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Poderia fazê-la apaixonar-se por ele... Outra vez? Quando Pagam Moore acabou sendo digna da devoção da Morte, a ele deu a oportunidade de ficar com ela. Mas a Dank nunca prometeu que ficaria com Pagan. Quando uma alma é criada, também é criado seu par. Em cada vida, as almas que devem ficar juntas se encontram. Completam o destino uma da outra. É hora da alma de Pagan escolher se de verdade quer uma eternidade ao lado da Morte, ou se quer o companheiro criado só para ela. Dank não acreditava que fosse ter que preocupar-se com sua escolha. Sabia que seu coração lhe pertencia. Até que descobriu que cada beijo, cada carícia, cada momento de seu tempo juntos seria apagado de suas lembranças. Teria que ganhar seu coração de novo e demonstrar a sua alma, que ele é ela quem pertence. Se tão somente o companheiro de sua alma não estivesse ali parada em seu caminho...
“Para cada fã do Dank Walker por ai a fora, isto é para vocês.”
-A alma foi marcada desde seu nascimento. Eu estava destinada a viver esta vida. - A Deidade.
-Vai para longe, por favor. Mantenha-se fora do meu dormitório. Poderia estar nua! - Pagan (Existence)
-A alma não foi designada uma só vez, a não ser duas vezes. -A Deidade.
-Uma alma veio à minha casa. Ela me tocou, falou comigo. As almas nunca falaram comigo, antes de você. -Pagan (Existence)
-Se está determinado que esta alma permaneça ao seu lado, então uma decisão deve ser tomada. -A Deidade.
-Você não pode me assustar eu não estou fugindo. - Pagan (Existence)
-Sabe que cada alma tem um companheiro. Se a sua alma tem que existir por toda a eternidade, então ela deve escolher por você o companheiro criado como a sua outra metade. - A Deidade.
-Este é o presente mais precioso e perfeito que alguém já recebeu. Você me deu uma memória. Eu vou te amar para sempre. - Pagan (Predestinada)
-A alma viu muito. Ela sabe mais do que uma alma deveria saber. Não pode conservar suas lembranças. A escolha será injusta se o fizer. - A Deidade.
-Estou guardando para meu ardente namorado. – Pagan (Predestinado)
-Cada momento que aconteceu contigo será apagado de suas lembranças. Não recordará seu encontro com a Morte, nem de você rompendo as regras para salvá-la. Não recordará ela lutar por você. Não recordará a maldição que sofreu enquanto estava sob o feitiço do espírito vodu. Tudo será apagado. Se a quiser, Dançar, então tem que ganhar seu coração sobre a alma que foi criada para ser seu companheiro. Só então será possível que possa tê-la para sempre. Ela deve passar por esta prova. -A Deidade.
-Confia em mim, Dank Walker, só tenho olhos para você. Ninguém sequer se aproximará. -Pagan (Predestined)
iranda estacionou o seu novo e deslumbrante Land Rover prateado em um lugar vazio do estacionamento em frente à Jemison Hall, o nosso lar durante os próximos nove meses.
-Pode acreditar que estamos aqui? - murmurou Miranda com assombro, enquanto contemplávamos o histórico edifício de tijolos, em nossa frente. Minha mãe foi uma aluna da Universidade Boone. Boone era uma pequena universidade privada em Weston, Tennessee. Quando Miranda e eu fomos aceitas aqui, pensei que este era o lugar onde eu estava destinada a estar. Ir a uma universidade estatal me apavorava. Eu gostava mais da sensação íntima deste lugar.
-Ainda estou tentando acreditar que estamos na universidade - respondi-lhe, enquanto abria a porta do automóvel.
-Incrível não é...?
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Nós duas saímos da caminhonete e nos dirigimos ao porta-malas para começar a descarregar nossas caixas. Minha mãe não pôde vir conosco, porque tinha que assistir a uma conferência de escritores em Chicago. Miranda e eu decidimos que era uma má ideia ter os seus pais conosco. Seus pais poderiam ser um pouco embaraçosos. Já que a gente fazia isso, sempre juntas, decidimos ser independentes e fazê-lo sem a ajuda de ninguém. Tínhamos uma à outra.
Agora, olhando a pilha de caixas e malas amontoadas na parte traseira do Land Rover de Miranda, perguntei-me se isso foi um engano. Levaríamos horas para levar tudo isso ao nosso dormitório.
-Isso levará uma eternidade, - gemeu Miranda, com frustração.
Comecei a responder quando o forte e vibrante som de potentes alto-falantes chamou minha atenção. A fonte da música era um pequeno conversível negro que justamente tinha estacionado na vaga junto a nós. A primeira coisa que chamou a minha atenção ao olhar a condutora do carro foi seu selvagem cabelo loiro com brilhantes pontas rosadas.
A condutora desligou o motor, e os meus ouvidos instantaneamente agradeceram. Abriu a porta e saltou do carro. Era óbvio que, pela maquiagem e o traje, ela era ‘emo’. Maquiada com um grosso delineador negro e botas negras de combate. A única coisa que me confundiu um pouco foi seu cabelo. O forte rosa não era realmente uma coisa ‘emo’, não é verdade? Colocou uma mão no quadril e soprou uma grande bola com seu chiclete, nos olhando descaradamente. Manteve sua bola, estourou e sorriu.
-Esta merda será divertida, - disse ela com um tom zombador, logo se virou e caminhou para o dormitório.
Uma vez fora da fila, Miranda me agarrou com firmeza.
-Por favor, Deus, não deixe que ela more perto de nós. Ela me deu medo.
Não podia discordar dela neste assunto. Assentindo, alcancei a caixa mais próxima a mim.
-Duvido que a vejamos muito. É um edifício grande. O mais provável é que nem sequer estejamos no mesmo andar. Agora, toma uma caixa e comece a descarregar.
-Espero que tenha razão. Deveria escolher outra vaga para estacionar? Já sabe, longe dela. - Perguntou Miranda.
-Só pegue uma caixa e deixe de se preocupar. - Respondi-lhe caminhando resolutamente em direção ao dormitório.
A loira de aspecto selvagem estava de pé no último degrau, e me olhou quando cheguei às portas da entrada. Genial. Não havia entrado. Desviei meus olhos dela para o chão, para não tropeçar e cair.
Ouvi um forte estrondo que me fez balançar. Tropecei e deixei cair à caixa de sapatos que levava. Apesar de meus esforços para apanhá-los, os sapatos se esparramaram sobre o pavimento. Mentalmente gritei de frustração. Coloquei minhas mãos em meus quadris e em silêncio me amaldiçoei por não pedir aos pais de Miranda que viessem conosco. Era só minha primeira caixa descarregada e nem sequer podia fazê-lo bem.
O ruído surdo de um motor se fez mais forte e voltei minha cabeça para ver uma motocicleta negra e prateada parar a uns metros de mim e de meu desastre de sapatos. Foi por sua culpa que eu deixei cair essas coisas.
O que fazia alguém conduzindo pelo campus em uma barulhenta motocicleta? Quando levantei os olhos da ofensiva motocicleta, os mesmos se encontraram com um par de olhos azuis brilhantes. Respirei rápido e forte, enquanto seu olhar me percorria lentamente. Era tão... tão... surpreendentemente perfeito. Cílios negros, grossos, adornavam os olhos mais loucamente azuis que eu jamais tinha visto. Um cabelo negro encaracolado e comprido chegava até seu pescoço e se escondia atrás de suas orelhas.
Uma boca perfeita se torcia em um sorriso. Espera... Um sorriso. Sacudi minha cabeça para deter a avaliação física que fazia deste desconhecido. Arrumei para converter minha expressão de assombro em uma de incomodo.
-Acredita que poderia conseguir uma moto mais barulhenta? Porque acredito que essa desperte às pessoas na Austrália. – Falei e me agachei para começar a recolher os meus sapatos, o que era vergonhoso.
-Isto é minha culpa? - Perguntou com um sexy acento hipnótico. Imagine. Os meninos pareciam ter vozes de acordes.
- Assustou-me, assim como despertou a todos os bebês dormindo nos estados vizinhos. - Respondi-lhe lançando uma de minhas botas na caixa.
Observei pelo canto do meu olho, ele parou, e logo balançou a perna por cima de sua motocicleta e abaixou-se. Genial. Agora vinha para cá. Justamente o que necessito. Mantive meu olhar nos sapatos espalhados por toda parte enquanto ele caminhava para mim. Suas botas negras pararam bem em frente ao meu montão de sapatos. Agachou-se e recolheu um salto de cor rosa que quase nunca usava. Nem sequer estava segura de porque o havia trazido. Os tinha comprado para alguma ocasião, mas não podia recordar o que era. Tomou o outro e notei que seus olhos viam quase com reverência o que tinha em suas mãos. Tive curiosidade e não pude evitá-lo. Virei a cabeça para olhá-lo. Ele olhava para as minhas sapatilhas rosa como se algo nelas lhe deixasse triste. Sua ex-namorada tinha um par assim? Ou era algo que ele fantasiava?
- Quer me devolver meus sapatos? - Disse-lhe, lhe estendendo a mão para que me desse. Levantou o olhar e a cor surpreendentemente azul era ainda mais assombrosa de perto. Havia tristeza ali. Pude vê-lo claramente e percebi que algo sobre mim lhe fazia sofrer. Eu nem sequer conheço este menino. Por que me preocupo tão profundamente pela evidente dor que ele sentia?
-Eu gosto destes. Com certeza ficam bonitos em você, - disse enquanto colocava os dois com cuidado na caixa.
Quase tremi ao escutar o tom rouco de sua voz.
-Obrigado. - Respondi rapidamente. Não sabia mais o que dizer.
-Está preparado para ir, Dank? - Perguntou a loira com o cabelo de pontas rosa, enquanto passava por cima de meus sapatos e se dirigia a sua motocicleta. Estava com ele? Veio procurá-la? A garota ‘emo’? Sério?
-Não, Gee, não estou, - disse-lhe. Sua atenção era bajuladora e um pouco estressante ao mesmo tempo. Era como se esperasse que eu dissesse ou fizesse algo. Não sabia o que queria, mas era difícil não querer
fazer o que fosse necessário para agradá-lo. Pegou outro par de sapatos e os pôs na caixa. Continuou até que cada sapato estivesse de volta na caixa correta. Logo se agachou e recolheu a caixa. A camiseta negra que vestia fazia coisas maravilhosas com seus braços enquanto sustentava a caixa e ficava ali, esperando instruções.
-Aonde? - Perguntou.
Não estava certa se aceitava a sua ajuda, mas definitivamente eu necessitava. Miranda fazia justamente agora seu caminho através da rua. Percebi o momento em que seus olhos caíram sobre ele. Sua boca se abriu e deixou cair à caixa que carregava. Que diabos? O menino era sexy, mas tinha que soltar a caixa e derramar seus produtos para o cabelo por toda a rua?
Diabos. Nunca conseguiríamos nos mudar neste ritmo.
-OH-MEU-DEUS! - gritou, cobrindo a boca e saltando sobre as pontas de seus pés. Isto passou de vergonhoso a humilhante. Tinha medo de voltar a olhar o menino. Miranda estava atuando como uma louca.
-Miranda, - sussurrei-lhe, tentando fazer com que deixasse de lado o seu modo de garota fã, com este estranho. Continuando, levantou seu dedo e começou a apontá-lo. Fantástico. Tornou-se louca.
-Sabe quem ele é? - Perguntou-me e então gritou ainda surpreendida em frente a ele.
Se eu sabia quem era? O que quis dizer? Eu estava perdendo algo? Dei meia volta e o olhei de novo. Seguia sendo igual e ridiculamente sexy, mas não era mais que um menino. O sorriso divertido em seu rosto me alertou de que ele sabia por que ela atuava como se houvesse perdido a razão.
-Quem é? - Perguntei-lhe, estudando-o de perto. O azul de seus olhos começou a... brilhar?
-Dank Walker, - respondeu, sem tirar seu olhar do meu. Era difícil quebrar o olhar de seus olhos. Algo neles era magnético. Quase como se
meu corpo fosse atraído para ele. Eu não gostava. Assustava-me. Isso era ruim. Não era normal.
-Pagan, não sabe quem é? OH. Meu. Deus! Tem que estar brincando. Tenho que leva-la para sair mais. Não posso acreditar que esteja realmente parado aqui. Sustentando a caixa de Pagam. Vai estudar aqui? Não sabia que ia à universidade. Sou uma grande fã. You Stay é meu tom de chamada. A amo!
Tom de chamada? Espera...
-É o vocalista dessa banda. - Fiz uma pausa, porque não podia recordar seu nome. Sabia que Miranda os amava. Desliguei-me na maioria das vezes, quando ela começava com o tema...
-Cold Soul, Pagan! Ele é o cantor do maldito Cold Soul. Como não sabe isto? - Informou-me Miranda, enquanto passava por cima de seus pincéis e secador de cabelo para estar mais perto de Dank Walker.
-Sou sua maior fã. - Disse-lhe, mas tive a sensação de que ele já tinha descoberto isso faz tempo.
-É um prazer conhece-la, - respondeu educadamente, mas só a olhou antes de voltar sua atenção para mim. O sorriso divertido em seu rosto me fez sentir como se ele soubesse algo que eu não. Isso me incomodou.
-Posso carregar a caixa. Obrigado por sua oferta de ajudar, mas já peguei, - disse-lhe, tomando a caixa que tinha em suas mãos. Arqueou uma sobrancelha e moveu a caixa para fora de meu alcance.
-Estou seguro de que pode fazê-lo sozinha, Pagan. Mas quero levála ao seu dormitório. Por favor. - Não podia ser grosseira. Ele havia dito, por favor.
- Ela mesma quer levá-la, Dank. Dê-lhe a maldita caixa e vamos embora. Temos coisas que fazer. - Chamou a garota ‘Emo’ que agora estava sentada em sua motocicleta.
Algo que não pude deixar de perceber foi a ira que brilhou em seus olhos. Ele nem sequer olhou em sua direção.
-Não ligue para ela - disse-me, enquanto apontava para a porta do dormitório. - Mostre-me o caminho.
Eu não queria que a selvagem e ligeiramente apavorante garota que vivia em meu dormitório me aborrecesse, mas Miranda já empurrava meu braço como se fosse uma idiota. Queria que deixasse Dank Walker levar minha caixa de sapatos e ele estava evidentemente determinado a me ajudar.
-Está bem, irei pegar outra caixa. Miranda, lhe mostre onde é o dormitório. -Miranda me olhou, e concordou com admiração.
O olhar divertido desapareceu e Dank Walker pareceu chateado. Bem. Bom. Não deveria paquerar com outra garota enquanto tem uma na parte traseira de sua motocicleta. Eu não era estúpida. Sabia que os meninos das bandas de rock eram infiéis. Isso não era pra mim.
Miranda começou a falar sem parar enquanto andava para o dormitório, fazendo um grande esforço para manter a atenção de Dank. Podia guiá-lo. Não tinha nenhuma dúvida. De volta ao Land Rover, tratei de ignorar suas vozes e me concentrei nas caixas que tinha para descarregar.
á três dias a tinha em meus braços enquanto estava dormindo, me falava sobre todas as coisas que empacotou. Fiz piada por empacotar tantas coisas e não ser capaz de guardar tudo em seu dormitório. Ela me prometeu que usaria esses saltos em nossa primeira entrevista oficial na universidade. Tudo tinha sido perfeito. Pagam me amava.
Agora, ela nem sequer me conhecia.
-Aqui está. - Anunciou Miranda quando abriu a porta do dormitório que eu sabia se conectava com ao dormitório de Gee. Assegurei-me disso. Também sabia que este dormitório era o maior disponível. Queria que Pagan tivesse o melhor. Queria que cada experiência que tivesse fosse perfeita. Ela já tinha passado muitas coisas comigo. Isto, supunha, seria o começo do nosso, felizes para sempre.
-Oh, Caramba! É enorme! Será que este é o dormitório correto? Só somos do primeiro ano. - A emoção na voz de Miranda, enquanto dava voltas me recordou que Miranda também esqueceu tudo. Minha existência no mundo humano, a memória delas sobre o ano passado tinha sido alterada. Pagam não podia recordar. Tomaram sua memória. Cada lembrança... se foi.
-Pode pôr a caixa desse lado do dormitório, a Pagan vai querer ficar longe do banheiro. Levo mais tempo para ficar pronta e ela pode dormir até mais tarde pela manhã. - Miranda tinha razão. Pagan não passaria muito tempo preparando-se nas manhãs. Isso também me recordava que eu não estaria aqui para abraçá-la e beijá-la com esse olhar sonolento na cara. Coloquei a caixa ao lado de seu armário.
A agonia da separação me atravessava. Logo houve medo. O que aconteceria se Pagan não me escolhesse? E se alguma vez não pudesse abraçá-la de novo? E se ela nunca mais me visse novamente com amor em seus olhos? Como eu poderia existir sem isso?
Não. Não podia.
-Chegaremos tarde, - rosnou Gee da porta. Era hora de sairmos para coletar almas. Só que era tão difícil deixá-la, agora que ela estava tão perto. E não poder tocá-la ou permitir que me visse era uma tortura.
-Oh, tem ensaio? - perguntou Miranda, batendo as pestanas para mim. Esqueci que ela era uma fã do Cold Soul. Tinha sido o namorado de Pagan para ela por um tempo. O fato de que ela era uma fã me tinha escapado. Isto seria irritante.
-Não, ele tem um show. - Explicou Gee, com um divertido acento sulino.
-Caramba, onde? Está esgotado? Eu adoraria ir. Nunca vê-lo tocar ao vivo.
Sim, tinha feito. Muitas vezes. Mas isso também ficou no esquecimento.
Antes que pudesse articular uma resposta adequada, Gee me interrompeu:
-Pagan está lá fora, falando com um menino. Um com um acento Papi-Cajún, se sabe ao que me refiro.
Merda.
Passei por Miranda e empurrei Gee para um lado, quando fiz meu caminho até o estacionamento em uma velocidade mais próxima da humana possível.
Mas sabia que Leif estava perto de Pagam e ela não sabia quem ele era ou o que fez, senti-me justificado de poder usar uma maneira mais rápida de chegar até lá.
Não queria assustar Pagan aparecendo do nada. Assim que me aproximei por trás dela, Leif sentiu minha presença, porque todo seu corpo se esticou.
-Posso ajudá-la a levar suas coisas para dentro? - perguntou Leif a Pagan, olhando sobre seu ombro com o intuito de me encontrar.
Comecei a dar um passo adiante quando Gee tomou meu braço e me puxou para trás com um forte puxão.
-Pare. Lembra, ele não é seu tipo. Acalme-se. Deixe que a ajude. Foderá tudo se atuar como um louco e obcecado. Este não é o menino que ela se apaixonou. Ela se apaixonou pelo escuro e misterioso Dank Walker. Apaixonou-se pela Morte. Seja esse menino. Deixe de ser este triste, lamentável, obcecado e perseguidor. Isso não a trará de volta. E acredite ou não, também quero a Pagan de volta.
Ela tinha razão. Fechei meus punhos com força e esperei.
-Não, obrigado. Já peguei. Foi bom conhece-lo. - Informou-lhe Pagan em um tom ligeiramente incômodo, que aliviou minha ansiedade. Gee tinha razão. Leif não era o tipo de Pagan. Nunca tinha sido. Sabia que ele não era suficientemente estúpido para tentar tomá-la de novo. Seu pai não o permitiria. Ele estava testando as águas para ver se ela realmente esqueceu de tudo.
-Vê? Ela pode com isto. Agora, vamos. Atue misterioso e sexy. Agora ponha seu traseiro nessa moto e dirija sem dizer uma palavra.
Deixar Pagan foi duro. Não queria que levasse todas essas coisas para dentro. Eu queria fazer isso para ela. Com certeza que o faria. Ela me pagaria isso em favores sexuais. Tínhamos brincado com isso por semanas. Mas agora... ela estava aqui. Sozinha.
-Fique aqui. Permaneça perto dela. Ajude a se mudar. O mais importante, mantenha o príncipe do vodu longe dela. Estarei de volta logo que seja humanamente possível. Surpreendentemente, Gee não discutiu.
-Movimento inteligente. Tinha o aspecto de um canalha.
A loira com as pontas do cabelo rosa estava de repente a meu lado. Não a escutei caminhar, mas estava tão ocupada tentando me desfazer do ‘menino excessivamente amável’ que conheci no automóvel de Miranda.
-Ele era bastante bonito. Mas não estou tão louca para dizer onde está meu dormitório a cada menino no campus. - Expliquei. E não queria que eles se sentissem como se eu lhes devesse algo por sua ajuda.
A garota chegou ao meu automóvel e tirou minha mala. Não estive segura do que pensar sobre isso. O barulho de uma moto me assustou e dei a volta para ver Dank Walker dirigindo sem sequer me dirigir um olhar. Não era o que esperava, realmente. Quero dizer, foi muito agradável e parecia um pouco interessado, mas definitivamente eu não o animei.
-Por que não vai com ele? - Perguntei quando a garota caminhou para mim com a mala em sua mão e uma de minhas caixas em seu outro braço. Realmente ia me ajudar? Por quê? Não tinha feito nada para ganhar seu favor. Não parecia ser alguém que fizesse amigos com facilidade.
-Mudei de ideia. Ele está um pouco deprimido hoje, - disse, sem me olhar. Vi como caminhou para a entrada do dormitório e logo me virei para agarrar uma caixa. Ela não sabia a qual dormitório ir e se encontrasse o dormitório por si só, Miranda se aterrorizaria se a garota ‘emo’ entrasse em seu dormitório enquanto estivesse sozinha.
Cinco horas depois desempacotamos tudo. Inclusive nosso enorme dormitório estava preparado. Atiramos as caixas vazias no lixo, enchemos a geladeira com garrafas de água, e dei a metade de meu armário para Miranda. Ela trouxe tanta roupa que não coube no seu. Isso não me surpreendeu em absoluto. Pensei que seria mais fácil viver com um armário cheio que escutar Miranda queixar-se pelos seguintes nove meses de que seu armário não era o suficientemente grande. Além disso, com o tamanho deste dormitório, os armários eram enormes.
-Sigo sem acreditar que ela viva no dormitório que se conecta ao nosso e não tem que compartilhá-lo com ninguém. Quem é ela? Uma estrela de rock? ISSO! Ela é alguma estrela de rock. Obviamente conhece Dank Walker e tem o dinheiro e poder para ter seu próprio dormitório. E tem um nome estranho. Quem chama a sua filha "Gee" se não uma pessoa famosa?
A maioria das vezes eu desprezava as ridículas ideias de Miranda, mas desta vez ela poderia ter razão. Ninguém na residência tinha seu próprio dormitório, todos tinham um companheiro. É obvio, nosso dormitório era enorme. Inclusive maior do que o de Gee, mas o compartilhávamos. Deixei-me cair em meu edredom negro pontilhado, que Miranda insistiu que trouxesse. Ela queria que os tivéssemos iguais. O dela era negro com luas brancas e o meu era branco com luas negras.
Realmente não me importava o padrão, mas, honestamente, me sentiria melhor com um edredom da minha casa. Miranda fez manhã de criança quando sugeri isso. Então, tínhamos luas. Tudo era negro e branco também.
Negro e branco era a nova obsessão em seu esquema de decoração. Inclusive nos comprou uns clipes combinando com uma faixa branca e negra que colocava em nossas mesas, ao lado dos tabuleiros brancos e negros.
-Viu bonito, não? - perguntou com ar de superioridade quando se sentou ao meu lado. Ela estava feliz com a forma em que tudo se encaixava em seu lugar. Fiquei feliz quando ela deixou os posters do One
Direction em sua casa. Eu não gosto das bandas pop e estou segura que não os quero pregados em minhas paredes por todo o ano.
-Fez um grande trabalho. - Concordei e ela sorriu. Precisava falar, para ela sorrir. Passou uma má fase depois de que seu namorado Wyatt, faleceu. Nós três tínhamos crescido juntos. Perdê-lo doeu em mim também, mas não tanto como nela. Eles tinham uma conexão que eu não compartilhava. A decoração do nosso dormitório a manteve ocupada no mês passado e pouco a pouco ela começou a se curar.
-O que devemos fazer agora? Quer ir ver o campus? Ou procurar algo para comer? A cafeteria não abre até manhã. Teremos que sair para comer.
Comecei a responder quando Gee entrou em nosso dormitório pelo banheiro que compartilhávamos.
-Conheço um lugar perfeito para comer e nos divertir. Vamos, cadelas.
pesar de ser um clube para maiores de dezoito anos, Gee conseguiu nos colocar sem problemas. Eu tinha começado a me recusar entrar, mas Miranda estava toda emocionada quando o porteiro nos fez um gesto com a mão para dentro. Tinha que entrar para manter Miranda longe dos problemas.
– Deixa de franzir o cenho, Peggy Ann. Não está tão ruim. Relaxe, - disse Gee enquanto nós abríamos caminho para uma das mesas vazias.
– Meu nome é Pagan, - informei-lhe.
– Antes você era mais divertida, - murmurou. Que diabos queria dizer com isso? Conhecemo-nos fazia seis horas no máximo. Estava a ponto de lhe perguntar sobre seu comentário quando um menino deu um passo na minha frente.
– Olá, linda. É nova aqui. Recordaria olhos como esses se os tivesse visto antes.
Deixei escapar um suspiro cansado e levantei o olhar para ele.
– Sério? Isso é o melhor que tem? – Perguntei arqueando uma sobrancelha.
Seu rosto confuso me incomodou, assim caminhei passando por ele.
– Cruel! Eu gosto. – Gee riu entre dentes enquanto tomávamos nossos assentos no bar.
Miranda me agarrou pelo braço e me puxou perto dela.
– Não olhe agora, mas Jay está aqui – sussurrou com entusiasmo em meu ouvido.
Sabia que Jay ia à Universidade do Tennessee, uma cidade próxima a nós, mas não esperei me encontrar com ele tão logo, especialmente não em minha primeira noite na universidade.
Comecei a olhar para trás, mas Miranda apertou meu braço com força.
–Disse pra não olhar. Está com uma garota. Estão dançando muito perto e bom, acredito que poderia estar fodendo a sua perna.
– O que quer beber, Pay-gan? – Perguntou Gee com voz zombadora ao dizer meu nome, já que a tinha corrigido antes.
– Uma Coca-Cola estaria bem – disse, voltando minha atenção do agarre mortal de Miranda em meu braço para Gee, que se encontrava sentada em um tamborete, como se ela fosse, na realidade, o suficientemente velha para pedir algo mais que um refresco.
– Quer uma Coca-Cola? Por que não estou surpreendida? – Respondeu pondo os olhos em branco. Seu olhar se moveu de mim para algo sobre meu ombro. – Boa merda, – murmurou.
Curiosa, dei a volta e meus olhos se encontraram com os de Jay. Ele de verdade dançava com uma garota que poderia estar fodendo sua perna. Suas mãos tocavam o traseiro dela e lhe sussurrava algo no ouvido, ou ao menos fazia isso até que me viu. Sua expressão de surpresa me fez sorrir. Tenho certeza de que ele não tinha ideia de que eu estaria na Boone. Não tinha falado com ele desde o funeral de Wyatt. Sorri e o saudei com a mão e dei a volta para ver Gee. Ela me olhava de perto, como se precisasse me atirar ao chão em qualquer momento. Qual era seu problema? Ela era tão estranha, como para me fazer sentir nervosa.
– Conhece-o? – Perguntou-me, mudando o olhar de mim para Jay.
Encolhi os ombros, tomei minha Coca que o garçom colocou diante de mim.
– Sim, ele frequentava a minha escola, – expliquei-lhe. Não quis lhe explicar que foi meu namorado durante três anos. Provavelmente me envergonharia de alguma forma com essa informação.
– Ele foi seu namorado por três anos. Eram inseparáveis. – Interveio Miranda com seu suculento momento de fofoca. Teria que lhe agradecer depois por isso.
– Hmmm... Bom Pay-gan, precisa decidir o que fará porque ele está vindo – disse Gee. Parecia incomodada.
Genial.
– Pagan? – O tom de surpresa de Jay me fez desejar ter ficado no dormitório esta noite. Não me encontrava no ânimo para isto agora. Especialmente com Gee vigiando todos meus movimentos.
Tomei uma respiração profunda, forcei um sorriso em meu rosto, e dei a volta para olhar Jay.
– Olá, Jay.
– Olá Jay. Que agradável encontra-lo aqui – disse Miranda com uma risadinha.
– Não posso acreditar que estejam aqui – disse Jay, com um enorme sorriso em seu rosto. – O que estão fazendo aqui?
– Estamos na Boone – expliquei-lhe.
– Boone? Sério? Ou seja, vocês vivem a só trinta minutos de mim? – A emoção em sua voz me surpreendeu. Tínhamos terminado fazia quase um ano e meio. Não era como se tivéssemos muitíssimo tempo sem nos ver.
– Sim. Mudamos hoje – disse Miranda antes de dar outro gole no seu coquetel Shirley Temple. Ao menos, eu acreditava que era um Shirley Temple. Certamente Gee não lhe tinha pedido algo com álcool.
– Iria me ligar? Me dizer que somos quase vizinhos? – A atenção de Jay estava colocada mim, mas eu observava a loira que tinha estado fodendo a sua perna. A expressão em seu rosto não parecia muito feliz.
Olhei-a se aproximar de nós e envolver seus braços ao redor do braço de Jay. Voltei meus olhos para ele e vi seu olhar zangado mudar para o repentino olhar tenso.
–E quem são suas amigas, Jay Jay? – Perguntou a garota, pressionandose mais perto dele.
Tive que morder meu lábio para evitar rir com o "Jay Jay". Miranda me chutou e escutei sua risada afogada. Também se divertiu com o apelido.
– Uh, ela é uh... – gaguejou.
Decidi salva-lo de seu momento de pânico e sorri a sua nova namorada.
– Olá, sou Pagan e esta é Miranda. Estivemos na escola com Jay. – Queria tanto dizer Jay Jay, mas me contive porque sabia que se dissesse acabaria em gargalhadas.
Levantou sua mão e a passou através do cabelo loiro emaranhado de Jay enquanto mantinha seus olhos em mim. Ao que parece, eu era com quem menos se afeiçoou.
– Sério? Ele nunca as mencionou.
Isso era um pouco surpreendente. Dado que terminamos no verão em que ele foi à universidade. Imaginei que teria sentido saudades ao menos um pouco. Suponho que imaginei errado. Encolhi os ombros.
– Não devemos estar tão alto em seu radar de importância – respondi.
Olhei para Jay e sorri. Cansei-me desta divertida conversa. Pude ver o seu cenho franzido e decidi me afastar enquanto podia. A última coisa que queria, era que ele ou Miranda afundassem em nosso passado.
– Foi legal vê-la de novo, talvez voltemos a nos ver outra vez nos próximos três anos. – Dei a volta em meu tamborete e deixei que meu sorriso falso se dissolvesse. Agora, era vez dele se tocar e ir embora. Tínhamos tido nosso momento estranho. É hora de continuar.
– Seu número celular segue sendo o mesmo? – Perguntou Jay.
Diabos. Este menino não entendeu a indireta? Não estava interessada nele. Ele tinha seguido adiante. Por Deus.
– Sim. Seu número não mudou – disse Miranda quando foi óbvio que eu não lhe ia dizer.
Desta vez chutei a Miranda.
– Ai! – Gritou ela.
– Se livre deles, – sussurrei para Gee, que estava sentada ali, surpreendentemente calada vendo todo o assunto.
Ela me piscou um olho e pôs sua atenção de novo em Jay.
– Ao que parece Pagan não tem vontade de seguir com a conversa. Adeus, Jay Jay. Assim você e sua namorada podem retornar à pista de baile e voltar foder. Estavam nos entretendo.
Cobri meu rosto com minhas mãos. Por que confiei nela para resolver isto?
Miranda estalou em um ataque de risada e deu a volta em seu tamborete também longe deles. Mantive meus olhos fechados com força com a esperança de que eles já tivessem ido. Não queria que Jay pensasse que estava vendo seu baile sujo.
– Foram embora. Não há de que. – Anunciou Gee e levantou seu copo vazio no ar, agitando o gelo nele. – É um pouco lindo, mas acredito
que essa garota tem as unhas prontas para cortar a qualquer uma que se aproxime.
– Isso eu pude ver – respondi-lhe e bebi o que ficava do refrigerante em meu copo.
– Ainda está apaixonado por você – disse Miranda, me dando uma suave cotovelada. Estava cega? Jay já saía com alguém mais. Ele sempre foi educado e amável com todos. É obvio que o seria conosco. Fizemos de tudo juntos, do momento em que estivemos no primeiro ano até o ano em que ele se graduou antes que nós terminássemos.
– Não, não está. Além disso, não me interessa.
Miranda suspirou e fez beicinho.
– Nunca está interessada. Hoje nem sequer foi consciente do quão sexy que é Dank Walker.
Nisso se equivocava. Fui muito consciente do quão sexy que era Dank Walker. Precisaria ser cega para passar por cima desse fato e inclusive assim, eu poderia vê-lo. Sua voz era hipnótica. Mas falávamos do cantor de uma banda de rock. Não é meu tipo. Seu tipo seria uma garota com o suficiente tempo livre para tê-la nua e em uma cama. Logo a esqueceria.
– Notei sim. Só que não me importou. Eu não gosto dos roqueiros. Isso é com você.
Gee esclareceu garganta e voltei minha atenção pra ela.
– O que tem contra os músicos?
– O fato de que tem uma garota diferente cada noite. Sexo, drogas e rock ‘n roll – respondi-lhe.
Gee me estudou por um momento, logo assentiu lentamente como se estivesse de acordo.
– Possivelmente, mas Dank não é o típico cantor.
– Claro que não, – respondi, deixando que o sarcasmo aparecesse em minha voz. – Não estou de humor para falar disso. Quanto tempo nós temos que ficar aqui?
– Acabamos de chegar, Pagan. Nenhum menino lindo me convidou para dançar ainda – queixou-se Miranda, olhando por cima de seus ombros se por acaso algum estivesse olhando para ela.
– Bom, está bem. Esperaremos até que possa dançar, logo depois podemos ir?
– Tornou-se uma chata, Peggy Ann, – murmurou Gee.
O que lhe passa? Por que segue me chamando de Peggy Ann? Sabia que meu nome é Pagan. E por que segue referindo-se a mim como se já tivéssemos nos conhecido há tanto tempo? Usa drogas? Ela estava na traseira da motocicleta de Dank Walker hoje. Talvez ela fosse uma fã. Não é certo que as fãs tomam drogas e se deitam com os meninos da banda?
– Oh, meninos! – Gritou Miranda tranquilamente e puxou meu braço. Dois meninos estavam de pé atrás de nós. Um deles me parecia familiar, devo ter visto em algum lugar antes.
– Muito prazer em lhe conhecer, Nathan, – disse Miranda com sua doce voz. A que ela acreditava que era sexy e que só usava quando um menino atraente falava com ela. O menino que me parecia familiar estava muito enfocado nela. Passou uma mão através de seu cabelo castanho escuro que se frisava nas pontas, lhe dando um aspecto desordenado. Eu gostava. Não estava certa de porquê exatamente, mas gostava.
– Esta é minha amiga, Pagan – anunciou Miranda aos meninos – Pagan, esses são Nathan e Kent. Os dois vão a UT.
Kent deu um passo para mim.
– Se dançar comigo, penso que sua amiga dançaria com Nathan, e se o notaste, ele virtualmente está babando. Não tirou os olhos dela desde que entramos aqui. – O sorriso zombador em seu rosto enquanto olhava Nathan aliviou qualquer preocupação que eu tinha. Não paquerava
comigo. Ele estava aqui para ajudar Nathan. Pus-me de pé e tomei a mão que Kent tinha me dado.
– Eu adoraria dançar, – sorri para Miranda – dê ao menino um pouco de crédito. – Disse-lhe fazendo-a rir enquanto ficava de pé e deslizava sua mão na de Nathan. Ele a olhava fixamente, como se lhe tivessem obsequiado uma estranha joia. Isso eu gostei. Muito. Até agora, Nathan tinha minha aprovação.
– É obvio que vocês vão e dancem. Eu ficarei sentada aqui, bebendo – disse Gee, lembrando-me que estava ali. Olhei-a me sentindo culpada, mas ela tinha um sorriso divertido em seu rosto, assim soube que só brincava. Além disso, Gee é uma fã de bandas de rock. Não lhe interessam os meninos universitários.
– Voltaremos logo – assegurei.
Ela levantou sua nova bebida.
– Estou bem e de maravilha aqui. Por favor, vão e entretenham-se. Talvez se alegre mais, Peggy Ann.
Pus meus olhos em branco ante ao contínuo uso de seu apelido. Aceitei que sempre seria Peggy Ann para ela. Não deixaria de me chamar assim.
– Vamos dançar – disse me voltando para Kent.
Levou-me a pista de dança cheia de gente. Os corpos se moviam por toda a parte. Muitos dançavam tão intensamente como Jay e sua namorada. Sério, esperava que Kent não acreditasse que me esfregaria contra ele. Esse não era o tipo de dança que eu queria.
– Vi você falando com o Potts antes. Conhece-o?
Conhecia o Jay? A Universidade do Tennessee era um lugar enorme. Que estranho.
– Uh, sim. Jay e eu fomos juntos a escola.
Kent nos empurrou dentro do mais denso da pista e deslizou uma mão ao redor de minha cintura. Não estava certa se isso me agradava.
– Sério? Que bom. Jay e eu somos irmãos ATO.
Ah. Um menino da fraternidade. Genial.
– Está na UT? – Perguntou com interesse.
– Não. Estou na Boone.
Kent deslizou sua mão por meu quadril e me puxou contra ele enquanto a música se desacelerou a um ritmo sexy. Eu não gostava disto. Procurei na multidão até que encontrei Miranda, vi como iam ela e Nathan.
Ela estava envolta nos braços de Nathan e o olhava como se ele fosse o menino mais formoso que tivesse visto. Queria que ela tivesse seu momento. Precisava divertir-se e começar a sair com outros meninos. Mas poderia aguentar Kent esfregando-se sobre mim para lhe dar seu momento?
Justo então duas grandes mãos se deslizaram ao redor da minha cintura e me sustentaram com firmeza. Quente fôlego me fazia cócegas no pescoço e em vez de ficar surpreendida, excitou-me.
– Acabou-se o tempo – disse uma voz profunda e sexy atrás de mim. Os olhos de Kent aumentaram.
– É... é... Merda! É Dank Walker. Dank Walker do Cold Soul. – Os braços de Kent imediatamente me soltaram e deu um passo para trás. Seus olhos centrados no menino atrás de mim. Não estava segura de porque Dank Walker se encontrava de pé atrás de mim, me reclamando, mas lhe agradecia que Kent já não pressionasse sua pélvis contra mim.
– Sim. Agora pode ir, – respondeu Dank. Kent assentiu e se apertou entre os corpos em movimento.
Dando a volta, franzi o cenho. O olhar aliviado em seu rosto me surpreendeu.
– O que foi tudo isso? – Perguntei-lhe.
Os olhos de Dank trocaram de ser um redemoinho de fogo enquanto via Kent afastar-se, a um resplendor suave quando me olhou.
– Parecia incomodada.
Como sabia isso?
– Talvez. Mas, por que se importa?
Dank soltou um suspiro de frustração e sacudiu a cabeça.
– Não sei. Mas me importa.
Bom... isso foi inesperado.
– Dançaria comigo, Pagan?
Estudei Dank enquanto ele me observava cuidadosamente, esperando minha resposta. Não confiava em meninos como ele. Nenhuma mulher deveria. Mas não podia desprezá-lo. Deslizei uma mão sobre seu braço. Suas mãos ainda estavam em minha cintura.
A música desacelerou imediatamente. O ritmo sensual da música se converteu em um ritmo mais fácil e fluido. Acomodei-me em seus braços e a confiança veio para mim facilmente. As mãos de Dank não vagaram. Nem fez movimentos vulgares com seu corpo. Em lugar disso, sustentoume perto enquanto nos movíamos com a música. O aroma de sua camisa era algo escuro e exótico. Queria enterrar meu nariz nela e cheirar sua essência. Este menino podia ser perigoso. Cada parte dele era irresistível. Girando um pouco a cabeça para poder cheirá-lo melhor, surpreendi-me quando um suave grunhido vibrou contra seu peito. O que foi isso?
Olhei-o e vi que seus olhos agora eram frios e severos, e se centravam em algo atrás de mim. Olhei sobre meu ombro e vi Jay ali. Suas mãos estavam em seus bolsos e sua namorada parecia ter desaparecido do seu braço. Ele me observava. Separei-me dos braços do Dank e me voltei para o Jay. Precisava de algo?
– Olá, Jay – disse, tratando de aliviar a tensão repentina. Eles se conheciam?
– Pagan. Queria ver se dançaria comigo pelos velhos tempos. Não sabia que você estava, uh, com Dank Walker. Caramba, você se moveu no mundo.
Ri. A estes meninos de verdade interessava a banda de Dank.
– Não estou com o Dank. Conhecemo-nos hoje. Eu adoraria dançar com você, se a sua namorada não se importar. Deixe-me terminar esta dança primeiro.
Jay trocou seu olhar de mim para Dank e logo voltou para mim rapidamente.
– Sim, claro. Estarei esperando.
Dei-lhe um sorriso tranquilizador porquê de repente parecia muito nervoso. Estranho, Jay não era do tipo nervoso. Dei a volta para colocar minhas mãos de novo nos braços de Dank. Os músculos se flexionaram sob minhas mãos e minha imaginação se disparou. Seria incrível sem camisa. Não tinha que vê-lo para saber.
– Conhece-o. – disse Dank em um tom lento.
– Sim. Fomos a escola juntos – expliquei-lhe, passando por cima o fato de que ele foi meu primeiro e único namorado. Dank parecia zangado com Jay. Provavelmente eu estava imaginando isso, mas protegeria a Jay no caso de estar certa. Para ser um músico, Dank realmente tinha músculos.
– Você gosta dele? – Perguntou-me Dank.
Bom, isso foi muito direto. Deixei de dançar e o olhei fixamente.
– Não acredito que isso seja de sua conta. Acabamos de nos conhecer.
Dank mordeu seu lábio inferior e maldição, isso era incrivelmente sexy! Realmente queria morder esse lábio e chupá-lo. Eu estava tão obcecada como qualquer outra fã. Acabava de conhecer o menino e já tinha maus pensamentos com ele.
– Está bem. Tem razão. Sinto muito. – Respondeu-me.
Sua expressão de tristeza fez que me doesse o coração. Ignorei o desejo de me aproximar e tocar seu rosto. Não queria que estivesse triste. Soei cruel? Não quis fazê-lo.
– Vamos dançar – disse enquanto a música começava em outro ritmo sexy.
Dank assentiu e suas mãos deslizaram para meus quadris enquanto trazia-me mais perto. A forma suave e fácil em que seu corpo se movia com o meu fez que meu coração se acelerasse com entusiasmo. Suas mãos deixaram minha cintura e me rodearam os braços. Levantei o olhar para ele enquanto tomava minhas mãos e as subia para rodear seu pescoço, pressionando meu corpo mais perto dele. O apaixonado e escuro brilho em seus olhos fez que minha respiração ficasse difícil. Eu não era suficientemente experimentada para jogar em seu mundo. Mas não importava quão perigoso pudesse ser para meu coração, parecia que não podia me liberar do encanto hipnótico sob o que ele me tinha.
– Muito bem, Dom Juan, por que não deixa a Peggy Ann aqui. Tem lugares aos que ir e gente para ver. – A voz de Gee me trouxe de volta à realidade. Deixei que minhas mãos caíssem de seu pescoço e dei um passo para trás.
– Gee – seu tom de advertência me fez tremer.
– Não fique irritável. Só te estou recordando seus planos – respondeu-lhe, dando ênfase à última palavra. O que era Gee exatamente para Dank Walker?
strangularia Gee. Pagan estava me esquentando. Esteve em meus braços e encontrei um pouco de paz entre o medo que me consumia do momento que me inteirei que poderia perdê-la.
– Dank – disse Gee com descaramento. Sabia que ela tinha razão. Não tinha terminado de tomar almas da noite, mas soube que Pagan estava aqui. Podia sentir suas emoções. Sua alma ainda me chamava apesar de não me recordar.
– Humm, eu os deixarei resolver isto. Prometi a Jay uma dança de todos os modos – disse Pagan retrocedendo.
"Não me deixe."
Pagan se congelou. Maldita seja. Falei com sua alma. Tinha-me escutado. A confusão em seus olhos enquanto me estudava me fez esperar se por acaso me recordava, que seu cérebro humano dominava a sua alma. Mas sacudiu a cabeça e continuou afastando-se.
– Tenho que ir, – disse com pressa, logo deu a volta e fugiu.
– Movimento inteligente, imbecil. Só a assustou. – disse Gee com um suspiro.
– Por que nos interrompeu? Conheço meu dever. Não preciso que me fodas com isto.
Gee levantou suas sobrancelhas loiras perfuradas.
– Oh, sério? Bom, se deixasse de acossar Pagan por tempo suficiente para recordar que tem um trabalho, eu não teria que fazê-lo. Tem que deixá-la tomar suas próprias decisões. Se fizesse isso, eu não teria que intervir. Sim, ela não se recorda por culpa desse feitiço. Mas sua alma está conectada a de Jay. Precisa enfrentar isso. Então, poderá decidir. Não pode aparecer e interceptá-la cada vez que ela se aproxima dele.
Grunhindo, encaminhei-me para a saída. Não precisava escutar isto. Tinha razão e odiava quando Gee estava certa. Pagan devia aproximar-se da Jay de novo. Isto era uma competição. Uma que posso muito bem perder. Fiz uma careta quando a dor me atravessou. Perder Pagan não era algo que pudesse aceitar.
Joguei uma olhada à pista de dança e meus olhos encontraram imediatamente os de Pagan. Olhava-me partir. Jay não estava com ela. Estava de pé, só no exterior dos corpos movendo-se, sua atenção posta em mim. Detive-me e lhe devolvi o olhar. Tomei a inclinação de sua cabeça, a suavidade de seus lábios e o interesse em seus olhos. Tinha-a intrigado esta noite. Isso era uma coisa boa. Seria a Pagan que não vê almas diariamente, capaz de aceitar à Morte como a garota que cresceu vendo uma parte deste mundo que outros eram incapazes de ver? Jay se aproximou por trás e tocou seu ombro, ela se voltou para olhá-lo. Não podia ficar e ver isto.
– Eu vou conseguir aquela dança agora? – Jay perguntou sobre a música.
Olhei de novo para Dank para ver se ele ainda estava ali. Parecia triste e sozinho. Queria ir falar com ele. Mas ele tinha ido. Não era uma boa ideia estar interessada em um cantor. Sim, ele era difícil de ignorar, mas logo encontraria uma forma de superar seu apelo.
– Sim, eu... – detive-me no meio da frase. Sua namorada retornou e deslizou suas mãos ao redor da cintura do Jay. A frustração de Jay foi óbvia em seu rosto.
– Vem dançar comigo, – sussurrou enquanto deslizava ambas as mãos debaixo de sua camiseta. Sim, isso era suficiente para mim.
– Preciso ir. Foi agradável vê-lo de novo – eu disse rapidamente e escapei antes que ele pudesse dizer algo mais. Olhando o bar, encontrei Gee sentada ali com as pernas cruzadas e um sorriso em seu rosto. Miranda continuava dançando com Nathan. Eu queria muito ir, não queria arruinar cedo a noite de Miranda. Ela obviamente estava tendo um bom momento. Fiz meu caminho para Gee. Talvez pudesse conseguir um táxi para casa e deixá-la aqui com Miranda.
– O que aconteceu com o garoto da fraternidade número dois? – perguntou Gee enquanto tomava outro gole de sua bebida.
– Estou pronta para ir. Se eu conseguir um táxi, pode esperar pela Miranda?
Gee encolheu os ombros.
– Sim, eu acho. Ainda é muito cedo. Por que você já vai?
Porque o cara com quem eu queria dançar se foi.
– Estou cansada. Foi um longo dia – respondi.
– Tudo bem. Vejo você mais tarde, então – respondeu Gee e agitou suas largas unhas negras para mim.
Olhei para trás para ver Miranda uma última vez, o sorriso em seu rosto enquanto falava com o menino foi minha resposta. Ela estaria bem. Bom para ela.
Fumaça por toda parte. Eu estava perdida dentro dela. Não podia entrar em pânico. Se eu queria sobreviver a isto, não podia entrar em pânico. Meu peito ficou apertado pela falta de oxigênio. Lentamente, eu avancei através da fumaça, rogando para que eu pudesse sair antes que a escuridão tomasse conta. Uma pequena luz apareceu através da densidade e desejei que eu me empurrasse mais forte. Minhas pernas se sentiam pesadas. Quanto mais perto eu conseguia ficar da luz, mais lento meu corpo se movia. Cada vez era mais difícil levantar minhas pernas e as colocar uma na frente da outra. Meus joelhos se dobraram e eu descobri que eu não faria isso. A luz estava ali. Tão perto. Mas eu não conseguiria. A fumaça me afirmava. Tomei outra respiração afogada enquanto meus joelhos golpeavam o cimento debaixo de mim.
Fortes braços me rodearam e a asfixia desapareceu. Tomei uma profunda e forte respiração. Os braços me sustentaram tão perto de um firme e quente peito. Tentei abrir meus olhos, mas não pude.
– Você está bem. Eu estou aqui. – A voz profunda me assegurou. Eu conhecia essa voz. Eu me agarrei à camiseta que cobria o corpo que me sustentava. Queria vê-lo. Eu o conhecia.
– Ajuda, – eu supliquei. Meus olhos não se abriam.
– Sempre. Você está bem. Foi apenas um sonho ruim. Eu estou aqui – Ele me garantiu. Eu acreditei nele. Não podia vê-lo, mas meu corpo sabia que estava a salvo. Relaxando em seus braços, respirei profundamente de novo.
– Eu quero ver você. – Eu disse a ele.
– Eu desejaria que você pudesse. Você poderá de novo um dia – sua resposta confusa foi a última coisa que disse antes do estridente alarme soasse.
Meus olhos se abriram e fiquei olhando o teto do meu dormitório.
– Desliga isso – resmungou Miranda, lançando um travesseiro no despertador ao lado da minha cama. Tínhamos orientação de primeiro
ano em uma hora. Estiquei a mão e pressionei o botão soneca. Os fragmentos de um sonho voavam na minha memória. Queria recordá-lo. Algo a respeito do sonho tinha me emocionado. Mas não podia recordar. Sentada na ponta da minha cama, pensei muito nisso antes que meu despertador voltasse a tocar. Havia algo que eu queria recordar, mas não sabia o que. Era como um desenho em branco.
Frustrada, joguei fora as cobertas e me levantei. Miranda havia se encolhido mais profundamente nas suas mantas. Eu não tinha nem ideia da hora que finalmente ela tinha chegado em casa ontem à noite. Era quase impossível despertá-la quando dormia. Esta manhã ia ser difícil. Decidi que tomaria primeiro uma ducha, logo tentaria despertá-la. Orientação era obrigatória. Ela teria que se levantar e assistir, inclusive só tinha tempo suficiente para escovar os dentes e colocar uma roupa amassada.
No banheiro, Gee estava em frente ao espelho. Ela não estava se olhando nele. Suas costas apoiadas contra o balcão, com seus braços cruzados na sua frente como se estivesse esperando alguém. Seu cabelo já estava arrumado, tão bem como ela o arrumava, e estava vestida. Ontem à noite esteve fora mais tarde que eu. Como parecia tão acordada?
– Dormindo, Peggy Ann? – ela perguntou sem se mover de seu lugar na frente do lavabo. Realmente precisava tomar uma ducha, mas eu não era das que se despiam na frente de outras pessoas.
– Sim, não posso acreditar que esteja tão acordada. Mas já que está de pé e vestida, pode sair para que eu possa fazer o mesmo?
Gee se separou do mostrador.
– Rude, rude. Acredito que você não quer escutar sobre o convite privado que consegui para assistir ao concerto do Cold Soul na sexta-feira à noite também.
Eu vi como Gee começou a caminhar para a porta para me deixar sozinha, como se eu tivesse lhe perguntado. Eu não deveria lhe perguntar sobre o concerto. Eu não saía com músicos. Era uma má ideia.
– Espera. O que quer dizer? Dank me convidou? – eu fui fraca. O cara era difícil de resistir.
Gee deteve seus passos e sorriu.
– Sim. Ele convidou. Inclusive pode levar sua amiga de toda a vida se quiser. Passe para os camarins e tudo.
Camarins. Isso significava que ele queria me ver. Não é? Eu precisava deter esses pensamentos, mas era tão difícil recordar que ele era um menino mau. Não atuava como um. Parecia quase só ou perdido. Não como o playboy selvagem que eu decidi que ele era desde o primeiro dia.
– Claro. Eu quero ir. Eu tenho certeza que Miranda vai querer ir também. – Eu quis perguntar a ela porque ele mesmo não tinha me chamado ou se poderia ter seu número, mas ele não me proporcionou isso e talvez eu não devesse pedir.
– Eu vou deixa-lo saber. Mas provavelmente você o veja primero que eu, – disse Gee, então abriu a porta e a fechou atrás dela antes que eu pudesse perguntar a ela o que queria dizer.
Eu tinha esperado por ela desde que a deixei em seu quarto esta manhã.
Ontem à noite foi a primeira vez que entrei nos sonhos de Pagan. Foi uma invasão de privacidade que eu nunca quis cruzar. Mas, enquanto estava sentado ali, observando-a dormir e me assegurando de que ela se encontrava a salvo, ela começou a ter um sonho ruim. Tomei uns poucos instantes para decidir se devia ou não entrar em seu sonho e aliviar seus medos ou segurá-la fisicamente como estava acostumado a fazer quando
ela tinha um pesadelo. Decidi que a forma mais segura era em seus sonhos.
No momento em que seu alarme se apagou, deixei-a. Ela chegaria logo a este edifício. Eu dei um passo em torno da árvore em que estive antes encostado e me fiz visível. Garotas universitárias gostavam de vocalistas. Eu tive que desviar das fêmeas excessivamente agressivas quando estive no campus.
– Dank Walker? Não pode ser! Eu escutei que você tinha sido visto no campus, mas não acreditei. Mas aqui está você. – Uma mulher já tinha me notado. Ela começou a lutar com a sua mochila. – Tenho uma caneta Pilot em alguma parte. Você poderia autografar minha bolsa ou minha blusa, ou melhor ainda... meu sutiã? – ela disse enquanto tirava um Pilot de sua mochila.
A garota tinha começado a levantar sua blusa antes que eu descobrisse que ela falava sério sobre o sutiã.
– Não. Não assino sutiãs – segurei o Pilot que me entregou e movi minha atenção dela para os estudantes que se aproximavam do edifício. Meus olhos se encontraram com os de Pagan. Merda. Ela viu que a maldita garota tinha levantado a blusa. Empurrei-lhe o Pilot sem romper o contato visual com Pagan e rodeei a garota. – Tenho que ir, – foi a única explicação que lhe dei.
Pagan virou a cabeça e olhou para frente e correu em direção ao prédio. Eu não a deixaria entrar até que falasse comigo.
"Fale comigo, Pagan. Por favor."
Ela hesitou. Falar em sua cabeça era injusto, mas eu odiava não ser capaz de lhe mostrar quem eu era. Eu queria que ela me visse. Eu queria que ela me amasse de qualquer jeito.
– Bom dia, Pagan – Eu disse quando parei ao lado dela. Ela inclinou a cabeça e me olhou. O assustado, confuso olhar em seus olhos fez eu me
sentir culpado. Eu não deveria ter falado com ela daquela maneira. Ela não estava pronta.
– Dank? – sua voz soou como se ela estivesse fazendo uma pergunta.
Eu peguei sua mochila, e em seu estado ainda confuso ela me deixou levá-la. Atirando-a sobre meu ombro, eu balancei a cabeça em direção a entrada do edifício onde Pagan teria Cálculo durante o resto do semestre.
– Melhor se apressar ou chegará tarde.
Ela balançou a cabeça e logo seus olhos se posicionaram na mochila agora sobre meu ombro. Uma pequena ruga em sua testa.
– O que você está fazendo? – ela perguntou.
– Levando seus livros para dentro. Parecia pesada – eu comecei a caminhar antes que decidisse que queria sua mochila de volta. Eu a carregaria para dentro. Eu queria que cada homem nos arredores me visse levando sua mochila. Eu já tinha tido que lutar com sua alma gêmea. Eu não queria ser obrigado a vê-la com mais ninguém. Eu estava apostando minha reclamação.
– Oh. Bem, sim. Nós tivemos um monte de informações na orientação de calouro, logo tive que ir à livraria e recolher alguns livros que não tinha. Esta é a única classe que tenho hoje. Aparentemente este professor é exigente e não quero perder um dia de aula.
Eu amava escutá-la falar. Quando chegamos à porta, eu a abri e dei um passo para trás para que ela pudesse entrar. Ela olhou para trás em direção à árvore onde eu tinha estado quando ela chegou e então se voltou para mim.
– Eu vi você com uma garota e ela estava tirando as roupas para você? Será que ela mudou de opinião e decidiu que se despir em público era uma má ideia?
A nota engraçadinha em sua voz me fez sorrir.
– Ela queria que eu assinasse seu sutiã. Eu lhe disse que não assino sutiãs, então a vi e lhe devolvi seu Pilot para poder lhe alcançar antes que se afastasse.
– Oh. – ela respondeu e parou na porta que marcava 312. – E, por que você não assina sutiãs?
Pagan estava me paquerando? Maldição, esse brilho travesso em seus olhos que me dirigia me deixava louco. Eu fechei a distância entre nós e baixei minha cabeça até que minha boca estivesse justo ao lado de sua orelha.
– Só há um sutiã que eu gostaria de assinar. – A respiração de Pagan parou e eu sorri para mim mesmo antes de me afastar. Eu queria um gosto. Tinha passado muito tempo desde que tive um gosto de sua boca... de sua pele.
Eu entrei no salão desesperado para controlar a mim mesmo. Inalar seu aroma fez que meus sentidos ficarem em alerta máxima. Pagan entrou enquanto eu segurava a porta para ela. As calças jeans que vestia embalavam seu traseiro como uma segunda pele. Era impossível não assisti-la caminhando através da sala. Tirando meu olhar dela, examinei os outros estudantes para ver quem mais a observava. Eu não os queria olhando.
le tinha falado na minha cabeça, ou eu tinha perdido a cabeça? Não fui capaz de me concentrar em nada do que meu professor de cálculo disse. Por sorte, eram breves boas vindas e uma visão geral do plano de estudos. Logo nos dispensou. Eu estava segura de que perdi algo importante, mas Dank Walker estava ao meu lado. Todas as olhadas femininas na sala se centraram nele e meu corpo formigava cada vez que ele roçava seu braço contra o meu, e parecia que acontecia muito. Quase como se fosse de propósito, e ele fez questão de fazê-lo o suficiente para me manter esgotada.
Minha mochila ainda estava pendurada em seu braço quando saímos, eu estava sendo forçada a suportar todos os fãs que o pararam para perguntar a respeito de seu show, escorregar para ele seus números e prometer tudo, de uma garganta profunda a um show de strip. Se não fosse pelo fato de que ele carregava minha mochila e que eu queria ver se continuaria falando na minha cabeça, eu teria ido embora e o teria deixado com suas admiradoras.
-Siga-me – Dank disse enquanto pegou meu braço e me guiou para longe de uma garota no meio da frase. Eu tive que correr para lhe acompanhar enquanto ele me conduzia para um grande carvalho atrás do edifício. Havia uma mesa de piquenique debaixo dela. Ele estava se escondendo?
-Eles não vão me notar aqui atrás - explicou, garantindo que a árvore bloqueasse a vista de outros antes de se sentar-se à mesa de piquenique. Algo sobre vê-lo ali sentado me pareceu familiar. Quase como se estivesse experimentando um dejá-vu. Ele sorriu como se tivesse lido minha mente.
-Eu estou surpreso que você saiu e deixou a última garota. Se você tivesse a trazido aqui, certamente teria conseguido um pouco de ação. Ela estava se preparando para lhe oferecer seu primogênito.
Dank riu e sacudiu a cabeça.
- Vou passar. Não é meu tipo.
Até agora eu não tinha certeza de qual era seu tipo. Não só parece que ele está me seguindo, mas também não o tinha visto com mais ninguém. Era porque eu era um desafio?
-Por que o interesse em mim? Se eu oferecesse um strip para você, você fugiria? Eu sou o único brinquedo com o qual você nunca brincou? – Fiz questão de sorrir enquanto fiz a pergunta. Eu não queria soar como uma idiota, mas eu realmente queria saber por que eu. Havia um monte de garotas disponíveis, mais que dispostas a fazer o que ele quisesse, quando quisesse. Dank deixou minha mochila cair nas tábuas de madeira da mesa e lentamente ficou de pé. Seus olhos se fixaram em mim e a intensidade do seu olhar quase me assustou. Às vezes, seus olhos não pareciam reais. Pareciam não naturais... Maravilhosamente não naturais e assombrados.
-Entenda isto, Pagan Moore, - ele começou com uma voz sexy e profunda, - se alguma vez você se oferecer para despir-se para mim, então terá minha atenção completa.
Oh, Meu deus.
Engolindo em seco, eu consegui dar um aparente aceno de cabeça. Dank não recuou ao invés disso ele se aproximou mais até que eu fiquei pressionada contra a árvore.
– Você não é um jogo. Você nunca será um jogo para mim, - disse, enquanto traçava a minha mandíbula com a ponta de seu dedo. O desejo em seus olhos era muito forte. Isso não fazia nenhum sentido. Nós só conhecemos um ao outro, ontem. Por que ele reagiu desta maneira comigo? E por que meu coração enlouqueceu quando ele ficou perto?
-Tem sido muito tempo. Eu não posso não te beijar. - sussurrou antes que a sua boca cobrisse a minha. Suas palavras não fizeram sentido, mas desapareceram no fundo da minha mente, quando sua língua deslizou na minha boca e o rico sabor estranho e decadente burlou os meus sentidos. Minhas mãos voaram até seus ombros e eu segurei minha querida vida. Meus joelhos estavam fracos e necessitei ajuda, mas principalmente, eu só queria mantê-lo ali. Só assim. Eu inalei o seu aroma quente e escuro que me envolveu enquanto seu corpo me encheu. Seus dentes roçaram meu lábio inferior e eu gemi quando os seus lábios começaram a beijar o lugar atrás da minha orelha. O calor da sua respiração fez cócegas na minha pele. Agarrando com força sua camisa, eu apertei mais. Um de seus joelhos se deslizou entre minhas pernas e se instalou entre elas, causando faíscas de prazer disparassem através de mim.
-Ah – eu gritei quando ele moveu seu joelho para cima. Meu corpo se estremeceu em resposta. Dank afundou a cabeça na curva de meu pescoço e o ombro. Sua respiração pesada acompanhada por seu silêncio repentino me disse que isto ia terminar. Eu não queria que terminasse, mas por outro lado, a forma em que reagi diante de um beijo inocente poderia significar que eu não estava pronta para os beijos de Dank Walker. Eu comecei a me mover e seus braços apertaram seu domínio sobre minha cintura.
-Não. Por favor. Ainda não. Deixe-me ter isso. - O som suplicante em sua voz enquanto suas palavras foram pronunciadas contra minha pele me obrigou a fazer o que ele me pedia. Quem poderia dizer não a isso?
Sua respiração pesada fez correr pensamentos muito maus por minha cabeça. Seus braços se deslizaram ao meu redor e me aproximou dele enquanto baixava seu joelho, mas sua perna ficou ali, entre as minhas.
–Você vem na sexta à noite? Eu quero você lá. – ele disse quando finalmente levantou a cabeça para me olhar.
Ele não era meu tipo. Ele não era seguro. Mas eu não me importava. Eu era uma estudante universitária. Eu tinha estado segura o suficiente em minha vida. Já era hora de ir um pouco para o lado selvagem.
-Sim, eu estarei lá.
Dank fechou os olhos com alívio e um sorriso apareceu no canto de seus lábios.
-Eu estava preparado para lhe subornar. Foi mais fácil do que eu pensei – ele respondeu.
-Me subornar, hein? Talvez eu devesse ter me feito de difícil por mais tempo.
Dank baixou o olhar e estudou meus lábios.
-O que você quer Pagan? Basta pedir.
Opa. Ele outra vez foi um pouco intenso demais.
-Hum, bem, agora eu quero tirar um cochilo porque não dormi suficiente ontem à noite. – Eu tinha certeza que não era a resposta que ele esperava, mas era verdade.
Dank deu um passo para trás e de repente senti frio.
-Não deixe que Gee faça você fazer coisas que não quer. Ela não precisa de tanto sono como você.
Eles estavam se relacionando? Nada mais fazia sentido. Ela parecia próxima a ele, mas não eram um casal ou algo remotamente parecido com isso.
-Sou uma garota grande. Eu posso controlar Gee.
Dank deixou escapar uma risada curta e sexy e assentiu com a cabeça.
-Sim. Eu sei.
-Ela não se lembra de você também. Eu esperava que ela me esquecesse. Mas, por que ela não se lembra de você? – eu senti sua chegada, mas esperei até que Pagan estivesse suficientemente longe para me virar e olhar para ele.
Leif, o espírito vodu que uma vez reclamou a alma de Pagan, estava a vários metros de distância de mim. Eu pensei que dando um aviso a ele de acabar com o seu mundo seria suficiente para mantê-lo longe. O menino estava beirando a estupidez.
-Ela não é sua preocupação. Eu sugiro que você volte para o Vilokan e jogue com seus amigos lá. Minha paciência com você está se esgotando, príncipe Vodu.
Ele olhou para mim e cruzou os braços sobre o peito.
-Eu não estou fazendo nada de errado. Eu a deixei em paz. Eu só vim aqui para ver se ela estava bem. Antes de você aparecer, proteger Pagam tinha sido a única vida que eu já tinha conhecido.
Leif tinha sido o anjo negro de Pagan. Um que ela não sabia que existia. Sua doente e retorcida reclamação da sua alma foi algo que eu tinha lutado com seu pai, o senhor vodu dos mortos.
-Já ferrou o futuro de Pagan o suficiente. Ela agora está aprendendo o que é viver uma vida humana normal. Eu sou o único que ela necessita para garantir sua proteção. Eu não tolerarei que esteja por aqui. Isto não é seu negócio.
Leif começou a dizer algo mais quando Gee apareceu ao meu lado.
-Bem como inferno tem feito, droga. - ela disse com um suspiro e se deixou cair sobre a mesa. - Eu preciso ter certeza que os meninos jogam bem? Porque eu vou e vou aproveitar cada segundo disso.
O olhar penetrante de Leif se converteu em um de ódio quando mudou seu foco para Gee. Não havia nenhum amor perdido entre os dois.
-Ela não se lembra de você também. – Leif rosnou.
-Ooooh, olhe Dankmar. Ele ainda é tão rápido como ele sempre foi. Que sortudos nós somos, não?
-Eu não vou sair até que um de vocês me explique o que está de errado com Pagan – Leif exigiu.
Gee riu e eu sabia que seu pequeno surto de humor estava se esgotando. O príncipe Vodu pressionou os limites.
-Pagan está bem. Está encontrando a si mesmo sem a pretensão da maldade em sua alma.
Leif começou a dar um passo adiante e Gee estava perto de seu rosto em menos de um décimo de segundo. Ela se moveu em uma velocidade desumana e olhei ao redor rapidamente para me certificar que ninguém a tinha visto.
-Dá mais um passo nesse caminho e eu vou cortar você. – ela assobiou.
-Você precisa ir embora. Esta é a última advertência.
Leif não discutiu. Ele se foi.
Gee amaldiçoou e virou-se para me olhar.
-Maldição. Eu esperava que ele ficasse aqui. Isso teria sido divertido. Estive esperando chutar sua bunda vodu há um ano.
-Seria um pouco divertido de ver – eu concordei. -Mas temos que começar a trabalhar. Houve um terremoto no Haiti. Foi muito ruim.
Gee suspirou.
-Suponho que terei que ir, desta vez.
Surpreso por sua falta de entusiasmo, eu me detive e levantei uma sobrancelha.
-Oh, não me olhe assim. Eu gosto de ser uma universitária. É muito mais divertido que tratar com pessoas mortas.
iranda estava em frente ao seu armário com várias roupas colocadas sobre nossas camas quando entrei na sala. Eu passei o resto do dia checando minhas aulas, me reunindo com professores, e encontrando uma cafeteria suficientemente perto para passar pelas manhãs no meu caminho para cada aula.
-Nossos armários vomitam? – eu perguntei enquanto fechava a porta e desviava da bagunça na minha frente.
-Talvez. – ela mordeu o lábio inferior com nervosismo. - Não tenho nada para vestir. Nada.
Eu sabia de fato que ela tinha roupa suficiente para vestir um pequeno país. O que ela queria dizer era que ela não tinha nada para vestir em um encontro. Devia ser alguém que ela realmente gostava, porque eu não a tinha visto enlouquecer sobre o que vestir em anos.
-Quem é o sortudo? – eu perguntei, levantado uma saia azul que me pertencia e sua blusa azul para que eu pudesse me sentar na minha cama.
-Nathan. O cara do clube - Miranda bateu palmas com entusiasmo. –E toma isso. Ele está na mesma fraternidade que Jay. Eles querem nos levar para jantar esta noite e ver um filme.
Oh, não. Isso não ia dar certo.
-Hum, bem, veja a questão. Jay tem uma namorada ou está obviamente em um relacionamento. Eu o vi ontem à noite no clube. Você sabe que eu não faço dramas e isto é um drama sério. Você terá que dizer "não obrigado" a Jay por mim.
A cara da Miranda caiu e ela deixou cair à jaqueta vermelha que ela tinha estado exibido no espelho.
-Pagan, por favor. Isto é importante para mim. Nathan é ele, é como, eu só não me senti assim por ninguém, desde, pois desde... – eu vi lágrimas em seus olhos enquanto me olhava tristemente.
-Desde Wyatt? – eu perguntei.
Ela suspirou e assentiu.
-Não é tão forte como o que sentia por Wyatt, mas eu acabei de conhecê-lo. Ele faz meu coração disparar e eu fico formigando quando ele me toca. Ele não é Wyatt. Ninguém nunca vai ser Wyatt. Mas quando eu estou com ele meu coração não dói.
Bem, merda. Ela finalmente encontra um cara para seguir em frente e é um amigo do meu ex. Assustadoramente perfeito.
-Eu tenho certeza que Nathan ainda vai querer sair contigo mesmo que eu não saia com Jay, – eu assegurei a ela.
Miranda se aproximou e empurrou as roupas que estavam no seu caminho para o lado e se sentou.
-Eu tenho certeza que sim. Mas eu não o conheço muito bem. Nós acabamos de nos conhecer. Tomamos um café hoje e acabamos nos falando durante horas. Ele me beijou. Foi... Uau. Eu só quero ter você lá comigo em nosso primeiro encontro oficial. Eu me sentirei melhor sabendo que eu não estou sozinha.
Dupla merda.
-E a namorada do Jay? -Por favor, me diga que ela é uma psicopata e pode vir atrás da minha cabeça se eu for a algum lugar com ele. Esta seria minha única saída.
-Nathan me disse que Jay e Vitória não são um casal. Ela está na irmandade que se junta com a sua fraternidade. Ela está atrás dele há mais de um ano. Jay tolera sua teimosia, mas até que ele a viu entrar no clube não tinha tido um problema com isto. Agora está pondo um final nas coisas com Vitória. Nathan disse que você é de tudo que fala desde que a viu. Vamos, será divertido. Eu preciso de você lá.
Esse era um problema. Olhei para os suplicantes olhos de Miranda, e soube que não seria capaz de dizer que não.
-Que horas eles estarão aqui? – eu perguntei e ela se levantou e gritou.
-Às sete – ela respondeu. Eram apenas três. Por que ela estava se preparando tão cedo?
-Nós temos quatro horas. Por que o pânico da roupa?
Miranda revirou os olhos.
-Porque levará quatro horas para fazer tudo o que tenho que fazer para estar apresentável.
Recolhi a roupa que ela tinha deixado na minha cama e levei para a sua e deixei cair.
–Você guarda as roupas. Estou tirando uma soneca. Se eu tiver que fazer isso, então definitivamente preciso dormir um pouco. Estou esgotada.
-Tudo bem. Eu vou procurar algo para você vestir. Mas me prometa que você levantará com tempo de sobra para tomar banho e depilar as pernas. Vou escolher uma mini. Jay sempre gostou de suas pernas.
Ugh.
Uma adolescente não prestou atenção a uma buzina alta. Tudo era muito familiar. A diferença era que eu não estava espreitando esta alma.
Ela não me tinha intrigado. O esmagado automóvel estava envolto ao redor de um poste de eletricidade. Seus pais se encontravam a um lado, chorando enquanto a desesperada esperança em seus olhos se mantinha enfocada no automóvel. Queriam que existisse alguma possibilidade de que sua filha estivesse com vida. Que quando os bombeiros tirasse o carro, encontrassem-na dentro com vida. Eu sabia que não estava. Sua alma começava a desprender-se, já sentindo minha presença.
Coloquei a mão nos escombros e atraí a alma. Ela veio de boa vontade. O olhar confuso em seu rosto quando olhou a si mesma e logo para os seus pais que era o que via todos os dias. Não entendia ainda que já não estava no corpo.
-Vamos, garota, tempo de ir. Terá outra vida antes que se dê conta. Dê adeus a esta. - informou-lhe Gee enquanto lhe pegava a mão e se foram.
Não fiquei esperando que seus pais averiguassem que seus piores temores estavam certos. Tive suficiente disto durante um dia. Só queria ir ver Pagam, mas eu ainda tinha milhares de almas para recolher.
Caminhei para a caminhonete que capotou, no intento de não se chocar com o carro da garota. Detive-me onde os paramédicos estavam realizando a RCP no condutor. Enquanto os paramédicos trabalhavam para salvá-lo, sua alma se liberou de seu corpo e olhava para sua casca vazia.
Gee apareceu a meu lado e sem uma palavra o pegou pela mão, lhe dizendo que voltaria e começaria de novo e, talvez, em sua próxima vida poderia evitar uma pança cervejeira.
-Isto é injusto. Completamente injusto - Miranda franziu o cenho no espelho frente a nós. - Eu passei horas me preparando. Você passou menos de meia hora e mesmo assim parece melhor.
Miranda estava linda. Tinha arrumado todos seus cachos selvagens perfeitamente ao redor de seu rosto. O top vermelho combinado com uma saia que chegava a seus joelhos ressaltava todas as curvas que tinha. Nathan não tinha nenhuma possibilidade.
–Sério?! Está louca! Está sexy. Aceita e vamos, - respondi-lhe antes que pudesse trocar sua roupa de novo.
-Está segura? Não está mentindo? - Seguia em pé na frente do espelho, jogando com a blusa e o cabelo.
-Digo a verdade. Vamos. Provavelmente já estão nos esperando. -E já queria terminar com isto.
-Talvez eu devesse ter colocado as botas. Você parece mortal com essas botas de couro - respondeu Miranda sem mover-se.
Joguei uma olhada às botas até os joelhos que pus com a minissaia azul que Miranda me obrigou a usar.
- Pode levar as botas se quiser. Não me importa. Eu procurarei outra coisa que usar.
Miranda franziu o cenho.
-Não. Essas botas não combinam com o que tenho posto. Além disso, acabaria colocando seus Converse ou algo ridículo como isso. É um milagre que pude obriga-la a usar as botas. Não danificarei minha sorte agora.
Sorri porque tinha razão. Se eu tirasse as botas eu colocaria meus tênis Converse.
-Então, vamos - Respondi-lhe, e abri a porta.
-Está bem. Bem. Vale. Pode fazer isto - Recordou a si mesma no espelho, logo se voltou e se dirigiu a meu lado. Possivelmente poderia tira-la daqui antes da meia-noite.
-De acordo, Miranda. É só um menino e isto é só um encontro. - Assegurei-lhe enquanto a empurrava para a porta e ao corredor.
Ela assentiu com a cabeça.
-Tem razão. É só um menino. É só um encontro.
Fizemos nosso caminho para a grande sala onde haviam dito que se reuniriam conosco. Podia ouvir risadas femininas e vozes profundas enquanto nos aproximávamos.
-Escuta-os, - sussurrou Miranda.
-Sim. Parece que estão entretendo a algumas de nossas vizinhas. – eu respondi. Possivelmente Jay veria alguém que gostasse e me deixaria em paz. Então, ela poderia lutar com a louca da Vitória.
Entramos na sala para ver o Jay falando e rindo com uma garota a qual eu não tinha conhecido ainda, mas que vi no dia anterior, quando nos mudamos. As garotas sempre paqueravam com Jay. Tinha esse tipo de personalidade amigável. Os olhos de Nathan enfocaram sobre Miranda instantaneamente. O sorriso em seu rosto enquanto a olhava fez que tudo isto valesse a pena. Eu gostava deste menino.
Nathan deu uma cotovelada em Jay enquanto nos aproximávamos, ele deixou de falar com a ruiva e se voltou para nos olhar. Seus olhos passaram sobre mim lentamente. A garota com quem tinha estado falando estendeu a mão e lhe apertou o braço e lhe disse algo sobre vê-lo amanhã de noite. Quase ri. Ele planejava um encontro com outra garota enquanto me esperava. Isto não tem preço. Se não estivesse indo a este encontro pela Miranda, usaria isso como minha desculpa e iria embora. Entretanto, não podia fazer isso a ela. Não quando Nathan tinha o olhar de adoração reverente em seus olhos enquanto a olhava fixamente. Sim, teria que lutar com o Jay Romeo toda a noite. Possivelmente Miranda e a ruiva poderiam conhecer-se e elas poderiam ir juntas a um encontro duplo da próxima vez.
-Pagan, você está incrível - disse Jay enquanto dava um passo para mim, deixando atrás a sua nova amiga.
-Por favor, não deixe que eu o interrompa. - respondi, voltando a atenção à garota que deixou esperando sua resposta.
Ele estava nervoso. Sorri-lhe tranquilizadoramente.
-Sério, Jay. Dá no mesmo para mim. Termina sua conversa. Não tenho pressa.
Jay me observou um momento e pude ver a indecisão em seu rosto. Já não era a apaixonada adolescente que ele deixou para trás. Esse navio tinha zarpado. Negou com a cabeça e fechou a distância entre nós e pôs sua mão em minhas costas.
-Estou preparado para ir. Só era amigável.
O cenho franzido no rosto da jovem dizia o contrário. Movi sua mão das minhas costas e dei um passo atrás.
-Se a estava convidando a sair, por favor, vá terminar o que começou. Não seja grosseiro. - Sussurrei.
Ele deixou escapar um suspiro.
-Foda!
Observei-o enquanto passava a mão pelo cabelo em sinal de frustração. Conhecia-o muito bem. Podia ler sua linguagem corporal.
-Não se supunha que escutasse isso. Maldita seja. Fodi tudo. Convidá-la para sair, enquanto a esperava foi uma falta de respeito. Sinto muito.
Encolhi os ombros.
-Só estou nesse encontro porque Miranda me pediu isso. Sabe que não posso lhe dizer que não. Assim não se preocupe. Eu diria que você poderia levar a ruiva em meu lugar, mas Miranda me necessita esta noite. Portanto, está preso comigo.
Os olhos do Jay arregalaram.
-Espera. Não. Eu não quero estar em um encontro com alguém mais. Quero estar com você. Senti falta de você. Isso aí atrás era só eu sendo um idiota. Estou acostumado a convidar às garotas a sair quando uma me parece interessante. Mas é um hábito. Rechaçaria a ela e a qualquer uma se tivesse a oportunidade de sair com você.
Bom, isso era doce, mas lamentável. Porque, hábito ou não, eu não era o suficientemente estúpida para acreditar.
-Esse hábito seu não é saudável e é mesquinho. Vá terminar o que começou. Vou esperar com a Miranda e Nathan. - Respondi e caminhei para a porta, onde Miranda e Nathan tinham ido para nos dar um pouco de privacidade. Não que a necessitássemos.
-Lamento o atraso. Uma vez que ele termine de planejar seu encontro de amanhã, iremos.
Nathan fechou os olhos e negou com a cabeça.
-Estúpido, - murmurou. Quando os abriu de novo, olhou-me desculpando-se. - Lamento. Ele é um mulherengo. Mas suponho que já sabe isso.
Em realidade, não sabia. Na escola não paquerou com ninguém mais que comigo.
-O Jay que eu conheço nunca teria feito isso. Isto me incomoda.
-Eu gostaria que lhe desse um bolo e retornasse ao dormitório. Pode chamar Dank Walker, já que está quente atrás de seu corpo e surpreenda-o com sua bunda sexy. - Miranda havia se tornado louca. Jay se incomodaria.
-Conhece Dank Walker? - Perguntou Nathan. -O cantor do Cold Soul? - Pude ouvir a incredulidade em sua voz.
-Sim, ela o conhece. Vi quando ele levou seus livros para a aula hoje, - disse Miranda com ar de suficiência. Não me tinha dado conta de que ela viu tudo.
-Está bem, estou preparado. Uma vez mais, lamento tudo isto. - disse Jay enquanto se aproximava de nós.
-É um idiota, - disse Nathan. - Um estúpido idiota.
Jay deixou escapar um suspiro de frustração.
-Sim, eu sei.
e Jay se desculpasse mais uma vez, colocaria um pedaço de pão na sua garganta. Assim pelo menos ele se calaria. Tratei de trocar de assunto muitas vezes, e quando isso não funcionou, comecei a me juntar à conversa de Miranda e Nathan. O qual funcionou muito bem por um tempo, mas agora estavam próximos, sussurrando ao ouvido e deixando Jay e a mim de lado, com a bolsa entre nós como uma barreira.
-Vai me perdoar? - perguntou Jay.
-Não estou zangada, Jay. Não há nada que perdoar. Vim a este encontro pela Miranda. Nunca concordei em vir para passar um tempo com você. Assim, por favor, falemos de outra coisa. -Era como um disco arranhado.
-Então este desinteresse que recebo de sua parte não é porque fui um imbecil, mas sim porque realmente não se importa comigo para começar? - perguntou com um pouco de surpresa em sua voz.
-Exatamente. É um velho amigo. Foi agradável te ver na outra noite, mas isso é tudo. Estou aqui pela Miranda.
Jay foi para trás em seu assento e brincou com o guardanapo sobre o prato.
- Eu tive a oportunidade de mudar sua opinião e eu falhei. Ele fez uma careta. Fantástico.
-Tivemos nosso momento. É uma boa lembrança, mas agora somos mais amadurecidos. As coisas mudam.
-Você me deixou sem fôlego quando entrou na sala, isso não mudou, - respondeu quando levantou seus olhos para me olhar.
Isso poderia ser o suficientemente doce para me amolecer se eu estivesse interessada. Não era mais que um bom amigo. Estiquei a mão e apertei a sua.
-Obrigado. Foi agradável ouvir isso. Mas podemos concordar em ser somente amigos. Desta forma, quando quiser convidar a outras garotas para sair, no caminho, riremos disso, - brinquei.
Jay me deu um sorriso torcido.
-Deus, senti saudades.
-Bom, eu realmente não posso dizer o mesmo, - respondi logo me pus a rir ao ver a expressão machucada de seu rosto.
-Estou brincando. Também senti saudades. -Talvez. Quando pensava nele. Coisa que não fazia muito no último ano.
-Acabou ai? Porque se eu escutar o Jay desculpar-se mais uma vez o lançarei na rua, - disse Nathan do outro lado da mesa.
-Sim, tudo está bem. Somos amigos e Jay pode convidar para sair quem ele quiser, quando queira, - respondi. Nathan estudou o Jay por um momento com um olhar de preocupação em seu rosto, e logo forçou um sorriso.
-Se chegaram a esse acerto, então nós também.
Miranda assentiu.
- Sim. Soa como um bom plano. Além disso, Pagan tem um encontro com Dank Walker na sexta-feira á noite. Deu-lhe passes livres para o camarim de seu show. E também me deixará entrar.
-Como sabe isso? -Não tinha dito nada a respeito ainda. Ela encolheu os ombros. - Gee me disse isso.
Imagine. Gee se garantiu para que eu fosse. Já tinha descoberto que Miranda me faria fazer coisas que eu não queria. Depois desta noite, entretanto, realmente queria ir. Dank Walker não parecia ser uma má opção depois de ter um encontro com um rapaz "normal e agradável". Pelo menos, quando estava com o Dank, agia como se eu fosse a única pessoa para ele.
-Acabou de conhecê-lo ontem de noite no clube? - perguntou Jay com o cenho franzido em seu rosto.
-Não. Ele recolheu seus sapatos quando chegamos aqui ontem. Ela deixou cair uma caixa inteira de sapatos na rua. Desceu de sua grande e diabólica motocicleta e os recolheu, levando-os ao nosso dormitório. Acredito que a está perseguindo. - Miranda subiu as sobrancelhas.
-Sua banda não é conhecida por sua boa reputação. São barulhentos e se metem em problemas. Andar com ele não é seguro, Pagan. - Jay não soou convincente.
-Até agora não foi mais que agradável, educado e muito atento comigo, - respondi enquanto deslizava fora de meu assento. Não começaria a defender Dank de Jay. Isso seria ridículo.
-O importante é que minha melhor amiga está saindo com o cantor do Cold Soul e tenho passes para o camarim. Não saiamos do assunto, – interveio Miranda. Nathan não parecia realmente entusiasmado com isto tampouco. Agora os dois franziam o cenho. Um pouco de ciúmes seria bom para Nathan. Miranda estava fazendo-o parecer muito fácil.
-Por que lhe deu ingressos para o camarim? - perguntou Nathan enquanto tomava a mão de Miranda.
-Porque sabia que Pagan não iria sem mim, - respondeu ela. Também tinha razão. Eu não era o suficientemente valente para aparecer em cena se ela não estivesse ao meu lado.
-Humm. - Foi a única resposta de Nathan. Pobre rapaz. Queria protestar, e sabia que não tinha direito porque acabava de conhecê-la.
-Assim, que filme vamos ver? -perguntei trocando de assunto.
-Bom, ia sugerir um filme de ação, já que há vários que eu gostaria de ver, mas depois de escutar que vocês sairão com uma banda de rock no final desta semana, sinto a necessidade de intensificar meu jogo. Assim qualquer um de romance que queiram ver, eu estou disposto. -respondeu Nathan.
Miranda riu.
- Oh, está com sorte. Já vi o único filme de romance que está em cartaz. E foi bastante ruim.
-Graças a Deus - suspirou dramaticamente Jay.
-Filme de ação, então - anunciou Nathan.
Sentei-me na borda da cama de Pagan e olhei o relógio pela enésima vez em um lapso de dez minutos.
-Quanto tempo esteve fora? - perguntei a Gee, enquanto ela entrava no dormitório.
-Eu estava contigo, recorda?
Estava, mas Gee voltou para casa antes que eu. Tinha começado a me preocupar com Pagan, porque não tinha nenhum de nós dois cuidando dela.
-Antes de notar que cheguei uma hora antes que você, também poderia dizer que fiz uma breve parada no caminho. Dei uma olhada na
mãe de Pagam e chequei para ver se sentia esse fodido príncipe vodu por perto daqui. Ele se foi. E sua mãe está bem.
Não podia me zangar com ela por isso.
-Ela está com ele.
Gee se limitou a assentir. Ela e eu sabíamos que isto tinha que acontecer. Não podia evitá-lo. Seu coração tinha que escolher. Mas, maldita seja, era difícil. Hoje ela se derreteu contra mim da forma em que estava acostumada a fazê-lo. Não havia se afastado, me queria. Sei que parte dela recorda. Seu corpo respondia a mim. Tinha que acreditar que seu coração era o suficientemente forte para recuperar sua memória. A validez da presença de sua alma se apoderou de mim.
-Ela está de volta, - disse me levantando. Tinha entrado no edifício.
-Vou ver o que posso descobrir. Mas se afaste até um canto, - disse Gee, me mandando para longe. Não era visível aos seres humanos nesta forma. Encostei-me, em pé, em uma coluna de seu dormitório e esperei.
A porta se abriu e ela entrou com Miranda conversando alegremente. Não podia entender o que diziam, porque a única coisa que eu podia me concentrar era nas botas de salto alto e na saia curta que Pagan usava. INFERNOS. Queimaria-os logo que os tirasse de seu corpo. Poderia provocar guerras pela forma que estava vestida. O perseguiria e o mataria se ele a tivesse tocado. Tomaria sua triste alma fosse ou não a sua hora.
Gee limpou a garganta e afastei o olhar do corpo deliciosamente vestido de Pagan para olhá-la. Deve ter lido a intenção em minha cara, porque me deu um olhar de advertência. Essas botas desapareceriam. A saia, também.
-Isso não foi tão mau, concorda? - perguntou Miranda, sorrindo para Pagan.
Pagan pôs os olhos em branco e abriu o fecho das botas. Talvez não as queimasse depois de tudo. Em troca, as esconderia. Ia ver se poderia conseguir que as tirasse para mim alguma vez.
-Sacudiu o mundo de Jay. Quando chegou a ser tão arrogante? Caralho. Eu adoro o fato de que lhe dissesse que não se importa que convidasse a alguma vagabunda para sair. Qual seu problema com isso? Quero dizer estava aqui para lhe pegar e ela parecia uma larva. Muito desesperada?
Pagan tirou a bota lentamente e se eu pudesse babar, estou bastante seguro de que o faria. Maldição, isto era sexy. Agarrou a outra bota e fez o mesmo.
-Não me importa. Pode ficar com ele. Por que saí com o menino três anos? Já nem o recordo.
Suas palavras interromperam minha imaginação libertina e levantei de repente minha cabeça para olhar o seu rosto. Não gosta? O que? Mas ele era sua alma gêmea.
-É diferente da minha lembrança. É chato.
Gee sorriu em minha direção. Pagan agarrou o botão de sua camisa. Oh, sim.
Logo, a porta do banheiro se abriu e saiu uma Gee muito visível.
- Assim, vocês, cadelas, foram se divertir sem mim? - perguntou, interrompendo Pagan, quando ela ia desabotoar sua camisa. Maldita seja, Gee.
-Miranda estava muito bem. Eu sofri por ela e me deve isso.
Realmente não tinha gostado... e começava a desabotoar a camisa de novo.
-Jay não esteve tão mal. Simplesmente começou sua noite convidando a outra garota para sair enquanto esperava por Pagan.
Chegamos nessa parte. Pagan o conduziu brilhante e comicamente, mas ele é um idiota.
Jay convidou a alguém mais? Acaso o menino não viu o que Pagan vestia? Maldito seja. Pode ser que eu não tenha que me preocupar em absoluto. Ele era um idiota. O último botão da camisa de Pagan veio abaixo e a deixou cair no chão. Movi-me para poder me afundar na cama e olhar.
-Está emocionada com a noite da sexta-feira. Não quer admitir, mas eu sei, - disse Miranda, recolhendo a camisa desprezada de Pagan e atirando-a para ela.
-Mudou de opinião a respeito dos meninos da banda? - Perguntou Gee. Não estava seguro do que queria dizer, mas eu gostaria de perguntar-lhe assim que ela saísse daqui.
Pagan levantou um ombro e eu orei por tudo o que era sagrado, que se tirasse esse sutiã rosa. Isto poderia ser considerado uma invasão a sua privacidade, mas eu era a Morte, maldita seja. Deveria ter alguns privilégios.
-Decidi não julgar um livro por sua capa. Não pode me machucar dar a Dank Walker uma oportunidade.
-Ele pode querer mais que uma oportunidade, - murmurou Gee para meus ouvidos somente.
Pagan começou a desabotoar a saia. Sim, por favor.
-Vou tomar banho. Vocês sintam-se livrem para falar de mim, porque sei que o farão. - Informou-lhes Pagan e se dirigiu ao banheiro justo antes que sua saia se deslizasse por suas pernas e caísse ao chão. Tive a tentação de segui-la ali, mas isso seria um erro. Ela ficaria furiosa se soubesse. Olhei para Gee, que parecia a ponto de rir de mim.
u fico fora de vista e só sussurro para você.
Palavras que não posso dizer. Palavras que você não precisa escutar.
Palavras que não posso evitar que se enredam em meu caminho.
Agora, não posso estar sozinho. Agora, não posso ignorar que estou sob sua influência.
Reclamaste-me e não me importa quem saiba.
Reclamaste-me e não me importa quem o veja.
Estou debilitado e me fortaleço em seus braços.
Reclamaste-me e preciso te sentir perto.
Fico com vontade de mais do que jamais poderia compreender.
Eu estou indefeso, precisando ceder a cada uma de suas ordens.
Esperar ver seu sorriso me está consumindo e atando minhas mãos.
Nada do que ofereço poderia ser digno de seu amor.
É um milagre que me visse e não fugisse nunca.
Passarei toda minha vida tratando de ser o homem que você crê que sou.
Agora, não posso estar sozinho. Agora, não posso ignorar que estou sob sua influência.
Tem feito cargo de mim e agora, não posso ignorar o que me mostra.
Reclamaste-me e não me importa quem saiba.
Reclamaste-me e não me importa quem o veja.
Estou debilitado e me fortaleço em seus braços.
Reclamaste-me e preciso te sentir perto.
Mantém o fogo dentro de seu olhar.
Hipnotiza a todos os que entram em seu labirinto.
Não sei nada de seus pensamentos, mas tenho que tomar o sol no calor de seus raios.
Nada do que faz poderia ser mau.
É sempre perfeita em todo sentido.
Agora, não posso estar sozinho. Agora, estou sob sua influência.
Tem feito cargo de mim e agora, não posso ignorar o que te mostrei.
Reclamaste-me e não me importa quem saiba.
Reclamaste-me e não me importa quem o veja.
Estou debilitado e me fortaleço em seus braços.
Reclamaste-me e preciso te sentir perto.
Estou debilitado e me fortaleço em seus braços.
Reclamaste-me e preciso te sentir perto.
A música inquietantemente doce se reproduziu uma e outra vez na escuridão. Não podia abrir meus olhos, mas não me sentia assustada.
Sabia que me encontrava a salvo. As palavras me acalmaram e, finalmente, caí em um sonho profundo. Brilhantes olhos azuis que resplandeciam contra a noite foram as últimas coisas que recordei.
-Levanta! É como uma morta, quando dorme. Juro. Tira sua preguiçosa bunda daí. Temos aula em dez minutos - gritava Miranda enquanto me golpeava com seu travesseiro.
Gemi, dei a volta, e bloqueei a investida do travesseiro de plumas.
-Estou acordada. Pode parar agora.
-Já era hora. Tentei de tudo. Estive acordada durante mais de uma hora. Seu estúpido despertador se assegurou de me despertar. Como pode dormir apesar desse barulho infernal?
-Dormi, apesar de o despertador ter tocado? - perguntei me sentando e entrecerrando os olhos pelos raios do sol. Tinha passado das oito. Não chegaria a minha aula de Literatura a tempo. Merda. Grande primeira impressão.
-Sim, dormiu. Isso nunca aconteceu. O que fez, tomou um remédio para dormir?
Pus-me de pé e me espreguicei.
-Não, só dormi muito bem. - Detive-me e pensei na estranha escuridão e na música. A voz e a canção. - Sonhei com uma canção - disse, depois me segurei. Miranda pensaria que tinha perdido a cabeça.
-Não há tempo para falar sobre canções neste momento. Aqui, ponha isto e vá escovar seus fedorentos dentes. Temos que ir. Menos mal que fica bem sem maquiagem.
Miranda colocou um par de calças curtas e uma camisa em meus braços e me levou ao banheiro. Suponho que não lhe contaria de minha canção. Embora, quisesse contar a alguém.
Dank não se encontrava na classe de literatura. Decepcionou-me que não apareceu e carregou os meus livros, mas me senti aliviada porque
pude me concentrar em meus estudos. Ser capaz de escutar e me concentrar asseguraria que passasse neste curso. Era o primeiro dia e já tínhamos trabalho para fazer. Também tivemos que trabalhar em equipe. Não é meu ponto forte. Três garotas e três meninos por grupo. Tivemos que ler três diferentes obras de literatura sobre a autodestruição dos homens.
Logo teríamos que escrever um ponto de vista feminino do artigo e um ponto de vista masculino como os homens das histórias autodestrutivas.
Também tivemos que identificar com quem poderíamos relacionálos na atualidade e descrever como esta autodestruição afeta a política.
Coloquei meus livros em minha mochila e olhei os trabalhos em grupo. Cada pessoa de nosso grupo tinha um endereço de correio eletrônico junto a seu nome para que pudéssemos nos contatar uma vez que tivéssemos lido o primeiro livro, Ethan Frome. Dei um passo adiante. Eu já tinha lido esse livro. A fila foi diminuindo, já que várias pessoas partiram sem olhar. Caminhei e olhei a lista pelo meu nome.
Keith Fromer
Pagan Moore
Jessi Gilheart
Jackson Driver
Maddy McGowin
Dank Walker
Deixei de ler os nomes e olhei atrás de mim. Por que estava o nome do Dank nesta lista? Não o vi nesta classe. Ou sim? A garota atrás de mim esclareceu a garganta de maneira irritada. Dei uma olhada rápida para as pessoas de meu grupo e de seus e-mails com meu Iphone e fui.
Dank tinha matado a aula?
Quando terminei com as almas, já era muito tarde para ir à aula de literatura com Pagan. Odiava perder a oportunidade de me sentar junto a ela, mas fiquei até tarde cantando para que dormisse. Isso era algo que sentia saudades. Não me atrevi a ir até que soube que dormia pacificamente.
As portas do edifício de Inglês se abriram e Pagan vinha caminhando com o cenho franzido em seu rosto. Eu não gostava que estivesse infeliz. Saí de meu esconderijo e fui ao seu encontro.
-Oh! Dank. Está aqui. - Parecia surpreendida.
-Sim. Esperava que a abandonasse? - perguntei-lhe de brincadeira.
Seu cenho desvaneceu e me sorriu. Isso estava melhor.
-Sinto-me curiosa em saber por qual motivo perdeu o primeiro dia de Literatura.
Ela tinha visto a lista. Passaríamos tempo juntos, também. Quanto mais tempo pudesse passar com ela, melhor. Agora que sabia que não se encontrava realmente impressionada com o Jay, podia respirar um pouco mais tranquilo.
-Fiquei acordado até tarde. Ficarei em dia.
-Tomei notas. Tenho um pouco de tempo antes de me encontrar com a Miranda. Se quiser ir tomar um café ou ir a uma mesa de picnic eu poderia lhe passar tudo que perdeu - ofereceu.
Preferiria ir a um lugar mais privado, mas não era uma possibilidade. Nunca seria capaz de explicar como podia penetrar em seu dormitório tão facilmente, e que eu não tinha um dormitório para que ela fosse lá.
Isso era algo que realmente precisava corrigir. Necessitava de um lugar para, pelo menos, parecer como se vivesse ali. Seguiria curiosa e até saber o que quisesse não poderia lhe dizer quem era eu realmente. Não acredito que me aceite se lhe explico minha existência precipitadamente.
A biblioteca. Poderíamos ter privacidade.
-O que lhe parece a biblioteca? - perguntei. Seus olhos se iluminaram.
-Perfeito. Temos que conseguir uma cópia do Ethan Frome se não o tiver lido.
Poderia fingir que necessito a cópia de Ethan Frome.
-Vamos procurar esse livro, - respondi-lhe.
Pagam assentiu e começou a caminhar para a biblioteca. Tomei a sua mochila. Odiava vê-la levá-la a seu redor. Parecia tão pesada sobre seus ombros.
-Eu me encarrego. Mostre-me o caminho - disse quando me olhou. Ruborizou-se e murmurou "obrigada" enquanto se dirigiu para a grande construção de pedra de três pisos que, eu sabia, tinham um muito tranquilo e isolado ambiente. Tinha-o comprovado já.
Abri uma das enormes portas e deixei Pagan caminhar para dentro.
-Vá ao andar superior - sussurrei e assenti para a escada a nossa esquerda.
Pagan não discutiu. Fez o indicado e a segui. A vista de seu pequeno e lindo traseiro nos shorts que vestia hoje fazia esta ideia ainda melhor. Chegou ao andar superior e me olhou.
-Aonde?
-Há uma área de estudo na parte traseira que está geralmente vazia, talvez possa falar sem incomodar ninguém. - Expliquei.
Não havia ninguém ali. Se alguém estivesse ali, eu já estava preparado para convencê-los de sair.
-Tem outra aula hoje? Esta era a última para mim - perguntou Pagan enquanto tirava uma cadeira e se sentava.
-Já terminei pelo dia também, assim não há necessidade de que se apresse - respondi. Queria todo o tempo que pudesse passar aqui sozinho com ela.
-Bem, genial. - Sorriu e tirou seu livro de Literatura e um caderno. - Minhas anotações podem ser desordenadas quando trato de escrever rápido. Supõe-se que receberei um notebook semana que vem. Mamãe vai enviar. Até então, tenho que fazer anotações manuais.
Teria que passar uma semana sem um notebook. Sabia que seria difícil para ela. Queria que tivesse algo para escrever. Pagan gosta de tomar a fundo suas notas. Ela não seria capaz de fazer isso com uma caneta e papel.
-Tenho um notebook que não estou usando. É bem-vinda a tomá-lo emprestado até que chegue o teu.
Seus olhos se iluminaram.
-Sério? Tem um extra?
Não tinha um notebook, mas iria comprar um logo que saísse.
-É todo teu.
-Obrigado. Salvou minha vida. Essa é uma oferta tão doce. Prometo que cuidarei dele.
A expressão em seu rosto me fez querer comprar cinco notebooks e tudo o que ela quisesse.
-Sobre o show da sexta-feira de noite... - começou. Por favor, não deixe que cancele agora. Quero-a ali.
-A que hora temos que estar lá? Você irá cedo para ensaiar?
-O show começa as oito, mas vamos ensaiar por volta das cinco. Logo relaxaremos e passaremos o tempo atrás do cenário até o momento do espetáculo.
-Oh, diga-me a que hora temos que estar lá?
Não me encontrava preparado para essa pergunta no momento. Eu a queria, sem sua gangue, e deixar que Miranda chegasse com a Gee mais tarde.
-Aceitaria meu pedido de ir comigo, ensaiar e ficar toda a noite comigo?
Não respondeu imediatamente. Vi como uma série de emoções cruzou seu rosto.
- Hum, bom. O que acontecerá com Miranda e Gee? Podem vir cedo, também?
Neguei com a cabeça.
-Não, elas chegariam um pouco mais tarde. Queria-a sem a sua turma.
-Oh, - respondeu e mordeu o lábio inferior várias vezes antes de me olhar de novo. - Estaria bem se só vier com elas? Miranda deseja isto e Gee ainda a põe muito nervosa. Além disso, enquanto estiver ensaiando vou estar sozinha.
Tratei de não deixar que a decepção se mostrasse em meu rosto.
-De acordo, Pagan. O que a faça sentir cômoda, - recordando a mim mesmo para não pressioná-la. Eu queria recuperar o que tínhamos. Mas para Pagan eu ainda era um menino que acabava de conhecer. Um dos motivos por que não estava segura em confiar.
-Muito bem, obrigada, - respondeu e começou a tirar mais papéis de sua mochila. Esqueci que viemos aqui para me pôr em dia no que perdi
da aula. - Como disse, tomei notas, mas tomei provavelmente mais do que o necessário. Pode olhar por cima e anotar os pontos destacados. Vou procurar uma copiadora e lhe fazer uma cópia do plano de estudos. Ah, e procurarei o livro, também, - apressou e se dirigiu às escadas. Recostei-me em minha cadeira e fechei os olhos. Um dia, eu gostaria de tê-la de volta.
ncontrar a copiadora foi mais fácil do que pensei. Encontrar Ethan Frome também foi fácil. Sete minutos mais tarde me dirigia ao piso de cima, ao pequeno esconderijo isolado com Dank. Tinha utilizado a busca da copiadora e o livro como uma desculpa para me afastar dele, para poder tomar uma respiração profunda e reunir meus pensamentos. Estava muito interessado em mim. Não podia negar isso agora. Alegrava-me que ele houvesse escolhido este lugar por mais motivos que o estudo, me emocionava e assustava ao mesmo tempo. Dank estava recostado em sua cadeira com os pés sobre a mesa e seus tornozelos cruzados. Algo nessa pose era estranhamente familiar. Esta era a segunda vez que sentia como se o tivesse visto fazendo algo familiar antes. Sonhei com ele? Era isso?
-Isso foi rápido, - disse Dank, arrastando as palavras quando voltou a cabeça e seus olhos azuis se encontraram com meus. Pus o livro diante dele, me dirigindo de novo à cadeira vazia.
-Aqui tem. - Entreguei o plano de estudos. - Está tudo preparado.
-Revisou minhas notas? - Perguntei-lhe para fazer um pequeno bate-papo.
Dank deixou suas pernas caírem de novo ao chão e se inclinou sobre a mesa.
-Sim. Tenho o que necessito. Obrigado por me ajudar. Não deveria ter perdido esta manhã.
Quando baixava a voz assim, queria me abanar. Ele era letalmente sexy. Ele não tinha que fazer sua voz toda rouca e profunda. Isso era puramente sexy.
-Me alegro que venha na sexta-feira à noite, - disse aproximando-se mais de mim. Senti que me inclinava para ele, incapaz de deter a atração.
-Obrigado por haver me convidado, - respondi. Minha voz soou sem fôlego. Simplesmente genial. Soava tão afetada como me sentia.
Dank empurrou sua cadeira para trás e se levantou. Vi como ele se aproximou e estendeu sua mão para mim. Sabia o que queria e eu o queria muito. Se ele quisesse uma repetição do que passou ontem na árvore, então eu estava muito de acordo com isso. Dank me puxou para ele e envolveu minha mão atrás de seu pescoço. Enrosquei meus dedos em seu cabelo, ele fechou os olhos e respirou fundo. Eu gostei como meu toque lhe afetou dessa maneira. Deslizei a outra mão por seu braço ao redor de seu pescoço e vi seu rosto, fascinada pelo afeto evidente na forma que tinha a boca apertada e o brilho em seus olhos. Decidi não esperar por ele nesta ocasião. Atraí-o para mim e capturei sua boca com a minha, e tomei a liberdade de lamber seu lábio inferior. Parecia tão cheio e suave que quis prová-lo desde a primeira vez que o vi. As mãos de Dank deslizaram por minhas costelas até que descansaram justo debaixo da parte inferior de meu sutiã. Quanto aos meninos, eu era muito inocente. Jay e eu tínhamos tido alguns beijos e amassos, mas nada tão excitante. Já estava mais que segura de que se Dank tocasse os meus peitos, eu estalaria em chamas. Não havia maneira de que ele não se desse conta da minha rápida respiração. Quase me dava vergonha da minha reação com o seu tato, mas os suaves e agradecidos grunhidos procedentes de seu peito enquanto provava meus lábios e minha pele, asseguraram-me que ele desfrutava disto tanto quanto eu.
-Por favor, vem comigo na noite de sexta-feira, - suplicou Dank enquanto seguia beijando meu pescoço e ao longo de minha clavícula. Este era um pedido injusto. Ele me pôs toda quente e molhada e logo me rogou. Como se supõe que uma garota pense com clareza?
-Não posso. Miranda precisa de mim, - respondi-lhe, meu coração golpeando contra meu peito. Sua boca desceu sobre o decote de minha camisa e seu quente fôlego fez cócegas nessa sensível parte de pele. Eu estava quase no ponto da mendicância, quando suas mãos deslizaram para baixo e tomaram meu traseiro, levantou-me e sentou-me sobre a mesa atrás de mim. Dank se colocou entre minhas pernas e levou suas mãos para as minhas costas.
-Provavelmente é o melhor, - disse finalmente, enquanto sua boca baixava para cobrir a minha de novo.
Queria saber o que queria dizer com isso, mas tinha sua língua dentro de minha boca me fazendo coisas que nunca antes me tinham feito. Puxei seu corpo mais perto do meu e lhe devolvi o beijo com toda a emoção e a necessidade que provocava em mim.
-Se vier, não serei capaz de ensaiar. Vou querer estar a sós com você. Escutá-la falar, vê-la sorrir, encontrando razões para beijar seu corpo, – ele disse.
Talvez devesse ir...
Suas mãos deslizaram lentamente até meu estômago, até que elas suavemente cobriram cada um de meus seios. Quando seus polegares roçaram meus mamilos, liberei-me do beijo e ofeguei em busca de ar. A sensação que veio de seu toque, disparou através de meu corpo diretamente para o meu coração. Dank se deteve e me olhou. Ele não moveu de novo seus polegares, mas tampouco os afastou. Olhei-o, lhe fazendo saber que o estava esperando. Surpreendeu-me, mas eu queria mais disso.
Seus polegares se moveram de novo e desta vez moveu suas mãos até que seus dedos se deslizaram dentro de meu sutiã puxando-o para baixo. Foi então quando escutamos os passos e vozes nas escadas. As mãos de Dank desapareceram imediatamente e arrumou minha camisa enquanto se afastava de mim. Deslizei para fora da mesa e me sentei na cadeira, porque não estava segura de que minhas pernas estivessem dispostas a caminhar ainda. Dei uma olhada para Dank, que se encontrava
sentado em sua cadeira com minhas notas em suas mãos. Sua boca se fixou em um sorriso torcido e pude ver os rastros de meu brilho labial em seus lábios. Passei meu polegar sobre seus lábios para apagar os rastros que meu brilho labial deixou. Dank agarrou meu pulso e o beijou antes de deixá-lo ir e levantar-se.
-Não posso ficar aqui e olhar para você sem toca-la. Necessito um pouco de ar fresco, - admitiu.
Eu gostei disso. Eu gostei muito.
Minha concentração se foi ao inferno. Tudo o que podia pensar era a maneira em que Pagam se sentia em minhas mãos, toda suave e doce. Se não tivéssemos sido interrompidos, não estava seguro de quanto longe ela me teria deixado ir, teria sido capaz de seguir se ela não me houvesse detido. Iria recolher almas logo, mas primeiro tinha um ensaio com a banda. Não aparecia em todos os ensaios, mas felizmente os membros da banda nunca recordavam isso. Às vezes, eles estavam muito drogados; outras vezes, eu tinha que ajudá-los a esquecer.
-Ensaio esta noite? - perguntou Gee, aparecendo diante da minha Harley depois de ter estacionado.
-Sim, por quê? Pagan está bem? - perguntei-lhe sem me baixar o pedal, no caso de que fosse necessário arrancar.
Gee pôs os olhos em branco e negou com a cabeça.
-Pagan está bem. Está trancada em seu quarto, estudando. Proibiume a entrada. Pelo que entendi a interrompo.
Sorrindo, desci da moto e me dirigi à entrada do clube que utilizamos para ensaiar. Tinha uma sala traseira com um cenário menor
que era um bom esconderijo. O baterista, Louvo, estava relacionado com o dono.
Gee caminhou ao meu lado.
-O que está fazendo? - perguntei-lhe, olhando por cima dela.
-Estou aborrecida. E Louvo é sexy como o inferno.
Genial. Não era o que eu precisava. Gee interessada em um ser humano.
-Não pode fazer nada com ele, Gee. É um humano.
-Não é como se fosse casar com ele e ter seus malditos bebê, Dank. Estes meninos não querem nada sério. É só um menino sujo e sexy que me atrai. Somente uma noite de diversão, é tudo o que quero.
Detive-me em frente à entrada e pus minha mão na porta para evitar que ela a abrisse
. -Não pode entrar e paquerar com ele. Tenho a Deidade sobre mim agora, não o quero me enchendo o saco, mais. Se romper a mesma regra, serei eu quem sofre.
Gee pôs os olhos em branco.
-Muito drama? Só quero me divertir um pouco com ele. Isso nunca foi uma infração. É o apaixonar-se por humanos que está proibido. Foder travessamente não é um grande problema. Já foi feito antes.
Não podia discutir, porque ela tinha razão. Enquanto não se apaixonasse por Louve, então todos nós estaríamos à salvo. E eu sabia que Louve não se encontrava em perigo de apaixonar-se por alguma mulher, já que ele amava a todas. Gee caminhou diante de mim dentro da sala de ensaios e notei que fazia uma rápida mudança de roupa. Os jeans e sua camiseta de "Foda-se" que tinha estado usando desapareceram e agora vestia um ajustado vestido curto e vermelho, com botas negras que tinham crânios carmesins nos lados. Sacudindo a cabeça, dirigi-me à geladeira e tirei uma garrafa de água.
-Jesus! Agradeço a tudo que é sagrado por essas tetas a ponto de sair desse vestido, - gritou Louvo atrás da bateria.
-Quieto moço! Temos que ensaiar as canções de sexta-feira antes que a arraste para o banheiro e faça uso de sua posição favorita. - Eles, o outro cantor e baixista, advertiu-lhe.
-Dank acaba de chegar. Por que não fazem seu aquecimento enquanto eu faço companhia à amiga dele? Está compartilhando não está Dank? - perguntou Louve.
Amaldiçoei a Gee, em silencio e me virei para ver a banda.
-Ela é toda sua, - respondi.
Louvo saltou fora de seu tamborete em segundos.
-Já retorno, - gritou, enquanto deslizava uma mão pelo traseiro de Gee. Quando baixou sua cabeça para lhe sussurrar algo ao ouvido, os ignorei. Não queria ouvir isso. O menino tinha encontrado a sua igual.
-Não se incomoda que leve a sua garota? Por que não quero nenhuma briga antes de um concerto, – perguntaram-me, enquanto me aproximava para procurar uma garrafa de água.
-Ela não é minha namorada, só uma velha amiga. Se fosse minha garota, ele não sairia daqui com vida.
Assentiram com a cabeça e tomei um gole.
- Anotado. Quer se adiantar e testar os cabos, enquanto Louve se entretém e esperamos que os outros dois cheguem?
-Sim, façamos isso.
ó os meus professores de Cálculo e Literatura sentiram a necessidade de começar as aulas uma semana antes. O resto das minhas aulas não começavam até a semana seguinte.
Éramos bem-vindos para ir conhecer nossos professores e escolher nossos programas de estudo, assim, logo depois de ter feito isso, minha primeira semana de aula na universidade terminou.
Poderia reler Ethan Frome quantas vezes eu quisesse, já que fazia dois anos que o tinha lido. Também podia ir a um café e repassar meu programa de Cálculo. Algo que me assustava muitíssimo; não era boa em matemática, nunca o tinha sido. Miranda saiu do banho brilhando, pronta para ir para festa, mas só era uma da tarde.
-Como estou? - perguntou, dando voltas.
-Como se quisesse dançar como louca e com vontade de que lhe servissem bebidas grátis toda a noite - respondi.
Miranda sorriu.
-Bem. Isso é o que quero.
-Espera. O quê? Dá-se conta de que é só uma da tarde, certo? Os Clubes não abrem até as oito, e sem a Gee nunca conseguirá entrar.
Miranda encolheu os ombros e começou a posar na frente do espelho.
-Não irei a um clube. Vou a minha primeira festa de fraternidade.
-À uma da tarde?
Miranda me lançou um olhar exasperado, logo se virou para o espelho e franziu seus lábios.
-Não, tola. Nathan virá me buscar às seis. Vamos comer algo e logo iremos à casa ATO 1.
Ainda assim, não tinha nenhum sentido.
-E por que está pronta cinco horas antes?
Miranda saiu da frente do espelho, e se virou para me olhar.
-Esta é somente uma das opções. Tenho outras duas para provar antes que ele chegue. Simplesmente estou vendo como fico com essa. Depois vou me trocar e prender o cabelo em um coque, e possivelmente colocar um pouco de sombra azul... ou acha que é muito? Talvez eu devesse usar a prateada. - Continuou falando como louca e eu cobri meu rosto com um travesseiro. Sentia-me exausta só de pensar em me arrumar uma vez, quanto mais, várias vezes.
-Acredito que está oficialmente louca, - respondi.
Miranda riu.
-Sei o que pensa. Mas tenho que estar perfeita. Esta noite tem que ser perfeita. Eu gosto dele de verdade, Pagan.
Alegrava-me que gostasse, mas honestamente, era necessário brincar de boneca Barbie, tamanho real, simplesmente para impressionálo? Um toque na porta nos interrompeu, assim movi o travesseiro de meu rosto e me sentei. Miranda caminhou até a porta e a abriu sem sequer perguntar quem era. Quando vi quem se encontrava do outro lado, na verdade desejei que tivesse perguntado primeiro. Era Vitória.
-Posso lhe ajudar? - perguntou Miranda ao reconhecê-la. Ficou em pé em frente a Vitória e apoiou uma mão sobre seu quadril. Estava em pose protetora. Como se fosse o suficientemente grande para lutar contra qualquer pessoa.
1 Alpha Tau Ômega, é uma liderança secreta américa e fraternidade social.
-Estou aqui para ver sua amiga, - disse Vitória.
-Então, hoje não é seu dia de sorte, porque isso não vai acontecer.
Pude escutar o grunhido em sua voz. Miranda acabava de fazer uma inimizade.
-Sabia que Nathan está deitando-se com minha companheira de irmandade? Já levam três meses sendo amigos com benefícios. Ontem à noite, esteve com ela, logo depois de trazê-la.
Eu estava em pé e tirando Miranda do caminho, antes que a cadela pudesse dizer algo mais. Eu não acreditava, mas sabia que Miranda sim. Era boa lendo às pessoas, e tinha visto a forma que Nathan olhava para Miranda. Não duvidava que em algum momento se envolvesse com essa tal, mas nem por um minuto acreditava que ainda o estivesse fazendo.
-Veio aqui para ver-me? O que quer? - demandei, desejando ter mantido distância de Jay. Este era o tipo de drama que odiava, e que evitava a todo custo. Não me interessavam as brigas de gatas... Especialmente por um menino que eu não queria.
-Se pensar que o teu romance com Jay voltará a reavivar-se, é melhor que o pense de novo. Afaste-se cadela. Não vou compartilha-lo. A maioria das noites se encontra em minha cama. Somente é um novo sabor. E desses, ele se aborrece facilmente. - O veneno que brotou de seu tom era, na verdade, desnecessário. Sentia-se ameaçada por nada.
-Espero que você e Jay tenham, juntos, uma longa vida na cama. Não me importo. Não estou interessada nele. Simplesmente é um velho amigo, e nada mais. Assim toma seus sanduíches e vá compartilhar com a ruiva ao final no corredor, porque é a única neste edifício que deseja Jay. - Não lhe dei tempo de me responder, e lhe fechei a porta na cara.
O quarto se encontrava em completo silêncio, e me virei para ver onde estava Miranda. A porta do banheiro se encontrava aberta, e a ducha soava. Este não era um bom sinal. Ainda tinha vários estilos e
penteados que devia provar antes das seis. Se ela estava tomando banho, isso só significava que acreditou nas malévolas palavras que Vitória cuspiu. Entrei no banheiro, saltei e subi na pia. Podia escutar o choro e pequenos ofegos, vindos da ducha.
-Se serve de algo, não lhe acredito, - disse o suficientemente alto como para que pudesse me escutar por cima da água.
Miranda sorveu seu nariz e soltou uma risada amarga.
-Eu sim. Ontem à noite não quis me levar ao seu apartamento. Inclusive logo depois que pedi, disse que me levaria outra noite. Também recebeu uma chamada quando terminávamos de jantar, e começou a atuar com nervosismo durante o resto da noite. Inclusive cortou o encontro. Pensei que simplesmente imaginava as coisas. Tinha sido tão doce quando me beijou. – Eu a ouvi fungar.
Encontrava-me pronta para estrangular Nathan.
-Então é o maior idiota do mundo. É formosa e graciosa, e qualquer menino com a sorte suficiente de lhe interessar, deveria dar-se conta de sua extrema sorte e não arruinar as coisas.
Miranda deixou sair uma risada triste.
-Gosto muito de você, Pagan.
-Também gosto de você, - respondi.
-Podemos ver esta noite a segunda temporada do The Vampire Diaries e comer sorvete? Necessito disso. É a primeira vez que eu gosto de alguém logo depois de Wyatt, e isto é o que acontece. Droga. - Soluçou.
-Vou buscar o sorvete. Você procura os DVDs, - disse-lhe ao descer da pia.
-Tenho saudade Pagan. - Parecia triste e vencida. Não tinha que perguntar de quem sentia saudades. Sabia que se referia a Wyatt. Também sentia saudades. Mas sabia que sua perda era completamente diferente.
-Sei. Termina sua ducha, e estarei de volta muito em breve, com um montão de sorvete e duas colheres.
-De acordo.
Finalmente o telefone de Miranda tinha deixado de tocar. Nathan finalmente tinha desistido e tinha ido, uma vez que tranquei a porta e o informei que se entrasse, chamaria à segurança do campus e faria que o prendessem. Isso foi há dois dias. Tinha estado com Miranda em nosso quarto depois disso. Tínhamos visto as temporadas um, dois, e três de The Vampire Diaries. E tínhamos comido mais galões de sorvete do que deveria ser legal. Duvidava que na segunda-feira meus jeans entrassem.
Lancei um olhar ao relógio. Já passava das quatro, e sabia que, em qualquer momento, Gee estaria aqui para irmos. Hoje Miranda se sentia melhor. Ela e eu tínhamos passado a maior parte da manhã rindo como loucas. A única coisa que tinha feito o seu cenho franzir, tinha sido o toque de seu celular. Finalmente se deteve em algum momento ao meio-dia. Miranda não ia responder o telefone. Ontem tinha passado sentindo-se zangada, inclusive tinha saído do quarto, dizendo que necessitava ar fresco, foi correr e até paquerou com alguns meninos. Já me sentia muitíssimo melhor com respeito a sua recuperação.
A porta se abriu e Gee apareceu.
–Estão prontas para serem sexys fanáticas apaixonadas esta noite? Vocês são VIP, baby, - terminou seu comentário com uma piscada.
Não tinha visto Dank desde o incidente com Miranda. Tinha-me chamado e trocado mensagens algumas vezes logo depois de ter conseguido meu número e permissão para chamar por Gee. Ontem à noite, inclusive, suas mensagens tinham um tom diferente. Secretamente, emocionei-me com isso, mas ele não foi mais à frente. Antes que me esquentasse excessivamente, deu-me boa noite e me disse que fosse dormir para que estivesse descansada para esta noite.
-Sim, estou preparada, mas não sou uma fã apaixonada, – eu respondi.
-É muito mais que isso. E a única fanática que Dank Walker permite que se aproxime.
Resto da banda partiu para trás do salão principal. Agradavam-me bastante, mas geralmente antes de um show tinham groupies com eles e me alteravam os nervos. Podia cheirar a tristeza e a enfermidade em muitas delas. O que os homens viam como sexy, frequentemente me repugnava, porque tudo o que eu podia ver era a alma. Suas almas eram débeis e danificadas. Afundei-me no sofá de couro e apoiei os pés em cima. Pagan estaria aqui a qualquer minuto junto com Gee e Miranda, que queria conhecer resto da banda. Miranda ia se decepcionar. Eles eram como qualquer outra banda de rock. Tinham seus vícios. Pensavam que todas as mulheres os adoravam. Era tudo o que Pagan temia. Um golpe na porta me surpreendeu. Imaginei que não era Gee, já que ela não tocava.
-Entre. - Gritei e me levantei para ir saudar Pagan.
Queria lhe mostrar o lugar. Não era Pagan. Era uma groupie que tinha visto com Louve antes. As groupies não eram bem-vindas aqui.
-Errou de quarto, - respondi retornando a me sentar para esperar a chegada de Pagan.
-Ups! - riu e entrou no quarto, fechando a porta atrás dela. Acaso a garota é surda? Ela também tinha herpes. Podia cheirá-lo em seu corpo.
-Saia. Daqui. Agora. - Ordenei assinalando a porta. Estaria vendo sua alma de novo muito antes do que deveria, se ela seguisse com as drogas.
-Exigente. Eu gosto quando um homem é o chefe. - Arrastou as palavras aproximando-se de mim.
Sua alma estava empanada. A aparência exterior tinha todas as coisas que os humanos procuravam, mas em seu interior era feia.
-Esta é minha última advertência. Chamarei a segurança e lhe jogarão para fora.
Isto passa uma ou duas vezes por show. Converteu-se em um jogo para as groupies, ver se alguma delas tinha o talento suficiente para chegar a mim e ficar. Não entendiam que o que eu via não era atraente.
-É resmungão. Advertiram isso antes de vir aqui. Com certeza que posso lhe fazer feliz.
Ela estava quase perto de mim quando me movi de seu caminho e ela cambaleou para frente e caiu sobre o sofá. Pegando o telefone de meu bolso, marquei o número da segurança.
-Tenho a alguém no quarto que se recusa a sair. Quero-a fora do edifício.
-Estou a caminho Sr. Walker, - foi a rápida resposta.
-Oh, não! Nem sequer me deixou lhe mostrar quão talentosa sou. - queixou-se de sua posição estendida no sofá.
A porta se abriu e entrou Gee seguida por Pagan e Miranda. Pelo menos eu estava ao outro lado do quarto de onde se encontrava a garota meio vestida, tombada no sofá como se estivesse esperando por mim.
-Tenho que chamar a segurança? - perguntou Gee, enquanto olhava a garota de alma danificada, já que também era a única coisa que Gee via.
-Já fiz. Estou esperando que venham e a levem. - Repliquei caminhando ao redor dela para estender a mão e tomar a de Pagan.
Antes de sua perda de memória, Pagan já tinha visto isto antes. Durante o tempo em que meus fãs sabiam que tinha uma namorada piorou. Fizemos um jogo disto. Pagan adivinhava quantas garotas teríamos que tirar antes do show. Agora só parecia preocupada.
-Estive esperando por você, - garanti, enquanto ela olhava para a garota cuja camisa tinha desaparecido e suas grandes tetas falsas se derramavam fora do sutiã que usava. Via-se incriminatória.
-Ela sairá daqui em um segundo. A segurança está vindo para tirála, entrou sem ser convidada.
Pagan franziu o cenho e voltou o olhar para mim.
-Onde está sua camisa? - perguntou lentamente, como esperando que admitisse que eu tinha algo que ver com sua falta de roupa.
-Provavelmente no outro quarto, onde está a banda. Ela veio aqui assim. Minha negativa em ficar com a banda faz com que eles enviem as groupies mais valentes, com frequência, para ver se podem me fazer mudar de opinião. Não podem. Eu não quero drogas ou DST.
Um pequeno sorriso avançou dos lábios de Pagan, quando a porta se abriu e um dos meninos da equipe de segurança entrou e levantando-a de seu lugar no sofá, arrastou à moça.
-Quero-a fora do clube enquanto eu esteja aqui. - Recordei-lhe. Ele assentiu com a cabeça.
-Sim, senhor.
-Por que elas podem ficar? Vieram sem serem convidadas também.
- Gemeu e golpeou aos meninos nas suas costas. -Deixem-me sozinha. Tenho melhores tetas que elas e vou chupar... A porta se fechou atrás deles, cortando algo que ela estivesse a ponto de dizer.
Obrigado, Deidade.
Uma vez que a porta se fechou, tomei uma respiração profunda.
-Merda! Isso foi interessante, - brincou Pagan.
Sorri e logo troquei minha atenção para Gee.
-Por que não leva Miranda para conhecer o resto da banda. - Não foi uma sugestão, eu sabia que Gee e todos outros na sala sabiam isso.
-Sim! - Miranda aplaudiu. -Trouxe minha caneta, autografariam minha camisa?
Usava uma camisa branca que a banda tinha vendido em um show na praia o ano passado. Ela tinha levado Pagan nesse show, embora Pagan não soubesse quem ou o que eu era, nesse momento.
-Autografariam o que lhes peça, mas lembre que eles são um grupo vulgar. Vai terminar com um montão de nomes no peito.
Miranda sorriu com minha advertência. Estava sem dúvida em um melhor estado de ânimo. Pagan tinha me falado o que aconteceu com a garota. Queria lhe dizer que tudo ficaria bem. Que a alma de Wyatt que ela amava era a mesma que vivia dentro de Nathan. Mas não podia. Teria que resolvê-lo por si mesmo.
-Peguei. Ela estará bem. - disse Gee e levou Miranda pela porta, me deixando sozinho com Pagan.
-Por que sinto como se as tivesse mandado sair de propósito? - Perguntou Pagan me olhando através de suas pestanas.
-Porque é uma garota inteligente. Tenho uma coisa pelas garotas com cérebro, - respondi.
-Ooooh! Isso explica porque não se sentia atraído pelo corpo perfeito da modelo em topless que estava mais do que disposta a fazer o que for que você quisesse com ela.
Encolhi-me mentalmente, pensando na garota que tinha estado aqui. Nem sequer queria levar Pagan ao sofá e lhe dizer que se sentasse onde a garota tinha estado. Parecia poluído agora.
-Tudo o que queria fazer com ela, era mandá-la ao inferno, longe de mim. Nada nela era atraente.
Pagan gostou de minha resposta. Podia vê-lo em seus olhos. Havialhe demonstrando que eu não era o depravado louco por sexo, o mulherengo que ela assumiu que eu era somente porque era o vocalista em uma banda. Deu um passo para mim e não estendi minha mão para tocá-la. Queria ver o que era exatamente que ela planejava. Se começasse a se mover, eu poderia fazer o seguinte movimento, mas agora mesmo, eu queria que ela sentisse como se estivesse no controle.
-Isso é muito sexy, Dank Walker. Para que saiba. À maioria dos meninos não teria se importado com algo que não fosse a sua aparência.
A admiração em sua voz fez que meu peito se expandisse.
-Me alegro de que se dê conta, sou mais profundo do que assumiu na primeira vez, - respondi-lhe.
Pagan pôs uma mão sobre meu peito e a subiu até que tocou o colar que ela tinha me comprado antes de meu último show, antes que lhe tirassem sua memória. Havia dito que os cantores necessitavam um pouco de joias. Escolheu um nó celta em um cordão negro. Ela havia dito que o nó era interminável e nós também. Não tinha tirado isso desde então. Mantinha-o dentro de minha camisa a menos que estivesse no palco. Eu não gosto que as pessoas o toquem. Pagan tinha me dado isso. Era sagrado. Sustentou o nó em sua mão e eu senti uma estranha sensação de poder ao estar em suas mãos de novo.
-É um nó Celta. Por que escolheu este? - Perguntou me olhando com interesse em seus olhos.
-Alguém me deu isso. - Expliquei, esperando que algo disto fizesse um clique nela.
Correu seu polegar sobre o frio metal.
-O nó não tem final, - disse em voz baixa como se estivesse repetindo uma lembrança para si.
Não respondi. Não queria interromper nenhuma pequena lembrança que pudesse estar passando através dela. Deixou cair sua mão
do meu peito e deu meia volta, afastando-se de mim. Isso não era o que eu esperava.
-O que aconteceu? - Perguntei quase com medo de falar.
Encolheu os ombros e ouvi um pequeno fungado de nariz. Maldição, ela estava chorando. Por que chorava? Dei dois passos compridos até que eu estivesse em pé atrás dela e a atraí para o meu peito.
-Por que chora? - Perguntei brandamente. Respirou fundo e sacudiu a cabeça.
-Não sei.
Aproximou-se e tirou as lágrimas de suas bochechas.
-Somente tive muita vontade de chorar. Foi estranho. Sinto muito. Não sei o que está acontecendo comigo.
Esperança. Eu tinha esperança. O nó Celta provocou algo em seu interior.
Dank ia pensar que eu era uma idiota. O nó que se formou em minha garganta ao momento que sustentei o colar em minhas mãos foi tão estranho. Tive que lhe perguntar onde o arranjou, e ele falou disso com tal reverencia em sua voz que mal pude lutar com o soluço. Meus olhos se encheram de lágrimas, instantaneamente. Quão louco é isso?
Por mais surpreendente que pareça, não chamou segurança para que me tirassem daqui. Ele me abraçava. Era real este menino? A maioria dos meninos me teriam tachado como lunática. Seus braços estavam bem envolvidos ao redor de mim. Apoiei minha cabeça em seu peito e o desfrutei. Era algo reconfortante tê-lo me abraçando assim. Sentia-me a salvo.
-Deverei subir ao palco logo. Viria para me ver ao lado do palco? Eu gostaria de poder olhar para você e vê-la longe da multidão lá fora. Este é um dos clubes mais selvagens onde tocamos.
Sob sua proteção, deveria me incomodar. Acabo de conhecer menino... mas, não o fazia. Eu gostava. Jay alguma vez foi protetor? Alguém tinha sido protetor comigo, além de minha mãe?
-Está bem. E Miranda e Gee? - Perguntei ainda com minhas costas sobre seu peito e seus braços firmemente ao redor de mim.
-Também podem estar ali se quiserem. São bem-vindas a caminhar por lá ou manter-se com você. Gee conhece grandes lugares de fora.
Isso era o que queria que respondesse. Quem era Gee para ele?
-Como conhece Gee? A primeira vez que os vi pensei que eram um casal, mas me dei conta de que esse não é o caso.
Dank me girou para olhá-lo.
-Gee é uma das mais velhas amigas que tenho.
Essa foi uma estranha maneira de dizê-lo. Ele queria dizer que tinham sido amigos por um longo tempo? Como desde que eram crianças? Abri a boca para perguntar quando a porta se abriu e entraram uns meninos que pareciam, como eu esperava que se parecessem, os meninos de uma banda de rock.
-Foda, homem, eu enchi o saco quando me disseram que correu com a loira sexy, mas maldição, amigo, não há de sentir saudades, se foi por esta neném. - Um menino com largos rastas loiros, e escuros olhos marrons, bordeados de vermelho, como se tivesse dormido muito pouco ou talvez fumado uns baseados, examinou-me abertamente.
-Louve está é Pagan. Ela está comigo. Só comigo. - Respondeu Dank, mantendo suas mãos entrelaçadas em minha cintura. - Ninguém a toca.
Louve arqueou suas sobrancelhas quase completamente raspadas.
-Captei. Não compartilhar a garota do Dankster. É uma maldita lástima, entretanto, lhe asseguro que ela é muito linda.
Um menino com o cabelo anormalmente vermelho e curto, penteado em pontas empurrou Louve.
-Vai ganhar um chute no traseiro. Se desculpe e se cale. Esse homem me assusta como a merda.
Dank apontou para o menino que acabava de falar.
- Ele tem o nome mais normal do grupo. Também é a segunda voz.
-Olá, - disse não muito segura do que mais se supunha que tinha que dizer.
-Ela é totalmente educada. Isso é sexy. - Respondeu Louve, me piscando um olho.
Um tipo com a cabeça raspada e ao menos umas quinze perfurações pelo ouvido, caminhou e agarrou Louve pelos ombros.
-Leva seu traseiro para o palco antes que tenhamos um baterista a menos.
-Ele é Rubber e, por favor, não pergunte, - disse Dank, enquanto o calvo assentiu com a cabeça e empurrou Louve pela porta.
-Hora do show, Dank; vamos voar este lugar.
Saiu dali enquanto seguia os outros dois.
-Era o que esperava? - Perguntou Dank me olhando com uma expressão preocupada.
-Sim. Exatamente o que eu esperava. - Assegurei-lhe e me dirigi à porta.
-Espera, eu esqueci de mencionar algo, - disse ele. Olhei-o.
-O que?
Fechou a distância que tinha entre nós.
- Necessito um beijo para boa sorte.
Oh, Deus, sim. Podia fazer isso. Coloquei ambas as mãos em seus ombros e inclinei-me nas pontas dos pés para lhe dar um beijo rápido nos lábios. Ele tinha outra ideia. Acariciou meu lábio inferior com sua boca e o lambeu brandamente antes de escorregar sua língua dentro para enredarse com a minha. Terminou muito rápido. Deu um passo para trás e respirou fundo.
-Bem. Tenho que sair antes que diga que podem fazer isto sem mim, e fechar essa porta.
A sensação de vertigem sobre o poder sexual que veio com suas palavras foi surpreendente. Realmente eu gostava que se sentisse tão atraído por mim. Mas de novo, que garota não gostaria?
Dank se agachou e tomou minha mão enquanto caminhávamos para a entrada do cenário. Com uma piscada, deixou ir minha mão e saiu para o palco. A fumaça o consumia e tive um momento de pânico pela lembrança de estar apanhada na fumaça e ter dito a alguém que me resgatasse no sonho, mas isso nunca tinha acontecido. A bateria começou a tocar com um som tribal estrangeiro, e os gritos dos fanáticos se acalmaram. Vi como Dank saiu da fumaça e se pôs na luz vermelha. Algo parecido com calcinhas e sutiãs foram lançados ao palco. Saiu a seguinte luz e Rubber veio na última. O ritmo tribal se fez mais forte com Louve tocando o som hipnótico. O som de um violão elétrico entrou na mescla e logo a voz de Dank se uniu.
'' Perigo, perigo correndo frio
Sabendo, mas temendo só o mesmo
A morte vem, e, entretanto, está feito o ataque
De pé enquanto se mantêm as bandas
Não caminhe. Não caminhe onde a luz não pode brilhar
Sabe que a advertência já foi dada
Vem do que é meu e eu sei que assim será.
Vamos, é tudo o que fica. Deixa ir seu pecado que não tem ira.
O perigo é a última petição do inferno.
Vamos, é tudo o que fica. Deixa ir seu pecado que não tem ira.
O perdão não tinha sido dado ainda. Ainda não. Ainda não.
Sem arrependimentos. ''
-Essa é nova. A amo, - Sussurrou Miranda enquanto se aproximava do meu lado.
-É somente uma merda, isso é o que é, - disse Gee com um tom incômodo.
Enquanto via Dank cantando a canção, perguntei-me que canção eu tinha escutado antes. Sua voz era tão familiar. Eu já o tinha ouvido cantar.
Seu repertório não era comum, assim sabia que não tinha sido na rádio. Moveu seus olhos para mim e um sorriso atirou da abertura de sua boca antes de retornar ao público e começar a seguinte canção. Falou com seus fãs. Dank poderia ser a voz, mas não era a personalidade. Ele não interpretava para a multidão. Eles faziam um bom trabalho nisso. As garotas gritavam o nome de Dank de igual maneira.
-Ele joga sua carta bem misteriosa, - disse Miranda com aprovação, - elas o amam porque sentem que esconde um grande segredo e o querem descobrir.
Gee soprou e nós voltamos para ela. Se Dank tinha um segredo, certamente ela saberia.
-Ninguém quer estar dentro de sua cabeça. Creia em mim.
Senti a necessidade de defendê-lo. Sacudindo-me, olhei para trás para vê-lo. Tinha-o conhecido há uma semana. Ela o conhecia a maior parte de sua vida. Eu não sabia nada em realidade.
-Deixa de franzir o cenho, Peggy Ann. Só brincava. Dank Walker tem seus segredos, mas nada a fará fugir dele. Acredite em mim quando lhe digo isso.
Isso estava melhor. Ela não estava sendo tão negativa a respeito dele agora. Eu gostava de Dank. Não era nada como supus, primeiro. Comecei a dizer algo a Miranda quando os sons do violão de Dank se converteram no único som que havia. O resto da banda deu um passo atrás, deixando-o no centro do cenário. Algo dentro de mim doía. Era o triste som da música ou ver Dank lá na escuridão e sozinho? Não estava segura exatamente, mas fez que meu peito doesse. Logo, ele começou a cantar. Cada palavra me atravessou. Algo a respeito do que cantava. A melodia me envolveu. Eu queria ir até ele e abraçá-lo. Apoiei-me contra a parede enquanto as palavras "Entretanto, fica" fizeram que meu coração se acelerasse. O que tinha de errado comigo? Minha cabeça sacudiu violentamente e as palavras "Entretanto, fica" tamborilavam uma e outra vez enquanto minha respiração se tornava difícil e minha visão imprecisa. Escutei Gee me perguntando se eu estava bem. Ouvi a frenética voz de Miranda dizendo que eu estava tendo um ataque de pânico. Não podia me concentrar em nenhuma delas. As palavras me afogavam. Causandome asfixia. Necessitava de ar.
-Movam-se. - A voz de Dank rompeu a névoa dentro de mim arrumei para tomar a respiração profunda que tanto necessitava. Tossindo o ar que tinha entrado em meus pulmões. – Tenho você, Pagan. Tudo está bem. Sinto muito. - Murmurou outras coisas que não entendi, mas me tranquilizaram.
Meu coração se acalmou e senti como se converteu numa dor pequena. Dank estava me sustentando e estava me balançando em seus braços. Sua mão acariciava minha cabeça com suaves movimentos. De repente, senti-me cansada.
-Está bem? - Perguntou Gee, de algum lugar próximo.
-Sim, está respirando mais tranquilamente agora. - Respondeu Dank.
-Que demônios se passou? Estava bem num minuto e no seguinte entrou em pânico. Eu sabia o que era, porque eu tive vários depois que o meu namorado morreu. Podia vê-lo em sua cara. Não podia respirar, não podia ver. - Miranda parecia incômoda.
Levantei a cabeça do peito de Dank para ver que ele estava sentado no piso com as costas apoiada na parede e eu em seu colo. Miranda se ajoelhou junto a nós, mexendo suas mãos freneticamente.
-Estou bem. Não sei o que é o que aconteceu. Só algo que se quebrou. - Tratei de explicar. Decidi não lhes dizer que a letra de sua canção me tinha enviado em uma espiral fora de controle.
-É o movimento. Não dormiu o suficiente. Está se esgotando. Estou forçando-a a sair de noite e descarrego todas minhas emoções com você. Eu chorei em seu ombro e você é a única que me faz sentir melhor. É minha culpa. Preciso continuar.
Levantei minha mão para deter Miranda de sua repentina necessidade de culpar-se por isso.
-Estou bem. Nada é tua culpa. Não sei o que provocou, mas estou bem agora.
Senti-me como uma idiota, debruçada como uma menina nos braços de Dank. Era um milagre que este rapaz ainda não me tivesse mandado sair. Comecei a me levantar para poder permitir que ele voltasse para a banda. Parecia que os outros membros continuaram sem ele. Levantou-se rapidamente e permaneceu junto de mim como se eu fosse cair contra o chão.
-Acho que tem que voltar. - Disse-me, assentindo com a cabeça para o palco.
-Posso deixá-los esta noite. Quer que a leve de volta ao seu dormitório? - Seu tom preocupado fez isto ainda mais humilhante.
Eu era a amiga louca, mentalmente instável.
-Não. Sério. Estou bem, mas acredito que irei se Miranda estiver bem com isso. - A olhei de soslaio e ela assentiu com a cabeça.
-Posso leva-la. Ela pode ficar e escutar o resto do show, - disse ele, estudando meu rosto como se estivesse esperando uma resposta.
-Estou bem Dank. Vá e faz o seu show. Tem muita coisa pela frente.
- Gee elevou a voz e Dank lhe lançou um olhar de advertência. Era algo que estava acostumada a ver dele para ela. Ele o fazia muito.
-Estou bem. Vá cantar. - Assegurei-lhe de novo e o empurrei suavemente para a entrada do palco.
Dank aprofundou seu cenho e começou a balançar a cabeça. Gee deu um passo adiante, agarrou-o pelo braço e lhe sussurrou algo ao ouvido com irritação. Seu suspiro de derrota me incomodou, mas quando terminou, ele assentiu com a cabeça e me olhou.
-Está bem. Se estiver segura de que estará bem. Só me dê uma palavra e eu a levarei ao dormitório.
-Afirmativo. - Respondi-lhe.
Dank assentiu com a cabeça e deu a volta, correndo de novo ao palco. A multidão no clube estalou em aplausos e fizeram um coro com seu nome.
-Muito bem, Peggy Ann, saiamos daqui antes que ele cante de novo. Ao que parece, é a sua Kriptonita.
odavia era cedo e os estudantes não tinham sujado o campus ainda. Trabalhei duro toda a noite, tentando manter a lembrança do colapso mental de Pagan fora de minha cabeça.
Ela esteve a ponto de me recordar. Estendi a mão e toquei o nó celta debaixo de minha camisa. Isto tinha desencadeado uma lembrança. A canção que escrevi para ela a esgotou. As lembranças estão ali, tratando de liberar-se. Mas por muito mais que eu quisesse que ela me recordasse, sabia que a mente humana era uma coisa frágil. Gee me recordou, na noite anterior, que podia machucar Pagan em meu desespero por acelerar as coisas.
-Dankmar, - Jaslyn, uma portadora, que também trabalhava como mensageira, saiu da névoa da manhã, e diferente de Gee, ela parecia quase tão sobrenatural como se poderia esperar.
-Sim, - respondi vacilante. A última vez que apareceu era para me dizer algo que não tinha saído bem.
-A Deidade não está contente. Está pressionando muito à garota. Ela nem sequer tornou a se conectar emocionalmente com sua alma gêmea. Sua memória não se restaurará até que a decisão seja justa.
Por que fazem isto? Se ela não se conectar com ele, não significa que seu coração já está reclamando... com ou sem lembranças? Eu era a razão pela qual ela era incapaz de sentir algo por sua alma gêmea.
-Não a pressiono. Estou esperando. Mas a alma que eles esperam significar algo para ela, não tem oportunidade. Ele tampouco está preparado para algum tipo de relação.
Jaslyn me deu um sorriso triste.
–Estou lhe dizendo que tem que estar preparado. Aproxima-se. As almas se conectarão e quando o fizerem precisa se manter à distância e deixálos. A Morte não deve intervir. Seu trabalho não é proteger à garota. Se ela o amar, então virá a você. A Morte não pode ir até ela.
-Querem que me mantenha afastado? - perguntei incrédulo. Isso não ia acontecer. Se eu tinha uma oportunidade de ganhar, então tinha que demonstrar o que ela significava para mim. Seu coração sabe. Sua mente simplesmente não pode recordá-lo.
-Tem que estar preparado para a conexão de almas. Assim é como tem que ser. Não é seu destino. Entretanto, se quando sua alma encontrar a de seu companheiro, e seu coração ainda o quiser, então será sua decisão. Suas lembranças se restaurarão, e se ela escolher ser companheira dele, então estas lembranças se perderão para sempre.
Não respondi. Não havia nada mais a dizer. Tenho o poder de tomar a vida de um corpo, mas ali era onde terminava. Não podia controlar isto. O destino não era meu para moldar. Jaslyn desapareceu, me deixando com a mensagem e a advertência. Isto não seria tão fácil como eu havia pensado. A Deidade conhecia o futuro. Sabiam o que acontecia. Preparar-me para a raiva que poderia me consumir era a menor de minhas preocupações.
Os golpes em nossa porta às oito da manhã eram inoportunos. Era sábado e queria dormir até tarde. Miranda gemeu e agarrou seu travesseiro para cobrir a cabeça e as orelhas.
-Que demônios é isso? - queixou-se, enquanto eu tratava de acordar o meu cérebro confuso.
-Não sei, mas não viverá por muito tempo, - respondi, jogando o lençol e saindo da cama. Baixei o olhar e notei que dormi em roupa frouxa e camiseta. Estava suficientemente vestida, mas, eram oito, então a pessoa que golpeava a porta tinha que ser uma mulher. Assim estar devidamente coberta não importava. Puxei a porta para abri-la e as palavras de irritação que estavam a ponto de dizer caíram ao chão ao olhar aos olhos de um muito incômodo e decidido Nathan.
-Tratei de detê-lo, - disse Jay, atrás dele. Olhei de Nathan para Jay, logo olhei para o corredor vazio. Como se não tivessem despertado a todos com esse tamborilar.
-O que é isto? - perguntei confusa.
Nathan me moveu fora do caminho com um pouco de força, já que eu não esperava isso, entrando no dormitório.
-Ela não responde minhas chamadas e você não me deixa entrar no edifício quando está acordada. Assim, obriguei ao Jay a subornar uma garota para que nos deixasse entrar, enquanto você não estivesse acordada para me deter.
Miranda se sentou na cama e os lençóis caíram até a cintura revelando a fina camisola branca com que ela dormia.
Pensei em lhe dizer que se cobrisse, mas, a expressão de assombro em seu rosto me deteve. Não é como se eles realmente pudessem ver através de todo o caminho.
-Nathan? - grunhiu ela com voz sonolenta.
Ele se aproximou e se ajoelhou junto a sua cama, logo puxou a manta para tampar seus seios. Tinha que lhe dar pontos extras.
-Preciso que me escute. Não posso me defender se você não me der a oportunidade.
Não estava segura se Jay e eu deveríamos sair do dormitório ou se Miranda me queria ali. Assim fiquei na porta.
-Isso não importa superei-o. - Isso nem sequer soou convincente.
A fechadura da porta ao outro lado do corredor começou a girar e puxei o braço de Jay para dentro e fechei a porta rapidamente antes que nos apanhassem com meninos em nosso dormitório. Queria que Nathan se apressasse a dizer o que veio fazer.
Ambos, Nathan e Miranda, olharam para nós na porta. Encolhi os ombros.
- As garotas do quarto em frente estão acordando, – expliquei.
Nathan apontou com a cabeça para o banheiro.
- Podem ir para lá e nos dar um pouco de privacidade?
-Claro, - respondi agarrando a mão de Jay e puxando ele atrás de mim. Queria que este assunto se arrumasse e Miranda não ia ser fácil de convencer. Passamos dois dias completos comendo sorvete e olhando Damon, para superar a este menino. Uma vez que estávamos escondidos no banheiro, soltei a mão de Jay e coloquei distância entre nós. Em realidade, este desastre era sua culpa.
-O que acontece com eles? - perguntou Jay, enquanto eu me encostava contra a porta de Gee.
-Não sabe? - perguntei. A sério, estava tão ocupado com suas amigas que não perguntou a Nathan o que passou?
-Nathan tampouco sabe. Só o que lhe disse Vitória, que apareceu e compartilhou seus hábitos sexuais com Miranda, e que ela não estava interessada em ser mais uma de suas conquistas.
Não fui muito clara, mas pensei que ele o descobriria se ele se deitava constantemente com essa garota.
- Vitória veio para me advertir sobre você. Miranda estava na defensiva e a intenção de encaixar entre as duas. Logo Vitória informou a Miranda que Nathan se deitava regularmente com uma garota chamada
Siera. Disse-lhe que eram "amigo com benefício" e Miranda teve que retroceder.
Os olhos do Jay se abriram e negou com a cabeça.
-Essa merda não é verdade. Nathan e Siera tiveram uma aventura muito curta faz uns dois meses. Era somente sexo. Nem sequer gostou muito. Acredito que podem ter tido sexo alguma vez após isso, mas só porque ele bebeu muito em uma festa da fraternidade e ela se jogou sobre ele.
Concordei.
–Imaginei. Com sorte tudo ficaria esclarecido ali.
Jay deu um passo para mim.
–E com você? O que lhe disse Vitória?
-Oh, que você e ela faziam como coelhos, e que eu necessitava esquecer de você. Que não estava interessado em mim. Só era seu novo passatempo.
Jay franziu o cenho e golpeou sua palma sobre a bancada.
–Estou tão farto dela. Já lhe disse não. Terminei com ela, mas está convencida de que a quero.
-Está tratando de me dizer que não tem feito como fazem os coelhos? - perguntei em tom divertido.
Jay franziu o cenho.
- Claro, tivemos sexo várias vezes. É uma das garotas mais fáceis no campus. Mas não tenho nenhum sentimento por ela. Só é prática. Agora colocou em sua cabeça que eu quero algo mais.
Genial. Ele era tudo o que as garotas queriam nestes dias.
-Umm, me parece que talvez devesse ser mais cuidadoso com suas amizades.
Jay suspirou e encostou o quadril contra o lavabo.
-Isto arruinou qualquer pequena oportunidade que poderia ter tido de ter outro encontro contigo, não é verdade?
Concordei.
-Sim, bastante. Embora, se o faz se sentir melhor, estava contra sair com você depois de que convidou a alguém mais a sair em nosso último encontro.
Jay passou ambas as mãos sobre seu cabelo e amaldiçoou em voz baixa.
-Não esperava que voltasse para minha vida, Pagan. Pensei em você o todo o tempo, mas me disse durante todo um ano, que você tinha ido. Nunca a vi de novo. Não levei a sério ninguém porque sempre as comparava com você. Nunca ninguém estava à altura. Sim, estive me deitando e saindo com um montão de garotas, mas era minha maneira de superar isto. Se eu soubesse que voltaria para minha vida de novo, poderia ter feito as coisas muito diferentes.
Bom, isso era lindo. Não trocou o que eu sentia, mas mesmo assim era lindo de escutar.
A porta se abriu e Miranda colocou à cabeça.
-Podemos sair todos?
-Oh, sim, poderia pôr primeiro minha roupa? - perguntei, estudando sua agradável expressão.
-Sim, espera. Não saia, sim, - disse fechando a porta em nossas caras.
-Acredito que meu menino suavizou as coisas, - disse Jay com uma pequena risada.
-Sim, acredito que tem razão.
A porta se abriu e um par de calças curtas azuis e uma camiseta dos Rolling Stones que era muita apertada, na qual Miranda ficava muito bem, entraram pela porta antes que se fechasse a fechadura com um click e olhei para Jay.
-Terá que sair pela porta de Gee para que me vista. - Jay sorriu.
-Prometo fechar os olhos.
-Nem em um milhão de anos - assegurei-lhe e me inclinei para recolher minha roupa.
-Vamos Pagan, prometo não olhar.
Tinha que estar brincando. Quando estive disposta a me trocar em frente a ele?
Bati na porta de Gee e quando não obtive resposta, abri-a. Entrando, encontrei o quarto vazio. Bem, pelo menos não tinha que sair do banheiro com Jay.
-Espaçoso, agora vá.
Jay mordeu seu lábio inferior e o empurrei pela porta, me fechando no interior.
Alma que ameaçava meu êxito de recuperar Pagan apareceu caminhando para fora de seu dormitório, enquanto eu esperava que ela saísse. Levantei minha perna sobre minha Harley e me pus em pé. Que demônios fazia ele em seu dormitório?
-Gee, - disse em voz baixa, sabendo que me escutaria sem importar onde se encontrava. Olhei para a janela do quarto de Pagan e parecia ter uma boa razão para o tolo sorriso em sua cara. Ambas as minhas mãos se voltaram em punhos e me dirigi para ele. Não estava seguro do que ia dizer ou fazer, mas tinha que saber por que esteve em seu quarto.
-Merda, diminui a velocidade, vaqueiro. Aonde vai? - Gee me agarrou pelo braço quando apareceu ao meu lado.
-Chutar seu arrependido traseiro, - respondi e sacudi meu braço de seu agarre.
-Não, não o fará. Supõe-se que isto deve acontecer, recorda? Suas almas têm que conectar-se, Dank. Se tranquilize de uma fodida vez.
Sabia. Odiava-o, mas sabia.
-Por que está saindo de seu dormitório tão cedo, de manhã e todo modo onde você estava?
Gee sorriu.
-Estou segura de que não é nada parecido ao que está pensando. Pagan nem sequer está interessada nele. E quanto à onde estava... Digamos que o baterista é um menino feliz esta manhã.
-Não se deixe levar de novo. Não pode se afeiçoar, Gee - adverti.
Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta do seu edifício se abriu e Pagan saiu.
Meu coração saltou contra meu peito por ela. Levava um par de calças muito curtas para usar em público e sua camiseta não deixava nada à imaginação. Vi-a franzir o cenho e segui seu olhar ao menino que estava esperando-a. Ao diabo com as regras. Não ficaria em pé aqui e a deixaria ir-se com ele, especialmente vestida assim.
-Não, Dank! - gritou Gee, atrás de mim, mas a ignorei e segui caminhando. Não necessitava um sermão quando tinha estado fodendo com o baterista, outra vez.
O olhar de Pagan girou e seus olhos se encontraram com os meus. Um pequeno sorriso tocou seus lábios e meu peito queria explodir em sinal de alegria. Estava feliz de me ver. Não sorria para ele. Sorria para mim.
-Dank? - A surpresa em sua voz veio acompanhada por um brilho de satisfação em seus olhos.
-Bom dia, - respondi tratando de pensar em uma maneira de convencê-la a entrar e trocar-se sem soar como um idiota.
-O que está fazendo aqui?
Esperando para vê-la.
Seus olhos se abriram amplamente e descobri que, involuntariamente, falei de novo com sua alma. Tinha que deixar de fazer isso.
-Levantei-me cedo e pensei em passar por aqui e ver se queria tomar o café da manhã comigo.
Seu sorriso se desvaneceu enquanto seu cérebro trabalhava através da confusão por me haver ouvido em sua cabeça.
-Pagan? Você vem? - perguntou Jay, mantendo sua distância de nós. O pus nervoso, podia sentir o seu medo.
Pagan franziu o cenho e olhou por cima de seu ombro.
- Ir aonde?
Essa é minha garota. Boa resposta.
-Pensei que iríamos tomar um café e conversar, enquanto eles já sabe... -E apontou para seu quarto.
Pagan me olhou e considerou seriamente o pedido. Ela apertou os lábios e logo voltou os olhos para Jay.
-Uh, em realidade, pensei que já tinham ido. Estou segura de que Nathan encontrará uma maneira de retornar. Miranda tem um carro.
Escolhia-me. A necessidade de estender minha mão e abraçá-la para enviar uma possessiva advertência ao menino era entristecedora, mas, me mantive afastado.
-Vai com ele? - perguntou com rudeza. Entrecerrei os meus olhos em sua direção e ele ficou rígido. Sim, isto era melhor que a advertência.
-Sim, Jay, eu... Isso não é assunto seu.
Estaria beijando-a logo que ele nos deixasse sozinhos. Jay abriu a boca e um grunhido saiu de meus lábios. Deteve-se. Menino inteligente. Sacudindo a cabeça, deu meia volta e se afastou. Estiquei a minha mão e entrelacei meus dedos com os dela.
-Vamos comer.
Sorriu vendo nossas mãos e logo olhou para mim.
-Está bem. Aonde?
Aproximei-a mais de mim.
-Aonde queira.
Olhou ao redor e viu minha Harley estacionada ao outro lado da rua.
-Vamos subir nisso? - perguntou.
-Sim, está tudo bem? Prometo que estará completamente segura.
Mordeu o lábio inferior várias vezes, enquanto contemplava a Harley. Finalmente, assentiu.
-Sim, está bem, vamos.
Havia trazido comigo um capacete no caso de que concordasse em me acompanhar. Peguei-o no compartimento traseiro, pus em sua cabeça. Ela era adorável. Sério, devia ter lhe conseguido um destes antes. Ficaria sexy montando comigo cada manhã.
-Como me vejo? - perguntou.
-Boa e ardente.
Um rubor cobriu suas bochechas e baixou a cabeça para ocultá-lo. Subi à motocicleta e estendi minha mão para ela.
–Vem aqui.
Deslizou sua mão junto com a minha e a agarrei enquanto levantava sua perna por cima da motocicleta, deslizando-se contra minhas costas. Quando deslizou seu braço ao meu redor e suas mãos se agarraram com força na camiseta que cobria meu estômago fechei os olhos e suspirei. Sim, isto era bom. Realmente bom.
Montar na parte traseira de uma motocicleta pressionada fortemente contra Dank Walker era uma dessas experiências que todas as mulheres deveriam ter antes de morrer. Nada podia ser comparado com isso. Um aroma exótico que só era seu invadiu meus sentidos. Minhas mãos e palmas se mantinham roçando seus abdominais e, Oh, seus abdominais eram espetaculares. A diferença de outros abdominais que tinha visto, os seus eram muito, muito marcados.
Tinha mais que um simples tanquinho. Lutei contra a necessidade de deslizar minhas mãos debaixo de sua camisa só para ver como se sentia sua pele perfeita cobrindo seu estômago. Por desgraça, nossa viagem terminou muito rapidamente. Dank deteve a motocicleta em um pequeno café que tinha um pôster anunciando o seu menu de café da manhã ao ar livre em um quadro.
Dank desceu da moto e me ajudou a descer. Eu estava um pouco instável, mas tudo saiu ao meu favor porque ele tomou minha cintura e me levantou contra o seu peito. Agora sabia como se sentia o seu peito. Estava muito emocionada por conseguir estar perto do estômago e seu peito.
-Eu gostei disso... e muito, - disse com um sussurro sexy e baixo.
Traguei com dificuldade e assenti. Bem, eu poderia ser honesta. Também eu gostei muito.
-Sim, eu também. - Olhei para o seu estômago. Tinha muita vontade de vê-lo nu.
-O que está olhando, Pagan? - O tom divertido de sua voz não ocultava o fato de que estava excitado.
Decidi ser valente.
-Perguntava-me como se vê seu estômago. Depois de nosso passeio tenho algumas ideias mais... - Interrompeu-me.
As mãos de Dank apertaram minha cintura e tomou uma respiração profunda.
- Se quiser que tire a camisa estarei mais que feliz de fazê-lo. Entretanto, podemos fazê-lo quando não houver gente ao redor de nós?
Assenti e pressionei meus lábios para evitar rir. Pedi a um homem que tirasse a camisa. Alguma vez fiz algo assim? Simplesmente me escapou. Ele tomou a minha mão e entramos no pequeno e lindo café envolto em deliciosos aromas. Dank escolheu uma mesa para dois. Puxou a cadeira para mim e estava segura que ninguém me tinha feito isso antes. Uma vez que estava sentado, se inclinou para frente e seus olhos azuis pareciam a ponto de ter esse olhar brilhante que ele quase sempre tinha.
-Não sei como vou comer agora. Tudo o que posso pensar é que você quer que tire minha camisa.
Rindo bobamente, cobri a boca e olhei ao redor. O lugar estava cheio, mas não muito. Tínhamos um pouco de intimidade onde nos encontrávamos sentados.
-Sinto muito. Não devia ter dito nada.
Os olhos de Dank se dilataram, aproximou-se e tomou minha mão.
-Não, se quiser algo, peça-me, seja o que for.
Hum... Bem, Uh. Isso foi um pouco intenso. Mas começava a me acostumar à intensidade de Dank. Definitivamente, ele estava interessado em mim. Não havia dúvida. Eu gostei muito de saber que gostava de mim. Jay não tinha nenhuma possibilidade contra isto.
-Posso lhe oferecer algo para beber? - perguntou uma voz alegre e atirei minha mão para trás, surpreendida pela interrupção.
-Pagan? - perguntou Dank, me olhando em lugar de olhar a garçonete. Dei minha atenção à garota que não me olhava absolutamente. Ela comia Dank com os olhos. Não podia culpá-la. Nem um pouco.
-Suco de laranja, por favor. - assentiu e logo escreveu olhando nostalgicamente para Dank.
-Leite, - respondeu ele, ainda me observando.
-Aqui estão seus menus. Voltarei em uns minutos para pegar seus pedidos, - disse a Dank, que a ignorou.
-Obrigada. - respondi.
Ela se foi e voltei a olhar para Dank.
-Está me deixando nervosa, - disse. Franziu o cenho e se recostou em seu assento.
-Sinto muito.
Estupendo. Agora parecia preocupado. Como alguém pode em um minuto ser forte e intocável e em outro podia sentir-se sensível e ferido? Ele era uma grande contradição.
-Não se desculpe. Não pude tomar banho e não tenho nada de maquiagem. Não esperava vê-lo esta manhã, quando Miranda me jogou do dormitório, sem nada mais que esta roupa para vestir.
Dank sorriu.
-Está perfeita. Sempre está. - Logo fez uma pausa e se inclinou de novo. - Por que Miranda a jogou?
-Nathan veio se desculpar esta manhã. Despertou-nos golpeando a porta. Jay estava com ele. De todos os modos, não estou segura do que disse para fazer com que nos jogassem. Estou bastante segura de que estarão muito ocupados, por isso me lançou a roupa e disse que me queria fora.
-Isso explica esta manhã. Preocupava-me que tivesse um pouco de concorrência.
Concorrência? Por mim?
-Não, agora mesmo me interessa passar mais tempo contigo que com eles.
O sorriso de satisfação que iluminou seu rosto era digno de presumir-se. Nossas bebidas chegaram e notei que não tinha visto ainda o menu. Dank explicou que necessitávamos uns minutos mais.
rrumei o despertador para tocar mais cedo, assim tive tempo para passar pela cafeteria. Também estaria mais tranquila nas aulas. Miranda seguia dormindo quando sai. Sua primeira aula do dia começava às onze, por isso podia dormir até tarde. Infelizmente, não fui abençoada com uma dessas em meu horário.
Depois de passar a manhã de sábado com Dank, tinha ido à biblioteca e encontrado os outros livros que necessitava para minha aula de Literatura. Logo o chamei cedo na noite. Miranda saiu com Nathan e não retornou até às sete da manhã de domingo. Despertei novamente muito cedo para um fim de semana. Insistiu em que passássemos o dia comprando roupa interior e sapatos novos. Tinha enviado mensagens para Dank, ele me ligou uma vez, mas não o tinha visto. Não é que ele não tenha tentado. Simplesmente Miranda consumiu meu domingo inteiro. Então, essa noite, quando saiu de novo com Nathan, Dank não apareceu. Ao menos fui cedo para cama.
A fila na cafeteria não se movia muito rápido. Olhei o celular para ver a hora. Tinha quinze minutos. Daqui, demoraria uns cinco, assim que me daria tempo de chegar. Finalmente, o menino loiro que estava na minha frente se moveu. Sustentava duas taças de café e me sorria. Devolvi-lhe o sorriso e esperei que se fosse para poder me aproximar e pedir minha dose de cafeína matutina. Mas não se movia. Estendeu-me uma das taças de café. Que fazia? Estava compartilhando? Um, não, obrigado. Era bastante suscetível com meu latte.
-Latte de caramelo com nata batida. Feito para você, - disse o feliz desconhecido. Como soube o que pediria? E por que me pediu isso? Era um perseguidor? Deveria chamar à polícia?
-Seguinte, por favor, – disse o menino que estava atrás do balcão com um tom irritado. Estávamos detendo o avanço.
-Pega-o. O rapaz acaba de fazer. Não posso beber os dois. - A sincera amabilidade em seus olhos me comprou. Talvez fosse um adivinho afortunado. Ou talvez devesse chamar à polícia.
Aceitei a taça de sua mão e saí da fila. A garota que estava atrás de mim suspirou em voz alta e murmurou.
- Por fim. Obrigado.
Tomei um gole e notei que era exatamente como eu gostava. Deveria ao menos lhe agradecer e ser educada. Reconsideraria a ordem de afastamento mais tarde.
-Obrigada. Não estou segura de como soube o que queria, mas obrigada. Chegaria atrasada a aula, assim, isto ajuda.
-Posso acompanha-la? – perguntou, enquanto se movia comigo para a porta.
-Uh, sim, suponho. Vai ali? - perguntei enquanto ficava ao meu lado.
Riu brandamente e isso me deu arrepios. Não era um bom sinal. Parei de beber meu café. Algo estava desconjurado.
-Só vivo aqui. - Foi sua resposta. Um assassino em série em cujas garras poderia ter caído. -Tenho que admitir que fiz uma educada hipótese com seu café e tive sorte. Tratava de lhe impressionar com meu cavalheirismo. Em troca, parece que a assustei. Não queria fazê-lo.
Era observador. Concedia-lhe isso. Assentindo, segui sem beber. Toda esta situação começava a me incomodar.
Não tinha um café que pudesse tomar sem perigo e chegaria tarde a aula se este tipo não me deixava em paz.
-Estou curioso. Tem namorado? – Bom, era atrevido. Podia mentir e enviá-lo passear ou responder honestamente e correr para meu edifício.
-Não é de sua incumbência, mas não. - Deveria correr agora?
-Então, você e Dankmar, quero dizer, Dank Walker não saem juntos? - Espera... O que? Como sabia sobre o Dank? Era um fã? Talvez fosse um perseguidor dele.
-Uh, não. Só nos conhecemos. - respondi acelerando o passo. O menino se deteve e pensei que tinha me liberado dele até que o ouvi correndo para ficar ao meu lado.
-Não lhe conheceu antes da Universidade? Na escola? - O que acontecia com as perguntas deste menino? Oh. Perguntas... Era repórter de uma dessas revistas de fofocas. Tinha que ser isso. Não me tinha dado conta ainda de que Cold Soul era tão importante. Estava sendo acossada por um paparazzi.
-Escuta, acabo de conhecer o menino. Não sei nada sobre ele. Deixe-me em paz. - Quebrei-me e lhe devolvi o café antes de dar a volta e correr para cruzar a rua antes que o semáforo ficasse vermelho.
Tinha que contar isto Dank. Ou ao Dankmar... Qual era seu verdadeiro nome?
-Vá, Peggy Ann. De quem está escapando? - perguntou Gee, me encontrando quando cheguei ao edifício de Ciências.
-De um imbecil intrometido. Acredito que era um repórter de alguma revista de intrigas. Estava-me perguntando sobre minha relação com o Dank. Ou Dankmar, como lhe chamou ele.
O divertido humor de Gee se desvaneceu e voltou a cabeça para a rua que acabava de cruzar. Apareceu uma careta em sua cara. Olhei para
trás e é obvio, estava aí ainda o menino nos olhando, ambas as mãos sustentando taças de café.
-Conhece-o? Porque me pôs os cabelos em pé.
Gee sacudiu a cabeça.
-O menino Vodu não sabe quando retirar-se.
-Menino Vodu? - perguntei confusa.
Gee voltou seu olhar para mim.
-Nada. É água passada. Vamos, temos uma aula juntas. Isto será divertido. Oh, e toma isto. É do menino amoroso.
-Pôs uma mochila entre meus braços.
-O que é isto? - perguntei confusa.
-Necessitava um notebook e Dank lhe dá isso. Vamos. - disse Gee dando a volta em suas botas de combate de couro negro e caminhando para o edifício. Tive que correr para manter seu ritmo.
Esqueci que ele mencionou que me deixaria usar seu outro notebook. Isto faria minha semana muito mais fácil. Mamãe ainda não tinha conseguido suficiente dinheiro para comprar um. Me asseguraria de lhe agradecer apropriadamente assim que o visse. Tinha a esperança de ver Dank esta manhã, mas não havia maneira de que tivéssemos mais de duas aulas juntos. Pelo menos tinha Gee. Bom... Talvez isso não fosse algo bom. Podia terminar me distraindo mais que nada.
De fato, paquerou com o professor. Muito. Tanto, que lhe fez ruborizar várias vezes. O homem gaguejou durante a maior parte da aula. Foi mais divertido que qualquer outra coisa. Não aprendi nada.
Ao menos nos deu algumas referências e uma página na Web com as atribuições desta semana.
-Não posso acreditar nisso, – disse rindo, enquanto íamos ao dormitório. Tinha três horas livres antes de ter Cálculo com Dank.
Gee encolheu os ombros.
- O quê? Era lindo, do tipo nerd tranquilo. Eu gosto de me colocar com eles. Além disso, essa merda era aborrecida. Tenho coisas melhores para fazer.
-Se quer passar nesta disciplina terá que prestar mais atenção ao que diz do que como lhe fazer ruborizar. - Embora fosse divertido.
-Mudança de tema. O menino desta manhã. Mantenha-se afastada se o vir outra vez.
Conhecia-o? Seu comentário sobre “menino Vodu" havia me preocupado, mas Gee era muito estranha e me disse que o esquecesse. Agora, isso me preocupava.
-É perigoso? - perguntei olhando para trás, para ver se nos seguia. Talvez essa chamada à polícia não tivesse sido má ideia.
-Não lhe fará mal. Acredite em mim. Só evita-o. Desaparecerá muito em breve.
Devia ser um paparazzi, tal e como assumi. O cantor principal do Cold Soul não poderia manter seu interesse por muito tempo. Não quando existiam estrelas de cinema com mau comportamento, a quem perseguir.
Quando dobramos a esquina e a parte dianteira de nosso dormitório ficou à vista, vi Dank apoiando-se em sua motocicleta com os braços cruzados, falando com um par de garotas. Não parecia interessado e seus olhos imediatamente encontraram os meus. Não lhes disse nada, enquanto endireitava-se e se afastava delas, para aproximar-se de mim.
Assim era como eu queria que atuasse o menino com quem eu considerava sair, quando outras garotas paqueravam com ele. Não podia manter o sorriso tolo afastado de minha cara.
-Parece que Romeo está esperando por sua volta.
Se havia um tempo limitado, antes que a alma de Pagan começasse a conectar-se com a de Jay, então me asseguraria de que não pudesse me tirar da cabeça. Tinha passado toda a manhã planejando nossa tarde. Agora, só tinha que conseguir que aceitasse.
Gee murmurou:
- Pagan conseguiu um café da Rua Bourbon esta manhã. - Enquanto passava junto a mim em seu caminho para o dormitório.
Não necessitava uma explicação. Adverti Leif, mas precisava fazer realidade da minha advertência. Ela não o recordava. Seu tempo tinha terminado. Se permanecesse perto, só a confundiria.
-Ei, - disse Pagan a modo de saudação. Deteve-se em frente a mim. Não parecia triste ou assustada. O que seja que Leif lhe disse não teve efeito. Ghede devia seriamente conseguir para seu filho um passatempo. Pagan já não estava disponível para seu entretenimento.
-Bom dia. Como foi a aula?
Encolheu os ombros e um divertido sorriso apareceu em sua cara.
-Gee teve ao professor feito um feixe de nervos com sua paquera.
Deixe a Gee causar um grande revoou a onde quer que vá.
-Sério? Imagino que desfrutou do espetáculo.
Pagan deixou escapar uma pequena risada.
-Sim. Provavelmente não deveria, mas foi muito divertido, para ignorá-lo. Mas foi muito mais fácil tomar as anotações no notebook que me enviou. Muito obrigado. Prometo cuidá-lo bem.
-Dank Walker! Oh, vá, vi você na semana passada no Clube Butter. Esteve assombroso. - Uma garota parou na frente de Pagan e botou sua mão em meu peito, enquanto começava a tagarelar sobre algo mais. Alcancei seu pulso e tirei sua mão de meu corpo, então agarrei a mão de Pagan e a trouxe para mim.
-Obrigado, me alegro de que você tenha gostado do espetáculo. Se nos desculpar, estamos tendo uma conversa privada, - informei. Moveu seus olhos de mim para Pagan e um sorriso pouco impressionado distorceu sua cara. Deslizei a mão ao redor da cintura de Pagan e a atraí mais perto. Veio de boa vontade.
-Oh, bom, quando quiser um pouco mais de emoção, pode me encontrar justo ali. – Assinalou o dormitório. Pagan vivia no mesmo edifício. Gee precisava saber se está garota podia ser vingativa.
-Estou seguro de que nunca ocorrerá, - respondi.
A garota deu a volta e partiu, zangada. Não estava acostumada que a rechaçassem.
-O que acontece com ela? Vai atrás de todos os meninos com que saio.
A resposta de Pagan fez que me esticasse. Com o que outros meninos ela saia? Não era consciente de que saía com alguém mais que Jay. Gee me ocultava algo?
-De verdade? - Arrumei-me para perguntar em voz normal. A ira e o ciúme estavam me esmagando. Pagan não podia ver isso.
-Sim, de verdade. Mas ao menos você não paquerou com ela diante de mim. Jay fez planos com ela durante um encontro comigo. Não me importou exatamente, mas foi um pouco vergonhoso. Não fez nada por meu ego.
Ele era um idiota. Como podia ser sua alma gêmea? Não eram compatíveis. Estava longe de ser digno.
-O menino é um idiota. Não há comparação entre vocês. Não pode competir com você.
Pagan respirou fundo e se voltou para me olhar.
- Vale, sim, é muito bom nisto, Dank Walker. Muito bom.
-Alegra-me que você tenha gostado do notebook. Pode usar a mochila para levar seus outros livros. Isso quer dizer que virá a aula comigo? – perguntei tirando seu capacete.
Os cantos de sua boca se curvaram e alcançou seu capacete.
- Obrigado. O farei, sim, acredito que vou aceitar essa carona.
u teria um encontro com Dank. Um encontro de verdade, não um café da manhã improvisado, um encontro real. Só nós. Estava tão emocionada e nervosa. Entretanto, não estava segura do que usar. Assim é como deve ter se sentido Miranda quando planejava sair com Nathan.
-Pode usar os shorts e sutiã, mas estou pensando que a roupa será necessária para onde vai esta noite, - disse Gee, enquanto entrava no quarto, através de nosso banheiro contiguo, sem chamar.
-Gracioso, - respondi-lhe franzindo o cenho. - Não posso decidir o que usar. Disse-me que podia me vestir como eu quisesse, mas isso não é muito útil.
-Estou segura que não se referia a que usasse pouca roupa. - Gee arrastou as palavras enquanto se deixou cair sobre minha cama.
-Você crê? Obrigado pela pista. Pensava em desfilar em minha roupa interior toda a noite.
Gee riu.
-Pensando bem, provavelmente gostaria. Entretanto, inclino-me por usar mais roupa.
-Devo levar roupa casual ou elegante? Qual preferirá? - Perguntei para Gee, que estava olhando o meu armário limitado.
-Quer minha sincera opinião?
Joguei uma olhada para ela por cima de meu ombro.
-Sim, quero-a. Conhece-o melhor que eu.
Gee apontou com a cabeça para os sapatos rosa.
-Está bem, usa esse vestido rosa com esses saltos de cor rosa. Será um atoleiro aos seus pés.
O vestido rosa? Sério? Nem sequer estava segura de por que tinha esse vestido. Nunca o usei antes. Cheguei ao cabide e o tirei. Era sexy e ao mesmo tempo inocente. Poderia ser um pouco elegante, mas ele não disse que não poderia usar algo elegante. Recordei como ele recolheu esses saltos e os segurou como se fossem preciosos. Talvez tivesse algo com os saltos cor de rosa.
Gee o conhecia bem. Fiquei com sua opinião.
- Está bem. Se você o diz.
Duas horas mais tarde estava depilada, esfoliada, vestida e pronta quando alguém chamou a minha porta. Quem era? Tinha que me encontrar com Dank na sala em cinco minutos. Miranda seguia com Nathan. Tinham combinado em comer juntos, segundo suas várias mensagens de texto. Gee tinha me tirado de apuros depois que comecei a pintar minhas unhas dos pés. Ela me ajudou o mais que podia.
Abri a porta e Dank ficou ali, em um par de calças cor caqui, uma camisa azul marinho de botão que deixou aberta no pescoço e, é obvio suas botas, com uma dúzia de rosas vermelhas. Ficou com a boca aberta. Sua expressão de surpresa quando viu o que tinha posto, não me passou despercebido. O que era o que lhe surpreendeu? Que podia me vestir bem?
-Pagan, você, uh, merda. Eu, eu gosto muito de você em rosa.
Eu adorei esse lado dele. O lado não tão fresco e crédulo. Que era vulnerável. Assinalei as rosas.
-São para mim?
Olhou as flores esquecidas nas mãos e pôs-se a rir.
-Sim, são. - Ofereceu-as para que eu as pegasse e me dei conta que era a primeira vez que ganhava flores. Nenhum homem jamais me tinha comprado rosas.
-Obrigada, - respondi-lhe dando um passo atrás para deixa-lo entrar. Se tivesse lhe encontrado na sala, então alguém já teria nos interrompido nessa altura. Queria pôr minhas primeiras rosas na água antes de ir e as deixar na sala era uma má ideia. Poderiam levá-las. Não tinha um jarro aqui. Percorri o quarto para encontrar algo em que pôr minhas rosas.
- Que tal isso? - disse Dank caminhando para minha mesa e tomando um porta lápis vazio que Miranda insistiu em que comprássemos para que coincidisse com nossos outros artigos de escritório. Era perfeito.
-Sim! Finalmente será útil. - Tomei o porta lápis e fui ao banheiro para limpá-lo e enchê-lo com água. Quando voltei Dank estava em pé de frente para meu quadro de anúncios, olhando as fotos que eu tinha colocado ali da escola. Várias tinham Wyatt nelas.
Poucas tinham a minha mãe, mas a maioria era só Miranda e eu.
Não tinha muitas fotos de meus anos na escola.
Especialmente meu último ano. Não havia nada. Às vezes nem sequer podia recordar coisas como minha festa de graduação ou que víamos nas aulas. Tudo parecia impreciso. Minha mãe dizia que era o trauma de perder Wyatt que afetava minhas lembranças. Miranda sentia o mesmo, por isso fazia sentido. Ela tinha perdido seu namorado, mas as duas tinham perdido a um melhor amigo.
-Esse é Wyatt, - expliquei-lhe quando me aproximei ao seu lado - Ele era o namorado de...
Miranda e um bom amigo meu. Morreu ano passado.
Dank assentiu com a cabeça. Havia uma tristeza ali, quase como se entendesse esse tipo de dor. E se tivesse perdido a alguém também?
-Estou seguro de que foi difícil.
Sim, foi horrível.
-Odeio a morte. É algo trágico que vem para todos. Alguns antes que outros.
Dank esticou os ombros e ele se afastou de mim. O que havia dito? Isto não era sobre o que eu queria estar falando esta noite. A morte era tão mórbida e triste.
-Sinto muito. Eu não devia ter começado um tema tão triste.
Vi como Dank olhava pela janela em vez de me olhar. Ele lutava com algo. Teria gostado de saber o que era. Depois do que pareceram vários minutos, mas foram só segundos, em realidade, voltou sua atenção para mim.
-A Morte não pode evitar o que o Destino decide.
Isso foi muito mais profundo que algo que eu esperava que saísse de sua boca. Tinha razão, mas mesmo assim. Assenti com a cabeça.
-Isso é certo. Suponho que não se pode culpar à Morte da tragédia. O Destino não é algo que alguém possa controlar.
Dank deixou escapar um profundo suspiro. O tipo de quem deve ter tido que lutar com a morte muitas vezes em sua vida. Assim como Pagan. Trouxe para conversar algo incomodo e arruinou seu estado de ânimo.
-Está pronta? – perguntou finalmente, rompendo o incômodo silêncio.
-Sim.
Dank me fez gestos para que indicasse o caminho e abriu a porta para mim. Assegurei-me de que não houvesse ninguém perto antes que
ele me seguisse. A tensão no ambiente que nos rodeava era espessa. Sabia que era minha culpa, mas não sabia o que dizer. Eu tampouco podia obrigá-lo a me explicar o que havia dito de tão mal ou deixar acontecer isto por temor de arruinar nossa noite. Talvez se abrisse voluntariamente em outra ocasião. Quando saímos para o estacionamento, estava a ponto de lhe oferecer usar o carro de Miranda quando vislumbrei uma limusine esperando na calçada. Dank me dedicou um sorriso torcido.
-Não podia fazer que montasse a parte traseira de uma motocicleta em um vestido e saltos.
-Como soube que eu usaria um vestido e saltos?
- Gee, - respondeu sem que eu lhe perguntasse.
-Ah, isso faz sentido, mas Miranda me disse que podia usar seu carro. Sei que sua moto e meu vestido não fariam uma boa combinação.
-Isto seria mais divertido, - me piscou um olho, abriu a porta, me ajudou a entrar. O condutor não saiu. Pensei que era estranho, mas eu não o questionei.
Ter a Pagan sentada ao meu lado e com esse vestido rosa que eu tanto gostava e mostrando suas pernas aliviou a dor no peito causado por suas palavras sobre odiar à Morte. Ela não sabia o que dizia, e em sua mente a morte era um evento, não um ser. A maioria dos seres humanos o vê dessa maneira. Meu trabalho não traz fama, nem popularidade. Traz as almas. A coisa que os humanos mais apreciam, entretanto eu as termino.
Pagan perdeu a Wyatt. Odiava à morte, culpava-a por essa perda, apesar de que não foi culpa da Morte.
-Então, pode-me dizer aonde vamos? - perguntou. Pude ver o olhar de preocupação em seus olhos. Precisava me desfazer de toda a tensão. Ela se sentia mal e eu não queria arruinar a noite só porque disse que me odiava. Não o tinha querido dizer. Não sabia o que causava em mim que não pudesse me recordar. Não ser capaz de ver o amor e a devoção de seus olhos, fazia com que todos os dias parecessem sombrios.
-Chegaremos logo. Sempre é tão impaciente? - Sorri-lhe e relaxei os ombros para que soubesse que eu estava tirando o sarro. Eu a tinha aborrecido com minha reação antes.
-Sim, de fato, sou, - respondeu.
-Posso fazer com que o condutor dê mais voltas só para me divertir.
Pagan me empurrou com o ombro.
-Não me subestime. Posso lhe fazer pagar por isso. E com muito gosto, acredite.
-Isso crê? Quero ver tentar, seria o ponto culminante de meu ano.
Pagan levantou ambas as sobrancelhas e com um olhar desafiante, agachou-se para tirar os saltos. Que diabos? Pôs no assento em frente a nós e logo voltou sua atenção para mim.
-Está seguro disto? Porque meu tamanho pode ser enganoso.
-Se o que quer dizer é que está a ponto de saltar sobre meu corpo, então, por favor, Pagan, é obvio, adiante.
Seu rosto ficou vermelho brilhante imediatamente. Maldição ia retratar-se.
-Uh, - disse me olhando como se não estivesse segura de qual seria seu próximo passo.
-Estava a ponto de demonstrar quão fácil é me fazer pagar. Não fique tímida agora, depois de que me emocionei.
Pagan abaixou a cabeça e deixou escapar uma pequena risada. Aproveitei-me da situação e me movi rapidamente a coloquei no assento enquanto ficava sobre ela antes que soubesse o que estava passando.
-Te pequei. E agora o que vai fazer? - Perguntei quando o olhar de assombro se converteu em um brilho calculador.
Ela se inclinou e cobriu meus lábios com os dela antes que soubesse o que planejava fazer. Seus pequenos dentes brancos morderam meu lábio inferior e sua língua deu um golpe pequeno antes de introduzir-se em minha boca muito ansiosa. Tinha suas mãos sobre meu peito e se moveram para baixo, afugentando qualquer pensamento lógico.
Só podia me concentrar em uma coisa: Pagan e como se sentia, seu sabor, e os pequenos sons vindos de sua garganta. Suas mãos me empurraram para trás e suas pernas ao redor de minha cintura.
Movi-me para trás, trazendo-a comigo, e ela moveu seu corpo até que estava escarranchada sobre mim. Enterrei minhas mãos em seu cabelo enquanto apertava sua cintura para lentamente afastá-la. O sorriso triunfante em seu rosto era adorável.
-Quem está no topo agora? Não me subestime. - disse com voz rouca.
Se já não estivesse completamente apaixonado por esta mulher, estaria agora. Esta era a minha Pagan.
Á primeira coisa que vi através das janelas escuras da limusine foram as cintilantes luzes brancas. Havia milhares delas. Deslizei-me para olhar de perto e ver onde nos trouxe o condutor. Acabava de passar mais de dez minutos no colo de Dank, beijando-o e sendo beijada até ficar sem sentido.
O enorme lugar parecia um campo com um mirante coberto de luzes brancas repousando no meio dele. As luzes foram penduradas na pracinha às árvores que a rodeiam, dando uma sensação de luzes de dossel. O que era este lugar?
A limusine se deteve e olhei Dank, que me olhava em lugar de olhar pela janela.
-Onde estamos? - Perguntei-lhe.
Dank sorriu com esse sorriso sexy que só Dank podia ter e o condutor abriu a porta. Saí e ele me seguiu. Dank agradeceu ao homem alto e moreno que logo voltou a subir ao automóvel e partiu.
Olhei ao redor ao isolado lugar que Dank havia me trazido, obviamente, fizeram um grande esforço para fazê-lo parecer impressionante.
-Não é o Jardim das Hespérides, mas então, quem quer comer maçãs de ouro e se esquivar de um dragão. Este jardim é uma opção muito melhor.
Acaso este roqueiro comparou este lugar com o jardim Hara? Impressionante. Mas, de novo, com frequência ele conseguia me surpreender.
-É uma preciosidade. Como fez tudo isto? – perguntei, enquanto ele tomava meu cotovelo e me guiava para o mirante.
-Tenho meus contatos.
Sempre era muito reservado. Não devia ter esperado que realmente me dissesse como tinha arrumado para conseguir um elaborado e grande mirante no meio de um campo deserto e logo cobrir o lugar com luzes. Os três degraus no mirante se encontravam cheios de luzes brancas. Uma pequena mesa redonda se situava no centro da área coberta. Uma toalha prateada cobria a mesa e havia duas cadeiras colocadas ao redor. Um ramo de algum tipo de flor exótica que nunca tinha visto se localizava no centro da mesa. O floreiro de cristal inclusive tinha luzes no interior. Havia realmente posto muito esforço nisto. De repente, senti-me muito agradecida de não haver posto jeans.
-No que está pensando? - perguntou em meu ouvido. Estremeci pelo calor de seu fôlego contra minha pele.
-Estou pensando em que realmente quer me impressionar ou, este é seu plano para todos os seus primeiros encontros. - Foi uma brincadeira, e lhe sorri, enquanto o dizia para que soubesse que não falava a sério.
-Nunca notei o sexy que poderia ser uma boca inteligente, - respondeu.
A suave música começou a tocar de uns alto-falantes ocultos no mirante. Dank me estendeu a mão.
-Dança comigo?
Deslizei minha mão na sua e me apertou contra seu peito. Isto era diferente do nossa primeira dança no clube. Era mais doce, mais sincera. Menos sobre a atração e mais sobre a conexão.
-Pagan? - perguntou Dank brandamente contra meu ouvido.
-Sim, - respondi apoiando meu queixo em seu ombro graças à altura de meus saltos.
-Me prometeria algo?
Essa era uma estranha petição. Pensei um momento e logo assenti.
-Sim.
Deixou escapar outro suspiro. Algo lhe incomodava esta noite.
-Um dia precisará recordar isto. Recordar como sentiu isto. Necessito que deixe esta lembrança perto, dentro de ti, e se apegue a ela.
Isso era a coisa mais estranha que alguém me havia dito ou me tinha pedido. Quase soou como se estivesse morrendo.
-Uhm, bem, - respondi hesitante.
Deixou escapar uma suave risada.
-Sinto muito. Às vezes me ponho muito sério.
Sem brincar. Tomou minha mão e a levantou no ar e me deu voltas ao redor. Decidi esquecer sua sinistra solicitude no momento e desfrutar do encontro mais romântico em que jamais tinha estado.
Depois de que a canção terminou, Dank se aproximou e puxou uma cadeira para mim.
-Sei que parece que estamos aqui sozinhos, mas não tenho a intenção de morrer de fome.
Olhei ao redor e é obvio, um homem em um smoking vinha caminhando pelo bosque levando uma bandeja de prata e duas garrafas de vidro de Coca-Cola.
Sorrindo para Dank disse
- Não posso acreditar que tenha feito tudo isto.
Piscou-me um olho.
-Queria impressionar você em nosso primeiro encontro oficial.
-Bom, ofuscastes qualquer outro primeiro encontro que eu tenha tido, já pode se sentar e relaxar.
Dank riu enquanto o garçom colocava as Coca-Colas em nossa frente e as abria. Levantou a tampa da bandeja de prata e logo pegou dois copos com gelo e os pôs a um lado das garrafas.
-Não sei como pôde sequer pensar que eu seria capaz de esquecer isto, - disse com assombro, enquanto o garçom servia morangos cobertos com chocolate na nossa frente.
-Bem. Essa é a ideia, - respondeu.
Tinha passado quase um dia inteiro desde que tinha visto ou escutado sobre Dank. Havia me trazido para casa depois de nosso encontro de ontem à noite e eu meio esperava que estivesse me esperando do lado de fora do dormitório quando saí. Esperei que estivesse esperando no exterior do edifício de nossa primeira aula. Mas não, ele não apareceu na aula de literatura de novo. Depois do almoço, quando ainda não tinha chamado nem aparecido, comecei a me perguntar se eu tinha feito algo errado ontem à noite. Desde o primeiro dia que nos conhecemos tinha dado um jeito para aparecer pelo menos duas vezes ao dia. Pensei que depois da noite que tínhamos tido, ele estaria ao redor ainda mais. Tinha vontade de vê-lo. Estive a ponto de lhe enviar mensagens de texto várias vezes, mas me abstive. Ele tinha meu número.
Agora que o sol se ocultava e não se incomodou inclusive em me enviar um texto, decidi que ontem à noite significou mais para mim que para ele. Talvez isso realmente fosse uma montagem para os primeiros
encontros. Talvez não significasse nada mais para ele. Empilhei meus livros e os meti em minha mochila. Tinha passado as duas últimas horas na biblioteca estudando. Miranda se preparava para outro encontro com Nathan e estava muito faladora para me permitir fazer nada.
Isto não tinha sido muito melhor. Meus pensamentos voltavam sempre para a noite anterior e o que pude ter feito de mal. A brisa noturna era anormalmente fria esta noite. Empurrei meus livros mais acima em meu ombro e me dirigi para o dormitório. Era quase um quilômetro, mas pensei que a caminhada era um bom exercício. Não usei a caminhonete de Miranda.
-Dank, para. - Disse uma voz feminina, rindo na escuridão. Meu sangue se congelou. Detendo-me em seco, esperei para escutar mais. Certamente ouvi mal.
-Quero uma provada. - Respondeu uma voz profunda e familiar. Meu estômago se sentia doente.
-Não posso andar nua por aqui. Alguém pode vir. - Sussurrou a garota e logo deixou escapar um pequeno gemido.
-Abre suas pernas. - Respondeu.
Queria mover as pernas. Queria me afastar das vozes. Mas não podia. Minhas pernas não cooperavam.
-Justo aqui? - perguntou a garota sem fôlego.
-Sim. - disse, um pequeno gemido saiu dele. Sim, encontrava-me a ponto de vomitar.
-Ah, Dank. Umm, isso se sente tão bem. Sai correndo. Não olhei para trás.
Trabalhei todo o dia para compensar minha noite com Pagan. Esta noite, entretanto, tinha a intenção de passar com ela de novo. Entrei no parque vazio nos subúrbios da residência de estudantes de Pagan antes de aparecer. Leif se sentava no banco em frente à residência com uma perna cruzada sobre o joelho e os braços cruzados sobre o peito. O que fazia aqui ainda? Ela não o conhece nem o deseja. Agora que sua alma estava livre de sua demanda nem sequer podia recordar-se de uma semana para a seguinte. Dentro de uma semana, esqueceria o estranho tipo que pediu o seu café corretamente e a tinha interrogado. Tinha uma alma. Ele não. Nunca poderia haver uma relação duradoura. Um espírito nascido de Vodu nunca podia conectar com a alma que nasce do Criador. Era simples assim. Ele também sabia.
-Por que está aqui? - Não me incomodei em anunciar minha chegada.
-Porque lhe devia uma. - Foi sua única resposta.
Que demônios significa isso? Baixei o olhar para ele.
-Explica isso.
Leif encolheu os ombros.
-Não há muito que explicar Dankmar. Levou Pagan de mim. Nunca me recordará. Perdi tudo o que conheci e amei. Portanto, pensei que merecia a mesma coisa em troca.
Ainda não tinha sentido. Sabia que Pagan se encontrava a salvo. Já não podia tocar sua alma. Sustentava a vida de sua alma em minhas mãos.
-Nunca o escolheu. Escolheu a mim. Não tem poder aqui.
Leif ficou em pé e deu um passo atrás longe de mim. Nem ele nem seu pai gostavam de aproximar-se muito de mim.
Conheciam seu lugar no esquema das coisas. Meu poder era interminável, os seus foram conjurados pelas crenças dos seres humanos. O peso do poder estava pesadamente a meu favor.
-Digamos que estamos quites agora. Se tiver sorte, poderá averiguálo, mas o dano já foi feito. Adeus, Dankmar. - Leif olhou o dormitório de Pagan uma vez mais antes que desaparecesse.
Seu tom solene era a única coisa que me preocupava. Parecia preocupado por algo. Inseguro. Só tinha sentimentos para uma pessoa. Ninguém mais pesava em sua consciência. Pagan. Tinha que encontrá-la. Fechei os olhos e senti sua alma. Estava ferida. Encontrava-se no dormitório. Pisquei abrindo meus olhos para encontrar Gee de pé diante de mim.
-Está em grandes fodidos problemas. Não posso imaginar que seja exatamente, mas sei que tudo está fodido. - Gee negou com a cabeça e assinalou para a janela da habitação de Pagan. - Acredita que estava fazendo sexo selvagem atrás da biblioteca com uma garota. Para ela é evidente que foi você. A garota te chamou por seu nome e você respondeu.
Não é bonito.
Merda.
-Não é como se estivesse apaixonada por você. Já que não pode recordar quem demônios é, mas obviamente se sente traída. Está revoltada por não ter escutado seus instintos e está feliz por descobria a tempo. Os roqueiros são imbecis e são escória. Acredito que isso é tudo.
Deixei-me cair sobre o banco e afundei minha cabeça em minhas mãos.
Como demônios arrumaria isto? Eu tinha feito progressos. Quando a alma de Jay começou a conectar com a sua isto pesaria contra mim. Tinha encontrado um caminho em seu coração de novo. Mas agora? Pensava que havia me envolvido com outra garota?
Fora? Quando?
-Quando aconteceu isto? -perguntei a Gee.
-Entrou lançando tudo faz uns quinze minutos. Chamando-te por nomes muito coloridos que não sabia que ela era consciente de que existiam.
Estamos quites agora.
As palavras de Leif se repetiram em minha cabeça. Tinha estado observando a janela de sua habitação. Tinha estado atuando como se algo lhe incomodava. Pagan se encontrava triste. Ele sabia por que. Tinha feito isto. Afastei Pagan dele e agora me devolvia isso.
-Leif. - disse enquanto me voltava para olhar para sua janela.
-O que? Crê que estúpido feto vodu fez isto?
Assenti com a cabeça.
-Eu sei que o fez. Ele está se vingando.
-A merda com isso. Vou chutar sua bunda. - grunhiu Gee.
-Necessito-te ali com ela, Gee. Necessito-te para estar seguro de que está bem. Vigia-a. Tenho que encontrar uma maneira de arrumar isto, porque não vai me deixar estar perto dela neste momento.
Gee suspirou.
-Quero ir chutar seu traseiro vodu. Não escutar a uma mulher se queixando.
-Por favor, Gee.
-Está bem. Irei. Mas tem que pensar em algo para lhe dizer.
– Assenti com a cabeça. – Sei.
Gee se foi para fazer o que lhe tinha pedido.
uatro dias me esquivando de Dank e ignorando Gee quando tentava vê-la, começava a me desgastar. Isto era uma estupidez. Tive um encontro real com Dank Walker. Havia-o beijado um par de vezes e cai sob o carisma sexy dele. Toda garota se apaixona por um moço de uma banda em algum momento. Acontece. É a vida. Aprende-se com isso e se segue adiante. Estava preparada para continuar. Por que isso tinha me magoado tão profundamente? Exceto que na realidade ninguém tinha me traído. Mas era realmente traição? Não éramos um casal. Não tínhamos feito nenhuma promessa. Dank poderia foder a qualquer garota do edifício se desejasse. Eu não ia ter sexo com ele. Ele era atraente. Era lógico que isto ocorreria. Meu orgulho estava um pouco ferido, mas devia me recuperar. Passei o fim de semana estudando sozinha em meu quarto. Era a manhã da segunda-feira e Dank estaria em minha próxima aula. Eu sorriria, seria amável e distante. Não havia razão para atuar como se algo importante houvesse ocorrido. Não era como se ele tivesse me chamado o fim de semana ou enviado mensagens de texto. Estava segura de que ele sabia que eu descobri sua aventura, porque Gee sabia. Infelizmente, ela esteve ali justo depois do que eu escutei, assim viu minha reação imediata. Realmente, realmente, esperava que não tivesse compartilhado a cena com Dank. Teria que fingir, como se nada tivesse ocorrido quando o enfrentasse hoje. Tive expectativas muito altas em relação a esse romance e esse foi meu primeiro engano.
Ao abrir a porta de Cálculo recordei que a semana passada Dank levou os meus livros para mim.
Esteve me acompanhando à aula, eu montada na parte traseira de sua motocicleta. Vivi no lado selvagem por duas semanas. Já era hora de que me centrasse. Não observei a sala para ver se Dank já estava ali. Encontrei um assento vazio e me centrei em não buscá-lo. Se ele fosse se sentasse ao meu lado durante as aulas, possivelmente teria dificuldade em prestar atenção ao professor.
Deixei cair meus livros em minha carteira, tirei meu lápis e um caderno. Tinha-lhe devolvido seu notebook por Gee e lhe disse que se assegurasse que ele o tivesse de volta. Já não o necessitava. Isso era, é obvio, mentira, mas estava de saco cheio.
Logo, uma sensação de comichão percorreu minha espinha dorsal e sabia sem olhar que a sombra que tinha aparecido sobre minha carteira pertencia a Dank. Maldito seja.
-Posso me sentar aqui? - Sua voz era rouca e sem humor.
Estávamos rodeados de gente e o professor se dirigia à parte dianteira da sala. Não era como se eu pudesse me negar sem fazer uma cena. Para não mencionar o fato que o alertaria de que sua aventura sexual incomodou-me.
-Claro. - Respondi-lhe com um sorriso forçado e me centrei nos números que o professor começava a escrever na lousa.
Tinha que sentar-se tão perto? Não podia me concentrar com seu aroma ao meu redor. Eu já sabia que cheirava delicioso. Não precisava recordá-lo.
-Vai me olhar? - perguntou.
Não, maldição. Não queria olhá-lo. Obriguei a minha cabeça a encontrar com seu olhar. Parecia triste. Não esperava isso. Por que estava triste? Embora não podia lhe perguntar aquilo. Não ia deixar que isto fosse mais longe. Eu tinha desenhado minha linha. Seguiria me encontrando com ele. Fosse como meu companheiro de aula ou como o amigo de minha companheira de habitação. Nada mais.
-Podemos falar? - Sua voz era suave. Não queria que ninguém mais o ouvisse.
-Não há nada sobre o que falar. Devo escutar ao professor se quero passar nessa matéria, - respondi-lhe com o mesmo sorriso falso.
-Pagan. - Começou a dizer e eu levantei uma mão para detê-lo.
-Se quer seguir sentado aqui então terá que parar agora. Ele assentiu com a cabeça.
-Sinto muito.
Odiei a maneira em que se estremeceu quando lhe falei com dureza. Eu só queria que se fosse. Não queria sentir nada no que se referia a ele. A aula transcorreu a passo de tartaruga. Quando finalmente terminou, não olhei para Dank. Tinha conseguido ignorá-lo toda a aula. O que foi fácil, já que ele não disse uma palavra. Coloquei minhas coisas em minha bolsa e me levantei. Dank seguia sentado em sua cadeira olhando para frente com um cenho franzido, vendo-se ridiculamente sexy.
Não deveria me importar que ele estivesse irritado. Não deveria me importar. Não deveria me importar, segui cantando para mim mesma enquanto caminhava pelo corredor e me dirigia para a porta. Eu não olharia para trás. Não havia nenhuma razão para fazê-lo. A dor em meu peito quando saí do edifício, deixando Dank sentado sozinho ali me incomodou bastante. Esfreguei minha têmpora com a palma de minha mão e segui meu caminho. Tinha aula em trinta minutos.
Não esperava ver Jay sentado nas escadas do meu dormitório hoje. Não me sentia de humor para nada, mas talvez ele estivesse ali para se encontrar com a ruiva. Ainda não sabia seu nome. Ela poderia ter sido quem Dank pegou na escuridão.
Sorri para Jay quando seus olhos se encontraram com os meus. Era um bom tipo. Ao menos foi um dia. Não atuava como se estivesse interessado somente em você. Nem fingia na sua frente que era homem de uma só mulher. Tinha que lhe dar crédito por isso.
-Olá, Jay, – disse quando cheguei à escada. Não queria ter que evita-lo.
Jay se levantou, bloqueando meu caminho pelas escadas.
- Olá, Pagan.
Bom, já tínhamos trocado saudações educadas. Tinha tarefas para fazer. Comecei a caminhar ao redor dele, mas sua mão se aproximou e tomou minha mão.
-Espera. Queria falar contigo.
Bom, merda.
-Sobre o que? - Perguntei-lhe, olhando para a porta para lhe dar uma pista do que eu queria fazer.
-Sei que estraguei tudo semana passada. Fui um idiota. Mas isso é tudo o que consigo pensar durante duas semanas. Não posso tirá-la da minha cabeça. Por favor, só vem tomar um café comigo. Pelo menos, sejamos amigos. Sinto falta de você.
Miranda estava ocupada com Nathan todo o tempo e agora que eu não tinha Dank por aqui, me sentia sozinha. Um amigo não seria ruim. Com Jay eu sabia o que esperar. Era fácil para mim lê-lo. Não havia segredos, não tinha uma aparência tão sexy que me confundia.
-Amigos, está bem. Necessito de um amigo. Miranda passa mais tempo no campus da UT com Nathan do que aqui.
O grande sorriso tolo que costumava amar se formou na cara de Jay.
-Podemos ir tomar café agora? Ou tem planos com um livro?
Os livros podiam esperar.
-Deixe-me ir deixar esta mochila em meu quarto e já volto. Por favor, sinta-se livre para pedir a qualquer garota que passe por aqui um encontro. - Brinquei.
O cenho franzido de Jay apareceu e notei que ele não achou que fosse engraçado.
-Era uma brincadeira. Se formos ser amigos, então você tem que relaxar. – Disse, antes de abrir a porta e me dirigir ao meu quarto.
Uma vez que cheguei a minha porta, os sons de gemidos me impediram de girar a maçaneta. Encostei a orelha contra a porta e ouvi Miranda gritar de evidente prazer. Oh, merda. Estava tendo sexo com ele. Apoiei-me longe da porta e me aproximei da porta de Gee e golpeei suavemente.
Gee abriu a porta e se aproximou tirando uma bola de algodão de sua orelha.
-O que, não quer entrar e ver o show pornô? - perguntou Gee.
-Em realidade não. Posso deixar minha bolsa aqui? Jay está me esperando para ir tomar café.
Gee franziu o cenho e assentiu com a cabeça. Estendeu a mão e agarrou a bolsa de minhas mãos.
-Sim, está bem. - Qual era seu problema? Era só minha bolsa.
-A quanto tempo estão ali? - Perguntei-lhe olhando para meu quarto, onde um grunhido me fez tremer. Não queria escutar isso.
-O suficiente. São como coelhos. Coelhos Fodendo.
Pobre Gee, apanhada aqui, escutando.
-Quer ir tomar um café comigo e Jay?
Gee arqueou sua sobrancelha perfurada e negou com a cabeça.
- Não, obrigado. Estou bem. As bolinhas de algodão funcionam.
-Bom, se estiver segura.
Um "OH, Deus" de Miranda ecoou pelo corredor. A garota estava louca. Queria ficar aqui presa? Aproximei-me da porta e a golpeie.
-Coloque uma meia na boca, Miranda!
Gee negou com a cabeça e fechou a porta enquanto eu caminhava pelo corredor.
Jay se encontrava em pé junto à porta, me esperando. Também estava sozinho. Surpreendente.
-Lamento haver tomado tanto tempo. Miranda e Nathan estão em nosso quarto... - Interrompi-me.
Jay riu.
-Sim, bom, me alegro que tenham mudado sua festa para cá. Já estou cansado disso.
-O que? Quer dizer que esta não é a primeira vez?
Jay negou com a cabeça.
-Não. Nem por indício.
Não podia acreditar que ela estivesse tendo sexo selvagem com um menino que acabara de conhecer. Não é de sentir saudades que estivesse desaparecida durante tanto tempo. Movia-se muito rápido. Teríamos que ter um bate-papo sério sobre isto. É a primeira relação que tinha depois de Wyatt e saltou para parte física em menos de duas semanas.
-Não tinha nem ideia.
Jay encolheu os ombros.
-Acontece. Realmente são loucos um pelo outro. Nathan fala dela sem parar. Possivelmente seja um pouco apressado para o sexo, mas parecem ser incapazes de manter suas mãos quietas.
-Sim, ouvi isso. Em várias ocasiões. - murmurei.
Jay golpeou meu braço com o seu.
-Não se preocupe por isso, Pagan. Alegre-se que, por fim, está vivendo depois de Wyatt. E honestamente, nunca vi Nathan assim com alguém antes. É normalmente desinteressado.
Isso fez eu me sentir um pouco melhor, mas ainda assim, somente em duas semanas?
-Ainda está saindo com Dank Walker?
Eu virei meus olhos.
-Eu nunca estive saindo com Dank Walker. Tivemos um encontro. Um. Logo esteve preparado para passar a uma nova garota.
-Está segura disso? - perguntou Jay esperando por minha reação.
-Sim, estou. Como lhe disse, foi só um encontro. Não foi grande coisa. Eu não era seu tipo. Você e eu já sabíamos.
Chegamos ao pequeno carro esportivo de luxo, que Jay ganhou de presente quando se formou na escola secundária. Não podia recordar qual era a marca. Só sabia que ele era apaixonado pelo automóvel. Acompanhou-me até meu lado e abriu a porta para mim. Deslizei-me dentro e fechou a porta.
Era cômodo. Sabia o que esperar.
ão queria falar comigo e não podia obrigá-la. Precisava ganhar sua confiança. Demônios, eu necessitava que me recordasse. Que nos recordasse. De pé na rua vi como Jay comprava seu café e se sentaram. Eram como dois velhos amigos. Tinha passado mais de um ano, entretanto se sentaram rindo e falando como se o tempo não tivesse passado. Ele foi um idiota em seu encontro, mas se negava a falar comigo. Era sobre isto que tinham me prevenido? Quando foi que Pagan começou a ter sentimentos por Jay?
-Não sente nada mais que amizade e afeto por ele. Pode-se ver daqui, - disse Gee, enquanto aparecia ao meu lado.
-Só resta esperar. Estava a ponto de recordar que sentia coisas por mim e agora nada. Não pode ser que só fale comigo em monossílabos e isso se tiver sorte.
-Esta é a prova, Dankmar. Sabia que ocorreria. Sua alma deve ter a oportunidade de decidir. Quando ela está com você, não tem a oportunidade porque seus sentimentos a consomem embora não possa recordar por que. Seu coração reage a você, sua alma o conhece.
Meus olhos ardiam. A dor me atravessou. Ela era minha, pertenciame, mas me odiava. Como se supunha que isto funcionaria? Justo agora, não tinha nenhuma possibilidade de ganhar seu coração ou sua alma.
-Deixa de ficar olhando-os, sentindo-se ferido e feito merda. Vai e faz algo a respeito. É Dank Walker. É a maldita Morte. Ele é uma alma humana. Pode fazer isto, anda, vá resolver.
Gee sempre era boa para um bate-papo. E tinha razão. Tinha que fazê-lo e encontrar uma maneira de recuperá-la.
Vim a ela como um humano e outro menino não ia roubar sua alma. Eu podia chegar a lugares que Jay nunca poderia.
-E se não recordar?
-Então fará que se apaixone por ti, de novo.
-Como fiz na primeira vez?
-Deixou-a entrar.
Deixei-a entrar, ver o verdadeiro eu. Não tive medo de lhe mostrar quem eu era. Nunca lhe tinha escondido o fato de que não era humano. Poderia não ter sabido que era a Morte, mas tinha pensado que era um espírito. Esta Pagan já não via almas perdidas que vagavam pela terra. O Senhor Vodu da morte já não estava sobre ela, isso estava esquecido. Tinha-a tratado como alguém mais que podia se romper. Mas minha Pagan era forte e não se escondia de nada.
É minha Pagan Moore. Sempre será minha.
Vi como deixou de escutar Jay e olhou ao seu redor. Dei um passo fora da sombra das árvores. Seus olhos me encontraram e pude ver a confusão neles daqui.
Pertence-me. Uma vez soube. Me assegurarei que o recorde.
A taça de café de Pagan caiu de suas mãos e o menino se levantou de um salto pelo quente líquido que corria por um lado da mesa. Isto era o que devia ter feito desde o começo. Já era hora de me assegurar que Pagan entendesse que não estava aqui por outra razão além dela.
Dank falou em minha cabeça. Como? Não estava ficando louca. Eu o vi do outro lado da rua. Ficou lá e falou na minha cabeça. Não pude me concentrar em nada que Jay disse no caminho de volta ao dormitório. Os dois tinham mancha de café na roupa. Podíamos inclusive ter algumas queimaduras, tudo o que pude fazer foi me desculpar. Não podia fazer mais que isso. Por que Dank tinha falado em minha cabeça, tinha falado em meus pensamentos. Era sua voz, ouvi-o alto e claro.
Detive-me na porta de Gee e bati duas vezes, mas não respondeu. Frustrada, fui ao meu quarto e comecei a abrir a porta, mas logo mudei de ideia e bati primeiro. Não queria ver o traseiro nu de Nathan. Ninguém respondeu. Abri a porta e entrei, a cama de Miranda era um desastre e decidi que não queria pensar nisso. Iria me focar em Dank Walker falando em minha cabeça. Era um mago? Isso soou estúpido, inclusive dizendo-o. Talvez estivesse em algo Vodu, porque escutei Gee dizer algo sobre isso mais de uma vez. Mas não tinha sentido.
A porta se abriu e Miranda entrou sorrindo de orelha a orelha.
-Estou tão malditamente apaixonada, - disse com um suspiro de felicidade e fechou a porta detrás dela. Inclinando seu rosto parecia brilhante e muito contente.
-Diria que vive com luxúria desde que conheceu esse menino. - Decidi ser honesta. Era iludida se ela pensava que estava apaixonada.
-Amo tudo o que vai junto com a luxúria, - replicou movendo sua mão.
Tinha certeza que isso não ia junto. Tinha experimentado luxúria com Dank, mas nunca o tinha amado.
-Sinto o de antes, mas Pagan não tem ideia de quão bom é.
-Por favor, se detenha agora mesmo. Não quero ouvir os detalhes de sua vida sexual, pude ouvi-los e fiquei muito consciente do que estavam desfrutando.
Miranda soltou uma risadinha e pulou na cama para cair de barriga para baixo e começando a cheirar seu travesseiro.
-É maravilhoso e cheira tão bem.
-É bom sabê-lo. - Respondi.
-Oh, ouvi que foi tomar um café com Jay. Como foi? - perguntou Miranda, abraçando o travesseiro contra seu peito.
-Tudo saiu bem até que meu café caiu e o derramei em cima de nós. Acredito que terminarei com uma bolha na minha mão. Queime-me bastante.
Miranda cobriu a boca.
-Oh não! Jay se incomodou?
Não tinha ideia de como reagiu Jay porque o único em que podia pensar era Dank... Em minha cabeça. Entretanto, não podia lhe dizer exatamente isso.
-Surpreendeu-se e logo riu. Não fez mais que isso. Tivemos que ir, assim poderíamos ir para casa e nos trocar.
Miranda começou a rir e não podia parar. Tive que sorrir porque era divertido. Muito possivelmente arruinei a camisa de Jay. Provavelmente deveria me oferecer para comprar uma nova.
-Haverá uma festa esta noite na casa da fraternidade. Posso levar quem quiser. Jay adoraria que você viesse. Mesmo que tenha queimado seu corpo.
Não queria enfrentar Vitória em uma festa de fraternidade, isso era algo que teria que fazer frente em outro momento. Além disso, Jay e eu éramos só amigos, ele acabaria com alguma garota e me deixaria sozinha. Não tinha vontade de suportar meninos bêbados toda a noite.
-Preferiria ficar aqui e poder terminar algumas tarefas e ir cedo para a cama.
Miranda suspirou e sacudiu sua cabeça.
-Está perdendo as coisas divertidas da universidade.
Tentei ter um pouco de diversão universitária, mas não tinha terminado bem.
Miranda ficaria na casa de Nathan depois da festa. Era provável de que isso se convertesse em uma tendência. Eu não gostava de estar sozinha de noite, mas imaginei que Gee ficaria ao meu lado. Encolhi-me debaixo dos lençóis e fechei os olhos. Justo quando começava a adormecer, os sons de um violão encheram meu quarto. Tratei de abrir meus olhos, mas não pude. O pânico começou a crescer. Ainda não estava adormecida. Por que não podia abrir meus olhos?
Só sou eu, Pagan.
A voz de Dank estava em minha cabeça de novo. Tinha que abrir os olhos. Algo andava muito mal. Então, ele começou a cantar a inquietamente familiar canção que tinha escutado em seu concerto. A canção que me enviou a um ataque de pânico. Desta vez não havia medo. Só calidez.
"Não estava destinada para o gelo. Não foi feita para a dor. O mundo que vive dentro de mim só trouxe vergonha.
Estava destinada para os castelos e viver no sol. O frio correndo através de mim deveria tê-la feito correr.
Entretanto, ficou se aferrando a mim. Entretanto, segue estendendo uma mão que afastei. Entretanto, fica quando sei que não é o correto para você. Entretanto, fica. Entretanto, fica.
Não posso sentir o calor. Preciso sentir o gelo. Quero sustentar tudo até que não possa sentir a faca. Assim que me afasta e eu grito seu nome. Sei que não posso a necessitar, mas você se rende de todos os modos.
Entretanto, fica se aferrando a mim. Entretanto, segue estendendo uma mão que afastei. Entretanto, fica quando sei que não é o correto para você.
Entretanto, fica. Entretanto, fica.
Oh, a escuridão sempre será meu abrigo e você é a ameaça para revelar minha dor. Assim vá, vá e guarde minhas lembranças. Preciso fazer frente à vida que era para mim.
Não fique e arruíne todos os meus planos.
Não pode ter minha alma, Oh, não sou um homem. O recipiente vazio que habito não é para sentir o calor que traz. Assim que a afasto e a afasto. Entretanto, fica.
Ooooooh. Entretanto, fica. Entretanto, fica. Entretanto, fica".
Decidi que minha forma humana era menos útil neste momento. Aproximei-me do campus seguindo Pagan em minha verdadeira forma. A que só as almas podiam ver. A que uma vez Pagan tinha sido capaz de ver. Ela dormiu profundamente ontem à noite depois que lhe cantei, dormiu. Não ser capaz de aconchegar-me junto a ela e abraçá-la tinha sido duro, mas ela não estava pronta para me aceitar ainda. Não faria algo que ela não gostasse.
Pagan se deteve em frente à zona de comidas do campus e olhou ao redor. Estava me buscando? Sabia que não procurava por Jay.
Está me procurando?
Ela ficou rígida e logo fez um pequeno gesto de assentimento.
Encontre-me no parque do outro lado da rua.
Não respondeu imediatamente, mas deu a volta para olhar ao parque. Fez um pequeno gesto com cabeça e a vi caminhar, diminuí o passo atrás dela.
-Por que posso senti-lo? Onde está? - perguntou em um sussurro.
Podia me sentir atrás dela. Isso eu gostei. Sua alma me reconhecia.
-Estou justo aqui. – Respondi, enquanto aparecia ao seu lado.
Saltou e deixou escapar um grito. Logo sua expressão de surpresa se converteu em um olhar zangado. Sua respiração voltou para a normalidade e fomos ao outro lado da rua, para o parque vazio a tão somente uns passos a mais.
-O que é e por que está em minha cabeça e como me cantou ontem à noite aparecendo do nada? - gaguejou sobre suas palavras. Sabia que ela pensava que dizer isso em voz alta era uma loucura.
-Não sou humano. Sabia isso antes.
Pagan elevou seus braços.
-Que diabos significava isso? Não era humano? Estava acostumada a saber isto? Tem que me dar algo que faça sentido, Dank.
Não estava manejando isso muito bem.
-Eu sei e se me der um segundo, farei – assegurei, ela pôs ambas as mãos em seus quadris e inclinou a cabeça de lado para fazer-me saber que esperava mais.
Não podia dizer-lhe que sua memória fora apagada. Essa era a única regra que tinha. Nunca disseram que não podia dizer que eu era a Morte. Bem, talvez houvessem insinuado, mas eles não disseram realmente. Não acreditaram que eu seria suficientemente valente para contar, por que
podiam supor que teria um problema para ganhar o seu amor. As regras eram que eu tinha que conseguir que se apaixonasse por mim outra vez e me escolhesse sobre a sua alma gêmea.
-A canção que lhe cantei ontem à noite. A que a incomodou no concerto. - Dei um passo para ela e se esticou. - Pode me dizer quais eram essas palavras? Recorda-as?
-Entretanto, fica?
-Sim, mas há mais palavras. Recorda-as? Qualquer delas?
Necessitava que recordasse algo. Algo do nosso passado para ser restaurado. Cantei essa canção para ela desejando que sua alma recordasse o que tínhamos tido.
-Não estava destinada para o gelo. Não foi feita para a dor. O mundo que vive dentro de mim só traz vergonha. Estava destinada para os castelos e viver no sol. O frio correndo através de mim deveria tê-la feito correr. - disse as palavras lentamente, tratando de entender.
-Sim. Está bem. Recorda alguma das outras palavras?
Fechou os olhos e negou com a cabeça.
-Estou tentando. - Então, seus olhos se abriram. - Não fique e arruíne todos os meus planos. Não pode ter minha alma. Não sou um homem. O recipiente vazio que habito não é para sentir o calor que traz. Assim que a afasto e a afasto... Entretanto, fica.
-Algo disso tem sentido para você? - Ainda me aferrava à esperança de que ela recordasse algo.
-Não. É muito triste e escuro. Nada disso tem sentido.
Suspirando, passei a mão por meu cabelo. Como se supunha que ia explicar lhe isto?
-Sabe o que é uma alma, Pagan? Refiro-me, realmente entende o que é uma alma?
Ela enrugou seu nariz.
-Sim, é o que há dentro. É o que é.
Assenti.
-E um corpo é a casa da alma. Uma vez que o corpo morre, a alma tem outra vida.
-Assim, é um desses crentes da reencarnação?
Não, não era um crente, conhecia os fatos. Sacudi minha cabeça.
-Não. Não acredito em nada. Sei que sua alma é quem é. Neste corpo e no próximo é você. Sempre será você. Eu não tenho alma, Pagan. Isto não é um corpo, não como o seu. Sou eu. Posso aparecer ante os humanos e posso caminhar invisível junto a eles. Escolho quem pode me ver.
-É como um... fantasma? Porque não estou acreditando nisso. Toquei-o, sei que é muito real.
Sorrindo pela primeira vez desde que tinha começado a conversa, neguei com a cabeça.
–Não, não sou um fantasma. Sou quem deve tomar a alma, meu trabalho é tomar a alma do corpo que já não a pode albergar. Tomo as almas para que possam habitar outros corpos.
Pagan estava me estudando cuidadosamente. Podia ver sua mente processando o que acabava de lhe dizer. Chamar a mim mesmo de algo que ela havia dito que odiava, não era o que eu queria fazer. Não queria que me odiasse imediatamente por meu título.
-Não entendo. Por que faz isso?
-Oh, pelo fodido amor de Deus. Tive que fazer isto na última vez e vou fazer desta vez. Parece melhor vindo de mim – anunciou Gee, enquanto saía de trás de uma árvore.
Pagan se girou para olhá-la.
-Gee?
-Sim, Peggy Ann, sou eu. Quem mais poderia estar escutando esta fodida merda?
-Gee, me deixe fazer isto. - Disse, não querendo que se metesse.
-Não pode fazer isto, Dankmar. Deveria ter mantido a boca fechada. Mas não pôde. Agora que começou isto e deve terminá-lo.
Gee voltou sua atenção para Pagan.
-Já temos feito esta canção e dança uma vez, mas lhe direi que foi um inferno do mais divertido desde então. O drama foi muito e a existência do Dank esteve em jogo. Mas desta vez não temos que nos preocupar sobre pessoas mortas e tudo isso.
-Gee, vá. – Eu exigi. Mas Gee era um dos poucos seres que não me temiam.
-Claro que sim. Mas primeiro me deixe esclarecer isto. Pagan, o atual título de Dank no grande esquema geral das coisas, é a Morte. Quando é sua hora de ir, este é o menino que se apresenta.
Pagan retrocedeu um pouco e desviou seu assustado para olhar para mim e para Gee. Esperei que discutisse ou chamasse Gee de mentirosa, mas não fez nenhuma dessas coisas.
- Pagan fale algo. - supliquei.
-Afaste-se de mim. - Ordenou, então deu meia volta e pôs-se a correr.
inha medo de dormir. Miranda tinha ido. Gee era... Gee era uma velha amiga de Dank. Dei um salto e corri para a porta do banheiro e fechei com chave o meu lado. Fui e fechei também com chave a porta de meu quarto. Não é que não lhes acreditasse. Dank tinha falado em minha cabeça, controlou meu sonho, e apareceu do nada. Ele era algo. Aceitar que é a Morte era mais fácil que pensar que era algo assim como um fantasma, um mago ou Deus não o queira, um vampiro. Eram criaturas místicas. Eles não eram reais. Mas a Morte, a Morte era real.
Poderia a Morte ser só o tempo justo que um corpo morre? A alma tinha que partir. É a Morte a que é chamada para tomar a alma? Não tem muito sentido. Acreditei-lhe. E estava com medo dele. Não é são para um ser humano ter uma relação com a Morte. Era o fim de tudo. Não estava preparada para morrer. Não queria voltar a vê-lo até que chegasse minha hora de ir. Esperava que não fosse até que estivesse muito velha e enrugada. Um golpe na porta do banheiro me surpreendeu e agarrei a ferramenta mais próxima que pude encontrar. Um apontador. Não muito ameaçador.
-Abre a porta, Peggy Ann, ou vou entrar. É muito fácil para mim.
Ela era também a Morte? Havia mais como eles? Todos cantam em bandas de rock ou se vestem como emos?
-Está bem. Não vou suplicar. - Disse Gee, enquanto aparecia em meu quarto.
-O que é? - Perguntei-lhe colocando rapidamente meu apontador diante de mim.
-O que vai fazer? Furar-me com um apontador? Sério? - Gee sacudiu a cabeça com incredulidade se aproximou e se sentou no extremo da cama de Miranda, logo saltou de novo. -Esqueci-me de toda a ação que esta coisa esteve recebendo ultimamente. Acredito que vou ficar de pé.
-Por favor, só vá para longe. - Supliquei-lhe.
-Primeiro, necessito que me pergunte a respeito de todas essas coisas loucas de merda que estão passando por sua cabeça. Não vais falar com Dank, assim fala comigo.
-É também a Morte? - perguntei, porque tinha que saber se devia estar rezando por minha alma e procurando o rosário de Miranda.
-A morte é um ser. Dankmar é a Morte. Ele foi e o será sempre.
-Por que o chama de Dankmar?
-É seu nome. Dankmar significa "famoso por seu espírito". Encaixa. Estava acostumado a ter só o nome de Morte. Uma velha senhora irlandesa o deu justo antes da partida de sua alma. Ela disse que merecia um nome mais apropriado.
Seu nome significava algo? Por que me disse isso? Ele era a Morte, pelo amor de Deus.
-Por que é cantor de uma banda?
Gee riu a gargalhadas.
-Essa é uma boa pergunta. Inclusive a Morte se aborrece. A cada poucas décadas é algo diferente. Tudo começou no primeiro século quando converteu-se em Gladiador. A lista é longa, mas os que mais me divertiu foi quando ele foi um pirata no ano 1500, um proscrito em 1800 e em 1920 era um gângster. Encontrou uma música que lhe atraiu nos anos oitenta. Assim agora, quando a Morte não está tomando as almas, é um cantor de uma banda de rock. Entretanto, passado um momento porá fim a isso também. Procurará outra coisa que ocupe seu tempo. Embora isso já tenha trocado recentemente.
-Assim que a Morte só caminha sobre a terra? Ele não tem outra residência? - Tinha sérias dificuldades para compreendê-lo.
-Sim. Só enche seu escasso tempo livre com passatempos.
-Então, o que você é?
-Sou uma transportadora. Tomo a alma uma vez Dankmar a tira do corpo. Suponho que para cima ou para baixo. Qualquer que seja o lugar a que esteja destinada. Os que vão ter outra vida. É bastante simples. Os seres humanos tratam de fazê-lo mais complicado do que é. O Criador não faz novas almas frequentemente. Só quando o número de almas más supera a quantidade de boas. Por exemplo, você é uma alma nova.
Eu era uma alma nova. Que estranho. As pessoas viviam sua vida sem saber se tinham vidas passadas. Sem saber se ia ter outra. Mas agora eu sabia que esta era minha primeira oportunidade. Minha primeira experiência. Não existia passado para mim. Isso era tudo, só tinha futuro.
-É tempo de ir? É por isso que Dank e você estão perto de mim? Vão tomar minha alma logo? - Esse era meu maior temor. Não quero morrer. Certamente se esta era minha primeira vida obteria mais que somente dezoito curtos anos.
-Não, Peggy Ann. Não é sua hora de ir para cima. Estaria disposta a apostar que é o único ser humano vivo que tem uma vida útil ilimitada.
-O quê?
Gee desprezou meu comentário com a mão.
-Nada, esqueça que disse isso. Só tenha por certo que não estamos aqui para leva-la. Entretanto, Dank está fascinado com você. Isso não a põe em perigo. Se tivesse que tomar sua alma, ele não seria capaz de fazêlo. Ele se rebelaria. O Criador logo a tomaria. Portanto, não está em perigo.
Fiquei sentada, tentando processar toda essa informação. Não a questionei. Isto tinha sentido. Era uma loucura como o inferno, mas tinha
sentido. Senti uma paz completa a respeito. Mas havia uma coisa que queria deixar muito claro. Elevei os olhos para me encontrar com os de Gee.
-Não quero ver Dank de novo. Ter à Morte como pretendente não é normal. Dou-me conta de que não estou em perigo, mas quero que me deixem em paz. Quero sair com meninos que não possam falar em minha cabeça e tomar as almas dos corpos. Eu gostaria de alguém que não fosse imortal. Dank é atraente. É difícil não sentir-se tentada. Se ficasse perto de mim, ficaria tentada e lhe deixaria aproximar-se. Não quero isso. Assim, por favor, vá.
Gee não respondeu. Não teve uma resposta engenhosa ou um comentário inteligente. Depois de uns segundos me olhou e se foi. Não deu adeus. Não Gee. E não Dank.
Tinha jogado e perdido.
Gee se sentou em silencio junto a mim. Fazia o que lhe pedi. Pagan tomou sua decisão. Inclusive antes que soubesse que devia tomar uma decisão. Nunca teria possibilidades de ganhar. Não me queria perto dela. Não queria voltar a ver-me. Não seria capaz de caminhar neste mundo a menos que estivesse trabalhando. Não podia fazer frente ao conhecimento de que ela estava aqui e não poderia lhe falar. Tocá-la.
Deslizei o colar que tinha me dado e o sustentei fortemente em minhas mãos. Era tudo o que tinha de Pagan... Pagan a que tinha me amado, que tinha me aceito pelo que eu era, e me queria de todos os modos. Não podia existir com qualquer lembrança dela. Tinha que deixar minhas lembranças para trás. Tinha que recordar quem eu era e o que estava destinado a fazer. Não viver mais no mundo humano.
-Quer que a deixemos em paz. - Não era uma pergunta. Só tratava de deixar que a confirmação se afundasse em mim. Faria algo por ela.
Queria fazê-la feliz. Ela não era feliz comigo. Não me amava. Alguma vez poderia me amar neste mundo em que sua vida não estava na linha da morte e não estivesse lutando por isso comigo a seu lado? Começava a acreditar que era impossível. Pagan tinha se apaixonado por mim durante uma época de sua vida, quando ela não tinha medo das almas. Quando tudo tinha sentido para ela. Ela me necessitava e eu tinha estado ali para protegê-la. E se me amasse pelas circunstâncias? E se isto tivesse sido o que Deus sabia desde o começo?
-Não sabe o que quer, Dank. Está confusa e assustada, - disse Gee com convicção em sua voz.
Eu gostaria de acreditar que tinha razão. Mas a realidade era que as coisas estavam diferentes agora. O laço que tínhamos formado já não era algo que ela sentia. Tinha medo de mim. Queria-me fora de sua vida. Pagan a que não tinha vivido toda sua vida vendo almas e tinha experiência nessas coisas, não queria me amar. Dar-se conta disso foi o pior tipo de dor.
-Não posso ficar aqui. Não me quer. Só sou a Morte para ela.
O quarto de Pagan estava às escuras e sua lenta respiração me disse que dormia. Aproximei-me de sua mesa e em silêncio pus o colar sobre o seu livro, aquele que uma vez tinha querido que eu tivesse, porque seu amor era interminável como o nó Celta. Era dela, não podia ficar comigo, mas, tampouco podia deixar que ninguém mais o tivesse. Era de Pagan. Esta era uma lembrança de mim que devia deixar com ela. Aproximei-me para estar ao lado de sua cama pela última vez. Permiti-me vê-la dormir. Do primeiro momento em que a tinha visto, observei-a enquanto dormia. Era uma tranquilidade que só experimentava com ela. Ensinou-me que eu era capaz de amar. Ensinou-me a rir. Ensinou-me o que significava apreciar algo ou alguém completamente. Eu gostaria de seguir adiante e sair de sua vida, mas o que tivemos sempre estará aí, me recordando do que uma vez tive. Quando chegasse o momento de abandonar este corpo, teria que encontrar a força para deixar que a única lembrança de mim, em sua alma, se perdesse para sempre.
-Adeus, Pagan Moore. - disse em voz baixa na escuridão.
ormir não fez as coisas mais fáceis, parecia que tinha tido um pesadelo. Dei a volta para ver a cama vazia de Miranda. Outra noite com Nathan. Tinha duas amigas aqui, alguém estava em zelo e sempre ausente e a outra não era humana. Estava realmente sozinha. Agarrei o telefone e passei pelos meus contatos até que encontrei o número de minha mãe. Precisava ouvir sua voz, devia ser nostalgia o que sentia.
-Pagan? Olá, querida, está bem?
-Estou bem, - lhe assegurei. Eu não era de ligar muito para casa. A única vez que falamos a semana passada foi quando ela chamou para ver como eu estava me estabelecendo.
-São sete da manhã. Não sabia que era capaz de estar acordada às sete da manhã.
-Ha. Ha. Tenho três aulas por semana às oito, muito obrigado.
-Oh, bom, isso explica tudo. Isto é algo novo. Tinha que lhe convencer com bacon pelas manhãs, para que se levantasse antes das sete e meia.
-Sou uma menina grande. – Respondi, sentindo um nó na garganta, falar com mamãe não melhorava a situação. Queria me encolher no sofá com ela e ver as reprises do CSI.
-Está segura? Porque algo parece mal.
-Só saudade. - Consegui dizer sem chorar.
-Oh, neném. Também sinto saudades! Está nostálgica? Poderia me visitar. Quer que a visite?
Não, eu não queria que ela viesse me visitar porque não poderia deixar que voltasse.
- Não. Estou bem, só queria ouvir sua voz esta manhã e lhe dizer que sinto falta de suas panquecas. Um latte caramelado simplesmente não é o mesmo.
Mamãe começou a rir no telefone. -Bom, tão logo chegue em casa para o feriado de Ação de Graças, terá panquecas a esperando.
-Obrigada. Posso seguir adiante com isto, preciso ir agora. Tenho que me vestir.
-Está bem. Não chegue tarde na aula. Chame-me a qualquer momento que deseje. É uma garota formosa, inteligente e encontrará seu lugar ai.
-Bom, falarei contigo logo. Amo você.
-Amo você também, querida. Adeus.
-Adeus.
Deixei cair o telefone sobre a cama e me levantei para ir tomar uma ducha. Meus olhos caíram no nó Celta de prata que tinha visto pendurando uma vez ao redor do pescoço de Dank. Estava colocado sobre a capa de meu livro. Comecei a agarrá-lo e me detive. Não estava segura de como chegou até aqui e por que estava ali. Disse-lhe que me deixasse em paz. Eu não gostava de pensar que podia estar em meu quarto enquanto eu dormia, assim, corri ao banheiro. Precisava sair deste quarto e entrar no mundo real onde as pessoas tinham corpos e não eram imortais, essa era minha opinião final. Quando abri a porta principal da residência de estudantes para me dirigir para a aula me detive e pude ver Jay, separou-se do corrimão onde tinha estado apoiado. Tinha café em suas mãos, mas eu sabia que não era para ele.
-Bom dia. - disse sorrindo e estendendo o café para mim. - Latte caramelado com leite.
-Obrigada, - respondi pegando o café? O que tenho feito para merecer serviço de café pela manhã?
Jay encolheu os ombros
. -Deu-me uma desculpa para vê-la. Miranda disse a que horas sairia esta manhã e pensei que poderia conseguir alguns pontos extras. Começar meu dia contigo é um bom começo.
Sorrindo, tomei um gole do café e logo suspirei em aprovação.
-Bom, obrigada. Isso é muito doce.
-Mas tenho outro motivo pelo qual vim. - Disse, esfregando as mãos. Esse era seu gesto nervoso. Conhecia-o bem.
-De acordo, mas podemos falar a caminho da minha aula, assim não chegarei atrasada? – perguntei, caminhando ao seu lado.
-Sim, é obvio. - Caminhamos pelas escadas e me dirigi para a calçada que conduzia à parte dianteira do edifício.
-Bom. Qual é a outra razão pela qual se levantou para vir me subornar com café tão cedo, esta manhã?
-Perguntava-me se havia alguma possibilidade de me dar outra oportunidade para um encontro. Só amigos, mas, bom, não só amigos. Quero passar um tempo contigo. Talvez nós pudéssemos ir comer e ir ao boliche. Estava acostumada a me chutar o traseiro no boliche.
Em circunstâncias normais teria sido um terminante não. Sentia-me sozinha. Necessitava amigos. Jay tinha sido meu amigo há vários anos. Passar um tempo com ele não era a pior ideia do mundo.
Isso era sem dúvida um passo adiante, pelo menos era humano. Não era tão sexy e seus beijos não faziam que meus dedos se curvassem, mas era suficientemente agradável. Não podia comparar outros meninos
com Dank. Era injusto. Ele não era um ser humano, portanto um ser humano não poderia competir com ele.
-Certo. Parece divertido. Quando quer fazê-lo?
Jay se deteve e me olhou como se não pudesse acreditar que acabasse de aceitar. Começou a caminhar de novo, sorrindo como se eu acabasse de lhe oferecer dinheiro em lugar de aceitar um encontro.
-Uh, amanhã à noite. Não temos escola na manhã seguinte.
Bem, necessitava algo que fazer.
-Soa como um plano.
Três semanas mais tarde tinha encontrado uma agenda padrão com Jay. Ele me trazia cafés três dias por semana e me levava às aulas. Íamos comer com Miranda e Nathan nas terças-feiras, ao boliche nas quintasfeiras, e sexta-feira de noite era jantar ou filme. Era exatamente como na escola. Tudo muito bem organizado e muito aborrecido.
A única coisa que tinha aprendido era que ter a alguém contigo todo o tempo não a tirava a solidão. Podia estar rodeada de gente, mas podia continuar sentindo-me sozinha. Algo faltava. Quase podia recordar o que faltava, mas justo quando estava a ponto de recordá-lo, esquecia-o. Simplesmente ia.
Esta noite ia a um grupo de estudo para minha aula de Literatura, a qual Dank já não assistia. Incomodava-me sentir sua falta. Não deveria sentir saudades. A emoção de entrar na sala sabendo que poderia estar ali, mas já não estava. Agarrei minha mochila e saí pela porta descendo pelas escadas. O forte chiado de um metal a todo volume e buzinas me detiveram. As pessoas começaram a sair dos dormitórios para ver o que acontecia. Aproximei-me da multidão perto da rua onde dois dos carros que tinham batido estavam imóveis.
A fumaça saía dos motores. O carro menor se encontrava virado. Escutei gente gritando e chamando o 911, enquanto outros choravam.
O rompimento do vidro atraiu a atenção de todos, provinha do automóvel que se viraram. O peso da caminhonete que estava nas janelas tinha sido muito. Ninguém se movia no veículo. Ouvi as garotas ao meu redor em seus telefones chamado e dizendo às pessoas sobre o acidente. Ninguém parecia saber de quem se tratava.
Foi então quando o senti. Não podia vê-lo, mas ele estava ali.
Ninguém parecia dar-se conta. Por que eu o fazia? Olhei entre os destroços, procurando qualquer sinal, mas não havia nada. O fato de que sabia que ele estava perto não me assustava. Se fosse honesta comigo mesma, queria vê-lo. O calor corria por meus braços e estremeci.
-Onde está? – eu sussurrei.
Não obtive resposta.
O calor só durou um curto tempo e logo se foi. As sirenes começaram a soar a todo volume e a multidão se moveu de novo. Estava confusa. E ele se foi. Encontrava-me triste. Não por que conhecesse alguém que houvesse morrido nesses veículos. Estava triste porque ele tinha estado perto, mas não fui capaz de vê-lo. Por que queria vê-lo? Andava algo mal comigo?
Abri o passo entre a multidão até que estive livre dos corpos que se apertavam, tratando de conseguir um olhar mais próximo do acidente. Tomando uma profunda respiração, aproximei-me e me sentei nos degraus. Estava segura de que nosso grupo de estudo não se reuniria esta noite. Só esperava que não houvesse alguém conhecido nesses carros.
Meu telefone começou a soar e o tirei para ver o número do Miranda piscar na tela.
-Olá.
-Oh, Meu deus. Graças a Deus que está bem. Acabo de ver os restos do acidente nos jornais e só disseram que aconteceu fora de nosso dormitório. Não deram mais informações, assim não estava segura. Jay já vai a caminho para aí. Chamei-o e disse que era seu trabalho ir até aí.
Não estava de humor para Jay esta noite. Queria só me encolher em meu quarto e tirar o colar que tinha escondido na gaveta. Dank o deixou comigo por uma razão e precisava entender o porquê.
-Estou bem. Não estou segura de que o deixem passar. Acredito que têm as estradas bloqueadas, mas o chamarei e lhe direi que estou bem. É horrível não saber quem são.
-Me chame logo que saiba, vá para dentro e fique a salvo, - disse Miranda com voz de comando. Sorri, concordei e desliguei.
Quando Jay chegou, os carros estavam sendo rebocados fora da estrada e a polícia declarava o condutor do carro menor como morto e já tinham levado o corpo. O passageiro do outro veículo também foi declarado morto. Tudo o que podia pensar era em Dank e em como tinha que viver através disso diariamente. Era algo de que nunca poderia escapar. Isso o incomodava? Sentia alguma emoção?
-Toma, lhe trouxe algo para comer, - disse Jay, enquanto subia os degraus do dormitório e se sentava ao meu lado. Não tinha sido capaz de me afastar do acidente, sentada vendo cada momento, cada soluço e lamento dos familiares que chegavam para que lhes dissessem que alguém a quem amavam estava morto. Tinha visto tudo. Eles iriam esta noite odiando à Morte, mas ele sabia que devia tomar suas almas. Podia entender sua dor, mas meu peito doía por Dank. Ele não causou o acidente, não escolheu que estas pessoas morressem. Eram os seus corpos que não podiam sobreviver. Não era sua culpa que suas almas não pudessem permanecer dentro de seu corpo, mas por causa de seu nome e seu propósito, as pessoas o odiavam. Neste evento, a vida de todos não era uma festa absolutamente. Era um ser e se só compreendessem que não era culpa da Morte...
-Pensei que não tinha comido nada, - disse Jay, enquanto pegava a sacola. O aroma de hambúrguer e batatas fritas saiu da sacola. Ele tinha razão, eu não tinha comido nada, mas meu estômago não estava o suficientemente forte para comer.
-Não acredito que possa comer algo, - disse em tom de desculpa. Foi amável de sua parte ter pensado em mim, mas esta noite só queria dormir, esquecer o que sabia e o que tinha visto. Tudo doía muito.
-Tem que comer algo. Vamos, vamos entrar. Ver isto não é bom para você.
Neguei com a cabeça. Tinha que ficar até que terminasse. Não podia me afastar ainda.
-Não pode entrar, é tarde. Nós deveríamos ficar aqui.
Jay se aproximou de mim e tomou minha mão entre as suas. De repente, não houve nesse instante agradar ou excitação. Meu corpo não reagia de algum jeito, ele não era mais que meu amigo.
stou farta desta merda depressiva. Está se tornando aborrecido. Não pode se deprimir pelo resto da eternidade. Especialmente quando nem sequer lutou por ela. Soltou a bomba a respeito de que termina com as vidas humanas e logo esperas que o aceite com os braços abertos. Isto não é uma maldita série televisiva.
Caminhava de um lado a outro fora do dormitório de Pagan. Eram três da manhã e tinha terminado minhas rondas. Vê-la esta noite, tinha tornado impossível que não voltasse quando terminasse.
– Sabe que tenho razão. Resistiu e feriu seus sentimentos e você se pôs todo melancólico e fugiu. Os homens são todos iguais.
– Cale-se, Gee. Não sei o que esperava que fizesse. Não queria voltar ver-me. Dei-lhe o que queria.
Gee fez um som de ânsia de vômito.
– Agora está sendo uma menina. Pobre Dank, não pode fazer com que Pagan o recorde, assim dá a volta e corre. Sua alma gêmea agradece. Sério, ele agradece. Agora ele não tem ninguém se interpondo em seu caminho com ela.
– Chega. Gee.
– O que seja, precisa conseguir um par de calças. Ela perguntou onde estava está noite. Sei que a escutou. Demônios, eu a escutei, e não sou eu que quero manuseá-la por todos os lados. Ela quer vê-lo, logo.
Parei e levantei o olhar para a janela onde sabia que ela dormia. Eu já tinha me despedido. Tinha-lhe dado uma vida normal tal como queria. Será me equivoquei? Se a tivesse forçado a recordar, se tivesse tentado com mais afinco que me amasse, teria funcionado?
– Esta é a coisa mais injusta de todas. Ela o ama. Só não pode recordar. Não porque sua mente esteja doente, ou seu cérebro esteja prejudicado, mas sim porque a Deidade tirou suas lembranças. Inclusive embora sua cabeça não possa recordar seu coração o faz.
Recostei-me contra a parede de tijolo e fiquei olhando o céu escuro. Seu coração triunfaria? Poderia seu coração ativar sua memória?
E se recordasse um dia e eu tivesse ido embora? O que, então? Só a perderia para sempre e ela pensaria que eu não a queria? Ou que eu não a amava?
– O que eu faço Gee?
– Lutar é o que deve fazer. Lutar.
– Não quero feri-la. Não quero machucá-la. Só quero que seja feliz.
– Nunca será feliz se não recordar.
A porta que ficava em frente à minha cruzando o corredor estava aberta quando entrei no corredor. Uma garota com grossos cachos negros e uma tez azeitonada estava sentada na cama, falando com Janet, que compartilhava o quarto com uma garota chamada Tabby. A garota com cachos me saudou com a mão, saltou e correu para a porta.
– Olá, não nos conhecemos ainda. Sou Baby e sim, de verdade é meu nome, por favor, não pergunte. Minha mãe fumou um montão de maconha. Janet disse que compartilha o quarto com sua amiga Miranda, que nunca está por aqui.
Sim, ela sabia muito sobre mim. Janet apareceu com a cabeça pela porta e seu cabelo estava envolto em uma toalha.
– Bom dia, Pagan. Desculpa a Baby e seu bate-papo matutino. Pode ser uma dor de cabeça.
Baby pôs os olhos marrons em branco e me sorriu. Não muitas pessoas eram mais baixas que eu, mas Baby com muita dificuldade media um metro e meio, que sua mãe fumasse maconha deve ter freado seu crescimento.
– Vai à festa Ômega esta noite? – Sacudi a cabeça, negando.
– Não tenho ideia do que é, – eu era um inseto social. Até recentemente estava começando a conhecer as outras garotas do dormitório.
– Ooooh, tem que ir. Os Ômegas fazem as melhores festas. Somente permitem garotas lindas. Entraria sem problema.
Não, obrigado. Tinha rechaçado todas as festas que Jay tinha me pedido que fosse. Simplesmente não me atrevia a participar. Não soava como algo no que estivesse interessada.
– Vai dizer que não. Nunca sai para nenhum lado, exceto se for com o bombom que aparece para buscá-la algumas vezes na semana, – disse Janet da cadeira onde estava sentada escovando seu cabelo.
– Oh, vamos. Será divertido. Podemos rir juntas de todas as loucuras.
Ia ter aula à tarde.
– Pensarei nisso, – disse caminhando pelo corredor.
– Foi um prazer lhe conhecer, – disse atrás de mim.
Ela era algo imperativa.
– Digo o mesmo, – respondi e me apressei para a porta antes que pudesse dizer algo mais. Definitivamente precisaria de um café antes de poder falar com ela de novo.
Gostaria que Jay estivesse lá fora me esperando com um copo de café na mão. Mas, pela primeira vez em semanas, não estava. Se me apressasse tinha tempo suficiente para parar por um café em meu caminho para as aulas.
– Dormindo até tarde, Peggy Ann, muito mau.
Parei e dei a volta ao escutar o som da voz de Gee. Estava sentada no capô de seu pequeno automóvel esportivo negro.
– Gee?
Pôs os olhos em branco.
– Até onde sei.
Caminhei para ela.
– O que está fazendo aqui?
– Tenho algo que lhe pertence. Pensei que o quereria de volta. Se não é uma má lembrança estava muita unida a isto.
Do que estava falando? Encontrava-se ao lado de seu automóvel quando colocou a sua mão no bolso e tirou algo e me estendeu a mão. Lentamente abriu-a e situado na palma de sua mão estava um pequeno broche de ouro. Era um coração de filigrana com pedras rosa pálido. Tinha visto isto antes. Meu coração golpeou contra meu peito, enquanto estendia a mão e o tocava.
– O que é? – perguntei separando o olhar do broche para a expressão curiosa de Gee.
– Acredito que sabe. Deve saber. Por que não toma este broche e o coloca em seu bolso? Pense nisso. Talvez seja uma lembrança que não possa recordar.
Agarrei o delicado broche. Via-se que era antigo, mas bem cuidado. Minha cabeça começou a dar voltas enquanto o sustentava. Tinha razão. Ali havia uma lembrança.
– De onde o tirou?
– Por que é curioso que deva me perguntar isso? Encontrei-o em seu quarto. Justo onde o deixou.
Como tinha encontrado isto em meu quarto? Não lembrava sequer ter colocado isto em qualquer lugar do meu quarto. Olhei-a de novo para lhe perguntar, mas já tinha ido.
Percorri um caminho com meu polegar sobre as pedras.
– Pode tomar isto e me dar isso depois que minha alma abandone meu corpo? Quero tê-lo comigo.
Uma aguda dor atravessou minha cabeça. Estendi a mão e agarrei o lado do automóvel para não cair.
– Eu te dei este broche. Disse que queria leva-lo comigo. Disse que poderia arrumá-lo e o meti em seu bolso.
Outra labareda quente disparou através de minha cabeça. Deixeime cair sobre o cimento. O que estava acontecendo? Havia lembranças unidas a este broche. Coisas que eu tinha esquecido. Deixei cair o broche em meu colo e agarrei minha cabeça com ambas as mãos enquanto a dor se fazia mais forte.
– Mas nunca voltou a me ver. Porque sua alma foi apagada da lista. A única razão pela qual me lembrei de ti foi por causa deste broche.
– Aaaaaah! – Chorei em agonia. Com cada lembrança que vinha à superfície, a dor em minha cabeça se fazia mais forte.
– Portanto, vim vê-la. Para ver o que acontecia a esta alma que era tão única.
Conhecia-o. Dank. Oh, Deus. Conhecia-o. Lágrimas nublaram minha visão, enquanto me encolhi em uma bola no chão duro. Ninguém poderia me ver metida em meio de dois automóveis. Mordi meu lábio para evitar fazer algum som, enquanto as lembranças se entrelaçavam através de minha mente em um só golpe. Cada toque. Cada momento. Tinha esquecido tudo. Um soluço me escapou e lutei contra o lamento crescendo em meu peito. Como o tinha esquecido? Amava-o. Ele era tudo para mim. Como pude esquecê-lo? Tinha-o afastado. Os soluços se fizeram mais fortes e deixei de tentar fazer silêncio. Entre o rompimento de meu coração e a explosão em minha cabeça fui incapaz de fazer algo mais que me murchar no chão e chorar.
Quarto estava escuro quando cheguei. Gee tinha me chamado aqui. E tudo o que ela havia dito era:
– É Pagan. – Eu havia vindo imediatamente, mas não esperava que fosse o dormitório de Pagan de onde estava me chamando. Percorri o quarto, e encontrei Pagan encolhida na cama dormindo. Nem sequer era a hora de comer ainda. As cortinas estavam fechadas e as luzes apagadas. Estava doente?
– Recordou. – Disse Gee, do canto do quarto onde ela estava sentada, me olhando.
– O que é exatamente que recordou? – Perguntei-lhe, dando um passo para a cama onde Pagan dormia.
– Tudo, parece-me. Infernos, não sei. Ela não falou. Não sei quão afetada está ainda. Se estiver ferida, mentalmente, espero que me extinga. Não posso viver com a culpa.
O pânico se apoderou de mim e corri ao lado da cama e me ajoelhei ao seu lado. O que Gee tinha feito? Ela não devia recordar tudo até que a Deidade decidisse que era o momento adequado. Eu tinha esperado que uma pequena lembrança voltasse para ela, mas nunca tinha querido lhe fazer dano.
– O que... Você... Fez? – Levantei meu olhar do corpo ainda pálido de Pagan e olhei para Gee.
– Se zangue. Por favor. Quero que o faça. Se ela estiver em mal estado, porque tomei uma decisão estúpida, não vou ser capaz de viver com isso.
A expressão solene de Gee não servia de nada. Gee nunca era séria. Estendi a mão e lhe tirei o cabelo do rosto com suavidade. A cor natural rosada de suas bochechas tinha desaparecido.
– Diga-me o que fez Gee. – Supliquei-lhe. Eu não podia ajudá-la se não soubesse o que tinha acontecido. Precisava uma explicação.
– Não estava lutando. Só a deixava ir. Ao diabo com isso. Eu não ia deixar que ela partisse tão fácil. Não é feliz com a chamada alma gêmea que criaram para ela. Está perdida sem você. Eu... eu lhe dei o broche.
O broche. Que eu tinha guardado para ela. Que havia lhe devolvido no último dia de São Valentim. Ela recordou a época em que eu vim por ela quando era menina. Tinha pertencido a sua avó. Queria que eu o guardasse e que o trouxesse para a sua próxima vida. Mas ela não morreu, então. O broche me tinha feito recordar o nome da garota.
Assim quando Pagan Moore esteve de novo nos livros para morrer, eu recordei-a, fui vê-la. Tinha curiosidade. Então, converteu-se em algo mais. Muito mais.
– O que aconteceu? – Perguntei-lhe, temeroso de tirar os olhos dela. Queria despertá-la. Assegurar-me de que tudo estava bem. Que sua mente não sofreu um trauma que seu corpo não pudesse suportar.
– Deixei-a com ele. Então me preocupei e retornei. Estava... Estava encolhida no piso com lágrimas correndo por seu rosto dizendo: "Me esqueci dele. Como pude esquecê-lo?" Trouxe-a até aqui e não se moveu nem disse nada. Só dorme.
Não podia confortar Gee agora. Não a queria perto de mim.
– Vai. Só vai, – disse sem olhá-la.
– Me diga quando estiver acordada. Preciso saber que está bem.
– Disse para ir, Gee. Já fez o suficiente. Deixe-nos. – Ela não discutiu. Foi.
Tomei a mão de Pagan e a sustentei na minha. Estava fria ao tato. Vi sua alma. Não foi danificada. Seu corpo não estava doente. Tudo era mental. Levei sua mão aos lábios e a beijei suavemente. Não devia ter acreditado em Gee. Sabia que faria algo estúpido quando ela exigiu que eu lutasse ontem à noite. Não pensei que faria algo tão prejudicial. Eu tinha um plano. Um que realmente funcionasse. Tentaria fazer que se apaixonasse por mim outra vez. Solucionaria isto.
Também ia assegurar-me de que ela soubesse que eu nunca tive sexo com outra garota. Queria esclarecer isso. Eu não gostava que isso nos sujasse. A mão de Pagan se moveu na minha e me tranquilizou. Esperei para ver se acontecia de novo. Estava despertando? Poderia despertar? Sua mão mal apertou a minha e a olhei desesperadamente, esperando por mais. Depois de uns minutos, não se moveu de novo. Elevei os olhos para olhar a seu rosto. Suas pálpebras pareciam azuis. Estava muito pálida.
Tinha que fazer algo. Eu tinha passado semanas sem abraçá-la. Ela não queria. Mas agora, eu precisava. Necessitava de Pagan a salvo em meus braços. Não podia ficar aqui enquanto ela jazia encolhida em uma bola, fria e pálida. A única coisa que podia fazer era esperar e lhe dar calor. Tirei as minhas botas e retirei o lençol antes de me deslizar atrás dela. Ela imediatamente rodou para mim e pôs suas mãos em punhos em minha camisa. Deixou escapar vários pequenos suspiros, logo calou uma vez mais.
Estava quente. Muito quente e algo cheirava maravilhosamente. Enterrei meu rosto no calor. O aroma se fez mais forte. Apertei-me mais a isso e percorri minhas mãos pelo calor para tocá-lo.
– Diga- me que isto significa que está bem, por favor, – sussurrou uma profunda voz na escuridão. O calor começava a falar. Lutei duramente para abrir os olhos. Estavam tão pesados.
– Essa é minha garota, abre esses olhos e me olhe, – disse a voz de novo. Conhecia essa voz. O pânico me atravessou e estendi a mão e lhe agarrei. Estava me deixando. Tinha me esquecido dele. Disse-lhe que se fosse. Não sei, não sabia. Lutei para abrir meus olhos e encontrar freneticamente uma forma de retê-lo aqui. Quando abrisse os olhos, teria ido?
– Shhh, está tudo bem. Estou aqui. Se tranquilize, baby. – Acalmoume e seus braços me rodearam, me aproximando dele.
Meus olhos finalmente se abriram e fiquei olhando ao peito contra o qual estava pressionada. Inalei profundamente. Este era Dank. Meu Dank. Este era o meu Dank. Estava aqui. Oh, graças a Deus que ele estava aqui. Retrocedi até que pude olhar em seus olhos.
– Está aqui. – Minha voz soou áspera.
– Sim estou aqui. – Respondeu. Seus olhos azuis brilhavam na escuridão. Conhecia esse brilho. Também sabia que brilhariam muito mais depois que tomasse uma alma.
– Não vá, – supliquei, apertando meu agarre na camiseta que tinha entre minhas mãos.
– Não vou. – Assegurou-me, logo me olhou nos olhos. –Você se lembra?
Sim. Recordava tudo. Os dois últimos meses se repetiam em minha cabeça. Essas duas semanas com Dank. Foi ele mesmo e não me recordei nada. Esforçou-se tanto por chegar até mim. Espera... A garota... A biblioteca.
– Explica à garota fora da biblioteca. – Disse, precisando escutar uma explicação porque sabia que existia uma. Meu Dank nunca faria isso.
– Tem este... menino, que não recordará, mas que acredita que a tirei dele, planejou para fazer que me odiasse. Queria que a perdesse também. Ele sabia que não era você mesma e se aproveitou disso.
– Leif?
Os olhos de Dank se abriram como pratos.
– Sim, Leif, mas Pagan... Supostamente não deveria ser capaz de recordar. Não tem alma. Porque é um espírito Vodu.
– Já sei, mas me lembro.
Dank apartou o cabelo longe de meu rosto e sorriu.
– Nunca encaixou no molde. Isto não deveria me surpreender. Subestimei-a de novo.
O alívio e o amor em seus olhos fizeram que me rompesse. Tinha-o tratado tão cruelmente.
– Sinto muito. Eu o amo, Dank. O amo muitíssimo. Não sei o que ocorreu. Não posso acreditar que o esqueci.
Dank baixou sua boca e pressionou um beijo em minha testa.
– Não se desculpe. Está tudo bem. Não tinha nada haver com isto. Foi a Deidade que fez isto. Tomaram suas lembranças.
Por quê? O que fiz de mal?
-O que fiz para que se zangassem?
Dank negou com a cabeça e apertou seu agarre sobre mim. Notei que minhas mãos seguiam agarrando punhados de sua camisa e as liberei, alisando a camisa com elas.
– Quando uma alma é criada, também é criado o seu par. Jay é sua alma gêmea. Não foi criada para ser minha companheira. Tinha que se religar com Jay e deixar que sua alma dissesse se pode viver sem ele. Tomaram suas lembranças para que a decisão fosse justa. Não sei como
recordou sem sua ajuda. Mas não podemos deixar que saibam. Terá que continuar como estávamos. Querem que escolha e agora a decisão já não é justa. Não quero que tomem suas lembranças outra vez.
Poderiam lavá-las de novo? Não. Não. Não queria isso.
– Então o que faço? Sair com Jay? Não quero sair com Jay.
Dank esboçou um pequeno sorriso e baixou sua boca à minha.
– Não quero isso tampouco, mas não posso perde-la de novo. Preciso que se lembre de mim.
Sua boca cobriu a minha e decidi nesse momento que o outro não era a coisa mais importante. Este era. Deslizei minhas mãos em seu cabelo e o aproximei mais. O primeiro contato com sua língua foi um sonho. Rodei sobre minhas costas e lhe puxei sobre mim, puxando seu cabelo. Queria estar coberta por ele. Precisava tê-lo perto. Tinha-o mantido a distância porque minha estúpida mente me tinha traído. Dank se deslocou e moveu seu corpo até que se encaixou perfeitamente sobre o meu. Seus braços descansavam a cada lado de minha cabeça enquanto sustentavam algo de seu peso. Não queria isso. Queria tudo dele. Abri minhas pernas, o que causou que seus quadris caíssem contra mim. Deteve-se de pressionar-se completamente. Separei-me do beijo.
– Por favor, Dank. Não se mantenha longe de mim.
Engoliu com dificuldade, logo lentamente baixou seus quadris até que sua ereção se pressionou firmemente contra mim. Gemendo um pouco pela nova sensação, balancei-me contra ele. Seus lábios estavam sobre os meus instantaneamente e sua língua acariciava o interior de minha boca com uma frenética necessidade. Balancei-me outra vez e deixei escapar um pequeno grito de prazer enquanto o formigamento entre minhas pernas disparava faíscas por todo meu corpo. Dank deixou escapar um gemido enquanto nossas línguas se enredavam entre si e desta vez foram seus quadris os que se balançaram contra os meus. A pressão foi mais intensa. Joguei para a cabeça trás e deixei escapar um som que nunca tinha feito antes. Os lábios de Dank começaram a arrastar
beijos sobre meu pescoço descoberto e se detiveram em minha clavícula. Logo a áspera pele de seus dedos tocou a sensível pele justo debaixo da borda da camisa. Comecei a ofegar desejando que não se detivesse. Sua mão se deslizou mais acima até que encontrou o fecho entre meus seios e o desabotoou facilmente. Empurrou, tirando o obstáculo fora antes de acariciar cada mamilo com seus dedos.
– Quer que eu pare? – perguntou em um sussurro rouco.
Neguei.
– Quero sua camisa fora, – disse, me observando por alguma reação.
– Bem, – respondi, me levantando para tirar, e o meu coração começou a disparar.
– Não eu quero tirar isso de você. - Disse me detendo.
Assenti e ele levantou a camisa por cima de minha cabeça. Suas mãos empurraram as alças do sutiã, até que não tinha nada me cobrindo.
Seu louvor fez que meu coração disparasse.
– Acredito que me lembro de dizer que eu gostaria de vê-lo sem camisa. – Recordei-lhe.
Um sorriso apareceu em seus sensuais lábios, agarrou a beira de sua camisa e a tirou.
Oh, meu Deus.
Estendi a mão e passeei os dedos sobre cada músculo definido de seu abdômen. Agora, isso sim era lindo.
– Vêm aqui, – disse, me recostando sobre o travesseiro outra vez.
As pálpebras de Dank desceram e me olharam com avidez. Queria seu peito nu pressionado contra o meu. Alcançando-lhe, deslizei minhas mãos atrás de sua cabeça e lhe trouxe de volta para baixo, até que pude
saborear seus lábios. Seu peito roçou o meu e lhe mordi o lábio inferior provocando um gemido de aprovação, enquanto o toque íntimo de nossos corpos nos unia mais. Este era o meu Dank. Já não me sentia perdida ou sozinha. Essa sensação que tinha me engolido durante as últimas semanas eu a entendia agora. Meu coração sabia que Dank estava longe.
agan não quis que nós puséssemos de novo nossas camisetas uma vez que eu finalmente parei às coisas. Quando ela tinha deslizado sua mão entre minhas pernas estive bastante certo de que ia explodir. Acabava de recuperar sua memória. Ela não estava pronta para isto ainda. Nós tínhamos ido mais longe sexualmente esta noite do que qualquer outra vez, antes. Eu queria facilitar as coisas e não apressá-la. A única coisa que nos salvou de levá-la muito longe foi o fato de que ela se sentia esgotada. Uma vez que nós paramos ela se encolheu contra mim e rapidamente adormeceu. Entretanto, inclusive a suave respiração de Pagan fez que seu peito subisse e baixasse contra o meu e criasse uma fricção que eu não podia ignorar. Cada vez que seus duros mamilos se esfregavam contra mim, meu controle decaía um pouco mais.
– Bom, parece que ela está bem. Memória intacta e tudo. – A voz de Gee me surpreendeu. Não esperava que voltasse esta noite. Atirei a manta em cima de nós.
– Sim, obrigado. Não é exatamente como queria que tivesse ocorrido.
– Então, não crê que poderia, oh, não sei, permitir a esta garota saber algo? Estive preocupada desde que saí daqui.
– Shhhh... Não a desperte. Está cansada.
– Aposto que está. Se vai acordar para ter sexo selvagem com a Morte. Precisa descansar.
– Isso não aconteceu. Cale-se. – adverti-lhe em voz baixa para não incomodar Pagan.
Gee pôs os olhos em branco.
– Sim, claro.
– Tem sua memória novamente. Ela está bem. Agora vai. – Gee piscou um olho e se foi.
– Deveria ser mais amável com ela. – Sussurrou Pagan contra o meu peito.
Maldita seja Gee. Tinha-a despertado.
– Sinto muito. Volte a dormir.
Pagan jogou sua cabeça para trás e me sorriu timidamente.
– Bom, eu gostaria, mas, acredito que precisamos pôr nossas camisetas. Despertar deste modo, me faz desejar fazer... coisas.
Saber que coisas queria fazer me fez palpitar mais forte. Ia ter que me levantar e tomar uma ducha fria.
– Sim, provavelmente é uma boa ideia.
Pagan se empurrou contra mim e rodou em cima mim. Ela se sentou arqueada e colocou ambas as mãos sobre meus ombros.
– Ou nós poderíamos fazer coisas.
Pagan sentada em cima de mim com seu cabelo caindo sobre seus ombros, seus seios ao ar, luzindo como uma deusa, era algo que nenhum homem poderia rechaçar.
– Que coisas você quer fazer? – perguntei enquanto estendia a mão e acariciava seu mamilo com meu polegar.
– Quero tirar nossas partes debaixo, – sussurrou e deixou cair seu olhar ao meu estômago.
Oh, maldição. Eu era um homem morto.
– Pagan, se nos tirarmos às calças, às coisas poderiam ir mais longe...
Ela levantou seus olhos para encontrar-se com os meus e inclinou sua cabeça para um lado e sorriu fazendo beicinho.
– Sei. Quero ir mais longe. Com você. Agora mesmo.
Todas as razões pelas que isto era uma má ideia atravessaram por minha cabeça enquanto ela se levantava e começava a tirar suas calças curtas. A calcinha de encaixe azul claro que vestia, tinha minha completa atenção. Deslizou seus dedos nos lados e se deteve antes de baixá-la. Por que se deteve? Arranquei meus olhos de sua roupa interior para encontrar seu olhar. Ela lambeu seus lábios nervosamente.
– Nunca antes estive nua diante de alguém – admitiu.
– Bom, – respondi, sentei-me e alcancei sua cintura atraindo-a para mim. – Não tem que ficar nua diante de mim agora se não está preparada. Mas se você quiser, então serei um homem muito, muito feliz.
Pagan riu suavemente.
– Na verdade você será uma Morte muito, muito feliz.
Dei-lhe uma dentada no lóbulo de sua orelha e a seguir lhe sussurrei:
– Assim é, e agora mesmo a Morte tem pensamentos muito, muito pecaminosos sobre você. Então, por favor, tire essas sexy calcinha e volte a subir nesta cama comigo.
Pagan tremeu em meus braços.
– Com toda essa segurança, é uma boa maneira de pedi-lo.
Ela se moveu para trás e a tirou lentamente por suas pernas até que estava completamente nua. Meu controle desapareceu. Levantei-me e a agarrei, apoiei suas costas sobre a cama antes de tirar rapidamente meu jeans e cobrir seu corpo com o meu.
– Está certa disto? – perguntei-lhe enquanto apartava seu cabelo longe do seu rosto e contemplava seus olhos. Eu podia sustentá-la justo desta maneira e ser feliz. Nunca quis pedir mais do que ela estava disposta a dar.
Pagan moveu seus quadris até que minha ereção esteve apoiada sobre suas dobras quentes.
– Desejo-o loucamente. – Ela gemeu enquanto me deslizava facilmente contra ela.
Levantando meus quadris deixei que a sensação de minha longitude roçasse sobre sua excitação. O calor escorregadio fez com que eu tremesse. Queria estar dentro dela.
– Por favor, Dank, por favor. – Pediu fechando suas pernas ao redor de meus quadris.
Eu não ia ser capaz de me conter. Precisava estar dentro dela tanto como ela me queria ali. Colocando ambas as mãos ao lado de sua cabeça me separei dela, até que estive posicionado em sua entrada.
Ela fazia suaves e pequenos gemidos que me fizeram vibrar fortemente com antecipação. Deslizando-me em seu interior deixei que o êxtase de estar envolto por ela me alagasse. O apertado calor era diferente de qualquer coisa que eu alguma vez houvesse sentido. Isto muito facilmente poderia converter-se em uma droga para mim se o permitia. O corpo de Pagan devia ser adorado, e eu com muito gosto o faria pelo resto da eternidade.
Dank e eu fizemos amor uma primeira, segunda e terceira vez antes que Miranda batesse na porta. Dank me beijou e desapareceu antes que me levantasse e abrisse a porta para ela. Ela tinha perdido sua chave fazia duas semanas e nós ainda não conseguimos encontrá-la.
– O que estava fazendo? Liguei e enviei mensagens de texto. Céus, garota é difícil falar contigo.
Miranda entrou simplesmente falando sem parar sobre Nathan sendo um idiota. Eu não podia me concentrar no que me dizia por que a compreensão de quem era Nathan me golpeou. Agarrei o batente da porta para me impedir de cair.
– Está me escutando? – perguntou Miranda. – Está doente, Pagan? Porque parece que está a ponto de desmaiar.
Sente-se na cama. Está bem. Sei o que está recordando.
Dank ainda estava aqui. Assenti para seu benefício, caminhei à cama e me sentei.
– Estou bem. Só enjoada. Você me acordou.
Miranda franziu o cenho e se deixou cair ao meu lado.
– Tem certeza?
– Sim, estou muito bem.
– Bom, então deveria perdoá-lo?
Perdoar a quem? Nathan? Estou confusa.
– Poderia explicar tudo outra vez? Essa coisa de estar enjoada não me deixou entender direito o que disse.
E sim deveria perdoar a Nathan porque ele é Wyatt. Não podia lhe dizer isso, é obvio. Mas agora queria ir abraçar Nathan e lhe dizer quanto senti falta dele. Ele pensaria que eu tinha perdido a cabeça. Não era de estranhar que eu gostasse tanto dele.
– Esta garota Siera. Chamou-o para que vá trocar sua lâmpada às seis da manhã e ele foi, Pagan. Levantou-se e foi arrumar sua luz. Ela não é uma idiota. Pode arrumá-la sozinha. Por que ele fez isso? Não entendo. Nós tivemos um incrível sexo quente ontem à noite e acordei com uma
nota dele dizendo que estaria de volta, que Siera o chamou porque sua lâmpada estava queimada e precisava ajuda para trocá-la.
Era estranho. Nathan precisava de algumas bofetadas.
– Tem todo o direito de estar irritada. Mas talvez tenha entendido mal.
Miranda encolheu os ombros e recostou sua cabeça sobre meu o ombro.
– Não acredito que você possa interpretar mal isso. Os meninos não prestam. Mas você sabe disso. Realmente você gostava de Dank e ele foi e se deitou com aquela garota. Logo Jay a aborrece. Posso ver em seu rosto. Também acredito que poderia estar deitando-se com Vitória de novo, só para você saber.
Bom. Espero que ele e ela fodam muito e muito.
Acariciei a cabeça de Miranda.
– Está tudo bem. Tudo isto terá sentido cedo ou tarde. Quanto ao Jay, se quiser a Vitória pode tê-la. Falarei com ele a respeito. Provavelmente está tão aborrecido comigo quanto estou com ele.
– Vejo que nem sequer se importa. Desejaria que ele não me importasse. Mas importa, Pagan. Importa-me muito.
Certamente que lhe importava. Se ele fosse Wyatt eu iria e lhe daria umas bofetadas e obteria a informação dele. Era estranho pensar que eram a mesma alma, o mesmo ser que agora era alguém mais. Alguém que eu não conhecia tão bem. Não podia escapar para dar umas bofetadas em Nathan.
– Vou tomar uma ducha e logo ir às compras, quer ir comigo? Preciso da terapia dos sapatos.
Dank estava aqui. Recordei. Não queria ir comprar sapatos. Desejava me sentar no colo de Dank pelo resto do dia. Bom, e beijá-lo e fazer outras coisas.
– Humm, talvez, entretanto preciso ir a um lugar mais tarde. Isto vai ser uma coisa de todo o dia?
Miranda levantou uma sobrancelha para mim.
– O que é exatamente tem que fazer mais tarde?
Poderia mentir, mas provavelmente me apanharia. Decidi ir com a verdade.
– Estou vendo Dank Walker outra vez. Tudo isso com a garota não passou de uma mentira. Era outro menino. Não ouvi as coisas corretamente.
Essa era a verdade.
As sobrancelhas de Miranda se elevaram.
– Está vendo o Dank Walker outra vez? Ele está de volta? Não o vi em semanas. Supus que tinha viajado com a banda.
Desloquei meus olhos ao redor da habitação me perguntando onde exatamente estava ele.
– Sim, ele está de volta. Não viajou. Voltou... –interrompi-me.
Miranda me olhou de uma maneira estranha.
– Certo. Bom. Vou me arrumar e você pode despertar para que realmente tenha algum sentido e logo iremos comprar sapatos.
Uma vez que Miranda fechou a porta do banheiro caí de costas sobre a cama. Merda. Não queria ir comprar sapatos.
O corpo do Dank cobriu o meu e seus lábios roçaram minha orelha.
– Irei ao trabalho. Se divirta. Mas esta noite, é minha. Vamos sair e nos divertir. Quero leva-la para dançar e a sujeitar da maneira que queria naquela noite no clube. Somente me prometa que usará essas botas marrons. – A voz de Dank era baixa enquanto falava suavemente em meu ouvido. Estremeci e deslizei uma de minhas pernas em cima de seu quadril.
– Mmm, está bem. Parece agradável.
Dank beijava um ponto sobre meu pescoço enquanto sua mão baixava e corria sobre a perna que eu quase tinha envolvido ao redor de sua cintura.
– Miranda vai sair logo. Tenho que ir. Não comece algo que não poderemos terminar.
Ri e baixei minha perna.
– Bem, está bem.
– Te amo, Pagan. – Disse ele contra meus lábios antes que saísse.
sperei fora da cafeteria em uma mesa com guarda-sol que Jay chegasse. Pensei que se falasse tudo aqui fora e lhe desse um tempo para processar, então isso se resolveria. A Deidade tinha arruinado com este encontro de almas as gêmeas. Se Jay não me queria e eu não queria a Jay, então não havia nenhum problema.
Dank estava em algum lugar do outro lado da rua, me olhando. Estava de acordo que isto poderia funcionar. Especialmente, se Jay saísse com outra garota. Mas Dank queria estar perto e sinceramente me sentia como se ele acabasse de retornar depois de uma separação muito longa. Não queria que fosse a nenhuma parte.
– Olá, Pagan. Já pediu. Teria pedido seu café. – disse Jay enquanto puxava a cadeira em frente a mim.
– Precisava de cafeína, – respondi.
– Senti sua falta na casa da fraternidade ontem à noite. Não é nada divertido quando não vem comigo.
Deixei minha taça sobre a mesa e o olhei com olhos frios.
– Jay. Sei que se diverte quando não estou ali. Também sei que tem toda essa diversão na cama ou onde seja que escolha fazê-lo com Vitória. Está tudo bem. Não estou zangada. Só quero expor tudo aqui e chegar a algum tipo de conclusão.
Jay se sentou ali com um olhar aturdido em seu rosto. Realmente não pensou que eu descobriria?
– Não quero terminar. Quero você. Sim, posso ter me enrolado um pouco com Vitória algumas vezes, mas isso é porque você nunca vem com nada relacionado ao ATO. Sou o único homem ali sem um encontro. Vitória está sempre sobre mim. Depois de uns goles é difícil de rechaçar.
Estou segura de que em algum lugar de todo esse discurso ele tinha razão.
– Nossos desejos e necessidades são muito diferentes. Precisa de coisas que não posso lhe dar ou que não quero lhe dar. Está perfeitamente bem que precise delas. Consegui-las de Vitória está bem para mim. Mas não quero fingir que temos uma relação quando tem sexo com outra pessoa. Não temos uma relação. Se alguém me convidar para sair e eu quiser aceitar, aceitarei.
Jay franziu o cenho.
– Quem a convidou pra sair?
– Isso não vem ao caso. Isto se trata do fato de que tem sentimentos por Vitória, porque é difícil acreditar que só pode querer se deitar com ela uma e outra vez, e não sentir nada.
Jay pôs os cotovelos sobre a mesa e afundou a cabeça entre suas mãos.
– Não sei o que está errado comigo. Quero você, Pagan. Eu quero. Mas ela se lança e não posso rechaçá-la.
Pobre homem, ele não tinha nem ideia.
Estirei a mão e acariciei a sua.
– Está tudo bem. Você a quer, ela o quer. Tudo está bem. Simplesmente desfrute de ser livre para estarem juntos. Não há razão para me ocultar isso.
Jay levantou a cabeça e me olhou.
– Você nunca foi normal. A maioria das garotas estaria gritando e vertendo o café sobre minha cabeça. Você só acaricia minha mão e me diz que minha atividade sexual está bem. Que vá e desfrute.
Pus-me a rir e me levantei.
– Foi você quem quis que houvesse algo entre nós. Não eu. Nunca senti nada parecido com amor. Se o houvesse sentido, então sim, estaria devastada. Mas, eu só gosto de você como um amigo, Jay. Quero que seja feliz.
Jay se jogou para trás em sua cadeira.
– Isto significa que não tenho outra oportunidade, não é?
Estava brincando? Neguei com a cabeça.
– Não, eu diria que ficou sem oportunidades. Esse navio zarpou.
– Podemos seguir sendo amigos?
Joguei uma olhada ao outro lado da rua e vi Dank apoiado contra uma árvore. Tinha os braços cruzados sobre seu peito e nos observava de perto. Sabia que ele escutou cada palavra.
– Podemos ser amigos distantes. Não passando momentos juntos, simplesmente nos saudando um ao outro ao passar.
– Nunca vou me perdoar por tê-la perdido, – disse Jay.
– Acredito que vai superar. Há alguém por aí para você. Alguém que não vai aborrecê-lo e que amará as mesmas coisas que você.
Ele negou com a cabeça.
– É certo que não é Vitória.
De certo modo não estava de acordo com ele, mas não disse nada.
– Adeus, Jay, – disse uma última vez, logo sai e me dirigi para cruzar a rua. Dank me esperava do outro lado. Seu sorriso fez tudo perfeito.
Saber que estava ali e sempre estaria, fez com que tudo estivesse bem. Cruzei a rua com os olhos fixos nele. A estridente buzina e o terror que encheu os olhos de Dank foram à única advertência que tive.
– Não, Pagan. Não se atreva a sair daí. Fique aí. Não saia de seu corpo.
Olhei para Dank, que parecia frenético. Seus olhos se encheram de lágrimas não derramadas.
– Por que está tão irritado?
– NÃO! Disse que não deixe seu corpo. Pagan volta para lá? – rogou Dank.
– Ela o deixou porque tinha que fazê-lo, Dankmar. Se controle e pense nisto. Você é a Morte, se acalme maldição. – A voz de Gee me surpreendeu. Tinha um timbre angélico que nunca tinha ouvido antes. Era quase gracioso escutá-la amaldiçoar.
– Algum de vocês me dirá por que estão irritados?
As sirenes começaram a soar e dei a volta para ver uma ambulância dirigir-se para nós. As sirenes da polícia se uniram e, de repente, nos vimos rodeados por um enxame de pessoas. Dois paramédicos correram para mim e se inclinaram aos meus pés. Que estranho. Baixei o olhar e me vi ali deitada... Oh meu Deus!
– Dank? – perguntei presa ao pânico quando vi um homem bombear meu peito e respirar em minha boca.
Dois braços quentes vieram ao meu redor.
– Está bem, Pagan. Vamos resolver isto. Vou resolver isto. Isto não deveria ter acontecido. Não estava nos livros. Eu saberia.
Não estava nos livros?
– Dank, eu estou morta?
Ele não respondeu imediatamente.
– Gee, distraia os paramédicos e a polícia. Distraia a todos. Vou pegar o corpo.
– Você fará o que? – perguntou Gee incrédula.
– Disse que para distraí-los, maldita seja. Vou levar o corpo. Algo está errado. Isto não deveria ter acontecido.
Gee assentiu e saiu correndo para a multidão gritando.
– Ajudem-me, ajudem-me, por favor. – Os agentes de polícia começaram a persegui-la e ambos os paramédicos olharam para trás para ver do que se tratava o alvoroço. Estava esquivando à polícia e gritando aos paramédicos que precisava respiração boca a boca. Que estava tendo uma reação alérgica. Voltei-me para jogar uma olhada em Dank e ele recolhia meu corpo sem vida. Agarrou-me a mão e já não estávamos ali fora. Estávamos caminhando por um ventoso túnel escuro que girava continuamente. Estava muito ocupada tratando entender o que acontecia para pensar em perguntar a Dank onde nos encontrávamos.
Então, saímos do túnel... em meu dormitório?
Dank pôs meu corpo na cama com cuidado, como se isso importasse. Já não estava ali.
– Bem. Tem voltar ali para dentro – disse me olhando.
– Hum, não sei como, – lhe respondi. Qual era o problema?
Dank se aproximou de mim e me agarrou as mãos. As suas estavam mais quentes ao tato agora.
– Pagan, me escute. Se sua alma for recolhida, então, te darão outra vida. Não vais ter esta idade de novo, dezoito anos. Teria que esperar até que amadureça para sequer me aproximar de você. Logo está a possibilidade de que me diga para ir. Já passamos por isso. Por favor, querida, por favor. Não me deixe.
– Não pode voltar para corpo, Dankmar – Uma suave voz e profunda encheu o quarto fazendo tremer as paredes.
Dank me empurrou atrás dele e se voltou para a voz.
– Isto foi um engano. Ela não estava nos livros. Se lhe levar antes do tempo então uma regra se romperá.
O corpo de Dank estava tenso como um arco. Disposto a lutar contra qualquer um que estivesse aqui. O fato de que sua voz fizesse tremer a habitação não era um pensamento reconfortante.
– Dissemos que ela tinha que escolher, – disse a voz.
– Ela escolheu, – gritou Dank.
Levantei a mão e apareci pelo canto, um homem alto de pelo menos dois metros e meio de altura, já que sua cabeça estava roçando o teto, olhou para mim com olhos de prata. Completamente prata, não havia pupila.
– Eu escolhi? – Chiei. Era maior do que pensava.
– Somos conscientes de sua escolha por Dankmar. Igual somos conscientes de outras coisas, também.
Senti que meu rosto e pescoço se esquentavam. Assim que eles sabiam... não havia privacidade? Decidi me ocultar atrás de Dank não era tão má ideia. Saí fora da vista do gigante.
– Não a obriguei a escolher. Ela nunca o quis – disse Dank com um tom defensivo. Realmente precisava deixar de incitar a este homem. Dank era grande... mas não tão grande.
– Somos muito capazes de determinar as coisas nós mesmos. Agora, se me deixasse terminar um pensamento completo antes de me interromper, Morte, isso seria muito apreciado.
Dank ficou ainda mais reto, e se estirou para trás para pôr sua mão na minha. Apertei com força, lhe assegurando que estava aqui. Ninguém tinha escapado comigo. Ainda.
– Pensaste no fato de que é uma mortal? Seu corpo vai envelhecer e morrer. Se negará a tomar sua alma quando seu corpo seja tão velho que já não possa funcionar?
– Prometeram-me que se ela me escolhesse, poderia conservá-la para a eternidade.
– Sim, fizemos e você também. Mas só há uma maneira? – Houve uma pausa e logo disse. –Vem aqui, Pagan.
Dank sustentou minha mão com força e me atraiu para estar junto ele. Não soltou minha mão.
– O que quer dela? O que vai fazer?
O homem olhou para mim e logo levantou sua mão direita no ar. Uma espessa névoa encheu o quarto e o som da água correndo rugiu em meus ouvidos. Apertei firme a mão de Dank. Uma quente comichão começou em meus dedos e lentamente se estendeu em toda minha alma. Não era desagradável, mas era diferente. Algo estava acontecendo. Um forte rangido me fez saltar e os braços de Dank me rodearam.
– Já está feito. Lutaste duro por ela, Dankmar. Acreditam que escolheu bem. Agora, presta atenção a estas palavras. Viverá o tempo que ande pela terra. Sua eternidade será a dela. Caminhará onde quer que você caminhe. Seu ser já não é a alma ou o corpo. Ela é como você é, uma espécie de Deidade. Pode aparecer em qualquer forma. É sua companheira. Sua alma já não está. Transformou-se. Responderá às normas estabelecidas no lugar, é sua escolha. Pode viver esta vida perto dessas almas que ama. Nunca saberão que mudou. Não podem. Sua aparência, para os humanos com os que guardam uma estreita relação, trocará à medida que eles troquem. Uma vez que ela esteja pronta para afastar-se da vida que leva agora, pode deixar de lado essas regras e caminhar como faz você, sem cuidado.
Não entendia muito do que acabava de dizer. Ao olhar para Dank o vi assentir.
– Obrigado.
Uma brisa rápida e logo se foi. Olhei de novo para cama, meu corpo se foi, também.
– Fui, ou ao menos meu corpo se foi, – disse Pagan, em um sussurro.
Sim, seu corpo humano se foi. Ela já não o necessitaria.
– Entendeu o que ele acabou de dizer?
Pagan começou a assentir, logo negou e depois encolheu os ombros.
– Talvez um pouco.
Pus-me a rir e me inclinei para beijar sua testa.
– Aparecerá como eu o faço. Miranda está a ponto de entrar por essa porta em pânico, buscando você. Verá você. Nada sobre você parecerá diferente para ela. Só eu posso dizer que já não é humana.
– Assim agora sou como você?
A porta se abriu de repente e Miranda entrou correndo e se deteve em seco quando viu Pagan.
– Pagan! Está viva. Está aqui. Graças a Deus. Jay disse que tinha sido atropelada por um carro e que os paramédicos chegaram e então houve uma comoção e logo desapareceu. Todo mundo está procurando você. Temos que lhes fazer saber que está viva. – Miranda afogou em um soluço e jogou os braços ao redor de Pagan. – Não podia perdê-la também. Perdi Wyatt, não posso perder você.
Meus olhos se encontraram com os de Pagan por cima do ombro do Miranda e um sorriso curvou para cima as comissuras de seus lábios. Tínhamos conseguido. Pagan não tinha que renunciar a sua vida e eu não tinha que renunciar a Pagan.
– Nunca me perderá. Posso lhe prometer isso, – disse Pagan, me piscando um olho antes de separar-se e apertar os ombros de Miranda. – Está bem? Não recordo como voltei para cá, mas voltei. Dank me encontrou. Acredito que possivelmente posso ter tido uma comoção cerebral, mas agora estou bem. Sério.
Miranda assentiu e beijou sua bochecha.
– Te amo, Pagan. – Pagan riu.
– Também te amo.
Guarda da segurança do clube me levou de volta ao dormitório onde Dank me esperava. Toda a coisa de só aparecer nos lugares era uma lição que Dank tinha que me ensinar. Sempre entrava em pânico no último minuto e terminava em lugares aleatórios, como os banheiros de uma estação de serviço ou o corredor do leite dos supermercados. Proporcionava a Dank entretenimento sem fim, com todos meus ensaios e enganos.
O guarda parou em frente a uma porta marcada como privada e bateu uma vez, e logo abriu a porta e se colocou de lado para me deixar passar. O quarto era similar à maioria dos quartos previstos para ele nos lugares onde o Cold Soul tocava. Havia um bar com bebidas e garrafas de água, e amplos sofás e cadeiras para sentar. As paredes estavam cheias de espelhos. Dank estava recostado no sofá, mas se levantou e se aproximou de mim, quando o homem fechou a porta atrás de mim.
-Por que demorou tanto? - Perguntou com um sorriso em seu rosto perfeito.
-Miranda e Nathan tiveram uma sessão de reconciliação em nosso quarto e não pude entrar até que o ruído acabasse.
-Ah, não posso dizer que a culpo. Necessitamos seriamente lhe ensinar como trocar de roupa a seu desejo. O único momento em que tiro minha roupa é contigo. O resto do tempo eu penso o que quero usar e minha aparência troca.
Pensei nisso e decidi que deixaria essa lição para mais adiante.
Minhas habilidades não eram geniais e o pensamento de que poderia terminar nua em público por que tinha feito algo errado, me aterrorizava.
-Não terá que me ensinar isso ainda.
Dank riu entre dentes como se tivesse lido minha mente e soubesse exatamente qual era o meu temor.
-Só me avise quando estiver preparada. Trabalharemos nisso.
Concordei, tomou minha mão e me levou até o sofá.
-Escrevi uma nova canção depois de que nós, uh, já sabe. – Me olhou e um tímido sorriso se desenhou em seus lábios.
-Depois de que tivemos sexo?
Dank negou com a cabeça.
-Não, Pagan, depois que fizemos amor. Não confunda ambos.
O prazer de suas palavras me percorreu. Eu gostava que este novo corpo ainda sentisse as sensações.
-Escrevi na manhã depois que fizemos amor. Entretanto, não a compartilhei com a banda, porque é pessoal.
Sentei-me e ele se aproximou e recolheu o violão deitado na cadeira junto a mim. Apoiou o pé na borda do sofá e deslizou a correia do violão ao redor do seu pescoço. Justo quando pensava que Dank Walker não poderia ser mais sexy ele me demonstrava que estava equivocada.
-Por que ri? - perguntou me olhando.
-Oh, só estou pensando que tenho o namorado mais sexy do planeta. A única coisa que poderia melhorar isto é se estivesse sem camisa.
Dank sorriu, e tirou a correia do violão por cima de sua cabeça e logo alcançou a prega de sua camisa e a tirou arremessando em meu colo. -Está melhor? - Perguntou enquanto passava a correia pela parte traseira de seu pescoço.
-Oh, sim. - Dank sacudiu a cabeça e riu.
-Isso é difícil para um menino, Pagan Moore. Estava me preparando para ser romântico e agora minha mente tem pensamentos perversos.
Inclinei para trás e cruzei minhas pernas e sustentei sua descartada camisa em meu nariz para cheirá-la. Pode ser que não devolva.
-Maldita seja. - Murmurou Dank enquanto me olhava. -Não acredito que recorde a letra da canção agora.
Tirei meu lábio inferior em um beicinho.
-Mas quero ouvi-la.
Dank fechou os olhos e acomodou o violão em seu joelho dobrado.
- Seus desejos são ordens para mim - respondeu sorrindo com os olhos fechados. Sua língua saiu e umedeceu os lábios. De repente ouvir a canção não era tão importante. Queria lamber seus lábios também.
Então, ele começou a tocar. Afastei meus olhos de seus lábios enquanto abria a sua boca. Nossos olhos se encontraram e sustentou meu olhar enquanto suas palavras se uniam à música.
“Luz do dia se desvanece enquanto lhe olho a distância.
Escuridão reclama o céu e desejaria que você pudesse somente sabê-lo.
Supõe-se que devemos estar a quilômetros, mas algo me atrai mais perto.
Supõe-se que devemos estar muito longe, mas a gravidade nos aproxima.
Mais perto de sua pele, rebeldia profunda dentro, lhe dei procuração de mim e parece que não posso nadar à superfície sem voc ê. Estou sob seu controle.
Me perguntando como chegamos até aqui, me perguntando como chegamos até aqui, e o lugar ao que devemos ir.
Oh, Oh, Oh, Oh, sim.
Ao lugar ao que devemos ir.
Oh, Oh, Oh, Oh.
Oh, Oh, Oh, Oh, sim.
As almas não estão destinadas para coisas como esta.
Nossos mundos não estavam destinados a se encontrar.
Estará melhor partindo enquanto tem algo para deixar atrás.
Supõe-se que devemos estar a quilômetros, mas algo me atrai mais perto.
Supõe-se que devemos estar muito longe, mas a gravidade nos aproxima.
Mais perto de sua pele, rebeldia profunda dentro. Lhe dei procuração de mim e parece que não posso nadar à superfície sem você, estou sob seu controle.
Me perguntando como chegamos até aqui.
Me perguntando como chegamos até aqui, ao lugar ao qual devemos ir. Supõe-se que devemos estar muito longe, mas algo me aproxima.”
No momento em que suas mãos deixaram de mover-se, estava levantando e alcançando seu violão, precisava abraçá-lo. Agora. Dank compreendeu minhas intenções e deslizou longe o violão e o baixou sem tirar os olhos de mim. Lancei-me aos seus braços, agarrei seu rosto e dava uma pequena lambida a seus lábios antes de deslizar minha língua em sua boca. Dank cavou sua mão em meu traseiro, me levantando, e envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura. Amava-o. Ele era meu.
-Estão nisso outra vez. Maldito seja, Dank tem mais ação que eu nestes dias. -A voz de Louve nos interrompeu. Estúpido baterista.
-Vai embora, - respondeu Dank, sem olhar atrás para o nosso intruso.
-Não posso, homem. Seguimos em cinco, – nos disse. Genial, tínhamos a toda a banda como público. Fulminei-os com o olhar por cima do ombro de Dank, o que só causou a risada de todos.
-Sentimos interromper sua hora feliz, querida, mas necessitamos do nosso cantor. – Louve me piscou um olho. Ele nunca teria piscado os olhos de novo se Dank não estivesse de costas.
Rubber o golpeou atrás da cabeça e murmurou,
- Idiota.
Dank me permitiu deslizar por seu corpo, mas manteve suas mãos firmemente sobre meu traseiro.
- Acredito que vou deixar este passatempo. É a única audiência que quero. E estes idiotas seguem atrapalhando meu tempo livre.
Olhei aos três meninos que formavam a maior parte da banda.
Tinham um tecladista, Jato, que logo que conseguiu aparecer justo antes que a banda entrasse no cenário. Ele estava incrivelmente drogado todo o tempo.
-Eles precisam de você e eu sempre estarei esperando ao lado do palco quando tiver terminado. Não renuncie a isto por mim.
Dank colocou um pouco de cabelo detrás de minha orelha.
-Enquanto você estiver me esperando, acredito que posso seguir com isto um tempo mais.
-Três minutos - anunciou Louve, nos recordando que ainda estavam ali.
Pressionei meus lábios contra os de Dank e lhe dei um beijo rápido e logo o empurrei para a porta.
-Vamos fazer isto.
-Quando começará deixar Pagan vir? - perguntou Gee enquanto entravamos no hospital.
-Não o farei. Ela pode ser imortal, mas lhe pedir que lute com isto é algo que nunca farei. - A morte não era fácil. Era uma coisa trágica para os humanos. Diferente de mim, Pagan havia sido humana. Ela entendia essas emoções, ainda as experimentava. As emoções eram parte dela. Por muito que odiasse estar longe, não queria trazê-la para este mundo.
-Ela é forte, Dankmar. A garota foi capaz de recuperar suas lembranças através de seu coração. Suas lembranças foram apagadas, mas ela as trouxe de volta e sobreviveu. Dê-lhe um pouco de crédito.
Sabia que Pagan era forte. Ela me amava. Amar à Morte não é algo que qualquer um possa fazer. Eu não era o portador de boas notícias.
-Esqueça isso, por favor. Quero recolher estas almas e voltar antes que Pagan e Miranda saiam para a sua noite de garotas.
-Bem, eu quero voltar antes que Louve termine derrubando-se com uma vadia ao azar em um banheiro. Todos nós queremos algo.
Ela seguia vendo Louve. Isso era fodido em todas as formas. Não queria nem pensar a que poderia levar. Gee era somente uma portadora. Não era uma Deidade. Não tinha o mesmo poder que eu para sair rompendo as regras.
-Isto segue sendo uma aventura, Gee? – Perguntei, enquanto estávamos fora do quarto do hospital onde soluços e dor nos esperavam.
-Eu gosto de seus rastas, de acordo? E toda a prática que teve deitando-se por ai tem lhe dado bastante experiência na área. É somente por diversão.
Não soou convencida. Isso não era bom. Trataria com isso mais tarde. Talvez Louve terminasse acabando com isto, e eu não teria que fazê-lo.
-Não é como se nos víssemos mais que um par de vezes na semana. Sei que ele o faz com outras o resto da semana. Estou bem com isso. Ele é humano, eu não.
Nada em seu tom apoiava sua afirmação de que estava bem. Ela se converteria em uma namorada ciumenta muito em breve. Deus ajude a esse menino sobreviver a isto. Ele nunca tinha aborrecido a uma imortal antes. Isto não podia ser bom. Quando entrei no quarto não vi a alma que tinha vindo recolher. Entretanto, o rosto familiar em pé na esquina abraçado a uma mulher chorando, chamou minha atenção. Jay estava solene, enquanto segurava firmemente a loira em seus braços. Reconheci sua alma. Era a que tinha sido incapaz de permanecer longe dele enquanto estava saindo com Pagan. Um resplendor translúcido se envolveu ao redor dos dois conectando suas almas.
-Bom, olhe o que temos aqui, - disse Gee, enquanto chegava a meu lado. Sua atenção concentrada no vínculo visível entre suas almas.
-Não tinha visto este vínculo entre eles antes, – disse estudando-os, enquanto Jay sussurrava palavras tranquilizadoras em seu ouvido.
A alma que tínhamos vindo recolher se afastou do corpo sobre a cama. Ele era jovem. Também era problema. Havia uma escuridão que o rodeava. A escuridão o marcava como perigoso. Esta alma não teria outra oportunidade. Tinha ocasionado problemas nesta vida.
-Oh, Oh. Temos um ovo podre, – se queixou Gee, enquanto eu dava um passo adiante para envolver a barra de ferro reservada para as almas zangadas, ao redor de seus pulsos. Proporcionava controle para o portador até que ela entregasse a alma a seu lugar de descanso final.
Lutar com as almas danificadas podia ser complicado. Uma vez tinha tido que as baixar eu mesmo, mas com o tempo descobrimos melhores maneiras de guia-las. Eu não gosto de perder meu tempo com viagens.
-Vamos, menino mau, vamos terminar com isto, – disse Gee.
Esta alma tinha sido o companheiro de Vitória. Agora que ele já não vivia a conexão se transferiu. A alma de Jay agora estava completa.
amãe fez um milhão de perguntas a Dank. Nunca me ocorreu, até que Dank falou em nosso caminho para cá, que quando minha memória foi apagada também foi a de minha mãe. Dank foi apagado da memória de todas as pessoas em minha vida. Miranda tinha se esquecido de Dank e Leif igual a mim. Embora minha memória fosse restaurada, a deles não. Fazê-lo seria perigoso. Saberiam mais do que deveriam. Agora Dank era o menino novo que eu havia conhecido na universidade. Também era o que cantava em uma banda de rock. Não tinha ficado contente quando o apresentei, mas Dank e seu carisma foram rapidamente conquistando-a.
Trouxe-lhe um copo de chá doce antes de me afundar na poltrona junto a ele. Esta era a forma em que se supunha que devia ser. Minha mãe o amaria muito em breve.
-Então, canta Rock? Consome drogas? - perguntou minha mãe, observando seu rosto por qualquer sinal de mentira.
Cobri minha boca para evitar rir.
-Não, não tomo nenhum tipo de droga e tampouco bebo. Nunca o fiz. Não é algo que me interesse.
Minha mãe o observou e entrecerrou seus olhos para mim. Não estava contente com minha óbvia diversão.
-E durante quanto tempo estiveram saindo? Porque pensei que estava vendo Jay novamente.
Dank se esticou junto a mim e dei uns tapinhas em sua perna.
-Jay estava apaixonado por uma garota chamada Vitória. Pensou que queria reavivar as coisas comigo, mas não funcionou. Não íamos bem juntos. Aborrecíamo-nos mutuamente.
Foi durante um breve período de tempo em que Dank e eu tivemos um mal-entendido e me neguei a falar com ele. Mamãe cerrou seus olhos em mim.
-Sabe usar camisinha não?
Desta vez Dank teve que tampar a boca com o punho para evitar rir.
-MAMÃE! Não pergunte coisas como essa. Prometo que se fizéssemos algo que o solicite, sim, usaria camisinha.
Minha mãe encolheu os ombros.
- Uma mãe não pode ser muito cuidadosa. Precisava me assegurar que pensava com claridade.
-Penso, mamãe. - Assegurei-lhe.
-Bem, isso é bom. Agora, me fale deste menino que Miranda está vendo. Ouvi que é um amor.
Estirei a mão e peguei a mão de Dank envolvi meus dedos com os seus. Tinha administrado o interrogatório de minha mãe com grande êxito.
-Bom, acredito que é muito possível que Miranda tenha encontrado o seu escolhido. - Disse e assim o tinha feito. Talvez não este ano nem ao seguinte, mas um dia eles terminariam casados. Nesta vida e em cada uma depois desta. O fato de saber que ia chegar a vê-los se encontrar e se apaixonar em todas suas vidas me fez sorrir.
Mais tarde nessa noite estava deitada em minha cama. Não tinha dado conta do quanto que tinha sentido falta do meu quarto até que puxei minha colcha sobre mim e o aroma de lar me golpeou. Já não precisava dormir, mas eu gostava de me tombar na cama de noite. Dank disse que era algo que era acostumado a fazer e que não devia deixar de lado nada que me fazia feliz.
-Isto nunca é chato, - disse a voz de Dank na escuridão. Girei-me para vê-lo sentado na cadeira em que estava acostumado a sentar-se para cantar para mim de noite.
-O que está fazendo aqui? - perguntei me sentando. Imaginei que estaria fora recolhendo almas.
-Estou a ponto de ir. Simplesmente não pude resistir vir aqui e vê-la metida na cama mais uma vez. Compreendi quando me colocaram uma noite neste quarto. Estava cantando para você e você dormia. Fez um pequeno som em seu sono, como se estivesse angustiada, e entrei em pânico e corri para seu lado. Tirou-me do braço durante seu sono e o pôs contra sua cara e voltou a dormir. Não queria me mover nunca. - Ficou em pé e se aproximou de mim.
-Soube então que nunca tinha compreendido o que os humanos chamavam de amor. Mas que se se tratava de algo um pouco parecido ao poder que teve em mim, então não era de admirar que o buscassem tão apaixonadamente.
Estendi minha mão e peguei a dele para deitar na cama comigo.
-Vais chegar tarde, - disse enquanto separava as mantas e puxava a sua camisa.
-Por quê? - perguntou Dank, levantando voluntariamente seus braços para que pudesse tirar de sua camisa.
-Porque depois de escuta-lo não posso deixar que vá até que tenha tido minha cota. Se dispa, Dankmar.
Abbi Glines
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