Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


DEFYING HER MAFIOSO / Terri Anne Browning
DEFYING HER MAFIOSO / Terri Anne Browning

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

Ciro Donati era muitas coisas: O soldado mais valioso e da confiança do meu pai. O melhor amigo do meu irmão e o segundo no comando. E o único homem pelo qual eu desistiria de tudo.
Eu me apaixonei fortemente pelo Mafioso na tenra idade de onze anos. Este homem que eu conhecia, fazia as pessoas desaparecerem - e provavelmente gostava de cada segundo disso – e também era o garoto de dezesseis anos que me pegou depois que eu caí de cabeça, durante meu recital de dança, e me disse que eu era a melhor bailarina que ele já tinha visto. Ele cuidou de mim, me protegeu como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo para ele.
E então ele me mandou embora.
Scarlett Vitucci era muitas coisas: A filha do maior chefe da Cosa Nostra de Nova York até Chicago.
A irmã do homem por quem eu levaria um tiro. E a única mulher que eu amaria.
Mandá-la embora foi a coisa mais difícil que eu já fiz, mas eu não merecia seu amor. Durante três anos fiquei afastado, ignorando a dor que a sua ausência deixou em meu peito. Agora, ela estava de volta e lutar contra o que eu sentia por ela era impossível. Deixá-la ir tinha sido um grande erro.

 

 


 

 


Prólogo
Scarlett
A dor que estava pulsando em todo o meu corpo me acordou. A primeira coisa que percebi foi que estava em uma cama que não era minha. As molas afiadas e desgastadas cravavam em minhas costas, fazendo com que doesse muito mais. Eu não era uma princesa delicada que não conseguia dormir numa maldita ervilha1 mas, merda, aquelas molas doíam. Lentamente, levantei os olhos, mas a penumbra do quarto não ajudou a determinar onde eu estava. Eu mal via a cadeira ao lado da cama e a pia em frente ao quarto.
Um lavabo teria sido bom. Eu queria tanto fazer xixi que a minha bexiga também doía.
Os cheiros me atingiram antes que eu pudesse abrir meus olhos. Maldita madeira em decomposição. Fumaça de cigarro que parecia se prolongar por todo o quarto inteiro e queimando minhas narinas. O pior de tudo era o que cheirava a lixo velho que tinha sido deixado no sol durante dias. Foi o suficiente para revirar meu estômago.
Eu pisquei, tentando ajustar meus olhos um pouco mais rápido, para que pudesse ver o que mais estava ao meu redor - que tipo de perigo eu estava correndo. A visão embaçada desacelerou o processo, a dor na minha cabeça e a náusea em meu estômago me dizia que eu provavelmente tinha uma concussão. Eu não podia sentir a presença de outra pessoa, mas dada a quantidade de dor que eu sentia, meus sentidos poderiam ter sido facilmente desligados.
Cuidadosamente, movi os braços e gemi antes que eu pudesse abafar o barulho. Jesus Cristo, isso doeu. Eles doeram muito e eu percebi o porquê quase imediatamente. Eles estavam amarrados acima da minha cabeça na cama. Não havia folga para deixar o sangue fluir livremente pelos meus membros e o ligeiro movimento neles tinha enviado um raio de dor agonizante em meus braços e para os meus ombros.
Ciro.
Seu nome era como um bálsamo em minha mente, e em meu corpo. Eu desejei que ele estivesse lá, mas sabia que se ele estivesse eu não teria experimentado a dor que eu estava atualmente experimentando. A pessoa que tinha estupidamente me pegado estaria morta por se atrever a pensar em fazer as coisas que tinham sido feitas em meu corpo.
As lágrimas ardiam em meus olhos enquanto a força total da dor em que meu corpo estava me atingiu, mas eu me controlei. Eu mordi meu lábio inferior para manter qualquer gemido ou lamento de escapar enquanto eu fazia uma análise do resto do meu corpo. Eu tinha que manter a cabeça limpa. Poderia ser a diferença entre a vida e a morte.
Minhas pernas foram amarradas à outra extremidade da cama, mas elas não doíam quase tanto quanto meus braços. Meu peito estava latejando, especialmente no lado direito, e enquanto eu sorvia uma respiração mais profunda, eu percebia que provavelmente tinha uma costela quebrada ou duas. Baixando minha cabeça na cama, mais uma vez eu tentei pensar através da névoa causada pela concussão.
Como eu tinha acabado aqui?
A última coisa que me lembrava era de dançar em algum clube do centro com a minha irmã. Victoria precisava de uma noite de diversão, portanto, tínhamos tomado drinques e, para relaxar, dançamos um pouco. Eu precisava ir ao banheiro, mas ela estava tão perdida em sua própria tristeza que eu a tinha deixado no bar antes de ir sozinha.
Eu não estava esperando demorar mais do que cinco minutos. Eu tinha entrado no banheiro e depois... Nada. Eu não me lembro de nada depois disso. Nem mesmo de me aliviar.
Victoria estava bem? O pensamento fez um novo medo atingir meu peito e raiva queimar em minhas veias.
Eles a tinham levado também? Ela estava em outro quarto, machucada e com medo?
Bastou pensar sobre a possibilidade para minha náusea aumentar e eu quase vomitei. Eu mataria qualquer pessoa que tivesse tocado minha irmã.
Fechei os olhos enquanto tentava escutar sinais de vida fora do quarto em que eu estava. Nada. Sem tábuas rangendo. Sem TV. Sem tráfego. Nenhum pássaro piando. Se Victoria estivesse lá, ela não iria querer fazer barulho. Onde diabos eu estava? A falta de ruído era quase ensurdecedora e por um momento eu senti o verdadeiro medo de que eles tivessem fodido tanto minha cabeça que eu tivesse perdido a minha audição.
Outro gemido escapou e meu coração acelerou ligeiramente em alívio quando o som ecoou pelas paredes.
Droga. Eu tinha que parar com isso.
Um novo som me alcançou. Som de pés raspando soavam como se estivessem nas paredes. Ratos? Camundongos? Gambás? Talvez um guaxinim? Inferno, eu não sabia, e enquanto eles ficassem nas paredes, eu estaria bem. Se eu visse um, no entanto... Droga, eu precisava fazer xixi.
Ciro.
Engoli o nome dele, sabendo que se eu falasse em voz alta, então não haveria força no mundo para manter minhas lágrimas afastadas. Eu queria Ciro. Precisava dele mais neste momento do que eu um dia precisei dele antes. Eu sabia que ele viria. Ciro me salvaria.
E então ele me ajudaria a matar todos eles.
Ciro. Eu preciso de você.
Capítulo 1
Scarlett
Duas semanas antes
O jetlag2 tinha oficialmente iniciado. Eu não queria me mover, muito menos sair da cama, mas aparentemente meu dia já havia sido escrito se eu gostasse ou não.
—Vamos dorminhoca. Vamos tomar o café da manhã e talvez possamos conversar com papai para nos deixar fazer compras.
Eu levantei o travesseiro da minha cabeça para olhar para a minha gêmea. Ela era minha cópia exata em aparência, mas nossas personalidades eram tão diferentes que era como se não tivéssemos vindo da mesma mãe. Victoria era uma pessoa matinal. Ela era realmente feliz quando acordava - na maioria das manhãs. Ela via a beleza e o bem em tudo e em todos. Papai disse que ela era tão parecida com a nossa falecida mãe que quase doía.
Eu, no entanto, era muito parecida com Vito Vitucci, não havia como negar que eu era sua filha. Era preciso um milagre - ou a persistência da minha irmã - para me tirar da cama antes do meio-dia, e eu com certeza não ficava feliz quando abria meus olhos todas as manhãs. Eu era mal-humorada - uma cadela total mais frequentemente do que não. Eu confiava talvez em cinco pessoas no mundo inteiro, porque eu via a escuridão em todos. Uma escuridão que estava em mim tanto quanto neles.
—Se eu não te amasse, eu atiraria em você na cara. —Eu murmurei, apenas meio brincando.
Victoria riu, um som que raramente escapava de mim, mas eu adorava ouvir dela. Ela era a luz para minha escuridão e eu precisava da minha gêmea para sobreviver. —Vamos, Scarlett. Eu estou entediada e não comi desde aquele pequeno sanduíche que nós comemos no avião ontem à noite. Se eu não comer logo, vou ficar doente.
Ela sabia o que dizer para me convencer. Minha gêmea tinha que comer regularmente por causa do seu diabetes. A danadinha estava sempre usando isso para me convencer a fazer coisas que eu não queria. —Eu estou de pé. —Eu disse com um bufo. —Mas se você acha que eu vou vestir roupas, pode tirar o cavalinho da chuva.
—Eu prometo comprar um café expresso enquanto fazemos compras. —Ela agarrou meu braço e começou a me puxar, porque mesmo que eu tivesse dito a ela que estava de pé, eu ainda estava deitada lá com meus olhos ameaçando fechar novamente. Ela tinha vinte e um anos de idade, porra. Ela podia comer o café da manhã sozinha em sua própria casa, droga.
—Mas... Durma, Tor. Eu quero dormir. —Eu gemia enquanto ela segurava meu braço com as duas mãos e usava sua pouca força para me puxar para fora da cama. Quando cheguei ao fim dela, deixei que a gravidade me agarrasse e caí no chão, levando-a comigo.
Ela gritou alto, e segundos depois a porta do meu quarto estava cheia com três homens enormes, vestidos de terno com as mãos nos coldres de sua arma. Tensão me encheu enquanto eu olhava os homens, meus dedos coçando para a arma que eu mantinha debaixo do meu travesseiro.
Porra, eu ia ter que me lembrar de que não estávamos mais na Sicília. As coisas tinham sido mais relaxadas no complexo da Sicília, onde vivemos nos últimos três anos com nossa avó. Aqui, todo mundo estava em alerta vermelho desde que estávamos em casa novamente.
—O que aconteceu? —Ouvi meu irmão exigir e levantei minha cabeça para olhar para ele. Seus olhos escuros estavam vasculhando o quarto, à procura de perigo.
Sério? Os muros do complexo estavam rodeados por homens grandes, na maioria feios, com armas. Cães corriam livremente na propriedade e em toda a casa, e havia um sistema de segurança que eu tinha certeza de que veio direto do Serviço Secreto. Tudo isso realmente não importava. Eu sabia. Se alguém quisesse entrar, eles iriam entrar, mas eu também sabia que, uma vez que eles entrassem, teriam que enfrentar a ira do meu pai e não havia muita gente no mundo que tinha coragem para fazer isso.
Ninguém era estúpido o suficiente para aparecer no complexo Vitucci para nos machucar, mas lá estava o meu irmão mais velho, pronto para aniquilar qualquer coisa que ele considerasse uma ameaça.
—Faça Scarlett sair da cama, Cristiano. —Victoria disse com um beicinho enquanto ele finalmente soltava sua arma e cruzava para onde ainda estávamos juntas no chão.
Estendendo a mão, ele a ajudou a se levantar e depois se agachou para sorrir para mim. —Ainda grunhindo de manhã, eu vejo.
—Ainda um idiota, eu vejo. —Eu relutantemente coloquei minha mão na dele quando ele a ofereceu e ficou de pé, puxando-me como se eu não pesasse nada. Comparada a ele, eu não pesava. Meu irmão tinha 1,90 m de altura e era puro músculo. Eu tinha 1,65 m de altura, descalça, mas de acordo com a minha avó, eu era muito magra.
Ele riu e olhou para baixo para me analisar. Vendo minha escolha de pijama, sua risada terminou abruptamente. Lembrando-se dos dois outros homens ainda de pé na porta do meu quarto, ele puxou-me para trás e virou-se para enfrentá-los. Eu revirei os olhos. Aparentemente, ele tinha se esquecido de que eu poderia cuidar de mim mesma.
—De volta ao trabalho. Certifiquem-se de que todas as saídas estejam cobertas antes das reuniões começarem. —Gritou ele aos dois homens que reconheci imediatamente. Eles trabalhavam para o meu pai desde que eu podia me lembrar.
Eles lhe deram um breve aceno de cabeça e fecharam a porta quando saíram. Só então meu irmão me encarou de novo. —Que porra você está fazendo? —Seu sotaque italiano, normalmente inexistente, de repente estava agora espesso e enfurecido. —Você não pode andar por aí vestindo... —Suas mãos gesticulavam para a minha camisola curta demais e calcinha. —... Isso.
—Eu não ia a lugar nenhum. —Eu o lembrei, segurando minha irritação pelas unhas. Nos três anos em que eu estive ausente, meu irmão tinha esquecido obviamente que eu não era como Victoria e não toleraria idiotice machista. A última vez que ele me irritou, eu o golpeei na garganta. —Eu estava na cama. No meu próprio quarto, onde devo ter a privacidade para fazer o que quiser. Você é o idiota que invadiu e deixou seus homens me verem assim. —Sacudindo minha cabeça para ele, eu peguei o roupão que minha irmã me entregou e deslizei meus braços para dentro dele. Segurando-o no lugar, eu amarrei a faixa e peguei a mão de Victoria. Eu estava acordada, então eu poderia muito bem fazê-la feliz. —Você disse algo sobre café da manhã?
Ela sorriu quando passamos por Cristiano. —Vamos?
—Você não pode descer assim. —Ele se enfureceu atrás de nós quando começamos a descer as escadas. —A casa estará cheia de homens em uma hora. Homens maus, Scarlett.
Revirei os olhos para sua descrição dos homens com quem meu pai se encontraria mais tarde. Homens maus? Essa foi a coisa mais hilariante que eu tinha ouvido. Descrever os membros da Cosa Nostra como homens simplesmente maus era como dizer que o vírus Ebola era realmente uma simples gripe. Esses caras não eram apenas homens maus. Eles eram criminosos de sangue frio que governavam a cidade - o maldito país - sob o olhar sempre atento do meu pai.
—Relaxe. —Disse Victoria quando chegamos ao final da escada e ele ainda estava tentando me fazer voltar para meu quarto e me trocar. —Vamos comer e depois ir às compras. Dessa forma, nem sequer estaremos sob o mesmo teto que esses caras. —Ela soltou minha mão e aumentou a potência de seu sorriso enquanto olhava para ele, com seus grandes olhos castanhos. —OK?
Eu escondi minha diversão em como minha irmã poderia transformar nosso irmão - inferno, quase qualquer homem - em seu servo com apenas aquele sorriso. Eu não tinha ideia de como ela fazia isso, porque eu não tinha essa superpotência. Nosso irmão fodão virava um cachorrinho em suas mãos bem diante dos meus olhos.
—Terá de levar alguma segurança com você. —Disselhe Cristiano enquanto nos seguia até o salão onde a mesa já estava preparada com alimentos para o café da manhã.
—Claro. —Ela murmurou e me disparou uma piscadela enquanto suas costas estavam viradas. —O que você achar melhor, Cristiano.
—Eu me sentiria melhor se Ciro ou eu pudéssemos acompanhá-la, Victoria. —Ele se sentou em frente a nós na mesa e serviu uma xícara de café. —Mas nós dois estaremos em reuniões o dia todo.
Reuniões. Certo. Eu gostava que eles chamassem o que ia acontecer de reuniões. Parecia mais civilizado. Político, até.
—Nós vamos ficar bem. —Minha gêmea assegurou-lhe enquanto delicadamente passava manteiga em seu croissant antes de colocar a metade dele em sua boca.
Enquanto eu assistia os dois, eu peguei o pote de café expresso e uma caneca de café. Eu derramei a maior parte do conteúdo em minha caneca e então levei um tempo deixando o café rico me acordar. Era um processo lento e um que eu não gostava. O café era o doador da vida. Sem ele eu tinha certeza de que teria assassinado alguém até agora.
—Bom dia, minhas filhas.
Eu estava agradecida pelo café ter feito efeito quando meu pai entrou na sala. Eu fui capaz de dar-lhe um sorriso de boas-vindas em vez do meu brilho típico que desejava, a quem quer que fosse agraciado, que sumisse nas profundezas do inferno. Ele parou atrás da cadeira de Victoria e deu um beijo no topo de sua cabeça, lembrando-me de como tinha sido quando éramos menininhas. Nosso pai poderia ser o maior patrão da Cosa Nostra no país, mas quando se tratava de seus filhos, aos meus olhos ele era o melhor pai do mundo.
Enquanto eu observava Papa, eu não pude deixar de ver a dor que brilhou em seus olhos enquanto ele sorria para Victoria. Para ele, Victoria era nossa mãe encarnada e sempre o machucaria quando pensasse nela. Ele adorava e às vezes odiava nossa mãe, mas ele sempre a amava. Logo, ele se afastou dela e sua dor desapareceu quando ele me deu um sorriso que tocou minha alma. —Aí está você.
Enquanto ele estava olhando para mim, eu estava fazendo o mesmo com ele. Vestido com um terno italiano costurado à mão, ele não parecia o homem que eu sabia que poderia ordenar a morte de seus inimigos com apenas o movimento de seu pulso. Ele se parecia com meu pai, o homem que me amava mais do que a própria vida. Cabelos escuros, generosamente grisalhos, algumas rugas em torno de seus olhos escuros que poderiam tão facilmente ser preenchidos com o tipo de frieza que fazia homens crescidos tremerem em suas botas quanto o calor e o amor que estava brilhando deles. Vito ainda era um homem muito bonito em seus cinquenta anos, mas ele tinha ganhado alguns quilos ao longo dos anos. Sua cintura estava um pouco mais espessa do que na última vez em que o tinha visto.
Sem hesitar, fiquei de pé e envolvi meus braços em torno de seu corpo ligeiramente arredondado. —Eu senti sua falta, papai.
Seu abraço não durou o tempo que qualquer um de nós teria gostado. Inferno, nós poderíamos ter ficado lá nos abraçando por horas e não teria sido tempo suficiente para mim. Havia poucas pessoas no mundo que eu amava tanto quanto amava meu pai. Dizer que eu era a menina do papai era tanto um eufemismo quanto chamar os caras prestes a chegarem de “homens maus”.
Recuando, Papa bateu na ponta do meu nariz duas vezes, algo que ele sempre fazia que me dizia sem palavras que ele me amava, e depois virou-se para enfrentar meu irmão. —Ele está aqui?
Estiquei-me, imediatamente sabendo exatamente quem era. Olhei para Victoria, que já me observava mais de perto.
—Ele tinha algumas coisas para lidar, mas ele está a caminho agora. —Empurrando seu café, Cristiano se levantou e gesticulou em direção à minha vestimenta. —Faça-a vestir algumas roupas, papai. Ela está praticamente nua sob aquela coisa.
Os olhos escuros de Vito avaliaram meu irmão desapaixonadamente. —Se você não pode controlar sua irmã, como você controlará seus homens? Devo deixar tudo para Scarlett em vez de você, Cristiano?
Cruzei meus braços sobre meu peito, olhando de um homem Vitucci para outro. —Não sou alguém que possa ser controlada, papai. Cristiano pode controlar seus homens com o estalar de seus dedos. Eu, por outro lado, tenho um cérebro próprio e não preciso de um homem para me dizer como usá-lo.
Vito jogou a cabeça para trás, com uma risada profunda que fez tremer sua barriga. —Querido Deus, tem sido tão chato por aqui sem você, Scarlett. —Ele balançou a cabeça grisalha para mim. —Mas vá colocar algumas roupas. Ciro estará aqui em breve e eu preciso de todas as atenções focadas nos assuntos em questão. Não os que você causa.
—Tenho certeza de que Ciro nem se importará se eu estiver vestida como uma freira ou uma prostituta, papai. —Dei-lhe um beijo na bochecha. —Mas como Tor provavelmente vai me matar em meu sono se eu não me apressar para que possamos ir às compras, eu vou me preparar.
—Compras? —Ele rosnou. —Quem disse que você poderia ir às compras? Não quero que vocês saiam do complexo por alguns dias.
Victoria entrou em ação, sabendo que seus planos seriam colocados em espera se ela não começasse a bater os cílios mais uma vez. —Cristiano disse que não era um problema, papai. Estaremos fora da casa enquanto suas reuniões estiverem acontecendo e levaremos nossa segurança conosco.
—Victoria, você acabou de voltar da Sicília. Meus homens têm que se acostumar com vocês duas e sua selvageria novamente. —Vito tentou argumentar, mas eu poderia dizer que ele estava prestes a ceder.
—Eu prometo que estarei no meu melhor comportamento, Papa. —Victoria murmurou, e eu poderia ter rido com o pensamento da minha gêmea com “bom comportamento”. Jesus Cristo, minha gêmea era a pessoa mais maliciosa viva. —E temos só alguns dias até o seu aniversário. Quero comprar algo especial para você.
—Victoria... —Ela começou a fazer beicinho quando seu tom dizia que ele não ia ceder, o que fez o velho soltar um suspiro áspero. —Bem. Se você quer ir, então vá. Mas tenha cuidado. Não... Eu repito... Não fuja de seus seguranças. Eles estão lá para te proteger.
—Sim, papai. —Ela beijou sua outra bochecha, sorrindo tão brilhantemente que a sala poderia ter sido iluminada sozinha. —Obrigada, papai.
Ele suspirou de novo, mas me deu uma piscadela. —Cuide dela.
—Sim, papai.
Uma garganta sendo arranhada fez todos nós nos virarmos para encontrar um dos homens de Cristiano que estava na entrada. Ele parecia do Serviço Secreto, com fone no ouvido, e eu podia facilmente saber em qual lado sua arma estava enfiada. Lado esquerdo, e provavelmente uma Glock, pelo formato dela. —Adrian Volkov chegou, senhor.
Como se alguém tivesse ligado o ar condicionado, a temperatura na sala pareceu esfriar e eu senti meu pai endurecendo. Eu já tinha ouvido o nome de Adrian Volkov antes. Meu pai não se incomodava quando falava sobre trabalho na minha frente, como fazia com Victoria. Volkov foi apelidado de “lobo” entre a maioria dos mafiosos, mas eu nunca o tinha visto antes. Eu sabia que ele esteve na prisão - tanto em seu país quanto nos EUA - mas não tinha ideia do que ele fez.
—Mostre a ele o meu escritório. —Informou Vito ao homem. Ele não falou novamente até que ficássemos sozinhos mais uma vez. Com a mandíbula dura, seus olhos estreitados e seus ombros rígidos, ele deu outro abraço em Victoria, então me deu um beijo na bochecha antes de bater-me no nariz mais duas vezes. —Se vista agora, Scarlett. Vou deixar um carro e meus melhores homens esperando por você em vinte minutos. Por favor, cuide de sua irmã, passerotta3.
—Sempre. —Eu assegurei-lhe.
Capítulo 2
Scarlett
De volta ao meu quarto, tomei banho e coloquei minhas roupas. Eu preferia vestir uma calça de ioga e uma camiseta, mas Victoria teria me mandado de volta para me trocar. Minha gêmea despreocupada era obcecada por vestimenta apropriada para cada ocasião e compras, para ela, era um momento de se vestir tanto quanto para uma festa.
Sentada à beira da minha cama, Victoria cruzou as pernas e virou a cabeça da esquerda para a direita, avaliando-me de todos os ângulos. —Esse vestido é bonito. Onde você conseguiu isso?
Olhei para o simples vestido branco com uma rosa vermelha na saia. Foi o suficiente para esconder o fato de que eu tinha uma arma presa no interior da minha coxa, por isso se encaixava tanto às minhas necessidades e exigências da minha irmã para o traje de compras. —Eu não sei. Estava só no meu armário, Tor. —Eu puxei umas sandálias vermelhas e, em seguida, agarrei um laço de cabelo para que eu pudesse puxar o meu cabelo em um rabo de cavalo. —Provavelmente está lá desde que saímos para a Sicília.
—Bem, para algo que tem três anos, está bem em você. —Ela se levantou, alisando as rugas de seu vestido de verão amarelo que parecia ter sido feito para caber em seu corpo delgado, mas curvilíneo.
Eu estava no processo de colocar brincos pequenos em minhas orelhas quando notei a maneira como ela estava mexendo com seu vestido. —O quê? —Minha gêmea não se limitava a ficar nervosa sem motivo. Algo estava em sua mente e ela estava apenas esperando eu fazê-la falar.
—Você tem certeza de que está preparada para isso? —Ela levantou seus cílios e me agrediu com um par de olhos castanhos que combinavam com os meus, mas com uma intensidade que eu não sabia espelhar.
Eu me virei, fingindo que não sabia do que estava falando. Eu não queria lidar com essa merda agora. —Quando eu estou no clima para fazer compras, Tor? Quero dizer, isso é coisa sua. Eu prefiro estar lá fora, debaixo de uma árvore, lendo ou algo assim.
—Pare com isso, Scarlett.
Seu tom comandou a minha atenção, mas eu terminei de colocar os brincos antes de me virar para ela. Colocando um sorriso que nem sequer chegava perto do brilho normal da minha gêmea, peguei suas mãos e lhes dei um firme aperto. —Estou bem, Tor. Eu juro. Ver Ciro não será ruim. Vou fingir que a última vez que o vi nunca aconteceu e ele estará em seu eu normal e frio.
—Ele é um idiota sem emoção. Eu quero matá-lo com sua própria arma e ver se ele é realmente humano. —Eu preferia seu temperamento forte à tristeza que tinha estado em seu tom momentos antes.
Todos sabiam que eu era a gêmea temperamental, mas Victoria estava tão deliciosamente feliz na maioria das vezes que eles não esperavam que ela tivesse um temperamento sob aquela doce vozinha dela. No entanto, era com ela que deveriam se preocupar. Comigo, o que eles viam era o que eles tinham, e muitos deles eram um pouco assustados comigo. Mas quando os botões errados eram apertados, Victoria Vitucci era mais perigosa do que o nosso pai.
Minha irmã não tinha nenhum escrúpulo em ter suas mãos sujas de sangue. Ela podia cortar a garganta de uma pessoa e sorrir docemente ao fazê-lo. Eu não tinha certeza se nosso pai percebeu isso ou não. Para ele, ela era uma florzinha delicada que deveria ser vigiada e protegida por todos, especialmente por mim. Por causa da gravidade de sua condição médica, ele sempre se preocupou com ela. A forma como ela o lembrava de nossa mãe só tornava sua superproteção a ela muito mais intensa.
Apertei minhas mãos nas suas. —Eu vou ficar bem. —Eu assegurei. —Eu não vou perseguir Ciro Donati desta vez. Eu aprendi a lição. Quer me ajudar a seguir em frente?
Seus olhos escuros brilharam mais uma vez. —O que você tem em mente?
—Dançar. Dançar e dançar muito. —Eu dei a ela uma piscadela maliciosa e a soltei. —Vamos. Acho que preciso de algo sexy para combinar com a dança.
—Qual clube? —Victoria já estava fazendo planos, e eu estava agradecida por sua mente não estar mais em Ciro.
Eu a deixei no comando das coisas. Ela ia usar toda a sua conspiração para nos tirar da casa depois, mas era melhor para ela encontrar uma maneira de nos tirar daqui do que planejar a morte do melhor soldado do nosso pai e capo4. Para ser honesta, minha irmã me assustava quando perdia a paciência. Eu era a destemida, mas ela me aterrorizava nesse estado de espírito. Provavelmente porque eu a vira em ação.
Mentalmente balançando a cabeça, eu peguei minha bolsa e descemos. Tinha demorado mais de vinte minutos para me vestir, então eu tinha certeza de que nosso pai estava prestes a enviar uma equipe de busca para nós. Um grupo de busca que incluísse Cristiano, e eu não estava disposta a lidar com ele novamente naquele momento.
Quando descemos as escadas, ouvi vozes profundas falando em tom baixo. Eles estavam falando em inglês, mas seus sotaques eram tão proeminentes que eu sabia que era uma conversa aquecida sem ter que ouvir o que eles estavam dizendo.
—Ele desapareceu. Tenho todos os meus homens procurando por ele. Todos os informantes da cidade sabem que, se o virem, tenho que ser informado.
Parei no último degrau quando uma nova voz se juntou à conversa. Meu coração saltou em meu peito, mas apertei minhas mãos em punhos, forçando-me a não reagir tão abertamente a ele. A voz de Ciro sempre teve a capacidade de transformar o meu eu normalmente calmo em uma massa de ansiedade induzida por hormônios.
—Hannigan tem prioridade nisso por causar todo esse problema na Califórnia e depois trazer isso para cá. Certifique-se de que ele seja bem cuidado, Ciro. Eu não quero nenhum desleixo. —Vito disse com a frieza que eu reconheci imediatamente.
Papai estava chateado.
—Se ele ainda estiver na costa leste, ele é uma ameaça direta para as meninas. —Interrompeu Cristiano. —Devemos ainda deixá-las sair?
—Victoria estava certa quando ela disse que seria sábio que elas saíssem de casa enquanto estivéssemos em reuniões. Quanto menos exposição elas tiverem a Volkov, melhor. —Assegurou Papa.
—Vou mandar dois dos meus homens com elas. —Ofereceu Ciro. —Ou você gostaria que eu as acompanhasse?
—Você já dormiu? —Perguntou Cristiano, parecendo preocupado com seu amigo. —Você parece pálido.
—Foi uma noite longa. Tirei algumas horas no armazém.
—Não devíamos estar ouvindo isso. —Murmurou Victoria ao meu ouvido. —Se eles percebem que estamos, papai ficará zangado.
Eu fiz uma careta, sabendo que ela estava certa. Mesmo que Papa não fosse tão discreto quanto a fazer negócios na minha frente, quanto menos soubéssemos sobre o que nosso pai fazia, mais seguras estávamos, mas eu estava morrendo de vontade de saber o que Ciro estava fazendo. E eles não deveriam ter tido sua conversa onde qualquer um poderia ouvir tão facilmente, de qualquer maneira. Eles obviamente ficaram um pouco descuidados com onde eles falavam sobre negócios enquanto Victoria e eu estávamos ausentes.
—Acho que vou comprar sapatos novos. —Disse Victoria, falando mais alto do que o normal, certificando-se de que os três homens da sala ao lado soubessem que estávamos nos aproximando. —Estou pensando em vermelho.
—Boa escolha. —Murmurei.
Cristiano apareceu no segundo seguinte com Vito e Ciro logo atrás dele. Eu mantive meu foco em meu pai e irmão, recusando-me a permitir-me até mesmo um olhar para Ciro. Se eu olhasse para ele naquele momento, eu sabia que não seria capaz de esconder o quanto eu sentia falta dele.
A última vez, que vi Ciro, passou pela minha cabeça, e engoli a dor que tentava me sufocar. Por que esse homem e somente esse homem havia sido capaz de tocar meu coração sombrio? Eu teria dado a ele tudo se ele quisesse.
Eu tinha me apaixonado por Ciro quando eu tinha onze anos. Eu tinha uma queda por ele antes disso. Toda garota que eu conhecia tinha, então eu não podia ser culpada por ter uma também. Ciro sempre foi parte da minha vida. Eu o via quase todos os dias até os dezoito anos. Seu pai era um dos amigos mais próximos de Vito, e conselheiro. Papa tinha sido nomeado seu padrinho no nascimento, assim como o dele era de Cristiano. Ciro e Cristiano eram melhores amigos praticamente desde o nascimento e Ciro estava sempre em nossa casa.
No dia em que me apaixonei por ele, ele estava sentado na primeira fila do meu primeiro e último recital de dança. Seus pais estavam sentados com meu pai, enquanto ele e Cristiano tinham ido para o lado com Dante De Stefano, tentando ser legais, enquanto todas as meninas da minha classe não conseguiam parar de fofocar para eles. Eu saí para o palco para meu solo e eu tropecei em meus próprios pés na minha excitação para mostrar a Ciro o que eu poderia fazer.
Lágrimas instantaneamente encheram meus olhos de constrangimento e eu quis desaparecer. Do lado do palco, eu tinha ouvido as outras garotas rindo e sussurrando sobre mim, mas todas se calaram no momento em que Ciro saltou no palco ao meu lado e me levantou em seus braços como se eu fosse um bebê.
—Não chore. —Ele murmurou enquanto pressionava seus lábios contra a minha testa. —Você é a melhor dançarina que eu já vi.
Inocentemente, eu tinha me apaixonado e continuei apaixonada desde então. Foi estúpido pensar que ele poderia ter sentido da mesma maneira e eu estava cansada de esperar ele abrir os olhos e perceber que eu estava crescida agora. Quando eu tinha dezoito anos, eu tinha partido meu coração por ele pela última vez e estive muito disposta a mudar para a Sicília para morar com minha avó quando Papa tinha sugerido que conhecêssemos Nona melhor.
—Finalmente. —Resmungou Cristiano. —Eu estava começando a pensar que vocês duas não queriam mais sair depois de tudo.
—Ela esteve no chuveiro para sempre. —Victoria reclamou, mas ela estava sorrindo. —De quem gastarei o dinheiro hoje? Seu, do papai?
Ele bufou, mas havia um sorriso indulgente em seu rosto para ela. —Você iria quebrar o banco se tivesse oportunidade. Eu deveria ter colocado um subsídio para você desde o momento em que nasceu, em vez de deixar você ter a rédea livre sobre o meu dinheiro.
—Eu tenho que comprar por duas, Papai. Scarlett só usaria calça de ioga e camisetas horríveis se não o fizesse. —Ela estendeu a mão, balançando os dedos para ele. —Seus cartões, por favor, papai.
—Você não tem o seu? —Cristiano brincou, entregando seu próprio cartão de crédito antes que Vito pudesse alcançar sua carteira.
—Claro. —Victoria assegurou-lhe. —Mas há um limite e eu tenho tantas roupas para comprar. Nós não temos nada para vestir para o verão aqui.
Eu tentei não revirar meus olhos para ela. Nada para vestir. Isso foi uma lorota total e todos nós sabíamos disso. Nossos armários estavam transbordando com vestidos que ainda tinham as etiquetas de preço sobre eles. Victoria doaria cada um deles, antes de encher os racks com novos itens. Ela adorava trabalhar com suas instituições de caridade e doar o conteúdo de seu armário - e do meu - era apenas uma das muitas maneiras que ela gostava de ajudar os menos afortunados.
—Você tem tudo que você precisa? —Vito falou enquanto Victoria descia o último degrau para beijar a bochecha do nosso irmão.
—Claro, papai.
—Vou cuidar dela, papai. —Assegurei-lhe enquanto me aproximava para lhe beijar a bochecha. Enquanto passava por Ciro, não pude deixar de pegar o sutil aroma de sua loção pós-barba e tentei evitar que meu corpo reagisse, mas não consegui impedir que meu coração saltasse enquanto aquele perfume familiar trazia de volta tantas lembranças. —Tente ser bom enquanto nós saímos. Não atire em ninguém. —Eu brinquei para me distrair.
—Eu vou tentar segurar o impulso, passerotta. —Papa disse com uma cara séria.
—Estou interrompendo?
Senti todos os três homens tensos antes que eu pudesse virar para ver quem tinha falado. Eu pensei ter ouvido Ciro xingar, mas eu não tive a chance de olhar para ele para confirmar se eu estava certa ou não. Em vez disso, mantive meus olhos em meu pai. A forma como seu rosto ficou completamente sem emoção me dizia que ele considerava o recém-chegado um inimigo. Virando-me devagar, deixei meus olhos caírem sobre o homem parado na porta que levava ao escritório do meu pai, no fundo do primeiro andar da casa.
Era difícil dizer que parte do homem chamou minha atenção primeiro. Ele era alguns centímetros mais baixo do que Ciro, que era uma besta com 1,90 de altura. Seus cabelos negros estavam cortados baixo, e havia uma escuridão sombria em seu rosto que sugeria que ele continuaria assim. Seu terno era feito à mão e caro, mas não mais italiano do que ele. Ele era mais magro do que Ciro, mas mais musculoso do que Cristiano. As tatuagens em suas mãos pareciam tinta de gangue, e eu me perguntei se ele teria mais em outro lugar.
Seus olhos escuros passaram do meu pai para mim. Eu vi quando ele correu seu olhar do topo da minha cabeça para a ponta dos meus sapatos, então de volta novamente. Sua avaliação estava cheia de interesse, mas eu não fui afetada. Vendo a indiferença em meus olhos, ele virou o olhar para Victoria. O interesse que ele tinha tido em mim pareceu dobrar em um piscar de olhos e a sala pareceu ficar mais quente enquanto Victoria realmente olhava de volta com seu próprio interesse evidente.
—Estas devem ser suas filhas. —Disse o recém-chegado, que tinha que ser Adrian Volkov, numa voz que tinha um leve sotaque russo.
Os outros três homens permaneceram boquiabertos, mas minha gêmea deu um passo à frente como se nem sequer estivessem lá. —Sou Victoria. —Murmurou enquanto lhe oferecia a mão.
—Adrian. —Sua voz se aprofundou quando ele tocou seus dedos, seus olhos escuros piscando com um desejo que queimou até mesmo em mim.
Olhei com os olhos entrecerrados enquanto Victoria parecia estremecer e deixava a mão dela na dele. Seus olhos permaneceram focados por um longo momento como se estivessem presos em seu próprio pequeno mundo, antes de Cristiano dar um passo à frente e puxar Victoria de volta.
Com sua mandíbula tensa, ele empurrou Victoria para mim, então se voltou para nosso convidado. —Vamos?
Adrian seguiu todos os passos de Victoria até chegar ao meu lado. Só então ele virou aquele olhar predatório sobre meu irmão. Enquanto os dois homens se olhavam, eu podia dizer que os rumores eram verdadeiros sobre Volkov. Ele era um homem muito perigoso. Então, tão rapidamente quanto aquele brilho perigoso tinha brilhado em seus olhos escuros, foi substituído por uma expressão neutra e seus lábios se curvaram em um sorriso frio.
—Lidere o caminho.
Olhei para papai enquanto Cristiano desaparecia, tentando julgar sua reação. O rosto de Vito permaneceu completamente impassível, até que ouvimos a porta de seu escritório fechar. Então sua máscara de indiferença caiu e eu vi a raiva em seus olhos. Eu não conseguia me lembrar dele olhando para Victoria ou para mim com aquele olhar antes, mas mesmo assim ele estava irritado com minha gêmea.
—Você perdeu sua cabeça? —Ele rosnou enquanto segurava o braço de Victoria e a girava para encará-lo. Tinha estado tão perdida ao ver Volkov se afastar, que nem sequer tinha percebido o que a aguardava até o momento. —Esse é Adrian Volkov. Ele é um criminoso violento. Você não vai, repito, não vai voltar a falar com ele.
—Papai... —Victoria começou a discutir, mas ele apenas apertou seu braço dolorosamente. Eu vi quando seus olhos se estreitaram, muito chocados por tudo para se moverem.
Que merda tinha acabado de acontecer? Volkov apareceu e jogou todos de cabeça para baixo. Eu não tinha certeza se eu gostava disso.
Victoria engoliu em seco e depois assentiu. —Eu entendo, papai.
Capítulo 3
Ciro
Se o desejo de matar Adrian Volkov já não estava queimando em minhas veias, isso se tornou um inferno no segundo em que assisti aquele filho da puta russo correr os olhos pelo corpo de Scarlett. A única coisa que o salvou foi Scarlett, ali parada, para testemunhar seu assassinato.
Eu duvidava que ela tivesse piscado se eu tivesse feito isso. Scarlett Vitucci era muito parecida com seu pai, eu sabia que ela não teria se encolhido se eu tivesse tirado a minha Beretta e atirado naquele filho da puta onde ele estava. Eu não tinha vontade de mostrar a ela esse lado meu, no entanto. Eu não queria que ela visse que tipo de monstro eu mais tinha medo.
Vito soltou Victoria e virou seu olhar frio para mim. —Certifique-se de que elas saiam com segurança, Ciro. Você disse que enviaria dois de seus homens com elas. Seus melhores homens.
Inclinei minha cabeça. —Sim, senhor.
—Scarlett, vigia a tua irmã. —A frieza dele pareceu desaparecer quando ele ergueu a mão e tocou-a carinhosamente no nariz, duas vezes. —Esteja segura, passerotta.
—Sim, papai. —Ela murmurou, e eu tive que apertar a mandíbula para não reagir à sua voz um pouco rouca. Merda, sua voz era como uma mão suavemente acariciando meu pau.
Vito me lançou outro olhar duro, um que dizia mil coisas diferentes, e virou-se para seguir Cristiano. Esperei até que ele estivesse fora de vista antes de me virar para enfrentar as gêmeas. Como é que Scarlett e Victoria eram idênticas em todos os aspectos visuais, mas quando eu olhava para Victoria, meu corpo permanecia completamente frio? Quando eu a abraçava, eu não sentia nada exceto talvez um tipo de afeição fraternal.
Mudando meu olhar para a gêmea mais velha, meu coração se contraia desconfortavelmente e meu pau ganhava vida imediatamente. Seu longo cabelo vermelho estava puxado para trás em um simples rabo-de-cavalo. Não havia nenhum traço de maquiagem em sua pele de porcelana, e seus olhos castanhos claros estavam olhando para algo atrás de mim. Eu teria dado meu último suspiro para que ela me olhasse - para que seus olhos me devorassem como antes - mas sabia que era melhor para todos se ela não o fizesse.
—Parece que não dormiu há dias, Ciro. —Comentou Victoria, voltando-se para mim.
Eu dei de ombros, ignorando sua preocupação. Na verdade, eu não tinha dormido em dois dias, mas eu não estava prestes a explicar isso a qualquer uma delas. —Vamos? —Eu me movi para abrir a porta da frente. Do outro lado, dois homens de terno estavam prontos. Eu dei a cada um deles um leve aceno de cabeça, mas eles não se moveram de seus postos.
Na entrada, o carro de Vito já estava esperando. O carro parecia um típico sedan, mas as janelas eram à prova de balas. Atrás do volante, um homem com todo um arsenal de armas e facas estava sentado, pronto para proteger as gêmeas Vitucci com sua vida se ele tivesse que fazer. Dois outros homens já estavam de pé ao lado da porta do passageiro de trás, esperando por Scarlett e Victoria.
Três homens. Não quase o suficiente em minha opinião. Foda-se, vinte homens não seriam suficientes para proteger Scarlett se fosse por mim. Rangendo os dentes, peguei meu telefone e digitei um comando para o homem que atendeu. Eu confiava em todos os meus homens, mas Desi era o único que eu confiaria com a vida de Scarlett.
Sem me responder, ele apareceu ao lado da casa onde ele normalmente esperava por mim quando eu estava no complexo. Ao lado dele estava Paco. Os dois eram irmãos, e eu sabia que eles iriam manter Scarlett segura. Os dois homens de Vito nem sequer piscaram quando meus rapazes se aproximaram ao lado deles. Poderiam ter sido três anos desde que tinham que se preocupar em proteger as gêmeas, mas eles sabiam que não deviam questionar quaisquer homens extras sendo adicionados ao seu detalhe de segurança.
Victoria passou por mim e entrou no carro sem outra palavra, mas eu senti Scarlett parar logo atrás de mim. Acalmando-me para olhar para ela, eu lentamente me virei para encontrá-la olhando o complexo na frente dela. O complexo tinha mais de trinta acres, com uma parede em torno das fronteiras da propriedade. Homens patrulhavam dia e noite, mas os homens tinham aprendido a desaparecer no fundo, e tudo que alguém realmente via era a beleza das muitas árvores, gramados e jardins, e a longa calçada de pedra.
Os olhos de Scarlett pareciam absorver tudo isso enquanto ela estava no degrau mais alto. Eu vi quando um pequeno sorriso brincou em seus lábios rosados e seus cílios caíam como se estivesse tentando saborear cada pequeno detalhe. Ela estava tão bonita, meu coração quase parou apenas de observá-la assim.
—Eu nunca vou cansar dessa visão. —Ela murmurou, e eu não tinha certeza se ela estava falando para si mesma ou se ela estava realmente me agraciando com a conversa. —Não importa a estação, esta será sempre a minha vista favorita. Eu senti falta disso.
—Você não gostou da Sicília? —Eu perguntei antes que eu pudesse me parar.
Ela encolheu os ombros sem virar seu olhar para longe do cenário. —Eu adorei lá. Foi lindo e foi maravilhoso conhecer um pouco da minha família afastada. Mas... —Seus olhos castanhos se viraram para mim, olhando para mim pela primeira vez. Eu vi o jeito que suas pupilas dilataram, e sabia que ela estava tão afetada com a minha visão quanto eu estava com a dela. —Não há nada como sua casa, sabe?
Antes que eu pudesse perguntar o que eu estava fazendo, eu estendi a mão para ela. Apertando-lhe a mão suavemente na minha, eu levantei-a para os meus lábios e dei um beijo em seus dedos. —Eu sei. —Lentamente, eu soltei, mentalmente me xingando pela necessidade que me tinha consumido para tocá-la. Dez malditos minutos e eu já estava achando difícil manter minhas mãos longe. Eu sabia que se não parasse, eu ficaria viciado na sensação de sua suavidade sob meus dedos. —É bom ter você em casa, Scarlett.
Seus olhos estavam voltados para a mão agora livre, os lábios entreabertos como se ela estivesse ofegante. Eu contei as batidas irregulares do seu coração pelo pulso na base da sua garganta. Vendo como facilmente eu poderia levá-la a responder apenas a minha necessidade por ela duas vezes mais.
—Você deve ir agora. —Eu disse a ela quando ela ficou ali, como se congelada no lugar. —Tenho certeza de que você tem muitas opções de compras para fazer.
Sua cabeça levantou, seus olhos se estreitaram em uma mistura de dor e raiva, e eu me lembrei de que queria que ela ficasse puta comigo. Seu ódio por mim era mais fácil de lidar. Tornava mais fácil seguir em frente.
Mentiroso.
Não era fácil para mim. Nem um pouco. No entanto, para ela, era simples. Ela não falou enquanto caminhava até o carro e eu deixei Desi ajudá-la a entrar no banco de trás. Ela sentou-se, e manteve os olhos treinados para frente. Desi fechou a porta e eu fui capaz de afastar o meu olhar dela.
—Mantenha-as seguras. —Ordenei. Mantenha-a segura, era o que eu queria dizer, mas nunca diria em voz alta.
Os homens entraram no carro e eu observei até que ele desapareceu pelos portões antes de voltar para a casa. Só então deixei os pensamentos de Volkov reentrar em minha mente. Enquanto eu fui passando pelos homens de Vito no meu caminho para seu escritório, eles fizeram uma pausa para me deixar passar, mantendo ainda mais distância entre eles e eu do que normalmente fariam.
Eu tinha esse efeito sobre a maioria dos homens com quem trabalhava e ainda mais com os que eu não trabalhava. Desde a idade de dezessete anos, eu tinha sido um dos soldados de Vito. Eu tinha seguido o exemplo do meu pai na Cosa Nostra, mas não tinha sido o fato de que eu era filho de Benito Donati que tinha feito os homens começarem a temer-me naquela época. Benito era o conselheiro de Vito, mas eu tinha provado a mim mesmo uma e outra vez, não apenas para Vito, mas para seu capo5, que eu era digno de ser um de seus soldados.
Agora eu era um capo com meus próprios homens para comandar, mas mais frequentemente do que não, eu era um soldado, cumprindo ordens que Vito sempre me confiava. Eu nunca poderia lavar o sangue que agora manchava minhas mãos e foi uma das razões que eu sabia que Scarlett estaria melhor com outra pessoa.
Porra. Eu queria enfiar meu punho em algo quando esse lembrete passou pela minha cabeça.
Entrei no escritório, sem parar para bater. Em vez disso, eu entrei, cruzei para onde Adrian Volkov estava casualmente na janela, e agarrei-o pelo colarinho. Batendo-o contra a parede, fiquei em seu rosto, minha raiva vibrando por todo meu corpo. —Você nunca olhe para ela assim novamente ou vou enviar a cabeça de sua irmã de presente, enrolada com suas entranhas.
A única reação de Volkov foi a raiva em seus olhos. —Ela é sua?
Eu não respondi. Scarlett era minha, mas eu nunca poderia reclamá-la. Fazê-lo seria como colocar um alvo neon nas costas dela. Meus inimigos estavam morrendo de vontade de encontrar um ponto fraco em mim, então eu nunca iria deixá-los saber que Scarlett era minha. Mesmo se esse não fosse um risco tão grande, ela merecia mais do que um homem com tanto sangue em suas mãos. Volkov tinha tanto, se não mais.
Eu iria matá-lo antes de eu deixá-lo tocá-la.
—Calma, Ciro. —Cristiano colocou a mão no meu ombro e deu-lhe um aperto forte. —Volkov sabe que tem que ficar longe de Victoria.
Victoria.
Foda-se essa merda. Eu não dava a mínima para Victoria. Era por Scarlett que eu o mataria.
Liberando-o, eu ajeitei a gravata e dei um passo para trás, fazendo meu rosto ficar completamente em branco. Era hora de começar a trabalhar. Eu lidaria com Volkov mais tarde.
O russo arrumou o paletó, com o rosto tão impassível quanto o meu. —Voltemos aos negócios? —Vito deu um único aceno. —Como eu estava dizendo, eu tenho olhos em toda a família Santino. Todos, exceto em Carlo Jr. Ele é um fantasma desde ontem.
Isso não era novidade para mim. A família Santino era baseada na Casa Nostra da costa oeste que queria abrir uma loja em Nova York. Eles não tinham as conexões ou o dinheiro para tomar o território de Vito, mas isso não os tinha parado de tentar. Jr. tinha tentado casar-se com a família Morgan, que detinha cerca de tanta força política em alguns círculos quanto os Kennedys. Com a ajuda deles, ele poderia ter montado um acampamento em Connecticut e, lentamente, feito seu nome em Nova York.
Os planos de Jr. estavam agora acabados, essa foi uma das razões que eu não tinha conseguido dormir e estava agora esgotado.
—Então, nós não temos nenhuma ideia se aquele bastardo ainda está na área ou se ele está voltado para a Califórnia. —Cristiano enfiou as mãos nos bolsos da calça e olhou para fora da janela na qual Volkov ainda estava de pé.
—Ele não está na Califórnia. —Eu assegurei a ele. —The Angel’s Halo MC tem os olhos sobre o complexo Santino. Se Jr. tivesse aparecido, eu saberia agora.
—Você está tão certo disso? —Volkov levantou uma sobrancelha para mim. —O MC não está procurando Jr. também?
—Eles não iriam fazer uma jogada sobre ele, sem me informar. O VP do MC está em Connecticut, enquanto falamos. Seu presidente não vai tocar em Jr. sem que digamos a Hawk Hannigan. Não depois do que aconteceu com a sua mulher.
—Será que ela vai viver? —Vito perguntou de seu assento atrás de sua mesa.
—O envenenamento do sangue foi ruim, mas os médicos asseguraram que ela deve ter uma recuperação completa.
—Bom. Uma gangue fodida de motociclistas não é algo que qualquer um de nós precisa em torno desta cidade. —Vito virou o olhar vazio em Volkov. —Eu vou esperar relatórios regulares seus ou de seu segundo no comando. Santino é problema nosso e até tê-lo neutralizado, nenhum de nós terá paz.
—Concordo. —Volkov afastou-se da janela. —Você tem a minha total cooperação sobre este assunto.
—Espere. —Vito ordenou em um tom que poucos homens já haviam ignorado, quando Volkov parecia que ia sair. O russo fez uma pausa e olhou para Vito, seu rosto branco. —Fique longe da minha filha, ou a promessa anterior de Ciro se tornará uma realidade.
—Eu vou ter certeza de deixar Anya ciente da possibilidade. —Com isso, ele se afastou.
—Isso poderia ser um problema. —Cristiano murmurou uma vez que ele se foi.
—Se ele se tornar um, eu vou lidar com isso. —Eu prometi ao meu amigo. Com prazer.
—Não. —Vito disse após um momento. —Não, vamos ver o que acontece primeiro.
—Você sabe que ele vai fazer um movimento com ela, papai.
Minha cabeça parecia que estava prestes a explodir. Eu sabia que eles queriam dizer Victoria, mas tudo que eu podia ver era a maneira como Volkov tinha olhado para Scarlett e eu queria rasgar aquele filho da puta.
—Sim, eu sei. —Seus olhos escureceram. —Mande segui-lo. Diga a seus homens para manterem distância. Como eu disse, vamos ver o que acontece.
Capítulo 4
Scarlett
Quando o táxi parou em frente de um clube com o qual eu não estava familiarizada, eu soube imediatamente que Victoria estava tramando algo. Havia uma fila de dois blocos longos de pessoas tentando entrar. Três seguranças ficaram pelas cordas que mantinham todos para trás, permitindo apenas alguns em um momento enquanto mais pessoas chegavam.
Dando à minha gêmea sorridente um olhar, eu não me virei imediatamente quando um dos seguranças adiantou-se e abriu a porta traseira para mim.
—É isso que eu acho que é, Tor?
Ela me deu um sorriso malicioso. —Você disse para escolher um clube, então eu escolhi um clube.
—Um clube que, provavelmente, é de propriedade de Adrian Volkov. A cabeça de Papa vai explodir se ele descobrir. —Eu nem sequer pensei sobre o quão grande seria a confusão se ele descobrisse que Victoria e eu tínhamos escapado do complexo. Nós tínhamos feito isso centenas de vezes em nossa adolescência e só tínhamos ficado presas duas vezes, graças ao planejamento gênio da minha irmã gêmea.
Duas vezes foi suficiente para que eu temesse meu pai descobrir novamente.
—Adrian não possui o Iron Hand. —Ela assegurou-me, e eu comecei a relaxar. —Sua irmã, Anya, possui.
Droga.
—Senhorita?
Segurei um xingamento e finalmente dei ao segurança a minha mão e saí do táxi. Com os saltos que eu estava usando, eu precisava de sua ajuda para ficar de pé. Por que eu tinha deixado minha irmã me convencer a usá-los, eu ainda não tinha ideia. Eu estava fraca depois da minha conversa com Ciro antes e tinha estado ainda menos envolvida no processo de compra do que o habitual.
Victoria deslizou pelo banco e me deixou ajudá-la em seguida. Seus saltos eram tão perigosos quanto os meus, mas, ao contrário de mim, ela caminhava como se tivesse nascido neles. Dando ao segurança um sorriso tímido, ela virou a cabeça, deixando os cachos vermelhos longos caírem sobre um ombro. —Volkov está nos esperando. —Ela disse a ele.
Espere... Ela estava? Quando Victoria tinha falado com ela?
—Nome? —O grandão rosnou, e eu me aproximei da minha irmã, querendo colocar-me entre ela e os possíveis perigos que esse cara representava.
—Victoria. —Ela murmurou em uma voz que era suave e rouca.
Eu vi o segurança realmente tremer. Como diabos ela fazia isso? Ela poderia dobrar qualquer homem à sua vontade com apenas uma palavra simples, e eu queria saber como. Talvez se eu soubesse como, eu pudesse ter convencido Ciro anos atrás que estávamos destinados a ficar juntos. Eu percebi que era errado, mas, inferno, eu não conseguia parar de pensar no “e se”.
Levantando a mão, o segurança tocou o dispositivo de comunicação em seu ouvido. —O que devo fazer com Victoria? —Seus olhos não disseram o que estava dizendo quem estava do outro lado. —Sim, senhora.
O homem moveu-se para a entrada e segurou a porta aberta para nós. —Vão em linha reta. A senhorita Volkov está em uma reunião agora, mas ela vai acompanhá-las ao bar no segundo andar quando terminar.
Assim que entrei no clube, meus sentidos entraram em sobrecarga. Havia luzes coloridas diferentes em todos os lugares, piscando com a batida da música que o clube fornecia por um DJ especializado em uma plataforma no primeiro andar. Incenso me enchia com uma sensação de calma, mesmo quando eu temia dar o meu próximo passo para dentro. O espaço interno poderia facilmente abrigar duas mil pessoas, e eu tinha certeza de que havia pelo menos metade disso do lado de fora.
Os sofás enormes preenchiam todos os cantos onde grandes grupos estavam tanto sentados e deitados enquanto tomavam drinques - e provavelmente coisas mais fortes, mais perigosas - com os amigos. No segundo andar, eu podia ver o bar onde uma pequena multidão de pessoas se espalhava. Os dois homens extragrandes de pé pelas escadas que levavam ao segundo andar me diziam exatamente por que esses números eram muito menores do que no primeiro andar.
Victoria pegou minha mão e me levou em direção à escada. A viagem foi longa e tivemos que tecer entre vários dançarinos bêbados antes de chegarmos ao nosso destino. Ao vê-la, os dois guardas avançaram. —Quaisquer armas? —O cara na minha esquerda perguntou.
Eu balancei a cabeça, assim como Victoria, mas, ao contrário dela, eu estava completamente armada. Eu tinha uma faca amarrada no interior da minha coxa direita e uma garrucha amarrada à minha esquerda. Ambas tinha sido um presente de Ciro quando eu tinha dezessete anos, quando Victoria e eu tínhamos sido pegas em um clube em Manhattan pela segunda vez. Ele sabia que provavelmente iríamos fazer isso novamente, e ele queria ter certeza de que eu estivesse protegida se o fizesse. Eu nunca saía sem nenhuma delas agora.
Pensar sobre a amizade que tínhamos naquela época fez o meu estômago apertar e meu peito doer com saudade de como tinha sido nos velhos tempos. Porra, eu sentia falta dele pra caramba.
O único à minha direita agarrou o pulso de Victoria e a puxou para mais perto, fazendo-me endurecer. —Temos de verificar, senhorita. —Sua voz calma não se encaixava com seu corpo excessivamente grande e eu quase ri porque era tão surpreendente.
—Olha, como eu poderia esconder uma arma? —Ela virou-se para ele quando suas mãos começaram a levantar para tocar seus ombros. Eu corrigi minha posição, pronta para alcançar a minha arma e não dando a mínima para quem me visse acenando-a nos rostos destes dois fodidos. —Eu tenho talvez cinquenta centímetros de tecido sobre mim e todos os meus bens estão em exibição. Você acha que essas meninas não são reais? —Suas mãos tocaram seus seios, levantando-os.
Atrás de mim, ouvi um silvo duro. O segurança seguiu o movimento das mãos de Victoria e eu vi a luz de interesse em seus olhos. Se ele a tocasse, seus cérebros estariam espalhados na parede atrás dele antes que ele pudesse sorver a sua próxima respiração. Eu mataria o filho da puta e não teria um minuto de arrependimento.
Antes que eu pudesse mover-me, o segurança foi jogado na parede ao lado da escada, o rosto ficando roxo enquanto Adrian Volkov apertava sua garganta. —Toque-a novamente. Atreva-se.
—Eu estava apenas seguindo o protocolo. —O homem foi capaz de chiar. —Senhorita Volkov disse...
—Pareço que dou a mínima para o que minha irmã diz? Estas duas são a exceção. —Seu aperto intensificou. —Compreendeu?
Incapaz de falar agora, o segurança pôde apenas acenar. Volkov liberou lentamente seu poder sobre o homem e virou-se, mas seu olhar foi direto para Victoria. A raiva que esteve vibrando dele apenas um momento antes se desvaneceu no próximo piscar de olhos. —Eu deveria saber que você iria ser um problema. —Seu sotaque era acentuado agora, toda a raiva desapareceu de seu rosto, enquanto observava minha irmã através de seus cílios grossos. —Eu não estava esperando que você fosse tão valente, kotyonok.
Levei um segundo para perceber do que ele tinha acabado de chamá-la, porque meu russo não era quase tão bom quanto o de Victoria. Gatinha. Coube-lhe, considerando que eu pensei que realmente ouvi Victoria ronronar enquanto ele agarrava a mão dela e a puxava para mais perto. Volkov tinha que ser algum tipo de mágico ou algo assim, porque minha irmã não agia assim. Nunca. Ela era incrivelmente feminina, mas nunca tinha sido o tipo de menina que perdia a cabeça no segundo em que um cara quente olhava duas vezes para ela. Ela nunca se apaixonou, nunca realmente notou os caras porque a maioria dos que estavam ao redor em uma base diária, trabalhavam para nosso pai ou eram relacionados a nós.
Ela estava sob seu feitiço, mas enquanto eu a assistia inclinar-se ao seu toque quando ele levantou a mão para o seu queixo, eu percebi que ela nunca pareceu tão feliz em sua vida. Minha irmã feliz, a única que podia brilhar uma luz na minha escuridão, estava brilhando tanto quanto o sol do meio-dia.
Então, ali eu sabia que não importava o quão bravo Papa ficaria sobre ela estar com Volkov. Eu não deixaria ninguém ficar no seu caminho.
*****
Volkov levou-nos ao andar de cima e em um canto de trás que estava completamente abandonado. Quando ele se sentou no longo e largo sofá, com almofadas escuras, eu percebi que era seu canto especial. Quase como se tivessem sido parte da toca, e dois grandes homens de terno apareceram em cada extremidade do sofá.
Ainda segurando a mão de Victoria, ele a puxou para baixo ao lado dele e ela foi de bom grado. Sentei vários metros longe deles, querendo dar-lhes alguma privacidade, e ainda querendo estar perto o suficiente para protegê-la se Volkov acabasse por ser uma influência ruim. Meus dedos ainda coçavam para colocar uma bala no leão de chácara que tinha tocado a minha irmã.
Uma garçonete, vestida com uma simples blusa de botão branca e uma saia preta curta, apareceu ao lado de Volkov. —Champanhe, eu presumo. —Disse a menina sem se preocupar em olhar para ela.
—Não. —Victoria balançou a cabeça e sorriu quando ela forçou seus olhos para longe dele para olhar para a garçonete, que parecia quase surpresa com a atenção. —Vodka. Traga-nos uma garrafa e quatro copos de dose. Anya se juntará a nós, certo?
A surpresa de Volkov apareceu em seus olhos por apenas meio segundo antes que ele jogasse a cabeça para trás e risse em voz alta. —Eu posso ver agora que você vai continuar me surpreendendo, kotyonok. Eu gosto disso. Eu gosto muito disso, na verdade.
Sentei-me e tentei relaxar enquanto a garçonete se afastava para buscar a vodka. —Não muito, Tor. —Eu adverti-lhe calmamente.
Ela tinha que ter mais cuidado do que os outros quando ela ia beber, por causa de sua saúde. Se seus níveis de açúcar no sangue caíssem muito, seria difícil dizer se ela estava bêbada ou não, porque os sinais espelhavam alguém que tinha bebido muito. Eu estava sempre cuidando dela para me certificar de que ela não levasse as coisas longe demais.
Ela deu um aceno de cabeça, mas não disse nada enquanto mantinha sua atenção sobre Volkov. Aparentemente, ela não queria falar sobre sua doença na frente de seu novo amigo. —Então, você e meu pai... Existe uma razão para a tensão?
A diversão drenou de seu rosto e seus olhos voltaram ao normal. —Você poderia dizer que recentemente nos tornamos aliados relutantes.
Aliados relutantes. Acuidade interessante. Essa era a maneira mais diplomática para descrever “ter que cumprir as ordens do meu pai” que eu já ouvi. Volkov era inteligente, eu tinha que reconhecer. Olhei para a tatuagem em suas mãos.
????
Levei um segundo para decodificar o texto russo em quatro dedos da mão esquerda. Lobo. Apropriado. Eu vi os cinco pontos mais perto de seu pulso na mesma mão. Isso significava que ele tinha cumprido pena. Havia outras marcas, mas eu não tinha certeza de seus significados. Eu só poderia assumir que era por ele ter sido condenado ou algum tipo de código para contar aos outros qual era sua posição.
—Então, você não lida com Papa frequentemente? —Victoria ainda estava tentando fazer Volkov falar.
Ele deu de ombros e eu estava feliz ao ver que ele não caía sob seu feitiço facilmente. —Frequente o bastante. Vito e eu temos um entendimento. Cristiano e eu? Nem tanto. —Ele sorriu. —Minha irmã diz que é porque nós somos muito parecidos.
—Vocês são.
Minha cabeça levantou ao ouvir o som da voz nova e eu vi Anya Volkov pela primeira vez. Ela era além de bonita, com seu cabelo longo e escuro. Ela tinha a pele mais bonita de porcelana que eu já vi e seus grandes olhos azuis se destacavam em meio às suas outras características. Seus lábios eram cheios e carmesim com um brilho de gloss revestindo-os. Eu tinha certeza de que ela era mais jovem que seu irmão por vários anos e dava a ela a idade de vinte e cinco anos, no máximo. Se eu fosse uma espécie de mulher má, eu estaria instantaneamente com ciúmes de Anya e seu corpo perfeito. Em vez disso, eu senti uma conexão imediata com ela que me fez pensar se poderíamos, eventualmente, nos tornar boas amigas.
Sem sorrir, Anya olhou para mim e Victoria. A expressão no rosto dela era única, mas seus olhos não podiam esconder completamente o quanto ela estava avaliando nós duas. Depois de um momento, ela inclinou a cabeça para o lado. Ela apontou o dedo para minha irmã. —Victoria. —O dedo, em seguida, foi para mim. —Scarlett.
Era normal para estranhos nos confundirem na primeira vez em que nos conhecemos, mas a perspicácia de Anya era forte. Victoria sorriu para ela e se levantou. Mesmo que ela não estivesse usando saltos, ela teria sido mais alta do que Anya. Victoria se elevou sobre ela enquanto ela movia-se para abraçar a outra mulher. —Eu sabia que gostaria de você quando falamos anteriormente.
—Vamos dizer que eu estive intrigada quando a irmã de Cristiano Vitucci ligou para solicitar um convite para o meu humilde clube. —Seus lábios se levantaram em um meio-sorriso mal-intencionado quando ela olhou para o irmão, que não se moveu. —Agora eu entendo perfeitamente. Por que não estou surpresa, Adrian?
Ele só segurou a mão de Victoria e puxou-a de volta para baixo ao lado dele, como se não pudesse suportar tê-la tão longe. Anya revirou os olhos para ele, mas a garçonete voltou com a vodca e copos de doses. Tomando a bandeja da menina, ela dispensou-a e, em seguida, sentou-se entre mim e Victoria.
—Eu teria escolhido tequila, mas cada um na sua. —Ela serviu quatro doses, entregou duas para seu irmão e Victoria antes de oferecer-me uma. Sentando, ela bateu seu copo no meu. —Para amizades novas e inesperadas.
Eu encontrei-me sorrindo para ela em tom seco. Sim, eu realmente iria gostar dessa mulher. —Salute.
Capítulo 5
Ciro
Após as reuniões com Vito durante toda a manhã, eu tinha ido verificar minha mãe e tinha acabado adormecendo em sua sala por algumas horas. Quando acordei, já era hora do jantar e fiquei para comer e fazê-la feliz.
Com o estômago cheio e descanso de algumas horas, eu sabia que não ia conseguir dormir naquela noite. Eu poderia ter ido para casa ou para Connecticut checar minhas conexões com o MC, mas em vez disso eu me vi de volta no complexo Vitucci. Eu mentalmente me amaldiçoei por voltar, mas eu não poderia ter me parado, mesmo que eu quisesse. A necessidade de estar mais perto de Scarlett era muito forte para eu combatê-la.
Vito estava fora com meu pai, às gêmeas aparentemente foram dormir mais cedo, mas Cristiano estava na sala assistindo uma luta de MMA. Qualquer outra vez ele teria ido assistir ao vivo, mas por causa das questões atuais de Santino, ele estava preferindo ficar mais perto de casa.
Tomei uma das cervejas que ele ofereceu e caí na outra extremidade do sofá. A coisa que eu gostava sobre Cristiano era que nós não tínhamos que falar para nos comunicarmos. Nós poderíamos simplesmente sentar lá e assistir dois homens acabando um com o outro muito além do esporte e estarmos confortável com o silêncio. Nós nos tornamos amigos, pois era o que se esperava de nós. Ele se tornou meu irmão porque ele era a única pessoa que me entendia.
Ficamos ali sentados juntos durante todo o evento antes de qualquer um de nós falarmos.
—Stone ainda é uma potência. —Cristiano comentou quando a câmera deu um zoom no homem que ainda era o campeão dos pesos pesados depois de uma partida que tinha sido brutal e sangrenta. —Eu gostaria de fazê-lo lutar no réveillon aqui em Nova York. Acha que ele estaria interessado?
—Se o dinheiro é certo, eu não vejo um problema. —Eu levantei minha terceira cerveja aos lábios e tomei um longo gole. A cada segundo que passava eu ficava mais tenso. A cerveja não estava me ajudando a controlar a necessidade de subir as escadas e bater na porta do quarto de Scarlett.
—Eu lhe ofereci cinco milhões pela luta no último Natal. Ele recusou.
—Então adoce o pote. —Eu sugeri e coloquei minha garrafa agora vazia na mesa de café com as outras. —E se isso não funcionar, fale com sua esposa.
—Ela não é sua esposa. —Ele pegou o controle remoto e desligou a TV. —E pelo que eu ouvi, ela é um pequeno foguete. Pode ser interessante me apresentar a ela.
Fiz uma pausa no processo de abertura da minha quarta cerveja. Cristiano tinha uma fraqueza por coisas belas - mulheres incluídas. Foda-se, especialmente as mulheres. Eu poderia facilmente vê-lo tentando avançar sobre a mulher do lutador de MMA e ter sua cabeça esmagada pelos punhos do cara no processo. Stone não se importaria com quem diabos Cristiano era. —Mantenha as mãos limpas, Cristiano. —Eu avisei.
—Pelo amor de Deus, eu disse me apresentar. —Ele murmurou. —Relaxe, fratello6.
—Deixe os profissionais lidarem com a negociação. Você tem uma abundância de entretenimento ao redor por aqui. —Eu levantei a cerveja fresca em meus lábios e engoli avidamente.
Cristiano deu de ombros. —Por agora.
Balançando a cabeça, eu me levantei. —Você é um idiota. Um dia você vai conhecer sua ruína e eu vou rir quando ela torcê-lo em nós.
—Diz o homem que se recusa a reconhecer que já conheceu sua própria ruína. —Meu amigo murmurou, e eu endureci. —Negue o quanto você quiser, mas Scarlett estaria melhor...
—Ela estaria melhor com uma casa de dois andares nos subúrbios com uma cerca branca e três crianças correndo. Eu não sou digno dela. —Eu rosnei para ele. Apenas o pensamento de Scarlett como uma mãe fez meu peito apertar. Ela seria uma ótima mãe, mas essas crianças nunca seriam minhas. Eu não queria filhos. Nunca. Eu não iria submeter um bebezinho inocente a ser meu filho. —Agora deixe esse assunto. —Eu tinha pensado em cortar sua garganta mais de uma vez desde que percebi que meu amigo conhecia meu segredo. Neste momento, a ideia parecia ainda mais atraente.
Ele ergueu as mãos em sinal de rendição. —Continue dizendo isso a si mesmo. Qualquer coisa que te ajude a dormir de noite. Enquanto isso, minha irmã vai encontrar uma doninha covarde para se casar e dar-lhe aquelas três crianças.
—Lembre-me novamente porque eu não matei você ainda? —Eu bebi o resto da garrafa quase cheia de cerveja.
—Eu ainda estou querendo saber. —Ele sorriu e lentamente se levantou. —Estou cansado. Vejo você amanhã.
—Se eu não cortar sua garganta em seu sono. —Eu murmurei meio que para mim mesmo.
—Sinta-se livre para pegar o seu quarto de costume. —Ele falou por cima do ombro com uma risada, possivelmente o único homem vivo que não levaria minhas ameaças a sério. —Talvez você cresça e encontre-se no quarto de Scarlett em seu lugar.
Sem pensar no que eu estava fazendo, eu joguei a garrafa agora vazia em sua cabeça. Ele passou pela porta, assim que a garrafa quebrou no batente dela. Pés pesados vieram correndo, mas Cristiano só riu ainda mais. —Pegue uma vassoura e limpe a bagunça. —Ele disse aos guardas que tinham vindo em busca da razão do barulho.
—Merda. —Eu murmurei para mim e passei minhas mãos pelo meu rosto.
Eu não deveria ter voltado ao complexo. Balançando a cabeça com as ideias piscando na minha cabeça após as provocações de Cristiano, eu fui para a cozinha fazer café. Eu beberia um copo e, em seguida, iria para casa. Pelo menos foi isso que eu mantive dizendo enquanto fazia o café, mas meus olhos continuavam indo para a escada que levaria direto para o quarto de Scarlett.
A cafeteira ainda estava pingando quando pensei ter ouvido um baque no andar de cima. Franzindo a testa, eu me dirigi para a escada. No meio do caminho, ouvi uma risadinha, seguida por um gemido, e aumentei meu ritmo.
—Você está tentando nos dedurar? —Uma voz que eu reconhecia muito bem murmurou enquanto eu chegava mais perto da porta do quarto parcialmente fechada de Victoria.
—Eu acho que tomei doses demais de vodka com Anya. —Uma segunda voz disse antes dos risos voltarem. —Você acha que ela gostou de nós?
Eu endureci com a menção desse nome particular. Anya? Anya Volkov? Dei o último passo na escada e silenciosamente caminhei pelo corredor para onde eu tinha certeza de que tinha ouvido as vozes vindas.
—Não se preocupe se ela gostou ou não. —Scarlett ordenou. —Vá para a cama, Tor. Estou exausta.
—Eu realmente gosto dele. —A voz de Victoria estava mais suave agora e eu parei do lado de fora de seu quarto enquanto ouvia as gêmeas se deslocando ao redor.
—Mesmo? Eu não poderia dizer. —O tom de Scarlett era seco. —Fique quieta, Tor. Eu vou machucar o seu braço se você continuar fazendo isso... Tor!
—Eu posso me vestir. —A outra gêmea murmurou.
—Claro que você pode. —Scarlett a acalmou. —Vai ser mais rápido se eu ajudar, no entanto. Apenas deixe-me verificar os seus níveis de açúcar. Então você pode ir dormir e sonhar com o seu lobo russo.
Minhas mãos apertaram em punhos enquanto eu esperava que ela terminasse de ajudar sua irmã. Elas tinham escapado. Eu deveria saber que o fariam. Quantas vezes eu tinha dito a Scarlett que era perigoso ela deixar o complexo sem segurança com ela e Victoria? Elas não tinham ido apenas a qualquer lugar também. À menção de Anya, eu percebi que tinham ido para o Iron Hand e era mais do que óbvio para mim que Adrian tinha sido o anfitrião.
Scarlett queria sair e conhecer o russo? Ela estava interessada nele? Merda, eu arrancaria o intestino do filho da puta se ele a tocasse.
—Durma bem, Tor. —Eu ouvi os passos dela trazendo-a mais perto da porta.
—Noite, Scarlett. Te amo.
A porta do quarto foi aberta e Scarlett saiu para o corredor. Ela não olhou para a escada quando fechou a porta e, em seguida, dirigiu-se para seu próprio quarto no corredor.
—Aproveitou sua noite?
Ela engasgou e pulou ao som da minha voz. Virando-se para me encarar, ela colocou a mão sobre o peito. —Você me assustou. —Acusou ela, seus olhos castanhos piscando fogo.
Meus olhos deslizaram sobre ela, vendo o vestidinho preto que ela usava com saltos tão altos que o topo de sua cabeça, na verdade, chegava ao meu queixo. O vestido era de corte baixo, mostrando uma visão sedutora de seus seios. A saia ia quase até os joelhos; que eu acho que deveria ter sido grato. Se ela tivesse andado por Nova York com sua bunda praticamente pendurada para fora de seu vestido, eu provavelmente teria ido para uma matança maldita para erradicar qualquer um que a tinha visto assim.
Dei um passo em direção a ela e vi quando seus olhos dilataram com uma reação paralela à minha própria por ela. —Onde você foi?
A ponta de sua língua saiu de sua boca para molhar o lábio inferior. —Apenas a um clube. —Ela disse com um encolher de ombros. —Nós estamos bem, Ciro. Eu tenho a arma que você me deu.
—Ah, é? —Meu olhar comeu a visão dela e eu tentei conter minha necessidade de andar e pegar o que eu queria tanto. —Cadê?
—Amarrada no interior da minha coxa. —Ela me assegurou. —Junto com a minha faca.
Jesus Cristo.
Sem perceber o que eu estava fazendo, eu dei outro passo mais perto dela, depois outro. Eu queria ver a arma que eu tinha dado a ela atada às suas coxas cremosas. A cor escura do metal contra a porcelana perfeita de sua pele me deixou duro só de imaginar. Eu queria essas longas pernas dela embrulhadas ao redor da minha cintura enquanto eu mergulhava dentro dela com a arma ainda amarrada à sua coxa.
Antes que eu perdesse o controle completo e fizesse exatamente isso, eu parei a alguns centímetros dela. —Você estava com Volkov, não estava?
Ela nem sequer pestanejou diante da frieza do meu tom quando eu tinha visto homens crescidos urinarem diante dele. Scarlett sabia que eu nunca iria machucá-la. —Isso importa? Nós estávamos apenas nos divertindo, Ciro. Não há crime nisso.
—Ele é perigoso, Scarlett. Você não sabe nada sobre ele. —Eu me virei para longe dela, minhas mãos fechadas ao meu lado para que eu não fosse tocá-la. —Não chegue perto dele novamente. Eu não quero que você se machuque.
Ela cruzou os braços sobre o peito, fazendo com que os globos de seus seios se elevassem quase como se estivessem implorando-me a olhar-lhes e tocar-lhes. —Ele não é mais perigoso do que você ou Cristiano. Ele parece ser um cara legal. Se eu quiser vê-lo novamente, eu vou.
—A porra que você vai. —O ciúme se alastrou em mim e eu não poderia ter retido isso, nem se eu tivesse tentado. Estendi a mão para ela e empurrei-a contra a parede ao lado da porta do quarto. Os lábios dela se abriram, uma respiração suave escapou-lhe e parecia como uma carícia na espinha.
—Ciro. —Suas mãos empurraram contra o meu peito, mas eu vi a necessidade crescente em seus olhos, vi a maneira como seu rosto escureceu com um desejo por mim que ela não tinha mais controle. —O que você está fazendo?
Eu não tinha resposta para ela. Eu não estava pensando. A raiva que eu sentia, o ciúme, estava me comendo vivo e tudo o que eu queria fazer era marcá-la de todas as maneiras imagináveis como minha. —Fique longe de Volkov. —Eu murmurei enquanto abaixava minha cabeça e passava meu nariz para baixo em sua garganta. Ela cheirava tão bem. Era um tipo doce, um perfume floral que me intoxicava mais rápido do que o álcool poderia. Scarlett inalou trêmula e minhas mãos apertaram em seu quadril. —Eu vou matá-lo se não o fizer.
Seus dedos apertaram em torno do material da minha camisa, tentando puxar-me mais perto. —Por quê? —Perguntou ela. —Por que você iria matá-lo? Não é como se você se importasse se eu ficasse com ele.
—Experimente e veja. —Eu rosnei em seu ouvido e a senti tremer.
—Ciro...
—Eu estou falando sério, Scarlett. —Eu pressionei meus lábios na concha de sua orelha. Porra, ela tinha o sabor ainda melhor do que seu cheiro. —Se você quiser Volkov morto, o veja novamente. Atreva-se.
Ela pressionou sua testa na minha garganta. —Se você abrir os olhos por dois segundos você saberá que eu não estou interessada em Adrian Volkov. —Ela soltou minha camisa e me empurrou para trás meio passo. Eu fui de bom grado, incapaz de sequer pensar em não dar o que ela queria. Erguendo os olhos para mim, ela balançou a cabeça. —Victoria tem uma coisa por ele, não eu. O cara que eu quero continua dizendo que ele não me quer, então fica enlouquecido quando pensa que eu quero outra pessoa.
Apertei a mandíbula. —Eu não sou bom para você, Scarlett.
Ela encolheu os ombros. —Então continue me dizendo isso. Não se preocupe, Ciro. —Ela se afastou de mim, mas não antes que eu visse o flash de dor em seus olhos castanhos. Antes que eu pudesse abrir minha boca, chamá-la de volta, para me desculpar, fazer qualquer coisa, a mão dela estava chegando à porta. —Estou começando a acreditar em você.
Capítulo 6
Scarlett
Um som estranho vindo do meu telefone me tirou de um sono profundo. Gemendo, porque eu só queria que o ruído parasse para que eu pudesse voltar a dormir, peguei o telefone. Abrindo um olho para que eu pudesse ver como desligá-lo, meu olhar pegou a visão do nome piscando em toda a tela.
Fechei os olhos e os abri, olhando novamente. O nome ainda era o mesmo. Inferno. Franzindo a testa, eu bati em conectar, muito curiosa para pensar sobre o sono por mais tempo. —Pensei que vocês russos pudessem lidar com vodka melhor do que você fez na noite passada. Três doses e você sumiu.
Anya Volkov soprou no meu ouvido. —É chamado de gerir uma empresa, princesinha italiana. Eu tinha que manter minha cabeça clara para lidar com o trabalho.
—Claro. —Eu bocejei. —Você só sabia que eu ia beber mais do que você.
—Mantenha-se dizendo isso. —Anya soltou um longo suspiro e eu tinha a sensação de que tudo o que ia sair de sua boca estava cheio de relutância. Eu empurrei o cabelo para trás do meu rosto enquanto esperava. —Eu tenho um favor para pedir.
Olhei para o relógio ao lado da minha cama. Duas e dezessete da tarde. Pelo menos Victoria tinha me deixado dormir. Essa era uma ocorrência rara, e rapidamente me perguntei o que diabos ela estava fazendo que ela não quisesse me acordar. Suspirando, eu voltei minha atenção para Anya. —Você pode pedir, mas isso não significa que eu vou ser capaz de atendê-la.
Não havia como eu concordar em dar-lhe um favor, sem saber o que era. Eu poderia ter gostado da pequena russa imediatamente, mas isso não significava que eu era estúpida. Eu tinha a sensação de que Anya era tão perigosa quanto seu irmão.
—Eu quero que você mantenha sua irmã longe do meu irmão.
Sentei-me em linha reta na cama, a raiva em sua voz já fervendo em minhas veias. —Com licença?
Outro longo suspiro. —Você me ouviu, Scarlett. Sua irmã não tem ideia de no que ela está se metendo se ela se envolver com Adrian. Eu amo meu irmão, realmente, eu o amo. Ele é a pessoa mais importante na minha vida. Sem ele eu não teria nada. Mas eu não quero ver Victoria se machucar.
Eu não podia acreditar no que ela estava dizendo. Na noite anterior, Anya parecia gostar de Victoria. Tinha sequer olhado com aprovação para o casal quando a noite tinha progredido. Eu tinha a lido errado? Agora ela queria que eu os mantivesse separados? Não poderia fazer isso com a minha irmã a menos que houvesse um bom motivo. —Por quê? —Eu rosnei. —Por que você quer que ela fique longe dele?
Houve uma longa pausa antes que ela murmurasse algo em russo que eu não entendi completamente. —Eu não posso te dizer sem trair a confiança do meu irmão. Mas se você se preocupa com sua irmã, você vai mantê-la longe de Adrian. —Outra pausa, mas eu não tentei quebrar a tensão que estava construindo. Certo, então eu queria arrancar o cabelo de Anya pelo punho e empurrá-lo em sua garganta antes de eu quebrar seu lindo pescocinho. —Se você ama sua irmã tanto quanto eu amo meu irmão, você não vai querer ver seu coração partido.
—Eu não vou ficar em seu caminho se Adrian é quem Tor quer. —Eu disse a ela, com raiva. —A menos que você me diga que a vida da minha irmã está em perigo, eu não farei nada para mantê-la longe dele.
A risada de Anya não tinha nenhum humor. —Não é com sua vida que você precisa se preocupar, myshka. É o seu coração, e a longo prazo, isso é mais importante. Eu gosto dela, Scarlett. Para seu próprio bem, a mantenha longe.
Antes que eu pudesse explodir, o telefone ficou mudo no meu ouvido. Chateada, eu joguei meu telefone na cama e me levantei. Eu não tinha ideia do que diabos estava acontecendo com Adrian Volkov, mas eu ia descobrir. Até então, eu não ia ficar entre ele e Victoria.
Mas se ele a machucasse, eu, pessoalmente, colocaria uma bala bem entre os seus olhos.
Amaldiçoando, eu rapidamente tomei um banho e me vesti antes de descer. Eu não diria nada a minha irmã sobre a ligação de Anya, não até que eu descobrisse o que estava acontecendo com o russo. Se eu descobrisse alguma coisa. Poderia ter sido apenas Anya sendo uma cadela manipuladora. Talvez eu tivesse começado errado na noite anterior e ela não tivesse gostado de Victoria. Eu poderia normalmente ler uma pessoa muito bem, mas Anya era diferente.
Sabendo que era melhor não perguntar ao meu pai ou até mesmo Cristiano pessoalmente, eu fui pesquisar com a primeira pessoa que eu sabia que me daria respostas. Antes de eu deixar a Sicília, Ciro tinha sido meu confidente mais próximo. Eu tinha ido a ele com tudo e ele largava tudo para me ajudar. Se eu tinha um problema, ele me dava conselhos ou lidava com isso ele mesmo. Isso tudo tinha mudado quando eu saí, mas naquele momento era a única opção que eu tinha. Após a noite passada, eu não tinha certeza se eu era forte o suficiente para ficar sozinha com ele, mas eu tinha que descobrir se Adrian Volkov poderia prejudicar a minha irmã ou não.
Enquanto eu descia as escadas, vi Cristiano conversando com um de seus homens. Sua cabeça virou-se quando ouviu meus passos e ele descartou o outro homem com um fim brusco em italiano. Essa grosseria tinha ido embora quando ele se virou, e pela primeira vez, não fiquei surpresa com o quão facilmente ele poderia desligar sua frieza. Apesar de toda a briga e luta entre nós dois, eu nunca fiquei me perguntando se o meu irmão me amava.
Sorrindo para mim, ele esperou até que eu tivesse chegado ao fim da escada antes de dar um passo para frente. —Vejo que você teve o seu sono de beleza. Estou surpreso que Victoria não foi capaz de convencê-la a sair para almoçar com ela.
Almoço? Victoria tinha saído para o almoço? Eu não mostrei a minha surpresa com o que ele tinha acabado de dizer sem pestanejar. Agora eu entendia um pouco mais por que Anya tinha ligado. Eu teria apostado um bom dinheiro que minha irmã tinha se encontrado com Volkov para seu suposto almoço. Não admira que Victoria me deixou dormir. Ela queria algum tempo sozinha com seu lobo.
—Você já viu Ciro? —Eu mudei de assunto perguntando. —Eu preciso falar com ele.
As sobrancelhas do meu irmão arquearam em direção ao telhado, mas eu pensei ter visto um lampejo de diversão maliciosa em seus olhos. —Sobre?
—Não é da sua maldita conta, Cristiano. —Eu rosnei, odiando que ele sempre soube sobre meus sentimentos por seu melhor amigo. Ele nunca tinha me provocado sobre isso, mas, novamente, eu nunca tinha dado a ele a chance. —Eu gostaria de falar com ele. Ele está aqui?
Ele encolheu os ombros. —Mais cedo. Ele partiu para casa de sua mãe a cerca de uma hora ou duas atrás.
Droga. Por que eu esperava que fosse fácil? —Prepare um carro para mim. Eu vou lá ver Mary. Eu não a vejo faz muito tempo. —Eu amava a mãe de Ciro. Ela era doce e gentil e eu não estava completamente certa de como ela tinha dado à luz a tal besta como Ciro. Mary Donati era tão pequena em comparação com seu filho que parecia impossível ela ser sua mãe.
Meu irmão suspirou, preocupação enchendo sua voz quando ele falou. —Basta ter cuidado, Scarlett.
—Eu sempre tenho cuidado. —Eu assegurei a ele com um leve sorriso. —Dê-me dez minutos. Eu quero dizer olá a Papa antes de eu ir.
Sem lhe dar tempo para responder, eu passei por ele e fui para o escritório do meu pai. A porta estava fechada, me dizendo que ele tinha companhia, então eu bati nela duas vezes antes de abri-la e colocar minha cabeça dentro. Desde que não havia guardas do lado de fora, eu sabia que quem estava lá dentro era mais amigo do que inimigo.
A cabeça de meu pai se levantou e ele me ofereceu um sorriso quente, mas minha atenção foi rapidamente puxada para o homem sentado em frente a ele. Benito Donati era o amigo mais próximo e mais confiável do meu pai. Ele parecia tanto com seu filho, eu poderia facilmente imaginar como Ciro ficaria com mais de trinta anos só de vê-lo, e eu tive que admitir que ele ficaria muito, muito bem.
—Zio 7Ben. —Eu entrei totalmente no escritório enquanto os homens ficavam de pé. —É tão bom ver você.
Benito riu enquanto abria os braços, e eu o abracei. —A pequena durona. —Ele brincou quando me puxou para trás o suficiente para sorrir para mim. —Linda como sempre, eu vejo.
—Eu estava prestes a ir até lá para ver Mary. —Eu disse a ele.
—Bom, muito bom. —Ele olhou para o meu pai. —Ela é uma boa menina, Vito. Como um fodido como você criou uma menina tão boa como ela?
—Ela é exatamente como seu pai.
Eu me afastei de Ben para abraçar meu pai. —Eu só queria dizer olá antes de sair, papai.
Os braços do Papa apertaram em torno de mim por um momento antes de ele recuar e bater no meu nariz duas vezes. —Basta ter cuidado, passerotta. Fique com seus homens de segurança. Não me deixe preocupado.
—Sim, papai. —Eu beijei seu rosto, em seguida, virei-me para Benito. —Te vejo mais tarde, Zio Ben.
O carro já estava esperando na frente da casa com o motorista ao volante. Outro guarda abriu a porta de trás para mim e, em seguida, subiu para o lado do passageiro dianteiro com o motorista. Nem perguntou onde eu estava indo, mas o motorista virou direto para casa dos Donati que ficava a vários quilômetros de distância.
Uma vez lá, eu saí e subi os degraus da porta da frente. Os dois homens esperaram no carro, sabendo que eu estaria bem protegida dentro da casa Donati. Ambos Benito e Ciro se certificavam de Mary estar segura e ela raramente deixava sua casa sem o marido ou o filho para acompanhá-la. Tocando a campainha, eu esperei alguém atender.
Quando a porta abriu, eu estava esperando ver Mary ou até mesmo sua empregada - inferno, até mesmo Ciro. A mulher que estava do outro lado da porta era uma estranha para mim, no entanto. Ela era linda, com cabelos escuros e grandes olhos azuis. Ela era um pouco mais baixa, mas ela tinha um corpo perfeito, em comparação com o meu, e seu jeans e regata só aumentava isso. Seu sorriso era genuíno, mas eu podia ver algo em seus olhos que me dizia que estava me avaliando tanto quanto eu estava a ela.
—Posso ajudá-la? —Ela perguntou, depois de uma pequena pausa entre nós duas, sua curiosidade tão forte quanto a minha.
—Ciro está aqui? —Não havia como mentir do que eu realmente vim fazer aqui por qualquer outro motivo, além do real. A necessidade de falar com ele só tinha aumentado quando eu descobri que Victoria tinha saído. Tanto quanto eu tinha sentido falta de Mary, eu tinha que chegar ao fundo do que Volkov era antes que eu pudesse me concentrar em qualquer outra coisa.
Surpresa escureceu os olhos da outra mulher por um momento antes que ela escondesse. De todas as razões que eu poderia estar no outro lado da porta da frente, aparentemente Ciro não tinha estado em sua lista. —Acho que ele ainda pode estar aqui. —Ela deu um passo para trás, acenando-me para entrar. —Venha e vamos ver. Se não, eu tenho certeza que Mary pode levá-la na direção certa.
Era possessividade que eu tinha ouvido em sua voz? Ciúme me acertou bem no estômago, mas me recusei a mostrá-lo enquanto eu cruzava o limiar. Eu não tinha ideia de quem era esta mulher, mas do jeito que ela estava agindo, eu tinha a impressão de que ela era próxima de Ciro. Ciro, que não chegava perto de ninguém. Ele estava envolvido com ela? Ela estava aparentemente ficando sob o teto de sua mãe, o que significava que Mary deveria gostar dela, e Ciro não iria apresentar sua mãe a qualquer mulher que ele não estivesse seriamente envolvido.
Dor torceu no meu peito enquanto o ciúme comia um buraco no meu estômago. Isso me fez odiar essa mulher e eu nem sequer sabia o nome dela. Eu tinha o desejo de esfaqueá-la por trás enquanto me conduzia pelo caminho através da casa enorme para a cozinha. Teria sido tão fácil matá-la e pedir aos dois homens que tinham vindo comigo para se livrarem de seu corpo. Ninguém sentiria falta dela, exceto Ciro.
Como se eu me importasse.
—Quem é, querida? —Eu ouvi Mary chamar quando chegamos mais perto da cozinha.
—Alguém aqui para ver Ciro. —A mulher em frente falou antes de empurrar a porta da cozinha.
Segurando meu desejo de matar a estranha na minha frente, eu coloquei um sorriso no meu rosto quando entrei na cozinha. Mary Donati estava sentada na grande ilha no meio de sua bela cozinha, bebendo uma xícara de chá. Quando ela me viu, seu rosto se iluminou e ela ficou de pé. —Scarlett, que prazer.
Eu deixei a mulher menor me envolver em seus braços, dando-me um longo abraço maternal que encheu meu coração como nada mais poderia. Eu não me lembro da minha própria mãe muito bem. Ela morreu quando Victoria e eu ainda éramos crianças. Mary, no entanto, tinha sido sempre uma parte de nossas vidas e tinha sido a única a qual eu tinha procurado quando precisava de conselhos sobre coisas femininas.
—Eu ia dar-lhe mais alguns dias para descansar de sua viagem antes que eu a roubasse para passarmos algum tempo sozinhas. —Mary informou-me enquanto se afastava, seus olhos azuis tão parecidos com os de seu filho, me analisando com um olhar crítico, mas amoroso. —Onde está Victoria?
Dei de ombros. —Ela já estava em movimento antes de eu sair da cama. —Eu disse a ela enquanto eu olhava ao redor da cozinha.
Meu olhar instantaneamente pousou no grande homem de pé do outro lado da ilha, uma caneca de café levantada em seus lábios enquanto ele me olhava por cima da borda. Vestido com calça preta que parecia ter sido adaptada para preencher seus quadris estreitos e coxas tonificadas, com uma camiseta cinza simples sobre seu peito duro e um boné que ele nunca parecia estar sem, ele era tudo o que eu desejava, tudo em um pacote perigoso.
Forcei meus olhos de volta para Mary. —Sinto muito, eu realmente vim para conversar com Ciro.
Diversão que eu não entendi completamente encheu seus olhos. —Ah! Bem, então, eu não vou segurá-la. —Ela olhou por cima do ombro para o filho. —Comportem-se, vocês dois.
Ciro colocou sua caneca no balcão e deliberadamente olhou de mim para a morena bonita que ainda estava de pé tranquilamente na porta da cozinha. Eu não olhei para ela, não podia olhar para ela. Não se ela estivesse olhando para ele do jeito que eu queria ser capaz de olhar livremente. Afeto atravessou seu rosto antes que ele pudesse escondê-lo, e o meu ciúme dobrou. Ciro já tinha olhado para mim assim? Havia tanta ternura em sua expressão que era como um tapa na cara. Se ele queria me machucar, nada poderia ter sido mais efetivo.
Mary pigarreou, felizmente puxando minha atenção de volta para ela e para longe do pensamento de quanto eu queria destruir bastante o rosto da outra mulher bonita. —Scarlett, eu não acredito que você conheceu minha sobrinha. Essa é Felicity. Felicity, esta é a filha mais velha de Vito, Scarlett.
Sobrinha.
Alívio me inundou, o que só me deixou mais puta. Eu seriamente estava a ponto de machucar a mulher por nenhuma outra razão além da que ela tinha uma coisa - a única coisa que eu sempre quis. O amor de Ciro. Agora eu sabia que ela era sua prima e que o carinho que eu vi entre os dois era só porque eles eram família.
Ele teria me dito que ela era sua prima, no entanto? Se Mary não estivesse lá, ele teria me deixado acreditar que ele tinha uma conexão mais próxima, mais íntima com a bela Felicity?
Eu tinha que parar de deixar Ciro me afetar tão fortemente, mas eu sinceramente não tinha ideia de como desligar isso. Doeu de uma maneira que eu não podia explicar.
Felicity deu um passo adiante, com a mão já estendida. —Oi. É um prazer conhecer você.
Eu apertei a mão dela, mas rapidamente a liberei, meus sentimentos perto demais do limite para me importar se eu era rude ou não. —Você também. —Eu murmurei por entre os dentes. Eu ainda estava tentando envolver minha cabeça em torno da súbita percepção de que Ciro não estava envolvido com ela.
—Scarlett e eu falaremos no escritório, Ma. —Ciro disse à sua mãe.
—Claro. —Mary me deu um sorriso caloroso, ignorando o fato de que eu tinha acabado de esnobar sua sobrinha tão friamente. A diversão que estava em seus olhos antes só tinha se intensificado.
Eu não sabia do que ela estava rindo. Eu não vi nada engraçado sobre nada disso.
Capítulo 7
Ciro
Abri a porta do escritório dos meus pais e esperei que Scarlett entrasse antes de segui-la e fechar a porta. Seus ombros estavam rígidos, com a cabeça erguida enquanto seus olhos focavam em algo na parede atrás da mesa do meu pai.
Eu tinha visto o ciúme que tinha a comido enquanto ela tentava não olhar para Felicity. Por um momento, eu até pensei em deixá-la continuar pensando que Felicity era minha amante. Tinha sido engraçado por cinco segundos antes de eu perceber que ela estava sofrendo.
O pensamento de Scarlett em qualquer tipo de dor, física ou emocional, deixava-me louco. Se minha mãe não tivesse explicado quem Felicity era quando ela o fez, eu teria feito isso sozinho. Eu tinha matado homens para manter a identidade da minha prima em segredo. Foi uma das razões que eu estava feliz que ela morava do outro lado do país, cercada por um MC inteiro que dariam suas vidas por ela. Mas eu não poderia escondê-la de Scarlett.
—Eu não sabia que você tinha uma prima. —Ela murmurou, finalmente, virando-se para me encarar.
Eu quase estava esperando que me fuzilasse, mas sua expressão era neutra, seus olhos castanhos quase neutros, mas que me diziam mais do que se ela começasse a atirar coisas ou gritar. Esta era sua máscara, a que ela vinha utilizando a partir do momento em que ela era uma menina, a que ela colocava quando estava sofrendo ou chateada ao ponto de já estar planejando a morte dolorosa de alguém. A última vez que tinha visto aquele olhar em seu rosto bonito, ela estava entrando em um dos jatos particulares de Vito, em direção à Sicília.
Eu empurrei minhas mãos em meus bolsos para não chegar a ela. Eu tinha conseguido um gosto de sua pele na noite anterior e como um viciado em crack, eu estive desejando mais, desde então. —É mais seguro para ela não estar ligada a mim ou meu pai. —Eu expliquei, e ela concordou.
—Ela é linda. Vocês dois têm os mesmos olhos. —Ela cruzou os braços sobre o peito e apertou os lábios. —Eu acho que deveria ter percebido isso quando os vi.
Eu só fiquei ali, observando-a, a dor tocando-a. Um minuto inteiro se passou sem que qualquer um de nós falasse. Ela estava me observando tão de perto quanto eu estava olhando para ela. Teria sido tão fácil alcançá-la, puxá-la contra mim e beijá-la até que nenhum de nós soubesse quem éramos. Isso iria tirar nós dois de nossa miséria.
Foda-se, eu não conseguia sequer lembrar as razões pelas quais eu não deveria fazer isso. Era difícil pensar quando tudo que eu queria era afundar em seu calor selvagem.
—O que você sabe sobre a vida pessoal de Adrian Volkov?
O nome do filho da puta saindo de seus lábios teve a força de me nocautear. Eu apertei minhas mãos em punhos em meus bolsos. —É disso que você veio falar comigo?
Ciúme me atingiu bem entre os olhos, fazendo-me ver vermelho enquanto eu me perguntava como eu iria matar Volkov e livrar-me de seu corpo antes do anoitecer. Eu levaria meu tempo com ele. Eu o cortaria enquanto ele gritava uma e outra vez até que ele desmaiasse de dor. Então eu o acordaria e faria tudo de novo, antes de jogar seu corpo em um barril de ácido, enquanto ele ainda estava respirando.
Ela encolheu os ombros, puxando-me das minhas fantasias sombrias. —Eu o procuraria por qualquer outro motivo? Você deixou bem claro que não quer ter nada comigo. —Sua testa enrugou e fogo ardia em seus olhos quando ela olhou para mim. —Você fez Papa me mandar embora apenas para me tirar da sua cola, Ciro.
Eu não precisava do lembrete. Não tinha sido ideia de Vito enviar as gêmeas para viver com sua avó na Sicília. Eu tinha plantado essa semente lá quando Scarlett tinha deixado óbvio que ela tinha sentimentos por mim. Tinha sido uma ideia estúpida e desesperada, mas uma que Vito tinha levado a sério, porque ele sabia que eu estava perto de ceder ao que eu sentia por sua filha. Eu disselhe à queima-roupa que eu a queria. Vito não tinha se surpreendido, mas ele entendeu por que eu não achava que era bom o suficiente para Scarlett. O sangue em minhas mãos estava lá principalmente por causa de suas ordens.
Eu lamentei o plano no segundo em que ela tinha pisado naquele maldito avião. Foi nesse momento que eu soube que estava jogando a nossa chance no lixo, mas eu não tinha feito um movimento para impedi-la. Ela merecia muito mais do que eu poderia dar a ela. A vida onde ela não teria que olhar por cima do ombro a cada minuto do dia se perguntando se um dos meus inimigos estava pronto para colocar uma lâmina em suas costas.
Isso não me impediu de sofrer por ela, lentamente ficando louco com a falta dela. Durante semanas, meses, nós tínhamos nos aproximado mais e mais. Ela tinha se tornado não só a garota que eu amava, mas minha melhor amiga.
Agora, aqui estava ela, mais bonita do que eu me lembrava, minha necessidade por ela só tinha crescido após termos nos separado.
Como diabos eu pensei que isso poderia me impedir de ceder agora?
—Por que você quer saber? —Eu nem sequer tentei esconder a frieza na minha voz. Será que ela realmente achava que eu iria apenas contar a ela sobre Volkov?
—Eu tenho minhas razões. —Ela trocou de pé, afastando meus olhos para a pele nua de suas pernas cremosas. Ela tinha pernas longas e eu as queria em volta da minha cintura.
Droga. Ela conhecia minha fixação por suas pernas e estava tentando me distrair para obter informações.
Forçando meus olhos de volta em seu rosto, eu vi o pequeno brilho manhoso em seus olhos e sabia que era exatamente o que ela estava fazendo. Eu queria torcer seu pescocinho, mas ela sabia que eu não iria nunca machucá-la. Cruzando os braços sobre o peito para imitar sua postura, eu estreitei os olhos. —O que eu sei sobre Volkov não é qualquer coisa que eu um dia iria compartilhar com você, Scarlett. Ele mantém sua vida privada tão tranquila quanto eu. Então, se você queria saber se ele tem uma abertura para uma nova amante, então eu não posso ajudá-la. E se você se atrever a ir atrás dessa posição, eu vou quebrar a porra do pescoço dele.
Ela revirou os olhos para mim. —Você pode ser um pouco exagerado, às vezes, você sabe disso, certo? —Balançando a cabeça, ela começou a se mover em torno de mim para chegar até a porta. —Eu acho que vou ter que descobrir sobre ele de outra pessoa. Vejo você por aí, Ciro.
Quando ela passou por mim, eu a agarrei pelo braço e puxei-a para mais perto. De jeito nenhum ela ia ficar com essa pequena ameaça pairando entre nós. Encontrar outra pessoa? O inferno que ia. Ela vai ficar em apuros e eu teria que matar um pobre desgraçado.
Suas narinas alargaram, e eu gostei da forma como seus olhos dilataram quando seu nariz estava cheio da minha colônia. Sua próxima respiração a estremeceu e o pulso na base da sua garganta começou a acelerar igualando aos meus próprios batimentos cardíacos. —Diga-me por que você quer saber, Scarlett.
A mão livre levantou, empurrando meu peito, mas as unhas inconscientemente cravaram em minha camisa. —Quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não estou interessada nele? Eu tenho minhas razões para querer saber, Ciro, mas nenhuma delas é porque eu o quero para mim. Mesmo que você tenha me mandado embora... —Ela parou, engoliu em seco, então corajosamente encontrou meu olhar, tirando o ar do meu peito com suas próximas palavras. —Eu sou estúpida o suficiente para ainda me importar com você.
Ela tinha tomado coragem para admitir isso para mim, e isso limpou todos os fragmentos de ciúme que eu tinha por Adrian Volkov. Eu vi seus verdadeiros sentimentos brilhando para mim de seus olhos castanhos e sabia - caralho, eu sabia - que não poderia continuar lutando contra o que tínhamos. Eu não a merecia, mas eu destruiria qualquer um que tentasse tirá-la de mim.
Primeiro eu tinha que cuidar do motivo pelo qual ela me procurou.
—Victoria. —Não havia outra razão pela qual ela queria saber tanto sobre o russo. Alívio me inundou e eu puxei Scarlett ainda mais do que antes para que eu pudesse pensar melhor. Porra. Ela cheirava bem e parecia ainda melhor. Seu corpo se encaixava contra o meu perfeitamente, como se tivesse sido feito especificamente para mim.
Depois de apenas um segundo resistindo, ela veio de bom grado, o topo de sua cabeça enfiando embaixo do meu queixo enquanto ela moldava seu corpo contra o meu. Eu senti seus dedos da mão esquerda traçando sobre o restolho no meu queixo e eu fechei os olhos, saboreando o contato suave. —Eu só preciso saber se há alguma coisa em sua vida pessoal que pudesse machucá-la. —Ela murmurou com um pequeno suspiro que fez o meu pau latejar.
Esta era a Scarlett que só eu já vi. O lado mais suave que ela mantém escondido de todos, incluindo dela mesma, às vezes. Ela era tão forte e, porra, mais do que um pouco mal-intencionada que às vezes era impossível para os outros verem o lado vulnerável dela. Antes de eu pedir a Vito para mandá-la embora, ela não tinha medo de me deixar ver suas fraquezas, sabia que eu iria protegê-la com meu último suspiro. Este momento era apenas uma amostra do que eu tinha desistido quando ela tinha ido para a Sicília.
Um minuto, prometi a mim mesmo que deixaria minhas mãos vagarem livremente por sua espinha. Um minuto de tocá-la era tudo que eu iria me permitir, e então eu iria deixá-la ir e descobrir o que diabos ela queria sobre Volkov. Um minuto no paraíso e eu ficaria feliz em passar uma eternidade no inferno por ela.
Eu estava contando os segundos devagar, saboreando cada um deles enquanto ela me deixava segurá-la. Uma pancada na porta foi rapidamente seguida por sua abertura, nos interrompendo antes de eu alcançar cinquenta.
Eu relutantemente soltei Scarlett quando Jet Hannigan enfiou a cabeça dentro do escritório. O motociclista era um enorme filho da puta e um ex-presidiário, mas havia poucos homens em quem confiava tanto quanto ele. Os olhos verdes percorreram o local até eles desembarcarem pela primeira vez em Scarlett e depois em mim. O choque não apareceu em seu rosto, mas eu poderia dizer pelos seus ombros que ele não esperava encontrá-la comigo.
—Me desculpe, cara. Sua mãe não disse que você tinha companhia.
Eu lancei um olhar para Scarlett, vi que sua máscara estava firmemente de volta no lugar novamente e, em seguida, dei ao outro homem a minha atenção. —Scarlett tinha algo para me contar. Deixe-me levá-la até lá fora e depois podemos conversar.
Jet deu um único aceno firme e deu um passo para trás enquanto eu atravessava a porta. Scarlett me seguiu. Ela manteve as mãos em seus lados e um olhar entediado no rosto, mas eu ainda podia ver a pulsação como uma pequena britadeira na base da sua garganta. Era tão difícil para ela desligar o que sentia como era para mim, e eu estava cansado de desligá-lo.
Ela ficou em silêncio enquanto eu caminhava até a porta da frente. Abri e esperei que ela saísse, mas ela parou no limiar, seus olhos castanhos cheios de curiosidade. —Você realmente vai descobrir sobre Volkov para mim?
—Se eu não for você vai procurar por respostas sozinha? —Seu silêncio foi a única resposta que eu precisava. Ela faria o que tinha que fazer desde que descobrisse o que precisava sobre o russo. Ela queria proteger Victoria, e eu queria protegê-la. —Vou ver o que posso descobrir e deixá-la saber assim que eu tiver qualquer coisa que possa perturbar sua irmã.
—Obrigada, Ciro. —Sua voz era pouco mais que um sussurro quando ela estendeu a mão e apertou seus lábios contra minha bochecha. Eu tive que cerrar os punhos para não agarrá-la e nunca deixá-la ir. Ainda não. Eu descobriria sobre Volkov primeiro, então cairia de cabeça no que nós dois queríamos – porra, precisávamos - tão desesperadamente. A sensação de seus lábios suaves e quentes contra minha bochecha mal durou um segundo antes que ela recuasse e se virasse.
Vi quando ela desceu os degraus e deixou um de seus guardas abrirem a porta traseira de um dos sedans de Vito. Uma vez que ela estava lá dentro, o guarda ergueu o queixo em reconhecimento antes de tomar o assento do passageiro da frente. Quando o carro se afastou, eu fechei a porta, meu corpo latejante e meu peito apertado enquanto a única pessoa no mundo que eu não poderia viver sem, partia.
Capítulo 8
Scarlett
Meus dedos ainda tremiam enquanto eu estava sentada na parte de trás do sedan durante o trajeto para casa. Eu tinha conseguido o que fui lá querendo encontrar? Em vez de esperar que ele me desse respostas, eu queria que ele as encontrasse para mim?
Mais importante, eu estava querendo esse momento breve demais que tivemos antes do cara de aparência rude e colete de couro ter nos interrompido?
Mesmo quando a questão sussurrava na parte de trás da minha cabeça, eu sabia qual era a resposta. Sim, eu queria. Sim, eu esperava. Sim, eu era estúpida por não ser capaz de seguir em frente. Inferno, eu era uma masoquista quando se tratava de Ciro Donati.
Meu telefone começou a tocar, mas eu não o ouvi até que o guarda no banco do passageiro olhou para mim. Cerrando os punhos para impedi-los de tremer, eu finalmente peguei meu telefone. Vendo que era minha irmã, eu quase gemi. Eu poderia ter sido capaz de esconder o que estava sentindo aos homens no banco da frente, mas não havia como eu fazer isso com minha irmã gêmea. Ela saberia no segundo em que eu respondesse que minhas emoções estavam muito perto da superfície.
Fazendo uma careta, eu relutantemente levantei-o ao meu ouvido. —Onde você está? —Perguntei, indo para a ofensiva para distraí-la do que eu estava sentindo.
—Eu realmente preciso-te dizer onde estou? —Ela riu, e eu fiz uma careta novamente, desta vez por uma razão completamente diferente.
Depois da noite anterior, eu deveria ter percebido que Victoria estava tão focada em Adrian que ela não iria sequer pensar sobre o que eu estava fazendo. Fiquei aliviada que eu não tive que me explicar para ela, e nervosa porque não havia como dizer que Ciro iria descobrir sobre Volkov. A felicidade que estava praticamente irradiando do telefone me atingiu com uma explosão de medo real pelo bem-estar da minha irmã.
Talvez eu precisasse cutucá-la um pouco. Esperar respostas poderia fazer mais danos do que tentar intervir antes que eu as tivesse. —Tor...
—Uh-oh. —Ela riu novamente. —Aí está o tom “mamãe sabe de tudo” que eu estive temendo. Acalme-se, eu só almocei com ele. Qual mal há nisso?
—Apenas almoçou? —Ela não podia realmente se apaixonar por um cara durante uma refeição, eu me assegurei.
Não, ela provavelmente já tinha andado meio caminho para isso na noite anterior. —Onde você está? —Perguntei novamente. —Vou encontrá-la e podemos conversar.
—Eu estou a caminho de casa, mas eu vou pedir aos caras para pararem e podemos tomar um café.
—Espera... —Baixei a voz. —Você acabou de sair? —Eu olhei para o relógio de platina no meu pulso esquerdo. —Tor, quanto tempo fodido você ficou com ele?
—Um tempo. —Ela falou, e eu quase gemi novamente.
—Comer foi a única coisa que você fez? —A ouvi rir novamente e quase me bati pela pequena malícia que minha irmã tinha acabado de ouvir em minha pergunta. Santo Cristo. Minha pequena gêmea inocente estava tendo pensamentos sujos. Algo mais do que ter uma refeição simples tinha ocorrido.
—Basta chegar em casa, Victoria. —Eu falei, preocupação por ela me dominando e fazendo meu estômago apertar com a ansiedade. —Nós precisamos conversar.
Os risos abruptamente pararam. —O que está acontecendo, Scarlett? —Ela parecia insegura agora, e eu sabia que ia machucá-la antes de Ciro poder dar-me respostas.
Soltei uma respiração frustrada pelo nariz. —Eu estarei em casa em cinco minutos. Venha para o meu quarto quando você chegar lá. OK?
—Ok. —Ela sussurrou, seu tom tão suave que eu mal ouvi.
Eu desliguei antes de dizer mais. O que eu precisava dizer a ela não era algo que eu queria fazer na frente de dois dos homens do meu pai. Sua lealdade era para ele, não para mim ou Victoria, e eu sabia que eles iriam levar todas as informações que eu tinha diretamente a ele ou Cristiano.
Nós estávamos a alguns metros de distância quando o motorista parou em um sinal vermelho. Eu mal lembrava o nome dele ou do outro indivíduo. Eles não tinham dito mais de uma centena de palavras para mim em toda minha vida. Manter-me segura era a sua única prioridade, pura e simples.
Enquanto esperávamos a luz ficar verde, olhei pela janela, me preocupando com Victoria. Se Adrian estivesse brincando com ela, brincando com seu coração para, possivelmente, afetar o meu pai, eu iria destruí-lo. Eu não precisava da ajuda de Ciro para fazê-lo, tampouco.
Um carro esporte caro parou ao lado do sedan. A janela do motorista estava para baixo, puxando-me dos pensamentos sombrios de como eu iria cortar do pescoço de Volkov ao umbigo com os pequenos punhais que eu tinha trazido da Sicília. Eles eram pequenos, afiados e muito mortais. Eu estava brincando com eles desde que eu os tinha comprado, jogando-os em alvos no meu quarto. Eu estava ficando boa em atingir o meio dos olhos, mas eu pensei que iria desfrutar mais de rasgar a pele do russo de sua carne com eles.
O motorista do outro carro tinha uma feição dourada agradável, os óculos no rosto bonito escondendo seus olhos de mim. Eu sabia que ele não podia me ver através da tonalidade da janela de trás, mas ele estava olhando diretamente para mim, um sorriso maroto no rosto. Era perturbador, mas eu não olhei para longe do homem. Imaginei que ele tivesse seus vinte e tantos anos, talvez um pouco mais velho do que meu irmão e Ciro, mas havia uma inclinação em seu queixo que era mais arrogante do que realmente confiante, ao contrário dos outros dois homens.
Do banco da frente, ouvi o guarda no banco do passageiro murmurar uma maldição áspera. No segundo seguinte, o carro foi empurrando para frente. Antes de a luz ter sequer ficado verde, estávamos atravessando o cruzamento e nos dirigindo para o complexo três vezes a velocidade legal.
O guarda no banco do passageiro pegou seu telefone, latindo ordens tão rápido que eu não conseguia entender tudo o que ele estava dizendo. Os portões já estavam abertos e assim que passamos, eles foram rapidamente fechados.
Cristiano já estava de pé nos degraus da frente da casa, seus olhos não no sedan, mas no portão à distância. Eu não tinha tido tempo para reagir ao que tinha acontecido, mas quando eu segui o olhar do meu irmão, eu vi o carro esporte que esteve no sinal vermelho e percebi que quem quer que fosse aquele bastardo arrogante, ele era uma má notícia.
Os guardas saltaram antes que eu pudesse pensar em me mover. A porta de trás se abriu e Cristiano estava lá para me puxar para fora. Ele colocou seu braço em volta do meu ombro, me puxando para perto de seu lado, e me levou para dentro da casa.
—Quem era aquele?
Cristiano bateu a porta atrás de nós. —Problema. —Ele rosnou. —Esse era Carlo Santino Jr. —Seu rosto se contorceu de raiva quando ele falou o nome.
Eu sabia o suficiente sobre as ligações do meu pai para lembrar que a família Santino era uma rival de West Coast. Santino sênior estava tentando derrubar o negócio do meu pai não só em Nova York, mas também em Chicago por décadas.
Meu pai e Benito apareceram como se conjurados no ar. Eu realmente não tinha pensado sobre o perigo da situação até Papa passar os braços em volta de mim, murmurando maldições contra Cristiano, e eu realmente o senti tremer. Meu pai nunca reagiu assim a menos que ele pensasse que algo tinha acontecido comigo ou Victoria. Como ele estava agora fez meu coração bater forte enquanto me lembrava do olhar no que eu assumi ser o rosto de Carlo Jr.
Como esse idiota sabia onde eu estava? Ele estava me seguindo?
Não era sempre que algo tão pequeno quanto o sorriso de uma cara poderia me abalar, mas logo em seguida, um calafrio correu na minha espinha e tudo que eu conseguia pensar era no quanto eu queria que Ciro fosse o único segurando-me. Eu sabia que meu pai iria me proteger até seu último suspiro, mas eu me sentia mais segura quando estava com Ciro.
Como se eu tivesse conjurado aquele apelo silencioso para ele, a porta se abriu e a besta invadiu a casa, raiva parecendo irradiar dele em ondas. Os poucos guardas que estavam no hall de entrada com a gente de repente encontraram outras coisas para fazer.
Papa soltou-me quando Ciro deu um passo adiante, mas ele não me abraçou como eu queria. Em vez disso, ele apenas ficou lá, seus olhos azuis tormentosos enquanto cerrava os punhos ao seu lado. —Ele falou com você?
Eu balancei a cabeça. —Não. Ele só parou no sinal vermelho e olhou diretamente para mim.
Ele se virou, seus ombros tão tensos que eu pensei que ele poderia perfurar alguma coisa. —Não deixe a maldita casa. —Ordenou quando abriu a porta novamente. —Certifique-se de que Victoria fique por perto também.
Sentime sem fôlego quando ele saiu, meu coração acelerado enquanto eu pensava sobre Victoria possivelmente estando em perigo por causa daquele cretino.
—Onde está Victoria? —Papa de repente exigiu.
—Ela está a caminho de casa, Papa. —Eu assegurei a ele, na esperança de distraí-lo antes que ele pudesse perguntar com quem ela estava. —Eu falei com ela antes de tudo acontecer.
—Vocês meninas não deixarão o complexo novamente até colocarmos Santino sob controle. —Cristiano resmungou. —É muito perigoso para vocês com aquele bastardo correndo por aí.
Eu queria revirar os olhos para o meu irmão, mas parei antes que eu pudesse. Mesmo que eu estivesse um pouco abalada agora, eu não estava com medo de Santino Jr. Ciro iria lidar com ele, eu tinha certeza disso. Seja qual fosse o plano de Santino, isso não iria durar muito agora que ele tinha irritado determinado capo.
Capítulo 9
Ciro
O sangue ainda estava batendo em meus ouvidos quando eu saltei na parte de trás do SUV. Eu disse para Desi deixá-lo ligado enquanto eu ia para a casa de Vito. Eu não deveria ter parado lá, mas eu precisava ver por mim mesmo que Scarlett estava sã e salva. Ela não tinha sequer se abalado por todo o incidente, enquanto eu estava tremendo tanto que eu estava com medo de esmagá-la se eu me atrevesse a tocá-la.
Eu não podia acreditar na coragem de Jr. Esse filho da puta devia estar vigiando-a desde o momento em que ela tinha deixado o complexo. Ele tinha um desejo de morte, que estava mais do que óbvio, e eu ia dar-lhe exatamente o que ele queria, logo que eu colocasse minhas mãos sobre ele.
—Ela está bem?
Eu nem sequer olhei para Jet Hannigan, que esteve esperando por mim com os meus homens. Ele não hesitou em saltar na situação comigo quando Cristiano tinha me ligado para dizer o que Jr. tinha feito. Os irmãos Hannigan tinham mais razões do que eu para querer colocar suas mãos no bastardo, mas agora que ele se aproximou de Scarlett, eu não o entregaria ao MC. Não vivo.
—Seria preciso mais do que isso para perturbar Scarlett. —Eu murmurei enquanto Desi entrava no tráfego.
Eu não estava olhando para o motociclista, mas eu podia ouvir o sorriso em sua voz quando ele falou. —Ela tem coragem, isso é certo. Mulher interessante essa que você tem, cara.
—Ela não é minha. —Eu rosnei. Ainda não, de qualquer maneira. Eu não estava prestes a anunciar isso a ninguém, no entanto, muito menos ao ex-presidiário que estava envolvido com o meu primo ou meus dois homens que estavam me olhando com olhos ilegíveis.
—Ele está livre novamente, capo. —Paco me informou do banco do passageiro da frente. —Nós o perdemos quando paramos.
Porra. Eu sabia que não deveria fazer à parada, mas eu teria perdido minha cabeça se eu não tivesse verificado Scarlett. —Quero todos os homens disponíveis procurando esse filho da puta. —Eu apontei para Jet. —Incluindo seus homens.
Ele encolheu os ombros. —Colt e Raider já estão fora com quatro de seus homens. Vou dizer ao tio Jack e Trigger para saírem a campo também.
—Você também. —Eu tinha rosnado o comando. Os caras do MC poderiam estar lá por suas próprias razões, mas eles ainda trabalhavam para Vito e recebia suas ordens diretamente de mim. —Você conhece Jr., assim como eu. Dê a esse seu cérebro uma boa utilização, Hannigan. Eu quero aquele filho da puta encontrado esta noite.
O motociclista nem sequer piscou para o meu tom áspero. Nós vínhamos trabalhando juntos há anos e eu duvidava que ele estivesse com medo de mim tanto quando meus próprios homens, mas ele não era estúpido também. Ele sabia que eu não hesitaria em colocar uma bala em sua cabeça. —Eu estou nisso, Ciro.
Eu abrandei minha ira, odiando que eu baixasse minha guarda. Esta era uma das razões que eu não queria me envolver com Scarlett. No que dizia a ela, minha guarda ficava baixa e minhas emoções muito envolvidas para tratar a situação com o espírito frio que precisava.
—Nós vamos encontrá-lo, capo. —Desi assegurou-me do assento do motorista.
Eu apertei minha mandíbula e assenti, mas não falei enquanto ele nos levava para a cidade. Jr. aproveitaria sua liberdade enquanto ainda podia. Ele era um cadáver ambulante, do meu ponto de vista.
Scarlett
Eu assisti Victoria enquanto ela andava para trás e para frente em seu quarto. Eu disse a ela sobre a minha chamada com Anya e, em seguida, tudo o que tinha acontecido. Ela, como eu, não estava preocupada com a questão Santino. Depois de vinte e um anos de ter que lidar com inimigos como ele, sabíamos que o idiota não podia nos tocar, e até mesmo se ele tentasse, Ciro e Cristiano iriam lidar com isso.
Seu foco era Volkov.
—O que isso quer dizer? —Ela continuou resmungando para si mesma. Minha irmã feliz estava ficando mais irritada a cada minuto. Zangada com Anya. Com Adrian. Com ela mesma. —Por que ela foi tão vaga assim? —Ela parou na minha frente. A dor que eu vi brilhando em mim me deixou feliz que eu tinha mudado de ideia e dito a ela agora, e não mais tarde. —Eu não sou boa o suficiente para o irmão dela, Scarlett? É isso? Ou há realmente algo que ele está escondendo de mim?
Eu não sabia a resposta a qualquer dessas perguntas e me deixava puta que eu não poderia dar-lhes a ela e oferecer-lhe paz de espírito. —Você é boa o suficiente para os gostos de Volkov, Tor. Qualquer homem seria abençoado por ter você olhando duas vezes para ele. Olha, Ciro está reunindo dados dele para mim, mas talvez... —Ela começou a se virar, mas a cabeça foi mais rápida.
—Talvez o quê?
—Talvez você devesse apenas ir e perguntar a ele sobre isso. Talvez ele vá lhe dizer a verdade, talvez ele não vá. Mas não seria melhor você falar com ele sobre isso do que deixá-lo brincar com você? —Seu queixo tremia e eu estendi a mão para as suas, puxando-a para baixo ao meu lado na cama.
—Estou com medo de saber a resposta, Scarlett. —Ela sussurrou. —Eu gosto dele, realmente gosto dele. Eu pensei que os sentimentos eram mútuos quando almoçamos hoje. —Um rubor encheu suas bochechas, fazendo-me perguntar se minha suposição anterior de que alguma coisa tinha acontecido hoje, além da partilha de uma refeição, era verdade.
—Tor, você dormiu com ele? —Eu senti seu pulso saltar sob meus dedos onde eu ainda estava segurando o pulso dela, e sabia que eu tinha a minha resposta.
—Nós não fizemos sexo, mas... —Ela deu de ombros e virou a cabeça, evitando o meu olhar. —Nosso primeiro beijo me empolgou. As coisas aconteceram.
Eu não estava prestes a dar um sermão para minha irmã. Ela era uma adulta e poderia fazer o que quisesse com quem ela quisesse. Mas Volkov estava livre para fazer essas coisas com ela? Essa era a pergunta de um milhão de dólares. Peguei o telefone dela e passei por seu registro de chamadas. A última que ela tinha feito, era para um número que eu não conhecia, e eu sabia que tinha que pertencer ao russo. Por que ela não tinha o adicionado aos seus contatos eu não tinha ideia, mas isso não importava naquele momento.
Passando o polegar sobre o número, eu apertei o botão de alto-falante e esperei. Demorou oito toques antes de atender. —Eu estou ocupado no momento, kotyonok. —Sua voz profunda era baixa, mas seu tom era gentil. —Eu posso ligar para você de volta?
—Eu preciso falar com você. —Victoria disse a ele, mas ela ainda não tinha colocado suas emoções sob controle e ele pegou isso em sua voz tão facilmente como se ele fosse o único sentado ao seu lado, em vez de mim.
—O que há de errado? —Ele exigiu, toda gentileza tinha desaparecido de sua voz agora. —Você chegou em casa com segurança?
Mesmo para os meus ouvidos, ele parecia preocupado e mais do que um pouco possessivo e superprotetor. Isso tinha que significar alguma coisa, caramba, e eu esperava que fosse tudo um grande erro. Eu queria que Victoria e Adrian tivessem uma chance juntos.
Se ele não fosse um canalha que estava brincando com minha irmã.
—Eu estou bem. —Ela murmurou, tentando manter a voz firme, mas não teve sucesso. —Eu apenas pensei que devia isso a você, para que você soubesse que eu não poderei vê-lo novamente, Adrian.
Houve uma longa pausa na outra extremidade e eu poderia realmente sentir a tensão emanando do homem mesmo através do telefone. —Por quê? —Ele rosnou, seu tom mais ameaçador do que qualquer outro que eu já tinha ouvido antes. Considerando como Ciro tinha reagido mais cedo, isso queria dizer muito.
Ela encontrou meus olhos, em busca de uma resposta. Eu não tinha uma para dar a ela, porque quando eu lhe disse para falar com ele isso, não tinha sido exatamente o que eu estava esperando que ela dissesse. Eu disselhe para perguntar a ele, não dispensá-lo.
—Victoria, perguntei-lhe por que. —Volkov repetiu, seu tom não tão duro neste momento, como se ele pudesse sentir sua hesitação. —Kotyonok, qual é o problema? Fale comigo, pequena. Eu não posso corrigir isso, se eu não sei o que está te incomodando.
Ela engoliu em seco. —Alguém próximo a mim me mostrou que um futuro com você é impossível. —Ela sussurrou, mas ela poderia muito bem ter gritado para ele pelo silêncio cheio de estática que se seguiu. Ela mordeu o lábio brevemente para impedi-lo de tremer, mas rapidamente continuou. —Você não é livre para ficar comigo, não é, Adrian?
—Quem lhe disse? —Ele perguntou com uma ferocidade que fez minha gêmea perder a batalha com suas lágrimas e o queixo tremer. —Diga-me quem lhe disse essas coisas, kotyonok. Agora.
Ela engoliu o soluço enquanto as lágrimas caíam livremente. —Não importa quem. Tudo o que importa é que é a verdade. Eu pensei que tínhamos algo especial, mas, obviamente, eu estava apenas sendo estúpida. Eu não jogo esses tipos de jogos, Adrian e eu nunca serei a segunda escolha de ninguém. Foi bom conhecer você, mas agora acabou. A-adeus.
—Victoria! —Ele gritou o nome dela, mas ela já estava desligando. Com os dedos trêmulos, ela virou o telefone desligado e, em seguida, caiu no meu peito, seus soluços tão intensos que eles apertaram meu próprio corpo. Ela não era do tipo que tinha uma paixão passageira. Quando ela amava, ela se dava por completo, e, infelizmente, ela tinha se apaixonado por Volkov.
Engoli minha ira, sabendo que minha irmã precisava de um ombro amoroso para chorar. Como poderia aquele bastardo fazer isso? Victoria era especial e ele estava, aparentemente, só brincando com ela. Eu esperava que fosse apenas um monte de besteiras que estava sendo soprado por Anya, mas, obviamente, ela só estava cuidando da minha irmã. Eu acho que eu lhe devia um agradecimento, porque não era provável que Victoria teria descoberto até que fosse tarde demais.
Se já não fosse.
Com cada lágrima que ela chorou, cada soluço que parecia rasgar seu peito em dois, eu queria cortar Volkov em pedacinhos. Talvez enviá-los para a mulher com quem ele já estava envolvido junto com uma nota dizendo-lhe para ter cuidado com bastardos enganadores no futuro. Eu mantive esses pensamentos para mim mesma, enquanto eu acariciava o cabelo de Victoria como eu sempre fazia quando ela estava chateada.
Capítulo 10
Ciro
As luzes piscando no clube irritaram meus olhos, mas eu não pisquei enquanto observava Anya Volkov na parte superior do bar no segundo andar de seu clube. A música era alta o suficiente para deixar uma pessoa surda se passasse muito tempo lá, mas eu podia praticamente ouvir as unhas tocando na superfície lisa. A pequena beleza russa me deu um revirar cansado de seus olhos e eu tive que cerrar os dentes para não agarrá-la pelo pescoço e exigir respostas.
Desde que eu não poderia encontrar Jr, eu percebi que começaria encontrado as respostas que Scarlett estava tão obstinada a descobrir. Eu sabia muito pouco sobre a vida pessoal de Volkov e eu tinha começado no primeiro lugar que eu sabia que ele tinha ligações. Anya era um pouco durona e ela gerenciava os negócios exatamente do jeito que o clube foi nomeado, com mão de ferro (Iron Hand). Eu tive que lidar com ela algumas vezes ao longo dos últimos anos, mas mais frequentemente do que não era Cristiano quem lidava com ela.
O lugar estava cheio, mesmo que não fosse a noite mais movimentada da semana, e sua equipe estava correndo em ambos os andares fazendo as coisas. Anya só ficou lá, olhando para mim com uma escuridão que eu poderia facilmente ver igualada à de sua alma. —Eu não sei do que você está falando. Eu não falei com Scarlett desde que ela e sua irmã estiveram aqui na outra noite.
Ela era a mentirosa perfeita, e se alguém, que não fosse Scarlett me contasse sobre o telefonema que ela tinha dado no dia anterior, eu poderia até ter acreditado em Anya. Peguei a dose de vodka que ela tinha servido para mim e tomei. Coloquei o copo de volta no bar, e a olhei com olhos imparciais.
Quanto mais eu olhava para ela, mais frios os olhos dela ficavam. —Por que você se importa? —Ela retrucou. —Victoria interrompeu o que quer que fosse que estava acontecendo com meu irmão ontem. Portanto, não deveria importar.
Dei de ombros. —Para alguns, talvez.
Ela colocou as mãos sobre a superfície lisa, limpa do bar e se inclinou para mim, seu rosto uma máscara de raiva fria quando ela encontrou meu olhar sem vacilar. —Fique fora disso, Donati.
—Deve ser algo feio, se você está tão determinada a mantê-lo em segredo, Anya. —Eu levantei uma sobrancelha curiosa para ela quando seus olhos se moveram e eu percebi que era um sinal. Interessante. —Uma esposa? —Ela se moveu antes que eu pudesse ver se seu olhar mudava.
—Merda, Ciro. Você está fedendo meu clube.
Tirei algumas notas do bolso e joguei-as para ela. —Obrigado pela bebida. Te vejo por aí, Anya.
Ela pegou o dinheiro e o jogou de volta no meu rosto antes de me dispensar. —Vá para o inferno.
Sua ferocidade realmente fez um leve sorriso puxar os cantos dos meus lábios. —Eu vou ter a certeza de guardar-lhe um assento. —Deixando o dinheiro onde ele tinha caído, eu me virei e fui embora, sabendo que eu arriscava levar uma faca na parte de trás por virar as costas para a pequena tirana.
Desi e Paco estavam esperando por mim na parte inferior das escadas onde eu tinha os deixado com os dois seguranças. Nenhum deles falou comigo até que nós estávamos de volta ao SUV estacionado atrás do clube. —Paco, Vito tem alguém vigiando Volkov, mas eu quero que você mantenha um olho nele também. Anya também. —Eu tinha todos os meus homens procurando Jr, mas eu poderia poupar um para verificar o russo.
—Estou nisso, capo.
—Desi, me faça outra verificação de antecedentes sobre ele. Desta vez, percorra todo o caminho para antes de ele estar na prisão em Moscou. —Desi era tão mortal com um computador quanto era com uma arma.
—Entendi. —Desi levou o veículo ao tráfego. —Você quer que nós o deixemos em casa ou no complexo?
Eu não estive em minha própria casa em dias, não desde antes de Scarlett ter chegado em casa. A ideia de estar na minha cama, quando ela estava sozinha, tinha pouco atrativo para mim. —Complexo. —Eu murmurei.
Sem dizer uma palavra, ele dirigiu para o complexo Vitucci. Enquanto ele dirigia, eu mandei textos para todos os meus homens, querendo notícias de seu progresso em localizar Jr. até agora. Ninguém tinha nenhuma atualização, e isso me deixou no limite. O filho da puta estava brincando comigo e eu nunca gostei de jogos.
No momento em que terminei, as portas do complexo estavam sendo abertas. Embolsando o meu telefone, eu pulei da parte traseira do SUV e subi os degraus até a porta da frente, enquanto Desi e Paco iam para casa. No interior, o lugar estava tranquilo. Era depois da meia-noite, então eu esperava que a maioria já estivesse na cama. Havia ainda muitos guardas patrulhando a casa, no entanto.
Tirando meu boné, subi as escadas para o segundo andar, mas eu não fui ao quarto que se tornou meu ao longo dos anos. Eu parei do lado de fora do quarto de Scarlett. Eu não a via desde o dia anterior. Eu tinha passado a noite anterior verificando possíveis locais que Jr. poderia pensar para se esconder, mas tinha voltado de mãos vazias. Eu estava chegando a quarenta e duas horas sem dormir. Meu corpo deveria estar exigindo algum descanso, mas tudo o que eu precisava era ter certeza de que Scarlett estava bem.
Pensando que ela estava dormindo, eu cuidadosamente abri a porta e entrei. A única luz era a da televisão que estava no mudo, lançando um brilho suave sobre sua cama. Silenciosamente fechando a porta atrás de mim, eu fui até ela. Sua cabeça estava em seu travesseiro, às cobertas puxadas até o peito. Um braço estava dobrado sob a cabeça, o outro deitado em seu estômago plano. A luz da TV fazia sua pele brilhar, seduzindo-me a aproximar-me. Ela parecia um anjo.
De pé sobre ela, eu deixei meus olhos traçarem sobre cada centímetro de seu belo rosto. Apenas olhar para ela deixou o meu pau duro. Eu sofria para subir ao seu lado e memorizar cada centímetro de seu corpo.
—Ciro. —Ela murmurou meu nome e abriu os olhos antes que eu pudesse me mover. Eu não tinha certeza se até mesmo queria. Levantando uma mão, empurrei alguns fios de seu cabelo para trás de seu rosto. —O que está errado?
—Nada. —Como poderia haver algo errado quando eu estava lá com a única pessoa que importava?
Sua testa franziu. —Então, por que você está aqui?
Sentei-me na beira da cama. —Não há outro lugar que eu queira estar. —Eu disse a ela honestamente e vi quando seus olhos se arregalaram antes que ela pudesse mascarar sua reação. —Diga-me para ir se você não me quiser aqui, Scarlett.
Durante muito tempo ela apenas continuou ali, olhando para mim. Eu não podia ler sua expressão, mas a maneira como ela estava me observando fez meu pau engrossar ainda mais. Em vez de me dizer para ir, ela deslizou na cama e levantou as cobertas. —Dorme comigo? —Ela ofereceu em uma voz que era quase um sussurro.
Eu sabia que não deveria, mas a tentação era forte demais para resistir. Jogando meu boné no chão, eu chutei os meus sapatos e tirei meu cinto da minha calça. Eu não ousaria tirar qualquer outra coisa. A tentação já estava em níveis perigosos e eu sabia que não iria lutar contra a minha necessidade, se eu tirasse minha camisa ou calça.
Esvaziando os bolsos, coloquei minha arma na mesa de cabeceira e, em seguida, subi na cama ao lado dela. Era uma king, e oferecia-nos tanto espaço de sobra, mas assim que minha cabeça bateu no travesseiro, eu a puxei contra mim. Ela veio de bom grado, a respiração saindo dela em um pequeno suspiro quando ela apoiou a cabeça no meu peito e soltou o braço sobre meu estômago.
O quarto estava frio, do jeito que ela gostava de mantê-lo, e eu puxei as cobertas sobre nós. Isso foi puro êxtase. Eu nunca tinha experimentado isso antes, até naquele momento. Com seu peso leve contra mim, seu calor penetrando no meu, eu comecei a relaxar, apesar da dor no meu pau. Ela se mexeu, para encontrar uma posição mais confortável, e no momento seguinte ela estava dormindo novamente.
Eu pressionei meus lábios no topo da sua cabeça, aspirando o perfume floral doce de seu shampoo. Meus músculos começaram a parecer pesados e eu deixei o sono me levar também.
*****
Se adormecer com Scarlett era felicidade, acordar com ela ainda dobrada contra mim como se ela pertencesse ali, era puro inferno. Meu corpo inteiro estava pulsando com a necessidade de rolá-la de costas e deslizar entre suas coxas.
Ela se mexeu em seu sono, uma perna passando contra as minhas antes de envolvê-la sobre ambas. Um pequeno som saiu como um miado de prazer e ela passou a mão em meu peito. Eu segurei um gemido e disseme para sair de lá antes que eu fizesse algo estúpido, mas ela se aconchegou mais perto e eu era incapaz de me mover por medo de acordá-la. Ela estava confortável, e se não fosse pelo tesão furioso que eu tinha naquele momento, eu estaria também.
Eu ouvi meu telefone vibrando na mesa de cabeceira e atirei-lhe um olhar irritado. Meus olhos caíram sobre o relógio ao lado do meu telefone e arma e eu quase gemi novamente. 9:08 hs. Inferno, eu não tinha dormido até depois das 6:00 hs desde que eu era um adolescente. Eu geralmente já teria levantado e estaria cuidando dos negócios há esta hora. Meus homens provavelmente estavam se perguntando se eu estava morto.
Eu odiava deixá-la, mas havia coisas que precisavam da minha atenção. Cuidadosamente, eu me desembaracei dela e deslizei para fora de debaixo dela. Enquanto eu levantava, já colocando a minha arma de volta no lugar, ela bocejou. —Não vá. —Ela implorou, ainda meio dormindo.
Inclinei-me e dei um beijo em sua testa. —Eu tenho trabalho a fazer, baby.
Seu lábio inferior fez beicinho e meu coração quase parou ao vê-la assim. Seu cabelo selvagem vermelho estava bagunçado de dormir e espalhado por todo o travesseiro, seu rosto rosado com sono enquanto ela olhava para mim e esse lábio inferior carnudo praticamente implorando-me a chupá-la. —Você vai voltar esta noite?
Eu segui meu polegar em sua mandíbula e em todo aquele lábio que queria provar pra caralho. —Eu vou voltar. —Eu prometi. —Fique longe de problemas hoje, sim?
Um sorriso brincou em seus lábios, mas ela não respondeu. Em vez disso, ela puxou o travesseiro que eu tinha usado contra o peito e fechou os olhos, já o sono dominando-a mais uma vez. Inferno. A vontade de ignorar as minhas responsabilidades e subir de volta ao lado dela era quase muito difícil de combater, mas meu telefone começou a vibrar novamente. Amaldiçoando, eu o peguei e esperei até que eu estivesse fora do quarto antes de responder.
—O quê? —Rosnei enquanto me dirigia para as escadas.
—Você estaria interessado em saber que Cristiano acabou de entrar no prédio de Volkov? —Perguntou Paco, a incerteza em sua voz.
—Ele te viu? —Até onde eu sabia, Cristiano não tinha nada que estar nesta parte da cidade. Eu sabia que Anya tinha um apartamento no edifício, mas Adrian tinha todo o andar superior para si mesmo. Ele não poderia ter ido lá para ver qualquer um deles. De qualquer maneira, Cristiano era um menino grande e não precisava de mim para tomar conta dele.
Eu só não queria que ele soubesse que eu estava interessado em Volkov, e mais ao ponto, o porquê. Eu amava Cristiano como um irmão, mas nem mesmo por ele eu iria quebrar a confiança de Scarlett. Ela veio a mim, tinha confiado em mim mais do que ninguém, e eu não estava prestes a dar-lhe uma razão para lamentar essa confiança.
—Não, capo. Só não sabia se isso era algo que queria que eu reportasse ou não.
Eu esfreguei uma mão sobre o meu rosto. O que Cristiano fazia não era da minha conta, a menos que colocasse Scarlett em risco. Ele poderia cuidar de si mesmo. —Mantenha essa informação entre nós, Paco, e mantenha um olho em Anya e seu irmão. Eu quero saber quem vai e vem. Obtenha quaisquer nomes para Desi, para que ele possa verificá-los.
—Entendido.
Capítulo 11
Scarlett
—Eu vi algo realmente intrigante ontem.
Eu só estava brincando com meu almoço enquanto estava sentada na sala de jantar com o meu pai. Foi a primeira refeição de verdade que tivemos juntos, mas a comida não estava me atraindo.
Eu coloquei a culpa em Ciro.
Ele prometeu que voltaria na noite anterior e ele não voltou. Não houve nenhum texto, nenhuma chamada para dizer por que ele não tinha voltado para o complexo e me deixado usá-lo como um travesseiro humano. Era como se eu tivesse sido empurrada para fora de sua mente no segundo em que minha porta foi fechada atrás dele. Eu não sabia se eu estava mais ferida ou zangada.
Recusando-me a deixar qualquer emoção aparecer no meu rosto, eu dei ao Papa toda a minha atenção. —O que foi, papai?
Seus olhos castanhos eram quase avaliadores enquanto ele olhava o meu rosto por um momento. Mas não havia nada em sua voz que me preparasse para as próximas palavras da sua boca. —Eu vi Ciro sair do seu quarto com os sapatos na mão ontem de manhã. Quer comentar?
Inferno.
Antes de eu ir para a Sicília...
Não, eu não ia mais fingir. Antes de Papa me mandar embora a pedido de Ciro, eu não tinha feito nenhum segredo sobre como eu me sentia por Ciro. Não tinha razão em fingir que era tudo menos do que amor com ele. Por poucas semanas, eu pensei que nós estávamos ficando mais próximos e que era apenas uma questão de tempo antes que ele falasse com meu pai sobre isso. Eu nunca tinha sonhado que ele fosse pedir-lhe para mandar embora eu e Victoria.
Papa sabia exatamente como eu me sentia, e eu só podia supor que ele sabia sobre os sentimentos de Ciro, também, mas ele nunca expressou sua opinião sobre isso. Não até que eu tinha sido colocada em um avião para outrora merda de país. Para mim, Papa dizendo que ele não aprovava, isso me eviscerou. Eu ainda estava em estado de choque quando comecei a trabalhar na Sicília, mas rapidamente se tornou evidente que eu só tinha imaginado como Ciro se sentia sobre mim. Eu cheguei em casa pensando que eu estava pronta para seguir em frente, que eu poderia passar por cima dele e encontrar alguém para me apaixonar. Fazia três anos malditos, pelo amor de deus.
Errado.
Eu não estava pronta, não por um longo tempo.
Quanto a Ciro, ele estava fazendo minha cabeça girar. Ele praticamente gritou “fique longe” só para me virar e me puxar para perto. Agora eu sabia que não estava errada quando pensei que ele se sentia da mesma maneira que eu. Ele estava apenas lutando.
Eu não tinha certeza se lutar contra seus sentimentos era pior do que fazer-me pensar que ele não se importava realmente.
—Nada aconteceu. —Eu assegurei ao meu pai, porque eu não tinha certeza do que ele estava pensando. Se ele estivesse muito chateado sobre encontrar Ciro deixar meu quarto assim, ele teria colocado uma bala na nuca de Ciro, em seguida, e bem ali.
Vito deu de ombros. —Eu não estava preocupado que algo tivesse acontecido. Minha preocupação era por você e da evidente falta de recurso que o seu alimento possui atualmente para você, passerotta. Eu não gosto de ver você assim.
—Eu estou bem, papai.
Ele facilmente viu a minha mentira. —A Scarlett que eu conheço e amo mais do que a própria vida não iria apenas se sentar lá e deixar um cara foder com sua cabeça. Ela estaria lá fora arrebentando suas bolas até que ele acordasse ou deixasse o país. Não deixe que Ciro brinque com seu coração, desta vez, passerotta. Eu amo esse menino, mas se ele partir o seu coração novamente, eu não hesitarei em tomar conta dele pessoalmente.
Cuidar dele pessoalmente?
Esse pensamento foi suficiente para apertar todos os meus botões errados.
Eu empurrei minha cadeira para trás da mesa. —Vamos ser honestos aqui, papai. Você o deixou partir meu coração. —Seus olhos se arregalaram de surpresa e eu olhei para ele. Eu amava o meu pai muito, mas eu tinha deixado sua parte no que tinha acontecido de lado por tempo suficiente. —Você me mandou embora. Você sabia que eu o amava e ainda assim você me colocou em um avião fodido em vez de me deixar “arrebentar suas bolas até que ele acordasse ou fazê-lo deixar o país”, como você colocou agora.
Jogando meu guardanapo na mesa, eu me levantei.
—Levei mais de um ano para perdoá-lo por isso, Papa. Eu acho que poderia ter perdoado Ciro também, porque eu era muito jovem para saber como realmente me sentia naquela época. Chegar em casa mostrou-me isso muito, pelo menos.
—Scarlett...
—Desculpe-me, papai, eu não estou com muita fome. —Eu disse a ele enquanto saía da sala, ignorando o apelo para eu parar.
Quando saí da sala de jantar, a porta da frente se abriu e entrou a razão de todos os meus problemas. Ciro entrou no foyer e parou quando me viu andando em direção a ele. Algo em seus olhos azuis escureceu quando eu passei por ele sem sequer uma palavra de saudação, e comecei a subir as escadas.
Depois da conversa que eu tive com meu pai, eu não tinha energia para lidar com ele agora. Eu tive apenas algumas horas de sono porque eu tinha esperado a maior parte da noite por ele. Foi bom ver que ele não estava morto, pelo menos, apesar de que isso estivesse na parte inferior da minha lista de coisas possíveis que lhe impediam de manter sua promessa de voltar. Eu tinha certeza de que a morte assustava Ciro Donati tanto quanto a qualquer outro homem.
—Eu tenho a informação que você queria. —Ele falou em voz baixa, mas suas palavras ainda me fizeram parar no meio da escada.
Limpei meu rosto para não mostrar nada do turbilhão de emoções que rodavam dentro de mim, e me virei para encará-lo.
Ele subiu as escadas de dois em dois, parando quando estávamos ao nível dos olhos. —Você tem olheiras sob seus olhos, Scarlett.
Dei de ombros. —Quem se importa? O que você descobriu?
—Volkov é casado.
Meu estômago foi ao fundo do poço com essa notícia, sabendo como isso destruiria Victoria. Ela tinha jogado um bom jogo no dia que ela tinha terminado com Adrian, mas eu tinha visto o modo como ela ficou olhando para seu telefone no dia anterior. Como ela saltava cada vez que ele fazia um zumbido.
—Você tem certeza? —Eu tinha que saber que esta era uma informação verdadeira antes de dizer à minha irmã.
—Eu coloquei um dos meus homens para manter um olho em ambos, Adrian e sua irmã. Todo mundo que entrou e saiu de seu apartamento foi verificado, Scarlett. Eu questionei a mulher na noite passada.
—Aposto que você o fez. —Eu murmurei, mas ele tinha a audição de um predador e facilmente me ouviu.
—O que diabos isso quer dizer? —Disse ele com um rosnado.
—Nada. —Eu rebati e virei-me para terminar de subir as escadas. —Obrigada pela ajuda, Ciro. Eu apreciei isso.
—Só isso? —Ele me chamou. —Seu obrigado parece mais como um foda-se, Scarlett.
—Provavelmente porque é. Vejo você por aí, Ciro.
—O que diabos aconteceu? —Eu o ouvi murmurar para si mesmo, mas eu continuei.
Eu cansei de persegui-lo. Cansei de lhe pedir ajuda. Cansei de me colocar lá fora para ele pisar no meu coração, porque ele era muito de um maricas para aceitar o que eu poderia lhe dar. Cansei, pronto.
Se ele me queria, então ele tinha que ser o único a fazer a perseguição.
No andar de cima, parei do lado de fora da porta de Victoria. Eu sabia que ela estava lá, que ela esteve mais ou menos escondida desde que ela tinha feito aquela chamada para Volkov. Isso a machucou, mas eu tinha certeza de que ela não tinha levado quase tão a sério como ela tinha mostrado. Eu não sabia o que estava acontecendo com ela. Parte de mim suspeitava que ela até mesmo ainda estivesse falando com o russo.
Agora que eu sabia contra o que Anya tinha me alertado, eu sabia que estava prestes a destruir a minha irmã.
Apertando meu queixo, eu me preparei para o que estava prestes a acontecer, e bati na porta.
—Aguarde um segundo. —Ela chamou.
Sim, ela estava definitivamente escondendo algo. Se eu tivesse acabado de entrar como eu normalmente teria, eu sabia que provavelmente a teria pego no telefone com ele, ou passando mensagens de texto.
Momentos depois, a porta se abriu e Victoria ficou ali olhando para mim amarrotada. Suas bochechas estavam rosadas, os olhos brilhando com uma emoção que eu sabia que ia se extinguir completamente antes que isso tivesse acabado.
—O que há de errado? —Perguntou ela quando ela viu que era eu. —Parece que você quer matar alguém.
—Eu quero. —Eu murmurei. —Eu tenho que falar com você. Posso entrar?
Seu rosto inteiro ficou branco. —O que você descobriu? —Ela sussurrou.
Olhei para trás, vi um guarda que fazia suas rondas de hora em hora, e depois a empurrei de volta para o quarto. Fechando a porta e trancando-a para que Cristiano ou qualquer outra pessoa não pudesse nos interromper, eu a peguei pelo braço e puxei-a para a cama. Empurrando-a para o fim de tudo, eu agachei na frente dela, segurando suas mãos que pareciam ficar mais frias a cada segundo.
—Você foi falar com ele, não é, Tor? —Se alguém além de mim fizesse a pergunta, eu sabia que ela poderia ter mantido a cara de pôquer perfeita e dito uma mentira deslavada. Em vez disso, eu assisti enquanto o rosa enchia suas bochechas e ela desviava o olhar, incapaz de encontrar meus olhos. Essa foi a única resposta que eu precisava. —Então ele não explicou-lhe que ele é um homem casado?
Os olhos castanhos idênticos aos meus voltaram para o meu rosto e vi quando cada gota de sangue pareceu filtrar-se de sua pele, deixando-a tão pálida como um fantasma. —Não, ele não é. —Ela sussurrou. —Ele não pode ser.
—Eu sinto muito, Tor, mas ele é. —Eu reforcei meu aperto em suas mãos quando começaram a tremer. —Ciro não mentiria sobre algo assim. Ele conversou com a esposa de Volkov pessoalmente na noite passada.
—Não. —Ela balançou a cabeça e empurrou minhas mãos antes de ficar de pé. Cruzando até a janela, ela olhou cegamente para fora no jardim cheio de sol. —Não!
Eu não falei, sabendo que ela não precisava que eu fizesse nada além de estar lá quando ela finalmente se deixasse acreditar na verdade.
Ela ficou lá por mais de dez minutos, a raiva parecendo preencher cada centímetro do quarto. Esta Victoria era perigosa e eu quase tinha pena de Volkov pelo que ela faria com ele no final. Quase.
Afastando-se da janela, ela colocou os braços em torno de si, quase como se ela estivesse tentando segurá-la perto para que sua raiva não fosse se transformar na dor que eu vi escurecendo seus olhos.
—Quem é ela?
—Eu não perguntei, porque eu sabia que iria dizer-lhe se eu soubesse. —Eu disse a ela honestamente. —Sua esposa não é sua inimiga, Tor. Ele é. Ele brincou com você, e se você ainda continuar falando com ele, sabendo que ele tem um segredo como esse...
—Ele me disse que foi um erro. —Ela cuspiu entre os dentes cerrados. —Um erro. Certo. Eu sou tão estúpida. E ingênua. Como eu deixei um cara me enganar, Scarlett?
—Porque você se apaixonou por ele e as mulheres fazem coisas estúpidas e ingênuas quando estão apaixonadas. —Eu disse a ela a queima-roupa e vi quando ela se encolheu, mas não negou. Ela o amava, e uma vez que a raiva passasse, ela estaria destruída.
Capítulo 12
Scarlett
—Bem, este lugar parece divertido. —Eu tentei sorrir para a minha irmã, mas ela só me deu um aceno desinteressado de sua cabeça enquanto olhava ao redor do clube lotado.
Tinha sido minha ideia fugir para um pouco de diversão. Eu não tinha sido capaz de ver minha irmã cair em uma depressão mais profunda um segundo a mais e tinha a esperança de que um pouco de tempo em um clube de dança e caras babando sobre ela fosse animá-la. Em vez disso, isso só a deixou mais chateada.
Se isso era o que ela sentia ao lidar com o meu mau humor, então eu estava sinceramente arrependida por cada vez que eu tinha agido desta forma. Eu odiava ver minha irmã normalmente feliz sendo engolida pela escuridão de um coração partido.
—Vamos pegar uma bebida. —Insisti enquanto eu pegava seu cotovelo e praticamente a arrastava até o bar. —Precisamos de adrenalina.
Eu queria mais do que adrenalina para que eu pudesse esquecer o meu próprio coração dolorido, mas sabia que precisava manter a cabeça limpa para cuidar de Victoria. Eu não tinha visto Ciro em dias. Eu tinha ficado presa na minha nova decisão de me manter longe dele e fazê-lo vir a mim se eu era realmente o que ele queria. Sem mais perseguição, sem mais colocar meu coração para fora lá para ele pisar por toda parte.
Ele não tinha vindo me procurar. Não tentou me ligar. Era como se eu fosse um reflexo tardio e isso doía. Muito. Minha raiva tinha desaparecido agora, a única coisa que restou foi um grande hematoma no meu coração rachado e eu odiava que ele pudesse me fazer sentir tão danificada. Eu pensei que uma noite fora fosse fazer um bem não somente para minha irmã, mas para mim também.
Depois de duas doses de tequila cada uma, eu puxei-a para a pista de dança. De nós duas, Victoria era definitivamente a melhor dançarina, mas eu ainda era boa. Quando eu estava dançando, eu deixava ir tudo o que parecia estar me pesando e apenas deixava a música me levar. Era pacificador e purificador, mesmo quando estava cercada por centenas de estranhos.
Demorou algumas músicas, mas Victoria começou a soltar-se o suficiente para desfrutar de dançar comigo. Caras vieram até nós várias vezes, mas eu mandei-lhes embora antes que pudessem abrir a boca. Se alguém tentava ficar entre nós, eu fingia estar bêbada e “acidentalmente” os chutava nas bolas. Após o segundo cara ser atingido, ninguém teve a coragem de sequer se aproximar de nós.
Isso pelo menos fez minha gêmea sorrir, mas apenas por alguns minutos. Seu telefone tocava de vez em quando e eu sabia que era Adrian, pela maneira como seus olhos castanhos realmente tinham chamas neles. As chamas rapidamente morriam cada vez que o telefone parava e seu alerta de correio de voz fazia o telefone vibrar. Sua caixa de entrada devia estar transbordando agora, porque ela não tinha ouvido nenhuma delas.
Ela não tinha compartilhado comigo como ela tinha terminado as coisas com Volkov depois do que eu disse a ela sobre sua esposa, mas eu sabia que ela se trancou em seu quarto por doze horas e eu tive que chamar um dos guardas de papai para arrombar a fechadura para que eu pudesse entrar para ver como ela estava e me certificar se seu açúcar no sangue estava em um nível seguro. Não estava e eu tive que forçá-la a se alimentar com suco e um sanduíche.
Eu estava aterrorizada pela minha irmã porque ela agia como se ela quisesse morrer. Ela não iria falar comigo e se eu não estivesse lá para ficar de olho nela, eu sabia que ela iria deixar a diabetes ganhar.
Adrian tinha muito a responder. A próxima vez que eu o visse, eu acabaria com sua existência miserável.
Depois de uma hora dançando, eu tive que usar o banheiro. Levei Victoria de volta ao bar para hidratar e lhe disse que estaria de volta. Ela estava parecendo infeliz mais uma vez e achei que era hora de ir. O clube estava lotado por isso foi uma dificuldade apenas para chegar ao banheiro. Duas mulheres um pouco mais velhas do que eu saíram do banheiro quando cheguei à porta, ambas tropeçando bêbadas e rindo.
Revirando os olhos, eu esperei até que elas passassem antes de entrar. Um braço em volta da minha cintura me congelou, mas antes que eu pudesse alcançar a faca ou a arma colocada na parte interna das coxas, uma mão veio ao redor de minha boca com um pano sujo.
A música alta que estava batendo pelas paredes de repente parecia que estava pulsando em minha cabeça. Lutei contra a retenção do estranho, tentando empurrar a mão dele, mas ele era mais forte que eu e tudo o que estava naquele pano desagradável estava me deixando fraca. Eu gritei, mas foi abafado.
De repente, tudo estava escuro.
Ciro
—Ninguém o viu, capo. Ele é como um fantasma.
Eu não tinha tempo para me preocupar com Volkov desaparecendo da face do planeta. Fazia três dias desde que eu disse a Scarlett sobre a esposa de Volkov. Três dias desde que eu tinha passado sem falar com ela porque ela estava me evitando. Três dias em que ninguém tinha visto Adrian.
Parte de mim se perguntava se Victoria tinha o matado e deixado cair seu corpo no Hudson, mas uma grande parte não dava à mínima se ele estava morto ou não. Eu tinha muita coisa para cuidar para que eu pudesse ter cinco minutos a sós com Scarlett e descobrir o que diabos tinha acontecido entre o momento em que eu tinha deixado sua cama e, em seguida, entregue a informação que ela queria.
—Vito não o viu também e eu não poderia me importar menos sobre aquele filho da puta. Vá lá e ajude os idiotas do MC a encontrar Santino. —Eu não esperei que ele falasse antes de eu desligar e guardar o meu telefone.
—Eles são idiotas só setenta e cinco por cento do tempo, você sabe.
Ignorei o tom de provocação da minha prima enquanto eu andava em toda a sala de estar da minha mãe e olhava para o céu noturno através da janela. Estava chovendo e em qualquer outro momento, eu gostaria do tipo de tempestade que estava se formando, mas esta noite eu senti como se os trovões e relâmpagos estivessem sendo construídos dentro de mim.
—Relaxe. —Felicity pediu de seu assento no sofá. —Você vai ficar grisalho prematuramente por se preocupar.
O fato de que ela podia pegar meu desconforto significava que eu não tinha sido capaz de mascará-lo, e eu não podia permitir que muitas pessoas soubessem que eu estava preocupado.
—Ligue para ela. Você vai se sentir um milhão de vezes melhor, uma vez que você ouvir sua voz.
Ela estava certa. Parte do meu problema era que eu não tinha ouvido a voz de Scarlett em três dias. Eu tinha me acostumado a vê-la, falar com ela diariamente no curto período de tempo em que ela tinha estado em casa. Meu vício obsessivo por ela só tinha dobrado desde que ela tinha voltado e ter que ficar sem sua presença estava piorando meus nervos. Se eu tinha quaisquer dúvidas de que eu deveria finalmente tomar o que era meu, elas se foram agora.
Em vez de pegar meu telefone, no entanto, apenas olhei para a chuva que enchia a noite enquanto meu humor ficava mais e mais sombrio a cada batida do meu coração acelerado.
Felicity voltou a ler o livro o qual ela estava interessada quando cheguei, ignorando a minha presença na sala.
Meu celular vibrou no bolso e, sem tirar os olhos do céu noturno, eu puxei-o para fora e levantei-o para minha orelha. —Donati.
—Ciro? —Eu ouvi a música alta no fundo por isso levou-me um momento para reconhecer a voz. Quando o fiz, meu sangue gelou. Ela nunca me ligou. Ao contrário de sua irmã gêmea, Victoria não buscava a minha ajuda. Ela ia para Cristiano porque ela podia manipulá-lo por quase qualquer coisa. Se ela estava me ligando, algo estava definitivamente errado. —Ciro, eu não consigo encontrar Scarlett.
—Victoria, onde diabos você está?
—Algum clube no centro. —Ela retrucou, soando estressada. —Scarlett foi ao banheiro há mais de quinze minutos atrás e eu não consigo encontrá-la. Ela deixou cair o telefone.
—Você é estúpida? —Eu rugi.
—Não grite comigo, porra. Nada nunca aconteceu com a gente antes. Apenas... Por favor, venha me ajudar a encontrá-la, Ciro. Estou começando a ficar preocupada. —Havia um ligeiro tremor em sua voz agora e eu percebi que ela estava com medo.
—Eu estou a caminho. —Eu disse a ela enquanto corria para fora da casa da minha mãe. —Que clube? —Ela nomeou-o e eu cerrei os dentes quando eu percebi que era um que Santino era conhecido por pegar mulheres. —Não se mova, porra.
—Depressa. —Ela ordenou, e eu corri mais rápido.
Scarlett não se afastaria de sua gêmea. Se Victoria não poderia encontrá-la, havia uma razão, e cada uma delas fez o meu coração gelar em meu peito.
Meu carro estava estacionado em frente da casa e eu entrei deixando marcas no asfalto enquanto saía para o tráfego. Quinze minutos, esse foi o tempo que Victoria disse que Scarlett tinha sumido. Quinze malditos minutos. Isso era uma vida. Ela poderia estar em qualquer lugar agora.
Com qualquer um.
Enquanto eu tecia através do tráfego, liguei para Desi. —Obtenha a filmagem de segurança do Red Prism. Eu não me importo a quem você tenha que subornar, ou matar, porra. Eu quero tudo o que eles tiverem.
—Eles podem ter isso em uma torre de Wi-Fi que posso rackear, capo. Dê-me vinte minutos. —Desi desligou e eu apertei o acelerador.
A cada minuto que levava para chegar ao clube, meu coração batia mais forte, mais rápido. Eu liguei pra Paco, disselhe para ir ao Red Prism e levar todos os homens que tínhamos com ele. Eu não queria chamar Cristiano ainda, ou Vito, mas liguei para o meu pai e disselhe para estar pronto porque eu sabia que a merda estava prestes a ficar feia.
No momento em que cheguei ao clube, eu tinha certeza de que estava à beira de um ataque cardíaco. Minhas mãos estavam pegajosas, meu rosto coberto de suor, e eu não podia respirar por causa do peso que estava pressionando meu peito. Eu encontrei Victoria imediatamente, já que ela tinha feito o clube fechar. Os seguranças estavam orientando as pessoas a saírem, enquanto Victoria estava parada no meio do clube, com o rosto pálido e seus olhos selvagens.
Vendo-me entrar, ela correu e atirou-se contra mim. Eu não tinha tempo para confortá-la. Agarrando seus ombros, eu a fiz encontrar meu olhar. —Conte-me tudo.
Ela engoliu em seco. —Nós dançamos por aproximadamente uma hora. Alguns caras tentaram dançar com a gente, mas ela não deixava. Eles perderam o interesse depois de um tempo. Então ela teve que usar o banheiro e me levou para o bar para que eu pudesse tomar um pouco de água antes de ela me deixar sozinha. Eu não a vi desde então. Eu verifiquei o banheiro, e encontrei seu telefone. Ninguém se lembra de tê-la visto.
Eu a empurrei para longe antes que eu fizesse algo estúpido. Como sacudi-la por ser tão descuidada. Como ela podia deixar Scarlett simplesmente sair desacompanhada assim? Elas sabiam que não podiam ir a qualquer lugar sozinhas. Porra, elas não deviam nem sair do complexo. Vito lhes havia dito repetidamente que elas precisavam ficar perto de casa, especialmente com Santino correndo solto.
Meu telefone tocou e eu puxei-o para fora. —É melhor você ter notícia para mim.
—Eu tenho a gravação. —Desi foi rápido para me assegurar. —Eu encontrei Scarlett lá, capo. Eu a vi ir até o banheiro e o que parece ser um cara de preto a seguindo. Não a vi novamente até cinco minutos depois no vídeo da entrada de trás onde ele estava levando-a para uma van. O tamanho do cara é próximo ao de Santino Jr. Provavelmente é ele.
—MERDA! —Eu rugi, fazendo com que Victoria e vários dos seguranças do clube saltassem.
Alguém tinha a levado, assim como eu temia, mas tinha orado para estar exagerando. Não, não apenas alguém. Jr. Eu andei para longe de Victoria e as outras pessoas, tentando respirar com a minha garganta, de repente, apertada.
Porra. Porra. PORRA.
Eu nunca tinha ficado com medo antes. Nunca entendi o terror até naquele momento. Eu era o bicho-papão que todo mundo estava com medo, mas naquele momento eu estava prestes a cair de joelhos. Nada poderia acontecer com Scarlett. Se eu a perdesse, eles poderiam muito bem me matar também.
Respire, eu mentalmente me ordenei. Respire. Eu respirei fundo e apertei as mãos em punhos. Não havia tempo para sofrer e agir como um maricas. Eu tinha que encontrá-la.
Eu iria encontrá-la.
Capítulo 13
Ciro
Duas horas. Três minutos. Quinze... Dezesseis... Dezessete segundos.
Cada segundo que passava, meu coração batia quatro vezes mais rápido. Ela havia desaparecido há duas horas. Duas. Horas. Fodidas.
Eu já tinha passado por cinco homens para encontrar respostas.
Nenhum deles tinha me dado o que eu queria.
Nenhum deles tinha vivido para mentir para mim novamente.
Cada um dos meus homens estava lá fora procurando por ela, por qualquer sinal de Jr. Por algum milagre que ela ainda estivesse ainda viva. Vito e meu pai se juntaram a mim, enquanto Cristiano foi à procura de sua irmã com seus próprios homens. Desi estava à procura no tráfego e câmeras ATM. Ele tinha sido capaz de rackear as finanças de Santino Senior, mas não havia nenhum sinal de qualquer atividade de Nova York sobre elas.
Estávamos de mãos vazias e a cada tique-taque do relógio, tornava-me mais frio. Mais mortal. Eu tinha virado um interruptor, me desligado de tudo para que eu pudesse me concentrar em trazer Scarlett de volta. Se eu não tivesse me desligado, eu teria enlouquecido por agora e matado todas as pessoas que olhassem mim. Eu era um monstro frio, sem emoção e agora, eu não me importava com quem tinha que morrer para me dar o que eu queria.
Eu estava assustando meus próprios homens, e tinha feito um do meu pai mijar nas calças quando eu tinha tentado tirar informação de um homem após o outro. Meus nódulos estavam machucados e sangrando. Eu tinha certeza de que minha mão esquerda estava quebrada, mas eu não sentia a dor. O homem que eu tinha torturado não tinha sido reconhecido ainda, mas em breve haveria um corpo para identificar. Eu mantinha uma oferta completa de ácido no armazém e logo ele seria nada mais do que uma banheira de gosma que meus homens despejariam no Hudson.
—Onde diabos está Volkov? —Vito rosnou enquanto andava pelo armazém onde os meus homens tinham arrastado o último idiota que se atreveu a mentir na minha cara. Vito estava pálido, toda a sua estrutura parecendo tremer enquanto se movia. Seus filhos eram sua kryptonita, mas Scarlett era a sua maior fraqueza. Scarlett era sua filha favorita e eu não poderia culpá-lo por escolhê-la sobre os outros dois.
Ela era a minha favorita também.
Ninguém tinha sido capaz de alcançar o russo. Se fosse por qualquer outro motivo, além de encontrar Scarlett, eu não teria sequer me preocupado com o bastardo, mas ele tinha alguns recursos diferentes de mim. Ele poderia me ajudar a encontrá-la e, por Deus, ele iria ou eu colocaria minha faca em seu coração.
Eu tinha forçado Victoria a chamá-lo, sabendo que ele iria falar com ela. Ela não hesitou, disposta a fazer qualquer coisa se isso significasse trazer a irmã gêmea de volta. Seus dedos estavam tremendo enquanto ela discava, seus dentes batendo enquanto ela falava baixinho com ele.
—Eu preciso de sua ajuda. —Ela sussurrou enquanto eu estava ao seu lado como um guardião.
Isso foi tudo o que precisou. Volkov havia dado aos seus recursos uma boa utilização e disse que iria chamá-la de volta. Vinte minutos depois, Anya tinha aparecido no clube e levado Victoria com ela. Eu não tinha questionado. Victoria não era minha preocupação. Eu mal a tolerava e só então porque ela era irmã de Scarlett.
Vito nem parecia se importar que ela estivesse com Anya. Se ele estava tão chateado com ela como eu estava, ele apenas não se importaria, ou não havia mais ninguém em seu juízo perfeito, então, eu não sabia. Eu não me importava.
Meu pai colocou a mão no ombro de Vito para firmá-lo. —Ele vai ligar assim que tiver alguma coisa.
Vito fez uma pausa, respirou fundo e assentiu. Seus olhos escuros foram direto para mim. —Você está pronto?
—Sim. —Eu estava mais do que pronto. Assim que Volkov ligasse eu estaria saindo pela porta com seis dos meus homens e todos os caras do MC. Jet estava em modo de espera com seus irmãos e eu tinha muitas armas para usar. Tudo o que eu precisava era de um nome. Uma localização. Qualquer coisa para me apontar na direção certa.
—Bom. —Ele balançou a cabeça novamente, seu rosto se transformando na mesma máscara em branco que Scarlett tinha aprendido a aperfeiçoar. —Você vai buscá-la e trazê-la para casa para mim. E quando estiver pronto, é melhor você se casar com ela ou eu vou estripar você como um caralho de peixe.
Eu nem sequer tentei fingir que eu estava chocado. Eu não estava. Vito poderia ter me ajudado a colocar distância entre mim e sua filha, mas ele sempre soube que eu a amava. Não teria importância se ele tivesse me dito para casar com ela ou não. Eu ia. Assim que a trouxesse de volta, eu colocaria um anel em seu dedo e me certificaria de que ninguém duvidasse que ela pertencesse a mim.
Especialmente ela.
O telefone de Vito tocou e ele empurrou-o em seu ouvido. —Vitucci. —Ele rosnou, em seguida, ouviu por uma longa pausa. Eu vi a maneira como seus olhos dilataram, as narinas abrindo. —Entendi. Mantenha seus olhos sobre o lugar.
Baixando a mão, ele encontrou meu olhar. —Vá buscar minha filha, Ciro.
O interruptor que eu desliguei foi ligado. A pequena margem de alívio encheu-me, mas eu a abafei rapidamente. Volkov tinha encontrado onde ela estava. Isso não significava que ela estava apenas sentada sendo paparicada como uma bonequinha de luxo. Ela poderia estar machucada... Ou pior.
Eu empurrei esse pensamento de lado e desliguei minhas emoções novamente. Ela não estava morta. Ela não podia estar porque meu coração ainda estava batendo no meu peito. Peguei as duas mochilas cheias de armas que eu sempre mantinha embalada. Do lado de fora, eu entreguei ambas a Paco e pulei no assento do motorista do SUV.
Eu não esperei para ver se meus homens me seguiram. Eles iriam. Enquanto eu dirigia, Paco enviou um texto para Jet depois que eu disse a ele o endereço que Vito tinha me dado. Quanto mais perto chegava, mais frio eu ficava até que eu não era nada mais do que um robô de carne e sangue.
Eu encontrei Volkov em uma antiga estrada abandonada vinte minutos mais tarde. Nós estávamos fora da cidade e o trajeto teria normalmente levado perto de uma hora, mas eu tinha acelerado. Parando ao lado de uma van modelo antigo onde Volkov estava sentado atrás do banco do motorista com quatro de seus homens, eu olhei em torno por um sinal de onde Scarlett poderia estar.
—Onde diabos ela está? —Eu exigi quando saí.
Não havia prédios que eu pudesse ver. A estrada nem sequer parecia como uma estrada mais, além dos campos crescidos que a rodeavam. Pensando que isso era apenas uma armação e que Volkov tinha desperdiçado tempo precioso que Scarlett poderia não ter, eu fui para sua garganta.
—A casa está a cerca de um 1,6 Km até a estrada. —Volkov disse com frieza calma. —Jr não está com eles, mas há sete homens ou mais do lado de fora da casa. Eu não tenho certeza de quantos estão no interior. Se fossem apenas os sete, meus homens e eu poderíamos ter lidado com isso nós mesmos, mas eu não queria colocá-la em risco no caso de eu estar errado.
Sorvi uma respiração profunda, assim que o som de outro veículo encheu meus ouvidos. Olhei para longe o suficiente para confirmar que eram os caras do MC, em seguida, virei-me para Volkov. —Quão grande é a casa?
—É uma pequena casa de fazenda. Uma histórica. Velha e decadente. O local pertence a uma das amantes de Santino. —Eu nem sequer me surpreendi com essa informação. Eu sabia que Jr tinha algumas amantes, mas as poucas que eu conhecia e tinha questionado não sabiam nada. Obviamente Volkov tinha melhores informantes do que eu. —Há duas entradas. A porta da frente, é claro, e a porta dos fundos, que fica à direita da cozinha. Há homens postados em ambas às portas, com os outros a pé no perímetro.
Jet e seus irmãos haviam se juntado a nós no momento em que ele estava terminando. Ninguém falou, apenas ouviu.
—Paco, você e dois dos Hannigans tomem a porta da frente. Jet, você e Hawk virão comigo. —Eles eram os melhores atiradores e eu os queria comigo. —O resto de vocês peguem os outros homens. Mas tenham cuidado onde vocês colocam uma bala. Nós não sabemos onde Scarlett está na casa e eu não quero que ela seja atingida por uma bala perdida.
—Vamos ajudá-lo. —Volkov informou-me enquanto eu tirava três armas e uma lanterna. Enfiei-as em meu cinto e, em seguida, peguei uma espingarda de cano serrado. Esta era a minha favorita, pois poderia colocar um buraco do tamanho de uma bola de boliche no peito de um homem.
Eu queria dizer-lhe para se foder. Seu trabalho estava feito. Eu tinha encontrado Scarlett. Mas, como ele havia dito antes, não havia como saber quantos homens estava na casa. Eu não iria colocá-la em risco ao recusá-lo. —Você e um dos seus homens venham comigo. Os outros podem ir com Paco.
Peguei uma caixa de balas e comecei a carregar. Depois que todo mundo estava armado, nós calmamente fomos caminhando através do campo, mantendo-nos nas sombras escuras desde que a lua tinha saído depois de ter parado de chover. Havia árvores suficientes para nos manter fora da linha de visão.
Paco e os outros homens se moviam para o perímetro, e nós fomos para a casa. Os homens de Santino deviam estar meio adormecidos, porque quando eu coloquei minha arma na cabeça do primeiro filho da puta, ele recuou em surpresa. Eu vi um flash de medo e puxei o gatilho, observando enquanto seu cérebro atingia o lado da casa atrás dele.
Da frente da casa, ouvi armas disparando. Homens amaldiçoados, alguns em italiano, outros em Inglês, mas não durou muito tempo. Ao meu lado, Jet colocou uma bala em um homem que veio correndo da frente da casa. O homem caiu de joelhos e, em seguida, caiu sobre seu rosto, à vida se esvaindo dele enquanto ele sangrava no chão molhado com a chuva.
Hawk abriu a porta e entrou primeiro, disse que estava tudo limpo antes que o resto de nós entrasse. Não havia outros homens dentro, no entanto. Cada quarto estava vazio. Sem móveis. Nem mesmo eletricidade. A casa cheirava a madeira úmida podre, semanas de lixo velho e fumaça de cigarro. Eu podia ouvir camundongos e ratos nas paredes e entrei em teias de aranha várias vezes antes de até mesmo chegarmos à cozinha.
Cada cômodo que checamos estava vazio. A cada minuto que passava, eu ficava cada vez mais tenso. Meu dedo coçava para puxar o gatilho na minha arma, para colocar um buraco em alguma coisa, ou de preferência em Jr.
Havia apenas mais um quarto para verificar. Não querendo assustá-la, eu parei Jet e Hawk na porta. —Fiquem aqui. Eu não quero assustá-la.
—Ela pode até não estar lá. —Hawk me disse em voz baixa, áspera. —Volkov pode ter se equivocado.
—Eu não. —Adrian rosnou. —Ela está aqui. Juro-lhe que ela está aqui, Donati. Eu não arriscaria a irmã de Victoria assim.
Eu levantei minha lanterna, brilhando em seus olhos, calando todos. —Ela está aqui. —Eu podia senti-la.
Alcançando atrás de mim, eu virei à maçaneta da porta e dei um passo para trás. Mantendo a minha lanterna apontada para baixo, eu lentamente entrei no quarto. Os cheiros não eram tão ruins aqui, mas a fumaça permanecia mais do que em qualquer outro quarto. Tentando não assustá-la, eu levantei a lanterna até que eu vi a cama.
Os seus pés estavam amarrados aos cantos da extremidade da cama. Quando eu movi a luz, vi que seu vestido ainda estava inteiro. Eu tinha visto o efeito colateral de uma menina que Jr havia estuprado antes. Ela tinha sido muito machucada, com suas roupas arrancadas. Ele a tinha destruído tanto emocionalmente quanto fisicamente e a menina tinha cometido suicídio enquanto ainda estava no hospital se recuperando. Tanto quanto eu podia ver na luz fraca, Scarlett não tinha sido abusada sexualmente.
Isso não iria salvar Jr de mim, mas eu estava grato do mesmo jeito.
—Ciro! —Ela gritou, e eu aproximei-me da cama, ainda tentando não assustá-la.
Eu queria cair de joelhos em seguida, e ali dar graças a Deus que ela estava viva, mas primeiro eu tinha que tirá-la daquele lugar nojento.
—Victoria está aqui? —Ela perguntou, parecendo um pouco nervosa.
—Ela está segura. —Eu assegurei a ela.
—Graças a Deus. —Ela sussurrou.
Eu estava tentando manter o interruptor das minhas emoções desligado, mas cada centímetro dela que eu via, ficava cada vez mais difícil de continuar. Minhas mãos tremiam, fazendo com que a lanterna falhasse sobre o seu peito. Seus braços estavam acima de sua cabeça, mas era o rosto que eu não podia desviar o olhar. Seus olhos estavam brilhantes de dor, e não me admirava. Seu belo rosto era um grande hematoma. Quando me aproximei, eu pude realmente ver marcas de mão em seu rosto.
—Por favor, coloque a luz para baixo. —Ela gemeu. —Eu acho que tenho uma concussão e está me deixando nauseada.
—Baby... —Eu deixei cair à lanterna na cama e peguei as braçadeiras que mantinham as mãos amarradas à cabeceira da cama. Retirando minha faca, eu fiz um rápido trabalho em libertá-la. Um gemido pareceu ser arrancado dela enquanto eu abaixava lentamente seus braços na cama.
—Eu acho que tenho costelas quebradas. —Ela me disse em voz dolorida e percebi quão superficial sua respiração estava.
—Porra. —Eu rosnei. Meus olhos voltaram para seu rosto, traçando sobre cada contusão. Seus olhos estavam um pouco inchados, mas ela parecia ser capaz de ver. Seu lábio estava rachado, mas tinha parado de sangrar no momento. Ela precisaria de alguns pontos.
O filho da puta tinha batido nela e estava levando tudo dentro de mim para não caçá-lo, em seguida, destruí-lo com minhas próprias mãos. Eu tinha que cuidar de Scarlett primeiro. Ela vinha primeiro.
Uma vez que suas pernas estavam desamarradas, eu levantei-a em meus braços. Os sons de dor que a deixaram me evisceraram. —Sinto muito, querida. —Eu dei um beijo em sua têmpora.
—Eu tenho que fazer xixi. —Ela sussurrou.
—Ok. —Eu peguei a lanterna e levei-a até a porta. —Onde é o banheiro? —Eu perguntei aos homens ainda de pé ali, suas armas em punho.
—Pelo corredor. —Jet disse enquanto liderava o caminho. —Aqui. —Abrindo a porta, ele brilhou sua lanterna lá dentro. —Está bastante desagradável lá, cara.
—Eu vou fazer uma bagunça se eu não fizer xixi em breve. —Scarlett gemeu.
—Está bem. Vou ajudá-la. —Eu prometi e contornei o motociclista. Com ela ainda dobrada em meus braços, eu coloquei a lanterna para baixo na pia velha que parecia estar coberta de bolores e cheirava tão úmida quanto o resto da casa.
—Coloque-me no chão. —Ela insistiu. —Eu ficarei bem.
—Não, se você tem uma concussão. Vou ajudá-la, baby. —Eu a mexi nos meus braços, meus dedos deslizando por baixo do vestido e encontrei a calcinha.
Eu tentei não pensar sobre o que eu estava fazendo, onde eu estava tocando. Sua coxa era suave e sedosa, sua bunda quente e firme enquanto meus dedos deslizavam sobre uma nádega. Foi mais difícil do que eu jamais poderia ter imaginado, mas mantive firme enquanto puxava a calcinha para baixo e seu vestido para cima.
—Bem, isso é tão constrangedor. —Ela murmurou.
Eu pressionei um beijo em sua têmpora, mais do que um pouco sobrecarregado agora que a descoberta de que ela estava viva e realmente em meus braços estava começando a concretizar. Não foi fácil, mas eu a segurei acima do assento do vaso sanitário e ela foi capaz de aliviar-se sem causar uma confusão. Quando ela terminou, eu endireitei suas roupas e a carreguei de novo.
Jet, Hawk, e Volkov ainda estavam de pé onde tinham ficado do outro lado da porta. O resto dos meus homens estava lá fora, e nós rapidamente fomos até eles. As nuvens haviam encoberto a lua e estava começando a chover de novo. Paco, os outros dois caras do MC e os homens de Volkov, já estavam lidando com os cadáveres.
—Qualquer pessoa viva? —Volkov perguntou enquanto inspecionava os homens caídos.
—Um tem uma ferida no intestino. Ele não vai sobreviver mais uma hora. —Colt Hannigan assegurou.
—Bom. Vamos ver se podemos obter algumas informações dele. —O russo foi até o homem caído que estava lentamente sangrando.
Isso provavelmente teria aliviado um pouco da minha própria tensão se eu ajudasse a obter informações do pequeno filho da puta, mas eu tinha coisas mais importantes para cuidar. Scarlett precisava de um médico. Ela estava começando a relaxar contra mim, como se os eventos e sua dor estivessem começando a sobrecarregá-la e ela estava praticamente letárgica em meus braços. —Paco, fique com Volkov. Mantenha-me informado.
—Não se preocupe com essa merda. —Hawk Hannigan murmurou ao meu lado. —Você cuide de sua mulher. Nós te cobrimos.
Eu não acreditei nele completamente. Hawk tinha muitas razões para querer encontrar Jr. como eu tinha. Os homens de Jr. tinham levado a namorada de Hawk, e foi por isso que ele foi para Nova York. Felizmente, tinha encontrado a garota inteira, mas ela estava doente com envenenamento do sangue. Ela ainda estava no hospital e Felicity tinha me dito que ela estava tendo uma recuperação lenta.
—Estou com sono. —Scarlett murmurou, abraçando-me mais perto antes de tremer. —E frio.
—Não vá dormir. —Ordenei enquanto eu começava a voltar para o SUV com dois dos meus outros homens logo atrás de mim. —Mantenha os olhos abertos, querida. Fale comigo.
—Tão mandão. —Disse ela com um pequeno grunhido. —Não grite comigo.
—Eu não estou gritando. Só parece assim porque sua cabeça está toda confusa. —Apressei meus passos, mas tinha que ter cuidado com o solo tão úmido e a chuva começando a cair pesadamente. Ela estava ficando encharcada. —Fique acordada, Scarlett.
—Estou tentando.
—Tente mais.
Ela levantou a cabeça para olhar para mim. Mesmo na fraca iluminação das lanternas, pude ver aquela centelha de vida piscando para mim. Aqueceu meu coração vê-la. —Eu não sei por que eu te amo, Ciro Donati. Você é um idiota na maior parte do tempo.
Senti um sorriso realmente provocando meus lábios, e pressionei um beijo rápido na ponta de seu nariz. —Eu sou apenas grato que você me ama, Scarlett. Isso é tudo que eu sempre quis.
—Não diga coisas assim. Eu não posso dizer se você está brincando comigo ou falando a verdade. —Seu lábio inferior fez beicinho e eu tive que me esforçar para não sugar esse lábio sedutor em minha boca.
—É a verdade, baby. Cada palavra.
Capítulo 14
Scarlett
Eu odiava os hospitais. Médicos eram assustadores se você me perguntasse. Eles sempre tinham as mãos frias e falavam baixo para você como se você não tivesse um cérebro em sua cabeça. Como se fosse sua culpa quando você ficava doente ou tinha um acidente que exigia atenção de emergência.
Por causa da diabetes de Victoria, ela teve de lidar com médicos toda a sua vida. Ela lidou com ter de ser picada e analisada em uma base regular enquanto ela agia como sempre agiu: com um sorriso doce e feliz no rosto para o médico. Eu não estive doente, muitas vezes, e as poucas vezes que eu estive, eu tentei esconder isso, assim meu pai não me faria ver um médico. Irresponsável, talvez, mas a minha antipatia por qualquer pessoa com um diploma de médico não parava.
Eu não tinha escolha neste momento. Ciro não era susceptível a levar um não como resposta, e eu doía tanto que, pela primeira vez, eu não me importava se eu tinha as mãos geladas apertando e cutucando, enquanto eles me davam algo forte o suficiente para me derrubar para que eu pudesse escapar da dor de cabeça pulsando por trás dos meus olhos. As costelas quebradas tornava difícil respirar, mas essa dor não era nada comparada com a dor de cabeça.
Ciro me fez ter que lidar com o médico arrogante um pouco mais fácil. O sorriso que o médico tinha usado quando entrou pela primeira vez no meu quarto privado da emergência desapareceu no instante em que ele pôs os olhos sobre a besta que se recusava a sair do meu lado. Por minha causa, a emergência foi praticamente fechada.
Os homens de Ciro isolaram alguns quartos privados e se recusaram a deixar qualquer um, além do médico, perto de mim. Nem mesmo os enfermeiros tiveram acesso. Ninguém se atreveu a discutir. Meu pai já tinha ligado e pelo tom de sua voz, eu tinha certeza de que ele estava se aproximando do final do seu limite. Ele não tinha falado comigo, mas mesmo de onde eu estava sentada, eu podia ouvir a raiva e o medo em sua voz. Ele estava a caminho e eu poderia dizer honestamente que eu nunca quis meu Papa mais do que eu quis naquele momento.
Poucos minutos depois de chegar à emergência, eu estava fazendo raios-x para ver o quão ruim as minhas costelas estavam e o médico já tinha diagnosticado uma concussão. Eu já sabia disso, dane-se. Alguns Vicodins para minha dor de cabeça era tudo que eu estava realmente procurando.
—Eu vou interná-la para observações. —Disse o médico a Ciro uma vez que ele tinha os raios-x das minhas costas.
—Eu não quero ficar. Eu só quero ir para casa. —Eu rebati para o homem que tinha falado apenas para Ciro durante os trinta minutos que eu estava no meu quarto.
Era como se eu não estivesse lá. Honestamente, eu entendia por que ele só estava falando com Ciro. Ele tinha tomado conta de tudo como ele normalmente fazia, mas havia algo sobre ele que gritava “eu vou acabar com você” esta noite. Ainda mais do que normal. O médico tinha praticamente se mijado quando ele começou a examinar-me e eu tinha sido incapaz de reprimir os gemidos de dor enquanto ele verificava minhas costelas. Ciro ainda não tinha se movido, mas o grunhido que ele deu tinha soado tão animalesco que o cara tinha realmente começado a tremer.
—Se o homem acha que você deve ficar, você vai ficar. —O tom de Ciro não deixou espaço para discutir e minha cabeça estava doendo muito para tentar.
—Você vai ficar comigo? —O pensamento de estar sozinha em um lugar que eu não queria estar era demais para lidar naquele momento. Nenhum dos homens do meu pai serviria, também, nenhum. Tinha que ser Ciro. Ele me protegeria. Ele iria garantir que o médico não falasse baixo para mim. Ele iria manter quem quer que tenha feito isso comigo de fazê-lo novamente.
Eu coloquei a culpa na concussão, não querendo admitir a ele o que realmente era.
Que talvez eu estivesse com medo.
Ciro afastou-se do médico, seus olhos azuis amolecendo quando ele levantou a mão e segurou meu rosto dolorido. —Baby, eu não vou a lugar nenhum. Nunca.
Eu não poderia fazer a minha voz trabalhar, então eu só assenti. Concussão estúpida. Agora eu estava à beira das lágrimas por nenhuma razão.
Cuidadosamente, ele baixou a mão, mas pegou a minha. Sua mão grande praticamente engoliu a minha, mas isso me fez sentir melhor.
—Devemos ter um espaço para ela em breve, Sr. Donati. —O médico disse a ele depois de um momento. —Eu vou tomar providências para que os seus... Associados fiquem confortáveis.
A cabeça de Ciro girou, seus olhos perfurando o médico e deixando o homem pálido. —Você se preocupe em deixar Scarlett confortável. Os meus homens ficarão bem. —Seu aperto em minha mão intensificou, mas não dolorosamente. —Ela está com dor. Faça algo sobre isso em vez de me bajular.
—S-sim, senhor. —Ele gaguejou, derrapando na saída, pois ele estava se movendo tão rápido.
—Bem, isso foi divertido. —Eu murmurei com uma risada seca. Ele olhou para mim, sua mandíbula rígida, e eu tive que rir de novo. —Você fica bonitinho quando seu nariz alarga assim.
—Sua cabeça deve estar mais fodida do que eu pensava. —Disse ele, balançando a cabeça, mas eu pensei ter visto um fantasma de um sorriso em seus lábios.
—Ela está me matando agora. —Eu disse a ele, esfregando minhas têmporas com a minha mão livre desde que ele não parecia estar disposto a deixar-me ir. Eu não ia reclamar.
A porta da sala de exame abriu e o médico voltou tão rapidamente quanto ele tinha saído, desta vez com duas seringas na mão. —Isso deve fazer o truque. —Ele murmurou enquanto se movia em torno de Ciro para chegar até mim, então parou. —Eu vou ter que colocá-la em seu quadril.
—Claro que você vai. —Ciro disse entre dentes.
Relutantemente, ele soltou minha mão e depois me ajudou a me virar de lado. Senti seus dedos roçarem a minha coxa, empurrando o meu vestido para expor meu quadril esquerdo. Movendo minha calcinha para fora do caminho, ele esperou até que o médico me desse à injeção. Eu estava tão distraída com a sensação de calor de Ciro tentando invadir todos os meus sentidos, que eu não senti a picada afiada da agulha. A queimadura enquanto o medicamento entrou, no entanto, foi forte demais para ignorar.
—Isso pode perturbar o seu estômago, senhorita Vitucci. Vou dar-lhe algo para a náusea para mantê-lo calmo, no mínimo. —Quando ele disse isso, ele me enfiou a segunda agulha. Desta vez a queimadura foi menos forte, mas ainda deixou meu quadril dolorido. Ele, finalmente, colocou um curativo e depois recuou. —A combinação dos dois, provavelmente vai fazê-la cair no sono. Alguém terá que acordá-la a cada duas horas por causa da concussão.
Eu já estava começando a sentir os efeitos. A dor na minha cabeça não desapareceu completamente, mas foi o suficiente para que eu desse um suspiro de alívio. Meus olhos ficaram pesados e foi um esforço mantê-los abertos. Quando eles começaram a se fechar, eu os abri rapidamente. A escuridão parecia que estava tentando me engolir inteira.
Ciro retomou a minha mão, seu calor parecendo invadir meu corpo e aliviando a minha mente acelerada. Desta vez, quando meus olhos se recusaram a cooperar e ficar abertos, eu desisti da luta. Eu estava segura com Ciro. Ele não iria deixar que nada acontecesse a mim. Pelo menos disso, eu tinha certeza.
—Descanse, vita mia8. Eu cuido de você.
Ciro
A respiração suave de Scarlett era o único som na sala. Se ela sabia ou não, ela estava praticamente agarrando a minha mão em seu sono. Ela não precisava. Não havia como eu deixá-la sozinha.
Atrás de mim a porta da sala de exame abriu, e eu lentamente me virei para ver meu pai e Vito enquanto eles entravam no quarto. Cristiano estava bem atrás deles, sua boca já aberta, mas eu levantei a minha mão livre para acalmar a todos eles.
—Ela está dormindo. Não a acorde. —Eu mantive minha voz baixa para que ela não fosse perturbada.
A boca de Cristiano fechou, as mãos empurrando em seus bolsos da calça enquanto ele se adiantava para olhar para sua irmã. Ele estava pálido, os olhos injetados de sangue e selvagens. Entre ele e Vito, eu não tinha certeza de quem estava mais preocupado. Ambos pareciam como se tivessem envelhecido uma década.
Os três homens pareciam ocupar a maior parte do espaço no pequeno quarto, mas eu não estava prestes a afastar-me de Scarlett. Eu não ia deixá-la por qualquer motivo. Depois de apenas alguns minutos, Vito puxou o filho para longe para que ele pudesse tomar o seu lugar, seus olhos traçando o rosto de sua filha. A cada hematoma que ele via, eu podia sentir a tensão crescendo até o quarto parecer carregado com ela.
Ele levantou a cabeça, uma expressão vazia e fria no rosto. —Eu quero aquele bastardo morto. Sem desculpas.
—Vamos pegá-lo, Vito. —Meu pai garantiu-lhe, pondo a mão no ombro do amigo. —Vamos nos concentrar no fato de que temos Scarlett de volta. Santino e seu filho terão o deles em breve.
—Não breve o suficiente para mim. —Vito rosnou, em seguida, rapidamente baixou a voz quando Scarlett se deslocou para uma posição mais confortável. —Faça o que você precisa, mas certifique-se de que Jr dê seu último suspiro.
—Eu tenho todos os meus homens sobre isso, Vito. Volkov mandou um dos seus homens agora à noite. Ele vai ter algumas respostas. —Eu esfreguei o polegar sobre a parte de trás dos nós dos dedos de Scarlett, deixando seu calor aliviar um pouco da minha própria tensão crescente.
—Como diabos ele sabia onde encontrá-la? —Cristiano murmurou quando ele se inclinou contra a parede ao lado da porta.
—Eu não sei e eu não me importo. Tudo o que importa é que temos a sua irmã de volta. —Vito falou, pressionando um beijo carinhoso na testa dela, em seguida, moveu-se rapidamente para trás. O terno que ele usava estava ausente, sua camisa estava desabotoada até a metade e sua gravata desaparecida. Este era o visual mais desleixado que eu já vi em Vito em toda a minha vida. Normalmente ele era todo bem vestido, não importava o quão estressado ele estava.
Ter quase perdido Scarlett estava pesando sobre ele e eu não poderia culpá-lo. Eu não tinha me visto em um espelho, mas eu sabia que provavelmente parecia tão fodido quanto ele.
Houve uma batida forte na porta antes de um dos meus homens enfiar a cabeça dentro. —Há duas enfermeiras aqui que dizem que querem levar a senhorita Vitucci ao andar de cima, chefe.
—Então eles vão interná-la? —O rosto de Vito ficou pálido, incapaz de esconder sua preocupação agora.
—Apenas para observações. Suas costelas não estão quebradas, apenas machucadas, mas sua concussão é algo no qual eles querem manter um olho. É só por vinte e quatro horas, Vito. —Eu tinha que ficar me lembrando disso. Concussões eram complicadas. O lugar mais seguro para ela era no hospital onde ela poderia obter ajuda imediata se ela precisasse.
—Deixe-as entrar. —Cristiano disse ao homem.
Quando a porta se abriu novamente, duas enfermeiras em jaleco verde entraram. Ambas eram de meia-idade, o stress de seus empregos mostrando em seus rostos, bem como a prata que riscava seus cabelos que estavam puxados em coques firmes.
—Estamos aqui pela Srta. Vitucci. —Aquela que segurava um papel disse enquanto nos oferecia um sorriso simpático.
—Nós vamos com ela. —Vito informou.
—Não acho... —A outra enfermeira começou, mas Vito rapidamente a cortou.
—Eu realmente não estou preocupado com o que você acha. —Ele rosnou, deixando-as pálidas e Scarlett se movendo inquieta. —Nós acompanharemos minha filha. Alguém vai estar com ela em todos os momentos e meus homens estarão parados do lado de fora de seu quarto.
—Sim, senhor. —A primeira enfermeira murmurou. —Teremos o maior prazer em acomodar as necessidades da sua filha. Podemos levá-la agora?
Ele olhou para elas, mas depois se afastou para deixá-las chegarem mais perto. Quando elas viram o quanto o rosto de Scarlett estava machucado, elas foram incapazes de conter seus suspiros de surpresa. A segunda enfermeira abriu a boca, mas um olhar frio de Vito a fez morder a língua.
—Senhor... —A primeira enfermeira estava ao meu lado agora. —Você vai ter que soltá-la.
—Foda-se isso. Vou ajudá-la, mas eu não vou soltá-la.
—Filho, as enfermeiras estão apenas fazendo seu trabalho. —Meu pai tentou ser o único razoável, mas eu nem sequer olhei para ele.
Eu. Não. Ia. Soltá-la.
Ela se moveu de novo, sua mão apertando a minha e eu olhei para baixo para encontrar seus olhos bem abertos. —O que está errado?
Eu passei um dedo em sua bochecha. —Nada. Volte a dormir.
Ela não ouviu. Ela nunca ouvia. Seus olhos castanhos deram a volta no quarto. —Papa. —Ela sussurrou um pouco trêmula, e Vito estava ao lado dela em um piscar de olhos.
—Como está se sentindo, passerotta?
Um sorriso levantou os cantos de sua boca. —Estou bastante drogada agora, papai. —Ela piscou, o sorriso desaparecendo lentamente antes mesmo de realmente formar quando ela finalmente viu o quão ruim Vito parecia. —Não se preocupe comigo, Papa. Estou bem agora. Ciro vem cuidando bem de mim.
Ele bateu em seu nariz como ele sempre fez. —Eu sei disso, passerotta. Não há ninguém em quem eu iria confiar você além dele.
—Devemos levá-la lá para cima agora. —A enfermeira que ainda estava segurando o gráfico falou em voz baixa. —Ela estará mais confortável lá em cima.
Os dedos de Scarlett apertaram novamente, arregalando os olhos quando ela tomou conhecimento das enfermeiras. —Não sem Ciro.
Eu levantei sua mão aos meus lábios. —Juro que eu não vou a lugar nenhum.
Eu observei impotente quando seu queixo começou a tremer, mas ela rapidamente freou suas emoções e deu um pequeno aceno de cabeça. —O-ok.
As enfermeiras não estavam felizes, mas conseguimos levá-la lá para cima sem soltar a mão de Scarlett. O quarto privativo era apenas ligeiramente maior do que a sala de exame da emergência, e com as enfermeiras tirando os sinais vitais e tentando deixá-la confortável, além de quatro grandes homens, não havia espaço para se movimentar.
Eu sabia que ela não gostava de todas as pessoas lá com ela quando ela estava se sentindo tão vulnerável. —Tenho certeza de que Ma quer saber como Scarlett está. —Eu disse ao meu pai. —Talvez você devesse ligar para ela.
Meu pai entendeu o recado. Sorrindo adoravelmente para Scarlett, ele aproximou-se e deu-lhe um rápido beijo na testa. —Estou feliz que você está bem, querida.
—Obrigada, Zio Ben. —Ela murmurou.
—Cristiano, vá verificar Victoria. —Vito mandou, percebendo por que eu estava me livrando do meu pai e enviando o seu filho para longe, para tornar mais fácil para Scarlett.
—Ela está na casa de Anya, Papa. Ela está perfeitamente segura e muito bem onde ela está.
Vito olhou para seu filho. —Eu quero que você vá e verifique por si mesmo. Se seus olhos não estão sobre ela, então, como você saberá que ela está bem?
Soltando um suspiro frustrado, Cristiano assentiu. —Você está certo. —Relutantemente, ele moveu-se para que pudesse se curvar e beijar sua irmã da mesma forma que meu pai tinha. —Eu te amo, Scarlett.
—Eu também te amo. —Disse ela em seu peito enquanto ele a abraçava. —Dê a Tor um beijo por mim.
Uma vez que os dois se foram, o quarto pareceu maior e Scarlett relaxou um pouco mais. Depois de mais alguns minutos, as enfermeiras nos deixaram sozinhos e ela finalmente começou a deixar que seus olhos se fechassem mais uma vez.
Vito puxou duas cadeiras até a cama. Tomei uma, ainda segurando firme a sua mãozinha. Sentamos juntos assistindo Scarlett dormir por um longo tempo antes de Vito falar novamente.
—Eu disse que queria que você lidasse com Jr, mas quanto mais eu me sento aqui pensando em quão forte Scarlett é, eu sei que não posso permitir que você seja o único a acabar com ele.
Meu sangue gelou quando uma suspeita me encheu. —É o meu direito de cuidar daquele pequeno filho da puta.
Vito ergueu os olhos do rosto adormecido da filha. Ele olhou para mim por um longo tempo, seu rosto branco, mas depois sacudiu a cabeça. —É direito de Scarlett, Ciro. Ela merece a chance de colocar uma bala entre seus olhos. Ninguém além dela.
—Não.
Eu não deixaria sangue em suas mãos, nem mesmo para acabar com o homem que a tinha ferido. Era por isso que ela me tinha. Era meu direito - a porra do meu privilégio - cuidar dela em todos os sentidos possíveis. Isso incluía acabar com o homem que se atreveu a bater nela.
—Toda a sua vida, você tem sido tão inflexível sobre manter ela e Victoria o mais longe deste lado da sua vida. —Eu tentei argumentar com ele, sentindo como se a alma de Scarlett estivesse em jogo. —Não a puxe para ele agora, Vito. Não a faça como eu.
Compreensão encheu seus olhos e ele sacudiu a cabeça. —Meu rapaz, eu sei que você ama a minha filha, mas você realmente está fechando os olhos à sua verdadeira natureza. Eu sei que ela foi atrás de você para as coisas no passado. Você ajudou-lhe mais vezes do que eu realmente quero saber, mas se ela não tivesse tido você, como você acha que ela teria feito essas coisas?
Eu não queria pensar em não estar lá para ela quando ela precisou de mim no passado.
Vito suspirou ao meu silêncio sepulcral. —Ela é tão capaz de fazer essas coisas sozinha, Ciro. Eu amo aquela garota mais do que qualquer outra coisa do mundo. Talvez seja porque ela é tão forte que eu me deixei escolher uma favorita entre ela e Victoria. Eu não sei. O que eu sei é que, se ela tivesse nascido antes de Cristiano, eu iria felizmente entregar tudo a ela quando eu morresse.
—Eu não nego a sua força, porra. Foi o que me atraiu a ela em primeiro lugar. —Eu levantei a mão e dei um beijo sobre os nós dos dedos. —É o sangue, Vito. O sangue que eu derramei mancha minha alma. Não deixe que isso aconteça com Scarlett.
—Vou deixá-la decidir. —Disse ele, soando como se ele fosse dar-lhe uma escolha. Nós dois sabíamos que sua decisão seria se ela tivesse uma. —Devo a ela isso, pelo menos.
Capítulo 15
Scarlett
Cada vez que uma enfermeira entrava, eu estava em um sono profundo graças às drogas que o médico havia me dado. Cada vez que eu tive que abrir meus olhos, Ciro ainda estava sentado em uma cadeira ao lado da minha cama, minha mão dobrada com segurança na sua. Se ele sabia ou não, ele continuava acariciando seu polegar sobre a palma da minha mão, mas quando a enfermeira saía, eu era capaz de encontrar a paz no sono novamente por causa disso.
Papa ainda estava lá quando eu finalmente desisti de dormir na manhã seguinte após a última vez que uma nova enfermeira tinha entrado. Havia uma tensão no quarto e pelo olhar no rosto pálido, desalinhado de Ciro, eu poderia dizer que ele não estava feliz sobre alguma coisa. Descobrindo que era porque ele tinha que cuidar de mim, sentei-me e puxei minha mão da dele.
—Quando eu posso ir para casa? —Eu perguntei ao meu pai, que estava me observando com olhos preocupados. Se o meu rosto estava tão ruim quanto parecia, eu poderia entender completamente a sua preocupação. Meu rosto doía mais hoje do que na noite anterior. Entre essa dor e a dor de cabeça que estavam lutando pela minha atenção, eu era só dor.
—Quando o médico determinar que você está bem o suficiente. —Disse Ciro com um rosnado.
—Eu quero ir para casa agora. —Eu dei um olhar para Ciro, vi o rosto dele duro como pedra, e rapidamente desviei o olhar.
Algumas das coisas que eu disse a ele na noite anterior estavam começando a voltar para mim, e eu queria desaparecer. Eu realmente disse a ele que o amava? Ele realmente disse que estava grato que eu o amava, ou minha concussão me fez imaginar isso? Merda, eu realmente fiz xixi enquanto ele me segurava em algum banheiro fedorento?
Eu não sabia e eu precisava de algum tempo e espaço longe de tudo que eu pudesse tentar lembrar. Ou esquecer. —Por favor, papai. Eu odeio isso aqui. Como é que eu vou ficar bem se eu não estou confortável com meu redor?
Ele pareceu pensar nisso por um momento, depois se levantou. —Ok, passerotta. —Ele se inclinou e beijou o topo da minha cabeça. —Verei o que posso fazer.
—Obrigada, papai.
Ele balançou sua cabeça. —Qualquer coisa por você.
Quando a porta se fechou atrás dele, Ciro ergueu o grande corpo da cadeira na qual ele esteve durante toda a noite. Eu decidi que as rugas no meu cobertor eram mais interessantes do que olhar para ele e me recusei a levantar o olhar quando ele se moveu para ficar ao meu lado. Sua mão tocou o colchão ao lado da minha cabeça enquanto ele se inclinava. Eu engoli o caroço que encheu minha garganta quando eu senti seus lábios tocarem o topo da minha cabeça, mas não me atrevi a olhá-lo novamente.
—Scarlett, olhe para mim. —Ele ordenou em voz baixa.
—Como está Victoria? —Eu ignorei sua exalação dura. Eu não podia fazer isso com ele agora. Eu simplesmente não podia. Tudo era muito recente para mim. Minhas emoções estavam à flor da pele e as coisas que eu sentia por este homem estavam muito confusas na minha cabeça por causa da concussão para realmente entendê-las logo em seguida.
—Até onde eu sei, ela está bem. —Ciro assegurou-me depois de um momento em que eu o imaginei olhando para o topo da minha cabeça. —Cristiano foi ver como ela estava e eu não tenho notícias dele desde então.
—Você disse que ela estava com Anya? —Eu empurrei o cabelo para trás do meu rosto, inquieta que minha irmã estivesse com a irmã de Adrian. Muitas coisas estavam erradas nisso, muitas coisas poderiam dar errado. Ela deveria estar em casa, e não em algum lugar onde Adrian poderia colocar suas mãos sobre ela e encher sua cabeça com mentiras, mais uma vez.
—Sim.
—Eu preciso falar com ela. Ela provavelmente está louca agora. —Se tivesse sido ela no meu lugar, eu sabia que estaria enlouquecendo com a necessidade de ver com meus próprios olhos que ela estava segura.
—Ela está bem. —Disse ele novamente.
—Eu quero falar com ela. —Eu repeti, finalmente olhando para ele e encontrando seus olhos protetores com um brilho no olhar que iria enviar qualquer outra pessoa correndo para o abrigo por causa do meu temperamento. —Posso usar seu telefone?
—Não. Você pode falar com sua irmã mais tarde. Depois de ter chegado em casa onde você parece tão determinada a ir. —Ele se inclinou até que seu rosto estivesse a apenas alguns centímetros do meu. —Agora pare de pensar nessas coisas estúpidas que estão passando pela sua cabeça, pois você acordou há pouco tempo.
Seus olhos prenderam os meus e eu não poderia desviar o olhar se minha vida dependesse disso. —Eu não sei o que você quer dizer.
Nós dois sabíamos que eu estava mentindo.
Ciro moveu meio centímetro mais perto e eu podia sentir sua respiração em meus lábios. Fiquei de boca aberta, parecendo ter uma mente própria e desejando mais do seu gosto. —Assim que você estiver melhor, vamos sentar e ter uma conversa muito atrasada, baby. Até então, pare de pensar demais nas coisas que você e eu dissemos ontem à noite.
—Eu tenho uma concussão. O que quer que eu tenha feito ou dito na noite passada não era verdade.
Ele moveu-se para tão perto que seu nariz roçou o meu. —Eu rezo para que você esteja mentindo, Scarlett. Porque o que você disse para mim foi a única coisa que me impediu de enlouquecer durante toda a noite. —Ele apertou seus lábios no canto da minha boca. Fechei os olhos, amando a sensação dos lábios dele contra mim. —Por mais duro que eu tenha lutado com o que eu sinto por você, parte de mim sempre soube que você é a única coisa neste mundo que eu poderia chamar de minha.
—Não. —Eu tentei negar, mas meu coração estava ficando louco com a possibilidade de que o que ele estava dizendo era verdade.
—Você é minha e eu sou seu. —Ele murmurou, sua língua provocando meu lábio inferior. —Estou cansado de lutar contra isso e recuso-me a fazer isso mais.
Eu me inclinei em seu beijo quando ele chupou meu lábio inferior em sua boca. Minhas mãos foram para seu peito, meus dedos agarrando sua camisa, desesperada para mantê-lo perto, com medo de que ele estivesse brincando comigo e fosse se afastar a qualquer momento. Isso é o que ele tinha feito no passado. Dando-me apenas uma amostra do que eu poderia ter com ele, apenas para me afastar e correr tão rápido quanto podia na direção oposta. Eu não sabia se poderia confiar neste momento, mas eu queria isso mais do que eu queria a minha próxima respiração.
Se ele estivesse brincando comigo desta vez, eu não tinha certeza se superaria isso. Não com tudo tão de cabeça para baixo dentro de mim.
—Eu não vou deixar você ir desta vez, vita mia. —Disse ele enquanto soltava meus lábios e pressionava sua testa contra a minha. Sua respiração estava forte. —Não me afaste.
Meus dedos apertaram em sua camisa. —Parece que estou empurrando?
—Não, mas assim que eu lhe der espaço para respirar, você vai pensar em coisas estúpidas novamente.
—Então não me deixe respirar. —Eu puxei-o mais perto. —Beije-me novamente.
O beijo foi curto, mas me deixou mais tonta do que as drogas que o médico tinha colocado em mim na noite anterior. Quando ele se afastou, seus olhos estavam escuros com uma necessidade que combinava com a minha. Eu não poderia pensar direito no que tinha acontecido, mas por agora eu ia aceitar isso. Por muito tempo eu quis isso com Ciro e quando eu pensei que estava fora do meu alcance, ele estava me dando um gosto de uma fantasia que eu estava segurando desde que tinha onze anos.
—Scarlett... —Ele cuidadosamente beijou minha testa, em seguida, recuou apenas o suficiente para que ele pudesse encontrar meus olhos. —Prometa-me uma coisa.
—Você sabe que eu não posso fazer isso a menos que eu saiba o que estou prometendo fazer.
Ele fez uma careta. —Prometa-me que vai me deixar lidar com Santino. Não importa o que seu pai diga, eu preciso cuidar dele. Por favor?
Talvez minha cabeça estivesse mais afetada do que eu percebi, porque não fazia sentido para mim. Eu abri minha boca para perguntar o que ele estava falando, mas o meu pai abriu a porta e entrou com um homem de jaleco bem atrás dele. —Este bom médico decidiu deixá-la ir para casa algumas horas mais cedo, passerotta. —Disse Papa com um olhar duro na direção do médico. —Certo?
Ciro endireitou, virando toda a sua atenção sobre o recém-chegado, mas ele manteve a mão ao lado da minha cabeça. Sempre me protegendo.
O médico, um homem na casa dos quarenta anos, tinha o início de uma fileira de cabelo faltando e era mais baixo do que eu. Do seu sotaque eu sabia que ele não tinha nascido nos EUA, mas não era tão espesso que eu não pudesse compreendê-lo. —Senhorita Vitucci, é contra o meu melhor julgamento liberar antes de completar vinte e quatro horas, mas seu pai assegurou-me que você vai ter o melhor cuidado que o dinheiro pode comprar esperando por você em casa. Isso é verdade?
—Se meu pai disse isso, então é verdade. —Eu mal poupei ao homem outro olhar. —Papa, eu preciso de roupas limpas. —Tudo o que eu tinha era um vestido fino do hospital. Eu não tinha ideia de onde meu vestido estava, ou até mesmo onde minha calcinha estava, e eu realmente não me importava. Mas não havia como eu deixar esse quarto vestida assim.
—Mary está a caminho. —Ele me assegurou. —Ela pode ajudá-la a se vestir quando chegar aqui.
—Eu vou liberá-la sob os cuidados de seu pai, senhorita Vitucci. —O médico forçou a minha atenção de volta para ele. —Mas você terá que ir devagar pelos próximos dias, no mínimo. Ficar na cama seria o ideal.
—Eu vou ter certeza de que ela permaneça lá. —Ciro foi rapidamente para seu modo dominador, não que eu fosse reclamar. Eu gostava de sua assertividade.
A maior parte do tempo.
Capítulo 16
Ciro
Scarlett estava pronta para voltar para casa. Mesmo que eu quisesse que ela ficasse por pelo menos mais algumas horas no hospital, agora estávamos de volta ao complexo. Nós tínhamos pegado o carro de Vito e eu estive sentado na parte de trás com ela durante toda a volta para casa.
Assim que o carro parou, ela estava alcançando a porta. —Por favor, deixe-me ajudá-la? —Eu resmunguei enquanto saía e, em seguida, dava a volta para o seu lado.
—Eu posso andar. Apesar de quão hedionda eu pareça esta manhã, minhas pernas ainda funcionam. —Ela reclamou que eu estava carregando-a para dentro da casa, mas seus braços estavam em volta do meu pescoço tão forte que eu sabia que sua birra era mais para aparecer do que realmente querendo que eu a colocasse para baixo.
—Você não poderia estar hedionda, nem se você tentasse, vita mia. —Eu assegurei-lhe enquanto pressionava meus lábios em sua testa.
Prazer encheu seus olhos castanhos. —Quando você ficou tão encantador?
Eu encontrei-me sorrindo. —Desde que você fez dezessete anos. —Eu pisquei e ela sorveu uma respiração afiada.
Eu rapidamente senti o meu corpo endurecendo por ela. Um leve suspiro dizendo que me queria e eu estava pronto para dobrá-la e deslizar em seu calor. Isso não iria acontecer tão cedo, no entanto. Ela estava ferida e sofrendo apesar dos remédios que o médico lhe dera antes de deixarmos o hospital.
Os guardas todos pararam para me ver enquanto eu a puxava para mais perto. Eu nunca tinha os deixado ver essa parte de mim. Foda-se, eu nunca tinha os deixado ver nada além da máquina robótica - fria - que eu era quando estava trabalhando. Eu atirei-lhes um olhar frio e eles se dispersaram. Scarlett levantou uma sobrancelha para mim, sorriu, mas não disse uma palavra enquanto eu a levava pela escada de dois em dois degraus.
Vito estava em algum lugar atrás de nós, mas quando um de seus homens o parou, eu continuei sem ele. Quanto menos tempo ele estivesse com Scarlett melhor. Eu não queria dar a ele a chance de até mesmo fazer a oferta que nós tínhamos discutido na noite anterior.
Em seu quarto, coloquei-a no meio de sua cama e, em seguida, enfiei as cobertas sobre ela. Endireitando-me, eu joguei o conteúdo dos meus bolsos em sua mesa de cabeceira e caí ao lado dela. Foda-se, sua cama era confortável. Eu não tinha dormido a noite anterior e agora que Scarlett estava em casa, eu poderia realmente relaxar um pouco. Exaustão já estava tentando me engolir.
Ela se aproximou de mim, sua cabeça indo automaticamente para o meu peito, a mão esquerda descansando sobre o meu coração. —Isso é bom. —Disse ela com um suspiro cansado. —Eu gosto disso.
Pressionando meus lábios no topo da sua cabeça, eu sorri. —Sim, vita mia. Eu gosto disso também.
Em apenas uma questão de minutos, eu senti sua respiração nivelar e sabia que ela estava dormindo. Os remédios que o médico lhe dera antes de deixar o hospital não tinham sido tão fortes como os da noite anterior, mas eles eram fortes o suficiente para ajudá-la a descansar.
Com seu calor me inundando e seu peso leve pressionado contra mim, eu rapidamente encontrei-me dormindo...
Muito breve o meu telefone tocou. Porra. Eu não queria me mover. Eu só tinha experimentado o sono pacífico da noite quando eu dormia nessa mesma cama com Scarlett dobrada contra mim.
Scarlett se moveu ao meu lado. —Faça isso parar. —Ela gemeu.
Pressionando um beijo em sua cabeça, peguei o telefone. —Volte a dormir, baby. —Agarrando a coisa intrometida, eu levei-o ao meu ouvido sem me preocupar em abrir os olhos para ver quem era. —Donati. —Eu rosnei a quem tinha sido estúpido o suficiente para me acordar.
—Temos uma nova “obra de arte” no centro da cidade, capo. —Paco me disse.
Porra. Eu não queria deixar Scarlett. Eu estava mais confortável do que eu estive em semanas e a sensação dela ainda contra mim era quase demais para resistir. Mas quando havia “obra de arte” no centro, eu sabia que tinha que cuidar. —Eu estarei lá em trinta minutos.
Descartando o telefone de volta na mesa de cabeceira, eu me movi de modo que Scarlett ainda estivesse deitada no meu braço, mas eu estava inclinado sobre ela. Ela olhou para mim através de seus cílios e todo o meu corpo instantaneamente se tornou um pulsar maciço. Inferno, eu queria deslizar entre suas pernas e a partir desse olhar em seu rosto bonito, sonolento, eu sabia que ela queria isso tanto quanto eu.
Eu não tinha que estar presente para o que estava acontecendo no armazém. Paco poderia lidar com isso. Por que diabos eu iria querer sair desta cama e deixar a minha mulher para lidar com o que estava à minha espera no centro da cidade?
—Você precisa ir. —Ela murmurou, sentindo a minha relutância em deixá-la.
—Eu não quero. —Eu disse a ela honestamente.
Um sorriso brincou em seus lábios. —Eu não quero, também. Mas eu sei que é importante. Vá. Eu ainda estarei aqui quando você voltar.
Ela não estava fazendo perguntas. Não estava reclamando que eu tinha que sair. Ela estava me pedindo para ir e prometendo estar lá quando eu terminasse. Não havia muitas mulheres que fariam isso. Não seriam muitas que aceitariam que havia coisas que eu não poderia dizer a ela. Elas não podiam aceitar o fato de que eu provavelmente iria voltar para casa com o sangue de outro homem em minhas mãos.
Porra. Por que eu tinha perdido tanto tempo fugindo dessa mulher quando era óbvio que ela foi feita para mim? Eu era um idiota maldito, essa era a verdade. Eu tinha perdido tanto tempo, empurrando-a para longe quando poderíamos ter sido felizes juntos o tempo todo.
Baixando a cabeça, beijei seus lábios, tomando cuidado para não causar ao rosto machucado mais nenhuma dor. Ela tinha gosto de mel com apenas o traço de hortelã. Meu pau flexionou contra o zíper da minha calça jeans, o metal mordendo a minha carne e deixando-me saber alto e claro que eu precisava cuidar dos negócios, ou ficar e pegar o que eu estava tão desesperado.
Scarlett foi a única a se afastar em primeiro lugar. Seus dedos longos seguraram meu queixo, sua respiração nivelando. —Vá, Ciro. Mas volte para mim, assim que estiver pronto.
*****
“Obra de arte” significava que Paco tinha alguém no centro do armazém para eu questionar. Na maioria das vezes, questionar se transformava em um banho de sangue fodido e quando terminava, parecia que eu estive brincando com tinta vermelha. Hoje à noite, eu não era o único a fazer o interrogatório.
Fiquei olhando para o homem deitado na mesa de metal, com os braços esticados acima da cabeça e as pernas amarradas com força. Ele olhava cegamente para o teto e se não fosse pelo fato de seu peito estar levantando e caindo a cada suspiro que dava, eu teria pensado que ele estava morto.
Na cabeceira da mesa, Hawk Hannigan segurava uma lâmina na garganta do homem, provocando-o com o pensamento de cortá-lo. Ele estava louco para enfiar a faca em alguém desde que ele saiu do avião uma semana atrás. Agora ele estava tendo a oportunidade e saboreando cada segundo dela.
Hawk já havia fatiado e picado o peito do rapaz, cortado um de seus dedos mindinho, e sua orelha esquerda. O cheiro de sangue enchia a sala dos fundos do armazém onde eu cuidava dos negócios desta natureza. Os gritos não tinham se transformado em apelos ainda, e eu me perguntava o que diabos esse cara era se ele podia suportar tanta dor sem desmaiar. Jr era um viciado por isso não me surpreenderia se os seus homens fossem também. Fosse o que fosse, não era o suficiente para impedi-lo de chorar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto em rios, mas ainda assim ele permaneceu quieto.
Volkov tinha conseguido uma pista sobre Jr quando ele questionou o cara com o tiro no intestino na noite anterior. Aquele pobre filho da puta não durou tempo suficiente para fazer mais do que sussurrar o único endereço que ele poderia pensar. Volkov, Paco, e os caras do MC não tinham encontrado Jr lá, mas seu segundo no comando, Fontana, estava. Nós faríamos o bastardo falar, soltar onde seu chefe estava escondido como o covarde que ele era.
Tão logo Jr desse seu último suspiro, eu seria capaz de relaxar um pouco mais. Até então eu tinha de me preocupar com a segurança de Scarlett e se Vito realmente lhe daria a oportunidade de acabar com Jr por si mesma. Eu só podia rezar para que eu fosse capaz de cuidar dele antes de Vito ser capaz de fazer essa oferta especial para sua filha. Eu me preocuparia com Vito estar chateado depois, mas eu não podia deixar Scarlett dar um passo por esse caminho. Ela pode compreender-me ter que lidar com coisas como esta, mas ela não sabia qual era a sensação de acabar com a vida de alguém.
Eu era capaz de desligar essa parte minha quando eu precisava. Scarlett não seria capaz de fazer a mesma coisa. Ela era durona e mais forte do que qualquer outra mulher que eu conhecia, até a minha mãe. Essa foi uma das coisas que eu amava nela, mas eu sabia que ela não seria a mesma se ela tirasse a vida de outra pessoa.
Hawk passou a lâmina da faca na bochecha do homem. —Onde está Santino? —Ele perguntou com uma voz que era estranhamente calma, quase como se ele estivesse tentando acalmar o cara que ele tinha acabado de esculpir como um peru.
Sem resposta. Ele nem sequer abriu a boca.
Jet Hannigan foi para o lado da mão do cara. Usando um alicate, ele tirou duas das unhas do cara. A sala encheu com os gritos de Fontana mais uma vez, mas ninguém de fora o teria ouvido. O lugar estava deserto, mas mesmo se não estivesse, o edifício era à prova de som. Quando pararam, Hawk falou novamente. —O que é que foi isso? Eu não podia ouvi-lo porque algum maricas estava guinchando como um porco.
—Só me mate. —Fontana gemeu fracamente, sua vontade de viver se foi agora enquanto ele lentamente sangrava no chão. —Me mate.
—Nah, isso é muito fácil. Vamos enchê-lo de sangue fresco se nós tivermos que fazer, mas você não vai se encontrar com o Anjo da Morte tão cedo. —Hawk coçou o queixo desalinhado e olhou ao redor da sala. —Eu estou aborrecido com isso. Quem é o próximo?
Vários outros homens deslocavam-se inquietos, querendo ter algumas rodadas com Fontana, mas esperaram para ver se eu iria intervir. Eu nem sequer me movi. Fontana não era quem eu queria, mas se eu fosse para cima do filho da puta, ele estaria morto dentro de meia hora.
Volkov e Cristiano tinham estado ambos de pé, parados ao meu lado, enquanto observávamos, mas eu era a primeira opção para tomar o lugar de Hawk. Eu tinha ouvido muitos rumores sobre os métodos de levar as pessoas a falar do russo, mas até certo ponto, eu nunca tinha acreditado. Eu deveria ter. Minhas fontes não tinham exagerado. Inferno, ao contrário, eles tinham deixado um monte de detalhes de fora.
Eu sempre desligava uma parte de mim quando eu fazia este tipo de trabalho, mas Volkov parecia ligar uma parte de si mesmo. Ele até sorria, como se realmente gostasse. Eu sempre tive um pouco de respeito pelo homem, mas naquele momento ele me fez sentir desconfortável.
Cristiano se mexeu com a sua própria apreensão ao meu lado. Nós não tínhamos falado sobre as irmãs além de dizer que elas estavam seguras. Ele esteve na casa de Anya com Victoria desde a noite anterior, tanto quanto eu sabia. O que quer que esteja acontecendo com a gêmea mais jovem, ela não estava com pressa de voltar para o complexo e, surpreendentemente, ninguém parecia estar forçando-a a ir para casa também. Eu não tinha compartilhado com o meu amigo o que Scarlett tinha me pedido para descobrir, mas isso não significava que Cristiano não soubesse que sua irmã favorita estava vendo Volkov até que eu tinha dado a Scarlett as informações que ela queria.
Jet Hannigan ergueu as sobrancelhas para mim. —Podemos recrutar esse cara? —Ele murmurou, apenas meio brincando.
Eu teria felizmente dado Volkov ao MC se eu pudesse, mas ele não estava sob meu comando. Das minhas relações com ele no passado, ele sempre tinha sido equilibrado e parecia ter a paciência de um santo. Assim, o homem era um canhão solto. Imprevisível e um passivo se eu não pudesse mantê-lo sob controle.
Mesmo assim, eu tinha que admitir, quando ele era assim, ele tinha suas vantagens.
—Ele não está aqui. —Fontana finalmente gritou. —Jr foi para Chicago na noite passada depois que ele tomou a menina.
—Merda. —Cristiano murmurou baixinho e passou as mãos pelo cabelo.
Sua agitação tocou sinos de alerta na minha cabeça e me virei para encará-lo. —O que?
O rosto do meu amigo estava tão branco quanto o de Fontana agora. —Eu mandei Victoria para a casa de Anya em Chicago. Ela disse que precisava ficar longe por um tempo. Que ela precisava pensar. Eu pensei que ela estaria mais segura lá. Que ambas estariam.
Volkov estava na frente de Cristiano antes que eu pudesse me mover. Seus olhos estavam selvagens e, com sangue respingado em seu rosto, ele parecia selvagem. —Você enviou Victoria para longe de mim? —Ele gritou.
Cristiano nem sequer pestanejou, sua própria raiva começando a transbordar. —Ela me pediu para ajudá-la. Anya achou que era uma boa ideia também. Você está fodendo com a cabeça da minha irmã e ela não pode lidar com as suas merdas agora.
—Anya ajudou você? —O russo cambaleou para trás um passo, como se Cristiano tivesse lhe dado um soco no rosto. O homem que ele tinha sido quando estava torturando Fontana foi embora agora. Por apenas um segundo, eu vi um flash de dor em seus olhos, mas ele rapidamente desligou-a novamente. Ele gritou algo em russo aos seus homens, que quase pularam para fora de sua pele antes de correrem atrás dele, então ele saiu do armazém.
Eu tinha outra merda para lidar do que me preocupar com a birra de Volkov porque o seu mais novo brinquedo tinha sido tirado dele. Jr estava em Chicago. Isso significava que Scarlett estava segura no momento, mas Victoria era outra história.
—Vito sabe sobre isso? —Eu sabia que ele não faria algo que envolveria suas irmãs sem falar com seu pai primeiro. Nem mesmo Cristiano poderia suportar a ira de Vito Vitucci se algo acontecesse com uma de suas filhas, enquanto estivessem aos cuidados de Cristiano.
—Eu disse a ele mais cedo. Ele concordou que era a melhor coisa para ela agora. Como eu, ele pensou que ela estaria a salvo em Chicago. —Ele pegou o telefone. —Eu preciso dizer a De Stefano.
Dante De Stefano, subchefe de Vito em Chicago. Tinha sido oferecido a mim o trabalho, mas mesmo naquela época eu não queria estar muito longe de Scarlett. Como eu, Dante não era sangue, mas Vito sempre o tratou como se ele fosse. Vito sempre teve algum sonho de que uma das gêmeas se casasse com o homem. Eu nunca tinha levado a sério isso, mas se ele tinha deixado Victoria ir para Chicago, ele poderia ter um motivo maior.
Como jogar sua filha em Dante para mantê-la fora do alcance de Volkov.
Melhor ela do que Scarlett. Eu gostava de Dante, mas não hesitaria em matá-lo se ele um dia olhasse duas vezes para o que era meu.
—Quando ela foi? —Pelo que Fontana - que ainda estava sangrando e gemendo em cima da mesa - tinha dito, Jr tinha saído na noite anterior, depois de ferir Scarlett. Se Victoria não tinha saído até aquela manhã, Jr não saberia que ela estava na mesma cidade.
—Eu as coloquei no avião esta manhã em torno de dez horas. —Cristiano me disse, enquanto esperava que Dante atendesse na outra extremidade. —Enquanto ela estiver perto da casa, ela deve estar bem. Mas eu quero De Stefano alerta até eu chegar lá.
Os caras do MC estavam ouvindo atentamente. —Colt e Raider vão com você. —Hawk não estava oferecendo algo pela bondade de seu coração sombrio, mas Cristiano não estava escutando. Dante tinha finalmente atendido e ele estava latindo ordens. —Eu iria, mas eu não vou sair com Gracie ainda no hospital.
Eu balancei a cabeça, lançando um olhar para o mais jovem dos dois irmãos Hannigan. O MC fazia corridas de proteção da Califórnia para Chicago e Nova Iorque todo o tempo, mas Dante não se dava bem com o MC tanto quanto eu. —Eu vou ter certeza de que De Stefano saiba que seus homens estarão indo.
Paco puxou minha atenção para longe do MC e de volta para o trabalho que ainda havia para fazer. —O que devo fazer com este monte de merda?
Eu estalei meu pescoço. —Eu cuido dele.
Fontana choramingou, em seguida, começou a rezar.
Capítulo 17
Scarlett
—Você está onde?
Eu não tinha a intenção de gritar e lamentei no segundo que eu o fiz. Merda, minha cabeça ainda estava pulsando.
Victoria tinha me ligado a um momento atrás, e a primeira coisa que saiu de sua boca foi: —Ei, eu estou em Chicago.
Chicago.
Enquanto isso, eu estava em Nova York. Sem minha irmã gêmea. Não era como se tivéssemos que estar conectadas pelo quadril ou qualquer coisa, mas nós nunca passamos mais de uma noite separadas em nossas vidas inteiras. Vinte e um anos sempre tendo a quem recorrer quando eu precisava falar com alguém. Não era sobre a minha falta dela, o que sentia. Inferno, eu estava acabando de descobrir que ela tinha ido embora e meu coração já estava sentindo a distância entre nós.
Não, tratava-se de olhar por ela. Eu sempre fui a única a perguntar se ela verificou seu açúcar no sangue. A única a dar-lhe a injeção de insulina quando ela precisava, ou forçar o suco em sua garganta quando ele ficava com a glicose muito baixa. Quem ia fazer isso agora?
—Eu tive que sair, Scarlett. —Havia um tremor em sua voz que me fez cerrar os punhos.
Que diabo eu perdi? Eu estive longe dela por vinte e quatro horas, mas eu tinha a sensação que eu tinha perdido muito mais. Eu sabia que ela estava com Anya, mas isso era tudo que alguém tinha me dito. Sério, que merda? Eu não poderia dar sentido a tudo isso com a minha cabeça latejando assim. Eu provavelmente deveria ter tomado uma das pílulas de dor que Papa tinha deixado ao lado da minha cama mais cedo quando ele perguntou se eu estava com fome, mas eu odiava o quão cansada elas me deixavam.
Apertando a ponte do meu nariz, eu soltei um suspiro frustrado. —OK. Você teve que sair. O que eu quero saber é por que, Tor.
—Eu conheci a esposa de Adrian na noite passada. —Ela sussurrou.
Ah, porra. Isso era sério... Merda.
—Você quis matá-la? —Eu não estava perguntando para provocá-la. Eu precisava saber se minha irmã gêmea estava em fuga. Essa era a única explicação que eu poderia aceitar do porquê ela tinha saído sem se despedir de mim. Por que ela tinha me deixado, ponto. —Preciso esconder um corpo?
Uma risada encheu minha orelha. —Não. Você sabe que eu chamaria Cristiano para algo como isso de qualquer maneira. Você tem Ciro para o trabalho sujo, e eu tenho nosso irmão.
—Isso é bom saber. Eu não podia realmente esconder um corpo agora se eu quisesse. —Eu mal podia caminhar até o banheiro maldito sem tropeçar em meus próprios pés, porque eu ficava tão tonta. —Então o que aconteceu? Ela é feia?
—Ela é provavelmente a mulher mais linda que eu já vi. E nada aconteceu. Na verdade não. Ela passou pelo apartamento de Anya inesperadamente na noite passada. Ela tinha que pegar alguma coisa para Adrian.
Novamente, eu não conseguia entender o que era tão ruim sobre tudo isso que fez minha irmã correr para outro estado. —Tor, querida, eu te amo. Mas agora eu preciso que você me dê uma explicação ainda mais simples porque eu não estou te seguindo. Sei que você ter visto a esposa dele provavelmente doeu, mas você sabia que ele era casado.
—Isso não apenas doeu. —Ela chorou. —Você não tem ideia de quanto doeu quando eu fiquei cara a cara com aquela mulher. Ela tem tudo o que eu quero, Scarlett. Tudo. Ela é sua esposa e mãe de seu filho. —Um soluço saiu dela. —Eu... Eu não fiquei apenas cara a cara com sua esposa. Eu vi seu filho. Aquele menino se parece com ele, e eu... Isso é uma coisa que eu nunca poderei ter, Scarlett. Você sabe disso. Eu nunca poderei ter isso. Nunca.
Agora entendi. Eu sabia o que tinha a machucado tanto que ela tinha fugido sem mim.
Não era que Victoria não pudesse ter seus filhos, mas ela não deveria. Seu diabetes era tão grave que ficar grávida tinha o potencial de matá-la. Seus rins já estavam sentindo os efeitos da doença maldita. Um bebê iria complicar isso ainda mais. Ela sempre disse que não iria nunca correr o risco de tentar engravidar, e mesmo quando ela nunca tinha pensado em meninos e sexo, ela já tomava a pílula desde que ela tinha dezessete anos.
Seu maior sonho era ser mãe, no entanto, e ela falou sobre a adoção várias vezes nos últimos anos.
—Eu sinto muito, Tor. —Meu coração estava partido por ela. Eu queria alcançá-la pelo telefone e envolvê-la em meus braços, dizer-lhe que tudo ia ficar bem. Mas não ficaria. Nada sobre isto jamais ficaria bem e eu não mentiria para ela, não sobre isso.
Ela adorava Adrian e tinha sido uma maldita facada no coração ver o que ela não podia ter.
—Eu também. —Ela sussurrou. —E eu realmente sinto muito sobre a noite passada. Eu nunca deveria ter deixado você ir ao banheiro sozinha. Eu estava perdida em meu próprio mundinho e você se machucou.
—Não foi culpa sua. Foi minha. Eu deveria ter estado mais alerta. Inferno, nós provavelmente não deveríamos ter sequer saído de casa ontem à noite. —Isso não era algo que eu admitiria a Papa - ou pior, a Ciro, no entanto. Eu não precisava de qualquer um deles esquentando a cabeça mais do que já estavam.
Especialmente esse capo em particular.
Agora que um pouco do choque estava começando a se dissipar, percebi exatamente onde Victoria estava. Com quem ela estava.
Dante.
Um sorriso puxou meus lábios enquanto eu tinha um prazer perverso em saber pelo menos que uma de nós estaria dando uma reviravolta na vida bem ordenada do arrogante subchefe. Eu gostava de Dante mais do que meu próprio irmão, embora o mesmo não pudesse ser dito de Victoria. Crescendo, antes de ele ter tomado posse como o alto e poderoso subchefe e se mudado para Chicago, eu adorava atormentar Dante. Ele mesmo fez algumas visitas quando estávamos na Sicília, apesar de que provavelmente tinha mais a ver com nossa prima Allegra e não qualquer uma de nós.
Por que mais ele ficaria na mesma casa com um homem que, basicamente, odiava que ele existisse? Meu tio Gio detestava Dante, mas pelo fato de ele ser parte da Cosa Nostra, ele não tinha sido capaz de recusar o convite para ficar no complexo na Sicília.
Papa nunca tinha feito segredo de que ele gostaria de fazer Dante De Stefano seu genro, mas meu coração estúpido sempre tinha pertencido a Ciro. Sua relação comigo e com a minha irmã sempre foi a de um irmão e irmãs. Papa apenas estava sem sorte no que dizia sobre suas filhas.
—Como está Dante?
Victoria bufou. —Ele está irritante como sempre. Eu juro, eu provavelmente deveria ter pedido para voltar para a Sicília, em vez de vir para cá. Nona é muito mais fácil de lidar do que Dante.
—Porque você pode levar Nona no seu dedo mindinho, enquanto Dante vê através de você. —Eu lembrei-a com uma leve risada, só para gemer quando o som fez minha cabeça doer mais.
—Seja qual for o motivo. —Ela murmurou, mas eu estava grata por ouvir um toque de diversão em sua voz. Era bom saber que Volkov não tinha destruído completamente seu senso de humor, mesmo se ele tivesse dizimado seu coração. —Eu deveria deixar você ir, Scarlett. Cristiano me disse que tem uma concussão. Por favor, descanse um pouco, e me chame a cada dia.
Eu não queria terminar a nossa chamada, mas minha dor de cabeça só estava piorando. —Eu prometo, Tor. Eu te amo.
—Te amo também.
Eu não baixei o telefone até que ela tinha desligado. Sem sua voz no meu ouvido, o quarto de repente pareceu muito grande. Vazio - apenas como uma parte do meu coração estava. Eu não queria estar tão longe da minha irmã gêmea. Doía mais do que a minha dor de cabeça e costelas machucadas combinadas.
Lançando o telefone de lado, me virei na cama. Ridiculamente, eu estava lutando contra as lágrimas. Cefaleia estúpida. Costelas estúpidas. Adrian Volkov estúpido. Uma lágrima desceu quando eu fechei os olhos e tentei desligar-me do mundo.
A mudança no colchão me tirou de um sono profundo e sem sonhos horas mais tarde. Eu não tive que abrir meus olhos para saber que Ciro tinha voltado e estava agora ficando confortável na minha cama. Mordi meu lábio, mais uma vez lutando contra as lágrimas. Foi só agora que entendi que eu não tinha controle sobre nada.
Minha irmã tinha ido embora. Eu odiava Volkov por machucá-la tanto que ela sentiu como se não pudesse estar nem mesmo na mesma cidade que ele. Meu corpo tinha sido usado como um saco de pancadas. Santino era um filho da puta. Papa tinha me dito que Jr gostava de mulheres sofrendo, que o estupro era seu esporte favorito. Que merda de maricas.
Mas Ciro tinha mantido sua promessa e tinha voltado para mim. No final, eu percebi que era tudo que importava. Nem mesmo tentando conter as lágrimas desta vez, cheguei para Ciro antes que sua cabeça tivesse sequer batido no travesseiro. Os braços fortes e grossos cuidadosamente me envolveram contra ele, seus lábios já pressionando em meu cabelo.
—O que está errado, vita mia?
Sua voz profunda era como uma carícia suave sobre os meus nervos desgastados e eu respirei trêmula. —Tor se foi. Eu estou toda machucada. Eu estou assustada. Eu... Eu senti sua falta. —Tudo veio à tona, mas eu não me importei. Com Ciro eu era permitida sentir todas essas coisas. Ele iria me proteger e fazer tudo melhor. Ele sempre fez.
Um braço me liberou e a lâmpada na minha cabeceira foi ligada. Eu enterrei meu rosto em seu peito para proteger os olhos no caso da luz me dar náuseas. Lentamente, cautelosamente, eu levantei minha cabeça, expondo-me a ela um pouco de cada vez. Quando a dor não aumentou e meu estômago não protestou, eu soltei um suspiro aliviado. Depois de enxugar a última das minhas lágrimas com o polegar calejado, Ciro pegou a garrafa de medicação para dor e tirou uma antes de me entregar com a garrafa de água que Papa tinha deixado mais cedo.
Depois que eu engoli a pílula, ele apagou a luz e me puxou para perto mais uma vez. —Você não tem nada a temer, enquanto eu estiver respirando, vita mia. —Ele prometeu, após alguns minutos só me segurando.
Ele estava me segurando como um casulo, e eu senti como se nada de ruim pudesse me acontecer.
Capítulo 18
Scarlett
Levou mais de uma semana antes da dor de cabeça acabar completamente. As minhas costelas não estavam tão doloridas, e os hematomas em meu rosto estavam quase completamente desbotados, com apenas um leve tom de amarelo neles. Ciro tinha finalmente cedido e me deixado dormir, embora eu não estivesse reclamando muito sobre estar lá, enquanto ele estivesse deitado ao meu lado.
Hoje ele estava fazendo algo com o meu pai e eu estava vagando ao redor da casa me sentindo perdida. Eu estava sozinha sem Victoria, ou até mesmo Cristiano para conversar. Eu estava quase desesperada o suficiente para conversar com alguns dos guardas que estavam sempre andando pela casa.
Quase.
Decidindo que o que eu realmente precisava era de um pouco de ar fresco, eu abri a porta da frente e quase bati direto contra os ombros largos de um dos homens de Ciro. Eu tropecei para trás de surpresa, mas seus reflexos eram tão rápido quanto um raio e ele agarrou meus braços antes que eu pudesse cair de bunda.
—Você está bem?
Eu fiz uma careta e olhei para o homem. Eu conhecia alguns dos homens de Ciro melhor do que papai. Desi não era tão alto quanto Ciro ou meu irmão, mas ele não era baixo, também. Seu cabelo era um castanho escuro e de corte curto, mas seus lábios tinham o formato do olho de uma pessoa. Eu não tinha visto lábios tão bonitos em um homem, nunca. Eles pareciam muito femininos nele, mas de alguma forma eles se encaixavam perfeitamente. Eu duvidava que poucos homens um dia falaram isso para ele. Enquanto seus lábios estavam no lado belo, o resto dele gritava algo completamente oposto.
Misterioso e perigoso.
Para mim ele era apenas Desi. Eu sempre gostei dele. Ele não me ignorava como todo mundo.
—Eu vou viver. —Eu assegurei a ele. —Só precisava de um pouco de ar. Fiquei presa tempo demais.
Um meio sorriso levantou aqueles lábios cheios, mas rapidamente desapareceu. —Precisa de alguma coisa?
—Você poderia me tirar deste lugar. Eu não me importaria de ir visitar Mary. —Ela veio me ver várias vezes ao longo da última semana, mas eu entendia que não podia fazer isso todos os dias. Ela tinha Felicity e os caras do MC ainda permaneciam em sua casa.
—Desculpe, senhorita Vitucci. Capo disse que não era para sair de casa sem ele.
—Claro que ele disse. —Eu murmurei. Ciro tinha me dito para não ir a lugar nenhum sem ele, mas sério, eu não poderia esperar por ele para deixar o complexo. Sabendo que não adiantava discutir com Desi desde que ele estava apenas cumprindo ordens e que nunca desafiou o seu capo, eu passei por ele. —Nesse caso, eu acho que vou dar um passeio.
—É claro. —Disse ele com um aceno de cabeça e caiu em passo ao meu lado.
—O lugar está cercado por pelo menos trinta homens, Desi. Acho que estou a salvo.
—Capo disse para vigiar você.
Revirei os olhos, mas não discuti mais. Eu estava pirando de tão entediada e era bom ter alguém com quem pudesse conversar. Se ele não queria responder, tudo bem, eu tinha acabado minha conversa com ele.
O sol quente era bom na minha pele. Eu amava cada temporada em Nova York, ficava agradável em qualquer estação. Inverno era o meu favorito, porém, especialmente quando estava nevando. Quando éramos meninas, Victoria e eu amávamos fazer anjos de neve no quintal. Então, nós construíamos uma família de boneco de neve e Victoria chamava Cristiano para vir brincar com a gente. Tínhamos um estoque inteiro de bolas de neve preparadas apenas esperando por ele e o emboscávamos assim que ele saía. Se Ciro ou Dante estivessem com ele, fazíamos muitas extras e acertávamos neles todos no rosto.
Lembrar o quão divertido era tudo que costumávamos fazer, me fez sentir falta da minha irmã ainda mais e parte do prazer do calor do verão desapareceu. Desi não era muito falador, mas pelo menos ele era educado e não me tratava como alguém que ele estava sendo forçado a tomar conta - mesmo que ele estivesse.
Quando tínhamos caminhado cerca de trinta acres ao redor da casa e voltamos para a porta da frente, havia dois SUVs com janelas pretas na garagem. Sabendo que Papa e Ciro haviam retornado, deixei Desi na porta e entrei. Eu encontrei Papa e Benito já na sala de estar, copos de uísque em suas mãos, mas nenhum sinal de Ciro.
—Ciro não voltou com você, papai? —Perguntei quando entrei na sala.
Ele me deu um beicinho de provocação. —Por que é sempre Ciro que você quer ver e nunca o seu pobre pai? —Reclamou.
Eu não tinha uma resposta pronta para ele. Pelo menos não que eu estivesse disposta a dar ao meu pai. Ele não precisava saber que eu sofria quando eu não estava com Ciro, como se parte de mim estivesse faltando sem ele ao meu lado. Ou que tudo que eu conseguia pensar era em como era bom dormir em seus braços todas as noites.
Ele especialmente não precisava saber que eu estava enlouquecendo por querer Ciro porque o homem não tinha feito mais do que dar-me beijos rápidos e doces. Eu sabia que ele estava se segurando, porque ele queria que eu ficasse melhor antes que as coisas fossem mais longe, mas ele estava me matando com os beijos.
Papa provavelmente não queria saber de nada disso de qualquer maneira.
Ele balançou a cabeça com o meu silêncio. —Viu como isso é, Ben? Ela se apaixonou e não pode encontrar espaço em seu coração para amar seu papa também.
Benito concordou e eu nem sequer tentei negá-lo. Eu sempre amei Ciro e todos nós sabíamos disso. —Eu sempre vou te amar, papai. —Eu beijei seu rosto, depois recuei, sorrindo. —Ele veio com você ou não?
—Ele está lá em cima. —Disse Benito, rindo mais para o rosto abatido do Papa. —Provavelmente procurando por você.
—Obrigada, Zio. —Eu soprei-lhe um beijo enquanto saía da sala.
—Por que não posso enviar o menino para Chicago com todo mundo? —Ouvi Papa resmungar atrás de mim, apenas parcialmente brincando.
—Você poderia tentar. —Benito comentou. —Não tenho tanta certeza se terá sucesso, enquanto essa pequena beleza ainda estiver aqui.
Sacudindo a cabeça com a forma como eles estavam brincando, eu me dirigi para as escadas. Papa nunca enviaria Ciro para longe. Ele era o único homem em toda a Cosa Nostra que era indispensável. Até eu sabia disso.
No andar de cima, fui direto para o meu quarto, sabendo que era onde era mais provável encontrá-lo. Abrindo a porta do quarto, ouvi o chuveiro correndo no meu banheiro. Minha boca ficou seca só de pensar nele lá nu, apenas para minha calcinha ficar molhada com a necessidade. Eu queria me juntar a ele, mas eu não era tão valente quanto parecia.
Não quando se tratava de Ciro.
Eu era muito insegura quando se tratava de luxúria e sexo. Eu sabia que ele me queria, e eu com certeza o queria, mas as coisas estavam indo no ritmo de um caracol com a gente desde a semana passada. Seus beijos suaves, castos estavam me deixando louca, mas se eu fosse realmente e verdadeiramente honesta comigo mesma, eu iria admitir que fiquei feliz que ele estivesse indo devagar comigo. A única experiência que tinha foi o pouco que ele me ensinou e o que eu tinha lido nos livros.
Havia coisas que eu queria fazer com ele, coisas que eu sabia que os homens deviam amar. Como chupar o pau. Porra, eu queria chupar tanto seu pau. Mas eu não queria me envergonhar fingindo saber coisas que eu não tinha nenhuma pista. E se eu tentasse e eu fosse desajeitada? E se ele não gostasse de como eu faria isso?
E se eu o mordesse?
Sentando no final da minha cama, eu esperei. Logo a água desligou, mas ele ainda estava no banheiro cinco minutos depois. Eu comecei a morder meu lábio inferior, me perguntando se eu deveria apenas crescer um pouco e ir lá. Qual era a pior coisa que poderia acontecer?
Ele rir de mim.
Ele me dizer que não.
Que ele não me queria.
A porta se abriu e ele saiu, já vestido com uma calça preta e camisa azul que combinava com seus olhos. A camisa só estava abotoada até a metade, mostrando-me uma visão deliciosa de seu peito bronzeado e musculoso. Ele cheirava a limpeza apenas com o toque sutil de seu perfume, mas intoxicante. Isso me lembrou de céu aberto misturado com o tipo de energia que só um homem como este poderia emanar.
Vendo-me sentada na cama, ele sorriu, chamando minha atenção para o rosto barbeado. Senti uma pequena pontada pela falta da barba de semanas. Eu gostava de seu jeito desalinhado, e tinha apreciado a sensação de sua barba contra meus lábios quando ele ia me beijar. Não que eu não gostasse dele bem barbeado. Inferno, nenhuma mulher viva jamais pensaria que este homem era menos sexy por ter um rosto suave. A nuca era a minha favorita.
—Olá, vita mia. —Ele se curvou para beijar minha bochecha, me seduzindo com sua colônia ainda mais. —Você sentiu minha falta hoje?
—Sim. —Uma semana atrás eu teria mentido, mas não agora. Não havia utilidade mais.
Algo escureceu em seus olhos, fazendo minha respiração parar na garganta. Ele pegou minha mão, deu um beijo na palma dela, em seguida, levou-a para seu peito. —Você poderia me ajudar com essa gravata?
Levantei-me e peguei a gravata que eu tinha acabado de notar pendurada em sua outra mão. Era um azul mais escuro do que os seus olhos, mas eu amei como ela os fazia se destacarem ainda mais. Tão perto dele, eu tive que concentrar muito na tarefa em mãos. A sensação de seu peito duro sob meus dedos, o calor que parecia irradiar dele e queimar dentro de mim era uma mistura que me deixou tonta.
Limpando a garganta, eu finalmente fui capaz de fazer o seu laço perfeito e dei um passo para trás muito necessário para que eu pudesse pensar novamente. —Você parece muito bem. Você tem uma reunião?
—Não. —Ele pegou minha mão e me guiou até o armário. —Eu tenho um encontro.
Minha cabeça recuou, dor cortando-me por um momento antes que meu cérebro ciumento pensasse e eu percebi o que ele estava realmente dizendo. Abrindo a porta dupla para o armário enorme, ele começou a mover-se por toda a parede de vestidos elegantes que Victoria tinha incansavelmente colecionado para mim.
—U-um encontro? —Eu gaguejei.
Eu nunca estive em um encontro antes. Nunca. Os caras tinham muito medo do meu pai, irmão... Até mesmo Ciro, para me convidarem para sair. Não que eu tivesse aceitado se eles o fizessem. A partir do momento em que eu tinha onze anos, só tinha sido Ciro para mim.
Sempre seria apenas ele para mim.
Encontrando um azul metálico que combinava com sua camisa, ele puxou para fora do gancho e jogou-o por cima do ombro antes de pegar uns saltos que eu provavelmente iria quebrar meu pescoço. Satisfeito com o que ele escolheu, ele me puxou para fora do armário e para o banheiro. —Chuveiro. Faça tudo o que você precisa fazer. Em seguida, desça quando estiver pronta. —Ele olhou para o relógio, parecendo distraído. —Eu fiz reservas para as sete, então não precisa ter pressa.
—Espere. —Minha cabeça estava girando. Ele ia me levar para um encontro? Eu me senti estranhamente tonta e custou tudo dentro de mim para não começar a rir como um ser de quinze anos de idade nervoso em um shopping pedindo uma fatia de pizza. Isso tudo era um território novo para mim.
Ciro virou aqueles incríveis olhos azuis para mim, o rosto cheio de preocupação e algo mais. Dúvida? Não, não poderia ser isso. Ciro não era o tipo de cara que duvidava de algo que ele fazia. —O que está errado? Você não quer ir jantar comigo?
Eu neguei com a cabeça e seu rosto pareceu endurecer. —Não, não... Eu quero ir. —Eu corri para assegurar-lhe e ele realmente deu um suspiro de alívio. —Eu apenas... Eu não... —Eu cortei o meu fluxo de frases inacabadas e mordi o lábio. —Eu nunca estive em um encontro antes. —Eu sussurrei.
Fome encheu seus olhos e ele respirou forte. —Eu também não, vita mia. Temos que compartilhar esta primeira vez juntos. —Ele inclinou a cabeça e beijou minha bochecha. —E muitos, muitos mais. —Sua voz profunda retumbou no meu ouvido, me fazendo tremer.
Instintivamente eu estendi a mão, firmando-me ao agarrar sua camisa. —Ciro.
Senti sua língua tocar a pele delicada sob a minha orelha. —Eu mudei de ideia. Apresse-se, Scarlett. Vista-se tão rápido quanto você puder, porque eu não confio em mim mesmo para não fazer amor com você aqui, agora. —Ele deu um passo para trás antes que eu pudesse pedir-lhe para fazer exatamente isso. Sua mandíbula estava tensa, com os olhos brilhantes de desejo, ele rosnou. —Depressa. —Então se virou e me deixou lá, tremendo com necessidade reprimida que deixou meus joelhos bambos.
Capítulo 19
Ciro
Eu estava tremendo como um menino. Era uma experiência nova para mim. Porra, nunca ninguém tinha me deixado fraco assim antes. Exceto Scarlett.
Eu queria fazer isso direito, queria mostrar-lhe todas as coisas que eu sempre daria a ela antes de eu tomar algo precioso dela. Eu tinha que mostrar a ela esta noite, porque eu sabia que não iria durar mais um dia. Inferno, eu não iria durar até o fim da noite.
Levou toda grama de força de vontade que possuía para não levar as coisas ainda mais adiante durante a semana passada. Observar enquanto seus hematomas tinham lentamente desaparecido tinha sido uma tortura. Cada segundo tinha valido a pena, no entanto. Cada. Segundo. Dormir com ela em meus braços. Acordar com seu belo rosto todas as manhãs. Tê-la fazendo beicinho quando eu a acordava muito cedo e tinha que deixá-la.
Ela estava me mostrando o que ela sempre me deu. Paz. Amor. Ela.
Isso era tudo que eu sempre quis.
Esperei por ela lá embaixo, enquanto ela ficava pronta. Eu não estava mentindo quando disse a ela que nunca estive em um encontro antes também. Eu tinha vinte e seis anos e nunca tinha levado uma mulher para sair. As mulheres com quem eu dei uma volta no passado não eram do tipo que um homem levava para jantar. Não tinha havido muitas delas nos últimos anos. Apenas a conexão aleatória quando eu precisava desabafar. Este era um território novo para mim, mas eu estava feliz de estar explorando-o com Scarlett.
—Relaxe, garoto. —Disse Vito com um sorriso enquanto eu andava para trás e para frente da lareira apagada, enquanto ele e meu pai lentamente bebiam seu fornecimento de scotch antigo. —Você só vai ficar grisalho.
—A Scarlett não é enrolada para ficar pronta, filho. —Meu pai disse com um sorriso. —Ela não vai deixar você esperando como sua mãe faz comigo.
Eu não respondi a qualquer um deles. Meu andar de um lado a outro não tinha nada a ver com Scarlett tomando seu tempo para ficar pronta. Era assim que eu poderia queimar um pouco do excesso de energia que já estava me inundando em ondas. Se eu não trabalhasse um pouco disso, eu ia subir as escadas novamente e transar com ela no maldito banheiro agora.
—Por que eu sinto que estou perdendo meu bebê, Ben? —Vito murmurou.
—Eu não penso nisso como perder seu bebê. Mais como eu ganhando uma filha.
—Isso não me faz sentir melhor.
Ignorei-os, sabendo que eles estavam apenas brincando um com o outro e tentando me irritar. Eles não estavam nem perto de fazer isso. Scarlett seria minha esposa um dia. Eu apreciava levar o bebê de Vito para longe dele e dar ao meu pai a filha que ele e minha mãe sempre quiseram.
—Bem? Como estou?
Todas as nossas três cabeças viraram para a voz suave atrás de mim. Minha respiração ficou presa na minha garganta, meu coração realmente parou por duas batidas completas antes de acelerar quase dolorosamente. Não, não era dor. Era euforia. Esta mulher bonita era minha.
Ela deixou seu cabelo solto, mas ela tinha feito algo a ele para fazê-lo cair em ondas suaves em torno de seu rosto. Sua maquiagem era mínima, com destaque para os olhos de uma maneira misteriosa e aumentou os lábios com gloss. O vestido caía até os joelhos, mas parecia se fundir a cada curva como uma segunda pele. Com os saltos, as pernas pareciam maiores. Eu queria beijar cada centímetro de pele nua. Queria aquelas pernas malditas em volta da minha cintura.
Enquanto eu estava ali, estupefato pela beleza diante de mim, os outros dois homens se levantaram e a envolveram em abraços. —Você está linda, passerotta.
—Obrigada, papai. —Ela deu um passo para trás de seu pai, sorriu docemente para meu pai, em seguida, voltou seus olhos em mim. Quando nossos olhares se encontraram, a sala inteira pareceu desaparecer. Tudo que eu vi foi ela. —Estou?
Pela primeira vez na minha vida eu estava sem palavras. Eu abri minha boca para dizer a ela que eu nunca tinha visto nada tão impressionantemente bonito na minha vida, mas as palavras não saíram.
Um lento sorriso brincou em seus lábios. —Vou tomar isso como um sim.
—Feche a boca, filho. —Meu pai murmurou quando ele passou por mim no caminho de volta para a sua cadeira. —Você está babando, rapaz.
Minha boca fechou e eu tive de sacudir a minha cabeça algumas vezes para colocar algum senso de controle sobre mim mesmo. —Pronta? —Minha voz saiu rouca e fraca.
Seu sorriso cresceu. —Eu estou pronta. —Ela murmurou com uma voz suave e rouca que enviou um raio de necessidade pura direto para o meu pau.
Vito tocou seu ombro e ela abraçou-o novamente. —Divirta-se, passerotta.
Do lado de fora, eu ajudei-a a entrar na parte de trás do SUV onde Desi já estava sentado atrás do volante com Paco ao lado dele no banco do passageiro. Scarlett escorregou em todo o banco de trás, me deixando entrar ao seu lado. Enquanto eu subia, eu peguei a mão dela, impedindo-a de ir longe demais.
—Vamos. —Eu disse a Desi.
—Para onde vamos? —Scarlett perguntou depois de alguns minutos.
Eu me mexi com dificuldade para encará-la melhor. Mesmo no enorme SUV, eu tinha pouco espaço para as pernas. —Só um pequeno lugar italiano que eu conheço.
Ela revirou os olhos, mas o sorriso em seu rosto não tinha hesitado. —Então, assim como cerca de duzentos ou mais restaurantes. Isso não ajudou.
—Espertinha. —Eu levantei sua mão e dei um beijo em seus dedos. A forma como sua respiração pareceu acelerar com aquela carícia inocente fez meu pau engrossar e empurrar o zíper da minha calça. —É um lugar que mantém boas lembranças para nós, vita mia.
O sol ainda estava alto, deixando-me ver a forma como seus olhos castanhos se iluminaram. —Don Rubirosa? —Eu pisquei e até mesmo seus dentes brancos mordendo seu lábio inferior foram iluminados por aqueles olhos castanhos escuros. —Nós comemos lá juntos antes de eu ir para a Sicília.
Eu balancei a cabeça. —Nós comemos.
Seu queixo começou a tremer, mas ela rapidamente forçou a parar. —Você vai me mandar embora de novo? É disso que se trata?
Eu me inclinei mais perto para que eu pudesse falar no ouvido dela, não porque eu não queria que meus homens ouvissem, mas para que eu pudesse provar seu pescoço. Tracei um círculo apenas sob seu lóbulo com a minha língua. —Não, baby. Isso nunca vai acontecer de novo. Isto é mais. Muito mais. —Ela estremeceu, inclinando-se para mim, arqueando seu pescoço em um pedido silencioso por mais. Eu dei um beijo contra sua pele. —Basta ter paciência e eu prometo que falaremos sobre isso durante o jantar.
Ela se inclinou contra mim fracamente. —Ciro, eu não acho que sou forte o suficiente para lidar com isso se você me afastar de novo. —Ela sussurrou.
—Eu juro pela minha vida que isso nunca vai acontecer, vita mia. —Eu tinha desistido de lutar contra o que eu sentia por ela. Se eu a afastasse agora, eu poderia muito bem colocar uma bala na minha cabeça porque eu estaria morto sem ela.
Ela não respondeu. Beijei-a novamente, eu puxei-a perto. Ela ainda não confiava em mim completamente, e eu não poderia culpá-la. Levaria tempo para fazê-la ver que eu estava cansado de nos machucar.
Don Rubirosa era o melhor restaurante italiano em todo o país. Pessoas esperavam de bom grado por horas por uma mesa. Ele também era gerenciado pela Cosa Nostra. Eu poderia ter aparecido e teria uma mesa imediatamente sem nenhum problema, mas esta noite eu tinha feito uma reserva, querendo que tudo fosse perfeito para Scarlett.
Desi parou em frente ao restaurante. Paco saiu e abriu a porta para Scarlett, enquanto eu dava a volta. Uma vez que eu tinha sua mão na minha, ele subiu de volta no SUV e Desi foi embora. Scarlett oscilou por um momento, sua antipatia por saltos aparecendo em seus olhos por um momento até que ela foi capaz de suportar com confiança.
Eu puxei seu cotovelo e inclinei a cabeça até que meus lábios tocaram sua testa. —Você está bonita.
—Você parece muito bem também. —Ela inclinou a cabeça para o lado, me avaliando com um olhar crítico. Levantando as mãos, ela endireitou a gravata e depois sorriu. —Perfeito.
No interior, o lugar estava cheio de pessoas à espera de uma mesa. O cheiro de massas frescas, alho e tomates encheram meus sentidos. Ouvi Scarlett realmente gemer de prazer com os aromas. Mantendo-a perto, me aproximei da anfitriã. Os olhos da garota se arregalaram quando me viu chegando.
—Sr. Donati. —Ela disse com um sorriso. —Sua mesa está pronta, senhor. —Ela pegou uma carta de vinhos. —Por aqui.
Atrás de nós, o povo à espera estava visivelmente quieto. Vários deles sabiam quem eu era, menos ainda sabiam a identidade de Scarlett. Nenhum deles teve a coragem de se aproximar. Enquanto nós caminhávamos pelo restaurante, as pessoas paravam de comer para nos assistir. Isto acontecia cada vez que eu comia aqui, eu estava acostumado a isso, mas eu sabia que deixou Scarlett desconfortável.
Minha mesa habitual era na parte de trás do restaurante, para que eu pudesse ver todo mundo, mas poucos realmente poderiam me ver. Eu sentei Scarlett, em seguida, assumi a cadeira ao lado dela para que eu pudesse mantê-la perto. A anfitriã entregou a carta de vinhos, e prometeu que o nosso garçom viria em breve, em seguida, virou-se e voltou para seu posto.
Inclinando-se para frente, Scarlett pegou a lista dos meus dedos. —Primitivo ou sangrivese9?
Debrucei-me na minha cadeira, observando-a com prazer. —O que você preferir, vita mia. Eu quero que você tenha tudo o que te faz feliz.
Lentamente seus olhos levantaram da lista. —Estar com você me faz feliz, Ciro. É tudo que eu sempre quis realmente.
Peguei sua mão esquerda, e trouxe-a aos meus lábios. —É o mesmo para mim. —Eu disse a ela com toda a honestidade. —Eu sou um idiota por afastá-la por tantos anos, Scarlett, mas confie em mim quando digo que me machucou tanto quanto te machucou quando você entrou naquele avião há três anos. —Parte de mim tinha ido com ela, e foi só quando eu a vi novamente que eu tinha finalmente me sentido inteiro de novo.
O garçom apareceu. Ele não era o cara que sempre me atendia, mas eu não questionei. Rubirosa não era um idiota. Ele não ia contratar qualquer um que ainda cheirava a um dos nossos rivais. —Uma garrafa de primitivo. —Disse ao rapaz, sabendo que era exatamente o que ela queria. —Espaguete à bolonhesa para ela.
Eu ouvi um bufo suave deixá-la e atirei-lhe um sorriso. Ela balançou a cabeça, fazendo seu cabelo cair para frente. —Ele vai querer o penne com molho arrabbiata10. —Ela disse ao garçom, mas seus olhos estavam colados no meu rosto. —Capriche no molho arrabbiata ou ele vai, provavelmente, enviá-lo de volta.
—Boas escolhas.
Nós nem sequer demos a ele outro olhar, também perdidos nos olhos um do outro para nos importarmos. Ela me conhecia melhor do que qualquer um no planeta. Melhor do que a minha mãe, o meu melhor amigo, melhor do que eu mesmo me conhecia, às vezes. Isso tinha me assustado uma vez, agora só me fazia feliz que ela não tinha desistido de mim. De nós.
O garçom saiu e eu me inclinei para frente, empurrando o cabelo para trás de seu rosto. As madeixas sedosas se agarravam aos meus dedos, o olhar em seus olhos me atrevendo a me aproximar, os lábios implorando para ser beijados. Eu dei a ela o que ela queria, saboreando o gosto de seu brilho labial por um momento antes de forçar-me a afastar-me.
Seus cílios levantaram depois de um momento, os lábios ligeiramente inchados do nosso beijo. —Estes estão se tornando viciantes.
—Tornando-se? —Eu balancei minha cabeça. —Não, vita mia. Eles já estão.
O garçom voltou com a garrafa de vinho. Ele me serviu uma pequena amostra, eu provei, então eu dei um aceno de aprovação antes que ele nos servisse uma taça de vinho tinto. Depois que ele saiu de novo, Scarlett sentou-se calmamente em sua cadeira, fazendo-me pensar no que estava em sua mente.
—Fale comigo. —Insisti, querendo ouvir sua voz.
Ela sorriu. —Sobre o que você gostaria de falar?
Dei de ombros. —Qualquer coisa. Nada. O que você quiser.
Ela pegou o copo de vinho, tomou um pequeno gole, então um gole maior. —Meu pai lhe disse que me chamou em seu escritório esta manhã?
Eu endureci. —Não. —Eu disse entre dentes, temor enchendo meu peito. —Ele não mencionou isso.
—Ele me fez a pergunta mais louca, e então me lembrei de algo que você disse para mim quando eu estava no hospital e tudo fez um tipo estranho de sentido. —Ela tomou outro gole, em seguida, baixou a taça. Eu apertei minhas mãos em cima da mesa, à espera de sua resposta, temendo-a. —Eu disse a ele que não, Ciro. Apesar do quão chateada estou com Santino pelo que aconteceu comigo, eu tenho coisas melhores para pensar do que sonhar acordada sobre como eu poderia matá-lo se tivesse a chance.
Inferno. Eu estava segurando a respiração, à espera de Vito oferecer à sua filha a opção de matar Jr. por si mesma. Eu tinha pensado que ela estaria de cabeça quente para aceitar, mas porra, eu estava feliz que eu estava errado.
Eu levantei a mão, e segurei-lhe o rosto. —Obrigado. Você não sabe como estou aliviado agora.
Ela virou a cabeça, pressionando os lábios em minha palma. —Não me agradeça. Eu simplesmente não me importo o suficiente para querer ser a única a colocar uma bala nele. Eu prefiro guardá-la para Volkov. —Seus olhos se estreitaram quando ela pensou sobre o russo. —Você pode organizar isso?
—Temo que não, baby. Apesar de todos os seus defeitos, o cara vem a calhar, às vezes. —Eu pisquei quando ela só me encarou. —Um dia você vai me agradecer por mantê-lo vivo.
—Duvido. —Ela murmurou, estendendo a mão para seu vinho.
O garçom nos trouxe salada e torradas. Ela pegou os tomates frescos e salada de manjericão com mussarela em fatias grossas, perdida em seus próprios pensamentos. Eu sabia que ela estava sentindo falta de sua irmã e sua antipatia por Volkov crescia mais e mais a cada dia que ela e Victoria estavam separadas. Eu odiava vê-la tão perdida sem sua outra metade, mas a longo prazo, eu sabia que seria bom para ambas as irmãs terem um pouco de tempo separadas. Especialmente para Victoria, a quem Cristiano tinha confiado a mim que estava sofrendo lentamente. Aparentemente, a gêmea feliz já não era a borboleta despreocupada que ela sempre tinha sido. Agora ela estava mal-humorada e distante.
A comida chegou momentos depois e seu beicinho de raiva foi substituído com um suspiro de puro êxtase quando ela provou sua refeição favorita. Eu mal provei a arrabbiata picante enquanto a assistia desfrutar de sua comida. Esses pequenos gemidos felizes, que ela provavelmente nem sabia que estava fazendo quando ela mergulhava uma torrada em seu molho, foram direto para o meu pau.
Só quando ela estava satisfeita que ela falou comigo novamente. Limpando a boca, ela fez a pergunta a qual eu tinha prometido a ela uma resposta mais cedo. —Se este encontro não é sobre me mandar embora, então me diga do que realmente se trata.
Peguei a mão dela, passei meu polegar sobre seus dedos, mantendo meus olhos fixos nos dela. —É sobre novos começos. Nosso novo começo, vita mia. Hoje à noite você é minha e eu sou seu. Este encontro é apenas o começo de nossas vidas juntos.
Seu rosto suavizou. —Ciro...
Eu me inclinei para frente, dei um beijo suave sobre os lábios para parar qualquer coisa que ela pudesse dizer. —Nós fomos feitos um para o outro e eu fui muito estúpido por não aceitar isso. Vou dar-lhe o mundo, Scarlett. O que você quiser. O que você precisar. Porque você é minha vida.
As lágrimas encheram seus olhos, me eviscerando. —Isso soa estranhamente perto de uma proposta de casamento. —Ela sussurrou.
—É. —Enfiei a mão no bolso da calça e tirei a caixinha que estava pesando ali durante todo o dia. Eu queria esperar por esta parte depois que tivéssemos a sobremesa, mas eu não podia. Eu já esperei muito tempo. Coloquei-a sobre a mesa, e vi seu rosto quando ela olhou para ela. Ela engoliu em seco, o pulso na base da sua garganta acelerado como um trem-bala, imitando o meu. —Eu desperdicei anos de nossas vidas. Não vou perder mais um minuto. Seja minha esposa.
Sorvi uma respiração profunda, quando ela apenas continuou a olhar para a pequena caixa preta, sem piscar. Eu não tinha ficado nervoso sobre como fazer isso, porque eu sabia que era o único caminho para nós. Eu não tinha suado baldes quando eu disse ao seu pai o que eu tinha planejado para ela esta noite. Eu não tinha me apavorado perguntando se ela iria dizer sim ou não quando eu tinha pegado o anel da pequena caixa em que ela estava tão concentrada logo em seguida. Não, era agora, neste segundo, em que as dúvidas e os nervos estavam começando a comer minha sanidade.
—Merda, Scarlett, por favor, diga que você vai se casar comigo. —Eu nunca tinha implorado por nada na minha vida até aquele momento. Eu não me importava com quem via ou nos ouvia. Eu iria cair a seus pés e implorar com tudo dentro de mim se fosse isso que ela queria.
Sua cabeça levantou, e então, o menor sorriso maroto apareceu em seus lábios, mas ela estava balançando a cabeça. —Você deixou de fora três palavras, Ciro.
Apertei o meu domínio sobre seus dedos, o meu coração tentando bater para fora do meu peito. O que? Três palavras? Três palavras. Fechei os olhos e apertei a minha testa contra a dela. —Eu te amo. Eu sempre amei. Eu sempre vou amar. Nesta vida e na próxima.
—Isso foi mais do que três palavras. —Ela suavemente repreendeu.
Meu coração ia explodir se ela não me desse uma resposta. —Scarlett, vou ficar de joelhos aqui e agora se é isso que você quer. Só por favor, diga sim.
Ela se afastou até que seus olhos castanhos encontraram os meus. —Sim, Ciro. Eu vou me casar com você.
Um nódulo encheu minha garganta, cortando a minha capacidade de respirar por um momento. Aquele olhar em seus olhos dizia sem palavras que ela me amava, e esse leve sorriso em seus lábios quando ela disse “sim” novamente e, em seguida, novamente. Ela era tudo que eu sempre quis e ela estava dando-se completamente para mim naquele momento.
Capítulo 20
Scarlett
Eu senti como se estivesse no meio de um sonho. O melhor sonho da minha vida, mas ainda um sonho.
A partir do minuto em que tinha entrado pela porta do Don Rubirosa, tudo ao meu redor pareceu abrandar. A maneira como as pessoas viraram a cabeça para nos ver passar, a forma como todo o restaurante tinha ficado quieto até que eu tinha certeza de que ninguém além de mim e Ciro estavam realmente respirando. Quando ele puxou minha cadeira e me arrastou nela, seus dedos demorando nas minhas costas por apenas um momento, aquele momento tinha durado uma eternidade e acabado muito cedo.
Beber vinho com ele.
Comer.
Falar como nós sempre fizemos.
E depois…
Meu olhar continuava voltando para a caixinha que ainda estava sem abrir entre nós sobre a mesa. Os primeiros encontros normalmente não terminavam com uma proposta de casamento; Eu tinha quase certeza disso, mesmo ele sendo o único no qual eu já estive. Então, novamente, não havia nada de normal sobre qualquer um de nós, para não mencionar o nosso relacionamento.
—Eu te amo. Eu sempre amei. Eu sempre vou amar. Nesta vida e na próxima.
Essas palavras flutuaram pela minha cabeça, enchendo todo o meu corpo com um calor que ameaçava me consumir. Eu sentia como se estivesse esperando por essas palavras por uma eternidade, temia que eu nunca as tivesse desta besta de homem. No entanto, ele tinha dado a mim livremente, com o tipo de apelo silencioso que tinha tocado o meu coração até que eu estava impotente para lhe dar qualquer outra resposta, mas a que nós dois estávamos tão desesperados para eu falar.
—Sim. —Eu disse a ele novamente pela quarta ou era a quinta vez?
Afastei meus olhos da caixa para vê-lo. Ele engoliu em seco, a garganta parecendo convulsionar por um único batimento cardíaco e, em seguida, ele estava sorvendo uma respiração que parecia aliviada. Ele tinha duvidado de mim? Ele estava com medo que eu fosse dizer não?
Ele pegou a caixa, a pequena coisa completamente desaparecendo em sua mão enorme. Com os dedos tremendo ele abriu o topo, mas eu não estava interessada em como o anel se parecia. Poderia ter sido um desses anéis de plástico tolos que crianças tiram de uma caixa de cereal e eu teria o usado com orgulho. A única coisa que importava era que ele tinha vindo de Ciro e isso significava que eu era dele.
Para sempre.
Os dedos longos e grossos puxaram o anel para fora. Jogando a caixa de volta na mesa, ele agarrou minha mão esquerda suavemente, como se ele tivesse medo de que fosse me machucar se ele não fizesse isso certo. Meus olhos ficaram em seu rosto quando ele se concentrou em colocar o anel no lugar no meu dedo. O metal do anel estava frio contra a minha pele, mas seu calor rapidamente o envolveu, me queimando. Os olhos azuis estavam brilhantes com a emoção, sua garganta ainda subindo e descendo. Quando o anel estava finalmente perfeitamente no lugar, ele ergueu-o aos lábios.
—Eu te juro, vita mia, você nunca vai se arrepender. Nunca. Eu vou te amar como nenhum homem jamais amou qualquer mulher. —Sua voz era baixa e rouca. À flor da pele com todas as emoções tentando lutar contra seu intenso controle.
Estendi a mão para ele, colocando seu rosto em minhas duas mãos, sem me importar se alguém visse enquanto eu me inclinava e o beijava. Foi a primeira vez que eu beijei primeiro, a primeira vez que eu tomei apenas o que eu queria. Sua respiração mudou assim que meus lábios passaram sobre os dele, suas grandes mãos segurando meus pulsos, mas eu não puxei as minhas. Eu mantive o beijo suave, leve, mas quando eu recuei, nós dois estávamos desesperados por ar.
Ciro encostou a testa na minha. Eu adorava quando ele fazia isso. Eu sentia como se ele estivesse bloqueando tudo, além de nós dois, e naqueles breves momentos era como se fôssemos as únicas pessoas no planeta. —Eu te amo. —Ele disse em uma voz rouca.
—Eu te amo, Ciro.
Seu grande corpo estremeceu como se tivesse sido esfaqueado e no momento seguinte ele estava de pé. O olhar em seu rosto era selvagem e fez meu coração enlouquecer no meu peito com a fome que eu vi nesses olhos azuis que eu amava. Ele pegou sua carteira, jogou um punhado de notas sobre a mesa, em seguida, pegou minha mão e me puxou para ficar de pé. Os passos de Ciro eram longos e rápidos e eu tive que correr praticamente em meus saltos para manter-me com ele. Minha mão esquerda estava enfiada na sua, e eu estava realmente rindo no momento em que chegamos à porta.
Lá fora, na calçada, ele se virou tão rápido que eu teria caído se ele não tivesse apertando tão forte a minha mão. Ele me empurrou contra seu corpo duro, baixando sua cabeça antes mesmo de eu me pressionar contra ele. Eu provei o vinho e o arrabbiata picante sobre sua respiração e gemi quando sua língua invadiu a minha boca, esses dois sabores misturando com seu próprio gosto. Tudo desapareceu em torno de nós. O ruído do tráfego da cidade de Nova York, as pessoas andando para cima e para baixo na calçada movimentada, as luzes de todos os edifícios circundantes. Tudo o que eu podia ouvir, ver, sentir e provar era Ciro.
Esse beijo foi diferente de qualquer um dos beijos que ele tinha me dado antes. Não havia ternura neles, nenhuma paixão contida. Ele estava deixando tudo fluir, deixando queimar e marcar-me. Eu adorei, o saboreei, silenciosamente implorei por mais. Sua mão esquerda foi para meu quadril, seus dedos apertando minha bunda e puxando a minha parte inferior do corpo mais perto. Sua mão direita empurrou o meu cabelo, colocando-o para trás enquanto me inclinava do jeito que ele queria e me prometendo que não iria me deixar cair.
Minhas mãos foram para seu peito, agarrando o tecido macio de sua camisa, fazendo minhas próprias promessas de mantê-lo para sempre. Senti sua parte inferior do corpo endurecer mais e mais a cada segundo, senti seu pau flexionar contra o meu estômago e eu me contorci contra ele, buscando um contato mais próximo. Eu estava em chamas por ele, minha calcinha além de encharcada e meu desejo estava agora revestindo o interior das minhas coxas.
Ele poderia ter me empurrado contra a janela do prédio atrás de mim e me fodido lá e eu teria implorado por mais. Eu estava tão perdida em nosso beijo, a sensação de suas mãos sobre mim que eu não teria me importado se nos vissem.
A mão que estava na minha bunda apertou com força e ele levantou a cabeça. Eu estava com falta de ar, tentando sugar tanto oxigênio quando eu poderia antes de ele me beijar novamente. Mas quando ele abaixou a cabeça, foi para dar um beijo leve sobre a ponta do meu nariz. —Eu preciso de você em uma cama. Agora mesmo.
Lambi meus lábios, saboreando o gosto dele lá. —Sim. —Eu sussurrei. —Sim. Apresse-se.
—Porra. —Ele rosnou, roubando um beijo rápido, forte e, em seguida, moveu-se para a rua.
Quando ele chegou à porta de um SUV, fiquei surpresa ao descobrir que era a que tinha nos levado. Desi já estava ao volante, com Paco ao lado dele. Nem olharam para nós, e eu estava muito perdida na euforia daquele beijo para me importar se eles tinham nos visto ou não.
—Deixe-nos no meu apartamento. —Ciro ordenou.
Desi assentiu, mas não disse sequer uma palavra enquanto fez o retorno e se dirigiu para o apartamento de Ciro. Ciro virou seu corpo em direção a mim, uma mão enorme cobrindo meu quadril, a outra puxando a minha cabeça em seu peito. Eu podia ouvir o quão erraticamente seu coração estava batendo e fiquei encantada que combinava com o meu. Por quinze minutos, ele não tentou me beijar de novo, nem se mexeu muito, e eu sabia que ele estava segurando seu controle com dificuldade.
Sabendo que eu poderia fazer isso com ele, fazer este homem poderoso ter que lutar pelo controle, foi emocionante.
Desi parou do lado de fora de um arranha-céu e Ciro saltou para fora. Tomando minha mão, ele praticamente me puxou do veículo e para a rua. Eu nunca tinha ido ao seu apartamento antes, mas minha curiosidade sobre como parecia era inexistente enquanto ele usava um cartão-chave para abrir a porta do saguão e, em seguida, ativar os elevadores.
Havia dois homens de terno sentados atrás de uma mesa ao lado dos elevadores e quando passamos por eles, eu vi cada um dar a Ciro um único aceno de saudação. Mesmo em minha mente embaçada de desejo, eu sabia que todo este edifício era protegido pela Cosa Nostra. Eu me perguntava quem mais vivia lá, mas esse pensamento foi rapidamente empurrado para longe da minha cabeça enquanto Ciro entrava no elevador.
Ele largou minha mão, e com um grunhido animal, ele me levantou até que ele segurou a minha bunda com as duas mãos, carregando-me como se eu não pesasse nada. Engoli em seco e envolvi minhas pernas em volta da sua cintura. Sua cabeça caiu, o rosto enterrando no pequeno decote que o vestido oferecia. Eu podia sentir sua dureza esforçando-se para conseguir sua liberdade, flexionando contra a minha coxa esquerda. Eu me contorci contra ele, querendo sentir sua dureza friccionar contra as minhas dobras úmidas.
Ciro beijou os topos dos meus seios, sua língua rodando pequenos círculos no vale entre eles. Meu vestido foi subindo até que seus dedos estavam tocando os lados de baixo das minhas nádegas. Meus dedos acariciaram seu cabelo curto, no pescoço e na gola de sua camisa. Sua pele estava escaldante ao toque, mas eu ansiava por me queimar.
Muito breve o elevador abriu novamente. Ciro levantou a cabeça por apenas um segundo e eu percebi que estávamos realmente fora de seu apartamento. Eu não tinha sequer sentido o movimento do elevador. Intensificando seu aperto na minha bunda, ele andou comigo contra ele para a porta. Ele não retirou o cartão-chave que ele tinha usado para ativar o elevador. Sua mão pressionou contra um teclado ao lado da porta e depois de um momento em que o tocou, eu ouvi a porta abrir com um clique suave.
Deixando de lado a minha bunda tempo suficiente para abrir a porta, ele a chutou com o pé e depois entrou. A cada passo que ele dava, sua dureza esfregava contra a minha umidade, fazendo-me gemer enquanto um prazer tão intenso, que me fez ver estrelas, atravessou meu corpo inteiro. Uma vez que estávamos em cima do limiar, ele fechou a porta com o pé e, em seguida, me pressionou contra a madeira dela.
—Quando?
Ele estava beijando para cima e para baixo do meu pescoço, por isso a sua pergunta rosnada não fazia sentido para mim. —Quando... O quê? —Eu choraminguei quando os dentes passavam em toda a minha orelha e, em seguida, no meu pescoço para morder meu ombro.
—Quando você se casará comigo? —Perguntou ele sem levantar a cabeça.
Seus dentes afundaram mais profundamente na carne do meu ombro e ele começou a chupar. Puta merda, isso era tão bom. Eu não podia pensar, não podia respirar, porque tudo o que ele estava fazendo era demais e ainda não o suficiente. Nunca o suficiente.
—Scarlett. —Ele soltou a minha carne e levantou a cabeça até que nossos olhos se encontraram. A necessidade que estava olhando de volta para mim me fez tremer. —Quando vai se casar comigo? Eu preciso saber. Agora.
—Quando você quiser. Eu não me importo. Eu realmente não me importo. Tudo que eu sempre quis foi você. Nada mais importa. —A verdade saiu de mim e suas mãos apertaram quase dolorosamente na minha bunda. Por que isso parece tão bom? Deveria ter doído, mas isso só me deixou muito mais desesperada por ele.
—Logo. —Ele rosnou. —Diga que você se casará logo.
—Logo. —Eu prometi. —Amanhã. Semana que vem. Quando você quiser. Ti amo tanto. Voglio passare il resto della mia vita con te. —As palavras fluíram da minha boca e eu nem percebi que eu não estava mais falando Inglês.
Eu te amo tanto.
Eu quero passar o resto da minha vida com você.
Eu o senti tremer, ouvi a mudança em sua respiração já desigual, mesmo enquanto seus olhos escureciam. —Non posso vivere senza di te. Sei tutta por mim.
Ele raramente falava em italiano, por isso, quando ele falou agora, eu saboreei cada palavra. Lágrimas encheram meus olhos quando elas invadiram meu coração. Eu não posso viver sem você. Você é tudo para mim. —Ciro.
—Duas semanas. —Ele sussurrou e abaixou a cabeça lentamente desta vez, beijando-me com ternura. —Case-se comigo em duas semanas.
—Sim. —Eu sussurrei contra seus lábios. —Duas semanas. —Eu não tinha ideia de como iríamos nos casar tão rápido e isso não importava. Eu voaria para Las Vegas e me casaria por um desses imitadores de Elvis malditos se fosse necessário. Eu não precisava de algum grande casamento que custaria meio milhão de dólares. Um vestido branco não significava nada para mim. Enquanto ele fosse meu e eu fosse dele, nada mais importava para mim.
Nada.
Ciro cansou de ser gentil. Seus dedos cravaram na minha bunda, me roçando contra sua ereção. Porra, isso é tão bom. Minha cabeça caiu contra a porta, meus olhos quase fechando enquanto eu agarrava seus ombros, tentando segurar enquanto ele me deixava louca com uma necessidade que estava me consumindo.
Seus lábios tocaram a base da minha garganta, sua língua passando rapidamente sobre o pulso irregular que estava acelerado como asas de um beija-flor. Eu não conseguia pensar, não conseguia respirar, de tanto prazer. Eu tinha tudo que eu sempre quis aqui. Nada e ninguém poderiam estragar minha felicidade naquele momento.
—Cama. —Ele rosnou contra a minha garganta. —Precisamos de uma cama.
Cama? Inferno, ele poderia tomar qualquer coisa que ele quisesse de mim ali mesmo contra a porta. Mas eu não protestei quando o aperto na minha bunda intensificou quase dolorosamente e ele me carregou pela sua sala de estar. Eu não observei sua decoração enquanto ele fazia a viagem rápida para o seu quarto. Ele poderia ter um rack de tortura e um corpo morto deitado lá, e eu nem me importaria.
Meus olhos estavam grudados em seu rosto. Seus olhos azuis eram selvagens e animalescos de uma forma que me fez esfregar contra sua dureza quando ele abriu a porta de seu quarto. Seu rosto estava marcado com linhas de tensão que, provavelmente, teriam assustado seus homens. Saber que eu tinha colocado aquele olhar em seu rosto, sabendo que eu tinha o poder de fazê-lo se transformar em um animal irracional, enviou um arrepio na minha espinha.
Ciro me ama.
Ciro me quer.
Ciro vai se casar comigo.
Esses três fatos ficaram ecoando em minha cabeça até que eu comecei a tremer de felicidade.
Capítulo 21
Scarlett
Ciro parou abruptamente e de repente eu estava caindo. Minhas costas bateram em um colchão macio. A seda do edredom parecia deliciosa contra meus braços superaquecidos e pernas. Ergui os olhos, vi quando Ciro tirou os sapatos e, em seguida, estendeu a mão para seu cinto. Meus olhos pousaram na grande protuberância que estava tentando lutar por liberdade. Minha boca ficou seca enquanto minha buceta apertava com antecipação.
O cinto passou voando pelo quarto, mas Ciro não desfez sua calça. Ele caiu de joelhos na minha frente, as mãos grandes já deslizando o meu vestido até que chegaram ao meu pescoço. Seu polegar acariciou meu queixo até alcançar meus lábios. Eu o lambi, vi quando suas narinas alargaram e ele respirou fundo.
—Eu quero você nua. Agora. —Ele se levantou, suas mãos já agarradas ao meu vestido. Sentei-me tempo suficiente para ele puxá-lo sobre a minha cabeça, então caí para trás contra o colchão mais uma vez. O ar frio do ar condicionado, a frieza da seda dos lençóis não deram alívio ao calor do olhar de Ciro enquanto ele corria os olhos sobre a minha nudez.
Eu tinha uma centena de conjuntos de sutiã e calcinha que Victoria sempre comprava para mim quando ela ia fazer compras. Pela primeira vez, eu estava feliz que ela tinha um vício secreto para roupas íntimas sexys. Com a forma como Ciro estava comendo minha visão em meu sutiã azul-gelo com calcinha combinando, eu mentalmente fiz uma nota para agradecer a minha irmã na próxima vez em que ela me ligasse.
O colchão afundou em cada lado meu, quando Ciro colocou as mãos na cama e se inclinou para frente. Seus lábios tocaram minha bochecha, em seguida, moveram-se para o meu queixo. Eu o ouvi respirar profundamente, seus lábios e nariz fazendo cócegas enquanto ele beijava uma trilha no meu pescoço, sobre a minha clavícula e meu ombro esquerdo. Eu senti o estreitamento de seus dentes quando ele levantou o meu sutiã e puxou-o pelo meu braço. Arrepios apareceram em toda a minha pele enquanto eu observava sua cabeça movimentando, sentindo a mordida de seus dentes e a umidade quente de seus lábios.
Com a minha alça esquerda a meio caminho do meu braço, ele beijou a minha clavícula e depois foi para a outra alça. Eu estava tremendo quando ele parou de tirar. Seus joelhos bateram no colchão, fazendo-me afundar mais na cama. Ele não colocou seu peso sobre mim, embora eu pudesse sentir seu pau flexionar contra o meu estômago quando ele se inclinou para me beijar.
Eu o beijei de volta com fome, minha língua enroscando com a sua. Eu estava ficando bêbada com seu gosto. O mundo poderia ter terminado, mas nenhum de nós teria notado. Ciro chupou meu lábio inferior em sua boca, e eu senti o formigamento todo o caminho até minha buceta. Ele estava roubando todo o oxigênio dos meus pulmões, mas eu não precisava de ar naquele momento.
Eu mal o notei se mover, estava muito perdida em tudo o que ele me fazia sentir até mesmo para me importar com que ele estava fazendo com as mãos, até que eu as senti em meus seios. Eu arqueei ao seu toque, buscando-o mais ainda enquanto ele chupava mais forte o meu lábio. Seus dedos ásperos traçaram sobre cada seio até chegarem ao fecho da frente. Com o toque de seus dedos, o sutiã se desfez, expondo meus mamilos doloridos ao ar fresco.
Aqueles dedos ásperos encontraram meus mamilos duros, traçando em torno deles, me provocando. Eu me afastei do beijo, clamando pelo delicioso prazer que fez o meu corpo parecer como se houvesse um fogo de artifício saindo bem do fundo. Engoli em seco, sorvendo respirações profundas quando ele abaixou a cabeça, substituindo seus dedos com os lábios.
Meus dedos foram para sua cabeça, segurando-o contra mim. —Sim. —choraminguei quando ele chupou forte meu mamilo contra o céu da boca. —Ah sim. Mais. Por favor, Ciro. Mais.
Ele moveu de um seio para o outro, mostrando tanta atenção. Era demais. Mas não era o suficiente. Era perfeito e louco e tudo que eu queria era que ele me fizesse parar de doer, mas eu não queria que a dor terminasse. Quando ele levantou a cabeça que eu percebi que realmente disse todas essas coisas em voz alta. Ele era incapaz de colocar a máscara que normalmente escondia tudo o que ele estava pensando. Eu vi a necessidade, o amor, e até mesmo o temor.
A respiração de Ciro estava trêmula quando ele passou as mãos em volta da minha cintura e rolou de costas, levando-me com ele. Eu pousei em seu peito, meu cabelo espalhado em torno de nós como uma cortina. —Se você não assumir o comando, eu vou acabar machucando você. —Sua voz profunda retumbou. —Você está no controle aqui, Scarlett.
Pela primeira vez desde que ele me beijou fora do Don Rubirosa, eu estava nervosa. E se eu fizesse algo que ele não gostasse? E se ele odiasse como eu o tocaria? E se...?
As milhões de dúvidas e os “ses” foram rapidamente empurrados para o fundo da minha mente quando Ciro deslizou os lábios sobre os meus, em um beijo que roubou todos os pensamentos da minha cabeça, e fizeram meu corpo derreter contra o seu. —Basta fazer o que é bom para você, vita mia. —Ele murmurou contra os meus lábios, depois de ler os meus pensamentos tão claramente. —Eu vou amar qualquer coisa e tudo que você fizer. Não tenha medo. Eu nunca vou machucar ou envergonhar você. Confie em mim.
Tomando minhas mãos, ele as guiou para o primeiro botão da camisa dele. —Eu sou tanto seu quanto você é minha. Mostre-me que você sabe disso.
Essas palavras me deram a coragem que eu precisava para colocar o meu nervosismo de lado e desfrutar do homem debaixo de mim. Meus dedos tremiam enquanto eu desabotoava cada botão expondo mais e mais do seu delicioso peito aos meus olhos famintos. Não foi o nervoso que me deixou tremendo, porém, era a necessidade que estava fazendo o meu sangue queimar nas minhas veias.
Ciro apenas ficou ali, sem atrever se mover, mal respirando enquanto eu abria a camisa. Eu podia sentir seus olhos em mim enquanto eu seguia o meu dedo indicador sobre cada cume duro e arrepiado de seu tórax e abdômen. Nós dois respiramos fundo quando cheguei ao topo de sua calça e desfiz cuidadosamente o botão. Meus dedos trabalharam devagar e com cuidado sobre o zíper, a respiração estava sibilante através de seus dentes enquanto eu acariciava sobre a protuberância dura como aço.
O zíper foi desfeito e ele estava respirando como se tivesse acabado de correr cinco quilômetros sem parar, mas ele ainda não se moveu. Não tentou me tocar. Ele não disse uma palavra enquanto eu puxava a calça para baixo, expondo sua cueca boxer preta que se estendia em suas coxas grossas. Meus dedos mergulharam no topo da boxer, levando-a enquanto eu baixava sua calça. Enquanto eu me movia, meu cabelo roçava sobre seu peito, até seu estômago e sobre sua pélvis. Seu corpo parecia convulsionar como se tivesse sido eletrocutado, suas mãos estendendo e agarrando o edredom para não me tocar.
Eu terminei de tirá-las e, em seguida, sentei-me sobre os calcanhares, bebendo da visão dele. Eu adorava seu corpo. A forma como cada músculo parecia ondular a cada respiração que dava. A forma como a sua pele morena se destacava especialmente quando a minha pele muito mais clara estava tão perto dele. Apenas uma de suas coxas era tão grande quanto eu era, me fazendo perceber o quão pequena eu realmente era. Quão frágil era comparada com a sua força. A força que ele nunca iria usar contra mim.
Joguei meu sutiã de lado e, em seguida, estendi a mão para a minha calcinha, precisando estar tão nua quanto ele. As mãos já em punhos apertaram o edredom e eu atirei-lhe um sorriso, sabendo que estava matando-o não me tocar.
—Você é tão linda, vita mia. Você não tem ideia do que faz comigo.
Olhei para sua longa ereção, grossa. Veias azuis se destacavam ao longo de todo o comprimento, a cabeça rosada molhada com seu pré-sémen. —Eu posso ter um palpite.
—Eu estou morrendo por você. —Ele gemeu quando eu só continuei a olhar para o seu pau. —Venha aqui, querida. Deixe-me te beijar.
Fui voluntariamente. Com meu corpo pressionado contra o dele, eu percebi que, apesar de nossas diferenças, eles se encaixavam perfeitamente. Sua dureza contra a minha suavidade era deliciosa. A forma como seu coração tamborilava contra meus seios enquanto eu caía sobre seu peito, acompanhava o ritmo do meu. Ele manteve as mãos em punhos nas cobertas, mas seu beijo era tão imponente, me vinculando a ele tão vigorosamente, como se ele estivesse me segurando fisicamente contra ele.
Ciro
Não toque nela.
Eu sabia que se me deixasse passar meus dedos sobre sua pele macia, eu perderia todo o controle. Não haveria como tomá-la sem primeiro deixá-la pronta o suficiente para ter o meu pau. Ela era muito pequena, muito inocente, e eu nunca iria causar-lhe dor física, nem mesmo à custa do meu próprio prazer. Então eu mantive minhas mãos cravadas no edredom.
Seu corpo macio pressionava o meu, me segurando no lugar com nada mais do que seu cheiro e calor. Seus lábios estavam tão famintos quantos os meus quando ela me beijou, sua língua enroscando com a minha. Mais embaixo, ela movia seus quadris para trás e para frente, esfregando o ápice de suas coxas contra o meu pau duro como pedra. Eu podia sentir a umidade de sua excitação revestindo-nos e era uma doce tortura para meu corpo latejante.
Os gemidos e lamentos vindos dela estavam me deixando louco. A maneira como ela esfregava contra mim, como uma gata querendo ser acariciada, fazia meu sangue queimar como lava derretida em minhas veias. Ela tinha o controle completo desta vez, mas eu estava morrendo para quando eu pudesse tê-la do jeito que eu sempre sonhei. Deitada embaixo de mim. Dando-me tudo o que tinha e implorando por mais.
Sua cabeça ergueu, os lábios inchados e ligeiramente feridos de nossos beijos. Eu podia ver a incerteza ainda persistente em seus olhos. Minha pequena inocente não tinha certeza do que fazer a seguir, mas ela estava curtindo cada segundo de estar no controle. —Diga-me o que você quer, Scarlett. Diga-me e eu vou torná-lo uma realidade.
Seus cílios baixaram, mas não antes de eu ver o prazer que minha promessa tinha causado. —Eu quero que você me toque. —Ela pegou uma das minhas mãos, os dedos roçando o meu punho fechado até que eu desdobrei e os entrelacei-nos dela. Puxando as nossas mãos, ela esfregou-as em seu lado até que alcançou seu quadril. Ela virou-se para o lado dela, metade em mim e metade na cama. —Toque-me aqui. —Ela ordenou enquanto esfregava a palma da minha mão sobre suas dobras úmidas.
Eu apertei a mão direita, segurando o cobertor mais forte até que eu tinha certeza de que quebraria meus dedos, mas a mão que ela segurava a tocou com ternura. Eu gentilmente soltei a mão e abri os lábios de sua buceta encharcada, meu polegar procurando seu clitóris. Eu vi seu rosto, vi quando ela fechou os olhos bonitos e eu dei um toque suave sobre o pequeno feixe de nervos.
O jeito que ela respondeu-me, a maneira como ela se derreteu e engasgou meu nome, era tudo um sentimento que eu nunca tinha experimentado antes com qualquer mulher. Scarlett rolou de costas, abrindo suas coxas para mim. Senti-a tremer, fazendo meu próprio corpo tremer em resposta. Eu continuei a provocar suavemente seu clitóris com o polegar enquanto eu mergulhava em seu corpo apertado com o meu dedo médio.
—Mais. —Ela gemeu. —Humm, mais.
Minha mão direita estava ficando dormente de quão forte eu a tinha fechado, mas eu esqueci tudo sobre isso enquanto levava meu tempo. Decorei a sensação de seu clitóris como pétalas, respirando o cheiro de seu néctar doce enquanto ela ficava mais e mais molhada a cada mergulho do meu dedo naquela bucetinha apertada. Seus músculos apertaram em volta do meu dedo, pedindo mais, mesmo quando ela pediu por isso no meu ouvido.
Ela estava ofegante, os seus dela praticamente pulando com o quão rápido ela estava respirando. Seus membros trêmulos estavam começando a endurecer, seus músculos internos já começando a contrair enquanto sua libertação se aproximava. Virei à cabeça, procurando seus lábios. Ela deu a mim de bom grado.
A boca de Scarlett abriu apenas o suficiente para eu deslizar minha língua dentro. Enquanto acariciava minha língua sobre a dela, eu pressionava em seu clitóris e empurrava um segundo dedo em sua abertura. Suas costas arquearam, empurrando seus quadris completamente para fora da cama enquanto seu corpo instintivamente se movia contra minha mão, montando em seu orgasmo. Ela gritou na minha boca, mas eu não liberei seus lábios.
Engoli cada gemido e lamento, cada grito do meu nome enquanto minha mão continuava a acariciá-la. Lentamente, seu corpo começou a ficar lânguido e seus quadris caíram contra a cama. Esfreguei o clitóris em suaves círculos pequenos, deixando meus lábios saírem em busca de seus mamilos. Quando eu chupei um em minha boca, ela gemeu com necessidade de novo.
—O que você quer agora, vita mia? —Murmurei contra sua carne. —Diga-me.
—Você. —Ela suspirou, seus quadris empurrando em meus dedos ainda dentro dela, torcendo e alongando, preparando-a para que ela pudesse melhor acomodar a minha espessura. —Por favor, Ciro. Eu sofro por você. —Eu tirei meus dedos de seu aperto, fazendo-a gritar em protesto. —Não.
—Você não pode ter-me e aos meus dedos, vita mia. —Eu abri a minha mão direita e agarrei a bunda dela com as duas mãos, puxando-a para cima de mim.
Porra, eu amo sua bunda. Perdendo apenas para as pernas.
Meus polegares acariciaram a abertura de seu traseiro, fazendo-a gemer em uma mistura de necessidade e confusão. Eu vi seus olhos, sabia que ela amou o que eu tinha acabado de fazer, mas ela não tinha certeza se deveria gostar disso ou não. Um dia, eu me certificaria de que ela soubesse que poderia ter qualquer coisa e tudo o que a fazia se sentir bem. Esta noite não era para explorar isso, entretanto. Não, esta noite era sobre fazê-la minha. Sobre ela fazendo-me dela.
Usando minhas pernas, eu abri suas coxas até sua abertura estar bem sobre o meu pau. Ainda segurando sua bunda, eu esfreguei para cima e para baixo no meu comprimento. Inferno. Rangi os dentes enquanto seu calor molhado parecia tão bom que minhas bolas apertaram. Ela gemeu meu nome, sua buceta ensopada com mais excitação, para me ajudar a deslizar para dentro dela. Quando senti as coxas começarem a tremer, eu peguei a mão dela e guiou-a para o meu pau. Envolvendo seus dedos ao redor da base, me levou alguns momentos antes que eu pudesse falar. —Coloque-me dentro de você, vita mia. Faça-me uma parte de você.
Seus olhos foram para os meus, capturando meu olhar e segurando-o refém enquanto ela fazia exatamente isso. Quando o calor de sua entrada roçou sobre a ponta do meu pau, eu quase perdi o pouco controle que eu tinha sobrando. Quase a joguei de costas e tomei o que ela estava tão abnegadamente me dando. Eu tive que liberar sua bunda, embora quase tenha me matado deixá-la ir. Se eu não parasse de tocá-la, eu ia machucá-la.
Centímetro por centímetro, ela deslizou para baixo em meu comprimento. Seu canal estava todo molhado, seus músculos suaves e acolhedores de seu orgasmo anterior, mas já começando a apertar novamente, desesperada por mais. Quando a cabeça do meu pau bateu na resistência, ela me apertou, não se afastando da dor que o pequeno muro de resistência prometia, mas não se movimentou, também.
Porra. Eu estava prestes a explodir e eu estava apenas metade nela. Ela tinha que fazer isso sozinha, no entanto. Eu não levaria isso dela. Ela tinha que se dar para mim. Os olhos cheios de incerteza. —Ciro...
—Eu te amo. —Eu disse a ela, esquecendo-me sobre quão perto do limite eu estava. Esquecendo o quão bom seu calor era em torno do meu pau. Esquecendo tudo, além da verdade mais importante. —Eu te amo mais do que qualquer coisa. Você é minha vida. Dê isto a mim e eu vou te dar o mundo.
As lágrimas encheram seus olhos castanhos, mas no momento seguinte ela estava empurrando para baixo o seu calor doce, e eu estava rugindo com a sensação de estar até o punho dentro do paraíso. Ela estava ofegante, seu corpo inteiro tremendo com a reação. Uma lágrima caiu sobre meu peito e meu coração apertou ao vê-la chorando.
—Me desculpe. —Eu sussurrei. —Eu sinto muito, vita mia.
Ela balançou a cabeça, um sorriso iluminando todo quarto. —Nunca se arrependa por isso, Ciro. É tudo que eu sempre quis. —Lentamente seu corpo começou a relaxar em torno do meu pau. Ela abaixou a cabeça e roçou os lábios sobre o meu queixo, meu rosto, então meus lábios.
Com esse beijo suave perdi o restinho de controle que eu tinha. Minhas mãos estenderam para sua bunda, apertando forte cada nádega. Ela gemeu, seu canal inundando com uma onda de necessidade enquanto ela rapidamente se esquecia da dor. Eu a empurrei para cima, sentindo seus músculos internos tremerem.
Xingando, eu rolei-nos até que ela estava debaixo de mim. Suas pernas em volta da minha cintura. Eu tinha fantasias sobre aquelas pernas malditas. Como elas poderiam dobrar em torno de mim e manter-me prisioneiro enquanto eu a fodia até a próxima semana. Isso era outra coisa, para um dia diferente.
Nada sobre esse momento um dia seria categorizado como foder. Hoje à noite, eu fiz amor com ela. Talvez um pouco mais áspero do que esperava, mas era difícil de segurar quando eu finalmente tinha a única coisa que eu já tinha realmente desejado debaixo de mim. Quando senti minha liberação chegar, ela gozou, puxando-me com ela enquanto sua doce buceta quente ordenhava cada gota de gozo que eu tinha guardado só para ela.
Capítulo 22
Scarlett
Eu sabia que não estava na minha própria cama, mas esta manhã, eu não me importava. A fera que estava em volta era o melhor travesseiro que eu já tive. Os lençóis macios de seda sobre nós, não eram necessários porque o seu calor era suficiente para derreter as calotas polares. Eu me aconcheguei contra seu peito, naquele estágio feliz meio dormindo e meio acordada.
Meu corpo inteiro estava lânguido e dolorido na maneira mais deliciosa. Pensando em todas as coisas que Ciro tinha feito comigo fez meu corpo doer e me fez contorcer contra ele e necessidade começou a queimar lá embaixo. O grande homem se deslocou ao meu lado, apertou os lábios no topo da minha cabeça e caiu para trás para dormir. Aparentemente eu tinha o usado tão completamente quanto ele a mim.
Seu celular tocando alguns minutos mais tarde nos fez gemer. Eu abri um olho, vi que era depois das dez da manhã e peguei um travesseiro para jogar na mesa de cabeceira, na esperança de calar o maldito telefone. Ciro o alcançou cegamente e eu dei um tapa em sua mão. —Não.
—Pode ser importante, vita mia. —Ele murmurou, antes de roçar os lábios sobre os meus.
—Por favor? —Eu fiz beicinho. —Não podemos ter apenas mais algumas horas?
Sua profunda risada vibrou em meu corpo inteiro, transformando o ardor em um inferno. —Você me tem pelo resto da sua vida, baby. Deixe-me atender.
Eu não estava feliz com isso, mas eu não discuti mais. Virando de lado para longe dele, eu puxei um travesseiro sobre minha cabeça para bloquear o sol tentando espreitar através da janela. Ouvi Ciro rosnar para o celular enquanto ele moldava seu grande corpo ao meu, pressionando seu peito duro contra as minhas costas.
—Ma. —Seu rosnado desapareceu. —Sim, Ma. Ela está aqui ao meu lado... Quando? Você pode ter tudo planejado para duas semanas?
Eu ouvi sua mãe gritar, em seguida, começar a falar alto com ele, e meu beicinho desapareceu completamente. Eu sorri e joguei o travesseiro de lado, amando que ele estivesse sendo castigado por sua mãe. Obviamente ele tinha dito a ela que estava planejando me pedir em casamento e ela tinha esperado impacientemente para descobrir o que eu tinha dito.
Virei à cabeça para ver o rosto de Ciro. Seus olhos estavam colados à visão da minha bunda, no entanto, e ele não estava nem mesmo prestando atenção ao que Mary estava gritando em seu ouvido. Eu bati em seu rosto, forçando seus olhos azuis nos meus enquanto minha buceta ficava molhada de desejo. Ele largou o telefone e segurou meu queixo enquanto abaixava a cabeça para devorar minha boca.
O beijo se prolongou por uma eternidade, mas terminou muito cedo. Eu estava ofegante, pronta para subir em cima dele e ter outro sabor do êxtase que ele poderia me dar. Mary, porém, estava gritando ainda mais alto agora e eu podia ouvi-la tão claramente como se estivesse em pé ao nosso lado.
—Eu não posso planejar uma porra de casamento em duas semanas. —Eu tinha certeza que eu nunca tinha ouvido Mary falar um palavrão em toda a minha vida, mas seu filho pedindo-lhe para planejar o nosso casamento em tão pouco tempo tinha a levado ao limite. —Ciro Donati, nem sequer pense em fazer isso comigo. Essa menina precisa de um vestido. E flores e um bolo. Como diabos eu vou fazer tudo isso?
Não pude conter o riso feliz que saiu. Ciro baixou a cabeça, enterrando seu rosto no vale entre meus seios, enquanto tentava esconder o seu próprio riso. Com pena da mulher que estava prestes a se tornar minha sogra, peguei o telefone e levantei-o ao meu ouvido. —Mary? —Sua gritaria foi efetivamente cortada e a ouvi soltar um suspiro frustrado.
—Estou tão feliz que você disse sim para o meu filho idiota, mas sério, Scarlett, eu não posso montar um casamento nesse curto espaço de tempo.
Meus dedos acariciaram a cabeça de Ciro e todo o seu corpo pareceu se derreter contra o meu. Seu peso me pressionou no colchão, sua mão movendo para acariciar a minha perna. Eu poderia ficar assim pelo resto da minha vida. Este era o paraíso para mim.
—Mary, eu não preciso de um grande casamento. Tudo que eu preciso é do seu filho e um padre. Todo o resto é irrelevante. —Eu tentei explicar.
—Talvez para você. —Ela explodiu. —Mas esse será o casamento do meu filho. Será grande e bonito e vocês vão ter que esperar e lidar com isso. Agora, você acha que sua avó e a prima Allegra serão capazes de vir da Sicília e me ajudar? E Victoria. Ela definitivamente vai ter que voltar para casa. Você não pode se casar sem ela como sua dama de honra.
Puxei o telefone para longe da minha boca enquanto ela continuava a fazer planos que, aparentemente, não incluíam a mim ou seu filho. Ciro levantou a cabeça até que ele encontrou o meu olhar. —Ela enlouqueceu. —Eu sussurrei.
—Deixe-a se divertir, vita mia. Tudo o que importa para mim é que você apareça na igreja pronta para casar comigo. —Ele pegou minha mão esquerda, apertou os lábios contra meu dedo anelar e, em seguida, baixou a cabeça de volta para o meu peito.
Foi só então que eu realmente olhei para o anel que ele tinha colocado no meu dedo na noite anterior. Puta merda? Isso não era um anel. Era um anel de platina com uma pedra enorme sobre ele. Era necessário o seu próprio código postal de tão grande. Eu não entendia como minha mão não parecia como se pesasse vinte quilos, porque o diamante com certeza devia pesar muito. Quando eu o trouxe para mais perto, o pouco de luz do sol entrando pela janela acertou o diamante, quase me cegando.
—Onde você conseguiu esse anel? —Eu estava gritando um pouco agora.
Ele bufou. —Eu sabia que você não olhou para ele. Merda, Scarlett. Você é a única mulher que eu conheço que não se importa com o que um cara coloca em seu dedo. Se eu não te amasse pra caramba, eu estaria sofrendo.
—Oh, foda-se. —Eu o empurrei de cima de mim, sentei-me e olhei melhor para o anel, esquecendo completamente que Mary ainda estava ao telefone. Ele sabia que eu não ligava para coisas materiais. Eu não precisava de coisas caras. Ou enormes diamantes que pareciam ter saído direto de alguma mina de diamantes de sangue. —Diga-me onde você pegou o anel, Ciro.
Grunhindo, ele se apoiou em seu cotovelo. Aqueles olhos azuis estavam rindo de mim enquanto ele agarrava meu pulso esquerdo e acenava minha mão para trás e para frente, fazendo com que o brilho da luz incidisse sobre o diamante de novo. —Isso era algo que minha bisavó guardava. Meu bisavô era um comerciante de diamantes e quando este entrou em sua posse, a velha alegou como dela. Ela não deixava ninguém tocá-lo, muito menos seu marido, que queria cortá-lo para fazer vários anéis de noivado. Quando ela morreu, ela deixou para meu pai, e o fez prometer que não daria para mim até que ele tivesse certeza de que eu tinha encontrado alguém com quem eu planejava passar a eternidade.
Meu coração pulou uma batida quando o ouvi falar. Ele estava brincando com meus dedos enquanto fazia isso, e eu não tinha certeza se ele mesmo percebeu que ele estava fazendo isso. Seus olhos azuis brilhavam com uma mistura de diversão, encontrando memórias de uma mulher que ele havia visto apenas algumas vezes antes de ela falecer, e amor. Muito amor. Por mim.
—Eu disse ao meu pai que eu ia me casar com você e ele me deu o diamante. Ma queria que eu o cortasse em algo menor, porque ela sabe como você é, mas mesmo que eu te ame mais do que a vida, eu não poderia fazer isso com algo que minha avó tanto amava. —Ele deu de ombros. —Como você, ela significou muito para mim. Com esse anel no seu dedo, eu sinto que estou apreciando sua memória.
De repente, o anel, mesmo ostensivamente enorme, era a coisa mais preciosa que já tinha me pertencido. Eu joguei meus braços em volta do seu pescoço, empurrando-o de volta na cama. —Eu amei. —Eu disse a ele. —Eu amo isso e eu te amo.
Seus braços estavam em volta do meu ombro, seus dedos enrolados no meu cabelo.
—Scarlett? Scarlett? Você ainda está aí? Ciro? Droga. —Eu vagamente ouvi Mary gritando através do telefone. —Eu vou chamar sua avó, Scarlett. —Ela gritou antes de desligar.
Ela podia chamar qualquer um que ela quisesse. Eu tinha outras coisas para fazer.
Como mostrar a Ciro Donati o quanto eu amei o anel que ele tinha colocado no meu dedo. Eu não estava nervosa como estive na noite anterior. Ele tinha me mostrado que ele gostou de tudo que eu fiz para ele. Tudo. Meus dedos já estavam traçando sobre seu abdome. Cheguei à cabeça de seu pau já esticando antes de eu sequer chegar ao seu umbigo. A ponta já estava revestida com seu pré-sémen. Quando eu envolvi minha mão em torno dele, ele lançou uma respiração sibilante através de seus dentes.
—Você continue isso e não vai ser capaz de andar por alguns dias, vita mia.
Virei à cabeça para que meu queixo estivesse sobre seu coração e eu pudesse ver seu rosto. Seus olhos estavam escuros e com fome. Movi meus quadris até que os lábios encharcados da minha buceta estivessem esfregando contra a base de seu pênis, provocando-nos. Minha boca se abriu, um gemido suave escapou.
—Eu estou disposta a correr esse risco. —Eu assegurei a ele enquanto me levantava até que estava escancarada em sua cintura. Inclinei meus quadris, apreciando a sensação do seu comprimento pressionado contra o meu clitóris.
Suas mãos ásperas seguraram minha bunda, apertando-a de uma forma que me deixou eufórica. Senti seus dedos indicadores traçarem sobre a abertura da minha bunda e estremeci. Como eu me sentiria? Eu gostaria tanto quanto aquela pequena carícia prometia?
Ciro estava me observando de perto, um fantasma de um sorriso em seus lábios enquanto apertava cada nádega mais forte. —Não hoje, vita mia. Você não está pronta para isso ainda.
Mordi meu lábio, mas assenti com a cabeça, confiando-lhe para me mostrar as coisas que eu estava tão curiosa. Enrolei minha mão em torno de seu pênis e ele levantou-me até que se posicionou na minha entrada. Com os olhos ainda fixos um no outro, eu deslizei lentamente para baixo.
Meus músculos internos estavam doloridos, mas eu amei quando sua dureza estendeu a carne tenra. Tomei cada centímetro lentamente, não parando até que eu estava sentada totalmente sobre ele mais uma vez. Suas mãos aliviaram seu domínio sobre minha bunda até que ele estava esfregando ao longo das nádegas, incentivando-me a ir ao meu próprio ritmo.
—Eu sou seu, Scarlett. —Eu assenti. —Diga. Diga-me que eu sou seu.
Engoli o súbito nó que encheu minha garganta. Era demais, tê-lo dentro de mim assim, sabendo que ele me amava. No entanto, não foi suficiente. —Você é meu. —Eu sussurrei.
Ele se sentou, ainda dentro de mim. Meus braços em volta do seu pescoço, segurando-me enquanto seus quadris impulsionavam para cima, cegando-me por alguns momentos em como era bom. Minha cabeça caiu sobre seu ombro, meu cabelo caindo ao nosso redor.
—Sempre. —Sua voz rouca rosnou no meu ouvido.
—Sempre. —Eu ecoei.
Ciro
Eu não pude deixar Scarlett sair da minha cama até quase a hora do jantar e só então porque ela começou a reclamar que estava com fome. Meu próprio estômago estava roncando alto, lembrando-me de que não tinha comido desde o jantar na noite anterior.
Com ela rindo no meu ouvido, ela enfiou os braços em uma das minhas camisas e a carreguei para a minha cozinha. Eu ultimamente não estava muito em casa. Inferno, eu não poderia sinceramente me lembrar da última vez em que estive em meu próprio apartamento. Felizmente eu tinha uma governanta que vinha todos os dias para manter o lugar limpo e a geladeira abastecida.
Relutantemente, eu a coloquei sobre a bancada no meio da cozinha. Pressionando um beijo em sua testa, eu abri a geladeira atrás de mim e comecei a tirar o pão, salame e presunto. Entreguei tudo a ela, peguei o saco de alface lavado e um tomate. Meu estômago roncou mais alto quando eu tirei o queijo e me virei.
Pegar Scarlett examinando minha bunda nua fez meu pau endurecer novamente. Depois de passar quase 24 horas na cama com essa mulher, eu ainda era insaciável. Vi como meu corpo respondia a apenas seus olhos me tocando. Rosa encheu suas bochechas e sua boca se abriu em um suspiro fraco.
—Nem pense nisso. —Eu adverti enquanto colocava tudo na ilha ao lado dela. —Você precisa se recuperar um pouco primeiro.
Seu lábio inferior fez beicinho para mim. —Mas eu quero você de novo.
Meu pau flexionou ao som de sua voz rouca dizendo essas palavras. Porra, eu ansiava tanto por ela que era como se não tivesse acabado de passar um dia inteiro explorando o corpo um do outro. Mas ela estava sensível de nosso amor e eu não queria lhe causar mais dor. Precisávamos de uma distração, porque eu sabia que se nós ficássemos em casa naquela noite, estaríamos na cama por mais um dia completo.
Dei-lhe um beijo rápido, não confiando em mim mesmo para ficar. —Primeiro, eu vou alimentá-la. Então vamos tomar banho em banheiros separados, senão eu vou fazer amor com você contra a parede caramba, então nós vamos sair.
—Sair? —Ela franziu a testa enquanto observava-me montar os nossos sanduíches. —Sair para onde?
Dei de ombros. —Nós poderíamos ir para um clube, desde que eu sei o quanto você gosta deles. —Eu sorri quando ela revirou os olhos para mim. —Ou um filme.
—Passo. —Ela resmungou e roubou uma fatia de presunto do recipiente que eu estava segurando.
—Nós poderíamos voltar para o complexo e passar a noite com o seu pai. —Vito tinha tentado me ligar algumas vezes ao longo do dia, mas Scarlett tinha ameaçado danos corporais se eu me atrevesse a tocar no meu telefone novamente. Eu não estava com medo do que ela faria comigo, mas eu queria fazê-la feliz, então eu deixei que qualquer outra pessoa que se atrevesse a ligar fosse direto para a caixa postal.
—Podemos ver Papa amanhã. —Eu terminei de montar os sanduíches e ofereci-lhe um. Seus olhos brilharam ao vê-lo. —Você nunca me fez comida antes.
—Mentira. —Eu beijei a ponta do seu nariz. —Eu te fiz pipoca quando você tinha quinze anos.
Sua risada sexy era como um raio de pura luxúria direto para o meu pau. Eu mantive o meu estômago pressionado contra a bancada para que ela não pudesse ver o quão duro eu estava ficando apenas ali rindo e comendo com ela. —Isso não conta. Você colocou um saco no microondas. Isso é diferente.
Ela estava certa. Isso era diferente. Eu não a amava como agora. Fazer à mulher que eu amava, mais do que a vida, algo para comer, era muito diferente de fazer um lanche para uma menina que eu tinha considerado família.
Comemos em silêncio por alguns minutos antes de ela falar novamente. —Eu não quero sair. Não podemos ficar aqui se eu prometer não fazer coisas ruins para você?
—Eu não confio em mim mesmo para manter minhas mãos longe de você, baby. —Eu puxei garrafas de água da geladeira para nós. —Além disso, eu quero te mostrar um pouco. Deixar o mundo saber que você é minha.
—Eu poderia tatuar “mulher de Ciro” na minha testa e ninguém nunca iria questioná-lo novamente. —Ela ofereceu com um sorriso.
O pensamento do meu nome tatuado nela fez meu pau doer mais. Eu levei nossos pratos e joguei-os na pia, não me importando se eu os quebraria ou não. Voltando-me para ela, eu agarrei-a pela cintura e atirei-a por cima do meu ombro.
Scarlett gritou, em seguida, começou a rir. —Aonde vamos?
—Você vai tomar um longo banho quente e eu vou tomar um fodido banho frio. Então, nós vamos sair, porque eu estou prestes a transar com você até que nenhum de nós possa ficar de pé. —Eu bati na bunda dela, mas rapidamente esfreguei a leve ardência.
—Mas eu não quero sair. —Ela lamentou.
—Eu vou te comprar café. —Eu subornei.
—É bom que seja um café realmente bom. —Ela murmurou quando entrei no quarto e me dirigi para o banheiro.
Capítulo 23
Scarlett
Mary esteve ocupada enquanto eu estava trancada no apartamento de Ciro no dia anterior. No momento em que voltamos para o complexo no dia seguinte, descobrimos que tínhamos uma casa inteira cheia de convidados. Meu tio Gio nos encontrou na porta e, depois de me dar um beijo na bochecha, ele levou Ciro em direção ao escritório do meu pai.
Eu não sabia como Mary tinha feito a minha Nona pegar um avião e realmente colocar os pés nos Estados Unidos, mas lá estava ela sentada na sala de estar com a minha prima Allegra. Eu amava a minha avó. Ela era o tipo de mulher italiana que não estava feliz a menos que ela estivesse cozinhando para sua família. Ela não aceitava desaforo de ninguém, muito menos de seu primogênito, meu pai. Ela não se importava se ele era o chefe da Cosa Nostra ou não. Quando ela lhe dizia para fazer alguma coisa, ele saltava para fazê-lo. Durante os três anos em que eu e Victoria tínhamos vivido com ela no complexo siciliano onde ela vivia com Allegra e meu tio, nós realmente começamos a conhecer melhor uma a outra.
Quando eu entrei na sala, Allegra ficou de pé e corri para frente para abraçá-la. Allegra poderia ter crescido na Sicília sob o olhar sempre atento de seu pai e Nona, mas ela passava as férias comigo e Victoria, em Nova York. Nós três tínhamos sido próximas e eu estava feliz em vê-la, porque se eu ia ter um enorme casamento como Mary estava determinada a fazer, eu queria que ela fosse uma das minhas damas de honra.
A minha prima e eu não éramos nada parecidas. Onde eu era alta, ela era pequena. Seu cabelo preto era longo e brilhante, os olhos exoticamente inclinados como uma felina e tão escuros quanto uma noite sem lua. Allegra era voluptuosa e eu tinha ficado com ciúmes de todas as suas curvas desde que ela começou a ter seios. Ela era alguns meses mais velha do que eu, mas ela tinha sido tão protegida por seus pais que ela parecia mais jovem.
—Parece que eu não te vi em meses em vez de apenas algumas semanas. —Disse Allegra com uma risada quando nos separamos. —Eu senti sua falta e de Victoria.
—Estou tão feliz que você está aqui. —Eu a abracei novamente. —Não tem sido o mesmo sem você por perto.
—Bem, vamos olhar para este anel.
Eu liberei Allegra ao tom de comando da Nona e ofereci-lhe a mão antes mesmo de perceber que estava fazendo isso. Os olhos da velha mulher se arregalaram quando ela viu quão grande era o diamante bruto, mas ela não questionou a escolha de Ciro por me dar algo que ela sabia que eu estaria normalmente zombando. Por cerca de dois minutos, eu tinha odiado o anel. Quando ele me disse que tinha pertencido à sua bisavó e quanto isso significou para ela, eu tinha me apaixonado por ele.
—Oh, meu Deus. —Allegra murmurou quando estava com Nona olhando para o anel. —É lindo, Scarlett. Eu estaria com tanto medo de perdê-lo se eu fosse você.
—O menino fez bem. —Nona disse finalmente com a aprovação em seu inglês densamente acentuado. —Vocês dois terão um bom casamento, forte.
Eu já sabia disso, mas foi bom ter a sua aprovação. Victoria podia não fazer nada errado aos olhos de Nona, mas ela sempre tinha sido um pouco rígida comigo. Que ela estava dando a Ciro seu selo de aprovação só aumentou a minha felicidade. —Obrigada, Nona.
—Scarlett?
Eu me virei ao som da voz da minha irmã gêmea para encontrá-la já correndo para a sala. Seu rosto estava pálido. Ela parecia cansada, mas havia um sorriso no rosto. —Mary me ligou ontem e disseme para vir para casa. Algo sobre você concordar em se casar com seu filho estúpido.
Ver a pressão sobre o rosto sofrido diminuiu um pouco do meu próprio prazer ao vê-la. Eu tinha falado com ela quase todos os dias durante a última semana, e eu sabia que ela tinha coisas em sua mente, mas eu não tinha sequer imaginado que isso estava pesando tanto sobre ela. Ela parecia que tinha perdido peso e pelas sombras sob os olhos, eu sabia que ela não estava dormindo.
—Tor... —Eu a vi oscilando quando se aproximou, e vi o pouco de cor que ela ainda tinha em seu rosto desaparecer. Estendi a mão para ela como fizeram Allegra e Nona, mas ela já estava caindo.
Eu a segurei, assim que sua cabeça bateu no chão e eu caí de joelhos ao lado dela. Nona gritou alto o suficiente para trazer os guardas correndo, mas eu não lhes dei atenção enquanto eles enchiam a sala. Eu sabia o que estava errado, sabia que ela provavelmente não tinha sequer acompanhado seus níveis de açúcar no sangue como deveria. Era por isso que eu odiava estar longe dela. Era por isso que eu me preocupava com ela pra caramba.
—Chamem o meu filho. —Nona ordenou em uma voz trêmula. —Rápido.
—Eu preciso verificar seus níveis. —Disse a Allegra. —Papa mantém um kit na gaveta da mesa de café.
Ela correu até a mesa e encontrou o kit e estava de volta dentro de alguns segundos. Eu nunca iria me acostumar com este acontecimento. Isso me assustava pra caramba. Enquanto eu preparava seu dedo para que eu pudesse verificar os seus níveis de açúcar no sangue, minhas mãos tremiam. Levou mais de dez segundos para o testador me dar à informação que eu precisava, uma vez que eu coloquei uma gota do sangue de Victoria na pequena faixa.
Muito alto. Muito alto. Muito alto, porra. Havia um frasco de insulina e uma seringa já no kit, porque papai sempre tinha se preocupado com emergências como esta, desde o dia em que tínhamos descoberto que Victoria era diabética. Ela deveria andar com uma bomba de insulina, mas Victoria nunca gostou de lidar com elas. Muito teimosa. Muito teimosa. Muito enlouquecedora. Eu queria torcer seu pescoço, mas eu sentiria falta dela se a matasse. Eu enchi a seringa com a insulina e, em seguida, a enfiei em sua coxa.
Meu coração estava batendo tão rápido e forte que eu senti como se fosse vomitar. Eu queria estrangular a minha irmã por deixar sua saúde de lado enquanto ela lutava com seus sentimentos por um homem que não a merecia. Eu queria matar Cristiano e Dante e até mesmo Anya, que esteve com ela durante a última semana e, obviamente, não cuidou dela como deveria.
Esperamos por quase um minuto, quase sem respirar, enquanto esperávamos para ver se a insulina ajudaria. Eu verifiquei seu pulso. Ele estava fraco, mas lentamente começando a ficar mais forte. Eu estava pronta para chamar uma ambulância quando Victoria gemeu e sacudiu a cabeça. —Scarlett? —Ela sussurrou.
—Grazie a Dio. —Nona chorou enquanto caía sobre o sofá. —Essa menina vai ser a minha morte um dia.
Allegra se agachou no outro lado dela. —Não tente se mover. Apenas se recupere um pouco mais.
Lágrimas encheram seus olhos. —Droga. Eu deveria saber que isso ia acontecer.
Eu não conseguia falar. Eu estava muito chateada. Assustada demais. Muito brava. Eu queria colocar algum sentido nela, gritar com ela por colocar-se em risco como ela estava fazendo. Eu queria chorar, porque quando ela desmaiava assim eu ficava apavorada que eu fosse perdê-la. Que ela não fosse acordar novamente. Eu queria gritar e jogar coisas e furar as pessoas que tinham me prometido que iriam cuidar da minha irmã gêmea.
Papa correu para a sala com Gio, Ciro e Cristiano. —Devemos chamar uma ambulância? Ela precisa ir para o hospital? —Nada assustava meu pai mais do que quando Victoria tinha um desses episódios. Seu rosto estava pálido e havia suor frisando sua testa.
Fiquei surpresa ao ver Dante, quando ele seguia os outros homens para a sala de estar. Ele não tinha voltado para Nova York desde que Papa o havia enviado para Chicago há três anos. Seu rosto sombrio e bonito não mostrou um pingo de emoção enquanto seus olhos escuros observavam tudo acontecendo na sala de uma só vez.
Eu não lhe dei uma segunda olhada enquanto eu ficava de pé e dava um tapa no rosto do meu irmão. Sua cabeça recuou porque eu o tinha pegado desprevenido. Eu estava tão louca que mal senti a dor que tinha disparado em meu punho e todo o caminho até o meu braço e no meu ombro.
Ciro me pegou pela cintura, me puxando para longe de seu amigo antes que eu pudesse acertá-lo novamente. Ele não tinha que se preocupar; eu não ia bater nele mais. A dor física não fazia nada para Cristiano. Ele era uma aberração total, quando se tratava de dor. Foram as palavras que o cortavam mais profundo do que qualquer outra coisa. —Que diabos você fez? Hã? Você sabe quão elevado estava o açúcar no sangue dela, Cristiano? Você sabe? Estava mais de quinhentos. —Eu gritei para ele. —Você não se importou que ela pudesse morrer? Sua cabeça está tão enfiada em seu próprio rabo que você não pôde levar cinco minutos para garantir que a irmã está bem?
Meu irmão esfregou sua mandíbula, mas o olhar em seu rosto sugeria que ele estava tão chateado quanto eu. Não havia como ele poder estar chateado. De jeito nenhum ele poderia entender que o simples pensamento de perder minha gêmea era o meu pior pesadelo. —Ela verificou quando entrou no avião, esta manhã, Scarlett. Ela estava bem. Eu juro para você que eu a fiz verificar os níveis de açúcar no sangue.
—Scarlett. —A voz fraca de Victoria me chamou.
Eu me afastei de Ciro e voltei a me ajoelhar ao lado dela. Seus dedos estavam frios e ainda tremendo, mas sua coloração estava lentamente voltando. Eu senti seu pulso, aliviada quando o senti mais forte do que apenas alguns minutos antes.
—Não fique com raiva de ninguém, Scarlett. —Ela implorou. —Eu estava bem esta manhã. Comecei a sentir-me mal no caminho do aeroporto e eu deveria ter verificado o meu açúcar depois.
—Sim, você deveria, porra. —Eu a repreendi enquanto perdia o domínio sobre as minhas lágrimas e as deixava cair. —Pare de fazer essa merda comigo, Tor.
Seu sorriso era fraco, mas eu vi uma centelha de seu eu normalmente feliz lá. —Desculpa. Eu vou me cuidar. —Ela virou a cabeça, olhando para o nosso pai, que estava lentamente se acalmando. —Diga-lhes para me deixar levantar, Papa. Estou bem agora.
—Talvez você devesse ver o médico, Victoria. —Allegra sugeriu em sua voz suave.
—Eu estou bem, realmente.
Eu passei a mão no meu rosto, enxugando minhas lágrimas. —Você pode levantar-se, mas você vai para a cama.
Seus olhos se estreitaram em mim. —Eu não posso ir para a cama. Mary tem planos para nós. Nós temos que encontrar-lhe um vestido, e Allegra e eu precisamos de um também. Eu te juro, eu estou bem. Droga, Scarlett. Não me afaste agora, quando temos tanta coisa para fazer.
Todo mundo ia me deixar louca sobre este casamento maldito. Eu atirei a Ciro um olhar, vi que ele estava me observando de perto, e balancei a cabeça para ele. —Tem que haver uma maneira mais fácil. Você não pode simplesmente raptar sua mãe e amarrá-la até que nos casemos?
Sua risada ajudou a aliviar um pouco da tensão que estava fazendo cada músculo do meu corpo doer. —Tenho uma ideia melhor.
—Uma ideia melhor do que fugir? —Eu murmurei.
—Definitivamente. —Ele me ofereceu sua mão e ajudou-me a ficar de pé. —Vamos. Você vai gostar.
Papa ajudou Victoria a ficar de pé, mas seu braço ficou em torno de sua cintura enquanto ele a guiava até o sofá onde ela se sentou ao lado de Nona. Seja qual fosse o plano de Ciro, era melhor que não tivesse que envolver-nos ter que sair de casa. Minha irmã precisava descansar e eu estava muito nervosa para deixá-la. Foda-se o vestido.
Três horas mais tarde, ainda estávamos na sala de estar. Mary tinha se juntado a nós e por algum motivo, Anya também. Os caras tinham desaparecido no escritório do meu pai quando Benito tinha chegado com Mary. Eu imaginei que eles estivessem todos se escondendo da mulher desde que ela tinha trazido um livro inteiro de coisas para nós conversarmos antes do casamento.
Em um canto da sala, um dos designers de vestido de noiva mais procurados de Nova York estava preparando vestidos de amostra que duas modelos iam supostamente nos mostrar. Elas já estavam exibindo dois modelos diferentes de vestidos de dama de honra. Se eu já não amasse Ciro antes, eu teria me apaixonado por ele quando ele tinha feito alguns telefonemas e conseguido o designer e suas modelos entregues à porta da frente. Ele estava fazendo tudo o que possivelmente poderia, para tornar isso mais fácil para mim e eu nunca poderia mostrar o quanto sua consideração significava para mim.
Na cozinha, dois fornecedores tinham criado pratos de amostras para nós provarmos. Um estava fazendo a comida real, enquanto o outro fazia o bolo. A florista fez um bate-papo pelo Skype conosco, mostrando diferentes ideias de buquê que Mary tinha enviado a ela na noite anterior.
Victoria estava melhor. Ela não estava tão pálida como antes. Ela estava até mesmo comendo algumas das amostras de canapés. Eu não teria pedido a ela para voltar para casa sozinha, não quando eu sabia que ela estava tentando resolver tudo sobre Adrian em sua cabeça, mas eu estava feliz que ela estava lá, no entanto. Pareceria errado ter um grande casamento sem a minha gêmea - a minha outra metade - lá para compartilhar o dia comigo.
Era quase cinco horas após o designer ter chegado antes de tudo ser efetivamente feito. Eu escolhi o meu vestido com a ajuda de todas as mulheres da minha vida, escolhi o que comeríamos na recepção e até mesmo tirei Ciro do escritório do Papa para me ajudar a decidir o sabor do bolo. Os buquês já estavam sendo feitos e as medidas tomadas para toda a equipe de costureiras trabalharem em alterar os vestidos.
Tudo tinha sido classificado em menos de um dia e eu ainda não tinha tido que sair de casa. Ciro tinha feito um pequeno milagre e eu me perguntava se talvez ele quisesse um grande casamento o tempo todo. A maneira como ele tinha feito tudo estar disponível tão prontamente me dizia que nosso casamento era mais importante para ele do que ele originalmente deixou-me pensar.
Capítulo 24
Ciro
—Então você está me dizendo que Jr. está de volta na minha cidade?
Tomei o resto do meu café, tentando tirar o sabor de bolo da minha boca. Eu provei seis amostras de bolos diferentes para fazer Scarlett feliz e um deles tinha sido de caramelo. Aquela pequena espertinha sabia que eu odiava o sabor de caramelo, mas seus risos, enquanto eu colocava aquele maldito pedaço de bolo na minha boca valeu a pena o mau gosto que ainda permanecia na minha língua.
Enquanto as mulheres estavam ocupadas resolvendo os planos do casamento, eu estava no escritório de Vito recuperando o atraso em toda a merda que eu tinha perdido no dia anterior. Um dia não significava nada para algumas pessoas, mas para mim era a diferença entre cinco coisas que precisavam da minha atenção e duzentas.
Dante De Stefano coçou a barba, os olhos sombrios como sempre. Eu conhecia o homem tanto quanto conhecia Cristiano. Nós três fomos amigos durante toda nossa vida, mas Dante manteve uma parte de si guardada até mais do que eu. —Ele deixou Chicago cerca de dois dias atrás, mas eu não sabia até ontem à noite. Senior o chamou de volta quando ele descobriu sobre o desaparecimento de Fontana.
—Nós todos sabemos que Fontana era o cérebro por trás das empresas de Jr. —Vito ergueu o copo de uísque e tomou um grande gole. —Com ele fora do quadro, o pouco terreno que Jr. ganhou até aqui vai rapidamente desmoronar. Isso significa que ele irá enviar alguém para assumir por ele e tentar manter Jr. na linha. Meu instinto me diz que será o irmão de Fontana.
—Se for esse o caso, então precisamos manter nossos olhos abertos. Enzo é um filho da puta doente. —Cristiano murmurou, tocando os dedos delicadamente no rosto machucado onde Scarlett tinha batido nele antes.
Ele não tinha que dizer a qualquer um de nós isso. Enzo era pior do que Jr. com o quão divertido ele gostava de ser com as mulheres que não estavam dispostas. E ele estaria atrás de respostas de quem estava por trás do desaparecimento de seu irmão. Em última análise, isso foi obra minha, mas eu não estava preocupado com Enzo. Eu poderia lidar com esse idiota se ele quisesse repartir uma pequena vingança por seu irmão.
Era com Scarlett que eu me preocupava. Era uma das principais razões que eu estive tão hesitante em me envolver com ela em primeiro lugar. Meu trabalho obrigava-me a fazer certas coisas para o bem da Cosa Nostra, e isso colocava um alvo não só nas minhas costas, mas em qualquer um que estivesse perto de mim.
Ela estaria mais segura se eu nunca tivesse dito a ela que a amava. Ninguém iria tocá-la se ela não se tornasse minha esposa. Eu deveria apenas dizer-lhe que estava tudo acabado, mandá-la de volta para a Sicília com sua avó e Gio e fingir que eu nunca a conheci.
Só de pensar nessas coisas fez meu coração parar. Eu era um bastardo egoísta porque agora que eu tive um gosto do que era quando Scarlett me dizia que me amava - como ela se desfazia em meus braços quando eu estava profundamente dentro dela, acordar com ela ao meu lado na cama - eu não podia deixá-la ir. Eu iria ter certeza de que ela estivesse protegida, mesmo que isso significasse trancá-la em nosso apartamento e nunca deixá-la sair de casa sem mim.
Porra, ela iria chutar a minha bunda por sequer tentar mandá-la embora neste momento. E eu iria deixá-la chutar.
—Vamos nos preocupar com Enzo depois. Primeiro, quero Jr. Cuide dele de uma vez por todas. —Vito me lançou um olhar sujo, deixando-me saber alto e claro que ele pensava que eu era a razão pela qual Scarlett recusou sua oferta de lidar com Jr. por si mesma. Eu não me importava que ela tinha feito isso; Eu estava grato à ela. —Dante, eu quero que você fique por perto e ajude esses meninos. Eu quero o bastardo morto antes do casamento.
—Eu vou ficar aqui por um tempo. Eu não perderia o casamento de Scarlett por nada, e você sabe que eu quero a cabeça de Jr. tanto quanto qualquer outra pessoa aqui. —Dante sentou-se para frente em sua cadeira, seus olhos escurecendo ainda mais do que o normal. —Mas quando eu sair, eu não quero voltar para Chicago sozinho.
Todos os olhos, menos os meus, se viraram para ele com curiosidade. Os meus estavam em Vito, que parecia quase alegre, como se suspeitasse do que seu subchefe estava falando. —E quem você levaria com você? —A voz de Vito não traiu seu prazer com o que ele pensou que o homem ia dizer em seguida.
—Allegra.
Gio ficou de pé, amaldiçoando rapidamente em italiano, tão furiosamente que havia saliva voando de sua boca. Os olhos de Vito escureceram. Eu tinha certeza de que ele - como os outros na sala - estava esperando que ele dissesse Victoria. Isso era algo que Vito sempre havia dito. Querendo que Dante se casasse com uma de suas filhas.
Eu já tinha suspeitado que fosse Allegra, no entanto. Scarlett tinha me dito algumas coisas interessantes sobre Dante no dia anterior. Coisas que eu nunca teria suspeitado do homem com quem eu tinha crescido. Ela o conhecia muito melhor do que eu, obviamente, e se eu não soubesse que ela era minha, eu poderia ter ficado com ciúmes de quão próxima ela era dele.
Porra. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Eu estava com ciúmes apesar de saber que ela era minha. Nenhum homem queria que sua mulher fosse próxima de qualquer homem que não fosse relacionado a ela pelo sangue. Especialmente quando esse homem parecia com Dante.
—Ela vai para casa comigo. —Disse Gio, finalmente se acalmando o suficiente para falar Inglês, mas seu sotaque era grosso e quase ininteligível. —Você não vai colocar suas mãos na minha filha, De Stefano. Eu não vou permitir isso.
Eu não precisava que Scarlett me dissesse que seu tio não era um fã de Dante. Eu sempre soube disso. Mesmo quando éramos crianças, eu sentia a animosidade que o irmão de Vito tinha por Dante e seu pai. Eu nunca perguntei o porquê, e eu nunca tinha me importado o suficiente para descobrir. Scarlett provavelmente sabia, porém, e agora que eu estava vendo a animosidade escorrendo de Gio, a minha curiosidade foi aguçada.
Dante não traiu suas emoções, nem por um pequeno movimento de suas pestanas. Mesmo em face da fúria de Gio, ele estava completamente calmo. Mantendo os olhos em Vito, ele falou com uma quase imparcialidade. —Você me perguntou algo há poucos dias, Vito. Eu disse que não podia porque não seria justo nem com Victoria e nem comigo mesmo. Ela é como uma irmã para mim e me casar com ela seria errado. Quero Allegra. Ela é sua sobrinha, seu sangue. Se ela fosse minha, você teria sua conexão. Não é isso que você queria o tempo todo?
Gio começou a falar furiosamente novamente em italiano, jogando as mãos no ar e chamando o homem mais jovem de nomes que, se fosse comigo que ele estivesse gritando, eu já teria enfiado seus dentes em sua garganta. Dante não se defendeu, mas o vi ficar como uma pedra fria diante dos meus olhos enquanto ele continuava a olhar para nada, além de Vito.
Vito deixou seu irmão continuar a gritar por vários minutos, com os olhos em branco enquanto pensava sobre o que Dante tinha acabado de dizer. Quando falou, no entanto, não era para Dante, mas para o meu pai. —Como você lidaria com isso, Ben?
Meu pai mudou de posição na cadeira, atirando a Gio um olhar de desaprovação antes de voltar ao seu melhor amigo. —Eu gostaria de saber como Allegra se sente. Esta não é a Idade das Trevas, Vito. Entregar a menina em um relacionamento que ela pode não querer é um pouco bárbaro, se você quer saber minha opinião.
Ele assentiu. —Concordo.
Gio pousou seus olhos selvagens em seu irmão, um rosnado torcendo seus lábios. Eu não tinha notado até então que os dois homens não eram muito parecidos. Eu podia ver a avó de Scarlett no irmão mais velho, mas Gio deve ter parecido com seu pai. —O que você concorda? O que diabos você poderia possivelmente concordar no que diz respeito a este monte de merda e minha filha?
Vito ergueu uma das mãos, a calma diante da fúria de Gio e sem esforço parou o Vitucci mais jovem. —Allegra deve ter a oportunidade de decidir por si mesma se ela quer estar com Dante. Se ela aceitá-lo, então eu vou deixá-la ir com ele quando ele decidir voltar para Chicago.
—A porra que vai. Esta é a minha filha que você está apenas entregando a ele. Minha, não sua. Você não tem o direito de permitir que a minha filha faça essa merda.
Os olhos de Vito se perderam no olhar vazio e uma raiva fria caiu sobre suas feições. —Deixe de lado o passado, fratello. Deixe antes que ele destrua você. Allegra é uma mulher adulta, não uma criança mais. Lembre-se disso, Gio. Ela pode fazer suas próprias escolhas e se ela escolher Dante, vou concordar com o casamento. Ele vai fazer-nos mais fortes. Até mesmo você não pode negar isso.
Houve uma batida forte na porta, forçando os dois irmãos a se calarem. Gio marchou até a janela, olhando para a paisagem. Seus ombros estavam rígidos, raiva saindo dele em ondas. Cristiano levantou e moveu-se para abrir a porta, mostrando-nos que Scarlett estava do outro lado. Meu coração acelerou dolorosamente no meu peito, e eu sofria para puxá-la para o meu colo e apenas segurá-la. O olhar em seu rosto me dizia que ela tinha ouvido, pelo menos, um pouco do que seu pai havia dito, mas ela não mencionou isso quando entrou.
—Seja qual for o negócio que vocês estão falando aqui, eu acho que pode ser encerrado. Vocês passaram horas neste antigo escritório abafado. —Ela atravessou a sala e parou atrás da cadeira de Dante. Ela colocou as mãos em seus ombros, sem esforço deixando todos nós saberem que ela estava do seu lado, independentemente do motivo pelo qual os dois mais velhos Vituccis estavam gritando. Eu tive o desejo forte de atirar no outro homem na parte de trás da cabeça. Mesmo que ela fosse minha, mesmo que ela estivesse usando meu anel, eu não podia suportar a ideia de ela tocar outra pessoa, mesmo quando foi inocentemente.
Então seus olhos caíram sobre mim e vi as chamas de amor e necessidade em seus olhos castanhos, e o meu ciúme se transformou em cinzas instantaneamente.
—Eu estou pronta para ir para casa, Ciro. —O jeito que ela disse meu nome fez todo o cabelo no meu corpo arrepiar, e meu pau levantar. Sua voz era uma carícia que acalmava todos os músculos tensos e trazia o meu coração de volta à vida depois de passar tantas horas conversando sobre negócio.
Casa, ela disse. Eu nunca tinha pensado no meu apartamento como isso antes, mas agora era exatamente como eu o via. Por causa dela. Eu fiquei de pé, ansioso para jogá-la por cima do meu ombro como um homem das cavernas e levá-la de volta para o meu apartamento - nossa casa.
—Você está em casa. —Vito disse enquanto se levantava, quase tão chateado como seu irmão agora. —Só porque você vai se casar com este menino não significa que você vai se mudar para sua casa. Eu não permitirei. Você está mais segura aqui, passerotta.
Gio resmungou algo em voz baixa sobre o sapato no outro pé, mas ninguém lhe deu nenhuma atenção.
Scarlett sacudiu a cabeça. —Não, papai. Esta é a sua casa. A minha é com Ciro agora. E eu estou tão segura se não mais no apartamento. —Ela caminhou ao redor da mesa e beijou sua bochecha, suavizando o golpe de suas palavras um pouco. —Vejo você amanhã.
Ele soltou um suspiro longo e cansado. —Ok, passerotta. —Ele me deu um olhar duro. —Cuide dela ou eu vou te matar. —Não era uma ameaça vã. Ele estava completamente sério. Eu teria sido estúpido para não acreditar que ele quis dizer isso.
Eu apenas acenei com a cabeça. Não havia palavras suficientes em qualquer língua que eu pudesse usar para prometer-lhe que iria cuidar dela até que o último suspiro deixasse meu corpo. Ele já sabia disso.
Scarlett voltou para mim, estendendo a mão esquerda. O grande diamante da minha avó parecia piscar para mim antes da minha própria mão engolir a dela. Puxei-a contra mim, roçando meus lábios nos dela, sem me importar que todos estivessem assistindo.
—Vamos para casa, vita mia.
Capítulo 25
Scarlett
Tudo estava pronto. Mary estava cuidando de todos os pequenos detalhes que ainda tinham de ser feitos antes do casamento, então tudo que eu tinha que fazer era sentar e relaxar.
Ou ficar na cama com Ciro durante todo o dia.
Ele estava saciando a minha necessidade de tê-lo ficando na cama comigo durante a maior parte do dia, embora ele devesse estar trabalhando. Com Dante ainda em Nova York, ele estava levando a vantagem e deixando-me mantê-lo em nossa cama até o fim da tarde. Se eu soubesse que poderia ter isso todos os dias para o resto da minha vida, eu iria pedir ao meu pai para fazer Dante morar aqui e escolher alguém para lidar com negócios em Chicago.
Havia apenas mais dois dias até o casamento, e eu deveria encontrar todos no estúdio do designer do vestido para que pudéssemos todos fazer o último ajuste, mas eu estava levando o meu tempo. Ciro estava tornando difícil para eu não mandar tudo para o espaço e ficar com ele o resto do dia. Foda-se o vestido e qualquer outra pessoa. Eu estava prestes a fazer isso, dane-se. Isso era dez vezes mais importante.
Seus lábios estavam pressionados no vale entre os meus seios enquanto seus dedos brincavam com os lábios da minha buceta, fazendo-me inclinar meus quadris para cima em um apelo silencioso. Senti seu pau flexionar contra a minha coxa, seu pré-sémen marcando minha pele, em silêncio, me dizendo que ele foi tão longe quanto eu e nós ainda não tínhamos começado ainda.
Eu abri minhas coxas ainda mais, me abrindo para ele. Sua respiração saiu por entre os dentes enquanto ele mergulhava dois dedos em minha abertura e sentia como eu estava molhada por ele. —Já?
Lambi os lábios secos, ofegando enquanto ele me tocava. —Sempre.
Ciro rosnou e me moveu tão rápido que minha cabeça deu voltas quando ele ficou de joelhos e virou-me de bruços como se eu não pesasse nada. Suas mãos calejadas agarraram meus quadris, levantando-os até que eu estava no ângulo perfeito para levá-lo. Ele posicionou a cabeça de seu pau na minha entrada, mas não fez mais do que empurrar a cabeça para dentro.
Ele se inclinou, pressionando os lábios nas minhas costas, fazendo meu coração apertar com amor. Lá embaixo, minha buceta estava apertando um pouco também. Ciro gemeu e empurrou seus quadris para frente. Gritei com a deliciosa invasão. Eu adorava quando ele não podia controlar-se. Amava que eu era a única fazendo-o perder a cabeça.
Um braço veio em volta da minha cintura, prendendo-me contra ele. O outro levantou mais alto, apertando e massageando um seio e depois o outro enquanto ele puxava para trás e empurrava profundo e forte, mais uma vez. Minha cabeça caiu no colchão enquanto que rapidamente eu perdia todo o pensamento, exceto o quão bom este homem parecia dentro do meu corpo.
Muito breve a minha libertação veio e eu tentei me segurar, não querendo gozar ainda. Ciro não deixou, no entanto. Suas mãos agarraram cada lado da minha cintura, os dedos cravando na minha carne enquanto empurrava mais forte, mais rápido. Gritei enquanto seu pênis atingia um ponto que parecia tão bom que eu me esqueci de como respirar por alguns segundos.
Com uma maldição, Ciro soltou minha cintura e agarrou meu cabelo, enrolando-o em seu pulso para que ele pudesse puxar minha cabeça para trás até que ele pudesse me beijar. Sua língua empurrou na minha boca, assim como seu pênis estava na minha buceta. Seu peito suado esfregou contra minhas costas, ajudando nossos corpos a deslizarem um contra o outro enquanto ele mudava o ângulo.
—Foda-se, Scarlett. Eu não posso ter o suficiente. —Ele rosnou em meu ouvido.
Não havia ar suficiente nos pulmões para dizer-lhe que era o mesmo para mim. Eu nunca seria capaz de ter o suficiente dele, também.
A mão ainda estava na minha cintura e ele mudou de posição, caindo de costas e levando-me com ele, enquanto mantinha nossos corpos conectados. Meu cabelo caiu sobre seu ombro e seus dentes afundaram na carne macia logo abaixo da minha orelha, me deixando louca com uma necessidade que nunca iria acabar. Ele colocou sua mão contra o meu estômago, prendendo-me facilmente no lugar, quando ele levantou nossos quadris para fora do colchão e empurrou para dentro de mim por trás.
—Oh, Deus. —Eu sussurrei enquanto minha libertação começava a construir. Minhas coxas apertaram, mas ele forçou-as a permanecerem abertas enquanto o meu corpo inteiro tentava travar com a força do orgasmo sendo construído. —Oh, Deus. —Choramingou.
Sua mão se moveu mais para baixo, o polegar encontrando o meu clitóris e sacudindo sobre ele duas vezes antes de pressionar com força. O quarto inteiro explodiu como um caleidoscópio de cores enquanto eu gozava. —Ciro. —Eu gritei, minha cabeça balançando de um lado para outro em seu peito. —Oh, Deus, Ciro. Por favor.
—Diga, vita mia. Diga as palavras que você sabe que eu sofro por ouvir.
Mesmo na minha luxúria, eu sabia o que ele queria. Ele sempre queria quando estava perto de sua própria libertação. Eu dei para ele. —Eu te amo. —Eu gritei quando ele empurrou mais rápido, levando meu prazer a um nível totalmente novo. —Eu te amo. —Eu disse novamente. —Eu irei te amar para sempre.
—Foda-se. —Ele gritou quando o senti engrossar ainda mais dentro de mim e o primeiro jato quente de sua liberação encheu-me. Ele não parou até que eu tinha tomado à última gota e depois os quadris caíram sobre o colchão, seus braços dobrando em meu estômago enquanto ele ofegava. —Eu te amo. —Disse ele em meu ouvido antes de beijar meu pescoço.
Virei de bruços, ainda deitada em cima dele. Eu estava exausta, mas meu corpo parecia que estava brilhando. Eu coloquei meu ouvido sobre o seu coração, contando as batidas rápidas enquanto ele lentamente voltava ao normal. Nós estávamos ambos cobertos de suor, mas o ar condicionado foi rapidamente esfriando nossos corpos superaquecidos.
Ciro acariciou com uma mão nas minhas costas e sobre a minha bunda, então de volta novamente, seu toque fazendo cada nervo do meu corpo formigar, mesmo após o orgasmo alucinante que ele tinha acabado de me dar. Ficamos deitados assim por um longo tempo antes que eu sentisse todo o seu corpo enrijecer debaixo de mim. Preocupada, eu levantei minha cabeça para olhar para ele.
—O que está errado?
Ele tinha aquele olhar vazio em seu rosto e meu coração se encheu de chumbo. Por que ele iria esconder suas emoções de mim agora?
—Você está tomando a pílula?
Minhas sobrancelhas levantaram com aquela pergunta. Só agora ele tinha se lembrado do controle de natalidade? Nós tínhamos feito amor, pelo menos uma centena de vezes e ele não tinha pensado sobre isso até agora? —Não, é claro que eu não estou. —Eu disse a ele enquanto eu me sentava. —Nunca houve uma razão para tomar a pílula ou qualquer outro controle de natalidade.
E eu não tinha preocupado sobre isso nenhuma vez nos últimos quinze dias. Ele não tinha mencionado isso e eu pensei que ele só queria começar nossa família, mais cedo ou mais tarde. Eu não era contra a ideia, então eu não tinha questionado a sua de não usar qualquer coisa para nos proteger. Eu queria uma família com ele. Eu queria seu filho crescendo dentro de mim.
O olhar que atravessou seu rosto esteve lá por apenas um segundo antes que ele se foi, mas eu tinha visto isso. Eu já tinha visto Ciro Donati com medo? Não, nem mesmo na noite em que eu tinha sido ferida. Ele estava abalado, sim, mas se esteve com medo, ele escondeu bem.
Ele pulou da cama em um único movimento fluido, deixando-me sentada lá com o meu coração enchendo com medo. O que estava acontecendo? —Ciro...
—Você já está atrasada para seu compromisso. Você deve ficar pronta. Minha mãe estará esperando. —Ele falou por cima do ombro enquanto ia para o banheiro.
Um nódulo encheu minha garganta com seu tom de desprezo, mas a raiva começou a ferver nas veias. Eu estava confusa e magoada e eu não entendia nada do que estava acontecendo naquele momento. Nós tínhamos ido de fazer amor, para abraçados, para ele se transformar em um completo estranho em apenas uma questão de minutos. Tudo porque eu não estava tomando a pílula?
—O que está acontecendo, Ciro? —Eu quis saber enquanto eu pulava da cama e o seguia até o banheiro. —O que acabou de acontecer?
Ele manteve de costas para mim quando ligou o chuveiro. —Nada.
—Besteira. —Agarrei seu braço e puxei seu rosto para mim. Seus olhos estavam em branco, com o rosto definido em linhas neutras que não me diziam nada do que ele estava pensando. Isso doía mais do que tudo. Ele estava me deixando de fora. —Se você não quer um bebê agora, diga-me. Eu posso ver o médico. —Mesmo que eu odiasse, eu iria e começaria a tomar a pílula. Nós ainda éramos jovens; nós não tínhamos que começar nossa família imediatamente.
A menos que eu já estivesse grávida.
—Eu não quero um bebê. —Sua voz era fria e vazia.
Eu balancei a cabeça, ainda confusa, mas acenei de qualquer maneira. —OK. Então, eu vou começar a tomar a pílula e podemos falar sobre ter um bebê em poucos anos.
Seus olhos tornaram-se mais sombrios. —Eu não quero um bebê. Nunca. Eu não quero filhos, Scarlett.
Recuei, sentindo como se tivesse levado um tapa. Eu nunca tinha pensado em não ter filhos. Talvez eles não tivessem prioridade em meus pensamentos, mas eu sempre quis. Eu sempre quis ser mãe e quando eu me imaginava com um bebê no meu quadril, eu sempre via esse homem como seu pai. —Por quê?
Ciro deu de ombros. —Tenho meus motivos.
A raiva era um inferno muito melhor do que a dor. Enquanto ela aumentava, usei-a para afastar a dor que estava enchendo meu peito. —Isso não é uma resposta, Ciro. Fale comigo. Eu preciso saber por que você não quer ter filhos.
—Porque eu não quero colocar uma criança inocente no mundo e ter que encarar o fato de que seu pai é um monstro. —Ele explodiu, e pela primeira vez eu dei um passo para trás em face da sua ira. Não porque eu estava com medo dele. Eu nunca teria medo deste homem. Ele não iria me machucar fisicamente, nunca.
Dei um passo para trás, porque ele tinha me tirado do centro completamente com essa admissão. Ele não estava apenas com raiva, ele estava com medo e sofrendo. Monstro? Eu podia ver que era exatamente como ele pensava de si mesmo. Toda a minha raiva por ele, toda a dor, evaporou quando eu comecei a entender por que ele era tão contra tornar-se um pai.
Movi-me até que eu estava apenas alguns centímetros dele e coloquei minha palma da mão contra seu peito, bem sobre o coração. —Um monstro não poderia me amar tanto quanto você ama, Ciro. Você é um bom homem e eu te amo completamente.
Seus grandes ombros caíram. —Não, Scarlett. Sou muito bom em fingir. Debaixo de tudo isso, eu não sou nem humano. Fiz coisas que assombram uma pessoa normal. Há sangue de outros em minhas mãos e isso estará me contaminado até que não haja nada sobrando além da parte que te ama. Eu não tenho nada sobrando para qualquer outra pessoa.
Meu coração estava partido por ele, mas eu estava perdida em saber como fazê-lo ver que ele estava errado sobre si mesmo. Levantando minha mão, eu segurei seu queixo. Ele deixou cair os muros que ele ergueu e estava me deixando ver tudo de si agora. Havia medo real em seus olhos. Medo de que ele não pudesse amar o nosso filho. Que o seu bebê pudesse odiá-lo. —Eu te amo, e nosso filho irá te amar também. Eu te amo, apesar das coisas que você pode ter feito no passado. —Ele abriu a boca, e eu pressionei meu polegar aos lábios. —Apesar do que você pode ter que fazer no futuro. Fazer essas coisas não faz de você um monstro. Não aos meus olhos.
Seus braços estavam em volta de mim e ele abaixou a cabeça até sua testa pressionar contra a minha. —Vita mia...
—Eu não vou te pedir e eu sei que não posso convencê-lo durante a noite, então eu não vou discutir com você sobre isso. Nem agora, nem nunca. —Eu passei meus dedos sobre seu cabelo e ele estremeceu contra mim. Ele fechou os olhos. —Tudo que eu preciso no mundo é dos seus braços em volta de mim. Nós temos um bebê só aumentaria minha felicidade, mas eu entendo que você não possa pensar nisso agora.
—Eu posso nunca ser capaz de nunca pensar nisso, Scarlett.
—Sim, eu sei. —Eu suspirei e recuei até que nossos olhos se encontraram, precisando que ele visse o quão séria eu estava. —É por isso que eu nunca vou falar sobre isso novamente. Você é o suficiente para mim, Ciro. Nada mais me fará tão feliz quanto ser amada por você. Vou começar com a pílula e não temos que falar sobre isso novamente pelo resto de nossas vidas. Mas se você mudar de ideia, eu vou estar pronta e esperando.
Toda a tensão nele saiu e ele me levantou nos braços. Minhas pernas enrolaram na sua cintura e eu encontrei o seu beijo com fome. Ele voltou a ser o Ciro que eu amava de todo o coração.
Eu não queria lembrá-lo de que eu já poderia estar grávida. Não queria pensar sobre o que aconteceria se eu estivesse de fato já carregando seu filho. Eu só queria me perder em seus braços novamente.
Capítulo 26
Scarlett
Eu estava com mais de duas horas de atraso para o meu encontro com o designer do meu vestido. Mary, Victoria, Nona, Allegra e Anya já estavam lá dentro quando entrei no estúdio com Paco e um dos outros homens de Ciro ao meu lado. Meu pai tinha enviado alguns de seus próprios homens com Victoria, Nona e Allegra. A guarda habitual de Mary também estava ocupando espaço na porta.
Parecia que Paco ia ser minha sombra sempre que eu saía sem Ciro, mas eu estava bem com isso. Eu gostava dele tanto quanto eu gostava de Desi. Era o outro cara que me dava arrepios. Eu não era fã de Antony, e eu nunca tinha sido. Ciro não me deixava ir a qualquer lugar sem pelo menos dois de seus homens, embora, então eu tive que aceitar o homem.
Victoria tinha me pedido para Anya ser uma dama de honra para igualar a festa de casamento. Eu gostava dela e não havia hesitado sobre concordar com a minha irmã. A pequena russa estava terminando seu último ajuste quando entrei pela porta. —Você deve ser a única noiva no mundo que não dá a mínima para o seu casamento.
Dei de ombros. —Não é sobre o casamento para mim. É sobre o homem com quem eu vou casar. Tudo o que importa é que ele se torne meu marido. Simples assim. —Sentei-me no sofá ao lado de Allegra, que estava bebericando champanhe junto com as outras mulheres.
Paco assumiu atrás de mim, mas Antony estava bem ao meu lado, me fazendo sentir desconfortável. Inferno, ele era uma espécie de pegajoso. Cheguei mais perto para Allegra. —Paco, informe ao seu homem para ficar perto da porta. Ele está respirando em mim.
—Porta. —Paco ordenou com um rosnado em sua voz.
Eu não dei ao outro homem outro pensamento uma vez que ele se afastou, mas Anya observou-o por um longo momento antes de desculpar-se para ir trocar o vestido.
Mary e Nona estavam ocupadas sussurrando atrás de nós e no outro lado da sala e nem percebeu que eu tinha chegado até que Mary se virou. —Aí está você. —Ela disse com um sorriso radiante. —Você está pronta para experimentar o vestido pela última vez antes de se casar com meu filho?
Uma emoção me atingiu. Mais dois dias e eu seria a Sra. Ciro Donati. Como isso não poderia fazer meu coração saltar uma batida e fazer-me quase zonza com emoção?
—Eu mal posso esperar. —Eu disse a ela honestamente enquanto eu ficava de pé.
Vinte minutos depois, quando o último botão de pérola estava no lugar, eu pisei na frente dos espelhos do estúdio. Com meu véu e meu cabelo puxado para trás, em uma versão confusa do penteado que Victoria tinha sido inflexível que eu tinha que fazer para o grande dia, eu não pude deixar de ficar ofegante à visão do meu reflexo. Eu nunca me senti tão bonita na minha vida como eu me sentia naquele momento.
Atrás de mim, todas as mulheres tinham ficado completamente quietas e me virei para ver qual era a reação delas. Nona tinha lágrimas em seus olhos, enquanto Mary chorava abertamente. Victoria e Allegra me olhavam com apreço e um pouco de inveja. Era Anya que estava olhando tudo com um olhar crítico, não encontrando nada faltando.
—Você está tão bonita. —Mary disseme quando ela pisou na pequena plataforma onde a costureira me disse para ficar mais cedo para que eu pudesse ver o vestido de todos os ângulos no trio de espelhos. Ela me abraçou com cuidado, tentando não estragar meu vestido de alguma forma. —Eu não posso acreditar que você vai ser minha nora em pouco menos de quarenta e oito horas. É mais do que eu jamais poderia pedir para Ciro. Eu sei que vocês dois vão ser felizes juntos.
Eu tentei sorrir para ela, mas não tinha certeza se escondi completamente. Eu queria fazer Ciro feliz, queria nossa vida juntos. Mas, apesar de me dizer para não me preocupar com isso, não pude impedir de pensar no fato de que eu poderia estar grávida.
Será que ele iria querer que eu me livrasse dele? Será que ele me odiaria, porque eu não poderia? Será que ele deixaria de me amar?
Eu empurrei esses pensamentos assim que entraram na minha mente, e fingi que eu não me importava com nada enquanto Victoria e Allegra continuavam a falar do meu vestido e quão bem eu parecia nele. Minha irmã não comprou minha simulação por um segundo sequer, no entanto, e enquanto a costureira me levava de volta ao provador para me ajudar a me trocar, Victoria veio comigo.
Eu fiquei tensa, enquanto a mulher baixinha desfazia os botões de pérolas, temendo essa conversa com minha irmã. Eu senti seu olhar em mim ficar mais avaliador a cada tique-taque do relógio na parede. No momento em que a costureira terminou, meu pescoço estava começando a doer com quanto esforço estava fazendo para não olhar para a minha irmã gêmea.
—Eu vou ajudá-la a partir daqui, Diane. —Victoria disse à mulher, que lhe deu um sorriso brilhante e se desculpou.
Ela deu um passo atrás de mim enquanto ela começava a abrir o vestido, os olhos prendendo os meus no espelho. —Você e Ciro tiveram uma briga?
—Não. Estamos bem. —Eu deixei o vestido cair para minha cintura, me deixando só com meu sutiã sem alças branco. Estendendo a mão, eu puxei os clipes do meu cabelo e sacudi o cabelo vermelho longo.
—Então por que você parece que teve seu coração arrancado e pisado?
Eu desisti de tentar esconder a verdade dela. Não havia porque tentar de qualquer maneira. Victoria era parte de mim. Mentir para ela simplesmente não era possível. Não quando ela estava no mesmo quarto comigo de qualquer maneira. —Ciro não quer ter filhos.
—Oh. —Ela mordeu o lábio, obviamente, não esperando que eu dissesse todas essas coisas. Durante vários minutos, ela ficou quieta enquanto ela me ajudava a me despir. Quando eu puxei os meus sapatos, ela se sentou em uma das cadeiras macias em um dos cantos do quarto de vestir. —Isso é um problema para você?
—Não. —Eu disse a ela honestamente e afundei-me na outra cadeira em frente a ela. —Eu o amo. Crianças não é uma obrigação para mim, Tor. Mas…
Suas sobrancelhas se ergueram. —Mas?
—Eu já posso estar grávida. —Eu disse a ela, em voz baixa, sabendo que Paco estava, provavelmente, fora do provador e não querendo que ele ouvisse. —Nós não temos usado qualquer coisa. Nenhuma vez. Ele pensou que eu estivesse tomando a pílula e eu simplesmente presumi que ele não estava usando nada, porque ele queria começar nossa família imediatamente. Quando falamos antes, eu não trouxe o fato de que eu já poderia estar grávida.
—Caralho. O que você vai fazer se você estiver, Scarlett?
Eu caí para trás contra a cadeira, empurrando meu cabelo para fora do meu rosto enquanto eu olhava para o teto. —Essa é a pergunta de um milhão de dólares agora, não é? —Eu soltei uma risada sem humor. —Um bebê pode significar abrir mão de Ciro, porque eu não posso me livrar dele. —Lágrimas de forma inesperada encheram meus olhos e eu estava impotente para detê-las. —Eu o amo mais do que a vida, Tor. O que eu vou fazer?
Ela se levantou e atravessou o quartinho de luxo num piscar de olhos. Ela se agachou na minha frente e nós colocamos nossos braços em torno da outra. Eu enterrei meu rosto em seu cabelo enquanto um soluço ameaçava rasgar meu corpo. —Sh, sh. —Ela sussurrou, olhando para a porta antes de levantar os olhos para os meus. —Primeiro, você não sabe se você está ou não. Qual o tamanho da chance de estar?
Esfreguei as lágrimas que ainda continuavam a cair. —Eu não me deixei realmente pensar sobre isso, mas se eu for honesta, eu ficaria mais surpresa se eu não estivesse grávida. Nós tivemos um monte de sexo e eu estou na metade do meu ciclo. Você sabe o quão regular eu sou. Eu posso dizer até a hora que minha menstruação irá descer.
Ela assentiu com a cabeça, os olhos cegos na parede acima da minha cabeça enquanto pensava sobre o que eu acabei de dizer a ela. —OK. Por isso é provavelmente muito cedo para você saber de uma forma ou de outra. Certo?
Dei de ombros. —Provavelmente. Eu duvido que um teste de farmácia vá detectar até que eu esteja atrasada. —Pelo menos eu não acho que funcionaria. O que significava ter que esperar mais algumas semanas até que eu saiba de uma maneira ou de outra.
Victoria se levantou e foi até a porta. Abrindo-a, ela colocou a cabeça para fora. —Anya, você pode vir me ajudar com uma coisa?
Sentei-me em linha reta na cadeira. —Que diabos você está fazendo? —Eu sussurrei ferozmente. Eu tinha dito a ela porque eu confiava nela para não contar a ninguém, mas ela estava pedindo a outra mulher para se juntar a nós?
Victoria me lançou um olhar por cima do ombro. —Anya é confiável e ela pode ajudá-la.
—Como? —Eu quis saber, olhando para a sombra de Paco na parede apenas a alguns metros de onde minha irmã gêmea estava.
—Eu não sei ainda, mas eu confio nela. —Anya apareceu na porta e minha irmã deu um passo para trás para deixá-la entrar, fechando a porta atrás delas.
—O que foi? —Ela disse quando viu que eu já estava vestida e obviamente tinha chorado. —Você está com dúvidas?
Victoria se aproximou dela e sussurrou algo em seu ouvido. Os cílios de Anya baixaram, escondendo sua reação de mim. —O que você acha? —Perguntou ela quando se afastou.
Anya fez uma careta, mas manteve a voz em um sussurro quando ela falou. —Provavelmente é cedo demais para usar um teste em casa. A única maneira de descobrir isso cedo é um exame de sangue. Eu conheço um médico. Ele não vai dizer nada a ninguém, mas isso significa perder a comitiva lá fora. Especialmente se ela não quiser que Ciro saiba. Eu não tenho certeza se Mary vai manter esse tipo de coisa para si mesma. Tenho certeza de que ela gostaria de saber se ela seria avó.
—Eu não posso ir a um médico sem Paco e Antony, e eles vão dizer-lhe.
—Eles não vão saber que você é a única a ver o médico. —Victoria me assegurou. —Eu só vou fingir estar tonta. Ninguém vai questionar isso.
Anya puxou o telefone de sua bolsa. —Eu posso fazer isso acontecer agora, Scarlett. Você decide.
Mordi o lábio, a incerteza me enchendo. Eu tinha que saber a verdade antes de me casar com Ciro. Se eu esperasse, então descobrisse que estava grávida e que ele não quisesse que eu mantivesse nosso bebê, não tinha certeza do que eu faria. Piscando para uma nova torrente de lágrimas, eu coloquei a mão no meu estômago. Eu balancei a cabeça, porque não poderia ter falado com o nó na garganta se eu tivesse tentado.
Anya tocou em algo em seu telefone, em seguida, o colocou no ouvido. Ela falou em um russo rápido e eu não pude acompanhá-la, mas ela foi rapidamente desligando o telefone. —Ele pode fazer o exame em meia hora. —Ela me assegurou.
—Quanto tempo vai demorar antes de sabermos alguma coisa? —Perguntou Victoria, olhando para a porta novamente.
—Ele pode fazer o laboratório trabalhar rápido e saber dentro de uma hora. —Ela olhou de mim para a porta. —Precisamos ir agora, porém, porque ele vai demorar um pouco para chegar lá.
—OK. Eu cuido disso. —Victoria virou para a porta. —Dê-me dez minutos.
Depois que a porta se fechou atrás dela, Anya levou a cadeira vazia. Limpei a garganta, forçando para baixo o nó que estava tentando me sufocar. —Obrigada. —Eu disse a ela tardiamente.
—Não precisa agradecer. —Ela me disse com um leve sorriso. —Victoria e eu nos aproximamos ao longo das últimas semanas, Scarlett. Ela é a coisa mais próxima de uma amiga que eu já tive e eu faria qualquer coisa por ela. O que significa que eu faria qualquer coisa para você também. Amigo ajuda amigo, certo?
Eu balancei a cabeça, enxugando o resto das lágrimas. Minha cabeça estava começando a doer de todo o choro e eu sabia que provavelmente parecia uma bagunça. —Sim, eles ajudam uns aos outros. —Eu olhei para a porta novamente quando houve uma leve batida. Não tinha sido dez minutos, mas Victoria era boa em convencer as pessoas a fazer o que ela queria. Nona estava enrolada em seu dedo mais do que qualquer outra pessoa que eu já vi.
Anya levantou-se e foi sair, mas quando Victoria entrou no quarto novamente, ela parecia que tinha visto um fantasma. —O que foi? —Eu quis saber enquanto ficava de pé, empurrando os meus próprios problemas para o lado com o olhar em seus olhos. —Você está bem?
—Não é nada. Eu apenas pensei que vi Adrian lá fora. —Ela apertou sua mandíbula. —Ele está tentando me ligar nos últimos dias.
—Inferno. —Anya resmungou. —Ele provavelmente me seguiu até aqui. Sinto muito, Victoria.
Seu sorriso era frágil, mas ela tentou colocar uma cara brava. —Está tudo bem. Mesmo. Vamos sair pela parte de trás, no entanto. Eu não quero falar com ele agora.
Abri a porta e olhei para Paco, que estava em posição de sentido, com os olhos na parte da frente do estúdio que agora estava vazio. —Diga a Antony para trazer o carro para a parte de trás. —Ordenei. —Volkov está lá fora e eu não quero que Victoria tenha que lidar com ele agora.
Ele assentiu. —O que você quiser, senhorita Vitucci.
Paco se foi por menos de meio minuto. Fomos para a parte de trás do estúdio, ignorando a costureira e o designer enquanto encontrávamos a porta de emergência. Victoria tinha enviado seus próprios guardas com os outros, mas desde que ela ia estar comigo, não havia necessidade real para os homens extras. Iríamos provavelmente ouvir tanto de Papa mais tarde, no entanto.
Ele abriu a porta e olhou para fora antes de alcançar meu braço. Eu pisei do lado de fora com ele e ele abriu a parte de trás do sedan que Ciro tinha disponibilizado para mim. Enquanto eu subia na parte de trás, Victoria e Anya entraram em ambos os meus lados. Paco mal tinha fechado a porta atrás para minha irmã quando vimos Adrian virar a esquina do estúdio.
Eu ouvi o suspiro afiado de Victoria ao vê-lo. —Vamos. —Eu bati em Antony, que estava ao volante.
Em vez de fazer como eu disse, ele apenas ficou lá, olhando enquanto Adrian se aproximava. Eu me inclinei para frente, olhando para o homem. —Vamos, Antony. Minha irmã não quer ver Volkov.
—Não, mas ele quer vê-la. —Antony disse enquanto puxava as chaves da ignição.
Anya gemeu. —Eu sabia que você parecia familiar. —Ela murmurou e, inclinando-se, apertou o guarda na parte de trás da cabeça. —Scarlett, seu homem precisa encontrar soldados mais leais.
Porra. Olhei para Paco, que já tinha a arma na mão. Ele apontou para a cabeça de Antony, fazendo com que todos nos sentássemos. —Chaves, agora. —Ele rugiu.
Antony jogou-as para o outro homem, em seguida, saltou do banco do motorista enquanto Volkov chegava ainda mais perto. Olhei para o russo, vi que seus olhos estavam colados no rosto de minha irmã. Ele parecia determinado e chateado. Eu queria tirar a arma de Paco e atirar-lhe no coração, para ver se ele tinha um e se ele realmente iria sangrar. Ao meu lado, Victoria parecia estar em transe enquanto ela olhava para o homem. Eu não tinha certeza se ela estava respirando.
Anya passou por cima do assento e tomou o lugar de Antony atrás do volante. Antes que eu pudesse compreender o que ela estava fazendo, ela pegou a arma da mão de Paco e disparou duas vezes em Antony, atingindo-o em cada perna. —Pidor. —Ela rosnou para ele em russo quando ele caiu de joelhos ao lado do carro. —Nahui Idi.
A porta se fechou e ela jogou a arma de volta em Paco, que estava boquiaberto e atordoado. —Feche a boca maldita. —Ela disse a ele enquanto ligava o carro e acelerava, afastando assim, enquanto seu irmão alcançava o carro e tentava abrir a porta de Victoria.
—Anya. —Ele gritou atrás de nós.
Apenas quando nós dirigimos para longe foi que Victoria saiu de seu torpor por Adrian e percebeu o que tinha acontecido. Eu ainda estava repetindo tudo na minha cabeça. Enquanto Anya se encarregava de toda a situação. O jeito que ela tinha atirado com firmeza em Antony nas pernas. Anya era fodona e minha melhor nova amiga.
Paco tinha seu telefone na mão, mas eu estendi a mão e agarrei a dele antes que ele pudesse chamar Ciro. —Ainda não. —Eu disse a ele.
—Eu tenho que dizer ao capo o que aconteceu, senhorita Vitucci. —Explicou.
—Você pode. Mais tarde. —Eu abri a janela e joguei o telefone antes que ele pudesse pegá-lo de volta. Eu não poderia enfrentar Ciro agora. Se eu o visse, se eu ouvisse a voz dele, eu não seria capaz de continuar com o exame de sangue. Eu me arriscaria e me casaria com ele sem saber com certeza. Talvez fazendo as coisas erradas que poderiam nos deixar infelizes para sempre se eu esperasse.
—Que porra é essa? —Ele me encarou. —Você perdeu a cabeça? Capo vai matar alguém por causa disso.
Ele estava certo, mas eu me preocuparia com isso mais tarde. Junto com um milhão de outras complicações se eu estivesse grávida.
Anya pisou no freio, fazendo com que todos nós caíssemos para frente. Ela virou-se para Paco com uma carranca mortal em seu rosto bonito. Ela foi rápida, mais rápida do que Paco poderia sonhar em ser, porque ela pegou a arma dele pela segunda vez e apontou-a para sua cabeça. —Você pode ir com a gente e fazê-lo sem reclamação ou você pode sair e ir a pé daqui. Qual você acha que Donati iria querer que você fizesse?
Ele soltou um suspiro áspero. —Eu vou com você. —Anya baixou a arma e pisou no acelerador novamente. —Onde quer que o inferno esteja.
Ao meu lado, Victoria estava olhando para fora da janela de trás. —Isso aconteceu?
—Sim, Tor. Anya é uma super-heroína. Acho que estou um pouco apaixonada por ela agora.
Capítulo 27
Ciro
—Mais dois dias. Já perdeu a coragem?
Eu nem sequer poupei a Dante um olhar enquanto nós chegávamos a uma das partes mais questionáveis da cidade. Nós tínhamos conseguido uma pista sobre onde Jr. poderia estar se escondendo desde que ele tinha voltado para Nova York, mas até agora nós só conseguimos becos sem saída. Ele era um filho da puta escorregadio, mas eu o pegaria e me certificaria de que ele se juntasse a outros no fundo do rio Hudson.
—Não. —Eu disse a ele honestamente. Eu estava pronto para acabar com isso, fazer Scarlett minha esposa e começar nossa vida juntos.
A conversa sobre bebês continuou tentando se esgueirar em minha cabeça, mas eu a empurrava cada vez. Meu intestino torcia cada vez que seu rosto pálido inundava minha mente. Sabendo que ela tinha sofrido num primeiro momento, e depois aceitado quando eu disse a ela porque não queria filhos, era como um chute nos dentes.
Eu não tinha percebido que ela queria meu filho até hoje. Ela parecia tão feliz até que eu tinha esmagado sua fantasia sobre nossos filhos.
Porra.
Eu deveria ter pensado sobre proteção na primeira noite. Em vez disso eu tinha saltado à conclusão de que ela estava cuidando disso. Eu não tinha me deixado pensar sobre o que poderia significar nós estarmos desprotegidos por mais de duas semanas. O suor escorria na testa toda vez que eu pensava sobre isso, junto com palavras de Scarlett de mais cedo.
Você é o suficiente para mim, Ciro. Nada mais me fará tão feliz quanto ser amada por você.
Você é um bom homem e eu te amo completamente.
Eu te amo, apesar das coisas que você pode ter feito no passado. Apesar do que você pode ter que fazer no futuro.
Nosso filho também te amaria.
Nosso filho. Porra. Por que essas duas palavras fazem meu coração parar? Por que eu estava tão focado sobre elas quando ela me disse que não iria forçar o assunto? Que ela não iria nunca trazê-lo de novo porque eu era tudo o que ela queria?
Porque eu queria acreditar que o nosso filho realmente me amaria. Que eu poderia amá-lo.
Porra.
—Então, se isso não for você desistindo, o que está acontecendo com a sua transpiração? Você está ficando doente? —Ele se aproximou em direção à janela do motorista enquanto me observava com o canto do olho. —Eu não quero essa merda, cara. Guarde para si.
Passei a mão na minha testa. Eu realmente estava suando em bicas. Eu estava deixando toda essa coisa de bebê me atingir também, caramba.
—Você se esqueceu de como falar?
Eu estalei meus dedos. —Deixe-me sozinho, Dante.
—Ela está desistindo então? —Ele riu quando senti o sangue fugir do meu rosto. E se ela estivesse desistindo? —Relaxe, meu amigo. Scarlett nunca faria isso com você. Ela te ama desde que tinha onze anos.
—Como você sabe disso? —Rosnei antes que eu pudesse me parar.
O risinho se transformou em uma risada total. —Controle-se, Ciro. Você não tem nada para se preocupar no que diz respeito a isso. Scarlett é como minha irmã mais nova. Somos próximos. Nós sempre fomos. Você sabe disso. Então, não fique com raiva sobre isso.
Sentei-me, me lembrando de que eu não tinha nada para ter ciúmes de Dante. Ele estava certo. Ela me amava, não a ele.
Meu telefone tocou e eu puxei-o do meu bolso quando Dante parou num sinal vermelho. A voz de Desi encheu meu ouvido quando eu atendi a chamada. —O telefone de Paco está desligado, chefe. Eu tenho um alerta quando ele o fez.
—Então chame Antony. —Eu disse a ele mesmo quando o medo encheu meu estômago. Eu me certifiquei de que os homens que cuidavam de Scarlett tivessem telefones novos. Eles foram programados para alertar Desi quando fossem desligados, assim, no caso de algo acontecer com um deles, eu saberia sobre isso imediatamente.
—Ele não vai atender. O GPS mostra ainda que está do lado de fora do estúdio onde as mulheres deveriam estar. —Houve hesitação em sua voz, que não era como Desi agia. Ele normalmente me dizia tudo o que eu precisava saber e terminava com isso.
—Vá dar uma olhada. —Eu disse a ele, tentando não deixar a súbita sensação ruim que eu tinha em meu instinto afastar todos os pensamentos do senso comum. Scarlett iria arrancar minhas bolas se eu exagerasse e aparecesse no estúdio onde ela estava provando seu vestido. Minha mãe iria chutar a minha bunda se eu visse o vestido antes do casamento.
—Eu estou aqui agora, capo.
Apertei minhas mãos em punhos. —E?
Desi suspirou, como se temendo o que ele estava prestes a dizer. —Os policiais também.
—Que porra é essa? Apenas fale logo, Desi. Scarlett está bem? —Dante me lançou um olhar, sem se preocupar em acelerar quando o sinal ficou verde.
—As mulheres saíram cerca de uma hora atrás. A costureira viu todos, menos as gêmeas e Anya Volkov saírem na frente com os homens. Ela não viu Paco e os outros irem, no entanto, mas ouviu a campainha da porta de trás soar e assumiu que eles saíram por ali. Poucos minutos depois, ela ouviu dois tiros e, em seguida, pneus guinchando. A mulher chamou a polícia e eles apareceram. Há duas manchas de sangue na calçada, capo.
Meu sangue se transformou em gelo. Jr. Foi o primeiro pensamento que passou pela minha cabeça, mas ao mesmo tempo, algo não parecia certo sobre tudo isso. Jr não emboscaria qualquer um a menos que ele tivesse todo um exército de homens com ele, muito maricas para fazer algo sozinho. Anya estava com Scarlett, e eu sabia que ela era tão capaz quanto os cinco homens se ele aparecesse. Ela podia lidar com uma pequena doninha como Jr por conta própria, sem problemas.
—Rastreie o telefone de Scarlett. Converse com os policiais e descubra o que eles sabem e diga-lhes que eu estou a caminho. —Os policiais sabiam quem eu era. Eles não fariam nada a menos que eu dissesse.
Dante ainda estava esperando quando eu desliguei a chamada com Desi. As pessoas atrás de nós estavam buzinando, tentando fazê-lo avançar, mas ele apenas ficou lá, esperando. —Você sabe onde o estúdio desse designer fica, não é? —Ele assentiu. —Então vamos. Agora.
Ele fez um retorno e então passou por três veículos, contornando-os e tendo que desviar para evitar bater neles. —Allegra? —Ele rosnou.
—Ela saiu com a minha mãe, aparentemente. —Eu não prestei atenção ao que ele estava fazendo enquanto dirigia pela cidade no triplo do limite de velocidade legal. Levantando meu telefone, liguei para telefone de Scarlett, mas ele foi para o correio de voz depois de apenas alguns toques. Desliguei sem deixar uma mensagem, e liguei para minha mãe em seguida. Ele tocou duas vezes antes de ela atender.
—Oi, querido...
Eu a cortei. —Ma, Scarlett está com você?
—Não. Nós não a vimos tem cerca de meia hora. Victoria disse que tinha uma surpresa para Scarlett e que eles iriam se encontrar com a gente no jantar. —Minha mãe me disse. —Está tudo bem?
—Te ligo depois. —Eu prometi sem lhe dizer nada. Assim que eu desliguei com ela, liguei para Cristiano. —Você falou com suas irmãs?
—Victoria ligou mais cedo hoje. Ela estava a caminho da prova de seu vestido com Nona e Allegra.
—Porra. Vá para aquele estúdio. Algo está acontecendo. Eu vou lhe dizer mais quando souber de alguma coisa. —Ele não fez perguntas, não que eu pudesse ter lhe dado respostas. Eu não sabia de nada.
No momento em que chegamos lá, os policiais já tinham ido embora, mas Desi estava atrás do edifício. Mesmo dirigindo como um corredor de Fórmula Um, Dante ainda tinha levado mais de meia hora para chegar ao estúdio. Desi estava de pé ao lado de duas manchas escuras na calçada. Sangue. Meu intestino torceu novamente, tornando difícil de respirar por um segundo. Em sua mão havia dois telefones. Olhei em volta, à procura de qualquer sinal que pudesse me dizer o que estava acontecendo e onde Scarlett estava. Dante se agachou para examinar as manchas de sangue.
Desi levantou a cabeça quando cheguei a ele. Ele me ofereceu o segundo telefone em suas mãos. —Os policiais encontraram este no beco.
—Antony?
Ele assentiu. —Sim. Última chamada interessante, no entanto.
Puxei o histórico de chamadas e encontrei um número que eu não reconheci. Não havia nenhum nome listado e eu não esperava que houvesse. Nós não atribuímos nomes a ninguém, nunca. Apertando enviar, eu levantei-o ao meu ouvido e esperei. Ele tocou uma e outra vez até que uma voz profunda atendeu. —Achei que você ligaria.
O pavor que me consumia aliviou um pouco ao ouvir o som da voz de Volkov. Ele não faria mal a Scarlett... Faria?
—Por que isso? —Eu perguntei em voz neutra, sem saber o que o russo tinha a ver com Scarlett estar desaparecida. Eu freei um pouco da minha impaciência, sabendo que apressar esse homem não me levaria a lugar algum.
—Seu homem está bem. Levou dois tiros nos joelhos, no entanto. Anya é boa com uma arma. —Ele resmungou e eu pensei ter ouvido tilintar de gelo contra o copo. —Você provavelmente vai querer sua cabeça, no entanto. Ele é meu homem também. O idiota não pode fazer nada certo de qualquer maneira.
—Que homem? —Eu rosnei, tentando envolver minha cabeça em torno do que estava acontecendo. Não Paco. Eu sabia que ele nunca iria me trair ao trabalhar para alguém além de mim, mesmo alguém que era supostamente um aliado.
—Antony. —Ele falou o nome com dificuldade e eu percebi que ele estava bêbado. Gelo bateu no copo novamente. —Ela correu de mim. Não, foda-se. Ela não fugiu. Anya levou-a para longe. Porra de traidora. Por que ela iria fugir quando ela sabe que eu a amo?
Esfreguei minha mão sobre meu rosto, frustrado com toda a situação e prestes a perder minha paciência. Atrás de mim, ouvi Cristiano chamar meu nome, mas não me virei. Dante disse algo a ele, e ficou quieto, observando-me enquanto eu esperava Volkov me dar a informação que eu teria pago qualquer preço para ter.
—Onde está Scarlett? —Eu tentei manter minha voz calma e fria quando ele não disse mais nada, apenas bebeu mais do que quer que ele estava se entorpecendo. Eu não adiei, porém, minha voz embargou com seu nome.
Volkov engoliu em seco, tomando outro longo gole. —Foda-se se eu sei. Anya foi embora antes que eu pudesse tirar Victoria.
Minha paciência estava completamente esgotada agora. Se o homem estivesse em pé na minha frente, eu teria explodido seus miolos no chão. —É melhor você estar me dizendo à verdade, Volkov. Porque se algo acontecer com elas, acontecerá com você também. —Eu desliguei. Engolindo uma maldição, eu voltei minha atenção para Desi. —Você conseguiu qualquer coisa ao rastrear o telefone de Scarlett?
Ele assentiu. —Isso é ainda mais estranho. Eu fui capaz de rastrear seus movimentos pela última hora. Ela esteve em alguma clínica em Brighton Beach por um tempo, em seguida, começou a se mover novamente. Tanto quanto eu posso dizer, ela está a caminho de casa.
Brighton Beach. Território russo. Anya deve tê-las levado para lá. A clínica não fazia sentido, a menos que um deles estivesse doente, mas havia pronto-socorros mais perto de Brighton Beach. Ela estava a caminho de casa, no entanto. Meu alívio foi tão forte que quase tirou o ar do meu peito.
Afastando-me dos três outros homens, eu fui para a rua. Eu me senti fisicamente doente após o susto de perder Scarlett novamente. Algo estava acontecendo, mas eu não poderia me importar com o que era. Ela estava a caminho de casa. Segura.
Nada mais importava.
—Ciro. —Cristiano me chamou. —Que diabos está acontecendo? Onde estão minhas irmãs?
Eu não respondi. Se eu abrisse minha boca, eu vomitaria.
Scarlett
Sentei-me no sofá com Victoria de um lado e Anya no outro. Ambas estavam segurando minhas mãos frias. Eu precisava de seu calor após o telefonema que tinha acabado de receber.
Depois do que tinha acontecido com Adrian e Antony, Anya tinha nos levado a Brighton Beach, onde seu amigo médico estava esperando. Ele tinha tirado um pouco de sangue, em seguida, prometeu ligar assim que ele tivesse os resultados. Nós tínhamos levado todo o caminho de volta para o apartamento antes que ele fizesse a chamada.
Eu estava grávida.
—Os níveis de Beta hCG em seu exame de sangue mostram que você está grávida há mais tempo do que você indicou, ou talvez sejam gêmeos. —Sua voz grossa acentuada tinha me informado. —Como você é, obviamente, gêmea idêntica, a chance... —Depois eu me desliguei de sua voz. Victoria tinha tomado o telefone e ouviu o que ele disse, mas eu não me importei.
Não havia como eu estar grávida a mais tempo do que eu disse a ele. Ciro tinha sido o primeiro homem a me tocar. Ele seria o último.
Se ele ainda me quisesse.
O que eu ia fazer? Eu prometi a ele que não iria falar de crianças, novamente, e que não importava para mim se nós nunca as tivéssemos. Tinha sido a verdade, mas agora que eu sabia que o filho de Ciro estava crescendo dentro de mim, eu não poderia ficar triste com isso. Eu também não estava feliz. Como eu poderia estar quando isso poderia significar perdê-lo?
Vagamente ouvi Victoria dizer algo para Anya, mas eu não entendia suas palavras. Elas estavam falando em russo e meu cérebro estava muito nublado para dar sentido a qualquer uma delas. Minha irmã deslocou-se contra mim, colocando o braço em volta de mim e descansando a cabeça no meu ombro. Um cobertor macio estava envolto em torno de mim e uma caneca quente foi pressionada em minhas mãos dormentes.
—Beba. —Anya ordenou, e porque eu tinha visto o que ela poderia fazer, quando testada, eu levantei a bebida aos lábios e tomei um pequeno gole. O chá era fraco e doce demais e baixei rapidamente minhas mãos, só para ter Anya as levantando de volta. —Você precisa disso. Apenas beba.
Ao invés de discutir com ela, eu bebi tudo em dois grandes goles. Quando eu terminei, ela colocou o copo sobre a mesa ao lado dela e colocou o cobertor em torno de mim um pouco mais apertado. Ela e Victoria estavam me tratando como uma criança pequena, mas eu não conseguia pensar em uma única razão para impedi-las de me mimarem. Eu estava grata que alguém estava lá para me manter firme enquanto eu lentamente me desfazia.
A porta batendo fez Victoria saltar ao meu lado, e eu finalmente saí da minha neblina o suficiente para virar a cabeça e ver quem tinha entrado. Vendo Ciro em pé no meio da sala, seu rosto pálido e tenso, seus olhos azuis como tempestade, fui empurrada completamente para fora do meu choque.
Victoria saltou, ficando de pé. —Eu posso explicar. Eu fiquei... Doente. —Ela parou quando ele colocou seus olhos nela e lentamente inclinou a cabeça para o lado. Parecia perigoso. Certo, então ele era um predador, eu era a sua presa, e ele estava pronto para destruir a minha irmã se ela não saísse do seu caminho. A boca da minha irmã gêmea se fechou e ela olhou para Anya. —Talvez devêssemos ir.
A outra mulher se levantou. —Eu não sinto muito sobre o tiro em seu homem. Ele mereceu.
Ciro só ficou lá, sem mover nem os cílios até que a porta se fechou atrás dele. Abri a boca, pronta para contar tudo a ele, quando de repente ele estava na minha frente e me empurrando para cima do sofá e em seus braços. Ele colocou minha cabeça contra seu peito e minhas pernas foram instintivamente ao seu redor. Ele estava tremendo tanto que ele mal teve tempo de cair sobre o sofá antes que ambos terminássemos no chão.
Seu coração batia em um ritmo louco, sua respiração acelerada demais que me fez pensar se ele estava tendo um ataque de pânico. Eu o abracei forte. —Me desculpe. —Eu sussurrei. —Eu não queria te assustar.
—Só... Cale a boca. —Ele murmurou em uma voz tremida. Eu pressionei meus lábios contra seu pescoço. —Sinto muito. —Eu repeti.
—Baby, eu estou tentando não vomitar agora, então, por favor... Cale a boca. Deixe-me abraçá-la.
Eu fiquei quieta. Lágrimas encheram meus olhos, mas eu não as deixei caírem. Ele já estava chateado o suficiente e eu não queria aumentar isso quando eu sabia que isso ia ficar pior quando eu dissesse a ele sobre o bebê. Ou eram bebês? Eu não tinha prestado atenção suficiente no médico para me lembrar. Deus, isso era ainda pior. Ele não queria um, como ele iria lidar com dois?
Lentamente seu coração se acalmou e sua agitação desapareceu para tremores que lhe assaltavam a cada poucos minutos. Cuidadosamente, eu levantei minha cabeça. Seus olhos estavam fechados e seu rosto ainda estava pálido, mas não tão tenso como antes. Ele parecia destruído, derrotado.
Os olhos azuis se abriram. —Onde você estava?
Engoli o nó na garganta que eu não tinha sido capaz de me livrar completamente durante toda a noite. —Eu fui a um médico que Anya conhece. —Sua mandíbula ficou tensa e eu corri antes que eu perdesse a coragem. —Depois do que você disse hoje mais cedo, eu tinha que saber se eu estava grávida ou não. Eu não poderia esperar por um período que não viria, eu precisava saber agora no caso de eu estar. —Ele só olhou para mim e meu queixo começou a tremer, as lágrimas enchendo meus olhos enquanto eu me preparava para sua explosão. —Estou grávida. —Eu sussurrei e fechei os olhos.
A explosão nunca veio. Ele não começou a gritar. Seu corpo permaneceu tal como esteve momentos antes. Cautelosamente eu abri meus olhos. Seu rosto tinha perdido um pouco do tom pálido, e havia um brilho em seus olhos que fez meu coração se abrir. Ele estava chorando?
—Ciro, eu sinto muito. Eu não queria que isso acontecesse. Por favor, acredite nisso. —Ele nem sequer abriu a boca e pânico começou a queimar em meu corpo. A primeira lágrima caiu na minha bochecha, mas não me atrevi a limpá-la. —Eu te amo e sei que lhe disse que não tinha que ter um bebê, mas... Eu não posso me livrar dele. Por favor, não me peça, porque eu acho que poderia me matar se você o fizesse.
Eu estava soluçando agora, incontrolavelmente. Meus dedos apertaram em sua camisa, segurando desesperadamente a ele mesmo que eu soubesse que ia, provavelmente, perdê-lo de qualquer maneira.
Mãos ásperas seguraram meu rosto, levantando meu queixo até que eu estava encontrando seu olhar novamente. Algumas de suas próprias lágrimas tinham escorrido. —Eu te amo, vita mia. Você é minha vida. Eu nunca... Nunca lhe pediria para se livrar do nosso filho. Você me entendeu?
—Mas você disse…
—Eu disse um monte de coisas estúpidas na minha vida, não mais do que o que eu disse esta tarde. Depois das coisas que eu fiz, eu estava com medo de não ser capaz de amar meu filho, Scarlett. Foi aterrorizante pensar nisso. Algumas das coisas que eu fiz... —Ele parou, apertou a mandíbula e balançou a cabeça. —Isso me deixou duro. Sem emoção, às vezes. Eu tive que começar a desligar partes de mim, baby. Eu me tornei um monstro. Depois de um tempo, eu pensei que nunca iria conseguir essas partes de volta. Que tudo o que restava era só para você.
Meu coração se partiu mais uma vez por ele. —Você não é um monstro.
Ciro limpou uma das minhas lágrimas com o polegar, um sorriso triste apareceu em seu rosto. —Obrigado por pensar isso, vita mia. —Ele me acariciou com seu polegar até chegar à base da minha garganta. —Eu estava errado sobre não ser capaz de amar o meu próprio filho, no entanto. Quando você disse que estava grávida agora, era como se eu tivesse sido atingido por um raio de amor. —Sua outra mão se moveu para acariciar meu estômago. —Este bebê nunca vai conhecer nada além de amor, eu juro a você.
—Sério? —Eu respirei, incapaz de acreditar completamente no que ele estava dizendo.
—Sério. —Ele disse isso como uma promessa, sua mão se estabelecendo de forma protetora sobre onde eu poderia imaginar nosso bebê, ou bebês, já aninhados com segurança. —Eu te amo. Eu amo esta nova vida que criamos juntos. É parte de você, Scarlett. Como eu poderia não amá-lo?
Novas lágrimas me cegaram enquanto eu me deixava cair contra seu peito, mas estas eram diferentes. Eram lágrimas de felicidade que eu não conseguia segurar sem implodir. Uma risada cheia de soluço me escapou enquanto eu me agarrava a ele e ele me segurava. Eu estava bêbada de alívio que ele não me odiava, que ele me queria e amava nosso bebê tanto quanto eu já amava.
Eu senti seus lábios no meu pescoço. —Não importa o que eu faça no futuro, vita mia, não importa o que eu tenha que fazer para garantir que você e nosso filho estejam seguros, eu sempre vou te amar.
—Eu te amo, Ciro.
Epílogo
Ciro
Era o meio do dia e eu provavelmente deveria estar trabalhando, mas em vez disso eu estava deitado no meio do chão da sala à prova de bebê, com a minha filha tentando adormecer no meu peito. Seu peso suave não poderia ter me segurado mais se ela pesasse uma tonelada. O cheiro de bebê doce e limpo, que enchia o meu nariz era meu novo perfume favorito.
Combatendo o sono, ela levantou a cabeça, seus olhos azuis me focando antes que ela me desse um sorriso desdentado e babasse em toda a minha camisa. Com aquele sorriso, ela se apossava de mim mais ainda do que sua mãe. Meu coração apertou dolorosamente, mas saudou o desconforto. Eu nunca pensei que pudesse amar qualquer coisa ou qualquer um, tanto quanto eu amava Scarlett, mais ali nos meus braços estava à metade da prova de que eu podia e amava.
—Você vai dormir com o Papa, minha pequena Zariah? —Murmurei em voz suave que ela sempre parecia fascinada.
Seus lábios abriam e fechavam, tentando falar comigo, mas as palavras não saíam. Em vez disso, eu fui recebido com um sorriso que ela deu, me fazendo rir com prazer. Muito em breve eu sabia que ela ia começar a falar e depois andar. Eu temia os primeiros passinhos que ela iria dar, sabendo que eles eram apenas o começo dela me deixando para trás. Scarlett pensou que era engraçado que eu já estivesse preocupado com nossas crianças crescendo, mas era o meu novo pesadelo.
—Ciro, onde... —A voz de Scarlett parou quando ela entrou na sala e me viu no chão com Zariah no meu peito. Seus olhos castanhos amoleceram e meu coração torceu no meu peito com o amor que eu vi brilhando para mim. —Bem, isso explica ela. Agora, onde está o menino?
Virei à cabeça e ela seguiu o meu olhar para onde Zayne estava tentando virar de barriga para ir em direção ao sofá. Ele não tinha ido longe nos poucos minutos desde que eu tinha juntado os gêmeos no chão, mas havia determinação em seu rosto quando ele apontou para seu objetivo final. Os gêmeos estavam com quase cinco meses de idade, mas Zayne já estava mostrando sinais de ser igual a mim. Eu temia suas futuras palhaçadas, mas Scarlett estava curtindo cada segundo das escapadas do nosso filho. Sua irmã era uma mistura de ambos, Scarlett e eu, o que poderia ser explosivo, às vezes, mas ela sabia exatamente como me envolver em torno de seu dedo gordinho.
Soltando um acesso de raiva simulada, ela atravessou a sala e levantou o nosso filho em seus braços. Os olhos azuis irritados olharam para ela por parar o seu progresso, mas quando ela o beijou no rosto gordinho, seus braços foram em volta do seu pescoço, segurando-a contra ele como se ele nunca quisesse que ela o soltasse.
Rindo, ela fez cócegas em seu estômago e, em seguida, levou-o para se juntar a mim e Zariah no chão. Com Zayne no colo, ela me deu um sorriso. —Eu pensei que você tinha reuniões esta manhã com os outros capos e o papai?
—Algo mais importante aconteceu. —Eu disse a ela. Não havia nada mais importante do que me aconchegar com a minha menina.
Seus olhos estavam rindo para mim, mas assentiu com seriedade completa. —Entendo. —Ela passou a mão sobre as costas de nossa filha, obtendo um grito de raiva em resposta porque o bebê pensou sua mãe ia levá-la para longe de mim. Scarlett revirou os olhos. —Menina mimada do papai.
Sentei-me com Zariah ainda no meu peito. Esfregando o queixo contra sua bochecha a fiz rir, e isso encheu meu coração quase transbordando com o som doce. Os dedinhos vieram na minha boca, querendo que eu os mordiscasse. Eu dei a ela o que ela queria por alguns segundos, em seguida, relutantemente entreguei-a a Scarlett. Inclinando para frente, eu beijei minha mulher nos lábios de forma demorada e forte, para grande irritação do meu filho.
Recuando, eu pisquei para ela e, em seguida, me levantei. Vito não aceitaria provavelmente que eu tinha ficado o dia todo sem trabalhar por sua amada neta. Eu tinha responsabilidades que exigiam minha atenção. Assim que eu passasse por aquela porta, eu não seria o marido e pai amoroso que eu era aqui dentro. Eu tinha aprendido a deixar essa parte de mim mesmo ali na guarda de Scarlett, sabendo que assim que sentisse seus lábios nos meus, no final do dia, eu estaria inteiro de novo e voltaria a ser o homem que a adorava, e aos nossos gêmeos. —Amo você, vita mia.
 

 

                                                                  Terri Anne Browning

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

 

 

      

 

 

O melhor da literatura para todos os gostos e idades

 

 

 

 

                                                

 

>—Nós também te amamos, papai.