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[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
--------------------------------------------------------------
*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
-------------------------------------------------------------- * * *
Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.[6]
Depois de instruir Athens e mandá-lo para o seu rumo, ele preparará as seringas e escolherá um lugar para se
esconder. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar. Ele andava pelo laboratório preocupado. E se o
Athens esqueceu como carregar um rifle? E se os intrusos tiverem poder de fogo para derrubar um Ma 7?
Ele se preparou para todas as possibilidades. Mas se algo falhar?
Eu vou matá-los pessoalmente! Eu vou estrangulá-los com as minhas próprias mãos! Eles não me impedirão de
fazer o que deve ser feito. Não podem... não depois de eu ter feito tudo... não depois de tudo o que eu fiz para
chegar até aqui...
Pela segunda vez naquele dia, ele se lembrou da tomada do complexo... as estranhas imagens daquele claro e
ensolarado dia há menos de um mês atrás. Ao invés de bloquear os pensamentos como fez antes, ele os deixou
vir, convidando-os. Ele parou de andar e se sentou na cadeira fechando os olhos.
Um claro e ensolarado dia...
Ao perceber o que devia ser feito, Griffith planejou tudo por duas semanas, trabalhando em cada detalhe. Ele
gastou tempo lendo sobre os Trisquads e memorizando a rotina diária do estabelecimento. Ele observou os
hábitos dos colegas, até poder dizê-los de trás para a frente. Ele olhou por horas os esboços que fez de cada
prédio, caminhando neles em sua mente milhares de vezes. Depois, ele escolheu a data - e alguns dias antes, ele
entraria na sala de processamento dos Trisquads e roubaria alguns frascos de medicação extremamente
poderosa.
Só levou uma tarde para pegar o que queria. Então ele esperou tanto quanto agora...
O dia antes de executar o plano, seria para observar a produção de um Trisquad e depois pedir para que Tom
Athens venha ao laboratório depois do jantar, para discutir algumas idéias particularmente. Athens ficou feliz em
aceitar - e depois de uma boa xícara de café ele se tornaria a primeira experiência do milagre de Griffith.
Griffith sorriu, relembrando daqueles gloriosos momentos. Se ele tivesse falhado, o plano teria sido abortado. Mas
o incrível sucesso de sua criação provou o contrário. Ele não teria outra escolha a não ser continuar.
Quilosintesína, Mamesidina, Tralfenide; tranquilizadores de animais e um narcótico sintetizado. Alguns dos melhores
trabalhos da Umbrella...
... e na cozinha. Os sedativos nas xícaras de café, bolos, injetados cuidadosamente nas frutas e dissolvidos no
leite e nos sucos.
Dos dezenove homens e mulheres que viveram e trabalharam em Caliban Cove, só uma não tomava o café da
manhã, Kim D'Santo, a jovem e ridícula mulher que trabalhou com o T-virus; Griffith mandou Athens cortar sua
garganta dela enquanto dormia, antes do sol nascer.
E foi um claro e ensolarado dia sem nuvens, enquanto eles devoravam o café da manhã. Saindo para o fresco ar
da manhã e caindo no chão logo depois. Alguns fizeram isso dentro da cafeteria depois de descobrir que foram
envenenados. As palavras decaíram e a droga os levou ao chão.
Griffith tentou lembrar o que veio depois. Ele escolheu Thurman, incapaz de resistir a tentação de lhe mostrar sua
nova criação. Depois Alan Kinneson.
Thurman e Athens depositaram os outros corpos no bloco A. Lyle Ammon ficou escondido por um tempo mas foi
achado por um Trisquad mais tarde, à noite. Nicolas jantou e foi para a cama, acordando cedo para mover
papéis e programas para o laboratório.
Ele olhou no relógio. Se passaram alguns minutos desde que os doutores saíram. Se sentiu aliviado por ter
descansado um pouco - mas o alívio foi embora ao pensar nos intrusos que invadiram o seu território.
Eles não vão me parar. Ele é meu.
Griffith se levantou e começou a andar de lá para cá, esperando.
O teste "tempo arco-íris" número sete, demorou um pouco menos para terminar do que o quatro.
John e Karen mostraram a David a pequena mesa na grande sala. David desvirou as peças coloridas e as deitou.
Abaixo do monte de peças estava uma cavidade alongada, talvez uns trinta centímetros de comprimento; estava
claro de que só sete dos ladrilhos caberiam.
Sete cores no arco-íris, sete peças. Simples. Mas por que existem nove delas?
David as ordenou pelas cores, colocando-as debaixo a cavidade. Cada peça tinha uma letra pintada de preto.
Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil -
- e três peças violeta com três letras diferentes.
"Isso deveria soletrar algo?". John perguntou.
Da esquerda para a direita, os seis primeiros ladrilhos formavam, J F M A M J.
"Não é Inglês". Karen disse.
As outras peças violeta eram J, M e F.
"É um daqueles em que você deve adivinhar o próximo". David disse. "Aparentemente relacionado com o tempo.
Sugestões?"
John e Karen olharam para o quebra-cabeça, estudando as letras.
Claro que eles estão cansados mas pelo menos estão tentando...
David olhou de volta para as peças tentando se concentrar, mas não parecia conseguir uma idéia coerente.
John franziu de repente com uma triunfante luz em seus olhos. "As letras são dos meses - Janeiro, Fevereiro,
Março, Abril, Maio, Junho... Julho. É a J, a última letra é a J".
"Brilhante". David disse passando a colocar as peças na cavidade enquanto John cutucava Karen com seu
cotovelo. "E você pensou que eu só servia para um bom sexo".
Como sempre, Karen não se aborreceu em responder. Aliviado, David colocou a última peça no lugar, ouvindo um
leve click antes do arco-íris afundar levemente, talvez um milímetro.
Acima deles, um gentil som veio de um alto falante. Este escondido por uma fluorescente.
"Isso é tudo?". John disse. "Nada mais?".
David se levantou sorrindo fraco. "Eu me senti do mesmo jeito com o outro. Nós devemos ir para ver como o
Steve e a Rebecca estão se saindo".
"Modo interessante de dizer, David". John disse rindo. "Boa".
Levou um tempo para que David entendesse, enquanto Karen girou os olhos quase que imediatamente - depois
os coçou. Quando ela abaixou a mão, David viu que seu olho direito estava injetado de sangue. O esquerdo
estava levemente descolorido mas não tão mau.
Ela percebeu seu olhar e sorriu. "Eu o irritei de algum jeito. Ele coça, mas está bem".
"Não coce, pode piorar". David disse indo para a porta. "E deixe a Rebecca examiná-los quando nos
encontrarmos."
Eles voltaram para o corredor e foram para a saída. David se preparando para outra corrida pelo complexo.
Segundo seus cálculos, já foram derrubados três Trisquads inteiros; três homens fora da casa de barcos e um
quarto na ida para o primeiro prédio, depois os cinco de John e Karen entre os blocos C e D.
Informação útil se você soubesse quantos deles existem.
Ele ignorou o sarcasmo ao alcançarem a porta de metal, Karen voltando para apagar a luz. Eles empunharam as
armas e respiraram fundo.
O que quer que esteja para acontecer, ou que já está acontecendo - os fatos já estão firmemente no lugar; unir
os pedaços de um quebra-cabeça.
David parou na porta destravando a Beretta. Rebecca e Steve estavam esperando no bloco B.
O silêncio da sala do teste só era quebrado pelo leve "hum" das máquinas marcadas com números azuis, de
nove a doze, e pelo virar de páginas do diário de Athens que Rebecca lia. Steve sentou na ponta da mesa e a viu
ler, seus pensamentos inquietos e preocupados enquanto esperavam os outros aparecerem.
Seu peito doía levemente. Um tanto pela bala que o atingiu e outro pela preocupação por John e Karen.
Depois de uma rápida olhada nas outras salas do prédio, eles concordaram que a sala do teste era o lugar de
esperar. Parecia que o bloco B era inteiramente dedicado a aspectos cirúrgicos de pesquisas de armas biológicas;
todas as salas brancas e de aço, ameaçadoras e desagradáveis.
Rebecca ergueu a cabeça. "Escute isso".
"Eles ainda estão esperando pela nossa resposta sobre a expansão, desde que Griffith movimentou o tempo de
amp. Nós conseguimos o espaço para vinte unidades, mas eu vou segurar no máximo doze; nós não seríamos
capazes de nos concentrar no treinamento de mais de quatro times por vez. Ammon disse que vai me apoiar se
houver briga".
Steve balançou a cabeça, metade apavorado e metade aliviado pela informação. Eles já tiraram um Trisquad do
caminho, mais algumas unidades machucadas ou mortas; isso era bom. Por outro lado, significava que ainda
haviam alguns times vagando por aí -
- A não ser que eles estejam "ativados" contra David e os outros...
"Você sabe o que significa "movimentou o tempo de amp"?". Steve perguntou.
"Acho que Griffith acelerou o processo de amplificação. Amplificação é o termo para propagação de um vírus pelo
hospedeiro".
Isso não era algo que ele queria ouvir.
"Ótimo. Você achou mais alguma coisa?". Steve perguntou.
"Não. Ele menciona Ma7 algumas vezes. Nada mais específico de que eles foram uma experiência com o T-virus
que não deu certo. E ele é definitivamente meio imbecil".
"Meio?".
Rebecca sorriu brevemente. "Tá bom, é uma gíria. Ele é faminto por dinheiro, desgraçado imoral".
Steve pensou sobre o relatório dos Trisquads. Chamar as vítimas do T-virus de "unidades", fazendo salas de
operações e testes de capacidade.
É como se eles não admitissem o uso de seres humanos, gente de verdade...
"Como eles puderam fazer isso?". Steve perguntou tanto para ele quanto para Rebecca. "Como eles dormiam à
noite?".
Ela olhou para ele como se tivesse uma resposta mas não sabia como dá-la. "Quando você se especializa num
campo, principalmente quando esse campo requer pensamento linear e um foco bem definido num elemento - é
meio difícil de explicar, mas é fácil de se perder nesse elemento, de esquecer que há um mundo fora dele. Ao
perder dias olhando no microscópio, circundado de números, letras e processos... algumas pessoas se perdem. E
se elas são instáveis, a ambição de preservar aquele elemento pode assumir o controle, tornando o resto
descartável".
Steve percebeu onde ela queria chegar e se impressionou com o quanto pensativa ela era, o modo como ela se
comunicava claramente...
... tudo isso mais um sorriso que iluminava a sala; se - quando nós sairmos daqui, eu vou me mudar para
Raccoon City. Ou ao menos ver se ela está saindo com alguém...
De algum lugar no prédio, passos. Steve pulou da mesa e foi para a porta.
Saindo no corredor, ele ouviu a voz de David.
"No fundo!". Steve gritou, depois esperou ansiosamente observando a esquina do corredor - esperando David
aparecer. John e Karen saudáveis e sorrindo. Rebecca ficou ao lado de Steve esperando o mesmo.
Instintivamente, ele agarrou a mão dela, sentindo um leve solavanco ao juntar os dedos. Ele esperava que ela
puxasse a mão, mas não foi o que aconteceu.
A voz de John ecoou no corredor, alta e cheia de bom humor. "Coloquem as roupas, crianças, vocês tem
companhia!"
Ela soltou a mão de Steve rapidamente, mas o olhar dela explicou tudo.
Ele sorriu levemente e voltaram a esperar pelos outros.
Ela ainda podia sentir o calor da mão de Steve enquanto David, John e Karen cruzavam o corredor. John sorrindo
largamente.
"Desculpe interromper, mas nós achamos que vocês precisassem de ajuda". John disse. "Nada como um jovem
amor, não estou certo?"
Assim que os três entraram na sala, Rebecca lutou para tirar a vergonha que sentiu, sentindo-se terrivelmente
não profissional. Tudo que eles fizeram foi dar as mãos, só por um segundo.
John deve ter percebido o embaraço dela. "Ah, não liga para mim". Ele disse, seu sorriso desaparecendo. "Eu só
estava enchendo o saco do Steve. Eu não quis dizer nada com aquilo"
"Eu acho que nós temos coisas mais importantes para discutir". David interrompeu. "Nós precisamos de
atualização. Eu quero rever algumas coisas"
Ele viu o diário que ela ainda segurava. "Eles acharam a sala mas não tocaram em nada. Você achou mais
alguma coisa útil?"
Ela ficou aliviada com a notícia e agradecida pela mudança de assunto. "Parece que só há quatro Trisquads,
apesar da informação ter seis meses de idade.
"Excelente. John e Karen tiveram outro encontro fora do D e mataram cinco unidades. Isso significa que só deve
restar um grupo". David disse.
Eles tiraram as cadeiras das mesas que acompanhavam a parede e formaram um semicírculo no meio da sala.
David ficou em pé se dirigindo a eles formalmente.
"Eu quero recapitular rapidamente para ter certeza de que estamos na mesma página antes de prosseguir.
Resumindo, este lugar era usado para experiências com o T-virus e foi dominado por um dos cientistas por razões
desconhecidas. Os outros foram mortos e os escritórios limpos de evidências". Rebecca acha que o bioquímico
Nicolas Griffith é o responsável. O fato do complexo ainda estar sendo patrulhado sugere que ele está vivo em
algum lugar. Eu não acho que devemos nos preocupar em achá-lo. Nós já completamos dois testes dados para
nós pelo Dr. Ammon, através do Trent. E eu espero que o "material" que esteja escondido seja a prova que
precisamos para incriminar a Umbrella"
Ele cruzou os braços e começou a andar enquanto falava. "Obviamente já existem várias provas das ilegalidades
ocorridas aqui; nós podemos partir agora e jogar o problema nas mãos dos federais. A minha preocupação é que
nós não temos provas sobre o envolvimento da Umbrella - outra além do computador e do diário. O nome da
Umbrella não está em nenhum deles, sendo que ambos podem ser descartados. Na minha opinião, devemos
continuar com os testes e descobrir o que o Dr. Ammon tem para nós. Mas eu quero ouvir cada um de vocês
primeiro. Esta não é uma operação autorizada, não estamos recebendo ordens e se vocês acham que devemos
ir, nós vamos"
Rebecca ficou surpresa e pôde ver o mesmo nas expressões dos outros. David parecia tão certo antes, tão
empolgado. Agora seu olhar conta outra história. Ele estava tão certo sobre continuar e agora parece querer
outro caminho.
Por que a mudança? O que aconteceu?
John falou primeiro, olhando para os outros antes de David. "Bom, nós viemos até aqui. E se há mais um grupo
de zumbis lá fora, eu digo para terminarmos"
Rebecca acenou. "É, e nós ainda não encontramos o laboratório principal. Nós não sabemos porque Griffith fez
isso - ou ele sofreu um ataque psicótico ou está escondendo algo. Podemos não descobrir mas vale a pena dar
uma olhada. E mais, e se ele destruir mais provas depois de irmos embora?"
"Eu concordo". Steve disse. "Se o S.T.A.R.S. está envolvido com a Umbrella como parece, nós não vamos
conseguir outra chance. Esta pode ser a única oportunidade de fazer uma conexão. E já estamos tão perto, o
terceiro teste está bem aqui - nós o resolvemos e estamos um passo mais perto do fim".
"Também concordo". Karen disse.
Através da tensa voz, Rebecca desviou sua atenção, percebendo que Karen não parecia muito bem. Seus olhos
estavam injetados de sangue.
"Você está bem?". Rebecca perguntou.
"Tô. Dor de cabeça".
"O que foi David?". John perguntou bruscamente. "O que está te incomodando? Você sabe de algo e não quer
nos dizer?".
David os encarou por um momento depois balançou a cabeça. "Não, nada disso. É só - eu tenho um mau
pressentimento. Um sentimento de que algo ruim acontecerá"
"Um pouco tarde, não acha?". John disse sorrindo. "Onde você estava quando nós entramos no barco?"
David sorriu em resposta, esfregando a nuca. "Obrigado, John, eu quase esqueci. Então está decidido. Vamos
resolver o próximo teste, não é? Ó, Rebecca, dê uma olhada no olho de Karen enquanto resolvemos"
Eles se levantaram e foram para o fundo da sala, para a mesa no canto noroeste com um nove azul marcado.
Steve e Rebecca já o viram quando a sala foi encontrada; um pequeno monitor na mesa de metal.
Rebecca pediu para que Karen se sentasse na cadeira do teste dez, que também não fazia sentido; era um
quadro de circuito ligado a uma tábua, e o que parecia ser um par de pinças conectadas a ela por um fio preto.
O olho direito da mulher estava extremamente irritado, a pálida córnea azul flutuando num mar de vermelho. A
pálpebra tinha um magoado e inchado olhar.
Ela se virou para pedir a lanterna de David e viu que ele estava sentado em frente do teste. A tela mostrou várias
linhas escritas no centro.
"Algum tipo de sensor de movimento" - Steve disse sendo interrompido por David, que começou a ler em voz
alta.
"Assim que eu ia para Saint Ives, eu conheci um homem com sete esposas - as sete esposas tinham sete
sacolas, as sete sacolas tinham sete gatos - os sete gatos tinham sete malas; malas, gatos, sacolas, esposas,
quantos estavam indo para Saint Ives?"
Havia um cronômetro digital na tela, mostrando 00:49 e diminuindo. Onze segundos se passaram.
David olhou para o monitor, pensando furiosamente assim que o time se inclinava atrás dele. Ele sentiu uma gota
de suor cruzar sua testa.
Não conte, essa era a dica. Mas o que significa?
"Vinte e oito". John disse rapidamente. "Não, espere, vinte e nove incluindo o homem "
Steve o interrompeu. "Mas se eles tem sete malas cada, seria quarenta e nove mais vinte e um, setenta,
setenta e um com o homem".
"Mas a mensagem dizia não conte". Karen disse. "Se não é para contar - significa não some, ou - espere, tem o
homem com as esposas e o narrador, é mais um"
Trinta e dois segundos se foram. A mão de David pairou sobre o teclado.
Pense! Não conte, não conte, não.
"Um". Rebecca falou rapidamente. "Assim que eu ia para Saint Ives - não diz para onde o cara com as esposas
ia. Isso é o que a dica quer dizer. Não conte ninguém exceto quem ia para Saint Ives!"
É, faz sentido. É uma pegadinha.
Eles tinham vinte segundos restando.
"Alguém discorda?". David perguntou apressado.
Ninguém se opôs. David apertou a tecla...
... e a contagem parou restando dezesseis segundos. O monitor se desligou sozinho. De algum lugar acima o
familiar som foi ouvido.
David exalou, voltando a se encostar na cadeira. Obrigado, Rebecca!
Ele se virou para dizer, mas ela já estava examinando Karen.
"Eu preciso de uma lanterna". Ela disse olhando em volta assim que John a deu uma. Ela ligou e iluminou o olho
de Karen enquanto os outros observavam e silêncio.
"Está bem inflamado... olhe para cima. Para baixo. Esquerda e direita? Tem algo incomodando ou está
queimando?"
"Na verdade é uma coceira". Karen disse. "Que nem uma picada de mosquito. Eu tenho coçado ele. Deve ser
por isso que está tão vermelho"
Rebecca desligou a luz. "Eu não vejo nada. O outro parece irritado também... começou a coçar de repente ou
você tocou primeiro?"
"Eu não lembro. Só começou a coçar, eu acho"
Um olhar de violenta intensidade tomou conta do rosto de Rebecca "Antes ou depois de entrar na sala 101?"
David sentiu uma fria mão apertar seu coração.
"Depois". Karen respondeu.
"Você tocou algo enquanto esteve lá, qualquer coisa?"
"Eu não". Os olhos vermelhos de Karen se alargaram e quando falou, foi um sussurro ofegante e agitado. "A
maca. Tinha uma marca de sangue na maca e eu estava pensando sobre - eu a toquei. Oh, Jesus, eu nem
mesmo pensei sobre isso. Ela estava seca e eu, minha mão não estava cortada e, oh meu Deus, eu fiquei com
dor de cabeça depois do meu olho começar a coçar"
Rebecca colocou as mãos no ombro de Karen. "Karen, respire fundo. Fundo, tá bom? Pode ser que a dor de
cabeça seja por causa de tanta coceira. Então não tire conclusões agora. Nós não temos certeza de nada". Sua
voz foi baixa e suave, de modo direto. Karen respirou e acenou com a cabeça.
"Se a mão dela não estava cortada...". John disse nervosamente.
Karen respondeu a ele, sua face pálida e voz trêmula. "Os vírus podem entrar no corpo através de membranas
mucosas. Nariz, orelhas... olhos. Eu sabia disso. Eu sabia mas não pensei, eu... não estava pensando nisso"
Ela olhou para Rebecca e David pôde ver que ela estava tentando manter sua compostura. "Se eu estou, quanto
tempo? Quanto tempo antes de eu me tornar... incapacitada?"
"Eu não sei". Rebecca disse.
"Existe uma vacina, certo?". John perguntou voltando seu olhar para Karen e Rebecca. "Existe uma cura, eles
não teriam uma seringa ou algo assim aqui, caso alguém se infectasse por acidente? Eles tem que ter, não?
"É possível?". David perguntou para Rebecca.
A bioquímica balançou a cabeça no começo mas depois vividamente. "Sim, é possível. É provável que eles a
criaram".
Ela olhou para David séria e urgente. "Nós temos que achar o laboratório principal, onde eles sintetizaram o vírus,
e rápido. Se eles fizeram a vacina, é lá que a informação deve estar..."
"A mensagem de Ammon". Steve disse. "No bilhete, ele dizia que nós devemos destruir o laboratório - talvez ele
nos tenha deixado um mapa ou direções".
David se levantou, sua esperança aumentando. "Karen, você se sente bem o bastante para... ".
"- Sim". Ela interrompeu David.
Deus, Karen, eu sinto, sinto muito!
"Duplo passo". Ele disse já indo para a porta. "Vamos".
Eles correram para a frente do prédio. John com sua mandíbula apertada, seus pensamentos em Karen.
De jeito nenhum esse vírus vai pegar a Karen, Sem chance. E se eu achar o desgraçado que fez isso, ele está
morto. Não a Karen, nem no inferno...
Alcançando a porta, eles checaram as armas e esperaram pelo sinal de David.
"Eu vou na frente, John atrás, linha reta". David disse. "Prontos? Vamos"
David abriu a porta e eles deslizaram sob o som das ondas e a clara luz da lua. David depois Karen, Steve,
Rebecca e finalmente John.
Havia a escuridão, o cheiro de pinho, de sal, mas a mente de soldado do John não dizia nada que ele já
soubesse, enquanto cruzavam as sombras. Havia raiva e medo por Karen - fazendo a súbita explosão de uma
M-16, uma total surpresa.
Merda!
John pulou no chão enquanto a rajada vinha da direita. Viu que estavam na metade do caminho entre o bloco E.
Ele rolou e começou a atirar.
O ar se encheu de balas de nove milímetros e de rifles automáticos.
Não posso ver, não posso mirar.
Ele achou os flashes às três horas e direcionou a Beretta para lá, apertando o gatilho seis, sete, oito vezes. A luz
alaranjada tirou os atiradores de vista, mas viu um dos flashes desaparecer, ouviu o barulho diminuir.
- e a raiva tomou conta dele, não a "mente de soldado", mas sim um desconhecido e furioso grito contra os
doentes atiradores. Eles queriam que Karen morresse. Aqueles pesadelos sem cérebro queriam impedi-los de
salvá-la.
A Karen não. A KAREN NÃO.
Um estranho e selvagem ruído golpeou suas orelhas assim que ele se levantava do chão. E ele se levantou,
correndo e atirando. Só quando ele ouviu o som das outras Berettas, percebeu que o grito vinha dele mesmo.
John corria e gritava enquanto atirava nas coisas que queriam para-los, matá-los, transformar Karen em um
deles.
Ele continuou sem ver que eles pararam de atirar, que eles estavam caindo. E então ele estava de pé sobre eles,
com a arma descarregada, e mesmo assim ele ainda puxava o gatilho.
Três deles, branco onde não tinha vermelho.
Click. Click. Click.
A face de um deles era uma massa de tecido enrugado e pele retorcida, exceto pelo buraco ensangüentado na
testa. O olho do outro estava pendurado contra a bochecha atrofiada e um viscoso fluído armazenado na verte
da orelha.
Click. Click.
Click.
O terceiro ainda estava vivo. Metade da sua garganta se foi e sua boca abria e fechava sem barulho, abria e
fechava, seus olhos escuros piscavam lentamente para ele.
O grito de John morria.
"John?".
Uma quente mão em suas costas, a voz de Karen baixa e confortável próxima a ele. Steve e David apareceram,
olhando para a criatura piscante no chão.
"Sim". Ele sussurrou. "Estou aqui".
David mirou a Beretta na cabeça do monstro e disse suavemente. "Afastem-se".
John se virou, começando a andar na direção de seu último destino. Karen ao seu lado, Rebecca à frente. O tiro
foi incrivelmente alto, o crack pareceu ter chacoalhado o chão debaixo de seus pés.
A Karen não, oh por favor, nenhum de nós.
David e Steve se juntaram a eles e sem falar correram para o bloco E.
John apressou o passo, silenciosamente jurando que o Dr. Griffith se arrependerá muito pelo que fez, caso o
achem.
[7]
O bloco E não era diferente dos outros quatro. Calmo, abafado e mau cheiroso.
Eles iam ligando as luzes assim que corriam pelos corredores, procurando a sala que continha a parte final do
segredo de Ammon.
Não demorou muito; quase metade da estrutura era composta por uma área de treinamento de tiro, onde David
encontrou caixas de munição de M-16 - mas nenhuma arma. John perguntou sobre voltar e pegar as armas dos
Trisquads, mas Rebecca negou imediatamente. As metralhadoras estavam quentes, provavelmente impregnadas
pelo vírus.
Como o sangue de Karen agora. Rios de vírus reproduzidos saindo das células, em busca de novas para usar e
destruir...
"Aqui!". Steve disse do final do corredor. Rebecca foi em sua direção, Karen e John não muito atrás. David já
estava junto a Steve na porta. Os triângulos vermelho, verde e azul - um sinal de que eles acharam a sala certa.
Steve abriu a porta e eles entraram. Rebecca continuou observando Karen em busca de sinais que mostrassem o
progresso do vírus - e queria saber o que fazer com a informação sobre o tempo de amplificação. Ela não tinha
dúvidas de que Karen foi exposta, e sabia que os outros não - mas o que ela devia dizer?
Eu digo a ela que isso pode levar horas? Falo com David? Se existe uma cura, ela deve usá-la antes que o dano
seja grande demais. Antes de fritar o cérebro, antes que ela deixe de ser Karen Driver e se torne... outra coisa.
Rebecca não sabia como lidar com isso. Eles já estavam fazendo o que podiam o mais rápido possível. E ela não
sabia o suficiente sobre o T-virus para assumir qualquer responsabilidade. Ela também não queria ver Karen mais
assustada do que já estava. A mulher estava fazendo de tudo para se controlar, mas era obvio que estava à
beira de um colapso; dos olhos vermelho-sangue até o tremor em suas mãos. Os Trisquads foram com certeza
infectados com uma quantidade muito maior do que Karen; talvez ela tenha dias...
... primeiros sintomas em menos de uma hora? Não seja criança. Você tem que contar, que alertá-la e aos
outros sobre o que pode acontecer. Breve.
Tirando os pensamentos da cabeça ela olhou em volta da sala a qual entraram. Era menor que as outras salas
de teste, e mais vazia. Havia uma comprida mesa no fundo com umas seis cadeiras atrás dela. Na parte da
frente da sala estava uma pequena prateleira; alguns pés de comprimento e um de profundidade. Nela tinham
três botões grandes na superfície lisa; vermelho, verde e azul. A parede por trás da prateleira era recoberta por
lisos e grandes ladrilhos cinza, feitos de algum plástico industrial.
"É isso". Steve disse. "Azul para acessar".
Com um segundo de hesitação, David andou para a estante e apertou o botão -
- e a fria voz de uma mulher soou de um alto- falante escondido acima, assustando-os. Era uma gravação. O
suave tom fez Rebecca se lembrar dos momentos finais na mansão de Spencer - o sistema de destruição.
"Série azul completa. Acessar recompensa".
Um dos ladrilhos da parede deslizou, revelando um escuro buraco no concreto. Enquanto David ia na direção do
espaço escondido, Rebecca sentiu uma explosão de raiva e nojo pela Umbrella. Era desprezível.
Todos aqueles testes, todo aquele trabalho - forçados a enfrentar as vítimas do T-virus. Passe pela série
vermelha, bom cão, aqui está o seu osso... e qual era a recompensa deles por isso? Um pedaço de carne?
Remédios para acalmar a fome? Talvez uma arma novinha em folha para treinar? Jesus, por acaso eles sabiam o
que estavam fazendo?
David tirou um pequeno item do buraco, o que parecia ser um cartão de crédito com um pedaço de papel
grudado em um lado.
Eles se aproximaram de David que olhava com desapontamento. Era um cartão-chave (card key) do tipo que se
usa para abrir portas eletrônicas. Era verde-claro e estava em branco, exceto pela fita magnética. As letras
rabiscadas no pequeno papel só diziam:
LIGHTHOUSE-ACCESS 135-SOUTHWEST / EAST.
(farol-acesso 135-sudoeste / leste)
"A letra é igual a da mensagem de Ammon". Steve disse. "Talvez o laboratório fique no farol...".
"Só há um jeito de descobrir". John disse. "Vamos".
Ele parecia nervoso, o mesmo olhar de quando ficou sabendo que Karen havia contraído o vírus. Depois de ver o
que ele fez com os Trisquads lá fora, Rebecca torceu para que o Dr. Griffith fosse encontrado. John iria rasgá-lo
em pedaços.
David concordou, colocando o cartão no colete "Certo. Karen...?".
Ela concordou. Rebecca viu que sua pálida pele pegou um tom de cera. Mesmo enquanto olhava, Karen começou
a coçar os braços distraídamente. "É, eu estou bem".
Ela tem que saber. Ela merece saber.
Rebecca sabia que não poderia demorar muito. Escolhendo as palavras cuidadosamente. Ciente do tempo
limitado, ela virou para Karen e falou o mais calmo que podia.
"Olha, eu não sei o que fizeram com o T-virus aqui, mas há uma chance de que você comece a experimentar
sintomas mais avançados num curto período de tempo. É importante que você me diga, dizer para todos nós
como você está, física e psicologicamente. Qualquer mudança, nós devemos saber, tá bom?".
Karen sorriu fraco, ainda coçando os braços.
"Eu estou assustada e começando a me coçar por toda parte...".
Ela olhou para David, depois para Steve e John antes de voltar para Rebecca. "Se - se eu começar a agir...
irracionalmente, você vai fazer alguma coisa, não vai? Você não me deixará - machucar alguém?".
"Nós vamos encontrar a cura antes de chegar nesse ponto". Rebecca disse esperando não estar dizendo uma
mentira.
"Vamos". David disse.
Eles foram.
A área do laboratório estava numa gentil inclinação, se erguendo para o norte. Mas assim que eles deixaram o
bloco E e foram para a negra estrutura que se elevava sobre a angra, a inclinação se tornou mais excessiva. O
solo rochoso angulou bastante, talvez uns trinta graus, tornando a caminhada em uma escalada. David ignorou a
tensão em suas costas e pernas; ele estava muito preocupado com Karen e muito ocupado pensando na própria
incompetência, para se encomodar com o desconforto físico.
Elas estavam perto da água, o mais perto desde que saíram dela. A suave brisa da noite seria prazerosa se fosse
numa outra noite e em outro lugar.
Na frente deles o chão fez uma curva para o leste. A angra era calma, mas o som das ondas batendo na costa
aumentou assim que eles se aproximavam. John assumiu a dianteira, depois Karen e os dois jovens logo atrás.
David ficou atrás, dividindo sua atenção entre o complexo à esquerda e atrás, e as estruturas à frente.
Diretamente atrás do farol estava o que deveria ser o dormitório; um longo e achatado prédio com quase o dobro
do tamanho dos blocos que deixaram para trás.
Eles não tinham passado pelos quartos dos funcionários da Umbrella até agora, e esse se parece com o abrigo -
projetado para dormir e comer, sem pensar no aspecto estético. Eles deveriam vasculhá-lo, mas David não queria
perder tempo na busca pelo laboratório.
Esse pensamento trouxe outra onda de culpa e angústia que ele tentou bloquear sem sucesso. Ele precisava ser
efetivo para levá-los ao laboratório o mais rápido possível, sem se deparar nas suas dúvidas e emoções - mas
tudo o que continuava pensando, continuava desejando era ter sido infectado.
Mas você não está. Uma parte dele disse. Karen foi e desejar é inútil. Isso não vai curá-la e irá nublar sua
habilidade de comandar.
David ignorou a pequena voz, pensando no quanto sério ele os pressionou. Quem ele era para liderar uma batalha
contra a Umbrella, para limpar o S.T.A.R.S. e trazer honra para o trabalho? Ele nem mesmo conseguia manter
sua equipe a salvo, não conseguia combater os demônios da culpa que enfureciam dentro dele.
Eles se aproximaram do dormitório sem vida, John diminuindo para deixar que os outros o alcancem. David viu
que seu time estava cansado, mas pelo menos Karen não parecia pior. Na gentil luz da lua, ela parecia pálida e
frágil. O branco da morte que ela tinha sob as fluorescentes se transformou num suave tom de porcelana. Se ele
não soubesse...
Pare!
Ele deixou o time respirar, virando para dar uma melhor olhada no farol à menos de vinte metros dali - e sentiu
seu estômago apertar, seu coração tremer por uma razão inexplicável era um velho farol, uma alta, cilíndrica e
indatável estrutura. Olhando para ele, vivenciou o sentimento que teve anteriormente; de morte eminente, de
opções acabando.
"Vamos". John disse rapidamente, mas David o parou agarrando seu braço, balançando a cabeça bem devagar.
Não é seguro. Aquela voz de novo, familiar mas ainda estranha.
Ele olhou para a torre, sentindo-se perdido, sentindo-se incerto e fora do controle. Eles estavam esperando. Não
era seguro mas eles tinham que entrar, eles não podiam ficar lá parados -
- e algo o acertou, uma clara visão do que estava errado na sua mente. O que estava errado mesmo. Não era
sua competência, não era a sua habilidade de pensar, planejar ou lutar. Era algo muito pior, algo que ele poderia
ter percebido antes se não tivesse se deixado amarrar pela culpa.
Mas você sabe. Quanto tempo, antes daquela pele leitosa começar a descascar? Quanto tempo antes de ela não
poder ser confiada com uma arma, antes de você ter que reprimi-la de -
Eu parei de confiar nos meus instintos. Sem a segurança do S.T.A.R.S. por trás de mim, eu esqueci de ouvir
aquela voz - tão assustado de cometer um erro que eu perdi a minha habilidade de ouvir, de saber o que fazer.
Toda vez que o medo me pegava, eu o ignorava - fazendo-o mais forte.
Pensando nisso, aquela voz ganhou um poder que ele quase esqueceu que tinha.
Não é seguro, então abra a porta rápido, dois abaixados, o resto alto e cobrindo o lado de fora -
Tudo isso passou pela sua mente em segundos. Ele olhou para o time, que o olhava, esperando ouvir algo. E pela
primeira vez, no que parecia uma eternidade, ele sabia que podia.
"Eu acho que é uma armadilha". Disse David. "John, você e eu vamos, eu fico a oeste - Rebecca, eu quero que
você e Steve fiquem um de cada lado da porta e atirem em qualquer coisa de pé. Desculpa Karen, você ficará
fora dessa".
Eles concordaram e foram para as profundas sombras que circundavam a sinistra torre. David na frente,
finalmente achando que fazia algo de útil.
Karen recuou assim que eles se posicionavam, apoiando-se na parede do imenso prédio atrás do farol, para olhar.
Ela se sentiu sufocada por causa da escalada, sufocada e estranha. Havia um zumbido no seu cérebro que não ia
embora, não deixava ela se concentrar...
...ficando enjoada. Ficando enjoada, rápido.
Isso a assustou, mas de algum modo não estava tão mau quanto tem sido. De fato não era tão assustador. O
terror inicial se foi, deixando apenas a memória de um sonho ruim. A coceira estava distraindo, mas já não era
exatamente uma coceira. Pareciam milhões de picadas de insetos na sua pele. Era a única coisa que ela pensou
para descrever a sensação. Era como se a pele dela tivesse ganhado vida e estava se coçando. Era estranho,
mas não exatamente desagradável.
"Agora!".
Ao som da voz de David, Karen reparou na súbita ação à sua frente O zumbido em sua cabeça fazia tudo
parecer estranho, com velocidade maior. A porta do farol sendo arrombada, David e John pulando na escuridão,
balas estourando e brilhando. O alto som de uma M-16 lá dentro. Steve e Rebecca, recuando e atirando lá dentro
repetidas vezes.
A ação, que acontecia em ritmo acelerado fez Karen imaginar como aquilo podia ser -
- então viu David e John saírem de lá, percebendo estar feliz em vê-los. Mesmo com os rostos distorcidos, seus
corpos moviam-se muito rápido...
... o que está acontecendo comigo...
Karen balançou a cabeça mas o zumbido só parecia aumentar - e ela estava com medo novamente, com medo
de os outros a deixarem para trás. E ela não teria ninguém para, para - acalmá-la. Isso é mau.
David estava na frente dela. "Karen, você está bem?".
Karen sentiu-se feliz e sabia que deveria dizer a verdade.
"Está piorando agora. Eu não penso direito, David. Não me deixe".
John e Rebecca, suas quentes, quentes mãos tocando-a, levando-a para a escura porta. Seu corpo funcionava
mas a sua mente estava nublada pelo zumbido. Haviam coisas que ela queria dizer até entrar num lugar escuro e
quente, que tinha um corpo estendido no chão segurando uma metralhadora. Seu rosto ela podia ver. Não era
estranho; era branco e enrolado. Era um rosto que fazia sentido.
Tinha um teclado próximo a um buraco aberto, escadas descendo e o sorriso. "Um-três-cinco". Steve disse.
"Karen".
"Nós temos que nos apressar".
"Agüenta aí, nós estaremos lá em breve".
Karen deixou-os ajudá-la, imaginando porque suas faces pareciam tão estranhas. Imaginando por que eles
cheiravam tão quente e bom.
Athens falhou.
Dr. Griffith olhou para a piscante luz branca sobre a porta, amaldiçoando Athens, Lyle Ammon e sua sorte. Ele
não disse para Athens como retornar, o que significa que os intrusos o fizeram primeiro. Ammon deixou uma
mensagem ou mandou uma a eles, não importava - tudo o que importava era que eles estavam vindo e que
devem ter a chave. Ele destruiu os marcadores semanas atrás, talvez eles tenham direções, talvez eles o achem
e-
Sem pânico. Você está preparado para isso, siga para o próximo plano. Divisão primeiro, duplicar efeito - menos
poder de fogo, isca para depois... e a chance de ver como Alan se sai.
Griffith voltou-se para Dr. Kinneson e falou rapidamente, deixando as instruções claras e simples, e o caminho
mais fácil possível. Griffith já havia pensado nas prováveis perguntas que eles provavelmente perguntarão, apesar
de que eles poderiam querer saber mais. Ele deu várias frases aleatórias para Alan e depois pegou a
semi-automática da gaveta da Dr. Chin. Olhou ele colocá-la debaixo do avental para ter certeza de que está
escondida. O clip estava vazio mas só descobrirão até que o gatilho seja apertado.
Ele também deu sua chave; um risco, mas tudo era um risco. Com o destino do mundo em suas mãos ele fará o
que for necessário.
Depois que Alan saiu, Griffith sentou na cadeira para esperar um bom tempo. Seu olhar voltado para os seis
canastréis de inox. Se Alan for pego, ainda restam os Ma7, o Louis, as seringas, seu esconderijo e os controles
da câmara de ar em fácil alcance.
Depois de tudo isso, ainda tem o nascer o sol, esperando. Dr. Griffith sorriu sonhadoramente.
Karen ainda podia andar, ainda parecia entender pelo menos uma parte do que eles diziam para ela, sendo que
as poucas palavras não pareciam estar relacionadas com nada.
Assim que eles desciam as escadas do farol, ela disse "quente" duas vezes. Quando eles pisaram no longo e
úmido túnel, ela disse "eu não quero", uma expressão de medo na pálida face dela. Rebecca estava aterrorizada
com o fato de ser tarde demais caso achem uma cura.
Tudo aconteceu tão rápido que ela mau compreendia. Havia um homem esperando por eles no farol, uma
armadilha, como David tinha previsto. Ao entrarem, a pessoa abriu fogo contra a porta debaixo de uma escada
de metal. Graças ao plano de David tudo terminou em segundos. Steve achou a porta de acesso e digitou o
código. Rebecca e John iluminaram o agressor e perceberam que ele foi infectado. A pele cor de papel dele
estava descascada e enrugada, com estranhas linhas entalhadas. Ele era diferente de um Trisquad; menor
decomposição, olhos mais humanos... depois David foi buscar Karen e o interesse de Rebecca foi desviado.
Foi na subida do declive que ela decidiu. Mesmo que isso não faça diferença, ela não conseguia imaginar o que
mais pode ter feito o vírus se amplificar tão rápido. O T-virus pode ter respondido às mudanças fisiológicas dos
batimentos acelerados do coração e da circulação de Karen. Mas assim que eles levaram a fraca e confusa
mulher para o farol, Rebecca percebeu que havia parado de se preocupar sobre como; tudo o que ela queria era
ir para o laboratório, tentar e libertar o que sobrou da sanidade de Karen Driver.
O túnel embaixo do farol parecia voltar na direção do complexo numa curva, e era esculpido na própria pedra
calcária dos rochedos. As luzes eram fixadas ao longo das paredes formando estranhas sombras enquanto
andavam.
John e Steve seguravam Karen entre eles. Rebecca estava por último, sentindo uma horrível sensação de déjà vu
que a fazia lembrar dos túneis subterrâneos da mansão de Spencer. O mesmo frio úmido emanava das pedras,
dando terríveis sensações de estar indo em direção ao perigo. Exausta e com medo de não ser capaz de prever
um desastre.
O desastre já aconteceu, ela pensou observando Karen se esforçar para continuar andando. Nós a estamos
perdendo. Em uma hora ou menos ela estará muito longe de voltar.
Sendo assim, John e Steve não deviam estar tocando nela. Ela podia pegar algum deles, mordendo antes de
poderem fazer algo.
O túnel virou à esquerda e Rebecca percebeu que eles deviam estar muito perto do mar; as paredes pareciam
tremer com as ondas e cheiravam peixe. Partes do chão eram lisas sugerindo a participação de mãos humanas.
Ela imaginava se o túnel se daria em algum lugar -
"Droga". David disse nervoso. "Merda".
Rebecca ergueu a cabeça e ao ver o que tinha à frente, sentiu sua última esperança por Karen ir por água
abaixo.
Nunca encontraremos o laboratório a tempo.
O túnel dava em algum lugar, a algumas centenas de metros de onde David parou. Ele era conectado por mais
cinco túneis menores, todos em diferentes direções.
"Qual deles é sudoeste?". John perguntou. Karen inclinou-se contra ele e sua cabeça tombou para a frente.
"Eu não sei, eu achava que já estávamos indo para sudoeste. Eles não estão alinhados diretamente, e nenhum
vai diretamente para leste".
Eles forma para os túneis, cujas luzes desapareciam a cada curva. Eles foram obviamente esculpidos pela água e
eram conectados às cavernas marítimas que David mencionou. Os túneis não eram tão grandes quanto o que
estavam mas eram suficientes para um humano passar confortavelmente; uns três metros de altura. Não havia
como dizer qual deles ia para o laboratório.
Ou se algum deles realmente vai para o laboratório, nós nem sabemos se ele está aqui embaixo.
"Se nenhum deles vai para leste, nós devemos escolher o que mais parece ir a sudoeste". Steve disse. "Até
porque, leste daqui é água".
Karen murmurou algo ilegível, fazendo Rebecca se aproximar para ver como ela estava. Apesar de John e Steve
ainda a estarem segurando, ela não parecia ter problemas para ficar de pé.
Rebecca tocou sua testa molhada e os olhos de Karen fixaram nela, opacos e vermelhos com as pupilas
dilatadas.
"Karen piscou devagar. "Com sede". Ela disse. Sua voz borbulhando e soando liquidamente.
Ainda responde, graças à Deus...
Rebecca tocou a garganta dela levemente, sentindo o rápido e fino pulso com os dedos. Estava mais rápido do
que antes, no farol. O que quer que o vírus esteja fazendo com ela, não resta muito tempo até o corpo de Karen
desistir.
Rebecca se virou, desesperada e nervosa, querendo gritar para alguém fazer algo -
- mas ouviu passos vindo de um dos túneis. Ela agarrou sua Beretta, Viu John e David fazerem o mesmo
enquanto Steve segurava Karen.
Qual deles, de onde vem? Griffith? É ele?
O som parecia vir de todos eles - e então Rebecca o viu, surgindo do canto na segunda passagem à direita. Uma
figura tombante de avental sujo - e ele os viu.
Mesmo a uns quinze metros, Rebecca pode ver seu histérico rosto. O homem correu para eles com seu curto
cabelo castanho e desarrumado, seus brilhantes olhos e lábios balançando. Ele não estava segurando qualquer
arma, apesar de Rebecca manter a sua erguida.
"Oh, graças à Deus, graças à Deus! Vocês tem que me ajudar! Dr. Thurman, ele ficou louco, nós temos que dar
o fora daqui!".
Ele saiu do túnel e se aproximou de David, aparentemente esquecendo da arma apontada na sua direção.
"Nós temos que ir, tem um barco que nós podemos usar, nós temos que sair antes que ele mate todos nós".
David olhou em volta e viu que Rebecca e John o estavam cobrindo. Ele guardou a arma e agarrou o braço do
homem.
"Calma, calma. Quem é você, você trabalha aqui?".
"Alan Kinneson". O homem respondeu. "Thurman me deixou trancado no laboratório mas ouviu vocês chegarem
e eu fugi. Mas ele é louco. Vocês tem que me ajudar a chegar no barco! Tem um rádio, nós podemos pedir
ajuda!".
O laboratório!
"Para onde fica o laboratório?". David perguntou rapidamente.
Kinneson pareceu não ter escutado.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
"O laboratório". David repetiu. "Me escuta - você veio de lá?".
Kinneson virou-se e apontou para o túnel que estava próximo ao que ele veio, o do meio.
"O laboratório é para lá -".
Depois ele apontou para o túnel a qual veio. "- e o barco é para lá. Essas cavernas são como um labirinto".
Apesar de ele ter se acalmado ao olhar para os túneis, ele ficou tão histérico quanto antes ao voltar-se para as
pessoas à sua frente. Ele devia ter trinta e poucos anos, mas David reparou que ele tinha profundas linhas nos
cantos dos olhos e boca. Devia ser bem mais velho.
Quem ele era e quantos anos tinha não importava, ele estava em pânico.
"O rádio está no barco, nós podemos chamar ajuda e depois fugir!".
Os pensamentos de David corriam juntos aos seus batimentos cardíacos. Era isso, era a chance deles -
- nós vamos para o laboratório, fazemos esse Thurman dar a cura e depois saímos daqui antes que alguém se
machuque -
Ele viu a mesma esperança nos outros, John e Steve balançavam a cabeça positivamente. Rebecca não parecia
empolgada. Ela chamou David com a cabeça para que saísse do campo auditivo de Kinneson.
"Dê-nos licença por um momento". David disse, forçando a educação que ele não sentia. Kinneson era um dos
cientistas da lista de Trent.
"Nós temos que nos apressar!". O homem disse, ficando parado enquanto David ia de encontro aos outros.
Os quatro se juntaram para conversar. Karen descansava nos braços de Steve.
A voz de Rebecca soava preocupação. "David, não podemos levar Karen para o laboratório se Griffith - se
Thurman estiver lá; e se nós tivermos que lutar?".
John concordou dando uma olhada no cientista. "E eu não acho que devemos deixar esse cara sozinho, ele
parece querer ir embora sem a gente".
David pensou. Steve atirava melhor mas John era mais forte. Se eles tiverem que fazer Thurman dar a cura do
T-virus, John poderá intimidá-lo mais facilmente.
"Nós vamos nos dividir. Steve, leve a Karen para o barco e fique de olho no Kinneson. Nós iremos para o
laboratório pegar o que precisamos e encontrá-los lá. De acordo?".
Todos de acordo, e David virou para Kinneson.
"Nós precisamos ir para o laboratório mas a nossa amiga Karen não esta bem. Nós gostaríamos que você
levasse ela e a escolta para o barco e esperasse por nós".
"Nós temos que nos apressar". Kinneson disse, indo logo depois para a passagem a qual veio, num rápido passo.
Seu avental sujo balançando e suas passadas rápidas fizeram David se sentir preocupado.
Ele nem perguntou quem nós éramos...
Assim que Steve e Karen começaram a entrar no túnel, David tocou o braço de Steve e disse. "Olhe ele
cuidadosamente, Steve". Nós estaremos lá o mais breve possível".
Steve concordou e andou depois do estranho Dr. Kinneson, com Karen ao seu lado.
John e Rebecca já estavam na frente da passagem do meio com as armas na mão.
Sem falar os três entraram no sombrio túnel numa cansada mas determinada corrida, preparados para encarar o
monstro humano por trás de tantas tragédias em Caliban Cove.
[8]
Eles viraram a primeira esquina, Karen segurando o ombro dele com sua fria e suada mão - e o cientista estava
uma curva mais adiante, uns bons cem metros de distância.
Steve viu seu avental branco que depois desapareceu, passos se distanciando.
Ótimo. Perdido numa maldita caverna labirinto porque o Dr. Estranho tem tarefas para cumprir.
Karen soltou um baixo som de agonia fazendo Steve sentir o frio nó em seu estômago apertar. Seu medo de
ficar perdido não é nada se comparado ao que sentia por Karen. Ela se pendurava cada vez mais nele, os pés
dela arrastavam no chão.
David, John, Rebecca, por favor rápido, não deixem Karen piorar.
Ele a colocou mais perto com pressa em alcançar Kinneson. Exceto por conhecer Rebecca, esse foi o pior dia da
vida dele. Ele tem estado no S.T.A.R.S. por um ano e meio, e já esteve em situações perigosas. Elas nem
chegam perto do que ele tem passado nas poucas horas desde que foi atirado do barco.
Monstros do mar, zumbis com armas e agora Karen, perdendo a consciência, podendo virar uma daquelas
coisas. Estamos tão perto de sair daqui e ainda pode ser tarde demais...
Ao alcançar a curva no túnel, Steve não podia mais ouvir os passos de Kinneson. Ele apareceu na esquina,
achando que deveria pedir para o doutor esperar, para não ir muito longe -
- e parou frio. Kinneson estava parado a dois metros, segurando uma .25 semi-automática. Ele se aproximou e
pressionou fortemente o cano da arma no estômago de Steve, tirou sua Beretta do coldre e depois recuou. O
doutor andou para um lado, agora segurando ambas as armas e acenou para Steve ficar à sua frente.
"Você virá para o laboratório,". Kinneson disse. "ou eu te mato".
"Nós sabemos o que você fez aqui". Steve falou. "Nós sabemos tudo sobre os malditos Trisquads, nós sabemos
sobre o T-virus, e se você quiser sair daqui sem -
"Você virá para o laboratório ou eu te mato".
Oh meu Deus.
"Você virá para o laboratório ou eu te mato". Ele repetiu e ergueu as armas - a centímetros da cabeça abaixada
de Karen.
Steve sabia que ela estava morrendo, que ela tinha uma boa chance de perder para o vírus e se tornar uma
violenta e insana criatura.
Mas eu tenho que protegê-la. Se eu matá-la para me salvar ou se não houver uma chance de curá-la...
Steve não iria, não podia fazer isso. Mesmo se significasse a própria vida.
Segurando Karen, ele deu um passo à frente do doutor e começou a andar.
Tempo suficiente se passou. Se os intrusos tivessem feito o que deveriam fazer, eles teriam se separado, uns
indo para o lugar errado, outros acompanhando o bom doutor de volta para o laboratório. Se Alan falhar, ele ao
menos deixou os intrusos encurralados. De qualquer jeito, era uma questão de tempo.
Griffith digitou no painel de controle da jaula dos Ma7s, pensando em como seria divertido ver os olhares nos
rostos deles. A luz vermelha mudou para verde, significando que o portão estava completamente aberto.
Sem problema, ele supôs. Desde que eles morram.
O curvo túnel parecia não terminar. Toda vez que faziam uma curva, Rebecca esperava ver uma porta fechada,
com um aparelho ao lado, para o cartão que David tinha. Enquanto as luzes penduradas iam para outro trecho do
túnel cada vez mais vazio e monótono, ela parou de querer ver a porta.
Um sinal bastava, uma seta pintada na parede, um rabisco escrito - qualquer coisa que fizesse o suspense deles
acabar.
Enganados por um cientista da Umbrella?
Kinneson era estranho, estava definitivamente aterrorizado, no ponto de histeria. Será que ele se confundiu por
causa do pânico e mostrou a passagem errada? Ou o laboratório estava mais bem escondido do que eles
pensavam?
Ou ele nos mandou para uma armadilha, uma caverna sem saída - algo perigoso que nos mantenha ocupados
enquanto ele...
Enquanto ele fazia algo para Steve e Karen. O pensamento a deixou mais assustada do que pensar em estar
indo para uma armadilha. Karen estava doente, ela não conseguiria se defender, e Steve -
Não, Steve está bem. Ele pode pegar Kinneson num piscar de olhos.
Exceto que Karen esteja com ele.
O ritmo da corrida diminuiu. David e John respiravam fortemente com expressões de exaustão em seus rostos.
David ergueu a mão, parando-os.
"Eu não acho que esse é o caminho". Ele disse. "Nós já devíamos ter visto algo. E o pedaço de papel dizia
sudoeste, leste - eu não tenho certeza, mas eu acho que depois da última curva nós já estamos indo para
oeste".
"Eu não sei para onde nós estamos indo, mas eu sei que Kinneson falou besteira. O cara trabalha para a
Umbrella. Por Deus". John disse.
"Eu concordo". Rebecca disse. "Eu acho que devemos voltar. Nós temos que ir para o laboratório, rápido. Eu
acho -".
Clank!
Eles congelaram, olhando um para o outro. De algum lugar do túnel adiante, algo metálico foi movido.
"O laboratório?". Rebecca disse esperançosa. Isso pode -".
Um baixo e estranho som a interrompeu. Não era nada que ela já tenha ouvido - um uivo de cachorro combinado
com um estranho assobio e o choro de um bebê recém nascido. Era solitário, surgindo e calando através do
túnel, finalmente transformado-se em um triste grito -
- depois se juntou a outros.
"Corram". David disse, mirando sua arma na vazia passagem à frente. Esperou os dois se virarem para depois
seguí-los.
Rebecca sentiu uma incrível dose de adrenalina passar pelo seu corpo que a mandava correr pelo túnel para fugir
dos sons. John estava à sua frente, podendo ouvir os passos de David logo atrás.
Os uivos ficaram mais altos, e Rebecca pode sentir as pedras vibrarem sob os seus pés. Os pesados passos das
coisas estavam se aproximando.
"Próxima curva". David gritou e assim que eles alcançaram o fim do trecho, onde o túnel virava, Rebecca olhou
em volta erguendo sua arma e mirando-a para a última curva que fizeram. John e David fizeram o mesmo. Vinte
metros de passagem vazia, preenchida com os ensurdecedores choros de seus perseguidores.
Assim que o primeiro pode ser visto, os três atiraram. Balas perfuraram a criatura que Rebecca achava se uma
leoa - depois um lagarto gigante - depois um cachorro. Ela pegou um pequeno lance da impossível criatura. As
pupilas de gato, a cabeça de cobra gigante, e a aberta boca cheia de baba e dentes afiados. O agachado e
poderoso corpo cor de areia e grossas patas dianteiras avançando a incrível velocidade -
- assim que as balas iam de encontro à pele da criatura, apareceu outra logo atrás -
- e as balas acertaram o primeiro, derrubando-o de seus pés com garras, balançando para trás enquanto espirros
de sangue manchavam a parede do túnel -
- e, balançando a cabeça, gritando ferozmente, a coisa se lançou para cima deles novamente.
- Oh merda -
Rebecca puxava o gatilho, quatro, cinco, seis vezes, sua mente gritando tão alto quanto os dois animais
monstruosos que corriam. Oito, nove, dez -
- e o primeiro foi ao chão, mas ainda tinha o segundo e agora um terceiro, descendo o túnel, e na Beretta só
cabiam quinze balas -
Nós vamos morrer -
David recuou, atrás da linha de fogo. Um clip vazio veio ao chão e então ele já estava mirando e atirando de
novo.
Rebecca contou sua última bala e recuou, rezando para que ela pudesse fazer isso tão rápido quanto David -
- e viu que o terceiro animal estava recuando, seu peito forrado de vermelho. Ele caiu na possa de sangue que
fez e ficou lá.
Nada no túnel se mexeu, mas devia ter outros dois vindo. Seus choros continuaram ecoando pelo túnel, mas
estavam fora de visão - como se soubessem o que aconteceu ao seus irmãos.
"Vamos". David disse, ainda mirando para a curva. Eles deram a volta e começaram a ir, ouvindo os uivos das
criaturas híbridas.
***
Griffith saiu rapidamente de perto da porta ao ouvir a chave na fechadura. Não queria estar muito perto do que
Alan possa ter trazido. Ele já tinha Thurman preparado caso haja movimentos súbitos - mas quando ele viu o
jovem homem e sua passiva colega entrarem no laboratório, Griffith duvidou que teria problemas.
O que é isso? Algumas bebidas ou um ferimento?
Griffith sorriu, esperando ele falar ou ela se mexer, seu coração cheio de bom humor. Fazia tanto tempo desde a
última vez em que falou com alguém capaz de responder por si só. Atrás dele Alan fechou a porta e ficou parado,
segurando as duas armas no estranho casal.
O jovem homem deu uma olhada no laboratório, seu escuro olhar fixado na ampla janela da câmara de ar. A
cabeça da mulher estava abaixada, rolando contra o seu peito.
Ele tinha o natural bronzeamento Hispânico, ou talvez de alguém da Índia. Não muito alto, mas robusto o
bastante.
O olhar do rapaz finalmente alcançou Griffith, curioso e não tão assustado como Griffith queria.
Vamos cuidar disso...
"Aonde nós estamos?". O jovem perguntou.
"Você está num laboratório de pesquisa química há aproximadamente vinte metros abaixo da superfície de Caliban
Cove". Griffith respondeu. "Interessante, não? Aqueles hábeis projetistas construíram um laboratório dentro de
um labirinto - ou um labirinto em volta do laboratório. Eu esqueci de -".
"Você é o Thurman?".
Tão delicados!
Griffith sorriu de novo balançando a cabeça. "Não. O Dr. Thurman é esse gordo de pé ao seu lado. Eu sou
Nicolas Griffith. E você deve ser...?".
Antes que o jovem pudesse falar, a mulher ergueu a cabeça, uma pálida face olhando em volta, paralisada pela
fome.
Uma infectada!
"Thurman, pegue ela e a segure". Griffith disse rapidamente. Ele não queria danificar o bom espécime, Alan.
Assim que Thurman agarrou a mulher, o jovem homem resistiu, empurrando Louis.
Griffith sentiu um pulso de agonia. "Alan, bata nele!".
O Dr. Kinneson ergueu a mão e acertou a parte de trás de sua cabeça; ele parou de resistir o suficiente para
Thurman tirar a mulher do seu poder.
"Ela se foi". Griffith disse, imaginando por que alguém na terra iria querer segurar uma infectada. "Olhe para ela,
você não pode ver que ela não é mais humana? Ela é um dos bonecos de Birkin, um dos famintos pateticamente
alterados. Um zumbi. A unidade de um Trisquad sem treinamento".
Enquanto Griffith falava, uma fascinante mudança de acontecimentos ocorreu. A mulher se contorceu em volta
de Thurman - e com um rápido movimento, mordeu o rosto de Louis. Ela arrancou um grosso e ensangüentado
pedaço de sua bochecha e começou a mastigar com entusiasmo.
"Karen, oh meu Deus, não -".
Por mais preocupado que ele parecia, o jovem não se mexeu para fazer alguma coisa. Nem Louis. O doutor
permaneceu calmo, com sangue escorrendo pelo rosto.
"Olhe para isso". Griffith disse. "Nem uma careta, dor ou emoção... sorria, Louis!".
Thurman sorriu mesmo enquanto a mulher ia para cima dele de novo, tentando morder seu proeminente lábio
inferior. Com um molhado e rasgante som, o lábio foi arrancado, expondo um sorriso ainda maior. Sangue jorrou.
A mulher mastigou.
Incrível. Absolutamente de tirar o fôlego.
O jovem rapaz estava tremendo. Ele não parecia estar gostando do que via, e Griffith percebeu que ele não irá;
ela deve ter sido uma amiga.
"Alan, pegue o nosso rapaz e segure-o bem forte".
Ele não resistiu, traumatizado com o que via. A mulher pegou outro pedaço da bochecha e Louis sorriu
deficientemente, provavelmente por causa de um trauma muscular.
Mesmo querendo continuar olhando, Griffith tinha algo para ser feito. Os amigos do rapaz podem ter derrubado
os Ma7s.
Griffith andou para a estante e pegou uma seringa milimetrada, tocando um dos lados com o dedo. Ele virou para
a quieta visita, pensando se deveria contar o seu plano para pegar os outros invasores. Não é isso que os "vilões"
fazem nos filmes? Ele considerou isso por um momento, depois decidiu; ele sempre viu isso como uma bobagem.
Ele está longe de ser um vilão. Eles é que invadiram seu território, ameaçando seus planos de criar a paz mundial.
Não havia dúvidas sobre quem eram os mau feitores nessa história.
O jovem ainda assistia à bizarra cena; Karen engolia o nariz de Thurman.
Andando rapidamente, Griffith inseriu a agulha no braço do jovem e apertou o êmbolo.
Só depois ele reagiu, seu olhar chocado voltando-se para Griffith, se debatendo e contorcendo. Os braços de Alan
pareciam flexíveis, mas conseguiam conter o Hispânico.
Griffith sorriu. "Relaxa". Disse. "Em pouco tempo você não sentirá mais nada".
Devagar, devagar demais, eles voltavam na direção da câmara, com as criaturas seguindo cuidadosamente para
não serem vistas, cantando terríveis músicas. John sentia os minutos passarem, minutos que já podem ter
custado a vida de Karen, minutos a qual Steve pode estar lutando para sobreviver -
Venham, seus merdas! Nós estamos bem aqui, comida de graça! Venham!
Eles tentaram gritar, tentaram atirar e sapatear, e as criaturas não morderam a isca. David tentou enganá-los se
escondendo na esquina do túnel - e quando os lagartos gigantes apareceram, os três pularam e começaram a
atirar. John acertou um deles, dando para perceber que eram só dois - mas ambos se protegeram antes que
algum dano sério pudesse acontecer.
"Traiçoeiros desgraçados". John reclamou pela vigésima vez. "O que eles estão esperando?".
Nem Rebecca nem David responderam. As criaturas estavam esperando eles andarem.
Depois de uma eternidade, eles ouviram o familiar som da cavernosa câmara a qual deixaram; as ondas
abafadas e as fortes vibrações do mar.
Graças a Deus, graças a Deus.
"Quando chegarmos na abertura, cubram o túnel,". David disse. "eu vou correr, atirem neles -".
"Você atira melhor do que eu, eu corro mais rápido. Eu deveria fazer isso".
Eles estavam chegando lá. John olhou para David e o viu fazendo sua decisão - e decidiu.
"Certo, corra o mais rápido que puder para as escadas do farol. Nós cuidaremos deles".
"Entendido. É só dizer quando". Rebecca disse.
Outro passo e eles foram circundados pelo espaço aberto.
John rapidamente ficou entre o túnel a qual vieram e outro ao lado. Ele viu David se posicionar, Rebecca de pé na
boca da passagem -
"Vai!".
Ela virou e correu a toda velocidade e John se preparou, ouvindo a aproximação dos ruídos.
"Agora!". David gritou, e ambos pularam na passagem atirando.
Crack - crack - crack - crack!
Os monstros estavam a menos de seis metros e a pesada munição os atingiu, ótimo, buracos ensangüentados
aparecendo em sua elástica pele, sangue espirrando violentamente.
Os uivos desapareceram sob os tiros antes das coisas répteis chegarem perto da abertura. E os dois estranhos
corpos caíram no irregular chão.
Assim que pararam de atirar, Rebecca voltou para a câmara, seus olhos expressando urgência.
"Vamos". David disse, e então os três entraram no túnel a qual Kinneson desapareceu.
John finalmente deixou o medo entrar.
Karen, esteja bem. Por favor, não deixe nada acontecer a ela, Lopez -
O túnel dobrava angulosamente para baixo, e os três viraram com ele. John jurou a si mesmo que se eles
estiverem bem, se ainda restava tempo para Karen, se eles pudessem sair de lá vivos, ele daria qualquer coisa.
O meu carro, a minha casa, o meu dinheiro, eu não vou transar com mais ninguém até casar...
Não era suficiente - mas ele sacrificaria qualquer coisa, a qualquer custo.
O túnel virava novamente, ainda descendo. Eles fizeram a curva -
- e viram um grupo de portas, uma pequena passagem entre a interna e a externa, uma gigante e iluminada sala
atrás. Steve estava encostado na moldura da porta segurando a sua Beretta, sua face pálida e vazia.
"Steve! O que aconteceu, o que -". David disse, mas o olhar no rosto de Steve ao vê-los se aproximarem, estava
terrivelmente vazio, fazendo-os pararem de andar. Enquanto sua mente tentava negar isso, o coração de John
se encheu com um horrível sentimento de perda.
"Karen está morta". Steve disse suavemente, depois virou-se e entrou na sala.
Oh, não...
Rebecca sentiu um profundo sentimento de tristeza ao olhar para Steve. John e David sentiram o mesmo, quietos
ao lado. O vazio rosto de Steve lhes disse o que deve ter acontecido.
Pobre Karen. E Steve, como isso deve ter sido...
Eles acharam o laboratório tarde demais. Ela olhou para o leitor de cartão próximo à porta enquanto entrava na
barreira dupla, sentindo um horrível senso de futilidade no porque disso. Eles vieram em busca de informações,
mas resolveram testes, Karen se infectou - e agora Steve.
... mas Kinneson. Thurman -
Ela passou pela segunda porta, impressionada. O laboratório era imenso, estantes cheias de equipamentos,
mesas com altas pilhas de papel - mas foi a porta do outro lado que chamou sua atenção, para o grosso vidro
reforçado na porta.
Era uma câmara de ar, a porta de dentro aberta. E atrás da segunda porta fechada, a escura água do oceano
fluía, bolas subindo. O laboratório estava debaixo d'água.
A segunda coisa que ela percebeu foi o sangue, um abundante rastro vermelho cruzando o chão de concreto em
respingos e poças - terminando num borrão arrastado. Steve deve ter movido um corpo.
Deus, não o da Karen...
Steve andou para a câmara de ar e virou-se, parecendo estar esperando por eles cruzarem a sala. Rebecca foi
em sua direção. John e David vinham atrás dela, quietos, olhando a vasta sala -
- quando atrás deles, a porta fechou.
Eles viraram e viram Kinneson, segurando uma semi-automática, uma 25, apontando para eles sem expressões
no rosto.
"Larguem suas armas".
A baixa e calma voz era de Steve.
Rebecca olhou para ele, que apontava sua arma para eles, sua face tão vazia quanto a de Kinneson. Agora perto
da câmara de ar, ela viu o corpo no chão. Era a Karen, sua branca face estava suja de sangue, um buraco
escuro onde seu olho esquerdo deveria estar.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo -
David andou na sua direção, segurando sua arma normalmente, confusão e descrença em sua voz. "Steve, o
que você está fazendo? O que aconteceu?".
"Larguem suas armas". Steve repetiu. Sua voz não tinha emoção.
John não se segurou e gritou. "O que você fez com ele?!". Ele se virou e atirou em Kinneson.
A bala perfurou violentamente sua *têmpora esquerda. Kinneson foi ao chão -
BOOM!
O segundo tiro veio da Beretta de Steve, acertando a parte debaixo das costas de John. Sangue jorrou pelo
buraco enquanto ele se virava, assustado. Rebecca viu o escuro fluido escorrendo de sua boca, confusão em
seus olhos
- e John caiu no chão de cimento, não se mexendo mais. Tudo aconteceu em segundos.
"Larguem as armas". Steve disse calmamente, apontando sua semi para Rebecca.
Por um momento, Rebecca não pôde fazer nada. Ela olhou para Steve com horror, incapaz de entender o que
aconteceu.
"Desarmar". David disse, soltando sua arma no chão.
Rebecca fez o mesmo.
"Recuem". Steve disse, ainda apontando sua arma para ela.
"Faça o que ele diz". David disse.
Eles recuaram devagar, Rebecca sem tirar os olhos do rosto de Steve, que agora é só uma máscara usada por
um...
... por um zumbi.
Eles pararam perto de uma mesa, olhando Steve recolher suas armas. A mente de Rebecca girando com mais do
que terror e perda. Um zumbi que podia falar e andar como um homem. Como Kinneson. Como Steve.
Como? Quando isso aconteceu?
Assim que Steve retornou, uma prazerosa voz masculina surgiu do canto da sala, de trás de uma mesa.
"Tudo acabado, então? Meu Deus, que tragédia Grega...".
A voz foi seguida por uma aparição. Um magro homem de cabelo acinzentado se levantou e contornou a mesa,
movendo-se para ficar ao lado de Steve. Ele devia ter cinqüenta e poucos anos, seu cabelo longo o bastante para
tocar o colar de seu avental, sua face exibindo um radiante sorriso.
"Eu vou repetir minhas instruções em benefício dos nossos convidados". O homem disse felizmente. "Se algum
deles fizer movimentos bruscos, atire".
Rebecca sabia quem ele era, sabia que não estava errada.
"Dr. Griffith". Ela disse serenamente.
Griffith levantou uma sobrancelha, parecendo entretido. "A minha reputação me precede! Como você sabe?".
"Eu já ouvi sobre você,". Ela disse. "ou Nicolas Dunne, que seja".
Seu sorriso ficou mais aberto. "Tudo no passado,". Ele disse, balançando a mão no ar. "e você nunca terá a
chance de contar isso para alguém, eu estou com medo".
Seu sorriso murchou, começando a falar friamente. "Vocês me atrasaram o bastante. Eu estou cansado desse
jogo, e acredito que seu bom e jovem homem vai matá-los...".
Ele se iluminou de repente, e Rebecca viu a maldade em seus olhos, a completa loucura.
"Agora que eu penso nisso, porque mais bagunça? Steve, diga aos seus amigos para entrarem na câmara de ar,
por gentileza".
Steve manteve sua arma apontada para o coração dela. "Entrem na câmara de ar". Ele disse calmamente.
Antes que David pudesse dar um passo. Rebecca começou a falar rapidamente.
"Foi o T-virus? Você o usou como uma plataforma para o que quer que seja? Eu sei que você foi o responsável
pelo aumento do tempo de amplificação, mas isso é algo novo, é algo que a Umbrella nem sabe, é um mutagene
com uma fusão de membrana instantânea, não é?".
Griffith arregalou os olhos. "Steve, espere... o que você sabe sobre fusão de membrana, garotinha?".
"Eu sei que você a aperfeiçoou. Eu sei que você criou uma rápida fusão de vírus que aparentemente infecta o
tecido cerebral em menos de uma hora -".
"Em menos de dez minutos". Griffith disse, seu comportamento sorridente mudando para o de um fanático, seus
lábios sendo apertados pelos dentes. "Esses animais burros e seus ridículos T-virus! Birkin pode ter consciência,
mas o resto deles são tolos, brincando com seus jogos de guerra enquanto eu criava um milagre!".
Ele se virou, apontando para a fila de brilhantes tanques de oxigênio próximos à porta de entrada. "Vocês sabem
o que é aquilo, vocês sabem o que eu sintetizei? Paz! Paz e liberdade para toda a espécie humana!".
David sentiu seu coração bater mais forte, seu corpo suando frio. Griffith estava passando na frente deles agora.
"Tem o suficiente da minha criação naqueles tanques para infectar bilhões de pessoas em menos de vinte e
quatro horas! Eu encontrei a resposta, a resposta para as patéticas e egoístas pessoas em que os humanos se
tornaram - quando eu der o meu presente para o vento, o mundo se tornará livre de novo, ele será renascido,
um simples e bonito lugar para toda criatura, grande ou pequena, sobreviver pelos seus instintos!".
"Você está louco". David disse, mesmo sabendo que Griffith poderia matá-los. "Você está fora de si".
Por isso o meu time está morto. Ele quer transformar o mundo em coisas como Kinneson e Steve.
Griffith se dirigiu a David. "E você está morto. Você não vai estar aqui quando o meu milagre abençoar esta terra,
eu, eu - o deprivo do meu presente, vocês dois! Quando o sol nascer amanhã, haverá paz, e nenhum de vocês
jamais conhecerá um segundo dela!".
Ele olhou para Steve. "Ponha-os na câmara de ar, agora!".
Steve ergueu a arma de novo, indo na direção da abertura, onde o corpo sem vida de Karen estava caído no
chão ensangüentado.
Ele está fora do alcance, não dá para pegar a arma a tempo -
"Steve, agora! Mate-os se não forem!".
--------------------------------------------------------------
*Têmpora - Cada uma das duas porções laterais, superiores da cabeça.
-------------------------------------------------------------- David e Rebecca cruzaram a comporta. David tinha que fazer
algo ou o mundo seria infectado pelo sonho desse maníaco psicótico -
Steve fechou a comporta.
Eles estavam presos.
Griffith estava furioso, tremendo com ódio enquanto a comporta se fechava. Eles não viram, eles não
entenderam nada?
Ele olhou para o jovem Steve, a raiva tentando levá-lo à loucura, fazê-lo vomitar, fazê-lo matar -
"Ponha essa arma na sua cara feia e puxe o gatilho, morra, morra, morra!'.
Steve ergueu a arma.
Rebecca gritou, batendo seus punhos na grossa porta de metal.
Não - não - não - não -
BOOM!
O barulho do tiro calou os gritos dela. Steve caiu na base da porta, impiedosamente fora de visão.
Ele já estava morto, não era mais o Steve.
"Jesus...". David falou, e Rebecca levantou os olhos, vendo o olhar selvagem e cruel de Griffith -
- e de repente Griffith sorriu, um brilhante e triunfante sorriso. Rebecca olhou nos azuis olhos dele e percebeu que
nunca odiou de verdade.
Seu desgraçado miserável.
Ele lhes contou seu plano, mas naquele segundo, o pensamento era grande demais para ela medir. Tudo o que
ela conseguia pensar era que ele já tinha matado Karen e John, e agora Steve - e ela não queria mais nada além
de destruí-lo.
Griffith foi para o painel ao lado da porta e começou a apertar os botões, ainda sorrindo. Houve um pesado clank
vindo do chão gradeado - e água começou a entrar, drenada das frias e escuras águas do mar que pressionava
a comporta externa. A câmara de ar era grande o bastante para ela e David ficarem longe do corpo
ensangüentado de Karen. A água estava avermelhando, vindo de uma abertura escondida, cobrindo seus pés e
os dedos de Karen.
Um minuto, talvez menos...
No laboratório, Griffith estava apoiado numa mesa na frente deles, braços cruzados e olhando. Atrás dele, o
cenário da morte - Kinneson, John e os cilindros de metal cheios do mal de Griffith.
Nós temos que fazer alguma coisa!
Rebecca virou para David desesperada, rezando para que ele tenha algum plano - mas só viu resignação e dor
nos olhos dele, enquanto olhava o corpo de Karen.
"David -".
"Eu sinto muito". Ele disse. "Tudo culpa minha...".
As mãos de Karen já flutuavam, seu curto cabelo loiro boiando ao lado de seu rosto. Rebecca agarrou o trinco da
porta - em vão. A fria água entrou nos seus sapatos, sob seus pés, escuridão.
"Se eu não tivesse sido tão egoísta... Rebecca, eu sinto muito, você tem que acreditar que eu nunca -".
No ápice da histeria, ela agarrou os ombros dele, gritando. "Tá bom, você é um idiota, mas se Griffith soltar
aquele vírus, milhões de pessoas vão morrer!".
Por um segundo ela achou que ele não tivesse escutado - e então, seus olhos afiaram. Ele olhou rapidamente
para o pequeno compartimento e ela pode ver sua mente pensando. Aço, comportas impermeáveis; uma jaula
do outro lado da porta externa, como aquelas de tubarão, dois metros de altura; água fria já nos joelhos, os
braços e a cabeça de Karen flutuando.
"As portas são de aço, as janelas tem duas polegadas de espessura - se a comporta externa abrir, lá está a
jaula".
Ele olhou nos olhos dela, os seus com frustração e raiva - e balançou a cabeça.
Ela soltou seus braços, começando a tremer de frio. David se aproximou e colocou seus braços em volta dela.
"Sorte sua de me conhecer". Ele disse, esfregando os braços de Rebecca assim que os dentes dela começaram a
trepidar, assim que a água alcançava suas coxas, assim que a mão de Karen encostava na sua perna-
Sorte. Karen.
O coração de Rebecca passou a funcionar em meia batida.
David a segurou fortemente, desejando um milhão de coisas, sabendo que era tarde demais para eles. Ele viu
Griffith, que ainda olhava, ainda sorria.
Assassino -
De repente, Rebecca estirou-se contra seu peito. Ela o empurrou e agarrou o corpo de Karen, seus dedos
procurando freneticamente dentro do colete da mulher morta. Rebecca riu, uma brilhante e alegre risada -
- ela ficou louca -
- e tirou um escuro e redondo objeto de um dos bolsos de Karen. David viu o que era e sentiu um puro espanto
correr em seu corpo.
"Ela carregava isso para dar sorte". Rebecca disse rapidamente. "Está viva".
David pegou a granada e a segurou atrás das costas, seus pensamentos fluindo novamente, a água em sua
cintura e quase no peito de Rebecca.
- a porta externa abre, puxar o pino, entrar na jaula, segurar a comporta fechada.
Mesmo assim eles morreriam. Mas se eles conseguissem passar para o lado de fora, eles não iriam sozinhos.
[9]
Griffith via a água subir. Seus pensamentos já voltados para o amanhecer e para o problema de carregar
pesados cilindros escada acima.
O par estava fingindo um belo show. A garota nervosa com o Britânico; o olhar desesperado para sair dessa
situação. O abraço final, depois o pânico - a garota agarrando a infectada, o Britânico falando com ela,
preocupado com sua loucura mesmo com a água em seu jovem peito.
Triste, tão triste. Eles nunca deviam ter vindo.
Agora o homem a está levantando, pateticamente trabalhando para prolongar o inevitável assim que a água
cruzava o vidro. Depois de mortos, ele soltaria a jaula, dar um banquete aos Leviathans antes de libertá-los de
novo, livres para nadar e viver seus dias em paz.
O corpo flutuava através da janela, e os dois invasores se posicionavam entre as comportas, lutando para
respirar o que restava de ar.
Aconteceu de repente, ele nunca se preocupou em saber quem eles eram, quem os mandou...
... e isso não importava agora, certo?
A câmara encheu. A luz no painel de controle mostrou que a porta externa foi aberta. Estava acabado -
- exceto por eles estarem se movimentando para sair, nadando para dentro da jaula - e algo pequeno caindo
enquanto eles fechavam a porta atrás deles -
Griffith franziu e -
BOOM!
Ele só teve tempo de registrar descrença, antes da comporta golpear seu corpo e a torrente de água tirar sua
respiração.
Quando a granada explodiu, tudo aconteceu muito rápido para Rebecca pensar. Só houveram desagradáveis
sensações de terror.
Uma brilhante luz apareceu antes da porta ser arrancada. Milhões de bolhas surgiram como balas. Uma incrível
pressão parecia se propagar em negras e frias ondas sob um abafado e estranho som.
Ela chutou, chutou e chutou, e suas pernas começaram a enfraquecer. As bolhas a levaram para cima -
- ar, um suave ar bateu em seu agonizante rosto. Ela bebeu convulsivamente, respirando, tomando goles da
coisa, ainda não pensando em nada. Mas seu corpo pensava, o cheiro de sal, as ondas balançando, um alto e
envolvente zumbido -
CRASH!
Uma forte onda a empurrou, levando água ao seu nariz enquanto litros da mesma choviam em sua cabeça.
Rebecca respirou, sua mente conectada ao seu corpo novamente.
David! O que -
CRASH!
"Rebecca!". Uma chocada voz veio de algum lugar no escuro. O zumbido estava claro agora, era -
Outra onda a atingiu, tentando sufocá-la como Griffith tentou e não conseguiu. Quando o chuvisco acabou ela viu
a luz - finos raios cortando a escuridão.
Era um barco. Um poderoso motor soava enquanto a embarcação se aproximava dela.
"Rebecca!". O desesperado chamado de David veio de sua esquerda.
"Estou aqui -".
CRASH!
Desta vez, ela pode ver o impacto. Ela viu a grande coluna de água contra os raios de luz, antes dela atingir suas
costas. Ela tentou respirar mas a coluna a atingiu, colidindo no agitado mar.
Umbrella?
O barco estava a menos de trinta metros quando o motor foi desligado. Alguém se debatia por perto -
- e as luzes se moveram, achando David não muito longe.
Uma voz masculina veio do barco que passou a se mover lentamente na direção deles. "Aqui é o Capitão Blake
do S.T.A.R.S. da *Philadelphia! Identifiquem-se!".
S.T.A.R.S.?
Blake continuou, sua voz mais alta com o barco mais perto. "A água não é segura! Nós vamos tirá-los daí!".
"Trapp, David Trapp, Exeters, e Rebecca Chambers -". David disse.
Quando Blake falou de novo, disse a coisa mais maravilhosa, as mais bonitas palavras que Rebecca já escutou.
"Burton nos enviou para achá-los! Esperem!".
Barry. Oh, graças a Deus, Barry!
Exausta e espiritualmente desgastada, Rebecca ainda tinha força suficiente para sorrir.
Foi quando ela ouviu um leve gemido atrás dela.
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*Philadelphia - (Filadélfia) Cidade à noroeste dos E.U.A., no estado da Pensilvânia.
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Estava escuro, tingido de vermelho e um eco de dor. Naquela escuridão, não havia ego e paz; ele estava sozinho
e ativo na batalha para encontrar o fim da ausência de luz. Ele sabia que encontrar o fim era importante, mas a
confusão de imagens assustadoras bloqueavam o seu caminho, insistindo que ele não precisava se apressar. Um
fantasma, uma fúria. A risada de uma mulher que não era mais uma - a luz que se apagou numa explosão de
fogo e som.
A confusão o chamava para explorar profundamente e desistir de sua busca pela luz. Ele quase desistiu de lutar,
deixar as sombras o dominarem - quando a luz o encontrou numa incrível explosão.
Então ele foi atirado no gelado e escuro líquido. O ar coalhou em seus pulmões e o forte frio aliviou sua dor - mas
depois ele pode respirar, e o dentado pedaço de madeira debaixo de suas mãos lhe disse que, de fato, havia luz.
Ele não estava morto, apesar de quase ter desejado isso - ele dificilmente podia respirar, e a dor nas suas costas
era esquisita - e então, ele ouviu a voz de David no meio do nada.
Ele tentou chamar, mas tudo o que conseguiu foi um exausto gemido. Houve um flash de luz - e escuridão
novamente. Mas houve tempo para ele entender o que estava acontecendo. Dor e movimento, uma sensação
de leveza e depois um aperto em sua bochecha. Um calafrio e mais movimento, o som de roupa e papel
rasgando, vozes dando ordens. Quando ele voltou a si, viu uma sombra num colete do S.T.A.R.S., curvando-se
sobre ele, com uma agulha numa mão.
Tomara que seja morfina, ele tentou dizer mas, de novo, só gemeu.
Um segundo depois, viu duas manchas pálidas flutuando sobre ele, enquanto a sombra do S.T.A.R.S. trabalhava
com mornas e gentis mãos. As manchas eram David e Rebecca, olhos escuros, cabelos pingando, faces
cansadas e perdidas.
"Você vai ficar bem, John". David disse suavemente.
"Agora descanse. Está tudo acabado".
Ele sentiu uma quente sensação em seu corpo que mandou a dor para bem longe. Ele olhou para os olhos de
David e tentou dizer o que mais queria. Custou muito, mas precisava ser dito.
"Vocês dois parecem algo que um coiote comeu e depois cagou". John cochichou. "É sério...".
John entrou numa confortável escuridão, ouvindo um suave som de risadas.
A médica de meia idade do S.T.A.R.S. levou John para uma pequena cabine do barco de dez metros, voltando só
para dizer que tudo está bem. Duas costelas quebradas, alguns cortes profundos e um pulmão perfurado. Um
helicóptero já foi acionado e virá em breve. A médica parecia confiante sobre a recuperação completa de John.
David chorou um pouco com a notícia, sem ficar nem um pouco envergonhado.
Eles sentaram na popa do barco, debaixo de um cobertor de lã enquanto Blake e sua equipe continuavam
posicionando cargas, indo e voltando pela angra. O pessoal de Pensilvânia já trouxe para cima quatro das
criaturas gigantes, antes de ver a explosão de ar e escombros que vieram do laboratório.
David tinha seu braço em volta de Rebecca, ela apoiada em seu peito assim que o escuro céu ficava suavemente
azulado. Nenhum deles falou, cansados demais para fazer algo além de observar a equipe trabalhando. Blake
prometeu enviar mergulhadores lá embaixo assim que John for levado e a angra estiver limpa.
Já tinham duas roupas de mergulho no convés do barco. Um jovem Alpha, cujo nome David havia esquecido,
estava preparando os equipamentos. Ele lembrava Steve...
O pensamento sobre Steve não trouxe o tipo de dor que David esperava. Dói, dói como o inferno - Karen e Steve
se foram - mas quando ele pensou no que eles conseguiram impedir, do que fizeram parte...
... não foi em vão. Nós acabamos com o sonho maluco de Griffith, evitamos que ele matasse milhões de
inocentes. Deus, eles ficariam tão orgulhosos...
A dor era ruim, mas a culpa não foi tão devastadora. A responsabilidade por suas mortes era algo que ele terá de
conviver.
Os pensamentos de David se voltaram para a Umbrella, para que função eles jogaram com Griffith. A Umbrella
criou a situação para que isso acontecesse; a completa indiferença pela vida humana só pode ser encorajada por
alguém como Griffith. E sem a Umbrella, o cientista nunca teria tido acesso ao T-virus...
Algum dia, eles pagarão por tudo o que fizeram. Não hoje ou amanhã, mas em breve...
Talvez Trent os ajude de novo. Talvez Barry, Jill e Chris descubram mais em Raccoon. Talvez -
Rebecca se inclinou mais nele, e David deixou seus pensamentos irem embora, contente por estar sentado e sem
pensar em nada. Ele estava muito, muito cansado.
Assim que os primeiros raios de sol apareceram no horizonte, Blake declarou as águas limpas, sendo que David e
Rebecca não o ouviram; ambos tinham caído num profundo e calmo sono sob o nascer de um novo dia.
[Epílogo]
A sala de reuniões era quieta e elegante. Três homens sentaram à grande mesa de carvalho. Um quarto estava
de pé na janela, olhando pensativamente para fora, para o céu matutino. O homem na janela podia ver os outros
refletidos no vidro, sem que eles percebessem. Por mais afiados que eram politicamente, eles eram meio tolos
sobre o que acontece a sua volta.
Depois da conferência por telefone, o homem que sempre vestia azul falou primeiro, dirigindo-se ao velho homem
de bigode.
"Você precisa discutir as ramificações disso?". Azul perguntou.
Bigode respondeu. "Eu acredito que o relatório já as cobriu". Disse levemente.
O bebedor de chá interrompeu, batendo seu copo na mesa. O quente líquido derramou pelos lados, distorcendo o
pequeno símbolo da Umbrella que o adornava.
"Eu não acho que é uma boa idéia subestimar a magnitude disso... dificilmente". Chá disse. "Particularmente não
com a atual instabilidade...".
Azul acenou. "Eu concordo. Coisas como esta podem sair do controle. Primeiro o secundário em Raccoon, agora o
de Caliban -".
Bigode interrompeu. Azul propriamente embaraçado, limpando a garganta.
"Isto é, eu acho que deveria haver uma investigação mais completa sobre esses problemas. Você não acha Sr.
Trent?".
O homem da janela se virou, imaginando como essas pessoas conseguiram chegar onde estão. Ele não sorriu,
sabendo que isso os incomodava.
"Eu receio ter que voltar nisso". Trent disse friamente.
"Claro, leve o tempo que quiser. Sem pressa, senhores, não estou certo?".
Sem outra palavra, Trent virou e andou para fora da sala, exteriormente tão preciso e intimidador quanto eles
esperavam, quanto eles queriam.
Internamente, ele queria saber quanto tempo esse jogo vai durar.

 

 

 

 

 

 

 

                                                  

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