Nascido e criado para ser uma máquina de matar sem emoções, Nathan é um dos vampiros da Raça mais letais que existem. Um dos principais membros do grupo de elite de guerreiros da Ordem, encarregado de proteger tanto os mortais como os vampiros. Nathan executa cada missão com precisão impecável e uma total falta de misericórdia. Agora, ele deve perseguir um poderoso inimigo oculto. Mas a dura disciplina e os treinamentos de Nathan, não são páreo para a atração feroz que sente por uma jovem mulher que não tem direito de desejar. Uma mulher de riqueza e alta posição social, que está prometida a outro macho da Raça, e que também pode vir a ser a chave para desenterrar a esquiva presa de Nathan.
Jordana vive uma reluzente vida privilegiada, como um membro de uma família proeminente da Raça, em Boston. Cercada por coisas boas e admiradores bajuladores, Jordana não deseja nada, até que cruza o caminho de um sombrio e intenso guerreiro da Ordem, e se vê arrastada para um beijo escaldante e impulsivo, que nenhum deles irá esquecer. Por mais que tente negar seus profundos sentimentos por Nathan, Jordana não pode resistir ao desejo de estar perto dele, de romper as paredes proibitivas dele, e ver o homem que ele realmente é. Mas, aproximar-se de Nathan lança Jordana em um novo mundo traiçoeiro, obrigando-a a arriscar tudo o que tem, e tudo o que conhece de si mesma e seu passado. E amar este homem sedutor pode ser a tentação mais perigosa de todas.
A multidão ondulante lotando a pista de dança dentro da boate de Boston parecia sentir coletivamente que a morte tinha entrado no edifício.
Nathan percebeu a mais leve mudança na atmosfera. Como um da Raça, estava há muito tempo acostumado com a reação que provocava nos humanos.
Como um membro dos guerreiros da Ordem e um macho da primeira geração da Raça, o mais poderoso de sua espécie, a presença de Nathan muitas vezes colocava até mesmo outros vampiros em estado de alerta.
Mas foi outra parte de sua natureza, o fato de que nasceu e foi criado um Hunter, um de uma legião sombria criada para matar e despojado de qualquer emoção ou afeição, que emitia um terror visceral não dito na sala. Ele via isso em cada par de olhos que furtivamente encarava seu caminho agora, através das luzes da pista de dança no clube escurecido.
— Eles não parecem felizes em nos ver. — Brincou Rafe, um dos outros três guerreiros da Raça que se reportavam a Nathan como seu capitão de equipe.
— Duvido que Cassian Gray vai acolher a Ordem de braços abertos também. — Isto veio do tenente de Nathan, Elijah, com seu lento e descontraído sotaque do Texas que desmentia a habilidade rápida do vampiro com qualquer uma das lâminas ou armas colocadas em seu cinto de armas.
Do outro lado de Eli, Jax, o terceiro membro da patrulha desta noite, arqueou uma sobrancelha preta delgada sobre seus olhos amendoados. — Não é como se o tivéssemos deixado no melhor dos termos da última vez.
Não, eles não tinham. A última vez que Nathan e sua equipe tinham pisado no interior da antiga igreja, que agora era um dos mais populares locais da cidade e o menos respeitável, terminou com o proprietário do clube, Cassian Gray, chamando uma unidade armada da Força Tarefa da Iniciativa Urbana de Segurança Comum – JUSTIS. A Ordem não tinha tempo para lidar com qualquer público ou consequências política da JUSTIS esta noite.
E se Cassian pensava que poderia se esconder por trás das mãos que ele tão bem lubrificava dentro da combinação da Raça e da organização da polícia humana, estava errado. Completamente errado, se essa fosse a maneira que ele queria jogar.
A Ordem tinha vindo recentemente através de uma informação, que indicava que Cassian poderia ter outros aliados desconhecidos no bolso. Aliados que fariam sua aplicação da lei e conexões no submundo do crime parecerem como marionetes sem valor.
Esta noite, Nathan e sua equipe foram encarregados de levar o dono do misterioso clube ao Centro de Comando da Ordem, em Boston, para interrogatório.
— Venham. Vamos encontrar o desgraçado. — Ignorando o aumento acentuado de adrenalina e o suor ansioso injetado na miscelânea geral de bebida velha, fumaça e perfume que pairava como uma névoa no clube, Nathan fez um gesto para sua equipe segui-lo para dentro. — Eli, você e Jax procurem nas salas públicas. Rafe e eu ficaremos com os escritórios dos fundos.
Com os dois guerreiros se encaminhando com suas instruções, Rafe ficou ao lado de Nathan para abrir caminho por entre a multidão para o escritório do proprietário do La Notte. Não havia segurança para detê-los uma vez que atingiram o escritório de Cassian, sugerindo que o homem ou estava trabalhando no andar do clube que tanto gostava, ou não estava no prédio.
Nathan esperava que fosse o primeiro caso. Se não, esta visita não anunciada certamente voltaria para Cassian de uma forma ou de outra, e a Ordem não queria dar ao filho da puta qualquer motivo para alarme. Não queriam que nada o alarmasse antes que pudessem interrogá-lo sobre quem, ou melhor o que, ele realmente era.
Nathan caminhou até a porta de aço pintada de preto com a palavra PRIVADO riscada pela ponta de uma lâmina serrilhada. A tranca e a fechadura secundária não eram nenhum problema para o poder de sua mente da Raça. Nathan livrou o parafuso e o outro caiu com pouco mais do que a concentração de um segundo.
Ele empurrou a porta e Rafe o seguiu para o escritório às escuras. Nenhum deles precisava de luz artificial; a visão da Raça era impecável, ainda mais no escuro.
Nathan fez uma varredura visual rápida da sala vazia e amaldiçoou. — Ele já se foi.
Nenhum sinal de Cassian Gray afinal. A mesa estava limpa de todos os documentos e objetos pessoais. O notebook colocado convenientemente aberto para que eles confiscassem. Nada além de um escritório cuidadosamente desocupado.
Se Nathan fosse adivinhar, imaginaria que Cassian se foi há várias horas, pelo menos. Talvez um dia inteiro ou mais.
— Maldição, — ele trincou os dentes cerrados.
Rafe, entretanto, tinha quebrado um armário de arquivos e livros contábeis do outro lado da sala. — Só um monte de registros contábeis e recibos de fornecimento. Equipamentos do bar, faturas de bebidas alcoólicas, os contratos da banda com o clube. — O vampiro loiro encarou Nathan com um olhar irônico. — Onde acha que Cassian mantém os verdadeiros livros com o dinheiro que faz parte desta operação? Nada aqui menciona a arena de luta lá embaixo, ou a jogatina, a prostituição e a comercialização de sangue. Nada aqui sobre as outras atividades que o La Notte também fornece.
Nathan resmungou. As atividades ilegais de Cassian e outras atividades não convencionais fornecidas no nível de acesso restrito, no andar inferior do clube, não eram segredo, mas criminoso ou não, ele teve o cuidado de proteger os seus próprios interesses de sua clientela. Os registros de partes de seu negócio certamente eram mantidos em algum lugar muito mais seguro do que o seu escritório no clube.
Não, Cassian Gray era um homem que sabia quando e como manter seus segredos.
Rafe já tinha abandonado os arquivos para mover-se mais para dentro do espaço do escritório sombrio. — Ei, veja isto, — ele chamou por cima do ombro por Nathan. — Há outra porta aqui.
O guerreiro abriu-a e soltou um assobio. — Você tem que ver isso, cara.
Nathan caminhou até encontrar um quarto do outro lado da porta. Uma cama king-size com dossel envolta em lençóis de cetim preto dominava o quarto. Os trilhos entre os postes tinham tiras de couro penduradas, e uma variedade de algemas e restrições com fivelas, algumas com pontas de metal afiadas.
Rafe soltou uma gargalhada. — O que quer que Cassian Gray seja, é um merda distorcido.
Nathan olhou para os apetrechos de aberrações sexuais e tortura, enquanto seu amigo e companheiro entrava para tilintar um dos chicotes com pregos. — Larga isto, Rafe. Estamos perdendo tempo. Cassian não está aqui, obviamente. Vamos encontrar os outros e dar o fora daqui.
Quando Rafe deixou cair uma pulseira de couro e se preparava para sair, Jax correu para encontrá-los. Seu rosto estava contraído e sombrio. — Temos um problema.
— Você encontrou Cassian? — Nathan perguntou.
Jax sacudiu a cabeça. — Aparentemente, apenas nós percebemos a falta dele, se puder acreditar em qualquer um dos funcionários do clube. O problema é Aric Chase. Ele está lá embaixo nas jaulas. Com Rune.
— Jesus Cristo, — Rafe sussurrou, chegando ao lado de Nathan.
— Eli está tentando impedir isto, — disse Jax, — mas Aric não quer parar. A merda está prestes a ficar feia.
Nathan rosnou uma maldição. — Carys está aqui também?
— Hoje não, — disse Rafe. — Ela está no museu de arte com Jordana Gates. As duas estão recepcionando uns clientes em um evento. Estavam planejando isso durante meses.
Nathan deu um aceno curto, grato por esta pequena misericórdia. A última coisa que precisava era que Carys Chase visse seu irmão gêmeo levar uma surra do assassino lutador de gaiola, com quem tinha começado recentemente a compartilhar sua cama.
Se o lutador da Raça e a fêmea caminhante do dia estavam compartilhando algo mais, ou seja, um laço de sangue, Aric não iria ser o único membro da família Chase determinado a chutar o traseiro moreno de Rune. Inferno, Nathan estaria provavelmente disposto a juntar-se àquela luta também.
Ele decolou em uma corrida mortal, indo com Rafe e Jax para a arena gaiola no nível mais baixo do La Notte. Gritos, urros e aplausos sedentos de sangue trovejavam das entranhas da antiga igreja.
E mal desceu na cova esportiva ilegal e Nathan viu Aric e Rune. Eles estavam na frente das jaulas, Eli posicionado entre eles, mal conseguindo segurar Aric para trás. Os machos da Raça estavam faiscando as presas, os olhos luminosos brilhando ambarinos na luz fraca da arena.
Nathan fez uma careta para Jax. — O que diabos está acontecendo?
— Não tenho certeza. Isto já estava quente quando Eli e eu descemos.
Outro dos combatentes do La Notte, um macho da Raça de cabelos compridos loiros chamado Syn, encontrou o olhar aquecido de Nathan, enquanto o barulho aumentava ainda mais entre os espectadores reunidos na arena. — É melhor controlar o seu bebê guerreiro antes que Rune deixe-o em pedaços ensanguentados.
— Qual é o problema de Rune com Aric esta noite?
Syn sorriu. — O problema de Rune? — Ele balançou a cabeça. — Rune estava cuidando de seu próprio negócio, apenas tomando fôlego e desfrutando de um pequeno relaxamento antes da primeira rodada desta noite.
A maneira como Syn frisou a palavra fôlego disse a Nathan que quando Aric encontrou-o, Rune estava provavelmente se alimentando de um dos anfitriões pagos de sangue humano, empregados por Cassian para servir seus lutadores e a clientela VIP.
— Seu garoto começou a falar merda, — Syn continuou. — Começou a dizer a Rune que a Ordem estava de olho nele. Que era melhor ficar atento ou ele iria acabar em cinzas.
Puta merda. Nathan reconheceu que este confronto provavelmente não deveria surpreendê-lo, mas a antipatia pessoal de Aric pelo brutal lutador da gaiola, não tinha nada a ver com o negócio da Ordem.
Ainda não, de qualquer maneira. Se Aric e o pai de Carys, Sterling Chase, descobrissem que sua filha tinha se ligado a um jogador do submundo sem remorso como Rune, Nathan não tinha dúvidas de que a Ordem como um todo, iria ter algo a dizer sobre isso.
Nathan, Rafe e Jax empurraram a multidão zombeteira bem a tempo de ver Aric investir passando por Eli para agarrar Rune. O corpo de Aric arremessou o grande lutador para a próxima gaiola, os dentes arreganhados e os olhos brilhando de fúria. Ele deu um par de socos selvagens, cada um habilmente evitado por Rune. A raiva de Aric deu-lhe grande força para punir.
Rune não revidava. Ele estava parecendo letal, seu rosto se contorcendo em fúria selvagem. Mas, sob a cabeleira desgrenhada de cabelos castanhos escuros, o lutador, invicto com mais mortes em seu nome do que qualquer outro antes dele, continha suas mãos.
Nathan empurrou os espectadores para que ele e Rafe pudessem arrancar Aric para longe de Rune. Isto não foi uma tarefa fácil. Apesar de ter apenas 20 anos de idade, Aric era forte como o inferno e mortalmente poderoso, especialmente agora, quando todo o seu corpo estava elétrico com animosidade contra o amante repugnante de sua irmã.
— Que porra é essa, cara? — Rafe gritou para o amigo. — Você perdeu o juízo, Aric. O que está fazendo aqui?
Aric continuou a olhar ameaçadoramente para Rune. Ele apontou o dedo para o lutador enganosamente frio. — Fique na sua. Fique longe dela. Ela é melhor do que isso, melhor do que você.
Agora os lábios de Rune retorceram lentamente, em um sorriso irônico. — Eu digo isto a ela o tempo todo. Ela parece pensar o contrário.
Quando Rune falou, uma das anfitriãs de sangue do La Notte passou enroscando seu corpo quase nu em torno do dele. Ela pegou o lóbulo da orelha de Rune entre os dentes, sussurrando algo contra seu escuro rosto sombreado. Rune deu-lhe uma significativa pancada em seu fio dental e disse-lhe para esperar por ele em uma das cabines próximas.
Aric ficou puto. Rosnando e fervendo, ele lutou para libertar-se dos braços de seu companheiro.
Nathan lançou um olhar firme para Rafe. — Vamos tirá-lo daqui.
— Uma boa pedida. — Syn concordou, enquanto Nathan e sua equipe lutavam com Aric para levá-lo para longe das jaulas e para fora do alcance de Rune.
Eles empurraram o vampiro furioso para fora do clube e de volta para a rua. Ele tentou correr de volta para a porta, mas Nathan e Rafe o bloquearam. Ele os empurrou e se balançou sobre as botas.
— Ela tem que saber que isto não pode continuar. Carys tem que entender que aquele imbecil é inferior a ela. Não posso ficar parado e deixar que se magoe com um dejeto como Rune. — Aric amaldiçoou baixo e selvagem. — Porra, não vou ficar parado.
Então, ele saiu correndo. Não para o clube de novo, mas para a rua.
— Merda, — Rafe murmurou, passando a mão pela cabeça. Ele olhou para Nathan. — Você sabe para onde ele está indo.
Para o evento no museu. Nathan não teve que adivinhar. Mas odiava como o inferno ter que reconhecer isto. Não mais do que odiava reconhecer que ele e sua equipe de patrulha iam ter que abandonar a busca desta noite por Cassian Gray, para ir atrás de um dos seus.
Um dos seus que estava prestes a receber a raiva de sua amada irmã, se Aric mantivesse sua ameaça de ver Carys e Rune separados.
E ir atrás de Aric significava ficar cara a cara com outra coisa que Nathan preferia evitar, principalmente sob estas circunstâncias.
Jordana Gates.
A bela fêmea do Darkheaven que esteve tentando arrancar de seus pensamentos durante a semana passada, desde que ela pressionou sua boca contra a dele, em um beijo totalmente inesquecível e totalmente inesperado. Um beijo que tinha lhe perturbado, e sim, o enfurecia.
Perturbando-o em um nível que ainda estava lutando para compreender.
— O museu de arte na Huntington Avenue, — disse Rafe ao lado dele.
A resposta de Nathan foi curta, quase um rosnado. — Sei onde ele foi.
Ele sabia mais sobre a linda Jordana Gates do que tinha direito, e os lugares que ela frequentava. Principalmente para que pudesse tomar medidas para evitá-los.
Mas agora não poderia evitá-la. Não com Aric se encarregando de defender a virtude de sua irmã.
Nathan esfregou a mão através de seu queixo cerrado. — Foda-se. Vamos.
Tão relutante quanto estava em seguir o caminho para onde se dirigia esta noite, Nathan foi o primeiro a sair do meio-fio e correr para seu destino.
A pé, dotados com a velocidade sobrenatural de sua genética da Raça, levou menos de três minutos para Nathan e sua equipe chegarem em frente ao museu do outro lado da cidade.
Aric estava à frente deles, já empurrando seu caminho, passando pelo porteiro humano irrompendo para dentro. Nathan, Rafe, Jax e Eli seguiram rapidamente atrás dele, mas não rápido o suficiente para impedir Aric de interromper completamente o evento social apenas para convidados.
Atacando através dos nós de homens vestidos com smokings, e mulheres envoltas em vestidos elegantes e joias reluzentes, Aric rugiu o nome de sua irmã. — Carys!
Conversas foram interrompidas abruptamente. Cabeças se viraram em todos os sentidos, de Raças e também humanos. Somente o quinteto de cordas na galeria acima pareceu capaz de ignorar a intrusão de Aric no encontro privado. Eles continuaram a tocar a espirituosa Serenata número 13 de Mozart, um acompanhamento estranho para o atual alarme, agora despejado através do piso principal do museu.
Com Nathan e seu esquadrão de guerreiros se arrastando atrás dele, Aric seguiu passando as esculturas e exposições de arte, organizadas especificamente para os patronos ricos reunidos lá esta noite. — Carys Chase! — ele gritou. — Droga, onde você está você?
Nathan estava bem nos calcanhares de Aric. Nathan chegou até ele, sua mão pegando com força o ombro de Aric para detê-lo no meio do caminho. — Este não é o momento nem o lugar, — avisou seu companheiro, em voz baixa, preparado para arrancar o jovem guerreiro da Raça de lá a força, antes que as coisas ficassem piores.
Ele teria. Mas, naquele momento, os sentidos de Nathan pararam completamente, quando ela surgiu de dentro do abrigo de uma multidão nas proximidades.
Não a irmã de Aric, Carys.
Jordana Gates.
Alta, esbelta, envolta em um diáfano vestido de tecido azul pálido que flutuava em torno de seu corpo, como uma nuvem de seda, ela se afastou da multidão da elite mais privilegiada da sociedade, e encontrou os olhos de Nathan através dos vários metros que os separavam. Seu olhar azul oceânico travando com o dele, no que imaginou ser surpresa no início, então confusão, sob as voltas complicadas e delicadas das espirais de seu coque de cabelo loiro, quase branco.
O vestido leve que ela usava abraçava a curva de seus seios e sua cintura fina, deslizando pelo suave fulgurar de seu quadril. Ela estava deslumbrante, como uma visão encantada, de outro mundo. E estava nervosa, não por causa do rompimento furioso de Aric em sua ostentosa festa da sociedade, mas por causa de Nathan.
Porque ele estava ali na frente dela agora.
Mesmo a essa distância, ele podia ver a forma como seu pulso acelerou no oco da base de sua garganta cremosa, enquanto olhava para ele. Praticamente podia sentir a aceleração de seu batimento cardíaco, enquanto ele a mantinha em um olhar sem remorso, bebendo-a da cabeça aos pés.
Ele quase podia sentir a boca dela na sua novamente, os lábios macios esmagados contra os dele em um beijo surpreendente, que nunca teria permitido. Um beijo doce, imprudente que nunca deveria ter acontecido.
Não com alguém como ele.
Não, a ansiedade de Jordana não era injustificada afinal.
Ela não tinha ideia do que tinha feito, beijando-o assim. A forma como os pensamentos dele estiveram girando nos dias desde então, ela deveria muito bem estar nervosa em torno dele.
— Carys! — Aric chamou mais uma vez pelo evento lotado.
Sua voz profunda, expandindo, fez Jordana saltar, uma mão delicada levada até a garganta em alarme. Na galeria acima, a música desapareceu, depois parou completamente. Os patronos do museu começaram a murmurar e se misturar, prestes a se embasbacarem com o espetáculo de Aric, embora nenhum dos homens de smoking parecesse ansioso para bancar o herói, e enfrentar a ameaça de um guerreiro da Ordem fervilhando.
Aric gritou por sua irmã novamente e tentou soltar-se do agarre de Nathan.
— Sem chance, — disse Nathan, cravando suas garras profundamente na carne do ombro de Aric. Rafe, Eli e Jax estavam bem atrás dele, esperando por suas ordens. — Vamos lá, — ele disse a Aric. — Você precisa se acalmar. Vamos levar isso para fora. Tudo o que vai fazer é emputecê-la...
— Aric? — Carys Chase correu por entre a multidão imóvel, pânico em sua voz normalmente calma. Vestida tão elegante quanto Jordana e as outras mulheres, ela ficou boquiaberta para seu irmão, enquanto vinha diretamente para frente para encontrá-lo, em sandálias de tiras que ecoavam com o corte geométrico de seu vestido de seda acobreado, abraçando suas curvas. — O que você está fazendo aqui? Qual o problema?
Enquanto a beleza de Jordana era diamante brilhante e loiro gélido, Carys Chase era terra e fogo combinados. Seus olhos emergindo com uma inteligência feroz, e sua cabeleira loiro caramelo, se esparramando pelo rosto e os ombros como bronze líquido.
É claro que as diferenças entre as duas fêmeas iam além do físico.
Onde Jordana Gates, era uma companheira da Raça, metade humana, além da genética das mais indescritíveis que a fazia diferente de seus primos Homo sapiens comuns, Carys Chase era algo ainda mais rara. Ela era da Raça, e uma caminhante do dia também.
O mesmo que seu irmão gêmeo.
— Aric, você está bem? — Ela lhe perguntou, aproximando-se até tocar em sua mandíbula rígida. Ela olhou para ele, então, estudando-o em um rápido instante. Seus olhos astutos estreitaram. — Onde você esteve hoje? Por que sua camisa esta rasgada?
— Precisamos conversar, — Aric virou-se para ela.
Carys piscou. — Agora? Você não vê que estou no meio de um...
— Agora, — ele rosnou, finalmente, saindo do aperto de Nathan para agarrar o braço de sua irmã. — Isso é grave pra caralho, Car. Não vou deixar isto esperar.
Ele tentou manobra-la para longe dos curiosos, mas Carys cavou seus saltos de doze centímetros e manteve-se firme na frente dele. — Você perdeu o juízo? Solte o meu braço. — Ela soltou-se, a indignação brilhando em seus olhos. Quando ela falou, Nathan vislumbrou as pontas de suas presas emergindo. — Pelo amor de Deus, Aric. Você está me envergonhando.
Do outro lado da sala, Jordana começou a afastar-se dos outros, até sua amiga angustiada. Ela foi impedida de chegar mais perto, por um homem que se aproximou por trás dela agora. Ele era da Raça, alto e atraente, com olhos azuis claros e cabelos dourados.
Uma das pessoas brilhantes que pertenciam a este lugar.
A mão do homem descansou protetora, possessiva, na cintura de Jordana, enquanto a puxava para ele, sutilmente segurando-a no lugar. Como se ela pertencesse ao homem.
Nathan observou isso com uma lógica fria e compreensão, mesmo que o seu sangue disparasse com um choque indesejável de desdém para o macho que tocava Jordana, como se fosse dono dela.
Ele olhou para ela, viu o rosto dela flamejar um pouco mais vermelho sob o escrutínio dele, antes de ela olhar para baixo abruptamente e se recusar a olhar para ele de novo.
Era esta a fonte do nervosismo dela perante Nathan esta noite?
Não apenas na presença de Nathan esta noite, mas na sua presença quando estava acompanhada de outra pessoa.
Este homem, cuja mão tinham se afastado de sua pequena cintura mais para baixo, para a tentadora ondulação de seu quadril, os dedos preguiçosamente acariciando-a, mesmo quando ele pegou um dispositivo de comunicação do bolso do paletó do smoking, e segurou-o pronto para fazer uma chamada.
O olhar de Jordana nunca levantou, nem mesmo quando o conflito subiu para níveis preocupantes entre Aric Chase e sua irmã.
— Ele está usando você, Carys. Não consegue ver isso? Lixo como aquele apenas vai te machucar no final.
Ela zombou, exalando uma maldição em voz baixa. — Do que você está falando?
— Rune. — Aric praticamente cuspiu o nome para ela. — Precisa acabar com isso, agora. — Antes que vá mais longe com ele. Antes que eu tenha que matar o filho da puta por imaginar que ele possa tocá-la.
— Você não sabe nada sobre Rune e eu. — Ela encarou-o, a fúria inflamando em seu rosto bonito. — E não tem o direito de interferir...
Aric cortou com um rosnado áspero. — Sou seu irmão, seu gêmeo, Carys. E eu te amo. Isso me dá todo o direito.
Ela balançou a cabeça lentamente, olhando em volta para os espectadores silenciosos, que não faziam nenhum esforço para esconder seu elevado interesse na exibição de outra noite não planejada. Quando Carys olhou para Aric, suas pupilas tinham se transformado de círculos dilatados para afinadas fendas verticais. Embora ela se projetasse totalmente calma no exterior, Nathan e todos os outros vampiros no local podiam ver claramente que a fêmea da Raça estava furiosa.
A voz de Carys estava tranquila, mas enquanto falava, suas longas presas brilhavam afiadas e letais, nas baixas luzes da recepção do museu. — Vá para casa, Aric. Pois neste momento, vou te perdoar porque você diz fazer isso por amor a mim. Mas essa conversa acabou.
O homem ao lado de Jordana limpou a garganta, uma interrupção estranha, e tardia também. — Devo chamar a JUSTIS para obter ajuda aqui, Carys?
— Não, isso não será necessário, Elliott, — ela respondeu friamente. — Meu irmão e seus amigos estão saindo agora.
Rafe deu um passo para o lado de Aric para pegar no outro ombro dele, em um aperto firme. Os dois guerreiros eram tão ligados como irmãos, assim como os pais deles, Dante Malebranche e Sterling Chase, ambos membros de longa data da Ordem. Quando Aric não cedeu, Rafe agarrou-o não tão gentilmente pelos bíceps. — Vamos lá, cara. Isto está uma confusão e você sabe disso. Vamos sair daqui.
Aric relaxou, mas manteve seu olhar duro treinado em sua irmã. — Acabe com isso, Carys. Não me obrigar a fazer isso por você.
Ela olhou para ele, ferida, mas ereta. — Se você sequer tentar, então não tenho mais um irmão.
Os irmãos se enfrentaram em um tenso silêncio, nenhum deles disposto a dobrar-se diante do outro. Vendo os gêmeos crescerem dentro da família da Ordem, Nathan os tinha visto medirem forças em muitas ocasiões, mas nunca assim. O vínculo deles como irmão e irmã sempre foi de ferro, forte e inquebrável, não importando o quão vigorosamente entrassem em confronto.
Esta noite, Aric tinha pisado longe através de uma linha que nunca tinha cruzado com sua irmã antes. Não que parecesse disposto a recuar.
Finalmente, Carys foi a primeira a abandonar sua fúria. Com a cabeça erguida, ela lentamente afastou-se de Aric e caminhou de volta para a amiga Jordana e o resto da multidão atordoada, como se o confronto nunca tivesse acontecido.
Aric ficou olhando para ela por um momento, então se virou e saiu do museu. Rafe, Eli e Jax foram atrás dele, deixando Nathan sozinho para enfrentar a outra pessoa ainda enraizada no chão, e imóvel do outro lado da sala.
Enfim, Jordana levantou o olhar para encontrar o dele mais uma vez.
Alguma parte selvagem e indisciplinada dele imaginava como ela se sentiria contra ele, se fechasse a distância agora e a arrastasse para outro beijo sem ser convidado, dele, desta vez. Em seus termos.
A sua mercê.
Uma tentação perigosa.
Mas isso não a tornava menos intrigante.
Jordana manteve seu olhar por mais tempo do que ele poderia imaginar que pudesse. Mais do que qualquer mulher teria ousado, como se sentisse a direção escura dos pensamentos dele.
Os lábios cheios dela se separaram em um suspiro profundo, enquanto ela olhou para ele, mas não disse nada. Não lhe deu nada, ali em pé, imóvel, com os olhos fixos nos dele, enquanto a música que vinha da galeria recomeçou, e o evento retomou ao seu redor. Conversas começaram mais uma vez, as multidões de patronos do museu já deixando a interrupção da noite para trás deles.
E ainda aqueles olhos azuis oceano se recusando a deixar os de Nathan.
Isto aconteceu apenas até quando o macho da Raça ao lado de Jordana, segurou sua nuca nua na palma da mão, então ela finalmente desviou o olhar. Sorrindo amavelmente para seu companheiro, deu-lhe um pequeno aceno de cabeça. Em seguida, ele pegou a mão dela e gentilmente a persuadiu a voltar ao redil onde ela pertencia, com o resto da elite dourada.
Embora ela soubesse que não era sábio, Jordana não podia deixar de olhar por cima do ombro, enquanto era levada para longe da cena interrompendo a noite.
Nathan ainda estava lá.
Ainda olhando para ela, com os olhos fervendo sob as barras pretas duras de suas sobrancelhas, íntimo e penetrante em meio à multidão tão pública de frequentadores do museu. O guerreiro maciço da Raça era um estudo da escuridão e da intensidade, desde o corte severo de seus cabelos ébano, em estilo militar, até os ombros incrivelmente largos que superavam um corpo afiado de puro músculo, e poderosa ameaça mortal.
Mesmo seu rosto era grave, ainda que devastador em sua beleza masculina irregular. Insondáveis olhos escuros transpareciam em um rosto esculpido com precisão, à lâmina. As maçãs do rosto altas, as sobrancelhas orgulhosas, uma mandíbula rígida quadrada. Sua boca de longe era sua característica mais suave, esculpidos e exuberantes lábios generosos que chamavam atenção para todos os tipos de ideias perversas, mesmo para uma mulher de limitada experiência como Jordana.
Nathan exalava uma confiança que poucos homens pareciam possuir. Talvez fosse por isso que, nem sequer um macho na sala fazia qualquer movimento para confrontá-lo agora. As mulheres, no entanto, praticamente vibravam com interesse.
Não que Nathan parecesse notar qualquer atenção que ele atraía.
Ele olhava exclusivamente para Jordana. Não havia dúvida pelo calor em seu olhar escuro; ele parecia pronto para devorá-la. Como se o pensamento da multidão em torno deles não tivesse nenhuma consequência para ele também.
Jordana lutava para encontrar sua respiração sob o peso daquele olhar penetrante. Seus sentidos estavam plenamente e instantaneamente cientes de que se este poderoso macho da Raça, este guerreiro que ela tinha tão estupidamente beijado na outra noite, decidisse que queria algo dela agora, nem mesmo os cem homens no museu esta noite, seriam capazes de afastá-lo dela.
Ainda mais alarmante era a reação de seu coração com esta ideia.
Salve-me, seu pulso parecia trovejar em suas veias.
Leve-me.
Os pensamentos a pegaram de surpresa. Assustando-a, eles eram tão espontâneos e ridículos.
Salvá-la de que?
Levá-la para onde... ou como?
Seu corpo respondeu a essa pergunta com um pulsar quente no fundo de seu âmago. A lembrança de seu breve beijo se repetindo em sua mente, apenas sua imaginação embelezado os detalhes agora, voltando para uma impulsiva reunião de seus lábios, em um emaranhado apaixonado de bocas e pernas e, corpos nus brilhando de suor.
Deus.
O que havia de errado com ela, que sua mente vagava para um caminho tão perturbador?
E ainda uma rápida e intensa ânsia florescendo dentro dela, enquanto a imagem mental enchia seus sentidos com uma dor e desejo terríveis.
— Não gosto do jeito como ele está olhando para você.
A voz de barítono, murmurada perto dela estalou Jordana de suas reflexões indesejáveis, como um esguicho de água fria em seu rosto. Ela desviou do olhar sombrio e inquietante de Nathan, para o loiro e familiar de Elliott Bentley-Squire, seu autonomeado protetor e par desta noite. Seus belos traços estavam oprimidos com uma careta de desaprovação. — O que sabe sobre aquele guerreiro, Jordana?
— Nada, — revelou ela, perturbada com o aviso de Elliott e a sensação dos olhos de Nathan ainda queimando sobre ela. Embora sua resposta não fosse bem uma mentira, isto deixava um gosto amargo em sua língua. Ela balançou a cabeça e deu um encolher de ombros vago para Elliott. — Não o conheço.
— Bom. Confie em mim quando digo que não gostaria de conhecer aquele ali. Não é nenhum segredo que ele é um assassino, Jordana. Um desses monstros desenvolvidos em laboratório, que a Ordem parece tão disposta a recrutar em suas fileiras.
Enquanto Elliott a guiava em direção aos convidados do museu, Jordana arriscou outro olhar para trás, para onde Nathan estava.
Ele se foi.
Por que isto deveria desapontá-la, ela não queria nem imaginar.
Quanto ao aviso de Elliott, sabia que ele não estava exagerando. Nathan tinha nascido e sido criado em condições terríveis. Tinha ouvido Carys falar um pouco sobre o seu passado ao longo dos últimos dias, a informação que ela tentou extrair tão casualmente quanto possível, com medo de deixar transparecer até mesmo para Carys, que sua curiosidade sobre Nathan não fosse nada de mais.
E era apenas uma curiosidade passageira, insistiu para si mesma agora, apesar da pontada de simpatia que sentia pelo guerreiro friamente remoto, em função de sua educação horrível.
Nascido de uma companheira que tinha sido sequestrada ainda jovem, e forçada a reproduzir, como muitas outras prisioneiras que haviam sido presas no laboratório de um louco chamado Dragos, Nathan foi criado com uma finalidade: matar. Quando bebê, ele e os outros meninos nascidos do programa foram tirados de suas mães, e criados para serem soldados do exército particular de Dragos.
Pior do que isso, eles nasceram e foram criados para serem máquinas sem emoção. Assassinos sendo preparados aos caprichos de Dragos, para matar seus inimigos sem piedade ou remorso.
Nathan finalmente foi resgatado por sua mãe e a Ordem, e agora liderava uma equipe de guerreiros para o Centro de Comando da Ordem, em Boston.
— Um Hunter, — Jordana murmurou tardiamente.
Elliott fez-lhe uma careta novamente. — Um o quê?
— Um Caçador. Assim é como eles são chamados.
Ele zombou. — Hunter é um termo muito educado para o que ele é.
— O que ele era, — Jordana corrigiu-o em silêncio, mas Elliott não estava ouvindo, não estava mais interessado em Nathan agora que ele se foi.
— Sinto muito que eles arruinaram seu evento, — ele disse. — Você trabalhou tão duro para torná-lo perfeito.
Ela descartou a preocupação com um sorriso que não sentia. — Não está em ruínas. — Apontou para a sala privada cheia de patronos abastados, apenas para os convidados se exibirem. O zumbido da conversa, até mesmo o riso leve aqui e ali, vibrava ao redor deles no andar principal do museu. — Está vendo? Todos já passaram a aproveitar o resto da noite. Você também deve Elliott. Você se preocupa demais comigo às vezes.
— Porque me importo, — ele disse, estendendo a mão para acariciar o rosto dela. — E você deve se preocupar mais com o que faz, particularmente sobre a empresa que mantém. O que aconteceu hoje provavelmente será fofoca por semanas, se não mais.
Jordana se afastou de seu toque e sua censura. — Se as línguas abanarem sobre isso, será publicidade gratuita para a exposição. As contribuições para o Museu provavelmente vão dobrar.
O olhar de Elliott era cético, mas ofereceu-lhe um sorriso. — Ainda acho que foi um erro ter Carys Chase como anfitriã deste evento com você. A exposição é o seu bebê, Jordana. Você tem trabalhado nisso há mais de seis meses, tempo demais para não deixar que nada, nem ninguém comprometa seu sucesso. Afinal, quantas vezes cancelou ou me deixou na mão, porque seu trabalho a manteve até tarde no museu?
Muitas vezes para se contar, e Jordana interiormente estremeceu com a lembrança. Embora Elliott estivesse mantendo seu tom leve, sabia que ele estava magoado que ela tivesse se tornado tão preocupada e distante nos últimos meses. Ela não queria magoá-lo ou desapontá-lo.
Embora nunca tivessem sido íntimos no ano em que estavam namorando, Jordana se importava profundamente com ele. Ela o amava. Claro, todo mundo amava Elliott Bentley-Squire. Ele era gentil, atraente, rico e bondoso. Tudo o que qualquer mulher poderia querer em um companheiro.
Ele também era um amigo da família de longa data, tendo o pai dele sido advogado e sócio dos Martin por várias décadas.
O pai de Jordana, um homem que a tinha adotado quando era uma criança, mas nunca tinha se inclinado a tomar uma companheira para ele em todos os seus séculos de vida, mal tinha escondido o fato de que esperava que Jordana pudesse desenvolver um afeto por Elliott. Apesar de ele ter facilmente três vezes a sua idade, sendo da Raça como seu pai, Elliott Bentley-Squire estava fisicamente tão em forma e jovem como aos trinta anos de idade.
Quanto a Jordana, seu vigésimo quinto aniversário pairava a menos de duas semanas, uma data que seu pai enfatizava desde que era uma menina, lembrando-a constantemente da confiança considerável que lhe seria concedida na mesma data, mas somente se ela estivesse acasalada e estabelecida nesta época.
Não que ela se importasse com todo o dinheiro. Nem Elliott, que já havia acumulado suas próprias riquezas consideráveis.
Não, a relação deles não era baseada no comércio ou posição social. Tinha sido a coisa mais natural do mundo, assumir que ela e Elliott poderiam um dia selar a amizade de longa data com um laço de sangue, e tomar um ao outro como companheiro.
Exceto...
Exceto que quanto mais próximo o relacionamento chegava a essa eventualidade, mais absorvida Jordana se tornava em seu trabalho. Não era incomum que estivesse no museu sete dias por semana, incluindo a maioria das noites. No seu tempo livre, atuava em um punhado de conselhos de caridade, e tinha pegado um par de assentos em conselhos de melhoria da cidade.
Ela desenvolveu um grande interesse em uma variedade de coisas que a mantinham ocupada demais para qualquer tipo de vida social. A futura estreia do museu de arte era apenas mais uma exigência de sua longa lista de obrigações.
— Desculpe-me, tenho estado tão ligada à exposição, Elliott. Mas deve saber que Carys tem trabalhado nisto tão duro quanto eu. Ela merecia ser anfitriã comigo esta noite. Além disso, ela é minha melhor amiga.
Jordana esquadrinhou a recepção por Carys e encontrou-a perto da parte dos fundos da exposição, sorrindo e conversando com um médico cheio de dinheiro e sua esposa. Embora fosse a imagem da postura e profissionalismo agora, o confronto estranho com Aric deveria tê-la perturbado.
— Eu deveria ir certificar-me de que ela está bem, — disse Jordana.
Elliott a deteve com um pequeno aceno de cabeça, antes mesmo de ela começar a se mover. — Você deve atender seus convidados, Jordana, — ele aconselhou gentilmente. — Eles estão aqui por você. Olhe ao seu redor, estão todos esperando por você. Carys vai ficar bem até que todos se forem e a festa acabe.
Ele estava certo, e embora ela se irritasse um pouco com a mão dele, agora posicionada ao seu lado para guiá-la, Jordana balançou a cabeça e foi para o lado dele, enquanto ele a levava até um número de clientes, com quem ainda tinha que falar aquela noite.
— Carys Chase não é como você, Jordana, — Elliott disse calmamente, enquanto atravessavam a sala. — Você tem que entender isto, não é mesmo, querida? Ela é muito selvagem. Imprudente. Se isso é devido à sua composição genética incomum da Raça, ou à uma educação demasiada indulgente, posso apenas imaginar.
— Indulgente? — Jordana quase engasgou com uma risada. — Você conheceu o pai dela, Sterling Chase? Ou sua mãe, Tavia, que também é uma Raça? Carys sempre foi criada nos padrões mais exigentes por seus pais. — Isso foi uma das coisas que fizeram com que Jordana e sua amiga se tornassem tão próximas. Embora elas parecessem muito diferente na superfície, Carys sendo um pouco aventureira e Jordana sofrendo de super cautela crônica, as duas jovens tinham muito em comum. — Carys e eu podemos ser diferentes em alguns aspectos, mas é isto o que faz com que eu aprecie tanto sobre ela. Por que ela ser um pouco selvagem e irresponsável é uma coisa tão ruim?
Ela disse isto de brincadeira, uma pequena rajada de flerte na direção de Elliott, apenas para testar as águas. A boca dele achatou e seus olhos azuis nivelaram sobre ela de seu olhar de esguelha. — Selvagem e imprudente geralmente magoam alguém. Você é mais esperta do que isso, Jordana. — Ele estendeu a mão e tocou de leve com a ponta do dedo, o nariz dela. — E isso é o que faz com que eu aprecie muito mais sobre você.
— Conselheiro, — chamou jovialmente um idoso que presidia um dos maiores bancos de Boston. Além de ser um dos clientes humanos de Elliott, ele também era um dos doadores mais generosos do museu. Suas contribuições para a exposição de Jordana tinham ajudado a adicionar mais de dez peças para a coleção de escultura do século XVIII.
— Conselheiro, que bom vê-lo! — O velho exclamou, ao lado de seu grupo de colegas igualmente proeminentes, que representavam a elite tanto da Raça como da sociedade humana. — Venha e nos dê uma desculpa para falarmos com sua linda noiva sobre escultores italianos.
— Seria um prazer, Sr. Bonneville. — Elliott riu e dirigiu Jordana até os homens. Ela forçou um sorriso agradável, permitindo a Elliott tomar-lhe a mão quente, segurando firme, enquanto praticamente a puxava para o lado dele. Obediente, apertou a mão do banqueiro e seus colegas, e dos outros clientes que logo vieram participar do seu pequeno círculo.
Jordana sorriu e riu em todos os momentos adequados, esperando que ninguém pudesse perceber que seu coração estava agora batendo em seu peito, como um pássaro enjaulado querendo encontrar uma maneira de sair ou morrer tentando.
Com o incentivo de Elliott e seu público crescente, ela os deliciou com uma discussão de seus trabalhos favoritos, da exposição dos mestres italianos Bernini, Canova, Cornacchini e outros artistas menos conhecidos.
Deus sabia que precisava da distração.
Porque se não tivesse alguma coisa mantendo seus pés enraizados no chão, Jordana tinha medo de que pudesse ficar tentada a fazer algo realmente selvagem e imprudente.
Ela poderia sair deste lugar, para fora de sua vida perfeita, e nunca mais olhar para trás.
Na manhã seguinte, Nathan e sua equipe se sentavam em volta da grande mesa, na sala de conferências do Centro de Comando da Ordem, em Boston, revendo a incapacidade deles de localizar Cassian Gray e montando um novo plano para a patrulha marcada para começar de novo ao entardecer. O chefe do distrito de Boston, Sterling Chase, tinha todo o direito de meter a mão no rabo de Nathan e de seus homens por retornarem à base de mãos vazias na noite passada, mas ele parecia distraído hoje, a cabeça dele não estava exatamente no plano.
Incomum para o guerreiro experiente, que tinha 20 anos com a Ordem e mais algumas décadas de aplicação da Lei da Raça em sua carreira antes disso.
Tavia Chase, companheira de Sterling e um membro da Ordem por seu próprio direito, também estava presente nesta manhã na revisão da missão, e igualmente sem envolvimento. Ela estava sentada com sua coluna rígida contra o encosto da cadeira. Os braços dela jaziam atravessados em sua frente, mas os dedos de uma mão tamborilavam incessantemente em seu bíceps tonificado. Seu olhar verde estava distante, sombreado com uma preocupação conturbada.
Será que Aric e Carys trouxeram a raiva para casa ontem à noite com eles? Nathan de nenhum modo era um especialista em leitura de emoções ou em pesar uma contenda familiar, mas tinha que saber se era esse o problema aqui hoje com Chase e Tavia.
Aric não havia traído sua irmã para seus pais; Nathan sabia bem disto.
O guerreiro mais jovem tinha ido direto para a sala de armas do Centro de Comando para extravasar após Nathan e os outros o trazerem de volta para a sede. Sem dúvida, ele estaria assim por um tempo, não apenas pela forma como estava espumando, mas também porque Aric não fazia parte da conferência da equipe desta manhã.
Recém-saído da formação e ainda não um membro de pleno direito da Ordem, em poucas semanas ele iria encontrar seu próprio esquadrão de guerreiros em Seattle, quando fosse programado para se reportar a Dante Malebranche, pai de Rafe e chefe do Centro de Comando da Costa Oeste.
Quando o clima pesado na sala se prolongou, Chase finalmente limpou a garganta e trouxe a reunião de volta para a tarefa. — Quando encerrarmos aqui tenho que chamar Lucan Thorne em Washington e lhe contar que não obtivemos sucesso com Cassian Gray na noite passada. — Os olhos azuis astutos de Chase varreram cada guerreiro na mesa, prolongando um pouco mais em Nathan. — Sei que não preciso dizer a qualquer um de vocês que o fundador da Ordem não gosta de fracassos. Não gosto da porra do fracasso também. Mas odeio desculpas ainda mais. Então, não vou perguntar como o melhor time que já treinei, e meu líder de esquadrão mais eficaz, retirou uma patrulha antes de ter concluído ou correr atrás até o amanhecer.
Nem Nathan nem seus companheiros falaram. Mesmo se Chase exigisse saber o que havia causado a missão de procurar Cass ser abortada, nenhum deles teria jogado Aric sob o ônibus.
Além disso, Nathan concordava com seu comandante: A culpa não resolvia nada. E a verdade era que Nathan sentia-se igualmente culpado. Ele foi com muita facilidade para a recepção do museu atrás de Aric.
E enquanto ele estava admitindo verdades contundentes e negligências pessoais de dever, Nathan tinha de contar como seu, o fato de que sua curiosidade sobre Jordana Gates não tinha terminado, quando voltou para a sede com sua equipe.
Enquanto Aric tinha descarregado sua fúria na sala de armas, Nathan passou várias horas on-line e no banco de dados de identificação internacional da nação da Raça, pesquisando o aparentemente par de Jordana no evento.
Ou melhor, seu companheiro iminente, Elliott Bentley-Squire.
Nathan tinha mergulhado em todos os fatos e descoberto o que pudesse encontrar documentado, tudo o que falavam, horas escavando. Mas não encontrou nenhuma razão para não gostar do macho rico, socialmente aceitável.
Ele também não se importou em reconhecer que estava procurando um motivo para desprezar o confiável amigo do pai de Jordana, simplesmente pela maneira como ela tinha deixado Bentley-Squire tocá-la, mesmo que os olhos dela não parecessem capazes de quebrar o olhar de Nathan, no primeiro momento em que viram um ao outro na festa.
O olhar nos olhos de Jordana o perseguia, mesmo agora. Como se estivesse silenciosamente pedindo para ele resgatá-la... para reclamá-la.
Até que seu suposto companheiro tivesse notado sua distração e Jordana houvesse negado, mesmo sabendo quem era Nathan.
Se ele precisava de um motivo para convencer a si mesmo que a bela e tentadora Jordana Gates, era uma má ideia, certamente era isto. Nathan preferia suas escapadas sexuais descomplicadas e impessoais. A satisfação biológica de algo que seu corpo precisava executar em seu ápice.
A maneira como ele encarava isto, porra não era diferente de a alimentação.
E ele preferia não fazer nada perto do lugar que chamava de lar.
— Descobrimos algo sobre Cassian Gray na noite passada, — disse Nathan, trazendo seus pensamentos de volta ao ponto onde eles pertenciam. — O escritório de Cass no La Notte estava em ordem, até demais. Qualquer coisa de valor que alguém procurasse por ele ou seus interesses haviam sido removidos.
À esquerda de Nathan na mesa, Rafe sorriu. — Seu quarto privado estava abandonado demais, com exceção de uma interessante coleção de suportes e coleiras com espinhos no quarto.
Elijah e Jax riram junto com Rafe, mas Nathan permaneceu sério, feliz por colocar sua mente de volta na pista de sua presa. — Cass já sabe que está sendo perseguido. Seus funcionários do clube disseram que tinham acabado de perceber a falta dele, mas é provável que estivessem mentindo para nós. Meu palpite é que ele escapou há dias atrás.
— Eu me pergunto se Cass percebeu que tinha sido exposto no momento em que Kellan o tocou. — Isto veio de Tavia, seu primeiro comentário em toda a manhã. — Ele poderia estar plenamente consciente de que a Ordem suspeita de que não é humano e que iriam atrás dele em breve.
Nathan concordou assim como o resto dos guerreiros em torno da mesa. Kellan Archer foi recentemente reunido com a Ordem, desde que acasalou com Mira, uma das poucas chefes de esquadrões fêmea. O casal estava no La Notte em sua própria missão não mais do que uma semana atrás, quando Kellan e Cassian Gray se envolveram em um breve desentendimento. Kellan empurrou o dono do clube, e o contato tátil tinha despertado o dom psíquico exclusivo do macho da Raça, o de ler a intenção humana com um toque.
Cassian Gray era uma lousa em branco.
Cass não era da Raça; não havia dúvida nesse fato. Mas Kellan tinha percebido ao mesmo tempo, que o homem não era humano também.
Ele não tinha certeza do que mais Cass poderia ser, ninguém tinha, até algumas noites atrás, em Washington, D.C., em um evento global da Conferência pela Paz que terminou em um ato de terror, feito para sabotar o encontro e explodir centenas de vidas de Raças no processo.
Lucan Thorne e a maioria dos membros mais velhos da Ordem incluídos.
O indivíduo que tentou executar a trama sob a bandeira de uma obscura organização, chamada Opus Nostrum, não era humano ou Raça.
Não, Reginald Crowe era algo completamente diferente: Atlante.
Conhecido publicamente por todos como um magnata bilionário, com negociações no mundo todo, Crowe era na realidade, de uma raça poderosa de imortais que existia desconhecida na Terra há milênios. Eles haviam sido tanto um segredo para a população humana, como para a Raça.
E agora a Ordem entendia que os Atlantes seriam uma ameaça ainda maior do que qualquer inimigo que já tinha enfrentado antes.
— Já se passaram três dias desde a morte de Crowe, e ainda é notícia em todos os meios de comunicação ao redor do mundo, — Jax disse, girando uma de suas estrelas hira-shuriken na mesa de conferência. — Se Cass é Atlante, a morte de um dos seus pela Ordem seria suficiente para mandá-lo por terra.
Eli exalou uma maldição demorada. — Infelizmente, a morte de Crowe, e toda a merda que despencou antes disso, foi um pouco demasiada público para ser contida.
A bomba ultravioleta na cúpula tinha sido apenas um dos crimes de Crowe, em seu papel como líder da Opus Nostrum. Antes de conspirar para sabotar o encontro e queimar cada dignitário da Raça no edifício, a conspiração de Crowe tinha arranjado para assassinar um cientista humano brilhante e tio do homem, um membro sênior do Conselho Global das Nações, o braço que regia a responsabilidade de assegurar as relações pacíficas entre os vampiros e a população humana do mundo.
— É verdade, estamos em desvantagem agora, — Chase interrompeu. — O único bem vindo da exposição das ações de Crowe e sua morte, foi o fato de que agora o público, Raça e homem, estão unidos em seu medo da Opus Nostrum. Somente a Ordem está ciente dos Atlantes e da ameaça maior que Crowe divulgou antes de morrer.
Jordana deixou escapar um suspiro enquanto parava em um longo corredor vazio; uma das muitas artérias confusas na mansão em expansão dos Chase.
Carys disse para girar esquerda-esquerda-direita-esquerda e logo estaria bem o centro da sala da Ordem dentro da mansão ou era esquerda-direita-esquerda-esquerda?
Merda.
Uma busca simples de um rolo de fita para sua amiga levou Jordana para o profundo domínio dos guerreiros. Não era como se ela quisesse estar ali. Não quando a possibilidade de encontrar Nathan nesta parte da mansão parecia uma grande probabilidade para sua paz mental.
Mas Carys foi insistente. Fez com que parecesse que não fosse grande coisa em absoluto: “Apenas tem que entrar na sala de suprimentos e pegar outro rolo de fita para mim, sim? Vai levar uns dez minutos para chegar lá e vou ter esta caixa de sapatos pronta quando voltar.”
Quinze minutos mais tarde, Jordana continuava vagando pelos corredores, girando mais com cada passo que dava.
Ela não tinha certeza de estar seguindo as instruções de Carys corretamente...
Seguindo ou não, estava definitivamente no lugar errado agora. Diante dela do outro lado do corredor havia uma porta dupla de aço com um painel de acesso de segurança à direita na parede. Por cima das portas, olhos escuros sem piscar, uma câmera de vigilância estava olhando-a.
— Maldição Carys, — sussurrou, — a próxima vez que tiver alguma ideia descabida que quiser colocar para funcionar, virá você mesma.
Jordana deu uns passos para trás, esperando não parecer tão incomodada ou idiota como se sentia para quem pudesse estar monitorando do outro lado da porta. Por outra parte, provavelmente era muito tarde para se preocupar com isso. Ela tinha que sair dali, antes que vagasse mais longe.
Girando sobre seus calcanhares, ela se apressou para voltar por onde veio. Estava correndo em um bom ritmo no momento que chegou ao fim do corredor e dobrou uma esquina.
Apenas para correr a toda velocidade e bater contra um muro imóvel de pele quente e ossos.
Nathan.
Oh Deus.
Ele a segurou pela parte de cima dos braços, soltou uma maldição como se não soasse feliz ao vê-la. — Deveria ter imaginado. — Grunhiu mais para si mesmo que para ela. — Nunca acreditei muito na sorte.
Jordana lutou para encontrar sua voz por um segundo. — Desculpe?
Presa em seu alcance com apenas alguns centímetros de distância entre eles, ela ficou imóvel, com as mãos estendidas sobre seu amplo peito. Apesar de estar usando uma camiseta, as palmas das mãos queimavam pelo calor que saia dos músculos firmes e as protuberâncias de seu corpo sob o suave algodão negro que o cobria.
Seus olhos se cravaram nela e ela percebeu que nunca soube de que cor eram até agora. Profundo azul esverdeado, que parecia o céu antes da chegada de uma tempestade brutal.
Este mesmo olhar sombrio que a manteve imóvel através da sala do museu na outra noite.
Exigente.
Possessivo.
Inclusive agora, era difícil afastar-se deste olhar desconcertante de Nathan. — Eu... eu estava procurando um rolo de fita para Carys. — Disse bruscamente. — Ela me deu instruções para a sala de suprimentos, mas devo ter me perdido.
Ele grunhiu, levantando uma sobrancelha negra quase imperceptivelmente.
Jordana falava de forma disparada e odiava a forma como ele a inquietava. — Geralmente, quando estou aqui na mansão, fico nas zonas residenciais.
— Deveria realmente, — disse, — você não pertence aqui.
As palavras fizeram a terra estremecer, um estrondo profundo vibrou através dos dedos dela estendidos, que ainda estavam pressionados contra seu peito.
A voz estrondosa viajou por suas extremidades. Deixou o corpo dela trêmulo.
Jordana puxou as mãos para longe dele, segurando os punhos cruzados sobre o peito. — Apenas estou... vou embora agora, então.
Que Deus a ajudasse, mas ele continuou olhando-a, observando-a em seu mal-estar ao redor dele. Seu rosto duro, bonito era tão ilegível, que se perguntou se na realidade estava olhando para ela ou através dela.
A forma como a olhava, fazia Jordana sentir-se... exposta. Sentia-se vulnerável sob estes olhos penetrantes. Completamente a sua mercê.
Seus olhos escuros se desviaram para sua boca e ela no mesmo instante se lembrou do beijo que compartilharam. Bom, não compartilharam exatamente, considerando que foi ele quem conduziu todo o beijo.
Nathan esteve da mesma forma como agora, uma rocha sólida, inquebrável.
Enlouquecedoramente forte e controlado.
Jordana se perguntou como o fazia, quando se sentia tão afetada por tê-lo apenas olhando-a e isso fazia com que seus instintos cobrassem vida em uma antecipação que beirava o profano. Parecia como se cada fibra de seu ser sincronizasse com ele, apesar de que sua cabeça lhe dizia para fugir. Dizia para evitar este homem perigoso e as tentações sombrias que apareciam nestes olhos tormentosos.
O que seus sentidos sabiam sobre Nathan que sua mente ainda não tinha entendido?
Talvez se ela o beijasse novamente, poderia entender o que este macho da Raça tinha que a deixava tão nervosa e confusa.
Um baixo grunhido se reuniu na parte posterior da garganta dele. — Venha comigo.
Não era um pedido. Era uma ordem e ainda que ela quisesse desesperadamente negar, seus pés já se moviam sob ela, seguindo a brusca ordem.
Jordana supunha que ele estava levando-a de volta para a ala residencial da mansão. Em lugar disso, logo se encontrou seguindo-o por outro corredor que serpenteava em direção à porta fechada no final do corredor.
Nathan abriu a porta e voltou-se para ela. — Entre.
Olhou além dele para a sala do outro lado do batente.
E ao parecer, seu corpo ainda confiava nele mais do que sua cabeça, porque ela entrou na escuridão quase impenetrável, sem sequer duvidar.
Ele a seguiu tão de perto que podia sentir o calor do corpo quente dele ao longo de suas costas.
Era impossível não reconhecer o perigo de entrar em uma sala escura, em um corredor longo e vazio com o homem mais letal que provavelmente conhecia.
E, no entanto, seu pulso estava acelerado em suas veias. Sua pele sentia-se apertada, muito quente. Não com medo, apesar de que deveria estar.
A expectativa a deixou tensa, o estômago se retorcendo... e ainda mais abaixo.
Será que iria tocá-la?
Não era uma questão de se; ela sabia da mesma forma que sabia que quando finalmente colocasse as mãos nela, ela deixaria.
Jordana esperou sentir os dedos dele contra sua pele, seu fôlego contra o cabelo dela. Ansiava, desejava tanto este momento que quase não podia respirar.
Nathan se moveu atrás dela. Ele se aproximou ainda mais agora e Jordana fechou os olhos, os pulmões congelados.
Uma luz se ascendeu sobre eles.
Depois da escuridão envolvendo-os a um momento, de repente tudo pareceu extremamente brilhante, com pontos pequenos dançando no espaço fechado.
— A sala de suprimentos. — Sussurrou Jordana, tentando se convencer de que se sentia aliviada.
Nathan passou junto a ela e foi para uma estante de metal resistente. Pegou um grosso rolo de fita adesiva transparente, entre uma variedade de produtos para escritório empilhados e equipamentos de alta tecnologia.
Voltou com a fita na mão, mas a retirou quando Jordana estendeu a sua para pegá-la.
— Carys está se mudando hoje. — Quando Jordana assentiu, ele estreitou os olhos nela. — Por causa do que aconteceu a noite entre ela e Aric?
Jordana negou com a cabeça. — Não. Porque já era hora. Ela quer viver sua vida.
Nathan soltou um ruído suspeito da parte posterior da garganta. — Que tipo de vida devemos esperar que tenha com um homem como Rune?
— Isso não diz respeito a mim para julgar. — Respondeu Jordana. — Além disso, ela saiu comigo não com ele. O que acontece entre Carys e Rune é assunto deles.
— Até que ele a machuque. Ou pior ainda. — Nathan advertiu.
— Rune nunca machucaria Carys. Ele a ama.
Nathan zombou. — Isso foi o que ele disse?
Jordana franziu o cenho. — Ele disse que sim. Mas eu vejo quando eles estão juntos também. Carys e Rune estão profundamente apaixonados.
— E você é uma especialista neste tipo de emoção, suponho. — Algo brilhou em seu olhar sombrio inquebrável. — Pode dizer o que está no coração de um homem com apenas um olhar para ele?
Jordana teve que se esforçar para evitar se contorcer em sua presença. Ele não estava falando de Carys e Rune agora. Ela sabia, mas imaginar que poderia estar falando de si mesmo, era um caminho que não queria tomar.
Não ali.
Não quando ela não tinha para onde escapar, mesmo se quisesse.
— Carys é uma mulher adulta. — Disse Jordana, com a esperança de voltar o foco para onde pertencia. — Se ela decidir ficar com Rune, ainda que o tomasse como companheiro em condições de servidão de sangue, isto é totalmente com ela. Não importa o que você ou sua família pensem que seja o melhor para ela.
— Se realmente acredita nisto, duvido que estivesse com alguém como Elliott Bentley-Squire.
Jordana nem sequer pôde esconder o fato de que estava totalmente desconcertada. — Sabe sobre Elliott?
Encolheu os ombros de forma negligente. — Eu sei tudo o que preciso saber sobre ele. E não o acho tão interessante. O que me faz perguntar por que você acha. — Era uma pergunta mal educada, mas Nathan não parecia se importar. — Você e Elliott Bentley-Squire foram uma conclusão inevitável durante o último ano, mais ou menos.
— Sim. — Respondeu ela.
— Passou-se muito tempo. — Disse Nathan. — E, no entanto, nenhum laço de sangue.
Jordana franziu o cenho, sentindo a necessidade de se defender. E a Elliott também. — Ele e eu nos conhecemos desde sempre. Elliott é um grande amigo da família desde que eu era uma criança. — Quando o rosto de Nathan permaneceu impassível disse. — Vamos fazer as coisas oficiais quando estivermos prontos. Não temos nenhuma pressa.
— Aparentemente. — Ele concordou, mas seu tom era qualquer coisa exceto claro. — Pelo que vi da vida profissional do homem, nada indica que não tenha condições de fechar um acordo. Assim suponho que o problema deve ser você.
— Não tenho problema. — Insistiu, surpresa com quão desesperada queria convencê-lo disso. Neste momento, a apenas um pé de distância de Nathan, isolados na sala de suprimentos, precisava convencer-se de que ela pertencia a Elliott Bentley-Squire. Jordana levantou o queixo. — Você parece pensar que sabe muito sobre Elliott e eu. Tem o costume de invadir a privacidade dos civis?
— Não. Apenas as mulheres que têm costume de me beijar e depois insistir em dizer a seu companheiro que não sabe quem eu sou.
Oh Deus. Antes de abandonar o museu, Nathan deve tê-la ouvido negar conhecê-lo enquanto conversava com Elliott. Jordana estremeceu, arrependendo-se agora. Ela assentiu levemente com a cabeça. — Sinto muito.
Ele encolheu os ombros. — Se tem que mentir para Bentley-Squire para mantê-lo feliz, não é problema meu.
— Não. — Disse ela o ignorando. — Quero dizer, sinto muito sobre aquela noite no meu apartamento... quando te beijei.
— Sente? — Ele não acreditava. Seu tom era frio e continha um fio de perigo.
— Claro que sinto muito. Não sei o que aconteceu comigo. Nunca fiz nada assim antes.
— Então porque o fez?
Olhou para baixo, em busca de uma resposta que tivesse sentido para ela, assim como para ele. — Fiz porque tinha medo.
— Não parecia assustada, Jordana.
— Tinha medo do que poderia fazer se descobrisse que Carys estava ali com Rune nesta noite. Queria apenas impedir que subisse. Apenas queria distraí-lo.
Seu rosto ficou sombrio em desafio. — Havia dezenas de maneiras diferentes que poderia ter feito isso, nenhuma das quais precisava colocar sua boca sobre a minha.
Ela gemeu, sentindo as bochechas quentes e ruborizadas. — Eu sei. Já me desculpei. Foi um erro e sinto muito Nathan.
A forma como a olhava trazia cada lembrança daquele beijo de volta a vida: a boca dele sob a dela, a suavidade de seus lábios combinados com a abrasão áspera de sua mandíbula escura. A poderosa quietude de seu corpo enquanto ela se lançava contra ele.
Os músculos e a força letal enjaulados dentro dele, o controle total e rígido.
Sua parte descarada, que mal reconhecia, palpitava com a vontade de beijá-lo novamente, para ter uma ideia do que seria ficar prensada contra este homem mortal e fazê-lo deixar esta disciplina de ferro, ainda que fosse apenas um pouco.
Mais calor incômodo inundou o rosto dela por causa da direção de seus pensamentos.
E profundamente dentro dela, outro calor inquietante floresceu...
O olhar de Nathan fixou-se nela, estes olhos pareciam ver tudo. Saber tudo. Implacavelmente a observavam.
Jordana ficou repentinamente ansiosa, temerosa de que Nathan pudesse tocá-la.
Medo de que pudesse beijá-la.
Medo de que não o fizesse.
— Preciso da fita agora. — Disse ela, sua voz rouca e grossa.
Ele não deu a ela, não se moveu. — Diga-me o que vê em Elliott Bentley-Squire.
Jordana olhou nos olhos escuros de Nathan. Ela negou com a cabeça.
— Diga-me. — Ele insistiu.
Ainda que falar sobre Elliott fosse o último que queria fazer neste momento, Jordana respirou fundo e tentou evocar as palavras. — Ele é amável, carinhoso, — murmurou sem convicção, — fiel, constante e atento...
Os lábios de Nathan se torceram em um sorriso de diversão. — Assim é como eu esperaria que descrevesse um animal de estimação, não o homem com o qual está fodendo.
A franqueza a surpreendeu, a envergonhou. Mas também a excitou a falta de delicadeza de Nathan. Havia um tom primitivo nele com o qual não estava acostumada.
Ela estava brincando com fogo no que se referia a este homem perigoso e cada vez mais tinha vontade dançar nas chamas.
— Elliott e eu não somos amantes. — Disse empurrando as palavras que saíram de sua boca antes de impedi-las. — Nunca estive com ele desta maneira.
Algo brilhou nas profundidades dos olhos escuros. — E você não quer que seja assim.
Jordana franziu o cenho, odiando que Nathan pudesse saber isto dela tão facilmente. — Nunca quis ninguém assim. Nunca houve... ninguém.
— Ninguém? — Nathan parecia se fundir ainda mais onde estava. O único movimento que detectava nele era o pulsar de um tendão na mandíbula. —Ele quer você, este Elliott Bentley-Squire. E ele está esperando um ano para se unir a você com laços de sangue. Quanto acha que pode impedi-lo de reclamá-la, Jordana?
— Elliott é um homem paciente. Esperará até que eu decida que é hora.
Nathan soltou um grunhido rouco. — Então ele não é o tipo de companheiro que você precisa. Não é o tipo de homem que uma mulher como você merece.
Ela tomou coragem o suficiente para aceitar o desafio em suas palavras. — O que pode saber sobre o que preciso e mereço?
Aproximou-se mais dela, fazendo-a recuar com a amplitude massiva de seu corpo. — Alguma vez beijou Elliott Bentley-Squire como me beijou?
Ela não respondeu, não podia formular as palavras com ele tão perto dela.
— Alguma vez ele deixou suas bochechas em chamas apenas olhando-a ou fez seu pulso se acelerar em suas veias por causa das coisas que deseja que ele fizesse com você?
Jordana engoliu. Exalou um suspiro tremulo que saiu com gemido humilhante. De alguma conseguiu encontrar voz no meio desta confusão tumultuosa, a excitação não desejada que a envolvia como uma tempestade em seu interior. — Suponho que é arrogante o suficiente para acreditar que deveria querer alguém como você no lugar dele?
Ele riu entre dentes e logo disse em voz baixa e sem sentido de humor. — Não Jordana. Sou o último tipo de homem que deve querer em sua vida... ou em sua cama.
E, no entanto, não se afastou dela. Continuou prendendo seu corpo por um tempo interminável.
A íris dele crepitava com pequenos detalhes de cor âmbar enquanto olhava para ela. Apenas as pontas de suas presas apareciam atrás da linha exuberante de seu lábio superior.
Jordana o sentiu diminuir a escassa distância entre seus corpos para segurar sua mão. Seus dedos eram cálidos e fortes, a mão tão grande que quase engolia a dela.
Ele esticou seu punho, apenas para colocar algo duro, redondo e frio na palma de sua mão.
Claro. O rolo de fita adesiva.
— Volte para onde pertence agora, Jordana. — Ele se afastou dela, deixando-a fria, em um estado de confusão, excitação e rejeição. — Saia. — Disse, uma advertência cortante.
Jordana apertou o rolo de fita contra o peito e não pode passar pela porta rápido o suficiente.
Quando começou a correr para o corredor, ele acrescentou. — Este beijo foi um erro, Jordana, para os dois. Mas não espere que acredite que está mais arrependida do que eu estou com o que aconteceu.
Se a manhã dele tinha começado de uma forma ruim, até a tarde não havia melhorado nem um pouco. Após seu encontro com Jordana, tanto quanto Nathan desejava uma saída para a sua agressão firmemente amarrada, ele não queria correr o risco de matar qualquer um de seus companheiros de equipe, se juntando a eles nos exercícios de combate do dia, na sala de armas.
Em vez disso, ele passou a maior parte do dia no laboratório de tecnologia no Centro de Comando, cavando em Registros Públicos e alguns não tão públicos e em sua busca por informações sobre Cassian Gray.
Tudo o que ele descobriu foi que o homem estava provando ser tão evasivo em papel como ele era em pessoa. Apesar de toda a falta de informação, era como se Cass estivesse tomando passos cuidadosos para cobrir seus rastros a partir do momento que ele surgiu pela primeira vez em Boston vinte e alguns anos atrás. Como se ele tivesse tudo planejado desde o princípio para o dia em que ele precisasse desaparecer.
Nathan baixou o pouco que tinha em Cass para um arquivo missão, em seguida, desligou o computador e saiu do laboratório. Com sol apenas algumas horas de distância, ele teve tempo para entrar em algum treinamento de solo e preparar suas armas para a patrulha da noite com sua equipe.
Seu corpo ainda estava tenso, agressão ainda montando-o, e ele sabia muito bem que tinha menos a ver com frustração sobre a missão, do que com certos cabelos platina de uma beleza Darkheaven que ele não tinha o direito de desejar.
Uma virgem sem instrução, além de tudo.
Foda-se.
Não importa o fato de que ela era a melhor amiga da Carys Chase, além de sua colega de quarto, e a queridinha da alta sociedade de Boston, da Raça e da mesma forma da humana. Não importa que ela tenha tudo, mas prometeu a si mesma para outro homem, por obrigação ou ingenuidade, não tinha importância.
Não, Jordana Gates estava fora dos limites por muitas razões, mas acima de tudo este: porque ela era pura. Ela era inocente.
Ele não seria o único a tomar isso dela.
Ele não conseguiria tirar isso de ninguém, nem mesmo pela forma como sua fome corria.
Ele não tinha apenas tentado assustar Jordana quando lhe disse que era o último homem que ela iria querer em sua cama. Tinha sido um aviso. Um que esperava que ela levasse a sério, porque, Deus a ajude, se ela confiasse nele para ser o herói.
Com uma maldição, Nathan perseguiu o arsenal vazio da sala de armas da Ordem. Tirou a camiseta preta e se alimentou por meio de uma hora de exercícios punindo o solo com um par de adagas longas. O esforço acordou seus músculos e ossos, lembrou seu corpo do que ele foi treinado para fazer.
Mais importante, acordou a mente do seu Caçador, pondo seus pensamentos em enfoque inumano em executar a patrulha à frente dele na cidade hoje à noite.
Em outro lugar, na arena principal da instalação de armas, ele podia ouvir Rafe, Eli e Jax ainda correndo um ao outro pelos falsos passos de combate. Uma quarta voz, Aric deve ter se juntado a eles em certo ponto, gritou quando lâminas se chocaram, aço encontrando aço.
Nathan terminou suas manobras de solo e foi para o chuveiro. Esperava entrar e sair antes dos outros guerreiros que estavam embrulhados em seu trabalho no quarto adjacente, mas não, nem bem andou debaixo do jato quente e passos caíram pesados no azulejo e insultos alegres soaram na área exterior do vestuário.
O baixo sotaque de Elijah ecoou sobre o resto dos homens. ― Porra, alguém me diga por que pensei que a quinta rodada de trabalho de mano a mano, e os exercícios com a lâmina eram uma boa ideia. ― Um momento depois, o vampiro de cabelos castanhos se pavoneou nu para o chuveiro, dando a Nathan um assentimento casual de saudação.
Eli tomou seu lugar em frente à Nathan e ligou o jato, gemendo enquanto a água quente corria sobre a pele. O sangue escorria em filetes finos, diluídos para baixo pelos braços e as pernas de Eli cobertos de dermoglifos, por causa dos ferimentos que tinha sofrido na prática, mas já as lacerações estavam começando a se curar. Ferimentos leves eram de nenhuma consequência para sua espécie. Os cortes e contusões desapareceram em questão de minutos, às vezes menos tempo do que isso.
— Não seja um mau perdedor, Aric. — Chase provocou. Sorrindo, ele caminhou até um jato, dois abaixo de Elijah. Rafe e Jax seguiram para dentro, reconhecendo brevemente Nathan antes de irem para os cantos separados dos chuveiros. — O que aconteceu, Eli? — Aric apertou, — Não quer admitir que foi surrado por um estagiário?
— Estagiário, — ele disse, sorrindo quando olhou para o guerreiro mais jovem e jorrou água de seu rosto. — Mais como caminhante do dia espertinho. Você é bom com uma arma, vou te dar esse crédito. Mas não pense que não notei que você esperou para competir comigo até depois que eu tinha passado por quatro círculos com dois guerreiros que realmente sabem como lutar.
Aric riu quando ensaboou em cima e atirou um olhar para Rafe através do quarto. — Sabe, para um texano, ele está certo conseguiu um ego frágil. Deve ser tão mais fraco final de - sangue de Raça de geração nele. —
Aric riu quando ele ensaboou-se e lançou um olhar para Rafe outro lado da sala. ― Você sabe, para um texano, ele com certeza tem um ego frágil. Deve ser aquele fraco sangue Antigo dele.
― O inferno que você diz. ― Eli bufou, seu sotaque mais grosso agora. ― Não tem nada de frágil sobre mim. Da próxima vez que você me pedir para treinar, vou deixá-lo em sua bunda Caminhante do dia antes de chutá-lo daqui para o Álamo.
Aric riu e enxaguou a espuma. ― Vou te dizer. Se isso fizer você se sentir melhor, vou lhe dar uma colher de chá na próxima vez.
— Eu vou lhe dar uma colher de chá bem agora, raio de sol. — Elijah brilhou suas presas para o outro vampiro e fez um golpe rápido em Aric, algemando seu pau flácido. Foi uma brincadeira e um desafio, e um Aric tentou revidar, mas não foi rápido o suficiente.
Ambos rindo agora, Eli agarrou-o sob a água e o deixou engasgar por alguns segundos antes de deixá-lo ir. Em pouco tempo, Jax e Rafe se juntaram na escaramuça, os quatro grandes homens lutando em torno, como uma matilha de lobos unida.
Como o grupo de irmãos que eram.
Nathan observou por um momento, separado da camaradagem. Apesar de toda sua experiência em invisibilidade e combate, brincar era um conceito que lhe fugia. Isso ia contra sua natureza. Contra a rígida disciplina que fez dele um assassino consumado desde que tinha sete anos de idade.
Ele perseguia.
Ele conquistava.
Ele destruía.
Seu treinamento como um menino nas celas dos Caçadores não permitia nada menos. E embora seu resgate aos treze anos tivesse salvado Nathan, uma parte dele nunca se libertou do Laboratório de Dragos e provavelmente nunca iria.
Ele era o cão de combate, resgatado da miséria e da violência dos poços de apostas e levado a um bondoso e amoroso lar para viver uma vida melhor.
Ele havia sido poupado, lhe dado uma nova chance. Ele tinha pais e amigos que se preocupavam por ele. Ele tinha companheiros guerreiros que morreriam por ele, como ele morreria por eles.
No entanto, como o cão retirado do ringue, quando uma mão se estendia para ele, para brincar ou confortar, tomava tudo o que podia para não mordê-la.
A distância entre quem ele era agora e quem ele tinha sido criado para ser, era um fio de navalha fina que ele mantinha com disciplina meticulosa cada dia. Ninguém sabia o esforço que levava para ele parece normal. Para parecer que se encaixa com pessoas decentes, que ele pertencia.
Eles viam o que ele queria que vissem, e nada mais.
Ninguém o conhecia além do que ele permitia que conhecessem.
Ninguém tomava qualquer coisa dele que ele não estivesse preparado para desistir.
Ninguém nunca teve, até Jordana Gates.
Seu sangue correu quente com o pensamento dela, sua conversa e a memória por demais tentadora do corpo dela tão próximo ao dele, fazendo suas veias iluminarem com a fome.
Se ele tinha pensado que a bela Companheira da Raça foi uma distração indesejada antes, cruzar seu caminho com o dela esta manhã só tinha confirmado o que ele tinha se esforçado tanto para negar.
Jordana Gates ia ser um problema para ele. Ela já era. Depois de um breve beijo e um par de encontros ao acaso, todos em apenas alguns minutos na presença dela, ela tinha despertado um desejo feroz nele. Ela estava afetando o seu foco, diminuindo sua concentração.
Fazendo-o queimar com a necessidade de procurá-la e tomar o que ele desejava.
Nathan amaldiçoou em voz baixa e cortou a água.
Com sua equipe e Aric trocando insultos e brincando de socos e revistas corporais do outro lado dos chuveiros, Nathan saiu para se secar e se vestir no outro quarto, sozinho.
Rafe terminou quando Nathan estava colocando em uma camiseta fresca preta. O vampiro loiro agarrou uma toalha branca de uma pilha dobrada e embrulhou-a ao redor do quadril magro.
— Alguma coisa está acontecendo com você que eu deva saber?
— Não. — Sem examinar seu camarada, Nathan esfregou a toalha nos fios úmidos de seu cabelo.
— Você está certo sobre isto? — Rafe caminhou até os armários ao lado de Nathan e inclinou um ombro musculoso contra o metal. — Alguma coisa está te incomodando. Notei na reunião desta manhã. Sua cabeça está em outro lugar.
Cristo. Nathan não estava acostumado a ser lido por alguém, muito menos sendo chamado por isso. Ele se mostrou indignado com a fraqueza em si mesmo, mas atirou seu olhar frio para Rafe quando bateu em seu armário para fechá-lo. — Se você tem problemas com a minha liderança, fale com o comandante Chase.
Rafe soltou uma maldição e fez uma careta, estudando-o mais perto. — Isto não é sobre a equipe, seu imbecil. Estou perguntando como seu amigo. Você foi ferido mais rigorosamente do que o normal durante todo o dia. Na verdade, desde aquela noite, em que fomos à procura de Carys e acabamos na casa de Jordana Gates.
Nathan congelou, um músculo correndo em sua mandíbula quando ele enfrentou um Rafe firme, com o já conhecido olhar azul.
— Você sabe que ela está para ser acasalada em breve, não é? — Rafe apertou. — Algum bom e velho menino advogado Darkhaven que esteve farejando as saias dela praticamente desde que ela atingiu a maioridade, de acordo com Carys.
Nathan rosnou na lembrança. — Como eu disse, não há nada acontecendo que você precise saber. Nada que eu não possa lidar. E, como seu amigo, eu estou pedindo para você confiar em mim.
Levou um longo momento antes de Rafe finalmente assentir com a cabeça. Ele se virou e começou a se vestir. — Alguma palavra adicional de D.C. hoje?
— Nada ainda, — Nathan respondeu contente com a mudança de assunto. — Eles ainda estão organizando as reuniões com a viúva e ex-namoradas de Crowe. Quando falei com Gideon na sede hoje, ele disse que espera ter os interrogatórios concluídos dentro de um par de dias. O que é melhor do que posso dizer sobre a nossa missão de trazer Cassian Gray. Eu estive cavando em registros do bastardo o dia todo e achando nada. Não há registros pessoais, sem passado, sem parentes. O homem é um maldito fantasma.
Rafe grunhiu. — Ele tem uma propriedade. La Notte.
Nathan deu um duvidoso encolher os ombros. — Talvez sim, talvez não. Eu bati em uma parede tentando perseguir o dono do clube. Registros são privados, selados. Tanto quanto eu poderia dizer, há cerca de meia dúzia de camadas advogados e sociedades gestoras de participações no caminho.
— Isso é um monte de anonimato e subterfúgio para uma boate, — Rafe observou. — Jaulas de Combate são ilegais, mas certo como o inferno que não precisa desse tipo de paranoia.
Nathan movimentou a cabeça. — Isso é o que Gideon disse quando lhe contei o que eu tinha encontrado. Ele está verificando alguns cortes agora, disse que vai apresentar um relatório logo que encontrar alguma pista.
Como antigo oficial de inteligência e gênio residente-chefe da Ordem, em D.C. Gideon não tinha executado missões de campo em muitos anos, mas o vampiro era um assassino absoluto por trás do teclado.
— Vai precisar de muito mais que um inferno do que advogados e escudos corporativos para manter Gideon de expor Cass e quem ele está se escondendo atrás, — Rafe disse. — Nunca houve um banco de dados que ele não pôde invadir.
Nathan concordou, mas o tempo de espera foi tempo perdido. Enquanto o Quartel General estava invadindo a vida de Cass desde D.C., Nathan e sua equipe precisavam manter a pressão no local.
— Diga a Eli e Jax, que vamos nos encontrar em quinze para uma revisão da patrulha de hoje à noite. Podemos não saber tudo sobre Cassian Gray ainda, mas existe um óbvio constante em sua vida e isto é o La Notte. — Nathan dirigiu-se para a saída. — Precisamos começar a perturbar o seu negócio, sacudir a colmeia, e ver o que desperta. E vamos começar hoje à noite.
* * *
Jordana andou pela área de exposição no museu, tomando uma medida lenta de toda a coleção e fazendo anotações em seu tablet. A exposição para patronos na noite passada tinha sido um meio de agradecer aos vários doadores e apoiadores da comunidade, mas também havia sido um ensaio para a exposição, uma preparação para a sua abertura ao público em apenas algumas noites.
Ela percorreu as peças e suas colocações, fazendo pequenos ajustes nas configurações de temperatura e umidade, placas de texto de duplo controle e os níveis de iluminação para cada um dos monitores.
Qualquer coisa para manter que sua mente se desviasse para o encontro inquietante com Nathan mais cedo naquela manhã.
Ele tinha sido bruto e confrontador. Descortês e muito ousado. Era aterrorizante, não por causa de sua profissão ou de seu passado, mas por causa da maneira como ele parecia ver diretamente a alma dela e deixá-la nua.
Ele era perigoso por muitos motivos.
E ainda assim ela não conseguia parar de pensar sobre as coisas que ele disse. Ela não conseguia parar de pensar sobre a maneira como ele a fazia sentir. Seu pulso se acelerou com a lembrança de estar sozinha com Nathan tão próximo.
Ele não tinha sequer a tocado, mas seu corpo vibrava com a necessidade de sentir as mãos dele sobre ela.
“Você já beijou Elliott Bentley-Squire do jeito que me beijou?”
As palavras de Nathan voltaram para ela em uma corrida aquecida, fazendo com que a dor voltasse novamente. Ela tentou manda-lo embora, mas ele já estava se enraizando profundamente dentro dela. Na verdade, isso nunca diminuiu totalmente em todas as horas desde que ela tinha visto Nathan na mansão.
“Alguma vez ele deixou suas bochechas em chamas apenas olhando-a ou fez seu pulso se acelerar em suas veias por causa das coisas que deseja que ele fizesse com você?”
Jordana preguiçosamente levou a mão livre até os lábios, achando muito fácil imaginar que era a boca de Nathan roçando a dela, e não as sugestões de repentinamente seus dedos trêmulos. Ele estava certo sobre isso também, ela não se arrependeu de beijá-lo. Nem mesmo depois das coisas que ele disse hoje.
Nem mesmo depois das coisas mortificantes que ela admitiu a ele sobre seu relacionamento com Elliott e sua falta de experiência em geral.
Deus, por que ela disse isso? O que a havia possuído para admitir tanto para ele com tão pouca provocação? Nathan sabia mais sobre ela agora do que ninguém, exceto sua melhor amiga. O que mais ela estaria disposta a dizer-lhe, ou disposta a fazer se o visse novamente?
“Eu sou o último tipo de homem que você deve querer em sua vida... Ou em sua cama.”
Ela não tinha dúvidas disso nem por um minuto, mas seu sangue ainda pulsava em suas veias, acendendo o nó de calor que pulsava em seu núcleo. Sua nuca formigava sob o coque solto de seu cabelo nivelado, os pontos de pulsação em seu pescoço ecoando em seus ouvidos a cada batida pesada de seu coração. Calor espalhou-se pela sua garganta e pelos topos de seus seios, fazendo a leve blusa de seda sentir tão quente e confinada como um suéter de inverno.
— Olá? Terra para Jordana. — A voz de Carys invadiu os pensamentos de Jordana como um esguicho de água fria. — Você ouviu uma palavra do que eu disse?
— Desculpe, — Jordana desabafou. — Eu estava terminando uma nota sobre esta exposição.
Carys inclinou a cabeça e estreitou os olhos levemente, como se não chegasse a comprar a desculpa. — Eu tenho as temperaturas e leituras de umidade que você pediu na tapeçaria francesa para os expositores. — Ela bateu na tela de seu tablet e enviou os dados para o dispositivo de Jordana.
Jordana examinou o relatório e acenou com a aprovação. — Este parece ser bom, Carys, obrigada. Eu gostaria de ver a iluminação um pouco reduzida sobre a peça pastoral de Beauvais. Notei ontem à noite que estávamos a perdendo algumas das cores mais sutis da tecelagem.
— Tudo bem, — respondeu Carys. — Você ainda está repensando a colocação dos mosaicos romanos?
Jordana olhou para a exibição de azulejos antigos envolta em uma torre multicamadas de acrílico no centro da exposição. Ela pensou por um momento, em seguida, deu um aceno de cabeça. — Sim, vamos ter que trocar por outra coisa. Sleeping Endymion[1] seria um ponto focal melhor para essa seção da exposição, você não acha?
Carys sorriu. — A sua peça favorita. Claro, acho que é uma ótima ideia.
Elas caminharam até a caixa que abrigava a escultura italiana com mais do que 300 anos de idade. A representação em terracota de Endymion, o pastor mortal que repousa em sono eterno, onde espera por sua amada, a deusa lunar Selene, tinha encantado Jordana a partir do momento em que o viu pela primeira vez. Uma doação anônima, a escultura tinha sido parte da coleção permanente do museu durante pelo menos duas décadas.
Não era o mais valioso, ou mesmo estava entre as peças mais importantes historicamente que Jordana havia conhecido. Mas a beleza simples do trabalho, e o mito que representava, nunca deixaram de mover algo profundo dentro dela.
Jordana olhou para o expositor do bonito mortal que dormia sempre sob o pedaço delicado de uma lua crescente. Bastava olhar para a peça que uma onda de tristeza começava em seu peito. Ela olhou para o interior de seu pulso esquerdo, onde ela tinha um pequeno sinal de nascença escarlate em forma de uma lua crescente com uma lágrima caindo em seu berço.
Sua marca de Companheira da Raça.
Ao contrário de Endymion, ela não era totalmente mortal. Ela, assim como as outras fêmeas meio-humanas que nascem com o símbolo Lágrima-e-Lua-crescente em algum lugar em seus corpos, poderia viver eternamente uma vez que seu sangue fosse ligado com um da Raça.
Tal qual um presente incrível, para entrelaçar duas vidas para sempre. E, contudo, também pode ser uma armadilha inevitável.
— Você pode imaginar dormir por toda a sua existência? — Jordana murmurou enquanto Carys veio ficar ao seu lado, olhando para a escultura de Cornacchini. — Você já se sentiu como se sua vida estivesse ocorrendo ao seu redor, fora de você? Que tudo está se movendo mais rápido do que você pode pegá-lo, como se estivesse dormindo e ancorada ao solo como Endymion?
— Não, — respondeu Carys, zero hesitação. — Se quero algo, eu alcanço. Eu não deixo nada me impedir.
Seu tom cuidadoso atraiu o olhar de Jordana para ela. — Nunca?
— Nunca.
Jordana deu um aceno de cabeça leve. — É diferente para você, Carys. Você é da Raça. Você não cresceu no Darkheaven, ou com um pai que foi martelando em sua cabeça desde que era uma criança, que ele esperava que estivesse ligada a um parceiro adequado quanto tivesse vinte e cinco anos.
— É verdade, — Carys disse a cerca de uma risada. — Se fosse como meu pai queria, ele teria me acorrentado ao corrimão da mansão até que eu tivesse o dobro da idade. A vida é para ser vivida, Jordana. E nós só temos uma chance de que sermos Companheira da Raça, Raça, ou Homo sapiens básicas.
Jordana sorriu para a amiga, carinhosa como sempre, pareceu ter certeza que Carys sabia sobre o que ela queria e onde ela estava indo. — Eu gostaria de ter a sua bravura. Você nunca teve medo de saltar, não importa quão profunda ou escura a fenda abaixo de você.
Carys deu de ombros, sorrindo. — É apenas profunda e escura se você pausar primeiro antes de olhar para baixo. Além disso, você tem o seu próprio tipo de bravura, Jordana. Quero dizer, olhe o que você está fazendo aqui com a exposição.
Jordana tomou nota da coleção, ela estava tão orgulhosa de todas as peças que ela amorosamente, meticulosamente, cuidara uma por uma. Foi a sua alegria, e ela se jogou em seu trabalho de todo coração.
Enquanto ela tinha feito uma gratificante carreira promissora para si mesma, às vezes se perguntava se seu pai e Elliott seriam mais felizes se ela tivesse passado seu tempo em atividades filantrópicas ou sociais, como a maioria das outras jovens Companheiras da Raça na área Darkheaven.
Mas ela tinha sido uma decepção para eles lá também. Ela não era como a maioria das outras Companheiras da Raça, não importa o quanto ela ou qualquer outra pessoa desejasse que fosse. Inferno, ela nem mesmo estava certa do que seu dom poderia ser, um presente que a maioria das mulheres como ela descobria na puberdade ou mais cedo.
Jordana puxou seus pensamentos de volta para a exposição e louvou o reforço de Carys.
— Isso tudo é a sua visão, o seu trabalho, — sua amiga apontou. — Ninguém lhe entregou o projeto, você queria, então foi atrás dele e fez isso acontecer.
— Isso é diferente, — Jordana objetou. O olhar dela se voltou para a escultura dentro do vidro. — E se você não souber o que quer? E se acordar um dia e perceber que nunca teve uma pista do que queria? Que alguém sempre lhe disse o que você precisava ou o que era esperado, e agora tudo o que você quer fazer é fechar os olhos e fingir que ainda está dormindo?
O olhar azul brilhante de Carys suavizou. — Você quer que eu te diga o que penso, honestamente?
— Sim. — Jordana assentiu. — Diga, por favor.
— Eu acho que você sabe o que não quer. E acho que é isso que você está com medo de admitir para alguém, até para si mesma.
Jordana soltou um suspiro lento quando desviou o olhar. — Isso é o que Nathan me disse também. Bem, não em tantas palavras. Ele foi muito menos educado sobre isso.
— Nathan, — disse Carys. — Então você foi vê-lo na mansão esta manhã.
Ouvindo a óbvia falta de surpresa na voz da amiga, Jordana atirou uma carranca para ela. — Você sabia?
Carys sorriu diabolicamente. — Eu pensei que você poderia ter ido. Você voltou com a fita de embalagem, um pouco corada e sem fôlego. Eu não acho que foi porque você ficou correndo em círculos no Centro de Comando. Embora as minhas instruções até sala de suprimentos poderiam ter feito com que você desse algumas voltas...
Os olhos de Jordana arregalaram. — Você me deu instruções ruins! Eu sabia. Acabei tão perdida, nunca teria encontrado meu caminho de volta.
Carys sorriu. — Os civis não passam despercebidos no campo dos guerreiros por muito tempo. Eu sabia que alguém iria ajudá-la a encontrar o seu caminho.
— Eu não posso acreditar que você deliberadamente me enviou lá, como isso, — disse Jordana, horrorizada, mas não com raiva. — Você não poderia estar esperando que fosse encontrá-lo.
— Eu vi o jeito que você olhou para Nathan ontem à noite na recepção dos clientes. E vi o jeito que ele olhou para você. Eu achei... Interessante. Então decidi dar uma pequena chance. — Ela arqueou uma sobrancelha para Jordana. — Eu dei um salto, pensando que talvez você pudesse precisar de ajuda, para dar um também.
— Com ele? — Jordana zombou. — Por favor. Ele é o homem mais rude que eu já conheci. Ele não tem as habilidades sociais por menor que seja. Ele é grosso, frio e ameaçador.
— E ainda assim você o beijou algumas noites atrás.
Ela não precisava do lembrete. Jordana sentiu a testa vincar mais com seu aprofundamento, formando uma carranca. Ela nunca tinha estado particularmente confortável em sua própria pele, sentiu isso praticamente toda a sua vida, que era diferente de alguma forma. Que estava apenas fingindo tão duro ser normal e boa filha, a mulher exemplar, as agradáveis metas das Companheiras da Raça que pareciam sempre fora de seu alcance.
Não importa o quanto ela se esforçou para ser o que todos ao seu redor tinham esperado, por dentro sentiu que estava apenas passando as estações. Atuando, não vivendo.
Fingindo ser algo que ela não era e talvez nunca pudesse ser.
Ela nunca sentiu essa falta de forma tão marcante como fez em companhia de Nathan. Ele tinha a incrível capacidade de deixá-la nua, pará-la até os ossos com apenas um olhar. Ele tinha o irritante poder para desvendar as construções provisórias de sua vida com apenas um toque, sem ser convidado.
— Ele me assusta, Carys. Quando Nathan olha para mim, eu me sinto como se ele estivesse vendo todas as minhas falhas, cada rachadura de quem sou. Quando estou perto dele, é como se eu estivesse nua no meio de uma tempestade furiosa. Ele me faz sentir como se eu estivesse em um penhasco íngreme, a ponto de escorregar meu pé. Como se eu desse um passo mais perto dele, nunca poderia voltar à terra firme.
Carys olhou para ela. — E é uma coisa ruim, a maneira como você vê isso?
— Sim, é ruim. É a pior coisa, — disse Jordana, incerta sobre quem ela precisava convencer mais: sua amiga, ou si mesma. — Eu vou estar melhor, mais segura, se ficar longe de Nathan.
— Talvez você esteja certa, — Carys respondeu após um longo momento. — Seria mais seguro para você, se ficasse longe dele.
— Sim, — disse Jordana, empurrando para fora o ar que estava segurando. Concordar com a sua melhor amiga era apenas a confirmação de que precisava. — Estou feliz que você entenda.
— Oh, acredite em mim, entendo, — disse Carys. Seus lábios se curvaram em um sorriso irônico. — Porque o que você acabou de descrever? É assim que Rune me fez sentir desde o momento em que nos conhecemos. Desci daquele penhasco com ele e, até agora, não perdi a terra firme debaixo de mim por não mais que segundo.
Cassian Gray saiu de um táxi para a luz solar do final da tarde na Avenida Commonwealth em Back Bay, Boston. Ele andava relaxadamente pela rua, apesar de que o dia terminaria em menos de duas horas e ele tivesse toda razão para se apressar e chegar logo onde estava indo.
Este horário perto do crepúsculo era arriscado para ele ficar passeando. Embora ele não tenha encontrado ninguém do La Notte há dois dias, ele não tinha dúvida de que a Ordem estava em seu rastro. Ele suspeitava que seu disfarce tinha sido descoberto no momento em que um dos guerreiros dela, um camarada errante que virou líder rebelde chamado Kellan Archer, o bloqueou durante um pequeno confronto no clube.
Cassian não sabia qual talento psíquico único esse macho poderia ter, mas algo lhe dizia que o toque do guerreiro havia mostrado que Cass não era humano.
Aquela porcaria de sorte foi quase o suficiente para fazer Cass fugir da vida que tinha feito para si mesmo em Boston, mas era a mais recente das más notícias, a morte de Reginald Crowe, que fazia Cass rondar a cidade constantemente olhando por cima de seu ombro como o fugitivo que ele realmente era.
A tentativa de Crowe de perturbar o Conselho das Nações Globais várias noites atrás tinha sido manchete em todo o mundo. Como também havia sido seu assassinato pelas mãos da Ordem. Por mais que Cass temesse a possibilidade de ser capturado para interrogatório por Lucan e seus guerreiros havia outro, e igualmente letal, exército de soldados que esperava iludir.
Seus parentes Atlantes.
Cass estava fugindo deles por mais tempo do que fugia da Ordem. Esconder-se em plena vista tinha funcionado muito bem por todos esses anos, e era esse mesmo método de ocultação que ele empregava agora, enquanto ele seguia seu caminho para um compromisso importante na cidade.
Enquanto passeava despreocupadamente por uma janela de um café na avenida, ele viu seu reflexo e sorriu para si mesmo para o quão diferente estava agora. Sua coroa de cabelos curtos estava tingida de um castanho indefinível e penteada ordenadamente para um lado. Óculos escuros mascaravam seus olhos.
Ele mudou sua camuflagem pública habitual de couro e metal por uma roupa que encontrou em um brechó, jeans e uma camiseta com um logotipo desbotado do Red Sox que provavelmente já tinha uma década. Sapatos surrados cobriam seus pés, as solas finas o faziam sentir cada solavanco e buraco no concreto da calçada enquanto ele seguia seu caminho em direção ao ponto de encontro designado.
Ele passava perfeitamente por um simples pedestre, dificilmente distinguível de qualquer outro homem civil em seus trinta anos. Se alguém o visse na rua hoje, Cass era comum, esquecível. Do jeito que ele queria que fosse.
Ninguém pensaria que ele e o gótico de cabelos prateados, vestido de couro preto, proprietário do La Notte eram a mesma coisa.
E nenhum dos humanos ao redor dele neste trecho de calçada lotada ira imaginar que ele era um imortal do lado norte com mil anos de idade.
Só seus companheiros Atlantes poderiam sentir que era um deles, e ele tinha tido o cuidado de manter a cabeça baixa desde que ele deixou seu reino e chegou à Boston. Ele havia construído uma identidade totalmente nova, uma fachada que tinha mantido com cuidado por vinte e poucos anos, desde seu desagradável trabalho e todas as conexões do submundo que vinham junto, até sua decepcionante aparência e suas supostas excentricidades de propensões carnais.
Cassian Gray, proprietário do La Notte, era uma máscara que ele havia aperfeiçoado por um longo período de tempo. Prestar sempre atenção ao que acontecia, pagar subornos e puxar suas cordas no obscuro submundo da cidade eram necessidades para manter sua nova vida.
Ele tinha que ser cauteloso, porque era um homem procurado. Um homem odiado. Um desertor.
Um traidor à sua rainha.
Ele levou algo de grande valor para ela quando fugiu, e a ira dela não conhecia limites. Ela pediu sua morte. Mas, na verdade, ele havia dado pouca escolha a ela. A morte dele era a única esperança de ela poder colocar suas mãos no precioso tesouro que ele roubou dela.
Se Cassian tinha algo a dizer sobre isso, nem mesmo sua morte garantiria que a rainha atingisse esse objetivo.
Ele achava que era só uma questão de tempo até que alguém o pegasse, seus companheiros imortais ou os guerreiros da Ordem. Não havia mais um lugar completamente seguro para ele, e enquanto ele permanecesse em Boston, apenas sua presença já era um risco adicional para a coisa que ele tinha trabalhado tão duramente para defender e proteger.
E esta era a razão para seu compromisso clandestino hoje. Ele precisava de garantias adicionais de que seus interesses continuariam a ser cuidados, mesmo que ele sumisse do mapa completamente.
Cassian virou uma esquina no final do quarteirão e seguiu seu caminho para a Newbury Street. Ele se dirigiu para um salão ostentoso, ignorando a anfitriã antes que ela pudesse lhe dizer as ofertas das experiências que havia em cada uma das salas do clube. Cass não estava lá para gastar seu tempo ou dinheiro jogando em realidade virtual com turistas tentando se tornar capitães de nave espacial ou criaturas de contos de fada por cem dólares a hora.
Ele caminhou para o fundo do clube como tinha combinado mais cedo naquele dia. O indivíduo que ele iria encontrar já estava esperando em uma das salas VIP privadas.
Vestido da cabeça aos pés com roupas escuras, com proteção UV, o macho esperava com seu motorista, um humano, contratado para ajudar, pelo olhar ansioso dele. Sem dúvida a gorjeta do motorista seria em forma de uma mente alterada uma vez que a reunião fosse concluída e seu passageiro fosse seguramente entregue em sua casa, em algum lugar na cidade.
Cassian avançou até a forma obscurecida do vampiro.
— Meu velho amigo. — Ele disse, estendendo sua mão para o vampiro que sabia todos os seus segredos e os manteve fielmente. — Obrigado por concordar em me encontrar com um aviso tão curto.
— O que você acha? — Carys esticou seus braços e gesticulou ao redor para a exibição das tapeçarias francesas quando Jordana a procurou algumas horas mais tarde, quando o museu estava fechando. — Eu fiz os rapazes misturarem as halogênicas com algumas LEDs de poucos watts. Se você acha que está muito escuro agora...
— Não. — Jordana agitou sua cabeça. — Não, está perfeito assim. Bom trabalho.
Carys sorriu.
— Obrigada. Eu também peguei da impressora as placas interiores. Estão em seu escritório. Eles disseram que entregarão o letreiro digital e os banners exteriores de manhã.
— Excelente. Eu tenho uma maquete quase terminada para todos os letreiros e sinais digitais. Sei que está ficando tarde, mas não deve demorar muito tempo para embrulhar. Você quer me esperar? Nós podemos pegar uma comida tailandesa no caminho de casa e uma garrafa de vinho. Acho que devíamos fazer algo para celebrar sua mudança hoje, certo?
— Oh. — Carys disse devagar, com expressão de desculpa. — Jordana, sinto muito. Eu fiz planos com Rune esta semana de que eu estaria no clube. Ele vai ter uma grande luta hoje à noite e quero vê-lo antes de ele entrar na gaiola. Eu odeio assistir ele lutar, mas não posso suportar não estar lá, sabe?
Jordana encolheu os ombros.
— Claro, eu entendo. Você devia estar lá.
— Venha comigo. Nós podemos comemorar e jantar lá.
— Não. Está tudo bem. — Jordana estava desapontada, mas ela sabia como Carys se preocupava quando Rune estava na gaiola, apesar do fato de que o lutador brutal nunca houvesse perdido uma partida.
Jordana também não tinha estômago para as lutas. E ela odiava apoiar um estabelecimento cujo proprietário ganhava a vida do sangue derramado e ossos quebrados dos outros. Além disso, não era como se ela não tivesse muito trabalho para mantê-la ocupada de qualquer maneira.
— Vá e fique com Rune hoje à noite. — Ela disse. — Nós podemos celebrar outra hora.
Carys franziu o cenho.
— Você tem certeza?
— Sim. Eu quero finalizar algumas coisas antes de sair de qualquer forma. Vou pedir comida e levar as sobras para casa, para você, caso esteja com fome quando chegar.
— Obrigada. — Carys a puxou para um abraço rápido e quente. — Te vejo depois, então. E quando sairmos para celebrar, será por minha conta. Fechado?
Jordana assentiu.
— Certo. Fechado.
Ela voltou a trabalhar enquanto Carys juntou suas coisas e saiu do museu. Duas horas depois, Jordana havia terminado o mapa de sinalização para a exposição e comido metade de um recipiente de comida vegetariana tailandesa, guardando as sobras na geladeira no final corredor. O museu estava quieto, todos exceto ela e o segurança que ficava vinte e quatro horas no salão de entrada já haviam deixado o edifício.
Jordana salvou o mapa de sinalização em seu computador e mandou uma cópia para o tablet de Carys para que ela visse pela manhã. Ela se levantou para esticar as pernas e caminhar até o banheiro antes que tivesse que atravessar a cidade para chegar em sua casa. Quando ela voltou para sua mesa, ela tinha uma mensagem de voz de Elliott.
Ele não parecia feliz que ela estivesse trabalhando até tarde novamente.
“Aparentemente, não consegui encontrar você na maior parte do dia, querida. Você recebeu a mensagem que deixei em seu celular algumas horas atrás?”
Merda. Ela tinha estado tão ocupada, que não se preocupou em verificar a maldita coisa.
“Quero que você me ligue assim que chegar em casa hoje à noite, Jordana. Quero saber que está segura. — Ele limpou a garganta, e ela pensou ter ouvido irritação em seu tom. — Como eu não ouvi nada de você hoje, liguei para seu edifício e falei com Seamus. Talvez você possa me dizer por que é que eu tive que descobrir de seu porteiro que Carys Chase se mudou para o seu apartamento...”
Jordana desligou a mensagem com uma maldição furiosa. Que diabo Elliott estava fazendo verificando sobre ela em suas costas?
Ela sentiu-se tentada a retornar sua chamada agora e perguntar a ele. Mas sabia que se o fizesse, poderia dizer algo de que se arrependesse.
Irritada, apagou a mensagem de voz e fechou seu escritório.
Ela pegou o elevador até o lobby, disse adeus a Lou na mesa da recepção, e saiu para o estacionamento.
O seu veículo era o único lá, um carro prata compacto que cintilava debaixo das luminárias na extremidade do pavimento. Jordana já estava na metade do caminho quando se lembrou da comida tailandesa na geladeira.
— Droga.
Ela girou para voltar e congelou. Um par de olhos estava apontado para ela na escuridão. Ela podia sentir.
Lá, uma sombra próxima ao edifício.
Ele esquivou-se rapidamente quando ela olhou em sua direção, entretanto não a tempo de escapar de ser notado por ela. Alguém estava lá, vigiando-a. Esperando por ela?
Os cabelos em sua nuca se arrepiaram. O medo desceu por sua coluna como uma fria corrente elétrica. Seu coração disparou, as palmas das mãos ficaram úmidas.
Alguém estava lá.
Se escondendo, mas tinha ido.
Observando-a, mesmo agora.
Quem era?
O que eles queriam?
Ela não ia voltar para o edifício para descobrir. As sobras de Carys não iriam a lugar algum hoje à noite.
Quanto a Jordana, a ideia de ir para casa sozinha para um apartamento vazio, enquanto sua pulsação ainda estava martelando pelo medo não parecia muito atraente. Claro, ela sempre poderia ligar para Elliott. Ele viria rapidamente em qualquer momento se ela o chamasse. Mas ela não queria Elliott.
O fato triste era que ela nunca o havia querido.
E ele merecia saber disso.
Mas esse era um problema que ela teria que lidar em breve.
Agora, Jordana só queria chegar inteira a seu veículo. Ela precisava ir a algum lugar público, em algum lugar que ela sabia que estaria segura entre amigos.
Ela se apressou através do pavimento escuro e pulou em seu carro, então escapou do estacionamento.
Sua cobertura ficava a poucos quarteirões do museu, mas Jordana passou por seu prédio e continuou, indo mais fundo na cidade, para o La Notte.
Nathan liderou sua equipe pelo Clube de Cassian Gray no auge de sua hora mais lucrativa. A pista de dança e o bar ao nível da rua estavam apinhados de gente que desembolsava uma quantia exorbitante só para entrar, porém o verdadeiro comércio, o pão com manteiga de Cass, ocorria nas jaulas embaixo.
Com olhares temerosos e crescentes murmúrios ansiosos em seu encalço, a equipe fortemente armada abriu caminho pela multidão até o andar superior, e depois descendo para a arena do La Notte.
As lutas, e as apostas consideráveis que as acompanhavam, já estavam bem encaminhadas. Rune sempre atraía os maiores números, e hoje não era uma exceção. O imenso Guerreiro de cabelos escuros da Raça lutava contra um oponente quase tão grande e ameaçador.
Com um metro e noventa e oito de altura e cento e trinta quilos cada um, os dois vampiros vestiam pouco mais do que um tapa sexo de couro que se engalfinhavam em um mano a mano brutal dentro da gaiola eram uma visão que poucos humanos teriam em suas vidas.
Bem melhor que o esporte sangrento de Guerreiro da Raça contra Guerreiro da Raça pudesse ser apreciado dentro da segurança conferida pela gaiola de aço reforçado que circundava a arena.
A multidão arfou quando Rune desferiu um gancho de direita na mandíbula de seu adversário. Ossos se quebraram e sangue espirrou da boca afrouxada do vampiro.
O golpe foi punitivo, catastrófico, visto que cada lutador usava uma luva de couro sem dedos, com cravos de titânio. O objetivo do metal era aumentar a selvageria do combate, mas também servia para desencorajar outros lutadores de acelerar seu desempenho alimentando-se em excesso antes de uma luta.
Se um Guerreiro da Raça se afundasse na Luxúria do Sangue, o vício abatia apenas uns poucos, o titânio nos punhos de seu oponente entrariam na corrente sanguínea adoecida e o mataria mais rápido do que qualquer golpe que pudesse sofrer nas jaulas.
Com os espectadores torcendo selvagemente, o oponente de Rune se afundou sob os joelhos, com um baixo ganido de angústia. Nathan avaliou o dano com o olhar sagaz de um assassino. Mais outro golpe daquele e a contagem de mortos de Rune iria aumentar tanto quanto as apostas nele.
Rune não parecia interessado em fortalecer seu recorde ou seu valor. O grande macho recuou, permitindo ao outro vampiro escolher entre apertar o botão da misericórdia na gaiola e provocar um choque elétrico em Rune por meio do colar de aço que cada lutador trazia no pescoço, ou continuar a luta sem a vantagem. Gritos de desaprovação tomaram a multidão próxima da gaiola quando seu campeão se recusou a terminar o confronto com uma fácil, mas desnecessária, morte.
Com a luta decidida, Nathan gesticulou para a equipe começar a vasculhar o local. Levou só uns instantes, e um vislumbre das presas de um grupo de Guerreiros da Ordem prontos para brigar, para mandar o grosso da clientela do clube na direção das saídas mais próximas.
A intrusão, contudo, também chamou rapidamente a atenção do pessoal da segurança do La Notte. Nathan e seus homens foram duros com eles naquela noite, e não havia necessidade de fingir que não estavam lá para causar furor e se fazerem notados.
Elijah, Jax e Rafe jogaram alguns guardas da Raça contra a parede de tijolos, enquanto Nathan logo se viu lutando com outros dois lutadores empregados por Cassian Gray.
Eles os incapacitou em segundos, parando só a tempo de não matá-los. Girou para encarar mais um dos lutadores de Cass, mas Syn não fez qualquer movimento para abatê-lo. Tímido, da altura de Nathan ou Rune, e bonito a ponto de ser fofo, o Guerreiro da Raça louro tinha o seu próprio recorde nas jaulas. Mas parecia consciente o bastante para evitar problemas com Nathan. Ao redor deles o clube se esvaziava.
— Diga ao seu chefe que voltaremos todas as noites e fecharemos esse lugar até termos notícias dele. — Avisou Nathan. — Quanto mais tempo levar, mais duramente a Ordem vai pressionar.
Syn simplesmente o olhou, imperturbável, observando a arena vazia. Apenas os bêbados e fãs mais persistentes permaneciam, um grupo de quarenta pessoas ainda fixado no confronto que se dava na gaiola.
Nathan olhou para aquela multidão e sentiu as veias retesarem quando seu olhar fechou sobre um par de jovens mulheres na primeira fileira dentre os espectadores remanescentes.
Inferno.
Carys era muito fácil de localizar. Seus cachos caramelos soltos balançavam sobre os ombros de seu suéter preto ajustado, enquanto aplaudia seu homem, jeans escuros apertando-lhe o traseiro. Ela pulava para cima e para baixo sobre a bota de salto alto, batendo as mãos e assobiando enquanto o relógio marcava o tempo e assegurava a vitória de Rune.
A outra fêmea era uma surpresa que Nathan não queria ou precisava naquela noite.
De costas para ele, Jordana Gates estava ao lado de Carys, suas roupas eram um contraste, a macia saia lápis cinza e a blusa de seda rosa. Seu cabelo comprido, loiro platinado, estava ajuntado em algum tipo de coque em sua nuca.
Jesus, ela parecia pertencer a alguma reunião da diretoria, não a um confronto sangrento em um dos clubes de menos reputação de Boston.
Ressalvando-se que Jordana parecia tão enlevada pela luta quanto Carys. Nenhuma delas prestou atenção quando Nathan deixou Syn para trás e foi até o par. Ele cheirou a bebida nelas antes de chegar a meio caminho. E agora notava que as mulheres mal paravam em pé, até mesmo Jordana com toda sua pompa conservadora.
Quando o sino da luta tocou, Carys e Jordana gritaram o nome de Rune junto com os demais espectadores ao redor delas. Nathan continuou andando, preguiçosamente consciente de que Rune tirou as luvas e o colar para pegar Carys quando ela voou pela porta da gaiola e se jogou em seus braços.
Sentiu o olhar escuro de Rune brilhar para ele em desaprovação pela interrupção da Ordem em uma noite de comércio, mas o foco de Nathan estava em outro lugar.
Jordana de repente se retesou e então, lentamente, se virou. Seu olhar colidiu com o de Nathan, uma conexão que ele sentiu como um golpe luminoso que enviava calor diretamente para sua virilha.
Se ele tinha pensado que Jordana parecia vestida para uma reunião quando a viu por trás, encará-la agora jogava a pobre comparação janela afora. Sua blusa estava descuidadamente fora da saia, os primeiros três botões abertos, criando um vislumbre tentador da carne nua que terminava justamente entre o volume de seus seios.
A pele dela estava corada, um bonito rosa coloria sua garganta até as bochechas. Ele não pode evitar imaginar o sangue dela correndo através daqueles delicados capilares. Inferno, ele quase podia sentir o gosto. Sua boca encheu d’água com o pensamento, fazendo suas presas saltarem pela gengiva.
O desejo foi atiçado em um átimo, quente e intenso. Seu pau reagiu ao repente de necessidade que amaldiçoava através dele, imediatamente se retesando atrás das roupas pretas de combate.
Nathan sabia que suas pupilas estavam se estreitando enquanto bebia daquela visão da beleza revelada de Jordana. A luz âmbar de suas íris jogava um brilho fraco sobre a face dela.
A rápida reação de seu corpo o chocou. E estava mais do que um pouco perturbado por ver que não podia controlar seus anseios quando o assunto era aquela mulher em particular.
Sem nunca recuar, Nathan seguiu até ela. Dirigiu um comando aos seus companheiros para que averiguassem as salas dos fundos e a área vip, ordenando que mandassem sair cada pessoa que achassem no lugar.
— Essa festa acabou, — ele rosnou, os olhos ainda arraigados sobre Jordana.
Ela fez uma carranca, colocou as mãos sobre a curva tentadora dos quadris. — Que direito você tem de fazer isso? — Ela exigiu, suas palavras soando mais agudas que o normal, sem dúvida graças ao álcool consumido.
Nathan segurou o olhar contrariado. — Não me diga que não percebeu que este lugar obtém lucro por meio de um esporte sangrento ilegal e de apostas. Sem mencionar outras diversões perversas que é melhor você não conhecer, — ele adicionou. — Já era hora de alguém fechar esse inferno.
— Não. — Ela disse, jogando a cabeça para trás e para frente. O movimento acabou com seu penteado e fez com que ondas platinadas caíssem sobre os ombros e costas dela. — Não, eu estou falando sobre você, Nathan. Que direito você tem de entrar trovejando na minha vida e bagunçar tudo?
Ele franziu o cenho, surpreso, não só pela pergunta, mas pelo som de seu nome nos lábios dela. — Eu trovejei na sua vida?
— Sim. — Ela se aproximou dele, até que apenas a espessura de um braço ficasse entre os dois. E então mais perto. — Você é uma tempestade escura e perigosa, Nathan, — ela pendeu a cabeça para trás, os olhos azul gelo impressionantes, mesmo na escuridão do clube. — Se eu não for cautelosa, vou pular de um penhasco com você.
Ele soltou uma praga, a perscrutando com mais acuidade. Cristo, o quanto ela tinha bebido hoje? Ela podia estar falando bobagens devido aos muitos coquetéis, mas o olhar firme e questionador e os lábios entreabertos comunicavam-se com ele claro o suficiente.
— Você é a pior coisa que podia ter me acontecido, Nathan.
— Pelo menos concordamos em alguma coisa. — Ela se inclinou na direção dele e ele rosnou, se por anseio ou ironia, ele não sabia. — Pegue suas coisas, Jordana. Pedirei a um de meus homens que a leve para casa.
— Não, — ela murmurou, sacudindo a cabeça — Não, não quero ir sozinha para meu apartamento. Vou esperar Carys.
Ele deu uma olhada, percebendo que Carys não estava em melhor forma. Além disso, estava abraçada em torno de Rune em uma das cabines fora da gaiola. Não parecia que ela iria embora por um bom tempo, e Nathan não tinha nenhuma intenção de permitir que Jordana ficasse naquele clube na situação em que estava agora.
E apesar da confiança e afeto óbvios de Carys por Rune, de jeito nenhum Nathan deixaria o bem estar de Jordana nas mãos do macho.
Droga.
O apartamento dela não era longe. Ele poderia deixá-la lá em segurança e voltar a tempo para sua equipe.
— Vamos, — ele disse — Vamos embora.
Nathan fechou a mão em torno do punho dela e a levou consigo para fora.
Cinco minutos mais tarde, Jordana estava sentada do lado passageiro em seu carro, vendo Nathan navegar pelo labirinto da rua de sentido único em Back Bay a caminho de seu apartamento. — Na realidade não é necessário que me leve para casa. Eu poderia ter conseguido por minha conta.
— Fora de questão. — Disse, seu perfil banhado pela luminosidade do painel.
A voz profunda dele não admitia discussão e ela ao instante lembrou-se que Nathan não era um cavalheiro Darkhaven. Ele era um Capitão do esquadrão da Ordem. Um macho Gen Um da Raça e ex-assassino.
Um homem hábil para matar, apenas Deus sabia de quantas maneiras. E, no entanto, ali estava, o motorista designado a ela depois que ela tontamente se embebedou.
Já estava um pouco mais sóbria, o zumbido leve do álcool substituído pelo pulso acelerado enquanto ficava sentada ao lado de Nathan no carro com pouca luz.
— De qualquer forma, obrigada. — Murmurou ela tardiamente, incapaz de afastar os olhos dele.
Era bonito de uma maneira forte, as maças do rosto muito fortes, com a mandíbula muito quadrada e inflexível. Seus olhos estavam mais tempestuosos que nunca enquanto dirigia para sua casa, uma nuvem de tempestade azul-verde sob as severas sobrancelhas negras.
Sua boca era facilmente mais suave em seus traços, seus lábios muito cheios e exuberantes com fria seriedade, quase constante em sua expressão. Jordana sabia muito bem como estes lábios esculpidos podiam ser quentes. Quando ela o olhou, a seu lado no carro, ficou violentamente tentada a provar novamente.
Ele a olhou, sem dúvida sentindo seus olhos nele. — Eu não teria adivinhado que o La Notte fosse seu tipo de lugar, considerando o que acontece ali.
Jordana encolheu os ombros. — Não passo muito tempo no clube, normalmente. A única razão pela qual fui esta noite, foi por que sabia que Carys estava ali com Rune.
— Parecia para mim que estava tendo um bom momento ali na primeira fila das jaulas de luta.
Ela franziu o cenho, odiando que houvesse permitido a si mesma ficar presa nos espetáculos de morte do clube. Elliott ficaria irritado se soubesse, mas seu pai provavelmente teria uma apoplexia se soubesse que ela sabia que este lugar existia e ainda esteve dentro dele.
— Claro, não gosto de violência, — murmurou, — nem o fato de que os benefícios vêm com sangue derramado. É algo horrível.
Ele grunhiu. — As lutas não são a única maneira do proprietário do La Notte encher seus bolsos.
Jordana sabia que ele não estava falando do bar e da dança, nem das salas de simulação onde as pessoas podiam escolher várias paisagens de realidade virtual a uma tarifa por hora, considerável. — Refere-se à sala de BDSM abaixo?
Nathan voltou seu olhar sombrio sobre ela. — Sabe sobre as salas de sexo?
— Não as vi na realidade. — Tentou se cobrir. — Carys me disse sobre elas.
Amaldiçoou baixo. — Não me diga que Rune a levou ali. Pelo amor de Deus, diga que não o fez com Herman.
— Não. — Jordana balançou a cabeça desdenhosamente. — Não, claro que não. Ele pode ganhar a vida nas jaulas de luta, mas Rune trata Carys com suavidade. Ele é protetor com ela. Sempre. Nem a queria perto desta parte do clube.
Outro grunhido de Nathan, desta vez com uma mistura de alívio e algo mais que Jordana não pôde discernir. Ele parecia mais tenso agora, olhando para trás todo o caminho, um músculo duro marcando sua mandíbula. — Se realmente Rune se preocupa tanto com Carys, deveria se assegurar que nunca colocasse o pé no La Notte. Não é lugar para você também.
Jordana arqueou a sobrancelha. — Agora está começando a soar como Elliott. Proibindo-me de ir a qualquer lugar.
Nathan lhe lançou um olhar de lado. — E, no entanto, você foi está noite.
— Elliott Bentley-Squire não manda em mim. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma. — Ela zombou levemente, percebendo o perfeitamente incapaz que deveria parecer a Nathan neste momento. — Bom, geralmente posso cuidar de mim mesma. Esta noite foi uma exceção. Estou envergonhada por você ter que me levar para casa.
— Não é nada. — Respondeu.
Mas era algo para Jordana. Era um gesto de cavalheiro vindo de um homem que não era exatamente nobre. Não o imaginava assim, considerando que estava mais acostumado a combater com violência e morte.
Provavelmente havia muita coisa que teria que aprender sobre Nathan e enquanto observava seu perfil, encontrou-se com a esperança de que ela pudesse ter a oportunidade de entender tudo sobre o homem distante, ilegível.
— Antes de sair do clube, — disse Nathan, — comentou que não queria ir para casa sozinha. O que foi isso?
Jordana tentou fugir da pergunta. — Foi uma bobagem. Algo aconteceu no trabalho esta noite quando saia e me assustou. Tenho certeza de que não foi nada.
— O que aconteceu? — Nathan era todo um guerreiro agora, já não sondava para conseguir uma resposta.
— Pensei ter visto alguém fora do museu esta noite quando caminhava até o carro. Pensei que estivesse me olhando. — Soava bobo agora, apesar de que no momento ficou um pouco assustada.
— Ele. — Disse Nathan, sua voz profunda afiada com suspeita e uma atitude protetora que a surpreendeu, esquentou-a. — Viu este homem? Ameaçou-a de alguma maneira?
— Não. — Ela respondeu. — Não, nada disso. Vi alguém de pé fora do museu quando saía e isso é tudo. Como já disse, tenho certeza de que não foi nada, mas minha imaginação correu comigo.
Nathan fez um ruído na parte posterior da garganta que soou menos convencido, mas não insistiu mais. — Chegamos. — Anunciou, freando quando se aproximou do edifício.
Conduziu pelo estacionamento subterrâneo, logo encontrou a vaga de Jordana sem que ela dissesse onde era.
Ela olhou do outro lado do carro enquanto ele desligava o motor e ele lhe entregava o controle remoto. — Não posso decidir se estou impressionada ou irritada com a Ordem por não apenas saber onde moro, mas até mesmo onde estaciono meu carro.
— Não é a Ordem. — Disse ele fazendo-a formigar com seu olhar. — Apenas eu.
Nathan não lhe deu muita oportunidade de processar a informação. Antes que pudesse balbuciar uma resposta ele já estava fora do carro e indo para a porta do passageiro. Abriu a porta e segurou seu pulso para ajudá-la a ficar de pé. Seus fortes dedos seguravam-na com um conhecimento e ao mesmo tempo comando e comodidade.
O calor crepitava através de sua conexão e Jordana se esforçou para não parecer afetada quando parou na frente dele, com apenas alguns centímetros de distância entre seus corpos. — Bom. — Disse ela, esforçando-se para sorrir educadamente, mas sem convicção. — Novamente obrigada por me trazer para casa, Nathan.
— Você não está lá ainda.
Quando ela ia responder, ele fez um gesto para o elevador à entrada de seu prédio. Caminhou junto a ela para o elevador e entrou.
Seamus estava de serviço, como de costume. O porteiro se levantou detrás de sua mesa da recepção ampla e lhe deu uma piscada acolhedora enquanto entrava. — Boa noite Srta. Gates.
— Olá Seamus. — Saudou tentando caminhar tranquilamente pelo chão de mármore polido.
— O Sr. Bentley-Squire está procurando-a, senhorita. — Seamus lhe informou. — Ligou várias vezes esta noite para perguntar se a tinha visto, inclusive o fez há alguns minutos.
O porteiro abruptamente se calou no instante que percebeu que Jordana não estava sozinha.
— Obrigada, Seamus. — Disse Jordana, muito consciente da presença de Nathan enquanto a seguia para o elevador sem pedir permissão.
Ela viu o guarda humano de meia idade olhar com cautela os olhos escuros e o aspecto perigoso do guerreiro da Raça em seus calcanhares. Não era todas as noites que Jordana cruzava a entrada de seu edifício com um homem e muito menos um vestido como soldado e com armas mortais.
E não ajudava que ela provavelmente estivesse exalando as fragrâncias desagradáveis do clube quando passou pela mesa de Seamus.
O porteiro limpou a garganta. — Tudo bem está noite Srta. Gates?
— Sim, claro. Tudo está bem. Boa noite, Seamus.
Ela lhe deu um sorriso praticado, que não convidava a mais comentários, quando Nathan entrou a sua frente no elevador em silêncio.
Tão logo as portas de aço se fecharam atrás deles, Jordana fechou os olhos e deixou escapar um suspiro. — Todo o edifício vai saber disso amanhã. Seamus é doce e tem boas intenções, mas a discrição não é um de seus pontos fortes. — Ela negou lentamente com a cabeça, logo apertou o botão de seu andar. — Apenas posso imaginar o que deve estar pensando de mim neste momento...
— Por que se importa com o que pensa um porteiro humano? — A voz baixa de Nathan era um pouco mais que um grunhido enquanto se movia para ficar de frente a ela no interior do elevador. — Porque se importa com o que qualquer pessoa pensa de você?
— Porque sou uma Gates. — Uma resposta automática, um padrão que segurava de si mesma desde que era uma criança. — Esperam-se certas coisas da minha família. E de mim. Tenho que cuidar do que as pessoas pensam.
— Besteira.
Surpresa, olhou nos olhos tempestuosos de Nathan, percebendo agora o quanto ele estava perto dela. Calor irradiava do grande e musculoso corpo, fazendo suas bochechas ruborizarem e abaixo entre os seios. Então ainda mais abaixo.
Nathan não tinha que dizer nada, ele não precisava fazer nada e, no entanto, sua presença era tão dominante que parecia absorver o ar do pequeno espaço.
Ainda que alguma compulsão insana a puxasse para todo esse calor e eletricidade, Jordana deu um passo para trás e não parou até suas costas chocarem contra a parte traseira da parede de aço do elevador.
Ele estava justo ali também, dominando-a fisicamente, obrigando-a a segurar seu olhar. — Isso é besteira e você sabe. Esconde-se atrás da muleta do nome de sua família e a obrigação que sente para com ele, mas isso não é o que estou pedindo. Quero saber por que se esconde.
Aproximou-se mais, deixando-a sem espaço para escapar. Não tinha como evitar os olhos penetrantes dele ou o caos de seus próprios sentidos quando cada terminação nervosa em seu interior rugiu para vida com a consciência deste homem e seu desejo perigoso por ele.
— Quero saber por que sente a necessidade de esconder quem realmente é, Jordana. A mulher que me beijou neste mesmo edifício na semana passada. A mulher que me olhou na festa do museu como se estivesse se afogando sob o peso de tudo o que se esperava dela. — Nathan se aproximou mais, até que seu peito roçou o dela, seu corpo ardendo na longitude do dela. — Quero saber por que se esforça tanto para negar a mulher que realmente é, Jordana.
— Não sei o que quer dizer. — Sua voz soava muito fraca, pouco convincente, inclusive a seus próprios ouvidos. — Não estou me escondendo atrás de qualquer coisa. E você não sabe nada sobre mim.
— Não sei? — Seus olhos escuros brilhavam de cor âmbar. Quando voltou a falar, ela viu as pontas afiadas de suas presas atrás do lábio superior sensual. — Você queria que eu a tirasse daquele lugar aquela noite. Você teria lutado e negado, mas no final, os dois sabemos que teria ido comigo.
Oh, Deus. Ele estava certo.
Ainda assim, ela fez um movimento brusco com a cabeça. — Não. Não teria feito tal coisa...
— Sim, Jordana, teria. — Ele sorria agora, um sorriso seguro que não lhe dava nenhuma misericórdia. — E hoje na sala de suprimentos do Centro de Comando, queria que a tocasse, beijasse. Fizesse tudo de malvado com você.
Engoliu saliva, a boca ficando seca sob seu olhar quente.
— Você esperou por isso. — Disse. — E quer agora, tanto quanto eu.
Um som saiu de sua garganta, mas ela esperava ser capaz de negar o que estava dizendo, o suave gemido deslizou de seus lábios em um esforço fraco. — Não diga estas coisas. Você não tem o direito.
— Por que não, Jordana? — Pressionou. — Por que não dizer se é a verdade? Por que se nenhum de nós pode impedir o que está acontecendo entre nós?
— Porquê. — Ela tomou ar, em busca da força para rejeitá-lo.
— Por que, porquê? — Perguntou mais suavemente agora, no entanto, não menos imponente. — Diga por que prefere se esconder atrás de seu sobrenome e das obrigações que a prendem com ele?
Jordana levou os dedos aos lábios, tentando reprimir as palavras que a trairiam. Elas se derramaram de qualquer forma, depressa e sussurrado. — Porque tenho medo.
Algo brilhou no rosto de Nathan, choque, compreensão, simpatia ou compaixão, ela não tinha certeza.
Ele levou as mãos atrás dela e apertou o botão de parada do elevador. Com um barulho suave eles pararam.
Os olhos de Jordana se desviaram. — O que está fazendo?
Nathan não respondeu. — Diga-me do que tem medo.
Ansiedade disparou através dela. — Seamus irá perceber que estamos parados. Ele se perguntará o que está acontecendo aqui.
— Não me importa uma merda. — Nathan grunhiu. — Você também não.
— Ele pode nos ver. — Jordana apontou, olhando além de Nathan, para a pequena lente da câmera de segurança no teto do elevador.
Ainda que ele não tivesse sequer estremecido, a pequena luz vermelha do dispositivo de vigilância se apagou com o poder da mente de um Raça Gen Um. — Agora somou apenas você e eu, Jordana. Sou o único que pode te ver. Sou o único que vai ouvi-la. Tem medo agora?
Quando ela o olhou em silêncio, os quentes e fortes dedos de Nathan pousaram sob seu queixo. Ele levantou o rosto dela, negando-se a deixá-la se esconder do olhar dele. — Tem medo de mim, Jordana?
Ela balançou a cabeça devagar, assombrada por não ter medo do que sentia por este homem neste momento. Era algo muito mais poderoso que isso. Mais poderoso que o desejo que se agitava por ela também. Ela confiava nele.
Nathan não tinha que exigir que despisse sua alma para ele, seus olhos azul-verdes inesperadamente gentis a impulsionavam na mesma medida. — Meu pai traçou um caminho muito restrito para eu seguir desde quando era criança. Ele quer algumas coisas para mim. Espera que me comporte de certa maneira, para alcançar certos objetivos que traçou para mim. Ele o faz por amor, eu sei. Ele apenas quer o melhor para mim.
— Tenho certeza que sim. — Nathan diminuiu a distância escassa entre eles, uma imponente muralha de músculos e a sombria intenção a fogo lento. — O que você quer?
— Não sei. — Admitiu em voz baixa. — Mas às vezes temo que nunca serei a filha que ele quer que eu seja. Tenho medo de acordar um dia e perceber que as coisas que ele pensa de mim já não são as melhores. — Ela deixou escapar um suave suspiro, ainda segurando o olhar tempestuoso de Nathan. — Temo que já seja assim.
Ele grunhiu uma maldição, algo baixo e sombrio. Seus traços afiados, deixando seu rosto mais feroz, algo profano, já que era bonito. Jordana levantou a mão, com vontade de tocar seu rosto e a mandíbula rígida.
Nathan agarrou a mão dela, envolvendo os dedos ao redor de seu pulso antes que pudesse fazer contato com ele. Seu agarre era cálido, mas firme. Sem dizer uma palavra, ele levantou a mão e longe dele, segurando-a sobre a cabeça dela e contra a parede traseira do elevador.
Jordana não sabia o que dizer, não sabia o que pensar, quando ele levantou sua outra mão também e a manteve ali. Provou seu agarre e o encontrou inflexível. Como ferro.
Olhando para ele, ela engoliu, muito consciente de como sua posição atual a deixava totalmente a mercê de Nathan. Com as mãos colocadas acima da cabeça, as costas pressionavam a parede solida da cabine do elevador, o único lugar para onde podia se mover era o calor de seu corpo. Seus seios ficaram tensos contra os botões de sua blusa de seda conservadora. Suas pernas estavam um pouco bambas para manter o equilíbrio e o ar frio lhe fazia cócegas nas panturrilhas e coxas, deixando-a ainda mais consciente da pulsação do calor úmido em seu núcleo.
Cada partícula de seu ser feminino vibrava em resposta na presença de Nathan, a antecipação percorria seu sangue.
Mudou o alcance para que uma mão se fechasse como algemas em seus pulsos, deixando a outra livre para vagar. Ele acariciou o dorso dos nós dos dedos ao longo da bochecha dela e logo abaixo sobre os seios, mal tocando-a e fazendo-a a arder com a sensação. — Tem medo de mim agora, Jordana?
— Não. — Sua resposta foi um pouco mais que um suspiro, sem fôlego, não de preocupação, mas com uma sensação surpreendente de sua própria vulnerabilidade.
Nathan a segurou, completamente sob controle. Ela não podia se soltar se sua vida dependesse disso. Também não queria.
Ele a tinha neste momento e maldição se ele também não o sabia.
Deleitava-se nela, podia ver o sombrio prazer em seus olhos enquanto ele a prendia pela cabeça e os pés na estreita cabine do elevador. Faíscas atravessaram sua íris. Sua ampla boca sombria, mas sensual, mal escondendo suas presas.
Inclinou-se para ela e tomou sua boca em um abrasador e forte beijo.
Jordana não tinha nenhuma experiência com tanta paixão dura, tal demanda faminta. Ela apenas pôde se entregar a ele, gemendo enquanto seus lábios cobriam os dela, reivindicando-a. Sua língua empurrou-se dentro da boca dela e ela se abriu para ele, submetendo-se a este reclame com um estremecimento de prazer bruto que a percorreu, fundindo-se entre suas coxas.
Nunca a beijaram assim. Ela se perdeu nele, seus membros moles, suas veias elétricas.
Onde os beijos de Elliott eram sérios, inclusive com paixão inflamada, a boca de Nathan era selvagem, indomável na dela. Possessivo e febril. Seu beijo marcando-a de uma maneira que deixava todas as demais comparações em cinzas.
Quando ele abruptamente rompeu o contato e afastou-se dela, Jordana não pôde evitar um grito de consternação. Nathan a olhou, seus olhos brilhando com uma luz âmbar que inundou sua íris transformada.
Ela queria mais. Jordana tentou alcançá-lo, mas lembrou-se que tinha ainda as mãos presas em suas garras de ferro. Ela franziu o cenho, lutando com um pouco mais determinação contra seu agarre.
Os cantos da boca dele se curvaram em diversão sombria, mas seus olhos estavam sérios, inflexíveis, quando ele balançou a cabeça. — Esta noite jogamos do meu jeito.
Jordana ficou ali, ofegante e confusa. Cheia de desejo, pensou que fosse explodir se ele não lhe desse mais.
— Está tudo bem, Srta. Gates? — A voz de Seamus chegou pelo alto-falante de emergência dentro da cabine do elevador, uma intrusão não desejada, mas sem surpresa. — Parece que o elevador não se move por alguma razão.
Ela sabia que deveria responder. Se tinha alguma esperança de salvar sua dignidade, de diminuir as suspeitas do homem do que poderia estar acontecendo no interior do elevador, tinha que assegurar a Seamus que pararam o elevador por acidente.
Mas isso significava que teria que apertar o botão de comunicação no painel do outro lado da cabine. E isso significaria que Nathan teria que deixa-la ir.
Ele a olhou em silêncio, esperando, parecendo entender sua luta interior, ainda que seu olhar ardente dissesse que não tinha intenção de oferecer nenhum tipo de misericórdia.
— Srta. Gates?
Jordana não podia falar. Ela não podia romper a conexão quente dos olhos de Nathan enquanto se inclinava para ela pressionando todo seu corpo, fazendo acender cada terminação nervosa e deixando-a muito consciente do quão masculino e poderoso este guerreiro da Raça era.
Ele a segurou pela nuca com a mão livre, acariciando sua carótida pulsando sob a ponta de seu polegar. Tão terno, assim como evitou inclusive quando a tentação de destruir sua reputação e virtude o percorreu neste momento imprudente.
E, no entanto, Jordana estremeceu sob seu toque, tão impotente para resistir como uma árvore jovem que curva sob o vento.
Estendeu os dedos em seu cabelo solto, reuniu a massa de ondas platinas em sua mão, enrolando suas tranças em forma de espiral ao redor de seu punho. Pouco a pouco, inclinou a cabeça dela para trás, deixando sua garganta descoberta a seu ardente olhar. Jordana ficou sem fôlego, tremendo com uma embriagante combinação de medo e excitação.
Perigo brilhava nos olhos âmbar de Nathan. Suas presas eram enormes, tão afiadas como lâminas. Ele inclinou-se para frente deliberadamente, logo beijou um rastro abrasador na parte inferior do queixo dela até o oco sensível na base da garganta.
— Srta. Gates, pode me ouvir?
— Oh Deus. — Sussurrou ela, deixando que a voz preocupada do porteiro sumisse quando a língua de Nathan avançou e começou a lamber um caminho para baixo até seus seios.
Nathan sempre considerou a disciplina sua maior força, inclusive mais que qualquer de suas habilidades nativas da Raça, ou suas inumeráveis habilidades letais que o converteram em um dos mais perigosos de toda sua carreira.
Mas enquanto arrastava a boca ao longo do pescoço sedoso de Jordana, para baixo, para o vale delicioso entre seus seios altos, agarrava-se a seu autocontrole por uma correia fina.
Ela era doce contra sua língua. Atenta a todas suas carícias. Aberta e obediente, a confiança como um presente que não esperava e tinha certeza de que não merecia.
Ela era tão condenadamente quente e sexy que precisava de toda sua força de vontade para não arrancar a blusa e saia dela e enterrar-se até a empunhadura dentro de seu bonito corpo.
Nathan soltou a trança grossa porque suas mãos coçavam para sentir os pontudos mamilos. Sua outra mão ficou presa ao redor dos pulsos dela ainda sobre a cabeça. Ela gemeu enquanto acariciava seus seios sobre a tela de sua blusa.
Ela ficou sem fôlego, um momento depois, quando colocou a mão em seu interior em concha, segurando-a.
— Nathan, por favor. — Sussurrou ela, provando o agarre em seus pulsos. — Eu quero muito tocá-lo.
Ele lançou um olhar sombrio para ela. — Meus termos esta noite, lembra-se?
Os olhos azuis dela se abriram mais, mas ela não negou. Sua tensão se distanciou e Nathan voltou a seus seios, silvando quando o prazer quente encheu sua palma.
Ele apertou e acariciou, logo apertou o pequeno nervo entre os dedos. Não foi um aperto gentil, não era capaz de suavidade nas melhores circunstâncias e, neste momento, se encontrava no limite de uma necessidade que poderia consumi-lo facilmente se ele permitisse.
Apesar do que disse, tudo o que precisava era um respingo de Jordana e teria se lançado a ela. Um estremecimento de medo ou incerteza seria o suficiente para detê-lo.
Ele aceitaria que esta coisa que ardia entre eles não poderia ir além deste momento.
Mas ela não lutou contra ele.
Não, ela submeteu-se a ele. Docemente. Confiante.
Abaixando o queixo, ela o observou puxar o mamilo entre os dedos, com os olhos estreitados, sua cor indo de azul para um entardecer sombreado. Ela gritou, sem fôlego e ofegante, com o olhar cravado no dele enquanto abaixava a cabeça e chupava a ponta entre os dentes e presas.
— Srta. Gates? Precisa de ajuda? — A voz do porteiro tinha um tom mais ansioso agora. Sem dúvida, o velho humano estava com medo de sua inquilina atraente estar sendo devorada pelo monstro chupa-sangue dentro do edifício, que estava com ela esta noite.
Nathan sorriu enquanto puxava o seio de Jordana mais profundamente em sua boca. Devorá-la sem duvida tinha seu atrativo.
— Srta. Gates, por favor. — O porteiro insistiu. — Preciso saber se está bem.
— Está Jordana? — A voz de Nathan era um grunhido áspero na garganta, soando mais selvagem que o normal pela como forma como suas veias palpitavam, suas presas enchendo sua boca. Ele a olhou em desafio sensual, a luz âmbar de sua íris deixando a pele brilhante. Seu pau doía, ficando maior, mais exigente, com cada batida de sua pulsação acelerada. — Está bem ou precisa que Seamus a salve de mim?
Ela gemeu, retorcendo-se contra ele enquanto lentamente endireitava-se diante dela prendendo-a com seu corpo. Quando falou, as palavras saíram ofegantes. — Oh Deus... eu não deveria estar fazendo isto. Não deveria querer isto... não deveria desejar você.
— Então me diga para parar. — Apertou-se contra ela, fundindo-se desde o peito até as coxas enquanto lambia a artéria pulsando acelerada ao lado do pescoço dela, logo tomou o lóbulo da orelha entre os dentes. — Diga-me para deixá-la ir Jordana.
Com a mão livre acariciou a parte dianteira do corpo dela, logo ao redor de suas costas apertando o traseiro firme sob a fina saia. Quando ela abriu os lábios em uma respiração contida, ele tomou sua boca em um beijo profundo e quente, ao mesmo tempo afundando o dedo na fenda de seu traseiro.
Ela ofegou contra sua boca, ficando tensa por um momento, antes de aceitar sua carícia malvada. Deslizou mais fundo ao longo da fenda, deleitando-se com a forma como ela estremecia sob sua mão. Ele não parou até seus dedos tocarem a união entre suas coxas. Seu sexo estava quente contra sua palma, tentadoramente suave.
Ele queria senti-la sob seu toque, não podia suportar o impedimento das roupas. Mas um pouco de razão o advertiu que vê-la nua, aqui e agora, em seu estado atual de necessidade, era uma tentação que nem sequer sua vontade de ferro poderia suportar.
Em troca, Nathan satisfazia sua ânsia de pegar a barra de sua saia lápis e deslizar sua mão por baixo dela. A mão que segurava os pulsos de Jordana começou a tremer enquanto usava a outra para puxar de lado a delicada calcinha, descobrindo o refugio úmido entre as pernas dela.
— Oh. — Ela suspirou, exalando um suspiro enquanto ele acariciava o monte e sua fenda com os dedos. — Oh meu Deus... Nathan...
— Diga que estou indo muito longe, Jordana. — Puxou uma respiração lenta, inalando a doçura de sua excitação. — Ah, Cristo. Diga as palavras e isto para aqui e agora. Diga que não o quer e esta será a última vez que me verá.
A misericórdia que ele oferecia agora, ainda que rara, estava destinada a ela ou a ele próprio?
Ele não sabia. Não teve a intenção de terminar a noite assim. Esta coisa com Jordana nunca esteve totalmente em seu controle e seduzi-la assim não seria bom para nenhum dos dois.
Essa realidade por si só deveria ser chocante o suficiente para esfriar sua necessidade. Mas era impossível negar a si mesmo a satisfação do prazer de Jordana. Ela estremeceu sob seu tato. Sua pele estava úmida e brilhante, suas pétalas abertas para ele, dando as boas vindas a tudo o que tinha para lhe dar.
Perguntou-se até onde poderia empurrá-la. Quanto de seus impulsos sombrios poderia tomar?
Ela se romperia, se não pela negação, pelo clímax?
Seu creme cobria a ponta dos dedos dele enquanto começava a deslizar um dedo dentro dela. Conseguiu reunir uma leve resistência, lembrou-se que Jordana não tinha a experiência que sempre preferiu.
— Foda, Jordana. — Ele gemeu. — Você é tão apertada. Está tão molhada. — Sua virgindade lhe dava vontade de protegê-la e reclamá-la ao mesmo tempo. Moveu o dedo apenas uma fração, cauteloso apesar do fato de que tudo nele era um macho desenfreado com vontade possuir, saquear.
Mas não ali. Não desta maneira.
Por agora, ele tocava seu corpo inexperiente, acariciando sua carne quente enquanto alisava com a ponta do dedo a pérola inchada de seu clitóris. Ela se arqueou contra ele, gemendo enquanto começava um ritmo lento. Ela tremeu e balançou, seus suaves gemidos cada vez mais intensos à medida que a conduzia ao orgasmo e a sentia subindo com cada fibra de seu ser.
— Srta. Gates, por favor responda. — O porteiro insistiu novamente.
— Oh Deus. — Gemeu. — Oh Deus... nunca, nunca senti nada assim... Nathan, não posso aguentar mais...
Seu corpo estremeceu com a liberação quando Nathan acariciou mais fundo, mais forte. Ela soltou um gemido agudo e sem palavras no instante em que se rompeu, o cabelo loiro balançando nos ombros enquanto ela se via envolta em um poderoso clímax.
Nathan a observava entre as ondas do prazer, incapaz de frear a curva satisfatória em seus lábios ao saber que ela estava assim por ele. Sua primeira vez, sua própria admissão sem fôlego. Sentiu o impulso repentino, feroz de mostrar outras primeiras vezes, cada uma mais perversa que a outra.
— Srta. Gates, já que não tenho certeza de seu bem estar, vou anular o sistema e descer o elevador.
— Merda. — Ficou sem fôlego, pânico substituindo o prazer em seu rosto bonito. — Solte-me Nathan. — Quando ele não reconheceu de imediato a voz de Jordana ela gritou. — Maldição me solte!
Tão logo ele o fez ela voou ao outro lado da cabine do elevador e apertou o botão de comunicação no painel de emergência. — Está tudo bem Seamus. Não aconteceu nada. Estou perfeitamente bem.
— Tem certeza senhorita?
— Sim, claro. — Sua voz soava um pouco sem fôlego por causa de Nathan, mas o porteiro abaixo não parecia perceber. Jordana apertou o botão de parada e o elevador voltou a subir. — Estamos nos movendo novamente Seamus. Não sei qual o problema, mas tudo voltou à normalidade.
Voltou à normalidade.
Nathan observou a mulher que esteve se contorcendo e gemendo sob o toque ilícito de sua mão há um minuto. Agora Jordana alisava a saia com uma eficiência irritante. Ela passou os dedos pelas mechas soltas de seu cabelo, logo arrumou a blusa. Cruzou os braços sobre si mesma como um escudo e deixou escapar um longo suspiro.
Ela estava tentando converter-se em Jordana Gates novamente, retrocedendo novamente à sua máscara perfeitamente construída e adequada. Ela o olhou, já não parecia apaixonada, olhava-o ao mesmo tempo com desconcerto e vergonha.
Nathan não disse nada para aliviar seu mal estar. Seu corpo ainda estava no auge, faminto por ela e havia um lado escuro nele que queria ver o quão rápido Jordana poderia se render a ele novamente, ofegante e gritando de prazer, uma vez que estivesse sozinha em seu apartamento.
Moveu-se perto atrás dela, dando-lhe um bom tempo para sentir sua ereção rígida contra seu traseiro. Apertou-se contra ela, deixando suas intenções claras. Com a cabeça baixa, colocou a boca perto da delicada orelha. — Até que eu diga o contrário, ainda estamos nos meus termos, Srta. Gates. — Advertiu com voz áspera e rouca com uma promessa. — Não pense que já terminei com você.
Ela estremeceu enquanto ele fazia sua ameaça erótica e podia sentir o sorriso lento dele quando o elevador parou em seu andar.
As portas se abriram, revelando o ferro negro forjado que se abria ao mármore branco do grande apartamento de Jordana.
A porta estava entreaberta. Alguém esperava dentro.
Um macho da Raça estava sentando em uma poltrona antiga de veludo, com a cabeça para baixo, os antebraços apoiados nos joelhos. Um casaco de lã escuro estava sobre seu colo como se estivesse sentado ali por algum tempo.
— Elliott. — Jordana praticamente gritou o nome do vampiro.
Ele levantou a cabeça a sua vez, a preocupação gravada profundamente em seu rosto enquanto se levantava para saudá-la. — Jordana, graças à Deus, eu... — Seus olhos se estreitaram no instante que viu Nathan atrás dela. A desaprovação e desconfiança afastaram a preocupação de seus olhos.
Jordana saiu do elevador e entrou no vestíbulo. — Elliott, o que está fazendo aqui?
No principio não olhou para ela, mas para Nathan que estava atrás dela.
Nathan não fez mais do que abrir e fechar os olhos sob o escrutínio do indignado aspirante a companheiro de Jordana. Uma parte dele se ascendeu com vontade puxar Jordana contra ele e beijá-la como se estivesse ainda no elevador, mostrando a Elliott Bentley-Squire que ela nunca lhe pertenceria.
Mas uma demonstração possessiva assim não era necessária.
O outro macho Raça podia sentir o cheiro do desejo de Jordana tão facilmente como qualquer um de sua espécie e ainda ver a ereção de Nathan por não falar de seus olhos cor âmbar e as presas longas que dificilmente poderiam passar por alto.
Nathan teria destroçado qualquer macho que sentisse luxuria pela mulher que lhe importava e mais ainda se a tocasse. No entanto, o advogado Darkhaven parecia deixar deslizar a afronta com um pouco mais que uma careta.
Nathan queria estrangular o homem indigno, simplesmente por sua falta de reação.
Bentley-Squire franziu o cenho para Jordana. — Tentei te ligar várias vezes esta noite. Quando não devolveu as chamadas naturalmente fiquei preocupado e imaginei que algo tivesse acontecido com você. Recebeu minhas mensagens de voz?
— Trabalhei até tarde. — Murmurou. — Por acaso Seamus te deixou entrar?
Ele zombou. — Não preciso que um homem me dê permissão para assegurar que está bem, Jordana. Onde estava?
O pânico a percorreu, uma sensação tão intensa e visceral que Nathan praticamente podia ouvir a corrida de seu coração. Ela girou a cabeça na direção dele e não havia misericórdia em seus olhos azuis claros.
— Eu estava com Carys. Estávamos no La Notte. — Sua voz se tranquilizou logo, uma desculpa em seu olhar. — Bebi demais, Nathan se ofereceu amavelmente para me trazer para casa.
Bentley-Squire grunhiu, seus lábios pressionados em sinal de desaprovação. — Não percebi que a Ordem tinha serviços de chofer. — Disse com desprezo, olhando mais uma vez para Nathan. — Quanto lhe devo por cuidar da minha mulher esta noite?
Vibrando com a ameaça, Nathan já havia calculado dez maneiras diferentes de matar o macho. Não disse nada, esperando que Bentley-Squire não fosse tão tolo para julgá-lo.
Jordana deve ter percebido a perigosa direção de seus pensamentos. Voltou-se para trás, para olhá-lo.
Por favor. Articulou em silêncio, balançando a cabeça quase imperceptivelmente.
Se a visse tão desesperada, tão aterrorizada do que poderia fazer neste momento, Nathan teria atuado com ira fervente justo sob a superfície enganosamente calma.
— Obrigada por me trazer para casa a salvo. — Disse ela, sua educação o ferindo depois do que aconteceu entre eles apenas uns minutos.
— Jordana. — Bentley-Squire disse de sua posição atrás dela no vestíbulo. — Tenho certeza que este guerreiro tem assuntos mais urgentes que atende esta noite. Atrasou seu trabalho tempo suficiente, não acha querida?
Nathan ignorou o outro vampiro, seus olhos brilhantes fixos em Jordana. Se ela desse algum indício de que não queria ficar ali, se ela o olhasse sequer remotamente parecido a noite da recepção no museu, quando parecia lhe rogar que a levasse a alguma parte, para qualquer lugar, Nathan teria a arrastado para o elevador neste mesmo instante.
— Tenho que ir. — Ela murmurou em voz baixa. — Por favor, tente entender.
Ela se afastou dele, voltando-se para o macho da Raça que fazia parte deste outro mundo que habitava. O mundo que ela não deixou para trás, inclusive enquanto Nathan ouvia ainda seu clímax, enquanto ainda podia sentir seu creme nas pontas dos dedos.
Não gostava da raiva que fervia nele enquanto a observava se afastar.
Ele não estava acostumado a deixar a emoção o dominar.
Sobreviveu à sua infância aprendendo a dominar seus sentimentos, aprendendo a dominar todas as facetas de sua vida com controle e disciplina, com cruel castigo.
Não estava disposto a deixar que o controle duramente ganhado deslizasse fora de seu alcance agora.
Sem uma palavra, sem mostrar-se incomodo com a distância de Jordana, Nathan apertou o botão do elevador e este desceu.
Elliott Bentley-Squire tinha razão depois de tudo. Nathan tinha assuntos mais urgentes que atender esta noite, de volta a seu próprio mundo.
Era a maldita hora de voltar para ele.
Obrigou seus pés a ficarem cravados no chão, enquanto observava as portas do elevador se fecharem atrás de Nathan.
No mesmo instante, lamentou que ela não houvesse tido coragem de ir até ele. Não como uma tonta cega pela paixão, mas pela liberdade que ele parecia desfrutar, como alguém que fazia seu próprio caminho, controlava seu próprio destino.
E sim, tinha que admitir, havia uma selvagem e imprudente parte dela que queria provar um pouco da liberdade de Nathan de primeira mão, como a mulher a seu lado. Como a amante em sua cama, abandonando-se a cada um de seus poderosos e perversos caprichos.
Mas ele não prometeu nada esta noite. Inclusive se o houvesse feito, não podia jogar tudo longe por um impulso impetuoso.
Porque não? Uma voz perigosa sussurrou ao fundo de sua mente.
Quanto tempo poderia atuar como se não estivesse se afogando lentamente sob o peso do que todos em sua vida esperavam dela?
As palavras de Nathan voltaram para ela correndo, todas as verdades íntimas que parecia saber sobre ela, quando há uns dias eram meros estranhos um para o outro.
Suas palavras a deixaram irritada. Inclusive em sua ausência agora, sentia-se encurralada e exposta, nua de uma maneira que ninguém a deixou antes.
Seu toque a fez queimar. Esta noite, Nathan a fez sentir-se como se houvesse vivido e respirado pela primeira vez em todos seus quase vinte e cinco anos.
E ela simplesmente o deixou se afastar.
Não que ele duvidou em ir embora.
Jordana não perdeu sua reação fervorosa a sua tentativa de fingir que nada aconteceu entre eles, que não lhe deu a experiência mais explosiva de sua vida.
O fez por medo e por respeito a Elliott. Ela não o queria, mas isso não significava que quisesse feri-lo ou humilhá-lo. Ainda assim, Elliott era um homem inteligente e Jordana sabia que apenas um idiota iria confundir esta intensa energia erótica que faiscava entre Nathan e ela como algo que não fosse isso.
— Jordana. — Disse Elliott agora em um tom calmo, já que ela se rompia em uma tempestade privada. — Querida, não acho que pretenda ficar aqui fora toda a noite. Vamos entrar.
Ela o olhou por cima do ombro, o cenho franzido. — Não está incomodado comigo pelo que aconteceu esta noite?
Ele a olhou piscando lentamente, logo balançou levemente a cabeça. — Está em casa segura e isso é tudo o que importa.
Falava sério? Uma onda de histeria subiu pela parte posterior da garganta. — Não se importa que estivesse com outro homem? — O silêncio prolongado de Elliott foi toda a resposta e ela exalou uma risada aguda. — Meu Deus, não te incomoda em nada. Você não me ama.
Não havia veneno em suas palavras, apenas uma sensação de incredulidade por nunca ter percebido esta verdade até agora. O descobrimento não a irritou. Isto a libertou.
— Na realidade nunca me quis em absoluto, verdade?
Suspirou profundamente, sua paciente expressão amavelmente indulgente. — Está tentando me provocar, Jordana? Claro que me preocupo com você. Sempre o fiz...
— Sim. — Disse ela, vendo agora. — Preocupa-se comigo, da mesma maneira que meu pai. Da mesma maneira que um querido tio o faria. Como uma criança que precisa de proteção e orientação. Não da maneira como o faria se realmente significasse algo para você.
Amaldiçoou agora, mas não havia paixão ali também. — Vamos entrar Jordana. Eu perdoo o que aconteceu entre você e este sem vergonha da Ordem. Vamos deixar esta noite para trás, onde pertence.
— Não. Não posso fazer isso. — Ela cruzou os braços sobre o peito, seus pés se negavam a se mover, inclusive quando Elliott se aproximou e tentou guiá-la para longe do elevador. Ele colocou seu braço ao redor de seus ombros e ela saiu de seu abraço. — Não posso fazer isso.
— Fazer o que querida?
— Isto. Nós. Tudo isso. — Deus, ela nunca se imaginou ali em pé, colocando fim a farsa de sua relação com ele assim, mas sentia-se bem por fazê-lo. Sentia-se bem pelos dois. — Quero que vá embora agora, Elliott.
— Ir embora? — Ele a observou com cautela por um momento, logo balançou a cabeça em negação. — Não, acho que não o farei, Jordana. Eu entendo. É tarde e está irritada. Acho que não sabe o que está dizendo ou fazendo neste momento.
Ela soltou uma gargalhada aguda. — Deixe de me dizer como me sinto, Elliott. Maldição, gostaria que todos deixassem de dizer o que deveria fazer, pensar ou sentir!
Ele a olhou como se estivesse olhando para alguém louco ou que uma serpente houvesse caído em seu colo. — Este tipo de arrebato não é o que quer, Jordana. Apenas está provando meu ponto de que precisa de alguém para cuidar de você neste momento. Realmente acho que é melhor ficar um pouco.
— Bem. — Respondeu ela. — Então eu vou sair.
Apertou o botão do elevador, quase esperando que Nathan ainda estivesse dentro. Mas quando as portas se abriram um momento mais tarde, o elevador estava vazio.
— Jordana, está sendo ridícula. — Elliott disse enquanto entrava no elevador. — Este tipo de comportamento não leva a nada, em absoluto.
— Não, não leva. — Ela concordou. — Mas talvez devesse.
— Jordana...
— Adeus Elliott. — Ela apertou o botão para descer, sentindo uma repentina onda de euforia, seu primeiro gosto da liberdade recém-descoberta, quando as portas se fecharam diante da expressão incrédula de Elliott.
Nathan voltou para o La Notte a pé. Nem mesmo a rápida corrida pelas ruas na noite fresca conseguiu conter a crueza de sua necessidade por uma mulher que ele nunca deveria ter procurado em primeiro lugar.
Ele era um homem acostumado a estar no controle de cada situação, especialmente quando se tratava de sexo. Ele fodia quem queria, quando queria. Ele tomava as decisões. Ele controlava as regras, o ritmo, os limites. Ele decidia como as coisas começavam e terminavam, em tudo, o tempo todo.
E então ela apareceu.
Jordana e aquele beijo impulsivo que tinha acendido uma chama dentro dele que ele não conseguia apagar.
Levar as coisas até onde ele tinha levado esta noite só tinha feito aquela labareda mais quente. Se ele havia esperado que ter apenas um gostinho dela pudesse finalmente tirá-la de sua cabeça, tirar a necessidade por ela de seu sangue, então tinha acabado de provar que era um tolo maldito.
Ele ainda podia ver seu rosto enquanto ela insistia com ele para manter silêncio, para jogar com ela, quando Elliott Bentley-Squire estava preocupado. Não deveria ter importância para ele, mas tinha. O que ela tinha com o outro macho era uma maldita farsa que queimava Nathan quase tanto quanto o fato de que ele ainda a desejava com uma ferocidade que mal conseguia conciliar.
Ela deixou bem claro que tinha a intenção de manter para si, mesmo que ela tivesse que fazê-lo infeliz. Então, agora Jordana estava de volta ao seu apartamento com um homem que não a merecia, e Nathan estava andando para o decadente clube de Cassian Gray com um furioso tesão e uma atitude mortal.
Ele encontrou Rafe embaixo, na arena vazia da igreja neogótica, questionando um trio de humanos utilizados como anfitriões de sangue para servir a clientela vampira do clube. Quando Nathan entrou, o guerreiro loiro ergueu o queixo em reconhecimento e dispensou o grupo com um comando baixo.
— Consegui limpar o lugar, exceto os lutadores e alguns dos funcionários. — Rafe informou. — No entanto, ninguém sabe nada de Cass. Nós questionamos todo mundo. Todos estão contando a mesma história, ninguém soube nada do filho da puta pelos últimos dias.
Nathan grunhiu, sua voz grossa em sua garganta pela forma como seu sangue ainda estava batendo em suas veias.
— Talvez a quebra do fluxo de receita de hoje à noite vá chamar sua atenção.
Rafe arqueou uma sobrancelha castanha.
— Agora, isso é tudo que temos. Onde diabos você foi? Eu procurei por você uma hora atrás, mas você sumiu. Quando vi Carys com Rune há poucos minutos, ela disse que achava que você tinha saído com Jordana Gates.
Nathan mal conseguiu segurar a maldição que queria dizer.
— Ela não estava em condições de dirigir, então a levei para casa. Demorou mais do que o previsto.
Seu amigo o estudou, então soltou a maldição que Nathan se esforçou para conter.
— Você e Jordana. Jesus, Nathan. Você realmente acha que é uma boa ideia?
— Não, eu não acho. — Ele respondeu, não querendo ter que se explicar, nem reviver o que tinha acontecido entre Jordana e ele hoje à noite. — Eu acho que é uma má ideia do caralho. E depois dessa noite, não vai acontecer, então se sinta livre para deixar esse assunto de lado e me dizer o que você e o resto da equipe fez enquanto estive fora.
Enquanto Rafe fazia um rápido resumo, um dos outros trabalhadores do clube saiu do corredor que levava às tocas de BDSM. Vestida com algumas tiras de couro preto unidas por anéis de metal prata, a morena requebrou para a arena em um par de botas de cano alto, brilhante com saltos altíssimos.
Ela tinha cuidado dele uma ou duas vezes no clube, uma das muitas parceiras anônimas que tinham sido sua preferência. A trabalhadora do sexo avistou-o agora e seus quadris se tornaram mais lânguidos, convidando com seu balanço enquanto ela se dirigia para o bar a poucos metros de distância dele.
— Nós revistamos o salão e o clube de dança lá em cima. — Disse Rafe. — Eli e Jax estão dando mais uma olhada no escritório e apartamento privado de Cass. Vim aqui para ver se poderia espremer algo útil do pessoal de serviço, uma vez que Syn, Rune e os outros lutadores não são muito cooperativos.
Embora ele estivesse ouvindo o relatório, Nathan não podia evitar notar como a mulher debruçava acima do bar para pegar uma garrafa de bebida, permitindo que ele desse uma longa olhada em seu traseiro e no fio dental de couro que ela usava. Seu corpo estava ainda febril pela falta de Jordana, e ele correspondeu ao óbvio convite desta outra mulher do mesmo modo que seus dedos levantariam para arranhar uma coceira.
E ela trabalhou duro para conseguir sua atenção. Pegando uma garrafa de uísque do bar, ela se serviu de uma dose e verificou para ter certeza de que ele estava assistindo. Quando ela inclinou a cabeça para trás e bebeu o líquido âmbar em um longo gole, Nathan viu outro pescoço delicado em sua mente.
Em um instante, ele reviveu a visão da pálida e bonita garganta de Jordana, exposta quando ele puxou a cabeça dela para trás, a corda de platina sedosa de seu cabelo enrolado ao redor de seu punho.
Fome liberou suas presas, e ele se perguntou quanto tempo tinha passado desde que ele se alimentara. Mais ou menos o mesmo tempo que havia se passado desde que ele satisfez o outro desejo que o estava corroendo, ambos se agravaram depois da maneira como seu encontro com Jordana o havia feito se sentir.
A ponta afiada e irritante de suas necessidades o provocou, mas ainda mais preocupante era o fato de que tudo de masculino e primal nele exigia que ele voltasse imediatamente para a casa dela para saciar a necessidade que ela despertava nele, mesmo que ele tivesse que passar por cima de Elliott Bentley-Squire para tê-la.
Pensamentos perigosos.
E um desejo que não podia se permitir saciar, independente de quão tentador fosse.
A fêmea vestida de couro bateu seu copo de volta no bar e passou por ele, um olhar convidativo em seus olhos enquanto ela se esquivou de volta para o corredor que levava até as covas de BDSM.
Rafe ficou olhando para ela também e soltou um assobio baixo de aprovação.
— Talvez eu devesse fazer um interrogatório mais aprofundado em alguns membros da equipe dos bastidores. Não gostaria de deixar pedra sobre pedra.
Nathan lhe lançou um olhar escuro.
— Não há nada mais para fazermos aqui esta noite. Vá dizer a Jax e Eli para empacotar as coisas. Eu estarei logo atrás de você.
Rafe encolheu os ombros, então partiu para executar a ordem de seu capitão.
Uma vez que ele voltou para a parte do clube que ficava no nível da rua, Nathan cruzou o chão da arena seguindo diretamente para as salas VIP nos fundos.
A morena estava esperando por ele, com tudo organizado para seu prazer em um sofá de couro vermelho com suas pernas bem abertas e seu cabelo reunido de um lado para dar-lhe livre acesso a sua carótida.
— Como posso servi-lo hoje à noite, senhor?
Nathan entrou no quarto. Um par de correntes estava pendurado em um gancho na parede perto da porta. Ele os pegou, em seguida, chutou a porta que se fechou atrás dele com o salto de sua bota de combate.
* * *
— O que quer dizer, você terminou com Elliott? — A voz de Carys parecia incrédula do outro lado da linha. — O que aconteceu? Será que isso tem alguma coisa a ver com você e Nathan? Eu vi você deixar o clube com ele. Aconteceu alguma coisa entre vocês? Nathan está com você agora?
— Não. Ele se foi. — Depois que o modo que ela agiu, provavelmente tinha ido para sempre.
Jordana odiava o jeito como coisas terminaram hoje à noite. Ela tinha sido uma covarde e uma tola e, no mínimo, ela devia uma desculpa a ele. Ela esperava que ele aceitasse, se ela o visse novamente.
Se ela fosse honesta consigo mesma, esperava muito mais do que isso.
Apesar de ela não ter terminado com Elliott por esperar qualquer coisa com Nathan, ela seria uma mentirosa se tentasse negar sua atração por ele.
Atração? Bom Deus, o modo que seu coração se acelerou só de pensar nele, o modo que seu corpo ainda cantarolava com eletricidade pelas coisas que ele fez com ela, coisas que ele advertiu que tinha a intenção de continuar antes que ficassem cara-a-cara com Elliott em seu apartamento, Jordana teve de admitir que o que ela sentiu por Nathan era tão forte como a atração da maré pela lua.
Ele era escuridão, tão fria e intocável como a noite, e ela desejava conhecê-lo, estar perto dele, como nada que desejara antes.
Hoje à noite ele a levou para a beira do abismo que temia, mas ela estava muito apavorada para pular.
Jordana suspirou através do telefone.
— É uma longa história, Car. Uma que eu não estou particularmente a fim de reviver no momento.
— Você está bem? — Jordana ouviu sua amiga sussurrar a essência da situação para Rune. — Então, se você deixou Elliott no apartamento, onde você está?
— Em Commonwealth, do lado de fora do meu prédio. — Disse Jordana, seus saltos baixos clicando na calçada. — E estou bem. Eu só precisava sair de lá.
Parte do problema com fazer uma saída dramática, ela percebeu rapidamente, era a necessidade de ter algum outro lugar para ir.
O pensamento de ir para a casa de seu pai em Darkhaven não era muito atraente. Estava tarde, e embora ela soubesse que teria sido recebida de braços abertos, Jordana não queria aparecer na porta do seu pai para desapontá-lo com a notícia de que ela falhou na relação que ele queria muito que desse certo para ela.
Normalmente, ela poderia ir ao museu para escapar. Ele tinha sido seu refúgio secreto em várias ocasiões no passado, mas ela ainda não tinha sido capaz de se livrar da sensação de desconforto de ser observada enquanto caminhara até seu carro no estacionamento mais cedo naquela noite. E, apesar de sua tontura pela bebida já ter passado, Jordana não iria subir ao volante e dirigir sem rumo pela cidade tão tarde da noite.
— Volte para o clube. — Carys disse a ela. — Pelo que parece, a Ordem fechou o lugar, mas ainda estou aqui com Rune. Nós dormiremos em seu quarto essa noite e resolveremos tudo amanhã.
— Oh, Carys. Eu não sei...
— Você não está longe do trem. Vai chegar aqui em menos de dez minutos. Eu estarei esperando por você. Venha pelos fundos e vou deixar você entrar pela entrada dos funcionários.
— Carys...
— Deixe-me cuidar de você por uma vez, ok? Esteja aqui em dez minutos, ou vou mandar Rune para te arrastar até aqui.
E foi assim que Jordana se viu saindo do trem no Norte End sete minutos mais tarde e caminhando o pequeno quarteirão para porta dos fundos do La Notte.
Carys estava lá antes que ela tivesse a chance de bater, abrindo a porta e puxando Jordana para um caloroso abraço.
— Você está tremendo. — Carys assinalou. — Entre e me diga o que está acontecendo.
Jordana caminhou com sua amiga pelo corredor de trás, sentindo-se aliviada por ter vindo, agora que ela estava lá.
Mas o sentimento teve curta duração.
Assim que ela entrou uma porta se abriu mais à frente delas no corredor sombrio. Um homem saiu e caminhou na direção oposta de Jordana e Carys.
Não, não só um homem, um Guerreiro da Raça. Dois metros de músculos e bastante ameaçador. Jordana reconheceria aquela constituição maciça e arrogância em qualquer lugar.
Ela podia ainda sentir suas mãos nela. Ela podia ainda ouvir o estrondo pecaminoso de sua voz profunda contra sua orelha.
Nathan.
Deus a ajudasse, ela quase chamou seu nome em voz alta.
Entretanto, no terrível instante seguinte, uma mulher saiu do quarto atrás dele.
Com pouca roupa, ela desfilou para fora em botas com espinhos, seus seios amarrados em uma complicada teia de couro preto e anéis de metal, e marcas parecendo punitivas enfatizavam os globos redondos de seu traseiro nu.
Não havia dúvida da linha de trabalho da morena. Nem do fato de que ela e Nathan estavam juntos no quarto atrás da porta fechada.
A mulher olhou por cima do ombro e viu Jordana e Carys boquiabertas no corredor. Na mão da prostituta estava um maço de dinheiro, que ela cerimoniosamente deslizou para baixo de uma das tiras pretas apertadas de couro em seu seio antes de sair.
Jordana sentiu-se mal. Se ela estivesse preocupada sobre como ela tinha deixado as coisas com Nathan essa noite, aparentemente ela não deveria ter se incomodado. Ele certamente não tinha perdido tempo em encontrar uma substituta para ela.
Decepção e mágoa rugiram dentro dela. Ela também estava irritada com ele, mas ainda mais consigo mesma, por se preocupar o suficiente para ficar chateada.
— Tire-me daqui. — Ela sussurrou para Carys.
Sua amiga parecia igualmente miserável.
— Oh, Deus, querida. Eu não fazia ideia. Eu nunca diria para você vir...
— Ele não pode saber que eu estive aqui. — Jordana silvou urgentemente. — Não deixe ele me ver, por favor. Ele não pode saber que o vi aqui hoje à noite.
— Claro que não. — Carys pegou sua mão. — Vamos. O quarto de Rune fica por aqui.
Jordana seguiu a amiga por outro corredor escuro, sentindo como se aquele abismo que a amedrontava de repente se rompeu sob seus pés e a deixou cair.
— Você está tentando limpar a arma ou raspar o número de série?
Estremecendo, Nathan girou a cabeça ao redor da mesa e a cadeira onde estava sentado e encontrou Sterling Chase apoiado contra o batente da porta aberta da sala de armas.
Jesus Cristo. Estava tão concentrado no trabalho, com a cabeça cheia de vapor e inquietantes realizações, que nem sequer ouviu o Comandante chegar.
Era cedo pela manhã na sede da Ordem, em Boston. Quase todos no complexo e no estado ainda estavam na cama. Nathan, no entanto, estava acordado e nervoso desde que ele e sua equipe voltaram para a base na noite anterior. Há algumas horas, finalmente abandonou a ideia de dormir e decidiu fazer algum uso produtivo de sua inquietação.
Encontrou-se com o olhar de Chase. Anos de treinamento desde a idade escolar, deixava sua expressão como uma máscara ilegível antes de voltar à limpeza da Beretta 9mm. — Não esperava vê-lo aqui a estas horas. Quanto tempo está parado aí?
— Alguns minutos. — Disse Chase. — O suficiente. Quer falar sobre isso?
Com dedos ágeis, Nathan voltou a montar a pistola e a deixou de lado. — Não.
Chase entrou na sala e agora tomou uma posição próxima à mesa de trabalho de Nathan, seus grossos braços cruzados sobre o peito. Usava uma camiseta branca de manga curta e uma camisa cinza por cima solta fora da calça, os cabelos dourados todo bagunçado.
No momento, Sterling Chase parecia menos impecável, os músculos fortes apertados e parecia mais um homem com seus próprios problemas. Problemas que o tiraram da comodidade de sua cama quente com sua companheira bem cedo neste dia.
— Parece que está tendo um mau momento. — Nathan o olhou de lado. —Talvez queira falar sobre isso?
— Na realidade não. — Chase sorriu e deixou escapar um curto suspiro. — Acho que ainda estou tentando me acostumar ao fato de Carys mudar. Tavia não está gostando muito, mas ela diz que temos que lhe dar um tempo. Dar-lhe espaço. — Um grunhido retumbou no peito do vampiro. — Se algo acontecer com ela... se alguém lhe machucar agora que ela está vivendo longe da minha proteção...
— Ela está fazendo-o muito bem. — Disse Nathan. — Tem pessoas cuidando dela.
Chase zombou. — Jordana Gates, pode estar bem conectada à Darkhaven, mas ninguém sabe manter minha menina segura da mesma forma que sua mãe e eu.
— A menina é uma mulher adulta. — Nathan apontou. — Ela está tomando suas próprias decisões. Tem que confiar nela. Mantenha-se muito perto e apenas vai fazer com que ela se afaste mais.
— Filosofia esta hora e vindo de você? — Chase riu entre dentes, logo piscou um olho. — É um bom conselho Nathan. Vai ser condenadamente difícil de seguir, no entanto. E se Carys terminar sendo prejudicada por qualquer pessoa de qualquer maneira...
— Então ela terá você e todo o resto da Ordem assegurando que alguém pague. — Disse Nathan.
— Maldição se o terá. — Chase concordou, seus olhos azuis brilhando com ameaça. Ele ficou em silêncio por um momento, logo limpou a garganta. — Minha filha não é, na realidade, a única razão do passeio nestas salas agora de manhã.
Nathan olhou para cima. — O que está acontecendo?
— Gideon ligou a uns dois minutos de D.C., a ex de Crowe se rendeu e soltou algumas notícias interessantes sob interrogatório em transe hoje. Parece que Reginald Crowe tinha uma amante.
Esta era a notícia mais prometedora que descobriram até agora. — Quem? Onde podemos encontrá-la?
— Irlanda, Dublin, segundo a ex-senhora Crowe. — Disse Chase. — Quanto a quem, ainda estamos tentando averiguar. Nem sequer temos um nome ainda. Tudo o que sabemos é que a ex de Crowe afirma ter visto esta mulher com frequência durante seu casamento e que isto estava acontecendo há muito tempo.
As veias de Nathan se iluminaram com a instintiva chispa, do assassino predador que foi no passado. — Temos que encontrá-la. Temos que encontrá-la agora. Posso ficar pronto para sair a qualquer momento, se precisar que vá sozinho.
— Será melhor utilizado aqui em Boston, atrás de Cassian Gray. Além disso, já contamos com botas sobre o terreno. A equipe de Mathias Rowan em Londres está mobilizada desde esta noite. Lucan já tomou todas as providências. — Chase estreitou um olhar sobre ele. — Você nunca se afastou de uma missão. Não vai começar agora, verdade?
— Absolutamente não. — Respondeu Nathan, uma negação rápida, apesar de sua consciência lhe acusar.
Estaria esperando uma mudança do destino? Uma que coloria com a distância de um continente entre ele e Jordana Gates?
Maldição, não sabia o que pensar sobre isso.
Chase o observava neste momento. — Parece... desconcentrado, homem. Está caminhando por uma borda perigosa. O que está acontecendo? Quando foi a última vez que se alimentou?
— Eu estive com um anfitrião de sangue ontem à noite. — Ele respondeu, lembrando-se da não desejada morena no clube de BDSM La Notte e isso fez sua voz se transformar em um grunhido.
Chase pareceu considerar por um longo momento, seu olhar sagaz preso nele durante mais tempo do que Nathan gostou. Mas seu Comandante não engoliu a mentira, inclusive suspeitava dele.
— Deixo você com seu trabalho. — Disse e se dirigiu para a porta. — Bom trabalho na outra noite. Se nada borbulhar hoje até a superfície sobre Cassian Gray, vamos golpear mais forte novamente esta noite.
Nathan fez um gesto vago. Apenas depois que Chase saiu pelo corredor ele liberou uma maldição que estava ardendo como ácido em sua língua.
Ainda que Chase parecesse satisfeito com sua reposta, Nathan sabia que o vampiro mais velho viu através dele. A ira autodirigida esquentou o sangue de Nathan pela desonra que mostrou ao outro macho da Raça neste momento. Nunca se viu obrigado a mentir para seus amigos, muito menos para seu Comandante. Sua formação como assassino teria considerado uma violação suicida.
E enquanto Nathan estava há muitos anos longe da violência e castigos, suas lições nunca o deixaram.
Ele não esperava que isto acontecesse.
Ninguém sabia o que suportou como parte do treinamento para se converter em assassino para Dragos. Nem sequer sua mãe, Corinne que o resgatou desta vida, ou o companheiro dela, Hunter, um macho da Raça criado no mesmo programa que Nathan, décadas antes.
Nem sequer os mais próximos amigos de Nathan e companheiros de equipe na Ordem sabiam o que passou, não, especialmente nenhum deles. Nunca o veriam da mesma forma se soubessem como foi degradado, envergonhado.
Manteve esta parte quebrada e suja, um segredo toda sua vida. Guardou bem no fundo, pois era a única maneira de seguir adiante, sair do passado.
E tinha a intenção de manter-se assim para sempre.
Quanto a Jordana, reverteria suas habilidades mortais a si mesmo, antes de deixá-la saber a verdade. Irônico que a pressionasse tanto para se abrir com ele quando não tinha a intenção de deixá-la ver a verdade dele.
Era uma pequena misericórdia que ele não foi capaz de seduzi-la por completo na noite anterior. Poderia ter feito coisas que nunca poderia tomar de volta.
Muito melhor saciar seus apetites carnais em outros lugares. Este foi seu pensamento quando se foi com a mulher em La Notte. Mas seu esforço para purgar sua fome por Jordana com outra mulher apenas o fez querê-la mais.
Não tomou da veia da prostituta, como deu a entender a Chase. Não tomou nada da mulher, de fato, mas ele a pagou de qualquer forma.
E depois que ele e sua equipe saíram do clube, para procurarem Cassian na cidade, Nathan se assegurou que seu caminho passasse pela casa de Jordana. Apenas para se certificar que ela estava a salvo, disse para si mesmo, mas precisou de toda sua força de vontade para manter seus pés longe do elevador e dela.
Mas o apartamento estava escuro observando da rua.
Ele continuou adiante, mas passou o resto da patrulha noturna tentando, sem conseguir, mantê-la fora de seus pensamentos. Lembrar-se de seu orgasmo com ele era bem menos horrível do que imaginá-la em seu apartamento escuro com Elliott Bentley-Squire.
Nathan não gostou da violência que isso suscitou em seu interior ao pensar em outro homem com Jordana. Especialmente um com menos obsessão por ela que ele. Não que Nathan fosse digno dela. Sua formação não lhe fazia apto para qualquer pessoa, mas muito menos para uma mulher tão pura e limpa como Jordana.
Já a levou para muito perto de seu mundo. E ele sabia que a levou muito mais longe, na noite anterior, de seu indigno e aspirante companheiro.
Tinha que esquecer Jordana Gates.
Já estava começando a significar para ele mais do que queria admitir e se não, outra coisa, era causa suficiente para manter-se longe.
Inclusive se isso significava observar a união dela em um laço de sangue com um homem que nunca amaria.
Às cinco da tarde, Jordana já havia percorrido uma jornada de onze horas no museu. Ela estava sozinha, já que horas antes todos pararam de trabalhar. Depois de tudo o que aconteceu na noite anterior, a solidão do lugar foi bem vinda, ainda mais necessária que o sono.
Jordana finalmente deixou o La Notte, por volta das duas da manhã, acompanhada de volta a seu apartamento por Carys e Rune. Elliott se foi bem antes. Ele rejeitou educadamente ficar, aparentemente saindo de sua vida como entrou nela.
Jordana não tinha certeza de como iria dar a notícia da separação para seu pai. Por outra parte, consciente de seus deveres, Elliott provavelmente se ocupou disso por ela também.
Em troca, ela optou por deixar todo o drama e a tensão emocional suspensa por um tempo, deixando seu trabalho no museu absorvê-la. Era a única coisa que sempre foi completamente sua, a arte histórica era sua paixão.
Seu santuário pessoal e de escape.
Afortunadamente, seu trabalho lhe dava muitas coisas em que pensar, além do desastre repentino de sua vida privada. A inauguração da exposição seria em vinte e quatro horas e o tempo estava se esgotando. Ela e Carys haviam examinado a lista final dos preparativos por duas vezes, assegurando-se que tudo estivesse em seu lugar para um evento de sucesso.
No entanto, isso não impediu que Jordana se preocupasse excessivamente com os detalhes uma vez mais. Ela estava em seu escritório no telefone com a florista quando sentiu um arrepio estranho na nuca.
Havia alguém na sala de exposição fechada?
Não poderia ser Carys. Ela foi embora há alguns minutos para buscar alguns documentos na cidade. Quanto ao resto dos empregados do museu, a maioria iria empacotar e se preparar para fechar durante a noite.
Mas definitivamente havia alguém na sala de exposição. Jordana sentiu a presença como uma mão fria contra a parte posterior de seu pescoço. Sentiu-se observada de alguma maneira, como no estacionamento da outra noite. A ansiedade disparou através dela quando terminou sua conversa por telefone e saiu do escritório.
Um homem apareceu diante dela na sala fechada.
Usava uma blusa de frio cinza enrugada e molhada da chuva, girou para ela enquanto se aproximava. Era alto, com jeans desgastados e a camiseta estava sumida dentro dele, o cabelo castanho penteado de lado.
Tudo nele era normal com exceção de seus olhos. Uma sombra de arrastava por eles, considerando-a com um olhar preguiçoso.
Ainda que nada transmitisse uma ameaça, os sentidos de Jordana permaneceram alerta, expectantes de alguma maneira estranha. — Sinto muito, mas a exposição não foi aberta ao público ainda. Não pode entrar aqui.
— Não vou ficar por muito tempo. — Disse. — Apenas queria entrar e dar uma olhada.
Ela franziu o cenho. — Temo que tenho que pedir que se vá. Temos bilhetes de entrada à venda na página do museu na internet ou você pode voltar amanhã à noite para a inauguração e comprar na porta.
Não reconheceu o pedido para ir embora. Pouco a pouco, de forma fluída, andou por uma obra e outra.
— Canova. — Disse caminhando até a caixa transparente que continha o busto de mármore de Beatriz, da famosa poesia épica de Dante Alighieri. — Uma peça impressionante.
Jordana seguiu o homem até a escultura, observando suas roupas modestas mais de perto agora. Nenhuma delas parecia mais nova que uma década e se ajustavam como se houvessem rasgado e sido costuradas anos depois. Seus sapatos de couro marrom estavam amassados e arranhados, desgastados pelo tempo como o resto do que usava.
— Canova foi considerado um dos maiores escultores neoclássicos. — Disse Jordana, incapaz de resistir e não compartilhar seu conhecimento da coleção. — Foi provavelmente o artista mais famoso de sua época, mas não encontro muitas pessoas que conhecem seu trabalho. Em particular peças menos conhecidas, como esta.
— É uma pena. — A boca de seu visitante curvou-se em um leve sorriso. — A obra de Canova é bela, não há dúvida. Há uma calma em sua escultura, a suavidade do tema, a forma líquida de cada curva e as linhas impecáveis.
Ao ouvi-lo falar com tanta eloquência e tão bem informado, Jordana de repente sentiu-se incomoda por insistir em ter que pagar para ver a arte que pertencia por direito ao mundo. Apesar de suas dúvidas iniciais sobre ele, se encontrou intrigada.
Ele continuou, ainda estudando a escultura. — A perfeição da obra, o idealismo puro de Canova, convida o olho a ficar, estudar e admirar. — O homem olhou para Jordana. — Não lhe parece?
Jordana encolheu os ombros. — Honestamente, acho que é muito perfeito. Sua arte é muito... não sei. Muito controlada, suponho. — Ela fez um gesto a um pedaço de mármore vizinho, uma das aquisições mais importantes da coleção. — Olhe este busto de Bernini, do outro lado. Olhe a energia de seu trabalho. É inquietante, sem refinar. Agressivo.
A escultura que olhavam era Anima Dannata, que representava a alma condenada à borda do abismo do inferno. Jordana se aproximou. — Bernini mostra cada ruga no rosto do sujeito, cada veia e pelos. Você pode ver o tormento do homem em seu rosto, quase pode senti-lo. Quase pode ouvir o grito de terror da boca aberta do homem. Bernini mostra tudo. Ele se atreveu a vivê-lo.
O desconhecido assentiu. — Você leva sua arte muito a sério.
— Me encanta. — Admitiu Jordana. — Isto significa tudo para mim.
Algo brilhou em seus incomuns olhos verdes. — Compartilhamos isso, então. Sou um amante da arte. E hoje, com um novo olhar para Bernini. Sua peça favorita, acredito?
— Oh. — Disse Jordana, balançando a cabeça. — Não, não. Há outra escultura que gosto mais. Mas não é tão importante como qualquer uma delas.
— Poderia me mostrar?
Por um momento, Jordana esqueceu por completo o fato de que a exposição estava atualmente fora dos limites de todos, o livre acesso era apenas para os funcionários do museu. Ela o levou até outra das peças situadas no interior de uma caixa de vidro.
—Sleeping Endymion, de Cornacchini. — Disse com um sorriso nos lábios. Jordana percebeu que não teve que ler o painel. — Você conhece este também?
— Visito coleções nos museus por anos, acho.
— Sim, o faz de fato. — Deveria conhecer o padrão de toda a vida de um museu, para estar tão familiarizado não apenas com arte no geral, mas com esta peça em particular também. — Endymion veio a nós por uma doação anônima há algumas décadas. Era uma peça de outra coleção, mas quando comecei planejar, achei que deveria tê-lo aqui. — Ela olhou para o pastor humano reclinado, dormindo sobre a lua crescente de Selene. — Não há outra peça no museu inteiro que goste mais do que esta.
Um sorriso crítico tocou os cantos da boca do desconhecido. — Não posso imaginar estar em melhores mãos.
Jordana considerou o elogio estranho, sua curiosidade pelo homem aumentou quando ele falou. Não podia ter mais de trinta anos, supunha, mas tinha uma sabedoria sobre ele, uma aura indefinível que o fazia parecer muito mais velho que sua idade.
Ele não era um Raça, não tinha dermoglifos que pudesse ver, nem parecia andar durante o dia envolto em metros de proteção UV, se fosse do tipo de Nathan.
E, no entanto, seus sentidos pareciam resistir à ideia de chamá-lo de humano.
Desconcertada, estendeu a mão para ele. — Sou Jordana Gates. A curadora da exposição.
Vacilou por um momento antes de segurar sua mão em um aperto cálido e firme. — Sim, já sei quem é. — Com seu olhar inquietante, percebeu que ele olhava o crachá em seu pescoço.
— Oh. — Jordana riu nervosa. — Sinto muito, mas... quem é você?
No principio, ela achou que ele não fosse responder. Logo, com cuidado disse. — Cassian. — Nem mais nem menos.
Ouviu este nome em algum lugar?
Ela não tinha certeza, mas Jordana sabia que nunca viu este homem antes. Jordana retirou a mão da dele. — Bom, senhor Cassian, realmente gostei de falar com você. Mas está ficando tarde e supõe-se que ninguém veja a exposição antes que abra oficialmente amanhã, assim que...
— Claro. — Respondeu educadamente, inclusive inclinou a cabeça levemente como se estivesse na corte. — Eu asseguro, Jordana, o prazer foi todo meu.
Ela olhou sua roupa de má qualidade novamente e sentiu uma ponta de pesar pela forma como ela o julgou. E não podia simplesmente empurrá-lo para a porta, sobre tudo sabendo o muito que desfrutou da exposição. — Espere aqui um momento. Eu já volto.
Não esperou por sua resposta. Impulsivamente, ela afastou-se e se apressou para seu escritório. Procurando, pegou um par de entradas de cortesia para a abertura do grande evento do dia seguinte no museu.
— Acabo de me lembrar de que tinha um par de entradas em meu escritório. — Disse enquanto voltava para a sala de exposição. — Gostaria que...
Ele se foi.
— Senhor Cassian? — Jordana procurou pela área e logo fez uma busca rápida pelo lugar.
Ele não estava ali.
Apressou-se para a galeria com vista para o hall da entrada principal do museu.
Nada.
Ele foi embora.
Não, ele desapareceu.
O misterioso senhor Cassian se foi, o mais rápido e limpamente possível como um fantasma.
Tinha arriscado demais.
Cass fez uma corrida apressada pelas ruas da cidade, ignorando a chuva que encharcava suas roupas de loja simples e barata, sapatos encharcados.
Ele estava do outro lado da cidade a partir do museu, agora, sem saber para onde estava indo, exceto que ele tinha que estar afastado. Longe. Até onde ele poderia chegar, e ele teve que ir de uma vez.
Ele não esperava ficar o tempo todo que tinha ficado. Em sua mente, tinha imaginado entrar no museu por alguns minutos, apenas um curto tempo, suficiente para visitar o tesouro pelo qual ele havia sido marcado um homem procurado, traidor de sua rainha e seu tipo.
Um tesouro que ele estava desistindo hoje... Para sempre.
É claro que o doador anônimo da escultura Sleeping Endymion, há 25 anos, não era mistério para ele. Ele não podia negar a sua satisfação, seu alívio, ao saber que determinado tesouro estava em um lugar seguro, e tinha estado todo esse tempo.
Mas a figura de terracota não era o único segredo que ele tinha mantido desde que ele fugiu da corte da rainha de Atlântida.
Qualquer um de seus segredos poderia ter conseguido matá-lo.
O risco da descoberta era muito grande agora. Ele estava colocando em risco tudo o que valorizava por permanecer em Boston.
Quase tinha resolvido fazer esta visita ao museu um par de noites atrás, mas ele perdeu a coragem e, ao invés, se esquivou para fora do edifício como um fantasma. Ele mal tinha chegado longe sem gerar uma notificação indevida.
Mas ele tinha que olhar para o seu maior, mais precioso segredo uma última vez, uma indulgência que ele tivera o cuidado de evitar a todo o custo para quase um quarto de século.
Agora ele estava contente. Tinha que estar, porque hoje estava saindo para o bem. Ele só podia esperar que seus segredos e o tesouro que ele amava mais do que tudo, estariam mais seguros com sua ausência.
Cass tinha colocado sua confiança em um aliado que tinha provado sua lealdade através de anos de silêncio e sacrifício. Essa confiança foi reafirmada na reunião de dois dias atrás.
Outro aliado, único em todo o mundo, um que arriscou tanto quanto Cass em ajudá-lo, concordou tomar conta dos interesses de Cass, uma vez que ele fugisse para o exílio permanente.
Um exílio que começaria agora.
Resolvido, Cass puxou o colarinho para proteger-se da chuva oblíqua quando ele desceu por uma rua lateral.
Foi quando ele percebeu, eles, o trio de figuras escuras que caíram em suas costas.
Ele olhou por cima do ombro e seu estômago gelou.
Soldados de Atlântida.
Os três imortais estavam disfarçados com roupas de pedestres, tanto quanto ele. Mas o seu passo decidido e presença ameaçadora eram inconfundíveis.
E sob a longa barra de uma das suas capas de chuva encharcada, Cassian espionou o brilho de uma lâmina de Atlântida.
Houve um tempo em que poderia ter se virado e enfrentado essa ameaça. Uma vez, quando teria lutado, mesmo desarmado como estava agora.
Mas hoje, ele sabia o que era o verdadeiro medo.
Não para si, mas para proteger os segredos pelos quais ele morreria.
Cass saiu correndo, levando os guardas da legião tão longe do museu quanto podia, apelando para cada grama de sua agilidade e velocidade sobrenatural.
Os homens da rainha estavam perto dele, muito perto. Eles fizeram um zig-zag assim como ele, nunca perdendo a visão dele por um segundo.
Em questão de minutos, Cass e seus perseguidores estavam no Old North End. Ele não tinha a intenção, mas seus pés o haviam levado para a única casa que ele tinha realmente conhecido desde que chegou à Boston.
La Notte estava logo à frente. Através da chuva, Cass viu a entrada dos fundos do clube algumas centenas de metros na frente dele.
Os guardas da Atlântida se separaram em algum momento.
Cassian perdeu o controle de um deles.
Ele não viu o assassino até que fosse tarde demais.
O soldado da corte real de Selene apareceu do nada, em pé na frente dele, a longa lâmina reluzente.
Eu estou morto, Cassian percebeu. Estava tudo acabado agora.
Ele sabia disso, mesmo antes de sentir o beijo gelado de aço de Atlântida mordendo o lado de seu pescoço.
― Um brinde, ― disse Carys, levantando um copo de vinho tinto sobre a mesa de Jordana em um de seus restaurantes italianos preferidos em Old North End. ― Para a inauguração da exposição. Eu sei que vai ser um grande sucesso.
― Eu espero que sim. ― Jordana suspirou e tilintou seu copo contra o da sua amiga. ― Será que você verificou se o cartaz sobre a tapeçaria francesa foi corrigido? E agora estou me perguntando se não deveria ter mudado a exibição de cerâmica romana, de onde tiramos, para a recepção dos clientes. Você acha que ela deveria voltar para o seu lugar original?
Carys sorriu e revirou os olhos. ― Está perfeito, Jordana, tudo. Você pensou em tudo. A exposição não poderia estar em melhores mãos.
― Obrigada. ― Jordana sorriu com o elogio, mas não podia deixar de se lembrar de seu visitante estranho, Sr. Cassian, e o fato de que ele tivesse dito algo muito parecido com ela.
Carys deu-lhe um olhar interrogativo. ― Eu disse algo engraçado?
― Não, é só que... ― Jordana balançou a cabeça. ― Um homem veio para ver a exposição, esta tarde.
Carys franziu a testa. ― Alguém que você conhece?
― Não, nunca o tinha visto antes. Ele, aparentemente, apenas apareceu a partir da rua.
― Mas a exposição não abre ao público até amanhã à noite. ― Carys apontou.
― Isso é o que eu lhe disse. ― Jordana tomou um gole de vinho. ― Ele não parecia incomodado que não foi oficialmente aberta ainda.
― Estranho. ― Carys disse, torcendo algumas massas com o garfo. ― O que ele queria?
Jordana deu de ombros. ― Eu acho que ele queria olhar para a arte. Isso é o que ele disse, de qualquer maneira. Nós conversamos um pouco sobre escultores italianos e comparamos algumas das peças da coleção, em seguida, ele foi embora.
Carys olhou-a por cima da borda de sua taça de vinho. ― Como eu disse... Estranho.
― Ele era bom... ― disse Jordana, mordendo um de seus lagostins enquanto pensava sobre o homem e o pouco tempo que passou com ele na exposição.
Ele era um estranho, peculiar, e ainda assim ela se sentiu quase que instantaneamente à vontade ao seu redor. Apesar de sua estranheza e sua presença sem ser convidado no museu, ela se sentiu confortável com ele; segura, de alguma forma indefinível. E ela teria falado com ele um pouco mais, se ele não tivesse deixado o museu sem explicação, assim que ela virou as costas.
Desapareceu, mais como isto.
Talvez Carys estivesse certa, havia algo estranho sobre o homem.
Os devaneios de Jordana foram interrompidos quando a unidade de comunicação de sua amiga vibrou na ponta da mesa com uma chamada recebida.
― É Aric. ― Havia uma nota de amargura na voz de Carys, enquanto falava o nome de seu irmão. Seus dedos pairaram sobre o aparelho por menos de um segundo, antes de ela retirar a mão do seu colo com um suspiro superficial. O comunicador vibrou novamente, mas Carys permaneceu ainda parada, sua boca pressionada em uma linha reta.
Jordana a estudou sobre a mesa pequena. ― Você não pode excluí-lo para sempre, Car. ― Os irmãos Chase não tinham se falado desde seu confronto acalorado sobre Rune na outra noite, e Jordana sabia que estava matando Carys ter um muro permanente entre ela e seu irmão gêmeo.
O dispositivo vibrou novamente, e com relutância escrita por todo o rosto, Carys finalmente o pegou. Antes que tivesse a chance de dizer uma palavra de saudação, a voz profunda de Aric veio o receptor.
― Carys, onde diabo você está agora?
― Olá para você também, querido irmão.
Sua resposta foi cortante e escura.
― Você está no La Notte?
― Desde quando eu tenho que responder a você, Aric? ― Luz âmbar acendeu nos olhos azuis da fêmea da Raça. ― Onde estou não é da sua conta. Pensei que tinha deixado isso bem claro para você.
― Droga, Carys! Não estou jogando a porra de um jogo aqui, ― ele rosnou e, de repente, era óbvio que o tom exigente de Aric não era sobre a ira, mas algo mais visceral. Algo mais urgente do que isso. Ele estava gritando de medo e preocupação por sua irmã. ― Carys, me diga que você não está nem perto daquele lugar maldito agora.
A voz de Carys caiu para um sussurro. ― O que está acontecendo?
Jordana não podia mais ouvir Aric na outra extremidade, mas a julgar pela expressão aflita de sua irmã, a notícia não era boa. Carys inalou uma respiração afiada, seus dedos chegando à boca por um instante antes de alívio inundar de volta em seu rosto. Ela escutou por um momento, seu rosto sombrio, então ela calmamente terminou a chamada.
Ela olhou através da mesa para Jordana. ― Houve um assassinato no La Notte.
― Oh, não. ― Jordana murmurou. ― Mas não é...
― Não! ― Carys balançou a cabeça. ― Não é o... Rune, graças a Deus. Aric disse que não era qualquer um dos lutadores, mas ele não tinha mais informações do que isso. Alguns dos guerreiros estão indo para lá agora para investigar. Aric me disse para ficar longe do clube esta noite.
E Carys já estava tirando dinheiro suficiente para o projeto de lei e uma gorjeta generosa de seu bolso. ― Eu tenho que ver Rune, ― explicou ela enquanto se levantava. ― Eu só preciso ver por mim mesma que ele está bem.
A profundidade do amor de Carys pelo lutador era evidente em seus olhos. Assim era o seu medo. A forte fêmea de Raça tremia, elas estavam visivelmente abaladas com a notícia de uma morte no local onde seu amante arriscava a vida todas às noites nas jaulas.
E, enquanto Jordana não tinha vontade de estar perto da Ordem, se isso significava que poderia encontrar Nathan, ela não estava prestes a deixar a amiga ir até lá sozinha.
― Vamos lá, ― disse Jordana. ― Eu vou dirigir.
Carys conseguiu um leve aceno de cabeça e seguiu Jordana para seu carro.
Elas fizeram um curto percurso através da cidade, chegando ao quarteirão do La Notte em poucos minutos. O clube estava fechado, as portas em arco de madeira da velha igreja bloqueadas.
Um par de seguranças imenso estava estacionado no topo dos degraus que levam até o lugar, em pé, ombro a ombro no escuro sob a luz do lampião fino na entrada da frente. Com o fluxo habitual do clube, os clientes chegaram para a festa no andar de cima ou para fazer outras coisas, menos saborosas no andar de baixo, os dois seguranças viraram na chegada.
― Passe e vire para o beco ao lado, ― Carys instruindo Jordana, conforme ela desacelerava em frente ao clube.
Elas dobraram a esquina e encontraram o acesso ao beco bloqueado por um dos enormes e sem identificação veículos pretos de patrulha da Ordem. Carys pulou para fora do carro de Jordana imediatamente, fazendo-a parar por completo. Jordana seguiu, só para ser interrompida, juntamente com Carys por um time de Nathan.
― Saia do meu caminho, Jax. ― disse Carys para o vampiro asiático estilo pantera que saiu das sombras para interceptar as mulheres.
― O Capitão disse nenhum civil, Carys. Nós temos uma cena de crime acontecendo lá.
― Eu sei. Aric me ligou. Eu só quero ver Rune.
Jax deu um aceno de cabeça. ― Ele está nos fundos com alguns dos outros funcionários do clube, mas as senhoras vão ter que ficar aqui por enquanto. Confie em mim, vocês não vão querer ver...
― Eu vou até lá. ― Carys empurrou o guerreiro, o quebrando em um parafuso, antes que ele pudesse reagir.
Jordana seguiu, e se apressou para acompanhar enquanto sua amiga, que correu ao redor do edifício para a parte traseira. Rune pode não ter sido ferido aqui esta noite, mas era óbvio que não havia ninguém, nem o irmão de Carys ou qualquer um da própria Ordem, que poderia manter a mulher longe do lutador que amava.
― Rune! ― Carys disse, chamado o macho da Raça de cabelos escuros, enquanto ela e Jordana viravam para a parte de trás do clube. Ele estava entre alguns dos outros lutadores e da equipe La Notte reunidos na escuridão por trás do velho prédio de tijolos da igreja, Rune olhou para o grito de Carys.
Seu rosto duro era grave, os olhos sombreados e sombrios enquanto ele se separou de seus colegas antes de reconhecê-la, enquanto ela e Jordana se aproximaram. Carys lançou-se em seus braços.
― Rune, eu estava tão preocupada! Aric ligou e me disse que alguém morreu no clube. Mesmo ele me dizendo que não era você, tinha que ver por mim mesma. Eu tinha que ter certeza.
― Shh, ― o lutador brutal a acalmou, acariciando sua ampla palma da mão sobre a parte de trás da cabeça de Carys, enquanto ela se agarrou a ele. ― Está tudo bem, baby. Eu estou bem aqui.
Enquanto o casal se abraçava, partilhava de palavras privadas de conforto e carinho, Jordana se afastou deles. Embora ela nunca tivesse ido a uma cena de crime antes, e não queria estar em uma agora, ela se viu atraída para o trecho escuro da calçada onde a vítima estava evidente, rodeada pela equipe de guerreiros da Ordem.
Seu salto marcou surdamente no asfalto, uma estranha sensação de medo serpenteando ao redor dela a cada passo cuidadoso. A morte pairava no ar, fria e enjoativa. Ela sentiu arrepios em seus braços, colocou um nó frio atrás dela.
Embora ela não quisesse olhar, não queria saber que tipo de violência final alguém havia encontrado pouco tempo atrás, Jordana não conseguia manter seu olhar espreitando entre os guerreiros para o indivíduo morto no chão.
Ela teve um vislumbre de largos, desgastado jeans nas pernas distorcidas da vítima. Os sapatos marrons nos pés do homem estavam desgastados e envelhecidos... Familiar.
Oh, não. Não podia ser...
Ela estava segurando a respiração. Ela sabia, mesmo antes da dor em seus pulmões, se obrigou a sugar o ar.
Mesmo antes que ela visse todo o sangue no asfalto, e o objeto deitado ao lado do corpo. Um objeto que parecia inequivocamente como um homem morto.
Antes que sua mente horrorizada pudesse confirmar o que seus olhos estavam vendo, uma voz profunda estava em seu ouvido. ― Santo inferno. ― Um par de braços fortes a varreram para longe da cena, uma mão firme estava segurando a sua cabeça contra o peito sólido coberto por um uniforme de combate preto. ― Jesus Cristo, Jordana. Que diabos você está fazendo aqui?
As palavras de Nathan eram ásperas e escuras, mas suas mãos estavam quentes e suaves enquanto a abraçava, e mantinha o rosto dela evitando a carnificina. Ela não quis reconhecer o quanto seu toque era bem-vindo naquele momento. Ela não significava nada para ele, então sentir o conforto agora só acrescentou uma picada mais profunda do choque ao que estava sentindo.
Ela retirou-se de seu poder sobre um grito irregular. ― É ele, ― ela murmurou. ― Eu o conheço. ― As sobrancelhas negras de Nathan se chocaram sobre os olhos tempestuosos.
―Quem?
Jordana fez um gesto na direção da vítima, também atingida ao olhar novamente. ― Esse homem. Estive falando com ele um par de horas atrás.
A carranca de Nathan se aprofundou. ― Você falou com ele? ― Sua voz escura passou de preocupada para exigente, quase na fronteira com suspeita. ― Você o viu hoje? Onde, Jordana? Quando?
― Jordana, ― disse Carys, caminhando agora com Rune. ― Qual o problema, querida? Você está bem?
― É ele. O homem que conheci na exposição esta tarde. Ele estava vivo hoje cedo e agora ele... ― O estômago de Jordana balançou, sufocando suas palavras. Seu peito doía com um sentimento de perda, ela mal conseguia conciliar, ele era um estranho que tinha conhecido apenas alguns minutos. ― Eu não entendo como isso pode acontecer. Por que alguém iria querer matar o Sr. Cassian?
Um rápido olhar incerto passou entre Carys e os dois machos da Raça. Mesmo em sua aflição, Jordana notou a mudança no ar.
― Sr. Cassian? ― Perguntou Carys suavemente. ― Jordana, aquele homem ali é Cassian Gray.
Quando Jordana não reagiu, Nathan acrescentou, ― O proprietário do La Notte. Até esta noite, ninguém admitia ter visto o filho da puta ou saber onde ele poderia estar. ― Ele lançou um olhar sombrio para Rune. ― Eu acho que a Ordem não estava sozinha na tentativa de rastrear Cass e trazê-lo para baixo.
O lutador deu um olhar de guerreiro. ― Como todo mundo disse, Cass caiu fora da rede por alguns dias, sem aviso prévio. Não era incomum para ele.
Nathan grunhiu e voltou sua atenção para Jordana. ― Por que Cass foi ao museu hoje, ele te disse isso? O que exatamente ele disse para você? O que ele queria?
Jordana balançou a cabeça, confusa. Ela não conhecia o proprietário do clube pelo nome, só tinha vislumbrado ele uma ou duas vezes de longe, nas raras ocasiões em que ela tinha ido com Carys assistir as lutas de Rune.
O que ela recordava vagamente era um homem com um cabelo loiro-branco e roupas de couro preto eriçado com tachas de metal e fivelas. Não é o homem comum vestido de forma monótona que ela tinha conhecido hoje.
― Tem que haver algum engano. Eu não conheço o homem que dirige este clube. Ele não é quem eu vi na exposição. Ele nem sequer é parecido com ele...
― É Cass, ― Nathan insistiu. ― Ele alterou sua aparência e ficou fora dos olhos do público, sem dúvida, porque ele sabia que a Ordem estava atrás dele. Talvez ele fez isso porque mais alguém estava atrás dele também. A pessoa que o perseguiu e tomou sua cabeça esta noite.
Jordana estremeceu com a lembrança. ― O homem no museu hoje não teria esse tipo de inimigos. Ele falou comigo sobre escultores que admirava, sobre arte e algumas das peças que temos na coleção. Ele parecia um homem decente e bom.
― Ele era um, criminoso, ― Nathan cuspiu. ― Mais do que provável, muito pior do que um criminoso. Se eu tivesse visto ele em qualquer lugar perto de você, teria sido a minha lâmina mordendo o pescoço dele.
Ela olhou para o rosto dele, firme e bonito, em seus tempestuosos olhos azul-esverdeados que acendiam com as brasas mais fracas de luz âmbar. Ela não sabia que distorcida realidade tinha que estar vivendo, em que ele fazia o tipo de observação possessiva e violenta parecer como uma declaração de afeto. Certamente não em sua realidade e para onde ela tinha escolhido voltar, depois que o deixou quase seduzi-la no elevador de seu prédio.
Ele gostava dela tanto quanto poderia cuidar de qualquer uma de suas parceiras de cama, em antros de sexo com o La Notte. Possivelmente menos.
Jordana obrigou-se a quebrar o contato visual. ― Se eu deveria estar lisonjeada que você iria me usar como desculpa para matar um civil inocente, você está redondamente enganado.
Seus olhos tempestuosos se estreitaram sobre ela. ― Ele não era inocente, Jordana. Confie em mim.
― Confiar em você? ― Ela zombou. ― Eu não te conheço.
Ela se virou e começou a ir embora, precisando de espaço para respirar, para processar tudo o que aconteceu hoje. Ela se sentiu enojada com a morte do homem que realmente gostava, de quem ele realmente era. E ela não podia negar que ver Nathan novamente, mesmo sob essas circunstâncias terríveis, tinha a afetado mais profundamente do que ela gostaria de admitir.
Apesar de como tinha machucado vê-lo no La Notte com outra mulher tão cedo, depois que ele a deixou, Jordana não poderia manter o pulso de bater um pouco mais forte em torno dele. Ela não poderia manter seu insensato coração, desejando que as coisas pudessem ter sido diferentes na noite passada, que eles poderiam começar tudo de novo, começando com o primeiro beijo imprudente.
Apressou o passo, esperando que ela pudesse virar a esquina e ir para o seu veículo antes do peso de tudo o que estava sentindo a sobrecarregasse.
Enquanto Carys e Rune ficaram para trás, ela ouviu os passos largos de Nathan chegando rápido em seus calcanhares. ― Que diabos quer isso dizer de que você não me conhece? ― Sua voz profunda caiu para um tom mais baixo, agressivamente íntimo. ― Parece que tivemos bastante familiaridade na noite passada.
Ela parou abruptamente e se virou para ele, lutando para manter a voz controlada o suficiente para que só ele ouvisse. ― Por favor, não me lembre da noite passada.
Ele parou onde estava, a mandíbula quadrada travando. ― Você está com raiva de mim. Por causa do que aconteceu entre nós no elevador, ou o fato de que o Bentley-Squire interrompeu-nos e nós não tivemos a chance de terminar o que começamos? — Jordana exalou um forte, riso indignado. ― Eu queria que a noite passada nunca tivesse acontecido.
― Isso serve para nós dois, ― ele disse em voz baixa, seu rosto duro e sem remorso.
Assim, ele se arrependeu? Deus a ajudasse, mas ela não queria se sentir ferida por essa admissão. Queria sentir apenas raiva porque ele podia trazê-la para o topo de algo tão incrível, algo que ela não tinha compartilhado com nenhum outro homem antes dele, então virar-se e saciar sua necessidade em uma das profissionais treinadas do clube.
Jordana avistou a sexy trabalhadora morena, vestida de couro perto da porta de trás do edifício, um dos vários funcionários do La Notte que tinha vindo para se embasbacar com a cena do crime. Não podia deixar de imaginar as mãos de Nathan sobre a fêmea.
Era igualmente doloroso o pensamento do que a morena poderia ter feito por ele para ganhar um punhado de dinheiro. Jordana tinha visto a mulher se afastando após Nathan deixar um dos antros BDSM privados do clube.
― Eu nunca deveria ter te beijado, ― Jordana murmurou. Quanto mais simples seria a sua vida se ela tivesse ficado no caminho seguro, no que tinha sido preparado para ela?
Quanto mais feliz ela seria, mas ela nunca se deixou de ir para algo imprudente, algo tão perigosamente sedutor como o macho da Raça em pé diante dela agora? ― Eu nunca deveria ter deixado você me tocar, Nathan. Eu gostaria de poder ter tudo de volta.
Um rosnado baixo escapou de sua garganta quando ele estendeu a mão para ela. Ela se afastou, evitando o contato. ― Não, não. Fique longe de mim.
Ele estudou-a por um momento, seus olhos se encontraram com ela. ― Diga-me que você realmente quer dizer isso, e eu vou.
―Eu quero dizer isso. ― Ela se forçou em permanecer estável, apesar da dor aumentando em seu peito. Ela tinha que fazer isso. Para sua própria sanidade, ela tinha que colocá-lo fora de sua mente e de sua vida. ― Eu não quero ver você de novo, Nathan. Eu gostaria de nunca ter te conhecido.
Ele não disse nada. Só parou diante dela em um silêncio agonizante, seu olhar inescrutável parecendo cortá-la, tão frio como uma lâmina. Seu rosto estava imóvel, impossível de decifrar se estava aliviado ou insultado por sua rejeição.
As paredes que ela tinha tão ingenuamente pensado que pudesse descer voltaram a todo vapor quando olhou para ele agora, talvez subindo ainda mais alto do que tinham estado antes. Nathan não era alguém de deixar os outros entrar com facilidade; ela percebeu isso sobre ele desde o início.
Agora que ela estava empurrando-o para longe, ele a fechou fora completamente. E ela sabia que uma vez que o fez, não teria como voltar.
Um de seus companheiros de equipe, Rafe, o melhor amigo de Aric Chase, chamou Nathan de volta na cena do crime. ― Capitão, atenção. Um Esquadrão da Força Tarefa da Iniciativa Urbana de Segurança Comum está a caminho do centro da cidade. Este lugar estará cheio de oficiais JUSTIS em menos de dez minutos.
Nathan tomou conhecimento do relatório com um elevar vago de sua mão. Em silêncio enlouquecedor, ele olhou para Jordana o que pareceu uma eternidade.
Então ele simplesmente se afastou dela, andando de volta para seu grupo de guerreiros e a realidade terrível de seu mundo escuro.
Nathan se recostou contra o veículo da patrulha da Ordem próximo a Rafe, tentando fingir que não estava chocado com sua confrontação com Jordana, enquanto assistia de braços cruzados uma equipe de seis oficiais da JUSTIS, Esquadrão Força Tarefa da Iniciativa Urbana de Segurança Comum, processar a cena do crime do lado de fora do La Notte.
Merda, ele estava mais do que chocado. Ele estava emputecido e confuso.
Ela desejava nunca tê-lo conhecido? Ela não tinha ideia. A melhor coisa que poderia ter feito por ele, foi levar sua indignação arrogante e aquele corpo muito tentador para longe da porra do seu caminho.
Fora de sua mente.
Fora de sua vida.
E o fato de ele ainda estar perturbado com a fêmea uma hora depois que ela se foi, apenas deixava sua frustração ainda maior. Não estava acostumado a deixar qualquer coisa, ou ninguém, ficar sob sua pele. Seu treinamento Hunter condicionou-lhe a ignorar distrações, descartar qualquer coisa que pudesse desviá-lo de seu curso. Qualquer obstáculo em seu caminho ou era empurrado de lado ou pisoteado debaixo dele, deixado para trás e imediatamente esquecido.
Foi como ele sobreviveu. Foi como passou pelo fogo de sua infância, sua mente e igualmente corpo afiados, seu coração tão inumano quanto uma lâmina.
Ele era um mestre do controle, e ainda assim Jordana Gates, de alguma maneira, começou a desbastar esta fundação impenetrável. Como uma gotinha de água em uma montanha de pedra, ela conseguiu achar uma brecha e deslizar para o lado de dentro.
Por mais que tentasse colocá-la para fora de seus pensamentos, fechar-se para o desejo que sentia por ela, negar sua necessidade enlouquecedora de possuí-la, agora que teve o primeiro gostinho, não conseguia tirá-la de sua cabeça.
A melhor coisa que ela poderia ter feito por ele foi descontrolar-se em uma fúria justificável, determinada a nunca mais vê-lo novamente.
E, no entanto, ele estava perturbado.
Estava confuso.
Disse a si mesmo para deixá-la correr de volta para sua vida segura com Elliott Bentley-Squire, e considerar isto uma bala esquivada.
Tentou fingir que todos os músculos de seu corpo não estavam inquietos com a fome para seguir Jordana agora mesmo, e trazê-la para baixo dele, mostrar-lhe o prazer como nenhum outro homem jamais faria.
Com mais esforço do que gostaria de admitir, Nathan lutou para focar de volta na situação à mão. Enquanto a maior parte do combinado humano/Raça da unidade da JUSTIS estava ao redor tentando parecer importante, fazendo telefonemas e bloqueando a cena do crime instalada em torno do clube, eles encarregaram um de seus membros mais novos do trabalho desagradável de fotografar a evidência. Um humano de vinte e poucos anos, um óbvio novato, que já tinha vomitado duas vezes desde que sua equipe chegou, uma hora atrás.
Rafe riu ao lado de Nathan quando o jovem oficial mão-furada não conseguiu segurar a câmera, e quase a derrubou na poça de sangue ao redor do corpo sem cabeça de Cass. — Vinte pratas que o novato não vai retornar para seu carro de polícia antes de desmaiar.
Enquanto Rafe falava, Elijah caminhava a passos largos com Jax para juntar-se a eles. — Agora, isto é maldade, atormentar o humano. — Eli sorriu. — Tenho quarenta no detetive da Raça perto da porta do clube. Ele está tentando manter toda merda junta, tomando declarações do pessoal e lutadores, mas aquele vampiro vai precisar de uma ajuda antes do garoto. Dou-lhe mais ou menos dois minutos antes de ele mostrar as presas ao redor de toda esta hemoglobina espalhada.
Jax grunhiu. — Inferno, não vamos sair daqui tão cedo, estou quase mostrando as minhas presa eu mesmo.
Embora o sangue estivesse morto e não mais viável para alguém de sua espécie se alimentar, dificilmente haveria um Raça existente que pudesse ignorar o tormento sensorial prolongado da poça de sangue ao redor dos restos de Cassian Gray. Até Nathan sentia o pulsar de seus caninos alongando e suas pupilas aguçarem, enquanto olhava fixamente para o corpo acéfalo através da escuridão do pavimento molhado.
Então, novamente a sede de sangue era apenas uma parte de seu problema desta noite.
O maior instigador de seu humor perigoso estava mais do que provável são e salvo nos braços de outro macho exatamente agora. Nathan rosnou com o pensamento.
O som desenfreado de agressão atraiu olhares de sua equipe, os de Rafe mais interrogativos do que dos outros. — Você está bem, Capitão?
— Não, — Nathan murmurou. Recusando-se a reconhecer a razão de seu descontentamento prolongado, ele apontou o queixo em direção à cena do crime. — Em vez de colocar o rabo de Cassian Gray em uma cela de interrogatório na Sede, estou assistindo a JUSTIS limpar nossa melhor fonte potencial de informações de Reginald Crowe. Inferno, Cass poderia ter sido, por si só, nossa melhor fonte de informações dos Atlantes também.
O aceno de cabeça de Rafe foi sombrio. — É verdade, mas este assassinato respondeu uma pergunta. Quantas mortes por decapitação vemos em média?
Eli curvou uma sobrancelha. — Sem contar o pequeno infortúnio com a lâmina do helicóptero de Crowe, naquele telhado em Washington na semana passada? Exatamente nenhuma.
— Alguém estava fazendo uma declaração aqui, — Jax sugeriu.
Nathan teve que concordar. — Como suspeitamos Cass não era humano. Quem obviamente o matou sabia disto também.
Rafe encontrou seu olhar na escuridão. — Mas quem iria querer Cass morto, a Opus Nostrum? Ou alguém que Cass poderia ter cruzado em suas transações de negócios do La Notte? Sem dúvida o homem levou muitos segredos com ele esta noite.
— Poderia ser que quem o queria morto tinha seu próprio segredo para proteger, — Eli adicionou.
Nathan olhou para a carnificina do outro lado, considerando todas as possibilidades perturbadoras que o assassinato de Cassian Gray estava causando. — Alguém sabia o que ele era e como matá-lo. Isto foi uma execução. Mas mesmo assim, isso não nos diz porquê.
E havia outra pergunta ainda remoendo Nathan.
Que diabos Cassian Gray estava fazendo no museu de arte hoje? O que o bastardo tinha estado fazendo lá dentro horas antes de sua morte era suspeita suficiente. Mas ter ido lá e meramente conversado com Jordana sobre arte, quando estava tão preocupado que descobrissem que tinha mudado de aparência, e desaparecido de seu clube e da equipe por quase uma semana?
Que negócios ele tinha no museu? Não fazia sentido que gastasse tempo precioso, para não mencionar o risco de sair do esconderijo, para ir lá hoje.
Além disso, não parecia bom que Jordana fosse evidentemente a última pessoa a ver Cass vivo.
O que ele queria com ela? Porque Nathan tinha a maldita certeza de que não foi o acaso que colocou o evasivo dono do clube na exposição de Jordana. Ele tinha uma razão para ir lá. Ela não pôde perceber isto, mas Cassian Gray deixou algo com ela hoje. Ele fez algo, disse algo... algo que Nathan estava determinado a descobrir.
E se estava procurando por respostas, isto não significava que o assassino de Cass estava fazendo a mesma coisa?
Pelo que já sabia, Jordana poderia estar na mira.
Puta merda. Se Cass colocou Jordana em algum perigo, intencionalmente ou não...
Um surto de raiva assassina disparou em Nathan com o pensamento, um instinto protetor profundo que não tinha nenhum direito de sentir, no que se referia à fêmea Darkhaven. Ainda assim, a ferocidade de suas emoções o atordoou.
Mas sua fúria era autodirigida também.
Deixou Jordana afastar-se dele esta noite. Inferno, ele tinha tudo, mas empurrou-a para longe.
Ruim o suficiente que tivesse deixado o ciúme e o orgulho dominar a sua lógica de guerreiro, deixar de interrogar uma fonte de informação possível. Mas ao permitir que Jordana deixasse a cena do crime, deixou-a completamente desprotegida, podendo o assassino de Cass localizar os passos do Atlante de volta à sua visita ao museu.
Aquela parte lógica dele que tinha falhado mais cedo esta noite, estava tentando agora lembrar-lhe que Jordana provavelmente não estava sem um macho da Raça para mantê-la segura do dano iminente. Ela tinha de fato seu companheiro para protegê-la— uma escolha que de boa vontade ele fez ontem à noite.
Como se Elliott Bentley-Squire fosse capaz de cuidar de uma mulher como Jordana.
Ela precisava de um macho melhor, um macho mais forte. O tipo de macho que daria sua vida por ela em um instante.
O tipo de macho que teria pulado em Nathan ontem à noite e o espancado em uma massa sangrenta pelas liberdades que tomou com ela naquele elevador.
Nathan rosnou baixo sob sua expiração. Disse a si mesmo que a atual urgência correndo por ele era mais sobre proteger um potencial recurso da Ordem, do que atribuir a si mesmo como um guarda-costas pessoal, para a mulher que almejava tão ferozmente, tão inoportunamente.
A mulher que apenas há pouco tempo atrás, insistiu que não queria nada mais a ver com ele, e com razão.
Quando os oficiais da JUSTIS limparam a cena do crime e empacotaram o corpo, Nathan ordenou a sua equipe para reportarem de volta a base. Então ele virou-se e começou a caminhar para o outro lado da calçada escura.
Rafe correu atrás dele. — O que está acontecendo?
— Jordana, — Nathan declarou simplesmente. — Ela foi a última pessoa a ver Cass vivo.
— Jesus, — Rafe murmurou. — Você tem certeza? Como sabe isto?
— Ela me disse. Cass apareceu no museu esta tarde. Ela falou com o bastardo.
Rafe franziu o cenho. — Sobre o que? Por que infernos ele iria lá?
Nathan manteve a caminhada. — É isso que pretendo descobrir.
— Você quer dizer nós, — Rafe disse. — Como, a Ordem. Assim que dissermos isto para a Sede e os deixar decidir a melhor forma de prosseguir com a fêmea. — Quando Nathan não respondeu, Rafe agarrou seu ombro. — Jordana Gates é uma civil e uma pista de inteligência em potencial agora, Nathan. Você conhece o protocolo sobre algo como isto.
Sim, ele conhecia.
Ele conhecia o procedimento da Ordem e o protocolo de dentro para fora. Inferno, ele viveu e respirou isto pela maior parte de sua vida. Mas isso não mantinha seus pés de mover-se na direção oposta, do que sabia ser a coisa certa e adequada para um guerreiro fazer.
— Puta merda, — Rafe murmurou. — Você realmente se importa a com ela.
Nathan não tinha paciência para tentar negar isto. Não que seu amigo acreditaria, ainda que quisesse fingir que era verdade.
Tudo que importava naquele momento era ir até Jordana, e ter certeza de que ela estava segura.
— Maldição, Nathan. Você sabe que tenho o dever de reportar isto.
Nathan aumentou o passo. Ele ouviu a maldição de Rafe por trás dele, baixo e incrédulo, um instante antes de Nathan desaparecer na escuridão.
A chaleira começou a uivar na cozinha quando Jordana se sentou no sofá, varrendo as novas lágrimas de seu rosto. O final da doce comédia romântica que estava assistindo deveria ter inspirado mais um sorriso ou um suspiro satisfeito, ainda com os créditos rolando, ela estava mais ou menos dois segundos longe de se despedaçar em um choro convulsivo.
Não que o filme fosse o que a tivesse deixado tão emocionalmente no limite. Ela estava abalada desde que chegou em casa esta noite. O longo banho que tomou quando chegou ajudou a tranquilizar seus nervos, mas não achou que pudesse purgar a memória do que encontrou do lado de fora do La Notte.
Ela chorou inexplicavelmente pelo Sr. Cassian, por Cassian Gray, ou qualquer que fosse seu verdadeiro nome. Nunca esteve tão perto da morte antes, e odiou que o homem amável com quem conversou na exposição, tenha tido um aparentemente fim violento tão sem sentido.
Não importa o que aparentemente ele fazia para viver, o singular estranho que Jordana encontrou dentro da exibição pareceu ser um uma pessoa decente e interessante. O que ele poderia ter possivelmente feito para ganhar a morte esta noite, ela não podia imaginar.
Fungando quando levantou do sofá, Jordana caminhou descalça para a cozinha para resgatar a chaleira lamentosa. Ela vestiu um pijama de seda lavanda depois de sua imersão na banheira. Sob um robe combinando amarrado frouxamente, a regata leve e o shorts pareciam frios contra sua pele nua, enquanto caminhava pelo apartamento vazio.
Carys e Rune tinham a checado há pouco tempo atrás, praticamente insistindo para que saísse com eles e não ficasse sentada sozinha em sua cobertura. Mas um tempo sozinha era apenas o que Jordana queria. Exceto que agora sentia uma dor súbita e aguda pelo conforto da família. Ela ansiava pela segurança dos braços protetores de seu pai.
Martin Gates a receberia de bom grado em seu Darkhaven a qualquer hora; ela sabia disso. Também sabia que ir para casa apenas faria com que seu pai tentasse persuadi-la a ficar permanentemente. E isso era uma conversa que não queria ter com ele novamente. Especialmente não esta noite, não quando saber aonde ela tinha estado e o que aconteceu o enviaria em ataque de preocupação.
Embora o rico macho de Raça a tivesse acolhido tão abnegadamente como sua filha desde que era uma criança, proporcionando-lhe tudo o que ela podia possivelmente jamais necessitar na vida, Martin Gates não conseguia ajustar-se completamente à ideia de que Jordana se tornou uma mulher adulta. Estava com quase vinte e cinco anos, e ainda assim ele queria dirigir sua vida como se fosse uma criança.
Deus, seu aniversário. Jordana despejou uma xícara de chá e gemeu, pensando sobre a herança que se tornaria dela em menos de algumas semanas. Uma recompensa que seu pai estendeu-lhe como incentivo para estabelecer-se e tomar um companheiro, desde que aquele companheiro fosse um macho da Raça da escolha dele.
Apesar do quanto adoraria ver seu pai, se fosse para casa esta noite, ela se cansaria de ouvir o quanto lhe desapontou que ela tenha rejeitado um macho bom como Elliott. Às vezes, seu desespero parecia tão grande, que Jordana meio que esperava que pudesse ser fisicamente forçada a se vincular com Elliott. Mas seu pai a amava demais para fazer algo tão imperdoável, não importa o quão profunda e equivocada fosse sua convicção de que ela precisava se acomodar.
Jordana tinha que começar a caminhar sozinha sobre seus próprios pés. Fugir de um relacionamento que não queria e que não poderia honrar com todo o seu coração, tinha sido um bom começo para esse objetivo.
Deter sua atração perigosa por Nathan também tinha sido um passo na direção certa.
Um passo bom e sensato.
Exceto que dizer a Nathan esta noite que ela não queria vê-lo nunca mais, não fez nada para conter o que sentia por ele.
Ela não podia negar que estava atraída por ele. Depois do prazer que ele lhe deu no elevador, seu corpo traiçoeiro apenas queria mais.
Mas, pior do que sua necessidade física por ele, era seu interesse emocional nele. Ele a intrigava. Ele a frustrava e enfurecida.
Ele a confundia, inflamava e a fazia almejar coisas que dificilmente ousava pensar, muito menos fazer com alguém, apenas com ele.
E ele a magoou mais do que qualquer um jamais tinha, também. Uma dor que não deveria tê-la surpreendido tanto. Não deveria tê-la ferido tão profundamente.
Ela sentiu mais por Nathan em um período de alguns dias, do que tinha por Elliott em todos os anos em que o conhecia.
Tudo sobre Nathan era intenso, da perfeição áspera de seu rosto, os sombrios olhos tempestuosos, até o poder sedutor que se agarrava nele tão ameaçador quanto a escuridão de seu passado como Hunter.
E ela deveria ser uma boba da mais alta ordem, por imaginar que poderia ter conseguido ficar perto dele sem ser queimada.
Felizmente ela recuperou seus sentidos antes que fizesse algo realmente estúpido, como deixa-lo entrar em sua cama.
Ou pior, deixá-lo entrar em seu coração.
Muito tarde para isto.
— Não, não é, — ela murmurou para si mesma, ralhando com a voz de sua consciência, por demais ávida e por demais conhecedora.
E, maldição, aquela impiedosa vozinha estava certa. Era muito tarde para fingir que não havia nada entre Nathan e ela.
Pena que apenas ela fosse a única a sentir isto.
Jordana tomou um gole de seu chá, fazendo uma careta para o gosto ruim. Colocando uma grande colher de açúcar, ela fez uma careta para o rodopio de vapor elevando-se da xícara. — De qualquer maneira, ele se foi agora, então o que importa?
Agarrando sua xícara de chá com ambas as mãos, enquanto tomava um gole da bebida doce, Jordana saiu da cozinha, de volta para a sala de estar.
E sentiu o aperto relaxar quando quase colidiu com um metro e noventa e oito de couro preto e sombrio macho latente.
Nathan pegou a xícara quando deslizou da mão dela, não sem vacilar quando o chá quente espirrou sobre seus dedos fortes. Os olhos tempestuosos sustentando o olhar assustado dela, por baixo de suas sobrancelhas como asas de corvo.
Vê-lo enviou uma onda de emoções que inundou através de Jordana, mas a primeira coisa a saltar de sua língua foi a afronta. — O que você pensa que está fazendo aqui?
Maldito seja, ele nem ao menos piscou. — Provando um ponto, — ele respondeu, seu grunhido profundo fazendo todos os tipos de coisas ruins com o ritmo cardíaco dela. — Isto é quão rapidamente você pode acreditar que está sã e salva, para puxar seu último suspiro.
Jordana ergueu o queixo. — Pensei que tivesse lhe dito que não queria vê-lo novamente.
— Você disse.
Ele poderia muito bem encolher um daqueles ombros volumosos pela falta de desculpa, ou justificativa em seu tom. Como ousava achar que poderia simplesmente ignorar os seus desejos?
— Invadir meu apartamento dificilmente qualifica como ficar longe de mim.
Nenhum reconhecimento, mas quando ele colocou a xícara fumegante sobre a mesa próxima do sofá, seu sombrio olhar acendeu passando pelo dela rapidamente, em direção à cozinha. — Alguém está aqui com você? Talvez eu tenha vindo aqui em um momento inoportuno… de novo.
— O que? — Ela franziu o cenho, insegura do que fazer com aquele comentário. Ele pensava que Elliott estava com ela? — Ninguém está aqui comigo. Por quê?
— Você estava conversando com alguém quando entrei.
Oh, Deus. Conversando comigo mesma. Tentando assegurar-se que se nunca mais visse Nathan novamente, isto seria muito cedo. E agora aqui estava ele, em pé na frente dela no meio de seu apartamento, questionando-a como um amante ciumento e fazendo seu sangue correr como um incêndio por suas veias.
— Estou aqui sozinha. Como se isto fosse da sua conta, — ela adicionou, segurando-se debilmente na raiva, quando seu olhar sombrio, sua presença, deixava sua respiração superficial e acelerada, seu coração batendo freneticamente em seu peito. Ela cruzou os braços como se para conter a reação ávida de seu corpo por ele. — O que você quer, Nathan?
O canto da boca dele se curvou ligeiramente, mais uma careta do que um sorriso. — Duvido que realmente queira saber a resposta para esta pergunta, Senhorita Gates.
Ele estava brincando com ela, tendo algum tipo de prazer distorcido de seu embaraço, da mesma maneira que conseguia excitar as outras mulheres com quem se servia no La Notte?
Jordana engoliu em seco, meio tentada a fazê-lo dizer-lhe isto. Mas não podia deixar-se cair nesta armadilha. Ela não era nada para ele; ele demonstrou isto claramente o suficiente ontem à noite.
— Você precisa sair agora, Nathan. Não estou interessada em seus joguinhos, e certamente não aprecio que invada meu apartamento.
— Não faço joguinhos, — ele disse, conciso e frio. — Nem invadi. Saltei da rua até a sacada. A porta deslizante estava destrancada, o que apenas ajudou a provar meu ponto. Você não está segura. Eu poderia facilmente ter sido quem matou Cassian Gray hoje à noite.
Merda. Ela realmente não estava em qualquer tipo de perigo, não é? Um medo enrolou em sua barriga, quando olhou para a porta deslizante da sala. A grande porta de vidro estava trancada agora, a trava firmemente no lugar.
Ela olhou de volta para Nathan, odiando que agora ela tivesse que adicionar gratidão à lista de emoções não desejadas, que sua visita sem ser anunciada ativou dentro dela.
— Você já não me atormentou o suficiente? — Ela andou para longe dele, de repente precisando de alguma distância a fim de afastar-se de se inclinar em seu calor. — Não tinha que vir aqui assim e me assustar quase até a morte.
— Não era minha intenção assustá-la, Jordana. — Uma pausa atrás dela, então sua voz suavizou, mas exigiu. — O que quis dizer, com “eu a atormentei o suficiente”?
Esqueça isto. De modo algum ela iria explicar aquele deslize imprudente de sua língua. Se ele não sabia como a afetou desde o momento em que seus caminhos se cruzaram, então ficaria feliz em levar este conhecimento para o túmulo.
— Quero que você se vá, — ela disse, sem olhar para ele, enquanto marchava descalça através da sala de estar em direção ao hall, onde o elevador privado da cobertura estava localizado.
O elevador onde menos que vinte e quatro horas atrás, Nathan deu-lhe o orgasmo mais intenso de sua vida.
Deus, ela não deveria estar pensando sobre isto agora.
— Eu lhe disse esta noite, que você tem que se afastar de mim, Nathan.
— Sim, você disse.
Ele estava logo atrás dela agora, tão próximo que ela podia sentir seu grande corpo liberando calor e poder másculo. A fina seda de sua regata de pijama não proporcionava nenhuma barreira. Da cabeça até o dedão dos pés, sua pele parecia muito exposta, seca, cada terminação nervosa formigando e viva com a consciência.
Toda a fêmea dentro dela estava sintonizada nele implicitamente.
— Sei o que me disse, Jordana. Sei que é uma péssima ideia eu estar aqui. — Ele praguejou baixinho. As mãos firmes descansaram nos ombros dela e lentamente ele a virou para enfrentá-lo. — Infelizmente para nós dois, quando Cassian Gray decidiu passar algumas das últimas horas de sua vida com você, ele a colocou no meio de minha investigação para a Ordem.
Jordana endureceu em seu aperto, mas não podia encontrar força de vontade para se afastar do contato. — Então você está aqui apenas a título oficial, é isso?
— Acho que nós dois sabemos que não é só isto, — ele respondeu, deliberadamente e tranquilo. Tão irritantemente arrogante. Aproximou-se mais, e o calor dele, o couro e o sombrio cheiro de especiaria dele, quase a fez gemer de prazer.
Seus olhos queimavam, bloqueados nos dela enquanto fechava a distância, deixando escassos centímetros entre seus corpos. A luz âmbar faiscando nas profundezas azul-esverdeado de seu olhar sombrio. Seu rosto normalmente duro de ler estava severo com um propósito horrendo, as maçãs de seu rosto angular parecendo mais pronunciadas debaixo da chama sutil de sua hipnotizante íris.
Quando ela olhou para ele, as pupilas dele começaram a estreitar, as pontas de suas presas visíveis por trás da abundância de seus lábios. Ao longo de seu pescoço, o padrão complicado dos dermoglifos que rastreavam acima de sua pele lisa, e na linha dos cabelos ébano em sua nuca, começaram a agitar e pulsar aumentando para o índigo e dourado.
Nathan poderia ter nascido e sido criado um Hunter, mas ele era da Raça também, e nem mesmo suas frias origens ou disciplina pareciam suficientes para mascarar o desejo que Jordana via em sua transformação.
Com as mãos ainda segurando-a, ele moveu-se para mais perto, encurralando-a com o calor e o cheiro delicioso dele. — Nada sobre eu estar aqui agora é de natureza oficial. Mas isso não muda o fato de que você é atualmente minha melhor fonte potencial de informação das horas finais de Cass. Por que ele estava no museu? O que fazia lá, quanto tempo ficou? O que ele disse para você? Estas são todas as coisas que a Ordem precisará saber. Vou precisar que me conte tudo, Jordana.
— Você já me interrogou uma vez esta noite, — ela lembrou-lhe. — Não tenho nada mais para dizer-lhe, então pode partir.
Suas narinas chamejaram. Os olhos relampejaram com chamas mais brilhantes. — Não vim aqui para interrogá-la.
— Então por que está aqui?
— Vim para ter certeza de que você está bem. — Sua expressão se apertou, enquanto seu olhar varria por cima dela, feroz, mas ainda gentil. Ele soltou uma maldição baixa. — Precisava saber que está segura, e não confio em mais ninguém para ter certeza disso além de mim. Porra, Jordana… Não quero vê-la se machucar.
Ele não queria vê-la machucada?
Tanto quanto eram ternas suas palavras, tão profundamente quanto queria acreditar que fosse a preocupação em sua voz, Jordana olhou para ele, incapaz de reprimir a calada zombaria. — Não sou sua responsabilidade, Nathan. Não é seu trabalho cuidar de mim.
— Não, não é. Mas por Cristo, vou protegê-la, não importa que pense que isto é apenas trabalho, mantê-la segura. Quer goste ou não.
Ela não gostava disso. Pelo menos era o que tentava dizer a si mesma, enquanto ele a segurava em suas mãos fortes, em seu olhar possessivo salpicado de âmbar.
Ela não queria gostar desta labareda de fome crua que via na expressão dele. Não queria doer de desejo por sentir sua boca esmagando a dela, enquanto a mantinha cativa em seu aperto.
A respiração irregular dela se misturou com as rajadas quentes que rolavam dele, seu batimento cardíaco furioso e frenético, enquanto o dele retumbava tão forte e firme como um tambor.
Ele estava dizendo todas as coisas certas, agindo como se ela importasse para ele. Bebendo-a neste momento como se lhe pertencesse.
Mas ela não pertencia a ele.
Ela não podia pertencer a ele, não se quisesse manter seu coração intacto. Seus mundos eram muito diferentes. Ela viu isto ontem à noite.
E não importa o quanto ela quisesse acreditar no agora, confiar no que ele estava dizendo com palavras, mãos e olhos, Jordana agarrou-se a um fragmento minúsculo de sanidade, que a advertiu que estava olhando para exatamente o que poderia machucá-la mais do que qualquer outra ameaça de perigo em potencial.
Ela abaixou a cabeça e deixou um suspiro escapar dela, contrariada ao ouvir isto manifestar-se como um gemido aflito. — Você não tem o direito de fazer isto comigo, Nathan. Não pode entrar na minha casa sem ser convidado, e dizer-me coisas assim. Não tem o direito de designar-se meu protetor. Você não é nada meu.
— Isto é verdade, — ele respondeu, mas em vez de afastar-se dela, ele se aproximou mais.
Para sua agonia combinada com prazer, ele removeu uma mão de seu ombro apenas para trazer a parte de trás de seus dedos em direção a seu rosto, em uma carícia tão leve que roubou tanto o seu fôlego quanto o bom senso.
Seu toque moveu-se mais abaixo, ao longo do lado de seu pescoço, então pelo comprimento abaixo de seu braço coberto de seda. — Isto é tudo verdade, Jordana. Não tenho qualquer direito quando se trata de você.
E ainda assim suas veias estavam pulsando, enquanto ela olhava para ele, o calor subindo por sua garganta e para seu rosto, incendiando seu âmago. A batida pesada em suas veias não era nada comparada a pulsação profunda centrada entre suas coxas. Seu sexo doía com um desejo que se espalhava por seus membros, fazendo com que suas pernas parecessem instáveis e sem ossos.
Ele se debruçou mais para perto, sua boca muito perto de sua orelha. — Diga-me como eu a atormentei.
Ela balançou a cabeça, foi toda a resposta que foi capaz de reunir, enquanto a mão livre dele se movia para a faixa de seda que amarrava frouxamente a frente de seu robe.
— Diga-me, Jordana. — Um comando, não um pedido, embora sua voz profunda fosse puro veludo. — Eu a atormentei. Foi isso o que você disse. Agora me diga o que quis dizer.
— Não. — A recusa apressou-se para fora dela, abafada e desesperada.
Ela não queria explicar como ele a magoou ontem à noite, depois de dar-lhe tanto prazer. Era muito humilhante admitir o quão facilmente foi ferida. Ou que era muito inexperiente para participar do tipo de atividade perversa que ele parecia apreciar.
Ela não queria ser aquela garota protegida e inexperiente. Não com ele.
E supôs que a faria uma idiota completa.
Com uma mão hábil, ele soltou o laço da faixa de seu robe, então enrolou a seda comprida ao redor de seu punho, forçando-a a andar em sua direção agora, até não haver nenhum espaço entre eles. Seus seios apertados contra os músculos duros do tórax dele e mais abaixo, sua coxa grossa separou as pernas dela para se aconchegar firmemente contra o núcleo derretido de seu corpo.
— Como eu a atormentei, linda Jordana? — Quando ela tentou desviar o olhar, ele pegou o queixo dela em sua outra mão e guiou seu olhar de volta para ele. — Você não vai me dizer isto?
Quando ela deu-lhe uma muda, sacudida fraca de sua cabeça, o olhar dele flamejou com um fogo ambarino e um sorriso perigoso curvou sua boca sombria. — Então terei que adivinhar. Este tormento foi quando eu a beijei deste jeito? — Ele curvou-se na direção dela e tomou sua boca, engolindo seu suspiro ofegante em um beijo tão profundo e febril, que ela quase desmoronou em uma poça tremula no chão. A língua dele invadiu, empurrando seus dentes em um ritmo profano que fez seu quadril responder no tempo com os movimentos dele, atendendo a algum chamado primitivo que ela não tinha vontade de resistir.
Isto não era um tormento. Não até que ele recuou, negando-lhe mais do que uma parada cardíaca o gosto do que ela almejava.
— Este foi o tormento, quando a toquei? — Ele perguntou, puxando-a para seu corpo pela mão enrolada firmemente na faixa, enquanto sua outra mão deslizava dentro do robe e abaixo da regata folgada do pijama, para segurar seu seio nu no calor da palma da mão.
Ele acariciou seu seio, beliscando o mamilo duro com seu polegar, apertando-o com uma dor de prazer que a fez afundar seus dentes no lábio inferior, enquanto seu corpo estremecia de excitação.
Deus, ela mal conseguia aguentar isto, a necessidade sombria que ele alimentava nela. Ela já estava meio louca com o desejo e o prazer elevando-se, quando ele abandonou seu seio para começar uma trilha descendente ao longo de suas costelas e abdômen.
Ele encontrou pouca resistência do cordão do cós de seu short de seda. Seus dedos cavando entre as coxas dela, nos sucos lisos de seu sexo.
— Sentir as minhas mãos em você ontem à noite, dentro de você, foi um tormento, doce Jordana molhadinha? — Ele acariciou a pérola inchada de seu clitóris, fazendo-a gemer em puro abandono. — Diga-me que não apreciou o que compartilhamos ontem à noite. Diga-me que foi um tormento. Tormento suficiente para enviar-lhe correndo para os braços de outro macho, não é?
— Não, — ela ofegou, muito perdida na sensação para negá-lo agora. — Não, isto não está certo. Você foi o único… que correu para outra pessoa. Não eu.
Ele afastou-se abruptamente como se ela tivesse lhe estapeado. Seu afiado olhar repleto de âmbar estreitado nela, desconfiado e questionando. — Eu corri?
— De volta para o La Notte, — ela respondeu, ainda arquejando, seu corpo ainda pulsando de necessidade.
Ela não queria que o prazer terminasse, mas era muito tarde para engolir isto de volta. Nathan estava olhando para ela em um silêncio sombrio e perigoso, sua mandíbula apertada.
Ele a soltou, deixando o nó da seda de seu robe livrar-se de seu aperto. No silencio súbito, Jordana sentiu uma frieza varrer sobre ela, substituindo o calor que estava apreciando tão completamente um momento atrás.
— Sei que você foi para as covas BDSM do clube, — ela disse sem jeito. — Sei o que você fez lá.
Ele não tentou negar isto, o que foi um alívio de alguma maneira. — Rune te contou?
Jordana balançou a cabeça. — Não foi ele. Não importa como sei. Apenas desejava saber o quão substituível eu fui para você, antes de deixá-lo me tocar ontem à noite. — Ela soltou um riso recortado. — Apesar de que, novamente, sabia disso hoje e não o impedi agora.
— Do que você está falando? — Nathan exigiu, sua voz profunda assumindo uma estrondosa aresta. — Que diabos a faz dizer que penso que você é substituível por qualquer uma?
— Sei que você estava com uma das prostitutas do clube, depois que me deixou com Elliott ontem à noite. Eu o vi, Nathan. É isso que eu quis dizer por tormento.
Ela tentou afastar-se dele, mas ele a pegou, não lhe dando chance de fugir. — Você está dizendo que estava lá? Quando? O que pensa que viu, Jordana?
— Vi você com ela, a morena, — ela revelou, contente de não saber o nome da mulher com medo de que soasse ainda mais ciumenta e ferida. — Você estava em um das salas privadas com ela. Pagou-lhe muito dinheiro e o dois saíram juntos.
Ele escutou, mais calmamente do que ela poderia ter esperado. Ele não disse nada, mas enquanto ela falava, a dureza começou a declinar de seu olhar implacável. Sua mandíbula quadrada estava ainda rígida, mas não parecia mais à beira de quebrar. — Você está certa, Jordana. Levei uma das prostitutas do La Notte para uma das covas comigo ontem à noite. Como você viu, eu a compensei por seu serviço.
Jordana olhou para ele. Ela realmente sentiu alívio de que ele não tentou poupar seus sentimentos mentindo sobre o que fez? Ouvi-lo admitir tudo isso tão casualmente pareceu despedaçar seu coração em minúsculos fragmentos, com cada detalhe que ele confirmou.
— Acho melhor você ir agora, Nathan. Espero que respeite meus desejos e não volte novamente.
Ele deu uma leve sacudida de sua cabeça escura. — Acho que não.
Jordana franziu o cenho. — Quero você fora de minha casa.
— Não, você não quer.
A mão dele ainda estava enrolada ao redor de seu pulso. Como um poderoso cabo flexível em seu braço, ele a puxou na direção dele. Seus corpos em contato, o dele duro e inflexível, o dela desossado e derretendo ao sentir tanto poder másculo apertado contra ela.
— Você não quer coisa nenhuma. Você quer que eu lhe diga que não fiz coisas com a fêmea humana no clube, que quer que eu faça com você. Quer ouvir que não a fodi. Que não a teria usado a noite passada, do mesmo modo que usei as prostitutas do La Notte. Como uma insignificante ferramenta substituível para minha merda.
— Solte-me, Nathan.
— Eu gostaria também. — Ele exalou uma afiada risada sem humor. Seus olhos reluzindo e faiscando com brasas claras. — Acredite-me, gostaria de nada além de poder deixá-la ir. Gostaria de dizer-lhe que sou em cada pedaço, o imbecil que pensa que sou. Não sou nenhum prêmio, não se engane com isso. Saí daqui para terminar o que começamos com outra pessoa no clube. Tocá-la, sentir seu calor apertado e molhado com meus dedos, fez meu pau endurecer, tudo o que conseguia pensar era de enterrá-lo dentro de você. Deus te ajude, é tudo que estou pensando exatamente agora, também.
Sua ereção esmagada em seu abdômen, grossa e viva com calor. Pulsando pela barreira fina de sua roupa, cada pulsar forte fazendo seu próprio batimento cardíaco disparar com mais força em resposta. A consciência fez seu estômago apertar, tornando a dor em seu âmago um anseio derretido.
— Sou um Hunter, Jordana. Não espero por convites. Não peço permissão. Eu procuro, eu conquisto. Então parto e não olho para trás. Isto é como sempre foi para mim. É assim que vivo. — A verdade fria, tornava tudo ainda mais cruel enquanto ele estava acariciando seu rosto e pescoço, seu polegar movendo-se em enlouquecedores pequenos redemoinhos sobre sua carótida pulsando. — Não sou um homem gentil. Nem são as minhas necessidades. Você não gostaria de meus métodos para saciá-las. Então quando a deixei aqui ontem à noite, era porque queria arrancar minha necessidade de fodê-la fora de minha cabeça, fora de meu sistema. Tinha que fazer, você entende?
— Pare, — ela sussurrou, entrecortado.
Apesar da aspereza dele, apesar de seu medo que sabia que devia estar sentindo por causa de tudo o que ele disse, e tudo o que era, esta última admissão foi o mais difícil de aceitar.
Era muito fácil imaginá-lo fazendo tudo o que ele descreveu. Sua boca em outra mulher. Suas mãos dando prazer para outra pessoa.
Outra pessoa cujo coração provavelmente não era tão tolo quanto o dela.
— Não quero ouvir mais, Nathan. Não posso fazer isto com você mais. Não sou como aquelas outras fêmeas que prefere. Aquelas outras fêmeas que você… fode.
A palavra pareceu estranha em sua língua, não algo que ela jamais articularia na frente de um homem antes. Certamente não um homem que teve sua língua sob sua garganta e seus dedos entre suas pernas mais de uma vez nas últimas vinte e quatro horas.
Um homem que ela queria dentro dela com uma ânsia que beirava a pura loucura imprudente.
Nathan rosnou, baixo, profundo e letal.
— Não, você não é como elas, Jordana. — Quando ela tentou desviar o olhar, esconder sua necessidade dele, ele trouxe seu rosto de volta, forçando-a a encontrar seu olhar. — Quis provar isto para mim mesmo ontem à noite. Quis convencer-me de que você não significa nada para mim e que meu anseio por você pode ser satisfeito por outra pessoa. Qualquer outra. Eu queria muito… mas não consegui.
Jordana ficou boquiaberta, com medo de acreditar. Com medo de ter esperança. — Mas eu o vi com aquela mulher. Você mesmo disse que pagou a ela para servi-lo.
— Sim, — ele admitiu uniformemente. — Ela ofereceu-me sua veia e seu corpo, por um preço. Mas uma vez que levei a mulher para a cova, percebi que ela não tinha nada que eu procurava. Paguei-lhe porque o problema não era com ela, era comigo.
Ele falava sério? A fêmea humana não tinha estado com ele, nem mesmo para servi-lo como anfitriã de sangue?
Jordana mal podia conter a onda de alívio que a inundou.
A boca sedutora dele curvou-se satisfeita e desafiadora. — Agora me diga que quer que eu parta. — Ele colocou seu rosto ao lado do dela, a arranhadura áspera de seu rosto e queixo em uma abrasão deliciosa, que enviava calafrios de cima abaixo por sua espinha. — Ontem à noite, você teve a desculpa de Elliott Bentley-Squire para afastar-se de pegar o que realmente procurava. Ele pode tê-la salvado de mim então, mas não o vejo aqui agora.
Com a mão livre, Nathan espalmou seu seio, então estendeu os dedos para cima em direção à base de sua garganta e empurrou sua cabeça para trás sobre seus ombros, assim ele poderia colocar um quente, delicioso e erótico beijo no ponto de pulsação, que chutava em um ritmo frenético, sob a língua morna e molhada dele.
Ele rosnou contra sua pele, e pelo mais breve momento, Jordana sentiu as pontas afiadas de suas presas que se arrastavam sob sua veia. — Cristo, — ele silvou. — Ainda que o filho da puta entre pela porta agora mesmo, não tiraria minhas mãos de você, Jordana. Quero que ele saiba que nunca a terá.
— Não, ele não irá, — ela arquejou. — E não virá aqui tão cedo, porque concluí as coisas com ele.
Nathan parou. Então ergueu a cabeça, seus olhos tempestuosos em chamas, crepitando com calor. — Você acabou com isto.
Ela deu-lhe um pequeno aceno com a cabeça. — Ontem à noite. Logo antes de eu segui-lo e encontrá-lo no La Notte.
Por um longo momento, ele não se moveu. Não falou uma única palavra.
Quando seus lábios se separaram, suas presas cintilaram, as pontas tão afiadas quanto punhais.
Ele murmurou algo sombrio e faminto.
Então, sem aviso ou desculpa, ele a pegou nos braços e foi em direção ao quarto.
Jordana era luz em seus braços quando Nathan a levou para o quarto no final do corredor.
Um lustre de cristal delicado estava pendurado do centro do teto arqueado, que lançava uma luz suave no quarto. Debaixo do elegante acessório havia uma cama grande e suntuosa cheia de almofadas, colcha branca e rendada, lençóis limpos e finos. As paredes estavam pintadas em tom igualmente branco, o tapete felpudo junto à porta contrastava com sua bota de combate preta quando entrou no quarto.
Tudo neste santuário privado de Jordana era suave como ela, puro como ela.
E ele, a escuridão invasora que logo contaminaria tudo.
Cruzando o batente da porta do quarto, Nathan reconheceu que o momento atual era de vida ou morte. Jordana podia saltar de seus braços e fechar-se dentro. Ou poderia deixá-la sobre seus pés e escapar.
Escapar? Diabos sim. Isto era exatamente o que estava contemplando, certamente, não era a primeira vez que se preocupava com esta mulher.
O pensamento desapareceu rapidamente e foi esquecido, quando em lugar de lutar para se soltar de seus braços, Jordana virou a cabeça e apertou o rosto contra o oco de seu pescoço e ombro.
Cristo, a sensação de tê-la tão perto dele estava o arrasando. Um arrepio o percorreu como um relâmpago, impossível de ignorar.
E desconcertante também. Não sabia o que fazer com a respiração contra sua garganta. O contato era muito íntimo. Muito terno.
Muito honesto e cheio de confiança.
Não era muito tarde para parar isto. Seu intelecto apressou-se a advertir-lhe que seu corpo tinha outras ideias. Com o sangue golpeando furiosamente através de suas veias e nos pontos mais baixos, seu pau cresceu ainda mais exigente atrás dos confins de seu uniforme de patrulha. Sua luxúria estava competindo pelo controle da situação atual e não tinha a intenção de dar marcha atrás.
Jordana o acariciou e aproximou-se, inocentemente consciente da profundidade de seu impacto sobre ele. O cheiro inundou seu nariz, drogando-o com a fragrância combinada de sabonete de baunilha que deve ter usado no banho e o perfume mais embriagante que era simplesmente Jordana. Cheirava cálido, suave e inocente, mas com o cheiro da excitação.
Como seria seu gosto contra a língua dele? E se perfurasse a veia terna que pulsava tentadoramente ao lado de seu pescoço, tornando-a sua Companheira da Raça quando o fluxo de sangue descesse por sua garganta, seria como néctar doce ou especiarias exóticas?
Salivou ante a mera ideia. Suas presas já estavam enchendo sua boca, mas agora que estavam além de suas gengivas, as longas presas palpitavam com uma necessidade ainda mais escura que a própria noite.
Nathan colocou Jordana em pé junto à cama, todo seu ser vibrava enquanto continha sua fome.
Se fosse qualquer outra mulher ele já a teria nua e estendida de braços abertos para ele, a boca amordaçada enquanto a fodia.
Não beijando-o.
Não tocando-o.
Não observando como ele exorcizava a debilidade de seu corpo de carne e ossos.
Ele se alimentava e fodia porque tinha que fazê-lo, mas o fazia em seus próprios termos. Sempre sob seu estrito controle, com o fim de obter sua satisfação, uma arma sem sentimentos que nasceu e cresceu, treinado para não ter piedade.
Jordana Gates rompeu todas suas regras.
Se fosse qualquer outra pessoa, ele não estaria ali, em pé com uma furiosa ereção, uma necessidade que beirava o selvagem e sem nenhuma pista maldita de como começou o que acontecia ali esta noite e muito menos como terminá-la.
Ela deve finalmente ter percebido a ameaça nele enquanto ficava em pé na sua frente, perto da cama. Retrocedeu alguns passos, apenas até a parte posterior das coxas tocar o colchão e se deixou cair sobre a beirada. Ela engoliu com força enquanto o olhava, seu rosto de alabastro e olhos azuis dourados com um resplendor âmbar em sua íris transformada.
— Está com medo. — Disse Nathan, a declaração rodando fora dele como um grunhido.
Ela deu uma pequena balançada de cabeça, seu cabelo platinado longo e solto caindo ao redor de seu rosto como o véu de uma noiva. — Não tenho medo. — Murmurou, sua voz de alguma maneira mais constante que a sua. — Você não me assusta Nathan.
Ele grunhiu, incapaz de falar pela forma como o calor se dissipou em sua corrente sanguínea. O robe lavanda de Jordana se abriu, revelando uma pouco de sua roupa de baixo. A alça bem fininha não fazia nada para esconder a forma cheia de seus seios, nem seus mamilos, que se erguiam e eram muito tentadores sob a pálida seda. Seu short curto não era mais que um sussurro de tecido que cobria seus quadris e a parte superior das coxas.
As pernas de Jordana estavam nuas e pareciam nunca terminar. Nathan seguiu a linha delas com o olhar, absorvendo cada impecável centímetro.
Podia ouvir a respiração acelerada dela. Observou a rápida subida e descida de seu peito e o tique taque frenético de seu coração na pulsação entre seu ombro e pescoço.
Seus próprios pulmões trabalhavam forte, puxando o ar por entre os dentes e as presas alongadas. — Apenas sei uma maneira de fazer isto e tenho que ter o controle. — Disse, uma desculpa fraca ou uma advertência, não tinha certeza. — Confia em mim, Jordana?
— Sim, confio. — Disse sem vacilar e com os bonitos olhos valentes.
Nathan amaldiçoou baixo. Aproximou-se da cama, tentando resistir à tentação de cair sobre ela. Tirou o cinto de armas e deixou-o junto com os outros instrumentos letais no chão ao lado da cama.
Era a única coisa que se atrevia a eliminar por agora.
Jordana podia realmente confiar nele, mas isso era mais do que estava disposto a dizer por si mesmo. Tinha que manter uma mão firme nas rédeas, devia isto a ela por sua confiança nele. Seu foco seria todo nela.
Nathan se moveu entre suas pernas, instalando-se entre elas e abrindo-as ainda mais. Inclinou-se para frente, até que o pesado vulto de sua ereção roçasse contra o centro úmido de sexo dela.
Ela o olhou, tão destemida como uma deusa e tão pura como um anjo. Ele ao contrário, em pé diante dela agora, sentia-se sujo e inadequado. Como um profano demônio que entrava em uma catedral.
Pela primeira vez em sua vida, Nathan percebeu que sentia medo, medo de machucá-la, decepcioná-la. De que, de repente, ela percebesse o quanto ele era inadequado para receber o presente de seu corpo, sua paixão.
Especialmente, sua confiança.
Estendeu a mão para afastar o cabelo loiro do rosto dela. Segurou uma mecha entre os dedos, lisa e brilhante, como ouro líquido.
— Tudo em você é suave. — Murmurou ele, enrolando a mecha na mão. — Suave, mas forte.
Soltou o cabelo e colocou-o atrás da orelha, com um cuidado que nunca imaginou possuir. — Esta noite, tenho que saber se você tem certeza. Não quero que esconda suas reações de mim, não importa o quão pequena seja. Preciso saber se estou te pressionando demais. Entendeu?
Ela assentiu com a cabeça.
— Não. — Disse Nathan. — Preciso que fale em voz alta. Preciso que seja clara, Jordana. Não quero adivinhar nada. Não desta vez.
Ela assentiu novamente, a continuação, o surpreendeu com um sorriso. — Eu entendo, Nathan.
— Bom. — Murmurou, logo se agachou para tocar seus seios, esfregando o polegar sobre um precioso mamilo e logo o outro. — Não deveria ser seu primeiro. Por outra parte, não acho que tenho honra o suficiente para me colocar de lado e deixar que tenha outra pessoa. Agora não.
— Eu quero isto. — Ela sussurrou com decisão. — Eu te desejo.
Ela esticou-se até ele enquanto falava, com as mãos quase segurando seu rosto antes que ele tivesse a oportunidade de se afastar.
Um pânico frio se apoderou dele e se afastou, segurando os pulsos dela de forma sólida.
Os tendões do pulso flexionaram-se. Ela deu um pequeno puxão, provando seu domínio.
Ele não cedeu, nem uma fração. A incerteza brilhou em seus olhos.
— Ontem à noite, no elevador, — disse, tentando manter sua voz firme, — disse que quando fizéssemos isto, seria do meu modo.
Podia ver a pergunta em seus olhos agora. Apreensão se apoderou de seu rosto, seus lábios se comprimiram e pôde sentir as batidas do coração dela mais forte enquanto a abraçava, inflexível.
— Meus termos, Jordana.
— Sim.
Relaxou. Suas mãos soltaram-se com facilidade, seus finos músculos afrouxaram, entregando-se a ele.
Respirou fundo, deixando escapar um grunhido de aprovação.
Guiando-a para baixo sobre a cama, empurrou seus braços para cima da cabeça. — Não se mova. Quero olhá-la.
Ele afastou-se lentamente e simplesmente a olhou.
E Jordana não se moveu. Ela ficou ali, estendida ante ele como uma oferenda. Suas coxas nuas abertas, quente contra a parte exterior das pernas dele. Seu calor era intenso, impregnando seu uniforme de combate e abrasando os tensos músculos de suas coxas.
Deixava-o cada vez mais quente, em uma espiral perigosamente perto de se romper.
Deus o ajudasse, não estava acostumado a levar as coisas com calma. Não tinha certeza de poder fazer isto agora. Ela era tão bonita, tão excitante.
Todo seu corpo pulsava com a necessidade de tomá-la.
Possuí-la.
Conquistá-la.
Inclinou-se sobre ela e puxou o robe de seus ombros, deixando que sua palma tocasse a seda por baixo. Seus mamilos duros zombavam da mão dele enquanto acariciava seus seios. Ele quase odiou deixá-los para tocá-la mais abaixo, a superfície plana de seu abdômen.
Podia sentir a força de cada flexão e contração do estômago ao respirar, suspirar, ficando sem fôlego sob seus dedos. Ele levantou a barra da regata do pijama para que pudesse tocá-la sem a barreira da roupa e beber de sua nudez.
Sabia que sua pele era impecável como o resto dela e era ,suave como creme. Seus seios sentiam-se incríveis sob a seda, eram uma perfeição sem a roupa. Redondos e firmes, com pequenas pontas rosadas do mesmo tom que seus lábios quando beijados.
O pau de Nathan palpitava sob a roupa, febril com a necessidade de tomá-la. Desceu o rosto para seu ventre e lambeu o caminho lentamente até o centro do peito, antes de ir para o lado e capturar um mamilo em sua boca.
Ele chupou, gemendo com a doçura dela, sua pureza, algo que nunca conheceu. Com avidez, foi para o outro seio, a mão seguindo o caminho de seus lábios. Jordana tremeu sob suas carícias, contra sua língua. Seu pulso acelerado ressoou em seus ouvidos e enviou uma necessidade urgente para seu pau duro como granito.
Enquanto segurava seu mamilo apertado entre os dentes, ficou sem respiração. O quadril dela se levantou do colchão em uma súplica muda por contato.
Nathan deixou sua mão à deriva pelo corpo dela e por baixo da cintura frouxa do short de seda. Ela gemeu quando ele segurou seu sexo. Estava úmida e quente contra seus dedos, seus sucos como veludo líquido. Suas pétalas se abriram ainda mais enquanto a acariciava. Suas dobras se incharam, lisas com cada golpe de seus dedos.
A sensação de sua suavidade estava levando-o rapidamente à borda do abismo. Sua pele sentia-se apertada e quente, sua ereção pesada e dura dentro de sua roupa, tanto que quase não podia pensar com claridade.
Mas tão exigente como seu desejo por ela, era a ternura que o golpeou com a lembrança de que ela era inexperiente.
Por muito tentando que fosse, ela não estava absolutamente preparada para a profundidade de sua fome.
Ela se contorcia e gemia de necessidade, mas não estava verdadeiramente pronta para recebê-lo até que estivesse do outro lado desta dor primitiva.
Com nada menos que hercúlea moderação, Nathan se afastou do corpo voluptuoso, lentamente lutando com o short do pijama dela. A continuação, tirou o pijama, deixando-a descoberta à seu olhar febril.
Uma maldição escapou dele e com voz grossa e rouca disse. — Ah Cristo... é tão bonita, Jordana.
O elogio dificilmente era digno dela. Mas foi sincero. Um olhar para ele, seus olhos ardentes, as presas afiadas e a aprovação muito evidente deu seu pênis, seria suficiente para dizer como a visão dela o afetava.
Ele a olhou dos pés à cabeça, uma avaliação sem pressa. Tinha o rosto ruborizado e coberto de suor, os cílios escuros, sobre seus escuros olhos azuis.
Praticamente podia ver o sangue correndo por suas veias. Podia ouvi-lo, cada batida pesada de sua pulsação, a pressa dos glóbulos vermelhos fluindo por rios sob a perfeição branca de sua pele.
Sua visão se aguçou ainda mais e ele sabia que neste momento suas pupilas eram quase inexistentes, pareciam olhos de gatos, a íris brilhante. Seus glifos pulsavam através de seu corpo, parecendo vivos com a intensidade de tudo o que estava sentindo e vivendo. Todas as coisas carnais que queria fazer com esta mulher.
Sua mulher, uma voz ansiosa disse no mais profundo de sua consciência.
Ela arrastou o olhar ardente para os cachos loiros pálidos em seu monte e as longas pernas que não podia esperar para sentir ao redor dele enquanto ela o cavalgava, enterrado até a empunhadura em seu calor úmido.
O cheiro da excitação dela tomou conta dele enquanto se aproximava mais, incapaz de resistir à tentação por mais tempo.
Colocou suas mãos na parte de dentro de suas coxas, abrindo-a mais para ele.
— Seu sexo é tão bonito, Jordana. Tão molhado, vermelho e acolhedor.
Acariciou-a, gemendo de aprovação pela forma como ela ruborizou em um tom mais escuro, sua umidade cobrindo os dedos dele como mel. Ela se contorceu enquanto a acariciava, um grito suave saiu de sua garganta.
— Nunca vi nada tão bonito. — Disse, sua voz mais grave, soando muito grossa pela presença de suas presas e muito menos humana do que queria admitir. — Suas pétalas estão tão inchadas e maduras. E seu clitóris... nunca ansiei tanto algo, Jordana. É tão escuro, brilhante como uma cereja, que pede a gritos para ser comida.
Moveu-se para baixo e se deixou cair de joelhos entre as pernas dela. No instante que sua boca a tocou, ela soltou um suspiro forte, arqueando-se na cama. — Oh Deus. — Suspirou. — Nathan...
Ele aspirou enquanto a chupava, murmurando contra sua carne molhada deliciosa. Deslizou a língua através de sua fenda, grunhindo quando o néctar embriagante dela golpeou a parte traseira de sua garganta seca.
Um sabor não era suficiente. Ele entrou mais, lambendo sua estreita abertura antes de lamber para cima o nó cereja entre suas dobras.
Jordana resistiu, contorcendo-se sob a boca dele. Ele lambeu mais forte, depois chupou enquanto usava também seus dedos.
Chupando seu clitóris loucamente, colocou um dedo dentro dela. — Santo inferno. — Murmurou bruscamente, perdendo-se ante o agarre de seda de seu canal em seu dedo e não podia mais esperar para sentir isto contra seu pau.
Jordana ofegou e ficou sem fôlego. Seu sexo se apertou contra ele com avidez enquanto ele tomava seu clitóris mais profundamente em sua boca, passando a língua sobre ele no mesmo ritmo que seus dedos.
Ela gemeu, empurrado seus quadris contra ele, estremecendo da cabeça aos pés. Um grito de prazer começou a ferver dentro dela, mas ela o abafou, movendo a cabeça de um lado a outro da cama.
Tentou levantar-se, e chegar a ele novamente.
Nathan grunhiu e colocou a mão sobre seu ventre para pressionar suas costas para baixo.
— Deixe ir. — Ordenou. E manteve sua boca fixa em sua carne tremula, sem piedade no domínio de seu corpo. — Deixe-me te ouvir, Jordana. Não esconda nada de mim. Este foi nosso acordo.
Ela gemeu e contorceu-se quando ele a levou a um nível mais alto agora.
E quando ela gozou foi com um poderoso rugido, desenfreado e em carne viva. O som mais sexy que já ouviu. Chegou ao clímax de imediato outra vez, esfregando-se contra o rosto dele em um prazer descarado, o nome dele saindo de sua garganta como uma maldição e uma oração.
Ela estava com cada nervo carregado e vibrando em uma corrente diferente de tudo o que já experimentou. Sentia a pele seca, os membros tremendo, sem osso.
No fundo, o âmago de seu ser tinha sido fundido, todo o seu pensamento e lógica. E cada última inibição e medo, destruídos com a intensidade da quebra de sua libertação.
E o olhar abrasador de Nathan prometia ainda mais.
Com a respiração acelerada, curta e superficial, Jordana deitou na cama e viu, hipnotizada, quando ele começou a retirar as botas de combate e roupas em uma economia de movimento. Apenas a visão de seus músculos aglomerados e flexionados enquanto ele rasgava a camisa de patrulha preta e mostrava os braços e peito para ela trouxe uma onda de calor mais molhada entre as pernas.
Dermoglifos espalhados por todo o peito e ombros oliva claro dele, e mais para baixo, ao longo dos planos sulcados de seu abdômen e abaixo da cintura de suas fardas pretas. Não poderia haver nenhuma dúvida que ele era um Gen Um da Raça. Jordana tinha visto muito poucos glifos em outros machos, mas nada comparado com o padrão complicado de entrelaçados redemoinhos e floreios elegantes das marcas de outro mundo na pele de Nathan.
Nada tão erótico como o modo que seus glifos seguiam os contornos do corpo dele, como ela desejava fazer com os dedos... e língua.
A boca dela ficou seca com o pensamento e ela engoliu o desejo, toda sua atenção agora voltada para as mãos dele enquanto ele desabotoava o uniforme escuro. O tecido preto caiu frouxamente nos quadris apertados dele. E não tão frouxamente na protuberância enorme forçando a frente.
Ela lambeu os lábios ressecados, seus pulmões ainda secos em como ele deixou a calça cair e saiu delas.
Os glifos no peito e braços que a fizeram tão fascinada, agora arrastavam seu olhar mais para o sul, onde o seu padrão continuava na parte escura na virilha e para o comprimento do espesso e saliente pênis. Suas coxas musculosas também estavam envoltas com glifos, e toda a volta tinha arcos em padrões, como se estivessem vivos e cobertos com sombras profundas de índigo, vinho ouro; cores Raça de desejo feroz.
Jordana olhou para ele, para a escultura que era seu corpo e a obra-prima de seus dermoglifos, impotente em manter seu leve gemido de fome de fugir por sua garganta.
Em trajes e armas de seu guerreiro, Nathan era ameaçador e letal. Um temor inspirado pela mais escura das definições.
Nu e completamente excitado, ele era todas essas coisas e muito mais.
Imenso.
Aterrorizante.
De parar o coração, perigosamente bonito.
E ele estava olhando para ela como se nada mais existisse, só os dois neste momento. Como se a visão de sua nudez o afetasse intensamente.
Ele deu um passo mais perto da cama agora, deslizando as mãos quentes ao longo do interior das coxas dela, enquanto se instalava entre elas. Ela exalou um suspiro trêmulo ao seu toque, na presença aquecida e dura de seu corpo posicionado tão intimamente contra a dela.
― Por favor, ― ela sussurrou, as palavras trêmulas, mais suspiro do que som.
Nathan resmungou, baixo e contemplativo, seus ardentes olhos fixos em seu rosto. ― Por favor, o quê, Jordana? Diga. ― A demanda em sua voz profunda, persuasiva, nada perto de solicitar.
Enquanto ele falava, suas mãos acariciavam, movendo-se para cima até que ele alcançou os cachos úmidos e a carne hipersensível dela. Ele brincava com ela, com movimentos longos e dedos ágeis, alimentando-a tão facilmente de volta a um estado de necessidade, se contorcendo.
Jordana fechou os olhos quando o prazer a inundou, puxando-a debaixo de outra maré estonteante. Ela se deixou levar, entregou-se à felicidade das mãos dele sobre ela, seus dedos dentro dela.
E quando ela achava que não poderia segurar por mais um segundo, o toque de Nathan deslizou para longe, deixando-a ofegando o nome dele, seu corpo vibrando e febril com uma dor que mal podia suportar.
― Oh, Deus! ― Ela murmurou, levantando as pálpebras pesadas para encontrar Nathan pairando sobre ela na cama agora, apoiado nos punhos com os cotovelos travados retos em cada lado dela.
Sua ereção pulsava de sua posição vertical contra a fenda dela, a sensação dele era como aço quente revestido de veludo. Como se soubesse o quanto o corpo dela ansiava por ele, ele flexionou os quadris, deslizando seu comprimento duro através da umidade dela, cortando suas dobras com seu pesado eixo.
Jordana gemeu pela tortura crescendo louca de desejo. Desejo acendeu e queimou, mais forte do que nunca, e com ele parecia formar outro despertar dentro de si, este mais evasivo, mas não menos poderoso.
Algo mais do que necessidade física, mais profundo do que simples desejo.
Algo estranho e desconhecido para ela, uma consciência de desdobramento estendendo a mão a partir dos cantos mais distantes de sua consciência pelo que parecia ser a primeira vez.
E todo esse calor, toda essa potência, toda essa estranha energia vibrante arqueava em direção a Nathan, tão certo como uma varinha de condão treinada, para uma fonte de água límpida, extinguindo.
Ela sentiu isso em seu sangue e ossos, em seus sentidos... em sua própria alma.
― Nathan, por favor...― Ela levantou os ombros para fora da cama, as mãos quentes e loucas para senti-lo. Para tocar a pele dele e traçar as linhas tentadoras de seus glifos extraordinários.
Mas só depois que ela o sentisse dentro dela, enchendo-a com mais do que apenas seus dedos maus.
― Faça essa dor parar, ― ela exigiu, sua voz rouca e áspera com o desejo. Ela estendeu a mão para ele, preparada para tomar posse e arrastá-lo para baixo em cima dela, se ele não aliviasse a falta em breve. Mas Nathan se moveu mais rápido do que ela poderia sequer sonhar. Pela segunda vez esta noite, ele se esquivou do toque dela e capturou as suas mãos em um forte aperto.
Desta vez, porém, ele não parecia contente em simplesmente mantê-la longe dele.
Escarranchando ela agora, ele se levantou de joelhos em cima dela, seus dedos ao redor dos pulsos dela, como grampos de ferro. Seus olhos queimando com faíscas âmbar, algo mais quente do que o desejo ou até mesmo raiva. Algo mais sombrio, ameaçador em sua intensidade.
Seu rosto era tão grave, suas pupilas quase engolidas pela luz que irradiava de sua íris da Raça. Sua boca sensual não sorria, sem piedade, suas presas brilhando e mortalmente afiadas por trás de seus lábios entreabertos.
E, no entanto, apesar de sua ferocidade e espera implacável, ele trouxe cuidadosamente as mãos em direção a ela, pressionando um beijo carinhoso no centro do formigamento, em uma palma quente, depois na outra.
Seu polegar acariciou a parte inferior do pulso esquerdo dela, onde residia sua marca de Companheira da Raça, um rosnado se enrolando na parte de trás da sua garganta.
Jordana não percebeu que ele segurou o cinto de seu robe até que começou a circular a faixa de seda lavanda em torno dos dois pulsos, ligando as mãos.
Ele não disse nada.
Nenhuma desculpa ou explicação.
Nenhum pedido de permissão.
Ela veio a aceitar sua natureza dominante na maioria de tudo que ele fez, mas agora assumiu um novo significado. Nathan queria o controle total quando se tratava de sexo.
Ele precisava disso, assumia isso.
Exigia.
Jordana poderia ter saído de seu agarre, se tentasse. Mas ela não queria tentar. Havia algo terrivelmente erótico sobre a abrasão acetinada da faixa contra a sua pele.
Ainda mais excitante do que isso foi a ideia de entregar-se tão completamente a Nathan.
Um arrepio correu por ela, parte em trepidação, parte em antecipação sem fôlego. Ela era uma mulher forte, com uma cabeça forte. Ela sempre se irritou contra até a mais leve rédea que alguém tentou colocar nela. Mas com Nathan foi diferente. Era diferente. Depois desta noite, sabia que nunca mais seria a mesma.
Se fosse honesta consigo mesma, ela não tinha sido a mesma desde o momento em que deu o primeiro beijo impulsivo dele. Ela também não queria voltar para a vida que tinha antes.
E, por enquanto, ela estava exatamente onde queria estar, segura com o homem mais perigoso que ela já conheceu.
Jordana o deixou aliviar as costas abaixo sobre o colchão. Permitiu que ele empurrasse os braços dela para cima, de modo que as mãos atadas descansassem acima de sua cabeça enquanto ele se afastou dela.
Ela se submeteu a ele voluntariamente, descaradamente, quando ele separou suas coxas trêmulas e olhou para ela, nua, aberta para ele, pelo momento mais longo de sua vida.
Os olhos dele percorriam sem pressa sobre cada centímetro nu dela, como uma lambida lenta de fogo que a deixava trêmula e superaquecida, inquieta por ele para saciar a queimadura. Ele emaranhava a mão em seu cabelo solto, levantando os fios claros, observando peneirar os dedos e resolver voltar para baixo ao redor de seus ombros e seios nus.
Os olhos brilhando, as presas cintilando afiadas e brancas como diamantes, ele baixou o rosto para frente de sua garganta, enviando-lhe o pulso em um martelo selvagem.
A respiração dele patinou sobre sua pele macia, em seguida, seus lábios se fecharam sobre a veia que pulsava como uma batida, ecoando em suas têmporas e em seus ouvidos.
A língua dele acalmou, mas ela podia sentir a fome que irradiava de seu imenso corpo. Seu beijo era suave, sensual, seduzindo o corpo dela para um estado sem ossos, de paixão, de medo, confiança devassa.
― Sim, ― ela suspirou, dando-lhe com submissão a boca que as mãos hábeis exigiam.
Em sua carótida agora, um leve arranhão das presas dele; seja por sua própria tentação ou para demonstrar-lhe como ela estava totalmente à sua mercê agora, Jordana não poderia ter certeza.
Tampouco importava.
Ele poderia ter afundado seus caninos afiados nela naquele momento, e ela teria sido impotente para detê-lo.
Deus a salvasse, mas havia uma parte imprudente dela que teria acolhido a mordida de Nathan... e o laço de sangue eterno que viria com ele.
Jordana gemeu o nome dele, travado entre o prazer e a frustração com o fato de que ele tinha negado a ela a capacidade de tocá-lo e beijá-lo também. Queria correr as mãos sobre ele, se mover com ele, sentir o poder de seus músculos enquanto seu corpo forte a cobria. Queria sentir seu membro duro enchendo-a, reivindicando.
Ela queria que Nathan fizesse o que quisesse com ela, desejo que deveria a apavorar, mas apenas tornou a sua necessidade de agarrá-lo mais apertado.
E essa tão peculiar energia funda que se desenrolava dentro dela pareceu concordar. Apressando-se a partir do centro dela, como uma corrente viva, irregular e branca, consumindo.
― Agora, ― ela disse, surpresa ao ouvir o toque de comando que rosnou de seus lábios. ― Nathan... oh, Deus... Eu não posso suportar isso. Por favor, eu imploro... faça isso agora.
A cabeça dele subiu bruscamente de sua garganta, o rosto duro e impassível. Loucamente, indissolúvel no controle.
Mas seus olhos... o afastavam.
Ela não estava sozinha na violência de seu desejo, nem mesmo perto.
Nathan rosnou uma maldição, luz âmbar queimava ardentemente em suas íris transformada. Mudou-se entre suas pernas, sua ereção em pé grossa e reta, terrivelmente grande.
Dúvida cintilou em sua mente, um medo súbito fazendo-a sentir certa dor. A respiração dela parou, acelerando a frequência cardíaca, enquanto mudava seus quadris e a cabeça sem corte de seu pênis deslizava através de sua fenda molhada, vindo a parar na abertura virgem de seu corpo.
Nathan ficou imóvel em cima dela. ― Abra os olhos, Jordana. Deixe-me ver você.
Ela obedeceu ao mesmo tempo, nem mesmo consciente de que tinham fechado. Nathan olhou para ela, os olhos fixos nos dela enquanto outro movimento sutil de seus quadris levava-o mais plenamente em sua entrada.
― Você é tão lisa e quente, ― ele murmurou. Ele empurrou um pouco, testando-a. Estudando ela. Pacientemente permitindo que ela se preparasse para sua invasão. ― Seu corpo está pronto para mim. Eu preciso saber se você também está.
―Sim, ― ela respondeu, sua respiração sufocada com rajadas de um suspiro trêmulo enquanto ele se movia contra ela, provocando-a com a promessa do que ainda estava por vir.
Ela mordeu o lábio e manteve o olhar treinado no dele como ele exigiu. Outro empurrão de seus quadris persuadiu o canal inexperiente para aceitar mais dele. Uma inundação de calor líquido se agrupava em seu núcleo, todos os seus medos se afogando rapidamente naquela maré crescente.
A boca de Nathan se curvou em conhecimento, um sorriso malicioso. O quadril dele se afastou um pouco, em seguida, empurrou adiante em uma punhalada certa.
O corpo de Jordana curvou-se quando ele a penetrou, enchendo-a. Houve dor, mas foi tão breve quanto afiada. Durou poucos instantes, destruída pela incrível sensação de seus corpos apertados juntos, nus e unidos como um só.
― Ah, foda-se. ― A voz de Nathan era áspera e gutural. E o som cru dele apenas despertou ainda mais a estimulação de Jordana. Ele se moveu dentro dela, sua pélvis balançando suavemente, até quando seu grande corpo agitou com tremores duros. Ele raspou uma baixa maldição ao lado da orelha dela. ― Eu não quero que você sinta que isso é bom. Caramba, você não deve sentir isso tão certo.
Ele empurrou mais profundo quando ele disse, espetando-a como se em punição, ainda que Jordana só pudesse deleitar-se com a plenitude e o tempo que enviavam prazer em todos os seus sentidos.
Sentiu mais do que bom. Sentiu mais do que certo, Nathan profundamente dentro dela, seus corpos respondendo juntos ao ritmo de cada um, como se fossem destinados a ficar juntos.
Como se eles tivessem sempre se pertencido assim.
Jordana entrou em espiral na direção do orgasmo, subindo mais e mais quando Nathan dirigiu nela, acolhedor. Ela gritou quando a primeira onda caiu sobre ela. Dominada pela força da sua libertação se aproximando, ela se arqueou em cada pedra de seu quadril, puxando contra os laços de seda que ainda mantinham suas mãos acima de sua cabeça.
Nathan não lhe mostrou nenhuma piedade, aumentando sua velocidade e profundidade, até que ela estava perdida e sem rumo, cada partícula de seu ser transformando em algo elétrico, puro, uma sensação poderosa. Ela gritou quando um clímax explosivo se apoderou dela, estilhaçando-a por dentro.
E então Nathan seguiu, empurrando profundamente, rangendo o quadril contra o dela em um ritmo violento, urgente. Lábios abrindo para recuar seus enormes caninos, ele resistiu nela, montando-a com força.
Jordana amava a selvageria de sua paixão. Nathan, o frio guerreiro, o cruelmente controlado macho Gen Um, a aquecendo com um olhar bêbado com desejo e uma expressão presa em algum lugar entre fúria e êxtase. Que ela tivesse feito isso com ele, transformando-o tão selvagem com luxúria, foi surpreendente. Aterrorizante.
O afrodisíaco mais poderoso que ela poderia imaginar.
Ela já estava gozando de novo quando um tremor forte tomou conta dele. Nathan gritou seu nome, sua voz sobrenatural, indomável. Uma mão segurou no quadril dela, ele enterrou-se ao máximo e mais um grito grosso rasgado por entre seus dentes e presas quando um jato de calor fluido baleava dentro dela.
Jordana estava ali, flutuando sobre um novo plano estranho, seus sentidos saciados e muito alertas. Ela ouviu cada respiração, cada batida de coração, sentiu ela própria e Nathan, ambos.
Sentia o corpo solto e relaxado, recém-nascido, em muitos aspectos, uma vez que se recuperou da dor incômoda de sua virgindade perdida e o prazer ainda maior do que ela e Nathan tinham apenas compartilhado.
Ele ainda estava dentro dela, ainda firme, esticando as paredes de sua vagina enquanto sua ereção pulsava com vida renovada. A sensação dele crescendo, duro mais uma vez, fez o seu próprio corpo reagir como estopa perto de chamas.
Ela exalou um profundo suspiro, movendo-se debaixo dele no esforço para criar mais da fricção deliciosa.
Os músculos de Nathan se contraíram, e dentro dela ele engrossou em resposta rápida. Olhos semicerrados sobre ela, ele levantou a cabeça e soltou um gemido baixo.
― É muito cedo para você, ― ele advertiu, ― seu corpo precisa de tempo para se ajustar, Jordana
Não, isso não aconteceria. O que ela precisava era mais dele.
Mas Nathan se retirou e rolou para o lado dela. Ele estendeu a mão e soltou as mãos dela da corda macia acima de sua cabeça. Ele parou por um momento, o comprimento da seda esmagado em seu punho firmemente fechado.
Quando seu olhar encontrou o dela novamente, ela viu arrependimento lá. Um pedido de desculpas que ele não falou só comunicou com a sua suave carícia sobre a parte inferior da seus braços nus, em seguida, no tenro golpe de seus dedos ao longo de sua bochecha vermelha e dos lábios entreabertos.
O tormento em sua expressão puxando para ela. Ele lutava com demônios muito particulares; ela poderia ter imaginado isso, levando em conta seu passado. Agora ela viu sua luta interna jogando em seu belo rosto torturado. Uma luta que parecia acostumado a lutar sozinho.
Seu coração se apertou com esse pensamento. Havia tanta coisa a respeito desse homem solitário, distante, que ela não sabia. Coisas que ela queria entender.
Ela não sabia se ele iria compartilhar mais de si mesmo do que deu a ela esta noite. E apesar do medo real de sua rejeição, Jordana não podia deixar suas perguntas sem serem questionadas.
―Nathan, ― disse ela suavemente. ― Você vai me dizer... por que?
Sobrancelhas negras franzidas, uma reação instantânea que ele rapidamente foi educando para indiferença, ela veio a conhecer e esperar dele.
Como adepto ele estava em apagar todos os traços de emoção em seu rosto, até mesmo de seus olhos. O que ele teria sofrido, que poderia ter mascarado seus sentimentos com tão pouco esforço?
Ele segurou olhar curioso dela, quase como se ele a desafiasse ver através dele. ― Eu te disse o que esperar antes de começarmos qualquer coisa. ― Apertando a boca, desagradavelmente, ele derramou o comprimento esmagado da seda de seu punho e sobre o torso nu dela. ― Esta é a forma como é comigo. Você não pode dizer que não avisei.
Palavras frias. Sem dúvida com a intenção de congela-la em silêncio enquanto ele girava longe dela na cama. Suas muralhas tinham subido, bloqueando-a para fora. Ou seja, se ele já tinha se inclinado a deixá-la entrar em primeiro lugar.
Seus pés descalços bateram no chão e quando ele foi se levantar, Jordana jogou o cinto de lado e puxou para cima os joelhos atrás dele. ― Não foi isso que eu quis dizer. A submissão... não importa para mim. Sua necessidade de estar no controle, não importa.
Ela respirou fundo e se arrastou para mais perto dele, muito consciente dos dois, só que ele parecia congelado e em silêncio agora. Jordana subiu por trás de suas costas largas, com sua obra-prima de dermoglifos adornando a tela perfeita de sua pele.
Ela levantou a mão, e chamou-o de volta, sem vontade de ousar muito.
Não quando ela podia sentir o poder enjaulado irradiando dele. Uma ameaça tão escura que quase roubou sua voz.
― Nathan, ― ela sussurrou com cuidado. ― Por que você não pode suportar ser tocado
O silêncio da resposta parecia estender-se para sempre. Sentou-se na beirada da cama, imóvel. Jordana não tinha certeza de que ele estava respirando.
Ela tinha ultrapassado. Ela percebeu isso agora. Eles tinham compartilhado algo incrível esta noite, algo íntimo e real, para ela pelo menos, e agora ela tinha arruinado por empurrá-lo a abrir uma parte de si mesmo que não era dela para examinar.
― Sinto muito, ― ela desabafou. ― Eu não deveria perguntar...
― Você gostaria de tocar na borda de uma lâmina ensanguentada?― Ele falou sem se virar para encará-la. Sua voz profunda, totalmente desprovida de emoção. ― Ou voluntariamente colocar a mão nas mandíbulas de um cão de briga?
Ele lentamente girou em seguida, seu olhar tempestuoso era plano e sem piscar. ― Eu não sou o tipo de homem que você deve querer chegar perto. Não funciono da maneira que você espera que eu faça. A arma não requer contato ou conforto. E se você chegar a uma criatura criada e treinada para matar, é passível de ser seu último erro.
Jordana engoliu, uma dor afiada abrindo no centro do peito pelo que Nathan deve ter passado como um jovem homem, como uma mera criança, enquanto ele fazia parte do programa de Hunter.
Ela ouviu pouco mais do que rumores sobre os laboratórios de cultivo secretos que tinham sido interrompidos pela Ordem cerca de vinte anos atrás. Havia rumores de negligência e de brutalidade, dos terríveis abusos sofridos pelos meninos Gen Um que tinham sido criados para servir o exército privado de um louco diabólico da Raça.
Os meninos como Nathan, que de acordo com Carys tinham sido removidos de sua mães quando crianças e passaram os primeiros 13 anos de sua vida sob essas condições impensáveis.
O coração de Jordana quebrou pelo bebê, por esse rapaz pequeno e trágico.
E pelo homem de batalha endurecido que se sentava diante dela agora. O macho da Raça, belo e mortal, que esta noite havia mostrado a ela uma ternura inesperada e que a acordara para uma paixão que ainda agitava, potente e viva, dentro dela.
― Você não é uma lâmina ou um animal, Nathan. Todas as coisas que você foi forçado a fazer em seu passado, não definem quem você é hoje. ― Ela se aproximou, fazendo a mandíbula dele dura com a menor carícia. ― Nathan, você não é o que eles tentaram fazer de você.
Desta vez, ele não tirou a mão que descansava levemente contra ele. Mas ele olhou para ela com uma calma que a gelou. ― Sim, Jordana, eu sou. Não tente imaginar que posso ser como os outros homens que você conhece.
― Eu não tento.― Ela deu um pequeno aceno de cabeça. ― Eu não quero isso.
Ela tinha provado isso a si mesma nos últimos dias, se não for para Nathan. Toda a sua vida, a que ela tinha conhecido, como o calor de um lar amoroso e o abraço seguro de familiares e amigos. Ela não tinha falta de admiradores, não lhe faltava mesmo a menor coisa que quisesse ou necessitasse.
E, ainda assim, ela desistiria de tudo isso e trocaria seu passado com o dele, se isso fosse remover o assombro dos olhos tempestuosos de Nathan.
Oh, ela estava com problemas aqui.
Ela estava caindo rapidamente, com um pé sobre a borda íngreme, para o penhasco varrido pela tempestade que sentia oscilando abaixo dela sempre que Nathan estava próximo.
Hoje à noite, ela tinha dado a ele sua virgindade. Se ela não fosse cuidadosa, ele possuiria o coração dela também.
Talvez ele já fizesse.
A realização tomou conta dela, a deixou sem palavras, enquanto ela olhava para o olhar impenetrável dele.
Nathan não permitiu que o silêncio demorasse. Nem o toque dela também.
Ele se afastou. ― Está tarde. Tenho que ir. ― Ele começou a levantar-se, em seguida, fez uma careta e soltou uma maldição baixa. ― Porra... você está sangrando.
Jordana olhou para o lençol embaixo dela. Uma mancha rosada molhava o algodão branco imaculado onde ela tinha ficado com Nathan. Constrangimento inundou seu rosto com o calor. ― Oh... não, não é nada.
― O cacete que não. ― Ele resmungou, franzindo a testa mais profundamente. ― Droga, eu não queria te machucar.
Meio sem jeito, ela balançou a cabeça. ― Você não machucou. Foi apenas um pouco de sangue, e não estou machucada. Eu realmente nunca me senti melhor na minha vida.
― Cristo, Jordana. ― Ele resmungou baixinho. ― Você merece alguém que teria sido mais gentil com você. Você ainda merece isso. ― Outra maldição ferveu fora dele, mas com menos veneno agora. Ele estendeu a mão para ela. ― Venha comigo.
Jordana escorregou os dedos nas mãos dele, que não tinha a intenção de esperar por seu acordo, é claro. Esse lado dominador dele estava em pleno controle da situação, antes que ela pudesse dizer uma sílaba.
Ele puxou-a para cima da cama. No banheiro adjacente, o chuveiro ligou com um silvo agudo, obedecendo a seu comando mental.
Conduzida pela mão, Jordana o seguiu. Enquanto os pés descalços dela suavemente tocavam a madeira do chão, um passo atrás dos passos e das pernas longas dele, ela tentou não se embasbacar com luxúria pelo corpo nu dele. Um metro e noventa e oito de músculo e beleza, pele adornada com glifos, tudo se movendo com fluidez felina enquanto ele rondava o outro lado da sala com ela no reboque.
O sangue dela esquentou em suas veias, e aquela piscina derretida no centro dela começou a ferver novamente.
Deus, ela realmente tinha uma queda por esse homem.
Nathan trouxe-a para o banheiro cheio de vapor, seus dedos ainda apertados em torno dela. Quando ele abriu a porta de vidro da altura do chuveiro, ela meio que esperava que ele fosse atirá-la para dentro e pedir-lhe para cuidar de si mesma.
Em vez disso, ele a levou para dentro, trazendo-a debaixo do chuveiro quente com ele.
Ele não falou, não explicou. Nem Jordana precisava de suas palavras. Não quando suas mãos eram tenras quando ele começou a lavá-la, lidar com ela com o máximo cuidado e atenção gentil.
Ela não precisava de nada mais do que isso.
Esse momento.
Esse homem.
Jordana fechou os olhos quando a limpeza do toque de Nathan, finalmente se transformou em sensual e sua boca encontrou a dela através do vapor de seus arredores.
Céus a ajudassem, ela estava em terreno instável aqui.
Ela estava pisando fora de borda hoje à noite, caindo muito rápido.
Caindo muito duro por um macho da Raça, letal, intocável, que não tinha prometido nada a ela.
Ela sabia disso, da mesma forma que entendia que se a realidade esperasse por ela na parte inferior deste salto louco, com certeza iria quebrá-la.
Enquanto a noite rastejava perigosamente para mais perto do amanhecer, Nathan se deu conta de que nunca tinha estado tão fora de seu elemento.
Quando apareceu no apartamento de Jordana, não tinha a intenção de sedução, absolutamente.
Ou de passar o tempo que tiveram juntos no chuveiro, como um prelúdio para outra rodada de sexo incrível e alucinante.
Também tinha a maldita certeza de não ter nenhuma intenção de se ver sentado em uma cadeira do quarto dela, um tempo depois, observando-a enquanto ela dormia encolhida feito um gatinho em um ninho macio de lençóis e mantas.
Quando deslizou para fora da cama para se vestir e retornar ao Centro de Comando, disse a si mesmo que era razoável que ele ficasse um pouco para se certificar de que ela estaria segura por aquela noite. Assim que ela estivesse confortável e descansando, ele voltaria para o lugar ao qual pertencia.
Isso foi horas atrás.
A noite terminaria logo, e se seu próprio livre arbítrio não o arrastasse para longe dela, o alvorecer iminente o faria.
Maldição, como ele se permitiu ficar tão envolvido por aquela mulher? Quando ela tinha ultrapassado suas defesas e se tornado algo mais do que um comichão sexual que ele precisava coçar?
Como ele imaginaria que isso tudo iria continuar, pior, como isso iria finalmente acabar, quando não tinha nada a oferecer a uma mulher como Jordana?
Não tinha sido uma mera bajulação quando disse que ela merecia algo mais, alguém melhor do que ele. Tinha sido um aviso. Um dos muitos que ele tinha dado e que não pareciam influenciá-la. Seu olhar escuro ou sua ameaça rosnada sempre tinham sido o bastante para amedrontar homens e Guerreiros da Raça também, mas não ela.
Jordana Gates estava longe de ser tão delicada ou conservadora quanto parecia. Nada como as mimadas e bajuladoras fêmeas Darkhaven, como ele eventualmente pensou. Agora mesmo, ele desejava muito que ela fosse assim.
Ao invés disso, ele conheceu uma mulher forte e inabalável. Havia uma guerreira rugindo dentro dela, enterrada profundamente, mas lutando com unhas e dentes para sair. Ele nunca tinha encontrado uma mulher como ela, com sua mente afiada e curiosa e sua alma sensível de artista. Também não ajudava ela ter o rosto de um anjo e o corpo super tentador de uma deusa.
Nunca tinha sentido um anseio tão intenso quanto o que sentia por essa mulher. E se isso se resumisse à pura fome física, já seria ruim o suficiente.
Não, o que Jordana incitava nele era mais profundo.
Ela o intrigava. Ela o confrontava, o desafiava.
Ela era meiga, quando toda a existência dele tinha sido construída sobre violência e desapego frio.
Jordana era, em uma palavra, extraordinária.
As veias de Nathan vibraram em concordância, seu sangue ainda correndo quente por ela.
Ele não tinha o direito de ser aquele a quem ela se entregara pela primeira vez. Mas vê-la dormir tão confiante sob sua vigilância, relembrar o jeito ardente com que respondeu a ele; o jeito aberto e receptivo com que se submeteu a cada desejo ou demanda dele, fez com que algo possessivo e primitivo se agitasse bem dentro dele.
Por um momento, permitiu-se imaginar como seria ser um dos machos dourados e privilegiados do mundo dela, e não o executor rude que ele era agora. Não o assassino que tinha as mãos manchadas com a morte desde que era uma criança de sete anos.
Nunca tinha olhado para trás com vergonha de onde veio ou sobre o que o passado fez dele. Mas considerando Jordana e o modo como ainda ansiava por ela, um buraco gelado se abriu em seu peito. Arrependimento pelas escolhas que tinham sido feitas.
Raiva e, maldição, um desejo repentino e feroz pelo futuro que lhe foi negado antes mesmo que fosse concebido no laboratório de Drago.
Sentimentos inúteis.
Uma fraqueza que tinha disciplinado para nunca se manifestar.
Tinha permitido a Jordana mais do que o usual naquela noite. Intimidade que nunca tinha concedido a ninguém. Conhecimento de suas origens sombrias e de como elas o moldaram.
Ele nunca poderia ter permitido isso.
Havia coisas que ninguém sabia, nem mesmo os poucos de seus amigos mais próximos e membros do esquadrão da Ordem. Nem mesmo sua terna mãe, Corinne, ou o companheiro guerreiro e devotado dela, um formidável Antigo da Raça que era resultado do programa Hunter, de décadas antes do nascimento de Nathan.
Tinha suportado coisas, feito coisas, que eram melhor serem deixadas dentro de si mesmo. Trancadas. Memórias mais bem guardadas na escuridão, com as quais ele lidava com o mesmo controle de ferro que empregava em cada aspecto de sua vida.
Só pensar nos dias e noites, por mais de uma década, de sua escravização sob o comando de Drago, e a tortura nas mãos do Minion destacado como seu guardião fazia a pele de Nathan tencionar.
Ainda podia ouvir o estalo do chicote, o tilintar das correntes… O soco afiado e olfativo de seu próprio sangue e vísceras espirrando.
Pior ainda era a lembrança do sofrimento infligido aos outros. Por causa dele e, por fim, por ele.
Distraidamente, seus dedos roçaram a garganta, procurando o colar ultravioleta que tinha sido o grilhão de Hunter desde o momento em que teve idade o suficiente para engatinhar. Não estava lá, é claro. Não estava lá desde a noite em que sua mãe e o companheiro dela o rastrearam e o resgataram, quando ele tinha treze anos.
Cristo.
Vinte anos longe de seu passado e, no entanto, ainda o surpreendia encontrar o pescoço nu.
E isso era o que tinha trazido para a cama de Jordana, para a vida dela.
Se fosse um homem melhor, teria a acordado com uma desculpa e esperado que ela, eventualmente, pudesse perdoá-lo por ter tomado o presente de sua inocência e sua confiança. Não, se ele fosse um homem melhor, nunca a teria deixado beijá-lo algumas noites atrás. Um homem melhor nunca se deixaria desejá-la do modo como ele fazia.
Tarde demais.
Fiel à natureza de seu nascimento e criação, ele vivia segundo o aviso que tinha dado a Jordana naquela noite: ele perseguia. Ele conquistava. E se ele fosse um homem melhor, ele pegaria o resto de seu aviso e sairia andando agora, sem nunca olhar para trás.
Nathan se levantou com uma maldição baixa, perplexo em como sua disciplina falhava tão terrivelmente quando o assunto era Jordana.
A visão dela o atraiu para a cama enquanto ele tentava ordenar seus pés que saíssem do quarto. O cheiro dela provocou um gemido áspero nele, a combinação intoxicante de pele quente e mulher macia e sensual provou-se quase demais para ele aguentar.
O aroma do sangue dela permanecia sutilmente no ar. Os sentidos da Raça de Nathan apoderaram-se da fragrância estonteante que evocava tanto o homem nele quanto a besta.
Toda Companheira da Raça carregava em suas veias um aroma único, mas o perfume natural de Jordana estava além de ser único. Era viciante, sobrenatural. Ele achava impossível descrever a mistura de especiarias exóticas e um cítrico delicado e crocante que fazia cócegas no fundo de sua garganta e formigava suas gengivas ante a presença iminente de suas presas.
Tudo o que ele sabia era que queria ela.
De novo.
Ainda.
Nathan reclinou-se sobre ela no escuro, observando como as margens ardentes de seus olhos transformados iluminavam o rosto dela. Ela deve tê-lo sentido em seu sono, apenas o suficiente par arrancar um pequeno suspiro de seus lábios entreabertos.
Nathan queria provar esses lábios de novo. Não pôde resistir em por de lado uma mecha errante do cabelo platinado que serpenteava pela coluna macia da garganta dela. Ele queria pressionar a boca no ponto pulsante abaixo da orelha.
Ele queria fazer mais… muito mais.
E provavelmente teria feito, se um barulho sutil fora do quarto não o tivesse colocado em alerta. Alguém estava entrando no apartamento.
Em um instante, o desejo foi extinguido pela preocupação com a segurança de Jordana. Nathan moveu-se na velocidade da luz, seus instintos de batalha ligados e letais quando ele saiu do quarto.
Ele correu para as portas abertas do elevador, totalmente furtivo e ameaçador, pronto para matar.
Carys Chase estava parada no centro do elevador. Ela arqueou, os olhos se arregalando.
— Merda. — Nathan sibilou — Que droga você está fazendo aqui esta hora?
As sobrancelhas dela se ergueram — Eu moro aqui. Rune acaba de me deixar. O que droga você está fazendo aqui esta hora, Nathan?
Maldita boa pergunta. Ele recuou com um rosnado e colocou uma mão na cabeça. — Vim checar Jordana mais cedo. Tinha perguntas sobre o que ela e Cassian Gray falaram antes que ele fosse morto.
Perguntas que ele tinha negligenciado, já que estava muito ocupado ficando nu com ela.
O olhar semicerrado de Carys mostrava que ela achava aquilo muito suspeito.
Ela saiu do elevador e bateu um dedo no peito dele, a voz em um sussurro afiado. — Seu idiota. Não acredito que teria vindo aqui assim. Nem acredito que ela te deixou entrar depois do que fez na outra noite.
— Depois do que eu… — Merda. É claro. Quase certo de que Carys estava no La Notte quando ele saiu do quarto privativo com uma fêmea humana.
Jordana provavelmente confidenciou à melhor amiga todo o ocorrido naquela noite, começando com sua quase sedução no elevador. Uma sedução que teria se tornado uma certeza caso a corrida para Bentley-Squire não tivesse obstruído os planos de Nathan.
E Jordana não tinha exatamente deixado que ele entrasse hoje, mas, de alguma forma, ele não achava que Carys precisasse ouvir isso. A fêmea da Raça já estava furiosa o bastante com ele. Ela lhe cravou os olhos, azuis que estalavam faíscas de raiva âmbar.
— Nós estamos resolvendo as coisas, — ele disse, toda a explicação que pretendia dar. O que aconteceu entre ele e Jordana era assunto de ambos. Não que Carys não tivesse uma boa ideia. — Não é o que você pensa. Não quero vê-la machucada. Por ninguém. — Ele parou, tentando encontrar palavras que resumissem tudo o que sentia quando o assunto era Jordana. — Ela se tornou… importante para mim. Eu me importo com ela.
Carys o encarou por um longo momento. — Meu Deus. Acredito que realmente quis dizer isso.
Ele contornou a caminhante do dia sem mais comentários. — Logo vai amanhecer. Tenho que ir. Cuide dela hoje. — Ele acrescentou — Não creio que ela esteja em segurança enquanto quem quer que matou Cass estiver aqui fora.
— Acha que a morte dele pode estar ligada à Reginald Crowe e Opus Nostrum?
— Pode estar, — respondeu Nathan, incapaz de impedir a gravidade em seu tom.
Em seu íntimo, ele temia que a verdade pudesse se mostrar ainda pior. Até que alguma palavra viesse da Ordem em Washington a respeito da suposta amante de Crowe e de qualquer informação útil que ela pudesse dar, Nathan não descartaria nada.
— Vou proteger Jordana com minha vida, Carys. Ninguém vai lhe fazer mal enquanto eu for capaz de mantê-la em segurança. Mas durante as horas do dia…
— É claro. — O olhar dela se suavizou com compreensão. — Ela é importante para mim também, Nathan. Garantirei que ela fique bem.
Ele inclinou a cabeça em reconhecimento. — Diga-lhe que voltarei à noite, ao pôr-do-sol, para vê-la de novo. Falaremos mais sobre Cassian Gray então.
Carys balançou a cabeça. — Ela não vai estar em casa. A exposição começa hoje. — Ela o lembrou. — Nós duas estaremos na recepção do museu, junto com uns cem convidados e visitantes.
Merda. Não queria Jordana fora de vista à noite, sozinha e totalmente fora de alcance, cercada de um museu abarrotado até o pescoço com público em geral.
— Você sempre pode ir como par dela. — Sugeriu Carys, um brilho provocador em seus olhos. — Pode lhe fazer bem ter uma noite de folga para variar. Você pode até se divertir.
Divertir? Ele caçoou da ideia. Mesmo que decidisse ir ao evento, diversão seria a última coisa em sua mente. Estaria ali pelo único propósito de manter Jordana segura, se assegurando de que cada pessoa nas cercanias entendesse que, se quisesse fazer mal a ela, teriam que enfrentá-lo primeiro.
Não que Jordana precisasse dele lá interrompendo um bom momento para todos. Ele já tinha feito isso uma vez naquela semana, com sua equipe e o irmão de Carys. Ninguém dos Darkhaven e da elite humana que compunha o círculo social de Jordana apreciaria ter a Ordem presente no cômodo, sem dúvida que o sentimento seria dobrado para o assassino sem alma do passado que marcou Nathan ante o olhar do público.
Nada aconteceria.
Jordana não precisava dele se intrometendo em cada aspecto de sua vida, muito menos em um evento em que ela obviamente colocou o coração por semanas ou meses. Era o momento de ela brilhar; ele devia-lhe isso, sem distrair-se do próprio feito devido a ele.
— Fique de olho nela, Carys. Fale se tiver qualquer causa para preocupação. Qualquer coisa que pareça fora de lugar, você me liga. Combinado?
Ela assentiu. — Sim, é claro. Mas ainda acho que você deveria ir ao museu à noite e olhar por ela você mesmo.
Nathan rejeitou a ideia com uma praga enquanto caminhava até o elevador.
No quartel global da Ordem, em Washington, Lucan Thorne reclinou-se em sua cadeira na sala de guerra, escutando em um silêncio descontente o relatório de Sterling Chase, via vídeo, enviado cedo naquela manhã sobre a patrulha da noite em Boston.
Não eram boas notícias.
Entretanto, boas notícias eram algo que a Ordem tinha pouco já há muitos meses além da conta. Anos, de fato. Inferno, mais do que duas décadas, se realmente quisesse fazer o cálculo.
Lucan sentiu uma raiva sombria crescer nele enquanto recebia os detalhes do assassinato de Cassian Gray. Uma pista crucial perdida. Possivelmente a única pista viável sobre a corrida que os imortais consideravam uma conspiração de guerra contra a Ordem e o resto do planeta.
E agora aquela pista tinha sido ceifada pela ponta da lâmina de um inimigo oculto. Um inimigo sem motivos conhecidos, e ainda à solta.
Vão todos para o inferno.
Antes que sua fúria tivesse a chance de explodir em um rugido que faria sua companheira, Gabrielle, voar para a sala alarmada, Lucan pulou da cadeira.
Andou de um lado para o outro ao lado da mesa de conferência na qual Gideon e dois dos comandantes distritais da Ordem estavam reunidos para revisar as missões atuais e organizar operações futuras. Tegan, o chefe da operação em Nova York e Hunter, que supervisionava a presença da Ordem em Nova Orleans, tinham permanecido em Washington com suas companheiras desde a reunião de cúpula do Conselho Global das Nações, na semana passada.
Uma cúpula de paz que quase resultou em catástrofe.
— Tenho certeza de que não preciso dizer que isso não é o que eu queria ouvir agora, — disse Lucan, olhando para a expressão sombria de Chase na tela. — Temos possibilidades remotas de começar essa operação… Apenas duas fontes em potencial. E agora uma delas foi abatida antes que saíssemos da porta. Quanto à outra, do jeito que as coisas estão indo na Irlanda com Mathias Rowan e sua equipe, poderemos acabar sem nada além dos nossos paus antes dessa coisa toda terminar.
— Poderia ser pior, — disse Gideon após olhar para o banco de dados nos monitores de tela plana dispostos à sua frente e iluminados por incontáveis servidores valiosos, que ele invadia e recodificava, como o compositor de uma sinfonia demente. — Algumas noites atrás, na reunião de cúpula, se não tivéssemos parado a bomba Mornigstar de Reginald Crowe e da Opus Nostrum, estaríamos agora engolfados em uma guerra mundial entre humanos e Raças.
Lucan grunhiu. — Não pense que isso está descartado. Se o que Crowe prometeu: que a Opus Nostrum e seus planos não são nada, perto do que os Atlantes pretendem fazer, então estamos à beira da guerra a cada segundo de cada dia que deixamos o tipo de Crowe nos iludir.
Na tela, o rosto de Chase permaneceu sóbrio. Lucan conhecia o guerreiro sério tempo o bastante para saber que a falha não caía bem para ele tampouco. — Nada a reportar sobre Dublin ainda, se eu entendi?
Lucan sacudiu a cabeça. — Rowan tem uma equipe completa de campo naquela cidade e áreas remotas, procurado por qualquer coisa que possam encontrar sobre a suposta amante de Crowe. Sem um nome ou descrição física, não estão chegando a lugar nenhum. — Lucan praguejou. — Não ajuda que Rowan esteja ocupado com a JUSTIS em Londres recentemente.
— Como? — perguntou Chase.
— Estão tendo que lidar com uma onda de homicídios não solucionados na cidade recentemente. Vítimas humanas e Raça, algumas importantes. A Força de Segurança Urbana finalmente se desesperou o bastante para acabar com as mortes, então concederam um ramo de oliveira para a Ordem em troca de assistência não oficial na investigação.
Tegan grunhiu. — Assistência não oficial significa lidarmos com isso discretamente, e por qualquer meio necessário, desde que eles não tenham que sujar as mãos.
— É a velha Agência Executora de novo, — falou Gideon, as mãos voando de um largo teclado para outro. — Exceto que agora tem um nome novinho em folha e politicamente correto. A mesma merda de sempre, mas outra pessoa está cavando o buraco.
Uma vez um profissional da Agência Executora, Chase ergueu uma sobrancelha dourada. — E em dobro, agora que a burocracia se estendeu tanto para as forças humanas quanto para as Raças, combinadas sob a bandeira JUSTIS.
— A ineficácia deles é nossa vantagem agora, — disse Hunter, a voz profunda num tom irritante, sua colocação lógica como sempre. — Se a força legal local decidir lavar as mãos no caso do assassinato de Cass também, então a Ordem poderá investigar sem o impedimento da tinta vermelha da JUSTIS.
— Teríamos mais esperança assim, — disse Lucan. — Inferno, temos que fazer mais do que ter esperança. Temos que acabar com essa coisa com cada recurso a nossa disposição. Se Nathan e sua equipe estão certos sobre essa morte; essa execução, no estilo imortal no meio da rua da cidade, então precisamos de respostas e precisamos para ontem.
— Entendido e de acordo, — replicou Chase. Ele hesitou por um instante, depois limpou pontualmente a garganta. — Há uma testemunha… Não na cena, na hora do crime, mas alguém que viu Cass, que falou com ele, nas horas anteriores ao assassinato.
Lucan franziu o cenho. — Você não mencionou que uma testemunha havia sido identificada nos relatórios de equipe.
Mais uma pausa e Chase apertou os lábios. — Porque ela não consta de nenhum dos relatórios de campo de Nathan ou de sua equipe de campo. Rafe veio até mim há pouco e pessoalmente informou sobre a fêmea. Ela é uma Companheira da Raça de um dos Back Bay Darkhavens. Atualmente, é a melhor amiga de Carys e também mora com ela.
Hunter inclinou a cabeça, os olhos semicerrados sobre Chase. — Está dizendo que Nathan deixou passar um detalhe chave desta investigação? Ele não comete erros. Isso é impossível.
— Não, — disse cuidadosamente o chefe de Boston — Estou dizendo que Nathan omitiu deliberadamente um detalhe chave desta investigação quando enviou seu relatório esta manhã.
Lucan praticamente rosnou em resposta. — Porque raios ele faria uma coisa tão estúpida?
O olhar de Chase disse tudo.
— Ah, Cristo. — Lucan correu uma mão sobre sua mandíbula e soltou uma risada mal humorada. — Ele a está fodendo?
— Nathan não retornou à base depois do patrulhamento até logo antes do amanhecer, — explicou Chase. — Não suponho que ele estava fora dando um longo passeio.
Lucan lançou um olhar duro para Hunter. — Você e Corinne não sabem nada sobre isso?
O assassino veterano, que tomou a mãe de Nathan como companheira há vinte anos, sacudiu a cabeça parecendo tão insatisfeito quanto Lucan. — Nathan é nosso filho, mas veio a nós como homem, mesmo em uma idade tão jovem. Ele mantém sua vida particular em particular. Essa parede foi colocada há muito tempo. Isso dito, Nathan jamais permitiria que suas necessidades físicas se sobrepusessem ao dever. Ou ao seu treinamento.
— Suspeito que isso pode ser mais do que uma necessidade física, — interveio Chase. — Ele está distraído. Talvez mesmo um pouco obcecado. Ele acha que está segurando as rédeas, mas só está enganando a si mesmo. — Tegan riu sombriamente. — Ele dificilmente é o primeiro de nós a se encaixar nessa descrição.
— Não, não é. — concordou Chase — Mas se ele não tomar cuidado, vai me deixar sem alternativa a não ser tirá-lo da missão.
— Chase está certo, — falou Lucan — Essa merda é muito crítica. Precisamos de cada equipe trabalhando como uma unidade, sem exceções. Se Nathan não conseguir fazer isso, então formaremos outro grupo e continuaremos sem ele. — Lucan olhou para Chase na tela. — O que mais sabe sobre a testemunha?
— O nome dele é Jordana Gates. Seu pai, Martins Gates, é um dos residentes mais proeminentes de Boston. Gates não tem uma companheira. Ele adotou Jordana quando ela era criança.
Lucan grunhiu. — Não é um arranjo típico, um Raça macho receber uma Companheira da Raça como filha.
— Não é típico, mas acontece, — disse Chase. — Minha amiga é amiga de Martin Gates desde sua chegada a Boston, vindo de Vancouver, alguns anos antes do Primeiro Alvorecer. Sua reputação nesses vinte e poucos anos é intocada. Ele fez fortuna no mercado de ações e investindo em obras de arte. Quanto a ter adotado uma órfã e criado como sua, eu, pessoalmente, ouvi Gates dizer que sem herdeiros de sangue ou uma família para cuidar, sentia-se envergonhado por ter adquirido tanto e não ter com quem compartilhar. O homem é tão caridoso quanto rico. E Martin Gates é muito, muito rico.
— E Jordana? — Perguntou Lucan.
— Uma boa garota, — respondeu Chase — Uma mulher bonita e brilhante. Ela provavelmente poderia escolher qualquer homem da cidade. Raça ou humano. Por um tempo, houve rumores de que ela estava envolvida com um vampiro chamado Elliot Bentley-Squire, advogado proeminente e amigo de longa data de Martin Gates. Ouvindo Bentley-Squire falar, era só uma questão de tempo antes que eles se juntassem. A sociedade de Back Bay tem especulado sobre isso há anos.
— Nada como puxar uma civil de renome para o meio de um negócio disfarçado da Ordem, — murmurou Lucan sob a respiração. Cruzou os braços sobre o peito. — Não sei o que Nathan pensa estar fazendo com essa fêmea, ou onde suas intenções possam estar no que concerne a ela. Até que ela seja uma fonte potencial de inteligência, não me importo com nada disso. Nossa missão é tudo que interessa. Que droga, pessoas morrem, guerras acontecem.
Lucan olhou para Hunter, que devolveu o olhar com concordância. O tom do assassino veterano era de lógica fria e firme. — Nathan se candidatou ao trabalho na Ordem. Se não puder manter a promessa, não deve esperar nada menos do que ser retirado disso.
— Sim, isso já passou dos limites, — reafirmou Gideon, separando furiosamente o que parecia ser milhares de arquivos digitais e remexendo com os dedos pelas mechas louras de seu cabelo curto.
— Puta merda, — ele olhou para Lucan e para os outros guerreiros através dos sempre presentes óculos azul claro. — Meu banco de dados apenas farejou uma porta remota em um firewall de uma das contas comerciais do La Notte.
Lucan, assim como Chase, na tela, e os demais guerreiros sentados na sala, encararam Gideon em um silêncio questionador.
Um sorriso se espalhou pelo rosto do vampiro hacker. — Encontrei uma entrada. Uma vez que desbrave mais algumas camadas da rede de segurança e subterfúgios, terei aberto todos os segredos de Cassian Gray feito uma noz.
Jordana estava acordada desde o amanhecer.
Sua cabeça estava zumbindo com mil pensamentos e minúcias sobre a abertura da exposição esta noite, mas era a profunda vibração de felicidade de seu corpo que a despertou do sono horas atrás.
Essa vibração estimulava seus membros e seu âmago, seu próprio sangue, também era culpada pelo segredo, o sorriso irreprimível que não conseguia parecer sair de seu rosto, não importa o quanto ela tentasse.
Fazer amor com Nathan ontem à noite tinha sido nada menos que espetacular.
Até agora, quando fechava os olhos, ainda podia sentir suas mãos fortes nela, a boca quente dele nela. Seu corpo duro movendo-se sobre ela, dentro dela…
Jordana gemeu dentro de sua xícara, enquanto tomava um gole de sua mistura matutina favorita. Ela tinha tomado banho um tempo atrás e agora estava sentada de robe em sua cama, respondendo e-mails antes que ela e Carys tivessem que ir para o museu durante o dia.
— Alguém acordou cedo. — Carys estava em pé na porta do quarto de Jordana, debruçada contra o batente. Seu cabelo marrom caramelo estava puxado para cima em um rabo-de-cavalo, um folgado moletom cinza pendurado livremente em sua figura atlética. — Tudo bem?
— Sim. — Jordana assentiu com a cabeça, perguntando-se se ela parecia um pouco diferente para sua amiga hoje. Deus sabia que se sentia diferente. Tudo parecia diferente hoje. — Apenas conferindo algumas coisas já que não consegui dormir.
— Não é de se admirar, — Carys respondeu. — Uma grande noite que você teve.
A sombra de um sorriso brincou nos cantos da boca dela, e Jordana percebeu imediatamente que sua amiga não estava se referindo ao incidente terrível no La Notte. — Você sabe que Nathan esteve aqui?
— Encontrei com ele antes do amanhecer aqui no apartamento. Ele estava tentando escapar quando eu estava voltando para casa.
Jordana realmente não esperava que Nathan estivesse ao lado dela quando acordasse, mas não podia negar a pontada de decepção que sentiu quando abriu os olhos mais cedo, e viu que ele tinha ido embora.
E ela tinha que admitir, pelo menos para si mesma, que estava esperando ouvi-lo agora. Tudo que precisava era uma pequena indicação de que ontem à noite significou algo para ele também.
— Como ele pareceu para você? — Ela perguntou, deixando seu chá na mesinha de cabeceira, para dar a Carys sua completa atenção. Ela estava ansiosa por cada detalhe que sua amiga pudesse fornecer. — O que ele lhe disse? Ele falou alguma coisa sobre mim?
Carys curvou uma sobrancelha fina. — Você quer dizer depois que percebeu que eu não era alguém que ele precisava atacar por entrar para machucar sua mulher?
— Ele disse isso? Exatamente estas palavras? — O coração de Jordana saltou uma batida. — Como ele disse isto? Ele especificamente me chamou de sua mulher?
Rindo suavemente Carys entrou no quarto e sentou na extremidade da cama. — Estou vendo que isto é até pior do que suspeitava. — Ela se inclinou e sussurrou, — se quiser escrever um bilhete para ele, eu pedirei a Rune para passar para ele depois da escola.
— Conte-me o que ele disse! — Jordana deu um empurrão leve no ombro de sua amiga, dando uma risadinha para ela agora. — Vamos Car. Preciso de detalhes. Falo sério.
— Eu sei que você fala, — Carys cedeu. — E então assim é Nathan, eu acho. Mais sério do que já vi antes.
Sem dizer mais, Carys levantou da cama e afastou-se de Jordana e entrou no closet. — Você decidiu o que vai vestir hoje à noite?
Jordana se apressou atrás dela. — Eu reduzi isto para o pretinho básico longo, ou o vestido de coquetel de seda rosa pálido. — Era difícil pensar sobre escolhas de roupas, ainda mais discutir isto quando sua respiração de repente ficou presa em seus pulmões. — O que você quer dizer, que Nathan estava mais sério do que já viu? Sério… sobre mim?
Carys encontrou os dois vestidos que Jordana mencionou e estava agora os puxando para fora do armário. Ela os segurou, um em cada mão. — Teria que ver estes em você antes de poder decidir qual é melhor. Aqui. Tente o preto primeiro.
Jordana agarrou o vestido que sua amiga empurrava em direção a ela. — Nathan disse que era sério comigo?
Carys balançou a mão com desdém. — Me deixa ver o vestido, então conversaremos.
Com um murmúrio, Jordana trançou seus longos cabelos loiros em um nó improvisado sobre a cabeça, então despiu seu robe e o sutiã e deslizou no vestido preto justo. Era sua escolha original, uma compra que estava guardando há meses, especificamente para a abertura da exposição. Clássico, conservador, perfeito.
Carys pendeu a cabeça para o lado, então fingiu um bocejo. — Próximo.
— Você não gosta deste aqui mesmo? — Jordana virou para um dos espelhos de corpo inteiro na enorme entrada. O vestido de gola larga na altura dos joelhos era adorável.
Teria sido uma escolha excelente para qualquer evento social… particularmente se Jordana fosse oficiante em um enterro, em vez de uma mostra de arte.
Ela inclinou um olhar sofredor à reflexão de sua amiga, em seguida cruzou os braços sobre os seios. — Diga-me o que ele disse.
— Ele disse que não queria que nada acontecesse a você. Ele não queria vê-la se machucar.
Não exatamente uma canção de amor, mas isto fez o coração de Jordana bater pesado e esperançoso em seu peito. — Só isso? Ele não disse mais nada do que isto?
Carys gesticulou para ela continuar com o desfile. Jordana franziu o cenho, mas rapidamente tirou o vestido preto. Quando agarrou o vestido de seda rosa sem inspiração, Carys afastou-o para longe e puxou um diferente de fora do mar de trajes elegantes. — Tente isto ao invés.
— Oh, — Jordana disse, já começando a balançar a cabeça. — Não, isto não é apropriado para hoje à noite, e eu...
— Achei que você quisesse saber o que mais ele disse, — Carys arreliou. — Então coloque isto.
Dada à pequena escolha, Jordana aceitou o vestido de coquetel vermelho da mão estendida de Carys. O tecido sedoso elegante e macio em seus dedos estava um pouco deselegante no cabide.
Jordana recordou a compra de impulso com clareza alarmante agora. Ela comprou este vestido um dia depois em que tão indiferentemente, insanamente, forçou um beijo em Nathan na outra sala deste apartamento.
Não era o tipo de vestido que alguma vez teria escolhido para si mesma normalmente, e não tinha ideia porque não o devolveu imediatamente.
Ela passou o monte de tecido leve cor de fogo por sua cabeça e deixou-o cair por seu corpo. Sentiu como se um líquido patinasse junto à sua pele, decadente, luxuoso. Deliciosamente pecaminoso.
— Diga-me o que mais Nathan disse, — ela ordenou a sua amiga enquanto alisava o vestido vermelho no lugar.
— Ele me disse que você é importante para ele, — Carys respondeu por detrás dela. — Disse que se importa com você.
Jordana rodopiou ao redor. O ar fresco arrepiava sua coluna, onde o decote baixo acariciava a parte de trás do vestido de coquetel na altura do joelho, que mergulhava ousadamente abaixo. — Ele realmente disse isto? Disse que sou importante. Que ele se importa comigo?
— Sim. — Carys a olhou de cima abaixo, então um sorriso largo e lento quebrou em seu rosto. — Maldição, Jordana. Você acabou de achar seu vestido.
Duvidosa, ela virou para encarar os longos espelhos novamente.
Ela quase não reconheceu a mulher olhando de volta para ela. O vestido vermelho sem manga agarrava em todos os lugares certos, e mostrava apenas o suficiente das pernas, ainda assim conseguia parecer elegante e sofisticado. Na frente, seu decote drapejado apenas insinuava as curvas e o busto, enquanto o verdadeiro show estava atrás.
— Meu pai sufocará com sua língua se eu caminhar na abertura da exposição neste vestido, — Jordana ponderou. Ela balançou a cabeça e mal pôde conter uma risadinha, quando imaginou todas as reações atordoadas que iria provocar. — Elliott ficará completamente escandalizado, possivelmente apoplético.
Carys encolheu os ombros. — Isso será problema deles. Você parece surpreendente.
Jordana estudou seu reflexo, perguntando-se se era apenas o tom poderoso do tecido que intensificava a cor azul gélida de seus olhos, e fazia suas características parecerem de alguma maneira, mais corajosa e indomável. Não a boa menina contida pelo decoro e expectativa, mas uma mulher destemida pronta para enfrentar o mundo.
Ou talvez aquele olhar feroz viesse dos pensamentos sobre Nathan que faziam seu sangue correr quente e rápido por suas veias.
Ela se sentia diferente. Não simplesmente por causa de sua virgindade perdida e da paixão incrível que experimentou ontem à noite.
Ela estava diferente.
Mudada de uma maneira que não conseguia definir. Era como se estivesse evoluindo em uma nova pele, em uma nova sensação de si mesma, e fazendo isto em um ritmo acelerado que deveria tê-la assustado.
No entanto, isto não aconteceu. Ela se sentia forte e viva. E tudo o que sabia era que não importa aonde ela chegasse com Nathan, sua vida agora poderia nunca mais voltar para o que era antes.
— Carys, — ela murmurou, — você lembra quando eu te disse como Nathan me faz sentir?
— Claro que lembro. — Carys olhou para ela com a clara compreensão nos olhos. — Como se estivesse na beira de um precipício e ele fosse uma tempestade varrendo sobre você.
— Sim, bem assim. Bem, na noite passada… fiz isto. Eu dei um passo para fora. — Jordana suspirou. — Dei um passo adiante com os olhos bem abertos, e agora estou caindo. E se não houver ninguém lá para me pegar? E se o que estou sentindo por Nathan é pura estupidez descuidada, e eu acabar despencando e me esborrachando no chão?
Carys sorriu para ela pelo espelho. — Querida, se Nathan vê-la neste vestido, o único em perigo de colidir e se esborrachar será ele.
O dispositivo de comunicação de Nathan vibrou exatamente quando ele estava prestes a bater na porta do escritório do Comandante Chase, no complexo de Boston. Parando lá, ele franziu o cenho e olhou para a mensagem recebida. Provavelmente Rafe ou outro membro de sua equipe, perguntando por que não desceu para a sala de armas com eles, para colocar seu grupo em seus ritmos diários.
Ele olhou para o número exibido.
Não era qualquer um dos guerreiros.
Jordana.
Como infernos ela soube seu código de chamada privado?
Curioso agora, e mais intrigado do que gostaria de admitir, Nathan abriu a mensagem.
Oi. Carys deu-me seu número. Espero que você não se importe.
Caralho.
Sim, ele se importava, mas isso não o impediu de esquadrinhar para a próxima mensagem curta, suas veias ficando de repente elétricas.
Não pude parar de pensar na noite passada. Sobre nós.
Nem ele conseguia, e a distração estava deixando-o malditamente enlouquecido.
Não pude parar de pensar sobre você, dentro de mim.
Puta merda.
Agora aquela quente corrida circulando por ele, arqueava nitidamente para baixo, deixando-o imediatamente duro. Ele trocou de posição, para se acomodar melhor.
Ele teve uma imagem mental cristalina de Jordana deitada nua e aberta debaixo dele, e não havia maneira nenhuma de aliviar a pressão de sua ereção enorme, que esticou cheia e pesada em seu uniforme de serviço.
Franzindo o cenho furiosamente, ele olhou para a próxima linha.
Estarei pensando em você na festa da exposição de hoje à noite também. Junte-se a mim, talvez?
Ele não perdeu o verdadeiro convite que ela estava estendendo. Nem tão pouco seu pau. Todos os vasos sanguíneos em seu corpo iluminaram em acordo ávido. Por mais tentador que fosse pegar novamente de onde ele e Jordana tinham parado, Nathan rosnou e tentou empurrar a ideia para fora de sua mente.
Ele já deixou sua ânsia por ela triunfar sobre seu bom julgamento. Pode ter arriscado a missão inteira de sua equipe tomando a virgindade de Jordana ontem à noite, em vez de trazê-la para pegar sua declaração, como faria com qualquer outra testemunha.
Esta era a razão de estar agora do lado de fora do escritório de Chase, completamente preparado para levar qualquer castigo que lhe era devido.
Ele colocou seu próprio egoísmo acima de sua maior responsabilidade, seus irmãos, ontem à noite. Ele não poderia lamentar um momento das horas que passou na cama de Jordana, mas o fato de que tinha feito isto apesar da disciplina duramente conquistada, não o deixava orgulhoso de si mesmo; pior, que tivesse procurado Jordana em detrimento a seu dever com seus companheiros de equipe era um fracasso que pretendia corrigir de todas as formas possíveis.
Ele leu a mensagem de Jordana novamente e gemeu por sua falta.
Ele a chamaria depois de sua reunião com Chase e lhe diria que não esperasse por ele.
Maldição. Ele iria ter que tentar explicar-lhe que a próxima vez em que ela o visse, provavelmente estaria com instruções de buscá-la e trazê-la ao Centro de Comando como uma testemunha, até a Ordem sentir que não era de nenhum uso adicional na investigação deles.
Ele podia apenas esperar que ela não o menosprezasse por não ter aquela conversa com ela, antes de ela se entregar a ele tão abertamente ontem à noite.
Enquanto repreendia a si mesmo por aquele fracasso adicional, seu comunicador vibrou com outra transmissão entrando.
Nenhuma mensagem desta vez. Apenas uma imagem.
Jordana, em um vestido vermelho.
Um sensual vestido vermelho picante, sem costas e abraçando as curvas.
E ela deveria saber o quão incrível parecia nisto. Posando de frente e costas em um espelho de corpo inteiro dentro de seu quarto de vestir, ela olhava por sobre o ombro para a máquina fotográfica com uma expressão que era confiante, provocativa e totalmente sensual.
E significava muito para ele.
As presas de Nathan esmurravam suas gengivas e seu já desconfortável tesão ficou insuportável. Ele olhou fixamente para a fotografia dela com uma luxúria miserável, seus dedos apertaram tão firmes ao redor de sua unidade de comunicação, que era um milagre que o dispositivo não tenha quebrado. Todo o ar deixou seus pulmões em uma exalação irregular.
— Inferno. Do. Caralho.
Sem aviso, a porta do escritório do Comandante Chase abriu.
— Merda. — Nathan levantou a cabeça, ao mesmo tempo casualmente, mas rapidamente arrumando seu comunicador no bolso de seu uniforme. Pensando bem, ele enfiou as mãos em ambos os bolsos também, esperando que o tamanho adicional escondesse a evidência tão óbvia de sua excitação.
Suas presas e íris salpicadas de âmbar eram igualmente difíceis de esconder.
— Nathan. — Os astutos olhos azuis de Chase Sterling o atingiram como feixes de laser gêmeos, não perdendo nada. A voz profunda do chefe estava baixa, sua boca sombria e séria. — Revisei os relatórios de patrulha do sua equipe de ontem à noite. Estava prestes a chamá-lo aqui para discuti-los.
Nathan deu um severo aceno com a cabeça. — Imaginei que você iria, senhor.
— Entre. — Chase virou-se e andou a passos largos de volta para sua escrivaninha dentro do escritório espaçoso. — Feche a porta e sente-se.
Nathan fez como instruído, sentando-se em um dos pares de cadeiras de couro do lado oposto da escrivaninha da Chase. Embora chegasse lá por conta de sua própria violação, ele sabia muito bem que isto era uma reprimenda prestes a acontecer.
Mais que provável que Chase já tenha falado com Lucan e os dois Antigos da Ordem discutiram sua falha… e seu destino.
Nathan esperou, em silêncio respeitoso, que seu comandante se dirigisse a ele. E estava contente pela oportunidade de colocar sua libido em submissão; não era fácil, quando aquela imagem de Jordana vestida de seda vermelha em chamas, estava queimando indelevelmente em sua mente.
Chase colocou os cotovelos na superfície de sua escrivaninha e estudou Nathan por um momento longo. — Nós conversaremos sobre o que diabos pensa que está fazendo com ela, e por que ela está trocando mensagens com você em um comunicador seguro, depois que cobrirmos nossos outros assuntos desta manhã.
Com isto, Chase se recostou para trás e puxou o relatório de patrulha de Nathan do monitor touch-screen na extremidade de sua escrivaninha. — Como eu disse, revisei os relatórios de equipe, sobre a decapitação de Cassian Gray ontem à noite. Desapontador, para dizer o mínimo. Não só ele conseguiu iludir nossa varredura e caçadas nas várias noites passadas, mas sua morte forneceu ao público uma história da qual estarão falando por anos. Uma decapitação no meio da maldita cidade de Boston? — Os olhos de Chase crepitaram com faíscas de raiva. — Felizmente, a JUSTIS está operando tipicamente com a cabeça enfiada no rabo, então oficialmente ele declararam isto um homicídio aleatório, com assunto e motivo indeterminado. Nós sabemos que aquele tipo de morte, sem mencionar a vítima, não era nada aleatório.
Nathan acenou com a cabeça de acordo. — Quem matou Cass sabia o que seria necessário para acabar com ele. Eles tinham que saber o que ele era. — A boca de Chase achatou. — Ou eles são o mesmo que ele era. Atlante.
— Este seria o meu palpite, — Nathan disse. — A pergunta permanece, por que alguém, particularmente um da própria espécie de Cass, o quereria morto?
Chase grunhiu, seu olhar inabalável. — Fui informado que há uma testemunha que viu Cassian Gray poucas horas antes de sua morte ser descoberta. Uma testemunha que parece sem justificativa não ser mencionada em qualquer um dos relatórios de patrulha. Não teria ouvido falar sobre isto, se Rafe não viesse até mim com a informação no início desta manhã. Parece que ele quis proteger um amigo, então omitiu este detalhe crucial de suas descobertas.
Nathan lutou para manter seu rosto neutro, mas por dentro estava chutando a si mesmo. Maldito Rafe por tentar protegê-lo. Nathan não lhe pediu isto; nunca teria esperado isto.
— Felizmente para Rafe, sua lealdade com a Ordem venceu, antes que a quebra de confiança fosse descoberta por si só, ou as consequências para ele pudessem ser severas, — Chase disse. Ele olhou para o relatório de patrulha ainda sendo exibido no monitor. — Lidarei com Rafe mais tarde. Agora, quero saber por que esta mesma testemunha não está anotada no relatório do meu capitão de equipe de patrulha, que também não se apresentou até o dia amanhecer esta manhã. Quero saber por que um de meus melhores homens, um guerreiro que serviu fielmente esta unidade, sem falhas, por mais de uma década, de repente decide desafiar o protocolo. — Chase bateu com o punho na escrivaninha. — Maldição, quero saber por que você praticamente está me forçando a removê-lo de seu comando de equipe.
Nathan permaneceu calmo, sabendo que merecia cada pedacinho da fúria de Chase. — Não posso oferecer nenhuma desculpa. Falhei com minha equipe e com você. Posso apenas dar minha palavra de que não acontecerá novamente.
Chase o estudou silenciosamente com um longo e determinado olhar. Então soltou um forte suspiro. — Que diabo você está fazendo, Nathan? Esquecendo por um momento que Jordana Gates é atualmente a principal testemunha em uma investigação em curso para a Ordem, ela também é uma Companheira da Raça, pelo amor de Deus. Até onde pretende levar as coisas com ela? Você já dormiu com ela. E depois? Vou descobrir que se vinculou com esta fêmea?
Agora a calma treinada de Nathan hesitou ligeiramente. Seu lábio enrolou a simples sugestão de um grunhido. — Com todo o devido respeito, senhor, mas isto não é da sua maldita conta.
— O inferno que não é. — Chase levantou. Ele caminhou em torno da escrivaninha e sentou na beira, diretamente na frente de Nathan. — Isto não acontecerá. Você sabe disso. As apostas são muito altas. Se estivermos prestes a enfrentar outra crescente guerra, desta vez contra outra raça inteira de imortais, então não podemos nos permitir distrações. E Jordana Gates é uma enorme distração para você. Há riscos demais para que se permita que um emaranhado emocional dificulte sua eficácia.
Embora Chase não soubesse, a acusação que ele nivelou agora era um golpe direto na alma de Nathan. Como uma maré de água negra, as memórias de seu passado avolumaram-se ao redor dele.
O impacto das correntes espessas atingindo suas costas. A ameaça da luz solar entrando através das ripas do telhado do velho celeiro, para onde ele e os outros jovens Hunters eram levados depois que as lições de obediência e dever falhavam, em ensinar-lhes quem, e o que, eles foram feitos para serem.
Você é uma arma.
Pancada!
Armas eficazes não sentem.
Pancada!
Armas eficazes não se curvam. Nunca. Nem para ninguém.
Pancada!
Nathan não disse nada, silenciosamente trabalhando através da vívida memória inesperada de seu condicionamento. Ele agarrou-se a parte dele que era um Hunter isolado. O sobrevivente que suportou seu treinamento impiedoso, e viveu para encontrar uma vida melhor para si mesmo do lado de fora daquela outra existência brutal e sombria.
Mas havia uma parte dele que sempre recordaria o fedor de sangue e urina derramada, e outros ofensivos fluidos corporais... e o gosto das lágrimas salgadas de um apavorado e brutalizado garotinho.
— Nada atrapalhará minha eficácia, — ele murmurou uniformemente.
Chase olhou fixamente. — Você a ama?
Uma negação rápida e afiada assentou-se na ponta de sua língua, mas ele não conseguia cuspir isto.
O que quer que fosse que ele sentia por Jordana, ultrapassava o desejo ou o simples afeto. Isto o consumia. Fazia seu coração parecer espremido em um punho apertado, e ainda assim elevando-se livremente ao mesmo tempo.
Ele olhou para baixo, deu uma sacudida muda com a cabeça. — Talvez eu ame. Caralho, não sei.
— É melhor você descobrir isto, — Chase respondeu. — Porque qualquer coisa menos do que isto é um desperdício de nosso tempo aqui. Especialmente quando pode custar-lhe seu posto sob meu comando. Possivelmente até seu lugar na Ordem como um todo.
— Não deixarei que isto aconteça, — Nathan assegurou-lhe. — Não importa o que eu tenha com Jordana, a Ordem é minha família. Meu dever. Tenho isto sob controle.
Chase grunhiu. — Então me prove isto. Prove isto para si mesmo, e a traga, como deveria ter feito ontem à noite.
Nathan a imaginou em seu vestido vermelho atordoante, cercada por metade de Boston enquanto orgulhosamente desfilava por sua exposição.
Então se imaginou entrar lá, exatamente como ele temia, não como o homem que ela esperava ter ao seu lado naquele momento importante, mas o guerreiro enviado para arruinar sua noite e provavelmente ganhar seu ódio.
Ele praguejou veemente sob sua respiração. — Não posso fazer isto. Não esta noite. Ela tem este evento no museu. Tem estado planejando isto por meses...
Chase ergueu-se de pé com um grunhido. Esfregou a mão pela testa, então nivelou um duro olhar em Nathan. — Escute, não vivi quase duzentos anos sem mais do que algumas cagadas e desastres para meu crédito. Você conhece minha história; está longe de ser impecável. Sou dificilmente a pessoa para dar-lhe conselhos sobre seu trabalho, ou como deve viver sua vida. Mas sou seu chefe. Estou tirando você da patrulha desta noite. Diga a Elijah que ele será o capitão em seu lugar.
Nathan absorveu a notícia com um condescendente aceno de cabeça. — Entendo.
— Você entende? — Chase desafiou. Ele fez um sinal para Nathan se levantar. — Considere esta uma chance de consertar sua cagada com Jordana. Preciso saber se pode voltar e continuar sua missão como capitão de sua equipe. Esperarei sua resposta logo pela manhã.
Nathan deu-lhe outro aceno com a cabeça. — Sim, senhor.
Chase deu-lhe um pensativo, mas frustrado olhar. — Agora dê a porra do fora daqui.
Nathan partiu e seguiu corredor abaixo.
Rafe surgiu de um canto mais adiante e imediatamente correu para encontrá-lo. A preocupação marcando seu rosto.
— Você já viu o Comandante Chase hoje?
— Sim. Ele acabou de me mastigar um novo idiota.
— Merda. — Rafe olhou para ele, arrependido. Ele caiu ao lado de Nathan e caminhou com ele em direção à ala do complexo dos guerreiros. — Tive que nomear Jordana como testemunha, cara. Eu a deixei fora do relatório de patrulha porque não quis dificultar as coisas para você, mas...
— Não foi nada, — Nathan respondeu. Ele dificilmente poderia estar chateado com seu amigo por simplesmente executar seu dever. — Você tinha que reportar. Eu teria feito a mesma coisa.
— Então o que ele disse?
Nathan encolheu os ombros. — Nada que eu não mereci ouvir. Então ele me arrancou da patrulha desta noite. Preciso deixar Eli saber que ele estará liderando as coisas em meu lugar.
— Jesus, Nathan. — Rafe franziu o cenho, dando uma sacudida lenta de sua cabeça. — Isto é sério, merda.
Sim, era. Mas o que ele sentia por Jordana era sério também.
E Chase estava certo, ele precisava separar isto. Precisava ver se havia alguma maneira de tanto a Ordem quanto ela ajustarem-se em sua vida.
— O que você vai fazer? — Rafe perguntou.
Nathan riu. — Acho que vou à abertura da exposição de Jordana no museu hoje à noite.
Rafe ficou boquiaberto. — O que? Você quer dizer, como algum tipo de encontro? Você deve estar brincando.
— Não estou. — Quando Rafe parou do lado de fora da sala de armas, Nathan manteve-se caminhando, rumo a seus aposentos.
— Espero que você não esteja planejando ir lá com o equipamento completo de patrulha, — Rafe gritou por detrás dele, rindo agora.
Merda. Nathan não considerou as coisas tão longe. Ele, o estrategista consumado. O perito em armas e guerra não tinha nenhuma ideia de como se apresentar como algo mesmo remotamente semelhante, a um homem indo encontrar com sua mulher em uma reunião social.
Um encontro, pelo amor de Deus.
Nathan virou-se e andou de volta para encontrar Rafe. Ele o puxou para fora da sala de armas e abaixou a voz. — O que caralho alguém veste para uma festa em um museu?
Jordana ficou na galeria fora do hall da exposição do museu, sentindo uma sensação de alívio, um sentimento de orgulho e realização, conforme ela observava a casa lotada na inauguração daquela noite.
Ela estava esperando que o evento fosse bem atendido, mas o mar de benfeitores, a elite da sociedade, membros do museu e público em geral que preenchiam o espaço superou tudo que ela ousou imaginar.
Todo mundo estava lá hoje à noite, seu pai incluído. Martin Gates se misturava facilmente entre seus iguais Darkheaven e os outros cidadãos da classe alta de Boston. Vestido com um terno cinza carvão, uma conservadora e imaculada camisa branca, e gravata de seda perfeitamente atada, o belo e calmo macho da Raça de cabelos escuros olhava cada parte como o investidor rico e empresário que ele era.
Era difícil até mesmo para Jordana, por vezes, lembrar que seu pai não era um produto brâmanes desta cidade, mas um homem que se fez e se firmou em Vancouver, antes de se mudar para Boston com Jordana, quase 25 anos atrás.
Tinha sido apenas uma recém-nascida, em seguida, uma Companheira da Raça órfã adotada por Martin Gates, apenas alguns dias depois de seu nascimento. Ela nunca poderia pagar seu pai pela vida que lhe deu, e aqueceu seu coração vê-lo ali para apoiá-la esta noite.
Centenas de pessoas passeavam na exposição, conversando um com o outro, admirando a arte e esculturas, apreciando os canapés e champanhe servido por um buffet personalizado, vestindo smokings enquanto uma pequena orquestra tocava suavemente no fundo. A exposição cantarolava com a conversa, risos e energia entusiástica.
Mesmo Elliott tinha vindo apesar da maneira sem graça que ela terminou sua não-relação. Mas isso era Elliott, obediente, político em todas as coisas. Então, novamente, observando-o alegremente conversar com um par de socialites de Back Bay em frente à coleção de tapeçaria francesa, ela soube que o interesse dele antes por ela havia sido mais para satisfazer seu pai do que qualquer tipo de afeto verdadeiro que ele poderia ter sentido por ela.
Ele certamente não tinha sido desejo, nem mesmo durante o humor mais ardente de Elliott. Jordana sabia o verdadeiro desejo agora, e era ardente, insaciável, consumidor. O que ela e Elliott tinham era pouco mais que uma relação morna, sendo sociável um com o outro.
Nada parecido com o que ela tinha experimentado nas últimas noites com Nathan.
Jordana esquadrinhou o salão de exposições de novo, procurando por aquele rosto na multidão que ela ansiava ver acima de todos os outros.
Ela não sabia muito bem se Nathan realmente iria. Este não era o seu tipo de lugar, não o seu tipo de evento em tudo. Ele tinha coisas muito mais importantes para fazer. Ela sabia, mesmo quando enviou mensagens impulsivas no início do dia.
Deus, o que ele acha dela agora? Tinha certeza de que ela não iria querer saber.
Se ao menos pudesse apagar essas mensagens, ter de volta a foto que ela tinha enviado. Ele não respondeu, então havia uma chance de que ele não tinha visto as suas mensagens. Talvez Carys tivesse lhe dado o número errado.
Ela só podia esperar estar com tanta sorte.
― O velho Sr. Bonneville mandou lembranças, ― disse Carys com um sorriso irônico, emergindo agora de dentro do salão de exposições para se juntar à Jordana na calma da galeria ao lado. ― Como fazem o Sr. Delano, o Sr. Putnam, e Sr. Forbes. Eu lhe disse, aquele vestido foi algo incrível. Todo homem naquela sala que ainda tem um pulso está esperando para obter outro vislumbre de você. O que você está fazendo se escondendo aqui?
― Eu não estou me escondendo, estou...
― Esperando, ― Carys terminou suavemente. Ela caminhava como uma gata graciosa em um par de sandálias de tiras e salto agulha que complementava perfeitamente o tom da meia-noite de seu vestido azul cobalto, que abraçava seu corpo. ― Venha. Rune não estará aqui também, e ambas parecemos muito quentes para estar voando solo. ― Carys enrolou o braço em volta do cotovelo de Jordana e deu-lhe um sorriso de reforço. ― Me deixe ser o seu encontro hoje à noite.
Elas entraram no barulho e agitação da festa, oferecendo saudações aos grupos de fregueses felizes e simpatizantes que procuravam Jordana logo que ela entrou no salão.
Não demorou muito para ela deixar de lado a decepção por Nathan não ter ido. Havia muitas pessoas para receber, mãos intermináveis a cumprimentar, uma conversa após outra para atender enquanto ela lentamente circulava no meio da multidão. Carys se afastou conforme os participantes convergiram para Jordana.
― Uma preciosa coleção, minha querida, ― falou uma entusiasmada Companheira da Raça, coberta de pedras preciosas, de um líder Darkheaven de destaque dentro de seu círculo de companheiros da sociedade elegante. As senhoras todas concordaram com a cabeça. ― Cada expositor oferece algo para deleite ou intriga.
― Simplesmente adorável, ―acrescentou a pequena humana de cabelos prateados do grupo enquanto envolvia dedos frios ao redor mãos de Jordana. ― Se o museu não cuidar de você adequadamente, falarei com o seu diretor. Talvez eu tenha que te roubar para fazer a curadoria da coleção particular de nossa família.
Jordana aceitou o elogio com um sorriso educado para a matriarca idosa que tinha levantado um poderoso clã político de Boston, do tipo que não tinha sido visto desde meados do século XX.
― É muito gentil da sua parte dizer, senhora Amory, ― Jordana objetou. ― Estou tão contente que está desfrutando de toda exposição.
A velha piscou e se inclinou para perto. ― Se qualquer um de meus filhos estivesse solteiro aqui hoje à noite, eu poderia tentar te convencer a se juntar à nossa família em uma capacidade mais permanente. Não que eles iriam reclamar. Você conheceu meu filho mais novo, Peyton? Ele é muito charmoso.
― Eu... ― Jordana gaguejou, ansiosa para pedir desculpas e seguir em frente, mas depois seu pai entrou em cena para fazer isso por ela.
― Acredito que você descobrirá que a minha filha é imune à casamenteiras, senhora Amory, ― Martin Gates respondeu suavemente, colocando uma proteção ao envolver o braço em volta dos ombros dela. Ele ofereceu um sorriso gracioso para as senhoras, que agora estavam rindo, antes de voltar para um ambiente aconchegante, ainda que menos jovial, olhando para Jordana. ― Acredite em quem a conhece.
Ela estremeceu interiormente com o castigo privado. Tinha a esperança de que poderia atrasar ter que explicar sobre seu rompimento abrupto com Elliott.
― Pode um pai orgulhoso roubar sua filha para longe por um momento? ― Ele perguntou às mulheres, a uma rodada coletiva de aprovação. Ele então guiou Jordana para longe das galinhas bem-intencionadas da sociedade, e murmurou baixinho: ― Uma escolha interessante de vestimenta hoje à noite. Você parece...
Ela esperou ele reprovar, dizer que era muito provocante, chamava muita atenção. Ou talvez seu pai dissesse não mais do que ele tinha, apenas daria um olhar em silêncio, pensativo que sempre teve a preocupação dela, aborrecê-lo por não fazer o que ele esperava de sua única filha.
Ele fez uma pausa e carinhosamente alisou a mão sobre seu cabelo. ― Você está linda, Jordana. E o que você fez aqui hoje é notável. Estou muito impressionado.
Seu louvor era sincero; ela podia ver tanto em sua expressão carinhosa. Que ele aprovasse significava mais para ela do que todos os elogios dos outros participantes combinados.
Jordana estendeu a mão e apertou a mão dele. ―Obrigada, pai.
― Eu quero que saiba que estou contente que você encontrou algo que lhe dá tanta satisfação óbvia.
― Mas... ― ela perguntou, observando o vinco fraco formando entre as sobrancelhas escuras. Ele estava tentando ser solidário, mas era óbvio que não podia desligar a parte dele que parecia determinado a dirigir o modo como ela vivia sua vida.
Sua carranca se aprofundou, e ele mudou seu peso de um pé para o outro. ― Jordana, este não é o melhor momento ou lugar...
― Diga isso, ― disse ela, sem veneno ou medo. ― Está tudo bem. Tenho evitado essa conversa por muito tempo. Eu tenho alguns minutos antes que precise fazer o meu discurso de boas-vindas. Nós também podemos ter essa conversa aqui e agora.
Embora ele não parecesse concordar, Martin Gates baixou a voz para um tom particular. Suas feições foram comprimidas com preocupação genuína. ― Eu sempre estive orgulhoso de suas realizações, Jordana. Você me deu tantas razões que me orgulhar, do porquê você é minha filha. Mas quando te acolhi como se fosse minha, fiz uma promessa a mim mesmo e à você. Eu fiz uma promessa para os pais que você nunca conheceu. Prometi fazer o melhor para você, te fornecer tudo que poderia possivelmente precisar.
―E você fez.
Não acasalados e sem herdeiros em seu próprio país, era do conhecimento comum que Martin Gates, o mais generoso benfeitor do hospital Vancouver, tinha entrado para assumir a responsabilidade pessoal por Jordana depois de saber que a Companheira tinha sido a órfã de uma pobre mãe solteira que morreu ao dar à luz a sua filha.
― Não. ― Ele balançou a cabeça e murmurou uma maldição baixa. ― Eu fiz uma promessa que iria ter seu futuro garantido. É tudo que importa para mim, e estou falhando nisso, Jordana.
Vendo sua angústia genuína, ela estendeu a mão para tocar a mandíbula tensa do macho da Raça que sempre tinha sido seu pai, sua única família. ― Elliott Bentley-Squire nunca foi o meu futuro. Eu sei que você esperava que ele fosse. Isso não foi sua falha, pai. Não era nem mesmo do Elliott. É minha.
― Não importa de quem é a culpa agora. Temos que corrigir isso, ― argumentou calmamente, mas com firmeza quando pegou a mão dela. À toa, seu polegar se moveu sobre sua marca de Companheira no interior do pulso dela. ― É importante que você encontre um parceiro adequado. O tempo está se esgotando, Jordana. Você deve fazer isso, por mim, se você não vai fazer isso por si mesma.
Seu aperto estava ficando mais forte, o desespero se infiltrando em seu olhar severo enquanto ele falava. As veias de Jordana tilintaram na urgência em sua voz. Ela o tinha visto discutir este ponto antes, mas nunca com tanta intensidade. ― Eu sou uma mulher adulta. Você se preocupa comigo muito.
― Não,― ele respondeu, dando um aceno firme de sua cabeça. ― Jordana, nós precisamos conversar sobre isso. Quando este evento hoje à noite acabar, quero que você venha comigo para casa no Darkheaven. Vou dizer para Elliott parar de...
― Eu não posso, ― disse ela. ― Pai, não vou. Eu não quero Elliott.
A boca de seu pai ficou achatada, mas seu tom de voz foi suave, com preocupação. ― Ele é um bom homem. Você não consegue entender, só quero o que é melhor para você. Alguém digno. Alguém decente.
― Alguém de sua escolha? ― Ela perguntou gentilmente.
Seu olhar se aguçou um pouco, intenso com um propósito. ― Alguém que confio implicitamente ter seus melhores interesses em mente, sim.
― E a minha felicidade? E quanto ao amor? ― Ela olhou para ele. ― E as coisas que eu preciso?
Evidentemente desconcertado, ele ficou em silêncio por um longo momento, arrependimento invadindo suas feições. ― Você já se sentiu rejeitada ou infeliz como a minha filha?
― Não, ― ela garantiu. ― Eu nunca quis nada, pai. Você me deu mais do que eu jamais poderia ter esperado. ― Ela sorriu tristemente. ― Exceto a liberdade para me tornar uma mulher adulta com minha própria mente, meus próprios sonhos... Meus próprios planos para o meu futuro.
Ele não disse nada, não por alguns segundos intermináveis. ― Por favor, venha para casa, Jordana. Deixe-me corrigir isso... antes que seja tarde demais.
Ela balançou a cabeça. ― Eu não amo Elliott. Nunca amei, não importa o quanto você queria que fosse assim. E agora há alguém em outras posições...
As palavras se prenderam em sua garganta quando seus sentidos eriçaram com atenção. Um tremor de consciência viajou através de seu sangue, fazendo suas veias chiarem e as palmas das mãos formigarem como a dança de milhares de agulhas.
Ele estava aqui.
Nathan.
Jordana sentiu antes mesmo de se virar para confirmar com os olhos. A sala inteira parecia consciente de sua presença poderosa demais. Ela viu quando uma clareira começou a se formar no centro do salão de exposições.
Pouco a pouco, um caminho foi aberto entre o lugar de Jordana na sala e Nathan, em pé apenas no interior das portas.
Ele veio depois apesar de tudo.
E, Deus, ele parecia bom.
Alto, moreno e perigosamente bonito em um terno preto básico que parecia não nada básico sobre ele. Ele usava uma camisa de seda ébano, que tinha desabotoado abaixo de sua garganta, expondo apenas a sugestão mais sexy dos dermoglifos Gen Um sob sua roupa.
Glifos, Jordana era agora intimamente familiarizada com eles e não podia esperar para vê-lo em sua plena glória nua mais uma vez. Junto com o macho da Raça lindo a que pertenciam.
Sua boca encheu de água só de pensar nisso, e sua frequência cardíaca correu em um ritmo mais rápido, mais pesado.
Sem uma palavra de desculpa para seu pai ou qualquer outra pessoa que tinha parado para embasbacar, Jordana entrou na multidão dividida e foi direto em direção a Nathan. Ela mal conseguia manter-se de correr para ele, e não houve contenção do sorriso que se espalhou pelo rosto dela enquanto ela parou na frente dele.
― Eu não achei que você viria.
Os olhos tempestuosos dele fizeram uma viagem longa e lenta do rosto aos pés. Quando ele encontrou seu olhar novamente, faíscas âmbar brilhavam na sua íris. ― Como eu poderia recusar um convite tão atraente?
Ela sentiu o calor inundar suas bochechas. Não tinha nada a ver com timidez, mas uma reação ansiosa para a fome que via escrito tão claramente no rosto de Nathan. Estava escrito em sua pele também. Os glifos em sua garganta estavam dourados com uma saturação profunda, e ela sabia que o resto de suas marcações da Raça estaria lívido e selvagem, despertando cores embaixo do urbano terno escuro.
Ela sorriu, mal resistindo ao impulso de tocá-lo. Beijá-lo e pressionar-se contra ele, mesmo na frente de centenas de olhos observando.
― Estou feliz que você veio, ― ela murmurou. ― Eu sei que você provavelmente não pode ficar muito tempo. Sua patrulha...
― Minha patrulha vai esperar. Por esta noite, de qualquer maneira.
A esperança chamejou na sua barriga. ― Você tem a noite de folga?
― Mais ou menos,― respondeu ele, seus lábios sensuais achatamento ligeiramente. ― Fui instruído a tirar a noite de folga.
― Por causa de mim? ― Ela franziu a testa, a leitura do significado naquilo que ele não disse. ― Porque você ficou comigo ontem à noite. Oh, Deus... não por causa das mensagens que enviei pra você hoje? Eu nunca deveria ter feito isso. Eu extrapolei...
― Você não fez nada de errado.
Sua mão iluminada suavemente ao longo do lado de seu rosto, um toque inesperado que Jordana estava saboreado. Ela inclinou a cabeça na palma da mão, ávida pelo breve contato.
― Eu escolhi estar com você, ― disse ele, trazendo sua mão de volta para o seu lado. ― Eu sabia que corria risco ontem à noite. ― A voz de Nathan era um burburinho no fundo da garganta, baixa e profunda, enquanto seu olhar aquecido bebeu-a em mais uma vez. ― Quanto às mensagens que você enviou, não tenho sido capaz de focar em qualquer outra coisa desde que vi a sua foto com esse vestido. Você parece ainda mais incrível ao vivo. ― Sua boca se curvou com maldade. ― Mas então, eu já sabia disso.
As veias dela vibravam em resposta à sua insinuação. Bastou o sorriso perigoso dele e seu núcleo floresceu com calor líquido com a lembrança de sua noite juntos.
Ela o queria agora, de novo... sempre, ela estava certa.
― Estou feliz por você estar aqui, ― ela murmurou, desejando que ele a tocasse novamente. ― Mas não quero causar problemas para você com a Ordem.
― Todos os problemas não são meus para lidar com eles. ― Aquele sorriso devastador desapareceu quando ele lançou um olhar escuro em torno do salão. Quando seus olhos voltaram para ela, brilhava como brasas. ― E não havia nenhuma maneira no inferno que eu ia deixar você usar este vestido para ninguém além de mim. Mesmo se eu tivesse que colocar um terno de macaco e tentar jogar bonito com os nativos.
― É um terno de macaco muito bom, ― disse ela, derretendo sob o olhar possessivo. ― Curiosamente, vê-lo em você apenas me faz querer escapulir para algum lugar e rasgar isto fora de você.
O rosnar de resposta de Nathan vibrava todo o caminho até os ossos. ― Não me tente, Fêmea.
Oh, mas ela queria seduzi-lo. Ela queria estar no controle, deixa-lo louco de prazer e necessidade, até ter certeza de que ela possuía o seu corpo da mesma forma que o dela tinha sido dominado.
Ela queria beijá-lo. Ela queria ficar nua com ele de novo, senti-lo colidir com ela, enchendo-a.
O desejo alagou, feroz e com força.
― Continue olhando para mim desse jeito e assista a esta fachada civilizada virar cinzas exatamente onde estamos.
Jordana sorriu. ― Isso é uma promessa?
Outro grunhido, desta vez mais escuro, acompanhado por um flash de suas presas. ― O que você acha?
Ela olhou para ele por um longo momento, surpresa com a corrente de interesse que iluminou suas veias. Sentia-se ousada com ele, sem medo. Muito excitada por ele para deixar a inibição colocar limites para o que eles poderiam compartilhar juntos.
― Eu acho que nós definitivamente deveríamos explorar a ideia, ― ela disse, mas foi uma provocação, quando ela sabia que já estava atrasada para o palco. Ela fez um gesto vago atrás dela. ― Eu tenho um pequeno discurso para fazer agora. Não deve demorar muito tempo. ― Jordana entrou em cena, para mais perto dele, colocando seus lábios quase contra sua orelha. ― Então, qualquer pensamento perverso que você tem, deve mantê-los até que eu volte.
Em seu ruído de interesse, ela recuou, fora do alcance dele. Então ela girou lentamente para dar-lhe tempo para vê-la caminhar longe dele.
Ela não tinha que olhar para trás para verificar se ele estava olhando para ela, mas ela fez de qualquer maneira.
Oh, sim, ele estava assistindo.
Seus olhos ardentes estavam jogando fora um calor palpável, um desejo tão intenso que quase queimou tudo em seu caminho. E tudo isso apontado para ela.
Jordana atirou-lhe um sorriso sedutor, em seguida, dirigiu-se para o palco na frente do salão de exposições lotado.
Todo vaso sanguíneo em seu corpo parecia ter migrado para o sul enquanto Nathan assistia Jordana se afastar dele para tomar seu lugar no palco. A orelha dele ainda estava quente com sua sugestão sussurrada, uma sugestão que ele tinha toda intenção de seguir assim que ela terminasse de saudar os convidados de seu evento.
Droga, ele a queria nua debaixo dele agora mesmo. Ele não tinha ideia de como iria sobreviver ao resto da noite sem se enterrar dentro dela.
Nathan mudou de posição e puxou a jaqueta que ele tinha emprestado de Rafe. Pelo menos servia para isso. Nada iria aliviar sua dor, exceto o corpo quente e molhado de Jordana.
E suas mãos.
Ou sua bonita boca cor de rosa.
Ele tinha realmente acreditado que apenas provar esta mulher seria suficiente para satisfazer sua necessidade por ela?
Cristo, que idiota ele tinha sido.
Agora ele a desejava mais do que nunca. Ela o cativou completamente, tinha o poder de torná-lo duro como aço, com apenas algumas simples palavras.
Ele tentou dizer a si mesmo que não gostava da sensação. Ele manteve suas necessidades e desejos fortemente controlados por tanto tempo, que deveria estar mais irritado ao perceber que estava perdendo o controle tão facilmente quando ela estava envolvida.
Jordana era magnética, seus cabelos loiros e o vestido cor de fogo eram um farol através do mar de homens e mulheres vestidos com roupas escuras. Observá-la comandando suavemente a sala e todos os presentes enchia Nathan com um orgulho egoísta e possessivo.
Como uma mulher tão extraordinária se tornou parte de sua vida? Por que o escolheu, quando ela poderia optar entre cem outros homens mais dignos apenas nesta sala?
Mas ela tinha escolhido.
O olhar secreto que ela lhe enviou através da multidão enquanto dava as boas-vindas teria apagado qualquer dúvida. No instante em que seus olhos se encontraram, o sangue de Nathan se aqueceu ainda mais. Suas veias latejavam, e a ereção que ele ostentava quando ela o deixou um minuto atrás havia piorado para o ponto de agonia.
Ele sentiu seus glifos surgirem com a onda de calor e sabia que seu desejo seria natural como as profundas cores que estavam florescendo em sua garganta e nas laterais de seu pescoço. Suas presas pinicavam sua língua, sua boca salivava.
Jordana pertencia a ele.
E, ele querendo admitir ou não, pertencia a ela também.
Alguém limpou a garganta intencionalmente ao lado dele.
— Ela é notável, não?
Nathan lançou um duro olhar sobre o ombro para o macho da Raça que havia chegado perto sem que ele percebesse.
Filho da puta.
— Sim, ela é. — Ele respondeu com firmeza, então estendeu a mão para o líder dos Darkhaven. — Sr. Gates. Eu sou Nathan...
— Eu sei quem você é. — Gates manteve seus braços dobrados sobre o peito de seu smoking, seu olhar treinado no palco do outro lado da sala. — O que eu não sei é qual o seu interesse por minha filha. — Ele inclinou sua cabeça, claramente observando os olhos em brasa de Nathan os dermoglifos. — Além do óbvio, é claro.
Nathan se irritou, mas dificilmente poderia se ofender com a desaprovação de seu pai.
— Meus interesses não são diferentes do seu, senhor.
Gates zombou.
— Tenho certeza de que eles não poderiam ser mais diferentes. — Seus olhos se estreitaram. — Eu suponho que você seja a razão pela qual ela largou Elliott?
Nathan olhou para o palco onde Jordana tinha acabado seu discurso e recebia uma salva de palmas entusiasmadas, e agora estava sendo rodeada pelos convidados da festa.
— Talvez você devesse fazer essa pergunta a ela.
— Não há necessidade. — Gates respondeu. — Eu vi o modo que ela olha para você, o modo que ela está agindo... o jeito que está vestida hoje à noite. É tudo por sua causa, não é?
Nathan encontrou o olhar acusador do vampiro mais velho. Havia algo mais do que suspeita ou desaprovação nos olhos do outro homem. Um protecionismo que beirava o desespero.
— Jordana tem suas próprias ideias. — Nathan disse. — Ela tem vontade própria. Como ela age, pensa ou se comporta é com ela.
Gates grunhiu.
— Bem, não gosto disto. Eu quero isso pare. Imediatamente, você entendeu?
— Eu não tenho certeza se entendi. — Nathan desafiou. Ele não queria ser inimigo do pai dela, mas se Gates pensava que podia dizer algo sobre o relacionamento de Nathan com Jordana, ele estava muito enganado.
— Jordana é tudo para mim. — Gates disse. — Ela é uma jovem mulher muito especial. Eu não espero que alguém como você compreenda isto, ou que se importe...
— Alguém como eu. — Nathan rosnou as palavras.
— Fique longe dela. — Gates ordenou firmemente. — Como um homem, como um macho da Raça, estou pedindo para você deixar minha filha em paz.
Nathan pensou na mera semana que se passou, em quem ele era antes da noite que Jordana entrou em sua vida com um beijo impulsivo, inesquecível.
Aquele homem, guerreiro de rua, cujas noites eram preenchidas com feiura e violência, nunca teria se imaginado no meio de um reluzente evento da sociedade, em um terno emprestado, esperando para se reunir com a mais primorosa e extraordinária mulher da sala.
Ele nunca teria imaginado que um dia iria querer pertencer àquele mundo apenas para fazer parte dele com ela.
Ser digno dela.
Ter algum futuro para oferecer a ela que não consistia em trevas, guerra e matança.
Como um nascido Hunter e treinado para destruição, ele nunca teria ousado permitir a si mesmo gostar de alguém como ele gostava de Jordana.
Não havia como voltar atrás.
Agora que ele a tinha deixado entrar, ninguém iria lhe dizer para deixá-la partir.
— Não. — Ele disse finalmente. Ele deu um solene aceno com sua cabeça. — Eu não acho que posso fazer isso.
Martin Gates o escrutinou com o olhar. Resignação se mostrou em seu rosto e ele bufou um frágil suspiro.
— Muito bem. Quanto vai custar para você concordar?
— Um suborno? — A voz de Nathan estava fria e nivelada, mesmo com sua indignação o cutucando. — Você não pode estar falando sério.
Mas Gates não se afetou.
— Diga seu preço e será seu. Ela não precisa saber.
Nathan soltou uma maldição com a afronta. Enfurecido.
— Não há suficiente maldito dinheiro no mundo. Se você realmente ama Jordana, tanto quanto eu, você sabe disso.
Gates cambaleou para trás, apertando sua mandíbula como se tivesse levado um golpe físico.
Só então Nathan percebeu o que ele havia dito.
Ele a amava.
Ele não podia retirar as palavras, não porque ele já as tinha dito, mas porque elas eram verdadeiras.
Inferno... ele realmente queria dizer isto. Ele estava apaixonado por Jordana.
Gates não disse nada por muito tempo. Em seguida, com o rosto pálido, as mãos visivelmente tremendo ao seu lado, ele abaixou a voz para um sussurro selvagem.
— Fique longe de Jordana. Ou você não me deixa outra escolha senão fazer ter a mortal certeza de que você o fará.
Uma ameaça? Nathan viu o perigo, e o desprezível alarme nos olhos escuros do macho da Raça.
Martin Gates teria a cabeça de Nathan antes de permitir que ele continuasse com Jordana. Ou melhor, ele iria tentar.
Nathan não queria pensar em um confronto entre o vampiro mais velho e ele mesmo. E Gates tinha que saber que, pegar alguém da Ordem, particularmente um Hunter Gen Um como Nathan, era suicídio.
No entanto, essa era a sua intenção. Gates arriscaria tudo, inclusive sua própria vida, para manter a sua filha longe de Nathan.
— Deixe minha filha em paz. — Disse Gates entre dentes. Então, tão rapidamente quanto a ameaça tinha sido feita, ele se afastou, desaparecendo no meio da multidão.
Nathan entendeu o porquê no instante seguinte. Jordana estava se aproximando por trás.
Nathan a sentiu como uma corrente em seu sangue. O ar se agitava com sua energia brilhante. Sua voz chegou até ele, vibrante e rica, enquanto ela aceitava elogios e agradecia aos patrocinadores e convidados do museu que competiam por sua atenção enquanto ela fazia seu caminho através da multidão.
Ele se virou para ela, preparado para explicar o que tinha acontecido com seu pai. Mas a expressão radiante de Jordana o impediu.
Ela não sabia. Ela não deveria tê-los visto conversando enquanto estava no palco.
E Nathan não iria arruinar sua noite. Não quando ela estava olhando para ele com tanta exuberância e satisfação. Apesar de todos os olhos nela, ela olhava para ele como se ele fosse a única pessoa na sala.
— Ainda tem a intenção de cumprir aquela promessa? — Ela estendeu a mão e tocou-lhe o rosto, apenas um breve contato.
Velhos instintos batalhavam dentro dele, mas, outros novos, aqueles que ela despertou nele, respondiam à sua leve carícia com calor e ânsia por mais.
Malícia dançava nos olhos azuis glaciais de Jordana. Seu sorriso se abriu lentamente, sedutoramente.
— Venha comigo.
Ela passou por ele, a visão de suas costas nuas naquele vestido vermelho, seus quadris balançando com cada passo fluido de suas longas pernas, o deixavam sem escolha, a não ser obedecer. Nathan a seguiu para fora do salão de exibição e da galeria. Ela continuou andando, levando-o para mais longe do burburinho e da atividade da festa.
Ele estava apreciando tanto a vista, que só percebeu o que ela estava fazendo quando ela desapareceu na escuridão de um escritório nas proximidades. Quando chegou à porta aberta, ela puxou-o para dentro pela lapela do paletó e fechou a porta atrás de si.
Sua boca veio com força para a dele enquanto ela o empurrava para trás contra uma mesa.
Sem aviso.
Sem esperar que ele fizesse o primeiro movimento.
Sem o mais leve traço de incerteza quando ela pressionou seu corpo contra o dele e afastou seus lábios com sua pequena língua exigente.
E, droga, se isso não atirou fogo derretido em suas veias.
Do lado de fora da porta fechada do escritório, o zumbido de conversa e música suave vinha do salão de exposições a vários metros de distância. Uma luz baixa vinda da galeria era filtrada através das persianas fechadas da janela atrás da mesa. Uma gargalhada soou do lado de fora quando um pequeno grupo de convidados da festa caminhava pelo corredor que levava à entrada do museu.
Ele e Jordana estavam isolados o suficiente no escritório particular, mas ainda havia o risco de serem descobertos.
Ela não parecia se importar.
Inferno, ela parecia se divertir com o risco. Enquanto ela o beijava, ele sentiu suas mãos no colarinho de sua camisa. A mente dele estava deslizando, sendo puxada pela força mais poderosa da sua necessidade.
Ele vagamente registrou que sua camisa estava aberta, seu peito à mostra ao olhar dela, ao toque. Quando ela arrastou a boca para baixo ao longo de sua garganta para os glifos que percorriam seu peitoral, ele levantou-se da mesa com um gemido cheio de luxúria.
— Shh. — Ela o repreendeu com um sorriso brincalhão e um brilho ousado em seus olhos. Sua bonita língua rosa seguiu o arco e o floreado dos dermoglifos, fazendo-os ficar com cores mais escuras. — Eu tive vontade de fazer isso a noite toda.
Ah, Cristo. Nathan assistiu, extasiado, duro como granito, enquanto ela o lambia e o chupava, cada beijo molhado acendendo um fogo perigoso em suas veias. Ela colocou o mamilo dele em sua boca, mordiscando o pico endurecido.
O toque dela não deveria ter sido tão bem-vindo, tão facilmente aceito. Não se encaixava na forma como ele vivia a vida. Isso ia contra tudo o que lhe tinham ensinado. Desafiava os anos de treinamento e as duras lições que ainda assombravam seus sonhos, que frequentemente o deixavam encharcado com suor frio, seu estômago nauseado pelo que ele havia testemunhado. E pelo que ele tinha sido designado a fazer.
Mas esses pesadelos e horrores não tinham poder sobre ele quando os lábios quentes de Jordana estavam percorrendo sua pele. Tudo o que conhecia era o êxtase de sua boca e seu anseio por tudo o que ela lhe daria.
Nathan rosnou com prazer, seu pau forçando insuportavelmente. Ele esticou os braços em volta dela e uniu suas bocas mais uma vez, recostando-se na mesa, enquanto aprofundava o beijo.
A pele dela era quente sob suas palmas, suas costas nuas eram aveludadas sob seus dedos. Ela se moveu contra ele, enquanto suas línguas se entrelaçavam, seus corpos criando um atrito que o levou rapidamente à beira de sua necessidade.
Ele gemeu quando seu pênis subiu contra o calor do abdômen dela. Ávido por mais, ele colocou suas mãos por baixo do vestido sobre a bunda dela. Agarrando-a com firmeza, ele aprofundou mais em seu calor, dobrando sua pélvis para atender cada movimento sinuoso de seu corpo.
Era uma tortura, pura e simples. Tudo o que fez foi ficar mais apertado, mais duro.
Fez seu autocontrole se esticar até quase quebrar.
Se eles não parassem logo, nada ir o impediria de tomá-la aqui mesmo na mesa. Merda, ele já tinha passado desse ponto sem volta. E se alguém na festa resolvesse ter a má ideia de procurar Jordana, se alguém os encontrasse agora ou nos próximos minutos, ele não tinha certeza se seria capaz de segurar seu desejo de matar.
— Cristo, você é deliciosa, Jordana. — Ele murmurou entre dentes. — Apenas olhar para você me faz louco para te foder. Sentir você em mim assim, sabendo o quão doce seu corpo vai ficar quando eu te deixar nua e entrar em você...
Ele respirou fortemente e se moveu contra ela em um ritmo mais fervoroso, espantado de que o calor deles combinado não incinerava suas roupas. Ele olhou fixamente nos olhos dela, a luz fraca de suas íris transformadas fazendo-a brilhar em dourado.
— Se você acha que pode me provocar assim e ir embora, então terá uma dura lição.
Um grunhido retumbou no peito dele quando ela saiu de seu abraço para ficar entre suas pernas.
— Quem disse que estou provocando?
A boca dela estava machucada e brilhante pelo beijo, suas pálpebras pesadas sobre o azul, agora escuro, de seus olhos. Sem dizer mais nada, ela pegou a mão dele e o puxou. Ele se levantou, com a respiração presa em seus pulmões quando ela começou a desabotoar seu cinto. O tilintar do cinto quando soltou era o único outro som além do suave ruído da respiração levemente ofegante dela enquanto ela soltava o botão das calças dele e depois descia o zíper.
A mão dela deslizou para dentro e segurou seu membro rígido. Nathan sussurrou, preparando-se para a felicidade de seu toque suave.
Ele não havia sido criado para exigir contato ou conforto, sentimento ou emoção... muito menos prazer. Ele havia sido brutalmente condicionado a rejeitar todas estas coisas, e era o que ele, até então, havia feito.
Mas ele não tinha conhecido o toque de Jordana. Ele não tinha conhecido seu beijo, ou quão sedoso e quente, quão absolutamente perfeito, podia ser perder-se na única mulher que ele queria, acima de qualquer coisa.
A única que ele jamais iria querer novamente.
Jordana o acariciou brevemente, mordendo o lábio inferior enquanto espalmava a cabeça de seu pênis, espalhando a umidade por seu comprimento. Ele gemeu quando ela o soltou, mas, em seguida, as mãos dela foram para o cós de sua calça aberta e sua garganta ficou seca de repente.
Com o olhar fixo no dele, ela o libertou, aumentando sua agonia, até que o tecido deslizasse por suas pernas e se amontoasse a seus pés. Seu pênis se projetava, grosso e duro, pingando com necessidade. Os glifos que circundavam sua base e rastreavam por seu eixo pulsavam com tons furiosos de índigo escuro e vermelho vinho, as cores do extremo desejo.
Jordana se aproximou e envolveu a mão em sua nuca, arrastando-o para baixo para outro beijo profundo e sem pressa. Ele separou seus lábios para deixá-la entrar, saboreando a doçura de sua língua e a fome de sua boca.
O coração dele estava martelando, suas presas enchiam sua boca quando ela o soltou. Jordana percorreu os dedos ao longo da base de seu pênis inchado, arrancando um assobio dele quando ela apertou a cabeça e a alisou com seus próprios sucos.
— Porra. — Ele sussurrou asperamente. O toque dela seria sua morte. Uma morte que ele ficaria feliz em acolher.
Através de olhos ardentes, ele a viu baixar a cabeça e colocar beijos carinhosos em seu peito. Ela o acariciou um pouco mais, então começou uma trilha descendente de calor quente e úmido com a boca.
— Ah, porra. — Ele rosnou novamente, incapaz de qualquer outra coisa.
Os lábios e língua dela desceram rapidamente por seu abdômen, sobre cada músculo, percorrendo um caminho de seus glifos para outro. A sensação o eletrificou, fazendo-o estremecer com a antecipação. Tudo concentrado nela.
Ele espalhou seus dedos no cabelo loiro dela, precisando segurar em alguma coisa enquanto ela lentamente se ajoelhava diante dele.
Ela inclinou a cabeça e olhou para ele, seus olhos azuis escuros segurando o olhar âmbar ardente dele enquanto ela se movia para frente e o tomava em sua boca.
— Jordana... Porra. — Ele disse selvagemente quando os lábios e língua dela se fecharam ao redor de seu pênis.
Jordana nunca se sentiu mais excitada, nem mais viva do que neste momento, observando o prazer de Nathan aumentar enquanto ela o tomava profundamente em sua boca.
Deixou a cabeça cair para trás sobre os ombros e gemeu, suas coxas musculosas estavam abertas e trêmulas enquanto trabalhava seus lábios e língua ao longo de toda a deliciosa longitude dele. Os dedos dele acariciavam suavemente sua cabeça onde estava segurando seus cabelos, a ampla palma curvada ao longo da parte posterior da cabeça dela enquanto ele entrava profundamente em sua boca.
Mudando levemente o movimento de sua língua, ela rapidamente descobriu como fazê-lo grunhir em agonia sensual ou estremecer com paixão.
Nathan, o guerreiro letal. O distante e frio Hunter. O macho da Raça que assumia tão facilmente a vantagem em qualquer situação, que dominava tudo o que fazia. O homem solitário que irrompeu em seu mundo e mudou tudo.
Mudou-a.
Ali e agora, Jordana tinha o controle absoluto sobre ele e algo sobre este conhecimento a fazia sentir-se humilhada e ébria de poder.
Ela o segurou em suas mãos, acariciando o eixo aveludado quando o tomou mais profundamente em sua boca. Ele ficou sem fôlego enquanto ela se inclinava e tomava tudo dele, silvou entre dentes quando ela se retirou lentamente todo o caminho até a ponta lisa em forma de ameixa.
— Tem um gosto bom. — Murmurou, passando a ponta da língua pelo fluido quente, sedoso, que cobria a cabeça inchada do pênis dele. O quadril dele se flexionou quando ela o envolveu em sua boca novamente. Sua maldição era crua, primitiva, enquanto raspava suavemente com os dentes. Ela sorriu, satisfeita com este novo prazer. — Um gosto bom o suficiente para comer.
— Maldição, Jordana. — Ele mordeu os lábios com força, suas presas já visíveis alargando-se entre os lábios entreabertos enquanto ela o chupava ainda mais forte. — Vai fazer me perder como uma merda...
Sua voz estava rouca, quase não passando por sua garganta. Apenas ouvi-lo tão perto do limite fazia seu núcleo ferver com umidade.
Ele grunhiu, golpeando a pélvis para frente em um espasmo que ela sabia que não podia controlar. — Cristo, esta sua doce boca...
Ela gemeu ao redor da circunferência dele, excitada com sua resposta e muito satisfeita com a força tempestuosa com a qual ele estava se entregando.
Enquanto cavalgava a longitude com sua boca, ele se segurou nela, tremores percorrendo o corpo dele. O bonito rosto dele se converteu em algo mais sombrio, de outro mundo. Os olhos pareciam um vulcão, nada além de poços de cor âmbar com a íris como a de um gato.
Os lábios carnudos dele estavam abertos em um grunhido selvagem, as maças do rosto angulosas marcadas quando olhou para ela. O pulso dele estava acelerado contra sua língua e o céu da boca enquanto deslizava dentro e fora de seus lábios, fazendo seu próprio coração correr no mesmo ritmo. Entre suas pernas, ela estava molhada, dolorida.
Impulsionada por sua própria necessidade crescente, chupava sem piedade o pau dele, até que por fim ele se afastou com um grunhido estrangulado.
Não havia palavras, não havia toques suaves. Ele a agarrou pelos braços e a levantou sobre os pés. Girou-a colocando uma mão forte ao redor da parte posterior do pescoço pressionando a boca dela para baixo, sobre a mesa.
Foi um movimento primitivo, seus dedos como ferro quente contra a nuca dela. Com um grunhido, ele colocou a coxa nua entre as pernas dela, dando um empurrão para separá-las.
Jordana não podia se mover, inclusive se quisesse.
Ela o levou ao limite, mas agora ele tinha o controle de volta. E ela mal podia respirar com tanta excitação.
Nathan a segurou com uma mão, enquanto com a outra levantava a saia do vestido de seu traseiro. Ela soube o momento exato quando ele viu a minúscula calcinha preta. Ele ficou imóvel, soltou uma forte rajada de ar.
— Muito bonita. — Disse ele com voz áspera e rouca. Seus dedos roçaram o interior de das pernas dela, onde palpitava molhada.
Ele roçou sua pele sensível, então sentiu a fina roupa interior sendo puxada. Rasgou e caiu.
— Mmm. — Nathan grunhiu. — Assim é muito melhor.
Ela tremia, cada terminação nervosa se iluminava com antecipação. Fora da janela do escritório, sombras passavam pelas persianas fechadas, pessoas andando pelo museu, conversas amortecidas, mas não de todo silenciadas pelas paredes e vidros.
A mão de Nathan deslizou entre as dobras molhadas. Ele a penetrou lentamente, seus dedos acariciando o interior de suas coxas, retorceu-se soltando um grito abafado na parte posterior de sua garganta. Ela queria mais. Precisava de mais. Tinha que ter tudo dele agora.
— Devo fazê-la gritar quando tiver um orgasmo, Jordana? — A voz de Nathan era um murmúrio atrás dela, seu hálito percorria com veemência a coluna nua enquanto se inclinava sobre o corpo dela.
A boca dela desceu para os ombros. Ela estremeceu, logo ofegou suavemente enquanto os lábios abertos e a língua dele seguiam o vale de sua coluna.
— Sim, talvez devesse fazê-la gritar para mim. — Ele pronunciou contra sua pele. — Quero que todos os homens neste edifício saibam que me pertence. Apenas a mim.
Ela gemeu, disposta a lhe dar tudo o que exigia ainda que fosse apenas para aliviar a dor feroz presa dentro dela. Acariciou-a até que se contorceu sem poder fazer nada, o lábio preso dela firmemente entre os dentes para abafar seus sons de prazer e sua necessidade.
Cada estocada malvada de seus dedos a fazia abrir-se mais, seu corpo totalmente exposto a ele, seu sexo inflamado, a umidade pingando de sua fenda.
— Tão gulosa. — Disse, sua voz cheia de diversão.
— Nathan. — Ofegou, enquanto ele brincava com as pétalas inchadas, fazendo suas pernas amolecerem. — Por favor...
— Fique assim. — Ordenou. — Fique assim como está.
Ele se afastou dela, deixando-a sentir o ar frio. Mas, logo sentiu os ombros largos dele entre suas coxas abertas. Sentiu a respiração dele contra seu núcleo úmido no instante que ele enterrou o rosto em seu sexo. O calor a atacou enquanto ele lambia lentamente seu ardente clitóris até o traseiro.
— Oh Deus. — A voz de Jordana saiu rouca, abafada pelo prazer enquanto ele passava a língua em sua fenda. Ela não tinha voz em absoluto, quando encontrou a protuberância pulsante e chupou sem piedade, seu corpo trêmulo pressionado firmemente no rosto dele, sem poder escapar.
Não que ela quisesse. Não havia nenhum outro lugar que preferisse estar. O mundo poderia seguir sem ela do outro lado das paredes do escritório. Tudo poderia flutuar e ela ficaria feliz, sempre e quando Nathan não deixasse de tocá-la, saboreá-la, deixando-a louca de prazer.
Ela começou a chegar ao limite, o orgasmo rugindo sobre ela em uma poderosa onda de sensação.
— Ainda não. — Nathan ordenou, beliscando o suficiente para puxá-la de volta para a Terra.
Beijou-a descaradamente, sem descanso, até que seus ossos sentiam-se líquidos e seu sangue parecia lava. Apenas então a soltou, ficando em pé atrás dela. A cabeça de seu pênis era um objeto contundente, exigindo sua presença astuta em seu núcleo.
— Minha. — Nathan grunhiu selvagem. — Não posso ficar longe de você. Maldição, Jordana... nunca terei o suficiente de você.
E com isso, ele empurrou profundamente, preenchendo-a completamente.
Nathan não podia reduzir a velocidade e também não podia parar. Não podia conter a necessidade feroz enquanto bombeava forte e profundo na fenda molhada e apertada de Jordana.
Ele não pôde conter o tremor primitivo de sua pulsação, seu sangue quente e grosso em suas veias.
Ela era sua.
Ninguém poderia lhe dizer o contrário. Nenhum mandato ou ameaça letal mudaria o que sentia por ela.
Jordana lhe pertencia.
Seu corpo, seu prazer, seu coração. Talvez um dia, o vínculo de sangue.
Apenas a ideia de tomar de sua veia, como tomava seu corpo, fazia suas presas explodirem em sua gengiva. A lembrança de seu gosto, uma etérea mistura cítrica de especiarias, fazia sua boca se encher de água com a vontade de fazê-la sua com uma força terrenal que jamais poderia se romper.
Mas não ali.
Não desta maneira.
Ele já havia tomado mais do que merecia.
Ela o levou ao limite de controle esta noite, mas ainda tinha um pouco de racionalidade em seu cérebro.
Também o deixava louco, quando estava tão sexy para ele esta noite e tinha um sabor tão doce. Quando se sentia tão incrivelmente perfeito enquanto a segurava imóvel sob ele e estremecia em seu calor acolhedor com um abandono que nunca conheceu.
Tudo o que importava neste momento era ela. Ela consumia seus sentidos, apagando tudo, menos o prazer de sua união, os sons eróticos de seus corpos se movendo juntos em um ritmo frenético e molhado.
Ele não iria durar muito.
Cada estocada de seu quadril o enviava mais fundo, o enviava longe da razão, do controle e da disciplina. Suas veias estavam iluminadas, pulsantes. Uma tensão em espiral dentro dele, a pressão se revolvendo pelos tendões a ponto de ruptura. Seu pau nunca esteve tão duro, a ponto de explodir.
— Agora, Jordana. — Murmurou ferozmente enquanto se inclinava adiante em um ângulo que o enviava mais fundo dentro dela, que o ordenhava em suas entranhas. — Quero senti-lo. Preciso sentir neste momento.
A resposta dela foi imediata, sentiu um arrepio repentino, violento, que vibrou ao longo de seu eixo e desceu por sua coluna. Ela gritou seu nome em um suspiro quebrado, arqueando-se em suas estocadas quando sua própria liberação rugiu até alcançá-lo.
Foi com ela no mesmo instante. Atingiu o clímax forte e rápido, cego pelo êxtase quando sua semente disparou dentro dela.
Não soube quanto tempo permaneceram ali, Jordana ofegante sob ele, inclinada sobre a mesa; ele apoiado sobre ela nos cotovelos e os punhos fechados, imóvel, incapaz de romper a conexão sexual com seu corpo.
Estava duro outra vez. Ou melhor, ainda continuava duro.
O pulso de Jordana estava acelerado, sedutor contra seu eixo. Seus músculos delicados o agarravam perfeitamente, inclusive agora. Quando ela moveu o quadril em um tentador convite, Nathan gemeu.
— Continue assim e nunca vou deixá-la sair desta sala.
Ela girou a cabeça e olhou por cima do ombro, com os lábios curvados em um sorriso de satisfação. — Acho que posso gostar disto.
Assim como ele, mas não poderia ficar ali muito mais tempo e esperar que ela não se perdesse. Exercitando seu autocontrole mais do que jamais foi capaz desde que a conheceu, Nathan saiu dela lentamente. Seu gemido decepcionado quase o desarmou.
— Me dê sua mão. — Disse e se abaixou para ajudá-la a se levantar da mesa.
Ela virou para olhá-lo, seus olhos azuis escuros sob os grossos cílios. Suas bochechas estavam vermelhas, seus lábios como uma cereja e reluzente.
Ele a puxou para si e passou os dedos sobre a boca úmida e tentadora. — Você me deixa duro como uma pedra, apenas por pensar em como seus lábios se sentiram sobre mim esta noite. — Seu pau se moveu de acordo, pronto para começar tudo novamente. — Mal posso esperar para tirá-la daqui e levá-la para a cama comigo. Tenho algumas ideias muito criativas para colocar em prática.
Ela sorriu. — Mmm, não posso esperar para ter isto.
Inclinando seu rosto, ela passou a ponta dos dedos entre os dentes dele. Sua língua brincando da mesma forma como atormentou seu pau, com enlouquecedores gestos combinados com intensa piedade e ansiedade.
Nathan soltou um grunhido, um espasmo percorreu sua coluna e foi diretamente para seu eixo rígido. — Santo inferno... pensando bem, quem precisa de uma cama?
Ela riu suavemente enquanto se soltava dele. Nathan a puxou, mas ela se esquivou, brincalhona. A maldita mulher mais sexy que já viu. Ele a queria muito e queria agora.
Ela alisou a barra de seu vestido vermelho para baixo sobre seu traseiro e longas penas nuas, para colocar o tecido no lugar. — Tenho que voltar, não acha?
Balançou a cabeça, os olhos quentes sobre ela. — Acho que tem que ficar aqui, comigo.
— Agora, quem está sendo guloso? — Foi para ele arqueando uma sobrancelha delicada. Inclinando-se ela pegou o resto de sua calcinha perto da calça dele. — Vou me limpar e ah, destruir a evidência.
O pedaço de seda negra estava pendurado em seus dedos e saber que ela estaria nua sob o vestido pelo resto da noite enviou outra onda de choque e luxúria para a corrente sanguínea dele. Como iria sobreviver aos próximos minutos e muito menos, potencialmente, algumas horas, em público e sem cair sobre ela outra vez, ele não sabia.
Enquanto pensava em todas as coisas que queria fazer com ela, um zumbido baixo soou de algum lugar perto de seus pés. Apesar de seus sentidos sobrenaturais, quase não pôde ouvir o zumbido tênue sobre o rugido de seu coração em seus ouvidos.
Merda. Sua unidade de comunicação.
Jordana fez um gesto para o chão, onde seu telefone permanecia esquecido no bolso de sua calça. — Cuide de seus assuntos. — Disse tranquila. — Vou cuidar dos meus.
Nathan se agachou para pegar o aparelho e a calça ao mesmo tempo. Ele a vestiu depressa, sem tirar os olhos dela enquanto caminhava para a porta.
— Nos vemos novamente no salão de exposição em poucos minutos. — Disse ela, sorrindo quando abriu a porta e saiu.
Nathan olhou para o telefone que zumbiu novamente em sua palma.
— Sim. — Disse no receptor, lutando para tirar a atenção de Jordana, quando atendeu a chamada da sede de Boston.
— Nathan, — a voz profunda de Chase estava sombria, — acabamos de falar com Gideon em D.C.
Os instintos de combate de Nathan entraram em alerta máxima imediatamente. — O que foi?
— Está com Jordana?
Merda. Isso não podia ser bom. — Ela estava aqui comigo há um minuto. — Nathan agarrou o telefone mais forte em seu punho, começou a caminhar para a porta. — Diga o que está acontecendo.
— É Gates. — Disse Chase. — Ele é aliado de Cassian Gray todo este tempo, é sócio dele no clube. Gates não é quem finge ser. O filho da puta está sujo.
Ah Cristo. Não.
— Acha que ele faz parte da Opus Nostrum?
— Não sabemos ainda. — Disse Chase. — Estamos cavando mais fundo. Se Gates estiver envolvido com a Opus...
O Comandante deixou a declaração se apagar, mas Nathan sabia muito bem o que significava. Se a associação de Gates com Cassian Gray estivesse ligada à Opus Nostrum de alguma maneira, a Ordem não teria mais opção do que tratá-lo como um inimigo e exterminá-lo.
Nathan não queria considerar o que tudo isto faria com Jordana.
Saiu para a galeria exterior, girando a cabeça para averiguar que direção ela poderia ter ido.
— Pela perspectiva dessa nova informação da Inteligência, — disse Chase, com tom cuidadoso. — faz da visita de Cass à Jordana no museu no dia que o mataram uma preocupação. É possível que ela seja consciente da relação de seu pai com Cassian Gray?
— Ela não sabe nada sobre isto. — Nathan soltou. Ele apostaria sua vida nisto.
Jordana não podia estar mantendo um segredo como este. Ela era muito aberta, muito inocente. Não poderia estar jogando com Nathan por todo este tempo.
— A equipe e eu estamos a caminho do museu agora, — disse o Comandante. — Sabemos que Gates está aí esta noite. Temos que levá-lo para um interrogatório. Sem atrasos. Sem advertências.
Maldição.
— Entendo. — Respondeu Nathan, a lógica de seu frio guerreiro em guerra com o homem que temia a angustia que estava para cair sobre a mulher que amava.
— Não deixe que se vá. — Chase ordenou. — Estamos a dois minutos de distância. Preciso de você para fazer o que for necessário para segurá-lo até chegarmos.
— Entendo. — Nathan confirmou inexpressivo, desligando o aparelho com uma maldição forte.
Fora da porta de entrada aberta da sala de exposição, viu Carys conversando agradavelmente com um pequeno grupo de mulheres. Ele fez um gesto para ela enquanto andava pelo chão de mármore como um soldado. — Encontre Jordana. Agora. Não deixe que ela venha para a sala de exposições.
O rosto da fêmea da Raça ficou pálido. — O que está acontecendo?
— Encontre-a, — ordenou bruscamente. — Fique com ela. Não saia de seu lado, entendeu? E diga que... ah merda. Diga que sinto muito.
— Nathan? — Carys chamou atrás dele, mas ele não respondeu.
O coração dele estava tão pesado quanto seus pés quando entrou no evento da sociedade, brilhando como um aparição, o olhar cruel de Hunter procurando sua presa através da multidão.
Em pé na frente do espelho do banheiro, Jordana passou os dedos pelos cabelos tentando arrumá-los e comprovou seu aspecto uma vez mais antes de sair.
Além do sorriso “do gato que comeu creme” que não era capaz de suprimir, supunha que parecia bem apresentável. Ainda que ninguém no salão de exposições pudesse descobrir o que esteve fazendo, Jordana não tinha certeza de como iria lidar com os olhares das pessoas sem ruborizar da cabeça aos pés com o conhecimento de onde esteve e com quem, e o fato de que sua calcinha estava rasgada e agora jazia no fundo da lata de lixo do banheiro feminino.
Não sabia como seria capaz de fingir que não foi magnificamente fodida a poucos metros e uma porta fechada de centenas dos cidadãos mais ricos e mais importantes de Boston.
Por não falar de seu pai.
Teve a intenção de procurá-lo depois do discurso de boas-vindas e apresentá-lo a Nathan. Este era o plano. Mas sua libido teve outras ideias.
Muito boas ideias, como comprovou depois.
Ela apenas teria que apresentar os dois homens mais tarde esta noite...
Alguém deixou escapar um grito no salão de exposições ao ar livre. Houve um barulho de vidro e porcelana se quebrando, uma nota destoante alta da orquestra antes da música parar abruptamente.
O estômago de Jordana se contorceu. — Que demônios?
A porta do banheiro se abriu e ali estava Carys. — Jordana. — Disse suavemente. O rosto de sua amiga estava marcado, suas sobrancelhas avermelhadas no alto. — Nathan me pediu para vir aqui...
— O que aconteceu? — Agora o estômago de Jordana doía mais. Um poço frio se abriu em seu ventre. — Onde ele está? Que demônios aconteceu lá fora?
Jordana foi em direção à saída, mas Carys a impediu. — Ele me disse para mantê-la longe do salão de exposições.
— O que? Porque ele faria isto? — Confusão, incredulidade e várias emoções desorientadas se chocavam dentro dela enquanto tentava processar o que estava acontecendo.
Ela se negou a ficar ali e tentou rodear sua amiga.
Tentou, sem êxito.
O agarre de Carys era forte, como de uma mulher da Raça. — Acho que não deve sair.
A indignação disparou através da névoa na mente em confusão de Jordana. — Solte-me.
Soltando-se do agarre de sua amiga, ela foi para o corredor. As pessoas estavam saindo do salão de exposições e da galeria adjacente, os rostos cheios de alarme.
Uma crescente multidão se reunia na sacada que passava alto pelo vestíbulo do museu, onde se ouvia os sons de uma luta e gritos de um homem furioso, o ritmo rápido de passos de botas sobre o piso de mármore.
Alguém estava sendo arrastado fisicamente para fora da festa, lutando e amaldiçoando cada centímetro do caminho.
Jordana correu até a sacada e seu coração parou.
— Pai?
Estava lutando, loucamente, mostrando as presas, balançando a cabeça.
Contorcendo-se, Martin Gates, tentava desesperadamente soltar-se do macho da Raça grande prendia seus braços atrás das costas como fazia com um criminoso, passando rapidamente pelo vestíbulo até a porta principal.
— Pai! — Gritou Jordana. Ela correu para a ampla escada que conduzia ao vestíbulo, o pânico dentro de seu peito como um pássaro enjaulado.
O ar fresco da noite soprava entre as portas de vidro que se abriam para admitir uma equipe de guerreiros da Ordem. Entraram vestidos com uniforme de combate preto, com armas mortais.
— Solte-me! — Gritou seu pai. — Não têm o direito de me tratar assim!
Longe, como se presa no horror de um sonho terrível em câmera lenta, Jordana pode ouvir a si mesma gritando.
Pode sentir o duro chão de mármore sob seus saltos enquanto corria pelas escadas, no entanto, cada passo parecia entrar na areia movediça, desesperadamente lento.
Viu os rostos sombrios dos guerreiros de Boston parados na porta já que seu pai foi empurrado para eles com um propósito inflexível, implacável.
E, com uma terrível freada, ela finalmente alcançou o Raça cujas mãos tinham se apoderado de seu pai. Mãos que apenas alguns minutos antes estavam quentes e agradáveis em cada centímetro de seu corpo nu.
— Nathan? Porque está fazendo isto? — Ofegou, afetada pela comoção. Levou um longo momento antes de voltar sua cabeça para o vestíbulo. — O que está acontecendo aqui? Onde leva meu pai?
Ela não podia ler a expressão de Nathan. Seus olhos escuros estavam sem emoções, de um modo horripilante.
O amante apaixonado ficou para trás em seu escritório. Em seu lugar estava um guerreiro da Raça, frio.
Um caçador implacável.
— Carys. — O olhar impenetrável de Nathan foi para além de Jordana agora. Sua voz de comando estava baixa. — Pelo amor de Deus, eu disse para mantê-la longe daqui.
Mãos suaves caíram sobre os ombros de Jordana. Ela a puxou em gritou abafado. Jordana negou com a cabeça, cega e sem palavras pelo peso da confusão.
Nathan lhe lançou um olhar pela última vez, uma nota de pesar em seu rosto. Então ele empurrou seu pai para frente e o restante da Ordem se fechou rodeando-os.
Em um momento, todos desapareceram, entrando em um SUV preto que esperava na calçada e logo desapareceu na noite cantando pneu no asfalto, já que saíram a toda velocidade.
A maior parte da fúria e veneno de Gates o deixou no momento que Nathan e a Ordem o levaram para seu líder em Darkhaven no Centro de Comando para ser interrogado. Rugiu e protestou a maior parte do rápido percurso pela cidade, mas, uma vez sentado na sala de interrogatórios, os largos ombros do Raça se fundiram em seu terno enrugado.
Seu olhar estava em chamas pela ira, mas cauteloso. Muito cauteloso enquanto olhava para Nathan e os demais guerreiros com as sobrancelhas marrons arqueadas. — Exijo saber do que se trata. — Queixou-se. — Isto é um ultraje! Sou um cidadão importante. A Ordem não tem este direito.
— Temos todo o direito. — Starling Chase lhe informou. O Comandante de Boston se apoiou contra a parede da sala fechada, os braços cruzados sobre o peito. — Temos evidências que o vinculam à atividades criminosas nesta cidade...
— Atividade criminosa? — Zombou. — Não seja ridículo. Não tem nenhuma razão para acreditar nisso e muito menos provas.
— Asseguro que temos. — Disse Chase. — E tenho certeza que a JUSTIS estaria muito interessada em ouvir como um dos pilares mais honrados da sociedade de Boston está envolvido em um esporte ilegal e varias outras atividades desagradáveis.
— Isto é uma loucura. — Disse Gates com o cenho franzido e uma virada desdenhosa da cabeça. Logo voltou o cenho franzido unicamente para Nathan. — Se acha que me humilhar diante da minha filha e companheiros vai mudar minha promessa a você, está muito enganado.
Ante o olhar inquisitivo de Chase, Nathan grunhiu. — O Sr. Gates deixou claro para mim que não aprova meu interesse por Jordana e não o permitirá.
— Ele te ameaçou?
Nathan encolheu os ombros. Não o perturbou então e quase não importava agora. Depois de como as coisas foram esta noite, a forma Jordana o olhou, tão ferida e traída, duvidava que Gates tivesse que se preocupar quando se tratasse das intenções de Nathan para com ela.
Ela poderia nunca querer falar com ele novamente, o mais provável era que nunca o perdoaria por afastar seu pai dela. Poderia desprezar Nathan para sempre por partir seu coração.
E ele não a culparia.
Nunca a mereceu. Seus mundos eram diferentes desde o princípio e esta noite isto se provou.
A verdade amarga não fazia o frio em seu peito doer menos.
Não queria nada mais que estar com ela agora e oferecer conforto, explicações. Garantias de que tudo iria ficar bem.
Mas ao ver o pai dela protestar e começar a retorcer-se no interrogatório, Nathan sabia que não podia dar à Jordana nenhuma destas coisas.
A culpa de Martin Gates estava escrita em seu rosto. Era um homem com profundos segredos que parece os manteve oculto por muitos anos. Seu olhar ansioso era como dardos que diziam saber que a máscara respeitável que usara por tantos anos estava a ponto de ser arrancada.
E quando isto acontecesse, a vida de Jordana nunca mais seria a mesma.
— Não tenho nenhuma intenção de me atualizar com este vandalismo. — Disse Gates, uma tentativa obvia de colocar fim à conversa inquietante antes que fosse mais longe. — Exijo que me solte ou...
— Ou o que Sr. Gates? — Chase interrompeu com calma. — Irá correndo a polícia? Irá se queixar com seus amigos do Darkhaven e colegas do clube do campo? Ou talvez tenha outras alianças que acha que possam apoiá-lo. O tipo de aliança que tem com Cassian Gray, a qual pensou que poderia ser mantida nas sombras, junto com outros acordos comerciais menos respeitáveis?
A expressão de Gates relaxou. — Não tenho ideia do que está falando.
Chase ficou olhando-o em silencio perigoso. Suportou a calma prolongada por uns momentos, o olhar dele piscou de Chase para Nathan e depois para Jax, Eli e Rafe posicionados perto da porta da sala de interrogatórios.
De repente, soltou uma maldição e ficou de pé. — Não tenho que me sentar aqui e ouvir esta merda. Vou embora. Você não perde por esperar ouvir de meu advogado...
Nathan deu um passo adiante, sutilmente bloqueando o caminho de Gates. Não havia necessidade de palavras ou persuasão física. Gates lançou um olhar para os olhos de Nathan e de imediato afastou-se.
Quando Gates deixou-se cair na cadeira novamente, sua valentia sumiu ao olhar para Nathan, observando-o com nervosismo. Havia derrota no rosto do homem, o tipo de olhar que dizia que levava uma carga pesada por muito tempo.
— Sabiam todo este tempo, então?
— Você e Cass cobriram suas pegadas muito bem. — Respondeu Chase. — Levamos um tempo para descobrir tudo, mas não podiam se esconder para sempre. Sabemos que é o proprietário do La Notte. Cass ficou ali, mas o clube com todos seus benefícios ilegais lhe pertence. Agora precisamos que nos informe qualquer outra relação que manteve com ele.
Gates levantou o olhar, com os olhos estreitados. — Desde quando a Ordem tem licença para investigar os assuntos privados de um cidadão?
Chase inclinou-se sobre o vampiro e grunhiu. — Desde a noite na semana passada quando o Opus Nostrum tentou acabar com a paz mundial.
— Opus Nostrum. — Disse Gates, genuinamente surpreso. — Está dizendo que suspeita que eu, ou Cassian Gray, temos algo a ver com isso?
Chase encolheu os ombros. — Não ouvi dizer que não.
— Bom, não tenho. Nem Cass, eu garanto. — Disse Gates. Logo exalou um suspiro e recostou-se na cadeira. — Espero que a Ordem tenha melhores pistas sobre o ataque da semana passada além de qualquer evidencia que a leve a pensar que eu ou Cassian Gray pudéssemos estar vinculados aos terroristas do Opus Nostrum. — Gates fez uma pausa, deliberadamente limpou a garganta. — Se não há nada além...
— Ele não está nos contando tudo. — Nathan se aproximou dele, vendo o olhar de alívio no rosto do homem. — O clube não é a única coisa na qual Cassian Gray investiu. O que mais está tentando esconder?
Gates zombou. — Cassian Gray é meu amigo. Nossa relação comercial é assunto nosso. É possível que não frequentemos os mesmos círculos sociais, mas a última vez que comprovei isso não era crime.
Nathan grunhiu. — Tem muito amigos Atlantes?
Gates ficou olhando durante um bom momento. — Se você tem perguntas sobre Cass, talvez devesse perguntar a ele e não a mim.
— Eu gostaria, — disse Nathan. — Mas, por desgraça alguém arrancou sua cabeça ontem à noite.
A boca de Gates se abriu sem fazer ruído. Engoliu então. — O que... o que está dizendo?
— Cassian Gray está morto. Foi atacado e assassinado do lado de fora do La Notte.
— Morto. — O rosto de Gates ficou branco. — Estava preocupado por ter se arriscado demais. Ficamos na cidade por muito tempo. Ele estava com medo quando o vi outro dia. Não era comum em Cass.
Havia comoção na voz do macho da Raça e dor verdadeira também. Perdeu um amigo e levou um momento para processar o que tinha acabado de ouvir.
A seguir, um novo choque pareceu alcançá-lo. Depois de um silêncio o vampiro disse. — Oh Cristo... Jordana. Tenho que encontrar Jordana de imediato. Cass me fez prometer que se alguma vez...
Nathan trocou um olhar com Sterling Chase. — O que tem Jordana?
— Onde ela está? — Perguntou Gates, um frenesi tomando sua voz. — Maldição tenho que sair daqui. — Gates estava vermelho, os músculos se flexionando como se estivesse a ponto de arrombar a porta. — Tenho que falar com Jordana agora. Tenho que me assegurar que está a salvo.
Chase interferiu, franzindo o cenho quando enfrentou Gates. — Que diabos tem isto a ver com ela?
O macho Darkhaven lançou um olhar preocupado para eles. — Meu Deus, — respirou, — realmente não sabem, verdade? Minha amizade com Cass, a sociedade de negócios. É tudo sobre ela. Jordana é filha de Cassian Gray.
Jordana permaneceu no centro do salão de entrada do museu, paralisada, assistindo em estado de choque, entorpecida, enquanto seu pai era levado e a exposição era abruptamente interrompida, os convidados se dispersando no rastro da Ordem.
Havia sussurros e olhares curiosos, compadecidos, enquanto as pessoas se apressavam para sair. Alguns murmuravam certezas de que deveria ser algum tipo de engano, apenas um terrível mal-entendido que Martin Gates poderia, de alguma forma, ter entrado em conflito com Lucan Thorne e seus guerreiros.
Jordana queria acreditar nisso.
Ela queria acreditar que Nathan iria voltar a qualquer momento e lhe dizer que era uma brincadeira ou um sonho ruim, qualquer coisa para aliviar a dor dentro dela.
Uma dor que lhe dizia que isso não era um erro.
Seu pai não agiu como um homem inocente. Ele havia lutado e se irritado com um desespero que tinha feito o coração de Jordana se abalar enquanto observava Nathan levá-lo embora.
Jordana nunca o tinha visto assim antes, tão apavorado e combativo. Pois, ele sabia que tinha algo terrível para esconder.
Quanto a Nathan... a dor que Jordana sentiu esta noite ficava ainda pior quando pensava nele.
Ela tinha se enganado ao ficar tão próxima dele?
Poderia seu pai ter sido a razão de Nathan ter mostrado qualquer interesse por ela?
Nathan disse desde o início que não era o tipo de homem que ela gostaria que ele fosse. E ele havia repetido na noite anterior.
Por sua própria descrição, uma vez marcado um objetivo, ele o perseguia e o conquistava. Então ele partia sem olhar para trás.
Oh, Deus.
Jordana se sentiu fisicamente doente. Será que ele a usou para ganhar tempo para a Ordem ou criou a oportunidade para que pegassem seu pai?
Isso era tudo o que ela significava para Nathan, um meio para alcançar um fim?
Ele não fingiu ser qualquer coisa diferente do que disse ser: um guerreiro, um Hunter. Jordana havia se apaixonado por ele mesmo assim.
Ontem à noite, ela pensou ter visto um lado diferente dele. Um lado terno, quando ele baixou a guarda e mostrou-lhe o homem ferido e nobre por trás da parede de aço que ele reservava para o resto do mundo.
Durante a festa, e os momentos de paixão que viveram em seu escritório, Jordana sentiu como se estivesse vendo Nathan de um modo que ninguém jamais havia visto. Ele a fez sentir especial, como se ela significasse algo para ele.
Como se ele pudesse até amá-la também.
Teria tudo sido uma fachada para acalmá-la e fazê-la confiar ainda mais nele?
Será que ele e a Ordem estavam conspirando para fazer algum tipo de armadilha para seu pai usando-a como isca inconsciente?
Ela ficou atordoada com o pensamento.
Seu coração queria rejeitar a ideia de imediato, mas a dúvida corria como óleo em suas veias.
— Como você está, querida? — Os saltos dos sapatos de Carys clicavam ligeiramente no mármore enquanto ela saía para o salão de entrada, desligando as luzes do museu pelo caminho enquanto se aproximava. — Todos se foram agora, e já fechei tudo. Venha, vamos para casa.
— Não. — Jordana balançou a cabeça entorpecida. — Não, não quero ir para casa. Eu quero ver meu pai. Quero ver Nathan. Eu preciso saber se o que aconteceu esta noite era seu plano desde o princípio.
As sobrancelhas de Carys franziram em uma leve carranca.
— Jordana, você deve que saber Nathan nunca...
— Eu não sei de mais nada. — Ela respondeu com veemência, sentindo tanta dor que achou que seu peito poderia se abrir. — Preciso que meu pai me diga o que ele fez. Preciso que Nathan me diga que ele não estava me usando como parte de sua missão para a Ordem. Eu preciso saber se os dois homens que mais me importo neste mundo têm mentido para mim esse tempo todo.
Quando Carys estendeu a mão para tocá-la, Jordana se afastou.
— Vou para lá agora. Eu não aguento ficar mais um minuto sem saber a verdade.
— Jordana, espere.
Ignorando o apelo de sua amiga, ela começou a atravessar o saguão, dirigindo-se para a saída em um ritmo acelerado.
Ela não foi muito longe.
Por trás dela, Jordana sentiu uma perturbação no ar. Carys deu um forte suspiro, então ficou completamente muda.
Jordana se virou a tempo de ver as pernas da amiga desmoronarem sob ela.
Uma figura grande com capuz, vestida com um casaco preto estava sobre a fêmea da Raça caída. Quando ele largou o corpo inerte de Carys no chão, o homem levantou a cabeça, seu rosto obscurecido em sombras fundas.
Ele não tinha nenhuma arma, mas suas mãos possuíam um brilho sobrenatural. Ele se afastou de Carys e foi atrás de Jordana.
Ela gritou.
Com o pânico explodindo em seu peito, ela se lançou para a saída. Empurrou a porta de vidro, inalando uma lufada do ar frio da noite quando outro grito chegou à sua garganta.
Nenhum som saiu de seus lábios.
Seus pés simplesmente pararam de se mover. Todo seu medo, todo pensamento consciente foi diminuindo, até rapidamente serem silenciados quando seu crânio se encheu de luz e calor repentino...
Então tudo ficou escuro.
— Cass me fez manter seu segredo. — Disse Martin Gates, sua voz miserável e sua boca se inclinando quando falava. — Ele me fez prometer que ela nunca saberia que ele era seu pai, a menos que o pior acontecesse e seus inimigos o pegassem.
Nathan teve que admitir, havia uma parte dele que não estava completamente chocada de ouvir que o pai verdadeiro de Jordana fosse Cassian Gray. Apesar da semelhança dos cabelos louros, Cass visitar Jordana no museu no dia de sua morte dizia ainda mais. Será que ele foi lá porque ele temia que seus inimigos estivessem se aproximando, e queria ver sua filha mais uma vez?
Quanto ao fato de Jordana ser filha de um pai Atlante não era uma revelação. Embora a verdade não fosse desconhecida por muitos séculos, e ainda fosse mantida em segredo do público em geral, há duas décadas a Ordem tinha descoberto a ligação entre a Raça e os imortais que haviam gerado raras fêmeas Companheira da Raça.
— Se Cass queria mantê-la a salvo de inimigos entre sua própria espécie, ele teria feito melhor deixando Jordana aos seus cuidados e ficando longe de Boston. — Disse Nathan.
Gates assentiu.
— Ele tentou. E nunca ficou na cidade mais do que algumas semanas de cada vez, para o caso de ser encontrado. Mas Jordana significava tudo para ele. Cass a amava tanto quanto eu. Acho que por isso que ele entendeu quando disse que não poderia cumprir a outra parte de minha promessa original para ele.
— Que promessa era esta? — Chase perguntou, estreitando o olhar para o líder Darkhaven.
— Que eu fizesse de Jordana minha companheira antes de seu aniversário de vinte e cinco anos.
Nathan recuou com a ideia, confuso e suspeito.
— Por que diabos ele iria pedir isso a você?
— Cass queria o sangue dela ligado a alguém que ele confiasse. Alguém que ele sabia que iria mantê-la em segurança. — Gates sacudiu a cabeça levemente. — Eu não poderia ser esse homem. Eu a criei como minha própria filha. Jordana é minha filha tanto quanto ela era de Cass. Independente do que eu prometi anos atrás, não poderia forçar o meu sangue para ela. Quando ela ficou mais velha, eu sabia que tinha que protegê-la de outra maneira. Eu tinha que encontrar alguém em quem pudesse confiar seu segredo.
Algo ainda não estava fazendo sentido. Nathan não conseguiu encontrar a lógica no plano de Cass.
E lá no fundo, uma marca possessiva e protetora de fúria despertou para a vida nele quando ele pensou em Jordana com qualquer outro homem que não fosse ele.
— Por que não deixá-la escolher quem ela quer ter como companheiro? O laço de sangue é sagrado. É inquebrável. — Nathan quase cuspiu as palavras, lembrando quão facilmente Gates teria empurrado Jordana para o comparsa, Elliott Bentley-Squire. Um homem decente, talvez, mas um homem que não a amava.
Não como Nathan o fazia, ferozmente e de todo o coração.
— Você a teria prendido em uma união irrevogável, tudo por causa de uma promessa feita sem o consentimento dela? — Nathan soltou uma maldição violenta. — Jordana é uma mulher extraordinária. Você a criou, então deveria saber disso. Ela merece mais do que você ou qualquer outra pessoa de sua escolha poderia dar a ela como seu companheiro. Deus sabe que ela com certeza merece mais do que eu poderia dar a ela.
Gates ergueu o queixo, a compreensão marcando suas feições.
— Você realmente a ama.
Nathan deu um firme aceno, seu peito arfando com a intensidade de tudo o que ele sentia por Jordana.
— Eu amo. — Ele respondeu solenemente. — Mas, mesmo se eu não a amasse, mesmo se nunca a tivesse conhecido, eu diria a você que nenhuma Companheira da Raça deveria ser forçada a uma ligação que não quer. Por qualquer razão.
Gates olhou fixamente para ele.
— Eu nunca disse que Jordana era uma Companheira da Raça.
Um som de descrença foi ouvido, mas se era de Chase ou de um dos membros da equipe de Nathan na sala, ele não tinha certeza.
Nathan poderia contar em uma mão o número de vezes que tinha ficado mudo por algum motivo. Nunca assim. Nunca com a sensação de que o chão havia se aberto debaixo dele e deixando-o pendurado sobre um abismo inexplorado.
Chase falou quando Nathan não conseguiu.
— O que você quer dizer, ela não é uma Companheira da Raça?
— A mãe de Jordana não era humana, — disse Gates. — Ela era da raça de Cass.
— Você está dizendo que Jordana é completamente imortal? — Chase pressionou.
Gates assentiu.
— Ela é Atlante, como eram seus pais.
Finalmente, Nathan encontrou sua voz.
— Ela tem a marca de Companheira da Raça. — Ele podia ver o símbolo escarlate pequeno da lágrima e da lua crescente em sua mente. Ele acariciou-o mais de uma vez enquanto eles faziam amor. — Está no interior do pulso esquerdo de Jordana.
— Uma tatuagem na forma da marca. — Gates esclareceu. — O próprio Cass a marcou quando ela era uma criança, logo que ele a tirou do reino de Atlântida.
— Jesus Cristo. — Rafe murmurou de sua posição através na pequena sala de interrogatório. — Para quê? Por que tentar fingir que ela era algo diferente do que realmente era?
Nathan sabia.
— Para esconder sua filha entre a Raça. — Ele disse, as peças começando a cair em um padrão lógico agora. — Cass quis esconder Jordana onde pensou que ela estaria mais segura. Na vista de todos.
Chase estreitou os olhou para Gates.
— Como ele tinha tanta certeza que você manteria seu segredo, ou que você podia ser confiável na criação de sua filha?
— Porque eu já tinha provado a mim mesmo para ele na noite em que encontrei Cass escondido com um bebê no meu celeiro fora de Vancouver. Ele estava fugindo há dias. Estava sangrando, gravemente ferido, mesmo para um imortal. — Gates explicou. — Naturalmente, o cheiro de tanto sangue me levou ao celeiro. Mas quando ele me implorou para ajudá-lo e eu vi a menininha em seus braços, deixei de lado a minha sede e lhe permiti se recuperar em minha casa.
Nathan visualizou a cena, imaginando o que ele poderia ter feito, se estivesse no lugar de Martin Gates.
Tendo sido criado para não sentir piedade ou compaixão, condicionado como um Hunter para explorar a fraqueza e punir a bondade, Nathan não podia negar que se sentia humilhado pelas ações de Gates e sua honra. Ele era grato ao homem também.
— Cass teve a sorte de ter acabado em seu cuidado. Não há muitos que teriam sido tão caridosos com sua confiança.
Gates encolheu os ombros dispensando o elogio.
— Eu tive sorte também. Naquela época, eu estava sozinho, sem companheira ou pessoas do meu tipo. Tudo que eu tinha era uma fazenda escassa no meio do nada. — A expressão de Gates se suavizou com a memória. — É por causa de Cass que vivo no luxo agora. Foi a sua riqueza que me permitiu começar uma nova vida aqui em Boston. Ele me fez o que sou hoje. E ele me deu o bem mais precioso de todos, minha filha.
— Ela não sabe nada sobre isso? — Nathan perguntou. — Jordana não sabe que ela é uma Atlante de sangue puro e não uma Companheira da Raça?
— Não. Mas em breve ela vai saber. — Gates elevou seu olhar para Nathan e os outros guerreiros na sala. — Quando Jordana fizer vinte e cinco, seus poderes Atlante vão amadurecer. Além dos dons extrassensoriais que uma Raça possa ter, ela vai ficar mais forte, tanto física quanto psiquicamente. Seu envelhecimento vai parar, e ela vai ser impenetrável à lesões, menos as mais graves. Ela vai saber que a estive enganando o tempo todo sobre quem ela é. Mas, pior ainda, Cass me advertiu que, a menos que ela esteja protegida por um vínculo de sangue, os inimigos que o caçavam agora serão capazes de senti-la como uma de sua própria espécie.
O pensamento de Jordana sendo perseguida pelos mesmos assassinos que apanharam Cass fez as veias de Nathan gelarem de medo. Se ele tivesse que caçar toda a raça Atlante para protegê-la, ele o faria. Não havia nada que ele não fizesse por ela, e se ele soubesse que seu sangue poderia mantê-la segura, ele já teria implorado para ela aceitar seu vínculo.
Inferno, ele queria essa conexão com ela, independente de qualquer coisa que ele tinha ouvido falar aqui agora.
E ele só poderia esperar que ela iria deixá-lo corrigir as coisas com ela pelo modo como tudo tinha dado tão errado esta noite.
— Ela tem que ser informada. — Nathan pegou seu comunicador e discou o número de Carys. Quando começou a tocar, ele caminhou para a porta. — Jordana deveria ter sido informada sobre tudo isso há muito tempo.
E ela precisava saber como ele se sentia sobre ela. Que ele a amava. Que ele sentia muito se ele a havia machucado esta noite. Ela precisava saber que era a única mulher que ele jamais iria querer, se o aceitasse.
Carys não estava atendendo.
A compreensão infiltrou-se nele como ácido. Algo não estava certo.
Nathan sabia disto em seu âmago.
Ele já estava se arremessando no corredor do lado de fora da sala de interrogatório antes de ouvir o surgimento de vozes femininas em pânico vindo da outra extremidade do longo corredor.
Tavia Chase tinha seu braço ao redor de sua filha, Carys cambaleava ao lado de sua mãe. Quando ela viu Nathan indo em direção a elas, Carys deixou escapar um soluço.
— Eu não o vi até que fosse tarde demais. — Ela murmurou. — Ele fez alguma coisa com minha cabeça. Uma luz brilhante em minha cabeça. Muito poder, eu não pude lutar contra isso. Sinto muito, Nathan. Eu não pude fazer nada. Aconteceu tão rápido.
Todo o sangue no corpo de Nathan pareceu se congelar em suas veias.
— Onde está Jordana?
— Ele a levou. — Carys agitou sua cabeça fracamente, seu rosto torcido com angústia e preocupação. — Quando eu cheguei ao saguão do museu alguns minutos atrás, não havia nenhum vestígio dela. Oh, Deus, Nathan... Jordana se foi.
De repente, o brilhante tuitar de um pássaro perfurou a névoa dos sentidos de Jordana, despertando-a. Uma brisa suave e morna soprava de algum lugar, trazendo a fragrância da proximidade de um jardim, de flores e limões, e terra rica e fértil. Mais ao longe, um trovão rolou silencioso, seu ritmo puxando-a para fora de um profundo sono sem sonhos.
Não, não trovejava, ela percebeu.
Ondas.
O mar.
Onde ela estava?
Com um sacudir de alarme, ela recordou o sombrio intruso no museu. O ataque que veio do nada. Carys deitada imóvel no chão da entrada do salão, o homem encapuzado em pé sobre seu corpo inconsciente.
Então, uma luz ofuscante e poderosa explodiu dentro do crânio de Jordana, antes de tudo ao redor dela escurecer…
Oh, Deus.
O que aconteceu?
Onde ele a levou?
Jordana abriu os olhos, esperando encontrar o horror de sua prisão. Esperou sentir dor. Ela se preparou para sentir a mordida fria de algemas ou qualquer número de outros abusos infligidos a ela por seu capturador.
Mas não sentiu nenhum desconforto. Seus membros moveram-se livremente quando cuidadosamente testou seus músculos. Nada além de roupas de cama aveludada por baixo dela em um fofo colchão decadente.
E o quarto em que despertou não era nada remotamente perto de uma cela de prisão.
Espaçoso e convidativo, era elegantemente decorado com antiguidades e a cama king-size em que estava deitada, estava com um dossel de seda branca suntuosa, e flanqueada por um par de delicadas mesinhas de cabeceira francesas provençais. Ricos móveis enfeitados em marcenaria laqueada por toda a parede; mármores polidos cobriam o chão, um luxo que se estendia até o banheiro palaciano adjacente.
Jordana cautelosamente se sentou para observar melhor seu ambiente.
O lugar estava quieto, tudo estava quieto, com exceção da agitação das suaves cortinas de seda pelo vento, colocadas sobre a janela aberta em frente à cama. Onde estava seu sequestrador?
Jordana fugiu cuidadosamente para a extremidade do colchão e colocou seus pés nus no mármore frio. Ela estava ainda vestindo seu vestido vermelho do evento do museu, seus sapatos de salto altos colocados ordenadamente ao lado do que parecia ser, uma escrivaninha Louis XV. No topo da peça cara estava um vaso cheio de alegres flores frescas, recém-colhidas. Um vaso que parecia ser porcelana italiana da qualidade de um museu.
Bom Deus, aquele pintura da era Renascentista pendurado atrás do buquê não podia ser um Raphael original, poderia?
Ela poderia estar tentada a olhar mais de perto, mas lembrou-se que, apesar da imponência do lugar, ela ainda tinha sido levada para lá contra sua vontade.
Por alguém que não apenas incapacitou uma fêmea da Raça com as mãos nuas, mas também nocauteou Jordana e aparentemente conjurou-a para longe, muito longe de tudo o que ela conhecia em Boston.
Por quê? Que diabos estava acontecendo?
Ela levantou-se e deu alguns passos hesitantes, sem sons. Perscrutando em direção a uma maior e igualmente luxuosa área de estar fora do quarto, procurando por sinais de seu sequestrador.
Ela não viu ninguém naquela sala ou em outro lugar na vila ensolarada, graciosamente decorada. Jordana rastejou para mais perto da porta aberta do quarto, então para a sala de estar, onde os odores dos jardins e do oceano além, estavam mais fortes e mais atrativos.
As portas francesas se abriam para um pátio empoleirado em uma colina alta, tendo vista para uma íngreme montanha escarpada no litoral verde. O sol do início da manhã salpicava a água azul que se estendia até onde os olhos podiam ver.
A vegetação luxuriante, muito dela carregada com exóticas flores e grandes limões amarelos, fornecia uma sombra perfumada para o grande pátio azulejado, e uma encantadora mesinha de café com serviço de café da manhã para dois, completa com uma impecável toalha de mesa de linho branca reluzente, e prataria polida. Jordana olhou os doces com aparência deliciosa, frutas e tiras finas de carnes, com o cenho franzido.
Isto era algum tipo de brincadeira?
Ou ela tinha sido sequestrada pelo psicopata mais cavalheiro do planeta?
Jordana o avistou fora do terraço, enquanto se aventurava alguns passos mais para a sala principal da vila. Tão grande e alto quanto ela se lembrava, exceto que agora ele não estava vestido de preto ou coberto.
Ele permanecia em pé na amurada com vista para além-mar, vestindo uma túnica de linho diáfana e folgadas calças de linho. De costas para a vila, ele mantinha seus braços bem abertos, as palmas voltadas para cima. Em um de seus pulsos, ele usava uma correia de couro marrom, com um pequeno emblema prateado que brilhava sob o sol nascente.
Enquanto ela observava, o homem inclinou a cabeça loira dourada para trás, sobre seus ombros para colocar seu rosto totalmente na luz da manhã.
Era uma pose de adoração, uma pose pacífica.
Ainda assim, não havia nenhuma duvida sobre o poder imenso que irradiava de cada centímetro de seu corpo musculoso.
Ele não era humano.
Obviamente não um Raça também. Nem mesmo um Caminhante do dia, como Carys ou seu irmão Aric, que não se arriscariam a tal exposição de UV intenso.
Este homem parecia apreciar isto. Ele parecia precisar disto.
Esperava que ele estivesse tão profundo em sua meditação, que não notasse que ela escapou até que estivesse longe demais.
Jordana voltou sua atenção para longe dele e deu um passo adiante.
— Bom dia. — O homem dourado no terraço agora estava diretamente na frente dela.
Um grito assustado ficou preso em sua garganta. Jordana lançou um olhar selvagem por cima de seu ombro, para a varanda exterior, apenas para confirmar o que estava vendo.
Ele não estava mais lá.
Não, ele tinha desaparecido de sua posição vários metros ao longe, e materializou-se apenas a um centímetro de onde ela estava em pé. Os cabelos compridos na altura dos ombros disparavam com tons de cobre polido, em volta de um rosto abençoado com ângulos perfeitos, pele bronzeada sem falhas, e olhos azuis tropicais envolventes.
Então o psicopata que a sequestrou não era apenas cavalheiro e um conhecedor de arte, mas magnífico, além disso. Isso não o fazia ser menos uma ameaça.
Ele a agarrou, e Jordana gritou pra valer agora. O medo e a fúria crescendo dentro dela, como um fogo elevando-se até que explodiu para fora dela, em um grito afiado e apavorado. Ao mesmo tempo, ela deu um empurrão firme no corpo volumoso de seu sequestrador, e tentou se esquivar para circundá-lo.
Para seu assombro, ele tropeçou para trás meio passo, antes de endireitar-se, e pegou ao redor dos antebraços dela. Ele realmente pareceu satisfeito.
— Impressionante. Seus poderes ainda estão jovens, claro, mas já são fortes. Eles estão se manifestando rapidamente agora.
As mãos de Jordana formigavam como se picadas por mil agulhas minúsculas. Ela sentiu a sensação estranha antes, mais recentemente, enquanto fazia amor com Nathan, uma memória e um desejo, que fez seu coração doer fortemente em seu peito.
Agora ela olhava para as palmas de suas mãos, e ficou surpresa por encontrá-las imbuídas com uma luz ardente e brilhante. Fraca, mas inconfundível.
E nem um pouco perturbadora.
— Oh meu Deus, — ela ofegou para seu sequestrador. — O que está acontecendo? Quem é você? O que fez comigo?
— Merda. — Ele a soltou e deu uma sacudida aprazível com a cabeça. — Estou assustando você. Sinto muito, Jordana.
— Como você sabe meu nome? — Seu pânico aumentou. — Onde estamos? O que é este lugar? Como inferno me trouxe para cá? O que fez com minha amiga Carys?
— Tantas perguntas, — ele murmurou. — É compreensível. Sua amiga esta bem, não a machuquei. Não a machucarei também. Desejo apenas ajudá-la. É por isso que seu pai me chamou...
— Meu pai? — Ela dificilmente ousou ter esperança de que ele estivesse falando a verdade, mas isto era tudo o que ela tinha. — Quando você conversou com ele? A Ordem deixou-o ir? Quero vê-lo, agora mesmo. Por favor. Você deve me levar até ele.
Quando suas palavras derramaram dela, o homem dourado olhou para ela com um silêncio solidário, gentil. — Gostaria que houvesse um meio mais fácil de explicar tudo isto para você. Não há tempo. Se eu não a tirasse de Boston, eles chegariam a você primeiro. Eles já estavam se aproximando de você, Jordana.
— Do que você está falando? Quem estava atrás de mim?
— Os inimigos de seu pai. Os soldados que uma vez serviram sob o comando dele, assim como eu, há muito tempo atrás. Eu era amigo de seu pai. Meu nome é Ekizael.
Jordana balançou a cabeça. Este cara poderia parecer com um anjo caído, mas ele obviamente estava muito perturbado. — Olhe Eh-kee-zayel...
— Zael, — ele disse, oferecendo-lhe uma reverência elegante de sua cabeça.
Ela olhou para ele. — Seja você quem for, não conhece meu pai. Seu nome é Martin Gates. Ele é um homem de negócios. Um líder Darkhaven. Ele nunca foi um soldado e não tem quaisquer inimigos.
— Não, Jordana, — ele disse baixinho. — Não estou falando sobre o macho da Raça que a criou. Seu pai verdadeiro era um guarda real. Ele já foi o guerreiro mais condecorado na legião da rainha.
— A legião da rainha? Oh, certo, claro. — Ela não pôde reprimir a pequena risada, quase histérica que borbulhou de sua garganta. — E qual seria esta? A Rainha da Inglaterra ou a Rainha de Sheba? — O homem dourado, Zael, ela mentalmente emendou, permaneceu solene, totalmente sério.
— Seu nome é Selene. Ela tem sido a rainha de meu povo por milhares de anos. Seu povo, Jordana.
Ela queria ridicularizar esta declaração louca também, mas enquanto seu captor falava, as mãos dele começaram a emitir uma luz suave, a mesma que emitiu das delas apenas um momento atrás.
Até mais perturbador, no centro de suas palmas largas ardia um símbolo que ela conhecia muito bem: a lágrima e lua crescente, a marca de nascença que tinha no lado inferior de seu pulso esquerdo.
— Você tem a marca da Companheira da Raça, — ela murmurou. — Não entendo. Como você pode...
— É nosso símbolo, Jordana. O símbolo que os Atlantes carregam. O de seu pulso foi colocado ali como um chamariz. Seu pai esperava que a tatuagem a ajudasse a se encaixar entre a Raça e a filhas mestiças de nossa espécie, nascidas fora de nosso reino.
— Eu nasci com esta marca, — ela discutiu. — A mesma que qualquer outra Companheira da Raça.
— Não. Você, Jordana, é algo diferentes delas. — A voz profunda de Zael era irritantemente racional à medida que falava. — Você não é nenhuma mestiça, nem de longe. Você é completamente imortal. Uma Atlante puro sangue.
Ela olhou para seu símbolo com outros olhos, percebendo só agora que não poderia ser um marca de nascença afinal, mas tinta carmesim incorporada meticulosamente debaixo de sua pele.
A confusão espiralou dentro dela. Ela queria negar o que estava vendo, queria negar tudo o que estava ouvindo, mas a evidência era muito convincente para desmentir.
Ela já vivia em um mundo onde os vampiros e humanos coexistiam. Por que a apavorava tão profundamente pensar que poderia ser alguma outra coisa também?
Porque significaria aceitar o fato de que sua vida inteira tinha sido uma mentira.
— Ele sabia de tudo isto? Martin Gates, quero dizer. Ele sabia?
Zael deu um aceno com a cabeça aprazível. — Ele concordou em criá-la e mantê-la em segurança como sua filha, como uma Companheira da Raça. Para sua proteção, você nunca deveria ser informada que era diferente. Cass confiou-lhe este secreto implícito.
— Cass, — Jordana sussurrou, sua respiração secou completamente em seus pulmões. — Cassian Gray.
Ela fechou os olhos quando a realidade afundou com uma onda de choque, que lavou sobre ela. Em seguida, a tristeza, quando se recordou da visita estranha de Cass ao museu.
O tempo agradável e extremamente breve que passou conversando com ele. E o modo inconcebível que ele morreu, pouco depois.
— Seu nome verdadeiro era Cassianus, — Zael disse. — Ele adotou um mais simples, uma identidade completamente nova também, para ajudá-lo a se misturar no mundo mortal, depois que deixou o reino de Atlântida.
— É onde estamos agora? — Sua nova realidade ajustando nela, ela olhou para fora do paraíso costeiro estonteante, além das portas francesas abertas, e não pode deixar de perguntar… — Aqui é Atlântida?
— Não. — Rindo baixinho, Zael abaixou a cabeça. — Atlântida foi destruída há muito tempo por nossos antigos inimigos, os Antigos eram os pais da Raça. Existem algumas semelhanças entre este lugar e Atlântida, mas aqui é Amalfi, na costa da Itália. Esta vila foi o santuário privado de Cass por muito tempo, embora tenha se passado muitos anos desde que ele esteve aqui pela última vez.
Jordana mal conseguia falar. Ela olhou ao redor para a vila sofisticada, com suas antiguidades e pinturas de obra-prima inestimáveis. Pelo menos aquela parte fazia sentido agora: o inesperado conhecimento misterioso de Cass por arte. Ele aparentemente amava isto tanto quanto ela o fazia.
Cassian Gray era seu pai.
A notícia a chocou, talvez até mais do que qualquer uma das outras revelações incríveis de Zael. Sem falar do fato de que ela estava ouvindo tudo isso não no conforto de sua casa em Boston, mas evidentemente em um continente distante, e da boca de um homem que a trouxe para cá, através de meios que ainda não tinha determinado e estava quase com medo de adivinhar.
Sua cabeça girava com cem perguntas, tantas, que ela não estava certa por onde começar.
— Você disse que Cass tinha inimigos, — ela murmurou. — Os soldados da legião da rainha que também estão atrás de mim. Você quer dizer soldados Atlantes? Foram estes que o mataram?
— Sim. — O rosto de Zael ficou sombrio. — O método deles não deixou dúvidas. Eles estavam lhe perseguindo há muito tempo por ordens de Selene.
— Por quê? — Jordana lutou para manter a memória da selvageria se formando em sua mente. — O que ele fez para ela, para que o odiasse o suficiente para querê-lo morto?
— Para começar, ele se apaixonou por um membro de sua corte. Era proibido, até para um soldado da legião de renome como Cassianus. Mas Soraya o amava também, — Zael explicou. — Durante algum tempo, eles continuaram em segredo, encontrando-se em qualquer lugar que podiam. Eles até se arriscaram a passar um tempo juntos fora do reino, vindo para cá, para esta vila.
Não levou muito tempo para que Jordana imaginasse como era amar alguém, em desafio do que qualquer outro desejava ou esperava. Quando se tratava de amar, ela aprendeu de primeira mão que o coração se entregava livremente, abertamente e completamente.
Às vezes tolamente.
Ela encontrou o olhar solene de Zael e soube que a história que ele estava lhe contando não acabaria bem para os amantes proibidos.
— Então, Cassianus e Soraya… eles eram meus pais? — Ao seu aceno sombrio com a cabeça, ela teve que fazer outra pergunta que se assentava como uma pílula amarga em sua língua. — O que aconteceu com minha mãe?
— Ela morreu, — Zael disse. — Soraya a teve em segredo, aqui nesta vila. Cass pensou que os três poderiam ser uma família juntos, permanecerem fugindo, nunca voltariam para o reino. Mas Raya sentia falta do estilo de vida Atlante. Ela sentia falta de sua casa. Para agradá-la, Cass retornou com Raya e você. Selene estava furiosa. Ela pediu a execução imediata dele. Raya pleiteou por clemência. Selene finalmente concedeu-lhe isto, mas a um preço.
Jordana escutou extasiada, mas, ainda com o coração partido pelo que seus pais suportaram. — O que a rainha pediu em troca da vida de Cass?
— Ela fez Raya concordar em tomar um companheiro que Selene escolheu, e exilou-a com você, até que completasse vinte e cinco anos e seus poderes atingissem a maioridade. Uma vez que isso acontecesse, Raya estaria livre para retornar, e você iria tomar o lugar dela como um membro da corte real.
— Mas Soraya não aceitou as condições da rainha? — Jordana adivinhou.
Se ela tivesse, Jordana nunca teria sido criada como filha de Martin Gates.
Ela nunca teria encontrado Nathan.
Apesar de machucar o pensamento de que ela não significava nada para ele, o pensamento de nunca ter conhecido seu toque, ou seu beijo, ou o prazer que eles compartilharam, era muito desolador para imaginar.
Zael balançou a cabeça, sua voz baixa. — Raya não poderia prometer entregar-se a outro homem. Ela implorou por um castigo diferente, mas Selene não se deixou influenciar. Finalmente, no dia em que Raya e você teriam que deixar a corte para a nova casa de vocês, ela tomou uma atitude drástica, irrevogável.
— O que aconteceu? — Jordana sussurrou, seu coração em sua garganta.
— Raya a colocou no berçário do palácio. Então foi para seus aposentos, trancou-se e colocou fogo no lugar. Quando o fogo foi descoberto, era muito tarde. Até um imortal não poderia curar-se dos ferimentos que Raya infligiu a si mesma.
Jordana sufocou com uma respiração irregular. — E Cassianus? O que ele fez?
Zael sorriu tristemente, orgulhosamente. — Ele fez o que qualquer pai amoroso faria. Arriscou tudo para tirá-la de lá, e assegurar-se de que você tivesse uma nova vida, uma vida melhor. Uma onde os guardas de Selene não a encontrariam. Cass queria que você tivesse uma vida de sua própria escolha.
Exceto que a ironia era que, a vida boa que tinha vivido com Martin Gates como sua filha, não tinha sido autêntica. Ela viveu debaixo do manto de segredos e meias-verdades, nunca realmente sabendo quem, ou o que, ela era. Ela nunca teria a chance de conhecer as duas pessoas que a trouxeram ao mundo, e desistiram de tudo, inclusive de suas vidas, por causa dela.
Duas pessoas que ela sentia falta intensamente agora, apesar de terem estado em sua vida muito brevemente.
— Por que ela fez isto? — Jordana murmurou. — Por que a rainha apenas não os deixou serem felizes juntos? Por que perseguir Cass e matá-lo depois de tanto tempo? Por que manter seus guardas procurando por mim?
Os olhos azuis tropicais de Zael estavam fixos nela. — Porque Soraya era sua única filha.
Jordana ficou paralisada. Ela balançou a cabeça lentamente, em uma perda completa e súbita de palavras.
Como ela não conseguia falar, Zael fez isto por ela. — Você Jordana, é neta de Selene. Você é sua única herdeira viva do trono Atlante.
Na primeira hora após a chegada de Carys, o Centro de Comando de Boston zumbia com conversas e preparação urgente de uma varredura de vida ou morte pela cidade.
Reunidos na sala de armas junto com Nathan, Rafe, Eli e Jax refizeram o plano da equipe para revirar a cidade de cabeça para baixo em sua busca pelo bastardo Atlante que pegou Jordana. No corredor fora da sala de guerra, Sterling Chase e sua companheira, Tavia, estavam tentando tranquilizar o abalado e soluçante Martin Gates, de que a Ordem faria tudo ao seu alcance para encontrar Jordana rapidamente e trazê-la de volta, sã e salva.
Nathan não tinha palavras para qualquer um. Ele não tinha energia para gastar com conversa, esperança ou desejo. Ele não tinha paciência para consolo ou promessa de que a manhã não chegaria sem que Jordana voltasse para casa.
Tudo que ele tinha era sua determinação, sua disciplina implacável.
Com eficiência robótica, Nathan se vestiu com seu equipamento de patrulha. Em silêncio absoluto, com propósito calmo mortal, ele fechou o zíper e afivelou o cinto, amarrou sua farda negra e suas botas de combate, então prendeu seu cinto de armas e coldre para várias armas de fogo.
Ele iria encontrar Jordana.
Não haveria falha nesta missão.
Não haveria mais falha com ela, nunca mais.
Ele nunca tinha estado mais comprometido com qualquer objetivo em toda sua vida. Jordana era tudo o que importava para ele. Se ela fosse encontrada machucada, se o homem que a levou essa noite houvesse infligido o mínimo de dor nela, Nathan iria estripar o filho da puta.
Lentamente.
Ele conhecia inúmeras maneiras de matar, gradativamente se necessário. Se Jordana estivesse ferida de alguma forma, seu sequestrador ia sofrer toda a força impiedosa da ira de Nathan.
Ele preparou a última de suas armas e lançou um duro olhar para sua equipe.
— Vamos.
Liderando o caminho, ele saiu para o corredor com Rafe, Jax e Eli.
Eles estavam no meio do caminho do corredor sinuoso quando Carys chegou correndo por um canto, com o rosto arrasado e sombrio. Ela tinha os nós dos dedos brancos de tanto que apertava seu comunicador.
— Nathan, espere. Aconteceu algo.
A voz temerosa da fêmea quase parou seu coração. Ele quase tinha medo de imaginar esta notícia obviamente ruim.
— Jordana?
Carys balançou a cabeça.
— Houve um ataque no La Notte há poucos minutos. Syn foi morto. Rune quer falar com você.
Normalmente, a morte de um lutador de jaula Raça seria a última das preocupações da Ordem. E nem Syn ou Rune tinham muitos amigos entre os guerreiros. Mas esta era uma noite diferente das outras, e um ataque mortal no clube de Cassian Gray poucas horas após o desaparecimento de Jordana estava longe de ser uma coincidência.
Sem diminuir a velocidade, Nathan pegou o comunicador e colocou-o no ouvido.
— O que aconteceu?
— Isso é o que eu quero saber. — A respiração de Rune estava apertada e superficial. Sua voz profunda tinha uma ponta de desconfiança que Nathan nunca tinha ouvido antes. — Nós acabamos de tomar um golpe baixo aqui no clube. Alguns bandidos reviraram o escritório de Cass. Eles mataram Syn, quebraram todos os ossos em seu corpo.
Como Rune, Syn era um comprovado campeão nas jaulas. Seria preciso um grande adversário para derrubá-lo.
— Você viu quem fez isso? — Era quase demais para esperar.
Rune resmungou.
— Sim, eu os vi. Ouvi um tumulto no escritório acima da arena, então senti o cheiro de sangue. Muito sangue. Encontrei três homens despedaçando o lugar. Syn já estava mal, sem condições de lutar. Eu acabei com um dos bastardos, mas os outros dois fugiram. — Rune fez uma pausa. — O que eu matei? Não foi fácil, cara. Não até que arranquei a porra da cabeça de seus ombros. Então, todo o maldito lugar se iluminou com o brilho que ele lançou quando morreu. Com certeza não era humano, mas também não era Raça.
Não, Nathan pensou, sombrio com a compreensão. Eles eram Atlantes.
— Alguma ideia do que eles estavam procurando?
— Sim. — Rune respondeu. — Quando encontrei os desgraçados batendo em Syn, eles ficavam exigindo que ele dissesse onde a filha de Cass estava.
Nathan amaldiçoou e estacou no corredor.
— Syn ficou dizendo a eles que Cass não tinha qualquer família, mas eles não acreditavam nele.
Nathan continuou lá, congelado, sua mente correndo para processar tudo o que estava ouvindo.
— Isto acabou de acontecer, você disse? Estes homens, estavam aí agora?
— Aye. — Rune disse. — O cadáver do que eu matei ainda está quente.
Rafe parou perto de Nathan, o guerreiro loiro franziu a testa em dúvida.
— O que é isto?
— Você tem certeza que eles estavam procurando pela filha de Cass?
— Absoluta. — O lutador ficou em silêncio por um momento, ameaça irradiando do comunicador. — Carys acabou de me dizer o que aconteceu com ela e Jordana pouco tempo atrás. Porra, Nathan. Sinto muito por Jordana. E odeio como o inferno que Syn tenha morrido. Mas esses malditos, seja lá o que forem, colocaram as mãos em minha mulher esta noite. Esta merda acabou de ficar pessoal.
— Eu sei muito bem. — Nathan respondeu sombriamente.
Com um final murmurado para a conversa, ele entregou o comunicador de volta para Carys. Ela girou para longe, falando com seu amante em tons sussurrados e privados.
Fora da sala de guerra, Nathan e sua equipe se juntaram a Sterling Chase e Tavia, suas expressões indicavam que sabiam o peso das informações que ele tinha acabado de receber.
Martin Gates se levantou também.
— O que é isto? Você teve notícias sobre Jordana?
Nathan olhou sombriamente de seu comandante e companheiros de equipe para o pai desesperado de Jordana.
— Três homens acabaram de invadir o escritório de Cass no La Notte. Eles mataram um dos lutadores. Rune disse que eles estão procurando por Jordana.
— Atlantes. — Gates murmurou rigidamente.
Nathan deu um seco aceno de cabeça, mas girou seu olhar sobre Chase e os outros guerreiros.
— Então, se os inimigos de Cass ainda não pegaram Jordana...
— Então quem a levou? — Tavia perguntou.
Nathan olhou de volta para Gates.
— Havia mais alguém que Cass poderia ter confiado para contar sobre Jordana estar vivendo em Boston? Um de sua própria espécie?
Martin Gates considerou por um momento, então deu um aceno trêmulo com a cabeça.
— Sim, existe uma outra pessoa que sabia. Oh, meu Deus. Atrevo-me a esperar que ela esteja com ele?
— Pode ser tudo que nós temos. — Chase respondeu.
Gates encontrou o olhar fixo de Nathan.
— Se ela tiver sido levada para um lugar seguro, acredito que sei onde você vai encontrá-la.
Jordana limpou parte do vapor do seu banho do grande espelho no banheiro da suíte principal da casa de campo. Ela olhou para seu reflexo por um momento, tentando entender como os pálidos olhos azuis e o rosto familiar olhando de volta para ela poderia se sentir tão estranho agora.
Fazia apenas algumas horas desde sua conversa naquela manhã com Zael. Poucas horas desde tudo o que ela achava que sabia sobre si mesma havia sido desfeito.
Agora, com o sol quase se pondo do lado de fora da casa de campo onde ela tinha nascido, Jordana estava olhando para um rosto novo. Uma nova realidade.
Ela era Atlante.
Imortal.
A neta órfã da vingativa rainha de sua raça.
Tudo parecia tão estranho para ela, tão incrível. Mas ao mesmo tempo era como se as peças faltantes de um quebra-cabeça finalmente caíssem no lugar. Sua inquietação, a sensação de que ela tinha vagado por sua própria existência, vivendo a visão de outra pessoa para o que a vida deveria ser.
Porque ela não estava vivendo sua própria vida. Ela tinha vivido uma fantasia conjurada para sua proteção por pais que ela nunca conheceria e por um amado pai adotivo que havia sacrificado os últimos vinte e cinco anos pela promessa que ele fez para mantê-la segura. Para mantê-la escondida de inimigos que ela nem sequer sabia que existiam.
Inimigos que a estavam procurando agora mesmo.
Depois que o choque inicial disso tudo tinha passado um pouco, Zael tinha feito o seu melhor para explicar a ela sobre seu povo, o povo deles, e sobre Cassianus e Soraya e o reino de Atlântida. Ele tinha sido paciente e bondoso, contando tudo o que ela queria saber. Mas ela ainda tinha muitas perguntas.
Em particular, quanto tempo levaria para ela poder voltar para casa, para Boston e retomar sua vida.
Renovada pelo descanso e pelo longo banho, e vestida com calça pantalona de linho confortável e uma camiseta sem manga do mesmo tecido, Jordana entrelaçou seu cabelo úmido e deixou a longa trança cair no centro de suas costas.
Ela ouviu Zael na cozinha da casa, os aromas de carne assada, vinho, especiarias e pães flutuando pelo lugar. O jantar tinha um cheiro maravilhoso, mas seu estômago parecia ter outras ideias. Ele rolou e torceu, fazendo com que cada passo fosse um esforço cuidadoso delicado.
Suas veias pareciam carregadas com uma corrente de baixo nível. As palmas de suas mãos formigavam e estavam quentes de novo, do jeito que às vezes ficavam quando ela fazia amor com Nathan, só que mais intenso agora.
— Como você se sente? — Zael perguntou quando ela entrou na cozinha gourmet.
— O descanso e o banho eram justamente o que eu precisava, mas agora estou um pouco tonta. — Seus joelhos começaram a dobrar debaixo dela, vacilante como os de um filhote.
Em um instante, Zael veio e ajudou-a a sentar-se em um dos bancos na ilha central.
— Melhor?
Ela deu um fraco aceno, então cruzou os braços sobre a bancada de mármore branco e deitou sua cabeça. Sem dúvida, ela deveria estar meio esverdeada.
— Que princesa imortal eu sou, hein?
Ele riu.
— Faz parte do caminho. Todos nós passamos por isso, chamamos de dores de crescimento Atlante. Seu sistema irá amadurecer e estabilizar depois que você fizer vinte e cinco anos.
— Isso é na próxima semana. — Zael assentiu e ela pegou o copo de água que ele lhe entregou. — O que vai acontecer comigo, então?
Ela se sentou e tomou um gole de água enquanto ele voltou a cortar e refogar os legumes frescos em uma panela.
— Seu corpo para de envelhecer completamente. Você vai se tornar mais forte, seus sentidos mais aguçados. Você será capaz de aproveitar a energia que conecta todo nosso povo, vocês já a experimentou quando eu a assustei mais cedo e você usou seu poder para me afastar.
— Minhas mãos estavam brilhando. — Disse Jordana enquanto olhava para as palmas de suas mãos, que ainda formigavam, mas não havia luz. — As suas brilharam também, mas eu ainda pude ver o símbolo da lágrima e da lua crescente nelas.
— Sim. — Ele disse. — Seu símbolo irá se manifestar eventualmente também. Como um membro da linhagem real, isso vai acontecer mais cedo para você do que para a maioria. Outros de nossa espécie precisam ser muito mais velhos antes de aparecer o símbolo.
— Quão velhos?
Ele deu de ombros.
— Cem anos, mais ou menos.
— Então, você é...
— Mais velho que isto. — Ele respondeu, sua boca se curvando em um sorriso.
Ela agitou sua cabeça, incapaz de acreditar que o homem jovem e iluminado podia ter um dia a mais de seus vinte anos.
— O quão velho você, ou qualquer um de nós, podemos ser?
— Atlantes não mantém a contagem dos anos como os humanos fazem, ou mesmo os Raça. Nós podemos viver por milênios. A própria Selene é uma das que mais viveram em nossa espécie. Quando nós amadurecermos, desenvolvemos a habilidade de curar de dentro para fora, e nada além de um dano catastrófico pode matar um de nós.
— Como a decapitação. — Jordana murmurou baixinho. — Ou suicídio.
Zael acenou com a cabeça.
— Será que ele iria me contar? Será que Cass iria explicar isso para mim, quem eu era, quem ele era... quem minha mãe era?
— Não. — Zael respondeu suavemente. — Ele não iria. Você tem que entender, ele fez o que pensou ser o melhor para você. Ele criou uma identidade completamente nova em Boston, uma fachada de mau gosto para mantê-lo longe do radar de Selene. Ele era um soldado, não tinha medo do trabalho obscuro. Mas ele nunca teria querido aquela parte de sua vida muito próxima a você.
— Você está dizendo que La Notte era apenas uma fachada para ele?
Zael inclinou a cabeça.
— Uma bem lucrativa, mas sim. O clube forneceu uma cobertura profunda para Cassianus em Boston. Quanto a você, ele pensou que teria uma vida melhor fora do reino de Atlântida, neste mundo. Ele pensou que você poderia se misturar se fosse criada como uma Companheira da Raça. Cass sentiu que seria mais seguro te esconder à vista.
— Como meu segredo ficou escondido de todos? Como poderia ficar escondido de mim? — Pensou sobre a energia que sentia correndo por ela, se construindo nela, mesmo agora. — Eu teria sabido que era diferente. Toda minha vida eu senti que algo sobre mim era diferente, que alguma parte de mim estava faltando.
— Sim. — Disse Zael. — É por isso que Cass queria que você formasse um laço de sangue com um Raça antes que fizesse vinte e cinco anos. Uma união teria aliviado as mudanças em você. Teria explicado sua falta de envelhecimento. Mais importante, teria protegido você da legião de Selene, tornando sua energia mais difícil para a nossa espécie detectar.
Jordana considerou a certeza que ela ouviu na voz do imortal.
— Você diz isso com propriedade. Isso já foi feito antes, um Atlante acasalar com um Raça?
Zael assentiu.
— Houve acasalamento entre as raças ao longo do tempo. Mas eles são raros, e os casais unidos pelo sangue vivem em segredo e são conhecidos apenas por alguns poucos confiáveis.
— É por isso que meu pai, que Martin Gates, tentou desesperadamente me acasalar com alguém.
Zael acenou afirmativamente.
— Ele e Cass concordaram que você teria um laço de sangue antes de seu vigésimo quinto aniversário.
Ela se sentou de volta em sua cadeira com um suspiro longo e pesado.
— Fico atordoada de pensar sobre todas as promessas feitas comigo em mente, todos os sacrifícios. E entendo que foi tudo feito por amor, o tipo mais puro de amor, de pais que querem o melhor para seus filhos. — Jordana encontrou o olhar de Zael do outro lado da cozinha. — Mas, quando essas promessas foram feitas, todos esses planos secretos, houve uma coisa que todos eles negligenciaram. Era a minha vida que eles estavam manipulando, o meu futuro. Era o meu coração.
Eles a teriam forçado a um vínculo com alguém que ela não desejava e nunca iria amar.
Não do jeito que ela queria Nathan.
Não o modo que ela o amava.
Havia uma parte inconsolável e desesperada dela que esperava que isso fosse apenas um sonho e ela poderia acordar e descobrir que ainda estava em Boston. Que nada disso era real.
Ela fechou os olhos, desejando que quando os abrisse ela iria encontrar-se enrolada ao lado de Nathan em sua cama.
Se ela enviasse uma silenciosa e suplicante oração, tudo isto poderia se transformar apenas em um engano cósmico? Talvez a abertura da exposição ainda não houvesse acontecido, e ela não tivesse sentido seu mundo inteiro se desintegrar quando Nathan estoicamente e impiedosamente levou seu pai como um criminoso.
Talvez Nathan não tivesse simplesmente a seduzido como um meio de aproximar-se de seu pai.
Talvez ela realmente significasse algo mais para ele.
Talvez ele realmente a quisesse, a amasse, mesmo que apenas um pouco.
E talvez a única coisa que ela estava sonhando ou desejando era tentar moldar Nathan em alguém que ele nunca seria.
Ele avisou-a para ficar longe dele, mas tola como era, ela não tinha escutado. Ele era a tempestade selvagem e perigosa que ela temia, e ela saltou sobre sua borda, sabendo muito bem que poderia ser lançada sobre as rochas abaixo.
Agora, com seu coração despedaçado no chão, ela só podia culpar a si mesma por saltar.
Zael estava olhando fixamente para ela. Estudando-a em silêncio pensativo.
— Quem é ele?
Ela olhou para baixo, balançou a cabeça.
— Eu não tenho certeza se isso importa mais. Não para ele, pelo menos. — Mas, pensar em Nathan e em como as coisas tinham terminado renovou sua preocupação com seu pai. — Eu preciso voltar para casa agora. É muito importante. Ontem à noite, a Ordem prendeu meu pai e eu... — Ela fez uma pausa para pensar, de repente incerta. — Foi ontem à noite? Há quanto tempo partimos? E exatamente como chegamos aqui?
— Eu te tirei Boston ontem à noite, por volta das nove da noite. — Disse ele. — Você está fora de lá não mais do que 15 horas agora. — Enquanto ela tentava entender como isso poderia ser possível, considerando a distância da viagem e o fuso horário, Zael limpou suavemente sua garganta. — Quanto à forma como chegamos até aqui...
Ele levantou seu pulso, o que tinha a tira de couro e o emblema de prata pendurado nele. Jordana viu agora que o emblema era na forma de Companheira da Raça, ou melhor, o símbolo de Atlântida.
E o pingente não era feito de prata, mas de um cristal incomum que se assemelhava a vidro de mercúrio.
Ela piscou para ele.
— Eu não entendi.
— O cristal é feito de uma fonte de energia que pertence ao nosso povo. Ele gera energia, fornece proteção... é útil para muitas coisas, boas e más. Ele também permite que o nosso povo viaje grandes distâncias, ou pequenas, em um piscar de olhos.
Jordana ficou boquiaberta.
— Você está dizendo que esta pulseira nos trouxe até aqui?
— Ela nos levará a qualquer lugar, contanto que o lugar possa ser imaginado com precisão na mente do viajante. — A voz de Zael se tornou mais séria. — Ela pode te levar para um refúgio, Jordana. Em algum lugar que Selene e seus soldados nunca a acharão. Existem outros vivendo em exílio do reino, alguns por centenas de anos. Cass queria que eu oferecesse essa escolha para você, se o pior acontecesse e a legião finalmente o pegasse. É por isso que ele me chamou. Ele queria que eu te desse a opção de escapar para uma colônia protegida com gente de seu próprio povo.
— Deixar Boston? — Ela perguntou. — Você quer dizer aqui e agora. Você quer dizer para sempre.
Ele deu um aceno sombrio de cabeça.
— Por razões óbvias, você não pode contar a ninguém sobre isso. Pela segurança de todos, ninguém na colônia pode sair. Ninguém de fora pode entrar, salvo em circunstâncias extremas, como minha missão para contatar você. Esta seria uma decisão permanente. E uma que você não tem muito tempo para tomar. Com seus poderes já se manifestando, cada minuto que passamos aqui corremos o risco de você ser localizada pelos guardas da rainha.
Era tentador pensar que ela tinha para onde ir. Era um alívio pensar que havia um lugar onde ela poderia ficar longe dos inimigos que tinham matado Cass e agora estavam caçando-a.
Um lugar onde ela poderia estar com outros como ela, de sua verdadeira espécie. Onde ela não teria que esconder quem e o que ela era. Um local onde sua própria existência não colocaria em risco a vida das pessoas que ela amava e queriam protegê-la.
Egoisticamente, havia uma parte dela que almejava o refúgio que Zael descreveu.
Mas ela poderia realmente ir sem sequer uma palavra de adeus?
Ela poderia deixar seu pai? Ela poderia deixar Carys ou seus outros amigos? Ela poderia abandonar o trabalho que adorava e os colegas e a comunidade com quem ela trabalhou por anos?
E o que dizer de Nathan? Ela poderia imaginar qualquer tipo de vida que não o incluía de alguma forma?
De todas as pessoas que amava e sentiria falta terrivelmente, foi este último pensamento que apertou mais seu coração.
E ela tinha que encarar o fato de que tudo o que ela pensou que teve com Nathan já poderia ter acabado.
Mas ela realmente poderia ir embora sem saber ao certo?
— Sei que esta é uma escolha impossível, Jordana.
Ela balançou a cabeça lentamente.
— Não, você não pode saber disso. Você está me pedindo para abandonar o único lar que eu conheci. Para nunca mais ver as pessoas que mais amo neste mundo. Minha segurança vale isso? Alguma coisa vale tudo isso?
O rosto bonito de Zael estava solene, um turbilhão de dor nas profundezas de seus olhos azuis Caribe.
— Eu precisarei de sua resposta em breve. Se queremos sair antes que você seja descoberta, devemos fazê-lo esta noite. Não se engane, os soldados de Selene virão por você aqui. Não é uma questão de se, Jordana, mas quando.
Nathan estava sentado atrás de uma placa de vidro bloqueadora de UV, no banco de trás de um sedan escuro que estava parado no crepúsculo, em uma rua estreita na aldeia costeira de Amalfi. O motorista, Salvatore, era humano, um aliado comprovadamente discreto, contratado para encontrar o voo de Nathan mais cedo naquela tarde, pelo chefe do distrito da Ordem em Roma, Lazaro Archer.
Nathan tinha sido transportado por via aérea de Boston, três horas depois do desaparecimento de Jordana. O tempo de voo no jato privado da Ordem e a espera pelo pôr-do-sol, uma vez que ele chegou à Itália, tinham sido enlouquecedores. Cada segundo rastejava com uma lentidão agonizante. Ele não estava certo como teria suportado tudo isso, se Martin Gates não tivesse certeza de que Jordana estava em mãos amigas, em um lugar que uma vez foi o santuário particular de Cass.
Sabendo que Jordana estava nas mãos de qualquer outro homem, particularmente nas de um Atlante, não fez a demora em alcançá-la, menos torturante.
Agora, finalmente, Nathan encontrou-se olhando por cima da encosta íngreme, sufocada de árvores, para uma vila isolada no alto da pequena rua serpenteante.
Ele abriu a porta e saiu. Uma batida quieta no telhado do carro enviou Salvatore a caminho da estrada abaixo. Nathan não tinha nenhuma ideia para onde estava caminhando, e ele e Lazaro Archer concordaram que discreto ou não, o mais distante que se mantivessem dos humanos fora da Ordem, melhor.
Isso duplicava quando chegava aos negócios da Ordem, envolvendo a raça de imortais que estavam evidentemente caçando e matando sua própria espécie, enquanto supostamente conspiravam para a guerra contra a Raça e os humanos.
Uma raça de imortais que reivindicaram Jordana como uma deles.
Parte dele ainda não podia conciliar a ideia de que ela pertencia a um povo diferente, um mundo diferente. Ele sentia desde o início que ela merecia alguém melhor, mais digno dela. Que ela era destinada à coisas maiores do que ele poderia jamais esperar oferecer-lhe. Ele apenas não tinha percebido o quão verdadeiro seus sentimentos realmente se tornaram.
Um movimento no pátio do terraço bem acima dele tirou sua atenção da vila.
Como se conjurada por seus pensamentos, Jordana apareceu no parapeito, com vista para a ladeira e a costa abaixo. Um alívio derramou sobre ele, no momento em que a viu.
Ela estava segura.
Graças a Deus, ela estava segura.
E estava mais bonita do que nunca, a visão dela foi tão bem-vinda que ele mal podia respirar pela forma como seu coração estava martelando em seu peito.
Nathan ficou imóvel, preso pela visão dela lavada pelo índigo da noite.
Ela parecia diferente para ele esta noite. Mudada, de alguma maneira. Mais forte e mais vibrante.
Ela vestia uma regata branca de linho folgada, e calças de linho, roupas simples que não conseguiam esconder as curvas sedutoras, e as linhas magras graciosas do corpo de Jordana. Seus longos cabelos loiros platinados estavam puxados de seu rosto delicado, e presos em uma trança espessa que serpenteava abaixo de sua coluna.
Esbelta e etérea, ela brilhava tão pálida quanto o luar, e tão deslumbrante quanto uma deusa.
Encaixava, ele pensou que ela parecia tão encantadora, como um ser de outro reino.
Quanto a Nathan, ele nunca se sentiu mais fora do lugar do que se sentia naquele momento, olhando fixamente para ela das sombras de seu equipamento de guerreiro, eriçado com todas as armas feias e brutais de seus negócios.
Ele tinha vindo para encontrá-la, levá-la para casa. Ele veio para dizer-lhe o que ela significava para ele, dizer as coisas que deveria ter lhe dito quando teve a chance, antes de tudo dar tão errado ontem à noite.
Ele veio para resgatá-la em nome de seu pai e da Ordem, mas em seu coração, ele sabia que tinha vindo aqui com a esperança de que levaria Jordana para casa como sua companheira.
Agora ele se perguntava se ela já não estava no caminho em que verdadeiramente pertencia.
Sem estar certo de como seria recebido, ou ainda que ela queria vê-lo novamente, Nathan deu um passo para fora da escuridão da rua. Ele ergueu a mão, prestes a chamá-la e deixá-la saber que estava lá.
Antes de poder falar, um homem aproximou-se ao lado dela na sacada do terraço. O peito de Nathan esquentou e apertou com o sorriso terno, e o aceno de cabeça que Jordana deu a este estranho. Alto, de cabelos dourados, muito bonito para ser meramente mortal, o homem colocou um braço protetor ao redor de Jordana.
Então seu guardião Atlante suavemente a guiou para longe do parapeito, e os dois desapareceram dentro da vila.
Jordana esfregou um súbito arrepio de seus braços nus, enquanto relutantemente caminhava de volta para dentro da vila com Zael. Ela não queria deixar o terraço, ou o ar quente da noite, que a atraiu para fora, para o parapeito, enquanto Zael estava servindo o jantar que ele preparou.
Ela foi para o lado de fora por respostas, por conforto.
Para algum espaço muito necessário para pensar sobre a escolha que fez um tempo atrás.
Ela estaria partindo com Zael em breve. Se ela estava tomando a melhor decisão, ou uma que iria se arrepender eventualmente, para o resto de sua vida, para sempre, neste caso, Jordana não podia estar certa.
O que quer que escolhesse, Zael deixou isto claro, não haveria reversão. Uma vez que ela deixasse a vila com ele, seu curso estaria definido e finalizado.
— Vinho ou água com seu coq au vin? — Ele perguntou, esperando educadamente enquanto ela tomava seu lugar à mesa. A comida cheirava deliciosamente, e parecia até mais incrível.
Não que ela estivesse com fome, nem um pouco.
— Água, por favor. — Sua cabeça ainda estava um pouco tonta, e o zumbido elétrico que esteve sentindo o dia todo, estava apenas intensificando. Ela colocou as mãos pinicando em seu colo debaixo da mesa, e tentou ignorar o formigamento morno de suas palmas. — Quão breve sairemos daqui?
— Assim que você estiver pronta. — Zael recuperou uma garrafa de San Pellegrino e despejou um pouco em sua taça. Ele deu-lhe um olhar sóbrio que dizia que ela não o enganou, tentando esconder que o poder dentro dela estava ficando mais forte no momento. — Não é tarde demais para mudar de ideia. Mas não temos muito tempo.
— Você acha que estou fazendo a escolha certa?
A expressão de Zael era discreta, deliberadamente neutra. — Só você pode responder a isto.
Ela assentiu com a cabeça e tomou um gole de água com gás. Zael acomodou-se em frente a ela na mesa de jantar, em seguida, atacou sua obra-prima culinária com abandono.
Ele parecia relaxado, confiante e despreocupado, mas Jordana não perdeu o fato de que em certo ponto daquele dia, ele adquiriu uma delgada e reluzente espada de algum lugar da vila.
A longa lâmina colocada contra a mesa ao seu lado direito, facilmente dentro de seu alcance.
Não parecia com qualquer outro tipo de lâmina que ela tinha visto antes. O aço estava inscrito com algum tipo de letras e símbolos de aparência antiga. E o punho trazia o símbolo que Jordana agora reconhecia como a marca Atlante.
— Você não pensa realmente que precisará disto, não é?
Zael ergueu um ombro vultoso enquanto empurrava outro bocado de comida para a boca. O canto de seus lábios se curvou com orgulho masculino impenitente. — Se tiver que usar, não se preocupe. Sei como usar isto.
Quando ele terminou de falar, a jovialidade tinha desaparecido de seus olhos. Ele soltou o garfo, o rosto tornando-se letal por um momento.
Jordana olhou para trás dela para as portas francesas abertas do terraço. Um homem estava lá, escuro e sombrio em seu uniforme de combate preto. O choque e a descrença, juntamente com uma esperança penetrante e desesperada, ganharam vida dentro dela.
Ela virou e começou a se erguer. — Nathan?
Ela apenas ofegou seu nome antes de Zael estar em movimento.
Um segundo e ele estava sentado em frente a ela na mesa; no próximo, se foi e materializou-se novamente para ficar na frente dela como um escudo de corpo inteiro. Ele mantinha sua espada Atlante em um ângulo defensivo na frente deles, pronto para matar.
Enquanto Zael se colocava em posição de atacar, Nathan estava desarmado, todas as suas armas guardadas e embainhadas, suas mãos mantidas soltas ao seu lado.
— Não. — Ela colocou as palmas brevemente sobre os ombros do macho Atlante, seus olhos fixos em Nathan em uma tentativa desconfortável de questionar. — Tudo bem, Zael. Nathan é meu… ele é da Ordem.
A tensão no grande corpo de Zael relaxou ligeiramente. Ele não abaixou a lâmina, mas não se moveu para atacar também.
Nathan não disse nada, seus olhos nebulosos moveram-se do protetor de Jordana para ela, em pé atrás de Zael. Seu olhar era ilegível nas sombras do pátio do terraço. Seu rosto permanecia impassível, sem emoção e educado.
Mais que qualquer coisa, Jordana queria mover-se ao redor de Zael e correr para os braços de Nathan.
Ao invés disso, conteve o impulso, com medo de sua rejeição. E ela ainda estava muito ferida pela maneira como as coisas terminaram entre eles na noite passada, para arriscar outra mágoa.
No silêncio pesado, Zael deu um passo para longe de Jordana. O olhar dele se voltou para ela dizendo que entendia que Nathan era o homem que ela estava pensando mais cedo hoje. O homem que ela tinha estado desejando, quando falou do modo como poucos consideraram como ela queria viver sua vida, ou onde seu coração poderia ser mais feliz.
O sábio olhar atemporal de Zael dizia que ele reconheceu que este era o homem que ela amava.
Ele deu-lhe um lânguido, quase reverente, arqueio com a cabeça. — Você vai querer um pouco de privacidade, sem dúvida. Estarei na outra sala, se houver qualquer coisa que precisar.
— Não, — Jordana murmurou. Apesar do quão aliviada e esperançosa ela estava por ver Nathan em pé lá, tinha medo do que poderia ouvir. Com medo de que a Ordem pudesse ter feito a seu pai.
Com medo por si mesma, e que o coração que estava batendo tão freneticamente em seu peito, um órgão descuidado que queria perdoar Nathan e acreditar que ela significava algo para ele, simplesmente porque ele estava lá.
Mas ela não sabia por que ele veio, e recusava-se a ser uma tola confiante e ingênua, depois de tudo o que aconteceu desde que o viu pela última vez.
— Não, Zael. Quero que fique, — ela lhe disse. — Qualquer coisa que a Ordem tenha a dizer para mim, pode ser dito na sua frente.
Nathan exalou um curto suspiro, a primeira rachadura em sua compostura férrea. — Acho que mereço isto.
Jordana segurou firme em sua resolução, mas a voz baixa dele ainda tinha o poder de fazer algo dentro dela derreter. Ele olhou para Zael brevemente, quando o Atlante relaxou sua postura com a lâmina, então se acomodou para trás em seus calcanhares para permanecer, a pedido de Jordana.
— Você está bem? — Nathan deu um passo em direção a ela, emergindo para a luz da sala de estar da vila. — Você não foi machucada?
— Não. Não por Zael. — As palavras foram afiadas, mas não conseguiu engoli-las de volta. Ela se preparou quando Nathan deu alguns passos para dentro. — Onde está meu pai? O que você e a Ordem fizeram com Martin Gates?
— Ele está no Centro de Comando em Boston. Ele está preocupado com você, Jordana. A Ordem está muito preocupada com você também. Carys também está. — O olhar frio de Nathan deslizou para Zael em uma advertência silenciosa. — Todos querem que retorne para casa segura. Eu vim para assegurar que isto aconteça. E não se engane, não partirei sem você.
Ela se irritou com a ideia de que ele esperava ditar qualquer aspecto de sua vida. Especialmente quando ele estava fazendo isto em nome de um comitê: seu pai, seus amigos, a Ordem.
Todos exceto ele.
Ela levantou o queixo, esperando que ele não visse através dela, a ferroada que estava sentindo tudo de novo. — E se eu decidir que não quero ir com você? O que então? Você me levara forçada fisicamente em custódia, do modo que fez com meu pai?
Ao lado dela, Zael ficou tenso com a ameaça palpável. As sobrancelhas de Nathan enrugaram quando olhou para ela, e deu uma sacudida lenta com a cabeça.
— Jesus. — Ele pronunciou uma maldição baixa e dura. — Acha que eu faria isto com você?
— Não sei o que pensar Nathan. Ontem à noite, pensei que o conhecia. Não o guerreiro ou o Hunter, pensei que conhecia você. Pensei que pudesse confiar em você. Pensei que você e eu... — Ela parou antes que a confissão, a esperança frustrada, pudesse escapar. — Não importa o que pensei ontem à noite. Hoje nada é o mesmo.
— Está certo. Hoje tudo é diferente, — Nathan concordou. — Ontem à noite, levamos Martin Gates em custódia, porque descobrimos que ele estava secretamente fazendo negócios por anos com Cassian Gray.
— Fazendo negócios com ele? Como?
— O La Notte pertence a Martin Gates, não a Cass.
As notícias vieram como uma surpresa, mas ela estava além da capacidade de ficar chocada. Um clube assim, com sua arena esportiva ilegal e operação de jogatina, sem falar dos covis de BDSM, seria o último tipo de negócios que seu pai estaria envolvido. Então novamente, se isto tivesse sido uma fachada para Cass, isto não significava que seu pai esteve secretamente mantendo o clube como algum meio adicional de proteger Cass e o seu segredo?
— Nós tivemos que assumir que como parceiro de negócios de longa data de Cass, Gates sabia que ele não era humano. Precisávamos saber por que estavam mantendo aqueles tipos de segredos, Jordana. E mais urgentemente, precisávamos determinar se Martin Gates e Cass poderiam também ter laços com a Opus Nostrum.
— Não. Isto é impossível. — Por incrível que fosse para ela imaginar que Martin Gates tinha qualquer coisa a ver com o notório clube de Cass, ela recusou-se a acreditar que seu pai, qualquer um deles, por qualquer razão, já teria sido parte do grupo terrorista, responsável pelos múltiplos assassinatos e os ataques recentes contra a cúpula global da paz em D.C.
Nathan assentiu com a cabeça. — Percebemos logo o bastante que não era o caso. Martin Gates e Cassian Gray estavam mantendo um grande segredo, mas ele não era da Opus Nostrum. Era você.
Ele andou mais para perto, mas ela retrocedeu um passo. — Há quanto tempo você sabia que a Ordem estava vindo atrás do meu pai? Você soube o tempo inteiro na noite passada? — A voz de Jordana soou partida, até para seus próprios ouvidos. — Estava planejando a prisão dele até mesmo enquanto você e eu estávamos juntos em meu escritório? Você me usou, Nathan?
Agora Zael rosnou baixinho sob sua respiração.
O cenho de Nathan se aprofundou. — Eu usei você? Porra não. Nunca, Jordana. — Ele deu uma forte sacudida com a cabeça. — Mas entenda que eu também tinha que fazer meu trabalho.
Ela zombou baixinho, até mesmo enquanto seu coração cedia por ele um pouco mais. — Você está apenas fazendo seu trabalho agora também? É por isso que está aqui? Por causa do que eu sou? Por causa de quem sou.
— Vim porque assim que compreendemos onde você poderia estar, nada me afastaria de encontrá-la. Nada.
Ele olhou fixamente para ela, moveu-se adiante apesar da advertência adicional que enrolou na parte de trás da garganta de Zael. — Você precisa voltar comigo, Jordana. Sim, por causa de tudo que descobrimos sobre você agora. Precisa voltar para Boston, onde será meu trabalho e da Ordem mantê-la protegida dos inimigos de Cass. Ou qualquer outro que possa pensar que tem reivindicações sobre você, — ele adicionou, inclinando um olhar desafiador para Zael.
— Não tenho nenhuma reivindicação, — Zael disse uniformemente. — Mas alguém mais poderoso que qualquer um de nós tem. Foi sob o comando dela que aqueles soldados rastrearam e mataram meu velho amigo Cassianus. E ao menos que sejam impedidos, ou ao menos que percam o rastro que eles têm mais certeza agora, aqueles mesmos homens continuarão a procurar por Jordana por ordem da rainha deles.
— Rainha deles, — Nathan murmurou, claramente suspeito. — Do que você está falando?
— Jordana é neta dela.
A maldição em resposta de Nathan foi áspera e descrente. Mas Zael continuou, destemido. — Os soldados estavam se aproximando de Jordana ontem à noite em Boston.
— Aproximando-se dela, — Nathan disse, então pareceu entender. — Porque seus poderes ocultos estão amadurecendo. Sua natureza Atlante está trazendo-os até ela como algum tipo de farol?
Zael deu um aceno com a cabeça sombrio. — Eles a localizarão nos confins da Terra a menos que medidas sejam tomadas. Eles estavam em Boston desde a noite em que localizaram Cass. Teriam encontrado Jordana. Se eu não a alcançasse primeiro, eles já a teriam levado de volta para o reino.
— Ah, Cristo. — Nathan deu um olhar abatido sobre ela. — E a deixei sozinha. Eles poderiam ter vindo atrás de você, e eu não estava lá.
A raiva ardeu por ela. — Não é seu trabalho me proteger, Nathan. Maldição, não é trabalho de ninguém me proteger!
Conforme a voz dela elevou-se, o formigamento em suas mãos intensificou. O zumbido em suas veias cresceu mais profundo, um pulsante tamborilar que enchia seus ouvidos.
Ela lançou um olhar furioso para Nathan e Zael. — Não sou feita de vidro. Não sou uma criança. Sou uma mulher adulta, e estou cansada de ser tratada como se todos soubessem o que é melhor para mim.
Ela não percebeu o quão forte a sensação de calor e energia começou em suas mãos, até que notou que Zael e Nathan olhavam fixamente para ela. Só então ela olhou para baixo em suas palmas.
Para o brilho ardente que emanava do centro delas.
E no meio daquela luz em brasa brilhante estava o esboço de uma lua crescente e a lágrima.
A marca Atlante.
— Puta merda, — Nathan ofegou. Seus olhos tempestuosos ergueram-se para o olhar dela, e ele ficou mudo por um longo momento, impressionado. — Meu Deus… Jordana.
A resposta de Zael era mais sombria do que surpresa. — Filhos da puta. — Ele inclinou a cabeça, então disparou um olhar grave para Jordana. — Nós demoramos muito. Eles estão aqui.
Todos os músculos do corpo de Nathan estalaram com atenção à advertência de Zael.
Não houve tempo para processar a mudança surpreendente que ele viu em Jordana. Nenhuma oportunidade de avaliar o perigo recém-chegado, ou catalogar as inúmeras vulnerabilidades de seu ambiente em preparação para a batalha por vir.
— Não podemos deixar Jordana ser levada. — Zael olhou para Nathan, o tom grave em seu rosto e suas palavras. Enquanto ele falava, Nathan notou a tira de couro enrolada em torno do pulso de Zael. O emblema prateado que pendia do cordão estava iluminado com um fogo sobrenatural. — Este cristal pode transportá-la para longe do alcance da rainha, mas devo levá-la agora.
Nathan deu ao guerreiro Atlante um aceno com a cabeça. Ele olhou para Jordana, seu coração sufocando como se estivesse preso em um torno. — Vá com ele. Preciso saber que está em algum lugar seguro.
— E quanto a você? — O pânico drenou de seu rosto, e dos olhos azuis gélidos que olharam para ele com tanta dor e desconfiança esta noite. — Zael, — ela disse uma urgência, uma majestosa demanda recortada em sua voz. — E quanto a Nathan?
O Atlante balançou a cabeça em uma negação lânguida. — Sinto muito, Jordana. O cristal só funcionará com nossa espécie. E, além disso, ele não pode ir onde devo levá-la.
Com a espada em uma mão, Zael estendeu a outra para ela, com a luz do cristal elevando-se.
— Não. Não irei a lugar algum. Não me toque Zael. — Jordana afastou sua mão para longe dele. Ela lançou um olhar atormentado para Nathan. — Como você pode pensar que eu o deixaria para trás, apenas para me salvar? Não percebe o que isso faria comigo?
Nathan amaldiçoou. Se alguma coisa acontecesse com ela, seria pior que qualquer abuso que ele já tinha sofrido. Nunca perdoaria a si mesmo. — Jordana, não sou importante. Quero que você vá...
— Maldição, Nathan, você não percebe que eu te amo?
Ela mal tinha pronunciado as palavras quando o ar agitou fora das portas francesas abertas para o terraço.
Em um piscar de olhos, um par de machos imensos materializou-se lá. Era evidente que eram soldados. Óbvio que vieram por ela, da mesma maneira que Zael disse que viriam.
Cada homem segurava uma longa e cintilante lâmina muito parecida com a de Zael, que agora estava empunhada à sua frente, enquanto rapidamente conduzia Jordana para trás dele.
Nathan não perdeu tempo esperando pelo ataque vir. Ele puxou uma de suas armas e abriu fogo nos dois Atlantes.
O maior dos dois, com cabelo escuro e rosnando, cambaleou para trás em seus calcanhares sob a enxurrada repentina de balas, que rasgou seu peito e crânio. Seu companheiro, um guerreiro de cabelos acobreados com penetrantes olhos verdes determinados, deu um par de voltas em seu torso antes de desaparecer no ar.
Nathan manteve-se disparando no grande macho, detonando buracos no bastardo até que seu esfarrapado peso imóvel caísse direito sob o parapeito da sacada.
O grito de Jordana forçou a cabeça de Nathan ao redor. O outro soldado reapareceu mais distante dentro da vila, e agora se lançava sobre ela e Zael.
Zael colocou seu corpo entre Jordana e seu atacante, levantando sua lâmina, enquanto a espada do outro macho veio cortando em direção a ele. As armas dos Atlantes se enfrentaram com um grito alto de metal, e uma breve chuva de faíscas azuis e verdes. Zael caiu sobre um joelho, impulsionado pelo súbito e violento impulso do braço de seu oponente.
Nathan soltou sua pistola vazia. Usando a velocidade de sua genética da Raça, ele atravessou a sala e surgiu atrás do soldado de cabelos acobreados. Ele agarrou a cabeça do Atlante em ambas as mãos e deu uma torção violenta. As vértebras estalaram como fogos de artifício. O soldado soltou sua lâmina e afundou no chão em um monte inanimado.
Quando o corpo caiu, Zael abriu a boca em um grito de advertência.
Tarde demais.
Nathan sentiu uma afiada extensão de gelo empalar seu torso por trás.
A lâmina foi retirada e ele virou de costas, surpreso ao encontrar o Atlante de cabelo escuro em pé lá. O sangue estava por toda parte do soldado, mas nem um único ferimento a bala permanecia.
O imortal tinha retornado do tiroteio e da queda. Sua reluzente espada estava gotejando, manchada de escarlate do buraco que agora sangrava das costas e abdômen de Nathan.
O ferimento era ruim, mas não mataria Nathan. Isto, porém, o deixou severamente puto.
E antes que pudesse se reagrupar e revidar, o grito apavorado de Jordana rasgou o ar.
— Oh, meu Deus. Nathan! — Ela saltou por detrás de Zael.
A mão do Atlante de cabelos escuros disparou impiedosa e inflexível, e a agarrou. Seus dedos longos enrolando firmemente ao redor do braço dela. Nathan viu que ele usava uma tira ao redor de seu pulso, semelhante à de Zael. O emblema de cristal anexado agora começou a liberar uma poderosa luz de fogo.
Ele estava levando-a para longe. De volta para seu reino. De volta para sua rainha.
O olhar selvagem e apavorado de Jordana disparou para Nathan.
Não. Ele não poderia perdê-la.
— Foda-se isto, não! — Nathan gritou.
Ele agarrou sua outra mão e segurou apertado. Ele não suportaria deixá-la ir.
E naquele momento, em um instante mesmo, ele sentiu um calor começar a surgir pelos dedos de Jordana. A energia era imensa, incrível.
Nada deste mundo.
— Solte-me, — ela rosnou para o soldado que a capturou. O poder dentro dela expandiu, aumentando rapidamente. Em um clarão ofuscante, isto irrompeu para fora dela enquanto rugia o comando novamente. — Solte-me!
O guarda Atlante desprendeu-se dela como se uma força invisível o arrancasse para longe. Nathan também cambaleou, pela súbita explosão de luz e poder que surgiu das mãos de Jordana.
Ele soltou, apenas porque notou que o macho de cabelos escuros soltou sua espada naquele momento. Nathan agarrou-a, ao mesmo tempo em que Zael lançou-se no soldado, agarrando o guarda enquanto seus reflexos eram ofuscados pelo ataque defensivo de Jordana.
Mas agora o segundo soldado Atlante voltou à vida de seus danos.
Embora Nathan tenha quebrado o pescoço do macho, o imortal de cabelos acobreados escapou disto com uma risada ameaçadora, enquanto erguia-se de pé. Ele rodou a cabeça, estalando sua coluna para trás em alinhamento.
Nathan saltou do chão, girando ao redor ao mesmo tempo. Com a espada do imortal de cabelos escuros segura em suas mãos, ele balançou-a ao redor quando o segundo guarda o atacou.
Aço encontrou carne e cortou profundamente, varrendo a cabeça do imortal em um golpe certeiro e letal.
Atrás dele, a espada de Zael também arrancou músculo e osso, a cabeça do outro Atlante bateu no chão com uma molhada, pancada final.
— Nathan! — Jordana voou através da carnificina em direção a ele.
Com o coração alojado em sua garganta, o pânico e alívio inundando-a ao mesmo tempo, Jordana correu para o lado de Nathan e lançou seus braços ao redor dele.
Ele estava ferido e sangrando, mas ainda assim de pé. Ele estava vivo.
Ele a salvou, provavelmente tinha salvado Zael também, e nada poderia afastar Jordana de abraçar Nathan, e enterrar seu rosto no vivo e respirando calor dele.
— Oh, Deus, — ela murmurou contra seu peito. Ela agarrou-se nele, precisando sentir seu corpo contra o dela, inteiro e são. — Nunca fiquei tão assustada, Nathan. Quando aquele soldado enfiou a lâmina em você, pensei que tinha matado você...
— Shh, — ele a acalmou, sua mão acariciando as costas dela, enquanto dava um beijo em cima de sua cabeça curvada. Ele a segurou apertado, a pulsação dele disparada sob a orelha dela. Tão forte e fixa, tão reconfortante. — Eu curarei logo. Sobrevivi a pior que isto antes.
Ele ergueu o queixo dela, os dedos e seu olhar terno nela. — Teria levado um inferno de muito mais que aquela lâmina para me parar. Não os deixaria levar você. Não dou caralho nenhum se a rainha de Atlântida e seu exército inteiro pensam que têm qualquer reivindicação sobre você. Todos eles terão que passar por mim primeiro.
Ele abaixou a cabeça e a beijou. Não um beijo hesitante, mas um feroz e possessivo.
Jordana derreteu-se contra ele, saboreando o gosto dele, a sensação dele. A energia sobrenatural que despejou pelas veias dela durante a batalha, agitou-a novamente, mas com um poder diferente, enquanto a boca de Nathan se movia sob a dela em uma profunda e apaixonada conexão.
Ela sempre responderia tão facilmente ao seu toque, seu beijo?
Ou agora que sua genética de Atlante estava acordando, tornando-se parte dela, ela o desejaria com uma necessidade muito maior?
Ela esperava que tivesse a chance de descobrir isso.
Esperava que tivesse um futuro inteiro pela frente com Nathan, para descobrir isto.
Mas agora, a lesão dele estava precisando de cuidados, e através da sala, Zael estava em pé sob os cadáveres dos dois guerreiros de Atlantes.
Nathan quebrou o contato com um gemido baixo. Quando levantou a cabeça para olhar para Zael, ele colocou Jordana debaixo do braço em uma posição protetora. — Mais soldados virão?
Zael deu um aceno com a cabeça sóbrio. — Uma vez que for determinado que estes homens falharam e a perderam, Selene enviará mais. Ela continuará enviando mais. A rainha não aceita derrota facilmente. Ela perdoa até menos. — O olhar de Zael deslizou para Jordana. — O melhor lugar para iludi-la é na colônia.
— Ou por um laço de sangue, — Jordana assinalou.
— Se você permanecer no mundo mortal, isto é tudo que a protegeria. Mas apenas se a legião de Selene não achá-la primeiro.
— E ela me tem. — Nathan disse isso como um voto: firme, sem vacilar.
— Verdade, — Zael reconheceu com um olhar nivelado, mas seu tom sombrio não parecia encorajador. — Infelizmente, nada pode ser tão certo quanto o exílio na colônia pode fornecer. É escondido, conhecido somente por uns poucos fora do reino. Sou um de apenas um punhado a quem foi confiada sua localização, aparte dos exilados que vivem lá em exclusão sob a proteção da colônia.
— Que tipo de proteção? — Nathan perguntou.
Zael indicou o cristal prateado que ele usava na tira de couro em seu pulso. — Isto foi feito artesanalmente de uma fonte maior de energia que pertence ao nosso povo. A colônia tem uma, e Selene também tem. Uma vez, há muito tempo, o reino tinha cinco destes cristais, muito maiores que este pequeno colhido pedaço. Os cristais são sagrados para o povo Atlante. Eles nos protegem do mundo exterior e mantêm o reino protegido de inimigos que gostariam de nos destruir.
Ao lado de Jordana, Nathan estudou a pulseira de Zael com escrutínio restrito. — Este material não é nenhum encontrado na Terra.
— Não, — Zael disse. — Meu povo, assim como os Antigos que geraram sua espécie, a Raça, era de outro lugar. As duas raças estavam em guerra, na verdade. Até antes de o destino trazê-los para cá.
Nathan praguejou entre dentes. — É por isso que outro de sua espécie, Reginald Crowe, recentemente ostentava antes de morrer, que a rainha Atlante vinha conspirando uma nova guerra? Uma tanto contra a humanidade quanto contra a Raça?
— Selene é uma rainha amarga. — Zael grunhiu. — Pior, ela é uma mulher desprezada. Não posso dizer o que está conspirando, mas é raro que não esteja procurando por razões para lutar ou para destruir inimigos. Não foi sempre deste modo com ela.
— O que aconteceu para deixá-la deste modo? — Apesar de como Jordana temia esta mulher que levou sua mãe ao suicídio, e ordenou aos seus soldados encontrar e executar o pai de Jordana, ela se sentia compelida a tentar entender algo sobre a rainha se pudesse.
— Selene mudou depois que nosso primeiro povoado foi destruído, — Zael explicou. — Dois dos cristais do reino foram roubados, e nossos inimigos, seus antepassados Antigos, — ele disse para Nathan, — usaram o poder dos cristais para nos aniquilar. Selene fugiu de Atlântida com tantos de nosso povo quanto puderam escapar da destruição de tudo que construímos, e uma onda gigante engoliu o resto.
— Assim como o mito, — Jordana sussurrou. — Esta história tem sido contada há milhares de anos.
Zael deu de ombros em reconhecimento. — Mais ou menos. E Selene teve apenas desconfiança ou ódio por todos desde aquele dia.
Nathan franziu o cenho. — Então a colônia tem um cristal, e a rainha tem um também. Dois foram roubados antes do ataque, pelos Antigos. E o quinto?
— Ninguém sabe com certeza. Desapareceu mais ou menos a vinte e cinco anos atrás. — Zael olhou par Jordana. — Existiam rumores de que Cassianus levou isto com quando fugiu com você…
— Mas você não acredita nisto? — Ela perguntou.
As sobrancelhas de Zael se ergueram em contemplação. — Cass teria tido culhões, isto é um fato. Mas fugir com um objeto desta magnitude de poder? Para mantê-lo escondido todo este tempo teria sido um grande feito. Ele teria que proteger isto de alguma maneira.
— Do mesmo modo como ele quis proteger meu poder com um laço de sangue, — Jordana disse. — Será que ele teria alguma razão para levar algo assim com ele, quando deixou o reino?
— Qualquer um que entendesse o quão valioso o cristal era tinha razão para querer isto consigo. — Zael pensou por um momento, então riu suavemente quando olhou para Jordana. — Ou com outra pessoa, se pensasse que poderia ser útil de alguma outra maneira.
— Uma moeda de troca, — Nathan sugeriu. — Uma influência contra a outra pessoa que queria isto mais. Queria isto talvez mais do que qualquer outra coisa.
Zael grunhiu. — Bem, ainda que Cass tenha levado isto, ele não pode dizer a ninguém onde encontra-lo agora. O cristal está, provavelmente, perdido para sempre.
Não importa se Cassianus escapou com um valioso tesouro Atlante ou não, e não importa qualquer motivação que possa ter tido para fazer isso, Jordana sentiu uma onda de tristeza renovada pelo pai que nunca conheceu. Ela lamentou por sua mãe também, pelo amor que perdeu e a família nunca teve a oportunidade de desfrutar.
Havia também uma pequena parte de Jordana que tinha pena de sua avó. Afinal, que tipo de dor emocional isto deve exigir para tornar uma mulher naquele tipo de monstro insensível e destrutivo que Selene parecia ser?
Nathan olhou para Zael questionador. — Se Cass se preocupou tanto com Jordana e sua segurança, por que não a levou para a colônia quando criança, e ficou lá com ela? Por que arriscaria seu futuro, Jesus por que arriscar a vida dela, deixando-a para crescer entre a Raça e a humanidade?
— Porque se ele a trouxesse para a colônia, Cass entendia que como os outros que vivem lá, ela teria que permanecer sob este véu por sua existência inteira. Ele não queria fazer esta escolha por ela. Exilar-se na colônia era um último recurso, apenas se o pior acontecesse e o tempo se esgotasse. Cass queria dar à sua filha a chance de encontrar seu próprio caminho.
O olhar sombrio de Nathan pousou em Jordana. Ele nunca pareceu incerto, não em todo o tempo em que ela o conhecia. Mas agora havia uma hesitação em seus olhos. Um medo silencioso em sua voz. — Se eu não viesse aqui para encontrá-la esta noite, o que você escolheria?
— Ela já escolheu, — Zael inseriu suavemente. — Jordana decidiu até antes mesmo de você chegar. Estávamos nos preparando para partir exatamente quando entrou.
A cabeça de Nathan recuou ligeiramente, a dúvida flamejou através de suas tipicamente frias e controladas características. — Estou perto de perdê-la?
Ela balançou a cabeça, a emoção quase a sufocando. — Zael ia me levar de volta para casa em Boston. Tudo o que importa para mim está aqui… e agora na minha frente.
Sua exalação soou pesada de alívio. — Vim para encontrá-la porque você é tudo que importa para mim.
Com a grossa lágrima dela e a risada feliz, Nathan a puxou para seus braços.
Quando ele falou em seguida, a voz dele era reverente e solene, suas mãos sobre ela as mais tenras que já tinham sido. — Protegerei você com minha vida, Jordana. Sempre. E a protegerei com meu vínculo de sangue, aqui e agora, se isso significar que homens como os que vieram atrás de você esta noite, nunca a encontrarão novamente.
O fato de ele fazer tal promessa a comoveu profundamente. Ela o amaria apenas por isso.
Deus a ajudasse, ela amava Nathan por isso e mil outras razões.
Jordana mal conseguia inspirar quando ele suavemente acariciou seu rosto, seu tempestuoso olhar salpicado com uma galáxia de estrelas ambarinas.
— Não pense que estou oferecendo isto por dever ou alguma coisa meio nobre. Você sabe que sou um bastardo egoísta que exige que as coisas sejam do meu jeito. Não me conformo com qualquer coisa menos do que o que eu quero. E o que quero agora e para sempre, é você. — Seus olhos brilhavam com uma emoção terna. Ele segurou o rosto dela em suas mãos, buscando o olhar dela com uma intensidade que fez seu sangue esquentar por baixo de sua pele. — Estou oferecendo-lhe meu vínculo porque te amo. Porque preciso de você, Jordana, e não quero viver a vida sem você nunca mais.
Ele beijou-a firme e profundamente, tão apaixonadamente que ela se perdeu no poder esmagador do momento, sem se importar que Zael ainda estivesse na sala até o Atlante pigarrear.
Nathan a soltou, apenas para proferir um grunhido e tomar a boca dela novamente com um faminto, mas breve beijo. Ela estava rindo quando eles se separaram e ambos viraram para enfrentar Zael.
Enquanto eles estavam apanhados na paixão, ele coletou os restos dos soldados e agora colocou as lâminas deles embainhadas ao redor de sua cintura. — Tenho que ir, — ele disse. O cristal em seu pulso estava começando a arder. — Levarei os mortos comigo e os espalharei longe o suficiente daqui ou de Boston para tirar qualquer um fora da trilha de vocês. Quem Selene enviar da próxima vez terá que começar tudo de novo. E se vocês estiverem vinculados pelo sangue até lá...
— Ela estará. — A confiança sombria na voz de Nathan enviou uma sacudida que incendiou as veias de Jordana.
Zael sorriu. Ele estendeu a mão para Jordana. Em sua palma estava uma tira de couro como a que ele usava. Um dos guardas mortos não sentirá falta da dele. — Para você, se precisa disto. Se estiver em alguma dificuldade, isto a levará a qualquer lugar que possa imaginar em sua mente.
— Mas apenas eu, — ela disse, recordando-se de que ele explicou que o cristal apenas transportaria aqueles de sangue Atlante. Ela olhou para Nathan, antes de olhar de volta para Zael e dar uma sacudida com a cabeça. — Não há nenhum lugar que eu jamais precisarei ir se não for com Nathan.
Ela estendeu a mão para os fortes dedos dourados de Zael e enrolou-os em torno do presente que não aceitaria. — Obrigada por ser um amigo para meu pai Cassianus. E para mim.
Zael curvou a cabeça, com reverência. — Boa viagem e uma feliz e longa vida para você, Princesa Jordana.
Zael estendeu a mão para Nathan. Os dois machos imensos, um dourado e divino, um escuro e perigoso como a noite propriamente, apertaram as mãos um do outro, em um gesto sólido, embora não dito de amizade.
Com isto, Zael andou a passos largos para os Atlantes caídos e ajoelhou-se ao lado dos corpos. Ele tomou o pulso de cada um em suas mãos enquanto o cristal em seu bracelete resplandecia mais brilhante ainda.
Uma luz explodiu dele em todas as direções, um relâmpago de pura energia explodindo.
Quando acabou, um instante depois, Zael e os guardas de Selene mortos se foram.
Nathan ficou abraçado a Jordana quando a vila ficou em silêncio, após a saída de Zael, deixando o dois sozinhos com o peso de tudo o que tinham acabado de ver, fazer e ouvir.
A batalha com os dois guardas imortais tinha sido angustiante e duramente conquistada. Muitas revelações de Zael antes e depois da briga foram surpreendentes, até mesmo alucinantes.
Mas nada nivelou Nathan tanto quanto a declaração de que Jordana o amava.
Que ela tenha desistido de um exílio garantido para retornar a Boston, retornar para ele, até mesmo antes de ele vir encontrá-la, foi um sacrifício que mal conseguia entender.
Então novamente, sim, ele podia.
Porque enquanto a segurava sob o círculo de seu braço naquele momento, ele soube com uma profunda certeza em sua medula, que não havia nada de que não desistisse, se isso significasse ficar para sempre com Jordana.
Enquanto a segurava contra ele por mais tempo, contente simplesmente por senti-la ao lado dele, Jordana recuou. — Seu ferimento, Nathan. — Ela olhou para sua mão, que estava descansado contra o abdômen dele. Sua mão estava manchada de vermelho. — Isto ainda está sangrando. Deixe-me cuidar de você agora.
A lesão já estava curando. Sabia que curaria em breve por conta própria, mas ele não resistiu quando ela o pegou pela mão e o levou pela vila, até um banheiro luxuoso ao lado da grande suíte principal.
— Sente-se aqui. — Ela apontou para a extremidade de mármore branco de uma banheira funda. Enquanto ele obedecia ao seu comando suave, ela foi pegar um suprimento de panos e toalhas limpas. Quando retornou, colocou-os ao lado dele, em seguida, puxou cuidadosamente sua camiseta preta justa de dentro de suas calças. — Você pode erguer os braços?
Ele fez como ela pediu, percebendo somente agora que esta era a primeira vez em sua vida que alguém cuidava dele de tal forma.
A única vez que permitiu que alguém cuidasse dele assim.
Ou quis isto tão fervorosamente.
Uma memória escura tentou forçar-se em seu subconsciente, enquanto Jordana retirava suavemente sua camisa arruinada longe da bagunça pegajosa de sua lesão. As mãos dela eram tão suaves, tão leves sobre ele depois que ela colocou a camisa de lado, e ajoelhou-se para inspecionar o ferimento.
Ela correu água sobre um dos panos na torneira da banheira, em seguida limpou o pior do sangue com um doloroso cuidado. O pano estava fresco contra sua carne rasgada, um bálsamo quase tão calmante quanto a doce atenção dela.
No entanto, no fundo de sua mente, Nathan sentiu a mordida de um chicote. Ele ouviu o brado das correntes. O cheiro de óleo fedorento, de sangue, metal e pedra.
Ele teve que lutar com todos os instintos que tinha para não empurrar o toque dela para longe.
Jordana deve ter percebido a tensão nele. Olhando para cima agora, seu rosto adorável estava comprimido com preocupação. — Estou machucando você?
— Não. — A palavra terminou estrangulada e espessa com moderação.
Ela voltou aos seus minuciosos cuidados, hesitante agora. Ela observou-o mais de perto. Deveria ter sentido a rigidez de seus músculos, o tormento em todos os seus sentidos, enquanto lutava para conter a feiura de seu passado, enquanto ela o tocava tão amorosamente.
— Nathan, se você não quiser que eu o toque… se quiser que eu pare...
— Não. Caralho, não. Nunca vou querer isto. — Ele estendeu a mão e acariciou o rosto dela. Destruído que ela pensasse que rejeitaria qualquer parte dela agora, depois de tudo o que passaram juntos. Ele soltou uma maldição baixa e áspera, odiando que seu feio passado invadisse aqui. — Você não está fazendo qualquer coisa errada. É apenas que…
Ele não conseguiu segurar seu olhar inocente. Não queria que ela visse através dele, o Hunter que nunca conseguiu deixar para trás totalmente.
Não queria que ela visse as cicatrizes que nunca curaram completamente, apesar de que sua genética da Raça escondia todos os rastros delas.
Jordana estendeu a mão para agarrar seus dedos onde estavam colocados contra seu rosto. — Você pode me contar quando estiver pronto… ou não. Eu o amarei de qualquer maneira.
Sua promessa era tão doce e tão paciente, que quaisquer palavras que poderia oferecer, simplesmente ficaram entaladas em sua garganta apertada.
O que ela diria se soubesse o que seus treinadores lhe fizeram, como eles eventualmente o quebraram?
O que ela pensaria se soubesse o que ele fez para sobreviver?
Quando ela voltou a cuidar dele, as memórias inundaram. Ele não conseguia pará-las.
E ele sabia que se não as cuspisse, seu passado sempre permaneceria no caminho do futuro que esperava ter com Jordana.
— No programa, eles tinham testes para selecionar os Hunters mais viáveis do resto, — ele murmurou, sua voz soando desajeitada no banheiro silencioso. — Eles testavam coisas como força física, linear, pensamento abstrato e resolução de problemas. Eles testavam a resistência e a habilidade de resistir à dor. Todos os tipos de dor.
As mãos de Jordana pararam. Lentamente, ela se sentou de cócoras na frente dele, escutando em silêncio absoluto, um medo silencioso em seus olhos. — Nathan…
Ele continuou. Sabia que tinha que avançar antes que a solidariedade dela o congelasse. — Os espancamentos eram fáceis o suficiente para lidar. Até a tortura. Eventualmente você encontrava um lugar para estacionar sua mente e conseguia se separar do que está lhe sendo feito. Esta era a lição que nossos treinadores estavam tentando demonstrar. Exceto que, quando nada parecia quebrá-lo, isto criava uma tentação em algumas pessoas, para encontrar algo que o faria. Eles ficavam criativos. Conseguiam ficar uns sádicos do caralho.
Ela engoliu em seco, olhando fixamente para ele como se preparando para um golpe físico. — Oh, Nathan.
— Eles usavam porretes e correntes, — ele recordou ainda capaz de sentir o esmagamento de sua carne e ossos, quando os ataques caíam sobre ele. — Quando isso não me fazia implorar por misericórdia, eles usavam lâminas, luz solar, às vezes usavam fogo. Podiam ter usado qualquer arma em mim e eu teria suportado isto. Era apenas dor física. Meu corpo curava tão bem como novo todas às vezes, graças ao DNA Gen Um que criaram em cada um de nós.
Ele exalou uma respiração tensa, recordando as horas e dias incontáveis que passou encolhido e tremendo no chão de sua cela, suportando a angústia de ossos quebrados e ferimentos selvagens que teriam matado um Raça com a genética menos resistente.
Mas morte não tinha sido a meta do programa Hunter. Dragos tinha tentado criar máquinas mortais perfeitas. Armas cruéis para comandar seus impulsos. Ele queria apenas o mais forte.
Somente os implacáveis.
— Depois de algum tempo, meus treinadores decidiram me testar de outras maneiras. Começaram a me ensinar novas lições. Infligindo ferimentos que deixavam cicatrizes em minha mente, algumas que nenhum DNA poderia curar.
Jordana soltou um suspiro suave, irregular. — Nathan, não faça isso. Você não tem que me contar mais nada.
— Eu quero. — Ele mordeu fora as palavras. — Você é a última pessoa para quem quero contar qualquer destas coisas, mas você também é a única... para sempre. Você precisa saber Jordana. Antes de me tocar e me dizer que me ama, antes de prometer-lhe um futuro que nem sei se posso dar-lhe, precisa entender quem sou. Precisa saber de tudo.
Enquanto ele continuava, ela manteve seu olhar fixo, seus olhos azuis claros sem vacilar.
— Em vez de limitar a tortura somente a mim, um dia eles me levaram para uma cela com outro Hunter. Ele era mais jovem que eu, e nossos treinadores me informaram que esta seria sua primeira sessão de treinamento. Eu podia ver que ele estava com medo, embora tentasse esconder isto. Pensei que começariam a abusar de nós. Eles o pouparam, fizeram com que ele assistisse todas as coisas que fizeram comigo. E a criatividade deles naquele dia foi especialmente brutal. — Nathan soltou um suspiro forte. — Não percebi que a lição do outro Hunter viria mais tarde. Nós dois aprenderíamos algo diferente naquele dia.
Jordana segurou as mãos dele. Levou toda sua força de vontade para aceitar a generosidade, e embrulhar seus dedos ao redor dos dela, mesmo enquanto reviva o horror do que foi feito com ele naquele dia, na cela e a até mesmo na pior das lições que veio em seguida.
— Eles me deixaram no chão em um charco de meu próprio sangue e vômito. Não percebi que o outro Hunter estava ainda na cela até alguns dias mais tarde, quando senti as mãos dele debaixo de mim, ajudando-me. Ele me moveu para fora da poça de sujeira, então usou sua camisa para limpar o pior disto do meu rosto. Nem um de nós percebeu que nossos treinadores estavam observando o tempo inteiro. Esperando apenas por este tipo de fracasso. Ávidos por nos fazer pagar por isto.
Jordana respirou fundo, seus dedos segurando os dele mais apertado. — Oh, não…
Tinha se passado muito tempo desde que Nathan pensou sobre o jovem macho, cuja compaixão custou-lhe a vida. Ele não foi o último.
— Deveria ter percebido o que eles fariam. Era o mesmo jogo que meus treinadores desempenharam no princípio. Eles me batiam, brutalizavam, então recuavam, para depois de um tempo oferecerem uma mão ou uma pequena consideração. Se eu aceitasse, havia sempre mais dor. E muito pior do que qualquer uma que veio antes.
Ele olhou para Jordana, e viu a umidade em seus olhos. — Depois daquele incidente, eles trouxeram mais Hunters para minha cela para observar meu treinamento. Se meus companheiros não treinados me tocassem posteriormente, ou mostrassem generosidade ou compaixão comigo em qualquer momento, meus treinadores os torturariam e os matariam. Se eu advertisse meus companheiros para não fazerem aquelas coisas, então meus treinadores me faziam infligir a tortura e as mortes ao invés disso.
Jordana cobriu a boca com a mão livre, silenciosamente balançando a cabeça. Uma lágrima que brotou agora derramando dela e rolando por seu rosto.
— Finalmente, todo o treinamento parou, — ele disse. — Eles me julgaram pronto, e me mandaram viver com o Minion que atribuíram para me vigiar, enquanto eu aguardava minha primeira ordem de matar de Dragos.
Jordana suavemente exalou, suas sobrancelhas abaixaram sobre seu terno olhar. — Meu Deus, Nathan. Por quanto tempo este treino continuou?
— Eu levei mais tempo do que alguns outros para me ajustar e submeter. — Ele pausou, considerando. — Acho que eu estava com mais ou menos sete anos quando deixei os laboratórios para sempre.
Ela ofegou. — Você era apenas uma criança, um garotinho.
— Nunca me lembro da época em que me senti como qualquer coisa diferente do que eles me fizeram: um Hunter. Um assassino. Uma arma à disposição de Dragos.
— Você nunca tentou escapar?
Ele grunhiu. — Não havia nenhuma fuga. Eu tinha um colar que fazia qualquer desobediência punível com a morte. Todos os Hunters tinham um. Os colares ultravioletas eram colocados em nós no momento em que podíamos caminhar. Aventurar-se mais longe, desafiar uma ordem, tentar escapar… — Ele balançou a cabeça. — Vi mais de um Hunter virar cinzas, quando seu colar era detonado. Alguns deliberadamente.
O entendimento encheu o olhar horrorizado dela. — Então, se você se recusasse a fazer qualquer coisa que seus treinadores mandassem… — Com o seu sombrio aceno de cabeça, Jordana fechou os olhos. — Eles o treinavam para temer a ternura. Você aprendia a odiar o toque de alguém. Eles lhe ensinavam isto.
— Eles me ensinaram que controle era o único caminho para sobreviver, — ele disse. — Aprendi a dominar todas as situações lançadas em mim. Ou morrer.
— Você está livre agora, — ela assinalou. — Não tem que deixar seu passado mantê-lo na prisão que eles fizeram para você, Nathan.
Lentamente, mas sem esperar pela permissão ou aprovação dele, ela se inclinou na direção dele e colocou a boca na base de sua garganta, onde o peso frio do colar UV uma vez esfolara sua pele. Ele se apoiou para trás enquanto os lábios mornos dela se fechavam sobre ele.
Sem pressa, impossivelmente doce, ela beijou uma trilha de um lado ao outro de seu pescoço. Se uma empatia tenra pelo que ele passou ou uma absolvição não merecida, por tudo o que fez, ele não sabia.
Nem sabia como poderia ser merecedor do afeto, do amor, que Jordana lhe dava tão abertamente. Ela o havia mudado. Seus métodos antigos para se conter, para sobreviver, foram obliterados no momento em que ela apareceu em sua vida.
Ela o cativou com um beijo.
Ela o desafiou, o suavizou.
Agora ela o possuía.
Nathan rosnou de prazer enquanto a boca dela completava o circuito lento em seu pescoço, a língua seguindo as linhas dos dermoglifos que encontrava lá. Seu sangue estava bombeando em suas veias, a respiração vindo mais forte, enquanto sua excitação acendia como uma fogueira dentro dele. Ele inclinou a cabeça para trás, com um baixo e tremido gemido, quando o beijo dela viajou mais abaixo, através de seu peito nu.
— Desejava ser um homem melhor para você, — ele murmurou, tomando o rosto dela suavemente em suas mãos e inclinando-a para olhar para ele. Estava tão faminto por ela, que sua voz estava áspera e grossa com desejo. E apertada com carinho por esta mulher. — Queria poder prometer-lhe uma vida pacífica e normal… um futuro tranquilo. Não posso lhe dar estas coisas, Jordana.
— Não, você não pode. — Ela sorriu e estendeu a mão até acariciar o rosto dele, seus dedos traçando ligeiramente o sulco agora vincado em sua testa. — Mas não quero estas coisas. Quero você. Quero a tempestade que vejo em seus olhos quando olha para mim. Quero o precipício alto e o pulo ofegante na escuridão, que é como me sinto quando estou com você. Tudo o que quero é você, Nathan. Eu te amo.
O coração dele inchou em seu peito. Ela sabia de tudo agora, os pecados mais feios, lamentáveis e ignóbeis de seu passado. E ainda assim o queria.
Ela ainda o amava.
Inundado com emoção e necessidade, ele tomou a boca dela em uma feroz reivindicação. Suas presas surgiram em suas gengivas. Uma luz âmbar explodiu atrás de suas pálpebras quando suas íris se transformaram.
Jordana enrolou os braços ao redor dele, quando a atraiu para o colo dele na extremidade da grande banheira, suas bocas ainda unidas, famintas um pelo outro.
Em um gemido baixo, Nathan a puxou para trás e olhou para ela. — Você é minha.
— Sim. — Ela acariciou seu rosto, e ele se aninhou mais fundo no toque dela. Ela olhou para ele, seu sorriso brando. — E você é meu.
Nathan assentiu com a cabeça. — Sempre.
— Então me tome, — ela lhe pediu. — Há mais um salto que estou pronta para dar com você.
As veias dele responderam antes de ele poder encontrar sua voz. Chutando como se iluminado com um choque elétrico, sua pulsação martelando, mais que ávido para lacrar o vínculo que faria de Jordana sua mulher para sempre.
Sua companheira eterna.
Com os olhos dele bloqueados nos dela, Nathan trouxe seu pulso para a boca e mordeu sua carne.
— Beba, — ele disse, a palavra seca como lixa, enquanto a observava lamber os lábios.
Jordana se inclinou para frente e firmou a boca acima das perfurações.
A princípio ela estava tímida e cuidadosa com sua sucção. Ela gemeu quando o primeiro gole desceu por sua garganta. Ambas as mãos ergueram-se para segurar o braço dele, enquanto drenava outro gole mais profundo em sua veia.
Nathan estava uma pedra dura agora, todos os músculos de seu corpo rígidos, todos os seus sentidos focados na sucção erótica da boca dela. Ele gemeu uma maldição, sua coluna arqueou como se ela estivesse chupando seu pau ao mesmo tempo.
Com a mão livre, ele acariciou a cabeça dela, enquanto ela bebia mais dele. Seu olhar febril travou sobre o ponto da pulsação batendo freneticamente no lado de seu delicado pescoço. Ele podia ouvir a batida do coração dela. Praticamente podia sentir o tique taque rápido de sua carótida que ecoava em suas próprias veias.
Jordana o possuía, com ou sem o vínculo de sangue, mas ele não podia esperar outro segundo para fazê-la sua, completamente.
Ele alisou a palma sobre a coluna graciosa de seu pescoço. Jordana gemeu enquanto ele a acariciava, então ela inclinou a cabeça para dar-lhe mais acesso.
Era toda a tentação que ele conseguiu aguentar.
Com um grunhido faminto, Nathan abaixou a boca sobre a pele pálida dela. Os pontos de suas presas afundaram profundamente, então uma onda de calor o intoxicou, o sangue dela fluindo sobre sua língua.
Ah, Cristo.
Ela tinha gosto de paraíso. Cítricas e indescritíveis especiarias exóticas, e a mais pura luz do além.
O primeiro jorro quente do sangue dela rugiu nele, quase fazendo seu pau explodir. Como um raio líquido, o sangue dela percorreu por seu corpo, em suas células, em sua alma.
Ele podia sentir sua luz envolvê-lo, engolfando-o por dentro. O calor fluiu pelas artérias em seu pescoço, seus membros, todas as fibras dele infundiram e nutriram, completamente, pelo poder inebriante do sangue Atlante de Jordana.
A emoção explodiu dentro dele, tão intensa que o balançou. Foi impressionante, uma inundação total de prazer e sensações… do despido amor ilimitado.
Jordana sentiu isto também.
Ele percebeu, porque as emoções deles agora estavam entrelaçadas através do vínculo deles.
Ela afastou-se do pulso dele com um suspiro, seu rosto incandescente com desejo e algo ainda mais profundo.
— Faça amor comigo. — Um comando suave, mas inegável. Um que ele estava desesperado para obedecer. — Agora, Nathan. Preciso senti-lo dentro de mim agora.
Ele não sabia se respondia ou não. Não tinha certeza se era capaz de falar, pela intensidade de seus sentimentos por esta mulher.
Sua mulher.
Sua companheira.
Parando apenas tempo suficiente para selar os ferimentos da mordida com rápidas lambidas de sua língua, ele a ergueu em seus braços.
Ela estava em chamas quando ele a levou para a cama à espera, no outro quarto. Cada célula dentro dela estava inflamada e estimulada. Sobrecarregada com luz e energia sobrenaturais.
Mas a corrida da subcorrente de tudo o que era um poder bruto e sombrio era Nathan.
Ela sentiu a força dele despejar dentro dela, enquanto bebia dele. O primeiro gosto tinha sido um choque, uma revelação. O segundo tinha sido felicidade pura. Arrojada e intoxicante.
E enquanto tomava cada vez mais, Jordana entendeu que seu vínculo com ele seria um vício diferente de qualquer outro.
Ela sempre o desejara, antes mesmo que a conexão de seu sangue se juntasse com o dela. Mas agora ansiava por ele de um modo novo, mais profundo.
Uma selvagem exigência que não conhecia a paciência. Nenhuma misericórdia.
Ela não podia rasgar suas roupas rápido o suficiente, enquanto ele a colocava sobre a cama. A túnica de linho e a calça folgada desapareceram em um instante, deixadas de lado com seu grunhido gutural de necessidade.
Jordana começou a desabotoar o uniforme preto de Nathan e só então ela hesitou.
Porque o ferimento da lâmina que perfurou seu torso não era mais uma hemorragia. Nem um pouquinho.
— Meu Deus, — ela sussurrou. — Nathan, olhe.
Ele olhou para baixo, e enquanto eles olhavam com surpresa, a pele dele juntou-se, costurando-se. Em segundos, nada do ferimento permaneceu.
Ele deu uma risada silenciosa, e quando olhou para ela, havia uma admiração em seus tempestuosos olhos encharcados de âmbar.
E amor.
Tanto amor, que a afogava. Varria-lhe em uma maré de emoções tão rápidas e fortes, que mal podia respirar.
Ela podia sentir o amor de Nathan por ela em suas veias, em sua medula. Em cada retumbante fibra do seu ser.
Não havia mais dúvida, nada mais a esconder de nenhum deles. Eles estavam entrelaçados como um, agora.
Este seria o vínculo deles para sempre.
— Para sempre, — ele rosnou ferozmente, como se entendesse a profundidade do que ela sentia.
Como se ele sentisse isto tão seguramente, tão completamente, como ela o fazia.
Ele despiu-se rapidamente de suas calças e botas, então se virou para ela na cama. O calor rolou para fora de seu corpo nu quando começou a assumir uma posição entre as coxas espalhadas dela.
Ele beijou cada polegada dela, em seguida, lambeu seu sexo até que ela estivesse tremendo e ofegando sob ele. Os olhos estavam ardentes, enquanto rastejava até assomar-se sobre ela. Os lábios dele estavam escorregadios com os sucos quentes dela, as presas enormes atrás da curva satisfeita e sedutora de seu sorriso.
Jordana tocou em seu rosto, no rosto severo e bonito. Ela acariciou a bochecha e a mandíbula firme, então suavemente passou as pontas dos dedos pelo pescoço dele, onde ela tentou beijar para longe a memória de seu colar Hunter de punição.
Ele não a impediu de tocá-lo agora. Não desviou os olhos dos dela, não vacilou quando ela deslizou uma carícia suave sobre seus ombros fortes, e os músculos volumosos de seus braços.
Só quando ela alcançou mais abaixo, onde seu pau espesso sobressaía entre eles, aveludado, morno e tão firme quanto aço, o fez fechar os olhos e emitir um silvo baixo entre os dentes e as presas. Ele gemeu quando ela acariciou seu eixo rígido.
Ele rosnou quando ela o apertou, então pronunciou seu nome como uma maldição e uma oração, quando ela abriu as pernas mais afastadas para ele, e guiou-o pela fenda escorregadia de seu corpo.
Então ele devorou sua boca com beijo demorado, não havia suavidade nele agora. Somente um desejo bruto, impulsionado pela intensidade do vínculo deles.
Um calor úmido fervia em seu âmago. Ela estava pronta, tão pronta.
— Sim, — ela silvou contra a boca dele. — Me possua.
Ele afundou com um grunhido áspero, mergulhando fundo, duro e completo. Seus quadris corcovearam e empurraram, em seguida, retrocederam com uma urgência voraz que o deixou atordoado. Ele enterrou a cabeça contra o ombro dela, conduzindo-a com o frenesi mais doce e a paixão mais quente que ela já conheceu. — Ah, Cristo. Jordana, você é tão gostosa. Não posso ser gentil. Jesus, caralho… não posso parar.
— Não quero gentileza. Não neste momento. — Ela enrolou as pernas ao redor dele e cavou seu calcanhar na bunda dele, enquanto ele a cavalgava em direção à crista de um clímax perturbador. — Oh, Deus, Nathan. Sim. Me dê tudo.
E então ele o fez.
Ele deu-lhe a tempestade, o precipício e o salto em uma tormenta selvagem. Ele deu-lhe tudo aquilo e mais, levando seus sentidos a uma altura que nunca sonhou existir.
Tudo o que ela podia fazer era segurar firme, enquanto ele colidia contra ela, seus olhares bloqueados tão apaixonadamente quanto seus corpos.
Parecia tão certo, a necessidade que compartilhavam, o vínculo que os juntava agora e para sempre.
Ele gritou quando gozou, e Jordana o seguiu ao mesmo tempo, arremessada em uma onda brilhante de satisfação. Ela sentiu o prazer dele, e soube que ele sentiu o dela também. Ela despedaçou sob o peso agradável dele, todas as suas terminações nervosas crepitando com a sensação e o prazer puro, enquanto seu corpo lentamente espiralava de volta para a Terra.
Arquejando e tremendo com milhares de pequenos tremores, ela exalou uma risada trêmula. — Isso foi, ah… uau. — Ela passou os dedos por seus cabelos escuros e curtos, a testa dela descansando em seu ombro. — Você acha que isto vai ser sempre assim para nós?
Ele grunhiu, sua respiração quente contra o lado do pescoço dela. — Não, não acho.
Não era a resposta que ela esperava. Ela estava franzindo o cenho, quando ele ergueu a cabeça para olhar para ela. Mas, seus olhos escuros azuis esverdeados não tinham um pingo de dúvida neles. Eles reluziam com brilhantes faíscas âmbar. E bem no fundo dela, seu pau se contraiu já duro novamente.
Nathan sorria abertamente, uma sobrancelha preta erguendo-se maldosamente. — Tenho a sensação de que vai apenas melhorar.
Então, sem mais aviso do que isto, ele rolou de costas, trazendo-a com ele, de forma que ela ficasse escarranchada sobre ele, seus corpos ainda unidos.
— Mas por que esperar para descobrir, — ele disse, e a arrastou para baixo para outro quente e reivindicado beijo.
Eles fizeram amor por mais algumas horas.
Ele estava certo; o sexo apenas iria ficar melhor entre eles. Nathan desfrutou vendo o prazer de Jordana sentada sobre seu corpo e ajustando o tempo para a seguinte rodada.
Nunca viu nada tão erótico como seu insaciável entusiasmo, sua implacável ferocidade, enquanto ela perseguia seu clímax, um atrás do outro e, Deus, um terceiro e quarto clímax explosivo.
Sem dúvida, sua encantadora companheira era extraordinária.
Mas então, sempre soube disso.
E sabia que iria levar muito mais tempo que os anos que teriam juntos, a eternidade, se tivesse algo a dizer a respeito, antes que pudesse desejá-la menos do que esta noite.
Foi este desejo que o despertou, recarregou. Queria Jordana novamente, mas quando moveu sua mão para encontrá-la, não sentiu nada, a cama estava vazia.
Mas apenas por um instante.
Então a sentiu, segura e serena, em seu sangue.
Seu vínculo o tranquilizou. Foi para o terraço, onde encontrou Jordana, envolta em uma colcha fina da cama, em pé sob a luz da lua.
Ela o sentiu também. Sem voltar-se, ela levantou a mão fazendo sinal para que ele se reunisse com ela. Nathan segurou sua mão e parou ao lado dela. Então a tomou nos braços e olhou para a escuridão, a água ondulante e sombreada abaixo.
— É tão bonito aqui, — disse em voz baixa. — Posso ver porque este lugar era especial para ele. Deve ter partido o coração quando minha mãe decidiu que não poderia ficar aqui com ele. Conosco.
Nathan beijou a parte superior de sua cabeça e a aconchegou nos braços. Ela falava de seus pais, Cass e Soraya. Jordana contou coisas sobre eles, enquanto ela e Nathan estavam deitados juntos na cama, há pouco tempo. Ela lhe contou tudo o que Zael compartilhou com ela, incluindo o fato de que Jordana nasceu neste vale.
E sobre o castigo de sua mãe por se apaixonar por um homem considerado abaixo dela. Sobre como o suicídio roubou de Cassian Gray a mulher que amava e o enviou a uma corrida com sua pequena filha que estava desesperado para esconder.
Uma filha que não conheceu.
Uma mulher jovem que não sabia que foi amada por este pai, até que foi muito tarde para devolver o afeto.
Nathan a abraçou mais forte em seus braços. — Acha que irá querer voltar aqui alguma vez?
Ela balançou a cabeça, que descansava sobre o peito nu. — Não. Este era seu lugar, sua casa. Pertence a ele, não a mim. — Seu rosto inclinou-se para cima para encontrar seu olhar. — A única casa que preciso está em Boston. Com você.
Já tinham discutido os arranjos para suas vidas e ainda que o quarto de Nathan no Centro de Comando não fosse nada luxuoso como o apartamento de Jordana, decidiram ficar perto da Ordem.
Nathan estava disposto a ir a qualquer lugar que ela quisesse. Havia uma parte dele que queria levá-la para o mais longe possível de Boston e deste vale e qualquer lugar onde Selene pudesse procurá-la novamente, mas ela se negou a fugir. Negou-se a se esconder.
Era mais forte que qualquer um de seus pais; Nathan reconheceu com facilidade.
Jordana era suave e doce, inocente em muitos aspectos, mas também feroz e valente. Se a rainha de Atlântida era uma força para considerar, iria encontrar em sua neta igualmente a tenacidade e a negativa de permitir que alguém a intimidasse.
Era provável que surpreendesse algumas pessoas descobrir que sangue real, sangue imortal corria pelas veias de Jordana.
E agora o sangue de Nathan também.
Não podia sentir-se mais humilhado pelo fato. Tinha um futuro inteiro para se assegurar que ela nunca se arrependesse de tê-lo como companheiro.
Um futuro que estava ansioso para começar.
— Temos que ir logo. — Murmurou contra sua testa. — Lazaro Archer pode ter o jato particular da Ordem pronto para nós a qualquer momento. Se não chamá-lo logo e fizer os arranjos, há uma grande oportunidade de amarrá-la na cama e ter meu caminho perverso com você outra vez.
Ela sorriu, parecendo qualquer coisa menos preocupada. — Gosto de seus caminhos perversos. E também gosto de ficar por cima. Assim talvez não seja a única a ser amarrada na cama em algum momento.
Seu pênis respondeu ao instante, a evidência de que poderia ver claramente, por não falar da sensação. Como para fazê-lo saber que o tinha precisamente onde desejava, Jordana inclinou-se e acariciou seu membro ereto.
Com um gemido, ele segurou sua mão e entrelaçou os dedos nos dela. — Vamos, vamos para dentro antes que a deite a meus pés aqui nos azulejos.
Ele a levou de volta, passando pelo lugar onde a batalha que sobreviveram juntos aconteceu e pela sala de estar. Nathan não tinha percebido até agora como o vale de Cass era cheio de riquezas, com artes originais e outros tesouros.
E havia algo mais que não notou antes.
Uma pequena foto ocupando um lugar de honra na parede no fundo da sala de estar. Era uma foto preta e branca de uma mulher jovem. Uma mulher com o cabelo longo e escuro, usando um vestido de linho. Estava em pé no mesmo terraço que Nathan e Jordana estavam, com vista para o vale e a costa, em plena luz do dia, o sol refletindo seu brilho no cabelo dela.
Nathan franziu o cenho. — Está é uma foto da...
— Minha mãe. — Jordana murmurou quase ao mesmo tempo, choque e assombro em resposta. — Oh Deus. Tem que ser ela.
Ela se separou de Nathan e cruzou a sala para ver de perto. Observando os detalhes da foto, que foi capturada de dentro por alguém que claramente adorava o lugar.
A mulher estava no terraço, seu delicado rosto quase inclinado no ombro, nostálgica, sorrindo com uma alegria particular. Nathan conhecia aquele perfil elegante bem o suficiente. Um olhar na direção de Jordana confirmou as mesmas maçãs do rosto, o nariz reto e pequeno, o queixo teimoso.
— Esta é Soraya. — Sussurrou Jordana. Apontou para a foto, onde apenas era possível ver o ventre redondo da mulher. — Oh Nathan. Esta é minha mãe e eu.
Jordana levantou o braço para segurar o suporte na parede. Moveu-se um pouco, logo soltou com um suave clique, seguido de um zumbido mecânico de algum lugar dentro da parede onde a foto estava.
O painel começou a se abrir, revelando um oco escondido atrás da parede falsa.
Nathan deu um passo atrás, pegando Jordana pelo braço. — Que demônios...
Ele tentou arrastá-la para trás dele, mas ela deu um passo para frente, sem medo. — Nada na casa de meu pai vai me machucar. — Assegurou.
Ainda assim, quando o painel se abriu até o final, os músculos de Nathan ficaram tensos pela batalha, seus sentidos instantaneamente em alerta máximo. Percebeu de imediato que suas preocupações eram infundadas.
O painel escondia outra obra de arte de Cass.
Uma escultura mais ou menos de um metro de altura, que representava um jovem e bonito pastor dormindo sob a lua crescente.
Nathan tinha visto esta peça antes.
Na exposição de Jordana que abriu para o público na noite anterior.
— Sleeping Endymion. — Sussurrou Jordana, assombrada ao descobrir a escultura ali, na vila Amalfi de seu pai. — Como pode ser isto?
Nathan ficou em pé ao seu lado enquanto ela aproximava-se da obra que tão bem conhecia.
Ou melhor, achava que conhecia.
Agora percebeu que cometeu um erro.
Havia coisas que não viu antes. Não até este momento.
— Quando Cass apareceu no museu pela tarde, falamos sobre arte. Ao ver este lugar, agora entendo. — Disse ela, tentando montar o quebra cabeça em sua mente. — Ele me perguntou qual minha peça favorita na exposição. Parecia tão contente quando disse que era esta. — Ela balançou a cabeça quando compreendeu. — Não esta precisamente, mas a que Cass doou para museu há anos de forma anônima. Foi ele.
— O que está dizendo? Que esta escultura significava tanto para Cass que fez uma para si mesmo?
— Não. — Ela balançou a cabeça, incrédula enquanto inspecionava a peça com mais cuidado. — Oh, não Nathan. Acho que esta pode ser a original. De fato, tenho quase certeza que é.
— A verdadeira? — Ele a olhou com o cenho franzido. — Então, a exibida no museu...
Ela assentiu com a cabeça, completamente segura de que Cass os enganou. — É uma falsificação. A de Boston é muito boa, uma reprodução impecável. Muito boa, que superou todos. Inclusive os conservadores e historiadores de arte antes de mim.
Nathan olhou a escultura de perto e deixou escapar um suspiro. — Talvez ele não soubesse. Por que dar ao museu uma peça falsa?
— Não sei. Não tem sentido. Não é uma peça tão importante para esta tentativa deliberada. A menos que... — Ela considerou por um momento, logo se voltou para Nathan. — A menos que Cass tivesse algo a esconder. Talvez algo mais que ele pegou do reino de Atlântida.
— Algo que estaria mais seguro escondido à plena vista. — Disse Nathan terminando o pensamento. Passou uma mão pela cabeça. — Santo inferno. Não acha de verdade que...
O conto de Zael sobre a destruição de Atlântida voltou a sua mente.
Lembrou-se de mencionar os cristais que pertenceram a seu povo. Os roubados pelos inimigos Antigos e utilizados contra os Atlantes...
O que diziam ter desaparecido na mesma época que Cassian levou sua pequena filha para viver como algo que ela não era.
Para fazê-lo passar sem saber, entre o público em geral, protegido pelo simples fato de que ninguém teria motivos para suspeitar de nada.
— Temos que ir. — Jordana murmurou. — Tenho que voltar para Boston agora. Preciso saber se meu pai escondeu qualquer outro segredo estes anos todos.
Nathan assentiu. — Vou chamar Lazaro agora.
Boston. Dois dias mais tarde.
O grito de prazer de Jordana rasgou de sua garganta quando ela gozou, um som que nunca deixava de fazer Nathan sorrir com orgulho impenitente.
Duro como granito dentro do interior apertado e molhado dela, ele estava pronto para o terceiro clímax, determinado a seguir rapidamente na esteira deste segundo explosivo. Ele gemeu quando os tremores do gozo dela ondularam ao longo do seu pau, tentando-o a se derramar. Mas ele conteve-se por ela. Sabia do que ela gostava, sabia exatamente como agradar sua insaciável companheira imortal.
As mãos dele se fecharam onde ela o amarrou na cabeceira da cama, estirando os músculos, mas não fazendo nenhum esforço para se libertar de suas amarras. Ele estava aprendendo a apreciar deixar Jordana no controle.
Apreciar isto, porque eventualmente seria a vez dele, e amava negociar o prazer dela tão impiedosamente quanto ela fazia com ele.
Ela já o chupara uma vez, então ele estava contente em vê-la cavalgá-lo, por enquanto. Jordana balançou-se sobre ele, seus seios saltando lindamente, o botão dos mamilos ainda endurecidos e brilhando dos beijos dele. Ela os beliscava enquanto deslizava para baixo e para cima em seu comprimento com uma lentidão deliberada, provocando-o impiedosamente com todos os frutos fora de seu alcance.
— Você é tão gostoso, Nathan. Acho que nunca vou deixá-lo sair desta cama. — Ela se inclinou sobre ele, então, apoiou os antebraços em ambos os lados da cabeça dele, enquanto o beijava.
A língua dela deslizando por seus dentes e presas, profundamente em sua boca. O corpo nu dela pressionando ao longo de seu comprimento, o deixava louco de necessidade. Ela contorceu e flexionou os minúsculos músculos de seu sexo, ordenhando seu eixo já inchado no melhor tipo de agonia.
Definitivamente, ele não podia aguentar um segundo mais.
Soltando-se de suas restrições de seda, ele a pegou em seus braços e a derrubou debaixo dele na cama. Deu-lhe uma bombeada profunda e dura com seus quadris, enterrando-se até o talo. Pegando o ritmo, enquanto aumentava a profundidade de suas estocadas, adorando o modo como o corpo dela respondia prontamente ao dele.
Ele podia sentir o orgasmo dela aumentando junto com o dele. Sentiu seu prazer ascendendo com o pesado tamborilar das batidas de seu coração, e no pulsar ecoando do vínculo deles. O primeiro tremor apoderou-se dela, e ela se agarrou nos ombros dele enquanto um suspiro trêmulo escapava de seus lábios entreabertos.
Ela gemeu e mordeu o lábio inferior. — Oh, você não joga limpo. Vai me fazer gozar rápido demais.
Normalmente, ele não teria nenhuma pressa para terminar de fazer amor com Jordana. Mas passava do pôr-do-sol, e apesar das patrulhas da Ordem terem sido chamadas para sair pela noite, o Centro de Comando de Boston estava antecipando a chegada de visitas importantes a qualquer momento.
— Amanhã começaremos mais cedo, — ele prometeu. — Dessa forma, posso fazê-la gritar o dia todo.
Ela enlaçou os braços ao redor do pescoço dele, enquanto ele bombeava dentro dela. — Por quê? Porque é meu aniversário amanhã?
— Não, — ele disse. — Porque eu a amo. Seu aniversário é apenas uma vez por ano. Nós dois sabemos que isto não é suficiente.
Ela riu, mas seu riso foi engolido rapidamente pelo ofego e pelo grito elevando-se que anunciava seu gozo. Nathan continuou seu ritmo implacável, empurrando-a até o limite, em seguida, derrubando-a na extremidade quando seu próprio clímax o agarrou em um apertado e pulsante punho.
Eles ainda estavam corados pela paixão, vinte minutos mais tarde, depois que compartilharam uma chuveirada rápida e se vestiram, prontos para se juntarem com todos que estavam reunidos na sala de guerra naquela noite.
Toda a Ordem baseada na América do Norte e suas companheiras estavam lá.
Chase Sterling e Tavia. Os companheiros de equipe de Nathan, Rafe, Elijah, e Jax. Carys e Aric.
A mãe de Nathan, a delicada e bonita Corinne, com seus cabelos escuros, estava lá com seu grande companheiro Gen Um, de olhos dourados, Hunter, que liderava o comando de Nova Orleans. Eles chegaram da sede de D.C., com o líder da Ordem, Lucan Thorne, e sua companheira, Gabrielle, como também Gideon e Savannah, e o chefe de Nova Iorque, Tegan, que estava lá com sua amada Elise.
Os amigos de Nathan recentemente acasalados, Kellan e Mira chegaram com os pais adotivos dela, Nikolai e Renata, o casal de longa data estava há poucas semanas de dar as boas-vindas a um novo filho, seu primeiro filho juntos.
O resto dos guerreiros do continente americano e suas companheiras: Dante e Tess, Rio e Dylan, Kade e Alexandra e Brock e Jenna, todos se juntaram com os outros com o propósito expresso de conhecer Jordana.
E ver em primeira mão se as suspeitas dela, sobre os segredos de seu pai eram corretas.
O objeto no centro desta questão, agora estava assentado na mesa de conferência da sala de guerra.
Assim que Nathan e Jordana retornaram à Boston, ela voltou para o museu para trocar as peças e trazer a notável falsificação de Cass para a Ordem.
Mais de um par de olhos se moveram para a escultura de terracota de aparência inofensiva, enquanto Nathan fazia as apresentações entre sua família e a família extensiva da Ordem, e a extraordinária fêmea que se tornou sua companheira.
Sua mãe estava visivelmente emocionada, lágrimas brilhando em seus olhos, que eram do mesmo azul esverdeado de Nathan. Ela veio em sua direção timidamente, condicionada pelo passado danificado de seu filho, sendo cuidadosa quando se tratava de afeto e calor maternal.
Ver a precaução dela, agora envergonhava Nathan. Para dizer a verdade, quebrava seu coração um pouco.
Então, quando Corinne o abordou, ele se moveu primeiro, trazendo sua pequena estrutura delicada para seus braços.
— Oh! — Ela exclamou, então imediatamente envolveu-o em um abraço doce e amado. — Nathan, estou tão feliz por você.
Ela estava rindo entre as lágrimas, enquanto ele a soltava e a apresentava para Jordana. As duas mulheres se cumprimentaram calorosamente, e vê-las se abraçarem era um bálsamo que Nathan não percebeu que precisava.
Nathan estendeu a mão para Hunter, apertando a mão do antigo assassino com uma sacudida firme. — Eu entendo agora, — Nathan disse. — Não sabia que seria possível sentir...
O enorme guerreiro apenas movimentou a cabeça. Sem necessidade de mais palavras.
Ambos atravessaram o fogo de uma terrível formação nos laboratórios de Dragos.
Ambos os homens agora permaneciam na luz de um vínculo redentor.
Enquanto Nathan e Hunter observavam suas companheiras se familiarizarem, Dante, um dos antigos membros da Ordem de Boston, que agora era chefe de operações de Seattle, caminhou de mãos dadas com sua Companheira da Raça, Tess.
O casal tinha estado conversado com seu filho, Rafe, mas agora caminhava em direção à escultura que estava assentada no centro da mesa de conferência. Jordana e Corinne, Nathan e Hunter, se juntaram a eles próximos à peça.
O sorriso de Tess estava saudoso quando olhou para o Sleeping Endymion, então de volta para seu companheiro guerreiro de cabelos escuros. — Vinte anos atrás, nos encontramos neste museu de arte, na frente desta mesma escultura. Você se lembra?
Dante grunhiu, sua boca se curvando com um humor particular. — Lembro que esta foi a segunda vez que nos encontramos. A primeira vez, eu a saudei com minhas presas em sua garganta, e você por sua vez, enfiou uma seringa cheia de tranquilizante animal em mim. Bem merecido, posso acrescentar.
Tess riu. — Não exatamente um momento de Universal Studios, foi?
Dante balançou a cabeça. — Corações e flores nunca foram meu estilo. Felizmente, tenho outros dons.
— Oh, sim. Você definitivamente tem, — ela disse, enrolando seus braços ao redor dele em óbvia devoção.
Enquanto todos conversavam e relembravam, e mais do grupo chegava mais perto, Gideon e sua Companheira da Raça, Savannah, vieram para saudar Jordana e Nathan.
O gênio residente da Ordem teve o bom senso de fazer a gentil, mas forte, Savannah sua companheira há uns cinquenta anos atrás. A generosidade e o intelecto da beleza de pele cor de chocolate eram suas características permanentes, mas ela também tinha uma insaciável curiosidade. Uma que era auxiliada pelo talento extrassensorial de psicometria de Companheira da Raça.
Ela estudou a escultura por um momento, então olhou para Jordana, uma impaciente ânsia efervescente, em seus olhos marrons suaves. — Se estiver tudo bem… eu poderia tocá-la?
— Claro. — Jordana assentiu com a cabeça. — Podemos fazer o que quisermos com isto. A escultura, e qualquer segredo que isto possa conter, pertence à Ordem agora. Vocês são toda a minha família agora. Tudo o que tenho pertenço a todos nós.
E Jordana tinha muito.
Uma vasta riqueza em arte de valor inestimável, como se revelou. Logo após seu retorno à Boston, Nathan e Jordana foram ver Martin Gates. Jordana queria que o macho da Raça soubesse que ela estava agradecida pela vida que ele lhe deu como sua filha, e assegurar-lhe que ele sempre seria sua família, o pai que a criou.
Nada mais de segredos. Nada mais de mentiras.
A única incógnita que restava era a peça terracota sobre a mesa diante deles.
Savannah estendeu a mão cautelosamente, colocando-a de leve sobre a escultura. Ninguém falou durante o longo momento que se seguiu.
Em seguida, ela balançou a cabeça e retirou seu toque. — Não sinto nada. É como se houvesse algo impedindo minha habilidade. Bloqueando-a.
Lucan grunhiu, suas sobrancelhas escuras unindo-se em uma carranca pesada. — Precisamos saber o que significa esta escultura. Não apenas para a Ordem, mas para os Atlantes e o resto do mundo. — Ele voltou seu sóbrio olhar cinza para Jordana. — Se isto contém o que você suspeita, nós precisamos entender seu poder e como aproveitá-lo, ou se necessário, tomar medidas para destruí-lo.
Carys olhou para sua melhor amiga. — Você realmente acha que existe um cristal Atlante no Sleeping Endymion, Jordana?
Jordana olhou para Nathan antes de encontrar o olhar expectante de todos juntos na sala de guerra. — Há uma maneira de descobrir.
Lucan deu-lhe um aceno com a cabeça resoluto, mas Nathan notou que o líder da Ordem puxou protetoramente sua Companheira da Raça mais para perto dele. O resto dos guerreiros fizeram a mesma coisa com suas mulheres, todos se preparando para o que quer que esteja para acontecer.
Jordana ergueu a escultura com ambas as mãos.
Com um suspiro profundo e um olhar de confirmação para Nathan, ela a soltou.
A peça terracota bateu no chão aos seus pés com um impacto forte. Quebrando em pedaços.
No centro dos destroços havia uma caixa de metal polida do tamanho da palma de sua mão.
— Titânio, — Nikolai adivinhou, o guerreiro loiro bem versado no material, tinha feito artesanalmente balas e lâminas personalizadas com o metal precioso para a Ordem, ao longo dos anos.
Jordana curvou-se até levantar a caixa.
Com um encorajador olhar de Nathan e o resto da Ordem, ela cuidadosamente desprendeu o fecho e abriu o recipiente.
Um cristal liso e prateado do tamanho de um ovo de galinha descansava no lado de dentro.
Era notável, de outro mundo. Uma coisa de poder e beleza cósmica.
Assim como a mulher segurando-o.
Jordana ergueu-se, olhando para Nathan e sorriu. Admiração e assombro dançavam em seus olhos azuis gélidos.
— O cristal, — ela sussurrou, enquanto todos se aproximaram para ter uma visão melhor deste tesouro extraordinário.
Jordana entregou isto para Lucan, e Nathan aproveitou a oportunidade para puxar sua companheira para o abrigo de seus braços.
Ele a beijou, apreciando sentir seu corpo contra o dele. Saboreando sentir a batida de seu coração batendo no ritmo do dele.
E enquanto a abraçava apertado, ele entendeu com todo o seu coração, com todo o seu ser, que qualquer poder que o cristal pudesse conter, com Jordana ao seu lado, amando-o como ela fazia agora, ele já possuía o maior tesouro que o mundo jamais conheceria.
[1] Estátua grega que retrata um pastor chamado Endymion.
Lara Adrian
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