Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


DE VOLTA ÀS ESTRELAS / Erich von Däniken
DE VOLTA ÀS ESTRELAS / Erich von Däniken

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

DE VOLTA ÀS ESTRELAS

 

                   De volta?! Então nós viemos das estrêlas!

A ânsia pela paz, a procura da imortalidade, a saudade das estrêlas - tudo isso fervilha na consciência humana e procura, desde tempos imemoriais, irresistivelmente, tornar-se realidade.

É natural essa aspiração profundamente implantada no ser hu­mano'! São realmente só "desejos" humanos'! Ou esconde-se, atrás daqueles anseios de realização, daquela saudade das estrêlas, algo bem diferente'!

Estou convicto de que a saudade que sentimos das estrêlas é mantida acordada em nosso ser como uma esPécie de herança deixada pelos "deuses". Atuam em nós, da mesma forma, lem­branças de nossos antepassados terrestres e lembranças de nossos mestres cósmicos. Não me parece que a formação da inteligência humana tenha sido o resultado de um interminável desenvolvi­mento, pois êsse processo se realizou muito repentinamente. Acre­dito que nossos antepassados receberam sua inteligência dos "deu. ses", os quais deviam dispor de conhecimentos que possibilitaram ésse processo em curto prazo.

Provas da minha assertiva dificilmente poderemos encontrar sóbre a Terra, se nos contentarmos em procurá-las com os mé. todos até agora usados na investigação do passado. Com isso, sem dúvida, iremos apenas aumentar gradativamente as coleções já existentes de relíquias humano-animais. Cada achado, depois de receber sua etiquêta numerada, terá seu lugar nas vitrinas dos museus e será conservado limpo pelos serventes. Com tais méto­dos, somente, jamais chegaremos ao âmago do problema. Pois o âmago do problema, segundo a minha convicção, está na grande pergunta: Quando e de que maneira tornaram-se inteligentes nossos antepassados?

Este livro apresenta uma tentativa de fornecer novos argumentos em favor de minhas teses. Pretende ser, apenas, mais um impulso pacífico no movimento de reflexão sôbre o passado e o futuro da humanidade. Muito tempo gastamos em investigar, com arrojada fantasia, nosso passado pré-histórico. As últimas provas conclu­dentes não poderão ser apresentadas em uma geração, mas o muro que hoje ainda divide a fantasia da realidade está-se tornando cada vez mais fraco. Vou tentar, com minha contribuição, miná-lo com novas perguntas impetuosas. Talvez eu tenha sorte. Quem sabe serão respondidas perguntas, como as de Louis Pauwels, ]acques Bergier e Robert Charroux, ainda no meu tempo de vida.

Agradeço aos numerosos leitores do meu livro "Eram os Deuses Astronautas?", por suas cartas e sugestões. Queiram êles tomar êste livro como resposta ao seu estímulo.

Agradeço a todos quantos me ajudaram a fim de que meu nôvo livro pudesse surgir.

                                                                                                             ERICH VON DANIKEN

 

 

                   Por que não deve ser verdade o que pode sê-Ia...

 

Evoluções por nós presenciadas

Testemunhas da melhor procedência - É possível a cosmonáutica interestelarl - Precisamos saber desligar o motor vital - Construção de um Kyborg - Volta às estrêlas a velocidades mil vêzes mais rápidas do que a da luz?

 

QUANDO THOMAS EDISON inventou, em 1879, sua lâmpada a filamento de carvão, as ações das companhias de gás baixaram da noite para o dia. O parlamento britânico instituiu um comitê investigador para examinar as eventuais prob"bilidades de êxito futuro do nôvo método de iluminação. Sir William Preece, Diretor do Correio Real e Presidente do Comitê de Investigação, comuni­cou o resultado à Câmara dos Comuns: Ligações domiciliares de luz elétrica seriam pura fantasmagorial.

         Hoje, lâmpadas elétricas iluminam qualquer casa do mundo civi­lizado.

         Leonardo da Vinci, dominado pelo mais remoto dos sonhos da humanidade, o de se elevar à atmosfera e sair voando, dedicou-se, durante decênios, secretamente, ao problema da construção de máquinas voadoras, e desenhou projetos que se aproximaram de maneira surpreendente do modêlo original do helicóptero moder­no. Com mêdo, porém, dos Tribunais da Inquisição, escondeu seus esboços. Quando, finalmente, em 1797, saíram publicados, a reação foi unânime: Máquinas que eram mais pesadas do que o ar, nunca poderiam decolar do solo. E ainda no início do nosso século, o famoso astrônomo Simon Newcomb opinava ser inconcebível uma fôrça mediante a qual determinada máquina pudesse vencer dis­tâncias de certa extensão por via aérea.

 

Decorridos poucos decênios apenas, os aviões já transportavam cargas enormes por sôbre mares e continentes.

O periódico científico "Nature", mundialmente conhecido, pu­blicou em 1924 um comentário sôbre o livro do Professor Hermann Oberth "O Foguete para os Espaços Planetários", observando que o projeto de um foguete espacial provàvelmente só se concretizaria pouco antes da extinção do gênero humano. E ainda mesmo nos anos 40, quando os primeiros foguetes já se haviam despregado do solo terrestre e voado várias centenas de quilômetros, os médicos julgavam impossível qualquer espécie de viagem cósmica tripulada, porque o metabolismo humano não resistiria ao estado de ausência da gravidade durante vários dias.

Bem, os foguetes há muito que se tomaram um espetáculo habi­tual, seus tripulantes não pereceram e o metabolismo humano, contrariando tôdas as previsões, obviamente resiste bem à ausência da gravidade.

A um momento cronológico qualquer, penso eu, a viabilidade técnica de tôdas as idéias novas, que abalaram a humanidade, foi considerada impossível. No comêço sempre houve acusações aos assim chamados "fantasistas", sujeitos a sofrer ataques violen­tos ou - o que em geral é mais difícil de ser engolido - o sorriso piedoso de seus contemporâneos.

Admito, sem rodeios, que nesse sentido também eu sou um fan­tasista. Mas não vivo com minhas idéias num isolamento precavido. Aliás, minha convicção de haverem visitado a Terra inteli­gências de outros planêtas, já nos te'n1pos mais remotos, está sendo incluída no âmbito das considerações de numerosos cientistas do Oriente e do Ocidente.

Posso revelar que o Professor Charles Hapgood, durante uma das minhas viagens aos Estados Unidos, me contou que Albert Einstein, a quem êle conheceu pessoalmente, obviamente simpati­zava com a idéia de uma visita pré-histórica de inteligências extraterrestres.

Em Moscou, o Professor ]osif Samuilovitch Shklovskij, um dos mais eminentes astrofísicos e rádio-astrônomos da atualidade, assegurou-me estar convicto de que a Terra, ao menos uma vez, recebeu visita do Cosmo.

 

O conhecido cientista, especializado em pesquisas biológicas do espaço sideral, Carl Sagan (EUA), igualmente não rejeita a possi­bilidade de a Terra, "no mínimo uma vez no curso de sua História, haver sido visitada por representantes de uma civilização extra­terrestre" .

E o "pai dos foguetes", Professor Hermann Oberth, disse-me literalmente: "Considero como altamente provável a visita de uma raça extraterrena ao nosso planêta".

Alegra ser-me permitido presenciar o fato de que a ciência mo­derna, sob a impressão das bem sucedidas viagens espaciais, começa a preocupar-se intensivamente com idéias que há poucos decênios ainda eram relegadas ao desprêzo absoluto. E tenho a certeza de que, com cada foguete que consiga penetrações sempre maiores do espaço cósmico, cada vez mais se enfraquecerá a tradicional resis­tência à minha tese "dos deuses astronautas".

Há dez anos atrás ainda era loucura falar-se da existência de outros sêres inteligentes no espaço cósmico. Hoje ninguém mais duvida seriamente de que existe vida extraterrestre no Cosmo. Quando, em novembro de 1961, regressaram de uma reunião secre­ta em Green Bank (Virginia ocidental), onze sumidades científicas haviam concertado uma fórmula Que calculava a existência, somente em nossa galáxia, de até 50 milhões de civilizacões. Roger A. MacGowan, que ocupa alto pôsto da NASA em Redstone (Alaba­ma), aquilatando conhecimentos mais recentes, chega mesmo a 130 bilhões de culturas possíveis no Cosmo.

Essas. estimativas poderão parecer-nos relativamente modestas e cautelosas, caso venha a confirmar-se que a "chave da vida" - a saber, a formação de tôda a vida a partir das quatro bases funda­mentais Adenina, Guanina, Citosina e Timina - domina o Cosmo inteiro. Nesse caso, o Universo deveria pulular de vida!

Derrotados pelos fatos, nossos opositores admitem hoje, embora a contragosto, que a Cosmonáutica, dentro do nosso sistema solar, é concebível. Mas afirmam, simultâneamente, ser impossível uma viagem interestelar, devido às distâncias incomensuráveis que nos separam das estrêlas. Como prestidigitadores, fazem ao mesmo tempo surgir do chapéu uma espécie de prova: Uma vez que a Cosmonáutica interestelar não nos será possível em futuro algum, nossa Terra, portanto, também não poderia ter tido, em época remota alguma, a visita de inteligências estranhas que, para tanto, teriam de haver atravessado espaços interestelares. Basta!

Mas, afinal, por que é que a Astronáutica interestelar não poderá ser realizável?

A partir das velocidades hoje possíveis, calcula-se que, por exemplo, a viagem à estrêla mais próxima de nós, Alfa-Centauri, distante de nós 4,3 anos-luz, duraria 80 anos, não podendo, pois, ente humano algum sobreviver a um vôo de ida-e-volta. Está certo êsse cálculo? Evidentemente, a média da expectativa vital do homem fica hoje a cêrca de 70 anos. A formação de um pilôto cosmonaúta é complexa; antes dos vinte anos, nem o mais inteligente de todos os rapazes poderá habilitar-se em Astronáutica. Quando, porém, passar dos 60, é improvável que ainda seja enviado numa expedi­ção ao espaço cósmico. Restariam, portanto, escassos 40 anos de atividade profissional em Astronáutica. Parece perfeitamente lógi­co: 40 anos não bastam para uma expedição interestelar!

Trata-se, no entanto, de argumentação inteiramente falsal Um exemplo simples já demonstra por que e quanto estamos presos nas malhas de mentalidades superadas, em todos os nossos projetos para o futuro. Apresenta-se-me um cálculo exato, cujo resultado parece provar ser impossível a uma bactéria da água locomover-se do ponto A ao ponto B, porque o micróbio é capaz de mover-se somente a uma velocidade x, não podendo nem a correnteza, nem a queda da água acelerar o fator x por mais y%, no máximo. Parece convincente. Há, no entanto, um êrro de lógica no cálculo, pois a bactéria aquática pode chegar de A a B por vias muito di­versas. Podemos, por exemplo, congelá-Ia. Então, incluída num pedaço de gêlo, a bactéria chegará de avião, do ponto A para B, numa fração milesimal do tempo anteriormente previsto! Funde-se o gêlo e o micróbio chegou ao alvo! Sim, respondem-me, quando o senhor desliga o motor vital! A mim, isso parece um método per­feitamente viável e ainda por cima eminentemente prático, para o transporte do micróbio, como também penso (e é por isso que dei êsse exemplo) que chegamos justamente ao ponto em que deve­mos substituir métodos antiquados por novos.

Meu prognóstico de que, num futuro relativamente próximo, os astronautas poderão ser congelados para seus vôos interestelares, e oportunamente descongelados com plena restituição à normali­dade vital certamente não é uma quimera, a despeito de tôdas as objeções. O Professor Alan Sterling Parkes, membro do Instituto Nacional de Pesquisa Médica (National Institute for Medical Research) em Londres, defende a opinião de que a ciência médica, já no início dos anos 70, dominará perfeitamente a técnica da con­servação de órgãos para transplante, a temperaturas muito baixas.

Ora, é de partes que sempre resulta o todo, e é por isso que estou convencido do acêrto do meu prognóstico.

Em tôdas as experiências com animais, cada vez de nôvo se apre­senta o problema, até hoje não resolvido, de se conservarem vivas as células cerebrais que, sem abastecimento de oxigênio, se desvi­talizam ràpidamente. Com quanto rigor se trabalha na solução dêsse problema, já o demonstra o fato de se dedicarem a isso, per­manentemente, equipes de pesquisadores da Aeronáutica e da Marinha americanas, mas também emprêsas como a "General Electric" e a "Rand Corporation". As primeiras notícias de êxito chegam da "Western Reserve School of Medecine" em Cleveland, (Ohio): Ali conseguiram conservar funcionando. por 18 horas, cinco cérebros extraídos dos crânios de macacos Rhesus. E os c~ proso assim isolados. reag:em indubitàvelmentp :I DI/cios.

Tais pesquisas enquadram-se no amplo domínio da construção de um Kyborg (abreviatura de "Kybernetischer Organismus" = orga. nismo cibernético). O físico e cibernético alemão Herbert W. Fraqke defendeu, em uma palestra, a idéia ainda hoje sensacional de que, nos decênios por vir, naves espaciais não tripuladas encon­trar-se-ão a caminho de planêtas estranhos, onde investigarão o Cosmo quanto à" existência de inteligências extraterrenas. Patrulhas espaciais sem astronautas? Franke acha possível que os aparelhos eletrônicos serão comandados por um cérebro humano separado do corpo. esse cérebro solitário, mantido numa solução nutritiva, constantemente suplementada por sangue fresco, constituiria a central de comando da nave espacial. Franke presume que o cére­bro de um feto seja o mais apropriado para a preparação, uma vez que, sendo ainda isento de quaisquer impressões mentais, poderia armazenar, imperturbado, os padrões e as Informações indispensáveis às tarefas especiais da viagem espacial. A êsse cérebro assim preparado faltaria a consciência de ser "humano". E Franke acrescenta: "Irritações, como nós as conhecemos, seriam alheias ao Kyborg. Para êle não existiriam sentimentos. O cérebro individual humano avança para o pôsto de embaixador do nosso planêta".

Também Roger A. MacGowan prognostica um Kyborg, metade ente vivo, metade máquina. Segundo seu conceito, o Kyborg final­mente evoluirá para a condição de um "ser" eletrônico completo, cujas funções serão programadas num cérebro solitário e por êste transformadas em ordens.

O jesuíta de Francfort, Pe. Paul Overhage, que goza de grande renome como biólogo, disse o seguinte, sôbre êsse fantástico pro­jeto do futuro: "Mal se poderá duvidar do êxito, uma vez que o rápido progresso da biotécnica facilita cada vez mais tais expe­rimentos" .

A Biologia Molecular e a Bioquímica iniciaram e concluíram, nos últimos dois decênios, vertiginosos desenvolvimentos que, lite­ralmente, subverteram partes essenciais de velhos preceitos e mé­todos da Medicina. A possibilidade de retardar, ou periodicamente interromper por completo o processo do envelhecimento, já está ao alcance da mão e também a fantástica construção de um Kyborg hoje já ultrapassou o domínio da pura utopia.

Naturalmente, êsses projetos envolvem problemas éticos, cuja solução possivelmente implicará dificúldades maiores que a tarefa técnico-médica em si. Tudo isso, porém, perderá sua importância quando se considerar a outra possibilidade, muitíssimo provável, de um dia virem a existir veículos espaciais com velocidades tão extraordinárias que distâncias cósmicas - embora o curso do envelhecimento seja normal - poderão ser vencidas por nossos astronautas. A solução dêsse problema técnico reside na influência da velocidade no transcurso do tempo, já plenamente reconhecida pela ciência.

Precisamos compreender e aceitar o seguinte: Para os partici­pantes de uma viagem cósmica interestelar, os "anos terrestres" nem vêm ao caso. Em uma espaçonave que se mova a velocidade pouco inferior à da luz, o tempo "se arrasta" muito mais lenta­mente, em comparação com o que, no planêta de partida, continua em corrida desabalada. :Esse fato pode ser provado exatamente, me­diante fórmulas matemáticas. Por incrível que pareça, não é pre­ciso que se tenha fé nesses cálculos: êles já estão comprovados.

É necessário que nos livremos da nossa concepção de tempo, isto é, do tempo terrestre. Mediante velocidade e energia, o tempo pode ser manipulado. Nossos netos astronautas dinamitarão as barreiras do tempo.

Os que duvidam da possibilidade técnica da Astronáutica inte­resteI ar apresentam um argumento que merece exame minucioso. Dizem: Se algum dia se construírem motores que garantam um des­locamento à razão de 150.000 km e mais por segundo, ainda assim continuará impossível a Astronáutica interestelar, porque, a tal velocidade, já a mais insignificante das partlculazinhas do Cosmo que incidisse sôbre o invólucro externo da espaçonave teria o impacto aniquilador de uma bomba. Essa objeção, sem dúvida, hoje não é de se desprezar. Mas, por quanto tempo ainda? Nos Estados Unidos e na União Soviética já se está cuidando do desen­volvimento de aros protetores eletromagnéticos, com a finalidade de desviar da astronave as perigosas partículas que flutuam no espaço cósmico. Essas pesquisas já conduziram a conclusões parciais importantes.

Os cépticos acham, além disso, que uma velocidade acima de 300.000 km por segundo pertence integralmente ao reino da fan­tasia, pois Einstein provou Que a velocidade da luz é o limite absoluto da aceleração... Também êsse argumento contrário só é válido se se partir da suposição de que as naves cósmicas do futuro terão de se despregar do solo, como até agora, mediante a energia de milhões de litros de combustível e serão levadas ao Cosmo à custa dessa fonte de energia. Instrumentos de radar ope­ram hoje com ondas de 300.000 km de velocidade por segundo. Mas, o que ondas terão a ver com a propulsão de espaçonaves do futuro?

Dois franceses, Louis Pauwels e Jacques Bergier, descrevem em seu livro "O Planêta das Possibilidades Impossíveis" o fantástico projeto de pesquisa do cientista soviético K. P. Stanjukowitch, que é membro da "Comissão pró- Transporte Interplanetário" da Academia das Ciências da URSS. Stanjukowitch planeja uma sonda espacial acionada por antimatéria. Como uma sonda é passí­vel de ser acelerada tanto mais quanto mais ràpidamente nela sejam emitidas as partículas, o professor moscovita e sua equipe conceberam a idéia de construir uma "Lâmpada Voadora" que trabalhe mediante a emissão de luz, ao invés de gases incandescen­teso. As velocidades que assim podem ser alcançadas são imensas. A êsse respeito observa Bergier: "Os tripulantes de tal Lâmpada Voadora não perceberiam absolutamente nada. A gravidade no in­terior da espaçonave seria igual à da superfície terrestre. O tempo, segundo a sua sensação, decorreria regularmente. Dentro de poucos anos, porém, teriam chegado até às estrêlas mais distantes. Decorri­dos 21 anos (da sua própria cronologia), encontrar-se-iam no núcleo mais denso da nossa Via-Láctea, cuja distância da Terra perfaz 75.000 anos-luz. Dentro de 28 anos chegariam à Nebulosa Andrôme­da, a galáxia que é nossa vizinha mais próxima; sua distância de nós é de 2.250.000 anos-luz".

O Professor Bergier, cientista reconhecido universalmente, acen­tua que êsses cálculos nada, mas nada mesmo, têm a ver com ficção científica, uma vez que Stanjukowitch verificou no labora­tório uma fórmula comprovável por qualquer um que saiba lidar com uma tábua logarftmica. De acordo com tal cálculo. segundo padrão moscovita. para a tripulação da "Lâmpada Voadora" pas­sarão 65 anos de tempo cósmico apenas, ao passo que em nosso planêta decorrerão quatro milhões e meio de anos!

No ignoto futuro prepara-se uma evolução cujos efeitos também eu não sou capaz de prever, mesmo aplicando a mais audaciosa imaginação. No ano de 1967, Gerald Feinberg, Professor de Física Teórica da Universidade de Colúmbia, em Nova York, publicou na revista científica especializada "Physical Review", sua Teoria dos táquions (táquion é derivado da palavra grega tachys = rápido). Não se trata aí, de modo algum, de considerações fantásticas, mas de séria investigação científica. Na Faculdade Tecnológica ("Eidgenõssische Technische Hochschule") da Universidade de Zurique, já se promovem simpósios a respeito!

Descrita em poucas palavras, a Teoria dos táquions propõe o se­guinte: "Segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, a massa de um corpo cresce em relação ao aumento de sua velocidade. Qual­quer massa (= energia) que alcance a velocidade da luz, tornar-se-á imensa. Feinberg trouxe a lume a prova matemática de que existe um "paralelo" à massa einsteiniana, a saber, partículas que se movem a velocidade imensa, e se tornam mais lentas, à medida em que se aproximam da velocidade da luz. Os táquions, segundo Feinberg, são bilhões de vêzes mais velozes do que a luz, cessando, porém, de existir, quando descem à velocidade da luz, ou inferior.

Como a Teoria da Relatividade (sem a qual hoje a Física e a Matemática já não podem trabalhar), durante decênios só era comprovável matemàticamente, também os táquions, atualmente, ainda não são comprováveis por processos experimentais, mas também apenas matemàticamente. É na realização de uma prova experimental que Feinberg está agora trabalhando.

Confiante que sou no futuro, minha imaginação me acompanha nos galopes a que ela se atira quando ouço falar em tais pesquisas. Afinal, demasiadas vêzes presenciamos o impossível, no passado, sob a forma de produto industrialmente elaborado. Por isso, per­mito-me tecer incessantemente, até o fim, o fio de uma idéia que - como já disse - ainda se encontra na fase dos primeiríssimos passos.

O que poderá acontecer?

         Se se lograsse produzir artificialmente ou "captar" táquions, também seria possível transformá-Ios em energia propulsora de sondas espaciais. Então - assim imagino eu - uma nave espacial seria inicialmente impulsionada mediante um motor de fótons, até à velocidade da luz. Assim que esta tivesse sido atingida, computa­dores automáticos ligariam o motor a táquions. A que velocidade viajará então a cosmonave? Cem vêzes, mil vêzes a velocidade da luz? Ninguém o sabe hoje. Presume-se que, ao ultrapassar a velo­cidade da luz, o assim chamado "espaço einsteiniano" seria aban­donado e a nave espacial arremessada para um espaço superposto, ainda não definido. Entretanto, a partir dessa autêntica hora astral da Cosmonáutica, o fator tempo tornar-se-á quase sem sentido.

Conheço muitos campos de pesquisas cujos resultados, ulterior­mente, servem, antes de tudo, à Cosmonáutica interestelar. Visitei muitos laboratórios e falei com muitos cientistas. Ninguém conhece o número de físicos, químicos, biólogos, físicos atômicos, parapsi­cólogos, geneticistas e engenheiros dedicados a pesquisas - que, freqüentemente, mas de maneira pouco exata, se englobam sob a denominação de "Futurologia" - e que tornarão possível ao homem o vôo de ida e volta ao mundo das estrêlas.

Considero uma reparação dos erros. da auto-avaliação humana, o fato de se admitir, diante de provas esmagadoras fornecidas pela técnica em progresso, a possibilidade das incursões estelares nalgu­ma época futura. Mas ainda erra muito ao negar, simultâneamente e com persistência, que possa haver no Universo inteligências que, já milênios antes de nós, dominavam o vôo cósmico interestelar e poderiam, portanto, haver visitado nosso planêta.

Como, tradicionalmente, ainda se inculca na mente da criança em idade escolar a opinião arrogante de que o homem é a "coroa ­da criação", nossa idéia evidentemente se apresenta com um caráter revolucionário e, ao que parece, também desconfortável, pojs afirma que há milhares e milhares de anos atrás já existiam inteli­gências estranhas, superiores à "coroa da criação". Por desagradável que pareça a idéia, será melhor que nos acostumemos a ela!

 

                   Nas Pegadas da Vida

        

A vida brotou de matéria inorgdnica1 - As experiências do DT. Stanley Miller - A "vida" pode ser produzida no laboratório - O presidente dos Estados Unidos anunciou um acontecimento científico em entrevista à imprensa Como nasceu a mulher? - Uma explicação para o pecado de Adão

 

EM MEU LIVRO "Eram os Deuses Astronautas?", formulei a idéia especulativa de que um "deus" poderia ter criado o homem segun­do sua própria imagem, mediante uma mutação artificial. Avancei a hipótese de que o Homo sapiens poderia ter sido separado da espécie dos símios por meio de mutação dirigi da. Fui atacado por causa de tais idéias. Como, até agora, a origem e evolução do homem foram pesquisadas exclusivamente no âmbito do nosso planêta, a Terra, de fato não deixa de ser audaciosa minha hipó­tese de que aquêle processo poderia ter sofrido a influência de sêres extraterrestres. Se tal idéia viesse a ser admitida como espe­culação possível, destruiria de vez o belíssimo conceito da nossa árvore genealógica com macacos pulando de galho em galho e passando por mutações evolutivas até se tornarem os tetravôs do homem. Desde que Charles Darwin (1809-1882) formulou sua teoria de seleção, todos os achados fósseis. a partir de esqueletos do símio primitivo até o Homo sapiens, foram tomados como prova con­cludente do darwinismo. Quando o mestre-escola ]ohann Carl Fuhlrott (1804-1877) achou em Neandertal, nas proximidades de Duesseldorf, na Alemanha, alguns ossos velhos, a partir dos quais procurou reconstituir o "homem de Neandertal", que viveu na última época glacial intermediária, ou seja, entre 120.000 e 80.000 anos atrás, aproveitou aquêle achado para nêle fundar a teoria do homem-macaco. A revolta dos cientistas foi grande. O argumento pouco convincente levantado contra a idéia de Fuhlrott por seus adversários com inclinações religiosas, era de que não pode existir um homem fóssil, pois não deve existir o homem fóssil.

Há ainda muitas outras estirpes além do "homem de Neander­tal". Em EI Fayum, perto do Cairo, foi encontrado o maxilar de um prima ta, cuja origem remonta ao oligocênio, ou seja, a 30 ou 40 milhões de anos atrás. Se isto fôr procedente, ter-se-ia a prova da existência de sêres humanos em época muito anterior à do "homem de N eandertal". Aliás, achados fósseis provam a existência de hominídeos inclusive na Inglaterra, África, Austrália, em Boméu e em outras partes do mundo.

Que provam tais achados?

         Provam que nada se sabe de positivo, pois quase todo achado nôvo lança novas dúvidas sôbre os mais recentes dados inseridos nos livros de ensino. Apesar dos muitos achados, é preciso escla­recer que oferecem pontos de referência bem precários quanto àcontinuidade histórica da origem e evolução da espécie humana. Contudo, podemos retraçar perfeitamente, através de milhões de anos, a marcha evolutiva que levou do hominídeo ao Homo sapiens. Entretanto, quanto à origem da inteligência no homem estamos longe de possuir provas tão decisivas. Há indícios muito vagos, que se perdem nas brumas da pré-história e não permitem de maneira alguma formar um conceito definido. Até agora, não tive a sorte de conseguir uma explicação viável para a origem da inteligência humana. Há numerosas especulações e teorias avan­çadas sôbre a maneira pela qual êsse "milagre" poderia ter-se pro­cessado, razão que me leva a crer que inclusive a minha teoria merece o privilégio de ser considerada e examinada.

No decurso dos bilhões de anos de formação da matéria viva, a inteligência parece ter surgido no homem de maneira repentina, de uma hora para outra. Ao calcular-se em milhões de anos, é licito dizer que tal acontecimento se deu "de repente". Mal saídos do estado de antropóides, em uma evolução surpreendentemente rá­pida, nossos antepassados criaram o que se chama de civilização humana; e, para tanto, sem dúvida, era indispensável a presença repentina da inteligência. Centenas de milhões de anos tiveram de passar para que o primata sofresse as mutações naturais que o trans­formariam em antropóide; porém, em seguida, os hominídeos entra­ram em fase de aceleradíssima evolução. Uns 40.000 anos atrás, começaram a fazer progressos enormes; o bordão foi descoberto como arma - o arco foi inventado como arma de caça - o fogo surgiu como fôrça auxiliar - cunhas de pedra foram usadas como ferramentas - nas paredes das cavernas apareceram as primeiras pinturas. Todavia, deve ser lembrado o fato de que decorreram 500.000 anos entre os primeiros sinais de atividades técnicas, a cerâmica, e os primeiros achados em habitações de hominídeos.

Loren Eiseley, catedrático de Antropologia na Universidade da Pennsylvania, escreveu que o homem levou milhões de anos para sair do mundo animal e adquirir traços humanos, "com apenas uma exceção da regra geral: parece que no estágio final seu cérebro passou por uma evolução muito rápida e foi somente nessa fase que o homem se separou em definitivo dos demais indivíduos de sua família". Quem ensinou o homem a pensar?

Apesar de nutrir profundo respeito aos esforços dos antropólogos, gostaria de confessar francamente que pouco me interessa saber qual é a época primitiva em que determinados fósseis provam haver existido dentes caninos no antropóide ou hominídeo. Nem reputo de grande importância determinar a era exata em que o primeiro Homo sapiens utilizou ferramentas de pedra. Acho natu­ral que o homem primitivo fôsse o ser mais inteligente do nosso planêta, como também acho lógico que justamente êsse ser vivo tivesse sido escolhido pelos deuses para uma mutação artificial. Estou muito mais interessado em saber quando o homem primitivo começou a introduzir, em sua coletividade, certos valôres éticos, tais como a fidelidade, o amor e a amizade. Qual a influência sofri­da por nossos antepassados, quando passaram por tal mutação?

Quem lhes ensinou sentimentos como o respeito? Quem lhes infun­diu no ânimo o pudor no exercício do ato sexual?

Haverá uma explicação plausível para o fato de os primitivos de repente passarem a usar roupas? As tentativas de explicar tal fenômeno com mudanças ou oscilações climáticas não me con­vencem, pois houve idênticas condições meteorológicas em época anterior, sem que pensassem no uso de roupas. Há quem diga que os antropóides sentiram a necessidade de embelezar o corpo. Se isto fôsse o caso, então os gorilas, orangotangos ou chimpanzés, vivendo no mato, também deveriam ter começado aos poucos a usar adornos e vestimentas.

Por que os antropóides, que mal acabavam de sair da vida ani­mal, começaram de repente a sepultar seus mortos?

Quem aconselhou os primitivos a colhêr as sementes de deter­minadas plantas selvagens para quebrá-Ias, moê-las, misturá-Ias com água e assar a massa resultante, a fim de obter um alimento?

Fico simplesmente intrigado com esta pergunta: por que, durante milhões de anos, os antropóides, hominídeos e homens primitivos nada aprenderam e por que, de repente, passaram a aprender tanta coisa? Será que até agora esta importante pergunta deixou de me­recer a devida consideração?

         O campo da pesquisa especializada com relação à origem do

homem reveste-se do maior interêsse e merece todos os esforços.

         De interêsse igual considero a pergunta: por que, por meio de que, e desde quando, o homem se tornou inteligente?

Loren Eiseley escreveu: "Hoje, no entanto, é de supor-se que o homem apareceu pouco tempo atrás, pois foi subitâneo seu apare­cimento. Tudo nos leva a crer que, sem prejuízo das fôrças partici­pantes da formação do cérebro humano, a luta pela sobrevivência, travada tenaz e prolongadamente entre diversos grupos humanos, não pôde, por si só, ter produzido as altas qualidades mentais, atualmente encontradas em todos os povos da Terra. Outro ele­mento qualquer, outro fator educativo deve ter escapado à atenção dos teóricos da evolução".

É exatamente esta a minha suspeita: um aspecto decisivo passou despercebido em tôdas as especulações. Seria de supor-se, inclusive, que muito dificilmente poderão ser preenchidas tôdas as lacunas sem o estudo da teoria de que nosso planêta recebeu a visita de in­teligências extraterrestres, e sem o exame da possibilidade de terem sido essas inteligências estranhas os agentes responsáveis pela mu­tação artificial dos fatôres hereditários, mediante manipulação .do código genético, num ato repentino que tomou o homem inteli­gente... Neste sentido, peço vênia para traçar algumas linhas, na defesa e refôrço de minha tese, segundo a qual o homem é criatura de "deuses" extraterrestres.

 

Em 1847, Justus von Liebig escreveu na 23.a de suas "Epístolas Químicas": "Quem jamais observou carbonato de amoníaco, fosfato de cálcio ou cianeto, de início, deve considerar impossível que, em qualquer época, sob influência de calor, eletricidade ou outra fôrça natural, essa matéria pudesse formar um germe orgânico, apto para a reprodução e evolução superior ...:'. O grande químico continuou dizendo que apenas um ignorante poderia supor que a vida se teria originado de matéria morta. Hoje, pensamos que assim aconteceu.

A pesquisa moderna supõe que a primeira vida na Terra brotou um bilhão de anos atrás. O Prof. Hans Vogel escreveu: "Naquela época a terra nua e o oceano primitivo ficaram envoltos em uma atmosfera ainda isenta de oxigênio. O metano, o vapor de água, talvez também o acetileno e o cianeto de hidrogênio formaram um invólucro ao redor da Terra sem vida. Em tal ambiente devia brotar a primeira vida".

Em seus esforços de pesquisar a origem da vida, os cientistas partiram do ponto de vista de que a matéria orgânica se originou da matéria inorgânica, numa atmosfera primitiva.

O professor americano Harold Clayton Urey, prêmio Nobel, for­mulou a hipótese de que a atmosfera primitiva oferecia condições mais favoráveis que as de hoje à penetração dos raios ultra-violeta. Assim sendo, sugeriu a seu colaborador, Dr. Stanley Miller, que verificasse em experiência prática se os aminoácidos, indispensáveis à existência de tôda e qualquer forma de vida, podem chegar a formar-se numa atmosfera primitiva artificialmente criada no labo­ratório e exposta à radiação.

Em 1953, Stanley Miller deu início às experiências. Construiu um recipiente de vidro dentro do qual produziu uma atmosfera pri­mitiva artificial, com uma mistura de amoníaco, hidrogênio, meta no e vapor de água. A fim de garantir a ausência de todo germe, esterilizou durante 18 horas, em temperatura de 1800 cen­tígrados, a aparelhagem que leva seu nome e se tornou muito conhecida na literatura especializada. Na metade superior da esfera de vidro estavam soldados dois elétrodos, entre os quais se davam descargas elétricas permanentemente. Desta forma, usando corrente de alta freqüência e tensão de 60.000 volts, manteve aquela atmos­fera artificial em estado de contínua tempestade primitiva. Em outra esfera de vidro, de tamanho menor, aquecia-se água esterili­zada, cujo vapor passava por um cubo para dentro da esfera maior, contendo a atmosfera primitiva. Os elementos resfriados voltavam para a esfera com a água esterilizada, onde eram reaquecidos antes de voltar à esfera com a atmosfera primitiva. Desta maneira, Miller conseguiu estabelecer no laboratório um ciclo como devia ter existido na terra em eras muito remotas. A experiência continuou, ininterrupta, durante uma semana.

O que se passou na atmosfera primitiva sob a influência das contínuas descargas elétricas da pequena tempestade artificial? O "caldo primitivo" sintético continha ácido butírico aminoacético - ácido aspártico - alanina e glicina, portanto, os ácidos aminoacé­ticos necessários à formação de sistemas biológicos. Na experiência de Miller, a matéria inorgânica deu origem a complicadas combinações químicas.

Nos anos seguintes, realizaram-se inúmeras experiências nesse sentido, sob condições várias e, por fim, chegou-se a produzir um total de 12 ácidos aminoacéticos diferentes. E agora ninguém du­vida de que na atmosfera primitiva se teriam originado ácidos aminoacéticos, indispensáveis à vida.

Outros cientistas usaram nitrogênio ao invés de amoníaco, aldeído fórmico ao invés de metano e até gás carbônico. Os re­lâmpagos empregados por Miller foram substituídos por ondas supersônicas ou por feixes de luz comum. Os resultados não mu­daram. lnvariàvelmente, as atmosferas primitivas sintéticas, for­madas das mais diversas maneiras e sempre isentas de todo traço de vida orgânica, geraram, entre outros, ácidos aminoacéticos e ácidos carbônicos orgânicos, isentos de nitrogênio. Em algumas experiências, a atmosfera primitiva até forneceu açúcar.

Como se deve compreender tal fenômeno?

         Desde que o homem possui a faculdade de pensar, esforça-se por apreciar tudo ao seu redor pela contraposição de pólos opostos: a luz contra a sombra - o calor contra o frio - a morte contra a vida. O vasto campo dessa apreciação de pólos contrários inclui também as denominações "orgânico" (para tôda matéria viva) e "inorgânico" (para a matéria sem vida). Assim como há uma gama enorme de variações entre dois marcos extremos, também há muito que deixou de ser possível traçar limites exatos entre a química orgânica e a inorgânica.

Quando nosso planêta começou a resfriar-se, a assim chamada atmosfera primitiva formou-se dos elementos leves, cujas mo­léculas de gás voavam desordenadamente; sua composição era idên­tica à mistura empregada por Miller em suas pesquisas de labora­

tório. Devido às temperaturas inicialmente elevadas da Terra, e sua pouca gravidade, perderam-se no espaço os gases mais leves, tais como o hélio e o hidrogênio livre, ao passo que ficaram prêsas as moléculas dos gases mais pesados, tais como o nitrogênio, o oxigênio, o gás carbônico e os átomos dos gases nobres, mais pesados. O hidrogênio livre, em sua forma elementar, pràticamente deixou de existir na atmosfera atual e só persiste em combinações químicas. Assim sendo, por exemplo, dois átomos de hidrogênio, unidos a um átomo de oxigênio formam uma molécula da vital combinação água, indispensável à vida (símbolo químico: H20).

O ciclo começou a movimentar-se; a água evaporou e subiu em nuvens de vapor, em conseqüência do calor, para resfriar-se nas altitudes e voltar em forma de chuva. Essas primeiras chuvas sepa­raram, da crosta quente de rochas, elementos inorgânicos de várias espécies, que levou para o oceano primitivo. Da atmosfera separa­ram-se ainda combinações inorgânicas, tais como o amoníaco e o cianeto de hidrogênio, que passaram para o oceano primitivo, onde participaram nas reações químicas. Em milhões de anos, a atmos­fera se enriqueceu de oxigênio.

Essa evolução progrediu em ritmo lento. A ciência moderna concluiu que o processo de transformação da atmosfera, em fase de redução, na atmosfera oxidante, levou um bilhão e meio de anos para ser concluído. No início dêsse processo evolu"tiVo hoüve o "caldo primitivo", que serviu de excelente cultura para a geração das primeiras formas de vida, graças aos numerosos elementos que continha em sua composição.

Diz-se que a vida está sempre ligada a um organismo; no caso mais primitivo, ao organismo celular. O fato de um organismo estar vivo é comprovado pela assimilação e desassimilação, bem como pelo seu desenvolvimento. A vida manifesta-se em suas fun­ções. Será que êsses conceitos, geralmente aceitos, continuam neces- i Isàriamente válidos? Se o fôssem, o vírus não teria vida, pois não tem assimilação, nem desassimilação, não come e não evacua, só chega a multiplicar-se pela reprodução, dentro de células estranhas, portanto, é um parasita.

         O que é então a vida?

Chegará o dia em que poderemos defini-la?

         Ao retraçar o caminho da origem da vida, passando por suas grandes etapas, deparamo-nos com a pergunta: o que se deu com a primeira célula viva? As pesquisas de Theodor Schwann (1810-1882) e Matthias Schleiden (1804-1881) tiverani importância fundamen­tal, pois Schwann provou que os organismos animal e vegetal são compostos de células, ao passo que Schleiden reconheceu o signi­ficado do núcleo celular. Em seguida, o padre prior da Ordem dos Agostinianos, Gregor ]ohann Mendel (1822-1884), que lecionou História Natural e Física na cidade de Bruenn, empreendeu suas experiências de cruzamento artificial, com ervilhas e vagens. Essas experiências permitiram ao padre de espírito avançado formular três leis básicas para a hereditariedade, que dêle fizeram o fun­dador de um nôvo ramo da ciência. Atualmente, suas leis são con­sideradas incontestáveis, tanto para o homem, quanto para o ani­mal e a planta.

Em meados do século XIX, conseguiu-se a prova de que a célula é portadora de tôdas as funções vitais. Essa prova serviu de base para tôdas as grandes descobertas biológicas. Só agora os modernos métodos técnicos, tais como a roentgenologia, ultramicroscopia, mi­croscopia de fase e contraste, possibilitam o exame da célula e do núcleo celular.

Supõe-se que as células e os núcleos celulares encerram os centros de dados que presidem à conservação e à transmissão de elementos hereditários. Entrementes, as pesquisas ainda incipientes no ramo revelaram a existência de um número e uma forma constantes de cromossomos em cada espécie dos sêres vivos. Os cromossomos são os portadores das qualidades hereditárias. Por exemplo, as células do corpo humano possuem 23 pares de cromossomos, ou seja, 46 cromossomos, a abelha tem 8 pares, ou seja, 16 cromossomos, a ovelha 27 pares, ou seja, 54 cromossomos e assim por diante.

A molécula de albumina das células compõe-se de cadeias de aminoácidos. Com esta noção científica surgiu uma nova pergunta: Como-nascem células vivas de cadeias de ácidos aminoacéticos?

A respeito da pergunta, ainda não totalmente respondida, sôbre como a albumina se originou antes de existirem as células vivas, Rutherford Platt expôs uma teoria, defendida também pelo Dr.' George Wald, da Universidade de Harvard, segundo a qual os próprios ácidos aminoacéticos deviam fornecer a resposta, na presença de determinadas condições naturais. O Dr. S. W. Fox, do Instituto de Evolução Molecular, em Miami, testou a exatidão dêsse conceito, ao deixar secar soluções de aminoácidos. Nessas experiências, Fox e seus colaboradores observaram como os ami­noácidos chegaram a dispor-se em formações compridas, filiformes, submicroscópicas, pois entraram em combinações de cadeia, de centenas de moléculas denominadas pelo Dr. Fox de "protenóides", ou seja, elementos semelhantes à albumina.

Em continuação das pesquisas conduzidas pelos professôres J. Oró e A. P. Kimball, em 1961, os químicos Drs. Matthews e Moser, conseguiram subtrair elementos de albumina de ácido cianídrico venenoso e água. Três cientistas do Instituto Salk, Robert Sanches, 1ames Ferris e Leslie Orgel, produziram sinteticamente os ácidos nucléicos indispensáveis à reprodução e propagação, aquelas com­binações químicas de bases nucléicas, de hidratos de carbônio e ácido fosfórico, existentes nos núcleos celulares.

 

O importante é que, após essa breve incursão no campo da química e biologia, ficou bem compreendido que a constituição de um organismo vivo corresponde a um processo químico. A "vida" pode ser criada no laboratório. No entanto, o que os ácidos nucléi­cos têm a ver com a vida?

Os ácidos nucléicos determinam o processo complicado da here­ditariedade. A escala das quatro bases principais, a saber, adenina, guanina, citosina e timina, encerra o código genético de tôda matéria viva. Com esta descoberta, a química decifrou uma parte substancial do mistério da vida.

Últimamente, as siglas de dois grupos de ácidos nucléicos costu­mam aparecer nos jornais e, portanto, deveriam ser conhecidas do público leitor. Trata-se do ARN (ácido ribonucléico) e ADN (acido desoxirribonucléico), ambos indispensáveis à síntese de albu­mina nas células. É fato inconteste que as proteínas de todos os organismos vivos pesquisados até agora se compõem de uns 20 aminoácidos e que a ordem, bem como a disposição, dos amino­ácidos na molécula de proteína são fixadas pela escala das quatro bases principais de ADN (código genético).

Apesar de conhecer a constituição do código genético, estamos longe de decifrar os dados encerrados nos cromossomos. Todavia, rasgam novos horizontes os conceitos de que 20 aminoácidos são os portadores da vida, e de que sua disposição na molécula de proteína se relaciona com o estabelecimento do código genético.

 

No seu livro "A Bomba-relógio Biológica", Gordon Rattray Taylor citou os pareceres do Dr. Max Perutz (prêmio Nobel) e do Prof. Marshall W. Nierenberg sôbre essas possibilidades fenomenais. O Dr. Max Perutz é de parecer que: "Uma só célula germinativa humana encerra mil milhões de pares de bases nucléicas, distribuídas em 46 cromossomos. Como poderíamos arrancar ou acrescentar genes específicos a determinado cromossomo, ou modificar um só par de base nucléica? Acho tarefa quase irrealizável".

O Prof. Marshall W. Nierenberg, que participou de maneira decisiva na descoberta do código genético, é de opinião diversa: "Não tenho dúvida de que virá o dia em que será possível vencer tôdas as dificuldades. A única pergunta é quando chegará êsse dia. Suponho que dentro dos próximos 25 anos estaremos em con­dições de programar células com dados genéticos, sintéticos".

Outrossim, ]oshua Lederberg, catedrático de Genética na Uni­versidade Stanford, Califómia, está convencido de que, nos próximos 10 a 15 anos, será possível manipular nossos caracteres hereditários.

Contudo, já chegamos a saber que existe a possibilidade de se intervir nos fatôres hereditários e provocar sua mudança. E como isto é sabido por nós, homens terrestres, por que então deveria ser ignorado por uma inteligência extraterrestre, capaz de realizar

vôos espaciais e que, portanto, já estava à nossa frente por milhares de anos de pesquisa?

O físico e matemático Hermann Kahn, diretor do Instituto Hudson em Nova York, e Anthony J. Wiener, consultor do govêmo estadunidense e colaborador do Instituto Hudson, transcreveram, em seu livro "Vocês Chegarão a Viver Isto", matéria publicada pelo "Washington Post" em 31/10/66, que descreve da seguinte ma­neira as possibilidades efetivas de se manipular o código genético:

         'Dentro de apenas 10 ou 15 anos, a dona-de-casa poderá visitar determinada loja, fazer sua escolha entre diversos envelopes, iguais aos que contêm sementes de flôres, para selecionar pela etiquêta o filho que desejar ter. No envelope, encontrará embrião de um dia, congelado, com rótulo indicando a côr dos cabelos, dos olhos, o tamanho do corpo adulto, o quociente de inteligência; inclusa, ainda, uma garantia de ser o embrião inteiramente isento de qual­quer deficiência hereditária. Em seguida, a compradora levará o embrião a seu médico, a fim de tê-lo enxertado, após o que evo­luirá em seu ventre durante os nove meses de gestação, como se fôsse seu próprio filho".

Tais prognósticos para o futuro estão dentro do possível, porque o ADN encerra os dados genéticos para a constituição da célula, inclusive de todos os demais fatôres hereditários. O ADN repre­senta uma perfeita ficha de marcação para a constituição de tôda matéria viva, pois além de codificar os 20 aminoácidos, marca com "start" e "stop" o início e o término de uma cadeia de pro­teínas, como se fôsse uma ficha preparada para os computadores atualmente em uso. E da mesma maneira como na unidade central de um computador eletrônico há um dispositivo de contrôle, o "control bit", encarregado da revisão de tôdas as operações mate­máticas, as cadeias ADN estão sob contrôle permanente no que se refere às suas funções.

James D. Watson que, aos 24 anos de idade, conduziu as pes­quisas decisivas que revelaram a constituição do ADN, posterior­mente descreveu o rumo seguido em seus trabalhos no livro "A Hélice Dupla". Em 1962, Watson e seus colaboradores Francis H. C. Crick e Maurice H. J. Wilkins, receberam o prêmio Nobel pelas 900 palavras usadas por Watson para descrever "in natura" a forma bizarra, igual a uma escada de caracol, em que é feita uma molécula de ADN. No entanto, por pouco seu livro teria deixado de ser publicado, pois a diretoria da editôra da Universidade de Harvard pronunciou-se contra a maneira franca de o autor expor a matéria, receando que pudesse destruir o mito que envolve a pesquisa científica pura. Pois, com franqueza exemplar, Watson confessou que deve o sucesso obtido em seus trabalhos principal­mente às pesquisas preparatórias e aos erros dos colegas.

Em dezembro de 1967, os Estados Unidos viveram um aconteci­mento espetacular. Em entrevista à imprensa, o então presidente, Lyndon B. Johnson, em pessoa anunciou uma grande realização científica com as seguintes palavras: "Esta será a reportagem mais interessante que os senhores farão em tôda sua vida. Uma conquista digna do máximo respeito, que vem abrir a porta para novas reve­lações dos mistérios fundamentais da vida".

Qual foi o acontecimento de importância bastante para merecer a atenção das mais altas esferas da política?

Cientistas da Universidade Stanford, em Palo Alto, Califómia, conseguiram sintetizar o núcleo biologicamente ativo de um vírus. Segundo o modêlo genético de uma espécie de vírus, o Phi X 174, construíram de nucleitóides uma dessas moléculas gigantes que controlam todos os processos da vida, o ADN. Os cientistas da Universidade Stanford alojaram núcleos de vírus artificiais em células hospedeiras, onde evoluíram da mesma maneira como os vírus naturais. Em sua qualidade de parasitas e conforme o mo­dêlo do Phi X 174, forçaram nas células hospedeiras a produção de milhões de novos vírus. Igual ao que se dá em um organismo viti­mado por infecção a vírus, os vírus artificialmente produzidos romperam as células hospedeiras depois de consumida sua fôrça vital.

Segundo os dados encerrados no ADN, a célula produz moléculas de albumina de aminoácidos em milhões de combinações. Cada combinação nova corresponde exatamente ao modêlo programado. Os cientistas da Califómia calcularam que, na formação de uns cem milhões de células novas, houve apenas um "êrro genético".

Pouco menos de 15 anos após a descrição da estrutura do ADN por Watson, Crick e Wilkins, chegou-se a fazer outra descoberta científica de elevada importância. O Prof. Arthur Komberg (Prê­mio N obel) e seus colaboradores conseguiram decifrar milhares de combinações do código genético para o vírus Phi X 174. Nos laboratórios da Califómia, a vida acabara de ser "produzida".

Provàvelmente, o leitor perguntará qual a relação dessas disser­tações bioquímicas com o assunto do meu livro. No entanto, desde as primeiras notícias sôbre essas pesquisas acompanhei o curso de sua evolução com o maior interêsse. E por quê?

Os resultados dessas pesquisas levaram a uma conclusão forçosa, cuja conseqüência mereceu a seguinte formulação por parte de Sir Bernard Lovell, fundador e diretor do instituto radiotelescópico de ]odrell Bank, na Inglaterra: "Todavia, nesses últimos 2 anos, parece que o debate em tôrno da possível existência de vida fora da Terra se tomou tão sério quanto importante. A seriedade do debate sobreveio em conseqüência dos atuais conceitos científicos, segundo os quais a evolução do nosso sistema solar e da vida orgâ­nica terrestre provàvelmente não constituem caso isolado".

Em meados de 1969, o periódico "Physical Review Letters" informou que, com o radiotelescópio de Greenbank, cientistas norte-americanos conseguiram detectar vestígios de aldeído fórmico nas nuvens de gás e poeira no espaço. O aldeído fórmico, usado pela química como agente conservador e desinfetante, é um gás incolor, de cheiro forte e desagradável; esta combinação química, a mais complicada encontrada no espaço até agora, el}l 15 das 23 fontes de radiação pesquisadas pelos cientistas norte-americanos, vem completar a lista das substâncias primárias, aceitas como pedras fundamentais para a constituição da vida pelos aminoácidos. Esta descoberta fornece novos elementos de apoio à hipótese da existência da vida no Cosmo.

Já que existe vida em outros planêtas, reputo como provável que conhecimentos iguais aos que estamos em fase de adquirir tenham sido trazidos para a nossa Terra por cosmonautas extra­terrestres, os quais conferiram aos nossos antepassados o dom da inteligência, manipulando o código genético.

A Bíblia diz, no Livro do Gênese (capítulo V, versículos l-b a 2):

 

"No dia em que Deus criou Adão, fê-lo à imagem de Deus. Homem e mulher êle os criou, os abençoou e lhes deu o nome de "Homem", no dia em que foram criados." 1

 

Segundo minhas especulações, isto poderia ter-se dado por uma mutação artificial do código genético dos "eu-hominídeos" por uma inteligência extraterrestre. Por essa mutação, o nôvo homem adquiriu, de repente, as faculdades de consciência, memória, inte­ligência, bem como as inclinações para os ofícios e a técnica.

 

         1 o texto indicado foi traduzido de LA Sainte Bible, da Itcole Biblique de Ibwalem. (N. da E.).

         No original alemão consta "Euhomininen". expressão que parece designar "os bom (ou melhores) hominídeos". (N. da E.)

 

Noutro ponto do Livro do Gênese (capítulo lI, versículos 21 a 23) encontramos versão diferente 3 para a criação da mulher:

 

"Então Javé (Deus) fêz cair profundo sono sôbre o homem, que adormeceu. ~le tomou uma de suas costelas e fechou o local. Depois, da costela que havia tirado do homem, Javé, Deus, fêz uma mulher e conduziu-a ao homem. Então êste exclamou: "Desta vez, é o osso de meus ossos e a carne de minha carne. Esta será chamada "mulher" porque foi tirada do homem." .

 

Pode muito bem ser possível que a mulher foi tirada do homem, mas, dificilmente, Eva em tôda sua beleza nua teria brotado por um passe de mágica - talvez por uma intervenção cirúrgica? - de um osso delgado, retirado do tórax masculino. Talvez ela se fêz com o auxílio de uma célula espermática do homem. No entanto, como segundo a gênese bíblica, não havia no paraíso ser humano do sexo feminino que pudesse gestar um nôvo ser, Eva deveria ter surgido de uma retorta . Contudo, conservaram-se algumas pintu­ras de caverna mostrando um objeto em forma de alambique ao lado do primeiro homem primitivo. Seria possível que inteligências extraterrestres, muito avançadas, conhecedoras das reações imune­biológicas do osso, tivessem usado talvez a medula óssea de Adão como cultura de células para a evolução do germe? Para tal ato de criação, biologicamente possível, a costela, de fácil acesso no corpo humano, teria sido o recipiente apropriado. Isto é uma espe­culação, no entanto, de molde a ser aventada segundo os conceitos da ciência moderna.

Como, inclusive na Bíblia, Eva surgiu de repente como compa­nheira de Adão, a criação artificial da mulher, conforme advogada por mim, deveria ter ocasionado o aparecimento, igualmente repen­tino, de imagens de criaturas femininas em paredes de cavernas ou objetos de osso da era da pedra. De fato, tal suposição é confir­mada de várias maneiras, pois foi apenas nos primórdios da era da pedra que surgiram as chamadas "deusas-mães". Imagens femi­ninas, datando da era da pedra, foram encontradas, entre outros lugares, em La Gravette, Laussel e Lespuge, na França; Cucurka, Turquia Meridional; Kostjenki, na Ucrânia; Willendorf, na Áustria, e Petersfels, na Alemanha.

Cada uma dessas figuras femininas mereceu a denominação lison­jeira de "Vênus". Em quase tôdas, o artista tratou de pôr ênfase especial nos órgãos genitais e no estado de gravidez. A Arqueologia classifica essas figuras femininas da era da pedra entre as "gravet­tes". Desconhecemos o fim a que serviam, bem como a razão pela qual o seu aparecimento data exclusivamente dos primórdios da era da pedra. Seria possível e imaginável que a gênese do homem pri­mitivo tivesse sido processada de maneira diferente em diversos pontos do nosso planêta, inclusive pela mutação dirigida do código genético dos eu-hominídeos e a criação artificial da mulher, na retorta.

Apesar de tudo, mais tarde, os "novos homens" tornaram a aca­salar-se com animais. A culpa de tal passo em falso deve, porém, ser atribuída a Adão, pois somente êle podia ter guardado a lem­brança de tal prática com animais, semelhantes a macacos. Depois da mutação artificial, o acasalamento deveria ter-se dado somente entre os indivíduos do grupo dos "novos homens". Por conseguinte, todo "passo em falso", dado por um homem com um animal, de que resultasse a propagação, representava um passo para trás. Po­der-se-ia tomar isto como o primeiro pecado? Não teria sido êste o pecado de Adão, contra a constituição das células, próprias da nova espécie?

Conforme veremos em outra parte, alguns milhares de anos mais tarde, os "deuses" condenaram êste pecado de Adão ao destruir os monstros. Separaram, então, um grupo dos novos homens, bem conservados, nos quais inculcaram nôvo material genético, me­diante uma segunda mutação artificial.

A Paleoantropologia ainda não encontrou explicação para a separação repentina, quase demasiado brusca do Homo sapiens, grupo a que pertencemos, da família dos pré-hominídeos. Até agora, êste fenômeno está sendo provisoriamente explicado como resultante de mutação espontânea.

Se nossas especulações sôbre mutação artificial, dirigida por inte­ligências extraterrestres, fôssem baseadas na marcação do tempo adotado pela Preantropologia para as mutações substanciais na evolução de nossos antepassados, a primeira mutação artificial, de­corrente de alteração do código genético pelos "deuses", deveria ter acontecido entre 40.000 e 20.000 anos a. C. A segunda mutação dataria então de época mais recente, ou seja, entre os anos 7.000 e 3.500 a. C.

Com base nessa marcação cronológica, a primeira "visita dos deuses" deveria ter ocorrido mais ou menos na época de que datam as primeiras representações pictoriais e figurativas da mulher.

 

A pesquisa especializada tem receio. de marcar datas tão antigas. No entanto, a dilatação do tempo, incontestàvelmente aceita pela ciência moderna, não manteve sua validade em tôdas as épocas?

A dilatação do tempo constitui fator conhecido em todos os pro­jetos de vôos interplanetários, da atualidade e do futuro. Apesar de só ter sido "descoberta" em nossa época, essa lei, justamente pelo fato de o ser, já vigorava nos tempos primitivos, inclusive para os "deuses" que poderão ter visitado a Terra com suas naves. espaciais, viajando com velocidade pouco inferior à da luz.

E, por fim, não teria chegado agora o momento de tomar a Antropologia pleno conhecimento dêsses fenômenos, cientifica­mente verificados?

Não poderiam tais pesquisas aclarar inclusive muitas das ques­tões, aparentemente envôltas em mistério, sôbre a origem e a aqui­sição das faculdades mentais de nossos antepassados?

Para os "deuses" não passaram eternidades, desde sua visita na Terra. Se tivessem visitado nosso planêta milênios de anos terres­tres atrás, para a tripulação das naves espaciais, possivelmente, êsse espaço de tempo não passaria de algumas décadas .....

Quem admitir as leis da dilatação do tempo, inclusive para a visita dos astronautas extraterrestres, compreenderá que os mesmos "deuses" que criaram a mulher, a partir do Homo saPiens, também poderiam, em época posterior, ter ensinado a Moisés as complica­díssimas normas técnicas para a construção da arca da aliança.

Sei que a matéria é de difícil compreensão, mas, apesar disto, poderia ter sido assim que aconteceu. Gostaria de repetir que tudo isto não precisa, necessàriamente, ser pura especulação. Desde algum tempo, a Astronomia está conseguindo grande sucesso em suas pesquisas sÔbre essas estranhas dilatações do tempo. Só falta agora que a Arqueologia e a Preantropologia também tomem conhecimento dêste fato.....

 

                   "Pesquisador Domingueiro" Faz Perguntas...

 

As trombetas de Jericó - Havia gigantes outrora7 Possuiam em Sacsayhuaman escavadeiras e britadores mecdnicos7 Condutores de dgua que não o são Pode-se ter confiança absoluta no Método C-147 Os "buracos-para-um-homem-só" em Cajamarquilla

 

É DE GRANDE VANTAGEM a um "pesquisador domingueiro" e leigo, sem a "carga" da sabedoria do perito, poder dar livre curso à sua imaginação e fazer perguntas que, a princípio, deixam o especialista estupefato. Naturalmente aproveito-me desta vantagem, abalando assim o alicerce sôbre o qual foram erigidos e submetidos a um tabu acadêmico, muitos conhecimentos pré-históricos. Pesqui­sadores domingueiros, como se sabe, costumam desenvolver uma atividade desagradável. Coletam, lêem e viajam muito, porque gostam de amarrar suas perguntas a uma flecha do melhor aço que existe - na esperança de, com essas perguntas, finalmente acertar o alvo.

O Instituto de Pesquisas Eletroacústicas de Marselha mudou-se para um edifício nÔvo na primavera de 1964. Poucos dias depois da mudança, vários colaboradores do Professor VIadimir Gavreau começaram a queixar-se de dores de cabeça, enjôo e pruridos epi­dérmicos; alguns sentiam-se tão mal, que tremiam como varas verdes. Em um instituto que trata dos problemas da eletroacústica, o lógico era presumir-se que quaisquer radiações incontroladas in­duzissem êsse mal-estar nos laboratórios. Do porão até o andar térreo, os cientistas se esforçavam por descobrir a causa da indis­posição de alguns dos membros da equipe, mediante instrumentos de medição ultra-sensíveis. Encontraram-na, enfim. Só que não era radiação de freqüências elétricas incontroladas. Eram ondas de baixa freqüência emanadas de um ventilador e que haviam pôsto o edifício inteiro em vibrações infra-acústicas!

O que ocorreu foi um dêsses acasos felizes, que tantas vêzes ajudam a pesquisa: O Professor Gavreau trabalhava há 20 anos como especialista na investigação de ondas sonoras.

Após o incidente, êle disse, de si para si, que o que aquêle ven­tilador fazia "involuntàriamente", deveria ser realizável também experimentalmente. E assim construiu com seus colaboradores, no citado Instituto de Marselha, o primeiro canhão acústico do mundo. A maneira de tabuleiro de xadrez, 61 tubos flexíveis foram fixados sôbre uma grade, através dos quais era soprado ar comprimido, até que se formasse um som apenas perceptível, de 196 hertz. O resul­tado foi arrasador: As paredes do prédio nôvo em fôlha come­çaram a rachar, os estômagos e intestinos das pessoas em atividade no laboratório começaram a vibrar dolorosamente. Foi preciso desligar imediatamente o aparelho. O Professor Gavreau tirou dêsse primeiro experimento importantes deduções. Mandou fazer dispositivos protetores para a equipe operadora do canhão acústico. Depois disso, construiu uma "trombeta mortal" genuína, que de­senvolvia 2.000 watts e emitia ondas sonoras de 37 hertz. Esse apa­relho não pôde ser testado, quanto ao seu efeito integral, em Marselha, porque teria levado a desmoronar edifícios numa cir­cunferência de vários quilômetros. Presentemente constrói-se uma "trombeta mortal" de 23 m de comprimento. Deverá emitir ondas sonoras até a freqüência mortal de 3,5 hertz.

Independentemente dessa aterradora visão futura da "trombeta da morte", ocorre a recordação de certo acontecimento na Anti­guidade...

Tendo o povo escolhido atravessado o Jordão sem molhar os pés, e assediado a cidade de J ericó, cercada por uma muralha de sete metros de espessura, os sacerdotes tiveram ordem para, em compli­cado sistema de enfileiramento, tocar as "trombetas". Em Josué (6, 20), isto é narrado assim:

         "Quando ouviu o ressoar das trombetas, o povo emitiu formi­dável grito de guerra e a muralha desmoronou sôbre si mesma".

         Nem a fôrça plena dos pulmões sacerdotais, nem um côro de trombetas de milhares de vozes, parece poder derrubar, através do sopro, muralhas de sete metros de espessura! Ondas sonoras, porém, evidentemente, com freqüências hertzianas mortalmente baixas ­isto o sabemos hoje - teriam podido perfeitamente fazer ruir as muralhas de J ericó.

Numa polêmica ante os microfones da rádio suíça, a Dra. Mottier, arqueóloga da Universidade de Berna, assegurou-me que nunca existiram gigantes; que em parte alguma, até agora, foram achados fósseis capazes de comprovar a existência de uma raça antiga de gigantes.

Opinião completamente diferente, porém, é a do ex-delegado francês da "Sociedade Pré-histórica", Dr. Lovis Burkhalter, que em 1950, escreveu na "Revue du Musée de Beyrouth": "Queremos, finalmente, deixar bem claro que a existência de entes humanos gigantescos, na época acheuleana deve ser considerada como fato cientificamente verificado.

O que, afinal, está certo? Foram encontradas ferramentas de pro­porções supradimensionais. Homens de estatura normal não teriam podido manejá-Ias.

Arqueólogos escavaram do solo, em Sasnych (a 6 km de Safita, na Síria) cunhas do pêso de 3,8 kg. Também não são de se des­prezar as cunhas encontradas em Ain Fritissa (Marrocos oriental): 32 cm de comprido, 22 cm de largo - pesando 4,2 kg. Se partirmos da estatura e constituição normais do homem, entes que pudessem manejar instrumentos tão descomunais deveriam ter tido a altura aproximada de 4 m.

Além de achados de ferramentas, ao menos três outros achados, cientificamente reconhecidos, indicam a existência de gigantes na Antiguidade:

 

  1. O gigante de Java;
  2. O gigante da China meridional;
  3. O gigante da África do Sul (Transvaal).

 

De que raças foram êles representantes? Foram fenômenos isolados?

 

Deve ser a segunda das leia épocas em que Mortillet (1857) subdividiu o período paleolltico. Posteriormente, chegou-se à conclusão de que se trata mais de "tipos de cultura" que de épocas (cronológicas) propriamente ditas (N. da E.).

 

Foram produtos de mutações de programação falha?

Foram entes formados segundo o código genético, especialmente

inteligentes, com elevados conhecimentos técnicos?

Com base nos achados fósseis, não encontraremos respostas con­vincentes às minhas perguntas. Os achados apresentam lacunas demasiado extensas para fornecer elementos suficientes para o esta­belecimento de uma genealogia genuína. Mas há em andamento, de fato, uma pesquisa sistemática de tal genealogia? De vez em quando temos notícia de descobertas sensacionais, mas aí, quase sempre, se trata de achados fortuitos.

Os documentos, porém, - e deveríamos tomar ao pé da letra as fontes antigas - comprovam inequivocamente a antiga existên­cia de gigantes. No Livro do Gênese, capítulo VI, versículo 4, lemos:

"Naqueles dias havia gigantes sôbre a Terra (e também de­pois), quando os filhos de Deus se uniam às filhas dos homens e estas lhes davam filhos. Esses são os heróis de outrora, os homens famosos."

 

Uma narração plástica nos é dada no Livro dos Números, capí­tulo XIII, versículo 33:

"Lá, vimos também gigantes (filhos de Anac, descendência de gigantes). Parecíamos gafanhotos, era bem essa a impressão que lhes dávamos."

 

O Deuteronômio, no capítulo III, versículo 11, até dá indica­ções que permitem aquilatar aproximadamente as proporções da constituição física:

"Ora, Ogue, rei de Basã, era o último sobrevivente dos Re­faim (raça de gigantes): seu leito é o leito de ferro 3 que se vê em Rabá dos amonitas e mede nove côvados de compri­mento por quatro côvados de largura."

 

   (O côvado hebraico mede quase 48,4 cml)

 

Mas não é o Pentateuco o único a falar clara e univocaI:nente de gigantes. Também outros livros do Antigo Testamento, que sur­giram mais tarde, descrevem, êsses super-homens. Seus autores vive­ram em épocas diferentes e localidades diversas, não puderam, portanto, mancomunar-se. Tampouco seria possível, como teólogos às vêzes afirmam, que os gigantes tivessem sido incluídos posterior­mente na trama dos textos, a fim de simbolizarem o "Mal". Se êsses exegetas examinassem os textos com mais profundidade, então deveriam perceber que gigantes sempre aparecem quando da exe­cução de tarefas integralmente práticas - guerras ou lutas isoladas, por exemplo - nunca, porém, por ocasião de se debaterem con­ceitos ou comportamentos éticos.

A documentação quanto a gigantes, além disso, não se limita à Bíblia. Também os maias e- incas indicam em seus mitos que a primeira geração criada antes do Dilúvio, pelos "deuses", era constituída de gigantes. A dois gigantes proeminentes chamaram de Atlan (Atlas) e Theitani (Titã).

Assim como nossos "deuses voadores", assim gigantes vagueiam quais fantasmas através das sagas, lendas e livros sagrados. Os gigan­tes, porém, em nenhuma dessas fontes eram equiparados aos deuses. Um "handicap" essencial os retinha na terra: Os gigantes não sabiam voarl Somente quando um gigante era indubitàvelmente definido como descendente de um "deus", poderia ser levado a uma expedição celestial. Os gigantes, em sua totalidade, apresentam-se disciplinados e obedientes perante os "deuses", executam suas ordens, até que, finalmente, são designados até como "criaturas broncas" e sua pista se perde na literatura.

Um pesquisador da seriedade de um Professor Denis Saurat, Di. retor do "Centre International d'Études Françaises" em Nice, per­seguiu os vestígios dos gigantes. t.le confirma, indiscutivelmente, a sua existência na Antiguidade, e mesmo aquêles pesquisadores que nutrem dúvidas, mais cedo ou mais tarde, tropeçam em túmu­los de gigantes, sôbre menires, aquêles blocos de rochedos tôsca­mente trabalhados, perpendicularmente erigidos, chegando até a 20 m de altura; em dolmens, isto é, câmaras mortuárias construídas de pedras brutas, ou outros monumentos megalíticos e, ainda, na inexplicabilidade de realizações técnicas, como a manipulação e o transporte de gigantescos fragmentos de pedra. É justamente aqui, neste cantinho do que hoje ainda inescrutável, ainda não passível de ser esclarecido, jaz, a meu ver, a prova concludente de que deve ter havido gigantes. O que hoje ainda pode ser admirado de obras arquitetônicas gigantescas, de fragmentos de rocha artisticamente elaborados, só pode ser plausivelmente explicado, se se presumir que os autores dêsses trabalhos foram gigantes, ou criaturas que dominavam uma técnica desconhecida por nós.

Em minhas viagens, perguntei-me cada vez em que me encontrava diante de testemunhos arcaicos: É lícito contentarmo-nos com os esclarecimentos e as interpretações atuais dêsses milagres? Não de­veríamos mobilizar a coragem necessária para, num esfôrço comum, examinar, quanto ao seu (possível) conteúdo real, também inter­pretações que à primeira vista pareçam fantásticas?

Durante nossa última viagem através do Peru, no ano de 1968, meu amigo Hans Neuner e eu tomamos a visitar as edificações megalíticas sôbre Sacsayhuaman, "Rochedo dos Falcões", que se en­contram a cêrca de 3.500 a 3.800 metros de altitude, nos limites da antiga fortificação incaica de Cuzco.

Munidos de trena e máquina fotográfica, aproximamo-nos nova­mente daquelas ruínas, que, a rigor, nem o são. Não se encontram ali massas pedregosas e fragmentadas indefiníveis, remanescentes tomados irreconhecíveis de quaisquer construções históricas. O labirinto rochoso sôbre Sacsayhuaman desperta a impressão de uma superedificação elaborada de acôrdo com os últimos requintes técnicos. Quem tiver galgado êsse planalto, no ar rarefeito, durante dias e dias, rodeado, trepado por entre gigantes de pedra, cavernas e colossos rochosos, quem houver tateado as paredes lisas, lavradas com perfeição, dificilmente ainda poderá aceitar a explicação de que tudo isso, há tempos, foi criado por mão de homem, mediante cunhas molhadas de madeira e simples marrêtas de pedra.

Cito aqui um exemplo por nós medido. De um bloco de granito - de 11 metros de altura e 18 de largura, como que arrancado do paredão - foi cortado um retângulo, cujas medidas são: 2,16 m de altura, 3,40 m de largura e 0,83 m de profundidade. Trabalho êsse de primeira classel Ali nada há de emendado ou mal lavrado, nada há de desnivelado ou rudimentarmente martelado. Ainda que, com um restinho de credulidade tradicional, ainda se esteja disposto a admitir que escultores de habilidade tôda especial tivessem sido capazes de, num trabalho de longos anos, fazer no paredão as quatro incisões laterais do gigante, ainda assim, final­mente, continua-se perplexo diante do problema: Como os hábeis artesãos de pedra puderam desprender da rocha maciça a face posterior do retângulo? Assegurado está que êsses trabalhos foram executados no período pré-incaico. Naquele tempo não parece que os escultores de pedra dispusessem de escavadeiras e cortadoras mecânicas como as que hoje se utilizam para a retirada de pedras dos leitos de futuros metrôs I E provàvelmente também não tinham quaisquer conhecimentos de química, que lhes proporcionassem um processo de desligar o bloco do paredão, mediante o emprêgo de ácidos...

Ou, talvez sim?

         Descemos a várias grutas de rochas, a profundidades de 60 até 80 metros. Como que sacudidas por uma fôrça primitiva, as grutas têm seu antigo curso reto interrompido, encontrando-se em parte destruídas ou encaixadas umas nas outras. Partes extensas de tetos e paredes foram conservadas. Em sua perfeição poderiam concorrer com as melhores obras hoje feitas em concreto armado. Ali não há nada composto, nada reunindo partes mediante alguma liga ­tudo está como se tivesse sido fundido numa só peça inteiriça. Os cantos se apresentam em ângulos retos, como que cortados a fio de navalha. Frisos de granito de 20 em de largura estão de tal forma coordenados em escalas superpostas, que parece haverem sido reti. rados ontem seus moldes de madeira.

Em posição ereta atravessamos corredores e câmaras, sempre tensos, na expectativa da surprêsa que nos esperaria no próximo desvio. Relembrava continuamente as várias explicações até agora apresentadas pela Arqueologia para essas obras-primas da tecno­logia, mas não podiam convencer-me. Aqui, sôbre Sacsayhuaman, em tempos imemoriais - isso me parece muito mais provável ­deve ter havido requintadas instalações de fortificação. Todos êsses colossos de pedra impecàvelmente trabalhados poderiam ter sido partes de um sistema megalítico de construção. Provàvelmente seria possível escavar ou reconstruir essa instalação, se aqui fôsse feita uma pesquisa sistemática.

         Também nos propusemos a pergunta sôbre se não há explicações convencionais para o "campo de ruínas" de Sacsayhuaman.

         Erupções vulcânicas? Nunca as houve em tôda a região.

         Deslizamentos terrestres? Há cêrca de 200.000 anos dizem haver ocorrido o último movimento violento da crosta terrestre.

Tremores sísmicos? Mal poderiam ter causado êsses danos que, na desordem, ainda permitem reconhecer tanta ordem. Para colo­car, após mais essas perguntas, um duplo sinal de interrogação, os colossos de granito apresentam vitrificações, como só se formam sob a influência de temperaturas altíssimas.

Caprichos da natureza? Os fragmentos de granito têm canais precisamente cinzelados e possuem encaixes, como se tivessem sido arrancados a seus pares. Nem o arqueólogo municipal de Cuzco, nem seus colegas nos museus de Lima, puderam dar-me uma expli­cação satisfatória para as formações por nós investigadas. "Pré-incai­cas", disseram, "ou talvez também da cultura Tiahuanaco."

Certamente não é vergonha admitir-se que não se sabe coisa alguma. Acêrca do lavramento das rochas que vimos sôbre Sacsayhuaman, de qualquer maneira, nada se sabe ao certo. Fora de dúvida é, apenas, que a instalação global foi erigida mediante métodos que não nos são conhecidos, por entes igualmente desco­nhecidos por nós e numa época que também ignoramos. Fora de dúvida também é que essas instalações existiram antes que fôsse construída a famosa fortaleza incaica dos Filhos do Sol e que, antes da ereção daquelas instalações de defesa dos incas, já haviam sido destruídas.

Idêntica é a situação de Tiahuanaco no planalto boliviano.

        Estudei muitas obras, aprendendo coisas surpreendentes acerca de Tiahuanaco. Li também muita coisa sôbre os singulares "condu. tores de água" encontrados em Tiahuanaco. A êles dirigi meu espe­cial interêsse em minha última viagem ao planalto boliviano.

Pela segunda vez, pois, encontrei-me em Tiahuanaco, a 4.000 metros sôbre o mar. Por ocasião da minha primeira breve visita, eu não havia prestado atenção suficiente aos "condutores de água". Desta vez, porém, eu haveria de corrigir o lapso.

 

As primeiras peças notáveis dêsses semitubos encontrei-as no muro de um templo reconstruído. Examinamos minuciosamente essa "inclusão". Havia sido colocada arbitràriamente. O semitubo, no local, estava na parede sem função alguma. Quiçá arrumado como peça decorativa para o olhar do turista.

Quando pude tocar nos "condutores de água" em outros pontos, encontrei a confirmação do que eu havia lido sôbre êles. Têm formas absolutamente modernas. São lisas, sem rebarbas, com as superfícies internas e externas polidas, de cantos exatos. Os semi­tubos estão cortados de maneira que os canais e os cantos combinem perfeitamente. Podem ser compostos à maneira dos blocos de cons­trução de brinquedos.

Já estupefatos ante a perfeição técnica do artesanato que pro­duziu tais trabalhos, atribuídos pelos arqueólogos a tribos pré­incaicas, ficamos sem saber o que pensar, ao verificar que os achados até o presente catalogados como "condutores de água", existem com tubulação dupla! Um só conduto já seria uma obra­prima - mas, tubos duplos elaborados de uma só peça! E tubos duplos com cantoneiras irrepreensivelmente esmerilhadas!

         Como, porém, se poderia explicar o encontro apenas das partes superiores dos tubos?

         Em se tratando de "condutores de água", poder-se-ia, de qualquer maneira, dispensar as peças superiores, mas nunca as inferiores!

         Será que êsses tubos de pedra serviam mesmo de condutores de água?

         Existirá, talvez, outra explicação, aliás, de aparência fantástica?

         Lendas transmitidas pela tradição, assim como desenhos rupes­tres existentes, fazem supor que os "deuses" se reuniam em conse­lhos em Tiahuanaco, antes até da criação do homem. Em nossa linguagem da era astronáutica, isso quer dizer: Astronautas estra­nhos criaram sôbre o planalto boliviano seu primeiro ponto de apoio. Dispunham de uma técnica altamente evoluída, como nós hoje em dia, sôbre raios Laser, fresadoras vibratórias, ferramentas elétricas. Por meio delas erigiram uma série de sóbrias construções exclusivamente funcionais. Através dêsse prisma - os "condutores de água" não teriam antes sido tubos de proteção para cabos de energia elétrica entre os diversos complexos das obras?

 

Sêres vivos, capazes de fabricar tubos como os de Tiahuanaco, devem ter tido à sua disposição possibilidades técnicas excelentes. Entes dêsse nível intelectual não teriam sido tolos ao ponto de fa­bricar condutores de água de tubulação dupla uma vez que, mediante um processo incomparàvelmente mais simples e de menor investimento de mão-de-obra, teriam podido fazer, na mesma pedra, um só furo, apenas de maior diâmetro, para conduzir o dôbro da quantidade de água. Sêres inteligentes, com tais habili­dades, também não teriam escolhido uma construção em ângulo reto para o transporte de água, porque saberiam que nos cantos se acumularia água e sujeira. E, naturalmente, êsses técnicos também teriam feito peças tubulares de acabamento menos fino, se se des­tinassem ao simples transporte de água.

Quando, na década dos trinta do século XVI, os conquistadores espanhóis fizeram indagações entre os aborígines sôbre os constru­tores de Tiahuanaco, nada lhes puderam informar. Reportaram-se à lenda segundo a qual Tiahuanaco seria o local onde os deuses haviam criado os homens. Presumo eu que os mesmos "deuses" também criaram os tubos e não os usavam para canalização de água.

Em todos os casos de achados históricos, os arqueólogos e antro­pólogos se esforçam por lhes fixar uma data. Feito isso, cada achado recebe seu lugar predeterminado, no sistema de pesquisa usado até agora. E, evidentemente, um número de catalogação.

O método de maior exatidão, de que se serve a ciência até o presente para precisar tais datas, é o do Carbônio-14. Ao aplicá-lo, parte-se da suposição de que o isótopo radioativo de carbônio (C), do pêso atômico 14, está sempre presente na atmosfera em quan­tidades constantes. Esse isótopo carbônico é absorvido por tôdas as plantas, estando, pois, contido em árvores, raízes, fôlhas, gramíneas, em quantidades sempre idênticas. Todos os animais, porém, absor­vem de alguma forma substâncias vegetais, contendo, portanto, também o homem e o animal, o C-14, e na mesma proporção. Ora, as substâncias radioativas têm um determinado período de desin­tegração, de sorte que sua quantidade diminui se novas substâncias radioativas não forem absorvidas pelo organismo. No homem e no animal, essa redução inicia-se com a morte; nos vegetais, com a colheita ou a queima. Para o rádio-isótopo de carbônio C-l4 en­controu-se uma meia-vida de cêrca de 5.600 anos. Isso quer dizer que, 5.600 anos após a morte de um organismo, só se encontrará a metade do teor original de C-l4; decorridos 11.200 anos, um quarto apenas; 22.400 anos, um oitavo, etc. O teor de C-l4 de uma substância orgânica fossilizada, uma vez que é conhecida a quantidade original de C-14 na atmosfera, pode ser detectado me­diante processo complexo em laboratório. Em relação com o teor constante de C-l4 na atmosfera, é possível, então, determinar a idade de um osso ou de um pedaço de carvão de lenha.

Se cortarmos grama ou um arbusto às margens de auto-estradas e os queimarmos, sua cinza simulará uma idade de muitos milhares de anos. Por quê? Dia por dia, as plantas absorveram muito car­bônio dos gases de escapamento dos carros em trânsito. Esse carbônio provém do petróleo, e êste, por sua vez, de material orgânico que há milhões de anos cessou de absorver C-l4 da atmosfera. Pelo mesmo motivo, uma árvore abatida hoje numa região de muitas indústrias, e que, segundo seus anéis anuais, tenha, talvez, 50 anos apenas, aparentemente pertenceria a época remo­tíssima, porque a medição pelo C-14 recuaria sua data para a Pré-História devido à absorção de gases presentes em excesso na atmosfera poluída daquela área industrial.

Duvido da exatidão e, com isso, da fidedignidade dêsse método. As medições feitas, até o presente, partem da firme acepção de que a proporção quantitativa de um isótopo C-l4 na atmosfera é e sempre foi constante.

Mas, quem é que pode garantir isso?

         E se essa suposição se basear num engano? Em meu livro "Eram os Deuses Astronautas?" reportei-me a textos antigos que narravam haverem os deuses s"ido capazes de produzir um calor tão intenso como só resulta de explosões nucleares, e que, além disso, usavam armas de radiação atômica. Na Epopéia de Gilgamés, Enquidu morre por ter sido atingido "pelo alento venenoso do animal celes­tial". No Maabarata narra-se como os guerreiros se atiravam n'água para lavarem a si e suas couraças, porque tudo estava coberto "do alento mortal dos deuses".

 

E se, tanto aqui, como também na "explosão" da Taiga sibe­riana na manhã do dia 30 de junho de 1908, se tratasse efetiva­mente de uma explosão atômica?

Quando e onde quer que seja - inclusive Hiroxima e tôdas as experiências de armas nucleares no Atol de Biquíni, na União Soviética, nos Estados Unidos, no Saara e na China - que substân­cias radioativas tenham sido libertadas, também o equilíbrio dos isótopos radioativos C-14 deve ter sido perturbado.

As plantas, os homens e os animais passaram então a ter mais C-14 em suas células do que teria sido normal num ambiente com aquêle teor constante dêsse radioisótopo. Essa tese provàvel­mente não é passível de discussão. E, sendo aceita, então as data­ções científicas assim chamadas "exatas", deveriam ser postas em dúvida. Em nossa teoria da visita de astronautas estranhos, lidamos com períodos cronológicos de proporções tamanhas que "pequenos"

 

Significa o desenho nesta pedra de culto do México simples ornamentação, ou é um produto artístico epi­gona! segundo motivos de uma era tecnológica caída em olvido?

erros de cálculo bem poderiam infiltrar-se, e tal "pequeno" êrro de cálculo poderia, então, perfazer muito fàcilmente 20.000 anos e mais, este é um dos motivos que despertam meu cepticismo quanto a datações muito recuadas. Tomemos o "caso" Tiahuanaco: Se lá os cosmonautas, após a execução de suas tarefas, abandonaram nosso planêta, de qualquer maneira não terão deixado peças fósseis de herança aos arqueólogos e antropólogos. Modernamente equi­pados, não se aqueciam ao calor de fogueiras de carvão, e seus ossos êles os levaram consigo. Não deixaram, portanto, vestígio datável algum I Ossos e restos de carvão de lenha encontrados nos prováveis campos de pouso dos astronautas, analisados e datados, originam-se, pois, de homens que, milênios mais tarde, habitaram as ruínas da fortaleza dos deuses. Eu acredito ser errôneo relacio­nar os ossos escavados com os construtores de Tiahuanaco. Formulo perguntas novas, porque as respostas antigas não me satisfazem.

A Arqueologia existe, na qualidade de disciplina científica, há 200 anos apenas. Desde então seus representantes colecionam, com uma acribologia digna de admiração, moedas, plaquinhas de argila, fragmentos de utensílios, cacos de recipientes, figuras, desenhos, ossos, e tudo que a terra colocar em cima de uma pá. Coordenam nitidamente os achados dentro de um sistema que, no entanto, só tem uma validade relativa para 3.500, aproximadamente. O que fôr mais remoto, esconde-se atrás de um véu de enigma e suposi­ções. Ninguém o sabe e ninguém é capaz de imaginar o que capa­citou nossos antepassados à produção de obras-primas técnicas e arquitetônicas. Diz-se que um afã irresistivel de aproximação aos "deuses" - o desejo de agradar aos "deuses" - de cumprir os deve­res que lhes haviam sido impostos pelos "deuses"... que tudo isso teria gerado as energias propulsoras para as muitas construções deslumbrantes.

Afã de chegar aos "deuses"?

Quais "deuses"?

Cumprir deveres impostos por "deuses"?

Quais "deuses" impunham deveres?

"Deuses" devem realizar coisas admiráveis; devem saber e poder mais do que outros sêres. "Deuses" inventados, vultos emanados da Serpente celestial. Sacerdotes ofertando holocaustos (?) e curiosos objetos voadores, em pintura sôbre um recipiente de cerâmica do (Peru hoje no Lindenmuseum de Stuttgart, Alemanha).

 

Pura imaginação, não se teriam conservado por muito tempo na consciência da humanidade. Logo teriam sido esquecidos. Por isso, chego à seguinte conclusão: Os "deuses", de que falamos, devem ter sido fenômenos reais, inteligentes e poderosos de maneira tal a causarem aos nossos antepassados uma impressão profundíssima e a preencherem a esfera do pensamento e da fé dos homens atra­vés de muitos séculos.

Quem, pois, aparecia aos povos primitivos?

Deveríamos ter a coragem de nutrir dúvidas fantásticas.

         O que disse Heráclito (por volta de 500 a. C.), infelizmente

ainda prevalece nos dias de hoje: "Pela sua incredibilidade, a ver­dade se esquiva ao reconhecimento".

A leste de Lima, capital peruana, nos despenhadeiros de Caja­marquilla, existe um campo de ruínas. Lá, diàriamente, tratores vorazes destroem, em sua tarefa de construir estradas, testemunhos do passado humano, que ainda não foram levados na devida con­sideração.

Atravessamos a pé aquêle êrmo. Não é preciso que nos chamem a atenção sôbre alguma curiosidade. Tropeça-se sôbre elas. Nas estradas há centenas de buracos em que cabe um homem em pé, buracos êsses semelhantes aos que vemos em revistas ilustradas e reportagens televisionadas, quando mostram abrigos anti-aéreos, como os cava o Vietcong. Não ousamos afirmar que também êsses "buracos-de­ um-homem-só" de Cajamarquilla tivessem sido cavados no solo para proteger seus habitantes de ataques aéreos. Nem nos é lícito afirmá-lo, pois, como se sabe, antes do século XX não consta ter havido ataques aéreos.

Os "buracos-de-um-homem-só" de Cajamarquilla têm, em média, um diâmetro de 0,60 m e uma profundidade de 1,70 m. Em uma única estrada contei 209 <I) buracos. Devem ter servido a algum fim prático e muito relevante. Senão, para que tal esfôrço de mão-de-obra?

         Qual a explicação que se nos oferece para as muitas centenas de "buracos-de-um-homem-só"?

         Dizem que êles, em que cabe justinho um homem, tinham sido silos de cereais.

À vista de serem escavados segundo a estatura de um homem, essa explicação não é inteiramente convincente. Naturalmente é possível enchê-los de cereais. Mas, dada a umidade do solo e o calor úmido que se formaria não começariam logo os grãos a germi­nar, ou até a apodrecer? E de que maneira o cereal seria de nôvo retirado dos silos estreitos?

Como não tínhamos cereal à disposição, enchemos um dos buracos com areia. Em seguida, tentamos retirá-Ia de nôvo da terra, usando as mãos e pás. O têrço superior não foi muito difícil; a partir da metade, porém, nossos esforços degeneraram numa atividade extenuante. O último têrço foi uma tortura única: De cabeça para baixo, pega-se uma mão cheia de areia, vira-se o corpo e deposita-se o punhado de areia à margem. Em seguida, porém, alcança-se uma profundidade que não permite passar a mão rente à cabeça, a areia escorre das mãos. Nossas pás já haviam sido postas de lado, porque a estreiteza do poço não mais permitia a ação de alavanca. Finalmente, amarramos baldes pequenos em cordas e os descemos ao fundo. Quando, ao pegarmos novamente na pá, quisemos enchê-los, a metade do conteúdo derramava, com o movimento do baldinho. Demos bastante corda à nossa imagi­nação. Após a aplicação de muitas artimanhas e um dia inteiro de trabalho, conseguimos esvaziar um "silo", à exceção de um restinho de 15 a 20 CID. ~sse resto provàvelmente lá se encontra até hoje.

 

Desde que me disseram que foram "silos de cereais" os inúmeros "buracos-de-um-s6-homem", tenho-me perguntado por que as famí­lias autóctones de Ca jamarquilla envidaram esforços tão imensos para cavarem buracos tão estreitos?

Por que não fizeram um grande e alargado silo familiar?

Uma vez que Cajamarquilla deve ter sido uma Polis bem organi­zada, a idéia até de um silo comunal, grande e prático, teria sido lógica.

Depois do exame dos dados locais, a explicação não me parece de modo algum "segura". Mas, silos - dizem - devem ter sido...

 

                     A memória armazenada da humanidade

 

Lembranças cósmicas - Moléculas de memória1 Profetas comem LITlTOS - Cartões perfurados da vida Passado e futuro Quando o programa em código se desenrola

 

POR QUE, ÀS VÊZES, não nos lembramos de nomes, endereços, con­ceitos, números de telefones, mesmo esforçando Inuito nossa me­mória? Contudo, "sentimos" perfeitamente que o procurado estáescondido em algum lugar nas cinzentas células do nosso cérebro, esperando apenas ser redescoberto. Onde ficou a memória daquilo que "sabemos perfeitamente"? Por que não conseguimos operar a qualquer momento com nossa reserva de saber, como bem nos apraz?

Robert Thompson e James McConnell, do Texas, labutaram quinze anos a fim de descobrir os segredos da memória e de sua presença, de forma experimental. Após terem realizado as mais va. riadas tentativas, finalmente erigiram os platielmíntios que têm o belo nome de Dugesia dorotocephala à condição de astros de uma experiência que devia conduzir a resultados fantásticos. :tstes pequenos animais pertencem, de um lado, ao grupo dos organismos mais primitivos, que ainda só possuem muito pouca substância cerebral. Contudo, de outro lado, figuram entre os sêres de estru­tura complicada, que são capazes de se regenerar completamente, através de divisão celular. Cortando em pedaços um verme dessa espécie, cada parte individual seccionada se reconstitui, formando um nôvo platielmíntio, completo e perfeito.

Thompson e MacConnell fizeram seus pequenos astros rastejar numa canaleta de água, feita de plástico, mas não para lhes pro­porcionar um prazer especial. Astutos como cientistas podem e precisam ser em relação a seus objetos de experiência, ligaram a canaleta de água a uma fraca corrente elétrica. Além disso, insta­laram sôbre a canaleta uma lâmpada de mesa, de 60 watts. Como os platielmíntios são muito sensíveis à luz, acusavam cada vez o impacto, ao ser a lâmpada ligada. Entretanto, depois de os dois cientistas terem repetido, durante diversas horas, êste jôgo de ligar e desligar a luz, os vermes não mais tomavam conhecimento da constante mudança de claro para escuro. Certamente, haviam compreendido que não representava perigo de vida; à claridade simplesmente seguia a escuridão, e vice-versa. A seguir, Thompson e MacConnell uniram o estímulo da luz com um leve choque elé­trico, que atingia os animaizinhos sempre um segundo depois da exposição à luz. Se os platielmíntios já tinham passado a ignorar o estímulo da luz, agora se contraíam novamente, reagindo ao choque da corrente elétrica.

Concedeu-se aos animais da experiência uma pausa de duas horas, antes de submetê-los novamente à "tortura". Ficou então provado um fato interessante. Os vermes não haviam esquecido que, após a claridade da luz, viria o choque elétrico. Contraíam-se após a exposição à luz, ainda quando o choque esperado deixava de seguir.

Em prosseguimento, os dois pacientes pesquisadores cortaram os platielmíntios em pedacinhos e esperaram um mês, até que as par­tes se regenerassem e assumissem a forma de vermes completos. Depois, voltaram às canaletas de ensaios e, novamente, a lâmpada entrou em funcionamento, sendo ligada e desligada, com intervalos irregulares. Thompson e McConnell fizeram uma descoberta admi­rável: Não só as partes que continham a cabeça e haviam regene­rado a cauda, mas também as partes da cauda, que haviam for­mado um cérebro, se contraíam, face ao choque elétrico esperado, e que não vinha.

Que havia acontecido?

De que forma as recém-formada" partes da cabeça tinham rece­bido a memória a respeito do choque elétrico?

         Ter-se-iam verificado processos químicos em células armazenado­ras das "velhas" memórias, que transmitiram a experiência adqui­rida às células de formação nova?

Foi exatamente isto. Se um platielmíntio "sem experiência" devora um semelhante "com experiência" êle adquire de sua vítima as qualidades "transmitidas" a esta. Experiências realizadas em outros laboratórios, conduziram à verificação de que, por meio da implantação das células de um animal, ao qual se tenham transmi­tido certas habilidades, estas continuam ativas no corpo do outro animal. Assim, por exemplo, ensinaram-se ratos a comprimir certa tecla vermelha se quisessem chegar à sua comida. Tão logo os

animais participantes da experiência dominavam perfeitamente a sua tarefa, eram sacrificados, retirando-se de seu cérebro um extrato para injetá-Io na cavidade abdominal de ratos não ensinados. Já após algumas horas, os ratos não ensinados manipulavam a mesma tecla vermelha quando queriam comer. Experiências feitas com peixes dourados e coelhos confirmaram a suposição de que o saber adquirido pode ser passado de um corpo a outro, através de um processo biológico-químico, mediante a transferência de certas célu1as parecerão haver mais dúvidas hoje de que as lembranças são armazenadas em moléculas de memória e que moléculas ARN e ADN retêm e transportam conteúdos de memória. Em metódico prosseguimento destas pesquisas, a humanidade poderia, num futuro não remoto, ter a possibilidade de não mais perder, com a morte de uma pessoa, o saber e as memórias, que ela tenha acumu­lado, conservando e passando adiante seu patrimônio intelectual.

         Será que ainda veremos golfinhos inteligentíssimos, "treinados" para pesquisas, executando tarefas em postos submarinos?

Será que veremos macacos, cujos cérebros foram "programados" para manobrar máquinas de construção de estradas, executando importantes serviços?

Na minha opinião, é preciso ter mais coragem para pôr em dúvida a imaginável realização de arrojadas possibilidades, do que para contar com elas seriamente.

Provas científicas de que inteligências estranhas ao nosso planêta já em tempos remotíssimos sabiam concretizar tais manipulações, ainda não existem. Todavia, cientistas de renome, como Shklowsky,

 

Sagan e outros, não excluem a probabilidade de existirem noutros planêtas, sêres que alcançaram um grau de desenvolvimento témi­co-científico muito superior ao nosso.

Mais uma vez me deixa pensativo o Velho Testamento, onde se fala de não poucos profetas que teriam recebido livros para comer.

Ezequiel (IlI, 2 a 3) relata um caso assim, de comer livros: "e êle deu-me a comer o livro, dizendo-me: Filho de homem, alimenta o teu ventre, enche as tuas entranhas dêste livro que te dou. Comi-o.....

A quem ainda admira que os profetas assim "alimentados" sa­biam mais que todos os outros e eram mais inteligentes que as pessoas de seu ambiente?

Desde a descoberta científica da cadeia em hélice dupla do ADN sabemos que o núcleo do gen contém tôdas as informações segundo as quais um ser é formado. Cartões perfurados já são de conheci­mento tão comum que eu, simplificando, gostaria de chamar o plano de formação, contido nos núcleos, de "cartões perfurados da vida".

Os cartões perfurados formam a vida, seguindo um plano e prazos determinados. Tomando nossa espécie como modêlo: um menino de 10 anos ou uma menina de 8 anos, ,embora já sejam pe­quenos sêres humapos, alnda não possuem muitos dos atributos que mais tarde terão como homem ou mulher. Antes de se toma­rem adultos, as células em seus corpos ainda se dividirão milhões de vêzes e, com cada divisão, novas fases de formação irão verifi­car-se: o menino e a menina crescerão ràpidamente; haverá forma­ção de pêlos, crescerá a barba, ou se formarão os seios, conforme o sexo. Cartões perfurados não cometem erros; suas perfurações dirigem determinado desenvolvimento, cronologicamente.

Este fato, seja-me permitido insistir, prevalece para todos os sêres. Agora, baseado neste fundamento científico bem sólido, eu gostaria de apresentar, para discussão, uma idéia especulativa, que me parece bem lógica: Será que não teria existido - como existe para cada ser individual - desde os tempos mais remotos, um vasto pro­grama de forinação para a humanidade inteira?

Fatos antropológicos, arqueológicos e etnológicos dão-me a cora­gem de acrescentar, a outras hipóteses sôbre a formação da huma­nidade, também a minhaku suponho que tôdas as informações, isto é, todos os comando inseridos nos cartões perfurados vieram

de fora e foram introduzidos no homem primitivo por meio de uma planejada mutação artificial.

Se regressarmos, às apalpadelas, nesta minha pista, para o escuro labirinto da Pré-História da humanidade, então o homem é ao mesmo tempo "filho da Terra" e "produto dos deuses". Desta circunstância resultam grandes e fantásticas conseqüências.

Nossos antepassados viveram. "o seu" tempo, o passado remoto, direta e conscientemente, e a sua memória guardou todos os acon­tecimentos. Com cada geração uma parte destas memórias passou para a próxima geração. Simultâneamente, cada geração acrescen­tou novas perfurações aos cartões perfurados, que assim foram sendo constantemente enriquecidos de novas informações. Ainda que, no correr do tempo, algumas informações se tenham perdido, ou novos impulsos se tenham sobreposto, - a soma de tôdas as informações não sofreu diminuição. No entanto, encontram-se no homem não apenas as impressões das próprias recordações, mas também a programação dos "deuses", que nos tempos de Adão já se dedicavam a viagens interplanetárias.

Entre o nosso saber originado do presente e o volume de recor­dações do passado humano, encontra-se uma barreira que só poucos homens conseguem romper em momentos felizes. Pessoas sensíveis - pintores, poetas, músicos e pesquisadores - sentem emocional­mente esta recordação primitiva e procuram, às vêzes, em esforços desesperados, fazer vir à tona aquelas informações acumuladas. O curandeiro, entre os primitivos, procurava entrar em transe, por meio de tóxicos ou ritmos monótonos, a fim de poder vencer a barreira que o separava da memória primitiva. Eu acredito mesmo que atrás das atitudes, tão em moda, dos precursores psicodélicos, existe um instinto primitivo, impelindo aquelas criaturas floridas a procurar, através de música estimuladora dos nervos e por meio de drogas, um acesso ao inconsciente. Pode ser que, em um caso individual, a porta para um mundo soterrado se abra, mas, de um modo geral, não há fôrça suficiente para expor ao próximo a visão

do mundo tida durante aquêle estado de embriaguez.

Um exemplo:

         Todo mundo fala da "Lâmpada maravilhosa de Aladim" quando um aparelho absolutamente utópico ou um caso incompreensível devem ser definidos. Eu não só tomo o profeta pela palavra, mas me habituei também a procurar uma realidade atrás das memórias primitivas, tão estranhas, dos homens de outras eras; uma reali­dade, para nós, homens da atualidade, ainda à espera de ser redes­coberta.

Que havia de estranho nessa lâmpada maravilhosa, de que dis­punha Aladim? Indiscutivelmente, permitia materializar super­seres. Isto sempre se verificava quando o jovem Aladim esfregava a lâmpada. Através da fricção, punha êle, talvez, em funciona­mento, um aparelho de materialização?

Com o saber de hoje, é possível encontrar uma eventual explica­ção: nós sabemos que a técnica atômica transforma massa e j energia e que a física transforma energia em massa. Uma image de televisão é decomposta em cem mil partes, as quais - transfor­madas em ondas energéticas - são irradiadas através de relés. Um pulo para o fantástico: uma mesa - também esta junto à qual estou1 neste momento sentado - se compõe de uma infinidade de átomos estreitamente interligados. Se fôsse possível decompor esta mesa em suas partículas atômicas, transmiti-las através de ondas energéticas e reestruturá-Ias em determinado lugar, de acôrdo com o modêlo indicado, então o transporte da matéria- teria sido realizado. Perfeita utopia? Concordamos, por enquanto. Mas também no futuro?

Talvez continuasse presente, na memória dos homens da Anti­guidade, a recordação de materializações de épocas mais remotas: o aço, hoje, é imerso em nitrogênio líquido para têmpera. É um procedimento, natural para nós, que foi descoberto em tempos mo­dernos. Foi, provàvelmente, através de memória antiqüíssima, que esta forma de têmpera já foi um fato na Antiguidade. Verdade é que era praticada com métodos muito rudes: para a têmpera da superfície, mergulhavam-se as espadas incandescentes nos corpos dos prisioneiros. Mas de onde sabiam que o corpo humano está cheio de nitrogênio orgânico? De onde conheciam o efeito químico? Só da experiência?

De onde, pergunto eu, teriam nossos antepassados recebido seu elevado conhecimento técnico e seus profundos conhecimentos mé­dicos, senão de inteligências estranhas ao nosso planêta?

De onde homens e mulheres inteligentes obtêm a confiança de que uma idéia corajosa, semeada com grande antecedência, será concretizada empiricamente, passo a passo, tornando realidade um dia o que de início parecia fantasia ou utopia?

Estou firmemente convencido de que os cientistas estão imbuídos do premente desejo de saber tanto quanto já se soube, de tornar realidade tantas memórias, de recuperar tudo quanto foi incutido, em tempos remotos e por inteligências estranhas, na memória da humanidade. Deve haver um motivo aceitável para que o Cosmo, através de tôdas as épocas da história da humanidade, tenha sido o grande alvo das pesquisas.

Não é verdade que tôdas as etapas do desenvolvimento técnico, tôdas as conquistas consecutivas do progresso, assim como tôdas as idéias utópicas sempre foram apenas passos rumo à grande aven­tura: a reconquista do espaço?

O que para nós, ainda hoje, é apenas uma idéia perturbadora, fre­qüentemente inquietante e futurológica, provàvelmente outrora foi realidade sôbre nosso planêta.

Ao estudar os livros de Teilhard de Chardin (1881-1955), que continuam hoje causando grande comoção entre muitas pessoas, encontrei pela primeira vez o conceito de "partículas cósmicas pri­mitivas". Só em tempos ainda por vir será reconhecido quão decisi­vamente êste jesuíta (com suas pesquisas paleontológicas e antropo­lógicas, através das quais quis conciliar a doutrina católica da cria­ção com os modernos conhecimentos das ciências naturais) contri­buiu para determinar a concepção integral do mundo no século XX. Em 1962, sete anos após a sua morte, decidiu-se, depois de acalorada discussão teológica, que a concepção de Teilhard é con­trária à doutrina católica.

Não conheço, porém, qualquer conceito que exprima tão clara­mente qual o sentido dado aos acontecimentos cósmicos. A partí­cula primitiva da matéria é o átomo. Também no Cosmo a par­tícula primitiva é o átomo. Mas ainda há outras partículas primiti­vas, isto é, o tempo, a consciência, a memória. De forma misteriosa, ainda não esclarecida, tôdas estas partículas primitivas são ligadas e relacionadas entre si. Quem sabe descobriremos um dia as par­tículas primitivas, fôrças, portanto, que não se deixam definir ou classificar nem física nem quimicamente, nem se enquadram em quaisquer outros ramos das ciências naturais. Contudo, embora por enquanto não possam ser definidas ou controladas - elas agem sôbre os acontecimentos no Cosmo. Lá, mas tão-somente lá, existe para mim o limite onde tôda a pesquisa terminará e terá que terminar.

Eu gostaria que minhas considerações colocassem novos marcos, capazes de conduzir, um dia, a resultados convincentes.

Bem na linha de minha convicção de que, na memória da huma­nidade, recordações do longínquo passado aguardam por sua redescoberta, encontram-se dois casos que Pauwels e Bergier indi­cam em seu livro "Partida para o Terceiro Milênio". Ambos os casos estão longe de fantasias ocultistas. Um dêles se relaciona com o cientista (Prêmio Nobel) dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que criou as bases para a hodierna teoria atômica. foste físico de renome internacional contou como lhe surgiu a idéia do seu modêlo para o átomo, procurado por muitos anos. fole sonhara estar sentado sôbre um sol de gás em chamas. Sibilando e fume­gando, passavam planêtas em alta velocidade, e todos êles pareciam estar ligados ao sol, em tôrno do qual giravam, por meio de fios finos. Repentinamente, porém, o gás se solidificou; o sol e os planêtas se encolheram e se tornaram rígidos. Neste momento, disse Niels Bohr, êle acordou. fole percebeu imediatamente que era o modêlo do átomo aquilo com que sonhara. Em 1922 recebeu, por êste "sonho" o prêmio Nobel.

O outro caso, mencionado por Pauwels e Bergier, também en­volve dois cientistas que sonham e agem. Um engenheiro da Com­panhia Telefônica Bell, dos Estados Unidos, leu em 1940 relatórios flôbre os ataques aéreos contra Londres. Aquêles bombardeios preo­cupavam-no muito. Numa noite de outono, êle viu a si mesmo,' em sonho, projetando a construção de um aparelho capaz de dirigir artilharia antiaérea sôbre a rota, pré-calculada, de aviões, e com precisão tal que, em determinado ponto, sempre atingiria o avião. Na manhã seguinte, o engenheiro esboçou o que já havia dese. nhado em sonho. Seguiu-se, depois, a construção de um aparelho, com o qual se empregou, pela primeira vez, o radar. O aperfeiçoa­mento até o início da fabricação foi dirigido pelo famoso matemá­tico Norbert Wiener (1894-1964).

Eu penso: O que dois geniais cientistas "sonharam" já repousava no fundo de seu "antiqüíssimo" saber. Sempre há, no comêço, uma idéia (ou um sonhol) a qual (o qual) precisa ser provado. Não acho atrevido supor que, um dia, cientistas em genética molecular, já sabendo como funciona o código genético, também descobrirão quanto - e talvez até "qual" - saber foi programado, por inteli­gências estranhas, e inserido nos cartões perfurados de nossa vida. Seria fantástico, mas bem imaginável, se, num dia remoto, se des­cobrisse por meio de qual palavra codificada determinado saber, para determinado fim, poderia ser pôsto à disposição da consciên­cia, emergindo da memória primitiva.

De acôrdo com minha opinião, no decorrer do desenvolvimento humano, memórias cósmicas penetraram com intensidade sempre maior em nossa consciência. Promoveram o nascimento de novas idéias, as quais, por ocasião da visita dos "deuses", já eram reali­dadel Em momentos felizes caem as barreiras que nos separam das memórias primitivas. É aí então que aquelas fôrças propulsoras se tornam poderosas dentro de nós, e nos revelam novamente o saber armazenado.

Será apenas acaso que a impressão tipográfica e o mecanismo do relógio, automóvel e avião, a lei da gravitação e o código genético tenham sido inventados ou "descobertos" sempre quase simultânea­mente, em diversos lugares do mundo?

Será, então, por acaso que a excitante idéia de estranhos sêres inteligentes terem visitado, outrora, nosso planêta, surge simul­tâneamente, em muitos lugares, sendo apresentada em numerosos livros com argumentação e bases completamente diferentes?

É um método sumamente cômodo pôr de lado, como fruto de simples acas~, idéias para as quais não dispomos de explicações satisfatórias. Não devemos seguir um caminho tão fácil assim. E muito menos devem os cientistas, que, em geral, se esforçam por descobrir leis escondidas atrás dos fatos, banir novas idéias - por mais fantasiosas que pareçam ser inicialmente - com explicações lapidares, extraídas do acervo da pesquisa séria tradicional.

Nós sabemos hoje que no âmago de cada ser se encontra o

plano para a sua ascensão e o seu declínio, em forma de código. Por que não haveria também, para a humanidade tôda, um plano previsto, um grande cartão perfurado, sem lacunas, contendo tôdas as memórias cósmicas e primitivas da humanidade? Essa premissa ofereceria uma explicação convincente para o fato de que, em determinada época, idéias de interêsse mundial, descobertas, ou invenções surgem simultânea e repentinamente em vários luga­res: as épocas estão programadas nos cartões perfurados I O meca­nismo de contacto toca no ponto de registro do cartão perfurado e faz recordar o esquecido ou o subconsciente.

 

A azáfama do dia-a-dia não nos dá folga para reconhecer o in­consciente. Desviada sempre por novas impressões, nossa mente não atinge as reservas de memórias antiqüíssimas. Para mim, por isso, não é por acaso que aos monges em suas celas, aos pesquisa­dores em seus recintos de trabalho, aos filósofos em sua solidão face à natureza... e ao solitário moribundo, se apresenta a grandiosa visão das memórias do passado e um panorama claro do futuro.

Nós todos vivemos, desde tempos remotos, numa espiral de evo­lução, que nos conduz incessantemente para o futuro, a um futuro que - como estou convencido - já foi uma vez passado; um passado que não é da humanidade, mas dos "'deuses", que age em nós e que, um dia, será outra vez presente. Ainda estamos aguardando as provas exatas da ciência. Mas eu acredito na fôrça daqueles espí­ritos eleitos, dotados de um sutil mecanismo registrador que um dia lhes permitirá liberar informações de realidades pré-existentes e anotadas em épocas remotíssimas. Até aquela hora feliz, estou com Teilhard de Chardin: "Eu acredito na ciência. Mas a ciência, até agora, já chegou a esforçar-se por ver o mundo de outra forma, a não ser olhando o lado exterior das coisas?

 

                     A Esfera - Forma ideal para Veículos Cósmicos

 

Tinham forma de esfera os primeiros veículos espaciais? O que nos sabe contar Te-Jho-a-te-Pange O que relata o "Popol-Vuh" sôbre a formação da Humanidade Ovos brilhantes caíram do céu - A esfera de Tassili - Esferas no Jângal Enigmas megalíticQs indecifrados

 

TODOS OS TIPOS DE foguetes hoje à nossa disposição têm forma de "lápis". É preciso que seja assim? Não se demonstra cada vez melhor que, no vácuo, a fonna de lápis não é nem necessária nem ideal? Quando a cápsula espacial - que se distingue do foguete de está­gios, por ter a fonna de cone - voa à vizinha Lua, precisa girar repetidas vêzes sôbre seu próprio eixo transversal. Quão compli­cado e cheio de riscos I Pela leitura dos relatórios de vôos espaciais, sabemos que cada mudança de direção exige uma manobra de comando extremamente complexa: em milésimos de segundo, o computador de bordo tem de detectar desvios da órbita e, com a mesma rapidez, pôr em funcionamento os dispositivos de corre­ção da rota. Uma única, minúscula falha de comando teria conse­qüências arrasadoras. O combustível é limitado e logo estada esgotado, os dispositivos de direção não executariam a tempo as correções, o regresso da cápsula espacial para a densa atmosfera terrestre não mais seda possível. Continuaria vagando no Cosmo, sem direção, sem possibilidade de recuperação.

Até o presente, os foguetes provaram, sem dúvida, sua eficiência técnica. Aliás, mediante os motores de propulsão hoje existentes, relativamente fracos ainda, somente objetos voadores que não apresentem grandes superfícies à fricção podem perfurar o denso "muro" da atmosfera terrestre. Para o transporte entre as estrêlas, porém, "agulhas" pontudas não são ideais.

 

A libertação de energias propulsoras mais intensas é a chave que, nas oficinas de construção, abrirá a porta para novos tipos de naves espaciais. O momento cronológico em que a técnica irá dispor de energias agora ainda inconcebíveis, não está, de modo algum, tão distante assim. A evolução da técnica poderá levar a motores movidos unicamente a fótons, que atingem uma velocidade radiante próxima à da luz e poderão fornecer impulso durante tempo quase indeterminado.

Então não mais será preciso, como hoje, reduzir dràsticamente o pêso útil a ser pôsto a bordo. Atualmente, para cada quilograma levado por um veículo em sua viagem à Lua são necessários 5.180 quilogramas adicionais de combustível. FutUtamente, os veículos espaciais terão forma bem diferente.

Textos antigos e peças arqueológicas achadas em tôda a volta do globo terrestre, convenceram-me de que os primeiros veículos espaciais que chegaram à Terra, há muitos milhares de anos, devem ter tido forma esférica, e estou certo de que também os veículos espaciais do futuro terão (novamente) forma esférica.

Não sou construtor de foguetes, mas há algumas reflexões, que qualquer um de nós pode fazer, e que parecem realmente convin­centes. Uma esfera não possui "frente" nem "costas", nem "em cima", nem "embaixo". Em qualquer posição e direção, ela oferece a mesma superfície de contacto. Para o Cosmo, que também não possui um "em cima" ou um "embaixo", nem "frente", nem "costas", a esfera representará, por assim dizer, a forma que ideal­mente lhe corresponde.

Examinemos, com a imaginação, uma esfera espacial que ainda hoje parece uma utopia. Não sejamos mesquinhos. Imaginemos uma esfera com o diâmetro de 500 metros. Esse monstro se apóia sôbre pernas de aranha, de molas retráteis. O interior, a exemplo dos nossos gigantes náuticos, é subdividido em conveses de dimen­sões diversas. Circundando o ventre da esfera-gigante, pelo seu equador, corre um anel maciço, em cujo interior estão instalados 20 ou mais motores de propulsão, os quais, todos êles - e êste é simplesmente um requinte técnico - podem alterar sua posição ao lo.ngo de um ângulo de 180 graus! Quando a contagem regressiva houver alcançado zero, irradiarão feixes de ondas de luz milhões de vêzes reforçadas. A esfera cósmica se elevará, quer da superfície do planêta, quer de uma plataforma em órbita, quando os moto­res de propulsão começarem a arremessar suas colunas luminosas "para baixo", contra o local da partida, dando majestoso impulso à nave esférica. Quando ela tiver atingido a região do vácuo, e se mover em seu curso à estrêla do destino, então, somente de vez em quando será dada ignição aos motores de propulsão em volta ao equador da esfera, para correção da rota. O perigo de sair do curso, de maneira fatal, não existirá, uma vez que a esfera poderá "adaptar-se" imediatamente a qualquer situação. Além disso, instalar-se-á então um processo que será sobremaneira agradável aos astronautas: a esfera entrará em rotação ao redor de seu eixo. Assim criar-se-á uma gravidade artificial que, reduzindo o estado de ausência de gravidade, proporcionará condições quase terrestres. Se bem que estejam voando para as estrêlas, os tripulantes perma­necerão homens ligados às leis da velha Terra.

É importante reconhecer-se que, numa esfera espacial dêsse tipo, as correções de rota, em tôdas as direções, são possíveis sem risco. Os motores montados no cinto de aço em tôda a volta da bola, permitem desvios ou movimentos bruscos, ultra-rápidos, em qual­quer direção. Jogadores de bilhar podem imaginá-Io fàcilmente: Se se quiser desviar para a direita, a bola recebe um ligeiro em­purrão de um motor de direção montado à esquerda, e vice-versa.

Naves espaciais esféricas, como talvez desde milênios atravessam as galáxias, não são senão minúsculas particulazinhas no infinito do Cosmo. Correndo desmedidamente, a uma velocidade próxima à da luz, os astronautas, no entanto, sentirão êsse ritmo apenas como um lento e suave fluir. Em seu veículo, o tempo parecerá ter parado.

O que, no entanto, ocorre durante o tempo "quase imóvel", no interior da esfera cósmica? Bem, quando estações espaciais viaja­rem algum dia, é provável que a bordo se desenrole, aparente­mente, um dia normal de rotina cotidiana. Autômatos executam o serviço de segurança, computadores zelam. pelo curso, os astro­nautas dedicam-se, em laboratórios, a tarefas de pesquisa científica, engendram projetos novos e, ainda mais audaciosos, observam astros e pensam na exploração de planêtas estranhos. Enquanto a esfera vence milhões de quilômetros por minuto, para a tripula­ção os dias vão formando semanas, as semanas meses, os meses anos. E, nas câmaras de congelamento profundo, uma tripulação de re. vesamento espera o ressuscitar biológico, na proximidade do local de destino.

Mas, durante aquêle mesmo tempo aparente, perecem culturas inteiras, morrem gerações e novas nascem, pois, sôbre a Terra e em outros astros, o tempo corre no veloz ritmo normal, obediente às leis locais.

         Não quero exagerar a expedição até os extremos da utopia.

         Visões de espaçonaves do futuro, os autores de ficção científica bastas vêzes as descreveram com o maior requinte. Minha "reporta­gem da esfera" teve apenas a intenção de preparar a imaginação para uma idéia muito séria: O que acontecerá, quando contem­plarmos os mais remotos vestígios da tradição humana à luz dessa "vista de esfera cósmica"?

Aprendemos na escola que, no princípio, havia Céu e Terra e que a Terra era deserta e vazia. Somente fora, nas trevas, assim nos ensinaram, havia uma luz e dessa luz partiu o Verbo, que deu a ordem para a formação de tôda a vida.

Na seqüência cronológica desta gênese, tudo é perfeitamente lógico. Durante a longa viagem cósmica através do Universo, evidentemente não se podia encontrar luz. Era noite profundíssima. Só depois da descida do veículo cósmico no planêta "fêz-se luz" e então os sêres desconhecidos conheceram dia e noite, e, no local do destino - a uma palavra de comando - podia iniciar-se a vida e formarem-se inteligências.

Quase em tôdas as lendas da criação, conhecidas por nós, repe­te-se a verdade original de ter a palavra emanado da luz. Nas ilhas polinésias havia, muito antes de lá aportarem os primeiros brancos, uma rica tradição oral. Um círculo selecionado de sacer­dotes zelava cuidadosamente para que palavra alguma das antigas ciências filosóficas e astronômicas fôsse alterada. A civilização ocidental e as missões cristãs, porém, sufocaram essa rica sabedoria, que a população autóctone possuía. No ano de 1930, o Bishop­Museum de Honolulu, que dispõe da maior coleção polinésia do mundo, enviou duas expedições às ilhas. Desejavam pôr a salvo a genealogia e as canções que haviam sobrevivido à influência dos colonizadores ocidentais. Anos mais tarde, o pesquisador sueco Bengt Danielsson, que atravessou o Pacífico com Thor Heyerdahl a bordo da jangada Kon-Tiki, visitou, em companhia de sua espôsa, algumas das ilhas dos mares do Sul e registrou tradições ainda vivas na consciência dos insulares.

Na pequena Ilha Raroia, do grupo das Tuamotu, no Oceano Pacífico, a 450 milhas náuticas de Taiti, Danielsson encontrou um velho sábio, que se chamava Te-Jho-a-te-Pange. Qual disco fono- . gráfico, êsse sacerdote - assim relata Danielsson - recitou a Histó­ria do seu povo. É espantosa:

"No comêço havia o espaço vazio apenas: nem claridade, nem terra nem mar, nem sol nem céu.

Tudo era um grande vazio silencioso. Tempos ignotos passa­vam..."

Poderia ser mais preciso o relato? Deve um "primitivo", de tanga, que se alimenta de côco e peixe e não possui conheci­mento técnico algum, esclarecer-nos sôbre a origem do Cosmo? Deixemos, porém, que Te-Jho-a-te-Pange tome de nôvo a palavra:

"ou Então, o vazio começou a mover-se e transformou-se em Po. Tudo estava escuro ainda, uma escuridão profunda, de­pois Po começou a girar...

Alcançou-se o sistema solar, chegou-se à região das órbitas plane­tárias (o vazio começou a mover-se)? Ainda reina escuridão. Uma esfera - aqui chamada Po - pode ser distinguida. Ela começa a girar.

 

"... Fôrças novas, singulares, estavam à obra. A noite se transformou...

 

Narração precisa: Agora se faz sentir a fôrça de atração do planêta (...novas fôrças singulares...) Desce-se à atmosfera. O dia clareia.

 

"... a nova matéria era como areia, a areia tornou-se solo firme, que crescia para cima. Finalmente revelou-se "Papa", a Mãe-Terra, e expandiu-se e formou uma grande terra..."

Ai, portanto, já se achavam sobre terra segura, que se expandia amplamente. Antes, porém, que se alcançasse a superfície terrestre, que "crescia" para cima (é esta a impressão exata, quando a ela se desce em rápida descida perpendicular), era preciso atravessar uma matéria, que era "como areia". Quer-se significar com isso o manto atmosférico que exercia enormes fÔrças de fricção na capa externa da nave espacial?

Te- Jho-a-te-Pange continua:

"... Na água havia plantas, animais e peixes e se multiplica­vam. O único que faltava era o homem. Aí Tangaloa criou o "Tiki", que se tornou nosso avô...'''

 

Nunca mais deveríamos esquecer êsse Mito da Criação I Talvez fôsse de bom alvitre divulgá-Io logo em nossas escolas.

Outro relato grandioso é-nos legado pelo "Popol-Vuh". este livro, que pertence "aos grandes escritos da aurora da humani­dade" (Cordan) e tem o caráter de um livro secreto, era a Escritura Sagrad~ dos quíchuas - índios da grande família maia ao redor do Lago Atitlán, no Estado centJ:o-americano da Guatemala.

Seu complexo mito da criação afirma que os homens só em parte são originais desta Terra, que "deuses" criaram o "primeiro ser dotado de raciocínio", aniquilando, porém, todos os exemplares malogrados de sua criação e, uma vez realizadas suas tarefas terres­tres, novamente se elevaram ao céu, para lá, onde fica o "coração do céu", isto é, para Dabavil, quer dizer "aquêle que enxerga no escuro" .

Teria sido por isso que nos índios quíchuas se tenha cunhado a idéia de deuses habitantes de esferas de pedra, que podiam emergir da pedra? Teria aqui suas raízes o culto do jÔgo da pelota dessa tribo de que fala o "Popol-Vuh"? O jôgo de bola, como rito mági­co-cósmico, como símbolo do vôo dos astros?

Na série das histórias da criação que apóiam minha tese, encon­tra-se outro mito - aquêle dos chibchas (quer dizer: homens) ­simplesmente uma jóia. A pátria histórica dêsse povo, que os espa­nhóis descobriram em 1538, é o planalto das cordilheiras do leste colombiano.

O cronista espanhol Pedro Simón registrou em suas "Noticias historiales de Ias conquistas de tierra firme em Ias lndias Occiden­tales", os mitos dos chibchas:

 

"Era noite. Nada havia ainda no mundo. A luz estava encer­rada dentro de uma grande "casa de alguma coisa" e dela emergiu. Essa "casa de alguma coisa" é "Chiminigagua", e conservou a luz dentro de si, para que ela surgisse. Ao raiar da luz, as coisas começaram a formar-se..."

Vejo muito bem como os tradutores, ao depararem com a ex­pressão "casa de alguma coisa", dificilmente poderiam ter chegado a um conceito claro. Que bom, porém, terem deixado intacto êsse conceito de difícil compreensão e não o haverem substituído por um sinônimo imaginoso. De outro modo, talvez, nem mais se po­deria interpretar o alcance desta tradição e entender seu signi­ficado pleno.

Assim, porém, podemos compreender esta "Casa-de-alguma­coisa" segundo nossos conhecimentos atuais. Como os chibchas nunca antes haviam visto uma cosmonave, evidentemente não lhe conheciam o nome, e a designavam como "Casa-de-alguma-coisa". Fizeram um circunlóquio com palavras que lhes eram corriquei­ras: Havia aterrissado ali algo assim como uma casa, e dela saíram os "deuses".

 

As tradições dos incas no Peru afirmam que, ainda antes de haver sido criado o mundo, existira um homem de nome "Uiracocha" (isto é, Viracocha, posteriormente o deus Quetzalcoatl), cujo nome completo era Uiracocha Tachayachachic, o que significa "Criador das Coisas do Mundo". Teria fixado residência em Tiahuanaco e ali criado uma geração de gigantes.

Será que o monólito em Tiahuanaco, a maravilhosa Porta do Sol, até agora não esclarecida em sentido e significado, tem talvez uma relação direta com a história tradicional da criação? Será demasiado arbitrária a interpretação da lenda do ôvo de ouro, que veio do Cosmo e cujos passageiros começaram com a criação dos homens, se a tomarmos como realidade, a saber, como relato autêntico sôbre uma nave espacial de estrêlas estranhas?

Esse ôvo dourado, ou brilhante, que veio do céu, é, por assim dizer, um leitmotiv nas tradicionais histórias de formação da huma­nidade.

Na Ilha da Páscoa, os deuses são venerados como "Senhores do Espaço Universal", Dentre êles está Makemake, o deus dos "habi­tantes do ar". Seu símbolo é o ôvo!

No Tibete há dois "livros" singulares: o Kandschur e o Tandschur. Na verdade, com respeito a essas obras, não se pode falar em "livro", pois o Kandschur sozinho contém 108 in-fólios que, em suas nove grandes divisões, contêm 1.083 volumes. Kandschur quer dizer "A palavra traduzida de Buda"; nêle se en­contram colecionados os textos sagrados do lamaísmo. O Kandschur tem um significado igual ao do Alcorão para o Islã. Tandschur quer dizer "A doutrina traduzida" e é um comentário do Kandschur, em 225 volumes. Essas impressões chinesas em blocos ocupam tanto espaço, que são conservadas nos porões de várias aldeias escondidas nos vales das montanhas tibetanas. Os pará­grafos de escrita estão entalhados em blocos de madeira de 1 m de largura, 10-20 em de espessura e 15 cm de altura. Como em uma página impressa em pergaminho dêsses in-fólios cabem, em geral, oito blocos, é compreensível que o "manuscrito original" teve de ser guardado nos porões de aldeias inteiras. Foi traduzida apenas uma centésima parte dêsses textos, cuja época de elaboração não ficou estabelecida, Nessas duas obras misteriosas, fala-se repetida­mente de "pérolas no céu" e de esferas transparentes, moradas dos deuses que, a grandes intervalos, se mostram aos homens. Existisse uma pesquisa orientada e coordenada do Kandschur e Tandschur, presumivelmente muita, muita coisa ficaríamos sabendo sôbre "deuses" e suas atividades, no antanho, sôbre a Terra.

Na índia, o Rigveda é tido como o livro mais antigo. A "Canção da Criação" nêle contida transporta-nos novamente ao estado de ausência da gravidade e do som, que reina no Cosmo infinito. Cito, do livro de Paul Frischauer "Está Escrito":

 

"Não havia, então, nem o não-ser, nem o ser. Não havia nem atmosfera, nem o céu por cima. O que passava para cá e para lá? Onde? Sob a guarda de quem? O que era o inescrutável?.. Nem morte, nem imortalidade havia então.

Não existia sinal de dia e noite.

Respirava segundo sua própria lei, sem sôpro de vento, êsse Um. Qualquer outra coisa, senão essa, não existia.

No comêço, a treva se ocultava na treva... O elemento vital, circundado pelo vazio... O Um nasceu pelo poder de seu ardente afã...

Pois havia um abaixo, havia um acima?...

Quem sabe ao certo, quem pode aqui anunciá-Io, de onde se formou, de onde veio esta criação?"

É preciso que se tome conhecimento, com tôda a consciência, de que o "elemento vital estava circundado pelo vazio". Como homens do século XX, dificilmente poderíamos reconhecer, nesse "Canto da Criação", outra coisa a não ser o relato de uma viagem cósmica.

Qual a razão convincente, porém, que existe, para explicar que, na nebulosa Antiguidade, os povos em tôda a volta do globo haviam contado histórias da criação contendo o mesmo núcleo, sem nunca terem sabido uns dos outros?

A literatura chinesa antiga lega-nos, no livro Tao-te-king, uma das mais belas definições sôbre a origem do Cosmo, da vida e da Terra:

 

"O sentido que se pode imaginar, não é o sentido eterno. O nome que se pode pronunciar, não é o nome eterno. Além do nomeável fica o início do mundo.

Aquém do nomeável fica o nascimento das criaturas."

 

Também segundo essa definição, o "comêço do mundo" fica para além das nossas esferas; para aquém, "aquém do nomeável", fica apenas o "nascimento das criaturas".

Aos mortos mumificados, os sacerdotes egípcios faziam acompa­nhar, no túmulo, de textos contendo indicações para o compor­tamento futuro no além. Esses livros dos mortos eram muito minu­ciosos: continham conselhos para tôdas as situações imagináveis. O alvo das diretivas era a reunião com o deus original Ptah (Ftá). Uma das orações mais antigas em um "Livro dos Mortos" egípcio, reza:

 

               "Ó ôvo universal, ouve-me!

               Sou Hórus, de milhões de anos!

               Sou Senhor e Mestre do Trono.

               Redimido do mal, atravesso os tempos

               e espaços que não têm limites."

 

Sinto-me sempre perfeitamente à vontade, quando posso "do­cumentar" interpretações de textos com representações figuradas, ou, melhor ainda, com concretos trabalhos de escultores em pedra. Círculos, esferas e bolas há a cada passo.

Nas cordilheiras do Tassili, no Saara argeliano, em muitas cente­nas de pontos dos paredôes rochosos revestidos de pinturas, vêem-se vultos em roupagens estranhas. Portam capacetes redondos e ante­nas sôbre a cabeça e parecem flutuar, sem gravidade, no espaço. Seja aqui mencionada, especialmente, também a esfera de Tassili, que o francês Henri Lhote descobriu debaixo de uma rocha semi­circular: Em um grupo de pares flutuantes - uma mulher arrasta atrás de si um homem - vê-se nitidamente uma esfera com quatro círculos concêntricos. À orla superior da esfera encontra-se uma escotilha aberta, da qual foi ejetada uma antena de televisão de aparência completamente moderna. Da metade direita, porém, mal reconhecíveis, estendem-se duas mãos de dedos estirados. Cinco figuras flutuantes que acompanham a esfera portam capacetes nas cabeças, boinas agarradas, brancas com pingos vermelhos, ou ver­melhas, de pingos brancos. São, notoriamente, capacetes coloridos. Capacetes de astronautas?

Se hoje se atribuísse a crianças a tarefa de, com um punhado de lápis de côr, desenharem o vôo à Lua, conforme seus próprios co­nhecimentos, é provável que o resultado se assemelhasse bastante às pinturas no Tassili. Pois, no estado de espírito de uma criança é que, presumivelmente, se encontravam os "selvagens" que pin­taram aquelas recordações da visita dos "deuses", nos paredões de rocha.

A esfera de Tassili não foi a única a "rolar" como documento comprovante sôbre a minha escrivaninha. Quem jamais chegue a alguma das regiões a seguir citadas, e esteja munido de máquina e filme, poderá fotografar esferas e círculos a granel - e meditar sôbre sua origem. A lista seguinte, aliás, inclui apenas uma seleção reduzida:

 

Kivik - Suécia, a cêrca de 80 km ao sul do Simrishamn. Em famoso túmulo de rocha, marcado com uma estrêla em qualquer guia de turismo, encontram­-se muitos círculos simples, assim como alguns verticalmente separados, como símbolos de deuses.

 

Tanum- Suécia, ao norte de Gõteborg. Várias esferas fa­bulosas e círculos rodeados de raios.

 

VaI Camonica- Itália, próximo a Brescia. Cêrca de 20.000 qua­dros pré-históricos, dentre os quais inúmeros círculos radiantes e "deuses" de capacete.

Fuencaliente - Espanha, 70 km a nordeste de Córdoba. Muitos círculos e esferas, com e sem moldura de raios.

 

Santa Bárbara- EUA, 80 km a noroeste de Los Angeles. Círculos parcialmente entrelaçados, com raios.

 

Inyo County - EUA, a leste da Califómia, no China Lake. Anéis, estrêlas, esferas, raios multicores, figuras de "deuses".

 

Símbolos circulares e esféricos encontram-se, ao que parece, em distribuição estratégica em inúmeras localidades do mundo.

Resumamos: Tôdas as esferas e todos os círculos - seja nos mitos da criação, seja em desenhos pré-históricos ou em relevos e quadros posteriores - representam "deus", ou a "divindade". Em geral, os raios são dirigidos para a Terra. Creio que essa observação univer­sal deveria estimular-nos à meditação...

Estou convencido de que as tradicionais esferas e os ovos rela­cionados com divindades não têm significado simbólico-religioso apenas. Deveríamos observar êsses sinais também sob outro prisma. Nossos padrões mentais, até agora em vigor, podem estar funda­mentalmente errados. Até aqui, carecíamos das premissas indispen­sáveis à compreensão integral do legado dos "deuses" nos teste­munhos e documentos dos nossos antepassados. Hoje, porém, que o homem já pôs os pés na Lua, não mais deveria contentar-se com explicações cunhadas durante séculos, em que a concepção do mundo ainda era solidamente estruturada e o homem se sentia como "coroa" da criação.

 

A fim de dar a esta consideração um final humorístico, seja-me lícito mencionar que, a escassos 30 km da minha residência, em Carschenna sôbre Thusis, do solo da comuna de Sils, no Cantão Graubünden, foram escavados achados pré-históricos, num trecho de 400 metros. E o que foi que surgiu à luz até agora? Paredões rochosos com inscrições e chapas com diversas esferas, círculos, espi­rais e círculos com raios... Por que cargas d'água, afinal, viajo atra­vés do mundo, se as provas para minha teoria se encontram quase à soleira da minha porta?

Esferas circundadas por muitos raios, ovos e esferas aladas existem, não apenas em paredões de cavernas e rochedos, sôbre antigos relevos de pedra ou sinêtes cilíndricos. Plàsticamente, em pedra sólida, jazem nas localidades mais diversas do mundo - em geral irregularmente dispersas e em regiões inóspitas. Nos Estados Unidos, por exemplo, encontraram-se esferas em Tennessee, Arizo­na, Califórnia e Ohio.

 

O Professor Marcel Homet, arqueólogo que hoje vive em Stuttgart, e que é o autor do famoso livro "Filhos do Sol", descobriu no ano de 1940, no Alto Rio Branco, ao norte do Amazonas, Brasil, um gigantesco ôvo; de pedra, de 100 metros de comprimento e 30 metros de altura. Sôbre êsse maciço enorme, Homet encontrou, numa superficie de cêrca de 600 metros quadrados, numerosos ca­racteres escritos, cruzes e símbolos do Sol. O arqueólogo assegu­rou-me, em conversa, que não havia dúvida quanto a ser êsse exem­plar magnífico, não um capricho da natureza, mas, pelo contrário, o trabalho de escultura de decênios, feito por inúmeras mãos.

Entretanto, a sensação esférica arqueológica, propriamente dita, aguarda sua decifração no pequeno Estado centro-americano da Costa Rica. Lá, em meio ao jângal e sôbre altas montanhas, em deltas de rios e sôbre colinas, centenas, se não milhares de bolas "artificiais" de pedra se encontram espalhadas. Seus diâmetros va­riam entre poucos centímetros e dois metros e meio. A esfera mais pesada escavada até o presente, pesa 16 toneladas!

Eu havia ouvido falar dêsse caso sensacional e por isso viajei por dez dias à Costa Rica, país em franco desenvolvimento e que, até agora, ficou a salvo da grande torrente turística. A lição visual que eu queria tomar, também, foi tudo menos uma viagem de re­creio. Tôdas as canseiras, porém, foram fartamente compensadas por aquilo que me foi dado ver.

As primeiras bolas, eu as vi espalhadas em diversos pontos da planície, sem algum motivo plausível. Em seguida, encontrei vários grupos de esferas no cume de colinas. Alguns exemplares estavam no centro do eixo longitudinal da colina. Arrastei-me através do lôdo do leito de um rio e encontrei grupos inteiros de esferas, em articulações singulares, incompreensíveis, ostentando, porém, uma coordenação consciente.

Na planície escaldante de Diquis, encontram-se desde tempos imemoriais 45 esferas sob o sol incandescente. Deverão dizer algo, que nós fomos e ainda somos incapazes de entender?

Para satisfazer a curiosidade de ver e fotografar as esferas pró­ximas a Piedras Blancas, a sudeste do Coto River - igualmente na Costa Rica, gastamos para um trecho de 100 quilômetros apenas, e com uma perua rural, um dia inteiro. Foi preciso remover obstáculos do caminho a cada passo e erguer o carro a oito mãos, para vencer muitos trechos dificílimos. Depois, o carro não pôde conti­nuar. Bubu, um índio mestiço que nos guiava, corria uma hora ànossa frente e espantava insetos do caminho. Sem seus cuidados teríamos caído duas vêzes em teias de aranha, cujas dimensões eram simplesmente inconcebíveis. Os bichos são repugnantes, e sua pica­da encerra perigo de morte.

Finalmente nos defrontamos com duas enormes esferas, cada uma delas maior do que nós, em meio à mata-virgem. Justamente por­que as esferas na proximidade de Piedras Blancas se localizam no profundo jângal, havia eu desejado vê-Ias com os meus próprios olhos. Afirma-se que essas esferas teriam a idade de algumas cen­tenas de an.os apenas. Quem, como eu, alguma vez estêve aqui àsua frente, não pode acreditá-lo. O próprio jângal é antiqüíssimo, e as esferas, segundo minha convicção, devem ter jazido ali, antes de medrar a vegetação opulenta.

É verdade que nós, hoje em dia, mediante o investimento de consideráveis recursos técnicos, podemos "replantar" Abu Simbel; parece-me, no entanto, duvidoso, que mesmo nós pudéssemos "de­positar" tais esferas naquela mata-virgem, como é o caso a que me refiro.

 

Vi ainda outras esferas na Costa Rica: No Gôlfo Dulce jazem 15 bolas gigantescas, alinhadas em linha reta. Ao norte da Sierra Brunquera, próximo à cidadezinha de Uvita, encon­trei 12 esferas. No leito lodoso do Rio Esquina foram escava­das quatro esferas. Na Ilha Camaronal jazem duas bolas, e muitas outras se encontram nos cimos da Cordillera Brun­quera, na região do Rio Diquis.

A maior parte dessas esferas misteriosas é de granito ou lava. O número exato das bolas de pedra outrora existentes, dificilmente poderá ser ainda determinado. Muitos exemplares magníficos ornamentam hoje jardins e parques ou edifícios públicos. Como, além disso, em uma lenda antiga se relata que no interior dessas esferas se encontraria ouro, muitas delas foram destruídas a golpes de martelo e formão. Digno de nota é que, em nenhum dos locais dos achados se encontre qualquer pedreira, nem próxima, nem afastada. Como em outras partes, também aqui falta qualquer pista que possa conduzir-nos à identificação dos "fabricantes".

Quando do desbravamento, para o cultivo, dos pântanos e das matas ao pé da Cordillera Brunquera, na região do Rio Diquis, pela United Fruit Company, nos anos 1940 e 1941, a arqueóloga Doris Z. Stone descobriu muitas esferas artificiais. Sôbre elas, escre­veu minucioso relatório, que conclui com esta confissão resignada: "As esferas de Costa Rica têm de ser contadas entre os indecifrados enigmas megalíticos do mundo".

De fato, não sabemos quem modelou as esferas líticas – não sabemos mediante quais instrumentos foi executado o trabalho ­não sabemos quando isso ocorreu. Tudo aquilo que os arqueólogos hoje mencionam para explicar a existência das Bolas dos índios, ou Bolas do Céu, como os indígenas chamam aquelas esferas, é puramente especulativo. Uma lenda local afirma que cada bola re­presentaria o Sol - interpretasão essa que talvez seja admissível. Os pesquisadores de Arqueologia, porém, rejeitam essa versão, por­que justamente nessas latitudes, o Sol, em todos os tempos, foi sempre representado por uma roda ou um disco dourado, nunca, porém, como esfera - nem pelos incas, nem pelos maias ou pelos astecas.

Uma coisa parece certa: sem auxílio mecânico, as esferas de pedra não poderiam ter sido formadas. São de uma admirável per­feição, perfeitamente esféricas, e com as superfícies esmerilhadas.

Os arqueólogos que examinaram as esferas de Costa Rica, cons­tataram que nenhuma delas apresenta o menor desvio de diâmetro. Essa exatidão faz supor que seus modeladores possuíam bons conhe­cimentos de geometria e eficientes instrumentos técnicos.

Se os escultores tivessem, a princípio, enterrado no solo a ma­téria-prima, e elaborado pouco a pouco as partes salientes, teriam forçosamente resultado desníveis e inexatidões, porque as distâncias em relação às partes ainda sob o solo não teriam sido mensuráveis: esse processo primitivo pode, pois, ser integralmente eliminado das cogitações. A matéria-prima também deve ter sido transportada de algum ponto e com grande esfôrço, uma vez que pedreiras pró­ximas não existem, como já ficou dito. Além disso, os blocos de pedra deveriam ter sido extraídos da rocha a golpe ou a corte. O resultado das minhas ponderações é que muitas fôrças estiveram em jôgo por muito tempo e que os artífices dispunham de instru­mentos capazes de possibilitar uma execução impecável.

Ainda assim, resta muito por explicar, porque as esferas prontas teriam de ser roladas até um lugar x, por exemplo o cume de uma montanha. Que idéia absurda e que investimento colossal de mão­de-obral Circula, aliás, certa explicação, própria, porém, somente para guias turísticos muito superficiais: As esferas enormes teriam sido transportadas por via fluvial! Se não se tratasse de proble­ma tão sério para mim, tanta ingenuidade seria motivo de riso. Nos leitos lamacentos dos rios, onde há também trechos coalhados de pedregulhos - as pesadas esferas simplesmente teriam encalha­do, ter-se-iam atolado!

Aos defensores dessa teoria do leito fluvial, antepõe-se, de modo bastante aborrecido, um fato que, n.o decorrer de todos os períodos cronológicos, dificilmente poderia ter-se alterado: Entre as mon­tanhas de granito, de onde deveria ter sido extraído o material para uma grande parte das esferas e os locais onde se encontram, no Delta do Diquis, estende-se amplo e hostil não só o jângal saturado de vapôres quentes - mas também largo trecho cortado por três cursos de água que constituiriam obstáculo bem considerável ao transporte de um material de tal vulto, sem flutuadores, guindastes ou transportes especiais. E, como se essas barreiras não bastassem: vistas desde os rochedos de granito, as esferas, em sua maioria, se localizam à margem oposta do Rio Diquisl Os transportadores, portanto, teriam ainda tido necessidade de erguer o material, como que "por magia", por cima dêsse obstáculo. Observei que os arqueó­logos, tôdas as vêzes que se vêem na impossibilidade de explicar transportes gigantescos, procuram refugiar-se na assim chamada "teoria rolante". Aqui, porém, ela está fadada a fracassar triste­mente, à vista da localização das colossais esferas no cimo das mon­tanhasl Um perito disse-me que, para a elaboração de uma bola de pedra de 16 toneladas de pêso, a correspondente matéria-prima deveria pesar, no mínimo, 24 toneladas. Considerando o sem-núme­ro de esferas, é possível adivinhar aproximadamente quais as quan­tidades de matéria-prima que ali foram movimentadas.

Já tinha eu visto o mundo milagroso das esferas de pedra e me convencido de sua intranqüilizadora existência. Ora, quis tentar encontrar também a decifração dêsse enigma. Ao interrogar, porém, os costarriquenhos a respeito da origem e significado das esferas de pedra, enfrenta-se silêncio e desconfiança. Embora catequizados pelas missões e "esclarecidos" pelos constantes contactos só~io­econômicos com o Ocidente, os indígenas conservaram-se supersti­ciosos no fundo de suas almas. Dois arqueólogos a quem interro­guei no Museu Nacional de San José, declararam que, quanto a essas criações esféricas, tratava-se de um culto astral, talvez também de representações de calendários, ou ainda, eventualmente, de sím­bolos religiosos ou mágicos. Continuei verrumando com insistência os habitantes da região, - justamente porque essas interpretações não me satisfaziam - mas, finalmente, tive de constatar que, para êles, o mistério das esferas ainda constitui um tabu, inescrutável para mim.

Como os arqueólogos competentes não puderam, ou não quise­ram, ajudar-me mais um pouco, continuei a interrogar outros índios. Habituado a lidar com indígenas de muitos países, logo tive a sensação de que temiam algo, assim que se tocava no assunto das esferas. De qualquer maneira, é de se admirar bastante que essa pobre gente, normalmente ávida de ganhar uns centavos que sejam, nem por bom dinheiro se mostrou inclinada a conduzir-me ao alto de um rochedo de uns escassos 600 metros de altura, onde havia três esferas. Bubu foi uma exceção!

Um alemão, que há mais de quarenta anos é proprietário da "Pensão Anna", em San José, é tido como o homem que possui a maior documentação sôbre as esferas. ~le desencavou muitas ima­gens impressionantes, comportando-se, porém, como se fôsse obri­gado a guardar o segrêdo de um tesouro de ouro enterrado. Mos­

trou-me esboços de arranjos, agrupamentos de esferas, negando-se, porém, a indicar sua localização exata. Nem permitiu que eu co­piasse seus desenhos. "Não, isso não dá!" era sua resposta este­reotipada.

 

Se não o soubesse de antemão, em minha estada em Costa Rica eu teria adquirido a certeza de que um mistério envolve as esferas de pedra. Não pude decifrá-Io, mas consolidei ainda mais minha convicção de que as esferas pré-históricas - e tôdas as suas repre­sentações em relêvo e sôbre paredes de cavernas - têm alguma relação causal com a visita de inteligências estranhas, de inteligên­cias que desceram ao nosso planêta, no interior de uma esfera. Já sabiam, e o haviam comprovado, que a esfera é a forma mais ade­quada a vôos cósmicos interestelares.

A longa viagem de volta às estrêlas, algum dia - e um dia não tão remoto assim, também a partir do nosso planêta, provàvel­mente, se realizará numa nave espacial de forma esférica - porque a esfera é a mais natural de tôdas as formas geométricas para o vôo no Cosmo.

 

                     Ontem, utopia - Amanhã, realidade

 

Vênus - Territórios de Colonização para a Humanidade? Métodos Frankenstein ou as Possibilidades de um Código Genético Previsão para 1985 - Previsão para 2000 Quando o Saber não se perde mais - Depósitos Nucleares Biotrônicos

 

PARA O MEU LIVRO "Eram os Deuses Astronautas?" eu havia escrito um capítulo, no qual predizia uma deportação em massa da população de nosso planêta para outro corpo celeste. Com tal proposta de aparência utópica, eu pensei ter encontrado uma solu­ção para o problema da tremenda explosão demográfica, de que parece não haver escapatória. Aquela descrição imaginária do futuro, acabei retirando-a do manuscrito quando o livro estava pronto para ser impresso. Não queria confrontar meus leitores com idéias "impossíveis" dessa natureza e, muito menos, assustá-Ios. Mas o progresso ultrapassou minhas especulações - eu devia tê-las apresentado, sem receio.

Há, entrem entes, experiências russas e americanas, visando a concretizar esta idéia, ainda hoje aparentemente abstrusa. As pes­quisas do Professor Carl Sagan, da Universidade de Harvard, e do Professor Dmitri Martynow, do Instituto Sternberg, de Moscou, movem-se, em princípio, na mesma linha: querem conquistar para a humanidade o planêta Vênus, cuja distância da Terra varia entre 42 milhões (conjunção inferior) e 257 milhões de quilômetros (con­junção superior).

Para as pesquisas de laboratório estão disponíveis as comunica­ções dos "postos de espia" das sondas "Vênus" russas, assim como dos "Mariners" americanos. Os níveis de temperatura da superfície do planêta Vênus, indicados pela Agência Tass a 6 de junho de 1969, de 400° a 530° centígrados, conferem, aproximadamente, com as transmissões do Mariner 5 americano, do ano de 1967, que repor­taram mais ou menos 4800 centígrados, e 50 até 70 atmosferas de pressão. Os dados obtidos pelos russos foram fornecidos por sondas que haviam descido suavemente: segundo os ditos informes, a camada de ar em tôrno de Vênus apresenta um índice de gás car­bônico de 93% a 97%; de 2% a 5% de nitrogênio; oxigênio parece estar pre~ente apenas na proporção de 0,4%. A pressão de uma atmosfera, aproximadamente, os instrumentos registraram uma proporção de água de apenas 4 a 11 miligramas por litro.

Estes dados representam valioso material de trabalho. Com base nêles, Martynow e Sagan elaboraram planos para uma conquista biológica da estrêla-d'alva e vespertina. CarI Sagan já publicou suas idéias na revista científica "Science", que desfruta da invejável fama de não publicar artigos que não tenham sido examinados pre­viamente, repetidas vêzes, e que não tenham resistido a tôdas as provas científicas.

Sagan acha que, num futuro próximo - êle se refere a alguns de­cênios - espaçonaves, com grande capacidade de carga, descarre­garão muitas toneladas de algas azuis na atmosfera de Vênus, isto é, deixá-las-ão cair rumo à superfície de Vênus. Essas algas perma­necem vivas mesmo a grandes temperaturas, mas reduzem, graças a seu metabolismo, a elevada percentagem de gás carbônico. Em virtude dêste constante metabolismo, a temperatura da superfície cairia gradativamente, baixando, finalmente, a menos de 100° cen­tígrados. As algas azuis causariam, portanto, a mesma transforma­ção química que, em tempos remotos, se processou no "caldo pri­mitivo" de nossa Terra: com a ajuda de luz e de água, partículas de gás carbônico poderiam ser transformadas em oxigênio. Se, porém, as algas azuis tiverem baixado a temperatura para menos de 100°, uma chuva diluviana se precipitará sôbre Vênus. Luz, oxi­gênio e água ofereceriam, então, as condições preliminares para os inícios de vida primitiva!

Uma vez que os cientistas pensam, desde agora, na eventual mi­gração do homem para outro planêta, já planejaram, também, medidas de precaução para nós, que somos sensíveis sêres um tanto artificiais: na segunda fase de sua colonjzação de Vênus, está previsto espalharem, por meio de pulverização, produtos químicos, a fim de destruir micro-sêres que, talvez, poderiam tornar-se peri­gosos para a "coroa da criação".

Só gerações bem distantes irão presenciar a execução dêste pro­jeto gigante, pois, embora planos desta natureza possam ser apres­sados, é preciso pensar em longos prazos, indispensáveis à formação de novos mundos. No presente momento, os pesquisadores admi­tem que decorrerão 1.000 anos antes que a primeira espaçonave de evacuação possa partir para Vênus.

Estamos nos acostumando a ser surpreendidos por grandes feitos técnicos. No dia 20 de julho de 1969 centenas de milhões de pessoas viram como, às 3 horas, 56 minutos e 20 segundos, hora média européia (GMT), os dois astronautas Neil Alden Armstrong e Edwin E. Aldrin foram os primeiros homens a pisar o solo da Lua. Este acontecimento, até então o mais grandioso em matéria de navegação espacial, causou admiração e assombro em tôrno do globo todo, na humanidade inteira. Mas, enquanto o homem acompanha o espetacular vôo até a Lua, a ciência já se dedica a novas pesquisas, por meio de sondas enviadas a Marte e a Vênus, aventando inclusive a possibilidade de abrir um caminho para a colonização do planêta irmão da Terra. Como a conquista da Lua começou com satélites não tripulados, assim também o planêta Vênus está sendo testado por sondas. No dia 18 de maio de 1969, veio de Moscou a notícia de que a sonda Vênus havia terminado, após 130 dias de vôo, a viagem de 250.000.000 km, com uma carga útil de 1.130 kg. Quando a sonda ainda se encontrava a 50.000 km de Vênus, a estação da Terra transmitiu o último comando: a sonda devia lançar um pára-quedas contendo uma cápsula com instru­mentos. A agência Tass informou que a descida do pára-quedas havia durado 53 minutos.

A distância de Vênus à Terra varia de acôrdo com a posição dos dois astros em suas respectivas órbitas: pode ir de 42 a 257 milhões de quilômetros. As sondas russas não alcançaram o planêta Vênus pelo caminho mais curto. Isto parece um paradoxo. Mas o plano russo para as trajetórias de vôo das sondas Vênus prevalece ainda hoje para todos os vôos espaciais: o percurso de vôo depende de qual é a quantidade mínima de combustível para o transporte da espaçonave. Para a viagem numa trajetória direta a Vênus, teria sido necessário imprimir uma velocidade inicial de 31,8 km/seg. Não só na decolagem, mas também na freagem posterior, seria ne­cessário consumir grandes quantidades de combustível. Os técnicos em balística preferem, por isso, calcular trajetórias que se adaptem o mais possível ao movimento da Terra. A trajetória mais favo­rável, sob tais condições, é, realmente, dez vêzes maior do que a rota direta, mas permite uma velocidade inicial de 11,48 km/seg. e um consumo de combustível consideràvelmente inferior.

Pensando bem, o que ainda é verdadeira utopia? Pesquisas de base tornam-se ciência aplicada num espaço de tempo tão diminuto que autores de "science-fiction" terão muita dificuldade para encon­trar, de agora em diante, coisas que realmente sejam de espantar.

Em maio de 1969, o Professor Hannes Laven, diretor do Insti­tuto de Genética da Universidade de Mogúncia, publicou um relatório segundo o qual, sem a aplicação de inseticidas - portanto, sem o uso daqueles produtos químicos com que, até agora, se eliminam insetos nocivos e suas larvas - podem-se eliminar milha­res de insetos, nocivos ao homem, aos animais e às plantas, por serem transmissores de doenças. O valor prático de suas pesquisas já havia sido demonstrado por Laven em 1967, numa aldeia infestada por mosquitos, chamada Okpo, na Birmânia: dentro de poucos meses Okpo estava livre dessa praga.

Durante anos, Laven havia realizado experiências nos labora­tórios de Mogúncia. Verificou, então, existir, entre os mosquitos de várias procedências, uma natural inadaptabilidade de uns para com os outros. Os mosquitos do Norte da Alemanha mostravam"se in­clinados a acasalar-se com espécimes próprios da Suábia, mas seus descendentes, gerados apesar de tôdas as diferenças e peculiaridades existentes, não tinham condições de vida. Se os mosquitos de di­versas zonas da Alemanha não se conjugam para uma procriação capaz de sobreviver, mosquitos oriundos de continentes diferentes seriam, em proporção muito mais acentuada, reprodutores de descendentes incapazes para a sobrevivência - foi a conclusão a que se chegou em Mogúncia. Assim, passou-se a criar uma raça de mestiços, com mosquitos da Califórnia e da França. Os machos desta raça miscigenada, criados em Mogúncia, ao serem postos em liberdade, na aldeia de Okpo, mostraram-se bastante amorosos, fa­zendo eficiente concorrência aos mosquitos machos da Birmânia. Mas dos ovos postos pelas fêmeas fecundadas por êles não saíam novos mosquitinhos. O número dos cromossomos das diferentes raças de mosquitos não combinavam - verificou-se uma aniqui­lação genética. A vantagem desta aniquilação genética é fácil de compreender: elimina-se o perigo potencial que está ligado ao em­prêgo de inseticidas, em relação às plantas e aos alimentos.

Baseado nos mais recentes conhecimentos sôbre Genética, o Pro­fessor Laven continua com suas pesquisas: êle submete os machos de mosquitos aos raio X, com aproximadamente 4.000 r. Esta dose ainda não causa danos orgânicos aos animais, mas no líquido do sêmen a corrente de cromossomos entre os genes é interrompida. A disposição dos cromossomos fica perturbada e os genes sofrem trocas. Desenvolve-se uma seqüência não programada que, embora ainda possibilite a procriação, resulta numa prole reduzida e inefi­ciente. De algumas gerações de mosquitos assim tratadas, que têm passado para diante o desejado "handicap", Laven disse: "Contra a semiesterilidade não há remédio, pois é hereditária".

Laven está convencido de que a sua experiência-modêlo em tempo relativamente curto poderá ser empregada contra outros insetos danosos, acreditando mesmo ser êste o caminho para atacar a praga dos ratos, no mundo inteiro.

As enormes possibilidades de manipulação com o código gené­tico não são uma utopia. Nós estamos lidando com fatos científicos. Entre o ontem e o amanhã, é verdade, encontra-se o "abismo" que precisa ser vencido. Mas o que nós descobriremos talvez já tenha existido, com alto grau de probabilidade, em tempos passados.

Os novos conhecimentos e as novas experiências criarão, um dia, o organismo humano necessário para os vôos interestelares, um organismo que não adoeça e seja capaz de resistir a tôda sorte de exigências.

         Há mais de 20 anos a ciência médica se ocupa com transplantes, mas, apenas após o primeiro transplante de coração começou o in­frutífero e prejudicial sensacionalismo a respeito destas importantes operações científicas. Quando, na década dos 40, se transplanta­ram pedaços de pele, ou dentes; quando, em 1948, substituíram-se ossos; quando, em 1950, se transplantou um rim, ninguém deu a menor importância. Em 1954, realizou-se, com êxito, o primeiro transplante de um membro, em um cão. Em 1955, enxertou-se um pulmão estranho num paciente. Em 1967, um pâncreas passou a funcionar em um corpo estranho. Em 1969, os médicos arriscaram o transplante de um fígado. Transplantes de outros órgãos também apresentaram resultados positivos.

Só quando se começou a lidar com o coração, que, instintiva­mente, consideramos ser algo mais do que uma simples bomba, o transplante desencadeou, em todos os jornais do mundo, vivas discussões e violenta oposição. É estranho que os homens, tão amantes da vida e tão temerosos da morte, não tenham aclamado unânimemente êste progresso da ciência médica. No entanto, é uma perspectiva animadora poder prolongar a vida de um homem, por meio da substituição de um órgão defeituosol Muitas equipes médicas dominam a técnica destas intervenções cirúrgicas. Tão logo o grau de rejeição possa ser reduzido, sem com isso pôr em perigo a defesa do corpo contra infecções, os transplantes, provà­velmente, serão praticados com a mesma naturalidade das opera­ções de apendicite. Precisamente nessa época, todavia, surgirão di­ficuldades na obtenção de órgãos para a substituição. Para que tais operações, que decidem sôbre vida ou morte, não dependam de tabus familiares ou religiosos, será necessário organizar "bancos de órgãos humanos", para receptores desconhecidos. "Bancos de sangue" já existem hoje em todos os hospitais do globo. Por que será que ninguém se insurgiu contra a instalação dêles? Pois o sangue, tão fundamental para a vida, é muito mais misterioso do que a bomba-coração. Naturalmente, o sangue é doado, livremente, pelos homens. Mas por que não poderá ser assim também, um dia, em relação aos órgãos, por parte de homens cientes de sua morte, ou por parte de seus parentes?

Eu acredito também que o transplante de órgãos representa apenas uma fase transitória. Se, um dia, conseguirmos programar a cadeia em hélice dupla de ADN, no núcleo, com informações para a estrutura ou reestrutura de órgãos, então estarão logo esque­cidos os métodos "Frankenstein". O cientista russo L. P. Poles­chaiew já conseguiu uma regeneração satisfatória da parte superior de um crânio e a reconstituição planejada de membros amputados. Algum dia haverá, também, uma cirurgia de genes. Utopia? Não creio, ainda mais sabendo que o Dr. Teh Ping Lin, em San Francisco, já em 1966 conseguiu aplicar uma injeção no óvulo de um camundongo. O óvulo de um camundongo só representa, em tamanho, a décima parte de um glóbulo vermelho de sangue e não é visível a ôlho nu!

 

O Professor E. H. Graul, diretor do Instituto de Radiobiologia e Aplicação Medicinal de Isótopos, da Universidade Philipps de Marburg, e o cientista em cibernética, Dr. Herbert W. Franke, deram, no "Deutschen Arzteblatt'? uma previsão da medicina e dos campos vizinhos, para os anos de 1985 e 2000:

 

                   Previsão para o ano 1985

 

         - Domínio no setor de transplantes de órgãos humanos e de ani­mais; eliminação de reações de rejeição.

- Uso rotineiro de órgãos artificiais em sistemas biológicos (pró­teses de material sintético e/ou partes eletrônicas, dentro do espí­rito de Kyborg).     .

         - Grandes progressos nos setores gerontológicos e geriátricos. A expectativa média da vida estará em tôrno dos 85 anos.

- O processo do envelhecimento será influenciado em sentido positivo, tornando-se mais lento o decrescimento físico e psíquico, decorrente da idade.

         - Primeiros resultados positivos quanto à formação primitiva.

- A eletrônica biomedicinal influenciará a medicina prática de maneira sensível (por exemplo, próteses eletrônicas, radar para os cegos, membros com servomecanismos, e outros meios mais).

 

                   Previsão para o ano 2000

 

- Congelamento de sêres humanos, por horas ou dias.

- Determinação do sexo de crianças antes do nascimento.

- Possibilidade de transplante para todos os órgãos.

- Correção de defeitos congênitos.

- Constantes manipulações genéticas em animais e plantas.

- Criação de formas primitivas de vida.

- Aplicação de raios "laser" no âmbito dos raios X e gama. - Imunização geral bioquímica contra doenças.

- Aplicação cada vez maior da técnica K yborg (órgãos arti­ficiais).

- Manipulação de sêres através de estimulação do cérebro.

- Drogas para o contrôle da disposição psíquica do homem;

meios químicos para melhorar a memória e a capacidade de aprender.

 

Eu pressuponho:

Inteligências estranhas ao nosso planêta eram senhoras dêste saber, em tempos remotíssimos.

Eu pressuponho: Os "deuses" nos legaram êstes conhecimentos, por ocasião de sua visita à Terra.

Eu pressuponho: Descobertas, ainda à nossa frente no largo campo da ciência, estão armazenadas, há tempos ime­moriais, na memória da humanidade, aguardan­do apenas que a chamada seja feita.

Um passo neste caminho representam as experiências de David E. Bresler, da Universidade de Los Angeles, e de Morton Edward Bitterman, do Bryn Mawr College na Pennsylvania. Inocularam tecido cerebral adicional em peixes. Os peixes enriquecidos com substância cerebral não demoraram em mostrar-se bem mais inte­ligentes que seus semelhantes não tratados. No hospital de Cleve­land está sendo realizada uma série de experiências, no correr das quais colocam-se cérebros de macacos em cães.

         Por que os sacerdotes ma ias arrancavam de seus prisioneiros os corações palpitantes?

         Por que os canibais estavam convencidos de que, comendo os seus inimigos, adquiririam sua fôrça e sua inteligência?

Por que afirma um mito, vindo de épocas remotas, que o corpo pertence ao homem apenas até a chamada, devendo ser restituído, a qualquer momento, a seu "senhor"?

Por que os sacerdotes maias arrancavam o coração do peito de prisioneiros vivos? Era sadismo, ritual religioso ou lembrança de uma técnica operatória, mal entendida, dos "deuses"?

 

Poderíamos admitir que havia nos sacrifícios humanos, pratica­dos através dos milênios, algo mais que uma prática de ocultismo? Teriam sido fragmentos de recordações de transplantes, operações, ou regeneração celular, transmitidas com grandes deturpações através dos séculos?

 

Examinemos outra possibilidade: o computador "pensante" tam­bém será útil ao homem em sua pacífica conquista do Universo I Por mais espantosos que se nos apresentem seus feitos, no que diz respeito a cálculos, a fonte de informações oferecida por êstes enge­nhos maravilhosos ainda se encontra em sua fase bem inicial.

Há cêrca de 200 anos, o genial matemático Leonhard Euler cal­culou o número constante pi, em relação à área de um círculo, até600 decimais após a vírgula. Levou diversos anos para êste feito extraordinário. Um dos primeiros computadores deu, em alguns segundos, mais de 2.000 decimais do número constante Pi. Um computador moderno forneceu, a título de ligeira colaboração, 100.000 decimais após a vírgula, do número constante pi, em um bilionésimo de segundo!

O "cérebro" do computador, seu depósito central, opera hoje com aproximadamente um milhão de unidades de informação. Na linguagem dos computadores, chamam-se "bits". O cérebro humano trabalha de forma idêntica: unidades moleculares de memória e elementos nervosos de distribuição armazenam e utilizam as infor­mações. Já o recém-nascido, no berço, armazena informações ­embora inconscientemente. Durante tôda a nossa vida armazenamos informações, a fim de usá-Ias quando necessárias. Infelizmente, porém, é com freqüência que verificamos: não é lá muito eficiente a forma pela qual nosso cérebro "opera" com o saber "acumulado".

A verdade é que o depósito central de um computador funciona com precisão bem diferente - Contudo, nosso cérebro trabalha com quinze bilhões de pontos de distribuição - e um grande e moderno calculador com apenas dez milhões de pontos de distribuição. Entre êstes pontos, é possível a formação de outros elementos, através de ligações laterais. Por que, então, trabalha um computa­dor tão mais seguramente do que nosso cérebro? Nove décimos de nosso cérebro permanecem sem uso, em regra - o computador, porém, tem todos os seus "bits" sempre prontos a operar.

Já hoje a superioridade dos computadores é de nos causar acanhamento. Se nosso cérebro deve trabalhar a tôda fôrça, é pre­ciso que nos concentremos sôbre uma tarefa. O computador, todavia, consegue executar milhões de tarefas diferentes, simultâneamente.

O mais rápido calculador da Europa, no momento, opera no Instituto de Física Plasmática, em Garching, perto de Munique. Executa 16,6 milhões de operaçõe4s matemáticas por segundo. No bojo eletrônico do computador estão interligados, de forma a mais reduzida possível, 750.000 transistores, por meio de esquemas de distribuição produzidos fotolitogràficamente. E as ondas eletro­magnéticas, que estabelecem a comunicação, possuem a velocidade da luz. Os técnicos dos computadores operam com velocidade de distribuição de 1,5 bilionésimos de segundo, de forma rotineira. Durante êsse período, o raio da luz percorre 45 em.

Sabendo-se, de outro lado, que o mais recente computador, da Control Data Corporation, realiza 36 'milhões de operações mate­máticas em um segundo, vê-se que" o mais rápido calculador da Europa já é meio vagaroso. Em comparação, um dos modelos da General Electric, o computador GE-235, pode ser considerado um computador doméstico: resolve apenas 165.000 problemas por segundo, 'mas, em contrapartida, não é preciso comprá-lol Ao preço de 4 centavos por participante e por segundo, é possível contratar os seus serviços.

Numa superfície de apenas um milímetro quadrado, o depósito nuclear Ferrit de um computador moderno recebe 200.000 núme­ros. Depósitos, em filas magnéticas, prazerosa e reiteradamente absorvem dez milhões de dados. Além do mais, os computadores são decididamente alunos modelares: controlam-se a si mesmos e não repetem êrro algum pela segunda vez.         ­

 

A parte central desta figura rupestre, de Toro Muerto (Peru), lembra a radiogra­fia de um tórax. Significado desco­nhecido.

 

Hoje, os computadores ainda precisam de intérpretes, que tradu­zem nossa língua, números e conceitos para a linguagem dos compu­tadores. Já para 1980 espera-se a conversação direta com aquelas máquinas terríveis. Nos Estados Unidos, mas sobretudo também na Inglaterra, bastante adiantada na técnica dos computadores, há diligências no sentido de decompor a língua humana em grupos de símbolos que o computador entenda. As pesquisas de todos os produtores de computadores convergem para esta direção. Para a IBM, contudo, que é o maior produtor de computadores, a língua é um meio de comunicação muito lento entre o homem e o cal­culador. Estão procurando, lá, outro meio de transmissão de in­formações.

Eu havia dito que a técnica dos computadores está apenas no início de suas grandes possibilidades. A pesquisa do futuro visa a um objetivo fantástico: o depósito nuclear biotrônico. Os ácidos nucléicos parecem estar dotados de fôrças magnéticas. Se estas supo­sições provarem estar certas, então os referidos ácidos serão os me­nores portadores de informações. No caso de ser possível realizar estas pesquisas, o volume ainda hoje considerável da aparelhagem calculadora será reduzido ao tamanho de cérebros humanos. Células biotrônicas de informação passariam a ter, apenas, o "ta­manho'" de moléculas 'em cadeia. Eu suponho que êste caminho de pesquisa conduzirá a um resultado - mas receio que calcula­dores biotrônicos estarão sujeitos a infecções por vírus e bactérias.

As viagens interestelares se relacionam com distâncias de muitos milhões de quilômetros. Face às velocidades a serem desenvôlvidas, o computador será algo mais do que um simples elemento auxiliar para cálculos. Embora os fabricantes de computadores ainda pos­sam hoje repelir a idéia, essas máquinas poderão chegar a pensar autônomamente, no futuro, bem como a agir de forma autônoma - e êste dia virá. Então, os computadores dirigirão as espaçonaves, entre os planêtas, sozinhos.

Longe de mim a suposição de que nossos antepassados tivessem sabido algo a respeito de computadores ou de circuitos integrados, ou de aparelhos eletrônicos de medição. Como, porém, estou con­vencido de que a Terra foi visitada por inteligências extraterres­tres, suas espaçonaves devem ter sido operadas com instrumentos adequados. E como nós, homens, fomos programados por "deuses", não demoraremos a dispor das mesmas maravilhas técnicas.

 

                   Conversações em Moscou

 

Japonêses em roupa de astronautas Uma visita com o Prof. ShkioV5ky no Instituto Stemberg Baian Kara Uia, uma catástrofe de 12.000 anos atrás?

 

DOMINGO, 18 DE MAIO DE 1968. Alexandre Kassanzev, escritor soviético de renome, recolocou na vitrina, defronte à janela de sua residência em Moscou, as três estatuetas que tanto me impres­sionaram. Trata-se de antigas esculturas japonêsas, fundidas em bronze, que parecem vestir roupa de astronautas. A maior das esta. tuetas mede quase 60 em de altura, com um diâmetro de uns 12 em; partindo dos ombros, faixas apertadas cruzam-se sôbre o peito, tornand~ a encontrar-se entre as coxas, na altura das nádegas. Um cinto largo, provido de rebites, circunda os quadris. Em tôda a roupa, até os joelhos, há saliências, em forma de bôlsas. O capacete está prêso ao tronco com almofadas e fitas. Aberturas estranhas lembram pontos de entrada para aparelhos embutidos de respira­ção e audição. Na metade inferior da cabeça vêem-se mais duas aberturas.

No entanto, aspecto mais fascinante dessas figuras resulta dos óculos, que são dotados de lentes em posição oblíqua. Não portam qualquer arma, a não ser que se tome por arma a vareta curta, na mão esquerda, enluvada, que o autor de um romance de ficção científica poderia chamar de "mini-raio Laser".

         Cheio de curiosidade, perguntei a Kassanzev: "De onde provêm estas estatuetas? De quem as conseguiu o senhor?"

Um pequeno e malicioso sorriso iluminou sua barba. "Foram-me presenteadas por um camarada japonês, na primavera de 1939, antes da Segunda Guerra Mundial. As estatuetas foram encontradas Escultura de Tokomai. Ninguém sabe dizer quando se usaram no Japão êsses óculos contra a neve. Teria o artista criado esta estatueta como imagem de um astronauta que viu com seus pró­prios olhos?

 

Em escavações arqueologicas realizadas na Ilha de Rondo, no Japão. Ostentam característicos marcantes, inconfundíveis de astro­nautas. No entanto, ninguém sabe dizer como e por que os artistas que criaram estas esculturas resolveram vesti-Ias com essa roupa. Contudo, é fato patente que jamais, inclusive nas eras pré-históri­cas, se usaram no Japão 'óculos contra a neve', ou lentes dêste tipo."

Mais tarde, em seu carro já sovado por muitos anos de uso, Alexandre Kassanzev :me levou pelas largas avenidas da metrópole até o Instituto Sternberg da Universidade de Moscou. Lá, Kassanzev havia marcado para mim uma entrevista com o Prof. Josif Samui­lovic Shklovsky, diretor do Departamento de Radioastronomia.

É preciso ter 'vivido' êsse Instituto, situado na Avenida da Uni. versidade, n.O 13. Lá se ouve um permanente zumbido, como o de um enxame de abelhas, e se observa um vaivém continuo, como o dos formigueiros. Os bancos e mesas dos estudantes estavam coloca­dos desordenadamente, onde quer que houvesse espaço livre. Latas de conservas vazias serviam de cinzeiros. Nas paredes havia cartas astronômicas de tamanho enorme, com grupos de estudantes em calorosa discussão, postados em frente. Em um canto, alguns estudantes debatiam certa fórmula matemática, outros manejavam um complicado instrumento de medição. Naquele lugar - e isto se sentia nitidamente - a pesquisa era conduzida como trabalho em equipe.

A porta da sala do Prof. Shklovsky estava apenas encostada. Dentro do recinto senti o cheiro típico de livros, papelada e poeira, que tantas vêzes já encontrei em salas onde se conserva o que é velho e se estuda o que é nôvo, através de longos e criteriosos exames.

O Prof. Shklovsky levantou-se de sua pesada mesa de trabalho, completamente coberta de papéis impressos e manuscritos, para cumprimentar-me com um sorriso desconfiado: "O senhor é que é o suíço?"

Aquilo parecia uma repreensão, como se o homem magro quisesse dizer: "Como pode o súdito de uma nação tão pacata, amante da paz, alarmar seus contemporâneos com teorias tão chocantes?" Por êsse motivo, nossa conversa, inicialmente conduzida em inglês, começou em tom um tanto reservado. Tranqüilo, altivo, por vêzes procurando cuidadosamente os vocábulos mais apropriados, o pro­fessor célebre e perfeitamente consciente de sua celebridade, expli­cou sua teoria Marte-Lua, segundo a qual as duas luas do nosso vizinho planêta são satélites artificiais. Enquanto explicava os

. argumentos com que sustenta sua teoria, repetiu modestamente que tudo aquilo representava apenas sua opinião particular.

Após o almôço no refeitório superlotado, o Prof. Shklovsky per­deu algo de sua desconfiança auto-imposta e entramos num debate acalorado sôbre as possibilidades imprevisíveis no Cosmo. Enfim, tive a satisfação de verificar que também aquêle expoente da ciência especializada do Oriente não exclui a possibilidade de uma visita anterior de inteligências estranhas, provenientes do Cosmo. fole supõe a existência de planêtas povoados de sêres inteligentes dentro de um raio de cem anos-luz.

"Mas, professor, que distâncias! Como poderão ser vencidas dis­tâncias tão imensas"?

A reação de Shklovsky veio espontânea. "Decerto, isto não pode ser respondido de maneira concludente. Como o senhor sabe, autô­matos, ou melhor, estações espaciais ciberneticamente dirigidas, independem do fator tempo em têrmos de períodos normais de vida. O que, então, poderia impedir um robô de suportar incólume uma viagem de 1.000 anos? Alguns dos satélites que lançamos no espaço deverão continuar em órbita muito tempo depois que tiver­mos descido à cova."

Esta é a opinião de um cientista conhecedor da matéria. Já se indica a possibilidade técnica de vencer distâncias inimagináveis, no entanto, ainda não se explica como e mediante o que as inteli­gências podem sobreviver durante tais espaços de tempo.

Alexandre Kassanzev, sempre solícito, esperou por mim com seu velho carro. Entrementes, êle estêve com os estudantes, pois no Instituto está como em sua casa. Queria então levar-me ao museu Pushkin, com suas célebres coleções de peças das culturas assírias, persas, gregas e romanas. Durante o percurso falamos dos resultados fascinantes de pesquisas que deveriam ter repercussão profunda entre os arqueólogos. Enquanto passávamos pela esplanada Proun­zenskaia, Kassanzev relatou muitos detalhes das mais recentes con­quistas científicas, que anotei por meio de breves referências em meu mini-gravador. Quando tínhamos de parar nos semáforos, como no cruzamento com a Avenida Zouboski, pedia que me sole­trasse nomes de pessoas e lugares. Consegui assim um relatório sen­sacional, gravado em fita magnética, que amplamente compensou tôdas as despesas e dificuldades com minha viagem a Moscou.

Os relatos de Kassanzev versaram, principalmente, sôbre um achado estranho, procedente das montanhas de Baian Kara VIa, na China. Sua narrativa mais parece um conto de fadas.

Kassanzev relatou o seguinte: "Foi em 1938 que, nas cavernas das montanhas de Baian Kara VIa, região fronteiriça sino-tibetana, o arqueólogo chinês Tchi Pu Tei descobriu alguns sepulcros em série. No interior, encontravam-se esqueletos de sêres de corpo pe­queno, mas crânio relativamente grande. Nas paredes das cavernas havia pinturas representando indivíduos com capacetes redondos; havia também desenhos de estrêlas, do Sol e da Lua, traçados nas rochas e interligados por faixas feitas de pontos do tamanho de uma ervilha. Tchi Pu Tei e seus colaboradores conseguiram re­cuperar ainda - e é êste o aspecto mais sensacional do achado ­716 pratos de granito, de 2 em de espessura, semelhantes aos nossos LPs. No centro, êsses pratos de pedra apresentavam um furo, a partir do qual subia até a borda, em forma espiral, uma escrita de entalhe, de trilha dupla. Os arqueólogos chineses sabiam que, anti­gamente, essas regiões montanhosas, agora abandonadas, haviam sido habitadas pelas tribos dos dropas e khans (Sinkiang). E há rela­tos de antropólogos dizendo que foram de estatura baixa, alcan­

çando em média apenas 1,30 m de altura".

"E como se explicam os crânios grandes?"

         "Foi justamente êste achado que desatualizou por completo tôdas as classificações antropológicas anteriores, pois de maneira alguma os crânios grandes e largos se ajustavam aos esqueletos pe­quenos dos dropas e khans. Quando, em 1940, Tchi Pu Tei publi­cou sua teoria, tornou-se objeto de escárnio geral; segundo sua hipótese, os dropas e khans nada mais eram do que uma raça extinta de macacos montanheses."

"Como se originaram os pratos de pedra? Teriam sido feitos por macacos?"

"Decerto que não. Segundo Tchi Pu Tei, teriam sido feitos em gerações posteriores e depositados nas cavernas. De fato, à primeira vista, sua teoria parecia ridícula, pois quem já ouviu falar em sepulcros de macacos em série?"

"O que aconteceu depois? Será que aquilo tudo ficou guardado e esquecido no arquivo geral dos casos antropológicos e arqueoló­gicos a serem esclarecidos?"

"Quase. Por mais de 20 anos, pessoas inteligentes quebraram a cabeça para decifrar o enigma dos pratos de pedra. Em 1962, Tsum Um Nui, catedrático da Academia de Pré-História em Pequim, conseguiu decifrar parte da escrita de entalhe nas placas de pedra."

"E o que estava escrito lá?"

Kassanzev ficou sério.

"A decifração revelou uma história tão escabrosa que, antes de mais nada, a Academia de Pesquisas Pré-Históricas interditou tôda e qualquer publicação dos trabalhos de Tsum Um Nui a respeito.

"E ficou nisto?"

"Tsum Um Nui é cabeçudo e continuou a trabalhar tenazmente.

Obteve a prova inequívoca de que a escrita de entalhe não era brincadeira de algum filólogo especializado em Pré-Historia, pois acontece por vêzes que até cientistas sérios gostam de caçoar dos outros. Em colaboração com geólogos, Tsum Um Nui provou que os pratos de pedra contêm alto teor de metais, como o cobalto; físicos verificaram que todos os 716 pratos acusam elevado ritmo de vibração, permitindo a conclusão de que, em determinada época, estavam expostos a correntes elétricas de alta freqüência:'

Kassanzev deixou a esplanada Kropotkinskaia e dobrou à esquer­da, para encostar na calçada da Rua Volkhonka. O carro parou àentrada do Museu Pushkin. Fortemente impressionado com o relato, parei na calçada para ouvir a continuação da história, mas Kassanzev pegou meu braço e levou-me para dentro do prédio. Sentamos em um banco entre as altas vitrinas.

"Por favor, continue!"

"Tsum Um Nui tinha então quatro cientistas a apoiarem sua teoria e em 1963 resolveu publicá-Ia, apesar dos receios da Acade­mia. Ouvi dizer que o Ocidente conhece esta publicação, porém não a toma a sério. Também em nossos meios houve apenas alguns cientistas corajosos a se ocuparem da teoria dos pratos de pedras. Agora mesmo, um dos nossos filólogos, o Dr. Vjatcheslav Saizev, acaba de publ~9I trechos do relatório sôbre os pratos de pedra na revista "Sputnik.". Do relatório completo, existe uma cópia na Academia de Pequim e outra no Arquivo Histórico em Taipé, na Formosa."

"E o que há de tão extraordinário e chocante nesse relatório?"

         "O relatório causa emoção e estranheza apenas a quem não gosta de admitir novos aspectos sôbre a origém do homem. Os pratos de pedra contam que, 12.000 anos atrás, um grupo de certo povo ficou perdido no terceiro planêta dêste sistema. Seus aviões - esta é a tradução literal da escrita de entalhe - não mais tiveram a fôrça indispensável para levantar vôo e deixar a Terra. Teriam sido destruídos naquela região montanhosa, abandonada e de difícil acesso, sem meios nem possibilidades de se construírem novos aviões."

"Tudo isto está escrito nos pratos de pedra?"

         "Está sim. E depois falam dos sêres perdidos na Terra. Eles teriam procurado entrar em contacto amigável com os habitantes da região, porém foram caçados e mortos. O relato assim termina, quase textualmente: Mulheres, crianças e homens esconderam-se nas cavernas até a alvorada. Depois acreditaram nOS sinais que viram e verificaram que, daquela vez, os outros vinham com inten­ções pacíficas. É mais ou menos assim que o relato termina."

"Há outros fatos complementares que vêm reforçar a essência real do relatório dos pratos de pedra?"

"Há os sepulcros em série, os desenhos traçados nas paredes ro­chosas das cavernas, além dos próprios pratos. Há ainda as lendas chinesas, que falam em anões, magros e amarelos, que teriam vivido na região de Baian Kara Ula, onde desceram, procedentes das nuvens. O mito diz ainda que os dropas evitaram os indivíduos estranhos por causa de sua feiúra e que êles, dropas, foram mortos pelos homens 'montados no ser veloz'."

         "Por que, Kassanzev, êsse fascinante relatório não está sendo debatido no mundo inteiro? Será que teve publicidade bastante?"

         Meu companheiro sorriu, pousou a mão no meu braço e falou

com ar de resignação: "Aqui em Moscou a história é conhecida: basta o senhor escutar um pouco por aí. No entanto, ela encerra muitos fatos que não se coadunam imediata e fàcilmente com os calendários tão penosa­mente elaborados pela Arqueologia e pela Antropologia. Cientistas de renome, grandes capacidades, que prezam seu valor e sua posi­ção, teriam que renunciar a parte substancial de suas próprias teorias e hipóteses, se quisessem tomar a sério o relato de Baian Kara VIa. E neste caso não lhe parece perfeitamente compreensível, e de acôrdo com a natureza humana, que se adote a atitude de calar ou de esboçar um sorriso discreto, mas altivo? Quando cientistas célebres, inteiramente solidários entre si, preferem silenciar e sorrir, nem o mais atrevido dos pesquisadores cria coragem para tratar de um assunto, admitidamente quente."

Ainda sou jovem demais para poder ou querer resignar-me. Acre­dito na fôrça demolidora dos pensamentos que não podem ser silenciados.

 

                   Pesquisa Compensadora da Antiguidade

 

Rota Pisco-Nazca-Tarapacar - El Enladrillado Sinais para os "deuses" - "Enteados" da pesquisa

 

QUANDO ESTIVE NO PERU, em 1965, pude observar o colossal candelabro tridente, de 250 m de altura, no penhasco da Baía de Pisco, a uma distância de cêrca de 2 km apenas, desde o mar. Para a ocasião de nova viagem, no verão de 1968, Hans N euner e eu havíamos projetado ali aportar, a fim de remover a camada de areia de uma parte, ao menos, da coluna e fotografá-la.

Após baldada tentativa de alcançar o candelabro tridente por terra, com um carro de aluguel, que constantemente encalhava nas dunas de areia, conseguimos convencer um pescador a levar-nos através da baía. Durante duas boas horas balançamos ao sõpro de uma leve brisa, até que o pescador declarou ser impossível apro­ximar-se ainda mais da costa, porque, se o fizesse, sua canoa cor­reria o perigo de se esfrangalhar nos agudos recifes submarinos.

Não tivemos escolha; inteiramente equipados e até calçados ­prevenção contra o ataque de peixes - entramos n'água, vadeando ou nadando os restantes 50 metros até a terra. As ferramentas, trenas e máquinas fotográficas, acondicionadas em recipientes plás­ticos, empurramos à nossa frente. Alcançando os primeiros penhas­cos costeiros, tiramos nossas roupas molhadas e caminhamos através da areia quente, rumo ao paredão.

Infelizmente, deuses benévolos não concedem fõrças supraterre­nas, nem mesmo a idealistas curiosos. Depois de algumas horas de trabalho árduo, não nos restou senão reconhecer que estava além das nossas f6rças retirar a dura camada arenosa de qualquer parte do tridente, por pequena que fosse.

De qualquer maneira, algumas constatações e medições precisas valeram nossos esforços: As colunas do tridente, isoladamente, têm larguras até 3,80 m. Consistem em blocos alvos como neve e fosfo­rescentes, da dureza do granito. Antes de haverem sido cobertos pela areia, quer dizer,- enquanto foram conservados limpos pelos autóctones, êsses sinais para "deuses" devem ter "bradado" aos céus, luminosos e berrantes.

Certos arqueólogos julgam que o tridente do penhasco da Baía de Pisco era um marco costeiro destinado à navegação. Contra essa tese está a localização do tridente numa baía e o fato de não ser, de modo algum, visível de todos os lados desde navios. Contrário também é o fato de um marco de tais dimensões ser exageradamente grande para a navegação costeira - e a existência de uma nave­gação de alto-mar, em tempos pré-históricos é, pelo menos, duvi­dosa. Contrária é, antes de mais nada, a circunstância de que os criadores construíram seu tridente em direção ao céu. Resta ainda uma pergunta: se, para qualquer espécie de navegação, fóssem necessários pontos de referência, por que não se escolheram para isso as duas ilhas que, no prolongamento da coluna central do tri­dente, se encontram fora da barra? Ali seria garantida orientação evidente, natural, de ampla visibilidade a qualquer navio, não im­portando de que ponto viesse para entrar na baía. Por que, pois, uma sinalização que navegantes, vindos, seja do norte, seja do sul, nem poderiam enxergar? E por que um sinal à navegação apontan­do para o céu? Diga-se, à margem, que no deserto de areia, em t6rno da baía, nada existe que pudesse atrair navegantes e que as águas, com seus agudos recifes, também nos tempos de antanho deveriam ter sido imprestáveis ao ancoramento de navios.

- A favor da minha tese sôbre sinais orientados "em direção ao céu", outro fato há ainda: À distância de 160 km apenas, em linha reta de Pisco, fica a planície de Nazca com seus marcos misteriosos no solo, descobertos somente no fim da década trinta do nosso século. Desde então, causam muita dor de cabeça aos arqueólogos

os sistemas lineares geométricos, os desenhos abstratos e os frag­mentos de rocha arbitràriamente coordenados sôbre êsse deserto de pedra inteiramente plano, que se estende por sôbre uma região de cêrca de 50 km de comprimento, entre Palpa, ao norte, e Nazca, ao sul. A mim, transmitem, sem dúvida alguma, a impressão de sinalização de aeroporto próximo.

Quem sobrevoa a planície, vê pistas lineares, luminosas, - indis­cutivelmente reconhecíveis de grande altura - que se estendem por quilômetros, decorrendo, em parte, paralelas e, finalmente, <;e cruzando, ou unindo-se em superfícies trapezoidais com um com­primento de 800 metros. Nos intervalos entre essas pistas absoluta­mente retas, podem-se reconhecer os contornos de figuras supra­dimensionais de animais, medindo a maior delas, em tôda a sua extensão, aproximadamente 250 metros.

Observadas mais de perto, as linhas se revelam como sulcos apro­fundados, que põem a nu o fundo branco-amarelado da planície, destacando-se nitidamente contra a camada superior, formada de areia desértica marrom e pedras oxidadas. Maria Reiche, que, desde 1946, se esforça pela conservação, medição e interpretação dos desenhos no solo, e, inicialmente, com a ajuda de trena e sextante, elaborou plantas dos triângulos, retângulos e linhas retas, assim como dos desenhos das numerosas figuras de animais, descobriu mais tarde por que o solo sobranceiro ao Vale do Ingenio se presta, como talvez nenhum outro, para fixar marcações bem reconhecí­veis, que poderiam durar através dos séculos. A região de Nazca apresenta uma média anual de apenas 20 minutos de precipitações pluviais. De resto, reina um clima quente e sêco. As oxidações estão a cargo do vento portador de areia, que também leva consigo todo o material sôlto que se encontrar à superfície, deixando cas­calho apenas, que cada vez se fragmenta mais, devido às grandes oscilações da temperatura. Por cima disso, formou-se, então, o assim chamado "esmalte desértico", que, depois de oxidado, apre­senta um brilho marrom. Para produzir os desenhos sôbre o fundo claro de fino aluvião, os construtores não precisavam senão remover as pedras superficiais escuras, e riscar o chão.

Mas, quem criou êsses "quadros riscados" e por que numa pro­porção que somente a grande altura - por exemplo, de bordo de um avião - permite obter-se uma visão do conjunto?

Já teriam os construtores conhecido um sistema transferidor altamente desenvolvido, mediante o qual passassem seus pequenos esboços, com a máxima exatidão, para o gigantesco?

Maria Reiche opina a êsse respeito: "Os desenhistas, que só po­deriam ter apreciado essa perfeição de suas próprias criações desde grande altitude, devem tê-las projetado e desenhado, inicialmente, em escala menor. Como, depois, por sôbre grandes distâncias, pude­ram conferir a cada setor linear sua localização certa e sua orienta­ção, êsse é um enigma, para cuja decifração serão necessários anos a fio ainda".

A ciência, até o presente, prestou muito pouca atenção ao fenô­meno que se observa na planície de Nazca. Inicialmente, acredi­tava-se que, quanto às linhas retissimas, se tratasse de antigas estra­das dos incas, ou de canais de irrigação. São interpretações desti­tuídas de sentido I Por que "estradas" devem começar em meio àplanície, para cessar abruptamente? Por que as linhas, se tivessem sido estradas, deveriam cortar-se segundo um sistema de coordena­das? E por que foram traçadas com orientação pela rosa-dos-ventos, uma vez que estradas têm a finalidade de atingir alvos terrestres, e isso, naturalmente, pelo caminho mais curto? E por que canais de irrigação devem ter a figura de pássaros, aranhas e réptis?

Também Maria Reiche, que se preocupou pelo maior espaço de tempo e o mais intensivo empenho na decifração dos segredos da planície de N azca e sôbre isso discorreu em seu livro "Enigmas do Deserto", publicado em 1968, recusa aquela interpretação. Supõe ela, ao contrário, ser provável que êsses desenhos, além do seu significado religioso, podem ser ligados à ciência dos calendários. Segundo sua suposição, as marcações no solo contêm observações astronômicas, que deveriam ser legadas à posteridade, de maneira imperecível. Acrescenta, porém, restritivamente: "Não está asse­gurado, com certeza, que uma interpretação astronômica de tôdas as linhas seja possível, uma vez que existem algumas (dentre elas numerosas linhas norte-sul), que não poderiam ter correspondido a estrêla alguma surgindo no horizonte no decorrer daquelas épocas cronológicas. Se, no entanto, devessem ser registradas posições de astros não somente no horizonte, mas também acima dêle, então as possibilidades interpretativas das linhas seriam tamanhas, que dificultariam extraordinàriamente chegar-se a resultados compro­vadores fidedignos".

Eu sei muito bem que Maria Reiche não compartilha minha interpretação dos desenhos geométricos de N azca, uma vez que os resultados de suas pesquisas, até agora obtidos, não justificariam tais conclusões audaciosas. Apesar disso, seja-me permitido explicar a minha teoria:

Na proximidade da atual cidadezinha de Nazca, em alguma épo­ca, desceram sôbre a planice despovoada inteligências alienígenas e instalaram um campo de pouso improvisado para suas naves espa­ciais, que deviam operar perto da Terra. No terreno ideal, instala­ram duas pistas. Ou marcaram êles as pistas de aterrissagem me­diante uma substância desconhecida por nós? Os cosmonautas desempenharam-se - mais uma vez - das suas tarefas, e voaram de volta ao seu planêta.

As tribos pré-incaicas, porém, que haviam observado os sêres estranhos, que tão profunda e imponente impressão lhes causaram, em seu trabalho, desejavam ardentemente o regresso dêsses "deuses". Esperaram anos, e como seu desejo não fôsse satisfeito, começaram '- assim como o haviam visto fazer~m os "deuses" - a construir novas linhas na planície. Assim formaram-se os complementos das duas pistas primitivas.

Os "deuses", porém, ainda não apareciam. O que teriam feito de errado as tribos I Com o que haviam aborrecido os "celestiais"? Um sacerdote lembrou-se de que os "deuses" haviam vindo das estrêlas e deu o conselho de orientar as linhas de chamada em direção às estrêlas. O trabalho recomeçou. Formaram-se as pistas orientadas segundo os astros.

Os "deuses", porém, permaneceram ausentes.

         Gerações haviam nascido e novamente morrido, no intervalo. As pistas originais, as genuínas, das inteligências extraterrestres, de há muito que haviam caído em ruína. As posteriores gerações de índios somente através de relatos orais sabiam a respeito dos "deuses" que um dia, no passado, haviam descido do céu. Os sacer­dotes transformaram os relatos de fatos reais em tradições sagradas e exigiram que cada vez mais se providenciassem novos sinais para os "deuses", a fim de que algum dia voltassem.

Como não haviam logrado êxito com o traçar de linhas, come­çaram a sulcar grandes figuras de animais. Primeiro representaram pássaros de tôdas as espécies, pássaros que deveriam simbolizar o vôo. Mais tarde, a imaginação lhes emprestou os contornos de aranhas, macacos e peixes.

Admitimos ser esta uma explicação hipotética dos "quadros ris­cados" de Nazca. Mas não poderia ter ocorrido mais ou menos assim? Eu o vi, e qualquer um pode vê-lol Somente desde grandes alturas são reconhecíveis as coordenadas das pistas de pouso e os símbolos animais.

Isso, porém, não é tudo. Em tôda a volta de Nazca, nos paredões rochosos, há desenhos de sêres humanos, de cujas cabeças emanam raios - à semelhança das auréolas de imagens cristãs.

À distância de 160 km em linha reta de Pisco: Nazcal De repente tive a idéia: Haverá por acaso alguma relação entre o tridente da Baía de Pisco, das formações da planície de N azca, e o campo de ruínas no planalto de Tiahuanaco? A não ser por um desvio míni­mo, êsses dois pontos estão ligados entre si por uma linha reta. Se, porém, quanto à planície de Nazca, se trata de um campo de aviação e quanto ao tridente de Pisco, de um sinal de pouso, então também ao sul de N azca deveriam ser encontradas marcações de aterrissagem, pois seria difícil supor-se que todos os astronautas viessem do norte, de Pisco.

E, de fato, perto da cidade sul-peruana Mollendo, a 400 km em linha reta de N azca, e até nos desertos e cordilheiras da província chilena de Antofagasta, foram encontradas grandes marcações em altos paredões inclinados, cujo sentido e finalidade até o presente não puderam ser elucidados. Em alguns pontos podem ser identifi­cados retângulos, flechas ou escadas de degraus encurvados, ou então vêem-se faldas inteiras de montanhas com quadriláteros, par­cialmente preenchidos por motivos ornamentais. Encontram-se ainda, ao longo das indicadas linhas retas, sôbre os íngremes pare­dões de penhascos, círculos com raios dirigidos para dentro, ovais preenchidos com um padrão de tabuleiro de xadrez, e no paredão rochoso de difícil acesso, do deserto de Tarapacar, um "robô gigantesco.

 

Sôbre essa descoberta (a 750 km em linha reta ao sul de Nazca), o jornal chileno El Mercúrio, noticiou, a 26 de agôsto de 1968, sob o título "Nova descoberta arqueológica por aerofotografia": Um grupo de especialistas conseguiu fazer desde o ar uma nova descoberta arqueológica. Ao sobrevoarem o deserto de Tarapacar,

ituado no extremo norte do Chile, descobriram uma figura humana estilizada, desenhada na areia. Essa figura tem cêrca de 100 m de altura, e seus contornos estão marcados por pedras de origem vul­cânica. Encontra-se numa colina solitária de cêrca de 200 m... Os círculos científicos julgam que patrulhas aéreas dêsse gênero são de grande importância para as pesquisas da pré-história.....

Participantes da expedição avaliaram o tamanho dêsse robô em uns 100 metros. Seu corpo é retangular como uma caixa, suas pernas são retas e sôbre o pescoço fino ergue-se uma cabeça qua­drada, da qual sobressaem doze varetas de antena, de comprimento igual. Seu braço esquerdo está pendente, o direito levantado em ângulo. Partindo das coxas, até a extremidade do tórax, estão apostas barbatanas triangulares de vôo, semelhantes aos côtos de asa de caças supersônicos.

Devemos esta descoberta a Lautaro Núfiez, da Universidad deI Norte, no Chile, ao General Eduardo Iensen e ao americano Delbert Trou, que durante um vôo sôbre o deserto observaram minuciosamente as formações do solo. Essa descoberta, de fato sensacional, foi plenamente confirmada durante vôo de reconhe­cimento posterior, realizado pela Diretora do Museu Arqueológico de Antofagasta, Senhora Guacolda Boisset. Nos píncaros de Pinta­dos descobriu-se - e documentou-se mediante fotografias aéreas ­uma série de outras figuras estilizadas, sôbre um trecho de 5 km.

No verão de 1968, o periódico governamental "El Arauco", de Santiago, escreveu: "O Chile necessita da ajuda de um homem que satisfaça a nossa curiosidade crônica, pois nem Gey. nem Domeyko (arqueólogos) disseram a qualquer tempo alguma coisa sôbre a pla­taforma El Enladrillado, da qual uns afirmam haver sido construída artificialmente, e outros ser obra de sêres vivos de outro planêta".

Em agôsto de 1968 tornaram-se públicos diversos detalhes sôbre as descobertas do planalto de El Enladrillado. O planalto coberto de rochas tem cêrca de 3 km de comprimento e, na parte conser­vada intacta através dos tempos, cêrca de 800 m de largura. Esse terreno transmite a impressão de um anfiteatro. Caso seus cons­trutores tenham sido homens, deveriam ter disposto das lendárias fôrças "sôbre-humanas'" Os blocos de rocha ali deslocados são re­tangulares, de 4 a 5 metros de altura e 7 a 8 m de comprimento. No caso de gigantes haverem usado essas cidades, também teriam sido de tamanho supradimensional. As poltronas de pedra permi­tem estimar o comprimento de uma perna em quase 4 metros. Não há imaginação suficientemente opulenta para figurar quais os mortais que poderiam ter reunido êsses blocos de pedra em um anfiteatro. O jornal La Maiíana, de Talca, no Chile, de 11.8. 1968, perguntou, pois: "Poderia êsse local ter sido um campo de pouso (para deuses)? Sem dúvida". Que mais se pode desejar?

Ao planalto de El Enladrillado só se pode chegar a cavalo. Caval­ga-se durante três horas, da pequena localidade Alto de Vilches até o destino compensador, à altitude de 1.260 m. Os blocos vul­cânicos que lá são encontrados apresentam, no centro, uma super­fície tão lisa, que só pode ter sido obtida por elaboração cuidadosa. Também nesse planalto é possível reconhecer nitidamente uma pista parcialmente interrompida, de cêrca de 1 km de comprimento e 60 de largura. Nos arredores encontraram-se e ainda se encontram instrumentos pré-históricos, mediante os quais - supostamente ­devem ter sido elaborados os 233 blocos de rocha geometricamente cortados, de cêrca de 10.000 kg de pêso cada um. São pedras de construção para o anfiteatro.

O jornal Concepción, de El Sur, no Chile, comentou em sua re­portagem de 25.8.1968, que o planalto de El Enladrillado é "um lugar misterioso". Misterioso, de fato, é o lugar - como, no fundo, todos os sítios de achaâÕ de tradições pré-históricas o são ainda hoje. Em direção a oeste, o olhar passa por cima de abismos pro­fundos, sôbre os quais rondam condores e águias, e mais à distância, quais vigias mudos, erguem-se vulcões. Lá, em direção às colinas ocidentais, existe uma caverna natural de 100 m de profundidade, onde podem ser encontrados vestígios de trabalho humano. No momento confabula-se que aqui homens da Idade da Pedra escava­ram um veio de obsidiana (formação vítrea proveniente de diversas pedras vulcânicas jovens), a fim de deixar uma prova de suas habilidades industriais na forma de instrumentos contendo metais. Não sou capaz de captar bem o sentido: Homens da Idade da Pedra dificilmente teriam possuído instrumentos de teor metálico. Essa tese, segundo minha opinião, não pode estar certa.

Em investigações geológicas e arqueológicas foi encontrado um monólito erguendo-se 2 m para fora do solo. Ao ser virado, a muito custo, mostrou, no lado oposto, diversos rostos! Enigma êsse que se enquadra condignamente no círculo de problemas relacionados com a Ilha da Páscoa...

Mais uma singularidade é digna de ser fixada: No centro do planalto erguem-se três blocos de rocha de 1 a 1,50 m de diâmetro cada um. Em medições do ano passado, verificou-se que dois dêsses blocos fixam uma linha da exatidão de uma bússola, de norte a sul. A linha que conduz dos dois blocos ao terceiro corta o hori­zonte, com um desvio mínimo, no ponto em que o sol está no zênite durante o verão. Novamente é preciso perguntar se aqui uma raça extinta legou os vestígios de. surpreendentes conhecimen­tos astronômicos - ou se os antepassados aqui agiam. em obediência a uma "ordem superior".

Não se pode, nem se deve, explicar tais testemunhos exatos do passado como "coincidências ocasionais".

O diretor da expedição científica, Humberto Sarnataro Bounaud, defende em El Mercúrio, de Santiago, de 26.8. 1968, o ponto de vista de que aqui uma "cultura" do passado, desconhecida por nós, deva ter pôsto mãos à obra, porque os indígenas dessa zona nunca teriam tido capacidade para tamanha proeza. Mas, opina Bounaud, já se tinha conhecimento do planalto como um excelente campo de pouso para todos os possíveis corpos voadores. Por aí seriam passíveis de explicação os 233 blocos de rocha geometricamente coordenados, que poderiam ter sido sinais ópticos dirigidos ao céu.

         Bounaud escreve literalmente: "Ou, então, seria simplesmente assim: tratava-se de sêres desconhecidos, que usavam êsse local para suas finalidades".

Por dois motivos descrevi com tanta minúcia os achados mais recentes sôbre o planalto de El Enladrillado. Primeiro, porque na Europa apenas um círculo relativamente restrito de interessados teve dêles conhecimento. Em segundo lugar, porque se enquadram

esplêndidamcmte em minha tese de que, com as marcações na Baía de Pisco, se indicava para os cosmonautas uma linha reta, em que haviam sido instalados campos de pouso até o extremo norte do Chile.

Deveríamos ter sempre em mente: Os criadores de culturas ime­moriais desapareceram, mas os vestígios que deixaram continuam ainda a fixar-nos, como interrogações e desafios. Para encontrar respostas convincentes a essas interrogações, para enfrentar êsses desafios, as instituições de pesquisas arqueológicas deveriam rece­ber, de seus governos, talvez também de uma organização mundial, recursos suficientes mediante os quais pudessem sistematizar e intensificar suas pesquisas. É acertado e necessário que as nações industriais apliquem grandes somas em pesquisas do futuro. Mas é lícito, por isso, que a investigação do nosso passado seja tratada como "enteada" do presente? Pode chegar o dia em que se inicie um período de grande porfia nas pesquisas arqueológicas, sob todos os graus de segrêdo militar.' Resultará, então, uma situação como a que nos foi dado viver, quando do primeiro pouso na Lua ­mas a corrida que se iniciará não será uma questão de prestígio, porém, ao contrário, constituirá um movimento de grande pro­veito real.

Sob êste aspecto, posso indicar alguns locais onde uma intensiva pesquisa moderna provàvelmente decifrará vários enigmas do nosso passado, com resultados proveitosos para a técnica:

 

Na Ilha Santa Rosa, na Califórnia, foram encontrados restos de uma colônia humana, cujas datações, pelo método C-14, indicaram uma idade de 29.600 anos. Cêrca de 20 km ao sul da cidadezinha espanhola de Ronda, situa-se, num vale soli­tário, a caverna de La Pileta. Pôde ser comprovado que essa caverna, entre 30.000 e 6.000 anos a. C., foi habitada por sêres humanos. Nas paredes da caverna encontram-se símbolos sin­gularmente estilizados, que, de maneira alguma, podem ser rabiscos destituídos de sentido, porque são executados com mestria e freqüentemente se repetem. É possível que se trate de uma espécie de escrita.

 

Na Serra de Ennedi, ao sul do Saara, Peter Fichs descobriu gravuras rupestres de quatro vultos femininos, diferentes de tudo que normalmente se encontra na África. Os corpos das figuras apresentam roupagens e tatuagens semelhantes às en­contradas na região do Pacífico Sul. Entre o Saara meridional e as ilhas do Pacífico, de qualquer maneira, a distância é de 25.000 km em linha reta!

Dentre os numerosos desenhos em cavernas da África e da Europa, há muito que se conhecem as assim chamadas repre­sentações de "labirintos". Trata-se aí de desenhos que atéhoje não se soube interpretar. Recentemente, porém, tais sím­bolos de labirinto também foram encontrados em paredões rochosos sul-americanos - especialmente no Território Na­cional de Santa Cruz e no Território de Neuguén, na Argen­tina. Haveria mesmo algum "intercâmbio de idéias" entre os artistas, para suas representações, ou de que outro modo se poderia explicar a reprodução dos mesmos símbolos?

O pesquisador argentino Juan Moricz provou que, no reino antigo de Quito, na América do Sul, já antes da conquista pelos espanhóis, era falada a língua dos magiares (húngaros). 1He encontrou sobrenomes idênticos, nomes iguais de locali­dades e os mesmos costumes funerários. Quando os antigos magiares enterravam um morto, era despedido com as pala­vras: "}:le integrar-se-á na constelação da Ursa Maior". Nos vales sul-americanos de Quinche e Cochasqui, há túmulos que são o retrato fiel das sete estrêlas principais da Ursa Maior.

Entre Abancay e o Rio Apurimac, no Peru, ao longo do trecho Cuzco - Macchu-Picchu, encontra-se, no tôpo de uma colina, desde tempos primitivos, uma pedra de 2,50 m de altura e 11 m de circunferência. Esta "Piedra de Saihuite" ostenta relevos representando maravilhosos terraços, templos e quarteirões inteiros de casas, além de singulares "canais de escoamento" e símbolos gráficos até o presente indecifrados. Relevos semelhantes dessa região são conhecidos sob os nomes de Rumihuasi e Intihuasi. Rumihuasi apresenta o modêlo de um templo com um nicho de 1,40 m de altura.

 

Em fevereiro de 1967, a conceituada revista National Geo­graphic, dos Estados Unidos, publicou um relatório sôbre a diminuta tribo dos ainos, que vive na ilha japonêsa Hokaído. Os ainos afirmam ainda hoje, com plena convicção, e o con­firmam com seus mitos, serem êles descendentes diretos de "deuses", que vieram do cosmo.

Num vaso que se encontra no Vaticano e que se origina do século VI a. C., é representado ApoIo em vôo sôbre o mar. ApoIo, tocando a lira, está sentado sôbre uma espécie de tripé, uma concha de três pernas compridas. A construção é levada através dos ares por três possantes asas, semelhantes às de águia.

No Parque-Museu Olmeca, de Villahermosa, em Tabasco, no México, está um monólito trabalhado com esmêro e repre­sentando uma serpente, ou melhor, um "dragão", que cir­cunda as três faces do colosso. Sôbre o corpo do animal estásentado um homem curvado para a frente e tendo as pernas um tanto levantadas. As solas dos pés acionam pedais, a mão esquerda apóia-se numa "alavanca de câmbio", a direita segura uma caixinha. A cabeça é coberta por um capacete firmemente aderente, que cobre também a fronte, as orelhas e o queixo, deixando livre apenas o rosto. Diretamente em frente aos lábios, é possível identificar-se um instrumento como microfone. As roupas e o capacete da figura sentada. estão firmemente ligados entre si.

Sôbre um cinzel de cobre, encontrado no cemitério dos reis, em Ur, podem-se reconhecer, de cima para baixo: cinco esfe­ras; uma caixa semelhante a alto-falante; dois foguetes absolutamente modernos, deitados lado a lado, que à pôpa emitem raios; diversas formas semelhantes a dragões e uma "cópia" bastante fiel da cápsula "Gemini". O artista que fêz essas gravações há mais de 5.500 anos, deve ter tido uma ima­ginação de causar inveja!

O Sr. Gerardo Niemann (Hacienda Casa Grande, em Tru­jiIlo, no Peru) possui dois notáveis recipientes de cerâmica. Um dêles tem 22 em de altura e representa uma espécie de "cápsula espacial", onde motor e escapamento são tão bem reconhecíveis como os que se vêem no deus Kukulkan, que parece dirigir um foguete, em Palenque. Em cima da cápsula está agachado um animal semelhante ao cão, de bôca escanca­rada. O segundo recipiente de cerâmica apresenta um homem que opera com os indicadores de ambas as mãos uma espécie de máquina de calcular ou quadro interruptor, com 37 bo­tões. Esse recipiente tem 40,5 em de altura. Ambos foram encontrados no Vale de Chicama, na costa setentrional peruana.

 

É verdade: Não estamos no fim, estamos no comêço apenas, das grandes descobertas que, através do passado, nos indicam o futuro.

 

                   Tema Inesgotável: Ilha da Páscoa

 

A caminho, com gente de Rapanui O que não aconteceu - Na cratera Rano Raraku Uma ousada prova do contrdrio Um campo de aviação, mas nenhuma pesquisa

 

EM QUASE TÔDAS AS ilhas habitáveis dos mares do Sul, encon­tram-se restos de notáveis culturas desconhecidas. Sobras de uma técnica completamente incompreensível, mas evidentemente de um nível bastante elevado, defrontam misteriosamente o visitante, provocando-o - e nem podia ser diferente - a formar hipóteses e conjeturas.

Assim também a Ilha da Páscoa.

         Passamos dez dias naquela ilhota de pedra vulcânica, no Sul do Padfico. Os tempos em que era visitada, de seis em seis meses, por um vaso de guerra chileno, já passaram. Chegamos à pequena ilha por meio de um Constellation da LAN -Chile. Hotéis ainda não existem lá, de modo que passamos o tempo todo em uma tenda, tendo-nos abastecido anteriormente de mantimentos, que na ilha são escassos. Duas vêzes fomos convidados a jantar com nativos: havia salmão, que êles assaram num buraco, cobrindo-o com brasas e fôlhas, parte dos mistérios culinários das mulheres de Rapanui. Tivemos de esperar quase duas horas, até que a refeição fumegante acabou sendo retirada e desembrulhada. Como gastrô­nomo, preciso reconhecer que uma lauta refeição, de raro sabor, acabou sendo oferecida ao nosso paladar, um prazer que só se equipara à delícia de ouvir os insulanos de Rapanui cantar suas canções folclóricas.

 

O meio de transporte na ilha continua sendo o cavalo - com exceção de um único automóvel particular, que pertence ao pre­feito Ropo, com 26 anos de idade, de estatura média e bochechudo, que, segundo as normas democráticas, foi eleito por seus conci­dadãos. Ropo é o rei não coroado da ilha, embora, além dêle, ainda existam "governador" e um "comandante de polícia". Ropo é descendente de uma antiqüíssima família da ilha. Presumlvel­mente sabe mais a respeito da Ilha da Páscoa e seus mistérios, atéagora não esclarecidos satisfatoriamente, do que todos os outros habitantes dela. Com mais dois auxiliares, pôs-se à minha disposi~ ção, como acompanhante.

A língua dos insulanos é rica em vogais: Ti-ta-pe-pe-tu-ti-Io-mu... Eu não a compreendia, de sorte que procuramos entender-nos numa mistura de espanhol e inglês. Quando isto já não era suficiente, nós recorríamos às mãos, aos pés e a caretas, o que com certeza era bastante engraçado para os espectadores.

Sôbre a história da Ilha da Páscoa há muitos relatórios e, certa­mente, muitas teorias. Após minhas pesquisas de dez dias, sou forçado a confessar que também não posso dizer o que se passou lá em tempos remotíssimos. Todavia, penso ter encontrado alguns argumentos para o que não pode ter acontecido.

Há a teoria de que os antepassados dos Rapanui de hoje tenham esculpido, com árduo trabalho e através de gerações, as estátuas de pedra vulcânica duríssima, hoje mundialmente famosas.

Thor Heyerdahl, a quem muito estimo, descreve em seu livro "Aku-Ak.u" como encontrou nas pedreiras centenas de cunhas de pedra jogadas a êsmo. Dêste achado de uma enorme quantidade de ferramentas primitivas, Heyerdahl concluiu que grupos de homens, em desconhecido número, esculpiram as estátuas, aban­donando, numa época qualquer e precipitadamente, aquela ati­vidade.

Heyerdahl, auxiliado por grande número de insulanos, levantou em 18 dias de trabalho uma estátua de tamanho médio, recorrendo ao emprêgo de vigas de madeira e a uma técnica primitiva, mas eficiente, e locomoveu a estátua por meio de cordas e de aproxi­madamente cem homens, pelo sistema "lá vai!".

 

Assim, parecia ter-se provado, pràticamente, uma teoria I Con­tudo, arqueólogos de todo o mundo apresentaram objeções. De um lado, diziam êles, a Ilha da Páscoa, através de todos os tempos, teria tido reduzido número de habitantes, além de pouca alimen­tação. Não poderia ter fornecido o necessário número de obreiros que executassem - através de gerações - a gigantesca tarefa. De outro lado, até agora não houve achados no sentido de permitir a conclusão de terem tido, à sua disposição na ilha, madeira que servisse de material auxiliar (rolos para fazer deslizar as estátuas).

De acôrdo com as minhas próprias ponderações, no próprio local, penso poder dizer que a teoria das cunhas de pedra dificil­mente poderá ser mantida, perante o fato de "duras" realidades. Eu estava, sem dúvida, disposto a riscar aquêle mistério de minha longa lista dos ainda não esclarecidos, dando-o como resolvido, após a feliz experiência de Heyerdahl. Mas, quando me vi diante da parede de lava da cratera de Rano Raraku, preferi deixar o ponto de interrogação em minha lista. Medi a distância da lava até as estátuas e cheguei a espaços que iam de 1,84 m até 32 m. Destacar tão grandes blocos de lava é tarefa que jamais teria sido possível com pequenas e primitivas cunhas de pedra.

Semanas a fio, Thor Heyerdahl fêz os nativos martelarem na cratera, com as velhas cunhas de pedra, encontradas em tão grande número. Vi o magro resultado: um risco de poucos milímetros na dura pedra vulcânica. Como doidos, também nós martelamos, com as maiores cunhas que pudemos encontrar, contra o rochedo. Após umas cem batidas, sobravam miseráveis restos de nossas "ferramentas" em nossas mãos. Mas o rochedo mal apresentava um arranhão.

A teoria das cunhas de pedra pode ser aplicável a algumas está­tuas menores, esculpidas em tempos mais recentes - mas não pode ser aceita, na minha opinião e na de muitos visitantes da Ilha da Páscoa, para explicar a separação da matéria-prima das rochas vulcânicas, indispensável à feitura das estátuas gigantes.

A cratera de Rano Raraku oferece hoje o aspecto de uma gigan­tesca oficina de esculturas em que, repentinamente, alguém tenha mandado suspender tôdas as atividades: vertical e horizontalmente, de uma maneira e de outra, estão espalhadas pelo chão estátuas acabadas, meio acabadas e apenas começadas. Aqui um nariz gi­gante aponta da areia, ali se vêem pés, para os quais nenhum sapato serve, que surgem do capim e, mais adiante, uma cabeça aparece à tona, como se fôsse para respirar.

         Sorrindo e sacudindo a cabeça, o prefeito Ropo presenciou como nós investimos com tôdas as fôrças contra o rochedo.

- Afinal, de que o senhor está rindo? - indagou meu amigo Hans Neuner. - Pois não foi assim que seus antepassados pro­cederam?

         Ropo ampliou o sorriso. Com um ar de entendido, êle obser­

vou sêcamente: - Isto é o que os arqueólogos afirmam!

Ninguém, até agora, pôde apresentar motivos razoàvelmente convincentes por que algumas centenas de polinésios, que já ti­nham bastantes problemas para assegurar sua nutrição, se tives­sem cansado em criar mais ou menos 600 estátuas enormes.

Ninguém pôde esclarecer coril que processo técnico os blocos de pedra foram tirados da lava.

Ninguém pôde explicar até agora por que os polinésios (se foram êles os escultores) deram aos rostos expressões e formas para as quais não possuíam na ilha nenhum modêlo, entre ne. nhuma de suas tribos: nariz longo e reto - bôca com lábios cer. rados e estreitos - olhos profundos - testa baixa.

Ninguém sabe quem estas plásticas deviam representar. Infelizmente, Thor Heyerdahl também não!

         Na verdade, parece atrevido não só não aceitar a teoria apre­sentada por Heyerdahl, que considera as cunhas de pedra o instruo mental com que se esculpiram as estátuas, mas também, tomando justamente por base a existência de muitas centenas de ferramen­tas de pedra, querer provar exatamente o contrário, isto é, que as estátuas gigantescas não podem ter surgido dêste modo.

Quem irá aceitar isto? Pois aqui está - como sempre - nossa explicação aparentemente fantástica.

Um pequeno grupo de sêres inteligentes, estranhos ao nosso planêta, foi levado, por causa de um "acidente técnico", à Ilha da Páscoa. Os náufragos possuíam grande saber, dispunham de armas bastante desenvolvidas e dominavam métodos de trabalhar pedras por nós desconhecidos, e dos quais há muitos exemplos em tôrno do globo. Os extraterrestres nutriam a esperança de serem procurados, encontrados e repatriados pelos seus. Todavia, o continente mais próximo distava 4.000 km.

Os dias passavam sem qualquer atividade. A vida na pequena ilha se tornava tediosa e monótona. Os desconhecidos começaram a ensinar aos insulares algumas palavras de sua língua, falaram­lhes de mundos estranhos, estrêlas e sóis. Procuraram instruir os nativos no uso de uma escrita simbólica. Talvez, para lhes deixar uma lembrança perene de sua presença, mas também, muito mais provàvelmente, a título de sinalização aos amigos que por êles procurassem, os estranhos acabaram por arrancar, certo dia, uma estátua colossal do rochedo vulcânico. Seguiram-se outros gigantes de pedra, que erigiram ao longo da costa, sôbre altos pedestais que os tornavam visíveis a grande distância.

Até que, um dia - sem aviso e repentinamente - veio o resgate.

         E aí estavam então os insulares diante de um amontoado de tarecos, de figuras começadas e meio acabadas. Escolheram as aparentemente mais acabadas e procuraram terminá-Ias, batendo com as suas cunhas de pedra, ano após ano, contra os blocos ainda por desbastar. Mas as 200 figuras, aproximadamente, já esboçadas no rochedo resistiram às "picadas de môsca" das cunhas de pedra. Por fim, os nativos, amigos da vida despreocupada (até hoje não gostam muito de trabalho pesado) desistiram da emprêsa, que não apresentava possibilidade de êxito, jogaram fora as cunhas de pedra e voltaram para as suas cavernas.

Dêles, portanto, e não dos escultores originais, provém aquêle arsenal de centenas de cunhas de pedras, que falharam diante do resistente rochedo. As cunhas de pedra são, acho eu, provas da resignação diante de um trabalho impossível de realizar.

Também suponho que na Ilha da Páscoa, em Tiahuanaco e Sacsayhuaman, na Baía de Pisco e em outros lugares, os mestres escultores foram os mesmos, ou pertenciam à mesma estirpe. É certo que esta é apenas uma entre outras teorias possíveis, por­tanto, suscetível de contestação, em virtude das grandes distâncias que separam aquêles pontos. Isto significaria, porém, deixar de lado a tese, que não é somente minha, de terem existido, em tempos remotíssimos, sêres inteligentes, para quem vencer enor­mes distâncias com veículos voadores dos mais diversos tipos não representava obstáculos.

Podem duvidar da minha tese, mas será preciso reconhecer que, aparentemente, foi uma brincadeira de crianças, para os criadores originais das estátuas da llha da Páscoa, cortar os colossos de pedra do duro rochedo.

         Talvez até tenha sido para êles um passatempo nas horas de folga.

         Talvez também tiveram em mira um determinado objetivo,

como o já descrito.

         Cansaram-se, afinal, um dia, daquela brincadeira com as está­tuas?

         Ou chegou até êles uma ordem, obrigando-os a porem um fim àquilo?

         De qualquer forma, desapareceram subitamente!

Até o momento não foram realizadas escavações. Talvez se encontrassem, nas camadas mais profundas, vestígios que permi­tissem admitir datas bem mais antigas.

Os americanos ali constroem um campo de aviação e nivelam o solo a fim de construir uma pista de concreto. Mas escavações planejadas, propriamente ditas, não as pude ver e nem soube de qualquer projeto nesse sentido. Os insulares continuam des­preocupados - e por que não? - na sua vida diária. Turistas, que o entusiasmo leva até lá, ficam admirados diante daquilo que lhes mostram e tiram fotografias, como lembranças para os álbuns de família. Não se verificam, todavia, importantes pes­quisas arqueológicas, que poderiam esclarecer o mistério.

Os moais - é êste o nome que os nativos dão às estátuas ­tinham, antigamente, chapéus vermelhos sôbre a sua cabeça, a enormes alturas, cujo material provinha de pedreira diferente daquela que fornecia o material empregado para a feitura dos corpos e das cabeças. Fui olhar a "pedreira dos chapéus". Com­parada com a pedreira da cratera de Rano Raraku, é insignifi­cante. Mais parece um cercado contendo pedregulhos, para as crianças brincarem. Para o fabrico dos chapéus vermelhos, aquela pedreira deve ter sido local um tanto acanhado, uma oficina demasiadamente apertada. Os próprios chapéus vermelhos, que­bradiços e porosos, me deixaram um tanto céptico.

Será que as pedras foram mesmo retiradas daqui e trabalha­ das aqui? ,

Estou mais inclinado a acreditar que os chapéus foram moldados e que se trata de uma mistura de pedregulhos e de terra roxa. Alguns chapéus são ocos por dentro. Será que queriam, assim, diminuir-lhes o pêso, para facilitar o transporte? Quem aceita a teoria, aparentemente sensata, da moldagem dos chapéus, com terra e pedregulhos, encontra ao mesmo tempo a resposta para a misteriosa questão do transporte: do fôsso dos pedregulhos bastava rolar os chapéus redondos para o local das estátuas, sem­pre situadas mais para baixo.

Quando nós discutimos esta possibilidade, o prefeito Ropo achou que os chapéus, por ocasião de sua feitura, no local dos pedregulhos, deviam ter sido bem maiores. Teriam sido desbas­tados quando rolados para baixo... Isto é possível. Mas ainda hoje, chapéus com circunferência de 7,60 'ID. e altura de 2,18 m, apre­sentam respeitáveis dimensões. É difícil imaginar que tais aga­salhos para a cabeça teriam sido colocados em seu lugar, a 10 m sôbre a superfície do solo, por meio de um simples gesto de cortesia.

Mas por que, afinal de contas, colocaram êstes chapéus ver. melhos nestas estátuas estranhas? Até agora não encontrei uma só explicação convincente em tôda a literatura sôbre a Ilha da Páscoa. Por isso, eu pergunto a mim mesmo:

         Será que os nativos viram os "deuses" com capacetes e man­tiveram na memória êsse pormenor?

         As estátuas, por isso, lhes pareciam incompletas sem os capa­cetes-chapéus?

Quiseram êles, possivelmente, transmitir a mesma imagem que os "capacetes" e as "auréolas" expressam nas pré-históricas caver­nas e nas paredes de rochas em todo o mundo?

Quando os primeiros homens brancos puseram os pés na Ilha da Páscoa, havia, ainda, pequenas tabuletas de madeira, com inscrições, penduradas em tôrno do pescoço dos moais. Mas já não mais encontraram qualquer nativo que fôsse capaz de ler a escrita. As poucas tabuletas ainda existentes não revelaram, até agora, seu segrêdo. Contudo, são uma prova de que os antigos Rapanui usavam uma escrita - diga-se isto de passagem - que se assemelha de forma notável à escrita chinesa. Após a visita dos "deuses", as novas gerações aparentemente esqueceram muito depressa o que seus antepassados haviam aprendido...

-Caracteres e símbolos indecifráveis encontram-se também sôbre petróglifos, grandes chapas tôscas de pedra, que contêm inscrições e desenhos, e se encontram espalhadas como tapêtes nas praias da ilha. Diversas dessas chapas de superfície áspera, cortada de fissuras irregulares, medem cêrca de 20 metros quadrados. Encon­tram-se invariàvelmente nos locais em que o solo é razoàvelmente plano. Sôbre êstes tapêtes de pedra vêem-se peixes, sêres embrio­nários indefiníveis, símbolos do Sol, esferas e estrêlas.

Para tomar os desenhos mais visíveis, o prefeito Ropo passou giz nos traços. Perguntei-lhe se havia alguém capaz de interpretar os sinais.

Não, disse êle. Já nem seu pai, nem o avô, sabiam ainda o que dizer a respeito. ~le mesmo supõe que os petróglifos contêm informações astronômicas. Também todos os templos da ilha teriam sido alinhados de acôrdo com o Sol e outros astros.

Por fim, nossa excursão à Ilha da Páscoa foi enriquecida por mais um acontecimento interessante. O prefeito Ropo nos con­duziu à praia e mostrou-nos um ôvo de pedra, de proporções admiráveis. Enquanto andamos em tômo daquela relíquia de pedra, êle nos explicou que, segundo a tradição da gente Rapanui, aquêle ôvo se encontrava antigamente no centro do templo do Sol, pois os "deuses" tinham chegado até êles por meio de um ôvo... (Descoberta na festa da páscoa, em 1722, a ilha era pràtica­mente obrigada a apresentar um ôvo de páscoa, como surprêsa...).

Agradecido, aceitei esta informação para incluí-Ia em minha coleção de estranhos ovos de pedra em redor da Terra.

A poucos metros das fileiras de estátuas tombadas, exposto ao tempo que muito o castiga, encontra-se à beira-mar o ôvo arti­ficial de pedra. Apenas um número branco, que o cataloga, dis­tingue o "ôvo dos deuses" da profusão de pedras que se espalham pela praia.

 

                   Para a índia - Por Causa dos Textos

 

O relatório de um antepassado sôbre uma viagem aérea da atualidade O testemunho ocular de Ezequiel

O segrêdo dos aparelhos voadores

Entrevista com a Professôra Esther A. Solomon, em Amedabad

Um lance de olhos na Cabala - O Livro de Sohar

O Livro de Dzyan

 

...E ENTREI EM UM amplo saguão, fartamente iluminado como o interior de um templo. Por tôda parte corriam sêres com rosto e mãos de homem. Carregavam objetos vários e, por vêzes, também caixas de diversos tamanhos, que entre­gavam a outros sêres postados detrás de paredes de pouca altura e ostentando estranha cobertura de cabeça, com o distintivo de uma águia. O saguão do templo ressoava com o som de música celestial, cuja origem não se percebia. Por vêzes ouvi a voz de um anjo e, numa delas, distingui as palavras: "Partida para Nova York - Vôo 101 - Portão de Saída no. 12".

Aí, um querubim pegou minha mão e levou-me para um serafim que, muito amável, me entregou uma pequena placa brilhante e disse: "Sua passagem aérea". Não consegui de­cifrar os caracteres da escrita celestial na placa. Em seguida, o querubim tornou a aparecer a meu lado e levou-me para uma grande ave celeste, tôda resplandecente, que se encon­trava no enorme parque de animais celestes, sôbre uma su­perfície ampla e lisa. A ave celeste pousava sôbre oito rodas pretas, que sobressaíam do ventre metálico do monstro rí­gido, como pés de vitela, e pareciam feitas de couro. As asas enormes do animal celeste, brilhante, estavam largamente abertas. Todos esperavam pelo deus que deveria acompa­nhar a viagem e ao qual meu querubim chamou de 'pilôto'. Ao subir a escada de prata para a ave, vi em suas asas qua­tro caixas grandes, com larga abertura em cada uma. E vi que muitas rodas giraram no interior daquelas aberturas. Aparentemente, a ave celeste era propriedade do deus "Swis­sair", pois êsse nome foi pronunciado freqüentemente por uma parede tôda iluminada.

No interior do ventre da ave celeste, o ar vibrava com sons de harpa e meu olfato deliciava-se com o perfume delicado de jasmins, violetas e outras flôres. Apareceu então outro querubim de corpo maravilhosamente belo, que me instalou em um trono e apertou meus quadris com um cinto largo. A música de harpa silenciou; uma voz divina anunciou: "Queiram, por favor, deixar de fumar e apertar o cinto". A voz enunciou ainda muitas outras profecias que deixei de entender, como as demais pronunciadas anteriormente. Logo depois, sobreveio um ruído aterrador, lembrando o trovejar e uivar de uma tempestade devastadora. A ave vi­brou, colocou-se em movimento e distanciou-se das outras aves celestes, com velocidade maior que a de um leopardo em fuga. E seguiu em sua rota sempre mais veloz, impul­sionada e levantada por uma fôrça sobrenatural, esmagadora como as ondas do mar quebrando-se nas rochas, e forte como os filhos da deusa-mãe sol. O mêdo apertou meu coração como em um anel de ferro; perdi os sentidos.

O querubim encantador apareceu ao meu lado e, abrindo uma válvula acima de minha cabeça, ofereceu-me uma be­bida, verdadeiro néctar inebriante. Fiquei reanimado com uma brisa celeste que batia no meu rosto. Levantei então o olhar e, de dentro do ventre da ave celeste, podia enxer­gar suas asas rígidas, que ficaram imóveis e não bateram como as asas das aves terrestres. Debaixo de mim vi muita água e grande área cinzenta e esverdeada de aspecto bizarro. Uma onda de mêdo tornou a invadir meu corpo. O queru­bim voltou imediatamente para meu lado, pousou a mão em minha testa e expressou a sabedoria dos sêres celestes: Não tenha mêdo. Até agora, ninguém ficou aqui em cima...

 

Não obstante tôda a seriedade que o tema dês te livro merece, descrevi aqui uma viagem aérea como poderia ter sido relatada por um de nossos antepassados, após sua chegada ao destino, se tivesse feito o vôo Zurique-Nova York, a bordo de moderno avião a jacto. Parece uma idéia absurda. No entanto, logo veremos que talvez não seja tão absurda assim.

No capítulo X, versículos 1 a 21, o profeta Ezequiel fornece um relato que permite notáveis associações de idéias com a des­crição fantasiosa de viagem aérea, que acabamos de expor:

 

  1. "E olhei, e eis que no firmamento, que estava sôbre a cabeça dos querubins, havia uma espécie de pedra de safira, à semelhança de um trono, sôbre êles.
  2. (O Senhor) falou ao homem que estava vestido de roupas de linho, assim: Vai aos intervalos das rodas que estão de­baixo dos querubins, enche a tua mão de carvões ardentes... e espalha-os sôbre a cidade. E êle foi, à minha vista.
  3. Os querubins estavam à direita da casa (do Senhor), quando lá entrou aquêle homem, e a nuvem encheu o átrio interior.
  4. A glória do Senhor elevou-se de cima dos querubins, indo-se pôr à entrada da casa, e a casa ficou coberta com a nuvem, e o átrio encheu-se do esplendor da glória do Senhor.
  5. O ruído das asas dos querubins ouviu-se até ao átrio exterior, parecendo-se com a voz de Deus Onipotente, quan­do fala.
  6. Tendo o Senhor dado ao homem, que estava vestido de roupas de linho, esta ordem: Toma do fogo do intervalo

das rodas que estão entre os querubins - êle foi e pôs-se. junto das rodas...

  1. ...olhei ainda, e havia quatro rodas junto çlos querubins: uma roda junto de cada querubim. O aspecto destas rodas era como o de uma pedra de crisólito.
  2. Tôdas quatro pareciam semelhantes, como se uma roda estivesse no meio de outra roda.

lI. Ao avançar, moviam-se nas quatro direções, e não tor­navam para trás quando andavam, porque, para onde a que estava primeiro dirigia seu caminho, para lá também as outras seguiam...

  1. Todo o corpo (dos querubins), seu dorso, as suas mãos e asas, bem como as rodas estavam cheios de olhos em tôda a volta: cada um dos quatro tinha uma roda.
  2. A estas rodas ouvi dar o nome de turbilhão.
  3. Quando os querubins andavam, também as rodas anda­vam igualmente junto dêles; e, quando os querubins esten­diam as suas asas para se elevarem da terra, as rodas tam­bém não se desviavam de junto dêles.

17; Quando êles paravam, paravam elas; quando êles se elevavam, elas se elevavam com êles...

  1. Os querubins estenderam as suas asas e elevaram-se da terra, a meus olhos, partindo, juntamente com as rodas."!

 

A Academia Internacional para Pesquisa do Sânscrito, em Mi. sore, na índia, foi a primeira a tentar verter para os têrmos lin­güísticos dos conceitos atuais um texto em sânscrito, de Maarshi Baradvaja, um profeta da era primitiva. Vi, com meus próprios olhos, em prêto sôbre branco, um resultado tão fascinante, que me ocorreu a idéia de pedir confirmação científica da autentici. dade daquela versão. Tudo me foi confirmado por ocasião de minha viagem à índia no outono de 1968, tanto em Misore, quanto no Central College, em BangaIore. E, assim sendo, trans­crevo a seguir a leitura, em têrmos modernos, de um antigo texto indiano, escrito em sânscrito:

 

  1. que é capaz de se mover no céu, de um lugar para outro... 9. de um país para outro, de um mundo para outro...
  2. é um 'Vimaana', assim chamado pelos sacerdotes das ciências.
  3. O segrêdo da construção de aparelhos voadores...
  4. que não se quebram, não podem ser partidos, não pe­gam fogo...
  5. e não podem ser destruídos.
  6. O segrêdo de fazer parar aparelhos em vôo.
  7. O segrêdo de tornar invisíveis aparelhos em vôo.
  8. O segrêdo de escutar ruídos e conversas em aparelhos inimigos em vôo.
  9. O segrêdo de fixar imagens do interior de aparelhos inimigos em vôo.
  10. O segrêdo de determinar a rota de aparelhos inimigos em vôo.
  11. O segrêdo de deixar sêres sem sentidos em aparelhos inimigos em vôo e de destruir os aparelhos inimigos em vôo" ...

 

Em outra parte do texto dá-se a descrição exata das 31 peças principais, que compõem o aparelho. Com precisão idêntica, dão-se instruções para os trajes e a alimentação dos pilotos. Além do mais, o texto contém a especificação de 16 metais diferentes, necessários à construção do veículo voador; no entanto, o mundo atual conhece apenas três dos metais especificados, ficando sem tradução, até agora, os demais.

A tentativa feita em Misore com relação a um texto cuja idade continua sendo desconhecida, devia servir de exemplo, com vistas a possíveis revelações que poderão surgir de textos antigos em versão atualizada.

Desde sempre senti uma curiosidade inquietante a respeito de antigas fontes hindus, pois quanta coisa de enigmático e fasci­nante encerram tôdas as traduções dos Vedas e epopéias indianas, a respeito de engenhos voadores e armas fantásticas das eras pri­mitivasl O Antigo Testamento com suas descrições plásticas e dramáticas parece até pálido, inexpressivo, em comparação com aquelas preciosidades indianas.

Um incidente ocasional contribuiu para intensificar essa minha curiosidade pelas fontes originais. Depois de uma conferência que proferi em 1963, perante pequeno auditório em Zurique, fui procurado por um estudante indiano, de Física, que me falou com naturalidade desarmante: "O senhor acha nôvo ou chocante o que acaba de expor? Todo hindu de cultura média conhece os trechos principais dos Vedas e, portanto, sabe que nas eras primitivas os deuses passeavam de máquinas voadoras e possuíam armas terríveis. Aliás, acho que em minha terra tôda criança sabe disto".

Em prindpio, o jovem simpático nada mais desejava senão confirmar minhas hipóteses; talvez também queria acalmar-me, pois fiquei um tanto acalorado ao tratar do "meu assunto". No en­tanto, o que conseguiu foi justamente o contrário.

Nos anos que se seguiram, mantive uma correspondência um tanto unilateral com especialistas hindus em sânscrito. Com muita cortesia respondiam a minhas cartas, tratavam das minhas per­guntas espedficas, enviavam fotocópias de textos em sânscrito, os quais, no entanto, eu não sabia ler. Os únicos a aproveitarem com essa correspondência eram meus amigos, colecionadores de selos postais. Esses problemas chegaram a perturbar meu sossêgo de espírito e me levaram a viajar para a índia, por causa da­queles textos.

No outono de 1968, voei para Bangalore, capital do Estado sulino de Misore. Bangalore é o centro cultural da índia Meri­dional. Todavia, nada disto percebi quando lá cheguei. No pri­meiro dia após minha chegada, um calidoscópio de impressões confusas e perturbadoras passou diante de meus olhos: mendigos e indigentes - carros de boi e mopeds - fazendo serviço de táxi ­ mulheres com um brilhante ao lado de cada narina e uma pinta vermelha na testa - barracas de madeira podre e palácios brancos em estilo colonial inglês - barulho nas ruas e vacas sagradas, magras e de olhos vermelhos - soldados de farda verde-azul, água suja, amarelada, nas sarjetas e tudo isto envolto num cheiro inco­mum, que me subia pelo nariz e penetrava até no cerebelo.

A Universidade de Bangalore, promovida com fundos de ajuda ao desenvolvimento, está soberbamente equipada e imbuída de avançado espírito de progresso. Os professôres e estudantes, em franca colaboração, dedicam-se em trabalho de equipe à solução de novos problemas científicos.

Renomados especialistas em. sânscrito, como os professôres Ramesh J. Patel, do Centro Cultural de Cochrab, e T. S. Nandi, da Universidade de Amedabad, dedicaram-me algo do seu tempo precioso. Na maioria dos casos, bastava um só telefonema para se marcar uma entrevista.

Perguntei pela idade dos Vedas e epopéias. Unânimemente, responderam que o Maabarata, a epopéia nacional hindu, que compreende 80.000 versículos duplos, deveria ter sido composta, em sua forma primitiva, ao redor de 1500 a. C. No entanto, em minhas buscas dos elementos primitivos que deram origem a essa epopéia, verifiquei que são de data bem mais antiga, variando as respectivas indicações entre os anos 7016 e 2604 a. C. À forma incomum de se fixarem datas tão remotas, perdidas nas brumas dos tempos, está ligada a determinação das constelações astronô­micas, mencionadas na descrição de uma das batalhas relatadas no Maabarata; contudo, apesar dêsses dados astronômicos, os cien­tistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva quanto àidade da epopéia. Como no caso do Antigo Testamento, também é desconhecido o autor originário do Maabarata. Supõe-se que uma figura lendária - Vyasa - teria sido o verdadeiro criador da epopéia, mas admite-se, com relativa segurança, que Sauti, o último a fazer sua tradição oral, teria inclusive sido o primeiro a registrá-la na íntegra, por escrito.

Em atenção aos matemáticos de nossa época, cuja tarefa é for­necer dados aos computadores para a determinação das dilatações do tempo em vôos interplanetários, transcrevo a seguir dois núme­ros que anotei em Bangalore: pelo Maabarata, 1.200 anos celestes correspondem a 360.800 anos terrestres.

Como achei lastimável o fato de não saber ler sânscrito! Fui orientado com muita gentileza; indicaram-me exatamente os tre­chos dos textos referentes a "super-armas", "armas para o com­bate aéreo" e "aparelhos voadores", que procurava; mereci tele­fonemas a bibliotecários, a fim de informá-los sôbre a hora de minha chegada e o objetivo de minhas buscas; fui até acompa­nhado por estudantes solícitos, informados de que eu iria encon­trar mesmo o que estava procurando... E quando tive nas mãos os elementos tão ansiosamente esperados, que deveriam responder a minhas perguntas, os trechos essenciais estavam escritos ou em sânscrito ou em outro idioma hindu. Desiludido com os magros resultados, resolvi manter os contactos já estabelecidos, a fim de voltar outra vez, melhor preparado para aproveitá-los.

Todavia, restava-me ainda a esperança de obter, de determi­nado cientista, dados mais concretos, aptos a saciar minha enorme sêde de saber. Da Suíça, troquei correspondência com o especia­lista em sânscrito, Prof. T. S. Nandi, na Universidade de Ame­dabad; por seu intermédio obtive contacto com a Professôra Esther Abraham Solomon, sua superiora e chefe de departamento. Essa cientista é senhora de vasto saber no campo de sua especiali­dade, o sânscrito; há seis anos que dirige o Departamento de Pesquisas do Sânscrito e goza de renome que a coloca entre as maiores capacidades no assunto, não apenas na índia, mas no mundo.

Amedabad é uma velha cidade dedicada ao algodão, com muitas mesquitas importantes e tumbas dos séculos XV e XVI. É situada à margem do Rio Sarbarmati, conta 1,2 milhões de habitantes e se tornou conhecida na índia atual por sua Universidade Gudshe, fundada apenas em 1961.

Aos turistas, Amedabad oferece a atração especial das "Shaking Towers", dois minaretes altos de uma mesquita, de construção bastante sólida, com uma escada em caracol no seu interior, pela qual se pode subir - descalço, bem entendido - até o tôpo. Essas tôrres possuem uma qualidade única no mundo: quando um pequeno grupo de turistas, ao exercer um movimento rítmico, põe a vibrar uma das tÔrres, a outra tôrre acompanha a vibração. Até agora, as tÔrres agüentaram perfeitamente essa diversão turís­tica, que jamais sofre solução de continuidade, e parece que ainda chegarão a sobreviver à tÔrre inclinada de Pisa...

O Prof. Nandi marcou minha entrevista com a Prof.a Esther Solomon para a hora do almõço e fêz as seguintes recomendações: "Suba ao primeiro andar; o nome dela está escrito na porta; entre na sala e fique à vontade".

Fiz a caminhada para a Universidade no calor sufocante do meio-dia; a folhinha marcava o mês de novembro. Encontrei o prédio moderno de um andar, feito de pedra calcária, sem qual­quer ostentação externa. Esperei no saguão, pois achei um tanto estranha a recomendação "entre na sala e fique à vontade". Con­tudo, durante a espera observei como os professõres e estudantes entravam nas respectivas salas sem bater, e como todo o movi­mento se passava em clima de maior sem-cerimÔnia e naturalidade.

A Prof.a Solomon apareceu pouco antes das 13 h. Havia-se demorado em uma entrevista. Vestia um simples sari branco; aparentava idade ao redor dos 50 anos. Cumprimentou-me como a um bom amigo, provàvelmente por eu ter sido apresentado pelo Prof. Nandi. Conversamos em inglês e ela permitiu que a conversa fosse gravada no meu mini-gravador.

Ei-la: "ProfessÔra, recebi informações de colegas na especiali­dade da senhora, que interpretei como opinião no sentido de que os antigos Vedas e epopéias indianas têm data anterior à do Antigo Testamento. Esta minha interpretação está correta"?

"Isto não se pode afirmar de maneira tão absoluta, pois não se pode fixar data certa, nem para os primitivos textos hindus, nem para os do Antigo Testamento. Se ficarmos propensos a datar os trechos mais antigos do Maabarata ao redor de 1500 a. C., representa isto uma estimativa cautelosa e uma hipótese referente ao núcleo primitivo da epopéia. Decerto, há muitos aditamentos e suplementos que só foram feitos após o nascimento de Cristo. Até hoje, a fixação de datas certas continua sujeita a muitas ressalvas. Outrossim, os trechos originais do Maabarata podem bem datar de cem ou mais anos anos antes de 1500 a. C. O senhor sabe, os textos mais antigos foram escritos em casca de palmeiras, mas antes de terem sido registrados nessa escrita de palmeiras, já haviam passado por muitas gerações, através de tradição oral. Foram inclusive registrados em pedras, mas essas escritas são rela­tivamente raras na índia."

"Em suas pesquisas, a senhora encontrou paralelos entre os textos do Velho Testamento e os antigos textos hindus?"

"Sem dúvida, há certos paralelos, mas acho que semelhanças idênticas podem ser encontradas, em formas várias, na maioria das antigas lendas populares. É só lembrar determinados acon­tecimentos, como o dilúvio, as narrações de deuses criando o homem, os heróis elevados ao céu, as armas que usaram, e cujas descrições voltam a surgir em tôda parte."

"Mas são justamente os antigos textos indianos e tibetanos que mais falam em armas absurdas. Refiro-me aos relâmpagos divinos e armas de raios, uma espécie de armas hipnóticas, mencionadas no Maabarata, ou ao disco arremessado pelos deuses, aos quais voltava com tôda fôrça, ou ainda a textos falando em armas bacteriológicas. O que a senhora pensa disto?"

"Parece tratar-se de exageros ou descrições fantasiosas de uma fôrça divina imaginária. Os povos antigos, decerto, sentiram a necessidade de envolver seus líderes ou reis em uma auréola de misticismo e mistério. Sem dúvida, inventaram posteriormente os atributos de inimagináveis e invendveis, que ainda foram super­lativados com cada geração que passava."

         "Coadunar-se-iam essas imaginações fantasiosas com a mentali­dade das eras primitivas?"

         "Aparentemente sim. No entanto, nós mesmos continuamos a deparar com enigmas."

         "Repetidamente, os textos indianos e tibetanos falam em obje­tos voadores - Vimaanas. O que a senhora pensa disto?"

"Francamente, não sei o que se deve pensar. Parece que as descrições se referem a engenhos, semelhantes a aviões, usados pelos deuses em seus combates no céu."

         "Podemos ou devemos então classificar essas tradições como mitos e considerá-las como tais?"

A Prof.a Solomon refletiu por um instante antes de responder, com ar de quase resignação: "É o que devemos fazer".

         "E se êsses textos contêm a descrição de acontecimentos reais, passados em eras posteriores?"

"Seria fantástico."

"E seria impossível?"

Após um breve intervalo: "Não sei, de fato não sei...".

Lá fora, o calor era quase insuportável. Devagar, dirigi-me para a cidade, atravessando uma ponte que me parecia sem fim. O rio quase sêco era apenas um pequeno veio de água. Tapêtes multicores cobriam o leito do rio até onde se podia enxergar, pois ali eram colocados para secar. Em minha memória, não can­sei de recapitular a conversa com a professôra; nem essa mulher tão inteligente e culta era capaz de responder a minhas perguntas de maneira concludente e satisfatória.

No entanto, justamente aquilo que a Prof.a Esther Solomon deixou de confirmar claramente, está-me levando, há mais de uma década, a procurar os livros mais antigos da humanidade, a fim de estudá-Ias sob o prisma de minhas hipóteses e buscar pontos de referência e identificações na apresentação de deter­minados acontecimentos.

De volta ao hotel, o ar condicionado do quarto deu-me nôvo ânimo e, ao abrir o Maabarata, deparei com o seguinte trecho:

 

"Quando lhe perguntaram pelas medidas da abóbada celeste, Brigu respondeu:

"O espaço é imenso, habitado por sêres felizes e divindades, repleto de alegria, e contém muitas habitações de diversos feitios, cujos limites são inatingíveis.

Acima e abaixo das esferas celestes não se vêem mais a Lua e o Sol, pois os deuses são sua própria luz, brilhante como o Sol e flamejante como o fogo.

E nem os deuses vêem os limites da imensa abóbada celeste, por ser dificilmente atingível e sem fim... Para cima e sem. pre mais para cima, sêres flamejantes, radiantes de luz, enchem o espaço cósmico, que nem pode ser medido pelos próprios deuses".

 

Os relatos do Maabarata continuam a contar entre os enigmas sem solução do passado, inclusive os trechos já estudados pela pesquisa especializada.

Desde que a humanidade sabe pensar e conhece lfnguas, inven­tou lendas e mitos que. repetidos de bôca em bôca durante milê­nios, chegaram a ser registrados pela mão de alguém, em algum lugar. Desconhece-se a razão por que algumas dessas velhas tra­dições evoluíram em religiões ou filosofias decisivas para os ru­mos da civilização humana e por que outras foram rejeitadas e deixaram de exercer qualquer influência. O ponto comum em tôdas essas antigas tradições é o fato de que seu teor não pode ser comprovado, mas o povo "acreditou" naquelas que chegaram a ser uma religião. Se hoje em dia tentarmos a interpretação de textos antigos sob pontos de vista modernos, não disporemos, para tanto, de textos novos, mas apenas dos mesmos velhos textos aceitos ou rejeitados. No entanto, apesar disto, fornecem dados surpreendentes. Contudo, parece fora do comum duvidar de cren­ças consagradas pela tradição popular ou tomar fábulas mitoló­gicas por registros de acontecimentos verdadeiros.

Na biblioteca da Sorbonne, em Paris. mergulhei na edição com­pleta, em seis volumes, da Cabala. Antes de relatar os resultados dessa leitura, devo observar brevemente que a Cabala representa o livro mais extenso da ciência oculta mais enigmática do mundo... Teria começado a ser escrita ao redor de 1200 d. C. e, suposta­mente, surgiu em reação ao Talmude, de concepção realista e materialista.

A Cabala interpreta mensagens secretas do Antigo Testamento e comenta códigos das antigas leis hebraicas para um círculo de inicia­dos. Os cabalistas alegam que o livro foi escrito por ordem divina; contém códigos, símbolos, fórmulas matemáticas, e relaciona todos os dados ocultos com a fôrça mística de diversas divindades. Quem pertencer ao pequeno círculo de iniciados ficará capacitado a operar milagres, mediante o conhecimento e domínio dos mistérios da Cabala, que o colocará em relação direta com os deuses ...

Da mesma forma em que costumo considerar reais as exposições feitas em outros textos primitivos, tomei também as descrições da Cabala como relatos de acontecimentos verdadeiros. Somente assim é possível detectar um rasto inteligível do traço que liga nossa Terra aos deuses, em meio às imagens ocultas retratadas pelos autores da Cabala.

         A Cabala descreve com grande riqueza de detalhes os "outros sete mundos" e seus habitantes, dando denominações diversas a uma só coisa. Seguem-se trechos da Cabala, cujo sentido transcrevo da seguinte forma:

 

"Os habitantes do mundo de "Geh" semeiam e plantam árvores. Comem de tudo que a árvore produz, mas desco­nhecem o trigo e todos os cereais. Seu mundo é sombrio e lá há muitos animais de grande porte.

Os habitantes do mundo de "Nesziah" comem arbustos e plantas, que não precisam cultivar. São de baixa estatura e, ao invés de nariz, possuem dois orifícios na cabeça, pelos quais respiram. São muito esquecidos e, freqüentemente, não sabem por que começaram o trabalho que estão fazendo. No seu mundo há um sol vermelho. Os habitantes do mundo de "Tziah" não precisam comer daquilo que os outros comem. Estão sempre à procura de veios de água. Seu rosto é de grande beleza e sua fé é a mais forte de todos os sêres. No seu mundo há grandes riquezas e muitas construções bonitas. O solo é sêco e lá se vêem dois sóis.

Os habitantes do mundo de "Thebel" comem de tudo que provém da água. São superiores a todos os outros sêres e seu mundo é dividido em zonas, cu jos habitantes se distinguem entre si pela côr da pele e pelas feições do rosto. Ressuscitam seus mortos. Seu mundo fica longe do sol.

Os habitantes do mundo de "Erez" são descendentes de Adão.

Os habitantes do mundo de "Adamab" também descen­dem de Adão, pois Adão queixou-se da solidão no mundo de "Erez". Lavram a terra e comem plantas, animais e pão. Quase sempre vivem tristes e fazem a guerra entre si. Nesse mundo há dias e o agrupamento das estrêlas é visível. Anti­gamente, receberam a visita freqüente de habitantes do mun­do de "Thebe1"; mas lá os visitantes perderam a memória e se esqueceram de onde vieram.

Os habitantes do mundo de "Arqa" fazem a semeadura e a colheita. Seus rostos são diferentes dos nossos. Visitam todos os mundos e falam tôdas as línguas".

 

E tornam a surgir tôdas as velhas perguntas com as quais, en­trementes, já ficamos familiarizados: como sabiam os autores da Cabala que sêres de outros sete mundos têm aparência diversa da dos habitantes de nossa Terra? Que sua alimentação é diferente e que há outros sóis no firmamento?

Dignas de nota são ainda certas afirmativas da Cabala, segundo as quais antigamente o homem e a mulher não se olhavam no rosto durante o ato sexual e que o espermatozóide e o óvulo se reúnem em um só ser. Cabalistas modernos acreditam saber que, antes de Adão, foi criado outro ser, masculino, que, no entanto, teve filhos; de repente os filhos ter-se-iam unido à serpente.

A obra principal da Cabala., o Livro de "Sohar", em língua armênia, explica os cinco livros do Pentateuco no sentido cabalís­tico do conceito de Deus. A autoria do "Sohar" é atribuída ao rabino Simon bar Jochal (130-170 d. C.), porém, segundo a tra­dição oral, provàvelmente só chegou a ser escrito em fins do século XIII por Moses de Leon, na Espanha, e teve sua primeira edição em 1558, em Cremona, na Itália.

O "Sohar" relata - e isto é surpreendente - uma conversa entre um habitante da Terra e um náufrago, proveniente do mundo de Arqa. Por ela chegamos a saber que, após a Terra ter sido des­truída pelo fogo, alguns sobreviventes da catástrofe, sob a lide­rança do rabi Y ossé, depararam com um ser alienígena que, de repente, saiu de uma fenda na rocha e tinha "um rosto diferente". O rabi Yossé aproximou-se do forasteiro e perguntou de onde provinha.

O forasteiro respondeu: "Sou um habitante de Arqa".

O sobrevivente terrestre ficou surprêso e perguntou: "Então há sêres vivos em Arqa?"

         O forasteiro retrucou: "Há sim. Quando vi vocês se aproxima­rem, saí da caverna para saber o nome do mundo a que cheguei".

 

E, em seguida, o forasteiro contou que em sua terra as estações do ano são diferentes das daqui; lá os plantios e as colheitas levam vários anos para se repetir e as constelações de estrêlas são dife­rentes das que se observam daqui...!

A Cabala se apóia em quase, 1.800 anos de tradição oral, foi registrada em livro aproximadamente anos atrás e teve im­pressa sua primeira edição há mais de 400 anos. Mas, devo repetir a pergunta: qual o saber em que se fundou êsse livro?

Logicamente, um ser extraterrestre, em visita a nosso planêta, acharia diferente as constelações estelares, pois no mundo de onde provinha as estações do ano também eram diferentes.

         O ceme das asseverações expostas é real demais, para que pudes­sem ser consideradas como pura fantasia.

         E depois, o Livro de Dzyan com os símbolos sagrados. Ninguém no mundo conhece sua data verdadeira. Dizem que o original é mais antigo do que a nossa Terra. Dizem, inclusive, que era tão magnetizado que os 'iniciados', ao tocá-lo com a mão, viam passar diante de seus olhos os acontecimentos descritos e, ao mesmo tempo, ouviam em sua língua os textos misteriosos, transmitidos pela fôrça de impulsos rítmicos, na medida em que a respectiva língua possuía vocábulos adequados para a versão dos textos.

Durante milênios, essa ciência oculta ficou guardada como "ultra-secreta" em cavernas, nas regiões montanhosas do Tibete, pois dizia-se que, em mãos de pessoas não iniciadas, os ensina­mentos ocultos poderiam representar um perigo enorme. O texto original - que não se sabe se ainda existe em qualquer lugar ­foi copiado literalmente por uma geração após outra e comple­mentado por novos relatos e conhecimentos dos iniciados.

O Livro de Dzyan teria sido composto além do Himalaia. Por vias desconhecidas, seus ensinamentos chegaram ao Japão, à índia e à China; até em tradições sul-americanas foram encontrados vestígios de pensamentos e conceitos contidos nesse livro. Fra­ternidades secretas, refugiadas em paragens abandonadas das Mon­tanhas Kun-lun, ou no fundo das gargantas do maciço rochoso do Altyn-tag, ambos situados na parte ocidental da China Vermelha, manteriam sob sua guarda enormes coleções de livros. Suas habi­tações seriam templos humildes; seus tesouros literários ficariam guardados em salões e galerias subterrâ.neos. Também o Livro de Dzyan teria sido guardado em um dêsses lugares. Os primeiros Santos Padres da Igreja fizeram tudo para subtrair esta ciência oculta da memória daqueles que dela privaram; no entanto, todos os esforços foram inúteis, pois os textos oralmente transmitidos passaram de geração em geração.

Em diversos países, freqüentemente, ouvi falar nessa ciência. No entanto, jamais encontrei alguém que tivesse visto uma cópia autêntica da obra original. Trechos do Livro de Dzyan, que se conservaram, ou melhor, chegaram a ser conhecidos, passam pelo mundo inteiro em milhares de textos vertidos para o sâ.nscrito. Pelo que se sabe até agora, essa estranha ciência oculta encerraria o verbo primitivo, a fórmula da gênese e daria o relato dos mi­lhões de anos que marcaram a evolução da humanidade.

Acho tão interessantes as sete estrofes da gênese, segundo o Livro de Dzyan, que resolvi transcrevê-Ias para que constem desta publi­cação.

 

        Estrofe I

 

0 tempo não existia, pois estava deitado, dormindo no colo infinito da duração.

...SÓ a escuridão enchia o espaço infinito...

...E, inconsciente, a vida pulsava no espaço cósmico, os sete governadores excelsos e as sete verdades deixaram de ser...

 

         Estrofe II

 

...Onde estavam os construtores, os filhos luminosos... os criadores da forma da matéria amoda, da raiz do mundo?... ...A hora ainda não chegara; o raio ainda não relampejava dentro do germe...

 

         Estrofe III

 

...A última vibração da última eternidade penetra no in­finito...

...A vibração estende-se, tocando com suas asas ligeiras todo o espaço cósmico e o genne que mora na escuridão, e respira sôbre as águas adormecidas da vida...

...A raiz da vida estava contida em cada gôta do oceano da imortalidade e o oceano era a luz brilhante que gerava o fogo, o calor e o movimento. A escuridão desapareceu e deixou de existir...

...Ei-lo, o espaço claro, o filho do espaço escuro... Daqui por diante, brilha como o sol; êle é o divino dragão de fogo da sabedoria.

...Onde estava o germe e onde então estava a escuridão?... ...0 germe é o ato e o ato é a luz, o filho branco, luminoso do pai escuro, escondido.

 

         Estrofe IV

 

...Oh, filhos da terra, dêem ouvido aos seus mestres, os filhos do fogo...

...Ouçam o que aprendemos com nossos pais, nós, os descen. dentes do sete primitivo, nascidos da chama primitiva...

...Do brilho da luz, que resplandeceu na eterna escuridão, as energias ressuscitadas se originaram no espaço... e do homem-deus emanaram as fonnas, as faíscas, os animais sa. grados e as mensagens dos santos padres.

 

         Estrofe V

 

...Os primeiros sete hálitos do dragão da sabedoria geraram o turbilhão de fogo, pela fôrça circulante da sagrada res­piração.

...0 filho veloz dos filhos divinos... cumpre sua missão em movimento circular... tle passa pelas nuvens de fogo como o relâmpago...

...tle é seu espírito orientador e líder. Quando começa sua obra, separa as faíscas do reino de baixo, e elas, tremendo de alegria, sobem para suas moradias brilhantes...

 

 

         Estrofe VI

 

...0 veloz e brilhante... coloca o Universo sôbre essas eternas pedras fundamentais...

...Ele as constrói segundo a imagem de rodas mais antigas e prende-as em centros imperecíveis...

...Como estão sendo construídas essas pedras fundamentais por Fohat? ~le coleciona a poeira de fogo. Ele faz bolas de fogo. ~le corre através e ao redor das bolas de fogo e lhes confere a vida, para depois colocá-Ias em movimento... As bolas são frias e êle as torna quentes. São sêcas ele as torna molhadas. Brilham ele as abana e resfria. Assim trabalha Fohat de um crepúsculo para outro, através das sete eter­nidades...

...0 germe-matriz encheu tudo. Houve lutas entre os cria­dores e os destruidores e lutas pelo espaço.

 

         Estrofe VII

 

...Eis o início da vida sensível, amoda. Primeiramente o divino, o uno do espírito-mãe...

...0 raio uno multiplica os raios menores...

...Depois, os construtores, que tornaram a envergar os trajes primitivos, desceram para a Terra brilhante e governaram sôbre homens - que são êles próprios...".

 

Esse mito da criação dispensa qualquer comentário para o leitor entendido. É fantástico como, na era dos vôos espaciais, os textos se interpretam "por si sós". Há apenas alguns conceitos a serem comentados, quanto ao sentido que formam no uso lingüístico atual.

A mãe eterna – o espaço.

As sete eternidades - eras ou períodos. O têrmo 'eternidade' no sentido da teologia cristã é ininteligível para a mentalidade asiática. Um período abrange uma 'grande era', equivalente a 100 anos de Brama ou sejam 311.040.000.000.000 anos terrestres. Um dia de Brama corresponde a 4.320.000.000 anos dos mortais.

‘Brama' é a fôrça criadora e sustentadora de todos os mundos.

Cabe aqui lembrar as leis da dilatação do tempo, sem a aplicação das quais essas medidas cronológicas são incompreensíveis.

Tempo - seqüência de estados de consciência.

Espaço - matéria.

Luz - algo de inconcebível, em virtude de sua fonte original ser desconhecida.

Pai e mãe - o princípio masculino e feminino da natureza primitiva.

Sete governadores excelsos - sete espíritos criadores..

Construtores - os verdadeiros criadores do Universo, do sistema planetário.

Hálito - o espaço sem dimensões.

Raio - a matéria no germe universal.

Última vibração da sétima eternidade - fenômeno de apareci­mento periódico da inteligência universal.

Ovo virgem - símbolo da forma primitiva de tudo que é visível, desde o átomo até o planêta Terra.

Filhos da terra, filhos do fogo - fôrças cósmicas personificadas.

Fohat - fôrça construtiva da energia cósmica.

 

Em outros trechos do Livro de Dzyan estaria escrito que, há 18 milhões de anos, vegetavam sôbre a Terra sêres vivos, sem ossos, de consistência de borracha, sem raciocínio ou inteligência. :Esses sêres ter-se-iam auto-reproduzido, mediante divisão. No decurso de uma longa evolução, ter-se-ia originado uma espécie mansa de sêres vivos, que viveram há 4 milhões de anos, em uma era de sensualidade suave, em um mundo de sonhadores felizes. Nos seguintes 3 milhões de anos, ter-se-ia dado a evolução de uma raça gigante, de sêres bem diferentes. Supostamente, Dzyan diria ainda que os gigantes eram bi-sexuais e se fecundavam a si pró­prios. Somente .há 700.000 anos começaram a imitar os outros animais; no entanto, geraram monstros horrorosos. :Esses monstros não conseguiram livrar-se dessa procriação bestial, passaram para o domínio animal e embruteceram animalescamente.

Supostamente, o Livro de Dzyan daria inclusive dados históricos e geográficos exatos, tais como: em 9564 a. C., extensos territórios situados entre a Flórida e a Ilha de Cuba, de nossos dias, teriam sido submersos no oceano. A Atlântida lendária ainda não foi localizada; corresponderia às terras submersas, mencionadas no Livro de Dzyan? Não o sei. Talvez a Atlântida tenha a mesma sorte dos OVNI (Objetos Voadores Não Identificados), pois aquela e êstes não saem mais da imaginação dos homens.

 

                   Sôbre as Perversões dos Nossos Antepassados

 

O homem e o animal - Uma explicação para o pecado original? Quando os "deuses" trouxeram o código genético Testemunha principal: Moisés - Quarentena para a nova raça Pode Deus errar? Recompensa pela assistência divina no desenvolvimento Mexendo em ninho de vespas

 

NA NEBULOSA Antiguidade terá, talvez, existido um ser híbrido, oscilando entre homem e animal. A êsse respeito a literatura e a arte das épocas mais remotas não deixam a menor dúvida. Repre­sentações de touros alados com cabeças humanas, sereias, homens­escorpiões, homens-pássaros, centauros e monstros com várias cabeças, estão na recordação de todos nós, como quadros já vistos nalgum lugar. Livros antigos afirmam que êsses sêres híbridos, em tempos históricos, ainda conviviam com hordas, tribos e até com populações maiores. Mencionam sêres híbridos que vegetavam como "animais dos templos" e parecem ter sido muito mimados, como animais de estimação. Os reis sumerianos e, mais tarde, tam­bém os assírios promoviam caças a tais sêres, - possivelmente a título de pura diversão. Textos misteriosos aludem a "semi-sêres" e "sêres mistos", cuja existência singular, é verdade, mais e mais se esfuma nas regiões indevassáveis dos mitos.

O bode egípcio ainda hoje vagueia como fantasma pelas estórias da Ordem dos Templários, fundada no século XII. É descrito de andar ereto, cabelos humanos na cabeça, cascos de bode, traseiro de bode e de falo robusto. - Heródoto (490-425 a. C.) fala em suas "Es­tórias Egípcias" de singulares pombas pretas, que teriam sido "fê­meas animalesco-humanas" (lI, 57). Refere-se ainda a homens da região da foz do Rio Araxes, na Pérsia, que, segundo lhe constou, "juntavam-se a peixes" e teriam constituído uma espécie de "ho­mens-peixes", de pele escamosa (1, 202). Nos Vedas indianos narra-se de mães que "andavam sôbre as mãos". Na Epopéia de Gilgamés, diz-se que Enkidu deve ser "desacostumado dos animais". Nas bodas de Peiritoos, os centauros, sêres semi-animalescos, de corpo eqüino e tórax humano, violentam as mulheres dos Lapitas. Ao Minotauro, de cabeça de touro, devem ser "ofertados em holo­causto" seis mancebos e seis donzelas. Finalmente, é provàvelmente lícito considerar também as servas vivas de Hefaistos, sob o aspecto dos prazeres sexuais. Para mim também subsiste pouca dúvida quanto ao fato de a dança ao redor do bezerro de ouro haver sido o clímax de uma orgia sexual.

PIatão escreve em seu "Banquete": "Originalmente havia, a par do sexo masculino e do feminino, ainda um terceiro. Tal homem tinha quatro mãos e quatro pés... grande era a fôrça dêsses homens, seu sentido atrevido; planejavam conquistar o céu e violar os deuses..."

Os cabires, nas inscrições geralmente intituladas os "grandes deuses", celebravam com os "demônios da fecundidade" um culto singular que, a partir da antiguidade egípcia e atravessando a época do helenismo, continuou até o período de maior floresci­mento da cultura Romana. Como as consagrações dos cabires eram secretas, até hoje não foi possível investigar acuradamente a que práticas sexuais se entregavam êles. De qualquer maneira, é tido como assegurado que, de tais práticas, sempre participavam dois cabires masculinos e dois femininos, bem como um animal: Não se uniam machos e fêmeas humanos apenas, o animal representava papel ativo!

Talvez se deva mencionar, nessa correlação, também os touros Ápis egípcios, os "touros sagrados de Mênfis". Devido à sua fecundidade, êles eram mumificados e conservados em sarcófagos de três metros de comprimento e quatro de altura. Há três anos atrás visitei essas tumbas emboloradas, a grande profundidade sob a areia do deserto, e perguntei de mim para mim: Que faziam êsses touros fecundos durante sua vida?

­

Tácito (Anais XV, 37) descreve uma orgia vespertina em casa de Tigelino, onde, "com a colaboração de homens-animais, os convivas se entregavam a libidinagens".     .

        Durante quanto tempo as perversões foram praticadas em fra­ternidades secretas, não é possível descobrir-se.

A Heródoto, a coisa às vêzes parece ter sido um tanto embara­çosa; dá até a impressão de que, ao tratar do assunto, tenha escrito com a mão esquerda (lI, 46):

         "...E o bode se juntava a uma mulher, ante a vista de todos..."

         O divino Pan era representado pelos artistas da Antiguidade com pés de bode e cabeça de cabra. Também isso incomodou a Heródoto (lI, 46): "Porque o representam dessa maneira, é matéria sôbre que não se deve falar..:'

O Talmude judaico relata haver Eva copulado com uma ser­pente. Essa idéia inspirou muitos artistas. Sôbre fragmentos encon­trados em Nipur há o retrato de uma mulher, de seios bem desen­volvidos e cauda de serpente - representação essa, aliás, semelhante à que se dá às sereias, que atraem belos mancebos.

A face pecaminosa do nosso passado remoto, por embaraçosa que seja, não pode ser eliminada com retoques. A pornografia, em todos os tempos, foi um estimulante procurado. Representações pré-históricas de excessos sexuais, sôbre plaquinhas de barro, pare. dões rochosos e ossos de animais, disso dão testemunho.

Nos relevos do obelisco negro de Salmanassar lI, no Museu Bri­tânico, podem ser distinguidos singulares sêres humano-animales­coso. No Louvre, no Museu de Bagdá e em outros institutos do gênero, existem representações de cruzamentos estranhos entre homem e animal. Na Ilha de Malta há grandes figuras de pedra de anatomia extraordinária: possuem coxas esféricas e pés pontu­dos; quanto a sexo, é impossível defini-Io. Em obras de arte assírias, representações de semi-homens não são raras. Os "textos acompa­nhantes" relatam de "animais-humanos" aprisionados que, acorren­tados por guerreiros, foram trazidos e entregues como tributo do país de Musri ao grão-rei. Um osso do início da Idade da Pedra, encontrado em Le Mas-d'Azil (França), mostra um ser ambíguo ­metade homem, metade macaco - cujo falo deveria ter constituído uma atração especial.

 

Segundo os conhecimentos biológicos atuais, o cruzamento homem-animal é impossível, porque o número cromossômico dos parceiros não coincide. Tal acasalamento nunca resultaria na for­mação de um ser de capacidade vital. Sabemos nós, no entanto, a qual código genético obedecia a composição do número cromossô­mico dos sêres híbridos?

A meu ver, o culto sexual homem-animal, praticado na Anti­guidade com veemência e prazer, só prevalecia contra "melhor juizo". Não pode o "melhor juizo" de um acasalamento exclusi­vamente entre espécies homogêneas ter provindo de influência estranha ao próprio homem?

         Tomaram-se reincidentes os habitantes da Terra, depois que os "deuses" haviam partido novamente?

         E era essa reincidência um pecado análogo ao pecado original?

         Temiam êles, talvez por isso, o dia em que os "deuses" retor­nariam? O elemento inibidor da evolução, nos tempos primitivos, era, aparentemente, a promiscuidade com animais. Visto por tal prisma, o velho vício causaria inibidora involução regressiva, pela mestiçagem com sangue animal. E o "pecado original" se toma lógico pelo fato de, em cada procriação, ser legado algo do antigo animalesco: o bestial no homem. Pois - por tudo dêste mundo - que outro fator biológico inde­sejável um "pecado" poderia legar?

Os sumerianos conheciam um só conceito para Universo: an-ki, o que talvez possa ser traduzido por "céu e terra". Seus mitos contam de "deuses", que andavam no céu, de barco ou em naves de fogo, desciam das estrêlas, fecundavam seus antepassados, para de nôvo regressar às estrêlas. O Panteão sumeriano, o santuário dos deuses, era "animado" por um grupo de sêres possuindo formas humanas mal reconhecíveis, mas que parecem haver sido sôbre­humanos e até imortais. Ora, os textos sumerianos não falam indefinida e nebulosamente de seus "deuses"; dizem claramente que o povo, outrora, os havia visto com seus próprios olhos. Seus sábios estavam convencidos de ter conhecido os "deuses", que rea­lizaram grandes obras. Assim, pode-se ler em textos sumerianos como tudo ocorreu: Os deuses lhes ensinaram a escrita, deram-lhes indicações para a obtenção de metal (a tradução da palavra sume­riana para "metal" quer dizer "metal celeste") e os instruíram na cultura da cevada. Para a nossa ordem de idéias, o importante é saber que, segundo registros sumerianos, novos homens teriam re­sultado de cruzamentos entre deuses e filhos da Terra...

Segundo a tradição sumeriana, o deus-sol Utu e a deusa Vênus Inana (ao menos) vieram do Cosmo. A palavra sumeriana para costela é ti; ti significa simultâneamente "criar vida". E, então, também é Ninti o nome da deusa sumeriana, que "cria vida". A tradição diz que o deus do ar Enlil "engravidou" diversos sêres humanos. Uma lousa de caracteres cuneiformes relata que Enlil derramou a sua semente no regaço de Meslamtaea:      A semente de teu amo, a semente radiante, está no meu regaço; a semente de Sin, o nome divino, está no meu regaço..."

Na cidade de Nipur, onde moravam os deuses, Enlil violentou a encantadora Ninlil e a engravidou, de ordem superior. A bela filha da Terra, Ninlil, de início, negou-se a ser fecundada justa­mente por um "deus". Sôbre o temor de Ninlil, quanto ao ato de violação, relata o escrito cuneiforme de Nipur: Minha vagina é pequena demais, ela não permite a cópula. Meus lábios são muito miúdos, não sabem beijar..."

O divino Enlil fêz ouvidos moucos às palavras de repulsa de Ninlil. Era resolução dos "deuses" exterminar os produtos de vida impura sôbre a Terra, e, portanto, Enlil derramou-se no regaço de Ninlil. Numa lousa decifrada pelo sumerólogo S. N. Kramer, lemos: "...Para exterminar a semente da humanidade, o conselho dos deuses tomou a resolução. Conforme as palavas de ordem de Ana e Enlil... Seu domínio terá fim..."

         Tratava-se, portanto, bem claramente, de exterminar os impuros!

Noutra lousa está escrito:

         "Naqueles dias, na câmara de criação dos deuses, foram formados Lahar e Aschman...

         Naqueles dias, Enki disse a EnliI:

"Pai Enlil, Lahar e Aschman. Eles, que foram criados no Duku, Deixemos que desçam do Duku."

         Era a "câmara de criação dos deuses" idêntica ao "Duku"? E era

o "Duku", do qual a descendência devia "descer", a nave espacial dos deuses? Com uma representação de tamanha plasticidade, essa presunção se torna palpável!

Cientistas da Universidade de Pennsylvania trouxeram de uma expedição, em 1889, a mais antiga das plantas de uma cidade do mundo, o plano da cidade de Enlil-ki (= Nipur). Nessa cidade havia uma "porta dos sexualmente impuros"! Segundo meu modo de ver, essa "porta" era uma medida protetora dos "deuses" depois do trabalho feito: uma vez por êles criada uma nova geração, queriam prevenir uma reincidência na perversão, segregando o "nôvo homem" do mundo ambiente, que ainda continuava conta­minado. Uma lousa de escrita cuneiforme dá até uma ligeira indi­cação do método de fecundação dos "deuses", a saber, a implanta­ção do sêmen divino.

Os livros do Pentateuco, que já me forneceram tão abundante material ilustrativo dos recursos locomotores dos super-entes ga­lácticos da era primitiva, são um poço de achados para minhas teses - na extensão em que se leiam os textos com audácia e imaginação, com os olhos de homens da era da cosmonáutica. Procuremos, pois, de nôvo, os "deuses" nas descrições daqueles livros que chegaram até nósl Talvez saibam também algo de nôvo e surpreendente quanto ao tema dos sêres primitivos praticando perversões...

No livro do :exodo, capítulo XXIV, versículos 16 a 18, está escrito:

"E a glória de Javé se estabeleceu sôbre o Monte Sinai, que a nuvem recobriu durante seis dias. No sétimo dia, Javé, do meio da nuvem, chamou Moisés. Aos olhos dos filhos de Israel, aquela glória de Javé apresentava o aspecto de uma chama devoradora, que coroava a montanha tôda. Moisés penetrou na nuvem. Subiu a montanha, sôbre a qual permaneceu quarenta dias e quarenta noites"!

Livro do Êxodo, capítulo XX, versículo 18:

         "Diante dos trovões, dos relâmpagos, do som da trombeta e da montanha fumegante, o povo tremeu de pavor e se manteve à distância" .

 

Quem acredita, ainda hoje, que o grande Deus Todo-Poderoso necessita para sua locomoção de um veículo que fumega, emite raios, causa tremor e produz um barulho infernal - como um caça a jacto ao romper a barreira do som? Deus é onipresente. Como, porém, (pois é assim que deve ser), poderá guardar e obser­var seus "filhos", se êstes se assustam tanto e se mantêm à distância? O grande Deusl De qualquer maneira, deu a Moisés ordem de manter o povo à distância da encosta do monte. Isso se conta assim, no livro do :exodo, capítulo XIX, versículos 23 e 24:

"Moisés respondeu a Javé: O povo não pode subir ao Monte Sinai, porque tu mesmo nos recomendaste: Faze uma cêrca em volta do Monte, e declara-o sagrado. Javé respondeu: Vai, desce, depois sobe novamente em companhia de Aarão. Mas os sacerdotes e o povo evitem romper as barreiras para subir até Javé sob pena de o ver desencadear-se sôbre êles".

         Um salmo de Davi oferece narração especialmente dramática da aparição de Deus (Salmo 29, versículos 7 a 9):

         "O clamor de Javé lança labaredas de fogo. O clamor de Javé sacode o deserto; Javé sacode o deserto de Cades. O clamor de Javé estremece os terebintos e devasta as florestas".

         A apaixonada descrição do pouso de uma nave cósmica é apre­sentada pelo Salmo 104, versículos 3 e 4:

         Fazendo das nuvens tua carruagem, avanças sôbre as asas do vento; usas os ventos como arautos, e labaredas de fogo como servidoras" .

         O profeta Miquéias, porém, sobrepuja a dramaticidade dessa descrição, no capítulo I, versiculos 3 a 4:

         "Javé sai de seu lugar santo; desce, esmaga os cimos da Terra. As montanhas se fundem sob seus passos..."

A imaginação necessita de algum ponto de partida. De que ponto, porém, partiram os repórteres do Velho Testamento? Des­creveram êles o que nem tinham visto? Com demasiada freqüência suplicam-nos que acreditemos que tudo se passou exatamente como êles o descreveram. E eu acredito, palavra por palavra: reproduzi­ram, ou relatos de testemunhas oculares, ou o que êles mesmos haviam presenciado. Imaginação alguma poderia inspirar-lhes ent~o as imagens de um veículo que chispava fogo, que sacudia o deserto, que fundia os montes embaixo de si... Nós, filhos do século XX, que lemos os relatos de Hiroxima, podemos imaginar o significado das descrições dadas pelas Escrituras Sagradas.

Também queremos examinar o que o Velho Testamento relata sôbre a inseminação artificial: "Deus" (ou os "deuses") haviam pousado em seu veículo espacial sóbre a Terra. Iniciaram sua obra mais importante: fecundaram os habitantes da Terra. Todos os "escolhidos" para êsse experimento, êles os segregaram do mundo de mestiçagem bestial, destinando-os ao "êxodo para o deserto". Lá tinham eles as suas criaturas, por assim dizer, em quarentena. Protegeram-nas de seus inimigos, deram-lhes maná e ambrósia, para que não morressem de fome. Durante uma geração inteira, tiveram de esperar assim, "no deserto". O livro do Êxodo, capítulo XIX, versículo 4, dá a explicação: '

         "Vistes vós mesmos como tratei os egípcios, e como vos trans­portei sôbre asas de abutre (!) e vos trouxe para mim..."

Se for certo que os "deuses" dispunham do código genético, então se elucidam as brumas que envolvem muitos textos e assim também aquêle trecho no livro do Gênese, capítulo I, versículos 26 e 27:

         Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança...

Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus êle o criou, homem e mulher êle os criou".

Entretanto, só mais tarde - como já mencionamos - foi criada a mulher, a partir do homem, o que se relata no mesmo livro do Gênese, capítulo 11, versículo 22: da costela que havia tirado do homem, Javé (Deus) fêz uma mulher...".

Noé, o sobrevivente do Dilúvio e patriarca das novas gerações, foi depositado pelos "deuses" no regaço de Bat-Enosch. Sara, mu­lher de Abraão que, devido à idade avançada, não mais podia gerar filhos, fÔra visitada por "Deus" e deu à luz seu filho Isaac. A respeito disso, diz o Gênese, no capítulo XXI, versículo 1:

 

         “...Javé visitou Sara, como havia dito, e fêz por ela como havia prometido. Sara concebeu e deu um filho a Abraão em sua velhice..."

Ao profeta Jeremias (capítulo I, versículo 5), o "Senhor" disse: "Eu te conheci antes de te formar no ventre materno; consagrei-te antes que saísses de seu seio..."

No sentido de uma programação segundo o código genético, êsse "conhecer antes do nascimento" é inequívoco. Aliás, muitos dos relatos do Antigo Testamento parecem-me indicar fecundações pelos "deuses". Em seguida, os "deuses" criaram uma geração­tronco, que deveria executar as tarefas terrestres a ela confiadas. O Gênese se refere às tarefas do futuro (capítulo XV, versículo 5).

"Ele (Javé) o conduziu (Abraão) para o lado de fora, e disse: Olha o céu, conta as estrêlas, se as podes contar: tal será tua pos­teridade" .

         Esses descendentes, porém - segundo o Levítico, capítulo XX,

         versículo 24 - deviam conservar sua espécie, pois:

         "Sou eu, Javé, vosso Deus, que vos segregou dêstes povos".

Com suas criaturas, porém, os "deuses" adquiriram uma bela dor de cabeça, pois elas eram incapazes de abandonar a velha ligação entre homem e animal. Assim, o Levítico, capítulo XVIII, versículo 23 e seguintes, contém admoestações e ameaças de puni­ção para os reincidentes:

"Não darás teu leito a animal algum; com isso, te tornarias impuro. Uma ttlulher não se oferecerá a um animal, para se acasalar com êle. Isso seria uma mancha. Não vos torneis impuros com qualquer destas práticas pois através delas é que se tornaram impuras as nações que eu rechacei diante de vós. A região se tomou impura, castiguei a falta e ela teve que vomitar seus habitantes. Mas vós, vós guardareis as minhas leis e meus costumes..."

As punições dos pecados erattl duras, e precisavam sê-lo, porque o comércio com animais obviamente estava na ordem do dia. Consta o seguinte no registro de penas, enumeradas no mesmo livro (Levítico), capítulo XX, versículos 15 a 16:

"O homem que der seu leito a um animal, deverá morrer, e vós matareis o animal. Se uma mulher se aproximar de um animal para se acasalar com êle, tu matarás a mulher e o animal. Deverão morrer: seu sangue recairá sôbre êles".

Somente o povo "escolhido" deveria ficar livre dessa epidemia de baixos instintos, após longa quarentena: um estágio de 40 anos no deserto. Depois, a nova geração sentir-se-ia enojada ante aquela mistura com sangue animaiJpessarte, os "deuses" desenvolveram uma luta rigorosa, porém! c~roada de êxito, contra o animal­homem e a favor do ser humano mais elevado, por êles genetica­mente programado. É por isso, ainda, que somente a nova geração entrou na "Terra Prometida". Ilustra-o o livro dos Números, ca­pítulo XIV, versículos 29 e 30:

"...vossos cadáveres tombarão neste deserto... vós todos, os recen­seados com 20 anos de idade, ou mais, que haveis murmurado con­tra mim... não entrareis naquela terra..:'

Mas também para a vida na "Terra Prometida" - segundo Josué, capítulo XXIII, versículos 7 a 13 - valiam as mesmas leis rigorosas:

"Mostrai-vos fortes... para guardar o que está escrito na lei... sem vos misturardes aos povos que subsistem em vossa vizinhança... Tereis muito cuidado, pois está em jôgo vossa vida, de amar Javé, vosso Deus. Mas, se acontecer que vos ligueis àquelas nações, que ainda vivem ao vosso redor, se entrardes em sua parentela e tiver­des ligações mútuas com elas... então, nesse caso, elas serão arma­dilhas para vós, constituirão chicotes para vossos flancos, e farpas para vossos olhos...'

Após a entrada na "Terra prometida", os costumes e os usos continuaram ainda rigorosos. Às perversões só foi pôsto um fim através de novas leis.

Os "deuses" parecem ter legado ao grupo humano, por êles mutado, normas sanitárias exatas, que se encontram reproduzidas no livro do Levítico, capítulo XIII, versículos 2 a 4:

"Se na pele de um homem se formar um tumor, um dartro, ou mancha reluzente, é de se pensar num caso de lepra da pele. ~le deverá ser levado ao sacerdote Aarão ou a um dos sacerdotes seus filhos. O sacerdote examinará o mal na pele. Se, no lugar doente, os pêlos se tomaram brancos e o ponto parecer mais profundo do que a pele ao redor, então com certeza é lepra... Se, porém, houver na pele uma mancha branca e reluzente, sem depressão visível... e sem embranquecimento dos pêlos, então o sacerdote de­verá isolá-lo por sete dias..."

"Deuses", inteligências estranhas, ensinaram os novos homens a diagnosticar doenças e - como neste caso - interná-los numa "estação de isolamento".

         Indicações modernas também são dadas para uma desinfecção total e cuidadosa.

         O mesmo livro (Levítico) relaciona em detalhe essas prescrições de comportamento, no capítulo XV, versículos 4 a 12: todo o leito em que se deitar êsse homem será impuro, e todo o móvel em que êle se assentar será impuro. Quem tocar seu leito deverá lavar suas vestes e banhar-se...

         Se o doente lançar sua saliva sôbre um que está limpo, êsse deve lavar suas vestes e banhar-se...

         E a sela sôbre a qual montar tornar-se-á impura...

         Se êle tocar em um recipiente de barro, êste deve ser que­ brado..."

São instruções higiênicas altamente modernas. Quem, porém, podia possuir, na Antiguidade, tais conhecimentos? Lidos através de minhas lentes - neste ano de 1969 - às ocorrências se apre­sentam assim:

"Deuses" vieram do Cosmo.

"Deuses" selecionaram um grupo de sêres vivos e os fertili­zaram.

"Deuses" deram ao grupo portador de seu material genéticoleis e instruções para uma civilização capaz de evoluir.

"Deuses" destruíram sêres reincidentes em práticas abomináveis.

"Deuses" presentearam o grupo selecionado com um cabedal importante de conhecimentos de Higiene, Medicina e Técnica.

"Deuses" forneceram por escrito a descrição de métodos paraa cultura da cevada.

Apresentando a minha versão, foi propositadamente que negli­genciei a cronologia. Os textos do Antigo Testamento são degraus na estrutura de uma religião, não refletem períodos cronológicos historicamente exatos. Comparações com a literatura de outros povos antigos (e mais antigos), permitem a conclusão de que os eventos comunicados nos cinco livros do Pentateuco e nos escritos proféticos não podem ter decorrido no período cronológico em que eram antigamente. O Velho Testamento é uma coletânea grandiosa de leis e instruções práticas, de mitos e partes de história genuína. Essa coletânea contém uma abundância de enigmas indecifrados. Durante centerias de anos, leitores crentes já se esforçam por decifrá-Ios. Mas existem ali fatos em demasia que não permitem sua correlação com a idéia de um Deus Todo Poderoso, bondoso e onisciente.

No centro dêsses esforços fica a pergunta: Como é possível que o Deus onisciente se engane? É êsse um Deus Todo-Poderoso que, após a criação do homem, primeiro constata que "sua obra é boa", pouco mais tarde, porém, já se mostra repleto de arrependi­mento de seu feito?

         llustra-o o livro do Gênese, capítulo I, versículo 31:

         Deus viu tudo que havia feito, e era muito bom..."

         Em contraste, no capítulo VI, versículo 6, do mesmo livro, se lê:

         "Javé se arrependeu de ter feito o homem sôbre a terra, e se afligiu em seu coração."

O mesmo Deus, que havia criado o homem, resolveu destruir novamente sua obra. Não o fêz uma só vez - fê-lo muitas vêzes. Por quê?

Também difícil de compreender me parece a idéia do "pecado original". Não sabia Deus, ao criar o homem, que suas criaturas pecariam? E, se êle não o sabia, poderá então ser o Deus onis­ciente?

Longe de mim a idéia de, por tais perguntas e indicações, pôr em dúvida grandes religiões. Faço tais especulações apenas porque estou convicto de que o Grande Deus do Universo nada, mas absolutamente nada, tem em comum com os "deuses" que, quais fantasmas, atravessam lendas, mitos e religiões, e que teriam sido capazes de provocar mutações em sêres humanos.

Em meio a essa abundância de comprovantes "literários", vem-me à mente uma sentença de Michel Eyquem de Montaigne (1533­-1592), com a qual conclui uma conferência ante um círculo de filósofos ilustres:

"Meus senhores, fiz um ramalhete apenas, de flôres colhidas, e nada acrescentei a não ser o fio que as reúne:'

Porque penetro no fundo das coisas, alcançam-me palavras a suplicarem que eu não tome as fontes tão ao pé da letra. Bem, durante 2.000 anos, nossos antepassados foram instruídos a tomar a Bíblia ao pé da letra. Se tivessem manifestado dúvidas, certa­mente isso não lhes teria trazido vantagem alguma. Hoje é lícito falar-se sôbre problemas e temas duvidosos, e por isso faço novas perguntas.

Por que "Deus" com seus "Anjos" sempre se apresentava em relação com fenômenos como fogo, fumaça, tremores, raios, es­trondos, vento? São oferecidas interpretações audaciosas e cheias de imaginação, como em dois milênios de escolástica dialética puderam desenvolver-se até formar "provas arrasadoras". Onde, porém, fica a coragem de, uma vez, tomar o misterioso como realidade?

O professor suíço Dr. Othmar Keel opinou que êsses fenômenos divinos deveriam ser entendidos como ideogramas - contrastando vivamente com a opinião do Professor Lindborg, que interpreta os mesmos eventos como sensações alucinatórias. O estudioso do Antigo Testamento, Dr. A. Guillaume, toma as aparições de deuses como fenômenos da natureza, ao passo que o Dr. W. Beyer­lein reconhece, em quase todos os fenômenos, partes rituais do culto de festas israelitas.

         Interpretações de cientistas especializados? Eu só vejo contra­dições.

         A transformação mental da nova geração, porém, é refrescante!

         Assim, o Dr. Fritz Dumermuth escreveu na Revista da Facul­dade Teológica de Basiléia (n.o 21/1965), que "...os relatos em questão, observados mais de perto, mal podem ser confundidos com fenômenos da natureza, seja de espécie me­teorológica, seja vulcânica... Está na hora de atacar as coisas sob um nôvo ponto de vista, se a pesquisa bíblica aqui deva pro­gredir" .

Acredito que as inteligências estranhas não tenham aplicado esforços por um nôvo homem exclusivamente com motivos altruís­tas. Se bem que isso até o presente ainda não esteja documentado por qualquer pesquisa, poder-se-ia presumir, assim mesmo, que os "deuses" suspeitavam existir na Terra, e o procuravam, um "material" que lhes era importante. Seria um combustível para suas naves espaciais?

Várias indicações admitem a conclusão de que os "deuses" cobravam uma recompensa pela sua assistência ao desenvolvimento!

O livro do Êxodo, capítulo XXV, versículo 2, menciona uma "oferta" cujo conceito é fácil de ser lido, mas difícil de ser in­terpretado. Tradutores versados asseguraram-me que, sob a expres­são ali usada, poderiam ser entendidos objetos erguidos ou também introduzidos em alguma coisa. Vejamos o que diz o trecho citado:

"...Dize aos filhos de Israel, que separem uma contribuição para mim de qualquer um que a dê voluntàriamente. Aceitareis de sua parte, como levantamento parcial: ouro, prata e bronze; púrpura, violeta e escarlate..."

A fim de que não ocorressem enganos, a lista do que se devia ofertar era minuciosamente especificada. Lê-se no livro dos Núme­ros, capítulo XXI, versiculos 50 a 52:

"Também trazemos em oferta a Javé o que achamos em objetos de ouro, braceletes, pulseiras, anéis, brincos e peitorais... Moisés e o sacerdote Eleazar receberam dêles aquêle ouro, tôdas aquelas jóias. Esse levantamento de ouro, que êles fizeram para Javé, deu um total de dezesseis mil e setecentos e cinqüenta siclos..."

Deus, porém, dificilmente teria cobrado recompensa pecuniária pelo que fêz de bem a seus filhos terrenos I Do texto bíblico tam­bém resulta que a oferta não era de modo algum destinada aos sacerdotes, pois os próprios sacerdotes deveriam colaborar na co­brança e entregar a recompensa. O resultado da coleta para os "deuses" também era contado com tal exatidão, que uma exigên­cia tão precisa seria indigna do Deus verdadeiro.

         Seria essa oferta o preço exigido pelos "deuses" em pagamento do grande vulto de saber inteligente transmitido?

         As velhas fontes dão a impressão de que os "deuses" não se teriam demorado para sempre em nosso planêta. Concluíram a execução de seus planos e tornaram a desaparecer por muito tempo. Mas preocupavam-se como, durante sua ausência, poderiam pro­teger o que haviam criado. Como possuíam habilidades extra­ordinárias, é de se presumir que instalassem técnicos de contrôle.

Durante os períodos de ausência dos "deuses" ainda acontecia que um profeta, procurando conselho e ajuda, chamasse o Senhor - como se deduz do 1.0 Livro de Samuel, capítulo lII, versículo I:

 

         ...naquele tempo, era raro que Javé falasse, as visões não eram freqüentes."

 

Os novos homens não eram deixados desprotegidos. Textos falam de "servos dos deuses", que faziam serviço na Terra, de ordem superior, que protegiam os escolhidos e vigiavam as sedes de residência dos "deuses". Seriam robôs êsses "servos dos deuses"?

A epopéia de Gilgamés narra a luta dramática de Enkidu e Gilgamés contra o monstro Chuwawa que, sozinho, vigiava com eficiência a residência dos "deuses", Lanças e clavas ricocheteavam sem efeito no "monstro luminoso" mas, atrás dêle, uma "porta" falava com "voz de trovão" de um ser humano. O inteligente Enkidu descobriu o ponto vulnerável do servo divino Chuwawa, e pôde pô-Io fora de combate.

Chuwawa não era nem "deus", nem homem. Isso se depreende de uma série de textos publicados por James Pritchard em 1960 nos Ancient Near Eastern Texts. Os símbolos cuneiformes contam sôbre Chuwawa:

 

         Antes que eu tenha matado êste "homem", se fôr um homem, antes que eu tenha tirado a vida dêsse deus, se for um deus, não quero dirigir meus passos à cidade...

Ó Senhor (dirigido a Gilgamés), tu que não viste essa coisa... não te tornaste prêsa do horror, eu, que vi êsse "homem", estou acometido de horror. Seus dentes são como dentes de dragão. seu rosto como o rosto de um leão..."

 

Não é a narração de uma luta com um robÔ? Terá Enkidu sabido onde se encontrava a chave que desligava o autÔmato, e assim decidido a seu favor a contenda desigual?

 

Mais uma tradução de escrita cuneiforme de N. S. Kramer per­mite presumir-se a atuação de um autômato programado como "servo dos deuses":

         Aquêles que a acompanhavam, que acompanhavam Inana (a deusa), eram sêres que não conhecem comida, que não conhecem água; não comem farinha espalhada, não bebem água ofertada.....

De tais sêres, que não comem alimento e não bebem água, muitas vêzes se fala nas placas sumerianas e assírias. As vêzes, êsses monstros fantásticos são designados por "leões voadores", "dragões cuspindo fogo", ou como "ovos divinos radiantes".

Com as corporações de guardas deixadas pelos "deuses" também nos defrontamos em lendas gregas. A lenda de Hércules menciona o leão neméico, que havia caído da Lua e não podia ser ferido "por arma humana alguma". Outra lenda descreve o dragão Landon, cujo ôlho não conhecia o sono, e que combatia com "fogo e um chiado horrível". Medéia e Jasão, antes que pudessem levar o velocino de ouro, tiveram de ludibriar o dragão, "envolvido por luminosas escamas de ferro", e que se movimentava entre as chamas.

Também na Bíblia encontramos robôs. Que outra coisa pode­riam ter sido os anjos que salvaram Ló e sua família, antes da des­truição de Sodoma e Gomorra? E o que se pode figurar sob os "braços de Deus", que intervieram ajudando nas batalhas dos escolhidos? No livro do í;xodo, capítulo XXIII, conta-se que um anjo, de ordem de "Deus", prestava assistência ativa (versí­culos 20 a 21):

         Vou enviar um anjo adiante de ti, para que vele por ti durante tua viagem, e te leve ao lugar que preparei. Respeita-o e escuta sua voz. Não te rebeles contra êle. Não perdoará transgres­sões, porque êle tem em si o meu Nome."

A mim me parece mais do que lógico que um robô "tenha em si" o nome ou o espírito de seu construtor, e também que jamais possa desviar-se de sua programação.

Maravilhoso pareceu-me, no tempo da minha meninice, o que ocorreu a Jacó, de acôrdo com o livro do Gênese, capítulo XXVIII, versículo 12. Quando Jacó à noite deitou-se, numa de suas viagens, viu uma escada, cujo tôpo tocava "o céu" e sôbre a qual os anjos de "Deus" subiam e desciam. Quiçá Jacó surpreendesse os "servos divinos" ao depositarem mercadorias na nave espacial? Foi a ocor­rência maravilhosa de Jacó um relato de testemunha ocular?

Como prova circunstancial das minhas afirmações tão auda­ciosas, em todos os pontos de velhos textos que falam de dragões, experimente-se introduzir o conceito de robô moderno: é de espantar como passa a ser absolutamente claro o que antes era totalmente incompreensível!

Presumo que as teses, por mim apresentadas, serão atacadas muito violentamente. Que inteligências estranhas tenham pÕsto fim às perversões? Que, de inteligências estranhas, uma nova espécie de homens tenha recebido as primeiras instruções para. uma vida social civilizada? Que inteligências estranhas, tendo cumprido sua missão, tenham tornado a desaparecer no Cosmo, mas deixando guardas para seus novos homens? E que êsses guardas até devam ter sido robôs, autômatos?

No fundo de mitos, lendas, tradições, procuro reconhecer uma realidade outrora existente. Constato:

         Tibetanos e hindus tornaram o universo "mãe" da raça terrestre.

Os indígenas de Malekula (Novas Hébridas) afirmam que a pri­meira raça de homens consistia em descendentes dos "filhos do céu". Os índios diziam ser descendentes dos "pássaros do trovão". Os incas querem descender dos "filhos do sol". A gente de Rapanui liga sua gênese aos homens-pássaros. Os maias diziam ser "filhos das Plêiades". Os germânicos afirmavam que seus ancestrais vieram com os "Wanen" 1 voadores. Os hindus pretendem descen­der de Indra, Gurkha ou Bhima - todos os três andavam em "navios de fogo" pelo céu. Enoque e Elias desapareceram para todo o sempre em "carruagens celestes de fogo".

Os nativos das ilhas dos mares do Sul supõem-se descendentes do deus celestial Tagalao, que desceu do céu num enorme ovo reluzente.     

Essas narrações de ascendência têm um núcleo comum: "deuses" vieram e selecionaram um grupo, que fecundavam e segregavam dos impuros. Equiparam-nos com conhecimentos ultramodernos, para, em seguida, desaparecer, temporária ou eternamente.

 

O que resta, após reflexões tão perturbadoramente novas? Diz Karl F. KohIenberg em seu livro "História dos Povos":

 

         0 enigma deuses, o enigma da origem do homem, um caos de tradições, cujo significado verdadeiro, nosso limitado saber ainda não sabe interpretar."

 

         Seja-me permitido dar ainda um indício importante quanto ao enigma deuses. Em meu primeiro livro, mencionei a Teoria da Relatividade, a equação básica dos foguetes, bem como os desvios cronológicos em vôos interestelares. Vimos que o tempo, para a tripulação de uma nave espacial que se mova apenas pouco abaixo da veloci­dade da luz, passa com lentidão consideràvelmente maior do que para os remanescentes no planêta de partida. Devemos considerar como acaso, que as escrituras mais antigas, independentemente umas das outras, freqüentemente acentuem que, para os "deuses", são válidas unidades cronológicas diferentes das nossas?

Para o deus indiano Vixnu, uma geração humana significa "um instante" apenas. Cada um dos lendários imperadores da história primitiva chinesa, era um "Soberano Celeste", andava no céu sôbre dragões cuspindo fogo e vivia 18.000 anos terrestres. Sim - P'an Ku, o primeiro "Soberano Celeste", já se balouçava no Cosmo há dois milhões e duzentos e vinte e nove mil anos, e até o nosso tão familiar Antigo Testamento assegura que, na mão de Deus tudo se torna um tempo e dois tempos e meio tempo" (Daniel, capítulo VII, versículo 25) ou, como o Salmo XC, versículo 4, o formulou grandiosamente:

 

"Porque mil anos são a teus olhos como um dia, como um

ontem que passou, a vigília de uma noite."

 

                   Perguntas, Perguntas, Perguntas...

 

SERÁ QUE, NOS milênios passados, foram mal interpretados muitos sinais de tradições antiqüissimas?

Seguiram rumos falsos nossas tentativas de interpretação? Estaríamos agora vendo claramente o que desde sempre pareceu mais complicado do que realmente é?

         Teríamos considerado "mistérios religioso-filosóficos" o que era, em realidade, orientação prática no campo da tecnologia?

Teriam as tradições, que se cristalizaram em forma de mitos e religiões, um sentido muito menos misterioso e muito mais rea­listico do que se supôs através dos milênios?

Será que os poucos restos ainda existentes da pré-história da humanidade ainda nos poderão dizer qualquer coisa em tempo, antes que o escasso material esteja definitivamente arruinado, dissolvido, destruido pelas máquinas de terraplenagem?

         Quando irão os arqueólogos fazer um corte quilométrico nas rochas de arenito, nas pedras exteriores, dos bosques de Teutoburg?

Quando poderá um corpo expedicionário proceder a escavações, sem mêdo e sem ser molestado, em tÔrno das regiões de Marib, tão envoltas em mistérios?

         Quando se farão pesquisas no fundo das águas do Mar Morto, no campo das radiações e com aparelhos modernos?

Quando os arqueólogos levarão adiante a idéia, que a esta altura já devia estar amadureci da, de proceder também a sondagens sob os rochedos das muitas outras pirâmides, semelhantes àquelas já executadas na pirâmide de Quéfren?

Quando as escavadeiras retirarão, em Tiahuanaco, a camada su­perior do solo, para tomarmos conhecimento dos mistérios que talvez se escondam por baixo?

 

Quanto tempo ainda solitários pesquisadores, desejosos de saber mais, continuarão remexendo a areia do Saara, sem qualquer auxí­lio? Quando serão postos helicópteros à sua disposição, ao menos temporàriamente, para pesquisar aquêle vastissimo território?

         Quando irão, finalmente, proceder a uma análise química das pistas na planície de Nazca?

Quanto tempo ainda deverão idealistas prosseguir em sua luta de "libertar" as ruínas do emaranhado das matas de Honduras e Guatemala?

         Quando, finalmente, serão executadas escavações mais profun­das em Simbabwe (Rodésia do Sul)?

Qual instituição mundial estará disposta a financiar um em­preendimento cartográfico, que finalmente esclareça as estranhas relações geográficas e geométricas existentes entre os restos de misteriosas culturas primitivas espalhadas pelos diversos conti­nentes?

Será que uma organização de âmbito internacional, talvez a UNESCO, chegará a tomar a decisão de mandar catalogar os dese­nhos e as ilustrações existentes nas cavernas do mundo inteiro?

Será que as chaves do "reino do céu" não estão escondidas em diversos lugares do mundo?

Será que a cegueira não nos deixou ver através de milênios? E continuaremos cegos ainda?

De fato, os velhos "deuses" sempre nos disseram., repetidamente, que éramos cegos e surdos, mas um dia reconheceríamos a "ver­dade" .

Desde tempos imemoriais, tôdas as religiões nos asseguram que acharíamos os "deuses", se apenas os procurássemos. Mas se os achássemos, iríamos ao céu e, na Terra, reinaria a paz eterna.

Por que não queremos tomar esta promessa ao pé da letra? Talvez seja um engano interpretarmos o conceito "céu" como sendo um estado de felicidade interminável no além. Será que o conceito "céu" não se referia simples e realisticamente ao "espaço"?

Não deveríamos procurar os "deuses" e os conhecimentos por êles deixados mais precisamente aqui na Terra, do que esperar encontrá-Ios algures, numa não definível eternidade?

 

Teriam aquêles "deuses", tão desejados e adorados através de todos os tempos, legado orientações técnicas, que nos dariam os meios de os encontrar no espaço?

Desde o início da história da humanidade, foram e continuam sendo travadas batalhas, incessantemente, em alguma parte do nosso planêta. Será que os "deuses" prometeram paz na Terra, por saberem que os terráqueos, sob a impressão causada por uma visão panorâmica do seu minúsculo planêta, observado de grande distância, sentiriam quão ridiculamente fúteis são tôdas as disputas terrestres?

Esperam e nutrem os "deuses" esperanças de que os sêres terres­tres, tão logo tomem conhecimento do espaço, percam o naciona­lismo exagerado que lhes foi incutido e comecem a considerar o espaço ilimitado como pátria da vida?

De uma perspectiva universal, todos os homens seriam apenas habitantes do "terceiro planêta" de uma modesta estrêla, à mar­gem da galáxia - e não russos, ou chineses, americanos ou euro­peus, prêtos ou brancos.

Poderia a humanidade realizar o seu antiqüíssimo sonho de "ir ao céu" se passasse a cobrar as promessas dos "deuses"? Que os "deuses" prometeram aos homens a possibilidade do regresso às estrêlas, já o disse o livro do Gênesis (capítulo XI, versículo 6):

         Começaram esta obra, e não desistirão do seu intento, até que a tenham. de todo executado".

E se um dia forem estabelecidos os primeiros contactos com inteligências de outros planêtas, então nós passaremos a nos enten­der em uma só língua, como no inicio da construção da tôrre de BabeI. As 2.976 línguas que hoje se falam em nossa Terra, poderão então ser mantidas, na melhor das hipóteses, como dialetos locais. Os cientistas de todos os países e de todos os planêtas permutarão seus conhecimentos em um só idioma.

Este será o tempo em que o panorama mundial, tão familiar a nós, e pelo qual tanto zelamos, ruirá completamente. A jovem geração da época espacial extirpará de sua consciência os últimos sentimentos nacionalistas, por terem perdido todo o seu sentido.

Já por isso, acho eu, deveríamos examinar, com as cautelas científicas necessárias, as interpretações, hoje ainda de aparência fantástica, de textos antigos que nos chegaram às mãos e de teste­munhos em pedra ainda passíveis de estudo. E quando tivermos conhecimento de tôdas as mensagens que os "deuses" deixaram, o encontro pessoal com astronautas de outras estrêlas nada terá de estranho, porque então saberemos que aquêles sêres têm algo em comum conosco: também êles viram, a um tempo qualquer, seu próprio dia de criação...

 

                                                                                Erich von Däniken  

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades

 

 

              Voltar à Página do Autor