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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


D’FIVE BAND
D’FIVE BAND

                                                                                                                                                  

 

 

 

 

Biblio VT

 

 

  

 

DYLAN BANDLE

 

 

“Eu desistiria de todas somente para te tocar

Pois, eu sei que voc ê me sente

de alguma forma.

Voc ê é o meu porto seguro ou o mais perto

que eu estarei de tocar o c é u.

E eu n ã o quero ir embora nesse instante”

— D’FIVE

 


CAPÍTULO 1


Abro os olhos minimamente, a dor de cabeça explode e me faz gemer formando uma careta. Sinto algo duro machucando minhas costelas e vejo que acabei dormindo agarrado a uma garrafa de vodka.

Merda! Onde estamos?

A última coisa que me lembro é de estar na The Plush...

Mich achou que seria bom termos uma noite de folga, por isso nos refugiamos na boate mais conhecida de Portland. Tínhamos acabado de fazer um show e logo pegaríamos a estrada novamente, para o festival de rock no Texas. Quando entramos na área VIP da boate, foi quase instantâneo o reconhecimento das pessoas.

O teto de LED brilhava deixando o espaço multicolorido, e “Calabria” deixava a pista de dança lotada. A mulherada com seus vestidos curtos nos dava uma cena privilegiada de suas coxas.

— Isso aqui está um paraíso! —Drake exclamou, sorrindo ao meu lado.

Don e Davi estavam conversando, debruçados na grade e olhando para a pista abaixo de nós. Dash subia a escada trazendo um balde de gelo e o José Cuervo debaixo do braço.

— Crianças, trouxe as mamadeiras. — Gritou.

— Melhor que isso só se eu puder mamar em uma dessas garotas. — Drake disse piscando para uma mulher perto de nós.

Ela retribuiu com um sorriso e suas bochechas coraram.

— Acho que já arrumei uma distração.

— Eu logo arrumarei a minha. — Brinquei, dando uma cotovelada em Drake.

— Deixem algumas para mim. — Dash falou, passando os copos para nós.

— Um brinde.

Davi e Don se juntaram a nós erguendo seus copos.

— À nossa irmandade! — Davi proclamou, batendo seu copo no nosso.

— Às bocetas a serem conquistadas. — Gargalhou Drake.

— Você é podre, cara. — Don reclamou e todos rimos.

— Ao rock. — Disse sorrindo.

— Ah, caras! Que lindo, acho que estou apaixonado por vocês! — Dash zombou. — Quem quer meu beijinho? — Acrescentou, passando a língua pelos lábios.

— Deixe de ser veado, Dash.

Os copos se chocaram e a tequila escorreu por nossos dedos. E, então, entornamos a bebida.

Drake fazia questão de apontar cada possível garota que ele levaria para o hotel, diversas silhuetas sexys sendo embaladas por vestidos no meio das coxas ou por minissaias. Nenhuma estava escapando de seus olhos de águia.

Ele ficou realmente animado quando uma morena passou indo em direção ao bar. Ela era do tipo mignon, os cabelos cacheados estavam volumosos e balançavam enquanto ela rebolava.

— Tire os olhos, essa é minha.

Drake empurrou seu copo para mim, tirou sua jaqueta de couro e enrolou a camisa branca até o antebraço. A correntinha com o baixo de prata balançava em seu pescoço.

— Boa sorte em sua caçada. — Disse.

— Sempre tenho. — Piscou e seguiu em direção à garota.

— Ele já vai atrás de uma garota? — Don perguntou encarando as costas de nosso irmão.

Ri, e fiz que sim com a cabeça.

— E você?

— O que tem? — O olhei de canto e dei de ombros. — Logo arrumo a minha.

— Não estou falando disso e sim sobre a Alana.

Encarei o rosto de Don mesmo que estivesse estranho pelo constante giro das luzes no ambiente.

— O que tem a Alana?

— Não se faça de sonso.

Cruzei os braços sobre o peito e desviei o olhar.

— Não sei do que você está falando, cara.

— Tudo bem, então. Acredito que não terá problema se ela der uma passada aqui com a Nicky.

— Aqui?! — Questionei, incrédulo.

— Sim! Nicky está vindo me ver. Sabe que depois será só no festival.

— Elas vão para o festival?

Don esboçou um sorriso cínico.

— Eu convidei, mas é óbvio que o convite da Alana será feito apenas se eu tiver certeza que está tudo bem para você.

— Comigo?? Claro que está. — Aleguei rapidamente.

Ele sorriu de novo.

— Beleza, cara.

— É... Beleza.

Tomei o resto de minha bebida e passei os olhos pelo lugar à procura do bar para mais uma cerveja.

A noite avançava e eu já estava totalmente à vontade e o assunto “Alana” havia sumido da minha mente. Conversava animado com Davi e duas garotas que faziam de tudo para serem notadas pelos garotos da D’FIVE.

— Dylan!?

Girei a cabeça e vi a diaba dos meus pesadelos, parada atrás de mim. Don estava de olho em mim com seus braços parecendo dois tentáculos grudados na cintura de Nick. Na verdade, eles estavam mais para dois siameses de tão colados que estavam.

— Alana! — Respondi, colocando um sorriso no rosto.

Meu pau deu os primeiros sinais de interesse quando me permiti dar uma olhada em seu corpo. Alana tinha um corpo escultural. Nada magrelo e estilo modelos esqueléticas. Ela tinha curvas e, porra, que curvas.

O vestido preto com uma faixa branca que ela estava usando era de arrasar, totalmente colado em seu corpo como uma verdadeira segunda pele. A faixa branca formava um “x” em seus seios, deixando um pedaço de sua cintura aparecendo e esse pequeno pedaço de pele era capaz de me causar problemas neurais.

Os olhos emoldurados e sombreados por seus longos cílios chamavam a atenção. Alana vinha me torturando em pensamentos e, quando digo pensamentos, digo noites de sonos interrompidas por uma grande e dolorosa ereção.

Segurei em sua mão puxando-a para mim, dei um beijo demorado no canto de sua boca enquanto escutava o riso baixo dela.

— Cerveja? — Ofereci.

— Claro! — Respondeu já pegando meu copo e dando um longo gole.

Ah, garota, não me teste.

Pedi outra para o garçom, ele fez sinal de positivo e começou a encher o copo com o líquido amarelo. Enquanto esperava, dei uma olhada na área VIP. Don sorria e dançava colado ao corpo de Nicky. Dash tinha sumido assim como Drake, e Davi continuava conversando com as duas garotas em sua própria bolha.

— Quer dançar, bonitão? Ou você só sabe sentar atrás da sua batera e fingir todo esse sexy appeal?

Gargalhei tomando a cerveja de suas mãos e colocando junto com a minha no balcão do bar.

— Venha, bruxinha. Vamos incendiar essa pista de dança.

Ela sorriu animada aceitando nossas mãos entrelaçadas enquanto eu a arrastava para o andar de baixo.

Deixei Alana no meio da pista e fui até a cabine do DJ, ele me reconheceu sorrindo e permitiu minha subida.

— Caralho!! Dylan da D’FIVE!! — Exclamou tirando os headsets.

— E aí, cara.

—Porra, você me daria um autógrafo?

— Claro! Posso pedir uma música? Quero vencer uma aposta com uma gata.

— Porra, manda. Qual será?

Falei a música que queria, autografei tudo que ele pediu, inclusive tirei duas fotos e estava voltando para a pista quando as primeiras batidas de “Buttons – The Pussycat Dolls” soaram animando o pessoal.

É inevitável o sorriso arrogante que surgiu em meu rosto, olhei para Alana passando a mensagem de forma clara: “prepare-se, garota”.

Puxei seu corpo para o meu, mexendo o quadril contra o seu. Minhas mãos estavam espalmadas no final de suas costas, alguns dedos fixos em sua bunda.

— Bela escolha. — Ela sussurrou em meu ouvido entrando na brincadeira. — Querido, você não vê? Como essa roupa está em mim? E o calor que vem dessa batida. — Cantarolava enroscando seu corpo ao meu.

Alana passava a língua pelo lábio inferior atraindo meu olhar e a atenção do meu pau. Porra!


“E acho que você ainda nem percebeu

Estou te dizendo para abrir os meus botões, baby

Mas você continua me encarando

Dizendo o que vai fazer comigo

Mas até agora eu não vi nada”


Alana rebolava de forma desavergonhada contra meu corpo e, em resposta, eu esfregava minha virilha contra a sua. Ela sentia meu pau duro e sorria ainda mais.

Bruxa, isso que ela era.

A música continuava tocando alta e sensual por toda a boate. Alana se virou, agachava e subia, rebolava em meu membro que estava a ponto de furar a calça jeans. Virei seu rosto para trás, Alana me olhava por cima do ombro, enquanto eu mordia seu queixo de leve e passava a língua por seu pescoço. Porra, ela tem um cheiro bom. Muito melhor do que a primeira vez que eu senti. Sua bunda se esfregava de forma firme e eu estava quase gozando, seu vestido subia mostrando mais do que deveria e isso se tornava um puta de um paraíso para mim. Nossos corpos estavam em sintonia, agarrei sua cintura virando-a para mim, deixando minhas mãos coladas em sua bunda.

A proximidade de sua boca acabou com o resto do meu autocontrole. Ela aceitou meu beijo deixando que eu explorasse sua boca, chupei sua língua escutando as pessoas ao nosso redor gritando e aplaudindo. Estávamos dando um show e tanto para eles.

— Por Deus, mulher! — Minha voz saiu baixa.

Ela riu e mordeu o lóbulo de minha orelha.

— Devo confessar que você tem uma artilharia e tanto, Dy.

Estreitei meus olhos.

— Como se você já não tivesse me provado antes, né? — Ela não responde, apenas sorri. — Venha, vamos cair fora daqui.

— Deixe-me adivinhar, para um lugar mais tranquilo?

Porra, eu daria um tapa na testa dela se fosse um homem.

— Sim! Ou você está pensando em me deixar assim? — Questionei apontando para a protuberância em minha calça.

Ela gargalhou jogando a cabeça para trás.

— Adorei nossa brincadeirinha, você realmente tem gingado.

— Você não faria isso.! — Acusei irritado.

—Vou tomar uma cerveja, tá um calor. — Ela sorriu e jogou o cabelo de lado.

— Alana!! —Alertei.

Mas tudo que ela fez foi dar as costas para mim e seguiu para o bar rebolando aquela bunda indecente para longe e deixando-me sozinho na pista de dança.

— Porra, eu tinha que ter filmado. — Davi falou sobre meu ombro. — Dylan, o baterista, tomando seu primeiro fora. É, campeão, nem todas estão para seu bico.

Virei para ele, dando um olhar mortal.

— Vai cuidar da sua vida. — Rosnei.

Ele sorriu dando um trago em seu cigarro, agarrou a cintura das duas mulheres que conversavam conosco antes daquela bruxa surgir.

— Quer dividir? — Perguntou. — Meninas vocês aceitam?

— Com prazer. — Elas responderam animadas.

— Vai à merda, Davi.

Maldição! Eu estava com um tesão do caralho por causa daquela brincadeira e Alana simplesmente foi embora me deixando, literalmente, na mão. Nosso olhar se cruzou antes que eu pegasse minhas coisas na área VIP e saísse revoltado da The Plush.


CAPÍTULO 2


Olho pela janela ao meu lado vendo que o ônibus da banda está parado em frente ao hotel. Drake está esparramado no outro sofá, totalmente nu e com uma morena enrolada no meio de suas pernas.

Se eu fosse fazer uma competição dos shows mais malucos que fizemos, esse da Geórgia teria ganhado de lavada. As groupies eram loucas e taradas no nível mais alto. Fomos perseguidos na saída, os seguranças não deram conta e tivemos partes demais sendo apalpadas.

— Drake, acorda cara. — O chamo sacudindo seu ombro.

Ele abre os olhos reclamando e a morena acorda com ele.

— Onde estamos? — A garota pergunta meio desorientada.

— Você, gatinha, chegou ao ponto final — respondo e sigo para os beliches.

Dash está dormindo na cama de baixo do beliche, agarrado em seu violão. Bato em seu ombro e sigo para Davi que ronca na cama de cima.

— Porra, o que foi que passou por cima de mim? — Dash pergunta se sentando, ainda agarrado em seu violão.

— Que tal algumas garrafas de vodka? — Indago. — Peitos e bundas?

Minha própria cabeça lateja. Dash faz menção de deitar novamente, mas eu seguro seu braço.

— Acorda, seu idiota.

Bato nas costas de Davi que se levanta num pulo, assustado.

— Caralho! Que foi?

— Acorda, chegamos ao hotel e vocês estão fedendo. Alguém vomitou aqui? — Questiono olhando para o chão.

Davi se espreguiça colocando as pernas para fora da cama e fica de pé ao meu lado.

— Vomitar? Isso eu não sei te dizer. Mas que ontem isso parecia um inferno, isso parecia. — Comenta bocejando e coçando a cabeça.

— Vou atrás do Don. — Mal termino de falar e a porta do ônibus se abre trazendo um Don todo sorridente.

— Já acordaram, princesas? — Don questiona.

— Onde você estava?

— Eu estava no hotel, já tomei café da manhã e um bom banho ao contrário de vocês. — Explica, entortando a boca em uma careta por conta do nosso estado deplorável.

— Cara, eu preciso de café. — Drake surge em minhas costas coçando a cabeça.

— Drakeee . — Reclama a morena.

— Benzinho, já disse. Foi ótimo o que... O que tivemos mesmo? Olha, sei lá que tivemos ontem, mas agora você precisa ir.

Drake e seu tato com as mulheres.

— Você me liga? — Ela insiste, beijando a boca de Drake.

— Uhum. — Mente.

Sabemos que ele está enrolando a garota. Essa daí só vai conseguir ver Drake se for a algum show nosso.

Mas ela acredita na mentira deslavada que ele fala, volta sorridente para a sala de estar recolhendo suas coisas e sai do ônibus dando de cara com Peter — nosso chefe da segurança — que balança a cabeça em negativa e a leva para longe.

— Peguem suas coisas, Mich já foi verificar o local do show de hoje. — Peter volta e começa a dar ordens.

— Mano, não me lembro de nada. — Dash reclama colocando uma camiseta surrada da banda.

— Vocês fizeram do nosso ônibus uma boate ambulante. Shan teve que parar no meio da estrada e despachar as meninas que vomitavam como loucas.

— Ah, então tivemos vômitos. — Reclamo torcendo o nariz. — Espero que Shan consiga tirar esse cheiro daqui.

— Alguém ainda pode me explicar como aquela morena seguiu viagem conosco? — Drake questiona.

— Quando o Peter foi despachar a moreninha você ficou valentão, por isso ela seguiu viagem com a gente.

— Não me lembro disso. — Drake retruca, nos fazendo rir.

— Meu, minha cabeça está latejando. — Dash reclama de novo. — Tem certeza de que foi apenas vodka?

— Vodka, tequila. Se a gasolina do ônibus estivesse à vista você teria tomado também. — Don comenta rindo.

— Eu não me lembro de nada.

— E eu devia te dar um soco, Dash.

— Por quê?

Ele é o pior. Quando fica bêbado e não pega nenhuma garota ele faz questão de empatar a foda dos outros.

— Eu estava lá em cima com uma garota e você entrou empatando minha foda. — Digo.

Dash gargalha pedindo desculpas. Ele é um grande filho da puta, isso sim.

— Antes atrapalhar sua foda do que entrar no quarto nu.

— Eu fiz isso? — Dash arregala os olhos, questionando Don.

— Você não se contentou em somente me acordar, como também ficou dançando no meio do quarto com seu pau na mão. — Don caçoa.

A gargalhada foi unanime, quase nos tirando o fôlego.

— Cara, antes disso, você ficou cantando e dançando Macarena em cima da mesa. — Davi diz rindo. — Eu filmei, quer ver?

— Não acredito, seu puto! Me deixa ver.

Davi pega o celular no bolso de trás da calça, abre seu Instagram pessoal e mostra o vídeo para nós. O vídeo já atingiu cem mil curtidas de ontem para hoje. No vídeo, Dash está em cima da mesa só de cueca, a garrafa de vodka nas mãos, cantando a plenos pulmões enquanto eu batuco o ritmo da música no canto da mesa.

— Você está fantástico. — Zombo da cara de espanto que ele faz.

— Davi, você vai apagar isso, né?

Davi encerra o vídeo e guarda o celular no bolso traseiro, sorrindo.

— Dá próxima vez, fique sóbrio.

— Até que enfim aquela foto minha vai ser superada. — Ergo as mãos em agradecimento.

— Fica tranquilo, Dylan, tem um acervo inteiro de micos cometidos por você. — Don diz e corre para fora do ônibus, só me dando tempo de soltar um palavrão cabeludo para ele.


CAPÍTULO 3


Mich preparou uma espécie de entrevista para nós. Os três repórteres à nossa frente foram organizados por Shan, nossa produtora, e instruídos a realizarem as mesmas perguntas de forma organizada e nos pouparem tempo. A mulher é eficiente.

As perguntas são corriqueiras: Como nos conhecemos? Qual o significado de D’FIVE, ou o porquê decidimos abandonar a D’BAND? Quais são nossos planos para a turnê de verão? As músicas do álbum novo... Como Don está levando a banda e o namoro com a Nicky e como nós integrantes da banda estamos aceitando... Essas coisas.

Uma hora depois de uma enxurrada de perguntas chatas eles saem da nossa suíte nos deixando com Shan e Mich.

— Foi uma ótima entrevista. — Shan comenta.

— Eles poderiam ter sido mais originais. — Drake retruca.

Ele está mal-humorado desde ontem, ninguém sabe o motivo. Mas, como sempre, mantemos nossa regra: o deixamos em paz até que tudo volte como antes.

— Acho que estou pronto para devorar o café da manhã. — Digo ficando em pé.

— Isso, e estejam preparados para sair em vinte minutos. Temos um longo caminho até Galveston.

Dash volta da sala de jantar onde prepararam um verdadeiro banquete para nós, com seu prato transbordando.

— Oh, Salsicha, vê se não se entope de comida para não passar mal no ônibus.

Sinto meu celular vibrar no bolso da calça. Uma mensagem de Alana.

“Oi, Dy.”

Essas merdas de quatro letras mexem comigo. Porra! Eu não sei por que Alana mexe comigo. Desde o dia que coloquei meus olhos em seu corpo...

Tínhamos acabado de encerrar o show, voltávamos rindo e zoando uns com os outros, coisas normais.

— Meninos, as groupies vão entrar em vinte minutos no camarim central. — Shan disse torcendo a boca. Ela sabia que algumas iriam nos acompanhar para o hotel, onde a verdadeira festa começaria.

— Estou louco para brincar de medusa. — Drake disse estralando os dedos.

— Eu prefiro ficar de fora, a última vez que participei aquela doida quase arrancou a cabeça do meu pau fora.

Medusa era tradicionalmente uma brincadeira para fazer com tequila, onde fechávamos os olhos e quando fosse a hora de abrir, tínhamos que focar numa pessoa, se essa pessoa estivesse nos olhando de volta gritávamos medusa e entornávamos o copo.

Mas Drake adaptou, a medusa dele era como a original, todos sentados na roda, mas se a garota correspondesse ao seu olhar ela pagaria um boquete e se não estivesse olhando você escolheria se queria beber ou fazer um oral nela.

Dash gargalhou de minha lembrança.

— A que eu fiquei parecia um sugador de pia, batia recorde em tirar o orgasmo do cara.

— A loirinha do último show está aí, vale a pena. Vou ficar com ela essa noite. — Davi comentou.

— Davi gamou na gordinha. — Brinquei, entrando no camarim e esbarrando em Alana pela primeira vez.

— Desculpe... Uau, Dylan Brandle. — Disse com um largo sorriso.

Meus olhos esquadrinharam seu corpo, desde o coturno preto, as coxas grossas, o short jeans desfiado e a camiseta preta do Metallica.

— E você é? — perguntei curvando um pouco a cabeça. Era uma bela visão.

— Vemos você depois, cara.

Dash, Drake e Davi entraram no camarim fazendo gestos obscenos nas costas da garota, quase me fazendo rir, mas mordi o lábio tentando me segurar.

— Não precisa segurar o riso, eu vi o que seu amiguinho fez — disse, me pegando de surpresa.

— Posso saber seu nome?

— Alana, sou amiga da Nicky.

— Sério? Isso acaba de ficar interessante.

Ela jogou o cabelo loiro para o lado chegando mais perto de mim.

— Que tal me mostrar o quanto pode ser interessante?

Arqueie a sobrancelha encarando Alana. Ela não parecia ser uma das groupies malucas as quais estávamos acostumados, mas, ali, no meio do corredor com os roadie 2 passando por nós, ela estava praticamente convidando para transar com ela.

Puxei seu corpo para o meu e abri a porta do camarim mais próximo. Prensei seu corpo na parede oposta, nem perdendo tempo em ligar a luz. Cobri sua boca com a minha.

Ela logo abriu espaço para minha língua, fazendo uma dança tentadora em minha boca. Suas mãos se infiltraram por baixo da minha blusa e arranharam as minhas costas, me puxando mais para ela.

Aquela mulher era um furacão.

Deixei uma mão segurando firme seu cabelo curto, guiando sua boca como eu bem entendesse. Com a mão livre puxei sua perna esquerda para meu quadril, roçando minha ereção em sua intimidade. Alana soltou um gemido no mesmo instante em que a porta foi escancarada e a luz do camarim acessa.

— Temos um problema com Don. — Davi anunciou fazendo com que eu interrompesse o beijo.

Porra, se fosse com qualquer um, Deus sabe que eu nem ligaria. Continuaria em cima daquela gostosa, mas era com Don. E em todos esses seis anos de carreira, nenhum dos caras interrompeu minha quase foda para anunciar um problema com ele.

Soltei Alana e respirei fundo.

— Vem, se ele está com problema sua amiga deve estar no meio.

Alana concordou ajeitando sua roupa e limpando a marca de batom borrado.

— Dylan!

— Porra, o cara está viajando. — Dash ri.

— Foi mal, pensamento longe.

— Percebemos. E aí, suas coisas estão prontas?

— Sim, eu vou só me trocar e encontro vocês no ônibus.

— Beleza, tá tudo bem? — Don pergunta chegando perto de mim.

— Sim, só estava pensando numas ideias para o show, conto para vocês no ônibus.

— Tá bom, até daqui a pouco.

Olho para a mensagem de Alana e abro a caixa de texto.

“Oi bruxinha, como você está?”

Sua resposta foi instantânea.

“Empolgada, vamos para o Texas! Agora está confirmado”

“Então nós veremos em breve.”


Porra, essa garota é envolvente. Aquele beijo no camarim e nosso encontro na boate três semanas atrás tinham mexido comigo, mais do que eu gostaria de assumir. Alana tem algo diferente. Em seis anos de estrada, entre diversas paradas e mulheres em minha cama eu não sabia dizer por que ela me deixava assim.

Nessa viagem eu vou ter a oportunidade de acabar de uma vez com isso, eu irei transar com ela e essa fixação de merda vai passar.

Portanto, é apenas uma questão de dias para que meu corpo se desintoxique de Alana.


CAPÍTULO 4


Bocejo jogando minhas pernas para fora da cama. Deus, eu amo viver na estrada, mas essas camas me fazem sentir saudade do conforto de nossas paradas nos hotéis.

Desço a escada estreita, passando pela sala de estar do ônibus, Dash está jogado no sofá vendo um jogo de futebol.

— Caralho, que cheiro bom! — Exclamo ao adentrar na cozinha.

— Fico feliz que gostou. — Nicky diz sorridente.

— Incrível, Nicky. Tudo bem?

— Sim, e você?

— Se eu comer essa omelete ficarei ainda melhor.

Ela sorri virando a omelete na frigideira.

— Dylan, não abuse da minha garota. — Don retruca da mesa.

— Cara, não tenho culpa que ter Nicly conosco significa que finalmente vamos comer uma comida de qualidade.

— Filho da puta!

Rio ao ouvir a voz de Davi entrando na cozinha indo direto para a geladeira.

— Davi, você cozinha bem para um cara. Mas sinta o cheiro dessa comida.

— Vou me lembrar disso quando você vier implorar por um prato de comida.

— Desculpa, pai.

Davi revira os olhos fechando a geladeira.

— Sente-se, Dylan. Logo estará pronto. — Nicky anuncia sorrindo.

— Davi, também teremos bacon.

Davi concorda, sorrindo de forma carinhosa para Nicky.

— Dylan Brandle.

Levanto o olhar e Alana está parada do outro lado da cozinha, meus olhos rapidamente esquadrinham seu corpo, as pernas grossas estão à vista novamente, a blusa xadrez está amarrada mostrando seu umbigo. Puta que pariu!

— Alana.

Ela vem em minha direção, senta em meu colo e me dá um beijo na bochecha. Meu corpo se retesa, Alana age como se fôssemos velhos amigos e, pelo visto, com uma intimidade enorme.

— E aí? Galveston, hein? — Pergunta encarando os outros.

— Será um ótimo festival. — Don explica, me encarando.

— Um festival de rock com muitas fãs malucas de rock e sexo! — Drake grita.

— Meu Deus, você vai morrer como Fred Smith. — Davi se senta na cadeira vazia acompanhado de seu prato de bacon.

— Guitarrista da MC5, morreu com insuficiência cardíaca.

— Você é mórbido, Davi.

Alana solta uma gargalhada, se levanta do meu colo e abraça Drake.

Ele, simultaneamente, me encara com o rosto encaixado no pescoço dela. Passa a língua pelos lábios de forma maliciosa, o que me faz cerrar os punhos.

Que merda é essa? Por que estou me importando se os braços de Drake estão em torno da cintura da Alana?

— Tenho que mijar. — Murmuro passando por eles.

Alana ri de alguma besteira que Drake disse em seu ouvido.

Meu olhar cruza com o de Don, que está apoiado na pia ao lado de Nicky.

— Quando você vai assumir?

— Quando você vai parar de delirar? — Digo estreitando os olhos e subo para o segundo andar do ônibus.


Quando abro os olhos, o segundo andar do ônibus está no completo breu. E abro a cortina somente para comprovar que tinha dormido quase o dia todo, o ônibus está encostado num posto de gasolina na Interestadual 45.

Pulo da cama passando a mão pelo cabelo.

Merda, estou faminto.

Desço as escadas devagar e escuto uma risada feminina e alguns gemidos do Drake. É impossível que aqui nesse fim de mundo Drake tenha encontrado alguma groupie para satisfazer seus desejos.

— Ahhh, não... Puta que pariu, Drake.

Paro no último degrau, essa é a voz da Alana.

Filho de uma puta! Eu vou matar o Drake.

Atravesso a cozinha e abro com violência a porta da sala de estar.

— Que porra tá acon...

Minha voz some quando vejo Don e Nicky dividindo a poltrona, Alana me encara com a sobrancelha erguida e Drake sorri. Filho de uma puta.

— Aconteceu algo? Você parece enfurecido, cara?

— O que vocês estão fazendo?

— Estávamos jogando Rocksmith, mas Alana não consegue acompanhar com uma guitarra de verdade. — Drake responde e coloca a mão sobre a coxa de Alana, sorrindo para mim. — Por isso estamos jogando Guitar Hero.

— Quer se juntar? É óbvio que Drake está acabando comigo.

— Eu não, boneca. Você é que está destruindo a composição perfeita do Queen.

— Ridículo. Sente-se aqui, Dy. — Acrescenta batendo a mão no sofá como se chamasse seu cachorrinho.

— Dispenso!

— Venha, vamos desafiar o Drake no FOF Drum Expert.

— Não estou a fim. — Retruco encarando Don. — Onde Shan está? E cadê Dash e Davi?

— Eles foram ao mercado comprar mantimentos. — Don responde.

— Cara, você está muito irritadinho.

— Drake, não torre meu saco.

— Acho que alguém tá precisando esvaziar as bolas. — Drake continua provocando.

Avanço um passo, entrando realmente na sala.

Drake não se toca de quando é o momento de ele calar a boca.

— Chega vocês dois! — Don afasta Nicky e fica de pé. — Amanhã chegamos a Galveston e temos que estar preparados para o festival.

— Eu estou tranquilo. — Drake brinca e se levanta.

— Drake!? — Don alerta chegando mais perto.

Eu não vou bater no Drake. Porra, ele é meu irmão e Alana é apenas mais uma que pula de cama em cama, mas eu não quero essa provocação e esse desejo está corroendo meu cérebro.

— Acho bom você comer logo essa garota. — Drake sussurra em meu ouvido.

— Cala boca!

— Assume que você não está se aguentando.

— Se você não calar sua boca, eu vou tacar seu baixo pela janela.

— Ei, o que está acontecendo aqui? Um abraço entre irmãos? — Dash diz pulando sobre as minhas costas.

— Idiota! — Exclamo rindo da lambida que ele me dá no pescoço.

— Cuidado, Dash. Dylan tá precisando ser ordenhado.

E antes que eu possa esboçar alguma reação, ele aperta meu saco e corre para o banheiro.

— Filho de uma puta!

A sala explode em risadas e eu vejo estrelas. Eu vou acabar com Drake.


CAPÍTULO 5


Está quente. Mas é um calor delicioso, ele se contorce em meu corpo, e isso está ultrapassando os níveis de meu subconsciente.

Meu quadril pressiona minha ereção matinal contra um traseiro, me fazendo abrir os olhos no mesmo instante.

Os fios platinados de Alana estão espalhados sobre meu braço onde ela dorme com a cabeça apoiada, meus olhos varrem seu corpo encaixado ao meu, a regata laranja está meio erguida mostrando sua cintura e, mesmo com meu quadril colado ao seu, eu vejo o começo de uma tatuagem. Ah, meu caralho! Eu preciso sair daqui ou vou ser acusado de abuso.

O gemido que ela solta enquanto tento arrumar um espaço para sair sem acordá-la faz meu amigão se erguer ainda mais.

Ela se mexe e joga o quadril em minha direção. Não é possível. Deus está me colocando em provação, mais um pouco disso e vou estar subindo em cima dessa menina, sem nem perguntar como ela veio parar em minha cama.

— Hum, acho que alguém acordou bem animado. — Sua voz rouca me tira dos devaneios e me faz querer perder o juízo

Passo a mão sobre o rosto; merda, eu tenha que ser santo para não ligar para uma mulher se esfregando em mim, mas também não sou nenhum canalha como Drake.

— Como você veio parar aqui?

— Com minhas pernas, talvez? — Ela ironiza.

Seguro a resposta na ponta da minha língua e pulo sobre ela, pressionando meu corpo sobre o seu, vejo a surpresa em seus olhos e seus lábios se abrem minimamente.

Meu quadril pressiona bem em cima do seu clitóris, e juro que consigo sentir o calor que seu corpo transfere para o meu.

Ela solta um gemido baixo, lânguido e meu sorriso se abre.

— Se você não quer acordar comigo fazendo coisas desse tipo, não entre na minha cama como uma gata sorrateira. — Alerto com minha boca próxima à sua.

— Que tipo de coisas?

Desço minha boca sobre a dela. Apenas raspando meus lábios nos seus, em seu pescoço, vendo a respiração dela travar. Desço espalhando meu hálito por seu decote, sorrio ao sentir sua pele se arrepiar; empurro ainda mais o meu quadril sobre o short fino do seu pijama, sentindo em minha cueca o quanto ela deve estar molhada nesse momento.

— Alana, não me desafie. Você pode não ganhar a aposta.

— E se eu gostar do desafio?

Sorrio e reluto em sair de cima dela, por fim, fico de pé e a encaro de cima.

— Então esses três dias de festival serão ainda mais atraentes. Vejo você no café.

Viro e saio do quarto, eu preciso de um momento a mais no banheiro. Hoje, nem mesmo entrando no congelador eu conseguirei baixar minha ereção.

Passo pelo quarto principal e escuto os gemidos que saem dali. Grande filho da puta, sortudo! Davi está sentado na cozinha escrevendo freneticamente em uma folha, uma xícara de café ao seu lado.

— Bom dia, madrugou?

— Não consegui dormir, olha isso. — Responde e me passa a folha para que eu veja.


Meus dias têm sido longos sem você

olha o caminho que percorremos, diz que você sente.

Pois sei que quando meus olhos verem você

tudo voltará a ser o que era.


Ontem, me lembrei das coisas bobas que você fazia

dos sorrisos, até de suas provocações.

E hoje vejo você dando os mesmos sorrisos para ele.


Não posso compensar toda aquela merda,

mas me deixe provar que tudo será melhor

quando eu te ver.


— Davi, isso tá muito bom.

Ele dá de ombros pegando a folha novamente.

Quando todos se levantam a tensão já está instalada no ônibus. Sempre é assim antes de um show.

Davi passa as músicas com Don; Dash não solta seu violão, como se ele fosse uma espécie de amuleto da sorte. Drake, bom, o Drake sempre tem uma garota para tirar o stress, e quando não tem, seu amigo é o velho Johnnie. É sempre a mesma rotina em dias de show.

— Se controle com essa garrafa, Drake. — Shan diz parada na entrada do ônibus.

— Sim, senhora.

— Cadê o Davi? — Ela questiona.

— Na sala, com Don. — Respondo jogando as baquetas para o alto.

— Meninos, venham aqui.

Dash sai do banheiro subindo o zíper, nem um pouco preocupado com Shan. Na verdade, nem ela está tão preocupada ou com raiva pelo modo como nós agimos.

— Bom dia, Shan. — Don dá um beijo em sua bochecha e puxa a Nicky para si.

— Shan. — Davi a cumprimenta com um aceno e se senta à mesa.

— Primeiro, aqui estão as pulseiras de acesso. — Shan joga a pulseira preta digital para cada um de nós. — Ela vai dar acesso a todo o espaço do evento, seja para camarins, palco, bastidores, até mesmo o parque do festival.

— Maneiro! — Dash comenta.

— Essa daqui — Joga uma pulseira laranja. —, é para o acesso à área VIP dos outros shows.

— A The Cast já está aqui? — Davi pergunta

— Sim, os roadies deles estão ajeitando o palco para a passagem de som. Eles vão abrir o festival.

— E seria interessante vocês se conhecerem. Logo estarão dividindo o mesmo palco. — Mich surge pela escada do ônibus.

— Eu quero conhecer a guitarrista deles. — Dash diz erguendo a sobrancelha.

— Dash. — Shan alerta.

— Calma, Shan, quero apenas saber se ela toca tão bem quanto falam. — Dash responde dando de ombros.

— E aposto que você deseja tocar alguns acordes com ela, né? — Drake zomba. — Uns acordes bem íntimos.

— Pelo que ouvi dizer, ela é casca dura. — Acrescento, rindo.

A The Cast é formada por três homens e a guitarrista, ela é de arrasar, todos já tínhamos visto vídeos dela pelo Youtube . Ela assumiu o lugar de Jack Sollun há um ano e levou a The Cast ao topo das paradas.

— Mich, será que não podemos trocar o Dash pela guitarrista deles? — Davi brinca.

— Quero ver se ela vai livrar sua bunda, seu filho da puta.

— Dash! — Shan repreende. — Meninos, se controlem, aproveitem que tem duas damas no ônibus e mostrem um pouco de educação.

— Por falar nisso, cadê a segunda dama? — Drake ri ao questionar. — Dylan, você sabe?

— Obrigada pela gentileza, Drake. — Shan retruca.

— Eu ficaria grato por não ser visto como uma mulher para Drake, Shan. — Don zomba.

As bochechas de Shan ficam vermelhas.

— Meninos!!

— Esses caras não têm jeito. — Mich diz escondendo o riso.

— Posso terminar de falar?

— Desculpe, Shan. — Respondemos ao mesmo tempo.

— Vocês não podem tirar ou perder a pulseira, entenderam? Como são digitais, não há outra.

— Perfeito! — digo.

— Consegui mais duas para Alana e Nicky. — Ela passa a pulseira para Nicky.

— Onde está a Alana? — Nicky se manifesta pela primeira vez.

É até fácil esquecer que ela está aqui. Nunca atrapalha e é discreta. Nós é que temos que ter cuidado, Don já ameaçou arrancar nossas bolas se alguma gracinha rolar.

— Ela saiu cedo, deve estar conhecendo o festival. — Mich informa.

— Se preparem, meninos, daqui a pouco Peter vai levá-los para a primeira passagem de som. E, Drake, por favor, escolha melhor a groupie que você vai trazer. As últimas nos deram uma puta dor de cabeça para nos livrarmos.

— Foi mal, Shanzinha.

Shan estreita os olhos para ele, fazendo sua cara feia. — As passagens de volta foram retiradas do seu dinheiro.

— Ai!! Agora sim me atingiu. — Reclama.

— Então pensem nisso, meninos. Ou vou proibir essas orgias.

— Cuidado, Shan está falando sério. — Mich sussurra para nós assim que Shan sai do ônibus.


CAPÍTULO 6


O restante do dia foi um redemoinho de coisas acontecendo, passamos boa parte do tempo checando os instrumentos e ensaiando as músicas. A equipe corre de um lado para o outro ajeitando os últimos detalhes para o show, enquanto nos arrumamos no camarim.

— Meninos?

— Pode entrar, Shan. — Davi grita do outro sofá.

— Qualquer dia eu vou pregar uma peça nela. — Drake diz sorvendo mais um gole da vodka.

— Todos vestidos, espero. — Ela fala e entra no camarim.

Meus olhos vão para a garota a seu lado, a minissaia de couro, provavelmente sintético como as nossas, o top cheio de pontas metálicas cobre seus seios deixando a cintura esculpida aparecendo, mas é o cabelo que entrega quem ela é.

Mary e sua profusão multicolorida em cachos. A guitarrista do The Cast sorri e nos analisa, um por um.

— Mary, esses são meus meninos. — Shan nos apresenta como uma mãe orgulhosa. — Don, Dash, Davi, Drake e Dylan. — Com as mãos na cintura ela aponta para cada um de nós.

Retribuo seu sorriso pronto para me levantar quando Alana senta em meu colo e passa os braços em volta do meu pescoço.

— É bom conhecê-la, finalmente. — Don afirma.

— Sim, é maneiro. — Ela concorda e joga o cabelo arco-íris para o outro lado. — Os caras estão passando o som, mas eu quis vir aqui conhecer vocês. Afinal, passaremos algum tempo juntos durante a turnê.

— Vai ser maneiro. — Dash larga seu violão no canto e sorri como um imbecil para ela.

— Strato Fender ’64?

Don sorri e vira sua guitarra para que ela veja.

— A Fender é a melhor. — Mary comenta.

— Concordo. Toca numa Fender? — Don questiona.

— Sim, uma 66 branca.

— Mary. — Um brutamontes a chama e ela se vira para a porta. — Está na hora.

Ela concorda e se volta para nós. — Espero ver vocês por lá.

— Nós iremos. — Afirmo sorrindo.

Shan sorri para nós e vai atrás de Mary, sumindo de vista.

— Que porra foi essa? — Alana sussurra em meu ouvido e pelo jeito está brava. — Essa mini duende estava quase pulando em seu colo.

— Está com ciúmes? — Investigo e aperto seu quadril trazendo-a mais perto.

— Não! Apenas evitei que você contraísse uma doença. — Responde e já se levanta enquanto não consigo segurar a gargalhada.

— Cara, eu estou apaixonado. — Dash diz se jogando no sofá.

O encaramos esperando que ele tire o sorriso idiota do rosto.

— Caralho, acabei de ver um anjo. — Dash se senta bruscamente com os olhos arregalados. — Anjo não, um lindo unicórnio. Vocês viram aquele cabelo? Muito mais radical pessoalmente.

— Pronto. A mini duende atacou o Dash. — Alana retruca e puxa Nicky para longe.

— Que bicho a mordeu? — Don se vira para mim.

Dou de ombros, rindo. — Ela não foi com a cara da Mary.

— Como não? — Dash pergunta de forma indignada. — Ela é gostosa pra cacete.

Sorri jogando as baquetas no ar e pegando-as de novo.

Drake ri diabolicamente.

— Realmente, aquela minissaia deixou pouco espaço para a minha imaginação. Sexy pra cacete!

Davi coça a barba rala, enrugando o nariz.

— Ali não tem defeitos. Roqueira e ainda por cima gostosa. — Constata.

— Tire o olho, sabichão. — Dash reclama.

— Caras, podem parar de pensar com o pau por um momento? Mich arrancaria o pau de vocês se estragassem tudo o que ele planeja com a The Cast.

— Acabei de ter certeza, você é capado! — Davi exclama nos fazendo rir.

Don revira os olhos.

— Eu quero ver eles no palco. — Digo já me levantando.

— Eu vou também. —Dash levanta em um pulo.

— Aonde vocês vão? — Nicky questiona com Alana emburrada logo atrás dela.

— Venha, princesa. Vamos ver a The Cast tocando, nosso show é mais tarde.

Ela concorda abraçando Don e selando sua boca na dele.

— Eu vou também.

Dou um sorriso safado para Alana e os caras começam a sair deixando nós dois para trás. Isso me dá a oportunidade de puxar o corpo dela contra o meu.

Cacete, ela é linda.

— Pode ficar tranquila, Mary não é o tipo de garota pela qual me interesso. — Sussurro.

Ela me encara estreitando os olhos. — Achei que você não tinha um tipo de garota, afinal toda boceta é bem-vinda, não é?

Ela empurra meu peito se afastando de meu toque.

Alana não era fanática pela banda, ela curtia nosso som e, mesmo tendo vindo naquele dia e se atracado comigo num camarim escuro, ela dá o melhor de si para mostrar a mulher que realmente é. Meu pau é testemunha.

— Como vai ser? Vamos ficar aqui apenas nos encarando e perder o show ou você tem uma ideia melhor?

A fúria surge em seus olhos e ela apenas se vira e sai do camarim.

Pelos assovios e aplausos a The Cast faz grande sucesso na plateia. As groupies da banda têm faixas na cabeça e cantam aos berros as músicas. É contagiante estar na área VIP e sentir a energia que vem do público, ainda mais presenciando um show tão bom.

Mary toca e dança de forma sensual pelo palco e, juntamente com os outros integrantes, arranca gritos tanto do público feminino como dos homens ali presentes.

No verso da música ela deixa a guitarra nas costas e canta junto com o vocalista, fazendo do microfone um ponto de apoio para suas reboladas.


Você faz meu corpo estremecer,

minha cabeça girar com seu gingado e

então você desce me fazendo perder o juízo.


Entro em chamas vendo os caras te cobiçando.

Gata, assim não dá. Eu vou explodir.


Não reclame quando jogá-la contra parede e

Curtir sobre seu corpo todo o tesão que passa

Pelas minhas veias.


A The Cast tem uma pegada mais pop rock, eletrizando quem assiste.

— Eles tocam bem. — Don grita para mim, fazendo com que sua voz seja ouvida mesmo com a música alta e a plateia gritando.

— Estou com uma ereção do caralho. — Dash diz ajeitando sua calça.

Sorrio com meus olhos fixos nela, enquanto eles elogiam o desempenho da banda ou Dash se derrete por Mary, estou vidrado no gingado de outra pessoa.

Alana dança alguns metros à nossa frente com Nicky, rebolando e fazendo tudo que eles cantam no refrão. As mãos para o alto e sua bunda rebolando está sendo uma tortura para minha ereção que pressiona minha calça justa.

Gata, você está fazendo minha cabeça dar voltas

e mais voltas.


— Se você não for esperto, logo outro pega. — Don sussurra em meu ouvido.

— Cala a boca!!

Sua risada chega até mim, mas eu não quero tirar os olhos dela, eu estou aprisionado no balanço do seu quadril.

Caminho como um leão prestes a dar o bote, colando meu corpo no dela, vejo pelo seu sorrisinho desavergonhado que ela sabe muito bem quem é.

— Você vai me enlouquecer mexendo essa bunda.

Ela me presenteia com uma rebolada forçando mais seu corpo contra o meu. Cacete!

Agarro um punhado de seu cabelo forçando sua cabeça para trás.

— Não provoque o que você não vai terminar. — Digo e pressiono minha ereção em sua cintura, por conta da diferença de altura.

Ela torce o pescoço para falar em meu ouvido.

— Quem disse que não vou terminar?

— Alana... — O nome dela sai como um gemido.

— Dy... — Ela suspira.

— Você falou a mesma coisa na boate em Portland, se continuar testando minha paciência, como tem feito nesses meses, vou esquecer que posso ser cavalheiro.

Ela solta um gemido que me arrepia inteiro.

— Quando poderemos esquecer a cordialidade? — O sorrisinho está de novo ali jogando meu controle para os ares. — Acredito que seus amigos estão esperando por você.

Olho por cima do ombro, Drake olha para nós sorrindo e batendo os dedos no punho como se tivesse mostrando a hora.

— Merda. Eu preciso ir.

Eu já estou ficando emputecido de sempre ser interrompido, sempre que as coisas engrenam com Alana algo nos interrompe ou alguém surge para nos atrapalhar. Eu tenho que mudar isso.

— Bom show. Vou ficar aqui olhando para você. — Ela sussurra e morde o lóbulo da minha orelha.

— Vamos terminar essa conversa. — Aviso antes de me afastar.

Piso no palco sendo recebido aos gritos, sento atrás da minha bateria girando e jogando as baquetas para o alto. Drake entra acenando e jogando charme para a plateia, ficando no lugar demarcado.

Começo a introdução de “Never without you” e Dash entra tocando sua parte comigo até que Drake se junta a nós.

A plateia canta o primeiro verso enquanto tocamos, pelo canto do olho vejo Don ajeitando sua guitarra com um dos técnicos, eu amo essa parte.

Imagine só: você está no centro do palco, vê todas aquelas fãs e pessoas curtindo seu show; então tudo se silencia, Dash e Drake param de tocar e batem palmas incitando a galera a acompanhar o ritmo das minhas batidas e, de repente, Don surge tocando seu solo.

Os gritos e as palmas são de arrepiar.

— Prontos para arrebentar, Rockyn Fest? — Don grita no microfone.

Ele sorri e olha para nós, balanço a cabeça mudando o ritmo, fazendo o público gritar ainda mais quando a bateria soa forte os acordes de “We Will Rock You”.

Dash e Drake fazem suas performances pelo palco enquanto Don continua o solo da nossa música, fazendo a mistura ficar fantástica.

Don está chegando ao fim de seu solo. Davi coloca o protetor auricular na lateral do palco e canta os primeiros versos assim que Don termina os acordes.

Ela era uma garota simples,

por favor, me ensine o certo e o errado.

Garota, pois eu não posso ficar sem você.

Davi surge cantando, as groupies na área VIP enlouquecem pulando e gritando sem parar. As luzes do palco brilham sobre nós e o gelo seco cria uma névoa aos nossos pés.

Se apresse, se hoje fosse seu último dia

o que você faria?

Eu grito por você,

garota, escute meu coração.

Ele está caindo em desgraça por você.


Eu mostrarei o que posso ser,

diga isso para mim.

Eu deixarei tudo e todas para trás

diga que nunca ficarei sem você.


Não deixamos a plateia respirar e logo começamos a batida pesada de “Danger”. Drake já arrancou sua camisa e toca com Don os acordes pesados, fazendo o público pular e gritar.

A voz de Davi consegue ser dura e cáustica em músicas como “Danger” ou “Sin”. E totalmente rouca e melodiosa com as nossas canções mais românticas.

Depois do primeiro intervalo, nos organizamos com os roadies para trazerem, dessa vez, três fãs para o palco. Davi tinha dado a ideia mais cedo no ônibus e nós gostamos, assim como mudamos a música escolhendo algo mais sexy. Algo que mexesse ainda mais com a plateia.

Quando as garotas foram escolhidas no meio da multidão e os roadies e os seguranças as ajudaram a subir no palco, foi uma euforia. Duas rapidamente colam em Drake e Don, quase conseguindo arrancar um beijo dele para raiva de Nicky que assiste tudo na lateral.

A terceira não quis nem saber da advertência de Shan e sobe no pequeno palco onde estou se jogando em meu colo.

— Oi, gata. — Digo sorrindo.

— Dylan, eu faço tudo, me leva para o seu ônibus?

As mãos dela são audaciosas e passeiam pelo meu peito. Como ela se sentou na perna que eu mais uso para tocar, tenho que trocá-la de perna e, ao fazer isso, dou de cara com Alana de braços cruzados e uma carranca horrível.

O que torna tudo ainda mais divertido.

— Olha, gata, eu vou ver o que posso fazer. — Sussurro em seu ouvido sem tirar os olhos da Alana que está na lateral do palco. — Quer tocar comigo?

— Muito.

Sinto sua mão direita deslizar para o meio das minhas pernas e apertar meu pau por cima da calça.

— Vamos nessa então. Me dê sua mão. — Passo uma das baquetas para ela e seguro seu pulso. — Eu vou guiar você.

— Caralho, isso é emocionante. — Ela solta um gritinho animado.

Davi, que está tomando água próximo a mim, balança a cabeça rindo.

— Todas estão prontas? — Don pergunta sorrindo todo galanteador por cima do ombro. Quando as garotas concordam animadas e a plateia grita, ele se vira para o palco.

Antes de tocar a música que todos estão esperando, tocamos “Sin”, fazendo o mar de pessoas cantarem e pularem empolgados.

— Meu Deus, estou muito excitada. — A groupie grita em meu ouvido.

Era para ela ficar apenas sentada sobre minha coxa, mas, depois da primeira música, ela está, literalmente, sentada sobre meu pau, acompanhando enquanto toco.

Estou tentando conter minha vontade de rir e evitar os arrepios que as reboladas e a mão livre da garota provocam pelo meu corpo. Porra, não é fácil você ter que tocar com uma mulher em seu colo acariciando descaradamente seu amigo.

O mais impagável é o olhar mortal que Alana me lança da lateral do palco.

 

 


CONTINUA