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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


COMAND ME / Geneva Lee
COMAND ME / Geneva Lee

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

Quando ele me beijou, eu fiquei chocada. Ele era um estranho e ainda assim familiar. Quando acordei com a minha foto na capa dos tablóides foi que percebi que sabia quem ele era.
O Príncipe Alexander de Cambridge.
O Bad Boy Real.
Herdeiro exilado do trono.
Ele não é o Príncipe Encantado. Ele é controlador. Ele é exigente. Ele é perigoso. E eu não posso dizer “não” a ele.
Nós dois temos segredos. Segredos que poderiam nos separar ou nos aproximar. Quando um paparazzi expõe cada um deles, eu tenho que decidir o quão longe estou disposta a ir pelo rei e pelo país.

 

 


 

 


Capítulo 1


Meus olhos vagavam pelos corredores esfumaçados enquanto eu bebia minha taça de champanhe. Acima, o quadro de um duque, ou algum outro personagem importante com uma gravata em seu pescoço, olhando para mim, me denunciava como a fraude que eu era. Ser uma recente graduada de Oxford, não significava que eu pertencesse aos exclusivos clubes de Oxford e Cambridge. A maioria dos outros graduados vinha de famílias afortunadas, e mesmo que a minha família possuísse bastante dinheiro para o padrão de qualquer um, nós não tínhamos um nome de família ou um título, como a maioria dos meus companheiros nesse Dia de Comemoração. Eu terminei minha bebida enquanto amaldiçoava minha amiga Anabelle por ter me convencido que essa seria uma boa ideia.

—Clara, aí está você! —Annabelle esbarrou em mim, e suas unhas perfeitas cravaram em meu braço, me impedindo de escapar enquanto ela me arrastava para uma sala com um grupo de rapazes. Outro movimento agressivo, ela era a imagem do decoro, seu cabelo loiro cortado batido na nuca e mais comprido na frente, na altura do seu queixo, caindo em uma perfeita simetria. Tudo em Anabelle era refinado, do seu salto de sete centímetros, ao diamante Carat que brilhava em sua mão esquerda. —Eu quero que você finalmente conheça meu irmão, John.

—Eu não estou procurando um namorado, Belle. Sou uma mulher de carreira agora, lembra? —Eu me lembrava dela. Mesmo que meu trabalho na firma Peters & Clarkwell ainda não tivesse começado oficialmente, eu não precisava de nenhum homem para me distrair. Belle sabia disso, mas isso não a impediria de insistir que eu o conhecesse. Mesmo com a educação dela, ela ainda acreditava que a melhor perspectiva para a mulher era o casamento. Eu estava familiarizada com esse conceito. Minha mãe teve desilusão similar.

Belle me deu uma piscada por cima de seu ombro. —Mas você pode ter alguma diversão. John trabalha o tempo todo, e de qualquer forma, ele vale uma fortuna. Você poderia ser uma baronesa.

—Nem todo mundo baseia atração em dinheiro ou poder. —Eu disse em voz baixa, não querendo ofender os ricos e poderosos ao meu redor.

Belle parou em sua caminhada, me fazendo esbarrar nela. Ela me virou e sussurrou em meu ouvido. —Você já se enroscou com um homem rico e poderoso? Foi para a cama com algum?

Eu mordi meu lábio e olhei em volta, incerta do que responder. Belle sabia que eu só tinha ido para a cama com um homem, meu agora ex-namorado, que não era nem rico e muito menos poderoso. Daniel era rancoroso. Onde eu me sentia inferior em relação às famílias afortunadas em Oxford, ele sentia raiva. Eu pelo menos cresci bem. Um arrepio correu pela minha espinha, ao pensar em como a nossa relação ficou feia ao final. Eu a terminei nas férias de inverno, mas mesmo tanto tempo depois, isso ainda me fazia estremecer. Belle percebeu e assinalou.

—Daniel não conta. —Ela disse. E sua pele perfeita de porcelana enrugou quando ela franziu a testa. Ela sacudiu sua cabeça afastando uma memória, e me deu um sorriso travesso. —Se você tivesse ido para a cama com o tipo de homem do qual estou falando, você saberia.

—Estou profundamente consternada que você pensa em seu irmão nessa posição. —Eu disse para ela, sacudindo a sobrancelha sugestivamente. —Quão próximos vocês são?

—Rabugenta e sem graça. —Ela bateu no meu braço, mas ainda com um sorriso em seu rosto. —Eu só estou preocupada com você, Clara. Você precisa de um bom pau.

Eu pensava o mesmo, embora ela não precisasse dar esse conselho agora. Ela foi minha companheira de quarto nos meus piores momentos com Daniel. Ela não apenas apoiou a nossa separação, mas ela me tratou como uma mãe desde então, me levando às compras e me apresentando a novas pessoas. Era só uma questão de tempo para ela tentar me enviar a encontros. Eu deveria ser grata por ela ter esperado até meus exames finais, e que estivesse oficialmente graduada, para que ela começasse a marcar encontros em sua agenda.

—Belle, eu realmente não preciso de um cara agora. —Eu disse tão firme quanto possível, esperando encerrar isso, mas sabendo que não tinha jeito no inferno de conseguir. Com um aceno de mão, ela continuou. —Precisar e querer são duas coisas diferentes, querida. Nunca confunda.

Antes que eu pudesse responder, ela ficou atrás de um cara alto e estranho. John era, claramente, o irmão mais velho dela, se suas entradas fossem uma indicação, e não havia dúvida de que ele tinha dinheiro. De alguma forma ele conseguiu juntar as coisas mais caras e mais chatas da moda atual num mesmo visual, mas obviamente, um visual caríssimo. Um Rolex e sapatos Berluti combinados com um terno tweed bem anos 80. Ele tinha um visual que não conseguia decidir se iria à caça ou a um negócio.

E era assim que ele se vestia para uma festa.

—Você deve ser a famosa Clara. —John disse, sacudindo minha mão. Por um momento ele pareceu confuso se a beijaria ou sacudiria. O resultado foi um cumprimento coxo e suado. John talvez tivesse uma fortuna e um título, mas isso não me fez querer ter algo. —Belle me falou sobre você. Uma graduada em estudos sociais, não é?

—Sim. —Eu queria puxar minha mão, mas não sabia como fazer isso.

—Pensa em si mesma como a próxima Madre Teresa? —Ele perguntou, colocando sua outra mão por cima das nossas que estavam entrelaçadas. Isso não foi uma melhora.

—E se eu disser que sim? —Minha pergunta fez Belle piscar surpreendida. Eu não era assim tão confiante, especialmente perto de estranhos. Mas essa tinha sido eu na Universidade. Eu agora tinha uma graduação numa Universidade top, e um novo emprego altamente competitivo. Eu não seria mais aquela garota. Eu não poderia. Eu não permitiria.

—Você é muito bonita para ser uma freira. —John disse. Seu peito bufou um pouco quando ele adicionou. —Recentemente me qualifiquei como advogado.

—Que fascinante. —Eu disse distraidamente, enquanto colocava minha mão em cima da dele e olhava em volta da sala. —Se você me desculpar, eu vejo...

Eu olhei na multidão antes que Belle arrumasse um ministro para oficializar o noivado, notando que eu deveria realmente conversar com ela por me arrumar essas armadilhas no futuro. Apesar da educação de Belle, a família dela a condicionou ao casamento, um resultado arcaico por ter um título. Ela não discordava, pelo contrário, parecia bastante feliz com isso, especialmente se seu noivo fosse do palácio. Mas eu não conseguia me ver casada, e eu não queria, especialmente depois de Daniel. A carreira seria um caminho melhor para mim. Mais seguro, mais completo, e infinitamente com bem menos confusão.

A multidão me engoliu, me protegendo dos encontros que Belle armava, mas tornando quase impossível de sair. Mas na hora que consegui atravessar o corredor, meu coração estava desesperado. Eu encostei-me à parede e tomei um ar, puxando para baixo a bainha do vestido preto simples que peguei emprestado com Belle, apesar de suas objeções a ele por ser muito sóbrio. Esse era um dos muitos itens de seu closet que eram apropriados para sua idade. Meu próprio closet consistia em jeans, botas, alguns terninhos legais. Isso não era nada comparado com o dela. Na maioria dos dias, Belle parecia uma estrela de cinema, mostrando muita pele. Mas o resto de seu guarda-roupa consistia em vestidos que pareciam ter sido roubados da Rainha Mãe. Eu tive sorte de encontrar esse vestido, apesar de achar que ele servia para um funeral.

Uma essência exótica e apimentada passou por mim, irritando minhas narinas. Era totalmente fora do comum, meio velho. Tinha um fora da lei fumando aqui, numa sala inapropriada para fumantes? Eu vi todas as placas nas salas, mas obviamente alguém aqui não tinha visto. Eu procurei, percebendo um pouco tarde demais, que isso significava que eu não estava mais sozinha, e apertei meu peito quando vi um pouquinho dele. Onde há fumaça há fogo, e bom Deus, o que será que ele estava fumando.

O cara se recostou na porta que dava para o terraço, uma fina névoa de fumaça de cigarro escapava de seus lábios esculpidos, que contraíam com um sorriso bobo e confortavelmente descansava ali. Seu rosto estava sombreado pela luz que filtrava por detrás dele, mas eu pude notar a linha firme da sua mandíbula e um vislumbre de seus olhos azuis. Eu não precisava ver muito para saber que ele era um dos caras ricos e poderosos que Belle falou. Ele era o que ela se referiu no seu discurso mais cedo. Isso irradiava dele: saúde, autoridade e virilidade. E meu corpo respondeu a isso. Meus pés traidores aproximaram-se dele. Eu poderia vê-lo melhor agora, e descobri que ele tinha outra característica também: ele era lindo, o que não parecia justo.

Ele tinha um rosto que faria anjos chorarem e deuses guerrearem. Bem definido, pele pincelada de dourado, o que significava que passava muito tempo fora, ao sol da praia. Seu cabelo escuro não era resultado da sombra em que estava. Era bem próximo do preto, e estava uma bagunça, o que me fez desejar passar minhas mãos por ele. Por um breve segundo, me imaginei fazendo isso enquanto pressionava meu corpo ao dele.

Pega leve, eu me ordenei. Eu não transava há um tempo, mas reagir assim a um estranho era embaraçoso, mesmo que ele não soubesse o que eu estava pensando. Claro que, com aquele sorriso arrogante e sedutor no canto de seus lábios, ele sabia exatamente o que eu estava pensando. Mas seu sorriso não alcançava seus olhos, que ardiam intensamente. Eu senti a fome em seu olhar como se fosse a minha, e meu próprio desejo atingiu meu âmago. Eu precisava me afastar. Eu podia sentir.

—Eu acho que você não pode fumar aqui. —Eu disse. Eu soei como uma total idiota, mas já estava doente de ver como as classes privilegiadas faziam as próprias regras, e pelo jeito como ele olhou para mim, eu não era mais do que um objeto. Um brinquedo que ele queria brincar.

—Minhas desculpas. —Ele deu um sorriso afetado, mas nem isso disfarçou o tom rude em sua voz. —Você vai me denunciar por conduta inapropriada? —Ele deu um passo para trás, então, tecnicamente, ele estava no terraço, encontrando um jeito de distorcer as restrições. Mas suspeitei que ele tivesse feito para me agradar. Ele não me viu como o tipo que quebra alguma regra. Embora eu não pudesse mais ver seus olhos, os senti queimando em mim. Isso me atrapalhou, minhas emoções iam de irritação para excitação. —Eu não gostaria que você ficasse encrencado.

Ele virou-se para mim, revelando um pouco de seu rosto, e mais uma vez aquele sorrisinho sujo, agora com um pedacinho de dente perfeito aparecendo. —Nós não queremos isso.

Um profundo tom de vermelho coloriu minhas bochechas com embaraço. Eu queria tirar com um beijo esse sorriso selvagem do rosto dele, mas tirei a fantasia da minha cabeça. Na claridade, ele pareceu meio familiar, como se eu o conhecesse de algum lugar. Talvez da época da escola? Eu me lembraria dele se ele fosse da faculdade. Não existia maneira que eu não tivesse percebido esses olhos azul cristal, ou esse cabelo escuro e bagunçado, que estava numa linha entre um pop star e um empresário. Seus ombros largos estavam num terno bem cortado, e por sua boa aparência, ele não era um homem que você esqueceria facilmente. Então, como eu poderia conhecê-lo? E não conhecê-lo? Meus olhos vagaram por seu colarinho aberto e gravata solta, imaginando como seria soltar os restos dos botões e libertá-lo disso. Meus dentes cravaram em meu lábio inferior quando pensei nisso.

Eu realmente estava aqui, fantasiando sobre um total estranho. Na frente dele? Depois de tudo, talvez Belle estivesse certa mesmo.

Suas sobrancelhas levantaram enquanto eu continuava olhando, então afastei os olhos, envergonhada que ele me pegou. Claro que com essa aparência, ele já estava acostumado com tantas olhadas. Mas ele não precisava saber que deixou meus joelhos bambos, ou que ele provavelmente poderia me convidar para sair com ele. Provavelmente ele sabia que seu sorriso era praticamente uma pintura.

—Eu acho que deveria ter alertado sobre o perigo de fumar. —Eu disse, querendo que ele não percebesse minha humilhação, mas também estava desesperada para manter a conversa. Eu não queria que ele partisse.

—Boneca, você não seria a primeira. —Mas ele apagou o cigarro e jogou nas redondezas. O movimento foi fluído e seguro, como se não houvesse possibilidade de alguma falha. Como se o mundo existisse para lhe servir. Eu tinha certeza que o conhecia de algum lugar. Quem quer que ele fosse, ele tinha um bocado da minha atenção. —Já nos conhecemos?

—Eu acho que me lembraria. —Ele disse, com seus olhos brilhando enquanto falava. A energia magnética estava se intensificando, enviando tremores por mim. —É mais como se minha reputação me precedesse.

—Um homem das mulheres então? —Eu perguntei. Isso não me surpreendia.

—Algo assim. —Ele disse suas palavras com certa implicação. —O que uma garota americana faz num lugar velho e esnobe como esse?

Eu parei imediatamente, sentindo que algumas defesas familiares estavam surgindo, e que esse tipo de observação causava. Mas reparei que não estava sendo condescendente, apenas curiosa, então forcei um sorriso no rosto. —Sou cidadã britânica na verdade. Embora tenha crescido nos EUA. Mãe americana. Ela conheceu meu pai na universidade Berkeley.

Pare de contar sua história familiar, a pequena voz odiosa que era crítica a todo o momento, me admoestou. —E uma garota californiana, também. —O estranho disse. —Eu não consigo entender porque você trocou a praia pela Londres chuvosa?

—Eu gosto da névoa. —Era verdade, mas admitir me fez ruborizar. Isso era um motivo bobo, mas ele sacudiu sua cabeça, como se estivesse intrigado.

Eu dei um passo mais perto dele, estendendo minha mão. Talvez ele esperasse uma apresentação mais formal. —Sou Clara Bishop, aliás.

—É bom conhecê-la, Clara Bishop. —Sua mão pegou a minha, e sem nenhuma hesitação ele a levou aos seus lábios. Um raio de eletricidade passou entre nós, o ar na sala praticamente crepitava enquanto a sensação corria por minhas veias, até que eu me senti tonta. Desejo escorria pelo meu sangue, nadando em meu estômago.

Eu queria pular. Não, eu precisava pular.

As palavras de Belle ecoaram na minha cabeça. Eu não queria que ele deixasse de me tocar. Eu queria mergulhar nele, e eu estava seriamente considerando isso quando uma linda loira surgiu no salão e olhou para nós.

Eu tinha que retirar a minha mão se eu quisesse que a corrente elétrica entre nós cortasse, mas quando retirei minha mão, ele puxou meu braço e me encostou rudemente nele. Os lábios dele caíram sobre os meus com uma urgência que eu pensava que só existia nos filmes. Braços fortes envolveram minha cintura, apertando possessivamente enquanto ele envolvia minhas costas. Ele tinha gosto de cravo e Bourbon, noites selvagens e abandono imprudente, e meus lábios abriram instintivamente enquanto sua língua deslizava dentro da minha boca. O beijo dele era forte e comandante. E eu me encontrei perdendo em seu controle, meu corpo moldando ao dele enquanto eu suavemente caía no calor de seu abraço.

Sua língua deslizou preguiçosamente pelos meus dentes, e minha boca abria em boas-vindas. Ele aceitou, enfiando sua língua mais profundamente, me puxando para dentro de sua boca, e capturando a minha em uma lenta sucção. Minhas pernas ficaram bambas, meu corpo pronto para mergulhar no chão embaixo dele, mas ele me pressionou ainda mais junto dele, a dureza do seu corpo me envolvendo. As mãos dele deslizaram da minha cintura para o fim da minha coluna. O gesto íntimo me empurrou para a vida, e eu enlacei seu cabelo enquanto o beijava, certa de que eu desapareceria se seu corpo não pressionasse contra o meu.

Quando ele finalmente me soltou, era muito cedo, embora sua mão tenha permanecido no fim da minha coluna. Eu cambaleei para trás, mas ele me segurou, como se ele antecipasse minha reação. Claro, um homem que beijava assim provavelmente sabia o que esperar. Eu não pude deixar de pensar que ele devia vir com um aviso: CUIDADO! CONTEÚDO ALTAMENTE SEXY!

Eu procurei em seu rosto alguma pista de porque ele tinha me beijado, enquanto meu corpo tinha o gosto dele, mas tudo o que vi foi a paixão ardendo em seus olhos. Isso me roubou o fôlego, e não pude falar por um momento.

—Por quê? —A questão escorregou em partes iguais de pensamento e acusação.

—Meus motivos não são cavalheirescos. —Ele disse, afastando suas mãos de mim enquanto confessava. Eu lamentei a perda do contato, desejando que ele não o tivesse cortado. —Essa mulher é um terrível erro meu.

—Você me beijou para irritar sua ex-namorada?

—Eu não a chamaria de ex, mas de qualquer forma, me desculpe. —Não havia um pingo de arrependimento nas palavras dele. Seus olhos esfriaram, e o azul em chamas agora estava um tom safira, mais escuro. Ele deu um passo para mim, mas então hesitou, movendo em direção ao terraço.

Eu murchei com a sua mudança, e então foi quando percebi que eu queria que ele me beijasse novamente. Um desejo que eu sabia, estava escrito na minha cara. O silêncio caiu sobre nós, mas mesmo sabendo que ele não falaria ou me tocaria novamente, meu coração continuou batendo apressado como um animal enjaulado querendo se libertar.

—Parabéns por sua formatura. —Ele me disse.

Eu pisquei com a mudança de tópico, lembrando-me de onde estava e o porquê. O mundo desapareceu quando ele me tocou, e foi só agora que eu me toquei, que eu não sabia nada desse homem que poderia muito bem ter me possuído contra a parede, se essa fosse a sua vontade. —Você se formou também?

Sua mão cobriu rapidamente sua boca, mas eu pude ver um risco de um sorriso mais uma vez em seu rosto. —Eu escolhi um caminho diferente para a minha carreira. Estamos jogando as ”vinte perguntas”?

—Você me dirá quem você é? —Eu perguntei.

Ele piscou para mim. —Eu acho que o ponto, boneca, é você descobrir.

Meus olhos estreitaram, e meus lábios ainda ardiam com a memória de seu beijo. Se ele queria brincar, eu poderia brincar. —Você escolheu um caminho diferente para sua carreira? Mas você está aqui. —Eu gesticulei para o nosso redor. —Nesse clube prestigiado. Então, ou você é um garçom, ou você veio por dinheiro?

Eu esperei ele responder, mas ele balançou a cabeça e apontou um dedo para mim. —Essa não é uma pergunta para sim ou não.

—Se você não quer brincar... —Eu encolhi os ombros, sorrateiramente checando o salão atrás de mim.

—Eu apenas quero brincar dentro das regras, a não ser que você queira que eu faça as perguntas. —Ele sugeriu. Eu engoli com dificuldade, lutando para controlar meu corpo.

—Você veio por dinheiro?

—Você poderia dizer isso. —Ele disse com uma careta.

—Sim ou não. —Eu assinalei.

—Sim. —Ele disse, alcançando e enrolando um cacho do meu cabelo em seu dedo. —É a minha vez?

—Eu ainda não fiz todas as minhas vinte perguntas. —Eu sussurrei com a proximidade de seus lábios.

—Não desperdice tudo de uma vez. —Ele me avisou enquanto colocava esse cacho atrás da minha orelha. —É bom deixar alguma expectativa.

—Você já sabe quem eu sou. —Eu o lembrei.

—Mas tem um monte de coisas que quero saber sobre você. —Sua respiração era quente no meu pescoço enquanto ele falava. —E eu estou morrendo para ouvir você dizer sim.

—E se a resposta for não?

—Confie em mim, não é. —Seus lábios deslizaram pelo meu queixo. Meus olhos fecharam com o roçar de sua barba na minha pele delicada. Ele se afastou, e eu arquejei longamente, ajustando meu vestido com um olhar abismado.

—Última pergunta. —Ele disse. —E então veremos se você pode adivinhar.

Uma última chance para revelá-lo, e eu não estava mais perto do que quando o encontrei. E agora meu corpo ardia com desejo, me distraindo do meu objetivo. E só havia uma, uma única pergunta que poderia fazer.

—Quem é você? —Eu perguntei, pegando seu blefe.

Ele balançou a cabeça e murmurou sim ou não. Claramente ele não deixaria de ser enigmático, mesmo depois de me usar para irritar a sua ex. Eu fui uma distração conveniente, e esse pensamento enviou uma onda de vergonha em mim. Eu não sabia se poderia acalmar meu coração se ficasse perto dele.

Será que eu imaginei a eletricidade nesse beijo? Eu estava certa que não. Tão certa como estava que ele também me queria. Minha boca secou com a ideia. Eu pensei no que Belle havia dito sobre me enroscar com um homem forte e poderoso, e me forcei a ignorar a batida que corria pelo meu corpo. Eu não estava interessada em ser um brinquedinho para um homem como esse. Eu me recusava.

—Eu acho que devo retornar. —Eu disse, percebendo que tinha que agir antes que me tornasse uma poça de desejo na frente dele.

Seus olhos aqueceram enquanto ele concordava. Chamas correram pelo meu corpo, mas dessa vez não eram as minhas bochechas que estavam em chamas. —Espero vê-la novamente, Clara Bishop.

Ele não esperou por mim para partir. Em vez disso, ele desapareceu no terraço, sumindo no ar. Não foi até que ele estivesse fora de vista, me libertando do efeito de sua presença, que eu percebi que eu havia beijado um homem sem nome.

E eu queria fazer isso de novo.


Capítulo 2


De volta ao coquetel, completamente distraída por um estranho e seu beijo, eu não encontrei mais Belle até que estivesse de novo em suas garras. Ela sorriu enquanto agarrava meu pulso e me levava ao bar. A maioria das pessoas ao nosso redor não percebiam o pontinho brilhante em seus olhos quando ela sorria, mas eu sabia que isso significava que eu estava enrascada. Considerando o quanto eu estava confusa e enfurecida com o beijo. Aquele beijo incrível! Eu não começaria uma briga.

—O que no inferno será isso? —Ela me perguntou enquanto esticava um prato cheio de nozes.

—Não estou com fome. —Comida era a última coisa na minha cabeça.

—Você já está bêbada? Não me force a alimentá-la.

—Não estou bêbada. —Eu disse, embora eu me sentisse como se estivesse. Os lábios dele. O gosto dele nos meus lábios. A pressão do corpo dele. Uma onda de calor atravessou meu corpo, e eu tentei me controlar.

—Clara? —Belle estalou seus dedos para chamar minha atenção. Eu sacudi minha cabeça e olhei para ela bobamente. —Eu disse que você poderia pelo menos ter tomado uma bebida com o meu irmão.

—Sinto muito. —Eu disse. Eu realmente me sentia mal por ter agido tão sem graça na frente do irmão dela. Mas a única maneira dela aprender a não armar para mim, era se eu a fizesse passar vergonha. Belle era fluente em humilhação familiar. Eu odiava usar essa carta, mas era o único jeito de deter sua obstinação. Além do mais, essa era a nossa formatura.

—Eu pensei ter visto a minha mãe. —Eu menti.

O rosto de Belle suavizou enquanto ela pegava umas nozes do prato, se afastando de mim. —Proteína. Você vai precisar de força.

Verdades nunca antes reveladas, mesmo que minha desculpa fosse uma mentira. Minha mãe era para estar aqui, e eu não tinha dúvida que ela viria. O clube Oxford & Cambridge era um lugar que ela não poderia ir sem um convite, e hoje, muitas das mais brilhantes e ilustres famílias britânicas estariam presentes para comemorar a formatura. Madeleine Bishop não perderia isso por nada no mundo. A imprensa não era bem-vinda, desde que era uma festa privada, mas sempre havia a chance de ter um paparazzo lá fora, se ela tivesse sorte. Nossa família geralmente não despertava atenção. Desde que ela e meu pai fizeram fortuna há uns 14 anos atrás, ela tem procurado por isso. É um pouco embaraçoso, e eu não estava exatamente ansiosa para vê-la. Belle também compreendia isso bem.

—Obrigada. —Joguei algumas nozes na minha boca. O sal delas fez minha boca pedir água, e percebi que estava faminta. Meus olhos foram para o relógio em cima da lareira, e eu gemi. Já tinha mais de seis horas que eu havia comido.

—Eu não serei responsável pelo seu desmaio no dia de nossa formatura. —Belle disse me dando uma piscada. Ela me conhecia muito bem para saber que entre o stress da cerimônia e essa festa, eu me esqueceria de comer. —Não olhe agora, mas os Bishops chegaram.

—Deus salve a Rainha. —Eu resmunguei, respirando fundo e comendo mais umas nozes. Eu me certificaria que lhes fosse servido um bom Bourbon. Virando-me, tive uma vista de minha mãe usando um vestido curto e verde pavão, que impressionava no seu corpo atlético, mas que não era apropriado para sua idade. Eu não achava justo que ela provavelmente estivesse em melhor forma do que eu. Claro, isso era um benefício da sua profissão.

Eu a vi vasculhando o salão, suas mãos deslizando pelo seu colar de pérolas no seu pescoço. Ela não nasceu britânica, mas ela podia passar por uma como qualquer um desses aristocratas aqui. Sua cabeça estava erguida, seu nariz empinado, e as cabeças viravam para olhá-la enquanto ela passava. Ela tinha um sorriso benevolente nos lábios, consciente de que quando ela entrava num ambiente, ela era o assunto.

Tomando uma respiração, eu levantei uma das mãos e acenei para ela. —Última chance para fugir. —Eu falei para Belle.

—E deixar você sozinha? Sem chance, mas você me deve uma garrafa de vinho mais tarde. —Ela deslizou um copo na minha mão, sabendo exatamente o que eu precisava para me ajudar a atravessar esse encontro.

—Feito. —Com certeza antes do fim do dia, nós precisaríamos muito mais do que uma garrafa de vinho.

—Clara, minha querida garota! —Mamãe deslizou pela multidão para mim, me beijando delicadamente em minha bochecha. Afeto para ela era sempre suave como asa de borboleta. Sentimentos eram facilmente quebrados, ela uma vez me disse, então, era melhor ter cuidado com eles. Eu observei a mesma delicadeza no casamento dela desde que eu era criança.

Papai estendeu a mão, e quando mal o toquei ele me puxou para um abraço de urso. —Clara, lindinha, você fez isso!

Eu avermelhei um pouquinho com o apelido de infância. Papai nunca acreditou que o amor fosse frágil, mesmo que ele tratasse minha mãe como um cristal.

—Uma graduada. —Mamãe disse, enchendo o peito de orgulho, e causando alguns olhares dos homens que estavam por perto. —Uma graduada em Oxford, de fato.

—A minha garotinha. —Papai levantou um brinde, e eu senti a emoção que esse gesto continha.

Havia dúvida se eu cursaria a universidade, embora fosse a mesma que meu pai graduou anos atrás. Minha mãe não teve tanta sorte. Era estranho que ela estivesse aqui celebrando isso para a pessoa que a afastou de suas ambições.

—Futura vencedora do prêmio Nobel. A grande esperança Britânica. —Papai continuou.

Eu rolei meus olhos para ele. —Mais para a garota de recados da futura vencedora do prêmio Nobel.

—Todo mundo começa de algum lugar. —Ele me lembrou. —Mesmo o menor trabalho é importante. Gandhi começou em algum lugar.

Eu não tinha nenhuma dúvida disso, mas só de pensar no trabalho que eu faria, me dava náuseas. Graças que eu tinha uma noite antes de realmente começar a trabalhar lá, e um monte de coisas para fazer para ocupar minha mente. —Sem greve de fome para mim. —Eu prometi para ele.

Ao nosso lado, minha mãe congelou. —Essa foi de mau gosto.

—Sinto muito. Era apenas uma piada. —Eu reafirmei a ela.

Mas minha mãe já estava desviando a atenção para si mesma. —Está um pouco quente aqui.

Papai sorriu suavemente. —Então vamos procurar outro lugar, amor.

Essa era a tática passivo-agressiva número um do livro da minha mãe. Ela tinha que estar em constante movimento. Não importando quão linda a vista estivesse, ou quão encantadores fossem seus parceiros de jantar, ou quão exclusiva fosse a festa, ela sempre se convencia de que estava perdendo alguma coisa. Ela tinha certeza que no dobrar da esquina sempre haveria uma oportunidade melhor, ou uma pessoa mais importante. Isso significava que minha família tinha mudado de casa em casa nos primeiros anos de sucesso do negócio deles na internet. Meu pai finalmente bateu o pé, e informou a ela que eles se mudariam de Los Angeles para Kensington, uns seis anos atrás. Essa era a casa mais esnobe que já tivemos, com um endereço esnobe, bem em frente da cantora pop que era casada com um famoso jogador de futebol. Minha mãe sossegou por alguns anos, mas já tinha começado a se remexer, pois já estava pronta para outra mudança. Ou seja, já estava à procura de jardins mais verdes. Papai, para crédito dele, não parecia muito preocupado. Mas isso não a impediu de contratar um agente imobiliário. Em alguns meses eu fui convidada a visitar algumas propriedades. Ela dizia que era porque gostaria de comprar uma para mim, mas eu não deixaria isso acontecer. Eles pagaram minha universidade cara, e eu tive que lidar com a curiosidade da minha mãe e suas demandas e preocupações com a minha vida, mas agora eu era adulta, com um novo emprego, e sem nenhuma vontade de continuar debaixo de suas asas.

—Clara, você já considerou aonde viverá agora que voltou para a cidade? —Ela perguntou, passando seu braço pelo meu, e virando o seu pescoço para descobrir o que eu estava pensando.

Não com você, eu pensei. Londres ainda era uma desconhecida para mim, uma vez que havia mudado um pouco antes de entrar na universidade, e minha mãe sabia disso. Isso não me fazia querer viver com ela. —Eu já disse que vou ficar com Belle.

—Mas Belle vai se casar. —Mamãe me lembrou. Ela virou e deu um sorriso brilhante para a minha amiga. —Eu quero ouvir cada detalhe sobre esse casamento.

Belle devolveu o sorriso, levemente arqueando uma sobrancelha quando minha mãe virou de costas novamente. Ela percebeu que minha mãe se convidou para o casamento. Provavelmente minha mãe tentaria roubar meu lugar como dama de honra se deixasse.

—Não pelo próximo ano. —Eu disse calmamente. Na verdade essa era uma grande questão para mim. Eu não queria viver só, e Belle e minha mãe sabiam. Eu não estava certa do que faria quando Belle casasse e se mudasse com Philip. Eu estava tentando não pensar nisso.

—Não se preocupe, Sra. Bishop. —Belle disse, com os olhos brilhando. —Eu tenho uma longa lista de homens que querem levar Clara para um encontro. E todos eles são excelentes.

Eu queria que o chão se abrisse e me engolisse. Eu odiava a ideia de ser enrolada, e ter alguém arrumando um romance para mim. Isso me fazia sentir indesejada, e essa tarde provou que eu não era nada, além disso. —Você está falando de homens ou de investimentos?

—Eles são a mesma coisa. —Mamãe cuspiu sua opinião para mim e voltou à atenção para Belle. —Você é uma amiga tão boa por ajudá-la, e você deve começar a me chamar de Madeleine. Veremos-nos o tempo todo agora.

Visões de encontros para almoços e chás passaram pela minha cabeça. Eu nunca teria sucesso em lembrá-la que eu agora tinha um emprego, e que estaria ocupada. Minha mãe não precisava trabalhar há tanto tempo, que eu não estava certa se ela sabia o que uma carreira requeria. —Tipo, como trabalhar.

—Eu espero que sim. —Belle disse. Ela achava minha mãe hilária, mas eu sabia que ela estava mentindo. Madeleine era melhor, se fosse servida em pequenas porções.

Posicionamo-nos perto da porta em que estive mais cedo, e meus pensamentos voltaram para o beijo. Parte de mim queria deslizar e procurar por ele, mas então, qual seria a diferença entre eu e a menina que ele estava evitando? Não muita. Como eu me sentiria se o encontrasse se agarrando com a menina? A nova Clara Bishop não tinha tempo para playboys com bagagem ou dramas. Mas ainda assim, eu não conseguia evitar repassar o beijo, cada movimento lentamente em minha memória, até que eu quase pudesse sentir a pressão dos lábios dele novamente. Minhas mãos apertaram ao meu lado, enquanto lembrava os tremores ardentes que percorreram meu corpo. A risadinha boba da minha mãe me tirou da minha festinha. Não estando certa se alguém tinha dito algo engraçado, eu ri de qualquer jeito, poderia ter sido uma piada.

—Seu pai e eu temos conversado. —Mamãe deu um olhar para papai, que estava lhe dando um olhar frustrado, que ela obviamente ignorou. —Por que você não vai morar conosco? Certamente, Belle gostaria ficar sozinha com Philip, e nós temos quartos suficientes.

Eles tinham bem mais do que quartos suficientes, mas não havia maneira que eu aceitasse o que ela estava oferecendo. —Nós já assinamos um contrato para o apartamento. —Eu menti.

—Você assinou? Sem me consultar? —Minha mãe fazia beicinho, assim como mulheres trocam de roupas. Muitas vezes e sem nenhuma cerimônia. Essa não era uma exceção. Ela olhou para mim como se eu a tivesse traído.

—Sinto muito. Não podíamos deixar passar. —Belle disse, entrando e me ajudando a mentir.

—Eu conheço tanto sobre as regras de compra e aluguel. —O bico diminuiu, revelando as rugas que ela pagava para esconder. O que não adiantaria muito se ela continuasse fazendo tanto beicinho.

—Só assinamos um aluguel. —Eu lembrei a ela.

—Mas ainda assim é um contrato. Você sabe que eu li no The Sun, que cada vez mais os senhorios estão espionando seus locatários?

O segundo item da lista de mamãe era fazer algo soar mais assustador do que normalmente era. Isso serviu para aterrorizar os primeiros oito anos da minha vida, mas agora que eu tinha vinte e três, a tentativa só me deixava cansada.

—Tenho certeza que estaremos bem. —Eu disse.

—Estamos alugando de uma linda senhorinha. —Belle acrescentou.

Eu lhe dei um olhar de aviso. Essa mentira estava crescendo tão rapidamente, que eu não tinha certeza se poderíamos sustentar. Eu mentia há tanto tempo para minha mãe, que já sabia que o melhor era alimentá-la com pequenas mentiras do que dar-lhe uma tão grande que ela não poderia engolir ou, que eu não me lembrasse depois.

—Essa é Doris? —Mamãe perguntou, apertando o braço do meu pai. Foi um bônus para ela se encontrar com alguém que ela conhecia, e eu sabia que não havia jeito dela deixar passar a oportunidade de aparecer. —Vamos lá dar um oi.

Parecia a última coisa que ele queria fazer, mas ele concordou com a cabeça, e gentilmente segurou o braço dela.

Eu puxei Belle pelo braço, assim que eles se afastaram um pouco. —Nós não temos nenhuma senhorinha ou um apartamento.

—Na verdade. —Ela disse, soltando as palavras dramaticamente. —Nós temos.

Minhas sobrancelhas ergueram-se em surpresa. —Nós temos?

—Minha querida tia avó Jane, possui um edifício em East London.

Eu não achava que ela pudesse me surpreender mais, mas ela certamente podia.

—Sua tia-avó Jane vive em East London?

—Oh, só espere. —Belle tomou um longo gole do seu coquetel e concordou, como se não fosse estranho ter um parente velhinho morando na área mais moderna e cara da cidade. —Você vai adorá-la.

—Eu não sei. —Eu disse. —Eu ainda não a vi.

—Confie em mim. Nós vamos encontrá-la amanhã. Além do mais, você consegue se imaginar voltando a viver com seus pais? —Belle perguntou, colocando as mãos em volta de seu pescoço como se estivesse sendo estrangulada.

—Sim e não. —Eu admiti.

—Sim? —Isso não foi uma pergunta, mas sim uma declaração de incredulidade.

—Você sabe que não gosto de viver sozinha. —Eu a lembrei. Mas o pensamento de voltar a viver com meus pais, estava longe de me confortar. Eu era independente na Universidade, e apesar de algumas más decisões, a maioria relacionada a Daniel, eu fui bem nos meus últimos anos na escola.

Mas muitas pessoas estavam se mudando agora. Muitos dos meus amigos estavam vindo para Londres. Belle era minha amiga mais próxima, e a única com quem eu conseguia me imaginar morando. Talvez em um ano a independência que senti no meu primeiro ano de escola fosse recuperar o dano causado pelo Daniel o suficiente para que eu deixasse de sentir a compulsão de partilhar um apartamento, mas eu não cheguei lá ainda.

—Eu sei, e está tudo bem. —Belle descansou a cabeça no meu ombro. —Mas você tem que me deixar arrumar as coisas. Eu me sentiria terrível se tivesse que te mandar de volta para os seus pais no próximo ano.

—Quem sabe como estaremos daqui um ano. —Eu a lembrei. Belle apertou meu ombro. —Essa é a atitude correta.

—Você acha que isso significa que pode me arrumar armadilhas, não é?

—Um encontro. —Ela me pediu, adicionando. —Com meu irmão.

—Eu não acho que ele seja meu tipo. Eu não queria ofender seus sentimentos. —Realmente não era culpa dela que o irmão fosse tão chato.

—Eu sei que ele provavelmente vai aborrecer você. —Ela disse. —Mas eu quero ver você lidar com isso.

—Eu posso cuidar de mim mesma.

Ela pareceu duvidar disso, e eu realmente não lhe dei motivos para acreditar muito nesse último ano. Mas não era da conta dela, eu não amenizaria isso saindo com o irmão dela, advogado ou não. Graças à chegada do seu noivo, eu fui salva de mais bajulação dela pleiteando o caso do irmão.

—Aqui está Philip. —Ela disse, se levantando e alisando sua saia. Ela virou-se buscando minha aprovação.

—Você está fabulosa, como sempre. —Eu não precisava mentir. Não importava o quanto ela bebesse, ou quanto tempo estivesse em pé com salto alto, Belle sempre parecia refrescada e bem vestida. —Diga a Pip que disse oi.

Belle mostrou a língua para mim enquanto rebolava até ele. Philip era um pouco sério demais para meu gosto, e isso era algo para se notar. Ele odiava o apelido Pip, o que me fazia adorar. Não porque não gostasse dele. Ele era legal - classicamente bonito, com um rosto anguloso e elegante, cabelo loiro claro, alto, bem falante. E o fato de que ele vinha com um título e um bocado de dinheiro, não machucava também. Ele era exatamente o que Belle procurava em um homem: segurança financeira e genética. Eu não a culpava por isso. Ambas nos sentíamos perdidas em nossas vidas, então eu entendia sua procura por segurança. Eu só queria que ela compreendesse a minha escolha, que era nunca ficar com um homem como ele, ou como o irmão dela, ou como seus outros amigos mais velhos, que brevemente eu conheceria nas próximas semanas.

Eu vi quando Philip pegou a mão dela e a puxou de encontro a ele. O rosto dela iluminou assim que ela estava nos braços dele, e um suspiro escapou de meus lábios. Eles pareciam perfeitos juntos, como um conto de fadas vindo a vida. Talvez eu estivesse errada do porque estarem juntos. Talvez ele fosse muito mais do que só um terreno firme.

*****

Tem lugares que você apenas entra e já se sente imediatamente em casa, e mal consegue se conter para mostrar toda a sua vida. Para mim, a maioria desses lugares era ou bibliotecas, ou cafeterias, em seguida praias tranquilas e embaixo da sombra de árvores. Eu nunca me senti em casa em nenhuma das casas dos meus pais quando eu era adolescente. Elas eram muito grandes e muito frias. Era como se vivesse num museu, e eu odiava me sentir como se estivesse em exposição. Mas eu soube assim que entrei no apartamento da tia de Belle, que eu seria feliz aqui.

Mais do que feliz: segura.

—O que você acha? —Belle me perguntou, girando seu anel de noivado no dedo.

Eu não estava certa se encontraria palavras, e havia aquela pequena parte em mim que odiava admitir que eu estivesse errada sobre a ideia de alugar o apartamento da tia dela. Mas me virei para olhá-la de frente, incapaz de impedir que um sorriso deslizasse em meu rosto. —Quando podemos mudar?

Tia Jane passou por nós, vestida em uma túnica floral, e escancarou a janela.

—Assim é melhor! Eu não aguento ficar em lugares fechados. —Ela respirou puxando a brisa que soprava pela janela aberta. —Está desocupado, e isso não é bom para a alma de uma casa. Eu tenho as chaves aqui. São suas quando vocês quiserem.

Eu peguei sua mão estendida sem nenhuma hesitação. Para acabar com o stress dos termos, eu tinha sistematicamente feito uma lista diária que incluía todas as coisas que precisava me preocupar depois das provas. Encontrar um apartamento era um desses itens, e eu poderia riscá-lo agora. Agora eu sentia como se os pedaços da minha vida, minha vida real, adulta, estivesse finalmente se arrumando. E o valor do aluguel que ela nos pediu seria fácil de continuar a pagar, mesmo depois que Belle se casasse, pois ela ofereceu um verdadeiro desconto familiar. Eu nem precisaria mexer no meu fundo de reserva.

—Será muito bom ter sangue novo nessa casa. —Ela continuou. —O último inquilino era um músico, que eu temia que estivesse um pouco fora de tom.

—Tia Jane tem uma queda por músicos. —Belle me informou com uma piscadela.

—Eles são excelentes amantes. —A tia dela confirmou. O rosto dela estava mortalmente sério, então como estávamos até agora discutindo sobre negócios, falar sobre isso foi tão estranho, como se um banheiro estivesse inundando. —Por favor, me diga que você já foi para a cama com um músico.

Eu choquei com o som de riso que veio pela minha garganta e sacudiu minha cabeça. A expressão da Tia Jane sugeria que ela realmente estava com pena que eu ainda não tivesse ido. Ela virou-se esperançosa para Belle, que respondeu com uma negativa também. Seus ombros pequenos se curvaram, e ela balançou a cabeça tristemente.

—E você já vai se casar. Ah bem, você sempre pode ter um caso. Músicos são excelentes para isso também.

Parecia-me que o vento fresco naquele apartamento era a tia Jane, e eu a segui da sala ao quarto enquanto ela me mostrava cada cantinho da minha futura casa. Nada nela gritava dinheiro, embora eu soubesse que ela tinha, pois construiu esse prédio. Seu cabelo já esbranquiçado tinha alguns tons de roxo que caía bem nela e em seu rosto elegante. Ela tinha ossos aristocráticos, isso era certo, mas ela também tinha um toque exótico. Nada como os tipos que se achavam que você encontra na Universidade. Eu sabia que gostaria dela instantaneamente, e meu instinto nunca se engana.

O apartamento era perfeito. Ele foi reformado recentemente, e tinha aço brilhante e glamoroso aplicado em toda a jacuzzi. As paredes eram uma combinação de tijolos de vidro em um cuidadoso trabalho esculpido em madeira, e delicadas molduras nas portas e janelas. O piso era de carvalho recentemente polido e encerado. A única coisa que faltava era uma lareira, que eu sentiria falta nos meses seguintes ao verão. Como já tínhamos mobília, era mais um item riscado da minha lista. Talvez eu ganhasse mais alguns diazinhos para explorar Londres antes de começar a trabalhar.

—Você tem um quarto de preferência? —Belle me perguntou enquanto dávamos uma volta final no apartamento.

—Qualquer um está bom.

—Mentirosa. —Ela envolveu os braços em volta de mim e nos guiou até um dos quartos mais confortáveis. —Eu sei que você quer esse.

Eu selei meus lábios, temendo que estivesse em suas mãos se admitisse que ela estava certa. Com essa varandinha, era exatamente o meu gosto.

—Esse é legal. —Eu disse lentamente.

—É seu. O outro tem uma porta para o banheiro, então posso pegar antes de você a cada manhã.

—Que tortura para você. —Eu ri, não porque ela era esperta, mas porque a ideia de Belle soava perfeita para mim. O principal trabalho de Belle pelos próximos doze meses, seria tratar de todos os detalhes para o seu casamento. Se existisse uma carreira que permitisse flexibilidade de cronograma, ela encontraria.

—Eu vou agradecer a tia Jane. —Ela desapareceu me deixando sozinha no quarto.

Eu já imaginava onde minha cama ficaria, e a minha estante de livros também. Eu provavelmente poderia dispor de uma poltrona ou pelo menos um banco, que ficaria embaixo da janela que dava para a rua e o parque movimentado logo abaixo. Tudo estava se arrumando, graças ao golpe de sorte, e aos meus planos no último ano de universidade.

Mas no fundo, eu me perguntava quando tudo isso acabaria. Olhando pela minha janela, eu notei que o céu de primavera tinha ficado cinza, e nuvens pesadas se amontoavam. Uma tempestade se aproximava.


Capítulo 3


Barulhos suaves penetraram em meus sonhos vindos da rua abaixo da minha janela, mas eu me agarrei ao meu estado inconsciente. Eu estava sonhando com o lindo homem que tinha uma barba de um dia, seu rosto no meio das sombras, e um aroma sensual que enchia o ar ao nosso redor. Os dedos deles estavam na minha clavícula, deslizando até o topo dos meus botões, enquanto seus lábios deslizavam pelo meu queixo. O som de uma buzina o distraiu, e ele se afastou enquanto eu lutava para permanecer dormindo. Mas então, ele continuou se afastando de mim, com um sorriso afetado em seu rosto. Ele encolheu os ombros enquanto a luz da manhã infiltrava nas minhas pálpebras, dissolvendo os últimos fragmentos do sonho. Mas me recusei a abrir os olhos, desesperada para mergulhar de volta na fantasia.

Foi o intenso cheiro de café que me forçou a abrir meus olhos, enquanto Belle passeava pelo meu quarto. Ela apontou o dedo para mim. —Se levante querida, e você pode ter isso.

—Que horas são? —Eu perguntei, ainda procurando pelas cordas da consciência que me conectavam com tudo de importante, onde e quando em meus primeiros momentos matinais.

—Hora de desempacotar. —Belle disse, estendendo a caneca para mim. —Ou você já está querendo desistir da coisa de ser adulta?

—Eu não começo até a próxima sexta-feira. Você me tem à sua disposição por enquanto, e você claramente deveria me deixar voltar a dormir. —Tomei um gole de café, sem me render ao fato de que não era uma mentira total.

—Você já desempacotou alguma coisa? —Belle perguntou enquanto lia a lista de coisas e itens que estavam escritos na caixa próxima de nós.

Eu afago meu colchão. A cama de dossel foi totalmente composta por um acolchoado de pelúcia em um edredon macio e meia dúzia de travesseiros de plumas. Uma boa noite de sono estava no topo das minhas prioridades depois de uma semana dormindo em sofás, e de viagens de ida e volta a Oxford. Mas isso não significava que todas as caixas ao meu redor não seriam arrumadas. Minhas paredes ainda estavam nuas, sem nenhum quadro, pintadas num tom azul celestial. Eu teria que procurar por roupas, e parece que Belle já havia arrumado seu closet. A despeito de mal ter amanhecido, ela estava toda arrumada, usando um jeans justo e preto, e uma camiseta que cobria perfeitamente sua figura esguia. Ela parecia uma modelo com seu cabelo perfeitamente loiro, combinando com sua pele que tinha um tom naturalmente beijado pelo sol.

Do lado de fora, uma série de buzinas no tráfego acabava com a paz matinal. Belle ficou de pé e foi olhar pela janela, franzindo o cenho enquanto olhava para a rua abaixo.

—Que inferno está acontecendo aí? —Eu perguntei.

—Um bando de curiosos, que parecem com repórteres. —Ela disse dispensando com a mão. —Talvez seja um acidente.

Eu gemi e me levantei da cama, depositando meu café na caixa mais próxima. Era uma desgraça quando os repórteres surgiam do nada numa cena horrível em Londres, e era horrível também quando o público queria ver imagens de acidentes de carros nos noticiários. Até mesmo todas as restrições impostas a eles desde a morte da Princesa Sarah não os impediram de continuar procurando maneiras de perseguir até que sangrassem as manchetes. Meu estômago revirou só de pensar nisso. Eu não tinha ideia de quem estava no radar deles agora, mas sem sombra de dúvida que eu saberia de todos os detalhes sórdidos nos próximos dias.

—Eu não vejo nada acontecendo. —Belle revirou seu nariz com nojo, obviamente descartando o que acontecia lá na rua.

—Agora não conseguirei mais dormir. —Eu disse, vasculhando as caixas até achar uma com roupas. —Deixe-me tomar um banho e então vamos desempacotar.

Belle concordou, deslizando pela porta. —Talvez eu desça para ver o que está acontecendo enquanto você se veste.

Eu sacudi minha cabeça, dando o meu melhor olhar de reprovação.

—Se for uma emergência? Ou um assassinato? —Belle perguntou. —Somos novas na vizinhança, Clara querida. Precisamos nos precaver.

—Você não quer dizer que devemos pegar todas as fofocas? —Belle apertou seus lábios, tentando esconder um sorrisinho, mas só parecendo mais endiabrada ainda.

—Você não quer saber onde estou indo.

Levou quase cinco minutos para a água do banho esquentar, mas quando deslizei no chuveiro, meus ombros relaxaram e deixei a água escorrer sobre mim. Fechando meus olhos, eu pensei no meu sonho com o homem misterioso. Algo agitava na minha barriga apertando o meu núcleo, e eu gostaria que tivesse terminado o sonho. Melhor ainda, pensei enquanto deslizava o sabonete pelo meu corpo, Eu gostaria de vê-lo novamente. Eu tentei me convencer de que era um desejo inocente. Que eu só queria saber o seu nome, e o porquê de me usar para irritar a garota, mas honestamente, mais do que qualquer coisa, eu queria que ele me beijasse novamente. Minhas mãos deslizaram pelo meu estômago, seguindo para a pulsação que aumentava no meio das minhas pernas.

—Não seja estúpida. —Eu disse a mim mesma, me virando para enxaguar o sabonete na água quente, antes que ela acabasse. Esperançosamente, eu não estava tão desesperada para me masturbar no banho, ainda. Mas enquanto me enrolava na toalha, secando o cabelo com a outra, escolhi um jeans confortável, e pude ouvir Belle na cozinha.

—Descobriu todos os detalhes sórdidos? —Eu perguntei brincando com ela. Tinha um café fresquinho na caneca, e me sentei esperando ela falar. Belle encontrou meus olhos, seu rosto pálido e ruborizado ao mesmo tempo. Seus dedos batendo em cima do jornal.

—Tem algo que você esqueceu-se de me dizer, Clara? —Ela perguntou.

Minhas sobrancelhas franziram enquanto eu tentava entender a pergunta. Belle e eu fomos companheiras de quarto todos esses anos em Oxford porque gostávamos muito uma da outra. E nenhuma de nós mentia. Não precisávamos. Belle nunca separou o pessoal do privado, significando que ela nunca teve segredos de mim, e desde que minha vida estava longe de ser interessante como a dela, ela sabia tudo sobre mim.

—O que está acontecendo, Belle? —Eu perguntei numa voz baixa. Meu estômago dando um nó. —Você parece que vai vomitar.

Ela deu uma risada nervosa que se transformou num ataque de riso, enquanto ela tentava falar. —Isso é... tão... tão... absurdo!

Eu tentei agarrar o jornal, mas Belle o arrancou, sacudindo sua cabeça com um sorriso conhecedor.

—Você talvez queira se sentar, querida. —Ela me instruiu.

Eu sentei numa banqueta da cozinha, com o pavor subindo pelas minhas pernas e gelando meu sangue. Eu nunca fiz nada errado na minha vida. Não havia absolutamente nenhuma razão para que Belle tivesse alguma coisinha contra mim. Mas existia. Eu estava certa disso. Eu poderia dizer pelo jeito como ela estava agindo.

Ela estava se regozijando.

—Fala logo. —Eu disse com impaciência, me sentindo pior a cada minuto.

Ela desvirou o tabloide, então eu pude ver a foto de duas pessoas se amassando. Era por isso que ela estava surtando? Eu levantei uma sobrancelha para ela que esfregou o tabloide no meu nariz. Essa foto foi tirada com muito zoom, então levou um tempo para eu processar o que eu estava vendo. Eu reconheci os painéis do corredor e o terraço atrás do casal. Não eram quaisquer outras pessoas. Éramos eu e o homem misterioso da festa do clube Oxford & Cambridge. A fotografia me levou de volta para aquele momento.

O cabelo sedoso dele.

O gosto de cravo e borboun nos lábios dele.

Meu corpo respondeu à lembrança com aflição, doendo por seu toque.

Aquele foi um beijo inesquecível, mas isso não explicava porque estávamos na capa do tabloide.

—Eu não compreendo. —Eu disse, mas assim que as palavras saíram dos meus lábios, a manchete começou a fazer sentido para mim. —Os repórteres lá fora?

Belle confirmou.

Como eu não o reconheci? Aparentemente eu estive mais por fora esses últimos meses do que eu realmente achava. A vozinha martelando na minha cabeça despejava palavras como idiota, ingênua, inocente. Então eu lembrei o que me acordou essa manhã e puxei o braço de Belle.

—Eu? —Minha boca secou enquanto perguntava.

—Você é a pessoa que está agarrando a porra do príncipe. —Belle disse, suas palavras eram uma mistura de ciúme e admiração.

—Mas eu não sabia quem era ele. —Eu disse fracamente, lembranças correndo pela minha cabeça, e tudo se transformou numa confusão de pensamentos e emoções.

Meu pulso acelerou, e eu percebi que o mistério estava desfeito. Eu sabia quem ele era, e a bolha de excitação que corria por mim se desfez ao perceber o preço terrível dessa informação. Isso não era mais o meu mistério, e eu não podia mais clamar de inocência por ignorância. Não saber quem ele era? Isso não era mais desculpa, e com certeza isso não me garantiria um adiamento dos repórteres lá fora. E saber quem ele era? Não me garantia que voltaria para os braços dele. Meu estômago revirou quando eu vi todas as implicações que esse equívoco me causaria, e eu engoli de volta a bile que já subia pela minha garganta.

—Como que na Terra você não percebeu quem ele era? —Belle perguntou.

Eu parei para considerar isso, tentando ignorar o tom crítico e exagerado do meu lado racional, do meu subconsciente. Como a maioria das garotas da minha idade, eu cresci conhecendo os pormenores da Família Real, particularmente os dois príncipes que não eram muito mais velhos do que eu. Eles até foram capas de revistas de adolescentes nos EUA quando eu era mais jovem. Mas eles foram banidos da vida pública. Pelo menos Alexander foi, não muito antes de a minha família mudar-se da Califórnia para o Reino Unido, e então eu fui para a Universidade. Uma queda pelo príncipe não tem sido exatamente minha prioridade nos últimos anos.

—Ele parecia familiar. —Eu admiti. —Eu pensei que o conhecia de Oxford. Eu não vi uma foto dele nos últimos anos. Você está certa que é ele?

—Você tem vivido em uma concha?

—Eu estive estudando e procurando por emprego. —Eu a lembrei saindo da cozinha e querendo escapar do embaraço. A falta de vida social era um conceito estranho para Belle, que gostava de pertencer a grupos tanto quanto possível. Eu não fui ao cinema por meses.

—Ele voltou do Iraque. —Ela me contou. Os dedos dela traçando longamente a foto no jornal. —Ele recebeu uma medalha, e está comemorando comendo todas as vaginas ao redor de Londres.

Eu estremeci com essa revelação, me sentindo surpreendentemente ferida. Não apenas o cara com quem vim fantasiando os últimos dias era completamente inatingível, como eu era apenas mais uma garota na sua longa fila.

—Eu deveria ficar lisonjeada ou horrorizada por ser mais uma das suas conquistas? —Eu amassei o tabloide e o joguei na lata de lixo. Então imediatamente o puxei de volta e admirei a foto novamente. —Por que isso é notícia?

—Porque a imprensa acha que você é diferente.

Eu bufei ao ouvir isso, sacudindo minha cabeça com desgosto. —Eu acho que não o deixei me foder. Isso me faz diferente?

Eu não adicionei que eu bem poderia ter deixado, ou que estive fantasiando sobre ele nos últimos dias. Seria muita bobagem minha se eu ainda continuasse pensando nele depois disso. Eu sabia que ele era problema no momento em que nos conhecemos, então por que eu fiquei brincando com a ideia de vê-lo novamente?

—Não é isso. —Belle franziu o nariz em frustração. Eu não conseguia entender porque que ela estava irritada se não era o rosto dela estampado na capa do jornal. —É a circunstância. Ele já foi fotografado em vários clubes com um monte de mulheres.

Eu ergui minha sobrancelha. —Você já mencionou isso.

Ela continuou, ignorando meu comentário. —Ele só tem sido visto em lugares públicos. Ninguém nunca o pegou com algo ou alguém.

Eu gemi, começando a me sentir frustrada. —Você disse que ele tem comido metade de Londres.

—Isso é o que ouvi.

—Isso é o que você leu. —Eu a corrigi.

—Olhe para ele! —Ela esfregou o jornal para marcar seu ponto. —Me diga que você não se apaixonaria por isso!

Mesmo com a foto tirada da câmera de um celular, ele era magnífico. Mas eu podia preencher todos os detalhes que faltavam na imagem - a curva da sua mandíbula, o sorriso de canto de boca, o perfeito tom escuro de seu cabelo. Esqueça as joelheiras, eu me arrastaria pelas pedras.

—Ele tem complexo de Deus. —Eu disse para ela, ignorando que meu corpo concordava com Belle. —O que a foto não diz é que ele me agarrou e me beijou.

Belle desabou no balcão, com os braços em cima da cabeça. —Eu... não... posso... aguentar... a gostosura.

—Só você que acha isso gostoso. —Eu atirei de volta, feliz que ela não podia ler minha mente.

—Só você beijaria o Príncipe Alexander e não saberia. —Belle disse com uma risada. O ciúme já totalmente dispersado de sua voz. Esse era apenas mais um dos meus erros bobos, mas isso não queria dizer que ela deixaria passar. Na verdade, ela começou um monte de questões, me inundando com novidades que eu mal podia acompanhar, especialmente com o choque dessa descoberta ainda rolando na minha cabeça.

Até que uma questão atravessou essa neblina. —Ele foi um bom beijador?

—Sim. —Eu disse sem hesitação, relembrando a força dos seus braços poderosos em volta de mim. —Ele tinha o controle total, o que fazia sentido agora.

—Mais! —Belle gritou quase tendo um orgasmo.

—Calma, garota. —Eu disse, mas não pude evitar. O beijo antes era meu delicioso segredo, mas agora... Era mais. Era confuso, emocionante e aterrador, e quente como o inferno, claro. Mas eu precisava que Belle me ajudasse a filtrar meus sentimentos.

—Tudo em que eu podia pensar enquanto ele me beijava, era que o queria em cima de mim. —Eu continuei.

—Oh meu Deus. —Belle gemeu. —Você vai vê-lo novamente?

Um arrepio me percorreu ao pensar nisso, mas eu afastei. —Eu duvido! Ele só me beijou para irritar uma ex-namorada.

Belle revirou a boca com um sorrisinho e balançou o jornal na minha frente. —Ele parece ter gostado, e eu sei que você gostou.

Eu dei a língua para ela e pulei do banco. Belle com isso na cabeça não estava me ajudando a compreender meus sentimentos. Ela me defendia, mas eu não estava certa se ela não me empurraria para ele se tivesse uma chance. Ainda bem que Belle captou minha dica e começou a desempacotar as louças.

—Seu celular está tocando. —Belle gritou do corredor enquanto ela carregava uma caixa para o seu quarto.

Eu congelei quando vi quem estava ligando, e imediatamente silenciei o telefone. A realização correu através de mim, afastando a excitação que senti ao reviver o beijo para Belle, e ocupando uma consciência sombria que mais repórteres saberiam disso agora. E que amanhã todos que eu conheço também saberiam. As borboletas em meu estômago transformaram-se em abelhas raivosas. Eu não gostava de chamar atenção. Isso não era bom para mim. Isso não era... Saudável. Quando eles começariam a me ligar? Enviar mensagens? Considerando que eu não tinha a menor vontade de ser inundada por mensagens de amigos e familiares, eu botei meu telefone apenas para vibrar.

Belle espiou na cozinha. —Quem era?

—Minha mãe. —Eu respondi com um gemido.

—Oh Cristo, ela provavelmente já está planejando o casamento.

—Você está certa. Eu devo ligar para ela e deixar as coisas claras. —Mas não conseguia me convencer a fazer isso. Na verdade, eu bati minha cabeça na parede.

—O que quer que você faça não se culpe até a morte. A maioria das garotas mataria para ter um amasso com Alexander, e não se matariam por ter feito isso.

Eu parei e olhei para ela. A maioria das garotas sim, mas eu era a maioria das garotas? Alexander devia pensar que sim. Apenas outra garota para usar e jogar fora. Claro que beijar uma garota para irritar a sua ex fazia sentido para um cara como ele, mas agora eu era a única que tinha que lidar com o caos! Ele virou meu mundo de cabeça para baixo na última semana, me deixando excitada, irritada e curiosa, e agora eu que tinha que limpar a bagunça. E com Alexander deixando uma trilha de mulheres por aí, por que eles tinham que perseguir a mim? Por que eles focaram em mim?

—Você sabe o que eu ainda não entendi? Como os repórteres descobriram quem eu era. Considere um carma de retribuição dos paparazzi. —Eu retorqui.

—Irmã, isso é uma merda com certeza. —Belle concordou. —Alguém deve ter visto você e reconhecido. Provavelmente quem tirou a foto.

—Se eu conhecer é melhor que eu nunca descubra quem foi que fez isso. —Eu disse. Coloquei meu telefone no silencioso de novo no balcão, e carreguei uma caixa. Minha mãe e todo mundo poderia esperar até que eu reorganizasse meus pensamentos pelo menos um pouquinho.

—De volta ao trabalho? —Belle perguntou.

Eu assenti. Talvez continuar a separar minha nova vida em Londres me ajudaria a separar os sentimentos conflitantes que me acometiam. Isso demoraria.

Belle me pegou pelos ombros e me sacudiu. —Isso vai passar.

Eu sorri grata. Isso era exatamente o que eu precisava ouvir.

E logo ficou claro que a missão de Belle era me entreter com a arrumação do apartamento para me distrair. Enquanto discutíamos o que colocaríamos na estante.

Eu teimosamente acreditava que deveriam ser livros. Nós quase esquecemos o redemoinho que esperava por nós lá fora. Até que percebemos que não tínhamos nada além de meia garrafa de vinho na despensa.

—Eu vou pegar alguma comida indiana ali na esquina. —Belle disse, pegando sua carteira.

—Você não tem que ir. —Eu disse, me sentindo mal. — Talvez devêssemos pedir algo?

—Talvez eu morra de fome antes deles. —Belle agarrou seu estômago para dar mais ênfase, mas eu podia ver o motivo real, ela não queria mais esperar. Estava nos olhos dela. — Eu pensarei em algumas maneiras para você me pagar mais tarde, e eu prometo que será cruel e embaraçante.

—Nada pode ser mais humilhante do que ter minha foto no Daily Star.

—Eu pensarei em algo. —Ela piscou e desapareceu pela porta.

O laptop de Belle estava no balcão e eu o peguei, a curiosidade vencendo o senso comum. Uma pesquisa no Google, e eu tinha doze artigos em blogs de celebridades e revistas de fofocas. Eu chequei algumas fotos recentes do Príncipe, e vi que não tinha sido um engano. O inacreditável cara sexy com quem eu me agarrei na minha festa de formatura, era exatamente quem os jornais afirmavam que ele era, e Belle estava certa. Ele tem sido fotografado ao lado de um monte de mulheres lindas. Cada foto recente dele tinha uma loira de longas pernas ao lado, ou ruivas roliças, ou mesmo gêmeas idênticas. Eu duvido que ele tenha dado voltas com elas por Londres.

Eu fechei com força o laptop, chateada com o que tinha visto, e com a massa de papel em frente a mim me confrontando. Eu me estiquei para pegar o jornal e terminar de amassá-lo e joguei no lixo, mas fui interrompida pelo som do interfone.

—Esqueceu as chaves de novo. —Eu sussurrei enquanto apertava o botão para responder. Aparentemente as coisas em Londres não seriam tão diferentes do que eram na universidade.

—Senhorita Bishop?

Ou talvez não. O tom de voz do homem era formal e pausado.

—Sem comentários. —Eu disse, antecipando o que o homem poderia querer. Até onde isso poderia ir até que as pessoas perdessem o interesse? Uma semana? Talvez duas? Eu poderia me esconder em meu apartamento até lá? Eu começaria a trabalhar daqui uma semana, mas com certeza eles não estariam interessados em um bando de lobistas ambientalistas.

—Não estou com a imprensa. —O homem do outro lado respondeu. —Estou aqui para pegar você.

—Me pegar? —Eu repeti surpresa. Meus pensamentos seguiram direto para a minha mãe, que a essa hora já devia estar espumando pela boca. Chequei meu telefone, descobrindo dez chamadas perdidas dela.

—Sua Alteza Real, o Príncipe Alexander de Cambridge, deseja falar com você.

Minha boca caiu escancarada, e eu estava grata que estava sozinha nesse momento. —Não estou certa de que seja uma boa ideia. No caso de você não ter percebido, tem uma pequena horda de repórteres aí embaixo esperando para me devorar.

—Eu sou o guarda pessoal do Príncipe Alexander. Por isso Sua Alteza confiou em mim para levá-la em segurança até ele. —Ele disse. —Eu lhe asseguro que ninguém sequer saberá que você está saindo desse prédio.

—Me dê um momento. —Eu disse. Rodopiando pela sala, eu tentei pensar em uma razão para não ir, sendo que estar cercada por duas dúzias de repórteres era bem razoável, eu também estava com fome, e o príncipe nem se incomodou em compartilhar seu nome comigo quando ele casualmente arruinou meu futuro previsível com aquele beijo.

Mas só a lembrança dos lábios de Alexander nos meus e de suas mãos em minha cintura me agarrando firme, meus joelhos viraram geleia, e me vi procurando uma caneta para deixar uma mensagem para Belle. Eu disse a mim mesma que eu merecia um pedido de desculpas depois de ter sido lançada em todo esse drama. Eu disse a mim mesma um monte de coisas para quando me encontrasse com o guarda pessoal de Alexander, mas me recusava a acreditar que o que estava fazendo era mais um erro.

Eu disse a mim mesma que não era.


Capítulo 4


Norris, o guarda pessoal do Príncipe, era do tipo forte e silencioso, mas como ele tinha prometido, ele me manejou por entre a horda de repórteres que esperava uma visão do mais recente escândalo real. Chamado eu.

Talvez sua aparência despretensiosa fosse parte de seu trabalho, mas eu esperava que o guarda pessoal do Príncipe tivesse um calibre mais duro. Norris tinha aparência comum, com uma constituição robusta e boa, mas um terno simples. Seu cabelo grisalho era um pouquinho mais comprido que o esperado. Eu não diria que ele era intimidante. Mas então, considerando como ele passou tranquilamente pelos paparazzi, sua aparência comum deve ser uma benção. Mas a única coisa que eu realmente não esperava era ser levada a algum lugar público para encontrar Alexander. Norris me prometeu um encontro privado, então eu mal pude engolir minha surpresa quando passamos pelo clube mais famoso de Londres, Brimstone, para o beco de trás, que era muito estreito, e estava tomado de pessoas que estavam na fila aguardando para entrar no clube exclusivo.

—Isso aqui é onde vou evitar ser vista com Alexander, digo Príncipe Alexander. —Eu gaguejei, amaldiçoando silenciosamente. Meus nervos finalmente deram as caras, e não pude mais evitar falar. —Ou eu deveria chamá-lo de Sua Alteza Real?

Os olhos de Norris correram em volta de nós enquanto ele me guiava para a porta traseira, então ele me deu um olhar de pena. —Eu não ficaria nervoso. Sua Alteza é apenas um homem, apesar de tudo.

Eu não estava muito certa se conseguiria me referir a ele como Sua Alteza.

Já na porta, eu percebi que não havia trazido minha bolsa. Eu só tinha minha chave e meu telefone no meu bolso, o que significava que eu não tinha minha carteira de identidade e, para completar, eu estava usando jeans e camiseta no clube mais quente da cidade, aonde eu me encontraria com o Príncipe da Inglaterra. Que hora perfeita, como Belle diria. A americana em mim tinha um jeito melhor de descrever essa situação.

O musculoso na porta mal me deu uma olhada. Ele simplesmente cumprimentou Norris com a cabeça e abriu a porta para nós, mas enquanto passávamos, vi a boca do cara contorcer-se em desgosto. Mais uma prova de que eu estava ridícula. Eu alisei minha camiseta e ergui os ombros. Eu esperava que isso fosse o suficiente para os outros que estavam lá fora, pois isso fez muito pouco para que eu sentisse mais alto-estima. Pelo menos tomei banho hoje, e meu rabo de cavalo ainda estava direito. Esses eram meus únicos confortos enquanto eu caminhava até a sala dos fundos do Brimstone.

A batida da música pulsava nas paredes, imitando os meus nervos e a batida do meu coração. Mesmo por detrás da cena, eu fiquei atenta aos detalhes. Tochas com luzes vermelhas imitavam chamas, e paredes eram pintadas de preto com linhas metálicas. Luzes vermelhas pendiam de fios de prata, fazendo as paredes brilharem e ganharem vida. Enquanto a música alta pulsava rápido em minha corrente sanguínea, eu apertei meus braços, minha ansiedade inexplicavelmente mudando para excitação. Norris liderou o caminho, passando por um corredor lotado de gente que esperava para usar o banheiro.

—Ei caras. —Um homem nos chamou. —Tem mais banheiros lá atrás?

Norris o ignorou, e eu dei um sorriso sem graça, levemente embaraçada pela aspereza do meu guia, e então vi seus olhares, uma mistura de nojo e confusão. A expressão deles dizia tudo: quem é essa garota e por que ela é tão importante? Duas perguntas que eu fazia a mim mesma nesse momento.

Mais dois seguranças estavam no fim do corredor bloqueando a passagem para a escada, mas mais uma vez eles abriram passagem para nós sem dizer uma palavra. A escada dava para um mezanino no clube, do tipo próprio para os dançarinos, mas estava vazio essa noite. Embaixo de nós uma massa suada de corpos movia-se ao ritmo da música, uma turbulenta mistura de dance e eletrônica que o DJ tocava. O interior do Brimstone era do mesmo jeito que do lado de fora, murais flamejantes pelas paredes. Eu não era do tipo que frequentava clubes. Eu estava bem consciente disso. Mas agora eu gostaria de ser parte da atividade caótica lá embaixo. Isso parecia ser mais fácil do que encarar Alexander.

—Senhorita Bishop. —Norris parou em frente a um enorme espelho e curvou-se para mim. Enquanto ele se afastava, o espelho se abriu e revelou uma sala escondida.

Eu entrei sozinha, me sentindo instantaneamente fora de lugar nesse ambiente luxuoso. Tinha um bar privativo, mas ninguém estava lá. Tinha um sofá enorme e cadeiras ao redor de uma mesa de centro toda dourada, cortinas de veludo vermelho, e meus dedos deslizaram pela maciez do tecido. Mas a coisa mais sexy aqui para mim estava de costas, olhando da janela que dava para o corredor e o salão do outro lado. Quando a porta fechou-se atrás de mim, ele se virou para me encarar. Um leve sorriso apareceu em seu rosto, e eu engoli, sabendo que ele me via na minha aparência mais casual. Erguendo meu queixo, eu caminhei até ele, esperando que eu parecesse bem e confiante, e que essa atitude me ajudasse a passar por esse encontro. Mas quanto mais eu me aproximava dele, mais minhas pernas transformavam-se em geleia.

Ele estava vestido perfeitamente para a ocasião, com calças pretas e um terno de um botão, cinza. Mesmo na luz difusa, seus olhos azuis brilhavam misteriosamente para mim. Sua mandíbula mantinha aquela tênue barba de meio-dia, que era extremamente sexy. Como ele podia manter essa aparência tão perfeita? Eu não pude evitar pensar como seria sentir isso na minha pele, entre minhas coxas. Meu corpo estremeceu com esse pensamento, e eu tropecei em meus próprios pés. Ele aproximou-se, e seus braços esticaram para me segurar, mas eu mesma me endireitei.

Chega disso ou você vai fazer papel de boba. Claro, considerando como eu estava vestida, já era meio tarde para isso.

Eu li bastante sobre o estilo do Príncipe essa tarde no computador de Belle para saber que eu estava em perigo real de acabar nesse sofá sem minha calça. E se eu fosse honesta comigo mesma, parte de mim esperava que terminássemos exatamente assim. Mas a parte sensível em mim, a parte que controlava a maior parte do meu cérebro, sabia que isso era uma ideia terrível.

—Estou bem. —Eu disse para ele, dispensando sua segunda tentativa de ajuda. Eu parei por um momento. —Eu deveria fazer uma reverência ou alguma outra coisa?

—Por favor, não. —Ele disse, sem tentar esconder sua diversão.

—Eu não gostaria de ofendê-lo, Sua Alteza. —Eu expliquei.

—Você aceita uma bebida? —Ele perguntou, ignorando meu insulto. O convite vinha cheio de sexo, suave como mel e mergulhado em tentação, e minha mente tentou encontrar um jeito educado de recusar. — Sim. —Em vez disso. Oh, foda-se tudo!

—Qual sua preferência, Senhorita Bishop?

Você, eu pensei instantaneamente. Okay, talvez sair daqui com um pouco de dignidade seria mais difícil do que eu pensei. —Eu sou uma recém-graduada, então não posso escolher muito.

—Acostumada com o bom e velho vinho barato? —Ele perguntou me dando um flash de seus dentes perfeitos. —Infelizmente, Brimstone tende à escuridão.

—Uma vodka booze? —Eu sugeri.

—Exatamente.

—Então eu aceitarei o que você me oferecer.

Algo sombrio cruzou seus olhos, e ele silvou o ar que saiu de seus lábios perfeitos. O som enviou arrepios pela minha espinha. O ar entre nós cintilava com a intensidade de seu olhar, até que ele finalmente virou e dirigiu-se ao bar.

Eu aproveitei a oportunidade para verificar o que acontecia lá embaixo enquanto ele preparava as bebidas, precisando me distrair do perigo que Alexander era para mim. Estava quieto aqui, mas se eu fechasse meus olhos, eu poderia acompanhar o bum bum bum da música no clube. Era maravilhoso pensar que enquanto ficávamos aqui, isolados e curtindo uma bebida, o povo lá embaixo parecia sardinha em lata.

—Eles podem nos ver? —Eu perguntei enquanto ele me oferecia uma taça de cristal.

Ele sacudiu sua cabeça. —Isso aqui é igual vidro de delegacias de polícia. Para eles é apenas o reflexo do clube.

Eu tomei um longo gole de bebida enquanto processava essa informação. Para todos os intentos e propósitos eu estava sozinha, com um dos homens mais sexys do mundo, um elogio dado a ele pela People Magazine, conforme verifiquei em minha pesquisa mais cedo. Eu tinha que concordar com a avaliação deles.

—Você deve vir bastante aqui. —Eu disse. Se eles lhe concediam uma sala privada e livre acesso.

—Eu fui mandado ao inferno tantas vezes. —Ele disse. —Que decidi seguir o conselho.

—Ahhh. —Eu disse, rindo apesar do nervoso que me deixava impaciente na presença dele. —Brimstone.

—Meu habitat natural.

—Eu duvido disso. —As palavras escaparam da minha boca. Como era possível ele me deixar à vontade e nervosa ao mesmo tempo.

—Eu devo a você um pedido de desculpas. —Ele disse, chegando mais perto de mim até que seu ombro esbarrou no meu. Nossas peles não se tocaram, pois nossos braços estavam cobertos por roupas, mas um arrepio percorreu meu braço.

—Sem danos causados. —Eu disse, acrescentando de forma desajeitada. —Sua Alteza.

Ele riu disso. —Alexander, por favor. Norris me informou que nada menos que vinte e quatro membros da imprensa acamparam em frente ao seu apartamento.

—Alexander. —Eu disse, testando seu nome. Era estranho me dirigir assim ao homem que no futuro seria o próximo rei da Inglaterra. —Assim que eles perceberem o quanto minha vida é entediante eles irão embora.

—Eles farão da sua vida um inferno até lá. —A voz dele era baixa, mas fervilhava de ódio. Não era segredo que ele tinha bons motivos para odiar a imprensa. Eles estavam envolvidos no acidente fatal que vitimou sua irmã mais nova.

—Por isso você foi para o Iraque? —Eu perguntei, e imediatamente desejei que não o tivesse feito.

—De volta ao nosso jogo? Eu acho que te sugeri guardar algumas perguntas. —Ele disse bem-humorado.

Meu coração bateu emocionado com sua referência à nossa brincadeira de gato e rato no jogo das vinte perguntas, que fizemos no nosso primeiro encontro, mas esse tom de brincadeira bem-humorado me mostrou que ele não estava disposto a responder.

Alexander deu um sorriso sem graça e se virou.

—Sim. —Ele finalmente respondeu com uma voz distante. —Sim, foi por isso.

—Eu sinto muito. Isso não é da minha conta. Eu só... — Minhas palavras pararam no meio do caminho quando eu percebi que realmente não importava o que eu pensava. Por que eu não podia ficar calada? Porque ele me deixava nervosa e esse era um dos encontros mais esquisitos. Era como se todos os nervos do meu corpo estivessem disparados ao mesmo tempo, me avisando que eu estava em perigo, como se sentisse o calor antes que eu tocasse acidentalmente na chama, exceto que cada pedacinho em mim queria abraçar o fogo.

—Só? —Ele questionou, me observando com cuidado e com olhos curiosos.

—Eu gostaria que você não tivesse ido. —Eu sussurrei. Eu não tinha a menor ideia de porque disse isso. Eu nunca tinha pensado em Alexander antes, seu exílio foi altamente debatido anteriormente, mas eu nunca pensei nisso antes com toda a fibra do meu ser.

Ele não respondeu, em vez disso ele dirigiu sua atenção para a janela e tomou rapidamente o resto da sua bebida.

—Eu entendo. É muita bondade sua se preocupar. —Eu completei. Respirando fundo, colocando meu copo na mesinha e me encaminhando para a porta. Ele tinha se desculpado. Eu o tranquilizei. Nosso negócio estava acabado.

—Clara?

Eu parei, esperando que ele continuasse. Eu sabia que queria ouvir meu nome em seus lábios novamente. Eu queria ouvi-lo sussurrá-lo. Eu queria ouvi-lo mandar. Eu queria ouvi-lo gritá-lo.

—Sim. —Eu disse, mal conseguindo engolir.

—Por mais que me doa dizer isso, e acredite em mim dói, pelo menos uma vez esses sanguessugas me fizeram um favor. Eu tentei encontrar você na festa, mas ninguém sabia quem você era.

Sem surpresa aí. Eu poderia ter me formado no topo da minha turma, mas eu tinha mantido meu nariz no meu cantinho. Meu círculo de amigos era pequeno, e além de Belle, a maioria deles não tinham títulos e nem eram ricos. Mas alguém lá sabia quem eu era e contou para a imprensa. Quem quer que seja não me fez um favor, o que deveríamos atentar ao porque dele ou dela não ter contado para Alexander.

—Eu pensei bastante em você. —Ele continuou.

A confissão dele me tirou o fôlego, e eu olhei para ele bobamente.

—Desde a semana passada? —Eu disparei quando consegui finalmente falar. Ele fez soar como se fosse uma eternidade em vez de apenas alguns dias. Mas eu não pensei nele essa manhã no chuveiro, e tentei duramente não pensar nele essa tarde?

—É tão difícil de acreditar? —Ele aproximou-se tanto, que o que nos separava era um sopro de distância. Eu estava colada no lugar. Foi preciso tudo de mim para que eu não derretesse nele.

Alexander circulou em volta de mim, e me senti como uma presa em seu olhar feroz. Ele podia me proteger ou rasgar-me membro a membro, e pelo sorriso que ele tinha em seus lábios, eu não estava certa se ele já tinha decidido o que faria. Ele parou atrás de mim, a boca roçando minha orelha. —Se você soubesse o que era bom pra você, você correria.

—Estou em perigo?

—Pessoas próximas a mim tendem a se machucar. —Ele sussurrou, e a respiração dele aqueceu meu pescoço.

Em meus pensamentos passavam as dezenas de mulheres que ele pegou desde que retornou para casa. E eu não me lembrava de tê-lo visto mais de uma vez com cada uma delas. Ele tinha jogado seu encanto nelas só para levá-las para a cama e depois descartá-las na manhã seguinte? Algo em suas palavras soou um aviso de cuidado em mim.

—Você vai me machucar? —As palavras soaram como um desafio, e não uma pergunta.

—Você tem lido os tabloides. —Ele disse. —Não acredite em tudo que você lê, Clara. Eu nunca fiz nada a uma mulher que ela não tenha pedido ou... implorado.

—Virei-me para encará-lo. Eu não sabia ao certo se estava brava com ele por ser tão arrogante, ou se estava louca comigo mesma por estar tão excitada. Mas minha pergunta morreu em meus lábios quando me encontrei lutando bravamente contra o efeito vertiginoso que ele tinha sobre mim. Era injusto que seu poder fosse acoplado a um rosto tão lindo.

Eu respirei fundo, me recusando a afastar o olhar dele. —Você gosta disso? Você gosta que as mulheres implorem?

Ele soltou uma risada baixa e rouca que fez meu núcleo apertar. —Eu gosto de fazer as mulheres pedirem por mais. Eu gosto de fazê-las gemer e gritar meu nome, e eu gostaria muito de fazer você implorar.

—Eu realmente não sou do tipo que gosta de implorar. —Eu disse, mesmo que minhas palavras soassem tão fracas quanto minha determinação estava se tornando.

—Você poderia ser. —Alexander disse. —Eu posso ver em seus olhos: o desejo de ser comandada e tomada. Você vai gostar quando eu foder você. —Sim, por favor.

Alexander deslizou um dedo pela minha clavícula, e meu corpo apertou em antecipação, relembrando meu sonho. Em seguida seus dedos envolveram o meu pescoço, seu toque leve, mas firme. Ele estava no controle, e quando ele me puxou para mais perto, eu moldei meu corpo ao dele instintivamente. Eu podia sentir seu pênis contra a minha barriga, e meu corpo respondeu com um arrepio que me percorreu dos meus nervos até o meu sexo, que ficou molhado e pronto. Esperei que ele fizesse um movimento, não era mais escrava da consciência e de pensamentos racionais. Em vez disso, centenas de cenários surgiram na minha cabeça. Em cima da mesa. No sofá. Contra a janela de vidro. Ele poderia me possuir de qualquer jeito que ele quisesse. Mas em vez disso ele se afastou de mim.

—Você deveria ir.

Sua súbita rejeição me atingiu, quase me fazendo cair. Eu balancei, momentaneamente desorientada com a sua abrupta mudança de comportamento.

—Provavelmente eu deveria.

Um homem como esse - um que me confunde e embasbaca, me emociona e me aterroriza - não era bom para mim. Eu me forcei a considerar, embora isso me devastasse, Alexander era má notícia. Eu sabia disso o tempo todo, então porque eu ainda estava aqui?

Alexander virou-se para mim, escondendo seus olhos azuis de mim, e os profundos segredos refletiam embaixo da superfície em chamas. —Você perguntou se eu machucaria você, Clara. Eu não posso mentir e dizer que não. Eu quero muito mais do que te despir e te possuir de encontro à parede. Segurá-la lá até que você implore pelo meu pau, e quando eu finalmente o der para você, você me implorará para não parar.

Mais uma vez ele se aproximou e senti o calor que irradiava dele. Esse calor me penetrou fazendo meu sangue esquentar. A paixão corria em minhas veias, aquecendo minha carne, lentamente engolindo meus sentidos até que só houvesse ele.

Ele passou a mão pelo cabelo, sacudindo a cabeça. —Mas se eu fizer isso, te arruinará.

—Esse não é um romance de época. —Eu disparei, esperando que ele não notasse o tremor na minha voz. —Eu não sou uma virgem infeliz.

Ele estendeu sua mão e pegou meu braço, me puxando contra ele. —Eu pensei nos seus lábios o dia todo. Eu imaginei você de joelhos com essa linda boca envolta do meu pau me chupando forte. Se eu tivesse você agora, eu iria querer mais. Uma vez não seria suficiente. Mas mais é algo que um homem como eu nunca pode dar.

—Por que eu não sou da realeza? — Perguntei me sentindo um pouco tonta por ter sugerido algo tão antiquado. Eu sabia que isso não era um jogo. Ele me queria, quase tanto quanto eu o queria. Um homem como Alexander poderia ter tudo que ele desejasse, então por que me afastava agora?

—Eu acho que eles ficariam mais chateados por você ser americana, mas realmente ninguém liga para isso. —Ele disse com um sorriso sombrio. Que desapareceu de seus lábios, mas permaneceu em seus olhos. —Porque nada bonito pode sobreviver perto de mim. Você compreende isso? Eles destruirão você, e se eles não o fizerem, então, eventualmente eu irei.

Sua suposição de que eu era incapaz de lidar com isso me deixou furiosa em um nível que eu achei difícil de expressar. Aparentemente, ele não só era arrogante quando se tratava de suas conquistas, ele também estava cheio de si mesmo quando se tratava de todas as mulheres.

—Talvez eu possa tomar conta de mim mesma. —Torci para longe dele, mas seu aperto manteve-se firme.

—Talvez você possa. —Ele admitiu. —Mas não me tente para arriscar. Eu não posso ser responsabilizado.

Ele diminuiu o aperto no meu braço, e eu vi o desafio em seus olhos azuis. Ele queria que eu fugisse. Ele esperava que eu fugisse. Em vez disso, minhas mãos espalmaram em seu peito, agarrei sua camisa e o puxei para baixo até que nossos lábios se encontrassem. Um grunhido vibrou através de seu corpo quando nossas línguas se encontraram, e eu tremi no som e na urgência primordial de seu toque. Suas mãos deslizaram para baixo apertando minha bunda, e me levantando do chão enquanto o beijo aprofundava. Sua língua atingiu meus dentes antes que ele empurrasse dentro da minha boca, tirando meu fôlego. Ele sugou lentamente até que minhas pernas envolveram mais firmemente em torno de seus quadris, meu corpo desesperadamente à procura de alívio da pressão crescente no meu núcleo. Apesar de nossas roupas, eu esfreguei contra o seu pau duro, balançando contra ele quando eu encontrei o ponto certo. Em algum lugar em minha consciência que não foi capaz de permanecer em silêncio, começou a me advertir, seu tom chocado e com os olhos arregalados.

Cala a boca, eu comandei.

Ainda me segurando, Alexander deslizou a mão por mim e pegou meu rabo de cavalo, puxando-o para trás, então meus lábios afastaram-se dele. —Essa é sua última chance. —Ele avisou. Os olhos deles queimaram nos meus, mas novamente eu me senti congelar, totalmente sob o controle dele.

E foi quando eu percebi que controle era a única coisa que eu nunca, nunca poderia dar a ele.

—Não. —Eu sussurrei.

Decepção brilhou através de seus olhos ainda em chamas, mas ele me soltou delicadamente de volta para os meus pés. O chão estava instável abaixo de mim, mas quando eu dei um passo para trás, eram as minhas pernas que tremiam.

—Você é uma garota esperta. —Ele hesitou, procurando em meu rosto uma razão que eu não podia dar. Então ele colocou um beijo na minha testa. —Norris te levará em segurança para casa, e eu terei minha equipe cuidando para se livrar dos repórteres.

O fogo que ardeu entre nós momentos atrás tinha esfriado, e eu desejei que ainda estivesse beijando-o.

—Obrigada. —As palavras estavam na ponta da minha língua, antecipando as palavras que eu sabia que viriam a seguir. Palavras, que, apesar do meu show de determinação, eu não queria ouvir.

—Adeus, Clara Bishop. —Os olhos de Alexander permaneceram em cima de mim, e eu senti que ele estava se segurando, como se quisesse dizer mais.

Eu respirei fundo e segui em direção à porta, e a segurança do lado de fora do clube. —Adeus. —Mas quando eu saí da sala, o alívio que eu esperava sentir não veio. Em vez disso, eu senti algo totalmente diferente. Uma emoção que eu não podia identificar. Doía, e era familiar e estranha ao mesmo tempo. Norris me encontrou ao pé das escadas antes que eu percebesse o que estava acontecendo comigo, deixando meu corpo dormente e meu centro oco.

Era pesar.


Capítulo 5


As lágrimas nublaram meus olhos enquanto Norris pegava meu cotovelo, me guiando de volta para a saída que nós tínhamos entrado. Eu me senti ridícula por chorar, mas esse tinha sido um dia e tanto: escondendo no meu apartamento, esgueirando-me para me encontrar com Alexander, evitando chamadas da minha mãe e mensagens de texto dos meus amigos. Eu poderia ter sido atropelada por um carro atravessando a rua sem prestar atenção. E ainda por cima, Alexander tinha me rejeitado. Ou eu o havia rejeitado. Eu não estava realmente certa. Eu me sentia uma bagunça agora, e eu só estava certa de uma coisa: eu estava farta disso tudo.

Puxando meu braço da mão suave de Norris, eu corri para longe dele, desacelerando com um tranco quando passei a fila de pessoas à espera para o banheiro. Não havia nenhuma maneira que eu conseguiria atravessar esta semana, ou sequer essa noite. Esconder. Alexander disse que consertaria as coisas, mas eu não esperava que isso acontecesse. Eu não estava imaginando os olhos me seguindo. Em seguida, algumas meninas tiraram a minha foto em seus celulares, e eu sabia que não estava sendo paranóica. Eu fui reconhecida.

Mas esse era o ponto.

Eu precisava acabar com isso agora. Mesmo que Alexander calasse os repórteres, haveria suspeitas de que algo estava acontecendo entre nós dois. A suspeita tinha que ser enterrada. Eu estava prestes a iniciar um trabalho nesta cidade. Eu não poderia ter fotógrafos me seguindo em todos os lugares que eu fosse.

O piso do Brimstone sacudia com tanta força que eu mal conseguia passar através da multidão suada, embora eu fosse capaz de dispensar completamente Norris no processo. Como era de se esperar, eu fui tateando por entre caras que estavam muito irritados em tentar me conhecer melhor. Pelo menos eu esperava que essa fosse as suas desculpas. Mas agora que eu estava fora, na pista de dança, parecia que eu estava realmente no inferno, e presa em um enxame gigante de condenados. Estava suficientemente quente aqui embaixo, e eu estava infeliz também. Meus olhos brilharam ao passar pelos murais de fogo na parede, e os dançarinos que cercavam o espelho gigante que ficava acima da área de dança. Alexander estava me observando? Será que ele se importava?

O pensamento foi o suficiente para me impulsionar para frente, até que eu forcei para sair da multidão. Enquanto o segurança abria a porta para eu sair, eu percebi que realmente não importava se Alexander estava assistindo. O guarda de segurança lançou um olhar de esguelha para meu traje estranho, sem dúvida, querendo saber quem tinha me deixado entrar vestida assim.

—Dia de lavar roupa. —Eu falei por cima do barulho. Sua boca abriu em um sorriso que caiu de seu rosto um momento mais tarde, quando a primeira lâmpada de flash disparou. Confusão substituíndo diversão quando a primeira rajada foi seguida por uma dúzia mais.

Eu não tinha um plano de como lidar com isso. Toda a minha experiência com os paparazzi até esta manhã tinha consistido em fotografias nos tablóides. Uma celebridade seguraria a mão sobre o rosto e andaria rapidamente para longe, mas eu queria a atenção deles. Eu precisava provar que eu não valia a pena o seu tempo. Embora agora que eu estava realmente na situação, eu não tinha certeza de como fazer isso acontecer.

—Senhorita Bishop! Sorria, querida!

—Senhorita Bishop, há quanto tempo a senhorita está envolvida com o Príncipe?

—Senhorita Bishop, é verdade que o Rei condena essa relação?

—Vocês se casaram secretamente em Oxford?

Era como aquela brincadeira de infância, o telefone. De uma simples foto eles tiraram uma história inteira de um caso de amor. A verdade foi inteiramente distorcida em favor das manchetes. Algo apertou no meu peito enquanto eu pensava em como Alexander tinha que lidar com isso todos os dias. Não admira que ele tivesse sido tão quente e frio. Era um mecanismo de enfrentamento para ajudá-lo a sobreviver. E agora esses sanguessugas tinham seus ganchos em mim, esperando o momento seguinte suculento em que poderiam explorar em nome das notícias.

Parando em frente à multidão e empurrando meus ombros para trás em um esforço para parecer séria, o que era bastante difícil, considerando o meu conjunto, eu me dirigi à multidão.

—Lamento informar que eu não tenho nenhuma relação com o príncipe Alexander. Alguém cometeu um erro terrível. Eu não conheço o príncipe. Não estou apaixonada por ele. E eu duvido que o rei dê a mínima para mim. —As palavras escaparam de mim, enquanto tentei ficar calma e contida. Eu estava correndo na adrenalina agora, o que significava que eu tive sorte em soar coerente nesse momento.

Eu não esperava fazê-los parar de tirar fotos ou fugir, ou até mesmo pedir desculpas, mas eu certamente não esperava que os repórteres chegassem mais perto de mim depois que eu expliquei que estava em um beco sem saída. Eles não pareciam dispostos a acreditar nisso. Alguns empurraram contra mim, gritando perguntas em meu ouvido. Eu estava quase cega pelo brilho de suas câmeras. Todos eles falavam tão rapidamente que eu não teria sido capaz de responder a um deles mesmo se eu quisesse. Eu desejei que Norris me levasse para casa, enquanto a multidão chegava cada vez mais perto. Os frequentadores do clube tinham aderido ao caos. Alguns homens tentaram lutar contra os repórteres, em nome do cavalherismo, que teria sido risível em qualquer outra noite. E alguns outros estavam simplesmente tentando tirar fotos com seus celulares. Eles provavelmente nem sabiam quem eu era. Só importava que tivessem notícias de algum tipo. Sem dúvida, toda a cena estaria por todo o Facebook pela manhã.

Eu lutei contra a multidão, empurrando, tentando passar por um grupo, só para ter outra onda de pessoas em cima de mim. Corpos pressionando por todos os lados em mim, me afogando, até que eu não conseguia mais respirar. O ar foi espremido do meu peito e eu ofeguei, tentando inalar, mas asfixiei com a massa empurrando contra mim me impedindo de pegar minha respiração. Pânico percorreu por meus braços e pernas, rolando através de mim em pequenos tremores, enquanto os meus olhos corriam em volta, procurando um meio de escapar. Eu tinha que ir embora. Eu tinha que respirar. Eu tinha que me proteger. Mas a cada segundo que passava, aumentava o meu medo, e mais desesperada eu ficava, até que eu tropecei nas pernas de alguém.

A multidão afastou apenas o suficiente para que eu caísse sobre as minhas mãos e joelhos diante do frenesi mais uma vez. Dezenas de flashes apareceram em torno de mim. Meus braços cobriram a minha cabeça por reflexo, tentando bloquear os curiosos e os seus gritos.

—Basta! —O comando soou tão alto sobre a multidão que até eu levantei meus olhos para ver quem tinha gritado.

Alexander estava a poucos passos de distância, o rosto contorcido de raiva mal controlada. Ele tinha enrolado as mangas até os cotovelos, fazendo-o parecer um homem ansioso para começar a trabalhar. Fúria brilhou em seus olhos enquanto seu olhar viajava de pessoa para pessoa, como se ele estivesse silenciosamente desafiando qualquer um deles a desobedecer a sua ordem. Ele deu alguns passos a frente, e quando ele se aproximou, a raiva irradiava dele como uma onda de calor. A multidão em volta de mim recuou incapaz de tirar os olhos dele. Pode ter sido porque ele era o príncipe da Inglaterra, mas eu sabia que havia algo mais primordial nesta cena. Até mesmo eu respondi a ele, meu coração batendo mais rápido em vez de acalmar, até que ele se abaixou, e puxou minhas mãos de cima da minha cabeça.

—Você está bem, Clara? —Ele perguntou calmamente.

Eu dei um aceno de cabeça. Atrás de mim, algumas das meninas com câmeras tinham começado a filmar novamente.

Alexander pegou minha mão e me ajudou a levantar, mas logo que eu estava de pé novamente, as perguntas começaram.

—Alexander, é a sua namorada?

—Alexander, é verdade que seu pai não aprova seu relacionamento com uma plebeia?

Eu estremeci com aquilo. É verdade, eu não era da realeza, mas parecia um pouco hipócrita me chamar de plebéia. Era para ser um insulto, eu podia sentir isso como eu podia sentir os punhais dirigidos a mim pelas muitas mulheres nas proximidades. Eu tinha que sair daqui. Minha garganta contraiu embora ninguém estivesse empurrando contra mim agora. Obriguei-me a respirar, mas o resultado foi quase outro ataque de pânico. Alexander deu um passo para o meu lado. Ignorando os repórteres, ele olhou para mim, preocupação brilhando através de seus olhos de fogo. Ele se aproximou, colocando a mão na parte inferior das minhas costas. Ela permaneceu lá, queimando através do fino tecido da minha camiseta, enquanto ele me guiava pelos repórteres e curiosos. Seu toque acalmou os meus nervos, e o calor espalhou-se pelo meu corpo a partir do local onde sua mão descansava possessivamente, fixando-se em meu peito.

Sem uma palavra, ele me acalmou.

Norris nos ultrapassou, correndo para o carro para abrir a porta, mesmo com a multidão nos seguindo. A mão de Alexander desapareceu assim que eu inclinei para entrar no banco de trás, mas para minha surpresa, ele abaixou-se para entrar. A porta fechou-se atrás de nós, e Norris deslizou um momento depois no banco do motorista. Parecia que uma eternidade se passara desde que Alexander tinha me colocado de pé na frente do Brimstone. O tempo tinha abrandado sob sua proteção no carro silencioso, mas ele acelerou com as câmeras clicando do lado de fora das janelas escuras. Meus olhos encontraram o chão, e eu fiquei fortemente concentrada em uma protuberância no tapete aos meus pés, até que um braço confiante segurou meu ombro e me puxou para perto, incentivando-me a enterrar meu rosto em seu ombro. Eu inalei o aroma indescritível dele: cravo, sabão e Bourbon. Ele afundou em mim até que o mundo em torno de nós desapareceu, e eu relaxei em seus braços.

Sem uma palavra, ele me acalmou.

*****

Nós dirigimos em silêncio por entre a multidão de volta para o meu apartamento, enquanto eu tentava me recompor. Eu não choraria na frente de Alexander. Eu não lhe mostraria minhas fraquezas, agora que eu tinha vislumbrado sua força brutal, porque eu não queria que ele me visse vulnerável. Espiando nele, senti seu poder sobre mim. Ele era poderoso e dominante. Ele não era como nenhum outro homem que eu já tinha encontrado, e eu não queria que ele descobrisse que isso me assustava. E excitava.

—Clara. —Meu nome rolou por seus lábios facilmente, e eu saboreei como soou.

—Você está bem?

Eu balancei a cabeça, um caroço preso na minha garganta. Será que ele sentia a mudança na nossa relação? O fio que tinha me atraído para ele tinha sido invisível, inexplicável quando nos conhecemos. Eu senti quando o vi novamente em Brimstone. Mas agora essa tênue ligação indescritível se foi, substituída por uma firme ligação inflexível de confiança. Ele tinha aparecido por mim. Eu tinha que lhe dar crédito por isso, mesmo que ele tivesse me metido nessa confusão em primeiro lugar. Ele estava pensando a mesma coisa? Será que ele sentia isso também?

—Eu sinto muito que você teve que passar por isso. Eu deveria ter sabido quando beijei você. —Ele retirou o braço que havia casualmente colocado em torno do meu ombro, e passou a mão pelo seu cabelo preto desarrumado.

Eu estava dividida entre querer que fosse a minha mão enredando em seu cabelo e a decepção. Eu tinha interpretado mal. Imaginei a ligação entre nós. E ele se referiu a primeira vez que ele me beijou, ou quando eu o tinha beijado na Brimstone? De alguma forma, apesar do terror que eu já tinha experimentado, eu não me arrependia do beijo. Na verdade, mais do que nunca, eu queria mais. Eu queria seus lábios nos meus, seu corpo pressionado tão forte contra mim, que eu poderia sentir sua excitação espetando na carne macia da minha barriga.

Mas isso nunca aconteceria. Eu não podia deixar. Eu não podia deixar que qualquer coisa entre nós acontecesse. Eu me endireitei e respirei fundo, me virando para olhá-lo nos olhos. —Estou bem. —Eu menti. —As coisas saíram do trilho. Eu creio que você tem mais experiência com esse tipo de coisa do que eu.

—Infelizmente, você está certa. —Ele parou, me observando tão atentamente que me remexi no meu assento. —Eu sei que deveria lamentar ter te beijado, mas eu não lamento. Na verdade, eu gostaria de fazer novamente.

Minhas dúvidas sumiram quando ele falou, e me senti sem força para lutar contra a sugestão dele.

—Eu não vou impedi-lo. —Eu disse com uma voz suave, surpreendendo a mim mesma.

Alexander deu um suspiro e desviou seu olhar do meu para a janela. —Você disse não.

Eu tinha dito não, e eu mal podia me lembrar do porquê. —Eu não quis dizer isso.

—Que sinais mistos você me dá, senhorita Bishop. Isso é uma coisa arriscada para um homem como eu.

—E que tipo de homem é esse? —Eu perguntei embora já soubesse a resposta

Um homem perigoso. Um homem perigoso, mas lindo. Não só por causa de quem ele era ou a vida que ele vivia. Eu podia vislumbrar o que ele escondia por trás da máscara de controle que ele usava. Vislumbrar algo selvagem e não domesticado.

—Um homem que pega o que ele quer. —Ele respondeu sinistramente. Ele fez uma pausa, olhando-me como se para verificar se tinha me assustado.

Mas o que eu sentia estava longe de ser medo. Eu apertei as minhas pernas, enquanto o calor no meio delas aumentava, uma pequena pulsação começava a soar. Mesmo que as palavras dele fossem sexys, eu queria mais.

—Você não me pegou.

—Nos conhecemos em circunstâncias incomuns. —Ele ressaltou, soltando a mão para descansar no meu joelho. O contato enviou um tremor de desejo pela minha coxa, aumentando o pulsar no meu clitóris.

—Você não estava tentando pegar alguém? —Eu perguntei, fazendo o meu melhor para ignorar seu toque e falhando totalmente. —Não é sua cena usual?

—Eu raramente encontro companhia interessante no clube Oxford & Cambridge.

—Por que você estava lá? —Eu perguntei. Meu lado racional ganhando do meu lado paquerador.

—Meu amigo Jonathan recebeu sua graduação. Ele me enganou. —Ele disse.

—Eu acho difícil imaginar você sendo enganado por alguém.

—Então você deveria conhecer Jonathan.

—Espere. —Eu disse, com a realização me atingindo. —Você quer dizer Jonathan Thompson?

—O primeiro e único. Você o conhece... bem? — A questão era tensa, como se ele temesse a resposta.

—Só por reputação. — Eu assegurei. Jonathan também tinha feito uma licenciatura em estudos sociais, mas nós tínhamos tido pouco contato de alguns cursos compartilhados. Eu só sabia mais sobre ele, porque Belle tinha dormido com ele em nosso segundo ano. Ela não era o tipo de beijar e dizer, mas Jonathan tinha sido um grande idiota. Eu o tinha evitado socialmente depois dela ter me avisado sobre ele. Não que eu tivesse uma vida social na universidade. Sem as velhas conexões familiares, meu foco era em meus estudos. Eu não podia contar com a facilidade de uma posição respeitável de qualquer outro modo, mesmo com o dinheiro dos meus pais. Pessoas como Jonathan não tinham que se preocupar com essas coisas.

—Jonathan se vangloria de ter ficado com todas as meninas de sua turma. —Alexander disse. —Estou feliz em ver que você tem padrões.

—Assim diz seu amigo. —Eu adicionei.

—Algumas pessoas você deve manter perto. —Ele aconselhou, a escuridão era aparente através de seus olhos enquanto falava, lembrando-me o quanto eu queria desvendar o seu mistério.

Eu fiz a varredura das ruas do lado de fora do carro, um esforço para acalmar meu pulso rápido. Tudo sobre Alexander gritava para eu correr, desde as palavras que ele falava até mesmo sua companhia. Mas eu estive correndo e me escondendo a maior parte de minha vida adulta, então eu não podia me afastar de Alexander agora. Eu era atraída a ele com uma energia que era tão magnética quanto o seu sorriso.

Você deve a ele gratidão e nada mais. Meu lado racional me dizia. Ele estava certo, e eu deveria escutar, mas eu também sabia que não queria. —Onde estamos indo? —Eu perguntei quando passamos da entrada do meu prédio.

—Tem repórteres nos seguindo. Norris os despistará antes de te levar para casa. —Sua mão deslizou mais para cima em minha perna, agarrando minha coxa possessivamente enquanto falava.

Fechei os olhos, afastando todas as análises e as dúvidas nublando meus pensamentos, e me deleitei com o calor do seu toque e essas palavras. Eu queria que ele me levasse. Me leve para casa. Ou me leve aqui. Uma voz horrorizada começou a sussurrar em minha cabeça.

Erro. Você está cometendo um erro. Você não é forte o bastante para aguentar isso. Você não pode atrair um homem como ele.

Eu silenciei essa voz e concentrei nas sensações emocionantes através do meu corpo, ciente de que ele havia se aproximado de mim, e que nossos corpos estavam pressionados juntos.

—Clara. —Ele disse com uma voz baixa.

—Hmm. —Eu respondi perdida no momento.

—Eu preciso que você saiba que não importa o que aconteça a seguir. Se você sair desse carro e nunca falar comigo de novo, eu cuidarei de sua proteção. —Ele prometeu.

Eu fechei meus olhos e puxei uma respiração. —Por quê?

—Porque você é a única pessoa que eu queria que nunca tivesse deixado ir. —Ele disse com a voz calma.

Mas eu vi através de seu controle cuidadoso e suas palavras medidas, através do lado selvagem e indomável dele, o que eu tinha vislumbrado antes, o rapaz quebrado que nunca tinha se curado. E eu sabia então, que as próximas palavras que eu falaria seriam a primeira vez que ele as ouviria, também. —Estou feliz que você voltou.

—Eu quero você. —Suas palavras finais. Um comando, não uma pergunta. Isso estava em sua voz. Ele me queria, e ele me teria. Eu não conseguia encontrar forças para lutar, porque eu o queria mais do que nunca quis nada na minha vida. O pensamento me deixou tonta. Sua mão escorregou até que se aninhou contra o meu sexo, e um gemido suave escapou dos meus lábios. —Mas não essa noite.

Meus olhos abriram enquanto olhava para ele acusadoramente. —Isso é o que você faz? Brinca com as garotas até que elas fiquem de joelhos?

Ele poderia ter-me agora, e eu não objetaria. Ele sabia disso, eu podia ver o conhecimento refletindo em seus olhos. Então por que esse jogo? —Você precisa que eu implore? —Eu perguntei.

Seus dedos roçavam meu jeans, provocando o feixe de nervos que já estava pulsando com sua mera presença. —Precisar? Não. Querer? —Ele hesitou. —Eu quero ouvir você implorar por mim. Implorar pelo meu pau. Implorar para que eu te foda, e você irá, boneca. Mas. Não. Essa. Noite.

—Por quê? —Eu não estava preocupada em como essa pergunta soou desesperada, mas uma garota não pode ser responsável quando o clitóris dela está batendo como um tambor.

—Porque seu prédio inteiro estará cercado amanhã de manhã, e eu não estou interessado em sexo, Clara. Eu quero explorar você. Eu quero arrancar essas roupas suas e te levar para a cama. Vou te comer até doer, e eu quero ouvir você pedir por isso. — Ele fez uma pausa para deixar isso assentar, dando-me tempo suficiente para visualizar exatamente o que ele estava propondo. —E eu preciso mais do que algumas horas para isso.

Eu tinha parado de respirar, pendurada em cada uma de suas promessas, até que eu pensei que derreteria no assento. Eu acho que eu não poderia esperar tanto tempo, e parte de mim ansiava que ele me pegasse agora, mesmo com Norris apenas a alguns metros de distância. Mas eu queria ter uma noite como a que ele prometeu.

—Eu tenho o que eu quero. —Ele me lembrou, e eu sabia que o assunto estava resolvido.

—Quando? —Era a única coisa que eu poderia perguntar com seu olhar ardente sobre mim.

—Amanhã.

—E os repórteres? —Eu perguntei.

—Eu cuidarei deles. —Alexander se ajeitou em seu assento, um sorriso agradável em seu rosto. Ele sabia que me tinha. Ele tinha saído vencedor, embora nunca houvesse dúvidas de que ele venceria. Como eu poderia resistir a ele? Resistir a esse rosto divino ou a esse corpo esculpido e a força que me atraia a ele? —Norris pegará você às 11h.

—Então te verei amanhã de noite? —Eu disse enquanto o carro parava. Eu esperava que minha ansiedade não fosse tão óbvia como eu sentia que era.

—Oh, não. Onze da manhã. —Alexander inclinou-se e pegou meu rosto em suas mãos. —Eu disse que preciso de tempo, boneca.

Seus lábios sussurraram através dos meus, e eu abri minha boca em boas-vindas, mas ele se afastou, seus olhos azuis brilhando. —Até lá, então.


Capítulo 6


A lâmpada da sala acendeu assim que virei a fechadura na porta da frente. Eu me virei, meus olhos ainda ajustando-se à escuridão, para descobrir Belle sentada de pernas cruzadas no sofá, olhando para mim. Qualquer outra noite eu teria rido por ela ser uma mãe galinha, mas esta noite me senti mais como se eu tivesse acabado de ser apanhada pela guarda da prisão.

—Há quanto tempo você está sentada no escuro? —Eu perguntei a ela.

—Desde que tenho casa e decidi dividir com você. — Ela apontou para uma sacola cheia de caixas. Culpa correu por mim quando eu percebi que estive fora por mais de uma hora e meia.

—Sinto muito. —Eu comecei, mas sem ideia do que mais dizer. Tanta coisa aconteceu depois que ela saiu para comprar o jantar, e agora que eu estava completamente intoxicada com a presença de Alexander, eu estava começando a me sentir boba. Mas então me lembrei dos lábios dele sobre os meus, e o familiar anseio descontrolado.

—Terra para Clara.

Eu sacudi minha cabeça e me forcei a encontrar o olhar da minha melhor amiga.

—Eu perguntei onde você esteve? Primeiro pensei que você estava no banheiro, mas quando você nunca saiu...

—Eu te deixei um recado. —Eu disse defensivamente, mas era óbvio que ela não o tinha visto.

—Mas... —Ela continuou, me ignorando. —Eu sei que você não pode ter sido tão estúpida para sair com todos esses paparazzi esperando por você. —Ela parou obviamente esperando que eu começasse a explicar, mas eu ainda estava tentando descobrir por onde começar. —E ainda assim, aqui está você sem dar um pio como explicação.

Ergui a mão em rendição. —Me dê um minuto.

Sentando no sofá ao lado dela, eu tentei organizar meus pensamentos. Belle suspirou impaciente e pegou uma caixa de comida. Isso provavelmente devia estar gelado, mas ela começou a enrolar o macarrão no palito. Em vez de comer ela apontou para mim. —Coma.

Eu sabia que era melhor não discutir com ela sobre isso. Eu comi o macarrão, saboreando seu rico molho salgado, apesar de sua frieza. Ela empurrou a caixa em minhas mãos, e eu assumi o processo de me alimentar, grata pela chance de organizar meus pensamentos, enquanto eu comia. Comemos em silêncio até que minha barriga estava saciada, e eu tinha que admitir que a minha cabeça parecia muito mais clara após a refeição.

Colocando minha caixa quase vazia em cima da mesa, eu encarei Belle, que estava me observando com olhos curiosos, sua boca pronta para comer o macarrão.

—Quando você saiu eu recebi uma ligação. —Ela ficou em silêncio enquanto eu a enchia com a cadeia insana de eventos que tinha acontecido enquanto ela estava fora pegando nossa comida, mas assim que eu terminei, deixando de fora a parte onde Alexander me ajudou a entrar em seu carro, ela deixou escapar um longo suspiro.

—Se você não aproveitar isso, eu nunca te perdoarei.

Eu não consegui sufocar o riso nervoso que borbulhava em mim. Meus olhos dispararam para longe do rosto muito sério de Belle, preocupada que ela descobriria que eu já tinha concordado em me encontrar com ele amanhã. Eu não estava inteiramente certa do porquê. Talvez por causa de Alexander, e minha relação já era pública demais, parte de mim queria manter algo para mim. Mas apesar da minha tentativa de evitar o boato, os olhos de Belle estreitaram-se em fendas felinas.

—O que você não está me dizendo? —Ela pediu.

—Nada. Eu... só... —Meus dedos enrolaram nas franjas da almofada, Belle observou isso. Eu me afastei dela e apertei meu peito.

—Desembucha, Bishop.

—Eu... vou encontrar com ele amanhã. —Foi um alívio admitir isso.

—Amanhã? Diabos! —Belle pulou do sofá e começou rapidamente a arrumar a sala. —Não temos muito tempo.

—Para o quê? —Eu perguntei, embora eu não estivesse certa se queria saber a resposta.

—O que você vai vestir?

—Ele não podia manter as mãos longe de mim e eu estava usando isso. —Eu a lembrei apontando minha camiseta. —Eu não creio que nada seja pior do que isso.

Sua sobrancelha ergueu, demonstrando que claramente ela duvidava disso.

—Por mim você poderia usar um saco de juta. —Embora eu não permitisse. —O que você está usando por baixo? Oh caramba, quando foi sua última depilação? É muito tarde para fazer agora.

—Tudo está em ordem lá embaixo. —Eu assegurei a ela, sem me preocupar em informar-lhe que, embora eu nunca tenha depilado antes na minha vida, não significava que as coisas não eram limpas e bem conservadas lá embaixo.

—Calcinha? Sutiã? —Ela perguntou.

O ritmo dela estava começando a me enervar novamente. —Eu tenho isso também.

—Eu vi os seus. —Ela disse com exasperação. —Você não pode usar calcinha de algodão para transar com Alexander.

—Eu imagino que não estarei usando por muito tempo. —Apenas o pensamento já me distraía quando eu me lembrava das fortes mãos de Alexander comandando. Até amanhã, eu saberia o que era tê-las por todo o meu corpo, e uma onda de antecipação tremeu sobre a minha pele, aumentando os arrepios.

—Foco, Clara! —Belle estalou seus dedos, chamando minha atenção novamente para o estado de emergência que ela declarou.

—Ele virá me pegar às onze da manhã. —Eu disse a ela. —Não há nada mais que eu possa fazer.

—Vivemos em Londres agora. —Ela disse, pegando sua bolsa do chão. —Shoppings ficam abertos até tarde. Você é um 36B?

—C. —Eu a corrigi. —Mas não posso sair. —Norris dirigiu pela parte da frente do prédio mais cedo, e embora eu estivesse focada em Alexander, eu não tinha dúvidas de que os paparazzi ainda estavam acampados na frente do prédio.

—Eu vou.

—Você já saiu para conseguir o jantar. —Eu sabia que as intenções de Belle eram nobres, mas ela quase me enlouqueceu com seu frenesi. Isso já era demais. —Eu não deveria.

—É por isso que eu vou.

—Não. —Eu a parei. —Eu não deveria ir amanhã. É uma ideia terrível. Será que eu realmente quero acabar em mais tabloides?

Se eu for pega com Alexander, os rumores aumentarão. Eu já posso até ver as manchetes: Saborosa putinha! Sua Puta Real!

Se envolver com alguém como Alexander, mesmo que só uma ficada, poderia destruir minha carreira antes mesmo que ela começasse. Eu não abrigava quaisquer ilusões sobre a minha posição na organização sem fins lucrativos, mas eu não estava pronta para cometer suicídio na minha carreira antes que eu tivesse meu primeiro dia.

—Não, não, não. —Belle ordenou. —Eu conheço essa voz. Você não vai falar de si mesma assim. Pelo menos uma vez, você precisa deixar ir!

—E o que de bom isso me trará?

—Eu amo você. —Ela disse, com os olhos suaves enquanto falava. —Mas você precisa de uma boa trepada. Você passou os últimos seis meses com a cara enfiada nos livros.

—Alguns de nós precisam de boas notas.

—E antes disso. —Ela continuou como se não tivesse me ouvido. —Você estava com Daniel, e convenhamos, querida. —Belle levantou seu dedo mindinho e o sacudiu.

Eu apertei o dedinho com a minha mão. —Como você sabia disso?

—Porque eu vi você na manhã seguinte depois de terem dormido juntos. —Ela disse. —E você parecia cansada, mas não de uma boa maneira.

Eu seriamente duvidava que minha vida sexual pudesse ser julgada com base na aparência da manhã seguinte. —Daniel era perfeitamente adequado.

—Exatamente. Feijão e torradas te alimentarão, mas você não pode fingir que é um filé.

Eu sacudi minha cabeça para ela. —Nada disso significa que eu precise de novas calcinhas.

No fim Belle venceu, e certa de que eu estaria pensando demais em meu encontro, ou o que quer que isso fosse... Ela me deixou com uma lista de coisas para fazer enquanto ela estava fora. Eu resisti à lista no início, mas alguns dos itens faziam sentido. Minhas unhas dos pés estavam bem, mas talvez uma nova camada de esmalte seria bom. Pintá-las, como se viu, teve o efeito ímpar de me acalmar e me excitar ao mesmo tempo. Quando eu era adolescente, eu teria passado por toda essa obsessão antes de um encontro, mas eu tinha que admitir que parecia menos importante na faculdade. Eu não era exatamente o tipo de garota que passava horas e horas se preparando antes que fosse ver um cara, mas fazia muito tempo desde que eu realmente me mimei.

Belle poderia montar um salão de beleza com a quantidade de produto que ela mantinha a mão, e em pouco tempo, eu tinha acabado minha pedicure. Eu caminhei pelo apartamento, cuidando para não bater minhas unhas dos pés, e me dirigi para o quarto dela. Ela tinha me dado carta branca para o seu armário para encontrar algo para vestir, porque conforme ela disse: você sairá de jeans só passando por cima do meu cadáver.

Eu não pude deixar de me maravilhar com o quão organizado seu armário era. Eu gostava das minhas coisas limpas e bem ordenadas, mas não havia nenhuma maneira que eu poderia ter tirado os meus pertences mais rápido e eficiente como ela, embora eu tivesse um closet.

Corri meus dedos na variedade de vestidos que pendia de acordo com seu comprimento, parando no meio, perto da parte de vestidos na altura do joelho. A maioria deles caía sob a categoria de festa de família, o que significava que parecia um pouco demais para usar com um monarca britânico.

A avó de Alexander, eu percebi.

Isso definitivamente não funcionaria. Eu sabia que Belle me empurraria para os vestidos mais curtos, mas a última coisa que eu queria era me sentir constrangida. Eu nunca estive perto de uma chamada para sexo antes, e tão excitada quanto eu estava sobre a promessa de Alexander que ele precisava me comer o dia todo, foi ficando cada vez mais difícil silenciar o meu lado racional. Sem sua presença, sem a força inexorável que eu sentia perto dele, eu podia ver mais claramente os motivos para eu me afastar.

Uma vez, eu prometi a mim mesma. E então tudo acaba.

Era o final da primavera em Londres, o que significava que o tempo estava um pouco instável, mas tendia para temperaturas mais quentes. Eu vasculhei os cabides, descobrindo que Belle tinha um grave problema com vestido de baile. Ninguém precisava de muitos vestidos extravagantes. Passando pelo vestido de noite de Jenny Packham, e um Vera Wang em seda champanhe, eu encontrei exatamente o que eu estava procurando.

Despindo-me, eu experimentei o vestido longo que fluía até o chão. Era sem mangas, mas o seu decote apoiaria o meu busto, um problema que Belle não tinha. Era um tom suave de azul, romântico e sonhador, que era um reflexo de como eu me sentia. Com minhas unhas recém-pintadas, eu seria capaz de usar um par de sandálias pela primeira vez nesta época do ano. Não era o conjunto que minha empolgada amiga escolheria para mim, mas com o decote baixo e tecido de fabricação fina, era sexy o suficiente.

Belle chegou meia hora depois de eu ter completado sua lista de verificação, segurando um saco da Provocateur Agent (marca famosa de lingerie), triunfante sobre sua cabeça. Para minha surpresa, ela totalmente aprovou o vestido que eu tinha escolhido.

—Vai servir perfeitamente com isso. —Ela abriu o tecido cuidadosamente embalado, para revelar um sutiã de renda e calcinha de seda, que brilharam como prata quando ela ergueu. O conjunto era delicado e feminino, conseguindo gritar sexo e riqueza, ao mesmo tempo.

Dei uma olhada no preço e soube o porquê.

—Vou te reembolsar por isso.

Belle dispensou a minha declaração, os lábios curvando-se enquanto eu segurava a lingerie sexy. Ela sabia que eu não teria comprado para mim. Não porque eu não tinha dinheiro, mas porque eu nunca tive uma razão para isso antes. Ela pegou o sutiã da minha mão e retirou a etiqueta.

—Sem retorno agora. —Ela ronronou.

Peguei-o de novo, pressionando-o contra o meu peito enquanto eu imaginava como seria usá-lo, o que só resultou que eu pensasse por que eu estaria usando isso. Calor inundou meu rosto enquanto eu imaginava vestindo isso de frente para Alexander. Eu tinha usado lingerie antes, mas nada tão intenso quanto este. Era bonito, sexy e delicado. —Tão delicado quanto o arranjo entre ele e eu.

*****

Um nervoso me atingiu logo que acordei na parte da manhã. Meu estômago revirou com o pensamento de que em poucas horas eu iria, eventualmente, cometer o maior erro da minha vida, ou talvez a melhor decisão da minha vida. O júri ainda estava deliberando o quão ruim essa ideia era. Tomando um banho, eu tentei não olhar no espelho enquanto terminava a minha rotina matinal. Mas quando eu finalmente fui forçada a olhar para cima quando começei a aplicar um pouco de maquiagem que eu planejava usar, descobri que eu já estava corada. Parecia animada e um pouco louca. Ao todo, realmente não parecia algo tão terrível.

Belle estava fazendo um barulho na cozinha no momento em que me juntei a ela, ainda em meu robe. Ela estava vestida com um pequeno pijama e um top, e por um segundo, eu gostaria de ter seu corpo torneado, atlético, com seios fartos e abdômen definido. Apesar de correr vários dias na semana, eu estava cheia de curvas e era um pouco alta demais. Disseram-me, mais de uma vez, que a minha figura voluptuosa tinha assustado um menino.

Ela cozinhava como uma tempestade. Já havia um prato de salsichas e tomates cortados, e ela estava fritando ovos ao lado de um pote, que eu suspeitava ser feijão.

—Você está cozinhando para Philip? —Eu perguntei, surpreendida com a quantidade de comida que ela estava preparando.

—Eu queria me certificar de que você comesse antes do seu encontro. —Ela disse, me dando uma piscada. —Parece que você vai precisar de força.

—Não me lembre. —Eu fiz uma careta, quando levantei a tampa da panela e vi que estava certa com meu palpite.

Belle me deu uma colher, com uma espátula ela apontou no meu peito. —Uh,uh, Bishop. Você não vai para a coisa psicótica.

Eu dei de ombros, pegando um pedaço de bacon Inglês e coloquei na minha boca enquanto eu sentava sobre uma banqueta. —Eu já estou. Lembre-me, do que exatamente eu estava pensando?

—Você estava pensando que você teve a chance de transar com um dos homens mais sexy e mais poderosos do mundo. —Ela me lembrou.

Quando ela disse isso, eu quase compreendi.

—Clara, essa é a oportunidade de uma vida inteira. —Ela adicionou.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. —Ter sexo com alguém é a oportunidade de uma vida inteira? Falou como uma verdadeira prostituta.

Ela mostrou a língua para mim, e voltou sua atenção para os ovos. —Ter sexo com um príncipe é. —Ela disse. —Lembra quando você era criança? Você não queria ser uma princesa?

—Isso não é a mesma coisa. —Eu sorri com o pensamento. —Minha brincadeira não incluía o Kama Sutra.

—Não sentiu falta então? —Ela disse secamente. Seriamente, embora é o mais próximo que você provavelmente vai chegar nessa fantasia. A coisa que ninguém admite é, que nós não desistimos de nossas fantasias infantis, nós simplesmente aceitamos que elas estão fora do nosso alcance. Você é adulta agora, mas isso não significa que você não quer prender um príncipe. Ou transar com um, pelo menos.

—Você é uma sem esperança. —Eu disse. —E não quero dizer que eu seja uma sem esperança romântica.

—Sou uma realista, querida. E uma oportunidade bem real se apresentou para você. Não recue agora.

Eu não disse nada sobre recuar, mas eu estive pensando sobre isso e, obviamente, a minha melhor amiga pegou. Sem surpresa nisso. —Eu só não estou certa de que é uma boa ideia. Eu não sou o tipo de garota que transa apenas por diversão.

Essa era a verdade. Eu sempre fui o tipo namorada, mesmo durante meus anos mais experimentais. A última vez que eu deixei um cara me pegar, foi Daniel. Eu fui para casa com ele para o que seria uma noite selvagem, e acabei presa em um relacionamento de baixa qualidade.

—E como isso funcionou para você? —Ela perguntou. —Daniel tratou você como merda. Relacionamentos são superestimados.

—Me lembre de usar essas falas no meu discurso de dama de honra.

—Estou apaixonada por Philip. —Ela replicou. —Você não estava apaixonada por Daniel, olhando para quão terrível seu relacionamento era. É uma ideia muito melhor você manter isso casual.

Eu ergui minhas mãos em rendição. —Okay, okay. Eu não vou cancelar.

Eu não acrescentei que parte de mim sabia que cancelar com Alexander seria impossível. Se eu conseguisse fazer isso, apesar de sua voz incrivelmente sexy, ele me encontraria. Tenho a impressão de que ele não era o tipo de homem que aceita não como resposta. Não duas vezes. E eu já usei a minha uma vez.

E a despeito de qualquer coisa, eu não queria dizer não para ele. De fato, eu não estava pensando em dizer não a ele.

—Terra para Clara. —Belle chamou.

Eu pisquei meus olhos, me tirando do meu estupor enquanto ela deslizava um prato cheio de alimentos na minha frente. —Eu vou estar muito cheia para o sexo.

—Psisss. —Ela se serviu outro prato cheio e sentou-se ao meu lado. —Pense nisso como combustível. Eu espero que você esteja pronta para lidar com ele.

—Você espera, ahn?

—E eu quero ouvir todos os detalhes sórdidos.

Rolando meus olhos, eu comi os ovos do meu prato. —Você já encontrou com ele?

—Infelizmente não. Minha família nunca foi a favorita de seus pais, especialmente depois que papai... —Ela não terminou de falar. Eu sabia que era melhor não insistir. —Nós não fomos convidados para o campo ou qualquer outra coisa. E ele se foi logo após o acidente.

Pensando sobre o acidente infame que matou a princesa Sarah, e quase reivindicou a vida de Alexander, ficou difícil continuar a comer. —Ele mencionou isso. Partir logo depois do acidente, eu quero dizer.

—Você estava na América na época?

Eu concordei, empurrando minha comida pelo prato. —Estava em todos os noticiários. Embora eu tivesse outras coisas acontecendo no momento.

—Isso foi triste. —A voz dela foi se distanciando enquanto relembrava o acidente.

—Pessoas choravam pelas ruas, até mesmo minha mãe. Eu quis ir ao funeral. Todo mundo quis. Deveria haver centenas de milhares de pessoas nas ruas. Quando seu caixão passou, eles ficaram em absoluto silêncio.

—Ela tinha nossa idade. É difícil de imaginar. —Eu disse. —Os paparazzi estavam envolvidos?

—Ninguém sabe realmente. —Belle disse tristemente. —Os rumores diziam que eles estavam bêbados. Alexander tinha vinte anos, mas ela era menor de idade. Havia outra pessoa no carro, mas a imprensa nunca revelou quem era.

—Ainda não compreendo porque Alexander deixou o país. —Eu admiti. Ele foi tão vítima quanto à irmã.

—Sarah era amada. Eu acho que em boa parte porque era muito parecida com a mãe. Sua mãe morreu no parto do Príncipe Edward, o que foi um choque. A ideia de ela morrer tão tragicamente foi um choque para a maioria das pessoas. —Belle deu de ombros. —É engraçado como a maioria das pessoas age como se conhecessem os famosos.

Eu não podia deixar de pensar se Alexander tinha fugido por recriminação, ou porque ele não conseguia lidar com a perda de sua mãe e irmã. Parecia demais para uma pessoa suportar.

—Você precisa comer. —Belle disse, mudando de assunto.

Apesar do cacarejar de Belle, eu não poderia comer mais da metade do café da manhã. Meu estômago estava muito nervoso, correndo muito rapidamente para digerir a comida. Já era dez horas, o que significava que eu tinha uma hora para me preparar, ou desistir. Apesar das minhas promessas à Belle de que eu não fugiria de minha chance com Alexander, fiquei convencida de que eu poderia realmente ir em frente com o nosso encontro. Se eu pudesse chamá-lo de encontro.

Eu deixei cair meu roupão na minha cama e peguei a sacola de lingerie Agent Provocateur que Belle tinha me trazido, apenas para descobrir que ela tinha comprado mais de um conjunto. Escondido sob o papel que envolvia o conjunto que ela tinha me mostrado na noite passada tinha mais, no mínimo uns cinco, e alguns pares de meias. Claramente ela tinha maiores expectativas de como hoje seria do que eu tinha.

Eu fiquei com o conjunto que ela tinha me dado ontem à noite, especialmente depois de verificar os outros na bolsa, alguns dos quais incluíam ligas. E um par com uma fenda até a virilha, no já insignificante fio dental. Ela tinha razão em me dar o conjunto cinza. Era o mais bonito, mas também era o mais tradicional. Nada sobre hoje era comum, então eu estava feliz que pelo menos eu não me sentiria completamente fora do meu próprio estilo.

Fixando o sutiã, eu me virei para verificar no espelho, de pé no canto do meu quarto. O laço delicado brilhava sobre a minha pele pálida, criando um quase efeito etéreo. O sutiã juntou meus seios sem lhes dar qualquer cobertura extra, algo que eu não precisava. A lingerie definitivamente mostrava todos os meus bens, até meus quadris cheios e bunda. Graças à intrépida perseguição online de Belle depois de sua viagem de compras, eu tinha visto mais algumas fotos das meninas que estiveram com Alexander desde que tinha retornado de seu dever militar. Elas eram na maioria loiras, altas e magras. Pelo que parecia, Alexander deveria ter chamado Belle para sair. Não era difícil de seguir um padrão olhando para essas fotos - lindas modelos, esqueléticas e loiras - embora ele só tenha sido fotografado com uma garota mais de uma vez, e ela era a mais bonita de todas. Os jornais alegaram que ela era sua namorada, mas havia uma frieza nessas fotos. Alexander estava sempre se afastando dela ou andando para longe dela. Não parecia haver qualquer prova de que eles estavam juntos apesar das especulações dos tablóides. Mas especular sobre quem poderia ser a próxima rainha da Inglaterra, provavelmente vendeu um monte de jornais.

Por um segundo, eu me perguntei como seria quando esse dia inevitavelmente chegasse e ele assumiria seu papel como rei. As imagens e histórias estariam em todos os lugares. Como seria quando ele acabasse se casando. Eu poderia realmente lidar com assistir a sua vida se desenrolar? Eu ainda seria capaz de uma aventura casual com ele? Meu corpo queria isso, mas meu coração já estava na balança. Ele tinha me protegido dos jornalistas, dando-me a segurança que eu ansiava tão frequentemente quando era uma criança e uma adolescente. Claro que, se o cavalheirismo sobrevivesse em qualquer lugar do mundo moderno, é melhor que sobrevivesse no Príncipe da Inglaterra.

Depois de tudo, como Belle apontou, garotinhas precisavam de contos de fadas para manter-se.

Eu apenas coloquei meu vestido sobre minha cabeça, e puxei minhas sandálias do meu armário abarrotado, quando meu celular tocou. Eu congelei, certa de que era ele chamando. Ele veio a seus sentidos. Ele me daria uma desculpa sobre um compromisso anterior ou uma emergência súbita. Ele era, afinal de contas, um cavalheiro. Mas seria uma mentira.

Mas, quando vi na tela, senti uma mistura de alívio e aborrecimento ao ver o número da minha mãe no visor de chamada. Percebendo que eu tinha que lidar com isso antes que ela aparecesse na minha porta, eu bati no botão de atender. —Oi, Mãe.

—Graças a Deus, você atendeu ao telefone! Eu estava doente de preocupação com você.

Tradução, ela estava morrendo por cada detalhe que pudesse tirar de mim.

—Estou bem, Mãe. —Eu reafirmei. —Eu estava desempacotando e deixei meu telefone no silencioso.

Houve uma pausa. —Você viu os noticiários?

—Eu não chamaria isso de noticiários. —Eu retorqui. Prendi o telefone entre a orelha e meu ombro para poder calçar minhas sandálias prada.

—Bem, para mim é noticiário. Por que você não me disse que estava namorando alguém? —Isso parecia mais com uma admoestação do que uma pergunta.

—Não estou namorando-o.

—Isso é mal.

Para ela, eu pensei. —Isso tudo é um mal-entendido.

—Mal-entendidos não acabam com lábios se atracando.

—Esse sim. —Eu disse simplesmente. Eu não conseguia me imaginar tentando explicar mais do que isso.

—Na verdade, estou feliz de ouvir isso. —Ela disse, e eu congelei enquanto ela continuava. —Toda essa atenção não seria boa para você. Existe muita pressão quando você namora alguém que está sob os holofotes.

Meus pais tinham sofrido sua cota de atenção da mídia durante o boom do ponto-com1, e ela foi perseguida desde então, por isso, foi uma surpresa ela me avisar para ficar longe dos holofotes. Quanto mais atenção eu tivesse, mais ela receberia. Mas eu tinha que dar-lhe crédito. Apesar de seus muitos vícios e fraquezas, ela sempre cuidou da minha irmã e dos meus interesses.

—Você não tem que se preocupar com nada. —Eu prometi para ela enquanto eu escondia alguns preservativos na minha bolsa. Apenas no caso de precisar. Eu não me sentia mal por mentir para a minha mãe. Mentir era o estado natural do nosso relacionamento. Eu aprendi há muito tempo a esconder tudo dela que pudesse perturbar a sua frágil felicidade.

—Essa não foi a única razão para eu ter ligado.

Prendi a respiração, esperando que ela só tivesse mais fofocas para falar.

—Seu pai vai sair da cidade por uns dias. —Ela disse. —Eu pensei que poderíamos ter um dia de meninas. Você esteve tão ocupada ultimamente estudando, eu acho que você merece um dia de SPA e algumas comprinhas.

—Isso é muito tentador.

—Antes que você comece a me dar mil e umas razões bobas para não ir, deixe-me dar só uma. —Ela me parou. —Você está para começar seu primeiro trabalho de verdade. Você precisará de roupas certas.

Eu tenho a sensação que ela acha que eu não posso escolher minhas próprias roupas. —Eu tenho um bocado de roupas apropriadas para o trabalho. Você não precisa me comprar nada.

—Eu sei que o vestido que você estava usando naquela foto era de Belle. Eu sei que você é básica, mas Clara, você não precisa ser. John disse que você mal toca no dinheiro da sua conta.

—John te atualiza sobre minhas operações financeiras? —Eu perguntei com a voz estrangulada.

—Claro que sim. Ainda estamos listados no fundo fiduciário até que você complete vinte e cinco anos.

—Eu não sabia disso. —Eu não conseguia evitar a acusação na minha voz. Eu não sabia por que não me disseram. Eu tinha assumido que o fundo fiduciário que tinham me dado acesso no meu vigésimo primeiro aniversário, fosse a minha rede de segurança pessoal. Eles não me disseram que o acesso ainda tinha amarras.

—Não use esse tom comigo. John só se reporta uma vez ao ano, e caso haja alguma discrepância. —Ela parou antes de adicionar. —Se é tão importante para você, eu posso perguntar ao seu pai sobre a possibilidade de mudar as condições.

—Eu mesma falarei com ele. —Se qualquer um de meus pais fosse razoável sobre isso, seria ele. Eu não tinha dúvida de que a minha mãe foi a única a insistir em ficar na conta até que eu tivesse vinte e cinco anos, para que ela pudesse ter certeza de que eu estava lidando com isso corretamente. Claro, ela queria financiar um estilo de vida chamativo, enquanto eu queria mantê-lo investido para que eu pudesse me concentrar em começar uma carreira que me permitisse fazer algo que me importava.

—Que tal terça? —Mamãe perguntou.

Eu pisquei e apertei o telefone. —Terça?

—Para o nosso dia das garotas?

Eu quase esqueci o motivo dela ter ligado. —Claro.

A linha ficou silenciosa e esperei pela resposta. —Mãe?

—Te verei na Terça. —Ela disse finalmente. Eu pensei ter imaginado que sua voz falhou enquanto ela falava.

Eu disse adeus, enquanto dispensava seu comportamento estranho. Mas logo fui interrompida por Belle que entrou no meu quarto sem fôlego.

—Tem um Norris esperando por você lá embaixo?

—Segurança pessoal. —Eu falei para ela enquanto meu estomago embrulhava.

—Quente. —Ela gemeu, me seguindo até a porta.

—Deseje-me sorte?

—Você não precisa de sorte. —Ela beijou meu rosto, e eu tentei acreditar nela enquanto seguia em direção ao elevador. Assim que eu vi Norris, eu percebi que hoje era um daqueles dias que mudaria para sempre a minha vida. Eu não tinha certeza de como eu sabia disso exatamente, mas eu vi a linha divisória claramente. Quando olhei para trás em minha vida, cada momento até este, seria antes de Alexander. Quanto tempo levaria até que cada momento futuro se tornasse após Alexander?

Sem arrependimentos, eu decidi. Minha vida já havia mudado, e depois de hoje eu estaria pronta para dizer que eu fiz isso, que fui selvagem e dormi com alguém fora da minha liga. Não era o que Belle vivia dizendo que eu precisava? Seria pior se eu ficasse para sempre imaginando como teria sido. Como ele seria.

Eu afastei as dúvidas da minha cabeça enquanto Norris inclinou-se ligeiramente para mim, estendendo o braço e levando-me para o desconhecido.


Capítulo 7


Eu não fui capaz de apreciar o carro privado de Alexander na outra noite, o que eu suspeitava, tinha algo a ver com a sua presença nele. Mas desde que ele não estava esperando no banco de trás por mim, eu tinha muito tempo para explorá-lo agora. Eu sempre achei o Rolls Royces algo completamente sexy e britânico, e este estava equipado com vidro de privacidade, que eu suspeitava também ser à prova de balas. Entre a segurança e o tamanho do carro, eu já estava imaginando ele me levando no banco de trás. Minha mão estendeu para o assento do banco de couro, como se ela estivesse procurando por ele e a liberação que eu necessitava desde o nosso primeiro encontro.

Mas eu estava sozinha, e me senti um pouco esnobe por ter o vidro entre Norris e eu, então eu apertei o botão para abaixá-lo.

—Tudo bem se eu abaixar isso? —Eu perguntei.

—O que desejar, senhorita Bishop.

Claro. Os britânicos eram tão educados que era impossível dizer o que eles realmente queriam. Isso deixava meu lado americano um pouco louco.

—É estranho. —Eu disse, pensando alto. —Eu não sabia que era comum para a Família Real usar motoristas. —Assim que as palavras saíram da minha boca, eu queria engoli-las de volta. Alexander já tinha explicado que Norris era mais do que seu motorista. Ele era seu guarda de segurança pessoal e, que também dirigia seu carro. Eu não estava certa do porque ele precisava de segurança pessoal constante, e eu imaginei que Norris não me diria. É por isso que Alexander confiava nele.

—Sua Alteza Real não gosta de dirigir.

Eu balancei a cabeça como se isso fosse perfeitamente razoável, mas é claro que não era. Eu passei meus anos de formação na América, onde eu aprendi que o carro de um cara era quase tão importante para ele como uma extensão de seu pau. Imaginei que poderia ser diferente na Inglaterra, mas eu suspeitava que as coisas não fossem tão diferentes. E este carro com o seu estilo prata elegante, e interior luxuoso, sugeria que eu estava certa.

—Eu acho que ele gostaria de dirigir esse. —Eu disse, sentindo-me obrigada a manter a conversa agora. Eu desejei que eu não tivesse aberto o divisor, mas se eu fechasse, eu realmente mereceria me sentir como uma meleca.

—Ele aprecia esse carro e confia que eu o dirija. —A resposta de Norris era simples, e havia apenas uma pitada de duplo sentido nele, mas a pista estava lá. De repente, eu estava feliz que eu não tinha mordido a língua. Se eu tivesse, eu poderia ter perguntado a Alexander sobre isso em algum ponto. Agora eu sabia que não devia.

—Obrigada. —Eu disse com consciência. Norris devia saber que ele estava me dando as informações que eu precisava mesmo que ele não tivesse me dito muito.

—Claro, senhorita Bishop. Sou feliz por dirigir para Alexander.

Ele era profissional, isso era certo. Não é de admirar que Alexander confiasse nele.

Nós estávamos no carro por apenas dez minutos, quando Norris parou, em um conjunto de portões privados, perto do coração de Westminster, que abriram para nós ao mesmo tempo. Engoli em seco, meus nervos tendo o melhor de mim, enquanto ele dirigia para frente, no que parecia ser uma garagem muito exclusiva. Esta não era uma vaga de estacionamento americana, que eram geralmente monstruosas em tamanho e estrutura. Aqui havia menos de dez espaços, a maioria estava vazia, e a entrada deixou claro que era um pouco mais do que uma garagem. Onde estávamos exatamente?

Norris abriu a minha porta para me ajudar, e me levou para um elevador que abriu quando nos aproximamos. Minha respiração ficou presa quando as portas abriram, revelando Alexander. Ele usava um terno de três peças cinza carvão, que foi adaptado para se ajustar precisamente em seu corpo esculpido. Ele parecia bom o suficiente para comer, e eu estava pronta para provar.

—Clara. —Ele estendeu a mão. Não houve hesitação em seu gesto, embora eu visse para o que era: uma oferta. Ao colocar minha mão na sua, eu estava aceitando o que aconteceria em seguida entre nós. Eu ainda podia fugir, mas eu sabia que não poderia fazer isso, e pelo sorriso maroto que marcava os cantos de sua boca perfeita, Alexander sabia disso também.

Peguei a mão dele sem olhar para trás. As portas do elevador fecharam-se atrás de nós, me trazendo de volta para o momento presente, e eu me virei deixando-o de lado.

—Algo errado? —Alexander perguntou com preocupação em sua voz.

—Eu deveria ter agradecido a Norris. Foi rude da minha parte.

O sorriso que brincava em seus lábios se rompeu. —Estou certo de que o salário que pago a ele compensa qualquer má educação de sua parte.

—Isso ainda é rude. —Eu disse, apertando meus lábios. —Por favor, lhe dê minhas desculpas pelo meu comportamento assim como meus agradecimentos.

A cabeça de Alexander inclinou, um olhar engraçado substituindo o divertido, mas tão rápido quanto veio se foi. —Eu pensei que você estivesse caindo em si.

Meu corpo respondeu à rouquidão em sua voz, me impedindo de aceitar o aviso de Alexander. —Você caiu em si?

—Você não é o perigo aqui. —Ele aproximou-se de mim, e eu prendi a respiração.

—Talvez eu seja o lobo em pele de cordeiro. —Eu respondi na mesma hora.

—Eu acho que terei que te despir e descobrir. —Ele rosnou, e eu não tinha dúvida do que eu encontraria quando finalmente o livrasse de suas roupas. Não haveria cordeiro que aguentasse sob a selvagem sensualidade de Alexander.

—Aonde vamos? —Eu perguntei, ansiosa para ter outra coisa para falar. O ar crepitava entre nós, me distraindo com pensamentos dos lábios de Alexander em mim. Nós dois sabíamos por que eu estava aqui, mas eu queria jogar com calma o maior tempo possível. Embora eu suspeitasse que Alexander soubesse que ele já havia me ganhado.

—Ao Real Westminster. —Ele me disse.

—Hotel pretensioso. —Eu murmurei. Era o tipo de lugar onde as estrelas de cinema ficavam quando filmavam em Londres, e julgando pela exclusividade da garagem, faziam por razões de segurança.

—Eles apreciam a privacidade de seus hóspedes, e é algo que eu aprecio.

—Você dá entrada com uma falsa identidade e sai na calada da noite? —Eu perguntei.

Ele riu com isso. —Nada tão clandestino assim. Embora boa parte do pessoal me conheça como o Sr. X.

—Isso me torna a Sra. X do dia? —Perguntei, e então percebi o que tinha falado. E cobri minha boca com horror.

—Gostei do som disso. —Ele ronronou. A cabeça inclinada, me observando.

—Sra. X, soa bastante má.

Lambi meus lábios, surpresa ao encontrar-me acenando com a cabeça.

—Você está bem com isso? —Ele perguntou. —Com esse arranjo, eu quero dizer.

—Eu não esperava... —Eu não terminei o pensamento.

—Um hotel? —Ele adivinhou.

—Sim. —Eu não podia confrontar seus olhos. Eu estava muito impressionada com a sua presença, muito sobrecarregada por estar de pé em um elevador privado com este deus em um terno de três peças que me queria. E se eu fosse honesta, muito nervosa por estar indo para um quarto de hotel com um homem que eu mal conhecia.

Alexander aproximou-se de mim, sua mão segurando meu queixo e levantando o meu rosto. Eu fui forçada a olhar para ele. —Eu queria ter certeza de que ninguém descobrisse isso.

Suas palavras sugaram o ar dos meus pulmões como um soco no estômago, e eu me afastei de suas mãos, imaginando o que aconteceria se eu apertasse o botão vermelho no painel do elevador. Considerando-se que o herdeiro do trono estava no elevador comigo, imaginei que o SIS (Sistema Interno de Segurança) poderia estar envolvido. A Scotland Yard no mínimo.

—O que foi? —Alexander perguntou perto o bastante de mim, que seu corpo pressionava contra o meu. —Por que você parece encurralada?

—Eu tenho um pouco de autorrespeito, você sabe. —Eu rebati, virando-me para encará-lo. Tentei ignorar o impulso magnético de seu corpo, enquanto meus seios roçavam contra ele. Mas eles me traíram, os bicos endureceram e, obviamente, ficaram visíveis através do meu sutiã de renda e vestido de verão de algodão fino. —Se você está com medo de ser visto comigo, talvez seja melhor me deixar ir.

—Eu não posso. —Ele disse.

Dei um passo para trás, quebrando o contato entre nós, e cruzei os braços sobre o peito, esperando que ele não tivesse visto o modo como meu corpo reagiu a ele.

—Tente.

—Esse elevador só vai para a suíte Presidencial. Eu não posso deixá-la sair até que nós estejamos lá, mas... —Ele estendeu a mão e apertou o botão vermelho que esteve me tentando antes, e chegamos a uma parada súbita, que me sacudiu contra ele.

—Eu acho que você me entendeu mal, e eu não estou interessado em levar para a cama uma mulher que pensa que eu sou um mentiroso.

Engoli em seco essa afirmação. —Então explique para mim.

—Com prazer. —Ele molhou os lábios e afrouxou a gravata. —Fiquei com a impressão de que você queria que os paparazzi deixassem você em paz.

Ele deixou esta declaração pendurada no ar como se fosse uma pergunta, então eu dei de ombros, não querendo me comprometer com qualquer coisa até que eu ouvisse tudo o que ele tinha a dizer.

—Eu quero respeitar seu desejo de privacidade. —Ele disse. —Até agora, você já deve ter feito sua pesquisa sobre mim,

Outra pergunta não formulada, então eu assenti.

—Repórteres amam tirar fotos minhas com mulheres e especular nossa relação. Velhas amigas se tornam novas chamas. Garçonetes se tornam transas.

—Então você não dormiu com todas essas mulheres? —Eu perguntei.

Sua boca contraiu quando ele deu de ombros. —Não todas.

—Adorável.

—Eu acredito que você me disse que não era uma virgem infeliz. —Ele me lembrou. Seu corpo aproximou, me apoiando contra o elevador quando ele apertou as mãos na parede, aprisionando meu corpo como uma pantera preparando para atacar.

—Eu assumi que seríamos abertos sobre a nossa vida sexual.

—Somos. —Eu disse, apertando minha mandíbula.

—Bom, porque eu quero que você seja aberta comigo, Clara. Vou tê-la de qualquer maneira, mas você vai se divertir mais se você não estiver ocupada pensando que eu sou um idiota.

Eu não pude evitar sorrir ao ouvir isso.

—Um sorriso. —Ele disse. —Agora isso é adorável. Eu me pergunto se eu verei isso depois que você gozar e eu ainda estiver enchendo você.

Havia um tom sombrio em suas palavras, e eu tremi na expectativa. Eu imaginei que eu sorriria e possivelmente choraria. Ele me parecia o tipo que podia produzir ambas as emoções igualmente.

—Então estamos de acordo? —Ele perguntou.

—Para compartilhar nossa vida sexual?

—Eu preciso saber que as mulheres com quem durmo são discretas. Que elas tenham um bom... julgamento.

Revirei os olhos para isso. Ele foi o único percorrendo a cidade com uma nova mulher a cada noite. —Eu estive com um único cara. Meu namorado de faculdade. E estou tomando pílula.

Eu não senti necessidade de entrar em mais detalhes sobre Daniel. Não faria muita coisa para o nosso relacionamento revelar os pontos mais feios do meu passado. Eu tinha cometido o erro de compartilhar muito de mim mesma com Daniel, e ele tinha usado isso contra mim. O que um homem como Alexander faria com essa informação? Um homem treinado para ser um líder político? Um homem que mal conhecia uma mulher e já ia para um hotel para transar com ela? Ele obviamente tinha a moral flexível. Eu só não queria testar o quão flexível eu era.

—E você? —Eu perguntei.

—Mais que uma. —Ele disse simplesmente. —Eu sempre fui cauteloso, e estou certo que estou limpo.

Eu fiz uma careta para isso, não só por causa da implicação, mas também por causa de sua não resposta. —E porque isso é importante?

—Eu senti que deveria ser tratado antes que eu leve você para a cama, e porque eu acho que não possa esperar até chegar à suíte. —Ele aproximou-se,
empurrando-me com mais força contra a parede espelhada do elevador, e eu senti seu pau pressionando em minha barriga. A cautela que eu senti momentos antes desapareceu inteiramente em favor da sensação de suas mãos, quando ele puxou para baixo as alças do meu vestido de verão. Ele avistou a lingerie e um grunhido retumbou em sua garganta. —Seus seios são mais perfeitos do que eu imaginei.

Eu derreti com suas palavras, o desejo inundando em minha barriga, e vazando entre as minhas pernas. Mas o meu lado sensível deu as caras. —Faremos isso aqui no elevador?

Alexander me deu um sorriso maroto, esfregando um dedo por sobre meus lábios. —Oh boneca, eu sei o que está te preocupando. Você está preocupada que eu darei uma rapidinha no elevador.

—Eu não quero que você fique entediado comigo antes mesmo de levar-me para o quarto. —Eu disse com um encolher de ombros.

—Isso não será um problema. —Ele disse, seus dedos deslizando para baixo, da minha clavícula e seguindo uma trilha de fogo. —Seu corpo foi feito para transar, Clara. Alguém já te disse isso?

Eu sacudi minha cabeça, minha boca muito seca para que eu respondesse a ele.

—Ele é. —Ele continuou. —Acho isso muito inspirador. Eu não sei se há superfícies planas o suficiente para montá-la na suíte. Mas se te faz sentir melhor... —Sua mão empurrou minha saia, em seguida, mergulhou do lado da minha tanga, buscando até que encontrou seu prêmio. —Podemos esperar para ir lá para cima.

Meus olhos fecharam enquanto seu dedo manipulava meu clitóris com movimentos especializados. —Deveríamos...

Mas eu não conseguia forçar um pensamento racional sair da minha boca. Eu não conseguia pensar claramente com ele pressionando contra mim, com a mão me tocando assim. Inferno, eu não conseguia pensar claramente com ele na mesma sala que eu.

—Talvez eu possa te oferecer uma solução melhor. —Ele disse, sua respiração quente de encontro ao meu pescoço, enquanto seu dedo continuava me pressionando.

—Eu preciso provar a sua boceta doce, Clara. Eu estive pensando sobre isso por dias. Você vai me deixar fazer isso?

Eu gemi um sim. Alexander não esperou por mais incentivo. Seus dedos pegaram o cós da minha calcinha, e ele e a rasgou. Em algum lugar lá no fundo, o preço associado com a calcinha passou pela minha mente, e eu percebi que eu compraria mais uma centena de pares, se isso significasse que ele rasgaria todas de mim.

Alexander ajoelhou-se e separou minhas pernas. —Abra mais. —Ele ordenou, e eu me escancarei. —Linda.

Suas mãos acariciaram ao longo das minhas coxas subindo em direção à minha vagina, e quando ele chegou, ele a abriu e estudou-a por um momento, um olhar de apreciação em seu rosto, antes que seus dedos encontrassem a minha fenda. Meus olhos fecharam enquanto ele empurrava dois dedos dentro de mim.

—Você está sempre molhada assim? —Ele perguntou.

Eu balancei a cabeça novamente. Eu não ficava molhada assim nem numa banheira.

—Eu fiz isso para você? —Ele perguntou, me fodendo lentamente com seus dedos. Eu assenti.

—Diga, Clara.

—Sim.

—Sim, o que? O que eu faço para você?

—Você me deixa molhada. —Eu gemi.

—Boa garota. —Ele murmurou com aprovação. Ele continuou a me provocar com os dedos por alguns segundos e, em seguida, sua língua grossa e quente enviou uma série de tremores pelo meu corpo. Ele lambeu meu broto sensível vagarosamente. Indo e vindo. Para frente e para trás enquanto seus dedos continuaram a mergulhar em mim. Comecei a tremer quando me aproximei do orgasmo.

Ele se afastou. —Não até que eu diga, boneca.

Eu solucei com esse comando, mas não pude evitar resistir.

Então sua boca estava de volta em mim, me lambendo com movimentos rápidos, circulares e pontuados com rajadas de sucção. Segurei a barra atrás de mim, tentando manter meu orgasmo, ao mesmo tempo em que sofria para liberar. Gritei metade prazer, metade apelo quando ele começou a me foder mais forte com seus dedos.

—Goze. —Ele ordenou, e meu gozei em torno dele, me quebrando em pedaços que derreteram juntos novamente, apenas para quebrar mais uma vez com uma nova onda de intensidade que rolou através de mim. Quando somente os tremores permaneceram, Alexander retirou a mão. Mas ele continuou a chupar suavemente sobre o meu clitóris, até que eu não tinha certeza se eu podia aguentar mais. Minhas coxas apertaram contra sua cabeça, mas ele continuou suas maquinações orais na minha fenda inchada, sensível. Parecia impossível, mas meu corpo reagiu imediatamente, construindo em direção a outro orgasmo, mas antes de chegar ao pico, ele se afastou, apertou o botão vermelho no painel de controle do elevador quando se levantou.

—Agora você está pronta para que eu te foda. —Ele disse. Não era uma pergunta, mas eu respondi mesmo assim.

—Sim. —Eu sussurrava, mal conseguindo ficar em pé.

Tudo que ele fez foi sorrir.


Capítulo 8


As portas do elevador se abriram, e Alexander entrou na suite, tirando o casaco e deixando-o cair sobre um sofá de seda em um movimento fluido. Eu o segui ainda fraca dos joelhos, e a língua presa desde sua atenção no elevador. Os arredores eram tão impressionantes quanto eu esperava. Uma parede de janelas do chão ao teto dava de frente ao o rio Tamisa, com o Big Ben no canto da suíte. Daqui de cima, o tráfego abaixo parecia um jogo de criança, mas Londres ainda zumbia com energia. Do outro lado do rio, a roda gigante girava cautelosamente, uma aparente contradição com os estilos antigos dos prédios que a rodeavam. Isso era o que eu amava sobre Londres, o velho e o novo confrontando em um momento e se fundindo em algo orgânico em seguida. Poucas cidades no mundo haviam conseguido manter a sua história, enquanto se inovava da forma como estava, e tudo sobre este lugar parecia diferente a partir de um ponto de vista. Pressionando a minha mão no vidro, eu não podia deixar de sentir tonturas. Eu estava em um novo mundo. Em muitas maneiras.

Alexander veio atrás de mim, pressionando seu corpo tenso contra o meu. De repente, não era apenas Londres que estava cantarolando com a vida. —Apreciando a vista?

—Estou. E você?

—Bastante. A cidade não é ruim. —Seus lábios desceram pelo meu pescoço, e eu senti o estreitamento doloroso, mas agradável de seus dentes. Meu corpo respondeu com um suspiro, meus membros enfraquecendo enquanto eu cedia contra ele. Suas mãos foram para a minha saia e a levantaram. Lembrei-me então que eu estava nua por baixo do vestido de verão fino, e agora eu estava em exposição, tanto quanto à cidade abaixo. Ninguém podia nos ver aqui, poucos edifícios chegavam a esta altura na cidade. Mas eu ainda me sentia exposta enquanto sua mão deslizava entre as minhas coxas, mantendo-as abertas. Alexander acariciou com um dedo ao longo da minha vagina, e meu sexo ficou mais liso com o meu desejo.

—Eu vou te comer em frente dessa janela. —Ele disse com a voz rouca. —Eu vou mostrar para a cidade inteira que eu consigo o que quero.

Meu núcleo apertou já no limite com as suas palavras, mesmo quando eu ainda me admirava de que ele me queria, mesmo que ele não me quisesse tanto quanto eu o queria. Não era humanamente possível. Amanhã eu seria a garota com quem ele tinha transado, mas ele sempre seria Alexander. O pensamento me fez ansiar por jogar fora o hoje. Eu queria saborear cada segundo, cada toque, mas eu não tinha certeza se poderia esperar muito mais tempo.

—Eu vou fazer você gozar em frente da rua mais movimentada de Londres. —Seu polegar fez círculos levemente sobre o meu clitóris enquanto ele falava, levando-me perto de outro orgasmo, mas me recusando a deixar-me cair dessa vez.

—Por favor. —Eu disse, oferecendo-me a ele. A agitada cidade abaixo de nós desapareceu enquanto ele continuava sua massagem suave. Havia apenas ele. Apenas a varredura áspera de seus dedos. Apenas o som de sua respiração irregular no meu ouvido.

—Logo. —Ele prometeu. —Mas não ainda. Eu preciso ver até onde posso te levar. O quanto essa linda buceta pode aguentar.

Sentindo sua ereção pressionando através de sua calça contra o meu traseiro me encorajou. —Eu posso aguentar qualquer coisa que você me der.

Alexander rosnou, e num piscar de olhos, eu estava em seus braços enquanto ele me carregava através da sala de estar em direção a uma porta. Eu só tive tempo para registrar uma cama antes que ele me deixasse cair sobre ela.

—Tire isso. —Ele ordenou.

Eu fiz como me foi dito apressadamente, mais para honrar a sua demanda, do que para transformar isso em um show. Tirei o vestido sobre minha cabeça, deixando apenas meu sutiã de renda prata. Há muito tempo que eu não me envergonhava em mostrar tanta pele para um homem, mas com os olhos de Alexander sobre mim, não senti receio. Seu olhar me fodia com tal intensidade, que eu acreditava que sua afirmação de que ele me faria implorar aconteceria mesmo.

—Eu quase desejaria não ter destruído essa calcinha. —Ele observou ao pé da cama, uma mão acariciando seu pênis através de sua calça. —Eu comprarei outro conjunto, então poderei foder você com essa doce renda.

Um arrepio me percorreu com a ideia de que ele já estava falando de um encontro futuro. Eu pensei que seria impossível que ele desejasse me ver novamente depois que ele me tivesse. Mas eu suspeitava que viria sempre que ele chamasse.

E eu suspeitava que eu viesse mais de uma vez.

—Abra suas pernas.

Deixei aberta quando ele começou a desabotoar a camisa. Minha respiração ficou presa quando ele deu de ombros, revelando o v do pescoço fino que expôs seus braços musculosos, e no topo do que eu tinha certeza ser um belo peito, mas para minha decepção, ele não removeu a camisa. A decepção foi de curta duração, quando ele começou a desafivelar seu cinto. Ele abriu sua calça e ficou olhando para ela por um momento, a escuridão cintilando em seus olhos claros. Perguntei-me brevemente o que ele estava pensando. Mas ele deixou-a cair ao chão, ficando apenas com sua camisa e boxer.

Eu assisti, fascinada com o que estava prestes a ver, enquanto ele tirava a cueca. Seu pênis saltou livre, a coroa ampla brilhando com a prova de sua excitação, e eu entendi por que eu tinha sido capaz de sentir isso tão claramente através de todas as nossas roupas. Parecia impossivelmente injusto, que ele fosse poderoso, bonito e tão bem-dotado. Eu nunca pensei que pudesse ficar tão descontroladamente animada por um pedaço de anatomia, mas em uma fração de segundo, eu tinha imaginado todas as coisas que eu poderia fazer com um pau tão bonito. Eu queria envolver meus lábios em torno dele, de modo que eu pudesse dar prazer a ele como ele tinha feito para mim no elevador. Eu queria senti-lo pressionado entre os meus seios, mas acima de tudo, eu o queria dentro de mim.

Era emocionante e aterrador imaginá-lo me fodendo. Eu não estava certa se minha pequena experiência anterior tinha me preparado para ele.

Alexander apertou seu pênis, passando a mão ao longo do eixo da ponta à raiz, enquanto ele me olhava com olhos nublados, como se contemplando o que fazer comigo. —Desde que eu não estou muito certo de que sua pequena buceta apertada pode me aguentar, eu acho que é melhor tentarmos algo mais... um estilo tradicional.

Apesar de tudo, um riso surgiu pelos meus lábios. Era juvenil e nervoso, o resultado de estar tanto insanamente excitada, e bem por estar fora da minha zona de conforto.

—Você está rindo de mim? —Seus lábios curvaram-se num sorriso malicioso.

—Não seja impertinente ou eu vou colocá-la sobre meus joelhos. —Ele falou com o ar de alguém que estava brincando, mas a diversão não alcançou seus olhos.

Mordi o lábio, meu corpo em guerra entre querer agradá-lo e minha mente em estado de choque total. Eu acho que eu não deixaria um homem me espancar, e ainda assim a ideia tinha feito a pulsação em meu clitóris aumentar com tanta violência, que eu pensei que poderia gozar apenas com o pensamento. Eu estava completamente à sua mercê, e ele sabia disso.

Eu vi quando ele rasgou um pacote de papel alumínio, e embainhou a si mesmo com um preservativo. Então Alexander caiu sobre a cama e se apoderou de mim. Ele pairou lá, e eu deslizei as mãos sob a camisa. Uma das mãos voou pegando as minhas, quando ele perdeu o equilíbrio e caiu em cima de mim, seu enorme peso prendendo-me na cama.

—Não. —Ele disse.

Eu pisquei perante a sua negação dura, crueza rastejou em direção a minha garganta. Não havia nenhuma maneira que eu choraria na frente dele, ou o deixaria bater em mim, nem pensar sobre isso. Meu lado racional acordou, e ele não ficou nada satisfeito por encontrar-se nesta situação. Eu empurrei contra ele, tentando tirá-lo de cima de mim, mas ele ficou no lugar, sem se mexer enquanto eu lutava para me livrar do abraço.

—Clara, pare.

Era óbvio que eu não conseguiria nada tentando libertar-me fisicamente, então me acalmei e olhei para ele desafiadoramente.

—Isso pode parar agora. Podemos parar agora. —Ele disse, e eu relaxei um pouco. —Mas eu não quero isso, e tenho certeza que você também não.

—Eu acho que eu quero!

Ele assentiu. —Deixe-me dizer uma coisa, e em seguida, você pode decidir. Se você disser pare, é isso.

—É isso? —Eu repeti, incapaz de manter a suspeita longe da minha voz.

—Eu só tenho uma regra quando se trata de sexo.

—Só uma? —Ele me deu um olhar cheio de repreensão e eu mantive minha boca fechada.

—Eu não tiro minha camisa, e antes que você pergunte, eu não explico por quê.

—Essa é sua única regra? —Eu tinha pelo menos uma meia dúzia de minha autoria, incluindo o que era e não era problema em colocar ou não colocar onde, assim como as posições que eu absolutamente não faria. Mas eu não tinha dúvida de que essas regras estritas seriam vítimas de Alexander no segundo que ele me pedisse para quebrar uma.

Parecia que eu não tinha o mesmo efeito nele.

—Minha única regra. —Ele repetiu. —Eu não gosto que as mulheres me toquem aí.

Minha cabeça e meu corpo guerrearam com essa revelação. —Você quer me colocar em exposição para toda Londres, mas eu não estou autorizada a tocar o seu abdomen? Isso não parece ser um negócio justo.

—Eu prometo que você não vai se sentir dessa forma, esta tarde. —Ele disse. —Eu não acho que você tenha alguma dúvida sobre minha generosidade até então. Mas você pode dizer não agora e sair. Eu vou entender.

—Eu presumo que outras disseram não para isso?

—Você sabe o que dizem sobre os pressupostos, Clara.

Tomei isso como um não. Claro, nenhuma outra mulher seria estúpida o suficiente para deixar Alexander para baixo. Elas provavelmente não tinham a força. Eu não tinha certeza que eu tivesse.

A mão de Alexander deslizou entre as minhas pernas e seu polegar encontrou meu clitóris mais uma vez. A ponta áspera dele circulou lentamente, lembrando-me quão excitada eu tinha estado momentos atrás. —Talvez eu possa convencer você?

Meus olhos fecharam enquanto ele continuava a massagem sensual, e eu senti minha determinação derreter. Eu o queria mesmo que eu não entendesse a sua regra. Quem era eu, de todas as pessoas, para julgar alguém por ter as questões do seu próprio corpo? Embora eu não pudesse ver o que ele poderia querer esconder. Tudo o que eu tinha visto dele até agora tinha sido perfeito, além de perfeito. Ele tinha a essência da masculinidade. Virilidade. Dominação. Ele me embasbacava toda vez que eu olhava para ele.

—Você não precisa me dizer o porquê. —Eu consegui dizer.

—Só me diga uma coisa. —Você só não as tira quando está com suas transas descartáveis?

A mão de Alexander acalmou, e ele ficou tão silencioso que eu abri meus olhos para me certificar de que ele ainda estava respirando. —Transas descartáveis?

—Garotas como eu. —Eu continuei, a despeito daquela pequena voz na minha cabeça me dizendo para calar a boca. —Garotas que você come e esquece.

—Eu não gosto desse termo. —Ele disse com um tom baixo que aqueceu meu sangue. —Eu tive sexo casual antes, Clara, mas sempre com o entendimento de que isso era o que era.

—Nós nunca discutimos isso. —Eu o lembrei. A pequena voz na minha cabeça estava gritando agora. —Olha, eu nunca tive uma aventura antes. Eu não sei como as coisas são. Eu sou uma garota de relacionamentos, então me ajude a compreender. Você mantém sua camisa para manter distância?

Sua mandíbula apertou, e uma veia pulsava no lado do seu pescoço. —Eu pensei que minhas intenções estavam claras. Eu não estava sob a impressão de que isto era uma aventura.

Meus olhos arregalaram-se. Como ele poderia não ver isso como uma aventura? Eu tinha passado menos de duas horas com o homem, e eu estava espalhada, nua sob ele. Isso era a definição de uma aventura.

—Você quer uma aventura? —Ele perguntou.

Algo em seu tom arrancou algo de mim, mas eu afastei. —Eu presumi...

—De novo essa palavra. Não estou interessado em você como uma transa descartável. Por que você pensaria isso?

Olhei para ele como se isso fosse a coisa mais ridícula que já ouvi. —Se anda como pato e fala como pato.

—Eu acho que esta é a hora em que você poderia usar foda nessa declaração.

Ele soltou minha mão e recuou. —Eu não sei o que fazer com você, Clara Bishop. Eu estive pensando em foder você desde que te vi naquele vestido preto minúsculo na festa. Quando você disse não para mim no clube, eu achei que era isso, e depois você mudou de ideia e concordou com um encontro.

Meu coração pulou com suas palavras, mesmo enquanto eu lutava para manter minha cabeça em torno do que ele estava dizendo. —Isso é um encontro?

—Não é?

—Os Reais estão realmente fodidos. —Eu murmurei, mas eu não fui capaz de me impedir de sorrir.

—E eu não sei? —Seu sorriso estava misturado com tristeza. —Então o que você esperava, flores? Cinema?

—Normalmente, eu esperava um pouco mais de conversa num encontro. —Eu admiti. Eu corei com o meu embaraço aumentando sobre o mal entendido. Mas não era só a humilhação manchando meu rosto, era a esperança, esperança de que eu o veria novamente depois disso. Eu queria acreditar quando ele disse que eu não era apenas uma aventura, mas era perigoso acreditar.

—Talvez devêssemos começar de novo. —Ele sugeriu.

Mas eu não queria isso. Eu estava muito bem amarrada, pronta para ele e o que ele tinha me prometido. Eu estava com medo que eu pudesse me agarrar se parássemos agora. Eu não estava entusiasmada com a ideia de que eu poderia vê-lo novamente momentos atrás? Por que eu trouxe isso?

—Eu não cortejo mulheres. —Ele continuou. —Não há um ponto.

—Mas estamos num encontro. —Eu apontei.

—Namoro e cortejar são duas coisas diferentes. Você e eu poderíamos ir jantar, ou para o interior, ou poderíamos ficar aqui e transar. Isso é estar namorando para mim. Cortejar implica em expectativas. Eu não sou de romance, e eu não sou de fazer nada a longo prazo. Se você está à procura de mais, eu não posso te dar isso. O que posso lhe dar é prazer. Mais prazer do que você já conheceu em sua vida. Vou gastar cada momento que tenho com você e levá-la até o limite, e segurar você enquanto você transborda. —Ele pausou para deixar isso assentar. —Não é isso que todo mundo está procurando quando vão a encontros? Por que fingir que está atrás de algo mais? Você está atraída por mim, e eu estou atraído por você. Quero transar com você durante todo o dia e, em seguida, eu gostaria de vê-la novamente e fodê-la novamente. Você poderia concordar com isso?

Mordi o lábio, tentando segurar as perguntas que eu tinha sobre este arranjo. O que aconteceria quando ele se cansasse de mim? E se eu quisesse sair? E como se para ajudar a vencer todos esses pensamentos tumultuosos, Alexander baixou seu pênis até pressionar contra a minha vagina.

Havia um milhão de razões para parar isto agora, mas nenhuma delas parecia tão convincente quanto à maldição percorrendo o meu corpo. —Sim.

Os lábios de Alexander caíram sobre os meus efetivamente terminando a conversa. Sem quebrar o beijo, eu senti seus quadris persuadindo as minhas pernas se abrirem. Eu as separei para ele, e seu pênis cutucou contra meu sexo inchado, mas ele segurou lá. Um suspiro escapou de mim quando ele me provocou com a promessa de preenchimento, e seu beijo aprofundou-se em resposta, sua língua invadiu minha boca, capturando-a e sugando mais gemidos de mim. Tudo o que ele tinha que fazer era empurrar e ele estaria dentro de mim, terminando a deliciosa agonia que eu sentia, e que colocou para descansar todas as perguntas que eu tinha dentro de mim momentos antes. Mas Alexander tomou seu tempo, seus quadris movendo-se em círculos, seu pau grosso esfregando contra o meu clitóris latejante, antes que ele cutucasse a ponta de volta para dentro de mim.

—Eu quero você dentro de mim. —Eu sussurrei, e a cabeça de Alexander levantou para que os nossos olhos se encontrassem. Ele empurrou lentamente, não quebrando o nosso olhar, e eu arqueei contra ele na plenitude requintada que eu procurava desesperadamente. Meu corpo fez contato precioso com seus músculos duros, meus mamilos roçando sua camisa de algodão, e apertei firme. Sua mão deslizou sob minhas costas, me apoiando enquanto ele me balançava em direção ao precipício.

Seu olhar estava em mim como um desafio, e eu não conseguia desviar o olhar, mesmo quando as cordas do meu corpo apertaram em um sinuoso tenso fio em espiral.

—Diga meu nome. —Ele ordenou.

—Alexander. —Engoli em seco, respirando com dificuldade enquanto a tensão escoava através dos meus músculos e assumia o controle.

—De novo. —Ele ordenou enquanto suas mãos deslizavam por meus quadris, prendendo-me a ele, enquanto seu pau cravava em mim com golpes implacáveis.

—Alexander. —Eu gritei seu nome enquanto o meu orgasmo corria através de mim em ondas violentas, causando espasmos nas minhas pernas, mas meus olhos continuaram apontados para ele. Ele continuou suas investidas, duras e rápidas, enquanto corria em direção ao seu próprio prazer. As mãos de Alexander apertaram meu quadril, e seu olhar ardia em mim quando ele gozou. Ele estava em total controle, mas eu podia sentir o meu próprio escapando a cada segundo que sua pele encostava-se à minha.

Ele passou os braços em volta de mim e caiu sobre a cama, segurando-me perto dele. Eu estava atordoada demais para me mover, então eu me concentrei na minha respiração, tentando acalmar meu coração acelerado. Isso não parecia possível com ele ainda tão perto de mim, e quando ele deu um beijo na minha testa, uma dor surgiu no meio do meu peito que não tinha nada a ver com o medo ou raiva que senti durante nossa discussão anterior. Com esse pequeno gesto, ele levou todas as questões racionais que eu tinha sobre me envolver mais com ele. Eu só queria tocá-lo novamente e vê-lo se desfazer.


Capítulo 9


Uma hora mais tarde, eu rolei para fora da cama, me movendo na ponta dos pés para esticar a deliciosa dor em meus músculos. Alexander me observava da cama, seu corpo perfeito estava meio-emaranhado nos lençóis. O pensamento de seus olhos viajando sobre a minha carne, enviou uma emoção em volta do meu pescoço, e eu decidi dar um pequeno show para ele. Alcancei a parede, me abaixei na pretensão de me alongar, arqueando as costas e empurrando meus quadris. Um grunhido baixo retumbou vindo do peito de Alexander, e eu não pude deixar de me sentir um pouco presunçosa que eu pudesse provocar uma reação tão primal nele. Eu fui em direção ao banheiro e parei na porta, posando para ele.

—Eu vou tomar um banho se você quiser se juntar a mim. —Eu ofereci.

As sobrancelhas de Alexander arquearam, mas ele sacudiu a cabeça. —Tentador, mas vou pedir o serviço de quarto. Algum pedido?

—Não sou exigente. —Mas pensando melhor. Sexo igual a esse merece ser comemorado. —Na verdade, peça um champanhe.

—Seu desejo é uma ordem. —Ele saltou da cama, ainda usando sua camiseta e nada mais, o que não fazia nada para esconder suas pernas poderosas. Ele parecia algo saído de um mito grego, cuidadosamente esculpido com perfeição para o prazer das mulheres. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Eu estava tão fixa nele, como ele esteve em mim momentos atrás.

Alexander andou até mim, um sorriso arrogante puxando seus lábios. O cabelo preto tinha um emaranhado de recém-foda, que imediatamente me lembrou de como ele parecia uma confusão com minhas mãos através dele. Ele estendeu a mão enquanto me alcançava, e eu olhei para ele com cautela, sem saber o que esperar. Fiquei surpresa quando ele me puxou para si, envolvendo um braço em volta da minha cintura. Ele inclinou-se para me beijar, e apesar de nosso estado metade despido, o beijo foi suave, com um toque de desejo escondido nele. Ele tirou meu fôlego, e eu senti outro puxão no meu peito, como se essa corda invisível estivesse me atando mais perto dele. Alexander se afastou, e quando nossos olhos se encontraram, eu vi o mesmo desejo e confusão refletidos no seu olhar.

Mas então ele bateu na minha bunda, e deixou cair seu poder sobre mim. —O que você diria se eu sugerisse que você só usasse isso perto de mim?

—Eu não estou usando nada. —Eu disse, querendo pegá-lo em seu truque. Eu precisava quebrar a tensão que pairava no ar entre nós, como ele fez para que eu não me sentisse assim. Eu não deveria sentir nada, exceto orgasmos alucinantes. As coisas estavam indo muito rápido.

—Exatamente.

—Você é um diabinho, não é?

—Eu vou te mostrar o quanto. —Ele avisou, se lançando para mim.

Meu coração disparou, alimentado por partes iguais de luxúria e turbulência, mas eu o parei sacudindo um dedo. —Você prometeu-me comida e champanhe.

Não acrescentei que eu sabia que se ele pusesse as mãos em mim, eu nunca conseguiria um chuveiro ou um lanche. Ou ter uma chance de pensar sobre o coquetel inebriante de emoções que rodavam através de mim. Seria mais fácil cair em seus braços, onde eu poderia esquecer todas as razões que estavam em minha cabeça. Parte de mim queria que ele me agarrasse e me fodesse até que eu esquecesse o quanto irracional e irresponsável eu estava sendo. Eu não podia me esconder dos fatos por muito tempo.

—Comida e champanhe. —Alexander estendeu as mãos em sinal de rendição, mas então ele cruzou-as sobre o peito e me olhou de cima para baixo. —E então eu terei você.

Um arrepio correu pela minha espinha. —Promete?

—Eu prometo que você irá passar o resto da tarde gritando meu nome.

Meus joelhos dobraram um pouco com o pensamento, e sua mão disparou para me firmar, seu sorriso maroto espalhando-se para um sorriso completo. O efeito era deslumbrante com seus dentes brancos, retos, e boa aparência como uma estrela de cinema. Eu não pude deixar de pensar naqueles lábios e as coisas que eles eram capazes.

—Você está testando minha resolução, boneca. —Alexander disse.

Eu pisquei e olhei para ele. Eu estava testando a sua determinação? Ele tinha que saber o efeito que ele tinha sobre mim. Isso estava escrito em meu rosto e no meu corpo.

—Fique aí, mordendo o lábio, com o seu cabelo para baixo. Dou-lhe dez segundos para sair daqui, ou eu vou levar você de volta para a cama.

Eu gritei e saí correndo, fechando a porta do banheiro atrás de mim. Meu coração batia forte com a promessa de Alexander e a lembrança do que ele já tinha feito para mim. Apanhei o meu reflexo no espelho, e o estudei por um segundo. Meus seios estavam duros, ainda inchados de excitação, meus mamilos eriçados firmemente só de pensar em Alexander. Mas me recusei a deixar o meu foco permanecer no meu corpo. Em vez disso, contei até dez e forçei o meu olhar para cima. Minha sombra tinha manchado um pouco, dando aos meus olhos um toque esfumaçado. Era um pouco sexy, especialmente em combinação com o meu cabelo ondulado e solto, e os lábios cor de rosa. Entre as minhas pernas eu sentia a prova escorregadia de que eu não estava apenas sonhando. A menina no espelho parecia uma confusão total. Não era um lado que eu já tinha visto em mim, mas eu tinha que admitir: eu gostei.

O banheiro do hotel era abastecido com mais do que o shampoo e condicionador de praxe. Era praticamente uma pequena loja de conveniência, e no interior do armário de remédios, encontrei um pacote de laços de cabelo. Eu puxei meu cabelo desarrumado do meu pescoço, empilhando em minha cabeça, querendo manter o olhar sexy, apenas com aparência de quem acabou de deitar e rolar na cama.

Mas quando eu entrei no chuveiro quente, me senti solitária. Seja o que fez Alexander recusar a tirar a camisa na cama, também o impediu de se juntar a mim aqui. Eu pensei sobre isso enquanto eu passava o sabão em todo o meu corpo e lavava entre as minhas pernas. Claro, é por isso que ele não quis tomar banho comigo, remover a camisa teria sido inevitável, o que significava que não era apenas uma medida de intimidade, ele estava escondendo algo. Mas o que? Cada pedaço dele que eu tinha visto até agora era impressionante. Seu corpo literalmente me deixou sem fôlego e com vontade de tocá-lo. Eu estava muito ferida no momento para ver a dura rejeição pelo que realmente tinha sido: o medo. Eu entendia as questões do corpo melhor do que a maioria, porém eu sabia que era melhor não forçá-lo. Talvez com o tempo, ele não sentisse a necessidade de se esconder de mim.

Eu encontrei-me esperando que ele fizesse isso. Mas afastei o pensamento da minha cabeça enquanto lavava o resto do sabão do meu corpo e desligava a água. Eu não tinha necessidade de me apegar a Alexander. Isto era para ser casual. Eu tinha outras coisas para me preocupar. Como o meu novo trabalho e me acomodar na vida em Londres. Não havia tempo para eu me envolver com alguém, especialmente alguém tão complicado quanto Alexander. Nós dois estávamos à procura de diversão, e se nós estávamos caminhando para que isso acontecesse, eu tinha que deixar de lado a minha curiosidade.

Amarrando um robe suave em torno de mim, eu descobri que o serviço de quarto já tinha chegado. Alexander descansava de camisa e cueca na sala de estar, os pés apoiados na mesa de café. Um carrinho repleto de pratos e copos e uma garrafa de champanhe estava parado ao lado de sua cadeira.

—Você pediu tudo no menu? —Eu perguntei.

—Pessoalmente, estou com apetite. —Ele disse com um encolher de ombros. —Mas se você não estiver, eu ainda quero comê-la contra a janela.

Eu ergui uma das mãos. —Pare. Estou faminta, talvez mais tarde?

Os olhos de Alexander brilharam quando ele assentiu. —Você continua a me surpreender, Clara Bishop. Num minuto você está fugindo de mim e no outro...

—Tira a calcinha em um elevador? —Eu terminei por ele. —Seja honesto, esta não é a primeira vez que uma garota tira a calcinha para você.

—Bem, não. —Ele admitiu. —Mas dificilmente você a deixou cair. O que me faz lembrar que eu preciso comprar outro par.

Acenei para a oferta com indiferença, mesmo com o calor que surgiu abaixo na minha barriga com a lembrança. Onde ele escondeu a minha calcinha quando ele a tirou de mim? Desde o brilho malicioso nos olhos de Alexander, ele estava pensando a mesma coisa. Ele desviou a atenção para o carrinho de serviço de quarto em uma tentativa de manter o foco. Não era saudável transar como coelhos e ficar sem comer por horas. Para minha surpresa, eu levantei as tampas de prata para descobrir dois hambúrgueres, batatas fritas, e pequenas, mas sofisticadas, garrafas de ketchup.

—Espero que esteja tudo okay. —Alexander disse, vindo por trás de mim. Ele agarrou meus quadris com suas mãos firmes e me jogou por cima dos ombros. —Você não é vegana ou algo do tipo, não é? Eu ofendi você mortalmente?

—Está ótimo. —Eu disse, tocando seu rosto. —Eu amo carne.

Levei um segundo para perceber o que eu disse, mas a partir do contato próximo de seu corpo, eu poderia dizer que o seu pau recebeu a mensagem muito mais rápido.

—Conte-me mais. —Ele respirou.

—Depois que comermos. —Eu disse, me esquivando de sua mão e agarrando um prato. —Eu não fazia ideia de que a Família Real comia hambúrgueres.

—Ah sim, normalmente é apenas assado e pernas de cordeiro com geleia de menta. —Suas palavras estavam cobertas com uma espessa camada de diversão amarga. —Na verdade, os jantares na minha família são terríveis. Rígido. Muitas maldições. Talheres demais. Alguém está sempre escolhendo brigar, geralmente eu. Talvez seja por isso que eu pule muitos jantares.

Eu tinha acabado de dar uma mordida no meu hambúrguer, mas eu tive que dar o meu melhor para não engasgar. Alexander estava se abrindo para mim. Engoli em seco a minha comida, de repente, mais interessada em aprender sobre o homem misterioso na minha frente do que no que eu estava comendo. —Eu posso entender isso.

—Ah sim. Seus pais são empresários na internet. —Ele disse. —Muitos jantares sozinha?

Eu ergui uma sobrancelha surpresa. —Checando-me?

—Eu estava interessado, e se eu tiver que passar toda a minha vida aos olhos do público, eu poderia muito bem desfrutar das vantagens da minha posição. —Ele se juntou a mim no sofá. E tudo parecia tão normal, exceto pela revelação que ele tinha acabado de jogar em mim.

—Tradução: Tudo bem para você me espionar.

Alexander riu. —Não foi tão clandestino. Você provavelmente aprendeu mais sobre mim na internet do que eu fiz a partir dos arquivos do MI5.

—Eu tenho um arquivo MI5?

—Não realmente. Daí por que eu não aprendi muito. Eu queria saber como a menina americana bonita acabou em uma festa de formatura britânica chata. —Ele admitiu.

—Não sou americana. Não realmente.

—Isso chamou minha atenção. —Ele admitiu, dando uma mordida em sua comida e mastigando rapidamente. —Você escolheu cidadania Britânica quando poderia ter escolhido manter as duas. Por quê?

Eu hesitei com essa pergunta, incerta do que responder. —Não tem nada para mim na América.

Nada bom. Eu completei silenciosamente.

—Isso soa como uma história.

—E você? —Eu perguntei, desviando a atenção para ele novamente. Não seria legal trazer meu passado. Nenhum de nós ganharia nada em trazer isso.

—Sou um livro aberto. Você só precisa pegar o tabloide mais perto para saber tudo o que precisa sobre mim.

Eu não cairia nessa nem por um segundo. As colunas de fofoca podiam fazer suposições sobre Alexander e sua vida pessoal, mas como alguém que tinha passado um pouco de tempo com ele em particular, eu sabia que eles não tinham sequer arranhado a superfície do que ele realmente gostava. E, apesar de minha experiência em primeira mão com ele, eu sabia que não tinha também. O pensamento me assustava tanto quanto me excitava.

—Eu duvido disso. Os tabloides parecem pensar que rumores são fatos, depois de tudo.

—Sim, eles fazem. —Alexander abaixou seu prato e levantou-se, indo para a frente da janela. —O que você quer saber, Clara?

—O que você me dirá?

Ele me deu um sorriso sem graça antes de se virar e olhar para fora sobre toda a Londres. —Nada. Eu não direi nada que você queira saber. Eu provavelmente te distrairei com uma piada ou um beijo.

A honestidade de sua resposta me atingiu como um golpe, e eu não podia responder. A dor em sua voz era palpável. Ela vivia e respirava, tanto quanto o homem sexy e quebrado na minha frente. Mas sua franqueza não poderia me dizer a única coisa que doía por saber: o que o tinha quebrado?

Era a única maneira de saber se eu poderia consertá-lo.

—Você vai gostar mais de mim se você acreditar nas manchetes dos tablóides. —Ele acrescentou depois de um longo silêncio.

O ar estava tão pesado entre nós agora que eu pensei que poderia rachar a sala ao meio, separando-nos para sempre. Eu não podia deixar isso acontecer. —Mesmo naquele que alegou que teve você uma orgia no Brimstone no mês passado?

—Você não gostaria de acreditar que era verdade? —Ele perguntou, e para meu alívio ele sorriu. —Ele promete ter uma resistência desumana.

Eu já tinha conhecido a resistência desumana. —Eu admito que não gostei da ideia de vê-lo no meio de uma sala lotada de mulheres.

—Ahhh. Do tipo ciumenta?

Eu nunca fui do tipo ciumenta, e eu achei que era uma coisa muito boa ser desligada assim depois da minha relação terrível com Daniel. Mas o pensamento de Alexander com outra mulher torceu minhas entranhas. Eu não podia exatamente dizer-lhe isso. Pareceria muito louco, após o curto período de tempo que passamos juntos, e eu imaginei que Alexander já tinha lidado com o seu quinhão de loucas ao longo dos anos. —Como você se sentiria se eu transasse numa sala repleta de homens?

Sua mão voou para cima, batendo na janela e me fazendo recuar. —Touché. Mas vou logo te avisando que eu não sou bom em compartilhar.

—Sem dúvida que isso vem de nunca ter que compartilhar quando criança.

—Mais do que eu gostaria. —Ele disse sombriamente, avançando em direção a mim. Seu rosto era ilegível, lançado nas sombras. —Enquanto eu estiver te comendo, ninguém mais irá. Você entendeu?

Minha boca se abriu, mas eu a fechei novamente. Afastei meu prato. Eu estava a fim de que nós estivéssemos em um nível igual. —Isso é uma ordem?

—Você não pareceu se importar com as minhas ordens anteriormente. —Seu dedo empurrou entre as camadas do meu robe e sondou meu estômago. —Você pareceu gostar que fosse dito o que fazer.

—Na cama. —Eu disse, me afastando dele. Eu sentia que uma briga estava começando, e eu não podia pensar claramente quando ele me tocava. —Eu não gosto de receber ordens.

—Eu nem sonho mandar em você além da cama, Clara. —Ele inclinou a cabeça e me estudou por um momento. —Mas pedir-lhe para não dormir com outros homens parece estar no ponto, não?

—Posso dormir com outras mulheres? —Eu perguntei.

—Não, mas essa é uma ideia interessante.

—Okay, calma lá, garoto. —Eu rolei meus olhos. —Só estou tentando provar que você está sendo irracional.

—Isso não é irracional. —Ele disse, pegando o cinto do meu robe e arrancando de modo que ele caísse. Seu olhar queimou dentro de mim, e meus nervos crepitaram, fumegante com o desejo. Ele não jogaria limpo. —Eu tenho muitas coisas planejadas para fazer com este corpo. Eu quero levar meu tempo com isso. Eu preciso, e não, eu não estou interessado em jogar joguinhos. Se você quiser ficar comigo, eu espero lealdade.

Ele aproximou-se e colocou a mão entre minhas pernas. Eu sufoquei um gemido de prazer ao seu toque, e me forcei a manter contato visual com ele.

—Não tenho nenhum problema com exclusividade, mas você não tem relacionamentos. —Eu o relembrei.

—Eu não julgo. Eu não estou à procura de romance ou casamento. Quero transar com você, Clara. Eu quero fazer você gozar, e eu quero a sua boceta perfeita, exclusivamente para mim. —Ele tinha começado a sondar a minha vagina com seus dedos longos e poderosos. Foi o suficiente para me deixar tonta, mas eu lutei para manter o controle. Estendendo a mão, agarrei seu membro através de sua cueca. Ele estava muito grosso e duro, e eu lutei contra a vontade de cair de joelhos na frente dele.

—E este é meu, então.

Os lábios de Alexander contraíram-se, e eu senti seu pau pulsando em minhas mãos. Ele pressionou contra mim, empurrando seu pênis plenamente em meu alcance.

—Ele é todo seu, Clara.

Seus lábios encontraram os meus, e em seguida me beijou até que eu já não me preocupava com o que eu realmente queria saber: Por quanto tempo? Por quanto tempo ele seria meu?

Não importava. Uma semana com ele era mais do que eu poderia pedir, e enquanto seus dedos deslizavam dentro de mim, me fodendo e me levando para outro clímax de tremer a terra, eu empurrei a questão completamente para fora da minha mente.


Capítulo 10


Eu estava sob meu estômago, totalmente nua e fantasiando sobre as mãos de Alexander amassando as partes mais íntimas do meu corpo, quando um alerta de texto zumbiu no meu telefone, que estava em uma cadeira no canto. Meu massagista, Tyrone, estalou a língua em desaprovação sobre a interrupção.

—Você está muito tensa, garota. —Tyrone me castigou. —Relaxe.

Eu tentei, mas depois da semana passada, havia apenas um homem que meu corpo obedecia. Eu me concentrei na música new age à deriva através do quarto, e voltei para minhas fantasias. Quando eu levantei meu corpo deliciosamente mole da maca no final da sessão, peguei meu telefone, surpresa ao ver que o texto que eu recebi era de Alexander.

Há uma janela nesta sala que se beneficiaria de ter seu corpo nu espalhado nela.

Eu me atrapalhei enquanto digitava uma resposta, meio tonta com o meu estado próximo ao coma. O fato de que eu podia ouvir o raspar sexy da voz de Alexander na minha cabeça ao ler sua mensagem não ajudava.

Depois que eu já estava vestida, saí para o corredor para descobrir minha mãe me esperando. Ela passou seu braço no meu e suspirou. —Isso não é maravilhoso? Eu nem sabia que estava tão tensa.

—Nem eu. —Eu disse.

—Você está pronta para as compras? —Ela perguntou.

Eu balancei a cabeça, reprimindo o impulso de gemer. Eu precisaria de outra massagem depois de passar o dia de compras sob o olhar crítico da minha mãe. Embolsando o meu telefone, eu sorri para ela. —Mostre o caminho.

Poucas horas e uma pequena fortuna depois, paramos para encontrar a minha irmã para o almoço. A multidão no Hillgrove consistia principalmente de senhoras que estavam no almoço, como minha mãe, e alguns turistas que estavam ocupados tirando fotos de seu sanduíche e variedade de chá. Minha mãe deu-lhes um olhar de mau gosto, ajustando a aba de seu chapéu Stephen Jones enquanto esperávamos que a minha irmã mais nova se juntasse a nós. Nossas sacolas de compras foram empilhadas em um assento vazio, que minha mãe tinha tomado a liberdade de arrumar. Assim como ela tinha tomado a liberdade de escolher uma dúzia de vestidos novos para mim. Eu consegui convencê-la a deixar-me pagar, e eu mesmo fui longe e comprei alguns pares de saltos. Embora eu soubesse que não teriam muito uso em torno do escritório de Peters & Clarkwell, mas desde que minha vida social tinha dado um surpreendente salto na sexta-feira, eu sabia que poderia ter muitas oportunidades de usá-los.

Eu nem tinha lutado quando ela enfiou uma seleção de vestidos curtos sensuais para mim da coleção atual de Yves St. Laurent.

—Estou tão feliz que você escolheu algumas coisas novas. —Ela disse, bebericando um martini. A maioria das mulheres aqui estava bebendo xícaras de chá, mas a minha mãe estava em seu primeiro coquetel. Eram essas pequenas coisas que mostravam que ela era americana ainda, se ela gostasse ou não.

—Eu quero causar uma boa impressão no meu novo trabalho. —Dei de ombros como se isso fosse perfeitamente óbvio. Eu não lhe disse que pelo menos metade das coisas que eu tinha comprado, eu planejava usar para Alexander. Eu guardei isso para mim, não só porque eu não estava pronta para dizer a ela que eu estava vendo ele, mas também porque eu não tinha certeza de quanto tempo o relacionamento duraria. Alexander e eu tínhamos um acordo tênue. E eu acho que minha mãe não entenderia que eu estava transando com ele sem compromisso da sua parte. Exclusividade significava nada para ela, se não fosse acoplado com um diamante no dedo.

—E você vai parecer fabulosa nos encontros. —Ela disse.

—Desculpa. Estou atrasada! —Minha irmã Charlotte disse, chegando a tempo de me salvar da curiosidade da mamãe em relação a minha vida amorosa. Ela nos deu um sorriso enquanto deixava cair sua bolsa no chão e sentava-se.

Vestida com uma blusa sem mangas de cor creme que pendia sobre leggings pretas, Charlotte parecia como se tivesse saído das páginas de uma revista de moda. O conjunto poderia ter sido simples em alguém sem o seu olho para o estilo, mas ela tinha combinado com um lenço amarelo dourado. Ela empurrou seus grandes óculos de sol de estrela de cinema para segurar o cabelo escuro, que caía sobre os ombros.

—Como foi seu encontro, Lola? —Nossa mãe perguntou, a chamando por seu apelido.

—Bom. Encerrado. —Lola atirou-me uma piscadela conspiratória, e eu fiz o meu melhor para não gemer. Eu não tinha dúvida de que seu repentino conflito de agenda tinha mais a ver com dormir fora até tarde da noite, do que o estágio de verão confortável que ela tinha desembarcado em uma empresa de marketing em Chelsea.

—Estamos felizes que você está aqui agora. —Mamãe afagou seu braço.

—O que eu perdi? —Lola perguntou.

—Eu estava contando a mamãe sobre o meu novo emprego.

Lola piscou, com o sorriso ainda estampado no rosto. —Oh!

Minha mãe não parecia notar a óbvia falta de interesse de Lola. Ela sorriu amplamente quando o garçom trouxe uma seleção de sanduíches e chá para nós em uma bandeja. Escolhendo um, ela mordeu delicadamente. —Mas eu estava muito curiosa se Clara está vendo alguém.

Houve uma ligeira pausa em sua voz, que revelou seus verdadeiros sentimentos. Eu tive que dar-lhe crédito, ela tinha conseguido evitar trazer o escândalo recente o qual eu tinha estado envolvida por toda a manhã. Isso tinha que ser algum tipo de recorde. Mas com Lola aqui, eu esperava que o assunto chegasse mais cedo ou mais tarde. Eu considerei a pergunta dela, tomando uma grande mordida de um sanduíche de pepino para me comprar algum tempo. Se eu continuasse a ver Alexander, era muito provável que eu me encontraria na capa de outro jornal de fofocas. Mas Alexander era discreto sobre o nosso relacionamento, e não havia nenhuma razão para suspeitar que qualquer um pudesse descobrir se continuávamos nossa rotina disfarçada. Além disso, tinhamos Norris. Alexander tinha deixado claro que a nossa relação não iria mais longe do que namoro e sexo. Se não havia futuro, por que eu deveria contar a ela? Eu ignorei a vibração de ansiedade que o pensamento produzia no estômago.

—Não. —Eu menti. —Embora Belle dê seus olhares para cada homem que ela conhece. —Annabelle é uma boa amiga. —Mamãe disse. —Você tem muita sorte por tê-la.

Na verdade, eu tive a sorte de tê-la por perto, mesmo que a minha mãe não soubesse a verdadeira razão. Belle era uma boa amiga, porque isso significava que eu não tinha que esconder a minha verdadeira relação com ela. Ela não contaria a ninguém, mas também significava que eu não tinha que ir para seus encontros às cegas.

—Eu vi nos jornais que você tem visto Alexander. —Lola vibrou suas pestanas inocentemente enquanto ela abandonava seu sanduíche em favor de seu martini recém-chegado.

Engoli em seco e tomei um longo gole de água. Claro, ela teria visto as fotos da noite de sexta-feira do lado de fora do Brimstone. —Eu concordei em conhecê-lo. Isso é tudo.

—Isso é tudo? —Minha mãe riu, balançando a cabeça. —Minha filha conhece o Príncipe da Inglaterra, mas não é grande coisa.

—Ele é só um homem. —Eu disse, esperando que ela não captasse minha mentira.

—Ele está longe de ser apenas um homem. —Lola opinou. —Ele é o solteiro mais cobiçado do mundo.

A vibração de chegada de uma mensagem me traiu, e os olhos da minha mãe viraram para o meu celular. Obviamente ela estava ciente do número de mensagens de texto que eu tinha recebido hoje. Agarrei o celular e joguei na minha bolsa.

—Esse homem vai governar o país algum dia. —Mamãe disse com uma voz suave.

—Mamãe, estamos mais para uma democracia. —Eu a lembrei. —Talvez eu devesse pôr meus olhos sobre o Parlamento e dormir com eles.

Lola engasgou com o martini, mas os olhos da mamãe estreitaram-se. —Não seja suja, Clara. É errado que eu queira saber os detalhes? Você não me diz nada sobre sua vida. Eu leio sobre isso nos jornais.

—Não há nada para contar. Ele pediu para me encontrar para que ele pudesse se desculpar. —Pelo menos eu não estava mentindo sobre essa parte. Elas não precisavam saber que eu tinha passado o sábado em sua cama. Memórias nublaram minha cabeça por um momento, e eu fui trazida de volta ao presente pela vibração de outra mensagem de texto. Peguei meu celular da minha bolsa e o li.

Eu preciso ter minha boca em você. Eu preciso fazer você gozar.

Minhas coxas apertaram com o pensamento, e eu tive de sacudir a minha cabeça um pouco para limpar meus pensamentos. Agora não é hora para isso, eu lembrei a mim mesma. Mamãe já estava suspeitando, e quando olhei para cima suas sobrancelhas estavam erguidas.

—Quem está te enviando mensagem hoje? —Ela perguntou.

Virei-me para a minha irmã, esperando por alguma distração, mas Lola estava colada ao seu próprio celular. Eu, obviamente, não podia contar com ela para vir em meu auxílio.

—Belle. Ela está brigando com Philip. —Eu odeio mentir. Agora eu tinha manchado o relacionamento da minha melhor amiga, mas se alguém não se importaria, esse alguém seria Belle.

—Eu espero que não seja nada sério. —Mamãe tomou um gole de martini com seus olhos ainda em mim. Eu não acho que eu imaginei o duplo sentido de suas palavras. Ela não acreditou em mim. Ela sabia que algo estava acontecendo com Alexander, mas até onde ela pressionaria era a questão? Eu precisava que nosso relacionamento fosse secreto por um tempo, até mesmo dela. Pelo menos até que eu descobrisse o que nossa relação era exatamente. Sem isso, eu não tinha certeza de que era forte o suficiente para continuar a vê-lo.

—Não é. —Eu assegurei a ela.

—Bom. —Ela gesticulou para o garçom pedindo outra bebida. —Por que eu odiaria ver você machucada.

—Eu ficarei bem. —Eu disse com um suspiro, um pouco aliviada que não estávamos contornando o problema por mais tempo.

—Eu quero que você se cuide Clara, mas um homem como Alexander... você é muito frágil para ele.

Agarrei o meu garfo e olhei para além dela. Ela tinha boas intenções, ela sempre tinha, mas isso não significava que eu não estava cansada ou que eu fosse frágil. —Eu não sou mais uma criança.

—Eu não disse que você era. Mas Clara, você é ferozmente independente. —Ela disse gentilmente. —Tanto que você nem sempre vê o que o resto de nós vê.

—Você se refere a Daniel?

—Daniel, e outras coisas.

Eu não consegui segurar um suspiro. —Estou bem, Mamãe. Isso foi a muito tempo atrás.

—Clara, querida. —Ela esticou sua mão pela mesa e pegou a minha. —Eu quero que você fique bem. Você é adulta agora. Apenas certifique-se de que suas decisões são tomadas com a cabeça e não com o seu... coração.

Eu odiava pensar que ela podia estar certa. Não era minha cabeça me avisando para ficar longe de Alexander o tempo todo? Eu me deixei ser conduzida pelo meu corpo, e de alguma forma agora, meu coração se meteu nessa confusão também. Mas a última pessoa com quem eu poderia falar sobre isso era com a minha mãe. Alexander me fez sentir viva. Na universidade, eu estava focada em meus estudos ou Daniel. Eu aprendi a esconder minhas emoções e guarda-lás para que eu pudesse chegar ao final do dia. E eu odiava. A graduação foi mais do que um grau. Era uma libertação, e com a chegada de Alexander ao meu mundo, me despertou para a vida, mesmo que fosse principalmente ao nível físico.

Meu pai esteve protegendo a minha mãe de sentir demais por anos. Ela não poderia entender.

—Me desculpe, eu preciso ir ao banheiro. —Eu estava de pé, disfarçadamente embolsando o meu telefone.

—Eu vou com você. —Lola disse.

—Eu acho que ficarei aqui com os sanduíches. —Mamãe falou, obviamente, ciente de que eu estava evitando o assunto.

—Tenho certeza que o gin lhe fará companhia. —Eu disse suavemente.

Lola me seguiu até o banheiro, tagarelando sobre seu fim de semana, sua ressaca, e um rapaz que tinha levado para casa. O básico eu filtrei, mas meus pensamentos estavam em outro lugar.

Assim que entramos no banheiro, encontrei uma cabine. Fechando a porta atrás de mim, eu verifiquei minhas mensagens.

Eu preciso ouvir você gritar meu nome enquanto eu te fodo.

Sim, por favor. Eu ouvi as palavras ditas com sua voz profunda enquanto eu as lia, atingida e atraída pelo seu desejo físico. Mal tinha sido quarenta e oito horas desde a última vez que eu tinha estado com ele, mas eu doía com desejo ao ler sua mensagem.

Eu respondi de volta.

Mas como gritarei seu nome se minha boca vai estar cheia chupando você?

Um trio de respostas chegou em seguida.

Você não saberá até que tente.

Cristo, estou tão duro por você.

Termine de comer e traga esse seu lindo traseiro para mim.

Quando saí da cabine, Lola estava apoiada no canto do banheiro. —Então com quem realmente você está conversando?

—Belle. —Eu disse, decidindo que era melhor ficar com a minha mentira, especialmente desde que Lola detinha o recorde mundial quando se tratava de fofocas. Ela continuou a me observar enquanto eu lavava minhas mãos e verificava a minha maquiagem.

—Você está brilhando. —Ela acusou. Eu segurei um sorriso e dei de ombros. —Quem estampou esse sorriso em seu rosto? —Ela forçou. —Vamos lá, você tem que me dizer. Somos irmãs!

—Eu não beijo e espalho por aí. —Me dirigi para a porta, mas ela me bloqueou.

—Foi Alexander? —Ela perguntou.

Passei por ela, ignorando sua pergunta. Era melhor nem confirmar nem negar, e eu não sabia se eu poderia tirar uma mentira convincente, quando o assunto era Alexander e sexo. Isso era algo que eu definitivamente teria que trabalhar.

Lola fez beicinho o resto do almoço, agrupando-se em mim quando a mamãe trouxe à tona o assunto do namoro.

—Seu pai falou que seu novo associado é solteiro. —Ela me disse. —Ele está desenvolvendo um app que permite seguir as pessoas pelo mundo e enviar-lhes mensagens.

—Parece com o Twitter. —Eu disse com desdém. Não havia nenhuma maneira que eu iria a um encontro às cegas com um dos amigos de desenvolvimento do meu pai.

—Clara está vendo alguém. —Lola disse. Ela deu uma mordida no biscoito e sorriu presunçosamente enquanto mastigava.

—Você disse que não estava! —Mamãe me olhou acusadoramente.

—E eu não estou. Não realmente. —Eu adicionei.

—E quanto a você, Lola? —A mamãe perguntou, e as duas caíram em uma discussão sobre os numerosos homens disputando o carinho da minha irmã.

—Eu espero que sua irmã encontre alguém logo. —Mamãe disse para ela quando terminaram de fofocar.

—Eu tive uma tarde adorável. —Eu disse, mudando o assunto para longe da minha vida pessoal. Soando distraída.

Sua mão agarrou seu colar em humildade simulada. —Foi bom, não foi? Precisamos ver mais umas as outras, agora que está fora da escola. Seu pai está trabalhando o tempo todo. Eu tenho estado sozinha.

—Eu começo a trabalhar sexta-feira. —Lembrei a ela pela décima vez hoje.

Ela hesitou e então respirou fundo. —Você sabe que você não precisa trabalhar. Pelo menos faça algo como um trabalho social.

Eu vacilei com a audácia da sua sugestão. Eu sabia que ela não aprovava a minha escolha de vocação, mas esta foi a primeira vez que ela sugeriu que eu não trabalhasse.

—Você vale vinte milhões de libras. —Ela disse com a voz baixa, para que os outros frequentadores não a ouvissem. —Você não precisa trabalhar.

Como eu poderia explicar a ela que ela era a razão por que eu precisava trabalhar? Eu assisti minha mãe mover-se de evento de caridade para evento de caridade durante anos. Ela esteve profundamente envolvida com o lançamento da empresa quando eu era um bebê, mas assim que eles a venderam, ela tinha abandonado a noção de precisar de um trabalho completamente. Eu realmente não sabia muito sobre a minha mãe, antes que ela e meu pai vendessem o seu site de namoro online, partner.com, por duzentos milhões de dólares em meados dos anos 90, mas eu tinha ouvido histórias. Ela foi ambiciosa uma vez, e ela tinha dado tudo por uma vida de encontros de compras e almoço. Eu posso não ter conhecido a minha mãe naquela época, mas eu sabia quem ela era agora, e não demorou muito para ver que ela não estava feliz. —Eu prefiro usar a minha graduação.

Meu grau era meu único trunfo, a única coisa que minha mãe sempre concordou. A coisa que ela achava que eu tinha que ter para ter sucesso na vida. Talvez porque era a única coisa que Madeline Bishop não tinha e não podia comprar.

—É claro que você preferiria. —Ela disse, seus olhos ficando vidrados. Ela olhou para longe, afastando a mão dela, e eu senti uma pontada de simpatia por ela. As coisas seriam diferentes se ela tivesse se formado? —E quando você finalmente encontrar o cara certo, você não precisará se preocupar com o dinheiro.

Isso me pareceu uma coisa estranha de se dizer. Eu sei que ela e meu pai tinham lutado nos primeiros anos de seu casamento, mas pelo menos eles foram felizes. Era estranho que ela não pudesse ver como ela estava infeliz, agora que ela tinha dinheiro. Claro, ela estava certa. Eu nunca teria que me preocupar com dinheiro. Era um pouco de alívio, mesmo que o dinheiro por vezes, me fizesse sentir indesejável. Eu brincava que daria tudo antes, mas havia disposições que me impediam no arranjo fundo fiduciário. Eu não teria a custódia total sobre o dinheiro até que eu completasse vinte e cinco anos.

Após a conta ser paga, nós nos despedimos. Minha mãe jogou os braços em volta de mim em um show estranho de emoção, e eu não estava completamente confortável com isso, mas aceitei o gesto.

—Me ligue e me conte como foi seu primeiro dia. —Ela disse enquanto juntava suas sacolas da La Mer e Louis Vuitton.

—Eu prometo.

—Lola. —Mamãe desviou a atenção para a minha irmã mais nova. —Peguei o seu creme para os olhos.

Nós caminhamos para fora do restaurante juntas, e eu me preparei assim que atingimos a porta da frente, mas não havia repórteres do lado de fora. Mamãe apertou meu braço e me deu um sorriso, antes que ela beijasse meu rosto e entrasse em um táxi que estava esperando.

Assim que se afastou do meio-fio, Lola deslizou seus óculos de sol. —Tenha uma tarde divertida.

—Estou indo para casa para um apartamento vazio. —Fiz uma pausa, em guerra comigo mesma, antes de forçar-me a acrescentar. —Você poderia vir junto.

—Tenho certeza de que você encontrará algo mais interessante para fazer. —Ela disse sugestivamente, abaixando os óculos para me dar uma piscadela.

Agarrei o meu telefone e balancei a cabeça enquanto ela se afastava. Ela não estava entrando na idade adulta, ela estava dentro dela.

O tempo em Londres tinha começado a ficar mais quente, por isso, apesar da minha coleção de sacolas de compras, eu decidi caminhar até o metrô. Eu podia imaginar o que minha mãe pensaria disso, mas parecia bobo pegar um táxi até a East London, e o tempo estava lindo. Em mais algumas semanas, o verão chegaria trazendo calor e rigidez junto com ele. Eu poderia me glorificar nos poucos dias restantes da primavera que ainda restavam.

Minha bolsa vibrou e um arrepio me percorreu da cabeça aos pés quando vi que era outra mensagem de Alexander.

Eu preciso ver você agora. O Real.

Pelo menos o meu trabalho não começaria até sexta-feira, o que significava que eu poderia jogar tanto quanto eu quisesse agora, e eu estava esperando o dia todo por Alexander pedir algo mais concreto. Seus textos tinham mantido meu corpo zumbindo com a sexualidade mal reprimida esta tarde. Agora ele faria algo sobre isso, e eu não podia esperar. Eu poderia usar o alívio do estresse depois de um dia com a minha mãe também. Eu mandei uma mensagem de volta e mudei a minha direção, indo para o hotel onde eu o vira pela última vez. Eu não conseguia evitar um sorriso um tanto bobo no meu rosto enquanto eu caminhava. Felizmente, eu tinha me arrumado para um dia de compras com a minha mãe, embora eu suspeitasse que Alexander gostaria de mim com qualquer coisa. O meu telefone me alertou para uma mensagem recebida, e eu verifiquei, excitação virando meu estômago. Eu estaria com ele em breve. Sentiria suas mãos em mim em breve. Mas quando vi o texto, o meu coração parou.

Belle: Eu acho que você deveria ver isso.


Capítulo 11


Eu li o post duas vezes enquanto punha o pé no saguão do Westminster real, mas era a imagem anexada que não saia da minha cabeça. Os braços de Alexander estavam em torno de uma mulher loura bonita, o tipo de mulher que deixaria qualquer outra mulher irracionalmente ciumenta. Não houve nenhum esforço para esconder isso. Quem quer que tenha tirado esta foto, esteve perto o suficiente para capturar o espectro completo do que vinha acontecendo. Eu a tinha visto antes, em outras fotos que Belle tinha me mostrado, mas a pior parte foi que a partir deste ângulo eu sabia sem dúvida, que ela era a mulher que Alexander havia descartado como um erro do passado naquele dia fatídico no Clube Oxford e Cambridge. Ela era obviamente alguém importante, porque a legenda dizia.

Alexander flagrado novamente com a estonteante Pepper Lockwood.

Ela era só pernas e longos cabelos loiros. Ela parecia uma modelo, e sua beleza loura dourada complementava o cabelo escuro e a tônus muscular de Alexander.

Você não tem nenhuma reivindicação sobre ele, eu raciocinei. Mas eu não deveria? Ele não tinha insistido - não, exigido - exclusividade? Aparentemente, ele não manteria as mesmas expectativas. Eu não deveria estar surpresa, mas ainda assim, eu estava, e mais do que isso, eu estava ferida. Eu tinha passado o dia inteiro sonhando em estar com ele, mas agora eu me sentia oca, eviscerada por minha loucura.

—Senhorita. —O porteiro veio até mim e hesitou. —Eu posso ajudá-la?

Eu tinha quase esquecido que eu estava de pé no saguão de um hotel cinco estrelas. Comecei a balançar a cabeça, mas então eu tomei uma decisão, guardando meu telefone. —A Suíte Presidencial.

—Você deve estar aqui para encontrar o Sr. X. —Ele disse. —Por aqui, por favor.

A parte do X, certamente pareceu conveniente no momento. Eu queria me chutar. Ele passava tanto tempo aqui que ele usava um disfarce. Como eu tinha me metido nessa confusão?

O passeio de elevador para o andar superior foi muito doloroso e lento, apesar de ser particular e reservado para os hóspedes da suíte. A foto foi tirada na noite passada em uma festa particular. Eu não estava com raiva dele por não me levar, não quando estávamos tentando manter a nossa relação tranquila, mas eu estava chateada que ele me segurou com padrões diferentes do dele. Se ele pensou que eu ficaria sentada e esperaria por suas chamadas enquanto ele transava com cerca de metade da população feminina de Londres, ele teria uma surpresa.

Mas o que realmente me assustou foi que ele claramente conhecia essa menina. Era óbvio pelo abraço e pela história em anexo, para não mencionar sua reação a sua presença no dia em que nos conhecemos. O site de fofocas apontou que os dois eram velhos amigos, mas, em seguida, especulou que algo mais estava acontecendo. Talvez ele tivesse mudado de ideia sobre me ver. Ele estava de volta a Londres há pouco tempo depois de tudo. Ele me beijou uma vez para evitá-la. Ele estava me fodendo agora para voltar para ela?

Chateou-me não saber. Não era saudável já estar tão envolvida. Eu sabia disso, mas eu também não podia evitar. Minha atração por Alexander era inexplicável. Enquanto a maioria das mulheres teria visto o seu dinheiro divino, título e sensualidade, o que estava por baixo era ainda mais sexy. Debaixo de todo o controle e poder, havia uma alma tão humana e frágil, que eu tive a sorte de vislumbrar apenas uma ou duas vezes. Mas ele mostrou a mim. Eu tinha certeza de que muito. Eu tinha pensado que isso significava algo. Agora eu não tinha mais certeza.

Talvez isso tudo fosse um jogo para ele. Ele me avisou que era perigoso. Ele me disse que isso me machucaria.

Missão cumprida.

Meu estômago revirou e eu senti uma crueza muito familiar subindo pela minha garganta, as lágrimas inchavam lá enquanto eu tentava segurá-las. Eu não lhe daria a satisfação de saber que tinha chegado a mim.

Eu estava mal conseguindo conter quando o elevador parou no nosso andar. Seu andar, me corrigi.

Fique firme, Clara. Eu me concentrei em canalizar o meu mal em raiva, e dei um passo através das portas de correr com meus punhos fechados.

Alexander estava em mim antes que eu pudesse reagir. Ele me levantou, as mãos cobrindo meu traseiro enquanto os lábios esmagavam os meus. Eu não conseguia pensar. Eu estava intoxicada por ele, meu corpo me traiu, raiva derretendo em desejo quando ele deslizou a mão para agarrar meu pescoço. Ele me pressionou contra a parede e minhas pernas envolveram mais firmemente em torno de sua cintura. Eu não queria que esse momento acabsse, embora eu soubesse que teria.

Um último beijo.

Eu não pude mais conter as lágrimas, elas deslizaram. Eu provei minha tristeza em seus lábios e ele me desceu, me afastando para me encarar com confusão.

—Clara. —Ele pegou meu queixo entre as mãos e inclinou meus olhos manchados de lágrimas ao encontro dos seus. —O que está errado?

Virei a cabeça para ele e empurrei seu peito até que ele me pôs sobre os meus pés.

—O que está acontecendo? —Ele perguntou com a voz baixa.

—Isso, Sr. X! —Eu segurei meu telefone, para que ele visse o artigo do TMI.

—Eu não sei se compreendo o que está acontecendo aqui.

—O que está acontecendo é que você é um idiota! —As palavras explodiram da minha boca.

Alexander passou uma mão pelo seu cabelo escuro e caminhou até o bar.

—Bebida?

Eu balancei minha cabeça. Era inebriante o suficiente estar perto dele, eu não tinha necessidade de comprometer ainda mais o meu bom senso.

—Então o TMI está informando que eu estava com a Pepper noite passada?

Ouvi-lo dizer o nome dela era como um soco no estômago. Isso confirmou todos os meus maiores medos. Ele a conhecia, e ele não estava nem mesmo mentindo sobre isso. Imaginei que isso deveria ter me feito sentir melhor, mas me fez sentir pior. Como se eu devesse saber que aconteceria.

—Não foi você que disse que tabloides relatam rumores como fatos? —Ele perguntou. —Porque eu apreciaria a verdade dessa afirmação. Sente-se, Clara.

Eu cruzei meus braços na frente do meu peito e olhei bem para ele. Então agora ele usaria minhas palavras contra mim. Muito bem. Ele poderia jogar desse jeito, mas isso não significava que eu teria que concordar com ele. —Eu prefiro ficar de pé.

—Sirva-se. —Alexander caiu em uma poltrona de couro e tomou um gole de sua bebida pensativo.

—Então você a conhece?

—Claro que eu a conheço. Conheço Pepper por anos.

—Você não está me fazendo sentir melhor.

—Você está com ciúmes? —Um sorriso lento esculpiu seus lábios.

Recusei-me a encarar seus olhos. Sim, eu estava ciumenta, e eu não gostava nenhum pouquinho disso. —Quem é ela?

—Uma amiga da minha irmã. —A voz de Alexander travou na palavra final desta declaração, e ele tomou um longo gole de sua bebida.

—E só isso? Ela não era a mesma garota do clube? —De repente, todos os meus sentimentos se confundiram. De uma forma muito real esta menina tinha nos juntado, mas eu precisava entender o porquê, especialmente se ela era realmente uma parte de sua vida.

—Ela era. —Ele confirmou. —Você está achando que estou usando você para atingi-la.

Como ele adivinhou isso? Como ele sabia que eu estava pensando exatamente isso, apesar de mal nos conhecermos?

—Estamos conectados, Clara. Você não pode sentir? A princípio eu pensei que fosse meramente sexual. —Alexander pousou seu copo e caminhou até mim. —A maneira como seu corpo responde ao meu. Como isso parece quando estou dentro de você. Mas é mais do que isso. Eu sei que você sente isso.

Eu sentia e era isso que me assustava. Alexander havia deixado claro que era um acordo de curto prazo, e esse sentimento, essa conexão... estava longe de ser casual.

—Por que trazer isso? Você nem mesmo quer compromisso, lembra?

—Eu lembro. —A boca de Alexander torceu em uma careta. —Nem eu entendo isso. Eu nem sequer sei por que estou me explicando para você.

—Porque você quer exclusividade, lembra? Você exigiu isso de mim! Mas aparentemente não vale o mesmo para você!

—Você acha que eu transei com ela? —Ele perguntou dando mais um passo para mim. Sua proximidade deu arrepios por todo o meu corpo, e eu tinha que me manter consciente de manter a pequena distância entre nós. Eu me odiava naquele momento. Eu o odiava por me fazer querê-lo tanto.

—Se anda como uma transa e fala como uma transa. —Eu disse. Essa era definitivamente a hora de usar o termo verdadeiro.

—Eu não minto, Clara. —Alexander disse com uma voz calma. —E se você me acusar de fazer isso, então eu vou te colocar sobre os meus joelhos.

Eu engasguei, dando um passo para trás. Ele tinha me ameaçado com isso antes, mas eu vi agora que ele queria realmente dizer isso. E não de brincadeira.

—Você gostaria disso. —Ele continuou, rondando em minha direção. —Eu vejo em seus olhos. A fome.

Eu levantei a mão, balançando a cabeça, forçando o meu lado racional a prevalecer sobre meus hormônios.

A mão de Alexander disparou e agarrou a minha, trazendo-a para seus lábios.

—Eu nunca colocarei um dedo em você sem a sua permissão, mas quanto mais cedo você aceite a verdade Clara, melhor será.

—Que verdade? —Engasguei com as palavras, desejando ignorar a chama que inflamava o desejo em mim.

—Você quer se submeter a mim. Você quer que eu diga o que fazer com essa doce boquinha. O jeito que seu corpo responde ao meu. Ele quer ser controlado. Dominado. Você quer ser dominada. Você é incrivelmente forte, Clara. —Alexander deslizou um dedo pelo meu estômago e meu núcleo apertou. —Mas você precisa perder o controle. Você quer.

Eu balancei a cabeça, mas suas palavras tinham atingido uma corda. Eu não diria a ele que não. Eu estava dizendo a mim mesma não. —Não, eu não quero.

—Você estará a salvo comigo. —Alexander pegou minha camisa em suas mãos e puxou-me mais para perto dele até que nossos corpos pressionaram um no outro. —Eu nunca vou levá-la mais longe do que você pode aguentar, mas vou levá-la até o limite. Vou lhe dar mais prazer do que você jamais imaginou ser possível.

Engoli em seco, tentando compreender essas promessas e o estranho efeito que tinham sobre mim. Meu lado racional começou a pintar uma imagem. Eu tive um mau relacionamento antes, e ficou claro que este iria na mesma direção. —Eu não sou assim.

—Eu não creio que você compreende o que estou oferecendo a você. Relaxe. Meu único pensamento é o seu prazer. Quando você der a si mesma para mim, eu assumirei essa responsabilidade a sério, Clara.

Eu me afastei de seu olhar intenso, tentando clarear minha mente. —Do que você está falando? Cordas e palavras de segurança?

—Pequenos passos, Clara, mas sim. Uma palavra de segurança é necessária. Por enquanto, eu quero que você confie em mim. Eu quero que você confie que vou te dar prazer.

—E você me punirá também? —Eu exigi. —Ameaça bater em mim se eu me comportar mal?

—Só quando você não confiar em mim. —Ele disse friamente, embora o fogo ardesse em seus olhos. —Sem confiança, você não pode me dar o controle, Clara, e então não poderemos ter o que ambos precisamos.

—Você quer dizer isso! —Eu não podia acreditar que estávamos tendo essa discussão.

—Precisar. —Ele disse com uma voz baixa, que era tudo menos suave. —O que você precisa.

—Eu... não... —Engasguei com as palavras, muito surpresa para repreendê-lo.

—Sim, você precisa. —Ele disse gentilmente as palavras, como se explicasse para uma criança por que ela precisava comer vegetais. —Deixe-me te mostrar.

Recusei-me a ele, mas meu corpo reagiu às suas palavras com um arrepio de excitação perigosa. Balançando a cabeça, eu me forcei a rejeitar a sugestão de que eu queria isso. —Eu não posso. Sinto muito.

Alexander deu um passo para trás e me encarou. —Alguém tentou te ferir antes.

Eu mordi meu lábio, lágrimas nos meus olhos pungentes. E ninguém tentaria novamente.

—Eu não sou ele, Clara. Isso não é o que eu quero fazer com você.

—Você me assustou. —Eu gritei. —Você disse que me machucaria!

Ele tinha me mostrado todos os sinais de alerta, e eu ainda vim correndo para ele. Para sua cama. De repente, tornou-se claro que não era Alexander que estava enviando sinais mistos.

—Eu disse. —Ele falou com uma voz suave. E se afastou de mim.

—É melhor eu ir. —Não havia nada para mim aqui. Isso estava bem claro.

—Provavelmente você deveria. —Ele disse. —Mas eu gostaria que você não fosse. Vá para a cama comigo só mais uma vez. Deixe-me te mostrar. Deixe-me te dá prazer.

Pensei em como eu senti quando vi o artigo mais cedo hoje, e ouvi o eco de aviso da minha mãe na minha cabeça. Eu estava muito confusa. Alexander tinha misturado tudo, e passar mais tempo com ele, ir para a cama com ele, só pioraria essa confusão. Eu lhe dei a ideia errada sobre mim, sobre o que eu queria. Eu não tinha caminhado para uma armadilha. Eu tinha levado o predador à minha porta com promessas derramando de meus lábios. —Eu não posso.

Alexander se esticou, mas ele não se virou para olhar para mim, ao invés disso ele balançou a cabeça bruscamente, mas enquanto eu me virava para sair, ele disse.

—Você não quer.

Havia uma nota de culpa em sua voz. Ele podia ver através de mim. Ele não tinha mentido sobre essa conexão. Por que então ele não podia ver que a intensidade da nossa relação era aterrorizante? Mas ele sabia disso. Ele também sabia que eu achei emocionante. Ele tinha contado com isso para ser o suficiente, e quase foi, mas eu tinha visto a escuridão em seus olhos, e isso me assustou.

Isso me assustou quase tanto quanto me despertou. Foi por isso que parti.


Capítulo 12


Os próximos dias passaram em um borrão, e eu me encontrei, apesar das minhas melhores intenções, verificando o alerta de e-mail que Belle havia criado para mim. Isso não importava. Alexander estava voando baixo sob o radar. O único contato que ele pareceu fazer com o mundo exterior, foi o texto que ele enviou para o meu celular. Estava tornando difícil manter a minha decisão de terminar o nosso breve relacionamento antes que ficasse fora de controle. Eu fiquei me lembrando repetidamente que era melhor acabar com as coisas agora, do que com o passar dos dias. Nós mal nos conheciamos afinal de contas, mas o fato de que Alexander não tinha desistido, sugeria que talvez eu não fosse louca por estar sofrendo aqui também.

Ainda havia tanta coisa que eu desejava saber sobre ele. No entanto, eu sabia que o meu fascínio por ele não era saudável. Alexander vinha com uma bagagem que eu não podia carregar. A fama. A escuridão. As questões de controle. Foi muito, muito rápido. Ele me consumia quando estava perto de mim, e quando ocupava a minha mente. Terminar era a única solução.

Então porque eu não conseguia deixá-lo?

Mas esta manhã, eu tinha coisas maiores na minha mente. Pelo menos, eu estava tentando manter o fato de que começar o meu novo trabalho na Peters & Clarkwell, seria minha prioridade. Na realidade, o fato era que eu estava falhando miseravelmente.

—Você deveria bloqueá-lo. —Belle sugeriu enquanto me empurrava uma xícara de café.

—Ele tem acesso ao SIS. —Eu a lembrei. —Não estou muito certa de que adiantará se eu bloqueá-lo. —Eu não acrescentaria que eu já tinha tentado, mas não tinha conseguido.

—Eu não gosto de te ver desse jeito. Tem certeza que essa menina é realmente algo para ficar tão ofendida?

O coração de Belle estava no lugar certo, porque eu não tinha sido capaz de lhe dizer a verdade. Que a verdadeira razão para me afastar de Alexander, não tinha nada a ver com as fotos dos tablóides dele com Pepper Lockwood. Como eu poderia explicar para ela que ele me assustou? Ela sabia que eu tinha atraído os homens errados no passado. Ela entenderia completamente a minha compulsão para fugir, se ela soubesse o que ele queria, e talvez seja por isso que eu não podia fazer isso. Belle nunca olharia para Alexander da mesma forma novamente. O que eu não conseguia entender, era porque isso me importava tanto. Ele queria me dominar. Ele alegou que seria apenas no quarto. Ele alegou que seria seguro. Mas isso era um risco que eu seria capaz de assumir?

—Eu não sei. —Eu disse, não disposta a mentir para ela. Pelo menos, não totalmente. —Talvez eu esteja somente ferida, mas eu acho que é melhor se mantivermos distância.

Como se na sugestão, meu telefone tocou com uma mensagem de texto. Agarrei antes que ela pudesse ver o que ele disse. Os textos de Alexander variavam de razoável à descontroladamente sexual, embora eu esperasse que os excessivamente sujos viessem de uma noite em que bebeu demais. Ele conseguiau mantê-los respeitosos em sua maior parte, o que tornou ainda mais difícil não responder.

—O que quer que seja, ele não está tentando esconder que está pensando em você. —Belle jogou o cabelo sobre o ombro e me lançou um olhar significativo.

—Ele está pensando em sexo, igual a todos os caras. —Eu a corrigi.

—A maioria dos caras não se preocupa em ficar pensando, muito menos enviando mensagens de texto repetidamente.

Voltei minha atenção para o meu café, esperando que ele estabilizasse o ritmo agitado dos meus nervos. —Eu não posso me preocupar com isso. Começo a trabalhar hoje.

—E você está fabulosa. —Belle disse, captando a minha sugestão. Pelo menos, eu poderia contar com ela para saber quando deixar alguma coisa.

Eu estava fabulosa porque Belle tinha organizado o meu guarda-roupa novo para mim, e me ajudado a escolher o meu primeiro visual. Ela havia abandonado dois dias de compromissos para concentrar-se em me distrair, e eu estava grata. Como se constatava, havia esperança no departamento de moda, porque esta manhã, ela só teve que corrigir a minha escolha de sapatos. Eu ainda não estava convencida a usar um salto três polegadas de Jimmy Choos para trabalhar, mas quem era eu para discutir com Belle? Eu amarrei meu cabelo em um coque frouxo na parte de trás do meu pescoço, não querendo parecer muito jovem ou muito frígida, e coloquei apenas maquiagem suficiente para dar à minha pele pálida um pouco de cor.

—Você acha que esse vestido está bom? —Eu alisei o vestido de linho simples que eu estava usando, perguntando pela décima vez se eu deveria vestir um casaco. O verão estava aproximando-se, e eu esperava que a caminhada fosse quente. A última coisa que eu queria era aparecer suada no meu primeiro dia, mas, novamente, eu não estava convencida de que um vestido sem mangas era adequado para o trabalho.

—Para com a obsessão. —Belle sacudiu a cabeça. —Você está ótima e não precisa de um casaco, antes que me pergunte. Eles são sortudos por terem você. Você não precisa desse trabalho, Clara.

—O que não significa que eu não possa fazer o que eu quiser. —Eu argumentei.

—Não, mas não significa que você tem que se preocupar com o que eles pensam sobre você, ou pelo menos o que eles pensam sobre sua roupa. Mas assim mesmo, você parece uma mulher de carreira sofisticada, e eles vão morrer com o seu sotaque.

Eu sacudi minha cabeça dramaticamente. —Eu não tenho sotaque.

—Você é uma Americana em Londres, docinho.

—Eu não sou Americana!

—Se você anda como pato e fala como pato. —Ela disse com uma piscadinha.

Todo o entusiasmo drenou do meu corpo, e cai para frente para agarrar a bancada. Será sempre assim? Pequenas coisas lembrando-me de Alexander. Pequenas coisas me deixando louca. Todos os “se” e os “poderia ter sido” devastando a minha sanidade.

—O que foi? —Belle gritou, jogando sua caneca para baixo tão rapidamente que seu conteúdo salpicou por cima da borda. Ela pegou meu braço e me olhou com preocupação.

Eu só pude balançar minha cabeça e lhe dar um sorriso murcho. —Nada.

—Você estava pensando nele, não estava? —Não havia acusação em sua pergunta. Era suave e reconfortante, praticamente me implorando para confiar nela.

—Eu sei que tem muito mais acontecendo aqui, Clara. Inferno, se eu soubesse que ele teria esse efeito em você, eu nunca a teria encorajado a sair com ele.

—Por que você acha que ele tem efeito sobre mim? Eu mal o conheci. —Mas as minhas palavras eram ocas. Havia um monte de coisas que eu não sabia sobre Alexander. O problema era que eu queria conhecê-las, e eu tinha visto o suficiente para me sentir ligada a ele. Na verdade, eu sabia que não era apenas um sentimento. Eu estava ligada a ele, mas não podia explicar isso a Belle. Eu mal podia explicar isso para mim mesma.

—Oh querida. —Belle afastou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e colocou os braços em volta de mim. —Hoje não é sobre ele. Você trabalhou tão duro para chegar aqui.

Ela estava certa. Eu não podia deixar Alexander estragar isso. Se eu quisesse realmente provar que era independente, que eu não o queria, eu tinha que ficar de pé sozinha e fazer isso. —Eu vou me matar nesses saltos. —Eu disse pronta para falar sobre qualquer outra coisa.

—Absurdo. Os saltos são fichinha. —Ela me lembrou.

Eu ri enquanto considerava os estiletos altíssimos que ela me convenceu a comprar para as noites na cidade. Aparentemente, ela não temia a mistura de álcool e calçados tanto quanto eu temia.

—Eu preciso ir.

—Aqui. —Belle colocou um saco na minha mão. —Almoço.

—Obrigada, Mamãe. —Eu disse beijando-a na bochecha.

—Sem desculpas. Faça uma pausa para o almoço. Eu não quero que você trabalhe até morrer!

Sorri enquanto eu fechava a porta do apartamento atrás de mim, e percebi que tinha alguém cuidando de mim depois de tudo.

*****

A minha mesa consistia em uma pequena mesa amontoada em um cubículo, o mais longe da janela quanto possível, e eu adorei. Eu ganhei a mesa e uma placa de identificação pequena, que o meu novo patrão apresentou a mim na minha chegada. Isso era o que eu não podia explicar para meus pais ou para Belle: o sentimento de orgulho por ter trabalhado por alguma coisa. Eu amava todos eles muito mesmo, mas era algo que eles simplesmente não conseguiam entender.

—O fax fica aqui. —Bennett explicou para mim enquanto o seguia pelo escritório. Estava grata que ninguém me deu uma segunda olhada. Meu breve momento de fama parece que estava distante nas memórias de todos. Claro, talvez eles não estivessem interessados nas matérias do TMI. Trabalho sério era desenvolvido aqui.

—Estamos prestes a iniciar uma campanha com a fundação de Isaac Blue, de sensibilização sobre a segurança da água potável na África. Eu sei que você tem alguma experiência de trabalho com o bem conhecido... —A voz de Bennett foi sumindo assim que ele viu meu rosto.

—Sinto muito. —Eu botei para fora, apontando para ele continuar.

—Quando seus pais venderam a empresa deles, você passou algum tempo nos círculos sociais? —Ele perguntou, e eu imediatamente me senti tola. Claro, isso é o que ele queria dizer. Nós tínhamos discutido a empresa dos meus pais durante a minha entrevista. Ele teria feito uma pesquisa de acompanhamento.

—Eu era um pouquinho jovem para me lembrar disso. —Eu admiti.

—Não se preocupe com isso. —Bennett acenou. —Eu só estou tentando alertar a todos agora, porque Isaac pode participar de algumas reuniões e bem...

—Eu entendi. —Eu disse com um sorriso. Eu não podia exatamente culpar o chefe por querer que todos soubessem que trabalharíamos com um dos homens mais sexy do mundo. Um ano atrás, essa notícia me emocionaria. Eu provavelmente enviaria uma mensagem para Belle assim que eu ficasse sozinha, mas agora eu mal fiz uma careta.

Bennett recebeu-me em seu escritório e tomou o seu lugar. Sorri quando vi a fotografia de duas meninas de cabelo loiro idênticas em sua mesa.

—Abby e Amy. —Ele disse com um largo sorriso. Sua afeição por elas era óbvia. —Elas tinham seis nessa foto, agora estão com quase dezoito.

—Você deve estar com as mãos cheias. —Eu disse, pensando em quantos problemas Lola e eu tinhamos causado quando éramos crianças. Nós tinhamos nascido tão próximas, que tinhamos agido como gêmeas até a escola secundária.

Bennett enfiou as mãos atrás da cabeça e franziu a testa. Ele era um cara de boa aparência, em seus quarenta e poucos anos, com o cabelo grisalho, e linhas da idade que deixavam seu olhar distinto. Ele teve a sorte de envelhecer bem, mas eu imaginei que as gêmeas o mantiveram jovem. —Quando eu tinha a sua idade, eu arrumei esse emprego porque eu idealizava o mundo. Agora que eu tenho, eu faço porque não idealizo mais.

Eu acenei como se compreendesse.

—Para quem está fazendo isso? —Ele perguntou. —Você tem outro motivo?

Engoli contra a minha boca seca e balancei a cabeça. Pelo menos eu sabia que ele não tinha ouvido falar sobre mim e Alexander. Ele teria perguntado se ele tivesse ouvido. —Não. Estou fazendo por mim.

—É uma razão tão boa quanto qualquer outra. —Ele balançou a cabeça e sorriu para mim. —Desculpe, eu não tive a intenção de obter todos os seus motivos. Eu acho que eu tenho sido um pouco filosófico demais desde que a minha esposa morreu.

Eu sufoquei um suspiro, mesmo quando a minha mão voou para meu peito. Eu não tinha certeza se doeu mais por ele ou pelas meninas. Eu tinha um relacionamento tenso com a minha mãe, mas pelo menos ela estava por perto. —Eu sinto muito.

—Obrigado. —Ele disse sinceramente. —Meu terapeuta quer que eu fale sobre isso com os outros então isso se tornará mais real para mim.

Eu não pude evitar que meu rosto entregasse o que achei dessa informação.

—Seu terapeuta é um idiota.

Assim que isso saiu da minha boca, eu desejei que pudesse engoli-lo de volta, mas era tarde demais. Para meu alívio, Bennett jogou a cabeça para trás e riu.

—Você sabe, Clara. Você está certa. Eu penso a mesma coisa, mas todo mundo continua me dizendo que devo continuar o vendo. —Ele disse. —Eu deveria cancelar minha próxima consulta, hã?

—Eu acho que se isso é o melhor que ele pode fazer... —Eu disse me desculpando. —Estive aqui por uma hora, e eu já estou me intrometendo em sua vida pessoal. Eu sinto muito.

—Não sinta. Foi uma mudança de ritmo. Para todos aqui. —Ele baixou sua voz para um sussurro. —Eles estavam por perto quando ela morreu. Eles me tratam como se eu fosse feito de vidro.

Eu sabia o que era ser considerado frágil. Tornava-se impossível dizer se você realmente quebraria se caísse depois de um tempo. —Eu não vou te tratar dessa maneira.

—Você vai ser dura comigo, então? —Ele olhou para mim esperançosamente.

Eu abri um sorriso. —Você não tem ideia.

*****

Apesar das boas intenções de Belle, o meu almoço deixou algo a desejar, ou seja, no departamento de sabor. Então eu peguei minha bolsa, pensando que poderia verificar a loja de batatas fritas na esquina. Assim que eu saí, senti os olhos em mim. A menina no cubículo do outro lado da minha mesa desviou o olhar assim que me virei para ela. Mais duas pessoas sussurraram no canto, e não se preocuparam em esconder o seu olhar. Minhas bochechas inundaram com calor. Talvez eu estivesse errada sobre não ser reconhecida. Peguei meu telefone da minha bolsa para enviar um texto para Belle, e descobri que eu tinha um novo e-mail na minha conta pessoal. Meu coração parou quando eu vi a linha de assunto.

Os textos que o Príncipe Alexander não quer que você veja

Olhos perfuraram em mim de todas as direções, e eu quis que o chão me abrisse e me engolisse viva. Isso era o que eu tinha desesperadamente tentado evitar: atenção. Eu rolei através da história, lutando contra a vontade de vomitar. Bile subiu na minha garganta quando eu vi as mensagens postadas. Elas estavam todas lá, em toda sua glória explícita. Não só alguém tinha hackeado sua conta, mas eles tinham rastreado o destinatário das mensagens: eu. E para ter certeza de que não havia dúvida de que eu era a Clara Bishop que tinha deixado o príncipe em um frenesi, eles incluíram uma foto que devem ter tirado esta manhã, quando saí para o escritório. Como eu não tinha os notado lá? Eu fui tão óbvia?

Enfiei meu celular de volta na bolsa e levantei minha cabeça, determinada a fazer uma saída digna. Eu pegaria o meu almoço. E esqueceria que isso aconteceu e tudo isso acabaria. A primeira história foi esquecida, afinal de contas, e não foi nada de mais. Estava tudo acabado entre Alexander e eu. Mas eu não tinha conseguido dar dois passos quando a minha confiança vacilou e eu tropecei. De pé, na porta da instituição Peters & Clarkwell, estava Alexander.


Capítulo 13


Levei alguns segundos para me recompor, mas eu recuperei o meu passo e caminhei em direção a ele. O que ele estava fazendo aqui? Como ele sabia que eu tinha começado a trabalhar? Tinha sido dias desde que eu o tinha visto, e eu nunca lhe disse onde ia trabalhar. Mas apesar de sua presença inexplicável, eu não estava surpresa que Alexander tivesse me encontrado. Atrás de mim, o escritório zumbia enquanto as pessoas percebiam quem ele era.

Tanto para uma vida de trabalho normal.

—O que você está fazendo aqui? —Eu sussurrei. Cruzando os braços sobre o peito, eu fiz o meu melhor para parecer infeliz por vê-lo. Por dentro, eu não estava nada. Deus, ele estava sexy. Seu cabelo estava despenteado, embora notasse que ele tinha círculos sob seus olhos, como se não tivesse dormido. O mais provável era que ele passou os últimos dias festejando. Ele estava vestido casualmente com uma camiseta e jeans, que estava pendurado em seus quadris como um convite. Meus pensamentos viraram para as memórias de nós na cama, e eu prendi minha respiração na esperança de acalmar meus nervos que estavam abalados, então ele não veria o seu efeito sobre mim.

—Você já teve tempo suficiente. Eu preciso falar com você. —Ele se adiantou e pegou meu braço em um aperto suave, mas firme, me levando para o elevador do edifício.

Ele estava falando sério? Eu tive tempo suficiente?

—Você não poderia ter me enviado uma mensagem? —Eu perguntei com um tom sarcástico na minha voz.

—Eu acho que você já viu isso também. —Alexander deixou cair seu poder sobre mim assim que entramos no elevador, mas assim que as portas fecharam-se atrás de nós, ele me prendeu contra a parede.

—Alexander!

—Por que você não respondeu minhas mensagens?

—O mundo todo pode ler por um site de fofocas que você quer transar comigo e você está preocupado com isso? —Não me preocupei em esconder a minha descrença, porque eu estava muito ocupada e focada em manter meu corpo em alerta, ao mesmo tempo em que ele se rebelava contra mim. Era tudo que eu podia fazer para não arquear em seus braços e beijá-lo. Eu queria afastar o medo que eu vi nos olhos dele, e dizer-lhe que tudo ficaria bem. Mas era uma mentira, como era eu fingindo que eu não queria que ele estivesse aqui comigo.

—Eu não dou a mínima para o que eles podem ler! —Ele explodiu, empurrando a parede com os punhos fechados. —Por que você se importa com o que eles pensam, Clara?

—Eu? —Eu toquei meu peito para dar ênfase. —Você foi o único que quis me encontrar num Hotel para fodas!

Alexander me olhou fixamente por um momento, rodas girando em sua cabeça.

—Eu fiz isso para te proteger. Você estava assustada com os paparazzi.

—Eles estavam relatando que você estava em um relacionamento. —Eu o lembrei. —E eu não sabia quem você era na época.

—Nós estamos num relacionamento. —Ele disse.

Fiquei de boca aberta. Eu estava dividida entre o borbulhante sentimento de alegria que isso produziu em mim e confusão total. Não importa se eu disse que as coisas entre nós estavam acabadas, as coisas realmente nunca chegaram a começar.

—Nós estragamos tudo.

—Você estava sobrecarregada e eu lhe dei espaço, mas você pensou que eu permitiria que acabasse com as coisas assim? —Ele perguntou. —Eu deixei claro que eu não tive o suficiente de você.

—Mas você não queria ser visto comigo. —Eu insisti. —Você não pode escolher o momento de estar em um relacionamento! —Eu sabia que era mais complicado do que isso. Eu só queria que fosse assim tão simples. Havia muito para resolvermos, especialmente quando tudo entre nós vinha em seus termos.

—Eu queria proteger você. —Alexander virou-se para mim, deslizando um dedo pelo meu rosto. —Eu não queria te assustar. Eu posso fazer isso sozinho.

Eu soltei uma risada curta e sem humor quando as portas do elevador se abriram. —Você pode.

—Então é assim que vai ser? —Ele perguntou, me empurrando para um canto deserto do saguão. —Um mal entendido?

Eu queria que fosse isso e nada mais, mas a verdade era que havia muito mais acontecendo. Em primeiro lugar, havia a misteriosa Pepper Lockwood. Ele ainda não tinha explicado o que realmente estava acontecendo com ela para mim, e então havia a proposta que ele ofereceu na última vez em que nos falamos. Ele queria me dominar. Ele queria me submeter. Eu não tinha certeza se era capaz disso. Eu não tinha certeza se isso era saudável.

Eu sacudi minha cabeça, lágrimas deslizando pelo canto dos meus olhos. —Eu gostaria que fosse.

—Você estava assustada comigo. —Ele falou como uma afirmação, não como uma pergunta, e deixou cair seu poder sobre mim em resignação. —Eu tentei te alertar.

—Talvez eu não tenha compreendido. —Eu disse suavemente. Eu não podia negar que eu não tinha parado de pensar nele, e eu não podia negar o que sentia agora que ele estava aqui. Em algum lugar, o meu lado racional estava balançando a cabeça, mas onde o meu lado racional me levou romanticamente? Meu corpo sabia o que queria, mas eu podia confiar nele? Talvez fosse hora de ouvir meu coração.

A mão de Alexander agarrou meu quadril com força, amassando a carne através da minha saia, como se ele estivesse considerando rasgá-la de mim. Eu tremia ao seu toque, com fome do seu contato depois de tanto tempo. Como eu poderia negar como ele me fazia sentir? Mas eu precisava pensar. Eu precisava saber no que estava me metendo. Não havia como eu poder escolher querer ou não, Alexander já tinha um lugar na minha vida.

—Quando eu disse que estava protegendo você dos repórteres, como você se sentiu? —Ele perguntou.

Fiquei surpresa pela mudança na conversa, mas eu considerei a pergunta por um momento antes de responder. —Eu acho que... —Eu parei, respirando profundamente antes de responder. —Sentime segura.

—Por quê? —A questão era um desafio. Ele estava tentando me ajudar a entender seu próprio raciocínio. Mas era mais do que isso. Eu podia ver nos olhos dele que ele precisava que eu entendesse.

—Porque você se importa. —Eu percebi.

Era difícil explicar-lhe que meus pais muitas vezes estavam ocupados em empreendimentos comerciais, para se preocuparem em como seu estilo de vida me afetava. Em vez disso, eles me forçaram, tentando me controlar. E então havia Daniel, que era uma bagunça totalmente diferente. Mas também havia um elemento que eu não entendia completamente. O pensamento de Alexander me protegendo publicamente, particularmente não me estressava. Ainda não, pelo menos. Não quando eu realmente considerava iso. Em vez disso, ele me inundou com calor repentino. Quanto mais eu pensava nisso, mais a propagação de calor aumentava, até que me senti segura e protegida.

—Eu me importo, Clara. —Ele inclinou-se para que nossos rostos estivessem no mesmo nível, e me olhou nos olhos, sem pestanejar. —Eu não queria que você experimentasse ser destruída pela imprensa.

—Então era por isso que você não queria ser visto comigo? —Eu perguntei.

—Você já se olhou no espelho ultimamente? Só posso supor que não. Então, deixe-me descrever como você se parece agora. Clara Bishop tem grandes olhos cinzentos, com cílios vibrantes e um nariz empinado. Isso já seria o suficiente para torná-la bonita, mas ela tem esses lábios carnudos que me deixam duro. O cabelo dela é sedoso e macio, e não importa o quanto ela tente controlá-lo, há sempre alguns fios que escapam pelo pescoço ou caem em seu rosto. Eu não posso deixar de imaginar deixando-o todo para baixo, vendo-o cair sobre os ombros quando ela vem chupar o meu pau. —Alexander mudou de posição, apertando-me contra a parede, de modo que eu podia sentir sua ereção empurrando contra mim. —Ela me deixa louco, e honestamente, não me importo que saibam disso.

—Mas você não tem relacionamentos, Sr. X. —Eu disse com uma voz suave.

—Eu não sou de romance. —Ele corrigiu. —Mas se você me permitir, eu terei com prazer.

—Então não há mais ninguém, Sr. X? —Eu propositadamente o chamei pelo apelido que ele usou no hotel.

—Muito formal, boneca.

—Okay, então. Então não há mais ninguém, X?

—Eu lhe dou minha palavra, Clara. —Escuridão brilhou em seus olhos, transformando o cristal azul em aço.

Eu tremi, lembrando-me da última vez em que questionei sua palavra. Ele tinha ameaçado me espancar. A única coisa que eu sabia que não poderia permitir. —Mas você quer me dominar.

Eu não pretendia ser uma pessoa agressiva. Às vezes, como tantas mulheres que eu conhecia, eu seguia a rota da passiva, preferindo evitar confrontos. Mas eu poderia ser assertiva também. A única coisa que eu não poderia escolher ser, era submissa.

—Eu quero te dar prazer. Quando você descobriu que eu estava protegendo você, isso fez com que você se sentisse segura. É isso o que quero fazer. —Ele explicou enquanto os lábios passeavam ao longo do meu queixo, fornecendo evidências do que ele queria dizer. —Eu quero te mostrar que eu posso te proteger enquanto te mostro os mais altos prazeres que você nunca conheceu.

Eu engasguei ao pensar em Alexander tomando controle do meu corpo, com suas mãos em mim, e sua voz me comandando a explorar. Ele tinha provado que era um excelente amante, mas eu poderia realmente entregar-me a ele? Eu poderia confiar nele para não me machucar novamente?

—Eu não sei. —Eu disse. Porque eu não sabia. Eu não podia contar com a possibilidade de manter meu juízo quando se tratava de Alexander. O que significava que eu não podia contar em não cometer um erro.

A cabeça de Alexander caiu no meu ombro com resignação, mas quando ele levantou-a para encontrar o meu olhar tímido, o fogo apaixonado que ardia momentos antes ainda continuava a arder. —Você venceu.

—Eu? —Eu não compreendi.

—Faremos do seu jeito, Clara. Eu quero você. Eu quero você de qualquer jeito que eu possa ter.

Ele estava cedendo, ou isso era um compromisso? Eu não conseguia entender o que ele estava me oferecendo.

—Você concorda que eu não seja sua submissa?

—Eu concordo não te forçar, Clara. A menos que você me peça... —Sua voz apagou, deixando algo não dito. Mas se ele não me forçaria sobre isso, eu não poderia forçá-lo também.

Meu pulso acelerou em sua confissão, mesmo quando o choque me atingiu. E enquanto meu coração se emocionava, o desejo por ele reuniu na minha barriga. Quanto tempo eu tinha que esperar até que eu pudesse tê-lo de novo?

—Logo, boneca. —Alexander prometeu, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e beijando o oco do meu pescoço. —Quais seus planos para essa noite?

Se eu fosse honesta, os meus planos para esta noite envolviam uma boa quantidade de vinho tinto e alugar um filme. Agora parecia que me seria dada outra opção. Uma voz familiar disseme para jogar duro para conseguir, mas eu ignorei. Eu era uma mulher faminta na presença de Alexander.

—Sou flexível. —Eu respondi.

A boca de Alexander curvou em um sorriso. —Tenho algo esta noite. Quer ir comigo?

—Que tipo de algo? —Perguntei instantaneamente desconfiada.

—Um baile. —Ele pôs um dedo nos meus lábios. —E antes que você diga não, é por uma excelente causa. Estamos levantando dinheiro para os animais em extinção. E, além disso, eu não quero ir também, mas devo.

Eu hesitei. Isto era mais do que um encontro. Era para estar no centro das atenções de uma forma muito real. Não haveria como negar o nosso relacionamento depois. Alexander tinha que saber isso.

—Não há volta depois de algo assim. —Alexander disse, o meu pensamento sendo falado. —Se você quiser normalidade, privacidade, você deveria dizer não. Mas se você quer um relacionamento, esse parece ser um bom lugar para começar.

—E quanto a você? Você quer o normal?

—Eu nem sequer sei o que essas palavras significam. Eu nunca tive o normal.

Havia fantasmas ecoando em seus olhos, e eu acariciei seu rosto como se eu pudesse afastá-los.

Eu não tinha certeza do que dizer, dividida entre o meu desejo de reivindicar Alexander como meu, mas sabendo que isso significava me abrir para julgamento. Não apenas como a mulher que eu era hoje, mas também meu passado. Quanto tempo levaria até que todos os segredos que já tive fossem espalhados na capa de um tabloide? Quanto tempo antes que os paparazzi perdessem o interesse em mim?

—Eu não posso te proteger disso. Podemos nos encontrar particularmente se você preferir. —Ele ofereceu. —Se você não quiser vir essa noite, eu compreendo, mas, por favor, compreenda quando eu digo. —Seus olhos brilharam quando ele falou. —Você gozará essa noite de outras maneiras.

Meus lábios tremeram. —É assim mesmo?

As mãos de Alexander deslizaram dos meus quadris para a minha cintura quando ele inclinou-se, beijando-me com força na boca. Nossas línguas entrelaçaram, dançando em torno uma da outra, como eu estava dançando em torno dessa questão. Era um meio desleal de persuasão.

—Mas eles sabem sobre nós. —Eu o lembrei, me afastando. —Eles têm as mensagens.

—Mas segunda-feira de manhã, o MI5 saberá quem me hackeou, e eles irão para a cadeia.

—E isso será outra grande história. Do tipo que liga de volta a esta. —Eu apontei. —E uma prisão não apagará isso.

—Não, mas enviará uma mensagem. —Ele disse firmemente. —E não se preocupe, eu inventarei outras maneiras de entrar em contato com você.

—Pombo correio? Sinais de fumaça?

Ele sorriu. Deus, eu queria beijar aquele sorriso arrogante. —Isso pode ser arranjado.

Meu corpo cantarolou em resposta, encantado pelo seu sorriso, por sua risada. Ele me excitava quando estava falando sério, mas quando ele era exigente, me emocionava, e eu percebi que eu daria qualquer coisa para vê-lo dessa forma o mais rápido possível. Eu sabia que isso significava que eu não podia me afastar dele, mesmo se eu tentasse. —Eu não posso continuar fingindo que isso não significa nada para mim. Eu não gosto de esconderijo ou sigilo, mas eu ainda quero a minha privacidade. É algo que nós podemos trabalhar?

Mas mesmo enquanto eu pedia, eu sabia que não era possível. Alexander tinha vivido toda a sua vida sob escrutínio. Por que seria diferente para mim?

—Claro. —Para seu crédito, ele disse sinceramente. Mas talvez seja assim que tenha que ser em um mundo como este, acreditando que as coisas pudessem ser mudadas para melhor. Talvez fosse como eu sobreviveria.

—Eu irei. —Eu disse. Assim que saiu da minha boca, percebi que havia outras implicações ao dizer sim a Alexander. Ou seja, eu iria a um baile hoje à noite. Sem nada para vestir. Sem nenhuma pista de como agir. Com o mais sexy e mais requisitado homem do mundo em meus braços. Mas os lábios de Alexander me beijaram até que eu esqueci sobre tudo, e só me lembrei do porquê.

*****

—Você é minha fada madrinha. —Eu disse enquanto Belle erguia um par de sapatos perfeitamente adaptados de Alexander McQueen, que ela tinha encontrado para mim. Ter Belle como colega de quarto era como ter acesso à Harrods (uma loja) em casa.

—E semana que vem te levarei às compras. —Ela sacudiu um dedo para mim como se eu estivesse encrencada.

—Argh. —Eu caí para trás em sua cama, e puxei um travesseiro sobre minha cabeça. —Eu já fui fazer compras.

—Você deveria ter pensado nisso antes de começar a transar com Sua Gostosura Real.

Dei a língua para ela, mas não pude evitar que um sorriso bobo deslizasse no meu rosto. Eu não podia evitar. Desde que voltei para a minha mesa, eu me sentia mais leve, como se eu estivesse cheia de ar, relaxada e despreocupada. Eu não tinha sequer me importado que metade do escritório estivesse sussurrando pelas minhas costas, e eu não me incomodei em verificar meu e-mail pelo resto do dia. Eu chamaria isso de progresso.

—Você tem certeza que está tudo bem se eu usar isso? —Perguntei pela décima vez.

—SIM! —Belle gritou, ameaçando jogar um sapato na minha cabeça. —Eu vou vestir outra coisa. Philip não gostaria desse vestido.

—Por que não? —Eu perguntei.

—Muito sexy. —Ela disse com uma careta.

É claro, o estóico Philip não gostaria da sua perfeita futura esposa parecendo muito quente no meio da multidão real. Não era seu estilo chamar a atenção, algo que Belle teve que se acostumar lentamente. Felizmente, eu não poderia imaginar Alexander tendo atitude semelhante. Principalmente porque meu plano era distraí-lo com o vestido, e tentá-lo a sair mais cedo. Eu sabia que não havia nenhuma maneira que ele fosse capaz de manter as mãos longe de mim enquanto eu o estivesse vestindo.

—Eu estou tão feliz que você vai estar lá. —Belle disse, redirecionando minha atenção das minhas fantasias para a escova em sua mão.

Eu é que não podia acreditar que eu iria para lá. Parecia um pouco como um conto de fadas. Na verdade, era um conto de fadas. O mesmo que ainda contavam para as meninas quando iam para a cama à noite. A mesma história vendida para mulheres em salas de cinema. Só que estava acontecendo comigo, e eu estava tendo dificuldades para aceitar.

—Estou nervosa. —Eu admiti para ela. Depois de ter um monte de mensagens muito pessoais expostas para o mundo ver, eu estava prestes a sair publicamente com Alexander, pela primeira vez desde que ele me salvou na frente do Brimstone. Desta vez, eu estava saindo e pedindo para ser julgada, e eu não tinha dúvidas de que toda a Inglaterra, e boa parte do mundo, estariam prontos para o desafio.

Eu suspeitava de que a maioria das pessoas acharia que me faltava algo.

—Por quê? —Belle perguntou. —Você parece quente como o inferno. O mundo inteiro sabe que Alexander é louco por você.

—Isso é parte do problema. —Eu agarrei forte o travesseiro e tentei acalmar os nervos.

—Então todos que leram o TMI sabem que você é uma deusa do sexo. Eu queria ter os seus problemas. —Ela piscou enquanto colocava uma calcinha de seda ao lado de seu vestido e nada mais.

—Philip aprovará você usando tão pouco por baixo do vestido? —Eu perguntei.

Ela tirou a camisa, rindo enquanto vestia o robe. —Ele não se importa com essa parte. É tudo sobre aparência para ele.

Esse era o meu problema? Era tudo sobre aparências para mim? Alexander tinha me assegurado repetidamente que ele não se importava com o que qualquer um pensasse, mas eu me importava? O que importava o que eles pensavam do meu visual, ou minhas roupas, ou minha personalidade, se ele me queria? Exceto que isso tinha importância, porque eu sofria de baixa estima. Eu não queria deixá-lo chegar a mim, mas se o fizesse, eu sabia que Alexander não gostaria do que veria. E eu estava determinada a manter os meus demônios pessoais guardados, e não apenas por ele, mas por mim também.

—Você quer que eu atenda? —Belle perguntou, interrompendo meus pensamentos. Eu olhei para ela interrogativamente. —A campainha!

—Você está quase nua. Eu atendo. —Eu pulei da cama e me dirigi para o corredor. Apertei o botão, e me preparei, ainda convencida de que o meu próximo encontro com um repórter estava próximo.

—Entrega para a Senhorita Bishop.

Eu hesitei. Não havia nenhuma razão para suspeitar de algo, mas tudo o que levaria era um tempo para me queimar. Em seguida, a solução perfeita me ocorreu.

—Ela não está em casa. —Eu menti. —Você pode deixá-la com a Sra. Hathaway no Apartamento 01. Ela é a proprietária.

—Obrigado, senhorita. —O cara da entrega não pareceu achar isto estranho ou insistiu, o que significava que eu provavelmente estava sendo paranoica. Ele era apenas o cara da entrega depois de tudo, mas eu sabia que não havia problema em ser cautelosa.

Eu debati ir lá em baixo para pegar o pacote por alguns minutos, antes de finalmente voltar para o quarto de Belle, para descobrir o vapor saindo do banheiro. Sacudindo minha cabeça, eu descobri que ela estava ocupada arrancando as sobrancelhas, enquanto a água do chuveiro aquecia.

—Quem era? —Ela perguntou.

—Uma entrega.

—Ohhhh!

—Eu tive que dizer para deixar com a tia Jane.

Belle piscou com essa revelação, e depois continuou sua busca de pêlos errantes na sobrancelha. —Isso foi inteligente. Provavelmente faremos isso com todos os pacotes de agora em diante.

Eu concordei enquanto digeria suas palavras. De agora em diante. Porque as coisas serão diferentes depois de hoje. Eu ia sair, a público, finalmente revelando que a especulação era verdade. Que eu estava namorando Alexander. Claro, o que eles não sabiam, é que o nosso relacionamento realmente era um pouco de escuridão que tingia nosso amor. O controle que Alexander tão desesperadamente necessitava. Eu não podia deixar de estar feliz que Alexander tinha mantido seus textos lascivos, aos tópicos mais calmos, sem cair no seu lado mais dominante. Mas não que eu tivesse vergonha que Alexander tinha um lado escuro, mas porque isso era ele. Acho que tinhamos uma coisa que estava entre nós. Um segredo que tinhamos conseguido manter privado. E quase foi difícil de conseguir depois que eu deixei claro que não estava interessada em me submeter, mas isso já era algo.

—Então fala logo. O que é que ele realmente gosta na cama? —Belle perguntou enquanto lavava o rosto. —Depois de ler o TMI, eu acho que você deixou de fora alguns detalhes.

—Você deveria ir para o chuveiro. —Eu disse, contornando a questão. A única maneira que isso continuasse em segredo, era se eu guardasse para mim mesma, o que significava mantê-lo de todos, até mesmo da minha melhor amiga.

—Então vá pegar o seu pacote. —Belle ordenou.

Corri as escadas, sabendo que tínhamos menos de uma hora para ficarmos prontas. Ocorreu-me da metade para baixo que eu deveria dizer alguma coisa para Belle sobre monopolizar o chuveiro, mas depois dei de ombros. Não seria preciso tanto tempo para ficar pronta, e eu tinha feito a maioria da minha preparação necessária antes de começar a trabalhar hoje.

Batendo tranquilamente na porta de Jane, eu percebi que ainda não tinha certeza se eu realmente queria que ela atendesse. Mas ela atendeu. Hoje ela estava vestida com um vestido de verão que ondulava em torno dela em uma profusão de cores. Apesar de sua idade, ela parecia uma criança amorosa, e eu meio que esperava que ela dissesse que estava a caminho de um concerto dos Beatles.

—Oh Clara, querida! —Ela me deu as boas vindas com um beijo na bochecha. —Eu tenho um pacote para você.

—Eu sei. —Eu admiti timidamente. —Pedi-lhes para deixá-lo aqui. Tem havido mais alguns... artigos, e eu não tinha certeza se era realmente o homem da entrega.

—Bem, ele não perguntou nada sobre você. Na verdade, ele não parecia com um homem de entrega, mais como um... oh, oficial de polícia. —Ela disse enquanto andava até a mesa em sua sala de estar.

—Talvez um guarda costas? —Eu perguntei. Não tinha sido a voz de Norris, mas ainda assim.

—Sim, bem assim mesmo, minha cara. —Tia Jane empurrou um envelope para mim, e meu coração pulou uma batida quando eu o peguei. Era uma carta a mão, endereçada a mim. Virei-a, ansiosa para ver se havia um endereço de retorno. Não havia, mas foi carimbada com um selo de cera vermelha brilhante que trazia um dragão.

—Parece uma carta de amor. —Jane comentou.

Eu não tinha que abri-la para saber que era, assim como eu sabia que era dele.

—Eu acho que você está certa.

—De Alexander? —Jane adivinhou.

Eu corei. Eu não tinha certeza por que não tinha me ocorrido que ela teria ouvido falar sobre meu relacionamento com Alexander, mas ainda me surpreendeu. Principalmente porque eu não tinha colocado a minha guarda como eu tinha com todos os outros. —Eu acho que sim.

—Isto é muito mais educado do que aqueles pequenos trechos no telefone.

Jane virou-se para derramar o chá em duas xícaras sobre a mesa e, em seguida, ofereceu uma para mim.

Se alguém tivesse me oferecido chá depois de admitir que sabia sobre o mais recente alvo dos tablóides envolvendo minha vida pessoal, eu teria corrido gritando. Mas havia algo sobre Jane que eu confiava. Por um lado, Belle confiava nela, mas mais do que isso, Jane me pareceu uma alma gêmea. Eu não podia explicar isso, mas eu confiava nela implicitamente. Sentei e aceitei a xícara.

—Como você está indo? —Ela perguntou.

—Surpreendentemente bem. —Tomei um gole do chá, imaginando o quanto do meu passado Belle compartilhou com ela.

—Eu não posso imaginar como é ter sua vida usada para vender jornais. —Jane balançou sua cabeça lentamente tomando um gole de seu chá. —Sempre houve escândalos, minha querida. Mas nestes tempos, com todos os computadores, telefones inteligentes e Wi-Fi, todo mundo sabe sobre tudo. É impossível manter as coisas calmas. Deixe-me dizer-lhe, haveria um número enorme de famílias reais em ruínas se eles tivessem vivido nestes tempos. Afinal, romances ilícitos sempre estiveram por aí.

Engasguei com a minha bebida, queimando minha língua no processo.

—Romances ilícitos?

—Bem, houve Harold que teve que abdicar de sua posição... o que? Trinta anos atrás. Apaixonou-se por uma garota francesa. Que não era da realeza.

—Eu não acho que eles ainda se importam com a realeza. —Eu disse em voz baixa. A verdade é que eu não sabia. Mas era século XXI pelo amor de Deus, não poderia haver um grande número de pretendentes reais disponíveis para encontrar e se casar.

—Isso foi a décadas atrás. —Ela disse, acenando. —Eu acho que eles estavam mais preocupados por ela ser da França. Sangue ruim lá.

—E que tal uma garota da América?

Jane abaixou sua xícara e vi sua mandíbula apertar. —Infelizmente não sei se a Inglaterra está pronta para isso.

—Mesmo eu sendo uma cidadã Britânica? —Meu estômago revirou, e eu lutei contra uma onda de náusea.

—Eu receio que eles ouvirão o sotaque e bem....

Ela acariciou minha mão confortavelmente.

—Mas eu posso te dar um conselho?

Eu balancei a cabeça, desesperada por um pedaço de esperança se ela tivesse um.

—Fodam-se eles. Todos eles. —Ela disse. —Essas mensagens de telefone ou quaisquer que sejam. Ele pode não ser Shakespeare, mas ele soa como um homem que está disposto a colocar as necessidades de uma senhora em primeiro lugar.

Desta vez, quando eu me engasguei com meu chá, foi de riso. Envergonhado e divertido riso de menina. E não me importei.

—Homens como ele são difíceis de encontrar. Meu segundo marido foi um grande doador nesse sentido. —Jane piscou para mim, e eu peguei um flash de Belle no gesto. Talvez por isso eu me sentisse tão confortável em torno de Jane, mesmo quando o assunto era desconfortável. Era mais como olhar para o futuro do que falar com um estranho.

—Vou manter isso em mente.

—Divirta-se. —Ela disse. —E lembre-se do seu coração.

Levantei-me e coloquei minha xícara na pia. Lembrar-me de não deixá-lo ser partido?

—Lembrar-se de aproveitar as oportunidades. —Jane disse enquanto me observava seguir para a porta. —Caso contrário, qual é o ponto de ter um?

Pensei nisso enquanto eu subia as escadas de volta para o meu apartamento. Estar com Alexander era perigoso, como tomar um salto para o desconhecido. Mas talvez era o que eu precisava.


Capítulo 14


Meus dedos tremiam enquanto eu abria o lacre da carta, lendo as palavras: Apenas para os seus olhos, rabiscada na parte inferior. Eu estava contra a porta do quarto, meu coração batendo forte, sem saber o que esperar. A carta foi escrita em uma folha fina, em um tom creme elegante, com traços masculinos em negrito, e embora eu nunca tenha visto a caligrafia de Alexander, eu instintivamente sabia que era sua.

Clara,

Eu sei que eu assustei você, e eu não tinha o direito de pedir que você ficasse comigo. Há muitos riscos, mais do que eu deixei transparecer. Mas não posso desistir de você. Eu receio que mesmo se você decidisse fugir, eu não deixaria você ir. Eu quero seu corpo. O toque da sua pele sedosa contra meu rosto e o gosto dos seus lábios. Mesmo quando alertei você para se afastar de mim, sabia que você era minha, e eu protejo o que é meu. Mesmo que seja de mim mesmo.

X.

Eu passei os dedos sobre o X, um sorriso puxando meus lábios. Suas palavras me deixaram excitada e perplexa. Era quase uma carta de amor. A primeira que eu já recebi. Ainda que seu romance fosse manchado com a sua insegurança. A insegurança que eu gostaria de poder levar embora. Se eu pudesse levar seus pecados passados para longe de nós, mas eu temia fazê-lo, e isso nos levaria por um caminho traiçoeiro.

Um arrepio percorreu espontaneamente até meu pescoço com o pensamento de Alexander no controle do meu corpo. Como eu poderia querer isso e ter medo ao mesmo tempo? Não fazia qualquer sentido. Claro, nada sobre o nosso relacionamento era racional.

Eu poderia segui-lo para a escuridão para salvá-lo? Eu não tinha certeza.

Alexander me pegou na porta uma hora mais tarde, o que foi uma surpresa, já que ele normalmente enviava Norris para me levar tranquilamente na parte de trás do carro. Desde que Belle já tinha confirmado que havia repórteres do lado de fora, eu a deixei abrir a porta enquanto eu levava um momento para me concentrar na minha respiração, para que a calma atravessasse o meu corpo.

Essa calma desapareceu no momento em que Belle abriu a porta. Em vez disso, a minha respiração engatou com a visão dele, vestido em um smoking preto clássico, adaptado ao seu corpo perfeito. Ele estava bem barbeado pela primeira vez, e seu cabelo preto, embora selvagem, havia sido penteado em um nível de controle adequado para o evento. Olhando assim, era impossível não vê-lo como o homem poderoso que ele era. Alguns homens usavam smoking, mas Alexander o possuía.

Ele carregava uma dúzia de rosas vermelhas que apareceram contra o pano de fundo negro de sua jaqueta, o carmesim proporcionando um contraste direto com a escuridão enquanto emanava uma forte sensualidade. Mas o que fez meu coração acelerar, foi como ele olhou para mim, com olhos desejosos. O desejo era óbvio quando seu olhar passou por cima de mim possessivamente.

Eu tinha escolhido o vestido certo. À primeira vista, o vestido prata de seda caía ondulando pelas minhas curvas, mas por baixo, um bustier abraçava minha cintura e empurrava meus seios em um profundo decote sem alças. Duas fendas quase escondidas permitiam que minhas pernas deslizassem livres. Eu me senti como uma estrela de cinema assim que eu o coloquei, e da forma como Alexander me olhava, eu parecia uma também. Belle tinha torcido meu cabelo, e o prendido, deixando cair em um lado sobre o meu ombro, e eu não lutei com ela sobre o batom escarlate que ela sugeriu.

—É um prazer conhecê-lo. —Belle disse, quebrando o silêncio. Ela afastou-se e ele entrou no nosso apartamento, seus olhos nunca deixando os meus.

Finalmente, ele afastou seus olhos de mim e estendeu a mão para ela.

—Alexander. Você deve ser Belle?

Belle parecia dividida entre aceitar sua mão ou fazer uma reverência. Felizmente, ela aproveitou a deixa, balançando a cabeça como se isso fosse uma introdução normal. —Você está ansioso para esta noite?

—Sim. —Ele respondeu, embora a sua resposta fosse muito ríspida para ser crível. —É isso, estou ansioso pela companhia.

Belle deu a ele um olhar de aprovação, os olhos correndo para mim.

—Nos dê um momento.

Assim que ela saiu da sala, Alexander aproximou-se e me entregou as flores.

—Eu pensei que você não fosse romântico. —Eu o provoquei.

—Considere como um prêmio de consolação. —Ele disse. —Se você vai estar com a minha família esta noite, você merece uma recompensa.

Eu considerei isso enquanto procurava no armário por um vaso. Claro, sua família estaria lá. Eu estava tão obcecada com a ideia de que estávamos prestes a deixar o nosso relacionamento público, que não pensei que encontraria sua família inteira.

Alexander moveu-se atrás de mim, agarrando meus quadris. —Não pense neles.

—É mais fácil dizer do que fazer. —Eu sussurrei. —Eu mal sei o que está rolando entre nós e vou encontrar sua família.

—Não é grande coisa. Basta lembrar que se eles forem idiotas, é por causa de mim e não de você. —Ele me assegurou. Mas, enquanto falava ele apertou contra meu quadril.

—Realmente isso não me faz sentir melhor. —Eles me julgariam, e meu sotaque americano só pioraria a situação. Eu estava seguindo Alexander para um ninho de víboras, e nós dois sabíamos disso.

—Não pense sobre isso. —Ele ordenou, me puxando contra ele. —Agora, eu quero que você pense sobre o que eu vou fazer com você com esse vestido.

Apesar da minha ansiedade, isso me trouxe um sorriso aos lábios. —Eu não sei como eu deveria me concentrar com você desse jeito.

—Ela está fantástica, não está? —Belle voltou para a cozinha. Ela nem sequer piscou por nos encontrar pressionado um no outro, embora ela devesse ter ouvido o que ele disse para mim.

Alexander murmurou seu acordo, e Belle passou por nós. Ela chegou a mais alta prateleira e pegou um vaso. A notícia de que sua família estaria lá esta noite, havia me distraído da minha busca. —Aqui. Oh espere!

Belle virou-se e pegou uma tesoura de uma gaveta próxima.

—Desculpa! —Ela cortou uma rosa de seu caule. Estava em plena floração, suas pétalas se espalhavam como folhas de veludo. Belle enfiou a bela flor no meu cabelo frouxamente preso acima da minha orelha.

—Perfeito. —Alexander disse aprovando. Luxúria brilhando em seus olhos, e isso me deixou com os joelhos bambos.

—Eu preciso ir. Philip está lá embaixo. —Belle beijou minha bochecha. —Vejo você lá!

Dei um suspiro de alívio e acenei para ela. Claro, eu teria Belle lá, e não importa o que acontecesse, ela cobriria as minhas costas. Eu esperava não precisar de um plano de fuga, mas se fosse o caso, eu não poderia fazer melhor do que com Belle.

—Vamos? —Alexander ofereceu o braço e eu o peguei. —Se não formos, eu vou jogá-la sobre o balcão da cozinha.

Sim, por favor. Mordi o lábio na tentativa de cobrir a minha emoção.

Alexander gemeu, seus olhos piscando com escuridão e balançando a cabeça.

—Vamos logo para o carro antes que percamos a festa, Senhorita Bishop.

—Mostre o caminho, X.

*****

Por algum milagre, Norris conseguiu dar a volta sem chamar a atenção dos paparazzi acampados do lado de fora do apartamento. O fato de que eles tinham perdido a limusine em marcha lenta atrás do meu prédio, provou como indispensável Norris era. Talvez todos eles tivessem ido para o local do evento real esta noite. Não que eles tivessem qualquer forma de saber que eu estaria lá com Alexander. Ele foi cuidadoso ao não usar seu telefone celular para me enviar uma mensagem. Em vez disso, eu fui instruída a contatar Norris se houvesse algum problema.

Alexander colocou a mão na parte inferior das minhas costas, me guiando em direção ao carro. Seu toque não vacilou até que eu estava em segurança no interior. Ele desapareceu atrás da porta fechada, e eu dei uma olhada ao redor. O assento mais baixo não era ideal para um vestido de gala, mas era muito mais espaçoso do que os Rolls Royce.

—Sabe o que eu amo sobre Londres esta noite? —Alexander perguntou enquanto ele deslizava com fluidez no assento ao meu lado.

Eu levantei minha cabeça com curiosidade. Agora eu amava tudo sobre Londres porque era, nessa cidade, onde Alexander estava comigo.

—O tráfego. Eu nunca o apreciei antes dessa noite.

Alexander aproximou-se de mim, tomando o meu rosto com a mão livre. Ele me puxou para ele, mas não chegou a me beijar. Em vez disso, ele permaneceu um momento, e eu o respirei, me perdendo momentaneamente em seu toque, seu cheiro, sua proximidade. Quando ele finalmente esmagou seus lábios nos meus, minha mão voou para cima e pegou a dele, segurando-o para mim, ávida pelo gosto dele. Fazia muito tempo desde que eu senti seu corpo contra o meu. Nós nos conhecíamos por tão pouco tempo, mas eu sentia sua ausência, como a dor de um membro fantasma. Ele foi concebido para estar comigo. Ele estava destinado a ser parte de mim.

—Boneca. —Ele murmurou. —Eu pensei em você a semana inteira.

Minha respiração ficou ofegante quando ele se inclinou para agarrar a barra do meu vestido. Ele ergueu-a sobre os joelhos, dando-lhe margem de manobra para deslizar a mão na minha coxa. A seda do vestido tornava impossível usar até mesmo um pedaço de roupa interior, e eu estava contando com o seu comprimento para esconder esse fato. As mãos de Alexander abriram minhas pernas, e ele enfiou a mão contra o meu sexo.

Ele gemeu quando fez contato com a minha pele nua. —Isso não é jogar justo.

—Esse vestido não combina com calcinha. —Dei de ombros me desculpando, mas o sorriso no meu rosto não era nada arrependido.

—Pessoalmente eu sou da opinião que nenhum vestido combina com calcinha.

Ele disse com um sorriso malicioso. Ele mexeu-se no assento e retirou sua mão, inclinando-se como se fosse ajoelhar-se diante de mim.

—Não. —Eu disse, parando-o.

—Eu não gosto dessa palavra, boneca. —Ele rosnou. —É difícil ouvi-la.

Corri minha língua em meus lábios e balancei a cabeça. —Não, eu quero você.

—E você pode me ter.

—Não, eu quero provar você. —Eu imaginei como seria a sensação de envolver meus lábios em torno de seu pênis, desde que eu o tinha visto a primeira vez, e o pensamento de tê-lo à minha mercê soou ainda mais delicioso.

Alexander não resistiu. Em vez disso, sentou-se apoiando as mãos atrás da cabeça, luxúria escrita em seu rosto. Ocasionalmente o carro sacudia por causa de alguma lombada na estrada, mas eu não me importei. Subindo minha saia para me permitir a liberdade de movimento, caí a seus pés. Minhas mãos arrastaram ao longo de sua calça, deslizando para cima em suas coxas enquanto puxava o zíper. Eu abri, e Alexander gemeu quando seu pênis caiu em minhas mãos. Apesar de sua suavidade, era pesado e quente quando eu comecei a acariciá-lo com ternura e, em seguida, engrossou e endureceu mais ainda na minha mão. Curvando-me, eu mergulhei minha boca em seu saco e lambi suas bolas, chupando uma cuidadosamente em minha boca. Em seguida, a outra. Alexander deslocou-se para frente para me permitir maior acesso enquanto sua respiração acelerava.

Ele gemeu quando eu passei a minha língua no comprimento do seu pênis, e tive o prazer de ver que ele estava totalmente ereto agora. Seu pênis era uma coisa primal, uma beleza masculina e descaradamente viril. Eu brinquei com ele, lambi e chupei, por mais alguns minutos, até que suas mãos tinham caído para os lados, fechadas em punhos. Senti-lo endurecer e alongar em minha boca, fez o meu sexo inchar com desejo. Eu estava tão pronta para ele, mas tudo o que eu queria agora era vê-lo gozar. Eu selei meus lábios sobre a grande coroa de seu pênis, e depois baixei a boca para sua raiz. Esvaziando minhas bochechas, eu chupei com força, puxando com a minha boca avidamente antes de mergulhar de volta para baixo.

—Você fica tão sexy com seus lábios vermelhos em volta do meu pau. —Um grunhido retumbou em seu peito, e ele pegou a minha nuca enquanto meus lábios engoliam o seu comprimento mais uma vez. —Isso me faz querer te foder.

Mas eu não estava disposta a deixá-lo. Eu precisava vê-lo gozar. Eu queria. Aumentando a pressão da minha aspiração, fui recompensada com as primeiras gotas quentes de pré-ejaculação. Eu gemia, passando a minha língua sobre as pérolas cintilantes, e chupei mais forte quando a mão de Alexander emaranhou no meu cabelo.

—Oh Clara, você é tão linda. —Sua respiração tornou-se irregular quando sua cabeça caiu para trás contra o assento. —Eu vou gozar.

Mas ele não se mexeu enquanto jorrava quente em toda a minha língua. Engoli cada surto de gozo avidamente, enquanto ele bombeava em minha boca. Deslizei minha língua para cima com diversão. Saboreei o sabor dele que ficou na minha boca, e quando eu me afastei, os olhos de Alexander estavam selvagens.

Ele me levantou e me levou em direção ao seu colo, trazendo seus lábios nos meus e me beijando forte antes de me empurrar de costas sobre o banco. Suas mãos deslizaram de forma imprudente até as minhas pernas, empurrando minha saia até a cintura. Ele traçou minha fenda com movimentos deliberadamente lentos, finalmente empurrando um dedo entre os lábios inchados.

—Chupar-me te deixou molhada. —Eu balancei a cabeça, sabendo que a prova da minha excitação revestia seu dedo. —Eu preciso estar dentro de você. Nada entre nós. Tudo bem?

Eu gemi um sim e fechei os olhos, minha respiração em minha garganta travando enquanto eu imaginava a maravilha que seria seu pênis na minha fenda. Eu não podia acreditar que ele ainda estava duro após o orgasmo que ele esvaziou em minha boca, mas um momento depois senti a prova, porque ele estava empurrando contra a minha entrada escorregadia. Ele afundou em mim lentamente, dando ao meu corpo tempo para relaxar contra seu pênis rígido, e eu engasguei quando ele empurrou dentro de mim completamente. Eu circulei contra ele, saboreando a bela agonia de seu pau em mim, mas Alexander agarrou meus quadris e me segurou firme.

—Não ainda, boneca. —Eu podia ver a luta em seus olhos. Seu desejo de controlar o meu prazer e sua luta para se controlar.

Eu solucei, desesperada para que ele me levasse.

Ele encontrou o meu clitóris e brincou com o dedo, enviando uma onda de antecipação através do meu corpo. —Pense em uma palavra de segurança, boneca. Você não precisa dela agora, mas você pode precisar mais tarde quando estivermos juntos, e você não será capaz de pensar nisso.

Eu sacudi minha cabeça.

—Eu estou tentando me controlar, mas eu quero fazer você se sentir segura. Escolha uma palavra que você se sinta segura. —Ele ordenou.

—Que tal majestade?

—Sua palavra segura não deve ser algo que você pode ter que usar por outras razões. —Ele disse.

—Oh X, você realmente acha que vai fazer com que eu te chame de Sua Majestade?

Ele sorriu. —Com o que estou planejando fazer para você, você pode precisar.

O homem não poderia ser mais irritantemente sexy? E era difícil pensar claramente quando ele me tocava. Como eu poderia dizer não a ele? Eu tinha tentado antes. Eu me afastei dele com apenas um olhar para trás, não percebendo que logo minha vida giraria completamente fora de controle, e que ele se tornaria o meu centro de gravidade. E havia uma palavra que eu associava a ele.

—Brimstone.

—Você poderia apenas dizer vá para o inferno. —Ele sugeriu secamente.

—Eu pensei que você queria que eu escolhesse uma palavra que eu me lembraria.

—Brimstone, sério?

—Foi a última vez que eu te disse não. —Expliquei em voz baixa.

—Você só me disse não desde então. —Ele apontou.

—Mas eu nunca quis realmente dizer.

Seu sorriso retornou quando confessei isto, e ele rolou o polegar sobre meu clitóris dolorido. —O que você desejar, Clara.

—Então me foda. —Era tudo que eu poderia pensar: senti-lo dentro de mim. Alexander respondeu com um golpe, massageando círculos no meu clitóris pulsante. Minha fenda esticou, se abrindo enquanto ele bateu ferozmente em mim. Seu saco pesado bateu contra a minha bunda, e eu tremia sob ele.

—Olhe para mim. —Alexander disse. —Eu quero ver você gozar.

Abri os olhos e encontrei os seus enquanto ele martelava incessantemente. A fome que eu vi refletida ali me derreteu, e eu gozei contra ele, explodindo em um milhão de fragmentos. Alexander arqueou para trás e gozou dentro de mim enquanto eu sentia a primeira chicotada de sua semente quente. Ele gozou com o meu nome em seus lábios.

—Eu amo saber que você está cheia de mim. —Ele sussurrou enquanto eu me agarrava a ele. —Durante toda a noite estarei pensando em estar dentro de você, sabendo que eu te marquei. Sabendo que você é minha.

Lambi meus lábios e pressionei nos dele, também impressionada com as palavras.

Eu tinha me dado a ele totalmente. Eu havia descoberto meu corpo e alma. E ele tinha deixado sua marca.

—E eu vou pensar em sua boceta quente e nua sob esse vestido sexy. Eu quero que ela esteja pronta para mim se eu precisar dela. —Ele acrescentou.

—Estará. —Eu prometi a ele.

Eu caí por cima dele, desossada e mole, mas eu me forcei a tomar sua mão oferecida. Chegaríamos lá a qualquer momento, e eu não podia sair com essa aparência.

Alexander abotoou a calça e ajeitou sua camisa. Então ele me ajudou a deslizar a minha saia para baixo, soltando beijos ao longo das minhas pernas nuas enquanto a movia para baixo.

—Pare, você é uma distração. —Eu beijei seu ombro.

—Eu não posso evitar. Não posso afastar minhas mãos de você. —Ele atirou-me um sorriso perverso que me fez querer deixar cair a minha calcinha. Só que eu não tinha nada para deixar cair.

—Não estou usando calcinha. —Eu o lembrei. —Você não terá muito trabalho.

—Vamos ver sobre isso. —Alexander acomodou-se no assento ao meu lado, arrumando alguns fios de cabelo dispersos no lugar, e ajustando a rosa que Belle tinha colocado no meu cabelo.

Abri a bolsa e fixei o meu batom, que graças a Belle, mal tinha borrado. A menina sabia algum vodu cosmético, isso era certo. Enxugando algumas pequenas manchas de debaixo dos meus olhos, eu estava aliviada por ter feito pouco estrago. Claro, meu rosto brilhava com o calor liberado de um orgasmo recente, mas não havia nada a ser feito sobre isso. Eu só podia esperar que fosse descrito como nervos ou emoção, mas eu realmente não me importava. O mundo inteiro já sabia sobre a nossa vida sexual, graças aos hackers que tinham divulgado os textos de Alexander para mim.

Isso realmente lhes deu algo para falar, pensei presunçosamente.

—Você está pronta? —Alexander perguntou, torcendo seus dedos nos meus. Meu coração pulou na minha garganta, recusando-se a ceder. Ele me ofereceu o braço antes, e envolveu em volta da minha cintura, mas segurar a minha mão soou pessoal de uma forma como nada que eu tivesse experimentado até agora. Engoli em seco com as emoções inesperadas que isso produziu enquanto eu tentava não chorar.

Pare com isso, eu ordenei a mim mesma em silêncio. Você está aqui como seu encontro.

Não havia nada mais do que isso, mas mesmo que minha cabeça me advertisse contra minhas esperanças, meu coração continuou a acelerar. Ele não liberou minha mão até que a limusine parasse, e ele deslizou suavemente para fora do banco de trás. Mas assim que ele estava fora, ele inclinou-se, oferecendo-me novamente. Aceitei-o juntamente com uma respiração profunda, sem saber o que esperar. Quando sai dos limites seguros da limusine, eu estava cega pelos flashes de dezenas de câmeras. Pisquei contra o clarão quando os repórteres começaram a gritar suas perguntas para Alexander. De repente, eu desejei ter chegado a esta situação um pouco mais preparada. Meu primeiro instinto foi de olhar para Alexander, esperando por pistas sobre o que dizer e fazer. Alexander olhou para frente, um sorriso carismático estampado em seu rosto e, em seguida, ele me levou para frente sem uma palavra.


Capítulo 15


Os dedos de Alexander ficaram enrolados nos meus enquanto andávamos através do lobby, mas eu não conseguia parar de tremer. As câmeras. As perguntas. O número de mulheres olhando para o meu homem. Era uma responsabilidade muito grande. Ao meu lado, Alexander sorria, dando acenos de boas-vindas e falando olá, mas sua postura era rígida, e seus movimentos tornaram-se automáticos. Depois de alguns minutos, ele afastou-se de mim colocando a mão na parte inferior das minhas costas.

Este pequeno gesto geralmente me fazia sentir segura e protegida, mas agora parecia mais como um gesto mecânico. Ele estava apenas passando os movimentos enquanto colocava, como um show para aqueles que nos rodeavam.

—Você está bem? —Eu sussurrei quando alcançamos o salão.

—Estou bem, Clara. —Ele disse em tom cortante. —Dê-me licença um momento.

Ele me deixou ali, sozinha, com uma multidão; centenas de pessoas, e eu não tinha certeza do que fazer. Meus olhos vasculharam por Annabelle, a minha candidata à salvadora. Ela já deveria ter chegado aqui. Eu fiz a varredura da sala até que eu vi sua figura esbelta. Dizendo uma oração silenciosa em agradecimento que ela fosse tão alta, eu fui em direção a ela tão rapidamente quanto a dignidade permitiria, ou este vestido no caso. Annabelle me viu e alegrou-se, acenando para ela, eu hesitei quando percebi que ela não estava sozinha. Mas o alívio me inundou quando a companheira de Belle virou, e eu peguei um vislumbre de seu rosto.

—Stella! —Eu exclamei, correndo para frente para dar-lhe um abraço.

Imediatamente lembrei-me de onde eu estava, e dei um passo para trás, sentindo-me constrangida. —Nós provavelmente não deveríamos nos abraçar em um lugar tão formal como este.

—Que absurdo! Abrace-me novamente! —Stella me deu outro aperto, pegando minhas mãos no processo. —Eu sou apenas a fornecedora do buffet.

—Você está fabulosa. —Eu disse a ela e não era mentira. Stella sempre foi bonita, mas agora seu cabelo liso e preto estava cortado curto, projetando-se em um ângulo lisonjeiro que enfatizava as maçãs do rosto glamorosas e olhos suaves. Em qualquer outra pessoa, seu vestido de noite azul poderia ser chamativo, mas como uma das mais quentes chefs de Londres, ela tinha atitude para usá-lo.

—Ela não está? —Belle concordou. —Totalmente injusto que ela passe o dia todo em torno de manteiga e lagosta e ainda pareça assim.

—Eu mantenho a minha figura por lidar com uma cozinha cheia de idiotas arrogantes. É um trabalho duro chutar suas bundas durante todo o dia. —Stella disse secamente. —Falando nisso, eu deveria verificar o meu novo parceiro. Deixei-o no comando da chaparia, e ele provavelmente está se lascando. —Mas em vez de sair, ela balançou a cabeça exasperada e voltou sua atenção para mim. —Como você está, Clara?

Stella estava um ano à frente de nós na escola, ganhando um diploma de negócios, o que fez dela uma dupla ameaça no mundo culinário. Eu não a tinha visto desde que ela se formou, embora eu tivesse planejado procurá-la quando cheguei a Londres.

—Eu sinto muito não ter te ligado. —Eu disse. —Eu estive tão ocupada.

—Isso é um jeito de se dizer as coisas. —Belle disse concordando.

—Não a embarace. —Stella silenciou Annabelle, e depois me deu um olhar simpático. —Você deve passar por aqui, e deixar-me colocar algo delicioso no seu prato para distraí-la de toda essa porcaria. Apesar de onde eu me encontro, você já tem algo saboroso.

—Se eu soubesse onde ele está. —Eu disse. Meus olhos dispararam ao redor da sala, me perguntando se Alexander viria à minha procura, mas ele não estava à vista.

—Ele provavelmente foi pegar uma bebida para você. —Stella disse. Ela sempre tinha um jeito de me fazer sentir à vontade, desde que eu a conheci em uma classe de nutrição no meu primeiro ano, e eu não poderia ter sido mais grata ao vê-la agora. —Para o que estamos levantando dinheiro? Animais em vias de extinção? —Eu perguntei, observando a decoração do evento. Samambaias exuberantes e videiras transformavam o espaço em uma selva exótica. Um movimento me chamou a atenção, e eu olhei para cima a tempo de espiar um deslumbrante amarelo brilhante sobrecarregado de aves. Alguém tinha exagerado um pouco para este evento.

—Eu pensei que você soubesse. —Anna disse, me passando uma bebida da bandeja.

—Eu não. —Eu disse, tomando a bebida com gratidão. Se Alexander foi buscar uma bebida para mim, ele estaria atrasado.

—É em momentos como estes que você se lembra de que foi criada na América. —Belle provocou. —É o aniversário do Rei. Ele escolhe uma instituição de caridade a cada ano para comemorar.

—Merda. —Eu disse. —Sério? —Alexander tinha mencionado animais em extinção, mas ele obviamente tinha deixado de fora alguns detalhes importantes. Como no mundo eu tinha acabado aqui, e o que ele estava pensando? Talvez o Rei fosse particularmente gracioso em seu aniversário. Eu realmente esperava que ele fosse.

Annabelle ergueu a taça para brindar. —Para conseguir acabar com isso.

Stella e eu brindamos nossas taças contra a dela, mas quando eu a trouxe aos meus lábios, calor inundou minhas bochechas, consciência ondulando através do meu corpo. Eu sabia que ele estava lá antes dele falar, porque o meu corpo respondia como se estivesse sendo puxado para trás.

—Clara. —Ele disse em voz baixa. —Eu vejo que você conseguiu uma bebida.

Virei-me um pouco rápido em direção a ele, fazendo com que o champanhe voasse por cima da borda da minha taça. E espalhando sobre o vestido da loura escultural ao lado de Alexander. Ela engasgou, enxugando cautelosamente o tecido delicado.

—Eu sinto muito! —Eu gostaria que houvesse uma mesa próxima para que eu pudesse me rastejar para baixo e me esconder.

A loira balançou a cabeça, enquanto ela continuava a se remexer no lugar. —Não se preocupe com isso.

Ela sorriu calorosamente para mim, e agora que eu não estava focada em minha gafe, consegui dar uma boa olhada nela. Grossos lábios e ondas louras, com um corpo esguio e uma saia curta. Eu não podia acreditar. Ela era ainda mais impressionante do que nas fotos. Se ela não fosse tão boa, eu definitivamente a odiaria.

—Clara, deixe-me apresentá-la a minha velha amiga, Pepper Lockwood?

Eu sorri, esperando que meus nervos não estivessem demostrando, e estendi a mão, mas Pepper passou por ela e beijou minhas bochechas. Foi tão chique que eu encontrei-me odiando-a um pouco mais, e me odiando por ser tão superficial.

—É um prazer lhe conhecer, e sinto muito. —Eu repetia como um disco quebrado.

—É só um vestido. —Ela baixou a voz. —É por isso que você deve sempre usar preto. Nada aparece.

Esta era a garota por quem eu estava preocupada. Agora que eu a conheci, me senti boba.

—Eu devo ir. —Ela disse. —Eu vim acompanhada e não quero perdê-lo.

Eu sabia exatamente como ela se sentia, e para minha frustração, Alexander me deu um beijo frio na bochecha e desapareceu com ela, deixando-me com as minhas amigas.

—Uau, isso foi estranho. —Annabelle disse assim que eles estavam fora do alcance da voz.

—Pelo menos ela foi graciosa quanto a isso. —Apesar de um primeiro encontro um pouco humilhante, eu me senti melhor por ter encontrado a menina que Alexander era associado pelos tabloides. Não havia nenhuma faísca entre eles. Isso estava claro. Ela realmente era uma amiga da família e nada mais. Exalei, lançando um suspiro de alívio que eu não sabia que estava segurando.

—Certo. —Belle disse, mas seus olhos não encontraram os meus enquanto ela falava, e eu fiz uma nota mental para saber o que ela estava escondendo, logo que chegássemos em casa.

—Eu não posso acreditar que você fez isso. —Stella disse com um suspiro, o olhar ainda colado ao local em que Alexander esteve momentos atrás.

Eu bati em Belle no ombro.

—Aii! —Ela esfregou o local e franziu a testa. —O que foi isso?

Eu sacudi minha cabeça, dando a ela o meu melhor olhar de “que porra é essa”.

—Eu não disse nada. —Ela disse com uma voz dramaticamente ofendida.

—Desculpe-me, Clara. —Stella disse com um sorriso tímido. —Eu vi o TMI essa tarde e me convenci, isso me faz uma pessoa terrível.

—Tudo bem. —Dei de ombros antes de virar o último gole do meu champanhe.

—E ela estava fazendo isso. —Belle adicionou.

Eu atirei-lhe outro olhar, mas ela respondeu com um sorriso tímido.

—Desculpe, querida, mas isso está escrito em sua carinha avermelhada.

Eu avermelhei mais ainda, o que fez com que ambas rissem mais.

—Certamente não é algo para se envergonhar. —Stella disse. —Eu ofereceria a troca de corpo com você, na verdade.

—Estou muito feliz com isso. —Eu admiti.

—É... você está. —Belle brindou sua taça novamente.

Nós conversamos por mais alguns minutos sobre o restaurante de Stella, e como ela conseguiu esse show, mas minha atenção foi dividida entre as meninas e a multidão que me rodeava. Eu vim aqui com Alexander, e passei menos de cinco minutos com ele desde que chegamos. Pepper chamou minha atenção e acenou para mim. Voltei-lhe o aceno, decepcionada que Alexander ainda estava desaparecido.

—Eu realmente tenho que voltar para a cozinha e lidar com Bastian. —Stella disse finalmente.

—Falando nisso, eu deveria procurar Alexander. —Desculpei-me, e comecei a procurar o meu encontro.

Agora que eu tinha um pouco de coragem líquida, e descobri que a Pepper não era a ameaça que eu achava que ela era, eu me senti mais confortável. Ficou claro que Alexander não pensou. Ele me queria mesmo aqui? Ele me alertou sobre o que esperar, mas eu tinha esperado a frieza de sua família, não dele. O fato era que ele me ignorou, enquanto a viscosidade entre as minhas pernas me lembrava do que tínhamos compartilhado quase uma hora atrás na limusine.

Avistei-o no bar ainda falando com Pepper, mas agora ele estava franzindo a testa. Sua mão estava estendida sobre a dela enquanto falava apaixonadamente. Algo torceu no meu peito, mas eu empurrei-o de volta, disposta a não permitir que o ciúme me impedisse de estar com Alexander. Mas parei quando vi seu cenho aprofundar-se. Ele começou a falar, a selvageria em seus olhos, visíveis mesmo à distância, antes de finalmente se afastar de Pepper que o perseguia.

No momento em que eu consegui passar pela multidão, eu o perdi novamente. Encostei-me contra uma coluna, considerando desistir. Por que eu estava procurando por ele, quando ele me abandonou em primeiro lugar? O que ele estava discutindo com Pepper? Seja o que for o deixou chateado. Claro, ele estava tenso desde que chegamos. Soltando um longo suspiro, eu lutei com a ideia de que Alexander sempre levantaria mais perguntas do que daria respostas. O que levantou a maior questão de todas: eu poderia lidar com isso?

Eu estava pensando nisso quando uma mão forte pegou a minha e me puxou para longe da festa. Os lábios de Alexander estavam sobre os meus, seu corpo pressionando-me em um arco de mármore, antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo. Eu empurrei contra ele no início, mas depois eu enfraqueci, fundindo-me com o beijo, desejando o contato físico com ele, enquanto eu lutava com o enigma de um homem que parecia estar constantemente deslizando pelos meus dedos. Seu pênis estava duro através de sua calça, e meu corpo respondeu com um tremor. Estávamos a poucos passos da festa de aniversário de seu pai, e ele me levaria ali mesmo. Eu não o impediria. Eu não podia. Mas tão rapidamente quanto o abraço começou, acabou. Alexander afastou-se e ajeitou a gravata borboleta.

—Eu precisava disso. —Ele disse.

O beijo tinha me deixado sem palavras, muda pelos sinais mistos da última hora.

Num momento Alexander era aberto e corajoso, e no próximo fechado e desconfiado. E hoje à noite, eu fui passada por seus dois lados tantas vezes, que eu estava desenvolvendo um tratamento frio.

Ele dobrou seu braço e o ofereceu para mim enquanto eu enxugava os cantos da minha boca, esperando que meu batom não estivesse por todo o meu rosto.

—Você está linda. —Ele disse, mas a luxúria que geralmente acompanhava seus cumprimentos, estava ausente em sua voz. Suas palavras eram as mesmas, cuidadosamente medidas, e muito educadas. Eu ansiava por sua boca suja e sorriso malicioso.

Tomei seu braço e permiti-lhe me levar de volta para a festa. Nós reentramos no salão de baile, e eu imediatamente senti os olhos em mim. Quase todo mundo tinha chegado, e eles estavam todos ansiosos para dar uma olhada na garota por trás do mais recente escândalo real. Eu tentei me lembrar do que Alexander disse na limusine. Eles estavam o julgando e não a mim, mas era difícil pensar o que os olhos apertados que encontravam os nossos olhos, e as línguas após nos cumprimentarem deveriam falar.

—Sua Alteza. —Um homem aproximou-se de nós, curvando-se para Alexander e em seguida, dando-me um aceno duro de cabeça. —Seu pai pede que você se junte à família para o brinde.

—Eu apareci aqui. —Alexander disse com uma careta. —Isso deveria ser o suficiente.

—Temo que ele seja bastante insistente. —O homem continuou. —Eu suspeito que ele o chame na frente de todos, se o senhor não for.

—Tudo Bem! —Alexander levantou as mãos, deixando cair a minha. Eu podia sentir a fúria mal controlada rolando dele, e eu fiquei imóvel, com medo de adicionar combustível em sua raiva.

—Eu levarei a jovem dama para uma mesa. —O homem ofereceu.

—Ela fica comigo.

—Mas, Senhor.

—Ela fica comigo. —Ele repetiu com uma voz firme, que não deixou espaço para mais interrogatório. Alexander agarrou meu braço e caminhou rapidamente em direção à frente do salão. Ele moveu-se tão rapidamente, que eu estava praticamente correndo para acompanhar seu ritmo enquanto ele me arrastava.

Sua família estava reunida, revezando-se em falar e ignorar um ao outro, e eu respirei fundo, sabendo que este era o momento da verdade. O pai de Alexander tinha escolhido um smoking para as festividades, mas não o ajudou a misturar-se. Ele era inegavelmente bonito, apesar de sua idade, que era apenas aparente no cabelo grisalho nas têmporas. As linhas em torno de seus olhos penetrantes e em sua boca serviram para deixá-lo parecer mais distinto. Ele era simplesmente de uma classe única.

Mas ele não era o homem mais intocável nesta sala. Que eu soubesse.

Ao lado do Rei, um homem que parecia uma versão mais esguia de Alexander deu-lhe um olhar engraçado. Parecia um aviso. Mas Alexander continuou, parando um pouco para que eu pudesse recuperar o fôlego.

—Lembre, isso é sobre mim, Clara. —Ele sussurrou.

Concordei, mas meus olhos estavam grudados no grupo de pessoas na minha frente. O sangue pulsando em meus ouvidos tornou difícil para processar o que ele estava dizendo. Alexander segurou meu queixo e me virou para ele. Seus olhos estavam frios, distantes e mortos, mas eu senti seu controle irradiando dele. Era como se ele tivesse compartimentado todas as suas emoções a fim de lidar com esta noite. Eu balancei a cabeça novamente, desta vez dando-lhe o contato com os olhos que ele tão obviamente tinha desejado.

—Boa garota. —Ele disse, esfregando um suave beijo nos meus lábios.

—Alexander. —Uma voz explodiu, assustando-me para longe dele. —Você nos manteve à espera por tempo suficiente.

—Sinto muito, Pai. —Alexander disse rigidamente. Ele passou a mão pelo meu braço nu antes que ele se afastasse de mim. —Perdi a noção com o meu encontro.

—Que descuidado. —O Rei fez um gesto para que ele se aproximasse. —Posso falar com você?

A implicação estava clara. O Rei queria falar com ele sozinho, e Alexander moveu-se para perto de seu pai.

A conversa esquentou, vozes ficaram altas o suficiente para serem ouvidas por aqueles que estavam nas proximidades. Fiz o meu melhor para não ouvir, mas não havia dúvida quanto às palavras, puta e vergonha. Segurando minha cabeça, eu tentei não estremecer quando as acusações voaram entre pai e filho.

Uma versão mais jovem de Alexander aproximou-se de mim, estendendo a mão.

—Sou Edward.

É claro que ele era. Edward usava o cabelo escuro, longo e enrolado, passando suas orelhas, fazendo-o parecer pueril em comparação com seu irmão mais velho. Mas ele ficava bem em um smoking, e ele era quase tão bonito quanto Alexander. Ele sorriu para mim, e notei que ele era mais rápido com um sorriso. Eu apertei sua mão fracamente, incapaz de falar por medo de que eu começasse a chorar na frente dele.

—Papai está com um humor terrível, o que é infelizmente bastante comum.

Edward apertou minha mão com força, procurando o meu rosto, como se estivesse à procura de uma pista de como fazer a pobre garota que ele tinha acabado de conhecer sentir-se melhor. Eu queria dizer a ele que não havia nenhum modo, mas eu sabia que nunca sairia. —Venha até aqui.

Edward me levou para uma mesa próxima. —Todos me permitam apresentá-los Clara Bishop, a namorada de meu irmão.

—Oh, eu... —Meu protesto foi silenciado com um olhar de aviso.

Um homem alto e ruivo se levantou, abotoando o paletó e oferecendo sua mão. Eu o reconheci logo e lutei contra a vontade de buscar Belle.

—É muito bom conhecê-la, Clara. —Jonathan disse enquanto pegava minha mão. Em vez de sacudi-la, ele a levou aos lábios.

—Você a conhece, Jonathan? —Uma ruiva pequena vestida de marfim perguntou a ele. A maioria das meninas com uma pele tão clara não poderia ter usado esse vestido, mas só fez com que sua pele pálida parecesse mais delicada, elegante e frágil. Seus olhos percorreram meu corpo calculadamente antes que ela cruzasse as mãos afetadamente sobre a mesa.

—Clara e eu fomos para a mesma universidade. —Jonathan disse, mas quando ele passou seu olhar sobre mim, ele não se preocupou em esconder suas conclusões. Seus olhos brilhavam como um homem que descobriu que ele foi convidado para o jogo.

Se Jonathan Thompson pensou que eu brincaria com ele, ele estava muito enganado. Minha pele arrepiou onde ele me tocou, e assim que eu tivesse a chance, eu planejava esfregar com sabão sob a água escaldante.

—Essa é Amelia. —Edward disse, quando a garota não se apresentou.

—Princesa Amelia. —Ela disse afetadamente.

Sério?

—É muito bom conhecê-la, Sua Alteza. —Eu assobiei. Todo mundo aqui tinha nascido com uma colher de prata em sua boca, e um pedaço de pau na sua bunda.

—Talvez você queira dançar. —Jonathan sugeriu, apontando para a pista de dança quase deserta.

Eu queria dançar com Alexander. Não havia nenhuma maneira que eu correria o risco de ser vista com Jonathan, especialmente desde que eu suspeitava que ele me visse como um desafio. —Eu prefiro esperar por Alexander.

—Claro. —Ele disse com um aceno de cabeça, desviando os olhos de mim. —Alexander não gosta de compartilhar.

Havia uma história aqui. Eu podia sentir isso, mas a última pessoa a quem eu pediria para compartilhar comigo era Jonathan.

—Amelia? —Jonathan estendeu a mão e a ruiva tomou-a, permitindo-lhe levá-la em direção à pista de dança.

—Então vamos pegar uma bebida. —Edward sugeriu enquanto nós assistíamos a valsa. Ele olhou por cima do ombro para o outro homem na mesa. —David?

—Vou cuidar dela. —Ele disse rigidamente.

Edward puxou uma cadeira para mim e eu aceitei, grata por estar agora sentada, mesmo que a companhia fosse menos do que bem vinda. Olhei para David e percebemos que estávamos no mesmo barco.

—Você parece que está gostando tanto disso quanto eu. —Eu disse, não me preocupando em esconder meu sarcasmo.

Um canto de sua boca puxou para cima, mas ele só encolheu os ombros.

—Eu e meus amigos temos ideias diferentes sobre como passar uma sexta-feira à noite.

—Talvez você devesse arranjar novos amigos. —Meus olhos pegaram Jonathan quando ele girou Amelia na pista de dança, e ele piscou para mim.

David bufou para mim. Virei-me para encará-lo, encontrando, após uma inspeção mais próxima, que ele era muito bonito. Sua pele cor de ébano e o cabelo cortado rente exibiam as linhas fortes de seu rosto, e apesar de sua aparência mal-humorada, seus olhos café eram quentes. Ele era exatamente o tipo de Stella. Calmo, pensativo e quente. —Na verdade... —Eu disse. —Eu tenho uma amiga aqui que você deveria conhecer. Você gostaria dela.

Caras sempre gostam, eu adicionei silenciosamente.

—Estamos armando para David? —Edward me perguntou com um sorriso, oferecendo a bebida que estava em sua mão.

—Eu acho que ele combina com minha amiga Stella. —Tomando um gole, eu levantei uma sobrancelha. —O que você acha?

Edward debateu por mais um momento, mas quando ele abriu a boca, ele foi interrompido pelo aparecimento de uma mulher mais velha que eu reconheci imediatamente. A rainha-mãe deslizou com a graça de uma mulher que deu à luz a reis. A idade havia a tocado, tornando prata os cachos, mas não havia nada frágil sobre ela. Deslizando em um vestido modesto, frisado, ela ficou quase alguns centímetros mais baixa do que seu neto mais novo. Embora o olhar de desprezo que ela usava a fizesse parecer muito maior.

Seus olhos estreitaram-se quando ela me avaliou, e seu nariz comprimiu como se tivesse apanhado um cheiro de algo podre. —Então Alexander trouxe sua pequena putinha para arruinar o aniversário do seu pai?

Minha boca abriu, e eu puxei minha mão para longe de Edward, que parecia quase tão chocado quanto eu estava.

—Vovó! —O tom de Edward a advertiu, mas eu não esperei para ouvir o que mais ela tinha a dizer sobre mim. Já era ruim o suficiente que metade do Reino Unido estivesse lendo minhas mensagens privadas no momento. Eu não tinha que ficar para ser insultada por pessoas que pensavam que eram superiores a mim. Empurrando através da multidão, eu escapei o mais rápido possível. Eu me escondi no banheiro, até que Alexander finalmente viesse me procurar.

Ele me avisou, mas ele não me preparou.

Lágrimas enchiam meus olhos, transbordando antes que eu finalmente arriscasse me virar. Edward estava longe de ser visto, mas sua avó tinha juntado o argumento que era forte entre Alexander e seu pai.

Ele ainda não tinha notado que eu tinha ido embora.

Sentime boba por ter vindo aqui. Por pensar que as coisas não poderiam ficar mais complicadas entre nós.

Mas eu estava presa aqui sem dinheiro, e agora os meus pés estavam me matando. Eu não estava acostumada aos saltos altíssimos que Belle tinha insistido que eu usasse.

Belle.

Ela estava aqui, e aí estava a minha tábua de salvação se eu pudesse encontrá-la.

Philip era chato, mas ele poderia ser contado como cavalaria, e agora eu precisava de alguém para me resgatar. Eu tinha amigos aqui, e eu tinha que me lembrar disso. Eu poderia fazer isso esta noite.

Virando-me para olhar para ela, eu esbarrei em Pepper.

Abri a boca para me desculpar novamente, mas ela chegou antes de mim.

—Vadia estúpida. —Ela assobiou. —Você está propositadamente tentando destruir este vestido?

A vontade de chorar desapareceu, substituída por choque, e eu fiquei boquiaberta com ela.

—Oh, você é tão estúpida quanto eu pensei. —Ela continuou, seus olhos verdes piscando como a língua de uma cobra ao redor da sala em desinteresse, antes que eles voltassem para olhar para mim. —Você realmente acha que eu não me importaria que você arruinasse meu Ralph Lauren?

—Eu sinto muito. —Eu disse estupidamente, minha mente não completamente bem depois de ser apanhada de surpresa, assim como o meu coração, que começou a bater como um tambor de guerra no meu peito.

—Eu também lamento que você esteja prestes a levar um fora. —Ela disse com um sorriso, jogando suas ondas louras por cima do ombro. —Não fique tão surpresa. Eu podia sentir o cheiro de sexo em você no segundo que nos conhecemos. Você acha que Alexander é o tipo que mantém meninas em torno duas vezes? Onde ele está, afinal? Ou será que ele já a descartou como o lixo que você é?

Minhas mãos apertaram ao meu lado, formando punhos que eu estava morrendo de vontade de usar, mas eu lutei contra a vontade. —Alexander é aquele que me trouxe aqui, e não se preocupe com a nossa vida sexual. Nós dois estamos muito satisfeitos.

Minha raiva fervia enquanto me aproximava do meu ponto de ebulição, e eu não tinha certeza de quanto tempo eu poderia contê-lo. Nos últimos dez minutos, eu tinha sido chamada de vagabunda, puta e agora lixo.

—Toda a Inglaterra está preocupada com sua vida sexual. —Ela disse. —Me diga?

Ela baixou a voz, um brilho malicioso em seus olhos. —Você lhes deu essa história? Será que quis vender esses textos para fazer um dinheirinho ou dois, enquanto você pode?

Eu não precisava de dinheiro ou fama ou influência. Um fato que foi perdido obviamente por ela. Pepper pode ter laços com a família real, mas do jeito que ela estava fazendo beicinho por cima do vestido, ela não tinha o meu fundo fiduciário. Qual seria o ponto de lhe mostrar? Agora eu entendi o olhar de Belle anteriormente. Ela estava me avisando. Confie em Belle para detectar uma cobra na grama a uma milha de distância.

—Se você acabou. —Eu disse, passando por ela. —Eu estava saindo.

—Fugindo? —Ela perguntou em voz de zombaria. —Certifique-se de soltar o seu sapatinho de cristal ao sair, mas não conte com Alexander para encontrá-lo.

Engoli essa e atirei de volta. —Eu não quero.

E eu não queria. Isto não era um conto de fadas, e Alexander não era o príncipe encantado. Mais do que nunca, eu queria ir para casa e transformar-me novamente na simples e solitária Clara. Eu não me preocupei em procurar Belle. Tudo o que eu queria fazer era sair de lá, mas as palavras de Pepper ficaram no meu cérebro. Este era o final da minha história. Haveria tempo para chorar sobre isso mais tarde. Por agora, eu só queria escapar.


Capítulo 16


As colunas de mármore do salão pairavam sobre mim como as barras de uma jaula, e a multidão de foliões esmagavam contra mim. O pânico tomou conta de mim, e eu lutei para ir para a entrada. Virando uma última vez para procurar Alexander, eu peguei Pepper me observando. Ela levantou a bebida em despedida, sem se preocupar em esconder o sorriso de satisfação. Ignorando-a, meu olhar varreu o espaço procurando Alexander, mas ele estava perdido no meio da multidão, e eu não queria procurá-lo. Eu queria sair daqui o mais rápido possível. Peguei minha bolsinha da nossa mesa, pensando que eu poderia pegar um táxi, mas, logo que eu estava fora, eu decidi caminhar. Eu precisava limpar a minha cabeça.

O ar da primavera estava fresco na minha pele, que parecia febril e livre após o meu confronto com Pepper. Apenas o pensamento dela fez meus dedos enrolarem firmemente sobre a minha bolsinha enfeitada com tanta força, que as contas cravaram dolorosamente em minha carne. A dor me fez sentir bem depois de me sentir totalmente insensível pelos últimos dez minutos.

O que eu estava pensando? Eu tinha aprendido a evitar as pessoas como essas, depois de ver os meus pais serem queimados muitas vezes pelos chamados amigos. Qual era o ponto de ter amigos que te puxavam para baixo ou competiam com você? Eu tinha feito um trabalho fantástico em ser o meu pior inimigo por tempo suficiente. Eu realmente não precisava de qualquer ajuda.

Toda esta noite foi um erro. Não porque me senti inferior à família e amigos de Alexander, mas porque eu não tinha interesse em jogar em seus delírios. Parte de mim queria voltar e dizer-lhes o que eu realmente pensava deles, mas eu resisti à vontade. Não havia cura para ser uma idiota.

No momento em que eu voltei para o apartamento, os meus pés doíam com o esforço da caminhada do outro lado de Londres, em cima de dez centímetros de um Jimmy Choos. O apartamento da tia Jane estava escuro quando entrei, o que era bom, porque eu realmente não queria falar. Em vez disso, eu senti como se devesse falar, uma reação remanescente de meus dias de terapia. Mas eu estava mais do que feliz por não fazer isso. Tirando meus saltos, eu subi as escadas até os três lances para o nosso piso, vasculhando minha bolsa por minhas chaves enquanto eu virava no corredor.

—Clara.

Eu pulei ao som da sua voz, soltando meus sapatos. Mas minha surpresa momentânea mudou para atenção. Respirando fundo, amaldiçoei meu corpo traidor por sua reação à presença de Alexander.

—Onde você esteve? —Alexander exigiu, me encurralando contra a porta quando me aproximei dele. Seu smoking tinha ido embora e as mangas de sua camisa estavam enroladas. Se Alexander em um smoking era incrivelmente sexy, Alexander meio fora de um smoking era devastador. Uma pontada de saudade passou por mim, mas eu resisti ao impulso de tocá-lo, sabia o que aconteceria se eu fizesse. A raiva brilhava em seus olhos cobalto, e eu senti a raiva mal controlada fervendo dele como vapor de água fervente.

—Caminhando. —Eu disse, muito cansada para jogar jogos ou ser espirituosa.

—Você saiu sem dizer uma palavra e então você caminhou para casa?

Alexander passou a mão pelo cabelo preto, e notei que ele já estava despenteado, como se ele tivesse feito isso muito esta noite.

—Você me afastou. —Eu sussurrei, mas as minhas palavras não eram tímidas. Eu queria que ele me ouvisse. Eu queria que ele parasse e ouvisse, de modo que ele soubesse que eu não tinha fugido esta noite. —Eu não fugi. Eu escolhi partir.

—Você veio comigo. Eu esperava que você partisse comigo. Eu preciso saber onde você está. Isso não é um pedido, Clara. —Ele rosnou.

Eu olhei para ele, esperando para ver se ele sequer ouviu o que ele estava dizendo, mas a partir do olhar ardente que ele me deu, ele ouviu. —Eu não sou uma criança. Eu posso tomar conta de mim. —Eu disse.

—Isso foi antes. —Alexander disse, se aproximando o suficiente para que seu calor atingisse minha pele. —Você fez uma escolha, Clara, e quando você fez, eu assumi a responsabilidade de cuidar de você.

Como ele poderia ser tão profundo, irritante e sexy ao mesmo tempo? Era um truque da evolução: a capacidade de distrair uma menina com charme enquanto você estava sendo um total idiota? —Eu não te pedi para fazer isso!

—Não, você não pediu. Mas você escolheu vir para a minha cama. Você escolheu ficar ao meu lado essa noite.

Se ele pensava que seria a extensão das minhas escolhas, ele teria uma grande surpresa. —Sim, mas não somos casados nem nada assim.

—Que mensagem você acha que envia para mim trazer um encontro para o aniversário do meu pai? —Ele me interrompeu.

Minha respiração engatou na minha garganta, eu não tinha certeza se eu queria chorar ou sacudi-lo. Possivelmente ambos.

—Nós mal nos conhecemos.

—Isso talvez seja verdade. —Ele concordou. —Mas temos sido associados publicamente e, após estes textos que foram publicados hoje, as pessoas vão fazer suposições.

Entre todo o drama de Alexander aparecendo no meu primeiro dia de trabalho, à merda tempestiva que foi esta noite, eu tinha conseguido esquecer as mensagens de texto. Acrescentadas ao resto dos acontecimentos de hoje foi demais para suportar e eu rebati.

—Que tipo de suposições? Eu realmente não ligo porra nenhuma para o que as pessoas leem no TMI, pensam de mim!

A cabeça de Alexander inclinou, um lampejo de simpatia misturado com sua raiva. —Não será apenas o vazamento do TMI por muito tempo. Haverá mais fontes de notícias, legítimos relatórios. Eu vivo aos olhos do público, Clara.

A implicação era clara. Alexander vivia aos olhos do público, mas eu não precisava. Ele estava me oferecendo uma escolha: uma que eu pensei que eu já tinha feito. Ele estava me dando uma segunda chance para ir embora. Mas isso não explicava suas ações esta noite. —Por quê? —Eu perguntei em um esforço para compreender. —Por que você me levou hoje à noite? Você sabia que as suposições seriam feitas. É quase como na primeira vez em que você foi pego com a calça arriada. Por que dar-lhes mais fofoca?

Eu não conseguia entender por que ele chamaria mais atenção para uma relação que já era alvo dos tabloides. Certamente isso só pioraria as coisas, e ele tinha que saber.

—Porque eu queria te proteger. —A voz de Alexander quebrou, e quando seus olhos encontraram os meus, a intensidade de seu olhar me atingiu forte, puxando um suspiro dos meus lábios. —Eu precisava te proteger. Eu não consigo explicar, porque eu nem consigo entender. Talvez seja uma compulsão.

—Compulsões geralmente não são saudáveis. —Eu sussurrei, mal sendo capaz de produzir palavras depois de sua confissão. O olhar que ele me deu... Ele me quebrou. E no momento, eu não me importava. Eu não me importava que tivessem mentido para nós mesmos sobre o que estava acontecendo entre nós. Eu não me importava que o meu coração estivesse em mil pedaços a seus pés, porque eu não podia suportar a ideia dele sofrer a dor sozinho.

Alexander passou as costas de sua mão no meu rosto. —Essa compulsão é. Você pode me afastar, Clara e eu ainda vou me dedicar a protegê-la.

Emoções passaram por mim, inundando minha percepção distorcida do nosso relacionamento e levando-a embora. Eu não tinha palavras para afogar a angústia refletida em seus olhos. Nada que pudesse dizer alcançaria as partes quebradas dele que eu tinha vislumbrado. Havia apenas uma maneira de mostrar-lhe como me sentia, e apenas uma maneira de libertá-lo de seus demônios. Eu colei nele, meus lábios contra os seus com uma necessidade brutal. Alexander respondeu com fome, tirando-me do chão e me batendo contra a parede no processo. Ele girou, ainda me beijando e me pressionando contra a parede. Colocando-me no chão, ele caiu de joelhos e empurrou meu vestido. Alexander o segurou contra a minha barriga, me deixando exposta da cintura para baixo.

—Abra suas pernas, boneca. —Alexander me segurou com firmeza na parede, enquanto ele arrastava beijos nas minhas coxas nuas. Levou seu tempo, deslizando os lábios ao longo da carne sensível com devoção. Sua língua lambeu suavemente para baixo o espaço entre minha perna e fenda. Minhas mãos emaranharam em seus cabelos, puxando-o para mim enquanto seus beijos moviam-se para cima.

—Eu vou te foder com a minha boca, e eu quero ouvir você gozar. Eu quero que você deixe ir. —Ele rosnou, e eu gemi, já impotente para suas exigências. Alexander empurrou minhas pernas mais abertas e empurrou sua língua dentro de mim, me fodendo com golpes poderosos. Com o prazer brotando em meu núcleo, apertando meus membros em antecipação, ele se afastou apenas para fechar a boca sobre o meu clitóris palpitante. Sugando-o avidamente, sua mão acariciou minha coxa, mas não foi adiante. Eu ansiava por senti-lo dentro de mim. As mãos dele. Sua língua. Seu pênis. Eu estava vazia e só ele poderia me encher.

—Eu... eu preciso de você dentro de mim. —Engoli em seco quando um tremor de êxtase percorreu meu corpo.

Mas Alexander não parou, ao contrário, sua mão no meu estômago me pressionou com mais força contra a parede. Sua língua acariciou meu clitóris sensível novamente e, em seguida, mergulhou mais abaixo, me espetando mais uma vez, e me empurrando para o limite. Eu estava entregue, gemidos escapando desenfreadamente da minha boca, enquanto sua língua mergulhava dentro de mim com paixão implacável.

Sem uma palavra, Alexander levantou e pegou a minha bolsa. Eu mole contra a parede era incapaz de formar palavras. Eu liberei-o, e um momento depois a porta do meu apartamento se abriu. Ele me pegou em seus braços, carregando-me quando sua boca encontrou a minha, me beijando até mesmo enquanto eu lutava para formar pensamentos coerentes. Ele nunca esteve lá dentro. Devo apontá-lo na direção do meu quarto ou optar por qualquer superfície plana que encontrássemos primeiro?

Alexander respondeu por mim, colocando-me sobre o balcão da cozinha.

—Você é muito linda, porra. —A aspereza em sua voz enviou um arrepio pela minha pele.

E eu acreditei nele, sentindo o seu desejo por mim como eu sentia o meu próprio. —Espera.

Ele deu um passo para trás, seu olhar deslizando pelo meu corpo, seus olhos cobertos pela luxúria. Eu me levantei com as pernas trêmulas diante dele. Meus dedos atrapalharam-se com o zíper do meu vestido enquanto ele desabotoava a calça. Quando consegui encontra-lo, eu puxei o zíper para baixo e deixei o vestido cair. Um grunhido retumbou de Alexander e ele avançou em mim, levantando minha bunda do chão e me levando para a parede. Eu envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e esfreguei o meu sexo dolorido contra ele. Com meus saltos, eu empurrei sua calça até os tornozelos. Ele saiu dela, chutando-a para o lado enquanto eu balançava contra seu pau liberado.

—Devagar. —Alexander ordenou, agarrando meus quadris enquanto ele posicionava seu corpo esculpido entre eles. —Agora, boneca.

Baixei em seu pênis com cuidado, sentindo a tensão agradável enquanto meu corpo saudava a grossura substancial de seu pênis. Eu rebolei contra ele, impaciência vencendo a restrição, mas suas mãos seguravam meus quadris em advertência.

—Eu não quero te machucar. —Ele advertiu.

Meus dedos deslizaram em seu cabelo, enrolando através dele e puxando ligeiramente. —Eu pensei que você gostasse disso. —Eu sussurrei.

Seus olhos brilharam com os meus, e eu vi meu rosto e a oferta escrita através dele, refletida em suas íris azuis claras.

—Vá com cuidado, Clara. —Ele deixou cair sua testa contra a minha, os olhos fechados, como se estivesse lutando para se controlar. Minha própria respiração tornou-se superficial, minha determinação descansando na ponta de uma faca. Eu queria Alexander. Eu queria tudo dele, até mesmo o seu lado negro. Mesmo que o meu desejo me assustasse.

Alexander não abriu os olhos, mas ele pressionou um beijo suave nos meus lábios. Ele recuou e empurrou mais fundo dentro de mim até que eu o embainhei até a raiz. —Isso é o bastante.

Suas palavras eram tensas, mas quando ele olhou para mim, sorriu. Nós ficamos assim por um longo momento, saboreando a deliciosa sensação da carne unida.

Isso poderia ser o bastante, eu pensei enquanto ele me segurava. Por agora. Mas ele precisava de mais do que isso, ele precisava que eu cedesse a sua escuridão.

—Clara. —Alexander sussurrou. —Pare de pensar.

—Eu...

Ele me parou com um beijo. —Fique comigo. Sinta-me.

Alexander mudou seu peso, esmagando-me contra a parede enquanto ele começava a empurrar, e eu me perdi nele. Minhas unhas afundaram em seus ombros, me ancorando enquanto ele dirigia seu pau violentamente dentro de mim. Um grito escapou dos meus lábios enquanto eu enlouquecia em torno dele, o prazer tomando conta da raiz e viajando lentamente através do meu corpo, até que a represa estourou e meu orgasmo subiu do meu núcleo, espalhando-se para os meus membros. Violentamente.

—Alexander!

Ele gozou ao clamor de seu nome, bombeando seu gozo grosso em mim.

Eu caí contra ele, seu pau ainda se contraindo enquanto minhas paredes sensíveis pulsavam ao redor dele. Os braços de Alexander me embalaram contra ele, enquanto ele me levava da cozinha para o corredor. Ele parou lá, e eu consegui dizer um fraco. —Direita. —Ele gentilmente me deitou na cama como se eu fosse frágil, em seguida, tirou o smoking e subiu ao meu lado com sua camisa.

—Sobre a festa. —Ele começou.

Eu levantei a mão, não querendo deixar essa conversa tensa estragar um momento perfeito. —Não se preocupe com isso. Nós dois sabíamos que não gostariam de mim.

—Eles não deveriam ter sido tão rudes. —Os olhos de Alexander estreitaram-se com a lembrança.

Minha mente procurou algo de positivo nessa noite desastrosa. —Edward foi legal.

—Sim. Edward compreende como é ser um do lado de fora...

A voz de Alexander foi sumindo como se houvesse muito mais nesta declaração, mas eu não pressionei. Agora, eu queria focar no homem bonito na cama comigo, não no drama que o acompanhava. Mas estar com Alexander significava certos sacrifícios.

Eu não podia fingir que gostava ou compreendia sua vida. Ele tinha insinuado o que se esperava dele, e meu coração foi ferido pela dor de sua falta de opções. O que quer que tenha rasgado a sua família, o perseguia. Eu podia ver seu fantasma em seus olhos. Eu não podia negar que eu desejava que ele compartilhasse comigo, mas eu sabia que forçá-lo só o afastaria. Talvez a única maneira para ele encontrar a paz, seria enfrentar seus demônios.

—Estou em casa segura, e você está bem perto de me comer até eu dormir. —Eu disse a ele. —Você deveria voltar para a festa do seu pai.

—Eu não quero voltar para a festa.

—X, é o aniversário do seu pai. —Eu expliquei.

—Exatamente, e ele tem umas mil pessoas lá para beijar seu traseiro. —Alexander disse. —Ele nem vai sentir a minha falta.

—Eu duvido disso.

Alexander balançou a cabeça. —Você está certa. Ele pode sentir minha falta se precisar de alguém com quem gritar.

—Eu vou dormir. —Eu disse a ele, esticando os braços sobre minha cabeça enquanto eu tentava sem sucesso conter um bocejo.

—Eu quero ir para a cama com você. —Alexander disse, apoiando-se em um cotovelo e colocando um beijo em meu ombro. Ele era incrivelmente bonito. O que fizemos mais cedo não foi o suficiente para mim. Eu tenho coisas para fazer com o seu corpo.

—Esse corpo. —Eu bocejei. —Precisa descansar. Eu não tenho nenhuma ideia de como você tem tanta resistência. Não deve ser fisicamente possível.

—Podemos dormir. —Ele sugeriu e eu congelei.

—Você quer dormir aqui? —Eu perguntei lentamente.

Alexander franziu o cenho enquanto afastava o cabelo do meu rosto. —Não posso?

Ele mais que podia. Dentro do meu peito, umas dúzias de fogos de artifícios comemorativos estouravam. Mas eu não podia revelar a minha excitação, com risco dele se afastar novamente. O pedido era tão... normal, que eu não sabia como processá-lo. —Certo, claro, tudo bem.

Alexander me puxou para ele, curvando o corpo protetoramente ao redor do meu, enquanto ele me embalava em seu peito. Seus lábios aninharam-se no meu ouvido, dizendo mais com essa demonstração de carinho silencioso do que as palavras poderiam. Uma mistura de emoções corria através de mim, trazendo lágrimas aos meus olhos em um momento e, em seguida, forçando-me a conter o riso. Como tínhamos chegado aqui? Eu não fazia ideia. Tudo o que eu sabia era que eu queria ficar em seus braços. Não importava o custo.

—Alexander. —Eu disse suavemente o seu nome, sabendo que estava entrando em território perigoso. —Mais cedo quando você disse que não queria me machucar...

Ele acalmou atrás de mim, puxando uma respiração irregular enquanto procurava as palavras certas.

—Eu tive meus motivos para dizer não anteriormente. —Eu disse finalmente.

—Mas...

—Não há mais nada a dizer, Clara. Você não me deve nada. —Ele disse em um tom comedido. —Eu não preciso disso.

Mas eu sabia que ele estava mentindo. Eu vi isso em seus olhos, seu desejo de dominar-me. Senti como ele lutou com sua necessidade de controlar o meu corpo quando ele me fodeu. —E o que você precisa então?

—Você. —Ele disse depois de um momento. —Durma, boneca. Tudo o que preciso é de você.


Capítulo 17


Seus gritos me acordaram, me tirando do meu sono como um alarme de incêndio. Acendendo a minha lâmpada de cabeceira, o descobri enrolado em uma bola ao meu lado, segurando um travesseiro com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Fiquei olhando, tentando decidir o que fazer. Não era seguro acordar um sonâmbulo, mas isto era claramente um pesadelo, e eu não podia ignorar os gritos que escapavam dolorosamente de seus lábios.

Meu primeiro erro foi colocar a mão em seu ombro. Alexander reagiu com força, me acotovelando no intestino e tirando meu ar. Eu dei uma guinada para cima, balancei os pés sobre a beira da cama, e os plantei no chão. Tentar me defender foi o segundo erro. Eu caí no chão com um som estranho, ainda tentando recuperar o fôlego.

—Alexander, acorde! —Eu gritei quando minha respiração voltou ao normal. Fiquei de pé novamente, sem saber o que fazer. Agarrando um travesseiro, eu bati nele, não querendo arriscar mais uma lesão acidental. Eu já podia sentir a dor de um hematoma se formando no meu estômago pelo seu golpe. Não funcionou, então, corri até a parede e acendi a luz do teto, contemplando se eu deveria realmente jogar água fria sobre ele ou esperar. Felizmente, seus olhos abriram quando o quarto ficou iluminado.

Sua respiração era superficial, irregular e ofegante, ele virou-se para olhar para mim com os olhos arregalados.

—Clara? —Meu nome era um apelo em seus lábios. Ele piscou, desorientado do sono.

Eu recuei, esfregando a lesão que ele me fez. Foi um acidente, mas eu mantive minha distância. Eu não estava com medo dele exatamente. Eu estava mais atordoada por ter sido acordada de forma tão violenta.

—Oh Deus. —Ele ofegou. —O que eu fiz?

Ele estava de pé imediatamente, vindo em minha direção, mas eu me afastei.

Alexander fez uma pausa, a realização surgindo em seus os olhos. —Eu machuquei você. —Ele disse categoricamente.

Ele não esperou pela minha confirmação. Ao contrário, ele atravessou o quarto e agarrou sua calça. Ele a vestiu mais ou menos e estendeu a mão para seus sapatos. Minha boca se abriu, procurando as palavras para pedir-lhe para ficar, mas não as encontrei. Ele não tinha a intenção de me machucar, mas ainda assim havia acontecido.

—Eu sinto muito. —Ele disse com a voz derrotada. —Eu avisei você. Eu sinto tanto.

Eu me afoguei na tristeza refletida em seus olhos, e lá eu finalmente encontrei a minha voz quando ele chegou à porta.

—Com o que você estava sonhando? —Eu perguntei com a voz baixa.

Alexander virou-se para mim e balançou a cabeça. —Eu não pedi para você carregar meus demônios, Clara.

—Talvez você pudesse me deixar segurá-los por um momento. —Dei um passo em direção a ele e, em seguida, caminhei lentamente, tanto para me equilibrar como para não assustá-lo. Seus demônios não me assustavam. Não quando a alternativa era perdê-lo.

—É muito feio para você. Você é muito linda, pura.

—Estou longe de ser pura. —Eu o provoquei, mas o ar entre nós permaneceu pesado, e nós não rimos.

A mão de Alexander envolveu em torno da minha garganta suavemente, me segurando no lugar enquanto seus olhos queimavam nos meus. —Você é minha beleza, Clara. É por isso que quero protegê-la do mundo. É por isso que quero protegê-la de mim.

Lágrimas surgiram nos cantos dos meus olhos, tentei contê-las, mas elas caíram quente pelo meu rosto. —Você disse uma vez que queria que eu implorasse.

Alexander sugou uma respiração irregular e sacudiu a cabeça, soltando meu pescoço. —Não. Não assim.

—Por favor. —Eu sussurrei. —Por favor, X.

—Você quer que eu lhe diga que eu sonho com a batida brusca de metal e fogo? Que eu acordo segurando um travesseiro porque eu estou sonhando que estou embalando o corpo partido de minha irmã? —Ele perguntou. —E que cada vez que eu acordo, eu não estou mais perto de saber o que aconteceu naquela noite? Eu não posso dizer nada, porque eu não sei nada!

Meus pensamentos giraram fora de controle, tentando absorver tudo o que ele estava me dizendo. Eu sabia sobre o acidente, todos sabiam. Mas tinha sido anos atrás.

—Você tem que falar com alguém.

—Eu não vou falar com um psiquiatra maldito. Minha irmã estaria viva se não fosse por mim. Fim da história.

—Não é sua culpa. —Corri na frente da porta, recusando-me a deixá-lo passar. —Foi um acidente, todo mundo sabe disso.

—Todo mundo sabe o que lhes foi contado. Não seja burra, Clara.

A observação, juntamente com a frieza em seus olhos, foi como um tapa no rosto. Eu balancei a cabeça, agarrando toda a confiança que eu poderia reunir e cruzei os braços sobre o peito. —Você não é a primeira pessoa envolvida em um acidente de carro.

—Isso era mais do que apenas um acidente de carro. —Suas palavras foram ditas em voz baixa, mas a parte cruel por debaixo delas me atingiram.

Sua admissão me chocou. O que isso quer dizer? Toda vez que eu pensava que tínhamos avançado, algo nos empurrava de volta. Nós dois estávamos dançando em torno de nossos problemas, em vez de seguirmos em frente, e então eu percebi que realmente não importava. A percepção de que essa noite com Alexander, o que realmente aconteceu, nada disso importava. Ele precisava seguir em frente e eu o ajudaria.

Estendi a mão para ele. —Volte para a cama.

Os olhos de Alexander estreitaram-se, e ele balançou a cabeça.

—Você não está segura perto de mim.

—Só estou segura perto de você. —Eu murmurei.

—Minha vida é perigosa. —Ele alertou. Suas mãos corriam pelo cabelo despenteado pelo sono. —Sou perigoso.

Dei um passo para mais perto dele, inclinando a cabeça para cima para encontrar seus olhos. —E eu não vou quebrar.

Alexander pegou minha mão e me puxou contra ele, envolvendo a mão no meu pescoço mais uma vez. —Você é frágil, Clara. Delicada. Se minha vida não quebrá-la, as coisas que eu quero fazer com você talvez a quebrem.

Eu respirei fundo, mas me forcei a sustentar seu olhar. —Não tenho medo de ficar com você, X. Eu tenho medo de ficar sem você.

Um rosnado baixo vibrou quando ele colidiu em mim com tanta força, que eu provei o sangue enquanto nossas línguas lutavam avidamente. Suas mãos se fecharam sobre meus pulsos, apertando-os com força e forçando-as nas minhas costas, mostrando seu desejo de dominar-me. Dobrei-me nele, submetendo à sua vontade irresistível, e ele me tirou do chão, carregando-me de volta para a cama.

Alexander moveu-se entre as minhas pernas, empurrando dentro de mim sem uma palavra, e eu ofeguei enquanto seu pênis grosso abria ainda mais meu sexo.

Não havia ternura no seu toque. Ele tinha sido ultrapassado por algo primal, e eu respondi instintivamente, juntando minhas unhas em suas costas, agarrando-me a ele enquanto ele me montava. Seu quadril moía grosseiramente, bombeando incansavelmente como um pistão dentro do meu canal.

Segurando seu peso com um braço enquanto ele batia em mim, sua outra mão agarrou o meu pescoço, obrigando-me a olhar para ele.

—Você é minha, Clara. —Ele rosnou. Seu aperto aumentou sobre minha garganta. —Eu reivindico você. Você entende?

A ferocidade de seu corpo e o peso de suas palavras estabeleceram no meu peito, mas eu dei um aceno fraco enquanto uma lágrima corria pelo meu rosto. Eu era sua. Eu sabia. Alexander me pertencia, e minhas lágrimas eram uma curiosa mistura de alegria, tristeza e medo. O fogo em seus olhos brilhou mais forte enquanto eu chorava, e seus quadris rolavam em círculos selvagens enquanto ele atormentava meu corpo e alma.

—Estou machucando você agora. —Ele disse gemendo. —Como você queria, Clara. Você quer que eu pare?

Um não escapou dos meus lábios em vez de um sim, e eu gemia enquanto ele batia seu pau em mim.

—Você gosta disso, mas você acha que não deveria. —Ele grunhiu. —Eu espero você gozar, Clara.

—Eu não consigo. —Eu gemia. Eu estava longe de relaxar. Meu sexo ardia com seus golpes poderosos, e a tensão enrolando pelo meu corpo não tinha nada a ver com a excitação.

—Aceite a dor. —Ele ordenou. —Deixe ir.

Ele soltou meu pescoço e colocou a boca no meu peito, chupando meu mamilo duramente em sua boca, e girando a língua sobre o bico. Em seguida, ele mordeu, capturando em seus dentes e puxando-os até que eu gritei. Os dedos de Alexander seguraram meu peito enquanto o sangue corria por sua carne sensível, e então ele mordeu de novo, arrastando os dentes do outro lado da ponta delicada. Algo mudou dentro de mim, e eu cedi ao tormento, permitindo-lhe ultrapassar os meus nervos, e nesse momento, a dor transmutou em êxtase.

Eu arqueei para frente, chorando e gritando, enquanto o prazer balançava através de mim, abalando meu mundo. Não havia nada, além do tapa pungente de sua carne contra a minha. O gosto de ferro na minha língua e os lábios inchados. A mordida afiada de seus dentes no meu peito. Havia apenas ele. Ele era a minha luz na escuridão.

Entrei em colapso com um soluço na cama. Eu recuei, cobrindo o rosto com as mãos, com vergonha da excitação que eu ainda sentia, com o prazer que eu tinha tomado a partir da troca brutal.

Alexander retardou seus movimentos, continuando a bater suavemente contra a minha buceta latejante. Seu corpo me envolveu quando ele deslizou seus braços debaixo de mim, segurando-me a ele enquanto ele pressionava beijos ao longo dos meus seios inchados. Ele rolou para seu lado com cuidado, de modo a manter os nossos corpos entrelaçados, e ele acariciou lentamente para dentro e para fora de mim.

Ele empurrou minhas mãos para longe do meu rosto, e trouxe sua boca para a minha. O beijo foi quente e profundo, e ele tomou seu tempo, separando meus lábios gradualmente, até que um suspiro escapou. Não houve conflito de línguas ou estreitamento de dentes, apenas um beijo deliberadamente lânguido, que derreteu meu corpo testado além do prazer.

—Clara? —Ele disse meu nome com uma voz sedosa, chamando-me de volta para ele.

Abri os olhos manchados de lágrimas, e encontrei com os dele, descobrindo que o fogo ardente neles tinha esfriado. Não havia fantasmas à espreita lá. Nós afastamos seus demônios, mas isso tinha quase me quebrado. E, no entanto, eu sentia-me viva. Minha pele cantou com a memória da agonia e êxtase. Os sentimentos tomaram conta de mim, e eu trouxe as minhas mãos ao seu peito, segurando a minha palma da mão contra o seu coração. Ele batia de forma constante, de maneira uniforme, seus instintos mais primitivos finalmente saciados, e eu contei as batidas até que o meu combinasse com o seu. O quadril de Alexander rolou contra mim, ainda enchendo meu sexo, mas a tensão e o tormento tinham desaparecido. Apesar de tudo, ele não tinha gozado, e eu procurei em seu rosto, de repente, temendo que eu tivesse feito algo errado.

—Seu prazer é o meu. —Ele sussurrou. —Eu vou forçar seu corpo até que quase quebre, mas eu nunca vou te machucar.

E ele não tinha. A dor do encontro tinha envolvido meu corpo, deixando apenas um êxtase de dor persistente em seu lugar.

—E eu posso te machucar? —Eu murmurei, deslizando minha mão por seu rosto.

Ele suspirou e balançou a cabeça. —Eu já estou quebrado.

—Então talvez possa te consertar. —Meus dedos tremiam quando movi a minha mão mais para baixo, até que encontrei a bainha de sua camisa. Os olhos de Alexander ficaram focados nos meus enquanto eu deslizava sob o tecido, e suavemente passei meus dedos em toda a pilha tensa de seu abdômen que ele manteve escondido de mim. Seu corpo ficou tenso, seu pênis ainda pulsando dentro de mim.

Um gemido áspero escapou de seus lábios com o contato, mas ele não se afastou, e ele não me impediu. Eu pressionei minha mão cautelosamente para seu estômago, saboreando sua firmeza, e depois deixei minha mão à deriva ir mais longe.

—Não!

Mas não havia raiva em suas palavras, apenas o medo e qualquer outra coisa que ele manteve escondido. Fechei os olhos quebrando o contato inebriante de seu olhar, para que eu pudesse pensar com clareza. E foi quando eu vi o que ele estava escondendo.

Desejo.

Abrindo os olhos, olhei para ele, finalmente entendendo, e falei baixinho.

—Eu reclamo seu corpo. Você é meu, Alexander. Tudo em você.

E enquanto eu falava, meus dedos desviaram para cima, através de suas costelas, e senti as cicatrizes que marcavam seu belo corpo. Fiz uma pausa, demorando sobre a pele cicatrizada, mas não me afastei, até mesmo quando um tremor atravessou o corpo de Alexander.

Lentamente, comecei a circular meu quadril contra o seu pênis enquanto eu ficava mais ousada, explorando a parte de si mesmo que ele manteve escondida por tanto tempo. Sua respiração acelerou rapidamente, e ele enterrou a cabeça contra meu peito. Ele agarrou minha bunda enquanto eu me aterrava contra ele, até que seu desejo ganhou de sua vergonha, e ele empurrou fervorosamente em minha entrada cruamente, seu pau em erupção, me enchendo onda após onda de sua semente. A sensação tomou conta de mim, estilhaçando e correndo por mim em um dilúvio intenso que me eletrizou, mesmo quando eu senti o frio das lágrimas nos meus seios.


Capítulo 18


Quando a primeira luz do amanhecer atravessou a janela do meu quarto, eu acordei com um sobressalto. O que eu tinha esquecido? Em seguida, descobri. Alexander estava em minha cama. Ele ainda estava dormindo, respirando suavemente, as pálpebras piscando um pouco enquanto ele rolava de lado. Mordendo meu lábio, eu passei um dedo por sua bochecha. Ele tinha tirado na noite passada a máscara que ele sempre usava, e me mostrou o monstro por trás dela, mas tudo o que eu tinha visto era ele. Alexander era bonito, mas quebrado. Ele era sexy, mas irregular. E, embora ele tivesse revelado uma parte de si mesmo para mim, eu sabia agora, que eu só desvendei a superfície de sua escuridão.

Antes de ontem à noite, eu me sentia dividida entre desvendar seu mistério e correr o mais rápido que pudesse de sua brutal sensualidade. Agora eu já não tinha escolha. Não só porque eu tinha visto o seu passado, mas porque ele tinha me forçado a ver o meu próprio passado. O que ele tinha me mostrado deveria ter me aterrorizado, mas isso só me fez desejar-lhe mais.

Eu escorreguei da cama, deslizando pelo chão com os pés descalços, então eu não o acordaria. Ele estava em paz por um momento, e eu sabia que seus demônios esperavam por ele quando acordasse.

Belle estava na cozinha, ostentando um pijama, enquanto colocava ovos em uma frigideira. Mesmo com os cabelos presos, desarrumados em cima de sua cabeça e sem maquiagem, ela estava linda. Depois da minha noite decididamente áspera, eu nem sequer queria olhar em um espelho.

—Eu estava preocupada quando você saiu apressadamente do baile. —Ela disse, me enviando um beijo. —Mas quando cheguei em casa, percebi que você não estava sozinha.

Minhas bochechas inflamaram, e eu fui ao armário pegar um copo. Eu estava tão envolvida com Alexander ontem à noite, que eu não tinha considerado que ela pudesse estar em casa. Este edifício tinha sobrevivido à guerra, então eu esperava que isso significasse que tinha paredes resistentes e grossas. Liguei a torneira, enchi o copo com água, esperando que o gesto indiferente escondesse o meu embaraço.

—Quer um pouco de controle de natalidade para isso? —Belle perguntou. —Pois julgando pelos sons que vinham do seu quarto, você precisa.

—Você é hilária. —Eu disse, o brilho rosado nas bochechas ficando mais profundo.

—E eu não sei disso? E eu ainda nem sequer comecei com todos os trocadilhos que eu tenho sobre como fiquei acordada com seus gemidos na noite passada. —Ela pegou alguns ovos da panela e pôs no prato.

Eu gemi. —Mal posso esperar.

—Você verá, vai chegar a um grito Real. —Ela disse com uma piscadinha. —Oh espere, você já deu todos esses gritos.

—Certifique-se de obter alguns trechos de “sua mãe” ou “isso é o que ela disse” quando você vier com este material inovador. —Eu aconselhei a ela.

—Me passe os feijões. —Ela disse.

Dei a tigela para ela, e ela colocou alguns ao lado dos ovos.

—Obrigada. —Eu disse. —Estou faminta.

Belle apontou um dedo para mim, sua sobrancelha arqueada sugestivamente.

—Eu aposto que você está, mas estes não são para você. Farei para você alguns a seguir. Acredite ou não, você não foi a única que teve ação noite passada.

Eu puxei a barra da minha blusa fina. —Philip está aqui?

—Sim, o deixei na cama.

—Então esses gritos que você reclamou, poderiam não ter sido todos meus. —Eu provoquei.

—Philip não é um passeio de montanha russa. —Belle disse, adicionando rapidamente. —Não que eu esteja reclamando.

Agora eram as bochechas dela que estavam vermelhas. Eu sorri para ela. —Ei, sem julgamento.

Se todos os homens fossem tão incríveis na cama como Alexander, ninguém jamais deixaria a cama. A sociedade não poderia lidar com esse nível de virilidade no pacote padrão.

—Merda, esqueci as salsichas. —Belle jogou um pouco em uma panela e virou de volta no prato. —Então você não pôde encontrar tempo para dizer boa noite antes que você rasgasse suas roupas, hã?

Hesitei sem saber o quanto dizer a Belle. Por um lado, ela era minha melhor amiga. Por outro, explicar as complexidades da minha relação com Alexander, não era exatamente algo fácil. Ainda que, tentar esconder o que realmente estava acontecendo, era de longe a coisa mais saudável que eu poderia pensar, eu precisava de uma confidente. —Na verdade, eu saí sozinha.

—Eu imaginei. —Belle admitiu. —Alexander me encontrou enquanto procurava por você. Ele parecia preocupado, embora seja difícil ler esse cara. O que aconteceu?

Explique-me isso. Eu mal estava começando a compreendê-lo por mim mesma.

Mas a súbita partida de ontem à noite, na verdade, tinha muito pouco a ver com ele. Meu estômago agitou quando pensei como tinha sido tratada na noite passada por seus amigos e familiares. —Eu não sei. Tudo parece tão bobo agora. Vamos apenas dizer que eu conheci sua família e eles não são muito agradáveis.

—Imaginei isso. —Belle disse secamente. —A Família Real é um bando de idiotas.

Apesar de me sentir mal, isso me fez rir. —Eu sei, certo? Alguém avise a imprensa.

—Eu não posso acreditar que você acabou de fazer uma piada com a imprensa, após fazer pouco caso de minhas piadas mais cedo. —Belle disse, fazendo biquinho.

—Eu vou admitir que não é meu material mais fresco. —Eu disse.

—E aquela loira. Qual era o nome dela? —Belle perguntou.

Eu gostaria de poder esquecer o seu nome. Se havia uma coisa que eu não queria sequer pensar era em Pepper. Como alguém tão bonita poderia ser tão incrivelmente feia? Mas eu sabia a resposta para isso. Pepper poderia ter qualquer homem que ela quisesse, mas o problema era que ela queria o meu.

—Pepper Lockwood. —Eu disse, soltando um suspiro reprimido de frustração.

—Ela era aquela dos tabloides, certo?

—A própria.

—Oh Deus. Suponho que não ajuda que ela é ainda mais bonita pessoalmente. —Belle disse, jogando um braço em volta do meu ombro e inclinando-se contra mim. —Ela parece uma vadia.

—Não é só aparência. —Contei a Belle que após a apresentação amigável falsa de Pepper, ela revelou suas verdadeiras cores. Os olhos de Belle estreitaram-se um pouco a cada nova peça de informação. Eles eram fendas no momento em que eu terminei.

—Que grande vadia. —Belle disse.

—Você já sabia disso também. —Eu disse, me referindo ao olhar de aviso que Belle tinha me dado.

Ela encolheu os ombros modestamente. —Eu esperava estar errada.

—Você estava certa. —Eu admiti. —E o pior é que eu não posso dizer a Alexander o que ela disse ou como ela agiu, mas é claro que ela faz um número para toda a família.

—Alguém tem que ser inteligente o suficiente para ver além de seu pequeno ato.

—Bom dia! —Philip disse ao entrar na cozinha.

Belle e eu nos assustamos, e ela olhou para seu noivo como se ele fosse o culpado por nosso nervosismo. Eu sabia exatamente por que estávamos no limite. Ele poderia facilmente ter sido Alexander caminhando através da porta.

—Que prazer em vê-la, Clara. —Philip disse, aparentemente inconsciente de nossa reação à sua entrada. Ele divagou, e pegou a chaleira do fogão, derramando um pouco de água quente para o seu chá da manhã. —Eu não tive oportunidade de dizer olá na noite passada, mas ouvi que você estava fabulosa.

—Isso não foi tudo o que ele ouviu. —Belle disse enquanto lhe estendia um prato cheio.

Ele franziu a testa, obviamente não tão impressionado com sua inteligência como ela estava. —Obrigado. —Ele disse rigidamente.

—É claro. —Ela encolheu os ombros como se isso não fosse grande coisa, mas eu vi o brilho quando se virou. Havia alguma dúvida quanto à sua capacidade de ser uma esposa adequada, mas certamente o café da manhã pronto provou uma coisa ou duas sobre isso.

—Devo fazer um prato para Alexander?

Eu hesitei, dividida entre fazer com que ele se sentisse bem-vindo e não querendo perturbá-lo. Havia também o fato de que eu achava difícil imaginar Alexander sentar-se para o café da manhã num sábado. Isso era muito normal.

—Alexander está aqui? —Philip perguntou, abandonando seu garfo e faca para olhar para nós.

—Quem na terra você imaginou que estava fazendo aquele barulho todo a noite passada? —Belle perguntou.

—Um vizinho. —Philip respondeu num tom cortante. Seu olhar cintilou sobre mim antes de retornar ao seu prato, mas eu peguei um flash de nojo e pena em seus olhos. Eu nunca fui uma grande fã de Sir Philip Abernathy, mas esta foi a última gota. Ele não tinha o direito de olhar para mim desse jeito —Ignore-o. —Belle ordenou baixinho. Bem alto ela disse. —O que Alexander gosta?

Eu não tinha certeza. Eu tinha o visto comer um hambúrguer, mas eu não tinha ideia de como ele gostava de seus ovos, ou se ele preferia café ou chá com seu desjejum. Isto era o tipo de coisa que você deveria saber sobre um cara antes de dormir com ele. Pelo menos eu sabia essas coisas sobre Daniel.

—Chá. Sem leite. —Alexander disse, ficando à vista. Ele estava vestido com sua camiseta e calça de smoking, mas seus pés estavam descalços. Eu doía para rasgar as roupas dele e levá-lo de volta para a cama, onde as coisas entre nós realmente faziam sentido. —Para café da manhã, tudo. Estou faminto. Eu trabalhei bastante a noite passada.

Alexander piscou-me um sorriso malicioso, que sugeria que ele não estava simplesmente com fome de comida. Se ele não tivesse cuidado, o pobre Philip comeria seus ovos, enquanto assistia eu montando Alexander sobre o balcão.

Eu esperava um comentário espertinho de Belle, mas nenhum veio, e quando me virei para incitá-la, ela estava olhando para Alexander com uma expressão sonhadora grudada em seu rosto.

—Eu cuidarei disso. —Eu disse, arrancando o prato de sua mão, e preenchendo antes que ela sequer se virasse para ver o que estava acontecendo.

Alexander pegou uma banqueta ao lado de Philip, e sentou-se em silêncio. Eu tinha a impressão de que eles se conheciam, mas se sim, eles certamente não estavam em termos amigáveis. Meus pensamentos foram para o quarto. Eu desejei que eu estivesse lá com Alexander em vez de ver a guerra fria no balcão.

Belle me entregou uma caneca de chá e deu de ombros, como se dissesse O que você fez? —O que você quer, Clara?

—Oh, estou bem. —Não havia como ela ter feito o suficiente para nós quatro.

—Absolutamente não. O que você quer? —Ela repetiu.

—Uns ovos e torradas, eu acho. —Não havia como lutar contra isso. Ela veria a comida descer pela minha garganta, por bem ou por mal.

Belle me deu o olhar “que foi agora”, olhando em direção ao bar, e eu fiz uma careta. Philip me pareceu um tipo que muitas vezes reprovava as pessoas, e em como eles gastavam seu tempo livre. Se eu tivesse que adivinhar, o passado de Alexander não era algo que ele aceitaria bem, e se ele tivesse lido metade das histórias que foram publicadas sobre Alexander em sites como o TMI, eu não poderia culpá-lo. Mas ele não o conhecia. Eles estavam relacionados de alguma forma distante, mas isso não significava que eles eram da família.

—Quais são os planos para hoje? —Belle me perguntou, obviamente desesperada para quebrar a tensão que estava no ar.

—Não estou certa. —Eu disse.

—Vamos às compras. —Eu olhei para Alexander sem querer, como se para ver se estava tudo bem. Mas assim que eu percebi o que estava fazendo, eu balancei. Eu não tinha planos com Alexander o que me deixava livre para fazer outros planos.

Alexander percebeu o olhar e falou. —Eu tenho que estar com minha família, e estou certo de que meu pai vai exigir algumas horas de explicação do por que eu parti na noite passada.

Eu sussurrei um desculpe-me para ele, mas ele sacudiu a cabeça, rejeitando o pedido de desculpas e sorriu tranquilizadoramente.

—Então vamos lá! —Belle bateu as mãos em excitação. —Tem uma loja nova em Notting Hill.

—Notting Hill aos sábados é um hospício. —Philip cuspiu, mas o ignoramos.

—Eu preciso de um banho e então poderemos ir. —Eu falei. —Você tem certeza de que não quer vir?

—Eu adoraria, mas o dever me chama. —Alexander disse tristemente.

Ao lado dele, Philip gargalhou.

—Isso é engraçado? —Alexander perguntou.

—Acho a ideia de você e dever juntos bastante divertida. —Philip admitiu.

—Philip! —Belle protestou, mas era tarde demais.

—Eu servi no Afeganistão e Iraque por sete anos. —Alexander disse com uma voz baixa, irradiando desprezo. —Eu sei mais sobre o dever do que o inglês médio pode compreender.

—E sobre honra? —Philip perguntou. —Será que você consegue encontrar alguma ali? Ou é tarde demais para isso?

O rosto chocado de Belle espelhava o meu, mas nenhuma de nós falou. Nós apenas vimos Alexander levantar e ir para o meu quarto, aparecendo novamente um momento depois, carregando o casaco e os sapatos.

—Você não tem que ir. —Eu disse baixinho.

—Tenho coisas para fazer. —Ele respondeu bruscamente, passando por mim em direção à porta da frente.

Mas ele girou na porta e me agarrou pela cintura, esmagando seus lábios contra os meus em uma exibição possessiva, que claramente não era para mim. Ele estava me marcando para Philip ver. Eu sabia que deveria pará-lo, mas eu já tinha me derretido nele. Quando ele se afastou, ele passou um dedo sobre meus lábios machucados e sorriu severamente.

—Divirta-se hoje.

Engoli em seco e balancei a cabeça, fazendo o meu melhor para parecer alegre.

—Iremos. Notting Hill é meu lugar favorito em Londres.

Alexander fez uma pausa como se quisesse dizer algo, mas ele abriu a porta em vez disso. —Te vejo em breve, boneca.

Não era a despedida que eu estava esperando. Com a integridade do seu telefone comprometida, e o desastre desta manhã, eu não tinha ideia de quando, em breve poderia ser. Um calafrio percorreu minha espinha enquanto eu considerava não vê-lo novamente. Nós não tínhamos falado sobre o que aconteceu ontem à noite na cama. As coisas ficaram fora de controle?

Belle apareceu ao meu lado enquanto eu fechava a porta e sussurrou. —Tudo vai ficar bem.

Parte de mim queria girar ao redor e gritar com ela pelo que Philip tinha dito, mas não era culpa dela. Eu não estava me sentindo tão indulgente com Philip.

No momento em que eu tinha tomado banho e prendido meu cabelo para trás, eu estava ansiosa para sair de casa e fazer algo normal. Só porque eu não considerava comprar uma carreira como a minha mãe, não queria dizer que eu não podia apreciar a sua capacidade para distrair. Agora, eu precisava desligar meu cérebro sobrecarregado, e mais do que isso, eu precisava passar algum tempo com Belle. Eu precisava que ela me fizesse rir. Eu precisava que ela me distraísse da confusão na qual eu me encontrava.

—Você está pronta? —Eu gritei, batendo na porta.

—Cinco minutos!

Joguei-me no sofá e agarrei uma de suas revistas. Folheando, eu senti como se devesse tomar notas. Eu não estava acostumada a estar na moda, mas agora que eu tinha um emprego de verdade, eu não poderia permanecer de camisetas e jeans.

Philip veio assoviando, mas a melodia morreu em seus lábios quando ele me viu. Eu tinha assumido que ele tinha ido depois da briga, mas aparentemente não. Eu estava com uma carranca profunda no meu rosto e me dirigi para o meu quarto.

—Clara, espere! —Ele me chamou.

Por alguma razão que eu não conseguia explicar, eu parei. Cruzando os braços sobre o peito, eu esperei. Nada do que ele poderia dizer para mim compensaria o que ele tinha dito a Alexander.

—Peço desculpas pelo meu comportamento. —Ele começou. —Mas você deve entender que eu cresci com Alexander.

—Isso é um pedido de desculpas? —Eu assobiei.

—Deixe-me explicar. —Ele disse, ignorando minha brincadeira. —Alexander não é o que você acha que ele é. Ele tem uma alma sombria e segredos.

—Mas deixe-me adivinhar? Você os conhece? —Eu já sabia que Alexander tinha escuridão nele. Ao contrário de Philip, eu não só tinha visto isso, eu tinha experimentado.

—Não. Eu ouvi os rumores. Os que são passados em funções oficiais.

—Sua mãe nunca te disse para não acreditar em tudo o que ouve por aí?

—Eu suponho que sim. —Philip disse. —Mas ela também me disse para ter cuidado em quem confio. Eu confio nas pessoas que me disseram sobre Alexander e o que ele faz para as mulheres. Como ele as usa. O quão distorcido ele pode ser quando as recebe sozinho. —Ele deu um passo mais perto de mim. —Então me deixe perguntar para você Clara, você confia em Alexander?

Isto não era novidade para mim, mas a questão da confiança era uma história completamente diferente. Eu considerei isso por um momento, pensando no que eu tinha experimentado desde que eu comecei a ver Alexander, mas depois pensei em seu rosto quando ele revelou-se para mim na noite passada, do frágil controle que ele exibiu quando eu ofereci meu corpo para ele de qualquer maneira que ele precisasse, e eu tive a minha resposta. —Eu confio nele.

—Então eu espero pelo seu bem que eu esteja errado. —Philip disse. —Tenha cuidado, Clara.

Ele desapareceu de volta para o quarto de Belle, deixando-me questionar minha sanidade. Philip podia ver o que eu não podia? Se eu tivesse fechado os olhos por causa da luxúria ou... Eu balancei minha cabeça. A alternativa era muito pior. Forcei um sorriso quando Belle apareceu na porta.

—Você está pronta? —Ela perguntou.

Peguei minha bolsa e cerrei os dentes. —Absolutamente.

*****

O fim de semana passou voando sem uma palavra de Alexander, e eu comecei a sentir as primeiras dúvidas enraizando em mim. Ele tinha quebrado suas regras e mostrado uma parte de si mesmo para mim, que ele tinha jurado manter escondido, e então eu o forcei mais.

Foi com esse pensamento preocupante que cheguei ao meu escritório na segunda-feira de manhã. Eu propositadamente decidi, no início, não lidar com as cabeças girando para mim, que eu sabia que seguiriam a minha entrada. Felizmente as poucas pessoas que tinham magicamente chegado ainda mais cedo do que eu, apenas murmuraram saudações sonolentas, enquanto eu passava.

Mas quando cheguei à minha mesa, a resposta que eu estava esperando já estava lá. Na forma de outra carta entregue em mãos. Apanhei e a virei de ponta cabeça, meu coração emocionado enquanto deslizava meus dedos ao longo do selo de cera suave. Abrindo a aba, eu retirei a carta e li: Boneca,

Espero que você tenha uma semana de trabalho menos dramática. Estou ocupado com os negócios da família.

Te vejo em breve.

X

Eu preferia que ele estivesse ocupado comigo, mas eu segurei a carta no meu peito, em seguida, olhei em volta para ver se alguém notou. Era emocionante saber que suas palavras eram apenas para os meus olhos. Eu dobrei a nota e ia colocar na minha gaveta da mesa, mas pensei melhor e coloquei na minha bolsa. Não só eu queria afastar os rumores que poderiam afetar meus relacionamentos de trabalho aqui, mas eu também não sabia se podia confiar em qualquer uma dessas pessoas. Não quando informações privadas sobre Alexander valiam um prêmio.

A cabeça cacheada de Bennett apareceu no canto do meu cubículo, a curiosidade brilhando em seus olhos cor de chocolate. —Você teve uma entrega essa manhã.

—Sim, Eu peguei. Obrigada. —Era melhor deixar por isso mesmo, embora o meu novo patrão fosse um urso de pelúcia.

—E eu vi você na Entertainment Today essa semana. —Ele provocou. —Você se sente como a Cinderela?

Sim, pensei, especialmente na parte que ela sai correndo do baile. Mas eu não lhe disse isso, dei de ombros deixando sua boa índole levar a melhor. —Eu voltei para casa com meus dois sapatos, então infelizmente, não.

—Bem, não me dê os detalhes sórdidos. —Bennett pressionou uma mão em seu peito. —Estou ferido, realmente.

Rolei meus olhos e peguei o notebook. —Não temos uma reunião para preparar?

—Sim, o agente de Isaac Blue confirmou para a próxima terça-feira.

Em poucos segundos, ele tinha mudado para o modo de negócios completo, dando-me um adiamento das perguntas sobre a minha vida pessoal. Nós nos estabelecemos em uma longa discussão, elaborando estratégias de como lançaríamos a nova campanha, e quais responsabilidades eu teria para a apresentação. No momento em que Bennett levantou-se para sair, era meio-dia.

—Eu deveria pedir alguma coisa. —Ele disse, checando seu relógio. —Prometi as meninas não trabalhar neste fim de semana, agora minha caixa de entrada está cheia.

—Na verdade, vou pegar algo para comer aqui. O que posso pegar para você? —Eu perguntei.

Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto. —Clara, você é uma santa. Tem um lugar indiano incrível na esquina, mas eles lotam no almoço. É melhor pedir.

Eu achei o local indiano e fiz o pedido. Coloquei meu cabelo sobre meu ombro esquerdo, sentindo já o começo do verão, mesmo sendo maio ainda. O local estava lotado, todos queriam conseguir algo para comer.

Vinte minutos mais tarde, eu estava no caminho para o escritório com dois sacos cheios de Tandoori de frango, arroz e sopa de lentilha. Atravessei a rua para evitar o aumento de tráfego da saída do metrô, e por isso que eu vi.

Meu rosto me olhando na capa de uma revista. Mais especificamente o meu rosto de 15 anos de idade.

Faminto por seu amor: O Devastador segredo de Bishop.

O passado que trabalhei tão duro para esquecer estava estampado no tabloide na banca de revista da esquina.


Capítulo 19


O dia tornou-se uma lista de coisas para fazer. As pessoas normais não precisam ser lembradas de voltar ao trabalho, ou verificar e-mail, ou beber água, mas, novamente, as pessoas normais não estavam nas capas dos tabloides. Eu conhecia uma variedade de ferramentas terapêuticas que me foram ensinadas em aconselhamentos, muitas das quais eu não tinha usado durante anos. Hoje eu usei todas elas. Fechei a influência negativa. Eu comi meu almoço com Bennett, que não tinha ideia do que estava acontecendo.

Eu percorri um longo caminho desde que eu tinha quinze anos, mas eu sabia quão facilmente eu poderia reincidir. A coisa que ninguém entendia era que, não comer, nem sempre era uma escolha. Agora, quando eu estava estressada, às vezes eu me esquecia. O que ninguém parecia entender, era que seu corpo as vezes não se lembrava, ou entendia que precisava comer. Na verdade, eu tinha tantas coisas acontecendo naquela época, que comer era uma demanda que eu deixava passar.

E agora, apesar de todo o trabalho que eu tinha feito para eliminar as crenças negativas do meu corpo, isso era novidade. Na verdade, não era. As manchetes, as fotografias velhas, tudo me acusava. Ninguém estava interessado na história verdadeira. Eles queriam vender jornais, e isso acabava comigo. Alexander tinha vivido com isso toda a sua vida, mas era novo para mim. Meu prédio tornou-se um ponto de encontro para paparazzi esperançosos. Eu tinha visto a minha vida sexual discutida em blogs de fofocas. Eu deveria ter sabido que não demoraria muito até que eles cavassem mais fundo. Agora meu passado havia sido ressuscitado em nome do entretenimento, e se eu pensasse sobre isso por muito tempo, eu desmoronaria.

Até o final do dia, eu tinha terminado vários dias de trabalho. A apresentação para Isaac Blue estava completa e pronta para a aprovação de Bennett, e eu tinha começado a trabalhar no novo boletim de e-mail da empresa. Mas eu sabia que assim que eu saísse do escritório, meu mundo viria de cabeça para baixo.

Bennett bateu na minha cabine e enfiou a cabeça. —Ei, você está bem? Você parece desligada.

—Estou bem. —Forcei-me a sorrir. —De fato, eu terminei a apresentação para Isaac Blue.

—Até os gráficos? —Bennett perguntou surpreso.

—Eu já enviei para o seu e-mail.

Bennett deu um soco no ar, dando-me um vislumbre do que ele deveria ter sido quando era mais jovem. O gesto, tão infantil e genuíno, me fez gostar dele ainda mais.

—Eu não sei como você faz isso.

—Eu estou trabalhando no boletim agora. —Eu continuei. —Eu pensei...

—Clara? —Bennett me parou. —Acho que você é uma viciada em trabalho mais do que eu. São cinco e meia.

—Não! —Girando na minha cadeira, eu verifiquei a hora no meu desktop. Meu pulso disparou quando eu vi que ele estava certo.

—Hora de ir para casa, ou você tem um baile chique para ir?

Sabendo que ele quis fazer uma piada, eu forcei um sorriso. —Eu preciso terminar isso e então irei embora daqui.

—Okay, vejo você amanhã então. —Bennett parou. —Ou eu posso acompanhar você.

Acenei, fazendo o meu melhor para parecer casual e ocultar o ligeiro tremor em minhas mãos. —Vá para casa para as garotas. Eu sairei em cinco minutos, eu prometo.

Quinze minutos mais tarde, eu não podia adiar por mais tempo. Dirigi-me para o elevador já entrando em pânico. E se os fotógrafos me seguissem, e se fizessem perguntas ofensivas. O que minha mãe diria? Eu poderia perder meu emprego?

O que Alexander acharia?

Não havia dúvidas em minha mente que ele já sabia.

Não importava que eu tivesse superado, ou em que ponto estava na minha vida. Meu passado seria uma responsabilidade para ele. Ele não precisava de mais escândalo ou embaraço para lidar com parte da imprensa, e eu estava provando ser ambos. Depois de hoje, ele seria forçado a terminar comigo, e eu entendia. Não haveria mais cartas dele no almoço. Ele não tinha aparecido no meu escritório. Alexander já tinha começado a se distanciar do acidente de trem chamado Clara Bishop. Ele poderia ter uma variedade de mulheres, por que escolheria a danificada?

Do lado de fora do saguão, eu teria que enfrentar meu passado. Não havia tempo para me desesperar pelo meu futuro.

Vinte e oito passos para a porta giratória. Eu contei cada um em uma tentativa de me concentrar em algo mundano, mas o meu coração continuava a acelerar enquanto meus saltos clicavam pelo chão de mármore polido. O sol espiava pela porta, e lembrei-me de algo que meu terapeuta costumava dizer: Por que esperar o sol sair das nuvens quando você pode acender a luz?

Conselho bom para seguir, eu pensei enquanto saía do edifício Clarkwell, e colocava meus óculos escuros. Enquanto um enxame de paparazzi esperava por mim, eu gostaria que pudesse acender a luz, e escapar na escuridão do anonimato. Os fotógrafos me perseguiam, tornando difícil ir para casa.

Clara, você está atualmente em tratamento?

Alexander sabe sobre sua anorexia?

É verdade que você procurou aconselhamento no ano passado?

Eu mantive minha boca fechada enquanto eu passava por eles em direção à calçada. Um cara da minha idade, vestindo um boné dos Yankees, pulou na minha frente, iPhone na mão. —Sorria, amor! Eu sei que você não quer nenhuma papada nesta foto.

Algo estalou dentro de mim e eu corri em direção a ele. Ele tentou se afastar, mas eu o pressionei para frente, até que eu estava em frente ao seu rosto desalinhado, com barba por fazer.

—Isso é uma piada para você, não é? Você tem sentimentos? Porque de onde estou, parece que você se esqueceu de que é humano também. Conte-me seus segredos! Compartilhe isso comigo. Você não pode, pode?

—Eu só queria uma foto! —O homem levantou as mãos em sinal de rendição. Se ele pensou que ele fugiria tão facilmente, ele estava errado.

—Você é um pedaço de merda. Vocês todos são. Vocês já pararam para pensar que eu tenho sentimentos? Será que consideraram o que uma história como esta poderia fazer para alguém em recuperação? Ou o que dizer às pessoas com muito medo de pedir ajuda? —Eu me virei e levantei um dedo no ar, não mais dirigindo a minha raiva em uma única pessoa. —Vocês são todos doentes. Isso não é notícia! Saiam da minha vida!

Uma morena com excesso de batom e sem sentido suficiente se adiantou, franzindo a testa com simpatia. —Clara, só queremos ajudar.

—Ajudar? Ajudar? —Uma risada maníaca saiu de mim. —Eu não preciso de sua ajuda. Você não vê isso? Eu não preciso que você me conserte.

Ela aproximou-se de mim, estendendo a mão como se para dar um tapinha no meu braço.

—Pare. —Eu disse com uma voz baixa. —Não me toque, porra.

Ela engasgou, girando em torno do câmera man em pé atrás dela. —Você pegou isso?

Eu assisti com espanto quando ela começou a gravar um slogan bem na minha frente. Eles realmente não tinham vergonha. Eles eram apenas um bando de sanguessugas sugadores de alma. Eu abri minha boca para lhe dar mais alguns impropérios, quando Norris apareceu ao meu lado.

—Senhorita Bishop? —Ele deixou cair um braço protetor em volta de mim e me guiou em direção à rua. Virei o rosto no ombro de Norris, grata que ele tinha aparecido. Mas onde estava Alexander?

Eu sentei com alívio na parte traseira do carro. O Rolls Royce se afastou do meio-fio, desviando das pessoas na rua, antes de se instalar confortavelmente no tráfego noturno. Agora que eu tinha conseguido sair de lá, a fúria tomou conta de mim. Parte de mim queria chorar, mas eu estava muito insensível para produzir lágrimas. Isso teria repercussões. Amanhã as histórias seriam sobre a louca Clara Bishop. Mas alguém tinha que confrontá-los. Não alguém na posição de Alexander, mas a minha infâmia seria facilmente esquecida com a sua próxima namorada. Em um mês, eu seria uma ninguém. Em um mês, ele ainda seria o herdeiro do trono.

Eu não poderia culpá-lo por não ter vindo, mas ele enviou Norris e cumpriu sua promessa, mesmo que eu não valesse o esforço.

O apartamento estava escuro, e a represa arrebentou quando encontrei uma nota de Belle dizendo que passaria a noite com Phillip. Era egoísmo da minha parte, mas eu queria minha amiga aqui. Meu celular estava desligado, eu não tinha amiga, e Alexander enviou seu guarda pessoal para mim. Humilhação me inundou e lágrimas quentes atingiram meu rosto.

Eu me arrastei até meu quarto me repreendendo, mas podia me dar ao luxo de ter um pouco de auto piedade. Eu tentei não dar um passo em falso desde que conheci Alexander, e olha aonde eu tinha chegado. Ninguém se importava. Eles queriam dor e sangue. Eu não era para essa vida. Eu cheguei perto do quarto e vi a luz acesa, e eu não havia deixado acesa quando saí, eu empurrei a porta e entrei.

Alexander estava na poltrona, meu coração deu uma guinada. Ele preenchia o quarto com sua presença. Ele vestia uma camiseta preta, mas até mesmo o traje casual não fez nada para aliviar a autoridade brutal que emanava dele. Ele não falou nada, e eu só tive coragem para ir para a cama e me embolar com um travesseiro. Um longo tempo passou até que ele se sentasse na beira da cama. Ele pairou sobre mim, com uma frieza praticada, e eu encontrei seu olhar e notei um tique na sua mandíbula.

—Isso é verdade? —Ele perguntou em um tom comedido.

Engoli em seco, sabendo que eu estava prestes a destruir o vínculo que compartilhamos. Eu realmente pensei que isso fosse inquebrável? Talvez eu fosse delirante como os tabloides me pintavam. —Sim.

Dessa vez sua mandíbula realmente tencionou. Preparei-me para que ele se fosse. Lutei contra as lágrimas. Mas Alexander não se foi, ele deu dois passos, parou e socou a parede. Eu pulei em pé, observando seus dedos feridos e o gesso caindo no chão.

—Eu sinto muito. —Eu gritei, sem poder mais segurar minhas lágrimas. —Não sou perfeita. Eu lamento que você não soubesse. Mas você precisa partir.

Alexander virou para me encarar. —Você acha que estou bravo com você?

—Eu não tenho ideia de como eles descobriram isso. —Eu continuei minha confissão numa torrente nervosa. —Eu estive em terapia antes da universidade, e eu vi um conselheiro privado no meu primeiro ano de faculdade. Houve uma recaída um ano atrás, mas isso era tudo confidencial.

—Você não tem mais segredos, Clara.

—Eu percebi isso agora. Eu percebi que te devo uma explicação, mas...

—Você não me deve nada. —A suavidade de seu tom de voz me parou mais do que as palavras, e Alexander aproveitou para se aproximar. —Você entende? Você não me deve nada. —Ele segurou meu queixo e repetiu as palavras, olhando nos meus olhos.

Seu rosto perfeito estava na minha frente enquanto eu me afogava em lágrimas. Eu não entendia nada. Eu só sentia que ele estava escorregando, minha vida estava sem controle, e eu não tinha aonde me agarrar.

—Eu preciso que você entenda. —Eu sussurrei, mas não podia concluir meu pensamento. Antes que você me deixe.

—Se você precisar, eu ouvirei. Mas você não me deve explicação. Nada que diga mudará as coisas entre nós.

Eu me afastei dele. Ele tinha feito sua escolha. —Então vá.

—Eu não quero ir. —Alexander deu um passo até mim e parou. —O que você acha que eu estou dizendo para você?

—Eu entendo. —Eu disse incapaz de olhar para ele. —Você não precisa de mais drama em sua vida, e nem de uma namorada que precisa de um alarme para comer. Eu não culpo você por isso.

—Eu não vou deixar você. —Ele disse com uma voz macia. —Eu nunca quis perfeição. Eu quis você.

Eu oscilei, e sua mão disparou para me pegar. Alexander reuniu-me em seus braços e me levou para a cama. Ele me segurou forte enquanto as lágrimas me banhavam. Eu o respirei. O cheiro de sabão misturado com água de colônia picante e algo indescritível, que pertencia somente a ele. E eu fiquei em seus braços.

—Eu ainda quero que você entenda. —Eu murmurei. Ambos tínhamos segredos e eu compreendi que não podia manter o meu de Alexander.

Alexander assentiu, mas permaneceu em silêncio.

Tomando um fôlego, eu relembrei o que tinha aprendido sobre compartilhar durante a terapia em grupo. Ninguém está aqui para julgar você, eu disse a mim mesma. Alexander não queria partir. Ele reafirmou isso, mas eu não tinha dito tudo. E eu não tinha certeza se ele não mudaria de ideia quando descobrisse tudo mais tarde.

—Começou na escola. Minha mãe insistiu que eu participasse de uma academia exclusiva na Califórnia, e como de costume, meu pai cedeu. Eu não queria ir. Eu tinha quatorze anos, e meus amigos eram a minha vida, mas eu não tinha nada a dizer sobre o assunto. Eu acho que isso fez com que a transição fosse pior, e eu tive dificuldades em conhecer pessoas. Fiz uma pausa para respirar fundo antes de continuar.

—Finalmente, uma menina mais velha levou-me sob sua asa. Ela me ensinou sobre a situação e os meninos. Por alguma razão, eu pensei que ela fosse muito popular. Provavelmente porque ela parecia feliz. E então, um dia, ela foi ao banheiro e vomitou depois do almoço.

Alexandre ficou rígido em torno de mim, mas ele acenou para continuar.

—Ela forçou-me a experimentar, e como eu não fazia, ela começou a dar pequenas dicas. Então uma noite eu fui com ela após o jantar e vomitei. Foi difícil para mim, eu demorei para conseguir, e ela ficou o tempo todo me provocando. Quando finalmente consegui, eu decidi que poderia continuar fazendo. Eu odiei, mas ela era minha única amiga.

—Depois de todos esses anos, eu ainda me sinto uma idiota, quando conto essa história. —Eu admiti.

O dedo de Alexander voou para meu queixo e ele virou os meus olhos até os seus. —Você não é idiota.

—E nem esperta. Eu acreditei quando ela disse que meus pais se envergonhavam de mim, e que por isso tinham me enviado para longe. E que quanto menos eu pesasse, mas linda e popular eu seria. Mas quando voltei para casa nas férias da primavera eu pesava menos do que 45 kg. Minha mãe... —Minha voz tremeu ao lembrar. Alexander pressionou um beijo na minha testa e esperou. —Minha mãe começou a chorar quando me viu. Tirou-me da escola e me levou para a terapia todo santo dia. Nesse verão nos mudamos para a Inglaterra. Papai pensava que seria um novo ambiente, e que seria melhor para mim. Talvez ele tivesse certo.

—Ele estava certo. —Alexander concordou, enterrando o rosto na curva do meu pescoço. —Porque você está aqui comigo, bonequinha.

A dor em meu peito espalhou-se como fogo enquanto ele falava, mas eu me forcei a continuar. —Me dei bem com a terapia. Eu aprendi que o meu distúrbio alimentar era um mecanismo de enfrentamento que eu usei por estar estressada, ou solitária. Eu fiquei em tratamento até o meu segundo ano na universidade, e então eu conheci Daniel.

—O que tentou te quebrar? —Alexander lembrou mal contendo seu desgosto.

—Eu deveria ter percebido. —Eu disse.

—Não dê desculpas. —Alexander ordenou.

—Foi bom por um tempo, mas depois as coisas mudaram. Ele mudou. Num minuto ele me fez sentir como a pessoa mais importante em sua vida, e no próximo eu era a razão pela qual ele era infeliz. Ele criticava o quanto eu comia, destacava o quão pouco eu me exercitava. Ele competia comigo por notas. Quando meus pais me deram acesso ao meu fundo fiduciário, chegamos em casa depois da minha festa de aniversário, e eu lhe disse que estava cansada. Ele não gostou disso. Ele me acusou de ser superior a ele. Ele disse que eu estava sendo elitista, e que eu era muito esnobe para transar com ele. As coisas pioraram rapidamente e ele quase...

Alexander saltou da cama e começou a andar, apontando com um gesto impaciente para eu continuar.

Eu escolhi minhas palavras com cuidado, consciente de que Alexander oscilava no limite. —Mas ele não o fez. —Eu disse. —Belle chegou em casa. Ela viu o que estava acontecendo e ameaçou chamar a polícia. Aquela noite deveria ter sido suficiente para eu ver o que estava fazendo a mim mesma, mas ainda pensei que estava apaixonada por ele. Recusei-me a ir para a terapia, embora Belle me forçasse. Eu estava bem. As coisas estavam sob controle, e então eu desmaiei durante a aula. No hospital, eles me perguntaram quando tinha sido o meu último período, e eu não conseguia me lembrar.

Alexander congelou. Sua expressão inescrutável.

—Sinceramente, pensei que estava grávida, e o pensamento de ter um bebê com Daniel deixou-me tão assustada que eu fiquei doente. Eles tiveram que me colocar no oxigênio, e me colocar um tubo de alimentação. —Minha voz quebrou quando recordei aquele dia no hospital, e o turbilhão de emoções que eu tinha sofrido. —Eu percebi que eu não estava com medo de ter um bebê, mas eu estava com medo de estar permanentemente ligada a Daniel. Quando me ocorreu que o meu filho o teria como pai, houve uma tristeza mais profunda do que qualquer outra que eu já conheci.

—Então você terminou. —Alexander adivinhou. Ele tinha parado de andar furioso, e pairou ao lado cama.

—Eu não precisei. —Eu disse com um sorriso sem humor. Era impossível compreender como eu fui ingênua. —Os resultados deram negativo. Eu não estava grávida. Eu estava desnutrida. Meu fígado mal funcionava. Eu estava morrendo. Eu não tinha propositadamente parado de comer. Eu não tinha percebido que eu estava fazendo isso. Os médicos questionaram e sugeriram que eu voltasse para a terapia, especialmente um grupo de apoio. Foi aí que eu percebi que tinha me agarrado a uma ideia de controle que não existia. Não comer era algo que eu escolhi. Talvez por causa das coisas horríveis que ele disse sobre o meu corpo. Talvez porque inconscientemente, eu precisava desesperadamente controlar alguma coisa. O meu grupo me ajudou a ver que eu tinha dado a ele o controle sobre mim. Então, quando eu digo que ele me quebrou, é o que eu quero dizer. Eu o amava e ele quase me matou. Pelo menos, eu pensei que o amava.

—E agora? —Alexander perguntou.

—Agora... —Eu parei incerta de que fosse o caso. Agora eu tinha alguém para comparar a Daniel, mas não me atrevi a dizer isso a Alexander. —Vamos apenas dizer que a distância me deu perspectiva. Embora depois de hoje, eu sinto como se tivesse sido jogada de volta no tempo. Suponho que não importa o quão longe eu cheguei, eu não posso mudar o que aconteceu, e isso significa que às vezes eu tenho que enfrentá-lo.

Os olhos de Alexander se distanciaram enquanto considerava isso. Ele entendeu o que eu estava dizendo. Eu tinha testemunhado seus pesadelos, e peguei os comentários autodepreciativos que ele jogava em conversações. Mesmo que ele não tivesse previsto abrir sua alma para mim, eu sabia que podia confiar nele com o que tinha acontecido comigo. Eu só podia esperar um dia que ele se sentisse da mesma maneira.

—É por isso que você correu quando eu falei de submissão?

Eu balancei a cabeça. Eu não queria jogar isso de volta para ele, não depois de o quão longe nós chegamos nos últimos dias, mas evitar não ajudaria.

—Eu não posso acreditar... —Ele procurava as palavras, uma expressão familiar de auto aversão em seu rosto.

—Não, X. —Eu o parei. —Não foi só isso. Era a ideia de qualquer relacionamento.

—Minhas predileções com certeza não ajudaram. —Ele rosnou.

—Eu pensei isso no início também. Mas você não é ele, e eu estou mais forte agora.

—E seu corpo? —A aspereza em sua voz me prendeu com a sua implicação, e eu não podia falar. —Como você se sente em relação ao seu corpo?

Empurrando as palavras sobre a minha língua seca, obriguei-me a responder-lhe.

—Na maioria dos dias não penso sobre isso. Eu como. Me visto. Eu saio para correr. Outros dias me pego desejando ter um corpo como o de Pepper.

Seus olhos brilharam com a menção de seu nome, mas ele não falou. Em vez disso, ele me levantou em seus braços, sem uma palavra. Eu passei meus braços em volta de seu pescoço enquanto ele me embalava contra seu peito. Alexander arrombou a porta do banheiro com o pé, e me levou para o espelho. Pondo-me suavemente sobre os meus pés, ele me orientou para encarar o meu reflexo. Ele moveu seus lábios para os meus ouvidos, enquanto seus dedos habilmente abriam o zíper do meu vestido, empurrando-o, passando por meus ombros com lenta deliberação.

—Tenho sido negligente em dizer-lhe como me sinto sobre seu corpo. —Disse Alexander. Sua respiração fazia cócegas em minha orelha, e enviando arrepios quentes de prazer pelo meu pescoço. —Sua linda buceta captura muito da minha atenção, mas quando digo que todo o seu corpo foi feito para foder, eu quero dizer isso.

Seus dedos ficaram enganchados nas alças do meu vestido, impedindo-o de cair aos meus pés. A boca de Alexander percorreu minha pele até a curva do meu pescoço. Ele deu um beijo ali, com os olhos fechados em reverência, e eu me derreti contra ele. Seus olhos se abriram e vi selvageria refletindo neles. —Isso. Ele roçou o local com os lábios. —Foi feito para beijar. Tão suave e macia. Quando estou enterrando meu pau em sua boceta perfeita, eu não posso evitar.

Ele demonstrou com outra carícia de seus lábios, mas desta vez os dentes afundaram levemente na carne, e eu ofeguei em aprovação. Um sorriso satisfeito curvou em seu rosto. Alexander plantou beijos enquanto ele descia as alças do meu vestido para baixo, pelo comprimento dos meus braços. —Longo e fino. Estas sardas me deixam louco. —Ele parou. —A maneira como eles ficam em volta de mim, agarrando-se a mim enquanto eu monto você. Perfeição!

O vestido escorregou de cima de mim e agrupou-se aos meus pés, enquanto os dedos de Alexander enrolavam nos meus. Ele deslizou as mãos sobre o meu ombro e beijou cada junta. —Dedos inteligentes. Eu odeio quando eles não estão interligados com os meus, a menos que eles estejam no meu pau, é claro.

Eu balancei a cabeça, os dentes afundando em meu lábio inferior enquanto bebia seu reflexo no espelho. Seus olhos azuis ardiam nos meus em contraste com seu cabelo grosso e preto, e os lábios pressionando em minhas mãos.

—Olhe para você, boneca. —Ele ordenou quando percebeu o que eu estava fazendo.

—Eu quero olhar para você. —Eu sussurrei.

—Eu não culpo você. —Ele disse com um sorrisinho. —Mas agora quero que você preste atenção. Siga meus lábios com os seus olhos. —Ele entrou no espaço entre o meu corpo e o balcão, ainda segurando minha mão, e caiu de joelhos. Tomando minha outra mão, ele guiou meus braços atrás das costas, obrigando-me a ficar reta e empurrando meu peito mais perto de seus lábios em espera. Ele inclinou a cabeça para cima, pegando meu mamilo na boca. Eu fiz como me foi dito, observando sua língua em torno da ponta, enrolada antes dele chupar entre os seus dentes. Meus seios incharam com sua atenção, ficando cheios e pesados. Meu corpo doía com a construção da tensão, quando ele debruçou sobre os calcanhares e virou-se para o espelho. —É quase clichê dizer-lhe que seus seios são perfeitos, mas eles são. Cheios e maleáveis. Eu nunca posso decidir se eu quero chupá-los ou fodê-los.

Um gemido escapou dos meus lábios e ele arqueou uma sobrancelha.

—Você gostaria disso? Você quer que eu enfie meu pau entre seus seios?

Eu balancei a cabeça perdida em suas sugestões eróticas. A lista de lugares que eu não permitiria que seu pênis fosse diminuía a ponto de não existir.

—Mais tarde, boneca. —Ele prometeu, voltando a trilhar seus lábios no meio dos meus seios e para baixo no meu umbigo. Sua língua circulou quando ele prendeu meus pulsos juntos em uma das mãos, trazendo sua mão livre para quase causar um tremor nas linhas tensas de meu estômago. —Seu corpo me dá tanto tesão boneca. Eu penso sobre isso o tempo todo, imaginando como vou transar com você. Quando estamos separados, tudo o que posso pensar é em colocar minhas mãos em você.

Ele chegou ao meu quadril e agarrou-o com força, amassando-o com os dedos fortes. —Eu não posso tirar meus olhos de você quando você anda. Você balança seus quadris de propósito, sabendo que eu estou olhando?

Eu balancei minha cabeça. Normalmente, não. Então, novamente algo sobre Alexander roubava minhas inibições. Talvez fosse sua boca suja, ou o seu corpo pecaminoso, mas a sua presença trazia um lado devasso à minha personalidade, que eu nunca suspeitei que tivesse.

—Tudo o que posso pensar é em pegar esses quadris e colocá-los sobre o meu joelho.

Ele continuou roucamente. —Ou segurá-lo enquanto meu pau martela em você. Eles cabem perfeitamente em minhas mãos. Eu juro, seu corpo é a porra da prova da evolução.

Fechei meus olhos, imaginando seu corpo me dominando. Energia frenética correu por mim, me inundando, enquanto sua pele entrava em contato com a minha.

—Abra os olhos, Clara. —Ele mandou. Sua mão levemente bateu em minhas nádegas nuas, e meus olhos abriram. Ele soltou a minha mão e segurou ambas as minhas nádegas. Eu vou ter que passar um dia inteiro adorando o seu rabo. É uma pena que você não pode ver-me fazendo, mas eu vou ter certeza de descrever cada coisa que eu quero fazer a ele. Tudo o que eu vou fazer a ele.

As mãos de Alexander deslizaram do meu traseiro para minhas coxas, e ele lentamente as abriu. Deixando-se cair mais abaixo, o rosto aninhou contra minha carne interna. —Suponho que seria muito pedir para estar enterrado aqui?

Um riso escapou dos meus lábios, e ele beijou a pele sensível, em resposta. —É sério, boneca. Quero os meus lábios aqui, respirando você. O seu cheiro me intoxica, e você sabe. Eu quero que elas apertem contra meus ouvidos enquanto eu provo você. Mas eu preciso que esteja aberta para mim, circulando em torno de mim enquanto eu te fodo.

Sim, por favor.

—Você sabe como me sinto sobre isso. —Os lábios de Alexander subiram. Suas palavras sussurravam em meu sexo inchado. —Sua boceta foi feita para mim. É tão apertada, que esmaga meu pau quando estou dentro de você, drenando cada gota de mim. Mas você sabe disso. Você sabe que tem uma boceta gananciosa, não é? Eu quero que você veja. Eu vou te foder com a minha língua, para que possa ver como você é linda quando goza.

Sua língua lambeu a renda da minha calcinha, tirando suspiros famintos de mim. Ele se afastou. —Observe, boneca.

Mergulhando entre meus lábios passando pela minha tanga, ele deslizou a língua sobre a minha fenda, pousando no meu clitóris. Ele empurrou minhas pernas mais abertas, para que eu pudesse vê-lo no espelho. Era demais vê-lo entre as minhas pernas, observando como sua língua acariciava e chupava, mas não me atrevi a virar. Minhas mãos emaranharam em seus cabelos, segurando-me a ele enquanto meus quadris esfregavam contra a sua boca.

Meus músculos contraíram. Tensão apertando-os a cada chicotada de sua língua. Eu vi quando meus olhos nublaram com ar sonhador, e meus dentes morderam meu lábio inferior. Meu peito movia-se em antecipação, e uma película de suor alastrava-se por toda a minha pele. Eu já não queria me afastar, eu tinha perdido minhas reservas na boca meticulosa de Alexander, e eu não resistia contra sua língua talentosa.

Eu estava perto, mas meu corpo queria mais. —Eu quero ver seu pau dentro de mim.

As mãos de Alexander apertaram minhas coxas, cravando em minha pele, adicionando o limite da dor para meu prazer, mas ele não cedeu. Em vez disso sua língua sacudiu fortemente contra o meu clitóris, antes que sua boca pairasse por cima dele, sugando-o com fome.

Esqueci meu pedido, meus olhos estavam focados na menina no espelho. Seu êxtase espelhando o meu. Gritos derramaram dos meus lábios, enquanto era assumidamente fodida pela boca de Alexander. Êxtase tomou conta de mim, me lançando sobre o limite, enquanto segurava seu corpo ao meu.

—É o bastante, boneca? —Alexander perguntou, beijando o oco da minha coxa.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar quando me soltei.

Alexander levantou-se e moveu-se para trás de mim, desafivelando seu jeans enquanto seus olhos observavam-me no espelho. A coroa de seu pênis estava presa no cós de sua cueca boxer, e eu lambi meus lábios.

—Você quer isso? —Seus olhos estavam nublados enquanto ele esfregava seu pênis rígido.

Eu queria, mas eu queria mais do que isso. Alexander tinha me mostrado que ele queria tudo de mim. Seu desejo não se limitava ao meu sexo, e o meu não se limitava ao seu também.

—Não. —Eu sussurrei, sem me importar com o risco que corria. —Eu quero seu corpo.

Sua imagem se deteve atrás de mim quando ele captou minhas palavras. —Você não quer isso, Clara.

—Não há nenhuma parte do meu corpo que você não queira, certo? —Esperei ele concordar. Ele o fez com firmeza, mas também, depois de sua exposição, não tinha como negar. —Não há nenhuma parte de seu corpo que eu não queira.

—Clara... —Ele começou, mas o silenciei.

—Eu senti as cicatrizes. Eu sei. —Falei com delicadeza, sem saber como ele reagiria ao ser lembrado daquela noite. Eu só podia confiar no meu instinto. —E eu quero você. Tudo em você, X. Tudo nele me deixa tão excitada.

Um sorriso tênue apareceu no canto de sua boca, enquanto eu repetia suas próprias palavras de volta para ele. Ele não podia discutir comigo, mas a incerteza brilhava em seus olhos. Alexander deu um passo para fora da calça e a chutou em direção à banheira. A cueca saiu em seguida, colocando seu magnífico pênis em exibição. Mas meus olhos estavam presos aos seus quando seus dedos agarraram a bainha de sua camiseta. Eu sorri de maneira tranquilizadora, e ele levantou lentamente até seu torso, revelando a parede musculosa que ele tinha recentemente me permitido tocar. Eu mantive meu rosto em branco quando a primeira cicatriz ficou à vista. Alexander hesitou, ainda me olhando, como se a qualquer momento fosse mudar de ideia.

—Tudo em você, X. —Eu repeti.

Ele puxou a camisa sobre a cabeça, soltando uma respiração irregular quando o meu olhar passou sobre seu corpo. As cicatrizes serpenteavam em toda a metade esquerda das suas costelas até seu peito. Comprida e branca, que tinham desvanecido com o tempo, mas eram impossíveis de ignorar. Reprimi um calafrio. Eu sabia que foi um acidente grave, mas conhecer e ver a prova era uma coisa completamente diferente. Foi um milagre que ele sobrevivesse, e ainda assim, o pior dano já havia sido feito em sua alma.

Não havia nada entre nós agora, e quando as mãos de Alexander agarraram meus quadris em um puxão feroz, eu separei minhas pernas. Eu ansiava por senti-lo mover-se dentro de mim. Eu precisava disso. Nós precisávamos disso.

—Leve-me. —Eu sussurrei. —E não seja gentil.

Sua mão sumiu de vista, e um momento depois, sua ampla coroa cutucou dentro de mim. Alexander empurrou seu pênis com cautela em minha fenda. Em seguida, suas mãos estavam em meus quadris, me forçando para baixo até que eu tomei seu pênis. Apesar do meu pedido, seus quadris mexeram com movimentos lentos e deliberados, permitindo que o meu corpo se ajustasse a sua deliciosa grossura. Suas mãos deslizaram em meu estômago, circulando e apertando meu torso, enquanto suas estocadas se aprofundavam. Mergulhando em meu pescoço, seus dentes pegaram a curva dele, me mordendo enquanto seu membro era enterrado até à raiz contra o meu sexo.

Eu queria vê-lo, tudo dele, como ele me fodia, então eu inclinei-me para frente, me livrando de suas mãos. Afundando para frente, ofegando enquanto ele penetrava mais profundo. Meus olhos estavam fechados contra seu reflexo, mas eu absorvia em sua forma magra enquanto ele se dirigia em mim.

Ele era lindo, e ele era meu. As cicatrizes de seu passado não me assustavam, elas me atraíam para ele. E ele precisava saber disso.

—Abra seus olhos, X. —Eu ordenei com uma voz forte, com certeza. Ele tinha me mostrado como ele me via, e eu queria retribuir o favor. —Eu quero que você veja o que você faz para mim. Eu quero que você veja o que eu vejo.

Os olhos de Alexander abriram, brilhando como um incêndio, e a dor brilhando neles roubou o fôlego. Eu empurrei contra ele corajosamente, e seu ritmo aumentou. Seus dedos cravaram em meu cabelo, puxando o meu pescoço junto para que o meu olhar fixasse ao seu. E quando eu não desviei o olhar, ele mergulhou forte em meu sexo encharcado, me empalando com seu pênis. Eu gritei. Prazer deslizando por mim enquanto ele continuava seu ataque impiedoso. Nossos olhos se encontraram quando a primeira onda moveu-se através de mim. Eu lutei para manter meus olhos abertos com a pressão despertada, e pelo brilho da transpiração em seu corpo esculpido.

—Não pare. —Eu implorei. —Tudo de você. Dê-me tudo de você. —Um gemido vibrou dele quando ele derramava em mim, me inundando com jorros quentes, e eu despedacei, rompendo contra ele com um grito arrebatador.

Desmoronando contra ele, eu montei nos pós-tremores, mas Alexander continuou a bater em mim, movendo-se com lisas estocadas desesperadas contra minhas paredes sensíveis.

—Alexander. —Eu pedi, mas ele não parou.

—Preciso... preciso... —Ele resmungou, sua voz distante enquanto dirigia incansavelmente em mim.

Eu reconheci o fogo ardendo em seus olhos. Vi a necessidade de controlar, e eu tremi quando meu sexo inchou, ardendo na estimulação interminável. As veias do pescoço pulsavam. Um ruído gutural escapou de seus lábios quando ele gozou. Mas ele não diminuiu. Ele estava perdido, perseguindo os demônios de seu passado com necessidade visceral, animalesca.

Fugindo para longe dele, meu sexo inchado e cheio, virei-me e cruzei os braços em volta dos seus ombros.

—Brimstone. —Eu sussurrei, não só para meu benefício, mas para o seu bem. Ele pensou que poderia superar o passado, controlando o presente.

—Eu preciso estar dentro de você. —Ele engasgou, mas eu balancei a cabeça.

Este momento estava muito no limite. Muito fresco para ignorar.

Sua cabeça caiu para o meu peito, e ele me recolheu em seus braços, levantando-me para sentar-me no balcão. Quando ele finalmente olhou para cima, a chama de seus olhos se foi, e vi através dele. Nós fomos despojados um ao outro, desprotegidos e vulneráveis. Ele ternamente posicionou-se contra a minha entrada maltratada, fazendo uma pausa enquanto seus olhos pediam permissão. Já sem hesitar, eu me embainhei ao seu pênis, sabendo que não havia outra escolha.

Nenhum de nós se moveu.

Nenhum de nós falou.

Mas nós nos agarramos um ao outro, imóveis, juntos através da dor em comum, e unidos pela promessa não dita. Nós estávamos indefesos, expostos, nus, e nós só podíamos enfrentar isso juntos.


Capítulo 20


Compartilhar um banheiro com Alexander provou ser quase impossível. Eu não conseguia tirar meus olhos dele, e ele não conseguia manter suas mãos longe de mim. Alexander descansava em sua cueca boxer contra a parede. Vê-lo tão relaxado em torno de mim, sem esconder seu corpo mais, significou mais do que eu poderia expressar. Eu o vi no espelho, absorvendo sua forma magra e musculosa.

—Se você continuar olhando para mim assim, eu vou ter que levá-la de volta para a cama. —O tom de brincadeira em sua voz fez meus dedos do pé enrolarem.

Sim, por favor, eu pensei. Em seguida, suspirei. Eu estava já meio vestida com minha saia e sutiã, e eu não tinha tempo de sobra se eu quisesse chegar ao escritório na hora certa. —Nem pense nisso, X. Eu já estou atrasada.

—Eu avisei que eu sou um homem que toma o que quer. —Ele ronronou.

Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, eu estava sobre seus ombros enquanto ele me levava para o meu quarto.

—Me ponha no chão! —Eu batia em seu traseiro. —Estou atrasada.

—Pare de lutar contra mim ou você não irá. —Ele me prometeu, com um brilho sombrio em seus olhos.

Eu não podia deixar de desejar que ele cumprisse tal ameaça.

Alexander me deixou sobre a cama e, em seguida, caiu aos meus pés. Deslizando até as minhas pernas, ele pegou a barra da minha saia em seus dentes, e a arrastou pelos meus quadris. Meus dentes afundaram em meus lábios, um gemido baixo escapou quando seu peito nu roçou em toda a minha carne. Apesar do enchimento do meu sutiã, meus mamilos eriçaram com o contato.

Será que eu vou conseguir o suficiente dele? Disto? Eu não podia compreender, não quando meu corpo ainda respondia com desejo incontrolável cada vez que ele me tocava. Mas agora havia algo mais profundo, algo além do físico quando ele me tocava, e meu peito doía enquanto as minhas emoções me inundavam.

As mãos de Alexander empurraram minha tanga para o lado, e seus dedos inteligentes mergulharam entre minhas dobras enquanto acariciava dentro e fora da minha fenda inchada. —Veja, boneca? Você ainda está vestida.

Eu esqueci como falar, enquanto seu polegar massageava meu clitóris.

—Embora este sutiã seja irritante. —Ele disse com voz rouca. —Seus seios pertencem à minha boca. Não é, Clara?

Um soluço de prazer acumulou em meu corpo com o pensamento, apertando meus músculos enquanto o meu corpo tremia, quase frenético por autorização, mas Alexander parou. Revirei os quadris, desesperada por seus dedos para continuarem suas ministrações, mas ele se recusou.

—Clara? —Sua boca deslizou ao longo da minha mandíbula, enviando arrepios pelo meu pescoço.

—Sim!

Ele reconheceu a minha afirmação com a ação de seus dedos, mergulhando e torcendo habilmente enquanto esfregava meu clitóris. Meu corpo estava aquecido, um brilho fino de suor cobria toda a minha pele, e eu arqueei contra ele, torcendo os quadris contra suas mãos poderosas, quando meu orgasmo me atingiu em espasmos violentos.

Alexander afastou uma mecha pegajosa de cabelo da minha testa e me beijou suavemente. Eu era pouco mais do que uma poça debaixo dele, desossada e saciada. Era impossível pensar em trabalhar agora.

Uma batida na porta me tirou do meu estupor, mas Alexander silenciou-me e apertou seus lábios nos meus. O segundo golpe foi mais insistente, e ele cedeu, ajudando-me a ficar de pé e puxando para baixo a minha saia. No momento em que eu tinha ajeitado a minha camisa, meu visitante inesperado bateu na porta.

Havia apenas algumas pessoas que tinham o código de acesso ao nosso edifício, e não era difícil adivinhar qual deles estava batendo na minha porta. Deslizando pela sala de estar, cheguei à porta, parando para me recompor momentaneamente e me preparar mentalmente. Minha mãe voou pelo apartamento. Apesar de sua aparência perturbada, ela estava em um conjunto de calça de linho prensado, e um casaco combinando. Eu esperei por um momento, mas então eu percebi que ela não pararia de falar sem intervenção.

—Eu e seu pai estivemos ao telefone durante toda a manhã.

—Mãe, eu sei sobre a história. —Eu a cortei.

—É claro que você sabe sobre isso. —Ela soltou. —Sua foto está na capa de todos os jornais em Londres. Ele está apenas tentando fazer um pouco de controle de danos.

Controle de danos. Eu sabia exatamente o que ela quis dizer com isso. Meus pais tinham controlado os danos à sua reputação por anos. Era a maneira agradável de dizer suborno e ameaças. Eu tinha experimentado estar no centro de controle de danos antes, mas agora que eu era adulta, eu não permitiria. —Eu prefiro que você me deixe lidar com isso.

—Você? —Ela zombou. —Clara, querida, você não está pensando claramente. Seu pai...

—Não se preocupe com isso. —Eu a cortei. —Tenho as coisas sob controle.

Ela olhou como se ela seriamente duvidasse disso, mas ela colocou os braços em volta de mim, me apertando até eu recuperar o fôlego. O que era para ser um gesto de conforto, só me deixou com dor, como sempre. Quando ela finalmente me liberou, eu olhei nervosamente em direção ao hall.

Eu precisava que ela saísse daqui.

—Estou bem, mãe, realmente. —Eu prometi a ela, com voz fraca, conduzindo-a para a porta.

—Isso é o que você disse antes. Quando você começou a ver Alexander de novo? Não tente negar! Sua aparição com ele naquele baile estava por toda a internet. —Ela sacudiu um dedo para mim, parando apenas quando ela percebeu o que ela estava fazendo. Limpando a garganta, ela ajeitou o lenço de seda e mudou de direção.

—Temos pessoas que podem ajudá-la com isso.

—Não acho que seja necessário, mamãe. —Um lampejo de movimento na sala chamou minha atenção, e eu percebi que a minha porta do quarto não estava mais fechada. Adulta ou não, eu não precisava do drama que Madeline desencadearia se ela descobrisse que Alexander tinha passado a noite comigo. —Tudo o que eu realmente quero é terminar de me vestir. Eu preciso estar no trabalho em menos de uma hora.

Ela continuou alheia à minha tentativa de tirá-la do apartamento. —Liguei para Lola esta manhã, ela pensou que pudéssemos tentar...

—Você ligou para Lola? —Eu perguntei, sem me preocupar em esconder a minha descrença.

—Ela está estudando Relações Públicas, e ela é muito esclarecida sobre mídia social. —Mamãe me lembrou.

—Ela tem vinte e um anos e mal foi para a universidade!

—Lola vai se formar em RP. —Ela disse, descartando completamente a minha objecção.

—Você sabe o que? —Caminhei até a porta da frente. —Eu cuido isto. Eu não preciso de você, Lola ou papai me ajudando.

Mamãe vacilou um passo à frente com os olhos fixos na porta, antes que ela explodisse em lágrimas. —Você está me cortando de sua vida, Clara. Você sabe como isso é perigoso. Será que ele sabe? Já falou com ele desde que a história vazou?

Eu não tinha certeza do que me deu mais raiva: a ideia de que ela pensava que esta história afetaria a forma como ele se sentia sobre mim, ou que ela não tinha a minha confiança. Eu tinha me preocupado o suficiente sobre sua reação à revelação, e Alexander tinha me surpreendido, mesmo que ele tenha levado a noite toda para me convencer de que não importava. Agora, a minha mãe, a pessoa que deveria me mostrar o amor e apoio incondicional, estava em pé diante de mim confessando que ela pensava que eu era mercadoria danificada.

—Ele sabe. —Mas não fui eu quem finalmente respondeu sua pergunta. Alexander saiu do corredor escuro, com um feixe de luz da manhã que brilhava através da janela da sala. Ele estava com a calça jeans desgastada e uma camiseta, mas não havia dúvida de sua autoridade. Ela escorria de sua voz e irradiava de seu porte confiante. Alexander era todo homem, e sua postura ninguém se atrevia a questionar. —Você deve ser a mãe de Clara. Estou feliz em conhecê-la, senhora Bishop.

Alexander ofereceu sua mão, mas ela não se moveu. Minha mãe estava congelada no local.

—Mãe. —Solicitei em voz baixa. —Este é Alexander.

Ela olhou dele para mim e de volta, em seguida, olhou de volta. —Bem, eu estou feliz que ela lhe disse. Relações devem ser construídas sobre honestidade. Você não concorda, Alexander?

—Claro. —Ele assentiu, piscando-me um pequeno sorriso.

—Eu acho que seria melhor para todos nós, especialmente Clara, se tivéssemos alguém tentando conter esta história. Eu tenho certeza que você concorda com isso também. —Ela estalou os dedos bem cuidados juntos enquanto ela falava.

—Infelizmente, por experiência pessoal, posso dizer-lhe que é muito difícil controlar o que eles publicam, sendo verdade ou não. —Ele disse ironicamente.

Os lábios de mamãe ficaram em uma carranca, e ela balançou a cabeça. —Temos que fazer algo.

—Eu não posso prometer nada, mas eu tenho o meu melhor homem olhando para as circunstâncias por trás da história. —Ele nos disse.

Eu recuso esta informação. Eu disse que não queria que ele se envolvesse.

—Você não deve ser arrastado para isto.

—Isso aconteceu por minha causa. É o mínimo que posso fazer. —As palavras ardiam dele como uma panela em fogo baixo. Talvez Alexander não estivesse lidando com o aumento na minha publicidade tão bem quanto eu pensava.

—Obrigada. —Minha mãe se lançou para ele, pegando-o no mesmo abraço desajeitado que eu tinha sido vítima antes, e eu dei-lhe um sorriso de desculpas por cima do ombro. Ela separou-se dele e deu um tapinha no ombro. —É tão bom ver que Clara encontrou alguém.

Eu me encolhi internamente, tentando manter o sorriso estampado no lugar.

—Adoraríamos levá-lo para jantar. Você tem planos para amanhã?

—Mãe! —Eu a agarrei. Claro, ela conseguiu uma obrigação social dele imediatamente.

—Eu adoraria. —Alexander disse.

—Você o que? —Eu perguntei chocada.

Mamãe me ignorou, envolvendo seu braço com o de Alexander e passeou com ele em direção à porta. —Vou organizar tudo. Você não tem alguma alergia alimentar, tem? Vou ligar para Clara com os detalhes. Harold vai ficar tão animado. —Ela disse, não parando uma vez para ter confirmação.

Segui-os e abri a porta para ela, acenando com entusiasmo enquanto ela continuava a planejar em voz alta. Cinco minutos mais tarde, eu fechei a porta. Mole contra ela, eu deixei cair a minha cabeça e respirei fundo. —Sinto muito por isso.

—Ela parece ser um bocado para se lidar. —Alexander disse com um sorriso em sua voz.

—Eu posso te tirar dessa. Não se preocupe.

O sorriso de Alexander desapareceu em uma carranca. —Não me importo de ir jantar com seus pais.

—Você... tem...certeza? —Eu perguntei com a voz estrangulada.

—Pare de olhar para mim como se eu precisasse de uma camisa de força. A menos que... —Ele fez uma pausa e me olhou com uma expressão sombria. —Você não quer que eu vá jantar com os seus pais.

—Não! —Eu gritei, assustando ele e a mim mesma. —Claro que eu quero, mas eu entendo se você não se sentir confortável.

—Não é o que os namorados devem fazer? —Ele perguntou. —Conhecer os pais. Encantá-los. Ganhar o privilégio de corromper sua filha.

Ouvi-lo usar o termo namorado sugou o ar dos meus pulmões, e eu olhei para ele incapaz de falar.

—Algo errado? Ele perguntou, correndo os dedos pelo cabelo preto enrolado quando o olhar preocupado e cansado que ele usou tantas vezes voltou ao seu rosto.

—Fiz algo que te chateou?

Engoli contra o sentimento cru na minha garganta e balancei a cabeça. —Não. Eu só não mereço você, X.

—Não. —Ele concordou, com sua voz ficando rouca. —Ninguém merece me aturar.

Coloquei um dedo em seus lábios, me pressionando contra ele. —Não diga isso.

—De onde você veio? —Ele sussurrou. —Quem te enviou para me salvar?

Eu não tinha uma resposta para ele. Então esmaguei meus lábios nos dele. Num piscar de olhos, ele estava no controle, abrindo minha boca e mergulhando sua língua em minha boca. Eu me perdi, provando-o, deleitando-me com ele. Eu passei uma perna em torno dele e circulei contra ele para aliviar a pressão que aumentava no meu núcleo. Alexander fechou em volta da minha cintura e se afastou, respirando pesado e quente contra o meu pescoço.

—Você tem que ir trabalhar. Ele murmurou. —A menos que...

Lambi meus lábios no tom sugestivo em sua voz rouca. —A menos que?

—Você queira ligar dizendo estar doente, e me deixa te mostrar como um namorado pode ser.

Isso era uma oferta tentadora. Tentadora demais. —Lamento, X. Eu não posso faltar no meu terceiro dia de trabalho.

Ele me deixou escorregar dele, recuando para me dar espaço. Mas a distância não fez nada para acalmar o desejo no meu corpo.

—Esta noite. —Não era uma pergunta. Era uma promessa de coisas vindo.

—Esta noite. —Eu repeti, sentindo as horas de separação tão agudamente como a pequena distância entre nós.

*****

—Eu acrescentei os gráficos que discutimos ontem. —Bennett anunciou, entrando na minha área de trabalho.

Olhei para cima para encontrar seus olhos, grata que pelo menos ele ainda podia me olhar no rosto depois dos tabloides de ontem. Mexi em alguns arquivos na minha mesa, achei a lista que tínhamos inventado no dia anterior, e marquei tarefa concluída. —Vou trabalhar para reunir as estatísticas sobre a disponibilidade de água limpa e mortalidade infantil.

—Posso apenas dizer que estou muito grato por ter alguém ajudando com isso. Eu tenho que ser honesto, ainda estou em estado de choque que Isaac Blue escolheu trabalhar com a gente. —Bennett deixou-se cair em uma cadeira na minha frente. Seu terno Oxford estava enrugado e havia bolsas sob os olhos.

—As coisas estão um pouco difíceis agora?

—Duas meninas é muito para dois pais lidarem, e eu sou tudo que elas têm. —Ele admitiu. —Eu não posso evitar pensar que eu posso estar as estragando.

Eu me inclinei para frente e toquei a manga da camisa, sentindo uma onda de simpatia por sua confissão. Ninguém se importava tanto quanto Bennett. —Você não está. Você apenas tem seu trabalho ocupando você. Se você precisar de alguém para vê-las, deixe-me saber.

—Eu nem sei o que faria se tivesse uma noite de folga. Eu provavelmente trabalharia.

Eu ri disso e balancei minha cabeça. —Nada de trabalho. Esse é o acordo.

—Então, o que você acha? —Ele abriu os braços. —Como está o seu primeiro show pós-universidade?

—Bom. —Eu bufei.

Ele levantou uma sobrancelha, nivelando o olhar com o meu. —Isso foi bastante convincente.

Hesitei, sem saber se eu deveria trazer todo o drama da minha vida pessoal. Bennett parecia contente em deixar toda essa merda na porta, mas eu tinha que aceitar que a minha relação com Alexander podia complicar as coisas. —Bem, eu não conheço ninguém no escritório e, no entanto, ninguém parece ansioso para se apresentar.

—Eu acho que eles estão intimidados por você. —Ele disse honestamente.

—Eu? —Foi a coisa mais absurda que já ouvi.

—Você é tipo... uma celebridade.

Eu cobri o rosto com as mãos e deixei cair à cabeça na minha mesa.

—Eiii. —Ele falou. —Isso vai passar e, em seguida, ninguém lembrará que você namorou o... qual-seu-nome?

—Bela tentativa. —Eu resmunguei. —Ainda assim, eles viram seus textos para mim. Eles ainda se lembrarão de que eu sou a menina com o transtorno alimentar.

Eu tinha passado por isso antes na minha escola. Era impossível ignorar o olhar de dissecação, como eles avaliavam o seu corpo e o quanto você comia no almoço. Eu fugi de lá então, mas isso não era mais uma opção. Eu não queria que fosse.

—Então lhes mostre que você é mais do que tudo isso. —Bennett levantou-se e acenou para eu sair da minha cadeira.

Passamos a próxima hora indo de mesa em mesa, apertando as mãos e partilhando pequenas conversas com a equipe de Peters & Clarkwell. Não havia como eu me lembrar de metade dos nomes que tinham sido jogados em mim, mas eu estava grata por conhecer os meus colegas de trabalho. Eu esperava que isso tivesse colocado para descansar alguns dos rumores de escritório sobre mim.

O resto do dia passou em um borrão entre ler os recursos ambientais e tomar notas, na esperança de impressionar o nosso cliente celebridade. Eu sabia pouco sobre Isaac Blue fora dos cartazes de cinema e filmes. Uma rápida busca na Internet levou a um monte de especulação sobre sua vida privada. Eu não podia evitar, mas senti que o cara não tinha nenhuma história mencionando um compromisso com o meio ambiente. Fui até o escritório de Bennett e parei na porta.

—Então foi o agente publicitário de Isaac Blue que disse que ele estava interessado nessa campanha? —Eu perguntei. —Só por curiosidade.

Bennett recostou-se na cadeira, cruzando os braços atrás da cabeça, e deu-me um sorriso triste. —Ela me vendeu seu profundo compromisso com a causa, mas se eu for honesto, eu acho que nós estamos sendo contratados para reformar sua imagem.

Isso é o que eu imaginei. Eu sabia o que era ser alvo dos tabloides, mas eu não estava empolgada para receber mais drama no meu do dia-a-dia. E Isaac Blue era, claramente, problema.

—Eu acho que devemos apenas estar felizes por ele querer ajudar. —Eu disse saindo da sala.

—Vou aceitar o que tiver! —Bennett falou.

Quando voltei para a minha mesa para embrulhar minhas notas finais, já pensando em como eu passaria a minha noite, ou melhor, com quem eu passaria a minha noite, uma ruiva estonteante parou na minha frente e me estendeu uma carta.

—Victoria? —Perguntei com um sorriso tímido, esperando ter acertado o nome.

—Victoria Theroux. —Ela confirmou. —Mas me chame Tori.

—Obrigada, Tori. —Eu não tinha certeza do que dizer, então eu cruzei os meus pés.

—Era o cara das entregas?

—Hum, eu não sei. Como ele era? —Eu perguntei, um pouco surpresa com a pergunta.

Consegui manter o choque do meu rosto quando ela descreveu Norris. —Eu não sei. —Eu admiti mal contendo minha diversão. —Mas posso perguntar.

—Lamento. —Ela disse, abanando-se. —Eu tenho um complexo de pai total. É terrível, mas você vai se acostumar com isso.

Uma risada escapou dos meus lábios, mas isso só pareceu agradá-la, pois ela irrompeu em um largo sorriso. Talvez eu fosse fazer mais do que um amigo aqui.

—Deveríamos ir almoçar qualquer hora dessas. —Eu disse. Eu estava ansiosa para ter mais amigos em Londres, e da minha breve interação com os amigos de Alexander, eu acho que eu não encontraria qualquer um lá. Além disso, a ideia de ter uma amiga que não estava obcecada por seu casamento, parecia fantástico.

—Legal! Eu conheço um lugar ótimo que serve peixe e fritas. —Tori concordou com um sorriso genuinamente quente. —Alguma hora essa semana.

—Combinado.

—Eu sei onde você trabalha, então não acho que você poderá voltar atrás. —Ela me lançou uma piscadela, e flutuou de volta para sua mesa. Eu fiz uma nota mental de onde ela estava sentada, tentando anexar o rosto e nome ao local.

Assim que eu estava de volta ao meu computador, e depois de uma rápida verificação para certificar-me de que ninguém estava olhando, eu rasguei o envelope e li o bilhete de Alexander: Boneca,

Esta não é uma carta de amor. O pensamento de ter que passar um momento sem ter meu pau em você, é demais para aguentar. Eu quero que você saiba que passei o meu dia imaginando minhas mãos em seu corpo, meus dedos rolando em seus mamilos. Imaginando seus seios perfeitos arfando enquanto te fodo com a minha língua. Enquanto você salva o planeta, estou relembrando os sussurros que escaparam de sua doce boca, na última vez que você gozou, e anseio ouvir novamente. E os ouvirei esta noite. Sussurre meu nome agora, Clara, porque esta noite quero ouvir você gritá-lo.

X.

Exalei trêmula, percebendo que eu prendi a respiração enquanto lia, mas eu sabia que as tonturas na minha cabeça não eram por prender o fôlego. Isso era apenas o seu efeito sobre mim. O efeito X, pensei ironicamente.

Inalando, fiz o que ele mandou.

—Alexander.


Capítulo 21


CoCo era o último lugar que minha mãe teria escolhido para o jantar. Ela me disse isso, e foi exatamente por isso que eu escolhi o bistrô sazonal confortável em Notting Hill. Apesar de ter algumas das melhores comidas de luxo em Londres, ele também tinha salas de jantar privadas. Privado e despretensioso? Apenas o que eu precisava para relaxar.

Notting Hill em uma noite de junho amena parecia outro mundo. O caos agitado de Londres não se estendia para o bairro sonolento. Marquei lojas que eu queria parar com ele em algum momento enquanto caminhávamos na Portobello Road, e esperávamos em poucas barracas abertas até tarde em uma noite de quarta-feira, folheando livros antigos e antiguidades de valor questionável. Mas, quando Alexander e eu finalmente fomos ao restaurante, os meus nervos desenfrearam.

Não que eu não quisesse apresentá-lo à minha família. Eu amava a minha família, mesmo nem sempre sendo fácil. E eu sabia que eu não poderia mantê-lo longe deles por muito tempo, especialmente se eu estivesse na capa de um tabloide maldito a cada dois dias. O fato era que as coisas estavam complicadas. Minha mãe era superprotetora e muito opinativa. Meu pai era um pouco melhor, mas ele sempre cedia a ela. E Lola, que passaria a noite toda flertando com Alexander, ou tentando, pelo menos.

Para não mencionar que Alexander e eu não tínhamos uma relação típica, e eu nunca podia ter certeza se ele, de repente, me calaria.

—Você está quieta. —Ele disse, e eu percebi que tínhamos chegado ao CoCo sem dizer uma palavra.


Olhei para ele e uma dor possessiva explodiu em meu peito. Ele tinha saído do seu caminho para me dar uma noite de normalidade, vestiu-se com jeans desgastados e camisa branca, que denotava sua forma magra. Seus olhos estavam escondidos atrás de óculos escuros com um boné dos Yankees. Nenhum dos quais camuflava sua forte mandíbula salpicada com uma barba de dois dias, ou a curva malandra do seu sorriso. Ele não conseguia disfarçar seu sex appeal. Eu sabia que não era o tipo de coisa que um namorado normalmente usava para conhecer os pais, mas novamente, Alexander não era um namorado típico.

—Na verdade, estou cansada. —Eu não estava mentindo. Meu corpo não havia se ajustado a acordar cedo para o trabalho, ou às minhas atividades noturnas recentemente implementadas.

—Eu sinto que deveria pedir desculpas por mantê-la acordada até a metade da noite. —Ele disse, me aproximando e beijando o topo da minha cabeça. —Mas eu não lamento.

Seu sorriso arrogante me contagiou, até que eu estava sorrindo também. —E eu não terei qualquer noite de sono também.

—Encontro quente? —Ele perguntou.

—Mais que quente.

—Alguém que eu conheça? —A mão de Alexander vagou ao meu cóccix, seus dedos tamborilando levemente.

—Eu diria que vocês são íntimos. —Eu corri minha língua sobre os meus lábios e soprei-lhe um beijo.

—Você precisa descansar. —Ele foi sincero, mas eu suspeitava que a sua abnegação valente não durasse muito tempo, até que ele acrescentou. —Vou lhe enviar para casa sozinha esta noite.

Senti apertar meu coração, e eu lutei para manter meu tom de brincadeira.

—Mas te devo favores sexuais.

—E o que foi que eu fiz para merecer isso, boneca? —Ele perguntou com o familiar brilho de luxuria em seus olhos azuis celestes. —Diga-me para que eu possa fazê-lo novamente.

—Você não pode dizer isso depois do jantar. —Estendi a mão para a porta, mas Alexander pegou-a, me puxando contra ele.

Seu dedo indicador traçou a minha bochecha e meu lábio superior, e depois descansou em minha boca. —Tenha um pouco de fé. Eu posso ser muito encantador quando a situação exige. Eu sou um príncipe depois de tudo.

—Príncipe encantado, hã? —Arqueei minha sobrancelha. —Não me lembro dele ter uma boca suja e um apetite sexual insaciável.

—Ele beijou a garota errada. —Alexander sussurrou, aproximando-se até que seu quadril roçou no meu. —Ou talvez o “felizes para sempre” seja apenas um código para múltiplos orgasmos.

—Os irmãos Grimm não devem nada a você. —Eu provoquei, mas engoli em seco ao pensar em Alexander e um “felizes para sempre”.

Alexander viu o golpe revelador da minha garganta e piscou para mim. —Espere até eu te contar sobre as minhas teorias sobre cavalgar até o pôr do sol.

—Comporte-se. —Eu o beijei no ombro, tentando, e falhando, para parecer séria.

—Eu adoro quando você se irrita. Isso me faz querer bater na sua pequena bunda bonita. —Seus olhos nublaram enquanto falava, e um arrepio de antecipação percorreu meu pescoço.

—Bem, bem, bem. —Uma voz divertida interrompeu nossa brincadeira. —Posso entrar antes de que ele a monte aqui memso?

Olhei por cima do ombro de Alexander, surpresa ao encontrar Lola nos observando com um sorriso entretido. Como de costume, ela estava vestida com esmero, em uma calça Capri vermelha, junto com uma túnica de linho arejada, que mostrava os braços tonificados. Ela empurrou a bolsa e passou por nós, empurrando a mão para ele.

Ele hesitou antes de tomar, olhando para mim com um olhar interrogativo.

—Alexander, essa é minha irmã, Lola. —Inclinei a cabeça para ela com um sorriso de boca fechada. —Lola, permita-me apresentar...

—Oh, não acho que seja necessário. —Ela disse enquanto segurava a mão dele. —É adorável conhecê-lo. Clara me contou absolutamente nada sobre você.

Alexander inclinou a cabeça educadamente, mas retirou a mão rapidamente. A intensidade crepitante que estava entre nós, deslocou para uma tensão pesada agora que minha irmã tinha se juntado a nós. Eu não tinha certeza de quanto de nossa troca ela tinha ouvido, mas a julgar pela arrogância em seu rosto, foi o suficiente. A última coisa que eu precisava era Lola deixando esta noite mais estranha.

Lutei para dizer alguma coisa para quebrar o gelo, mas foi inútil. Os nervos que Alexander conseguiu que eu vencesse, voltaram com intensidade paralisante. Assim que o momento ficou dolorosamente desconfortável, ele deu um passo para frente e abriu a porta, gesticulando para entrarmos.

—Damas primeiro. —Ele fez um floreio com o braço, e eu agradeci por dentro por sua diplomacia.

—Ohh. Um cavalheiro. —Lola balbuciou, seguindo-me através da porta. Ela olhou para ele quando passou, sem se preocupar em esconder seu olhar calculista. Como sempre, ela usava sandálias de plataforma que a deixavam quase da sua altura. As poucas pessoas esperando perto da entrada, observaram enquanto ela caminhava com confiança para o maître para dar o nosso nome.

—Ela parece ser bastante para se lidar. —Alexander sussurrou enquanto éramos guiados para sala de jantar privada do segundo andar.

—Hum hum. —Essa foi a maneira mais agradável possível de descrever a minha irmã. Lola era uma força a ser reconhecida na maioria dos dias. Eu só esperava que hoje não fosse um deles.

Mas a sorte não estava do meu lado ultimamente

*****

Na segunda rodada de coquetéis, a conversa abrandou entre o nosso pequeno grupo. Mãe insistiu em esperar por meu pai antes de pedir, e ele estava mais de uma hora atrasado. A sala de jantar, que foi decorada com um número impressionante de relógios, atestou o fato. Tomei um gole de Bloody Mary esperando ficar embriagada para passar o tempo. Qualquer outra noite, eu teria achado a eclética e, um tanto peculiar decoração, encantadora. Esta noite só acentuava a náusea agitada no meu estômago.

—Eu não sei o que poderia atrasá-lo. —Mamae disse, desculpando-se novamente e verificando seu telefone.

—Não estou com pressa. —Alexander disse serenamente, mas a mão acariciando a minha coxa contava uma história diferente. Ele definitivamente tinha outras coisas em sua mente.

—Deveríamos pedir. —Eu disse quando os relógios em torno de nós bateram oito horas. Minha fadiga, juntamente com a baixa de açúcar no sangue, estava acabando minha paciência já frágil.

—Vamos dar-lhe mais alguns minutos. —Lola sugeriu, tomando o coquetel dela. —Contem como se conheceram.

—Pegue o Daily Star. —Eu rebati, incapaz de conter o meu humor doentio por mais tempo.

Lola deu-me um olhar de censura, seus lábios vermelhos franzidos sobre sua bebida. Ela parecia exatamente como minha mãe quando ela fazia isso.

—Eu quero ouvir isso a partir da fonte.

Eu abri minha boca para dizer-lhe de novo, mas Alexander me parou.

—Eu estava preso em outra festa chata, tentando me esconder. —Ele disse. —E, em seguida, essa linda menina apareceu e começou a me repreender. —Sua mão agarrou a minha e levou-a aos lábios, mas eu peguei o seu sorriso arrogante antes de ele beijar meus dedos.

Os olhos da minha mãe arregalaram-se, um pequeno suspiro escapou de seus lábios. Às vezes eu me perguntava onde a ambiciosa feminista e boêmia que eu vi em fotos estava. Mamãe tinha frequentado a universidade de Berkley. Ela lutou para erguer uma nova empresa do chão. Agora, ela achava que uma mulher que se aproxima de um homem é escandaloso. Se ela achava que era chocante, eu podia esperar que Lola guardasse o que ela ouviu entre Alexander e eu.

—Clara! —Ela disse, me repreendendo como ela fazia quando eu era uma garotinha.

Alexander riu e colocou sua bebida em cima da mesa. —Não, eu mereci.

—Então por que você a beijou? —Lola explodiu.

—Agora essa é uma longa história. —Ele disse, com seu glorioso sorriso em exibição. —Mas eu vou te dizer que eu passei o resto do dia tentando descobrir quem era sua irmã. Ela se esconde em Oxford.

Minha mãe concordou com isso. —Ela não é muito social. Eu fiz o meu melhor, mas às vezes, a natureza tem outros planos.

—Acho a companhia dela intoxicante. —Alexander disse em voz baixa, que ele geralmente reservava para sussurrar pensamentos indecentes no meu ouvido. —Eu a quero só para mim de qualquer maneira.

Os olhos de mamãe brilharam para os meus, avaliando minha reação, e eu tentei parecer indiferente, voltando minha atenção para a minha bebida. Ela tinha preocupações sobre o meu relacionamento com Alexander, mas isso não a impediria de tirar conclusões precipitadas.

—Você não é tímido. —Lola murmurou. Ela olhou-o por um momento, como se ele tivesse emitido um desafio.

Alexander descartou o comentário com um encolher de ombros, acenando para o garçom que espreitava pela porta. Sem dúvida, o pobre servidor estava começando a questionar se nós jamais faríamos nossos pedidos.

—Vocês estão prontos? —Perguntou o homem. Seus olhos corriam em torno do grupo, mas não pude deixar de notar que ele pulou Alexander, como se ele estivesse intimidado.

Eu não podia me imaginar tendo esse efeito nas pessoas. Era duro o suficiente ser examinado pelo público. Algo que eu recentemente aprendi. Quanto pior era ter pessoas com medo de você? Alexander não parecia perturbado por esse tipo de atenção. Ele nem sequer notava, tanto quanto eu poderia dizer. Claro, isso era parte do que o fazia tão formidável: como ele carregava seu poder com tanta franqueza. Não era uma afetação ou um show. Era seu direito de primogenitura.

—Você pode nos trazer aperitivos? —Alexander perguntou. —Nós temos outro convidado vindo, mas não posso permitir que essas senhoras esperem mais.

Agradeci-lhe em voz baixa, grata que ele tinha sido o único a desafiar a ordem de silêncio da minha mãe. Alexander inclinou-se e me beijou. O deslize macio de seus lábios foi suave e protetor. Um lembrete de que ele cumpria seu trabalho cuidar de mim. Meus olhos se fecharam instintivamente, à espera de mais, e minha mãe limpou a garganta.

—Eu li um pouco sobre a sua empresa, Sra. Bishop. —Alexander disse, mudando o tópico rapidamente.

—Antiga empresa. —Mamãe disse. —Não vamos falar de negócios.

—Ela já tem o bastante disso com papai. —Eu expliquei.

—Isso é verdade. —Ela disse com um sorriso pesaroso. —Pelo menos costumava ser.

O comentário improvisado me pareceu estranho. Minha mãe sempre foi favorável as iniciativas e ideias de papai, embora nenhum provou ser tão bem-sucedido como o site de encontros, que tinham vendido durante o boom da internet. Mas agora o orgulho que geralmente acompanhava questões de negócios, estava marcadamente ausente, substituído por um tom indiferente que foi atado com amargura. Eu verifiquei os relógios, me perguntando onde meu pai estava tão tarde. Algo estava acontecendo com os meus pais. Eu não podia apontar o dedo sobre o que exatamente, mas as coisas estavam fora de lugar.

Lola inclinou-se para frente ansiosamente, mais do que disposta a preencher o silêncio constrangedor. —Conte-nos como é crescer em um palácio!

—Eles não têm livros dedicados a isso? —Alexander perguntou.

—Tem. —Ela admitiu. —Mas ouvi dizer que a realidade é bem diferente. Embora eu seja uma boba pelo “felizes para sempre”.

Seus olhos brilharam com os meus, e eu respirei fundo, mantendo meu rosto em branco. Ela ouviu a minha conversa com Alexander, e eu pagaria por isso mais tarde. Por agora, eu mantive o riso forçado.

—Não é tão excitante quanto parece. —Ou ele não pegou sua dica, não muito sutil, do que ela escutou mais cedo, ou o homem sabia como blefar.

—Fala sério! —Ela gritou. —Aposto que você cresceu andando a cavalo e caçando raposas.

A boca de Alexander curvou para cima, seus olhos ficaram distantes com alguma lembrança. Era óbvio que Lola tinha batido em algo. —Suponho que sim. É um pouco chato realmente. Jantares com dignitários estrangeiros. Aulas de equitação. Embora eu nunca tenha gostado de caça.

—Sou um membro do PETA. —Ela informou a ele. —Eu não aprovo a caça.

Fiz uma careta para esta mentira. Evidentemente, a sua preocupação sobre o bem-estar animal, não se estendia aos sapatos de couro e bolsas.

—Infelizmente, é uma tradição na nossa família. Eu não estou particularmente interessado. —Ele fez uma pausa, e desta vez quando seus olhos vidraram com memórias, ele riu. —Na verdade, quando eu tinha oito anos, meu pai me disse que eu iria caçar pela primeira vez. Eu estava incrivelmente animado. Eu tive aulas de equitação antes, mas eu nunca fui autorizado a ir com os homens.

Foi a primeira vez que ele falou de sua família e da infância com tal leveza, e eu ouvi com muita atenção. O passado de Alexander era um fardo pesado sobre ele. Eu não poderia evitar pensar o que poderia ter sido diferente se não tivesse sofrido tanta tragédia e perda no início da vida.

—Não consegui dormir na noite anterior. —Ele continuou. —Então, eu rastejei para os estábulos para escovar meu cavalo árabe. Enfim, eu fiquei lá com o meu cavalo, e vi a raposa vermelha trancada em uma jaula. Eu não podia acreditar. Assim que eu a vi, lembrei-me de todas as caças que eu assisti em minhas propriedades da família, e percebi que iríamos caçá-la.

Estávamos todas em silêncio, ouvindo suas palavras, quando ele acrescentou. —Então eu fiz o que qualquer garoto de oito anos de idade faria, eu a escondi.

—Oh meu deus! —Lola exclamou, tremulando suas pestanas. —Aonde você a colocou?

—Eu realmente não pensei muito sobre isso. —Alexander explicou com um sorriso estranhamente tímido. —Então a levei para o meu quarto.

—Aposto que seus pais adoraram isso. —Minha mãe disse secamente.

Alexander fez uma pausa, um olhar de dor intermitente sobre suas características. Ele desapareceu quase tão rapidamente como tinha aparecido. Apenas um de seus pais teria estado presente por seu ato de vigilância, e eu podia imaginar que seu pai não tinha achado divertido. —Minha mãe teria, penso eu, mas meu pai não. Para ser justo, porém, eu cometi um pequeno erro quando eu a trouxe para dentro.

—Qual? —Lola solicitou. Ela foi arrastada para a história, fazendo-a parecer muito mais jovem do que sua idade. Aparentemente, o efeito X estendia-se fora do quarto.

—Minha irmã a deixou sair da jaula. —Alexander confessou, juntando suas mãos inocentemente. —Levou duas semanas para a equipe pegá-la, mas a caçada foi cancelada!

—Então você foi um herói. —Eu disse.

—Essa é uma maneira de olhar para isso. —Ele deu de ombros. —Eu duvido que a equipe tenha pensado assim.

Nós rimos com isso, e eu admirei o riso encorpado de Alexander. Foi a primeira vez que ele mencionou sua irmã Sarah casualmente, e eu me perguntei se ele percebeu que tinha feito isso. Ele havia deixado claro que ela estava fora dos limites, o que implicava que só lhe causaria mais dor, se eu o forçasse a falar dela. Mas evitar sua memória ajudava? Parecia uma vergonha para ele esquecer os momentos mais felizes dos dois.

A chegada do meu pai acabou a obrigação de Alexander de entreter-nos, e um calor incandescente caiu sobre mim, enquanto eu observava os dois apertarem as mãos. Mas um olhar para o rosto da minha mãe imediatamente estragou o humor.

—Novamente, sinto muito. —Papai disse, pegando um lugar ao lado de mamãe. —Vocês esperaram por mim? Deveriam ter pedido!

—Eu te liguei. —Ela disse friamente, sem se preocupar em disfarçar a recriminação em sua voz.

—Fiquei preso no escritório. —Ele explicou. —Nós temos um terrível serviço móvel lá, mas eu deveria ter encontrado um telefone e ligado para você.

Minha mãe não respondeu, mas sua postura enrijeceu. Meu estômago revirou pela óbvia resistência às desculpas do meu pai.

Pela primeira vez, não parecia que minha mãe estava sendo delicada. Parecia que ela estava sendo forte.

*****

O comportamento estranho dos meus pais ocupou meus pensamentos enquanto voltávamos para o meu apartamento no Rolls Royce. O jantar foi sem incidentes, mas a sua atitude indiferente permaneceu a noite toda. Mamãe disse algo de improviso sobre o trabalho do meu pai na semana passada em nosso almoço, mas eu não me lembrava. Agora eu tinha que descobrir o que fazer sobre isso.

Meu pai sempre foi obcecado com o investimento em novas empresas. Ele tinha dezenas de ações, mas não cumpriu o seu desejo de construir algo próprio. Ele vendeu a partner.com porque precisava do dinheiro, mas também porque ele esperava construir outra empresa de sucesso. Quase vinte anos de investimentos e de ideias mais tarde, sua única reivindicação para a fama, foi o site de namoro ainda popular. Mamãe o havia encorajado. Então, o que mudou? Eu não podia imaginar uma rixa entre os dois.

—Clara? —Alexander disse. Sua mão deslizou entre as minhas pernas como se quisesse me afastar dos meus pensamentos.

Essa noite era para supostamente ser sobre nós. Nosso relacionamento. E eu tinha passado a noite analisando o que estava acontecendo com os meus pais. Talvez eu estivesse evitando o óbvio. Alexander e eu tínhamos os nossos próprios problemas para lidar. Era muito mais fácil preocupar-se com o casamento de outra pessoa.

—Desculpe-me, X. —Puxando as pernas para cima, eu rastejei em seu colo.

—Algo está em seu pensamento. —Ele não me pediu para compartilhar, e a mensagem era clara: nenhuma pressão.

Era improvável que ele pudesse me ajudar a descobrir o que estava acontecendo com os meus pais, mas eu apreciava que ele estivesse aqui. —Estava pensando em meus pais. Eles mal se falaram.

—E não costuma ser assim?

Eu sacudi minha cabeça, sem conseguir articular o que me incomodava. —Minha mãe tende a ser de alta manutenção. Ela estava definitivamente dando um gelo no meu pai.

Dei de ombros e passei meus braços em volta do pescoço de Alexander. Eu estava tão preocupada com os meus pais, que quase esqueci que eu o tinha só para mim. Eu montei nele, roçando meu corpo ao seu convite. O contato agitou meu sangue, enviando-o para o meu núcleo.

Alexander traçou a linha do meu decote com o dedo indicador, e os meus seios incharam sob seu toque. Meus mamilos apertaram, antecipando a sua atenção, e eu tremia contra ele enquanto o desejo engolia meus sentidos. Ele pegou meu pescoço e me puxou para frente, e com a boca inclinada sobre a minha capturou meus lábios. Sua respiração era quente, com cheiro de licor, e eu lambi através de seus dentes, saboreando o gosto dele.

—Eu te devo favores sexuais. —Eu ronronei, minhas mãos indo para a fivela do cinto para liberar sua ereção grossa.

Alexander gemeu. Suas mãos deslizaram pelo meu queixo enquanto ele segurava meus lábios nos dele em um beijo lânguido, que me deixou sem fôlego quando ele se separou.

—Venha para o campo comigo esse fim de semana. —Ele respirou fundo.

Tempo sozinha com ele, longe de Londres e sem paparazzi? —Você ainda pergunta?

—Não estou perguntando. —Ele disse, um sorriso brincando em seus lábios. —Eu já disse para eles que você estaria lá.

Eu congelei. —Eles?

—Minha família.

—Você quer que eu passe o fim de semana no campo com a sua família? —Eu perguntei.

—Haverá alguns amigos lá também. Edward convidou um grupo.

Se isso era para me tranquilizar, ele falhou miseravelmente. —X... —Eu comecei.

—Você disse qualquer coisa. —Ele me lembrou. —Eu disse que não estava pedindo. Eu espero que você esteja lá comigo.

—Você não quer passar algum tempo a sós com eles? —Isso soou fraco e eu sabia.

Alexander levantou uma sobrancelha, consciente de que eu estava ficando desesperada por desculpas. —A única pessoa com quem eu quero um tempo privado é você. Três dias de intervalo é muito. Eu preciso saber que você está sendo cuidada.

—Eu posso cuidar de mim mesma. —Eu o lembrei.

—Você pode se vestir. —Suas mãos deslizaram pelo meu quadril e o apertou.

—Você pode comer, beber e dormir, mas você não tem tudo o que precisa. —Alexander rolou seus quadris contra minha virilha. Meu sexo apertou com sua ereção em mim.

—Você marcou um ponto. —Eu respirei, deslizando minha língua sobre os meus lábios.

—Marquei? —Ele perguntou, suas palavras roucas enquanto ele continuava a circular debaixo de mim.

—Humm. —Eu gemi, perdendo-me no movimento de seus quadris. —Você me deve.

—Eu pensei que você me devia favores sexuais. —Ele disse com um sorriso diabólico vindo em seu rosto.

—Prometi antes de descobrir que eu estaria lidando com sua família por um fim de semana inteiro. Vamos chamá-lo de um empate X, ou você vai me pagar por um longo tempo. —Mas com o desejo agrupado entre as minhas pernas, vibrando através do meu clitóris, eu sabia que era uma causa perdida.

—Oh, boneca. —Sua boca deslizou em toda a minha clavícula enquanto suas mãos desviaram debaixo da minha saia. —Estou mais que feliz por ficar devendo a você.

Ele enganchou os polegares sobre a lateral da minha calcinha e rasgou-a do meu sexo tremendo.

—Você sabe que há recursos finitos no mundo. Você pode poupar alguns pares de calcinha.

Alexander virou-me no assento, movendo-se por entre as minhas coxas abertas.

—Eu adoraria ouvir mais sobre suas calcinhas. —Ele disse com um sorrisinho. —Mais tarde.


Capítulo 22


A casa de campo era uma extensa propriedade com quarenta quartos em mais de cem acres de terra privada. Eu estive em mansões antes, mas Norfolk Hall superava. Ela pertencia a um tempo e lugar completamente diferentes. A fachada foi cuidadosamente remodelada para se aproximar do tijolo original do século XVI. Havia estábulos e quadras de tênis no local. No interior, pisos de mármore, arte de valor inestimável, e balaustradas de mogno polido aperfeiçoavam a forma imponente. Eu senti como se tivesse sido convidada para entrar em um museu. Era demais para absorver de uma vez, e não era apenas devido à propriedade.

Eu temia a ideia de lidar com seu pai no fim de semana. O Rei não se preocupou em esconder seus sentimentos em relação ao nosso relacionamento. Quando chegamos, eu descobri que era muito pior do que uma reunião de família estranha. A família de Alexander estava aqui, junto com mais de uma dúzia de seus amigos. Eu conheci alguns deles no baile, e eu não estava ansiosa para vê-los novamente.

Particularmente Pepper, assistiu com desgosto quando Edward fez as apresentações para um número de membros mais velhos da família presentes para caçada de amanhã.

Este fim de semana se transformaria exatamente no que eu esperava evitar. Estupidamente, eu acreditava que pudesse ter uma chance de falar com o pai de Alexander em privado. Eu pensei que talvez se ele me conhecesse, ele pudesse reverter a sua opinião sobre o meu relacionamento com o filho. Mas eu não podia ver como isso aconteceria com tantas pessoas ao redor.

Nós chegamos tão tarde, que o jantar já havia sido servido, e pelo tempo que eu cheguei ao meu quarto, meu estômago estava resmungando. Agarrando uma barra de proteína da minha bolsa, eu dei uma olhada ao redor. Eu tinha que admitir, ainda que a contragosto, que o meu quarto era espetacular. Completo com uma cama de dossel e uma vista deslumbrante da paisagem Inglesa, a única coisa que estava faltando era Alexander, que foi colocado em seu próprio quarto.

Uma programação impressa de atividades descansava no meu travesseiro, e eu revirei os olhos quando percebi que alguém tinha planejado cada momento da minha estadia aqui. Agora eu deveria estar na sala de bilhar para coquetéis. Amanhã eu teria um brunch com a rainha-mãe.

—Mas quando arranjaria um tempo para me matar? —Eu perguntei ao quarto vazio.

Jogue o jogo, eu ordenei a mim mesma.

Dez minutos depois, me deparei com Alexander no corredor. Ele tinha trocado sua roupa para um terno de três peças. O resultado fervia com a sensualidade de parar o coração. Eu queria apertar meus dedos em seu cabelo sedoso, e senti-lo através dessa calça perfeitamente cortada.

—Boneca? —Era mais do que uma pergunta, era um convite. Um sorriso sedutor e suave esculpia seu rosto, como se tivesse lido minha mente.

Suspirei com saudade e balancei a cabeça. Não era justo que ele tivesse esse efeito sobre mim.

Alexander pressionou seu dedo nos meus lábios. —Guarde esse só para mim.

—Não tenho permissão para olhar?

—Oh, eu insisto que você olhe. —Ele sussurrou, inclinando-se para acariciar meu pescoço. —E choramingue e gema quando eu estiver fodendo você. Eu exijo. Eu sou um homem egoísta e aqueles ruídos pertencem a mim.

—Ficaria feliz em obedecer. —Ronronei, passando a mão no seu peito, prendendo meus dedos no botão de seu terno.

Ele se afastou e ajustou os punhos. —Não me tente, ou nunca faremos a nossa aparição programada.

—Então eu não sou a única com um itinerário impresso?

—Infelizmente não. —Ele dobrou seu braço. —Para a sala de bilhar?

—Sim. Estava perdida. —Eu admiti enquanto ele oferecia seu braço.

—Eu te encontraria. —Ele prometeu, mas o sorriso foi de boca fechada. Ele estava no limite quando saímos de Londres, e vi como a tensão acomodou-se sobre ele.

A sala de bilhar foi mergulhada na tradição sufocante, com painéis de carvalho decorado com cabeças de veado montados, e faisões de pelúcia. Jonathan ocupou o bar, as mangas arregaçadas, e sua atenção estava focada em seus companheiros com bebidas. As mulheres que ele estava servindo giraram para me assistir. Eu reconheci a ruiva do baile: Amelia. Mas a outra menina era desconhecida. Ambos os seus rostos permaneceram impassíveis, olhando-me com fria indiferença.

Eu usava um vestido sem mangas, azul-marinho, e ao entrar, imediatamente desejei que eu não tivesse. Alexander entrou pela porta sem hesitação, agarrando minha mão quando ele passou e me levou para o ambiente mal iluminado.

—Uma hora. —Alexander prometeu. —Você quer uma bebida?

Eu balancei minha cabeça. A última coisa que eu precisava era perder a minha cabeça em torno deste grupo de amigos. Meu único consolo era a ausência do pai e da avó de Alexander. Eu não tinha sido formalmente apresentada a todos na sala ainda, mas, tanto quanto eu sabia, a única que realmente tinha sido era Pepper.

Um homem vestido de libré2 apareceu na porta, seu olhar varrendo o grupo antes de parar em Alexander. Ele foi até ele, falando em voz baixa que se perdeu no clamor das conversas em torno de nós.

Alexander agarrou meu braço. —Preciso resolver uma coisa. Edward cuidará de você.

Ele foi embora antes que eu pudesse protestar. Eu olhei em silêncio ao redor da sala, notando os olhares perversos das meninas no bar à partida repentina de Alexander.

—Venha aqui. —Amelia chamou, acenando. O convite foi amigável demais para ser genuíno, mas eu não poderia passar toda a semana me escondendo deles.

Jonathan deslizou um copo vazio para o bar. Entre a onda descuidada de seu cabelo loiro e seu colete risca de giz, ele parecia como se tivesse saído de um filme antigo. E quando ele falou, suas palavras pingavam com o carisma de menino de ouro que lhe garantia um suprimento constante de novos companheiros. —Qual bebida?

Meus pensamentos foram para Alexander. Ele me fez a mesma pergunta no Brimstone, e minha resposta ainda era a mesma.

—Oh uau, isso é pesado. —Amelia disse, zombando da minha expressão sonhadora. —Sirva um gin com tônica. Clara, deixe-me apresentar minha irmã Priscilla.

Priscilla piscou-me um sorriso cheio de dentes. Ela tinha o mesmo cabelo vermelho que Amelia, mas sua pele clara estava coberta por um véu de sardas. —Ouvi bastante sobre você.

Ela não se preocupou em esconder a implicação na voz dela, mas eu forcei um sorriso triste. —Não acredite em tudo que lê.

—Oh, não me refiro aos tabloides. —Ela disse. —Pepper tem falado de você por semanas. Alexander conta tudo a ela.

—Eu duvido disso. —Eu disse serenamente. Ela estava tentando me fisgar, mas eu não estava prestes a morder.

Priscilla encolheu os ombros magros e tomou um gole de sua bebida. —Oh, Jonathan, use diet tônica. Clara cuida do peso.

Eu não tinha certeza se havia uma punição por estapear uma princesa, mas eu senti que eu estaria fazendo um serviço público. Alguém pegou meu pulso antes que eu sequer percebesse que tinha levantado a mão para realmente fazê-lo.

—Eu cuidarei disso. —David disse, soltando minha mão e estendendo minha bebida. Sem uma palavra, ele manobrou-me longe do ninho de víboras. —Essa passou perto.

Ele entregou o meu coquetel, e eu tomei um profundo gole dele, zangada demais para falar. Quando eu estava finalmente calma o suficiente para recuperar as minhas faculdades mentais, eu virei para ele. —Como você sabia que eu bateria nela?

David esboçou um sorriso. Ele se espalhou pela sua elegante pele de chocolate até seus olhos negros como carvão. Era um sorriso genuíno, e eu relaxei um pouco mais.

—Passo a maior parte do meu tempo tentando não bater neles. Eu acho que eu desenvolvi um radar.

—Então me diga David, você é algum tipo de masoquista? —Eu perguntei, rindo quando seus olhos arregalaram-se com a minha pergunta. —Por que mais você escolheria passar o tempo com essas pessoas? Eles são como a turminha Real de confusões.

—Tenho minhas razões. —Ele disse com um encolher de ombros sem dar maiores detalhes. —E eles precisam de mim para lhes dar ares de legais. Em algum lugar ao longo do caminho, eles tiveram a ideia de que sair comigo significa que eles não são aristocratas babacas.

—Isso é certo? —Eu bufei tomando mais um gole da minha bebida.

—É o que eles acreditam.

—Então por que você está aqui? —Eu perguntei. Talvez David tivesse uma veia niilista, mas eu não podia ver ninguém que escolhesse o tormento de passar tempo com essas pessoas, sem um motivo muito bom. E eu estava morrendo de vontade de saber o que era.

—Ele não te contou? —Pepper deslizou mais e ficou sobre as costas da minha cadeira. Seus cachos dourados saltavam livres, roçando meu pescoço. —Não seja tímido, David. Talvez Clara possa lhe dar dicas de como finalmente fisgar um príncipe.

Olhei para David interrogativamente, mas seus olhos estavam fixados sobre a loira venenosa. —Não tente ser espirituosa. Isso se choca com sua estupidez, Pepper.

—Pelo menos eu não sou...

David levantou-se abruptamente, derrubando a minha bebida no meu colo.

—Minhas desculpas. Com licença.

Limpei a bebida do meu vestido antes que penetrasse mais ainda no tecido.

—Lamento por seu vestido. —Pepper disse. —Menos mal que é medonho.

Eu olhei para ela, mas fechei minha boca. Pode ser inteligente manter meus inimigos perto, mas era ainda melhor manter minha boca fechada em torno deles. Eu não tinha dúvida de que cada palavra pronunciada a ela seria distorcida e usada contra mim. Edward observava do outro lado da sala. Apesar da preocupação escrita em seu rosto, ele não largou o taco de bilhar.

Esta noite estava se transformando em um pesadelo, e se eu quisesse sobreviver a neste fim de semana, eu precisava manter meu ritmo no drama. Saindo da sala rapidamente, percebi que não tinha ideia de como encontrar meu quarto novamente. Eu teria de rastrear Alexander e puxá-lo para longe de seu negócio urgente.

Meus passos ecoavam no corredor vazio. Nem mesmo uma lasca de luz escoava das portas fechadas que ladeavam o corredor. Passei por cada uma e parei quando eu finalmente ouvi vozes iradas. Arrastei-me em direção a elas, escondendo-me nas sombras. Não que eu quisesse escutar, mas eu suspeitava que a minha intrusão não fosse bem-vinda.

Levou um momento para me ajustar à escuridão da sala, e quando finalmente o fiz, eu percebi que não era Alexander e seu pai. Era Edward e David. Não querendo interromper sua discussão, me virei para sair, quando Edward se lançou para frente, agarrando o rosto de David e esmagando a boca na sua. A minha confusão me congelou no local quando a compreensão me ocorreu.

Apertei-me na porta para ficar fora de vista. Como eu não tinha visto isso? Minha mente repetia a reação de David à troca desagradável com Pepper, e a partida de Edward. Eu me perguntei por que David ficava ao redor, quando ele detestava claramente a maioria de seus companheiros. Agora eu sabia: ele estava tão preso quanto eu.

David se afastou de Edward. —Basta! Estou cansado desse jogo.

—Não é um jogo. —Edward disse, aproximando-se dele.

David retrocedeu, sacudindo a cabeça. —Você está flertando com essas cadelas e correndo por aí fingindo ser um playboy. Você pode pensar que não está jogando um jogo, Edward, mas você está, e de agora em diante, você jogará sozinho.

—David, espere! —Edward chamou, alcançando-o e agarrando seu braço.

—Tire suas mãos de mim. —David avisou.

—Eu lamento que tenha que ser assim. —Edward soltou seu braço. —Eu gostaria que fosse diferente. Eu amo você.

David passou a mão sobre seu cabelo curto. —Isso não funciona mais. Não é mais o suficiente. Amar não te leva a lugar nenhum. Se você quer que as coisas sejam diferentes, então as mude.

—Você sabe com o que estou lidando. Se Alexander...

—Esperar que seu irmão resolva seus problemas não vai mudar as coisas. —David disse asperamente. —Pelo menos isso não mudará as coisas comigo.

Edward deslizou um dedo pela bochecha de David e sacudiu a cabeça com tristeza. —Me diga o que dizer.

Um farfalhar atrás de mim me chamou a atenção, e me virei a tempo de pegar Jonathan e Priscilla aproximando-se. Parei na porta, impedindo-os de entrar na sala. David e Edward me veriam, mas algo me dizia que seu relacionamento não era de conhecimento comum. Eu sabia o que era estar sob o escrutínio da Turminha Real de Confusões. O que estava acontecendo com eles, merecia que eles trabalhassem isso em particular.

Priscilla oscilava, agarrando Jonathan enquanto ela ria. Os dois pararam logo que me viram.

—Nos dê licença. —Priscilla assobiou. Ela tentou passar por mim, mas se desequilibrou e Jonathan a endireitou.

—O que está acontecendo, Clara? —Jonathan esperou eu explicar por que não os deixaria passar. Seu olhar correu de mim para a porta, suas pupilas tão negras quanto uma cobra no escuro.

Eu tinha que pensar em algo rapidamente, mas minha mente gaguejou.

—Vocês... viram... Alexander?

—Ela parece um filhotinho perdido. —Priscilla disse debochando.

—Quieta, Pris. —Jonathan a admoestou. Ele sorriu desculpando-se, mas seus olhos permaneceram frios. —Lamento dizer que não.

Eu os atrasei tempo suficiente para Edward escapar. Eu não ficaria muito tempo aturando esses bêbados desagradáveis. Atrás de mim ouvi Pris sussurrar. —Desgruda do Alexander.

Uma careta cruzou meu rosto. Eu sabia que não estava imaginando a pitada de ciúme no tom dela.

Assim que partiram, eu refleti no que tropecei. Será que Alexander sabe? Alguém? Eu entendi porque David estava com raiva, mas eu acho que eu sabia por que Edward tinha mantido a sua relação em segredo. A fofoca. Os tabloides. As premissas. Eu estava muito familiarizada com o que era ser ligado a um príncipe da Inglaterra. Ainda assim, Alexander tinha me reivindicado como sua não escondendo o nosso relacionamento. Como eu me sentiria se eu ainda fosse o seu segredo sujo?

Meu estômago revirou com o pensamento, e eu percebi que tinha a minha resposta. Por mais difícil que as coisas às vezes fossem, eu não teria sido capaz de lidar com ela.

Era uma situação impossível: estar dividida entre o amor e a realidade.

*****

Eu finalmente encontrei Alexander na biblioteca com seu pai. Hesitando na porta, eu tentava decidir se era melhor bater ou esperar por eles. Alexander tinha desaparecido para falar com ele há mais de uma hora, e pelo tom de sua discussão, não seria concluída em breve. A avó de Alexander, Mary observava a troca estoicamente, as mãos dobradas serenamente em seu colo. Eu não tinha dúvidas de que ela estava analisando cada uma das declarações de Alexander para explorar mais tarde.

—Você tem responsabilidades. —Albert falou a ele. —Clara é muito linda, mas você não pode decidir sua vida baseado no que seu pau quer.

Alexander cruzou os braços no peito. —Este é o século vinte e um. Clara é...

—Ela é Americana. —Mary disse a palavra Americana como se experimentasse algo estragado na sua língua.

Alexander olhou para ela, seus lábios apertaram, e ela encolheu-se sob o olhar primitivo.

Albert continuou, ignorando a troca de olhares entre sua mãe e seu filho. —Você tem que se preparar para assumir meu papel.

—Você está planejando se retirar? —Alexander perguntou secamente.

—Eu não aprovo sua irreverência. —Mary repreendeu. Torcendo o nariz enquanto falava.

Albert esfregou as têmporas, sua voz ficando sombria. —Há situações que você precisa ser informado, mas você está ocupado demais transando.

—Escolha suas palavras com cuidado. —Alexander avisou, erguendo-se de sua cadeira com os pulsos fechados. —Ela é preciosa para mim.

Eu tinha passado tempo suficiente à espreita nas sombras esta noite, e eu estava cansada disso. Bati uma vez na porta e entrei.

—Vou para a cama. —Disse para Alexander, ignorando sua família. Pensei em David enquanto falava. Também estava cansada de jogos, mas ainda não estava pronta para ir embora.

—Vou com você. —Alexander atravessou a sala e pegou minha mão. O contato estalou com eletricidade suprimida. Nós dois passamos a noite nos defendendo contra os ataques, e eu sabia que o vínculo que compartilhamos nos ajudaria através dele. Eu ansiava por suas mãos no meu corpo, para garantir sua exigência, atenção e toque sensível. A julgar pela forma protetora dele entre mim e seu pai, ele sentia a mesma necessidade.

—Não terminamos essa conversa. —Albert disse.

—Essa conversa está encerrada. —Alexander disse com uma voz firme. —Eu não vou discutir isso com você por mais tempo. Eu tomei a minha decisão.

Os olhos de Albert deslizaram sobre mim como se o desafiasse. Um frio percorreu o meu pescoço, congelando meu sangue sob seu olhar firme. Mas no final, ele só disse. —Boa noite.


Capítulo 23


Meus dedos torceram quando eu hesitei no corredor. Alexander dirigiu-se para seu quarto esta manhã, e fiquei surpresa com quão nervosa eu estava sem ele. O cabelo na parte de trás do meu pescoço se levantou, consciência deslizando sobre o meu corpo, e eu me virei para encontrar Alexander me olhando de uma porta.

—Você decidiu correr? —Ele perguntou.

Olhei para ele, confusão rodando através de mim. Depois da noite passada eu tinha considerado, mas Alexander tinha me convencido a ficar com métodos que eram provavelmente ilegais em vários países. Não, eu tinha decidido enfrentar este fim de semana. Mas eu sabia que não haveria problemas para lidar quando voltássemos para Londres. Por enquanto, porém, eu cruzei os braços sobre o peito e balancei a cabeça.

—Isso. —Ele deslizou um dedo pela minha saia de seda. —Precisa sair mais tarde.

Eu tinha escolhido uma blusa branca simples e saia, porque pareciam adequados para o brunch, mas eu deliberadamente escolhi a saia verde pálido pela maneira como ondulava enquanto eu caminhava. Isso, combinado com seu tamanho, tive a certeza de chamar a atenção de Alexander.

—Cancele a caçada e você pode tirar agora. —Prometi com uma voz rouca.

—Só estarei fora por 2 ou 3 horas. —Ele disse, passando a mão pelo meu braço nu.

—Isso é o suficiente para eles me comerem viva. —Eu apontei, puxando a barra da minha saia.

—Me disseram que serviriam sanduíches. —Ele disse. —Mas vou lembrá-los que responderão a mim se te chatearem.

Eu só balancei a cabeça sem relembrá-lo que poderia cuidar de mim mesma.

—Você tem um brilho malicioso em seus olhos, Clara. —Alexander disse suavemente. —O que você está pensando?

—Nada. —Passei a mão em seu peito, inclinando-me para um beijo. Mas ele se afastou.

—Algo me diz que você ficará bem. —Ele suspirou e pegou minha mão, me puxando em direção à sala de jantar. —Tente não ser acusada de traição.

Eu não faria nenhuma promessa.

Os homens que iam à caça estavam reunidos, e assim que eles viram Alexander, a provocação começou. Jonathan apertou a mão no ombro do amigo e sacudiu a cabeça. —Você vai deixar a raposa escapar, Alexander. —O olhar de Jonathan virou para mim e sorriu. —Embora não pareça que você machuque a cauda.

Eu atirei-lhe um sorriso de lábios fechados. Ele pode não se lembrar do que ele fez para Belle, mas eu sim, e ele não me encantaria, especialmente não com esse humor de vestiário.

Pepper entrou na sala de jantar. Seu cabelo estava preso em um coque recatado, e enquanto seu vestido amarelo abraçava sua figura esbelta, ele ainda caía um pouco abaixo dos joelhos. Seu olhar deslizou para cima e para baixo. Ela não se preocupou em esconder a sua presunção, quando a Rainha Mãe apareceu atrás dela em um apertado terninho de linho. Sua aparência distraiu Pepper, que começou a beijar imediatamente seu traseiro.

Eu sufoquei uma risada sobre a bajulação óbvia e falsa. Será que Pepper realmente achava que ela poderia ganhar Alexander através de sua avó? Isso só provava que ela não o conhecia realmente.

Alexander me pegou pela cintura, pressionando um beijo atrás da minha orelha que enviou uma onda de excitação através de mim. —Te verei em breve, boneca.

E então ele se foi. Empurrando meus ombros para trás e meu queixo para cima, tomei um assento na mesa. Edward apareceu na porta, e sua avó dirigiu-se a ele. —Você não vai se juntar aos homens?

—Caçada não me agrada. —Ele disse, entrando na sala de jantar. —Estava indo tomar café.

Eu sabia que gostava dele.

—Junte-se a nós. —Ela disse, assinalando um lugar perto dela. —Teremos chá.

—Eu adoraria, mas infelizmente preciso de café. A verei no jantar. —Ele lhe deu um beijinho no rosto, e se mandou antes que fosse solicitado novamente.

Mary virou-se para mim com um sorriso tenso em seu rosto. —Receio que esta refeição matinal pode não se adequar ao seu gosto.

—Não sou exigente. —Eu deixei cair meu guardanapo, alisando-o por cima do meu colo.

—Não comemos muito da comida americana. —Ela disse com uma ponta de desculpa, embora houvesse uma ponta de algo cortante sobre isso. —Não estou certa do que servem no brunch.

Eu segurei a réplica que tentou sair dos meus lábios. —O café da manhã inglês será ótimo.

Ela acenou. —Muitas salsichas. Eu pedi algo muito mais leve. Eu espero que você não se importe com a ausência de carne.

—Estou certa de que Clara terá muita carne mais tarde. —Pepper disse em uma voz doce enquanto eu engasgava com o gole de água que eu tinha acabado de tomar.

Levantei uma sobrancelha para ela. Quem estava sendo imatura agora?

Felizmente, a equipe apareceu antes das garras saírem, colocando bandejas de sanduíches e tortas de ovo perante nós. Tudo cheirava maravilhoso, amanteigado e rico, e minha boca encheu de água, impaciente. Como Belle tinha me ensinado, eu esperei que meu anfitrião escolhesse sua comida em primeiro lugar. Eu não sinto que aplicaria a mesma etiqueta para spray de pimenta.

—Não espere por mim. —Mary admoestou. —Vocês garotas parecem que vão desaparecer.

Mordi meu lábio para impedir que palavras odiosas saíssem.

—Você sabe que tenho que me cuidar, Mary. —Pepper disse. —Mas você está certa referente à querida Clara. Devemos nos certificar de que ela coma.

Meus olhos estreitaram-se. —Isso não é da sua conta.

—Eles publicaram no Daily Star. É da conta de todo mundo. —Foi Mary quem falou, seu olhar sombrio sobre mim como um falcão. Se você vai continuar se encontrando com o meu neto, eu aconselho que você se lembre de que você não tem segredos, minha jovem. Cada erro que você já fez é notícia. Assim como cada decisão que você faz a partir deste momento será. —Um sorriso curvou seus lábios, como se dissesse “Bem-vinda a família”.

—Você faria bem em compartilhar esse pouco com os seus amigos também. —Pepper adicionou, mas o seu sorriso arrogante sugeriu que era muito tarde para isso.

Quem era ela para falar? Eu empurrei de lado a minha curiosidade, percebendo que isso não importava. Agora minha sobrevivência dependia de atravessar este brunch.

Eles queriam que eu recuasse. Eles esperavam que enquanto circulavam em torno de mim, que eu saísse gritando e batendo as asas, o que significava que era a última coisa que eu faria. —Estarei certa de seguir seu conselho.

—Tenha cuidado. —Mary continuou, sorvendo um pouco de seu creme Devonshire. —Você nunca sabe quem são seus amigos realmente.

Tomei um gole de chá, deliberadamente, olhando-as sobre a borda da xícara.

—Eu imagino que você não.

*****

Depois de um delicioso brunch, retirei-me para o meu quarto sob o pretexto de leitura, mas não conseguia me concentrar. A refeição da manhã, de duplo sentido e elogios me esgotou, e eu desejei mais uma vez que eu estivesse de volta ao meu apartamento, tendo um fim de semana discreto com Alexander. Mas me recuperei quando bateram na porta e saltei em direção a ela.

Forcei um sorriso quando eu abri e descobri Norris. —Boa tarde.

—Eles estão em seu caminho de volta, Senhorita. Alexander me enviou à frente para pedir-lhe para recebê-los.

Eu não precisava de mais persuasão. Puxando minhas botas, eu segui para fora quando o grupo de caça chegou. Alexander guiou seu cavalo para mim, com uma rédea de equitação segurando em sua mão.

Eu levantei minha sobrancelha, apontando para o instrumento.

—Papai insistiu. Claro, se você sabe o que está fazendo, você não precisa de um desses. —Ele disse com um encolher de ombros. Ele veio até mim, parecendo régio em seu poderoso cavalo árabe.

—Eu poderia ter usado isso essa manhã. —Eu admiti e seus lábios tremeram.

—Suponho que teria uso. —Ele disse com a voz lenta e sexy que eu amava. Alexander estendeu a mão e eu olhei para ele com surpresa. —Vamos.

Eu esperei o dia todo para ouvi-lo dizer isso, e eu não consegui me impedir de levantar minha sobrancelha sugestivamente. Sua boca curvou-se em um sorriso malicioso. Depois de passar o dia dizendo todas as coisas erradas e constantemente pedindo desculpas, a visão de seu lindo rosto pecaminoso me deu água na boca.

—Estou usando saia. —Eu disse quando a brisa soprou a bainha, levantando o suficiente para que minhas coxas nuas fossem reveladas.

Tão pronta quanto eu estava para fugir com ele, eu não estava exatamente preparada para montar um cavalo, e todo mundo seria obrigado a falar sobre nós enquanto estávamos ausentes da casa.

—Acredite em mim, eu percebi. —Alexander passou uma perna sobre a sela e saltou para baixo, tirando o capacete para revelar a sua bagunça sexy de cabelos negros. Ele parecia magnífico em sua calça de montaria que abraçava seus músculos e traseiro. —Eu Preciso te afastar dessas pessoas sanguinárias. Eu quero você só para mim.

—Aonde você vai me levar? —Eu perguntei, colocando minha mão na sua. Saia ou não, eu iria a qualquer lugar que ele me levasse.

Sua voz baixou, uma vez que mais do que alguns olhares curiosos estavam nos observando. —Você está fazendo a pergunta errada.

—Estou? —Pisquei os olhos para ele em inocência simulada.

Um grunhido retumbou em sua garganta quando eu perguntei, e eu podia ver as rodas girando atrás dos olhos azuis cristalinos. —Você devia perguntar: o que eu vou fazer com você.

Minha boca ficou seca e eu esperei que ele continuasse, muito presa na tensão sexual pesada crepitando entre nós para encontrar a minha voz. Eu queria a garantia de seu toque.

—Já ouviu o termo cavalgar dedos? —Ele perguntou com um sorriso perverso que fez o meu pulso disparar em expectativa. —Se eu não cavalgar com você agora na frente de todas essas pessoas, esta noite eles vão se perguntar por que você está andando tão estranhamente.

Oh meu... sim, por favor. —Então cavalgar é um álibi?

—É tudo parte do que pretendo fazer com você.

Ele passou seus braços em volta da minha cintura, e me atraiu para ele. Eu caí em seus braços, a cabeça nadando com o coquetel inebriante de sua presença. Quando ele roçou os lábios sobre os meus no que era para ele um show bastante recatado de afeto, todas as razões para isto ser uma ideia horrível desapareceram.

Um momento depois, ele me içou sobre a sela. Era grande o suficiente para permitir-me montar lado a lado, mas depois me lembrei de que ele disse sobre manter as aparências, e eu movi a minha perna para que eu sentasse normalmente, meus pés balançando acima dos estribos. Eu empurrei minha saia com segurança sob a minha parte traseira, de modo a não mostrar o meu bumbum para metade da família real, mas também para evitar o atrito contra o couro.

Ele me entregou o chicote, mas passou o rifle que tinha usado durante a caçada a um guarda-caça nas proximidades. Alexander montou o cavalo, tomando as rédeas com uma das mãos, enquanto a outra me segurava firmemente contra ele. Eu estabeleci-me em seu abraço, saboreando seu calor e a dureza de seu corpo contra mim, embora até mesmo quando relaxei, um arrepio constante correu dentro de mim com a sua proximidade.

—Alexander! —Albert caminhou em nossa direção, com a boca numa linha sombria. Tinha passado o dia montando um cavalo, mas nenhum único fio de seu cabelo penteado estava fora do lugar. Apesar de sua aparência composta, seu filho parecia ter lhe desagradado. —Temos convidados.

—Clara é minha convidada. —Alexander disse num tom desinteressado. —Vou levá-la para conhecer o lugar. Voltaremos para o jantar.

O olhar frio de Albert cintilou sobre mim, sem dúvida, observando meu inadequado vestuário de equitação. Alexander podia ser capaz de enganar os outros convidados quanto às suas intenções, mas era óbvio que seu pai viu através dos verdadeiros motivos de seu filho. —Espero que você esteja devidamente vestida à mesa.

Ele virou-se e saiu sem outra palavra, mas atrás de mim, Alexander ficou tenso após a briga. Um padrão estava começando a se desenvolver. Eu gostaria de poder ver todas as peças em jogo, para que eu pudesse compreender um pouco mais. Isso levaria tempo, mas com Albert me sabotando ativamente, quanto tempo eu tinha?

—Vamos lá. —Ele disse e começou a mover-se em um ritmo constante.

Agarrei a rédea em minhas mãos enquanto nos movíamos para um meio galope e meu corpo balançava contra o dele. Percorrendo toda a propriedade. Quando estávamos fora da vista da casa principal, Alexander desacelerou o cavalo até que chegou a um impasse em uma faixa de terra plana. Quilômetros de campo ininterrupto estavam diante de nós. Colinas verdejantes, fardos de feno. O ar estava fresco, quente, mas puro, e eu respirei profundamente, enchendo meus pulmões. Mas eu estava muito marcada para me acalmar.

—Lindo. —Eu murmurei enquanto Alexander envolvia os braços em mim.

—Sim. —Ele disse com uma voz rouca. Eu podia ouvir o desejo, e meu núcleo apertou, lembrando-me de suas palavras anteriores.

—Você me tem completamente sozinha. —Eu o lembrei. —O que você vai fazer comigo?

Alexander riu e beijando meu pescoço disse. —Ainda não, boneca.

Eu já estava pronta para ele, o meu desejo era uma combinação de excitação e angústia. Os braços de Alexander apertaram em torno de mim como se sentisse a minha ansiedade. Estar com ele me permitia esquecer que eu não me encaixava em seu mundo.

—Você está infeliz. —Ele adivinhou.

Eu hesitei antes de finalmente concordar. —Eu não pertenço a este lugar.

—Oh boneca. —Alexander deixou escapar um suspiro. —Nem eu.

A renúncia de sua confissão torceu meu coração. Ele não tinha escolha. A loteria do nascimento o tinha colocado nesta família, e eu não podia ver um meio de fuga.

—Mas... —Ele continuou. —Você está errada sobre uma coisa. Você pertence aqui, comigo.

Imprudentemente me virei e bati os lábios nos dele, mas apesar da urgência em mim, ele beijou lentamente.

—Então, você vai me levar para um rolo de feno? —Arqueei a sobrancelha em convite.

—Estou planejando coisas mais depravadas. Vou começar por... —Sua voz se afastou enquanto suas mãos deslizavam debaixo da minha saia. Meu clitóris pulsava com a proximidade dele, se lembrando da última vez em que ele empregou seus dedos muito talentosos. Mas ele não sondou entre as minhas pernas, ao invés disso ele parou no elástico da minha calcinha de renda. —Você é uma provocação nesta pequena saia. Eu tive bolas azuis toda à manhã pensando em suas coxas mal cobertas. Você sabe o que é passar o dia inteiro escondendo uma ereção de metade da monarquia?

—Não posso dizer que sei. —Eu o fisguei. Minha respiração engatou com o pensamento de seu pau duro naquela calça. Eu mexi minha bunda para trás, brincando, batendo contra sua virilha, e descobri que ele não estava mentindo.

—Exatamente. —Ele rosnou contra a minha orelha. Suas mãos tremeram violentamente, e depois rasgou o laço delicado da minha calcinha. Eu gemi quando ele removeu o tecido desfiado, roçando em meu sexo escorregadio. Ele não fez nenhum movimento para me tocar ainda mais, ele empurrou os restos no bolso do casaco. Levantando minha saia para que o vento sussurrasse em meu traseiro nu, ele assobiou de forma apreciativa.

—Isso dá um novo significado a transar sem proteção. —Ele disse, e eu podia ouvir o sorriso de satisfação em sua voz.

De fato. Eu estava exposta. Deliciosamente. O couro era suave contra a minha carne macia, e me senti devassa. Pronta para ele me levar. Mas ele não o fez. Em vez disso, incitou o cavalo. Os primeiros passos foram lentos, e o assento de couro bateu suavemente contra o meu clitóris, deixando a sela molhada com meu desejo. A sensação me assustou, vibrando através dos meus nervos feridos, e me levando ao limite. Mas mesmo quando Alexander aumentou nosso ritmo para um galope, com a mão quente contra a minha barriga, eu não caí sobre ele. A necessidade construída em mim sobrecarregou os meus sentidos, até que eu estava vibrando. Eu me contorci em seus braços na tentativa de incentivar sua mão deslizar ainda mais para baixo, mas ele me segurou firme, completamente no controle do meu corpo, eu percebi.

Meu único consolo era a protuberância dura que apertava contra o meu traseiro. Ele estava tão excitado quanto eu, e em breve, quando ele acabasse essa doce tortura, ele estaria dentro de mim. Meu sexo inchou com o pensamento, e pequenas ondulações de antecipação tremeram através de mim. Tudo o que eu precisava era de seu toque.

Nós montamos pelo que pareceu uma eternidade, e eu lutei contra a vontade de tocar-me e acabar com o tormento. Eu sabia que ele nunca permitiria, mas principalmente, eu queria que Alexander o fizesse. A masturbação simples já não tinha qualquer apelo para mim. Não enquanto este homem pecaminosamente sexy estava pressionado contra mim. Eu precisava de seu pênis, seus dedos, sua língua. Meu prazer lhe pertencia. Quando eu não aguentei mais, movi-me na sela e coloquei minha cabeça para trás, implorando que ele parasse. Ele diminuiu o suficiente para que ele pudesse levantar a mão para o meu rosto, para suavemente acaricia-lo.

—Sim, boneca?

—Por favor. —Eu supliquei. Correndo em um galope furioso, meu desejo filtrou através de meu sangue, enrolando cada nervo do meu corpo em cordas esticadas.

—Por favor, o que? —Sua boca se retorceu de prazer, traindo o que ele já sabia.

—Por favor, pare. Eu... preciso... de você. —As palavras foram sufocadas. Ainda estranho para uma menina que nunca pedia o que ela queria. Alexander disseme uma vez, que eu imploraria por ele, e ele estava certo. Eu estive lhe implorando desde a primeira vez que ele me tocou.

Sua mão caiu no meu pescoço, envolvendo-o com um aperto firme.

—Diga, Clara. —Ele ordenou.

—Eu quero que você me foda. —Eu disse com a voz um pouco acima de um sussurro. Eu senti que a qualquer momento eu poderia explodir em chamas se ele não me tocasse, mas foi essa tensão controlando o meu corpo, que tornava difícil até mesmo falar. Eu só conseguia pensar em seus lábios nos meus. Sua carne contra a minha.

Alexander parou. —Quer ou precisa?

Engoli contra a construção de desejo cru na minha garganta, e continuei o meu apeIo. —Preciso de seu pau. Eu preciso que você me foda até que eu não aguente mais. Por favor.

Ele não falou quando ele desmontou o cavalo, mas quando me virei para seguir o exemplo, ele me parou, empurrando minhas pernas até que estava espalhada diante dele. Seus olhos ficaram pesados quando ele arrastou os dedos para baixo na pele macia das minhas coxas, mas suas mãos viajaram mais longe. Eu estava em exposição para ele, e ele me estudou como um conhecedor de arte pode considerar uma pintura, ou uma escultura, adorando o trabalho diante de seus olhos.

Obriguei-me a respirar profundamente, com medo que eu pudesse gozar só com a intensidade de seu olhar, trancada como eu estava sob ele, até que ele saiu do devaneio e me ajudou a descer. Assim que as minhas botas tocaram a grama, ele estava em mim. Lábios esmagados juntos, enquanto nossas mãos emaranhavam nos cabelos e roupas. Eu puxei o paletó, jogando-o ao chão antes que suas mãos pegassem meu pulso, e ele sacudiu a cabeça. Ele puxou meus braços para cima e prendeu-os com uma das mãos. Eu não lutei contra o instinto cru, predatório que rolava dele por mais tempo. Em vez disso, me submeti quase esmagada pelo meu desejo por ele. Com a outra mão, ele empurrou para baixo a minha saia, até que caísse em torno dos meus tornozelos. Então ele abriu a blusa, alguns botões saíram no processo. Mais tarde, quando eu tivesse que voltar para a casa sem calcinha e faltando alguns botões, seria uma dor na bunda. Neste momento, o meu corpo ardia enquanto puxava meus seios do meu sutiã.

Sua cabeça moveu-se para baixo, capturando meu peito e chupando meu mamilo profundamente em sua boca. Engoli em seco quando ele me excitou, me provocando com sua língua, e eu senti meu outro mamilo endurecendo em antecipação. Ele voltou sua atenção ao seu vício, e eu desejava que houvesse mais dele. Que eu pudesse sentir o calor de sua respiração em cada pedacinho do meu corpo. Alexander continuou seu ataque em meus seios, até que eles estavam inchados e pesados, e meus joelhos ficaram fracos, ameaçando me traírem. Mas ele me pegou e estalou a língua na minha orelha.

—Ainda não, boneca.

Eu gemi quando suas palavras foram sussurradas em meu pescoço. Ele podia fazer-me gozar só com sua voz, mas ele não quis. Alexander era generoso com seu prazer, mas era sempre em seus termos. Hoje, ele deixou claro que ele me empurraria para a altura do êxtase, me empurraria até que eu quebrasse, e eu não queria nada mais.

Eu precisava disso como eu precisava dele.

Ele soltou meus braços, e eles caíram para os meus lados, meus músculos queimando e já enfraquecidos. —Tire seu sutiã.

Fiz o que me foi dito, os olhos fixos em seu rosto bonito. Imaginei correndo minha língua ao longo de seu pênis talhado quando abri os botões que tinham escapado de seu massacre. Quando cheguei ao sutiã, eu me concentrei na cicatriz sobre sua sobrancelha esquerda, lembrando como ele suspirou quando o toquei. Eu ainda estava aprendendo o quanto havia de significativo naquele momento entre nós. Essas cicatrizes brutais, que uma vez ele pensou que marcaram seu corpo perfeito, só o tornavam mais bonito. Elas me lembravam de que este deus diante de mim, era um homem.

Tirei o resto da minha roupa e fiquei diante dele, tirando minhas botas. O ar de junho estava quente no meu corpo, mesmo sob a sombra de uma árvore próxima.

—Estou a meio caminho de montá-la naquele cavalo e observar seus peitos e traseiro balançarem por todo o campo.

Minhas sobrancelhas ergueram. Não consegui esconder minha exasperação.

—Eu prefiro cavalgar outra coisa.

Um sorriso esculpiu seu rosto. Ele sabia que ele tinha chegado a mim, o que significava que ele também sabia que ele poderia me levar até a beira da insanidade com sua provocação torturante.

—Você está curtindo isso, não? —Eu perguntei. —Quase me deixando louca até que me foda?

Um brilho sombrio passou por seus olhos enquanto considerava minha pergunta.

—Sim, boneca, é por isso que eu deveria levá-la por cima do meu joelho e bater nesse seu traseiro.

Não pude conter o tremor de prazer que correu através de mim com o pensamento de ser dobrada sobre o seu joelho. Eu nunca teria permitido que qualquer outro homem me batesse. Eu provavelmente não teria permitido que eles sequer mencionassem, mas no pouco que eu conhecia de Alexander, seu domínio me consumiu, levando-me à beira do excesso, e nunca passando por ele. E agora eu estava desesperada para ter suas mãos sobre mim, de qualquer maneira que eu pudesse.

—De fato... —Sua voz foi sumindo enquanto seus olhos pousaram em algo atrás de mim. Não me atrevi a virar, sem saber se eu queria saber o que tinha chamado sua atenção. Alexander pegou minha mão e deu um beijo na parte superior. —Eu preciso saber se você confia em mim.

—Eu pensei que já tivesse provado. —Eu disse. —Depois do que experimentamos juntos, eu pensei que isso já era óbvio. Eu nunca estive com ninguém como estive com você.

—Presumi. —O tom arrogante estava de volta em sua voz. —Isso não significa que você confia em mim.

—Você confia em mim? —Perguntei tão corajosamente quanto pude, enquanto estava completamente nua no meio do campo.

Os olhos de Alexander se distanciaram, e eu gostaria de poder trazê-los de volta, mas em vez de ficarem frios e duros, enquanto eu pisava sobre o limite não declarado que nos separou antes, desta vez eles passaram, enchendo de fogo quando ele acenou com a cabeça. —Eu acho que você é a única pessoa em quem eu confio.

Eu me esqueci de respirar enquanto o lado nu e vulnerável de Alexander passava diante dos meus olhos. Ele foi embora em um instante, substituído pelo homem dissoluto, bonito que ele geralmente mostrava ao mundo, mas eu tinha visto através de seu disfarce mais de uma vez. Ele me fez a pergunta em primeiro lugar, que ainda permanecia, dançando nas chamas ardentes de sua íris.

—Sim. —Sussurrei, sabendo que ele precisava ouvir. —Eu confio em você.

Seu sorriso de resposta não era o sorriso arrogante que normalmente derretia minha calcinha, foi tranquilo e sério. A vitória estava presente, mas não foi cheia de autossatisfação. Ele confiava em mim, e eu tinha dado a ele o que ele mais desejava: o controle. Eu tinha dado o meu corpo, minha mente e, percebi com uma pancada do meu coração.

—Você se lembra de sua palavra de segurança?

Eu balancei a cabeça, sentindo-me um pouco embaraçada que houvesse necessidade de uma, mas Alexander tinha empurrado meu corpo mais e mais desde que eu tinha sido apresentada a seus desejos mais sombrios. Eu só tinha sido capaz de fazê-lo porque eu vi sua compulsão em me proteger.

—Brimstone.

—Vire-se de frente para a árvore. —Ele ordenou.

Fiz o que me foi dito, e ele me recompensou com o contato que eu desejava tão desesperadamente. Suas mãos varreram meus lados, incentivando meus braços a subirem sobre a minha cabeça, permitindo-lhe mais acesso a mim. Eu me preparei contra a árvore enquanto ele pressionava contra mim. Suas roupas de montaria arranhavam suavemente sobre minha pele nua, fazendo-me doer pelo toque de sua pele contra a minha. Por agora, eu apreciava da aspereza de seus dedos enquanto acariciava minha barriga, e arrastava-se para o meu traseiro, deixando caminhos de fogo em seu rastro. Em seguida, ele se afastou abruptamente.

—Feche seus olhos.

Fechei os olhos, e esperei que ele voltasse pelo que pareceu uma eternidade. Eu estava quase inconsciente da casca áspera cravando na carne dos meus pulsos, ou a ligeira dor em meus membros. Quando ele finalmente voltou, senti sua presença, mesmo que ele não me tocasse.

—Abra suas pernas. —Ele ordenou-me, e eu obriguei meu corpo, visceralmente recordando as vezes que ele ordenou-me antes. —Esse é um caralho de bela vista.

Sua mão fechou-se sobre o meu sexo, e um rosnado baixo retumbou por ele. Ele me tentou com seu contato, mas não ofereceu alívio dos meus desejos, mesmo quando senti sua ereção contra a minha bunda.

—Sua buceta está tão molhada para mim. —Ele murmurou. —Sinta o quão molhada está.

Eu deixei cair um braço tremendo entre as minhas pernas, e ele pegou minha mão, empurrando-a contra o meu latejante sexo inchado. Estava liso, pesado com a luxúria, e pronto para ele. Apesar de tudo, meus dedos encontraram meu clitóris, mas ele empurrou minha mão. —Nada disso.

Eu solucei com o castigo, o prazer potencial brotando em mim, até que eu pensei que pudesse explodir, e quando ele se afastou, deixando-me sentindo abandonada e desesperada em minha necessidade, eu pensei por um momento que eu fosse chorar. Minha palavra segura penetrou na minha língua, e eu lutei contra a vontade de dizê-la. Ele me pediu para confiar nele, revelando por um momento, o ferimento que estava sob o verniz da arrogância que ele usava como um terno bem cortado, e eu era incapaz de dizer não a seu pedido.

Mordi o lábio e esperei pronta para o que ele poderia me dar.

O primeiro toque do chicote contra o meu clitóris vibrou através do meu corpo me fazendo chorar. Não era doloroso, apenas inesperado, e não foi o suficiente para me empurrar para o precipício que meu corpo se agarrafa. Couro frio esfregou por toda a minha vagina, e eu percebi que Alexander tinha encontrado um propósito para o chicote depois de tudo. Em seguida, a haste lisa tinha ido embora. Prendi a respiração até que ele bateu levemente contra meu traseiro. O aguilhão queimou toda a minha carne tenra, levando arrepios ao longo da minha pele. A mão de Alexander esfregou o local com movimentos suaves, dissipando o calor remanescente deixado pelo chicote, assim como a chama entre as minhas pernas que ardia como fogo. Ele continuou a sua massagem, e eu percebi que ele estava me testando, esperando eu dar a palavra que o pressionaria ou me entregaria a ele.

—Mais. —Eu gemi.

Alexander avançou e deu um beijo no meu pescoço, um simples gesto de tranquilidade suave, antes que ele recuasse novamente. Desta vez eu ouvi cortar o ar, antes que ele batesse contra o outro lado da minha bunda. O chicote bateu mais forte, mas ainda controlado, mesmo que meus joelhos dobrassem ao seu impacto. Gritei seu nome na afirmação do meu prazer.

—Mais aberta, boneca. —Ele exigiu. Uma nota perigosa colocada em suas palavras.

O cabo empurrou entre as minhas pernas novamente, esfregando deliberadamente, antes que ele chicoteasse contra o meu clitóris mais uma vez.. Eu estava tão perto, mas eu sabia que isso não poderia satisfazer a minha necessidade crescente. O orgasmo em mim parecia um oco. Ele não diminuiria o meu desejo. Só ele poderia fazer isso.

—Eu preciso de você. —Chorei enquanto as tiras estalavam contra o meu broto sensível novamente. Alexander se deteve atrás de mim, então eu continuei. —Eu preciso de você dentro de mim. Eu preciso que você me preencha.

—Tem certeza, boneca? —Ele perguntou, mas enquanto ele falava, eu ouvi seu zíper.

Eu consegui acenar apesar da leveza nadando na minha cabeça. Alexander me intoxicava. Sem seu toque, eu me esquecia de como respirar. Ele tinha se tornado meu centro de gravidade. Eu precisava desse paraíso agora mais do que eu já precisei de algo. Não apenas porque ele tinha me levado para a beira do prazer, mas porque aqui, entre sua família e amigos, a nossa conexão era tênue. Eu ansiava por ele, eu o cobiçava.

Seu dedo mergulhou em meu sexo, e eu relaxei contra ele.

—Você se abre para mim como uma flor. —Ele murmurou contra a minha orelha. O dedo desapareceu, e a sensação vazia retornou, mas evaporou-se quando senti a cabeça grossa do seu pau contra a minha entrada. Mesmo que eu estivesse praticamente gotejando por ele, eu me preparei para o curso inicial. O que sempre andava na linha entre dor e prazer.

—Eu preciso te foder, Clara. Ele rosnou. Sua respiração quente no meu ouvido, e seu pênis contraindo entre as minhas pernas. —Não sei se posso ser gentil.

Eu queria tudo dele.

O anjo e o demônio.

O céu e o inferno.

Ele era a minha maldição e minha salvação.

Respondi sem pensar duas vezes. —Não seja.

Alexander gemeu com as minhas palavras, uma mão envolvendo ferozmente em torno da minha barriga, enquanto o outro empurrava seu pênis dentro da minha vagina. Apesar de seu aviso, ele se deteve por um momento. Sua mão agora livre afastou o cabelo do meu pescoço, empurrando-o para cima do meu ombro e segurando-o lá, para que ele pudesse esmagar seu corpo perto do meu. E então, sem mais aviso, ele bateu em mim, acendendo uma onda de chamas que queimaram meu sexo. Sua mão emaranhou no meu cabelo, me puxando para ele, puxando a cabeça para trás até que seus lábios capturaram os meus. Ele continuou seu ataque incansável enquanto guiava minhas pernas trêmulas para baixo contra suas coxas duras. Eu estava quase sentada sobre ele, suas pernas poderosas dobradas para lhe permitir um acesso mais profundo, enquanto ele acariciava contra minhas paredes de veludo.

O autocontrole que eu tinha lutado para manter desintegrava-se um pouco a cada impulso, abandonando-se ao cumprimento que eu desejava tão desesperadamente. Alexander quebrou o nosso beijo, liberando o meu cabelo para que eu pudesse inclinar-me para a árvore, enquanto dirigia seu pênis em direção em um clímax furioso.

—Goze para mim. —Ele me ordenou, e eu desmoronei em torno dele. Meus membros apertaram e, em seguida, suavizaram quando eu gozei nele. Ele gozou em cima de mim como uma onda, puxando-me para o mar e roubando a respiração enquanto se afogava em seu poder. Como eu me afogava nele.

À medida que os fragmentos finais de prazer me deixavam, o ritmo aumentou. Ele tinha me levado para a beira e me deixado cair, mantendo o autocontrole rígido ao qual ele se agarrou. Mas agora, seu pau espesso pulsava em meu canal sensível enquanto ele derramava em mim, inundando o meu sexo com sêmen quente.

—Clara. Minha Clara. —Ele gemeu enquanto gozava, e eu ouvi a verdade quando meu nome saiu de seus lábios. Ele estava tão perdido no mar quanto eu estava.

Nós dois estávamos nos afogando.


Capítulo 24


Deitei-me na grama, nua, sobre a jaqueta de Alexander, enquanto ele apertava o selim para a nossa viagem de volta à propriedade. O sol brilhava, e eu descansava preguiçosamente em seu calor. Eu não tinha pressa para voltar, especialmente dado o nosso estado atual. Meio-vestido com o peito nu, o cabelo escuro desgrenhado, Alexander parecia um deus, e eu estava apreciando a vista. Apesar da ligeira dor pela crueza do nosso encontro, meu núcleo apertou quando avistei a calça desabotoada, e eu não podia evitar, mas queria ele novamente.

Alexander virou-se e estreitou os olhos, passeando em minha direção como uma pantera perseguindo sua presa. Eu o chamei com o meu dedo, suspirando quando ele abaixou-se sobre mim, segurando-se sem me tocar. Eu não podia reclamar, porque mostrava a rígida disciplina que ele desenvolveu ao longo dos anos de serviço militar, bem como os músculos travados. Eu não pude resistir de correr os dedos para baixo no comprimento do seu abdômen definido.

Seus olhos escureceram enquanto eu acariciava sua zona proibida. —Você está me dando o olhar “venha me pegar”.

Arqueei contra ele, roçando meus mamilos através de sua carne. Eles responderam imediatamente ao contato, e eu mordi meu lábio imaginando seus dentes beliscando os bicos sensíveis. —Isso é uma vergonha. Eu queria lhe dar o olhar “venha me foder”. —Ronronei, arqueando mais, para que o meu sexo fizesse contato com sua virilha. Ele estava duro novamente, e minhas pernas separaram-se instintivamente para ele.

—Agora vejo a diferença. —Ele gemeu quando minhas mãos alcançaram a braguilha e libertaram seu pênis. Se não fosse por suas veias quentes pulsantes, poderia ter sido confundido com mármore. Seu corpo pertencia a um tempo diferente. Era uma obra de arte que pertencia a um museu, e era todo meu. Atingindo mais abaixo, deixei seu saco livre, pegando-o suavemente e em seguida, dando-lhe um aperto brincalhão.

—Cristo, eu amo quando você brinca com minhas bolas. —Sua cabeça mergulhou ao meu encontro, finalmente encontrando os meus seios. Ele cobriu meu mamilo com uma sucção, aumentando a pressão, até que eu senti entre as minhas pernas, que apertaram instintivamente, pedindo para seu pênis encontrar a sua casa.

Mas eu ainda não tinha acabado.

—Eu quero te chupar. —Eu sussurrei e Alexander enrijeceu.

—Se você fizer isso eu não vou ser capaz de te foder por mais tempo. —Ele balançou seu corpo contra o meu, de modo que seu pau deslizou dentro e fora do meu alcance, cutucando o meu osso púbico. O gesto era a promessa de coisas boas vindo.

Mas eu não podia ignorar que o sol não duraria muito. —Quanto tempo temos?

—Não o suficiente para me satisfazer. Quero transar com você no crepúsculo, e sob as estrelas, e quando o sol nascer.

—Sim, por favor. —Eu disse, lambendo meus lábios.

—Você está tão quente para mim, boneca. Você sabe o que faz para mim? —Ajoelhando-se entre minhas pernas, ele apertou seu pênis, mostrando o seu comprimento magnífico. —Você tem uma buceta tão gananciosa. Tudo o que eu quero fazer é fodê-la. Fodê-la forte. Fodê-la lento. Eu quero que a ausência do meu pau em sua pequena e bonita buceta seja anormal. Ela pertence a mim, e eu vou cuidar dela o mais rápido que eu puder.

Meu sexo apertou com suas palavras. Eu queria agradá-lo. Não, eu precisava, porque a sua realização de alguma forma superou a minha própria, mas eu não sabia como dizer isso a ele. Em vez disso eu fiquei de joelhos, apoiada em minhas mãos, e corri minha língua ao longo do seu pênis. Alexander pegou meu cabelo, e me fez ajoelhar com força suave. Suas mãos se hospedaram no meu cabelo, acariciando a cabeça suavemente enquanto eu lambia seu pênis. Pegando uma de suas bolas com minha língua, eu chupei suavemente em minha boca, até que a mão apertou meu cabelo com mais força, então eu soltei e foquei na outra, até que ele me pediu.

—Eu vou foder a sua boca agora.

Antes que ele pudesse empurrar seu pênis pelos meus lábios, eu estava sobre ele, minha boca acomodando-se sobre ele. Eu afundei meu rosto, chupando e lambendo-o com movimentos longos, e Alexander parou permitindo-me dar prazer a ele. Minha mão agarrou seu pênis, acariciando-o com força, pedindo-lhe para soltar sua liberação.

Eu dirigi a minha boca para baixo em seu pênis, enquanto ele jorrava contra a minha garganta, saboreando o calor de sua semente até que ele parou. Os olhos de Alexander permaneceram fechados mesmo depois que eu me afastei, agradavelmente surpreendida ao ver que sua ereção não tinha diminuído. Quando ele finalmente olhou para mim, eu me senti eletrificada até o osso.

—Minha vez. —Ele disse com uma voz gutural.

Ele deitou-me de volta, pressionando e abrindo minhas pernas com seu quadril. Mas ele não se mexeu dentro de mim apesar dos meus movimentos. Em vez disso, ele deixou cair uma trilha de beijos pelo meu abdômen, parando para sussurrar contra o oco das minhas coxas. —Você sabe por que selava com cera as cartas que te enviava?

Eu balancei a cabeça, mesmo enquanto tentava entender por que isso era importante agora. —Elas permaneceriam privadas.

—Essa é a razão prática. —Ele fez uma pausa, deslizando a língua ao longo do vinco e fazendo-me ofegar. —O selo é de família.

—Eu não tinha ideia de que eram tão oficiais. —Murmurei, ficando mais quente enquanto sua boca pairava tão perto do meu clitóris, que eu podia sentir sua respiração sobre ela.

—Tradicionalmente. —Ele continuou, com os dedos empurrando para a minha vagina, e separando os tecidos delicados. —Vermelho era usado na correspondência para a igreja.

Pensei no lacre de cera vermelha que Alexander tinha empregado, e o meu sangue aqueceu com uma mistura de constrangimento e excitação.

Alexander fez uma pausa, desviando sua atenção do meu sexo inchado para meus olhos.

—Você é minha religião, Clara Bishop. Sagrada. Amável. Eu quero te adorar.

Sua boca caiu para minha boceta, e minha respiração ficou presa quando sua língua sacudiu em meu clitóris. Ele brincou com lambidas macias, rápidas, que enviaram pequenas ondas de prazer pelo meu corpo. Quando pensou que eu aguentaria mais, ele estabeleceu-se sobre o ponto sensível e chupou avidamente. Seu dedo sondou a minha entrada, e eu relaxei mais amplamente recebendo-o. Ele empurrou outro dedo dentro de mim, me fodendo com movimentos longos e profundos, enquanto a sua língua girava sobre o meu clitóris, e eu gozei desfeita, quebrando em pedaços sob seu assalto qualificado.

—Você tem um gosto tão bom. —Ele ronronou, arrastando sua língua ao longo da minha fenda. Era demais para aguentar, e eu estremeci, apertando minhas pernas contra sua cabeça instintivamente. Ele pôs-se de joelhos, com a mão apertando seu pênis, e olhou para mim.

Mal tive tempo de registrar o contato antes que ele tivesse empurrado dentro de mim novamente.

—Eu não posso. —Eu gemi. Meu corpo ainda não tinha se recuperado do orgasmo de abalar a terra que ele tinha acabado de me dar.

—Eu digo que você pode. —Ele rosnou. Meu sexo respondeu com choque, não pronto para mais estímulos, enquanto ele movia-se lentamente para dentro e para fora da minha boceta. O polegar de Alexander encontrou meu clitóris, e habilmente acariciava a sensibilidade levando à excitação. Eu floresci para ele, que afundou mais profundo dentro de mim. —Ponha suas pernas nos meus ombros.

Ele puxou meus tornozelos e os colocou sobre seus ombros. Alexander gemeu quando suas mãos encontraram minha bunda, apertando-a com força enquanto ele empurrava para dentro de mim com deliciosa lentidão. Eu estava à beira do êxtase. Peguei meu lábio entre meus dentes, tentando fazer o delicioso prazer durar mais tempo.

—Espere. —Alexander ordenou. —Eu digo quando for para você gozar.

Ele deslizou para fora de mim, e eu gritei com a ausência dele. Ele silenciou-me enquanto acariciava a cabeça de seu pênis para baixo no comprimento da minha vagina. —Eu amo observar sua buceta faminta se abrir para mim.

Eu soluçava enquanto ele esfregava seu pênis ao longo dos meus lábios sensíveis.

—Diga-me o que você precisa, Clara.

Eu o assisti através das minhas pálpebras nubladas, seu feitiço fazendo-me sentir como se eu estivesse drogada. —Você.

—Você me tem.

Mexi contra ele, encorajando o seu pau a voltar para minha vagina, mas ele continuou a roçá-lo sobre o meu sexo, sem entrar em mim, usando apenas a pressão suficiente para me deixar incoerentemente animada, mas sem o clímax.

—Eu quero seu pau. —Eu gemi.

—Eu tinha que ter certeza que você estava pronta. —Ele disse, acariciando a cabeça ao longo da minha boceta, até que eu estava quase sem fôlego. —Eu precisava de você relaxada e molhada, então eu posso te foder com força.

—Por favor. —Eu sussurrei.

Alexander empurrou dentro de mim sem hesitação, batendo com velocidade sobrenatural e força, me estimulando em direção ao orgasmo. Minhas mãos tatearam algo para agarrar enquanto ele continuava seu ataque implacável. Elas emaranharam em seus cabelos escuros, e eu percebi que seu pênis me dirigia para outro orgasmo. Apesar de sua ferocidade, ele estava sendo construído lentamente, piscando e fumegando em ondas baixas, mas poderosas de fogo através de todo o meu corpo, até que eu inflamei sob ele. Eu parti em um incêndio que ardia à vida, e gritei seu nome assim que ele gozou, jorrando para dentro de mim com jatos quentes, potentes.

Ele caiu em cima de mim, e os meus braços em torno dele, embalando-o contra mim. Eu não queria que essa tarde terminasse.

—Eu poderia fazer isso pelo resto da noite. —Suas palavras eram quentes e urgentes contra o meu pescoço.

—Vamos. —Eu concordei.

Senti seus lábios curvando em um sorriso quando ele roçou sobre a minha pele, e rolou de cima de mim para o meu lado. —Eu amo que seu corpo é tão carente. É um grande desafio manter sua bela buceta satisfeita.

—É necessidade de você. —Eu sussurrei enquanto ele deslizava um dedo pela minha fenda encharcada.

—Sim, é isso aí boneca. Só eu posso te dar prazer. —Seu dedo contraiu dentro de mim, enquanto seus olhos focavam avidamente nos meus. —E eu te darei muito mais hoje à noite depois do jantar.

Fechei os olhos e imaginei Alexander levando-me na grande cama de dossel no meu quarto. —Promete?

—Tudo que digo para você é uma promessa. —Havia um tom sério em sua voz enquanto falava, e eu reabri os olhos para encontrar os dele. —Quando eu digo que eu vou transar com você, isso é uma promessa. Quando eu digo que eu vou fazer você implorar, isso é uma promessa. E quando eu digo que esta bela buceta é minha, isso é uma promessa.

Seus lábios capturaram minha boca, e ele provou que estava me dizendo à verdade quando me fodeu sem sentido mais uma vez.

*****

Alexander enfiou o casaco em torno de mim enquanto fiz o melhor que pude para conseguir fechar minha blusa. Não houve jeito. Parecia que eu tinha sofrido uma boa foda, e com o calor ainda em meu rosto, eu não me importava que soubessem. Eu estava bêbada por sua mera presença. Isso seria óbvio para qualquer um que nos visse, mas era mais do que o nosso encontro físico que permanecia no meu sangue aquecido. Este fim de semana tinha provado uma e outra vez, que a conexão entre nós era real.

Eu estava apaixonada por ele.

Eu já não tinha qualquer dúvida disso, mas eu não tinha certeza de que o sentimento era recíproco. Ouvir a forma como ele disse meu nome, e sentir a maneira como ele me tocava, com uma suave carícia antes dele me foder cegamente. Eu repassei o encontro da tarde na minha cabeça, satisfeita com o silêncio que se seguiu após o nosso ato de amor. Era apenas o ato sexual? Eu procurei em minhas memórias por mais sugestões, mais pistas que eu não estava sozinha neste estado. Certamente o fato de que Alexander não me fodeu e me largou como as outras meninas com quem ele foi fotografado nos jornais, era uma prova. Ele até me trouxe aqui, entre sua família e amigos, isso tinha de dizer alguma coisa. Claro, todos aqui me odiavam. Talvez isso não fosse tão reconfortante depois de tudo.

No momento em que fiquei estável, me senti meio louca. Como eu desvendaria um homem que não podia, ou não queria se abrir para mim em qualquer lugar além do quarto, ou no caso de hoje, contra uma árvore? Tivemos uma conexão. Por agora eu tinha que confiar nele com mais do que um chicote de equitação. Eu tinha que confiar nele com meu coração.

Mas, quando a memória de nossa tarde selvagem roubou minha mente, eu me distraí das minhas reflexões mais analíticas. Apenas o pensamento de seu corpo viril e másculo foi o suficiente para me fazer esquecer todas as minhas preocupações. Mas não estávamos sozinhos aqui, e eu não podia deixar o desejo lentamente filtrar através de mim.

Eu estava em tal névoa, que eu mal registrei nossa chegada. O aparecimento de um cavalariço finalmente me tirou dela, e eu puxei a jaqueta de Alexander mais forte. Sua mão ficou nas minhas costas, me tranquilizando, assim como minhas bochechas queimaram com o olhar do cavalariço sobre minha aparência. O homem recuperou-se rapidamente, desviando os olhos e oferecendo uma boa noite rude para nós dois.

Alexander segurou minha mão enquanto ele me orientava para a varanda mais próxima do meu quarto de hóspedes. Tentei não ficar obcecada sobre o pequeno gesto, mesmo que eu tivesse certeza de que mais tarde ficaria. Por agora, eu adorava a sensação forte e firme de seus dedos enrolados com os meus. Em seguida, ele se foi. Ele segurou um dedo sobre os lábios, e olhou para dentro, apontando depois de um momento, que era seguro para entrar. Mas ele me pegou na porta, me pressionando contra o batente e me beijando, sua língua deslizando com força em minha boca. Eu fui consumida, derretendo ansiosamente contra ele. Minhas mãos procuraram seu abdômen que estava escondido sob a camisa, e eu corri minhas mãos para baixo deles, meus dedos persistentes na cicatriz irregular que ele tentou tão duramente esconder. A respiração de Alexander engatou ciente do meu toque, mesmo no tecido cicatricial. Ele agarrou minha mão quando se afastou e balançou a cabeça.

—Não, Clara. —Ele avisou.

Pisquei contra as lágrimas nos meus olhos pela repreensão severa. Dois passos em frente e três passos para trás. Eu tive a minha resposta: não estamos avançando. Como poderíamos eventualmente fazê-lo quando ele se escondia tanto de mim? Forçando-me a olhar para longe numa tentativa de esconder a dor torcendo por mim, dei-lhe um sorriso triste. —Verei você no jantar.

—Clara! Não! —Ele recusou-se a soltar meu pulso, e quando eu puxei contra seu aperto. —Não aqui. Não nesse lugar. Eu não posso explicar isso para você.

—Tente. —Eu rebati. Minha frustração aparecendo.

—Não posso. —Seus olhos tinham endurecido, mas por um momento, eles arderam com vida quando ele encontrou o meu olhar. —Não é você, Clara.

—Nunca é. —Eu estava cansada da volta constante e retrocesso, quando tudo que eu queria era saber onde eu estava com ele. —Eu pensei que depois dessa tarde...

—Você precisa se trocar para o jantar, boneca. —Alexander me parou. Uma mudança abrupta de assunto, tanto quanto a sua dispensa. Não pude deixar de pensar que isto era mais do que querer que eu estivesse apresentável para sua família e amigos. Como eu poderia ser o que Alexander necessitava? Não admirava que todos eles me julgassem. Todos nós sabíamos o que me faltava, não só o pedigree, mas a calculada indiferença que poderia ser acesa como um interruptor.

—Talvez eu devesse ir para casa.

—Não. —Outra ordem.

Eu levantei uma sobrancelha para ele. Ele era totalmente incapaz de separar sua necessidade de dominar-me sexualmente e pessoalmente?

Ele fez uma pausa, como se medindo a melhor maneira de responder a minha resistência óbvia á sua demanda. —Eu quero que você fique, mas entenderei se você for. Eu iria se pudesse.

—Então, venha comigo. —Eu implorei. Seja qual forem os segredos deste lugar, eles estavam o destruindo.

—Não é simples, Clara. —O peso de seis anos no exílio apareceu em seus olhos azuis. —Eu não posso fugir disso. Não mais. Mas tem algo que você deve saber.

Esperei que ele continuasse, sabendo que tudo dependeria do que ele diria em seguida.

—Se você correr, Clara. Eu perseguirei você.

*****

Minha decisão foi tomada antes de chegar ao corredor. A jaqueta de couro de Alexander estava mais perto de mim, e eu respirei seu perfume, desejando acreditar que eu poderia levar os segredos e a estranha vida dupla que eu me encontrava. Deixando de me sentir como uma impossibilidade. Eu me perdi completamente nele, e agora tudo o que eu podia fazer era me reforçar contra o escrutínio de seu mundo.

Senti seus olhos em mim antes que eu a visse, e quando me virei, ela estava realmente me observando, seus lábios curvados em um sorriso que não fez nada para mascarar sua beleza. Eu puxei conscientemente a jaqueta e fui direto para o meu quarto.

—Oh meu deus, aconteceu um acidente? —Ela perguntou.

Eu parei. Minha determinação endurecendo no veneno das suas palavras. Eu não podia fugir de Pepper Lockwood. Ela insinuava-se na vida de Alexander, e mesmo que eu não conseguisse entender porque alguém a quereria por perto, eu sabia que ela estava aqui para ficar. —Preciso me arrumar para o jantar.

—Você deve considerar tomar banho também. —Ela torceu o nariz. —Você cheira a sexo barato.

—Um cheiro que tenho certeza que você reconhece. —Eu disse com um sorriso.

—Clara... querida garota estúpida, você acha que pode jogar esse jogo? —Ela caminhou em minha direção, os braços finos apoiado contra seu peito enquanto ela avaliava minha aparência. —Você acha que nós estamos te comendo viva. Eu posso ver isso nos seus olhos. Você parece como aquela pobre raposa que eles soltaram nesta manhã, esperançosa, mas aterrorizada. Mas eu estou aqui para lhe dizer: nós nem sequer começamos a festa com você. Nós nem chegamos ao aperitivo.

Engoli contra a crueza na minha garganta. Eu não podia deixá-la chegar até mim, e eu certamente não poderia deixá-la ver-me perturbada. —Eu sei que você gosta de seus jogos. Cercar uma criatura fraca e chamar de esporte, mas há algo que você precisa saber: Eu não sou a raposa.

—E nem o caçador. —Pepper dilatou as narinas enquanto falava. Eu bati minha marca. Ela queria que eu rolasse, mas eu não estava mais disposta a esperar por ela para atacar.

—Nem você. Nenhuma de nós pertence a este lugar, Pepper. Mas aquela que ficar, é aquela que ele escolheu. —Enfatizei minhas palavras com cuidado, esperando que ela pegasse a minha sugestão, mas ela permaneceu impassível.

—E você acha que será você. —Ela riu com isso, jogando seus cachos loiros por cima do ombro, a essência do equilíbrio e feminilidade não importando quanta pressão eu aplicava.

—Sou aquela compartilhando a cama dele. —Eu disse sem perder o rebolado.

—Você é aquela que ele está fodendo. Ele te levou para o campo? —Seus olhos viajaram mais uma vez sobre a minha forma desgrenhada. —Você acha que se você deixá-lo transar com você como um animal, ele não vai ficar entediado?

—Confie em mim. —Inclinei meu queixo para cima em uma demonstração de orgulho. —Ele não está entediado.

—Não ainda. —Suas palavras foram cortadas quando ela deu de ombros contra minha bravata.

—E você é a única que pode mantê-lo interessado? —Eu adivinhei.

—Há expectativas para Alexander. Expectativas de todo um país. Isso significa muito mais do que um pedaço de traseiro que ele pegou para se divertir. Alexander sabe que seu tempo está se esgotando. É por isso que ele está se divertindo com a ralé.

—Divertindo-se com a ralé? —Eu realmente ri disso, ignorando o eco no salão. —Pepper, querida garota estúpida, você tem o nome e as ligações, mas nunca se esqueça que eu tenho um fundo fiduciário que poderia comprar sua família três vezes.

Pepper rolou os olhos em seus cílios perfeitos. —Discutir dinheiro é tão grosseiro.

—Pessoas que geralmente não tem pensam assim. —Eu disse. —Mas isso é o que vale para você, não é? Validar seu velho nome de família. Uma chance para provar que seus títulos e histórias valem alguma coisa para alguém. Para ninguém.

Ela deu um passo para trás como se eu a tivesse a golpeado, e desta vez não havia dúvida de que eu acertei o meu alvo. —E o que você tem a oferecer? Você é apenas uma menina que ficou rica na internet com um site de namoro.

Pisquei para isso, incapaz de compreender como isso não poderia ser óbvio para ela. Como essas pessoas poderiam ser tão incrivelmente quebradas, que não podiam reconhecer a única coisa que uma pessoa desejava? A única coisa que uma pessoa precisava? Só podia ser a falta dela a responsável por sua completa ignorância sobre o assunto.

Mas ao meu silêncio inspirado ela riu mais uma vez. —Espera. Amor? Você acha que pode dar-lhe amor! Eu sabia que você era delirante, mas isso é realmente patético.

Eu nunca considerei realmente socar alguém antes. Pelo menos não a sério, mas eu pensei sobre isso agora, minhas mãos enrolaram em punhos ao meu lado. —Meu relacionamento com Alexander é entre mim e ele, e sua opinião não é bem-vinda. Então, sinta-se livre para calar a boca.

—Acredite no que quiser. —Ela disse sacudindo sua mão com unhas perfeitas. —Mas considere isso um aviso amigável: Alexander não é capaz de amor ou emoção verdadeira, e ele só vai te destruir. Você já está se afogando em sua escuridão Clara, e um dia, quando ele tiver que enfrentar a si mesmo e o homem que ele vai se tornar, ele vai precisar de alguém ao seu lado que não pode ser puxado para baixo.

E ela acreditava que poderia ser essa pessoa. Talvez ela estivesse certa. Eu tinha visto a escuridão, senti quando o seu domínio assumiu. Ele poderia ser feliz sem me quebrar ainda mais do que já estava quebrada? Mas ela estava errada sobre uma coisa. Alexander sentia coisas, mesmo quando ele permitia que suas emoções mais obscuras nublassem sua percepção da realidade. Esse ódio apaixonado que ele sentia em relação a si mesmo e seu lugar no mundo, provava como ele se sentia, talvez mais agudamente do que qualquer um de nós. Uma mulher como Pepper não conseguiria entender isso. Ela não podia ver que a luz poderia trazê-lo para fora de sua prisão. A realização disso foi como se um peso tivesse sido tirado do meu peito, só para ser ancorado aos meus pés. Enquanto eu não acreditava que ele fosse incapaz de amar, eu não tinha certeza de que era forte o suficiente para ser a pessoa a mostrar isso a ele. Eu andei através do vale da sombra, e eu não estava ilesa.

—Talvez. —Uma voz suave disse a partir de uma alcova próxima, assustando nós duas. —Você deve ouvir a senhora e calar a boca, Pepper.

Edward emergiu das trevas, impecavelmente vestido com um colete e gravata, sem dúvida vestido para o jantar. Seus óculos empoleirados no topo de sua cabeça indicavam que estava lendo, mas seu cabelo estava despenteado como se tivesse ansiosamente passando os dedos por ele, e avistei círculos azulados sob seus olhos. Era um pouco embaraçante pensar que ele poderia ter estado aqui o tempo todo. Ainda assim, ele parecia em apoio a minha sugestão de que Pepper deveria se foder.

—Senhora? —A palavra rolou de sua boca como piada. —Eu suponho que uma deveria reconhecer a outra.

Edward exalou um longo suspiro de “você tá falando serio”. —Que espirituosa. Estou quase certo de que você deve ser a reencarnação de Shakespeare com insultos como esses.

—Não seja tão intelectual, Eddie. Homens não acham isso atraente. —Ela advertiu, checando suas unhas enquanto falava.

—Clara. —Edward aproximou-se me oferecendo um braço. —Permita-me acompanhá-la ao seu aposento.

—Com alegria. —Uma mistura de alívio, desgosto e confusão rolaram por mim. Assim que estávamos fora do alcance da voz de Pepper, eu adicionei. —Acho que correu tudo bem.

—Suponho que isso depende.

—De que? —Eu perguntei. —O quanto você ouviu?

—Tudo. —Edward admitiu. Seus olhos voando para mim brevemente. —Eu vi você e Alexander, e eu queria dar-lhes um pouco de privacidade.

—E então você me deixou me defender contra o spray de pimenta? —Eu bati em seu ombro.

—Spray de pimenta? Você apelidou todos nós? —Sua boca curvou em um sorrisinho. —Eu sou a rainha Edward então?

Agora foi a minha vez de me sentir envergonhada, então balancei a cabeça.

—Você é o bom Edward que eu não quero matar.

—Algo sobre a maneira como você disse isso me faz pensar que há outros em sua lista.

—Só a Turminha Real de Confusões. —A resposta saiu antes que eu pudesse considerar como soou infantil, ou com quem eu estava falando. Eu não tinha dúvida de que ele podia adivinhar a quem me referia, e depois do que eu tinha testemunhado na noite passada, ele poderia levar para o lado pessoal. Eu mordi meu lábio, esperando ele largar o meu braço ou rir, mas ele não fez.

—Outro excelente apelido. Eu nunca ouvi algo tão apropriado antes.

Eu não podia deixar de tomar a sua resposta como uma indicação de que ele não se ofendeu. —Que nomes você os chamava?

—Bundões. Babacas. O usual. —Ele disse com uma careta.

—Eu quero que você saiba que eu não acho que David...

O comportamento de Edward mudou imediatamente, e me lembrei que ele era irmão de Alexander. Sem uma palavra dele, eu sabia que tinha que sair.

—Sobre isso. —Ele começou.

Mas ergui minha mão e o silenciei. Agora era a minha vez de salvá-lo. —Você não tem que falar nada. Meus lábios estão selados.

—Então eu não tenho que comprar seu silêncio?

Fiquei de boca aberta até que eu percebi que ele estava brincando, e eu fechei rapidamente. —Não. —Eu disse secamente. —Como você sabe, eu sou uma mulher de meios.

—É, eu ouvi. —Enquanto seus olhos desapareciam no pensamento sobre isso.

—É um segredo bem guardado. Não sobre mim. Sobre ele. Eu não quero vê-lo ferido.

Eu passei o último dia entre desdém e condescendência. Edward não precisava elaborar o porquê ele queria proteger David, mas não pude evitar pensar no que David achava disso. Era uma linha dura de atravessar aqui, com Alexander. Quão duro deveria ser para David?

Respirando fundo, me forcei a ser corajosa enquanto abria a porta do quarto.

—Você quer entrar?

—Não estou certo do que Alexander acharia sobre mim no seu quarto.

—Eu acho que ele não se importaria.

—Eu tenho uma boa reputação, você sabe. —Mas ele entrou.

—É por isso que não estou preocupada.

—Sim. —Ele disse. —Porque um gay só entra no quarto de uma mulher por uma razão.

—Você não vai roubar minhas calcinhas, vai? —Eu o provoquei, enquanto saía da jaqueta de Alexander.

A sobrancelha de Edward disparou quando ele pegou na minha blusa.

—Guarda-roupa mal servido. —Eu abri o armário, à procura de algo apropriado para outro jantar.

—O que ele tenha feito a você, eu espero que tenha valido a pena por destruir um vestido Donna Karan.

—Valeu. —Disse a ele enquanto eu continuava folhear as roupas que eu trouxe. Eu pensei que havia excedido em bagagens, mas estar presa em torno de Pepper e seu grupinho de pirralhas fez toda a minha roupa parecer fora de moda, casual ou barata.

—Vá tomar banho. —Edward sugeriu, me empurrando para dentro da suíte.

—Eu não consigo encontrar nada para vestir. Não há sentido. Talvez eu vá assim e dê a todo o grupo podre ataques cardíacos.

—Certamente eliminaria um pouco da linha de sucessão se você fizesse isso. —Ele disse, balançando a cabeça. —Não se preocupe com sua roupa.

Olhei para ele quando ele começou a procurar em meus vestidos. —Você vai escolher uma roupa para mim?

Edward virou para mim, mas eu vi o riso rolando através dele. —Oh boneca, pode haver alguns estereótipos injustos sobre gays lá fora, mas o nosso senso de estilo não é um deles.


Capítulo 25


Uma hora mais tarde, eu estava completamente vestida, uma maquiagem perfeitamente aplicada, e meu cabelo enrolado. Eu olhei para o vestido que Edward tinha escolhido para mim. Eu comprei por insistência de Belle, e estava longe do meu estilo habitual. A saia de cetim descansava uns bons oito dedos acima dos joelhos, e o tecido de renda do topo estendia-se em um caimento nu. Parecia nua sob ele. Não seria preciso muito para imaginar meus seios, pois o tecido não deixava espaço para um sutiã.

—Tem certeza de que não têm um pouco de fita? —Edward disse enquanto ele varria meus cabelos castanhos sobre um ombro, me olhando analiticamente no espelho do banheiro.

—Nem todos carregam um kit de moda emergencial. —Eu disse secamente enquanto olhava para o meu reflexo, tentando decidir se eu tinha coragem de aparecer assim.

—É uma pena. Oh bem, Alexander vai gostar. —Edward piscou, agarrando minha mão, ele me afastou da minha autoanálise e assobiou. —Você tem excelente gosto. Seu armário é o sonho de um gay.

—Quer brincar de vestir-se? —Perguntei séria. Era uma aposta segura que o corpo de Edward se encaixava em algumas das minhas roupas.

—Oh não, eu gosto de admirar as mulheres vestidas e não de me transvestir. —Ele assegurou. —Cristo, você pode imaginar o que a família acharia disso? Eles tiveram sorte que só tenham um caso leve de metrossexualidade para lidar.


Eu ri junto com ele, notando que ele estava colocando os óculos no colete tweed, cuidadosamente polido. Não era a aparência descuidada e sexy de seu irmão, mas sim uma sensação cuidadosamente articulada de um gosto totalmente seu.

—Gostaria de poder afirmar que eu comprei essas roupas, mas tive ajuda.

—Comprador pessoal?

—Minha mãe tentou por anos me vestir como uma aristocrata britânica agradável. Lamento dizer que eu estaria mais para jeans e chinelos. —Admiti, suspirando em memória dos meus tempos de universidade. —A minha colega de apartamento me levou às compras.

—Então sua colega de apartamento tem excelente gosto. —Estava claro pelo tom, que o interesse de Edward foi aguçado.

—Você talvez a conheça: Annabelle Stuart.

Se Edward sabia sobre o escândalo da família Stuart ele não deixou transparecer, ele simplesmente balançou a cabeça. —Sinto muito dizer que não, mas eu adoraria. Se conseguirmos sair daqui vivos, deveríamos ir tomar chá.

—Eu adoraria.

Agora que eu tinha feito um amigo no círculo íntimo de Alexander, eu não o deixaria ir. Era bom estar em torno de um membro do grupo real que não tinha a cabeça enfiada no rabo, o que era algo que eu nem sempre podia dizer com Alexander, e eu achei a abertura de Edward sobre quem ele era uma mudança refrescante de ritmo. Edward tinha tanta razão para ser tímido como Alexander, e ainda assim ele já tinha se aberto para mim.

—Uh-oh. Eu vejo essas rodas girando aí. —Edward disse, interrompendo meus pensamentos antes que ficassem mais desesperados. —Isto é tudo que você precisa saber. Você está fantástica. A saia não é muito curta. Estamos propensos a uma visualização dos traseiros de Pepper ou Sandra esta noite. Acredite em mim, isso não é nada em comparação. Isto é sexy e sofisticado.

—Como Pepper. —Eu disse com um suspiro.

—Essa garota parece sexo com uma vara.

Minha sobrancelha ergueu ao ouvir isso saindo de sua boca.

—Eu tenho olhos, mesmo que eu não esteja comprando. —Ele disse com uma careta. —Mas ninguém jamais a confundiu com sofisticada.

—Eu sim. —Mordi meu lábio quando me lembrei da minha primeira impressão da loira escultural. Se eu estivesse sendo honesta, parte de mim mataria para parecer como Pepper. A outra parte de mim só queria matá-la.

Edward pegou minha mão. —Pepper é intimidante, não sofisticada. A diferença entre os dois é muito sutil, mas nunca se esqueça disso. Ela é toda casca, mas não morde.

—Espero que você esteja certo sobre isso. —Eu não podia evitar, mas achava que Pepper poderia ser mais perigosa do que Edward ou Alexander acreditavam que ela fosse. Havia, afinal, a diferença entre atacar e circular. Ela não tinha feito mais do que expor suas presas até agora, mas isso não significa que ela não estava planejando um ataque.

—Depois desta noite, ela vai saber com quem ela está contra. Você é uma mauzona, Clara Bishop.

—Eu sou, hã? —Eu ri de sua vitalidade. Era doce, mas ele realmente não me conhecia. A menina que tinha que lembrar-se de comer. A menina que tinha deixado seu ex empurrá-la. A menina que pedia desculpas para todos.

—Você tem que ser. Alexander não estaria interessado se você não fosse.

—Tenho a impressão de que Alexander está muito interessado em qualquer coisa com dois seios e ar em seus pulmões. —Eu nunca falei desse medo em voz alta para ninguém. Eu tinha insinuado com Alexander, sempre rindo de seus caminhos de playboy na imprensa. O mais próximo que tinha chegado a discutir sua história sexual, foi quando eu o confrontei sobre Pepper, mas eu sempre fui tão ansiosa quanto ele era para evitar o assunto de suas muitas namoradas.

—Não diga isso. —Edward sacudiu sua cabeça, seus olhos tristes. Ele os esfregou com as costas das mãos. —Eu não sou o único forçado a manter as aparências.

—Realmente? —Tentei parecer casual, mas falhei miseravelmente. Havia tanta coisa que eu não sabia sobre a vida de Alexander antes de mim, e eu não conseguia conter minha curiosidade. Alexander ocupava meus pensamentos constantemente. Ele tornou-se uma compulsão que eu não podia negar, mas havia tanta coisa que eu queria saber sobre ele.

—Não estou dizendo que todas as histórias são falsas. Mas algumas delas têm sido embelezadas. —Edward assegurou.

—E por que você acha que ele está comigo? —Eu perguntei, procurando nos olhos escuros de seu irmão todos os indícios que me levaria para as respostas que eu queria desesperadamente.

—Porque ele gosta de você. —Edward disse rapidamente. —Eu ouvi Pepper dizer que Alexander era incapaz de amar.

—Ela está certa? —Eu sussurrei, de repente com medo.

—Espero que não. Lembro-me de uma época em que meu irmão brincava comigo quando criança. Como ele vinha quando eu estava doente e cuidava de mim. Eu nunca soube que nossa mãe e nosso pai... Bem, você sabe como ele é, mas Alexander cuidava de mim... —Sua voz desapareceu, embora houvesse mais, ele não continuou.

—Mas? —Eu pedi.

—Isso foi antes de Sarah morrer.

—Então isto é o que ele é. —Eu disse. Uma nota de finalidade tocou as palavras. Eu sabia disso. Ele me disse, mas de alguma forma eu tinha pensado que as coisas poderiam ser diferentes. Todas as revistas e livros de autoajuda já escritos alertavam que não era possível? E, no entanto lá estava eu, tentando de qualquer maneira. Acenei para o olhar preocupado no rosto de Edward. —Não se preocupe com isso.

—Você parecia como um filhotinho chutado. —A mão de Edward emaranhou em seus cabelos. Ele parecia tanto com seu irmão naquele momento, que meu coração pulou. —Eu não deveria dizer isso, porque eu sei melhor do que ninguém o que é criar esperanças, apenas para vê-las desabarem, mas acho que Alexander é capaz de amar. Você não perde essa capacidade. O que quer que esteja impedindo-o de chegar perto de alguém é por ele não querer.

Era a última coisa que eu queria ouvir, e eu me virei para que ele não visse a dor no meu rosto. Alexander não queria amar. Esse era o problema real, não que ele fosse incapaz disso. Quão estúpida eu era para pensar que eu poderia consertá-lo? Que se eu o amasse seria o suficiente? Engasguei um soluço e respirei fundo.

—Aqui. —Edward entregou-me um par de sapatos pretos Yves St. Laurent. Era pelo menos, uma polegada maior do que qualquer outro que eu já tinha usado, até mesmo Belle não conseguiu me convencer a usar para o baile. Enruguei meu nariz, incapaz de esconder minha angústia óbvia para a adição de mais perna para este visual. Eu estava começando a pensar que Edward e Belle, eram parte de uma grande conspiração para me transformar em uma fashionista.

—Confie em mim. —Ele continuou. —Eu vi como você falou com Pepper. Você é uma puta sexy, e é hora de mostrar a esses pirralhos do que você é capaz.

—E eu preciso de um salto de 15 centímetros para provar isso?

—Você precisa que sua aparência combine com sua atitude.

—Eu tenho uma atitude? —Isto era uma surpresa para mim. Uma memória de Daniel gritando que eu era covarde passou pela minha mente, mas eu empurrei-a de volta para os recantos escuros em que eu mantinha esses pensamentos presos.

—Tem. Eu vi essa tarde. —Edward envolveu um braço em meu ombro e me levou para o espelho. —E eu odeio dizer isso, mas Pepper está certa. Eles ainda nem começaram, ainda há muito que esses babacas no piso térreo, ou as sanguessugas na esquina podem fazer. Eles virão atrás de você, e eles virão por sangue. Você precisa mostrar a eles que você é uma mulher a ser reconhecida, e por favor, comesse pela spray de pimenta.

A mulher refletida no espelho não era uma tigresa, embora ela pudesse ser. Os lábios vermelhos definitivamente apontavam para isso, mas quando eu olhei mais de perto, eu vi o que Edward estava dizendo. Eu estava mais alta, e não apenas por causa dos saltos. Meus ombros estavam eretos, meus olhos estavam ferozes.

—Ela não parece com alguém que se pode foder. —Eu disse alto.

—Não, com ela não! —Edward deu uma volta. —Se você for entrar neste mundo, Clara, deixe-me ser claro, eu não estou dizendo que deveria, porque só os verdadeiramente loucos gostariam de fazer parte desta família fodida, então você tem que começar a jogar o jogo. Pense nisso como xadrez.

—Xadrez com traição e sexo. —Eu disse, minha boca torcendo em um sorriso irônico. A menina no espelho fez o mesmo e eu dei um passo para trás. Sarcasmo parecia diferente vestida assim. Em vez de um mecanismo de defesa simples, era tudo condescendência e julgamento. De repente, entendi por que Pepper sempre parecia como se ela tivesse acabado de sair das páginas da Vogue. Era tudo parte de seu ato. Era parte da menina que ela estava fingindo ser. Embora fosse possível que ela estivesse fingindo, ela realmente tornou-se a cadela sem coração que eu conhecia e detestava.

—Exatamente. —Edward depositou um beijo na minha testa. —Um último conselho?

—Sim. —Eu respirei fundo e assenti que eu estava pronta para isso.

—Quando você os vir, quando você andar por eles, quando eles rirem nas suas costas, com cada passo que você der, basta pensar em assassinato.

Meus olhos arregalaram-se com surpresa, e desta vez eu contive o riso.

—Assassinato?

—Confie em mim. Só a palavra, embora se você tiver uma mente particularmente imaginativa, eu suponho que você possa fazer isso. —Ele adicionou, com um sorriso.

Eu levantei minhas sobrancelhas diabolicamente. —Seria muito Real da minha parte.

Os olhos de Edward brilharam, observando-me dar os primeiros passos nos saltos altíssimos. Eles estavam um pouco instáveis, mas logo consegui.

—Você corre? —Ele perguntou enquanto entravámos no salão.

—Eu costumava correr todo dia em Oxford, mas ultimamente estou me exercitando de outra maneira. —Eu respondi, enrubescendo. —Como você sabia?

—Acredite em mim, qualquer um atrás de você pode dizer. Se Pepper agir, apenas a chute. Eu posso imaginar uma modelo lidando com essas pernas.

Corei com o seu elogio, olhando para baixo descobri que ele estava certo. Não precisava olhar muito tempo para ver que elas eram bem torneadas, e com a adição dos meus saltos, estava reinando. —Eu poderia beijá-lo, você sabe.

—Isso seria toda a ação que conseguiria nesse fim de semana. —Edward disse, endireitando a jaqueta enquanto passeávamos de braço dado, em direção à sala de jantar formal. Eu tinha certeza de que estávamos atrasados, mas pelo menos eu estaria entrando com um príncipe, e não pareceria que eu tinha acabado de rolar no campo.

Hesitei em forçar por mais informações. Até onde eu poderia pressionar Edward antes de fechar-se para mim? Mas então me lembrei que foi como Alexander agia. O fato de que Edward tinha tocado no assunto, significava que ele queria falar sobre isso. Será que eu passei tanto tempo com Alexander que tinha esquecido como pessoas normais agem em torno de si? Como era confiar em um amigo? Se sim, então eu precisava de uma dose de realidade. —Onde está David?

—Ele foi para casa para o fim de semana. Ele não podia lidar com mais...

—Eu não deveria ter interrompido ontem à noite. —Eu disse, percebendo que poderia ter sido eu que o enviou correndo para as montanhas.

—Não! —Edward me parou, um olhar de dor intermitente em suas feições elegantes. —Creia em mim, nós dois sabíamos que você não diria nada. Meu pai é outra história. Nós nunca expomos para ele, mas ele suspeita, e ele conseguiu fazer com que suas opiniões fossem ouvidas várias vezes este fim de semana.

—Isso é injusto. Será que ele pensa que todos os seus amigos do sexo masculino são seus amantes? —Eu perguntei.

—Seu pai não pensa a mesma coisa? —Ele perguntou.

—Touché. —Eu suspirei, sentindo uma pontada de empatia. Eu sabia o que era ter pais intrometendo-se na sua vida amorosa. Ainda não significava que ele deveria se intrometer.

—Pai fez a Defesa do Ato do Casamento, e falou das lutas acontecendo ao longo dos Estados Unidos. Vamos apenas dizer que ele deixou claro onde ele se encontra sobre a questão.

—Isso é terrível. —Sem pensar, eu uni a minha mão com a sua e apertei.

—Você está atrasada. —Uma voz grossa nos interrompeu.

—Alexander. —Edward me deu um rápido olhar antes de soltar minha mão. —Eu estava apenas escoltando sua adorável namorada para o jantar.

De repente, eu estava grata que o corredor estava escuro, de modo que eles não podiam me ver corar. Por mais que eu esperasse ouvir alguém me chamar assim, eu não tinha certeza de como Alexander responderia a alguém casualmente usando o termo.

—Eu posso lidar com isso. —Alexander ofereceu o braço com uma inclinação de sua cabeça, seus olhos cintilando entre mim e seu irmão. Revirei os meus em resposta. A última pessoa que ele precisava ter ciúmes era de seu irmão. Edward acenou com a cabeça antes de seguir para a sala de jantar. Mas quando eu peguei o braço de Alexander, ele fez uma pausa, seu olhar me analisando. —Nessa luz, você parece estar nua.

Apesar da tensão que ainda pairava no ar, eu ri. Mais a luz não estava ajudando com isso. —Estamos atrasados para o jantar, X.

Alexander abriu a porta, enviando um pedaço de luz para o corredor, e respirou fundo quando ele me viu com mais clareza.

—O que você está usando? —Ele sussurrou, com a voz sedutora numa mistura de fúria e luxúria.

Algo sobre sua reação me encorajou ainda mais. Era o que eu esperava lhe mostrar. Que por mais que tentasse no quarto, ele não poderia me dominar em público. Eu ergui o queixo, percebendo que nesses sapatos eu poderia olhar diretamente para o rosto dele, em vez de para ele. —Eu usei algo sexy para você.

Ele hesitou como se estivesse tentando juntar o que eu estava fazendo. —Você é sempre sexy para mim.

Eu gostei desta nova confiança que eu senti escapulindo a cada comentário da boca de Alexander. Antes que pudesse falar novamente, eu dei um beijo firme em seus lábios. Suas mãos na minha bunda me informaram que eu tinha conseguido distraí-lo.

—Cristo, isto é curto. —Alexander disse, deslizando sob o meu vestido de seda para embalar minhas nádegas nuas. —De repente, eu não estou mais com fome.

Eu respirei fundo, desejando não cair sob seu feitiço. Eu não faria a caminhada da vergonha no jantar, não depois do meu encontro com Pepper esta tarde.

—Eu estou faminta.

Eu oscilei sobre os calcanhares quando me afastei dele, e Alexander me pegou, imediatamente me puxando de volta para ele. Seu corpo pressionado contra o meu, sua ereção empurrando contra mim através de sua calça. Eu estava alta o suficiente nestes saltos para que ele pudesse me empurrar contra essa parede e me levar com os pés ainda no chão. Uma dúzia de novas possibilidades passaram pela minha cabeça, quando o calor aumentou entre as minhas pernas, sorrindo para ele no escuro, sem saber se ele podia ver. —Oh X, você não sabe que coisas boas veem para aqueles que esperam?

—Foda-se a espera. —Mas eu me soltei de seus braços quando suas mãos tentaram mover debaixo da minha saia novamente.

—Gratificação adiada, X. —Deslizei um pouco enquanto me dirigi de volta para a porta da sala de jantar. Nós estávamos muito atrasados agora, mas eu levei o meu tempo, balançando meus quadris a cada passo. Eu não parei nem mesmo quando Alexander chamou meu nome. Não quando eu alcancei as portas e ele me disse para esperar. Em vez disso eu a abri e entrei na luz, nunca deixando o sorriso nos meus lábios desaparecerem.


Capítulo 26


A mesa de jantar se estendia por toda a extensão da sala cavernosa. Seus ocupantes, vestidos adequadamente, estavam sentados em lugares formais. O cristal brilhava, a prata foi polida, e todos os olhos estavam em mim. Olhei sobre suas cabeças, o que não era difícil, pois eles estavam todos sentados, e fui para os dois lugares vagos no final da mesa. Ousando olhar para os outros convidados do jantar, eu achei Pepper olhando para mim com raiva fria congelada em seu rosto, seus olhos azuis lançando punhais de gelo. Eu levantei uma sobrancelha para ela quando passei.

Jogo iniciado, Spray de pimenta.

Quando cheguei ao meu lugar, os baixos murmúrios do jantar aumentaram para um zumbido. Arrisquei um olhar ao redor de toda a mesa desta vez, sem surpresa que algumas pessoas se afastaram do meu olhar direto. Todos, exceto dois. O sorriso arrogante de Jonathan Thompson fez parecer como se estivesse em alguma piada secreta. Eu me forcei a não revirar os olhos. E na cabeça da mesa, Albert ficou olhando a minha chegada tardia com estoicismo treinado.

Eu balancei a cabeça em deferência a ele, sentindo apenas um pouco culpada por estar atrasada. Principalmente porque eu teria chegado a tempo se não fosse por seus dois filhos. Não que eu realmente tivesse algum arrependimento sobre como eu passei meu tempo esta tarde.

Um criado passou à frente para puxar minha cadeira quando as portas da sala de jantar se abriram. Alexander caminhou rapidamente em direção a mim, jogando um aceno superficial para o lugar do pai, mas seus olhos nunca deixaram os meus. Eu estava vagamente consciente de que o criado estava esperando eu me sentar, mas eu não podia me mover. A sala inteira tinha desaparecido com exceção de Alexander. A fúria reprimida em seu rosto dizia tudo. Eu era dele, e ele estava reafirmando sua afirmação para mim. Ele não precisava falar, eu já sabia, então eu esperei. Ele me alcançou, descartando o criado secamente. Tomando o seu lugar atrás da cadeira, ele a segurou para mim. —Clara.

Meu nome era sexo em seus lábios, e nele eu senti o coquetel de possessividade, luxúria e confusão. Eu afundei na cadeira como eu afundava sob seu comando. Alexander rapidamente assumiu a cadeira ao lado da minha, e eu estendi a mão debaixo da mesa para colocar uma mão hesitante no seu joelho, mas ele se afastou.

—Agradável você se juntar a nós, Alexander. —Albert anunciou.

O olhar de Alexander ficou colado em mim quando ele respondeu. —Eu não tinha ideia de que eu era um aspecto necessário na sua refeição. Você certamente não precisava esperar por mim. Eu não sou um garfo.

Engoli em seco, percebendo que a necessidade de Alexander em exercer sua masculinidade já não estava limitada a mim. Era como se meu pequeno show tivesse aumentado o seu desejo de controle. Ele queria provar que ele estava no comando, o que significava que as coisas poderiam ficar feias.

A mandíbula de Albert tencionou. —Se você terminou com essa demonstração de machismo, eu gostaria de jantar.

—Eu adoraria. —Alexander disse, e eu ouvi as palavras que ele não disse: Eu tenho que ir para outro lugar.

Eu podia ver sua necessidade de me foder refletindo em seus olhos. Mas se Edward estava certo, seu irmão poderia precisar ouvir a palavra não de vez em quando. Eu não tinha certeza se Alexander queria um relacionamento real, mas ele me trouxe aqui. Ele tinha me reivindicado na frente de seu pai e todos os outros. Isso tinha que significar algo. No entanto, eu também sabia que ele não sabia nada sobre ter um relacionamento. Com a minha experiência limitada nesta área, eu tinha apenas certeza de uma coisa. Eu tinha que provar para Alexander, e para todos os outros, que não toleraria joguinhos.

Erguendo meus olhos de Alexander, virei-me para o meu prato, de repente, grata que o copo de vinho na minha frente já tinha sido enchido. Quando cheguei a ele, eu vi os olhos divertidos de Edward me observando. Eu fui distraída com a entrada dramática de Alexander, para perceber que eu tinha sentado em frente do seu irmão. Pelo menos eu tinha um aliado próximo, especialmente com Pepper perto demais para meu conforto. Ela olhou para Alexander com expectativa, como se ela estivesse tentando lançar um feitiço sobre ele, mas sua concentração não podia ser quebrada.

—Clara não parece fabulosa, Alexander? —Edward perguntou, cruzando seus dedos.

—Ela está um pouco exagerada para o jantar, você não acha? —Pepper disse, intrometendo-se. O resto da turminha de pirralhas riu ao redor dela. —Ou descoberta, dependendo de como você olha para isso.

—O ciúme não combina com você. —Edward ignorou o olhar maligno que ela lançou em direção a ele, e pegou uma faca de manteiga, que ele torceu cuidadosamente em suas mãos. —Isso faz sua tez parecer verde. Confronta com seu vestido.

—Nós todos sabemos que você é um especialista sobre o assunto. —Pepper disse, mas virou sua cara faminta para mim. —Eu vi esse vestido na Tamara’s. Eu não tinha ideia de que você tinha sequer ouvido falar dela. Eu pensei que ela era um pouco mais exclusiva.

—Ela não pode ser terrivelmente exclusiva se você sabe quem ela é. —Eu disse sem perder uma batida.

Alexander piscou ao meu lado, como se ele estivesse ouvindo só agora a conversa entre eu e Pepper.

—Eu terei que falar com ela. —Ela disse.

—Quando você for, dê minhas lembranças. —Eu nunca tinha ouvido falar de Tamara. Eu nunca a conheci. Annabelle tinha escolhido este vestido para mim. Foi comprado com meu próprio dinheiro, mas eu sabia de uma coisa, na segunda-feira eu estaria nessa boutique, fazendo a limpa em cada vestido tamanho seis que ela tivesse em estoque. Não havia nenhuma maneira que eu deixaria Pepper vencer, mesmo que fosse apenas com compras.

—Eu darei. —Pepper sorriu docemente, e eu devolvi o gesto quando a sopa foi colocada na nossa frente. Cheirava delicioso, toda cremosa com crótons torrados flutuando no topo. Eu levantei minha colher de sopa, lembrando-me de ser graciosa, mesmo quando meu estômago roncou. Do outro lado da mesa, Pepper empurrou sua tigela para longe com desgosto. Apesar do meu ódio por ela, meu estômago se jogou com o gesto. Eu não tinha nenhuma razão para suspeitar que Pepper compartilhasse isso em comum comigo, mas era um sinal de alerta. Ela pegou a água, rindo de uma piada quando ela inclinou-se mais perto de Jonathan. Eu tomei a sopa da minha colher e continuei a observá-la quando a conversa em torno me pegou. Todos estavam conversando, exceto Alexander e eu. Talvez eu só quisesse me distrair de sua frieza, e foi por isso que eu estava vendo padrões de comportamento que não estavam realmente lá. Talvez Pepper simplesmente não gostasse de sopa.

Tomei algumas colheradas mais até que eu coloquei o meu guardanapo na mesa para sinalizar que eu tinha acabado. Mas quando eu olhei para cima, Pepper estava me observando, um olhar calculado em seus olhos. Eu me virei para Alexander, mas ele continuou a comer.

Deixando baixar a minha voz, para que não pudéssemos ser ouvidos, eu disse.

—Sinto muito.

—Pelo quê? —Ele perguntou rigidamente.

—Você parece chateado.

Os olhos de Alexander lançaram-se para encontrar os meus. Finalmente um sorriso divertido no rosto. —Nós ainda temos muito a aprender um sobre o outro, Clara. Eu não estava chateado. —Sua voz abaixou. —Eu estava excitado. Eu acho que eu não poderia me impedir de te jogar sobre a mesa, e arrancar essa desculpa sem vergonha de calcinha que você está vestindo, se você me tocasse novamente.

Pisquei para isso, a minha percepção da situação se ajustando a esta revelação. Como eu não tinha visto isso? Ele precisava restabelecer o domínio, o que para Alexander significava sexo. É o que ele estava pensando. Confiança inchou em meu peito com o pensamento. Ele não estava zangado comigo. Ele me queria. Porque eu parecia quente. Porque eu o deixava louco.

—Talvez você devesse. —Eu disse incapaz de parar. Eu queria que a deliciosa dor entre as minhas pernas crescesse, sabendo que ele ficaria insatisfeito por mais uma hora ou duas, de modo que no momento em que estivéssemos sozinhos, mais uma vez, valeria a acumulação de tudo isso.

—Não me tente, Clara. Um homem não tem tanta contenção. —Seus lábios tremeram, e eu podia vê-lo imaginando a cena: a reação de todos no jantar quando ele me jogasse na mesa. Vidros quebrando, garfos fazendo barulho, e enfiando o pau quente e grosso dentro de mim. Eu não podia deixar de me contorcer com o pensamento. Alexander viu a minha inquietação e sorriu mais amplo. —Logo mais, boneca.

Eu tremia com o pensamento, forçando-me a concentrar no próximo prato servido. Mas eu só conseguia misturar minha salada, muito distraída com o olhar de Alexander, que continuava a queimar através de mim. Quando o terceiro prato chegou, coxa de cordeiro com especiarias, Alexander sorriu enquanto me serviam.

—Coma, Clara. —Ele murmurou. —Você precisará de suas forças esta noite.

Meus olhos fecharam bebendo suas palavras; meu garfo pairando sobre a minha refeição. Minha boca encheu de água, mas não tinha nada a ver com o perfume celestial flutuando da comida na minha frente. Alexander deveria receber uma menção especial por antecipar um orgasmo.

—Eu espero que você não esteja tendo um episódio. —A voz de Pepper me tirou da minha fantasia.

Meus olhos abriram para encontrar um sorriso sem vergonha em seu rosto. Seus olhos brilhando com malícia que eu sabia que estava longe de ser inocente. Eu dei uma mordida, mastigando devagar e fazendo uma cara oh-meu-deus enquanto engolia. Pepper suspirou com desgosto ao meu desempenho orgástico.

—Eu fiquei tão surpresa quando descobri seu probleminha. —Ela disse com uma voz que suplantava as outras conversas na mesa. Interiormente eu me encolhi, mas eu me forcei a manter minha cabeça erguida. —Normalmente as mulheres com transtornos alimentares são mais finas.

Minha boca abriu chocada que ela, não só trouxe isto a mesa de jantar, na frente de um grande grupo de pessoas, mas por ela ter dito algo tão hediondo. Se ela tinha desejado a atenção, ela agora tinha. Não surpreendentemente, Amelia e Priscila deram um riso nervoso ao seu pequeno show. O rei não disse nada, mas sua mãe enxugou a boca com um guardanapo, não escondendo seu desgosto. Mas esse desgosto dirigido à pessoa que merecia, ou em mim por ser falha? Eu não podia ter certeza.

Alguns assentos para baixo, Edward cruzou as mãos sobre a mesa. —Pepper, cuidado. Sua cadela está aparecendo.

—Edward. —Seu pai o admoestou.

—Oh, você não é surdo. —Edward respondeu, disparando para seu pai um olhar penetrante por cima dos óculos de aros de chifre. —Você está apenas fingindo ser alheio ao que está bem na frente de seu rosto.

—Algo com que você conta. —Pepper jogou sarcasticamente. O comentário atingiu o alvo, e Edward apertou a boca fechada.

Minha mente girou com tantas coisas que eu gostaria de dizer a ela, que eu não poderia decidir sobre uma. Eu esperava que ela me atacasse, mas as provocações cruéis dirigidas a Edward me empurraram sobre ao limite. Ela ultrapassou a linha. Será que ela tinha algum indício do dano que ela estava fazendo para as relações frágeis com todos nesta mesa? Minhas mãos tremiam de raiva enquanto eu observava Edward fingir ignorá-la. Se alguém não pertencia a esta mesa, era Pepper.

A mesa caiu em um silêncio, e eu finalmente ousei olhar para Alexander, que não tinha falado. Assim que eu vi seu rosto, eu entendi por que ele não veio a nossa defesa. Veias pulsavam ao longo de seu pescoço, sua mandíbula apertada, seus lábios apertados em uma linha reta, e os nós dos dedos brancos. Ele estava empregando seu autocontrole considerável, e eu não tinha certeza se eu gostaria de ver o que aconteceria se ele vacilasse.

Pepper, obviamente, não partilhava a minha preocupação.

—Você provavelmente deveria dar a sua namorada... —Ela cuspiu a palavra, deixando claro o que pensava por me dar esse título. —Alguma ajuda antes de seu transtorno alimentar receber mais capas de tabloides.

Agora o choque tinha chegado ao fim, e eu não podia segurar mais. —Pepper, não pude deixar de notar que você não tocou no seu prato para comer sua salada ou sua sopa. A única coisa que você levou a sua boca, foi sua taça de vinho. Estou feliz em dar-lhe o nome do meu médico depois que eu terminar de comer.

Ao lado dela, Edward conteve um sorriso, mas Albert jogou o guardanapo.

—Basta!

—Você não tem que dizer basta. —Alexander disse com voz calma, mas tão mortal que levantou os cabelos na parte de trás do meu pescoço. —Não se você está vendo como ela a está caluniando.

—Não seja melodramático. —Pepper disse, mas vi sua garganta travar enquanto ela engolia nervosamente.

—Você está aqui como convidada dessa família. —Alexander a lembrou. —Por causa de Sarah. Agora estou anulando esse convite. Eu gostaria que você partisse.

Pepper olhou para ele, os olhos arregalados como pires, enquanto a mesa inteira irrompeu em opiniões conflitantes sobre a etiqueta de Alexander.

—Essa é a minha casa. —Albert disse, batendo o punho contra a mesa.

—E certamente você atenderá ao pedido de seu filho por ter um convidado inconveniente retirado da mesa. —Alexander disse alto para atingir o mesmo tom de seu pai. —Ao menos que Pepper esteja aqui a seu convite.

A implicação nas palavras de Alexander era clara, e as narinas de seu pai inflamaram. Pepper e Albert? Não podia ser verdade, embora isso explicasse muito.

Albert deu um aceno conciso de apoio ao seu filho, antes de levantar-se e sair da sala. A alegria estava agora completamente despida do rosto de Pepper quando ela tropeçou em seus pés, seus olhos piscando para suas companheiras, como se esperasse que uma delas viesse para ela.

—Pris? —Ela murmurou com os olhos suplicantes.

Pris abriu a boca e depois fechou de novo, dando a Pepper um sorriso de desculpas. Pepper levantou a cabeça, atirando-me mais um fulminante olhar, e marchou da sala sem dizer uma palavra.

—Termine seu jantar. —Alexander disse suavemente.

Engoli em seco e olhei para o meu prato. O meu apetite tinha desaparecido, substituído por um buraco no meu estômago que foi rapidamente enchido de pavor. Em torno de nós, os outros escolhiam seus alimentos e ninguém falou. Todos muito perdidos para pensar em algo para dizer.

—Agora. —Acrescentou em um tom mais de comando, mantendo a voz baixa para que eu pudesse ouvir.

Eu dei uma mordida e outra, mas eu não senti gosto de nada. Pepper pode ter ido embora, mas eu senti olhos me observando, e olhando para longe, logo que eles eram capturados. Comer tornou-se um ato de rebeldia. Gostaria de mostrar-lhes que eles estavam errados sobre mim. Não havia glória nisso, porém, apenas o vazio de pesar. Eu desejei que eu nunca tivesse vindo aqui.

Quando terminei, eu fiquei de pé e acenei com a cabeça em direção à cabeceira da mesa. —A refeição estava deliciosa. Por favor, deem-me licença.

Corri da sala, saindo pela porta que os servidores trouxeram a comida. Movi-me tão rápido, que quase derrubei um que estava com uma bandeja de sobremesas que pareciam encantadoras. Eu murmurei um pedido de desculpas sem parar.

Eu precisava sair dessa casa.

Era meu único pensamento quando esquivei da equipe na cozinha. Abrindo a porta, enquanto o cozinheiro olhava para mim, eu tropecei em um pátio. O sol tinha desaparecido, deixando apenas os restos do crepúsculo no céu, e eu respirei o ar da noite, tentando firmar meu coração e meus pensamentos. Voltando-me, eu olhei para a propriedade. Esparramada atrás de mim, fiquei maravilhada que com os seus quartos espaçosos e grandes arcos, eu mal pudesse respirar dentro dela, como se as paredes estivessem movendo-se lentamente em minha direção, me esmagando, e ninguém podia me ouvir gritar.

A porta traseira abriu e Alexander saiu. Sem uma palavra, ele dirigiu-se para mim, pegou minha mão e me puxou junto dele. Quando nos afastamos da vista das janelas da cozinha, ele me puxou para ele.

—Alexander.

Mas ele pôs o dedo nos meus lábios, silenciando meu protesto. —Eu não vou pedir desculpas para ela, Clara. Não vou desperdiçar nenhuma palavra com ela.

—Eu tenho algumas que não seriam desperdiçadas sobre ela. —Eu disse, mas minha voz tremeu, traindo que ela tinha conseguido chegar até mim.

—Boneca. —O carinho era suave quando ele pegou meu rosto em suas mãos. Ele trouxe seus lábios nos meus tão lentamente, que eu senti o fio de eletricidade entre nós. Ela explodiu quando nossas bocas encontraram-se na paixão incandescente. Alexander me devastava, e a mensagem era clara quando sua língua mergulhou possessivamente dentro da minha boca, pegando a minha e sugando-a. Eu pertencia a ele. Nada importava. Isso poderia ter me assustado com outro homem, mas com Alexander, isso me libertava. Eu passei toda a minha vida me vendo através de um espelho de parque de diversões, mas a posse de Alexander tinha esclarecido essa visão distorcida, permitindo-me ver como ele me via.

Eu estava mole sob sua dominação, como se fosse argila a ser moldada para o seu prazer, sabendo que quando eu me desse a ele, eu experimentaria mais prazer do que eu jamais poderia ter imaginado. Alexander quebrou o beijo afastando-se, e eu oscilei desequilibrada, sem seu toque. Ele sentiu isso e pegou minha mão, colocando-a sobre a protuberância dura em sua calça. —Isso é o que você faz para mim.

Meus dedos deslizaram pelo seu cinto, mas ele se afastou.

—Não, Clara. Quando eu disser. —Ele me lembrou. —Agora, eu quero que você se vire.

Meu rosto ficou vermelho quando o desejo reuniu em meu núcleo, imaginando Alexander me fodendo aqui. Fiz o que ele disse, e Alexander apertou uma das mãos nas minhas costas, me guiando alguns passos para frente, até que chegamos a uma balaustrada de pedra em volta da varanda. Ele me empurrou gentilmente contra ela, curvando-me ao corrimão. Eu encarei a casa, sem surpresa por ver as janelas desta seção escuras.

—Quando vi você antes do jantar. —Ele murmurou tirando meu cabelo do ombro, e sussurrando em minha orelha. —Eu me perguntei onde estava sua saia.

Eu gaguejei nervosamente. —Eu gosto desse vestido.

—Oh, eu gosto também. —Ele disse. —Eu gosto porque posso fazer isso.

Sua mão deslizou embaixo da minha saia e entre minhas pernas.

—Devo admitir que não gostei de ficar sentado ao seu lado, tão perto dessa... —Ele segurou meu sexo através da renda da minha tanga. —Tão perto do que é meu, sabendo que eu tinha que esperar por isso.

—Anteci... pa... ção. —Eu respirei, terminando a palavra.

—Exatamente o que tinha em mente, boneca. —Seus dedos derivaram sob o tecido insignificante, deslizando suavemente entre meus lábios vaginais. —Você quer sair dele para mim?

Eu suspirei, meus olhos fechados enquanto eu apreciava a sensação de seus dedos longos e ásperos deslizando perversamente entre a minha fenda. —Você está me dando escolha?

—Chegou ao meu conhecimento que temos recursos finitos na Terra. —Ele repetiu minha fala de mais cedo. —E que devo poupar algumas calcinhas.

—Que pensamento nobre. —Eu disse, colocando meus polegares sob as tiras da minha tanga e empurrando-as até que caísse aos meus pés.

—Acho que você vai aprovar o meu plano para a ação. —Alexander pegou a tanga lançada aos meus pés. Ele a trouxe aos meus lábios e instigou-os a se abrirem, colocando-a em minha boca. —Estamos muito perto da cozinha, e eu quero manter todos os seus pequenos ruídos sensuais e gritos só para mim.

Eu solucei contra o tecido na minha boca, com o toque de perfume e almíscar inundando minhas narinas.

—Na verdade, estou com ciúmes, boneca. —Ele disse, com sua mão acariciando a minha garganta e descansando na minha nuca. —Aposto que você pode provar sua pequena buceta doce sobre essa calcinha, algo que venho morrendo de vontade de fazer toda a noite. Acho que eu preciso fazer alguma coisa sobre isso.

Alexander me empurrou para mais longe sobre o corrimão, até que meus pés pendiam um pouco no ar. Ele colocou-se entre as minhas pernas, abrindo-me diante dele, e minha saia curta não ofereceu resistência. Sua mão ficou firme no meu pescoço, e a outra massageava a minha bunda, até que um dedo escorregou para baixo no meu buraco, me abrindo para os olhos gananciosos. Eu protestei fracamente contra a minha mordaça improvisada, enquanto seu polegar circulava em torno do ânus macio e rosa que encontrou.

—Relaxe. —Alexander ordenou. —Você pertence a mim, Clara e eu quero você. Tudo de você.

Meus olhos fecharam enquanto seu polegar pressionava contra esse lugar proibido. Eu nunca quis algo assim, mas eu estava impotente ao seu toque. Eu precisava dar tudo de mim a ele. Confiar em Alexander significava me abrir para ele mesmo quando ele me assustava, embora eu não pudesse negar a varredura de prazer quando ele passou o dedo dentro e fora de mim, em deslizamentos cuidadosamente e lentos.

—Eu gostaria de comer sua bunda, Clara. —Ele disse com uma voz que me avisou para não protestar. —Lembre-se que é meu, e eu vou reclamar quando eu quiser.

Ele aumentou a pressão de sua massagem até que rompeu os meus gemidos.

—Não esta noite. —Ele disse com uma certeza que me deixou ofegante com o desespero. —Você não está pronta, mas você não pode recusar o meu desejo de brincar com você depois que me provocou toda a noite nesta desculpa de vestido. Eles estão com medo de você, você sabe. Tão diferente e tão confiante. Você desvendou-os, assim como você fez para mim.

Ele não parou enquanto falava, e ele empurrou dentro e fora mais rápido até que eu me agarrei ao corrimão, me segurando quando as primeiras ondas de prazer me atingiram. Alexander deslizou dois dedos em minha fenda, aumentando a pressão e me enchendo abundantemente enquanto ele me estendia passando meus limites. Ele me fodeu lentamente até que eu gritei, oprimida pelas novas sensações que me provocava. A calcinha abafava minhas exclamações e eu a mordi.

—Eu amo esses seus gritinhos. Parece tão impotente, como se você estivesse me implorando para salvá-la. Você quer gozar? —Ele perguntou com uma voz rouca que enviou arrepios na minha pele.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar. O mundo à minha volta era um borrão de luz e escuridão. Eu estava perdida para o meu prazer, perdida para as sensações que se aglomeravam em meu corpo, propagando-se como pequenos emissários para avisar que uma tempestade se aproximava. E não importa o quanto eu estava sobrecarregada, eu me agarrei à borda, nunca querendo que este momento terminasse.

Alexander tirou os dedos, causando um suspiro de desagrado de mim quando ele deixou-me doendo e pulsando com a necessidade. Mas ele imediatamente mergulhou para baixo, passando a língua de forma agonizante e lenta ao longo dos meus lábios vaginais inchados, parando no meu clitóris latejante com longas lambidas. Então, sem aviso, seu polegar empurrou dentro do meu traseiro, me levando ao precipício quando meu orgasmo passou por mim em cristas poderosas, que quebraram por todo o meu corpo, e correram sobre a minha pele. Era demais. Era tudo.

Mas Alexander continuou mesmo quando as minhas pernas prenderam sua cabeça e gritei para ele parar, embora eu desejasse que ele nunca o fizesse.

Ele finalmente me liberou, só para subir e pressionar seu corpo contra o meu.

—Eu preciso estar dentro de você. —Alexander puxou a calcinha da minha boca. —Peça por isso.

Minhas pernas tremiam debaixo de mim, e meu sexo pulsava inchado. Eu não podia lidar com nada mais. Eu estava muito dolorida, cansada demais para ficar.

—Eu... não posso.

—Resposta errada. —Ele suspirou, e eu ouvi o zíper da sua calça.

—É demais. —Eu soluçava.

—Boneca. —Ele me acalmou, mesmo quando seu pênis deslizou entre as minhas pernas, passando quente contra a minha carne sensível. Ele esperou, se equilibrando na minha entrada. Mordi o lábio, tentando controlar o desejo do meu corpo se abrindo para ele enquanto ele acariciava a cabeça do seu pênis ao longo da minha abertura. Eu queria acreditar que eu ainda podia dizer não a ele, assim como o meu corpo mudava de sobrecarregado para animado com seu toque contido.

Alexander deu um beijo em meu ombro enquanto ele continuava a me convencer com seu pênis perfeito. Inclinei a cabeça para trás, me perdendo momentaneamente na tentação, e quando eu abri meus olhos, eu a vi.

Pepper estava congelada, olhando para nós de uma porta da varanda aberta. Nossos olhos encontraram-se, e eu permiti que um sorriso malicioso se infiltrasse no meu rosto. Seu olhar ficou gelado, mas estava claro que ela não conseguia desviar o olhar. Fechei os olhos e me perdi para Alexander mais uma vez. Ele era meu, e logo ela saberia isso.

—Eu preciso te sentir, X. —Eu murmurei para ele. —Sua pele na minha.

O roçar de seu pênis parou e ele ficou ali contra o meu sexo. Apreciei os pequenos estalos quando ele desabotoou a camisa, e um momento depois Alexander passou um braço em volta do meu tronco. Ele trouxe o meu corpo em contato com o seu peito nu, apenas o laço fino do meu vestido estava entre nós, e eu podia sentir seu calor que irradiava por toda a minha pele.

—Eu quero seu pau. Eu quero que você me encha. —Eu gemi alto, fundindo-me a ele, mesmo quando ele me inclinou para frente, e me penetrou com um impulso poderoso que tirou um suspiro alto dos meus lábios.

A mão de Alexander deslizou da minha barriga ao meu peito, puxando-o através do meu vestido enviando, mais gemidos aos meus lábios, enquanto meu mamilo eriçava em resposta. Eu senti os olhos de Pepper em nós, mas eu não me importei. Eu estava perdida para Alexander. Perdida para seu toque. Naquele momento eu pertencia a ele, e eu sabia que quando ele gozasse, a resposta seria sempre sim.

—Eu vou gozar dentro da sua linda bucetinha. —Um gemido pontuou suas palavras, e meu núcleo contraiu, apertando ao redor de seu pênis como um fio enrolado. —Cristo, você está me ordenhando. Você quer que eu goze dentro de você, não é? Você quer que eu derrame dentro da sua boceta, porque você sabe que é minha.

—Só você. —Engoli em seco quando minhas pernas tremeram.

—Só você. —Ele repetiu. Suas palavras me inundaram, e um grito escapou enquanto eu sentia o chicote quente de sua semente. Eu quebrei em um milhão de pedaços que choveram em cima de mim, encharcando meu corpo com prazer que corria em meu sangue.

Era demais, e meus joelhos dobraram. Alexander me pegou, varrendo-me em seus braços e embalando-me contra seu peito nu enquanto ele me levava para a casa. Meus olhos viraram para o nosso público, mas ela se foi. Ela tinha recebido a mensagem.

Eu suspirei de alívio, descansando minha cabeça contra o ombro de Alexander e respirando-o. Eu pertencia a ele, mas ele era meu.


Capítulo 27


O quarto era espartano, exceto por uma estante e algumas fotos emolduradas na mesa. Eu fiz o meu melhor para não me embasbacar com as fotos de família de Alexander com sua mãe e irmã. Alexander me observou enquanto eu olhava para um dos retratos.

—Ela era linda. —Eu murmurei enquanto estudava as fotos de Sarah em seu cavalo.

Ele balançou a cabeça rigidamente. —Ela gostava de andar a cavalo.

—O que aconteceu? —Eu perguntei com uma voz suave. Ainda havia paredes entre nós, e mais do que nunca, compreendi o quanto precisávamos derrubá-las.

—Clara, eu honestamente gostaria de saber. —Ele falou com sinceridade, e meu coração doeu por sua perda e sua confusão. A culpa o tinha quebrado, mas enfrentar isso podia permitir que ele finalmente se curasse. —Eu me lembro de flashes. É por isso que eu continuei a convidar Pepper para eventos.

Ele me disse isso com alguma hesitação, então eu forcei um sorriso encorajador no meu rosto. Tanto quanto eu odiava Pepper, eu perguntei a mim mesma se ela poderia dar-lhe as respostas que precisava após o acidente.

—Eu estava bebendo e minha irmã apareceu. Ela era menor de idade, e eu gritei com ela por estar num bar. —Ele lutou para lembrar-se, e eu coloquei uma das mãos reconfortante em seu ombro. —Por alguma razão, nós deixamos o bar. Não me lembro de muito depois disso. E o que eu me lembro, eu não posso sobrecarregá-la com isso.

—Nada entre nós, X. Sem segredos.

—Lembro-me de como escorregadio seu sangue era em meus dedos. Ela caiu como uma boneca de pano. Lembro-me do calor do fogo, uma vez que brilhou em minha pele, mas eu não podia deixá-la ali, mesmo que eu não pudesse levá-la. —Seus olhos se distanciaram, desaparecendo em outro lugar no tempo. —Eu estava tão assustado que eu nem sequer senti a moldura da porta ao meu lado. Eu tinha sido empalado, mas eu não a deixaria, por isso, queimaríamos juntos.

Engasguei um soluço e assenti, tentando ficar forte para ele mesmo que minha imaginação pintasse um quadro horrível para mim. —E Pepper?

—Ela tinha sido arremessada do carro. Ossos quebrados. —Ele disse. —Se ela consegue se lembrar mais do que eu, ela nunca admitiu isso.

—X, o que aconteceu foi horrível. —Afastei um fio de cabelo da sua testa. —Mas não foi sua culpa.

—Por que você não vê o monstro quando olha para mim? —Ele perguntou. —Todo mundo vê.

—Eles não veem você como eu vejo. —Minhas palavras enfraqueceram enquanto eu reunia minha coragem. —Eles não amam você como eu.

—Sinto muito. —Alexander interrompeu minha confissão. —Eu preciso de um minuto. —Ele dirigiu-se para o banheiro e trancou a porta.

Você assustou ele de vez, meu lado crítico me advertiu. Eu empurrei o pensamento para longe, recusando-me a acreditar. Se Alexander disse que precisava de um minuto, eu daria a ele.

Eu não iria atrás dele. Ele voltaria para cá, e eu precisava de tempo para digerir o que ele me disse. Os detalhes físicos do acidente eram de conhecimento público. Mas por que ele não conseguia lembrar-se de nada?

Uma batida na porta me puxou para longe dos meus pensamentos, e eu abri com alguma hesitação. A sobrancelha de Albert levantou quando me viu, e eu sabia o que ele estava pensando.

Baixei a cabeça quando ele entrou. Albert vasculhou o quarto, parando para pegar a fotografia de sua esposa e filha. Respirando fundo, eu me aproximei para ver. A beleza grega de Elisabeta estava ainda mais pronunciada no na foto instantânea, suas ondas escuras chicoteando sua pele brilhante, enquanto ela abraçava uma jovem Sarah ao peito. Sarah era uma versão em miniatura de sua mãe, mas com tranças e bochechas com covinhas. De alguma forma, a foto tinha conseguido capturá-las tão bem, que quando eu olhei para ela, me senti como se as tivesse conhecido.

É claro que, de certa forma, eu conheci através de Alexander. Elas viviam em sua memória, e eu tinha fé que um dia elas já não o assombrariam. Em vez disso, ele se lembraria apenas dos bons tempos. É por isso que era tão importante ajudá-lo a encontrar as respostas que necessitava.

—Elisabeta era uma esposa real ideal. —Albert disse, passando a mão ao longo da borda do quadro polido. —Ela era modesta, leal e acima de tudo: diferente.

Pressionei meus lábios para manter meus pensamentos sobre isso para mim mesma. Eu vi como Albert tratava seus filhos. Eu podia imaginar como ele tratou sua esposa. E se ela tivesse cedido a ele para manter a paz? Ou ela tinha sido treinada para submeter-se inteiramente ao seu marido?

—Muitas pessoas acreditam que nosso casamento foi arranjado, mas não foi. —Ele continuou. —Sua família pediu asilo aqui quando a Grécia exilou sua monarquia. Ela foi jogada em meu círculo, e para ser honesto com você, eu me apaixonei por ela no primeiro dia em que nos conhecemos.

Eu não tinha certeza do por que ele estava compartilhando isso comigo, mas eu assenti encorajando-o.

—Minha esposa foi criada entre a aristocracia. Ela sabia o que esperar. Ela sabia seu papel. —Ele colocou o quadro de volta na mesa e virou-se para me olhar nos olhos.

—Você entende o que estou te dizendo?

—Sua esposa foi criada para ser Rainha. —Eu disse suavemente, mas não evitei de pensar no resto da mensagem. Eu não fui.

—Eu espero que você veja que isso não é uma vingança pessoal contra você, senhorita Bishop. Eu poderia até sancionar um relacionamento entre você e Edward, mas é meu dever olhar para os interesses da monarquia. —Suas palavras eram nítidas, limpas e concisas. Mas elas ainda me atingiram, atingiram a minha alma. Eu contive um suspiro de angústia.

—Eu não sou o tipo de Edward. —Eu disse friamente, e o frio das minhas palavras estremeceu minha pele. Eu passei meus braços em volta de mim, desejando que Alexander voltasse.

—E isso comprova o meu ponto. —Ele respondeu concordando com a cabeça.

—Aparências é a chave para a sobrevivência da Família Real. Pense em como a história solidificará meus filhos. Edward rouba você do irmão mais velho dele. Alexander faria um acordo entre quartos, e o que acontecesse atrás de portas fechadas seria uma coisa de vocês.

—Está sugerindo que eu case com o seu filho mais novo e que vire amante de seu irmão? —Fiz a pergunta em voz alta, porque eu pensei que ouvindo pudesse me ajudar a compreender a sugestão do Rei. Em vez disso eu me sentia mais confusa do que nunca.

—A segunda coisa que uma pessoa da realeza entenderia, é o sacrifício.

Sufoquei uma risada com isso. —Como mentir, enganar e esconder é um sacrifício?

—Eu nunca disse que era. Estou falando de sacrificar a felicidade, em sacrificar os desejos egoístas. Alexander acredita que ele quer você agora, mas se ele desistir de seu título, seu direito de primogenitura, você acha que ele vai agradecer-lhe em dez anos? —Albert pegou uma mecha do meu cabelo e rolou entre os dedos. —Ele não vai. Considere o seguinte: o que acontecerá com você? Como você vai se sentir em dez anos? Mas se sacrificar seu conceito de felicidade agora? Em dez anos, quando ele perder o interesse em você, você vai ter um título e uma vida.

—Eu não posso acreditar que você honestamente acha que eu faria isso com qualquer um deles. —Arrepios transformaram-se em tremores, e eu segurei meus braços de forma protetora. Como ele podia acreditar que eu era capaz de fazer isso? E por que ele acreditava que eu veria isso como uma alternativa viável para estar com Alexander?

Ele parou por um longo momento, olhando-me com os olhos cansados. —Você sabe muito bem que todas as expectativas estão em vigor para Alexander.

—Você deixou isso claro. —Eu não conseguia controlar a quantidade de sarcasmo no meu tom, e eu não me importava mais.

—Expectativas do casamento.

A adição dessa palavra mudou instantaneamente minha perspectiva. Minha boca ficou seca enquanto eu lutava para dizer alguma coisa. —Você quer dizer...?

—Tem sido há muito tempo esperado que Alexander se case dentro da família real. Na verdade, um arranjo foi garantido quando ele era uma criança. Ele não fala muito, mas certamente sabe sobre ele.

Albert poderia ter me esfaqueado diretamente no coração e teria sido um choque menos doloroso. Meus joelhos dobraram-se debaixo de mim, mas eu me forcei a ficar de pé. Albert esperava vencer este round com uma bomba. Eu não desistiria tão facilmente.

—Você é o brinquedo dele. —O Rei disse, limpando a poeira invisível de sua manga. —E quando ele se cansar de você, ele vai ter um novo. Não há nada que você possa fazer para garantir o seu lugar na família.

—Já lhe ocorreu que eu não esteja procurando por casamento? —Eu perguntei, esperando que ele não captasse a dor na minha voz. —Ou um lugar nessa família?

Albert riu disso. —Todas as mulheres estão à procura de casamento, se elas sabem disso ou não.

Não admira que ele tivesse essas ideias insanas sobre o casamento. Ele nem sequer via as mulheres como pessoas. Virei-me para longe dele, com sua farpa ainda mantendo minha raiva em chamas.

Alexander encheu o batente da porta, observando a nossa conversa do banheiro com interesse controlado, mas quando me aproximei dele, algo sombrio brilhou em seus olhos, me alertando para me afastar dele.

—Eu vejo que desde que você não conseguiu me influenciar com suas ameaças, você mudou de tática.

—Ambos sabemos como isso acaba. —Albert disse, mantendo o olhar no nível do filho. —A torta é muito bonita, mas você não está sério sobre ela. Por que fazer mais danos à sua reputação?

Suas palavras tinham toda a pretensão de civilidade. Albert irradiava o mesmo poder primal que seu filho, mas o domínio do rei estava atado com o preconceito amargo e crueldade apática. Atrás dele, o retrato de sua esposa sorria para ele. Tinha ela o amado o suficiente para ignorar isso? Ela não tinha visto isso?

Ou sua perda simplesmente transformou um homem carismático em um dominador?

—Você sabe as expectativas. —Albert continuou. —Eu dei-lhe espaço demais desde que você voltou, mas é hora de aceitar seu papel na família.

—Eu sei. Alexander disse em uma voz dura.

Minha boca abriu enquanto eu tentava processar a sua resposta. Uma máscara de resignação caiu sobre suas feições, seus olhos transformando-se em safiras geladas. Seu fogo foi embora, substituído por algo frio, ilegível e duro. Sua mandíbula estava travada, e ele olhou para mim em direção à janela. A consciência que geralmente acompanhava sua presença fugiu do meu corpo enquanto a dormência me dominava.

Este homem era um estranho para mim. Eu não conhecia Alexander. Apesar do choque entorpecer os seus sentidos, essa percepção torceu meu coração até que eu não conseguia respirar, por medo de que me partisse em dois, e eu gostaria de desfazer-me em pedaços com isto. A ligação que eu senti entre nós desde aquela noite em Brimstone desbotava minha percepção como o sinal de uma caixa preta perdida no mar. Ele tinha sobrevivido quando não tinha mais nada, e assim como eu procurei por ele, desesperada para encontrar essa conexão, a senti escapulindo, desaparecendo da minha mão sob as ondas turbulentas de raiva e tristeza me sufocando.

A pressão no meu peito aumentou à medida que as lágrimas brotaram em meus olhos. Ele afastou-me para longe, sabendo que uma relação não era possível. Ele sabia que havia outras expectativas para ele. Ele havia me dito que ele queria me foder. Alexander tinha me prometido prazer, e ele me deu isso, mas sempre foi com uma data de expiração em sua oferta. Exceto que em algum lugar ao longo da linha, eu tinha esquecido isso, e é assim que eu tinha cometido um erro que eu não poderia tomar de volta. Eu tinha me apaixonado por ele.

Como eu fui estúpida em pensar que ele tinha se apaixonado por mim?

—Eu vou deixar vocês dois. —Albert disse, quebrando o silêncio que se estendia em todo o quarto. —Boa noite.

Quando ele fechou a porta, meus dedos fecharam-se sobre um livro na prateleira ao meu lado e eu o arremessei. Ele rachou contra a porta e caiu como uma pilha no chão. Olhei para ele, com lágrimas correndo pelo meu rosto. Páginas tinham torcido e dobrado, o centro dividido ordenadamente ao meio com a força do meu arremesso.

Partida.

Usurpada.

Abandonada.

Meus joelhos dobraram e eu caí ao chão também. Alexander se encolheu, mas ele não se mexeu. Uma parte de mim que eu nem sabia que existia, a parte de mim que esperava que ele me pegasse em seus braços e me confortasse, morreu. Era tudo verdade. Eu tinha ignorado todas as advertências que eu tinha dado a mim mesma para me proteger contra ele. Eu mesma ignorei o meu instinto que ele me quebraria.

E ele tinha.

Ele tinha feito tudo o que disse que faria.

Portanto, agora só havia uma pessoa com quem eu poderia contar. Eu mesma. A agonia de sua rejeição me sufocou, me cortando e deixando-me sangrar lentamente. Mas eu tinha sido quebrada antes. Foi só isso que me permitiu finalmente reunir a força para me levantar. Eu vascilei uma vez, apoiando-me na estante, mas eu fiquei de pé. Fiquei apesar da minha tristeza e confusão. Eu fiquei quando tudo que eu queria era deitar e definhar.

Eu fiquei de pé.

O que só me fez forte o bastante para dar a Alexander uma última parte de mim mesma.

Eu soltei uma respiração irregular e dei um passo à sua frente. Ele olhou friamente para mim, mantendo-se distante e afastado, e esperou.

Eu queria tocá-lo. Eu ansiava por arrastar o dedo em seu belo queixo ou deslizar minhas mãos em seus ombros. Eu nunca tinha imaginado que, neste momento, eu não seria capaz de... Eu não queria tocá-lo.

Tremendo com as lágrimas quando eu abri minha boca, eu o obriguei a ouvir as palavras que ele tinha tentado fugir. —Eu amo você, Alexander.

Seus olhos fecharam, e por um momento bonito, a distância entre nós desapareceu. Senti minhas palavras caindo sobre ele, pegando seu corpo, e observei-o mudar.

Eu o vi quebrar por mim.

Mas quando ele abriu os olhos novamente, a dureza permaneceu. —Isso não era parte do nosso arranjo.

Eu esperava essa reação, mas na verdade, ouvi-lo dizer isso me esmagou. Um soluço escapou, e eu fugi do quarto. Eu não o deixaria me ver chorar.

Nunca mais.

As lágrimas caíram forte e rápido, tremores atingiram meu corpo enquanto eu cambaleava para um canto na parede. Deslizando até o chão, eu quebrei. Eu poderia ter ficado lá por minutos ou horas ou dias. O tempo tinha parado. Eu não me importava se o sol se levantasse de novo ou se o mundo parasse em seu eixo. Nada importava.

Eu sucumbi à escuridão quando a dor me puxou para baixo. Eu tinha confiado nele, eu tinha me dado a ele, e ele me destruiu. Assim como ele me disse que faria.

*****

Mãos me levantaram da escuridão e me embalaram com ternura, mas quando eu abri meus olhos, eu ainda estava no meu pesadelo. Edward me segurou com os braços firmes, levando-me de volta para o meu quarto, sussurrando pequenas palavras de conforto que não fizeram nada para aliviar a agonia me rasgando.

Forçando-me a dizer as palavras presas nos meus lábios ressecados, eu o parei. —Eu preciso partir.

—Você deve descansar. —Ele sugeriu com uma voz gentil. —Levarei você para o meu quarto se você preferir.

Mas neguei com a cabeça. —Por favor. Eu preciso ir para casa.

—Eu farei os arranjos. —Edward concordou, sem discutir. —Clara você não tem que me dizer, mas o que aconteceu?

—Me apaixonei por ele. —Eu disse as palavras frágeis e não desejadas em meus lábios ressecados.

Edward não falou, mas seus braços apertaram em torno de mim. Nós dois entendíamos que às vezes o amor não era suficiente.


Capítulo 28


Virei a chave de novo na minha mão, ainda tentando decodificar o seu significado. Mas sua existência era tão incompreensível para mim como a ausência de Alexander na minha vida. Duas semanas mais tarde, e eu ainda estava tentando me convencer de que eu tinha feito a coisa certa. Não tinha havido nenhuma palavra dele. Sem telefonemas. Meu único contato com ele estava na capa de qualquer tabloide que ele aparecia a cada dia. Ele certamente não estava sentado em casa obrigando-se a comer e vestir todas as manhãs. Ele não tinha se esquecido de como respirar sem mim. Na verdade, a única indicação de que eu tinha do que havia acontecido em Norfolk, era essa chave de bronze.

Belle enfiou a cabeça no meu quarto e me encontrou encolhida na cama. —Você não pode ir.

—Eu queria saber do que você está falando. —Eu admiti, meus dedos fechando sobre a lâmina entalhada enquanto eu me perguntava, mais uma vez o que ela abria.

Belle estava certa. A única coisa que eu sabia com certeza sobre esta chave, era de onde veio. Ela tinha chegado no meio da semana em um envelope creme selado com um selo de cera vermelha que deixou o meu coração acelerado. Mas não havia nenhuma explicação incluída. Sem desculpas. Sem argumento para outra oportunidade. O envelope simplesmente continha esta chave e um cartão com um endereço e data de amanhã rabiscada.

Eu não tive que procurar o endereço, porque reconheci o nome da rua calma de Notting Hill. O que eu não sabia era o que esperava por mim se eu fosse lá.


Não havia dúvida de que Belle queria que eu ficasse longe, porque ela estava com raiva de Alexander. Mas a verdadeira razão que eu não queria ver era que a chave poderia não abrir nada. Era patético, e eu sabia disso. Ainda assim, essa pequena lasca de esperança era a minha salvação.

—O que você faria se o visse? —Ela perguntou, sentando perto de mim.

Dei de ombros, soprando uma fina corrente de ar através dos meus lábios em um esforço para me equilibrar. Eu ainda não tinha chegado ao ponto onde eu não queria chorar com a menção do nome dele. —Talvez eu perguntasse o porquê. —Eu disse com uma voz fraca. —Por que ele continuou me vendo? Por que ele não me ama?

Belle apoiou um braço no meu ombro e me abraçou forte. —Você acha que ele realmente lhe diria?

—Provavelmente não. —Eu admiti. —Sinto-me tão estúpida por pensar que significava mais para ele, também.

—Uh-uh. —Belle estalou. —Se apaixonar não é estúpido.

—É quando você escolhe o homem errado. —Eu disse.

—Você é humana, Clara, e você cometeu erros no passado. Mas eu vi o quanto você foi cuidadosa depois que terminou com Daniel. Se você escolheu Alexander, havia uma razão para isso. —Ela disse suavemente. —Talvez você não possa ver isso agora, mas algum dia o fará. E mesmo se ele for burro demais para perceber o que tinha, lembre-se que ele ajudou a mostrar-lhe que você é forte. Mais forte do que pensava.

—Queria que a lição não tivesse sido tão dolorosa. —Resmunguei enquanto as lágrimas com as quais eu estava lutando se romperam.

Belle beijou minha bochecha. —Você é forte o bastante para sobreviver a isso.


Eu esperava que ela estivesse certa. Era como se eu tivesse caminhado através do fogo que derreteu minha pele e me deixou exposta.

Crua.

Vulnerável.

Andar, comer, existir. Cada momento era agonizante. Eu não me sentia forte. Tudo o que eu sentia era esse ciclo perpétuo de desespero. Todas as manhãs eu me lembrava de que estava tudo acabado, e meu coração partia novamente. Passava o dia reunindo os fragmentos e tentando remendar. Talvez Belle estivesse certa, e eu sobreviveria a isso. Talvez a angústia desaparecesse na dor surda do arrependimento. Mas eu sabia de uma coisa: não havia como superar Alexander.

—Eu nem sequer vi isso acontecendo até que fosse tarde demais. Quero dizer... Eu acho que você nunca sabe quando está fazendo amor com alguém pela última vez. —Eu não podia evitar o pesar que eu senti sobre como passamos nossos últimos momentos juntos.

—É cruel. —Ela concordou.

Abrindo meu punho, larguei a chave. —O que faço com isso?

—Você sabe o que penso disso. —Ela disse. —Mas, e você?

—É como se eu estivesse me agarrando a isso. Se eu não for, pode significar qualquer coisa que eu quiser.

—Isso não é bom, querida.

—Eu sei. —Eu sussurrei. —É por isso que devo ir.

Como eu poderia explicar a Belle que eu ainda sentia o aperto de Alexander em mim como o puxão de uma corda invisível? Eu estava ligada a ele, mesmo que cada segundo que passasse desgastava essa conexão. Agora, tudo o que eu queria era romper com isso e me libertar dele. Ele havia deixado claro que ele não retornava meus sentimentos, mas era tarde demais para parar de amá-lo. Segurar-me sobre a esperança era paralisante, e com cada dia que passava, eu senti a paralisia se espalhando como veneno. Ele estava me matando.

—Você quer que eu vá com você? —Ela ofereceu.

Eu não estava surpresa que ela quisesse ir junto, mas ter uma ajudante não tornaria isso mais fácil. —Não, preciso encarar isso sozinha.

Eu tinha o resto da minha vida para aguentar sozinha. Eu poderia muito bem começar a enfrentar agora.

*****

Eu estava em um táxi na manhã seguinte antes que Belle acordasse. Ela não tinha lutado para ir, mas ela estava preocupada, e sua preocupação só me deixava mais nervosa.

Eu tinha optado por um jeans e uma blusa branca. Eu não tinha ideia do que me esperava em Notting Hill, mas eu com certeza não estava lá para impressionar ninguém hoje. O plano era bastante simples.

Entre. Saia. Supere.

Minha respiração engatou quando o táxi desacelerou até parar em frente a uma casa de aparência austera.

—Aqui, senhorita? —O taxista perguntou.

Eu não poderia dizer uma palavra com o nó na minha garganta, então eu balancei a cabeça e empurrei o dinheiro na mão dele.

Agarrei a chave com tanta força que cortou minha pele enquanto eu me aproximava da casa. Atrás da porta, havia um jardim em plena floração, e um caminho de pedras que levava à calçada vermelha e à porta. A julgar pela acumulação de água na borda da passarela, alguém tinha molhado as plantas recentemente. Era provável que ele ou ela ainda estivesse aqui. Meu coração pulou no meu peito, e eu respirei fundo. Veja se a chave funciona antes que se anime, meu lado racional advertiu.

Tentei duas vezes, tentando inseri-la na fechadura com os dedos trêmulos. A chave girou e a porta se abriu, acolhendo-me dentro do santuário privado. Fazendo uma pausa entre as flores, eu não poderia deixar de desejar que eu estivesse aqui em circunstâncias diferentes. Este lugar era um sonho tão acolhedor e convidativo como o bairro ao qual pertencia. Mas agora eu estava muito tensa para me divertir. Eu trouxe Alexander para Notting Hill, e as memórias pesavam sobre mim, transformando o meu lugar favorito em algum lugar que eu queria evitar.

Eu voltaria se, por qualquer outra razão, eu não empurrasse isso tudo para o passado. Subi as escadas, resolvida a acabar com isso, mas quando eu estendi a mão para a campainha, vi uma rosa vermelha enfiada na maçaneta da porta. Peguei-a cautelosamente, machucando-me na haste espinhosa apesar dos meus cuidados. Lágrimas brotaram nos meus olhos e sangue jorrou do meu dedo. Não havia nenhuma razão para acreditar que era para mim, mas eu sabia que era. Assim como eu sabia que a chave era para abrir o portão. Era o mesmo escarlate vibrante que eu tinha usado no meu cabelo na noite do baile. À noite em que tudo havia mudado entre nós.

A porta se abriu, arrastando-me da minha teia de memórias. A visão dele tirou o ar dos meus pulmões, e eu ofeguei, lutando para me lembrar de como respirar. Eu passei as últimas duas semanas sonhando com seu rosto, mas vê-lo na minha frente, eu percebi que essas fantasias não tinham sequer tocado em sua beleza. O cabelo preto. As linhas perfeitas do rosto. A deliciosa curva de sua mandíbula, o arco completo de seus lábios, e os olhos de safira que me atraíam para ele, me queimando com sua intensidade enquanto eu me afogava neles.

A camisa de Alexander estava desabotoada, revelando seu peito e seu pacote de seis. Calça jeans pendurada abaixo em seus quadris. Meu corpo me traiu, respondendo instintivamente para a escaldante energia magnética entre nós.

Isso era um erro.

Seja qual fosse a razão que ele tinha para me pedir para vir aqui, tinha sido um erro. As lágrimas caíram livremente pelo meu rosto, e eu não tentei detê-las. A pressão retesada no meu peito soltou com um anseio desenfreado.

Alexander pegou minha mão, vendo a pequena ferida no meu dedo. Ele o puxou aos lábios e chupou o sangue antes de colocar um beijo suave no local. O gesto foi pequeno, mas não insignificante. Quando o braço enrolou em volta da minha cintura, eu não resisti a ele.

Eu não podia.

Tanta coisa para ser forte, a voz crítica na minha cabeça zombou.

Mas sua boca silenciou meus medos quando ele pressionou contra a minha. O beijo foi suave e hesitante, e seus lábios moviam-se lentamente. Sal misturado com o seu gosto na minha língua, e me afastei para descobrir que as lágrimas não eram minhas. Alexander caiu de joelhos, enterrando seu rosto contra o meu estômago.

Meus olhos fecharam, saboreando a sensação de paz que tomou conta de mim. Eu estava desesperada por seu toque, mesmo que ele não pudesse afastar o inevitável.

—Você está mais magra. —Seu tom foi comedido, mas eu ouvi a acusação juntamente com outra coisa que soava muito parecida com medo.

Havia me perguntado se ele notaria o ângulo ligeiramente mais nítido das minhas maçãs do rosto, ou o oco da minha barriga. A cor tinha drenado do meu mundo quando o deixei, e junto com ele os sabores da vida. Eu estava contando com alarmes mais do que eu tinha contado por um longo tempo, mas eu estava cuidando de mim.

—Estou bem. —Eu disse com uma voz suave. —Sem muito apetite, mas estou comendo.

—Você não pode... —Ele me chocou com as palavras. —Não por minha causa. Me prometa, Clara.

Seu medo me pegou de surpresa, e eu lutei para não ver mais em sua preocupação. —Eu prometo.

Depois de alguns minutos de silêncio, eu não podia esperar mais tempo para entender por que ele me pediu para vir aqui. —Onde estamos?

Alexander levantou-se e enrolou seus dedos nos meus, me levando embora pelo corredor para uma sala de estar. Agora que o choque tinha passado, eu analisei meu redor. A casa estava totalmente mobiliada e artisticamente decorada com uma mistura de antiguidades e toques modernos. Uma lareira com um manto muito bem esculpido era o ponto focal da sala de estar. O sofá de veludo ficava em frente à lareira, e o resto da sala era uma mistura vintage e contemporâneo em um espaço acolhedor.

—Você está fazendo as perguntas erradas. —Ele disse. Meu núcleo apertou enquanto bebia no familiar tom grosso de sua voz. Os olhos de Alexander nublaram como se sentindo a minha súbita excitação urgente, mas ele não fez nenhum movimento.

—Vinte perguntas de novo, X?

Ele balançou a cabeça, sua língua molhando os lábios. —Sem jogos, boneca.

Olhei em torno de nós, tentando compreender por que estávamos aqui, enquanto lutava contra o efeito vertiginoso de sua presença. Eu tinha estado muito tempo sem ele. Agora, sua proximidade era quase esmagadora.

—Por que estamos aqui?

—Você está ficando quente. —Ele aproximou-se o suficiente para que eu sentisse sua respiração quente, doce no meu rosto.

—De quem é essa casa? —Perguntei tão baixo que ele não deveria ter sido capaz de me ouvir.

Sua boca caiu para o meu ouvido e sussurrou. —Nossa.

Eu o empurrei e olhei para ele, tentando dar sentido ao que ele estava dizendo. Como se ele tivesse perdido o juízo? —Eu não entendo.

—Este é o nosso normal. —Ele explicou, abrindo os braços. —Este é o nosso santuário.

Havia tantas perguntas que se aglomeravam em meu cérebro, que eu tive dificuldades para escolher uma, mas havia uma que eu não poderia sequer adivinhar a resposta. —Como?

—A casa está no nome de Norris. —Alexander falou. —Eu paguei por ela, é claro, mas dessa maneira mantemos nossa privacidade.

Eu andei ao redor da sala em um círculo lento. Os olhos de Alexander me seguiram, mas ele ficou para trás enquanto eu absorvia o que ele estava me dizendo.

—Você quer dizer, manter o segredo. —Eu disse, voltando-me para ele.

—Privacidade. Segredo. —Ele repetiu as palavras com uma careta como se fosse a mesma coisa.

O problema era que elas não eram.

—Aqui podemos ser Alexander e Clara. Nada entre nós. —Ele continuou.

—Exceto os segredos.

Alexander veio até mim tão rápido que eu mal processei sua reação e seus braços ao meu redor. —Não entre nós. Nada entre nós.

—Oh X. —Eu suspirei. —Tudo está entre nós. Você não vê?

—Eu não quero que esteja. —Seus olhos me imploraram, e eu vi a agonia que eu sentia refletida neles.

—Seu pai espera que você se case. Ele tem tudo planejado. —E esses planos não me incluem.

—Eu não posso controlar o que ele planeja, mas isso não quer dizer que ele vai me forçar a qualquer coisa.

—Você sabia dos planos dele? —Eu perguntei.

Alexander hesitou, e eu já sabia a sua resposta antes que ele falasse. —Sim.

Afastando para longe dele, eu estendi a mão para avisá-lo para ficar para trás. Passei as duas últimas semanas tentando descobrir o que eu tinha feito de errado. Porque eu não acreditava que amar era errado.

Sua postura mudou, seus olhos se distanciando. —Não. Talvez para você. Fiquei longe porque eu senti que era injusto. Eu senti como se estivesse te levando.

—E não está fazendo exatamente isso? —Gritei, meu coração partido mais uma vez. Eu tinha dado a ele a chance de lutar por mim e ele ergueu uma parede. —Por que estamos aqui?

—Porque eu preciso de você. —Ele falou asperamente. Suas palavras me acusando, como se eu o houvesse enganado.

—Mas você não me ama. —Eu sussurrei.

A mão de Alexander correu por seu cabelo quando ele balançou a cabeça. —Eu te disse que eu não sou de romance. Eu não sou de longo prazo.

—Quantos sinais mistos você me dá, Sua Majestade. —Praticamente cuspi suas mesmas palavras de volta para ele. —Isso é uma coisa perigosa para se fazer com uma garota como eu. O que é isso? Um lugar para me foder? Um esconderijo que seu pai não sabe, para que você possa manter o seu casinho em segredo, porque você não pode aparecer comigo para a imprensa?

—Não é isso!

—Então me diga o que é isso. —Pedi. Minha raiva borbulhando. —Porque estou tentando entender. Realmente estou. —Eu estava desesperada para entender, porque assim como eu estava aqui tão perto que eu podia estender a mão e tocá-lo, eu o sentia escorregar por entre os dedos.

A mandíbula de Alexander apertou, e quando ele finalmente virou toda a força do seu olhar para mim, eu cambaleei para trás um passo, uma vez que ardia através de mim. —Toda mulher que eu já amei está morta.

Eu quebrei por ele novamente, sacudindo minha cabeça suavemente. —Sinto muito, X. Mas não estou morta. Estou aqui. E você não pode me impedir de te amar.

Ele cruzou a distância entre nós, e eu não impedi que ele me atraísse contra ele, segurando meu queixo firmemente. —Não quero destruir você.

—Você já destruiu. —Eu sussurrei.

Suas mãos caíram em derrota. —Eu nunca quis que isso acontecesse.

—Eu sei, mas sou uma garota crescida, X. —Eu disse para ele. —Você não pode me controlar. Você não pode controlar quem eu amo.

—Pare. —Ele exigiu, e eu não tinha certeza se ele estava me dando ordens para ficar quieta ou para deixar de amá-lo.

Eu não era capaz de qualquer uma dessas. —É por isso que eu não posso ficar. Eu não posso fingir que está tudo bem. Eu não posso fingir que não te amo. Eu acho que seria pior do que deixá-lo. Sinto muito, X. Eu não posso ser o seu segredo.

—Uma noite. —Ele disse, sua voz fervendo com desejo. —Fique comigo uma noite, e se você quiser ir embora pela manhã, eu deixarei você ir.

Eu balancei a cabeça, quando minhas palavras anteriores repetiram em minha mente: você nunca sabe quando estará fazendo amor com uma pessoa pela última vez.

—Deixe-me te mostrar. —Ele disse.

Mostrar-me o quê? Como isso vai ser? Como você é capaz de me dar a única coisa que diz que nunca poderá me dar?

Uma mulher forte iria embora, mas minha determinação ruiu sob seus olhos ardentes. Se eu saísse agora, eu sempre me perguntaria o que teria acontecido se eu não tivesse. Ir para a cama com ele me rasgaria e rasgaria meu coração, mas a ruptura seria limpa. Sem arrependimentos.

Meus dedos tremiam enquanto eu buscava a barra da minha camisa e puxava sobre a minha cabeça. Alexander congelou, me observando com luxúria enquanto tirava minha calça jeans. Minha calcinha e sutiã seguiram, até que eu estava diante dele nua.

—Uma noite. —Eu concordei. Algum dia ele poderia olhar para trás e ouvir a verdade escondida nessas palavras simples.

Alexander varreu-me dos meus pés e me levou para a escada, seus lábios pressionando beijos urgentes do meu pescoço até meu queixo, enquanto ele deslizava a boca lentamente na minha. Desejo inflamou em meu núcleo quando ele capturou meus lábios, separando-os, mergulhando sua língua com cursos lentos, profundos em minha boca. Minhas mãos deslizaram sob a camisa e desci pelos seus ombros. Passei meus dedos ao longo do pior das cicatrizes. Isso magoou meu coração, e senti sua batida constante que pulsava através das pontas dos meus dedos.

Ele não me deixou dizer as palavras, mas eu gostaria de mostrar-lhe uma última vez.

Uma última noite para durar por uma vida.

Deitando-me cuidadosamente sobre a cama, Alexander se afastou de mim. Eu abri sua calça jeans e a empurrei para baixo. Ele a chutou e moveu-se entre as minhas pernas, seu pau grosso encontrou o seu caminho sem orientação. Engoli em seco quando ele entrou em mim com um impulso poderoso. Sua boca encontrou a minha de novo, e ele me beijou, seus lábios demorando deliberadamente. Ele arrastou ao longo do meu pescoço para baixo, para entre os meus seios. Ele plantou um beijo suave lá antes que ele pegasse meu mamilo em sua boca, rodando sua língua sobre ele com golpes lânguidos. Minhas mãos enrolaram nos lençóis, arqueei contra ele, frenética por contato.

Eu precisava sentir sua pele contra a minha. Uma última noite de conexão.

Os quadris de Alexander giraram habilmente enquanto ele me martelava, esticando minha fenda. Eu gemi quando ele pressionou com mais força, me fodendo mais profundo. Em seguida, retirou-se de mim, e eu gritei, com fome e vazio. Sentando-se na cama, ele deslizou a mão pelas minhas costas e levantou o meu corpo tremendo para seu colo. Suas mãos embalaram minhas costas enquanto eu afundava em seu pênis, saboreando a deliciosa dor quando eu inchei em torno dele. Ele encheu-me, e ele movia-se lentamente enquanto eu me ajustava ao seu pênis. Ele enterrou dentro de mim, e eu me remexi enquanto a pressão era construída pelo meu corpo.

A posição era íntima, e era impossível escapar dos olhos uns dos outros e as perguntas que eles faziam. Alexander não estava me levando, ele estava me atraíndo. Senti sua confusão agudamente quando senti o calor febril de sua pele. Naquele momento, era impossível não ver através um do outro. As mãos de Alexander agarraram minhas costas, acalmando o meu movimento, e eu entendi o pedido tácito.

Ele queria fazer durar. Uma última noite completa.

Meu dedo indicador traçou a curva de seu rosto, mapeando. Eu rocei-o sobre os lábios, memorizando sua plenitude macia. Meus olhos encontraram os dele, e eu fixei a verdade que eu vi brilhando deles em minha mente enquanto as minhas mãos percorriam seu corpo, guardando cada polegada dele para a memória. Eu sabia que a escuridão da separação estava à frente de nós. Mesmo enquanto eu capturava este momento e sua bela serenidade, a dor misturada com o desejo. Cedi, meus sentimentos me dominando, e balancei urgentemente contra ele. Os braços de Alexander apertaram enquanto seu pau me levava incansavelmente. Nós colidimos um com o outro, nos conectando, trocando e quebrando. Cada toque desesperado. Cada beijo suplicando.

—Diga, Clara. —Ele persuadiu com a voz rouca.

Seu desejo era o meu comando. Uma última noite de dominação.

—Alexander. —Eu suspirei. —Eu amo você.

Seus olhos fecharam enquanto seu pênis dava espasmos contra o meu canal de veludo, derramando dentro de mim, e eu transbordei com ele, desfazendo-me em seus braços. O prazer estilhaçou em meus membros como fogos de artifício brilhantes e fragmentados, pois choveu através de mim. Eu montei a torrente de prazer enquanto eu repetia essas palavras.

Eu as repeti para preencher uma vida. Uma última noite de afirmação.

Alexander não se afastou de mim quando ele desabou sobre a cama, ao invés disso, ele entrelaçou seus membros com os meus até que não houvesse começo e nem fim para nós. Ficamos deitados em silêncio, até que eu o senti inchar dentro de mim, e então começou a mover-se novamente.

—Eu nunca vou ter o suficiente de você. Eu imploro por você, Clara. Eu imploro seu corpo, seu gosto. Sem você... —Ele se arrastou para longe, seus olhos brilhando com a dor. —Eu... Eu...

E então ele estava bombeando em mim novamente, enchendo-me com a única maneira que sabia, e eu me agarrei a ele.

Uma última noite de palavras não ditas.

*****

Eu deslizei silenciosamente da cama, desembaraçando-me da forma adormecida de Alexander quando o despertador na mesa de cabeceira mostrava seis horas. Ele tinha adormecido há poucas horas. Ele fodeu com a boca e pau até que eu estava perto do colapso, como se soubesse que no momento em que se retirasse de mim, eu desapareceria.

Passamos o dia de ontem na cama, parando apenas para nos alimentar antes de retornar ao corpo um do outro. Mas mesmo quando nós rimos e tocamos um no outro, eu me forcei a fazer mil despedidas silenciosas.

Adeus a essa boca suja e sexy que se curvava tão facilmente em um sorriso. Adeus a esse cabelo sedoso, preto e bagunçado. Adeus à sua proteção. Adeus ao momento de hesitação deliberada antes que ele me enchesse.

Adeus ao homem que eu amava.

Vestime rapidamente e encontrei um bloco de papel na cozinha. No final, eu percebi que não havia palavras. Eu disse o que precisava que ele ouvisse. Qualquer outra coisa seria apenas uma desculpa, e eu não podia suportar deixá-lo assim quando nós dois sabíamos a verdade. Nós dois vimos a parede de pé entre nós, e nós dois sabíamos que não poderíamos derrubá-la sozinhos.

Deixei a chave no topo do papel. Esta casa tinha sido nossa por um perfeito dia agridoce.

Parando na porta, fechei os olhos e procurei a força para atravessá-la.

—Então é isso? —Sua voz me tirou da minha concentração, e eu me virei para encará-lo. Ele não se preocupou em vestir-se, e seu corpo estava tenso, preparando-se para a minha resposta. Eu vi o tormento em seus olhos, e eu lutei contra a vontade de confortá-lo.

—Sinto muito. —Eu ergui minha mão, sabendo que se ele me tocasse, eu não poderia passar por isso.

—Clara. —Ele olhou para mim com uma tristeza que me torceu por dentro, mas ele não se aproximou mais. —Por favor.

Fechei os olhos, incapaz de afastá-los de seu rosto bonito, e balancei a cabeça enquanto meus dedos fecharam-se sobre a maçaneta. —Eu não posso ser seu segredo.

Abrindo a porta, eu cambaleei para o ar fresco da manhã enquanto ele me chamava. Corri, mas eu não pude escapar da dor. Eu estava em movimento mesmo quando o meu mundo deixou de existir, mesmo quando tudo desmoronou em torno de mim.

 

 


Notas


[1] Foi uma histórica bolha especulativa que abrangeu cerca de 1997-2000, durante o qual os mercados de ações nos países industrializados viu seu valor patrimonial subir rapidamente no crescimento no setor da Internet e áreas afins.
[2] Fardamento provido de galões e botões distintivos usados pelos criados de casas nobres e senhoriais.

 

 

                                                   Geneva Lee         

 

 

 

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