caminhou para ele. Seus
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movimentos eram fáceis e elegantes. Era uma mulher em sua casa com sua própria pele, confiada, segura de si mesma e toda a fantasia dos homens.
— Sou um amante, não um lutador. — Ele ofereceu um sorriso. Um sorriso de resposta arqueou os lábios dela.
— A maioria não se dá conta de que ambos podem ser igual de... Emocionantes. Está paquerando comigo.
— Entretanto... — O sorriso dele cresceu. — O outro tem um final muito mais satisfatório.
Escura como a brasa, olhou-o de acima a abaixo antes de dirigir seu olhar esmeralda.
Seus olhos tinham uma grande experiência e nesse momento se deu conta de que ela sabia o que estava fazendo e o estava desfrutando.
— Só se o faz bem. — Ela arrastou as palavras.
As mãos dele queimaram por desejo de tocá-la.
— Não tive nenhuma queixa.
— Como se admitisse se as tivesse. — Ela começou a rir. Fez um gesto para que a seguisse, ela se voltou e mostrou um tonificado traseiro. Levou-o além das máquinas de pesos a um espaço aberto coberto de
grossos colchonetes azul marinho para exercícios. — Então, o que sabe de defesa própria? — Perguntou ela.
— O suficiente para me manter fora de problemas. — Não estava seguro de se queria admitir que tinha faixa preto no Tae Kwon Do faz uns anos.
Tinha desfrutado vê-la tanto, que não importava que mostrasse algumas coisas.
— O que quer provar?
Que tal você nua, debaixo de mim, sobre mim, a meu lado? É sua escolha.
Ele ocultou seu sorriso roçando o queixo, como se contemplasse sua pergunta.
— Que tal algo básico? O que devo fazer se alguém vem e me agarra por trás?
— Refere a isto? — Ela se moveu atrás dele e deslizou os braços ao redor de seu corpo.
O aroma de mulher quente o rodeou e o deixou tonto. Ela segurou os braços à cintura, incapacitando-o efetivamente. Seus seios, contidos pelo sutiã de aspecto tortuoso, eram montículos fortes contra suas
costas. Ele afogou um gemido quando sentiu seus mamilos eretos, pulsando nele. Talvez não tivesse sido tão boa ideia.
— Devido que é alto e forte fisicamente, pode romper meu agarre lançando seu corpo para frente. — Estava contente de escutar que sua voz soava fora de tom como se estivesse sem fôlego.
— Entretanto, se eu fosse um homem, quereria apontar às áreas vulneráveis.
Estremeceu ao pensar em nada mais correto que a área mais vulnerável nesse momento.
Com cada segundo que passava se voltava um alvo maior para golpear.
— Quererá levantar sua perna direita e baixá-la sobre seu pé, duro. Apontando o peito do pé. Isso deveria ser suficiente para romper meu agarre. Uma vez que o tenha quebrado, leva os braços acima assim.
— Demonstrou como escapar.
— Assim? — Ele imitou seus movimentos e se libertou.
— Exatamente.
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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— Isso parece bastante fácil. — O fôlego dele era duro quando ela se afastou dele. — E se me agarra de frente?
— Isso é ainda mais fácil. Tudo o que tem que fazer é...
— Espera…
Antes que pudesse detê-la, ela se aproximou e passou seus braços ao redor dele uma vez mais. Desta vez, estavam cara a cara, e não havia lugar para esconder sua ereção nessa posição.
Sim, estou muito feliz de vê-la.
Maeve levantou a cabeça, e encontrou com seu olhar. Suas pupilas estavam dilatadas, e sua respiração acelerada. Lambeu os lábios, chamando sua atenção a sua preciosa boca. Queria lambê-la, saboreá-la,
mordê-la, nomeia-o, queria fazer com ela e para ela.
OH, diabos.
Deslizando seus braços ao redor dela, acariciou seus quadris e a trouxe mais perto.
Os olhos dela aumentaram quando o pênis ereto pressionou na suave pele de seu estômago.
Ele estremeceu ao dar-se conta de que tinham um ajuste perfeito. Merda estava preparado para gozar e nem sequer a beijou ainda.
— O que acontece se não quero me libertar? — Sussurrou ele. Sua respiração passou da língua a sua boca, fazendo entalhes mais altos em sua excitação. Maldição, quase podia saboreála.
— Então suponho que mais vale que possa seguir adiante. — A voz dela era fraca.
Ele se balançou de lado a lado, muito ligeiramente. A fricção de seu corpo contra sua carne dura era embriagadora.
— Mmm, não acredito que precise preocupar-se por isso.
Quinn baixou a cabeça e acariciou sua clavícula úmida, desfrutando do aroma de mulher excitada e de suor saudável. Sua língua saiu para fazer cócegas e um caminho da base do pescoço debaixo da orelha.
Estremeceu quando ele mordeu a tenra carne.
Ela era uma delícia para seus sentidos, e não podia esperar para… Sem prévio aviso, ela o empurrou para trás e escapou de seu alcance. Passou uma perna por trás dele, e caiu para trás sobre os acolchoados
tapetes. Com um grito suave ela caiu em cima dele, com seus dedos rasgando a roupa. Os botões saíram da camisa enquanto ela os destroçava com seu afã.
A excitação correu quente e grossa em seu sangue no momento em que ele a pôs debaixo dele. Se não a provasse logo, explodiria antes que pudesse tirar a calça. Equilibrou-se e capturou sua boca. Quente
e doce, tomou profundamente com sua língua lutando enquanto as mãos estavam ocupadas arrancando a camisa de suas costas.
Seu beijo foi ruidoso, mais a respeito da cobiça que da finura e ela comeu sua boca como uma mulher morta de fome. Suaves gemidos soaram da garganta dela quando ele chupou sua língua, com a sensação conduzindo-o
diretamente a virilha com uma sensação pulsátil. Ela mordeu seu lábio inferior antes de romper o beijo. Com mãos ansiosas, ela puxou os botões da calça jeans. Quinn apoiou as mãos no colchonete e levantou
os quadris para dar um melhor acesso. Cativado,
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observou os movimentos desesperados da mulher que estava a ponto de converter-se em sua amante. Olhos selvagens, respiração errática com a boca, inchados lábios por seus beijos, ela era deliciosa e ele
queria mais.
— Deus, é bonita.
Para sua surpresa, ela franziu o cenho.
— Se cale.
Ela enredou os dedos em seu cabelo e arrastou a boca à sua. Juntos, rodaram pelo tapete, cada um lutando por tocar e saborear mais do outro. Seus corpos se enredaram e depois ficaram sem tapete. Ela terminou
na parte superior, separando as coxas para abraçar seus quadris. Os ladrilhos frios debaixo das costas eram um agudo contraste com o calor da mulher em cima dele.
— Espera.
— Está falando de novo. — Grunhiu ela. Mordeu o lábio inferior.
— Tenho que saber. — Ofegou ele — O que é do St. James?
— Amiga. — Ela lambeu seu queixo.
— Só sua amiga?
— Sim. — Ela mordiscou um caminho de fogo ao longo de sua mandíbula.
— Não são amantes?
— Não. — Ela mordeu o lóbulo da orelha.
Um suspiro de alívio escapou a ele.
— Bem. Estava…
— Por que continua falando?
Todos os pensamentos sobre o vampiro voaram de sua mente quando sua mão se afundou na parte dianteira da calça e seus ágeis dedos rodearam o pênis. Seus olhos reviraram em sua cabeça quando ela apertou
suavemente seu eixo, provocando que faíscas se arqueassem diante dos olhos. Maldita, tinha as mãos geniais, mas se não parasse, não aguentaria o tempo suficiente para desfrutar dela toda e a desejava muito.
Ofegando, chegou a seus pulsos.
— Há muita roupa. — Disse ele.
Um sorriso malicioso curvou a inchada boca dela.
— Não por muito tempo.
Ela agarrou a parte inferior de seu sutiã, passando-o por sua cabeça e o jogou em um lado.
Seus seios saltaram livres, e ele chegou a ela de novo. Sacudindo a cabeça, ela ficou de pé, tirando seu short enquanto se movia. Chutando-os a um lado, ficou de pé sobre ele, nua.
Maldição era bonita.
Seu pênis deu uma sacudida, como se a convidasse. Ela ficou de joelhos sobre ele, desta vez envolvendo sua mão ao redor da base do pênis. Ajustando-se, colocou-o em sua entrada e com um suspiro embriagador,
o tomou profundamente. Rodeou-o como seda, como veludo quente, liso e apertado. Ele capturou seus quadris e
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ajustou o ângulo para recuperar seu doce ponto morto. Um gemido saiu dos lábios dela e moveu as coxas apertadas a seus quadris, esfregando a parte inferior do corpo contra ele. Com cada pequeno movimento
parecia responder a um ruído de sua garganta. Ela tomou suas mãos e as guiou aos seios, mostrando exatamente como gostava que a tocassem. Então, começou a mover-se. Com a cabeça inclinada para trás, ela
se levantou do corpo dele só para voltar, mal dando tempo para tomar fôlego. Movia-se com facilidade, com seu atlético corpo como em harmonia com seu ritmo aumentando. A ponta de sua trança fez cócegas
nas pernas, enquanto ele fazia eco de seus gritos gemendo por toda a sala. Seus gritos aumentaram de volume enquanto golpeava o corpo contra o seu. Apertou-se a seu redor e de repente tudo terminou para
ela. Ele apertou os dentes, enquanto a vagina ordenhava seu pênis. Tinha sido muito rápido, muito veloz. Ele queria saboreá-la, tocar cada centímetro de sua carne. Queria durar por horas, não minutos.
Maldição. Ele fechou os olhos. Talvez se tentasse recitar o discurso de Gettysburg... Pontuação de quatro e… Dedos suaves, lançaram suas boas intenções pela janela e seus olhos se abriram.
— Mmm — Suspirou ela. — É sua vez agora.
— Assim parece.
O olhar esmeralda dela tinha sono, estava saciada, mas seu sorriso prometia satisfação.
Magros dedos acariciaram seus mamilos. Seus lábios estavam inchados e seus olhos úmidos e luminosos com satisfação sexual. Ela se inclinou para capturar um dos mamilos planos entre os dentes. Girando seus
quadris, ela o mamou com abandono e ele se perdeu.
Com um grito, ele agarrou seus quadris e se cravou nela. A sensação fez estragos em seu corpo do centro da virilha enquanto ela chupava sua carne. Os sons de prazer saíram de sua garganta e ela se encontrou
com impulso após impulso, com sua vagina rodeando-o com calor úmido.
Maeve soltou seu mamilo e se sentou, tomando o pênis mais profundo. Com a cabeça inclinada para trás, ela o montou duro e muito em breve ele gozou. As mãos em seus quadris se estreitaram, e Quinn a manteve
em seu lugar enquanto esvaziava sua semente na quente fenda.
Em questão de segundos, ela ficou tensa em cima dele, com seu corpo retorcendo-se em um gracioso arco. Sua voz se misturou com a sua enquanto um segundo orgasmo passava através dela. Moveu-se com lentidão,
girando seus quadris levando seu prazer até que se deteve com um sedoso estremecimento.
Esgotado, ele puxou-a para seu peito e a embalou em seus braços, passando a mão pela longa linha de suas costas. Seus olhos se fecharam, mais contente do que recordava ter estado em sua vida.
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Maeve se moveu, perseguindo a fraca luz do sol que iluminava as páginas gastas, escritas à mão que estava lendo. Elementos necessários: Caldeira Pergaminho para escrever Vela Branca Pluma e tinta Salvia
silvestre Maeve pegou uma caneta. Não tinha pluma e tinta e esperava que isso servisse. Pelo resto, deu uma olhada à panela golpeada na mesa, não tinha um caldeirão adequado tampouco. Usando esses artigos
improvisados só podia esperar que seu feitiço funcionasse. Ou isso, ou poderia terminar com um repartidor de pizza na porta de sua casa em seu lugar. No papel, escreva o desejo de seu coração. Ela deixou
o livro a um lado, localizando o pergaminho e escrevendo com grandes traços. Enviem-me os meios para aprender o feitiço de vínculo. Com mãos trêmulas, dobrou o papel pela metade. Tudo estaria bem. Tinha
que estar. Pôs o pergaminho sobre o mata-borrão e tomou o livro, uma vez mais, pondo-o em seu colo. Polvilhe a salvia no caldeirão e a luz da vela antes de repetir este conjuro. Enquanto fala, coloque
fogo no papel e coloque-o no caldeirão. Recolhendo a garrafa de salvia que estava localizada na cozinha, acrescentou um pouquinho da erva picante à panela. Depois acendeu a vela, com a tensão deslizando-se
ao longo da parte traseira de seu pescoço quando tomou o pergaminho. A mão tremia quando começou o conjuro.
Carrega este lugar com luz de velas.
Acendeu o papel.
— Pelo qual devo fazer o correto.
O que preciso são os conhecimentos adquiridos, Para que meu poder não deva decair...
Necessito um guardião da'bhais Cadail.
Nessa busca, não devo falhar.
Por toda minha vida esse conhecimento resida comigo.
Ela deixou cair o papel na panela.
— Essa é minha vontade, que assim seja!
O papel se queimou com a fumaça surpreendentemente pequena, com a chama de um azul puro com ponta de ouro. Lambeu as fibras, ardentes antes de envolver-se. Em um momento, o
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papel estava ali, no seguinte só o aroma da salvia queimada flutuava no ar. Curiosa, ela se endireitou e olhou na panela. Estava completamente limpa. Franziu o cenho. Como podia ser isso? Queria dizer
que funcionou? Fechando o livro de feitiços, guardou-o em uma gaveta inferior, onde estaria a salvo de olhares indiscretos. Ao reunir suas ferramentas, pôs a panela na gaveta ao lado do livro antes de
fechá-lo. Sobre a mesa estava a crônica de como matar um vampiro. Queria voltar a ler o texto uma vez mais em caso de ter perdido algo.
Um feitiço mágico conhecido como feitiço de união pode imobilizar um vampiro. Adverte-se, enquanto que há vários tipos de feitiços de união, só o feitiço A’bhais Cadail funcionará em um antigo. O A‘bhais
Cadail se transmite de geração em geração através de umas poucas linhagens de bruxos, e o conhecimento se considera sagrado. A linhagem é de suma importância, e só um bruxo de linhagem pura e com intenção
pode exercer o feitiço. Se a intenção do bruxo for de natureza escura, o caos será o resultado.
Um cenho franzido se formou. Deveria ter incluído uma intenção pura em seu feitiço? Seguiu lendo.
O objetivo do feitiço é para incapacitar o vampiro pondo-o em um estado hipnótico profundo, fazendo-o incapaz de tomar represálias físicas ou mentais. Neste ponto, recomenda-se que o vampiro seja decapitado
e incinerado, com o corpo de forma independente da cabeça. As cinzas depois deverão atirar-se em lugares separados, a muitos quilômetros de distância do enterro ou dispersar as cinzas será aceitável. Em
caso de que o vampiro ser de uma idade extrema, as cinzas deverão ser jogadas no mar, onde se perderão para toda a eternidade. Em caso de que seja enterrado, existe a possibilidade de que mesmo uma só
gota de sangue pudesse rejuvenescer a parte da alma do vampiro.
Fascinante.
Um vampiro podia ser rejuvenescido mesmo depois de que estivesse reduzido a cinzas? Enrugou o nariz. Via-se como que uma decapitação estava em seu futuro. Haveria trajes especiais disponíveis para sua
compra em Internet? Tinham que ser um pouco incômodos.
— O que está lendo?
Vestido com um jeans gasto e uma camisa preta térmica, Quinn entrou na sala. Tinha o cabelo úmido pela ducha recente e as bochechas quentes. Imagens de seu corpo robusto na ducha, da água e do sabão vertendo-se
em cada centímetro de seu esculpido corpo fizeram tremer sua pele. Ela engoliu quando viu a labareda de calor no olhar dele.
Ele também o sentia, essa fome que brilhava entre eles. Seus mamilos se esticaram e sua boca secou. A carne entre as coxas fez um comichão, e foi quão único pôde fazer para permanecer
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sentada quando o que realmente queria era lançar-se a ele e tombá-lo no tapete como uma gata no cio. Pensou que fazer amor no ginásio levaria a bordo sua necessidade, mas, em todo caso, era mais forte
que antes. Maldição, ele era uma besta sexy. As imagens dessas mãos em seu corpo alagaram sua mente, fazendo que sua respiração se acelerasse. Nunca experimentou uma reação sexual imediata a um homem.
Menos de duas horas haviam passado desde que o deixou dormir a sesta no ginásio, e ela já estava pronta para mais. Obrigando-se a afastar o olhar dele, clareou a garganta.
— Estes livros representam a vida de trabalho de Sinjin. — Agitou a mão aos volumes encadernados em couro deixados de lado de trás dela. — São as crônicas dos habitantes das Sombras.
— Sério?
Quinn se elevou sobre sua cadeira, com seu grande corpo enchendo sua visão. O aroma de sua pele, de homem quente e sabão, estava fazendo que ela desvanecesse. Pondo sua mão sobre o respaldo da cadeira,
ele se empurrou para trás até que chegou a um ponto em seu equilíbrio.
Chegando a ela, apoderou-se de seu queixo e o levantou.
A boca se encontrou com a sua em um dos mais suaves, mais doces beijos que já tinha experimentado. Seus olhos se fecharam ao tocar cada esquina dos lábios com os seus. Inundandose mais abaixo, ele mordiscou
um caminho quente ao longo de seu lábio inferior. Não era suficiente. Maeve desejava um beijo adequado, um quente e necessitado, não tão terno quase de adoração. Ele a beijou. Um beijo devastador cheio
de posse e promessa.
Um gemido sedoso soou em sua garganta quando ele tomou posse da boca. Suas línguas se tocaram, acariciaram-se, buscando-se à medida que se exploravam um ao outro.
Este beijo não era o ardente, faminto de antes, e sim uma viagem de descobrimento, como se ele tratasse de memorizar as texturas e os sabores dela.
Como se ele soubesse que ela o deixaria.
Não o merece. Ele é muito bom para alguém como você.
A dor a apunhalou no peito e ela girou a cabeça, rompendo o beijo. A curiosidade e o calor se misturavam no pálido olhar dele. Ela conteve o fôlego sabendo que ia dizer algo a respeito de sua reação.
Em troca, soltou o queixo e levantou a cadeira para voltar para sua posição vertical.
Levantando seu quadril no bordo da mesa, cruzou os braços sobre o peito duro como uma pedra estudando-a. Ela lutou contra o impulso de retorcer-se sob seu intenso olhar.
O silêncio saiu e finalmente, com os nervos de ponta, ela falou.
— O que está olhando? — Suas bochechas se esquentaram. — Tenho algo em meu nariz?
— Mmm, não é em seu nariz no que estou interessado. — O sorriso dele foi íntimo e sexy.
Então... Quanto tempo ela teria que esperar para levá-lo acima a uma cama adequada? Deixa de fazer isso.
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Quente e nervosa, Maeve lambeu os lábios, gemendo para o interior quando o sabor persistente dele em seus sentidos zombou dela. Esse homem deveria ser ilegal em pelo menos quarenta e oito dos cinquenta
estados. Poderia estar fora de sua liga, mas não tinha intenções de tratar de mantê-lo de todos os modos. Seria uma tola se não aproveitasse a necessidade entre os dois, porque não haveria muitas manhãs
em seu futuro.
— Wow.
Ela piscou, perguntando-se ele teria lido sua mente. Em seu lugar, viu que estava impressionado com a quantidade e tamanho dos volumes que enchiam as prateleiras.
Conhecimento oculto enchia cada livro e, a julgar pela expressão de seu rosto, Quinn desejava inundar-se neles tanto como ela.
Sorriu. Assim tinham algo em comum, além de uma fome estranha um pelo outro.
— Esse é um pensamento forte, não? Toda essa informação, esses segredos sustentados durante séculos em todos esses livros.
— Quantos deles tem lido?
— Apenas o suficiente para raiar a superfície. Sinjin é cuidadoso com as pessoas que entram em seu domínio.
Seus olhares se encontraram.
— Moveu-se?
Ela sacudiu a cabeça.
— Nem Sunni.
— Bem, o sol se porá dentro de pouco. Esperemos que despertem esta noite. — Ele fez um gesto ao marco da janela quebrada. — Quer que solucione esse problema?
— OH, bem, sim, suponho que sim. — Ela deu uma olhada à folha de madeira compensada e foi pela abertura irregular. — Queria chegar a isso, mas me sentei a ler em lugar.
— É compreensível. — Ele se inclinou para pôr outro beijo em sua boca. — Depois de colocar uns pregos poderei me reunir com você.
— Por favor.
Ele estava sorrindo, enquanto se afastava da mesa e se dirigia para a porta.
Depois de uma minuciosa inspeção pegou um pote pequeno antes de sopesar um martelo e começando a trabalhar. Tocando uma seção dos vidros quebrados, tirou cuidadosamente os pedaços maiores e os colocou
na lata.
O homem amava os livros e sabia como dirigir um martelo. Que mais queria ela?
Não havia dúvida de que Quinn sem dúvida era uma grande partido. Se podia cozinhar e trocar o óleo do carro, todas as apostas estariam pagas.
Exceto você quer jogá-lo fora.
Preocupada, Maeve pegou um pedaço de papel no livro depois o fechou. Não tinha intenções de mantê-lo ou a nenhum outro homem de fato. Seu futuro já tinha sido esboçado diante dela, e não haveria nenhuma
separação. Além disso, Quinn merecia a uma mulher que tivesse mais que ódio e sede de vingança em seu coração.
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Ela deixou o livro sobre a mesa.
— Importa-se te faço uma pergunta?
— Claro. — Ele chegou a um grande pedaço de vidro.
— Ouvi muitas histórias a respeito dos poderes Mortianna.
— Mmm. A maioria deles são provavelmente certos. — Crash. Outro pedaço se uniu com seus irmãos no pote de lixo. — Acredito que goza da notoriedade. Entretanto. — Deu um olhar escuro — Essa não foi uma
pergunta.
— É impaciente.
— Só sobre certas coisas.
Seu olhar se esquentou, e ela lutou por não retorcer-se em sua cadeira. Maeve recordava muito bem que um deles esteve impaciente no ginásio antes, e não tinha sido ele. Suas bochechas se esquentaram com
a lembrança antes que à força, detendo as imagens imediatamente.
— É a bruxa mais poderosa do mundo?
— É possível. — Ele encolheu os ombros. — A magia não pode medir-se em distância ou em tamanho. É simplesmente o que é. Acredito que o suposto comum é que, devido que Mortianna é a bruxa mais antiga e
sua linhagem está bem documentada, deve ser a mais poderosa. Não era um segredo que sua família escolhia seus companheiros com grande cuidado, e o objetivo principal era fortalecer suas capacidades. Quanto
a ser a mais poderosa... — Ele encolheu os ombros — Pode ou não pode ser certo, embora me arriscaria a dizer que há uns poucos que poderiam manter sua posição com ela.
— Ser um bruxo se nasce ou pode ser ensinado?
— Sim, a ambos. Em meu caso, nasci de dois bruxos muito poderosos, por isso é um presente que tenha tido um pouco de talento mágico. — Ele riu entre dentes. — Meu pai dizia que sabia que eu herdei alguns
poderes, quando me encontrou levitando a quatro metros em cima de meu berço. Tinha sete meses.
Ela sorriu diante a imagem mental do bebê Quinn flutuando no ar.
— Isso deve ter sido um choque para seus pais.
— Fomos só eu e meu pai então.
Maeve fez uma pausa. Nunca considerou que Quinn não tivesse sido criado por ambos de seus pais.
— Não foi criado por sua mãe?
— Não. Fui criado a milhares a quilômetros daqui.
Maldição.
— Mas foi criado como um bruxo? — Mentalmente ela cruzou os dedos.
— Sim. — Ele deixou cair outro pedaço de vidro no contêiner antes de segurá-la com seu olhar. — Por que todas as perguntas?
Ela fingiu um encolhimento de ombros.
— Nunca conheci um bruxo antes. Tinha curiosidade. O olhar dele se voltou avaliador e ela não esteve segura se conseguiu convencê-lo, não de
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tudo ao menos. Ele olhou para outro lado para eliminar outro pedaço de vidro.
— Criaram-me como um bruxo e sempre soube de minha herança.
— Como se aprendem os feitiços?
— Há várias maneiras. A maioria das linhas de família tem um Grimorio que usualmente se conhece como livro das sombras. Nele ficam os feitiços e encantamentos transmitidos através de gerações. Há alguns
que só os aprendem verbalmente. Vários dos clãs mais antigos se negam a registrar seus conjuros porque temem que outros os explorem. Esses grupos ensinam a seus filhos de boca em boca.
— Como o A’bhais Cadail?
— Esse feitiço em particular é um dos muitos feitiços de união que utilizamos. — Quinn vacilou. Sua mão ficou no ar um momento e depois continuou. — É um dos mais antigos e poderosos, e seu conhecimento
se considera sagrado. Pelo que sei não está registrado em nenhuma parte.
Ela lutou contra o impulso de saltar da cadeira e sacudi-lo. Conseguir informação desse homem era como pedir peras ao olmo.
— Ensinaram-no esse feitiço?
Ele deixou cair o último pedaço de vidro no pote de lixo antes de enfrentá-la.
Seu olhar era escuro e a tensão irradiava de cada centímetro de seu corpo.
— Por que quer saber?
— Estava lendo que a forma mais segura de matar um vampiro mais antigo é usar esse feitiço. — Ela encolheu os ombros. — Nunca ouvi falar dele, e me pergunto se era do conhecimento comum entre os bruxos.
Normalmente, ela se considerava uma pessoa honesta e mentir não vinha naturalmente.
Mas tinha um trabalho que fazer, uma vocação, e tinha que fazê-lo até o final. Sua irmã teria feito o mesmo por ela, se a situação fosse o contrário.
— O A'bhais Cadail não é do conhecimento comum, simplesmente porque é muito poderoso para a maioria dos bruxos. Usar esse feitiço em qualquer ser vivo o faz incapaz de defender-se, embora seja outra bruxa.
Está proibido usar o feitiço em outro ser vivente.
Os vampiros não estão vivos...
Maeve mal pôde ocultar seu alívio. Até o momento tudo o que ela leu no livro estava certo.
— E você o conhece?
— Sim. — Ele deslizou o cabo do martelo entre o cinturão e a calça. — O que você e muitos outros não se dão conta é que a bruxaria é algo mais que má poesia, velhas bruxas malvadas e olhos de tritão. É
uma religião, uma forma de vida e não deve tomar-se à ligeira.
Atrás dele, o sol se afundava no mar, convertendo seu cabelo de fogo em ouro enquanto dava a ilusão de um halo. Quinn parecia um anjo guerreiro, e o estômago retorceu.
Ela poderia trair homem que salvou sua vida, esse homem que fez amor com ela com tanta doçura, com o fim de conseguir a redenção de si mesma? Atreveria a dizer a verdade a respeito de si mesma?
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Poderei viver comigo mesma se continuo enganando-o? Não.
— Quinn...
Um choque tremendo soou na sala principal, e Maeve saltou sobre seus pés. Quinn correu para a porta, e ela o seguiu de perto. Em um canto escuro da sala, a vampira Sunni estava junto aos restos de um vaso
feito pedacinhos. Seu delicado rosto estava contorcionado com uma expressão de horror.
— Veem rápido, Maeve. Algo mal acontece com Sinjin.
CAPÍTULO 07
Val desceu de seu SUV Lexus e gemeu quando algo doeu nas costas. A condução desde Guildford foi longa e tediosa, e estava contente de estar fora do carro. A frenética convocatória de Maeve não deu tempo
para assegurar o transporte aéreo particular pelo que tinha metido Shai no carro e se foram. Agora, meio-dia mais tarde, estavam no norte da Escócia. Tomando o controle a distância, abriu a porta para
revelar uma lâmina de couro grande que cobria algo cheio de buracos. Agitou-se. Estirou a mão para o vulto que pensou poderia ser um joelho e com cuidado a estreitou.
— Acorda, meu amor. O sol se pôs, e é hora de que todos os pequenos vampiros bons saiam para brincar. Um lamento gutural se levantou de entre os lençóis. Val sorriu enquanto puxava o couro para revelar
a sua alma gêmea. Shai deitada em um edredom de seda branco, com o cabelo como uma massa de cachos emaranhados de cor vermelha. Vestida com um traje justo de veludo negro com sapatilhas combinando, via-se
como a encarnação do pecado. A seu lado havia uma jaqueta de motociclista de couro.
— Querida.
A inquietação arrepiou ao longo da parte traseira de seu pescoço e ele levantou a cabeça para explorar seu entorno. Alguém os estava observando.
Sombras se envolviam na paisagem circundante na remota fortaleza de Sinjin, mas ele sentiu o pulso da vida na escuridão. Seu olhar se concentrou nos bosques que bordeavam o lado leste da propriedade. As
sombras se moviam entre as árvores, e alcançou a ver mais de um par de olhos fixos em sua direção.
E quem tinha os olhos vermelhos e brilhantes? Os esbirros.
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— O que acontece?
Shai apareceu a seu lado, com o olhar fixo no bosque enquanto colocava a jaqueta. Uma das criaturas se moveu fora do bosque, o suficientemente longe para poder vê-lo claramente.
— O que estão fazendo aqui?
— Não tenho ideia. Não costumam sair de seu lado a menos que dê uma tarefa. — Empurrando Shai longe, ele colocou a mão no carro e tirou uma maleta de couro preto. Depois de golpear a porta fechando-a,
tomou sua mão. — Entremos e vejamos o que está acontecendo.
Entrelaçando seus dedos com os dela, começaram caminhar pelo atalho só para chegar a um abrupto fim. No centro da calçada, uma espada estava apontando para eles.
A cada lado da calçada havia uma estreita linha branca e em erva que desaparecia a cada lado da casa.
— É um círculo de sal. Um bruxo está aqui. — Disse ele.
— Poderia ser Mortianna?
Val sacudiu a cabeça.
— Duvido. Não é seu estilo. Seu segundo nome é excesso pelo que é mais propensa a utilizar dragões de fogo. Um círculo de sal não é o suficientemente dramático para ela.
Shai levantou a mão, sentindo o ar com a palma de sua mão.
— Não podemos entrar.
— Não sem permissão.
Ela olhou por cima do ombro para as árvores, com o cenho franzido. Val apertou a mão para tranquilizá-la.
— Não se preocupe. Tenho um plano.
— Sim, mas disse a eles?
Ele sorriu e fechou os olhos. Envio sua energia, e procurou Maeve dentro dos limites da casa.
Encontrando-a, ordenou que saísse e concedesse a entrada. Em questão de segundos, a porta se abriu e Maeve saiu, com uma faca sustentada diante dela em postura defensiva. Atrás dela havia um homem que
Val não reconheceu.
— Val? — Maeve apareceu na escuridão.
— Só os vampiros amigáveis da vizinhança vêm para fazer uma visita. — Disse ele.
— Viemos te chupar o sangue. — Gritou Shai com a pior imitação de Bela Lugosi que já tinha ouvido ele.
— Bem, Entrem. Por que estão parados ali? — O tom dela era desconcertado.
— Não podem entrar até que os convidemos. — O estranho caminhou ao redor de Maeve.
O olhar de Val se cravou nele, com suas habilidades sobrenaturais dando chutes a toda velocidade. A julgar pela energia que rodeava o estranho, aí estava o bruxo que estabeleceu o círculo. Alto e loiro,
o olhar do homem era direto e firme enquanto se aproximava.
— Ele é valente ou estúpido. — Sussurrou Shai.
— Sim.
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Qualquer homem que olhasse um antigo vampiro nos olhos era alguém a ter em conta. Val fez uma nota mental para manter uma estreita vigilância deste homem.
— Como podemos convidá-los? — Maeve deslizou a faca em sua bota e foi correndo para alcançar o estranho.
— Levante, toma a espada e diga: “Todos os que caminhem à luz são bem-vindos aqui.”
Val resistiu à tentação de sorrir. Quem quer que fosse, era inteligente. Se quem se atrevia a romper o círculo eram de intenção escura, dano podia ocorrer. No que consistiria o dano seria interessante
vê-lo. Pena que sua intenção fosse pura, desta vez pelo menos.
O chiante som do aço deslizando-se na pedra atraiu de volta sua atenção enquanto Maeve levantava a espada da terra. Sua voz era suave enquanto repetia as palavras do bruxo e se afastava para permitir a
entrada.
Val apertou a mão de Shai e depois deu um passo além da linha de sal, puxando-a.
O poder fluiu quente sobre sua pele e ouviu sua mulher proferir uma exclamação inarticulada antes que a onda diminuísse.
Maeve e Shai lançaram seus braços ao redor uma à outra em um caloroso abraço, e o olhar de Val se encontrou com o do estranho sobre suas cabeças. Enquanto ele e Shai superaram a primeira prova, haveria
mais por vir.
Um apito fora de tom atravessou a noite, fazendo-os girar-se. Dois dos esbirros se separaram das trevas e voaram pela abertura desprotegida. Sem fazer ruído, o desconhecido tomou a espada da mão de Maeve
e empurrou ambas as mulheres fora do caminho do perigo.
Enquanto as criaturas alcançavam o anel de sal, ele colocou a espada no chão a apontando para fora.
Com um flash, a túnica marrom de um servo explodiu em chamas. Um alarido, uma cacofonia, soaram como de animal enquanto ele se agitava sobre as chamas cada vez maiores e mais ferozes. Em questão de segundos
caiu em uma fogueira nas beiradas do anel de sal, com o aroma de lã queimada e a algo doce impregnando a noite.
O outro, ao ver o desaparecimento de seu companheiro, deteve-se abruptamente no ar. Um assobio baixo se emitiu de seu capuz e se afastou, voando de volta a aqueles que o esperavam perto dos bosques.
— Bem, o que será o seguinte, foguetes? — Murmurou Shai.
— Isso desejaria. — Respirou Maeve.
Val tomou sua amante pelo braço quando ela tratou de seguir para inspecionar os restos ardentes. Em seu lugar, tomou em seus braços. Por agora estavam a salvo. Ele olhou ao desconhecido, quem o olhava
como vigiando-o, e entretanto, com uma expressão de aprovação.
As linhas estavam desenhadas. Não importava o que havia acontecido, os dois homens puderam proteger a suas mulheres de qualquer dano.
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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— O que acha que esteja mal com Sinjin, Val?
Quinn escutou a apreensão na voz de Maeve. Olhou-a com cara de pedra. Qualquer coisa que fosse o que o vampiro estava pensando, nada disso se mostrou em sua expressão.
— Mortianna está descarregando seus poderes. — Disse Val. — Nunca vi nada como isto.
— Como passou aos guardas de Sinjin? — Perguntou Shai. — Pensei que uma vez que um vampiro as invocava eram impermeáveis.
— Temo que não totalmente. — Disse Val — Ela está obviamente muito determinada.
Maeve franziu o cenho.
— Mas por quê? O que quer dele?
— Não estou certo. — Val encolheu os ombros. — Talvez o queira matar. Desviando seu poder o faz vulnerável a qualquer pessoa que queira machucá-lo.
— Então, neste estado, pode ser assassinado? — A voz de Sunni era suave e cheia de dor.
— Sim. Os vampiros adquirem diversos poderes à medida que envelhecem, alguns mais que outros. Tendo em conta a idade avançada de Sinjin, ele é muito forte. De algum jeito Mortianna está levando esses poderes
longe, um por um, literalmente, roubando sua força de vida.
— Ela está usando o A’bhais Cadail. — Quinn viu o olhar surpreso de Maeve sobre o corpo inconsciente de Sinjin.
Bem. Vejamos de primeira mão o que o feitiço provoca a alguém. Destrói vidas.
Ela afastou a vista.
— Como podemos romper o feitiço? — Disse Val.
— Não podemos.
— O que quer dizer com que não podemos? — Shai deu um passo para frente. — Não podemos ficar aqui e vê-lo morrer.
— Não há nenhum contrafeitiço, que eu conheça. — Quinn moveu a cabeça. — Têm que entender o que é e para o que é utilizado. Ela o pôs em um transe similar a um estado de coma.
Mas nesse estado de sono, Mortianna pode fazer qualquer mal se assim o deseja. Se estivesse acordado e consciente, poderia lutar, mas está como um pato em uma loja.
— O que acontece se o movemos? — Sunni pôs sua mão sobre o braço de Sinjin. — E se ela não o pode encontrar?
— Não importaria. Uma vez que o feitiço é jogado, não há nenhuma parte na terra onde possamos ocultá-lo para que Mortianna não possa machucá-lo.
— Temos que fazer algo. — Sunni se voltou para Quinn, com olhar suplicante. — Não podemos deixar que ela o mate.
— O que acontece com Mac? — Perguntou Shai — Pode fazer algo?
Maeve negou.
— Tanto Mac como Fayne ainda estão no Colorado, tentando encontrar Renault. — Seu
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olhar se encontrou com o de Quinn, e viu a dor em suas profundidades. — Não acredito que tenhamos muito tempo. Quinn olhou o rosto quieto do vampiro. Tinha o rosto de um guerreiro, forte, imponente, mas
mais de um indício de humanidade se escondia aí também. Inclusive nesse sono escuro, tinha linhas de expressão ao redor de seus olhos e boca que o proclamavam como de sua espécie. Era fácil ver como enganou
Bliss para converter-se em uma revenant como fez, alto, moreno e bonito.
— Bliss o amou? — Ele perguntou à sala em geral.
— Muito. — Disse Shai.
— Bliss foi uma mulher excepcional e sua perda se sente muito profundamente entre muitos de nós. — Val tocou o peito, em um gesto que transmitia sua dor. — Faz séculos que ela e Sinjin estavam loucamente
apaixonados, e uma noite ele fugiu do olho vigilante de Mortianna e roubou a sua filha.
— Trouxe-a aqui, a Aisling Croch, ao forte que construiu para ela e foi aqui onde a fez imortal. Ela me disse que suplicou durante anos antes que inclusive considerasse dar esse passo final e irrevogável.
— Estava aterrorizada de que acontecesse algo a ele, de que sua mãe interviesse e pusesse fim a sua vida. — Shai falou em voz baixa. — Ela disse que não podia suportar a ideia de ser separada de seu verdadeiro
amor por toda a eternidade.
— Acreditei que todos os bruxos eram imortais. — Disse Sunni.
— Podem ser. — Disse Quinn. — Alguns nascem dessa maneira, enquanto outros usam sua magia para obter.
— Acredito que Bliss queria mais da vida do que sua mãe permitiria. Disse-me uma vez que a bruxaria não era tão fácil para ela. Faz muitos anos, ela tentou um feitiço de amor para um amigo e o futuro amante
se apaixonou pela irmã gêmea em seu lugar. — Val sacudiu a cabeça. — Foi uma fonte constante de conflitos entre mãe e filha.
A dor atravessou o coração de Quinn. Sua mãe o desprezou porque era homem, antecipando-se a dar a luz a uma filha de talento questionável. Às vezes a Deusa tinha um doentio senso de humor.
— Necessita-se mais que ter nascido bruxo para ser um bruxo. — Reconheceu Quinn.
— Depois que Bliss se converteu em uma revenant, perdeu os poucos poderes que possuía.
— Val continuou. — OH, ainda podia fazer alguns feitiços, encantamentos e cantos em sua maioria, mas Mortianna se encheu de ira, e foi atrás dos dois. Só o amor por sua filha a impediu de matar Sinjin.
Bliss fez jurar a sua mãe que deixaria Sinjin em paz e, em troca, ela romperia sua relação com ele.
Quinn assentiu. Essa parte da história ele conhecia. Mortianna manteve sua palavra, e Sinjin viveu em paz durante centenas de anos. Anos em que se enterrou em suas crônicas, enquanto Bliss revoava de um
lado da terra até o outro procurando um lugar para curar seu coração quebrado. Ele temeu que sua irmã nunca encontrasse a paz que procurava e tivesse morrido inquieta e insatisfeita.
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E quando ela morreu, todas as garantias de segurança para Sinjin se foram com ela. Agora seu amante perderia a vida porque se atreveu a amar uma filha da luz. Quinn moveu a cabeça. Tanto desperdício, tanta
destruição e para quê? Sua irmã morreu, seu amante estava moribundo e Mortianna estava correndo um programa como um macabro controle que movia as correntes de outros a seu desejo. Quando ela aprenderia
que nunca deve meter-se com o destino? Machucar outra pessoa para o benefício pessoal ia contra tudo o que seu pai ensinou a valorizar. A vida era preciosa, e se devia defender a todo custo. Já era hora
de acabar com ela.
— Há uma coisa que podem experimentar. — Ele olhou Maeve. — Necessito que encontrem um pouco de tinta de cor clara. — Se voltou para Sunni e Shai. — Me traga os candelabros grandes do andar da galeria
de cima. Os que sustentam as velas individuais, altas, brancas e grossas. Necessito cinco. Sem dizer uma palavra, Sunni e Shai se foram da pequena sala, com Maeve as seguindo a um ritmo mais lento. Sua
expressão era zombadora, mas não disse nada. Ele assentiu tranquilizadoramente, e ela saiu pela porta.
— Temos que tirá-lo daqui. — Disse a Val.
A testa de Val sulcou enquanto avaliava as paredes da câmara subterrânea.
— Está seguro?
Ele assentiu.
— Enquanto os vampiros se sentem mais seguros clandestinamente, eu posso ajudá-lo mais se estiver acima. O subterrâneo não é natural para um bruxo.
— Você é o chefe.
Com sua força vampiro, Val levantou Sinjin de seu leito de morte e o jogou sobre um de seus ombros. Quinn recolheu a lanterna. Um canto de seu cérebro notou a incongruência de suas ações. Os vampiros eram
criaturas da escuridão e muitos inclusive depois de ter envelhecido até o ponto não podiam caminhar durante o dia, passa a maior parte de suas vidas na escuridão. Agora, um bruxo estava a ponto de introduzir
Damien St. James à luz.
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Maeve arrumou o pequeno travesseiro de seda debaixo da cabeça de Sinjin enquanto Shai endireitava o lençol branco que o cobria. Estava quase preparado. Deram um passo atrás, com cuidado para evitar o pentagrama
ainda úmido e pintado no chão de mármore italiano que não tinha preço. Sinjin não estaria muito feliz por isso, mas ela só podia esperar que ele vivesse o suficiente para dar um ataque infernal.
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Sua figura azul clara não era perfeitamente uniforme, mas ela esperava que funcionasse. A arte nunca foi sua matéria forte na escola. A cena era um inquietante aviso da câmara funerária de Bliss, exceto
as flores e o caixão de cristal. Mesmo os seguidores estavam presentes essa noite. Além das janelas de chão a teto e do círculo de sal, a escuridão era grossa, mas ainda podia sentir sua malévola presença,
à espera, observando.
— Eles nos podem ver. — A voz dela foi áspera.
— Deixe-os. — Quinn ficou atrás dela e pôs as mãos sobre seus ombros. Ela resistiu à tentação de apoiar-se em seu calor embora só fosse por uns segundos. — Mortianna saberá em questão de minutos o que
estou a ponto de fazer. Os esbirros levarão a história diretamente a ela.
Ela deu uma respiração profunda, limpando-se. No centro da estrela de cinco pontas, Sinjin jazia na mesa de carvalho. Seu rosto normalmente animado estava tão quieto, tão frio. Houve momentos durante o
ano passado que ela esqueceu que era um vampiro absolutamente. Apesar de que não pediu suas circunstâncias particulares, ele fez um esforço por olhar pela comodidade dela e seu bem-estar enquanto ela residia
sob seu teto.
Vampiro ou não, era um bom homem.
Ao outro lado da mesa estava o amigo mais antigo de Sinjin, Val. Eram tão parecidos que poderiam passar por irmãos aos que não os conhecessem melhor. Com um braço ao redor de sua companheira e o outro
ao redor de Sunni, suas enfeitiçadas olhadas viam a cara de Sinjin.
Shai olhou pela janela, franzindo o cenho à escuridão, onde os esbirros se abatiam, a espera de uma abertura. De vez em quando deixava piscar suas afiadas presas, para adverti-los que não fossem mais perto.
Sunni parecia completamente deserta e desolada. Suas mãos magras se apertavam em punhos e os olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas. Em sua vida mortal, tinha sido uma bailarina, uma nadadora,
uma filha das flores e uma artista. Era uma alma gentil que só queria amar seus amigos e explorar as infinitas possibilidades de sua vida sem limites. A adversidade, a luta e o desagradável eram totalmente
alheios a ela. Sempre recordou a Maeve uma princesa, recém-saída das páginas de um livro de contos.
Seu olhar voltou a Val. Ele era um ancião, e poderia mais que cuidar de si mesmo.
Como vampiros jovens, Shai e Sunni eram as mais vulneráveis aos danos. Mas estariam a salvo, sempre e quando Quinn e Val estivessem ao redor para cuidar delas.
Ela pegou a mão de Quinn, que ainda descansava em seu ombro.
— Obrigada pelo que está fazendo por ele, por todos nós. Significa muito para mim.
— E você significa muito para eles. — Sua voz soou perto do ouvido. — Não sente o amor por você?
Perturbada, ela escapou seu abraço. Não o merecia. Nem sua amizade nem seu amor, especialmente de Quinn. Se soubesse sobre seu passado e planos de vingança, abandonaram-na como sua família fez. Seu destino
era ficar só pelo tempo que vivesse.
— Sim, sei. — A voz dela era suave. Sacudindo sua melancolia, voltou-se para ele. — Então, o
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que temos que fazer agora?
— Por agora, nada. Meditarei e então lançaremos um feitiço de proteção. Você e todos os outros podem relaxar por um momento, mas terão que estar em posição faltando cinco minutos para a meia-noite. Ela
olhou seu relógio para confirmar a hora. Tinham quinze minutos antes que o show começasse. Esperava que dentro de trinta minutos soubessem se poderiam fazer algo para salvar Sinjin da ira de Mortianna.
Levantando a cabeça, viu Quinn sair da estrela de cinco pontas e mover-se a uns três metros mais à frente do ponto central. Graciosamente se deixou cair para sentar-se com as pernas cruzadas no chão. Seus
olhares se encontraram, e um estremecimento de apreensão a percorreu. Nesse momento o medo como nenhum outro encheu sua garganta. Nada podia acontecer a ele ou a seus amigos. Ela não permitiria. Ele sorriu,
e seu temor desapareceu com o calor de sua expressão. Ela confiava nesse homem a quem conheceu só fazia uns dias. E se havia alguém que podia tirar isso adiante e pôr seguro a Sinjin, era Quinn. Devolveu
o sorriso. Com cuidado ele tirou os sapatos, depois a camisa, pondo-os a um lado. Pondo suas mãos com as palmas para cima, um em cada joelho, fechou os olhos e se afastou da sala de estar rodeado por sua
magia. Um calafrio correu pela espinha. Ele já estava perdido para ela em mais de um sentido.
CAPÍTULO 08
— É a hora.
Os nervos de Maeve estavam desgastados quando Quinn rompeu o silêncio. Os últimos quinze minutos pareceram uma eternidade quando o segundo ponteiro do relógio se aproximou das doze. Seu coração acelerou
enquanto tirava uma caixa de fósforos do bolso. Quando tentou acendê-las, não pôde porque suas mãos tremiam muito. Se acalme, garota! Respirou fundo, exalou lentamente antes de tentar de novo. O fósforo
estalou em chamas, e o sustentou contra a mecha até que também começou a arder. Seus amigos, cada um situado em outro ponto do pentagrama fizeram o mesmo. Descalço, Quinn mudou de roupa. Calça folgada
de algodão e uma camisa grande de manga longa cor branca davam um ar vagamente de uso hippie. Se não fosse por seu corte de cabelo
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super curto, tudo o que necessitaria seria um conjunto de terno e poderia perder-se no distrito Haight-Ashbury em São Francisco. Seus lábios tremeram com a imagem de seu amante disfarçado de hippie enquanto
fazia amor, não a guerra. Elaborados símbolos bordados rúnicos em ouro e vermelho decoravam tanto seu pescoço como a barra da camisa dele. Fez um nó na garganta. Como podia ver-se tão tranquilo, tão seguro
quando ela queria começar a gritar e não parar mais? A vida de Sinjin pendia por um fio, e Quinn parecia como se fosse dormir. Como se ele tivesse escutado sua luta interior, seu olhar claro se encontrou
com o dela. Imediatamente seu pulso acelerou e a tranquilidade a percorreu. Havia algo diferente nele, uma leveza que não esteve ali antes. A força que permitiu fazer frente a Mortianna estava ali, mas
rodeada de uma sensação de serenidade que punha Maeve com as pálpebras pesadas. A tensão abandonou seu corpo, e de algum jeito ela soube que o que estava a ponto de acontecer estaria bem.
— Comecemos. — Ele colocou a mão no bolso e tirou um frasco grosso com um líquido de cor amarela clara. Depois de abrir a tampa, colocou os dedos na substância. — Guardiães das Torres de Vigília, peço
assistir a nosso círculo aqui. Ele pôs os dedos no centro da vela e moveu sua mão para cima, manchando de azeite a cera branca. Então, voltou sua mão para o centro e o azeite se arrastou até a base. Aproximou-se
de cada uma das velas restantes e realizou o mesmo ritual. Quando chegou a seu lado, ela sentiu que o pulso de energia dentro de seu corpo, tão diferente de fazia apenas uma hora. A sensação recordou o
momento em que ela saiu do atalho no Parque Nacional Yosemite. Demorou muito em perder-se no bosque, e para orientar-se parou na escuridão profunda, escutando ao bosque a seu redor. Silencioso, entretanto,
ela imaginou que podia cheirar quão selvagem emanava de sua pele. Seu coração desacelerou e caiu a um ritmo com o dele. Quando ele se afastou, a sensação se manteve. Seu corpo vibrava com o poder dos cinco
corações que pulsavam ao uníssono. Um formigamento de energia disparou pelas costas e ela olhou a seu redor. Três vampiros, que não deveriam ter pulso absolutamente, pareciam tão surpresos como ela.
— Faço um chamado a você, Deusa, para assistir a nosso círculo aqui. — Ele levantou as mãos para o teto. — Donzela, Mãe, Anciã, as que deram vida a todo o universo, peço que me assistam esta noite. — Sua
voz era profunda, rica e retumbou nas paredes da sala. Cada sílaba disparava através do corpo dela enchendo a de energia e magia. — Os que se esforçaram por subverter seu trabalho, nosso trabalho, não
terão poder dentro deste círculo.
A temperatura caiu a suas costas. A pele se arrepiou, e tomou todo seu poder não dar a volta. Sentia como se centenas de olhos estivessem olhando-os, esperando ver o que aconteceria.
— Faço um chamado a seu poder para converter a escuridão em luz dentro deste lugar sagrado. Para desterrar o que é mau e proteger o que é seu por direito próprio e natural.
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A temperatura desceu até o ponto em que ela pôde ver seu fôlego. Estremeceu, e o ar começou a mover-se como se alguém tivesse deixado aberta uma janela. As chamas dançavam em suas bases como se o ar da
sala engrossasse. Cada vez era mais difícil respirar, e seus dedos começaram a tremer.
— Protege seus filhos e joga fora o que é maligno. Aos que se servem por fazer mal não serão bem-vindos aqui. A visão dela vacilou como se a sala de repente estivesse sob a água. Todo mundo estava ainda
em seu lugar, mas ela sentia como se estivesse suspensa em gelatina, viva e respirando, mas incapaz de mover-se. Teria dormido de pé? Um ligeiro movimento chamou a atenção. Sinjin estava tranquilo em seu
sono escuro, com suas características folgadas. Seu olhar se moveu sobre o rosto amado quando uma mudança nas sombras tirou o ar de seus pulmões. A uns poucos centímetros em cima do centro de Sinjin em
seu peito, a fumaça de cor cinza clara se reuniu. Formou-se uma pequena nuvem ondulante que se fez mais escura e mais grossa, como uma nuvem de tempestade. Ela quis olhar para outro lado, mas não pôde.
Estariam os outros vendo isso?
— Protege seu filho, Damien St. Jame, para que possa trabalhar em seu nome. Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus… O poder da antiga língua rodou através da sala, e a fumaça continuou engrossando-se
e expandindo-se. A profunda voz de Val se uniu a Quinn, e a fumaça se revolveu ainda mais rápido.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
A nuvem aumentou de tamanho.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
A cor se voltou escura, e Maeve sentiu o pulso do mal com tanta facilidade como se seus batimentos fossem um. A voz de Shai se uniu a dos homens.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
A nuvem se expandiu, pouco a pouco colocando o corpo de Sinjin na sombra.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
A voz de Sunni se uniu, e a temperatura da sala continuou diminuindo. Embora sentia frio, ela não estava fria na realidade. Era a sensação mais estranha.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
Um aroma como de folhas queimando-se encheu a sala. Seus lábios começaram a mover-se, e se uniu ao canto.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
As palavras aumentaram em volume e velocidade até que não foram reconhecíveis.
Era como o zumbido de uma mosca na orelha. As palavras eram arrancadas de sua alma.
— Nas miosa imich uma seo-um mhain um Failte leus.
— Vá, Mortianna. Sua magia negra não tem capacidade aqui. As palavras pronunciadas em voz baixa por Quinn tiveram um efeito catastrófico. O canto
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parou quando a nuvem começou a mudar, configurando-se em uma espada empunhada por uma mão gigante. A ponta afiada se dirigiu ao peito de Quinn. OH, Meu Deus... Era enorme, facilmente abrangendo a largura
da estrela de cinco pontas no chão. Seu coração deu um salto na garganta enquanto um grito de guerra rasgava o ar. Maeve respirou profundo só para dar-se conta de que podia mover-se de novo. Suas mãos
se levantaram, e as fechou de repente contra os lábios, selando o grito em seu interior. A espada se arqueou para Quinn, entretanto, ele não se alterou enquanto a ponta chegava a seu peito, perdeu forma
e o rodeou. Por um momento ele esteve perdido para ela, e seu coração caiu.
— Não. — Ela começou a ir para ele. Não podia deixar que caísse assim.
— Maeve — A voz de Val a interrompeu — Olhe…
Através da cambiante escuridão, ela vislumbrou os objetos de vestir claros de Quinn. Ele se levantou em meio da escuridão, forte e orgulhoso. Ela deslizou até parar quando ele começou a rir.
O som rico e vibrante se expandiu através da capa da sala por cada canto, em cada centímetro de espaço e de seus ocupantes. Maeve sentiu que seus lábios se curvavam para cima apesar de que o desejo de
atacar a escuridão era forte.
Como se tivesse sido golpeado com uma dose de ar fresco, a fumaça dispersou, afinando para reagrupar-se em um canto da abóbada. Um gemido fraco e fantasmal soou e começou a voar pela sala, ricocheteando
nas paredes e deslizando-se pelo chão.
Quando chegou diretamente a Maeve, ela caiu no chão. O pesado candelabro de ferro se inclinou, e por um segundo pensou que cairia sobre ela. De repente se endireitou quando a nuvem explodiu contra a enorme
janela central. O vidro explodiu com um terrível som, e ela deu um pulo ao ouvir o som.
Acima, uma explosão sobrenatural de um raio cruzou o céu seguido por um trovão que fez tremer a casa. As chamas das velas começaram a dançar com a brisa da janela quebrada. Pouco a pouco, ela se levantou.
Val estava do outro lado do círculo, com os braços ao redor de Shai e de Sunni. Eles se viam totalmente esgotados.
Quinn levantou a mão, e um som estranho, desarticulado de estrondo se escutou.
A janela quebrada voltou a se montar, e a sala esteve uma vez mais assegurada.
Segundos depois chegou um grito sobrenatural de frustração feminina.
— Santo céu, Batman. — Sussurrou Sunni. — Não acredito que estejamos de novo no Kansas… O olhar de Maeve se encontrou com o de Quinn, e começou a rir. Ela se lançou para ele, jogando os braços ao redor
de seu pescoço. As lágrimas picaram os olhos quando ele a abraçou com força. Seu corpo se sentia sólido, forte e tão familiarmente querido.
— Está a salvo. — A voz dela se quebrou. — Estava muito preocupada com você… — Senti seu medo, mas você aguentou. — Ele se afastou, o suficiente para que ela pudesse
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ver seu rosto bonito. — É uma mulher muito valente, Maeve Leigh. Ela sacudiu a cabeça.
— Não fiz nada.
— Um conselho. — Os olhos claros dele brilhavam. — Quando alguém te elogiar, diga obrigado.
— Obrigada. — Repetiu ela.
— Então, funcionou Quinn? — A voz sem fôlego de Sunni os interrompeu — Está seguro Sinjin?
— Por agora. Enquanto as velas ardam, o vampiro será intocável, mas depois disso, todas as apostas se apagarão. — O olhar dele endureceu. — Temos três dias no máximo.
*******
Passos soaram no corredor para fora do quarto de Maeve. Seu coração deu um salto. Val e Shai estavam no centro da sala abraçando-se como dois meninos no drive-in do cinema, enquanto que Sunni estava vigiando
Sinjin. Depois do assassinato de Bliss, Sinjin esteve inconsolável, e a jovem vampira era uma das poucas que se atreviam a fazer uma visita. A maioria pensava que Sunni era um pouco tola com mais interesse
em seu cabelo que na política sobrenatural, mas Maeve sabia melhor. Seu comportamento de cadete do espaço escondia uma mente aguda e um coração leal. Isso deixava Quinn sozinho. Viria com ela esta noite?
Ela queria que o fizesse? O inferno sim. O desejo. Seus ombros se afundaram quando ouviu a porta fechar-se. Agarrando um travesseiro, tampou o rosto para então soltar um gemido de frustração. Falando de
ar quente e frio. Ela deixou cair o travesseiro. Maeve desejava Quinn em sua cama, mais que sua seguinte respiração. Depois de ver seu amante fazer esse feitiço e sentir o batimento do coração no peito,
seu conhecimento dele, física e mentalmente, disparou-se. Sua habilidade para compartimentar suas emoções foi destruída e ela se sentia terrivelmente exposta e vulnerável. Pela primeira vez desde que Rebecca
morreu, sentiu o desejo de ir, de dar as costas a sua busca. E estava aterrorizada. Ele disse que ela era valente e não podia estar mais longe da verdade. Era covardia o que a sustentava em suas garras.
Sua família a rejeitou, incapaz de compreender o horror que sentiu ao ter perdido uma filha e quebrado irrevogavelmente Maeve. Como podia esperar que um homem, um desconhecido, aceitasse o que os que a
amavam não podiam? Ser um imortal era uma parte importante da questão porque ele acreditava que seu tipo, os vampiros convertidos, eram uma abominação. Depois de tudo o que aconteceu nas últimas vinte
e
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quatro horas, se sentiria dessa forma sobre ela agora? Não sabia como evitar ter uma conversa séria com ele. Uma coisa era pensar que a deixaria e outra quando realmente acontecesse. A negação era mais
que um rio no Egito. Apesar de que ela agora não quisesse ter nada mais que passar a eternidade em seus braços, tinha que cumprir sua missão. A única maneira em que seus pais encontrariam a paz era com
a morte do assassino de sua filha. Apenas uma noite passava sem que ela não sonhasse com sua família, e era uma dor secreta que residia em seu coração. Talvez, uma vez que Mikhail estivesse morto, suavizaria
para ela e ela os poderia ver. Tola.
— Uma vez que ele esteja morto serei uma assassina. — Murmurou ela. — Isso te assegurará ser recebida com os braços abertos. Infernos, inclusive poderiam fazer uma festa de bem-vinda no clube. Posso ver
agora. Minha querida velha mamãe e eu usaremos vestidos combinando, enquanto que o grande papai usará seu smoking. Estaremos em um pódio em uma sala cheia das altas esferas da sociedade do circuito nos
vendo como recheios de queijo creme. Depois de muitos brindes, o bom e velho papai enxugará uma lágrima, enquanto diz:
“Nossa filha retornou a nós e se isso não fosse o suficiente feliz, também matou a um vampiro, à criatura que levou a vida de nossa querida Rebecca”… As lágrimas picaram os olhos enquanto tirava as pernas
da cama. Isso nunca aconteceria.
Sem importar o que fizesse, seus pais a consideravam morta para eles, e isso era tudo. Era seu desejo de vingança o que a dirigia, não o seu. Levar a cabo a justiça não a ajudaria, mas esperava que sossegasse
a dor, a culpa que tudo consumia e que a devorava em cada momento de vigília.
E se não o fizesse, a opção aceitável era terminar com sua vida.
O bonito rosto de Quinn veio à mente, e se separou da cama. Nunca conheceu alguém como ele, um homem que a tocasse em um lugar que temeu estar morto durante muito tempo. Só o fato de estar perto dele a
fazia sentir mais viva, mais completa do que nunca lembrava ter estado.
Seu tempo era limitado O que aconteceria amanhã não se viesse por ela? Poderia negar o prazer de estar em seus braços por uma noite mais?
Não.
Não queria estar sozinha, não quando ele estava ao seu alcance. Indo ao armário, tirou a roupa enquanto caminhava, e caíram ao chão no caminho. Ao abrir a porta, revolveu bem o conteúdo. Maldição! Não
tinha nada que não fosse preto? Enquanto chegava à parte traseira do armário, encontrou o que estava procurando.
Tirando o cabide acolchoado, sua mão tremeu... A luz dourada das velas fez que a rica seda verde brilhasse e se movesse como se estivesse viva. Era uma camisola de seda e um robe combinando. A falta de
qualquer adorno, as alças chemise estavam bem separadas entre si e o manto combinando era de manga longa e chegava na metade da coxa.
Era o traje perfeito para a sedução.
Tremeram as mãos enquanto deslizava a fria seda sobre seu corpo nu. Dando uma olhada ao espelho, deu-se conta de como a camisola roçava suas curvas,
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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entretanto, cobria-as, mas acentuando ao mesmo tempo. Era estranho que se sentisse como uma mulher. Antes que o pesadelo começasse adorava vestir-se, pentear-se e usar seus sapatos de festa. Depois, afastou-se
de algo remotamente feminino, porque não queria atrair indevida atenção, o mesmo tipo de atenção que a fez cair. Agora, suas opções de roupa poderiam se definir em duas palavras, preto e varonil. Mas isto,
isto era um mundo completamente novo. Maeve tinha pouca experiência com a sedução dos homens porque tinham sido fáceis na universidade. Em sua experiência, os homens eram como uma velha brincadeira. Para
meter-se na cama tudo o que tinham que fazer era aparecer nus com uma cerveja. Ela e Rebecca riram da facilidade de suas conquistas, embora sua irmã foi muito mais descarada que Maeve. Suas mãos tremeram
enquanto colocava o robe segurando-o com a fita. Tomando sua trança, desenrolou-a, espalhando seus cachos vermelhos pelos ombros. Apesar da lareira, sentiase fria de dentro para fora. Só uma coisa poderia
esquentá-la, e ele estava no quarto do lado. Recolhendo uma vela, saiu do quarto, com seus passos freando quanto mais se aproximava de sua porta. O que acontecia se desse as costas? O que aconteceria se
não o fazia? Bom ponto. A porta dele se abriu parcialmente e ela se deu conta de que uma ruga no tapete impediu que a porta se fechasse. Parecia que as fadas estavam de seu lado esta noite. Olhando através
da fina abertura, alcançou a ver um fogo crepitante de bom tamanho na lareira e as sombras dançando na parede. Dando uma respiração profunda, abriu a porta, fazendo uma careta com o rangido de metal sobre
metal. Ao entrar, pisou no enrugado tapete, com um pé antes de fechar a porta. Seu quarto era muito mais quente que o dela. Por outra parte o fogo era maior. E isso não era o único importante nesse quarto...
Um sorriso tolo tocou a boca e desapareceu quase tão rapidamente. Este não era o momento para as brincadeiras de secundária sobre o tamanho de seus... Pés. Ela era uma mulher segura, inteligente, e estava
ali para seduzir um homem que punha seu corpo em chamas.
— Quinn?
Ela esteve a ponto de não reconhecer a voz rouca como dela, e golpeou uma mão sobre sua boca para afogar sua risada. Sim, estava segura de que era sua com todos os direitos.
Olha-a, à senhorita-golpeia-traseiro e descubra-os-nomes-mais-tarde, mal podia dizer uma palavra sem soar como um camundongo pelo amor de Deus. Shai receberia um grande golpe por isso. Sustentando sua
vela mais acima, aproximou-se dos pés da cama.
Em definitiva, era o que Quinn era, um homem, um menino. Só um comum.
Bruxo.
Que-te-faz-gemer…
Dos que param o coração pelo bonito.
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Homem.
Uma máquina de sexo.
Bem, não agora mesmo de todos os modos. Neste momento era um homem adormecido que, a diferença dela, não atava nem um nó pensando na mulher que o jogou no chão do ginásio e tido sexo com ele, como um macaco
selvagem.
Falando de desinflá-la.
O cabelo dele loiro e sedoso caía sobre a testa, dando a aparência de um menino esgotado.
Sua pele era dourada contra os claros lençóis e ao parecer dormia nu. Ela lambeu os lábios. O lençol de seda mal cobria seus quadris e a linha de cabelo claro, que corria por seu ventre plano desaparecia
debaixo do lençol. Estava deitado sobre seu lado, com seu braço estendido, como se chegasse a alguém no lado vazio da cama.
Pois bem, infernos, e agora o que faria ela? Subiria na cama com ele? Despertaria? Iria?
Tomaria vantagem de sua letargia e puxaria para baixo o lençol para poder olhá-lo até que despertasse?
Aproximando-se, tomou a mão. Os dedos dela roçaram o calor do pulso dele.
Quando se tocaram, um brilho de energia subiu por seu braço.
Toma isso. Esse não era um homem comum.
O que ela testemunhou no andar de baixo era sem dúvida testemunho disso. Só tem que tocá-lo sedutoramente. A sensação de sua pele sob seus dedos, o comichão suave do pelo do braço a enganaram. Ao estar
perto dele, sentia uma estranha sensação de paz que só existiu quando Rebecca esteve viva. Nesse momento se sentia mais viva, quase... Com esperança.
Maeve ficou quieta. Para ela, a esperança era a emoção mais perigosa que havia. Ter esperança significava a possibilidade de que suas circunstâncias poderiam mudar. Isso poderia mudar e transformar-se
em algo diferente, alguém melhor de quem era agora. E esperava que significasse a possibilidade de encontrar o amor e a felicidade por si mesmo.
Não, não, não.
Fez um nó na garganta. Quinn era um bruxo de grande poder, um homem com uma ética sólida e sem dúvida muito bom para os gostos dela. Ela estava poluída, impura. Ele merecia uma mulher que estivesse inteira,
não quebrada como ela.
Quando se voltou para ir, dedos fortes pegaram seu pulso evitando a fuga.
Seu olhar voou para o rosto dele e seus olhos brilharam na escuridão.
— Não vá.
Quinn deslizou ao centro da cama, puxando o lençol para dar a bem-vinda.
Em silêncio, ela colocou a vela na mesinha de noite antes de subir à cama com ele.
Quando ele passou o edredom sobre ela, deu-se conta de quão fria estava.
— Tenho tanto frio. — Ela ficou consternada para ouvir sua voz rouca.
— Me deixe te fazer entrar em calor.
Ele abriu os braços e a atraiu para si, metendo-se a seu lado. Seu calor queimava sua pele e as lágrimas começaram a cair por mero prazer, movendo-se através de sua alma como uma brisa
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suave. Maeve agachou a cabeça, apertando o nariz contra seu ombro para inalar seu aroma. Suas mãos pousaram sobre seu peito, e o batimento de seu coração deu um tombo contra a palma de sua mão. Pouco a
pouco, ela levantou a cabeça. Seu nariz o golpeou e ambos sorriram. Em silêncio, olharam-se nos olhos do outro. Não havia palavras que fossem necessárias. Sua aceitação tranquila dela era um bálsamo para
sua alma. Seus fôlegos se misturaram e um formigamento lento se acendeu em seu corpo. Calma agora, o calor se espalhou entre eles enquanto sua respiração se unia tão intimamente como seus corpos o tinham
feito horas antes. Dentro. Fora. Dentro. Fora. O rosto dele estava a menos de uma polegada do dela, e ela podia provar sua língua. Ele a imitou e pôs a mão sobre seu coração. Seus corpos se alinharam e
seus batimentos desaceleraram, unindo-se em ritmo. O calor golpeou seu corpo, expandindo-se no peito, e correndo pelos braços com cada pulsar. A mão livre dele deslizou ao redor de seu corpo para se localizar
na base de suas costas, com o que seu corpo se apertou contra o dela.
— Ponha suas mãos sobre mim. — A voz dele era veludo quente. Maeve deslizou seu braço ao redor dele, imitando sua posição colocando-a contra a base de sua espinha. O calor se estendeu sob os dedos, e ela
deu um suave murmúrio, incoerente enquanto o calor úmido se voltava líquido na carne entre as pernas. Era uma experiência incrivelmente erótica encontrar-se nos braços de um homem e em seu toque, mas sem
tocar-se. Seus mamilos endureceram. Separados só por uma fina camada de seda, ela podia sentir seu músculo duro e o cabelo crespo do peito. A dor se espalhou pelos seios e abdômen. Ela estava impotente
enquanto essas sensações eróticas a percorriam, com seu desejo cada vez maior com cada respiração. Seu corpo suavizou e umedeceu aceitando-o, mas ele não fez nenhum movimento para ir mais longe. Sua respiração
se aprofundou enquanto o desejo a invadia. As pálpebras pesaram, e a ereção se esfregou contra seu montículo. Seus quadris começaram a mover-se, leves movimentos de balanço fazendo seu desejo ainda maior.
O ar fez estragos em seus pulmões e os olhares se mantiveram. Seus olhos azuis estavam dilatados e tormentosos com fome sexual. Sons suaves, animais saíram de sua garganta, enquanto a necessidade de liberação
surgia. Seu corpo se esticou, tomando-a momentos antes que seu orgasmo a deixasse sem fôlego. Os olhos dela se fecharam e inclinou a cabeça para trás. Sedosos gritos foram arrancados da garganta, enquanto
uma onda após outra da deliciosa sensação ondulava através dela. Contra ela, sentia Quinn apertar o corpo, e o pênis começou a sacudir. Fogo líquido tocou sua carne enquanto ele mesmo se derramava entre
seus corpos. O aroma de sexo flutuou no ar. Pouco a pouco as pontadas de prazer finais desapareceram, e ela colocou a cabeça em seu
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ombro para desfrutar do calor estreito que compartilhavam. Não soube o tempo que estiveram aconchegados juntos antes que ela se movesse. Enquanto saía à superfície das profundidades de sua liberação, deu-se
conta de uma só coisa, do pênis semiduro pressionando contra ela. Sua boceta se apertou. Como poderia desejá-lo de novo tão cedo?
— O que me fez? — Ela se empurrou para poder ver seu bonito rosto. O sorriso dele teve um vago conteúdo.
— Não fiz nada. Fizemos juntos.
— Nunca. — Ela parou quando o sorriso dele foi mais amplo — Quero dizer, fiz, é obvio. Com você, inclusive... Não fi... Quero dizer não sou uma virgem a minha idade...
— É óbvio…
Maldição! Quanto mais nervosa ficava maior era o sorriso dele. — Só uma vez... — Ela agitou a mão, como se as palavras a tivessem deixado. Como podia descrever essa experiência?
— Muito poucos o têm feito. — O olhar dele se voltou quente. — Mas há mais por vir.
— Mmm, não estou certa de que possa sobreviver a muito mais, mas farei meu melhor esforço — Ela esfregou o pé contra a parte traseira de sua panturrilha, desfrutando do toque do pelo contra o seu. — Vamos,
mestre.
Ele inclinou a cabeça e esfregou a clavícula.
— Mmm, bonito conjunto.
Ela deu uma olhada à seda já esmagada entre os corpos.
— Obrigada.
— Agora tire isso.
Ela riu, mas não fez nenhum movimento por obedecer.
— OH, não, ainda não, meu grande homem. Maeve tem uns quantos temas que requerem uma atenção imediata.
Uma sobrancelha loira se arqueou.
— Sério? — Soltou-a e ela rodou sobre as costas. Entrelaçando os dedos, pô-los sob sua cabeça. — Vamos, Pocahontas. Vá adiante e descobre o oeste.
— Ei, acredito que refere a Sacajawea. — Riu Maeve. — Pocahontas era a donzela que salvou a vida do capitão John Smith uns duzentos e cinquenta anos antes que Sacajawea sequer tivesse nascido.
— Ei, tem sorte de que possa formar uma frase coerente. — Um dos cantos de sua boca se arqueou e lançou um olhar bicudo à massa cada vez maior debaixo do lençol. — A exatidão histórica está bastante baixo
em minha lista de prioridades neste momento.
— Na verdade. — Ela tirou o lençol de seu corpo. — Apesar de que descobrir o oeste poderia ser interessante, estou pensando em me dirigir para o sul desta vez. — Ela se levantou por cima dele. — Por favor,
não me diga que não pode ler um mapa.
— É óbvio que posso ler um mapa. Nunca fui o mapa antes. — Os olhos dele brilharam com
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diversão.
— Aqui está uma nova experiência então. — Seus lábios roçaram os dele. Ela se estendeu através dele e depois colocou a mão no bolso e tirou uma pequena garrafa de óleo para massagem. — Agora, acredito
que começaremos com um agradável lubrificante. — Seu sorriso se alargou quando abriu ela a garrafa e a cheirou. — Hmm, picante e sensual com um toque de ylangylang.
— Que diabos é um lang-lang? — Ele franziu o cenho.
— É yee-yee lang-lang. — Ela riu, enquanto abria a garrafa depois vertia uma quantidade generosa de óleo na palma de sua mão. — É uma essência da flor da China que tem algumas qualidades... Edificantes
para os homens.
— Não penso que o levantamento seja nosso problema. — Grunhiu ele.
— Não, no momento não, mas a noite é jovem. — Brincou ela.
— Traz as flores, mulher.
Maeve espalhou o óleo de amêndoas doces em suas mãos antes de chegar a ele.
Recobriu seu grosso, duro eixo e sua longa cabeça com o líquido de doce aroma. Seu eixo tremeu em suas mãos, e ela deu um sorriso de satisfação.
— Mantenha seus olhos em mim, Lewis e Clark.
— Os dois? — Ofegou ele.
— Bem, é um homem grande. — Ronronou ela. — Se agarre forte a seu guia que está a ponto de te apresentar um território novo.
Quando sua língua acariciou a ponta de seu pênis, um gemido foi arrancado dele.
Sorrindo, ela se abriu levando-o a sua boca. Fazendo redemoinhos de sua língua por sua longa cabeça, ela sentiu que seus quadris se empurravam para cima. Com um punho em sua mão ao redor da grossa base,
concentrou-se em lamber o doce e escorregadio óleo da carne dura.
— Maeve... — Ofegou ele. — Tem uma boca malvada.
Sem fazer pausa ela o levou tão profundo como pôde. Sua mão acariciou seu eixo, igualando o ritmo de sua boca. Outra queixa foi arrancada dele quando ela juntou suas bolas e deu um suave apertão.
— Maldição, mulher, está tentando me matar? — Gemeu ele.
Deu a seu pênis uma chupada longa e lenta, soltando-o com um suave plop.
— Só a cada dois dias, amante.
Sua risada se transformou em um gemido quando ela o levou a boca de novo. Ela sentiu sua mão no cabelo e ele começou a guiá-la, ensinando-a como dar prazer. Logo ele começou a gemer com abandono. Seus
movimentos começaram a aumentar e ela gozou da total liberdade com a que ele respondia a seu amor. Sentia-se poderosa e bela.
Mas não queria terminar tudo isso logo.
A contra gosto, ela o soltou. Sentou-se sobre os calcanhares, com sua mão ainda envolta ao redor do eixo de seu pênis.
— Você gosta disto, Quinn?
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— OH merda, sim, preciosa. Não quero que isto termine… Ele tinha os olhos fechados e a cabeça contra os travesseiros. O suor brilhava sobre sua pele e o prazer se estendeu por ela. Ela tinha feito isso.
Tinha posto a este grande e forte homem de joelhos e era hora de terminar. Deu a seu eixo um suave apertão antes de passar a língua por seu testículo. Os músculos de suas pernas se apertaram, quando seus
seios cobertos de seda acariciaram suas coxas. Movendose entre suas pernas, ela tomou de novo em sua boca. O tempo de jogo terminou, e a sério aumentou a velocidade de seus golpes. Ele estava muito perto.
— Maeve, assim... — Se queixou ele. — Foda-me com sua boca. Seu grande corpo estava tremendo ao tempo que tomou o pênis em sua garganta. Suas mãos eram um punho em seu cabelo tentando sustentá-la em seu
lugar ou dirigi-la, ela não estava muito segura de qual, mas não faria nada disso. Fazendo pouco caso de seus frenéticos movimentos, ela enredou a língua ao redor da cabeça, dando a sensível parte inferior
uma carícia com seu polegar. Seu gemido foi gutural, enquanto seus quadris se empurravam para cima, deslizando o pênis profundamente em sua boca. Baixos gemidos se uniram a um rugido cru, primitivo, quando
ele se inclinou sobre o limite. Com um golpe selvagem dos quadris, ele gozou em sua boca. Maeve engoliu até a última gota de sua liberação antes de lambê-lo e limpá-lo cuidadosamente. Levantando-se, desatou
o cinturão de seu robe para depois retirá-lo, deixando-o cair ao chão. A camisola seguiu pouco depois. Através de seus olhos entrecerrados ele observava cada movimento que fazia. O fato de que sua respiração
fosse ainda dura deu um grande prazer.
— Maldição, mulher. — Sua voz era grossa e preguiçosa. — Matará me… — Os franceses o chamam de petite mort ou a pequena morte. — Ela beijou a parte inferior de seu estômago, desfrutando da ondulação de
seus músculos debaixo de seus lábios.
— Bastante malditamente preciso diria...
Sorrindo, ela passou sua língua por toda a borda do umbigo.
— Infernos, acha que sou Superman? — Seus olhos brilhavam com diversão e mais que com um pouco de calor.
— Mmm, não exatamente. — Capturando uns poucos pelos de seu estômago, deu um suave puxão antes de lambê-los com sua língua. Ele respirou fundo. Seu corpo estremeceu. — É mais como o Mago na história de
Dorothy.
— Sou grande e poderoso? — Ele arqueou as sobrancelhas.
— Bom, certamente me pôs de joelhos. — Ela deslizou por seu torso, com seus mamilos apertando-se contra seu corpo. Sua língua tocou seu mamilo.
— Fiz-te ajoelhar? — Suas mãos tocaram seus braços, tomando os cotovelos antes de deslizar-se para cima a seus ombros.
Maeve não pôde evitar que sua risada de surpresa soasse suspeitosamente como um bufo próprio de uma dama.
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— Diminui a velocidade ali, tigre. Não poderá ir tão longe… — Não o fazia. — Ele a apertou e as pernas se enredaram com as suas. Ela ficou sem fôlego quando ele deu a volta, apanhando seu corpo debaixo
dele. Seus quadris se deslizaram entre as coxas como se tivessem feito o amor milhares de vezes antes. — Irei tão longe como necessito para terminar o trabalho.
— Acha que pode seguir adiante, homem grande? — Passando seus braços ao redor de seu pescoço, baixou a cabeça até que seus lábios quase se tocaram. — Eu só te sorvi. Os quadris dele se empurraram, e os
olhos dela abriram. Enquanto ele não estava tão duro, entretanto, ela tinha a sensação de que não passaria muito tempo até que estivesse dentro dela, e ela estaria perdendo a calma.
— Só deixa que eu me preocupe com minha capacidade de concentração... — Seus dedos se enredaram em seu cabelo. — Não posso acreditar que esta cor seja real. OH, espera… Ela riu quando ele levantou seu
corpo o suficiente para vislumbrar o pelo entre as coxas.
— Está muito escuro para ver algo aqui…
— Não preciso vê-la, Maeve. — Seu corpo pousou sobre o dela. — Se fosse um cego te encontraria em uma sala com milhares de mulheres… Fez um nó na garganta. Ela não podia dirigir isso, o lado terno de Quinn.
O olhar de seus olhos, um olhar que dizia que ela era alguém valiosa para ele, golpeou-a frio no coração.
— Só porque seria a que ameaçaria arrebatando aquelas outras cadelas calvas que o olhassem de um lado.
Ela sorriu inclusive quando sentiu a ardência nos olhos. Que diabos acontecia? Era estranho que nunca se permitisse chorar, e agora era uma bola fervente de emoção.
Quando ele sorriu, ela sentiu uma sensação de puxão no peito.
Baixando a cabeça, ele beijou a pele exposta da garganta. Pondo beijos por seu corpo, quando tomou seu mamilo na boca, ela ficou sem fôlego. Mamando-o, seus dedos se pegaram a cabeça, a cabelo suave contra
suas palmas. Gemidos escaparam dela quando seus dentes morderam o duro ponto antes de mover-se ao outro.
Agachando-se ao outro lado, sua mão a tocou movendo-se lentamente para cima. Seu coração saltou quando ele tocou a escorregadia carne. Um gemido emergiu e rapidamente trocou a um grunhido quando seus dedos
se deslizaram dentro dela.
— Quinn, por favor. — Disse ela entre dentes. Arqueando-se, seus quadris se moviam sem descanso em busca da liberação que tão desesperadamente necessitava.
— Não tão rápido, mulher. — Ele riu entre dentes. — Tinha que jogar primeiro, e agora é minha vez. Está tentando estragar minha diversão?
Sua língua se moveu sobre seu dolorido mamilo, primeiro em um e depois no outro.
Afundando os dedos em sua cabeça, ela se arqueou e o obrigou a tomá-lo em sua boca.
Quinn mamou a dura protuberância, girando sua língua antes de passar ao seguinte seio e repetir seu agradável assalto. Ela quis gritar no momento em que a beijou, lambeu-a e chupou o caminho
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para seu torso.
— Por favor, Quinn, não me faça esperar — Ela ofegou. — Me toque.
— Agora quem está impaciente?
— Estou começando a te odiar…
Rindo, separou os lábios lisos da boceta.
— Querida, sei o que está sentindo e odiaria que não chegasse sequer a gozar. Seus quadris se empurraram para cima quando a língua dele tocou seu núcleo mais necessitado. Ele deslizou as mãos sob seu traseiro,
levantando os quadris o suficiente para estar ao nível de sua boca antes de chupar seu clitóris. Ela gemeu e os olhos se fecharam e as mãos se voltaram punhos nos lençóis.
Movendo sua língua, ele colocou dois dedos grossos em seu corpo e pouco a pouco começou a fodê-la com eles. Muito em breve ela estava ofegando, lutando por terminar quando chegou à ao limite.
— Sim, sim!
Maeve explodiu em uma chuva de luz e de cor. Estava voando, apenas consciente de seu corpo físico enquanto se movia para cima para cair suavemente à terra. Ainda estava tremendo no momento em que conseguiu
abrir os olhos. As mãos de Quinn estavam ainda em seu corpo tirando seu prazer até que o tempo se deteve.
Ela estava muito fraca no momento em que ele a cobriu. Seus lábios tocaram os seus, e provou sua liberação. Entre as coxas sentia a suave pele do pênis contra sua boceta.
Puxando as pernas apertadas a seu corpo, ele a penetrou com um impulso suave.
— Ahh...
Seu grito afogou a música de sua alma. Levando suas pernas ao redor de cintura dele, ela se encontrou com empurrão após empurrão. Seus gritos se misturaram com os dele quando chegou a sua liberação. Ela
estava voando de novo, mas desta vez não estava sozinha enquanto ele fazia a viagem com ela. Depois, ficaram juntos, desfrutando da proximidade e das sequelas de sua liberação.
Nunca havia se sentido assim com nenhum outro homem. Quinn tinha chegado a uma parte de sua alma guardada sob chave, deixando atrás um estranho sentimento de bem-estar. Pena que não fosse durar.
CAPÍTULO 09
Toda sua vida Quinn acreditava ter sido capaz de dirigir qualquer situação a que se enfrentasse. Sua madrasta ensinou a cozinhar, a lavar a roupa e que ervas funcionavam melhor para uma longa lista de
doenças. De seu pai aprendeu o significado da honra, da valentia e da
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importância de ser um homem de palavra. Era estranho que se sentisse tão incômodo como o fazia nesse momento. Maeve estava chorando. Ou estava a ponto de todos os modos. Ao ter crescido com um grupo de
irmãs, conhecia os sinais. Preferia fazer cambalhotas em um sarçal que tratar com uma mulher chorando. Desamparado era a única maneira de descrever como se sentia quando enfrentava a uma mulher chorosa,
sobre tudo quando essa mulher significava muito para ele. Maeve lutou por controlar-se antes de finalmente afastar-se dele. Ele deveria estar contente que se acalmou, mas sabia que não podia deixá-la ir,
não assim. Sem pensar, tomou-a em seus braços. Por um segundo, pensou que ela protestaria. Em seu lugar, relaxou-se contra ele. Tremores sacudiram seu corpo enquanto lutava por controlar suas emoções,
uma batalha que já tinha perdido. Depois da última vez que fizeram amor, dormiram umas poucas horas só para despertar com sua mulher chorando. Sua mulher. Seu estômago se reduziu como se tivesse tomado
um elevador rápido ao topo da Torre Sears de Chicago. Sua mulher? Apesar de que fizeram amor várias vezes nas últimas vinte e quatro horas, apenas se conheciam. Não conhecia seu outro nome ou se tinha
irmãos. O coração e a mente nem sempre estavam de acordo, mas quando se tratava do amor, liderava seu coração. Sua madrasta era uma mulher muito sábia.
— Quer falar disso? — Beijou-a no cocuruto da cabeça.
— Não. — Sua voz era pouco mais que um sussurro.
— Machuquei-a?
— Não. — Ela soou mais forte desta vez. — Foi maravilhoso.
Baixando a cabeça, beijou-a na suave curva do ombro.
— E essa é a razão pela qual está chorando?
Ela sacudiu a cabeça.
— Estava roncando?
— Não, tolo. Mas necessito que faça algo por mim. — Maeve se voltou. Seu corpo se apertou contra ele enquanto ela se movia e seu pênis saltou em resposta. Inclusive depois de todas as horas que havia passado
em sua cama, ainda o maravilhava quão bem se encaixavam.
— O que é? — A voz dele era rouca.
— Que me ame.
Olhando-o com os olhos tingidos de vermelho, havia uma tristeza, quase desespero em suas profundidades. Ele quis fazer um milhão de perguntas, mas sustentar uma mulher nua em seus braços quando seu corpo
tinha outros planos, era difícil manter sua atenção. Uma necessidade baixa, zumbiu de ardor em seu estômago antes de fazê-lo incapaz de falar com menos que os grunhidos se pudessem considerar uma conversa
cortês.
— Será um prazer.
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Ele estremeceu quando a atraiu para si, sabendo só que se sentia bem e real para ele. Inclinou a cabeça e a beijou. Suave ao princípio e depois se esquentando rapidamente. Seus dedos se apoderaram de sua
cabeça, e chupou a língua. As mãos de Maeve se moveram em cima dele, tocando-o, seduzindo-o com um tom febril. O deslize de sua perna contra a dele ameaçou enviando-o a toda velocidade fora de controle.
Apesar de que fizeram amor só umas horas antes, sentia-se tão excitado como sua primeira vez. Quando seus dedos circularam seu pênis, ele se moveu para detê-la. Não tomaria muito para mandá-lo por cima
da borda, e não queria que isso terminasse muito cedo. Ela fez um som de protesto, mas o trocou por um suspiro de prazer enquanto ele deslizou as mãos por seu torso para tomar os seios. Passou os polegares
por seus mamilos, desfrutando de sua rápida respiração. Baixando a cabeça, ele viu os bicos duros. Suas costas se arquearam, e um eixo de calor o apunhalou com a sensualidade pura de seu movimento. Ele
a mamou profundamente, primeiro um mamilo, depois o outro. Ela gemeu, um som baixo e sensual que exigia pôr fim a dor que circulava seu pênis. Vagamente sentiu suas mãos movendo-se sobre ele, mas estava
muito concentrado em degustá-la e nos sons entrecortados que ela estava fazendo. Quando sua mão tocou um dos mamilos, a consciência explodiu contra seu corpo. Ele gemeu, e seus quadris se empurraram contra
a boceta. Tomando sua coxa, a levantou até a cabeça do pênis pressionou contra seus úmidos lábios.
— Não durarei muito tempo. — Se queixou ele.
— Eu tampouco. — Seu fôlego era quente contra sua boca e quando ela tirou sua língua para prová-lo, foi o único que pôde fazer para manter-se unido.
Quinn deslizou a mão até o triângulo de seus cachos sedosos. Deslizando-se no interior, encontrou-se que ela estava úmida, pronta para levá-lo dentro. A necessidade de impulsionar seu pênis nela era esmagadora
e fez fugir todo pensamento consciente. Ele rodou, colocando seu corpo debaixo do dela. Suas mãos tocaram seu pênis suavemente guiando-o a casa.
Ele apertou os dentes tratando de evitar a necessidade de empurrar-se, mas ela não queria saber nada disso. Suas unhas se cravaram em seus quadris puxando-o para frente. Deu uma ordem em silêncio e para
frente. Seu corpo se arqueou para cima. Seu nome assobiou entre os dentes.
— Quinn... — Ela envolveu suas pernas ao redor dos quadris, o que o obrigou a deter-se.
Mais do que precisava respirar, ele teve que mover-se. Seus quadris subiram a seu encontro, e a necessidade da liberação roubou o fôlego. Seus dedos se cravaram em seus ombros, e sentiu o primeiro círculo
do movimento de liberação por ela. Perdeu a si mesmo em seu clímax, com seu corpo tomando o controle da corrida até sua finalização.
— Maaaaaaaaeve.
Sem ossos, ele caiu em cima dela. Até sabendo que era muito pesado para ela, a capacidade de mover-se não estava em seu futuro imediato. Enterrado no profundo dentro dela, carne contra carne, parecia a
maneira perfeita de passar a eternidade.
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Um forte estrondo no corredor sacudiu a consciência de Maeve. Antes que estivesse totalmente acordada estava do outro lado do quarto balançando o atiçador da lareira como se fosse uma espada. Quinn se
levantou do pé da cama com a espada na mão. A porta se abriu, e Sunni entrou voando. Tropeçou com sua saia longa e colorida e quase terminou em um montão no chão. Agarrou-se a maçaneta da porta para recuperar
o equilíbrio.
— Uy, a porta não estava fechada. — Ela sorriu, e seu sorriso desapareceu quando viu Quinn nu — OH. A irritação brilhava quente na pele de Maeve. Ela deixou o atiçador da lareira movendo-o entre seu amante
e a vampiro. Sabia quão imponente era a visão de seu amante, e não tinha vontade de compartilhá-lo.
— Necessita algo, Sunni?
— Val me enviou ao andar de cima para... — Se inclinou para um lado, assentindo com a cabeça a Quinn.
— Seu nome é Quinn. — Disse Maeve com os dentes apertados.
— Esse seria ele. — A vampiro assentiu. — OH, sim, assim é… Maeve notou um ligeiro rubor nas bochechas de Sunni. Quem sabia que os vampiros podiam fazer tal coisa?
— Desceremos em pouco tempo, Sunni.
— Umm, está bem. — Com total ausência de sua graça habitual, Sunni saiu do quarto, fechando a porta atrás dela.
Maeve balançou a cabeça. Se a visão de Quinn nu teve muito efeito sobre Sunni, alegrava-se de que a vampira não tivesse chegado umas poucas horas antes. A pobre teria se silenciado o resto de sua vida,
por longa que fosse.
A risada de Quinn a fez dar a meia volta e franzir o cenho a seu amante nu.
— O que é tão engraçado?
— Nunca deixei uma mulher sem fala antes. — Ele chegou a calça jeans. — Poderia me acostumar a isto.
Maeve revirou os olhos.
— Sim, bem, Sunni esteve protegida durante toda sua vida. Não faça ilusões. — Seu olhar roçou a parte dianteira da calça desabotoada. — Ou algo mais.
Ela girou sobre seus calcanhares e se dirigiu a seu quarto, deixando Quinn desconcertado.
Reprimindo um sorriso, dirigiu-se ao armário e seu coração se sentiu mais leve do que tinha sido em anos. A câmara de Sinjin estava estranhamente brilhante quando Maeve e Quinn entraram de
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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mãos dadas. Tudo estava como o deixaram, Sinjin se mantinha imperturbável e as velas ardiam ainda, mas a luz vinha do exterior. Seu pulso saltou quando se deu conta de que a linha de mini demônios de Mortianna
em forma de anel estava fora do círculo de sal. Cada um com uma tocha grande. As chamas dançavam na suave brisa. Atrás deles, a própria bruxa estava aí com um sorriso sereno. O olhar de Maeve se encontrou
com o da bruxa, e fez um nó no estômago.
— Por que está aqui? — De repente com frio, ela retirou a mão da de seu amante.
— Tínhamos a esperança de que Quinn pudesse responder a isso. — Val ficou perto da janela do centro com os braços cruzados sobre o peito.
Não, não podia ser. Não assim... A qualquer menos a ela.
Sem importar o muito que tentasse negar, Maeve sabia por que a bruxa tinha chegado às Terras Altas. Ela jogou um feitiço pedindo uma bruxa para que ensinasse a matar Mikhail, e Mortianna respondeu a sua
chamada.
A agonia arrebentou o peito e ela fechou os olhos. O que fez?
— Não sei. — Quinn estava falando. — Mas descobrirei… — Eu sei por que ela está aqui. — Maeve se obrigou a abrir os olhos e se afastou de todo mundo. Dando as costas às janelas, enfrentou seus amigos,
à mesma gente ao que estava a ponto de entregar — Eu chamei por ela.
— OH, Meu Deus, Maeve. — Disse Shai — Por que faria tal coisa?
— Necessito sua ajuda. — Juntando as mãos, ela lutou contra o impulso de retorcê-las.
— Que tipo de ajuda da Mortianna poderia necessitar? — Perguntou Val.
— Necessito um feitiço que só ela me pode dar... — Seu olhar enfrentou ao de Quinn, e conteve o fôlego ruidosamente. Seus claros olhos azuis eram frios, duros e a transpassavam como facas. Ela o traiu,
e isto, isto era algo que nunca poderia ser perdoado.
— Arriscou a vida de seus amigos por esse feitiço? — O tom dele era plano, sem emoções.
Ela sacudiu a cabeça.
— Você não entende…
Levantando-se, ele se manteve firme, com cada centímetro de seu corpo tenso e preparado para emergir.
— Depois me explicará isso.
Ele já a condenou. As imagens de seus pais lançando acusações cintilaram em sua mente.
Aterrorizada, deu uma olhada a cada um de seus amigos, mas não ofereceram nenhuma ajuda. O gelo invadiu seu corpo, pouco a pouco congelando-a de dentro para fora, e deu a bem-vinda a uma sensação de adormecimento.
— Na estrada daqui me disse que uma revenant convertida por um vampiro era uma abominação. Que é exatamente o que sou, Quinn. — A voz dela era firme e forte. — Faz onze anos, um vampiro matou minha irmã
e eu a vi morrer. Ele ia me matar também, e não há um dia que passe que não desejei que tivesse tido êxito. Em seu lugar, Val se apresentou e o impediu de terminar o que tinha começado.
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— Maeve... — Sunni se levantou por sua conta, com lágrimas em seus olhos e suas mãos em punhos em sua boca. — Por favor… — Por favor, o que Sunni? Quer que minta e te diga tudo quão grandioso é meu mundo?
— Maeve olhou para outro lado, sem sentir nada na face exceto a dor de Sunni. — Sabe o que é ouvir alguém que ama morrer gritando seu nome uma e outra vez, e que não houvesse nada que pudesse fazer? —
As lágrimas queimaram seus olhos, mas ela as cortou com a língua antes de alguma caísse. — Minha gêmea, minha outra metade, morreu e não pude salvá-la. Esse filho de puta levou tudo o que tinha de valor
para mim essa noite e por isso, deve morrer.
— É uma tola. — O tom de Quinn foi agudo. — Não poderá conseguir a redenção através da vingança e isso não mudará nada. Destruir o que é e no que se transformará… — Não será uma grande perda agora não,
Quinn? — Maeve riu, e foi um som desagradavelmente amargo. — Libertarei o mundo de algo que nunca deveria ter sido criado, para começar. Os lábios dele eram firmes, e a ira de seu rosto poderia ter quebrado
seu coração se não tivesse estado já congelado.
— A vingança não tem sentido. — Grunhiu ele. — A pessoa aprende de seus enganos, e segue adiante com a esperança de não repeti-los. Sei o que é perder um ser querido. — Continuou ele. — Faz anos, um bom
amigo morreu porque perdi os estribos e tentei me vingar de alguém que acreditava que me machucou. Meu amigo confiou em mim para fazer o correto, e eu falhei.
Confia em mim quando te digo que o preço da vingança é muito alto, Maeve. Se seguir adiante com isto, perderá tudo o que aprecia, incluindo sua integridade e sua honra.
Suas palavras a cortaram rapidamente, e ela resistiu a tentação de olhar e ver se deixou marcas em sua pele.
— Do que serve a integridade e a honra quando minha irmã está em sua tumba? — Gritou ela. — Do que serviram a integridade e a honra quando minha família me deu as costas? Tiveram um frio consolo nestes
últimos anos.
— Quereria sua irmã que o fizesse? — Perguntou Shai.
Vive a vida e seja feliz...
— Que vingasse sua morte... — Sussurrou Maeve.
— Então sua irmã também era uma tola. — Grunhiu Quinn.
Qualquer que fosse o calor em seu corpo permaneceu longe quando falou. Ele não podia entender sua difícil situação e pior ainda, não fazia nenhuma tentativa de fazê-lo. Falando a respeito de déjà vu. Seus
pais fizeram o mesmo. Era uma boa coisa que ela não pudesse sentir, ou podia terminar chorando no chão. Quão único podia detê-la agora era se Quinn desse o feitiço, mas não pediria.
— Última oportunidade, Quinn. Peço que, por favor, que me dê o feitiço A’ bhais Cadail. — Sua voz era monótona e morta.
Um músculo se dobrou na mandíbula e ele se separou dela. Que assim fosse.
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Obrigando-se a não reagir, ela se dirigiu para a porta.
— Aonde vai? — Sunni a seguiu.
Maeve não respondeu a sua amiga. Se tentasse falar temia que seu rígido controle se rompesse, e perdesse o controle. A diferença de Humpty Dumpty, não havia suficientes peças para pegá-lo de novo junto.
À medida que se aproximava da porta principal, quase esperava, queria, que Quinn interferisse, mas não o fez. Ao abrir a porta, o ar fresco do outono entrou na casa.
— Não faça isto. — As palavras de Sunni terminaram em um soluço.
A escuridão a envolveu quando saiu da casa. Mortianna estava de pé na calçada do outro lado da espada. Um sorriso doce, sereno adornava sua face e assentiu quando Maeve deteve o outro lado da espada.
— Maeve.
Ela fez pouco caso da voz de Val.
— Mortianna, me dará o feitiço de união?
O sorriso da bruxa cresceu.
— É óbvio, minha filha. É por isso que estou aqui esta noite. O conhecimento é a força, e devemos ajudar a que nossos irmãos sigam seus destinos.
— Bom.
Maeve se voltou para olhar a seus amigos uma vez mais. Val estava de pé no degrau mais baixo com o braço em torno de Shai chorando. Em seu escuro olhar se via a preocupação e a aceitação. Sunni estava
na passarela com suas mãos em punhos aos lados e as bochechas úmidas de lágrimas.
Quinn ficou onde estava sozinho no degrau superior, emoldurado na soleira.
Só fazia umas horas ela permaneceu em seus braços e fez amor com ele.
Agora estava perdido para ela, e nunca se sentiu mais sozinha. Maeve nunca acreditou apaixonar-se e agora já era muito tarde.
Voltou-se e passou por cima da espada, e uma escuridão gelada a rodeou. De muito longe, ouviu a voz da bruxa dizer.
— Bem-vinda a casa, minha filha.
CAPÍTULO 10
Maeve tinha ido.
Em um minuto ela esteve em seus braços, com seu corpo quente e com seu amor cor de rosa, e no seguinte, tinha sido varrida pela capa de Mortianna e desaparecido.
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Quinn nunca se sentiu tão impotente e tão totalmente enganado por uma mulher, nem sequer por sua mãe. Deixando cair em uma cadeira, Quinn pôs a cabeça para trás e fechou os olhos. Não podia livrar-se das
imagens dos segundos finais. Quando devolveu o olhar, a dor bruta em sua face quase o colocou de joelhos. Inclusive agora, horas mais tarde, ainda sentia o eco de sua traição. Por quê? Por que aconteceu
isto? As perguntas se agitavam em sua mente. Tinha dirigido a situação bem? Do momento em que descobriu suas capacidades, ele se viu obrigado a proteger o conhecimento que era seu direito de nascimento,
e não era uma tarefa que devia tomar-se à ligeira. Se o mundo dos mortais descobrisse sua natureza, infernos, ou qualquer dos habitantes das sombras, seria catastrófico. Não sabia o que a cobiça do homem
traria sobre eles se davam conta do que caminhava entre eles. Olhe o que levou sobre Maeve. Sua sede de vingança em última instância, a destruiria. Sabendo disso, o que devia fazer? Ela era uma mulher
adulta e capaz de tomar suas próprias decisões. Tinha uma ideia do que aconteceria a Mortianna? Era provável que a bruxa ensinasse Maeve o feitiço, mas isso seria o final de tudo. Mortianna não faria nada
sem conseguir algo em troca, e Quinn temia que o custo fosse a vida de Maeve. Cansado, passou a mão pelos olhos.
— Quinn…
Levantou a cabeça. Shai estava na porta da biblioteca. Seu rosto geralmente animado estava cheio de inquietação, e seus olhos cheios de tristeza. Ela deu um passo hesitante para frente. A última coisa
que queria agora era ter uma conversa. Ele olhou ao longe.
— Não deveria ir à cama? A manhã está quase sobre nós.
— Logo.
A vampira se sentou na cadeira frente a ele, movendo-se com uma graça sobrenatural que nunca deixava de captar sua atenção. Como podia ser tão algo morto... Tão vivo?
— O que posso fazer por você, Shai?
— Nada por mim. Embora deva te advertir, que é perigoso dizer isso a um vampiro.
O sorriso dele foi fugaz.
— Na realidade, vim ver se houver algo que possa fazer por você. — Ela se inclinou e apoiou os cotovelos nos joelhos.
— Não, a menos que possa me dar resposta para este desastre.
— Bem, dá a casualidade de que posso encher uns poucos espaços em branco para você.
Seus olhares se encontraram e em seus olhos viu sua dor e, com ele, a compaixão. Alguns acreditavam que os mortos vivos não tinham alma, e até agora, ele concordava com essa teoria.
Olhando-a agora, viu o errado que estava. Enquanto que não estava seguro de que estivesse preparado para escutar o que ela tinha que dizer, não podia afastar-se tampouco.
— Prossiga.
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— Alguma vez ouviu falar do vampiro Mikhail?
Agora sabia que não queria ouvir toda a história. Mikhail era conhecido por ser um dos vampiros mais brutais que já caminharam sobre a terra. Felizmente para eles, os chupadores de sangue geralmente evitavam
aos bruxos, já que eram imunes ao poder dos não-mortos.
— Mikhail é o que matou Rebecca, a irmã de Maeve.
O alarme disparou por suas costas, e ele se endireitou. Uma das razões pelas que o vampiro estava ainda com vida era devido a sua tendência matar primeiro e perguntar depois. Outros vampiros morreram frente
a ele, e temia já saber o resultado de Maeve tentando a mesma façanha.
— Ela irá atrás de Mikhail? — Ele tinha a boca seca, e suas palavras eram pouco mais que um sussurro.
— Sim. — Shai parecia longínqua. — Quando era uma menina, Mikhail matou a minha mãe.
Não sabia então, mas esperava que eu chegasse a meu trigésimo aniversário antes de vir atrás de mim. — Olhou-o, e seu fôlego ficou apanhado quando viu a dor absoluta em seu rosto.
— Faz onze anos, estava trabalhando como repórter quando me encontrou. Chamou minha atenção ao matar a mulheres que se pareciam comigo. Maeve e sua irmã estavam na universidade em SUNY, quando marcou sua
morte. O filho de puta as sequestrou então, torturou-as e assassinou Rebecca, enquanto Maeve assistia... — Ela sacudiu a cabeça. — Nunca se recuperou da perda de sua irmã.
— Depois, os pais de Maeve sentiram que algo mudou em sua filha, mas não podiam saber o que. Depois de uns meses, um ano talvez, ela tomou a decisão de sair de suas vidas. Maeve sentiu que causava mais
dor e que era um aviso constante do que tinham perdido. A verdade é que eles a decepcionaram. Não havia maneira em que ela pudesse dizer a verdade, e acredito que eles acreditavam que ela tinha mais haver
com a morte da Rebecca.
O estômago de Quinn se revolveu. Sua família era inseparável, e não podia imaginar perder nunca seu amor eterno e apoio.
— Foi Maeve, quem conheceu Mikhail e o apresentou a sua irmã. — Shai se levantou da cadeira e começou a passear. — Ela se sente responsável pelo que aconteceu.
— Mas isso é uma loucura.
— Estava total e completamente devastada apesar de que não admitiu. Em um período relativamente curto de tempo ela perdeu sua irmã e a sua família — Ela pôs seus braços contra o respaldo da cadeira que
acabava de deixar. — Só posso assumir que ela acredita que com o assassinato de Mikhail, a alma de sua irmã encontrará a paz e talvez ela possa expiar o que aconteceu. Desde que deixou a sua família esteve
treinando-se para chegar a ser forte física e mentalmente antes de poder tomar Mikhail. Minha conjetura é que pensa que o feitiço de união é a chave do êxito… Quinn se sentia perdido. Como podia ter perdido
isso? Ela falou do feitiço de união em várias ocasiões e ele pensou que seu interesse era incomum, mas não impossível. Mas isto era inimaginável. Nem sequer a mente mais criativa do mundo teria visto chegar
esse cenário.
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— O feitiço a matará. — Disse ele.
Os olhos de Shai se ampliaram.
— Como?
Não era possível estar sentado por mais tempo, ele ficou de pé e caminhou para a lareira. — Necessita-se uma bruxa com experiência para dirigi-lo de maneira efetiva. Requer-se uma grande quantidade de
poder para convocá-lo a diferença de muitos feitiços, este tem que ser mantido por um fluxo constante de energia. — Apoiou sua mão sobre o suporte da lareira. — A maioria dos conjuros requerem só uma explosão
de energia, enquanto que este necessita ordens prolongadas. Necessitam-se anos para aperfeiçoar essa habilidade.
Ele olhou as mãos, mãos que jogaram muitos feitiços, incluindo o A'bhais Cadail. Mas, poderia fazê-lo de novo? Havia muito poucas bruxas que poderiam completar o feitiço com alguma medida de êxito.
—Cuidará disso?
A maravilha na voz de Shai chamou a atenção. Estava olhando algo no terraço, e ele se aproximou para ter uma melhor visão. Um enorme corvo estava de pé na penumbra, antes do amanhecer, e sua atenção estava
centrada em Quinn. Olhando fixamente aqueles olhos negros inteligentes, soube que não era pássaro ordinário.
— Shai, pode me dar uns minutos?
— Uh, sim. Claro, Quinn. Fecharei a porta.
Quando ela se foi, a porta do terraço se abriu e o corvo entrou na sala como se ele pertencia ali. Quinn olhou a Shai e, a julgar por sua expressão soube que estaria respondendo a suas perguntas mais tarde.
Ela se foi sem dizer uma palavra, fechando cuidadosamente a porta atrás dela. Quinn se deixou cair na cadeira que tinha desocupado antes.
— Olá, pai.
O pássaro voou para a cadeira onde se sentou Shai. Estendendo suas asas, a criatura com plumas mudou a sua forma humana. Vestido completamente de preto, Keirgen era um homem de aspecto distinto com o cabelo
tingido de ouro e com prata nas têmporas e olhos marrons que riam.
— Como está a família? — Perguntou Quinn.
— Seus irmãos e irmãs estão muito bem, e sua mãe te manda um beijo. Está um pouco irritada porque não esteve em contato com ela a respeito de assistir à festa de Samhain este ano.
— Fez um gesto com um dedo censurando a seu filho. — Ameaçou vir atrás de você com seu pau de macarrão.
Ele sorriu ao pensar na pequena madrasta em pé de guerra. Delicada e de bom caráter, Emme era uma delícia e nunca faria mal a uma mosca... A não ser que fosse provocada.
— Quero voltar para ela, mas estive muito ocupado ultimamente… Agora bem, essa é uma subestimação.
Keirgen assentiu, com seu olhar penetrante.
— Parece cansado, meu filho…
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Deixa meu pai ir ao ponto.
— Estou. Foram dias difíceis — Ele fez um gesto para as taças de brandy. — Quer uma taça?
— Não, obrigado, eu não gosto de beber e voar. Dá vertigem. — Se inclinou para frente. — Acredito que sabe por que estou aqui. Ouvi histórias inquietantes a respeito de sua mãe.
— Ela não é minha mãe. — A voz de Quinn foi firme. — E chamá-la assim é uma afronta a sua esposa. Emme me criou, e a considero minha mãe.
— A encantaria te ouvir dizer isso. — Keirgen sorriu depois esse sorriso se desapareceu rapidamente. — Ouvi rumores de que planeja chamar o Aquelarre para que una suas forças com alguém, com um vampiro,
para derrocar o Conselho de Anciões.
— Com Mikhail?
— Possivelmente, provavelmente. — Ele assentiu. — Depois do ano passado não acredito que possamos pôr nada além dele. Escutei outro nome também, Gabrielle DesNoir. Ela diz que Mikhail é seu consorte e
um vampiro com menos idade, perto de uma centena de anos de idade.
Quinn franziu o cenho.
— Que espera Mortianna obter com isso?
— O poder sobre os vampiros e weres? Não sei ao certo. — O olhar de seu pai foi direto. — Uma coisa é certa. Mortianna quer a vida de um vampiro que agora está protegendo, e fará tudo para consegui-lo.
— Incluindo usar a uma inocente.
— Isso é um fato. — Kiergen assentiu. — Essa mulher fará tudo para avançar em sua causa, incluindo a destruição de sua própria carne e sangue. Não há custo muito alto para ela.
Incluindo Maeve. Quinn tomou uma respiração profunda. Seria essa a razão pela que a bruxa concordou a ensinar Maeve o feitiço? Acreditava que por levar a amante de seu filho o impediria de fazer algum
movimento contra ela? Embora pudesse que não fosse a soma de seus planos, tinha a sensação de que Maeve tinha um lugar destacado.
Então tudo se reduz a isto.
Inclusive sem perguntar entendia o que seu pai estava dizendo. Como seus filhos, ele era o único que podia frustrar os planos de Mortianna. O delicado equilíbrio de poder no seu mundo pendia de um fio.
Se Mortianna tinha êxito em ajudar Mikhail a acabar com o Conselho, a vida de muitos inocentes seria o custo.
Até a morte de Bliss, Mortianna tinha sido férrea no reino das bruxas. Não era que fosse uma criatura social, e sempre tinha evitado o centro de atenção. Quando pediam assuntos mágicos, tinha sido conhecida
pela justiça em seus julgamentos, embora seus castigos tendiam a ser duros. Não tolerava aos tolos, e deixava que isso se soubesse ao longo e ao largo.
Entretanto, a maré tinha mudado. Nos últimos meses, a taxa de mortalidade entre os preternaturais e bruxos tinha aumentado de forma espetacular. A razão se dizia era Mortianna.
Dizia-se que com a perda de sua filha, a bruxa tornou se desequilibrada, arremetendo contra os que a rodeavam.
— Sinto que tenha chegado a isto, meu filho.
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Viu a tristeza genuína na face de Keirgen.
— Sei, Pai.
— Um menino nunca deveria ter que escolher entre o correto e sua família, mas há momentos em que as decisões difíceis devem fazer-se. Esta é provavelmente uma das mais difíceis… Algo morreu dentro da alma
de Quinn e aceitou as palavras de seu pai.
— Está certo. Quando a impedi de matar Maeve, sabia que um enfrentamento era iminente.
— Respirou fundo e soltou o ar lentamente. — Assim agora tenho que decidir o que farei a seguir.
O que pode me dizer a respeito dos seus mini demônios?
— Insetos repugnantes. — A face de Keirgen se retorceu como se tivesse comido algo podre.
— A água faz que se dissolvam como açúcar em pó, e seu aroma é repugnante. Muitos especularam quanto ao que são e de onde vêm, mas só ela sabe com certeza.
— Isso explica muitas coisas. — Disse a seu pai a respeito dos cadáveres peculiares que tinham encontrado uns dias antes.
— Quero que saiba algo sobre Mortianna. — Keirgen se levantou de sua cadeira e pôs uma mão no ombro de Quinn. — Ela nem sempre foi assim. Os primeiros anos de nosso matrimônio eram bons, muito bons. Era
uma mulher diferente então. Sabia que ela tinha um lado escuros, todos temos e quando descobriu que estava grávida, mudou diante meus olhos. Sempre me perguntei milhares de vezes se havia algo que poderia
ter feito para ajudá-la… — Para poder ajudar a alguém, essa pessoa tem que desejar ser ajudado.
— E ela não queria ter nada haver comigo uma vez que te carregava. Talvez sentisse que eu cumpri meu propósito. — Ele olhou à distância. — Quando a deixei levei seu maior presente do mundo, e esse foi
você… — Obrigado. — Quinn sentiu apertar-se sua garganta e seus olhos queimaram. —Você, Emme e meus meios-irmãos são tudo o que necessitei para conseguir um bom começo na vida.
— É mais do que poderia jamais ter esperado de um filho, e me faz sentir orgulhoso. — Deu a Quinn um apertão de ombros antes de afastar-se, dirigindo-se às portas francesas. — Direi a Emme que o espere
para o Samhain. — Piscou os olhos um olho a seu filho. — E talvez possa impedir que venha atrás de você com seu pau de macarrão.
Quinn fez uma careta.
O sorriso de Keirgen desapareceu.
— Seu destino está diante de você, filho. Caminha na luz.
— Caminha na luz. — Ecoou Quinn.
Um manto de inevitabilidade se assentou nos ombros de Quinn enquanto seu pai saía à manhã cedo. Transformando-se uma vez mais em corvo, Keirgen voou para o céu brilhante. Por um momento, Quinn desejou
poder seguir a seu pai, mas a sensação passou logo. Sabia o que tinha que fazer.
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— Então me diga, revenant, o que é o que quer com o feitiço de união? O tom condescendente de Mortianna encrespou os nervos de Maeve que já estavam alterados. Ela esfregou os olhos, tentando livrar-se
da falta de claridade em sua cabeça. Quando a bruxa fechou a capa a seu redor, ela perdeu a consciência só para despertar no que supunha fosse a casa de Mortianna. Acomodando suas feições em uma fachada
tranquila, encontrou-se com o olhar da mulher.
— É importante para que necessito o feitiço?
As sobrancelhas de Mortianna se arquearam, e Maeve captou o brilho de aprovação em seus olhos. A bruxa assentiu antes de voltar sua atenção a uma mesa carregada com uma grande variedade de objetos curiosos.
— Não me importa por que necessita o feitiço. É mera curiosidade. — Tomou uma folha fina de pergaminho de marfim então, selecionando uma pluma negra de um recipiente de vidro. — Ao te dar o feitiço, romperei
milhares de anos de silêncio. Nunca se deu a uma não bruxa e o número de nós que sabem está diminuindo. — Ela escolheu um pequeno bote de líquido vermelho. — O que estou te oferecendo é como um golpe de
estado. — Baixou a ponta da pluma no líquido e começou a escrever. — Muitos morreram na busca deste conhecimento… O que machucaria dizer.
— Tenho uma conta pendente com alguém…
— E isso requer um A 'bhais Cadail? Agora bem, isso é interessante, por certo. — O som da pluma sobre o pergaminho se deteve e Mortianna a olhou. — A vingança é um motivo que posso entender. Parece ser
que temos muito mais em comum do que pensava. Quem é? Um mortal?
— É um vampiro.
— Ahh, isso o explica tudo. — Ela assentiu lentamente. — Posso perguntar em quem quer utilizar este feitiço?
— Mikhail de Kiev, é o vampiro que matou minha irmã.
A expressão da bruxa pareceu surpresa, mas se recuperou rapidamente.
— Parece que te subestimei, porque aponta alto. — Ela se voltou uma vez mais, e depois ficou a escrever.
— O feitiço de união funciona em um vampiro com seu poder?
— OH, sim. O feitiço de união funciona em qualquer criatura viva. Entretanto, uma coisa se interpõe em seu caminho.
— E essa seria?
O som de saltos de agulha sobre a pedra soaram no corredor, e Maeve se esticou quando um beijo de cabelo fresco tocou a pele. Seus olhos se estreitaram, e seus sentidos sobrenaturais gritaram a chegada
dos mortos. Vampiro.
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O som de escrever se deteve.
— Conheceu minha nova amiga, Gabrielle?
Gabrielle DesNoir, a consorte de Mikhail, entrou na sala. Maeve nunca conheceu à mulher, mas ouviu as histórias. Com a mais bela pele, seus olhos azuis eram penetrantes sobrenaturalmente e seu cabelo era
negro como a noite. Vestida de couro preto do pescoço até os dedos do pé, parecia um feto de Satanás.
O estômago de Maeve revolveu. Desde quando Mortianna se declarava amiga dos mortos vivos? Isso não podia ser bom.
— Não formalmente. — Os lábios dela estavam rígidos.
— Maeve Leigh? Por fim nos encontramos. Ouvi falar muito a respeito de você. — Gabrielle sorriu e Maeve alcançou a ver suas presas. Só aos jovens brilhavam os dentes assim. Shai estava certa. Esta é vã
e opera sob sua própria agenda e de ninguém mais.
— É curioso, eu não ouvi nada de você. — Ela manteve seu tom de voz suave.
Os olhos de Gabrielle se estreitaram, e Maeve soube que tinha cotado um golpe. A expressão da vampira se iluminou e seus lábios escarlates se estenderam em um sorriso falso.
— OH, sei. — Ela estalou os dedos. Confundi-a com sua irmã. Mikhail fala dela muito alto.
Maeve não soube como ficou sentada quando o que realmente queria fazer era separar a cabeça de seus ombros. As palavras de Gabrielle a golpearam em seu centro, mas estaria condenada ao inferno antes que
deixasse saber a vampiro afogando-se em seu primeiro sangue.
— Bom, somos gêmeas.
— Acredito que “fomos” é o termo mais preciso. — O sorriso dela se alargou.
— Agora, senhoras, embainhem suas garras e fiquem a trabalhar. — Um gorjeio de risada escapou de Mortianna. — Acredito que todos podemos nos beneficiar da experiência do outro, e seria melhor se formássemos
uma aliança.
Interiormente, Maeve resistiu. Ela não tinha nenhum desejo de entrar em nenhum tipo de relação com a vampiro. Enquanto Gaby fosse mulher de Mikhail, Maeve não queria ter nada haver com a cadela. Enquanto
Maeve faria quase tudo por obter seu objetivo, tratar com a sanguessuga podia ser o motivo de sua ruptura.
— O que necessitamos dela? — Gabrielle a olhava como se acabasse de sair de debaixo de uma rocha.
— Um montão. Saiba Maeve ou não, ela é a chave para nossos planos.
Maeve olhou à bruxa, mas sua expressão não soltou nada. Seus instintos diziam que corresse, enquanto ao mesmo tempo seu corpo se negava a obedecer.
— O que quer dizer com isso, Mortianna?
— Gabrielle, veio para mim com uma proposta fascinante. Pede a assistência dos bruxos para que Mikhail derrote o Conselho de Anciões. Eu, a minha vez, quero a cabeça de Damien St.
James em uma bandeja. — A bruxa sorriu, e não foi uma vista agradável. — Aí é onde você entra.
Maeve se levantou da cadeira. Tomou toda sua força manter os joelhos fechados e os pés cravados no chão. Pensou que não havia nada que pudesse interpor-se em seu caminho de
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derrubar Mikhail, mas estava ali, e tinha tomado ver a bruxa para dar-se conta disso. Não importava o que acontecesse com ela, mas sacrificar seus amigos era o único preço que não estava disposta a pagar.
— Não posso te ajudar. Quinn nomeou a si mesmo tutor de Sinjin, e posso assegurar, que não empreendeu essa tarefa à ligeira.
— Ele voltaria a considerar se você pedisse.
Maeve engoliu seco e olhou para a bruxa.
— De verdade espera que convença a seu filho a renunciar Sinjin por você?
Mortianna assentiu.
— E em troca, te darei o feitiço.
Maeve se deu conta de que a bruxa pensava que já tinha ganhado. Não havia nenhuma razão para que pensasse que Maeve mostraria alguma lealdade para o vampiro, já que era um segredo a vozes que ela guardava
no castelo contra sua vontade. É óbvio, esperava que retornasse ao vampiro porque a maioria assumiria que tinham uma relação conflitiva.
Por não mencionar o fato de que a mulher não sabia absolutamente nada de seu filho.
Uma vez que Quinn interveio para proteger Sinjin, a única maneira de que ele recuasse era quando o vampiro pudesse cuidar de si mesmo. Nada que se pudesse dizer ou fazer trocaria sua opinião, nem sequer
Maeve. Era uma das coisas que mais amava dele.
— Não. — Disse ela.
O sorriso de Mortianna desapareceu.
— O que disse? — A incredulidade coloriu sua voz.
— Já me ouviu a primeira vez. Não o farei.
— Bom, não é valente? — Gabrielle começou a rir, e ela assinalou com o dedo a Maeve. — Tola também.
— Pediu-me o feitiço para romper milhares de anos de tradição de minha espécie, mas não me fará um pequeno favor? — Com cada palavra a voz da Mortianna se fazia mais forte.
— Não se engane. Romperia a tradição em um instante se funcionasse a seu favor. — Maeve sacudiu a cabeça. — Essa não é um pedido insignificante, Mortianna. Está me pedindo que traia dois homens bons, valentes
e isso não o posso fazer. É seu filho.
— Eu não tenho filho. — Trovejou Mortianna. — Minha única filha, minha preciosa filha, jaz morta na outra sala, e objeta comigo a respeito da traição? Não é o maior pecado destruir a alguém que ama? Se
alguém souber disso, seria você.
Se essa conversa tivesse tido lugar antes que Maeve e Quinn se reunissem, provavelmente estaria de acordo com ela. Mas já não era a mulher que era fazia uma semana e tinha que agradecer a Quinn por isso.
— Sinjin não teve nada haver com a morte de Bliss. — Começou a dizer.
— Ela está morta por causa de que um vampiro pôs suas mãos sobre ela. Nada disto teria acontecido se ele ficasse longe de minha filha.
— E ela ficou longe dele? — Maeve disparou de novo — Bliss veio a ele de boa vontade. Já te
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disse isso.
— Ela me traiu!
A imagem de Mortianna brilhou, mas se fraturou antes de voltar para si mesmo como um mau sinal de televisão. Isso não podia ser bom.
— Com quem está mais zangada, Mortianna? — Mantendo o olhar na bruxa, Maeve se aproximou da porta. — De que Sinjin se apaixonou por sua filha, ou com ela por tê-lo amado também?
— Nunca devia tê-la tocado. Não tinha nenhum direito… Mortianna se aproximou dela. A piscada se fez mais forte e estranho através da estática e Maeve vislumbrou uma velha enrugada com o cabelo cinza aço
e os olhos nublados pelas cataratas.
Quem era a bruxa de verdade?
— Esse vampiro conhecerá minha vingança, como seus companheiros no reino da escuridão.
— Continuou ela. — Ou está comigo ou contra mim. Escolhe agora… — Acredito que ambas sabemos a resposta a isso. — Maeve se afastou.
Imediatamente se deu conta de seu engano quando um picar louco saltou à vida entre seus ombros. Começou a recuar quando algo a agarrou pela parte traseira do pescoço. Dedos gelados se afundaram em sua
carne, e ela deu meia volta para fazer frente a Mortianna.
Dando a ordem de tomar a faca de sua bota, surpreendeu-se ao encontrar que seus músculos não respondiam. Ela lutou contra as invisíveis ataduras, mas não serviu de nada.
Ela estava tão impotente como uma mariposa cravada em um cartão de amostra. Seu cérebro gritava para que se movesse, que lutasse, mas seu corpo era incapaz de responder à desesperada citação.
— Decepcionou-me. — A voz de Mortianna estava calma.
A piscada estranha cessou, mas Maeve notou que o cabelo ao redor de seu rosto estava completamente cinza agora.
Tinha envelhecido vários anos nos últimos minutos.
— Me deixe tê-la, Mortianna. — Gabrielle se elevou atrás da bruxa, com seus olhos brilhando com sede de sangue. — Nada saboreia tão bem como o sangue da inocência.
A repugnância se meteu debaixo da pele de Maeve. Quando recuperou o controle de seus músculos, quando essa cadela colocasse o braço para tomá-la daria grande prazer chutar o traseiro.
— Sinto muito, mas tenho outros planos para ela. — Mortianna deu a vampiro um olhar fresco. — Umas semanas mais no calabouço a convencerão de reordenar suas prioridades.
O pequeno lugar de esquecimento.
Ela ouviu histórias de horror dos poços. Estavam acostumados a matar os inimigos mais de mil anos atrás. Geralmente, construído na ladeira de um castelo ou fortaleza, eram pequenas câmaras com paredes
estreitas e escorregadias e estacas de metal ou picos na parte inferior. Os homens eram jogados pelo poço e empalados. Se tinham sorte morriam de forma rápida, se não
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podiam durar semanas. Alguns inclusive tinham janelas estreitas cortadas neles para os condenados. Podendo ver outros seguir com suas vidas enquanto esperavam morrer. O terror voltou para a vida enquanto
Mortianna obrigava Maeve a mover-se. Com um gesto da mão, uma porta apareceu em um canto escuro da sala. O horror bateu uma tatuagem em seu peito enquanto era lançada à escuridão. A bruxa tomou uma tocha
e segundos mais tarde a tocha explodiu em chamas. Tomando a iniciativa, Mortianna conduziu Maeve por um corredor estreito e sinuoso que conduzia profundamente na terra. O piso liso deu passo a um caminho
de terra desigual, enquanto foram ainda mais profundo. O aroma de mofo e a decomposição enviou calafrios por suas costas. Muito cedo, chegaram a seu destino, com um buraco no chão do tamanho de uma mesa
redonda. Um grito afogado se encerrou em sua garganta quando Mortianna a levou para a cornija.
— Durante sua estadia no calabouço quero que pense nisto. A bruxa acendeu outra tocha pendurada na parede enquanto sustentava a outra na mão.
— Já que é imortal, terá o prazer de experimentar algo que poucos mortais nunca fariam.
Bem... — Seu sorriso era fraco. — O experimentarão, cedo ou tarde, mas não ganharão o estar aqui para contar sua história. Uma e outra vez, seu corpo mortal morrerá na fossa, e sua alma imortal rejuvenescerá
seu corpo. Dependendo de quanto tempo te mantenha aí abaixo, poderia ser um ciclo sem fim de vida e morte.
Se as olhadas matassem, Mortianna seria um montão de cinzas nesses momentos.
Maeve lutou contra suas invisíveis ataduras, surpreendendo-se quando as arrumou para mover uma perna uma fração de polegada. Com muito gosto renunciaria a sua vida para sentir o punho de sua espada na
mão.
— Tenho que admitir que tenho muita curiosidade disso. — Continuou Mortianna com tom pensativo. — Pergunto-me quantas vezes um imortal pode morrer antes de que sua alma se dê por vencida, e não se levante
mais. Suponho que isto poderia ser um tipo de experimento.
Gabrielle começou a rir, e Maeve lançou um olhar sombrio.
— Foi um prazer te conhecer. — Sussurrou a vampiro. — É uma pena que não pudesse ficar mais tempo.
Mortianna fez um gesto ao vampiro mais perto.
— Vejamos que tão profundo é o buraco?
— Não, obrigada. — Gabrielle engoliu e depois se separou da borda. Se fosse possível, a vampira estava mais pálida que antes.
Mortianna deixou cair a tocha no buraco. Fez-se menor e mais afogada antes que finalmente desaparecesse, engolida pela asfixiante escuridão.
Imortal ou não, sobreviverei à queda?
— Ah, antes que vá, tenho um presente especial para você. — Mortianna soltou seu apertão em seu pescoço. — Que nunca se diga que não sou uma mulher de princípios. Seu sorriso era zombador, e pôs suas mãos
a cada lado da cabeça de Maeve justo em cima de suas orelhas. Sua visão se atenuou.
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— Um pouco de algo para que te faça companhia na escuridão — A voz da bruxa foi apenas um sussurro. — Uile fois... O dom do conhecimento... Uma dor aguda atravessou seu crânio, e Maeve gritou. Já não sentia
seu corpo como fragmentos de gelo ralado em sua mente. Milhões de imagens se explodiram contra sua consciência, algumas conhecidas e outras desconhecidas para ela. Não estavam organizadas, e sim revoltas
como um caleidoscópio em mãos de um menino de dois anos. A dor parecia não ter fim enquanto seu corpo e sua mente se voltavam loucas, uma casca de si mesmo mortal. Mal sentiu Mortianna soltando-a. Ela
provou sangue e foi incapaz de formar um pensamento coerente, enquanto o presente da bruxa tomava o controle de sua mente, corpo e alma. Imagens quebradas caíram diante seus olhos como uma apresentação
de slide em avanço rápido. Os bits da conversa em vários idiomas, aquelas que nem sequer conhecia, encheram os ouvidos e de algum jeito ela entendeu o que diziam. Sentiu a bruxa a seu lado, e a carícia
fria enquanto a beijava na bochecha.
— Que durma bem, minha filha. Voltará para mim com suas lealdades firmemente estabelecidas, e juntas alcançaremos a grandeza. — A voz de Mortianna atravessou sua mente. — Seu destino te espera. Uma mão
suave acariciou a parte baixa de suas costas, justo o suficiente para empurrá-la a insondável escuridão.
CAPÍTULO 11
— Dá-se conta de que estamos dispostos a morrer antes de entregar Sinjin a essa louca? — Os olhos de Val estavam bastante escuros com desagrado. Shai deu a Quinn um olhar que declarava sua compreensão,
enquanto puxava a manga de seu amante.
— Essa é a mãe dele. — Sussurrou ela.
— Algo que deveria nos ter dito antes. A mulher está fodidamente louca. — Val sacudiu sua mão e depois se afastou.
Em silêncio, Quinn reconheceu a verdade de sua declaração. Quando era menino, desejou ter uma relação com Mortianna embora agora se dava conta do que isso teria custado. Mesmo assim, havia uma parte dele
que ainda desejava seu reconhecimento.
Sua educação tinha sido idílica e Emme foi a mãe perfeita. Ela tinha sido quem cuidou dele quando esteve doente, enfaixando suas feridas e dando chutes no traseiro quando precisou. Ele nunca careceu da
figura da mãe amorosa porque recebeu exatamente o que necessitava de sua madrasta.
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A ironia é que todo esse tempo era que ele imaginou um buraco em sua vida que tinha sido criado pela ausência de Mortianna. Agora se dava conta que a tolice que a crença do buraco imaginário foi unicamente
de sua criação, e tinha que agradecer a Maeve por ter dado a claridade que necessitou. Equivocou sua viagem para assegurar-se que, em sua mente, sua redenção o tinha levado a compreensão de que não estava
enfraquecido pela traição de sua mãe. Em troca, sua rejeição se fortaleceu. Forjado de aço, este se esquentava uma e outra vez para criar um novo metal, mais duradouro que o anterior. A pessoa ia pelo
mesmo processo com suas experiências de formação na vida e com o aperfeiçoamento que eles estavam destinados a ser. Agora só esperava ter a oportunidade de agradecer à mulher que amava. Amor. Um sentido
de maravilha se expandiu através de seu peito e sorriu. Amava-a. Maeve tinha um espírito feroz que ele amava profundamente, de maneira irrevogável apesar de que ela não o via como tal. Seu humor, sua valentia
e sua vontade de pôr tudo na linha dizia ao mundo quem era ela, sem importar quão duro tratasse de ocultar seu ponto débil. Seu sorriso desapareceu. Ela tinha também uma grande quantidade de dor. Duvidava
que tivesse tido a oportunidade de levar seu duelo pela perda de sua irmã e de sua vida como ela a conhecia. Mas em vez de deixar que um acontecimento terrível a derrotasse, tornou-se mais forte que antes.
As oportunidades com Mikhail eram uma temeridade ao extremo, mas não podia deixar de admirar sua grande determinação. Maeve era um inferno de mulher. Quinn olhou a Shai.
— Mortianna não foi uma mãe para mim. Minha madrasta, Emme, tomou seu lugar e ela é minha mãe em meu coração. Até faz uns dias, nunca tinha tido nenhum contato com Mortianna.
— O que provavelmente foi algo bom para você. — Ela bufou. — A velha louca Biddy necessita que alguém deixe cair uma casa sobre ela… Ele sorriu. Este pequeno vampiro com uma boca grande recordava a sua
irmã menor, Lavander. Ambas eram preciosas, loiras e irreverentes por completo.
— Palavras mais verdadeiras nunca se ouviu. — Seu sorriso desapareceu. — Agora o que preciso saber é onde está, Shai. Se agir contra Mortianna, necessitarei toda a ajuda que possa conseguir.
Uma luz desviou entrando em seus olhos e ela deu um passo mais perto.
— O que tem em mente?
— Necessito que reúna às tropas. Iremos a uma pequena viagem.
— Sério? — Ela juntou as mãos a seu peito. — Amo viajar pela rodovia. Aonde vamos?
— OH, não direi isso. — Ele sorriu e sacudiu a cabeça. — Isso seria arruinar a surpresa.
— Desmancha-prazeres. Posso te garantir que Val saltará com ambos os pés até que saiba o que está planejando. Meu homem é muito cauteloso.
— Diga que explicarei mais adiante. Agora se mova. Não temos tempo que perder.
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A escuridão a afogava.
Com a cabeça palpitando, Maeve se apoiou contra a parede. A fria pedra se sentia celestial contra seu maltratado corpo e ela fechou os olhos. O desejo de deitar-se e dormir era forte, mas não podia ceder.
Não tinha ideia de quanto tempo esteve em sua prisão embora certamente não teria sido muito mais que um dia ou dois. Tinha fome e venderia sua alma por um copo de água, mas não tinha nenhuma. Manchas brilhantes
de luz cintilaram contra suas pálpebras enquanto tentava uma vez mais reconstruir como tinha terminado ali. Decidiu que não podia confiar em suas lembranças, porque não podia acomodá-las em uma ordem que
tivesse sentido. Estavam desarticuladas, igual às imagens soltas em um álbum de fotos. Abre outra página e as deslize entre seus dedos. Os únicos bits que sabia com certeza era que foi com a bruxa de boa
vontade, e Mortianna tinha exigido trair Sinjin, em troca do feitiço que ela necessitava. Além disso, tudo estava em branco. Em um minuto ela discutia com a bruxa e no seguinte estava ali, nas profundidades
da terra rodeada pela escuridão e o fedor insuportável do enxofre e da decadência. Como de perto estaria o inferno? Estirando a perna, seu pé tocou outro osso. Este se deslizou pelo chão irregular. O calabouço
estava semeado de ossos humanos, ou pelo menos pensava que eram humanos, e de pedaços de roupa podre. De vez em quando ouvia o ruído de ossos movendo-se e o tamborilar de pés pequenos na escuridão. A cadela
esteve equivocada. Maeve não estava sozinha depois de tudo. Um sorriso reticente puxou de sua boca. Parecia que Mortianna não conseguiu seu desejo, depois de tudo. Seu sorriso desapareceu. Por outra parte,
ela tampouco. Uma imagem de Quinn brilhou antes de enviar uma pontada de tristeza diretamente por seu coração. Só estiveram juntos uns dias, mas ela tinha muitas lembranças dele. Ao conhecê-lo, ela tinha
decidido que era um bastardo total. Brusco e crítico, agora se dava conta que sua fachada rude era o refúgio de um coração ferido. Saber que sua mãe o considerava dispensável teve que ser mal, e era razão
suficiente para seu comportamento. Se as posições se invertessem não teria havido maneira que ela tivesse sido a metade de generosa ao ir nessa busca. E uma vez que estiveram confortáveis ao redor do outro,
mostrou um lado diferente. Ele falava a sério a maioria do tempo, mas quando ria, o fazia com tal abandono que ela não podia evitar a não ser pagar com a mesma moeda. Seu sorriso era suficiente para dobrar
os dedos dos pés de qualquer mulher e ele podia fazer sanduiches de manteiga de amendoim e geleia.
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Quem sabia que os homens poderiam cozinhar?
E quando despertava, seus olhos se voltavam de cor escura, de um tormentoso azul. Só por ele sustentar sua mão a excitava. O aroma de sua pele era suficiente para lançá-la a borda. As lembranças de suas
mãos sobre seu corpo a deixaram sem fôlego. Até Quinn ela considerou o sexo necessário como uma função corporal, mas com ele se transformou em muito mais. Havia ensinado o que era fazer amor.
— E o traí... — Sua voz ricocheteou nas paredes e voltou várias vezes a ela antes de desaparecer.
Ela estava tão centrada em sua vingança que perdeu o que ele podia ter dado.
Amor.
Compaixão.
Aceitação.
As coisas que ela desejava tão desesperadamente e não tinham existido em sua vida.
Bufou. Pena que não se deu conta disso antes de ter ido, porque já era muito tarde.
Quando Quinn recusou seu pedido, ela não o tinha pensado duas vezes a respeito de seus sentimentos. Esteve centrada nesse objetivo durante tanto tempo que mal recordava sua vida antes. Tinha sido unicamente
sua memória que a conduziu a sua queda.
Inclusive Mortianna disse que dar o conhecimento iria contra milhares de anos de tradição.
Ou é óbvio ele teria se negado. Era um homem honrado que assumia sua responsabilidade a sério.
Ele não romperia suas crenças tanto como ela podia perdoar o homem que destruiu sua vida.
Sim, ela realmente o tinha quebrado desta vez.
A verdade esteve em sua cara, e ela viu até agora. Ele representava tudo o que ela alguma vez sustentou em seu coração, e ela se afastou desta vez.
Maeve se enrolou no chão. Os soluços sacudiram seu corpo e por uma vez deixou de detêlos.
Seu desejo de vingança era uma emoção válida em um sentido, que perdeu à pessoa mais querida para ela, por isso tinha sido natural para ela desejar que Mikhail pagasse por seus crimes.
Entretanto, no lapso limitado de toda uma vida, ela tinha sido uma tola.
Nada retornaria Rebecca e em penitencia Maeve permitiu que sua vida se convertesse em uma brincadeira do que sua irmã uma vez tinha sido. Seus anos de planejamento e capacitação, tudo para derrocar um
assassino, não serviu de nada. Sua irmã nunca teria querido que seu assassinato tivesse consumido a sua irmã gêmea e isso era exatamente o que aconteceu.
Quando Mikhail destruiu sua irmã, Maeve permitiu atirá-la sem lutar. Ela também morrera junto a sua irmã, só que tinha tido onze anos para dar-se conta. Durante todo esse tempo pensou que estava sendo
forte e tomando as rédeas de sua vida quando em realidade Mikhail ganhou. Ela havia jogado direto em suas mãos. Como estúpida podia ser?
Depois de um tempo suas lágrimas pararam e ela ficou no chão com a sensação de estar completamente derrotada. Era possível inclusive sentir-se inferior a ela agora? De algum jeito não acreditava.
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— Move seu preguiçoso traseiro, Maeve. Não tudo é como se vê. A voz de sua irmã soando em seu ouvido a sobressaltou, entretanto, o momento era impecável. Esforçando-se por levantar-se ela começou a rir.
Não estava ali muito tempo e já estava ficando louca. Talvez já estivesse morta e não tinha sentido se soubesse. Seria este o outro lado? Ao abrir os olhos se esforçou por fazer algo na impenetrável escuridão.
Bem, se este era o outro lado então haveria milhões de seres humanos muito irritados. O céu parecia uma cisterna com um milhar de anos da idade romana.
— O céu? Não olhou ao redor de sua prisão? A quem está tirando o sarro? Poderia muito bem estar no inferno e não saber a diferença.
— Não acredito no inferno.
— Não olhou ao redor sua prisão? Se este não for o inferno, não sei o que é… Um meio soluço, meia risada escapou. Suas alucinações soavam igual a Rebecca. Ela ia direto ao coração do assunto.
Olhar ao redor era completamente inútil, porque estava muito escuro para ver. Ela tinha ido sobre cada polegada desse asqueroso lugar com suas mãos e joelhos em vão. Tudo o que tinha encontrado eram os
ossos daqueles que tinham entrado e saído antes dela. Não tinha tido o prazer de encontrar inclusive uma fissura ou uma greta, algo que indicasse que podia haver uma saída diferente pela que tinha entrado,
mas não havia nenhuma.
— Não há?
Os cabelos de seus braços arrepiaram. Por que sentia como se estivesse sendo observada?
— Porque está?
— Reb? — Sua voz era pouco mais que um grasnido.
Silêncio.
Sim, ela estava se perdendo. Soltou o fôlego que nem sequer se deu conta que estava contendo. Estava apanhada em um poço com ossos humanos e quem sabe que mais e sua irmã estava falando com ela. Era um
bom momento para assegurar-se.
Tomando a barra de sua camisa limpou os restos das lágrimas da face. Ao abrir os olhos, piscou várias vezes. Sim, ainda estava escuro.
— Tem alguma mais ideia brilhante? — Murmurou ela. Inclinando a cabeça contra a parede, fechou os olhos uma vez mais. O esgotamento puxou seus membros e o desejo de deitar-se era ainda mais forte agora.
Que dano podia fazer uma sesta? Não era como que tinha que estar em nenhum lugar… — Vai mover seu traseiro?
Maeve cambaleou levantando-se. Seu coração pulsava com força. Isso tinha parecido tão real. Mas não podia ser porque Rebecca estava morta. Tinha que estar escutando coisas.
— Se não alucinou depois de comer o verme no Juárez, de verdade acha que o estaria fazendo agora? Aturdida, Maeve saltou sobre seus pés. Quão únicas sabiam a respeito de sua ilícita viagem
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ao sul eram sua irmã e sua irmã de irmandade, Glenda Whitney... E estava bastante segura de que Glenda não se penduraria nos abismos do inferno. Era muito desagradável para uma herdeira Whitney.
— Reb?
— Sim?
Maeve deu a volta e golpeou sua cabeça em uma saliência rochosa. Uivando, agarrou-se a cabeça e se sentou duro.
— Ainda vejo que é engraçada.
— OH, se cale — Espetou ela — Você foi a que tomou aulas de baile. Nossos pais se deram conta logo que eu tinha toda a graça de um hipopótamo com quatro pés esquerdos.
— Isso é correto.
Uma risadinha espectral enviou calafrios por suas costas. Isso era irreal. A dor de onde se golpeou a cabeça diminuiu a um batimento surdo. Poderia ser essa sua irmã? Havia uma só maneira de descobrir.
— Se for Rebecca então saberá o nome do primeiro menino com o que tive uma flechada.
— Bem, pensei que era Jack Gayner, mas estava equivocada. Depois que morri descobri que estava louca por meu namorado, Rob.
Maeve se encolheu.
— E sim, ainda estou zangada por isso.
— Supera, Reb. Foi no sexto ano, e as qualidades que procurava em um homem eram bastante baixas.
— Soa como um bom conselho para mim. Pequena jarra de água.
— Vá à merda.
— Fala como um caminhoneiro.
— OH sim, bem soa como minha irmã...— A voz dela desapareceu.
— Bastante estranho não? Isto teria sido muito útil quando queríamos manter a nossos namorados em fila. No momento em que pensavam em outra garota poderíamos ter aparecido em suas mentes e ter um pouco
de diversão a sério.
Maeve revirou os olhos. Sua irmã tinha estado sempre louca pelos meninos.
Ao parecer, inclusive a morte não tinha podido trocar algumas coisas. Franziu o cenho.
— Mas como pode estar falando comigo?
— Estive te sussurrando no ouvido durante os últimos onze anos, irmã. A diferença agora é que em realidade está me escutando.
— Como? O que mudou?
— A bruxa o fez. Lembra-se de quando te tocou e te sussurrou algo no antigo Escocês?
A dor atravessou sua cabeça e ela gemeu. Apesar de que tinha os olhos abertos parecia como se as imagens projetadas na parede estivessem diante. Gabrielle rindo, com o som ricocheteando em sua cabeça e
ela riu. Depois veio o passeio ao buraco, depois a bruxa atirando a tocha na escuridão. Finalmente na beira do poço a mulher tinha posto suas mãos frias na cabeça
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de Maeve e depois... Nada.
A dor diminuiu pouco a pouco e ela ficou sem fôlego. — Agora me lembro.
— Ela tinha a intenção de te fazer um feitiço, mas falhou. Graças a um deslize de sua língua, deu-te o dom do saber.
— Não sei o que é isso.
— Entre as bruxas se chama o Conhecimento de Séculos, e não temos tempo para que explique isso agora. Neste momento, precisa sair deste lugar, ou tudo estará perdido.
Maeve cambaleou sobre seus pés, cuidando de manter a cabeça baixa nesta ocasião. Saberia Mortianna sem sabê-lo, que havia dado a capacidade de escapar desse inferno? Piscou várias vezes perguntando se
seus olhos estariam falhando. De repente tinha deixado de parecer tão escuro como o fazia antes.
— Foi uma ilusão, Maeve.
Estendendo a mão, ela se deu conta que podia ver a silhueta pálida de seus dedos.
— Que me crucifiquem — Sussurrou ela.
— Acredito que já têm feito isso…
— Sabichona…
Sustentando suas mãos, ela tocou as paredes de sua tumba. Não havia pedras escuras, só quartzo rosa e brilhantes também. O que outra coisa estava oculta de seu olhar?
Com cuidado explorou a área com novos olhos. As paredes ainda estavam perfeitamente lisas, mas tinham raias em branco e negro. Como podia ter perdido isto?
— Bruxaria de alguém?
O coração dela se deteve quando chegou a uma pequena seção do muro que era de um tom diferente ao resto. Seria um truque da luz ou poderia ser essa a saída?
— Importa?
— Só se for a porta da frente de Satanás.
Passando a mão sobre a pedra mais leve, deu-se conta de que havia um corte oco estreito da parede. Entrou nela e enquanto o fazia, esta se ampliou para permitir seu acesso. Avançando, a pedra se voltou
mais transparente antes de cair e ela esteve no outro lado. O aroma do ar fresco enviou a uma sacudida de emoção a percorrer as costas.
Estava na parte inferior de um eixo estreito. Por um lado estavam os pontos de apoio não muito diferentes a uma parede de escalada em rocha. Era muito mais leve aqui e sabia que não estava tão longe da
superfície como tinha pensado.
Voltando atrás, surpreendeu-se ao dar-se conta de que podia ver no calabouço, como se fosse através de uma janela. Seus olhos se abriram quando se deu conta de que não tinha estado sozinha para nada porque
alguém tinha estado olhando-a.
Ela estava olhando a si mesma.
— Ponha-se em movimento, garota. Não se preocupe por ela. Ela está esperando alguém e te alcançará depois.
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Voltando-se e com as mãos tremendo começou a subida à superfície. Maeve só esperava que a mulher que estava deixando para trás encontrasse seu caminho logo.
CAPÍTULO 12
Quinn ficou olhando a fachada da casa de Mortianna. O grande número de janelas no lado sul fazia que o lugar fosse impossível de defender contra um ataque. Tudo o que tomaria a um talentoso franco-atirador
seria um rifle de alto poder e em seu interior qualquer pessoa poderia ser eliminada uma por uma. Por outro lado, só um tolo se atreveria a enfrentar o dragão em sua guarida. Tolo, mesa para um? O caixão
de Bliss parecia estar intacto. Os esbirros estavam reunidos em um círculo fechado ao redor das bordas exteriores da estrela de cinco pontas. De pé dois formavam uma parede. Rodeavam o caixão de Bliss,
assemelhando uma guarda anã de honra de inferno. Mortianna não estava por nenhum lado.
— Entregarmo-nos diretamente em suas mãos?
Alexandre Saint-Juste apareceu a sua esquerda. O líder do Conselho de Anciões os encontrou nos subúrbios de Londres, unindo forças com eles para a próxima confrontação.
— Tenho esse direito. — Murmurou Val. — Como sabemos que isto não é uma armadilha desenhada por você e por sua mãe?
— Não sabem. — Quinn caminhou para a porta principal. — Não podemos nos permitir o luxo de desperdiçar o tempo que tomaria convencê-los de que estou sendo honesto. Por outro lado, vocês o verão por vocês
mesmos logo.
Alexandre pôs-se a rir.
— Suponho que ele ouviu que sua cabeça é dura, amigo.
Val murmurou um ato fisicamente impossível em voz baixa, e Quinn sorriu quando Alexandre começou a rir.
Quando chegaram à porta, Quinn sentiu um momento de hesitação. A iminente confrontação não seria sobre sua irmã, sua amante ou os desprezos imaginados de Mortianna recolhidos como um avaro com montões
de moedas de um centavo. Isto era sobre o bem e o mal, sobre mãe e filho e sentiu como se toda sua vida agora dependesse do que aconteceria nas próximas horas.
— Esta não é sua batalha. — Quinn se voltou para seus companheiros. — Podem ir e não pensarei menos de vocês por fazê-lo.
— Como o inferno que é. — Respondeu Val. — Essa cadela pôs em perigo a vida de meu melhor amigo e se alinhou com Mikhail, que é definitivamente meu problema. Pode tentar me
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deter, mas passarei por cima de você tão rápido que não saberá o que te golpeou. Quinn assentiu, depois olhou a Alexandre.
— Sou o chefe do Conselho de Anciões. — Ele lançou um sorriso irônico em direção a Val. — Tal como é. Tenho o dever de proteger os interesses daqueles a quem sirvo. Se isso significa declarar a guerra
a sua Ma... A Mortianna então isso será o que faça. Esses dois homens eram valentes e se sobreviviam, Quinn se sentiria orgulhoso de chamá-los amigos.
— Não estou seguro de que posso convencê-los de recuar, e isto poderia ficar feio muito rápido. — Disse ele. — Muito bem podemos morrer aqui esta noite.
Val levantou as mãos em sinal de fingida rendição.
— Agora, diz-nos isso?
Alexandre sorriu e olhou para o céu noturno.
— Hoje é um bom dia para morrer.
Tomando isso como sua aceitação, Quinn se voltou e pegou a maçaneta da porta.
— Não deveríamos bater? — Alexandre disse, e Val pôs-se a rir.
— Confia em mim. — Ele sorriu aos dois. — Ela já sabe que estamos aqui.
Antes que pudesse girar a maçaneta da porta esta se abriu. A entrada estava vazia e as luzes de gás piscavam criando um panorama de sombras. Seria fácil confundir o movimento de um inimigo no ataque.
— Tomaremos isso como um convite. — Disse Val, passo a passo através da porta.
Quinn o seguiu, com o Alexandre nos calcanhares. Uma vez que entraram, a porta se fechou com um som muito pequeno.
— Truques de salão. — Murmurou Val em voz baixa com o desprezo gotejando de cada uma de suas palavras.
Quinn os advertiu anteriormente que Mortianna trataria, e os tiraria de equilíbrio com pequenas façanhas de magia. A probabilidade de permanecer com vida se apoiava em sua capacidade para manter-se em
calma e centrados acontecesse o que acontecesse seu redor.
Uma coisa que podia dizer a respeito da bruxa: era previsível.
Os vampiros caminharam atrás dele quando ele se dirigiu à câmara de Bliss. Os esbirros não deram sinais de ser conscientes de que estavam em propriedade particular. O ar estava carregado de tensão.
— Filha de puta. — Vaiou Alexandre. Seu olhar estava fixo no caixão, e seus lábios entreabertos, deixando suas presas descobertas.
Com pés silenciosos Val avançou, empurrando os esbirros fora do caminho enquanto se aproximava do caixão. Alexandre seguiu-o de perto. Os pequenos animais não fizeram nenhuma tentativa de detê-los. Em
seu lugar, reagruparam-se à perfeição como se nada estivesse fora de lugar. Ambos os homens olharam os restos mortais de sua meia irmã.
A expressão de Alexandre estava em branco enquanto a de Val era zangada.
— Por quê? — Perguntou Val — Por que Mortianna não enterrou sua filha?
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Cálculo Habitantes das Sombras 04
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— Porque não posso suportar a ideia de pôr a minha menina sob a terra por toda a eternidade. — Mortianna entrou na sala. — A sujeira pode adaptar-se aos de seu tipo, mas minha filha se manterá em cima
do chão. — Ela se aproximou deles com os esbirros dispersando-se como água diante dela. Vestida com seu habitual preto, a aparência desarrumada de Mortianna surpreendeu Quinn. Sulcos profundos estavam
ao redor de sua boca, e tinha o cabelo completamente cinza. Via-se menor, quase encolhida. Sua magia desapareceu muito desde que a viu. O que causou essa fuga de seus poderes? E por que parecia ser alheia
as mudanças em sua aparência?
— Pelo contrário, Mortianna, não todos os vampiros dormem debaixo da terra. — Respondeu Alexandre. — Muitos de nós dormimos em camas como os humanos.
— Os caixões medem só “16.68”— zombou Val.
Uma pequena mulher entrou na sala vestida de couro preto dos pés a cabeça. Sorriu e suas presas apanharam a luz. Essa só podia ser Gabrielle a consorte de Mikhail.
— Val seu senso de humor é tão refrescante. — Quanto a Alexandre, mostrou suas presas de novo. — Encantada de vê-lo de novo Alex. — Trilou ela. — Vejo que conheceu a minha nova amiga Mortianna.
A bruxa deu ao vampiro um indulgente sorriso antes de dirigir sua atenção para os homens.
— A que devo este prazer, senhores?
— Sabe por que estamos aqui. — Disse Quinn. — Viemos para recuperar Maeve, entre outras coisas.
— A Maeve? — Mortianna fingiu surpresa. — Posso assegurar que está bastante bem.
Chegamos a um acordo mutuamente benéfico, e está perfeitamente contente em permanecer onde está.
— Preferiria escutar isso dela. — Respondeu ele.
— Sinto muito. — Ela sacudiu a cabeça. — Temo que isso é impossível. Está muito ocupada neste momento, já que tem muito que preparar.
— Deu-lhe o feitiço?
— Isso e alguns outros que poderiam ser úteis. — Sorriu ela. — Uma mulher só deve estar preparada para qualquer coisa nestes dias.
Que diabos queria dizer isso?
— Onde está, Mortianna? — Quinn pressionou.
— Ah, sim, tentando estragar minha diversão. — Ela rodou os olhos. — Necessita ajuda para realinhar suas prioridades, assim que fiz a amável sugestão de que necessitava um tempo a sós. Já sabem, para organizar
seus pensamentos antes de proceder.
— Não está nesta casa. — Disse Val. — Não posso senti-la.
— Nem eu. — Disse Alexandre.
— Quem sabia que os vampiros podiam ser tão ardilosos...? — Mortianna agitou suas mãos como se queria indicar o final da discussão. — Basta de falar dela. Temos muitas coisas mais estimulantes que discutir.
— Ela deu um sorriso frio. — Normalmente sou uma excelente anfitriã e
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os convidaria para um refresco. Entretanto não tenho sangue fresco à mão. Quinn se mostrou resistente a deixar o assunto de Maeve, mas no momento não via que tivesse outra opção. Mortianna não renunciaria
a sua causa até que estivesse pronta e tudo que podia fazer era esperar que ela permanecesse a salvo até então.
— Está bem então falemos a respeito de seus planos com Gabrielle. — Ele assentiu em direção à mulher vampira. Mortianna pôs uma mão sobre o caixão da filha. Com uma grande amostra de despreocupação, riscou
uma das costuras na tampa de cristal.
— Por que é de sua incumbência, meu filho?
— Fez meu assunto quando suas ações puseram em perigo a vida de inocentes. — Ele se moveu pelas linhas de seus subordinados usando sua magia para empurrá-los a um lado para não ter que tocá-los. — Historicamente
os bruxos não tomaram partido nem participamos dos assuntos do Conselho. Bliss era um membro do Conselho e deixou claro que falava pelos revenants, não pelos bruxos. Agora, com todos os problemas no mundo
sobrenatural, planeja se unir a Mikhail e Gabrielle e colocar todos a uma guerra que não pode permitir-se.
— E se tivesse que escolher, nunca teria contemplado a ideia. — Sua voz era baixa e estável.
— Em vez que minha filha fosse assassinada por um dos de sua espécie. — Assentiu para Val e Alexandre. — E não me deixaram outra opção que me unir às partes.
— O homem que matou a sua filha está morto. — Grunhiu Val. — Acha que ao se unir a Mikhail poderá mudar o que já passou? O que ganhará com isso?
— O controle do Conselho, é óbvio. — Ela falou devagar, como se fosse uma menina de poucas luzes.
— Que espera obter com o Conselho que não pode realizar por sua conta? — Perguntou Quinn.
— Riqueza, mais poder, a eliminação dos vampiros.
Gabrielle se quadrou.
— Ouça, isso não é o que…
— Se cale, imbecil! — Rompeu Mortianna — Não é nada a não ser uma menina estúpida que deveria ter pensado melhor antes de jogar com uma bruxa com meus poderes. — Seu olhar foi sobre a mulher. — Você e
os seus me adoecem.
Quinn deixou que suas palavras desaparecessem em tolices sem sentido. Deslizando uma mão no bolso, tirou uma bolsa pequena com cordões que juntou ontem à noite. Ele esperava não ter que usá-la, mas o momento
para o compromisso se foi. Sua mãe perdeu o controle, e as coisas estavam se desentranhando mais rápido do que imaginou. Já era hora de que salvasse o que pudesse dessa situação antes que alguém saísse
ferido.
Abrindo a bolsa, colocou os dedos na mistura de talco fino de ervas secas e leite materno.
Tomando uma pitada entre o polegar e o indicador, retirou a mão e a deixou cair ao lado.
Movendo-se lentamente, esfregou os dedos juntos, deslizando o pó em um pequeno, mas constante jorro.
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— Os vampiros… — Mortianna estava dizendo —… Não são mais que parasitas. Alimentamse de humanos inocentes e de garotas como minha Bliss. Destroem tudo o que é bom e o subvertem em algo escuro e mau.
— Isto não é parte do plano.
Se lamentou a vampira. Olhou a Quinn tão zangada que se surpreendeu de que ela o deixasse de pé.
— E uma vez que esteja no controle, meu primeiro mandato será destruir os vampiros. — Riu Mortianna. — Por que ajudar Mikhail assumir o controle quando posso com a mesma facilidade fazê-lo eu mesma? A
primeira vez que veio me deu a entender que seria melhor substituir Saint-Juste. — Olhou ao vampiro, como se estivesse esperando uma reação, mas se decepcionou. — Então me dei conta de que são muito estúpidos
para dar uma tarefa tão importante.
Gabrielle ficou assombrada com a mulher que chamou minutos antes sua única amiga.
— Está louca! — Gritou.
— Vá, demônio! — Mortianna agitou a mão em direção a Gabrielle.
Quatro dos esbirros romperam a formação e se dirigiram para a vampira. Ela fez um som como de gato escaldado. Quase mais rápido do que Quinn pôde piscar ela parou na porta, com seus traços delicados, retorcidos
de raiva.
— Isto não é o último que escutará de mim! — Com seu olhar lançando adagas, Gabrielle deixou os esbirros quentes sobre seus saltos.
— Bem, agora... — Mortianna sorriu enquanto esfregava as mãos. — Agora, onde estávamos?
— O que aconteceu a Bliss? — Perguntou Val. — O que diria a respeito?
O sorriso dela desapareceu.
— Minha filha não pode dizer nada. Está morta.
Quinn continuou sua lenta viagem pela conversa que ia e vinha a seu redor.
Cuidando de manter seus movimentos discretos, dividindo sua atenção entre sua tarefa e a discussão, esperando o momento adequado para saltar.
— O que meu amigo quis dizer é que se Bliss estivesse aqui agora, o que diria sobre seu plano? — O tom de Alexandre foi calmo.
— Por que acha que estou fazendo isto? — Ela esfregou o espaço entre as sobrancelhas. — Por minha filha, por minha bonita filha.
Mortianna franziu o cenho como se estivesse confusa. Seu olhar era distante, fixo em algo que eles não podiam ver. Parecia como se algo acontecesse, e não pudesse pôr seu dedo nisto.
Quinn sabia que era o pó, e ela estava sentindo os efeitos. Ele continuou sua tarefa, movendo-se em um amplo círculo enquanto os encerrava em um círculo de magia.
— Não acha que ela estaria zangada porque esteja tentando destruir seus amigos? — Perguntou Alexandre.
— Bem, é óbvio que o estaria. A tola acreditava que estava apaixonada por St. James. Ele a
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enfeitiçou. Essa é a única explicação que pode haver. — Ela começou a passear. — Nenhuma bruxa jamais poderia amar um demônio chupa sangue. Quinn estava pendente dela enquanto completava o círculo. Apesar
de que não era consciente dos limites, Mortianna passeava dentro de seus limites. Até aí tudo bem.
— Mãe…
A bruxa se deteve e o olhou como se tivesse esquecido que estava ali. Sua dor, gravada em cada centímetro de sua face, era forte e real. Com todos seus defeitos, Mortianna realmente amou sua filha.
Mas não a ele. Nunca a ele.
Ele esperou a dor por vir, mas não chegou. Só um sussurro agridoce ressoou por sua mente ao pensar na separada relação entre sua irmã e mãe. Sua família biológica sem dúvida teria diversão pelo disfuncional.
— O quê? — Espetou ela.
— Não se esquece de algo? — Ele falava em voz baixa. — Era uma vez, Bliss amando a Sinjin com todo seu coração e fazendo um compromisso com ele. — Ele olhou para baixo o rosto sereno de sua irmã. — E ele
a amava como um homem ama a uma mulher. Vampiro ou não, sua filha mortal amou A... Como é a frase?
— Acredito que nos chamou demônios vampiros chupadores de sangue. — Disse Val.
Por um segundo, Quinn pensou que ela ia explodir em chamas. Suas bochechas ruborizaram, e seus olhos adquiriram um tom avermelhado antes que a força se acalmasse.
— Ele a enganou.
— E como obteve isso? O que fez para convencer Bliss de deixar tudo o que conhecia e amava para unir-se com ele?
Ela agitou a mão e voltou para seu caminhar.
— Não sei. Os vampiros têm poderes que nem sequer eu entendo completamente. Minha filha nunca poderia ter amado a um deles. — Ela lhes indicou Val e Alexandre.
Quinn pôs a mão no casulo de cristal da filha de Mortianna.
— Volta a ignorar o fato de que Bliss amou um deles. Ela te deixou pelo homem que amava e voltou só porque disse que se ficasse, acabaria com ele. — Ele acariciou o cristal justo em cima da face de sua
irmã. — Só então ela se foi porque não queria carregar o peso de sua morte em caso de que fosse até o final.
— O que outra coisa se supõe que devia fazer? — O caminhar de Mortianna foi maior.
— Deixá-los viver em paz. — Ele desenhou um pentagrama sobre sua irmã, desembolsando a última parte do pó que se aderia à ponta de seus dedos. — Pensou que tinha ganhado e que sua filha o deixaria e retornaria
a seu lado, mas não funcionou dessa forma, não?
— Não. — A palavra dela foi como um soluço de angústia.
— Tirou sua filha da vida de Sinjin e ao fazê-lo, ela te jogou fora. — Ele se separou do caixão — Ela nunca retornou aqui, não é?
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— Não até que a trouxe aqui faz vários meses. — As lágrimas correram pela face da bruxa.
— Disse-me que nunca poderia me perdoar, e que não poria um pé aqui de novo.
— E cumpriu sua palavra.
— Sim.
— Apesar de que ela fez seu ultimato, ela deixou o homem que amava e agora que se foi, busca trair sua memória matando-o e aos de sua raça. — Quinn sacudiu a cabeça. — Os vampiros não a machucaram, entretanto,
os verá morrer porque você cometeu um erro afastando-os de sua filha? Tem isso algum sentido?
Pouco a pouco, Mortianna voltou o rosto para ele. Estava ainda mais enrugada e murcha agora. Ela parecia ter envelhecido vinte anos nos últimos minutos. Seus olhos brilhavam de ira quando seu olhar se
encontrou com o de seu primogênito.
— Meu único erro na vida foi, permitir que você tomasse seu primeiro fôlego. — Ela o assinalou com sua mão tremendo. — Seu pai era fraco, e criou um menino fraco sobre mim.
Pediu-me que te deixasse com vida e bobamente o escutei.
— Acredito que cometeu dois erros depois. — Quinn sentiu seu olhar em seu corpo e se negou a reagir. Se esse era o poder que ela tinha em um estado de debilidade odiaria enfrentá-la com toda sua força.
— Um que logo terei que retificar. — Ela começou rir.
Assentindo a Val e a Alexandre, ele deu o sinal para dividir-se e vencer. Os dois vampiros se afastaram e Quinn se moveu cuidando de manter a atenção nele enquanto se movia para que ela não notasse que
Val e Alexandre estavam fazendo-o também.
— Poderia matar seu próprio filho? — Perguntou ele.
— Com grande prazer. — Ela estava sorrindo.
Mortianna começou a rir e não foi um som agradável, para nada.
— Não pode ver o panorama completo. Apesar de ser a bruxa viva mais poderosa apenas conheço uma décima parte de tudo o que há. Há recursos não explorados na alquimia por aí esperando ser descobertos. —
Ela agitou seu braço para indicar o mundo fora dos limites da casa.
— Por um preço, é óbvio. — Ele arrastou as palavras.
— Na vida há algumas coisas que não se podem medir. — Encolheu os ombros. — Quem pode pôr limites ao dom do conhecimento ilimitado? Que preço pagaria por um coração desejoso? O que seja e tudo, Quinn.
Isso é o que a maioria sacrificaria por esse tipo de poder.
Como sabia. Pensou em Maeve e em sua sede de vingança. Não podia deixar de perguntar se não ainda estaria tão ávida de vingança, agora que passou um dia em companhia de Mortianna.
— Nem todos nós somos mercenários. — Ele falou em voz baixa. — Se não puder me olhar no espelho a cada manhã e não gostar do que vejo, o preço é muito alto.
— Louco! — Mortianna deu uma gargalhada. — É fraco igual a seu pai.
Pela extremidade do olho ele viu um dos esbirros fundir-se em um atoleiro no chão. Era uma visão agradável.
— Tomarei isso como um elogio. — Disse ele. — Meu pai é um bom e justo homem e estou
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orgulhoso de ser como ele.
Os olhos dela se abriram. Ela se voltou, dando-se conta de que Alexandre e Val se moviam destruindo metodicamente os esbirros mediante a injeção com seringas cheias de água.
— Não façam isso! — Ela se aproximou de Val e depois parou. Sua ira desapareceu a golpes quando se deu conta que estava restringida pelo limite do círculo. — Que raios.
— Acabou. — Disse Quinn. — É hora de tirar a dor e a ira.
— Você fez isto! — Mortianna deu a volta para olhá-lo de frente. — Pode trair a sua própria carne e sangue?
— Pelo amor de minha irmã, sim.
— A sua própria mãe? — Gritou ela.
— Você nunca foi minha mãe! — Disparou ele. — Não é nada para mim.
— Terá que pagar por isso. — Com um brilho em seus loucos olhos, Mortianna levantou as mãos e apontou em sua direção.
Quinn lançou um feitiço de proteção rápido a seu redor antes do primeiro golpe e a luz branca o cegasse.
*******
No momento em que Maeve alcançava o solário, havia um caos absoluto. A maioria dos demônios anões estavam derretidos no chão e o fedor de algodão doce e cobre molhado era esmagador. Val e Alexandre armados
com pistolas de água de cores brilhantes lutavam com os poucos que ficavam com vida. Um explodiu contra o ombro de Val e ele o apunhalou com uma seringa grossa. Segundos depois caiu no chão com um plaf.
Uma greta enorme rasgou o ar, e Maeve viu Quinn voar pela sala como se tivesse disparado de um canhão. Seu coração quase se deteve quando seu corpo ricocheteou na janela antes de golpear o chão. Se não
fosse pela capa, Maeve não pensaria que tivesse podido reconhecer à bruxa. Mortianna estava perto do caixão, vendo-se muito velha que a última vez que Maeve a viu. Seus olhos brilhavam com loucura. Seu
olhar estava fixo em seu filho. Ia matá-lo.
— Faça sua escolha, Maeve. — Val apareceu a seu lado. — A vida de Quinn vale o custo de sua vingança? A bruxa retorcia as mãos enquanto Quinn se levantava do chão. Seus movimentos eram rígidos, lentos,
como se estivesse ferido. Disse algo à bruxa, mas ela não pôde ouvir pelo ruído surdo de seu próprio coração. Quando Mortianna levantou as mãos, Quinn fez o mesmo. Raios saíram de seus dedos e se dirigiram
em sua direção.
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Um grito deixou a garganta dela enquanto o raio parava a meio caminho entre eles, dobrado em uma bola de luz. Enquanto Quinn movia suas mãos, o balão trocou de forma e se aproximou de Mortianna. A bruxa
franziu o cenho e se inclinou como se fosse pôr mais empenho em mover a bola de luz. Esta avançou para seu filho.
— Tragam mais água e preocupem-se com seus próprios problemas. Eu lutarei com Mortianna. Maeve caminhou através do mar de corpos que voavam e dos esbirros que se fundiam, sem tocá-los. Quando uma das bestas
se aproximou muito, ela o chutou na cabeça com apenas uma pausa.
— Não pode romper o círculo. — Alexandre gritou atrás dela.
Uma energia familiar pulsada ali, na beira da estrela de cinco pontas. A magia e o conhecimento de Quinn se envolveram ao redor dela como seu suéter favorito.
Enquanto não podia ver nada, caso se concentrasse podia detectar as bordas do círculo.
Levantando as mãos, ficou sem fôlego quando a energia impregnou sua pele. Correu ao longo de seus braços e depois a seus ombros antes de ficar em seu abdômen.
A cabeça dava voltas enquanto as imagens, como slides, caiam diante seus olhos. Nada disso tinha sentido, mas tomou como uma flor ao sol. Quando desapareceram, ela piscou a tempo para ver seu amante falhar
e a bola de raio voltar para ele.
Sem pensar, Maeve entrou no círculo atrás de seu amante. Teve a satisfação de ver os olhos de Mortianna ampliar-se quando se deu conta que Maeve escapou.
Com sua concentração quebrada, a bola se disparou para a bruxa. No último minuto ela chegou a seus sentidos e o enviou de volta zumbindo para Quinn.
— Que me crucifiquem. — Murmurou Val.
Maeve colocou as mãos nos ombros de Quinn. Concentrando-se em sua conexão, visualizou uma brilhante luz branca recolhendo em seu corpo. Pouco a pouco, desceu pelos braços até as mãos. Exalando, ela lançou
a luz e a enviou a ele.
O corpo de Quinn se sacudiu como se tivesse estado impregnado de eletricidade. Luz branca e brilhante voou de suas mãos dirigindo-se a sua mãe. Faíscas azuis dispararam com a bola de luz e ela gritou quando
foi golpeada no estômago. Dobrando-se em dois caiu de joelhos com os olhos muito abertos com medo e horror. Ela colocou o braço em cima de seu abdômen e faltou o ar.
Maeve se separou de Quinn evitando seu olhar. A bruxa não se levantaria logo.
— Como fez isso?
Os olhos dele estavam um pouco selvagens e também estava sem fôlego.
— Ela fez. — Maeve assinalou Mortianna. — Ela me deu o conhecimento da Idade.
— Ela fez o que? — As sobrancelhas dele levantaram e ele a olhou boquiaberto.
— Sei. Não entendo bem. — Maeve se encontrou com seu olhar incrédulo. — Deu-me o poder dos séculos antes de me lançar à masmorra. — Ela olhou as mãos. — Não estou realmente segura do que significa, entretanto.
Quinn começou a rir, e Maeve o olhou, surpreso. Agarrou seu braço enquanto estava quase
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dobrado.
— Não acredito que seja divertido. — Murmurou ela.
— E-e-ela mesma se derrotou. — Ofegou ele. — Não acredito que se deu conta do que aconteceria quando te deu seus poderes. — Ele fez um gesto com a mão à mulher caída no chão olhando aos dois. — Mortianna
era a mais poderosa e era a guardiã. Ela protegia os conhecimentos e em vez disso o deu a você.
Ele ainda estava respirando com dificuldade, mas agora estava de pé completamente levantado.
— O quê? — Assobiou Mortianna.
— Realmente não sabe, não é? — Disse Quinn. — Só uma pessoa pode ter o conhecimento uma só vez e ela o deu de presente a você.
— Quer dizer que... — Surpreendida Maeve olhou a Mortianna e depois a Quinn. — Que sou uma bruxa?
Ele assentiu.
— Uma bruxa. — Repetiu ela. — Sou como Glinda, só que com melhor gosto de roupa. — Ela ficou de joelhos e ele deslizou um braço ao redor dela, apoiando-se contra seu corpo.
— Aquieta agora, Glinda. Não quererá romper sua varinha em caso de que caia no chão. — Quinn brincou.
— Eu…
Um grito enfurecido soou enquanto Mortianna se levantou do chão, com uma faca turca e letal em uma só mão. Com a morte em seus olhos, dirigiu-se para eles. Maeve se empurrou fora dos braços de Quinn e
deu um salto voando e aterrissando ao lado da bruxa. Mortianna deslizou no chão de mármore enquanto Maeve retirava sua faca da bota. Com sua atenção dividida, ela conseguiu o equilíbrio e as duas mulheres
bateram contra o chão.
Maeve pegou o pulso de Mortianna, preparada para quebrar o braço e tomar a faca só para dar-se conta de que suas mãos estavam vazias.
Surpreendida, viu como a expressão da outra mulher mudava de raiva a uma de surpresa.
Rodando a um lado, ela ficou em pé e mal pôde compreender o que estava vendo.
Mortianna caída no chão com duas facas incrustadas no peito. Aturdida, Maeve cambaleou para trás, com os pés enredados em sua capa uma vez mais. Ela quase caiu antes que uns fortes braços a rodeassem pela
cintura mantendo-a em posição vertical.
Quinn.
— Sinto muito. — Sussurrou ela — Eu a matei…
— Isto não é sua culpa, Maeve. — Ele a beijou na testa. — Você foi só um meio para um fim. Seus dias estavam contados, quando ela permitiu que sua ira tomasse o controle de sua vida e se voltasse longe
da luz.
No chão, Mortianna lutou para ajoelhar-se. Havia pouca semelhança entre esta criatura patética e a mulher com quem se reuniu pela primeira vez menos de uma semana atrás. Tinha o cabelo totalmente branco
e liso e seu rosto era apenas reconhecível.
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Inclusive seus olhos desapareceram em um branco quase uniforme, como se estivesse cega. Pouco a pouco, ela se arrastou até o caixão deixando marcas sangrentas em seu caminho. Olhando absorta a face de
sua filha, mal tocou o vidro quando sua força deixou de funcionar. Ela caiu no chão. Seu braço se chocou com uma pequena coluna de gesso, e o movimento tocou um vaso de rosas cor creme. As flores caíram
sobre seu corpo e o vaso quebrado a seu lado.
— Bliss... — Os lábios de Mortianna apenas se moveram. — Me perdoe…
EPÍLOGO
Quando Sinjin colocou uma dúzia de rosas vermelhas sobre o caixão de Bliss, Maeve deu tempo para ocultar qualquer tentativa de chorar. Conor MacNaughten estava à cabeça do caixão, com suas palavras suaves
e melódicas na quietude da noite do Samhain. Jennifer Beaumont estava de pé junto a ele, enxugando as lágrimas enquanto dizia a oração final. Alexandre estava de pé junto a ela com seu traje Armani firmemente
em seu lugar. No exterior se via estoico, mas não enganava a ninguém. Seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas pela amiga e companheira membro do Conselho que tinha sido posta a descansar. Shai
e Val estavam um ao lado do outro com seus braços envoltos ao redor um do outro. Shai tinha o rosto pego ao peito de Val enquanto tentava conter seus soluços. Maeve viu mais de uma lágrima em seu rosto
enquanto tentava consolar a sua mulher. Maeve estava ao pé do caixão com Sunni a sua direita. Por uma vez estava vestida modestamente em uma capa simples negra e um chapéu preto enorme completado com uma
rede que cobria seu rosto. O último membro do Conselho, Fayne, tinha seu braço ao redor da companheira, Erihn. O enorme homem-gato tinha o rosto de pedra, mas não havia dúvida da fúria fervendo a fogo
lento em seus olhos cor violeta. Erihn pôs uma mão magra em seu peito, e dirigiu um olhar de amor puro que fez que Maeve doesse o coração ao vê-lo. Quinn estava entre Erihn e Sinjin. O que fosse que ele
estivesse sentindo, não se refletia em seu rosto. Sua expressão era remota, fechada a todos eles. De vez em quando o via dobrar um músculo na mandíbula, o único sinal de sua agitação interior. Depois da
morte de Mortianna só três dias antes, um torvelinho de atividade se iniciou. Eles enterraram A bruxa em um grupo de carvalhos profundos do bosque ao sul de sua casa. Os restos de seus subordinados empapados
e fedorentos foram enterrados com ela. Maeve esperava que sua alma torturada encontrasse a paz ao fim. Hilton, o mordomo a muito tempo de Sinjin, foi encontrado morto no bosque para fora de
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Aisling Crioch cedo no dia. Foi enterrado no cemitério da família St. James só umas poucas horas atrás por um Fayne com lágrimas nos olhos. Maeve sentiria saudades muito do velho homem rude que vivia agachando-se
usualmente para aqueles a quem servia. Só umas poucas semanas atrás a enfrentou por ter entrado na sala com as botas molhadas, e, entretanto, preparou um chá de ervas, quando havia se sentido mau no dia
seguinte. Aqui, nas queridas Terras Altas da Escócia de Sinjin, eles assistiram a primeira a morrer, Bliss. Interiormente ela suspirou. Tanta morte rodeando-os e ela esperava que isso terminasse logo para
seus amigos. Mas nem sequer ela sabia se devia pensar na paz como algo ao alcance da mão. Quando os homens se adiantaram para recolher as cordas que estavam debaixo do caixão, a atenção de Maeve se girou
de novo à tarefa em questão.
— Sinjin diz que este prado está cheio de urzes nos meses mais quentes. —Sussurrou Sunni.
— Com certeza que é bonito.
— Sim. — Foram as palavras ásperas dela. Ela clareou garganta — Acredito que ela estaria contente.
Movendo-se como um, os homens levantaram o caixão enquanto Jennifer e Shai tiravam as fitas de seda da madeira que tinham sido seu apoio. O único som era o rangido das cordas, enquanto baixavam a sua amiga
ao chão rico das terras altas. Uma vez feito isso, Quinn e Sinjin tomaram as pás para completar a tarefa.
Maeve estremeceu quando a primeira pazada golpeou o vidro reforçado. Não podia suportar vê-lo, entretanto, tampouco podia ir. As lágrimas correram pelo rosto enquanto os dois homens que mais tinha querido
Bliss faziam quão último podiam por ela.
Uma vez que o chão tinha sido suavizado em um montão ordenado logo depois de ser coberto com centenas de rosas todo ficou em silêncio por um momento. Nada se movia, nem sequer o vento.
Mac estendeu a mão a Jennifer e ela tomou. Ele deixou cair um casto beijo em seus lábios e se afastaram. Ele tomou uma das tochas, e se dirigiram costa abaixo para a casa.
Fayne e Erihn os seguiram. Com seus braços ao redor de cada uma da cintura do outro, tomaram sua tocha e caminharam pelo estreito atalho.
Sozinho, Alexandre foi o seguinte. Caminhou com a cabeça em alto e as costas retas como uma régua. Maeve captou o olhar de nostalgia absoluta que Sunni deu, mas ele não pareceu fixarse nela. Seus ombros
estavam caídos.
Val ofereceu sua mão a Sunni, e ela deu um sorriso triste. Ele a atraiu suavemente para a rota em que Shai os esperava com a tocha.
Passando um braço ao redor da cintura dele se uniu à procissão.
Um nó se formou na garganta enquanto observava Quinn e Sinjin de pé a ambos os lados da tumba. Eram tão diferentes como a noite e o dia. Quinn era a luz enquanto Sinjin era escuridão.
Quinn era o sol, enquanto Sinjin era a lua.
Ela teve suficiente tempo na escuridão, e era o calor o que agora desejava. Voltando-se, foi para o caminho com as lágrimas apagando sua visão. Apenas tinham falado
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desde o dia em que sua mãe morreu. Por outra parte, o que podia dizer à mulher que tomou sua vida? OH, dizia que não era sua culpa, mas isso não mudava o resultado. Seu primeiro erro tinha sido tentar
obrigá-lo a deixar de lado suas crenças e quando se manteve firme ela se foi longe dele. Olhando para trás, se ele o tivesse feito como teria pedido, ela não podia evitar sentir que se alterou quando o
olhava agora. Como irônico isso era? Ela sacudiu a cabeça. Não estava feita para isto.
— Esqueceu algo…
A voz de Quinn se introduziu em seus pensamentos. A toda pressa, ela enxugou os olhos antes de enfrentá-lo. Ele estava só uns metros de distância e sustentava uma das tochas.
— Fiz, não? — Ela chegou à tocha e se surpreendeu quando ele a moveu fora de seu alcance.
— Não é a tocha. Esqueceu-se de algo mais.
Ela teria deixado cair algo? Ela fez um inventário rápido, mas tudo estava como deveria estar. Desconcertada, olhou-o.
— Esqueceu-me... — Sussurrou ele.
O coração saltou à garganta e ela deu um passo atrás, sem saber o que dizer.
Certamente ele não tinha querido dizer o que pensava que havia dito. Teve que clarear a garganta antes de poder falar.
— Eu nunca poderia te esquecer, Quinn.
— Isso é bom porque não tenho nenhuma intenção de deixar que alguma vez me esqueça.
— Ele sorriu e Maeve jurou que o céu se fez mais leve. — Vendo que você e eu estaremos juntos por um tempo muito comprido por vir isso poderia ter sido problemático.
— Juntos? — Ela deu um passo para ele.
— Como manteiga de amendoim e geleia.
— Uma de minhas combinações favoritas. — Sorriu ela.
— A minha também. Quem saberia que tínhamos tanto em comum? — Ele chegou a ela e, com um suave puxão, atraiu-a para si. — É difícil esquecer alguém quando desperta junto a ela todas as manhãs. — Ele baixou
a cabeça.
— Pude ver a forma em que... — Ela engoliu. — Mas eu matei a sua mãe. — Espetou ela segundos antes que seus lábios tocassem os seus.
Ele se apartou.
— Ela nunca foi minha mãe.
— Está fiando algo muito fino.
— Ela estava tentando me matar. — Ele baixou a cabeça para a sua. — Você me salvou a vida.
— Pensei que ela era imortal. Como a matei?
Afastando-se de novo, ele deu um olhar de exagerada paciência.
— O feitiço que tão desesperadamente queria? Ela lançou o feitiço, e quanto mais tempo o
J. C. Wilder Série
Cálculo Habitantes das Sombras 04
** Esta tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 113
manteve ativo mais drenou seus poderes. Com o tempo ela teria voltado para a normalidade, mas te deu o conhecimento da humanidade e não houve volta atrás com isso. Já viu quão rápido envelheceu porque
ela se transformou em mortal. As lágrimas se transbordaram uma vez mais enquanto ela afundou o rosto em seu peito.
— Wow, isso é uma merda. — Sua voz foi afogada. Ele começou a rir.
— Tem que admitir que serão algumas historia interessantes para meus netos… Maeve levantou a cabeça.
— Netos?
— Bem, suponho que teremos filhos primeiro. — Deslizando seu braço por sua cintura ele a guiou pelo caminho.
— Filhos? Quer ter filhos?
Por que se sentia como se ela estivesse tendo uma experiência fora do corpo?
— Dúzias deles…
— Dúzias? — Ela olhou para ele.
— Já me ouviu. Cresci em uma família numerosa, e as crianças devem gozar das mesmas coisas. O que te parece? — Ele moveu as sobrancelhas de uma maneira simulada lasciva. — Ao momento em que meus pais se
inteirem de nós, começarão a me dar pressão a respeito de seus netos, assim acredito que será melhor que comecemos logo.
Maeve começou a rir. Seu coração estava tão feliz que pensou que ia explodir. Não sabia o que fez para merecer semelhante homem, mas ela não correria riscos desta vez. Agarraria a ele com tanta rapidez
que ele não saberia o que o teria golpeado.
— Diminui a velocidade ali, Buck Rogers. — Ela começou a rir. — Não está esquecendo algo?
Ele franziu o cenho.
— O quê?
— Não me pediu que me case contigo.
A boca dele se abriu e a olhou boquiaberto durante um minuto inteiro antes de conseguir falar.
— M-m-matrimônio? Quer se casar?
— Sim, claro. Se quiser que eu tenha filhos, espero um anel, um grande e grosso.
— Sério? — Um sorriso tolo se estendeu pela face dele.
— Não pareço séria?
Ele deixou cair à tocha.
— Necessitaremos disso…
Puxando-a aos braços, beijou-a. Maeve envolveu seus braços ao redor de seu pescoço e ela se agarrou a ele. Seu sangue correu e quando ele rompeu o beijo, ela se surpreendeu ao ver seu amor por ela escrito
em seu rosto bonito.
Ninguém nunca a olhou assim.
Soltando seu controle sobre do pescoço dele, ela deslizou suas mãos por seu peito.
— Já te disse que você fica muito bem de terno?
— Tive que pedir emprestado a Sinjin. — Ele olhou para baixo o terno Dolce e Gabbana surpreendentemente escuro.
— Bem, ainda assim é sexy. — Ela se empurrou fora de seus braços. — Mas posso pensar em outra coisa que te veria realmente fantástico… — Sério? O que seria isso?
Olhando por cima do ombro, Maeve deu um sorriso quente.
— Em meu quarto…
J.C. Wilder
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