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Series & Trilogias Literarias
Belle Stuart entrou na minha vida com os lábios vermelhos e uma boca inteligente, o que tornou impossível não colocá-la em seu lugar e, de joelhos. Ela deveria estar fora dos limites. Reivindicá-la seria imprudente. Mantê-la seria perigoso. Mas, ela é mais do que uma conquista, ela é minha obsessão.
Eu farei o que for preciso para protegê-la, mesmo que isso signifique deixá-la ir.
Mas ela é a única mulher que não consigo desistir. Ela é a única mulher que não consigo parar de desejar.
Ela é a única que eu cobiço...
CAPÍTULO UM
Belle
Finalmente aconteceu. Depois de semanas de busca incansável, eu estou aqui. Eu não esperava muito do lado de fora do prédio, mas por dentro, descobri mais do que quatro paredes e algumas janelas. O estúdio era arejado e, apesar do frio que se infiltrava em Londres, uma vez que o outono aproximava-se cada vez mais do inverno, uma luz quente inundava a sala destacando todo o espaço que tinha para oferecer. Eu encontrei meu cantinho em Londres, escondido confortavelmente em Chelsea. Este era o lugar onde eu daria o próximo passo em minha vida.
Claro, tudo desde as paredes até as prateleiras forradas precisavam de uma nova camada de tinta branca. Talvez marfim. Eu também precisava arranjar alguns móveis, dado o espaço inteiramente vazio. Mas nada disso me incomodou. Ele tinha potencial e o preço certo.
—O que você acha? —Julian, meu agente imobiliário desumanamente paciente, perguntou. Eu fui um desafio para um homem que, normalmente, vendia negócios para corporações de bilhões de dólares. Mas ele foi um santo, mostrando-me metade das propriedades comerciais disponíveis no centro de Londres, e sua persistência foi recompensada.
—É perfeito. —Eu murmurei, minha mente já imaginando onde mesas de escritório e araras de roupa caberiam.
—O proprietário quer um prazo de doze meses. —Ele começou a tagarelar os detalhes, mas nada disso importava. Era aí que a próxima fase da minha vida começava. Minha ideia iniciante estava rapidamente se tornando um negócio real: Bless! Dentro de alguns meses eu teria o espaço cheio de mesas e vestidos. Tudo parecia um sonho surreal.
Uma chamada incomum me assustou da minha fantasia. O toque familiar, o lembrete de que eu já tinha mais do que a maioria das mulheres sonhavam. Eu atirei para Julian um sorriso de desculpas enquanto me retirava, mas ele acenou, acostumado com essas interrupções na última semana.
—Ei, bonita. —A voz grave de Smith enviou arrepios sobre minha pele. Se qualquer homem pudesse me levar ao orgasmo apenas com palavras, era esse homem. Graças a Deus, eu nunca lhe disse isso, ou ele me ligaria toda hora.
Já era ruim o suficiente que, apenas ouvi-lo resultasse em calcinha molhada. Então, novamente, isso poderia ser o resultado de uma semana sem contato físico. No início, depois que ele me despediu como sua assistente pessoal, não nos arriscamos a nos ver mais do que algumas vezes por semana. Sete dias -nosso mais longo tempo bem-sucedido, sem manter nossas mãos longe um do outro - a partir desta manhã. A julgar pela reação do meu corpo, era hora de quebrar esse recorde.
—Eu encontrei. —Eu sussurrei ao telefone. Eu não precisava dizer mais do que isso. Apesar da distância que mantivemos um do outro durante as últimas semanas, eu não tinha dúvida de que ele estava mantendo o controle sobre mim. Ainda assim, não consegui dizer mais nada. Não havia nenhuma razão para acreditar que meu novo número particular estava comprometido, mas também, não havia razão para supor que não estivesse. —Bless tem uma casa.
—Devemos celebrar. —A sugestão em seu tom estava longe de ser sutil, e eu coloquei uma perna atrás da outra, para acalmar a dor que crescia rapidamente entre minhas coxas.
—Oh, é? —Como de costume, ele me reduziu a uma frase simples. Quando se tratava de Smith Price, eu preferia deixá-lo fazer os planos para nós, porque seus planos costumavam resultar em horas de agonizante e glorioso sexo selvagem. Eu tinha um milhão de coisas com que me preocupar no momento, mas o prazer não era uma delas. Não esta noite, pelo menos.
—Em algum lugar particular, apenas nós dois. Envio o endereço.
—Sim, senhor. —Eu suspirei, sem me importar que Julian pudesse ouvir a conversa. Minhas palavras eram tanto uma promessa do que esta noite traria, como foi seu convite.
A linha caiu e fui trazida de volta à terra. Virando-me, eu captei um sorriso de satisfação no rosto de Julian enquanto ele checava seu celular.
—Quem quer que seja o seu homem misterioso, quero conhecê-lo. —Julian deslizou o telefone de volta no bolso do terno.
Levantei uma sobrancelha e balancei a cabeça. —Por quê? Então você poderia roubá-lo?
—Talvez pudéssemos compartilhar. —Sugeriu em tom provocador.
—Este é um brinquedo que eu definitivamente não compartilho. —Isso saiu mais defensivo do que eu pretendia, mas eu não podia me culpar por minha reação. Smith era meu, e lidar com nossa situação precária, só me deixou mais possessiva.
Julian acenou com uma das mãos bem cuidada. —Desde que ele sinta o mesmo.
Disso eu não tinha dúvidas.
—Vamos voltar ao escritório e começar a papelada. —Ele disse, trocando de assunto.
Agora, isso era algo que eu poderia conversar.
***
O endereço que Smith me enviou não me deu nenhuma ideia do que esperar, mas quando eu cheguei a uma rua acolhedora e tranquila em Holland Park, fiquei um pouco surpresa. Eu esperava um hotel, não algo tão... residencial. Uma olhada rápida no meu telefone revelou que eu estava definitivamente no lugar certo. Pegando minha mala do assento do passageiro, eu saí do Mercedes, trancando-o duas vezes apesar do bairro pitoresco. O carro, um presente excessivamente caro do meu namorado, tornou-se uma segunda casa nas últimas semanas. Eu o amava quase tanto quanto eu amava o homem que me deu.
Eu congelei no caminho, oprimida pela sensação peculiar que me vencia, enquanto eu considerava o fato de que eu o amava. Nosso relacionamento havia suportado muitas colisões em sua curta história, e eu não estava completamente certa de que o amor não seria o obstáculo principal no caminho. Nenhum de nós disse isso. Estava implícito, e talvez eu estivesse sendo teimosa, mas eu não seria a primeira a falar a palavra com A. Talvez eu estivesse simplesmente assustada. Smith ainda era um mistério para mim de muitas maneiras, e o último homem que eu pensei ter amado, provou que meu julgamento não era o melhor quando se tratava de homens.
Mas Smith Price não era qualquer homem. Ele era algo mais, algo primitivo e dominante. Ele roubava minha respiração e decidia quando eu poderia ter de volta.
Comporte-se! Segurando minha bolsa, soltei minha apreensão, desprezando isso. Fazia quase duas semanas que não o via. Isso era o suficiente para fazer qualquer mulher duvidar de si mesma, mas eu não era aquela garota. Não mais.
Ainda assim agarrei a grade um pouco forte demais enquanto subia os degraus da casa. O ar da noite roçou meu sexo nu, me lembrando exatamente por que eu estava aqui. Minha calcinha, de acordo com a preferência de Smith, saiu quando eu ainda estava no carro e, estava guardada na minha bolsa. Sentia-me exposta e poderosa ao mesmo tempo. As coisas podiam ser tensas entre nós, mas eu tinha exatamente o que ele queria.
Antes de chegar ao último degrau, a porta se abriu, revelando exatamente o que eu queria. Meus joelhos curvaram-se ligeiramente enquanto admirava Smith em seu terno cinza de três peças. Era injustificável que a visão de qualquer ser humano pudesse ter tal efeito em mim. Eu teria sorte de entrar antes de ficar de joelhos na frente dele.
O belo rosto de Smith estava em branco enquanto ele me recebia, mas eu vi o brilho divertido em seus olhos verdes, e a leve contração de seus lábios que provavam que ele estava segurando um sorriso. Eu me apaixonei por aquele sorriso malandro, como me apaixonei por ele. Foi a minha ruína quando nos conhecemos. Agora, sabendo que estava lá, escondido atrás de seu olhar calculado, me molhava.
—Olá, Belle. —Ele pegou minha mala e atirou-a no chão, sem esperar minha saudação antes de me levantar e me levar para além do vestíbulo. Meus braços enrolaram ao redor de seu pescoço, convidando seus lábios a encontrar os meus. Mas ele tinha mais autocontrole do que eu. Sua boca pressionou minha testa antes de me depositar em um sofá de couro.
—Gosta? —Ele perguntou.
Pisquei, momentaneamente deslumbrada pela sua presença, e forcei-me a olhar em volta da acolhedora sala. Pinturas que, claramente caíam na categoria inestimável penduradas ao longo das paredes, e o fogo crepitava na lareira ornamentada. Parecia muito mais com seu escritório de advocacia do que com sua própria casa, e eu atirei-lhe um olhar interrogativo.
—Um dos meus investimentos. —Explicou enquanto desabotoava o casaco. Ele não tirou, o que me agradou. Eu tinha planos para ele esta noite que incluía aquele terno.
Eu estava tão absorta em minhas próprias fantasias, que me levou um minuto para perceber que ele havia dito outra coisa. —Desculpa?
A cabeça de Smith inclinou para o lado, e ele suspirou enquanto passava a mão pela cabeça, revolvendo o cabelo loiro escuro. —Vejo que precisamos de um pouco de prazer antes dos negócios.
—Sim, senhor.
A simples afirmação acendeu um fogo em seus olhos que queimava tão ferozmente, que eu mordi meu lábio para não gemer. Eu lhe dei o apelido em um momento de petulância. Calhou quando eu descobri como ele era exigente atrás de portas fechadas, e como eu estava ansiosa para agradá-lo.
Smith inclinou-se, colocando as palmas das mãos sobre o braço do sofá, enquanto sacudia a cabeça. —Jogamos pelas minhas regras. Você precisa de um lembrete?
Isso soou muito parecido com uma ameaça e uma promessa. Ele era conhecido por dar uma palmada brincalhona quando eu brincava com ele, ou bancava a tímida, mas eu ainda tinha que suportar todo o peso do que eu sabia que ele era capaz de entregar. O pensamento poderia ter me assustado antes, mas quando os dias passavam sem suas mãos no meu corpo, eu me vi desesperada por seu toque.
—Você quer tanto isso, hein? —Ele disse, empregando sua habilidade extraordinária de adivinhar exatamente o que estava em minha mente. —Não tente forçar minha mão, Belle, ou eu vou fazer você esperar por uma punição, ainda mais do que eu vou fazer você esperar por um orgasmo.
Eu olhei de volta para ele, não querendo mostrar que sua advertência me murchou. Em vez disso, me endireitei e cruzei as pernas, tendo o cuidado para que ele tivesse um vislumbre do que eu não usava debaixo da minha saia. —Você comprou este lugar?
—Alguns anos atrás. —Ele não fez nenhum sinal de que percebeu a falta da minha calcinha. Decepcionante. —Eu queria vender.
—Não conseguiu fazer isso? —Perguntei secamente. Somente Smith era capaz de manter um imóvel em Londres por tanto tempo, sem fazer um movimento. Outro sintoma de seu enlouquecedor autocontrole. Sua conta bancária permitia, enquanto o resto de nós ficava preso em compartilhar apartamentos.
—Tenho outras ideias agora. —Mas ele não deu mais detalhes. Seus olhos esfriaram enquanto seus pensamentos iam para outro lugar.
Eu respirei fundo e esperei que ele voltasse para mim. Quando ele não voltou, eu arrisquei. —Senti saudade.
Foi uma declaração simples, mas a emoção coloriu minha voz. Instantaneamente, eu desejei que eu pudesse retirá-la. Eu prometi a ele que eu poderia ser forte, quando ele revelou a natureza precária da nossa situação. Os sentimentos melancólicos não tinham lugar em nosso arranjo. Na maior parte, eu estava muito ocupada concentrando-me na minha súbita realidade empresarial, para me preocupar com nosso relacionamento. Pelo menos nas horas em que estava acordada. Era mais difícil quando eu finalmente me arrastava para minha cama sozinha. Agora que ele estava na minha frente, a dor que ocupava aquelas noites inquietas, rapidamente ultrapassou a minha resolução.
Mas ao invés de me repreender, ele se afundou ao meu lado e me puxou para seu colo. —Bonita.
Seu apelido para mim acalmou o desejo que, de repente, atingiu meu corpo. Embora não me aliviasse inteiramente.
—Passei toda a tarde planejando o que vou fazer com você. —Ele murmurou enquanto seu dedo indicador inclinava meu queixo para encontrar seu olhar.
—E? —Perguntei, esperançosa.
Sua boca contraiu ao piscar. —Acho que você vai aprovar. Mas eu pensei que poderíamos conversar um pouco. Disseram-me que os casais normais discutem o seu dia antes de ficarem nus.
Casal. Parecia um termo muito casual para o vínculo que ele e eu já formávamos. E normal? Isso definitivamente não se aplicava a nós. Ainda assim, havia certo apelo no conceito.
—Casais normais não precisam esgueirar-se. —Lembrei-lhe. Lá se foi tentar as coisas à sua maneira.
—Casais normais. —Ele respondeu fortemente. —Não tem patrões homicidas.
Havia isso. Nossa separação não foi por escolha, fato que eu desejava poder esquecer. Os vínculos de Smith com seu empregador estavam longe da média. Ele estava preso em uma teia enredada de traição que eu evitava fortemente ficar presa. Graças a ele, não havia sinal de que Hammond, o homem que puxava as cordas que mantinham Smith atado ao passado, e que ele tivesse qualquer outro interesse em mim. Isso mudaria se soubesse que as coisas não acabaram entre nós.
—Fale-me sobre Bless. —Ele ordenou, obviamente pronto para uma mudança de assunto.
Havia tanto para lhe dizer, mesmo que tão pouco tivesse sido realmente realizado. —Encontrei um estúdio no Chelsea dentro do meu orçamento.
—Orçamento não deve estar em seu vocabulário. —Sua testa enrugou quando ele falou, mas eu o cortei antes que ele pudesse me forçar a ter mais dinheiro.
—Estou começando um negócio. Claro que eu preciso considerar minhas finanças e, além disso, é exatamente o que eu estava procurando. Se fosse demais eu teria dito a você. —Eu menti. Eu não tinha absolutamente nenhuma intenção de tomar mais de seus fundos sem realmente precisar.
—O que é meu é seu.
—É assim mesmo? —Perguntei brincando, mexendo com a fivela do cinto. Estava cada vez mais claro para mim que ambos precisávamos relaxar, e eu tinha uma boa ideia de como poderíamos fazer isso.
Minha resposta me fez ganhar meu primeiro sorriso genuíno. —Vamos chamar de encerrar a conversa?
—Podemos conversar sobre o tempo, mas honestamente, você não é o único com planos para hoje à noite.
—Você pensa que vai me superar? —Ele passou um dedo pelo meu lábio inferior, e minha boca abriu instintivamente.
Agora isso seria impossível, especialmente dado o quanto eu ansiava pela sua autoridade. Pressionei minhas coxas firmemente, com medo de deixar um ponto úmido em sua calça de lã. —Eu não sonharia com isso.
—Boa menina. —Senti seus dedos fecharem-se sobre minha saia. Puxando para baixo, ele a arrancou e a jogou longe. —Eu deveria sugerir que tivéssemos algo para comer, mas só há uma coisa que eu quero para o jantar.
Lá se vai proteger sua calça. Eu mordi meu lábio inferior, abrindo minhas pernas em boas-vindas.
—Quero ver todo o menu primeiro. —Ele sussurrou em meu ouvido, enquanto desabotoava minha blusa com lenta atenção aos detalhes, o que me deixava louca. As pontas de seus dedos passavam lentamente sobre a pele recentemente exposta. Então, eles deslizavam através do topo de renda do meu sutiã, antes de desatar. Ele caiu e, em um movimento fluido, ele me levantou em seus braços e ficou de pé. —Acho que o andar superior é muito mais interessante.
Ele mordiscou meu pescoço enquanto subíamos a escada. Quando chegamos ao quarto, eu estava sem fôlego com a antecipação. Smith depositou-me na cama e deu um passo para trás, examinando seu prêmio quando começou a se despir. Ele levou seu tempo com isso também. Smith era o tipo de homem que poderia empurrar uma mulher contra uma parede, empurrar sua calcinha de lado, e fodê-la totalmente vestida. Mas quando ele levava uma mulher para a cama, quando ele me levava para a cama, essa urgência era substituída por uma determinação que enviava arrepios em toda a minha pele.
Tirando o casaco, ele o dobrou ao meio e o colocou sobre uma cadeira no canto. Ele repetiu a ação com a gravata, depois com a camisa. Cada peça tendo o maior cuidado. Era o mais lento e mais sexy strip-tease do mundo. Porque Smith não reservava esse tratamento apenas para seus ternos caros. Cada centímetro do meu corpo teria a mesma atenção.
Além disso, quando sua cueca caiu ao chão, eu tive o meu primeiro vislumbre do que estava no meu menu, e Deus, eu queria provar. Ficando de quatro, eu rastejei até o pé da cama com a boca aberta. Smith avançou para frente, as curvas e cumes de seu corpo musculoso iluminados pelo luar. Ele parou perto de mim, dando um olhar mais atento ao que eu queria, permanecendo fora do alcance.
—Peça.
Meu corpo inteiro estava pedindo, mas não era isso que ele queria dizer. A princípio, eu achava a natureza dominante de Smith intimidadora. Agora eu achava isso libertador, e depois da semana que eu tive, eu queria nada mais do que me perder inteiramente no seu domínio. —Por favor, senhor.
—Vire-se. —Ele instruiu enquanto aproximava-se.
Eu virei de costas, instintivamente pendurando minha cabeça sobre a extremidade da cama, para que ele pudesse guiar a cabeça de seu pau para meus lábios.
—Você se tocou?
Eu fiz o meu melhor para balançar a cabeça com um “não”, mas eu estava muito concentrada em envolver minha boca em torno de seu pau gostoso.
—Mas você queria. —Ele adivinhou. Ele pausou para gemer enquanto eu engolia seu comprimento. —Sei quão faminta sua boceta é. É quase tão insaciável quanto a sua boca gananciosa. Deve ter sido difícil negar suas necessidades. Você pode se tocar agora.
Aproximando-me, agarrei sua base para alavancar; minha mão livre cravou de bom grado entre as minhas dobras. Nada me deixava mais quente do que estar em exibição para ele, exceto talvez, sendo esticada sob seus olhos possessivos com seu pau na minha boca. Meu corpo tremia quando a ponta do meu dedo encontrou meu clitóris inchado. Eu o rodeei, rolando meus quadris contra a pressão bem-vinda. Na verdade, eu não tinha vontade de me tocar quando estava longe dele, sabendo que isso nunca poderia satisfazer meu desejo. Só ele podia fazer isso.
—Foda-me, bonita. Sua boca é muito boa. —Smith murmurou, seus olhos cheios de luxuria enquanto me observava.
Deus, eu adorava fazer um show para ele. Nada me fazia sentir mais viva, mais irresistível do que quando aqueles olhos estavam em mim. Eu existia para esses momentos.
Ele afastou-se de mim, e inclinou-se para que seu rosto ficasse a centímetros do meu. Seu braço serpenteou para baixo, agarrando meu pulso e trazendo meus dedos revestidos de excitação a seus lábios. —Preciso provar isso.
Smith sugou cada dedo vagarosamente, transformando o pulsar em meu núcleo, em uma aguda e insistente punhalada de desejo. Minhas pernas caíram abertas na cama quando comecei a me contorcer, impedindo-me de puxá-lo para cima de mim. Ele deixou cair sua mão na minha, sua boca ainda apertava meu dedo médio, e enganchou seus braços sob meus ombros. Finalmente soltando-me, ele me jogou de bruços e subiu na cama. Eu não me atrevi a mover quando ele posicionou-se atrás de mim. Eu sabia que não deveria interrompê-lo quando ele tomava as rédeas. Suas mãos cravaram em meus quadris quando ele abriu minhas coxas sobre seu colo. Eu estava de bruços no colchão, minhas mãos apertando os lençóis com força.
—Eu senti saudade disso. —Ele acariciou com a palma das mãos as minhas nádegas, descendo entre as minhas pernas, enviando eletricidade ao ponto sensível. —Posso sentir o quanto você quer ser castigada. Você sentiu saudade da minha palma em sua bunda?
—Sim, senhor. —Eu gemi contra o tecido. Eu sentia. Fazia-me sentir pervertida o quanto eu sentia. A primeira bofetada bateu na nádega direita levemente, e eu mordi o edredom, com medo de gozar apenas com o contato. O calor floresceu sobre a pele macia, e Smith a acariciou amorosamente.
—Mais? —Ele perguntou.
Eu assenti, meus dentes ainda apertados.
—Peça-me o que quer.
Minha boca caiu aberta, a súplica saindo irresponsavelmente dos meus lábios. —Por favor, me bata.
—Com prazer.
O próximo golpe foi mais forte, chacoalhando-me com tanta força, que minhas pernas tentaram apertar a cintura de Smith. Eu só precisava de um pouco de atrito. Mas Smith era muito hábil para permitir isso. Em vez disso, eu sofri uma série de golpes que iam de brincalhão à punição. Quando ele finalmente parou, meu traseiro doía do assalto erótico. Minha mente estava em branco, capaz apenas de processar a quente e pulsante sensação espalhando-se trás de mim. Smith não disse nada enquanto puxava meu corpo alguns centímetros para trás, e inseria seu pau centímetro por centímetro glorioso em meu sexo palpitante. Suas mãos ficaram na minha cintura, mantendo-me imóvel enquanto meu corpo acostumava-se ao seu tamanho.
—Você está tão molhada e tão apertada. Você está pronta para gozar para mim?
Eu engasguei um sim. Oh Deus, sim. Sim. Sim. Sim. Era a única palavra que tinha algum significado, e eu gritei quando ele empurrou para dentro, liberando o clímax que ele construiu no meu núcleo. Ele martelou implacavelmente para que, a cada golpe violento, uma e outra onda de prazer me agarrasse. Segurei a cama, tentando me segurar na sensação. Eu nunca quis parar. Eu nunca quis que ele me libertasse. Mas quando os espasmos acalmaram, ele se retirou e guiou-me cuidadosamente de costas, antes de voltar para dentro.
—Olhe para mim. —Pediu ele com voz rouca. —Quero que você veja o que me faz, Belle.
Eu forcei meus olhos a abrirem enquanto ele balançava lentamente. O polegar de Smith encontrou meu clitóris, e eu observei como seu comprimento desaparecia dentro do meu corpo.
Foi a coisa mais quente que eu já vi. Smith erguendo-se entre minhas pernas abertas, a base de seu pau visível entre as dobras rosadas da minha carne.
Meus músculos esticaram, já preparando para o próximo ataque irresistível.
—Porra! —Ele grunhiu quando senti o primeiro derramar inconfundível contra meu canal suave.
Eu me perdi com ele, minhas pernas envolvendo sua cintura para impulsioná-lo mais rápido enquanto desabávamos juntos. Quando ele finalmente acalmou, ele me segurou em seus braços, selando sua boca na minha. Nossos membros estavam emaranhados enquanto o beijo aprofundava. Era onde eu pertencia. Este era o homem a quem eu pertencia. Quebrando o beijo, nós desmoronamos ainda envoltos um no outro. Sua mão segurou a lateral do meu rosto, atraindo-me de volta para seus lábios, e a promessa de muito mais ainda por vir.
CAPÍTULO DOIS
BELLE
Apesar da multidão no Coco’s na tarde seguinte, eu me sentia mais relaxada do que nunca. Era incrível o que uma noite de felicidade orgástica poderia fazer por uma menina. Do canto do restaurante, Lola me acenou da mesa sorrindo amplamente. O sorriso desapareceu de seu rosto quando um garçom apareceu na mesa para anotar nossos pedidos de bebida. O garçom magricelo parecia um pouco satisfeito com duas mulheres em sua seção. Ele agachou-se ao lado da mesa, mas antes que pudesse dizer uma palavra, Lola o interrompeu.
—Burbons. Do oeste, por favor. —Dispensando-o sem um segundo olhar em sua direção. Quando ele desapareceu em direção ao bar, ela me lançou um olhar irritado. —Ele está pairando aqui como um filhote desde que eu me sentei.
—Isso é ruim? —Eu perguntei com uma risada enquanto enganchava minha bolsa na parte de trás da minha cadeira.
—Pior. Ele precisa reconsiderar suas táticas se ele acha que vai conseguir mais do que minha assinatura na conta. —Lola deu de ombros com bom humor e pegou o telefone, mudando para o modo mulher de negócios. —Agora vamos conversar em que ponto você está com a publicidade.
Uma das razões pelas quais eu me aproximei de Lola para lidar com essa questão, foi devido à sua capacidade de começar a trabalhar. Hoje, obviamente, não haveria exceção. O problema era que eu realmente não sabia por onde começar. Desdobrando meu guardanapo e colocando-o no meu colo para ganhar tempo, tentei pensar. —Honestamente, eu acabei de conseguir uma frente de negócios. Eu ainda não recebi o logotipo, e ainda não começamos a comprar o inventário.
Sem mencionar o fato de que a maioria das minhas ideias era meros rabiscos em um caderno.
—Você escreveu um plano de negócios? —Ela perguntou enquanto digitava rapidamente uma nota em seu celular.
—Humm, não exatamente. Não oficialmente. Tenho um monte de notas. —Smith também me perguntou sobre isso, mas ele também estava mais do que feliz em me distrair de completar a tarefa.
—Essa é sua segunda ordem. Antes, preciso de um resumo de uma página, lançando a ideia e explicando os níveis de subscrição1 e quanto você imagina cobrar.
Eu levantei uma sobrancelha para ela. —Pensei que você estivesse consultando.
Lola inclinou a cabeça. Nessa posição pensativa, ela parecia mais com sua irmã, Clara, do que o habitual. —Sobre isso...
Eu me preparei enquanto ela pausava. Se ela recuasse agora, eu estava ferrada. Eu mal tinha tempo para tomar banho a cada dia. Não havia tempo para encontrar outro publicitário disposto a elaborar estratégias tão cedo no jogo.
—Quero estar dentro. —Ela disse, me surpreendendo. —Este é o meu último ano na universidade. No próximo semestre eu preciso de um emprego. Conhece alguém que possa me contratar?
Não havia como ignorar a implicação em sua pergunta. —Você quer realmente trabalhar comigo?
Até agora, as reações à minha incursão inesperada ao mundo dos negócios era uma mistura. A maioria dos meus amigos estava entusiasmada, mas apenas ligeiramente interessada. Minha mãe quase teve um ataque cardíaco. E Smith? Eu ainda não tinha certeza. Ele lidou com as despesas, mas também estava procurando uma maneira de me tirar das vistas de Hammond. Financiar minha empresa pode ter sido simplesmente um movimento calculado.
—A menos que você não me queira. —Lola tomou um gole de água, sua expressão totalmente ilegível.
—Não! —Eu disse muito alto, encolhendo-me quando outros clientes viraram para olhar para mim. Abaixei a voz e me inclinei sobre a mesa. —Definitivamente quero você. Eu acho que eu tenho a ideia certa para o lado do negócio, mas eu não sou uma especialista em relações públicas. É que... não posso te pagar. Ainda.
Ou talvez nunca. Eu silenciei a voz. Era muito cedo para desistir.
—Eu percebi. —Sua resposta foi indiferente. Ela colocou um fio de cabelo escuro atrás de sua orelha. —Olha, eu realmente não preciso de dinheiro. O que eu preciso é algo que eu possa ficar animada. Meu pai tem fungado no meu pescoço para fazer parceria com ele em algum novo empreendimento, mas por muitas razões, eu não quero ir nessa direção. Então, como eu não tenho que me preocupar com dinheiro, quero construir algo meu. Eu poderia até mesmo contribuir com finanças adicionais.
—Finanças não é o problema. —Tranquilizei-a enquanto minhas bochechas aqueciam.
—Então vamos começar. —Sugeriu enquanto o garçom reaparecia com os burbons.
—Nós temos um nome comercial e um espaço. Estamos prontas para começar?
Ela sorriu, passando o dedo pela borda da taça. —Temos uma ideia. Vamos começar a vendê-la. Eu quero me aproximar das revistas de luxo até o final da semana, para fazer parcerias com você e os negócios. Publicações criam conteúdo com meses de antecedência. Nós queremos a imprensa quando estivermos funcionando, e não meses após o lançamento.
As coisas estavam movendo-se rápido. Uma semana atrás tive uma ideia, agora eu tinha uma parceira, uma loja, e mais no meu prato do que eu tinha negociado. Era além de emocionante, mas debaixo da emoção inicial, havia uma quantidade justa de ansiedade. —Está bem ficar assustada, né?
—Sim. Se sua vida não a assusta um pouco, você provavelmente não está vivendo. —Disse ela sem hesitar, levantando a taça. —As parceiras.
—Eu espero que você esteja certa. —Toquei minha bebida na dela e balancei a cabeça. Ela não tinha ideia de quanto minha vida me assustava às vezes. Novas possibilidades aterrorizavam.
***
Quando terminamos a breve reunião de estratégia, fiquei ansiosa para voltar ao escritório. A calma abençoada que eu experimentei desde que deixara Smith esta manhã, foi substituída por um desejo frenético de me concentrar. Em dois dias, eu consegui um escritório e uma parceira de negócios. Fuçando em meu telefone, verifiquei minha caixa de entrada e mandei uma mensagem para Edward.
BELLE: Bless tem duas coisas para comemorar esta semana!
EDWARD: Eu sabia que você poderia fazer isso, querida! Bebidas no sábado? Quero ouvir tudo sobre isso.
BELLE: Você está dentro.
EDWARD: Enviarei os detalhes em alguns minutos.
Antes que eu pudesse colocar meu celular de volta na minha bolsa, uma chamada zumbiu de um número desconhecido. Olhei para a tela, despedaçada ao responder. Eu sabia que deveria deixar que fosse para o correio de voz, dadas às circunstâncias, mas eu não podia ignorar o fato de que eu era uma mulher de negócios agora. A chamada poderia ser importante. No final, a curiosidade ganhou da paciência.
—Alô? —Eu respondi.
—Você revisou os documentos que eu enviei para o seu apartamento?
Meus olhos fecharam-se involuntariamente ao som da voz da minha mãe. —Você bloqueou o seu ID de chamada?
—Não consigo fazer você atender minhas chamadas, e esses documentos são de natureza sensível ao tempo. —Disse, soando longe de me desculpar por me enganar.
Estive evitando seus telefonemas por semanas, junto com o envelope fechado que havia chegado depois da última visita desastrosa. Ela deixou claro que eu não era nada mais do que uma assinatura para ela.
—Eu também ouvi que você está com este tolo negócio de site. —Ela continuou rapidamente. Sem dúvida, ela tinha um monte de reclamações para apresentar antes de eu terminar a chamada. —De onde veio o capital para isso? Sua tia financiou?
—Tia Jane não me deu um centavo. —Apenas apoio emocional. Eu adicionei para mim mesma.
—Teria sido muito mais sábio concentrar sua energia em nossa propriedade.
Minha propriedade, o direito de nascimento indesejado que eu recebi quando meu pai morreu, era a última coisa em que eu queria pensar. Uma vez eu estive disposta a casar para mantê-la. Agora, eu não me importava se ela afundasse, ou minha mãe, junto com ela.
—Suponho que tem tudo sob controle. —Eu respondi friamente. Ela nunca pediu minha opinião sobre como poderíamos lidar com as dívidas da propriedade. Em vez disso, ela simplesmente me assediava para encontrar uma maneira de manter seu estilo de vida aristocrático.
—Os produtores querem começar a filmar o show neste Natal. —Ela disse, seu tom assumindo um nível de exasperação em algum lugar entre ataque de pânico e colapso.
—Vou rever isso quando tiver tempo. —Na verdade, se isso significasse tirá-la das minhas costas, assinaria tudo para a BBC imediatamente. Mas eu suspeitava que fosse mais complicado do que isso, e eu não queria gastar o pouco tempo que tinha com meu advogado pessoal, falando de contratos.
—Eu odiaria ter que tomar outras medidas. —Ela ameaçou.
Eu parei no meu caminho, acidentalmente fazendo um casal bater em mim na calçada. Com um pedido de desculpas, eu corri para frente de uma loja. —Se importa em explicar o que isso significa?
—Se você tem uma empresa, você tem ativos. —Disse ela com uma voz suave. —A propriedade está em seu nome, o que significa que posso transferir suas dívidas para você.
—Se você fizer isso... —Eu disse entre os dentes cerrados. —Empacote suas malas.
—Não acredito que jogaria na rua a mulher que te deu à luz!
—Essa é uma dívida que foi paga, e eu definitivamente não te devo nada mais. —Sussurrei, acrescentando rapidamente: —Vou rever os contratos.
Eu desliguei, a fúria vibrava em mim. Pressionando as costas na janela de vidro, olhei para a multidão do meio-dia enquanto eu me forçava a respirar. Smith nunca permitiria que ela arruinasse Bless, mas eu não podia pedir ajuda a ele, sem esclarecer sobre a profundidade da crise financeira da minha propriedade. Eu assinaria os papéis, e com eles concederia a ela alguns anos a mais de apoio, até que eu pudesse finalmente nos desligar.
CAPÍTULO TRÊS
SMITH
Puxando a ponta do meu boné de beisebol, olhei casualmente para a rua. Eu tive ideias piores em minha vida, mas não muitas. Mas depois do meu encontro recente com Belle, eu me vi muito distraído no trabalho para perceber. Sua recente ausência parecia mais dolorosa do que em semanas, como se eu tivesse aberto uma nova ferida, e tivesse que reiniciar o processo de cicatrização. Só que eu não queria. Em vez disso, a sua ausência doía e ardia, deixando-me desesperado para coçar.
Aprovei o local que escolheu; um edifício situado na parte calma do bairro onde ela estaria escondida em segurança. Talvez ajudasse a acalmar a curiosidade possessiva que me devorava todas as horas do dia. Eu sabia onde ela morava. Agora eu precisava ver onde ela trabalhava. Eu controlei meu desejo de segui-la, em vez disso, satisfeito em saber que seu carro era rastreado. Muita interferência de minha parte minaria o que conseguimos. Mas não era fácil ter meu coração longe do meu corpo.
A maçaneta cedeu, fato que notei com desagrado. Ela deve ser mais cuidadosa. Abri a porta e enfiei a cabeça no estúdio. Ela estava em sua mesa, seu cabelo normalmente arrumado, empilhado em um emaranhado sexy no topo de sua cabeça. A camisa preta e solta que ela usava, caía sobre seus seios grandes. Ela nunca apareceu em meu escritório vestida tão casualmente. Eu teria lembrado de abaixar sua calça jeans em torno de seus tornozelos. Sua falta de maquiagem, somente com seu batom brilhante, vermelho, só a fez parecer mais sexy. Esta era Belle a portas fechadas. Esta era a Belle em uma noite. Esta era a Belle que cobicei. A versão natural, selvagem, que ela escondia debaixo de vestidos de alta costura e saltos altos. Era a parte dela que ela mantinha para si mesma, a parte que eu queria reclamar como minha.
—Você realmente deveria trancar isto. —Anunciei enquanto entrava silenciosamente.
Ela saltou e levou a mão ao peito, com a interrupção inesperada. Confusão brilhou em seus olhos azuis pálidos, enquanto ela notava a minha aparência na vestimenta, antes de seus lábios pecaminosos torcerem em um sorriso malicioso.
—Jeans e boné de baseball? É a sexta-feira ocasional? —Ela perguntou, deixando cair o lápis sobre a escrivaninha.
—Quarta-feira, mas eu peguei a tarde de folga. —Fechei a porta, certificando-me de trancar atrás de mim.
Ela inclinou-se para frente, dando-me uma visão melhor do decote de sua camisa. —O que tem na sacola?
Se ela não fosse mais cuidadosa sobre colocar seus seios à mostra, ela nunca descobriria. —Eu trouxe o almoço para a minha namorada.
—Você está comprometido com essa coisa de normal. —Ela disse.
Estou comprometido com você, bonita.
Eu mantive o pensamento para mim mesmo, sem saber de onde veio e o que exatamente isso significava. Também porque soou um pouco demais, como um cartão comemorativo do caralho. Sentei no chão e dobrei as pernas debaixo de mim. —Você comeu?
Ela balançou a cabeça e juntou-se a mim enquanto eu tirava os recipientes e entregava-lhe um.
—O que você acha? —Ela perguntou, acenando com a colher no espaço que nos rodeava, antes de cravar em sua comida chinesa.
Olhei mais de perto, desinteressado em comer sozinho. —Cheio de potencial.
—É um espaço em branco. —Ela admitiu.
Mas eu entendo o que ela viu no estúdio. Era grande o suficiente para acomodar um estoque iniciante. Eventualmente, ela precisaria de uma base maior para Bless, mas por enquanto, isso a manteria ocupada. Uma distração com a qual eu estava contando.
Discutimos os planos comendo frango tikka masala, mas eu quase não notei a comida. Tudo o que eu podia ver era como seu rosto iluminava quando ela compartilhava sua visão para o império que ela estava criando. Ela entrou na minha vida enganosamente; um peão no plano, e que sabia pouco. Agora que eu a tinha feito parte da minha vida de verdade, eu faria tudo ao meu alcance para ajudá-la a alcançar seus sonhos.
—Se importa de me dar o passeio completo? —Perguntei quando empilhamos as sobras de volta na sacola. De pé, eu estendi minha mão, puxando-a para meus braços.
—Não há muito para mostrar a você. —Sua voz assumiu o tom ofegante que sempre me deixava duro. —O banheiro é por aquela porta. Minha mesa está bem aqui. Isso é tudo.
—Mostre-me o que vai ser. —Incentivei-a, fazendo o meu melhor para ignorar o pulsar constante do meu pau.
Tomando minha mão, ela me levou até as prateleiras. —Este é o lugar onde os materiais de embalagem e transporte ficarão. Lá... —Ela apontou para a parede adjacente. —... teremos as prateleiras de roupas. Eu ainda estou trabalhando no melhor sistema para organizá-la.
Olhei para a mesa bamba que ela estava usando. —E onde sua mesa vai ficar.
—Onde está. —Ela franziu a testa um pouco enquanto eu a observava.
Eu fiz uma nota mental para comprar-lhe uma.
—Você está maquinando. —Ela me acusou. —Eu tenho tudo que preciso e dinheiro suficiente para ter um estoque ordenado. A mesa não está na lista de prioridades.
—Você precisa de uma nova mesa. —Eu disse secamente. —Uma executiva.
—Você está me insultando? Ela aguenta meu computador. É a altura certa. E ainda não desabou. —Ela continuou a recitar uma lista de todos os seus benefícios antes que eu pressionasse meu dedo indicador na sua boca.
—Belle, há um problema com ela.
Ela estreitou os olhos e recuou. —Qual é?
—Não posso transar com você sobre ela. —Eu disse com a voz rouca, agarrando seus quadris e puxando-a para trás. A exibição tinha acabado. —Sempre sonhei em pegar esta CEO quente em sua mesa poderosa.
—Acho que você vai ter que se contentar com o chão.
Eu levantei uma sobrancelha, erguendo seu queixo com a minha mão. —Você não pertence ao chão... a menos que você esteja de joelhos.
—Vou anotar isso. —O ligeiro tremor em sua voz comprometeu sua farpa. Era a minha forma favorita de preliminares, observar como ela mudava de firme e confiante para ofegante e desesperada.
Arrastando a palma da minha mão sobre sua bochecha eu murmurei. —Estou tão orgulhoso de você.
—Eu não fiz nada ainda. —Ela sussurrou. Um tom estranhamente tímido correndo por suas palavras.
—Não faça isso. —Eu pedi. —Não duvide de si mesma, porque não há nada para duvidar.
Ela inclinou o rosto contra minha mão, fechando os olhos. —Eu precisava ouvir isso.
—Vou dizer-lhe todos os dias. —Prometi a ela. Gostaria de encontrar uma maneira, mesmo que fosse nada mais do que uma mensagem. Meu negócio foi construído sobre os ossos de meu pai. Tudo sobre a minha vida era o resultado de minha própria alma quebrada. A carreira de Belle nunca seria dessa forma. Seria honesta, capaz e ousada, exatamente como ela.
—Eu sinto sua falta. —Ela disse com uma voz baixa que me cortou.
—Eu sei, bonita. —Erguendo seu queixo, eu inclinei minha boca para encontrar a dela, e dei um beijo em seus lábios. —Isto não vai durar para sempre.
—E se eu quiser? —Seus cílios tremularam enquanto ela falava.
—Esta separação não vai durar. Nós. —Eu a corrigi. —Somos para sempre.
Cristo. Lá se vai não lhe dar muita esperança. Eu não deveria ter dito isso a ela, não quando eu não podia estar por trás dessas palavras, mesmo que eu quisesse dizê-las.
—Como você pode ter certeza? —Sua voz era tão baixa. Tão frágil e bonita quanto ela.
Ela estava pedindo muito de mim hoje, mais do que eu era capaz de dar a ela. Eu só podia mostrar-lhe, saciar sua sede de garantia, da forma mais primitiva de linguagem que eu sabia que ela entendia. Escorregando minhas mãos até a cintura, eu abri sua calça jeans e mergulhei a mão em sua calcinha. Puta merda, ela estava molhada. Eu estava correto. Este era exatamente o consolo que ela precisava.
—Será que lhe deixa excitada saber que eu possuo você? —Perguntei enquanto meus lábios varriam para baixo em sua garganta. —Saber que já a reivindiquei como minha?
—Para sempre?
—Para sempre, Belle. —Repeti enquanto empurrava seu jeans para o chão. —Você me pertence.
Ela assistiu paralisada quando eu libertei meu pau da minha calça. Eu adorava quando ela olhava para mim assim, apreensiva e fervorosa, como se fosse a primeira vez. Levantando-a pela bunda, eu a levei para a parede. Ela mexeu em meus braços, empurrando sua vagina quente e úmida num convite contra o meu comprimento. Ele deslizou levemente e, minha dica de me conter, dissipou. Bati-a contra o gesso, dispersando pó sobre as nossas cabeças.
—É disso que você precisa? —Perguntei, moendo contra seu sexo inchado. Ela estremeceu quando assentiu, insistindo furiosamente em uma manobra frenética por mais contato. Seus dedos agarraram a minha camisa quando ela me pediu para vir mais perto, as pernas bem torneadas enroladas em volta da minha cintura. —É por isso que eu tenho que te amarrar. Você não pode se controlar, não é?
Ela mordeu o lábio, mas não escondeu seu sorriso. A mulher poderia dar tão bem quanto recebia. Ela sabia exatamente que botões apertar.
—Você quer bancar a tímida? —Rolei minha virilha de modo que ela não pudesse alavancar o suficiente. Imobilizando-a com os meus quadris, prendi seus braços sobre sua cabeça, e continuei a circular seu clitóris inchado impiedosamente, até que eu podia senti-la pulsando contra a cabeça do meu pau.
—Meninas más tem que esperar por isso. —Avisei enquanto eu mordia sua clavícula. Dobrando o joelho, eu capturei o bico de seu peito em meus dentes, e comecei a chupar a ponta através do algodão suave de sua camisa. Ela arqueou contra mim, lutando contra meu aperto em seus pulsos, mas eu a segurei firme. —Meninas más precisam ser ensinadas a ter paciência.
Um grito gutural escapou de sua boca enquanto eu mudava para seu outro peito. Meu pau sacudiu com o som, endurecendo com tanta força que doeu fisicamente. Porra, esse era o custo da paciência. Eu estava morrendo de fome por ela, virando do avesso com necessidade. Eu queria empurrar dentro de sua boceta doce e destruí-la, como ela ameaçava destruir meu autocontrole. Mas se isso significasse que eu poderia torturar esta linda mulher perfeita, até que ela implorasse por liberação, eu poderia subsistir com seus gritos e gemidos. Cada som que ela fazia era mais delicioso do que o último.
—Por favor. —Ela soluçou. Soltando os lábios, ela continuou a implorar, mas suas súplicas sussurradas foram perdidas. Isso estava se tornando uma lição de moderação para nós dois.
—Shii, bonita. Eu vou fazer você gozar, forte, quando eu estiver pronto para você.
Eu estava sempre pronto para que ela gozasse, mas desta vez, eu precisava assistir, precisava ver meu pau marcando o que era meu. Soltando as mãos, eu a guiei de volta a seus pés enquanto me agarrava na parede para não cair. Sua camisa grudou em sua barriga, dando-me uma visão melhor de suas coxas macias, cremosas, pressionadas com tanta força, que só a simples sugestão de suas delicadas dobras rosadas era visível. Tremendo. Crua. Era uma estupidez fazê-la esperar, e eu não dava a mínima. Segurando seu quadril, girei em torno dela e empurrei-a suavemente para a parede. Belle derreteu nela, braços abertos, erguendo a bunda para mim como uma oferenda.
Passei meu braço sob sua perna esquerda e coloquei o joelho contra o gesso. Eu empurrei dentro dela, não lhe dando tempo para se acostumar, quando comecei a dirigir meu pau profundamente, a força dos meus impulsos levantaram-na completamente de seu outro pé.
—Oh Deus, eu sou sua! —Ela gritou. —Sua!
—Sim você é. —Murmurei, minha mão deslizando de seu quadril para agarrar seu pescoço. Eu enterrei minha boca contra a sua orelha, saboreando seus suspiros suaves enquanto eu a espremia. —Vou foder sua boceta para que você se lembre disso.
Ela ficou tensa em torno de mim, apertando em violentas e rápidas oscilações e, em seguida, ela caiu, gozando com tanta força, que o pulso em seu canal ordenhou meu próprio clímax. Eu fiquei dentro dela vendo enquanto a minha porra vazava ao redor da minha base, com nossos corpos ainda unidos. Quando finalmente me retirei, isso derramou de sua boceta, e ela correu para o banheiro para se limpar.
Enfiei meu pau de volta na minha calça. Satisfeito, mas não totalmente. Ela reapareceu, correndo em torno de mim para vestir sua calça, mas eu a roubei antes que ela pudesse. Minha mente já preocupada com os outros cantos em seu escritório que precisavam ser batizados.
—Não vou ter qualquer trabalho feito hoje sem isso. —Ela colocou as mãos nos quadris estreitos.
—Considere isso o reembolso por todas as vezes que você me manteve distraído no escritório. —A segurei fora do alcance.
—Você me contratou... e me despediu.
—E agora eu tenho uma ereção perpétua no trabalho. —Admiti. —Talvez eu devesse trabalhar para você. Claro, meu escritório tem móveis muito mais resistentes.
Ela lambeu os lábios, sem dúvida lembrando as coisas que eu tinha feito com ela na minha mesa.
Eu sorri e atirei-lhe a calça. —É por isso que você precisa de uma boa mesa.
CAPÍTULO QUATRO
BELLE
—O que significa escolhermos um local mais tranquilo para o sábado à noite? —Perguntei enquanto deslizava para o banco ao lado de Edward. O pub escolhido não era em um lugar comum, e longe dos pontos famosos de costume, frequentados nos fins de semana. Além de alguns frequentadores que estavam fixos em suas mesas, como se estivessem aguardando um veredicto, o lugar estava vazio. Após a semana ocupada que eu tive, eu estava mais do que feliz com sua escolha.
—Suponho que estamos em perigo de nos tornarmos adultos. —Ele deu um beijinho na minha bochecha de boas-vindas, e agarrou minhas mãos para estudar meu semblante. —Você parece adulta.
Eu bati na mão dele enquanto ajustava a barra do meu vestido. Desde que ele me mandou uma mensagem para encontrá-lo aqui, eu optei por um vestido estilo marinheiro simples, jaqueta de couro e botas. —Você está dizendo que não aprova? Porque você está vestindo jeans. Eu nem sabia que você tinha jeans.
—Não. Só que estamos em perigo de sermos velhos. —Ele brincou, um sorriso confuso iluminando seu rosto de menino. —Suponho que nossos dias de dança ficaram para trás.
—Próxima parada é a vila da aposentadoria, mas primeiro uma bebida.
Rindo, Edward me passou uma cerveja. Eu a peguei, tilintando contra a sua.
—Então, disseram que precisávamos comemorar. —Ele falou.
Eu rapidamente o enchi sobre o desenrolar da última semana. Edward bancou o melhor amigo perfeitamente, exclamando alegremente nos momentos certos.
—E como você está se sentindo sobre tudo isso? —Ele perguntou.
Edward manteve suas perguntas ao mínimo, desde que ele e Clara foram surpreendidos com a notícia de que eu estava começando meu próprio negócio. Se ele tinha quaisquer preocupações de onde meu capital veio, ele não manifestou. Ele também não questionou a minha sanidade. Ele deixou essa parte para mim.
—Sobrecarregada. —Admiti. —Mas de uma boa maneira.
Foi bom falar sobre isso com alguém que não queria expor suas ideias de estratégia. Uma das razões pela qual eu deixei Lola fora da lista de convidados desta noite. E, enquanto Smith estava certamente interessado, ambos tinham uma tendência a ficar facilmente distraídos por outras atividades.
—Bem, se você precisar de qualquer modelo arrojado, estou disponível. —Ele fez uma pose ridícula que nos enviou a um ataque de risos.
—Infelizmente, estamos nos concentrando inteiramente em linhas femininas no momento.
—Minha oferta continua de pé. —Ele disse em tom sério.
Golpeando-o no ombro, eu decidi que era hora de mudar de assunto. —Então e os sinos de casamento?
—Meu indulto foi curto. —Ele tomou o resto de sua bebida e sacudiu a cabeça. —Receio que você manterá as apostas em aberto. Nós não definimos uma data.
—Você não pode evitar para sempre. —Eu vi o quão cheio estava o notebook de seu noivo David sobre o planejamento de casamento, que havia feito nas últimas semanas. Edward estava trabalhando com pouco tempo.
—Em breve. —Ele prometeu.
—Argh, eu odeio quando os homens fazem isso! —Rosnei. —E eu aposto que David também.
—Por que você diria isso? —Ele respondeu, apontando para outra rodada ao bartender. —Você está tendo problemas românticos?
—Não tente virar esse jogo para mim. —Avisei.
—Bem, justo. Você está evitando o assunto quase tanto quanto eu estive evitando o altar.
—Isso não é remotamente verdadeiro. —Eu disse, sem rodeios. —Eu fui demitida há algumas semanas. Há quanto tempo você está noivo?
—Não. —Ele me parou. —Eu mudei de assunto. Você foi demitida, mas já resolveu toda a obrigação que envolve Smith Price?
—Deus, não me admira que você esteja evitando o altar, se você pensa nisso como uma obrigação!
—Eu sabia! —Ele exclamou, sacudindo um dedo na minha direção. —Ele a demitiu porque ele não podia trabalhar em torno de você?
A chegada da próxima rodada me salvou de ter que responder à pergunta. Eu não queria esconder as coisas de Edward, mas a minha relação precisava permanecer em segredo.
—Você sabe, eu poderia realmente precisar de uma segunda opinião sobre estes logotipos que eu tenho.
—Você realmente está toda negócios. —Edward bateu no meu ombro. —Mostre-os para mim.
—Acho que Lola não é a única viciada em trabalho. —Enquanto falava, eu puxei meu telefone do bolso do casaco.
Se Edward tinha uma opinião sobre isso, ele não disse nada. Entretanto, ele tinha muitas sobre o logotipo. Uma hora mais tarde, nós resolvemos combinar o estilo moderno de um, com o gráfico do outro.
—Está perfeito. —Eu disse, visualizando como o logotipo revisado pareceria, quando um texto surgiu no meu celular. Tocando-o, li a mensagem de Smith duas vezes. Não fazia qualquer sentido, mas antes que eu pudesse responder, outra apareceu. Não havia dúvida com a imagem anexada. Eu reconheci o corredor exuberante do Velvet imediatamente.
Ele queria me encontrar no Velvet. O clube que ele vendeu. O lugar que ele me pediu para ficar longe.
Engoli em seco tentando digerir o seu pedido, enquanto checava para garantir que a mensagem era realmente dele. Veio de seu número. Ele tinha que ter uma boa razão para me convidar, mas tudo sobre isso parecia errado. Minha barriga vibrou de pânico, enquanto eu considerava como seria atravessar aquela porta.
—O que está errado? —Edward disse, estudando meu rosto.
—Nada. —Obriguei-me a parecer alegre enquanto guardava meu celular. —Aparentemente tenho um encontro.
—David adoraria ter-me em casa mais cedo. Ele tem a nova edição do Casamento Moderno.
Eu tentei sorrir, mas minha boca havia parado de funcionar. Em vez disso, meu coração disparou quando nos despedimos. Quando eu finalmente deslizei no Mercedes, eu puxei meu celular de volta, orando para encontrar outra mensagem informando-me que tudo isso foi uma piada sem graça. Mas não havia nada esperando por mim, o que significava que se eu quisesse respostas, havia apenas um lugar para ir. Apertando o cinto, preparei-me para o passeio.
CAPÍTULO CINCO
SMITH
—Pensei que eu era a única com senso de humor. —Georgia disse quando ela entrou em seu escritório e me encontrou olhando para as câmeras de segurança da porta exterior do Velvet.
—Não há nada engraçado sobre isso. —Eu não tirava os olhos da tela. Parte de mim ainda esperava que Belle fizesse outra escolha. Mas ela não havia me chamado. Ela não questionou a minha mensagem. E isso significava que ela estava a caminho.
—Qual é exatamente o seu plano? —Georgia perguntou. —Eu sei que ela odeia este lugar, mas eu já vi isso em seus grandes olhos de corça. Ela gosta de áspero. E se ela espera que você a amarre?
—Belle não tem interesse em nada do que este lugar tem para oferecer. —Ela deixou isso claro depois de sua primeira e única visita. Era um sentimento que compartilhávamos. A única coisa que eu achei mais repugnante do que me encontrar novamente dentro do clube, era saber que atraí Belle para cá também.
Georgia moveu-se para o meu lado, ajustando os laços de seu espartilho revelador, e deixando meus olhos no nível de seus seios expostos. —Se você não está disposto a lhe dar uma boa chicotada, eu ficaria feliz em dar.
Ela tocou as pequenas cordas do chicote na mesa para dar ênfase.
—Ninguém a toca. —Rosnei.
—Você é adorável quando age como um homem das cavernas. —Georgia sorriu e pegou o chicote. —Necessita liberar um pouco dessa hostilidade reprimida?
Não tínhamos praticado juntos em anos. Fico com nojo agora, ao recordar o quão longe ela me empurrou a cada vez. Georgia não ficava verdadeiramente feliz até que ela fosse quase quebrada. Com a maioria das pessoas ela usava uma expressão séria. Ela nunca mais me pediu para machucá-la. Entre isso e a absoluta falta de química sexual entre nós, sempre foi uma experiência unilateral.
Hammond arruinou minha vida, mas ele a torceu em uma criatura incapaz de sentir qualquer coisa além da dor.
—Não estou interessado. —Empurrei o chicote oferecido.
Seu sorriso tímido desapareceu com arrogância. Ela podia ver que eu tinha pena dela.
—Submissão não é sobre sexo. —Ela atirou para mim. —Ou você se esqueceu disso?
Eu não tinha. Eu sabia exatamente como funcionava. —Não estou mais neste estilo de vida, Georgia. Não mais.
—O caralho que você não está. —Ela me desafiou. —Eu vi como ela assistiu os membros na noite em que ela veio aqui. Você a encoleirou.
—Você não pode encoleirar Belle. —A ideia era ridícula. Encoleirar um submisso, e controlar uma mulher devassa, eram duas coisas muito diferentes. Belle respondia a atração. Ela a acolhia, mas isso não era nada além de sexo para nós.
—Bem, se você não é o macho sensível. —Georgia estragou suas feições delicadas com uma careta.
Não importava o que ela pensava. A verdade era que seria muito mais fácil, se eu pudesse contar com uma Belle obediente, mas eu não a queria desse jeito. Sim, eu queria encoleirá-la, amarrá-la, e transar com ela até que ela não pudesse andar. Mas de manhã, eu queria ouvir tudo o que saía de sua boca inteligente e sexy.
—É onde você estragou tudo. —Georgia disse como se ela fosse adivinha. —Você se deixou ficar emocional.
Eu levantei, cansado de ver as câmeras de segurança. —Isso também deveria ser emocional, G. É por isso que você está ferrada.
Deixando-a para engolir isso, eu fui para o bar e pedi um Scotch da mais recente bartender do clube.
—Você dará uma demonstração hoje à noite? —Ariel perguntou.
Eu sorri forçado e balancei a cabeça. —Estou sentado do lado de fora esta noite.
—Isso é ruim. —Ela inclinou-se sobre o balcão conspirativamente. —Já ouvi falar de você. Eu estava esperando vê-lo em ação.
—Não posso imaginar o que você ouviu porque esta, realmente, não é mais a minha cena. —Engoli o resto da minha bebida e pedi outra.
—As pessoas dizem que você é frio. Cruel. Que você empurra o indivíduo ao limite, mas que ninguém escapa.
Eu não gostava de me lembrar dessa parte minha. Tomando um gole da minha bebida, percebi que se eu fosse realizar a tarefa que me foi dada, essa poderia ser a minha única escolha. Eu tinha uma decisão a tomar. Eu precisava fazer isso direito. Eu precisava que ela nunca quisesse olhar para mim novamente. Era a única maneira de garantir que Hammond perderia o interesse por ela. Batendo meu copo no balcão, eu desabotoei minha camisa.
—Há alguma sub aqui esta noite? —Perguntei a Ariel.
—Seria eu. —Georgia falou da porta. —As restantes estão encoleiradas, e seus mestres não compartilham.
Enfiei minha camisa, irritado que ela era minha única opção. Mas se eu tivesse que escolher entre fazer uma porra de viagem pela estrada da memória com ela e a segurança de Belle, eu sabia qual seria.
—Alguma preferência? —Eu perguntei a ela.
—O oratório.
Claro, ele estava sempre no topo da sua lista. Essa era Georgia. Ela procurava a absolvição através da dor e encontrava a salvação no pecado. —Vou usar a vara.
—O dom escolhe. —Mas eu sabia que ela ficaria satisfeita.
Cruzamos em silêncio para o canto da sala onde o oratório ficava. Georgia ajoelhou-se, cruzando as mãos na frente dela.
—A pompa é necessária? —Perguntei enquanto eu levantava a saia para revelar sua bunda.
—É para mim. Eu sei exatamente o que você está fazendo. —Ela sussurrou. —Mas, se eu vou dar um show, vai ser um dos bons. Aliás, seu animal de estimação está aqui.
Fiz uma pausa por um momento, resistindo à vontade de virar e olhar para Belle. Em vez de ceder, eu estendi a mão e peguei a vara de um gancho na parede. Parecia estranho ter o instrumento na minha mão. Eu não havia usado uma em anos, e foi de brincadeira. Georgia não queria um jogo, e Belle precisava ter medo.
Ela cortou o ar e estalou através das nádegas de Georgia, imediatamente deixando uma marca vermelha em sua pele pálida. Ela mal reagiu, mantendo sua posição. Ela durou mais três estaladas antes de seus joelhos dobrarem, e ela ter que segurar o braço da poltrona de couro.
—Suficiente? —Perguntei em voz áspera. Um Dom acalmaria seus ferimentos com um toque suave, mas eu não era um bom Dom, e Georgia era muito mais depravada do que uma típica sub.
Ela balançou a cabeça.
Bati-lhe mais três vezes antes de ver lágrimas rolarem do canto de seus olhos. Deixando cair a vara, eu puxei a saia de volta no lugar e a ajudei a ficar de pé. Antes que eu pudesse deixá-la, Georgia jogou os braços em volta de mim e beijou meu rosto sussurrando em meu ouvido. —Obrigada por não se segurar.
Eu a afastei, repulsa e preocupação guerreando dentro de mim. Em alguns aspectos, ela era minha única amiga. A única pessoa que realmente sabia quem eu era e do que eu era capaz. Sentia-me responsável por seu bem-estar. Mas Georgia não queria ser ajudada. Seja qual fosse o equilíbrio que sua vida precisava, eu nunca daria a ela.
Virando-me e desejando que eu pudesse deixar esta parte do meu passado lá, eu me vi olhando nos olhos cheios de lágrimas de Belle.
Eu esperava que ela viesse. Eu sabia que ela viria e que ela testemunharia isso. Mas saber não me preparou para a expressão em seu rosto, como se ela não soubesse quem eu era.
Ela era a única pessoa que eu já quis que me conhecesse, e eu tive que terminar as coisas assim.
Eu andei em direção a ela, pegando a minha camisa no caminho. Isso precisava ser feito publicamente. Era a única maneira de ter certeza que Hammond ouviria sobre isso. Mas fazer isso significava forçá-la a suportar a humilhação de minhas ações.
—Você veio. —Eu disse enquanto colocava a camisa de volta e começava a abotoá-la.
—Eu pensei que você estava louco. —Ela sussurrou. —Pedindo-me para vir aqui. Mas agora vejo que não foi o caso. Você só é cruel.
Ela se virou para longe de mim, e eu peguei seu braço.
Recomponha-se, Price. Impedi-la não fazia parte do plano.
—Precisava queimar algumas calorias. —Eu menti. —Não acho que você faria esse favor.
—É isso que você quer? —Ela perguntou horrorizada. —O que aconteceu com o fato de que isso era pra ser prazeroso?
—Não pode ser sempre sobre isso. —Dei de ombros, incapaz de encontrar seus olhos.
Para minha surpresa, ela tirou os sapatos e estendeu a mão para o zíper de seu vestido. —É isso o que você precisa, Smith? Você quer que eu fique nua, então você pode me vencer e provar o grande homem que você é?
Empurrei a sua mão. Não era assim que eu queria jogar. Independente do que ela pensava, ela pertencia a mim, e eu não a compartilharia com ninguém. Eu certamente não a empurraria ainda mais esta noite. Não havia necessidade. Eu senti sua dor, senti tão gravemente como se eu fosse o único sob a vara. A cena fez o truque.
Mas Belle não era o tipo de mulher de fugir chorando. Ela me puniria em primeiro lugar.
—Vamos lá! —Ela zombou. —Pegue sua vara e vamos lá.
—Não quero isso com você.
Isso a parou. Sua mão caiu molemente para o lado dela, o lábio começando a tremer. —O que você quer comigo?
—Nada. —Doeu muito, porque era verdade e uma mentira. Eu queria que ela saísse. Eu queria que ela corresse. Tanto quanto eu queria dar tudo de mim para ela.
Uma única lágrima correu por seu rosto, e ela a limpou com raiva. —Isso pode ser arranjado.
Mas ela não fez nenhum movimento para sair.
Eu queria perguntar-lhe se ela estava bem. Eu queria levá-la até seu carro. Eu queria levá-la para casa e fazer amor com ela até que ela esquecesse o que viu. Em vez disso eu forcei um olhar carrancudo no meu rosto. —Bem? O que você está esperando?
—Nada. Absolutamente nada.
Juntando seus sapatos do chão, ela correu de volta pelo corredor forrado de veludo que levava a saída. Meus olhos a seguiram, meu corpo lutando para ir atrás dela. Mas ao contrário, eu caminhei lentamente de volta para o escritório particular, sentindo os olhos chocados de Ariel em mim.
Eu não vi quando ela deixou o clube, embora Georgia tenha virado as câmeras de segurança do Velvet sobre ela. Deixá-la ir foi difícil, mas vê-la realmente fazendo isso, revelou-se impossível.
—Foi a escolha certa. —Georgia disse com a voz aguda interrompendo meus pensamentos.
—Mas eu posso viver com isso? —Eu disse suavemente. Minha animosidade contra ela fugiu do clube junto com Belle. —Não responda.
—Hammond suspeita que vocês dois estão envolvidos. Sua propensão para desaparecer não passou despercebida. Nem com os eventos de hoje à noite. É a melhor jogada que você poderia fazer.
Virei para ela, minhas mãos apertando em punhos. —Isto não é um jogo.
—É um jogo. —Ela atirou de volta. —Para Hammond, pelo menos. Você não pode fugir sem jogar. Não se você quiser tirá-la de vista.
Ela estava certa, e eu odiava isso. Eu esperava que pudéssemos enfrentar a tempestade por mais tempo, então Belle saberia exatamente onde ela estava. Mas alertá-la sobre o que esperar, apenas prejudicaria a eficácia da minha estratégia.
—O que você vai fazer agora?
—Preciso chamar nossos parceiros. —Forcei-me a focar no próximo passo racional.
—Não há necessidade de envolvê-los. —Georgia levantou de sua mesa e cruzou os braços sobre o peito voluptuoso.
—Quem diabos você acha que determinou o que fazer a seguir? —Peguei meu celular antes que ela pudesse responder.
Georgia bufou e deslizou da sua mesa. —Não aposte muito na capacidade deles de protegê-la.
—Que escolha eu tenho? —Perguntei bruscamente enquanto ela saía da sala.
—Smith. —A voz do outro lado parecia surpresa ao me ouvir.
—Vamos cortar o papo furado. —Eu disse, pulando as gentilezas obrigatórias. Ele não precisava que eu beijasse seu traseiro.
—Não esperava ouvir diretamente de você.
Aposto que não. —Olha, está feito. Eu a cortei.
—Você fez uma escolha sábia.
—Não dou a mínima para o que você acha da minha escolha. Ela ainda é de interesse de Hammond. Não confio em ninguém para manter o controle sobre ela.
—E você quer que eu mantenha? —Ele adivinhou.
—Ninguém desconfiaria de suas motivações. —Lembrei-o.
—Está feito. Mais alguma coisa?
—Sim, considere falar comigo antes de puxar algo assim novamente. —Estava perdendo minha calma agora. O que importava se outro aliado me quisesse morto quando eu já estava marcado na lista de alguém?
—Você trabalha para mim. —O tom amigável evaporou de sua voz.
—Não trabalho para ninguém. —Desliguei antes que ele pudesse responder. Eu consegui o que precisava dele, e mesmo se eu achasse suas táticas questionáveis, eu confiava em sua palavra. Isso não era algo fácil para mim, mas eu não tinha escolha. Não onde Belle estava em causa. Ele cuidaria dela, e seus recursos eram inigualáveis. Ele era a melhor chance para mantê-la longe das garras de Hammond.
—Você sabe como fazer amigos. —Georgia comentou, abaixando-se cuidadosamente em uma cadeira.
—Você quer um pouco de água ou algo assim? —Perguntei por obrigação. Eu não precisava imaginar a condição que ela estava.
—Não vamos fingir que era algo mais do que um movimento calculado. —Ela disse com uma risada. —Você fez o que tinha que fazer.
Eu fiz, e eu seria o único a viver com isso.
CAPÍTULO SEIS
BELLE
A vida tornou-se um ciclo interminável. Ir para o trabalho, obsessiva com o lançamento, ir para casa, obsessiva com o lançamento, dormir. Enxaguar. Ensaboar. Repetir. Depois de uma semana eu consegui um ritmo confortável de entorpecimento mental, e quase não tinha tempo para pensar em Smith. Quase.
A raiva foi rapidamente mudando para tristeza. Porque, apesar da programação cheia que eu mantive, eu ainda estava ciente do fato de que ele não me ligou. Nem se explicou. Nem se desculpou. A falta de comunicação só confirmou meu maior medo: eu não significava nada para ele. Eu fui apenas outro brinquedo em sua coleção. Ignorando as pilhas de listas de afazeres bagunçando minha mesa, eu mandei um e-mail para o meu irmão, o único outro advogado que eu conhecia, para discutir minhas opções. Meu novo negócio estava enroscado com um homem que eu nunca mais queria ver.
Lola saltitou para o escritório um minuto depois, com uma bolsa de couro branca de grandes dimensões, enganchada na dobra do cotovelo, e seus braços transbordando com uma pilha de revistas de moda. Ela largou tudo em uma das prateleiras vazias espalhadas pela sala. Recuando, ela examinou o espaço, dimensionando-o, depois de estar ausente durante a maior parte da semana, participando de seu último semestre de aulas. Como de costume, ela parecia ter saído de uma das páginas dessas revistas de moda, equipada com um suéter de tricô chique, com um cachecol Burberry amarrado frouxamente em seu pescoço. Ela combinou com uma calça jeans skinny e botas de montaria, para completar o look clássico que lhe dava o ar de uma mulher muito mais sofisticada e cosmopolita, do que sua idade de vinte e dois anos.
Meu celular tocou e eu o peguei. Quando eu vi que não era Smith, eu disse a mim mesma que a minha resposta relâmpago não tinha nada a ver com esperança. Eu não tinha nenhuma esperança de que houvesse algum laço emocional me ligando a ele, era por isso que eu deveria ter ficado feliz ao ver o nome do meu irmão na tela.
Lola levantou as sobrancelhas, sem dúvida em resposta aos meus movimentos frenéticos, e eu sorri, levantando um dedo para me dar um momento para atender a chamada.
—Eu acabei de ler o seu e-mail. —John disse assim que eu atendi. Imaginei-o em sua cadeira de couro, de frente para sua janela do escritório, que proporcionava uma vista deslumbrante de um dos pisos superiores do Gherkin2. —Você pode vir ao escritório esta tarde por alguns minutos?
—Sim. —Respondi automaticamente. Eu queria que isso fosse resolvido o mais rapidamente possível. —Que tal às duas?
—Perfeito. Vou deixar a segurança saber para lhe permitir subir direto.
Nós desligamos sem nos despedir. Tanto quanto eu poderia dizer, brincadeiras e despedidas afetuosas eram reservadas para os irmãos que, na verdade, cresceram na mesma casa.
Salvei um lembrete no meu telefone, e voltei minha atenção para a triagem através dos vários contatos que eu precisava checar. Bless ainda não tinha um estoque, e a aquisição de roupas seria vital para garantir clientes. Quando comecei a rabiscar uma lista embaixo da tela do computador, Lola pigarreou suavemente.
—Então você quer me dizer o que está errado? —Ela perguntou, caindo sobre um tamborete em frente a minha mesa improvisada.
Olhei para cima, dedos congelando sobre o teclado, e pisquei. Será que eu queria? Eu consegui evitar chamadas de Edward durante a maior parte do fim de semana, e Clara estava perdida na terra dos bebês, o que significava que eu não havia falado sobre o rompimento com ninguém. Mas confessar a situação significaria compartilhar a história completa, e isso era complicado.
—Estou atrasada. —Respondi em vez disso. Pelo menos, isso era verdade. Eu estava ocupada. Tão ocupada que eu não tinha sequer dito olá para ela.
—Você é uma máquina, e não de um bom jeito. É como trabalhar com um robô Belle. —Lola cruzou os braços sobre o peito, balançando seu cabelo escuro e elegante. —Algo está acontecendo.
—Sim, nós deveríamos lançar esta empresa em dois meses. —Rosnei. —E eu não tenho um estoque, ou um site ou um plano de comercialização.
—Mas você tem uma parceira. —Lola me lembrou. —Pare de tentar fazer tudo sozinha e deixe-me abordar o site e o marketing.
Eu relaxei de volta em minha cadeira e acenei com a cabeça. Ela tinha um ponto. —Eu tinha um namorado. Agora eu não tenho.
Era tudo o que ela realmente precisava saber. Tudo o que qualquer mulher precisava saber, e a julgar pela forma como seus lábios rosados pressionaram em uma linha fina, ela não tinha necessidade de ouvir mais.
—Eu entendo, mas não mude para o modo de sobrevivência. Se o bundão está fora de cogitação, você ainda tem um monte de pessoas a sua volta, e eu sou uma delas. Você não fará isso tudo sozinha.
—Nossa, por um minuto, eu podia jurar que Clara estava aqui. —Brinquei.
Lola endireitou-se e sorriu, jogando o cabelo para trás sobre um ombro esguio. —Somos irmãs, mesmo que ela tenha um gosto muito melhor para homens.
—É, parece que eu não sou a única com um homem problema. —Eu falei. Não era exatamente surpreendente. Havia muitos Philips no mundo, e não Alexanders suficientes.
—Não é exatamente um problema. Eu só não estou interessada. Ou eu tenho que ficar impressionada com o tamanho de sua carteira, ou o tamanho do seu ego. Aparentemente, eles não receberam o memorando que o tamanho só importa quando se trata de uma coisa.
—E depois há o fato de que Clara casou-se com o rei da Inglaterra. —Eu adicionei.
—Isso coloca a vida em uma perspectiva muito dura. —Lola concordou com uma risada. —Minha mãe não entende por que eu não pego meu próprio líder mundial. Claro, ela não sabe que a última vez que fui para cima de um homem, ele saiu do armário cinco minutos depois. Obviamente, eu preciso me concentrar na minha carreira.
—Você fez um favor a Edward. —Eu disse a ela, sorrindo com a lembrança. —Mas eu estou com você. Quem precisa de um homem para dominar o mundo?
—É, vou beber a isso. —Peguei um copo da Starbucks vazio e atirei-o na cesta de lixo.
—Infelizmente não abastecemos o bar do escritório ainda. —Eu disse secamente.
—Algo que será remediado em breve. Por agora, eu vou te levar para almoçar. —Ela levantou a mão quando eu abri minha boca para protestar. —Almoço de negócios. Dividir e conquistar. É assim que vamos fazer isso.
Peguei minha bolsa e a segui pela porta, trancando-a atrás de nós. Ela estava certa. Eu não poderia fazer isso sozinha, e se eu quisesse pagar o investimento de Smith e, finalmente estar livre, uma estratégia de guerra estava definitivamente em jogo.
***
Algumas horas mais tarde, eu fui para a cidade, minha mente girando com todas as ideias de Lola. Eu estava tão preocupada, que quase passei pelo posto de segurança na entrada do prédio do meu irmão.
—Senhorita? —O guarda uniformizado me parou e gesticulou em direção a minha bolsa.
—Opa. —Abri e estendi para sua inspeção.
Ele espiou com uma lanterna. —Você está carregando um telefone celular? Precisamos verificar isso.
—Humm, provavelmente. —Eu vasculhei e voltei de mãos vazias. —Devo tê-lo deixado no escritório.
—Você tem um compromisso? —Ele perguntou em dúvida.
Ele acha que você é uma louca. Que profissional aparece para uma reunião sem um celular? Eu seriamente precisava me recompor se eu quisesse evoluir para uma magnata de negócios. Eu peguei a minha carteira e mostrei-lhe a minha identidade. —Eu tenho. Annabelle Stuart. Vou me encontrar com John Stuart.
—Pode subir. —Ele disse depois de verificar sua lista, acrescentando: —Você sabe o caminho?
—Eu vou ficar bem. —Tranquilizei-o, chamando o elevador. Devido à verificação de segurança mortificante, era quase duas horas, e eu não tinha um celular para deixar o meu irmão saber que eu estaria atrasada. Era exatamente duas horas quando cheguei ao seu andar e me dirigi ao balcão da recepção.
—Estou aqui para ver John Stuart. —Eu disse para a menina atrás do balcão com uma voz ofegante.
—Sr. Stuart está esperando você. —Ela apontou para a esquerda. O escritório de advocacia de John era exatamente o oposto do pequeno escritório particular de Smith. Quase uma dúzia de advogados trabalhava aqui nos papéis de advogados e mediadores igualmente.
—Belle. —Ele levantou-se educadamente quando entrei, curvando-se levemente e puxando os punhos do terno Harris Tweed. Tudo, desde o estilo de seu cabelo para suas escolhas de roupas e adereços estranhos, fazia com que ele parecesse muito mais velho do que seus trinta e dois anos.
Eu nunca soube o que fazer em torno dele. Apertar sua mão. Uma reverência. Com toda a justiça, ele nunca foi nada além de infalivelmente gentil comigo, apesar do favoritismo estranho que nosso pai tinha por mim. Sem dúvida, devido à interferência de minha mãe.
—Como você está? —Ele perguntou, mais uma vez provando a essência da formalidade civilizada.
—Ocupada. —Admiti, não tendo certeza se eu poderia lidar com uma rodada de conversa fiada. —E você?
—Eu também tenho estado bastante ocupado.
Sentamos por um momento em um silêncio constrangedor antes que ele olhasse para sua tela de computador. —Eu fiquei bastante surpreso ao ouvir que você começou um negócio. Isso não parece ser algo que sua mãe aprovaria.
—Ela não aprovou. —Eu disse, sem rodeios. Eu não perdi a maneira como seus olhos apertaram enquanto ele falava dela. Minha mãe sempre desaprovou minhas escolhas privadamente. Mas ela foi pública ao desaprovar a existência de John. A madrasta malvada, de fato.
—Posso simpatizar com a posição em que você se encontra. —Seu tom suavizou. Nós dois entendíamos como era ser indesejado. Embora, em comparação, ele teve o pior. Depois que sua mãe morreu, meu pai casou-se novamente. Sua nova esposa, a minha amorosa mãe, imediatamente enviou John para um colégio interno, e ele ficou lá até a universidade. —Isso deve tornar o Natal bastante interessante.
—Proponho deixarmos Ann desfrutar de sua propriedade sozinha neste Natal. —Eu sugeri. Esse era o primeiro ano que eu estaria solteira e, enquanto Philip nunca foi um apoio emocional, pelo menos, ele foi uma distração. Eu não tinha interesse em passar o dia sendo analisada e considerada deficiente.
—É a sua propriedade. —John me lembrou em tom cortante. —Talvez você pudesse desconvidá-la.
—Você recorda o final de Jane Eyre? Eu não a faria tentar nos assar vivos. —A piada aliviou um pouco o humor, mas não apagou totalmente a implicação de suas palavras. John herdou o título de meu pai como seu único filho, um direito concedido a ele pela lei britânica, mas eu acabei herdando a propriedade da família. Eu não tinha dúvida que minha mãe forçou o nosso pai a desconsiderar John de todas as outras maneiras também.
—Então sua mãe é este investidor indesejado? —John perguntou.
—Graças a Deus não. —Balancei a cabeça, na verdade, rindo com o pensamento. Se minha mãe tivesse dinheiro, ela não daria para mim. —Mas, infelizmente, eu tenho, ou melhor, tinha uma relação pessoal com o investidor atual.
—E agora você não tem. —John adivinhou, mas ele não pressionou por detalhes. Provavelmente era óbvio, com o rubor nas minhas bochechas, que tipo de relacionamento foi esse. —Esta não é normalmente a minha área de especialização. Eu não trabalho diretamente com os clientes, desde que me tornei um dos mediadores da firma.
—Oh. —Eu disse em voz baixa. Meus problemas legais estavam prestes a ficar muito mais caros, se John fosse incapaz de lidar com a questão.
—Sou capaz de lidar com litígios. —Ele esclareceu. —Embora eu geralmente não lide assim, você pode querer procurar uma segunda opinião, porque você pode não gostar da minha.
—Justo o bastante. —Preparei-me para sua resposta. A respiração ficou presa na minha garganta.
—Como investidor, ele tem pouca reclamação sobre o seu negócio real. Ele pode optar por alienar e obrigar o reembolso, mas pelo o que você me disse no seu e-mail, o seu interesse é inteiramente financeiro. Ele não deve interferir. Se você sentir que quer que ele saia, eu reembolsaria o investimento, e teria a certeza de que ele não está escrito em qualquer documento legal como acionista.
Não foi a pior notícia que ele poderia ter dado, mas não era exatamente a que eu queria ouvir. Acho que eu esperava que John oferecesse algum tipo de solução milagrosa que não me ocorreu. Mas Smith seria parte da minha vida até que eu pudesse comprar sua saída.
—Você está desapontada. —John observou.
Eu despachei sua preocupação com um aceno de mão. —É um sentimento que eu estou acostumada.
Nossos olhos encontraram-se e, pela primeira vez em muitos anos, vi as mesmas memórias dolorosas que eu carregava, refletida nos olhos de outra pessoa. Nós nunca falamos da morte de nosso pai. Era o fantasma que ninguém falava em minha família.
—Um conselho? —John ofereceu. —Não como seu advogado, mas como um... irmão. Siga em frente. Não se sinta culpada por tomar o que foi dado a você, e não se desculpe.
—Sem desculpas. —Repeti.
O olhar de John desapareceu na distância quando ele reiterou. —Nenhuma.
CAPÍTULO SETE
SMITH
O escritório de Andrew era tudo o que o meu não era. Empoleirado em um dos andares mais altos do prédio, que pairava sobre o distrito financeiro da cidade. Para ser honesto, a coisa toda cheirava uma espécie de síndrome de inferioridade masculina. Por que outra razão erguer algo que parecia um imponente pau no meio de Londres, se você não pudesse ter o seu ao máximo?
—Revisei os documentos e não vi nenhum problema com o processo. —Ele informou quando reapareceu. Um dos meus mais antigos amigos da faculdade de direito; os anos e o direito corporativo não foram gentis com ele. Ele mostrava linhas de vinco na testa.
Talvez eu tivesse semelhante desgaste se tivesse prosseguido numa prática mais tradicional. Embora não pareça justo que a vida tenha sido tão dura com ele, quando eu era o único envolvido com criminosos.
—Então está tudo em ordem? —Perguntei, pronto para encerrar este negócio.
—Legalmente. —Andrew concordou. Ele fez um gesto para eu sentar antes de atravessar a sala para derramar dois uísques. —Pessoalmente, eu estaria um pouco mais preocupado.
Tomei a bebida que ele me ofereceu sem responder. Eu sabia exatamente quais os riscos pessoais, e eu já tinha feito sacrifícios para garantir que o caos que se seguiria ao finalizar a venda das minhas participações no Velvet, seria restrito a mim. Mas Andrew era um homem decente. Ele me aconselhou em casos difíceis antes, e é por isso que eu confiava nele para lidar com rapidez e de forma privada.
—Hammond não está suscetível a deixar isso, Smith. —Ele tomou um longo gole e sacudiu a cabeça. A implicação era clara. Ele não conseguia entender o que eu estava pensando. Claro, ele também nunca esteve tão misturado com um cliente como eu estava com o meu chefe.
Eu rodei o líquido âmbar na parte inferior do copo enquanto considerava como responder. Eu confiava em Andrew, tanto quanto eu confiava qualquer conhecimento profissional. —Eu não esperava isso. Mas há uma razão pessoal para sair do clube. Algumas, na verdade.
Não precisa ser um gênio para adivinhar que eu queria me livrar das empresas sórdidas que Hammond havia construído por Londres. Provavelmente, também não demorou muito para perceber que meu pai foi vítima do império do crime organizado de Hammond, e as chances eram que eu sofreria um destino semelhante. A maioria dos meus companheiros havia descoberto isso muito antes de mim. O que era mais difícil de compreender era por que eu estava, propositadamente, chamando a atenção para mim agora.
—Ainda estou retido por Hammond. —Terminei.
—Mas você está em suas boas graças? —Andrew perguntou. Ele colocou o copo vazio na mesa lateral e inclinou-se para frente. —Você tem que saber que isso é suicídio.
Eu sabia disso. O relógio estava marcando desde a primavera passada, quando eu me encontrei na situação precária de escolher um lado. —Eu gostaria de poder explicar-me. Fazer isso com o clube dificilmente importa, mas é importante eu cortar os laços com Velvet.
—Ela deve ser importante. —Ele esfregou o queixo com um suspiro.
Então, ele adivinhou. Enquanto a maioria supunha que eu queria sair da herança torcida que meu pai me deixou, Andrew viu através de mim. —Conte-me. É óbvio porque você me conhece ou porque eu perdi o meu toque?
—Palpite de sorte. —Ele me assegurou. —Você está tão ilegível como sempre, meu amigo.
Eu queria dar um suspiro de alívio, mas em vez disso, inclinei a cabeça, sorrindo forçado.
—Isto vai chamar a atenção para ela também. —Sua testa enrugou quando seu tom ficou sério.
—Eu tomei as medidas necessárias. —Ele não precisava saber mais do que isso. Mesmo ele sendo confiável, eu aprendi algumas coisas com minha parceria improvável com Georgia. As pessoas podiam ser compradas. As pessoas podiam ser vendidas. E as pessoas, especialmente homens, tendiam a derramar segredos, quando tinham a chance de colocar seus paus em uma boceta aconchegante e acolhedora.
—Você é inteligente, mesmo que esse seja um movimento particularmente estúpido. Eu certamente espero que não haja falhas.
Haveria. A única opção que eu tinha era estar longe do raio da explosão, um feito que eu já sabia ser impossível. Mas manter Belle longe do perigo era algo que eu podia controlar. Não importa o custo.
—Você considerou que se ele fizer um movimento, poderá não ser um ataque físico. Toda a sua carreira está em suas mãos. Há mais maneiras de matar um homem do que colocar uma bala em sua cabeça.
—Estou preparado para isso também. —Não havia mais garantias que eu podia lhe oferecer. Mesmo se eu estiver disposto a colocar para fora o meu plano inteiro no local, correria o risco de muitos outros no processo. —Gostaria de ser aberto com você. Sua preocupação é tocante.
—Você é um bom homem. Eu simplesmente quero o melhor para você. —Ele estendeu a mão, e eu a balancei firmemente.
Isso não era um sentimento que eu estava acostumado a ouvir. Se Andrew me conhecesse melhor, se soubesse as coisas que eu fiz, esse pensamento nunca teria ocorrido a ele. Mas havia um pequeno conforto a partir de suas palavras. Eu nunca poderia esperar ser absolvido dos pecados do meu passado, mas tentar, contava para alguma coisa.
Andrew bateu no meu ombro enquanto eu deixava seu escritório. Eu pensei que alguns dos meus fardos sairiam quando abandonasse a minha pretensão ao Velvet, mas em vez disso, o sentia mais pesado do que nunca. O movimento tinha um preço, e enquanto eu me dispunha a pagar, eu ainda sentia o seu aguilhão.
Entrando no elevador, eu brinquei com o celular no meu bolso. Havia apenas uma pessoa que eu queria chamar para compartilhar esta notícia, e ela estava absolutamente fora dos limites. Essa era a peça que faltava. A razão pela qual, finalmente, cortar o fio que me ligava a Hammond, não era a vitória que eu esperava. Sem dúvida Belle teria atirado uma observação espertinha, que redirecionaria a minha atenção das consequências inevitáveis de minhas ações, a pensamentos de passar a noite domando sua atitude. Meu pau endureceu um pouco com a fantasia. Nenhuma quantidade de lógica poderia convencê-lo que eu tinha feito a escolha certa.
O elevador parou no próximo andar e, desta vez, quando as portas se abriram, eu pisquei, me perguntando se a minha imaginação finalmente conseguiu ganhar de mim. Seria uma longa viagem para baixo, com os voos restantes dos meus sonhos tornando-se tão vívidos.
Mas, a julgar pela forma como ela congelou no local, a confusão transformando-se em dor, ela não era uma ilusão. Belle fez uma pausa, como se estivesse considerando seu próximo passo, antes que ela entrasse e tomasse o local mais distante possível no compartimento. Seu olhar permaneceu sobre os botões quando começamos a descer mais uma vez.
De todos os elevadores em Londres, ela entra no meu.
Seu perfume pairava no ar, e levou uma quantidade considerável de esforço para me conter. Meu pau estava ficando duro com a visão dela. O fardo que senti ao entrar no elevador parecia levantar e cair diretamente sobre meu peito. Como dizer a uma mulher que você a machucou para protegê-la?
Eu queria empurrá-la contra a parede, subir a saia dela, e reivindicar o que era meu. Porque Belle Stuart era minha. Eu a deixei se afastar, mas eu não tinha que deixá-la ir. Ela não me pararia. Isso eu tinha certeza. Ela pode estar conseguindo fingir que não existo, mas eu podia ver em sua linguagem corporal. Na forma como ela esfregava sua panturrilha nervosamente contra a sua canela. No ligeiro toque de seus dedos sobre o trilho de metal que corria ao longo do espaço. Na ingestão aguda da respiração a cada pouco segundo.
Ela estava tão consciente da minha presença como eu estava da dela. Seu corpo respondendo às memórias que eu lhe dei. Se eu levantasse sua saia e enfiasse a mão entre as pernas dela, ela estaria tão molhada quanto eu estava duro.
Apenas um gosto. Um beijo roubado. Uma mordida no ombro pálido. Uma mão em torno de sua garganta. Mais um momento.
Mas ceder desmancharia tudo pelo qual eu trabalhei, e faria a dor que eu tinha causado inútil. Ela tinha mais valor do que isso. Eu devia a ela mais respeito do que brincar com ela.
Quando chegamos ao lobby, saí sem dizer uma palavra. Era mais fácil dessa maneira.
Para ela, pelo menos.
CAPÍTULO OITO
BELLE
Lola caiu sobre mim assim que eu voltei para o escritório, seu entusiasmo óbvio, me distraindo do meu encontro com Smith. Eu mal tinha passado pela porta antes que ela tivesse me encurralado. Ela torcia suas mãos e saltava sobre os calcanhares. A menina estava praticamente vibrando. Passando por ela, deixei minha bolsa no chão e afundei em minha cadeira.
—Bem? —Perguntei, preocupada que ela explodiria se eu não lhe desse alguma atenção. A última coisa que eu precisava era ter que remodelar. Fechando os olhos, tentei me concentrar nela e não no meu encontro devastador no elevador.
—Não queria dizer nada antes porque achei que era um tiro no escuro. Mas, então, eu recebi um telefonema, e oh meu Deus, Belle! É isso! —Ela jorrou.
Abri um olho e olhei para ela, perguntando se eu tinha perdido algo vital do que ela acabou de me dizer. —Me desculpe, mas o que é?
—Trend! —Ela exclamou, olhando para mim como se eu tivesse que saber.
Apesar do fluxo sem sentido de informações, isso chamou a minha atenção. Sentei-me com os dois olhos abertos, e esperei.
—A assistente de Abigail Summers me telefonou. Eles adoraram a ideia por trás de Bless, e querem fazer um editorial exclusivo.
—Trend? —Repeti. Agora eu entendi por que Lola estava quase incoerente. Trend era uma revista de moda amplamente reconhecida no mundo por quase cinquenta anos. Como empresa iniciante, não fomos capazes de arcar com um anúncio em seu site. Um editorial da revista estava além das minhas fantasias mais loucas. —Meu Deus!
Havia lágrimas pelo meu rosto, mesmo quando comecei a rir. Era histeria completa. Sentadas em um escritório vazio. Nenhum site. Nenhum estoque. Nenhum cliente. E de alguma forma, nós conseguimos uma oportunidade que o mundo da moda mataria para ter.
—Como isso aconteceu? —Eu finalmente consegui falar.
—A professora com quem estou trabalhando este ano costumava ser da equipe editorial. —Lola explicou. —Ela me deu as informações de contato, e me disse que Abigail estava procurando destacar mulheres empresárias. É parte de um tema sobre garotas poderosas que todos eles estão focados neste ano.
—Não posso acreditar nisso. —E eu não podia. Era como se o universo tivesse pena de mim, e deixasse cair um presente no meu colo.
—O único problema é que você precisa estar em Nova York na terça-feira. —Lola disse.
Meu sorriso evaporou. —Espere, o que?
—A história é tanto sobre você, quanto sobre Bless. —Lola deu de ombros como se isso fizesse sentido.
Só que isso não fazia. No mundo da moda, eu era um ninguém. Minha maior contribuição para esse mundo, até agora, era alguns cartões de crédito gastos durante compras irresponsáveis. —E se você fosse? Você deve dar a entrevista.
Lola era uma universitária, para não mencionar o seu legado como filha de dois milionários, o que a fazia a candidata perfeita para uma importante revista.
—Eu tenho aula. —Ela me lembrou. —Além do mais, Bless é a sua empresa.
—É nossa empresa. —Corrigi.
—Você é generosa. —Ela disse. —Será um dia, quando eu cumprir minha parte do acordo. Isso eu posso lhe prometer. Mas ainda é o seu bebê. Você teve a visão. Além disso, você tem uma grande história. Abigail adorou. Traída por seu noivo, a noiva livra-se do idiota, e começa uma grande empresa moderna no mercado da moda.
—Quando você coloca assim soa emocionante. Exceto que ao olhar em volta, Bless é muito bonita, mas ainda uma ideia. —Nada confirma mais a validade do presente do que o espaço estéril que nos rodeia.
—No mercado de hoje, as ideias são moedas, e moeda ainda é dinheiro. —Lola me informou.
—Você tem aulas muito diferentes das que eu tive na universidade. —Eu disse com um sorriso.
—Olha, você vai para Nova York, e você vai provar a fodona que você realmente é. Não duvide de si mesma agora. Você vai explodir Abigail Summers. —Lola inclinou a cabeça me desafiando.
—Não é como se eu fosse encontrar com Abigail. —Eu disse. Precisando alinhar o meu entusiasmo com Lola. Esta era uma oportunidade incrível. Mas manter a cabeça no lugar também parecia uma necessidade.
—Não, você vai. —Ela me corrigiu, voando para outro anúncio frenético. —A coisa toda é uma conversa entre vocês duas. A revista destaca o negócio, enquanto a entrevista é mais uma sessão com um mentor.
Eu perdi a capacidade de falar. Não havia como eu estar preparada para isso. Eu passei a última semana recolhendo informações básicas. Eu aluguei um escritório. Eu tinha um esboço. Nada disso era suficiente para impressionar alguém com a reputação de Abigail.
Os olhos de Lola estreitaram-se. —Por que parece como se eu lhe tivesse dado uma sentença de morte?
—Não estou certa de que você não deu.
—Trend resolve a maioria dos planos de viagem. Eu vou lidar com o resto. —Ela mudou para o modo de tomada de decisão. —Vou elaborar alguns pontos de discussão que você pode usar para a marca e nossos planos. Mas não esqueça, ela quer ser a mentora. Massageie seu ego um pouco e obtenha sua resposta.
Ela tinha um ponto. Se tudo isso falhasse, a bajulação me passaria.
—Enquanto você estiver fora, eu vou finalizar os planos do site com o web designer, e chegar aos designers. —Ela continuou. —Agora isso é importante. Você tem coisas para vestir? Tem que ser desta temporada!
Eu poderia dizer pela forma como ela me olhou, que a minha escolha de roupa para hoje a preocupava. Eu usava uma blusa marfim e uma saia lápis azul marinho clássica. Não havia nada sexy ou excitante sobre isso, mas eu a tinha por três anos, e ainda funcionava. No entanto, não era o auge da moda atual.
—Tenho roupas. —Engoli em seco com minhas próprias palavras. Eu tinha roupas dadas a mim por Smith. Meu guarda-roupa não só tinha algumas peças atuais, mas sim todo ele. Sem dúvida, elas impressionariam Abigail Summers. Eu só tinha que me fazer usá-las. Eu as empurrei para a parte de trás do meu armário, e as evitei desde aquela noite no Velvet. Agora eu seria forçada a dar um grande salto na minha carreira, com o fardo da minha obrigação com Smith puxando-me para baixo. As palavras de John ecoando em minha mente.
Sem culpa. Eu teria que tatuar essas palavras no meu antebraço.
—Você ganha um dia ao ir para os EUA, mas você vai estar esgotada, assim é melhor você viajar na segunda.
—Porra, porra, porra. —Eu disse sob a minha respiração, mentalmente passando a lista de coisas que eu precisava ter feito antes. Manicure, no mínimo. Talvez uma cera. Meu cabelo ficou mais tempo sem cuidados devido à distração por Smith e então, o negócio. Não havia nenhuma maneira de ir ao cabeleireiro a tempo.
—Relaxa. —Lola me instruiu. —Você tem o fim de semana para fazer tudo, e tentar levar um minuto para ser feliz. Não fique muito presa em sua lista de tarefas para não perder a diversão.
Corri para ela, envolvendo-a em um abraço apertado. —Obrigada!
—Obrigada por confiar em mim para ser parte disso. —Ela me abraçou de volta. —Eu tenho coisas aqui. Oh, e eu vou ligar para o proprietário e lhe pedir para alterar a tranca. Eu vi você trancar a porta mais cedo, e ela estava aberta quando voltei do nosso almoço. Eu acho que está quebrada.
—Alguma coisa está faltando? —Perguntei com uma careta.
—Não. Eu chequei. —Ela me tranquilizou. —O telefone estava na mesa. Graças a Deus esta é uma vizinhança tranquila.
—Falando nisso, eu preciso ir ao meu apartamento e ao meu closet.
Lola me deu um beijinho no rosto, e eu corri para a porta.
—Ei. —Ela me chamou. —Você merece isso.
Inferno sim, eu mereço. Ninguém me seguraria mais. Nem mesmo eu.
***
O ritmo sensual e alegre do samba enchia meu apartamento quando cheguei lá com a manicure recém feita. Eu não pude resistir a balançar meus quadris, enquanto seguia para a pequena sala de estar que eu compartilhava com minha tia. Jane sorriu loucamente quando me juntei a ela, estendendo as mãos. Aceitei nervosamente, permitindo-me dar alguns passos, até que eu tropecei no tapete. Jane bufou quando eu tropecei e caí no sofá. Ela continuou movendo-se com a batida, o robe de seda girando descontroladamente ao redor dela. Quando a música terminou, ela sentou-se ao meu lado.
—Receio lhe dizer que é tarde de sexta-feira. —Jane franziu os lábios com conhecimento de causa. —Não quero que você volte para o escritório.
Jane não me pressionou quando cheguei chorando em casa há uma semana. Ela não precisava de uma explicação. E ela conseguiu manter a boca fechada sobre o número insano de horas que eu estava gastando na Bless. Aparentemente, esse período de carência acabou, mas eu não me importava. Eu passei as últimas duas horas permitindo-me celebrar a maior conquista da história da minha carreira muito curta.
Puxei a cópia mais recente da Trend da minha bolsa e joguei no seu colo.
—Já leu isto? —Eu perguntei. Agora que eu era a única transbordando com a notícia, eu me perguntava como Lola foi capaz de manter-se tão composta.
—Não por anos. —Jane folheou, parando de vez em quando para fazer a varredura de um artigo. —Eu não tenho seguido as tendências da moda nos últimos vinte anos. É muito libertador.
Revirei os olhos para a insinuação. Jane apoiou a minha ideia, mesmo que ela não entendesse muito bem o seu apelo. —É meu trabalho segui-los. —Lembrei. —De qualquer forma, eles querem que eu lhes apresente Bless.
—Isso é maravilhoso! —Jane gritou, arrastando-me para um abraço.
Quando me afastei, lágrimas brilhavam em seus olhos. —Não faça isso. —Avisei, já sentindo o calor úmido das minhas próprias lágrimas. —Ou eu vou chorar.
—Você trabalhou tão duro e você se reergueu. Eu não poderia estar mais orgulhosa.
Um nó se formou na minha garganta, e não importa o quão duro eu tentei engolir, ele não se moveu. Eu tinha passado a maior parte da minha vida em busca da aprovação da minha mãe. Jane preenchia esse vazio para mim. Deixa-la orgulhosa significava mais do que qualquer coisa.
—Vou para Nova York na segunda-feira.
—Isso está ficando cada vez melhor. —Os olhos de Jane brilhavam, mas desta vez não era o reluzir das lágrimas. Era maquiavélico. —A cidade que nunca dorme. Que divertido.
—A negócios. —Corrigi. —E provavelmente serão algumas reuniões e algum serviço de quarto.
—Assim não vale. —Jane balançou a cabeça platinada. —E você nunca vai fugir disso de qualquer maneira. É impossível ir à Nova York sem que ela fique sob sua pele. É tão vivo lá. É contagiante.
—Vou usar proteção. —Eu disse, sem rodeios. Houve um tempo quando visitar a cidade estava na minha lista. Sabendo que eu estaria lá sozinha, em uma viagem de negócios, tirou um pouco do sabor da oportunidade. E mais importante, a viagem era sobre Bless. Agora não era o momento de ficar distraída por romantizar a cidade. Não quando eu precisava estar focada na tarefa em mãos.
—Antes de deixar o país... —Jane disse, seu tom assumindo uma seriedade que significava que eu estava prestes a receber uma bronca sobre algo. —Ligue para Edward. Esse menino está fora de si. Ele está tão preocupado com você que passou por aqui a noite passada.
—Eu vou. —Prometi timidamente.
O olhar penetrante de Jane viu através de mim. —Ele não vai desistir. Ele se preocupa com você.
—Eu só queria fingir que nada estava errado. —Admiti em voz baixa.
—Não, você queria evitar o que estava errado. —Jane deslizou seus dedos macios nos meus.
Eu balancei a cabeça, sabendo que ela acertou em cheio. —Eu deveria ligar para ele.
—Mais cedo é melhor do que mais tarde. —Ela sugeriu.
—Mais cedo. —Respondi. Era hora de parar de evitar o que eu passei, e focar minha energia no que eu tinha a minha frente. Meus amigos. Meu negócio. E uma viagem para Nova York.
CAPÍTULO NOVE
BELLE
Na manhã de segunda-feira, eu estava de malas prontas esperando por um serviço de carro do lado de fora do meu apartamento. Com alguma sorte, Heathrow estaria calmo o suficiente para que eu tivesse tempo para pegar uma xícara de chá antes do meu voo, mas eu não estava contando com isso. O motorista já estava cinco minutos atrasado, e a cada segundo que passava, pensava em algo novo para me preocupar. Eu trouxe o meu passaporte? Uma verificação na minha bolsa confirmou que sim. Eu embalei uma escova de dente? Eles, provavelmente, tinham escovas de dente em Nova York, caso eu tivesse esquecido. Eu estava ficando louca? Sim. Definitivamente sim. Quando o carro finalmente parou no meio-fio, peguei minha bagagem quando a janela desceu, revelando um rosto familiar.
—Seu motorista chegou. —Edward falou jovialmente.
—Meu motorista está atrasado. —Ralhei com ele, não me sentindo nem remotamente chateada. Ele ficou realmente empolgado quando eu liguei. Ele nem sequer mencionou Smith. Sem dúvida Lola manteve o resto do nosso grupo muito unido, sabendo que havia problemas no paraíso.
—Você sabe o quão difícil é fazer com que Sua Alteza Real saia da cama? —Lola gritou do banco do motorista enquanto eu enfiava minha bolsa na parte de trás e deslizava dentro do carro. Eu optei por um vestido de malha confortável que ainda parecia profissional. Eu não fazia ideia de quem me encontraria no aeroporto JFK Internacional, mas eu não queria correr nenhum risco. E nem meias desfiadas.
—Em minha defesa, eu não fazia ideia de que havia duas seis horas. —Edward disse movendo seu braço, assim estava casualmente descansando entre os assentos.
—Experimente olhar para um relógio. —Lola sugeriu enquanto seguia para a autoestrada.
A discussão continuou entre os dois, quase me embalando de volta a dormir.
—Você tem suas informações de voo, certo? —Lola perguntou.
Eu balancei as teias de aranha da minha cabeça. —Eu tenho o que você enviou.
—O motorista vai encontrá-la na retirada de bagagem e levar você ao seu hotel. A assistente de Abigail enviará as informações esta tarde, então, verifique seu e-mail quando pousar. —Lola me deu uma meia-dúzia de outras instruções, e eu sorri e acenei. Era toda a informação que eu já sabia, mas eu apreciei quão séria ela estava sobre esta viagem.
—Não posso acreditar que não consegui que um de vocês viesse comigo. —Eu tentei. Lola foi clara que era impossível, mas a recusa de Edward foi mais intrigante. —Muito ocupado com assuntos de Estado? Não foi possível garantir que você teria uma equipe de segurança disponível?
Edward espiou balançando a cabeça, e me olhou de lado. —Não houve tempo para organizar um desfile de boas-vindas adequado. Um príncipe deve ter seus padrões.
—Você é tão cheio de si. —Lola bateu em seu ombro, seus olhos nunca deixando a estrada.
—Claro que sou. Sou da realeza. —Ele atirou de volta.
—Diga-lhe o motivo real. —Lola exigiu com altivez.
—Eu sabia que tinha alguma coisa. —Apontei o dedo para ele. —Você. Fale. Agora.
—Se você quer saber... —Ele foi se calando.
—Eu quero. —Pressionei. Não era como se Edward precisasse ser tão secreto. Na verdade, era uma coisa boa que ele não tivesse as mesmas responsabilidades que seu irmão. Eu não estava inteiramente certa se ele poderia ser confiável com informações secretas.
—David e eu vamos nos encontrar com Alexander. —Ele admitiu com voz calma.
—Finalmente! —Eu joguei minhas mãos no ar. —Não sei por que você estendeu isso por tanto tempo.
—Ele não vai dizer que não. —Lola acrescentou, ecoando a opinião que eu expressei para Edward pelo menos uma dúzia de vezes, desde que ele propôs a seu namorado.
—É um pouco mais complicado do que nervosismo. —Edward disse, sem rodeios.
Meus olhos estreitaram-se. Edward saiu do armário publicamente há quase um ano, e propôs ao seu namorado de longa data alguns meses depois. Apesar da pressão de Clara, David e eu, ele estava arrastando os pés para definir uma data há meses. —Pode ser mais do que nervosismo, mas certamente é devagar.
—Então explique para nós. —Lola disse.
—Não posso. —Dessa vez sua recusa foi simples e firme. A julgar pela forma como a cabeça de Lola sacudiu, ambas fomos tomadas de surpresa.
—O que você quer dizer? —Eu disse com uma risada. Nós nunca compartilhamos os detalhes mais sórdidos da nossa vida amorosa. Eu acho que ele não gostaria de ouvir sobre a propensão de Smith pelo domínio. Mas nenhum de nós jamais havia se esquivado de analisar, até mesmo, os aspectos mais mundanos de nossos relacionamentos.
—Eu quero dizer que eu não posso. —Edward passou a mão pelo cabelo encaracolado em seu assento, voltando o olhar para a janela. —Por favor, não pergunte mais.
Talvez eu estivesse errada sobre a sua capacidade de manter segredos. Embora eu não conseguisse entender o que ele estava escondendo de nós.
—Bem. Posso perguntar quem será sua dama de honra? —Eu disse, mudando o tópico para limpar a tensão pesada no carro. —Eu tenho uma ideia se você precisar de sugestões.
—Eu estava pensando que poderíamos fugir. —Edward disse. —Que tal uma praia?
—Estou bem com isso. —Alcançando a frente, eu coloquei a mão em seu ombro. Eu não o forçaria a dizer mais, mas eu ainda queria que ele soubesse que eu estava aqui para ele. Ele pegou e segurou-a pelo resto da viagem. Nós conversamos sobre bolos e locais de lua de mel. Cada um de nós evitando as questões que foram deixadas sem resposta.
Mas quando estacionamos próximo a pista do aeroporto de Heathrow, eu não pude deixar de me perguntar quando os relacionamentos ficaram tão complicados? Houve um tempo em que Clara e eu não guardávamos nada uma da outra. Hoje em dia, mal tínhamos tempo para conversar, e ela nunca falou muito sobre sua relação privada com Alexander. Agora, Edward, estava me afastando. Isso não diminuía meu amor por qualquer um deles, mas doía. Especialmente dado como Smith era fechado sobre sua vida pessoal fora do nosso relacionamento.
Aham. Minha consciência me interrompeu antes que eu pudesse descer em uma espiral de dúvida.
Edward saiu do carro e me deu um beijo rápido na bochecha. Nós dois fizemos o nosso melhor para ignorar o número de viajantes que pararam para tirar uma foto. Era uma das responsabilidades de sermos melhores amigos.
—Amanhã de manhã eles relatarão que você virou hétero. —Sussurrei para ele. Eu podia ver a capa do tabloide agora. Dado o turbilhão que eu vi no último ano e meio, eu provavelmente poderia escrever manchetes para eles.
—Uma vez gay, sempre gay. —Ele brincou, pegando minha mala no banco de trás. —David vai dar boas risadas disso.
Lola rolou a janela para baixo e me mandou um beijo. —Até daqui uns dias.
—Eu vou te ligar. —Prometi a ela.
—É melhor. Veja se você consegue de Abigail alguma selfie com você para alimentar nossa mídia social.
Concordei, embora não houvesse possibilidade de eu me envergonar pedindo por isso. Abigail Summers não me parece o tipo de tirar selfies.
Dentro das portas do aeroporto, eu gemi quando vi a fila de segurança, e encontrei-me xingando mais uma vez por Edward não ter vindo. Eu não teria que esperar nessa fila se ele estivesse ao meu lado. Transportando minha mala até o balcão de bilhetes, eu entreguei meu passaporte.
—Senhorita Stuart. —Ela falou. —Quantas malas você vai despachar hoje?
—Apenas uma. —Eu consegui enfiar seis pares de sapatos e mais uma dúzia de vestidos.
—Muito bem. Aqui está o seu cartão de embarque. Já que você está voando na primeira classe, você poderá utilizar a faixa de segurança via rápida a sua esquerda.
Olhei para o meu bilhete com surpresa. Aparentemente, a Trend não brinca. —Obrigada!
Minha viagem já estava começando bem. Depois de ignorar a maior parte da fila, eu não só tinha tempo para uma xícara de chá e um croissant, mas teria acesso ao salão privado da companhia aérea. Dando uma passada através do The Telegraph, vi rostos familiares na página da sociedade. Aparentemente, Pepper Lockwood não ouviu a minha advertência, e não chutou Philip para a calçada. Enfiei a última mordida de massa na minha boca e acabei meu chá. Aqueles dois se mereciam. Eu tinha certeza de que seria uma união longa e dolorosa para ambos. Smith havia me curado de qualquer amargura duradoura com a traição de Philip. Ou talvez ele tenha substituído minha amargura sobre esse rompimento, pela amargura com o término da nossa própria relação.
As poucas vezes que voei para o exterior para visitar um amigo em Los Angeles, eu fui forçada a viajar na classe econômica, o que não era terrível em um voo internacional. Até que eu me sentei na primeira classe de um voo internacional. Eu tinha certeza de que eu poderia pedir um transplante de rim e receber um. Optei por me alongar em toda a minha cadeira como se fosse um divã de luxo, enquanto as comissárias traziam toalhas quentes e champanhe. O café da manhã e o almoço foram servidos em porcelana respeitável. Dado que eu estava prestes a passar os próximos cinco anos construindo um negócio, eu não me acostumaria com esse tratamento. Cada centavo teria que voltar para Bless para torná-la o sucesso que eu imaginava.
Mas eu apreciaria pra caramba agora.
Eu trouxe meu laptop, mas depois de uma hora gasta revendo os pontos de discussão que Lola preparou, o que eu tinha memorizado antes da descolagem, abandonei o computador em favor de um romance que eu peguei na livraria do aeroporto. Mas ler sobre sexo com o coração partido, acabou por ser uma má ideia.
—Você quer isto? —Perguntei a aeromoça enquanto ela enchia minha taça de champanhe. É melhor eu abrandar, ou eu desmaiaria antes que pudesse reclamar que foi o cansaço do voo.
Ela olhou para a capa e sacudiu a cabeça, inclinando-se para sussurrar. —Eu já li essa série. O que você achou?
—Não é para mim. —Era melhor deixar por isso. O champanhe que eu consumi ameaçou assumir e derramar o conto emocional.
—É um pouco bizarro. —Ela mordeu os lábios, corando quando ela disse isso.
Pobrezinha. Eu podia adivinhar que sua experiência com o bizarro se resumia aquelas páginas. Eu mantive a opinião para mim e empurrei-o no porta-revista.
Pelo que vi, depois da minha tentativa literária falhar, e a troca desastrosa com a aeromoça, eu poderia me render ao champanhe e chorar. Ou eu poderia usar isso para minha vantagem e adormecer.
Nenhuma opção parecia muito estimulante, mas pelo menos, se eu dormisse, eu não teria que pedir lencinhos.
Algumas horas mais tarde, fui suavemente acordada pela mulher. Ela entregou-me o livro para guardar para o pouso. Olhando pela janela, avistei a Estátua da Liberdade, que parecia lamentavelmente pequena desta altura. Era a minha primeira viagem para a costa leste da América, e se houvesse uma razão para estar feliz por estar sozinha, foi porque assim eu poderia ser uma turista terrível e sem julgamento.
JFK pareceu um pouco menos civilizado do que Heathrow. Eu mandei um texto para Lola logo que passei pela alfândega.
BELLE: Eu pensei que receberia um exame íntimo. Os americanos levam seus aeroportos muito a sério.
Não houve resposta e nenhum e-mail com as informações que ela havia me prometido, mas havia um homem segurando uma placa com meu nome nela. Debaixo estava escrito Bless.
Bless era real. Hoje foi a prova. Eu estava do outro lado do atlântico em uma viagem de negócios. Por uma fração de segundos, eu desejei que Smith pudesse estar aqui para ver isso. O pensamento apertou meu coração, e eu o despachei rapidamente.
—Sou Annabelle Stuart. —Eu disse ao homem com a placa.
—Bem-vinda a Nova York. —Ele disse com um sotaque que eu só ouvi na televisão. —Você está aqui para negócios ou lazer?
—Negócios. —Respondi quando ele me levou para a esteira de bagagem. Eu já não misturo os dois.
CAPÍTULO DEZ
BELLE
Enquanto o carro avançava pelas ruas estreitas e o motorista buzinava com impaciência, eu tentei avaliar a cidade pela primeira vez. As ruas de Nova York estavam tão cheias quanto eu imaginei. Por toda parte havia uma mistura caótica de cores e pessoas, todos correndo para o próximo item na sua programação diária. Isso fez a minha cabeça doer. Londres não era de modo algum uma metrópole silenciosa, mas isso era algo completamente diferente. A vida, em toda a sua vitalidade selvagem, pulsando em todas as direções.
Voamos por um parque cheio de atividade. Mesmo o tempo de lazer parecia ser apressado aqui. Afundando contra o meu assento, eu fechei os olhos e respirei fundo. Então, a cidade me intimidou. Grande negócio. Eu não era exatamente uma flor delicada. Eu estava acostumada a situações de alta pressão. Eu fui dama de honra do casamento mais infame da história. A tensão alimentava a minha paixão, e eu gostaria de trabalhar isso a meu favor.
Poucos minutos depois o carro foi parando, e eu olhei para fora da janela para encontrar a entrada movimentada de um dos maiores e mais grandiosos hotel que eu já vi.
—Tem certeza de que está no lugar certo? —Eu perguntei ao motorista, permitindo que a minha confusão aparecesse. Trend organizou as minhas acomodações, mas eu tive dificuldade em acreditar que eles hospedavam empresários relativamente iniciantes em quartos de luxo.
—Meu registro diz para lhe levar ao Plaza. —Ele me informou. —É isso.
—OK. —Aceitei, mas as palavras mal saíram da minha boca e ele já estava fora do carro. Ele circulou quando um carregador abriu a minha porta e me ofereceu sua mão.
O cavalheiro gentilmente parecia não se incomodar com o fato de que minha boca estava aberta. —Bem-vinda ao Plaza, senhorita.
—Obrigada. —Peguei sua mão e fechei a boca. Eu merecia estar aqui. Pelo menos era assim que eu venderia isso para mim mesma.
Isso foi mais difícil quando entrei através das portas. Pisos e colunas de mármore levavam a uma escadaria. Conjuntos de cadeiras ricamente estofadas em cima de tapetes de pelúcia e, pontilhando o saguão, um lustre de cristal maciço com a luz dispersando em todo o amplo espaço. Um carregador depositou a minha bagagem no carrinho, e eu o segui para a recepção do hotel.
—Efetuando o check-in? —A mulher atrás dele perguntou em voz atrevida. Ela me estudou por um momento antes que seus olhos suavizassem. Eu tinha a sensação de que eu tinha acabado de passar por um teste.
—Annabelle Stuart. —Lhe entreguei meu passaporte e tirei minha carteira para recuperar o meu cartão de crédito.
—Ah sim, senhorita Stuart. —Seu tom mudou completamente enquanto verificava a tela do computador. —Temos o Hardenbergh Terrace Suite, na cobertura.
Eu mordi o interior da minha bochecha, não querendo soar como uma idiota por pedir para verificar se eles não estavam enganados. Talvez eu não fosse a única Annabelle Stuart chegando a Nova York hoje.
—É no vigésimo andar. Seu cartão-chave lhe concederá o acesso. Por favor, mantenha-o com você em todos os momentos. O Plaza valoriza a privacidade de seus hóspedes, assim a segurança pode pedir para vê-lo na ocasião. Geoffrey, seu mordomo pessoal, está disponível para você vinte e quatro horas por dia, caso necessite de assistência.
Eu estendi meu cartão de crédito, de repente, com mais medo de tê-la passando-o. Ele carregava um limite que provavelmente não cobriria a taxa de entrada para um lugar como este. Para meu alívio, ela o dispensou.
—Tudo foi cuidado. Geoffrey vai mostrar a sua suíte. —Ela acenou em frente ao lobby, e um homem veio para frente, vestido com fraque e luvas brancas. Ele parecia ter saído das páginas de um romance de época.
—Senhorita Stuart. —Ele inclinou a cabeça educadamente, e levantou minhas malas enquanto eu procurava por um fone de ouvido. Tanto a recepcionista, como o mordomo, agiam como se tivessem esperando o dia todo pela minha chegada e, enquanto eu tinha certeza de que eu estava prestes a dar um mergulho no mundo dos negócios, eu não tinha feito nada ainda.
Enquanto ele me levava para o elevador privativo ao lado do lobby, eu considerei me beliscar. Talvez eu estivesse sonhando. Claro, eu não brigaria com Lola por me garantir acomodações acima da média. Eu podia ser amiga da monarquia britânica, mas eu não era a princesa. Algo não estava encaixando.
Não foi até o mordomo apertar o botão para o vigésimo andar, que as peças começaram a formar uma imagem nauseante. Com os números dos andares iluminando em rápida sucessão, carregando-me em direção ao topo do Plaza, meu estômago caiu. Suspeita transformou-se em certeza nauseante quando as portas do elevador abriram para o meu andar.
—Estou ao seu serviço durante a sua estadia. —Geoffrey me lembrou enquanto passava o cartão-chave sobre o bloqueio.
Eu murmurei algo ininteligível em resposta. —Perdão?
Mas Geoffrey não daria esclarecimentos hoje. Quando pisei na suíte, meus olhos pousaram no outro ocupante, a última pessoa que eu queria ver.
E a pessoa que eu mais queria ver, além de qualquer outra no mundo.
Smith se ergueu diante de mim, um pilar brutal de masculinidade, impiedosamente vestido em um terno perfeitamente adaptado. Sua mandíbula forte tencionou ligeiramente quando nossos olhares se encontraram, sua íris verde piscando com possessividade enquanto ele me avaliava. Eu conhecia os segredos que ele blindava por trás daqueles olhos, assim como eu conhecia o corpo perfeitamente esculpido escondido sob suas roupas. Suas mãos fecharam-se fortemente, como se estivesse tentando manter-se longe de mim. Esse desejo era inteiramente mútuo.
—Sr. Price. —Geoffrey cumprimentou-o quando passou por trás de mim. —Devo levar isto para o quarto principal ou quarto de hóspedes?
O rosto de Smith ficou em branco, como se Geoffrey tivesse começado a falar em uma língua estrangeira. A mensagem era óbvia. Um homem como Smith Price não convidaria loiras para sua suíte, para dormir no quarto de hóspedes. O mordomo mexeu-se desconfortavelmente.
—Deixe perto da porta. —Smith instruiu, segurando um maço de notas. —Cuidarei da senhorita Stuart daqui.
As palavras tiveram um efeito indesejado sobre mim. Minha boca ficou seca, meu coração acelerou em frenesi quando senti o puxão magnético da presença de Smith. Levou cada grama de contenção que eu tinha para ficar e esperar a porta fechar atrás de mim.
—Espero que estas acomodações estejam em seus padrões. —Smith disse rigidamente.
Então teríamos conversa fiada. Claro que teríamos. Ele me deu um quarto de hotel em uma cidade estranha sob falsos pretextos. Eu imaginei o que ele estaria trazendo à tona a seguir. Qualquer coisa para evitar o fato de que ele quase me sequestrou. Ou que ele me evitou a última vez que nos vimos. Ou que a última vez que nos falamos, foi depois de vê-lo dar umas varadas em Georgia Kincaid.
—A minha melhor amiga vive em um palácio. Você vai ter que se esforçar mais para me impressionar. —Retruquei.
—Nova cidade. Mesma atitude. —Ele disse secamente.
—Não comece isso comigo. —Avisei. —Respostas agora.
—Reorganizei minha viagem para coincidir com a sua. —Falou como se isto respondesse algumas das perguntas que eu tinha.
—Vejamos. Isso não me diz como você sabia que eu estaria em Nova York, ou como você me sequestrou no aeroporto. Ou, mais importante, por que você sequer se preocupou? —Eu ataquei. —Nós acabamos, lembra? Ou você está tendo um ataque de amnésia? Você não é mais meu namorado controlador e superprotetor. Você decidiu que você prefere brincar com outro brinquedo.
Doía dizer isso em voz alta. Eu evitei a realidade da minha situação desde que saí do Velvet, dizendo apenas o que eu precisava para silenciar as pessoas na minha vida, que eram inteligentes o suficiente para adivinhar que as coisas não terminaram com Smith, quando ele me despediu do trabalho como sua assistente pessoal.
—Nunca deixei de ser controlador ou superprotetor. —Ele deu um passo mais perto. —Ou seu namorado.
—Então estamos interpretando os acontecimentos da última vez que falamos um com o outro bem diferente. —Recuei, ansiosa para manter uma distância segura dele. —Ou isso é apenas parte do seu jogo?
—Você não é um peão para mim, bonita, mas sim, isso é parte de um jogo.
—Então deixe-me ser clara: não estou jogando. —Se eu me movesse rapidamente, eu poderia pegar minha mala, mas não havia nenhuma chance de chegar ao elevador antes que ele me alcançasse.
—Não quero que você jogue.
—Então saia novamente. —O desafiei. —Ou melhor, deixe-me sair agora. Você não teve nenhum problema em me afastar antes.
—Há pessoas que querem prejudicá-la, Belle e, tão difícil quanto é para eu ficar longe de você, eu vou embora antes que isso aconteça.
—Como você pode dizer isso? —Exigi. —Que tipo de vida você acha que eu vou ter sem você nela?
O pensamento era quase demais para suportar. Eu cheguei até a última semana quebrada. Eu escondi Smith e as memórias que tínhamos compartilhado em caixas, e tentei ignorar sua existência. Mas, no fundo, eu sabia que a única razão pela qual eu fui capaz de fazer isso, era porque eu não acreditei que as coisas verdadeiramente acabaram. Agora que eu fui forçada a enfrentar o fato de que elas podem ter sim acabado, eu mal podia respirar. Eu não podia processar o que ele fez para mim ou porque, mas no fundo, eu suspeitava que houvesse uma razão para suas ações.
Um ronco baixo emanou de seu peito ao ser desafiado. A mão de Smith se moveu e agarrou meu braço, suas unhas cravando na pele macia enquanto ele me balançava. —Não dou a mínima para isso. Tudo o que importa é que você está respirando. Não importa onde estamos e qual a distância entre nós, o ar está passando por esses belos lábios. —Ele soltou meu braço e deu um passo para trás, virando-se para a janela que dava para o Central Park. —Você é forte, Belle. Você vai criar um império global. Algum dia você esquecerá tudo sobre mim.
—É por isso que você me trouxe aqui? —Sussurrei, minha voz frágil com as emoções crescendo dentro de mim. —Para partir meu coração novamente? Porque eu tenho notícias para você, não há mais nada para partir. Já virou pó. Nada nunca poderá corrigir isso.
Smith fechou seus olhos enquanto sacudia a cabeça. Sua mão caiu ao lado dele, quebrando a conexão magnética e escaldante entre nós. —Nunca quis isso para você. Tentei ficar longe.
—E você veio para mim de qualquer maneira. Ou eu sou apenas um item para marcar? Era mais fácil me fazer atravessar o Atlântico para fazer isso? —Era uma coisa boa que estávamos em uma suíte do tamanho de uma casa, porque eu passei de sussurrar para gritar. As perguntas riscando minha garganta enquanto eu atirava as acusações contra ele. A dor parecia bem real, ao contrário do pesadelo surreal que me prendeu.
—Eu não sei por que você está aqui. —Ele admitiu. —Ou por que eu estou aqui. Quando eu descobri que você estava vindo...
—Como você descobriu isso? —Intervi cruzando os braços, como se eles pudessem me dar alguma proteção contra o que estava acontecendo.
—Eu tenho as minhas fontes.
A calma em sua resposta me fez querer atirar um abajur nele. —Fontes? Quer dizer segredos.
—Sim! —Ele virou-se para mim, pisando tão perto que o calor de sua respiração roçou meu rosto. Mais um centímetro e não haveria espaço entre nós. —Meus segredos a protegem. Isso está me matando. Seria mais fácil colocar uma arma na minha cabeça do que sair, mas então, quem estará lá para protegê-la?
—Eu posso me proteger. —Eu disse em um tom comedido, forçando-me a ignorar sua proximidade, até mesmo quando uma dor espalhou sobre a minha pele. Um toque. Eu precisava disso. Eu precisava de um segundo de contato para lembrar, quando enfrentasse uma vida de negação.
Foi por isso que me mantive congelada no lugar. Ceder não me saciaria. Isso só tornaria mais difícil.
—Aí é onde você se engana. —Smith jogou a cabeça para trás enquanto soltava uma respiração irregular. —Por que me apaixonei por você?
O mundo derrapou até parar, o tempo parou enquanto suas palavras afundavam. Eu ainda estava processando quando ele pegou minha cintura e me puxou violentamente contra ele. Seus lábios tomavam ao mesmo tempo em que davam, lembrando-me de que eu pertencia a ele quando ele se rendia. Todo pensamento consciente me fugiu enquanto emaranhava meus dedos em seu cabelo, e o puxava para mim. O medo desapareceu, mas a raiva permaneceu, e eu mordi seu lábio até que senti o gosto de sangue. Smith gemeu, me levantando quando sua boca esmagou mais forte na minha e me levou para a escada. Eu não tinha ideia para onde elas levavam, e eu não me importava, contanto que eu não tivesse que deixá-lo. Recuei ofegante quando chegamos ao degrau mais alto.
—Você é meu. —Suspirei.
Suas sobrancelhas ergueram com a minha posse, mas um sorriso surgiu em seu rosto esculpido. —Para sempre.
—Isso soa vinculativo. —Murmurei. Uma onda vertiginosa de esperança e medo me sobrecarregando. Um momento atrás, ele tentou me dizer adeus. Agora eu estava em seus braços. Eu não tinha ideia do que vinha a seguir.
—Como seu advogado, posso garantir que não há cláusulas. —Ele pressionou a testa contra a minha. —Não consigo ficar longe de você.
—Então não fique. —Sugeri gentilmente.
—Eu vou proteger você. Você me deu o seu corpo, e eu vou protegê-la com o meu. —Ele prometeu.
—E o que acontece com o meu coração? —Coloquei uma das mãos em seu peito firme. —Você o leva com você. Protege-o?
—Com cada respiração que me resta nesta terra.
Saí de suas mãos, aterrissando ligeiramente sobre meus pés enquanto ele me acalmava. Alisando sua gravata, eu respirei fundo e lancei o medo e raiva persistente em meu âmago. Meus dedos fecharam-se sobre a seda, e eu puxei suavemente quando o levei através da porta para um quarto enorme. Smith observava enquanto eu alcançava e puxava o zíper do meu vestido, permitindo que a peça deslizasse para o chão. Eu estava diante dele com minha liga e meias. Sua mandíbula apertou quando ele afrouxou a gravata, enviando uma pontada de antecipação por toda a minha pele exposta. Meus mamilos endureceram, lutando contra o laço que os mantinha cativos. Smith jogou a gravata no chão e ajustou sua ereção, enquanto seu rosto escurecido com o domínio me consumia.
—Mostre-me. —Eu lhe ordenei, encorajada por sua reação rápida, física. —Mostre-me que você pertence a mim.
Seus olhos brilhavam, mas ele não protestou. Não era assim que o jogo era jogado. Ao contrário, ele veio para mim, tirando sua camisa e a abandonando. Eu me preparei para suas mãos, para a brutalidade áspera e inflexível com que sempre me levava, mas ele caiu de joelhos diante de mim. As mãos cruzadas em súplica diante dele.
Ele estava me dando controle. Mordi o lábio enquanto ele cuidadosamente arrancava o cetim que segurava minhas meias até a minha liga. Então, ele enfiou os dedos na extremidade da minha calcinha, e puxou lentamente para os meus pés. Ele esperou que eu saísse delas, concedendo-lhe acesso ao meu sexo. A boca de Smith roçou sobre a pele lisa da minha barriga, arrastando-se para baixo, até que sua boca tocou avidamente sobre a minha boceta. Ele não usou as mãos, em vez disso, as plantou no chão enquanto a ponta morna e úmida de sua língua sacudia ao longo da minha abertura, me deixando mais aberta.
Ele me adorava assim, de quatro; sua língua acariciando pacientemente até que o primeiro gemido derramou da minha boca. Ele forçou sua língua, circulando a minha entrada inchada, até que minhas pernas começaram a tremer. Agarrei seu cabelo para me manter na posição vertical, quando ele apertou os dentes suavemente sobre o meu clitóris, e começou a chupar, incitando os primeiros espasmos trêmulos do meu clímax. Mas ele não renunciou à sua posição, ao invés disso, ele rodou sua língua languidamente sobre o meu botão capturado, libertando-me da agonia de querer a felicidade entorpecente de prazer.
Meus joelhos dobraram, e ele me segurou na posição vertical, sem mudar de posição. Eu queria entrar em colapso contra ele, necessitando da familiaridade de seus braços em volta de mim. Smith, no entanto, pareceu bem confortável com esse jeito diferente. Ele olhou para mim, os olhos ardendo, e esperou minha próxima instrução. Meus dedos afrouxaram em seu cabelo, mas não o libertei. Puxando suavemente, eu o levantei, ainda sem palavras, e apontei para o banco no pé da cama antes de deixá-lo ir. Ele foi até lá e sentou-se sem dizer uma palavra.
—Tire sua calça. —Meu tom carecia da autoridade normalmente presente em suas exigências, mas ele fez o que lhe foi dito de qualquer maneira.
Estudei-o por um momento, meus olhos persistentes sobre as linhas brutais de seus braços e pernas, antes que eles caissem sobre o pau projetando-se contra a superfície plana de seu abdômen. Minha boca molhou com a visão, e eu tive que me impedir de rastejar para ele. Eu estava no comando e, por enquanto, não seria comum ter essa oportunidade novamente. Alcançando atrás de mim, tirei meu sutiã e o deixei cair. Minhas meias rolaram um pouco para baixo, mas eu não as ajustei quando andei em direção a Smith, descaradamente balançando minha bunda.
—Como você se sente ao me dar o controle? —Ronronei, inclinando o queixo para cima com o dedo indicador.
—Diferente. —Ele admitiu com um sorriso.
Eu bati em seu rosto com a palma da mão. —Você não é o único que pode distribuir punições.
Smith cruzou as mãos atrás da cabeça e inclinou-se para trás, dando-me um melhor acesso ao seu pau. —Puna-me.
—Eu não sei se eu estou te punindo ou sendo premiada. —Eu disse, brincando e agarrando seu comprimento.
—Continue fazendo isso e eu vou deixar você saber. —Ele aconselhou.
Mas eu tinha outros planos para ele. Eu me deixei cair em seu colo, até meu sexo pairar provocativamente sobre a cabeça de seu pau. Eu balançava para frente e para trás, ligeiramente varrendo a minha boceta sobre ele. Os olhos de Smith fecharam enquanto ele gemia.
—Um homem não tem tanta paciência, bonita.
—Eu sei que você tem melhor controle do que isso. —Disse em voz baixa, mesmo quando eu abaixei mais, permitindo que sua cabeça violasse minhas dobras.
—Eu não contaria com isso. —Ele disse rispidamente. —Estou a cerca de um segundo de distância de virá-la e bater em seu traseiro petulante por ser envergonhada.
—Entendo. É isso que você quer? —Cutuquei contra a sua ereção até que ele estava quase dentro de mim.
—Belle. —Sua voz era grossa e com aviso.
Agora ou nunca eu pensei, sabendo que ele não estava brincando sobre me punir. Haveria tempo para isso mais tarde. A compreensão me atingiu, apertando meus músculos enquanto eu afundava, engolindo seu comprimento até a raiz. Um lento sorriso espalhou-se pelo seu rosto.
—É isso aí. —Ele persuadiu.
—Você gosta de ficar por baixo? —Murmurei, roçando meus lábios nos dele.
—Eu quase posso me acostumar com isso. —Ele não se moveu enquanto eu continuava a rolar os quadris, buscando o equilíbrio perfeito entre a profundidade e o atrito. Ele estava tão profundo que quase doía, da melhor maneira possível. Eu não quero nunca me acostumar com esta deliciosa dor. Eu queria senti-la cada vez que fizéssemos amor.
—Diga. —Ofeguei, enquanto continuava a me contorcer em seu colo.
Os dedos de Smith encontraram meus mamilos, beliscando e brincando com eles até meus seios incharem, pesados com excitação. —Dizer o que? Que seu corpo foi feito para foder? Ou que eu quero você no meu pau todos os dias pelo resto da minha vida?
Um grito estrangulado escapou de mim quando eu balancei a cabeça. Eu estava tão perto, muito perto. Tudo que eu precisava eram três palavrinhas. As que eu desejava ouvir desde que as coisas ficaram complicadas entre nós. Ele era tudo o que eu nunca soube que precisava, e enquanto isso me aterrorizava, eu não podia imaginar um dia sem ele também.
—Eu sei. —Ele acalmou, envolvendo um braço em volta da minha cintura e me aproximando. Eu me derreti nele enquanto seus quadris começavam a empurrar. Ele mergulhou em mim com a precisão de um homem que entendia exatamente onde uma mulher queria ir, e também como chegar lá. —Eu sei o que você precisa ouvir. Eu te amo. Dizer isso é algo que eu vou fazer todos os dias, Belle.
—Oh Deus, eu amo você. —Forcei as palavras quando o formigamento transformou-se em um incêndio, espalhando um calor ofuscante através dos meus membros, enquanto suas palavras queimavam meu coração. Elas me marcaram como sua, rasgando-me como a ponta de uma faca. Eu estava livre e reivindicada. Libertada e encarcerada. Smith Price me pertence inteiramente.
Suspiros suaves tornaram-se gritos, e eu estremecia enquanto me agarrava a ele, querendo-o mais profundo. Eu precisava estar cheia dele, e enquanto os meus músculos tensos enrolavam em torno dele, movi mais e mais rápido, levantando minha bunda e empurrando para trás e para baixo, mesmo quando meu próprio clímax diminuiu sutilmente, vibrando forte em meu sexo. Smith grunhiu, me empurrando com mais força quando gozou, seus olhos travando comigo. O olhar que compartilhamos era carnal e profundo, cada um de nós diminuindo nossas defesas.
Suas ações, suas palavras, poderiam me matar. Eu me abri para ele, expondo minhas fraquezas. Mas ele se mostrou também. Ele tinha levado meu coração e transplantado junto com o seu.
Separados éramos indefesos para o mundo exterior.
Juntos, éramos invencíveis.
CAPÍTULO ONZE
SMITH
Belle deslizou sobre a cama, caindo em uma pilha desossada no edredom macio. Estudei-a por um momento, tentando processar que ambos nos comprometemos. Eu a trouxe aqui por egoísmo, convencido de que eu seria capaz de manter a situação sob o meu controle, mas como sempre, ela efetivamente destruiu o meu autocontrole na chegada.
Era isso é o que você queria o tempo todo.
Agora, ela estava de volta na minha cama. Eu quase consegui me convencer da mentira de que eu poderia desistir dela. Ela olhou para mim com seus olhos azuis cautelosos, e eu sabia que ela adivinhou o que eu estava pensando. Segurança era importante para nós dois antes que acabássemos gritando novamente. Afundando na cama, eu acenei para ela se aproximar. Seja qual fosse a raia dominante que a havia possuído antes, foi embora agora, e ela jogou-se rapidamente para os meus braços à espera.
—Este é o lugar o qual você pertence. —Murmurei enquanto beijava o topo de sua cabeça, sentindo seu aroma reconfortante. Eu não negaria esse fato por mais tempo.
—Nunca me esqueci disso. —A acusação estava de volta em sua voz. Seja qual foi a felicidade que eu dei a ela durante a sessão de amor, não durou muito.
—Você tem perguntas. —Declarei de fato. Nós tínhamos cedido às nossas emoções assim que vimos um ao outro. Agora precisávamos lidar com as questões maiores que ameaçavam nos separar.
—Algo em torno de milhões. —Seus olhos brilhavam para os meus enquanto ela me olhava.
—Pergunte e vou fazer o meu melhor para responder.
—Foi um término encenado?
Deus, a mulher poderia ser uma advogada. Ela certamente sabia como atingir a jugular.
—Sim. —Admiti. Seu corpo ficou tenso ao meu lado, mas eu a puxei para mais perto.
—Para quem?
Havia esse instinto assassino novamente. Aparentemente, ela deixaria passar o fato de se tratar de Georgia Kincaid. Por agora. —Trabalho para Hammond, mas também trabalho para outro alguém.
—Não brinca, Sherlock. —Ela replicou. —Descobri isso há algum tempo atrás.
Mas ela não descobriu para quem eu trabalhava, ou ela não estaria me pedindo essa informação agora.
—Belle, eu disse que faria o meu melhor para responder, mas eu também preciso protegê-la. Essa informação é perigosa.
—Você não confia em mim. —O rosto dela caiu enquanto ela falava, e eu resisti à vontade de derramar todos os meus segredos.
—Eu confio em você, mas eu também te amo. Tenho que pesar as possíveis consequências de você saber muito.
—Ok. —Ela bufou. —Isso foi tudo uma farsa? Eu ainda tenho uma reunião amanhã?
—Sou um parceiro silencioso na Bless. Eu não interfiro. Seu encontro com Abigail Summers é seu assunto.
—E o seu, também, pelo que parece. —Esta resposta foi um pouco menos sarcástica. Progresso. —Você arranjou a reunião?
Olhei interrogativamente para ela. Não era típico dela mostrar tal falta de confiança. Ela iniciou Bless com a mesma tenacidade que me atraiu para ela. Claro, eu recentemente fodi com sua percepção do mundo. A ideia de que eu a minei de alguma maneira deixou um gosto amargo na minha boca. —Você fez isso.
Ela relaxou um pouco com essa revelação.
—Bonita, eu lhe dei algum dinheiro. É aí que a minha contribuição acaba.
—Bom. —Ela se aconchegou contra mim, obviamente satisfeita. —Falando de dinheiro, como um advogado paga um Bugatti, tem uma casa do tamanho da Harrods e uma suíte no Plaza?
Eu sabia que essa pergunta a preocupava por algum tempo, e não era a primeira vez que ela sugeriu querer respostas. Mais de uma vez ela fez observações improvisadas sobre a minha riqueza. —Do meu pai. Não é um assunto que eu gostaria de discutir. Eu sou muito bem pago para resolver questões legais questionáveis para os meus clientes. Mas a minha riqueza veio do seguro de vida do meu pai. Ele deixou tudo para mim.
—Quanto foi... —Ela parou de falar, arregalando os olhos pela própria grosseria.
—Dez milhões. —Respondi antes que ela pudesse se sentir muito culpada.
—Mas sua casa. Seu carro.
—Eles não contam. —Terminei por ela. —A casa pertencia a minha família. Meu pai comprou não muito tempo depois que nos mudamos da Escócia, quando ele começou a trabalhar para Hammond. Foi uma aventura para mim na época. Quando me tornei adulto que questionei exatamente como ele conseguiu todo aquele patrimônio. A inflação não subiu tanto. —Minha piada caiu na tensão pendurada entre nós. —Agora sei que ele deve ter feito algo verdadeiramente hediondo para receber tal recompensa de Hammond.
—Por que você a mantém? —Ela perguntou suavemente enquanto colocava a mão no meu peito.
Eu a apertei com força e balancei a cabeça. —Eu não sei. De certa forma é um lembrete necessário do que ele fez comigo e com a minha família. Com os meus pais. Com Margot.
Ela ficou tensa com a menção de minha ex-mulher.
—Lembra-me do que eu precisei fazer. —Eu disse para tranquilizá-la. —Não dela. A propriedade é como uma corrente em volta do meu pescoço. Eu não posso me livrar dela.
—Talvez você possa retirá-la?
—Nós dois sabemos que não é assim tão simples. —Belle carregava uma carga semelhante com a propriedade de sua família.
—Você está certo. Mas, mesmo você sendo o dono da casa, isso é uma quantia obscena de dinheiro.
—Você está dizendo que eu valho uma quantia obscena de dinheiro? —Brinquei.
Desta vez o meu comentário leve teve o efeito pretendido. —Você é inestimável.
Ela me empurrou e beijou-me rapidamente nos lábios.
—Você está nos confundindo de novo. —Acariciei seus cabelos para trás, e senti minha adoração por ela multiplicar mais uma vez. —Eu era jovem demais para tomar posse da minha herança, e com a sorte que eu tinha, Hammond foi o executor encarregado dos fundos.
—Você chama isso de sorte?
—Nem toda sorte é boa. Ele investiu para mim. Deus sabe quanta informação suja ele usou, mas ele transformou em cem milhões de libras antes que eu tivesse dezenove anos.
—Cem milhões? —Belle repetiu em estado de choque. —E ele somente deu a você?
—Tecnicamente era meu, mas sim. Ele deu. Isso era jogar dinheiro para ele. Se ele tivesse perdido tudo, não teria importância. E que ele fez muito dinheiro não importava também. Embora teve o efeito de me conquistar. De repente, eu lhe devia. Então, quando ele sugeriu que eu estudasse direito na universidade, eu não recusei. Nunca me ocorreu que eu teria uma escolha.
—É algo que eu também entendo. —O traço melancólico da obrigação coloria suas palavras. —E quando você começou a trabalhar para ele, ele possuiu você.
—Você ouviu essa história antes. —Murmurei, puxando-a para o meu colo.
Ela piscou, seus cílios cheios vibrando inocentemente sobre os olhos sábios. —Algumas partes foram deixadas de fora.
—Não gosto desses capítulos. —Engoli em seco e olhei para longe dela.
A mão suave de Belle guiou meu rosto de volta para o dela. —Nenhuma boa história dispensa conflito. Isso fez o homem que você é.
—E que tipo de homem eu sou?
Ela não se afastou com o tom duro em minha voz.
—O tipo de homem que eu amo. —Ela respondeu simplesmente.
—Realmente sinto muito por isso.
Desta vez, seu tapa não foi brincalhão, e minha mão agarrou seu pulso em um aperto firme. Ela se afastou, mas eu não abri mão do controle.
—Não fale sobre o homem que eu amo dessa forma. —Ela me ordenou.
—Não recebo ordens de você. —Mas apesar disso, eu sorri. Como esta mulher conseguia virar meu mundo de cabeça para baixo cada vez que eu estava com ela, estava muito além de mim. O fato de que eu gostava era ainda mais difícil de entender.
—Dessa vez você recebeu. —Ela disse resolutamente.
Por uma fração de segundo, eu considerei soltá-la e lembrá-la exatamente quem estava no comando. Em vez disso eu dei de ombros. —Anotado.
—Isso é tudo? —Ela respondeu. —Você não vai me bater?
—Oh Belle, eu vou bater em você. Forte. Mas eu vou fazer você esperar por isso, porque eu acho que isso é exatamente o que você quer. —Ela se encolheu um pouco, despertando a atenção do meu pau, que estava entediado do ciclo de vinte perguntas. —Eu tenho outras coisas em mente.
—Oh, é?
Com sucesso a conduzi longe dos temas desagradáveis que consumiu a última hora de nossas vidas.
—Deite do outro lado da cama. Pés para o lado. —A instruí enquanto a pegava do meu colo e colocava suas costas sobre os lençóis. Belle mexeu no lugar, e meu olhar passou sobre a visão de suas longas pernas ainda coberta de meias de seda e liga de renda, descansando confortavelmente em sua barriga. Descendo, eu a soltei e brinquei de desfiar a meia dela.
—Essas foram caras. —Ela me informou.
—Você realmente quer uma surra. —Disse rispidamente, acariciando meu pau com a mão livre enquanto apreciava meu trabalho. —Vou te comprar mais. Mas por agora...
Embolei as meias arruinadas na minha mão e levei-as à sua boca. Ela me lançou um olhar assassino antes que me permitisse enchê-la.
—Você não pode se meter em mais problemas se você não pode falar. —Eu acariciei o meu dedo indicador ao longo da curva cheia de seu lábio inferior. —Agora fique parada.
Minhas bolas apertaram enquanto ela ainda se segurava. Ela estava irritada comigo. Isso ficou claro. Mas ela não podia me negar. A mulher era realmente perfeita. Submissa um pouco enquanto eu a despia, e ardente como o inferno o resto do tempo. Uma caminhada até o armário, e parei, recuperando minha gravata do chão. Então, puxei outra de um cabide. As duas gravatas que eu pedi para ela escolher em seu primeiro dia de trabalho. Eu dei a ela uma escolha naquele dia. Ela não receberia uma agora.
Voltando para a cama, levantei sua perna, guiando-a para dobrá-la na altura do joelho. Belle levantou uma sobrancelha, mas graças à mordaça improvisada, ela não podia me questionar quando tomei seu pulso e levei para a sua panturrilha. Amarrei a seda firmemente, ligando o braço ao tornozelo, e ignorei o protesto abafado. Aparentemente, sua obediência estava um pouco fora de prática.
—Se você quiser que eu pare, acene. —Esperei. Mas apesar do olhar frustrado em seu rosto, ela ainda ficou e levantou a outra perna. —Isso foi o que eu pensei.
Eu repeti a ação. Afastando-me, examinei meu trabalho, admirando a forma como as ligações colocaram sua boceta em exibição. Em poucos minutos, os músculos começariam a doer, mas eu não tinha dúvida de que ela ficaria mais molhada a cada segundo.
—Vou estar aqui atrás. —Engoli uma risada quando ela balançou a cabeça e lutou contra a minha obra. —Não.
Pegando a outra meia, levantei a cabeça e envolvi em torno de sua boca para impedi-la de cuspir a mordaça. —Você ainda quer isso?
Ela parou de lutar e relaxou.
—Então seja paciente. —Disse antes de sair do quarto. Eu já tinha o que eu precisava, mas levei o meu tempo as reunindo. Agora, ela provavelmente estava tentando se libertar, mas apenas para que ela pudesse se lançar sobre mim. Quanto mais tempo eu esperava, mais preparada ela estaria. E eu disse a ela que tinha planos para ela. No final, a minha própria impaciência ganhou. Belle ainda estava na cama. Ela conseguiu esgueirar-se para a beirada.
—Não é a melhor ideia. —Eu disse a ela enquanto colocava o balde de champanhe e toalha na mesa de cabeceira. —Não quero que você machuque seu traseiro antes que eu tenha a chance.
Pegando um cubo de gelo, eu o segurei sobre seu peito. O calor da minha mão enviava gotículas de água gelada, escorrendo sobre seus seios. Seus mamilos tornaram-se faróis instantaneamente, e eu não pude resistir ao desejo de levá-los a minha boca. Chupei cada um, até que a ouvi gemendo na mordaça. Soltando o cubo de gelo em seu umbigo, endireitei-me e o vi derreter em uma poça em sua barriga, antes de pegar outro no balde. Eu permiti este escorrer ao longo de seu sexo inchado, a água misturando com a mancha de sua excitação. Os olhos de Belle reviraram com a sensação, e eu movi o restante do cubo para baixo, levando-o para a entrada de seu buraco apertado. Seus olhos abriram quando ele fez contato, e desta vez ela gritou. O som me fez querer enfiar meu pau dentro dela, mas eu me abstive, apreciando demais o joguinho para que acabasse tão cedo.
Belle gostava de ser amarrada. Ela ficava molhada quando eu a encoleirava. Mas nada fazia seu corpo responder mais do que promessas, e eu tinha algumas a pagar.
—Vou fodê-la com isso. —Eu disse a ela, empurrando o gelo contra o buraco vibrando. —E você vai me implorar para não parar.
Ela balançava contra minha mão, pedindo mais contato, mesmo quando ela parecia estar prestes a chorar.
—Está bem. —Eu a acalmei. —Sei que você quer, bonita, e eu vou dar a você, mas não esta noite. Você não tem ideia do quanto eu quero agora, mas você não está pronta. Nós vamos trabalhar nisso. Tudo bem?
Ela assentiu com a cabeça e eu sorri. O gelo desapareceu completamente agora, e eu peguei outro e coloquei no ápice de sua abertura. —Não se mexa. Se esse gelo cair, eu vou ter que parar.
Seu corpo ficou tenso, fazendo seu melhor para cumprir, uma vez que lentamente a água do gelo deslizava para baixo. Passei meu polegar em sua boceta, revestindo-o com a excitação escorregadia derramando dela, e comecei a circular a entrada apertada de seu traseiro. —Eu amo sua bunda. Quero fodê-la, bater nela e adorá-la. Você quer isso também, não é?
Um soluço sufocado escapou dela enquanto ela balançava a cabeça novamente.
—Passos de bebê. —Empurrei contra o seu buraco apertado, até que eu estava acariciando seu interior. —Posso ver seu clitóris pulsar. Deve ser tão difícil ficar parada, mas você está se saindo tão bem. Adoro ver você lutar contra seus impulsos para me dar controle. Isso me deixa duro pra caralho. —Empurrei mais profundo, e girei para permitir que os meus outros dedos brincassem com sua boceta. Deslizando meu dedo indicador para dentro dela, eu achei seu ponto G e comecei a massagear.
—Você gozará forte para mim em um minuto baby, e eu quero que você deixe ir. Você não tem controle, e eu quero ver você se render a isso. Você pode fazer isso?
Ela não respondeu, mas eu senti seu aperto em torno de mim. Deslizando rapidamente outro dedo dentro dela, eu me movi mais rápido, até que eu estava transando com ela incansavelmente com a minha mão. Suas coxas tremeram, e ela arqueou, lutando para manter o equilíbrio que suas restrições não permitiam. Pressionei minha outra mão em sua barriga, ancorando-a no colchão, enquanto ela convulsionava, soluçando diante dos meus olhos. Seus músculos cederam, cansados demais para lutar por mais tempo, e o orgasmo veio, enviando um jorro de excitação quente na minha mão quando ela gozou. Então, ela ficou completamente imóvel, para poupar os músculos trêmulos pelo esforço de estar amarrada. Retirei-me dela devagar, saboreando a maneira como ela continuou a pulsar contra meus dedos. Limpando minha mão com a toalha, rocei cautelosamente sua boceta sensível. Sua cabeça moveu de um lado a outro para me deixar saber que era muito, muito cedo.
—Você é uma boa menina. —Murmurei enquanto soltava a gravata e esfregava as marcas deixadas em sua carne. —Boas meninas merecem gozar assim. Você vai continuar a ser boa para mim, bonita?
Tirei a mordaça e ela deu um sim, lambendo os lábios secos.
—Espere aqui. —Recuei, e ela balançou a cabeça. Eu falei suavemente. —Vou arrumar um banho de espuma, e então eu vou levá-la. Pode demorar um pouco antes que você possa ficar de pé novamente.
—Sim, senhor. —Ela gemeu quando tombou sobre a cama.
Quinze minutos mais tarde, peguei seu corpo mole e a coloquei na banheira. Belle relaxou na água, os mamilos destacavam por toda a superfície vítrea. Abri a champanhe que retirei do balde enquanto ela se banhava. Ela sacudiu com o barulho, mas seus olhos permaneceram fechados.
—Abra sua boca, Belle. —Persuadi, sentado na borda da banheira.
Forçando, ela abriu os lábios para revelar seus dentes brancos. Lentamente eu reguei a champanhe sobre seus lábios cheios, permitindo pingar sobre o queixo. Derramando em sua clavícula, transformando-a em um riacho que escorria entre os seios perfeitos.
—Parece um desperdício de Dom Perignon3. —Ela murmurou com as bolhas de espuma sobre sua língua.
—Eu te disse que te daria um banho. —Esvaziei a garrafa. Eu peço outra mais tarde. E outra na noite depois dessa. Eu queria mimá-la, tratá-la como a rainha que ela era.
—Se importa de juntar-se a mim? —Ela perguntou timidamente.
—Isso pode ser arranjado.
Belle deslizou para frente, permitindo-me escorregar atrás dela. Ela se derreteu contra mim, quando meus braços enrolaram firmemente em torno de seu torso, puxando-a para perto. De agora em diante, eu não a deixaria ir.
—Eu queria que pudesse ser sempre assim. —Ela suspirou, liberando o desejo tão rapidamente quanto ela o desejou.
—Esta noite será. —Sussurrei em seu ouvido.
—E amanhã? —Ela pressionou. —Podemos fingir que esta é a nossa vida?
Eu ouvi o que ela estava realmente perguntando: poderíamos fingir que o mundo exterior não importava? Eu queria dizer a ela que poderia prometer que o pesadelo havia acabado. Mas eu menti para ela antes, e eu estava cansado disso.
—Esta noite.
—E amanhã? —Ela perguntou novamente.
—Sim. —Disse, querendo dizer. Querendo isso. —E a cada dia em meu poder.
Não era o suficiente. Não para nenhum de nós. Mas por uma noite, isso poderia ser.
CAPÍTULO DOZE
BELLE
A roupa estava toda errada. O decote era muito baixo, mergulhando no vale entre os meus seios. A saia era muito longa. Isso encaixava perfeitamente, como havia encaixado cada peça que chegou como cortesia da excursão de compras com Smith na Harrods, mas ainda não estava certo.
Não era sexy, ou ousado, ou o suficiente. Olhei para o espelho de corpo inteiro no banheiro, tentando ver exatamente o que estava errado. Dado o nome da minha empresa, um pequeno vestido preto era exatamente o que eu precisava vestir para a entrevista desta tarde. Mas em Nova York, todos usavam isso. Eu precisava me destacar sem chamar a atenção, e eu não tinha ideia de como fazer isso.
—Lá se vai tornar-se uma magnata da moda. —Murmurei para o meu reflexo.
—Você já é um ícone da moda. —Smith disse. Ele veio atrás de mim e passou os braços em volta da minha cintura. —Agora, qual é o problema?
—Está faltando alguma coisa. Eu tenho que impressionar esta editora. —Só conseguir uma entrevista não garantiria um lugar cobiçado na sua revista. O pensamento desencadeou uma nova onda de dúvida. Havia pessoas que matariam para ter esta oportunidade, e eu estragaria tudo. Essas pessoas não teriam qualquer problema em entrar no escritório da Trend, e encantar a todos com a sua postura.
Deus, se eu não podia lidar com um artigo de revista, como eu teria sucesso nos negócios?
—Você vai impressioná-la. —Smith falou com uma garantia que era tipicamente masculina, mas eu balancei a cabeça.
—Experimentei cada peça que eu trouxe.
—Espere aqui. —Seus braços escapuliram, e ele desapareceu no quarto. Quando ele voltou, ele segurava um par de Louboutins. —Estes a guiaram para seu último emprego.
Peguei-os, estudando a estampa de leopardo. Eles estavam entre os meus favoritos, mas eu não podia deixar de me preocupar que a impressão fosse clichê. Eu estava definitivamente cismando com as coisas agora.
Smith pareceu sentir a minha relutância. Ficando de joelhos, ele pegou os sapatos. Então ele, reverentemente, deslizou-os para os meus pés. —Você entrou no meu escritório com esses sapatos, e eu sabia ali mesmo, que você era diferente. Ali estava essa mulher linda. Ela era educada e profissional. Eu quis transar com você ali.
—Não estou certa de que era para isso que eu fui. —Eu disse secamente.
—Essa foi minha resposta. —Ele disse quando se levantou e deu de ombros. Girando-me ao redor, seus olhos encontraram os meus no espelho. —Respondi dessa maneira porque eu sabia que você era uma mulher que sabia o que queria.
—Eu queria um emprego. —Murmurei.
—E você conseguiu.
Eu também o recebi a barganha. Talvez ele estivesse certo sobre algo. Eu me estudei mais de perto. O vestido preto, que parecera comum momentos antes, transformou-se com a adição de Smith. De repente, eu não era média. Eu era ousada e imponente. Eu me endireitei com um sorriso surgindo no meu rosto.
—Estes me darão sorte. —Disse, por fim.
—Não é isso. —Ele balançou a cabeça e me puxou contra seu corpo duro. —Eles simplesmente representam quem você é. Sexy e sofisticada. Uma mulher que não tem que tentar chamar a atenção de todos no ambiente.
—Você é muito bom nisso. —Brinquei. —Você quer um emprego?
—Acho que eu não poderia trabalhar bem com você, bonita. Eu estou muito acostumado a estar no comando.
De mim. Do mundo. De tudo o que tocava. Um formigamento dançou pela minha espinha. Eu ganhei a sua atenção e, de alguma forma, eu a mantive.
—É hora de você parar de duvidar de si mesma e começar a ouvir a verdade. —Ele continuou.
—Você vai ser todo macho alfa comigo fora do quarto?
—Se isso for preciso. —Ele me avisou com um humor leve. —Mas não vou precisar, porque você já sabe de tudo isso. Você só tem que acreditar.
Abaixei minha cabeça em seu ombro. —Agora sei por que eu me apaixonei por você.
—Você duvidava antes? —Ele sorriu maliciosamente, pressionando os lábios em um ponto atrás da minha orelha.
—Tive meus momentos. —Virei-me para ele, inclinando meu queixo para apreciar seu belo rosto. Quando estávamos juntos assim, era mais fácil ver como isso aconteceu, apesar de quão duro eu lutei para mantê-lo à distância. Eu havia questionado por que eu me apaixonei por ele. Inferno, eu me preocupava com a minha sanidade. Mas desde o momento em que eu percebi que me apaixonei, eu sabia que o amava. Agora, como e por que, não pareciam importantes. Não, desde que pudéssemos ficar juntos.
—Você vai tê-los comendo em sua mão. —Ele me prometeu.
—Como você sabe disso?
—Porque você me tem comendo em sua mão desde o dia em que nos conhecemos. —Ele explicou. Em seguida, ele selou sua confissão com um beijo que não deixou margem para dúvidas.
***
A redação da Trend estava alojada em um edifício tão imponente como as ruas movimentadas de Nova York. Meus olhos viajaram para cima, tentando absorver toda a glória da revista mais antiga e mais importante no mundo da moda. Como se na sugestão, meu celular tocou.
—Você está aí? —Lola perguntou quando eu atendi.
Eu segurei o telefone perto, pressionando meu dedo indicador na minha outra orelha para bloquear o barulho da rua. —Estou aqui. Lembre-me porque você não está?
—Porque tenho que terminar esse maldito portfólio. Lembre-se, fale como se já fôssemos um enorme sucesso. —Ela aconselhou.
—Isso seria mais fácil se tivéssemos um website. —Murmurei, meu estômago revirando enquanto eu olhava para a porta giratória na minha frente.
—Está no ar há duas horas.
—O que? —Gritei. —Você é algum tipo de bruxa?
—É vadia. —Ela me corrigiu. —Estamos abertos apenas por convite. Agora vá lá e arrase com Abigail Summers.
Desligamos, e eu entrei no lobby do Dwyer Publicidade. Se eu tivesse tempo, provavelmente teria me intimidado pelos pisos de mármore polido, ou as telas de grandes dimensões que exibiam capas recentes de revistas. Mas enlouquecer não estava na agenda. Em vez disso, me dirigi para um dos elevadores.
—Andar? —Um atendente perguntou quando entrei.
—Vinte e cinco.
—Ok. —Ele apertou o botão e depois voltou para uma posição já praticada.
Olhei para o velho homem e seu uniforme, me perguntando há quanto tempo ele fazia este trabalho. Ele, provavelmente, levou muitos fashionistas esperançosos para aquele andar. Eu estava quase o bombardeando com perguntas.
—Vai ficar tudo bem. —Ele disse gentilmente, quando o elevador estremeceu até parar.
Eu dei um sorriso nervoso. As portas se abriram e eu dei de cara com uma ruiva bonita. Sardas polvilhavam sua tez de porcelana e, talvez, sabendo que o preto básico a apagaria, ela usava uma brilhante camisa verde esmeralda.
Ela estendeu a mão. —Katherine Harper. A assistente de Abigail. Posso dizer que estamos muito animados com o conceito da Bless?
—O-obrigada. —Gaguejei.
—Posso lhe oferecer alguma coisa? Um café? Água? —Ela fez uma pausa, contorcendo seu rosto em um esforço para recordar mais opções. —Oh, Chá?
—Estou bem. —Assegurei. Dada à forma como eu estava tremendo, eu provavelmente derramaria tudo em mim.
—Você está pronta para ir direto para a entrevista, ou gostaria de um momento? —Ela continuou levando-me através do labirinto de cubículos em direção a um grande escritório de canto.
—Estou pronta. —Era uma mentira, mas eu colei meu sorriso radiante.
Katherine acenou quando passamos por uma mesa. —É Nolan. Ele é o nosso editor internacional. Nós o emprestamos da França por algumas semanas.
Nolan inclinou a cabeça, sem se preocupar em olhar para cima de seu tablet.
—Ele acha que somos todos grosseiros e com excesso de peso. —Ela sussurrou quando estávamos fora do alcance da voz.
A julgar pelo que ouvi, senti a típica atitude francesa para com os americanos. Pelo menos eu não tinha que ser entrevistada por ele.
No entanto, Katherine parecia imune a sua atitude. Ela o dispensou tão facilmente como ele a tinha dispensado. —Estamos tão ansiosos para ouvir tudo sobre Bless e de onde veio seu conceito.
Isso seria como um encontro de negócios, com jantar e vinho?
Katherine congelou e girou. Seu comportamento excessivamente alegre foi substituído por um sussurro conspiratório. —Isto é muito impressionante, não é? A primeira vez que entrei aqui, eu pensei que vomitaria.
—Ainda posso. —Admiti com um sorriso agradecido.
—Olha, Belle, você tem uma grande ideia. Quando li o informativo da sua parceira, eu fiquei animada, e confie em mim, há um monte de mulheres que necessitam deste serviço, eu inclusive. Você sabe como é difícil me dar ao luxo de manter-me com o meu próprio salário? Eu tenho que vir trabalhar com as últimas coleções. —Sua voz continuou a diminuir enquanto falava. Eu poderia dizer que não era algo que ela compartilhava com facilidade. Eu só estive em Nova York por um dia, e eu já sentia que não poderia me manter nela.
Eu respirei fundo, firmando. Eu estava aqui por uma razão. O plano de negócios que eu terminei no fim de semana era sólido. O plano de publicidade e marketing de Lola era incrível. Nós tínhamos até o dinheiro para financiar o nosso lançamento. Em pé na minha frente estava a nossa primeira cliente-alvo, e ela já foi comprada. As coisas estavam no lugar. —Obrigada. Eu precisava ouvir isso.
—Acredite em mim, meus cartões de crédito te agradecem. —Ela endireitou os ombros, os olhos arregalados de excitação. —Pronta?
—Sim. —Dessa vez eu quis dizer isso.
Considerando a impressão potente que eu tinha de Abigail Summers, fiquei surpresa ao ficar cara a cara com uma pequena morena, cujo cabelo estava empilhado desordenadamente em cima de sua cabeça, e óculos de leitura Versace empoleirado em seu longo nariz. Só alguém tão poderoso como a editora da Trend, poderia impor respeito sem fazer seu cabelo na parte da manhã. Ela olhou para cima de sua mesa tempo suficiente para me avaliar desinteressadamente, antes de voltar sua atenção para o seu arquivo.
—Este aqui. —Estendeu um pedaço de papel, e Katherine correu para agarrá-lo.
—O seu compromisso está aqui. —Katherine Interveio enquanto sua chefe continuava a classificar os papéis.
—É ela? —Ela perguntou, sua voz baixa com o olhar fixo em mim. —Obrigada Deus, você está aqui. Chame o médico, eu acho que preciso de uma nova receita.
Aparentemente, ela era um pouco sarcástica e muito mal-intencionada. Os olhos de Katherine correram de mim para a mesa e voltaram novamente, deslizando desculpas. Meu peito agitou em aborrecimento. Eu lidei com muitas pessoas como Abigail antes. Eu trabalhei para um homem como ela. E se a minha experiência com Smith me ensinou alguma coisa, é que as pessoas gostam que você responda com força.
—Belle Stuart. —Dei um passo em direção à sua mesa e estendi a mão. —É um prazer conhecê-la, Abigail.
Lá se vai ficar em segurança no território do puxa-saquismo. Arrogância apreciava bajulação, mas respeitava a confiança, e respeito rendia mais entre duas partes. Pelo menos foi o que disse a mim mesma.
Eu também podia ter me ferrado totalmente.
Abigail pegou seus óculos de leitura e jogou-os sobre a mesa, esfregando a fronte, antes de gesticular para eu tomar um assento. —Kat, pegue-nos algum café.
Talvez eu tenha feito a escolha certa, embora eu decidi não contar a ela que eu preferia chá.
—Belle, não é? —Abigail disse assim que sua assistente deixou a sala. —Diga-me novamente por que está aqui.
Eu sabia exatamente por que eu estava aqui. Eu estive sobre meus pontos de discussão durante dias. Lola me fritou sobre eles antes que eu voasse. O fato de que ela não tinha ideia de por que eu estava em seu escritório, é que era difícil de engolir.
Meus olhos encontraram com os dela, e fiz uma pausa para considerar a minha resposta, e foi aí que eu vi. Uma ligeira cintilação brilhando ameaçadoramente. Seu rosto era ilegível. Mas isso foi toda a informação que eu precisava. Ela sabia por que eu estava aqui.
—Sua revista quer fazer um editorial sobre a minha empresa iniciante. —Eu disse em um tom açucarado. Não havia necessidade de apontar seu engano. Abigail Summers me testaria ou me puniria. De qualquer maneira, eu tive uma boa sensação de onde eu estava com ela.
—Vamos cortar o papo furado, não é? —Ela cruzou as mãos sobre a mesa e esperou eu responder. Eu balancei a cabeça. —Ambas somos mulheres ocupadas, então eu não vejo razão para fingir o contrário. Eu disse a Katherine que ela poderia fazer algumas partes, porque ela está preocupada com a imagem da revista. Ou melhor, a minha imagem. Eu realmente não dou a mínima para o que as pessoas pensam sobre mim.
—Acho isso refrescante. —Disse sinceramente.
—Então espero que não se ofenda quando eu lhe digo que não me preocupo com uma empresa iniciante, a menos que ela esteja clonando o Michael Fassbender4. Sem ofensas.
Minhas sobrancelhas levantaram enquanto eu apertava minha boca em uma linha fina. Oh, eu estava ofendida. Principalmente porque a sua mensagem era muito clara. —Então Trend não está fazendo uma série sobre mulheres empresárias?
—Está. —Abigail disse. —Mas eu não estou. Francamente, esta reunião é um desperdício de minha energia.
—Francamente. —Disse me afastando e sorrindo para ela. —Eu sinto da mesma maneira. Vou encontrar a saída.
Katherine me encontrou na porta. —Está tudo bem?
—A entrevista acabou. —Eu disse a ela. —E eu estava de saída.
Ela respirou fundo enquanto balançava a cabeça. —Vou lidar com a entrevista pessoalmente. Eu só queria que você conhecesse minha editora.
Um pouco tarde. Eu conheci sua editora brilhante, e eu era inteligente o suficiente para saber que eu fui arrastada para algum tipo de luta interna pelo poder. Eu lidei bastante com isso na minha vida pessoal.
—Belle. —Abigail chamou. —Estou certa de que é uma mulher brilhante, com visão e promessa, mas Trend não é sobre destacar potencial. É um mostruário.
Eu deveria ir. O melhor curso de ação era acenar e ir embora. Havia pouco potencial para cair nesse cenário. Mas estava muito claro que havia pouquíssima possibilidade de que Trend seria parceira da minha empresa.
—Um mostruário cujas vendas de assinatura caíram mais de 20% no último ano. Sua revista também cortou tiragens para menos da metade do que era há cinco anos, embora revistas digitais representem apenas 10% de suas vendas. Sem mencionar que você está cortejando ativamente os anunciantes, pela primeira vez em vinte anos, porque já não veem para você. Mostre o que quiser. Você é a editora. Mas pegue isso de alguém cuja atividade está em fase de crescimento, você precisa se preocupar um pouco menos com suas tradições e um pouco mais sobre sua relevância.
Seu rosto permaneceu impassível quando soltei isso nela. Abigail pegou os óculos e colocou-os de volta. —Desfrute de seu tempo em Nova York.
Eu fui despachada. Não era a primeira vez, mas foi a vez que mais me desgostou. Eu investi o meu sonho hoje, e tudo era uma farsa. Bless ainda parecia vulnerável, como se um movimento errado matasse todo o negócio.
E eu tinha acabado de fazer a porra do movimento errado.
Eu não me preocupei em responder a graça de Abigail, em vez disso, saí, deixando uma Katherine atordoada atrás de mim. Eu passei pelo cubículo de Nolan, perguntando se ser idiota era um pré-requisito para trabalhar aqui, quando ela me alcançou.
—Desculpe-me. —Ela disse sem fôlego. —Não tenho ideia do que foi isso.
Virei-me tentando manter minha frustração. Katherine foi gentil comigo. Isso não era culpa dela. Mas desde que ela era a única pessoa ao redor, ela suportaria a minha raiva. —Foi sobre controle. Ela está no controle desta revista.
E você não está, eu adicionei silenciosamente. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo entre Katherine e sua chefe, mas tive uma boa ideia de que nenhuma delas gostava particularmente uma da outra. Era óbvio que Abigail não se importava com ela ou suas ideias.
—Ela foi a que deu ok para a ideia. —As palavras de Katherine saíram em uma sequência defensiva. —Ela escolheu especificamente você.
—E ela me rejeitou. —Me senti um pouco mais calma agora. —Katherine, não se preocupe com isso. Eu não estou interessada em ser um caso de caridade. Em poucos anos, ela não será capaz de me ignorar ou minha empresa, mas eu estarei mais do que feliz em ignorá-la.
Os lábios de Katherine contraíram-se, mas ela impediu o sorriso. —Aprecio isso.
—Algo me disse que você apreciaria. —O botão no elevador apitou quando as suas portas se abriram. —Boa sorte.
—Digo o mesmo para você, mas eu acho que você não vai precisar. Não com a sua atitude.
—Obrigada. —Eu disse quando entrei. —Pelas suas palavras anteriores e pela chance de vir aqui.
—Não estou certa de que você deveria me agradecer por isso. —Ela riu, mas soou oca.
Eu segurei a porta aberta com o meu braço. —Não, você me mostrou anteriormente que eu pertenço aqui. Eu pertenço a sua revista.
—Gostaria que fosse minha revista.
—Foi sua ideia de reinventar a imagem, e é muito boa. —Assegurei. —Mas acho que agora nós duas estamos no lugar errado. Vou pegar este elevador e voltar para onde eu deveria estar.
—Se eu soubesse para onde deveria ir... —Seu tom ficou melancólico.
—Você vai descobrir isso, e quando o fizer, me ligue. O mundo precisa de nós mulheres promissoras juntas.
Katherine inclinou-se e me deu um beijinho no rosto. —Você está certa. Agora, se me der licença, eu tenho que ficar aqui e fazer a minha hora.
Enquanto o elevador me levava para o lobby, considerei o que Abigail me disse. No momento em que cheguei ao térreo, toda a minha ansiedade tinha desaparecido. Esta reunião aterrorizante de mudança de vida foi nada mais que insignificante. Então, Trend não catapultaria a minha empresa ao superestrelato? Eu faria isso por conta própria.
Eu marquei Lola, preocupada que ela finalmente tivesse adormecido, mas ela respondeu imediatamente. —Como foi?
—Abigail Summers me disse que a Trend não estava interessada em potencial, então eu desfiei aquelas imagens que você me deu relativa à assinatura da revista.
—E então o que? —Lola estava sem fôlego na outra extremidade.
—Ela me disse para aproveitar minha viagem e voltou para o trabalho. —Deslizei pela porta giratória e me vi de volta na frente do edifício Dwyer. Desta vez não parecia tão imponente.
—Você afrontou a mulher mais bem-sucedida da moda. —Lola fez uma pausa. —Você está no seu caminho.
—Então você não está louca? —Perguntei com alívio.
—De modo nenhum. Não havia nenhuma maneira de lançarmos nesse período da publicação. Nós não estamos prontas!
Eu congelei em meu caminho. —Então por que estou aqui?
—Eu queria assustar a futura mulher mais bem-sucedida da moda. —Ela provocou. —Eu te enviei, porque agora você já enfrentou a sua maior rejeição. Como você está se sentindo?
—Provando que ela estava errada. —Respondi automaticamente.
—E você vai.
Sim, sim, eu iria.
CAPÍTULO TREZE
SMITH
O quarto estava completamente calmo, seus móveis e iluminação cuidadosamente escolhidos para empalidecer o quarto. Situado na parte velha e distante da Broadway, o Teatro parecia um pouco vintage. Tudo parecia pertencer a um lugar diferente no tempo, mesmo os atores que, silenciosamente, seguiam para o palco, como se fossem um relógio de pêndulo antigo atingindo a hora. Os dois atores tiraram os robes e começaram a dançar em um ritmo assombroso e lento. Seus movimentos espelhando o do outro e, quando as mãos finalmente se encontraram, eles arquearam para trás, contorcendo-se enquanto o ritmo da música acelerava. Mas, apesar de como seus corpos esmagavam uns contra os outros, separavam-se como se fossem duas forças de movimento colidindo, mas nunca combinando. Era uma luta pelo controle.
Ninguém os assistia, exceto uma bela mulher mais velha. As pessoas chegariam ao anoitecer para as suas emoções.
O espelho era um espetáculo macabro, burlesco, sensual, que conseguia enervar e incitar ao mesmo tempo. Aproximei-me da mulher que assistia silenciosamente no bar. Ela não olhou para cima quando cheguei mais perto, não exigiu saber como eu consegui entrar no teatro fechado. Seus olhos permaneceram colados ao conflito no palco, seu cabelo castanho em cascata abaixo do ombro, me impedindo de estudar seu rosto uma vez familiar.
—Mestra Alice. —Cumprimentei-a em voz baixa. Era como ela era conhecida por aqui, o apelido que deu a si mesma quando ela inventou seu teatro dos sonhos, mas esse não era seu nome verdadeiro. Pouquíssimas pessoas em Nova York sabiam. Na verdade, atualmente, eu poderia ser o único.
Ela não olhou para mim, embora seus lábios curvaram-se com um leve sorriso. —Você está no continente errado.
—Mas estou no lugar errado? —Vimos um ao outro ao longo dos anos em minhas viagens ocasionais aos Estados Unidos para negócios ou lazer. Esta era a segunda vez a negócios.
—Duvido disso, Smith. —Ela levantou-se. Seu robe de seda normalmente fechado sobre suas pernas longas, e fez um gesto em direção ao corredor.
A idade a deixou mais bela, e a distância a deixou mais suave. As linhas de seu rosto elegante aguçaram, mesmo que seu sorriso tenha ficado mais gentil. Ela teve que colocar um oceano entre seu passado e ela mesma. Não foi uma escolha desesperada. Foi calculada.
—Como está Georgia? —Ela perguntou quando suavemente fechou a porta de seu camarim privado.
Engoli em seco. É claro que seria a primeira pessoa que ela perguntaria. —Ela está bem. —Não elaborei mais neste momento. —Como você está, Samantha?
—O negócio está prosperando. —Não era uma resposta.
Eu levantei uma sobrancelha.
—Estou solitária. —Ela admitiu. —Minhas crianças insistem em ficar em Londres, e meus amantes cansam rápido.
Foi uma resposta mais direta do que eu esperava, mas, novamente, Samantha nunca sentiu necessidade de se envolver em jogos mentais perversos, como seu marido era tão afeiçoado.
—E Hammond? —Ela perguntou respeitosamente.
—Complicado. —Escolhi com cuidado a palavra. Ela era, em matéria de direito, ainda casada com ele. Embora ela tenha colocado um oceano entre eles há quase dez anos.
—Tudo com o meu marido é complicado. —Sua voz era frágil, revestida com arrependimento e recriminação. —E você e sua irmã ainda trabalham para ele?
—Sim, trabalhamos. —Agora estávamos chegando ao ponto. Samantha sempre considerou Georgia e eu como seus filhos adotivos e, na realidade, ela foi a coisa mais próxima de uma mãe que eu tive por um longo tempo. Mesmo quando minha própria mãe desapareceu da terra, ela estava lá. Ela tentou nos proteger quando percebeu que as intenções de seu marido estavam longe de serem paternais. Mas, no final, ela fugiu como todos nós. Ela foi a única a conseguir com sucesso.
Seus olhos fecharam-se, e quando abriram, eles brilhavam. —Ela teria ficado.
—Não deveria tê-la levado. —Foi o mais próximo que eu cheguei a um pedido de desculpas por causa da minha ingenuidade.
—Vocês eram jovens. —Samantha descartou a minha confissão. —Deus sabe o que Hammond disse, e o que estava acontecendo com ela aqui.
Ele me vendeu mentiras e eu as engoli, escolhendo acreditar que eu era o herói enviado para entregar a minha irmã indefesa ao camaleão perigoso que nos tinha enganado. Eu voei para Nova York e segui para sua casa, entregando-a nas mãos do verdadeiro predador.
—De muitas maneiras eu a quebrei tanto quanto ele. —Disse suavemente, lembrando quão prontamente ela caiu de joelhos no Velvet antes de lhe bater com avara.
—Ela não está quebrada. Seria um erro ignorar o fato óbvio de que ela é naturalmente submissa. —Samantha aconselhou. —Apesar de que suas ações foram imperdoáveis.
—Você a levou por uma razão, e nunca me ocorreu considerar isso.
—Já considerou que ela quisesse voltar? —Samantha perguntou com uma voz suave, que destacou o traço de sotaque escocês que ambos compartilhávamos.
Sim. Eu entendi que Georgia escolheu voltar para a Inglaterra e para a cama de Hammond. Assim como ela escolheu continuar essa charada. Mas com a idade, veio uma racionalidade que a salvou, em parte, de si mesma. A intensão em sua decisão é que estava ausente. —Ela era muito jovem para fazer essa escolha.
—Mas agora ela fez outra? —Samantha adivinhou. —Ou você veio para ver o meu show e jogar?
—Ambos, suponho. Se você tiver entradas disponíveis.
—Para você e...? —Sua voz foi sumindo, a pergunta pairando no ar entre nós.
—Uma mulher.
—Isso eu suspeitava. —Ela disse secamente.
—E ainda assim você perguntou. —Rebati. —Minha namorada está comigo nesta viagem.
—Ela deve ser importante para trazê-la aqui, ou talvez ela seja compreensiva?
—Viremos para o show. —Minha mensagem era clara. Belle podia apreciar o delicado teatro provocativo de Samantha, mas eu não estava prestes a descer com ela ao país das maravilhas, não depois do que tinha acontecido no Velvet.
—É uma pena que vocês dois não olhem olho no olho sobre tais assuntos.
Eu não explicaria os meandros da minha vida sexual para ela. —Receio que seja um pouco mais do que isso.
—Você vai trazê-la então. Eu gostaria de conhecer a mulher que capturou o seu interesse de modo total.
—Talvez. —Dado o que tínhamos que discutir, era possível que o convite fosse cancelado. Tempo e distância podem minar o sentimento de traição que uma vez ela sentiu. Ela havia permanecido casada com Hammond ao longo dos anos.
—Suponho que não há nenhum sentido evitar mais ainda este negócio. —O braço dela estendeu em direção a uma mesa lateral para pegar uma garrafa de cristal. Samantha nos serviu uma bebida.
—Você ainda tem uma propensão para o gin. —Coloquei o meu copo de lado.
—Eu vejo que você não.
A verdade é que eu não tinha estômago para beber hoje. —Há alguns acontecimentos em casa.
Samantha tomou sua bebida em um longo gole. —E você está aqui para fazer o que exatamente? Arrastar-me para casa ou avisar-me para ficar parada?
—Estou aqui como uma cortesia.
—Para quem? —Ela perguntou.
—Para você. —Este era um risco calculado. Contar a Samantha era uma aposta, porque a sua lealdade para com Hammond era questionável. Pelo meu conhecimento, os dois não se falavam há anos, mas eles também não se divorciaram.
—Tenho um pressentimento de que eu vou precisar de outra bebida. —Ela encheu o copo novamente, mas não engoliu. Em vez disso, ela acariciou a borda com o dedo indicador, seus olhos olhando diretamente através de mim para um lugar além desta sala.
—Hammond está sob investigação. —O truque era alertá-la com uma advertência suficiente para preparar os seus próprios negócios.
—Será que ele sabe disso?
Era a única pergunta que eu esperava que ela não fizesse. Se eu mentisse e dissesse que sim, eu correria o risco de, inocentemente, ela revelar a ele. Se eu lhe dissesse a verdade, lhe daria a corda para me enforcar.
Samantha inclinou a cabeça e voltou seu olhar para mim. —Você não tem que responder a isso.
Meu silêncio já tinha, e minha hesitação lhe disse outra coisa.
—Eu não te culpo. —Ela disse depois de alguns momentos de silêncio pesado. —Ele fez coisas imperdoáveis...
—Mas? —Senti a reserva sem ela dar desculpas para isso.
—Sem, mas. —Ela deu um sorriso fraco e tomou um gole. Ele deslizou para baixo de sua garganta com um gole audível. —Como seu advogado, você sabe que ainda estamos casados. O que acontece se... se ele for preso? Eu estou em perigo?
—Não há mais se, Samantha. A prisão virá.
Ela não perguntou como eu sabia disso. Ela adivinhou que eu tinha um papel no que estava por vir. —Serei extraditada?
—Isso é altamente improvável.
—Mas não impossível. —Ela não esperou que eu respondesse. —Não importa. Meus assuntos estão separados dos dele por anos.
—Isso foi um movimento criterioso. —A tranquilizei. Era perfeitamente possível que ela fosse procurada pelos tribunais, mas mais provável como uma testemunha contra os crimes do marido. Fugir do país tantos anos antes, indicava que ela também temia seu alcance. Mas dado à evidência crescente que recolhemos e entregamos às autoridades, o seu testemunho seria desnecessário.
Havia pouco mais que eu poderia fazer para tranquilizá-la. Eu fiz o que eu vim fazer. —Eu deveria ir. Tenho certeza de que você tem coisas para fazer antes da performance desta noite.
—Aprecio você vir aqui para me avisar. —Samantha disse enquanto me acompanhava à porta. —É melhor do que ser pega de surpresa com os jornais, eu suponho.
—Você fez o seu melhor para nos proteger. Você tentou ajudar Georgia.—Baixei minha voz. —Você realmente se importou quando pouquíssimas pessoas se importaram.
Samantha pegou meu queixo na mão e me estudou antes de suspirar. —Mas eu fiz o suficiente?
—Você fez mais do que ninguém. —Eu passei meus braços em torno de sua estrutura flexível e a abracei com força. Ela tentou, embora eu a tenha culpado por nos abandonar. Eu entendia agora. Algumas escolhas eram entre vida e morte. Viver com Hammond, viver com seu engano tóxico, era uma morte lenta. Eu não podia invejar seu voo para longe dessa agonia.
—Traga esta mulher para o show. —Os olhos de Samantha estreitaram-se enquanto enfiava um dedo no meu peito. Desta vez, era uma ordem. —Gostaria de conhecê-la e, talvez, você lhe mostre outras coisas também.
Eu apertei meu maxilar, tentando segurar o que poderia ser interpretado como um insulto. —Ela lutou contra Velvet.
—Velvet tem seus próprios fantasmas. —Ela disse sabiamente. —Você é inigualável lá. Você tem muita história com aquele lugar.
Ela estava certa. Nunca haveria uma verdadeira troca de poder lá. Não enquanto eu me agarrasse com tanta força ao meu controle, sempre que eu entrasse pela sua porta.
—Vou considerar isso. —Reiterei, ainda não querendo me comprometer.
—Não esconda dela quem você é, Smith. —A advertência escorria de suas palavras.
—Ela viu a besta dentro de mim. —Falei tão suavemente que eu não estava certo de que ela podia me ouvir.
—Não há besta. —Samantha brigou, bagunçando meu cabelo. —Apenas um homem.
Eu queria acreditar, mas ela me via através dos olhos de uma mãe e, embora ela tivesse algum conhecimento das profundezas da minha depravação, a nossa relação nunca atravessou as linhas que Hammond ultrapassou com Georgia. —Se isso fosse verdade.
—Todos os seres humanos são criaturas sujeitas a uma necessidade.
Não me preocupei em corrigi-la novamente. Eu dei à Belle uma escolha. Eu insinuei quem eu era. Eu dei a ela um gosto. Ela escolheu ficar comigo. Ela também escolheu ir embora. A mulher estava sujeita a nada. Ela era a única no controle. O que fez dela a única luz brilhando na escuridão do meu mundo.
Fez dela a única capaz de salvar minha alma.
CAPÍTULO CATORZE
SMITH
Eu andei pelas ruas por algumas horas enquanto contemplava o meu próximo passo. As decisões tinham que ser tomadas. Quando finalmente voltei para o quarto do hotel, quase tropecei nos saltos de leopardo que foram deixados na entrada. Ela os deixou entre a mesa da sala de jantar e a suíte. Observei-a da porta, não querendo perturbá-la enquanto ela trabalhava. O brilho púrpuro do crepúsculo iluminava suas feições, tornando a pele de porcelana em um tom róseo. Belle sempre foi adorável, mas hoje nesse halo de luz do fim da tarde, ela parecia um anjo, a porra de um anjo brilhante, e sexy como pecado. Suas sobrancelhas juntaram-se enquanto ela digitava furiosamente. Retirando meu celular, eu bati uma foto do momento de descuido. O som do obturador quebrou sua concentração e ela olhou para cima, e um sorriso espalhou lentamente pelo seu rosto.
—Espero que você tenha pego o meu lado bom. —Ela resmungou em aborrecimento simulado.
Eu ri enquanto selecionava a imagem, e a definia como fundo de tela do meu celular. —Todos são bons lados.
—Você é muito mole comigo. —Ela inclinou-se para trás em sua cadeira, revelando mais notas espalhadas ao redor dela.
Isso era o porquê estar com ela era fácil. Nem sempre foi. Não quando fomos apanhados na tentativa de negar a nossa atração um pelo outro. Desde que trancamos o mundo exterior, ficou mais complicado, mas nós, o nós que existia em privado, era simples.
—Como foi sua reunião? —Cruzei até ela e comecei a massagear seus ombros. Belle relaxou, permitindo-me um vislumbre de sua garganta pálida e cremosa.
Ela suspirou antes de responder com uma voz cansada. —Terrível.
—Ah? —Tive que me conter para não perder o meu temperamento. A ideia de que as coisas tivessem corrido mal e que ela estava chateada, acendeu uma lenta raiva no meu âmago.
—Não importa. —Sua mão pegou a minha e apertou, acalmando instantaneamente a fúria dentro de mim. —Não sei o que eu esperava, mas a editora era uma vadia.
Eu fiz uma nota mental para procurar esta editora. —Eu sinto muito.
Era o maior conforto que eu poderia oferecer no momento.
—Eu superei. Mesmo. —Ela disse enquanto eu lhe lançava um olhar duvidoso.
—Jantar? —Eu disse. Eu não acredito nem por um segundo que ela havia apagado tudo o que aconteceu esta tarde. Talvez um pouco de vinho aliviasse a história dela.
Ela mordeu o lábio, olhando rapidamente para o seu laptop. —Tenho mais alguns e-mails para responder.
—Não era para o advogado ser o viciado em trabalho?
—Eu sei, certo? —Ela saiu suavemente do meu alcance. —Dê-me uma hora?
—Isso será perfeito, bonita. —Dei um beijo em sua testa antes de desculpar-me para cuidar do meu próprio negócio. Uma hora também me daria tempo para me preparar para a noite.
Georgia não respondeu sua linha privada, mas não me preocupei dada a diferença de tempo entre Londres e Nova York. Sem dúvida, ela estava preocupada com os assuntos do clube. Eu verifiquei a maioria dos meus outros assuntos antes de viajar, o que me deu tempo para organizar o jantar. Uma hora mais tarde, tirei Belle de seu trabalho, e levei-a para o terraço privado da suíte, com minhas mãos sobre seus olhos. Apenas uma lasca de rosa do pôr do sol permanecia no horizonte. A cidade foi coberta por uma névoa escura que esboçava as formas dos edifícios e as árvores do Central Park, em ramos nus contra as luzes cintilantes dos arranha-céus distantes. Outono em Nova York era um momento mágico, enquanto a cidade movimentada se preparava para o inverno.
Soltei-a quando chegamos à mesa que Geoffrey montou no meio do pátio. Meia dúzia de velas iluminava a massa simples que eu pedi para pegar no Garazzo’s, um dos poucos estabelecimentos que sobreviveram desde a primeira vez que eu visitei a metrópole em constante mudança. Havia uma qualidade elegante no clássico rústico da comida caseira italiana, e o suspiro de prazer de Belle, recompensou o esforço por organizar o jantar.
Afastei a cadeira com minha mão em suas costas, e esperei até que ela desdobrasse o guardanapo em seu colo.
—Isto parece incrível. —Ela disse, enrolando uma porção enorme de massas em seu prato. —Agora que eu percebi que pulei o almoço.
—Então sua reunião foi terrível, mas você ainda sentiu necessidade de trabalhar toda a tarde? —Não consegui descobrir se ela estava trabalhando a decepção, ou tentando manter-se ocupada para evitar senti-la.
—Foi. —Ela admitiu. Rodou o garfo em torno do macarrão e deu uma grande mordida.
—Gostaria de ouvir sobre isso.
Ela fez uma pausa, como se considerando o meu pedido, antes que ela relatasse os acontecimentos de sua entrevista com Abigail Summers. Quando ela terminou, eu mal estava controlando a raiva acumulada prestes a transbordar.
—Você está bravo. —Ela observou quando finalmente terminou.
—Foi desrespeitoso. —Eu disse em voz baixa. Eu não conseguia pensar em mais alguns termos para descrever o comportamento de Summers, mas eu os mantive para mim.
—Sim. —Ela disse. —Abigail Summers chegou a ser desrespeitosa. Honestamente, eu superei.
—Você? —Repeti enfaticamente.
—Pelo visto... —Ela disse, deixando cair o guardanapo na mesa e rastejando sobre o meu colo. —Reagi muito bem à rejeição por estes dias.
—Não olhe para mim, Belle. Não estou prestes a testar suas teorias. —Meus braços circularam sua cintura. —Só quero você perto.
Nós ficamos assim sob um céu pintado de preto. O barulho da cidade morrendo, até que o único som que eu processava eram suas inalações fracas.
—Aqui em cima quase não se pode ver as estrelas. —Ela olhou para a escuridão, em busca de sua presença cintilante. —Era uma das minhas coisas favoritas sobre a propriedade da minha família.
Ela falou de sua casa de família como se já estivesse perdida. Eu sabia que não, embora eu optasse por não me envolver até que ela me pedisse, ou a situação tornar-se terrível.
—Quase não me lembro das estrelas. —Admiti.
—Nós deveríamos ir para algum lugar calmo onde elas não sejam escondidas pela cidade. —Ela murmurou.
—Claro, bonita.
—Quero que seja assim para sempre. —Ela sussurrou. —Só nós.
Nós. O assunto estava em minha mente perpetuamente desde que ela entrou na minha suíte ontem. Se eu estivesse sendo honesto, eu pensei em nós desde muito antes disso. Aqui, no alto da cidade caótica, parecia possível mais uma vez. Eu não fui capaz de descobrir como fazê-lo funcionar em Londres. Eu a obriguei a me enfrentar, para que eu pudesse explicar. Minha traição orquestrada cravou um espinho profundamente enraizado, e eu tinha certeza de que a única maneira de removê-lo era lhe dizendo a verdade. Ou, o quanto me atrevia a compartilhar. —Poderíamos se ficássemos aqui.
Ela riu levemente, mas o som cessou quando seus olhos encontraram os meus. —Sério?
—Por que não? —Eu perguntei a ela. —Você é a única coisa que me amarra a Londres, e agora você está aqui.
Belle inclinou o rosto lindo para olhar para mim. Eu já sabia a resposta. —Tenho uma vida em Londres.
—Eu sei. Não era sério. —Disse com desdém.
—Você estava falando sério. —Ela disse com a voz cada vez mais suave, enquanto continuava. —Eu gostaria também, mas eu tenho Clara e o novo bebê. Minha tia. Edward.
Eu tinha que lembrar-me de que os laços que a prendiam a Londres, não eram as algemas que me prendiam cativo. Belle tinha pessoas que ela amava segurando-a lá, algo que eu não tinha. Cada nome que ela falou foi um lembrete de que eu não era seu mundo inteiro.
—Você está com ciúmes. —Ela acusou.
—Você não pode me culpar por querer você todinha para mim. —Ela poderia, de fato. Era egoísta e mesquinho. Aquelas pessoas fizeram quem ela era, transformando-a na mulher que eu amava e, se pudesse, a levaria para longe de todos eles. Samantha estava errada. Eu era uma besta, uma criatura primitiva que não conhecia nada além dos meus próprios desejos. E agora, eu amarraria Belle se eu pudesse. A guardaria em um canto. Pressionaria a ficar. E nem uma grama minha sentiria culpa por isso.
—Você vai ter que aprender a compartilhar. —Ela provocou, arrastando seu dedo indicador em toda a minha palma.
—Não compartilho, bonita. —Lembrei-a. —Você pertence a mim.
Isto a silenciou. Quando ela finalmente falou, suas palavras saíram travadas e incompletas. —Eu sei. Mas... Smith, eu quero... mais.
—Mais de mim? —Engoli em seco com esta revelação.
—Sim e não. —Ela bateu rapidamente. —Se eu tiver que escolher, eu vou escolher você. Toda vez. A qualquer custo. Eu só queria que não fosse o caso.
—Eu também, Belle.
Desta vez, eu vi o caroço em sua garganta. —Então vamos mudar para Nova York. Seria bom para Bless.
Ela estava disposta a desistir de tudo. Arrancar sua existência e largar todos os outros. Era o que eu precisava saber. —Não. —Disse com firmeza. —Farinha do mesmo saco, lembra?
—Não quero ir para casa se é perigoso para você. —Ela murmurou, finalmente, dando palavras para o medo que a levara a um acordo tão desesperador.
Como eu poderia dizer a ela que eu queria mantê-la aqui por esse motivo? Que retornar a Londres juntos era semelhante a pintar um alvo nas suas costas? —Não quero desistir de você.
As palavras impensadas escorregaram da minha boca e alojaram-se entre nós.
—O que aconteceu com enfrentar a tempestade juntos?
Virei-me para longe dela, buscando sua resposta no escuro, uma noite sem lua. Ela agarrou meu rosto, suas unhas cravando em meu queixo.
—Não ouse. —O tom histérico infiltrou em sua voz. —Você estava certo. Eu posso viver sem você, mas eu não quero. Eu sou forte, mas eu sou mais forte com você. Somos mais fortes.
Mas nós não somos invencíveis. Eu mantive o pensamento para mim mesmo. —Sou mais forte com você, também.
E, no entanto, ela era a minha maior fraqueza. Ela me fez vulnerável. Se Hammond fizesse um movimento, se ele tivesse uma suspeita, não era mais uma simples questão me matar.
—Então nunca diga isso novamente. —Ela piscou e as lágrimas deslizaram pelo seu rosto. —Nunca diga isso, porra.
Eu as enxuguei com a ponta do meu polegar. —Não direi.
—Às vezes você pode ser um maldito idiota. —Ela disse com uma fungada.
—E você ainda me ama. —Brinquei.
—Ninguém nunca me acusou de ter bons julgamentos. —Seus lábios curvaram-se.
Era assim que eu queria passar esse tempo com ela. Provações esperavam por nós em Londres e, mais cedo do que eu gostaria, teríamos de enfrentá-las. —Nós só temos alguns dias. Vamos apreciá-los. Fingir que estamos em férias e que temos nada além de uma vida feliz e simples à nossa frente, cheia de sexo, sucesso e...
—E? —Ela perguntou, de bom grado juntando-se a mim no jogo. —O que mais temos nesta vida ideal?
Passei um dedo ao longo de seu queixo. —Eu não sei. Se estamos brincando de fingir, acho que poderíamos ter qualquer coisa que quiséssemos.
—Se ao menos... —Os olhos de Belle tremularam para baixo, suas bochechas escurecendo.
—Se ao menos o que? —Pressionei. —O que você quer, bonita? Deixe-me dar a você. Talvez não hoje ou amanhã. Mas algum dia. Vamos manter-nos focados em algum dia.
—Eu não sei. É... bobagem. Eu não sei mesmo o que eu estava pensando exatamente.
Eu entendi. Belle era uma mulher, uma mulher ambiciosa, mas isso não significava que ela tivesse desistido das atividades domésticas. —Um anel? —Imaginei.
—Algum dia. —Ela repetiu suavemente. —Sei que é um longo caminho. Eu não estou pronta também. Eu só...
—O que mais? —Perguntei, ignorando sua insegurança. —Um bebê?
Seus olhos arregalaram. —Você não... hum...
—Não pareço o tipo. Eu sei, mas vou lhe contar um segredo. As pessoas mudam, bonita. —Beijei-a suavemente. —Você me mudou.
Não importa que tudo isso fosse uma fantasia. Por um momento, eu precisava fingir que era possível, porque ela merecia. Se ela estava disposta a desistir de tudo por mim, eu queria que ela soubesse que eu faria tudo ao meu alcance para dar a ela uma vida plena.
—Você está dizendo que quer um bebê? —Ela perguntou, estreitando os olhos, desconfiada. —Ou você está tentando tirar minha calcinha?
—Estou sempre tentando tirar sua calcinha. —Enfiei a mão por sua barriga, e empurrei-a entre as coxas. —Um bebê por enquanto está fora, mas eu não me importaria de praticar.
—Que generosidade a sua. —A secura do comentário foi minada por sua ingestão aguda da respiração, enquanto eu esfregava seu sexo através do tecido de seda do vestido.
—Posso ser muito generoso. —Meu polegar começou a circular, usando o atrito que o material acrescentava. —Mesmo quando você está completamente vestida, eu não posso manter minhas mãos longe de você. É uma sensação boa, não é? Ter sua calcinha roçando sobre seu clitóris? Está molhada, bonita?
Eu já sabia a resposta. O vestido ficou úmido enquanto eu continuava a manipular sua boceta através de suas roupas.
—Sim. —Ela gemeu.
—Eu posso sentir. —Capturei sua boca e beijei-a profundamente. Quando me afastei, ela estava tremendo. Nós deveríamos tirá-la dessas roupas.
Enganchando um braço ao redor dela, eu a coloquei de pé. Meus dedos encontraram o zíper escondido debaixo do braço, e eu o deslizei para baixo lentamente, enquanto continuava a beijá-la. —Você é minha, não é? —Eu perguntei. —Você quer que eu a reclame para toda Nova York ver?
Fomos muito longe para arriscar aparições ocasionais na rua, e o isolamento do terraço nos proporcionava uma grande quantidade de privacidade. Eu não tinha vontade de compartilhar Belle ou seu corpo com mais ninguém. Ainda não havia nenhuma maneira para o voyeurismo.
Sua respiração acelerou e ela mordeu o lábio antes de concordar.
—Você é tão safada. —Continuei a despi-la, até que ela estava nua no ar frio da noite. Os mamilos eram pontas afiadas, e embora ela estremecesse, ela não se queixou do frio. —Está frio, não é? Mas você quer tanto isso que você não se importa. Fique de joelhos.
Belle abaixou uma perna de cada vez. Os olhos permaneceram arregalados enquanto ela olhava para mim. Eu me afastei dela desabotoando o cinto e, em seguida, minha calça. No momento em que cheguei ao corrimão do terraço, eu estava acariciando-me com uma das mãos. Com a outra, eu acenei para que ela viesse para mim. Não houve nenhuma hesitação quando ela caiu sobre suas mãos, e arrastou-se obediente aos meus pés. Ela balançou sobre seus saltos, até que estava ajoelhada diante de mim.
Eu rocei meu polegar sobre seu lábio, manchando seu batom vermelho na boca, com minha outra mão ainda no meu pau. Empurrando a ponta do meu polegar por seus lábios, eu sorri aprovando quando começou a sugá-lo. —Você sabe por que se arrastou para mim, Belle?
Ela assentiu com a cabeça, mas não respondeu, mais preocupada com o dedo que tinha entre os lábios. Puxei-o para fora e esperei por uma resposta.
—Porque eu sou sua. —Ela sussurrou. A franja escura e pestanas batiam inocentemente sobre seus olhos grandes e azuis enquanto ela respondia. Ela sentiu a verdade entre nós, entendeu a ligação irrevogável e primal que tínhamos. Era inegável como a nossa necessidade de respirar. Era tão cativante como a minha obsessão por ela.
—Sempre. —Prometi a ela.
Ela inclinou-se para frente, pressionando a boca na proeminência do meu pau. Senti o calor do beijo através do tecido da minha calça, e minhas bolas apertaram. O jeito que ela mantinha os olhos colados ao meu quando ela adorava fazer meu pau pulsar. Era difícil ser paciente quando ela oferecia seu corpo, mas eu não queria me mover. Não enquanto ela esperava por permissão, parecendo linda pra caralho de joelhos.
Deus, eu amava essa mulher. Seria um erro pensar que ela não era a pessoa que estava realmente no controle. No momento, eu era dela, literalmente. Enrolei seu cabelo e puxei sua cabeça para trás, não sendo capaz de me negar. Sua língua lambeu seu lábio inferior quando puxei meu pau para fora.
—Você pode. —Disse a ela, sabendo que ela me esperaria instruí-la, assim como eu sabia o que ela realmente queria.
A língua de Belle atacou varrendo ao longo do comprimento do meu pau, quando ela deslizou os lábios pela cabeça. Ela rodou a ponta languidamente antes que ela me engolisse até à raiz, e começou a chupar.
—Isso é bom pra caralho. —Grunhi, intensificando meu aperto em seu cabelo. —Adoro ter meu pau em sua boca quente e ávida.
Mas havia coisas que eu amava mais, e agora elas estavam em exposição para mim. Os pequeninos picos dos mamilos, a curva generosa de seu traseiro. Eu nunca a tive de joelhos, mas agora eu precisava possuí-la. Eu queria minhas mãos em seu corpo, segurando-a firme enquanto a levasse. Eu a puxei pelo cabelo, os lábios estalando alto quando eu quebrei a sucção.
—Suba. —Ordenei, agarrando-a por debaixo do braço e puxando-a para ficar de pé. Ela gostava de áspero, e eu gostava de mandar. Empurrando-a para frente contra o corrimão, deslizei meu cinto e o envolvi em torno de seus pulsos, conectando-os sobre o corrimão e fixando-os.
Deixei-a assim, amarrada ao corrimão, nua e tremendo no ar da noite enquanto enrolava as mangas. Era uma bela vista: a mulher mais perfeita do mundo, despida e amarrada, contra o horizonte de Nova Iorque.
—Tem certeza de que você não quer se mudar para Nova York, bonita? —Murmurei contra seu ouvido. —Não sei se posso encontrar uma vista como essa.
Seus quadris contorceram em busca de contato, e eu bati de leve no seu traseiro. Esta noite seria em meus termos.
—Vou tomar isso como um não. —Acariciei o monte suave entre suas coxas enquanto falava, até que ela estava choramingando e sacudindo. —Quando eu acabar com você, você pode reconsiderar.
Então, deslizei profundamente dentro dela, e dei-lhe algo para pensar.
CAPÍTULO QUINZE
BELLE
A dor me atravessou e eu torci tentando escapar. Eu gritei, mas nenhum som saiu da minha garganta. Eu queria que parasse. Eu queria que ele parasse, mas estávamos bem além desse ponto.
A vara bateu contra a minha carne tenra e eu entrei em colapso. Desta vez doía tanto, que a minha respiração acelerou. Minhas pernas queimavam com o esforço da luta, enquanto as cordas machucavam meus pulsos. Smith me circulou, e eu olhei suplicante para ele. Mas ele sequer percebeu ou não se importava. Ele era outra pessoa, alguém que eu não conhecia. Onde estava o homem que me amava? Por que ele havia sido substituído por este monstro?
Sentei-me na cama, a minha pele manchada com suor. Smith se atrapalhou com a luz no criado-mudo enquanto eu engasgava por ar.
—O que está errado? —Ele perguntou, chegando para me acalmar.
Eu me afastei, olhando para ele. Seu olhar dizia tudo. Eu fui substituída por uma criatura selvagem, meu único pensamento era me proteger.
—Foi um sonho. —Ele disse em voz baixa. —Um pesadelo.
Um sonho. Nada disso era real, mesmo que eu pudesse jurar que senti a ardência onde eu fui atingida. Eu passei meus braços em volta do meu peito, abraçando meu corpo quando comecei a balançar.
—Bonita, você teve um pesadelo. —Ele repetiu. Desta vez, a verdade afundando na névoa do sono que nublava minha consciência.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, quando gradualmente voltei para o aqui e agora.
—Você quer me contar? —Ele falou suavemente, e eu desmoronei com a bondade em sua voz. Ele ainda estava aqui. Ele ainda era Smith. Meu Smith.
—Você... você estava me batendo. —Engasguei. —Me batendo com uma vara.
Seus lábios pressionaram em uma linha fina, uma veia contraindo ao lado de sua mandíbula. Nós dois sabíamos o que tinha originado o sonho. Era um assunto que tínhamos evitado falar, mas não havia nenhuma possibilidade de que poderíamos ignorá-lo completamente. Eu entendia isso agora. Desta vez, quando ele chegou para mim, eu não tentei escapar. Em vez disso eu deixei ele me puxar contra seu corpo. Ele murmurou calmamente no meu ouvido enquanto acariciava minhas costas. Mesmo assim, eu não podia soltar.
—Por quê? —Empurrei a questão pelos meus lábios secos. —Porque você fez isso? Por que você a escolheu?
—Porque queria que você fosse embora e nunca olhasse para trás. —Sua confissão foi dura devido à verdade que continha.
Eu sabia que essa era a razão dele ter me feito passar por aquela cena. Mas, independentemente de suas intenções, eu não poderia descartar a dor que isso me causou ao vê-lo golpeando Georgia no Velvet. Ou a traição que se agarrava à memória.
—Por que ela? —Repeti.
—Porque ela estava disposta e porque eu sabia que machucaria você.
Eu me afastei dele, sem me preocupar em esconder o horror que sentia.
—Você ainda quer uma submissa? —Exigi. —Alguém que você possa bater? Será que você vai ser feliz comigo se eu não puder lhe dar isso? Se eu não o fizer?
—Não quero isso. —Ele disse em tom firme, que não deixou espaço para questionamento. —Para começar, não queria colocá-la nisso e, certamente, não é a vida que eu quero. Ou a vida que eu escolhi. Eu escolhi você, Belle.
—Aquela noite você a escolheu. —Atirei a acusação contra ele. —Você ainda gosta, não é? De dominar uma mulher indefesa?
—Não! Eu não. Esse é o meu passado. Não é meu futuro.
—Se é o que você precisa. —Continuei ignorando sua resposta. —Pegue-me. Amarre-me. Chicoteie-me. Escolha-me.
—Eu já escolhi você, e não preciso fazer essas coisas com você. Quero que o nosso relacionamento seja por prazer. Eu quero fazer você gozar e fazer você rir. Quero que seja feliz. —Mas a insipidez de sua resposta sugeria que ele entendia que era muito mais complicado do que isso.
—Você me pediu para ir lá. Você me magoou e, em seguida, você voltou para mim!
—Minha mão foi forçada. Você sabe o que eu estou tentando concluir.
—Não! Eu não! —Explodi. Tudo o que ele tinha me dado eram explicações parciais, o suficiente para acalmar, mas não o suficiente para apaziguar a incerteza e a dúvida que me corroíam. Sentime envergonhada por oferecer meu corpo ao abuso, ao mesmo tempo em que o meu desespero crescia a níveis maníacos. —Leve-me.
—Absolutamente não.
Sua negação doeu, e eu balancei a cabeça. —Não lá. Você veio para Nova York por uma razão. Há um clube aqui com certeza. Diga-me que estou errada.
Ele hesitou, e eu soube imediatamente que eu o encurralei.
—Onde? —Pressionei. Saí da cama e comecei a puxar itens do armário. —O que se veste para um clube de BDSM? Ou vou nua?
—Vamos para a cama.
Mas eu não cederia dessa vez.
—Leve-me lá. Mostre-me. —Minha voz suavizou. Eu não podia ser impedida por mais tempo desta parte da sua vida, este elemento do seu passado. —Eu quero tudo de você. Eu não vou me contentar com menos.
A expressão de Smith era ilegível enquanto me avaliava. Finalmente, ele falou. —Use um vestido. Nada chamativo.
—Calcinha? —Comecei a tremer enquanto puxava um vestido preto simples de um cabide.
—Sim. Não vou colocar você em exposição. —Ele ergueu a mão quando eu abri minha boca para protestar. —Vou te mostrar por que venho para Nova York. Vou te levar para quem eu fui ver, mas termina aí. Se você lutar comigo sobre isso, eu vou colocá-la em um voo pela manhã.
—Você não pode ditar minha vida, Price.
Ele encolheu com o uso de seu sobrenome, mas eu não estava nem aí. Era hora de enfrentar nossos demônios e tentar sobreviver a eles. Eu não poderia viver com a possibilidade de que não conseguiria sobreviver. Eu tinha que provar a mim mesma o contrário.
***
Da rua, não havia nada de especial sobre o edifício onde o motorista de táxi nos deixou. Já passava da meia-noite, e não havia uma alma à vista. O motorista olhou nervosamente para o local. —Você está certo de que este é o lugar?
—Sim, nós estamos bem. —Smith jogou uma nota em sua direção, o que efetivamente silenciou suas preocupações.
Smith não pegou a minha mão enquanto caminhávamos para a porta. Ao contrário do Velvet, essa abriu imediatamente, e o som da música suave e sonhadora, flutuou em nossa direção. Dei um passo e parei. Não era um clube, era algum tipo de teatro. No palco, um grupo de dançarinos com pouca roupa, realizava uma dança sensual. Dois homens empurrando e puxando a mulher entre eles. Ela caia em seus braços para que eles a atirassem no ar. O outro homem a pegou, quando seu cabelo roçou o chão de madeira por baixo deles.
Havia poucas pessoas na plateia. Sem dúvida, o show estava chegando ao fim. Virando-me para Smith, dei-lhe um olhar fulminante, mas ele olhou atrás de mim.
—Mestra. —Ele disse em saudação, e eu virei para enfrentar uma mulher elegante, com um longo vestido que brilhava como rubi na luz fraca. Ela estava em seus quarenta e poucos anos, com os cabelos em cascata graciosamente caindo sobre um ombro nu.
—Você juntou-se a nós, e eu vejo que você trouxe sua amiga. —A sobrancelha fina curvou-se em interrogação.
—Belle, conheça...
—Samantha. —Ela interrompeu. —Meus clientes me chamam de Alice, mas você não é uma cliente.
Era um tipo de explicação, mas eu lutei para processar o que eu estava experimentando. Portanto, esta era a mulher que Smith veio ver. A julgar pelo sotaque escocês que cobria suas palavras, ela era alguém de seu passado.
—Bem-vinda ao The Looking Glass5. É um projeto de estimação. —Ela fez sinal para a seguirmos ao bar. Olhando para o bartender, ela levantou três dedos. Um momento depois, três copos pequenos estavam diante de nós.
—Absinto. —Ela levantou um e entregou-o a mim. —Torna o impossível em provável.
Engoli em um gole, quase engasgando com seu sabor assumidamente de alcaçuz.
—Ela queria conhecê-la. —Ele explicou, sem se preocupar em tomar a bebida que ela lhe ofereceu.
Samantha me estudou por um momento com os olhos afiados. —Acho que ela veio por mais do que isso.
—Vim para obter respostas. —Eu disse. Se ninguém começaria a falar, eu começaria a perguntar. —Quem diabos você é, e por que ele veio de tão longe para falar com você?
—Ela é ardente. —Samantha falou com ele como se eu não estivesse lá.
—Você não tem ideia. —Avisei.
—Você veio por respostas, mas você também veio por liberação. —Ela adivinhou. —Os segredos e o medo que o acompanham estão sobrecarregando você.
Era como falar com uma maldita esfinge. Se eu esperava que ela fosse mais clara do que meu misterioso namorado, acho que ficaria decepcionada. Mas nada me surpreendia mais, não quando vinha com o complicado e espinhoso relacionamento que tinha com Smith.
—Samantha é a esposa de Hammond.
Eu estava errada. Ele ainda podia me chocar.
—O deixei anos atrás. —Ela explicou. —Smith me mantém a par do que está acontecendo em casa.
—E o que ele te disse? —Eu perguntei. —Provavelmente mais do que ele me disse.
—Uma mudança no vento está chegando.
Mais enigmas.
—Ele veio avisar-me. —Ela continuou, acenando com a mão com desdém, como se não fosse nada fora do comum. —E você veio para o país das maravilhas.
—Será que essa cadela vem com um anel decodificador? —Estalei, mas ela apenas riu.
—Posso ver porque você não a está tomando como uma submissa.
Isso mesmo, ele não estava. Eu estava muito ocupada fervendo, para realmente dizer isso em voz alta.
—Leve-a para lá e mostre a ela. É a única maneira de aliviá-la. —Suas instruções foram claras, e deixou pouca dúvida do porque a mulher de Hammond tinha sido tão profundamente enraizada na Londres obscura e sexual, quanto seu marido.
—Vamos dar uma olhada. —Seu significado era claro.
Mas isso não significava que eu cumpriria seus desejos.
—Você sabe o caminho. —Ela disse a ele. Em seguida, inclinou-se e sussurrou no meu ouvido. —Caia no buraco do coelho e abra sua mente.
Minha pele arrepiou com o calor de sua respiração, mas assim que ela disse isso, ela desapareceu nos bastidores do teatro.
—Mostre-me. —Ordenei. Hoje à noite eu estava aproveitando as oportunidades, e ele teria que lidar com isso. Smith apontou para um corredor e eu caminhei para frente. Não havia lugar para o medo aqui, mas o meu sangue ainda corria de forma irregular em minhas veias. Eu pedi para vir aqui, e agora eu enfrentaria a coisa que mais me assustava.
O medo de que eu poderia não ser o que ele precisava.
Uma porta pintada em tons de amarelo estava no final do corredor, e Smith abriu-a para mim. Havia mais pessoas dentro do que na plateia. Aparentemente, Samantha tinha a mesma propensão a cobrir seus pecados como seu marido. Algumas cabeças viraram na nossa direção, mas ninguém falou quando passamos pelo salão ricamente decorado. Do outro lado da sala, um grande espelho refletia de volta à cena diante de mim. Um casal nu, sentado no sofá, e a seus pés, uma mulher presa em uma coleira e corda vermelha. Depois da minha experiência no Velvet, eu não achei isso chocante, mas me deixou enjoada. Este era o mundo que Smith outrora habitara. Era o mundo do qual ele ainda poderia querer fazer parte, e eu não tinha certeza se poderia ir lá com ele.
Smith contornou a área de estar e foi para outra porta. Ele fez uma pausa, como se preparando, e abriu. Segui-o para dentro, surpresa ao encontrar vazio. Eu me assustei quando um bloqueio clicou atrás de nós. Voltei minha atenção para a única mobília na sala: um estranho X na frente de uma grande janela. Espiando através do vidro, eu percebi que eu estava olhando para o lounge. O espelho que eu vi era um truque. Acenei para as pessoas no sofá, mas olhavam além de mim, sem me ver.
—Eles não podem nos ver. —Smith disse enquanto tirava o paletó. —Se vamos fazer isso, vai ser nos meus termos.
Eu abri minha boca para protestar, mas ele me silenciou com uma das mãos levantada.
—Não compartilho você. Não vou colocá-la em exibição. —Ele me informou com a voz rouca. —E não vou torturar você, mas vou te mostrar o que eu quero fazer com você.
Suas palavras me estremeceram e eu acenei.
—Tire suas roupas.
Corri para retirar o vestido sobre minha cabeça. Levou várias tentativas, dado que as minhas mãos estavam tremendo tanto quanto o resto de mim.
—Não vou te machucar. —Ele me tranquilizou. —E tão logo você peça, isto para. Diga a palavra vermelho e tudo acaba.
Eu poderia fazer isso. Eu poderia fazer isso. Eu confiava nele.
Não confiava?
Smith pegou minha mão e me guiou em direção à cruz. —Coloque seus braços para cima.
Coloquei meus braços contra as tábuas de madeira.
—Vou prendê-la nisso. —Ele explicou. —E então eu vou puni-la por duvidar de mim.
Engoli em seco contra o caroço que, imediatamente, formou-se em minha garganta.
Smith prendeu uma tira de couro sobre cada pulso. Então ele se abaixou. Esforcei-me para vê-lo, mas depois senti outra tira de couro sobre o meu tornozelo. Estava espalhada diante dele, nua e atada. Eu lhe pedi para fazer isso, e agora eu precisava confiar que eu poderia viver com o que vinha a seguir. Ele estava ao meu lado e, lentamente, desabotoou a camisa antes de descartá-la. A visão dele, nu da cintura para cima, fez meu sexo pulsar. Mas isso não era sobre o prazer. Não era por isso que eu estava aqui.
Eu estava aqui para ser punida.
Eu gostaria de poder dizer que o pensamento me assustava mais do que me animava, mas isso não era verdade. Baixei a cabeça em humilhação. Isto era o quanto eu o queria, quanto eu precisava fazer parte do seu mundo.
—Você é impressionante. —Ele disse. —O seu medo a deixa mais bonita, e sua confiança a deixa irresistível. Estou tão duro agora. Quero transar com você até que você peça perdão, mas isso não é o que você quer, é?
Eu tentei acenar, mas eu não podia. A mão de Smith pegou a minha nuca. —Responda-me.
—Não.
—O que você quer?
—Ser punida. —Respondi em voz baixa.
—Boa menina. —Smith me soltou e atravessou a sala, fora da minha linha de visão. Quando ele voltou, eu ouvi o leve tapa de algo contra a palma da mão. Um momento depois, couro fresco roçou ao longo de minha parte traseira. —Respire, Belle.
Obriguei-me, mesmo enquanto o pânico aumentava no meu peito. Então, ele bateu. Eu vacilei, mas apenas como um reflexo. As pontas do chicote bateram ao longo da minha pele. Espalhando algo como provocantes tentáculos sobre a minha bunda. Eu senti minha carne quente, mas não doeu. Em vez disso, o pulso aumentou entre as minhas pernas.
—Você já está molhada. —Ele comentou. —Eu posso ver isso. Isto não vai doer, mas você vai desejar que doesse. Porque então, você não teria que sentir a dor em sua boceta com cada chicotada.
Eu gemi quando ele me bateu novamente. O calor irradiando através do meu traseiro era agradável, mas não era o prazer que eu desejava. Eu me contorci contra as minhas restrições, minhas coxas tentando pressionar por um alívio.
Smith estalou a língua. —Só eu posso lhe conceder liberação. Isso é o que você quer, não é?
Eu engasguei um sim.
—Então, peça-me para chicoteá-la novamente. Desta vez eu não vou parar.
—Por favor, Senhor. —O pedido saiu dos meus lábios tão naturalmente quanto a respiração.
Ele concordou, balançando o chicote em rápidos movimentos sucessivos, que roubou todos os pensamentos da minha mente. Tudo o que existia era o querer construindo no meu núcleo, e cada vez que ele batia, eu queria que as pontas do chicote batessem contra o inchaço necessitado. Mas ele sabia o que estava fazendo. Ele me negaria o prazer até que ele determinasse que eu merecia. Apertei meus dentes contra a carne macia do meu lábio inferior, enquanto lutava para manter o meu prazer escondido. Ele me empurrou para o limite, e eu tinha de me agarrar a ele, sabendo que ele estaria descontente se eu me permitisse perder o controle. Mas ficava mais difícil enquanto ele continuava, até que os lamentos começaram a derramar da minha boca. Devassos. Urgentes.
O chicote bateu no chão, e ouvi o clique misericordioso do cinto sendo aberto. Smith levemente colocou uma das mãos sobre o meu sexo. Se eu pudesse me mover, eu teria pressionado nele e desabado com o contato.
—Você está pingando. —Havia uma aprovação vigorosa em sua voz agora. Ele estendeu a mão, e rapidamente desatou cada uma das minhas mãos. Segurei a cruz de madeira para apoio, enquanto ele soltava meus tornozelos e me ajudava a abaixar. —Contra a janela. Você vai olhar para aquelas pessoas que você teme, enquanto eu te fodo, e então você vai saber que isso, o que acontece aqui, é entre nós e apenas nós. Será sempre assim.
Ele guiou-me para o vidro, e eu achatei-me contra ele, enquanto ele puxava meus quadris para trás. A cabeça de seu pau esfregou contra a minha boceta sensível, e eu me preparei, sabendo que eu não seria capaz de me controlar quando ele finalmente me violasse.
—Você vai gritar quando gozar. —Ele instruiu com voz rouca. —E você vai me agradecer por te comer, por te fazer minha.
Ele parou; a ponta do seu pau posicionada contra mim, e então ele mergulhou dentro de mim. Eu quebrei; prazer me inundou enquanto meus gritos derramavam. Através da janela, nada mudou. Ninguém se mexeu. Ninguém olhou para mim. Eu não existia para eles. Eu só existia aqui, na presença do homem que me reivindicou como sua.
—É isso aí. Isto é o que você precisa. Eu sei disso, bonita. —Ele continuou a empurrar sem descanso enquanto eu tremia ao seu redor. Meus espasmos acalmaram, e eu chorei de gratidão.
—Obrigada. Obrigada. Obrigada. —Eu disse, porque era o único pensamento que eu era capaz de ter. Ele me deu o que eu precisava. Ele me centrou, mesmo quando me estirou ao máximo. Isso era o que eu precisava. Ele era o que eu precisava, e eu nunca deixaria de me maravilhar com isso.
Quando seu ritmo finalmente desacelerou, ele permaneceu dentro de mim. Tirando uma mecha de cabelo da minha boca, seus lábios moviam-se contra a minha orelha. —Isto é o que eu quero. Dar tudo que você precisa. Tudo o que você merece. Nada mais importa.
Ele me pegou em seus braços e me segurou por um longo tempo, sussurrando o quanto me amava. E eu acreditei nele. A compreensão afundando dentro de mim, criando raízes em meus ossos, tão inabalável quanto o amor que eu sentia por ele.
CAPÍTULO DEZESSEIS
SMITH
A cama sacudiu debaixo de mim, e eu abri um olho para o rosto sorridente de Belle. Içando o meu corpo, descansei sonolentamente contra a cabeceira. Ela já estava vestida para o dia em uma camisa macia de cashmere, que fazia com que seus olhos parecessem quase cinzas na luz da manhã. Se ela sentia alguma dúvida persistente sobre as atividades da noite anterior, não demonstrou. Segurei seu queixo por um momento e a estudei.
—Bom dia, bonita. —Bocejei. A melhor e única maneira de acordar era quando ela ainda estava nua na cama comigo, mas abrir os olhos e ver seu sorriso era bem próximo.
—Vamos a uma aventura. —Ela anunciou, enquanto cruzava as pernas debaixo dela, revelando um jeans e botas de camurça. Aparentemente, eu dormi entre um banho e quem sabe o que mais.
Eu engoli o riso com seu entusiasmo contagiante. —Pensei que fomos a uma aventura na última noite.
—Não esse tipo de aventura. —Ela esclareceu, levantando as sobrancelhas antes de piscar para mim. —Passamos tempo suficiente aqui dentro esta semana.
Não perdi a forma sugestiva que ela disse “dentro”.
Dentro dela? Dentro de nosso quarto de hotel? Dentro de um calabouço? Tanto quanto eu estava preocupado, dentro era a perfeição geográfica. Mas seria injusto impedi-la de passar algum tempo na cidade, especialmente porque ela nunca esteve aqui antes. Estendi meus braços e minha mão para ela, mas ela escapuliu do meu alcance. —Você me tem em desvantagem. Não estou nem vestido.
—Aham. —Ela estalou a língua contra o céu da sua boca, enquanto balançava a cabeça em recusa. —Partiremos em breve e eu não vi nada. Você vai ter que passar algumas horas mantendo as mãos para si mesmo, Price.
—Mesmo? —Apontei seu blefe. Eu levantei o lençol e olhei para a tenda por baixo. —Não se ofenda, companheiro. Ela ainda gosta de você.
Ela golpeou minha mão, e eu deixei cair o lençol, aproveitando a oportunidade para pegá-la. Puxando-a em meus braços, eu me movi para que ela pudesse sentir minha ereção pressionando contra sua bunda.
—Não vi nada turístico. —Ela disse, aninhando-se contra o meu pescoço. —Leve-me para passear, e você pode ser tão mão boba quanto desejar esta noite.
Eu a tinha exatamente onde eu queria, e ela estava negociando. Depois de ontem, com ela na ponta do chicote, tudo o que eu queria era passar o dia na cama me certificando de que ela recebesse horas de prazer. —Se minha garota quer sair, eu acho que preciso afastar isso e me vestir.
—Eu quero sair. —Seus dentes beliscaram o lábio inferior enquanto lutava sua própria batalha contra a necessidade. —Mas seria uma pena desperdiçar isso.
Sua mão deslizou sob o lençol e encontrou meu pau. Esse era o tipo de esforço que eu faria. Virei-a de costas e subi em cima dela antes que ela pudesse mudar de ideia. Eu estava errado, esta era a maneira perfeita para começar o dia.
***
Galhos de árvores quase nuas entrelaçavam sobre nós enquanto seguíamos pelo Central Park, esmagando as folhas sob os nossos pés, enquanto caminhávamos lado a lado através do espaço verde. O inverno estava se aproximando, e o frio do ar beliscava nossas faces expostas. Nós tínhamos nos agasalhado para o passeio. Belle conseguiu encontrar o suéter dela depois de nosso amor na manhã, mas escolheu uma saia e meia-calça depois que percebeu que sua calça estava desaparecida.
Ela estava debaixo da cama, mas eu não me importei de me fazer de bobo, se isso significava passar o dia olhando para suas coxas bem torneadas.
—Há um zoológico aqui em algum lugar. —Ela me disse. —E uma lagoa e... Oh!
Ela parou para olhar um homem pintado de branco da cabeça aos pés. Ele estava imóvel, uma pequena caixa a seus pés. Procurando em meu bolso, deixei cair alguns dólares para ele, e o homem começou a mover-se, piscando e movendo-se como se estivesse confuso por encontrar-se voltando à vida. Belle observou com muita atenção; prazer desenhando os lábios em um sorriso radiante. Depois de alguns minutos, o artista ficou em uma nova posição, agachando-se com o queixo apoiado nas mãos.
—Espero que ele encontre um novo público em breve. —Eu disse enquanto continuávamos ao longo da calçada.
—Ele encontrará. —Belle sorriu enquanto apertava minha mão.
Havia uma magia no ar que parecia pairar em torno de nós. Parecia palpável, como se pudéssemos pegá-la se fôssemos pacientes o suficiente. Talvez fosse a tranquilidade que parecia existir aqui, apesar da cidade repleta de vida que estava fora de seus limites. Ou talvez fosse simplesmente a companhia que eu me encontrava.
Chegamos ao lago por acidente, e parei para assistir dois meninos com veleiros sobre ele. Belle aplaudiu e comemorou ao meu lado, antes de caminhar até o carrinho que vendia os barcos, e comprar dois para nós.
—Se importa com alguma competição amigável? —Ela perguntou, inclinando-se para colocar seu barco na água.
Movi-me atrás dela para bloquear a visão de seu traseiro. Segurando seus quadris, eu apertei. —Não gosto de perder.
—Eu também não. —Ela avisou, com os olhos piscando maliciosamente enquanto lançava seu barco.
—Trapaceira!
—Não é minha falha você ser tão facilmente distraído. —Ela sacudiu seu traseiro enquanto eu corria para pôr o meu próprio barco no lago. No final, ela me derrotou tão extensamente, que eu sabia que não poderia ter vencido mesmo sem o seu ponto de partida. Isso não me impediria de incomodá-la pelo resto do dia.
—Você é sem vergonha. —Disse a ela enquanto caminhávamos para o outro lado, para pegar os barcos. Passamo-los para uma família que estava nas proximidades.
—Não posso evitar ganhar. —Ela me lançou um olhar altivo.
—Desavergonhada. Competitiva. —Murmurei baixinho. —Você já é tão Price.
Belle inalou bruscamente com as minhas palavras, mas antes que eu pudesse julgar a reação dela, ela se afastou de mim e apontou para a entrada em arco do jardim zoológico. Ela reagiu. Assim como ela reagiu na outra noite no terraço, como se minhas sugestões tanto a assustavam quanto a emocionavam. Elas tinham o mesmo efeito em mim se eu estava sendo honesto, mas por razões muito diferentes.
Paguei a entrada, e passamos as próximas horas vagando pelo santuário animal, apreciando as reações de cada um, tanto quanto os animais. Perto da exposição primata, um chimpanzé jogou uma maçã para mim, e fez sinal para eu comer. Eu dei uma mordida e joguei-a de volta.
—Tenho certeza de que é contra as regras do jardim zoológico. —Belle disse secamente, enquanto continuávamos antes disso se tornar um pega-pega.
—Animais e eu nos entendemos. —Disse, envolvendo um braço em volta de sua cintura, e puxando-a para mais perto. Ela se derreteu em mim, rindo.
—Às vezes eu acho que você pertence a uma gaiola. —Ela admitiu.
—Você provavelmente está certa, bonita. —Inclinei-me para sussurrar. —Mais tarde vou lhe mostrar quão primitivo posso ser.
Belle balançou a cabeça, e uma risada explodiu enquanto seus olhos corriam em direção a uma menininha e sua mãe. Saudade atravessou seu rosto, mas ela sorriu enquanto a criança passava por nós. Isso confirmou o que eu suspeitava. Belle estava tão interessada em começar uma família quanto estava em começar um negócio. Parecia um tiro no escuro que eu tivesse mais a ver com isso do que o relógio biológico, mas, novamente, ela não estava interessada em namoro quando nos conhecemos.
—O que você está pensando? —Ela perguntou, puxando-me dos meus pensamentos.
—Que estou com fome. —Eu menti. Eu não estava prestes a compartilhar essas ideias com ela, não quando ela não estava nem consciente delas. Em vez disso, encontramos um carrinho de cachorro-quente e pedi dois. Sentamos em um banco do parque, comendo, discutindo as maneiras estranhas que os americanos faziam sua comida.
—Eles não podem colocar tudo isso em um desses. —Belle balançou a cabeça, quando contei sobre o cachorro-quente que comi uma vez em Chicago.
Eu levantei a mão. —Eu juro.
Ela abriu a boca para perguntar quando uma bola colorida caiu sobre nossos pés. Belle reagiu imediatamente, ajudando a criancinha a ficar de pé, sua mãe correu na mesma direção. O menino começou a chorar, e Belle acalmou-o em voz baixa, enquanto limpava os restos de grama dos joelhos de sua calça.
—Obrigada. —Sua mãe disse com voz nervosa quando finalmente chegou até nós. Ela pegou sua mão e levou-o embora. —Você tem que parar de fugir, Gabe!
Belle sentou-se e os observou seguirem para o zoológico. Não havia dúvida do olhar em seu rosto. Saudade. Ela queria uma família. Ela queria um filho.
Deus, eu queria dar a ela. Eu queria tudo com esta mulher bonita, que parecia entender de maneira intrínseca como viver uma vida plena. Eu queria que ela me ensinasse a fazer o mesmo. Eu nunca pensei ser possível que eu poderia ser um bom homem. Com ela, parecia possível. Ela me fez acreditar que eu era mais do que a soma dos meus erros do passado.
Eu contemplei o pensamento anterior, mas apenas para avaliar como ela reagiria à ideia de compromisso. Isto era diferente. Era como se eu passasse a minha vida inteira esperando por esse momento, e agora que estava aqui, tudo o que veio antes, parecia desbotado. Eu nem sabia que isso estava esperando por mim.
—Você terminou? —Limpei um pouco de mostarda do canto de sua boca.
Belle olhou-me com curiosidade. Ela não perdeu o tom rouco colorindo a minha voz. Eu não podia fingir que cada pedaço de mim estava pulsando com esta revelação.
Ela amassou o guardanapo e atirou-o na cesta de lixo. Quando ela virou para mim, eu capturei sua boca, derramando em um beijo, as promessas que eu queria fazer. Sua mão macia pegou minha nuca e me segurou lá.
Eu senti. Eu sabia que ela sentiu também.
Nós não precisávamos falar sobre isso. Era real, tão tangível quanto o toque de nossos corpos. Também era tão complicado e emaranhado quanto os nossos membros estavam se tornando, o quanto nos demos um ao outro totalmente. Nós éramos apenas um homem e uma mulher, comprometendo-se com a chamada básica e urgente da nossa biologia. Eu queria levá-la ali mesmo, mas me contive.
—Leve-me para a cama. —Belle ofegou quando finalmente livramos nossas línguas tempo suficiente para falar.
Nenhum de nós falou enquanto corríamos de volta para o Plaza. Sobre nossas cabeças um estrondo súbito anunciou a chuva, antes que as primeiras gotas salpicassem nossas faces. O dilúvio foi tão rápido e inesperado quanto a revelação que acabava de experimentar. No momento em que chegamos ao hotel, estávamos tão encharcados, que ninguém pensou em nada quando corremos para o elevador. Era o álibi perfeito.
Eu não podia esperar por vinte andares. Meus dedos deslizaram sob a barra da camisa de Belle, e eu tirei a roupa encharcada sobre sua cabeça. Puxando as alças do sutiã sobre os ombros, eu libertei os seios, a boca fechando sobre o mamilo enquanto o elevador subia. Suas mãos estavam espalmadas contra o vidro espelhado enquanto eu mordia e chupava. Alcançando debaixo de sua saia, rasguei sua meia-calça, rasgando a costura que cobria sua boceta, assim que as portas do elevador se abriram.
Poderíamos ter batido contra um grupo inteiro de empresários japoneses que não teríamos notado. Carregando-a em meus braços, levei-a para a suíte, incapaz de manter a boca longe dela. Longe de seus lábios. Longe de sua pele. Ela era a perfeição encarnada. A deusa e uma mulher sedutora em uma só. Ao mesmo tempo, ela era muito mais do que isso. Eu poderia passar minha vida inteira estudando o dicionário, e nunca descobriria todos os termos para descrever quão selvagem, sensual e brilhante ela era, porra.
—Preciso estar dentro de você. —Gemi quando batemos contra a porta. Belle se atrapalhou para tirar minha calça enquanto entrávamos. Nós quase caímos, mas eu a peguei contra a porta. Empurrando a calcinha para o lado, eu empurrei em sua boceta escorregadia. Não demoraria nada para me levar ao limite. Eu queria enchê-la. Eu queria ver seu rosto enquanto esvaziava meu pau dentro dela. Mas a cabeça de Belle caiu para trás quando ela começou a gemer.
—T-t-tão bom. —Ela sussurrou antes de gritar de prazer. —Foda-me, Smith. Eu quero sentir isso.
Oh, ela sentiria isso. Ela ainda estaria sentindo isso amanhã, e se eu tivesse o que dizer, ela estaria sentindo isso na próxima semana.
Mais palavras sacanas saíram de seus lábios antes que eu esmagasse nossas bocas juntas. Ela não precisava pedir. Eu nunca pararia. Eu nunca desistiria dela. Quando ela finalmente apertou em torno de mim, eu empurrei-a contra a parede, e nós dois chegamos ao clímax. Mas, quando Belle caiu contra mim, eu não me retirei dela. Em vez disso, segurei sua bunda, incitando suas pernas a ficarem em minhas costas. Levando-a, subi as escadas, coloquei-a na nossa cama e, lentamente, nós nos despimos.
Apesar do meu poderoso clímax, minha ereção não havia baixado. Ela não fez nenhum protesto quando rastejei ao longo dela e deslizei para dentro. Eu podia compreender isso. Suas unhas cravaram nas minhas costas, coçando toda a minha pele. O roçar de seus seios macios contra meu peito. O círculo lento de seus quadris contra as investidas da minha virilha.
—Você é minha. —Rosnei, apoiando-me nas palmas das minhas mãos, para que eu pudesse balançar mais fundo em seu canal.
Atrevi-me a olhar em seus olhos, me atrevi a esperar escontrar a mesma maravilha fervorosa que eu sentia lá. Em vez disso, vi o medo. Movi meu peso e levantei uma das mãos para sua bochecha. Eu queria limpá-la, apagar a ansiedade e dúvidas que se interpunham em nossa relação. Mas eu sabia que não era tão simples. Tudo o que eu podia fazer era oferecer-lhe garantia de que ela era querida.
Que era amada.
Porque meu Deus, eu amava essa mulher, e se eu tivesse que passar todos os dias provando a ela, eu o faria.
—Para sempre. —Empurrei a palavra entre as respirações. —Minha para sempre.
E mais.
Eu não queria seu corpo ou seu coração. Eu queria sua alma. Eu queria tudo, até seu último suspiro.
Uma lágrima brilhou no canto do seu olho e eu a beijei. Ela sorriu timidamente e arqueou dentro de mim, oferecendo-me os lábios. Levei-os, capturei seus beijos, partilhei a sua respiração enquanto levava tudo dela e a fazia minha.
CAPÍTULO DEZESSETE
BELLE
Os dias seguintes passaram em um borrão enquanto tentávamos curtir o restante do nosso tempo aqui. Sexo, museus e shows, e sexo, compras e sexo. Nós cedemos à fantasia de que nossa vida poderia ser assim, e me senti bem. Perversa, egoísta e incrível, porra. Nosso retorno iminente a Londres, significava compartilhar Smith com os outros, a maioria dos quais eu não gostava nem confiava. Significava também trabalhar para engrenar nossas vidas juntos. Na maior parte, evitávamos falar sobre o que aconteceria quando chegássemos a Heathrow. Nós estaríamos juntos. Nós concordamos com isso. O resto, nós teríamos que resolver.
Mas quando a nossa última noite na cidade chegou, uma forte pressão surgiu em meu peito. Ela arranhou meu peito à procura de uma fuga, que eu tinha certeza que viria na forma de um choro histérico, hiperventilação, ou a procura dos requisitos para imigração. Aqui era fácil ignorar o problema esperando por nós em Londres. Smith parecia igualmente ansioso. Ele passou a manhã em seu celular, andando pelo terraço enquanto fazia as chamadas.
Não era como queríamos passar a última hora aqui, mas eu sabia que ele estava preocupado. Ele tentou me proteger de seus associados antes. Agora, ele estava planejando tomar minha mão, e caminhar comigo para a cova do leão. Ao meio-dia, eu olhei para fora e encontrei-o sentado calmamente.
—Tudo organizado? —Perguntei quando caí em seu colo.
Os braços de Smith enrolaram em volta de mim, e ele acenou com a cabeça, mesmo enquanto seus olhos permaneciam distantes. —A maior parte. Há algumas questões de último minuto.
—Sempre há. —Mas minha resposta não o acalmou. Smith não estava aqui comigo, não realmente. Seus pensamentos, suas preocupações, estavam em outro lugar. Por mais que eu quisesse chamar sua atenção para mim, eu entendia o que estava acontecendo. Desde que eu tinha descoberto a natureza do seu envolvimento com a sua entidade patronal, eu estava preocupada com sua segurança. Quão pior era a sensação para ele?
—Sinto muito, bonita. Eu tenho que cuidar de algumas coisas. —Ele deu um beijo na minha testa. —Que tal jantar? Vou providenciar reservas para as sete.
—OK. —Disse lentamente. —Mas me dê um tempo para ir ao shopping.
Isto me rendeu um sorriso, mas desapareceu muito rapidamente. —Leve meu cartão. Eu adicionei você à minha conta.
—Tenho o meu próprio dinheiro. —Protestei.
—Belle... —Smith agarrou meu queixo e obrigou-me a encontrar o seu olhar. —Nós temos dinheiro. Acostume-se a isso.
Eu não discuti mais com ele. Em vez disso, decidi que, se ele insistia que eu desse uma mordida em sua conta bancária, então eu faria compras para ele. Não que o homem precisasse de roupas. Isso não me impedia de comprar uma variedade de novas gravatas, que era reconhecidamente um pouco egoísta da minha parte, considerando como eu esperava que ele as usasse. Quando passei pela joalheria na Saks6, eu parei.
—Posso ver isso? —Perguntei, apontando para a vitrine.
—Gosto adorável. —A atendente comentou enquanto tirava as abotoaduras de ouro em forma de pena do visor, e passava uma para mim. —Única, mas elegante.
Mas meus pensamentos estavam presos no passado, recordando a gentil introdução emocionante que eu tive com a sexualidade de Smith, como toque de uma pena. Engoli em seco, desejando que estivesse com ele agora. —Vou levar.
Tentei não me sentir culpada quando passei o seu cartão de crédito. Por mais que quisesse comprar com meu próprio dinheiro, eu sabia que não apenas esgotaria minha conta, mas isso, provavelmente, faria um buraco gigante nela também. Eu resisti ao impulso de me acovardar quando ela me entregou o recibo do cartão, e alguns minutos mais tarde, eu escondi o pacote cuidadosamente embrulhado em minha bolsa.
Embora eu provavelmente tivesse mais tempo para passear, parecia uma boa ideia parar agora. Mas quando eu verifiquei meu celular, era apenas quatro da tarde.
Pesquise. Eu não compraria nada, pensei enquanto me dirigia à seção de moda feminina. Mas, era parte do meu trabalho estar no topo do mercado. Ocorreu-me que eu provavelmente deveria ter passado mais tempo em Nova York trabalhando nisso. Mas uma hora de pesquisa era melhor do que nada. Eu já estava indo para casa sem uma entrevista. Nem Lola, nem Katherine, entraram em contato com mais novidades.
A coleção da primavera estava começando a aparecer sobre as prateleiras, mas muitas peças pareciam as mesmas. Uma vez que não havia pressa para lançar a uma velocidade vertiginosa, precisávamos comprar as coleções quando saíssem. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Lola. Era noite em Londres, mas eu não queria me esquecer de criar estratégias com ela. Eram cinco horas da tarde, por isso, se eu recuasse agora, eu teria tempo para ficar pronta antes que o carro chegasse. Depois de um dia me negando, um banho de espuma parecia um bom compromisso.
Eu tinha quase atingido a escada rolante, quando um manequim chamou minha atenção. Não houve como lutar. Eu tinha que ver o preço. Eu tinha que tocar no tecido. As mangas eram limitadas, e embora o decote não fizesse mais do que revelar a clavícula, havia uma sensualidade clássica que era impossível negar. Era algo mais do que um vestido preto. Talvez, devido à saia cheia que caia graciosamente até o chão na parte de trás, mas que balançava em um pequeno ângulo caindo no meio da panturrilha.
—Você deveria comprá-lo. —A voz familiar aconselhou-me enquanto eu estudava o vestido.
Girei para encontrar Katherine Harper atrás de mim. —Pressão social hein?
—Esse não é apenas um vestido, é uma declaração. —Ela fez uma pausa enquanto admirávamos.
—Não tenho certeza de que eu tenha uma ocasião para usar algo assim. Pode ser um pouco demais para vestir no jantar com meu namorado.
—A ocasião está vestida. —Kat disse com uma risada, colocando uma mecha escarlate atrás da orelha. —Use isso e algo mágico acontecerá.
—Você deveria trabalhar aqui. —Ela já tinha me vendido.
—Posso me candidatar após a semana que tive. —Ela mordeu o lábio nervosamente. —Novamente estou tão triste sobre o que aconteceu.
—Não se preocupe com isso. —A detive. —Se eu ligasse para o que cada cadela falasse de cruel para mim, eu nunca teria chegado aqui.
—Parece que você tem alguma perspectiva sobre isso.
—Você deveria conhecer minha mãe.
—Olha, estou trabalhando para a Abigail. Eu não sei que bicho a mordeu... —A mão de Kat voou para a sua boca. —Desculpa! Eu só quero dizer que ela tem sido um pouco hostil recentemente. Em um mês ela estará lançando uma história sobre empresárias do sexo feminino. Vou mantê-la atualizada.
—Obrigada. —Era mais fácil dizer isso, do que dizer a ela para não se preocupar. Abigail Summers arruinou sua relação comigo. A vida era muito curta para lidar com uma tremenda puta.
Katherine continuou a conversar comigo enquanto eu verificava a etiqueta do vestido. Eu estava quase no hotel quando Smith me mandou uma mensagem.
SMITH: Acabando alguns negócios. O carro vai buscá-la às sete.
Lá se vai as qualidades milagrosas do vestido. Se eu tivesse sorte, ele estaria lá na hora. Eu escolhi não ficar chateada. Nós dois estávamos aqui a negócios. Se eu ficasse sentada sozinha à mesa de jantar, sobraria mais vinho.
De vez em quando, uma mulher coloca uma peça de roupa ou um par de sapatos, e é mágico. Eu vi essa magia no rosto de Clara, quando ela colocou seu vestido de casamento. Eu senti isso quando coloquei meu primeiro par de Louboutins. Parecia ridículo, e não era algo que eu poderia explicar exatamente. Só que algumas roupas eram transformadoras. Quando fechei o zíper do vestido preto, eu senti que a magia caiu em mim.
Eu não me incomodei em olhar no espelho quando coloquei um par de saltos pretos simples. Não importava como parecia. Não neste vestido. Era como eu me sentia. Eu era uma princesa a caminho do baile. Eu era Audrey Hepburn chamando a atenção de todos os homens na sala. Eu era Belle Stuart, e eu era fabulosa. Quando entrei no lobby, as cabeças giraram para assistir, dizendo-me que eu estava certa. Um carregador correu para abrir a porta quando me aproximei, e eu sorri para ele.
—Você está linda esta noite. —Ele me cumprimentou quando passei por ele. —Você precisa de um carro?
—Tenho um que me pegará às sete. —Olhei em volta, procurando um sedan privado.
—Ah, senhorita Stuart? —Ele adivinhou.
Eu balancei a cabeça, e ele apontou para uma longa e elegante limusine, que estava estacionada no meio-fio. O motorista saltou e correu para abrir a porta. Eu aceitei sua ajuda para entrar, desejando que Smith estivesse aqui comigo. Deixei-o me mimar, mesmo quando ele não estava por perto para aproveitar. Eu não perguntei onde estávamos indo. Em vez disso, eu olhei para fora da janela. Nós cortamos o Central Park, e minha mente derivou para o dia em que tinha passado ali. Algo mudou naquela tarde. Smith me mostrou uma vulnerabilidade atípica. Fazer amor tinha sido primitivo e apaixonado, e mais notavelmente, não foi perverso. E ainda assim, foi a noite mais sexy da minha vida. Não houve nenhuma distância entre nós, nenhuma troca de poder. E, embora eu gostasse quando ele era áspero, ou me dava ordens na cama, aquela noite foi sobre conexão.
Como o fim de semana antes de ele me demitir. Como o último fim de semana que passamos abertamente como um casal, antes que fingíssemos terminar, e antes de realmente terminarmos. Eu apertei a mão no meu estômago, uma vez que ele embrulhou. Esta noite era a nossa última noite juntos em Nova York. Nós deveríamos ir para casa, para Londres, como um casal, mas Smith deixou claro que sempre escolheria a minha segurança sobre a nossa felicidade.
Ele tentaria acabar as coisas entre nós. E eu não deixaria.
Não dessa vez.
Minha segurança não importava se eu não podia ficar longe dele, e nada nos separaria novamente.
Exceto um oceano, uma vozinha interrompeu. Smith expressou seu interesse em se hospedar em Nova York. Não era algo que eu queria fazer. Mas ele passou os últimos dias despedindo-se de mim. Quanto mais eu recordava o tempo que passamos juntos, o amor que fizemos, mais óbvio tornava-se. Ele queria me mostrar que ele me amava, provar isso, antes que ele me deixasse novamente.
Engoli contra as lágrimas construindo na minha garganta. Por que ele me consertaria se ele me quebraria novamente?
Porque ele te ama, disse a voz. Era um motivo racional. Talvez se pudesse provar seu amor, então seria mais fácil saber que ele estava tomando a decisão de me proteger. Mas o amor não era racional ou paciente, ou facilmente descartado. Amor consumia e alterava. Amor unia duas pessoas e juntava seus corações. Distância, morte, nada poderia separá-los. E se a vida afastasse esses corações, não haveria maneira de curar, muitas peças estariam faltando.
Recusei-me a deixar as lágrimas caírem, assim como recusava a deixá-lo ir embora. Se houvesse perigo, enfrentaríamos juntos.
Não havia outras opções.
Eu repeti isso em silêncio, desejando que as palavras tomassem forma para que eu pudesse me agarrar a elas com força, quando a limusine desacelerou na frente de uma cúpula de vidro espetacular. Uma grande esfera azul brilhava no interior do edifício quase escuro.
—Com licença. —Chamei o motorista. —Estamos no endereço certo?
Mas ele já estava fora do carro e abrindo minha porta. —O Rose Space Center. É onde eu fui informado. Vou esperar aqui por você.
Eu teria uma conversa com Smith, sobre seu desejo estranho de me desviar no meio da viagem. De alguma forma eu duvidava que houvesse comida lá dentro. Peguei a mão do motorista e saí do carro. —Não parece aberto.
Como se na sugestão, um segurança apareceu, dando um passo em direção à entrada. —Senhorita.
Eu estava tão perturbada que nem percebi que deixei a minha bolsa quando cheguei a ele. Por um segundo eu considerei voltar, mas a curiosidade venceu. O interior estava mal iluminado, dando forma a uma variedade de exposições que estavam fechadas para a noite. O guarda entrou atrás de mim, e eu virei para ele com as mãos estendidas.
—Siga estes. —Ele aconselhou, inclinando a cabeça para o chão.
Segui seu olhar para descobrir duas fileiras de velas. Suas chamas iluminavam o caminho. Caminhei lentamente, receosa que minha saia batesse sobre uma delas. Eu estava tão focada, que parei de surpresa quando cheguei a uma porta. Estava tão escuro que eu não podia ver o interior. Segurei o batente e pisei cautelosamente. Quando meu salto tocou o chão, um milhão de luzes brilhantes iluminaram o espaço. Olhei com espanto quando o céu noturno apareceu diante de mim. Uma estrela subiu para a escuridão. Eu estava tão fascinada, que não ouvi Smith aproximar-se, até que ele tomou as minhas mãos. Abri a boca. Eu estava sem palavras.
—Encontrei as estrelas para você. —Ele disse em voz baixa cheia de emoção rouca.
—É lindo. —Foi o máximo que eu consegui dizer. Ele roubou todas as minhas palavras, assim como ele roubou o meu coração.
—Você está linda. —Ele esticou os braços e me estudou. Aqui estávamos, sob a vitrine mais brilhante de estrelas que eu já vi, e Smith não podia olhar para longe de mim. —A cada dia eu me perguntava o que eu fiz para merecer encontrá-la. Todos os dias eu questionava o que eu fiz para ficar com você.
—Smith. —Comecei, mas ele balançou a cabeça e eu fiquei em silêncio.
—Voltaremos para Londres amanhã.
Era isso. Balancei trêmula em meus pés, e ele me pegou pela cintura. —Não. —Implorei. —Não me deixe novamente. Eu não vou deixar você.
—Eu não vou deixar você. —Ele prometeu suavemente. A luz das estrelas fracamente sombreando metade de seu rosto, gravando o restante em linhas brutais. Magnífico. —Nunca mais.
Suas palavras libertaram as lágrimas que eu mantive durante a minha viagem até aqui. Ele as afastou das minhas bochechas quando elas começaram a cair.
—Estenda a sua palma. —Ele me instruiu em voz suave.
Virei a mão trêmula e esperei.
—Não vou ficar de joelhos. Eu não estou pedindo. Este não é um anel de compromisso. —Mesmo na escuridão, a aliança na minha mão brilhava como fogo, os diamantes captando a luz das estrelas.
—Não entendo. —Admiti enquanto olhava para o anel.
—É o nosso futuro. É a nossa vida. Essa é uma aliança de casamento, Belle. Está em suas mãos agora, juntamente com o meu coração e tudo o que eu tenho que dar para você. —Ele fechou os dedos sobre a aliança. —Você é o que eu quero. Você é a única coisa que eu sempre quis. Eu estive esperando por você toda a minha vida. Agora minha vida é sua.
Eu mal processei quando ele me beijou, e quando se afastou, ele não me pressionou a falar.
—Você decide. Há a porta. Há a aliança.
—Smith, eu... —Mas eu não sei como minha sentença terminou.
—Nossas vidas são complicadas. Isso não.
Abri minha mão e peguei a aliança. Pareceu complicada e pesada, e um milhão de outras emoções que não tinham palavras.
Mas ele estava certo, isso dependia de mim.
CAPÍTULO DEZOITO
SMITH
—Quero um gin e tônica.
Belle ergueu a sobrancelha como se desaprovasse minha escolha de bebida. —Chá.
A aeromoça seguiu em frente, rabiscando o nosso pedido.
—Um pouco cedo para começar a beber. —Belle comentou quando a aeromoça estava fora do alcance da voz.
—Não existe tempo certo, especialmente em um avião. —Olhei para o console dividindo nossos lugares. —Nunca tive inveja da cabine econômica antes.
—Acho que você pode passar sete horas sem me tocar. —Mas ela moveu a mão para descansar onde eu poderia prendê-la.
—Pelo menos não tenho que manter minhas mãos completamente longe de você. —Estudei-a enquanto ela relaxava em seu assento. —Você deveria dormir.
—Não é o que você disse ontem à noite. —Ela disse com uma piscadela.
—Ontem à noite eu estava tentando convencê-la a ver as coisas do meu jeito. —Olhei para baixo para seu dedo anelar nu. —Vejo que você não a está usando.
—Smith. —Ela fez uma pausa, seus olhos pálidos procurando o meu rosto. —Só preciso de um pouco de tempo antes de...
—A aliança não importa. —Levantei sua mão e beijei o local onde ela deveria estar. —É um objeto. Nada mais.
Ela pertencia a mim, e eu pertencia a ela. Eu precisava me concentrar nisso.
Belle fechou os olhos, nossas mãos ainda entrelaçadas. —Não acho que esteja pronta.
Meu peito apertou com as suas palavras, e eu pressionei meus lábios. Não era o que eu queria ouvir, mas ela tinha todo o direito de expressar a sua opinião. —Vou ter que provar que você está errada.
—Queria dizer que acho que não estou pronta para voltar a Londres. —Ela esclareceu, sem se incomodar em abafar o desespero que sentia. —Embora eu ame quando você me prova que estou errada.
—Não soa assim, bonita. —Brinquei. —Não use isso contra mim. Fornecer evidências em contrário é o meu trabalho.
—Você não é meu advogado. —Ela me lembrou, mantendo aberta uma pálpebra.
—Considere-me uma testemunha de defesa.
—Você está se defendendo? —Ela perguntou.
—Fiquei muito bom nisso com os anos.
As brincadeiras provaram o meu caso. Precisava mover sua atenção longe do problema fermentando em casa. Depois de ficar acordado a noite toda, mostrando-lhe exatamente o que eu tinha a oferecer como parte da minha proposta, ela precisava de descanso. —Durma. —Repeti.
—Por que isso soa como uma ameaça? —Ela bocejou enquanto falava, franzindo a testa quando percebeu que eu estava certo.
—Porque é uma ameaça. —Eu disse a ela. —Uma vez que eu a tenha em casa, você não vai dormir muito. Ontem à noite foi apenas uma prévia do que está por vir. Não haverá uma divisória entre nós.
—Posso querer um quarto separado. Talvez você arrume algo em sua antiga casa. —Ela disse, fazendo referência aos aposentos privados que eu dei a ela. Ela não dormiu nenhuma vez neles.
—Nossa casa. Nossa cama. —Gostei do som disso, e da forma como ela sorriu sonolenta, ela gostou também, mesmo que ela fosse uma merdinha sobre isso. Sem aliança, mas ela havia concordado em se mudar. Não que isso tivesse sequer ido para negociação. Eu precisava ter certeza de sua segurança em todos os momentos. Assumi que teríamos dois dias, uma semana no máximo, antes do nosso acordo interno atingir Hammond. Isso me daria tempo suficiente para contratar segurança privada e um motorista. Isso não foi discutido, e eu sabia que quando eu finalmente revelasse as expectativas, ela não ficaria feliz.
Ela teria que aprender a viver com isso e comigo.
—Você é tão exigente. —Outro bocejo. —Homem das cavernas.
—Mais tarde vou jogá-la por cima do meu ombro e mostrar-lhe quão primitivo eu posso ser. Mas, por agora, durma.
Suas pálpebras caíam, e poucos minutos depois, a respiração dela assumiu um ritmo constante. A aeromoça voltou, e eu enviei de volta a taça de Belle, depois de aceitar a minha. Sorvendo o coquetel, eu memorizei a expressão pacífica, sonhadora que ela tinha, gravando a curva de suas maçãs do rosto e o dente em seu lábio. Armazenei a imagem dentro de mim, onde eu guardava todas as minhas memórias dela. Era um lugar que não podia ser tocado, que não poderia ser roubado de mim. Não importa o que acontecesse, eu teria esses momentos até o meu último suspiro.
Abandonando a minha bebida, eu distraidamente esfreguei o meu dedo nu. Eu uma vez pensei que usar uma aliança era pior do que ser colocado numa coleira. Eu assisti alguns conhecidos e colegas que aceitaram as algemas, e depois passaram anos reclamando sobre suas restrições. A maioria das pessoas que eu conhecia e que se casaram, acabaram se divorciando. Eu não tinha dúvida de que Margot e eu teríamos seguido esse caminho quando ela morreu. Eu já havia falado com um advogado, o mesmo que elaborou o nosso acordo pré-nupcial.
Eu cometi um erro ao casar com minha primeira esposa. Eu era jovem e fiquei cego por seu sorriso deslumbrante. Mas eu me protegi.
Não haveria necessidade disso com Belle. E foi por isso que eu entrei na Tiffany e comprei a aliança de diamantes que ela relegou à sua bagagem de mão. Eu tomei a minha decisão. Agora eu teria que convencê-la que não perdi meu juízo. Meus pensamentos voltaram para a noite anterior. Ela tinha sorte que havia uma divisória, ou eu começaria a trabalhar no meu caso imediatamente.
De repente, Londres parecia ainda mais longe. Eu gemi e espalhei um cobertor sobre meu colo. O sono parecia uma ideia muito boa. Ela precisava de descanso, e eu precisava escapar da ereção que estava destinada a durar mais de quatro horas. Belle suspirou em seu sono, seus lábios puxando nos cantos, como se tivesse ouvindo meus pensamentos em seu sonho.
—Doces sonhos, bonita. —Murmurei enquanto ajustava meu pau e fechava os olhos, lembrando-me de que eu poderia de fato, manter as mãos longe dela por sete horas.
Mesmo que eu não quisesse.
CAPÍTULO DEZENOVE
BELLE
Heathrow estava movimentado quando finalmente seguimos pela alfândega, e nos dirigimos para pegar nossa bagagem. Dei cada passo devagar, temendo o que estava diante de mim. Eu não tinha mencionado a Smith que eu não consegui dizer aos meus amigos, que eu não precisava de uma carona do aeroporto para casa. Em vez disso, segurei sua mão, extraindo toda a força que pude para o inevitável confronto esperando por mim.
Avistei o cabelo encaracolado de Edward antes que tivéssemos chegado ao topo da escada rolante. Ele estava vestido casualmente, em jeans e uma camisa de manga longa. Sem dúvida, em uma tentativa de misturar-se à multidão. Não que ele pudesse, se quisesse. Algumas pessoas estavam sussurrando animadamente enquanto passavam por ele, mas ele não pareceu notar. Meu estômago embrulhou quando seus olhos percorreram a multidão procurando por mim, e eu silenciosamente amaldiçoei Lola por não ser a única a vir me pegar. O olhar de Edward pousou em mim enquanto nos aproximávamos, e seu sorriso acolhedor desapareceu imediatamente quando viu que eu não estava sozinha. Era tarde demais para desaparecer na multidão. Eu fui marcada e, a partir da aparência dele, não havia como fugir de uma explicação pelo reaparecimento repentino do meu ex-amante.
Onde está o pelotão de fuzilamento quando você precisa? Eu preferia enfrentar um daqueles, ao desapontamento estampado no rosto de Edward.
Edward olhou para mim quando seguimos em direção a ele na esteira de bagagens. Ele me abraçou assim que cheguei a ele, resmungando. —A maioria das pessoas trás para casa uma camiseta como um souvenir.
—Cuidado. —Avisei. Eu sabia que não havia maneira de evitar essa briga. Eu sabia disso quando, propositadamente, optei por não cancelar seus planos para me pegar.
Edward endireitou-se, estufando seu peito um pouco quando estendeu a mão. Smith aceitou, sacudindo-a. O gesto foi cortês de ambas as partes, mas estava longe de ser amigável. Os dois tinham um longo caminho a percorrer.
—Se vocês já acabaram de bater em seus peitos, podemos pegar a bagagem? —Saí correndo, deixando-os continuar seu show de masculinidade.
Smith me seguiu, agarrando minha mão e me girando em direção a ele. Eu não tive tempo para processar qualquer coisa, além da firmeza de seus lábios nos meus enquanto ele capturava minha boca em um beijo profundo e possessivo. Uma menina que se preze o teria empurrado, mas eu me derreti nele em vez disso. Quando ele se afastou, sacudiu a cabeça. Eu ouviria sobre isso mais tarde.
Duas brigas no meu futuro, e eu mal tinha acabado de chegar a terra firme.
—Suponho que você irá com ele. —Smith disse, olhando por cima do ombro. Edward o encarou de volta.
—Sim. —Isso era motivo de briga, mas ele não brigou.
Smith pegou nossas malas, mas ele não deixou passar a minha. —Vou levar isto para casa. Nos vemos lá esta noite.
Estremeci quando assenti. Não havia como Edward perder isso.
Ele a contragosto me entregou ao meu melhor amigo, com outro beijo de despedida, e seguiu em direção ao estacionamento.
Edward não disse nada quando saímos. Quando chegamos à calçada, Lola acenou para nós do banco do motorista de seu carro. Ela franziu a testa, inclinando os óculos escuros enquanto eu subia ao lado dela.
—Você perdeu suas malas? —Ela perguntou.
—Não. As malas estão seguras. —Edward respondeu por mim. —Sua mente já é outra história.
—Devemos ir então? —Lola parecia tão confusa quanto eu me sentia.
—Sim. —Disse com um suspiro.
Ela baixou os óculos e deu o sinal quando seguiu para o tráfego do aeroporto. Lola não exigiu mais explicações, mas eu sabia que não sairia desta assim facilmente.
Eu belisquei a ponta do meu nariz e me preparei, mas Edward permaneceu em silêncio. Eu o afastei completamente. Eu sabia disso, mas eu não merecia o tratamento do silêncio. Esta não foi a primeira vez que alguém em nosso grupo coeso de amigos voltou com um ex. Eu esperava repreensão, mas não tornava mais fácil de suportar, especialmente com Edward sentado como um gigante fervendo atrás de mim.
—Você vai gritar comigo ou o quê? —Finalmente rosnei quando eu não podia aguentar mais.
—Pelo quê? —Ele perguntou. —Não tenho nenhuma merda de pista do que acabou de acontecer.
—É sobre as malas? —Os olhos de Lola correram para mim e eu balancei a cabeça.
—É sobre Belle descer do avião com Smith Price. —Edward informou.
—O QUÊ? —Lola exclamou, gritando de emoção.
—Não! Nós não estamos felizes com isso. —Edward exclamou, jogando-se contra o banco de trás.
—Nós não estamos? —Ela perguntou. Olhando para mim, ela repetiu a si mesma. —Nós não estamos?
—Ele não está. —Eu expliquei. —Estou... confusa.
—Você enlouqueceu? Price te tratou como merda. Ele te machucou! Tanto que você nem sequer quis falar sobre isso. Como diabos você corre para ele? Há milhões de pessoas em Nova York?
Lola mordeu o lábio como se estivesse escondendo alguma coisa. Edward não podia ver o gesto de seu assento, mas eu peguei. Ela me lançou um olhar de culpa sobre a extremidade de seus óculos.
—Eu lhe disse que ela estava indo. —Ela admitiu em voz calma.
—Importa-se de encostar? —Edward perguntou. —Não acho que qualquer uma de vocês esteja sã o suficiente para operar um veículo.
—Oh, cai fora. Ela é adulta.
—Isso é questionável. —Ele murmurou.
—Você lhe disse que eu estava indo para Nova York? —Eu perguntei a ela.
—Foi mais como se eu alardeasse isso. —Ela disse, batendo no volante nervosamente. —Eu o peguei esgueirando-se em torno do escritório.
—Você o quê? —Isso era novidade para mim. —Você poderia ter mencionado isso.
—Bem, eu não sabia por que ele estava lá, então eu disse a ele que estava ocupada preparando-se para ir à Nova York, para uma entrevista importante. Olha, eu pensei que estava fazendo um favor. Nenhum homem gosta de ouvir que sua ex está seguindo adiante.
Ela me fez um favor, mesmo que Edward estivesse olhando mortalmente para ela.
—Obrigada. —Eu disse sinceramente. —Nós passamos algum tempo juntos e conversamos.
—E então vocês transaram, e ele conseguiu convencê-la a voltar rastejando.
Isso doeu. Edward não tinha ideia de como as coisas eram complicadas entre nós. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava de seu apoio.
—Estou apaixonada por ele. —Anunciei. —E se você não gostar, pode chupar um grande pau.
Isso saiu mais imaturo do que soou na minha cabeça. Perto de mim, Lola começou a tremer antes que se acabasse em risos.
—Anotado. —Ela disse entre risos.
—Eu só não quero ver você machucada. —Edward pareceu indiferente ao meu anúncio.
Girei em meu assento e encontrei seu olhar. —Não preciso de sua aprovação, mas eu gostaria de qualquer maneira. A sua opinião é muito importante para mim. Sei que Smith pode ser um pouco difícil de lidar.
—Impossível, você quer dizer. —Ele exalou e depois sorriu. —Eu quero que você seja feliz. Eu só espero que ele não arme coisas. Prometa-me que você vai levar as coisas devagar.
Agora não parece ser um bom momento para mencionar a aliança de casamento de diamantes queimando um buraco em minha bolsa. Eu não tinha certeza do que esperar quando meus amigos descobrissem que Smith estava de volta na minha vida. Felizmente, eles não tinham ideia de quão precária a nossa situação realmente era. Eu manteria isso, e a pouco ortodoxa proposta de Smith para mim, por enquanto.
—Eu vou. —Eu menti.
—Então, quando ele disse que a veria em casa... —Edward falou, deixando-me lutar por uma resposta.
No final, eu fui com a verdade. Eu teria que esconder o suficiente dele nos próximos meses. —Vou morar com ele.
—Temos ideias muito diferentes do que significa lentamente. —Ele disse, sem rodeios.
—Nunca fui morar com Philip. Eu não vou cometer o mesmo erro com Smith. —Era uma desculpa lamentável e, a julgar pela reação de Edward, ele pensava assim, também.
—Ouvi diversos designers. —Lola disse, mudando de assunto. Atirei-lhe um sorriso agradecido.
—Quais?
Ela desfiou uma lista, mas meus pensamentos estavam em outro lugar. Amanhã eu precisava me concentrar em Bless, mas agora eu ainda estava me recuperando de todas as mudanças que eu trouxe para casa comigo. Smith viu isso chegando quando me pediu para abandonar minha vida. É por isso que ele deixou a decisão, literalmente, em minhas mãos. Eu era a única que teria que viver com as consequências. O único consolo era que eu faria isso com ele ao meu lado.
***
A diferença horária foi a desculpa perfeita para escapar da tensão desconfortável que permeava o carro, e assim que eu entrei no meu apartamento, deixei cair minha bolsa. Inclinando contra a porta, tentei lutar contra o vazio que eu já sentia. A desaprovação de Edward me agitou. Eu não gostava de me indispor com um amigo, especialmente por causa de um homem.
Especialmente, desde que o homem não ia a lugar nenhum.
Mas não havia nada, e Smith me esperava na cidade. Depois de dormir no avião, eu estava bem acordada e, de alguma forma, ainda esgotada. Amanhã eu teria que colocar minha bunda no trabalho. Hoje à noite eu tinha que resolver os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas.
Meu olhar viajou pelo piso do apartamento. Este apartamento, e outro igual a ele, foi minha casa pelo último ano e meio. Mas a sensação de conforto, que eu normalmente encontrava ao retornar, estava ausente, substituída por inquietação. Eu não pertenço mais a esse lugar, mas eu pertenço à Smith? Ambas as opções pareciam um pouco mais do que um consolo neste momento.
—Pensei ter ouvido você. —Minha tia entrou na sala com um pijama de seda. —Você parece cansada.
—Estou, e não estou. —Disse enquanto ela pegava uma garrafa de vinho. —Não para mim.
—Vou beber uma taça em sua honra, então. —Ela disse secamente. —Ouso perguntar sobre a viagem?
—Não saberia por onde começar. —Deslizei sobre uma cadeira, apoiando os cotovelos na mesa.
—Como foi a entrevista? —Ela perguntou enquanto se servia de uma bebida e juntava-se a mim.
Bufei. Como era possível que o aspecto menos interessante da minha viagem de negócios era o negócio em si? —Não foi. A editora provou ser uma vadia de primeira.
—Pelo menos você ganhou experiência em lidar com esse tipo.
—Falando em mamãe, ela ligou para você? —Eu já sabia a resposta.
—Diariamente. —Os lábios de Jane franziram em desgosto.
—Eu sinto muito. Vou lidar com ela amanhã. —Aumentando a lista de tarefas que eu temia. Eu ainda não me preocupei em olhar para a papelada que ela enviou, referente à propriedade. Eu tinha que ligar para o meu irmão e pedir para ele analisar os documentos. Em vez disso, eu voei através do Atlântico. Parecia que evitar minha mãe estava virando uma arte.
—Não importa. O que mais eu tenho para fazer? Frederick se trancou no estúdio para terminar sua última obra.
Apesar do caos que me encontrava, eu sorri. Ouvir Jane discutir suas conquistas era a melhor distração do mundo, mas até mesmo suas histórias selvagens, não poderiam me impedir de pensar completamente em meus próprios envolvimentos românticos.
—Você casou. Por quê? —Deixei escapar a questão do nada.
Jane descansou a taça lentamente sobre a mesa. —Assumo que haja uma razão para essa questão.
Minhas bochechas queimaram, mas eu consegui assentir.
—Tenho e não tenho. —Ela balançou a cabeça e suspirou. —Eu tive maridos, Belle, mas eu realmente nunca fui casada. Isso parece loucura, não é?
—Sim. —Admiti, rindo com ela.
—Homens me pediram para casar com eles, e aceitei. Alguns morreram. Alguns partiram. Mas eu nunca realmente me senti casada com nenhum deles.
—Suponho que isso explica por que alguns dias você é uma solteirona e em outros, você é uma divorciada. —A ideia distorcida de Jane para amantes, sempre me divertiu, embora também me confundisse bastante.
—Em alguns dias sou mais uma do que a outra. —Ela bateu sua taça. —Estou supondo que você queira saber por que.
Eu queria saber, porque agora eu precisava entender por que algumas pessoas se casavam e outras não. E por que alguns casamentos duravam uma vida e outros não. Eu estava ávida por respostas que eu não estava certa se existiam, mas eu estava mais do que disposta a ouvir alguém que falasse sobre isso.
—Eu amei um homem uma vez. Isso soa como o início de uma história triste, e ela é.
—O que aconteceu com ele? —Perguntei-lhe em voz baixa.
—Vida. Orgulho. Medo. É muito mais fácil fingir assumir um compromisso, que você realmente não tem a intenção de manter, do que enfrentar a perspectiva de dar tudo a uma pessoa. Isso custa confiança.
—E você não confiava nele?
—Não confiava em mim. —Ela esclareceu, passando a mão sobre os cabelos platinados. —E quando fui confiar, já era tarde demais. Ele casou-se com outro alguém.
—Você ainda sente falta dele?
—Todo dia. Eu me arrependo disso. Amantes me distraem, mas ninguém nunca preencheu o vazio deixado pela sua ausência em minha vida. Talvez por isso eu dissesse sim, sempre que um homem me pedia para casar com ele. Eu estava com medo de olhar para trás nesse relacionamento com o mesmo arrependimento.
—Então, se você pudesse, você mudaria?
—Sou uma velha mulher rica, que viu mais do mundo do que a maioria. A coisa politicamente correta seria dizer não. Mas sim, se eu pudesse voltar atrás, eu mudaria as coisas. —Ela encolheu os ombros, os olhos distanciando. —Talvez eu lamentasse esse curso de ação. Eu nunca vou saber, e eu acho que isso é o que me corrói.
Ela acomodou-se contra sua cadeira, seu olhar concentrado em mim. —Agora me diga por que você perguntou.
—Porque estou com medo. —Engoli em seco na minha confissão. Era difícil admitir que eu estivesse com medo do que eu mais queria no mundo, precisamente porque eu queria.
—Então siga meu conselho, amor. Faça o que te assusta. É o que te mantém viva. É muito melhor viver com o remorso de uma relação que não funcionou, do que viver com a dor da perda. —Esticando-se para o outro lado da mesa, ela pegou a minha mão na dela. —Estou supondo que você tem muito mais para me contar sobre Nova York.
—Sim. —Eu sussurrei. Mas eu não estava pronta para compartilhar ainda. Não até que eu enfrentasse minha própria decisão.
—Quando você quiser me disser, vou ouvir. —Ela não me pressionou por mais informações.
Lágrimas ardiam nos meus olhos, e eu agarrei a mão dela ferozmente. —Obrigada.
—Se tenho que viver com meus erros, pelo menos você pode aprender com eles. —Ela apertou minha mão antes de soltá-la. —Agora você quer uma taça de vinho?
—Não, há alguém que eu preciso ver.
—Pensei que pudesse haver. —Ela disse sabiamente. —Não tenha medo de confiar em seu coração, Belle. É a sua bússola, deixe-o guiar você.
Eu balancei a cabeça, mesmo com meu mundo girando em torno de mim. Como eu deveria seguir a orientação de meu coração quando eu não podia estar parada o suficiente para saber para onde ele apontaria? A única coisa que eu sabia era que agora ele estava me apontando para uma casa em Holland Park. Eu não podia ver muito além do que isso, mas as viagens começavam com um único passo. Eu estava pronta para dar o primeiro.
CAPÍTULO VINTE
SMITH
Foi a primeira vez que nos encontramos pessoalmente, mas não demonstrei nenhuma reação na mudança da natureza do nosso acordo. A única coisa que me trouxe para ele era o meu próprio desejo de escapar do meu passado confuso, e um senso de obrigação pelas pessoas que Hammond destruiu. Eu não tinha certeza do que era mais importante para mim. Não mais.
Ele não me ofereceu uma bebida enquanto eu me sentava à sua frente. Eu nem sequer recebi um aperto de mão. Nunca houve um momento para brincadeiras em nosso relacionamento, e hoje não seria exceção.
—Minhas expectativas eram claras. —Foi uma fria mensagem de boas vindas, mas o que eu esperava depois de ter recebido a mensagem esta manhã.
Sem dúvida, a notícia da minha súbita aparição no aeroporto com Belle já havia chegado até ele. Essa era a consequência por permitir que seus amigos nos vissem juntos. Considerando que ela chegou a minha casa, nossa casa eu me corrigi, de malas prontas na noite anterior, era melhor enfrentar as repercussões agora.
Agarrei os braços da minha cadeira, mas a contenção quando era este assunto, não era o meu forte. Eu me irritei com o pensamento de explicar minhas escolhas para ele. —Sou o único que tem que viver com a minha decisão.
—Mas você não é o único que vai viver com as consequências. —Alexander rosnou, transformando-se de frio e impassível para feroz instantaneamente. Era um traço bem adequado para um rei, mas não um que eu particularmente admirava. Seus ombros levantaram-se em desafio. Nós tínhamos o mesmo tamanho. Mas era onde nossas semelhanças terminavam. Cada um de nós se via no controle do barco, e o outro como um mero peão.
—Concordei em participar desta caça às bruxas. —Lembrei-o em voz baixa. Se ele escolheria o domínio, gostaria de lhe mostrar que o controle era um elemento chave nesse caminho. Um fato que ele nunca entendeu na nossa história longa e sórdida. Eu o assisti subir e descer, e depois ascender ao trono. Eu respeitava essa viagem, mas também via a verdade por trás de sua própria determinação deliberada. —Eu não a procurei. Ela foi enviada para mim.
—E quando você percebeu o motivo, continuou a usá-la. —Ele me acusou, seus olhos azuis piscando. —Você foi orientado a suspender o seu relacionamento com Belle Stuart.
Eu me inclinei para frente, colocando as palmas das mãos sobre a mesa. —Sou escocês. Nós nunca fomos muito bons em receber ordens de um Rei.
—Você deveria ter considerado isso antes de vir buscar absolvição.
—Vim para você porque você procurava a informação que eu tinha, e ao fazer isso, eu quebrei cada código da minha profissão. —Agora eu estava fervendo. Se eu não conseguisse me acalmar, eu me arrependeria mais do que das minhas palavras.
Alexander me encarou. Seu desgosto com minhas ações era tão evidente quanto a sua preocupação com a segurança de Belle. Era a única razão pela qual eu não mostrei a ele, o quão pouco eu me importava com suas diretrizes arrogantes. Eu afrouxei o nó da minha gravata e me forcei a sentar. Quanto mais distância entre nós, melhor.
Para sua segurança.
—Não posso atribuir maior segurança para ela se vocês dois continuarem a se ver tão abertamente. —Ele disse isso como um aviso, mas o lembrete era desnecessário.
—Estou ciente disso. Garanto a você. —Cerrei os punhos, apertando meus dedos para liberar a tensão construindo dentro de mim. —A segurança dela permanecerá do meu interesse.
—Alguma vez o interessou? —Alexander cruzou os braços atrás da cabeça e girou em sua cadeira para olhar pela janela.
Eu esperava que ele encontrasse conforto na vista do seu jardim. —Você viveu uma vida de privilégio. Você nunca quis proteção. Eu não espero que você entenda isso, fora das paredes de um palácio, o mundo não cede aos caprichos de outros homens.
—Você acha que o meu desejo de garantir a segurança dela é um capricho? —Ele não se preocupou em virar para me enfrentar. Em sua mente, eu não era mais importante do que qualquer outro agente. —Você é muito mais frio do que eu pensava, e eu sempre considerei você sem coração.
Eu estava longe do meu assento antes que a última palavra deixasse seus lábios. Minhas mãos bateram em cima da mesa, mas Alexander não se mexeu.
—Acho que você não tem ideia do que está fazendo, ou isso já teria acabado agora. Eu te dei tudo o que precisava para processá-lo por seus crimes meses atrás. Você o tinha em cheque, mas você não fez nenhum movimento.
—Nós não estamos jogando xadrez, Smith. E eu devo lembrá-lo de que eu sou o rei. Eu sou o único que deve decidir se uma ameaça é removível.
—Então o que detém você? Hammond é dispensável. A ameaça morre com ele. As únicas pessoas que ele já preparou para substituí-lo o traíram.
Alexander virou-se, em seguida pôs em seu rosto uma máscara de pedra enquanto me considerava pairando sobre ele. —Você vai me desculpar por não confiar inteiramente em um homem capaz de tal decepção.
—Não tive nada a ver com o ataque. —Esta não era a primeira vez que eu indiquei este fato, e eu tinha a sensação de que não seria a última. Não enquanto ele se agarrasse à sua paranoia. Ficou claro que nenhuma quantidade de evidência o convenceria de que Hammond era a única pessoa com quem ele precisava se preocupar. —Você sabe que ele é a cabeça do monstro. Corte-o e o resto vai morrer.
—Não quero cortá-lo. —Ele falou entre dentes. —Eu quero que ele sofra. Eu quero que ele conheça o medo.
—Então não sou o único arriscando a vida de alguém. —Recuei e balancei a cabeça, meu desprezo agora igualando ao seu. —Você tem o poder de dar um fim nisso, e ainda assim você se recusa a parar.
—Ele matou meu pai.
—Não vamos fingir que sua obsessão decorre de uma necessidade de retribuição filial. Estamos além disso. Isto é insanidade.
Eu tinha o suficiente, o suficiente do jogo de gato e rato. Alexander fez-me de alvo. Agora, ele estava efetivamente tornando Belle como um também.
—Você está certo. —Ele disse me surpreendendo. —Isto tem pouco a ver com o meu pai. No caso do meu papel pessoal no destino de Hammond seja revelado, é assim que a história vai ser contada. Quem poderia culpar um homem por procurar o assassino de seu pai? Quem poderia julgar um homem que assassinou um assassino? É uma questão de segurança nacional.
—Mas é mais do que isso para você. —Pressionei.
—É muito mais pessoal do que isso. —Alexander murmurou. —Você me forneceu a evidência de que Hammond ajudou Daniel no dia do meu casamento. Eu nunca fui o alvo naquele dia. Nem meu pai. Por razões que ainda não são claras para mim, Hammond queria matar minha esposa. Suponho que parte de mim quer vingança pelo assassinato de meu pai, já que ele foi o único que impediu o assassinato dela.
—Isto é algo que eu posso compreender. —E eu compreendia. O pensamento de Belle tornar-se outra vítima era impossível de suportar. Mas não retirava a sua culpa por não levar o homem à justiça.
—Isso me surpreende. —Ele cruzou as mãos no colo e me olhou com um olhar calculado, como se ele pudesse ser capaz de ver através de mim e minhas intenções.
—Não me importo se você duvida da minha empatia por sua situação, mas eu não vou continuar sentado e permitir que você não faça nada. —Ou o que ele estava fazendo? Se ele esperava que um de nós fosse forçado a tomar nossas próprias medidas. Por que um rei não fazia seu próprio trabalho sujo?
—Eu disse que queria que ele sofresse. Não por causa do meu pai ou o que ele fez comigo, mas porque sei, sem sombra de dúvida, que ele fez três tentativas contra a vida de Clara. Ele alimentou as ilusões perversas de Daniel. Não uma, mas duas vezes. E quando isso não realizou seus fins, ele enviou alguém em uma missão suicida para tirá-la da estrada. Eu quero saber o porquê, e então eu quero esfolá-lo vivo.
—E vale a pena continuar a arriscar sua vida? Você é tão cruel quanto eu. —Falei sem rodeios, entendendo agora que nenhuma quantidade de razão violaria ao que o homem se agarrava.
Seus dedos pressionaram com tanta força que as pontas ficaram brancas. —Diz o homem arriscando a vida de uma mulher que ele alega se importar.
—Eu amo Belle. Eu não aceito o perigo que ela está. Caberia a você mostrar a mesma preocupação com Clara.
—Clara é minha esposa. —Ele atirou de volta. —E como tal, ela é minha preocupação.
—E Belle é a minha esposa. —Explodi. —Então, ela também é minha preocupação. Minha única preocupação.
Alexander ficou em silêncio, me estudando como se para confirmar a validade da minha afirmação.
—Nós nos casamos em Nova Iorque. —Continuei com uma voz fria. —Eu não vou viver sem ela. Nem pelo rei e nem pelo país.
—Isso complica bastante.
Foi o eufemismo do século. —Diga-me algo que eu não saiba.
—Você vai protegê-la. —Ele soltou uma respiração profunda enquanto esfregava sua têmpora. —E não posso fazer muito para ajudá-lo a esse respeito. Hammond descobriria, claro.
—Assumi que seria muito, assim como também assumi que estávamos perto de terminar isso.
—Agora temos que estar.
A atmosfera na sala mudou quando duas forças opostas se fundiram em algo desconhecido. Já não éramos dois homens lutando entre si pela autoridade. Pela primeira vez desde que começamos esta missão, eu me sentia aliado ao homem sentado diante de mim.
Levantei-me da cadeira para enfrentá-lo. —Eu nunca tive a intenção de forçar.
—Talvez você devesse. Eu subestimei o seu compromisso com ela.
—Em sua posição, o erro de cálculo pode ser uma fraqueza perigosa. —Ele precisava ser lembrado de que seu dever não era com sua própria vingança mesquinha, mas com as pessoas que ele dizia amar. Eu não pediria desculpas por ser o único a fazê-lo ver isso. Eu não pediria desculpas por qualquer coisa que eu tivesse que fazer para garantir que minha esposa estivesse a salvo.
—Nós temos dias então. —Alexander pegou seu celular e mandou uma mensagem. —Você tomou precauções para conter esta informação?
—Sim. —Belle e eu concordamos em manter nosso casamento em segredo, mesmo de nossos amigos mais próximos. Não que eu tivesse alguém para compartilhar as boas novas. Somente ela. Mas se era uma dificuldade para ela enganar aqueles que amava, ela não lutou comigo. Eu suspeitava que ela ainda estivesse processando sua decisão.
—Ele ainda descobrirá. Você deve estar preparado para isso. Eu lhe disse que não entendo por que ele insiste em vir atrás de Clara. Minha única teoria é que ele faz isso em uma tentativa de chegar até mim. —Alexander balançou a cabeça, como se fosse impossível compreender as motivações do homem. —Eu deveria saber, na primeira vez que ela foi atacada, que havia mais do que aconteceu, eu teria tomado todas as medidas para protegê-la, mesmo que isso significasse desistir dela.
—E ainda assim não o fez. —Apontei.
—Quando entendi a verdadeira natureza da situação, ela já estava grávida da minha filha.
Olhei-o. Nenhum homem que amava tão possessivamente como ele, poderia realmente desistir. —E se ela não estivesse?
—Não perco meu tempo pensando nisso. Ela é minha vida. Eu a escolhi.
—Então escolha fazer o que for preciso para protegê-la. —Dessa vez, eu era o único dando a ordem. Sua obsessão tinha que acabar, e rapidamente. Para o bem de todos nós.
—Eu vou.
Era como um voto solene. Como o que eu tinha feito para Belle. Ele não deixou espaço para dúvida em minha mente.
De pé, eu estendi a minha mão e Alexander a tomou, selando a nossa compreensão mútua. Alívio passou por mim. A vida que eu sonhava para ela, estava finalmente ao meu alcance.
Virei-me para sair, mas assim que cheguei à porta, eu dei cara com o objeto da obsessão de Alexander. Clara, de pé, do lado de fora de seu escritório, seus braços de forma protetora em volta da cintura. Ela olhou para mim investigando. Mas eu não tinha as respostas que ela procurava. Eu não conhecia esta mulher, mas eu sabia o que ela significava para ele, e o que ela significa à minha esposa. Então eu inclinei minha cabeça. Não foi um gesto de deferência, mas ninguém se preocupou. Alexander manteve isso dela. Isso estava claro pela sua expressão pálida, doentia. Eu gostaria de poder fazer mais, ou oferecer-lhe algum conforto, mas esse era o trabalho dele agora. Eu não ousaria ficar entre ela e Alexander, mesmo que momentaneamente.
Era hora de cada um de nós enfrentarmos nossos medos. A ignorância não era mais uma opção, nem a inatividade. Eu só esperava que ela fosse tão forte quanto à mulher por quem eu me apaixonei. Mas, apesar de quão pouco eu sabia dela, eu vi sua graça em face da pressão da opinião pública e da tragédia. Alexander errou ao esconder a verdade. Ele teria que lidar com as consequências.
Todos teríamos.
CAPÍTULO VINTE E UM
BELLE
Eu nunca acabaria todos esses e-mails. Aparentemente, todas as pessoas para quem eu estendi a mão no último mês, escolheram me responder enquanto eu estava em Nova York. Lola deixou de mencionar que tínhamos ouvido falar de alguns designers, mas não de todos eles. Eu não pude deixar de desejar que tivesse passado mais tempo trabalhando e menos tempo na cama com Smith, durante nossas breves férias no exterior.
—Você é uma mulher forte, capaz. —Eu disse em voz alta, simplesmente porque eu precisava ouvir isso, mesmo se eu não acreditasse. Talvez fosse mais fácil me vender essa ideia uma vez que estava no topo das coisas novamente.
Ao meio-dia eu estava pensando em jogar o meu laptop pela sala, quando meu celular vibrou.
CLARA: Estou passando aí. OK?
Respondi que estava mais do que bem, e esperei com os olhos colados à porta, para não reconsiderar a minha decisão de não esmagar o meu computador contra a parede.
Clara chegou com uma sacola de fraldas, e embalando um pacote rosa. Eu furtei Elizabeth de seus braços imediatamente, abraçando forte a minha afilhada. Elizabeth enrolou as pernas para cima e esfregou no meu ombro. Ela ainda era tão pequena e delicada. Eu poderia segurá-la por horas e nunca me cansar. Instintivamente, comecei a balançá-la.
—Cuidado ou ela vai regurgitar em cima da sua camisa. —Clara aconselhou, pairando nas proximidades.
—Tudo bem. —Murmurei, beijando sua testa aveludada. —Tia Belle não se importa.
Clara estendeu um paninho, sua sobrancelha arqueando quando peguei e manobrei sob a cabeça de Elizabeth.
—O quê? —Perguntei enquanto continuava a balançar o bebê.
—Você tem febre do bebê. —Ela acusou.
Fiquei de boca aberta. De todas as acusações ridículas, essa tinha de ser a pior. Febre de negócio? Sim. Uma paixão implacável por sapatos? Obviamente. Completamente embriagada por amor? Isso era inegável. —Você preferiria que eu não quisesse segurá-la?
—Não. —Clara sacudiu a cabeça e estendeu os braços. —Mas vou carregá-la de volta agora.
Meus olhos estreitaram-se, e eu afastei suas mãos estendidas. —Você a carrega o tempo todo, e eu estive fora pela última semana.
—Acho que isso prova o meu ponto. —O tom de Clara não podia ser mais seco se ela empurrasse um punhado de bolinhas de algodão em sua boca7. —E falando de sua viagem, fale sobre ela.
Virei para ela, estudando-a com desconfiança. Ela queria ouvir falar mais da minha viagem pelo Central Park ou da minha entrevista. Os olhos azuis estavam tão vidrados quanto à superfície do oceano em um dia sem vento, mas por baixo daquela fachada calma, as águas agitavam. Eu a conhecia bem demais para não ver isso.
—Não há muito que dizer. —Eu odiava mentir para ela. Eu odiava a forma como o engano corria através de mim, arranhando meu estômago e apertando meu coração. Eu tinha feito isso antes, mantendo as cartas de Alexander escondidas para protegê-la de mais desgosto. Mas eu não tinha uma desculpa altruísta agora. Mesmo que tivesse minhas razões.
E, a julgar pela dor intermitente em suas feições pálidas, ela já sabia muito mais do que era para saber.
Eu respirei fundo e agi de acordo com as circunstâncias. —Voltei com Smith.
Clara assentiu, mas não perdi o engasgar de sua garganta. Ela sabia mais do que isso.
Cristo, o quanto ela sabia, e por quê?
—Esta manhã, ouvi uma discussão bem estranha. Eu estava andando pelo escritório de Alexander, e ele tinha uma visita.
Eu senti o sangue drenar do meu rosto, e dei um passo para trás até que senti minha cadeira bater na parte de trás da minha coxa. Eu definitivamente precisava me sentar, especialmente por estar segurando um bebê.
—Meu marido falava com um homem que eu nunca realmente conheci. —Ela continuou, com a voz embargada enquanto falava. —E eles estavam discutindo. Sobre o que aconteceu no dia do nosso casamento. Pare-me se você já sabe tudo isso.
—Clara, eu não... eu não... —Não poderia processar o que ela estava me dizendo. —Você tem que acreditar em mim, eu não sabia nada sobre isso.
—Nada? —Ela exigiu, retirando furiosamente a umidade em seus olhos. —Porque o homem conhecia você e, a partir do que ouvi, ele conhece você intimamente.
—Não, nada. —Admiti. Eu não fingiria ignorância. Ela nunca conheceu Smith, mas ela sabia o suficiente para adivinhar que era ele no escritório de Alexander. Uma dormência espalhou através de mim enquanto suas palavras afundavam. Smith e Alexander. Era incompreensível.
Smith estava envolvido com isso desde muito antes de nos conhecermos, o que significava que os dois se conheciam antes que eu o conhecesse. E de repente, todas as meias verdades que ele me disse começaram a se unir, formando uma compreensão que eu desejei poder ignorar. Eu fui para Smith, para chegar a Alexander e Clara. E nas vezes que ele me empurrou, não foi só para me proteger, foi para protegê-los também.
Elizabeth começou a choramingar em meus braços. Eu esfreguei círculos em suas costas, desejando por um momento que eu fosse a única a ser carregada. Eu desejava ser inocente e irrepreensível, só com necessidades, porque agora eu não conseguia diferenciar entre precisar e querer.
—Comece sendo honesta comigo e rapidamente. —A severidade de Clara me pegou de surpresa.
Eu nunca a tinha visto assim. Ela estava com medo, o que era algo que eu estava familiarizada, mas ela também era destemida. Qualquer informação que eu tinha para dar, ela poderia lidar com isso. Minha melhor amiga sempre foi assim.
—Smith. Eu não sei por onde começar. —Hesitei, procurando seu rosto por algum sinal de que ela não me odiava, mas estava de mãos vazias. —Ele está trabalhando para levar um homem chamado Hammond para a justiça.
—Hammond? —Ela repetiu em horror e sem fôlego. —O joalheiro?
—Ele é um pouco mais do que isso. —Disse a ela sem rodeios. Eu realmente queria que Lola tivesse enchido o bar do escritório, o que nos levou a discutir.
Desta vez foi a vez de Clara afundar trêmula em um assento. —Não compreendo.
—Honestamente, nem eu. —Eu só podia esperar que ela visse minha sinceridade nisso.
—O que mais?
Eu tinha uma sensação de que ela ouviu muito mais atrás da porta do escritório. Doeu que a nossa relação foi reduzida a um teste. Eu não sabia o que ela já havia descoberto, o que significava que, a única maneira de passar no seu exame, era lhe dizer tudo o que eu sabia.
—Não sabia que ele estava trabalhando com Alexander. —Parecia importante estabelecer esse fato imediatamente. —Não tinha absolutamente nenhum indício de que eles sequer se conheciam.
—Espere, isso não é inteiramente verdade. —Eu me parei. —Uma conhecida de Smith disse que conhecia os dois. Não me ocorreu que poderia ser importante até agora.
—Quem? —Clara perguntou em voz oca.
—Georgia Kincaid.
Seu rosto empalideceu. Ela não teve que dizer uma palavra. Ela conhecia Georgia, assim como eu, o que não era para dizer que estava tudo bem. Mas nós duas sabíamos as informações mais importantes sobre ela. Eu queria perguntar-lhe como ela a conhecia, mas, considerando a maneira como ela segurava sua cadeira, como se ela mal conseguisse ficar em pé, eu pensei melhor.
—Acho que você a conheceu. —A piada nada fez para aliviar o clima.
—Alexander a contratou para manter um olho em mim depois que Daniel entrou em nossa casa. Obviamente, ela fez um trabalho fantástico mantendo o controle sobre ele, desde que ele conseguiu passar pela segurança, no dia de nosso casamento.
—Não posso dizer que gosto dela.
—Mas nada disso explica por que isso está acontecendo. —Clara mastigava suas unhas enquanto falava.
De pé, eu levei Elizabeth de volta para Clara ocupar suas mãos. Ela pegou sua filha e abraçou-a, pressionando o rosto contra a cabeça do bebê. Quando ela olhou para cima, lágrimas riscavam seu rosto.
—Vai ficar tudo bem. —Sussurrei, desejando acreditar.
—É? Porque nada disso parece bem. Alexander mal falou comigo quando eu o confrontei. —Um soluço pontuou suas palavras. —E agora eu descobri que você está mantendo as coisas de mim também.
—Não queria. —Ajoelhei-me ao seu lado, colocando minha mão em seu joelho. —Não sabia que você estava envolvida. Se eu soubesse...
—O quê? —Ela exigiu. —Você teria me contado? Desculpe-me se eu não caio nessa.
Sentei-me no meu calcanhar, doída por sua acusação. —Não queria preocupá-la quando descobri que Smith estava envolvido com estas pessoas.
—E o que acontece com o fato de que você se casou com ele? —Ela atirou de volta. —Você estava preocupada em me dizer isso, também?
Fiquei de boca aberta. Então era isso que ela estava segurando. Procurei uma desculpa, uma razão que explicaria o quão terrível a revelação me fez sentir, mas eu estava de mãos vazias. —Nós não dissemos a ninguém. —Disse humildemente.
—Meu convite deve ter se perdido no correio. —Ela olhou para longe de mim, seu cabelo espesso em cascata sobre os ombros como uma cortina escura caindo entre nós.
—Acredite em mim, você não perdeu muito. O mordomo do nosso hotel nos casou em nossa suíte. —Meu coração apertou com a lembrança de que eu mantive segredo desde aquela noite. Compartilhar me colocaria em uma posição impossível. Deus, eu queria dizer a ela os detalhes, rir e me maravilhar que eu estava casada. Mas com as circunstâncias que cercavam a nossa união, era impossível. Talvez fosse por isso que a aliança ainda estava escondida em uma caixa na minha bolsa.
—Não sou ninguém. Minha melhor amiga. Meu marido. Todos mentindo para mim, e eu não sei como eu deveria me sentir sobre isso.
—Estávamos tentando proteger você. —Isso era verdade. Isso eu compreendia. Clara sofreu mais medo e dor no último ano do que eu poderia imaginar. Eu não queria adicionar mais peso aos seus ombros.
—Mentindo para mim. As pessoas que eu amo não confiam em mim o suficiente para apoiá-los.
—Você teria me apoiado? —Deixei escapar. —Porque não tenho certeza de que fiz a coisa certa.
—Então por que você fez isso? Por que você se casou com ele se sabia o tipo de homem que ele era?
Raiva explodiu de mim, atirando o meu sangue no fogo. —Porque sou a única que sabe que tipo de homem ele realmente é.
—Edward me disse que ele te machucou. —Clara disse com voz baixa. Em seus braços, Elizabeth se agitava, e vi quando Clara a abaixou para ela mamar.
Isso era o que ela devia se preocupar agora: cuidar de sua filha. A alegria que ela deveria ter sentido foi tirada dela, e eu não sabia como devolvê-la.
—Smith tentou terminar as coisas. —Ela merecia uma explicação, e se alguém poderia compreender a natureza complicada de se apaixonar por um homem poderoso, era ela. —Agora sei por quê.
—Então você conhecia o perigo e você o escolheu de qualquer maneira? —Clara suspirou. —Belle, não vou mentir. Eu estou com raiva de você, mas eu também estou aterrorizada por você.
—Você acha que eu não estou com medo? Porque estou. Mas estou com mais medo de perdê-lo. Agora tudo o que eu quero fazer é levá-lo de volta para casa e trancá-lo.
—Você soa como Alexander. —Suas narinas dilataram, e eu me perguntava quanta bronca ele recebeu esta manhã. —Tive que fugir só para vir aqui.
—Você não fugiu. —Exclamei. Ficando de pé e pegando meu celular da minha mesa.
—Não se atreva a escrever para ele.
Fiz uma pausa, dividida entre o dever que sentia por cada um deles. Era uma tolice deixá-la sem proteção, mas eu odiava a ideia de trair a frágil confiança que ainda existia entre nós.
—Eu te amo demais para permitir que você se coloque em mais perigo, e você a ama muito —Eu apontei para Elizabeth, que ainda estava mamando contente. —Para arriscá-la.
Os olhos de Clara estreitaram-se, e eu soube então o que era escolher a segurança de alguém que você ama sobre sua felicidade.
—Sinto muito. —Mas minhas desculpas significavam pouco para ela.
—Use o meu. —Ela disse antes que eu pudesse continuar a mensagem. —Chame Norris. Ele virá para mim, e então você não terá que lidar com Alexander.
Eu levantei uma sobrancelha. —Posso lidar com Alexander.
—Eu não posso. —Ela disse suavemente. —Eu o amo. Eu te amo. Mas agora eu quero ficar sozinha. Norris vai entender isso.
Eu decidi não discutir com ela. O guarda-costas pessoal de Alexander sempre foi capaz de manter uma cabeça muito mais fria quando se tratava de Clara, e eu sabia que ele não permitiria que ninguém se machucasse. Pegando o celular de seu saco de fraldas, disquei o número dele e expliquei a situação.
Nenhuma de nós falou enquanto esperávamos ele chegar, e quando ele finalmente veio para pegá-la, Clara não poupou um olhar em minha direção. Sem adeus. Sem abraço.
Eu disse a Smith que eu tinha uma vida em Londres. Agora, parecia que não.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
BELLE
Eu fiquei no estúdio, nem pronta para enfrentar Smith, nem capaz de trabalhar. Enquanto a noite aproximava-se, eu percebi que não tinha feito nada, além de olhar para a proteção de tela do meu computador pelas últimas horas. A contragosto, obriguei-me a levantar e recolher minhas coisas. Meus olhos pousaram em um cobertor rosa pálido sobre as costas da minha cadeira. Clara havia deixado.
Seja qual for a estabilidade que minhas horas de dormência me deram, dissolveram-se. Eles eram a minha família, Elizabeth, Clara e Edward. Eu perdi isso de vista, e agora, eu fiz o que pude ao revelar os danos irreparáveis das minhas relações com eles. Peguei o cobertor e segurei-o no meu peito, fechando os olhos e desejando ser livre. Que todos nós fôssemos livres.
Mas os desejos eram para os contos de fadas, e eu não tinha esperança de que o universo tivesse qualquer interesse em me enviar um milagre.
Dobrei o cobertor de Elizabeth e coloquei-o na minha bolsa, antes de trancar tudo e ir até o meu carro estacionado no fim da rua. Eu devolveria o cobertor amanhã, e eu pediria desculpas a Clara e, em seguida, de alguma forma, encontraria uma maneira de seguir em frente. Porque eu não perderia minha melhor amiga.
As luzes do Mercedes piscaram quando eu apertei o botão de desbloqueio. Pelo menos a esta hora da noite não haveria tráfego. Após a visita de Clara, eu queria respostas que só Smith poderia me dar. Eu sabia que ele estava profundamente enraizado em um plano para derrubar Hammond, mas o fato de que ele estava trabalhando com Alexander, ainda me surpreendeu. Como me surpreendeu o confronto de Clara sobre o meu casamento inesperado.
Eu tinha concordado em manter segredo, e me doía saber que ela descobriu antes que eu pudesse dizer a ela. Antes que ela tivesse a chance de conhecê-lo.
É evidente que eu estava perdendo minha cabeça. E isso me deixou sentindo desenraizada. Smith era minha âncora, mas ele estava me arrastando para baixo? Doeu admitir que eu pudesse ter cometido um erro. Principalmente porque eu ainda não tive tempo para enfrentar os constrangimentos da minha súbita mudança de vida.
Abrindo a porta, movi para largar a minha bolsa no banco do passageiro, quando percebi que não estava sozinha.
Mãos me agarraram por trás antes que eu pudesse processar este fato. Eu chutei, tentando me libertar. Mas o poder sobre mim intensificou. O homem me empurrou contra a lateral do carro, tirando o ar dos meus pulmões.
Eu não conseguia respirar, o que significava que eu não podia lutar.
Dedos fecharam-se sobre o meu cabelo, empurrando minha cabeça para trás.
—Um carro de luxo para uma bonita dama.
Meu estômago se agitou, e eu engasguei contra a bile que subiu na minha garganta enquanto lutava para encontrar minha própria voz.
Grite, uma voz dentro de mim ordenou. Abri a boca, e sua mão se fechou sobre ela, pegando o grito de socorro antes que pudesse tomar voo.
—Não, não, bonita. —Ele me castigou. —Nada disso agora. Por que não damos uma volta?
Bonita. Ao ouvir isso desta voz estranha, com a intenção de me humilhar e, provavelmente muito pior, estimulou algo dentro de mim. Essa não era sua palavra. Ele não tinha o direito de me chamar assim. Assim como suas mãos não tinham o direito ao meu corpo. Qualquer que fosse o medo me bloqueando no lugar, mudou, e joguei meu cotovelo para trás. Eu sabia com certeza absoluta que eu tinha que sair desse carro. O soco o pegou nas costelas, e ele perdeu o controle sobre mim, dando-me tempo suficiente para me soltar.
Mas não tempo suficiente para correr.
Ele pegou a parte de trás da minha camisa e eu tropecei, caindo na calçada em uma pilha, meus tornozelos torcendo debaixo de mim. A dor subiu pela minha perna, mas eu a afastei circulando para frente, minhas unhas contra o concreto, enquanto eu tentava recuperar meu equilíbrio.
O homem puxou-me de volta, e ouvi o rasgo nauseante do tecido quando minha blusa rasgou no ombro. Contorci-me, esperando que eu pudesse me desvencilhar dela. Agora era a única coisa que me prendia. Mas meu atacante foi muito rápido. Um peso pesado me prendeu ao chão, e meu peito contraiu enquanto lutava para respirar sob o peso enorme.
—Você não vai a lugar algum. —A voz fria me informou. Suas mãos serpenteavam debaixo de mim, deslizando ao longo do meu corpo. Meu estômago. Meus seios.
Outro puxão, e eu senti o ar fresco da noite na minha pele quando minha camisa se abriu, expondo minhas costas nuas. Seu joelho pressionava no meu cóccix quando suas mãos continuaram a caminhar.
Isso não estava acontecendo.
Eu não deixaria. O grito que eu tinha procurado saiu pelos meus lábios, rompendo o silêncio da noite.
—Cala a boca, cadela. —Ele rosnou.
Mas eu não estava prestes a fazer isso. Eu continuei a gritar. Alguém ouviria. Alguém tinha que ouvir.
O som nauseante do meu zíper roubou meus gritos, e me contorci, minhas mãos espalmadas à procura de salvação no cimento bruto. Meus dedos tocaram algo frio e metálico, e eu peguei minhas chaves, apertando todos os botões no processo, e desencadeando o alarme do carro.
—Você não deveria ter feito isso. —O homem gritou, tirando-o das minhas mãos. Mas era tarde demais. A Mercedes lamentava por ajuda enquanto ele tentava freneticamente desligar o alarme.
E depois o silêncio.
A rua ainda estava vazia. Ninguém ouviu, e agora ele tinha as chaves. Reunindo cada grama da minha força, eu rebolei contra o seu agarre, derrubando-o de cima de mim. Eu rolei, e antes que pudesse saltar para trás em cima de mim, eu enfiei o salto do meu sapato diretamente em seu estômago, errando sua virilha.
O erro de cálculo me custaria caro. Em vez de cair, isso só o deixou mais enfurecido. Suas mãos fecharam-se sobre a minha garganta. A ponta afiada de uma chave pressionada na minha pele. Minhas pernas continuaram a chutar, mas não fiz nenhum contato.
—Você é uma garota idiota. —Ele cuspiu sobre meu rosto, e minha cabeça caiu para o lado, com medo de estar tão perto da boca deste homem e o ódio vomitando dele.
Ele agarrou meu queixo e puxou meu rosto de volta ao seu, sua outra mão ainda agarrava firmemente em torno do meu pescoço. Seus dedos espalharam-se cobrindo minha boca e, em seguida, mergulhou-os dentro, forçando minha mandíbula a se abrir. Eu o mordi, mas eu não tinha o impulso que precisava. Ele riu enquanto me segurava lá.
Tremor arruinando o meu corpo.
—Eu só queria seu carro, vadia estúpida. —Seu joelho bateu em meu estômago, e eu arqueei, ofegando por ar que não conseguia encontrar. —Agora talvez eu vá tomar alguma coisa a mais.
Entrei em colapso sob ele, ofegante, enquanto as lágrimas ardiam meus olhos. Olhei para ele, minha força de vontade me abandonando. Defendi-me silenciosamente com o desconhecido, enquanto memorizava seu nariz e a longa cicatriz que corria ao longo de sua têmpora.
Se eu parasse de lutar, o que aconteceria? Agora, essa parecia a minha única escolha. Fiz as pazes com o fato de que eu não sairia ilesa, mas eu decidi ali que desistiria. Eu ainda permaneci parada, me preparando para o que vinha a seguir.
—Isso aí. —Ele cantarolou. —Você quer, não é? Você está com tesão por isso. Não pode deixar ninguém saber que uma senhora elegante como você gosta de ser fodida, não é? Tem que colocar um pouco de luta. Mas eu tenho o que você precisa, baby.
Meu corpo sofreu um espasmo, e eu engasguei com o vômito que não conseguia mais segurar. O homem liberou o poder sobre mim, e minha cabeça rolou para o lado, quando cuspi bile.
—Cadela suja. —Ele gritou. Sua mão agarrou meu quadril, o seu peso mudando quando me virou para o meu estômago e puxou minha saia. —Esta é uma visão muito melhor. Aposto que você gosta em todos os lugares.
A ponta do dedo enganchou em torno da faixa da minha calcinha, e eu comecei a tremer. Por dentro gritava, mas o som estava preso. Eu estava congelada no lugar, completamente à mercê do mal.
E então eu ouvi as sirenes. Eu não sabia se eles vinham para mim, mas eles estavam lá, e o som me deu o poder de gritar.
—Porra. —A mão desapareceu, mas ele não saiu de mim.
Eu sabia que nós dois estávamos calculando a mesma coisa: quanto tempo mais?
—Você teve sorte desta vez. —Ele assobiou, achatando o seu corpo contra o meu para que ele pudesse assobiar no meu ouvido. —Mas não se preocupe. Eu vou te encontrar, baby, e acabar com você. Eu sei o quanto você precisa disso.
Sua virilha circulou minha bunda quando comecei a soluçar.
—Odeio quando uma mulher chora. —Sua mão fechou sobre a parte de trás da minha cabeça, agarrando o meu cabelo. Ele se afastou e capturou minha boca, sua língua arremessando entre meus lábios. Desta vez eu o mordi. forte. O sabor de ferro inundou minha língua, assim que meu rosto esmagou contra a calçada. A dor queimava através da minha têmpora, mas antes que eu pudesse processar o que tinha acontecido, ele me bateu novamente.
Eu sabia que ia morrer. Através da agonia, o rosto de Smith brilhou em meus pensamentos. Eu não queria que ele se culpasse. Eu não queria que acabasse assim, mas quando meu pescoço bateu de volta no concreto, mais uma vez, eu sabia que não havia como parar a escuridão.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
SMITH
Meu coração batia forte quando ultrapassei o balcão na entrada de emergência do hospital, caminhando em direção à estação de enfermagem quando cheguei ao St. Mary.
—Belle Stuart. —Rosnei para a enfermeira sentada atrás do balcão.
Ela olhou para mim e apontou para uma cadeira. —Apenas a família imediata é permitida vê-la. O médico está com ela agora.
—Eu sou sua família. —Impaciência fervia em mim. Eu não tinha tempo para essa mulher ou suas regras mesquinhas. Eu precisava encontrar minha esposa. Eu precisava vê-la. Se ninguém me diria onde ela estava, eu a encontraria por mim mesmo. Escancarei uma porta onde estava escrito: “Entrada Somente para Autorizados”, com um pequeno obrigado. Confie em mim, os britânicos podem ser educados em todas as circunstâncias. Essa era uma característica com a qual eu não tinha nascido. Eu tinha muito do sangue da minha mãe em mim.
—Senhor! —A enfermeira chamou atrás de mim, mas eu já estava no fundo do corredor, os olhos varrendo cada porta aberta.
Eu podia sentir cada vez mais perto, mas cada passo que eu dava, não me levava para Belle. Um pânico furioso construiu dentro de mim. Eu odiava hospitais. Eu odiava o cheiro da morte estéril que permeava seus salões. Eu odiava o frio, interiores impessoais criados para dar-lhe nada a que se agarrar, quando lhe era dada a pior notícia.
Esta foi a única vez que eu pisei em um, desde que Margot morreu. Clichês médico flutuavam à mente enquanto meu cérebro preparava-se para reviver aquele dia. Só que desta vez seria pior.
Ocorreu-me que eu estava no oitavo andar, alto o suficiente para garantir que eu não sobreviveria se pudesse encontrar uma janela aberta. Minha inquietação cresceu, e eu comecei a abrir as portas, sem me preocupar em fechá-las. Protestos enchiam o ar enquanto devastava meu caminho até a ala hospitalar.
E então, ela estava lá. Com os olhos fechados, o monitor suavemente apitando.
Mãos fecharam-se sobre meus ombros, me puxando para longe de seu quarto, mas eu as afastei.
—Senhor, você precisa vir conosco. —O guarda de segurança me aconselhou com uma das mãos enganchada no cinto. Outro estava em silêncio alguns centímetros atrás dele.
—É minha esposa. —Informei-o com os dentes cerrados. —Foi-me dito que a família imediata era permitida.
—Ela é. —Ele respondeu calmamente. —Mas é preciso verificar a sua identificação em primeiro lugar, e francamente, o hospital pode fazer uma queixa.
Eu puxei meu casaco para baixo, desejando recuperar a compostura. —Chame Dr. Roget e diga-lhe que Smith Price está visitando uma paciente. Ele vai responder por mim.
—Podemos fazer isso no lobby. —O guarda fez um gesto para eu segui-lo, mas não me movi.
—Você também pode dizer ao Dr. Roget, que eu vou doar uma quantia generosa para a ala das crianças em gratidão pelo cuidado à minha mulher. Eu sei que eles precisam contratar um novo oncologista.
O guarda respirou profundamente, e eu poderia dizer que ele estava pesando suas opções. Um homem que levava seu trabalho a sério me arrastaria para o meio-fio. Um bom homem não seria capaz de ignorar a oferta que eu acabei de oferecer.
—Fique com ele. —Ele ordenou a seu companheiro, antes de voltar para mim com um dedo em meu peito. —Espero que sua história seja verdadeira, porque eu vou pessoalmente me certificar de que o único quarto de hospital que você visitará seja o seu.
Não me preocupei em responder à sua ameaça. Porque eu não dava a mínima. A minha história seria checada, e Roget receberia o seu dinheiro. Parecia mais amável do que chantageá-lo com os detalhes de seu relacionamento com certa conhecida. Mesmo que trazer Georgia para a imagem se tornasse necessário. Peguei o prontuário de Belle no final de sua cama quando fui para o lado dela. Era mais fácil ler o estado de seus ferimentos do que era olhar para ela. Contusão no olho direito. Fratura da sua bochecha direita. Dez pontos na têmpora.
Evidências inconclusivas de agressão sexual.
Meus joelhos dobraram, e eu caí no chão. Eu não acreditava em Deus, mas eu orei quando apertei minha cabeça contra o colchão. Eu orei pelo perdão que não merecia. Orei para seus olhos abrirem. Não para me absolver, eu não queria isso dela, mas para que eu pudesse olhar para eles e encontrar a força para deixá-la.
Porque se eu não a deixasse, eu a mataria. Não seriam minhas mãos que assinariam o atestado de óbito, mas o seu sangue estaria nelas de qualquer jeito. Eu fui egoísta. Não havia como negar isso agora, cada batida de seu coração no monitor lembrava-me que ela quase deu seu último suspiro esta noite.
—Sr. Price. —A voz dura me cumprimentou, e eu levantei minha cabeça para ver uma jovem médica entrar na sala. Ela contornou a cama e recolheu a prancheta. —Sou a Dra. Grant. Sua esposa vai ficar bem. Demos-lhe um pouco de sedativo para ajudá-la a dormir. Eu posso ver que você já revisou sua condição.
—Ela ainda estava consciente?
—Ela acordou na ambulância e ficou acordada na maioria dos procedimentos. Ela estava consciente o suficiente para nos pedir para chamá-lo.
Poucos minutos atrás, eu teria jogado isso na cara da enfermeira. Agora eu só me preocupava com uma coisa.
—O prontuário diz que não havia evidências conclusivas de... —Fui sumindo, incapaz de dizer as palavras.
—A maioria de sua roupa ainda estava intacta quando as equipes de emergência chegaram.
—O que isso significa? —Sufoquei, minhas mãos cerrando em punhos.
—Sua calcinha ainda estava intacta. —Dra. Grant disse suavemente. —Mas nós encontramos evidências de que ela fez sexo recentemente. Eu sei que esta é uma questão muito pessoal, mas quando foi a última vez que você teve relações sexuais com a sua esposa?
—Esta manhã. —Respondi imediatamente. —E duas vezes na última noite.
Dra. Grant piscou surpresa e olhou para o prontuário. Tive a sensação de que ela achou a minha resposta impressionante, mas eu não dei a mínima. —É muito possível então que o DNA que recuperamos seja seu.
Eu não queria considerar que pudesse não ser.
—Quando ela vai acordar? —Eu perguntei. Eu tinha que ver seus olhos abertos mais uma vez. Eu tinha que dizer a ela que eu a amava. Assim como eu tinha que acreditar que ela entenderia por que eu não podia mais colocá-la nesse tipo de perigo.
Mas havia mais uma coisa que eu tinha que saber. —Pegaram?
—Não. —Ela balançou a cabeça tristemente. —Parece ser um roubo de carro aleatório que não acabou bem. Sua bolsa foi recuperada da cena. Eu tenho certeza de que a polícia o encontrará.
Dei-lhe um sorriso triste. —Vou ficar com ela.
Ela não recusou o pedido, o que foi inteligente, pois não era para ser recusado.
Aleatório. Essa era uma palavra que definitivamente não se aplicava a este caso. Um ladrão de carro não atacava uma mulher e deixava sua bolsa. Isto era um alvo, e proposital, o que significava que Hammond descobriu sobre nós muito mais cedo do que eu esperava.
Forçando-me a ficar, eu arrastei uma cadeira ao lado de sua cama, e afundei nela enquanto discava um número no meu celular. O tempo de retribuir havia chegado.
***
Acordei com uma mão roçando a minha testa. Levantando a cabeça para descobrir que eu tinha adormecido na pior posição possível, meus olhos encontraram os dela. O rosto de Belle estava inchado, um círculo roxo em seu olho, e ela ainda era a coisa mais impressionante que eu já vi.
—Ei, bonita. —Murmurei enquanto me sentava e pegava sua mão.
—Quero pedir um espelho. —Ela lambeu os lábios enquanto falava.
Eu balancei a cabeça. —Não há necessidade. Você está linda.
—Mentiroso. —Ela acusou com um leve sorriso que não alcançou seus olhos cansados.
—Você se lembra do que aconteceu? —Perguntei a ela, preparando-me para a resposta.
—Algum idiota tentou roubar o meu carro, e eu fui teimosa sobre isso.
Engoli em seco, e me forcei a fazer a pergunta que eu realmente não queria. —Ele... ele te estuprou?
—Não. —Ela estremeceu quando tentou se sentar. Fiquei em pé para ajudá-la, parte do meu fardo saindo dos meus ombros. Não tornava nada disto bem, mas eu não podia deixar de ficar aliviado.
—O hospital não tinha certeza. —Eu expliquei.
—Ele deixou bem claro que estava pensando nisso. —Seus olhos corriam nervosamente para encontrar os meus. —Importaria se ele tivesse?
—Importaria na rapidez com que acabaria com a vida dele. —Não havia nenhum ponto em fingir o contrário. Hammond era o cerne disto, mas quem quer que fosse o tonto que ele tinha enviado para lidar com o seu trabalho sujo, pagaria o preço também.
—Smith. —Mas o apelo em sua voz foi perdido por mim.
—Não se preocupe com isso agora. —Disse com uma voz suave. Inclinando-me, eu rocei meus lábios delicadamente sobre a testa.
—Não é sua culpa. —Ela sussurrou.
Mas ambos sabíamos que não era verdade.
—Belle, não posso permitir que isso continue. —Minhas palavras saíram em fragmentos, cada uma mais difícil que a anterior.
Lágrimas brotaram nos olhos azuis gigantes, mas elas não transbordaram. —Desculpe, Price. Eu fiz a minha escolha. Você está preso comigo.
—Não se isso significa...
—Eu sei que nosso casamento não foi nenhum pouco ortodoxo. —Ela me interrompeu. —Mas eu tenho certeza de que fizemos os votos e todas essas coisas sobre a morte e separação, doença e saúde.
—Você não pode me pedir para ignorar isso. —Eu disse, mais duramente do que eu pretendia.
Mas ela não se encolheu. Em vez disso, ela sentou-se e olhou para mim. —Não, eu não posso. Mas você é meu marido, então você vai ter que lidar com isso.
Fechei os olhos, tentando disfarçar o sorriso surgindo nos cantos da minha boca. —Você vai me ouvir?
—Você gosta quando eu te provoco. —Ela me lembrou.
Eu não podia negar que era verdade.
—Não poderia viver comigo mesmo se algo acontecesse com você, Belle.
—E eu não gostaria de viver comigo mesma se eu fugisse. Acho que vamos ter que aprender a viver um com o outro.
Era imprudente ouvi-la, era imprudente dar o que meu coração queria. Mas quando o médico veio algumas horas mais tarde, eu ainda estava lá. Eu a tinha colocado nesta posição, e eu não podia abandoná-la agora, não enquanto ela estava tão vulnerável, não enquanto eu ainda estava respirando.
Eu a reivindiquei como minha. Ela era minha para proteger, e talvez fosse tolo cobiçá-la após os acontecimentos da noite, mas ela pertencia a mim, e ninguém a levaria até que me arrastasse para o inferno.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
BELLE
Enquanto o Bugatti parava no meio-fio do lado de fora do Hotel Westminster Real, virei-me para Smith em surpresa. Nós paramos no meu apartamento para pegar algumas coisas, evitando Jane que estava fora. Quando saímos, eu esperei retornar a uma de suas casas. Não que eu tivesse alguma coisa contra hotéis de luxo, mas eu estava começando a pensar que sua paranoia estava tirando o melhor dele.
—Em primeiro lugar, nenhuma bolsa. Nenhuma identificação. Sem celular. —Suspirei profundamente. —E agora um hotel?
—É melhor estar no lado seguro. —Ele não olhou nos meus olhos quando disse isso. Ele tinha evitado olhar para mim desde que deixei o hospital. Ele até deu as costas enquanto eu mudava de roupa no quarto do meu apartamento.
—A polícia disse que foi um incidente. —Repeti as palavras deles, desejando acreditar. Era melhor para Smith, se eu pelo menos fingisse que acreditava.
Ele não respondeu. Em vez disso, seguiu para dentro. A suíte era tão luxuosa quanto seria de se esperar de um hotel cinco estrelas. Mesmo ocupando um andar inteiro, com vista para o Tâmisa, lembrei-me da suíte que tínhamos compartilhado em Nova York. Como é possível que estivemos lá alguns dias atrás?
—Você deveria descansar. —Smith falou enquanto levava minha mala para o quarto. —Ou comer alguma coisa. Podemos pedir.
Ele estava me tratando como uma paciente, o que me fazia lembrar o que tinha acontecido. Não era como se a dor aguda constante que ocupava metade do meu rosto não fosse um lembrete suficiente.
—Dormi no hospital. —Fiz uma pausa, meus olhos encontrando o chão. —Não posso enfrentar outro pesadelo.
Smith reagiu quase instintivamente, pegando-me em seus braços. Ele teve o cuidado de virar o meu corpo para que ele não tocasse em qualquer parte do inchaço. —Estou aqui agora, bonita. Vamos assistir a um filme.
Ele não me queria. Não assim. Em qualquer outro momento, ele teria me levado para a cama e me reivindicado. O fato só me fez sentir pior, mas forcei um sorriso.
Smith moveu o sofá da suíte para que eu pudesse me esticar ao lado dele. Nós nos instalamos, com o braço envolto com cuidado sobre mim enquanto passava os canais. Finalmente ele encontrou um velho clássico preto e branco no canal BBC. Mas eu não estava interessada no drama na tela, não enquanto toda a minha vida estava em tumulto.
Eu estava em um lugar estranho, sob a influência de um coquetel de drogas, que parecia decidido a me atrair de volta ao reino de pesadelo das minhas memórias.
—Nunca vi esse. —Anunciei, querendo sua atenção em mim.
—Sério? Nós vamos ter de educá-la com Humphrey Bogart então. —Ele olhou para mim com um olhar de amor tão puro, que meu coração apertou, parecendo que explodiria.
Ele ainda me amava, apesar do que tinha acontecido. Mas as mãos de outro homem estiveram no meu corpo esta noite, manchando o vínculo que eu compartilhava com Smith, e não importa o quanto eu tentasse escapar disso, isso me agarrava. Sentime injusta. Vulnerável. Eu não queria dormir, e eu não queria estar acordada. Eu não poderia enfrentar isso, e ele parecia contente em fingir que nada estava errado.
Mas tudo estava errado, terrivelmente. Eu apertei a mão sobre minha boca e, em seguida, corri para o banheiro. Eu me afundei em frente ao vaso sanitário, certa de que vomitaria. Meu estômago regurgitou, mas não saiu nada, exceto suspiros desesperados, e sons secos de asfixia. Smith entrou correndo e ajoelhou-se ao meu lado, segurando meu cabelo.
—Você está doente?
Eu balancei a cabeça. Eu não estava, não fisicamente, pelo menos. Isso era tudo da minha cabeça, o que tornava mais difícil suportar. Os suspiros do meu peito viraram soluços que me sacudiam.
—Sinto muito. —Mas minhas lágrimas quebraram minha voz, tornando difícil falar.
—Você não tem nada para se desculpar. —Ele soltou meu cabelo e caiu sentado ao meu lado. —Nada.
—Então por que você está com tanto medo de me tocar? —Eu estava sendo histérica. Eu sabia disso, mas eu não conseguia controlar como eu me sentia, mais do que eu podia controlar o que aconteceu.
—Você acha que eu não quero? —Ele perguntou. —Estou com medo de lhe machucar ou...
—Ou? —Pedi. Eu precisava saber como essa frase terminava, precisava saber que todos os seus pensamentos não estavam em como se livrar da confusão que nós dois éramos.
—Tudo que eu mais quero é fazer amor com você agora. —Ele disse em voz baixa, roçando um dedo pelo meu antebraço. —Não foder. Não dominar. Eu só quero me sentir dentro de você, mas não é assim que as coisas funcionam.
—Por que não? —Desafiei, me irritando com a ideia de que nós dois negávamos o que precisávamos.
—Porque é o meu trabalho cuidar de você, e eu já estraguei isso o bastante.
Eu não podia suportar a angústia em seus olhos verdes.
—Preciso que você me mostre que eu ainda sou sua. Que você ainda me quer.
Ele levantou, e meu coração estilhaçou nas fissuras que mal se curaram da última vez que ele tinha partido. Algum dia não haveria mais nenhum coração, apenas tecido cicatricial. Mas esta noite, meu coração ainda podia sentir, e a agonia que Smith inspirava era muito mais aguda do que qualquer dor física que eu tinha sofrido.
Mas então ele abaixou, e me levantou antes de envolver-me em seus braços. Ele me levou lentamente para o quarto, sussurrando os votos que ele me disse apenas algumas noites antes. Deitou-me cuidadosamente sobre a cama, e tirou a roupa até ficar nu. Seu pau balançava enquanto se aproximava de mim e enfiou os dedos sobre o cós da minha calça. Ele as tirou em um movimento fluído.
—No hospital, quando eu te vi lá, e você estava respirando, você sabe o que aconteceu? —Ele perguntou enquanto espalmava seu pau. —Fiquei duro. Eu queria tanto você que tive que esconder minha ereção com um travesseiro. Você sabe por que, bonita? Porque eu sempre quero você. Porque a sua respiração é minha e de mais ninguém. Eu precisava ficar longe de você, precisava não tocá-la, porque eu não podia suportar fazer você sofrer.
—Não fique longe. —Chorei, minhas mãos lutando para retirar minha calcinha. —Preciso saber que você ainda me quer.
—Dessa vez, quando eu disser que faremos nos meus termos... —Ele levantou minha perna e a inclinou para beijar a suavidade da minha coxa. —Não é porque eu quero dominá-la, é porque eu não sou capaz de me perdoar se eu lhe causar dor.
Nosso relacionamento sempre foi sobre dor misturada com prazer. Foi o que nos uniu, e agora, essa intimidade nos foi roubada. Mais do que tudo, eu queria fingir que nada estava errado. Eu queria rastejar para a beirada da cama e tomar o seu pau na minha boca, mas eu sabia que ele não permitiria isso. E seu controle sobre esta situação era a única reminiscência do que tínhamos compartilhado esta manhã.
—Eu quero te ver. —Ele disse asperamente. Ele inclinou-se sobre mim, pairando para manter seu peso. Eu queria puxá-lo para baixo e forçá-lo a liberar a masculinidade primal que ele mantinha de mim agora, mas eu permaneci imóvel. Smith passou os dedos abaixo do decote da minha camisa, seus olhos fixos no meu rosto. —Quero ser cuidadoso, por isso não quero você com isso.
Ele pegou o tecido em ambas as mãos e esticou até que os fios cederam. Ele não sabia que outro homem havia rasgado a minha blusa esta noite, assim como ele não sabia que, o simples ato feito com o maior cuidado e preocupação, apagou a memória, substituindo-a com uma imagem de amor. Ele abriu-a suavemente libertando meus seios e, depois, deslizou lentamente os restos esfarrapados.
Seus dedos dançavam sobre a minha pele, evitando os hematomas deixados para trás pelo ataque, e então ele começou a me beijar. A boca de Smith moveu-se mais abaixo, seus lábios e língua pinçando minha pele com um leve toque, que lembrava a ponta de uma pena. Hoje à noite não haveria brincadeiras lúdicas com chicotes e palmadas, mas haveria querer. Querer que me consumia como uma brasa no fogo. Querer que vencia qualquer medo que eu sentia.
Não havia medo na mão de Smith. Sem temor. Ele levou meu corpo e me deu sua alma em troca.
—Vou fazer você se sentir bem, Belle. —Ele sussurrou. Sua respiração fazia cócegas no meu abdômen. —Vou levar toda a dor por tanto tempo quanto eu puder.
Minha cabeça caiu para trás contra os lençóis enquanto ele mergulhava sua língua entre as minhas coxas. Ele lambeu ao longo da minha boceta com uma paciência reverente, que chamou a atenção dos meus nervos, até que todas as sensações no meu corpo estivessem centradas lá. Ele beijou a carne pulsante do meu sexo, sugando fervorosamente em sua boca. Um gemido baixo emanou de seu peito, e eu resisti contra a vibração que enviou um tremor em minha pele.
Oh Deus, este homem. Este homem pecador, arrogante, quebrado, perfeito, me faria gozar sem nunca me violar.
Ele recuou logo que meu abdômen tencionou, e enfiou os braços sob as minhas coxas, puxando minhas pernas sobre seus ombros. Suas mãos deslizaram para baixo na minha bunda, me segurando no ar enquanto beijava minha boceta torturada.
—Não acabei completamente com você ainda. Eu só queria ter certeza de que eu tinha a sua devida atenção.
Isso soou como uma promessa. Agarrei os lençóis e segurei.
—Adoro enterrar meu rosto em sua boceta, provar sua doçura na minha língua. Eu apenas tive que parar e admirar como você está bonita com as pernas ao redor do meu pescoço, e sua boceta excitada e pronta para mim. Eu vou cuidar bem de ambas. Para sempre, bonita.
Ele manteve os olhos em mim enquanto abaixava a boca para me foder. Eu assisti, uma luz branca rastejando nas bordas da minha visão, enquanto sua língua separava minha fenda. A ponta tocou meu clitóris, até que eu estava ofegante e suplicante. Mas ele não estava pronto para me deixar gozar ainda. Ele achatou sua língua, acariciando o comprimento do meu sexo languidamente. Eu me contorcia debaixo dele, quase saltando para longe do seu aperto. Cravando seus dedos em meus quadris, ele me balançou para trás e para frente contra sua língua incansável.
—Por favor, por favor, por favor. —A palavra saiu da minha boca a cada deslizar de sua língua sobre o meu clitóris.
Ele fez uma pausa tempo suficiente para a minha necessidade pulsar dolorosamente em meu núcleo e, em seguida, sua boca apertou com avidez sobre o meu cerne intumescido.
Minhas costas arquearam para fora da cama enquanto eu moía contra sua boca. Não havia nada além dele e o prazer que ele derramava em mim. Minha âncora. Minha libertação.
Quando ele finalmente baixou-me para a cama, eu cedi completamente, minhas pernas deslizando de seus ombros, e meu clímax ainda pulsando no meu âmago.
—Você fica molhada pra caralho quando goza. —Ele gemeu enquanto cutucava a cabeça de seu pau contra a minha entrada escorregadia. —Vou degustar por semanas.
Mordi o lábio timidamente, os olhos fechando enquanto me preparava para mais.
Mais e nunca o suficiente. Isso parecia ser uma base bastante sólida para construir um futuro.
—Posso sentir sua boceta apertando meu pau. Será que ela quer mais?
—Sim, senhor. —Ofeguei.
—Não, não esta noite. Hoje à noite você é minha esposa, minha parceira.
—Sua igual? —Brinquei.
—Você sempre foi. —Smith lambeu seu lábio inferior. —Só espero que eu seja o seu.
Ele era em todos os sentidos. Eu queria dizer-lhe isso. Eu queria pressionar o meu corpo ao dele e sentir este homem que pertencia tão inteiramente a mim, e eu a ele. Mas antes que eu pudesse encontrar a força para me mover, ele deslizou dentro de mim, destruindo efetivamente qualquer possibilidade de me mover. Não quando ele estava me penetrando até o núcleo. Não com ele enraizado totalmente dentro de mim.
Começamos um ritmo lento, sensual. Nenhum de nós com pressa enquanto permanecíamos na sensação de nossa união. Ele me encheu, e eu o consumi até nós sermos um só corpo, fundindo e transformando-se em uma sinfonia perfeita. O nosso ritmo aumentou gradualmente à medida que nós balançávamos juntos, mas, em seguida, Smith parou e retirou-se.
Eu senti sua perda imediatamente, ansiando pela plenitude que só ele podia me dar.
Ele moveu-se mais para cima da cama, apoiando as costas contra a cabeceira dela. —Preciso segurar você.
Eu rolei para o meu estômago e me arrastei até seu colo.
—Lentamente. —Ele pediu quando eu me abaixei; uma das mãos guiando seu comprimento para dentro. Gritei com a profundidade, minha bunda circulando a deliciosa plenitude que me esticava quando me estabelecia em cima dele. —É isso, bonita.
Braços fortes enrolaram em volta do meu tronco, as palmas das mãos quentes achatando contra meus ombros. Ele me embalou nele quando começou a rolar sua virilha contra mim. Agarrei seu peito para apoio em busca do ângulo perfeito. Ele se mexeu, o atrito de seu movimento pedindo uma abertura mais ampla, de modo que meu clitóris roçava grosseiramente na base do seu pau. Minha cabeça inclinou para frente, e eu quase não notei a dor fortuita enquanto a minha testa pressionava em seu ombro.
—Quero estar dentro de você todos os dias pelo resto da minha vida. Eu queria ser forte o suficiente para desistir de você, mas eu não sou. —Ele disse rispidamente em meu ouvido.
—Você me prometeu o para sempre. —Choraminguei, enquanto meus quadris tentavam levá-lo mais profundamente dentro de mim. Não havia escapatória. Eu não permitiria isso.
—E eu vou dar para você. Para sempre. —Ele repetiu, mergulhando mais forte até que eu estava quase saltando. Seu braço caiu das minhas costas, e ele pegou minha mão, pressionando a palma no centro do seu peito. —Seu. Tudo de mim. É tudo seu. Meu futuro. Meu coração. Minha vida.
Fechei os olhos e me concentrei em seu rápido, mas constante, batimento cardíaco. Minha própria vida não tinha começado até o dia em que eu o conheci, e um dia, quando ele fosse embora, seria o fim. Eu passaria cada momento, até então, lutando por ele.
Nós tomamos uma decisão juntos, e nós fizemos um voto. Mas agora, tínhamos que encarar que tentaram nos separar, e ainda estávamos aqui.
—Eu te amo, Smith Price. —A minha boca fechou sobre a dele, roçando seus lábios levemente.
Sua virilha apertou debaixo de mim, e fomos juntos em direção ao nosso para sempre, compartilhando beijos suaves enquanto lutávamos para chegar mais perto, nos preparando para a batalha que enfrentaríamos fora destas paredes. Quando ele finalmente diminuiu, sua boca curvou-se com um sorriso arrogante.
—Você parece satisfeito consigo mesmo. —Observei, assim que desmoronei contra ele. Ele tinha o direito de parecer satisfeito. Na lista dos melhores orgasmos do mundo, esse derrubou a todos.
—Eu só estava pensando que eu te amo, Belle Price.
Inclinei a cabeça para trás com uma carranca, brincando, mesmo com uma tranquilidade feliz descendo sobre mim.
—Você deveria ter se oposto antes de dizer sim, bonita. —Seu dedo indicador inclinou meu queixo para cima, e ele deu um beijo cauteloso em meus lábios machucados.
—Posso apresentar algum tipo renegociação de contrato? —A verdade é que eu queria o nome dele tanto quanto ele queria. Meu próprio sobrenome trazia nada além de lembranças tristes. Era o nome do meu pai, não o meu, e se eu tivesse que escolher um nome de homem, o de Smith era o que eu queria.
—Duvido que o seu advogado a aconselharia a isso. —Ele disse secamente.
Eu bufei em exasperação simulada. —Belle Price, que seja, eu suponho.
—Anotado... —Ele me depositou sobre a cama e passou as pernas para o lado. —Eu já volto.
Eu caí contra os travesseiros, um contentamento lânguido em meus membros. Eu estava sonolenta quando ele voltou.
—Tomei a liberdade de roubar isso de sua bolsa. —Ele voltou para a cama, a minha aliança de casamento presa entre o polegar e o indicador. —Porque ela deve ficar com você.
Smith capturou minha mão, e gentilmente colocou a aliança no meu dedo. Olhei para ele, tentando processar o quanto meus sentimentos evoluíram sobre usá-la. O círculo de diamantes perfeitamente estabelecido em ouro, não parecia mais pesado. Já não deslumbrava. Simplesmente parecia certo. Era tão eterno quanto o nosso amor. Sem começo. Sem fim. Apenas para sempre.
—Se você preferir uma diferente... —Ele começou.
Mas eu balancei a cabeça e inclinei para beijá-lo com força na boca. Empalideci quando minha bochecha bateu acidentalmente, mas eu engoli a dor antes que ele pudesse identificá-la. —Não se atreva a tentar tirar esta aliança do meu dedo.
—Bom, você pode carregar minha aliança. —Ele deslizou um braço ao redor da minha cintura, e nós ficamos lá olhando para a nova adição ao meu dedo.
Olhei para ele com surpresa.
—O que? —Ele encolheu os ombros. —Eu pertenço a você, bonita. Se você não quer que eu...
—Ah, você usará uma. —Eu o informei.
—Gosto quando você fica com ciúmes. —Ele brincou, enroscando nossos dedos.
—Só quero que todos saibam que você é meu. —Sussurrei. —Então eles saberão quão sortuda eu sou.
—Isso faz de nós dois. Agora descanse um pouco, Sra. Price. —Ele ordenou, puxando as cobertas sobre mim.
—E o Sr. Price? —Respondi.
—Desde que você seja uma Price. —Ele murmurou quando esticou a mão para diminuir as luzes.
—Para sempre. —Meus olhos fecharam quando eu caí em um sono sem sonhos.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
BELLE
Roxo. Era a única palavra que filtrava através da névoa de analgésicos nublando meu cérebro. Eu levantei minha mão e cautelosamente toquei minha bochecha inchada. A mulher no espelho estremeceu quando a dor passou por mim. Não admira que Smith tenha ficado tão hesitante em me tocar. Eu estava horrível. Nenhuma quantidade de maquiagem cobriria isso, e tentar suavizar a profundidade da contusão parecia uma má ideia.
Smith apareceu atrás de mim, observando a minha reação no espelho. Suas mãos fortes agarraram meus braços, e eu fechei os olhos, saboreando o toque.
—Dê tempo a isso. —Ele ordenou em voz baixa. —Vou mandar uma enfermeira ficar com você hoje.
Virei-me, balançando a cabeça. —Não, não faça isso.
O pensamento de ficar sozinha com uma estranha era demais para suportar.
—Não posso te deixar assim, Belle. —Ele levantou a mão para colocar meu cabelo para trás, tomando cuidado para evitar minhas feridas. Vi o horror em seus olhos e, por trás dele, uma emoção que roubou o fôlego.
—Então não me deixe. —Mordi o lábio em uma tentativa de sedução, e imediatamente me arrependi, quando um pulsar lancinante disparou em minha têmpora.
Smith reagiu instantaneamente com preocupação, mas eu o empurrei. Eu não podia suportar a pena, mais do que poderia suportar a realidade do que tinha acontecido. A polícia encontrou meu carro, mas não o homem que me atacou. Esse fato, combinado com os efeitos soníferos dos meus analgésicos, deixou minhas emoções na capacidade máxima.
Engoli as lágrimas que pareciam perpétuas na minha garganta. —Vou chamar minha tia.
—Você tem certeza? —Os olhos de Smith suavizaram, como se para me lembrar de que a fúria que ele não conseguia esconder não era dirigida a mim.
—Sim.
Ele esperou enquanto eu fazia a chamada do telefone do hotel, talvez suspeitando que eu não a fizesse. Quando desliguei, ele deu um beijo nos meus lábios.
—Eu te amo.
Eu peguei sua mão, agarrando-a desesperadamente.
—Eu já volto. —Ele falou solenemente, e eu relaxei meu aperto, permitindo-lhe delicadamente se afastar.
Eu queria dizer-lhe para não ir. Ou perguntar quando ele voltaria. Mas uma parte de mim, a que não foi quebrada no ataque de ontem, resistiu. Eu não era aquela garota. Eu não queria ser. Eu não podia permitir que isso me mudasse.
Assim que ele se foi, eu tomei outro comprimido para dor, engolindo-o com um gole de vinho. Se eu passaria o dia todo presa em um quarto de hotel, eu não queria a opção de pensar.
Mas mesmo quando um estupor lânguido desceu sobre mim, meu cérebro continuou a bobinar, repetindo o ataque em um loop constante. Smith não disse que eu tinha sido o alvo, uma decisão que eu via como calculada. No entanto, eu sabia que tinha sido. Coincidência era esbarrar em um amigo em um restaurante. Ser espancada, quando seu marido trabalhava para o presidente do sindicato do crime da cidade, não era.
Eu congelei quando ouvi uma batida na porta, e me preparei para a reação de Jane. Se ela tinha achado estranho que eu dei a ela o número do quarto de um hotel, ela não disse nada. Mas ela não estava esperando por isso. Dei uma olhada antes de abrir a porta.
A boca de Jane caiu, e eu tive que arrastá-la para dentro, fechando a porta rapidamente atrás de nós.
—Quem fez isto? —Ela exigiu, sua voz trovejando pelo quarto silencioso.
—Meu carro foi roubado. —Havia muito mais história do que isso, mas eu não tinha certeza se eu tinha força para contá-la.
E, em seguida, as perguntas começaram. A pessoa foi pega? Por que eu estava em um hotel? Onde estava esse meu namorado de qualquer maneira?
—Ele saiu para lidar com algumas coisas. —Eu disse, a resposta implícita de que ele estava fazendo algo simples como checar com a polícia.
Jane me guiou até o sofá e me sentei, a preocupação vincando as rugas em seu rosto elegante. —Belle, você está em apuros? Tem mais alguma coisa?
Eu fechei meus olhos, mas não consegui parar as lágrimas. —Não posso falar sobre isso.
—Ele fez isso? —Ela perguntou em voz baixa que soou positivamente homicida.
—Não! —Disse com firmeza.
—Mas ele sabe quem fez. —Ela não esperou pela minha resposta antes de pegar sua bolsa. —Vou levá-la para casa.
—Não! —Pulei. Eu não podia imaginar o que aconteceria se Smith voltasse e descobrisse que eu fui embora. Eu já estava doente sobre o que quer que o tirou daqui esta manhã. Se eu desaparecesse, ele iria direto para Hammond.
—O que está escondendo?
Tudo. Nada. Eu não sabia como responder.
—Estou a salvo aqui. —É tudo que ela precisava saber.
—E Smith?
—Ele está lidando com isso. —Eu não poderia dizer-lhe mais do que isso, não enquanto tudo estava tão ferrado. Já desejava que eu não tivesse pedido para ela vir. Muitas pessoas na minha vida já foram apanhadas neste pesadelo.
O olhar de Jane derivou para a minha mão. Sua boca pressionou em uma linha fina, mas ela não disse nada sobre a aliança de diamantes brilhando no meu dedo anelar.
Outra coisa que eu teria que explicar quando o tempo certo chegasse. Por enquanto, eu estava grata que ela parecia desejar ignorá-la.
Dei um tapinha no assento ao meu lado, e Jane se afundou ainda segurando sua bolsa. Um envelope grande preso no topo.
—O que é isso? —Perguntei, olhando-o enquanto o meu sangue transformava-se em gelo.
—Nada. —Ela virou o envelope para longe de mim, mas eu estendi a mão e agarrei-o.
Era destinado a mim. Apesar de seus protestos, o abri. Eu retirei uma pilha de documentos legais. Se eu tivesse pensado que as coisas não poderiam ficar piores, eu estava errada. Eu dei uma varredura neles, sem entender metade do que eles diziam, mas percebendo a essência.
Minha mãe estava movendo uma ação judicial que me ameaçava, e ela tinha feito o seu caso, não só contra mim, mas também contra a minha participação acionária na Bless. Olhei para eles por um longo minuto sem dizer nada, e então, comecei a rir. Isso afligiu meu corpo, fazendo com que meu rosto pulsasse, mas eu não podia parar.
Jane puxou-os da minha mão e estudou-os por um momento antes de jogá-los pelo quarto.
—Foda-se ela. —Ela anunciou, pegando a minha mão.
Aos poucos, meus risos ficaram de lado ao me deparar com a realidade que me surpreendeu. Eu estava sendo atacada por todos os lados, e eu não sabia para que direção começar a dar socos.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
SMITH
Meus dedos tamborilavam impacientemente contra a minha caneca. O café estava frio por pelo menos meia hora. Eu tinha deixado Belle no hotel mais de uma hora atrás. Retirando meu celular, verifiquei a sua mensagem novamente. Eu estava no lugar certo, na hora certa, mas nada de Georgia. Quanto mais tempo eu esperava, mais exposto ficava. Peguei minha carteira e joguei algumas libras em cima da mesa por desperdiçar o tempo do garçom.
Eu queria acreditar que ela esqueceu, mas quando liguei o Bugatti, meus pensamentos voltaram para explicações mais sinistras. Sem pensar, comecei a cortar o trânsito, voltando para um lugar onde eu jurei nunca mais voltar. Cheguei em tempo recorde, principalmente devido a quebrar o limite de velocidade em todas as oportunidades. A rua estava deserta, o que não era incomum dada a hora do dia. Apenas o mais incondicional dos clientes do Velvet estaria aqui a esta hora pensei, o que não me deu prazer.
Digitando o código de segurança, entrei no corredor familiar que levava diretamente para um passado que eu queria deixar atrás de mim. Uma música abafada flutuava pelo ar, uma escolha relativamente de bom gosto. Quando entrei, encontrei o espaço completamente vazio, exceto por Ariel, a mais nova e mais fiel garçonete do Velvet.
Ela olhou por cima das garrafas que ela estava organizando, sua expressão mudando rapidamente de interesse casual para surpresa.
—Georgia está aqui? —Perguntei enquanto caminhava em direção a seu escritório.
—Não. —Ariel olhou em volta, como para se certificar, antes de voltar a olhar para mim. —Ela ligou durante a semana. Alguma desculpa. Hammond arranjou uma gerente temporária.
—Ele está aqui?
Ela balançou a cabeça, para meu alívio. A última coisa que eu precisava era um dos moços de recados de Hammond correndo para informá-lo da minha presença.
—Vou admitir que não esperava vê-lo aqui. —Ariel disse puxando conversa.
Fiz uma pausa, estudando-a por um momento. Seu cabelo cor de rosa estava arrumado em um moicano, e ao contrário da última vez que nos encontramos, ela estava vestindo uma camiseta e jeans. Ela não estava realmente aqui para atender o bar, o que significava que Velvet não estava aberto.
Velvet nunca fechou.
Eu relaxei meu rosto com um sorriso e deslizei sobre a banqueta. Eu poderia ser encantador quando necessário, mas era difícil pra caralho quando cada impulso no meu corpo, queria saltar por cima do balcão e estrangulá-la.
—O que está fazendo aqui? —Perguntei, tocando a borda de um guardanapo. —Este lugar está morto.
Seus olhos correram por cima do ombro, mas ela continuou a puxar o licor dos armários para reabastecer seu estoque. Finalmente ela virou, apoiando as palmas das mãos contra a borda da madeira, e deu de ombros. —Inventário. Tivemos um fim de semana ocupado. Eu não gosto de ser pega despreparada.
—Posso respeitar isso. Nem eu. —Mantive meu tom de conversa, mas não ignorei as ameaças escondidas sob as nossas palavras.
O lábio de Ariel com piercing enrolou, e ela inclinou-se para baixo, de modo que sua camiseta abriu para revelar seus seios. —Por quê? Você está interessado em fazer outra coisa?
Foi por isso que eu a tinha dispensado antes. Era óbvio que ela estava interessada pelo que acontecia no clube. Ela praticamente implorou para que eu fizesse uma cena de submissão da minha posição de dominante na última vez em que estive aqui, o que selou seu interesse. Seu voyeurismo me cegou de suas verdadeiras intenções, mas também minou o seu propósito.
Era uma coisa perigosa assumir um trabalho quando você não podia controlar seus desejos. Sempre minou o poder de Georgia. Ariel parecia sofrer com a mesma falta de autocontenção.
Abri minhas abotoaduras jogando-as no bar, e enrolei uma das mangas. A língua de Ariel disparou entre os lábios, enquanto eu repetia a ação do outro lado para revelar meus antebraços. Era a minha marca. A que tinha me tornado conhecido por entre aqueles nesse estilo de vida. Seus olhos estavam cheios com luxúria quando levantei e a analisei.
Ela estava carente em todos os sentidos. Muito ansiosa. Muito fresca. Ela viu, mas ela nunca participou. Hammond deve ter visto algo nela que eu estava perdendo. Mas, novamente, ele gostava do tipo de mulheres maleáveis, que ele podia moldar em qualquer coisa que sua alma negra desejasse.
Ariel remexia-se na minha frente, seus dedos torcendo sob o meu olhar penetrante.
É isso aí. Eu poderia ter perdido meu desejo para a submissão anônima, mas eu não tinha perdido meu toque. Houve um tempo em que eu poderia andar por esta sala, escolher qualquer mulher que eu via, e ela estaria de joelhos. Ariel estava prestes a provar que eu ainda tinha essa capacidade.
—Suponho que é uma oferta. —Soltei minha gravata e abri o botão superior do meu colarinho. Mas foi onde eu parei. Meu corpo pertencia à Belle, e esta cadela não receberia nada mais do que uma das mãos em torno de sua garganta. —Quarto da serpente.
Era fácil escorregar para o papel de Dom, um fato que me deu um pouco de conforto, enquanto andava em direção à sala privada apropriadamente chamada. Sempre foi a minha menos preferida, devido ao seu uso berrante de couro de cobra como sua decoração primária, mas era onde esta cobra pertencia. Ariel entrou atrás de mim e apontou para cima. Ela correu para o centro da sala, levantando os braços para a linha de algemas penduradas.
Isso seria muito fácil.
—Você quer que eu me dispa? —Ela perguntou esperançosamente.
Porra, não.
—Eu te disse para falar? —Rosnei.
Ela ficou em silêncio, e eu coloquei a ligação em seus pulsos, com as restrições inevitáveis.
—Isto é o que você queria. —Acusei, circulando em torno dela. —Tanto que você está disposta a se oferecer ao lobo.
—Sim, senhor. —Ela ofegava.
A esbofeteei. —Você não pode me chamar assim.
Seus olhos baixaram enquanto suas pernas se afastavam.
Não é onde isso vai. Eu mantive o pensamento para mim, enquanto rondava seu corpo contido. Sua respiração acelerou enquanto dava um passo mais perto. Mas ao invés de despi-la, eu envolvi meu braço sobre seu ombro e fechei os dedos em torno de seu pescoço.
—Você vai responder algumas perguntas agora.
O efeito das minhas palavras foi imediato. Ariel empurrou contra as algemas, tentando desesperadamente se libertar.
—É muito tarde para isso. Você queria ser dominada, e eu vou fazer exatamente isso. Você vai me dizer tudo o que eu quero saber, porra. —Apertei sua garganta para enfatizar que eu era o único no controle.
—Não!
Meu aperto firme estava cortando seu suprimento de ar. —Você é nova nisto, não é? Não há necessidade de responder. Eu não posso acreditar que Hammond confiou em você para fazer este trabalho. É por isso que você veio trabalhar aqui, não é?
Eu afrouxei meu aperto nela, e ela engoliu em seco por ar, mas não falou.
—Não acho que você entende. —Rosnei, deslizando minha mão até o queixo e capturando-o. Inclinei para ela, minha boca pressionada perto de seu ouvido enquanto ela tentava se contorcer para longe de mim. —Homens desesperados perdem o controle. Eu não estou desesperado, mas você não tem ideia do quão longe estou disposto a ir para obter respostas. Aquela era uma pergunta simples para responder. Será que ele a enviou aqui?
—Sim. —Atirou.
—Isso não foi tão difícil, foi? —Puxei seu cabelo com a outra mão. —Você o alimentou com informações sobre Georgia?
Ela não respondeu, e eu empurrei sua cabeça para trás, puxando seu cabelo nas raízes.
—Sim! —Gritou.
Segurei-a lá. Agora estávamos chegando a algum lugar.
—E eu?
Desta vez, ela choramingou. —Sim.
—Como é que ele sabia onde encontrar minha esposa? —Era uma conclusão precipitada de que ele tinha descoberto a verdade sobre Belle, e eu não tinha mais tempo a perder esmiuçando as respostas que eu precisava. Não depois do ataque. Não era um incidente isolado, e eu queria saber seu próximo passo.
—Ele a está rastreando. —Ela respondeu com uma voz suave.
—Como? —Exigi, forçando-me a ignorar o medo que agitou dentro de mim.
—Seus celulares. Foi difícil para ele chegar a sua esposa, mas, em seguida, a cadela estúpida o deixou em seu escritório ao sair para o almoço. Ele está seguindo todos vocês. —Ela riu com isso, e eu congelei. Eu queria estrangulá-la. Eu queria que ela desse seu último suspiro, mas eu não tinha acabado completamente com ela ainda.
—Georgia? —Eu perguntei.
—Isso foi cuidado.
Eu joguei a cabeça para frente, ignorando-a quando ela me chamou. Ela merecia morrer, mas quando Hammond percebesse que ela o havia traído, ele cuidaria disso. Eu estava cansado de fazer o seu trabalho sujo para cuidar dela agora.
Belle estava segura no momento. Eu tive a certeza de que seu celular estivesse em casa com o resto de seus pertences pessoais, antes de sairmos do hospital. Mas Georgia. Eu liguei o celular novamente, mas foi para o correio de voz.
—Como ele fez isso? —Murmurei para mim mesmo, deixando Velvet para trás. A imagem de meu pai flutuando sem vida na piscina surgiu à minha mente. Sua morte foi considerada um acidente.
É lamentável o que pode acontecer quando se é deixado sozinho.
Isso é o que Hammond disse a minha mãe no funeral.
Eu não pensei, eu só reagi. O apartamento de Georgia era na esquina, e eu não me incomodei em olhar quando larguei o Bugatti e corri em direção a ela.
Um estranho silêncio me cumprimentou quando entrei em seu apartamento. Ela não havia mudado as fechaduras, o que era conveniente para mim, mas mortal para ela. Acendi as luzes e comecei a procurar. Correndo para seu quarto, avistei algo um pouco além da cama.
Uma mão.
Dei a volta na cama e caí de joelhos ao lado dela em uma poça de sangue. Suas pálpebras se abriram quando as minhas mãos foram para a ferida em seu abdômen. Havia muito sangue. Ele jorrava pelas palmas das minhas mãos enquanto eu tentava aplicar pressão. Ela estava pálida, mesmo na escuridão, seus lábios eram uma sombra doentia de azul.
—Smith? —Sua voz era fraca, confusa, enquanto lutava para abrir os olhos.
—Tudo bem. —Mas não estava. Eu a deixei de lado e puxei meu celular do meu bolso. Ele escorregou das minhas mãos sangrentas, e me atrapalhei para recuperá-lo. Discando 192, eu arranquei um lençol de sua cama e o envolvi em uma bola apertada. Segurando-o em suas feridas, eu puxei o corpo dela para o meu colo com o meu braço livre. Seu cabelo escuro em torno dela.
—Ele sabe. —Vermelho derramou de seus lábios enquanto suas palavras borbulhavam.
—Eu sei. Aguente. Ajuda está vindo. —Eu precisava que ela ficasse acordada, mas eu estava com medo de permitir que ela continuasse a falar.
Ela tentou sacudir a cabeça, mas não tinha força. —Ele sabe onde ela está.
—Ela está segura. —Disse enquanto a silenciava. —Ela não está em casa.
—Smith! —Georgia engoliu o sangue espumoso que veio com a exclamação. —O homem que veio aqui... —Ela suspirou, seu rosto retorcia-se enquanto procurava sua voz através da dor. —Ele fez uma ligação. Ele está indo para o hotel Westminster Royal.
O mundo parou ao meu redor, a compreensão colidindo com horror. Eu não tinha ideia de como ele a encontrou. Nem ideia de quanto tempo ele sabia. Não fazia ideia do que eu descobriria quando chegasse a ela. O medo se apoderou do meu peito com um aperto frio. Olhei para Georgia e sussurrei: —Sinto muito.
Não havia escolha entre ficar e ir. Nenhuma escolha entre estas duas mulheres que ocupavam espaços muito diferentes na minha vida. Uma delas era o meu passado. A outra, meu futuro. E ainda assim, eu estava amarrado a este local.
—Vá. —O comando de voz de Georgia não era mais que um sussurro ofegante, mas eu senti o fio que nos amarrava um ao outro escapando. Esta era a nossa escolha, ao longo de todo o sacrifício que nós dois estávamos dispostos a fazer para sermos livres.
Eu a deixei lá, sua vida escorrendo sobre o tapete, sabendo que logo ela seria finalmente libertada.
CAPÍTULO VINTE E SETE
SMITH
O Bugatti rugiu enquanto eu empurrava o pedal com todo gás no assoalho, esquivando do tráfego em uma tentativa desesperada para chegar à rodovia A3212. Eu mantive meus pensamentos focados na estrada. Virar. Ultrapassar. Estar no presente era a única coisa que me impedia de me afogar no meu passado ou temer o meu futuro.
Um carro desviou do outro lado na autoestrada, por pouco não me atingiu quando tentei evitar a cena de um acidente. Eu bati em meus freios quando os carros na minha frente abrandaram para permitir que equipes de emergência chegassem ao local.
Eu bati no volante. —Esta é uma porra de emergência!
A realidade gritou comigo quando vim a uma parada completa. No impasse, não havia como manter meus pensamentos sem controle com o que aconteceu. E a realidade da situação veio à vida na minha frente.
O sangue de Georgia.
Manchava o volante. Minhas mãos. Eu esfreguei o volante com a manga, mas não havia maneira de limpar minhas mãos.
Foi uma piada de mau gosto por anos: chamá-la de minha irmã. Uma piada que gostávamos de lançar um ao outro. Mas, quando um nó formou-se na minha garganta, eu sabia que ela era a coisa mais próxima que eu tive de família na maior parte da minha vida. Eu passei todo esse tempo questionando seus motivos e sendo crítico das suas escolhas, mas foi só agora que eu sabia que eu a tinha amado. Talvez, ter um irmão era isso. Irritação constante. Mal-entendidos. Compreender o que eles significavam para você tarde demais.
Hammond pagaria pelo que ele tinha feito a ela.
Mas o pensamento de seu assassinato só me deixou mais consciente do perigo que Belle enfrentava agora.
De alguma forma, eles sabiam onde ela estava. Era inteiramente provável que eles me seguiram o tempo todo, mas eu não podia ter certeza. Ariel disse que eles estavam monitorando nossos celulares, o que significava que não importava que eu tivesse deixado o dela em seu apartamento, quando eu tinha o meu comigo o tempo todo.
Eu disquei o número dela de qualquer maneira, e esperei até que fosse para o correio de voz.
Apertei o botão de ativação de voz, chamei o hotel Westminster Real.
—Price. A cobertura. —Ordenei logo que a recepção respondeu.
—Eu sinto muito. —A menina alegre chiou. —Temos um pedido de “não perturbe” do hóspede.
—Não brinca. —Estalei. —Eu fiz esse pedido. Estou tentando falar com minha esposa. Isto é uma emergência.
—Me desculpe senhor. Posso levar uma mensagem se...
Eu desliguei na cara dela. Por que diabos tinha colocado o “não perturbe”? Porque pensei estupidamente que ela estava segura, e agora não havia nenhuma maneira de preveni-la. Eu poderia chamar a polícia, mas eu não tinha dúvida de que o meu tempo de resposta era mais eficiente do que o deles. Tentei seu número mais uma vez. Deus, eu queria gritar para a sua mensagem de correio de voz.
Eu joguei meu celular no banco do passageiro quando ela não respondeu. Eu tinha acabado de atingir a autoestrada, quando começou a tocar.
—Belle? —Respondi em tom cortante. —Você precisa sair daí.
—Não é Belle. —A voz familiar de Hammond rastejou sob minha pele. —Embora pareça que você está no seu caminho para vê-la agora. Tenho certeza de que ela vai apreciar uma surpresa romântica, mais do que receber uma chamada com antecedência. Ela não esperava que você voltasse para o hotel depois de horas. Disseram-me que os recém-casados são particularmente sentimentais. Talvez você devesse comprar-lhe alguns crisântemos8 no caminho.
Eu não perdi a referência às flores de funeral. —Hammond, quando eu colocar minhas mãos em você...
—O que, Smith? O que você fará comigo? Você teve a oportunidade de me matar por meses, e ainda assim você nunca aproveitou. Seu pai. Margot. Você nunca procurou retribuição. —Fez uma pausa, e por um momento, eu pensei que a ligação caiu. —Claro, que talvez esta caça às bruxas tola que você começou, acabou tornando-se uma tentativa mesquinha.
—Acabou. —Eu avisei. —Você sabe que está sob investigação.
—Sim, eu sei. —Hammond disse, parecendo perplexo. —Albert estava me investigando também. Eu acho que ele tinha certas evidências, como você ou o filho dele tem agora.
—Por quê? —Ele queria se gabar, e eu queria mantê-lo falando. Se ele estivesse na linha comigo, ele não poderia estar machucando-a. —Por que ir atrás de Clara? Por que Belle?
—Acho que eu sou um pouco romântico. Eu amo uma trágica história de amor. Será que Samantha lhe disse quando você a visitou?
Meu sangue gelou, e eu agarrei o volante, meus dedos ficando brancos. Eu podia ver o Westminster Real à frente, mas não estava perto o suficiente. —Você falou com Samantha?
—Claro. Você honestamente acha que ela fugiu para Nova York e começou tudo de novo? Eu realmente pensei que você fosse mais esperto do que isso. Se eu soubesse que você não era, eu não teria me incomodado de colocá-lo na escola de direito. Samantha está, digamos assim, em débito comigo. Você pode entender isso.
Eu não me importava mais de ouvir sobre a traição de Samantha. Não quando tanto estava na reta. —Você não respondeu à minha pergunta.
—Ah, sim, por que atacar suas doces e jovens esposas? Honestamente, Clara era simplesmente um meio para um fim. Eu queria Albert fora de cena, e o garoto, seu ex-namorado, era um maluco. Depois que suas próprias tentativas falharam, ele estava grato por ter a minha ajuda. Ele só queria tirá-la de Alexander. Tivemos várias oportunidades realmente, mas era tão poético se isso acontecesse no casamento, e ninguém duvidaria por um minuto do por que ele tinha feito isso. Eles assumiriam que era um ato de um homem louco, e o Rei simplesmente ficou no caminho. Nada encobre um pecado como outro escândalo.
—Alexander adivinhou. Ele sabia que havia mais. —Eu tinha orgulho disso agora, na minha frágil camaradagem com um homem que tinha a capacidade de ver através de tais ações, o mal no coração.
—Claro que ele adivinhou, mas isso pouco importava desde que ele hesitou em fazer uma jogada. Muita informação. Em quem ele poderia confiar? Ele não podia agir. Mas você sabia disso, não é? Quando você foi até ele e pediu-lhe para finalmente resolver essa coisa de vez. Foi assim que eu descobri que você tinha se casado. Isso doeu, filho. Eu não deveria ter ouvido de outro alguém.
—Não sou o seu filho. —Rosnei.
—Eu teria enviado as minhas felicitações mais cedo. —Ele continuou, me ignorando. —Mas eu não tinha seu endereço atual. Meu presente está sendo entregue agora.
—Se você tocar em um fio de cabelo dela...
—Eu nem sonharia em tocá-la. Belle é uma menina adorável. O nosso amigo em comum estava bastante chateado que ele não conseguiu passar tempo de qualidade suficiente com ela na outra noite.
—Pare com isso. —Exigi. —Você pode ter a mim. Sem luta. Eu irei até você. Alexander não me terá como testemunha. Basta deixá-la.
—E cancelar a diversão de Jake? Ele estava ansioso para vê-la novamente. Dê-lhe os meus cumprimentos.
Em seguida, a linha ficou muda.
CAPÍTULO VINTE E OITO
BELLE
Eu sentei na cama esfregando os olhos por hábito. Dor incandescente perfurava minha têmpora. Pisquei as lágrimas que inundavam meu olho machucado. Levaria algum tempo para me acostumar.
—Como você está se sentindo? —Jane perguntou, com seus olhos enrugando em preocupação quando finalmente cheguei à sala.
—Bem. —Eu menti. Eu poderia me sentir melhor quando Smith estivesse de volta, e quando finalmente eu pudesse sair daqui. Eu tinha escolhido o sono em vez da obsessão sobre o seu retorno.
Jane ficou de pé, examinando-me quando se aproximou. —Você quer outra pílula para a dor?
Eu balancei a cabeça, mas o movimento brusco causou uma nova onda de dor, e eu vacilei.
—Acho que é melhor tomar um, amor.
Eu não ofereci resistência enquanto ela dirigia-se para meu frasco de comprimidos e um copo de água.
—Já comeu hoje? —Ela perguntou quando engolia a pílula.
—Não. —Admiti timidamente. —Realmente não comi nada desde a noite passada. Meu estômago está me incomodando.
—Claro, que ele está. —Ela franziu a testa. —Isso é um errado. Você não deve tomar com o estômago vazio.
Suspirei. Como de costume, ela provavelmente estava certa. —Acho que poderíamos pedir serviço de quarto.
—Ou aquele prato indiano ali da esquina? —Ela ofereceu. —Poderíamos ter algum ar fresco.
Era uma sugestão calculada. Jane ainda estava tentando desvendar o que estava acontecendo. Eu não queria dizer a ela que Smith enlouqueceria se descobrisse que eu tinha deixado o hotel. Em vez disso eu apontei para o meu rosto. —Não estou completamente pronta para desfilar isso à luz do dia.
—Suponho que faz sentido. —Mas havia dúvida em sua voz. —Vou só levar alguns minutos.
—Vou ficar bem. —Até agora Jane foi mais uma babá do que uma enfermeira. Sentada no sofá enquanto eu dormia e me dando pílulas para a dor quando acordei. E me questionando a cada oportunidade.
—Ok, é rapidinho. Eu quase esqueci. —Ela puxou meu celular de sua bolsa. —Você deixou isto em casa. Melhor você pegar.
—Obrigada. —Contato com o mundo exterior parecia um conceito muito novo neste momento. Eu fiz uma careta quando vi uma chamada perdida de Smith. Sem dúvida, ele estava pirando que eu não respondi.
—Eu volto já.
Eu tranquei a porta atrás de Jane e imediatamente liguei de volta, mas o telefone foi para o correio de voz. Verificando a hora, percebi que ele só tinha ligado alguns minutos antes. Ele provavelmente já estava tentando me chamar novamente.
Tirei meu pijama. Ele se agarrava a mim, pegajoso com o suor dos pesadelos. Um banho parecia uma boa ideia. Se Smith teria de encontrar esta cara quando voltasse, pelo menos o resto de mim poderia estar apresentável. Seria bom sentir-se humana novamente. Além disso, eu não tinha conseguido uma chance de me limpar depois de fazer amor ontem à noite.
Esse era o problema com todos esses remédios. Eu não conseguia funcionar normalmente, fazendo com que me movesse em câmera lenta. Pisquei, sonolenta quando a dose mais recente começou a fazer efeito. Por um segundo, eu considerei que fosse inteligente tomar um banho, mas Jane estaria de volta logo, e se me afogasse em uma banheira?
Abri o aplicativo de música no meu celular e encontrei minha playlist dos Rolling Stones. Escutar a música que Smith adorava me acalmava. Eu aumentei o volume e caí sobre a cama desfeita.
Virei a torneira esperando a água ficar quente, quando saí do meu pijama para um robe do hotel e, em seguida, me estudei no espelho. O hematoma estava começando a ficar preto, amarelando nas extremidades. Como não havia nada que eles pudessem fazer sobre o corte fino a não ser esperar, eu estava presa com o inchaço até que curasse. Graças a Deus eu não tinha nenhuma reunião de negócios agendada.
Eu deixei meu cabelo solto, notando o quanto ele já passava dos meus ombros. Talvez quando a minha liberdade condicional fosse concedida, eu poderia ver um cabelereiro. Eu teria que manter a franja para esconder a cicatriz horrível que os pontos deixariam.
Foco sobre o que você pode mudar, eu disse a mim mesma. Eu poderia lidar com as cicatrizes deixadas no meu corpo, mas o resto levaria tempo.
Andando até a banheira, mergulhei o meu dedo para verificar a temperatura.
Perfeito. O alivio estava à mão.
Meus dedos fecharam-se sobre o nó do meu robe, mas antes que eu pudesse soltá-lo, meu toque de celular interrompeu a música.
Correndo de volta para ele, cheguei ao meio da sala quando uma forma arremessou-se em minha direção. Mal tive tempo para me preparar antes de bater na parede. O toque parou, e meu celular começou a tocar Give me Shelter 9.
Caindo no chão, mexi para trás, me arrastando em direção ao banheiro. Cheguei à porta antes do assaltante, chutando-a e fechando-a. Ficando de pé, eu virei a fechadura e procurei freneticamente pelo banheiro. A porta balançou em suas dobradiças enquanto o homem batia contra ela repetidamente.
Avistei uma janela acima do vaso e corri para ela. Equilibrando precariamente sobre a tampa do vaso sanitário, tentei forçar a janela a se abrir. Ela estava trancada. Olhando em volta, peguei uma toalha, enrolei-a em volta da minha mão e me abaixei quando a forcei através do vidro. Quebrou. Estilhaços roçaram o meu rosto e fizeram barulho no chão. Eu afastei o restante do vidro com a toalha e subi. Enfiei a cabeça para fora, observando com consternação que era quase uma queda mortal do oitavo andar. Mas havia uma pequena saliência abaixo que parecia muito mais segura do que ficar aqui. Contorci-me mais longe através da abertura, cortando meu ombro em um grande fragmento. Ele cortou minha pele, mas eu mal senti.
E então eu ouvi a porta abrir. Movi-me mais rápido, decidindo então, que cair era um destino um pouco melhor do que ficar aqui para ser assassinada. Eu tinha meus quadris quase fora da janela quando mãos fecharam-se sobre os meus tornozelos. Eu gritei tão alto quanto pude, esperando que alcançasse o tráfego de turistas abaixo.
Ele puxou-me de volta para dentro me batendo no azulejo, e me chutando com força nas costelas. Eu me enrolei em uma bola. Não parecia haver nenhuma outra opção além de aguentar e esperar.
—Sentiu minha falta? —Ele perguntou, e eu congelei ao ouvir a voz familiar.
—Nosso encontro terminou tão de repente, na outra noite. Tentei ligar e pedir desculpas, mas você não atendeu ao telefone, Belle. Então eu pensei em parar e ver como você está. —Ele me puxou pelos cabelos, arrastando-me de pé para encará-lo. Eu não tinha visto muito dele no escuro, mas eu via agora que ele tinha a idade de Smith. Boa aparência. Exceto pelo maníaco brilho homicida em seus olhos.
—Nossa, isso está bonito. —Ele agarrou meu rosto rudemente e eu gritei. Um sorriso perverso contraiu seus lábios. —Não se importa se eu tirar uma foto da minha obra? Raramente tenho uma tão boa antes de atirar. Há realmente uma adorável sensação de movimento quando alguém ainda está vivo. Não é o mesmo depois que eu já matei.
Eu disse a única palavra que me veio à mente. —Por favor.
—Por favor? —Ele riu. —Você tem alguma ideia do homem com quem se casou ou do que ele é capaz de fazer? Desculpe, querida, isso é olho por olho. Eu adoraria que você lhe dissesse o meu olá, mas, infelizmente, você não estará em condições de entregar mensagens.
Ele deixou cair seu aperto do meu rosto, enrolou o punho, e me deu um soco no estômago. Minha boca escancarou, em busca de ar. Eu ainda estava ofegante quando ele me empurrou para a banheira. A água na minha garganta, queimando meus pulmões. Minhas mãos voavam descontroladamente, espirrando contra a porcelana, em busca de algo para agarrar.
E então, ele me soltou.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
SMITH
Rolling Stones me cumprimentou quando eu entrei na suíte. Eu chamei o nome de Belle, mas tudo o que eu ouvi foi um respingo violento. Derrapei no banheiro enquanto Jake mergulhava o rosto dela de volta na água, segurando a cabeça para baixo. Corri para ele, parando-o no meio e o enfrentando. Belle arqueou para fora da banheira, cuspindo enquanto caía no chão.
—Vá! —Gritei assim que Jake me derrubava no chão.
Metal brilhou quando ele se lançou em minha direção, e minha mão disparou, pegando seu pulso. Nós lutamos enquanto Belle balançava a poucos metros de nós, ainda tentando recuperar o fôlego.
Cristo, ela pode precisar de primeiros socorros, e eu não estava em posição para lhe dar.
Ergui meus joelhos, conseguindo pegá-lo nas costelas e jogá-lo de lado. Eu rolei em cima dele, forçando o pulso e a faca sobre a cabeça.
—Seu filho da puta. —Cuspi nele.
—Você sabia que isso aconteceria, Price. —Ele se esforçou para falar enquanto lutávamos para manter a faca sob controle. —Você sabia há anos.
—Não tive nada a ver com a morte dela. —Mas não importa o que eu dissesse a ele, e eu não estava disposto a negociar com este monte de merda.
—Margot estaria aqui agora...
—Se não fosse por Hammond. —Eu gritei. —Como você ainda não entendeu isso?
Claro que Hammond o havia escolhido para isso. Um homem com uma vingança era mais difícil de combater. Boa coisa que eu tinha a minha própria.
—Ela ia deixá-lo. —Ele ofegou debaixo de mim. —E você não podia aguentar. Não podia admitir que ela não o amava.
—Não me importava com quem ela estava transando, porra. Nós dois transávamos com qualquer coisa que se movesse. Ela ainda era minha esposa. Eu nunca a teria ferido.
—Mesmo que ela expusesse quem você realmente era, e tirasse todo o seu dinheiro?
Vidros soaram no azulejo quando ouvi as palmas de Belle deslizando sobre o chão, mas para meu horror, soou como se ela estivesse se aproximando em vez de correndo.
Jake sorriu, seus olhos sobre meu ombro. —E agora eu vou levá-la para longe de você. Isso é o que você merece.
Eu respirei fundo, me preparei e bati a cabeça nele. Seu nariz triturou com o impacto, mas eu sacudi o torpor momentâneo.
Jake pendeu para trás, atordoado, o que me deu tempo suficiente para arrebatar a faca. Eu me afastei lentamente, ficando de pé, mantendo a arma na minha frente.
—Está tudo bem, bonita? —Chamei, sem me atrever a tirar os olhos de Jake. Ele tinha apertado a mão sobre o nariz, mas ele não estava nocauteado.
—Estou bem. —Ela respondeu com uma voz ofegante.
—Eu quero que você saia. Saia daqui e vá até a recepção. Diga-lhes para chamar a polícia.
—Não vou deixar você aqui. —Ela chorou.
—Pelo menos uma vez, faça como eu digo. —Eu pedi. Nós não estávamos nem perto de estar longe do perigo, e não estaríamos até que eu a tivesse fora daqui. Então eu poderia cuidar disso de uma vez por todas.
—Já disse a ela? —Jake perguntou com os dentes manchados de sangue. —Sobre a sua primeira esposa?
—Eu sei. —Belle falou com petulância sobre o meu ombro.
—Então você sabe por que isso vai acontecer. Se eu não o fizer, alguém o fará. Vivemos por um código. Olho por olho. Retribuição.
—Tão bíblico você. —Ela atirou de volta.
Como era possível eu amá-la ainda mais e querer estrangulá-la ao mesmo tempo? Lancei um olhar de advertência sobre meu ombro.
—Vá. —Repeti em voz baixa.
—Sem chance.
—Você parece uma garota legal. Espirituosa. —Jake falou lutando para ficar de pé. Abandonando o seu nariz sangrando, ele começou a retirar os vidros de sua roupa. —Acho que Margot teria gostado dela. O que você acha, Price?
—Não se mexa. —Avisei.
—Aposto que ela é selvagem, também. Vamos ter um pouco de diversão em nome dos velhos tempos. Você pode assistir. Ela estava tão quente na outra noite, mas eu aposto que você já sabia disso. —Jake deu um passo mais perto. —Você esqueceu como compartilhar? Nós sempre compartilhamos. Esse é o problema com os adultos. Esquecemos nossos costumes. O que você disse a primeira vez que você compartilhou Margot? "Cuidado, ela morde." Cristo, você tinha que montar aquela cadela por trás se você não quisesse machucados.
Belle inalou agudamente com essa revelação.
—Isso foi há muito tempo, Jake. Éramos crianças, como você disse, e eu cresci. —Eu disse mais para o benefício dela do que dele.
—É uma pena. Parece que você cresceu quando cortou o freio em seu carro. Essa foi uma coisa muito egoísta de se fazer.
—Não tive nada a ver com isso. —Eu não sabia por que ainda estávamos discutindo, exceto que eu não tinha conseguido que Belle saísse da suíte ainda.
—Eu estive pensando. Desde que você verá Margot primeiro, dê-lhe o meu amor. Embora eu duvide que ela esteja lhe guardando um assento. Mas há um local especial no inferno para você.
De repente, ele correu para mim. Minha mão atacou, derrubando Belle em direção a parede antes que ele se lançasse em mim. Nós tropeçamos para trás, capotando e caindo em uma pilha ao pé da cama. Jake não se mexeu. Empurrando seu corpo de cima de mim, ele caiu, a faca furando seu peito.
Belle agarrou no batente da porta levantando-se, os olhos arregalados de horror quando viu a cena.
—Venha aqui. —Disse suavemente.
Ela olhou apreensiva para o seu corpo, ainda agarrada à porta. Obriguei-me a ficar de pé, ignorando a dor aguda no meu lado enquanto eu fui para ela.
—Oh meu Deus. —Ela colocou a mão sobre sua boca enquanto observava minhas roupas manchadas de sangue.
—Não é meu. —A tranquilizei. Ela não estava em condições de perceber que estava sangrando quando cheguei, e agora eu não tinha tempo para explicar. —Preciso que você saia. Vá para Alexander e Clara. Você estará segura com eles.
Tão segura como ela estaria em qualquer lugar.
Ela balançou a cabeça freneticamente. —Não vou deixar você.
—Não seja teimosa. Pela primeira vez, não estou com vontade de ser provocado. —Forcei um sorriso. —E chame a polícia na recepção e, em seguida, chame Clara.
Ela olhou para o celular ainda reproduzindo a música na cama.
—Não use esse. —Disse em voz plana. —Você sabe o número?
Ela assentiu com a cabeça. —Smith... Você precisa de uma testemunha.
—Eles me levarão para interrogatório, bonita. É claramente um caso de legítima defesa. —Lágrimas inundaram seus olhos, mas peguei a mão dela. —Sou um advogado, lembra?
—Não quero deixá-lo. —Ela sussurrou.
—Eu sei. —Dei um beijo nos seus lábios. —Mas nós dois sabemos que não é Hammond ali. Eu preciso saber que você está segura. Assim que eles me liberarem, eu vou para você.
Ela não questionou essa lógica, mesmo que ela fosse inteligente o suficiente para saber que não me juntaria a ela em breve.
—Eu te amo. —Ela disse suavemente.
—Eu te amo, também. —Arrastei um dedo na sua garganta ansiosa. —Farinha do mesmo saco, certo? Você é uma lutadora dos diabos.
—Vou lutar por você. —Ela prometeu.
Fechei os olhos e empurrei-a para longe, a implicação clara. Ela manteve um aperto na minha mão, e ouvi um soluço sufocado quando os nossos dedos deslizaram separados. Em seguida ela se foi.
Caí no chão, segurando meu lado. Peguei meu celular e disquei um número da memória. —Quero denunciar um assassinato.
Notas
[1] A Subscrição é um aumento de capital deliberado por uma Empresa, com o lançamento de novas ações, para obtenção de recursos. Os acionistas da empresa têm preferência na compra dessas novas ações emitidas pela companhia, na proporção que lhe couber, pelo preço e no prazo preestabelecidos pela empresa.
[2] Famoso e caro arranha-céu londrino.
[3] Mais cara e famosa marca de champagne.
[4] Michael Fassbender é um ator e produtor teuto-irlandês conhecido pela sua participação em filmes como X-Men: First Class e as suas sequências no papel de Magneto, Inglourious Basterds e Prometheus.
[5] Espelho. Decidi deixar o nome no original.
[6] Famosa loja de departamentos.
[7] Citação ao personagem Dom Corleone de O poderoso chefão. Onde o ator usou bolas de algodão nas bochechas para criar a fala do personagem.
[8] Flores comumente usadas em funeral.
[9] Dê-me abrigo. Sucesso dos Rolling Stones.
Geneva Lee
O melhor da literatura para todos os gostos e idades