Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


CILADA DO DESTINO / Diana Palmer
CILADA DO DESTINO / Diana Palmer

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

CILADA DO DESTINO

 

Tia Lillian tinha começado tudo... “A vida do meu chefe está se esvaindo rapidamente. Seu último pedido é que um escritor escreva suas memórias” disse tia Lillian se lamentando. E ajudar um senhor idoso e doente parecia natural para Mari. Mas Burt Jessup não era nada velho, e muito menos doente!

“Pobre Mari”, disse a tia triste, “Estou preocupada com aquela criança, com seu estado de espírito e as cicatrizes emocionais”. Burt se compadeceu da sobrinha de sua querida governanta e a convidou para passar uns dias com ele na fazenda. Mas a mulher que chegou, não era mais uma menina desamparada! Embora eles soubessem que haviam sido enganados, não puderam lutar contra o poder e a mágica da flecha do Cupido...

 

 

-Você aparenta estar orgulhoso de si mesmo, Sr Burt Jessup, - comentou Lilian, num tom de reprimenda, enquanto trazia travessa cheia de carne, batatas e pãezinhos frescos para a mesa de jantar.

-E por que não deveria? A coisa vai indo muita bem, Vovó vai embora, ela não lhe contou? Vai ficar com minha irmã. Felizarda da Belinda. - Completou Burt, num tom irônico.

A governanta levantou os olhos para o céu e, num gesto teatral, brincou:

-Eu vos devo ter agradado, oh Senhor, pois todas as minhas preces forma atendidas.

Burt sorriu da cena, enquanto estendia a mão para alcançar a travessa de rosbife fatiado. Seus olhos verdes brilhavam ao provocar a leal governanta.

-Pensei que vocês eram grandes amigas...

-E somos mesmo, desde que eu corra o tempo todo, mantenha a boca sempre fechada e finja que gosto de cozinhar cinco refeições de cada vez.

-Olha, hein de repente ela pode desistir!

-Ah, meu caro, eu me demitiria. Ela só está aqui há quatro meses e eu acho que tenho disposição em aceitar aquela vaga de cozinheira dos Wade.

-Ora, você acabaria indo tomar conta dos gêmeos junto com Conchita. A Sra. Wade está procurando uma governanta...

Lilian olhou-o com azedume, puxando para trás algumas mechas de cabelo grisalhos, que pareciam combinar com seu tipo mignon.

-Eu gosto de crianças. E, por falar nisso, por que você não casa e tem uma meia dúzia?

As sobrancelhas espessas de Burt se ergueram um pouco e os olhos verdes ficaram alertas. Era um homem charmoso, de traços marcantes e temperamento forte. Não era difícil arranjar uma namorada com todos aqueles atributos, mas ele nunca se envolvia seriamente. Não, depois que Caroline o fizera de tolo, quase o levando ao altar, para desistir no último momento e se casar com seu primo Bud. Um casamento, aliás, fadado ao fracasso.seis meses depois, Bud e Caroline se divorciaram, dando margem a comentários.

-E, era melhor esquecer; essa lembrança machucavam.

Burt, num tom de brincadeira, continuou a conversa com a fiel Lilian:

-E o que eu faria com crianças? Santo deus veja só o que elas fizeram com o pobre Tyson Wade. Lá estava ele, um solteirão convicto e feliz, ganhando dinheiro aos montes, trabalhando no rancho e farreando nos fins de semana.Foi se casar com aquela modelo e perdeu tudo...

Ele recuperou tudo, com juros.E se disser mais uma palavra sobre a sra. Erin Wade, juro que o escaldarei vivo!

Ele deu de ombros.

-Bem, ela é bonita.Os gêmeos também.Eles se parecem um pouco com Ty.

-Você se lembra de como ele era rude, e até malcriado?

-Agora fez as pazes com você e até lhe deu aquela licença para explorar petróleo.sim senhor, o amor faz milagres.

-Só de falar nisso me dá arrepios. .-- ele estremeceu e encheu o prato novamente.

Lilian hesitou um pouco antes de entrar no assunto que realmente a interessava.Levara algum tempo maquinando aquele plano, e queria ter certeza de que tudo sairia conforme planejara.

-Burt... Sr.Jessup, estou com um problema grave...

Ele parou de comer e levantou os olhos.Ela parecia preocupada e um pouco insegura.Mostrando interesse, Burt incentivou-a a falar:

-Vamos lá, o que aconteceu?

Mudando o peso do corpo de um pé para outro, como se não estivesse à vontade ela afinal respondeu?

-É sobre a filha mais velha do meu irmão, Marianne.Bem morreu ano passado, você deve se lembrar.

-Sim.fui ao enterro dele.A esposa dele morreu alguns anos antes, não?

-Isso mesmo.Bem, Marianne e sua melhor amiga, Beth, estavam fazendo compras numa dessas lojas que ficam abertas a noite toda.Ao saírem da loja, enquanto atravessavam o pátio de estacionamento, um homem tentou ataca-las. Foi terrível.

Felizmente, elas não sofreram nada, mas, desde então minha sobrinha anda apavorada.ela que dizer, as duas ficaram doentes com o que aconteceu, e isso as deixou com cicatrizes profundas.

Cicatrizes emocionais profundas... - acrescentou ela, exageradamente, estudando a reação dele.

Ele se sentou mais ereto, atento.

- Sua sobrinha vai ficar boa, não vai?

Lilian torceu a saia antes de responder.

- Sim.Ela está bem fisicamente.Mas é com estado emocional dela que estou preocupada...

"Marianne..."Burt lembrou-se de uma foto que vira da sobrinha predileta de Lilian.

A imagem de uma moça de cabelos escuros e longos, olhos azuis e rosto oval voltou-lhe à mente.

-... Ela não e nenhuma miss, e nunca teve um namorado. seu pai era desses homens dominadores, cuja reputação mantinha os rapazes afastados.E agora então...Pobre Mari.Ela cuida da contabilidade do escritório de uma grande oficina, e trabalha quase só com homens.Disse-me que já chegou até a suar frio quando esteve perto de um homem.Ela precisa se afastar um pouco, sair da cidade, recompor sua vida.

- Pobrezinha -concordou ele, sincero, mas cauteloso.

- Ela tem quase vinte e três anos.O que vai ser dela? - Perguntou a governanta, olhando-o com o rabo do olho, e deliciando-se por dentro.

Ele ficou quieto, tentando achar uma solução.

- Bem, ela podia fazer uma terapia...

- Não.Ela não fala com ninguém.Eu sei que você precisa de mim, mas eu não posso dar as costas para minha própria sobrinha.Bem... eu estou disposta a deixar meu emprego e ir até ela...

- Oh, pelo amor de Deus, depois de quinze anos, você me conhece muito bem.Mande-lhe uma passagem aérea.

- Ela está na Geórgia... eu sei como você se sente a respeito de ter mulheres em casa.

- E daí? Tenho certeza de que ela é inofensiva.

- Bem, obrigada.Eu lhe pagarei de algum modo.

- Já que se sente tão generosa, que tal uma torta de maçã? Lilian riu.

- Em trinta minutos - respondeu e correu para cozinha como se fosse uma mulher com metade de seus 60 anos.

Seria capaz de dançar de alegria.Ele caiu direitinho! O primeiro ato estava prestes a começar!

"Perdoe-me, Mari”, pensou com seus botões e começou a planejar de novo.

Burt olhou para a porta da cozinha, completamente confuso.

Esperava ter tomado a decisão certa.Talvez estivesse amolecendo com a idade.Talvez...

- Minha cama estava mais desconfortável que moita de cactos - disse uma voz áspera e irritadiça da entrada da sala de jantar.

Ele se virou quando sua avó entrou, apoiada numa bengala.

Como o neto, também tinha olhos verdes, era gorda e tinha cabelos cor de champanha, que emolduraram seu rosto marcado pela idade.

Sorrindo, Burt perguntou-lhe:

- Por que a senhora não dormiu no estábulo? O feno é bastante confortável.

Ela o olhou furiosa e brandiu a bengala.

- Que vergonha, falar desse jeito com uma pobre velha!

- Eu tenho pena é de quem se colocar ao alcance dessa sua " arma".Quando a senhora parte para Galveston?

-Hum! você mal pode esperar para se livrar de mim, não é mesmo? - perguntou ela, ao se sentar ao lado dele.

-Oh não.Eu vou sentir a sua falta como a de uma praga.

-Seu grosseiro.Igualzinho ao pai! Ele também era um inferno para se conviver.

- E você é uma mulherzinha muito meiga! - Cutucou-a.

Ela se serviu de café.

-Acho que você herdou esse traço de seu pai.Ele o herdou de mim.espero que Belinda seja mais fácil de se conviver do que você e essa governanta com dentes de sabre.

-Eu não tenho dentes de sabre... -Lilian lhe assegurou ao voltar da cozinha, trazendo mais pãezinhos.

A sra. Jessup respondeu secamente:

- Tem sim.No meu tempo você seria enforcada numa árvore por insubordinação.

-No seu tempo, a senhora teria sido enforcada ao meu lado - retrucou Lilian, com sua língua afiada, e saiu da sala.

- Você vai deixa-la falar comigo desse jeito?

- A senhora não vai querer que eu entre naquela cozinha sozinho, vai? Ela guarda facas lá dentro.E um moedor de carne.Eu vi com meus próprios olhos.

A sra. Jessup procurou não rir, mas não conseguiu evitar.ela lhe deu um tapa leve, censurando-o:

- Seu palhaço! Não sei como o suporto.

Ele riu.

—È que a senhora não me resiste...Vamos, coma! Não pode viajar por metade do Texas com o estômago vazio.

Pousando a xícara de café perguntou:

- Tem certeza de que esse vôo noturno é uma boa idéia?

- Hum.hum! É mais sossegado, e, além disso, Belinda e seu namorado mais recente vão esperá-la no aeroporto.A senhora ficará bem.

-Espero que sim, - Ela olhou para a travessa de carne que estava sendo esvaziando rapidamente. - Me dê um pouco dessa carne antes que você a coma toda sozinho!

- O boi é meu - resmungou ele.

- Mas ele descende de um dos meus.Me dê aqui!

Burt suspirou, fazendo-se de derrotado.Entregou-lhe a travessa com uma expressão resignada e viu o sorrisinho de triunfo dela. Tinha que ceder, pelo menos de vez em quando, senão a avó ficaria impossível.

Mais tarde levou-a ao aeroporto colocou-a no avião. Ao voltar para o rancho, pensou em Marianne Raymond e em como seria ter uma mulher jovem em casa.

E jovem demais para ele, pois tinha apenas 22 anos... Inofensiva, graças a Deus.

Esperava apenas que tivesse feito a coisa certa.Senão, tudo ai ficar muito complicado Já bastava uma tentativa frustrada de Lilian que, com seu casamento, quase o deixara maluco, até que conseguisse detê-la.Mas até hoje, ela ainda o censurava por sua aversão ao casamento.

Como seria bom se ela parasse de pajeá-lo e o deixasse em paz... e solteiro.

Olhando para os campos de petróleo, seus campos, Burt sentiu orgulho.Enquanto entrava com o elegante Chrysler branco na rodovia, lembrava-se de quanto seu pai sonhara com um grande poço de petróleo.Mas fora ele quem o descobrira.Pedira dinheiro emprestado e investira tudo junto com um amigo.

Tiveram sorte, o poço foi encontrado.Depois disso, ele e o amigo seguiram rumos diferentes.E Burt Jessup tornara-se um rico explorador de petróleo, mas também um homem de negócios frio e calculista, com mente perspicaz e coração duro.

Homem amargurado e solitário que passara por experiências que o deixaram marcado.

sempre fora pobre, e como se isso não bastasse, sua família sempre foi olhada com desprezo e escárnio, por causa de sua mãe.Cansada da vida monótona do rancho, numa comunidade pequena como Ravine, fugira com o marido de uma vizinha, deixando os filhos para o ex-marido e a sogra.

Mas tarde, ela se divorciou e casou de novo, mas os filhos nunca mais ouviram falar dela.

Burt nunca a perdoou por abandoná-lo e passou a odiá-la quando, num dia de outono, anos depois, o pai saíra com um rifle na mão e fora encontrado morto, ao lado de sua caminhonete, segurando um pedaço de fita que pertencera à esposa.

Burt Jamais esqueceu a morte do pai, e nunca mais se lembrou que um dia teve mãe.

Mais tarde, quando caiu na armadilha açucarada de Caroline, aprendeu a lição final.

Agora usava as mulheres quando e como queria, sem se importar com sentimento e emoções.E cada vez que se sentia tentando a se aproximar de alguém, lembra-se de sua mãe e de Caroline.

Não! Preferia a solidão.Era uma companheira segura e confiável.

Entrou na alameda que dava acesso ao rancho Três Forcados e sorriu para os carvalhos que a margeavam, pensando em toda a história que havia nesse grande e vigoroso pedaço de terra.

Talvez vivesse e morresse sem um herdeiro, mas trataria de aproveitar bem até esse momento chegar.

Perguntou-se se o vizinho lamentava sua decisão de lhe arrendar as terras de pasto para que pudesse procurar petróleo, já que forma inimigos durante tantos anos.

É era espantoso como uma mulher podia mudar um homem, principalmente um homem como Tyson Wade.Ele abrandara o Gênio, tornando-se muito diferente daquele renegado, capaz de começar uma briga por qualquer coisa.Ela devia ser mesmo especial.

Sorriu ao pensar nisso.Não negaria ao velho inimigo um pouco de felicidade, não depois que ele lhe concedeu a licença para perfurações que queria desesperadamente há tanto tempo.

Era como um novo começo: fazer um contrato de paz com Tyson Wade e tirar sua extravagante avó de suas costas, sem derramamento de sangue.

Ele riu alto ao se aproximar de casa, e foi só quando ouviu a própria risada é que se deu conta de que já fazia muito tempo que não se sentia tão feliz.

 

Marianne Raymond não sabia o que esperar ao desembarcar no Aeroporto de San Antônio.Sabia que Ravine ficava um tanto distante, e que alguém iria apanhá-la. Mas, e se ninguém aparecesse? Seus olhos azuis vasculhavam curiosamente o interior do aeroporto.

O pedido da tia fora tão inusitado, tão estranho.imagine! Escrever as memórias de sr. Jessup, um homem tão corajoso, morrendo por causa de um mal incurável.

Para Mari era um prazer poder ajudar.Ela aproveitara a oportunidade para tirar uma merecida semana de férias.Tia Lilian dissera que o sr. Jessup queria gente jovem por perto, enquanto escrevia sua história.seria um bom exercício de redação, já que Marianne tinha ambições literárias, e recentemente até escrevera alguns artigos para um jornal da Geórgia.

Tinha até comentado sobre isso com a tia, que ficara entusiasmada com a história da pobre moça da cidade que foi assaltada pelo maldoso chefe de uma gangue e tinha pesadelos com o horrível assaltante. Mari estranhou o comportamento de Lilian, porque ela só pensava em casá-la com o primeiro candidato que aparecesse.Especialmente depois da morte de seu pai. Por isso, Mari só concordara em vir para Ravine por causa do "pobre" e "velho" sr. Jessup, mas, ainda iria se certificar de que sua tia Lilian não estava tentando casá-la com ele!

Marianne empurrou os cabelos para trás. Usava-os mais curtos, num estilo bem moderno, o que realçava seus traços delicados.Vestia um modelo reto, com listras azuis e brancas e carregava pouca bagagem, roupas que mal dariam para uma semana.

um homem alto atraiu sua atenção e, apesar da timidez que sentia pela maioria dos homens, ela o estudou abertamente.

Ele tinha traços marcantes, era musculoso e transpirava masculinidade. Usando um terno cinza, uma camisa branca aberta no peito, chapéu de vaqueiro e botas, parecia grande, forte, sensual e... arrogante.

Daqueles que não perdem, tomam o que querem.Quem sabe ela utilizasse o tipo para o herói de seu livro...

Logo, Marianne se deu conta de que ele a encarava, e depois de alguns segundos veio em sua direção.Ela segurou sua pequena mala com força quando o estranho parou bem a sua

Frente, apesar de ser alta, teve que olhar para cima para poder encará-lo.Tinha olhos verdes e frios.

- Marianne Raymond? - o indagou, num tom que não admitia enganos.

Ela se irritou com seu ar confiante e ergueu o queixo.

- Isso mesmo.Você é do rancho Três Forcados?

-Eu sou o Rancho três forcados.Vamos.

- De jeito nenhum. Não vou dar um só passo até você me dizer quem é e para onde vamos.

As sobrancelhas dele se ergueram.

- Eu sou Burt jessup. E vou levá-la para sua tia Lilian. - Controle-se, irritado, ao ver a expressão chocada dela, pegou sua carteira no bolso e mostrou-lhe a licença de motorista.-Satisfeita?

- Sim, obrigada. - Esse era Burt Jessup? Esse era um homem moribundo? Aturdida, deixou que ele levasse a bagagem e segui-o para fora do Aeroporto.Começava a ter o estranho pressentimento de que estava caindo numa armadilha.Mas logo espantou as dúvidas, ao se acomodar no luxuoso carro do "moribundo".

- Eu nunca estive num carro como este - comentou ela, afivelando o cinto de segurança, e tentando puxar conversa.

Marianne procurava ser um pouco menos hostil.Ele bem que merecia, mas ela precisava se lembrar da condição em que se encontrava o pobre homem, acometido por uma terrível doença.Sentia-se culpada por seus maus modos.

- Ele é mesmo uma beleza. Você já comeu?

- Sim, no avião, obrigada.

Ela cruzou as mãos em cima do colo e ficou em silêncio até chegarem à estrada. Os campos estavam cheios de flores coloridas e cactos.Mari também reparou em longas extensões de terra onde não havia muitas casas e árvores, apenas cercas infindáveis e gado por toda parte.

- Pensei que houvesse petróleo por todos os lados aqui no Texas - murmurou, olhando para a paisagem descampada.

- O que você pensa que são aqueles grandes gafanhotos de metal?

- Aqueles são poços de petróleo? Mas onde estão aquelas coisas grandes que parecem a Torre Eiffel?

Ele riu.    

- Meu Deus. Uma novata do Leste.A gente constrói uma torre quando está prospectando petróleo, meu bem.Não as conservamos para retirar o petróleo.Aquelas malditas coisas custam caro.

- Aposto que o senhor também não nasceu sabendo, sr Jessup - ela cutucou-o, fazendo cara de anjo.

- Claro que não. - ele se acomodou melhor no banco.

“Ele certamente parece muito sadio para um homem que está morrendo”, Mari pensou distraidamente.

- Eu já trabalhava com equipamentos de extração anos antes de possuir um - comentou ele.

- É um trabalho muito perigoso, não?

- É o que dizem.

Mari estudou o perfil, perguntando-se se alguém já o havia pintado.Então, se deu conta de que o estava encarando e voltou sua atenção para a paisagem.Era primavera, e as árvores estavam carregadas de folhas novas.

- Que espécie de árvores são aquelas? - quis saber.

-São algarobeiras.Elas estão espalhadas por todo o rancho, mas nunca toque em seu tronco. Elas têm longos espinhos por toda parte.

-Nós não temos esse tipo de árvore na Geórgia.

- Não, apenas pessegueiros, magnólias e afetadas fazendinhas de gado.

Ela o olhou irritada.

- Em Atlanta, não temos afetadas fazendinhas de gado,como o senhor diz, temos, isso sim, um turismo sofisticado e um bocado de investidores estrangeiros.

-Não discuta comigo, meu bem. Eu tive uma manhã dura e não estou com disposição para disputas verbais.

-Ah! É! E eu desisti de obedecer às pessoas adultas, depois que me tornei uma.

Os olhos dele a mediram com desdém.

-Você não se tornou. Ainda não.

-Eu vou fazer vinte e três anos este mês.

- Eu fiz trinta e cinco no mês passado.E, para mim, você continua sendo uma criança, mesmo que fosse quatro anos mais velha.

-Pobre velho decrépito - ela murmurou baixinho, achando que estava cada vez mais difícil sentir pena dele.

-Que hóspede interessante você vai dar, srt. Raymond.

Eu vou ter que providenciar uma sopa de giletes para manter sua língua afiada.

-E que péssimo anfitrião o senhor está me saindo.Não creio que goste disso.

- E eu não gosto de mulheres do seu tipo - ele respondeu num tom cortante, encerrando a conversa.

Mari se perguntou se ele sabia por que ela veio, mas concluiu que sua tia, provavelmente, lhe contara.

Virou para a janela e mordeu o lábio inferior.Estava sendo deliberadamente hostil com um homem que devia estar revoltado porque ia morrer.Ele pediu a Lilian para traze-las ao Texas.Até pagou sua passagem.Marianne devia animá-lo, ajudá-lo a escrever suas memórias, tornar seus últimos dias mais felizes.E, no entanto, lá estava ela, cutucando-o, desafiando-o como se ele fosse um velho rabugento.

-Eu sinto muito - disse depois de um minuto.

-Por que?

Incapaz de olhá-lo, ela repetiu:

-Eu sinto muito.O senhor me trouxe até aqui, pagou minha passagem, e tudo que fiz desde que desci do avião foi ser sarcásticas. Tia Lilian me contou tudo, sabe? Farei tudo que puder para que se alegre por ter me trazido até aqui. Eu o ajudarei no que for preciso.Bem...,Em quase tudo. Eu não me sinto realmente muito á vontade perto de homens -Acrescentou com um sorriso tímido.

Burt relaxou um pouco, embora não sorrisse.

-Não é difícil entender por quê - disse, depois de um minuto, e ele achou que sua tia havia lhe contado sobre sua educação severa.

- Mas eu sou o último homem no mundo com quem você precisa se preocupar a esse respeito.Minhas mulheres sabem como sou, elas não são muitas hoje em dia. Eu não tenho nenhum interesse por garotas da sua idade.Você é apenas um bebê.

“Que homem irritante e enervante”, pensou ela, surpresa com a declaração dele. Ela o olhou hesitante.

-Bem, eu também nunca tive nenhum interesse por velhos rabugentos com poços de petróleo. Pode ficar sossegado, Sr. Jessup.

Ele a olhou com uma expressão divertida.

-Não seja atrevida. Eu não sou tão velho assim.

-Aposto que suas juntas rangem e estalam - ela disse baixinho.

Ele riu, ao entrar na estrada que levava ao rancho Três Forçados.

-Só nas manhãs frias.Vou lhe dizer uma coisa, menina.Seja educada comigo, que eu serei educado com você, e as pessoas nunca vão adivinhar o que achamos um do outro. Está bem assim?

-Está bem.

Ela se sentia com remorso, pois tornara a irritá-lo e o que queria, na verdade, era animá-lo.

-Você é incomum.Parece sua tia - Ele a olhou intrigado.

-Minha tia é uma reencarnação do general Pacto. Ela seria capaz de ganhar guerras se lhe dessem um uniforme.

-Eu concordo.

-Obrigada por ir me buscar no aeroporto. Agradeço muito.

-Eu não sabia como você se sentiria, caso eu mandasse algum dos vaqueiros apanhá-la. Assim embora não nos conhecêssemos, eu achei que você ficaria mais á vontade se eu fosse buscá-la.

- Obrigada pela consideração - murmurou Marianne, encabulada.

Ao se aproximarem da casa, ele recomendou:

-Não conte á sua tia que estivemos discutindo. Ela ficaria preocupada. Ela matraqueou durante meia hora e até ameaçou se demitir antes de reunir coragem para sugerir sua visita.

Mari suspirou, sentindo-se comovida.

-Essa é minha tia!Uma mulher e tanto, que se importa realmente com as pessoas.

-Depois de minha avó, ela é a única mulher que tolero debaixo de meu teto.

-Sua avó está aqui? - perguntou ele curiosa, ao chegarem à enorme casa de cedro.

- Não, ela partiu a semana passada, graças a deus. Mais um dia com ela, e eu teria ido embora, assim como Lilian. Ela é parecida demais comigo. Nós só conseguimos conviver por curtos períodos.

-Sua casa é uma graça! - comentou ela, quando Burt abriu a porta do carro.

-Eu não gosto.Mas quando a velha casa se incendiou minha irmã estava namorando um arquiteto que nos fez um bom orçamento.Eu pensei que ele fosse um rapaz inteligente. Mas se revelou um daqueles construtores de Nova Onda, que gostam de fazer experiências. Os malditos banheiros têm banheiras rebaixadas e hidromassagem, e há um córrego dentro da residência...Oh, meu Deus, é um pesadelo de casa... Você pode acabar se afogando na sala de estar, ou ser arrastado até o rio.

Ela não pôde deixar de rir.Ele parecia realmente indignado.

- Por que não o impediu?

-Eu estive no interior do Canadá durante vários meses - falou, evasivo.

Burt não se explicou.Afinal, aquela mulher estranha não precisava saber de seus problemas, da sua fuga para aquela região, tão deserta, para se recuperar da traição de Caroline.

-Ainda assim, gosto dela... - insistiu Mari, e já ia começar a argumentar, mas foi interrompida por Lilian, que saiu de casa com os braços estendidos.

Marianne correu para ela, sentindo-se querida e importante depois de muito tempo.

-Oh, você está maravilhosa.Como vai você? Como foi de viagem? - Lilian enchia a sobrinha de perguntas e beijos.

-Eu estou muito bem e foi muita gentileza do Sr. Jessup ir me encontrar - Mari respondeu, acalmando a ansiedade da tia.Então se virou para Burt. - Obrigada mais uma vez, espero que a viagem não o tenha cansado demais.

- O que? - ele perguntou estupefato.

Lilian apressou-se em explicar:

-Eu disse a mari que o senhor tem trabalhado muito ultimamente, patrão.

-Vamos, querida, vamos entrar!

-Eu levarei a mala - ele disse intrigado, e seguiu-as para dentro de casa.

Mari adorou a construção, rústica, por fora e moderna por dentro, era grande e constante, e havia bastante espaço por todos os lados.Era o tipo de casa ideal para uma pessoa acostumada a viver ao ar livre.

A governanta comentou:

-Acho esta casa perfeita para Burt, mas pelo amor de deus, não lhe diga isso! E por favor, não deixe que ele perceba que você sabe sobre sua condição.

Você não falou nada sobre isso falou? - perguntou um tanto aflita, mostrando a Mari o quarto que iria ocupar e que dava para uma grande piscina e para um descampado sem fim.

-Oh, não, palavra de honra, mas como é que vou ajudá-lo a escrever as memórias, se nem mesmo posso falar no assunto?

- Nós trataremos disso oportunamente. Ele...hã...perguntou por que você veio?

Dando um suspiro de impaciência, Mari respondeu:

- Ele parecia achar que eu pedi para vir. É um homem estranho.Pensou que eu tivesse medo dele. Eu, com medo de homens!Parece piada! Especialmente depois do que Beth e eu fizemos naquela noite na loja - com o assaltante.

- Nunca conte isso a ele, por favor, Isso... O deixaria transtornado.Não podemos fazer isso.Poderia ser... Fatal!

-Eu não vou contar, juro, mas ele tem uma aparência muito sadia para um homem moribundo, não acha?

-Ele é um homem forte, muito forte a doença o está corroendo, mas jamais ele deixaria alguém perceber que está sofrendo.

-É um homem corajoso, esse Sr. Jessup - comentou Marianne com admiração.

Lilian estava sorrindo quando deixou o quarto.

Mais tarde, na cozinha, Mari perguntou à tia:

-A irmã dele gosta desta casa?

-Oh, sim, mas o patrão a odeia!

-A irmã dele é parecida com ele?

- Fisicamente não, mas, em temperamento, sem dúvida.Os dois são irritáveis e têm um gênio terrível.

-Você mencionou que ele tem um secretário...- Mari comentou, ao passar o rolo numa massa de torta.

-Sim. David Meadows é um jovem eficiente, mas não gosta de ser chamado de secretário.Ele gosta de se considerar um assistente administrativo - concluiu Lilian, com um sorriso.

- Eu vou me lembrar disso.

Lilian terminou de cortar as maçãs para a torta.Afinal precisava manter Burt de bom humor, e a melhor maneira de fazê-lo era enchendo-o de mimos.

-Eu não sei o que o patrão faria sem ele, David mantém tudo em ordem por aqui, desde a contabilidade, até entrevistas e telefonemas.O patrão fica fora a maior parte do tempo, Viajando pelo mundo, fazendo negócios com petróleo.Na semana passada, ele esteve na Arábia Saudita, e na semana que vem, ele vai para a América do sul.

-Essas viagens todas devem ser cansativas, não é perigoso para ele, nas condições em que está?

Por um momento, Lilian ficou sem saída, então sorriu.

-Oh.Não, o médico disse que é até bom para ele, ele vai com calma, e isso afasta sua mente de outras coisas.Mas Burt nunca fala sobre isso.É um homem fechado.

-Ele parece terrivelmente frio, tia.

- É só camuflagem, ele é cordial e gentil, um príncipe de homem.Um príncipe! Agora, prepare está torta.Você faz as melhores tortas que já provei, menina, são até melhores que as minhas.

-Foi mamãe que me ensinou, eu ás vezes, sinto realmente falta dela. Especialmente no outono, nos costumávamos ir ás montanhas para ver a queda das folhas.Papai vivia sempre tão ocupado, mas mamãe e eu tínhamos espírito aventureiro, faz oito anos que ela morreu, e só um desde que papai se foi, Eu me alegro por ainda ter você.

Lilian procurou não se mostrar comovida, mas tinha os olhos cheios de lágrimas, dando as costas á sobrinha, resmungou:

-Trate de se ocupar.Não adianta nada olhar para trás.

"O passado é passado!”, pensou Mari, mudando o rumo de seus pensamentos.Sentia-se triste por causa de Burt Jessup, apesar de ser um homem intragável. Ouvira a tia falar sobre ele durante tantos anos que parecia que já o conhecia.Queria ajudá-lo...Se apenas conseguisse passar a semana sem deixá-lo zangado, ou aumentar seus problemas.

Marianne estava indo para outra sala para chamá-lo, quando sua atenção foi atraída pelo "rio" que atravessava a sala, iluminado por luzes coloridas submersas.Era uma decoração exótica, mas bonita, com plantas por toda parte e um riacho bem no meio da sala, largo o suficiente para se nadar nele.

Sem prestar muita atenção para onde estava indo, recuou alguns passos, quando, de repente, colidiu com alguma coisa quente e sólida.

Virou-se, ao ouvir o som de água se esparramando e uma imprecação furiosa.Quando se deu conta do que tinha acontecido, empalideceu.

-Oh.Sr.Jessup, eu sinto muito!- exclamou, apavorada, mas ao mesmo tempo, morrendo de vontade de rir.

Ele estava muito molhado, ensopado era a melhor descrição para ele, e, como se não bastasse, tinha um lírio no topo da cabeça, enroscado nos cabelos pretos.Estava em pé, embora a água lhe batesse no queixo, parecia muito grande e zangado.Quando tossiu e a encarou, Mari reparou que seus olhos verdes tinham o mesmo tom das folhas do lírio.

-Ora, sua... - começou a dizer, ao se mover na direção de “margem" acarpetada, com uma expressão ameaçadora no rosto.

Naquele momento, ninguém diria que ele era um moribundo, com a rapidez de um raio, saiu da água, molhando o carpete, e arrancou o lírio dos cabelos.Mari, de repente, se esqueceu das boas maneiras, das desculpas, e correu como se o diabo estivesse em seus calcanhares.

-Tia Lilian! - gritava, enquanto sentia que passos encharcados e imprecações a seguiam de perto.

-Tia Lilian, socorro! - tornou a gritar, quando passou pela porta de vaivém.

Ela se esqueceu, porém que portas de vaivém vão e voltam, e elas voltaram, batendo num homem alto, molhado e furioso.

Houve um baque surdo e o som de pedaços de louças se espatifando.

Lilian olhou para a sobrinha com os olhos arregalados de choque.

-Oh, Mari.Oh,Mari.

-Acho que o sr, Jessup talvez precise de ajuda, tia Lilian.

-Acho melhor começarmos a rezar, querida - Lilian murmurou nervosamente.

Ela enxugou as mãos no avental e abriu cautelosamente a porta de vaivém para espiar o que tinha acontecido.Burt Jessup estava sentado entre as ruínas de seu jogo de café, com cacos de porcelana espalhados á sua volta.Seu terno estava molhado e havia poças de água no chão, depois que ele se levantou, seus olhos soltavam chispas e o rosto estava rubro de fúria.

Ele encarou Lilian com uma expressão que dizia que o pior ainda estava por vir.E ela nem esperou ele falar nada para começar a se desculpar:

-Ela é realmente uma boa moça, patrão... Depois que a gente passa a conhecê-la melhor.

Burt correu os dedos nos cabelos empastelados, arfando pesadamente.

-Eu tenho um compromisso depois do jantar, mandei o resto de meus ternos ao tintureiro esta tarde, e reservei este para sair, só que eu não esperava nadar com ele.

-Nós poderíamos enxugá-lo e passá-lo - sugeriu lilian, sem muita convicção.

-Eu também poderia esquecer o maldito incidente - disse ele, friamente, olhando furioso para Marianne - Nada vai remediar isto sabe?

Ela engoliu em seco, sem saber o que dizer, quando a tia veio em seu socorro:

-Que tal uma torta de maçãs, acaba de sair do forno, com um pouco de sorvete?

Ele inclinou a cabeça para um lado e franziu os lábios.

-Acaba de sair do forno?

-Acaba de sair do forno.

-Com sorvete?

-Isso mesmo - prometeu ela.

Ele encolheu os ombros molhados.

-Vou pensar nisso - então, se virou e saio pelo corredor com passos largos... E molhados.

Lilian encostou-se na parede e olhou para sobrinha pasmada.

-Querida... Você pode me contar o que aconteceu?

-Eu não sei.Eu fui chamá-lo para vir comer, então vi aquele riacho artificial.Quando me dei conta do que estava havendo, ele havia caído dentro dele.Bem...Acho que eu empurrei sem querer.

-Não sei como você deixou de ver um homem do tamanho dele - Lilian balançou a cabeça e pegou uma vassoura no armário.

-Eu estava de costas para ele, entende?

-Se eu fosse você, nunca mais faria isso, se não fosse por aquela torta de maçã, nem eu poderia salvá-la!

-Sim, senhora.Oh tia Lilian, só espero que ele não pegue uma pneumonia por minha causa.Minha consciência nunca me daria paz!

Lilian deu-lhe umas tapinhas para consolá-la.

-Deixe disso! Ele é forte, sabe? Vai ficar bem.Por enquanto, quer dizer - apressou-se a acrescentar.

Mari cobriu o rosto com as mãos, sentindo um misto de alívio e divertimento reprimidos.

Burt Jessup era um homem e tanto.Pena que lhe restasse tão pouco tempo.

Achava que nunca se esqueceria da expressão do rosto dele quando saiu do riacho, e nem das batidas excitadas de seu coração ao fugir dele.Era novidade ser perseguida por um homem, apesar de doente, e emocionante se sentir desinibida na presença dele sempre fora tímida, mas com Burt era diferente... Sentia-se... Feminina. E isto era tão novo para ela quanto às batidas rápidas de seu coração.

 

- Eu não tive a intenção de empurrá-lo dentro da piscina.

Mari começou a desculpar-se no momento em que Burt entrou na sala de jantar.

Ele parou perto da porta e olhou-a, Seus cabelos agora estavam secos, espessos e lisos na fronte ampla, e suas roupas molhadas haviam sido substituídas por um jeans e uma camisa azul.Os olhos verdes estavam um pouco menos hostis que minutos antes.

-A sua tentativa de me afogar não foi numa piscina, mas num riacho de interiores. E srta. Raymond, eu agradeceria se você tomasse mais cuidado da próxima vez.

-Sim, senhor.

-Eu bem que lhe disse para não deixar que colocassem aquele rio dentro de casa - provocou-o Lilian.

Ele a olhou com fúria.

-Continue falando, que eu lhe darei uma aula de natação agora mesmo.

-Oh!Oh! Até logo, patrão - ela girou nos calcanhares e voltou à cozinha para apanhar o.

Resto da comida.

-Eu sinto realmente - murmurou Mari

-Eu também, espero que eu não a tenha assustado - disse ele.Inesperadamente.

Ela baixou os olhos, nervosa com as sensações que o olhar dele lhe despertava, mas não pode deixar de provocá-lo.

- É difícil, sentir medo de um homem com um lindo lírio na cabeça.

- Pare de me irritar - resmungou ele, puxando uma cadeira.

- Talvez seja bom o senhor colocar uma balaustrada nas “margens” do riacho - ela sugeriu ironicamente ao se sentar diante dele, com os olhos azuis brilhando de humor.

-Talvez seja bom você Manter um colete salva-vidas á mão - retrucou ele.

Impulsivamente, ela lhe mostrou a língua e viu a expressão de espanto dele.Com uma força desnecessária, ele desdobrou o guardanapo e o pôs no colo.

-Meu Deus, você gosta mesmo de viver perigosamente.

-Eu não tenho medo do senhor.

-Não é o que sua tia Lilian diz - comentou ele, com os olhos semicerrados.

Ela o olhou sem entender.

-Como é que é?

-Ela disse que você tem medo de homens.Por causa da terrível experiência que você e sua amiga tiveram.

Ela pestanejou, perguntando-se o que sua tia lhe contara sobre aquilo.Afinal, ter a bolsa roubada por um delinqüente juvenil com excesso de peso não bastava realmente para atemorizar a maioria das mulheres.Especialmente quando ela e Beth derrubaram o ofensor, bateram nele, recuperaram a bolsa e ainda o detiveram até a polícia chegar.

Muito vermelha, com a expressão de quem andou escutando atrás das portas, Lilian entrou na sala, balançando a cabeça e sorrindo ao mesmo tempo.

-Você sabe, querida Aquela experiência horrível que você teve!

-Horrível. - perguntou Mari, uma tanto espantada.

-Sim, horrível! Não podemos falar nisso agora!

-Não podemos?

-Não, á mesa.Não diante do patrão! - Lilian apontou com a cabeça umas duas ou três vezes.

-Você deu um mau jeito no pescoço, tia Lilian? - a sobrinha perguntou um pouco preocupada, sem entender os sinais da governanta.

-Não, querida, por que pergunta? Pronto! Coma um pouco de frango frita com purê de batatas! - Ela colocou as travessas diante da sobrinha e iniciou um monólogo que só terminou na hora da sobremesa.

-Acho que há alguma coisa errada com tia Lilian - Mari confidenciou a Burt, no momento em que Lilian voltou á cozinha para pegar o café.

-Hum, hum, também acho.Ela vem agindo de maneira estranha ultimamente.Mas não a deixe perceber que você notou.Conversaremos mais tarde.

A moça assentiu, preocupada, Lilian voltou segundos depois e parecia que tinha medo de deixá-los sozinhos.”Que estranho...” pensou Marianne.

Depois que terminou o café, Mari disse:

-Bem, acho que vou subir para meu quarto.Estou muito cansada.

-Boa idéia - disse Burt - Procure descansar um pouco Lilian aprovou animadamente:

-Sim.Boa noite, querida.

Ela se curvou para beijar a tia.

-Eu a verei de manhã, tia Lilian.Boa noite Sr. Jessup.

-Boa noite, srta.Raymond - ele respondeu polidamente.

Mari subiu silenciosamente e entrou em seu quarto.Sentou-se perto da janela e olhou para piscina vazia e para mais além da cerca de madeira, para os campos, onde o gado pastava.Estava perdida em seus pensamentos, quando ouviu uma batida á sua porta, Burt Jessup, entrou no quarto.

-Quer que eu deixe a porta aberta? - perguntou ele, hesitante.

Ela o olhou espantado.

-Por quê? Tem medo de que eu o ataque?

-Como é que é? Depois da experiência que você teve. Pensei...Pensei...

-Que experiência?

A expressão dele era francamente intrigada ao fechar a porta.

-Bem... Aquele homem na loja...

-O senhor está com medo de mim por causa daquilo? Eu compreendo que o senhor esteja fraco e debilitado,Sr.Jessup, mas prometo não machucá-lo!

Ele a olhou boquiaberto ,completamente pasmo, aquela não podia ser a mesma sobrinha de Lilian, e que diabos era aquela história de estar fraco e debilitado?

-O que?

- Não precisa ter medo de mim. Eu não sou realmente tão má quanto tia Lilian faz parecer. Afinal, sou apenas faixa vermelha, não preta. Eu só sentei em cima do homem até a polícia chegar. Quase não o machuquei...

-Epa! Você se sentou nele?

-Claro. Minha tia não lhe contou que Beth e eu o derrubamos para recuperar minha bolsa, e então batemos nele? Aquele delinqüente gorducho teve sorte de eu não o ter esfolado vivo.

-Você não foi atacada?

Ela deu de ombros.

-Bem, fui. Ele roubou minha bolsa.Só que não sabia que eu praticava caratê.

Os olhos dele se estreitaram e suas mandíbulas se contraíram.

-Oh, meu Deus! Aquela velha mentirosa.... Está me enrolando outra vez, e eu caí como um patinho!

-Como se atreve a chamar minha tia de mentirosa?! E que história é essa de cair como um patinho, depois de tudo que ela está fazendo pelo senhor?

-O que,exatamente,ela está fazendo,por mim?

-Bem,ela me trouxe até aqui,para ajudá-lo a escrever suas memórias,antes...do fim.Ela me contou tudo sobre sua doença incurável...

-Doença incurável? - berrou ele, sentindo o sangue ferver.

-Ela me disse que o senhor está morrendo e...

-Uma ova que estou!

-Ora, não precisa se fazer de corajoso e negar isso.Ela me contou que gostaria de ter pessoas jovens por perto para animá-lo.E alguém para ajudá-lo a escrever suas memórias. Como eu tenho planos de escrever um romance, e precisava de férias, aproveitei a ocasião e me propus a ajudá-lo.

- Ótimo, pode começar a praticar com o obituário de sua tia - resmungou ele, olhando furioso para o teto.

-O senhor não pode fazer isso com uma senhora indefesa, que só quis ajudá-lo.

-Não posso? Espere para ver! - ele rumou para a saída com passos decididos.

Ela correu atrás dele e se colocou na frente da porta.

-Oh,não! O senhor não pode!Vai ter que passar por mim.

-Como você quiser, Joana d’Arc - rosnou ele,segurando-a pela cintura.Então a levantou do chão,até que seus olhos ficaram no mesmo nível dos dele - seu doce anjo de misericórdia.

-Ponha-me no chão,senão...Senão eu derrubo o senhor!

Ele sorriu.

-É mesmo? Vá em frente.Mostre como você ganhou aquela faixa vermelha.

Bem que ela tentou.Usou todos os golpes que seu instrutor lhe ensinara,e tudo que conseguiu foi ficar com o corpo formigando nas mãos dele.

-Já recebeu o bastante? Gritou ela.

-De modo algum.Ainda não terminou?

Ela mirou mais um pontapé,que foi bloqueado sem esforço por ele. Ofegante,rendeu-se:

-Está bem.Já terminei.

Pondo-a no chão,ele continuou a segurá-la pela cintura.

-Da próxima vez,certifique-se de que seu oponente não fez o mesmo curso que você.Eu sou faixa preta.E há muito tempo.

-Miserável!

-Eu não quero saber mais dessa história maluca - disse ele, enfatizando a advertência com um tapa no traseiro macio de Marianne - Acho que você no curso de caratê há muito tempo, e parece que as lições que aprendeu só vão colocá-la em mais encrencas.

-Eu não sou criança,sou uma pessoa adulta!

-Não,não é ,mas eu talvez possa ajudá-la a crescer um pouco - acrescentou ele,sorrindo e puxando-a para si.

Ele baixou a cabeça e encontrou os lábios femininos num único movimento,pressionado Marianne para trás,contra o ombro musculoso.

Ela achou que nunca algo de tão inesperado acontecera em toda sua vida. Os lábios dele Eram quentes ,duros e insistentes,obrigando os seus a se abrirem com a ponta da língua.

Por um instante,tentou lutar,apenas para se encontrar tão envolvida pelos braços dele que

Mal conseguia respirar.Para cada lado que virasse o rosto,lá estava o dele,com sua boca

Provocante e sensual.

As pernas de Marianne estavam esquisitas. Começaram a tremer ao sentir o calor das coxas másculas. Seu corpo ardia,com estranhos anseios.A respiração ficou presa na garganta e os seios pareciam inchados.Estas novas sensações assustaram-na e ela

Tentou se debater.Mas Burt segurou-a com mais força e continuou a beijá-la.

Os dedos dele estavam entrelaçados em seus cabelos,puxando-os de leve,virando sua cabeça para o lado que quisesse.A boca masculina aprisionara a sua,acariciante.Um topor foi tomando conta dela, tirando-lhe à vontade de lutar. Com um fraco gemido,ela se entregou.

Abra a boca,Mari - murmurou ele,num sussurro rouco.

Ela obedeceu sem discutir,sentindo no corpo um novo calor,acariciando os braços musculosos dele.Sentia vontade de tocar na pele dele,experimentar cada linha forte e bem traçada de seu corpo.Queria desabotoar a camisa dele e acariciar o torso peludo...

Seu abandono a trouxe de volta á realidade com um choque.

Marianne abriu os olhos e tentou se desvencilhar dos braços fortes,consciente apenas da fome ardente da boca de Burt.

Ele levantou a cabeça,respirando ofegante e, quando ela o encarou,ele já estava novamente controlado.

Burt a observava com um sorriso.Então relaxou o abraço e deixou-a se afastar.Num tom que ele não reconheceu,acrescentou:

-Virgenzinha! Não sabe nem beijar.

Os lábios inchados de Marianne mal conseguiram articular uma palavra. Ela engoliu em seco e precisou tentar duas vezes para se fazer ouvir.

-Isso não foi justo - disse afinal.

-Por que não? Você tentou me chutar,não foi?

-Não é assim que... Um cavalheiro acerta suas contas - disse ela,ainda ofegante.

-Eu não sou um cavalheiro - assegurou ele sorrindo,apesar do olhar frio.

E o sorriso se tornou mais frio quando Burt se deu conta de que quase perdera o controle.Mari era perigosa.

Uma parte dele queria que ele fosse embora,pois sentia que a moça poderia derrubar suas defesas. Mas a outra parte queria mais aquela reação ardente e espontânea que conseguira despertar nela. Estava confusa,sua emoção estavam fora de controle,e isso significava problemas.

Com um sorriso irônico,perguntou:

-Ainda não sabe por que está aqui,meu “pêssego” da Geórgia? Sua tia Lilian é casamenteira. Ela quer que você se case comigo.

Os olhos de Marianne se arregalaram.

-Casar com você! Ela deve estar louca!  

Burt ficou tenso.Ela não precisava fazer isso parecer o fim do mundo,precisava? Ele a olhou furioso.

-Pois saiba que muitas mulheres já quiseram.

-Elas devem se masoquistas... Ou estão desesperadas.Em todo caso,tia Lilian nunca faria...

-Pois fez. Mas sou velho demais para você.Sou vívido demais.E não quero arriscar meu coração outra vez.Portanto vá para casa.Depressa.

-Eu mal posso esperar para ir.Francamente Eu não quero acordar presa a um homem como você.

-É muito lisonjeiro de sua parte - ironizou.

-Eu quero um parceiro, não um dono. Sabe, pensei que soubesse alguma coisa a respeito dos homens. Mas, eu não sei nada. E, para dizer a verdade, depois disso nem quero saber. Terei muito prazer em voltar para casa e ingressar num convento!

Ela continuou a desabafar,como se ele não tivesse interrompido.

-Foi tão mau assim? Ele perguntou,sentindo-se inseguro,como um adolescente em sua primeira vez.

Ela se afastou.

-Você me assusta, seu brutamontes. Dá próxima vez quando e se eu procurar alguém, pode ter certeza de que será da minha idade .Aposto que você se esqueceu mais sobre namorar do que eu jamais aprenderei.

Ele sorriu sem jeito,surpreso com a franqueza dela.

-Talvez tenha razão.Mas você é doce assim mesmo.

-Eu sou nova demais para um “expert” como você

-Eu posso me sentir tentado a provar sua juventude.

-Sinto muito,mas você se daria mal...O máximo que você faria,caso isso acontecesse,era me deixar grávida.Daí tia Lilian teria que se demitir e eu teria que ir embora e inventar um marido que não tenho. E nosso filho cresceria sem nunca conhecer o pai...

Os olhos dele se arregalaram,mas ele acabou rindo.

-Meu Deus,que imaginação!

-Eu já lhe disse que queria ser escritora,E agora já que não é um moribundo,portador de um mal incurável,quer fazer o favor de sair para eu fazer a mala? Acho que posso ir embora em dez minutos.

-Sua tia vai ficar desapontada.

-O problema não é meu.

-Ela é sua tia.Claro que o problema é seu.Você não pode ir embora agora.Ela...

-Ai!

O grito veio do andar térreo.Os dois se olharam e correram para a porta,Abrindo-a em tempo de ver Lilian deitada de costas no último degrau,gemendo,com a perna esquerda numa posição bastante anormal.

Mari desceu a escada atrás de Burt.

-Oh!,Tia Lilian! - exclamou,olhando o rosto desfigurado e pálido. - Como pôde fazer isso comigo?

- Com você?! - exclamou Lilian,gemendo de novo - menina, e´minha perna!

-Eu ia deixar... - começou Mari.

Burt interveio,lançando um olhar de advertência na direção de Marianne:

-Ia deixar os pratos sujos para você,sem dúvida.Não.É isso srta. Raymand? - Cortou-a,sem admitir contestação.

“ Felizmente,o destino está trabalhando a meu favor”pensou Burt.Agora teria um pouco mais de tempo para descobrir por que essa moça o perturba tanto.Então,a eliminaria de sua mente,de uma maneira ou de outra,antes que ela fosse embora.

De alguma forma,precisava provar a si mesmo que não deixaria de orgulho masculino,ele buscava se convencer.

Marianne engoliu em seco,perguntando-se se devia desmentir Burt.Ele tinha uma aparência um bocado ameaçadora...

-Hã... É isso mesmo.Os pratos.Mas eu posso lavá-los!

-Parece que...Você vai lavá-los...Por uns bons tempos,se não ...Importa-se - Lilian falou entre gemidos,enquanto Burt corria para o telefone e discava para o pronto- socorro.

Segurando-lhe a mão enrugada,Mari suspirou

-Pobrezinha.O que aconteceu?

-Eu senti falta de Burt e achei que ele talvez estivesse... Que vocês estivessem discutindo...Você não lhe conto nada,contou? A respeito do... Estado dele...

Mari mordeu a língua,e fez uma figa nas costas.

-Claro que não. Ele estava apenas me falante sobre o rancho.

Lilian pareceu aliviada.

-Graças a deus.Minha perna está quebrada,sabe? -Ela levantou os olhos quando Burt se aproximou de novo e sorriu tristemente. - Bem,acho que você vai ter que chamar sua avó de volta.

Ele a olhou furioso.

-Uma ova! Eu acabei de tirá-la de minhas costas! Em todo caso,por que eu deveria chamá-la? Sua sobrinha já está aqui, e acho que ela não se importa de cozinhar um pouco.Não é mesmo?

Mari mexeu-se pouco à vontade.

-Bem na verdade...

Lilian sorriu e então fez uma careta.

-Claro que não.Você não se importa,não é ,querida? Você precisa se... Recuperar...Daquela experiência desagradável que teve.Você sabe... Aquela da loja.

-Oh! ...Aquela experiência...- Mari assentiu, olhando para Burt e tocando no lábio inferior,que estava um pouco inchado,como a lembrá-la de uma experiência muito mais marcante.

Ele sorriu.

-Não foi tão má assim foi?

-Foi terrível - interferiu Lilian,sem entender a ambigüidade da pergunta.

Com uma acusação nos olhos azuis, Mari confirmou:

-Foi mesmo.Além disso,pensei que você mal pudesse esperar para me pôr na rua.

-Você quer que ela vá embora? Gritou Lilian.

-Não, eu não quero que ela vá embora.Eu tenho planos para ela - acrescentou Burt, sorrindo ameaçadoramente.

Marianne estava sem saída, e isso a incomodava.Agora estava atada pelas mentiras de Lilian e pela lealdade de Burt Jessup querer mantê-la por perto.Ele detestava as mulheres,pelo que Lilian havia contado. Não era homem de se casar,era um notório conquistador,e a chamara de virgenzinha. Na certa, não tentaria seduzi-la . Ou será que tentaria?

Ela o olhou preocupada por sobre a tia. Burt tinha a fama de inescrupuloso.E ela não era tão inocente a ponto de não reconhecer a fome evidente na boca dele pouco antes, ao beijá-la.

Marianne estava, muito confusa e aqueles olhos verdes a desafiavam. Ela ia ficar, Burt disse a si mesmo. Ele a persuadiria. Então poderia encontrar alguma maneira de fazê-la se mostrar como realmente era.Seria capaz de apostar que ela também tinha alguma coisa de Caroline. Ela era mulher, e todas as mulheres eram iguais,frias e calculistas. Se pudesse fazê-la derrubar o disfarce,se pudesse provar que ela era como todas as outras, uma gata com unhas de urso,poderia se libertar dessa sensação que o incomodava.O que sentia era só desejo. Claro,só desejo! Ele perdoou Lilian por sua queda. Isso convinha a seus planos.

 

Lilian fora levada para o pequeno hospital de Ravine,onde ficou confortavelmente,instalada.O médico pedira uma série de exames,não devido á perna quebrada,mas por causa de sua pressão arterial.

-Acha que ela ficará boa? - Mari perguntou a Burt enquanto esperavam pelo médico,encarando-o com um misto de preocupação e desejo.

Durante a maior parte da noite,ficaram sentados na sala de espera.Ele andava de um lado para o outro,tomando café sem parar,enquanto ela apenas fitava o espaço vazio,angustiada.

Lilian era sua única parente viva.Sem a tia ficaria completamente sozinha.

-Ela é forte.Meu Deus,como detesto esperar! Nessas horas,gostaria de fumar,pois pelo menos teria alguma coisa para passar o tempo.

-Você não fuma? - Mari perguntou surpresa.

-Não, nunca suportei essas coisas.Na verdade, sou alérgico a esse tipo de fumaça .

-Mas você bebe, não?

-Pouca coisa. Gosto de uísque com água de vez em quando,ou então de um pouco de vinho branco. Mas eu não bebo quando vou dirigir.

-Eu bebo muito pouco, um copo de um bom vinho,e é tudo.

-Acho bom.Você não tem idade suficiente para isso. - Burt falava como se fosse um tio mais velho ou coisa parecida.

-Meu pai costumava dizer que o importante não é a idade, mas a quilometragem - rebateu ela.

Ele a olhou espantado.

-E qual e a sua quilometragem,mocinha? Você me parece bastante verde - comentou ele, arrogante.

O rosto dela ficou rubro de raiva.

-Escute aqui, sr Jessup...

-Sr Jessup!

O nome dele foi repetido por um jovem médico residente que se aproximou com uma prancheta na mão,interrompendo o que seria mais uma discussão.

Após os cumprimentos,disse:

-Ela vai ficar boa, mas seria bom que ficasse aqui mais um dia, em observação, a fim de que possamos fazer mais alguns exames.Ela está furiosa,mas acho que é melhor assim.A pressão dela estava muito alta quando chegou aqui,e ainda está.Acho que talvez tenha sido um pequeno derrame que causou a queda.

Mari empalideceu.

-Oh,não...

O jovem médico sorriu para acalmá-la e salientou:

-É apenas uma suposição.Ela pode ter perdido o equilíbrio por vários motivos.É por isso que quero fazer os exames. Até mesmo uma infecção no ouvido ou uma labirintite podem ter provocado isso.Quero saber com certeza.Mas uma coisa é certa: ela não tem tomado seu remédio para pressão.

Burt e mari entreolharam-se espantados.

-Eu não sabia que ela estava tomando remédio e muito menos para a pressão - disse ele.

O jovem médico disse,com uma expressão preocupada:

-Foi o que eu pensei. A hipertensão foi diagnosticada há algumas semanas pelo Dr.Brandley. Ela não esperou nem ele preencher a receita. Parece considerá-la uma sentença de morte,o que é absurdo,não é desde que ela se cuide.

Mari prometeu:

-Ela vai se cuidar a partir de agora,nem que eu tenha que enrolar os comprimidos num bife e empurrá-lo pela garganta abaixo.

O jovem residente sorriu abertamente:

-Você tem animais de estimação?

-Eu tinha um gato e o único modo de fazê-lo tomar remédio era enganando-o.Eu enrolava-o com uma toalha.

Burt olhou-a com uma expressão de censura.

Isso não são modos de tratar um animal doente.

Ela olhou-o espantada.

-E como você faria?

-Eu abriria a boca dele e empurraria as pílulas pela garganta,é claro.E antes de argumentar contra,experimente enrolar um touro de meia tonelada com uma toalha!

O jovem médico cobriu a boca,para disfarçar um sorriso,quando Mari olhou furiosa para o envolvente Sr.Jessup.

-Eu vou fazer com que ela tome o remédio - Mari tranqüilizou o doutor.Então virou-se para Burt - E não vou forçá-la pela garganta,como se ela fosse um touro de meia tonelada!

Ele perguntou ao médico:

- Quando vocês vão ter uma resposta?

-Eu terei os exames prontos no começo da tarde,e então vou conferi-los junto com o Dr.Brandley.Se puderem vir aqui por volta das quatro horas,eu já terei uma resposta.

-Obrigado Dr...?

O médico sorriu.

-Jackson.E não se preocupe - disse a Mari - ela é uma mulher de espírito muito forte.Eu aposto nela.

Eles pararam no quarto de Lilian e encontraram-na semi-anestesiada,mas se mexendo bastante e olhando furiosa para a porta,recostada nos travesseiros.

Ela explodiu assim que entraram no quarto:

-É um ultraje! Eles não querem devolver minhas roupas.Vão me fazer passar a noite nesta geladeira.Não querem me dar comida e nem cobertor!

Mari riu e curvou-se para beijá-la.

-Calma,calma,você vai ficar boa.Foi o que eles disseram.

Eles só vão fazer mais alguns exames.Você vai sair daqui a pouco tempo.

Isso acalmou um pouco lilian,que olhou para Burt a fim de confirmar.Ele não lhe mentiria.

-Eu estou bem? Perguntou.

-Você pode ter tido um derrame - ele respondeu com franqueza,ignorando o olhar assustado de Mari - É isso que eles querem descobrir.

A governanta suspirou.

-Bem,eu já calculava isso.Calculava mesmo.Vocês dois vão ter que passar sem mim durante um ou dois dias - Isso pareceu animá-la e seus olhos brilharam ao pensar nos dois sozinhos na casa.

Burt podia ler seus pensamentos.Naquele momento,sentia vontade de lhe torcer o pescoço,mas não podia ofender uma mulher doente.Era preciso que ela melhorasse primeiro.

-eu cuidarei bem da irmãzinha aqui - disse ele apontando com a cabeça para Mari,e sorriu.

O rosto de Lilian encompridou-se comicamente.

- Ela não é tão jovem assim.

Indignada Mari exclamou:

Tia Lilian! Lembre-se de minha terrível experiência!

Oh,aquilo.Aquilo! - Ela pigarreou e seus olhos se arregalaram. - Bem...

Burt prometeu:

-Eu a ajudarei a superar isso.Mari se ofereceu para me ajudar a passar algumas de minhas aventuras com o petróleo para o papel.Não é gentil da parte dela? E nas férias! - acrescentou,exagerando um pouco.

Lilian exultou.”Ótimo” Eles não estavam mais falante na “doença fatal” dele e nem no “ataque brutal” sofrido por ela.Com um pouco de sorte,eles não descobririam a verdade,até estarem fisgados um pelo outro.Ela até sorriu.

-Sim é muita gentileza sua,Mari.

Embora sentisse vontade de gritar ,Mari sorriu para tia

-Sim,bem eu achei que seria interessante ter alguma coisa para fazer.como cozinhar,lavar,limpar e tudo mais.

Lilian franziu o cenho.

-Eu lamento realmente isso - disse,indicando a perna.

Burt falou:

-Fique boa logo.E não lamente.Não importa o motivo da queda.De agora em diante,você vai tomar seus malditos comprimidos. Eu vou ficar de olho em você.Entendeu bem?

-Sim, senhor, patrão.Eu vou ficar bem.Vou fazer tudo direitinho...bem.vou tentar.

-espero que sim - disseram Burt e Marianne ao mesmo tempo.

Agora,vocês dois vão para casa.Deixem-me dormir.Não sei o que me deram,mas estou com sono.Mari,ele gosta de ovos mexidos com um pouco de leite.E não faça o café fraco demais.

-Não se preocupe.tia Apenas fique boa.Você é tudo que tenho.

-Eu sei - Lilian suspirou quando eles fecharam a porta depois de saírem. - E é isso que me preocupa tanto. - Mas eles não ouviram esse comentário.

Mari foi resmungando até o carro.

-Você não deveria lhe contar o que o médico disse - repreendeu-o quando saíram com o carro do estacionamento.

-Você não a conhece muito bem.

-Ela é minha tia,Claro que eu a conheço!

-Ela não gosta de panos quentes tanto quanto eu.Eu gosto da verdade,mesmo que machuque,e ela também.Você não faria nenhum favor a ela escondendo a verdade. Você só tornaria o impacto pior quando a verdade aparecesse,Deus,como eu odeio mentiras! Não há nada no mundo que eu deteste mais.

De repente,Marianne sentiu que aquela declaração era muito mais profunda do que parecia,mas ela não pretendia invadir sua intimidade com perguntas.

Agora ,pelo menos,entendia as tentativas da tia em casá-la.Se ela esperava morrer,podia estar preocupada quanto ao futuro da sobrinha,mas dar a ela um homem como aquele que estava sentado a seu lado era um gesto quase criminoso.

A própria idéia de estar ligada àquele tirano lhe causava arrepios,mas lhe fazia o sangue fluir mais rápido,como suas veias jamais o fizera.Não era medo do temperamento,da teimosia dele.Era o medo mais profundo,o medo de um envolvimento,de se encher de esperanças e então ser abandonada.

Do mesmo modo como Johnny Greenwood fizera: dando-lhe esperanças e então,quando ela deixara que o amor a invadisse, anunciando seu noivado com outra.

Burt jessup não era homem de se casar.,mas ele não se importaria em se divertir com uma mulher e depois deixá-la.

Mari sentia que ele desprezava as mulheres,usando-as e largando-as como objetos que não se que mais.Ela se lembrava dele dizendo que só tolerava a avó e Lilian debaixo de seu teto. Isto dizia tudo.Teria que ter muito cuidado para não sucumbir aos seus encantos.Sabia que ele estava apenas brincando, só que ela desconhecia esse jogo.

Ao chegarem em casa, Marianne foi direto para o quarto.Tinha certeza de que Burt não tentaria nada, mas sua insegurança foi mais forte e ele trancou a porta.

Levantou-se ao alvorecer.Incapaz de ficar deitada trocou-se e desceu para preparar o café da manhã.

Ao passar pela sala, constatou mais uma vez que adorava aquela casa.Os ambientes pareciam captar e espalhar a luz, de modo que os cantos mais escuros ficavam iluminados e alegres.

Chegando à cozinha espaçosa e funcional, com todos os aparelhos para facilitar o trabalho,

Sentia-se superdisposta.Ligou a cafeteira e fritou bacon.Quando o aroma de café encheu a cozinha, ela pôs pãezinhos no formo e arrumou a grande e elegante mesa da sala de jantar.

Burt, junto á porta, surpreende-a dizendo:

- Para que, diabos está fazendo isso?Eu não me importo de comer na cozinha.

Virando-se para repreende-lo por tê-la assustado, Marianne teve tempo de vê-lo colocando uma camisa de linho.

O torso dele era...Incrível.De alguma forma, parecia hipnotizada pelo físico másculo.Apesar de sua idade e de estar acostumada aos homens do escritório onde trabalhava, ela nunca se sentira tão... Tão... Inflamada com a simples visão de um peito nu.

Percebendo a reação dela, Jessup caçoou:

-É melhor fechar a boca, meu bem, senão é capaz de engolir uma mosca.

Ela se virou de novo para a mesa, com as mãos trêmulas detestando sua juventude e inexperiência, detestando aquele homem que se divertia á sua custa.

-Desculpe.Eu não estou acostumada a ver homens...Quase despidos desse jeito.

-Você devia ter me visto há uns dez minutos, antes de me levantar.Eu não durmo de roupa - ele continuou a zombar dela.

Marianne sentiu o rosto arder.Procurou disfarçar, colocando os talheres na mesa.

Burt aproximou-se por trás, deixando-a sentir seu calor, e segurou-a pelos ombros delicadamente.

-Isso não foi justo, foi? - desculpou-se ele.

-Não...Considerando o belo café da manhã que lhe preparei.

Será que estou sentindo cheiro de bacon? - sorriu, decretando uma trégua.

-sim, e também de pão fresco, omelete, batatas fritas e café.

-Então, o que está fazendo aí parada, mulher? Me dê comida!

Mari sorriu, percebendo que a melhor maneira de controlá-lo era mantendo-o de estômago cheio.

Burt comeu calado sem ler o jornal, como o pai de Mari sempre fazia.Ela o observou com curiosidade.

-Alguma coisa a está incomodando? - Ele levantou os olhos do prato.

Sem jeito, ela sorriu e explicou:

-Não realmente.É só que o único homem com quem eu tomava café da manhã era meu pai, e ele sempre lia o jornal inteirinho.

-Eu nunca leio durante as refeições - disse ele, e terminou de tomar o desjejum calmamente.Depois serviu-se de mais uma xícara e recostou-se na cadeira.Olhando direto nos olhos de Mari, perguntou de repente:

-Por que a visão de meu peito nu a incomoda?

Primeiro, Marianne engasgou, depois, experimentou uma onda de calor com a pergunta inesperada.Sem se lembrar de nenhuma reposta espirituosa que a livrasse de uma situação comprometedora, ocorreu-lhe a velha lição de enfrentar fogo com fogo.

-Porque ele é bonito.De uma maneira muito masculina - respondeu, levantando o queixo em sinal de desafio.

-Você não sabe mentir, não é mesmo? - Burt falava mais para si mesmo, do que para Marianne.

Ela se levantou.

-Acho que é uma perda de tempo.Se já tiver terminado eu vou limpar a mesa... - e começou a recolher os pratos.

A mão dele segurou seu pulso, detendo-a.

-Você nunca foi tocada por um homem, excerto para trocar um aperto de mãos? - perguntou ele.

Querendo se mostrar mais experiente, ela respondeu insolente:

-Eu não sou nenhuma violeta murcha.Tenho quase vinte e três anos e já fui cortejada e beijada algumas vezes!

-Mas não o suficiente, e não por alguém que soubesse fazê-lo - Ele a trouxe mais para perto, vencendo-lhe a resistência, e quase sentando-a em seu colo. - Por que tem medo de mim?

-Eu não tenho! - Marianne negou, mas sem muita convicção, quando sentiu que dedos sensuais acariciavam seu pulso.

Burt se sentia maravilhado com a reação que provocava nela.Durante anos, nenhuma mulher correspondera a ele daquela forma.A inocência, a resposta espontânea e instintiva dela quando ele a tocava mexiam com seus sentimentos.Ah! Se ele pudesse acreditar que Mari era diferente...

-Calma.Eu não vou machucá-la.

-Por favor, - Marianne percebeu que aquilo fugia de seu controle.

Ignorando o pedido, o polegar de Burt acariciava a palma da mão dela, com movimentos lentos e sensuais.

-Eu parei de fazer jogos há muito tempo, Marianne.Do que tem medo, pequena?

-Você odeia as mulheres.Não creio que tenha algum sentimento real, alguma emoção profunda.Sinto que às vezes você me olha como se me odiasse.

-Eu me queimei uma vez e não quero repetir a experiência...Sua tia não lhe conto? - perguntou amargo.

-Conto sim,mas você não foi o único.Eu também já me machuquei...E se é assim,por que não me solta?Por que continua com isso?

Como se não pudesse evitar,Burt levou a mão macia á boca e acariciou-a com os lábios,de uma maneira que Marianne nunca imaginara.

-Por que você não me impede? - provocou-a

Tocando-a novamente,percorreu seus dedos com a ponta da língua,fazendo Mari prender a respiração e arquejar.De repente,o corpo feminino parecia dotado de vida própria,com anseios e desejos jamais suspeitados.

Puxando-a para si ,ele disse suavemente:

- Quero ser eu a lhe ensinar as coisas que ainda não aprendeu sobre o amor. A arte de dar e receber prazer.Você corresponde a mim,e eu me sinto como um vulcão quando toco em você...

Os lábios de Marianne se entreabriam quando ela olhou para a boca faminta dele.

Ela sentiu o desejo explodindo em seus corpos quando ele a beijou e começou a acariciá-la,e quase gritou.Depois,um silêncio sensual os envolveu.Ela conseguia ouvir a respiração dele,sentia o coração bater dentro do peito,como louco.Como se estivessem em câmara lenta,Mari sentiu os músculos das pernas de Burt se contraírem ao ser puxada para seu colo,sentiu o poder e a força das mãos dele,aspirou a mácula fragrância de sua colônia,perdeu-se dentro dos olhos que a desejavam.

Abriu os lábios com ofegante antecipação,ansiando por ele.

No momento em que a mão dele começava a deslizar pelo seu corpo,a porta da frente se abriu ruidosamente.

-Bom dia - um rapaz simpático,de cabelos ruivos,cumprimentou-os.

Ele parecia não reparar em nada,alheio ao rosto corado de Mari e á respiração irregular de Burt,que procurou responder com naturalidade.

-Bom dia,David - Tome um pouco de café antes de começarmos a trabalhar.

-Não,obrigado,sr Jessup.Para falar a verdade, eu vim lhe pedir uma licença.Como vê...Eu me casei - continuou feliz, mostrando ao patrão a aliança.

Burt olhou-o boquiaberto.Seu jovem secretário sempre parecera um rapaz tão ajuizado,daqueles que nunca fariam esse tipo de besteira.

-Ca...Casou?, - engasgou

- Bem,senhor foi um casamento meio apressado.Ela é doce e muito jovem,e eu tive medo de que ela se casasse com outro.Bem...Pensei que talvez pudesse ter duas semanas de licença.O senhor acha que pode me dispensar? Se precisar me substituir,eu entenderei. - O rapaz falou de atropelo,num fôlego só.

Burt mexeu-se na cadeira e resmungou.

-Pode ir, O que você gostaria de ganhar como presente de casamento?

O rosto de David se iluminou imediatamente.

- Duas semanas de licença.

-Está bem, você as tem.Eu segurarei seu emprego por enquanto .Agora dê o fora daqui.Você sabe que casamentos me dão indigestão - resmungou Burt e, então,sorriu.

David apertou a mão dele, aliviado.

- Obrigado,sr,jessup!

-Disponha.Eu o verei dentro de duas semanas.

-Sim,senhor!

David sorriu para Marianne,a quem não fora nem apresentado,e então bateu em retirada.Antes que o chamassem de volta.Ele conhecia muito bem seu patrão.

-isso atrapalha tudo. O que, diabos,vou fazer com a correspondência? - Burt começou a reclamar.

Mari o olhou,indignada com sua falta de consideração, e não se conteve:

-Tenha dó? Ele acabou de se casar.

-E daí? A única hora que ele precisa estar realmente com ela é depois que escurece.

-Ora,seu porco chauvinista!

- Por que está tão nervosa,meu bem? Está frustrada por que eu não pude terminar aquilo que comecei antes de David entrar?

Oh! Ele era mesmo uma anta! Mari virou-se e começou a recolher ruidosamente os pratos sujos e levá-los para a cozinha.

Burt seguiu-a momentos depois,parecendo um pouco culpado,por ter descontado nela sua própria frustração.E num tom de conciliação,falou:

Eu tenho que ir dar uma olhada em meu poço no terreno de Tyson Wade,Acha que é capaz de atender ao telefone?

-Hum,hum! E,para provocá-lo,foi até o telefone de parede. - Vê, isto aqui é o fone.Quando o telefone toca, trimm, a gente levanta o fone do gancho e fala bem aqui...Alo!

-Oh, santo Deus! O que quero dizer é que ele toca o dia todo, com gente querendo saber a respeito de tudo, desde compras de gado, convites sociais e reuniões de diretoria!

-Eu trabalho em escritórios desde os dezoito anos - ela falou ainda se controlando.

-Você sabe escrever a máquina?

Irritada, Mari achou que já era demais:

- Como espera que eu mantenha a casa limpa,que cozinhe,que cuide de seus telefonemas,que responda sua correspondência e vigie tia Lilian,tudo ao mesmo tempo Sr.Jessup?

-Bem,se você não é capaz de fazê-lo,eu vou contratar uma cozinheira,uma arrumadeira,uma enfermeira e uma secretária...

Mari imaginou como Lilian reagiria a isso e fuzilou-o com o olhar.Depois,lembrou do esforço da tia em casá-los e falou:

- E partir o pobre coração de tia Lilian,contratando vários estranhos para nos manter separados?

Burt riu e então a mediu lentamente.

Deus me livre de ter alguma coisa que nos separe.

-Você não tem um poço de petróleo para inspecionar?

Ela tentava mantê-lo afastado,mas sem muito sucesso.

Ele cruzou os braços e respondeu:

- Tenho vários,alias.Mas no momento,prefiro olhar para você.

-Pois eu prefiro que você não olhe - disse ela, concentrando-se na louça.

-Eu gosto da maneira como você reage a mim,Marianne. Gosto do modo como seu corpo começa a tremer quando eu me aproximo.Se eu voltasse a beijá-la,como há alguns minutos,nós teríamos que ir lá para dentro,para o escritório...E aí eu nem sei se conseguiria parar.E,já que é assim,acho que seria melhor você praticar maneiras de me desencorajar.

Lilian não vai circular muito por aí até a perna dela melhorar.Portanto,você e eu vamos ficar um bocado na companhia um do outro.Acho melhor que você termine sua estada aqui,sem eu lhe mostrar os lençóis da minha cama.

O discurso dele irritou-a e Mari se virou com as mãos ensaboadas apoiadas na pia,e desafiou-o:

Você é mesmo tão bom de cama como fala?

Ele assentiu lentamente,sustentando seu olhar,com o rosto muito sério.

-Um homem não precisa se envolver emocionalmente para fazer sexo bem,e eu sou bastante experiente.

-A mim, me parece que o homem que fica se gabando é porque não tem autoconfiança - desafiou-o de maneira infantil.

Sem se abalar,Burt avisou-a:

-Eu não sou desse tipo, e só a estou prevenindo.Entende?

Desistindo de demonstrar um conhecimento que não possuía.Ela confessou:

-Talvez você tenha razão,mas nunca pude conversar sobre isso com meus pais,e as moças que conheci tinham uma visão distorcida do sexo, por dormir com vários namorados.Eu... Acho isso... Repugnante, de algum modo.Quer dizer ... Dormir com alguém é muito intimo, e, para isso é preciso conhecer o outro e estar envolvido. Eu não poderia...Fazer simplesmente isso sem amar.

A ingenuidade e inocência dela mexiam com Burt. Ele a observava,e enlouquecia-o a vontade de tocá-la.

Ao se dar conta da reação que esse simples pensamento provocara, comentou, sem poder se conter:

- Que loucura!

Marianne,que não percebera nada,estranhou:

-Não é essa a expressão que a maioria das pessoas usa. As mulheres me acham frígida,e os homens fogem de mim como se eu fosse uma prega.Ser virgem parece um defeito insuportável,e a maioria das pessoas me acha antiquada.

-Se você sabe tudo isso,porque não vai para a cama com alguém? - Burt não compreendia tantos pudores.

-Oh! É claro.Agora só falta você me perguntar se eu não sabia que a pílula libertou a mulher.

As mulheres podem dormir fora todas as noites sem nenhuma conseqüência,só que amor e envolvimento são coisas que nem a mais liberada das mulheres consegue evitar querer.

Ele a olhava pasmado.

-Você não deve ser deste século!

Ela sorriu francamente,e mudando de argumento,continuou:

- O que você acharia de se casar com uma mulher e ouvir sobre todos os seus antigos amantes? Encontrá-los de vez em quando? Perguntar-se o bebê é realmente seu? Quer dizer,se ela dormia por aí antes do casamento,o que vai impedi-la de fazer a mesma coisa depois?

Se a promiscuidade é válida,o adultério também não é?

Tudo o que ela dizia fazia sentido e o perturbava.Caroline dormia fora.Não só com ele,mas como ele descobriu depois, com pelo menos dois de seus conhecidos. Ele franziu a testa ao pensar nisso.Sim ele já havia se perguntado isso.

Marianne concluiu secamente:

-Eu não sou de outro século,sou apenas alguém que acredita em um pouco de dignidade e decência.E no amor!Não se preocupe comigo,daqui a alguns anos eu serei apenas uma solteirona considerada puritana e moralista.

-A não ser que você se case...

Ela riu tristemente,voltando a lavar a louça,e comentou,depois de uma pausa:

- Os homens não se casam com mulheres com as quais não dormiram. Pelo menos não hoje em dia. Eu não sinto arrependimento por pensar assim, mas encaro os fatos. Não sou nenhum ideal de beleza,além disso,sou magra demais,e não sei flertar. E, como você mesmo disse ,sou uma principiante quando se trata de intimidade. Tudo indica que vou cultivar rosas.Sim... É o que vou fazer.

Burt não estava mais ouvindo.Ele olhava para os cabelos muito escuros e lustrosos de Marianne,e gostaria que ela os usasse mais compridos,como na fotografia que vira.

Ela era inteligente e dissera a verdade.Praga de mulher!

Não gostava da atração que sentia por ela.Não gostara do modo como ela o fizera tremer quando trocaram aqueles beijos.

Mas mari nunca saberia disso. O que ele precisava era exorcizá-la de sua mente.Sim,era isso mesmo.

O que precisava era se livrar da obsessão que sentia por ela.

Desencostando-se do batente da porta,falou:

-Já vou embora.Estarei de volta ás três e meia para ir ao hospital com você.

-Eu vou telefonar para lá enquanto isso.

-faça o que achar melhor - respondeu seco,e saiu sem nem dizer adeus.

Mari achou a atitude dele um tanto estranha,mas Burt era estranho.

Ela se concentrou no serviço,pois não queria pensar mais nele e no que acontecera no café da manhã.

 

Quando chegaram ao hospital,Lilian estava sentada ao lado da coma ,vestida.

-Já não era sem tempo.Me tirem daqui!Eles engessaram minha perna,concluíram que foi a labirintite que me fez cair e também me deram alguns comprimidos para baixar a pressão.

Se você não me tirarem daqui agora mesmo,vou pular pela janela! - concluiu exasperada.

-Com isso? - perguntou Burt,apontando para o pesado gesso em sua perna.

- Sim ,com isso,diga a ele que estou falante sério,Mari.

Marianne fazia força para não rir.

-você parece um bocado séria.

- É o que estou vendo.Onde está o médico? - perguntou Burt.

- Ele virá a qualquer momento - disse Lilian.

-Eu vou procurá-lo - disse Burt,saindo do quarto.

-Como vão as coisas/ - Perguntou Lilian,olhando a sobrinha atentamente.

-Que coisas? - perguntou Mari.Com um ar inocente.

-Você ficaram sozinhos a noite toda! Ele tentou alguma coisa?

-Bem, ele tentou ligar para alguém,mas acho que não conseguiu - Mari fez de conta que não entendeu.

- O que quero saber é se ele tomou liberdades com você!

- Tia! Depois de saber”daquela experiência” por que passei,nunca! - representou,fazendo-se de chocada.

A tia parecia desconsolada.Também não era nada bom Burt estar tão irritado.Vai ver que os dois discutiram,pensou.

Precisava sair logo dali e fazer alguma coisa antes que fosse tarde demais e todo seu plano fosse de água abaixo!

Burt voltou minutos depois,carrancudo.

-Eu o encontrei.Ele disse que você está bem e que não teve um derrame.Você teve alta. Já cuidei de tudo.Vamos embora.

- Mas nós precisamos de uma cadeira de rodas... - começou Mari.

Entregando-lhe a bolsa de Lilian,ele ergueu a governanta nos braços e saiu com ela no corredor,tendo no rosto uma expressão que desafiava qualquer um a contestá-lo.

O quarto de Lilian ficava no andar térreo do rancho Três Forcados e, apesar de todos os protestos ,ela foi imediatamente para cozinha e começou a preparar o jantar.

Com as mãos nos quadris.Burt olho-a furioso e perguntou:

-Quer voltar para o hospital? Vá já para a cama!

-Eu posso cozinhar com a perna quebrada.Minhas mãos estão perfeitamente bem, e eu nunca usei os pés para fazer comida! - protestou Lilian.

Ele suspirou furioso.

-Mari pode fazer isso.

-Mari está respondendo suas cartas,. Ela não pode fazer tudo.E com David de licença...

- Maldito David ! Que hora mais infernal para se casar!

Lilian olhou-o furiosa,até que ele resmungou alguma coisa e foi para o escritório.

 

Mari trabalhava com o computador.Tentava apagar um erro e estava quase maluca,procurando Decifrar a linguagem que a maldita máquina lhe mostrava.Na verdade,nunca tinha mexido com aquele equipamento e estava confusa.

Batendo a porta depois de entrar,Burt resmungou:

-Eu não posso fazer nada quando á sua tia.Ela está sentada com a perna esticada na banqueta,preparando uma torta.

Mari comentou com um ar inocente:

-Não é de admirar que você não possa fazer nada com ela.Seu estômago não deixa.

Ele ignorou a provocação e perguntou:

-Como está indo?

-Já que perguntou,Burt, será que você não podia me arranjar uma máquina de escrever?

-O que você pensa que é isso aí? Que tipo de máquina vocês usam no escritório onde trabalha?

- Uma máquina de escrever manual.

-O que?

-Uma máquina de escrever ma...

-foi isso que pensei ter ouvido.Era só o que me faltava!

-Bem, até me contratarem, um dos homens fazia todo o trabalho de escritório a mão, mas depois que eu comecei, compraram uma máquina de escrever manual, achando que era a coisa mais moderna que havia.Ele apontou para o computador.

-eu trabalho com equipamentos modernos.Isso é até mais rápido que uma máquina de escrever eletrônica, e pode-se gravar aquilo que se escreve. Pensei que você soubesse usá-lo.

-Bem... Eu sei ligá-lo.Ele se moveu atrás dela e espiou por cima de seu ombro.

- Foi só isso o que você fez até agora/

- Eu só estou aqui há uma hora.Levei um tempão para descobrir o que colocar nas fendas grandes.

Ele corrigiu pacientemente:

-Disquetes.Disquetes de programação.

-Que seja, mas saber o nome dessa coisa não vai me ensinar a operá-la.Você poderia me mostrar como funciona?

Mari levantou os olhos azuis para ele, tão confiantes que Burt se esqueceu de tudo, mas.Ela tinha um jeito de olhá-lo que fazia seu sangue ferver.

-Pode? - insistiu ela, perdida em seus olhos verdes.

Ele tocou em seu rosto suavemente com o polegar, movendo-o por sua boca, explorando sua maciez sentindo seus lábios, até que se abriram de maneira sedutora.

-Posso o quê, Mari? - perguntou ele roucamente.

Olhando-o nos olhos,Marianne viu que ele a desejava e correspondeu ao olhar,querendo sentir os lábios dele nos seus.

Burt curvou-se lentamente e ele aspirou o perfume sensual de sua colônia.

-Sua pele está quente,Posso senti-la ardendo - murmurou ele,ao acariciá-la no rosto.

Marianne pôde sentir os músculos fortes sob a camisa branca ao se agarrar aos braços másculos quando seus lábios se tocaram de leve.

- Me morda - sussurro Burt, brincando com a boca delicada,provocando-a.

Ela não sabia nada,mas queria ,desesperadamente agradá-lo, o momento era de magia,e ela queria mais.

Mari mordicou-o de leve,fazendo-o rir suavemente.Sentiu a mão dele descer pelo seu corpo até a cintura.

Burt beijava-a no rosto,nos olhos,na testa,enquanto seus dedos deslizavam por sobre o tecido fino do vestido de Mari.

- Oh...- ela gemeu roucamente,quando a língua dela invadiu sua boca.

-Desabotoe minha camisa - Burt murmurou,roucamente.

Então,puxou as mãos trêmulas de Marianne para os botões restantes.Até afastarem o tecido da camisa.Como se tivessem vontade própria,tocavam o torso musculoso,fazendo-a suspirar ao sentir o contato dos pêlos escuros e espessos.Nunca havia tocado um homem daquele jeito.Burt sabia disto e ficou ainda mais excitado.

Ele mordeu o lábio inferior de Mari com pressão lenta e ardente.

-Baixe as mãos para minha cintura - disse.

Ela o fez,deliciada por vê-lo estremecer ao seu contato e gemer com a carícia suave.Afastou-se um pouco para olhar o rosto masculino e viu os olhos verdes ardentes de desejo.

-Hum,é tão gostoso! - disse ele,com uma risada rouca.

Ela repetiu a carícia,e os músculos dele se contraíram de prazer enquanto ela os acariciava.Sentia-se toda mulher,sentia todas as sensações,que chegaram ao auge quando Burt começou a acariciar-lhe os seios.

Estremecendo,Mari fitou-o,tonta de prazer e medo.

- Você nunca foi acaricida assim? - perguntou ele, com os lábios encostados nos seus.

- Não.

- Lilian não está longe daqui. E nós não vamos fazer nada só quero tocar em você, sentir sua reação e deixar que sinta a minha. Deixe-me ensiná-la.

- O, mas eu não devo...

-Por que não? A força do desejo está em nós com intensidade e beleza.

Marianne tentava argumentar para si mesma que aquilo não fazia sentido,mas seu corpo e sua mente estavam neste doce delírio.

Ela mordia seu lábio inferior enquanto os dedos se fechavam em volta de um mamilo ereto,Mari queria gritar de prazer,mas Burt a estava beijando,alucinado com a resposta tão ardente e espontânea.Os gemidos e os tremores de Marianne o estavam levando á loucura.

Burt a deitou no sofá. E deixou que ela sentisse seu peso.

Mari ofegou quando seu vestido foi desabotoado,e seus olhos se abriram.Brilhando de desejo.Sua boca estava inchada,as faces vermelhas,o olhar arrebatado.Sentia o mamilo roçando a palma da mão de Burt,enquanto ele a beijava no pescoço,e mordiscava a orelha delicada.

Abaixando a parte superior do vestido,Burt encantou-se com os seios rosados e intumescido. Era como se nunca tivesse olhado uma mulher antes, Marianne era linda. Os seios, perfeitos,cabiam na palma de sua mão.

Marianne percebia todo o encantamento e prazer dele ao toca-la como se fosse algo muito precioso. E sentiu-se querida.

Burt pegou o mamilo entre o polegar e o indicador,e sentiu sua dureza. Levantando os olhos,fitou-a fascinado.

-Quero beijar seus seios, mas você precisa se controlar querida. Lilian está por perto.

Mari tremia. Ela o queria.Timidamente,levantou as mãos e emoldurou o rosto dele, puxando-o de leve para si.

- Venha,eu...Eu não vou gritar.

-Então diga:”me prove” - disse ele,seduzindo-a com o olhar.

Ela corou violentamente e baixou os olhos para esconder o embaraço.

- Virgem - murmurou ele, também tremendo. - Oh, eu te desejo tanto!

A boca dele desceu sobre o seio firme e jovem,e ele soltou um gemido rouco de prazer.

Agarrava-se a Burt, presa nessa doce agonia, sentindo o seio em chamas com aquele contato.

Com um grunhido rouco, ele se afastou,tentando se controlar.

Ela ficou deitada sem se mover,toda desejo e frustração,fraca demais até para se cobrir.

Depois de algum tempo,ele respirou fundo e a olhou. E seu olhar deslizou sobre ela como se fossem suas mãos, detendo-se em todos os lugares onde sua boca tinha estado.

Ele recolocou lentamente o vestido,sem falar.

-Você entende por que eu parei? - perguntou suavemente,afastando-lhe o rosto.

- Sim...Acho que sim.

-Eu a assustei?

-Não

-Eu a agradei?

- Como se você não soubesse...Jamais sonhei que isso pudesse me acontecer.

Ele se sentia incrível.Novo,renascido,tocou de leve no rosto dela,como se estivesse sonhando.

Curvando-se,beijou-a suavemente nos lábios.Era diferente de todo os beijos que já havia experimentado na vida. Quando se afastou dos lábios dela teve que se levantar.

Apontando para o computador ,disse,com um sorriso amargurado:

- É melhor voltar ao trabalho.Eu não vou tentar lhe ensinar. Meu corpo não permite que eu chegue perto de você sem fazer exigências impossíveis para nós dois, de modo que você vai ter que se virar sozinha. Droga,você é uma feiticeira?

Ela se levantou,alisando o vestido e dando um jeito nos cabelos.

- Para falar a verdade, até uns cinco minutos atrás, eu pensava que a Senhora Drácula.

- Agora você sabe quem realmente é, não é mesmo?

Ele estava em pé,observando-a com a boca um pouco inchada,a camisa aberta,e as mãos nos quadris estreitos.

A visão dele ainda lhe tirava o fôlego.

Voltando rapidamente ao computador,ela se sentou e manteve os olhos fixos na tela.

- Eu vou terminar isso até a hora do jantar, se puder - prometeu.

Burt sorriu consigo mesmo.Levou um tempão para deixá-la lutando furiosamente entre o desejo e os sentidos e a mente,que insistia em provar que Mari só estava interessada naquilo que ele possuía.

As mulheres nunca o quiseram pelo que era.Por que Marianne seria diferente?

Mas porque ela reagia com um ardor tão doce,a menos que o desejasse tanto quanto ele a desejava?

Não. Desejo era uma coisa,e amor era outra.Ele amara sua mãe e Caroline, e ambas foram oportunistas e egocêntricas,pois só quiseram usá-lo.Como podia confiar em Mari depois disso?

Apesar de tudo,ela o incomodava terrivelmente...Burt já não se sentia mais seguro quanto ao seu próprio julgamento.

 

Abalada com tudo que acontecera, Mari sentiu necessidade de ar puro no dia seguinte. Tinha medo de que Burt a achasse leviana, e agora estava com vergonha de encará-lo.

Não precisava ter se preocupado.Ele não estava em parte alguma, e Lilian resmungava furiosamente ao manquitolar pela cozinha com uma muleta debaixo de um braço.

Mari repreendeu-a e tomou-lhe a travessa de presunto.

-Deixe que eu faço isto.Você não deve tentar levantar peso,tia Lilian,você sabe o que o médico disse.

-Sim,mas é muito duro pedir a ajuda de outras pessoas. -Irritada, Lilian disse de repente: - Ele se foi.

-Ele? - repetiu Mari sem entender.

- O patrão.Ele resolveu ir para a América do Sul.De uma hora para outra.

- Ele partiu está noite?

-Isso mesmo,Com armas e bagagens.vai tomar um vôo comercial em Sam Antonio,entende?Ele mesmo pilotou o avião até o aeroporto.

Você disse,há alguns dias,que ele teria que ir á América do sul... - Mari tentava convencer a si própria de que nada tinha a ver com a súbita partida de Burt.

-sim,mas eu não esperava que ele fosse em meu primeiro dia em casa. - Lilian disse exasperada.

Impulsivamente,Marianne abraçou a tia.

-Ele sabe que estou aqui.Eu cuidarei de você.

Suspirando tristemente,Lilian queixou-se:

-Nada está funcionando como deveria,Nada!

-O que quer dizer com isso,tia Lilian? - perguntou com um sorriso de quem sabia do que a tia estava falando.

Lilian percebeu e corou violentamente.

-nada,nada mesmo.Arrume a mesa e me ajude a trazer a comida.Vai haver muita comida só para nós duas,uma vez que o patrão e o apetite dele estão ausentes,vamos ter que congelar o que sobrar.

-Você tomou seu remédio?Lilian olhou-a com irritação e então sorriu.

-Tomei

-Ótimo.Agora terei que ficar de olho em você por muito mais tempo.

 

Mari passeava sozinha,quando não estava ajudando Lilian. Desfrutava a amplidão do rancho e a sensação de auto-suficiência.Ao olhar para a linha do horizonte,ela pensou em como seria aquela terra há centenas de anos,quando homens rudes e aventureiros cruzavam o país pelas trilhas que levavam ao norte,sul e oeste.

Tudo era paz e silêncio.Ali mari sentia-se em casa,mas completamente só.Burt fazia-lhe falta como nunca esperara.

Conhecia-o há poucos dias,mas isso não fazia diferença para suas emoções confusas.Fechava os olhos e sentia a boca dele,suas mãos segurando-a,tocando-a.

Em casa, ficava vigiando a entrada de carros e olhando pela janela,esperando.Quando o telefone tocava,corria para atender. Certa de que erra Burt.Sempre em vão.Cinco dias se passaram.O fim de suas férias esta chegando.Logo precisaria ir embora.E se não o visse mais antes de partir?

-Está com saudades do patrão? - Lilian perguntou uma noite,quando jantavam.

Mari precisou disfarçar:

-Não claro que não.

-Nem um pouco?

Brincando com um pãozinho fresco,ela suspirou.

-Bem,talvez um pouco.

Lilian sorriu.

-Que bom!Porque ele está chegando nesse exato momento,Mari não conseguiu se conter.Levantou-se da mesa e correu para a varanda.Deteve-se a tempo,antes de descer os degraus como louca para correr na direção dele.

Burt desceu do carro carregando uma bolsa de viagem e parecendo tão mal-humorado como quando partiu.

Vinha andando em direção á casa quando avistou Mari no terraço.Parou de repente,apenas para admirá-la.

Ela parecia tão jovem,bonita e solitária sob a luz do luar.

O coração dele disparou,e todo o seu mau humor de repente se dissipou.

- Ora, olá, mocinha! - disse ,subindo os degraus sorrindo.

Ela procurou se manter calma.

- Olá.Fez boa viagem?

-Acho que sim.

Ele parou bem á sua frente, e Marianne pôde ver rugas de cansaço em seu rosto.

-Eu estou com uma aparência tão ruim assim? - brincou ele.

-Você parece cansado.

- E estou mesmo.Eu fiz o trabalho de duas semanas em cinco dias, sentiu saudades de mim?

Ela se esquivou.

-Eu tive muitas coisas para fazer, e o telefone não parou de tocar.

Ele soltou a bolsa e tomou seu rosto entre as mãos.

- Você está com olheiras, você não tem dormido bem, tem?

- Você também parece que não.

-Trabalhei demais, e não, não, dormi com nenhuma daquelas maravilhosas sul-americanas.

-Oh...Isso não é da minha conta, afinal!

-Você não gostaria que fosse? Ou prefere fingir que o que fizemos no dia em que parti não significou nada para você?

-Não significou nada para você.Você disse que...

Ele a calou com um beijo faminto,estava com saudades e beijou-a com sofreguidão.

Ele respirava pesadamente quando se separaram e seu olhar a assustou um pouco.Acariciando os cabelos escuros de Mari,Burt disse desesperadamente:

-Você me perseguiu o tempo todo,durante o sono,eu ouvia você gritar...Gemer em meus braços...

Ela o olhou suplicante e disse,com um fio de voz:

-Apenas não me magoe,eu não tenho experiência suficiente,não tenho...Malícia...Para brincar de jogos adultos com homens.

Isso o deteve,abrandando-o beijando-a na testa,disse:

- Eu nunca a magoaria,nem com gestos ,e nem na cama,meu deus,Marianne,você me faz sentir como um adolescente!

Seus dedos se cravaram nos ombros dele quando Burt começou-a a beijá-la de novo.Mas teriam que esperar.

-Cupido se aproxima - resmungou ele,com um leve tremor nas mãos ao afastar-se, pois ouvira o som pesado da bota de gesso de Lilian.

Mari fitou-o ainda zonza,um pouco assustada com sua própria falta de resistência,com o desejo gritante que sentia.

Burt dize-lhe suavemente:

- O desejo não deve assustá-la ele é tão natural quanto respirar.

-Isso tudo é novidade para mim - murmurou.

Ele respondeu pouco antes de a governanta abrir a porta:

-Então, é novidade para nós dois,porque eu nunca me senti assim com outra mulher.Se isso a deixa surpresa,imagine só como me sinto.Eu que pensei que já havia vivido o bastante...

Lilian sorriu radiante ao vê-lo na varanda.

-Bem-vindo ao lar,patrão! Está com boa aparência,não acha,Mari?

Lilian olhou encantada para os dois,a sobrinha estava vermelha,e o patrão parecia um pouco agitado.Bom muito bom,as coisas estavam progredindo.

A separação funcionou bem,afinal.

Burt abraçou-a afetuosamente.

-Eu me sinto muito bem.Tem se comportado direito?

-Oh,sim,patrão As pílulas e tudo mais - Lilian olhou resignada para a sobrinha - É muito difícil não tomar pílulas quando ameaçam enrolar a gente com uma toalha.

Ele riu gostoso,e olhou para Mari.

-Muito bem ,menina.

-Deveria ganhar uma medalha por causa disso - respondeu Mari.

-Sem dúvida.O que há para o jantar? Estou faminto.

Lilian sorriu de orelha a orelha.

- Finalmente! As coisas estão voltando ao normal.Você precisa ver toda a comida que guardamos.

- Então,não fiquem aí paradas.Vão buscá-las. Eu vou morrer se não comer logo!

Lilian atendeu-o enchendo a mesa de jantar.Enquanto Burt comia,Mari o observava calada,sem conseguir disfarçar seus sentimentos.

Depois da refeição ,apesar dos oferecimentos de ajuda e ameaças,Lilian empurrava um carrinho cheio de pratos sujos até a cozinha.

Mari queixou-se:

- Ela não quer diminuir o ritmo.Eu tentei convencê-la, mas ela , não quer que eu faça o trabalho dela.Telefonei para o médico me queixando,mas ele disse que contado que tome seu remédio e não fique muito tempo em pé com a perna engessada,ela ficará bem.Eu,pelo menos consigo fazer com que ela se sente, e ajudo quando ele me deixa.

-Ainda bem que o quarto dela fica no andar de térreo - comentou ele.

- É mesmo.

Ele a estudou por cima da borda da xícara,com os olhos semicerrados,parados e cheios de fogo.Agora não havia divertimento e nem zombaria neles,apenas um desejo franco e urgente.

Mari retribuiu o olhar,porque estava além de suas forças resistir.Ele a manteve cativa,com seus olhos sombrios cheios de promessas de prazer.

O corpo feminino reconheceu esse olhar e começou a reagir de maneira assustadora.

-Acho que vou buscar a sobremesa - disse Mari levantando-se em pânico.

-Eu não quero sobremesa.

Ela se sentou novamente e pôs mais açúcar em seu café,já muito doce.

-açúcar demais faz mal para os dentes - comentou ele.

-Eu gosto dele bem doce - retrucou Mari,numa conversa que não fazia sentido diante dos sentimentos que os atormentavam.

- É mesmo?

Ele tomou-lhe a mão e começou a massageá-la levemente com os dedos.

Enquanto a fitava intensamente,tirou-lhe a colher do açúcar e entrelaçou os dedos nos dela,com uma pressão leve e sensual que a fez querer gritar de desejo reprimido a tanto tempo.Correspondeu ao toque com paixão.

- Que tal darmos uma olhada naqueles recados telefônicos Mari?

Os dois sabiam que era apenas uma desculpa, um pretesto para ficarem a sós no escritório.Ele se levantou e a puxou pela mão, e ela sentiu o silêncio palpitante crescer enquanto seguiam pelo corredor.

-Vocês não querem sobremesa? - Lilian perguntou sem muita ênfase,pois estava sorrindo demais.

-Agora não - respondeu Burt.

Ele olhou para mari ao abrir a porta do escritório, e havia chamas ardentes em seus olhos,fixos e possessivos.

Mari sentiu que seus lábios se entreabriram só ao olhá-lo.Ao passar por ele,sentiu o calor de seu corpo atlético,a força e o poder dele,o perfume de sua colônia.Mal podia esperar para ficarem a sós.

No momento em que Burt ia segui-la para dentro da sala,a atmosfera inebriante foi perturbada por uma batida forte na porta da frente.

Ele praguejou baixinho,virando-se com uma violência tão inesperada que Mari sentiu pena de quem quer que estivesse lá fora.Foi atender furioso.

-O que é? - perguntou secamente.

- Bem, você me convidou a vir aqui, não convidou? - respondeu de maneira igualmente seca uma voz tão grave e autoritária quanto à de Burt, - Você me telefonou do aeroporto e disse para eu vir para discutimos sobre aquele segundo arrendamento. Portanto, aqui estou eu.Ou será que se esquece?

- Não.

- Você vai me servir café aqui nesta maldita varanda?

Burt fez força para não sorrir,mas não conseguiu evitar.Com toda franqueza,Ty Wade era igualzinho a ele.

-Oh, diabos,entre - resmungou segurando a porta aberta.

Um amem alto e esguio entrou na casa,com um chapéu de vaqueiro na mão.Tinha um aspecto rústico,e olhos cinzentos tão frios e penetrantes que Mari quase recuou,Ele,então, a viu e sorriu,e todo seu semblante mudou.

- Marianne,este é meu vizinho Tyson Wade - disse Burt.

Ty balançou a cabeça sem falar,olhando para além de Mari,onde Lilian estava em pé. Com a perna engessada.

- O que você fez? Deu um pontapé nele? - perguntou a Lilian,apontando com a cabeça para Burt.

Lilian riu.

-Não foi bem assim.Como vão Erin e os gêmeos?

-Muito bem,obrigado - respondeu Ty, com um sorriso tranqüilo.

- Dê-lhe lembranças minhas.Aceita um cafezinho?

-Basta prepará-lo,que eu irei buscar a bandeja - Burt disse com firmeza.

Lilian voltou á cozinha,enquanto Mari procurava palavras para dizer.

Afinal começou:

-Acho que vou me recolher.Se tiver urgência com alguma coisa,me chame amanhã cedo.

Burt respondeu depois de uma pausa:

- Claro,faça isso,se não se importa,procure fazer com que sua tia também vá para cama.Ela vai me deixar maluco se não começar a repousar.Jogue com a consciência dela,menina.

Mari forçou um sorriso.

-eu vou tentar.Prazer em conhecê-lo Sr.Wade - disse a Ty ,e então foi atrás de Lilian.

Ao arrumar a bandeja,a governanta disse com um suspiro:

-Imagine só,Tyson Wade nesta casa.Foi um choque ver aqueles dois conversando.Eles tinham uma rixa mais antiga do que o tempo que estou aqui.Aí o Sr.Wade se casou,e olhe só para ele.

- Ele parece um amem bem casado,de família - comentou Mari.

- Você devia tê-lo visto antes.Ele fazia o patrão parecer um gatinho manso.

-Era tão terrível assim ,tia?

-Sim, bastante mau, aliás, para fazer o patrão se livrar do cão pastor que tanto adorava. O cão trouxe para cá, inadvertidamente, algumas reses do rebanho de Ty, ele veio até aqui para ter uma “conversinha” com o patrão. No dia seguinte, Burt levou aquele cachorro para ser adotado por um bom lar. E o patrão teve que ir ao dentista. Tyson era um homem amargo antes que a srta.Erin aparecesse, Ah... O milagre do amor verdadeiro.Bem,vamos cuidar da louça,já que você insiste em ficar no meu caminho.

Foi o que Mari fez e mandou a tia para cama. Então também desapareceu, antes que Burt viesse buscar a bandeja de café, já sofrera bastante por uma noite.

 

O café da manhã foi uma provação,com Burt frio e distante,completamente diferente do homem apaixonado da noite passada.Mari sentia-se fria e vazia, e perguntou-se que havia feito para deixá-lo tão indiferente.Quase se alegrava por suas férias estarem no fim.

Ele a seguiu até o escritório e começou a abrir a correspondência,que acumulara durante sua ausência.Olhou carrancudo para a pilha de cartas que o esperava.

-Você sabe anotar um ditado? - perguntou,sem levantar os olhos.

-Sim.

-Ótimo,então pegue um bloco e uma caneta na gaveta da escrivaninha,e vamos começar.

Ele começou a ditar.A primeira carta era em resposta a um homem que devia dinheiro a Burt.O homem escrevera-lhe para explicar que tivera um mês ruim e que colocaria os pagamentos em dia,assim que pudesse.Em vez de uma resposta compreensiva,ele ditou uma carta implacável, exigindo pagamento total e ameaçando protestar os títulos.

Mari abriu a boca para falar, mas o olhar que lhe foi dirigido não admitia comentários. Ela engoliu as palavras de compaixão. Mari começou a formar uma imagem dele que a desapontava e desiludia.Se havia algum calor nele,ela não conseguia encontrá-lo nos negócios.

Talvez fosse por isso que era tão rico,ele colocava seu próprio sucesso acima dos problemas de seus devedores.Portanto tinha dinheiro, e pelo que parecia ,não tinha muita consciência.Mas Marianne Raymond tinha, e o que estava vendo agora a perturbava muito.

Burt,afinal terminou de ditar as cartas,mas quando Mari ia começar a datilografá-las o telefone tocou.Ele atendeu,o rosto ficando mais sombrio a cada instante.

Era um concorrente ao telefone,acusando-o de usar métodos escusos para conseguir o máximo de um acordo de negócios.

A discussão que tiveram deixou-a envergonhada.

-Alguma coisa a está incomodando? - perguntou ele,percebendo o embaraço de Mari.

-Sim você é cruel - ela respondeu com franqueza.

-E daí? Droga! Eu cresci sendo alvo do escárnio de todas as línguas ferinas da cidade.Eu era o garoto Jessup, cuja mãe era a mulher mais fácil das redondezas e fugiu com o marido da Sra. Hurdy.Eu era aquele pobre garoto que nunca tivera uma família decente, excerto a avó briguenta.O sucesso é um grande igualador,não sabia?As mesmas pessoas que consumavam torcer o nariz para mim agora tiram seus chapéus e me cumprimentam com respeito pelos grupos cívicos locais.Sou sempre citado nos jornais.Oh! Sou um grande homem hoje em dia,pequena e tudo porque ganhei dinheiro.Porque deveria ser mais humano? Ninguém é?

-O sr Wade não é?

- O Sr. wade é agora um homem dedicado á família,e perdeu a coragem a esposa dele a removeu,juntamente com sua hombridade e orgulho.

Mari levantou-se indignada.

-Que coisa horrível de se dizer! Como pode ser tão insensível? Será que não percebe o que esta fazendo com você mesmo? Está se transformando num velho sovina e parece não se dar conta disso.

-Eu contribuo,para salvar as aparências e se autopromover. Não porque você se importa realmente com nenhuma alma viva.

O queixo dele se ergueu e os olhos faiscaram perigosamente.

-Eu me importo com minha avó e minha irmã, e talvez até com Lilian.

-E com mais ninguém.

- Isso mesmo, com mais ninguém.

Ela ficou parada com os punhos cerrados nos lados do corpo,magoada e furiosa.

-Seu riquinho sem sentimento - explodiu Mari.

Ele sorriu lentamente.

-Exatamente! Eu sou rico. E se você tinha idéias de tirar vantagens deste fato, pode esquecê-la. Eu dou valor ao meu dinheiro, e não sou talhado para bolos de casamento.

-Eu sei disso, e acho bom, porque as mulheres que procuram um marido geralmente querem um homem que não precise ser ligado numa tomada na parede para se aquecer!

Ele enfureceu-se

-Saia de meu escritório! Já que está aqui para visitar sua tia, vá fazê-lo e fique fora do meu caminho! Quando quiser um sermão,eu vou procurá-lo na igreja!

- Qualquer sarcedote que o recebesse na igreja deveria ser canonizado! - retrucou Mari, e saiu correndo da sala.

Mari não contou á tia o que aconteceu.Também não viu mais Burt,que só retornara bem de madrugada.

Ao se deitar já tinha planejado uma maneira de dizer a Lilian que precisava retornar á Geórgia.

Não seria fácil partir, mas agora que conhecia Burt, como ele era realmente, tinha certeza de que estava fazendo a coisa certa. Ele talvez fosse um homem atraente,com uma carteira recheada ,mas era frio como gelo.

E, depois, aquele comentário quanto a não se importar com ninguém,excerto a família,magoou-a terrivelmente. Ela estava aprendendo a amá-lo, e agora compreendia que ele não tinha nada para oferecer.

Nem ao menos calor, sim precisava voltar para casa, Lilian estava se recuperando muito bem, tomando seu remédio e até descansando direito. Burt pelo menos cuidaria da governanta,Mas nunca se importaria com Marianne, e já era hora de ela encarar este fato.

 

Marianne passou um dia horrível.Ficou fora do caminho de Burt e não entrou mais no escritório, ele que contratasse uma secretária temporária, pensou furiosa.

Ela que não ia ajudá-lo.

- E falar em conflitos desarmados... - resmungou Lilian,quando , Mari estava saindo para um passeio.

- Foi ele quem começou. Ou será que você não sabia como ele faz negócios.

- Ele, as vezes é um homem duro de se entender,mas você nem imagina o tipo de vida que ele teve,Mari.

As pessoas não são frias sem motivo,muitas vezes é apenas um disfarce.

- Pois o dele é impecável.

Lilian sorriu.

- O seu também, quase, mas não desista dele ainda. Ele poderá surpreende-la.

-Ele não terá mais tempo, já se esqueceu que tenho que voltar para casa daqui a dois dias?

A governanta parecia preocupada.

-Sim, eu sei, eu esperava que você ficasse por mais algum tempo.

-Você está melhor, tia e ele não me quer por aqui. Não mais.Não sei se ficaria, nem se pedissem.Bem... Acho que vou dar uma olhada nos cavalos.

Encerrou a conversa saindo silenciosa e abatida.

Ela enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e caminhou sem objetivo ao longo da casa, até avistar o estábulo.

Montado num enorme cavalo alazão, o chapéu de vaqueiro caído sobre os olhos, Burt observou-a.

Mari estancou olhando-o com irritação, ele se aproximou lentamente, parando bem ao lado dela.

-Nos ainda conversamos? - perguntou, num tom divertido, empurrando o chapéu para trás.

Indiferente, ela ignorou a pergunta e comunicou-lhe sua partida:

-alguém pode me levar á estação rodoviária pela manhã? Minhas férias terminam em dois dias.Preciso voltar a Atlanta.

Burt a fitou por um longo momento antes de falar.

-como você vai explicar essa decisão a Lilian? Supô-se que você deva pensar que estou morrendo, não é mesmo?

Que você esteja me ajudando a escrever minhas memórias.

-Eu não creio que meu estômago seja bastante forte.

-Deixe disso. Estou tentando fazer amizade com você.

-Uma vez, tentei fazer amizade com um rato branco enfiei minha mão dentro de sua gaiola para que ele me cheirasse e ele quase me comeu o dedo mínimo.

-Você está tornando as coisas difíceis - resmungou ele.

-Não é você que está.Estou apenas fazendo o possível para aliviá-lo de minha presença perturbadora.

Suspirando com impaciência, ele estudou seus olhos.

-Nunca tive que me justificar perante ninguém, Nunca quis fazê-lo.Não quero que você vá embora, Mari - concluiu depois de uma baixando os olhos para a ponta da sela.

-por que não?

Dando de ombros, ele sorriu francamente.

-Talvez tenha me acostumado a você, alem disso, sua tia nunca se conformará, se você partir agora.Todos os planos dela quando a nós estariam arruinados.

-Essa é uma questão superada no que me diz respeito, não aceitaria você nem numa salva de prata. Assado!

Burt fez força para não rir.

-Não mesmo?

-Vou voltar para Atlanta - insistiu Mari.

-você não tem emprego...

-tenho sim.Eu trabalho num escritório!

Desta vez ele sorriu, com um ar maroto.

-Não tem mais, eu telefonei para lá na semana passada e disse que você precisava se demitir para cuidar de sua tia e do patrão “ moribundo” dela.

-Você o que?

-Me pareceu a melhor coisa a fazer na ocasião, disseram que sentiam muitíssimo, mas que poderiam substituí-la rapidamente.

Mari mal conseguia respirar de tanta fúria

-Ora.Seu...SEU...! - Procurou se lembrar de alguns nomes feios que aprendera no emprego e começou a desfiá-los.

-Ora, ora, que coisa feia - censurou, e curvando-se inesperadamente, colocou-a sobre a sela, diante dele - fique quieta! Disse com aspereza, controlando o cavalo excitado com uma mão e prendendo-a junto a si com a outra.

-Eu te odeio!

Ele controlou o animal e saio a galope.

-Gostaria de provar isso? - perguntou...

Mari não perguntou a que ele se referia.Não houve tempo.

Estava ocupada demais, procurando se agarrar á sela não percebera como o cavalo era alto até estar montada.Além disso, o calor do corpo forte de Burt mexia com os seus sentidos.

Ele conduziu a montaria para um pequeno bosque de carvalhos e algorobeiras, e apeou.Antes que mari se desse conta do que estava acontecendo, foi retirada da sela e deitada de costas na grama alta com o rosto sério de Burt acima do seu.

Ele então falou:

-Agora, que tal você me mostrar o quanto me odeia?

A cabeça dele desceu, e ela levantou as mãos impensadamente para agarrar-lhe os cabelos e puxá-los, mas isto só deu a ele uma brecha inesperada, e Mari ficou com a respiração presa na garganta quando sentiu todo o peso dele sobre seu corpo, imobilizando-a.

-É melhor ceder, meu bem, pois, do contrario é capaz de afundar até á China - comentou ele, maldosamente.

Marianne ofegava e se debatia até que compreendeu que seus esforços eram inúteis e cedeu com reletância.Com o rosto inflamado, encarava-o com fúria.

-Covarde - provocou-a Burt.

Sutilmente, o clima entre os dois mudou.As mãos dele ainda seguravam as dela, mas com uma pressão acariciante e não brutal.

A expressão dos olhos verdes mudava lentamente, de um fraco divertimento para uma paixão sombria.

-Sim, isso a fez tremer, não? - murmurou Burt, observando-a enquanto seus quadris acariciavam os dela.

- Claro... Que sim, Eu nunca... Senti-me deste jeito com ninguém.

-eu também não - revelou ele num sussurro, curvando-se para roçar os lábios nos dela - Eu lhe disse isso quando voltei para casa, e falei sério.Nunca me senti assim com ninguém... - seus olhos se fecharam ao beijá-la.

Mari queria protestar, mas a boca dele provocava sensações deliciosas.Acabando com sua resistência.Com um suspiro trêmulo, entreabriu os lábios e percebeu os dedos dele se flexionarem, entrelaçando-se nos seus de maneira acariciante, provocando-a enquanto ele explorava o calor úmido da boca delicada.Primeiro com os lábios e então com a ponta da língua.

Mari não controlava mais as sensações que invadiam seu corpo e amorteciam sua mente.Sentia o peso quente de Burt e seu perfume e correspondia totalmente á intimidade desconhecida daquele abraço.

-Você nunca se sentiu desse jeito com um homem,não é? Só que isto é realidade, pequena, Marianne.É assim que realmente acontece quando um homem e uma mulher se unem num momento de paixão.Amor não é um conto de fadas.É quente, tempestuoso e complexo.

-Faz parte das regras prevenir a vitima? - Ela ainda tentava resistir.

-Sim, quando a vitima é inocente como você.Eu não quero um sacrifício de virgem, entende? Quero uma mulher de sangue quente.Uma mulher que esteja á minha altura.

Naquele momento,Mari sentia que estava. Seu corpo palpitava,ardendo em chamas.Em vez de tentar se afastar arqueou o corpo contra o dele,entregou-lhe a boca e abraçou-o com as coxas macias.

Burt sentiu o desejo de seu corpo suave, e isso despertou nele um estranho impulso protetor. Ele, que estava acostumado a ter o que queria,sem pensar as conseqüências,hesitou.

-Não,não Assim não.

Soltou-a estremecendo um pouco antes de se sentar e respirar asperamente. Empurrou os cabelos para trás com os dedos nervosos e fitou-a sem disfarçar o desejo.

-Por enquanto,você pode esquecer a idéia de voltar para Geórgia. Lilian precisa de você. Eu também talvez precise. Você me deu uma nova perspectiva sobre as coisas - Burt falava , tentando se controlar.

-O que você quer dizer é que me intrometi onde não devia e me comportei de modo a chamar a atenção.

-se eu quisesse dizer isso,teria dito.Não você é um alento de ar puro em minha vida,Mari eu estava afundando em minha própria amargura quando você chegou.Talvez tenha razão quanto á minha atitude com relação ao dinheiro.Então por não fica e me redime?

-Não consigo imaginar alguém com coragem suficiente para tentar. E além do mais você teve o desplante de me fazer perder o emprego!

-Você não pode mais trabalhar num lugar cheio de homens,lembra de seus pesadelos terríveis sobre o assalto?

Os homens a deixam nervosa, foi Lilian quem disse - Burt caçoou.

-Oh! Aqueles homens,não deixam ninguém nervosa.A única coisa que fazem é trabalhar duro e então voltar para casa para suas esposas,Nenhum deles é solteiro.

- Que pena para você. Foi uma sorte maravilhosa Lilian me encontrar morrendo e mandar chamar você.Não é toda garota que recebe um homem rico,solteiro e bonito numa bandeja . - Burt disfarçava seus sentimentos,fazendo ironias.

-eu não sou interesseira!

 

- Oh , droga ,sei disso,mas eu tinha que me defender,não tinha? Você é uma bomba muito potente,meu bem,um peixe fisgado luta até o fim.

As palavras dele não faziam muito sentido para ela,mas mari estava um pouco atordoada com tudo que acontecera.Apenas olhou-o confusa.

Tomando-lhe a mão ,Burt disse:

-Deixe para lá,vamos voltar.Tenho que tratar de alguns negócios.Você gosta de montar?

-hum,hum,!

-Você pode ficar com seu próprio cavalo da próxima vez,mas agora acho melhor voltarmos andando. Estou quase perdendo o controle,se quer saber.Eu não agüentaria ter você bem perto neste exato momento.

 

Burt passou o resto do dia fora e não voltou para jantar. Tia e sobrinha comeram sozinhas. Depois de ajudar na cozinha Mari deu um beijo de boa-noite em Lilian e subiu para seu quarto.Estava dividida entre desapontamento e alivio por ele ter estado fora desde o último encontro.

Os dois formavam uma dupla explosiva,trocavam insultos,faziam ironias e acabavam aos beijos e abraços,quase fazendo amor. Tudo isso era muito perigoso e a confudia.

Tentando esquecer, Mari resolveu tomar um bom banho . Estendeu a camisola sobre a cama e, após ter enchido a banheira,deixou-se relaxar entre as bolhas de espuma.

Não ouviu a porta de seu quarto abrir e fechar,nem os passos abafados no carpete.Burt parou extasiado ao vê-la,os lindos seios rosados,nus,brilhando com água e sabão.

Mari levantou os olhos e encarou-o .Não conseguia se mover olhos verdes contemplavam as curvas suaves de seu corpo e ela sentiu as pontas dos seios intumescerem sob aquele olhar apaixonado.

Burt meneou a cabeça quando Marianne tentou se esconder.

-Não,não os cubra, Mari - pediu,aproximando-se.

Entorpecida de desejo, observando-o arregaçar as mangas da camisa branca,desabotoada até a cintura. Tinha uma aparência muito máscula e perturbadora, e quando se curvou ao lado da banheira,ela aspirou o perfume de sua colônia sensual.

-Não faça isso, por favor! - protestou francamente.

Burt pegou uma esponja macia e manejou a cabeça ,sorrindo levemente.

-considere isto um serviço para uma hóspede especial e cansada, relaxe.

Ela começou a protestar de novo,mas ele não lhe deu atenção.Lenta e suavemente ele passeava a esponja em todos os recantos do corpo feminino.

Num silêncio cheio de significados,ele banhou,parando vez ou outra para pousar a esponja e tocá-la experimentando a suavidade de sua pele ainda mais sedosa em contato com a água,fazendo Mari sentir-se vibrantemente viva.

Seus olhos azuis, semicerrados, escureceram de desejo enquanto os dedos de Burt esfregavam levemente seus seios pequenos e rijos e descobriam, a cada curva, toda a sensualidade da pele acetinada, como se ela o fascinasse.

Marianne estremeceu ao ver a banheira se esvaziar, revelando completamente seu corpo para ele.

Burt encarou-a encontrando apreensão, medo, prazer e encantamento, e disse suavemente:

-Eu nunca havia dado banho numa mulher antes. E também nunca tomei banho com uma.Em certas coisas acho que sou um bocado antiquado.

-Eu nunca deixei alguém me olhar antes - disse ela, com a respiração irregular.

-Sim, eu sei.

Então ajudou-a a sair da banheira e pegou uma toalha. Mari sentiu o calor de Burt na própria pele enquanto ele a enxugava lentamente. Podia sentir as mãos dele tocando-a e se agarrou aos ombros fortes quando elas chegaram aos seus quadris e começaram a acariciar-lhe o ventre. Marianne sentiu uma torrente de sensações que a enlouqueciam.

-Burt... - murmurou

Ele ajoelhou-se á sua frente, descartando-se da toalha ao segura-lhe os quadris e pressionar a boca em seu ventre.

Ela gemeu alto, e isto fez o sangue dele disparar, quente como lava. A boca de Burt começou a subir, com uma lentidão agonizante, com uma fome implacável pelos seios macios e suaves.

Ela segurou-o e sentiu Burt beijar-lhe os mamilos. Então ele a tocou no triângulo do sexo de uma maneira jamais imaginada e mari aspirou o ar bruscamente, estremecendo.

-Shhh - sussurrou ele, junto ao seio. - Está tudo bem, não lute contra mim.

Ela não poderia lutar, nem queria. Vibrava, tremia e gritava enquanto ele a fazia experimentar sensações deliciosas na intimidade do seu corpo jovem. Suas unhas se cravaram nas costas máculas.

-Marianne - murmurou ele, procurando a boca macia. Então, parou sua delicada exploração e lenvantou-a nos braços. Mari sentiu o colchão afundar com o seu peso e a boca exigente voltou a descer lentamente até seu ventre, suas coxas.

Apreensiva, ficou tensa com aquela franca intimidade.

Burt levantou a cabeça, olhou para seu rosto, e disse com brandura:

- Está bem, Não quero assustá-la.

Marianne tinha as faces rosadas e uma expressão fascinada.

Burt baixou os olhos para seu corpo acariciando-o com a mão forte e bronzeada, saboreando sua doce vulnerabilidade.

-Isto é tão novo. Nunca percebi como o corpo de uma mulher é realmente suave, como é delicado. Eu poderia me embriagar só de olhar para você.

Marianne se sentia vibrar sob o olhar intenso.

-Você não está protegida, está? - perguntou, fitando-a.

Ela levou um minuto para entender o que Burt estava querendo saber, e isto fez a situação assumir implicações muito mais sérias.Para ele, esse era um território famílias, mas, para ela não.

Afinal respondeu:

-Não, não estou.

-Tavez seja melhor assim - ponderou Burt curvando-se sobre sua boca - acho que... Talvez estragássemos tudo se chegássemos agora a esse tipo de intimidade total.

A mão dele afagou suavemente um seio enquanto explorava seus lábios trêmulos.

-Você não gostaria de me tocar assim?

Sem forças para responder, Mari mostrou-lhe o que gostaria de fazer.

Suas mãos foram lentamente para a camisa aberta e deslizaram para dentro dela, encontrando o calor excitante do peito masculino.A boca dele se moveu sequiosamente contra a sua, como se nunca fosse se saciar.

A respiração entrecortada de Burt a perturbava, pois ela própria estava intoxicada pela intimidade que compartilhavam.

Impulsivamente abraçou-o, arqueando o corpo para cima, permitindo que seus seios tocassem o peito dele, fascinada com a resposta que provocou.

Burt se afastou um pouco e levantou a cabeça.Seus olhos estavam escuros de desejo e seu peito arquejava.

-Faça isso de novo - disse com voz rouca.

Ela o fez, incendiada pela paixão.

-Veja as diferenças, meu bem.A pele escura contra a clara, os músculos contra a maciez, seus seios são como plumas.

Ao falar ele se abaixou. Seu corpo pesado desceu, amoldando á nudez de Marianne.

Provocando-lhe um êxtase louco.

- Dê-me sua boca agora. Deixe-me sentir você completamente.

Ela o segurou ternamente,as mãos afagando os cabelos espessos e escuros,o corpo todo palpitando.

As mãos dele acariciavam suas curvas, saboreando a maciez de sua pele.Burt a queria loucamente, e seria capaz de amaldiçoá-la por provocá-lo, por fazê-lo esquecer de sua ingenuidade.

Ele sabia o quanto ela o desejava, mas poderia engravidá-la e ele o odiaria para sempre por ter forçado essa situação.

Seu rosto deslizou contra o dela, e ele rolou para o lado, segurando-a de maneira protetora junto a si.

-Me abrace, Apenas me segure até pararmos de tremer.

-Eu quero você - murmurou Marianne, além da razão, além do orgulho. Ela mordiscou-lhe o ombro - Eu desejo você.

Ele beijou suas faces molhadas de lagrimas com ternura.

-Eu sei, Mas nós não podemos. Você está bem?

-Eu estou cheia de desejo - sussurrou ela, entre lágrimas.

-Eu poderia satisfazê-la.Sem ir até o fim.

-Não - respondeu depois de um instante - Não, sem você inteiro - Tocou no rosto dele, fascinada com o sentimento que viu em seus olhos.

- Eu sinto muito. Eu devia ter dito alguma coisa há mito tempo. Deveria ter lhe pedido para parar.

Ele também tocou em seu rosto.

-Mas estava tão doce, não estava? Tão doce quanto fazer amor.Nunca experimentei nada parecido em toda minha vida.

-Nem mesmo... O sexo?

-Não.Com você não seria sexo, seria realmente fazer amor.Não creio que você e eu pudéssemos aceitar algo tão superficial.

Mari se sentia tão tentada...Desejava-o desesperadamente.E amava-o! Amava-o! A descoberta de seus sentimentos assustou-a deixou-a insegura.

Burt viu a incerteza em seus olhos e interpretou isso como medo.Céus onde estava seu juízo, afinal? Ela era virgem.

Lilian estava no andar de baixo estava ficando maluco?

Ele ignorou a fome febril de seu corpo e conseguiu sorrir ao se afastar dela com um suspiro.

-Acho melhor pararmos, meu bem - disse lentamente e tentou vulgarizar o que tinha acontecido - estou velho demais para esse tipo de brincadeira.

Brincadeira? Mari olhou-o impotente, sabendo que ele obrigava seu cérebro abalado a pensar.Burt pegou a camisola de renda e vestiu Mari.Depois, ergueu-a e cobriu-a, alisando as cobertas.

Ele não podia lhe dizer que sua vulnerabilidade e fraqueza o haviam abalado.Não planejava isso, não esperava ser atraído para uma troca de carícias tão prolongada e intima.Ele a observou, enfeitiçado pela reação de Marianne ao seu toque.

Na verdade, viera ao quarto dela para lhe dizer que deveriam ser apenas amigos, que deveriam parar essa intimidade que poderia facilmente subjugar os dois.Mas a visão do corpo jovem de Mari na banheira apagou todo o pensamento corrente de sua mente. Olhando-a agora via o compromisso e a perda de sua preciosa liberdade.Revia todas as velhas feridas, a impotência diante do amor.

Com uma praga ríspida, levantou-se correndo os dedos pelos cabelos.

Sentindo a raiva muda de Burt, Mari explodiu:

-Não me olhe desse jeito...Como se eu fosse uma depravada! Não fui eu que entrei em seu banheiro e tentei seduzi-lo.

-Eu não queria que isso acontecesse.

Ela acalmou-se um pouco com a confissão, pois ele parecia tão abalado quanto ela.

-Tudo bem, Eu Também não queria - mentiu, para confortá-lo.

Burt enfiou as mãos nos bolsos e suspirou.

- Eu já sou bastante velho para saber o que quero.Vim até aqui para ver se podíamos ser apenas bons amigos, sem todas essas complicações físicas.Você pode ver como foi bem sucedido - concluiu com um sorriso amargo.

- Mas não se preocupe.Você agora é uma mulher, não uma garotinha.Nada do que fizemos deixará você grávida.

-Eu sei disso!

-Eu só queria tranqüilizá-la, ninguém nuca vai saber o que fizermos aqui.Apenas você e eu.Isso torna a coisa muito particular Marianne.

-Você foi o primeiro...

Ele a beijou de leve na testa.

-Eu sei...

O rosto dela ficou quente quando olhou dentro daqueles olhos sonhadores e suaves.Burt ia beijá-la novamente, mas suas defesas já estavam no fim.Então, levantou-se com um sorriso e foi até a porta.

-Boa noite, meu bem. Durma bem.

-- Você também.

Ele fechou a porta sem olhar para trás, e Mari ficou fitando o vazio. Burt fora o primeiro, mas ele jamais saberia que seria o único.

 

Marianne revia os acontecimentos daquela noite, e o desejo não a abandonava.Cada vez que pensava em Burt, seu corpo começava a palpitar.Essas novas sensações a amedrontavam, por serem tão inesperadas, sentia vontade de fugir, mas tudo o que queria estava ali, no Rancho três Forçados.

Lilian maquitotava para lá e para cá, arrumando o café da manhã, ela levantou os olhos, sorrindo, quando mari entrou na sala, usando calça de brim e uma blusa tricotada.

-bom dia, beleza.O dia não está lindo?

--sim - respondeu mari.

Ela olhou para a cadeira vazia na cabeceira da mesa, e a tia, percebendo o olhar, disse:

-Ele voltará em um minuto parece uma nuvem de tempestade está manhã, todo agitado, e distraído.Também ficou olhando para o topo da desta escada desde que desceu - acrescentou maliciosamente.

-vou ajudá-la a trazer os pratos para a mesa - Mari disse depressa, evitando a piscadela de divertimento.

Tinha começado a comer quando Burt voltou.Ele parecia cansado, mas seu rosto se iluminou ao ver Marianne.

Sorriu sem querer e jogou o chapéu num canto da mesa, antes de sentar.Sua calça de brim estava empoeirada e a camisa xadrez azul um pouco desalinhada.

-eu já me lavei - disse a Lilian antes que ela pudesse abrir a boca.

- Tive que ajudar a tirar um touro de uma vala.

-como ele foi pra dentro da vala? Mari perguntou curiosa.

Burt sorriu.

-Tentando pular a cerca para chegar a uma de minhas novilhas.É espantoso como o amor afeta a mente, não?

Mari corou, Lilian deu uma risadinha Burt recostou-se em sua cadeira, observando-a comer ovos mexidos com um prazer forçado.

-Não quer comer alguma coisa patrão? - perguntou Lilian.

- Não estou com muita fome... Mas acho que vou comer torradas com café.Dormiu bem, Mari? - perguntou ele, quando a governanta lhe passou o café.

Mari levantou os olhos.

- Claro. E você?

Ele balançou a cabeça sorrindo levemente.

-Não consegui pregar os olhos.

Mari perdeu-se no olhar verde e sentiu sua força.Levou alguns segundos para se dominar e, mesmo assim seu coração batia loucamente.

Burt a observava com evidente prazer, encantado com a novidade de ver uma mulher reagindo daquela maneira á sua provocação.Tudo era novo com Marianne, mesmo as coisas comuns, como tomarem o café da manhã juntos, assumiam novas dimensões.

Descobriu que gostava de olhá-la.Especialmente agora, que sabia exatamente como ela era por baixo das roupas, seus olhos escureceram com a lembrança.

Mari sentia o olhar penetrante dele em todo o corpo, e correspondia da mesma forma.Burt era o homem mais sensual que já havia visto, tinha uma presença muito viril, e atordoava seus sentidos.O simples fato de estar perto dele a incendiava.

Queria se levantar e tocá-lo, colar a boca na dele, sentir aqueles braços fortes apertando-a como se nunca mais fossem soltá-la.

O garfo tremia em seus dedos, e ela corou, embaraçada, quando ele percebeu seu nervosismo.

- Vamos dar um passeio a cavalo - disse de repente.

Ela levantou os olhos para ele.

- Agora?

Ele deu de ombros.

- Lilian pode atender ao telefone.Não há nenhum assunto urgente hoje, por que não?

- Isso mesmo, por que não? - Lilian concordou prontamente - podem ir, eu cuidarei de tudo.

Mari concordou sem pensar.Por que fingir?

Queria ficar a sós com ele, e ele sabia disso. Seus olhos procuraram os dele ardentemente, tudo muito claro e franco em seu rosto oval.

Ele se sentia explosivo, jovem novamente um rapaz com uma garota especial.

Burt levantou-se, esperando que sua impaciência não transformasse demais.

- Vamos - disse.

Mari segui-o. Seguiria Burt Jessup até o fim do mundo, amava-o e se a quisesse, ela se entregaria.

Ele selou dois cavalos em silêncio e quando ajudou Mari a montar seus olhos estavam escuros e possessivos.

-você fica bem sobre um cavalo, querida - disse.

Ela o olhou e sorriu, sentindo o calor do peito dele.

- Acha mesmo? - perguntou.Com a voz rouca de desejo.

- Eu quero você, Marianne, não pensou em outra coisa a noite toda. Portanto não me provoque, está bem? Hoje eu quero conversar.Apenas conversar. Quero conhecê-la melhor.

Isso era lisonjeiro e um pouco surpreendente, mas ela queria muito mais que conversar, só não demonstraria, portanto continuou sorrindo.

- eu gostaria muito - afirmou.

Burt não queria afugentá-la, não sabia como ela reagiria quanto ao que tinha em mente, mas sabia que não podiam continuar daquele jeito.As coisas tinham que ser resolvidas, e logo.Ele andava aéreo e se irritava por perceber como era vulnerável.Essa obsessão tinha que acabar.

Montando em seu cavalo, mostrou o caminho pela longa trilha que circundada o rancho.Observava os homens trabalhando, e sentiu-se orgulhoso de seu rancho.

Mari olhou-o curiosa quanto á expressão satisfeita em seu rosto sério e moreno. Perguntou-se que pensamentos estavam lhe dando tanto prazer.

- Aqueles velhos instintos nunca me deixaram na mão - murmurou Burt, de repente - Acho que seria capaz de encontrar petróleo com meu nariz.

- O quê?

Ela a olhou.

- Ah! Eu estava pensando no rancho, e no petróleo que encontrei nas terras de Ty wade. Foi um risco danado, mas certamente valeu a pena.

Então eram os negócios que o faziam se sentir tão bem, não sua companhia, pensou ela.

- Os negócios são seu único prazer em sua vida? - perguntou, um tanto magoada.

Ele deu de ombros.

- Acho que é o único duradouro.Houve tempos bem difíceis por aqui quando eu era criança.Oh, sempre tivemos bastante comida, sabe. Esta é uma das vantagens de se viver num rancho, mas não tínhamos muito no sentido de coisas materiais.As roupas eram de segunda mão, e eu usei botas com furo na sola durante a maior parte de minha infância. Isso não era tão mau, mas acho que fiquei um bocado aborrecido por causa de minha mãe.

- isso é compreensível.Acho que tive mais sorte, afinal meus pais sempre foram bons para mim.Nós sempre nos demos bem.

Burt estudou-a em silêncio, e então comentou:

-Aposto que você era uma menina levada.

Mari riu, resolvida a não levar seu amor por ele tão a sério.

-era sim, eu jogava bola, subia em árvores e brincava de guerra.Só havia uma menina em minha rua, e ele e eu tínhamos que ser duronas para sobreviver a todos os meninos.

Eles não brigavam conosco porque éramos meninas.Mas nós nos divertíamos todos juntos.

- Eu gostava de brincar de cowboy e índio.Tinha meu próprio cavalo.

- O que você era?

Ele riu.

- Geralmente índio, dizem que tive um ancestral oroquês.

-Você é muito moreno.

-Isso é só por causa do sol, não é herdado, passei muito tempo trabalhando com equipamentos quando era mais novo, e ainda ajudo de vez em quando, mas você não toma muito sol, toma?

- Não, moro em apartamento, e trabalho o dia inteiro, não tenho chance de tomar banhos de sol.

- Então, aqui você precisa se proteger.A minha pela é como couro.A sua pe macia como seda...

Mari tocou sua montaria para frente, embaraçada.

Ele a alcançou facilmente e disse:

- Não fique envergonhada, pequena.

-Acho que devo parecer muito ingênua para você.

- Hum, hum! E eu gosto disso.

- Eu nunca tive muitos namorados.Meu pai era muito severo.

- Como era ele Mari?

- Oh! Muito alto e forte... E teimoso.Era terrivelmente bravo, mas eu amava a ambos. Perder minha mãe foi duro, mas perder os dois foi realmente difícil.

Burt estudou seu perfil e comentou;

- Eu, pelo menos tive minha avó e Belinda.Embora com vovó tenha sido uma luta a vida toda.Ela é parecida demais comigo.

- Como é sua irmão?

- Como vovó e eu ela é outra Jessup cabeça-dura

- Ela se parece com você?

- Não muito. Temos os mesmos olhos verdes, mas ela é mais bonita, é pequena, baixinha.Eu puxei ao meu pai.

- Ele também trabalhava com petróleo?

Burt assentiu com um gesto de cabeça.

- ele vivia procurando “aquele” poço - seus olhos de repente assumiram uma expressão distante - Foi bem ali que o encontramos caído, sob aquele arvoredo. - mal havia uma marca nele. Parecia estar dormindo.

- Eu sinto muito.

- Isso foi há muito tempo.

Ele virou seu cavalo, entrando por uma trilha que descia para o rio.Então desmontaram, e Marianne, observando o rio raso, comentou:

-É engraçado, eu nunca pensei que o Texas fosse assim.

A região é tão deserta, excerto por uma árvore ou outra.Mas junto dos rios, parece uma floresta, isso não é nada do que eu esperava. É tão... Grande.

- A Geórgia não é assim? - perguntou ele, deitando-se á sobra de um grande carvalho e.

Fitando-a.

- Não.Acho que só o sudoeste da Geórgia é parecido com isto aqui. Eu já vi até cactos crescendo lá, e existem cascavéis naquela parte do estado. Eu tinha uma tia- avó que morava lá.

Recostando-se no tronco da árvore.Burt encolheu uma perna e cruzou os braços.

- Já está com saudades de casa? - perguntou.

- Não, realmente.Eu sempre quis visitar um rancho de verdade.Acho que realizei meu desejo.Acha que tia Lilian ficará bem agora?

Ele riu.

- sim ,acho alias, ela está se divertindo muito conosco. Você não lhe contou que sabemos da verdade a respeito um do outro, contou?

- não ,eu não quis desapontá-la ,mas n´s realmente deveríamos contar.

- Ainda não. - Ele deixou os olhos percorrerem o corpo dela e seu sangue começou a esquentar. - Venha cá.

Marianne mordeu o lábio inferior.

- Eu não acho uma boa idéia...

- Isso não é verdade! Você não dormiu ontem á noite tanto quanto eu, e aposto que seu coração está tão descompassado quanto o meu.Você me quer,Marianne.E Deus sabe como eu quero você.Estamos sozinhos.Não existe olhos curiosos,ninguém para ouvir o que fizermos juntos.Faça amor comigo.

A mente dela continuava dizendo não. Então,por que suas pernas a levaram para ele? Ela não conseguia ouvir a voz da razão.

Burt abriu os braços, e ela se aninhou no peito forte.Ele rolou na grama,levando-a consigo até que ela ficou deitada de costas á sombra da grande árvore. Cativa pelo olhar de Burt,observava-o desabotoar a camisa até o torso ficar nu.A mão dele foi então para a sua blusa.

Mari segurou-lhe o pulso,mais isto não o deteve.Ele enfiou a mão por baixo dela,abrindo com facilidade o fecho de seu sutiã.

O corpo de Mari tremia com o leve roçar dos dedos dela.

- Por que não consigo lutar com você? - queixou-se.

- Porque aquilo que significamos um para o outro desafia a razão. - Ele olhou para a sua boca enquanto os dedos se aproximavam cada vez mais do bico intumescido de seu seio.

- Virgenzinha,você me excita demais,sabia?Posso sentir o que isto faz com você . Aqui.

O dedo indicador dele tocou no bico rígido, e ela arquejou e estremeceu sob ele, com os olhos enormes sombreados pelo desejo

- Você não imagina o que isso faz comigo.Saber que sou eu quem está causando essa reação em você.Saber que você sente fome de mim.Se eu a tomasse agora mesmo, você gritaria,Marianne.Você estremeceria e gemeria e eu não seria capaz de me conter.

Enquanto falava, Burt deixou que ela sentisse seu corpo compartilhando toda sua excitação. Então, a mão dele subiu suavemente, envolvendo seu seio,enquanto a boca encontrava seus lábios suavemente, provando sua doçura com fome abrasadora.

Os quadris dela se mexeram e ele gemeu roucamente.Mari abriu os olhos e perdeu -se nos dele.

Burt murmurou roucamente:

- O que você sente está aumentando a cada minuto.Se começar a mexer os quadris,vou perder o controle.Está disposta a correr esse risco?

Marianne estava.Seus sentidos clamavam por satisfação queria sentir as mãos dele por todo seu corpo,queria as roupas fora do caminho, a fim de que pudessem se tocar.Queria alisar os músculos duros de suas costas e das pernas, e senti-lo no abraço mais íntimo de todos.

Burt gemeu ao olhá-la nos olhos.Conduziu as mão dela,puxando -a para seu corpo,

Amoldando-as contra sua virilidade.

Mari recuou ante essa intimidade, e isto o trouxe de volta á razão.

Burt rolou para o lado, tentando se controlar Marianne olhou para os cabelos dele enquanto prendia o fecho do sutiã e puxava a blusa para baixo.Juntos ,eles eram um par explosivo. Ela o amava loucamente. Será que ele sentia o mesmo?

Será que tinham alguma chance juntos? Por que ele havia parado?

Levantou-se desajeitadamente, nervoso e encabulada, percebendo que chegara a hora da verdade.

Ele levantou os olhos, prendendo a respiração ao ver a beleza de seu rosto.

- Eu quero você - finalmente respondeu.

- Sim, eu sei.

Ele sorriu francamente.

- Sim, acho que você sabe mesmo.

- E?

Levantando-se lentamente, ele disse:

- Nós não podemos continuar assim, Você entende, não?

- Hum, hum!

- Qualquer dia destes, vou perder o juízo. Isto podia ter acontecido agora há pouco. Nós, quero dizer os homens, ficamos instáveis quando tomados pela paixão.E eu sou apenas como qualquer outro homem cheio de desejo.

- E o que você quer fazer a esse respeito? - ela perguntou suavemente.

Ele enfiou as mãos nos bolsos e olhou-a com um suspiro cansado, parecendo vencido após uma longa batalha:

- Eu vou montar um apartamento para você, para começar.Vou abrir uma conta bancária em seu nome e lhe dar o que precisar. Podemos dizer a Lilian que você arranjou um emprego na cidade.Não em ravine, obviamente, talvez em Victoria. Não é longe demais para eu ir até lá, e é suficientemente grande para não despertar a curiosidade das pessoas.

- Mas fica tão longe do rancho... - começou ela, perguntando-se porque após o casamento teriam que viver separados.

- Longe o bastante para evitar que as pessoas comentem. Eu não quero que você fique exposta a mexericos.

- Mexericos?!

- Você sabe como me sinto a respeito de minha liberdade.Eu não posso desistir dela. Mas você terá uma parte de minha vida que nunca compartilhei com mais ninguém.Você nunca vai precisar de nada. E não haverá outra mulher.Nunca,Apenas você. Procurarei arranjar tempo para nos mantermos felizes quando estivermos juntos.

- Está propondo que eu... Seja sua... Amante?

-É só isso que posso lhe dar,Marianne. O casamento não é algo que eu queira.Eu já provei um compromisso que quase me deixou louco. Nunca mais correrei esse risco.

- E você acha que eu posso ficar satisfeita com esse tipo de arranjo? - falou magoada,percebendo o pouco que ele queria lhe oferecer.

- Vai ficar satisfeita,sim Vou satisfazê-la até a raiz do cabelo, virgenzinha.

- E ... Tia lilian?

Ele se mexeu pouco á vontade.Quando decidira tudo,na noite anterior,fora tão simples. Agora,Burt deva-se conta de que não havia pensado nos sentimentos das outras pessoas envolvidas.

- Lilian nunca precisará saber.

- E se eu ficar grávida nada é infalível.

Ele encheu o peito de ar.Filhos,não havia pensado que dessa ligação pudessem resultar filhos.Ele estudou-a perguntando-se,de modo ausente,se podiam ter um filho.Seu corpo se agitou de uma maneira nova e inesperada.

Sua reação chocou-o.

- Grávida... - repetiu,experimentando a palavra.

- Isso acontece,sabe? Ou será que você nunca teve esse problema? - acrescentou ela, perguntando-se quantas mulheres haviam passado pela vida dele.E tomando consciência do pouco que significava para ele.

-Eu nunca fiquei desesperado o bastante para me comprometer com alguém assim, Nunca quis uma coisa tanto como quanto quero você.

Ela se pôs ereta, indignada por ser tratada como uma mercadoria.

- Eu sinto muito. Lamento que pense tão depreciativamente sobre mim, a ponto de me fazer uma proposta dessas. Creio que lhe dei motivos para pensar que eu aceitaria, e também lamento por isso.Nunca pensei que você me considerasse uma mulher tão vulgar, a ponto de se vender por uma polpuda conta bancária e um apartamento.

O rosto dele tornou-se triste. Ele sentiu o coração pesado.

- Vulgar? Marianne,não é nada disso!

Ela riu através das lágrimas de desesperança.

- Não mesmo? Aposto que você já fez tanto esse discursinho até sabê-lo de cor. Você só pensou sem si próprio,esqueceu-se de que talvez eu tivesse algo a dizer sobre esse seu convite sórdido!

Burt ficou boquiaberto.Nada estava saindo como ele imaginara.Nada estava dando certo.Havia lágrimas nos olhos dela.

- Marianne ,não... - começou, estendendo as mãos para segurá-la.

Ela se esquivou.

- Não toque em mim, Burt Jessup. Eu fiz papel de boba, e acho até que lhe dei motivos para pensar que eu aceitaria esse tipo de... De arranjo. Só que eu quero alguém que me respeite, que se importe comigo, como pessoa, não como objeto de prazer, como um brinquedo que se usa quando quer e depois se larga.

- Ouça... - ele começou a vir novamente em sua direção.

Instintivamente, Marianne evitou-o, empurrando-o. Virou-se e correu em direção ao cavalo, quando ouviu o baque surdo do corpo pesado caindo no rio.

Só que, desta vez, ela não chamou socorro e tampouco esperou para ver como ele estava.

Com toda a dignidade, que ainda lhe sustentava, Montou em seu cavalo e partiu a galope, sem olhar para trás.

 

Marianne Raymond precisava encenar o último ato da mentira inventada. Não queria magoar Lilian desnecessariamente. Assim engoliu seu desespero, e inventou uma historia que justificou sua partida repentina.

Parou no hall, respirou fundo e entrou na sala com determinação, dizendo com falsa animação.

- Oi! Tenho uma missão fabulosa!

- Tem o quê? - perguntou a governanta, arregalando os olhos para a sobrinha.

- O Sr. Jessup vai me mandar para Atlanta a fim de conseguir algumas informações sobre um parente distante dele. Sabe, para incluir nas memórias.Isso me dará uma chance de tratar do aluguel de meu apartamento e também comprar algumas roupas.

Lilian ficara tensa, mas relaxou imediatamente, com um sorriso.

- E só por alguns dias, não? - sondou.

- Isso mesmo.Ele não é bacana? Pena que lhe reste tão pouco tempo, não tem muito sentido se apegar a um moribundo, não é? - concluiu Mari, estudando a tia com o canto do olho.

Lilian, que não havia levado isso em conta, mordeu o lábio, pensativa.Afinal disse:

- Ele ainda não está morto, sabe/ Pode até melhorar. Isso mesmo. Os médicos ainda podem encontrar um tratamento que dê certo e o salve!

- Seria tão bom! Ele é tão viril! - acrescentou Mari, com um sorriso forçado.

- É mesmo, e vocês têm passado bastante tempo juntos nestes últimos dias. E também têm trocado alguns olhares muito interessantes.

O controle de Marianne começava a desmoronar.

- Ele... É muito atraente.

- E você é muito bonita, quando você parte?

- Hoje á tarde mesmo.Quero ir depressa.

- Você vai de avião?

- Não eu... hã... vou de ônibus, detesto voar, sabe?

- Ônibus? - começou Lilian, lançando-lhe um de seus olhares desconfiados.

- Ele vai depois. é claro. Nós talvez até voltemos de carro...

A governanta se animou, quem sabe eles se acertariam no caminho...

- Precisa de ajuda para fazer as malas? - perguntou á sobrinha.

- Não, obrigada, querida, posso cuidar de tudo sozinha, bem preciso me apressar. Você ficará bem até eu voltar? - perguntou, hesitante.

- Claro que sim, tenho apenas uma perna quebrada.E estou tomando aquelas pílulas idiotas.

-Ótimo

Com o restinho de controle que ainda mantinha, ela telefonou para a rodoviária para reservar a passagem.

Uma hora era todo o tempo que tinha para chegar á estação.Era o suficiente, pegou sua mala e, ao descer, deu de cara com Burt.

seus olhares se cruzaram e ela falou com voz embargada:

- eu contei a tia Lilian sobre o trabalho, sr Jessup. parto dentro de uma hora para Atlanta. - A máscara caíra e mari concentrava-se nas gotas que pingavam da roupa molhada dele para não chorar.

Burt manteve-se calado, olhando para a mala que ela segurava. Bem, ele já esperava por isso. O que ela queria que ele fizesse, que lhe pedisse em casamento?

Mari passou por ele, implorando silenciosamente para que ele lhe pedisse para ficar. Mas nenhuma palavra saio da boca de Burt.

- O que aconteceu, patrão? E melhor vestir roupas secas - Lilian intrometeu-se.

- Caí no rio, e já trocarei de roupa - Ele não desgrudava os olhos de Marianne.

- O senhor pode pedir a alguém que me leve até a rodoviária? - perguntou, mantendo-se altiva.

- Diga a Billy que eu mandei levá-la.

- Obrigada. Adeus!

A esta altura, Lilian sabia que algo estava errado.Só que não podia fazer mais nada.

- Você ficará bem? - perguntou a sobrinha.

Burt interveio, a firmando:

- Ela é forte, Sobreviverá.

- Pode apostar que sim, sr Jessup - garantiu-lhe Mari.

- Desejo -lhe melhor sorte da próxima vez, lamento não ter sido mais...cooperante. - E virando-se para a tia prometeu: - eu a verei em breve.

- tem dinheiro suficiente para a passagem de ônibus? - perguntou Burt.

- Se eu não tivesse, seria capaz de trabalhar como engraxate para consegui-lo.Entenda de uma vez por todas: eu não quero seu dinheiro!

Ele estava aprendendo isso à duras penas.Enquanto tentava pensar em alguma coisa para acalmá-la e detê-la, Marianne virou-se e saiu.

Lilian suspirou e foi maquitotando pelo hall, sabia que a farsa acabara.

- Puxa, ela parece estar zangada mesmo, está casa vai parecer tão vazia sem ela. A choque o senhor já sabe o que eu disse a ela.

- Sei, sim. Tudo - respondeu Burt, laconicamente.

A governanta deu de ombros.

- eu estou ficando velha.Ela estava sozinha, eu só queria que Marianne tivesse alguém que se importasse com ela. Eu sinto muito.Espero que vocês dois possam me perdoar. Telefonarei para ela e tentarei explicar. Não vale a pena tentar conversar com ela neste momento.Espero que o senhor me perdoe.

- Eu já perdoei.

Ela o olhou com um sorriso triste.

- Ela não é uma moça má. O senhor...permitirá que ela volte, se eu conseguir endireitar as coisas e parar de bancar o Cupido?

Burt estudou-a em silêncio, e então falou:

- Você ouviu o que foi dito aqui, não ouviu?

- Mas ela ficará bem, não é?

Ele se sentia morrendo por dentro, não queria que ela se fosse, mas teria que deixá-la partir.

- Ela ficara bem - procurou tranqüilizar a si próprio “ É melhor assim, não quero mesmo me casar”, pensou Burt.Então, um medo inexplicável se apoderou dele: e se ela se casasse com outro?

Os dois olharam pela janela quando Mari passou ao lado de Billy na caminhonete do rancho.

A expressão de Burt endureceu, calado girou nos calcanhares e subiu a escada. Lilian suspirou, observando-o .Bem, tudo fora por água a baixo, mas quem sabe eles se entendessem? Lembrava-se da força, da eletricidade entre os dois e sorriu,ainda tinha esperanças.

 

Uma semana depois, a vida de Marianne tomava outro rumo, tentando não pensar em Burt, concentrava-se em arranjar emprego,suas economias davam para aquele mês,e isso era tudo, o que precisava para encontrar uma colocação.

Logo começou a trabalhar num banco, com computadores detestava lidar com números e contas,mas no momento nada importava muito.Fizera o treinamento e envolve-se na rotina,pois isso a impedia de pensar em Burt.

Algum tempo depois Lilian criou coragem e ligou para a sobrinha:

- Eu sinto muito.,menina. Jamais tive a intenção de lhe causar sofrimento,só queria que houvesse alguém para cuidar de você depois que eu me fosse,mas agora que sei que vou viver,posso fazer isso eu mesma.

- Eu ficarei bem, tia lamento ter tido que partir tão de repente,nós tivemos uma grande discussão.

- Eu percebi, pelo modo como se atacaram pouco antes de você partir,sabia que a coisa estava preta quando ele lhe perguntou se tinha dinheiro para a passagem e você lhe respondeu daquela maneira.Burt disse, também que vocês dois sabiam que eu tinha inventado toda aquela história.

- Nós sabíamos desde o começo,Continuamos a representar,porque não queríamos preocupá-la,Mas não banque mais o Cupido, está bem? Você é grande demais para passar pelo sujeitinho, e ficaria muito engraçada usando fralda e carregando um arco e flecha.

Lilian riu.

-É, acho que você tem razão.sabe, o patrão partiu há uma hora para o Havaí,Ele disse que ia a negócios,mas não levou nenhuma valise.Parecia um bocado abatido.

- Ele logo voltará bonzinho,provavelmente, encontrará alguém para consolá-lo por lá.

- Por acaso ele levou um fora seu? É por isso que precisa de consolo?

Mari gemeu,percebendo que havia falado demais.

- Bem, era isso que você queria,não era? Você conseguiu o que tinha planejado, só que o que ele queria era alguém para satisfazê-lo na cama e nada mais.

- Oh! - E houve um instante de silêncio até Lilian falar de novo - Você virá me visitar de novo não virá? Depois que parar de ficar furiosa comigo? - perguntou, desconversando.

- Talvez algum dia.

- E quanto ao seu emprego? Já tem algum em vista?

- Eu finalmente encontrei um. Estou trabalhando no departamento de contas de um grande banco.

- Que bom! Eu sabia que você se recobraria rapidamente,eu gosto muito de você Marianne.

Mari sorriu, apesar da tristeza que sentia.

- Eu também gosto muito de você ,tia Lilian, cuide-se bem, e por favor, tome suas pílulas.

- Eu tomarei,prometo.boa noite.

- Boa noite,tia - respondeu Mari,desligando o telefone e olhando-o durante um longo tempo.

Mari acostumara-se com sua nova vida e até fizera algumas amizades.Gostava de Lindy e Marge, com quem trabalhava, e havia até um diretor-assistente chamado Larry, jovem e simpático, Mari começou a tomar café com bolinhos com ele todas as manhãs.Pouco a pouco estava aprendendo a viver sem a sombra de Burt Jessup. Ou, pelo menos, dizia a si mesma que estava.Mas a lembrança dele a perseguia, ela fechava os olhos e sentia a pressão dos lábios quentes e firmes, a sedução das mãos experientes.Ás vezes imaginava se conseguiria sobreviver longe dele.

Telefonou para Lilian uma semana depois, apenas para ver como estava a tia. Disse a si mesma, mas não foi Lilian quem atendeu.

Quando ouviu a voz grave de Burt, seu coração disparou, esperava o tempo todo que ele atendesse ao telefone.

- Alô? - repetiu ele, com impaciência.

Mari respirou fundo para se acalmar.

- Tia Lilian está, por favor? - perguntou formalmente.

Houve uma longa pausa.

- Olá, Mari, você está bem?

- Estou muita bem, obrigada, como vai tia Lilian?

- Ela está muito bem, foi á reunião da igreja esta noite, Billy levou-a na caminhonete. Acho que deverá voltar lá pelas nove horas, já conseguiu arranjar um emprego?

- Sim, há algum tempo. Estou trabalhando num banco. Ele é grande e fica perto de minha casa. Trabalho com pessoas muito simpáticas e estou ganhando mais do que ganhava no escritório da oficina. Não se preocupe comigo.

- Eu me preocupo sim, Me preocupo muito com você. E sinto sua falta.

Marianne deu um risinho nervoso.

- É mesmo? É algo difícil de se acreditar.

- Algum dia eu talvez consiga fazê-la acreditar - disse ele, com sua voz grave e sensual.

- Pensei ter-lhe dito que não estava e não estou disponível para uma polpuda conta bancária e um luxuoso apartamento numa cidade grande o suficiente para não haver mexericos - acrescentou com amargura, repetindo as palavras que ele dissera naquele dia.

Burt praguejou alguma coisa baixinho e então falou:

- Sim eu sei disso.Eu gostaria que você estivesse aqui.Gostaria que pudéssemos conversar.Eu cometi o maior engano de minha vida com você, Marianne, mas acho que talvez ajudasse, se você compreendesse o motivo.

Mari sentiu o gosto das lágrimas em sua boca.

- Não precisa explicar, eu já entendi.A sua Liberdade é mais importante que tudo.

- Não é apenas isso.Você disse que Lilian lhe contou o que me aconteceu, sobre a moça com quem eu planejava me casar.

- É verdade... Mas...

Burt não a deixou falar

- Eu fui usado por ela e por minha mãe, e isso me marcou profundamente, só enxergava as mulheres como objetos pelos quais eu pagava sem me envolver.Aí apareceu você, que destruturou toda minha vida.E eu agi como um idiota, pensando que você era igual ás outras.Preciso de você, Marianne.

- Não sinta dor na consciência por minha causa, Burt o passado é passado, e você não precisa de mim agora, mas do que precisava antes.Adeus, Burt.

- Não Marianne, escute o que eu tenho a dizer...

Ela desligou, antes que ele ouvisse o soluço preso em sua garganta, sentia-se como que morta.

Foi trabalhar na manhã seguinte com o rosto ainda pálido pela noite mal dormida, sentou-se mecanicamente á sua mesa de trabalho, atendendo ao telefone, cuidando das contas novas, sorrindo para os clientes.Fazendo tudo certo, mas sua mente ainda estava em Burt e a lembrança dele corroia de tristeza.

Quando uma sobra se projetou em cima de sua mesa pouco antes da hora do almoço, ela nem levantou os olhos.

- Eu o atenderia num instante - disse com um sorriso mecânico, ao terminar de preencher uma ficha.

Então, levantou os olhos, e seu corpo gelou.

Burt encarava-a como se ela fosse todo seu mundo. Seus olhos verdes encontraram cada sobra, cada linha, cada curva de seu rosto delicado no silêncio opressivo que se seguiu.

O burburinho de vozes distantes, o barulho das máquinas, o tilintar de telefones, tudo mais desaparecera.Só havia os dois e todas as palavras não ditas.

Burt estava bem mais magro, abatido. A barba por fazer dava-lhe um aspecto selvagem. Os olhos verdes estavam tão injetados, como se há muito tempo não dormisse.

Marianne contraiu-se na defensiva, lembrando-se de seu último encontro, e perguntou polidamente, mas distante:

- Posso ajudá-lo em alguma coisa?

- Pare com isso! Fiz uma longa viagem e não estou disposto a brincadeiras.

- Eu gostaria de salientar que trabalho aqui.Não tenho tempo para bater papo com velhos conhecidos. Se quiser abrir uma conta, terei muito prazer em atendê-lo.É isto que faço aqui, eu abro novas contas.

- Eu não quero abrir uma conta!

- Então, o que quer?

- Levá-la para casa... Para onde é seu lugar. Seu chefe vai lamentar que você tenha que partir, mas ele certamente vai entender.Você vem comigo agora mesmo.

Ela pestanejou, como se não estivesse entendendo nada.

- Eu o que?!

- Você volta comigo agora mesmo - E. para disfarçar sua ansiedade.Burt brincava: - Não se lembra de minha condição? Eu estou morrendo,sabia? Tenho alguma coisa vagamente incurável, embora a ciência médica triunfe com o tempo de sobra para me salvar.

- Como é que é?! - perguntou Mari sem entender onde estava a piada.

- Você vai me ajudar a escrever minhas memórias,não se lembra?

- Ora! Você não está morrendo! - explodiu ela.

- Psssiu! Alguém pode ouvir! - Disse ele, olhando furtivamente em volta.

- Eu não vou deixar meu emprego! Comecei a trabalhar aqui há poucas semanas!

- Você tem que se demitir.Se eu voltar para casa sem você,Lilian vai me matar de fome.Ela está conseguindo sua vingança na cozinha.Pequenas porções,sobremesas sem açúcar,comidas dietéticas.Eu não sou mais nem sombra do que costumava ser.

Mari olhou furiosa.Sabia que não era nada disso ,mas Burt recusava-se a reconhecer que sentia falta dela.

- Coitadinho - disse com venenosa doçura.

- Marianne...

- Só que eu não tenho nada com isso.Espero que você não tenha vindo até Atlanta só para fazer essa pequena cena!

Os olhos dele assumiram uma expressão determinada.

- Não, eu vim para levá-la de volta,E por Deus eu vou levá-la.Nem que eu tenha de carregá-la para fora daqui

- Você não se atreveria...Eu berraria ate ficar sem voz.

- E então todo mundo pensaria que você está sofrendo dores horríveis, eu direi que vou levá-la a um hospital para um tratamento de emergência.Vamos?

O ar determinado dele se equiparava ao seu.Mari pesou as possibilidades,se ele a carregasse para fora á força, ela perderia toda credibilidade perante seus colegas.Se lutasse com ele diante de todos,Burt ganharia toda simpatia e pareceria uma mulher briguenta e desalmada.Ele a tinha nas mãos.

Num tom de voz derrotado, perguntou:

- Mas por quê? Por que não me deixa simplesmente aqui?

Ele estudou seus olhos.

–Sua tia está com saudades de você.

-Ela poderia me telefonar e falar comigo.Não há nenhum motivo para eu retornar ao Texas e complicar sua vida e a minha.

Ele suspirou.

- Minha vida já está vazia e complicada, se quiser saber. Além do mais meu primo Bud veio para ficar, e está me levando á loucura.

Bud era o nome familiar.Foi com ele que a ex-noiva de Burt esteve casada por um curto intervalo de tempo. Mari não conseguia imaginar Burt acolhendo-o bem como hóspede.

- Estou surpresa que você o tenha recebido - confessou.

- Então você sabe sobre isso também?

Corando, ela baixou os olhos para a mesa.

- Tia Lilian me falou alguma coisa a esse respeito.

Burt suspirou pesadamente.

- Bem, ele faz parte de minha família. Minha avó o Aurora. E eu não poderia deixar de recebê-lo, sem que ela saltasse em meu pescoço. Seria capaz de voltar correndo para casa a fim de defendê-lo. Ela está muito bem com Belinda. Não há nenhum motivo para incomodá-la.

Mari também sabia sobre a velha Sra.Jessup e quase sorriu ao ver a falta de entusiasmo dele pela companhia da avó.

- Se você já tem um hóspede em casa, certamente não vai precisar de outro.

Ele deu de ombros.

- Há bastante espaço.Meu secretário se demitiu.Eu certamente preciso de ajuda no escritório.Você poderia até designar seu próprio salário.

- Você é a pessoa mais egoísta que já conheci. Insultou-me, me mandou embora e agora diz que precisa de mim? Corando, Burt desviou os olhos.

- Você não pode gostar realmente deste emprego.Você mesma disse que detestava lidar com números.

- Pois eu gosto de comer. É difícil comer quando não se ganha dinheiro.

- Você poderia voltar para casa comigo e ganhar dinheiro. Poderia viver com sua tia e me ajudar a impedir o primo Bud de vender o gado debaixo do meu nariz.

- V - perguntou curiosa, apesar de toda raiva que sentia.

- Ele possui dez por cento do rancho. Eu tive um momento de fraqueza, quando ele tinha dezoito anos, e lhe dei essa parte de presente de formatura. O problema é que nunca sei a que dez por cento ele se refere cada vez que os reclama. Isso parece mudar a cada semestre. Neste exato momento, ele está xeretando por lá,procurando estatísticas sobre meu touro reprodutor da raça santa Gertrudes.

- E o que eu poderia fazer a respeito de seu primo Bud... Se eu fosse com você.

- Você poderia me ajudar a distraí-lo com você no escritório, ele não poderia conseguir nenhuma estatística. Ele não poderia descobrir onde eu guardo aquele touro, a menos que descobrisse o local no computador. E você estaria vigiando o computador.

Toda essa história era apenas uma desculpa, e Mari sabia disso. Por motivos que só Burt conhecia, era conveniente tê-la no rancho.Mas ela já não se enganava achando que ele fazia isso por amor.Burt ainda a desejava , e ela podia senti-lo,mas talvez sentisse remorso e quisesse apenas se redimir.

- Minha tia está bem? - perguntou afinal.

- Sim, ela está muito bem.Eu não mentiria quanto a isso. Mas ela se sente solitária nunca mais foi a mesma desde que você partiu.

Marianne brincou com o lápis,pensando na oferta de Burt.. Poderia mandá-lo embora, ele iria.E nunca mais o veria de novo. Continuaria sozinha e juntaria os fios de sua vida.

Que grande vida seria! Longa e solitária.

Burt insistiu, quase com desespero:

- Venha comigo.Mari isto não é lugar para você.

Ela não levantou os olhos.

- Eu falei sério antes de partir.Se eu voltar, eu não... Nós não... Nunca mais nós...

- Eu sei, eu sei.Não precisa se preocupar.Nunca mais vou tentar nada.Você tem minha palavra quanto a isso.

- Então eu irei.

Ele forçou um sorriso.

- Então vamos, Eu já estou com as passagens.

- Você estava tão confiante assim?

- Confiante nada.Mas eu achei que poderia pôr meu chapéu em uma das poltronas, se você se recusasse a vir.

Mari sorriu francamente.

- Eu sempre ouvi dizer que um texano de verdade põe seu chapéu no chão e suas botas no porta - chapéus.

Ele levantou uma bota de couro trabalhado e estudou-a.

- Sim Acho que poria minhas botas no lugar vago,para falar a verdade,Mas eu prefiro ver você nele.

Marianne levantou-se e recolheu seus papéis.

-eu preciso ver o Sr.Blake,meu chefe.

-Eu espero.

Depois que informou ao chefe sobre sua demissão.Mari pegou a bolsa, acenou para os amigos e saiu silenciosamente com Burt. Sentia-se estranha, e sabia que estava fazendo uma insensatez.Mas amava-o demais para rejeitá-lo.Só esperava que ele não notasse como estava vulnerável.

Ele levou-a de carro ao seu apartamento e ficou perambulando pela sala de estar enquanto ela fazia as malas.Seus dedos tocaram nas lombadas dos grossos volumes na pequena estante de livros e murmurou, tentando conversar para amenizar a tensão:

Os Tudors da Inglaterra, Grécia Antiga,Heródoto,Tucídices... É uma coleção e tanto.

- Eu gosto de História.É interessante ler sobre como os outros povos viviam em outros tempos.

- Sim, eu também acho.Eu prefiro a história da América. Tenho uma boa coleção de informações sobre o período dos comanches e cowboys no sul do Texas, desde a Guerra civil até hoje.

Ela levou sua mala para a sala de star, observando-o Era tão atraente másculo.

- Nós não sabemos realmente muita coisa um sobre o outro, não é mesmo? - comentou Burt, quando ela se aproximou.

Ele se virou,com as mãos nos bolsos,um tanto inseguro.

- Procurar conhecer as mulheres não é um de seus interesses preferidos,pelo que pude notar.Pelo menos não de uma maneira intelectual - Mari falou,seca.

- Eu já tentei lhe explicar o motivo.Não é fácil aprender a confiar nas pessoas.

- Bem,isso não interessa mais - ela cortou .Já arrumei a bagagem.

Ele olhou para a pequena mala perto da porta.

- Tem o bastante para algum tempo?

- O suficiente para mais ou menos uma semana.Você não disse quanto tempo eu devia ficar.

Ele suspirou pesadamente.

- Isso é algo que deixemos para mais tarde.Neste exato momento ,eu só quero voltar para casa...Seu apartamento tem muita coisa de você.É vistoso é alegre muito agradável e aconchegante.

- Ele não tem um rio interno.

Ele sorriu lentamente...

- Não ,não tem.O que é bom.Considerando-se meus antecedentes até agora,acho que eu estaria dentro dele a esta altura.

Sentindo-se embaraçada,Mari pigarreou.

- Eu não tive intenção de jogá-lo no rio.

- Não? Pois me pareceu que sim,na ocasião,Mas eu falei sério,Marianne,Nada mais de propostas.

- Eu agradeço,só não devia ter deixado as coisas chegarem aonde chegaram.

Aproximando-se, ele pôs as mãos em seus ombros.

- O que nós fizemos foi muito especial.Eu não poderia ter parado tanto quanto você. Mas não vamos mais olhar para trás.Essa parte de nosso relacionamento está terminada.

Ele parecia tão resoluto, que Mari sentiu-se estranhamente magoada.

Ele olhou para seus cabelos escuros e sedosos,cheirou o suave perfume floral que emanava dela, e seu coração começou a palpitar.Fazia tanto tempo que não a segurava, que não a beijava.Queria fazê-lo desesperadamente,mas acabara de atar as próprias mãos, prometendo não começar nada.Então,iniciou uma conversa leve sem envolvimentos.

- Você gosta de gatinhos? - perguntou inesperadamente.

Ela levantou os olhos, interessada.

- Por quê?

Ele sorriu.

- Nós temos alguns. Lilian encontrou uma gata miando na porta dos fundos num dia de chuva e não se conteve.Na manhã do dia seguinte tivemos quatro gatinhos com olhos tão azuis quanto... Os seus.

- Você a deixou ficar com os gatinhos?

Mexendo-se pouco á vontade ele respondeu:

- bem,estava chovendo.Os pobrezinhos se afogariam se eu os pusesse para fora.

- E então...?

- Bem...O primo Bud tem uma alergia danada por gatinhos.

Mari riu.Achando-o incorrigível.

-Oh, seu monstro sem coração!

- Mas eu gosto de gatinhos.Se ele não gosta, ele que se retire,não é mesmo? Quer dizer,ninguém o está segurando.

- Burt,você simplesmente não deixa Bud em paz, deixa?

- Claro que sim,se ele for embora e deixar meu touro em paz.Meu Deus,você não imagina como me esforcei para colocar aquela criatura em meu programa de criação.Eu cobri os lances de dois mais ricos criadores de gado do Texas.

- E agora o primo Bud o quer. Por quê?

Ele suspirou.

- Sei lá provavelmente,para a agência de publicidade dele.

Ela sentou-se no sofá.

- Ele quer seu touro para uma agência de publicidade?!

- Agência de publicidade...Oh ,não,ele não vai usar o touro para pousar para comerciais de roupas intimas masculinas! Ele quer vendê-lo para financiar a expansão da agência!

- Bem, não olhe feio para mim.Do jeito que você falou, tive a impressão de que ele queria fazer um modelo masculino do bicho.

Burt suspirou pesadamente.

- Mulher,você ainda vai ser a minha ruína.

- Você não pode simplesmente mandar o primo Bud embora?

- Eu já fiz isso! Lilian também,mas cada vez que conseguimos levá-lo até a porta da frente ,ele telefona para minha avó e ela faz um barulho dos diabos por nós não oferecermos a ele nossa hospitalidade.

- Ela deve gostar muito dela,,,

- Mais do que gosta de mim,eu receio.Escute,eu lhe darei um dos gatinhos,se você quiser.

- Isso é suborno - retrucou ela sorrindo.

- Claro que é. Eles vão permitir que você crie um gato aqui?

- Acho que sim.Eu nunca perguntei.

- Bem,talvez não queira voltar para cá, Afinal você pode gostar de trabalhar para mim.Sou um bom patrão.Você poderá ter os domingos de folga, e eu só a manterei no computador até as nove horas da noite.

-Seu feitor de escravos!

Ele ficou sério de repente, a conversa tornou-se mais intima, empurrando-os um para o outro.

-Eu sou velho para você?

- Não ,Eu não acho que você seja velho.

- Para uma criança como você,acho que devo parecer velho - insistiu ele, sondando seus olhos azuis.

Ela baixou os olhos.

- Você disse que o passado estava encerrado.Que nós o esqueceríamos

- Sim ,creio que disse, pequena Está bem.Se for assim que você quer.

Ela levantou os olhos de repente e encontrou uma expressão estranha no rosto dele.

- Estamos num impasse,não acha?Você não quer uma esposa, e eu não quero um amante temporário e sem compromisso. Então tudo que realmente nos resta é a amizade.

Ele segurou o chapéu com mais força.

- Você faz parecer vulgar.

Ele levantou-se

- Não é? Você teria todos os benefícios de uma vida de casado,sem nenhum compromisso.E o que eu ganharia,Burt? Um pouco de notoriedade como amante do patrão e depois que você se cansasse de mim, eu receberia um presente caro de despedida e seria deixada sozinha com minhas memórias. Nenhuma consideração,nenhum respeito próprio, toneladas de sentimentos de culpa e solidão.Acho que é um mau negócio.

- Oh! Você! O que você sabe sobre problemas de adultos.,Você,com sua consciência imaculada? É tão fácil,tudo preto no branco.Você provoca um homem com o corpo até deixá-lo louco,tenta tenta levá-lo a um casamento que ele não deseja,leva tudo que pode e sai pela porta da frente.O que o homem ganha com isso?

A explosão dele chocou-a .E,numa fração de segundo,ela entendeu tudo o que acontecerá com ele.

- Foi isso que ela lhe fez? Ela o provocou até que você não suportasse mais e então se casou com outro homem,por que o que você lhe deu não bastava?

Burt não respondeu,mas a expressão de seus olhos dizia o que Marianne queria saber.

- Quer que eu diga o que a maioria das mulheres deseja realmente do casamento? Elas querem a proximidade e o carinho de um homem por toda a vida,Burt.Cuidar dele, se importar com ele,fazer pequenas coisas por ele,amá-lo... Dividir com ele os tempos bons e maus.Um bom casamento não tem muito a ver com dinheiro,mas a confiança e a dedicação mútuas fazem toda a diferença.O dinheiro não pode comprá-las.

- Bonitas palavras - disse ele, com amargura.

- Bonitos ideais,Eu acredito nele e algum dia encontrarei um homem que também acredite,

- Em algum cemitério talvez.

- Você é tão cínico!

- Tive bons professores você está pronta - concluiu ele, colocando o chapéu na cabeça e baixando a aba sobre os olhos.

- Sim, estou.

Ele pegou a mala com uma das mãos e abriu a porta do apartamento coma outra Mari o seguiu e trancou a porta com um suspiro e guardou a chave na bolsa.Sua vida estava tão imprevisível! Tal qual o homem que estava a seu lado.

 

O vôo Comercial pareceu demorar uma eternidade Mari comprara algumas revistas no Aeroporto Internacional de Atlanta e isso foi bom,porque Burt puxou o chapéu sobre os olhos cruzou os braços e não falou mais nada.As comissárias de bordo já estavam servindo comida<mari sabia ao mordiscar um sanduíche de queijo e presunto,que ele devia estar furioso ou doente,pois nunca recusava comida por nenhum motivo.

Ela suspirou e olhou para ele.Lá vinha guerra outra vez.

-Não está com fome?

-Se tivesse com fome, eu estaria comendo,não estaria?

Ela deu de ombros.

- Então vá em frente e morra de fome.Estou pouco me importando.

Burt ergueu a aba do chapéu e olhou-a irritado.

-Uma pinóia que não se importa! Você e sua concienciazinha pura sofreriam durante meses.

- Não por sua causa.Afinal é você mesmo que está se matando de fome.Eu não fiz nada.

- Você estragou meu apetite.

- E como foi que eu fiz isso? Mencionando a palavra casamento? Algumas pessoas não se importam em casar,sabe? Eu mesma espero fazê-lo qualquer dia destes.Como vê eu não tenho sua opinião doentia.Acho que tiramos de um relacionamento aquilo que colocamos nele.

- E exatamente o que planeja colocar nele?

- Amor,riso e muito diálogo.Eu espero ser tudo o que meu marido desejar, na cama ou fora dela.Portanto,siga em frente e tenha seus casos,sr,Jessup até ficar velho demais para isso, e então poderá viver sozinho e contar seu dinheiro. Eu deixarei meus netos irem visitá-lo de tempos em tempos.

Ele parecia todo inchado de indignação.

- Eu posso me casar a qualquer hora,se quiser as mulheres me perseguem para que eu me case com elas!

Mari assobiou baixinho.

- É mesmo? E você está chegando aos quarenta ainda solteiro...

- Eu estou chegando aos trinta e seis e não aos quarenta.

- Que diferença faz?

Ele abriu a boca para responder,olhou-a ferozmente e então puxou o chapéu sobre os olhos com uma prega sussurrada.Não falou com ela de novo até o avião pousar em San Antonio,Texas.

- Vai me ignorar durante o resto do caminho? - Marianne finalmente perguntou,quando estavam no carro a apenas poucos minutos de Ravine.

- Eu não posso manter uma conversação civilizada sem que você estoure comigo

.- Eu pensei que fosse o contrário.É você quem está aí rosnando, não eu.Eu só disse que queria me cassar e ter bebês.

- Quer parar com isso? Eu fico com urticária só em pensar nisso.

- Não vejo por quê.Os bebês serão meus, não seus.

Ele rangia os dentes. De repente ,se lembrou de algo em que não havia pensado . O primo Bud era jovem,bem apessoado e queria se estabelecer.Ele daria uma olhada em Mari e se apaixonaria por ela.Bud não era como Burt era despreocupado e suas emoções ficavam quase na superfície.Não tinha cicatrizes de Caroline, e não tinha medo do amor. E lá estava Burt,trazendo para ele uma vítima perfeita.A única mulher que já desejara e não conseguia.Bud talvez fosse o felizardo...De repente, ele pisou no pedal do freio com força.

- O quê foi? - gritou Mari ,ofegando ao segurar o painel -O que foi?

- Apenas um coelho. Desculpe.

Ela o fitou com os olhos arregalados.Não vira nenhum coelho, e ele estava realmente muito pálido.

- Você está bem? - perguntou cautelosamente,com a voz refletindo preocupação.

E essa foi à gota d'água para Burt. Ele se sentiu vulnerável com ele.Não queria saber de casamento,laços ou bebês! Mas, ao olhar para ela sentia anseios tão doces,um prazer tão intenso.Não nada a ver com sexo ou paixão despreocupada. Era... Perturbador.

- Sim,eu estou bem.

Um pouco mais adiante, ele entrou numa estrada de fazenda que era pouco mais que sulcos na grama.Ela seguia até além de uma cerca fechada e atravessava um pasto em direção a um grupo distante de árvores.

Ele comentou, ao desligar o motor do carro:

- Está propriedade era de meu avó.Meu pai nasceu exatamente ali, onde você está vendo aquelas árvores.Era uma cabana de um cômodo só naquela época, e minha avó uma vez enfrentou o até que de um grupo comanches com um velho rifle,enquanto meu avó estava no Kansas conduzindo uma boiada.

Então ,saiu do carro e abriu a porta para ele,acrescentando:

- Eu conheço o proprietário.Ele não se incomoda que eu venha aqui.Ás vezes, gosto de rever este velho lugar.

Ele não perguntou se Mari também queria vê-lo.Apenas estendeu-lhe a mão.Sem Hesitação,ela segurou-a e sentiu um arrepio por todo o corpo quando os dedos se encontraram.

Marianne se sentia pequena ao lado dele enquanto caminhavam.Ele abriu e fechou a porteira,sorrindo ao ver seu olhar de curiosidade.

- Qualquer criador de gado sabe o valor de uma porteira fechada - comentou ele ao segurar outra vez a mão dela e caminhar ao longo dos sulcos úmidos.Chovera recentemente e ainda havia poças de lama. - Antigamente, um rancheiro seria capaz de atirar em algum vaqueiro novato que largasse a porteira aberta e deixasse seu gado fugir.

- Houve realmente, ataques de índios por aqui?

- Ora, claro, pequena.Principalmente comanches...Sabe, eu nunca me canso desta terra.Acho que é por causa de minha descendência Irlandesa.Minha avó diz agora que é britânica,Mas cá entre nós, eu não creio que O’Hara seja um nome britânico e esse era o nome de solteira de minha bisavó.

- Vai ver que sua avó não gosta de Irlandeses.

- talvez não,desde que ela tomou um fora de um impetuoso Irlandês durante a guerra.

- Qual guerra?

- Eu tenho até medo de perguntar.Eu não sei ao certo que idade ela tem .Ninguém sabe.

- Oh! Puxa! - Mari exclamou com uma risada.

Ele a observou com um sorriso franco,fascinado com a mudança que se operava nela, quando estava em sua companhia.

Aquela mulher pálida e silenciosa do banco não tinha nenhuma semelhança com está, alegre e bonita.Ele franziu a sobrancelha,observando-a perambular por entre um grupo de árvores.

Marianne se virou de repente,com o rosto iluminado de encantamento.

- Burt, veja!

Havia rosas perto dos degraus da velha cabana.Uma profusão de rosas cor de vinho em pequenos cachos, e seu perfume estava em toda parte.

- Não são lindas? - disse encantada,curvando-se para cheirá-las - E que perfume divino!

- Conta a lenda que a avó de meu pai, a Sra. O’Hara trouxe essas mesmas rosas do Condado de Calhon,Geórgia, plantou-as e cuidou delas como bebês até que elas criassem raízes aqui. Ela as trouxe num vaso, atravessando a fronteira numa carroça, e salvou-as do fogo, de enchentes, de travessia de rios, de ladrões,índios e criancinhas curiosas.E elas ainda estão aí, como a terra..

A terra estará aqui por mais tempo que qualquer um de nós e mudará muito pouco, apesar de toda nossa interferência.

Ela sorriu.

- Você parece mesmo um rancheiro - comentou.

Burt virou-se

- Eu sou um rancheiro.

- Não é um homem do petróleo?

Ele deu de ombros.

- Eu costumava achar que o petróleo era a coisa mais importante do mundo.Até que consegui bastante dele. Agora não sei mais qual é a coisa mais importante. Toda minha vida parece ter ficado de cabeça para baixo ultimamente.Eu era um homem feliz, até que você chegou - concluiu ele, olhando-a diretamente.

- Você era um vegetal quando cheguei.Achava que era direito roubar das pessoas - provocou-o sem piedade.

Os olhos verdes reluziam.

- Ora, sua diabinha.Sua diabinha!

Mari riu porque havia tanto de travessura quanto de ameaça naquele olhar.Ela começou a correr pela campina, uma figura de sonho com uma saia rodada cinza, uma blusa cor-de-rosa e cabelos escuros cintilando ao sol.Burt correu atrás dela em tempo de captar o brilho colorido de alguma coisa se movendo bem em frente a ela na grama.

- Marianne! Pare!

Ela o fez, com um pé estacionado no ar.Não olhou para baixo.Com seu terror inato por cobras,sabia instintivamente o que ele estava lhe avisando.

Parado perto de um tronco de carvalho caído, ele murmurou:

- Não se mexa, querida.Não se mexa,não respire.Está tudo bem.Apenas fique quietinha,,,

Ele moveu-se com a velocidade de um raio, apanhando um ramo pesado e descendo-o com toda a força.Houve um chocalhar febril, e então só uma massa sangrenta,retorcida e enrolada no chão.

Marianne ficou muda de terror,seus olhos presos naquilo que, poucos segundos antes, podia ter-lhe tirado a vida.Começou a falar ,para dizer a ele como estava agradecida, quando ele a tomou nos braços e a beijou impetuosamente.

Ele a machucava, e ela mal notava.A boca dele dizia coisas que as palavras não conseguiam.Ele temia por ela, e a protegeria.Mari deixou-o dizer tudo isso dessa maneira,feliz com a força dele.Seus braços enlaçaram aqueles ombros fortes, e ela suspirou debaixo da boca masculina, quente e faminta,saboreando seu tempestuoso ardor.

- Meu Deus - ele desabafou,com os olhos sombrios,pálido debaixo do bronzeado - Meu Deus, Mais um passo e ela a teria picado!

- Eu estou bem,graças a você - Ela conseguiu sorrir trêmula, com os dedos deslizando pela face áspera,pela boca exigente. - Obrigada.

- Então me agradeça - murmurou,abrindo a boca ao se curvar para seus lábios. - Me agradeça...

Marianne o fez, com tanta volúpia que ele teve que afastá-la ou não seria capaz de controlar-se. Segurou-a pela cintura, respirando irregularmente, observando seu rosto afogueado.

-Nós concordamos que isto não aconteceria mais - lembrou-a Burt.

Mari assentiu,sondando os olhos dele.

- Mas as circunstâncias era... Inusitadas - continuou ele.

Ela olhou languidamente para aqueles lábios firmes.

- Sim Inusitadas - repetiu rouca.

- Pare de me olhar desse jeito, senão não vamos parar nos beijos.Você sentiu o que estava fazendo comigo.

Ela desviou os olhos e afastou-se.

- Bem, obrigada por me salvar - disse, cruzando os braços sobre os seios ao caminhar de volta ao carro e evitando olhar para a cobra ao passar.

Ele falou atrás dela:

- O lhe bem onde pões os pés, está bem? Um susto como este já basta.

Susto para quem.Ela quis perguntar.Mas estava extenuada demais para fazê-lo.Sua boca ansiava pela dele.Mal podia suportar ficar tão perto e tão longe.Como iria agüentar duas ou mais semanas neste tormento? Estar perto dele e não ter nenhuma esperança de um futuro que o incluísse?

 

Burt ficou calado durante o resto do percurso até o rancho, mas observava mari e a maneira como o fazia era excitante.

Certo momento ele estendeu a mão no espaço vazio entre eles e encontrou a dela.Segurou-a até o tráfego em ravine o brigou a soltá-la, e ele sentiu o coração aos saltos.

Marianne não sabia como lidar com essa nova aproximação.Ainda não podia confiar muito nele, e não tinha muita certeza de que ele não tivesse algum motivo oculto para trazê-la de volta.

Lilian saio rapidamente para encontrá-los, parecendo sadia e disposta.

- Olhe só - gritou para Mari, e dançou. - Que tal estou sem o gesso?

- Maravilhosa! - concordou mari, Ela correu para abraçar a tia - É tão bom ver você de novo.

Lilian cochichou para ela enquanto Burt tirava a mala do carro:

- Ele estava horrível, simplesmente horrível, ficou emburrado durante dias e depois que você se foi e não queria comer nada.

- Ele então deveria ter processado alguém. Isso o teria animado.

- Que coisa mais feia - disse Lilian rindo.

- Qual é a graça? - ele perguntou ao se aproximar.

- Seu apetite - respondeu Marianne, contendo o riso.

Lilian virou-se para entrar, Burt curvou-se se detendo no olhar de Mari, e retrucou num tom sedutor:

- Você sabe dele melhor que a maioria das mulheres, meu bem, E, se não tomar cuidado, talvez aprenda ainda mais.

- Pode esperar sentado - disse ela, afastando-se rapidamente antes de cair sob o encantamento daquele olhar sedutor.

- Onde está Bud? - Burt perguntou ao entrar no hall.

- Alguém me chamou? - veio uma voz risonha do estúdio.

O homem jovem que veio saudá-los foi uma surpresa total para Mari.Ela esperava que ele fosse mais ou menos da mesma idade de Burt, mas Bud era muito mais novo.Ele devia ter uns vinte e tantos anos, era esguio e bem apessoado.Tinha a tez morena de Burt, mas seus olhos eram castanhos e o cabelo, mais claro que o do primo.Era um homem marcante, especialmente com a jaqueta de couro e o jeans que estava usando.

- Você esteve xeretando atrás de meu touro de novo? - perguntou Burt.

Bud respondeu num tom apaziguador:

- Puxa, primo, como eu o encontraria lá dentro? - Ele apontou para o estúdio e estremeceu - Uma equipe de secretárias levaria uma semana só para achar a mesa!

- Por falar em secretárias, está é minha assistente, Marianne Raymond, este é Bud Jessup meu primo.

- Ah!, A muito comentada sobrinha - murmurou Bud,piscando para mari - Olá pêssego da Geórgia! Você certamente deve encher seu Estado natal de orgulho.

Burt, não gostou do flerte de Bud.Seus olhos disseram isso ao primo, o que só tornou o jovem mais determinado do que nunca.

Mari disse toda sorrisos:

- Obrigada .É muito bom conhecê-lo finalmente.

- O mesmo me digo - Bud respondeu cordialmente, aproximando-se.

- Tome, meu filho - disse Burt, atirando-lhe a mala - Você pode pô-la no quarto de hóspedes,se não se importa.Estou certo de que Marianne gostaria de ver o estúdio.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa,Burt segurou Mari pelo braço e a impeliu de uma maneira não muito delicada para dentro do escritório.

Ele bateu a porta depois que entraram, cheio de ciúmes ,e virou-se para olhá-la furioso, dizendo imediatamente:

- Ele não é do seu tipo casadoiro,portanto,não o leve muito a sério.Ele só gosta de flertar.

- Eu talvez também goste - retrucou Mari inflamada.

Balançando a cabeça Burt aproximou-se lentamente.

- Não você, meu bem, Você não é do tipo que flerta.Você não é nenhuma borboleta.Você é uma avezinha caseira toda cheia de indignação,Olhares rápidos e instintos de construir ninhos.

- Você pensa que sabe muito sobre mim não?

Mari gaguejou está última palavra porque estava recuando e se afastando dele, e quase caiu em cima de uma cadeira.Ele continuou se aproximando, com um olhar ameaçador.

- Sei mais do que você pensa.Pare de fugir.Nós dois sabemos que é realmente a mim que você quer, não a Bud.

- Seu presunçoso... - começou ela, esforçando-se para se equilibrar.

Burt aproximou-se rapidamente, tomando-a nos braços, com o olhar oscilando entre divertimento e o ardor.

- vamos, termine - escarneceu.

Mari o teria feito se ele não tivesse tão perto. O hálito dele cheirava a hortelã e ventilava seus lábios quando ele respirava.Ele a fazia sentir-se feminina e vulnerável, e quando olhou para aquela boca dura, ela sentiu vontade de beijá-la.

Engolindo em seco, falou:

-Seu escritório está uma desordem...

- Eu também.Minha vida também. Oh!, Deus, como senti sua falta!

Essa confissão foi à perdição de Marianne.Ela o olhou e não conseguiu mais desviar os olhos e seu coração parecia uma máquina descontrolada.Sua cabeça caiu no ombro dele e ela o viu aproximar a sua.

Ele murmurou junto aos seus lábios:

- Abra a boca quando eu puser a minha sobre a sua. Prove-me...

A respiração de Mari ficou presa na garganta.Ela já começava a sentir o roçar quente dos lábios dele, quando uma batida á porta fez os dois saltarem.

Burt levantou a cabeça bruscamente.

- O que é ? - rosnou.

Tremendo nos braços dele,Mari ouviu uma voz masculina responder:

- Lilian preparou café e bolo na de jantar, primo! Por que vocês não vêm comer um pouco?

- Eu gostaria de assá-lo vivo - Burt resmungou quando a voz risonha de Bud se tornou mais distante, juntamente com seus passos.

- Eu gostaria de tomar um pouco de café - disse Mari ainda tremendo de frustração.

Ele a fitou nos olhos.

- Não ,não gostaria.Você gostaria de ter a mim.E eu gostaria de ter você, ali naquele sofá, onde nós quase fizermos amor outro dia.E se não fosse pelo intrometido do meu primo é lá que estaríamos agora mesmo!

Ele a soltou bruscamente e afastou-se.

- venha ,vamos tomar café - Ele parou perto da porta com a mão na maçaneta e acrescentou - Por enquanto.Mas um dia, Marianne nós vamos ter um ao outro.Porque um dia,nenhum de nós dois vai conseguir parar.

Mari não conseguia olhá-lo.Não conseguia nem lançar um olhar de desafio.Ele dizia a verdade.Fora louca em ter vindo, mas só podia culpar a si mesma.

 

Desde esse primeiro encontro, o primo Bud parecia determinado a levar Burt á loucura.Ele não deixava Mari sozinha com o primo nem por um segundo, se pudesse evitar.Sempre encontrava uma desculpa para ir ao escritório quando ela estava datilografando coisas para Burt e se Mari precisava procurar Burt para fazer alguma pergunta.Bud os encontrava antes que eles tivessem a chance de dizer uma só palavra.Ela achava que se tratava apenas de travessura da parte de Bud,mas Burt tratava a situação como se ele tivesse um rival.

E a história, se não engraçada, era espantosa para Marianne. Burt parecia possessivo, francamente enciumado,sempre que Mari estava por perto.Ele lhe falava sobre o rancho,sobre seus planos,sobre o trabalho duro empreendido para seu sucesso. Quando voltava para casa tarde da noite,era a Mari que se dirigia pedindo um café,um sanduíche ou uma fatia de bolo.Lilian encarava essa nova atitude com sincero encantamento,quando via o modo como ele olhava para sua perplexa sobrinha.

Bud geralmente se intrometia é claro,mas certa noite ele precisou tratar de negócios fora da cidade.

Burt voltou para casa por volta das oito horas,coberto de pó e meio morto de fome.

- Eu bem que gostaria de comer alguns sanduíches,meu bem, - disse a Mari, parando na entrada da sala de estar.

Lilian fora para cama e, enrodilhada no sofá com uma calça de brim e uma blusa amarela. Mari assistia a um programa na tevê.

- Claro - respondeu ela, levantando-se sem se dar ao trabalho de procurar seus sapatos.

Ao passar por Burt, ele comentou:

- Você parece uma moça do campo.

Ela sorriu.

- Eu me sinto como uma moça do campo.Venha, homem grande, eu vou alimentá-lo.

- Que tal um pouco de café para acompanhar? - acrescentou ele ao entrarem na espaçosa cozinha.

- Está na mão.A cafeteira já está preparada e é só ligá-la Sentando-se em uma cadeira e colocando os pés em outra Burt perguntou:

- Já aprendeu a ler a minha mente? Ufa! Os dias parecem que estão ficando mais longos, ou então estou ficando velho.

Acho que, a persistir nesse passo, você logo estará me empurrando por numa cadeira de rodas.

- eu duvido.Você não é do tipo de homem capaz de desistir e envelhecer antes do tempo.Você ainda estará perseguindo as mulheres quando tiver oitenta e cinco anos.

Ele ficou sério.

- E se eu lhe disser que você é a única mulher que vou querer perseguir quando tiver oitenta e cinco anos, Marianne?

O coração dela saltou, mas ela não ia ceder facilmente.Ele já se aproximara uma vez e a magoara.Ela riu.

- Oh! , acho que ficaria lisonjeada.

-Só lisonjeada?

Terminado de preparar os sanduíches, ela os pôs na mesa, servindo em seguida o café.

- A essa altura, acho que já serei avó várias vezes.E acho que meu marido talvez fizesse objeções.

Burt não gostava de pensar em Marianne com um marido.Seu rosto ficou sombrio.Ele voltou para os sanduíches e começou a comer. Depois de algum tempo, comentou:

-Eu tenho que ir ao rancho de Ty Wade amanhã Gostaria de ir para conhecer Erin e as crianças?

- Eu? Mas eu não vou atrapalhar se vocês forem conversar sobre negócios?

Ele meneou a cabeça.Sustentando seu olhar.

- Você nunca me atrapalhará, querida.Nunca.

- Bem, eu gostaria de conhecer a sra, Wade.Ela parece ser uma mulher e tanto.

Burt concordou com um sorriso.

- Se você tivesse conhecido Ty antes de ela vir pra cá, acharia que ela é, sem dúvida, uma mulher muito especial.Foi preciso uma mulher muito especial para acalmar aquela onça.Você verá a que me refiro amanhã.

Na tarde do dia seguinte Mari sentou-se no carro ao lado de Burt para a viagem até a propriedade dos Wade.Burt usava uma calça esporte e uma camisa verde de listras, e ela um bonito terninho verde e uma blusa com listras de cores vivas.Ele sorriu ao ver que as cores combinavam.

Erin Wade abriu a porta, uma figura num vaporoso vestido cor de alfazema.Ela parecia sorrir muito, e era abviamente uma beldade, com seus longos cabelos pretos e lindos olhos verdes.

Parecia uma moça do campo, limpa e fresca.

Ela disse entusiasmada:

- Olá! Alegro-me que você a tenha trazido, Burt.Oi, eu sou Erin, e você deve ser Marianne.Entre e venha ver meus meninos!

Marianne sorriu.

- Eu também estou muito feliz em conhecê-la. Já ouvi lendas a seu respeito.

Erin riu, revelando toda sua beleza interior.

-è mesmo? Bem, Ty e eu tivemos mau começo, mas nós percorremos um longo caminho em muito pouco tempo.Não creio que ele tenha muito pesar pelo fato de estar casado.Nem mesmo com os gêmeos.

Burt deu uma risadinha.

- Eu consigo imaginá-lo agora, trocando fraldas.

Os olhos verdes de Erin sorriam, marotos.

- É mesmo? Sigam-me.

E lá estava Ty, trocando de fato uma fralda.Era tão tocante o grande e forte rancheiro que Marianne conhecera, curvado sobre aquele bebê pequeno, risonho e esperneasse, num quarto decorado com papel de parede de ursinhos e mobílies fixos no teto.

Ele olhou para trás, depois de colar o último pedaço de fita adesiva em volta da barriga do bebê.

-Oh!, Olá Jessup.Matthew estava molhado, e eu troquei sua fralda - disse a Erin.

Ele olhou para o chiqueirinho,onde outro bebê se sustentava em cima de suas perninhas gorduchas com ambas as mãos nas grades,mordendo,encantado, a quina de plástico, e comentou:

- Acho que Jason está com fome Ele vem tentando comer o chiqueirinho há cinco minutos.

- É que os dentes dele estão crescendo - disse Erin,curvando-se para pegar o bebê e abraçando-o, enquanto este batia em seu ombro e cantarolava, “Pa.pa,pa,pa,”.

Ty sorriu ao olhar para a esposa e explicou aos convidados.:

- Ela detesta isso.Quase todo os bebês costumam dizer “ Mama” primeiro.Mas esses dois chamam a mim em vez de a ela.

Erin mostrou-lhe a língua.

-Não seja convencido.Lembre-se apenas de quem ficou acordada com eles ontem á noite para deixar você dormir.

Ty piscou para ela, o amor jorrando de seus olhos cinzentos.Marianne olhou para Burt e viu que ele a observava com uma expressão estranha no rosto.Ela sentiu um calor por todo o corpo e teve que desviar os olhos dele para se recompor.

Entregando Jason ao pai,Erin sugeriu:

-Que tal um cafezinho? Jessup ,se você trouxer o chiqueirinho,os meninos podem vir com a gente.

Apesar de sua boa vontade,Burt tentou descobrir como desmontar o artefato, sem sucesso. Ty riu.

- Tome, se Marianne segurar os meninos, eu farei isso.

- Mas claro!

Mari pegou os bebês, brincando com eles , adorando seus rostinhos sorridentes e o modo como eles tentavam sentir cada centímetro de seu rosto e seus cabelos enquanto ela os levava para a sala de estar.

- Oh! Que engraçadinhos - disse ,beijando seus rostinhos bochechudos.

- ainda bem que os dois puxaram a Erin e não a mim - Ty disse com um suspiro, ao montar o chiqueirinho e pegar os meninos de Marianne para colocá-los nele.

Inclinando a cabeça para um lado,Burt comentou:

- Você até que não é tão feio.Para falar a verdade, eu já vi pés de cactos mais feios.

Ty olhou feio para ele.

- Se você quiser aquela maldita licença de arrendamento, e melhor ficar bonzinho,Jessup.

Burt sorriu.

- Que culpa tenho se eu se você fica pedindo para ser insultado?

- Cuidado - resmungou Ty , virando-se para ajudar Erin com o serviço de café.

Os homens conversaram sobre negócios, enquanto Marianne e Erin falaram sobre os bebês, roupas e moda. Foi a tarde mais agradável que Marianne passou desde há muito tempo, e ela ficou relutante em ir embora.

Erin insistiu:

- Burt, você precisa trazê-la de novo para me ver.Eu não tenho muita companhia e adoro conversar sobre roupas.

- Eu o farei - prometeu Burt.

Ele apertou a mão de Ty e todos se despediram.Quando o carro se afastou,Ty estava com o braço em volta de Erin,parecendo ser uma parte dela.

- Esse casamento vai durar mais do que este rancho - comentou Mari, vendo a paisagem tornar-se cinzenta com uma chuva repentina.

- Eles parecem muito felizes.

- E são - concordou Burt .Ele a olhou e desviou a caminhonete para uma das estradas da fazenda, parando debaixo de um enorme carvalho antes de desligar o motor.

- Gostaria de adivinhar por que eu parei? - perguntou num tom de voz lento e terno ao olhá-la - Ou será que você já sabe?

 

Não ,pensou Marianne ,ela não ignorava realmente por que ele parara o veiculo.A resposta estava no rosto dele. Estava tão bonito que mal conseguia desviar os olhos dos dele.

Mas Mari não sabia ao certo se queria apenas um doce interlúdio.Suas defesas já estavam bastante fracas.E se ele insistisse? Poderia resistir-lhe caso se deixasse pegar nessa armadilha amorosa?

- Eu não creio que seja uma boa idéia - disse, quando ele soltou seu cinto de segurança e depois o dela.

- Não mesmo? Mesmo depois do modo como você ficou vermelha quando eu olhei para você no quarto dos gêmeos?

Você sabia o que eu estava pensando,Marianne, sabia muito bem.

Burt puxou-a para junto se si,encontrando sua boca.Lá fora a chuva escorria pelos vidros, tamborilando no capô e no teto do veículo num ritmo alucinante,enquanto o desejo começava a tomar conta de Mari.

Ele mordeu seus lábios macios,com mordidinhas delicadas que faziam desejá-lo ainda mais.A mão dele deslizava em sua blusa,encontrando a maciez do seio em seu bojo de seda.

Quando Marianne tentou se libertar,Burt murmurou rouco:

- Fique quieta,Faz tanto tempo que não sentimos um ao outro deste jeito.tempo demais.

Então, beijou seus olhos azuis para fechá-los e encontrou o fecho de sua blusa, despindo-a para os dentes quentes e famintos.Mari dizia a si mesma que não podia permitir que aquilo acontecesse.A quilo era apenas um jogo para ele, e logo iria parar.

Com um grito magoado,ela desvencilhou dos braços dele,tão de repente,que ele não conseguiu detê-la. Abriu a porta e saiu correndo pela chuva.

O capim alto batia em sua calça comprida enquanto corria,não sabendo ao certo por onde estava correndo, ou para onde estava indo.Segundos mais tarde,isso não importava mais,porque Burt a segurou e a deitou com ele na grama molhada.

- Nunca fuja de um caçador - ele disse asperamente,virando o rosto delicado para si e beijando a boca macia.

A chuva continuava a cair sobre eles,encharcando-os colando as roupas como se fossem uma segunda pela.

Era novo e excitante deitar assim,beijar assim, sentindo os movimentos quentes do corpo forte de Burt contra o seu,os sentidos muito aguçados.

- Nós poderíamos muito bem ficar sem nenhuma roupa - disse ele, com a voz rouca de desejo - Eu posso sentir você inteirinha.

As mãos dele agora deslizavam por seu corpo,explorando-o provando-a através do tecido.

Mari gemeu ao deslizar as próprias mãos naquelas costas musculosas,no tórax,nos quadris,Não entendia o que estava acontecendo, como essa paixão se apoderara dela.

Ele poderia fazer o que quisesse e , ela não iria impedi-lo.Estava em chamas,apesar da chuva,abraçando-o,esfregando seu corpo molhado no dele,na silenciosa paz da campina.

Burt deixou-a sentir todo seu peso,devorando a boca de Mari com a sua.As mãos dele deslizavam em suas costas,puxando-a sensualmente para ele.

O corpo feminino palpitava e ardia com a perícia dos movimentos dele.

Burt desafiou-a,sondando seus lábios com a língua:

- Me mande parar,Me mande soltá-la.Eu te solto.

- Não posso - choramingou ela, com os olhos ardendo de lágrimas ao se agarrar aos ombros largos e molhados dele

- Eu quero você.Oh quero tanto você!

Os lábios dele estavam por todo seu rosto,ternos,suaves.

Burt sentia a respiração pressa na garganta diante dessa total rendição.Tremia por todo o corpo com a força da nova sensação.Queria protegê-la.Devorá-la.Aquece -lá.Segurá-la até o fim de seus dias,exatamente como estava fazendo.

Suas mãos emolduraram o rosto dela ao beijá-la delicadamente.

Com um suspiro trêmulo,ele falou:

-Sim.

Olhos nos olhos.Burt confessou:

-Eu poderia tomá-la Marianne aqui mesmo.Neste instante.Eu poderia possuí-la e ninguém nos veria ou ouviria.

- Sim...

- Meu bem, Minha doce querida.Você tem o sabor de rosa, eu seria capaz de ficar aqui deitado com você pelo resto da vida, eu nunca mais vou tocar assim em outra mulher.Nunca mais vou deitar com outra mulher,provar outra mulher,desejar outra mulher.

-Eu nunca mais vou desejar outro homem.

Burt encostou o rosto no dela e suspirou,abraçando-a enquanto uma brisa soprava suavemente e a chuva começava a parar.

Ele então se afastou,arrumando delicadamente suas roupas desalinhadas.Colocou seus cabelos molhados para trás,beijou-a com ternura como despedida e carregou-a nos braços de volta ao carro.

- O carro - balbuciou ela. - Nós vamos molhar os bancos.

Ele beijou-a de novo antes de colocá-la sentada no banco e prender seu cinto de segurança.

- Não se preocupe,meu bem,não tem importância.Nada mais importa agora.

Sentando-se a seu lado,ele encontrou sua mão e segurou-a.

Conseguiu dar partida no veículo de dirigi-lo até em casa com apenas uma mão livre.

Lilian deu uma olhada neles e ia fazer algum comentário,mas Burt advertiu-a logo que entraram.

-Não diga nada.Nem uma palavra.

Lilian suspirou.

-Bem ,vocês pelo menos estão se molhando juntos.Creio que é bem melhor do que se embolarar sozinho -concluiu com um sorriso ao voltar para cozinha.

Marianne sorriu para Burt e subiu a escada para mudar de roupa.Ele desapareceu minutos depois de receber um telefonema urgente, e saiu sozinho,despedindo-se apenas com uma piscadela e um sorriso.

Ela andou de um lado para o outro num topor,esquivando-se das perguntas sussurradas de Lilian, esperando que ele voltasse para casa. Mas ao chegar a hora de dormir, ele ainda não havia voltado.

Mari subiu para seu quarto e ficou andando de um lado para outro,preocupada,perguntando-se o que fazer.Não podia ir embora,não depois daquela tarde. Ele a queria e ela o queria.

Ele talvez não pudesse lhe propor casamento,mas ela se conformaria com aquilo que ele pudesse lhe dar.

Burt tinha de gostar dela pelo menos um pouco.E ela o amava o bastante pelos dois.

Por que ele não foi em frente ,ela se perguntou,quando teve chance naquela tarde? Por que parou? Estava apenas lhe dando tempo para tomar uma decisão? Para ter certeza de que ela o aceitaria desse modo? Tinha que ser isso.Bem, era agora ou nunca.

Vestiu uma camisola sedutora,uma bonita camisola branca com bastante renda e mangas longas e elegantes.Escovou os cabelos até ficarem lisos e sedosos, e pôs um pouco de perfume.Então ,olhou-se no espelho, e disse a si mesma que estava fazendo a coisa certa.

Uma hora depois,ouviu o carro de Burt se aproximar.Ele subiu a escada e parou em frente á sua porta.Segundos depois começou a se afastar,mas Mari já havia se levantado.Abriu a porta,ofegante, e fitou-o.

Ele usava uma calça escura e uma camisa estampada cinza aberta no colarinho.Segurava o chapéu de vaqueiro em uma mão e com a outra coçava a cabeça.Ele a encarou:

- É perigoso,meu bem, usar uma coisa dessas em minha frente.

Mari engoliu seu orgulho.

- Eu quero você - disse baixinho

Ele sorriu.

- Eu sei, Eu também quero você.

Ela abriu a porta um pouco mais.

Ele arqueou a sobrancelha.

- Isso é um convite para ser seduzido?

Mari engoliu em seco.

- Eu não sei muito bem como seduzi-lo.Portanto ,acho que você vai ter que me seduzir.

O sorriso dele se ampliou.

- E quanto ás precauções,minha virgenzinha?

Ela corou totalmente.Não contava com essa súbita resistência.

- Bem...Você não pode cuidar disso?

Os dentes brancos dele ficaram á mostra.

- Não.

- Oh...

Ele jogou o chapéu em cima da mesa do corredor e entrou no quarto, fechando delicadamente a porta.

- Agora venha cá. O que você acha que eu quero,Marianne?

- Você deixou bem claro aquilo que quer.

- Aquilo que você acha que eu quero - corrigiu ele,segurando-lhe os ombros de leve.

- E você tem razão quanto a isso. Eu poderia levá-la ás estrelas.Mas não esta noite.

- Você está cansado demais?

Ele sorriu.

- Não.

- Eu não entendo...

- Sim, já percebi isso.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma caixa.Era preta,aveludada e pequena.Ele abriu-a e mostrou-lhe o que continha.

Era um anel de brilhante.Um grande e lindo brilhante numa armação com outros menores circundando-o.Ao lado do anel havia uma aliança de brilhantes e mais fina.

Ele explicou:

- É um anel de noivado.Ele vai no terceiro dedo de sua mão esquerda, e no casamento eu colocarei aí a aliança.

Mari achou que estava ouvindo coisas. Claro que estava!

Mas o anel parecia real.Não conseguia parar de olhar para ele.

- Mas você não quer casar! Você detesta laços!

Ele trancou uma linha lenta e sensual em sua face sedosa,sorrindo suavemente.

- Eu quero me casar. Quero que você partilhe sua vida comigo.

Então,Marianne rompeu em lágrimas.Elas rolaram pela sua face numa torrente,um soluço irrompendo de sua garganta.

Ele se tornou um vulto grande e bonito.

- Pronto,pronto - murmurou ele, curvando-se para beijar sua face úmida. - está tudo bem.

- Você quer se casar comigo?

- Quero.

- Quer mesmo?

- Quero sim.Eu seria um tolo se deixasse ir uma mulher que me ama tanto quanto você.

Mari gelou foi ele adivinhou? Como ele soube?

Puxando-a para si,ele explicou suavemente:

- Você me disse isto está tarde.Oferencendo-se para mim sem nenhum laço.Você nunca faria um oferecimento desse a um homem que não amasse desesperadamente.Eu sabia disso.E foi por isso que parei.Seria de alguma forma desprezível termos nossa primeira vez no chão sem fazermos as coisas direito.

- Mas,mas...

- Mas como eu me sinto? Você não sabe?

Os olhos dele lhe diziam. Todo o corpo dele lhe dizia..

- Por favor, me diga - pediu ela.

Ele segurou-lhe o rosto com ambas as mãos.

- Eu te amo ,Marianne.Eis quanto te amo... - concluiu,beijando-lhe os lábios.

Levou muito tempo para lhe mostrar quanto a amava.Quando terminou,os dois estavam deitados na cama, a camisola dela levantada até a cintura.E ele dava a impressão de que morreria tentando se conter para não ir até o fim.feliz ou infelizmente,Lilian adivinhou o que estava acontecendo e começou a bater á porta como se quisesse pô-la abaixo.

Ela falou em voz alta:

- Já é hora de dormir,patrão. É tarde.Ela é uma garota em fase de crescimento .Precisa dormir!

- Oh!,não,não é nada disso que preciso - disse Marianne,com uma frustração tão terna que Burt riu, apesar do desejo que sentia.

Ele respondeu gritando:

- Está bem, futura tia. Dê-me um minuto para dizer boa noite e eu já sairei.

- Vocês vão se casar? - Lilian exclamou alegremente do lado de fora.

-É isso mesmo.Você não está contente com suas maquinações agora?

- Pode botar contente nisso.Mas agora,falando como futura tia-sogra, saia daí já.Ou então espere até o jantar de manhã para ver se vai comer! - Nós vamos fazer as coisas direito!

- Eu já estava pronto para fazer as coisas direito - ele sussurrou para Marianne,com um brilho divertido no olhar.- Não estava?

Mari riu.

- Estava sim.Mas nós não podemos esquecer isso?

- Não podemos? Não, acho que não.

Levantando-se relutantemente,ele abotoou a camisa que os dedos sequiosos dela haviam desabotoado.

- Coisa linda - murmurou,observando-a puxar a camisola.

- Você também é lindo.

- Você vai sair,ou eu vou ter que entrar? - Lilian insistiu.

Burt olhou irritado para a porta.- Eu não posso ter um minuto de paz para dizer boa-noite á minha noiva?

-Você já esteve dizendo boa-noite há trinta minutos e isso basta .Eu vou contar! Um, dois,três...

Burt suspirou para Mari.

- Boa noite, meu amor - disse com relutância.

Ela soprou-lhe um beijo.

- Boa noite,meu querido.

Ele deu um último olhar para a mulher amada e abriu a porta quando Lilian estava chegando no...

- .....Quartoze!

Mari recostou-se nos travesseiros, ouvindo o agradável murmúrio de vozes do lado de fora de sua porta enquanto contemplava seu anel.

- Parabéns e boa noite, querida! - disse Lilian.

- Boa noite e obrigada! - respondeu Mari

- Oh, o prazer é todo meu! - intrometeu-se Burt.

- Saia já daqui - resmungou Lilian, empurrando-o pelo corredor.

Sozinha em seu quarto Marianne tentava se convencer de que não estava sonhando.Foi o episódio mais difícil por que já passara.Mas ele era seu.Eles iam se casar.Iam viver juntos, amar-se e ter filhos.Fechou os olhos com relutância, sentindo o corpo todo arrepiado de felicidade.

 

O casamento aconteceu uma semana depois, e a cerimônia foi curta e bonita. Marianne achou que nunca havia visto um homem mais bonito que Burt Jessup. E quando o sacerdote declarou-os marido e mulher, ela chorou suavemente até que Burt enxugou as lágrimas com beijos.

Foi Lilian quem apanhou o buquê da noiva, e corou como uma colegial quando todos riram.Os convidados jogaram arroz nos noivos e se despediram.

- Enfins sós! Burt sorriu olhando-a

- Pensei que nunca terminasse. Para onde vamos? Eu nem perguntei.

- Vamos para o Taiti.Eu reservei as passagens um dia depois de você ter dito sim.Vamos tomar o avião em san Antônio amanhã cedo.

- E quanto a esta noite? - perguntou ela, e então corou ao ver a expressão dele.

- Deixe que eu me preocupe com está noite.

Ela segurou sua mão ao dirigir, e uma hora depois pararam diante de um hotel enorme e caro na cidade.

Burt reservara a suíte nupcial, que era a coisa mais incrível que Mari já havia visto. A cama era enorme e dominava o quarto.Ela parou perto da porta, apenas olhando admirada enquanto Burt gratificava o mensageiro do hotel e trancava a porta.

- E então, sra, Jessup? - indagou ansioso.

- É enorme - disse, referindo -se á cama.

- Sim, e também está colocada estrategicamente,você não notou? - ele disse com uma risada, levantando-a nos braços.

- Sim ,notei.Você estava muito bonito.

- Você estava linda! - Ele curvou-se sobre sua boca. - Eu te amo até a loucura,já te falei?

- Hum... Não sei.Que tal se você repetisse?

- Você vai ouvir isso várias vezes nas próximas horas - ele murmurou contra seus lábios ao deitá-la delicadamente na cama - E até o fim dos tempos.

Mari esperava com ardor e paixão, e de certa forma estava apreensiva.Mas ele era tão carinhoso que ela relaxou quando ele começou a despi-la,com as mãos experientes e a boca exigente.

Ele falou, ao deitar ao seu lado:

- Este é um território familiar para nós, não é? Pelo menos até este ponto.Mas você sabe como é ter meus olhos,minhas mãos e minha boca em você.Sabe que não farei nada que a magoe.Não há nada para ter medo.

Ela o olhou dentro dos olhos.

- Eu não poderia ter medo de você.

-Então ,entregue-se a mim agora,Marianne. Lembre-se de como foi na grama,com a chuva nos molhando e entregue-se a mim como você o fez naquela tarde.

Ela sentiu de novo a chuva tamborilante , a doçura das mãos dele, a febre selvagem daquela boca reclamando a sua,no silencio da campina.Estendeu as mãos para ele, de repente incendiada pela remoção inusitada de todas as barreiras, e entregou-se com abandono que surpreendeu.

- Shhh - murmurou,quando ele tentou recuar no último instante.Ela enlaçou os quadris dele e puxou-o suavemente para baixo, erguendo-se e um pequeno gemido foi o único som que emitiu ao persuadir a boca a voltar para a sua.

- Agora - disse com os lábios colados ao dele. - Agora .Agora...

- Mari - gemeu ele.

O corpo dele subiu e desceu sobre o dela,os braços tornaram-se dolorosamente fortes as mãos cravaram em seus quadris, a boca tremendo tanto quanto o corpo.Ele era parte dela. Ela era parte dele.Estavam ligados um ao outro, amando unidos num só ser...

- Mari!

Ela o acompanhou numa jornada tão deliciosamente doce quanto incrivelmente intima,rendendo-se á força dele, deixando-o ensinar-lhe coisas. Ela usava músculos que não sabia possuir,susurrava-lhe coisas.Enroscou-se em volta dele e perdeu todas as inibições numa união selvagem e ardente Até alcançarem o paraíso juntos..

Ela se espreguiçou lânguida e feliz, e se aconchegou a Burt. Embaixo do lençol leve, aninhando a cabeça em seu torso peludo com o rosto radiante de satisfação.Fora maravilhoso!

Acariciando os cabelos negros dela, ele disse suavemente:

-Eu te amo.Sempre amarei.

- Eu também te amo. Demais - Ela deslizou a mão pelo peito do marido.A certa altura,lembrou-se de uma coisa: - O primo Bud não estivera no casamento! Franziu o cenho intrigada.Sua mente curiosamente ausente há uma semana.Ela se apoiou num cotovelo. - Burt, Bud não tem estado em casa!

Sorrindo ,ele concordou de maneira complacente:

- Não, desde o dia que levei você para visitar Ty e Erin.

- Mas isso horrível .Eu nem reparei! Onde estava com a cabeça?

- Está tudo bem, querida, eu não me importo - disse ele, puxando -a de novo para si.

- Onde está ele?

- Oh! ,eu o mandei numa pequena viagem.Disse que o touro Santa Gertrudes fora enviado para reproduzir numa fazenda de gado em Montana, e ele foi até lá procurá-lo....

- Procurá-lo?

- Bem ,querida ,eu não lhe disse exatamente em que fazenda o touro estava, Mencionei apenas o Estado.Existem muitas fazendas em Montana.

- Ora, seu diabinho! - acusou ela,fazendo-lhe cócegas.

Burt puxou-a para cima dele ,sorrindo de orelha a orelha.

- Tudo é válido,não é o que dizem? O primo Bud sempre me atrapalhou a vida.Eu não queria ele por perto até ter você seguramente casada comigo.

- Não me diga que sentiu ciúme!

- O tempo todo! Você era minha.Eu não queria que ele tentasse me passar para trás.Mas não se preocupe, ele se dará conta posteriormente.

- Sei que não devia perguntar, mas ele se dará conta de quê?

- De que o touro ainda está em meu rancho, exatamente onde eu o deixei.

- O que você vai dizer ao primo Bud?

- Que em me enganei.Não se preocupe ele acreditará. Afinal,Bud também não achou que eu estivesse interessado seriamente em você, e veja só como eu o enganei!

Marianne teria dito mais alguma coisa. Mas eles já estavam rolando na grande cama e Burt sufocava-a de beijos.Lá fora chovia suavemente, e ela achou ter ouvido um som mais doce.

 

                                                                                Diana Palmer  

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades

 

 

           Voltar à Página do Autor