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As chamas das pequenas velas tremeluziam, enviando iluminadas fadas dançarinas através da janela de vidro panorâmico para tocar no cobertor espesso de neve. O garoto estava deitado no meio do pátio que cercava a casa de moldura branca por algum tempo, perto o suficiente para ver a beleza das velas, mas longe o suficiente para que ele não pensasse que seria descoberto.
Grandes flocos de neve continuavam a descer do céu, mas ele não lhes prestou atenção, assim como ele ignorou a dor gelada começando em seus pés encharcados, onde a neve tinha derretido e encharcado a sola fina de suas botas, como também ele ignorou o entorpecimento começando em suas pernas. Em todos os seus oito anos sobre a terra, ele não pensou que já tinha visto algo tão bonito, e ele estava hipnotizado por como as velas mostravam-nas. Luz saindo para brincar em toda a brancura cintilante.
Ele esperava fervorosamente que sua mãe pudesse ver as velas. Ela sempre gostou de coisas bonitas. Ele pensou que a visão diante dele agora traria um sorriso ao seu rosto, mesmo no Céu. E ele tinha amado tanto seus sorrisos.
Uma sombra escureceu a janela. O garoto prendeu a respiração, esperando enquanto a sombra tremia e era substituída por um menino mais velho do que o curvado na neve. O rapaz de dentro olhou para fora da casa, um fogo ardendo na lareira enchendo-o de calor. O garoto na neve perguntou-se se o menino que estava junto à janela diria ao pai o que via. Ele soltou a respiração sabendo em seu coração que não faria diferença. O grosso cinto de couro em seu traseiro magro por estar onde ele era proibido de estar valeria a pena os poucos momentos que ele tinha gasto apreciando o movimento das velas.
O menino dentro da casa se virou, soprando cada vela solitária enquanto o menino lá fora observava as chamas dançantes lentamente serem postas para dormir. Quando terminou sua tarefa, o rapaz do interior olhou de relance para a escuridão da noite de inverno. Então ele desapareceu.
Do lado de fora, o menino se levantou, cacos de dor correndo para cima e para baixo em suas pernas conforme o sangue foi restaurado a seus pés. Ele esperou que o homem grande saísse pela porta. Deixar a cena agora seria inútil, pois o homem não lhe perguntaria se ele tinha sido desobediente; ele iria puni-lo com base unicamente na palavra de seu filho. E embora desta vez fosse verdade, outras vezes não tinha sido.
A neve continuava caindo ao redor dele, circulando sobre o vento que começava a uivar à medida que a noite ia passando. Finalmente, com um ligeiro encolher de ombros, ele se virou e caminhou lentamente em direção ao celeiro, enquanto a neve trabalhava para cobrir seus rastros.
Ele caminhou até a última baia e sentou-se para retirar as botas geladas, guardando-as cuidadosamente. Ele removeu suas meias molhadas, colocando-as no topo, esperando que elas estivessem secas pela manhã. Colocando o queixo em seu casaco, ele colocou o colarinho alto em volta do pescoço e foi para o canto da baia, pegando o cobertor que ele tinha dobrado e colocado ali com cuidado naquela manhã.
Ele passou por baixo das tábuas de madeira usadas para separar as baias do celeiro e rastejou até a baia adjacente onde começou a esfregar a barriga da égua castanha.
— Deite-se, Lady, por favor... está muito frio esta noite. Por favor, deite-se.
A égua obedeceu como sempre fazia ao tom reconfortante de sua voz. Puxando o cobertor firmemente em torno dele, ele se deitou ao lado do cavalo, movendo-se perto de seu lado. Ele foi cuidadoso para colocar seus pés congelados perto o suficiente dela para esquentá-los, mas não tão perto que ela protestasse.
— Eles tinham uma verdadeira árvore, Lady, com velas. Aposto que não parecia tão bonita de dentro, no entanto. Não havia neve no interior.
Ele se aconchegou mais perto da fera quente. — Feliz Natal, Lady — ele sussurrou.
A égua torceu o pescoço e moveu sua cabeça para mais perto do garoto enquanto ele dormia, a essência de feno e gado os rodeando
Um
Kentucky, 1883
Com a facilidade de um homem que passou a maior parte de sua vida na sela, Jake Burnett reuniu os cavalos indomados nos currais a espera. Quando os portões se fecharam ao redor de sua última carga indisciplinada, ele desmontou de seu cavalo cansado, caminhou para o cocho, e derramou um balde de água sobre sua cabeça. Seu cabelo, da cor de um rio enlameado depois de uma chuva, curvou-se conforme absorveu o líquido claro.
— Jake!
Ele virou-se para cumprimentar o capataz, seu sorriso desaparecendo quando viu a expressão no rosto redondo de Bassett.
— Anderson quer ver você na casa.
A apreensão enraizou-se na cova do intestino de Jake. Ser chamado para o escritório do proprietário geralmente não era motivo de regozijo. O último homem chamado para lá tinha sido demitido, o homem anterior a ele, preso. Jake esfregou as mãos nas coxas. — Por qual motivo?
Não aliviou o desconforto dele ver os olhos do homem corpulento encherem-se de simpatia.
Bassett sempre gostou de Jake e desejou poder oferecer algum encorajamento ao jovem, mas não conseguiu. Durante as últimas três semanas, John Anderson tinha estado de mau humor: nada era feito corretamente, mesmo que fosse feito exatamente do mesmo modo que tinha sido feito durante anos. Anderson tinha criticado todo mundo e tudo até ontem à noite, quando ele gritou o nome de Jake. Qualquer que fosse o inferno que Jake tivesse feito, Bassett estava certo de que o homem estaria fora do rancho ao pôr-do-sol. Ele tirou o chapéu e passou uma mão áspera pelo cabelo loiro. — Não sei, ele só disse que queria te ver assim que você voltasse. Você está de volta. Suponho que é melhor você ir até a casa.
Jake assentiu antes de começar a longa caminhada até a casa de dois andares. Ele tinha acabado de voltar de três semanas de adquirir cavalos para o Lazy A. Ele certamente não tinha feito nada enquanto ele estava fora para justificar uma reunião com John Anderson. Tinha que ser algo que ele tinha feito antes de partir, algo que Anderson não sabia até que ele esteve longe. Mas o que?
Não ajudou nada ver o criado pessoal de Anderson abrir a porta para ele antes que ele chegasse ao topo dos degraus.
— O senhor Anderson está esperando você — disse Giles.
Enquanto Giles o escoltava pelo longo e estreito corredor, Jake se perguntou se toda a maldita fazenda sabia que John Anderson queria vê-lo. Giles bateu gentilmente em uma porta de carvalho. Anderson pediu-lhe para entrar. Jake tirou o chapéu e entrou na biblioteca com lambris. A porta fechou-se silenciosamente atrás dele, fazendo-o sentir-se como um animal preso.
Anderson estava diante da janela, olhando para os currais. Como sempre, ele estava vestido com o que Jake chamaria de seu melhor traje de domingo — um casaco marrom que combinava com sua calça marrom, sua camisa branca reta como uma tábua. Seu cabelo prateado era a única indicação de que ele era velho. Ele era esguio, de postura ereta e alto, seus movimentos eram os de um homem que ganhara seu lugar no mundo.
— Bom, Jake, parece que você tem alguns bons cavalos neste lote.
— Sim, senhor.
— Bem, bem — ele comentou distraidamente enquanto se virava da janela. — Sente-se, filho. — Ele indicou a cadeira de couro marrom em frente à sua enorme mesa de carvalho.
Jake sentou-se sem hesitar, sem tirar os olhos do homem diante dele, tentando julgar seu humor, achando a tarefa impossível.
— Você gostaria de beber alguma coisa depois da longa viagem?
— Não, senhor.
— Espero que você não se importe se eu tiver um copo. — Ele não esperou por uma resposta, mas foi até a pequena mesa colocada no canto e serviu-se de um generoso copo de uísque. Ele tomou metade dele, o encheu novamente, e sentou-se atrás da mesa.
— Diga-me, Jake — ele disse, estudando seu copo como se ele contivesse todas as respostas aos imensos problemas da vida. — O que você acha da minha filha, Rebecca?
— Rebecca?
— Sim, Rebecca, você acha que ela é bonita?
Alívio percorreu o corpo de Jake. Primeiro, Anderson mencionou os cavalos e agora Reb. Ele obviamente queria falar sobre o garanhão que Jake tinha prometido que iria domar por ela.
— Eu acho que ela é a coisa mais bonita que eu já vi.
Anderson parou de estudar o copo e começou a estudar Jake. — Você gosta dela?
— Oh, sim, senhor. — Sob a intensa observação de Anderson, Jake forçou um sorriso. — Reb, uh, Rebecca é a pessoa mais gentil que eu já conheci.
Os olhos de Anderson se estreitaram. — Ela está grávida.
Jake levantou-se da cadeira, arrastando-a, fazendo-a cair no chão enquanto ele tropeçava para trás. — Eu juro por Deus, eu nunca toquei um dedo nela, sr. Anderson! Eu dancei uma dança com ela na última construção de celeiro, mas, exceto isso, eu juro por Deus, eu nunca toquei nela!
Anderson levantou-se, balançando a cabeça em desgosto. — Eu sei que você não é o pai. Sente-se de novo. — Ele caminhou até a janela, drenando o líquido âmbar de seu copo no caminho.
Jake endireitou a cadeira e recostou-se na beirada do assento. Seus dedos inconscientemente batiam na aba de seu chapéu enquanto se perguntava por que diabos Anderson estava contando tudo isso a ele.
— Eu sei quem é o homem — Anderson disse calmamente. — Ela acha que ele a ama e que ele vai voltar por ela, mas ele não ama e ele não vai. Ele fez isso para me ofender.
Vai voltar por ela? Isso significava que o homem não estava aqui agora. Ela não tinha parecido grávida quando ele tinha saído para adquirir os cavalos então ela não poderia estar muito avançada. Três homens tinham partido nos últimos dois meses. Willie Thompson, que tinha a mente de uma criança; Daniel Wright, que tinha idade suficiente para ser pai de John Anderson; e Brett Meier, alto, de cabelos pretos como carvão, olhos azuis cintilantes e um sorriso que brilhava com dentes brancos, retos e verdadeiros. Ele era um vaqueiro cavalheiro, certamente.
Jake se perguntou se Anderson queria que ele matasse o homem que tinha maculado sua filha. Mas Jake teria que falar com Reb primeiro. Ela não era uma pessoa que se daria levianamente. Se ela amasse o homem, Jake não iria querer matá-lo. Por outro lado, se o homem tivesse se aproveitado dela, Jake não hesitaria em entregar um justo castigo.
Anderson voltou para a cadeira atrás de sua escrivaninha, seu olhar duro em Jake. — Não há nenhuma maneira no inferno que eu vou deixar Rebecca trazer um filho bastardo a este mundo. Eu não vou ser envergonhado nesta comunidade.
Então Anderson queria que ele localizasse o homem e o trouxesse de volta. Ele podia fazer isso, mas só depois de ter conversado com Reb.
— Eu pensei muito sobre isso — disse Anderson. — Quando eu morrer, Rebecca herdará este rancho, ela precisa de alguém em quem possa confiar para ajudá-la a conduzi-lo, alguém jovem o suficiente para estar aqui com ela nos anos que virão.
Anderson se levantou, encheu seu copo, bebeu o líquido ardente e depois se virou para encarar Jake. — Eu estou pedindo que você se case com ela.
Jake se deteve antes de voltar a se levantar da cadeira. Senhor, se casar com Reb? A linda e maravilhosa Reb como sua esposa? Doce Jesus! Ele tinha sonhado em algum dia encontrar uma mulher disposta a casar com ele, mas nem mesmo em seus mais loucos sonhos ele tinha ousado esperar que fosse alguém como Rebecca Anderson. Hesitantemente, ele perguntou: — Como é que Rebecca se sente a respeito disso?
— Ela não sabe, e mesmo se ela soubesse, não importa como ela se sente, eu não vou me tornar o riso desta comunidade, ela vai fazer o que eu disser para ela fazer.
Inalando profundamente, Jake limpou o suor de suas palmas. — Eu vou perguntar a ela.
— Não precisa fazer isso. Se você concordar, eu vou contar a ela hoje à noite no jantar.
Jake se levantou, respirou fundo e, correndo o risco de perder sua posição no rancho, disse: — Se não se importa, senhor, prefiro perguntar a ela.
Anderson acenou com a mão no ar. — Tudo bem, faça isso logo, não quero que ninguém pense que o bebê não é seu. — Ele se virou para a mesa e encheu seu copo, dispensando Jake no processo.
Usando um pequeno sorriso, Jake caminhou através da mansão vitoriana, os assoalhos de madeira ecoando seus passos. Reb como sua esposa? Doce Jesus, como poderia?
Ele caminhou para o exterior, levantando a mão para proteger seus olhos do sol brilhante. A poeira girando, os sons ressonantes de cavalos e gado, o calor sufocante, o trouxeram de volta à realidade. Maldito bastardo feio, ele se repreendeu. Mesmo se você reunir a coragem de perguntar a ela, ela vai dizer não. Ela vai dizer isso gentilmente, mas será não do mesmo jeito.
?
Jake saiu apressado do barracão, batendo a porta atrás dele, o riso dos homens ainda soando em seus ouvidos. Eles tinham estado incomodando-o, querendo saber o que Anderson lhe dissera que o fizera perder o apetite. Eles tinham dito que não era natural um homem que acabou de voltar de viagem se sentar diante de um prato cheio de comida e não comer. Ele certamente não tinha respondido. Mas seu silêncio não tinha parado os homens. Eles haviam começado a provocá-lo pelo esfregar duro que ele tinha dado em seu corpo, o aparo que ele tinha dado em seu cabelo. Ele tinha o suficiente em sua mente sem que eles invadissem seus pensamentos.
Na noite sombreada pela lua, ele caminhou até os currais, encostou-se na cerca caiada e viu os cavalos se movendo inquietos nos confins. Ele sabia sem dúvida qual dos cavalos Reb escolheria para si. O garanhão negro tinha uma disposição ardente, mas Jake sabia como domar um cavalo sem quebrar seu espírito. Foi o que ela havia lhe dito na primeira vez em que o vira domar um cavalo.
— Você os doma, mas você não os quebra, eu quero que você dome meu próximo cavalo, eu não gosto deles muito mansos. — Ela sorriu aquele sorriso especial dela, seus profundos olhos azuis brilhando de prazer.
Ela era a mulher mais realista que ele já conhecera. Não que ele conhecesse muitas mulheres. Ele não era o tipo que atraía mulheres, e ele sabia que não a atraíra, mas era fácil conversar com ela, sobre cavalos e gado e como conduzir um rancho.
Ela usava um par de calças de homem feitas para caber em seus quadris delgados e, se por acaso algum problema estivesse se formando, um revólver Colt feito sob medida atado a sua coxa. Jake a tinha visto usá-lo uma vez, espantado com a velocidade com que ela tinha tirado a arma do coldre. Ela dava um bom tiro com um rifle e poderia manter um rebanho indisciplinado no curso. Se ela tivesse sido um homem, ela teria tido o respeito de cada fazendeiro em Kentucky.
Ela tinha dezoito anos quando ele chegou ao Lazy A, e mesmo então ela era linda. Mas sua beleza ia além de seus longos cabelos pretos, seu nariz pequeno de botão, sua pele dourada bronzeada ao longo dos anos enquanto ela conduzia filas de gado. Sua verdadeira beleza residia em seu espírito, um espírito que não podia ser contido, que, como o garanhão negro, exigia a liberdade de correr. Ela precisava de um homem bem-nascido que não tentasse quebrá-la. E Jake Burnett certamente não era um homem bem-nascido.
Descansando os cotovelos no corrimão superior da cerca, ele esfregou a ponte desigual de seu nariz. Se sua mãe tivesse vivido, teria ficado desapontada ao ver como ele e a Mãe Natureza haviam conseguido ferir a criança com a forma perfeita que ela tanto lutara para trazer ao mundo. A criança que ela tinha trabalhado para manter vivo quando a varíola, com seu temperamento implacável, tinha atingido sua comunidade. Ele só tinha cinco anos na época, mas vinte anos depois, ele ainda podia ouvi-la cantando para ele, falando palavras de amor, sua voz mais forte do que a morte. Ela tinha derramado toda a sua energia, todas as suas forças, toda a sua vontade de viver nele, então quando ela tinha decaído com a doença ameaçadora, a morte tinha tomado ela em vez de seu filho. A doença tinha deixado sua marca nele, como costumava fazer, estragando o rosto com sulcos rasos, não muitos, mas o suficiente para fazê-lo autoconsciente.
O garanhão negro bufou e se aproximou dele. Estendendo a mão, ele esfregou o nariz lustroso do animal. — Sem dúvida, ela vai pensar que você é uma bela visão. Claro que eu também gostaria que fosse uma.
Mais cedo à noite, ele tinha estudado cada homem naquele barracão. A maioria tinha uma aparência melhor, alguns tinham mãos melhores, mas ninguém amava Reb tanto quanto ele. Ele sentiu o toque do amor quando ela lhe deu aquele primeiro sorriso. Seu amor crescera enquanto passava mais tempo com ela, mas ele mantinha seus sentimentos trancados porque fazer o contrário lhe causaria grande dor. Ele sempre tinha planejado partir antes dela se casar, porque ele não queria vê-la sendo entregue a outro homem. E agora esse homem poderia ser ele. O que o pai dela estava pensando?
?
À medida que o amanhecer passava pelo horizonte, Jake se barbeou e vestiu sua melhor roupa de trabalho — um par de calças marrons e uma camisa marrom-clara. Ele sabia que, grávida ou não, Reb estaria lá fora no campo. Ela não era uma pessoa que se sentaria do lado de dentro esperando qualquer coisa. Ela provavelmente iria apenas descer de seu cavalo, ter seu bebê e, em seguida, voltar para a sela e continuar cavalgando. Com alguma sorte, ele a encontraria fazendo isso nesta manhã, longe de todo mundo.
Quando ele subiu sobre o cume, a névoa do amanhecer se elevando lentamente acima do chão, ele a viu sentada na sombra de um carvalho imponente, seus ombros contra o tronco duro, sua cabeça inclinada para trás ligeiramente, seus olhos fechados. Ele esfregou as coxas e respirou fundo. Ele esteve acordado pela maior parte da noite pensando no que ele queria dizer a ela, praticando esconder sua decepção quando ela dissesse que não. Ele chegou até a inventar uma lista de razões pelas quais ela deveria levar sua oferta a sério.
Quando ele desmontou, Rebecca abriu os olhos, sorrindo para ele. — Bom dia, Jake.
Sua voz era uma carícia suave. Seria um som maravilhoso com o qual acordar a cada manhã.
Jake amarrou seu cavalo a um arbusto de baixo crescimento e voltou-se para ela. — O que você está fazendo, Reb? — Ele perguntou, esforçando-se para manter o nervosismo fora de sua voz.
— Apenas aproveitando o frescor da manhã — ela respondeu.
Ele não precisava saber que ela tinha acabado de devolver seu café da manhã e estava esperando que seu estômago se assentasse antes que ela voltasse para seu cavalo.
Tirando o chapéu, Jake se agachou ao lado dela, equilibrando-se nos calcanhares. Ele tinha os maiores e mais expressivos olhos castanhos de veludo que ela já tinha visto, enquadrados por longos e grossos cílios negros. Não parecia justo para um homem ter olhos tão bonitos.
— Belo rebanho de cavalos você trouxe. Acho que você sabe qual eu quero.
Ele sorriu para ela, um sorriso torto, o lado direito invariavelmente subindo mais alto que o esquerdo. Infantil, um pouco tímido, era um sorriso que sempre aquecia seu coração.
— Sim, senhora, acho que sim, levou-me três dias para encontrar aquele negro, pensei que poderia tentar quebrar a vontade dele no sábado.
Ela levantou uma sobrancelha finamente arqueada. — Domá-lo, você quer dizer.
— Sim, senhora, domá-lo.
Ele virou o chapéu nas mãos, estudando-o um minuto antes de olhar para ela, afirmando suavemente: — Reb, seu pai me contou sobre sua situação.
Ela deixou cair a cabeça contra a árvore, fechando os olhos enquanto soltava um suspiro pesado. — Por ser algo de que ele está tão envergonhado, ele certamente não está perdendo tempo em deixar as pessoas saberem.
— Acho que ele está preocupado que você tenha se convencido de que o homem vai voltar. Seu pai acha que ele não vai.
Ela abriu os olhos, azul encontrando marrom. — E eu suponho que você sabe que ele não vai voltar?
— Não, senhora. Eu não sei. Eu apenas sei que as pessoas podem ficar feias, dizer coisas ruins para e sobre alguém em sua situação, eu sei como é ser chamado de um nome que não foi dado a você por sua mãe quando você nasceu, um nome que não tem nada a ver com nada que você poderia ter controlado.
Seus olhos seguraram os dela enquanto ele tomava uma respiração instável. — Eu sei que não sou muito bom de se olhar, mas eu sou um trabalhador árduo. Eu tenho um terreno no Texas. Eu nunca o vi, mas pelo que eu ouvi o Texas tem boa terra para ranchos e eu estou esperando que assim seja. Eu pensei em trabalhar aqui por mais dois anos para juntar dinheiro suficiente para um bom começo, mas agora eu tenho o suficiente para que, se eu decidisse ir, não seria um começo muito difícil. — Ele hesitou, baixando a voz. — Eu ficaria muito honrado se você fosse comigo como minha esposa.
Sentindo a picada atrás de seus olhos, ela sorriu ternamente. — Jake, eu estou carregando o bebê de Brett Meier.
— Imaginei que o bebê fosse dele.
— E eu amo ele.
— Imaginei isso também. Eu nunca esperaria de você mais do que você esteja disposta a dar, e a criança nunca saberia que ele não foi meu, a menos que você quisesse que fosse assim.
— E se eu nunca pudesse dar-lhe meu amor?
Eu morreria, ele pensou. Eu apenas me curvaria e morreria.
— Eu espero que talvez você possa com o tempo... mas... se você não pudesse, eu entenderia... veja, eu pensei que teríamos mais uma parceria do que um casamento. Não há muitas mulheres no Texas. Se um homem não leva uma esposa, ele costuma passar muito tempo sozinho antes de encontrar uma. Eu sei como lidar com o gado e cavalos, você sabe como lidar com os livros... — Ele parou, os restantes motivos se tornando irrelevantes quando ele viu a rejeição em seus olhos. — De qualquer maneira, só pense nisso, a oferta permanecerá aberta por um tempo, se você decidir pelo não, não precisa dizer nada, eu... eu vou saber.
Ela colocou a mão sobre a dele. — Obrigada, Jake, obrigada por me pedir e por ser um amigo tão bom. E por não ter me condenado.
— Não há nada a condenar, você o ama. Suponho que ele também a ama.
Ela sorriu. — Ele tinha algumas perspectivas que ele tinha que verificar. Nós não sabíamos que eu estava carregando seu filho quando ele partiu. Eu acho que ele vai voltar.
Jake assentiu com a cabeça. — O homem seria um tolo se não fizesse isso. — Ele se levantou, olhando para o outro lado do campo. — Acho que posso domar o cavalo hoje. — Ele devolveu o chapéu à cabeça, trazendo a aba para baixo. — Até mais, Reb.
A brisa da manhã sussurrava nas folhas acima dela enquanto ela o observava se afastar. Ela gostou de Jake Burnett desde a primeira vez em que ela olhou para ele. Ele não agia como a maioria dos homens que trabalhavam no rancho, pavoneando suas mercadorias e seus talentos diante dela. Ele era quieto e fazia seu trabalho sem chamar atenção para si, mas ela notou ele de qualquer maneira.
Eles haviam passado muito tempo juntos nos últimos três anos, mantendo um olho no seu gado, falando de fazendas e diferentes probabilidades e resultados, não revelando realmente muito sobre eles, mas nunca faltando algo para dizer.
Ele se esquivava dos encontros sociais, de modo que ela se surpreendeu ao vê-lo participar da última dança de construção de celeiro. Tinha levado a maior parte da noite para ele reunir a coragem de pedir-lhe para dançar. Ela tinha quase decidido que ela teria que pedir, porque estava determinada a ter pelo menos uma dança com ele. Ela o observou aproximar-se de duas moças durante a noite, uma aceitando, a outra rejeitando sua oferta por uma dança. E, vendo-o dançar, ela sentiu-se desejando ser a pessoa em seus braços.
Ele partiu muito antes das lágrimas começarem a descer por suas bochechas. Até agora, ela odiava estar grávida. Vomitando todas as manhãs, cansada todas as tardes, e chorando por coisas pequenas como um homem pedindo-lhe para casar com ele. Mas, Senhor, tinha sido uma proposta doce. Quase valeu a pena aceitar.
Dois
Ocorreu a Rebecca que sua gravidez podia não ser a única causa de seus ataques de náuseas nas manhãs. O esforço, a tensão e a loucura total que enchia a casa que ela e seu pai haviam compartilhado amorosamente eram mais que suficientes para deixá-la doente.
Durante toda sua vida, ela tinha ardentemente confiado no homem que agora se sentou à mesa ignorando-a. Ele sempre foi compreensivo, sempre foi gentil, sempre deu bons conselhos. Então, tinha sido natural para ela confiar nele com esta última notícia. Ela tinha percebido seu erro quando viu a mão dele no ar, um segundo antes de fazer contato com sua bochecha, enviando-a para o chão. Ela tinha ficado surpresa de que o grito dele não tivesse começado uma debandada. E ele não tinha dito uma palavra para ela desde então. Nem uma maldita palavra. Nem bom dia. Nem como você está se sentindo. E ela não disse uma palavra para ele. Eles se revezavam olhando um para o outro. Ela nunca pensou que seria possível odiar ele, esta casa, este rancho, mas ela odiava.
E se Brett não voltasse? Ela nunca tinha duvidado do seu amor por ela, e nunca tinha contemplado um futuro sem ele nele. E, contudo, ele partira, não lhe exigindo promessas, não lhe dando nenhuma em troca. Por quanto tempo ela devia esperar por ele? Por quanto tempo ela poderia esperar antes que sua circunstância presente a obrigasse a partir? Ela pensou que ficaria louca se ela ficasse aqui por muito mais tempo.
Então qual era a sua alternativa? Ela possuía gado que criara e alimentara. Mas onde poderia levá-los? Ela não se importava muito desde que estivesse longe daqui. Ela pensou que se Giles olhasse para baixo de seu nariz para ela mais uma vez ela perfuraria seus olhos. E os pequenos ruídos de tic-tic feitos com sua língua contra os dentes faziam ela querer gritar.
Ela empurrou o prato para longe, colocou os cotovelos sobre a mesa e o queixo em seus dedos entrelaçados. — Jake Burnett me pediu para me casar com ele hoje.
Sem levantar os olhos do prato de porcelana, seu pai disse: — Bom. Eu disse para ele não esperar muito tempo, eu tenho a cerimônia de casamento marcada para daqui a uma semana a partir de sábado, o Reverendo Mitchell vai realizar a cerimônia aqui na casa.
Rebecca sentiu os cabelos na parte de trás de seu pescoço se eriçarem quando seus olhos se estreitaram. — Eu disse que ele me pediu, eu não disse que eu disse sim.
Seu pai abaixou o garfo e, pela primeira vez em três semanas, olhou-a nos olhos. — Ele queria perguntar, mas independentemente de como você se sinta, sua resposta é sim. Eu não vou ter você dando à luz a uma criança fora do casamento. E Burnett é a sua melhor escolha. Ele pode não ser um homem que você considera ideal, mas ele tem uma habilidade inata quando se trata de pecuária.
— Você não pode me forçar.
Seus olhos tornaram-se tão duros como pedra, e pela primeira vez em sua vida, ela realmente temeu seu pai.
— Rebecca, eu não adquiri tudo o que tenho por ser terno. Eu negligenciei uma grande quantidade de suas transgressões, não dizendo não quando eu deveria ter dito, deixando você correr quando eu deveria ter freado você. Acredite em mim, filha, se você acha que essas semanas passadas foram infelizes, envergonhe-me daqui a uma semana a partir de sábado e você descobrirá que realmente há inferno na terra.
— Eu não acredito que estou ouvindo isso de você.
— Acredite. Eu cheguei aqui sem nada. Mais do que este rancho, mais do que você, eu valorizo o respeito que as pessoas nesta área me dão, e eu não o quebrarei porque uma noite você decidiu se tornar uma prostituta.
Ela piscou as lágrimas. — Como você pode me odiar tanto?
Anderson começou a comer. — Eu não te odeio, eu estou profundamente desapontado com você, depois de ter cumprido suas obrigações com relação a esse casamento, tenho certeza de que tudo voltará ao normal. Você vestirá o vestido de casamento de sua mãe.
— Com licença?
O pai deu um curto aceno de cabeça e Rebecca saiu da mesa, se controlando para não sair correndo e gritando da casa. Ela encontrou Jake no celeiro, ajoelhado em uma baia e arrulhando a uma égua perturbada. Ele estava tão empenhado em sua tarefa que não a ouviu se aproximar. Ela sabia que era injusto, mas ela juntou as mãos e bateu nas costas dele, enviando-o esparramado sobre a égua, que protestou ao chutá-lo.
— O que... — Ele levantou, segurando seu lado, olhando para ela. — Por que diabos você fez isso?
Seus punhos estavam enrolados em bolas apertadas, seu peito estava agitado, seus olhos estavam em chamas com fogo cerúleo. — Meu pai disse que sua proposta não era tal coisa, era um comando, eu não tenho escolha a não ser casar com você!
Jake soltou um suspiro cansado. — Bem, ele estava errado. — Ele caiu de joelhos, suas mãos confortando o animal aflito. — O potro está vindo de bunda, eu tenho que virá-lo, você vai segurar a cabeça da égua?
Rebecca se ajoelhou, colocando a cabeça da égua em seu colo, acariciando-a gentilmente. — Então eu não tenho que me casar com você?
— Não, eu não me casaria com uma mulher que não quisesse se casar comigo, ele me disse que queria que eu me casasse com você e eu disse que perguntaria, mas isso é tudo. Eu perguntei. A decisão final é sua.
Ela viu como ele lutava para virar o potro. Algum outro homem aceitaria uma oferta do rancho e da filha de John Anderson somente se ela estivesse disposta? — Ele não sabe sobre sua terra no Texas, não é?
— Não. — Ele continuou trabalhando, a tensão evidente em sua voz. — Eu não disse a ele, eu tinha medo que ele pudesse oferecer... — Ele atirou-lhe um rápido olhar, desejando que ele fosse melhor com palavras enquanto ela arqueava uma sobrancelha.
— Pudesse oferecer-me a outra pessoa?
— Pudesse contar a alguém sobre sua situação antes que eu tivesse a chance de perguntar.
Satisfeito com seus esforços, ele começou a acariciar a égua, suas mãos ensanguentadas gentis na grande besta, sua voz suave. — Está tudo bem, menina.
O potro nasceu, lutando para ficar de pé. Rebecca observou o rosto de Jake se encher de ternura e temor no milagre que ele acabara de testemunhar. Ele recuou contra a parede, observando a criatura recém-nascida.
— Por quê? — Rebecca perguntou calmamente. — Por que você me pediu para casar com você? Você me ofereceu seu nome, um pedaço de seus sonhos. O que você ganha?
Ele tinha dormido tão pouco ontem à noite e o dia tinha sido longo, cheio de tarefas. Então a égua entrou em um trabalho de parto difícil. Como ele poderia explicar suas razões quando ainda não pensara nelas? Se não o seu amor, o que ele conseguiria? Seus olhos eram tão azuis e seu cabelo de ébano cascateava em torno dela, criando o quadro perfeito para seu rosto, tão bonito. Sua voz foi baixa, seus olhos quentes.
— Essa é uma terra dura, cheia de vozes de homens, de gritos de animais selvagens, eu teria a suave, doce música da voz de uma mulher. Quando o inverno marronear e amortecer a terra, eu só teria que olhar através do quarto para ver a beleza da primavera. Eu teria amizade no lugar da solidão, eu teria mais do que eu já esperei ter.
Normalmente ele não era um orador florido. Mas as palavras, como ele, eram honestas e tocaram seu coração. Se uma mulher não pudesse se casar com o homem que amava, deveria pelo menos se casar com um homem que ela gostava. E Rebecca gostava de Jake. Ela gostava de sua companhia, as emoções refletidas em seus olhos, a doçura que ele dava aos animais. Mas decidir agora...
— Quer dar uma volta comigo? — ela perguntou. Oferecendo-lhe um pequeno sorriso, ele acenou com a cabeça. Eles saíram do celeiro e Jake foi em direção a bomba de água para lavar as mãos. Então eles continuaram pela noite, contornando os prédios até que eles andaram pelo caminho de terra que levava à casa, um silêncio confortável envolvendo-os. Uma brisa quente soprou pelo terreno. Rebecca estendeu a mão e agarrou seu cabelo, colocando-o sobre um ombro antes dele cair contra uma das muitas árvores que se alinhavam no caminho. — Como você chegou a ter sua terra no Texas? — ela perguntou.
Jake esfregou o lado do nariz. — O homem que me criou deixou ela para mim quando ele morreu.
— Ele deve ter pensado muito bem de você para deixar para você algo tão precioso quanto a propriedade.
Ele balançou a cabeça. — Para dizer a verdade, Reb, eu não sei por que ele me deixou ela, ele teve dois filhos. Me parece que ele devia ter deixado-a para um deles.
Ela moveu as mãos para trás das costas e se pressionou contra uma árvore. — Então por que você está aqui e não no Texas?
— Porque a propriedade é a única coisa que Thomas Truscott me deu, eu comecei a me dirigir para lá... então eu percebi que precisava de dinheiro. — Ele encolheu os ombros. — Seu pai estava contratando.
Rebecca olhou para o céu negro, estrelas distantes brilhando. Se ela fosse uma menina, ela se agarraria a uma delas e faria um desejo. Mas ela não era mais uma garotinha. Nos braços de Brett, ela se tornara uma mulher, e logo ela se tornaria uma mãe. Seu coração acreditava que Brett voltaria para tomá-la como sua esposa, para ser um pai para seu filho, mas as palavras de seu pai, sua raiva e os dias sem fim com nenhuma palavra de Brett começaram a plantar sementes de dúvida em sua mente. Em qualquer outro momento de sua vida, ela teria escutado seu coração. Mas agora ela tinha uma vida mais preciosa do que a sua para considerar.
— Oh, Jake, eu não sei se Brett está voltando — ela disse em um sussurro rouco, lutando contra as lágrimas que acompanharam o reconhecimento de seus medos, zangada consigo mesma por ser tão fraca. — Ele não disse que ele voltaria, ele apenas disse que tinha algumas coisas que ele tinha que cuidar.
Jake enfiou as mãos nos bolsos, sem ter certeza do que faria se aquelas lágrimas que cobriam seus olhos começassem a rolar por suas bochechas. — Talvez possamos rastreá-lo.
Ela deu a ele um sorriso trêmulo. — Eu pensei sobre isso, mas eu nem sei em que direção ele se dirigiu. E depois de dois meses, mesmo os melhores rastreadores teriam dificuldade em encontrá-lo. Eu fiz uma bagunça. Há um mês atrás, tudo com o que eu me preocupava era se você iria ou não me encontrar um garanhão negro. E agora... eu nunca tive ninguém tão zangado comigo como o meu pai está. É como se ele me odiasse. — Ela soltou um suspiro tremente. — Esta noite foi a primeira vez em três semanas que ele falou comigo, e foi para me dizer que se eu não me casar com você, ele faria da minha vida o inferno.
Sem pensar, Jake estendeu a mão, sua junta pegando a lágrima solitária enquanto ela começava a descer por sua bochecha. — Juro que se você se casasse comigo, faria tudo o que pudesse para você não se arrepender.
— E se você se arrepender?
Ele lhe deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça. — Eu não vou me arrepender.
Rebecca estudou os rugosos contornos do rosto de Jake, delineados pela luz de uma lua cheia. Uma vida inteira. Uma vida com este homem. Aceitar agora que Brett não voltaria ou que, se o fizesse, seria tarde demais. Ela engoliu sua incerteza, dando-lhe um sorriso em vez.
— Eu ficaria honrada em me tornar sua esposa e ir com você ao Texas.
— Tem certeza disso?
— Tenho certeza — disse ela, sem hesitar.
Enquanto observava ela fazer seu caminho em direção à casa, Jake sentiu como se seu coração lhe escapasse do peito. Aquela bela mulher seria sua esposa.
?
Ouvindo os sons de vômito enquanto ele desmontava, Jake se dirigiu para o mato onde Rebecca estava de pé, os pés afastados, o corpo inclinado sobre a cintura.
— Você está bem? — ele perguntou, preocupado. — Será...
Ela gesticulou para que ele se afastasse enquanto outra onda de náusea rompeu, trazendo o restante do seu café da manhã. Tomando três grandes goles de ar, ela levantou-se quando uma cantina de água foi empurrada na frente dela. Sorrindo, ela levou a água fria à sua boca, balançando-a antes de cuspi-la. Então ela enfrentou Jake, que tinha adquirido uma leve capa de suor observando-a.
— Você devia ter ido embora — disse ela.
— Você fez isso ontem?
Ela caminhou até a árvore e se sentou. — E no dia anterior e no dia anterior a ele.
Jake caiu ao lado dela. Ela olhou para ele com olhos aflitos.
— Eu não sei como a raça humana continua, ter bebês não é divertido, tanto quanto posso dizer. Criada em um rancho, eu estou acostumada ao parto, mas eu não sabia sobre isso. Eu nunca vi uma égua vomitar seu café da manhã... ou um cachorro... ou um porco... ou um frango.
Jake começou a rir e ela bateu no seu braço. — Não é engraçado.
— Eu sei. — Ele tentou parar de rir. — Eu sinto muito que você esteja se sentindo mal, mas... o mundo seria uma bagunça se os animais ficassem vomitando por todo lugar.
— Mas não é justo!
— Não, acho que não é, talvez não durará muito.
— Já dura muito tempo, ao meu ver.
Suspirando, ela inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos. — Meu pai marcou o nosso casamento para daqui a uma semana a partir de sábado. Eu gostaria de me casar aqui se estiver tudo bem para você.
— Faremos isso como você quiser.
Ela abriu os olhos, fixando-os nos dele. — Meu pai não vai ficar feliz por partirmos, eu não quero contar a ele até que estejamos prontos para ir, e eu quero partir no dia seguinte do nosso casamento.
Isso lhes dava dez dias para se prepararem. — Tem certeza de que você deveria estar viajando?
— Se eu não estivesse acostumada a cavalgar, eu me preocuparia, mas eu acho que enquanto eu não fizer nada que eu normalmente não faço, eu vou ficar bem.
— Eu vou ter que ir para a cidade para pegar meu dinheiro e alguns suprimentos, eu poderia fazer isso no sábado.
Ela se inclinou para frente, apoiando o cotovelo em um joelho virado para cima, o brilho voltando a seus olhos. Senhor, mas ele amava aquele brilho em seus olhos azuis, como o sol se refletindo em um lago espelhado.
— Eu tenho quinhentos Herefords que podemos levar conosco. Minha contribuição para a parceria. Podemos usar a antiga cabana do lado norte para armazenar nossas coisas até estarmos prontos para ir.
— Teremos que contratar alguns homens para nos ajudar com o rebanho — disse ele. — Acho que é melhor eu começar a organizar tudo o que precisamos.
— Tudo está acontecendo rápido, não é? — ela perguntou.
— Sim. Mas isso é provavelmente o melhor. Nós provavelmente correríamos em direções opostas se parássemos para pensar nisso por muito tempo.
Ele se levantou, ajudando-a a se levantar. Era um dia quente, o vento soprando através do mar de gramas altas, provocando as folhas nas majestosas árvores. E ocorreu a Jake que eles tinham acabado de planejar o começo de suas vidas juntos.
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Os homens dentro do barracão estavam fazendo piadas como pequenas senhoras, mas Jake os ignorou quando ele se sentou em seu beliche tentando fazer uma lista de todos os suprimentos de que precisariam. Ele poderia agradecer a Thomas Truscott por sua capacidade de ler e escrever. Contanto que ele continuasse com suas tarefas, ele tinha sido permitido a frequentar o prédio escolar de um cômodo que tinha servido a sua comunidade. Permitido — como se fosse um privilégio em vez de um direito que todos deveriam ter.
Ele havia deixado a fazenda Truscott despreparado. Ele não planejava deixar esta da mesma maneira. Ele tinha aprendido muito em três anos, e ele pretendia colocar todo o seu conhecimento em um bom uso. Ele desenhou uma linha não planejada através do papel enquanto seu braço era rudemente cutucado.
— Você sabia, Jake?
Ele olhou para cima e sorriu para Frank Lewis, a única pessoa além de Reb que ele já tinha considerado como um verdadeiro amigo. O jovem ruivo tinha sido criado na cidade. Em busca de aventura, ele tinha chegado no Lazy A pouco depois de Jake. Sabendo o quanto os trabalhadores experientes do rancho gostavam de provocar os meninos da cidade, Jake tinha assumido a responsabilidade de ensinar a Frank as coisas que ele precisaria saber para sobreviver à vida em um rancho.
— Sabia o que? — Ele não estava ouvindo, e ele realmente não poderia ter se importado menos, mas ele não queria esmagar a emoção de Frank. Considerando os cortes frescos no rosto de Frank, ele imaginou que Frank iria anunciar que estava tendo que se barbear todos os dias agora.
— Sabia sobre o casamento de Reb?
Ele sentiu o calor aquecer seu rosto e ele esperou que o vermelho subindo não fosse visível. — Sim, eu sabia.
— Maldito seja! Então é verdade! Maldito seja! Reb se casando! Eu me pergunto quem é o afortunado filho da puta. Alguma ideia, Jake?
Junto com se barbear, Frank pensava que o uso de “maldito” era um sinal de masculinidade. Jake se absteve de sorrir por seu uso excessivo da palavra. Uma vez teria bastado para transmitir a mensagem.
Jake não tinha pensado em como ele diria às pessoas que ele estava se casando com Reb, e ele não tinha certeza de como contar a Frank agora sem parecer que estava se gabando. Ele sentiu um momentâneo alívio quando a porta do barracão se abriu.
— Jake! — A voz berrante de Bassett encheu o cômodo.
Jake espreitou por cima do ombro de Frank. — Sim, senhor?
— Anderson está esperando você na casa para o jantar às sete horas.
— Sim, senhor.
Os olhos de Frank se arregalaram. — Por que Anderson está esperando você na casa para o jantar?
Embora Jake tinha dito a Frank sobre seus planos de ser um rancheiro, ele nunca tinha compartilhado seu passado ou seus sentimentos por Reb com seu amigo. Auto consciente, ele limpou a garganta.
— Suponho que é porque eu sou o afortunado filho da puta que estará se casando com Reb.
Os olhos de Frank se alargaram ainda mais, e Jake se perguntou como eles conseguiram ficar em sua cabeça. — Maldito seja! Reb vai casar com você?
Jake não conseguiu impedir que o sorriso se espalhasse pelo seu rosto. — Sim.
O rosto de Frank caiu e ele pareceu um cachorro mestiço que alguém tinha acabado de expulsar para a neve. — Mas e a sua terra no Texas?
Jake lançou um olhar ao redor do barracão antes de se aproximar mais de Frank. — Nós ainda estamos indo — ele disse em um tom abafado. — Só que agora Reb vai conosco.
— O pai dela vai gostar disso?
— Provavelmente não, e é por isso que precisamos ficar quietos sobre isso.
Acenando com a cabeça, Frank endireitou o corpo esguio. Então seu rosto estourou em um sorriso largo. — Maldito seja, você é um sortudo filho da puta!
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Jake nunca tinha visto tantos talheres dispostos ao lado de um prato em toda a sua vida. Um garfo, uma faca, isso é tudo o que um homem precisava para comer uma refeição. Ele percebeu sentado a esta mesa que todas as decisões que ele e Reb tinham feito naquela manhã em relação à partida deles tinha sido fácil. O que era difícil era tentar decidir que maldito garfo pegar. Não seria tão ruim se todos parecessem iguais, mas não. Se ele pegasse o errado, todos saberiam. Caro Senhor, ela deve ter crescido tomando essas decisões na ceia todas as noites.
Ela limpou a garganta e o olhar de Jake partiu da prata para um par de olhos azuis. Ela girou um garfo em sua mão. Jake assentiu levemente e pegou um garfo idêntico. Senhor, ele esperava que ela não estivesse planejando trazer todos esses talheres com ela na viagem.
— Agora, então, Jake — começou Anderson. — Eu tive uma reunião com meu advogado hoje e para ser justo com você, eu reescrevi meu testamento para deixar este rancho a todas as crianças que você e Rebecca tenham juntos, assegurando assim que esta prole infeliz não tome nada de seus próprios filhos.
Jake viu o fogo acender nos olhos de Rebecca. Seu próprio temperamento se aqueceu, mas ele o controlou. — Sr. Anderson, eu sempre considerei você um homem justo, mas isso aqui não me parece justo. Com todo o respeito, senhor, esta criança é de Reb e tem direito a uma parte deste rancho.
— Esta criança é o resto de um homem. Rebecca tem uma maldita sorte por você ter escolhido ignorar suas transgressões e por isso eu pretendo mostrar o meu apreço.
O garfo bateu na porcelana quando Rebecca empurrou o prato para trás. — Eu terminei, posso me retirar?
— Não, você não pode se retirar, você vai esperar até que seu noivo tenha terminado antes de sair desta mesa.
Cuidadosamente, Jake baixou o garfo. — Na verdade, senhor, eu já terminei, eu não estou acostumado a uma comida tão chique, e preciso verificar aquele potro. Se você nos der licença...
Anderson assentiu com a cabeça. Nem Jake nem Rebecca puderam sair da mesa com rapidez suficiente. Jake tomou o cotovelo dela quando chegaram ao corredor. — Vamos tomar um pouco de ar fresco.
Eles caminharam para fora, indo para o curral. — Ele tem sido assim o tempo todo? — perguntou Jake.
— Quando ele fala comigo, acho que eu deveria estar grata por ele ter dito tão pouco. — Ela se virou. — Você entende por que não posso ficar, não é?
— Compreendo — ele disse solenemente.
— Mesmo que eu esteja me casando, ele nunca aceitará essa criança, ele sempre o distinguirá... eu não quero que essa criança se sinta diferente, Jake.
— Ele não vai. — Ele olhou para a noite. Compreendendo que, desde que ele não andava com um grande “B” marcado na testa, seu parentesco podia não ser tão evidente para todos como era para ele. Por justiça, ele percebeu que deveria pelo menos contar a Rebecca. Ele forçou seu olhar de volta para o dela. — Eu sou um bastardo, Reb. Minha mãe era... — Ele engoliu em seco. Era apenas uma palavra, mas era uma palavra que nunca deveria ser associada a uma mãe, especialmente a sua mãe. — Ela era uma prostituta, eu não sei com certeza quem era meu pai. Eu tenho uma ideia, mas não posso afirmar.
Descansando a mão em seu braço, ela analisou seus olhos. — Isso é o que você quis dizer sobre ser chamado de nomes. Oh, Jake, eu apenas pensei que você queria dizer as brincadeiras das crianças. Você sabe em primeira mão o que esta criança passaria ao crescer.
Uma tristeza penetrou em seus olhos. — O que eles dizem sobre as palavras não doerem... não é verdade, eu preferiria as varas e as pedras.
Ela estudou seu rosto. Talvez não tivesse havido varas e pedras, mas tinha certeza de que houve alguns punhos. — Você começou a brigar por causa de sua origem?
Autoconsciente, ele esfregou a ponte desigual de seu nariz. — Sim.
Ela tocou a cicatriz acima de sua testa, perguntando-se quantas outras coisas ela não sabia sobre ele. Coisas que ela iria aprender com o tempo, coisas sobre ela que, ela supôs, ele iria aprender.
Ele envolveu seus dedos em torno dos dela, afastando a mão dela de seu rosto, e eles continuaram caminhando em direção ao curral. Rebecca pousou os braços na cerca, o queixo nos braços. — Ele está nos dando dez desses cavalos como presente de casamento. Escolha os melhores e vamos levá-los conosco.
— Falando do que estamos levando conosco... — Jake lhe deu um olhar duro. — Você não está planejando levar todos aqueles garfos com você, está?
Sua risada encheu a noite, banhando-o como uma chuva de verão. — Não. Dois devem servir, um para mim e outro para você.
Jake soltou um suspiro de alívio. — Graças a Deus.
Ela enlaçou o braço com o dele quando eles começaram a andar de volta para a casa. — O que todos aqueles homens estão fazendo fora do barracão nesta hora da noite? — ela perguntou.
Eles pararam de caminhar a alguns metros da casa. Jake esfregou a nuca. Alguns dos homens pareceram francamente contrariados quando a notícia de seu casamento com Reb se espalhou pelo barracão. Outros lançaram olhares ameaçadores em sua direção. Ele não podia culpá-los.
— Bem, eles ouviram que você estaria casando comigo e a maioria deles não está acreditando nisso.
— E por que não?
— Porque eles têm a mesma opinião que eu.
— Qual é?
Oh, Senhor, ele ia perdê-la agora. — Que você é uma mulher linda e poderia se casar com qualquer homem que quisesse. Tudo o que teria que fazer era deixá-lo saber. De fato, Reb, eu estava pensando... se houver alguém...
Ela colocou um dos finos dedos em seus lábios. — Você não acha que eles vão pensar que é um pouco estranho se você não me der um beijo de boa noite?
— Você se importaria?
— Se vão achar estranho?
— Não. — Seus olhos amorosamente acariciaram o rosto dela. Ela estava oferecendo-lhe mais do que ele esperava. — Você se importaria se eu te desse um beijo de boa noite?
Seu sorriso era quente, seus lábios convidativos. — Não, não me importaria.
Ele tirou o chapéu. Colocando uma mão áspera na sua nuca, aproximando-a, inclinou-se para roçar seus lábios contra os dela, sentindo a suavidade, a plenitude deles contra os seus. Ele demorou apenas um momento antes de se afastar, receoso que a tentação de provar a doçura de sua boca o dominasse.
— Boa noite, Reb. — Sua voz foi abafada pelas gargalhadas e sons de beijos dos homens no barracão. — Malditos cowboys — ele murmurou.
Sorrindo para ele, ela se virou e começou a pular de volta para a casa. — Eles serão piores no casamento! — ela gritou por cima do ombro.
Jake dirigiu-se para o barracão, empurrando o chapéu para baixo sobre a testa, ignorando todas as perguntas que se faziam, já que cada pergunta era a mesma, apenas feita com uma voz diferente. Como ele conseguiu convencer Rebecca Anderson a casar com ele?
Rebecca apagou a lamparina antes de caminhar até a janela de seu quarto. Olhando para o lado leste do rancho, seu olhar caiu sobre o barracão. Conforme ela traçou o contorno de seus lábios com o dedo, ela se perguntou se Jake já estava dormindo. Embora o beijo tivesse sido breve e leve como asas de fadas, ela ainda podia sentir exatamente onde seus lábios haviam coberto os dela. Ela ficara surpresa ao sentir seu coração bater tanto, ouvir seus ouvidos retumbarem, e perceber que se sentira decepcionada quando ele tinha dito boa noite.
Uma vida inteira. Ela abraçou-se e sorriu. Uma vida inteira.
Três
Não demorou muito para o garanhão negro saber quem era o mestre, embora Rebecca sabia que levaria mais alguns meses para o mustang musculoso se adaptar e se tornar o pônei de primeira qualidade que ela queria. Seu treinamento começaria no caminho quando partissem para o Texas. — Eu vou chamá-lo de Sombra! — Rebecca gritou, sorrindo para Jake. Seu sorriso era ainda mais amplo do que o que ela tinha lhe dado quando o viu trabalhar com os cavalos pela primeira vez. Ela sentiu um inchaço de orgulho em seu peito que ameaçou estourar os botões em sua camisa.
Seus olhos eram tão brilhantes como o sol e Jake não podia resistir a dar-lhe o próprio sorriso, que nada tinha a ver com o seu sucesso em domar o cavalo, e tudo a ver com a expressão linda que ele tinha sido capaz de produzir no rosto dela. Ele tirou o chapéu e bateu a poeira em suas calças. Quando ele olhou para cima, ela colocou a mão na parte de trás da cabeça dele, plantando um beijo em seus lábios e atraindo assobios dos poucos homens que tinham vindo assistir os cavalos sendo domados.
Seu sorriso tornou-se tão amplo quanto o dela. — Faça isso toda vez que eu domar um cavalo, e eu vou domar todo o rebanho em vez dos dez que pertencem a nós.
Rebecca riu, uma gargalhada doce e melódica quando ela o soltou e voltou sua atenção para os cavalos inquietos que se empinavam no curral.
— Qual deles você quer que seja o próximo? — Ele perguntou a ela.
— O palomino.
Ele revirou os olhos. — Você não vai atrás de ninguém sem espírito, não é?
— Não preciso quando eu tenho você.
Suas palavras o aqueceram tanto quanto seus lábios apertando contra os dele. Ele colocou o chapéu de volta em sua cabeça. — Ok, rapazes, ela quer o palomino!
Depois de testemunhar a hostilidade que Anderson estava dirigindo à sua filha, Jake decidiu que domar os cavalos poderia ser o que Reb precisava para tirar sua mente dos seus problemas. E certamente parecia estar funcionando. As linhas de tensão que ele tinha visto debaixo dos olhos dela naquela manhã haviam desaparecido e o sorriso voltava ao seu rosto. Ele tinha a intenção de certificar-se de que ela compreendesse que ela já não carregava seus fardos sozinha.
Os dias antes do casamento voavam como um bando de pássaros que se dirigiam para o sul para o inverno. Jake comprou um vagão e alguns suprimentos, armazenando tudo no barracão do lado norte.
Uma noite ele levou Rebecca para a cidade para jantar no hotel para que pudessem ter uma refeição descontraída sem o pai dela. Era reconfortante descobrir que, apesar da tensão do casamento que se aproximava, juntos, sozinhos, eles estavam à vontade um com o outro. Por causa das aparências, ele deveria dar a ela um beijo de boa noite porque olhos estavam sempre observando em algum lugar, mas os beijos permaneceram castos. Não passou uma noite que ele não dormiu sem que seus últimos pensamentos se concentrassem em olhos azuis e tudo o que ele faria para mantê-los brilhantes e felizes.
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Rebecca afundou-se na banheira, lavando-se vagarosamente com o sabão perfumado que seu pai tinha importado da França para ela. Ela se inclinou para trás, a água quente criando uma névoa em torno dela. O noivo não era o homem com quem tinha passado inúmeras noites sonhando, não era o homem que amava, não era o pai de seu filho. Mas Jake Burnett era um bom homem. Durante todo o tempo em que o conhecera, ele nunca lhe mostrara nada além de bondade.
Ela saiu da água e secou-se com toalhas macias antes de se sentar diante de seu espelho. Ela olhou para o seu reflexo, de alguma forma esperando que parecesse diferente. Mas isso não aconteceu. Ela respirou fundo e começou a se preparar para o dia mais importante de sua vida.
Quando ficou satisfeita com seus esforços, ela se moveu para a janela, olhando para a visão familiar. Ela já havia encontrado conforto aqui. Todos os seus futuros confortos residiam com o homem que a esperava lá embaixo. Ela caminhou para o corredor.
— Meu Deus, garota, você se parece com sua mãe ali parada — disse seu pai quando se aproximou dela.
Era a primeira vez que ele indicara que ela se parecia com a mãe, embora tivesse suspeitado disso. Ele não guardava retratos de sua mãe, apenas em raras ocasiões a mencionara. Sua morte durante o parto de Rebecca tinha quebrado seu pai. Até aquele momento, nunca lhe ocorrera que ela fosse um constante lembrete da mulher que ele amara.
Anderson estendeu o braço para a filha e ela deslizou a mão ao redor dele.
— Em todos esses anos — ele disse — eu pensei que ela tinha me deixado, e esta noite, eu vejo que ela estava comigo o tempo todo. Que presente maravilhoso você é. — Ele a beijou na bochecha. — Você é uma linda noiva.
Lágrimas brotaram nos olhos de Rebecca diante das palavras gentis de seu pai, palavras semelhantes a tantas que ele havia falado ao longo dos anos. Seu tratamento duro depois que ela lhe contou sobre o bebê a tinha machucado terrivelmente. Suas lágrimas também foram provocadas pelo conhecimento de que, de uma maneira pequena, ela estava traindo-o. Ela lhe deu um sorriso sincero. — Eu te amo, papai, lembre-se disso, não importa o que aconteça, eu te amo.
Eles desceram a extensa escada e entraram no escritório de seu pai. O mar dos convidados se separou. Ela viu Jake, vestindo uma camisa branca e uma gravata preta, de pé diante da janela. Ao lado dele estava Frank Lewis, parecendo mais nervoso que o noivo.
A boca de Jake ficou seca ao ver sua noiva, o vestido de seda branco adornado com pérolas minúsculas encaixava-se nela como se ela tivesse sido moldada dentro dele. Ela usava uma coroa de flores minúsculas, seus longos cabelos negros caindo em cascata por suas costas estreitas. A longa saia sussurrou pelo chão enquanto ela se aproximava.
Tentativamente, ela soltou seu abraço em seu pai e deslizou o braço através do de Jake conforme seu pai se afastou. Jake segurou sua bochecha com a palma da mão, os olhos procurando os dela. — Se você mudou de ideia, eu vou me retirar. — Sua voz era baixa, suas palavras apenas para ela.
— Eu não mudei de ideia. Você mudou?
Lentamente, ele balançou a cabeça, seu olhar se aprofundando tão profundamente no dela, que ela sentiu suas almas se tocando, acasalando, tomando votos mais fortes do que aqueles que estavam prestes a serem falados em voz alta.
O Reverendo Mitchell estudou o jovem casal que estava diante dele. Ele falou longamente com Jake antes. Jake tinha confiado as circunstâncias especiais em torno de seu casamento com Rebecca. Mitchell sabia, sem qualquer dúvida, que Jake amava Rebecca. Ele não estava seguro dos sentimentos de Rebecca. Ele sabia que ela gostava de Jake. Seus atos na preparação para a troca de votos eram um testemunho de seus sentimentos. Mas ele também sabia que ela carregava o filho de outro homem, o que sempre lhe daria um vínculo forte com aquele outro homem. Ele havia casado muitos casais cujos casamentos não eram inicialmente provocados pelo amor. Ele sabia que o amor tendia a perseguir as pessoas. Ele leu uma passagem de Coríntios, esperando que as palavras que tão eficazmente descreviam o amor orientassem Rebecca para que ela reconhecesse o amor quando ele viesse a residir em seu coração.
Quando a passagem terminou, ele pediu ao casal para segurarem as mãos enquanto eles se encaravam repetindo seus votos depois dele.
Seus olhos azuis seguraram os castanhos quando Rebecca começou, sua voz suave e doce. — Eu, Rebecca Lynn Anderson, aceito você, Jake Burnett, para ser meu marido legalmente casado... — Ela parou, não esperando as próximas palavras de Mitchell “honrar e cuidar”. Seus olhos examinaram o reverendo. — Eu pensei que era suposto ser “amar, honrar, e obedecer.”
O reverendo Mitchell sorriu, erguendo uma sobrancelha. — Jake pensou que você não obedeceria.
Ela corou, o calor aquecendo seu rosto. — Ele me conhece muito bem.
Mitchell se inclinou e falou baixinho. — E Jake não queria que você trocasse votos vazios, eu pensei que estes lhe dariam uma boa fundação sobre a qual construir a vida de vocês juntos. Honre-o como seu marido, cuide dele como seu amigo.
Ela voltou sua atenção para Jake e apertou suas mãos. — Para honrar e cuidar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, esquecendo todos os outros, enquanto ambos vivermos.
Jake limpou a garganta antes de seguir a voz de Mitchell com a sua própria, profunda e verdadeira. — Eu, Jake Burnett, aceito você, Rebecca Lynn Anderson, para ser minha esposa legalmente casada, para amar, honrar e cuidar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, esquecendo todos os outros, enquanto ambos vivermos. — Ele estendeu a mão, pegou de Frank um anel de ouro com minúsculas rosas gravadas nele, e deslizou-o no terceiro dedo da mão esquerda de Rebecca. Ele se encaixava perfeitamente. — Com esse anel, eu te desposo — acrescentou.
O Reverendo Mitchell apertou suas mãos nas dele. — O que Deus uniu, o homem não separe. Você pode beijar a noiva.
Rebecca inclinou o rosto para cima, para Jake, e sentiu seus lábios roçando levemente contra os dela. Então seus lábios estavam ao lado de sua orelha, sussurrando — Uma vida de felicidade, Reb, eu prometo.
Ela sentiu a picada atrás de seus olhos, não mais certa de que ela era digna deste homem, prometendo que ela faria tudo em seu poder para ser.
Apertos de mão, beijos e parabéns foram profusamente oferecidos. O ruído de conversa circulou em torno de Rebecca e houve momentos em que ela se sentiu como se ela fosse uma menininha de novo, segurando os braços para fora e girando até que a terra parecia se mover em torno dela. Ela sentia-se ruborizada e a respiração tornou-se difícil. Então ela sentiu uma mão forte apertar sua cintura e encontrou-se sendo levada para longe dos que felicitavam.
Ela pisou na varanda e inalou profundamente antes de olhar para o rosto de seu marido. — Obrigada.
— É um pouco esmagador.
Ela riu suavemente. — É, não é?
Jake afastou a mão de sua cintura e se apoiou contra um pilar. — Você acha que vai sentir falta?
Ela balançou a cabeça. — Houve um tempo em que eu não conseguia imaginar partir, e agora... Agora mal posso esperar para ir embora.
Os convidados começaram a escorrer para o lado de fora, onde havia mesas e bancos instalados. Alimentos foram servidos. Brindes foram feitos. O pôr-do-sol explodiu seus matizes de lavandas e rosas, de laranjas, e de azuis enquanto o marido e a esposa sentados lado a lado ficavam extasiados com o presente da natureza no dia de casamento deles.
Quando o dia se despediu dando lugar à noite, os convidados partiram.
Rebecca encontrou-se sozinha com Jake no estúdio, incerta de para onde seu pai discretamente tinha desaparecido, mas grata de que ele tinha. Jake a observava como se estivesse esperando algo. Então ela percebeu que ele não estaria dormindo no barracão. Ele era seu marido agora. Ele tinha casado com ela, tinha ganhado o direito de dormir em sua cama. Ela inalou profundamente, fortalecendo sua determinação. — Acho que vamos dormir no meu quarto esta noite.
Jake assentiu e seguiu-a pelas escadas. Ela abriu a porta de seu quarto e ficou parada dentro do umbral, esperando, incerta. Não parecia real, mas esta era a noite de núpcias. Sua noite de núpcias e ela não tinha uma camisola especial. Ela nem sabia se precisava de uma ou não. Ela sempre esperou que sua noite de núpcias fosse um pouco diferente. Ela pensou que seria carregada, levada para a cama...
— Você vai entrar? — perguntou uma voz profunda atrás dela.
Ela pulou para dentro do quarto, torcendo as mãos, olhando para tudo o que antes fora tão familiar e agora parecia tão estranho. Ela ouviu a porta fechar silenciosamente atrás dela e se moveu mais para dentro do quarto.
Jake olhou ao redor, seus olhos caíram sobre a colcha cor-de-rosa que cobria a cama. — Este é o seu quarto? — ele perguntou.
Ela se virou, corando quando viu onde seu olhar estava dirigido. — Sim. O que há de errado com ele?
Sorrindo, ele olhou para ela. — Nada. Eu só não esperava que fosse tão frívolo.
Ela inclinou o queixo para cima desafiadoramente. — Só porque eu gosto de vacas não significa que eu também não gosto de coisas femininas.
— Não, suponho que não. — Ele se moveu para a cama e se sentou.
Ela se virou e começou a estudar o papel de parede florido. Não era tão frívolo. Ela ouviu uma bota bater no chão e depois a outra. Então ela ouviu o som de sua camisa sendo puxada para fora de suas calças.
— Reb?
Ela se virou, os olhos arregalados. — O que?
— Venha aqui — ele disse enquanto acariciava a cama. Ela se aproximou, parando na frente dele, sentindo o familiar puxão em seu coração enquanto ele lhe dava um sorriso torto. — Sente-se. — Ela sentou-se na cama, as costas retas como uma tábua, as mãos juntas no colo. — Você parece um pouco nervosa — disse Jake.
Ela engoliu em seco. — As noivas não devem estar nervosas na noite de núpcias?
Ele colocou sua mão grande e quente sobre as mãos trêmulas dela. — Não esta noiva e não nesta noite de núpcias... eu lhe disse por que eu pedi que você se casasse comigo, e eu lhe disse o que eu esperava, não mais do que você está disposta a dar.
— Você não quer consumar o casamento?
— Não. Eu quero fazer amor com você, mas não até que você esteja pronta, não até que seja o que você quer.
Suas mãos se abriram e ele deslizou seus dedos pelos dela. — Tem sido um inferno de uma semana e um dia longo — disse ele. — Amanhã vai ser ainda mais longo, acho que seria melhor se tivéssemos uma boa noite de sono.
Seus olhos se ergueram para ele, expressando gratidão. Ele ignorou a dor que lhe causava o óbvio alívio.
Suas bochechas tomaram um matiz rosa. — Eu preciso pegar minha camisola. — Ela levantou-se da cama e caminhou até a cômoda. Enquanto procurava nas gavetas, perguntou-se por que não conseguia se lembrar em que gaveta ela guardava suas camisolas. Ela finalmente localizou uma branca e girou triunfante.
Jake estava deitado na cama, os olhos fechados, as cobertas sobre ele. Ela caminhou na ponta dos pés até a cama e olhou para ele. Ele havia adormecido.
Depois de baixar a chama na lamparina, ela se despiu e colocou a camisola sobre a cabeça. Levantando as cobertas, ela começou a se acomodar na cama. O braço de Jake levantou-se e ela congelou.
— Eu pensei que você estava dormindo — ela repreendeu.
— Eu sei — ele disse, e ela podia ouvir o sorriso em sua voz.
— Você observou eu me despir?
— Não.
Ela olhou para a mão dele levantada no ar, delineada pela luz fraca da lua. — O que você está fazendo?
— Pensei em te abraçar.
— Oh. — O pensamento trouxe consigo uma certa dose de excitação. Quase seria como se fossem marido e mulher, mas ela se perguntou o quão perto ele pretendia abraçá-la. — Você está completamente despido?
— Não. Só tirei minha camisa e minhas calças.
— E suas botas.
— E minhas botas.
Ela perguntou-se se ele alguma vez tinha sonhado com sua noite de núpcias como ela sonhara com a dela. A realidade da noite estava longe do sonho. Ela se deitou, puxando o cobertor sobre ela enquanto o braço dele lentamente se aproximava de seus ombros.
— Você poderia colocar a cabeça no meu ombro, se quiser — disse ele.
Tentativamente, ela descansou a cabeça na curva de seu ombro, o rosto pressionado contra seu peito nu. Ela podia sentir o calor de sua pele, ouvir o bater do seu coração. Ela colocou a mão em seu estômago e sentiu ele endurecer. Ela sorriu. Ele estava tão nervoso quanto ela estava sobre eles estarem dormindo juntos. Ela relaxou contra ele, dedilhando o anel desconhecido em sua mão. — Onde você arranjou o anel?
Ele correu os dedos levemente sobre a manga de sua camisola.
— Era o da minha mãe, não o anel de casamento dela, ela nunca foi casada, era apenas um anel que ela tinha, eu sempre gostei, é a única coisa dela que eu tenho, eu queria que você o tivesse. Espero que você não se importe... eu quero dizer que não é um verdadeiro anel de casamento e tudo mais.
— Eu não me importo. É bonito. Tão delicado. Significa muito para mim que você me daria isso.
— Significa muito para mim que você o usaria. — Eles ficaram em silêncio por alguns momentos antes de Jake falar novamente.
— Você estava linda esta tarde, Reb.
— Eu queria fazer algo especial para você.
— Você fez. Você casou comigo. — Sua mão parou de se mover.
— Aquele vestido é como uma luva, você não parece grávida. Para quando o bebê é esperado exatamente?
— Janeiro.
Jake contou de volta os meses e perguntou calmamente: — A última construção de celeiro?
Rebecca suspirou. — Sim.
Ele tinha uma centena de perguntas que queria lhe fazer, mas não tinha direito às respostas. — Boa noite, Reb.
— Jake?
— O que?
— Você vai me dar um beijo de boa noite? Você sabe... o tipo de beijo que noivas geralmente tem em suas noites de núpcias.
Jake deslocou seu corpo até que ambos estavam deitados de lado, encarando um ao outro. Ele passou os dedos por sua mandíbula. — Eu não sei muito sobre os tipos de beijos que as noivas têm... mas eu sei qual tipo de beijo eu gostaria de lhe dar.
Ele tirou a outra mão de dentro da dela e cobriu o rosto dela, trazendo seus lábios contra os dela, pressionando firmemente contra sua carne macia. Ela suspirou e ele deslizou a língua através de seus lábios entreabertos, saboreando-a pela primeira vez, suas línguas se apresentando enquanto vagavam lentamente ao redor uma da outra.
Rebecca sentiu uma profunda emoção dentro dela, não tendo certeza de que queria que o beijo terminasse, não tendo certeza de que ela queria dar a volta e ir dormir. Seu beijo foi tão pouco exigente quanto sua proposta. Tão diferente de qualquer beijo que Brett tinha dado a ela. Era diferente de qualquer beijo que ela tinha recebido, tocou-a mais profundamente do que qualquer beijo anterior.
Sua respiração era laboriosa quando ele terminou o beijo e colocou os lábios levemente em sua testa. — Vá dormir agora, Reb.
Ela concordou e Jake tomou seu macio cabelo entre seus dois dedos, esfregando suavemente. Ele acabara de entrar no purgatório. No que ele estava pensando quando prometera não tomar mais do que ela estava disposta a dar? E se ela nunca quisesse amá-lo emocionalmente ou fisicamente? Ele estava deitado na cama com a mulher que amava... uma mulher com quem ele não podia fazer amor. Ele fechou os olhos. Mais do que tudo neste mundo, ele queria que esta mulher fosse feliz. Ele daria a ela qualquer coisa, faria qualquer coisa para fazê-la feliz. Mesmo que fizesse da própria vida um inferno.
?
Rebecca apertou os olhos contra a luz do sol matinal que filtrava para o quarto. Lentamente, ela esticou seu corpo antes de abrir os olhos completamente e avistar o homem sem camisa de pé diante da mesa. Ele estava espirrando água no rosto, usando a água em seu lavatório. Ela já o tinha visto com o peito nu antes, mas de alguma forma sabendo que ele era agora seu marido fez tudo sobre ele parecer diferente. Ela nunca tinha notado como sua estrutura enxuta mostrava uma força trazida por anos de pastorear gado e trabalhar em um rancho. Sua pele estava esticada em seus músculos, a ausência de pêlos no peito dando uma suavidade à sua forma enquanto seus músculos ondulavam com seus movimentos.
Olhando para ela, ele pegou a camisa. Rebecca sentiu-se avermelhada desde o topo da cabeça até a ponta dos dedos dos pés, e ela trouxe as cobertas até o pescoço.
Ele deu-lhe um pequeno sorriso. — Bom dia.
Relaxando seu aperto nos cobertores, ela devolveu seu sorriso.
— Bom dia.
— Meia dúzia dos homens de seu pai querem vir para o Texas conosco, eu pensei em sair e deixá-los prontos.
Ela observou o modo com que suas mãos trabalhavam nos botões da camisa, perguntando-se qual teria sido a sensação de ter essas mãos trabalhando nos botões de seu vestido de noiva. — Provavelmente é uma boa ideia.
Ele pegou o chapéu e caminhou até a porta. — Apenas desça quando estiver pronta. — Seu sorriso aumentou. — Eu não vou embora sem você.
— Nem eu iria querer partir sem você — ela disse suavemente.
?
Sentada em seu cavalo, Rebecca ouviu quando Jake emitiu as ordens para pegarem os dez cavalos que ele tinha domado e, em seguida, para reunirem o gado que levava sua marca, a Rocking R. Enquanto os homens saíam, ela ouviu uma porta distante bater. Ela se virou para a casa, observando seu pai irrompendo pela alameda, seu robe de seda agitando-se com seus passos, seu punho levantado no ar acima de sua cabeça.
— Que diabos está acontecendo aqui, Rebecca?
— Estamos partindo, papai, Jake tem uma terra no Texas, vamos ter o nosso próprio rancho lá.
Jake colocou seu cavalo ao lado do de Rebecca, não querendo que ela enfrentasse a ira de seu pai sozinha.
— Droga! — O rosto de Anderson ficou vermelho e as veias em seu pescoço ameaçaram explodir enquanto olhava para Jake. — Droga, seu filho da puta, eu não lhe dei minha filha para que você pudesse levá-la embora! Eu vou ter esse casamento anulado.
— Isso vai ser um pouco difícil de fazer — Jake disse calmamente. — Considerando que ela está carregando meu bebê.
Anderson deu um passo em direção a Jake, a raiva controlada evidente em sua voz. — Esse bebê não é seu.
— Você pode provar isso? — Jake perguntou.
Rebecca sentiu o calor se espalhar pelo coração. Ele estava reivindicando a criança como sua antes mesmo dela ter nascido.
Anderson olhou furioso para a filha. — Desça do cavalo, garota, você não vai a lugar nenhum. Eu vou lhe dar uma anulação, não vou fazer você se casar com ninguém, vamos colocá-lo para a adoção quando isso nascer.
Isso, ela pensou, isso. Como se isso já não tivesse carne e sangue crescendo dentro dela. Com lágrimas transbordando em seus olhos, ela balançou a cabeça.
— Caramba, garota, eu te criei para tomar conta do rancho quando eu morrer. Eu não terei todo o meu trabalho árduo desperdiçado. Você é minha filha e você fará o que eu digo!
— Ela é minha esposa e fará o que ela quiser. — As palavras estavam envoltas em compaixão e compreensão, um presente que Rebecca aceitou em seu coração. Seu olhar encontrou o de Jake e ela reconheceu tudo o que ele estava oferecendo abaixo das palavras. Ela desmontaria e ele cavalgaria, deixando ela com seu nome.
— Eu vou com Jake.
Anderson reprimiu sua raiva, seus olhos azuis avaliaram sua filha enquanto deitava sua carta final. — Saia com ele, Rebecca, e eu vou te renegar. Você vai morrer para mim. Você nunca mais conhecerá meu amor, garota.
— Seu amor, papai? Esse amor está falando agora?
— Eu só quero o que é melhor para você, garota.
— E eu quero o que é melhor para o meu bebê. Eu vou para o Texas com Jake. Estamos levando meu gado e os cavalos que você nos deu. Quando chegar a hora, eu vou deixar você saber se você tem um neto ou uma neta.
— Não se incomode. Eu nunca reconhecerei a criança ou qualquer outro que venha de sua união com esse homem. — Ele acenou para Jake. — Você é uma tola, Rebecca Anderson.
— O nome é Rebecca Burnett. E eu acho papai, que você é o tolo. — Ela deu ao homem que ela tinha amado por vinte e um anos de sua vida um último olhar antes de virar o cavalo e galopar para fora de sua vida.
Jake a seguiu e, quando a casa não estava mais à vista, estendeu a mão e agarrou as rédeas do cavalo dela, puxando-as para que ambos parassem. Ele desmontou, então se aproximou e a puxou para fora do cavalo, colocando os braços ao redor dela enquanto ela soluçava contra seu peito.
— Oh, Jake, por que o mundo todo está ficando feio?
— Não o mundo todo, apenas algumas pessoas, alguns momentos. Eu acho que precisamos do feio para apreciar a beleza.
Ele enxugou as lágrimas quentes que rolavam pela bochecha lisa com o polegar. Sua pele, diferente da dele, era impecável, e seus olhos azuis, feridos e confusos, transbordando de lágrimas, olharam para ele.
— Você pode ficar, Reb.
— Eu sei, mas prefiro ir com você.
Ele pressionou os lábios contra uma das pálpebras inchadas e depois na outra. — Eu nunca vou te machucar do jeito que ele machucou. Eu juro. — Seus lábios seguiram o rastro de lágrimas até chegarem à sua boca.
Ele abriu a boca sobre a dela e ela o recebeu, precisando de sua proximidade. O beijo não era apaixonado. Não lhe tirava o fôlego nem a fazia tremer de desejo do jeito que Brett tinha feito, mas sim a enchia de uma sensação de segurança, de pertencimento, de ser importante para um ser humano. Todas as coisas que seu pai tinha tirado dela, Jake estava dando de volta.
Ele esfregou sua bochecha, seu sorriso sincero. — Eu acho que é hora de irmos para o Texas.
Ele a ajudou a montar seu cavalo e, quando ele montou o dele, ela estendeu a mão e apertou sua mão. — Acho que vou gostar de ser sua esposa.
Ele se inclinou para tocar um canto de seu pequeno sorriso. — Eu nunca quero que você se arrependa, Reb. Nós vamos fazer uma boa vida.
Quando começaram a viagem, Rebecca não olhou para trás.
Seu futuro estava adiante com o homem que montava ao lado dela. Em tão pouco tempo, seu mundo tinha sido quebrado. Mas ao lado dela cavalgava um homem que a ajudaria a reconstruí-lo com amor, confiança e sacrifício.
Quatro
Texas, I883
Carregado com suprimentos, o vagão rangia enquanto rolava sobre a terra fértil. Jake interrompeu o progresso, puxou o freio e pulou para baixo, depois caminhou pelos cavalos.
Rebecca sabia que ele estava ansioso sobre a terra, sobre chegar ao Texas sabendo tão pouco sobre o lugar. Quanto mais perto chegavam, menos ele falava. Eles discretamente deixaram o acampamento enquanto o sol espreitava sobre o horizonte porque Jake queria ver sua terra sem os outros homens inquietos ao redor.
Ela observou isso agora enquanto ele tirava o chapéu, olhando para a extensão de verde que era visível por milhas, aglomerados de árvores pontilhando a paisagem. Ela viu suas costas se endireitarem com orgulho e sabia, embora ela estivesse apenas olhando para suas costas, que ele estava satisfeito com o que estava diante dele. Então ela ficou bastante surpresa quando ele se virou e ela viu todas as dúvidas que assolavam seu rosto.
— Não é muito — ele disse, enquanto ele começava a caminhar de volta para o vagão.
— Eu acho que é lindo — disse ela.
Seu rosto estourou no maior sorriso que ela já tinha visto. — É, não é?
— Ajude-me a descer, Jake, para que eu possa pisar em sua terra.
Ele colocou o chapéu de volta na cabeça. — Não, senhora, eu vou ajudá-la a pisar em nossa terra.
Ele colocou as mãos em sua cintura em expansão, suspendendo-a até o chão. Ela se recostou contra ele e seus braços a rodearam, aproximando-a.
Ele apontou para um carvalho, seus ramos erguidos e espalhados, a vegetação densa proporcionando sombra para a terra abaixo dele. — Acho que podemos construir a nossa primeira casa ao lado daquela árvore, será uma pequena casa, provavelmente apenas um quarto que possamos construir rápido, mas mais tarde, eu vou construir o tipo de casa que você merece. E lá, construiremos o celeiro e os currais. E bem ali, eu quero construir um moinho de vento.
— Um moinho de vento? — ela perguntou. Moinhos de vento eram uma visão rara no Oeste.
— Isso nos ajudará a bombear água para dentro da casa e se construímos o poço profundo o suficiente, devemos ser capazes de manter nosso estoque regado durante períodos de seca. E lá — seu braço varreu em um semicírculo — vamos construir um barracão e uma casa de cozinha. Inferno, eventualmente nós teremos tudo que nós precisamos. — Ele colocou lábios quentes contra a parte de trás de sua cabeça. — Vai ser bom aqui, Reb.
Colocando as mãos sobre as dele e dando-lhes um aperto, ela sabia em seu coração que ele estava certo.
?
Dois homens cuidaram do gado que foi libertado no campo aberto, enquanto os outros homens construíram um curral apressado para os cavalos. Então eles começaram a construir a casa de um cômodo onde Jake e Rebecca viveriam. Onde, eventualmente, ela iria, sem dúvida, dar à luz.
À medida que os dias passavam, ela observava o progresso, dando pouca ajuda, exceto para levar água a eles e ajudar o cozinheiro que tinham contratado na partida de Kentucky.
De vez em quando, Jake deixava os homens, passava o braço em torno dela e fazia uma pergunta sobre a casa. Onde ela queria as janelas, a lareira, a porta? À noite, com as enxergas deles lado a lado, eles conversavam sobre o rancho. O que ele queria que fosse. A relação deles permanecia casta. Ao ar livre, com sete cowboys e um cozinheiro junto com eles, havia pouca oportunidade para a intimidade. Jake parecia satisfeito com o relacionamento deles, que mais parecia com o de dois velhos amigos do que o de um marido e mulher.
Mas todos os dias, ela sentia seus sentimentos por esse homem se tornando mais profundos. Sua bondade era ilimitada, não só para ela e os homens, mas também para os animais. Ela o observou agora enquanto ele dirigia o trabalho dos homens. Com alguma sorte a casa seria concluída no dia seguinte ou daqui a dois dias.
Rebecca ergueu a mão até a testa para proteger os olhos do sol brilhante e olhou para a distância. Desde que eles estavam aqui, eles não tinham tido um visitante. Mas certamente parecia que eles estavam recebendo pelo menos um agora. Um vagão estava se aproximando.
O vagão parou, não muito longe de onde Rebecca estava e todo o trabalho na casa parou momentaneamente enquanto a curiosidade era picada. Um jovem com a idade aproximada de Frank segurava as rédeas, e uma mulher rústica, de touca branca, empurrava uma mulher mais jovem para fora do assento.
— Vamos, Ruth, desça. Temos novos vizinhos e, graças a Deus, uma mulher entre eles.
Inesperadamente, Rebecca se viu pressionada contra o amplo peito da mulher mais velha, os grossos braços da mulher balançando enquanto saíam das costas de Rebecca.
— Senhor, criança, esta terra necessita de todas as mulheres que puder ter. Meu filho Luke ali, disse que viu algumas pessoas novas e eu disse que não, mas com certeza ele estava certo. Eu sou Carrie Reading e esta aqui é minha filha, Ruth. O resto não veio, eles não poderiam desistir de um dia de trabalho. — Ela bateu no braço de Rebecca. — Você sabe como são os homens. E, Terra de Gósen[2], se você não está grávida!
Rebecca riu. Carrie Reading era uma verdadeira agitação e suas frases eram tão desconexas, parecia como se ela tivesse guardado sua conversação por anos e estava tentando jogar tudo para fora de uma só vez. Rebecca estendeu a mão.
— Eu sou Rebecca Burnett.
— Inferno, menina, eu não vejo mulheres suficientes para querer apertar suas mãos! — Então seus braços estavam de volta ao redor de Rebecca, abraçando firmemente.
Jake tinha se aproximado, mantendo uma distância segura, e Rebecca não podia culpá-lo. As demonstrações públicas de afeto eram estranhas a ele, e ela esperava que Carrie não o pressionasse em seu seio.
— Sra. Reading...
— Carrie, querida. Me chame de Carrie. Nós fomos amigas antes mesmo de nos conhecermos.
— Tudo bem, Carrie, este é meu marido, Jake.
A mulher se virou, com os braços estendidos, dando um passo em direção a Jake que deu um passo para trás e inclinou o chapéu. — Senhora.
— Oh, um tímido! — Ela bateu no braço de Rebecca novamente. — Eu gosto dos tímidos, eles normalmente são os melhores amantes.
Rebecca levou uma mão a sua boca enquanto observava o calor absorver o rosto de Jake.
— Se você me desculpar, eu tenho que voltar ao trabalho — ele disse com uma inclinação da cabeça.
— Não, espere! — Carrie gritou. — Suponho que você é o dono dessa propriedade.
— Sim, senhora.
— E você precisa de um celeiro. Amanhã à noite, estaremos dando uma festa para a minha Ruth aqui, para comemorar seu aniversário de dezesseis anos. Nós adoraríamos que todos viessem, todos vocês. Dêem uma chance para conhecer seus vizinhos. E no próximo sábado, eu vou trazer todas aquelas carcaças preguiçosas aqui para construir o seu celeiro.
— É muito gentil da sua parte, senhora.
— Nós adoraríamos ir à festa, Carrie, mas acho que temos homens suficientes para construir nosso próprio celeiro — Rebecca disse, observando o desconforto de Jake com a situação.
— Não em sua vida, menina. Inferno, nós todos construímos os celeiros do outro por aqui. Só há essa maneira de fazer isso. Nós veremos vocês amanhã à noite no pôr do sol. Apenas sigam para o sul. Vocês não podem perder de vista nossa propriedade, o Triple Bar.
Ela deu a Rebecca um último abraço antes de subir no vagão e bater no braço de seu filho, seu sinal de que era hora de ir.
— Não me desapontem! — gritou ela. E Rebecca se perguntou se todas as mulheres aqui eram como ela.
— Esse convite me incluiu?
Rebecca virou-se para Frank. — Eu acho que incluiu todo mundo.
— E aquela Ruth vai estar lá, aquela linda garota?
— Sim, ela vai estar. A festa é para ela.
— Maldição. Eu preciso que você me ensine a dançar.
Ela puxou o chapéu da cabeça dele e despenteou seu cabelo. — Eu ficaria feliz em fazer isso, Frank.
?
Rebecca observou os matizes do pôr do sol cruzar o céu. Uma coisa que ela amava sobre o Texas era o pôr do sol. Pega de surpresa, ela gritou quando ela se sentiu sendo levantada nos braços de Jake.
— O que você está fazendo, Jake Burnett?
— Levando você para casa.
Ele levou-a até a casa, subiu o alpendre e atravessou o limiar da estrutura de madeira, e depois a colocou no chão de tábuas de cedro. As paredes eram construídas de toras de cedro de doze polegadas, falquejadas, queimadas com argila. A única porta era feita de tábuas pesadas. Presa com uma trava de corda[3].
— Não é muito — ele disse, esperando ela mostrar desapontamento. Era muito melhor do que o local em que ele crescera, mas não era nem de longe tão bom quanto a casa em que ela fora criada.
Rebecca girou lentamente nas pontas dos pés, seus olhos inventariando e avaliando cada característica do único quarto. A parede à direita da porta abrigava a lareira de pedra. A parede em frente mantinha o fogão. Na parte de trás da casa havia o espaço para a cama deles. Como Rebecca gostava que o sol visitasse tanto o interior quanto o exterior, cada lado da casa tinha duas janelas, protegidas por pesadas persianas feitas de madeira penduradas em dobradiças forjadas à mão. Ela completou o círculo, sorriu para Jake e passou os braços em volta do pescoço dele.
— Eu amei.
Os olhos dele baixaram para seus lábios. Sim, Jake, ela pensou. Eu quero que você me beije.
Frank enfiou a cabeça na porta. — Você quer que comecemos a arrumar os móveis antes que fique muito escuro?
Suspirando, Jake a soltou. — Agora é sua vez de trabalhar, Reb. Apenas diga a eles onde você quer tudo.
Não demorou muito, pois eles trouxeram apenas o que iria suprir as necessidades mais básicas. Eles colocaram um sofá diante da lareira, uma mesa e quatro cadeiras diante do fogão e, ao lado, um armário de pinho. Uma cama com dossel ficou no canto da parte de trás de modo que ficou embaixo de uma das janelas. Uma cômoda e um armário de mogno foram posicionados contra a parede traseira. Eles iriam acrescentar mais com o passar do tempo, mas por enquanto aquilo era o suficiente para mantê-los.
Quando terminaram, eles sentaram-se ao redor da fogueira e comeram a ceia com os homens, ouvindo como Lee Hastings cantava baladas numa voz profunda e ressonante. O homem robusto tinha braços carnudos e cabelos pretos encaracolados tocando seus ombros. Quando se levantou, suas pernas curtas formaram um círculo fazendo assim com que ele parecesse sempre como se ainda estivesse sentado em cima de um cavalo. Ele começou a cantar “The Cowboy's Lament”. Era a música favorita de Rebecca. Ela se aconchegou contra Jake quando seus braços a cercaram. Quando a última nota foi cantada, o casal disse boa noite e caminhou lado a lado de volta para a casa.
Jake fechou a porta atrás deles e colocou uma tábua de madeira contra a porta, impedindo a entrada. Ele colocou a lamparina sobre a mesa e sorriu para sua esposa. Era a primeira vez que estavam sozinhos desde a noite em que se casaram.
Rebecca ergueu os ombros e estendeu os braços. — Essa é a nossa casa.
Jake olhou ao redor, sorrindo para as toalhas que ela pendurou sobre as janelas. — Acho que precisamos comprar algumas cortinas, os homens não pensam em coisas assim.
— Você parece ter pensado em quase tudo.
— Eu tentei. Você está cansada?
— Sim, eu estou.
Ele foi para o fundo da casa e pegou um martelo e alguns pregos.
— Eu pensei que poderíamos pregar uma colcha para dar-lhe um pouco mais de privacidade.
— Eu gostaria disso. — Ela se moveu para um baú e tirou uma colcha desbotada. — Esta deve servir.
De pé em uma cadeira, Jake a pregou. Ele se afastou, admirando sua obra. Estava torto.
— Eu não sou um carpinteiro muito bom.
— Você construiu a casa.
— Com muita ajuda. — Ele a observou ali de pé, com os olhos tão grandes quanto a lua. — Por que você não se prepara para se deitar?
Ela assentiu, então deslizou por trás da colcha. Depois de tirar a roupa, limpou o corpo com um pano úmido e puxou a camisola sobre a cabeça. Ela estava grávida de cinco meses e não queria que Jake visse seu corpo no estado atual. O pequeno montículo de sua barriga parecia estar dobrando de tamanho todos os dias. Outro aspecto da gravidez que não a emocionou. Então ela sentiu a vibração de asas de borboleta dentro dela, e sorriu, esfregando o montículo pequeno. Ela não sentia isso com frequência, e no começo não tinha certeza do que era, mas agora reconhecia aquilo como sendo o bebê se movendo dentro dela. Essa era uma coisa sobre a gravidez que ela amava. Ela desentrançou o cabelo e o escovou vigorosamente antes de trançá-lo novamente. Então ela encolheu os ombros, desfez a trança, passou a escova pelo cabelo e mostrou a cabeça afastando a colcha.
— Estou pronta para deitar.
Jake estava sentado no sofá, as longas pernas estendidas diante dele. Ele virou a atenção da lareira vazia para ela.
— Boa noite, Reb. Tenha bons sonhos.
Ela foi inesperadamente atingida com decepção. — Boa noite — ela disse suavemente.
Rebecca subiu na cama, puxando as cobertas para cima dela. Então ela afastou-as e saiu da cama. Ela marchou pelo quarto minúsculo até que ela esteve na frente de Jake, as mãos nos quadris.
— O que você quer dizer com “Boa noite. Tenha bons sonhos.”? Por meses eu estive deitando no chão duro, a minha enxerga ao lado da sua, descansando a cabeça no seu ombro com seu braço em volta de mim. Todas as noites eu pensei como seria bom quando pudéssemos dormir em uma cama macia novamente e agora você está me dizendo “Boa noite”, como se você não estivesse pensando em compartilhar essa cama macia comigo! Levante-se do sofá e entre naquela cama agora!
Ele se levantou, dando-lhe um grande sorriso torto. — Eu só queria ter certeza de que era onde você me queria. — Ele tocou sua bochecha. — Você parecia assustada quando eu fechei a porta atrás de nós. Eu não quero que você tenha medo de mim, Reb. Eu nunca te machucaria, e eu nunca faria qualquer coisa que você não queira.
— Então venha para a cama e me abrace para que eu possa dormir um pouco.
Ela subiu na cama e deitou de costas com os olhos fechados com força enquanto ele se despia. Então ela sentiu a cama afundar sob seu peso. Ela se aproximou, colocando a cabeça em seu ombro enquanto seu braço a rodeava.
— Isso é tão bom quanto eu me lembrava — disse ela.
— Eu não sabia que você gostava disso.
— Na verdade, Jake, não há muito sobre você que eu não goste.
— O que você não gostou?
Ela franziu as sobrancelhas, pensativa. — Bem... você promete não ficar com seus sentimentos feridos se eu disser?
— Eu prometo.
— Bem, então, eu pensei que você devia ter dado a Carrie um grande abraço e um beijo nos lábios.
Jake riu. — Ela era uma coisa, não é? Você acha que ela é sempre assim?
— Provavelmente aposto que o marido é quieto.
— Faz sentido. Você tem um marido tranquilo. Eu tenho uma esposa sonora.
— Eu não sou sonora!
— Shh. Os homens vão ouvir você.
— O que você vai querer que eles façam a seguir?
— Já que vamos ter ajuda com o nosso celeiro, vou fazer com que eles comecem o barracão. O tempo parece muito suave aqui, mas você nunca pode dizer, e eu não quero eles caindo sobre nós se o tempo esfriar.
Rebecca se aconchegou contra ele.
— O que foi isso? — ele perguntou.
— O que?
— Fique quieta — ele ordenou.
— Você ouviu alguma coisa?
— Não, pensei que eu senti alguma coisa. Era o bebê? — ele perguntou.
— Sim.
Ele a deitou de costas e se elevou em um cotovelo. Eles tinham dormido com todas as roupas durante as noites, e desde a primeira noite Jake não tinha conseguido sentir o corpo de Reb, muito menos os pequenos movimentos dentro dela. Ele afastou as cobertas e olhou para ela.
— Oh, Jake, não olhe.
— Por que não? É lindo. Posso colocar minha mão em seu estômago?
Ela assentiu com a cabeça.
Ele colocou a mão levemente em seu estômago e esperou. Através de sua camisola de algodão, ele sentiu o bebê chutar. E esperou.
— Ele vai se mover de novo? — ele perguntou.
Ela ouviu o desapontamento em sua voz e desejou que ela tivesse o poder de fazer o bebê se mover. — Eu não sei, ele não se mexe muito. — Ela pegou a mão dele e moveu-a para seu lado esquerdo. — Ele parece gostar desse lado. — Ela colocou sua mão sobre a dele e a pressionou contra seu lado. E eles esperaram. E esperaram.
Então Jake sentiu o menor tremor sob a palma. — Senhor, há quanto tempo ele está fazendo isso?
Rebecca sorriu, surpresa com a alegria que sentia por poder compartilhar esse momento com ele. — Há cerca de três semanas. Primeiramente eu não sabia o que era.
— Dói quando ele se mexe?
— Não. Na verdade, essa é a única parte sobre estar grávida que me faz pensar que todo o resto vale a pena.
— Qual é a sensação... aí dentro, quando ele se mexe?
Ela olhou para seu estômago. Como poderia explicar? Era realmente como nada que ela já tinha sentido antes.
— Você já colocou as mãos sobre uma borboleta? — ela perguntou.
Jake assentiu com a cabeça.
— Essa é a sensação.
A mão dele percorreu seu estômago. — Espero que encontremos um doutor amanhã à noite.
— Você poderia fazer o parto do bebê.
— Se você fosse um cavalo.
— É o mesmo princípio.
Seus olhos se voltaram para os dela. — Se eu tiver que fazer isso, farei. Mas eu prefiro ter alguém aqui que sabe exatamente o que ele está fazendo.
Ele se deitou de novo, atraindo-a contra seu lado. Ela era muito preciosa, muito importante para ele arriscar perder.
?
Lentamente, Rebecca abriu os olhos enquanto a luz do sol se filtrava através das toalhas penduradas nas janelas. — Coloque a mulher em uma cama macia e ela dorme o dia todo — Jake provocou.
— Eu não vejo você de pé.
Oh, ele estava de pé, e quando ela inconscientemente moveu a perna acima de sua coxa, ele rolou para fora da cama e entrou em suas calças.
— Pensei que hoje íamos dar um passeio pela terra — disse ele por cima do ombro.
— Eu adoraria, mas o que eu usaria? — Ela esticou os dedos sobre seu estômago. — Eu não posso mais entrar em minhas calças ou em minhas saias estreitas, e eu não monto em silhão[4].
— Encontre sua saia estreita enquanto eu preparo nossos cavalos.
Ele saiu antes que ela pudesse protestar. Poucos minutos depois, ele voltou com biscoitos e aveia meio moída. Então pegou uma faca e sua saia e rasgou a costura dianteira. Ele colocou dois furos na cintura agora aberta e puxou uma fina corda através deles. Rebecca observava com interesse enquanto ela tomava o café da manhã. Ele suspendeu sua criação.
— Isso deve servir.
Os olhos de Rebecca se arregalaram. — Eu estarei estourando para fora!
— Exatamente. Você pode usar uma das minhas camisas sobre ela e ninguém será capaz de dizer.
Ela mastigou o último biscoito, contemplando a ideia. Depois, lambendo os dedos, saiu correndo da cama e tirou a saia dele, empurrando-o para o outro lado da colcha.
Poucos minutos depois, ela saiu de trás da colcha, parecendo uma garotinha com os cabelos trançados e o rosto recém-esfregado. Ela colocou uma mão em seu montículo minúsculo. — Você não vai ficar envergonhado por ter-me ao seu lado? — ela perguntou.
Seus olhos estavam calorosos enquanto ele balançava a cabeça. Sorrindo, ela deu de ombros. — Tudo bem. Eu estou pronta, podemos ir se você estiver também.
?
Ela desejava impelir seu cavalo em uma corrida, mas compreendeu a tolice da ideia. Eles guiaram seus cavalos pelos arredores da fazenda, de vez em quando vendo os restos de uma fogueira abandonada.
— Eu acho que você tem pessoas usando sua terra — disse ela, quando pararam ao lado de um local que mostrava evidências de habitação recente.
— Nossa terra — ele a corrigiu. — E eu tenho certeza disso. Até recentemente, a maior parte do Texas era terra aberta. Muitas terras ainda são. Vários ranchos possuem apenas gado e usam qualquer terra ou água disponível sem se preocuparem com quem é o dono. — Ele examinou a terra que se estendia por milhas perante eles. Então seu olhar se voltou para ela. — Parceira, o que você acha do cercado?
Os olhos de Rebecca seguraram os dele com honestidade. — Eu não gosto do que o arame farpado faz para o gado que é estúpido o suficiente para correr para ele. Mas eu acredito que é a única maneira que um homem pode efetivamente proteger o que é dele. Creio que um dia cada rancho neste país será cercado.
Jake assentiu com a cabeça. — Vários dos maiores pecuaristas já começaram a cercar suas terras. Eu quero cruzar seus Herefords.
— Nossos Herefords — ela interveio com um olhar afiado.
Jake sorriu. — Nossos Herefords. Eu quero cruzá-los com os Longhorns que estão sendo criados aqui agora. Se eu não cercar a terra, eu não posso controlar a reprodução, e em vez de conseguir o melhor estoque, vamos acabar com algo que ninguém quer.
— Muitas pessoas são contra o fechamento das divisas, Jake. Isso não nos tornará pessoas populares. Pode trazer muita raiva em nossa direção.
— Eu considerei isso. Em algumas partes do estado houve guerras abertas. Os Rangers supostamente devem apoiar os pecuaristas que possuem a terra. Mas aqui fora, temos de ser capazes de depender de nós mesmos. Qualquer problema que chegue, é nosso para lidar. Eu não vou colocar a cerca, se você for contra.
— Eu não sabia que você sabia tanto sobre o Texas.
Ele sorriu. — Eu sei sobre o estado, eu simplesmente não sabia sobre a nossa terra. Eu estava profundamente preocupado quando passamos por esse trecho de pinheiros altos que a nossa terra iria estar posicionada no meio. Mas não está. Ela é larga e aberta. Nosso gado pode percorrê-la assim como qualquer outra pessoa. Nós vamos precisar de mais mãos para impedir o gado de vaguear sem rumo. Vindo a primavera ou outono, vamos ter de investir muito tempo separando o nosso gado dos outros. Em longo prazo, acho que as cercas vão nos salvar de problemas. Mas no início, é provável que os traga. Temos que decidir se queremos nos situar no presente ou dar um passo para o futuro.
Ela ergueu o rosto para o céu, sentindo o calor do sol se filtrar por ela e ela riu, enviando sua voz ao redor dela. Então ela olhou para Jake.
— Um poeta cowboy é o que você é, Jake Burnett. Quando você quer algo, você pede com as palavras mais bonitas que já ouvi. Coloque sua cerca e eu atirarei em qualquer pessoa que tente derrubá-la.
Inclinando-se, ele pegou seus dedos e os levou aos lábios. Ele não poderia ter escolhido uma parceira melhor.
Cinco
Rebecca estava começando a se perguntar se os seis homens sentados na parte de trás do vagão rangente já tinham ido a uma festa antes. Eles estavam cacarejando como um bando de galinhas indo atrás do galo solitário no galinheiro, e a névoa espessa criada pela água de colônia que eles tinham passado estava fazendo ela ter náusea. Jake parou o vagão ao lado de meia dúzia de outros e ajudou Rebecca a descer. Os homens partiram em busca de presas fáceis. Tinham passado muito tempo na estrada. Ela sentiu pena de qualquer mulher, jovem ou velha, que por acaso estivesse ali esta noite — dançariam até o esgotamento.
Assim que ela e Jake entraram no celeiro, ela se viu pressionada contra um peito macio. Carrie podia atacar de qualquer lugar. Sua redondeza abafou o som de sua aproximação, mas sua voz a entregou.
— Eu estava começando a pensar que vocês não viriam! — Ela se virou para Jake. — Agora, não seja tímido comigo esta noite, garoto! Espero pelo menos uma dança.
Jake assentiu e sorriu. Apesar de toda a atitude mandona dela, ele gostava de Carrie. — Sim, senhora.
Carrie levantou um dedo. — Agora vocês dois esperem aqui. — Rebecca riu enquanto observava Carrie sair com as mãos em punhos frouxos, os braços balançando. A banda começou a tocar uma música e ela os deteve. Casais já haviam começado a dançar, mas Carrie não podia se importar menos.
— Minha família, venham para a frente do celeiro agora mesmo!
Ela deu um aceno brusco à banda de estranhos tocadores e os homens mais uma vez começaram a tocar. Uma série de pessoas começaram a se reunir ao lado de Jake e Rebecca quando Carrie voltou.
— Alinhem-se! — ela pediu.
— Oh, mãe — Um jovem de cabelos escuros olhou implorante para a mulher rotunda. — Alguém está pedindo uma dança a Mary.
— Desde que você tenha a última dança, não importa. Agora entre na linha ou eu vou esfolar sua pele.
A contragosto, ele recuou. Uma boa cabeça mais alto do que o primeiro rapaz, ele tomou seu lugar como o segundo na linha decrescente que consistia de uma variedade de meninos e uma menina.
— Agora, esses são os nossos novos vizinhos, Rebecca e Jake Burnett, senhor e senhora para vocês a menos que eles digam o contrário, vocês farão com que eles se sintam bem-vindos.
Ela se virou com evidente orgulho em seu rosto. — Estes são os meus filhos. — Ela estendeu um dedo gorducho, descendo pela linha — Matthew, Mark, Luke, John, Ruth, James, Ezekiel, Micah[5].
— Os livros da Bíblia? — Rebecca perguntou suavemente.
— Isso mesmo. — Ela estendeu a mão por trás dela, puxando para a frente um homem baixo de cabelos escuros. — E aqui está o meu homem, Michael.
Para Jake, Michael Leigh estendeu uma mão áspera que combinava com seu rosto ressequido. Mas dentro dos vincos criados pelo sol e pelo vento estava o mais gentil par de olhos azuis que Rebecca já vira. Eles brilhavam como as estrelas acima e quando ele acenou com a cabeça para Jake, eles brilharam ainda mais em boas-vindas.
Jake firmemente apertou sua mão. — Agradecemos o seu convite.
Michael assentiu e sorriu antes de soltar a mão de Jake. — Ele não pode falar — explicou Carrie. — Ficou ferido durante a Guerra Entre os Estados, tiro na garganta. Então eu falo por nós dois, não é, querido?
Michael revirou os olhos, e Rebecca entendeu que o homem até não podia falar, mas ele poderia se comunicar. Carrie cutucou seu braço. — Vê o que eu quis dizer com os quietos? Eu gostei de fazer cada um deles.
— Oh, mamãe! — Ruth choramingou. — Podemos ir agora? Por favor!
— Vão, saiam daqui.
Em menos de um segundo, a única coisa visível onde as crianças haviam estado era uma nuvem de poeira voltando ao chão.
Carrie e Michael saíram quando a banda começou outra música. Rebecca parou de bater o pé, esperando que Jake a convidasse para dançar. Ele não teve a chance.
Um homem com olhos verdes e cabelos louros apresentou-se com confiança. Quando jovem, Rebecca imaginava que os deuses da mitologia grega pareciam muito como ele. Seu nome era William Long, e ele disse que era um barão do gado.
Quando ele pediu a permissão de Jake para escoltar sua esposa para a pista de dança, Jake não podia fazer mais do que acenar e recuar. Ele não podia deixar de pensar que William Long era o tipo de homem com quem Rebecca Anderson deveria ter se casado.
Sentindo-se fora de lugar, Jake vagou para longe. Os sons de banjos, violinos e violões se filtravam na escuridão da noite. Ele ficou de pé observando os cavalos empinarem-se entre si, com os cotovelos apoiados no curral de madeira. Jake esfregou a ponte desigual de seu nariz, sabendo que se ele sorrisse, surgiria um sorriso desigual que combinaria com sua pele imperfeita. Ele nunca seria polido, nunca seria impecável, e se ele estivesse alguma vez em posição de se chamar um barão de gado, ele ainda pareceria um velho vaqueiro.
Não demorou muito para que ele sentisse que Rebecca se aproximava. Ele não se virou para encará-la. Ele se odiava por ter ciúme, e não queria que ela visse o que estava sentindo.
— Parece que eles têm alguns cavalos bons. Podemos considerar reproduzir os nossos com os deles — ele disse, seus olhos nunca deixando os animais brincando diante dele.
Ela colocou os braços no corrimão superior da cerca, olhando para nada em particular. — Na última dança que tivemos, você levou a maior parte da noite para reunir a coragem para me pedir para dançar. — Ela olhou para o perfil dele. — Você vai demorar esse tanto de tempo hoje à noite? — Ela perguntou suavemente.
— Muitos homens bonitos gostariam de dançar com você.
— E eu só quero dançar com você.
A cabeça dele girou, os olhos procurando em seu rosto a verdade.
— Eu sou sua esposa, Jake, a primeira dança, a última dança, e cada dança no meio é sua, e você nem precisa me pedir, tudo que você tem a fazer é colocar a mão na minha.
— Você iria querer que eu pedisse se você não fosse minha esposa?
— Eu queria que você me pedisse na última vez que dançamos juntos. Eu quero que você me peça agora. Eu gosto de dançar em seus braços.
— Eu pisei em seus pés.
— Só no começo. Quantas vezes você tinha dançado antes?
— Uma vez.
— Me convide para dançar — ela incitou suavemente. — Não porque eu seja sua esposa..., mas porque você quer dançar comigo. Porque eu quero dançar com você.
Mesmo na escuridão, ela era linda. E ela queria dançar com ele. Ele entrelaçou os dedos com os dela.
— Eu pensei que você nunca pediria — ela disse, sorrindo, seus quadris balançando no compasso da música enquanto eles caminhavam de volta para o celeiro, de mãos dadas.
?
— Você não acha que já teve uísque suficiente?
Frank se virou, com a mandíbula apertada. — Eu sou um homem adulto.
— E você vai parecer um idiota se continuar bebendo assim — Rebecca disse.
Ele estudou suas botas — polidas mais cedo, agora arranhadas — antes que ele trouxesse seus olhos de volta para ela. — Rebecca, ela nem dançará comigo. Aquela Ruth. Eu pedi da forma educada que você me disse, e ela riu e disse que não. Por que ela não dançará comigo?
Rebecca compreendeu um pouco de sua frustração. Ela tinha se sentido atraída por Brett desde a primeira vez que o viu, chegando a cavalo do Norte. — Eu não sei, Frank, algumas mulheres neste mundo não podem olhar para nada além da superfície de um homem. E geralmente quem perde é elas. Eu noto que ela gasta muito tempo sentada à parte, observando. Eu estou certa de que não gostaria de passar a vida com alguém que fica sentado à parte. Eu iria preferir ter alguém que estivesse bem no meio, gritando o tempo todo.
Frank arqueou as sobrancelhas. — Mas ela é muito bonita, Reb.
— A beleza se desgasta com o tempo. Quando ela se vai, você só fica com o que estava embaixo.
Frank assentiu, com a boca enrugada. — Eu vou pedir a ela mais uma vez, de qualquer maneira.
Observando ele partindo, ela percebeu como ela tinha sido afortunada. Brett tinha retornado seus sentimentos em igual medida.
— Já era hora de que mulheres bonitas começassem a vir para o Texas — disse uma voz que era ressonante e suave. Rebecca virou-se, sentindo uma aversão imediata pelo homem enquanto seus olhos castanhos percorriam lentamente o comprimento dela, avaliando seus atributos.
— E, infelizmente, parece que estou atrasado demais. Posso assumir que você é casada?
Ela deu a ele um pequeno sorriso tão frio quanto ela pôde reunir. — Sim, eu sou.
— Não se preocupe, minha cara. Isso não será um impedimento para nosso relacionamento. Só vai torná-lo mais desafiador.
Rebecca soltou um riso curto. — Garanto-lhe, senhor, que nós nunca teremos um relacionamento. — Virando os calcanhares, ela saiu e foi procurar Jake.
— Carrie disse que o médico da cidade está sóbrio um dia por semana — disse ele assim que ela o alcançou. — Eu não estarei tendo um bêbado fazendo o parto de seu bebê.
Jake parecia tão descontente que Rebecca tocou as pontas dos dedos no canto de sua boca virada para baixo, tentando forçar seus lábios em um sorriso.
— Vai ficar tudo bem, eu sei que você pode fazer isso.
— Reb, isso é diferente, você não é um cavalo que não significa quase nada para mim. Se eu fizer algo errado-
— Bem, olha o que o diabo trouxe. O bastardo do meu pai. Veio reclamar sua terra no Texas, não é?
Jake sentiu-se como se tivesse sido atacado por pás enquanto ele lentamente se virava, encontrando-se cara a cara com Ethan Truscott, o inimigo de seu passado. Olhos castanhos encontraram olhos castanhos e Jake ficou surpreso ao ver que, depois de três anos, ele ainda podia sentir tanto ódio direcionado a ele.
— Sabe, senhora bonita, você realmente deveria mostrar mais bom senso na escolha da companhia que você mantém. Eu imagino que seu marido não ficaria satisfeito ao descobrir que você está passando algum tempo na presença deste bastardo.
Rebecca teve grande prazer em perceber que o homem que ela tinha recentemente esnobado estava de pé diante deles agora. Daria a ela a chance de realmente colocá-lo em seu lugar. — Pelo contrário, eu não acho que meu marido se importaria. — Ela se pressionou contra o lado de Jake. — Você se importaria, Jake?
Jake deslizou o braço possessivamente em torno de sua esposa. Nunca se sentira tão orgulhoso em toda a sua vida. — Não, não me importaria. Mas não posso dizer que ficaria satisfeito se eu a encontrasse em companhia de Ethan Truscott.
Ethan desviou os olhos de Rebecca para Jake. — Ela é sua esposa? — Ele bufou. — Em que bordel você a apanhou?
Jake afastou sua mão de Rebecca e ela rapidamente moveu a mão para seu peito para pará-lo. — Jake!
Ele olhou para ela.
— Não vale a pena — ela disse calmamente.
Ele soprou uma rajada profunda de ar, acenando antes de virar para enfrentar Ethan. — Eu não tenho problemas com você.
— Não? Então você tem uma lembrança diferente da que eu tenho de nossa infância.
— Não cause problemas esta noite, Ethan. — Outro homem de olhos castanhos se juntou ao grupo.
— Droga, Zach, ele tem a terra e nós temos as dívidas.
— Talvez ele merecesse a terra.
— Do inferno. Você é simplesmente muito indulgente, sabe disso? Assim como o pai.
— Eu não me lembro do pai sendo tão indulgente com Jake. — Ele estendeu a mão para Jake. — Eu não tenho ressentimentos.
Jake hesitou. Ele podia contar todos os atos de bondade que tinham sido dirigidos a ele durante os anos que tinha vivido no rancho deles em uma mão. Mas Zachary Truscott nunca o havia ridicularizado ou abusado. Ele colocou a mão na de Zach e recebeu um aperto de mão mais firme do que ele tinha esperado.
Zach inclinou a cabeça em direção a Rebecca. — Senhora. — Então ele bateu no ombro de seu irmão. — Vamos.
— Eu tenho que—
Zach agarrou a camisa de Ethan. — Comece uma briga aqui e eu vou ficar contra você. E eu imagino que todos os outros também. Você é o bastardo aqui hoje à noite. Agora vamos.
A expressão no rosto de Ethan anunciou mais alto do que qualquer palavra que as questões não foram resolvidas entre ele e Jake. Ele se virou abruptamente e saiu do celeiro, empurrando para o lado qualquer um que, na sua opinião, estivesse em seu caminho. Logo atrás, Zach o seguiu.
?
Movendo a cortina de toalha um pouco para trás para que a lua cheia pudesse brilhar no quarto, Rebecca contemplou o pacífico céu noturno cheio de estrelas, sabendo que seu marido estava sentindo muito pouca paz. Eles tinham chegado em casa e haviam passado pelas ações de se preparar para deitar sem uma palavra. Agora ele estava olhando para o teto, uma mão atrás da cabeça. Ela rolou na cama e tocou seu braço. Ele deu-lhe um pequeno sorriso enquanto levantava o braço para recebê-la.
— Desculpe — ele sussurrou.
A mão dele esfregou freneticamente seu braço enquanto ela esperava que ele reconciliasse seus sentimentos.
— Diga-me — ela finalmente disse suavemente.
Sua mão se acalmou, e quando ele respondeu sua voz era instável e baixa. — Esses dois homens são meus meios-irmãos. Eu nunca soube com certeza antes de hoje. Houve momentos em que eu pensei que o homem que me levou para longe depois que minha mãe morreu era meu pai. Mas então eu achava que nenhum homem poderia tratar seu filho, sua própria carne e sangue, da maneira que ele me tratou. Quando ele veio e me pegou, eu era como um filhote de cachorro que está sendo levado para uma nova casa, a cauda balançando, a boca aberta e a língua pendurada para fora. Então, quando chegamos lá, ele me bateu porque na minha excitação, eu não tinha ficado sentado por muito no vagão.
— Quantos anos você tinha?
— Sete. Ele me colocou numa baia do celeiro. Eu tinha apenas um cobertor para me aquecer à noite. E quando o inverno chegava, para me esquentar, eu dormia ao lado de qualquer animal que eu pudesse convencer a se deitar. Tudo o mais era me dado do que já não era mais usado por Ethan e Zach. Suas roupas nunca pareciam adequadas, eu sempre me parecia com alguém que ninguém queria.
— E você era muito jovem para partir — Rebecca disse suavemente.
— Mas eu tentei. Quando eu tinha nove anos. Era novembro, tinha acabado de ficar frio e eu queria ir a algum lugar quente, mas ele veio atrás de mim. Ele me desfilou por aí, completamente nu, diante de todo o rancho, eu tinha que aprender o que eu teria se não tivesse ele. Ele me deixou amarrado no celeiro por três dias, sozinho, sem qualquer alimento ou água. Sem o meu cobertor. Eu não poderia chegar aos animais para alcançar o calor. Eu não poderia ir a qualquer lugar para me aliviar. Eu quis morrer quando ele veio para o celeiro para me libertar, para ter certeza de que eu entendi o quão grato eu deveria estar. Eu estava sentado na sujeira que eu tinha feito e Ethan riu duplamente. E eu fui batido por ter feito aquela sujeira.
Ela apertou seu abraço nele desejando poder tirar a dor dele. — Quando eu conheci Ethan hoje à noite, eu tomei uma aversão instantânea a ele, e agora eu sei por quê, ele é um homem cruel e feio.
Rolando-a de costas, Jake estendeu os dedos em seu estômago. — Eu nunca vou bater nesta criança, ou humilhá-lo, ou fazê-lo sentir que ele não é nada.
Ela tocou a cicatriz acima de sua testa. — Eu sei. Você é uma boa pessoa. Não sei como eles podem ter tratado você assim.
No luar, ela viu um sorriso atravessar seu rosto. — Você sabe quando eu pensei pela primeira vez que valia alguma coisa?
Ela balançou a cabeça. — Não.
Seus olhos seguraram os dela. — Este louco Mustang castanho estava tentando me jogar da garupa por quase meia hora, e eu pensei que com certeza eu ia ter que desistir dele. Então ele se acalmou e me deixou montá-lo. — Sua mão moveu-se de seu estômago para sua bochecha. — E eu senti esse calor vindo em mim, e eu me virei e vi esta linda menina inclinada sobre a cerca. Seu cabelo escuro estava preso em uma longa trança pendurada sobre seu ombro, seu Stetson preto inclinado acima de sua testa, seus olhos azuis brilhando, e um maravilhoso sorriso espalhado de um lado a outro do rosto. Então ela falou comigo - eu, o bastardo que nunca tinha recebido uma palavra de louvor desde que sua mãe morreu - e ela me disse que queria que eu domasse o seu próximo cavalo. Foi quando eu percebi pela primeira vez na minha vida que eu poderia ter algo de valor para oferecer a outro ser humano.
— Jake, isso aconteceu há mais de três anos. Como você pode lembrar de tudo isso?
— Por que você se lembrou? — Ele perguntou em voz baixa enquanto sua boca lentamente se movia para baixo para cobrir a dela. Ela passou os dedos pela nuca, pelo cabelo espesso e ondulado, pressionando-o sobre ela enquanto seus lábios se separavam. Ele gemeu quando a língua dele escorregou em sua boca, explorando as profundidades doces que ele tinha negado a si mesmo desde que tinham deixado Kentucky. Seu polegar gentilmente acariciou a suave bochecha. Ele queria tocar a suavidade de todo o seu corpo, mas não ousou. Ele sabia que ela tinha se deitado com um homem que amava, sentira os braços amorosos de outro ao seu redor, experimentou a expressão de amor desse homem e a tinha devolvido em igual medida. Como ele poderia pedir ou esperar que ela se conformasse com menos, ficar íntima com ele, um homem que a amava, um homem que ela se importava, mas não amava. Ele precisava pelo menos sentir que ela o queria, mesmo que só um pouco, antes de fazer amor com ela.
Rebecca sentiu o calor de seu beijo penetrar profundamente dentro dela. Sua língua recuou e a dela a seguiu, explorando sua boca de graça. Ela podia provar o uísque que ele tomara no começo da noite. Ela sentiu a aspereza de sua língua, e a parte inferior lustrosa. Como seria agradável sentir essa língua tocar mais do que sua boca. Mas ela se contentou com o beijo, porque sentia que qualquer coisa mais seria uma traição de seu amor por Brett.
Ele os rolou de volta para seus lados antes de sua boca liberar a dela. Ela se aconchegou contra ele, a criança dentro dela se movendo contra ele também. Ela não podia acreditar que Jake se lembrava daquele dia com tanto detalhe. E por que ela tinha se lembrado?
Ela podia se lembrar de tudo tão vividamente como Jake. Ela ainda podia vê-lo mantendo o equilíbrio enquanto o cavalo tentava jogá-lo. Ela tinha engasgado três vezes quando o cavalo tinha se contraído com tanta intensidade que ela teve certeza de que o cavaleiro seria atirado, mas ele não foi. Então o cavalo se acalmou e ela falou com o homem. Ela esperara que um amplo sorriso atravessasse suas feições, e esperou que ele descesse e caminhasse até ela, se apresentando e proclamando ser o melhor domador do estado. Mas em vez disso, ele lhe deu um pequeno sorriso, um sorriso tão pequeno que ela não soube que um dos lados se inclinou para o alto mais que o outro. Então ele desmontou e perguntou a Bassett o que ele faria a seguir. Ela soube que ele nunca iria atrás dela como os outros homens. Ela queria conhecê-lo então designou Bassett para seu gado. Rebecca sempre gostou de conversar com ele, trabalhar ao seu lado. E agora ela era sua esposa. Seus braços se apertaram ao redor dele. Ela era sua esposa. E ela prometeu a si mesma que nunca o machucaria.
Mas as promessas são feitas facilmente quando não se sabe o que o futuro reserva. E as promessas feitas apenas para o próprio coração são facilmente esquecidas.
Seis
O cavaleiro hesitou a uma distância razoável do grupo chegado para construir o celeiro.
De pé ao lado de seu marido, Rebecca observou os olhos de Jake se estreitarem. Então ele levantou o braço, indicando ao cavaleiro que se aproximasse. Ela sentiu o familiar puxão em seu coração, só que desta vez, o puxão foi um pouco mais forte, tocou um pouco mais profundamente. O que ela estava começando a sentir por ele ia além do simples afeto, mas ela não tinha certeza se era amor. Ela deslizou o braço atrás de suas costas, dando boas-vindas à pressão de seu braço quando ele veio em torno dela, atraindo-a para perto.
Zach Truscott parou seu cavalo ao lado de Jake.
— Ouvi dizer que você estava construindo um celeiro hoje. Pensei que poderia ser de alguma ajuda para você.
— Podemos sempre nos servir da ajuda de um bom homem — disse Jake.
— Eu não posso dizer que sou assim. Mas eu posso cravar um prego na madeira.
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Deixando o grupo de mulheres que estavam preparando a refeição do meio-dia, Rebecca caminhou até o carvalho ao lado de sua casa onde Zach estava levando uma concha de água fria a seus lábios.
— Deve ter sido difícil vir aqui hoje — disse Rebecca.
Zach devolveu a concha ao balde de água, seus olhos se encontrando com os de Rebecca. — Não, senhora, o que foi difícil, foi estender minha mão na outra noite. Eu não tinha certeza se ele iria aceitá-la, e eu não sabia o quanto eu queria que ele a aceitasse até que ele o fez.
Ele permitiu que seu olhar vagasse em direção ao celeiro, que estava meio completado. — Seu marido me intriga. Você não pode nem começar a compreender a quantidade de ódio que o cercou quando ele estava crescendo. Eu não entendo por que ele não parece abrigar qualquer amargura.
— Ele me contou um pouco.
Olhando de soslaio para ela, ele disse: — Imagino que realmente foi apenas um pouco. — Seus olhos se voltaram para Jake. — Minha mãe o odiava porque ele era uma prova visível da infidelidade de seu marido. Meu pai o odiava porque ele via Jake como sua queda da graça. Acho que meu pai pensou que se ele mostrasse a Deus que não tinha sentimentos por ele, Deus perdoaria suas transgressões e o receberia no Reino. Ethan o odiava porque ele era um testemunho vivo de que nosso pai era humano. Ethan adorava o pai tanto quanto adorava a Deus, não questionava nada que o homem dissesse ou fizesse. A presença de Jake quebrou suas ilusões.
— Mas você não o odiou — Rebecca disse suavemente.
— Eu o odiei com uma paixão que me fez tremer. Me assustou muito saber que eu podia sentir alguma emoção tão profundamente ou tão poderosamente.
Rebecca ficou surpresa com a apaixonada confissão. — Por que você o odiou?
Removendo o chapéu, Zach usou a manga da camisa para tirar o suor que lhe cobria a testa. Ele soltou um profundo suspiro. — Mesmo com toda a sua frieza, Ethan era o filho perfeito. Eu, por outro lado, era quem questionava, aquele que nem sempre fazia o que me diziam para fazer. O pai pegou uma cinta para mim um par de vezes e eu apenas ri, dizendo que não doía. Então ele trouxe Jake para casa.
Zach sacudiu a cabeça. — Eu não consigo lembrar agora o que eu fiz, mas meu pai agarrou meu braço e me arrastou para o celeiro. Jake estava dormindo na palha, parecendo tão pacífico. Meu pai o puxou para cima e o amarrou a uma viga, empurrou suas calças para baixo e aplicou sua cinta com uma vingança que minha parte traseira sempre foi poupada.
“Quando meu pai terminou, ele me perguntou se isso tinha doído e me disse que no futuro, quando eu o desobedecesse, Jake iria receber a surra. Ele saiu, deixando-me para desamarrá-lo. Jake olhou para mim com aqueles seus grandes olhos castanhos cheio de lágrimas e sussurrou: ‘O que eu fiz de errado? Se ele me dissesse, eu não faria de novo’. E eu lhe disse a verdade: ‘Você nasceu’. Então, eu me mantive na linha o melhor que pude, o que provavelmente não foi bom o suficiente.
— Espero que você entenda meus sentimentos — disse Rebecca — pois eu espero que seu pai esteja queimando no inferno.
Zach lhe deu um sorriso triste. — Eu vou dizer algo melhor, sra. Burnett. Espero que algum dia Ethan e eu nos juntemos a ele.
Ele se dirigiu para o celeiro. Rebecca se virou, inclinando a cabeça contra a casca áspera da árvore enquanto as lágrimas percorriam suas bochechas. Já fazia muito tempo que Jake tinha sobrevivida aquilo. Seu Jake, seu doce e gentil Jake.
?
Jake voltou a colocar a camisa e pegou o prato que Rebecca lhe ofereceu. — Você se importa se formos nos sentar ali? — Ele acenou com a cabeça para a árvore que estava oferecendo sombra a Zach.
— Não, não me importo. — Juntos eles caminharam até Zach.
— Você se importa se nos juntarmos a você? — Jake perguntou.
— De jeito nenhum — disse Zach enquanto se movia para permitir mais espaço contra a árvore, Jake ajudou Rebecca a se abaixar no chão antes de deixar cair seu próprio corpo magro.
— Ethan disse que vocês tiveram dívidas. Que dívidas foram essas?
Zach riu. — Parece que o pai não só gostava da prostituição, mas de jogar e beber também. Irônico, penso, já que acho que uma das surras que levei aconteceu porque eu fui pego com uma garrafa de uísque sour mash. De qualquer forma, ele devia a quase todos na cidade e eles vieram cobrar. Nós tivemos que vender tudo para pagar suas dívidas.
— Desculpe ouvir isso. Vocês tinham um belo rancho.
— Mamãe morreu logo depois. A humilhação foi demais para ela.
— Então você e Ethan vieram para cá?
— Sim. Fomos para o México, compramos alguns longhorns, roubamos alguns, também, e pastoreamos eles no campo aberto. — Ele olhou para Jake. — Principalmente pela sua terra aberta.
— Eu estou me preparando para fechá-la.
— Acho melhor avisá-lo, Ethan não vai aceitar isso. Apesar da terra estar em seu nome, ele acha que tem direito a esta terra. Eu não concordo, mas eu fiquei com ele até agora porque não tivemos problemas.
— Quantas cabeças vocês têm?
— Cinquenta.
— Como vocês podem fazer lucro com tão poucos? — Rebecca perguntou. — Quando você os levar para o mercado, você terá a sorte se chegar com todos.
Zach olhou ao redor de Jake para Rebecca, depois com diversão, seus olhos voltaram para Jake. — Eu pensei que você se casou com ela porque ela era linda.
— Eu casei com ela porque ela é a melhor rancheira que eu conheço. — Ele olhou para sua esposa. — Mas agora que você menciona, eu acho que ela não é tão difícil de se olhar.
Rebecca reconheceu o elogio de Jake colocando uma mão em sua coxa, uma ação sutil que não escapou à atenção de Zach.
— Você está evitando a minha pergunta, sr. Truscott — disse ela.
— Me chame de Zach. Muitos homens possuem apenas um pouco de gado, os pastoreiam em campo aberto e ganhamos lucros combinando nossos rebanhos quando é hora de levá-los para o mercado.
— Nós trouxemos gado Hereford de Kentucky — disse Jake. — Eu quero cruzá-los com longhorns. Você estaria interessado em vender os seus?
— Eu vou pensar nisso. Duvido que Ethan queira vender. Ouvi dizer que os fazendeiros estão dispostos a pagar setenta e cinco dólares por cabeça por Herefords no Panhandle. É melhor você guardar o seu bem.
A refeição terminou e os homens voltaram a trabalhar terminando o celeiro, completando o projeto enquanto o sol mergulhava para tocar o horizonte. Os homens jogaram baldes de água uns para os outros, banhando-se e se afastaram para vestirem roupas limpas quando Carrie colocou a banda num canto do celeiro.
Rebecca sentiu o calor da mão de Jake ao redor da dela enquanto a música começava a encher o celeiro recém-construído. Ela sorriu para ele enquanto ele a escoltava até o centro, a tomava em seus braços e começava a valsa com ela no tempo da música.
Zach teve dificuldade em manter seus olhos longe de Rebecca. Seus olhos dançaram tanto como seus pés enquanto ela foi segurada nos braços de seu marido. Ela era uma mulher bonita. Ela poderia ter tido qualquer homem e ela tinha escolhido Jake.
Zach conhecera muitas mulheres bonitas, mulheres que flertavam, que olhavam para ele com cílios abaixados, riam de uma piada secreta. Mulheres que eram casadas e ainda desempenhavam o papel de coquete. Mas Rebecca era diferente de qualquer uma dessas mulheres. Ela nunca se afastou do lado do marido. Zach só a vira dançar com dois homens além de Jake. Ele se aproximou e pediu-lhe uma dança.
— Você é uma mulher linda, Rebecca — ele disse uma vez que a teve seguramente na pista de dança. Ele ficou sério. — Quando Jake colocar sua cerca, ele não será capaz de evitar a guerra que se seguirá.
— E qual lado você vai escolher? — ela perguntou.
— Eu não vou escolher. Eu vou pegar meu gado e ir para outro lugar. Você provavelmente deve fazer o mesmo.
— Isso é uma ameaça?
— Não, senhora. Eu só não quero ver você se machucar. Não há razão para você ficar exposta aos perigos.
Ela o olhou fixamente. — Sr. Truscott, se alguma coisa toca Jake, me toca também. Eu lhe asseguro que se eu quisesse evitar o problema, eu precisaria apenas pedir a Jake para não colocar a cerca dele. Ele me explicou o que aconteceria se ele cercasse sua terra. Mas a terra é dele, cada acre, e se ele quiser cercá-la, ele tem o direito de fazer isso e eu vou ficar com ele.
Zach sorriu, sacudindo a cabeça. — Eu não queria ofendê-la. Eu me encontro em uma posição incomum. Eu nunca esperei invejar Jake em algo, mas eu o invejo por ter você.
A dança terminou e Rebecca se afastou. — Obrigado pela dança.
Zach pegou seu braço. — Espero que ainda possamos ser amigos.
Ela olhou para os olhos castanhos semelhantes aos de Jake, mas a sombra não era tão profunda nem o reflexo continha uma emoção tão rica. — Eu gostaria que nós fôssemos amigos, mas eu quero ter certeza de que você entende minha posição. Eu disse a Jake que se ele colocasse sua cerca, eu atiraria em qualquer um que tentasse derrubá-la. Eu quis dizer isso. Eu fui criada em um rancho. Eu fui criada para ser uma rancheira. E eu fui criada para lutar pelo que é meu. Fique do lado de Ethan e você não só ficará contra Jake, você vai ficar contra mim.
— Jake é um homem de sorte.
— Engraçado — Rebecca disse quando se virou para sair — Eu sempre me considerei a afortunada.
Ao vê-la voltar para o lado do marido, Zach olhou ansiosamente para ela. Jake merecia algo de bom em sua vida, mas ele tinha superado a si mesmo quando chegou a hora de escolher uma esposa.
Ele esperou pacientemente até que Frank escoltou Rebecca para a pista de dança. Então ele respirou fundo e caminhou até Jake.
— Posso supor que você poderia necessitar de outro par de mãos no rancho? — Ele perguntou, desejando que suas palmas não estivessem suando.
Jake estudou o homem que estava diante dele. O aperto de mão que haviam trocado no Reading Ranch não podia apagar as memórias de todos aqueles anos amargos, mas trabalhar ao lado de Zach hoje parecia ter forjado um vínculo frágil entre os dois homens. — Ajudar-me a construir meu celeiro é uma coisa, trabalhar para mim é algo completamente diferente, você não acha que isso vai causar ressentimentos entre você e Ethan?
— Eu posso lidar com Ethan.
— E o seu gado?
— Eu vou tomar a minha parte de entre os de Ethan, pastarei eles com os seus. Se eu não vir a ser o melhor par de mãos que você contratou, você pode ficar com eles.
— Você parece esquecer que eu sei exatamente como você é bom.
Zach sorriu. — Então você ganhará de qualquer maneira, não é?
Jake queria ter certeza de que Zach entendia qual seria sua posição se ele viesse trabalhar para ele. — Lee Hastings é meu capataz, você teria que receber ordens dele.
— Eu não tenho nenhum problema com isso.
— E Reb. Ela é minha parceira, sua palavra é igual à minha.
— Imaginei que seria.
— Bem então. — Jake estendeu a mão. Quando Zach a pegou, ele sorriu. — Bem-vindo ao Rocking R.
?
Homens de cabelos grisalhos juraram que a rota Shawnee Trail era determinada pela cidade de Pleasure. Mulheres de cabelos brancos juraram que Pleasure escolheu sua localização por causa da rota Shawnee Trail. Nenhum dos lados poderia provar sua afirmação, mas uma certeza permanecia: a cidade de Pleasure[6] tomava seu nome da razão de sua existência.
Andrea Shanley tinha vindo para a terra estéril com um propósito em mente: tornar-se rica. Ela contratou carpinteiros e, no que naquela época parecia ser o meio do nada, ela erigiu uma casa grande.
Uma semana depois que os carpinteiros partiram, as residentes de seu estabelecimento chegaram e o lugar abriu-se para o negócio. Seu negócio era trazer prazer aos homens que conduziam rebanhos através das entranhas do Texas aos centros de transporte no Kansas.
Jake parou o vagão na frente da única loja geral de Pleasure, então ajudou sua esposa a descer conforme uma enxurrada de pó seco varreu a rua principal. Frank e Lee Hastings saíram da traseira do vagão, prometendo retornar em uma hora para ajudar Jake a carregar os suprimentos. Jake seguiu sua esposa para a loja geral e então se dirigiu para conversar com o dono.
Passeando pela loja, Rebecca ficou surpresa com a quantidade de adornos, panos de cetim e penas que adornavam as prateleiras, perguntando-se quem no mundo precisaria de tais coisas. Ela parou ao lado de um pedaço de chita azul, passando os dedos sobre ela, virando-se ao sentir a presença do marido ao seu lado.
— Você gostaria de cortinas azuis? — ela perguntou.
Jake estudou o pano sem tocá-lo. Estava marcado em dez centavos por jarda. A primeira coisa que Reb pediu e ele não poderia dar a ela.
— Você prefere outra cor? — Rebecca perguntou, notando sua hesitação em se comprometer com o azul.
— Não, o azul vai ficar bem, mas... — Sua expressão desesperada disse a Rebecca que algo estava errado.
— O que está errado?
— Reb, vamos ter que voltar sobre esta lista de suprimentos e decidir o que realmente não precisamos.
— Por quê?
Jake passou a mão pela coxa. — Porque eu estava pensando em poder comprar a crédito, e o sr. Abrams disse que eu vou ter que pagar em dinheiro. Eu preciso manter o dinheiro, tanto quanto possível.
Ela olhou além de seu marido para o homem que estava atrás do balcão, um homem que obviamente mergulhou sua mão no frasco de doces. Ele estava batendo os lábios como se estivesse degustando açúcar. Ela se perguntou quanto tempo fazia desde que ele conseguiu ver seus pés. Ela trouxe de volta os olhos para o marido.
— Por que ele não nos estendeu o crédito?
— Porque eu não valho nada.
Jake não tinha visto a raiva crescer naqueles olhos azuis tão intensamente desde que seu pai tinha anunciado que seu filho não herdaria a terra dele. — Ele lhe disse isso? — ela sibilou.
— Sim, senhora, mas ele tem razão, eu só tenho oitocentos dólares. — Ele mais uma vez passou a mão pela coxa. — Acho que vou ter que procurar trabalho em outro rancho.
— Você vai trabalhar na propriedade de outro homem para que você possa financiara a sua? Você se casou comigo para lidar com os livros das finanças. Acho que é hora de começar a ganhar meu sustento. Me apresente ao sr. Abrams.
Enquanto caminhavam até o balcão, Rebecca ignorou a maneira como o homem a observava. Ele parecia uma criança passando a língua lentamente sobre um all-day sucker[7] um dia inteiro. — É verdade que você não vai nos dar crédito? —Rebecca perguntou.
— É como eu disse ao seu marido, tivemos um verão seco e o gado não está indo bem, as pessoas me devem e não pagam.
— Nós devemos a você?
— Não, senhora.
— Então você está nos julgando por causa das ações de outros em vez das nossas. Eu lhe asseguro que essa não é uma decisão de negócios sábia. Meu marido acabou de começar a trabalhar em sua propriedade, mas ele trouxe quinhentas cabeça de gado de Kentucky, e nós não sofremos com uma seca. Para quem o conhece, seu aperto de mão serve como uma garantia adequada. Como você não o conhece, eu vou esquecer o insulto que você nivelou contra ele desta vez, e eu vou confiar que isso não acontecerá no futuro.
O rosto de Samuel ficou vermelho como o doce sentado em um de seus frascos de vidro. — Sinto muito, senhora, mas eu não posso lhe dar crédito.
— Há um banco nesta cidade?
— Sim, senhora. Depois de quatro lojas.
— E se nós lhe trouxermos uma carta de crédito do presidente do banco, você nos dará crédito?
Samuel riu baixinho. — Senhora, se você conseguir uma carta de crédito de Harry, eu lhe darei a loja.
— Eu posso ter isso por escrito antes de partir?
A boca de Samuel se abriu. A mulher estava falando sério. — Não, senhora.
— Sr. Abrams. — Rebecca estendeu a mão que ele hesitantemente sacudiu. Ela e Jake se viraram para sair. Então ela se virou. — Há algum lugar na cidade onde podemos conseguir algo para comer?
— O hotel em frente serve uma boa refeição.
— Obrigado, sr. Abrams, voltaremos em breve. — Rebecca saiu rapidamente da loja. Jake seguiu mais devagar. Sua esposa esperou no calçadão, batendo o pé, cruzando os braços sob o peito, com a mandíbula apertada como ele nunca tinha visto.
— Desculpe — disse ele.
Seus olhos estalaram para os dele. — Por que você está se desculpando? — Ela sacudiu a cabeça e soltou a respiração reprimida. — É culpa minha, eu estou acostumada a lidar com um estado onde qualquer pessoa me conhecia e o nome de meu pai era tão bom quanto um cheque bancário. — Ela passou o braço pelo dele. — Antes de partirmos hoje, porém, você será capaz de obter crédito em qualquer lugar na cidade que você quiser. — Ela sorriu para ele. — Vamos almoçar e eu vou explicar tudo para você.
Em poucos minutos eles estavam sentados em uma pequena mesa coberta com um pano xadrez nas cores vermelho e branco. Eles pediram bifes e, depois que o garçom partiu, Rebecca descansou os cotovelos sobre a mesa, apoiando o queixo nos dedos entrelaçados.
— Truscott só ensinou-lhe o trabalho manual?
— Nem tudo o que faço é trabalho manual.
— Ele alguma vez mostrou seus livros?
— Inferno, não.
Rebecca sacudiu a cabeça. — Ele te deixa a terra, mas não lhe dá o conhecimento para administrá-la, é quase como se ele quisesse que você falhasse, mesmo do túmulo, causando-lhe dificuldades indevidas.
Os olhos de Jake penetraram nos dela. — Eu não vou falhar.
Ela colocou a mão sobre a dele. — Eu sei disso, Jake. Mas você teria conseguido com muito mais sacrifício do que era necessário. Você teria feito sem o conhecimento apropriado, você teria trabalhado no rancho de outro. Você teria feito o melhor que você sabia e você teria conseguido através disso. Agora eu vou te ensinar o que Truscott não ensinou.
Remexendo em seu retículo, ela puxou um pedaço de papel e um lápis. Ela colocou a ponta do lápis na ponta da língua antes de bater o lápis no papel, desenhando uma linha vertical.
— Agora, vejamos, você sabe o que é um bem? — ela perguntou.
— Um nome extravagante para o que estou sentado?
Ela riu. — Não. Um bem é o que você tem que é valioso.
Seus olhos se aqueceram. — Então você é um bem.
Ela corou. — Isso é uma questão de opinião, mas eu agradeço por você pensar assim. A primeira coisa que precisamos fazer é registrar seus bens. Você disse que você tem oitocentos dólares em dinheiro, certo?
— Certo.
Ela escreveu o valor no lado direito da linha. — Agora, então, você tem uma terra avaliada em seis dólares por acre. — Ela escreveu terra à esquerda da linha, seu valor à direita.
— Então, esses são nossos bens — disse Jake.
Ela olhou para ele. — Certo. Nossos bens. Agora continuando, quinhentas cabeças de gado que Zach disse que você poderia ter setenta e cinco dólares por cabeça mais para o oeste, de modo que os valorizaremos com setenta. Quantos longhorns você adquiriu?
Jake tinha dado aos homens que encontrou pastando gado em sua propriedade a opção de vender o gado a ele ou partir. Mavericks, gado sem marcas, mas vagando pela propriedade, eram jogo justo e ele tinha adquirido alguns, queimando a marca Rocking R em suas peles para estabelecer a posse que não seria questionada. — Quarenta e três.
Rebecca anotou seu valor. — Nós trouxemos dez cavalos conosco e você conseguiu quatorze strays, então temos vinte e quatro cavalos não sendo usados para trabalhar no rancho. Não contaremos os cavalos dos homens desde que você os deixou levar o cavalo com eles se eles partirem. Nós temos uma casa.
— É só um cômodo.
— Mas nos protege dos elementos da natureza — disse ela sem levantar os olhos. — Um celeiro, um barracão que está perto o suficiente de ser concluído para contarmos com ele. Quando você conseguir aquela casa de cozinha construída, vamos adicioná-la. Agora vamos ver... — Ela enfiou o lápis em sua boca, seus olhos olhando para o teto. — Gado variado — ela disse, devolvendo o lápis ao papel. Então seus olhos colidiram com os dele. — Algo mais?
— Eu acho que isso é tudo.
— Certo.
Ele sorriu, observando suas sobrancelhas juntarem-se em concentração, a ponta de sua língua tocar a parte superior de seu lábio conforme ela correu o lápis pelos números, somando os montantes. Ele tinha um forte desejo de plantar um beijo naquela boca.
Seu rosto relaxou quando o cálculo foi feito. Ela desenhou três círculos em torno de uma quantidade e empurrou o papel sob o nariz de Jake. — Isso, sr. Burnett, é o que você vale.
Surpreendido, Jake olhou para o número que ela tinha circulado. — Mas eu não tenho isso em dinheiro. Eu não posso gastar isso.
— Não, mas se você vender tudo o que tem, poderia, então podemos usar isso como garantia.
— Como isso funciona?
— Quando formos ao banco, vamos pedir um empréstimo e colocar parte de sua terra como garantia, o que significa que se você não pagar o dinheiro do empréstimo, o banco recebe a terra.
— Eu vou pagar o dinheiro. — Jake declarou enfaticamente.
— É claro que você vai. O que é todo o ponto. O banco nos dá o dinheiro, você o usa para comprar mais gado, investe no seu rancho para ganhar mais dinheiro. Então, nós pagamos o empréstimo mais os juros. Mas nós saímos com vantagem. Ainda temos a terra, você tem mais gado e você trabalha em sua própria propriedade em vez de trabalhar na de outra pessoa.
Jake parecia duvidoso.
— Meu pai dirige seu rancho exatamente assim. Eu duvido que ele tenha até mesmo oitocentos dólares no banco. Todos os seus bens estiveram ligados à terra e ao gado. Ele pedia emprestado o dinheiro, o investia, o pagava e pedia emprestado novamente.
Descansando as mãos sobre a mesa, Jake fechou-as em punhos apertados. — Deus, eu me sinto estúpido.
Ela colocou as mãos sobre as dele. — Você não é estúpido, como você pode saber se ninguém se incomodou em lhe ensinar?
— Você sabia.
— Porque meu pai me levou pela mão, chutando e gritando, à todas as reuniões que ele já frequentou. Eu conheci banqueiros, investidores, empresários. Eu aprendi como meu pai dirigia o rancho e como ele dependia de outros para ajudá-lo a chegar onde ele queria estar.
As linhas de tensão que Jake tivera desde que tinham ido para a loja geral desapareceram. — O seu pai criou shorthorns. O que te fez interessar-se por Herefords?
Ela sorriu com a lembrança de um tempo mais feliz. — Meu pai me levou para a Exposição Centenária, na Filadélfia, onde gado estava sendo exposto e eu achei que eles eram fofos.
Os olhos dele se arregalaram. — Fofos?
Ela encolheu os ombros. — Eu tinha quatorze anos na época, eu julgava as coisas assim.
— E como você julga as coisas agora? — ele perguntou.
— Diferentemente.
O humor de Jake se iluminou consideravelmente antes que a refeição terminasse. Eles saíram do hotel, cruzando de volta para o calçadão que passava em frente à loja geral. Um homem robusto, com os cabelos brancos varridos pelo vento, estava encostado numa cadeira de madeira, o jornal elevado o suficiente para ele também poder observar toda a atividade de pedestres. Quando o casal se aproximou, ele deixou a cadeira, endireitou-se e guardou o jornal. Ele tirou os óculos e os guardou no bolso, depois estendeu a mão a Jake.
— Doyle Thomas, advogado. Vocês devem ser o pessoal novo.
— Sim, senhor, nós somos — Jake disse enquanto pegava a mão do homem. — Eu sou Jake Burnett e esta é minha esposa, Rebecca.
Doyle pegou o chapéu e deu de ombros. — Devia ter deixado isso lá dentro. Vocês estão indo para o banco?
— Sim, senhor — disse Jake.
— A maioria das pessoas vão. Se vocês precisarem de um advogado... — ele apontou para a ripa acima da porta — venham me ver. Eu não sou apenas o melhor, sou o único na cidade. — Ele riu de sua própria piada enquanto Jake e Rebecca passavam por ele.
— Algum de vocês viu meus óculos? — ele perguntou.
— Seu bolso — disseram ambos de uma vez, sorrindo um para o outro.
— Oh, sim — Doyle disse enquanto os tirava e os colocava. Ele se virou duas vezes antes de se lembrar onde tinha deixado seu jornal.
Quando encontraram o banco e estavam esperando uma audiência com o presidente, Rebecca deslizou sua mão na de Jake.
— Você vê aquela pequena escrivaninha no canto, atrás da pequena grade?
Jake assentiu com a cabeça.
— Pense nisso como um curral e o homem sentado diante da escrivaninha é o garanhão que você está se preparando para domar.
Em menos de meia hora, eles voltaram para a loja geral. Jake entregou a carta de crédito a Samuel Abrams juntamente com sua lista de suprimentos, enquanto Rebecca escolhia o pano que ela queria para as cortinas.
— Eu gosto do azul — ele disse, ficando atrás dela. — Você costura?
Ela sorriu. — Eu costuro tão bem quanto você pendura uma colcha.
Franzindo o cenho, ele esfregou a ponta do nariz. — Isso é bom, hein?
Ela bateu no braço dele. — Não se preocupe, eu não vou fazer isso, eu pedi a Ruth para fazer.
Rebecca fez questão de dar ao sr. Abrams um adeus especialmente doce quando eles saíram da loja. Ele conseguiu dar um pequeno sorriso em troca.
Eles encontraram Frank e Lee esperando por eles no vagão. No caminho para fora da cidade, eles passaram por uma grande casa que parecia dormir à luz do dia.
— Eu gostaria de saber quem mora ali — comentou Rebecca. — Eu adoraria ver o interior.
Frank empertigou-se. — É muito bonito por dentro. Tem... — Ele parou quando Lee bateu no ombro dele. — O que?
Lee franziu o cenho para o jovem e Frank se recostou de novo no canto do vagão.
Rebecca observou a cor vermelha subindo pelo rosto do marido. — Jake, você já esteve dentro daquela casa?
— Não, senhora.
— Mas você sabe o que há naquela casa.
— Sim, senhora. Essa é a razão pela qual esta cidade se chama Pleasure.
Rebecca assentiu com a cabeça. — Bem, pelo menos agora sei por que o sr. Abrams tem roupas tão extravagantes. — Ela olhou de soslaio para o marido. — Eu acho que nós dois aprendemos alguma coisa hoje.
Jake olhou para ela, sorrindo. Talvez ela não estivesse apaixonada por ele, mas ela havia demonstrado hoje que seria leal e se manteria ao seu lado. Isso era mais do que muitas esposas faziam para seus maridos. — Sim, senhora, suponho que sim.
Sete
Frank deambulou para fora do celeiro, seus membros longos movendo-se ao acaso, então se imobilizou. Ruth Reading estava parando seu cavalo na frente da casa. Abruptamente, ele mudou de direção, caminhando em direção à casa e à bela Ruth, esquecendo-se completamente de qualquer tarefa que o mandara sair do celeiro para começar.
Saindo para a varanda, enxugando as mãos com uma toalha grossa, Rebecca cumprimentou Ruth e seu irmão Luke.
— Eu estou pronta para fazer suas cortinas hoje, sra. Burnett.
— Entre, então. Eu tenho o material pronto e esperando. Se Luke precisar ir para casa, posso pedir que um dos homens a acompanhe na volta mais tarde.
— Eu ficarei feliz em escoltá-la para casa — disse Frank, inclinando-se em torno de Ruth e tomando as rédeas de seu cavalo. — Eu também cuidarei do seu cavalo.
Sem perceber que seu sorriso não foi devolvido, ele levou o cavalo para longe, enquanto Luke, com uma inclinação educada de seu chapéu para Rebecca, foi para casa.
Em pouco tempo Ruth estava sentada perto da janela, seus dedos ágeis fazendo meticulosos pontos no tecido. O sol refletia seu cabelo loiro e seus olhos azuis dançavam enquanto ela falava sobre seus irmãos e outros fazendeiros da região. Então seus dedos e língua se acalmaram enquanto ela olhava para fora da janela com interesse crescente conforme um cavaleiro surgiu à vista.
— Zach Truscott está chegando. O que você acha que ele quer? — Ruth perguntou.
Rebecca encolheu os ombros ligeiramente. — Ele está trabalhando para nós agora.
— Ele está? — Ela colocou a costura para baixo. — Você me dá licença um minuto? — Ela levantou a mão, curvando e desenrolando os dedos. — Eu preciso descansar as mãos. — Ela se apressou a cruzar a porta e quase correu para o celeiro.
Quando ela chegou lá, Zach estava levantando a sela de seu cavalo. Ele começou a escovar o animal enquanto ela mordiscava a aveia que ele colocara diante dela na última baia.
— Olá, Zach.
Inclinando o chapéu para cima da testa com um polegar, ele espreitou por cima da garupa do cavalo. — Bem, olá, Ruth. O que você está fazendo aqui?
— Fazendo cortinas para a sra. Burnett. Você me acompanharia até minha casa quando eu terminar?
— Claro.
Ela olhou para ele através de seus cílios baixos. — Eu preciso voltar para aquelas cortinas. Até mais tarde.
Ele sorriu e Ruth sentiu seu interior quente enquanto ela corria para a casa.
Rebecca percebeu que menos pontos perfeitos começaram a aparecer quando Ruth voltou de sua excursão no exterior. Seus dedos ágeis estavam trabalhando muito rapidamente, mas não tão cuidadosamente. Rebecca tinha certeza de que a mente da moça não estava mais na tarefa, mas estava centrada em algo ou em outra pessoa.
Pouco tempo depois, Ruth finalizou a última cortina. — Aí está, tudo pronto.
Rebecca entregou-lhe dois dólares, o preço acordado. Ela teria pago com prazer qualquer valor para se livrar de fazer as cortinas. Seu ponto mais meticuloso não se aproximava da perfeição do pior de Ruth. — Eu agradeço você ter feito isso por mim.
— Se você precisar de mais alguma coisa, me diga. Eu gosto de costurar.
Ruth se ergueu na ponta dos pés, segurando as mãos atrás das costas. Depois baixou os calcanhares no chão. — Bem, é melhor eu ir procurar Zach.
— Zach?
— Ele vai me levar para casa.
— Eu pensei que Frank tinha se oferecido.
— Ele se ofereceu, mas... bem... eu só me sentiria mais segura com Zach.
Levantando-se de novo na ponta dos pés, ela girou e foi à procura de Zach deixando Rebecca com a impressão distinta de que um problema estava se formando.
Ruth estava de pé sob o alpendre da varanda, balançando os quadris para frente e para trás, esperando que Zach aprontasse seus cavalos quando Frank se aproximou.
— Você está pronta para ir?
Mantendo os olhos no celeiro, Ruth disse: — Zach vai me levar para casa.
— Maldição, eu pedi primeiro!
Tirando os cavalos do celeiro, Zach pegou as palavras de Frank, imaginando que a maior parte do rancho as ouvira, ele as gritara muito alto.
Frank voltou-se para Zach. — Eu vou levá-la para casa.
Frank apertou os punhos com tanta força quanto apertou as mandíbulas. Com medo, Rebecca estendeu a cabeça para fora da porta. — Frank, eu preciso de ajuda para pendurar essas cortinas.
— Maldito! Eu disse que a levaria para casa.
Frank olhou para Zach como se tudo fosse culpa de Zach. Ruth pulou para fora da varanda, olhando para Zach com adoração em seus olhos, adoração que Zach sabia que poderia eventualmente significar problemas. Ela era muito jovem para um homem de sua experiência. Com um sorriso de desculpas para Ruth, ele entregou as rédeas de seu cavalo a Frank. — Eu vou ajudar Rebecca com as cortinas.
Zach aproximou-se da menina de olhos cristalinos. — Desculpe, Ruth, mas os homens têm um código de honra. Se Frank pediu primeiro, eu tenho que me afastar.
— Mas eu gosto de você.
— Você mal me conhece, você não pode julgar um homem por um par de danças.
— Você é irmão do sr. Burnett e eu gosto do sr. Burnett.
— Eu não sou o irmão de Jake, quero ser, mas estou bem longe de ser isso agora. — Ele a levantou na sela. — Frank vai se certificar de que você chegue em casa segura.
Ruth lançou um olhar furioso para o inquieto Frank e enviou seu cavalo a um galope. Frank montou o cavalo de Zach e partiu atrás dela.
Rebecca envolveu os braços em torno de uma das vigas ásperas que suportavam o telhado. — Pobre Frank.
— Sim, o garoto está no caminho para um coração quebrado, com certeza. Eu diria que ela foi seu primeiro amor. Engraçado como na primeira vez, uma pessoa pode se apaixonar por alguém que mal conhece. — Zach subiu na varanda. — Você se lembra do seu primeiro amor, Rebecca?
Uma imagem de cabelo da cor da meia-noite e olhos de um azul profundo passou por sua mente. Seu primeiro amor. Cada homem antes de Brett tinha sido tomado de temor por sua beleza ou a posição de seu pai. Mas Brett a tinha tirado do pedestal, tinha feito ela se sentir tocável. Ela estava na baia cuidando de seu cavalo. Ela se virou e o encontrou se erguendo acima dela. Sem uma palavra, ele a pressionou contra ele, sua boca se abrindo para devorar a dela. Ela gemeu e seus braços se apertaram ao redor dela. Antes de Brett, ela tinha sido beijada por homens jovens cujas línguas entravam em sua boca sem a coragem de tocar em qualquer coisa. Mas Brett tinha tocado tudo, todos os cantos, explorando sua boca, lentamente, deliberadamente. Tinha sido puro paraíso.
— Eu lembro dele. — Ela suspirou melancolicamente.
— Os primeiros amores são difíceis de esquecer — Zach admitiu. — Acho que não importa quantas vezes uma pessoa se apaixona, o primeiro amor e o último amor são os únicos que realmente importam. Agora, você tinha algumas cortinas que precisavam ser penduradas?
Assentindo com a cabeça, ela entrou na casa. Para ela, o primeiro amor e o último amor eram um e o mesmo.
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Frank estava sentado na sela, o peito inchado de orgulho. Ruth desacelerou o cavalo para um trote e depois para um passeio, coisa pelo qual ele esteve extremamente grato. Viajar a um ritmo mais lento permitia-lhe olhar para a sua beleza. E Senhor, ela era linda. Só uma coisa estragava o momento. Não havia ninguém para vê-lo com esta mulher ao seu lado. Não havia nada além de espaço aberto entre o Rocking R e o Triple Bar. Ele desejava que eles pudessem desviar pela cidade.
O crepúsculo estava se instalando quando eles chegaram à casa de Ruth. Ruth desmontou antes que Frank tivesse a chance de ajudá-la. Então ela se apressou a alcançar os degraus da casa. Frank correu atrás dela, agarrando seu braço. Ela se soltou bruscamente e olhou para ele. Frank sorriu.
— Eu queria saber se você gostaria de passear comigo algum dia.
— Eu acabei de vir cavalgando com você.
Seu sorriso cresceu. — Sim, eu sei, e eu achei que foi meio agradável. Pensei que talvez você gostaria de fazer de novo.
— Não.
O sorriso deixou o rosto de Frank. — Por que diabos não?
— Porque você é um menino.
— Tenho certeza de que não sou. Inferno, eu faço a barba todos os dias!
Ruth revirou os olhos. — Eu tenho que entrar.
Confuso, Frank olhou como a porta se fechava, levando-a para longe. Ele desceu correndo as escadas e montou em seu cavalo. Ruth era quase tão bela quanto Reb. Ele perguntou-se como Jake conseguira fazer Reb amá-lo. Ele pensou na maneira como Jake olhava para Reb, na maneira como ela olhava para ele. O homem a fazia se sentir especial. Frank sorriu. Ele só teria que pensar em uma maneira de fazer Ruth se sentir especial.
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O riso escapou da garganta de Rebecca enquanto pressionava as palmas das mãos contra seu lado doendo, tentando aliviar os espasmos provocados pelas brincadeiras dos vaqueiros se preparando para cavalgar até a cidade. Ela se perguntou por que eles sequer se preocuparam em se banhar quando estavam se revestindo com toda a poeira que estavam fazendo subir. Jake estava sorrindo, balançando a cabeça, e ela se perguntou se ele queria ir com eles. Ela não conseguia se lembrar de vê-lo partir em uma noite de sábado, quando eles haviam morado em Kentucky, mas ela não tinha realmente dado muita atenção a isso naquela época. A poeira se assentou e os dois ficaram, indo em direção às tarefas que os aguardavam sem falar.
A vida tinha se estabelecido em uma rotina agradável. Cada dia, ela e Jake cavalgavam pela propriedade, vigiando o gado, inspecionando o progresso da cerca de arame farpado que estava sendo amarrada com equipamentos mecânicos. A jornada deles foi retardada por causa da gravidez avançada de Rebecca. Jake pegava as refeições do cozinheiro e eles comiam juntos na mesa áspera de carvalho da casa.
Eles discutiam planos para o rancho, o desejo de Jake de construir tanques para pegar a água da chuva, moinhos de vento para puxar para cima a água que a terra acumulava como uma avarenta abaixo. Ele estava flertando com a ideia de cultivar seu próprio feno para poder alimentar seu gado se o inverno se tornasse duro. Era uma ideia nova num estado conhecido por seus invernos suaves, mas Jake não confiava na Mãe Natureza e não queria depender de seus estados de espírito. Rebecca cumprimentou todas as suas ideias com alegria e entusiasmo, acrescentando algumas ideias próprias, sugerindo que ele alugasse parte de sua terra para fazendeiros que usariam parte de sua terra para plantar, colher e amarrar o feno que Jake queria.
Nas tardes de sábado, eles faziam o que estavam fazendo agora — lavavam suas roupas. Jake esfregava as roupas na grande banheira de madeira e as entregava a Rebecca para pendurá-las no varal que tinha feito. A primeira vez que ele mergulhara suas roupas de baixo na água, ele havia ficado vermelho como uma beterraba, e embora ela tivesse se oferecido para lavar suas próprias coisas, ele insistira que ele faria sua parte.
Ela colocou a camisa sobre o varal e se virou para ele, rindo enquanto ela fazia isso. Ele estava examinando o céu com grande intensidade e ela soube que ele estava lavando um artigo pessoal dela. Quando eles terminaram com a roupa, eles limparam o interior da casa, varrendo e espanando a poeira e organizando a mobília. Então eles foram dar um passeio, de mãos dadas. Quando voltaram, prepararam o jantar juntos. Jake colocou duas cadeiras na varanda, e eles comeram a pior refeição que tinham tido em um tempo, rindo enquanto eles tentavam se lembrar do que eles tinham feito.
Eles sentaram-se silenciosamente e observaram o pôr-do-sol. Depois que ficou mais escuro, lavaram os pratos. Então Jake se desculpou para cuidar de algumas tarefas. Mais e mais frequentemente ultimamente ele reivindicava ter trabalho para fazer nas noites. Rebecca encolheu-se no sofá com um livro, esperando seu retorno, perguntando-se por que ele estava encontrando razões para estar longe dela quando ele não tinha antes.
A cópia de A Ilha do Tesouro que seu pai lhe dera no Natal do ano anterior estava aberta em seu colo. Mas ela não conseguia se concentrar. Ela desejou que Jake não tivesse escolhido essa noite em particular para deixá-la sozinha. Estava muito quieto, sem os homens ao redor, e ela achou seus pensamentos vagando assustadoramente mais e mais vezes para Brett.
Como sempre, foi a rica tonalidade de seus olhos azuis que vieram para ela primeiro. Em mais de uma ocasião, ela sentiu-se cair na profundidade daqueles olhos hipnotizantes. Então ele sorria e ela se perdia, o mundo se estreitando até que eram apenas os dois.
Mesmo quando estavam cercados por pessoas, ela só via Brett. Brett e seus olhos azuis. Celestes.
Na noite em que ele a levou para a cidade para assistir a uma peça, ela usara um vestido de seda que combinara perfeitamente com a sombra de seus olhos. Ele parecia tão bonito em seu terno preto conforme eles tinham passeado através do lobby opulento, lustres de cristal refletindo o gás.
Ele a escoltou até um camarote particular na varanda. Seus olhos haviam estado sobre ele quando ela se sentou. Assim que ela se sentou, ela se levantou e se virou. Sentado na cadeira estava um pequeno pacote embrulhado, combinando com as cores do camarote.
Ela o pegou, sentou e começou a desembrulhar. — O que é?
Ele riu, o barulho ecoando pela varanda. — Se eu quisesse que você soubesse de imediato, eu não teria tido o trabalho de tê-lo embrulhado.
Dentro, ela tinha encontrado um colar, com diamantes e safiras mais deslumbrantes do que qualquer coisa que ela já tinha visto.
— Onde no mundo você conseguiu isso?
— No Royal Flush.
— Você o ganhou em um jogo de pôquer? — Ela perguntou, espantada.
— Não. Eu ganhei dinheiro em um jogo de pôquer.
— E você gastou em mim?
— Em quem mais eu vou gastar?
Seu pai pagava um salário justo, mas que não permitia luxos. Ela tinha pensado em todas as coisas que Brett poderia ter comprado para si mesmo. Ela se sentiu tão preciosa quanto as jóias porque ele preferira comprar algo para ela. Ele colocou o colar ao redor de seu pescoço, então usou seus dedos para esboçá-lo ao longo de sua carne, seus dedos se desviando para as curvas expostas de seus seios.
— Eu certamente gosto deste vestido — ele disse, sua voz baixa e profunda, enviando arrepios correndo por sua espinha. — Algum dia, Rebecca, você vai me ter da maneira que você usa este vestido, sobre seu corpo, e eu vou fazer com que você tenha uma sensação muito mais aprazível do que a da seda.
As cortinas se abriram. Ele tinha deslizado a mão sob o cabelo dela, esfregado o pescoço dela, movido seus dedos ao redor para provocar sua garganta, seus ombros, os lugares sensíveis atrás de suas orelhas. Boa parte de Hamlet tinha sido perdida para ela.
E agora Brett também estava perdido para ela. Ela fechou o livro, colocando-o no sofá e saiu da casa.
A escuridão a cercava e uma brisa quente assobiava entre as árvores espalhadas. O bebê se moveu. Ela adorava essa pequena vida crescendo dentro dela, essa pequena vida que ela criara com Brett. Durante o resto de seus anos, ela ficaria grata a ele por deixar parte de si mesmo com ela.
Ela perguntou-se se Jake, se qualquer homem, podia realmente amar o filho de outro como se fosse seu. Ela saiu da varanda, sentindo uma forte necessidade de estar com Jake naquele momento, esperando que ele entendesse. Ela atravessou o quintal estreito até o celeiro, percebendo que não tinha ideia de onde ele estava. Ela entrou no celeiro, aliviada ao ver o seu garanhão castanho satisfeito na baia. Ela estava espiando as baias, se perguntando onde ele poderia estar, quando ouviu o som enérgico de madeira sendo lixada. Indo para a entrada da sala dos fundos, onde os suprimentos extras eram mantidos, ela o viu sentado no chão, do modo índio. Ele estava lixando e soprando um pedaço de madeira curvada, segurando-a para inspecioná-la, então começando o processo novamente.
— O que você está fazendo? — ela perguntou.
Suas palavras o assustaram e ele saltou. Não querendo irritá-lo, Rebecca jogou uma mão na boca para sufocar o riso. Ele colocou uma mão sobre o coração.
— Você quer ser viúva? Jesus, você quase fez meu coração parar de bater.
— Eu sinto muito. — Mas a risada em sua voz deixou sua desculpa insincera e ele perfurou-a com os olhos estreitados. — Eu realmente sinto muito, eu estava apenas... me sentindo sozinha.
Ele apontou para um banco pequeno no canto. — Quer sentar aqui?
— Você não se importa?
— É melhor que você se esgueirar em mim — ele disse com irritação na voz, mas um sorriso em seus olhos.
Ela se sentou no banquinho. — Você nunca vai para a cidade com os homens — disse ela.
Ele ergueu a cabeça de sua tarefa para olhá-la cautelosamente. — Eu sou um homem casado.
— Mas mesmo antes disso, eu não me lembro de ter visto você ir.
Ele encolheu os ombros e voltou a lixar a madeira. — Um homem gasta dinheiro na cidade no sábado à noite. Eu estava economizando meu dinheiro para este lugar.
Ela colocou as mãos entre os joelhos. — Você acha que os homens estão visitando aquela casa grande à margem da cidade?
— Provavelmente — ele respondeu sem olhar para cima ou parar seu trabalho.
— Você... você já foi a um... um bordel?
Os olhos dele foram erguidos para prender os dela. As bochechas dela estavam ruborizadas, e ele sabia que ela estava tendo um momento infernal ao continuar mantendo contato visual com ele.
— Uma vez... há muito tempo.
— Apenas uma vez?
Ele deu um ligeiro encolher de ombros. — Eu não gostei do modo que eu me senti com isso.
Ela se inclinou para frente, os olhos arregalados, descrente. — Você não gostou do jeito que você se sentiu?
Agora o rubor percorreu o rosto dele, e ele foi o único tendo um momento infernal ao continuar mantendo contato visual.
— Ah... não... quero dizer... eu gostei daquilo... foi do que aconteceu depois que eu não gostei... eu não gostei de sentir que tinha que pagar a uma mulher para ela me querer.
— Ahh. — Ela se recostou, balançando a cabeça como se entendesse. — Entendo. — Suas sobrancelhas se juntaram. — A maioria dos homens não se importa, não é?
— Creio que não. — Ele voltou a lixar a madeira, esperando que fosse o fim desse assunto.
Rebecca permitiu que seu olhar vagasse pela sala. Arreios penduravam-se sobre pinos nas paredes. Uma sela em necessidade de reparo estava em um canto. À exceção das caixas e das variadas coisas sem grande utilidade empilhadas aleatoriamente na parte traseira, a sala estava limpa e ordenada, deixando um amplo espaço para que um homem trabalhe.
Ela voltou sua atenção para Jake, que estava com a cabeça inclinada enquanto trabalhava. Ele enrolou as mangas, expondo os antebraços. Eles eram firmes, mesmo quando ele os relaxava, um produto do trabalho árduo. Ele ergueu o braço, enxugando o suor de sua testa com a manga da camisa. Ela inclinou a cabeça, para um lado, em seguida, para o outro retratando-o em um terno preto. Ele precisaria usar marrom.
— Você já assistiu uma peça?
— Uma vez. — Um brilho provocante apareceu em seus olhos, e ele inclinou para cima um canto de sua boca. — Há muito tempo.
Ela sorriu e se inclinou para frente. — Você gostou da maneira que isso fez você se sentir?
— Suponho que me fez rir um par de vezes, me deixou triste por um tempo, mas no final, me fez sentir bem. Você gosta do jeito que as peças te fazem se sentir?
Ela sentiu o calor do rubor em suas bochechas e acenou com a cabeça, com medo de que se ela tentasse falar sua voz soaria rouca e trairia seus sentimentos. Ela realmente gostou da maneira como se sentira quando assistiu à peça com Brett.
Jake estudou-a por um minuto e depois voltou a lixar a madeira, coisa pelo qual ela ficou grata. Ela tinha vindo aqui para tirar sua mente de Brett, e sua conversa com Jake tinha provocado o efeito oposto. Ela estava mais uma vez lembrando a sensação da presença de Brett ao lado dela, o toque de seus dedos. Ela sacudiu os pensamentos e tentou imaginar como seria assistir a uma peça com Jake. Ele, sem dúvida, a deixaria em paz para apreciar o desempenho encenado. Por alguma razão, esse pensamento a deixou decepcionada.
Ela observou como ele movia suas mãos grandes sobre a madeira. Ela sabia por experiência que seus dedos longos eram quase tão ásperos quanto a lixa. E ainda assim a lixa não deixou nenhuma evidência de sua grosseria. Em vez disso, a madeira parecia lisa e polida como se tivesse sido acariciada. Ela percebeu que Jake estava realmente acariciando a madeira, tocando-a levemente, tomando muito cuidado para garantir que a textura áspera da lixa não causasse danos. Seus movimentos deliberados criaram um som raspante que era tão reconfortante quanto qualquer canção de ninar.
— Você não tinha dito que não era um carpinteiro muito bom?
— O que?
— Na noite em que você pregou a colcha, você disse que não era um carpinteiro muito bom.
Ele apontou o pedaço de madeira para ela. — Eu disse que você podia sentar, não falar.
A inesperada severidade em sua voz deixou suas emoções cambaleando. Ela endireitou as pernas, ergueu os pés e voltou a colocá-los no chão.
Assentindo com a cabeça, os olhos grandes e redondos como os de uma colegial castigada, ela virou o rosto. Inclinando-se, ele tocou seu joelho. — Me desculpe — ele disse suavemente.
Balançando a cabeça, ela manteve o rosto virado. — Está tudo bem, é só porque estou grávida.
Ela esfregou as pálpebras fechadas, esperando que quando olhasse para ele, ele não soubesse que lágrimas brotaram em seus olhos. Às vezes ela se sentia como uma nuvem de chuva preta e pesada que poderia estourar um aguaçeiro inesperadamente a qualquer momento.
— Era suposto ser uma surpresa, mas eu vou te mostrar agora se você quiser — Jake disse.
Sua cabeça girou, as lágrimas não derramadas encheram seus olhos, e um grande sorriso enfeitou seu rosto, derretendo o coração dele. — Uma surpresa?
Ele lhe devolveu o sorriso antes de se levantar para arrancar suprimentos do caminho. Ele puxou uma cadeira de madeira. Os olhos dela voaram da cadeira para o pedaço de madeira esculpida em que ele estava trabalhando. — Uma cadeira de balanço? — Ela perguntou.
— Eu pensei que uma mãe deveria ser capaz de balançar seu bebê.
— Oh, Jake — ela sussurrou, seus dedos pressionados levemente em seus lábios. Ela tocou amorosamente as costas da cadeira, os eixos delicadamente esculpidos se arrastando para baixo. Então ela passou a mão sobre os braços antes de pressionar a palma da mão no assento. — Você fez tudo isso?
— Não é... — O olhar nos olhos dela cortou suas palavras.
— Se você disser que não é muito, eu vou bater em você.
Ele sorriu para ela.
— É a coisa mais linda que já vi — ela disse. — Por que você me fez pensar que você não tinha nenhuma habilidade de carpintaria?
— Eu comecei a planejar isso antes de sairmos de Kentucky. Achei que a surpresa seria mais divertida se você não estivesse esperando nada.
— E foi?
— Sim, mas isso não é tudo.
Maravilhada, ela olhou para ele. — O que mais você tem feito?
Ele tirou mais obstáculos do caminho antes de voltar para ela, segurando um pequeno berço de madeira. Ele o colocou aos seus pés. Ela caiu de joelhos e ele se ajoelhou ao lado dela.
— Eu fiz os fundos curvos para que você possa balançar o bebê aqui se você quiser.
Ela inclinou o berço e o soltou, observando-o balançar para frente e para trás. Mas foi a pequena cabeceira que a fascinou. Intrincados mustangs esculpidos a adornavam. Com espanto, ela esboçou um dos cavalos que erguiam suas pernas traseiras.
— Você moldou tudo isso? — Ela perguntou, impressionada.
— Eu não sabia o que pôr sobre ele. Eu queria algo que seria bom se você tivesse um menino ou uma menina e então eu imaginei que com seu amor por cavalos, seu filho seria obrigado a amá-los também. Mas se você quiser, eu posso refazê-lo se o bebê for uma menina e você quiser algo um pouco mais delicado.
Espantada, ela disse: — Jake, você tem alguma ideia de quantas coisas boas me foram dadas ao longo dos anos, quantas coisas caras? E nenhuma delas é tão valiosa como isto, é tão obviamente de seu coração. — Ela fechou os olhos bem apertado para conter as lágrimas, mas elas estouraram de qualquer jeito. Suas mãos voaram para cobrir seu rosto enquanto ela soltava um soluço alto.
Os braços dele a rodearam. — Isso não deveria fazer você chorar.
— Você é bom demais para mim, me dá tudo e eu não lhe dou nada.
— As pessoas casadas não devem ter um registro do que elas fazem umas pelas outras, Reb. Tudo se compensa no final. Aqui. — Ele se afastou, enxugando as lágrimas de seu rosto. — Pare de chorar e eu vou terminar a cadeira para que possamos levá-la para dentro de casa e você possa experimentá-la.
Ela assentiu com a cabeça e voltou a sentar-se no banquinho, observando o amor e o cuidado que ele depositava em seu trabalho, se perguntando se havia um limite para o quanto ele poderia dar.
Oito
John Reading, de dez anos de idade, desacelerou seu cavalo galopante até um trote. Ele não queria assustar o gado que o Sr. e a Sra. Burnett estavam agrupando. Crescendo em um rancho, ele estava familiarizado com os perigos que uma vaca assustada poderia desencadear. O temperamento de seu pai era um deles se algum de seus meninos fosse culpado por uma debandada.
Reconhecendo seu dilema, Jake e Rebecca afastaram-se dos poucos strays sem marca que pastavam. O menino estava rindo tão forte que temiam que ele caísse de sua sela.
— Mamãe disse que vocês devem vir agora mesmo! — Ele gemeu, apertando um punho fechado com força em seu estômago. — É a coisa mais engraçada que eu já vi! Gansos voaram e começaram a comer o milho de papai no campo. O irritou tanto que ele jogou o milho que ele estava molhando em uísque. Os gansos o comeram! — Ele inalou profundamente. — Agora, eles estão tão bêbados que não podem voar! Eles estão agindo como Matthew fez na última vez que ele foi para a cidade, e mamãe disse que nós temos que pegá-los e comê-los antes deles vomitarem como Matthew fez! Mamãe disse “Não importa que vocês tenham trabalho para fazer. Vocês devem vir!” — Ele partiu sem esperar por uma resposta. Ele tinha outras quatro fazendas para visitar e ele queria voltar enquanto os gansos ainda estavam batendo as asas. Além disso, quando mamãe dizia que se fizesse alguma coisa, era feita.
Jake olhou para Rebecca. — Ela nem mesmo pediu.
— Isso faria diferença?
— Suponho que não. Vamos levar essas vacas para Zach, para que ele possa marcá-las, e vamos reunir o resto dos homens e ir para lá.
?
Inclinando-se contra Jake, Rebecca limpou as lágrimas dos olhos. Eles haviam parado na casa e ela colocou um vestido de algodão azul claro. Ela não desejava que Carrie ou qualquer um de seus outros vizinhos visse a roupa atroz que ela usava quando ela cavalgava num cavalo nos dias de hoje. Ela e Jake haviam entrado no vagão, alguns dos homens se juntando a eles. Outros, ansiosos para ver os gansos bêbados, optaram por montar em seus próprios cavalos para que pudessem chegar ao Triple Bar mais rápido.
— É a coisa mais engraçada que eu já vi — Rebecca coroou e Jake pensou que ele teria que segurá-la. Ele não conseguia se lembrar de tê-la visto rir tanto.
Crianças atrevidas corriam atrás dos gansos que não se lembravam mais de como voar além de ter que bater as asas. Os gansos emitiram sons confusos e buscaram o auxílio dos pés espalmados que não os levavam aonde queriam ir. Crianças menos ousadas estabeleceram-se para pegar os gansos que haviam desmaiado no campo. Alguns dos adultos estavam girando os gansos nos espetos sobre as chamas.
Como Carrie conseguiu se preparar em tão pouco tempo para tantas pessoas estava além da compreensão de Rebecca, mas ela se preparou e todos se sentiram bem-vindos. As mesas foram montadas com bancos, colchas foram espalhadas sob as árvores. Havia até sacos de serapilheira recheados com penas de ganso para quem quisesse para colchões ou travesseiros.
Quando a refeição foi terminada e todos os dedos gordurosos foram lambidos ou lavados, Carrie anunciou que os garotos queriam ter um torneio. Rebecca estava parada perto de Zach quando a proclamação foi feita. Ela olhou para ele, erguendo uma sobrancelha.
— Um torneio?
— Eles tiveram um no piquenique do quatro de julho. Foi bastante interessante. — Ele deu um passo para mais perto, saboreando a oportunidade de estar perto dela. — Os meninos fingem que são cavaleiros antigos tentando ganhar a mão de uma donzela. Vê as estacas que Michael está colocando?
Rebecca assentiu quando viu Michael empurrar uma estaca no chão a cada dezoito metros ou mais. Cada estaca tinha o comprimento de um braço estendido e mantinha um aro.
— Os meninos usam lanças de madeira para tirar os aros das estacas. Cada um recebe vários passes e alguém mantém o número de aros que cada garoto consegue pegar e manter em sua lança. Aquele que obtiver o maior número é proclamado o cavaleiro campeão e tem a honra de escolher uma rainha.
Um atrás do outro, os jovens se alinharam em seus cavalos, Frank entre eles. As pessoas se reuniram em ambos os lados do trajeto de noventa e um metros onde os cavalos correriam.
Matthew Reading galopou para o centro da trilha com um punho fechado com força levantado e fez o primeiro anúncio com uma voz clara e profunda. — Cavaleiro do Triple Bar, avante!
Luke Reading baixou a lança, estimulou seu cavalo e galopou pela trilha. Ele deixou cair o primeiro aro no chão, ganhou o segundo. Ele galopou para o terceiro, enganchou o aro, mas ele deslizou pela lança. Ele continuou o caminho até o fim, perdeu os dois últimos aros, depois se virou e galopou para Matthew, apresentando-o o aro solitário que conseguiu manter em sua lança. Carrie escreveu o número e Michael pendurou os aros de novo nas estacas.
Matthew fez o próximo anúncio — Cavaleiro do Rocking R, avante! — E Frank decolou, conseguindo pegar todos os aros ao longo do caminho com a sorte de principiante.
Mais do que qualquer outra coisa, Jake gostava de ver sua esposa quando ela estava apreciando algo. O rosto dela estava iluminado, seus olhos analisando tudo o que estava acontecendo diante dela. Lentamente, ele abriu caminho através da multidão para ficar atrás dela. Deslizando seus braços ao redor dela, ele aproximou a boca de sua orelha. — Não.
O sorriso de Rebecca aumentou. Ela girou ligeiramente, colocando o dedo no peito dele. — Assim que este bebê nascer, Jake Burnett, eu vou fazer isso.
Ele riu. — Não seria justo para os meninos. — Ele baixou a voz. — Você sabe que você ganharia.
Ela voltou a rir. — Em privado, então. — Ela se recostou contra ele. — Mas eu vou fazer isso, de um jeito ou de outro.
Jake olhou para Zach. — Você devia vê-la quando ela não está cavalgando por dois. Esses meninos não teriam chance.
Os cavaleiros cavalgaram pela trilha três vezes. Quando os números foram somados, Frank foi declarado o Cavaleiro Campeão e lhe foi dado o privilégio de escolher alguém para ser sua Rainha. Procurando entre a multidão, ele avistou a mulher que queria e o sorriso dele cresceu. Agora era sua oportunidade de fazê-la se sentir especial. — Ruth Reading!
Ruth gemeu. Somente por causa da persistência de sua mãe, ela avançou para receber um beijo de Frank. Frank não sabia que ele deveria beijá-la. Ele decidiu que estava sendo oferecida a ele a oportunidade ideal para mostrar a Ruth que ele era realmente um homem, e não um garoto desengonçado. Segurando-a em seus braços, ele a inclinou para trás, com a intenção de impressioná-la com seu abraço romântico. Mas assim que seus lábios atingiram os dela, ele perdeu o equilíbrio e ambos caíram no chão.
Jake abaixou a cabeça movendo-a lentamente de um lado para o outro. Rebecca cobriu o rosto com as mãos. Zach se afastou, rindo.
?
A escuridão de veludo desceu sobre a terra e as pessoas se juntaram ao redor das fogueiras. Eles cantaram baladas e ouviram contos. Rebecca ficou sentada ao lado de Jake, sua mão na dele.
Zach inclinou-se contra uma árvore e observou enquanto Jake dizia algo a Rebecca, algo que a fez sorrir. Ela inclinou a cabeça e disse algo a ele. De todos os casais sentados diante das chamas dançantes, Rebecca e Jake pareciam ter o máximo de coisas para dizer um ao outro, e Zach estava fascinado observando a facilidade com que Jake poderia trazer um sorriso para o rosto dela. Os dedos de Jake se espalharam pelo topo do estômago de Rebecca. Zach viu uma suavidade passar por seus rostos simultaneamente, e ele soube que eles sentiram o bebê se mover. Ele pisou no monstro verde que ameaçava governá-lo. Ele odiou Jake quando era criança porque um filho não devia odiar seu pai. Ele não o invejaria agora porque ele estava casado com Rebecca. Ele se afastou da árvore e caminhou para a noite.
Sentado longe do fogo, Frank se perguntou o que ele poderia fazer para fazer Ruth gostar dele, para fazê-la querer estar com ele. Ele tinha a intenção de impressioná-la com seu beijo naquela tarde. Bem, ele certamente a impressionou, mas não da maneira que ele pretendia. Ele queria que ela tomasse conhecimento dele e ela certamente tomou quando ele a deixou cair antes de cair sobre ela. Ele tinha feito de si um verdadeiro tolo e ele nem tinha bebido. Solenemente, ele foi buscar seu cavalo. Não havia nada para ele aqui.
?
Deitando na cama, segurando um buttonhook[8], Rebecca estendeu um pé, batendo as pestanas várias vezes. — Por favor?
Jake tirou o buttonhok da mão dela e ela pressionou o pé contra a coxa dele. Ele tinha coxas tão firmes. Ela observou seus dedos lutando com os botões no sapato.
— Por que eles tornam essas coisas tão pequenas? — ele perguntou.
— Eu não sei. Deixe-me fazer isso — ela disse enquanto se inclinava para o buttonhook.
Ele se esquivou. — Não, eu vou fazer isso.
Ela se deitou, descansando nos cotovelos. — Eu desfrutei de hoje.
— Eu pude ver. Eu não acho que já vi você rir tanto. Lamento por Frank, no entanto.
Rebecca suspirou. — Eu queria que ele deixasse Ruth em paz. Ela obviamente não está interessada nele.
Jake puxou o sapato e o deixou cair no chão. Ela esfregou o pé para cima e para baixo de sua coxa, desfrutando da sensação de seus músculos endurecidos contra o peito do pé. A mão dele pousou sobre o pé dela, acalmando suas ações. Ela olhou para o olhar intenso dele, imaginando no que ela estava pensando, percebendo que ela não esteve pensando.
— Eu vou cuidar do outro — ela chiou antes de clarear a garganta.
— Eu vou fazer isso — disse Jake enquanto batia na coxa.
Ela baixou um pé no chão e o substituiu pelo outro. Seus olhos deixaram os dela para se concentrar em sua tarefa. Ele deixou cair o segundo sapato no chão e pressionou o pé contra sua coxa.
— Você precisa esfregar este? — Ele perguntou, seu olhar intenso voltado para ela.
Ela fechou os olhos, tentando pensar. Para respirar, ela teve que colocar ar em seus pulmões e depois soprá-lo. Ela poderia fazer isso. Ela abriu os olhos e ele recuou, o pé caindo no chão.
— Talvez outra hora — ele disse. Ele se virou, respirando profundamente.
— Jake?
Voltando-se, ele lhe deu um pequeno sorriso. — O que?
— Me desculpe — ela sussurrou. — Eu não deveria ter...
Inclinando-se para baixo, ele tocou sua bochecha. — Não se desculpe. Parcerias não são fáceis.
— Mas nós devemos ter um casamento.
— Talvez algum dia possamos.
— Eu sou sua esposa. Você tem o direito...
Rapidamente, ele pressionou o dedo contra seus lábios, silenciando suas palavras. — Deus, Reb, não consigo pensar em nada que seja mais degradante para qualquer um de nós.
— Você não quer?
— Você quer?
— Eu não sei — ela respondeu honestamente.
Uma batida na porta fez com que ambos saltassem. Jake deu-lhe um pequeno sorriso antes de passar pela colcha, indo para a porta. Rebecca o seguiu, perguntando o que exatamente ela queria.
Jake ergueu a barra e abriu a porta um pouco. Ele olhou para fora e depois conduziu Zach até o interior da casa.
?
— Lamento incomodar vocês tão tarde — Zach começou — mas vindo para casa, eu cruzei com o cavalo de Frank, ainda selado, a cerca de uma milha daqui. Parecia como se ele tivesse tido uma cavalgada bastante dura.
Rebecca aproximou-se de Jake e ele colocou o braço em volta dela, a mão apoiada na parte inferior de suas costas. Zach se perguntou se esses dois eram conscientes do quanto eles se tocavam.
— Eu tomo por isso que Frank não está no barracão — disse Jake.
— Não. Ninguém o viu desde que ele partiu dos Readings.
Jake soltou um profundo suspiro. — Se Ethan machucou esse menino, ele e eu nos resolveremos em um acerto de contas.
— A fila começa atrás de mim — disse Zach.
Jake assentiu com a aceitação dos sentimentos de Zach, sabendo, no entanto, que se Ethan estivesse envolvido, ninguém chegaria a ele antes de Jake. — Vá buscar os homens. Vamos nos dividir em grupos e buscá-lo.
Os dois homens saíram da casa sem mais uma palavra e Rebecca foi trocar de roupa. Momentos depois, ela saiu da varanda, fechando a porta atrás dela.
— Onde diabos você acha que está indo? — Uma voz áspera soou e ela se virou para enfrentar Zach. Seu rosto estava em linhas rígidas, seus lábios pressionados tão fortemente juntos, quase invisíveis, seus olhos castanhos quase pretos.
— Eu vou com vocês — disse ela.
— O inferno que você vai.
Ficando surpresa, Rebecca declarou calmamente: — Zach, você está ultrapassando seus limites nisso.
Zach virou-se para Jake. — Diga a ela que ela não vai — ele exigiu.
Jake entregou as rédeas a sua esposa. — Porque eu faria isso? — Ele perguntou enquanto ele a ajudava a montar. — Ela é o melhor rastreador que conheço.
Os três saíram cavalgando juntos. A ausência de uma lua foi um obstáculo à medida que seus cavalos avançaram. Tudo o que podiam ver era o que os cercava — um abismo negro. Jake e Zach, cada um, segurava uma lamparina que os ajudava na busca tanto quanto a lua. Nenhuma brisa sussurrava em toda a terra para trazer-lhes qualquer perfume, o uivo ocasional de um coiote levantava os cabelos finos na parte de trás do pescoço deles. A busca pelo desaparecido Frank parecia um caso sem esperança de sucesso, mas cada cavaleiro estava igualmente relutante em voltar atrás.
Rebecca estendeu a mão para tocar o braço de Jake. — Por ali. Eu acho que vejo brasas ardentes.
Jake apertou os olhos para a escuridão. — Eu acho que você está certa. Vamos verificar.
Zach olhou na direção em que ambos olhavam e tudo o que pôde ver foi a escuridão.
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Frank deitou no sólido chão, as mãos amarradas nos tornozelos, os tornozelos atados juntos. Ele não tinha sido corajoso, mas ele não achava que ele também tinha sido um covarde. Que homem não teria reagido da maneira que ele tinha nessas circunstâncias?
Problemas haviam vindo na forma de cavaleiros galopando, brandindo tochas, gritando e disparando disparos aleatórios que zumbiram tão perto dele que ele esteve certo de que eles eram destinados a seu corpo descarnado. Ele havia instado seu cavalo a galope de volta para o Rocking R, mas ele sabia que suas ações seriam inúteis. Ele ouviu o assobio do laço antes que o círculo da corda se fechasse ao redor dele, prendendo seus braços ao corpo. Seu cavalo continuou galopando em direção ao rancho quando Frank foi arrancado da sela pelo mestre implacável da corda. O ar foi dolorosamente expulsado de seus pulmões enquanto seu corpo fazia contato com o chão duro. Descendo sobre ele como abutres famintos, os homens amarraram suas mãos diante dele e arrastaram mais do que o conduziram de volta ao acampamento deles.
O pequeno acampamento deles tinha uma aparência temporária. Uma fogueira no meio estava aquecendo um ferro de marcação. Frank pensou enquanto observava o metal brilhando, que era uma horrível e estranha hora de criar um ferro de marcação para gado. À luz da fogueira, ele notou que todos os homens estavam usando suas bandanas colocadas sobre o nariz e se perguntou se eles eram ladrões de gado.
Um dos homens desmontou e começou a desatar suas mãos. — Conseguimos um inconformista aqui — ele disse com uma voz raspada que parecia que alguém tinha esfregado sua garganta com uma escova de cerdas duras.
O homem mais próximo do fogo levantou o ferro quente das chamas e disse: — Então, acho que seria melhor que nós o marcássemos.
O impacto total dessas palavras atingiu Frank como um bucking bronco[9]. Gritando sua maldição habitual, ele conseguiu se libertar. Sua pitada de liberdade foi interrompida quando um homem perto do fogo lançou uma corda giratória e o laçou. O riso ecoou ao redor dele enquanto os homens o amarravam, abaixavam suas calças e aplicavam a marca quente e ardente na sua carne macia e jovem. Seu agonizante grito alagou o ar noturno.
E agora, com a parte traseira ainda trazendo lágrimas aos olhos dele, ele estava deitado sozinho pensando no que ele iria fazer para sair desta situação injusta, esperando que aqueles coiotes uivantes não tivessem fome, desejando ter ficado no Rancho dos Reading. A censura de Ruth não havia machucado seu orgulho tanto quanto os golpes que acabavam de ser entregues a ele.
Ele viu a luz cintilante de lamparinas, ouviu os cavaleiros e, rezando para que não fossem os homens retornando, levantou a cabeça para ver melhor. Maldito seja, era Rebecca.
— Oh, Frank! — Rebecca lamentou com lágrimas em seus olhos quando o viu.
— Afaste-a de mim! — ele gritou. Ele olhou implorante para Jake quando o homem se ajoelhou ao lado de Rebecca e começou a cortar as cordas. — Eu estou exposto!
— Relaxe, Frank — disse Rebecca enquanto passava os dedos pela testa dele. — Eu já vi suas costas nuas antes.
— O inferno que você viu! Eu juro, Jake, nunca mostrei nada a ela!
Zach agachou-se, intrigado. Se ela tinha visto Frank ou não, ela tinha o jovem tão chateado que ele não estava prestando atenção aos cuidados que agora ela estava concedendo cuidadosamente a ele.
— Claro que você mostrou. No cocho do Lazy A — explicou Rebecca.
Os olhos de Frank se arregalaram.
— É verdade — ela disse enquanto examinava cuidadosamente o traseiro dele. — Quando vocês supostamente deveriam estar observando os rebanhos, vocês se esgueiravam quando ficavam com muito calor para nadar no meu cocho.
— Como você sabia? — Frank perguntou, tentando desesperadamente lembrar-se de tudo o que tinham dito e feito. Inferno, os homens podem dizer ou fazer qualquer coisa se acharem que nenhuma mulher está por perto.
— Porque eu estava me banhando lá primeiro e tive que sair quando o seu grupo apareceu. Então eu decidi ficar e assistir o show.
— Isso foi tudo o que você fez? — perguntou Frank. — Assistir?
— Não. Eu também escutei. E você sabe aquela história que Lee contou sobre essa mulher contorcionista com quem ele disse que ele estava dormindo?
Duas maldições duras foram pronunciadas imediatamente, e Zach trabalhou duro para sufocar seu riso, fazendo uma nota mental para perguntar a Jake sobre essa história em particular.
— Eu não acreditei em uma palavra daquilo — Rebecca disse. Ela se virou para Jake. — Eu acho que devemos cortar a parte de trás das calças dele e levá-lo para casa. Eu posso atendê-lo melhor lá.
— Mas estas são as minhas melhores calças! — Frank lamentou.
— Eu vou comprar outro par para você — disse Jake enquanto realizava a tarefa antes deles começarem a longa jornada de volta.
?
Rebecca cuidou da queimadura de Frank e depois voltou para casa enquanto Jake tomava um tempo para conversar com os homens que retornavam. Ela sentou-se na cama, as pernas cruzadas, o estômago pronunciado. Ela ouviu Jake entrar e viu a sombra criada pela luz diante da colcha, mas ele não se deitou.
— Ainda somos amigos? — Ela perguntou enquanto parava diante do sofá onde ele estava sentado, os cotovelos nos joelhos, os ombros recostados, a cabeça inclinada. Ele levantou a cabeça rapidamente.
— Por que diabos não seríamos?
— Por causa do que eu fiz mais cedo quando você tirou meus sapatos... as coisas que eu disse.
Inclinando-se para a frente, ele pegou a mão dela e puxou-a para o sofá. Ele deitou a cabeça dela na curva do seu pescoço com o ombro.
— Nós estaríamos em um estado lamentável se a nossa amizade fosse tão frágil. Nosso casamento não aconteceu como o da maioria. Mas eu não mudei minha opinião sobre qualquer coisa que eu disse quando pedi que você se casasse comigo. — Jake esfregou uma mão na coxa e depois disse suavemente: — Não se ofenda com o que eu vou dizer. — Ele olhou para ela, e ela estava olhando para ele com tanta preocupação que tudo o que ele queria fazer era aliviar as linhas de preocupação entre suas sobrancelhas. — Você esteve com um homem... um homem que você ama. Imagino que não há nada mais fino do que quando duas pessoas se amam. — Ele moveu uma mão lentamente pelo ar, como se fosse uma manta cobrindo dois amantes. — O que eu tenho para te oferecer... não será tão bom... então deve ser o que você quer.
— Parece tão injusto para você.
Ele balançou a cabeça. — Você foi sincera comigo sobre seus sentimentos quando eu pedi que você se casasse comigo. Não tenho motivo para me queixar. Além disso... o inverno está chegando em breve e você pode começar a ganhar seu sustento.
Rebecca colocou a mão em sua circunferência expandida. — De alguma forma, eu não acho que vou combinar muito com a atmosfera enérgica da primavera.
— Chegará perto o bastante para me manter feliz.
Ela se aconchegou mais perto. — Você é um bom amigo, Jake. Sempre foi.
Ele pressionou os lábios no topo de sua cabeça. — Zach e eu vamos sair à primeira luz e ver se podemos descobrir o que estava acontecendo esta noite.
— Prometa-me que você terá cuidado. Homens que fariam isso com Frank são capazes de fazer qualquer coisa.
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Jake agachou-se diante das cinzas observando enquanto o vento pegava e rodava os restos secos da fogueira. Ele ergueu o ferro que tinha sido aquecido para um brilho vermelho e pressionado contra a parte traseira de Frank. Uma fonte de raiva, suprimida por muito tempo, jorrou.
— É uma imitação pobre — ele disse, sua voz severa.
Zach se ajoelhou ao lado dele, seus olhos estudando o objeto ofensivo.
— Suponho que escolheram sua marca para fazer um ponto.
Jake acenou com a cabeça enquanto lentamente girava a haste do marcador. — Eu não acho que Frank foi procurado — acrescentou Zach. — Eu acho que ele simplesmente foi o desafortunado que passou. Quem fez isso provavelmente preferiria alguém que não fosse um dos seus homens.
— Senhor, eu estou pensando em John Reading andando por todo o lugar, rindo, dizendo às pessoas sobre esses gansos. E se eles tivessem encontrado com ele primeiro?
Jake deixou cair a cabeça perguntando-se se ele tinha a culpa. Alguém estava fazendo uma declaração contra ele, sua cerca? Ou os homens que haviam atacado Frank apenas eram bastardos com nada melhor para fazer do que assediar pessoas decentes? Jake olhou para a distância. Eles não encontraram uma coisa para dizer-lhes quem era responsável. E, no entanto, ele não podia deixar de sentir que, de alguma forma, Ethan estava envolvido.
Ele tinha doze anos na primeira vez que Ethan havia dito a todos que pudessem ouvir, as coisas cruas que sua mãe tinha feito com homens por dinheiro. Ele deu um golpe no peito de Ethan; Ethan respondeu batendo seus punhos duros no rosto de Jake. A crista levantada na ponte do nariz e algumas cicatrizes nas costas dos cílios que ele havia recebido do cinto de Truscott serviram de lembrete daquele dia. Ethan não recebeu nenhuma cinturada. A lição a ser aprendida foi virar a outra bochecha. Isso fez com que Jake risse, pois ele não conseguiu se deitar sob nenhuma das duas bochechas por uma semana.
Outras brigas haviam seguido, Ethan sempre reivindicando vitória. Até o dia em que colocaram Thomas Truscott no chão. Jake tinha batido os punhos em Ethan até que o homem não conseguiu se mover, até que não pudesse haver dúvida de quem ganhara. Mas, de pé sobre Ethan com os punhos ensanguentados, ele sentiu como se ele não tivesse ganhado nada. Ele não encontrou vitória, nem orgulho, apenas vazio.
— O que aconteceu com Lisa Sue? — Jake perguntou calmamente, voltando o olhar para Zach.
Sua cabeça girou tão rápido que Jake ouviu o pescoço dele estalar. — Lisa Sue?
— Achei que vocês dois gostavam um do outro.
Zach se ergueu levantando pó e sacudiu-se jogando o pó no vento, observando-o navegar até que não fosse nada. Ele encolheu os ombros. — Ela não estava muito interessada em se casar com um homem que não tinha nada a oferecer. Eu disselhe que eu viria por ela uma vez que nos acomodássemos aqui, uma vez que eu soubesse que podíamos fazer algo aqui. Três meses depois, ela se casou com Joe Raskins.
— Joe Raskins?
O olhar de horror no rosto de Jake fez Zach rir. Era a primeira vez que ele pensava em Lisa Sue sem se machucar.
— Bom Deus. Se ela não se casaria com você, pelo menos ela não precisava se rebaixar à Joe Raskins. A menos que ele mudou consideravelmente desde que eu o conheci.
Zach balançou a cabeça, os olhos cintilando. — Ele é o mesmo que era quando nós fomos para a escola com ele. Obnóxio como o inferno. O único conforto que consegui de saber que ela se casaria com ele foi saber que não demoraria muito para ela se arrepender. Mas então... depois de um tempo, esse pensamento também não me trazia conforto. Eu a amei. Odeio pensar que ela passará o resto de sua vida infeliz.
— Porque eu consegui a terra e você conseguiu as dívidas?
A expressão de Zach se endureceu. — Eu não me ressenti de você por conseguir a terra. Eu acho que cada golpe do cinto dele comprou para você um acre de terra. Não, do que eu me ressinto é dele ter nos enterrado em dívidas até nossos pescoços e não ter deixado uma pá para cavarmos uma saída.
— Sinto muito por Lisa Sue.
Zach forçou um pequeno sorriso. — Provavelmente também foi bom. Tenho que admitir, porém, eu invejo você. Casado com Rebecca.
— Eu não acho que você me invejaria se você soubesse o custo.
— Eu pagaria qualquer preço por uma mulher como Rebecca.
Jake estudou o nariz elegante, as bochechas ocas, o firme queixo, os olhos castanhos profundos do homem diante dele. Ele olhou de volta para o ferro que estava em sua mão. — Você provavelmente não teria que pagar o mesmo preço. — Ele lutou por um tempo contra as palavras, mas a noite passada o fez lembrar de quão verdadeira elas eram. — Ela não me ama.
— Você é louco. A mulher adora você.
Jake não disse nada. Ele não discutiria o que ele sabia ser verdade em seu coração.
Zach balançou a cabeça. Lee tinha dito a ele que Rebecca estava grávida quando Jake se casou com ela. Mas então, com base na história que Lee tinha relatado com gosto sobre a contorcionista, Zach não sabia se poderia confiar em Lee para contar a verdade exata. — Rebecca não me parece o tipo de mulher que deitaria com um homem que ela não ama.
Jake deixou cair o ferro e levantou-se. — Ela não é.
Zach queria uma explicação adicional sobre o que essa observação significava: ela o amava e parou? Ela estava carregando o bebê de outro homem? Mas Jake subiu no cavalo. — Eu vou verificar o lado oeste. Por que você não se dirige para o leste e nos encontramos de novo aqui?
Zach não podia fazer mais do que assentir, e inveja foi a última coisa que ele sentiu no momento.
?
Já era fim da tarde antes de um cansado Jake e um exausto Zach entrarem na casa. Rebecca serviu duas xícaras de café preto e colocou-as diante dos homens enquanto caíam em cadeiras. Rebecca se moveu para trás de Jake e começou a massagear os músculos em seus ombros.
— Sem sorte? — ela perguntou.
— Não há nem mesmo um bezerro sem marca na nossa terra hoje — disse Jake.
— Pensa que foi Ethan? — Ela perguntou a Zach.
— Difícil de dizer. Frank disse que eles estavam mascarados e ele não reconheceu nenhuma de suas vozes. — Ele suspirou. — As queixas de Ethan são contra Jake. Eu não acho que ele as descontaria em outra pessoa.
Rebecca sentou-se. — Eu simplesmente não entendo o que eles estavam fazendo com um dos nossos ferros de marcação.
— Eu guardei todos eles quando eu terminei — disse Zach.
— O que encontramos hoje não era nosso.
Ela suspirou. — Eu acho que não há muito o que podemos fazer. Você quer se juntar a nós para a ceia?
— O que você está preparando? — Zach perguntou.
Jake riu. — Ela não cozinha. Ela vai e pega alguns pratos do cozinheiro.
Ela deu um tapinha no ombro dele. — Não esta noite. Hoje à noite é sua vez de pegar os pratos.
Jake se inclinou para frente. — Três pratos? — Zach assentiu e Jake levantou-se.
— Por que você não vê se Frank quer se juntar a nós? — Rebecca perguntou.
Jake assentiu enquanto saía pela porta. Rebecca levantou-se para buscar alguns utensílios e Zach se moveu silenciosamente atrás dela.
— Existe algo com o que eu possa ajudá-la? — ele perguntou.
Ela se virou, nem mesmo uma respiração de sussurro separava-os, sabendo que precisava dar-lhe uma tarefa para fazê-lo se afastar.
— Você pode levar estes à mesa — disse ela, estendendo a mão segurando garfos e facas.
A mão de Zach se fechou sobre a dela. — Você e Jake eram amigos antes de se casar, não eram?
— Sim. Muito bons amigos.
— Isso aparenta. Eu posso dizer que vocês dois gostam um do outro. Eu não tenho certeza se meus pais realmente se gostaram. Se sim, foi bem antes de Ethan e eu nascermos. Você e Jake se conheceram no Lazy A?
— Foi sim.
— O que você fazia lá? — Ele perguntou, querendo saber tudo sobre ela, sobre Jake, sobre como eles se conheceram.
Rebecca sorriu. — A mesma coisa que eu faço aqui.
— Não, aqui você é a esposa do dono. O que você foi lá?
— A filha do dono.
O rosto de Zach demonstrou sua surpresa. — Você é a filha de John Anderson?
— Você conhece meu pai?
— Apenas pela reputação — Zach disse enquanto tirava os utensílios da mão dela e começava a colocá-los sobre a mesa. Quando ele terminou, ele virou-se de frente para ela.
— Não tome isso da forma errada. Eu gosto de Jake. Mesmo antes, quando eu o odiava, eu gostava dele, se isso faz algum sentido. Mas você é uma mulher incrivelmente bela, Rebecca, e seu pai é um dos rancheiros mais ricos de Kentucky. Você poderia ter se casado com qualquer um. Por que Jake?
Ao fechar os olhos, ela inclinou a cabeça para trás e soltou um profundo suspiro. — Foi-me perguntado isso tantas vezes nos últimos meses e, em geral, eu ignoro isso. — Ela voltou a olhar para Zach. — Mas eu gosto de você, Zach, então eu vou te dizer por que eu me casei com Jake.
Ele recostou os quadris contra a mesa, cruzando os braços sobre o peito, um sorriso sedutor brincando nos lábios. — Estou ouvindo.
— Ontem à noite, quando você veio nos contar sobre ter encontrado o cavalo de Frank... você se lembra da conversa que encheu esta casa?
— Sim.
— O que Jake me disse?
Suas sobrancelhas escuras juntaram-se. Esta era uma pergunta complicada? — Ele não disse nada.
— E quando eu saí, vestida para cavalgar, onde estava meu cavalo?
A cabeça de Zach caiu. — Selado e esperando.
— É por isso que eu me casei com Jake. A maioria dos homens me vê como uma boneca de porcelana. Algo a ser colocado no manto, mostrado, retirado e espalhado de vez em quando. O mais próximo que Jake chegou de me tratar como uma boneca de porcelana foi na noite em que conheci Ethan. E eu teria gostado de desempenhar o papel para ele se tivesse sido o que ele queria.
Zach voltou os olhos para os dela. A verdade era tão evidente. Por que Jake não podia ver isso? A inveja havia retornado e Zach ficou surpreso ao descobrir que estava feliz por isso. Ele queria que Jake tivesse algo em sua vida que um homem como Zach iria invejar. Sua voz foi sincera enquanto um caloroso sorriso se espalhava pelo rosto. — Estou feliz que Jake tenha você.
A porta se abriu e Jake entrou com dois pratos, seguido de Frank segurando mais dois.
Rebecca avançou. — Como está seu traseiro, Frank?
— Bem — ele disse enquanto se movia para o lado da mesa longe dela.
— Deixe-me vê-lo.
— Maldição! Jake já olhou para ele. Inferno, as pessoas estão olhando para ele o dia todo! Está tudo bem!
Os olhos de Rebecca foram para Jake e ele assentiu. Os homens colocaram os pratos sobre a mesa, e todos se sentaram para comer. Jake olhou para Frank e Frank lhe deu um rápido aceno de cabeça.
— Reb — Jake começou. — Sobre aquelas conversas no cocho...
Rebecca riu. — Eu não acreditei em nem uma delas. Nenhuma.
Nove
Frank chutou a pedra desavisada, atirando-a para bem longe, desejando que a pedra tivesse alcançado o Rancho Reading, e caído em cima da cabeça teimosa de Ruth Reading. Ele tinha tropeçado em Ruth, literalmente, do lado de fora da loja geral, recuperando-se o suficiente para tirar o chapéu e perguntar sobre sua saúde. Ela tinha levantado o pequeno nariz para ele e dito-lhe que não era da conta dele. Malditas mulheres! Se houvesse mais mulheres na área, ele encontraria uma para deixar Ruth com ciúmes. Sim, senhor, a garota não conhecia um bom homem quando encontrava um, isso estava malditamente claro. Ele a mostraria. Algum dia, ela imploraria que ele a visse e então ele levantaria seu nariz com sardas para ela.
Rebecca o observou enquanto esperava Jake terminar com o que quer que fosse que estava esfregando. — Por que você não deixou Frank ir na cidade com os outros? Não é a vez dele ver o rebanho.
Jake colocou a camisa molhada em suas mãos. — Porque ele está procurando uma briga. Ele esbarrou em Ruth Reading na cidade esta manhã e ele tem estado xingando e bufando desde então.
Rebecca olhou de novo para o enfurecido Frank quando ele chutou o pó, incapaz de encontrar mais pedras. Ela suspirou. — Eu queria que Frank pudesse encontrar alguém para tirar Ruth da cabeça.
Ela caminhou até o varal e colocou a camisa sobre ele, sentindo uma repentina, morna e pegajosa, umidade entre as pernas.
— Jake!
O pânico em sua voz levou ele voando até ela. — O que foi? O que há de errado?
— Eu acredito que estou sangrando.
Ele levantou os braços dela, procurando em seu rosto e corpo. — Onde?
— O bebê — ela disse, tremendo.
O olhar dele seguiu para baixo passando pela cintura dela e então ele ergueu-a nos braços e carregou-a para a casa.
— Frank! — ele gritou. — Vá para a cidade e traga o doutor! Rápido!
Os olhos de Frank quase saíram da cabeça. O doutor agora? Não era a hora. Ele se moveu como um raio, adicionando uma série de xingamentos ao seu repertório habitual.
Delicadamente, Jake deitou ela na cama.
— Você está machucada em algum lugar? — ele perguntou.
— Não, nenhum lugar.
— Você está com cãibra ou desconfortável?
— Não. Mas estou assustada. São três meses de adiantamento.
— Não fique assustada. Tudo vai ficar bem.
Ele parecia tão calmo, tão seguro que ela quase acreditou nele.
— Reb, doçura, eu preciso ver se você está sangrando e eu preciso ver o quanto.
Ela acenou. Agora não era a hora para se preocupar com a exposição de seu corpo para ele. Ele saiu de seu lado brevemente para ir buscar alguns panos e toalhas e os colocou na beira da cama. Então ele foi lavar as mãos, tomando profundas respirações enquanto isso para parar seu tremor. Ele estava tremendo tanto quanto ela e não faria bem a ela saber que ele estava assustado como nunca.
Voltando, ele deu a ela um pequeno sorriso de reafirmação. — Eu vou ser realmente gentil, doçura, mas eu quero que você me diga se eu machucar você.
— Eu direi — ela disse em um tom de voz dócil.
Ela apertou a mão dela. — Reb, doçura, não tenha medo. — Soltando sua mão, ele muito gentilmente levantou sua saia por trás antes de remover suas roupas íntimas. Ela sentiu um quente rubor surgir em seu rosto, e interiormente ela se deu uma reprimenda. Ele veria muito mais do que isso quando ele fizesse o parto do bebê, se ele não fizesse o parto hoje. Instintivamente, ela se sobressaltou quando ele ternamente colocou a mão debaixo de seu quadril para pôr algumas toalhas sob ela. Seus olhos sondaram os dela.
— Eu não vou machucar você, doçura. Eu juro. Mas eu preciso olhar. Apenas relaxe e feche os olhos. — A voz dele foi um bálsamo calmante enquanto ela permanecia deitada no travesseiro e fechava os olhos.
— Eu gosto do jeito que você diz isso — ela disse com um suspiro.
— Digo o quê? — ele perguntou, confuso.
— Doçura. Soa como mel morno gotejando de biscoitos quentes em uma manhã fria.
— Eu não percebi que estava dizendo isso.
Seus olhos abriram-se brevemente. — Eu sei.
Ele observou ela por um breve momento, escutando ela respirando, escutando seu próprio coração batendo. Deus, ele não queria que algo acontecesse a ela.
— Eu vou tocar você agora, tudo bem?
— Tudo bem — ela disse calmamente.
E ela sentiu seu toque, tão leve como um vento soprando através das altas gramíneas de pradaria.
— Reb, doçura, você está sentindo alguma dor agora?
— Não.
— Eu vou tocar você de novo agora então só fique relaxada.
Ela abriu os olhos, observando o rosto dele conforme suas largas mãos examinavam ela com toda a gentileza e cuidado amoroso que ele poderia dar. Sua mente flutuou para todas as coisas que ele tinha feito por ela dentro dos meses desde que ele tinha tomado-a como sua esposa, a paciência dele, a compreensão dele, a disposição dele de aceitar tão pouco dela. E ela sentiu algo crescer dentro de seu coração que ela nunca sentiu antes, nem mesmo por Brett. Ela tinha se casado com um homem especial, um homem muito especial. E ela estava quase certa de que ele não tinha contado a ela a principal razão para ele ter querido casar com ela. Ele amava ela. Ela fechou os olhos para reter as lágrimas que acompanharam seus sentimentos de culpa. Ele não iria querer sua piedade ou simpatia. E ela não sabia por que ela não poderia dar a ele seu amor.
Ele abaixou sua saia, soltando uma profunda exalação.
— Você não está sangrando tanto. E desde que você não tem dor, eu acredito que você não corre perigo de perder o bebê. — Ele se sentou na beira da cama. — Eu vi isto acontecer com éguas antes. Eu não sei porquê... se talvez elas apenas ficaram muito ativas ou se seus corpos ficaram confusos..., mas de qualquer forma, eu acredito que tudo o que você tem que fazer é repousar. Sem mais cavalgadas comigo, sem mais pegar peso, ou limpar, ou trabalhar.
— Supostamente eu vou apenas ficar sentada por três meses?
— Eu sei que isso não está em sua natureza, Reb, mas eu acredito isso tem que ser assim se você quer este bebê. Você quer que eu faça para você um pouco daquele chá que você apreciou?
Ela acenou e virou a cabeça para olhar pela janela. Três meses sentada. Ela ficaria insana.
Ele trouxe o chá, então apoiou travesseiros atrás das costas dela e ajudou-a a se sentar. Ele removeu os sapatos dela e sentou na beira da cama, massageando o pé dela.
Ela olhou para ele através de olhos aflitos. — Você acredita que eu preciso repousar o tempo todo?
Ele foi simpático, mas realista. — Para ser seguro. A menos que o doutor diga a você outra coisa. Eu não sei muito sobre mulheres tendo bebês.
Ela sorveu do copo, o líquido morno acalmando-a. — Eu estou me perguntando quando você vai decidir que eu sou muito problema — ela disse.
— Nunca — ele replicou.
?
Frank entrou correndo na casa depois do sol se pôr, seu rosto ruborizado, sua respiração pesada. Jake olhou para cima do sofá, Rebecca da cadeira, e ele derrapou a uma parada.
— Você trouxe o médico?
Frank sacudiu a cabeça. — Na cidade não há um médico. Maldição, o homem foi morto noite passada jogando cartas. Ele estava trapaceando e um homem chamou ele de trapaceador. Atirou no peito dele. Eles não sabem quando outro estará chegando na cidade, mas o oficial disse que ele enviou um telegrama hoje. — Ele respirou fundo para poupar seus pulmões explodindo. — Você está bem agora, Reb?
— Eu acredito que sim. Jake tomou conta de mim muito bem.
Seus ombros caíram para a frente. — É certo como o inferno que estou feliz por ouvir isso.
?
A colocação da cerca de arame farpado estava progredindo a um ritmo constante e, de forma constante, estava sendo derrubada. Homens com gado cortavam o arame para deixar seu gado beber de buracos de água que eles usaram no passado. Homens a cavalo queriam um caminho direto para seu destino e cortavam o arame para alcançá-lo. Outros cortavam o arame apenas para se opor a sua ascensão. A maioria simplesmente cortava o arame e seguia seu caminho. Às vezes, os suportes eram queimados, o fogo visto à distância à noite.
Movendo-se devagar através da terra, os seis cavaleiros sentiram que suas ações eram justificadas conforme o homem que eles tinham espancado cambaleou atrás deles. Suas mãos foram atadas atrás das costas, as cordas cortando sua carne. Uma corda ao redor de seu pescoço esfoliava sua pele.
Jake e Frank saíram do celeiro justo quando os cavaleiros chegaram. O homem queria cair de joelhos, mas ele não estava certo de que a viagem acabou. Se não tivesse acabado, ele não queria ficar de joelhos quando o cavalo começasse a se mover porque sabia que não conseguiria levantar-se antes da corda se apertar em volta do seu pescoço.
Rebecca caminhou para fora da casa. Rapidamente, ela cruzou o pátio, retrocedendo quando ela viu o rosto inchado de Zach. Ele permaneceu imóvel entre os cavaleiros. Jake deu a cada cavaleiro um olhar duro, por fim situando seu olhar impenetrável sobre Lee Hastings.
— Nós movemos o gado esta manhã como você mandou — Lee explicou. — Esta tarde, o arame estava cortado e o gado disperso. Zach disse a seu irmão o que nós planejávamos fazer e foi como ele soube onde nos acertar para doer. Ele está aqui espiando para seu irmão, trabalhando para nos destruir.
A mandíbula de Jake apertou—se e seus olhos estreitaram-se. — Você tem provas?
— Não, senhor, mas...
Jake agarrou Lee, puxando ele do cavalo e o lançando no chão. — Desate ele agora — Jake disse em um silvo baixo.
— Mas ele foi o último a ficar com os marcadores de ferro na noite que Frank foi atacado — Lee argumentou.
— Desate ele — Jake disse.
Lee começou a protestar de novo, mas pensou melhor e começou a cortar as cordas mantendo Zach prisioneiro.
O olhar se Jake se fixou firmemente nos seis homens diante dele. Sua voz emanou raiva controlada. — Escutem e escutem bem. Eu não terei qualquer homem espancado por algo que ele não fez. A próxima vez que algo assim acontecer, vocês sairão deste rancho. E números não farão diferença. Se todos vocês estão envolvidos, todos vocês saem. — Seus olhos pousaram em Lee. — E ficar assistindo é o mesmo que fazer algo.
Rebecca colocou a mão no braço de Zach. — Venha para dentro da casa e eu atenderei você.
Ele se sacudiu para afastá-la. — Eu posso tomar conta de mim mesmo.
— Não seja tão teimoso — ela repreendeu. — Venha.
Ele focou-a através de seu olho bom e a seguiu até a casa. Ele sentou em uma cadeira diante da mesa enquanto ela pegava uma bacia de água e um pouco de unguento e bandagens. Quando ela começou a limpar o corte acima de sua sobrancelha, ele recuou.
Jake entrou, puxou uma cadeira, virou-a e sentou escarranchado nela. — Você tem alguma costela quebrada? — ele perguntou.
— Não. — Zach disse, sem olhar para Jake.
— Você me diria se tivesse?
— Não. — Ele deu um pequeno sorriso para Jake. — Mas eu imagino que sua esposa planeja me cutucar para se certificar. — Ele estudou o homem sentado em frente a ele — Por que você não me perguntou se eu fiz o que eles disseram?
— Eu apenas faço perguntas quando eu não sei a resposta.
— Você espera que eu acredite que você não pensou a mesma coisa?
— Passou por minha mente que você poderia estar trabalhando com Ethan contra mim. Mas eu não acho que você está. Quer um pouco de café?
Zach acenou, desejando que ele não tivesse quando a dor em sua cabeça se intensificou.
Jake ergueu-se e serviu dois copos. — Quer um pouco, Reb? — ele perguntou.
— Não, obrigada. Desabotoe sua camisa — ela instruiu Zach.
Zach sorriu. — Minhas costelas estão bem. Eu juro que estão.
— Tudo bem. — Rebecca fechou sua caixa.
Jake colocou o copo de café na frente de Zach enquanto ele sorvia de seu próprio copo. Zach tomou um sorvo, então fechou ambas as mãos ao redor do copo, concentrando-se no líquido negro. — Eu não estou trabalhando com Ethan. Eu fui falar com ele no começo da semana para dizer a ele que parasse, o que fez com que ele ficasse com mais raiva. Eu acredito que ele foi o único a dispersar seu gado hoje. Eu também acredito que ele é o único responsável pela maior parte do dano feito em sua cerca.
Jake acenou. — Isso vai ficar muito feio antes de ficar melhor. Ethan está do lado errado e cedo ou tarde ele estará pagando por isso. Eu compreenderei se você não estiver aqui pela manhã, e se o gado que você trouxe com você e dez dos meus sumirem. Eu não irei mandar meus homens procurarem eles.
Zach agradeceu a Jake e Rebecca, então caminhou com um único propósito para o barracão. Ele ignorou os homens, não querendo ver suas suspeitas, dúvidas ou simpatia. Ele deitou em sua cama sem tirar as roupas, tendo nenhum desejo de deixá-los ver a completa extensão de seus ferimentos. Ele tinha mentido para Rebecca. Suas costelas não estavam bem. Ele não acreditava que elas estivessem quebradas, mas ele estava certo de que muitas estavam danificadas. Ele supôs que deveria ter deixado ela ajudar ele, mas naquele momento ele tinha querido evitar contato com qualquer um. Ele não tinha merecido a surra, e isso tinha deixado ele preenchido com raiva impotente. Pela primeira vez ele compreendeu completamente porquê ninguém tinha sido capaz de afastar Jake de Ethan quando ele descansou seus punhos em Ethan no dia do funeral do pai deles. Jake tinha ganhado muitas surras não merecidas com o passar dos anos, a maioria instigada pela cuidadosa formulação da verdade de Ethan. Suspirando, Zach descansou um pulso sobre os olhos, sua mente à deriva.
Desde o momento que ele nasceu, ele idolatrou Ethan, sempre atrás dele, tentando a limitada paciência de seu irmão. Punhos sobre a cabeça foram entregues brincando quando ele tornava-se um incômodo, segredos foram sussurrados através de um buraco na tábua que separava seus quartos. Foi por esse buraco que eles discutiram pela primeira vez sobre Jake.
As palavras duras infligindo dor e raiva tinham começado a vir logo depois que ambos foram dormir. Quanto tempo palavras haviam sido lançadas de um lado para o outro entre os pais ou o que inicialmente levou as vozes a levantarem-se num discurso febril eles nunca souberam. Eles examinaram o assunto acumulando pedaços e partes de informações como mineiros que procuram ouro. Eles só conseguiram descobrir que seu pai tinha outro filho, um filho que ele levaria para casa no dia seguinte, um filho que sua mãe não queria.
Outro irmão. Zach sempre tinha ansiado por um irmão para ficar seguindo-o e venerá-lo como ele venerava Ethan. Ele estava certo de que seu pai iria contar a eles sobre o irmão deles pela manhã. Quando ele assim o fizesse, ele se ofereceria para compartilhar sua cama com seu novo irmão. Ele tinha ficado acordado pelo restante da noite pensando em seu irmão mais novo e antecipando seu crescimento no status de um irmão mais velho.
Mas as coisas não tinham trabalhado do modo que ele esperou. Seu pai tinha pegado o vagão e partido sem uma palavra, deixando Zach sentado nos degraus da varanda pelo resto do dia esperando seu retorno. Que não ocorreu até o começo da noite.
Zach tinha visto o garoto novo apertando sua pequena trouxa, aparentando incerteza. Ele tinha saltado da varanda pronto para fazer ele se sentir bem-vindo, mas o rosto contraído de seu pai e a voz dura quando ele tinha dito ao menino que saísse do vagão pararam Zach. Ethan tinha levantado-se ao lado dele, seu rosto um reflexo do rosto do pai deles.
Ainda apertando sua trouxa, o menino tinha seguido o pai deles quando ele deu longas e seguras passadas em direção ao barracão, os dois garotos mais velhos indo atrás.
Seu pai tinha aberto a porta do barracão e empurrado o menino para dentro. — Aqui é onde os homens dormem. Quando você puder trabalhar como um homem, você pode dormir aqui. — Então ele tinha empurrado o menino para fora e marchado com ele de volta ao celeiro, parando ao lado da última baia.
— Aqui é onde você vai dormir até lá. Você entendeu?
Com amplos, olhos sombrios, o menino tinha olhado acima para ele e acenado.
— Você fala quando for pedido. Você entendeu?
— Sim — ele disse em um tom tão baixo que mal foi um sussurro.
— Sim, senhor. Você diz, “sim, senhor” e “não, senhor” para mim.
Piscando os olhos, o menino tinha dito suavemente — Sim, senhor. Eu entendo.
— Bom. Esses são meus filhos, Ethan e Zachary. Você vai se endereçar a eles como faz comigo. Você entendeu?
— Sim, senhor.
O menino tinha se virado, e pela primeira vez, ambos os Truscotts tinham dado uma boa olhada no irmão deles. Zach tinha observado seus lábios moverem-se como se ele fosse sorrir.
— O que há de errado com o rosto dele? — Ethan tinha perguntado.
O menino tinha estremecido, mas não se virado, mantendo seus olhos em Ethan, estudando ele.
— Ele teve varíola — Truscott tinha dito.
— Isso não é como a praga, não é? — Ethan tinha perguntado. — Como a que Deus mandou para os pecadores para puni-los e marcá-los?
— De fato filho, é uma praga. Vão para casa garotos. Eu estarei lá em breve.
— Por que ele não pode dormir na casa conosco? — Zach tinha sussurrado para Ethan quando eles caminharam para fora do celeiro.
— Porque ele é uma criança do pecado.
Eles tinham comido a ceia deles, um desconfortável e sufocante silêncio pairando ao redor deles. Quando eles tinham terminado a refeição, a mãe deles tinha colocado uma tigela no centro da mesa para pôr os restos de seus pratos e Ethan carregou a tigela para o celeiro, Zach logo atrás.
Jake estava sentado no canto, sua trouxa recostada ao lado dele, seus braços cruzados sobre seus joelhos virados para cima, sua cabeça descansando em seus braços.
— Aqui está sua comida, seu bastardo feio — Ethan tinha dito e os olhos de Zach tinham disparado para olhar nos olhos de seu irmão. Ethan nunca tinha falado com ele naquele tom de voz ou atirado palavras cruéis a ele.
Jake tinha levantado a cabeça devagar, examinando Ethan com cautela. — Venha e pegue seu jantar.
Jake tinha lentamente se erguido e caminhado até eles, seus olhos nunca deixando os de Ethan.
— Diga “por favor, senhor” — Ethan incitou.
Jake sacudiu a cabeça, seus lábios pressionados fortemente juntos, seus olhos estudando o menino mais velho.
— Quem diria que o bastardo de uma prostituta tem tanto orgulho — Ethan tinha dito e saído do celeiro segurando a tigela.
Zach tinha olhado para seu novo irmão. — Você não tem que dizer “senhor” para mim.
— Suponho que é melhor para mim dizer.
Ele tinha se virado, voltando para seu canto. Zach tinha visto dois rastros de sangue nas costas de sua camisa, reconhecendo as marcas feitas por um chicote. Seu pai tinha usado um nele uma vez. Ele não tinha tirado sangue, mas ele tinha conseguido marcar dois vergões.
— Eu direi a minha mãe que você está machucado. Ela virá cuidar de suas costas.
Jake tinha sorrido. — Sua mãe é boa?
— Oh, sim — Zach tinha assegurado a ele. — E ela é muito boa para cuidar dos feridos.
— Assim como minha mãe.
— Ela está morta, não está?
Jake tinha acenado. — Eu sinto falta dela.
— Eu sentiria falta da minha mãe também, se ela tivesse morrido.
Zach tinha corrido para a cozinha onde sua mãe estava secando os últimos pratos.
— Papai deu uma chicotada em Jake e suas costas estão sangrando. Você vai ajudar ele? — Zach tinha perguntado à mulher que sempre tinha estado ali para ele.
— Eu nem irei ajudar nem machucar ele — ela disse com finalidade. — Nunca mencione ele para mim de novo. — E ela tinha caminhado para fora do cômodo, mas não antes de Zach ter visto a mentira. Por não ajudar Jake, ela estava machucando ele.
Mais tarde naquela noite, Zach tinha rastejado até a cozinha, enchido uma tigela com restos e levado-a para o celeiro. Ele colocou-a ao lado do menino dormindo, desejando que ele não conseguisse ver onde as lágrimas lavaram seu rosto. Ele cutucou o ombro do garoto. Jake tinha aberto os olhos, levantado a cabeça e encarado ele.
— Aqui — Zach tinha dito e caminhado para longe deixando a tigela. Ele tinha dado vários passos antes de se virar para olhar para trás e ver o menino limpar os olhos antes de rodear a tigela com as mãos e encher de comida sua ansiosa boca. Zach tinha sentido que começavam os primeiros movimentos do ódio. Ele tinha querido trilhar os passos com seu pai, sua mãe e seu irmão. Todos os sábados à noite, sua mãe os esfregava para tirar a sujeira de seus corpos. Todos os domingos de manhã, eles vestiam suas melhores roupas e iam à igreja para que a sujeira pudesse ser lavada de suas almas. Naquele momento, ele soube que todos os esfregões no mundo não seriam suficientes para limpá-lo.
— Você vai ficar bem?
Zach ergueu seu pulso e espreitou, sorrindo para a expressão preocupada de Frank.
— Sim, eu ficarei bem.
— Eu imagino que depois do que eles fizeram a você hoje, você poderia decidir partir amanhã. Eu apenas queria que você soubesse que eu não acredito em nada do que eles te acusaram de fazer. Eu sei que você não tem nada a ver com a minha marcação.
— Obrigado, Frank.
Frank acenou. — Boa noite.
Zach fechou os olhos desejando que ele tivesse deixado Rebecca cutucá-lo. Ele estava todo dorido.
Na manhã seguinte, quando o sol enviou listras de laranja ao horizonte, Zachary Truscott, com o rosto inchado e costelas doloridas, selou seu cavalo e partiu para cuidar do rebanho do irmão mais novo.
Dez
A caixa de madeira estava vazia. O fogão cheirava a cinzas. As roupas descartadas precisavam ser lavadas e passadas a ferro.
Ainda assim Rebecca estava na cadeira se balançando para frente e para trás, um travesseiro de pena em suas costas, com os pés elevados em um pequeno tamborete. Jake teria que encontrar algum tempo para fazer aquelas coisas por ela. Ela estava lendo Beleza Negra, um livro que ele comprou na última vez que ele foi para a cidade porque achou que a história a animaria. Deixando o livro no chão e apoiando as mãos em ambos os braços da cadeira, Rebecca levantou-se.
Não era justo para Jake. Ele estava carregando sua carga e a dela.
Ela havia dito a ele que se ele colocasse sua cerca, ela atiraria em qualquer um que tentasse derrubá-la. A guerra permeava o ar enquanto os guerreiros silenciosos usavam o sigilo para atacar, covardia para evitar confrontações diretas. Eles deviam saber nos recessos mais sombrios de suas consciências que eles estavam errados. Enquanto isso, ela estava confortavelmente sentada e segura dentro da casa, ajudando e incentivando o inimigo porque ela não arriscaria a saúde de seu filho oferecendo auxílio substancial a Jake. Ele saía antes que o sol surgisse, voltava depois que o sol se punha. Ele teria ficado fora a noite toda, mas ele não confiava nela para manter seu devido repouso. Duas noites atrás, ele adormeceu logo após a ceia, na noite passada pouco depois de ter deixado seu corpo cansado cair no sofá.
Ela pisou no alpendre e examinou a área. Ninguém estava à vista. Bom. Ela apenas preencheria aquela antiga caixa de madeira. Quando ela terminou, ela começou a fazer um fogo no fogão, decidindo cozinhar para Jake uma boa refeição. Ele sempre chegava em casa ao redor do meio dia para ver como ela estava indo. Hoje, ela o surpreenderia com algo especial quando ele entrou pela porta.
— Que diabos você está fazendo?
Girando, ela encarou o homem alto de pé na entrada, as pernas abertas, as mãos pressionadas nos quadris, a mandíbula apertada. Ela já tinha visto Jake zangado antes, só que nunca com ela.
— Fazendo seu almoço — ela disse, levantando o queixo.
— Quem diabos colocou a madeira naquela caixa?
— Eu coloquei — disse ela, levantando o queixo ainda mais. Ela nunca o viu trabalhar tão duro para controlar o seu temperamento, e o fato de que ele estava tendo que trabalhar com tanta força a fez repensar seu desejo anterior de surpreendê-lo. Ela já não estava certa de que suas ações carregavam algum mérito.
— Você poderia ter esperado e eu teria pegado a madeira para você. E eu consigo fazer outra coisa para nosso almoço se você se cansou de comer o que normalmente faço.
Decidindo que sua postura era mais intimidante do que a dela, ela espalhou as pernas e as mãos dela voaram para onde seus quadris costumavam ser salientes.
— Não é justo, Jake. Você está se desgastando carregando sua carga e a minha. Você está perdendo peso e você parece um guaxinim com esses círculos escuros ao redor de seus olhos. Você mal consegue ir para a cama antes de ceder a exaustão, e noite passada você nem chegou tão longe.
— Eu não estou reclamando.
— E você nunca reclama! Eu poderia bater-lhe na cabeça com uma frigideira de ferro fundido e você não se queixaria. Você provavelmente pensaria que você mereceu não importando se sim ou não!
— Eu pensei que você amava Brett. Eu pensei que você queria o bebê dele. — Ele deu um passo ameaçador para frente. — Bem, deixe-me dizer-lhe, esposa, se você perder este bebê por causa da sua teimosia, não venha chorar em mim. Eu não vou ter simpatia por você. Nada disso! Eu não quero ver uma lágrima! Nem uma maldita lágrima!
Ele saiu de casa, batendo a porta logo atrás de si. Rebecca caiu em uma cadeira, descansando os cotovelos sobre a mesa, apertando as mãos nos olhos aquosos. Essa foi a primeira briga deles? Ela sentia-se solitária e desolada, muito pior do que quando havia se sentido inútil. A madeira da mesa escureceu onde suas lágrimas caíram sobre ela.
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A natureza era tão inconstante como uma mulher com muitos admiradores. Os homens saíram naquela manhã deixando coletes e jaquetas para trás porque o sol quente fazia a terra brilhar. Mas agora o céu atraiu a chegada de pesadas nuvens negras que só de vez em quando permitiam que o sol passasse. Rebecca estava na varanda da frente e sentiu a rajada de vento gelado atingi-la com força total, enviando tremores pelo seu corpo. O inverno chegava aqui assim tão rapidamente?
Ela observou como Zach e Frank corriam para o celeiro. Ela sabia que eles seriam necessários, porque uma debandada era iminente com o tempo que estava sendo produzido. Um cavalo que quebrava um galho na quietude da noite era o suficiente para começar uma debandada que poderia enviar o gado correndo para a frente sem pensar, por uma distância de cem milhas ou mais. E havia mais do que a ameaça de um galho quebrado vindo agora.
Frank apressou-se a sair do celeiro, enviando seu cavalo a um galope. Zach desviou pela casa.
— Não há como não haver uma maldita debandada! — ele gritou, o vento levando sua voz em direção a Rebecca. — Suponho que você ficará em casa desta vez!
— Somente porque eu não tenho escolha! Seja cuidadoso!
Ele inclinou o chapéu. — Serei! Vou me certificar de que Jake também seja! — Ele empurrou seu cavalo a um galope duro, deixando Rebecca sozinha no alpendre.
Ele mal tinha partido antes que o trovão rugisse no céu acima e um raio piscasse através do céu, iluminando as nuvens. Rebecca ficou hipnotizada, olhando o espetáculo acima dela, sentindo como se a natureza estivesse se exibindo. O vento soprou contra ela, a temperatura declinou rapidamente e então a chuva gelada começou a cair. Ela envolveu seus braços em torno de si mesma e, como uma velha que já experimentou tudo o que a vida tem para oferecer, voltou para a casa para sentar-se em sua cadeira de balanço e ouvir a chuva batendo no telhado.
A fenda inicial do trovão barulhento marcou a fuga do primeiro cabresto timoroso, o restante do rebanho seguindo seu caminho.
Nenhuma ordem foi gritada; os homens trabalharam como as rodas mecanizadas de um relógio finamente trabalhado. Cada um sabia o que ele tinha que fazer, onde ele tinha que estar para controlar o rebanho e permanecer calmo ao mesmo tempo.
Jake ouviu a rachadura doentia de osso quebrando e soube que seu cavalo tinha deixado uma perna cair em um buraco de cachorro de pradaria, algo que todo homem temia quando era forçado a empurrar seu cavalo sem piedade. O cavalo gritou em agonia e sacudiu-se para frente, jogando Jake da sela. Quando ele navegou pelo ar, ele puxou o rifle Winchester para fora da bainha. Ele pousou em campo aberto, sem esperança de proteção, quando um touro errante correu para ele.
O tempo diminuiu a um rastejar estranho, enquanto ele observava a protuberância de músculos musculosos se esticar e mover-se para mover o animal para a frente com a maior velocidade. Ele podia ver o poder da besta, o ar esfumaçado escapando das narinas inflamadas, o olhar selvagem de terror nos olhos escuros do longhorn.
Lutando para se posicionar, Jake disparou o rifle. O touro caiu em uma massa amassada perto o suficiente para que ele pudesse ouvir a última respiração instável do animal. Mas ele sabia que ele não podia disparar em todo o rebanho, e ele não poderia ficar para trás. O caminho dos animais estava sendo canalizado pelos homens a cavalo e, infelizmente, estava sendo canalizado para atravessá-lo. Rapidamente, ele se virou e disparou um tiro para tirar seu cavalo fiel de sua miséria, se perguntando se ele deveria fazer o mesmo por si mesmo.
Ele viu um cavaleiro se libertar do caos, enviando seu cavalo a um galope frenético. O homem controlava as rédeas com uma mão enquanto a outra era estendida para Jake. Ele agarrou o braço do homem fortemente e se suspendeu para ficar atrás da sela, justo quando o gado trovejou pela terra ensopada.
Eles cavalgaram forte até o cozinheiro que estava seguindo atrás do debandado rebanho. O homem não tinha experiência em guiar um rebanho, mas ele mantinha os cavalos extras facilmente acessíveis aos homens e procurava por qualquer homem que pudesse ter caído de seu cavalo e ter sido pisoteado.
O momento permitiu apenas uma breve palavra de agradecimento e um tapa no ombro de Zach quando Jake desmontou. Ele subiu ao cavalo esperando por ele e voltou para o rebanho.
Ele e os homens trabalharam juntos enquanto os céus ressoavam, relâmpago piscava. O frio amargo filtrou-se até seus ossos cansados. Finalmente, o gado conduzia-se sozinho seguindo um caminho concêntrico, o círculo se tornando cada vez menor quando os homens recuperaram o controle. As bestas circum-navegavam o caminho forçado até chegarem a uma parada exausta. Mas mesmo assim, levaria pouco para despertar o pesadelo de outra debandada.
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Depois de tirar as botas, Jake hesitou na varanda. Então ele abriu a porta, esperando ver uma frigideira cair na cabeça dele. Ele estava desgastado, mesmo antes da tempestade cair, e ele estava preocupado, sua preocupação desencadeando sobre as duras palavras que ele havia atirado a Reb anteriormente. Pleasure ainda tinha que obter outro médico. Jake sabia que poderia fazer o parto do bebê se não houvesse complicações, mas impedir Reb de fazer qualquer coisa era tentar impedir que a tempestade avançasse pela terra. Ele não tinha experiência em lidar com uma mulher que ele acabara de irritar. Permanecer atrás da porta, molhado e tremendo, com os dentes trepidando, não fez muito para construir sua confiança.
Ele puxou o chapéu e o pendurou sobre um prego antes de ousar olhar sua esposa.
— Como você ficou tão molhado? — ela perguntou.
— Esperei muito para desenrolar meu impermeável e colocá-lo.
— Jake Burnett, você sabe melhor do que fazer isso.
— E você sabe melhor do que ficar transportando coisas.
Rebecca levantou-se da cadeira de balanço e se dirigiu para o baú no canto de trás da sala.
— Se aproxime do fogo e tire as roupas molhadas — ela ordenou.
Ele não hesitou em obedecer. Ele tinha ouvido que o clima frio chegava inesperadamente, ele simplesmente não sabia que isso acontecia tão drasticamente no Texas.
Ele tinha chegado até sua ensopada roupa íntima quando ela voltou, deixando cair um cobertor no sofá, segurando outro acima de sua cabeça, deixando ele desdobrado.
— Tire tudo — disse ela — e envolva esse cobertor em sua cintura. — Para um casal, eles haviam visto pouco dos corpos um do outro, e havia momentos em que isso era um maldito incômodo.
— Eu estou decente — disse Jake enquanto seus dentes batiam juntos.
Ela envolveu o cobertor que ela segurava sobre seus ombros trêmulos e o empurrou para baixo para se sentar no sofá. Então ela subiu no sofá e começou a esfregar seu corpo vigorosamente. — Eu estava tão preocupada quando a tempestade começou. Tive muito cuidado para não me esforçar demais quando fiz o fogo — ela disse calmamente.
Sua mão saiu do cobertor para pegar a dela. — Reb, me desculpe pelo que eu disse anteriormente. Eu não tinha o direito.
— Você tinha todo o direito. Você sabia que eu carregava o bebê de outro homem quando você se casou comigo e o aceitou como seu. Eu sou a única que deveria pedir desculpas. Você não foi nada além de gentil e bom para mim e essa criança ainda não nascida. Além disso — ela encolheu os ombros — se você não tivesse me repreendido, eu teria selado um cavalo e me juntado a você lá fora.
— Eu não quis dizer o que eu disse sobre a perda do bebê.
Ela colocou um dedo em seus lábios. — Eu sei. Nós dois falamos com raiva. É melhor as palavras serem esquecidas.
Ela começou a esfregá-lo novamente, tentando esquentá-lo. — O rebanho debandou?
— Assim que o relâmpago encheu o céu, eles debandaram. Achei que ia me arrepender de colocar a cerca. Nós mal conseguimos que eles se virassem a tempo para evitar que eles colidissem com ela.
— Você vai manter todos os homens lá fora esta noite?
— Sim, eu só queria me certificar de que você estava bem e vim vestir roupas secas. Então vou voltar.
— Você precisa se aquecer primeiro. Deixe-me entrar no cobertor. — Ele abriu o cobertor e ela entrou, pressionando seu corpo contra o dele. Através de sua camisola de algodão, o calor de seu corpo o penetrou. Ela continuou a esfregar seus braços com as mãos, e seu corpo cessou seu tremor.
— Melhor? — ela perguntou.
Inclinando a cabeça para trás, ele respondeu: — Uh-huh.
E antes que ela pudesse dizer outra palavra, ele estava dormindo. Ela acalmou as mãos e enrolou-se ao lado dele, sentindo-se a salvo e segura dentro do casulo que eles criaram.
O ruído pareceu começar no núcleo da Terra e se mover para fora até o chão, as árvores, os edifícios também ressoarem. Os olhos de Jake abriram no mesmo instante que os de Rebecca. Ele a ajudou a se afastar dele, então ele foi até a parte de trás da casa em busca de uma roupa seca.
— Eles estão vindo para cá! — Ele gritou quando o barulho e o ruído aumentaram de intensidade. Ele voltou correndo. Rebecca estava de pé ao lado da porta, segurando o casaco para ajudá-lo a colocá-lo. Ele virou-se para encará-la, hesitando.
— Eu nunca lhe dei uma ordem — disse ele — mas estou lhe dando uma agora. Fique nesta casa.
Ele abriu a porta e ela o deteve, jogando os braços em volta do pescoço dele. — Tenha cuidado — ela sussurrou, sua voz tremendo.
Ele envolveu seus braços ao redor dela. — Fique aqui para eu não ter que me preocupar com você e eu vou ficar bem.
Ele a soltou e correu para fora. Ela deixou cair a prancha de madeira sobre a porta, sabendo que se um cabresto decidisse passar, a prancha provavelmente não o faria mudar de ideia.
Rebecca apagou a chama na lamparina e espiou pela janela. O rebanho trovejante passou com os cascos bramantes batendo na terra. Eles eram até seiscentas e cinquenta cabeças de gado agora, e ela estava agradecida de não serem mais. Em dois anos, Jake teria duas, talvez três mil cabeças de gado. Esse tipo de debandada poderia limpar tudo o que os cercava. Ela já esteve no meio de uma debandada e isso não a tinha assustado, provavelmente porque sua mente estava inclinada a guiar o rebanho. Mas, sentada ao lado da janela, olhando para fora, ela decidiu que todos os que lidavam com gado eram insanos. Era assustador observar os animais, aterrorizados e selvagens, passando, enquanto alguns cowboys determinados tentavam controlá-los.
A tempestade e o gado furioso duraram até o meio dia do dia seguinte. Períodos de tranquilidade eram instalados no rebanho, apenas para serem interrompidos quando trovão ou relâmpago inesperadamente cortavam a quietude. Quando a tempestade passou, deixou um frio amargo devido ao seu despertar.
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Rebecca dispersou a semente no chão para as poucas galinhas. Carrie havia trazido-as pouco depois de ter descoberto seus novos vizinhos. Era uma tarefa que ela conseguia fazer sem se esforçar ou pôr em perigo o filho.
Ela acenou para os cavaleiros guiando cavalos de volta ao curral. Os homens tiveram que deixá-los soltos. Se o gado tivesse derrubado um lado do curral deles, eles teriam ficado presos.
— Parece que vocês conseguiram pegar a maioria deles — ela disse a Frank quando ele desmontou.
Frank juntou as mãos ao batê-las e soprou sobre elas. — Temos cerca de metade deles.
— Eu observei você pela janela na noite passada. Você foi muito bem.
Ela ficou surpresa porque Frank não lhe deu o sorriso que ele costumava dar quando ela o elogiava.
— Eu estava aterrorizado... depois de ver Jake ser jogado e quase pisoteado até a morte...
Ele estremeceu e Rebecca sabia que não era do frio. Ela sentiu os joelhos ficarem fracos, e foi com o maior esforço que manteve a voz calma. — Jake foi jogado de seu cavalo?
— Maldição, sim. Na primeira debandada. Nós estávamos apenas fazendo o gado fazer uma curva e maldição se ele não foi jogado para o meio do caminho. Nunca vi um homem cavalgar tão duramente como Zach fez para tirar Jake do caminho.
Alguém gritou para Frank. — Suponho que é melhor eu ir ajudar eles a pegar o resto dos cavalos. — Ele voltou para a sela. — Considero que eles estão repensando sua opinião sobre Zach esta manhã.
— Sim, eu imagino que estão.
Não foi até ele se afastar que Rebecca andou com pernas endurecidas até o celeiro. Ela encontrou Jake na última baia escovando Shadow para ela. Ela passou as mãos por uma viga e descansou a cabeça contra a madeira áspera. O que ela teria feito se algo tivesse acontecido com Jake? Se a última lembrança dele tivesse sido a briga que eles tinham tido antes da tempestade? Ela não podia imaginar sua vida sem ele nela.
Jake virou-se de sua tarefa, dando-lhe um sorriso, um sorriso que rapidamente desapareceu com a expressão de medo no rosto dela.
Suas pernas perderam a habilidade de segurá-la e ela deslizou para o chão. Seu coração parou quando ele a viu caída do lado de fora da baia e ele correu em sua direção. Ele derrapou ao parar e caiu de joelhos.
— Reb? O que há de errado? Você está machucada? É o bebê? — Abrindo os olhos, ela vasculhou seu rosto preocupado.
— Onde está seu cavalo?
— Meu cavalo?
— Seu garanhão castanho.
Ele deixou a cabeça pender. — Eu o perdi na noite passada.
— E eu quase perdi você.
Ele lentamente trouxe os olhos para os dela. — Reb, não foi... — Ele parou. — Está acabado agora. Não tem sentido pensar nisso.
Ela embalou o rosto dele em suas mãos, aproximando sua boca da dela e beijou gentilmente o homem que veio a significar tanto para ela.
Jake a carregou para a próxima baia e a deitou, seus braços circulando-a enquanto ele procurava tranquilizá-la, sua boca nunca deixando a dela. Ninguém se importou muito com ele desde que sua mãe havia morrido. Sua preocupação lhe deu esperança para o futuro.
O som de uma garganta clareando fez os dois se afastarem como se fossem crianças pegas atrás da escola. Com o sorriso grande espalhado de um lado a outro do rosto, Zach encarava-os.
Jake levantou-se e ajudou Rebecca a se levantar enquanto ela lutava desajeitadamente para sair do chão coberto de feno. Seu rosto estava corado de calor enquanto se inclinava e beijava Zach na bochecha.
— Obrigada — disse ela.
— Pelo quê? — Zach perguntou.
— Por cuidar de Jake ontem à noite.
Ele observou enquanto ela saía do celeiro antes de levar seu cavalo para a baia. Ele olhou por cima das ripas de madeira. — Irmão, você e eu temos uma definição diferente da palavra “amor”.
Zach rapidamente se afastou, envergonhado pela estima familiar que usara sem pensar. Ele ainda tinha que ganhar o direito de chamar Jake de irmão. E ele soube, quando Jake voltou à tarefa de escovar Shadow, que o termo também o incomodou.
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À medida que os dias passavam, o frio diminuiu. Mas o clima mais suave não impediu as pessoas de entrar no espírito de Natal.
Era impossível dizer quem tinha o maior sorriso, Frank ou Zach, enquanto caminhavam para a casa, surpreendendo Rebecca. Ela jogou a mão na boca e seu sorriso rivalizou com o deles em brilho.
— Jake nos enviou para encontrar uma — disse Frank, enquanto ele e Zach lutavam para posicionar a monstruosa árvore de pinheiro no canto. Eles reviraram os olhos percebendo que, em seu desejo de agradar Rebecca, eles não conseguiram levar em conta o tamanho da casa. Pelo menos um quarto da árvore teria que ser cortado.
Olhando em volta da casa pequena e depois de volta para a árvore, Rebecca disse: — Vamos colocá-la no celeiro. Então, podemos aproveitá-la e comemorar o Natal juntos.
Ao anoitecer, todos os homens estavam reunidos ao redor da árvore cantando canções natalinas fora de sintonia que fizeram lágrimas de alegria rolarem pelas bochechas de Rebecca.
Presentes magicamente apareceram sob os ramos escassamente decorados. Frank estava como um menino, dando os presentes, ansioso para fazer isso para que ele pudesse ver o que Rebecca lhe havia dado.
Ele entregou a Rebecca o presente de Jake. Ela passou os dedos com carinho sobre o papel marrom e a corda amarrada desajeitadamente, sabendo que Jake o embrulhou sozinho. Ela puxou a corda, e o embrulho caiu no que restava do colo. Ela ficou segurando uma pequena caixa de madeira com um minúsculo mustang levantado em suas pernas traseiras esculpido no topo. Ela passou o dedo sobre ele, lágrimas em seus olhos quando ela olhou para Jake.
— Você fez isso — disse ela.
— Mas não o que está nela.
Lentamente, ela abriu a caixa. Aninhado dentro estava um pequeno tambor de prata com solavancos aparentemente aleatórios ocorrendo sobre ele. Finos dentes metálicos tocaram no tambor.
— Uma caixa de música — ela sussurrou.
— Eu iria comprar para você uma já feita, mas nenhuma das caixas abria para mostrar a música, elas só lhe mostravam outra caixa. Pensei que você gostaria de ver a música sendo feita. Você bobina aqui para voltar a tocar.
Rebecca virou a caixa e girou a pequena manivela. Ela ouviu e observou com prazer como a pequena criação tilintava as notas de “The Cowboy's Lament”.
Colocando a palma da mão na bochecha de Jake, ela virou seu rosto para o dela e escovou um beijo em seus lábios. — Obrigado. É lindo.
— Abra o seu, Jake! — disse Frank. —Você é o único que não abriu seu presente. — Ele e os outros homens já haviam desembrulhado os deles.
Jake desatou a fita no presente perfeitamente embrulhado, revelando um par de luvas grossas.
— Maldição! Ela nos deu a mesma coisa! — disse Frank, segurando um par idêntico, perguntando-se por que ela não tinha dado a Jake algo especial. Foi um pensamento que não atravessou a mente de Jake.
— Elas deveriam ser muito resistentes... para lidar com arames farpados — Rebecca explicou.
— Com todo o fio que estamos amarrando, Frank e eu certamente podemos usá-las. Obrigado.
— Experimente — Rebecca incitou. — Se elas não se encaixarem, teremos que devolvê-las.
Jake enfiou a mão dentro de uma e congelou, então ele lentamente tirou a mão dela, apertando um relógio de bolso dourado, sua corrente de ouro atrás.
— Abra — Rebecca sussurrou.
Jake olhou para ela. — Abrir?
— O relógio. Há algo dentro para você; No interior, letras esculpidas diziam: “Para aquele que eu aprecio. Reb.”
— Não é tão especial — disse Rebecca. — Na verdade, eu não fiz a marcação.
Jake passou o dedo pelas palavras gravadas. — É muito especial — ele disse com uma voz rouca, desejando que todos os homens voltassem para o barracão agora. Ele precisava de tempo para se adaptar a receber um presente tão maravilhoso.
— Maldição! Você poderia, pelo menos, beijá-la! — Frank exclamou. — Ela não colocou nada nas minhas luvas!
O riso encheu o celeiro e Jake agradeceu que o feitiço foi quebrado. Ele se virou para sua esposa e deu-lhe um leve beijo. — Obrigado.
— Agora, é a nossa vez — disse Lee enquanto se levantava, segurando um ramo verde sobre sua cabeça. — Tivemos um grande momento achando isso. — Ele estendeu a mão para Rebecca. — Vamos, Reb, não nos decepcione.
Rindo, Rebecca colocou a mão na dele, permitindo que ela fosse puxada para dentro de seus braços. — Você deve realmente estar desesperado — ela provocou.
— Sim, senhora, nós estamos — disse Lee enquanto se inclinava para beijá-la. — Boa noite, Jake — ele disse com um sorriso enquanto entregava o visco ao próximo homem.
Frank foi o último na fila. Ele colocou seu beijo na bochecha de Rebecca e depois disse: — Obrigado por me dar algo tão bom. Me fez sentir especial.
— Você é especial, Frank.
— Feliz Natal — ele disse com um aceno de cabeça quando ele saiu pela porta do celeiro.
Um pequeno presente permaneceu sob a árvore. Jake o pegou e colocou-o no bolso de sua jaqueta.
— Eu vou fazer um rápido passeio para verificar o rebanho — ele disse.
Ela passou os braços em volta da cintura dele, virando o rosto para contemplá-lo. — Lamento que ele não veio.
Jake assentiu. — Talvez no próximo ano.
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A noite começou a ficar refrescante quando o vento colheu-a. A lua iluminava o rebanho enquanto o gado se agrupava contra o frio. Zach puxou para cima o colarinho de sua jaqueta para proteger seu pescoço e baixou o chapéu. Jake havia dito que achava que o gado ficaria bem sem que ninguém os observasse esta noite e convidou todos a se juntarem a eles no celeiro para uma pequena festa de Natal. E Zach quis ir. Ele sabia o que Jake estaria dando a Rebecca, e ele queria ver seu rosto quando ela abrisse o presente. Ele ouviu um cavaleiro se aproximando, surpreso ao ver Jake parando ao lado dele.
— Você teria sido bem-vindo — disse Jake enquanto ele puxava as rédeas de seu cavalo.
Zach sacudiu a cabeça. — Eu não conseguiria fazer isso.
— Os homens-
— Não tem nada a ver com os homens. — Zach inclinou a cabeça para trás, sentiu o vento acertar seu pescoço e enfiou o queixo na jaqueta. — Quando eu tinha dez anos, Mamãe colocou velas nos ramos da nossa árvore, algo que ela nunca tinha feito antes porque tinha medo de incêndio. Nós estávamos rindo e desembrulhando presentes, comendo toda a comida que ela tinha cozinhado. Tendo um inferno de um bom tempo. — Zach virou-se para Jake. — Então mamãe me disse para ir apagar todas as velas. Antes de eu fazer isso, olhei pela janela e lá estava você, agachado no quintal, olhando a árvore, as chamas das velas lançando luz em seu rosto.
— Era uma árvore bonita — Jake admitiu, lembrando a visão das velas cintilando na janela e refletindo sobre a neve.
— Eu estava de dentro olhando para fora, você estava de fora olhando para dentro. Bem... agora, você é o único por dentro e você merece estar.
— Há também espaço para você, Zach. Reb teria gostado que você estivesse lá conosco.
Zach sorriu. — Essa é uma razão para ir, eu suponho. Se vocês dois sentirem o mesmo no próximo ano, eu vou me juntar a vocês.
Jake enfiou a mão no bolso e estendeu o pequeno presente para Zach. — É apenas uma pequena coisa que peguei.
Zach desembrulhou o presente e sorriu para a gaita que encontrou dentro. Ele desejou ter pensado em conseguir algo para Jake.
— Ouvi você tocar uma gaita numa noite. Gostei do jeito que soou — disse Jake.
— Infelizmente, papai também ouviu.
— Seu pai chamou de barulho de Satanás.
Zach virou o instrumento na mão e disse calmamente: — Ele também era seu pai.
Jake balançou a cabeça. — Requer mais do que plantar a semente fazer de um homem um pai.
E requer mais do que ter o mesmo pai para fazer de dois homens irmãos, pensou Zach.
— Além disso — continuou Jake. — Eu não estou convencido de que ele era meu pai. Inferno, Zach, minha mãe era uma prostituta. Qualquer vagabundo poderia ter me gerado.
O olhar de Zach se intensificou ao estudar o homem diante dele. — Ela não era uma prostituta antes dela ter te concebido — ele disse, sua voz baixa, como se ele estivesse revelando algo que ele tinha jurado não contar. — Ela era a irmã da minha mãe.
“Ela veio morar conosco depois que nossos avós morreram. Depois que ela engravidou, ela se mudou para a cidade, foi trabalhar no bordel local. Se passaram alguns anos antes do pai saber por que ela havia partido, anos antes de minha mãe saber quem tinha gerado o bebê de sua irmã.
Jake não tinha palavras para expressar o que estava sentindo. Zach não esperava nenhuma. Ele suspirou, movendo levemente a gaita na mão. — Não tínhamos permissão para ouvir música. O pai deu dozes chicotadas em você porque toquei essa maldita coisa.
— Foram apenas dez. E ele não está aqui agora. Boa noite, Zach... e obrigado por me contar. Eu sempre me perguntei.
Conforme ele galopou para longe, as tensões de “Amazing Grace” encheram o ar, reabastecendo uma alma torturada com paz.
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De pé ao lado da cama, Jake olhou para a mulher dormindo. Ela estava deitada de costas, as palmas das mãos apoiadas no travesseiro, a caixa de música sentada no estômago. Ele acariciou as letras gravadas no relógio com o polegar. Ela o apreciava. Ele se perguntou o quão perto isso chegava do amor.
Lentamente, ela abriu os olhos. — Você o encontrou?
Jake sentou-se na cama. — Sim. Ele não veio porque eu não tive permissão para celebrar o Natal com sua família.
Ela balançou a cabeça. — De muitas maneiras, acho que Zach sofreu quase tanto quanto você. Talvez Ethan também, embora eu tenha dificuldade em sentir qualquer simpatia por ele. Você é quem deveria ter sido amargo, quem deveria ter crescido para se tornar um homem irritado.
Jake sorriu em memória. — Provavelmente posso agradecer a minha mãe que eu não fiquei assim. Eu tinha apenas cinco anos quando ela morreu, mas ainda posso ouvir a suavidade de sua voz, sentir o toque suave de sua mão. Eu a carrego sempre comigo. Essa foi a única coisa que me fez prosseguir às vezes.
— Esse é o tipo de mãe que eu gostaria de ser — disse Rebecca.
— Não tenho dúvidas de que é exatamente o tipo de mãe que você será.
Rebecca levantou a caixa de música de seu estômago. — Eu estava deixando ele ouvir isso.
— Você acha que ele pode ouvi-la?
Ela encolheu os ombros. — Espero que ele possa ouvir o que está acontecendo aqui, caso contrário, passei muito tempo cantando canções de ninar para mim nos últimos meses.
Ele abriu a mão, revelando o relógio. — Quero agradecer-lhe pelo relógio. Nunca tive um presente tão bom antes.
Rebecca sentou-se, arrastando os cabelos para longe da testa dele. — Eu queria que você soubesse o quanto você significa para mim. Você é meu melhor amigo, Jake. Sob as circunstâncias, não acho que haja mais ninguém com quem eu pudesse ter me casado. — Ela deslizou dois dedos para cima do manguito de seu vestido e recuperou o raminho verde. — Você achou que eu não notaria que você não conseguiu entrar na fila? — Ela segurou o visco sobre a cabeça dele. — Não me desaponte — ela sussurrou.
E ele não desapontou.
Onze
Apertando punhos fechados em sua parte inferior das costas, Rebecca arqueou a espinha tentando aliviar a dor maçante que tinha começado cedo naquela manhã. Eles estavam no quinto dia do ano novo. De acordo com suas estimativas, ela tinha quase mais três semanas de andar como um pato e sentir o grande desconforto contra o qual ela estava lutando agora.
Jake entrou na casa segurando dois pratos amontoados com comidas, as linhas cansadas gravadas em seu rosto se aprofundando ao ver sua esposa.
— Você está bem?
— Sim — ela suspirou. — As minhas costas estão apenas doloridas. Sinto que esse bebê se transformou em um canhão de aço hoje e caiu das minhas costelas até os meus joelhos.
— Você acha que um banho quente ajudaria?
Um banho quente seria o paraíso, e se ela não estivesse inválida, tomaria um. Mas não pediria a Jake que preparasse um para ela.
— Daria muito trabalho — ela disse, tentando impedir a saudade de transparecer em sua voz e tendo sucesso, mas seus olhos falharam em seus esforços.
Jake colocou os pratos na mesa e tirou a camisa.
— Não há nenhuma maneira de eu me deitar naquela cama com você esta noite cheirando desse jeito, e me lavar não vai me fazer bem. Eu também gostaria de um banho.
Uma vez que os pratos foram limpos, Jake trouxe uma grande banheira de madeira e colocou-a atrás da colcha. Então ele se pôs a adquirir água e aquecê-la. Quando ele encheu a banheira com água fumegante, ele saiu de trás da colcha e curvou-se, estendendo um braço em direção ao banho. — Você primeiro.
Rindo, Rebecca passou por ele. — Não vou discutir desta vez.
Inclinando-se contra a banheira de madeira, a água morna lambendo seu corpo, Rebecca fechou os olhos e suspirou. Ela ansiava ficar sentada na água a noite toda, mas sabia que Jake usaria a mesma água quando ela tivesse terminado. Era demais esvaziar a banheira e reenchê-la. Ela se sentiu culpada pela primeira vez que eles usaram a banheira porque ela não tinha percebido que ele usaria sua água, e ela estava fria quando ela saiu.
Pegando o sabonete, ela começou a esfregá-lo entre as mãos, pensando em sabonetes franceses e outras coisas que raramente eram encontradas aqui. O sabão duro escorregou de suas mãos, caindo e derrapando pelo chão, passando por debaixo da colcha e parando do outro lado da sala. Ela congelou. Deveria sair da banheira e tentar pegá-lo sozinha? Ela deveria pedir a Jake para pegá-lo por ela?
Jake olhou para a bola de sabão desigual como se fosse algo estranho, algo que ele nunca tinha visto antes. Ele deveria sair para que ela se sentisse livre para sair da banheira e pegá-lo? Deveria devolvê-lo sob a colcha? Maldição! Ela era sua esposa, ele veria seu corpo e muito mais antes do próximo mês chegar. Jake levantou-se e caminhou em direção à colcha, curvou-se e pegou o sabão. Ele pesou em sua mão enquanto ele pesava suas opções.
Ele rodeou a colcha. Suas costas estavam para ele e ela olhou para ele sobre seus ombros curvados. Ela tentou estender a mão, enquanto a outra inefecientemente cobria sua parte superior do corpo. Seus cabelos escuros estavam empilhados em cima de sua cabeça, mechas perdidas enquadrando seu rosto. Ele deu um passo à frente e colocou o sabão em sua mão estendida antes de virar e sair da casa.
De pé na varanda, ele inalou profundamente. Entregar sabão a ela não foi o que ele quis fazer. Ele queria esfregar suas costas, para aliviar aquela dor na parte inferior das costas dela. Querido Deus, mas ele queria tocá-la da maneira como um homem toca sua esposa, do jeito que um homem toca a mulher que ama. Ele curvou a cabeça, perguntando-se se ela alguma vez iria querê-lo como ele a queria. Mas ele percebeu que ele estava sendo injusto. Agora, ela estava inchada e miserável e a última coisa que ela provavelmente queria era um homem tocando nela.
A porta chiou atrás dele e Rebecca mostrou a cabeça. — Eu terminei — ela disse calmamente.
Virando, Jake deu-lhe um pequeno sorriso e entrou na casa para esfregar a sujeira de seu próprio corpo.
Sentada no sofá com os pés debaixo dela, Rebecca ouviu os sons abafados dos movimentos de Jake atrás da colcha. Ela ouviu o lambido gentil da água quando ele colocou sua figura magra na banheira. Então, respirando profundamente, ela se levantou e, empurrando as mangas de seu vestido para cima até os cotovelos, ela rodeou a colcha.
Ele estava esfregando o rosto, e ela observou o jogo de músculos nas costas dele. Então ela se ajoelhou atrás dele e colocou um dedo no ombro dele. Todas as suas ações, inclusive a respiração, cessaram.
— Eu vou lavar suas costas — disse ela, estendendo uma mão para receber o sabão.
Ele olhou para trás pelo ombro. — Eu posso fazer isso.
Ela balançou a cabeça. — Você trabalhou arduamente. É o mínimo que posso fazer, e eu não vou me cansar por fazer isso. — Ela balançou a mão. — Me dê o sabão e incline-se para a frente.
Ele fez o que ela pediu. Ela levantou o sabão e começou a lavar suas costas, esfregando-a e massageando-a no processo. Algo já havia parecido assim tão bom?
— Eu quis fazer isso por você — ele disse calmamente.
— Por que você não fez?
— Eu não tinha certeza de que você iria querer.
Ela continuou a lavar sua firme costa, enxaguando o sabão e depois ensaboando de novo até ouvir a constante e lenta respiração rítmica.
— Jake? — Ela pressionou dois dedos nas costas dele. — Jake?
Sua cabeça ergueu-se, seus olhos tentando se concentrar, sua mente tentando lembrar onde ele estava.
— Eu vou terminar — ele disse grogue.
Entregando-lhe o sabão, ela se levantou e, sem olhar para trás, foi direto para a cama. Ela deitou de lado, observando os raios da lua se alargando através das fissuras pequenas nas venezianas fechadas. Ela puxou as cobertas para mais perto dela, tentando evitar o frio da sala. Ela ouviu os movimentos de Jake, tentada a rolar e observá-lo. Ela ouviu seus pés molhados acertarem o chão, consciente de seus rápidos movimentos enquanto ele se secava e deslizava em suas long jonhs[10].
A cama mergulhou com seu peso. Ela rolou, aconchegando-se contra ele, seu corpo trazendo calor. Havia momentos em que ela estava aninhada dentro de seu abraço que queria mais do que seus braços ao redor dela, ansiava mais do que os movimentos ociosos de seus dedos para cima e para baixo por suas costas. Seus dedos se acalmaram e ela ouviu sua profunda respiração rítmica. Ela fechou os olhos até sua respiração combinar com a dele.
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O alto clamor de ferro contra ferro tiraram Rebecca e Jake de um sono sadio e a palavra “Fogo!” tirou Jake da cama. Ele pôs as calças.
— Fique aí! — Ele gritou, apontando um dedo para Rebecca.
Ele agarrou sua jaqueta e empurrou os braços nela antes de sair correndo.
Ela deslizou os pés da cama quente e colocou-os no chão gelado. Seu corpo balançou de um lado para o outro enquanto se movia para a porta da frente. Ela abriu a porta, com toda a intenção de ficar ali de pé e assistir, mas então viu o fogo consumir o celeiro e Jake correndo atrás de Zach para salvar o estoque preso dentro. Ela soltou um grito ensurdecedor e correu para o quintal.
Alguém impediu seu progresso, e ela procurou controlar seu pânico ao emitir ordens a qualquer pessoa que estivesse no alcance auditivo. Ela fez com que os homens formassem uma fila e baldes de água foram passados por ela e jogados inutilmente no fogo. Ela içou os baldes ao lado deles, seus olhos nunca saindo do celeiro conforme as chamas lamberam a estrutura e migraram para cima em direção ao céu negro. Os cavalos começaram a sair galopando. Apesa de tão longe da estrutura como ela estava, ela ainda podia sentir o calor que emanava do seu núcleo, abrasando qualquer um que chegasse perto demais. Ela viu Jake e Zach correrem para fora, envolvendo cobertores embebidos de água em torno de si mesmos e gritando direções um para o outro antes de tempestivamente voltarem ao inferno.
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As chamas vermelhas cercaram os dois homens quando se amontoaram tentando determinar se algum animal foi deixado preso dentro do celeiro. Um júbilo frenético foi ouvido na distância, e Jake fez uma lista rápida através de sua mente de todos os animais que ele e Zach haviam libertado. Então, sem pensar, ele se dirigiu para a parte de trás do celeiro. De repente, ele foi parado e girou.
Ele sentiu como se sua pele estivesse empolada, seus olhos estavam inundando-se e ele sabia que ele e Zach não poderiam ficar ali por muito tempo.
— Onde você vai? — Zach gritou sobre o rugido do fogo.
— O cavalo de Reb é o único que resta! Ele está na baia traseira!
— Eu vou pegá-lo! — Zach disse. — Volte para fora!
— É minha responsabilidade!
Zach sacudiu Jake até que sua cabeça estalou. — Maldição! Eu não sei por que você não acha que ela te ama! Mas ela ama e ela precisa de você muito mais do que ela precisa de um maldito cavalo! Você nunca aprendeu ao crescer que você precisa obedecer seu irmão mais velho, então você vai aprender agora! Saia daqui, irmão mais novo, ou eu vou te carregar para fora e o cavalo pode ficar!
Jake olhou para os olhos marrons, as emoções passando por ele conflituando com tudo o que ele conheceu ao crescer.
— Deixe o cavalo! — Ele gritou quando agarrou o casaco de Zach. — Vamos simplesmente sair daqui!
O telhado do celeiro começou a desabar, e as vigas queimadas começaram a cair ao redor deles. Jake abaixou-se, jogando os braços sobre a cabeça. Quando ele se levantou, Zach tinha desaparecido.
Jake saiu do edifício em chamas. Dobrando a cintura, apoiando os braços contra os joelhos, ele inalou profundamente o ar exterior, tentando forçar o ar esfumaçado para fora de seus pulmões doloridos.
Quando ele se endireitou, viu Reb se aproximando dele. Então, ela se dobrou e gritou. Jake correu para ela, pegando-a antes que ela atingisse o chão. Outra dor a atingiu antes da primeira desaparecer e ela ergueu os olhos cheios de medo para os dele.
— Oh, Deus! O bebê está chegando! Ele está vindo agora! — ela chorou.
Jake examinou a área em busca de alguém em quem ele pudesse confiar. — Frank! Certifique-se de que Zach saia! — ele gritou. Então o celeiro, o fogo, todo o resto foi esquecido enquanto ele levava Rebecca para a casa.
Gentilmente, Jake colocou Rebecca na cama enquanto ela se dobrava, outra dor acertando-a. Ela agarrou sua mão, apertando duramente.
— Elas estão vindo tão rápido! Oh, Deus! Dói!
— Reb, querida, tenho que ir me limpar. Eu volto logo. Apenas tente relaxar, querida.
— Mas é muito cedo, Jake. Depois de tudo, vou perdê-lo.
— Não, você não vai. Eu prometo, Reb. Tudo vai ficar bem.
Ele soltou-se de seu aperto e virou-se para ir, parando e esfregando as costas dela conforme ela se dobrou de lado quando a investida de dor a pegou de novo. Assim que sua respiração começou a desacelerar, ele correu para a tigela de água e começou a esfregar as mãos queimadas. Maldição! Eles pensaram que tinham mais três semanas para se preparar!
Ele puxou um lençol do baú e o rasgou em pedaços, amarrando um pedaço em cada extremidade da cama, entregando os panos para ela.
— Basta puxá-los quando a dor chegar — ele ordenou. Então ele ergueu o vestido dela e colocou apoios[11] debaixo dela. Ele observou com admiração enquanto seus músculos se apertavam visivelmente e ela cerrrava a mandíbula.
— Reb, querida, não segure. Grite. Grite tudo o que você quiser. Eu tenho que ver se a cabeça dele está baixa. Pode doer, querida.
— Dói agora, Jake. — E então ela encheu a casa com um grito que escapou para a noite e assustou os homens que ainda estavam lutando contra o fogo.
— Eu posso sentir a cabeça dele. Ele está muito baixo. Na próxima vez, basta empurrar, querida. Faça força e empurre. Tudo vai ficar bem, Reb.
Sua voz era confiante e calma, as mãos dele esfregando suavemente seu estômago, e por um minuto ela quase acreditou nele. Então, uma contração insuportavelmente difícil a atingiu, seguida rapidamente por outra. Quando ela pensou que não poderia mais aguentar, isso diminuiu. Ela abriu os olhos cheios de lágrimas e, entre o vale de seus joelhos levantados, viu Jake sorrindo.
— Sobre que diabos você está sorrindo, Burnett? — ela rosnou.
Ele a olhou com inocência. — Eu posso ver a cabeça dele. Ele tem cabelo preto.
— Cabelo preto? — ela perguntou em um tom amolecido.
— Ele está quase aqui, querida.
Então a dor a agarrou novamente, ainda mais intensa do que antes, e ela deslizou em um beatífico negrume. Ela sentiu como se estivesse nadando através de um túnel escuro, e no final, um pequeno som de lamentação estava chamando ela. Com cuidado, ela abriu os olhos. Jake estava pairando sobre ela, embalando um minúsculo pacote em seus braços fortes e protetores.
— Nós temos um filho, Reb — ele disse com uma voz calma enquanto ele colocava a criança no peito dela.
Seus dedos escovaram levemente os cabelos escuros enquanto ela estudava o rosto enrugado. Que estranho, ela pensou, começamos a vida tão enrugados e terminamos da mesma maneira.
Em maravilha, ela disse: — Ele se parece com... — Ela se impediu de dizer Brett, pois o menino parecia exatamente com seu pai. — Simples perfeição — ela alterou.
— Eu vou limpá-lo assim que eu cuidar de você — Jake disse. Seu corpo expulsou as secundinas. Ele a lavou, a alcochoou e mudou a roupa de cama sem afastá-la da cama. Durante todo o tempo, ela admirou seu filho perfeito, tocou os cinco pequenos dedos de cada uma das mãos, seus dez dedos enrolados, os poucos cabelos das sobrancelhas sobre os olhos, o cabelo que já prometia ser grosso e cheio. Jake a ajudou a entrar em um vestido limpo e macio, e então ele pegou o bebê para limpá-lo. Rebecca fechou os olhos, as palavras de Jake ecoando em sua mente, “Nós temos um filho”.
Ele trouxe a criança limpa e dormindo de volta para ela. — Ele está mais apresentável agora, mas ele adormeceu. Acho que também foi um trabalho duro para ele. Você quer segurá-lo?
Ela estendeu os braços. — Só por um minuto.
Ele deu a criança adormecida a sua mãe e os olhos de Rebecca caíram nas mãos de Jake.
— Oh, suas mãos!
— Noite ruim para ter um incêndio.
— Traga-me o unguento e o curativo.
— Eu vou ficar bem.
— Faça isso, Jake Burnett!
Doeu como o inferno levar a jarra de unguento e o curativo para ela. Ela se sentou e pousou o bebê na cama, tomando suavemente a mão de Jake na sua.
— Como no mundo você conseguiu fazer o parto de um bebê? — ela gemeu.
— Na verdade, elas não começaram a doer até eu parar.
Ela aplicou o unguento e levemente enrolou suas mãos, estremecendo ao fazer isso, sabendo que ele estava fazendo o mesmo. Ela se perguntou como diabos ele não sentiu dor enquanto ele estava fazendo o parto do bebê. E quantas vezes ela apertou sua mão?
Quando ela terminou, ele colocou o bebê no berço e recostou Rebecca na cama antes de retornar ao exterior para anunciar as boas notícias e avaliar os danos causados pelo fogo.
Rebecca ficou surpresa por não poder dormir. Afinal, depois de tudo pelo qual ela tinha passado, ela pensou que cairia num sono profundo e nunca acordaria. De vez em quando, seus olhos acariciavam o bebê dormindo, achando difícil acreditar que o pequeno montículo que tinha sido sua barriga era aquela linda criança que agora fazia parte de seu mundo. Ela já não podia lembrar o que era não o ter na vida dela. Ela ouviu a porta ser aberta e esperou que Jake fosse até ela. Quando ele não o fez, ela saiu da cama. Ele estava sentado no sofá, cabeça baixa, os olhos fechados.
— O que você está fazendo? — ela perguntou.
Seus olhos se abriram. — Você deveria estar na cama.
— Assim como você.
— Eu pensei que você ficaria mais confortável se eu dormisse aqui — disse ele.
— Bem, você pensou errado. Venha para a cama.
— Daqui a pouco.
A tristeza em sua voz fez com que ela se sentasse. — O que aconteceu?
Jake suspirou. Como ele poderia contar a ela? Como ele poderia explicar não só o que aconteceu, mas como ele estava se sentindo sobre isso? Ele soltou um suspiro tremente, e os olhos cheios de tristeza viraram na direção dela. — Zach não conseguiu sair.
Ficando de joelhos, ela o puxou contra seu peito, os braços o cercaram, as lágrimas encheram seus olhos. — Sinto muito, Jake — ela disse calmamente. — Não foi sua culpa. Quando você saiu do celeiro, as chamas já eram altas demais para que alguém voltasse.
Os braços dele a rodearam, apertando firmemente. — Eu não queria gostar dele, Reb. Mas eu gostei. Nós estávamos apenas começando a nos conhecer, a ter uma compreensão sobre o passado.
— Como você acha que o incêndio começou?
— Eu aposto minha vida que Ethan o começou.
— Pequenas ironias da vida. Ele o começou para destruir um irmão e acabou destruindo o outro. — Ela passou os dedos pelos cabelos dele. — Venha para a cama, me abrace, deixe-me abraçá-lo.
Eles deitaram nos braços um do outro, atentos para não se machucarem, ouvindo a respiração suave do filho deles.
— Com qual nome você acha que eu deveria nomeá-lo? — Rebecca perguntou na quietude da noite.
— Pensei que você poderia querer nomeá-lo com o nome do pai dele.
— Eu gostaria disso — disse ela, conforme lágrimas de felicidade se misturaram com as lágrimas de tristeza provocadas pela morte de Zach. Jake Burnett era o homem mais altruísta que ela já tinha conhecido. — Nós vamos chamá-lo de Jacob. Jacob Burnett.
Jake estava machucado, emocionalmente e fisicamente, e ele estava exausto. Ele a encarou com admiração.
— Você vai nomeá-lo com o meu nome?
— Eu não vejo nenhum outro pai nesta casa.
Ignorando a dor latejando em suas mãos, ele a aproximou, segurando-a firmemente. Esse era o presente mais precioso que ela poderia ter dado a ele.
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O minúsculo grupo de homens desalinhados olhou para cima da fogueira no qual eles estavam amontoados, o céu nublado aumentando a melancolia. Ethan desdobrou o corpo e dirigiu-se com confiança ao cavaleiro que ousou entrar no meio deles.
— Onde estão seus homens? Ou você recuperou o juízo e decidiu deixar esse estado?
Jake estudou o homem. Por mais que ele não gostasse dele, ele não sentia prazer em trazer-lhe a notícia.
— Alguém incendiou o nosso celeiro na noite passada.
Ethan deu ao homem um aceno conhecedor, tendo prazer em notar as queimaduras em suas mãos. — E eu suponho que você veio me acusar desse mal.
Jake balançou a cabeça e suspirou. — Não. Eu vim te dizer que Zach morreu me ajudando a tirar o gado do celeiro.
Ethan cambaleou como se alguém tivesse empurrado um punho no seu peito.
— Eu separei um pouco de terra. Pensei em enterrarmos ele lá amanhã. Parecia apropriado desde que seu pai comprou a terra. Se você preferir enterrá-lo em outro lugar-Ethan se afastou, passando por seus homens e o fogo, caminhando até que ele esteve rodeado pelo vazio. Então ele caiu de joelhos e atacou as forças que haviam destruído a única pessoa que ele amava que havia sobrado no mundo.
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O pequeno e sombrio grupo se juntou ao redor do túmulo, os homens de pé com os chapéus nas mãos, dando a única coisa que tinha sobrado para darem, seu mais profundo respeito.
Ethan surgiu cavalgando e sem uma palavra desmontou e tomou o seu lugar ao lado de Jake. Os olhos dele perfuraram Jake durante a recitação do ministro. Quando o ministro fechou sua Bíblia, ele olhou entre os dois homens se perguntando quem iria jogar o punhado de terra no caixão de madeira que havia sido abaixado ao chão frio.
— Você fez isso — Ethan rosnou. — Você é o motivo pelo qual ele está morto.
Antes que alguém pudesse responder à acusação, Rebecca deu um passo à frente, pegou um punhado de terra e o deixou cair no caixão. — Adeus, Zach — ela sussurrou. — Estou feliz que Jake teve você. — Então ela deu um passo para trás e passou o braço em torno de Jake, levando-o para longe, os outros lamentadores seguindo, deixando Ethan suportar seu sofrimento sozinho ao lado do buraco aberto.
O barracão tinha sido limpo para fornecer espaço para toda a comida que os vizinhos pensativos haviam trazido. Rebecca e Jake caminharam para a casa onde alguém se ofereceu para observar o bebê dormindo enquanto eles participavam do funeral. Quando eles entraram, viram que a mulher havia sido substituída por Carrie. Um sorriso grande atravessou seu rosto quando ela se virou para eles. Ela imediatamente se aproximou de Jake e jogou os braços ao redor dele.
— Eu sei que esta é uma ocasião triste, mas ainda há razões para se alegrar. Você fez bem, rapaz. Você tem um filho bonito.
Jake trabalhou para sair do abraço de Carrie. — Estamos orgulhosos dele — disse ele.
— E com boa razão.
Jake partiu para aceitar as condolências dos lamentadores, e Rebecca pegou seu filho. Carrie a observou enquanto ela se sentava para cuidar dele.
— Tanto para o seu período de descanso — disse Carrie.
— Eu quase não tive tempo de ter o bebê — disse Rebecca — muito menos ficar na cama e me recuperar.
— Eu nunca acreditei em ficar na cama. Inferno, a metade dos povos do mundo volta aos campos logo após o nascimento de seus bebês. — Ela deu a Rebecca um olhar conhecedor.
— Você ficará surpresa com o modo como, ao longo dos anos, ele se assemelhará a Jake. Ele pegará os maneirismos de Jake e ninguém nunca adivinhará — disse Carrie.
Os olhos de Rebecca voltaram para os de Carrie, imaginando o que ela queria dizer com esse comentário. Ela viu nos olhos de Carrie que ela queria dizer exatamente o que Rebecca tinha medo que Carrie quisesse dizer.
— Requer um homem especial para aceitar o filho de outro como seu — disse Carrie.
Rebecca sentiu as lágrimas ferroando seus olhos. Todos saberiam?
— Qual dos meus filhos você acha que não foi gerado por Michael?
O choque da pergunta impediu as lágrimas de Rebecca de caírem. Seus olhos se arregalaram, depois se estreitaram quando ela repassou todos os meninos Reading em sua mente. — Essa é uma pergunta complicada — disse ela. — Todos eles são filhos de Michael.
Carrie recostou-se. — Isso é verdade. Mas ele não plantou a semente que trouxe Mark.
— Ele sabe disso? — Rebecca perguntou.
Carrie riu. — Claro que ele sabe. Ele estava lutando contra os malditos Ianques. A guerra estava chegando ao fim, as incursões estavam aumentando. Homens estavam desertando, tomando o que pudessem. Nós tínhamos perdido tudo. Tudo o que eu tinha era Matthew e a esperança de que Michael voltaria a salvo. Então, uma noite, cinco homens apareceram em uma incursão. A única coisa que havia para ser incursionada era eu. Eu não tenho ideia de quem teve a sorte e não quero saber. Eu não via Michael a um ano quando ele voltou, e eu estava tão cheia de bebê que eu me escondi dele. — Carrie sorriu para a memória. — Mas ele me encontrou. E nós viemos aqui para começar de novo. Claro, Mark não sabe. Nunca vimos nenhum ponto em dizer a ele.
— Você acha que todos saberão que ele não é de Jake?
Carrie levantou-se e acariciou o ombro de Rebecca. — Mas ele é de Jake. Eu soube disso no momento em que Jake entrou pela porta e seus olhos se concentraram no menino. — Ela tocou os cabelos de Jacob. — Ninguém mais olhará tão de perto quanto eu. Peço desculpas, Rebecca. Desde que Mark nasceu, sempre me pergunto.
— Seria bom se ele tivesse o sorriso de Jake — disse Rebecca.
— Sempre gostei do sorriso dele. — Os olhos dela acariciaram a criança dormindo.
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Se passou uma semana antes que as mãos de Jake estivessem curadas o suficiente para que ele pudesse esculpir o marcador do túmulo de Zach. Rebecca o acompanhou em sua caminhada até o lugar de descanso de Zach e ficou silenciosamente observando enquanto Jake trabalhava para colocar o marcador no chão. Ela pensou em Zach com grande carinho, sentindo mais falta dele do que pensava que sentiria. Ela esperava com fervor que ele não estivesse desapontado por se encontrar abraçado pelos poderosos braços do Senhor. O inferno não era o destino final para homens como Zach, independentemente do desejo dele de se juntar ao pai.
Sua tarefa completada, Jake levantou-se. Quando Rebecca se moveu para ficar ao lado dele, ele colocou o braço em volta da sua cintura.
— É como se devesse haver algo mais que eu posso fazer — disse Jake em um sussurro dolorido.
Rebecca pressionou a cabeça contra seu peito. Virando, eles lentamente se afastaram do marcador. O epitáfio esculpido profundamente na madeira silenciosamente proclamava o que as vozes não tiveram oportunidade de declarar:
ZACHARY TRUSCOTT
Amado Irmão e Amigo
1857-1884
Doze
John Ireland, o governador do Texas, convocou a legislatura para uma sessão especial. Em janeiro, pouco depois do incêndio que levou a vida de Zach, eles aprovaram uma lei, tornando ilegal cortar uma cerca de arame farpado.
O Rocking R experimentou menos problemas, embora Jake tinha certeza de que o cessar de Ethan em causar problemas não tinha nada a ver com a lei. Ele sentiu que o homem estava simplesmente aguardando sua hora e faria uma última oferta pela propriedade de sua terra.
Mas Jake tinha mais em mente do que se preocupar sobre quando Ethan faria seu movimento. Ele colocou seu cavalo em um galope, ansioso para alcançar o rancho Reading. Ele estava esperando evitar o abraço de Carrie, mas ele estava disposto a suportar isso se a mulher o ajudasse. Ele pegou Rebecca chorando muitas vezes ultimamente para não saber que algo estava errado. Mas quando ele perguntou-lhe qual era o problema, ela disse que não sabia. Ele achou mais provável que ela não quis admitir a verdade para ele: ela se arrependeu de se casar com ele agora que o bebê nasceu.
Ele parou seu cavalo conforme Carrie saiu pela porta. — Terra de Gósen, garoto. Você finalmente criou juízo e quer um abraço?
Corando, Jake inclinou o chapéu. — Não, senhora. Mas eu estava me perguntando se eu poderia ter uma palavra com você.
— Claro. Entre.
Jake desmontou e seguiu-a para dentro da casa.
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— Coloco um pouco de café para você? — Carrie perguntou, observando enquanto Jake esperava que ela se sentasse.
— Não, obrigado.
Ela se abaixou na cadeira de madeira sem verniz. Ele se sentou na cadeira em frente a ela, colocando o chapéu na mesa.
Os olhos de Jake deixaram os dela enquanto ele contemplava o quanto dizer. Ele decidiu começar com o mínimo possível.
Carrie se inclinou para frente, colocando sua mão gorda sobre o antebraço de Jake. — Diga-me o que está incomodando você — ela disse calorosamente.
Jake voltou seu olhar para ela. — É Reb. Ultimamente... ultimamente ela está chorando muito. Pergunto-lhe o que está errado e ela diz que não sabe. Como uma mulher não sabe por que está chorando?
— Qual a idade desse seu menino?
— Pouco mais de dois meses.
— Então esse é o problema — Carrie disse com confiança, recostando-se na cadeira, com os braços cruzados sob os seios.
Jake olhou-a cautelosamente, perguntando-se o que estava perdendo. Não poderia ser tão simples, seja lá o que fosse. — Qual é o problema?
— É natural que uma mulher chore depois de um bebê nascer, ficar triste e não saber por que. O corpo de uma mulher passa nove meses mudando para fazer um bebê e depois bam! — Ela bateu a mão na mesa e Jake saltou — De repente, ela acabou de fazer o bebê e seu corpo diz o que diabos eu faço agora. E fica confuso tentando ser como era antes.
— O que eu faço para ajudá-la? Não gosto de vê-la chorar.
Carrie inclinou-se para frente, conspiradora. — Faça algo especial. Leve-a em um piquenique.
— Um piquenique?
— Certamente. Amanhã é domingo. Faça isso. Dê-lhe uma mudança de cenário. Um lindo dia de primavera, flores em floração, abelhas zumbindo. Isso vai fazer muito bem a ela.
— Parece muito simples.
Ela deu um tapinha no braço dele. — A maioria das coisas na vida é tão simples, e trabalhamos como o diabo tentando torná-las difíceis.
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Toda a agitação na casa trouxe Rebecca para fora da cama. Ela atravessou o chão, as mãos nos quadris e encarou o marido.
— Que diabos você está fazendo? — ela perguntou com dureza. Jake virou-se, seu rosto radiante e ela se arrependeu da dureza de suas palavras.
— Trabalhando em uma surpresa.
Sorrindo, ela se aproximou de seu lado, olhando para suas mãos ocupadas. — No que você está trabalhando dessa vez?
— Um piquenique.
— Um piquenique?
— Eu encontrei um lugar muito bonito onde eu quero levar você e Jacob esta manhã. Pensei que podíamos apenas relaxar e ver as nuvens passarem.
— O que posso fazer para ajudar? — Rebecca perguntou com um entusiasmo que não havia mostrado em semanas, e Jake prometeu a si mesmo encontrar uma maneira de agradecer a Carrie Reading corretamente.
Não demorou muito para eles empacotarem tudo o que precisavam no vagão e partirem. Eles subiram lentamente uma pequena colina. No topo Rebecca ofegou, apertando o braço de Jake. A colina, revestida de flores azuis, moldava uma pequena lagoa. Perto da lagoa, um carvalho gigante, seus ramos opulentos espalhados majestosamente, ofereciam a sombra perfeita para um piquenique. A colina não era íngreme e Jake guiou cautelosamente o vagão pelo leve declive.
Jake saltou e ajudou Rebecca a descer do vagão, depois voltou para pegar a cesta mantendo Jacob. Ele entregou o pacote de comida para Rebecca e tirou uma colcha desgastada. Ele espalhou a colcha na sombra e colocou a cesta com Jacob para baixo. Rebecca virou-se lentamente, admirando a visão.
Jake foi novamente até o vagão e voltou com cordas e um minúsculo berço. Ele o pendurou de um ramo baixo do alto carvalho.
— Pensei que poderíamos balançar Jacob — ele explicou. Rebecca sorriu. Ele tinha sido fiel à sua palavra, tratando Jacob como se ele fosse de sua própria carne e sangue. Jake o segurava em todo começo de noite, às vezes levantando-se no meio da noite para trazer Jacob para ela quando ele estava com fome. Ela sabia que seus sentimentos pelo menino não eram falsos. Uma noite, ela estava tão exausta que não ouviu Jacob até que ele esteve contentemente amamentando em seu peito pouco exposto. Jake estava olhando para o menino com tanto amor que as lágrimas surgiram nos olhos de Rebecca. As lágrimas estavam se tornando uma ocorrência diária em sua vida ultimamente e ela não sabia por quê. Ela pensaria que estava grávida novamente se não soubesse que era uma impossibilidade absoluta. Ela ofegou quando Jake começou a escalar a árvore.
— O que você está fazendo?
— Tenho que pendurar isso — ele gritou.
Ela observou, segurando a respiração quando ele alcançou um membro volumoso da árvore e começou a amarrar uma corda no galho acima de sua cabeça. Quando ele terminou, ele empurrou uma prancha de madeira pelo galho e um balanço oscilou no ar.
Suas mãos voaram para sua boca. — Eu não me sento em um balanço desde que eu era criança.
Jake caiu no chão e caminhou em direção à colcha.
— Vamos comer primeiro, então eu vou te empurrar.
Na sua excitação, Rebecca tinha comido muito pouco. Jake a observou enquanto ela caminhava pelas gramíneas altas e entre as flores. Ela recuperou sua figura esbelta, e seus quadris arredondados balançaram de um lado para o outro enquanto caminhava. Seus seios estavam mais cheios do que antes, porque ela estava amamentando seu filho. Ela se inclinou para pegar uma flor e Jake gemeu, começando a questionar a sabedoria de ter esse piquenique. Ele tinha sido um idiota por se casar com ela e dizer-lhe que nunca a tocaria, por conscientemente fazer da sua vida um inferno vivente. Pelo amor de Deus, ele achou que ele era um santo?
Tinha sido difícil conter-se enquanto ela estava grávida. Sua circunferência em expansão deveria ter sido desencorajadora, mas, em vez disso, ele achou seu gingado adorável. O esquentou até as raízes de sua alma vê-la inconscientemente descansando a mão em seu estômago e sorrindo. Mas agora que ela estava mais uma vez moldada como uma delicada ampulheta, ele doía para fazer mais do que segurá-la em seus braços. As poucas vezes que ele se permitiu o privilégio de beijá-la, ele esperou que ele despertasse sentimentos nela, sentimentos que iriam fazê-la querer ele apenas metade do que ele a queria. Mas ele não agitou nada dentro dela. Ele tinha pouca dúvida de que ela tinha sido beijada pelos melhores. E Jake Burnett não era o melhor.
— Você sabe do que elas são chamadas? — ela perguntou, deixando cair seu corpo magro ao lado dele.
— Carrie diz que elas são bluebonnets[12]. Veja — ele apontou — elas estão com a forma daquele gorro branco que ela usa.
Ela sorriu para ele, seus olhos dançando. — Você vai me empurrar agora?
Ele sabia que não deveria. Ele não deveria tocá-la. Por que ele fez o maldito balanço?
— Claro — disse ele.
Ela pulou e correu para sentar-se no balanço. Ele se moveu por trás dela. Suas costas eram tão estreitas, tão afuniladas. Ele abaixou os olhos e amaldiçoou em voz baixa. Ele tinha feito o balanço muito pequeno e ela estava sentada muito atrás, não deixando nenhuma parte da madeira exposta. Ele teria que colocar as mãos nas suas costas. Conseguindo um adiamento temporário, ele agarrou a corda logo acima das mãos dela. Ele puxou o balanço para trás o mais que pôde e liberou-o, esperando que seu peso lhe desse a altura que ela queria.
— Mais alto! — Ela gritou, deixando ele sem mais escolha do que colocar suas grandes mãos em suas nádegas pequenas e firmes. Ela gritou e inclinou-se para trás, seu cabelo quase escovando o chão. Deus, ela parecia radiante. Ela voltou para ele e ele empurrou novamente. Maldita Carrie e suas ideias.
— É o bastante! — Ela gritou e, com gratidão, ele se afastou, incapaz de tirar os olhos dela.
O balanço diminuiu e ela correu e pegou as mãos de Jake. Puxando-o atrás dela, ela cobriu a metade da colina. Ela girou em círculos até que ela perdeu o equilíbrio e tropeçou, caindo no chão, trazendo Jake com ela.
Ela estava aninhada entre as bluebonnets, seus traços escuros destacados pelo azul delas, um azul que quase correspondia aos olhos dela. Seus olhos estavam acesos com alegria, seus lábios se separaram enquanto ela respirava profundamente, e ele ficou perdido. Deus o ajudasse, mas ele estava perdido.
Sua boca caiu sobre a dela, sua língua mergulhando profundamente na suculenta área entre seus lábios separados. Ele permitiu que sua mão moldasse seu peito, sentindo o mamilo tenso através do vestido, esfregando a palma da mão sobre ele e pressionando. Ele empurrou o joelho entre os dela, pressionando a dureza entre seus lombos contra as coxas dela, imitando os movimentos que ele faria se estivesse enterrado profundamente dentro dela.
De repente, o grito e choro doloroso de um bebê atravessou a consciência de Jake, e ele tirou o corpo desapontado dela. Ela pulou e correu para a criança. Ele enterrou a cabeça entre as flores, engolindo grandes respirações enquanto procurava controlar seu tremor. Ela não lutou contra ele, mas então ele teve que admitir que não lhe deu uma chance.
Jake pôs-se em pé e caminhou até onde Rebecca foi. Ela estava levemente balançando Jacob, o arrulhando. Seu rosto carmesim, ela desviou os olhos quando ele se aproximou.
— Ele foi picado por uma abelha — ela explicou suavemente. — É melhor levarmos ele para casa.
Jake empacotou o piquenique. Eles voltaram para casa em silêncio.
Quando chegaram, Rebecca assegurou a Jake que ela poderia atender as necessidades do menino e levou Jacob para dentro da casa. Jake selou seu cavalo e saiu cavalgando.
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Apertando o xale sobre sua camisola branca de algodão, Rebecca saiu para a brisa da noite, para aguardar na varanda Jake sair do celeiro. Ela não se surpreendeu com o fato de ele ter voltado tão tarde da noite. Ela notou que era seu hábito cavalgar quando ele estava sobrecarregado, quanto mais pesado o fardo, mais longe ele viajava, não tanto para escapar de seus problemas, mas para encará-los.
Seu comportamento naquela tarde a surpreendeu, mas não tanto quanto sua própria reação ao corpo dele pressionando o dela. Ela realmente amaldiçoou quando Jacob começara a chorar. Deixar os robustos braços de Jake para atender às necessidades de seu filho tomou cada grama do instinto maternal que ela pôde coletar. Ela estava tão cheia de culpa que não tinha sido capaz de encarar Jake. Não era suposto que uma mãe preferisse colocar seu filho em primeiro lugar? Mas ela não quis. Ela quis colocar seu marido em primeiro lugar e mais, ela quis exatamente o que estava acontecendo naquele campo entre as bluebonnets.
Ela viu Jake sair do celeiro. Ele parou ao lado de uma grande tina de água limpa e tirou a camisa e o chapéu preto de abas largas. Então ele mergulhou as mãos dele na água fresca e a espirrou sobre seu corpo, esfregando o rosto e a parte superior do corpo, sacudindo as gotas como um cachorrinho. Ele voltou a colocar sua camisa, sem se preocupar em abotoá-la, e usou o chapéu para limpar a poeira da calça enquanto caminhava em direção à casa.
Ele parou abruptamente quando a viu, cada emoção que ele carregava dentro de seu coração refletida em seus profundos olhos castanhos. As pontas pontiagudas de suas botas estavam tocando a borda da varanda, seus pés ainda no chão, colocando Rebecca no nível dos olhos com ele. Ela observou enquanto seu pomo de Adão se movia para cima e para baixo e ele esfregava a mão inconscientemente em uma coxa.
— Sobre esta tarde... — ele começou.
— Jacob está bem — ela interveio. — O inchaço em sua bochecha já sumiu.
Ele assentiu. — Bom... sobre o que eu fiz...
— Nos levar para um piquenique foi uma ideia maravilhosa. Ambos gostamos muito — disse ela suavemente.
Ele fechou os olhos, a garganta visivelmente trabalhando para engolir. Ele abriu os olhos, encarando diretamente os dela. — Sobre o que aconteceu quando estávamos deitados no chão. Eu... eu tomei liberdades que eu não deveria ter tomado. Desculpe. Isso não vai acontecer de novo. Eu juro que não vai.
Ela colocou a palma da mão na bochecha dele. — Jake...
A mão dele surgiu, pegando seu pulso, afastando a mão do rosto dele.
— É melhor não fazer isso, Reb. Na verdade, eu estava pensando que talvez eu devesse começar a dormir no celeiro... até que possamos construir uma casa maior... uma com mais quartos. — Ele considerou dormir no barracão, mas ele não queria que os homens soubessem a situação do seu relacionamento com sua esposa. Ele tinha um pouco de orgulho.
— No celeiro... com o resto dos animais? — ela perguntou.
Seu olhar caiu no chão. Ele permaneceu em silêncio porque ela estava certa. Ele tinha se comportado como um animal. Se uma abelha não tivesse decidido fazer uma visita a Jacob, Jake provavelmente não teria recuperado o controle de si mesmo, e sua promessa a ela teria sido quebrada.
— Eu não gostaria que você dormisse no celeiro, Jake.
Lentamente, seus olhos se elevaram para encontrar os dela. — Eu não acho que você entende, Reb.
Ela levantou sua mão livre para cobrir a bochecha dele, e seu xale deslizou no chão. — Eu quero você na minha cama.
Ela o observou contemplando suas palavras, suas sobrancelhas juntas, seus lábios apertados, e ela sabia que ele não tinha certeza de que ela entendeu.
— Por oito meses, eu fiquei deitada em seus braços durante a noite, dormindo em seu amável abraço. Hoje à noite, eu quero mais do que isso — disse ela calmamente. Em um convite, ela passou o braço em volta do pescoço dele, levando seus lábios para os dele, passando a língua pelas bordas bem definidas de seus lábios. Inconscientemente, seu aperto no pulso dela aumentou quando seus lábios se separaram e sua língua saiu para cumprimentar a dele. Não era um beijo apaixonado ou ardente; era um beijo projetado para tranquilizar. Ela passou a mão por seu braço, colocando a mão na dele. — Venha para a cama, Jake. — Ela caminhou em direção à porta, parando quando viu que ele não a seguiu.
Seus olhos procuraram os dela. — Você tem certeza?
Ela voltou para ele e pressionou sua bochecha contra a dele, falando suavemente em sua orelha. — Tenho certeza. — Ela se voltou para encontrar seu olhar diretamente. — Eu queria matar aquela maldita abelha esta tarde.
O lado direito de sua boca levantou-se, e ela se inclinou para frente, pressionando um beijo contra um canto. — Eu amo o seu sorriso — ela sussurrou.
Ele se perguntou se era possível amar parte de uma pessoa sem amar a pessoa inteira. — Deixe-me tirar minhas botas — ele sussurrou. — Eu não quero acordar Jacob.
Sorrindo, ela sussurrou de volta — Não, não queremos acordar Jacob.
Silenciosamente, eles atravessaram a casa, sua mão agarrando a dela. Eles pararam quando estavam escondidos atrás da colcha pendurada, frente a frente.
Respirar era difícil, e Jake estava certo de que ela estava esperando por ele dar o primeiro passo. Muitas vezes, ele pensara sobre esse momento, querendo que fosse perfeito para ela. Ele esfregou as mãos pelas coxas. Por onde começar?
— Lembra-se quando você me perguntou sobre a minha ida a bordéis?
— Jake, agora não é a hora de me contar sobre todas as suas façanhas. , — Eu só fui uma vez. Só houve uma vez, com alguma mulher. E eu estava tão bêbado que não me lembro da maior parte.
Ela escovou os cabelos dele de sua têmpora. — Só houve uma única vez para mim, também. Você quer ficar bêbado novamente? — ela perguntou calmamente.
— Não, senhora. Eu quero lembrar de cada momento disso. — Seus dedos rastrearam levemente o contorno de seu rosto, seus olhos acariciando carinhosamente suas feições. — Eu te amo, Reb. Com todo meu coração, eu amo.
Então, suas mãos grandes e ásperas tomaram seu rosto suave e sedoso, inclinando-o ligeiramente para cima enquanto seus lábios se pressionavam contra os dela. A ponta de sua língua lentamente circundou os contornos dos lábios dela, antes de escorregar lentamente entre a suavidade dos recessos quentes e úmidos de sua boca. Sua boca se abriu mais, oferecendo a dela para fazer o mesmo, suas línguas sondando e se retirando apenas para sondarem novamente. Ela era tudo o que já havia sido negado a ele — beleza, bondade, tolerância, compreensão — lavando sobre ele como uma tempestade de verão, encharcando-o, limpando-o, acabando com a seca emocional provocada pela morte prematura de sua mãe.
Deslizando as mãos pequenas sob sua camisa aberta, ela pressionou as palmas das mãos contra sua pele esticada, lentamente movendo-as para cima, tirando a camisa de seus ombros. Sem romper o beijo, ele abaixou os braços, a camisa caindo no chão. Ele a pressionou contra seu peito. Através do vestido de algodão fino, ele podia sentir as curvas de seu corpo, seu calor. Ele estava saindo do purgatório e indo para o céu, e ele queria saborear a jornada.
Erguendo-se na ponta dos pés, Rebecca aproximou-se de Jake, do calor, da sensação formigante correndo por seu corpo. Era muito mais agradável do que as sensações que experimentara no campo quando camada sobre camada de roupa os separara.
Com dedos trêmulos, ele trabalhou nos botões de sua camisola. Ela colocou as mãos sobre as dele, acalmando suas ações.
— Você já me viu sem roupas. Depois que Jacob nasceu, você me banhou.
— Mas então eu não olhei para você do jeito que eu vou olhar para você agora.
Trazendo as mãos dele até seus lábios, ela colocou um leve beijo em cada ponta de dedo calosa.
— Sou só eu.
— É porque é você — disse ele. — Eu não me importaria se fosse outro alguém.
Ela soltou suas mãos, passando os dedos nos cabelos dele quando ele voltou para a gloriosa tarefa de desvesti-la. Quando ele deslizou o último botão através de seu buraco, aquele que descansava logo abaixo do umbigo, ele colocou as mãos em ambos os lados do material separado, ampliando a fenda expondo seu corpo. Suas mãos tocaram apenas o algodão do vestido. Ela sentiu todo seu corpo tremendo de antecipação enquanto ele lentamente tirava o vestido, nunca a tocando. Seus movimentos lentos criaram a mais delicada brisa sussurrando em sua pele. Apenas sua presença tão próxima já tinha tensionado seus mamilos, e seus seios, abundantes do parto, estavam cheios e firmes. Ela ficou surpresa ao descobrir o quanto ela ansiava para ele tocar nela.
— Posso soltar seu cabelo? — ele perguntou.
— Você pode fazer o que quiser — ela disse enquanto se voltava, dando-lhe acesso ao cabelo preso.
Por um momento, a trança foi esquecida quando ele a olhou maravilhado. A ponta da trança descansava contra a parte inferior de suas costas, tocando uma minúscula ondulação logo acima de sua parte traseira delicada e arredondada. Ele lembrou a sensação de suas mãos pressionando contra ela quando ele a empurrou no balanço. Ele soltou sua trança, penteando os dedos pelas longas e grossas cadeias de ébano. Ela sacudiu a cabeça, exalando o perfume de rosas enquanto sua longa juba caía graciosamente em torno de seus ombros estreitos.
— Você se viraria? Apenas um pouco? — ele perguntou.
Ela lhe apresentou um perfil parcial. A lua que espreitava através das cortinas lançou um halo ao redor dela, e seus olhos perambularam amorosamente pelo topo de sua cabeça até os dedos dos pés. Cada característica justificou sua própria atenção, seu próprio elogio. E seus olhos a elogiaram.
— Senhor, mas você é linda — ele disse suavemente.
Levantando as mãos, ela moldou o ar ao redor de seus seios.
— Temo que algo disso desaparecerá quando eu parar de amamentar.
— Eu sei. Lembro-me de como era sua forma antes. Tão bonita quanto você é agora.
Ela tinha visto sua compaixão, sentiu seu toque terno no dia em que pensou que estava perdendo o bebê. Ela lembrou de sua gentileza na noite em que Jacob nasceu. Mas aqueles momentos palideceram em comparação com a gentileza que ele conferiu a ela agora. O toque dele, enquanto ele passava as mãos ao longo dos contornos de sua carne, era tão leve como a neve recém-caída, e, como a neve que cobria o chão, seu toque ficou com ela depois de suas mãos seguirem em frente.
Ela pressionou as duas palmas contra seu estômago achatado, depois moveu os dedos esticados no seu peito, admirando sua forma magra. Quando ela gradualmente baixou as mãos, seus olhos se prenderam nos dele. Ela sentiu seu corpo endurecer, sua respiração ficar presa, enquanto ela começava a empurrar os botões de sua calça através de seus buracos, um a um. Ela passou as mãos para a parte de trás, deslizando-as até descansarem firmemente entre suas roupas e sua pele. Desviando os olhos, ela abaixou suas calças e tudo o que ele usava debaixo, ajudando-o a sair deles antes de remover suas meias. Descansando de joelhos, ela endireitou as costas. Ao levantar o olhar, viu-o pela primeira vez. Ela passou as pontas de seus dedos pela parte interna das coxas, e depois baixou, os cabelos cobrindo a pele tão macios como os de um patinho recém-nascido, os músculos firmes e duros, e ela apreciou a sensação deles sob suas carícias.
— Eu quase invejo seu cavalo — ela disse — porque essas coxas o abraçam o dia todo.
Ela inclinou a cabeça para cima, seus olhos segurando os dele enquanto suas mãos levavam viagens separadas pelas coxas, reunindo-se e moldando-se em torno de seu destino final.
Soltando um gemido baixo, ele a puxou para cima, sua boca se prendendo na dela enquanto ele a levava de costas em direção à cama. A parte de trás de seus joelhos bateu no colchão, sacudindo os dois, e ela caiu de costas na cama, com ele caindo sobre ela.
Deslizando o braço debaixo dela, ele a moveu até que eles estiveram longitudinalmente deitados na cama, com a cabeça dela pressionada no travesseiro de pena. Então, ele começou sua estadia amorosa ao longo de sua carne, inalando seu doce aroma feminino, pressionando beijos em seu pescoço, atrás da orelha, até a cavidade da garganta, ao longo da clavícula. Deliberando consigo mesmo, ele colocou um beijo no vale entre seus seios, hesitando antes de beijar o lado do peito que ele tinha moldado em sua mão, sem ousar ir mais longe.
— Está tudo bem — ela sussurrou.
Seus olhos dispararam para os dela. — Eu não quero te machucar.
— Você não vai — ela disse.
Sua boca voltou para a dela, a doce caverna ficando cada vez mais aquecida com cada varredura de sua língua. Sua boca nunca tocou, nunca provou o corpo de uma mulher, e nunca houve uma mulher que ele quis provar tanto quanto queria provar ela. Seu corpo era tão diferente do dele, macio em lugares onde o dele era duro, suave, onde era áspero.
Ternamente, ele amassou seu peito quando a boca dele deixou a dela, arrastando beijos quentes, sem parar até ter pressionado um beijo no orbe apertado e escurecido. Ele o cobriu com a boca, a língua dele o banhando a um ritmo lento enquanto ele procurava memorizar as diferentes texturas de sua carne.
Ela ofegou, suas costas saindo da cama, suas mãos cavando em seu couro cabeludo, pressionando-o mais perto. Não instruído na arte do amor, ele se regozijou com sua reação a ele enquanto ele procurava mostrar-lhe com as mãos, a boca e a língua o quanto ele a amava.
Ela sentiu um calor se concentrando no fosso de seu estômago cascateando através de seu corpo e trazendo um início de umidade quente entre suas coxas. A boca dele se moveu para o outro peito, e ela soltou um pequeno grito. Sem soltar sua posse, ele olhou para ela, grata por achar que ela não parecia estar sofrendo. Ele levou sua boca completamente ao redor de seus seios antes de voltar seus lábios para os dela. Ele deslizou um joelho entre as suas coxas e ela se abriu para ele. Trazendo o outro joelho, ele se preparou acima dela e, olhando-a com amor, reafirmou seus sentimentos com palavras ternas antes de enterrar-se profundamente dentro dela. Ele encontrou liberação instantânea... e mortificação.
Ela sentiu ele estremecer, soltando um pequeno grito angustiado, e seus braços se apertaram ao redor dele. Ela se perguntou por quanto tempo ele quis esse momento, quanto ele quis para que sua liberação fosse tão rápida. A lua lançou um brilho prateado sobre suas costas, iluminando o entrecruzamento de cicatrizes na parte de trás. As lágrimas brotaram em seus olhos pelo menino que tinha sido espancado por expressar entusiasmo, exibido diante de outros porque buscava calidez. E pelo homem que pensou que nenhuma mulher poderia querê-lo.
— Desculpe, Reb. — Sua voz veio espessa ao lado de sua orelha.
— Pelo quê? — ela perguntou calmamente.
Afastando a cabeça de seu pescoço doce e perfumado, ele olhou para seus olhos. Mesmo tão inexperiente como ele era, ele tinha ouvido conversas o suficiente no barracão para saber que a deixara insatisfeita. — Eu deveria ter esperado. Você deveria ter... eu deveria ter esperado.
Colocando o rosto em suas mãos, ela trouxe seus lábios para os dela, beijando-o com ternura, aceitando uma desculpa quando nenhuma era necessária.
— Nós temos que parar agora? — ela perguntou gentilmente. Colocando firmemente as mãos em sua costa cheia de cicatrizes, segurando-o no lugar, ela impulsionou os quadris. Ele tinha ficado flácido dentro dela, e suas ações levaram o sangue correndo de volta aos seus lombos. Lentamente, ela se moveu para baixo e para cima. — Temos? — ela perguntou.
— Não, senhora. — Ele sorriu para ela. — Eu acho que não.
Sua boca caiu sobre a dela, os quadris lentamente movendo em círculos. Ela suspirou, achatando a cabeça contra o travesseiro enquanto ele cobria a ponta do seu peito com a boca, sugando suavemente e seus suspiros começaram de novo. Ele aprofundou seus impulsos e seus suspiros aumentaram, sua garganta emitindo pequenos gritos que brotaram e fluíram com seus movimentos, suas mãos sobre ele, cavando em sua carne. Ele se elevou acima dela, observando as mudanças de expressões em seu rosto, a boca suavemente boquiaberta, os olhos fechados, suas sobrancelhas se juntando por vezes e depois relaxando. Seus suspiros tornaram-se mais audíveis, e então ela soltou um grito quando suas costas se arquearam para longe da cama, trazendo seu corpo para o dele. Ela parecia suspensa em um reino de sensações. Ele nunca testemunhou nada tão bonito em toda a vida. Ela deslizou de volta para a cama. Lentamente, ela abriu os olhos, as piscinas líquidas azuis refletindo uma profunda sensação que o catapultou para o mesmo reino, desta vez sem culpa, sem vergonha. Ele caiu em seus cotovelos, imaginando se ele respiraria normalmente de novo.
Rolando de lado, ele a puxou contra ele, pressionando seus corpos juntos. Ele passou as pontas dos dedos ociosamente para cima e para baixo em seu braço. Ele queria agradecer a ela, mas de alguma forma isso pareceu inapropriado. Então, em vez disso, ele a aproximou mais, apertando seus braços ao redor dela, tentando manter o momento, enquanto ambos vagavam para o sono.
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Uma nuvem escura passou diante da lua, lançando sombras misteriosas na paisagem. De pé diante da janela, segurando a cortina para trás, Rebecca olhou para a distância. Jacob acordou para sua alimentação do final da noite, e agora ela não podia voltar a dormir. A última coisa que queria fazer era comparar Jake com Brett, mas ela estava de pé aqui fazendo isso de qualquer jeito.
Seu pai quis um celeiro maior e mais prestigioso. Levou dois dias para os vizinhos e os trabalhadores o construírem. Para comemorar a sua conclusão, ele havia ordenado a maior festa já realizada no estado. Três bandas se revezaram para tocar, gado foi abatido, a cerveja e o uísque foram servidos toda a tarde até noite adentro. Ela havia acabado de terminar de dançar com Jake quando Brett pediu que ela caminhasse com ele. O calor da mão de Jake na dela, a visão de seu sorriso torto, o sorriso nos olhos dele enquanto eles rodeavam a área de dança ainda estavam com ela quando Brett passou o braço por sua cintura.
Eles haviam saído para a noite sem lua, longe das luzes da fazenda, longe da música, longe do barulho das pessoas falando e rindo. Eles caminharam até que a única coisa visível fosse o céu de veludo negro cheio de estrelas. Ele a tomou em seus braços fortes sem aviso e a beijou de uma forma que nenhum homem a beijara antes, sua língua mergulhando profundamente, enviando ondulações de sensações percorrendo seu corpo. Então ele a deitou, e sua boca continuou a atacar seus sentidos. Ele não hesitou em colocar sua boca na carne que ele queria provar. Ela nem sequer teve consciência de que ele tinha removido suas roupas até que sua boca se fechou ao redor de seu mamilo, sugando-o até que ele se endurecesse. E então ele se colocou entre suas coxas, criando sensações doces, sussurrando palavras de amor.
Ele foi um amante suave, hábil e polido. Ela tinha se apaixonado por seus surpreendentes olhos azuis e seu sorriso fácil, sua voz profunda que constantemente acariciava, e suas mãos que transformaram seu corpo em fogo.
Mas o fogo que ele acendia nunca foi como o incêndio que a queimou nessa noite. Ela tinha sentido tudo o que Jake tinha feito. Nada tinha tomado-a de surpresa. Ela tinha sentido cada botão sendo libertado, sentiu o vestido sair lentamente de seu corpo. Ela sentiu sua incerteza e sua hesitação. E seu desapontamento quando seu corpo reagiu contra sua vontade. Com Jake, o ato de amor nunca seria completamente suave. Suas roupas não desapareceriam sem seu conhecimento. Não, Jake Burnett não era Brett Meier.
— Você está bem? — uma voz gentil perguntou e ela se virou. Ele estava de pé ao lado dela, usando suas calças, metade dos botões arrumados. Ela devaneou para tão longe que não o ouviu sair da cama.
— Eu estou bem. Jacob acordou e então eu não pude voltar a dormir.
— Você lamenta?
Ela procurou em seu semblante preocupado até que o significado de sua pergunta a atingisse. Ela colocou uma mão em seu peito.
— Não. Não lamento.
— Eu sei que eu sou inábil...
Ela colocou a mão nos lábios dele.
— Jake, como você pode ter tanta confiança quando se trata de administrar uma fazenda e lidar com o gado e tão pouca quando se trata de mulheres?
Ele suspirou. — Suponho que é porque eu nunca tive uma fazenda ou gado rindo de mim. — Seus olhos seguraram os dela. — Eu sei que Ethan fez garotas rirem de mim... mas nunca houve uma que não riu... até você.
Ela tocou sua bochecha. — Eu acho que essas garotas provavelmente estavam com ciúmes.
— Ciúmes de que?
Ela tirou os cabelos da testa dele. — Seus olhos. Você tem os olhos mais bonitos.
Ele deu um sorriso triste. — Não há nada bonito sobre mim, Reb.
Pressionando a mão no coração dele, ela disse: — Aqui você é a pessoa mais atenciosa e generosa que conheço, Jake Burnett, e tudo está refletido nos seus olhos. Não me diga que eu não conheço a beleza quando a vejo.
Ele passou os nódulos pela bochecha dela, falando suavemente. — Você é a bela. Você poderia ter se casado com qualquer um.
— Eu sei — ela disse com calor em seus olhos. — De todas as coisas que meu pai fez por mim, estou muito grata por ele ter pedido que você se casasse comigo. — Ela se abaixou para desabotoar sua calça. — Eu aprecio que você não a abotoou toda. Na próxima vez, nem se preocupe em colocá-la.
Gemendo, ele a pressionou na cama, conseguindo sair das calças no processo.
Treze
O sino suspenso acima da porta emitiu um metálico e tilintante som, quando Jake entrou na loja geral.
— Estarei com você em um minuto, Jake — disse Samuel Abrams enquanto se voltava impacientemente para o cliente que estava esperando.
Um menino que não tinha mais de seis anos estava diante do balcão, olhando ansiosamente um recipiente de vidro cheio de confeitos. Jake observou enquanto ele tentava mover quatro dedos pequenos para o vidro, lançava um olhar ao homem diante de Samuel e depois retraía os dedos. Se Jake tivesse tido permição para ir até a cidade quando ele era uma criança, ele não tinha dúvidas de que ele teria ficado olhando o frasco de doces tão atentamente quanto o pequeno garoto parado ali agora, e ele sabia que ele não teria permissão para ter nenhum. Ele se curvou ao lado do menino. — Quer um?
O menino sorriu timidamente. — Não, meu pai disse que eles não são para comprar, apenas para olhar. Mas, se fosse minha loja, eu venderia todos eles.
— Aquele é o seu pai? — Jake perguntou, balançando a cabeça em direção ao homem no balcão.
— Sim. Ele é um ferreiro. Você sabe o que é um ferreiro?
Jake sorriu para o orgulho refletido no rosto minúsculo. — Sim. Vocês estão se estabelecendo aqui?
O menino encolheu os ombros, os cantos da boca baixando. — Não sei. Meu pai diz que eles têm muitos ferreiros aqui. Papai disse que seria melhor aqui, mas não é. Eu nunca tive tanta fome na vida.
O coração de Jake doeu pelo menino.
— De onde vocês vieram?
— Irlanda. Nós viemos em um grande barco. Eu estava doente o tempo todo. Não foi divertido. Papai teve que pagar um extra para trazer suas ferramentas de ferreiro e agora ele não pode encontrar trabalho. Minha mãe costumava trabalhar nas casas das pessoas, mas não há pessoas chiques aqui, que precisam de um servo. Estou pensando que teria sido melhor ficar na Irlanda.
O interesse de Jake se avivou com a notícia de que a mãe dele trabalhava nas casas das pessoas. — O que sua mãe fez nessas casas?
O menino encolheu os ombros. — Trabalhou.
Jake estendeu a mão. — Eu sou Jake Burnett.
O menino colocou sua pequena mão na de Jake, e ela foi engolida. — Sean O’Hennessy.
— Estou feliz em conhecê-lo, Sean O’Hennessy.
— Maldição, homem! Eu tenho cinco crianças com fome. Eu só estou pedindo um pouco de crédito...
Jake continuou conversando com Sean, tentando impedi-lo de ouvir o argumento de seu pai.
— Você não tem emprego e não tem perspectivas. Desculpe, Sr. O’Hennessy, mas onde você acha que eu estaria se eu tivesse dado crédito a todos os que pediram?
— Olhe, cara. Eu vou varrer sua loja, vou arrumar suas caixas...
— Eu já tenho um menino que vem para fazer isso. Eu gostaria de poder ajudar. Mas você acabou de me dizer que você gastou o que restava de seu dinheiro consertando o seu vagão, o que me parece como se você estivesse planejando viajar. Onde isso me deixaria?
— Eu não vou partir sem pagar você, cara! — O’Hennessy berrou.
— Assim você diz. — Samuel Abrams alcançou uma gaveta e tirou um punhado de papéis amassados. — Todos esses homens disseram o mesmo. Desculpe.
— Sr. O’Hennessy?
O homem que olhava para Jake era bem musculado devido a anos trabalhando com ferro, trilhando um martelo sobre uma bigorna. Seu cabelo vermelho era quase inexistente, exceto por um pouco que circulava logo acima de seu pescoço. Jake pensou que estava desgastado devido ao atrito constante. Nos poucos momentos que ele estava observando o homem, ele passou as mãos pela cabeça brilhante, não menos de uma dúzia de vezes. Jake estendeu a mão. — Meu nome é Jake Burnett.
Brian O’Hennessy estudou a mão estendida para ele, então ele estudou os olhos de Jake. Ele gostou do que viu e apertou a mão dele. — Brian O’Hennessy.
— Seu filho me disse que você é um ferreiro.
— Isso eu sou, homem. E um muito bom quando consigo o trabalho.
— Seu filho também me disse que sua esposa costumava cuidar das casas das pessoas.
— Isso ela fez. Limpando, esfregando, observando bebês, o que fosse necessário.
— Eu possuo uma fazenda a algumas milhas ao sul daqui. Eu poderia ter um ferreiro. É inconveniente demais ter que entrar na cidade quando eu preciso de uma ferradura ou uma ferramenta reparada. Por um tempo, até que eu coloque meu rebanho no mercado, eu só poderia dar a você e a sua família um teto e alimentação. Se você estiver interessado, o trabalho é seu.
Brian esfregou o topo de sua cabeça. O teto e a alimentação não o tornariam um homem rico, mas manteria seus filhos secos e suas barrigas cheias.
— Sim, senhor, estou interessado.
— Eu também tenho um filho de três meses. Você acha que sua esposa estaria interessada em cuidar da minha casa e filho por algumas horas todas as manhãs? Eu a pagaria por isso.
— Ela iria.
Jake mal podia conter sua excitação. — Então nós conseguimos um acordo — disse ele, estendendo a mão novamente. — Onde você está ficando?
— Em um vagão, no extremo sul da cidade.
— Eu vou buscá-los em duas horas.
Jake entregou um pedaço de papel para Samuel. — Eu voltarei para pegar essas coisas em uma hora. Coloque os suprimentos do Sr. O’Hennessy na minha conta também, tudo bem Sam?
— Tudo bem, Jake.
Jake alcançou uma jarra de vidro, com cuidado de não tirar daquele que tinha sido posto apenas para observação e retirou cinco sarsaparrilha sticks. — E estes também.
Ele os entregou a Sean. — Compartilhe com seus irmãos e irmãs, ok?
Os olhos de Sean se arregalaram com o presente inesperado. — Sim, senhor, eu vou.
Jake abriu a porta e o pequeno sino tilintou. Ele se virou. — Oh, Sr. O’Hennessy. Eu agradeceria se você e sua família não dissessem nada a minha esposa sobre sua esposa ir ajudá-la nas manhãs. Quero surpreender Reb.
— Nós nos manteremos quietos.
Jake saiu pela porta, seu sorriso largo.
— Agora, esse é um bom homem — comentou Brian O’Hennessy ao ar.
— Você não encontrará um melhor, não nessas partes — disse Samuel. Então ele deu a Brian um olhar rígido. — Mas ele também não lhe teria dado crédito.
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Brian gostou instantaneamente de Jake, mas ainda assim ele ficou surpreso ao ver que tal beleza saiu da casa e se lançou nos braços de Jake logo que ele pulou do vagão. Ele não sabia o porquê, mas ele simplesmente não tinha imaginado Jake Burnett com uma mulher que poderia tirar o fôlego de um homem.
Jake abaixou Rebecca no chão antes de soltar os lábios dela. — Eu contratei um ferreiro.
— Um ferreiro. Você pensa honestamente que temos trabalho suficiente aqui para manter um ferreiro ocupado?
— Nós teremos com o tempo. E até então ele vai ajudar com outros trabalhos.
Os olhos dela se estreitaram.
— Inferno, eu nem sei se ele vai ficar, mas ele tem cinco filhos famintos e, pelo menos, aqui não terão fome.
Ele deslizou o braço protetoramente ao redor dela. — Venha, eu vou te apresentar.
Assim que Jake se virou para o vagão O’Hennessy, uma disputa louca começou quando Brian tentou levar sua família a algum tipo de organização para conhecer pessoas. Ele os alinhou por idade, depois os reorganizou por altura, reorganizou-os por sexo e começou a reorganizá-los novamente antes que sua esposa o afastasse para o lado.
— O homem não é o rei, Bri. Eu não vou ter você se comportando como um tolo. Alinhem-se — ela disse e as crianças se rearranjaram por idade. — É assim que é feito — disse ela, dando ao marido um rápido aceno de cabeça.
Rebecca tinha estudado a atividade, e ela reprimiu o riso. Ela supôs que ela ficaria nervosa sob as circunstâncias também.
— Brian, esta é minha esposa, Rebecca. Reb, este é Brian.
Brian tirou o chapéu, a cabeça brilhante refletindo o sol se pondo. — Senhora. É um prazer conhecê-la certamente. Você não sabe o quanto agradecemos o seu bom marido por nos dar uma chance aqui.
— Acredite ou não, Brian, provavelmente eu que agradeço. Jake estava dizendo na outra noite quanto seria mais simples se tivéssemos um ferreiro morando no rancho. — Jake beliscou sua cintura e ela lançou um olhar conspiratório na direção dele.
— Bem.... É interessante como a vida funciona, não é? Agora eu gostaria de apresentar-lhe os orgulhos e as alegrias da minha vida. Essa é minha esposa, Maura.
A mulher minúscula, com o cabelo vermelho brilhante e os olhos cor de avelã, fez uma rápida mesura. — Estamos felizes por estarmos aqui.
Rebecca de repente sentiu como se ela tivesse recuado no tempo para seu primeiro encontro com Carrie. Agora ela entendia bem como a amiga se sentiu.
— Será bom ter uma mulher ao redor, Maura. Como você aprenderá em breve, somos um suprimento raro por aqui.
— E estes são os nossos filhos — disse Brian. — Nosso filho mais velho, Kevin. Ele tem dezenove anos. Ele vai me ajudar. Ele está aprendendo o ofício.
Kevin deu um pequeno passo em frente e deu um pequeno aceno de cabeça.
— Minha filha, Arlene.
Quando Kevin recuou, Arlene deu um passo à frente e fez uma reverência. Com dezessete anos, ela desconhecia sua atração. Como seus irmãos, seus olhos cor de avelã mudavam com seu humor, se transformando em um verde mosqueado quando estava feliz.
Patrick, com quatorze anos, deu um passo adiante, seguido de Neil de dez anos, e finalmente Sean, que tirou metade de uma sarsaparilha do bolso. Seu rosto brilhava enquanto inclinava a cabeça para trás para olhar para Jake.
— Guardei metade da minha para mais tarde.
Jake revirou o cabelo do menino. — Nós obteremos mais na próxima vez que formos para a cidade.
— E este — disse Brian, acariciando o estômago da esposa — espero que seja uma menina.
— Bri! — Maura deu um tapa na sua mão. — Você nos trará má sorte.
Frank estava descarregando o vagão de Jake durante as apresentações, sem prestar muita atenção. Mas quando ele começou a se virar para ir até a casa com um saco de farinha, viu a garota fazendo uma reverência. Uma garota? Ele quase deixou cair a carga que ele estava carregando. Por que diabos Jake não havia dito a ele que havia uma mulher entre o lote? Seu cabelo estava puxado para trás, mas a maior parte dele tinha conseguido uma maneira de se libertar e estava enquadrando seu rosto como as fagulhas do sol. Ele deixou cair o saco de farinha e avançou para o vagão dos recém-chegados. Seria descortês não se apresentar.
Ele forçosamente clareou a garganta e Jake virou-se para ele. — Tendo problemas com os suprimentos?
— Não, senhor. Você simplesmente esqueceu de me apresentar.
— Eu esqueci, não foi? — Jake fez as apresentações.
Frank tirou o chapéu, inclinando a cabeça em direção a Arlene. — Senhorita. É um nome muito bonito esse que você tem. Combina com o seu rosto.
Arlene corou e baixou os olhos.
Jake cutucou Frank. — Termine com os suprimentos.
Frank recolocou o chapéu, passando o dedo lentamente ao longo da borda. — Fico feliz por ter gente aqui conosco. Deixem-me saber se houver algo que eu possa fazer para ajudá-los a se estabelecerem.
Ele voltou para o vagão, raramente tirando os olhos de Arlene enquanto ele carregava os últimos suprimentos. Ela era uma coisa bonita. Ruth Reading iria provar dos ciúmes antes que Frank terminasse.
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Depois de fazer uma anotação final no livro-razão, Rebecca soltou o lápis e fechou o livro. Seus olhos se iluminaram ternamente sobre o marido e o filho enquanto se deitavam diante da lareira. Jacob estudava atentamente a mão grande com dedos agitados que se moviam em direção a ele. Seu sorriso se ampliou e seus pés começaram a chutar vigorosamente conforme os dedos se aproximavam até que eles pousaram em sua barriga e fizeram cócegas. O sorriso de seu pai era tão amplo quanto quando ele se moveu para substituir seus dedos com seus lábios. Ele soprou ar contra o estômago macio de seu filho, e Jacob soltou sua primeira explosão de risos. A cabeça de Jake girou para encontrar Rebecca.
— Você ouviu isso? — ele perguntou.
— Sim — ela disse, rindo quando se moveu para se juntar a eles no chão. — Você é realmente bom com ele.
— Ele tem uma boa natureza. Ele é uma verdadeira alegria para se ter ao redor. — Rebecca moveu-se para mais perto de Jake, deslizando debaixo do braço dele e batendo as pestanas para ele.
— Diga-me, Jake, meu nome combina com o meu rosto?
Jake bufou. — Onde diabos aquele menino pegou esse tipo de conversa?
Ela riu.— Eu não sei. Espero que aquela garota não se machuque.
— Eu não acho que Frank a machucaria.
— Não intencionalmente, talvez. Mas ele está tão fixado em Ruth que me preocupa às vezes.
Jake beijou o topo de sua cabeça.
— Eu notei que você enviou três homens para fora esta noite. Isso deixa cinco beliches vazios no barracão — ela disse, seus olhos cintilando. — Se eu fosse olhar lá dentro, não encontraria quatro filhos de O’Hennessy e um pai preenchendo esses beliches, acharia?
— Você acharia. Inferno, Reb, as mulheres dormiram no vagão e os homens no chão desde que eles saíram do barco. Não vai doer para nós termos mais homens lá fora à noite.
— Contanto que eu não encontre você desistindo de sua cama.
— Nunca — ele disse enquanto seus dedos agitados se moviam para ela, trazendo cócegas e risadas a sua esposa.
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O sol se filtrou no cômodo e Rebecca entrecerrou os olhos antes de virar a cabeça para olhar para o rosto sorridente de Jake.
— Sobre o que você está sorrindo, Jake Burnett? — Aproximando-se, ele deixou cair a mão no seu traseiro.
— Levante-se e se vista para cavalgar. — Ele deslizou para fora da cama. — Vista calças.
Ela arqueou uma sobrancelha. — E o que, supostamente, devo fazer com o nosso filho?
— Nós vamos levá-lo conosco se precisarmos. Apenas se arrume.
Ela tinha acabado de abotoar a camisa quando ouviu a porta se abrir e Jake anunciou que eles tinham companhia. Ela colocou suas botas e rodeou a colcha, saudada por dois sorrisos.
— Bom dia para você — Maura disse.
— Bom dia. O que podemos fazer por você?
Maura olhou interrogativamente para Jake, cujo sorriso se ampliou.
— Ela veio cuidar da casa e Jacob. Ela vai ajudar todas as manhãs por algumas horas.
Rebecca colocou as mãos nos quadris, balançando a cabeça.
— E o que se supõe que eu... — Ela gritou e se jogou nos braços de Jake. — Não era o ferreiro que você queria! — Ela riu.
— Shh, mulher, há o orgulho de um homem em jogo — sussurrou Jake. Ele colocou o chapéu na cabeça antes de tomar a mão dela e levá-la para os cavalos. Ela montou Shadow. Com um desafio nos olhos, ela riu e galopou com Jake em entusiasmada perseguição.
O vento soprou em seu rosto, o cheiro de gado assaltou suas narinas, o sol a aquecia e ela cavalgava como se fosse a última vez que ela poderia ter permissão para fazer isso. Ela tinha sentido falta de cavalgar, da sensação de um cavalo debaixo dela. Ela parou seu cavalo na crista da pequena colina onde Jake tinha pendurado o balanço. Ele parou ao lado dela. Ela sorriu, seu peito tremendo enquanto tentava recuperar a respiração.
— Obrigada, Jake.
Aproximando-se, ele passou os dedos por sua bochecha. — Você não deveria se dedicar a uma casa, Reb. — Seu olhar varreu o horizonte. — É aqui que você pertence. No exterior, onde você pode correr livremente.
Ele desmontou. Deslizando sua mão em torno da dela, entrelaçando os dedos, ele a escoltou ao longo da colina até um ponto onde as bluebonnets abundavam. Ele a deitou entre elas, sua boca descendo sobre a dela com um propósito deliberado, sua língua varrendo seu calor acolhedor. Ele passou os dedos por baixo do cinto de suas calças até encontrar o refúgio que ele procurava, acariciando gentilmente enquanto os quadris dela se pressionavam contra ele. Ela desabotoou sua camisa, deslizando as mãos pela carne.
Afastando-se de seu aperto, ele se ajoelhou e se abaixou para soltar os botões das calças dela. Ela ergueu os quadris, enquanto ele abaixava suas calças pelas coxas, passando pelos joelhos, então desabotoava as próprias calças, entrando nela quando seus lábios voltaram para os dela. Seus impulsos foram duros, profundos, seu fervor igualando o dele até que a paixão foi construída além de seus limites.
Deitada entre as gramas e as flores frescas, Rebecca abriu os olhos. Ela riu, ganhando um cenho sombrio de Jake.
— Você nem se incomodou em tirar o chapéu — ela repreendeu.
— Eu não me incomodei em tirar nada — ele disse enquanto acariciava seu pescoço.
— Seus braços estão tremendo. — Ela os puxou. — Deite-se sobre mim.
— Eu sou muito pesado para você — ele disse enquanto rolava e ajustava suas roupas para torná-la apresentável antes de fazer o mesmo por si. Deitado de costas, ele a trouxe para o lado dele.
— Você é o homem mais polido que conheço, Jake Burnett.
— A polidez já fez eu ganhar uma surra.
— Eu suspeitava disso.
Ele abriu os olhos, procurando os dela. Sua mão embalou o queixo dela. — Desculpe. Eu não deveria ter dito isso. Foi há muito tempo.
— O que significa que foi quando você era uma criança. Quando eu penso...
Ele puxou o rosto dela para mais perto do dele. — Não pense. Não pense nisso. — Ele trouxe seus lábios para os dele, beijando-a com ternura, sorrindo para si mesmo quando ele tirou seu chapéu e jogou-o de lado.
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— Bom dia!
Jake olhou para o garoto, seu sorriso enchendo seu rosto. O sol quase havia se erguido no horizonte, enchendo o céu com rosa e lavanda, e a promessa de um lindo dia.
— Você acordou cedo — disse Jake.
— Os vaqueiros se levantam cedo — explicou Sean, seu rosto assumindo uma seriedade que desmentia sua juventude. — Você está indo cavalgar?
— Sim. Tenho que verificar meu rebanho.
O menino olhou para o chão, enterrando os dedos dos pés na areia, lançou um olhar para Jake como se estivesse prestes a fazer uma pergunta, pensou melhor e resolveu cobrir os pés com areia.
— Quer vir comigo?
O menino balançou a cabeça para cima e para baixo tão rápido que seu cabelo estava para cima quando sua cabeça esteve baixa.
— Vá perguntar a sua mãe.
Sean correu para o vagão, voltando com um sorriso brilhante. Jake se inclinou para baixo do cavalo e ergueu o menino com um braço.
— Onde estão os seus sapatos? — ele perguntou.
— Eles ficaram muito pequenos.
— Você não acha que foi seus pés que ficaram muito grandes?
— Isso também — disse Sean enquanto se inclinava para frente em antecipação.
Jake colocou o chapéu em cima da cabeça do menino.
— Um verdadeiro vaqueiro usa um chapéu — ele disse enquanto colocava o braço protetoramente ao redor da criança e enviava o cavalo a um passo lento.
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O nariz de Rebecca se contraiu quando tocou em algo suave, e uma fragrância familiar a cercou. Abrindo os olhos, ela sorriu, estendendo a mão para tocar as bluebonnets descansando ao lado do travesseiro. Ela se perguntou quando Jake tinha ido buscá-las. Olhando pela janela, ela o viu cavalgar, seus braços circundando protetoramente um pequeno cavaleiro. Retrocedendo, ela enterrou o rosto nas bluebonnets. Ela tinha chegado a se importar profundamente com Jake, por momentos se perguntando se talvez o amava. Mas o que sentia por ele era tão diferente do que sentira por Brett.
Brett tinha enchido seus sonhos e rodeado-a com excitação. Através de uma sala, ela podia sentir seu olhar tocar ela, aquecê-la. Ela fechou os olhos apertadamente tentando banir todos os pensamentos de Brett de sua mente. Ele era como um fantasma, assombrando sua mente, entrando e saindo, sempre lá, mesmo que nem sempre visível. Ela queria dar seu coração a Jake sem reservas, mas Brett de alguma forma conseguia manter um aperto em um pedaço dele. Ela se perguntou o que seria necessário para libertar-se de Brett para que realmente pudesse amar Jake.
Ela se levantou e se vestiu e, momentos depois, Maura bateu na porta.
Rebecca a saudou com um sorriso. — Jacob deve dormir por um tempo. Eu não acho que ele lhe dará problemas enquanto eu estiver fora.
Os olhos de Maura se arregalaram: — Você está usando uma arma! Você não usou uma ontem.
Rebecca olhou para o traje, as calças, a camisa de algodão e o Colt pendurado no quadril.
— Ontem, eu sabia que ficaria do lado de Jake. Hoje vou trabalhar, cavalgando para longe, procurando por gado fugido. Preciso proteger-me.
— Você quer dizer que Jake me quer na casa para que você possa ir ser um vaqueiro?
Rebecca riu. — Algo assim.
— E é o que você quer fazer?
— Sim, é. E Jake sabia disso mais do que eu. — Colhendo o chapéu da mesa, ela acrescentou — Eu voltarei antes do almoço.
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Sorrindo, Jake observou enquanto sua esposa se aproximava dele. Ela se inclinou e envolveu seus braços ao redor de seu pescoço.
— Oh, Jake! Eu não acho que eu já estive mais feliz!
Deslizando uma mão na nuca dela, ele disse suavemente: — É o que prometi a você quando eu casei com você. — Olhando profundamente em seus olhos, ele acrescentou: — Eu te amo, Reb — antes de sua boca cobrir a dela.
Ela sentiu uma aflição, incapaz de dizer as palavras que tinha certeza de que ele desejava ouvir.
Retrocedendo, ela disse: — Eu vi você sair com Sean esta manhã.
Ele tirou as mãos dela. — Sim, eu dei a ele um tour rápido. O garoto não tem sapatos. E seus pais são muito orgulhosos para me deixar comprar um par. Um garoto não deveria estar correndo por aqui sem sapatos.
Ela esfregou sua bochecha. — Nós pensaremos em algo.
Ele sorriu. — Eu fiz Frank perseguir um pouco de gado. Eles se dirigiram para o sul.
Inclinando a cabeça para trás, ela riu. — Você não fez tal coisa.
— Não, mas pensei sobre isso.
Ela saiu de seu lado, e ele observou como ela perseguiu um bezerro errante. Seu corpo mal se moveu quando seus joelhos abraçaram o cavalo. Ela se inclinou para frente, cavalgando perto do garanhão, sua longa trança pousada contra suas costas. Ela cortou na frente do bezerro, o cavalo girando nas pernas traseiras. O bezerro tentou se mover ao redor deles, mas com a menor mudança em seu peso, Rebecca dirigiu o cavalo para bloquear o progresso do bezerro. Quando voltou habilmente para o rebanho, Rebecca levantou um braço para acenar a Jake, seu sorriso visível mesmo a partir dessa distância. Ele sentiu um aperto familiar em seus lombos. Quantas vezes ele a assistiu atravessar o Lazy A, experimentou os mesmos sentimentos e cavalgou para longe para que ela nunca soubesse quais eram seus verdadeiros sentimentos? Ele não teve que se afastar hoje. Ele podia assistir seus movimentos graciosos para o contentamento de seu coração.
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Depois de sua manhã trabalhando com Jake, Rebecca estava ansiosa para ver o bebê. Ela o encontrou no vagão dos O’Hennessys, Maura revolvendo-o no colo.
— Espero que você não se importe por eu ter trazido o rapaz aqui por um tempo.
— Nem um pouco — Rebecca disse enquanto desmontava. — Ele precisa estar no exterior.
Brian inclinou o chapéu, tentando evitar a desaprovação de se mostrar no rosto dele. A mulher não estava vestida do jeito que uma mulher deveria se vestir. Ele se perguntou por que Jake se casou com ela. Tinha que ser sua beleza.
Enquanto os adultos conversavam, Sean viu uma grande rocha, brilhando ao sol. Brilhando como ouro. E se fosse ouro? Ele seria rico e compartilharia com sua família. Ele saiu do vagão e caminhou em direção a ele, estudando conforme ele foi. Ele se abaixou para pegar, parando quando ouviu um som como do chocalho de Jacob. Sua respiração parou quando ele ouviu um grito, seguido de perto pelo som de uma explosão. Algo na frente dele saiu voando. Então sua mãe estava soluçando, puxando-o para perto dela, tirando-o do ouro, sufocando-o no processo.
Brian olhou para a arma que estava mantida firmemente na mão de Rebecca, sem ter certeza de ter testemunhado o que ele pensou ter testemunhado. Um segundo, a mulher estava relaxada, conversando, e no momento seguinte a arma estava na sua mão e ela estava apontando-a para seu filho. Se ele fosse mais jovem, ou não tão pesado, talvez ele poderia ter parado ela. Ele agradeceu a Deus que ele não era ambos.
Rebecca aproximou-se e pegou o que restava da cascavel e depois trouxe-a para Sean Balançando a calda, ela perguntou: — Você ouve isso, Sean?
Os olhos dele se arregalaram. — Sim, senhora.
— Nunca se mova se você ouvir esse som. — Ela colocou a serpente maltratada no chão, cortou a cauda e entregou-a ao menino. — São chocalhos. Mantenha-os como um lembrete.
Erguendo-se, ela encarou Brian e Maura. — Eu sei que vocês são um povo orgulhoso e não querem caridade, mas, sábado, quando Jake for para a cidade buscar suprimentos, seus filhos estarão no vagão com ele e eles voltarão usando botas. Nós não temos santos aqui para afastar as cobras.
Pegando o filho, ela voltou para a casa. Maura tocou ligeiramente no braço do marido. — O que você acha, Bri?
— Eu acho que Jake não casou com ela por sua beleza.
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Frank aproximou-se do vagão onde as duas mulheres estavam guardando o último prato.
— Boa tarde — ele disse enquanto tirava o chapéu, se admirando com seu nervosismo. Ele nunca sentia esse nervoso em seu estômago quando ele se aproximava de Ruth.
Ambas as mulheres deixaram de trabalhar, Maura estudando-o atentamente e Arlene olhando-o através de seus cílios, tentando decidir se seria apropriado sorrir para ele.
— Eu estava pensando, Senhorita Arlene, se você estaria disposta a caminhar comigo.
Arlene olhou para a mãe buscando sua aprovação e ficou desapontada ao ver que ela não iria recebê-la.
— Não tenho tanta certeza de que seja uma boa ideia — disse Maura. Sua filha era jovem e bonita e esse jovem com seus modos coquetes parecia muito mundano.
— Nós apenas caminharemos até o moinho de vento — disse Frank com um balançar de cabeça. — Você poderá nos ver o tempo todo. Eu juro, senhora, eu não me aproveitarei.
Maura corou por ser tão fácil de ler, franziu os lábios e deu a sua filha permissão para ir.
A caminhada para o moinho de vento não foi suficientemente longa, descobriu Frank. Eles chegaram rapidamente e ficaram sob a estrutura imponente, ouvindo os sons feitos pela roda de madeira acima. O sol estava se situando na distância, e Frank estava determinado a ter Arlene de volta ao vagão antes do sol ter desaparecido.
— Você já tomou um gole de água trazida da terra por um moinho de vento? — ele perguntou.
Ela balançou a cabeça, desejando que a língua dela se desamarrasse. Ela nunca teve um cavalheiro mostrando interesse nela antes.
Frank mergulhou a mão na água, formando um copo e levando a mão aos lábios dela. Ela tomou um gole da água, e Frank sentiu o calor de seus lábios se estender até suas botas. A água gotejou por seu queixo e ela riu, dando um passo para trás, limpando o queixo com o dorso da mão. Ela tinha uma risada doce, e Frank tentou se lembrar de como a risada de Ruth parecia. Ele percebeu que ele nunca tinha ouvido sua risada, apenas seus bufos descontentes.
— Diga-me, Sr. Lewis. Que tipo de planos um homem como você faz para o futuro? Quero dizer, o que um homem faz aqui para se melhorar?
Em toda a sua vida, Frank nunca tinha sido chamado de senhor, e isso o aqueceu mais do que a pressão dos lábios dela contra sua mão.
— Bem, eu espero ser um capataz dessa propriedade algum dia.
— Capataz?
— Sim, senhorita. Veja, Lee Hastings carrega esse título agora, mas ele sempre está falando sobre partir para Wyoming ou Montana ou algum outro lugar. Quando ele for, espero ter experiência suficiente para que Jake confie em mim com a posição. Eu estive com ele por mais tempo do que qualquer outra pessoa. — Ele decidiu não mencionar que o tempo que ele estava contando começou quando Jake primeiramente lhe contou sobre a terra e não quando todos começaram a se dirigir para ela.
— É a quantidade de tempo que um homem passa aqui que lhe dará o emprego?
— Não, senhorita. É experiência e conhecimento. Sei pouco, mas Jake gentilmente me tomou sob sua asa e está me ensinando tudo o que ele sabe. Ele é o melhor homem que já conheci.
O discurso apaixonado de Frank o silenciou. Ele não estava acostumado a revelar seus sentimentos pelas pessoas que ele gostava.
— Você sente falta da Irlanda? — ele perguntou antes de perceber que era uma pergunta estúpida. Se sentisse, o pensamento poderia entristecê-la, e ele não estava pronto para desistir de seus sorrisos.
— Só um pouco — disse ela. — Sinto falta, principalmente, das pessoas pequenas.
— As pessoas pequenas?
— Você sabe... os duendes, leprechauns e fadas. Os pequeninos sobre quem falamos na hora de dormir.
Frank estufou o peito. — Nós não temos gente pequena aqui. Tudo aqui é tão grande quanto seja possível. Uma lebre por exemplo. Ora, elas são tão grandes, que você pode selá-las e montá-las.
Arlene mostrou um grande sorriso. — Eu acho que você está zombando de mim, Sr. Lewis.
— Me chame de Frank.
— Frank — ela disse timidamente.
— E não, senhorita. Eu não estou zombando. Ora, na semana passada eu selei uma e cavalguei nela até o México.
Ela riu. — Você está zombando!
— Não, senhorita. — Ele se inclinou conspiradoramente. — Estou desfiando um conto.
— É uma palavra educada para uma mentira?
— Não, senhorita! — Ele colocou a mão sobre o coração. — Eu juro que na próxima vez que eu montar em uma lebre, eu vou te levar junto.
A risada dela seguiu ao lado dele enquanto ele caminhava com ela de volta para o vagão, e ficou com ele durante toda a noite.
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Ronronando como um gato, Rebecca esticou seu corpo magro.
— Eu pensei nisso durante todo o dia — disse Jake com a voz rouca quando ele passou a língua pelo centro das costas dela. — Eu tinha esquecido o quão bonita você parece cavalgando. Seus quadris se alargaram um pouco desde que você se tornou uma mãe. Essas calças se encaixam perfeitamente agora, descrevendo seu pequeno traseiro muito bem.
Ele beliscou seu traseiro e ela se contorceu. Firmando-a pelos quadris, ele levou os lábios de volta ao seu pescoço, dando-lhe pequenas mordidas amorosas antes de correr as mãos e a boca dele por suas costas esbeltas. Ele espalhou beijos quentes ao longo de suas coxas, joelhos, baixou até os tornozelos e voltou a subir. Ela suspirou satisfeita. — Bom.
Ele a revirou, arrastando beijos quentes ao longo de sua garganta. Sua língua esboçou a minúscula concha de sua orelha e mergulhou dentro, enviando tremores através do corpo dela. Ele embalou um peito na palma da mão, amassando gentilmente enquanto ele puxava a ponta para dentro de sua boca, sentindo que ele se endurecia quando entrou em contato com sua língua rodopiante. Seu polegar deslizou debaixo de sua boca, para ajudar sua língua a acariciar a minúscula pérola sensível. Ela ofegou com prazer, e seu corpo começou a se mover como se ele estivesse enterrado profundamente dentro dela.
— Você andou praticando? — ela perguntou roucamente.
— Não — ele disse quando sua boca voltava a cobrir a dela. — Apenas pensei sobre isso o dia todo, como eu disse.
Atraindo a língua dele para o interior de sua boca, ela sugou-a gentilmente antes de soltá-la para permitir que ele percorresse os limites de sua boca. Ele abaixou a mão pelo diafragma dela, levando-a levemente para trás e para frente em seu estômago, enquanto sua boca procurava homenagear o outro peito. Arrepios de antecipação correram através dela enquanto passava as mãos pelos cabelos, pescoço e ombros dele. Então, alcançando mais abaixo, ela envolveu seus dedos quentes ao redor dele, o calor dele aumentando o seu. Ele emitiu um gemido baixo enquanto ela o acariciava com ternura. E então a mão dele se moveu para baixo, cobrindo os cachos apertados aninhados entre suas pernas, sua mão deslizando para frente e para trás até que seus dedos separaram a barreira frágil e tocaram sua umidade sedosa. Apertando seu agarre, ela pensou que poderia morrer se ele a tocasse mais. Mas ela não morreu e ele tocou. Lentamente, ele explorou a suavidade de veludo. Ela ofegou, levantando os quadris, a mão ficando imóvel enquanto ele continuava a exploração com seriedade.
Rebecca sentiu as ondas de calor atravessando-a, cada uma mais intensa do que a seguinte, obscurecendo todos os pensamentos sãos até que a única coisa que pudesse pensar era em Jake e tê-lo ancorado profundamente dentro dela. Seu corpo estava inflamado e ela o queria, precisava dele para apagar o fogo. Ela apertou seu agarre nele. — Agora, Jake.
Ele se empurrou forte e profundamente dentro dela, e ela gritou enquanto o corpo dela saía da cama, seus braços apertando-se ao redor dele. Então ela ficou deitada abaixo dele, tremendo violentamente. E assustou Jake tremendamente.
Ele se acalmou, envolvendo-a em seus braços. — Reb? Reb, doçura?
Sua tremulação diminuiu lentamente, e nos raios da lua que dançavam através de suas feições, ele podia ver o rubor rastejar por suas bochechas. Ela pegou o rosto dele em suas mãos, seus olhos procurando os dele. — Foi glorioso, Jake — ela sussurrou.
Um gemido gutural baixo escapou de sua garganta quando sua boca procurou a dela e seus quadris começaram a ondular. Rebecca arrancou a boca da dele e começou a marcar o pescoço dele com seus beijos. Ela passou a língua pelo seu peito, até que tocou e capturou seu mamilo, então apertou sua boca contra a ponta endurecida, alternadamente sugando e acariciando até que ele estava tremendo acima dela.
Enterrando a cabeça contra o pescoço dela, ele procurou controlar seu tremente corpo conforme as mãos dela se arrastaram para cima e para baixo de suas costas úmidas.
— Jake?
— Mmm?
— Eu gosto quando você passa o dia pensando.
Ele ergueu a cabeça, olhos brilhantes e um sorriso malicioso agraciando seu semblante.
— Reb, doçura, isso foi apenas o que eu pensei nesta manhã. Espere até eu mostrar o que pensei nesta tarde.
Catorze
Jake esticou-se no banco de madeira suspenso da entrada da varanda. Rebecca estava enrolada ao seu lado. Ele preguiçosamente empurrou o pé contra a varanda, fazendo o banco balançar para trás e para frente a um ritmo vagaroso. Ao lado deles, aninhado em seu berço, Jacob aceitou a noite aconchegando-se em uma bola e roncando suavemente. E ao longo do horizonte, o sol oferecia sua última despedida ao dia.
Jake não se encerrou em segredo quando ele fez o banco. Por muitas noites, Rebecca e Jacob se sentaram na varanda observando o trabalho de Jake. Ele não contou o que era seu projeto, fazendo-os adivinhar. Mesmo depois de ter descoberto, Rebecca não sabia o que ele ia fazer com isso. Agora, ela suspirou satisfeita quando a mão dele acariciou seu braço.
— Isso é bom, não é, Reb? — Ele perguntou, um tanto impressionado que a vida poderia ter se tornado tão boa. Ele nunca soube que tal serenidade existia.
— Sim, é — ela disse enquanto seus dedos trabalhavam com firmeza para desfazer um botão na camisa dele e sua mão escorregou para descansar contra o coração dele.
À distância, eles observaram a silhueta de Frank e Arlene enquanto caminhavam de mãos dadas em direção a um destino privado. Homens dirigindo-se para observar o rebanho; homens dirigindo-se para a cama buscando descanso. Uma brisa quente soprou pela terra. Kevin O’Hennessy guardou a última das ferramentas de seu pai, deu um último olhar aos cavalos correndo no curral e tomou sua decisão. Com as mãos dentro dos bolsos, ele caminhou até a varanda.
— Boa noite, Sr. e Sra. Burnett — ele disse enquanto tirava o chapéu.
— Kevin — disse Rebecca, saudando o rapaz.
Os olhos de Kevin se concentraram em Jake. — Sr. Burnett, eu estava pensando... quero dizer... eu estava pensando e vendo como Frank é tão velho quanto eu e ele trabalha para você e tudo... bem... eu estava me perguntando se talvez você poderia me contratar e me ensinar a ser um vaqueiro.
Jake estudou o jovem ante ele. Seus braços já eram grossos, suas pernas eram resistentes de bater martelo na bigorna com um ritmo poético que rivalizava com muitas das baladas cantadas em torno de fogueiras ardentes. — Ser um vaqueiro é um trabalho árduo — disse ele.
— Não tenho medo do trabalho duro, senhor.
— Eu pensei que você iria aprender o ofício de seu pai.
— Sim, senhor. Meu pai queria que eu aprendesse, e se tivéssemos ficado na Irlanda, eu me contentaria em fazê-lo. Mas aqui — ele fez um círculo com o braço — há muito mais.
— Você falou com seu pai sobre trabalhar para mim?
— Sim, senhor. Ele entende que eu quero algo diferente.
— Você vai ter que se levantar antes do sol.
— Sim, senhor.
— Terá que trabalhar o dia todo.
— Sim, senhor.
— Terá que ir até aquele curral e decidir qual cavalo você quer montar quando o sol aparecer pela manhã.
Os olhos de Kevin se arregalaram. — Isso significa que você vai me contratar?
— Suponho que sim.
Kevin bateu o chapéu na perna. — Obrigado, senhor! Obrigado. Você não vai se arrepender. Eu lhe dou a minha palavra — ele disse enquanto estendia a mão para Jake.
Rebecca desenrolou-se do lado de Jake para ele poder sacudir a mão do rapaz e depois se enrolou de novo quando Kevin saiu. Sua posição na frente da varanda logo foi substituída por Patrick O’Hennessy, que tendo acabado de completar quinze anos, achava-se capaz, por fim, de acompanhar seu irmão mais velho.
Ele tirou o chapéu, esmagando-o nas mãos enquanto estudava o chão com atenção, e ergueu os olhos para Jake sem levantar a cabeça. Ele clareou a garganta três vezes.
— Sr. Burnett.
Jake sorriu. — Vá escolher um cavalo.
A cabeça do menino ergueu-se. — Obrigado! Você não vai se arrepender, você não vai! — E ele correu para anunciar a notícia para quem quisesse ouvir.
Rebecca começou a rir. — Não tenho certeza se depois acharemos Brian por aqui pedindo-lhe para seguir o caminho dos meninos ou exigindo que você encontre um substituto para todos os braços fortes que você o está privando.
— Os meninos têm o direito de decidir o que querem fazer com suas vidas. Talvez não gostem de trabalhar no rancho. Não é uma vida fácil, para cada momento de excitação, há pelo menos uma centena de tédio. — Ele olhou para a esposa. — Seu pai não lhe deu muita escolha. Acha que há algo mais que você preferiria fazer?
Tirando a mão de sua camisa, ela desfez o resto dos botões dele antes de subir com a mão pelo peito dele e agarrar sua nuca. Inclinando a cabeça para cima, ela trouxe a boca dele para a dela.
— Mmm-huh. Há algo mais que eu prefiro fazer. Mas precisamos entrar para fazer isso.
Rindo calorosamente, Jake parou os movimentos de balanço do banco. Não. A vida nunca tinha sido tão boa.
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Sean O’Hennessy sentou-se na beira da varanda, cavando seus cotovelos ósseos em seus joelhos, desenhando círculos aleatórios na areia seca com um pau fino que ele havia encontrado perto da árvore. Seu lábio inferior estava saliente, suas sobrancelhas castanhas unidas apertadamente. Ele tinha sido o vaqueiro da família, andando na sela com o Sr. Jake todas as manhãs, quando o sol surgia. Agora, dois de seus irmãos mais velhos seriam os verdadeiros vaqueiros. Cada um deles iria montar seu próprio cavalo. Eles não teriam alguém guiando o cavalo para eles. Ele não era realmente um vaqueiro, e essa admissão, mesmo que feita apenas para si mesmo, o magoava.
Jake aproximou-se, segurando dois pares de rédeas em suas mãos e agachou-se ao lado do menino. — Você vai cavalgar comigo hoje?
O lábio inferior de Sean saltou para fora, e ele moveu a cabeça lentamente de um lado para o outro, mantendo os olhos fixos no chão.
— Bem, eu sinto muito por ouvir isso. Eu estava esperando que talvez você pudesse começar a andar com Shorty para mim.
A cabeça do menino disparou para cima. — Quem é Shorty?
Jake apontou um polegar sobre o ombro dele. — Esta pequena égua aqui. Todos os meus homens são muito grandes para montá-la, e eu estive buscando alguém que fosse do tamanho certo para cuidar dela.
Sean pulou para ficar de pé. — Eu poderia fazer isto!
Jake esfregou o queixo pensativamente. — Você teria que montá-la todos os dias, certificar-se de que ela se alimenta, escová-la.
— Eu poderia fazer isso! Eu não sou muito grande para ela!
Separando as rédeas, Jake entregou um par para Sean. — Ela é sua então, vaqueiro.
Ele ajudou o menino a se sentar na sela, depois montou seu próprio cavalo, uma corda amarrada no cavalo de Sean na sua mão.
— Eu vou segurar seu cavalo até você aprender a usar as rédeas para guiá-la — ele explicou ao menino. Eles saíram e atrás deles, Kevin e Patrick seguiram, sorrindo um para o outro.
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A feira era realizada na segunda segunda-feira de cada mês, vindo o inferno ou o dilúvio. Pessoas de todo o condado e arredores traziam seus produtos para negociar ou vender.
Embora eles tivessem deixado o rancho antes que o sol se levantasse, deixando Jacob ao cuidado de Maura, Jake e Rebecca chegaram no meio da barulhenta atividade. Frank e Arlene, os olhos arregalados, as bocas abertas, cavalgavam na parte de trás do vagão. Os dois casais se separaram, concordando em se encontrarem no vagão quando o sol estivesse se pondo. Rebecca passou o braço pelo de Jake e o deixou liderar o caminho.
Eles pararam na frente de um vagão onde um homem com um chapéu alto andava de um lado para outro em uma tábua que ele colocou sobre blocos de pedra, uma garrafa na mão. Ele proclamou com uma voz berrante que seu elixir garantia a cura para todos os males. Eles o observaram por um tempo, sua performance digna de qualquer show de palco que Rebecca já havia visto, embora ela não acreditasse em nada do que ele disse. Enquanto eles vagavam, Jake comprou para Rebecca uma limonada de uma jovem que usava duas tranças apanhadas em um círculo de cada lado da cabeça. Rebecca guiou Jake para longe das mulheres chutando as pernas para cima na parte de trás de um vagão enquanto um homem com um sorriso desdentado tocava seu banjo.
Rebecca pegou o brilho nos olhos de Jake quando eles chegaram nos rebanhos. Jake parou para estudar um touro, passando as mãos pelos flancos do animal.
O homem de pé ao lado do animal se apresentou. — Este é o resultado do cruzamento entre um longhorn e shorthorn? — Jake perguntou.
— Sim. Quer comprá-lo? — Homer Price perguntou.
Jake balançou a cabeça. — Não, só me perguntei. Você está tendo muita sorte criando-os?
— Estou satisfeito com o que recebi este ano, considerando que foi uma estação tão seca. Perdi vários bezerros, no entanto. Você é um rancheiro?
— Sim. Mas eu estou criando Herefords. — Jake conversou com o homem, e Rebecca ficou um pouco para trás, sorrindo.
— Seu marido mudou sua opinião sobre o tipo de gado que ele quer criar?
Rebecca virou-se, sorrindo para William Long. — Eu duvido disso. Jake apenas gosta de verificar a concorrência. Como você está, William?
— Estaria indo melhor se eu pudesse colocar minhas mãos em alguns Herefords. Seu marido trouxe algum para vender?
— Não, mas talvez se você lhe perguntasse docemente.
— Ei, William! Quer comprar um pouco do meu rebanho? — Homer gritou.
Jake ergueu os olhos para ver William Long de pé perto de Rebecca e ele sorriu, caminhando para se juntar a eles, sua mão se recostando na parte baixa das costas de Rebecca.
— Não do seu, Homer — William retrucou. — Mas eu gostaria de comprar alguns do seu, Jake.
Jake avaliou o pedido. — Eu não preciso do dinheiro. Eu poderia usar os longhorns que você tem, entretanto.
— Parece justo. Vamos trocar, cabeça por cabeça.
Jake riu. — Ou você acha que sou um tolo ou você não conhece o valor de seus animais. Dez longhorns por um Hereford.
William riu. — De alguma forma, parece injusto que você não só tenha uma bela esposa, mas também ganhe muito do meu gado. Mas é um acordo. Vou trazê-los mais tarde na semana. Você poderia dispensar vinte?
Os olhos de Jake se arregalaram. — Você pode dispensar duzentos?
William riu. — Na realidade, a verdade é que com esta estação seca que estamos tendo, ficarei feliz por me livrar deles.
Os homens apertaram as mãos e William tirou o chapéu para Rebecca quando ele partiu. Ela se aproximou de Jake conforme começaram a andar olhando os outros animais que estavam sendo oferecidos. Preencheu-a de grande satisfação saber que a confiança de Jake em si mesmo tinha crescido ao ponto em que ele não se sentia mais ameaçado quando ela conversava com um homem como William Long.
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Frank puxou bruscamente Arlene para o lado dele, a mão apertando sua cintura.
— Bem, olá, Ruth — disse Frank para a jovem olhando sobre o chapéu. — Esta aqui é Arlene O’Hennessy. Seu pai é um ferreiro em nossa fazenda. Ela e sua família moram lá com a gente. Arlene, coração, minha querida, esta aqui é Ruth Reading. Sua família é proprietária de uma fazenda perto da nossa.
Arlene lançou a Frank um olhar de advertência. Então ela sorriu para Ruth. — Prazer em conhecê-la.
Ignorando Frank, Ruth sorriu para Arlene. — Você fala engraçado. De onde você é?
— Minha querida Arlene é da Irlanda — disse Frank. — Não é certo, doçura? — Ele colocou um beijo em sua bochecha, atraindo-a mais firmemente contra seu lado.
— Teremos que nos reunir em algum momento — Ruth disse. — Eu adoraria ouvir sobre o seu país, mas tenho que ir agora.
Assim que Ruth estava fora do alcance da audição, Arlene se separou de Frank.
— E o que em nome de Deus foi tudo isso, Frank Lewis?
— Nada — disse Frank enquanto procurava na multidão para ver se Ruth estava olhando para trás.
— Você não estaria tentando fazer ciúmes àquela moça, estaria?
Os olhos de Frank se voltaram para os dela. Os dela eram marrons, o que o surpreendeu. Ele lembrava-se deles sendo verdes.
— Eu queria dar a ela um gosto de seu próprio remédio. Ela sempre me ignorou antes. Eu queria que ela visse o quanto ela foi estúpida.
— Que tola eu fui. Eu não vou ser usada, Frank. Se você quer fazer ciúmes a ela, encontre outro alguém com o qual fazer isso.
— Mas é exatamente isso, Arlene. Não há mais ninguém.
Lágrimas brotaram nos olhos de Arlene. Ela sufocou um soluço, depois virou-se e correu.
— Espere, Arlene! Eu não quis dizer isso do jeito que soou!
Ele olhou para trás na direção que Ruth tinha ido. Ele estava livre para ir atrás dela, para ver se ela teria ele agora que sabia que alguém mais estava interessada nele. Mas ele havia acabado de descobrir que não poderia ter se importado menos com Ruth. Em primeiro lugar, seu interesse em Arlene foi apenas para fazer Ruth ficar com ciúmes. Quando essa razão mudou, ele não tinha certeza. Ele ficou na ponta dos pés para ver o topo da multidão, mas ele não podia ver Arlene. Maldição! Ele tinha vindo a se importar muito com Arlene. Ela não era tão bonita quanto Ruth, mas ela o fazia se sentir como um homem. Ele abriu caminho entre a multidão, amaldiçoando a si mesmo e sua estupidez.
Frank finalmente encontrou Arlene já no vagão quando chegou a hora de se encontrarem com Jake e Rebecca. A noite se instalou sobre a terra enquanto o vagão rolava, dirigindo-se de volta para o Rocking R. Frank e Arlene sentaram-se em lugares opostos, olhando para o outro.
— Você se divertiu hoje, Arlene? — Rebecca perguntou, curiosa para saber o que aconteceu entre os dois.
— Sim, foi um bom dia. Conheci um dos seus vizinhos. Uma Senhorita Ruth Reading. Frank teve a gentileza de nos apresentar.
Rebecca e Jake trocaram olhares, ambos pensando o mesmo.
— Você e Ruth são da mesma idade, eu acho — disse Rebecca.
— Sim. Nós temos uma idade muito próxima, mas Ruth, ela é a sortuda. Frank aqui pretende fazer dela sua esposa.
— Eu nunca disse isso! — Gritou Frank.
— Então, por que você estava tentando fazer ao deixá-la com ciúmes?
— Eu não estava tentando deixá-la com ciúmes!
— Não? Querida, doçura, bolinho? Então, o que você estava tentando fazer, meu querido?
Frank sacudiu o chapéu e bateu o lado do vagão com ele. — Maldição!
— Eu lhe falei, Frank, não terei você blasfemando perto de mim.
— Bem, agora, eu não estou perto de você, estou? Você está de um lado do vagão e eu estou do outro, então eu direi tudo o que eu malditamente quiser! — Ele empurrou o chapéu para trás em sua cabeça, avançando mais para o seu canto do vagão.
— Toda vez que eu pedia uma dança a ela, ela ria e dizia “não”. Toda vez que eu a via na cidade, eu dizia “Bom dia, Ruth. Como você está?’ e ela apenas enfiava o nariz no ar ou me dizia que não era da minha conta. E hoje, eu tinha essa bela mulher caminhando comigo, e eu só queria que ela soubesse que eu era bom o suficiente.
— Mas você me usou, Frank. Você me usou e doeu.
Frank sentou-se ereto. — Eu não queria machucá-la. E não quis dizer o que eu disse sobre você ser a única. Oh, diabos, tudo bem, naquela primeira noite eu pedi que você caminhasse comigo porque queria fazer com que você gostasse de mim, então, quando nos encontrássemos com Ruth algum dia, eu poderia deixá-la com ciúmes. — Tentativamente, ele se inclinou para tocar sua mão. — Mas depois daquela caminhada, eu juro que nunca mais pensei em Ruth. Eu gosto muito de você, tudo o que eu posso pensar é em você. Eu atuei como um tolo hoje. Inferno, eu fui um tolo hoje. Eu só queria que Ruth visse que alguém tão bonita como você poderia manter a cabeça erguida quando andasse comigo. Ruth sempre me fez sentir como se eu fosse uma vaca deixada para trás. Eu queria que ela percebesse que eu não sou.
Arlene soltou um suspiro esfarrapado. — Eu confiei em você com o meu coração, homem. E você quase o quebrou hoje.
Frank apertou a mão dela enquanto sussurrava: — Eu quero te abraçar, Arlene. Você vai deixar?
Lentamente, ela moveu a cabeça para cima e para baixo, e Frank se inclinou, puxando-a para os braços dele. — Sinto muito — disse ele. — Eu sinto tanto. Ela não é nada e você é tudo. — Ele inclinou o queixo dela para cima. — Você vai me deixar beijar você?
Ela assentiu e ele baixou os lábios nos dela, gentilmente a beijando, tentando tirar a dor.
Rebecca esfregou a mão na coxa de Jake. — Talvez você devesse deixar Frank guiar os cavalos — ela sussurrou.
— Porque você não confia em Frank, ou porque você quer se esticar na parte de trás do vagão?
— Ambos.
— Venha sentar no meu colo então. Eles não vão notar.
Ela se moveu para o colo dele, sentando em um ângulo reto. Ela tirou o chapéu dele, passando os dedos pelos cabelos dele.
— Tem certeza que você não vai me dizer por que você comprou essas quatro rodinhas? — ela brincou. Jake apenas sorriu misteriosamente. Não querendo realmente estragar sua última surpresa, Rebecca mudou de assunto.
— Eu fiquei orgulhosa de você hoje, lidando com William Long do jeito que você fez.
— O que você achou dele na primeira vez que você o conheceu? — ela perguntou baixinho.
— Que ele era o tipo de homem com quem você deveria se casar.
— E agora você não pensa mais isso?
— Agora, isso não importa. Você está casada comigo.
— Eu estive na noite em que você o conheceu.
Os olhos de Jake se encontraram e seguraram os dela ao luar. — Não, você não estava. Não realmente. — Seu braço se apertou ao redor dela. — Mas você está agora.
Rebecca levou os lábios aos dele e eles a receberam. O vagão viajou ao luar, os cavalos soprando enquanto o agarre de Jake nas rédeas afrouxava. Felizmente, eles sabiam o caminho de casa.
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Jacob, de cinco meses de idade, recostou-se contra os travesseiros de pluma na carroça de madeira que seu pai construíra amorosamente, as rodas em miniatura girando ao redor enquanto Sean o empurrava cautelosamente pela frente da casa. De repente, Sean parou, virou-se e, com os olhos arregalados, espalmou os dedos emoldurando seu rosto, gritando “Boo!” E pela centésima vez Jacob estrondou risadas.
Rebecca sabia que as costelas de seu filho estavam doendo, porque sua risada era contagiante e suas próprias costelas estavam quase quebrando. Ela se inclinou para Jake, enxugando as lágrimas de seus olhos, sentindo o ressoar de seu corpo enquanto ele tentava controlar sua risada, uma tarefa difícil quando Sean novamente gritou e a risada de Jacob aumentou em intensidade.
Jake moveu sua esposa para o banco do balanço antes que ambas as pernas deles fraquejassem. Ele colocou o braço em volta dela enquanto a risada deles diminuía.
— Ele certamente está gostando da carroça — disse Rebecca.
— Oh, eu acho que ele está gostando mais de Sean.
— Eu não sei o que eu faria se algo acontecesse com Jacob.
Jake inclinou a cabeça para baixo, as sobrancelhas franzidas, os olhos procurando os de Rebecca. — O que trouxe isso?
Ela encolheu os ombros. — Eu não sei. Preocupações de uma mãe, eu acho.
Ele esfregou o ombro dela. — Nada vai acontecer com ele.
Ela ofereceu-lhe um pequeno sorriso. — Eu sei que é bobagem, mas às vezes acho que seremos poupados de qualquer tristeza porque você teve mais do que sua parte quando estava crescendo. Que talvez tudo o que você passou irá nos proteger.
Jake a puxou para mais perto contra ele. — Eu não acho que haja alguém sentado lá em cima que mantém uma contagem de quanto cada pessoa consegue de tristeza. Às vezes eu acho que tristeza e alegria são mantidas em recipientes como o doce Abrams, e alguém apenas mergulha a mão e joga tudo fora. Tudo depende apenas de onde você está de pé no momento.
— Ainda assim, seria bom se algum bem saísse de todo o sofrimento que você passou quando criança.
— Mas algo de bom saiu disso. — Ela olhou para ele interrogativamente.
— Se Truscott não tivesse vindo atrás de mim, eu provavelmente estaria tocando piano em um prostíbulo agora. Eu não teria minha terra, meu gado, um filho. — Ele arrastou os dedos ao longo de sua bochecha, ao redor de sua mandíbula. — Ou você — ele disse baixinho quando seus lábios encontraram os dela, o riso de Jacob ecoando à distância.
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O céu cheio de estrelas se estendia até onde um homem podia ver, o ocasional zurro de um novilho arranhando o ar ainda da noite, o fogo crepitando enquanto espalhava seu calor. Jake respirou fundo quando se deitou, apoiando-se em um cotovelo, e olhou para tudo o que o rodeava. Ele sempre gostou de cuidar do gado à noite, a paz filtrando através dele. Fazia um tempo desde que ele se sentara perto de uma fogueira, mas ele se oferecera para fazer isso naquela noite porque um dos homens estaria se casando e os outros queriam levá-lo para a cidade para uma última aventura. Frank também se ofereceu para ficar para trás.
Foi a primeira noite desde que ele se casou com Reb que ele não estaria dormindo com ela. Ele sabia que era bobo, mas sentia falta dela, pensamentos dela deitada naquela cama sozinha, enchendo sua cabeça. Ele ficaria com a mente cheia de pensamentos poderosos antes que a noite acabasse, e ele compartilharia tudo com ela pela manhã quando voltasse.
Frank se agachou diante do fogo, estudando-o atentamente antes de lançar um olhar a Jake por cima do ombro.
— Posso falar com você de homem para homem? — Frank perguntou.
Jake sorriu. Frank parou de depilar a penugem sob o nariz, mas ainda assim seu bigode não era visível.
— Claro.
Frank se preparou. — É sobre mulheres.
— Eu dificilmente sou especialista em mulheres — disse Jake.
— Você deve saber alguma coisa. Você se casou com Reb.
Jake não podia discutir com essa lógica falha. — O que você quer saber?
O rosto de Frank ficou sério. — Bem, veja, eu gosto muito de Arlene. Inferno, eu suponho que a amo. E eu acho que ela me ama. E nós fazemos longas caminhadas e bem, ela é parcial em beijos, mas... — Ele hesitou, então continuou. — Bem, veja... ela não vai me deixar dar-lhe mais do que um beijo. Se eu tentar... bem, ir mais longe, ela diz que eu não vou respeitá-la. Inferno, eu quero fazer amor com ela. E eu vou respeitá-la depois. Eu disse isso a ela, mas ela disse que não, e eu estava pensando, já que Reb estava grávida quando você se casou com ela, como diabos você a convenceu... você sabe, a dizer sim?
Jake sentou-se e pôs um cotovelo no joelho, esfregando a ponte do nariz. Ocorreu a ele que ele poderia apenas dizer a Frank que não era da sua conta. Ele suspirou. — Você jura que o que eu disser a você não vai além da fogueira?
Frank ansiosamente se apressou a concordar. — Sim, senhor. Eu juro. — Ele fez um “X” em seu coração. — Eu juro por Deus.
Os olhos de Jake seguraram os de Frank, certificando-se de que o homem entendesse a seriedade do que ele estava prestes a dizer.
— Jacob tinha dois meses na primeira vez que fiz amor com Reb.
Os olhos de Frank se arregalaram e sua boca se abriu em descrença.
— Você quer dizer... você quer dizer que ela é como a Virgem Maria? — Jake não pôde evitar que o sorriso se formasse quando ele balançou a cabeça.
— Não. Ela amava outra pessoa, e ele a amava, eu acho. Mas ele partiu sem saber que ela estava grávida. Então eu me casei com ela.
Frank ficou surpreso. Não tanto porque Rebecca estava grávida quando Jake se casou com ela, mas porque Jake não tinha feito amor com ela assim que foi legal fazê-lo. — Mas se vocês estavam casados, por que você esperou? Você poderia tê-la em sua noite de núpcias.
— Porque eu não queria “tê-la”. Eu queria fazer amor com ela e queria esperar até que fosse o que ela queria também.
Frank digeriu a informação. — Inferno, isso com certeza não me ajuda em nada. — Ele olhou para Jake cautelosamente. — A menos que você esteja pensando que eu deveria esperar até que seja o que Arlene quer?
— Você tem que decidir o quanto você a ama, Frank. Você só a quer uma vez ou pelo resto da sua vida? Ela é a única que deve se respeitar afinal.
Frank assentiu. Ele esperava que a resposta fosse simples. Droga, o amor não era nada simples.
Ao som de um cavaleiro se aproximando, ambos se levantaram, com as mãos descansando relaxadamente em suas armas. À luz do fogo, Jake viu sua linda esposa desmontar.
— O que há de errado? — ele perguntou.
— Eu não gosto de dormir sozinha — disse ela enquanto deslizava os braços ao redor de sua cintura.
— Quem está cuidando de Jacob?
— Maura e Brian. Eu dei a eles a nossa cama para a noite. Você tem alguma ideia de quanto tempo passou desde que eles dormiram juntos em uma cama? Ela estava corando como uma noiva quando eu saí.
As mãos de Jake viajaram para cima e para baixo de suas costas.
— Frank, há algum gado se afastando ao longe. Você precisa levá-los de volta ao rebanho principal.
— Sim, senhor — O jovem disse enquanto se dirigia para o cavalo, sabendo muito bem que Jake não podia ver nenhum gado se afastando.
— Pegue o cavalo de Reb. Já está selado.
— Sim, senhor. — Frank sorriu enquanto montava. — Provavelmente vou demorar um pouco para pegá-los.
Os olhos de Jake encontraram com os de Frank. — Por outro lado, por que você não volta? Reb pode me ajudar a observar o gado esta noite.
Virando-se para a esposa, ele disse: — Venha se juntar a mim junto ao fogo. Tenho pensado um pouco.
Enquanto Frank se afastava, ouviu o riso de Rebecca enchendo o céu noturno. Talvez Jake estivesse certo. Certamente seria bom saber que a mulher o queria tanto quanto ele a desejava.
Não muito tempo depois da partida de Frank, Rebecca estava aconchegada contra o corpo firme do marido, sentindo suas mãos acariciando suas costas nuas. O fogo crepitava, espalhando seu calor. O céu negro cobria a noite.
Ela inclinou a cabeça para trás e Jake começou a tirar mechas de cabelo do rosto dela.
— Eu já te disse o quão bonita você é? — ele perguntou. Ela estendeu a mão, delineando a testa dele com o polegar.
— Você me diz isso o tempo todo com os olhos. Você tem olhos tão expressivos.
Ele apertou seus braços mais firmemente ao redor dela. — Eu estive a pensar-Ela começou a rir. — Por que não estou surpresa? — Ela tinha gostado de ver o rebanho com ele em Kentucky, mas nem sequer isso começava a se comparar com os prazeres de ver o rebanho com ele no Texas.
— Oh, não, não é esse tipo de pensamento. Eu estive pensando em sua casa. Agora que eu entendo como os ativos e a garantia funcionam, eu estou pensando que não teremos que esperar tanto tempo para construir sua casa. E eu estava apenas imaginando que tipo de casa você queria.
Ela começou a desenhar figuras em seu peito com a ponta do dedo. — Pode ser a casa dos meus sonhos?
Jake sorriu para ela. — Certamente.
Seu pé começou a acariciar lentamente a panturrilha dele. — Eu gostaria de ter um torreão de cada lado e pelo menos duas janelas de sacada na frente. Eu gostaria de um alpendre que vai todo o caminho ao redor da casa. Todos os quartos seriam no segundo andar, e nosso quarto teria portas francesas que levam para uma varanda.
— Você não quer algo chique? — Seus olhos a provocaram tanto quanto suas palavras. A casa que ela queria era exatamente o que ele queria dar a ela, mais bonita do que qualquer coisa que ele já tivesse vivido, maior que a casa que ela tinha compartilhado com seu pai.
Seus olhos ficaram quentes. — Estou contente com o que tenho, Jake. Não há realmente necessidade de construir uma casa antes de levar seu gado ao mercado.
— O que você tem é muito menos do que o que você teve, Reb.
— Não, não é — ela disse suavemente. — De muitas maneiras, é muito mais. — Ela deu a seu marido um beijo demorado.
— Eu acho que esse gado estará se observando esta noite — disse Jake quando sua boca deixou a dele e começou a viajar ao longo de seu pescoço.
— Sim, eles estão — ela admitiu.
Ela montou seu colo quando ele começou a pressionar beijos entre seus seios, sua língua saboreando sua doce carne. Sua boca moveu-se lentamente ao longo do lado de um seio, então sua língua circundou a ponta antes que sua boca a cobrisse, sugando suavemente. Ela jogou a cabeça para trás enquanto seus dedos seguravam os ombros de Jake. Ele levou uma mão até a parte de trás da cabeça dela, inclinando a cabeça para baixo em direção a ele enquanto seus lábios procuravam os dela, sua língua mergulhando profundamente nos doces recessos de sua boca, quentes e úmidos. Seus sons guturais causaram arrepios em seu corpo.
Delicadamente, ele rolou-a de costas, seu corpo aninhado entre as pernas dela, seus lábios lentamente pressionando quentes, beijos úmidos ao longo de sua carne enquanto seu corpo viajava para baixo por toda a extensão dela. Sua língua provou a carne de seus seios, de seu estômago, antes de correr por suas coxas.
Ela sentiu o hálito quente dele acariciar suas coxas, tão perto do ápice, onde elas se fundiam em seu corpo. Ela sentiu o leve farfalhar entre as pernas, do jeito que imaginou que uma árvore se sentiria em uma brisa suave.
— Eu te amo — ele disse.
Então ela sentiu a língua dele acariciar o mais íntimo dos lugares, o suspiro que escapou de seus lábios trouxe prazer. Sua língua aveludada acariciou lentamente suas dobras de seda, enviando sensações através dela. Ela se entregou à doce felicidade, tão intensa e tão suave, chamando o nome dele em seu êxtase.
Ele moveu-se para cima, beijando-a na boca. Ela saboreou a si mesma, querendo se sentir chocada, mas ao invés disso se viu querendo dar tanto quanto a ele.
Ele levantou-se acima dela, e quando ele teria entrado nela, ela parou suas ações com as duas mãos pressionadas contra seus quadris. Ela o empurrou de costas, beijando-o ternamente antes de começar sua descida, colocando beijos ao longo de seu peito, abaixo de seu estômago, ao longo de suas coxas como ele fez a ela. Ele enfiou os dedos em seus cabelos, trazendo sua cabeça para cima, seus olhos fixos nos dela.
— Você não tem-
— Eu quero — ela sussurrou com a voz rouca enquanto abaixava os lábios. Ela sentiu o leve estremecimento percorrê-lo, e seus dedos apertaram o cabelo dela, a reação dele a emocionou.
Jake se entregou às sensações de turbilhão até que ele pensou que não seria capaz de aguentar mais. Abaixando-se, ele a ergueu, acomodando-a de costas para embainhá-lo, suas mãos ajudando a guiar seus movimentos. Quando ela arqueou de volta, sua boca começou a procurar novas trilhas ao longo de sua carne.
Rebecca sentiu as sensações aumentando, uma em cima da outra. Do topo da cabeça até a ponta dos dedos, nenhuma parte de seu corpo foi poupada do formigamento que se aprofundou a cada estocada. De repente ela sentiu-se desesperada para consumir esse homem, e ela segurou o rosto dele com as mãos e levou sua boca à dele, seu perfume e o dela se misturando, pressionando seu corpo o mais perto que podia, querendo tudo dele, querendo tocar da maneira como ele a tocava, não apenas o corpo dela, mas a alma dela. Suas carícias tocaram mais do que apenas sua carne. Sua paixão penetrou em seu núcleo mais profundo, sempre deixando-a mais do que era antes. Ela gritou, seu corpo se arqueando para longe dele enquanto suas mãos fortes a apoiavam, puxando-a de volta para ele enquanto ele enterrava o rosto entre seus seios e seus impulsos finais traziam sua libertação.
Buscando firmar sua própria respiração, ele a segurou perto, complacente em cima dele. Seus braços se apertaram ao redor um do outro, e embora ela nunca vociferou as palavras, Jake estava certo de que ela o amava. Como ela poderia dar tanto a ele se não amasse?
Quinze
Frank guiou seu cavalo como se um pelotão estivesse em sua cola, e Jake se esforçou para não rir. O jovem parou ao lado dele, seu sorriso ameaçando alcançar seus ouvidos.
— Maldição, Jake. Você nunca vai adivinhar quem está na casa.
Jake sacudiu a cabeça, sorrindo. — Não, eu provavelmente não vou.
— Brett Meier.
O sorriso e o sangue deixaram o rosto de Jake, e ele cutucou o cavalo a um galope. Frank observou-o se afastar, sua resposta às notícias não era nada do que o homem mais jovem esperava. Ele encontrou-se perguntando o que havia sobre Brett Meier que assustou tanto Jake.
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— Olá, Rebecca.
Rebecca sentiu a respiração deixar seu corpo enquanto se afastava lentamente do fogão para encarar a porta aberta. A visão do homem parado na entrada, seus olhos azuis perfurando-a, agrediu todos os seus sentidos. Seus joelhos enfraqueceram e seu coração começou a bater em seus ouvidos. Seus belos traços haviam desvanecido em sua memória. Seus cabelos negros eram quase azuis, seus olhos azuis mais profundos, mais ricos do que os dela. Ele tinha deixado crescer um bigode escuro e espesso que repousava sobre seus lábios carnudos, as extremidades uniformes, levantando a mesma quantidade de cada lado sobre seu sorriso sensual.
— Olá, Brett — ela sussurrou, surpresa por poder falar.
Em quatro longos e seguros passos ele ficou diante dela.
— Eu tive um inferno de um tempo rastreando você. Seu pai não me disse nada. Giles me disse que você estava grávida, casou com Jake e veio para o Texas. Você tem alguma ideia do quão grande é esse maldito estado?
O som de madeira batendo na madeira perto da lareira fez com que ele se virasse. Abertamente, ele assistiu o bebê batendo seu chocalho no chão duro. Com base no que Giles lhe dissera, depois de um incentivo monetário, ele não duvidava que a criança que ela carregava quando deixara o Lazy A era dele. Levou todos os seus encantos para seduzi-la. Encantos que Jake Burnett não tinha. — Este é meu filho?
Mesmo se Rebecca tivesse feito amor com uma centena de homens naquela noite, ela ainda teria sabido qual homem tinha sido pai de seu filho. O menino era uma réplica em miniatura de seu pai.
— Sim. Ele tem seis meses agora — disse ela, como se Brett fosse incapaz de calcular sua idade.
Ele se ajoelhou ao lado do menino, que colocou a pequena mão em torno do dedo oferecido, levando-o à boca e roendo-o com zelo.
— Como você o nomeou?
Ela hesitou, sem saber quais seriam seus sentimentos em relação ao nome que escolhera. — Jacob.
Ele assentiu, se soltando do agarre da criança e se levantando para encará-la.
— Eu tenho algumas terras em Montana, duas mil cabeças de gado, uma casa que é mais do que um quarto. Eu quero que você e meu filho morem lá comigo.
Ela deu um passo para trás, sacudindo a cabeça. — É tarde demais, Brett. Eu estou casada.
— E quem diabos em Montana saberá disso... ou se importará com isso. As pessoas saberão apenas o que lhes dissermos. Você será minha esposa de todas as outras formas, e o menino já é meu filho.
— Brett, eu não posso. Jake tem sido tão bom para nós.
Seus olhos procuraram os dela, azuis em azuis, intensos, discernindo. — Eu sei que foi cruel da minha parte vir para cá. Meu coração e minha consciência lutaram a cada passo do caminho. — Ele deu-lhe um sorriso sedutor. — Meu coração ganhou. Rebecca, eu não poderia ir embora, não sem vê-la. Se eu tivesse deixado você sem intenção de voltar, teria sido diferente. Mas eu não tive. Seu pai pensou que eu queria a terra dele, não você, disse que ele deserdaria você se eu me casasse com você. Então eu tive que encontrar para nós um começo melhor do que o que eu poderia ter oferecido a você em Kentucky. Eu sempre planejei voltar para seus braços à espera.
— Você não disse que voltaria — ela disse em um sussurro dolorido.
— Eu pensei que você soubesse, mulher. — Seus dedos levemente acariciaram sua bochecha. — Eu não te contei o que estava no meu coração? Eu não te mostrei?
Sem aviso, seus lábios, quentes e ardentes, estavam nos dela, sua língua penetrando, sua boca devorando. Ela soltou um gemido quando os braços dele a puxaram contra o corpo endurecido dele. Junto com seus traços bonitos, a sensação dele, o gosto dele tinha desaparecido de sua memória. Tudo voltou correndo... tudo... cada memória... cada beijo, cada abraço, a única noite que eles tinham compartilhado, a única noite que eles compartilhariam. Sua mente disse a ela que era tarde demais para eles, mas seu coração continuava com uma determinação feroz. Ela ouviu o clarão de uma garganta e deu um pulo para trás, sua respiração ofegante, suas bochechas vermelhas. Ela começou a se mover ao redor dele para encarar Jake, mas Brett pegou seus ombros, mantendo-a, seus olhos segurando os dela com força.
— Eu te amo, Rebecca. Eu quero que você venha comigo para Montana. Eu sei que você e Jake têm algumas coisas para resolver. Eu vou ficar no hotel na cidade. Eu estarei lá até o meio-dia da segunda-feira. Se você não vir para mim até então, eu saberei sua resposta. — Seu olhar se intensificou. — Eu não vou vir por você novamente.
Ele a soltou, virando-se para encarar Jake, sabendo que Rebecca não tinha decisão a tomar. Brett tinha tudo para oferecer a ela. Jake não tinha nada. Ele estendeu a mão. Jake hesitou, em seguida, enxugou a palma suada na coxa antes de apertar a mão de Brett.
— Eu aprecio que você cuide tão bem de Rebecca e meu filho. E por qualquer dor que causamos a você, me desculpe.
Os olhos castanhos aveludados voaram para Rebecca, mas ela evitou o olhar dele. Jake pensou que talvez alguém tivesse empunhado uma espingarda no peito dele e atirado à queima-roupa em seu coração. Brett saiu da pequena casa.
Curvando-se, Rebecca pegou seu filho, segurando-o perto de seu coração enquanto se voltava para o fogão.
— Eu não estava esperando você de volta tão cedo, Jake. A ceia não está pronta. Se você quiser... eu posso fazer algo rápido agora. — Uma lágrima caiu sobre a frigideira e chiou, seguida por outra. Ela girou ao redor. — Eu não estava esperando por Brett também. Eu juro, eu não sabia que ele viria aqui.
Jake atravessou a sala, cada passo que ele dava ecoando por toda a casa. Por que tudo sobre Jake era tão perceptível? Brett tinha deslizado através do quarto, e ela não ouviu um passo que ele deu. Colocando um dedo caloso em sua bochecha, Jake enxugou as lágrimas de um lado e depois do outro.
— Eu não vim para o jantar. Frank me disse que Brett estava aqui. Eu só... Eu só queria ter certeza de que você estava bem.
Seus olhos estavam brilhando com lágrimas não derramadas enquanto ela balançava a cabeça. — Estou bem. — Então ela se sentiu obrigada a acrescentar: — Eu não sabia que ele ia me beijar e quando...
Seu polegar caiu em seus lábios inchados, tão profundamente beijados que, mesmo que ele não tivesse visto, ele saberia. — Eu sei. Eu deveria ter feito a minha presença conhecida mais cedo. — Mas ele queria ouvir o motivo dela para ficar, desejando agora de todo o coração que ele não tivesse. Ele colocou um leve beijo em sua testa, percebendo que ela precisava de tempo para si mesma. — Eu preciso voltar para o rebanho. Você vai ficar bem?
Fungando, ela assentiu. — Sim. Eu ficarei bem.
Quando ele saiu, ela tirou a frigideira do fogão. Então ela se deitou na cama, se enrolou ao redor do filho e chorou. Brett veio para ela, mas ele veio tarde demais.
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Jake se sentou no morro, olhando o horizonte, mas não viu as ondas que o vento criava no lago nem as sombras lúdicas que o sol lançava contra a terra. Tudo o que ele podia ver era o quão perfeitamente o corpo de Rebecca tinha se fundido contra o de Brett, quão bem combinados eles estiveram lá juntos, cabelo de ébano, olhos azuis, características faciais moldadas à perfeição pela mão amorosa de Alguém. Ele havia prometido a ela que faria tudo o que pudesse para se certificar que ela não se arrependesse. Ele baixou a cabeça, o queixo apoiado contra o peito, imaginando se ela estaria lá quando ele voltasse.
O céu havia se tornado uma meia-noite negra, mil estrelas iluminando a escuridão aveludada antes que Jake retornasse. Rebecca estava deitada na cama, com os olhos doendo e inchados. Ela ouviu a porta se abrir, ouviu-o colocando as botas ao lado da porta, e mesmo sem as botas, ela o ouviu andando pelo chão, hesitando, e depois continuou passando pela colcha pendurada. Ela escutou enquanto ele tirava as roupas dele e depois batia o dedão do pé em alguma coisa. Seu “maldição” foi seguido por um “shh!” enquanto ele se repreendia. E ela sorriu. Mesmo quando não havia ninguém para notar, ele era educado.
A cama afundou sob seu peso, e ela sabia que ele estava inclinado sobre um cotovelo olhando para ela. Ela passara a conhecer muito sobre ele desde a noite em que se casara com ele.
— Eu o esperei no jantar — disse ela.
— Um dos bebedouros estava envenenado. Tivemos que mover o gado.
— Quantos você perdeu? — ela perguntou.
— Nós perdemos quatro.
Ela estava abraçando o lado mais distante da cama, deitada de lado, de costas para ele. Em qualquer outro momento, ela teria disparado da cama, irritada por alguém envenenar um bebedouro, qualquer bebedouro. Ele estendeu a mão, colocando a mão em sua cintura.
Ela suspirou. — Estou muito cansada, Jake.
Ele retirou a mão, rolando para o outro lado, de costas para ela. Ele só queria abraçá-la. Ele sabia que ela não iria querer fazer amor com ele depois de ver Brett hoje. Mas, caramba, ele precisava abraçá-la.
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O cheiro de biscoitos recém-assados tirou Rebecca de seu sono intermitente. Seus olhos ardiam e todo o seu rosto estava inchado. Jake surgiu trazendo um prato de biscoitos e molho, colocando-o na cama ao lado dela enquanto ela se sentava.
— Bom dia, dorminhoca — ele disse.
Rebecca apertou os olhos. — O sol mal surgiu. Você faz parecer que eu tenho dormido o dia todo. — Ela tocou o prato. — Eu não sei porque você tem que ser tão bom para mim.
Porque eu amo você, ele pensou, mas ele não ousou mais dizer as palavras em voz alta. Ele já sentia uma constrição em torno de seu coração que ele sabia que só iria piorar nos próximos dias.
— Eu preciso ir para a cidade hoje para pegar alguns suprimentos e cuidar de alguns negócios. Você e Jacob querem vir comigo? — ele perguntou.
— Não, obrigada. — Ela não queria chance de esbarrar em Brett. Tinha sido difícil o suficiente não sair com ele ontem. Ela deu a Jake um pequeno sorriso. — Não desta vez. Nós vamos com você na próxima vez. — Ela queria tranquilizá-lo de que haveria uma próxima vez, que o que ela estava passando era apenas temporário, que duraria apenas até segunda-feira.
Inclinando-se, ele colocou um beijo no topo de sua cabeça.
— Eu vou me atrasar. Não espere por mim para jantar.
Depois que ele saiu, ela amaldiçoou seus olhos pela torrente de lágrimas que eles estavam enviando por suas bochechas. Ela secaria a nada, como os ossos branqueados na terra árida, se ela continuasse chorando tanto.
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Andando sem rumo, Rebecca empurrou Jacob em seu vagão pelos currais, atravessou o celeiro, sob o moinho barulhento, voltou para a casa e finalmente se estabeleceu em seu destino final, o antigo carvalho que fornecia sombra para sua pequena casa. Ela colocou Jacob em um cobertor, que ele rapidamente retirou, ficando de pé. Abraçando a velha árvore, ele andou em volta dela, desfrutando alegremente de sua independência. Observando seu filho, ela se perguntou se alguma criança já tinha sido tão feliz, alguma criança tão amada quanto ele. Ela não podia culpar Jake pela atenção que ele dava ao menino. Se ela fosse honesta consigo mesma, não poderia culpá-lo por nada. Ele deu a ela tudo o que ele havia prometido. A culpa estava em si mesma.
Ela duvidou que Brett retornaria. Esse foi o seu erro. E agora Brett sofreria por isso. Parecia uma eternidade desde que ela atravessou a noite com Jake e decidiu aceitar sua oferta, decidiu que, mesmo que Brett retornasse, seria tarde demais. Mas como ela saberia que ele voltaria ou que doeria muito vê-lo?
Sean se aproximou e se agachou diante dela, uma postura que muitas vezes viu Jake tomar, e se perguntou se Brian se importava que seus filhos imitassem seu marido.
— Vi o Sr. Jake subir no vagão esta manhã. Ele foi para a cidade?
— Ele tinha alguns negócios para cuidar — disse Rebecca ao menino.
Sean assentiu. — Acha que ele vai parar na loja geral?
Ela sorriu. — Ele disse algo sobre pegar alguns suprimentos.
— Acha que ele vai pegar alguns doces?
Seu sorriso se aprofundou. — Ele geralmente faz isso, não é? — ela perguntou.
Sean balançou a cabeça, depois enfiou a mão no bolso e tirou duas moedas. — O Sr. Jake tem me pagado um dólar por mês para cuidar de Shorty. Tenho certeza que gosto do Sr. Jake.
— Eu também gosto dele — disse Rebecca. E ela gostava. Ela sempre gostou.
Sean a olhou cautelosamente. — Você não o ama?
— Ele é meu marido, Sean. O que você acha?
Os olhos do menino se estreitaram e Rebecca desejou não ter feito a pergunta. As crianças, com seu abandono inocente, eram muito aptas para ver a verdade. Sean deu um breve aceno de cabeça.
— Sim. Você o ama. Quer que eu empurre Jacob por um tempo?
Ela jogou Jacob de volta no vagão e viu como o sorriso dele se esticava em seu rosto mais e mais a cada passo que Sean dava. Ela se acomodou contra a árvore, imaginando como conseguira enganar Sean. As crianças não eram facilmente enganadas. E se ela o tinha enganado, quem mais ela conseguira enganar?
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Não importava o quão desesperadamente ela o buscasse, o sono não chegaria até ela. Rebecca ouviu o ranger do vagão, desejando que ela tivesse adormecido antes de Jake voltar. Ela não queria machucá-lo, ela realmente não queria, mas ela não achava que poderia suportar o fato dele ser bom com ela.
Jake silenciosamente fechou a porta atrás de si, lembrando-se de um tempo em que mais do que uma lamparina sentada sobre uma mesa lhe dava boas-vindas em casa. Ele pendurou o chapéu em um prego e colocou as botas ao lado da porta. Ele caminhou até a mesa e colocou para dormir a chama na lamparina com um rápido sopro de ar. Ele não esperava encontrar o sono para si mesmo tão facilmente. Ele passou pela colcha; e seus olhos pousaram em sua esposa, encolhida no outro lado da cama. Sua respiração não era profunda o suficiente para ela estar dormindo, mas ela não se moveu quando ele se aproximou, e ele se perguntou quanto do ano passado ela se arrependia. Cautelosamente, ele escorregou para debaixo das cobertas e, muito lentamente, passou o braço ao redor dela, querendo que ela pensasse que ele achava que ela estava dormindo para que ele pudesse abraçá-la.
— Minha cabeça dói, Jake. — Ela sentiu o corpo dele endurecer.
— Eu só quero te abraçar, Reb. — Então, em um sussurro dolorido, ele acrescentou: — Por favor.
Aquelas lágrimas condenáveis encheram os olhos de Rebecca enquanto ela deslizava até que seu traseiro esteve pressionado contra o estômago dele.
Ele pressionou os lábios contra o topo de sua cabeça, inalando o cheiro fresco de seu cabelo. Ela deve ter lavado-o enquanto ele estava fora. Sempre cheirava a rosas logo depois dela tê-lo lavado e a sensação era tão boa quanto da seda do milho.
— Eu estava me perguntando — ele disse baixinho — se você e Jacob fariam um piquenique comigo amanhã, naquele pequeno lago.
— Eu tenho muitas tarefas que eu não fiz hoje. Eu estava planejando fazê-las amanhã.
— As tarefas vão esperar. Por favor, Reb. Significaria muito para mim nós três passarmos algum tempo juntos amanhã.
Deus, agora ela tinha ele implorando a ela. Aquele que lhe dera tudo foi forçado a implorar por um simples piquenique. Ela se virou, colocando os braços ao redor dele, pressionando sua bochecha contra seu peito endurecido.
— Acho que todos poderíamos desfrutar de um piquenique — disse ela.
Apertando os braços com mais força ao redor dela, ele desejou não poder sentir onde as lágrimas dela tinham amortecido suas bochechas. Amanhã era domingo, e no dia seguinte, ao meio-dia, Brett Meier sairia da cidade. E Jake estava com medo que o homem não saísse sozinho.
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As bluebonnets há muito haviam deixado a encosta, substituídas por novas flores em uma variedade de cores. Pegando os altos talos de grama que os rodeavam, Rebecca estava sentada na colcha que Jake havia estendido sobre o grosso cobertor de trevo. Sua mente estava longe deste local, imaginando onde ela estaria hoje, quão diferente sua vida seria, se ela tivesse esperado pelo retorno de Brett. Ele poderia ter vindo antes de Jacob nascer. Seu filho teria sido legitimado pelo próprio pai em vez de Jake. Ela soltou um suspiro profundo. Suposições nunca fez muito bem, certamente nunca a animou.
— Você quer algo para comer? — Jake perguntou, desejando que ela lhe desse um sorriso, um sorriso caloroso que dizia que ela se importava com ele. Ele precisava deste piquenique, para ter uma última lembrança deles aqui nesta encosta.
Ela levantou um ombro. — Não. Eu realmente não estou com muita fome ainda.
— Você gostaria de algo para beber? Eu fiz para você um pouco daquela limonada que você gostou quando fomos à feira.
— Não, obrigada.
Esfregando as mãos em suas coxas, ele olhou para Jacob, dormindo em um pequeno cobertor nas proximidades. Até o menino não ia cooperar. Jake tomou um gole da limonada, sua boca se franziu com o gosto, imaginando o que mais entraria além da água e o suco espremido dos limões. Açúcar talvez, ou mel? Ele jogou a bebida azeda na grama, agradecido por Reb não ter tentado.
— Você gostaria que eu te empurrasse no balanço? — Jake perguntou.
— Não — Rebecca suspirou. Uma abelha zumbiu, deu a volta e pousou na ponta do sapato, de onde saía por baixo da saia dela. Ela a estudou, pensando no primeiro piquenique que tinham compartilhado aqui embaixo da árvore e a abelha que aparecera e estragara a tarde. Jake havia trazido ela e Jacob de volta para cá muitas vezes desde então. Sempre foi agradável, sempre pacífico. Exceto por hoje. Ela virou a cabeça. — Eu estou estragando o dia, não estou, Jake? Por que você me atura? Sim, eu gostaria que você me empurrasse no balanço. — Ela pulou e ele pegou a mão dela.
— Sente-se, Reb. Eu tenho algo a dizer, e eu deveria ter dito isso antes.
Rebecca sentou-se, temendo suas palavras, com medo de que ele fosse perguntar se ela ainda amava Brett. Uma vez que Brett partisse, tudo estaria bem, tudo voltaria ao normal. Ela até poderia falar sobre ele, mas não agora, não enquanto ele estivesse tão perto, ao alcance fácil.
— Eu fui ver o Doyle Thomas quando eu estava na cidade ontem.
— Doyle Thomas? O que no mundo precisamos com um advogado?
Os olhos de Jake seguraram os dela. Por favor Senhor, não deixe que ela queira isso, deixe que ela me diga que eu estava errado. — Eu pedi a ele que fizesse os papéis do divórcio.
— Papéis do divórcio? Por que você fez isso?
Ele respirou fundo. — Porque quando eu pedi para você se casar comigo, eu lhe disse que nunca esperaria mais de você do que você estava disposta a dar... isso inclui ficar comigo quando o homem que você ama veio para você.
As mãos de Rebecca voaram para sua boca, a vida de volta em seus olhos. — Você está falando sério, Jake?
— Sim, senhora. Eu estou.
Seus dedos delgados não podiam esconder o brilho do sorriso que se espalhava por seu rosto. O coração de Jake subiu ao saber que ele poderia trazer-lhe tal felicidade antes que despencasse para a sua morte. Os músculos em sua garganta se contraíram, e ele engoliu repetidamente, tentando fazê-los se soltarem.
— Ele terá os papéis prontos para nós pela manhã. Eu percebi que poderíamos ir à cidade primeiro e assinar. Vai levar cerca de dois meses para o divórcio ser finalizado, mas você pode ir em frente e ir para Montana com Brett. O Sr. Thomas enviará os papéis do divórcio quando eles forem finalizados.
Ela agarrou a mão dele e depositou um beijo de gratidão na pele áspera, seu sorriso diminuindo quando ela percebeu que deixaria esse bom homem. — Eu não sei o que dizer — ela disse baixinho, sua exuberância anterior se dissipando. — Eu não estava esperando isso.
Jake também não sabia o que dizer, mas sabia que o piquenique acabara. — Eu acho que devemos voltar. Eu imagino que você tenha algum empacotamento para fazer.
Ela soltou a mão dele e começou a juntar suas coisas, incluindo seu filho. Então ela se virou e observou Jake quando ele juntou os cantos da colcha, desajeitadamente dobrando o piquenique, parecendo tão sozinho, tão solitário. Lágrimas se juntaram em seus olhos, e ela se virou, seus olhos piscando de volta as lágrimas até que ela pudesse ver claramente. O que ela viu diante dela trouxe as lágrimas de volta. Ela se aproximou e tocou a corda do balanço.
Jake esperou pacientemente que Rebecca dissesse adeus para a encosta, esperando que ela entendesse se o próprio adeus deles fosse breve.
Eles voltaram em silêncio, Jake taciturno e quieto, Rebecca pensativa enquanto antecipava fazer as malas para sua viagem a Montana. Montana. Montana com Brett. Era o que ela queria, estar com Brett, ser sua esposa. É o que ela teria sido um ano atrás se ele não tivesse partido, se as circunstâncias não a tivessem forçado a se contentar com outra coisa.
Jake parou o vagão do lado de fora da casa, ajudando Rebecca a descer dele. Por um breve momento enquanto ele a segurava, ele quis desesperadamente puxá-la para ele, abraçá-la, dizer que a amava. Em vez disso, ele simplesmente a soltou e subiu para levar os cavalos para o celeiro. Ela se dirigiu para a casa, seu passo alegre, e então ela se virou abruptamente, o rosto incerto.
— O que devo levar comigo?
Ele se virou para encará-la, memorizando a imagem dela em pé na porta do que não era mais a casa deles, mas agora era só dele. — Tudo o que você quiser. Tudo foi para você.
Ela assentiu, virando e correndo para a casa. Alguns minutos depois, ela ouviu o cavalo relinchar do lado de fora da porta.
Saindo para a varanda, ela viu Jake montado em seu garanhão, seu chapéu abaixado tão baixo que ela não podia ver seus olhos, uma sombra desenhada sobre o resto de suas feições.
— Eu tenho que ir verificar o rebanho. Eu estarei de volta tarde.
Ela começou a ir até ele, para receber seu costumeiro beijo de despedida, mas parou, percebendo que provavelmente não receberia mais nada dele. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, tocando o dedo na aba do chapéu e afastou-se.
Dezesseis
Olhando pela janela do quarto, Rebecca sentou-se encolhida na cama, a camisola puxada para baixo sobre os joelhos dobrados. Ela tinha efetivamente acabado seus sonhos de estar com Brett, mas tudo o que tinha acontecido era vê-lo em sua porta para trazer de volta os sonhos, o desejo de estar com ele. Então Jake ofereceu a ela a oportunidade de transformar o sonho em realidade, e ela a pegou sem sequer considerar o que isso devia ter custado a ele. Como ela poderia ter sido tão insensível, tão egoísta? Por que ela não tirou um momento para apreciar o embrulho antes de descartá-lo pelo presente?
Ela estava na cama há duas horas, esperando que Jake retornasse. Ao longe, viu o cavaleiro solitário, os ombros curvados, o cavalo se arrastando devagar. Depois de tudo que ele fez por ela, ele merecia melhor do que ela lhe dera. Ela esperou meia hora antes de perceber que ele não viria até ela.
Rebecca colocou um xale sobre os ombros e foi até o celeiro. Arremessando o feno como se sua vida dependesse disso, Jake não a ouviu se aproximar. Ele pulou para longe quando ela tocou o braço dele.
— Você me fez saltar da minha pele. Você deveria estar dormindo.
— Eu não consegui dormir. O que você está fazendo?
— Tentando... tentando limpar este celeiro. Parece que eu nunca tenho mais tempo para fazer as coisas mais básicas.
— Você não vai vir para a cama?
Ele voltou a jogar feno em uma baia vazia. — Não. Eu tenho muita energia hoje à noite.
Ela se aproximou dele, apoiando a mão no braço dele. — Eu conheço melhores maneiras de usar essa energia.
Ele parou, seus olhos mergulhando nos dela. — Não — ele disse suavemente.
— Por que não? Eu ainda sou sua esposa.
Ele balançou a cabeça tristemente. — Eu nunca quis assim.
— Nunca foi dado simplesmente porque eu sou sua esposa. Eu me importava com você. Eu ainda me importo.
Seus olhos acariciaram o rosto dela do jeito que suas mãos doíam para fazer.
— Eu não sei como me certificar de que você não engravide.
Ela analisou seu rosto. — Eu poderia estar grávida agora.
— Eu pensei nisso. E se você está, eu queria saber se você se importaria de me avisar... eu não vou incomodar você ou vir ir até o bebê a menos que você não o queira... então eu seria... eu não quero que ele cresça sem se sentir amado.
— Eu iria querê-lo, Jake.
Ele deu um leve aceno de cabeça. — Eu não tinha certeza. Mas você vai me deixar saber?
Ela assentiu. — E você seria bem-vindo a qualquer momento para vê-lo.
Jake sacudiu a cabeça. — Seria melhor se eu não o fizesse. Eu só quero saber.
Ela esfregou o braço dele. — Por favor, venha para a cama. Se nada mais, apenas me abrace.
— Deixe-me terminar aqui. Não vai demorar muito. — Soltando o braço dele, ela saiu devagar do celeiro. A vibração do tridente atingindo o chão e o feno peneirando a terra eram os únicos sons de dentro.
Olhando pela janela, ela viu como algum tempo depois Jake saiu do celeiro. Ele tirou a camisa e jogou a água fria sobre o corpo e os cabelos. Mesmo agora, ele não entrava na casa cheirando como se tivesse estado fora o dia todo. Ela se perguntou se ele iria se lavar quando ela não estivesse aqui; se era apenas o hábito dele ou se era algo que ele fazia por ela. Ele voltou-se para a casa e ela deslizou para trás da colcha que ainda separava a cama do resto da casa.
Sentando-se na varanda, Jake olhou para as estrelas cintilando no céu enegrecido. Nuvens prateadas refletiam a luz fraca da lua. Apenas a brisa gelada se movia ao redor dele. Cavalos movendo-se no curral. Tudo parecia o mesmo. E amanhã, provavelmente, ainda não seria diferente.
Ele tirou as botas antes de entrar na casa com os pés envolvidos em meias. Ele parou ao lado do berço de Jacob, se agachando ao lado do menino adormecido. Jacob estava dormindo de bruços, os joelhos dele puxados para baixo, de modo que seu traseiro estava erguido no ar. Parecia malditamente desconfortável para Jake, mas o rosto do menino estava sereno e calmo e Jake se perguntou o que ele estava sonhando.
— Você nem vai se lembrar de mim — ele sussurrou para a criança adormecida, — mas eu nunca vou esquecer de você. — Ele baixou o rosto para a cabeça pequena e deu um leve beijo no cabelo escuro.
Quando ele se levantou, viu Rebecca olhando ao redor da colcha. — Você precisa dormir um pouco — disse ele. — Amanhã vai ser um dia longo.
Rebecca tirou o vestido antes de escorregar para debaixo das cobertas, observando Jake, de costas para ela, tirando as roupas até a cueca e depois parando. Quando foi a última vez que ele usou alguma coisa para dormir? Levantando as cobertas, ele foi para a cama em um movimento fluido, levantando um braço, dando-lhe as boas-vindas em seu último abraço, fechando o braço ao redor dela.
— Sinto muito, Jake — ela sussurrou. — Eu nunca quis te machucar.
— Eu sei. Não tenho arrependimentos, Reb.
— Como você não pode?
— Você me deu felicidade suficiente para durar uma vida inteira. — A dor em seu coração cresceu até que ela pensou que morreria disso. Ela começou a sussurrar o nome dele várias vezes enquanto colocava beijos de leve no peito dele, no pescoço dele. Jake segurou seu rosto em suas mãos fortes, acalmando suas carícias, segurando seus olhos com os seus.
— Não, Reb.
— Por favor, Jake. Por favor. Mais uma vez. Deixe-me dizer adeus. Do jeito que eu quero.
— Eu não posso, querida.
Ela colocou as palmas das mãos nas costas das mãos dele, entrelaçando os dedos antes de tirar as mãos dele de suas bochechas. Ela baixou as mãos para o travesseiro dele, enquanto baixava os lábios para os dele, passando a língua ao longo de sua plenitude, sentindo a formação do sorriso torto antes que ele gemesse e se rendesse. Seus dedos apertaram ainda mais, mantendo as mãos presas ao lado de sua cabeça enquanto sua boca se abria sobre a dele, o beijo se aprofundando.
Virando-a, Jake se libertou de seu aperto. Ele tirou as roupas restantes antes de devolver as mãos e os lábios aos dela, tomando a vez de segurar as mãos dela no lugar enquanto sua boca cobria a dela, sua língua varrendo o sedoso interior de sua boca, lentamente, sedutoramente. Se esta fosse a última vez, ele não queria que fosse rápido.
Sua boca se arrastou pela coluna delgada da garganta dela.
Seu nome era uma ladainha liberada de seus lábios entreabertos, ecoando repetidas vezes enquanto suas mãos se esticavam contra as dele, forçando-o a soltar seu agarre nela.
Passando os dedos pelo seu cabelo castanho espesso, ela o segurou perto enquanto ele passava a língua em torno do seu mamilo ereto enviando arrepios percorrendo seu corpo antes de puxar a ponta apertada em sua boca. Seus dentes se fecharam sobre ela, puxando suavemente, e ela se contorceu debaixo dele enquanto suas mãos e boca continuavam a agredir seus sentidos.
Uma última vez, suas mãos viajaram por seu corpo. Uma última vez, sua boca provou sua carne. Uma última vez, ele levantou-se acima dela e olhou para ela com amor. Uma última vez, ele enterrou-se profundamente dentro dela, seus quadris girando lentamente, esfregando sua pélvis contra a dela. Uma última vez, ele ouviu seus gritos de prazer crescente e a observou arquear as costas, trazendo seu corpo magro contra o dele com uma graça sem esforço. E então ele se retirou, derramando sua semente em sua própria mão.
Os olhos de Rebecca se abriram quando ela sentiu o vazio engoli-la.
— Sinto muito — disse ele, erguendo os olhos para os dela. — Mas se eu ainda não te dei uma criança, eu não queria fazer isso hoje à noite.
Lágrimas brotaram de seus olhos quando ela correu os dedos pelo rosto torturado. — Oh, Jake. Eu sinto tanto.
Rolando, ele a trouxe em seus braços.
— Não chore por mim. Tudo que eu sempre quis é que você seja feliz. Por um tempo, eu acho que você estava feliz aqui. Mas agora você tem uma chance para mais, para o que você deveria ter tido desde o começo — Sua voz ficou rouca quando ele empurrou as palavras para fora. — Eu quero que você tenha isto.
— Eu vou sentir muito a sua falta, Jake.
— Eu irei sentir sua falta também.
Ela não tentou sufocar as lágrimas, mas deixou que elas corressem pelo rosto até o peito dele. Ele não disse nada enquanto seus braços apertavam seu aperto nela. Ele supunha que deveria encontrar conforto sabendo que não era fácil para ela partir. Mas apesar das lágrimas, ela ainda estava indo embora, e não havia conforto algum naquele conhecimento.
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Assobiando uma melodia irlandesa cativante, Frank entrou no celeiro, parando abruptamente com a visão de Jake.
— Por que você está pegando o vagão, Jake?
Continuando sua tarefa, Jake disse: — Levando Reb à cidade.
— Em uma segunda-feira?
— Sim. — Ele parou e, sem olhar para Frank, disse em voz baixa: — Você pode querer dizer-lhe adeus.
— Ela só vai para a cidade. Por que eu iria querer... ela não vai voltar, não é?
— Não, ela não vai.
— Maldição! — Ele tirou o chapéu da cabeça e o bateu na perna dele. — É aquele Brett Meier, não é? Como diabos você pode deixá-la ir?
Jake se virou. — O que você quer que eu faça, Frank? Ela me deixou assim que o pé dele cruzou o limiar da nossa casa. A única esperança que tenho de manter qualquer coisa que nós temos é deixando-a ir. Caso contrário, amargura e arrependimento vai matar tudo. Ela sempre se perguntará como teria sido se tivesse ido com ele. Ela o ama e agora ele veio atrás dela. — Sua voz foi baixa. — Você tem alguma ideia de como as lágrimas silenciosas são altas, Frank? Elas podem encher a sala, afogando, sufocando você e seu amor até não sobrar nada. Eu a amo demais para não deixá-la ir.
Frank andou de um lado para o outro, depois se virou de frustração. — Merda! Eu acho que essa coisa toda fede. Ele não é um homem tão bom quanto você. Por que ela não consegue ver isso?
Jake voltou a selar os cavalos. — Apenas vá dizer adeus a ela.
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Endireitando as coisas que já haviam sido endireitadas, Rebecca ouviu alguém vindo pela porta aberta. Ela se virou e viu Frank abertamente estudando-a, e ela se sentiu desconfortável sob sua leitura. Ele soltou um suspiro profundo, aproximando-se dela.
— Jake me disse para vir te dizer adeus. — Ele balançou a cabeça devagar, examinando o chão como se achasse que ele poderia se abrir e impedi-la de ir. Ele sabia que não era viril, mas ele amava Jake, e ele odiava vê-lo ferido. E ele sabia que ele estava sofrendo. — Eu não sei como você pode fazer isso com ele. — Seus olhos subiram para os dela. — Ele te ama mais do que eu já vi qualquer homem amar uma mulher, e ele é um bom homem. Como você pode não amá-lo?
— Não podemos controlar nossos corações, Frank. Acho que todas as pessoas entenderiam isso.
— Bem, inferno, eu acho que com certeza iria tentar-
— Você deveria estar dizendo adeus e desejando-lhe coisas boas, Frank — Jake disse da porta, irritação em sua voz.
Frank olhou culpado por cima do ombro e assentiu antes de se virar para Rebecca. — Boa sorte, Reb.
Seus braços foram ao redor de seu pescoço enquanto ela sussurrava: — Cuide bem dele para mim, Frank.
— Se você desse a mínima, você não partindo. — Ele se soltou do abraço dela. — Tchau, Reb — ele disse para o chão antes de sair.
Jake entrou, balançando a cabeça. — A inocência da juventude. Tudo parece tão simples quando você é jovem. O que você está levando?
— Só essa bolsa. — Ela apontou para uma sacola de carpete ao lado da porta. — Parece que todo o resto pertence aqui.
Tudo menos você e seu filho, ele pensou. Ele pegou a bolsa. — Bem, vamos.
Depois de jogar a bolsa no vagão, ele pegou Jacob e a ajudou a subir no assento antes de devolver o filho aos braços. Rebecca examinou a área uma última vez enquanto ele sacudia seu pulso e colocava os cavalos em movimento.
Eles seguiram em silêncio por algum tempo, Rebecca observando a paisagem que passava, imaginando como Montana seria diferente, imaginando o quão diferente esse lugar ficaria depois que os anos tivessem cobrado seu preço. Quão diferente o homem ao lado dela seria. Se o cabelo dele se tornaria prateado ou branco. Se as rugas que acrescentariam caráter às suas feições em anos posteriores seriam provocadas por alegria ou tristeza.
— Sobre o seu gado — disse Jake.
Abruptamente tirada de seu devaneio, sua cabeça se virou. — Eu pensei em deixá-los com você. Eu não tenho necessidade deles e eles seriam muito difíceis de mover.
— Eu estava pensando a mesma coisa. — Ele enfiou a mão no bolso da camisa e, com dois dedos, tirou um pedaço de papel dobrado. — Eu peguei uma nota de retiro bancário no banco. É sobre o que eu acho que o gado valeria se os levássemos ao mercado. — Ele moveu a mão para ela, estendendo o pedaço de papel.
— Eu não quero que você me pague pelo gado. Eu só quero que você os tenha.
— Eu prefiro pagar a você. Você não sabe o que vai encontrar em Montana, e eu não quero que você saia daqui sem nada. Pegue o cheque, e se algo acontecer e você precisar do dinheiro, você tem. E se você não precisar, você pode colocar no banco para Jacob quando ele crescer.
Ela pegou o cheque dele, colocando-o em sua bolsa. — Vou colocá-lo no banco para Jacob.
Ele assentiu e eles continuaram a jornada em silêncio. No meio da cidade, eles pararam em frente ao prédio quadrado cuja ripa proclamava orgulhosamente “Doyle Thomas, Advogado”. A porta de madeira do prédio de madeira gemeu em protesto por ter sido perturbada tão cedo, quando Jake a abriu e Rebecca o precedeu para o interior.
Doyle Thomas levantou os olhos do trabalho e tirou os óculos do nariz. — Bem, eu sei que é ruim para os negócios, mas eu esperava não ver você esta manhã, Jake.
— Você tem aqueles documentos prontos para assinar?
— Claro que sim. — Doyle levantou-se e retirou alguns papéis de uma gaveta de um armário que guardava no canto de seu escritório de uma só sala. Aquela gaveta era o único aspecto de sua vida a ter qualquer ordem.
Ele colocou os papéis sobre a mesa, arrastando outros papéis para o lado até que ele localizou sua caneta e mergulhou-a em uma garrafa de tinta. — Preciso que vocês dois assinem em quatro lugares. — Ele indicou os lugares com o dedo bem cuidado.
Jake assinou primeiro e entregou a caneta a Rebecca. Ele tirou Jacob de seus braços. Ela olhou de um homem para o outro, depois se inclinou, aplicando pressão na caneta para impedir que as linhas onduladas revelassem seu nervosismo. Ela estava terminando seu casamento com Jake, e tudo o que precisou foi sua assinatura em quatro lugares. Quão simples. Quão complexo.
— Quando você souber como eu posso entrar em contato com você, Sra. Burnett, me envie uma carta. Assim que tudo estiver terminado, eu vou deixar você saber — disse Doyle. Então ele pegou o dinheiro que Jake lhe ofereceu e apertou a mão do homem.
Depois que eles saíram do escritório, Jake pegou a bolsa de Rebecca do vagão. Enquanto atravessavam a rua até o hotel, Rebecca segurava Jacob com tanta força que ele soltou um protesto, forçando-a a afrouxar o aperto sobre ele. No saguão, Jake colocou a bolsa aos pés dela.
— Espere aqui. Eu vou descobrir em qual quarto ele está.
Ela observou Jake tirar o chapéu enquanto ele se aproximava da recepção. Então ele se virou e caminhou de volta para ela, seu pomo de Adão visivelmente se movendo para cima e para baixo.
— Ele está em um quarto no topo dessas escadas. — Ele acenou para as escadas atrás dela. — Fim do corredor, última porta à direita.
Rebecca olhou por cima do ombro e então seu olhar voltou para Jake.
— Bem, até mais, pequeno companheiro — ele disse enquanto sua mão descansava na cabeça de Jacob. A criança sorriu para ele. Jake não achou que seria capaz de partir. Ele forçou os olhos para longe da criança, fazendo-os descansar em Rebecca.
Respirando fundo, ele disse: — Eu quero agradecer a você por ser uma ótima esposa. Eu estava orgulhoso de ter você ao meu lado, e eu sei que Brett também estará. Se você ou sua família precisarem de alguma coisa, apenas me avise, cuide-se, Reb.
As palavras saíram, uma após a outra, a última dita com a voz rouca. Rebecca sentiu seus lábios roçarem sua bochecha e então viu quando ele se virou e saiu rapidamente do hotel, fora de sua vida. Ele não lhe dera uma chance de dizer adeus, e ela tinha tanto que queria dizer a ele. Ela queria correr atrás dele e segurá-lo e dizer-lhe que sentia muito até o mundo acabar.
Em vez disso, ela pegou a bolsa e caminhou até as escadas.
Seus fardos de repente pareciam mais pesados, e ela não achava que seria capaz de subir as escadas. O homem que ela amava estava lá esperando por ela. O homem que era pai de seu filho, que havia feito amor com ela em uma noite sem lua, pronunciou palavras de amor e depois revistou o estado até encontrá-la. Ela piscou de volta as lágrimas e subiu as escadas se perguntando por que era tão difícil ir até ele.
Ela bateu levemente na porta do outro lado do corredor, ouvindo uma maldição ser dita antes que a porta fosse aberta. Então ele estava de pé diante dela, sem camisa, descalço, com o cabelo desgrenhado. Ele a puxou para o quarto, envolvendo-a em seu abraço.
— Maldição, mulher, mas eu quase desisti de você. — Ele a soltou e atravessou o quarto, a mão descendo com força no meio da cama. As cobertas foram jogadas para trás, e uma mulher loira com olhos verdes flamejantes olhou para ele.
— Que diabos é isso? — A loira perguntou com uma voz rouca.
— É hora de você sair, Luce.
Sem preâmbulo, ela saiu da cama. Rebecca desviou os olhos da mulher nua enquanto ela se vestia. Quando a mulher finalmente saiu, Rebecca se virou para Brett.
— Você tinha uma mulher aqui?
Ele pegou Jacob e colocou o menino no chão antes de colocar os braços em volta dela, olhando nos olhos azuis dela. — Eu estava sozinho, e não sabia se você viria. Você não esperava que eu permanecesse celibatário enquanto aguardava, não é?
Na verdade, ela supôs sim, mas não disse nada quando a boca dele caiu sobre a dela, queimando. Ele levantou-a em seus braços e levou-a para a cama. — Mas agora que você está aqui, você é a única mulher que eu vou precisar.
Os lábios dele estavam queimando sua carne, e ela gemeu quando a boca dele percorreu seu pescoço e, em seguida, puxou seu peito para uma prova. Sua respiração ficou presa, seus olhos se abriram e ela olhou para ele. Quando ele desabotoou o vestido dela? Suas mãos foram para os ombros dele e ela o empurrou para longe.
— Eu ainda sou casada. Serão dois meses antes do divórcio ser finalizado. E até lá pretendo honrar os votos que fiz com Jake.
Olhos azuis perfuraram olhos azuis. — Que diabos isso significa?
— Isso significa que eu vou para Montana com você, eu vou morar com você, eu vou te abraçar, eu vou te beijar, mas eu não vou fazer amor com você. Eu machuquei Jake o suficiente, e até o divórcio ser definitivo, não pretendo fazer nada que possa lhe causar mais dor.
Brett saiu da cama, passando as mãos pelos cabelos. Ele virou-se para ela. — Dois meses? Você tem alguma ideia do quanto eu te quero? Eu te quero tanto que dói.
— E o quanto você me ama, Brett?
Ele soltou uma grande rajada de ar. — O suficiente para levar você comigo e não tocar em você. Mas, caramba, vai ser difícil, mulher. Espero que você perceba isso.
Ela viu quando ele taciturnamente empacotou suas coisas, esse homem que era o primeiro que ela amou, o homem que primeiro fez amor com ela. Alto, moreno, com traços faciais que fazia inveja aos homens e a alegria das mulheres. Ele era o homem com quem ela queria se casar há um ano. Ela pegou seu filho e começou a prepará-lo para sua jornada. Eles eram uma família, mãe, pai, filho, unidos por sangue e carne. Por que seu coração não estava cantando de alegria?
?
A noite caíra quando Jake levou o vagão para o celeiro. Frank saiu da baia vazia onde estava sentado, esperando o retorno de Jake.
— Eu estava esperando que ela mudasse de ideia — disse Frank.
Jake se virou para ele e balançou a cabeça. — Não. Eu sabia que ela não iria.
— Você não deveria ter deixado ela ir — Frank deixou escapar, sua frustração com a situação tendo comido ele o dia todo.
Jake suspirou, desejando poder fazer Frank entender.
— Eu cresci estando em um lugar que eu não queria estar. Eu não podia pedir a Reb para envelhecer fazendo a mesma coisa. — Ele começou a se mover para o cavalo principal.
— Aqui, vou desamarrá-los para você. Você teve um longo dia.
— Obrigado — disse Jake, antes de sair do celeiro. Ele hesitou diante da banheira de água. Velhos hábitos eram difíceis de quebrar, mas ele continuou sem se lavar. Ele também não tirou as botas do lado de fora da porta. Não havia ninguém para seus pés barulhentos acordarem. Ele fechou a porta atrás dele e deixou cair a barra através dela. Então ele foi até a mesa, colocou as mãos sob ela e empurrou-a, enviando-a para o duro chão de madeira. Suas vibrações ecoaram por toda a casa, abafando seu baixo gemido de agonia.
Ele pressionou as costas contra uma parede e deslizou para o chão, envolvendo os braços em volta de si, colocando a cabeça sobre os joelhos erguidos. Nunca em toda a sua vida ele sentiu uma dor física tão intensa. Ele pensou com certeza que seu coração estava morrendo. Ele soltou um grito angustiado, depois um soluço desesperado quando todas as lágrimas que ele estava segurando desde a chegada de Brett se espalharam.
— Maldito bastardo feio! Que diabo te fez pensar que ela poderia te amar!
A dor do amor perdido aumentou até consumi-lo. Ele desejou nunca ter feito amor com ela, nunca ter dito a ela que a amava, nunca beijado-a, nunca trazido-a para o Texas, nunca pedido-a em casamento. Ele inclinou a cabeça para trás e bateu-a contra a parede, fazendo-a entrar em seus sentidos. Ele soltou um suspiro irregular. Não, ele pensou, teria sido pior ter morrido sem nunca saber. Por um curto período, ele segurou em seus braços a mulher que amava. Alguns homens nunca tiveram isso.
Cansado, ele se levantou e caminhou até a cama, caindo em cima das cobertas. Ele tirou o travesseiro de debaixo da colcha e enterrou o rosto nele, inalando profundamente, imaginando se ela tinha pretendido deixar o cheiro de rosas para trás.
Dezessete
Território de Montana, 1884
Saindo do berçário adjacente para o último quarto no corredor ostentoso, Rebecca soltou um assobio baixo. O quarto sozinho era tão grande quanto a casa que ela dividira com Jake.
A casa principal do rancho Par de Ás era mais bonita do que a casa que ela dividira com o pai. Um cômodo levava a outro; uma sala de estar, uma cozinha, uma sala de jantar, um escritório, um berçário e o quarto em que ela estava agora ficavam no primeiro andar. Escadas largas e amplas levavam ao segundo andar e a outros seis quartos, todos os quartos mobiliados em detalhes.
— Impressionada? — Brett perguntou quando ele deslizou seus braços ao redor dela.
Ela inclinou a cabeça para trás para olhar em seus olhos azuis. — Eu não posso deixar de ficar impressionada. Eu nunca esperei nada como isto. Como no mundo você pagou por tudo isso?
Ele soltou uma risada turbulenta, orgulho e humor competindo pelo direito de enfeitar seu belo rosto. — Custou-me um par de ases.
Os olhos de Rebecca se arregalaram. — Um par de ases? Quer dizer que você ganhou a propriedade em um jogo de pôquer?
— Chave, estoque e transporte. A única coisa que eu mudei foi o nome do rancho. Parecia a coisa apropriada a fazer.
— Tudo isso pertenceu a outra pessoa?
— Cada pedaço disto.
— Algumas dessas coisas devem ser heranças. Você não deixou os donos levarem nada com eles?
— Se o homem não quisesse perdê-los, ele não deveria colocá-los na mesa. Ele estava blefando. Eu aceitei o blefe dele.
— Este lugar tem definitivamente um toque feminino. Você nem deixou a esposa levar nada?
— A mulher foi burra o suficiente para se casar com ele, ela tem que viver com isso, não eu.
Rebecca supôs que essa aquisição de propriedade não era diferente da forma que Jake recebeu sua terra, mas de alguma forma parecia diferente. Parecia muito diferente.
Os dedos de Brett se arrastaram para cima e para baixo de ambos os lados de sua espinha. — Este será o nosso quarto quando nos casarmos. Você pode dormir aqui até lá. Vou dormir em um quarto no andar de cima. — Ele trouxe seus lábios para os dela. — A menos que você prefira que eu durma aqui com você.
Sua boca cobriu a dela, sua língua procurando entrada, sabendo que só tinha que procurar para encontrar, suas mãos pressionando seu corpo mais perto do dele. Ela podia sentir o corpo endurecido dele contra o seu. Ele passou a mão para baixo para pressionar seus quadris contra os dele, movendo a pélvis para frente e para trás contra ela.
Ela sentiu seu calor através de suas roupas, seus quadris começando a se mover por conta própria, seu corpo se tensionando contra ele. Sua boca queimou seu pescoço, viajando lentamente, deixando mordidas amorosas em seu rastro.
— Você me faz sentir como um pedaço de gravetos, apenas queimando — disse ela em uma voz rouca quando a cabeça caiu para trás.
— Burnett nunca fez você se sentir assim, não é?
— Não — ela suspirou em lembrança. O fogo de Brett acendia e era rapidamente apagado. Não a deixava com brasas latentes que, mesmo agora, tarde da noite quando ela acordava sozinha, podia aquecê-la com um pensamento. — Jake é mais como um fogo lento e rugidor.
Asperamente soltando-a, Brett se afastou da cama onde ele a havia jogado. Rebecca olhou para ele de sua posição esparramada. Seu rosto estava duro, seus olhos azuis assumindo uma tonalidade mais profunda.
— Você tem alguma ideia de quantas vezes você fala sobre esse homem? — ele gritou.
— Você o mencionou, não eu! — Rebecca gritou enquanto se levantava da cama.
Andando de um lado para o outro, Brett passou as mãos pelo cabelo, não a primeira vez que o fizera desde que haviam deixado Pleasure. — Estou cansado de ouvir sobre ele! Tudo o que ele fez, tudo o que ele disse, tudo o que ele pensou!
— Eu não falo sobre ele!
— Deus, Rebecca. Você fala sobre ele o tempo todo. No trem, todas as cidades pelas quais passamos, havia algo nelas que fazia você lembrar dele. Se você não mencionava para mim, você mencionava isso para o meu filho embora ele não pudesse entender sobre o que diabos você estava divagando.
— Jake foi uma parte importante da minha vida por mais de um ano.
Mais do que isso, se considerasse o tempo antes de se casarem, as vezes em que compartilhariam confidências em voz baixa, para não perturbar o rebanho. — Eu não posso simplesmente fingir que ele nunca existiu. Ele é como um hábito.
— Bem, quebre-o! E enquanto você está nisso, tire o maldito anel.
— Não! Não até meus papéis de divórcio chegarem aqui.
— Por quê?
— Para me lembrar que sou casada, que devo algo a Jake até que o divórcio seja finalizado.
— Maldição! — Ele passou os dedos rudemente pelo cabelo novamente, os olhos fixos nos dela. — Jake está no Texas. Eu estou aqui. Eu sou o homem que você ama; eu sou o homem com quem você vai se casar.
Rebecca caiu na cama, desejando que as lágrimas não viessem. Ela não se lembrava de ter mencionado Brett para Jake, exceto quando ele propôs. Ela sentiu falta de Brett quando ele partiu, mas sua ausência não a tinha preenchido com um vazio que crescia a cada dia que passava. — Sinto muito. Eu... eu não pretendia trazê-lo conosco. Dê-me um par de dias para me ajustar a este grande e velho lugar seu, e eu o mandarei de volta para o Texas.
Brett se ajoelhou diante dela, tomando suas mãos nas dele, sua voz suave como seda. — Vai ser bom aqui. Você vai ver. Teremos tudo o que sempre sonhamos, tudo sobre o que falamos.
Ela não podia citar os sonhos deles, mas não achava que agora era a hora certa para mencionar isso. Ela podia recordar vividamente todos os sonhos de Jake, tudo o que eles tinham planejado juntos, tudo o que eles queriam. Ela deu a Brett um pequeno sorriso.
— Você acha que a cozinheira ou a governanta poderiam tomar conta de Jacob por algumas horas todos os dias para que eu possa pastorear o gado?
Brett se levantou, mais uma vez sulcando túneis profundos através de seu cabelo. — Perdão? Você quer que os criados cuidem do meu filho para que você possa brincar de vaqueiro?
— Eu gosto de pastorear o gado.
Brett sacudiu a cabeça. — Olhe para esta casa. — Ele acenou com o braço em um círculo. — Olhe para este rancho. Olhe para mim, pelo amor de Deus. Este não é um negócio pequeno no Texas. Eu não vou ter minha esposa desfilando em um par de calças masculinas parecendo um vaqueiro. Jake pode ter precisado de você montando, mas eu não preciso, eu posso me dar ao luxo de contratar homens suficientes para fazer o trabalho. Inferno, mulher! Eu só saio uma ou duas vezes por semana.
— Então o que eu devo fazer? Você tem alguém para limpar, alguém para cozinhar.
— Seja minha esposa. Vista-se como a esposa de um rico fazendeiro, encontre-se com mulheres da sociedade. — Ele tocou a bochecha dela. — Me agrade.
Rebecca fechou os olhos. — Eu não quero ser um ornamento.
— Você não vai ser. Você tem esta casa para administrar e meu filho para criar. Eu vou cuidar do rancho.
Ela estudou o rosto do fantasma que a assombrava desde aquela noite sem lua há tanto tempo. Ele ainda era um fantasma.
?
Jake sentiu sua respiração deixar seu corpo quando ele parou seu cavalo ao lado das roupas de cama penduradas no varal. Ele pulou do cavalo e segurou um punhado do lençol. Então ele correu para a casa, passando por Maura.
— Você lavou a roupa de cama? — ele perguntou enquanto se movia para trás da colcha e contemplava a cama desarrumada. Ele caiu sobre ela trazendo um travesseiro para o rosto, inalando profundamente. Era tudo o que restava dela, seu perfume se misturava na cama. Na cama, quando ele dormia, ela ainda estava com ele, reconfortante, quente.
— Pensei que poderia precisar de uma boa lavagem — disse Maura ao passar pela colcha. — Fiz algo de errado?
Soltando o travesseiro, Jake saiu da cama. — Não, não. Você está certa. Precisava ser lavado.
Senhor, ele tinha que superar. Não estava facilitando sua dor se arragar aos vestígios. — Eu acho que não preciso mais disso. — Ele puxou a colcha suspensa no teto, trazendo-a para o chão. — Ela provavelmente também precisa ser lavada.
Ele olhou ao redor da casa. O que mais estava acorrentando memórias a ele?
— Onde é que aquela sua garotinha está dormindo? — ele perguntou.
— Bri pegou uma caixa na loja geral da última vez que esteve na cidade. Ela é tão pequena agora, vai servi-la por um tempo.
— Por que você não leva esse berço?
Maura olhou para o berço, sentindo-se culpada por ter pensado muitas vezes em pedir.
— Não. Eu não posso aceitá-lo. Você colocou muito amor na fabricação desse berço.
— Eu não tenho nenhum uso para ele. Leve a cadeira de balanço, também — ele disse conforme ele saía pela porta.
Maura passou a mão carinhosamente pelo berço, imaginando como Rebecca poderia tê-lo deixado. Sua cabeça se levantou quando ouviu Jake voltar para a casa, virando o chapéu nas mãos.
— Eu mudei de ideia.
— Não posso culpá-lo por isso — disse Maura.
— Por que você e Brian não moram aqui? Eu não preciso de uma casa. Eu raramente estou aqui, e eu principalmente observo o rebanho à noite. Tudo que eu preciso é de uma cama. Têm muitas delas no barracão.
Maura se balançou nos calcanhares. — Mas você é o dono, homem. Você não pode dormir com os trabalhadores.
— Onde eu durmo não vai mudar o que eu sou. Eu quero que vocês se mudem para cá. Eu deveria ter construído uma casa para vocês assim que eu percebi que vocês iam ficar. Marido e mulher devem ter uma casa.
— Eu não sei o que dizer.
Jake deu de ombros. — Diga sim. — Ele colocou o chapéu na cabeça. — Obrigado, Maura.
Ela não tinha certeza exatamente do que o homem estava agradecendo. Ela era a pessoa que deveria estar agradecendo a ele.
Quando Jake saiu da casa, Frank puxou a carroça para a frente do celeiro e desceu.
— Peguei os suprimentos! — ele gritou enquanto se aproximava, seu rosto radiante. — Peguei isso também. — Ele estendeu um envelope.
Jake pegou o envelope gasto dele, manuseando-o com cuidado. Ele leu o remetente antes de colocá-lo casualmente no bolso.
— É de Reb — explicou Frank.
— Eu posso ver isso.
— Talvez ela esteja escrevendo porque quer voltar e precisa de algum dinheiro — ele disse esperançoso.
Jake sacudiu a cabeça. — Eu dei a ela dinheiro quando ela foi embora.
— Você nem vai ler?
— Mais tarde — disse Jake enquanto pegava as rédeas de seu cavalo.
Frank agarrou seu braço, depois o soltou e começou um intenso estudo do solo sob seus pés. Ele olhou de novo para cima, encontrando o olhar questionador de Jake diretamente. — Eu estava pensando... bem... eu pedi a Arlene para se casar comigo e, caramba, ela disse que sim. Nós vamos nos casar no final do mês, e eu queria saber se você ficaria de pé ao meu lado.
Jake arqueou uma sobrancelha, um pequeno sorriso no rosto. — Você está falando sério?
Frank ficou vermelho, obliterando as sardas que cobriam seu rosto. — Sim. Os olhos dela ficam marrons de outra forma. Eu descobri que preciso manter os olhos dela verdes se eu quiser que ela seja feliz.
O sorriso de Jake se alargou. — Eu ficaria honrado em ficar de pé ao seu lado. Você está pensando em ficar aqui?
— Acho que sim. Não sei como fazer mais nada, e estou gastando meu dinheiro, então não posso comprar um terreno para nós ainda.
— Leve Arlene para um passeio, encontre um lugar que vocês dois gostem, e eu vou construir uma casa para vocês.
— Maldição! Quero dizer, caralho! Você está falando sério?
O sorriso de lábios fechados de Jake cresceu em um sorriso amplo. Levaria algum tempo até que Frank pudesse manter aqueles olhos verdes. — Sim. E leve Maura e Brian com você. Deixe-os escolher um lugar. — Ele decidiu que a ninhada de Maura e Brian precisaria de um lugar maior que o dele. — Acho que se nós vamos ter todas essas famílias aqui, é melhor começar a fornecer-lhes lugares decentes para viver.
Frank pegou a mão de Jake, sacudindo-a com tanta força que Jake achou que Frank poderia ter deslocado o ombro. O jovem foi descarregar os suprimentos e Jake saiu para visitar um lugar onde não estivera desde que Rebecca partira.
Sentado na encosta, Jake retirou o envelope do bolso, virando-o repetidamente, pesando-o, tentando decidir se realmente queria saber o que havia dentro. Ele o abriu por fim, enfiou a mão e tirou a única folha de papel que havia no interior.
Caro Jake, Pensei que você poderia querer saber que chegamos em segurança em Montana. Tanto não foi dito, e uma carta não é o lugar para dizer tudo que é necessário. Saiba apenas que eu estive mais do que orgulhosa de ser sua esposa e eu sempre entesourarei o tempo que tivemos juntos.
Reb
Ele passou o dedo pela assinatura manchada antes de cuidadosamente dobrar a carta e colocá-la no bolso, sobre o coração. Ela estava em Montana, e ele estava aqui, e o abismo que os separava estava se ampliando a cada dia que passava.
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Estudando o homem sentado diante dela, Rebecca era frequentemente lembrada de seu pai. Brett usava um terno de lã todos os dias, mesmo quando ele pastoreava o gado. Ela não se lembrava de tê-lo visto descer do cavalo e fazer qualquer trabalho duro no rancho em Kentucky também. Ele não tinha usado um terno então, mas ela se lembrou dele dando ordens, embora ele só tivesse estado no Lazy A por alguns meses. E ela se lembrou de homens pulando para fazer o que ele queria. Ele simplesmente tinha um semblante que falava de autoridade. Ela tentou se lembrar de quando decidiu que o amava e, cada vez mais, se perguntava por que exatamente o amava. Ela inalou profundamente, ignorando a agitação em seu estômago. — Como você se sentiria se eu estivesse grávida?
O garfo de Brett parou no meio do caminho para a boca aberta quando os olhos dele partiram do prato para ela. Lentamente, ele abaixou o garfo, a boca fechando-se com força, a mandíbula trabalhando para se abrir.
— Para ser honesto com você, Rebecca, eu não gostaria muito. Você acha que Jake viria e pegaria isso depois que nascesse?
O invariável isso novamente.
— Tenho certeza que ele iria — disse Rebecca. — Mas não tenho certeza se gostaria que ele fizesse isso. Parte do bebê seria meu.
Brett olhou para o prato, movendo os grãos de um lado para o outro e depois de volta.
— Eu nunca poderia amar isso. Eu nunca poderia aceitar isso como se fosse meu. — Seus olhos se elevaram para os dela. — Mas eu nunca abusaria disso. Quando isso nasce?
— Não vai. Eu não estou grávida.
— Então por que diabos você fez uma pergunta tão idiota? — ele berrou.
— Porque Jake aceitou seu filho como próprio muito antes dele nascer, e eu só estava me perguntando se todos os homens fariam o mesmo ou se Jake era apenas especial.
Brett levantou o garfo, apontando em sua direção.
— Eu vou te dizer o que Jake Burnett é, um tolo. Ele era casado com você e ele deixou você ir. Deixe-me assegurar-lhe agora, Rebecca, eu nunca vou deixar você ir. Eu te amo demais. Uma vez que você for minha, você vai permanecer sendo minha.
— Mesmo se me fizesse mais feliz ir embora?
— Eu te amo mais do que Burnett já amou, poderia, ou iria amar você. Eu estou dizendo a você agora, mulher, uma vez que nos casarmos, é para a vida toda. Eu te amo malditamente muito para nunca deixar você ir.
E Jake tinha amado-a demais para fazê-la ficar. Ela se perguntou qual amor era o mais forte.
?
Brett entrou no vestíbulo. Rebecca deu um assobio baixo, aproximando-se dele, passando as mãos pela camisa branca.
— Você está bonito. Estaremos fazendo algo especial esta noite?
Ele desviou os olhos. — Eu estou indo para a cidade.
Retirando as mãos do peito dele, ela disse: — É tarde demais para comprar suprimentos. E é uma noite de sábado. Para que você vai à cidade?
Ele soltou um breve suspiro. — Olha, Rebecca, você tem necessidade de permanecer fiel a Jake até que esses malditos documentos de divórcio cheguem aqui. Eu entendi isso. Você tem que entender que eu também tenho necessidades e há uma loirinha na cidade que cuida das minhas necessidades.
— Eu vejo. E quanto ela cobra de você?
— Me cobra? Querida, as mulheres não me cobram nada. Como você bem sabe, é uma honra e um privilégio me ter fazendo amor a uma mulher. Inferno, algumas delas até se ofereceram para me pagar. — Ele hesitou, julgando a sabedoria de suas próximas palavras. — Mas eu ficarei aqui se você destrancar a porta do seu quarto para mim.
Rebecca ficou chocada, percebendo que a única maneira que ele poderia ter sabido que a porta dela estava trancada era se ele tentou abri-la depois que ela foi para a cama. — E por que você estava testando a fechadura da minha porta? — ela perguntou.
— Porque eu te amo, e eu te quero tanto que dói, e estou me cansando de esperar! — Ele pareceu contrito. — Devo ficar?
— Não, mas agradeço a oportunidade de competir com a prostituta.
Ele roçou os lábios contra os dela. — Não espere. Eu provavelmente não voltarei até de manhã.
Ela sabia que não tinha o direito de ficar chateada. Ela não estava dando nada a ele, e os homens tinham poderosos impulsos para acasalar. Ela apertou os olhos com força, proibindo as lágrimas que viriam. Então ele nunca teve que pagar uma mulher para querer ele.
Ela caminhou até o quarto, despiu-se e foi para a cama, envolvendo os braços em um travesseiro. Ela se perguntou o que Jake estava fazendo nesta noite de sábado, se ele estava observando o rebanho para que todos os outros homens pudessem ir à cidade para uma pequena recreação. O tempo estava passando muito devagar aqui em Montana. Ela não deveria estar pensando em Jake, mas ela pensava, todas as noites antes de ir dormir. E ela sentia muito a falta dele.
?
As cortinas vermelhas flamejantes sussurravam na janela aberta, os travesseiros de cetim vermelho jogados de um lado para o outro ao redor do quarto. Uma vela solitária buscava proporcionar uma intimidade a um ato íntimo que, sob as circunstâncias, era tudo menos íntimo.
— Você pode simplesmente colocar os dois dólares na cômoda lá, querido. — Velvet dirigiu-se ao homem de pé, hesitante, ao lado da porta, parecendo que ele poderia sair correndo se ela se movesse muito rapidamente. Se ela não tivesse fechado a porta, ele nem estaria no quarto.
Olhando para a toalhinha de renda pendurada no topo da cômoda de madeira com cicatrizes, a única decoração no quarto que ele achava caseiro, ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou as duas moedas necessárias, colocando-as silenciosamente na cômoda.
— Você tomou banho antes de vir? A madame insiste que nossos clientes estejam limpos.
Pela primeira vez desde que ela começou a flertar com ele no andar de baixo, ele encontrou seu olhar diretamente. Ela nunca tinha visto olhos tão bonitos em um homem.
— Sim, senhora, eu tomei.
— Então venha aqui, querido.
Dividido entre adiar o inevitável e correr para acabar com isso, Jake se aproximou de Velvet, seu espartilho vermelho atado tão apertado que ele se perguntou como ela poderia respirar. A mulher não perdeu tempo em colocar as mãos em seus ombros, virando-o levemente e empurrando-o gentilmente para baixo na cama. Ela passou a perna por cima do colo dele, apresentando o traseiro firme enquanto levantava o pé e agarrava a bota dele.
— Basta colocar o pé na minha bunda e me dar um empurrãozinho, querido.
Jake fechou os olhos, respirando fundo, imaginando por que diabos ele tinha vindo, sabendo muito bem por quê.
— Eu prefiro não, minha senhora. Eu posso tirá-las.
Velvet olhou por cima do ombro. — Isso não vai me machucar.
— Eu posso tirá-las.
Ela encolheu os ombros, balançando a perna alta e virando-se para esvaziar o colo dele. Ela dançara uma vez o cancan em salões extravagantes, mas o dinheiro não era tão bom e os homens estavam sempre tocando-a. Ela imaginou então que ela poderia muito bem ser paga pelo toque deles. Ela se afastou, observando o homem lentamente retirar suas botas. Ela nunca perguntou a seus clientes seus nomes — ela não queria conhecê-los. Eles nunca falavam com ela se seus caminhos se cruzavam na rua de qualquer maneira. E Velvet não era seu nome verdadeiro, então o que importava se ela não soubesse de seus nomes?
— Esta é a sua primeira vez, querido? — ela perguntou.
Jake baixou a bota e olhou para a ruiva rechonchuda, seus seios se esforçando para se libertar do material que os mantinha presos. Ela tinha lindos olhos violetas, e ele percebeu que era a única cor nela com a qual ela tinha nascido. A natureza não podia fazer um cabelo tão vermelho ou pele tão branca.
— Não, senhora.
Seus olhos a deixaram quando ele começou a remover a outra bota, e ela o estudou. Os homens vinham vê-la por todos os tipos de razões: estavam solitários, feridos, sentindo falta de alguém especial. Ele estava aqui por todas essas razões e mais. Às vezes os homens pulavam sobre ela assim que a porta se fechava, em menos de um minuto. Este homem não era um deles.
— Ela era bonita? — Velvet perguntou com uma voz suave e compreensiva.
Os olhos castanhos se voltaram para os dela, a dor refletida neles fazendo-a odiar uma mulher que ela nem conhecia.
— Eu prefiro não falar sobre ela, se você não se importar — disse ele, tirando a camisa da calça e começando a desfazer os botões.
Velvet se afastou da parede. Ela montou em seu colo, colocando as mãos quentes na parte de trás do pescoço dele, amassando seus músculos.
— Não, querido, eu não me importo. É o seu dinheiro. Só diga a Velvet o que você quer.
Ele olhou para longe dela, avaliando sua resposta. Então seus olhos encontraram os dela, sua voz rouca. — Eu quero... eu quero que você me queira.
Ela o pressionou na cama, colocando seu corpo em cima dele. — Eu quero, querido, eu quero você — ela disse na voz sensual que ela aperfeiçoou ao longo dos anos.
Não era incomum que os homens ficassem deprimidos, tristes, simplesmente desanimados quando entravam no quarto de Velvet, mas geralmente não saíam assim. Ela teve a nítida impressão de que o homem deitado em cima dela estava se sentindo pior agora do que antes. Ele havia chamado um nome e ela tinha certeza de que era o nome da mulher que o machucara. Ela não gostava de se importar com os homens que vinham vê-la; isso não era bom para os negócios. Mas ela estava achando cada vez mais difícil não se importar com este. Seu tremor parou e ela passou as mãos pelas costas firmes dele.
— Desde que você já está aqui, querido, se você quiser, eu vou te querer de novo por um dólar.
Jake levantou a cabeça de onde estava enterrado em seu cabelo vermelho flamejante. — Não, senhora. — Ele se afastou dela e começou a colocar as roupas de volta. — Mas obrigado mesmo assim.
Velvet se sentou, de costas para a cabeceira de veludo vermelho que fora feita especialmente e encomendada de Nova Orleans. Ela puxou os joelhos até o peito, envolvendo os braços ao redor das pernas, apoiando o queixo nos joelhos.
— Você com certeza é educado — ela disse.
Ele virou a cabeça ligeiramente, dando-lhe um pequeno sorriso. — Assim me disseram.
O sorriso dele rasgou seu coração e ela se perguntou como alguém poderia machucá-lo.
Jake ficou de pé, colocando as pontas de sua camisa de volta em suas calças antes de colocar seu chapéu baixo em sua cabeça e caminhar até a porta. Ele parou ao lado da cômoda, enfiou a mão no bolso e tirou mais dois dólares para pousar ao lado dos dois primeiros. Que tremenda maneira de uma mulher ganhar a vida, tendo que tomar qualquer homem que estivesse de pé na fila.
— Obrigado, senhora — ele disse ao abrir a porta.
— Volte e venha me ver, querido.
Jake inclinou o chapéu ligeiramente antes de fechar a porta atrás dele, sabendo que ele nunca voltaria. Ele não tinha certeza se tinha sido pior do que se lembrava ou se era apenas por ter experimentado algo muito melhor com Reb, algo que era mais profundo que o ato físico. Pelo resto de sua vida, tudo o mais ficaria pálido em comparação.
Dezoito
Situando-se no centro da cama, Rebecca observou Jacob se levantar e espiar pela borda do colchão, sorrindo para ela. Ele inclinou a cabeça ao ouvir o som de botas se aproximando, batendo no chão do lado de fora do quarto, depois correu com as mãos, com os pés, ao redor da cama. Ele estava posicionado de modo que Rebecca tinha uma visão clara de seu rosto quando a porta se abriu. Ela sentiu uma dor no coração quando o sorriso dele desapareceu e ele juntou as sobrancelhas escuras, um hábito que adquirira, o que significava que estava pensando muito, tentando entender alguma parte desconhecida de seu mundo. Ele engatinhou pelo quarto, se colocando de pé diante da janela e encostando o nariz no vidro.
Brett deixou cair um pacote aos pés de Rebecca, e sua atenção foi desviada de seu filho. O papel branco estava embrulhado firmemente ao redor da caixa, as bordas do papel eram nítidas e afiadas nos cantos, se encaixando perfeitamente. Um grande laço de cetim vermelho repousava no meio do pacote, flâmulas saindo dele.
— Bem, vamos lá, abra — Brett comandou, e Rebecca não podia desobedecer, a tentação de ver o que estava na caixa perfeitamente embrulhada muito grande.
O embrulho saiu, seguido pelo topo da caixa.
Ela moveu o papel de seda para o lado para revelar uma blusa branca com flores delicadamente bordadas em volta do colarinho e na frente. Sob a blusa havia uma saia de montaria dividida com as mesmas flores bordadas na bainha.
— E o que eu faço com isso — ela perguntou — quando estou proibida de cavalgar? — Ela usou a palavra “proibida” provocativamente. Brett não.
— Você não é proibida de andar, apenas de agir como um vaqueiro. Experimente e vamos ver se cabe.
Ela arqueou uma sobrancelha e ele fingiu um olhar de derrota — Tudo bem, eu vou embora desta vez. Mas uma vez que estivermos casados, você terá que se vestir e se despir na minha frente todos os dias.
Ele saiu e Rebecca se agachou ao lado do filho. — Quem você está procurando, Jacob? De quem você sente tanto falta? — Ela olhou pela janela junto com o filho, achando irônico que essa janela em particular estivesse voltada para o sul. — Eu também sinto falta dele — ela sussurrou.
Vestindo as roupas novas, ela ficou surpresa ao encontrar um ajuste perfeito. Ela olhou para sua figura magra no espelho. Seus seios tinham retornado ao tamanho pré-gravidez, o leite secou quando ela saiu de Pleasure, sem dúvida um resultado do tumulto emocional que ela havia passado. Isso tinha feito um Jacob irritado no trem e impediu Brett de formar um vínculo próximo com seu filho naqueles primeiros dias. Ou pelo menos é disso que Rebecca culpou a indiferença de Brett. Na verdade, ela sabia que os interesses de Brett não incluíam crianças. De longe, ele adorava seu filho, mas de perto ele era tolerante e não muito carinhoso.
Ela passou a mão pela barriga lisa. Pouco depois de chegarem a Montana, ela descobriu que não estava grávida. Um vazio, um doloroso desapontamento a havia assaltado. Não foi até aquele momento que ela percebeu o quanto ela estava esperando que ela estivesse de fato carregando o filho de Jake. Ela afastou o pensamento inquietante. Ela teria outros filhos.
Mas nenhum teria olhos castanhos. Ninguém teria um sorriso torto.
Quando ela saiu da casa, ela se viu em um forte abraço, girada, pousada e olhada de cima com apreço.
— Senhor, Rebecca, você é linda. E agora para combinar com essa roupa nova, você precisa de um cavalo. — Ele se curvou, estendendo um braço, e Rebecca seguiu a direção de sua mão.
De pé diante deles, selado e pronto para cavalgar, estava o garanhão marrom de Brett e uma égua branca.
— Branco pela pureza do seu corpo quando te conheci — Brett explicou enquanto a ajudava a montar. O animal puro-sangue era lindo, Rebecca teve que admitir para si mesma. Ainda assim, ela preferia um cavalo preto, mas não teve coragem de contar a ele.
Eles cavalgaram em um galope fácil através de sua terra até que ele a levou até uma elevação coberta de árvores. De sua posição, eles podiam ver tudo o que era dele, seu gado à distância, sua terra, até mesmo sua casa enquanto o sol refletia nela. Rebecca desmontou, amarrou o cavalo e recostou-se na casca áspera de uma árvore. Era uma visão bonita, o céu azul profundo descendo para encontrar a terra verde profunda.
Brett veio para ficar diante dela, apoiando um braço acima de sua cabeça, passando um dedo por sua bochecha.
— Eu vi muita tristeza em seus olhos desde que você esteve aqui, Rebecca. Você sente falta de Kentucky?
Kentucky? Ela não sentia saudades de Kentucky desde que saíra do estado. Mas do Texas, ela sentia falta do Texas. Não, nem era do Texas que ela sentia falta. Ela balançou a cabeça.
— Não.
Os dedos dele roçaram sua bochecha, seu rosto cheio de preocupação.
— Foi difícil para você quando eu parti?
— Por um tempo — ela respondeu honestamente. Até que Jake a tomou em seu abraço.
— Eu teria levado você comigo se soubesse — disse ele. — Eu te amo, Rebecca. — Ele deslizou os braços ao redor dela, trazendo-a contra seu corpo endurecido. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, pressionando os lábios contra os dele enquanto a língua dele procurava acasalar com a dela. Seu peito e ombros eram mais largos, mais robustos que os de Jake, o cabelo reto cortado mais curto, então quando ela passou os dedos por ele, nenhum cacho possessivamente enrolou-se em seus dedos. O beijo terminou e ela pressionou a testa contra o peito dele, desejando apenas uma vez que ela pudesse estar com ele e não pensar em Jake.
Ele se moveu, um braço ficando ao redor dela enquanto ele a levava para a colcha que ele havia colocado antes, comida espalhada em uma extremidade dela. Com gratidão, ela sentou-se, antecipando um piquenique. Eles comeram em silêncio, observando a cena serena em torno deles. De vez em quando, ele se aproximava e a tocava, sua mão, sua bochecha, seu cabelo. Quando terminaram de comer, ele guardou tudo e depois, estendendo-se para o lado, enfiou a mão no bolso, tirou outro presente perfeitamente embrulhado e entregou a ela.
— O que é isso? — ela perguntou.
Ele riu. — Se eu quisesse que você soubesse imediatamente, eu não teria tido o trabalho de tê-lo embrulhado, eu iria? Abra isto.
Lá dentro, ela encontrou um anel de diamantes e esmeraldas aninhado em um pequeno aglomerado. Ela olhou do anel para o rosto dele, vendo o amor dele por ela refletido em seus olhos. Amor em olhos azuis, de alguma forma diferente do amor nos olhos marrons. Ele sentou-se.
— Ocorreu-me que o fato de eu ter dito a você para me encontrar no hotel ou nunca mais me ver não foi algo romântico. — Ele pegou a mão dela. — Eu te amo, Rebecca. Você quer se casar comigo?
Não houve ingestão de uma respiração instável, nenhuma diminuição de sua voz, por isso, se ela estivesse ofendida, ambos poderiam fingir que as palavras nunca haviam sido ditas. Ela não viu dúvida em seus olhos sobre o que sua resposta seria, viu que ele realmente não precisava de resposta. A questão foi declarada simplesmente então nos anos vindouros, ela teria a memória de seu pedido.
— Às vezes — Rebecca disse suavemente — Eu não tenho certeza se sou eu que você ama. Às vezes, eu acho que você ama a garota que você deixou no Kentucky.
— Elas são a mesma.
— Não, Brett, elas não são. A garota que você deixou em Kentucky cresceu cercada por nada além de amor e bondade. Tanto quanto o pai me preparou para assumir o funcionamento de seu rancho, ele me protegeu da feiura no mundo. No ano passado, eu conheci a ira implacável do meu pai. Eu vi um jovem marcado porque colocamos arame farpado em nossa terra, um homem morrer por um irmão que ele uma vez odiou.
— Mas a fealdade está toda no passado. Olhe ao seu redor, querida, tudo o que existe, tudo que você pode ver por milhas é o futuro. Nosso futuro. Coloque seu anel em um desses lindos dedos.
Ela o deslizou para o dedo da mão direita. Brett apertou a mão dela. — Supostamente o anel deve ficar na sua mão esquerda para que então fique perto do seu coração.
— Não até que eu esteja oficialmente divorciada.
— Você é uma mulher teimosa, Rebecca. O divórcio é inevitável. Você colocou as rodas em movimento antes de sair do Texas. Assim como o nosso casamento é inevitável. Assim como fazer amor naquela noite há tanto tempo era inevitável. Assim como isso é inevitável. — Ele segurou sua bochecha em sua mão, trazendo seus lábios aos dela, deitando-a no processo.
Sua boca cobriu a dela possessivamente, sua língua reivindicando as regiões que outro ousou tocar. Ele queria limpar a imagem de Jake Burnett de sua memória. Como o homem conseguiu ter tal poder sobre ela? Por que ela não o deixava ir?
Sua respiração ofegante ressoou perto do ouvido dela. — Eu te quero tanto, Rebecca. Por favor, amor, não me negue dessa vez.
Ela ouviu o querer, o desejo, o tom suplicante em sua voz, e ela se perguntou se ele já havia implorado a qualquer mulher. Seus lábios doíam de seu beijo apaixonado, seu corpo tremia de sua proximidade, então ela ficou surpresa que as palavras saíram com tanta facilidade.
— Não, Brett. Não desta vez.
Seu corpo desmoronou em derrota sobre o dela, e ele se perguntou se ela estava ciente da verdadeira razão pela qual ela continuava a negá-lo. — Mas é tudo inevitável. Por que você não pode aceitar isso? Por que você não pode deixar o passado hoje e nos deixar começar o futuro?
— Porque eu não sou a garota que você deixou em Kentucky.
Ele ergueu a cabeça de onde havia enterrado-a em seus cabelos e, olhando profundamente nos olhos azuis, disse: — Eu te amo mesmo assim.
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Frank estava diante do altar, com medo de que ele sufocasse antes que a cerimônia terminasse. Ele nunca tinha usado um terno antes, e ele não estaria usando um agora, se Arlene não tivesse olhado para ele com olhos azuis. Os olhos dela tinham ficado azuis demais, e a expressão que ela carregava dentro deles o derreteu até que ele fizesse qualquer coisa que ela quisesse. Ele esticou o pescoço, tentando aliviar seu desconforto, agradecido que Jake estava ao lado dele apenas no caso de ele desmaiar.
A música do órgão começou e Ruth Reading começou a andar lentamente pelo corredor da igreja. Ironicamente, ela e Arlene se tornaram as melhores amigas, mas Frank mal olhou para ela. Seus olhos estavam fixos na mulher que seguia Ruth. Arlene andava com o braço enlaçado no do pai, o vestido branco fluindo atrás dela, os olhos de um azul profundo. Frank esqueceu tudo sobre sua promessa a si mesmo de ficar prado e sério e não parecer um menino ansioso demais, e seu rosto se abriu em um largo sorriso; Arlene devolveu o sorriso e ele esqueceu tudo sobre o terno desconfortável que estava usando, querendo apenas deixá-la orgulhosa dele.
De pé logo atrás de Frank, Jake pensou em Rebecca usando o vestido de casamento de sua mãe. Muitas coisas ainda o lembravam dela, mas ele supôs que sempre o fariam. Tudo o que ele podia fazer era aprender a aceitar as memórias e apreciá-las sempre que aparecessem inesperadamente. Ele escutou o casal enquanto trocavam seus votos, semelhantes, mas diferentes dos que ele havia feito: os deles não seriam quebrados. Ele entregou a Frank o anel de ouro e observou quando ele colocou o anel no dedo esbelto de Arlene e a envolveu em seus braços, beijando-a carinhosamente enquanto o ministro os proclamava marido e mulher.
Após o serviço, Jake foi buscar o buggy para Frank. Ele deu a volta na esquina do prédio da igreja, parando a vista de quatro mulheres, inclinando o chapéu para a que ele reconheceu.
— Senhorita Velvet.
— Deus, querido. Você é o único homem neste estado que inclinar o chapéu a uma prostituta. — Ela conduziu as outras mulheres e parou ao lado de Jake. — Você não voltou para me ver, querido.
— Não, senhora.
— Você não vai voltar para me ver, vai?
Ele balançou sua cabeça. — Não, senhora. Eu não vou.
Ela sorriu, um sorriso caloroso e bonito. — Isso é igualmente bom. Um homem como você, querido, não deveria ter que pagar a uma mulher. Se cuide agora, ouviu?
Ele devolveu o sorriso dela. — Sim, senhora. Eu vou.
Ela ergueu a mão, tocando o canto levantado de sua boca com a ponta do dedo. — Deus, querido, eu não sei como alguma mulher poderia se afastar daquele sorriso.
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O interior do celeiro estava preparado para uma festa. Em uma extremidade, os membros da banda estavam afinando seus instrumentos. Jake sorriu quando Maura se aproximou.
— Eu não posso agradecer o suficiente por esta bela celebração que você está dando a minha Arlene e a seu Frank.
— Era o mínimo que eu podia fazer. Frank é um bom homem. Já passamos por muitas coisas juntos.
— Sim. Um homem bom, ele é. Meu Bri não teria dado sua bênção se o menino não fosse merecedor disso.
A banda começou a primeira música, e Frank levou sua esposa para o centro do celeiro e começou a andar de um lado para o outro. Jake assentiu para Maura.
— Eu acho que Brian está procurando por você.
Maura riu. — Eu não danço há tanto tempo, não sei se eu me lembro como mover meus pés. — Mas quando Brian a pegou em seus braços, ela se lembrou.
Jake recuou contra a parede, observando os casais dançarem, sentindo a aguda ausência de uma mão na qual ele pudesse deslizar a dele.
Ele foi até o curral. Os cavalos saltaram, aparentemente no tempo da música que estava se filtrando do lado de fora.
— Frank é meu irmão agora.
Jake olhou para o jovem caubói que o seguira. — Acho que ele está ciente disso — disse ele enquanto dobrava as pernas compridas para chegar à altura de Sean, para poder olhar através das mesmas ripas que seu jovem amigo.
Sean chutou a terra sob as botas. — Se eu te contar um segredo, você promete não dizer a minha mãe?
Jake estudou o menino. — Eu não tenho certeza se é uma boa ideia guardar segredos de sua mãe.
O garoto assentiu aceitando a verdade e estudou os cavalos com grande intensidade.
— Mas desta vez eu vou manter o seu segredo — disse Jake, assistindo alívio lavar o rosto de Sean.
— Eu sinto falta de Jacob — ele disse baixinho.
Jake sentiu um puxão em seu coração, percebendo que ninguém exceto Frank havia mencionado Reb ou Jacob para ele desde que eles saíram.
— Eu também sinto falta dele, mas isso não é segredo — disse Jake.
— Minha mãe disse que eu não mencionasse Jacob ou a mãe dele para você porque isso deixaria você triste. Deixou?
— Um pouco, mas meio que me aquece pensar nele.
— Quando ele vai voltar? — Sean perguntou.
— Ele não vai. Ele e a mãe dele foram morar com um homem que poderia fazê-los felizes.
— Achei que eles estavam felizes aqui.
— Só do lado de fora, Sean. Esse homem pode fazê-los felizes por dentro também, e isso é mais importante.
Sean assentiu. — Você acha que Jacob sente falta de sua carroça?
— Oh, eu imagino que ele tenha uma nova por agora. A parte difícil será encontrar um amigo para empurrá-lo.
— Quando eu crescer, vou a Montana e vou visitá-lo.
— Sean O’Hennessy! Sua mãe está procurando por você!
Carrie gritou enquanto se arrastava em direção aos dois que estavam usando expressões culpadas.
— É o nosso segredo, certo? — Sean sussurrou.
— Nosso segredo. E sempre que você quiser falar sobre ele, deixe-me saber.
Sean estendeu a mão e Jake a sacudiu antes que o menino fugisse.
— Nunca tomei Rebecca como tola — disse Carrie ao se aproximar da cerca.
Desdobrando seu corpo, Jake voltou sua atenção para os pôneis. — Não pense que ela era.
— Você está tentando me dizer que ela tem dois bons homens se apaixonando por ela quando a maioria de nós tiver sorte se conseguirmos apenas um?
A resposta de Jake foi o silêncio.
— Você já ouviu falar dela? — ela perguntou suavemente.
— Só que ela chegou em segurança.
Carrie colocou uma mão gasta nas costas dele. — Você é um homem especial, Jake Burnett. Nunca se esqueça disso.
Ela foi embora, deixando-o sozinho para vigiar os cavalos.
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Erguendo a noiva nos braços, Frank levou-a através do limiar de sua nova casa, direto para o quarto deles. Ele colocou Arlene no chão, colocando seus braços ao redor dela, seus lábios prendendo-se aos dela. Abruptamente ele terminou o beijo, inclinando-se para estudá-la.
— Você está tremendo. Você está com medo?
Ela moveu a cabeça devagar de um lado para o outro. — Eu nunca poderia ter medo de você, homem. Mas eu estou um pouco nervosa. Eu quero agradar a você, Frank, mas eu não sei como.
Ele sorriu. — Eu vou te ensinar tudo o que você precisa saber. — Aproximando-a, ele disse: — Tudo o que você precisa fazer é lembrar do quanto nos amamos.
E acabou por ser assim tão simples.
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Andando pela casa, Rebecca se sentiu do mesmo modo que se sentiu depois que Jacob nasceu, quando as lágrimas vinham sem aviso prévio. Ela parou ao lado da grande janela da frente. A natureza refletia seu humor, enquanto a chuva caía em torrentes. Embora fosse o começo da tarde, as nuvens estavam tão escuras que o dia se assemelhava ao começo da noite.
Brett saiu do escritório. — Tem um cavaleiro chegando — disse ele enquanto passava por ela, depositando um beijo rápido em seus lábios.
Pisando na varanda, ele esperou enquanto o homem parava, entregava-lhe um pacote e voltava a sair. Ele o estudou atentamente antes de voltar para a casa, seu largo sorriso levantando os cantos de seu bigode escuro.
— É para você — disse ele, abrindo a ponta do envelope, jogando o conteúdo em sua mão.
— Brett! — ela recriminou, inclinando-se para olhar.
Ele segurou-o longe, bem acima de sua cabeça enquanto dava um olhar superficial para a folha de papel de cima. Então empurrando os papéis nas mãos dela, ele a levantou, girando os dois.
— Graças a Deus! É o seu divórcio! Está finalizado! — Ele a abaixou, e seus lábios desceram com força sobre os dela, consumindo-a, enquanto suas mãos corriam livres sobre seus seios e costas. Ele parou, afastando-a. — Nós vamos nos casar amanhã.
Segurando os papéis em uma mão trêmula, ela disse: — Eu preciso de tempo.
Descrente, Brett a soltou, seus olhos cheios de raiva. — Que diabos você quer dizer com que precisa de tempo? Você teve quase três meses!
— Eu preciso de tempo para ficar pronta. Eu quero estar no meu melhor. Eu quero que seja um momento que vamos lembrar. Não podemos fazer isso no sábado?
Puxando-a em seus braços, ele disse: — Sábado será. — Suavemente, ele roçou os lábios contra os dela. — Eu sei que tem sido difícil desde que saímos do Texas, mas tudo vai ficar bem agora. Você vai ver. Você será a mulher mais feliz do mundo.
Agarrando sua capa preta do gancho ao lado da porta, ele se virou para encará-la. — Eu estou indo para a cidade para obter todos os arranjos feitos.
— Neste tempo?
— Eu não acho que você entende o quanto eu te amo. O quanto eu quero que você seja minha esposa. Eu enfrentaria todos os elementos da natureza de uma só vez para ter você.
Lágrimas surgiram em seus olhos quando ela olhou para o homem bonito parado diante dela. Ele abriu a porta. — No sábado, quando mudarmos o seu nome, vamos mudar o nome do meu filho.
Rebecca esperava isso. Ela sabia que ele iria querer que o sobrenome de Jacob mudasse de Burnett para Meier.
— Escolha um nome que você gosta.
Surpresa, ela perguntou: — Você quer que o primeiro nome dele seja alterado?
— Eu quero. Não quero fantasmas do Texas assombrando nossas vidas aqui. E quando eu voltar, eu quero fora esse maldito anel do seu dedo também. — Ele fechou a porta atrás dele sem outra palavra.
Rebecca entrou no quarto de seu filho, observando enquanto ele dormia pacificamente na chuva, sabendo que ele acordaria logo depois do cochilo da tarde. Pela vida dela, ela não conseguia pensar em mais nada que ela quisesse chamá-lo.
Ela caminhou até seu próprio quarto, fechou a porta atrás dela e puxou uma cadeira para ficar ao lado da janela. As cortinas foram puxadas para trás e a chuva batia no vidro e escorria para uma poça no chão. Movendo-se pelos papéis em suas mãos, ela procurou a carta que ela espiou quando Brett empurrou sua correspondência em sua mão, querendo desesperadamente que a carta fosse de Jake. Com os dedos trêmulos, ela puxou-a para fora, os olhos procurando a assinatura, decepção apontando através dela ao perceber que ela era de Doyle Thomas. Mas então por que Jake escreveria? Ela começou a ler a carta:
Cara Rebecca, Como você pode ver, o divórcio passou por todos os canais apropriados e agora é válido e legal e você está livre para se casar novamente. Te desejo muita sorte. Se você precisar dos meus serviços, não hesite em me chamar.
Ontem, elaborei o testamento de Jake. É seu desejo que, após a sua morte, todas as suas propriedades sejam entregues aos seus filhos. Eu o aconselhei contra essa ação, pois ele ainda é jovem e pode ter seus próprios filhos em alguma data futura, mas considerando a razão do divórcio, eu percebo que isso é altamente improvável—
O motivo do divórcio? Ela nunca tinha olhado além das linhas onde ela aplicara sua assinatura. Ela não tinha percebido que eles tinham dado uma razão para querer o divórcio. Apressadamente, ela procurou nos papéis. Quando ela encontrou o motivo, foi agredida por uma dor física. Jake dera a única razão com a qual ninguém argumentaria, a única razão que garantiria a Rebecca o divórcio — a impotência do marido.
— Oh, Jake, como você deve ter se sentido dizendo isso a um homem, sabendo que outros homens o leriam. Por que você não me culpou pelo nosso casamento fracassado?
Com o coração pesado, ela voltou para a carta.
Por favor, mantenha-me informado sobre as futuras crianças que você carregar e quando os pequenos crescerem e saírem do ninho, por favor, mantenha-me informado sobre o paradeiro deles. Com base na reputação atual da fazenda, tenho poucas dúvidas de que seus filhos receberão uma herança considerável.
Seu servo Doyle Thomas, Advogado P.S. Pediram-me para lhe dizer que Maura deu à luz uma menina e Frank e Arlene vão se casar.
Soltando os papéis no colo, ela encostou a cabeça no vidro, sentindo a chuva batendo no vidro. Do canto de seus olhos, ela viu um pequeno pedaço de papel flutuar no chão. Ela reconheceu a letra antes de pegá-lo, tendo visto-a muitas vezes em listas de suprimentos que eram necessários. Ela passou os dedos pelas letras.
Querida Reb Cara Rebecca Reb Obrigado por me avisar que você está segura em Montana. Pensei que você gostaria de saber que Maura deu à luz uma menina. Uma pequena coisinha. O peito de Brian está tão cheio de orgulho que ele não precisa do seu fole na forja para aquecer seu fogo. Frank e Arlene vão se casar, provavelmente vão estar casados quando você receber essa carta. Eu estou construindo uma casa para eles e pedi alguns móveis para dar a eles em seu nome. Pensei que você gostaria de fazer isso por Frank depois do que vocês dois passaram juntos.
Eu penso em você e Jacob frequentemente Eu sinto falta Meu amor Com amor Seu amigo
Ela leu a carta até poder vê-la com os olhos fechados, cada palavra escrita, cada palavra riscada com medo de revelar mais do que ele queria que ela soubesse. Finalmente, incapaz de decidir sobre as melhores palavras, ele deve ter dado o pedaço de papel para Doyle Thomas para que ele pudesse transmitir a mensagem. Ela podia imaginar Doyle, que perderia os óculos se escorregassem até o final do nariz, acrescentando os pensamentos de Jake ao final de sua própria carta e depois empurrando o bilhete de Jake no envelope junto com os outros papéis.
Ela viu os papéis murcharem onde as lágrimas dela caíam sobre eles. Seu casamento com Jake estava realmente acabado. Sua vida no Texas, seu casamento com o homem de olhos castanhos aveludados e o sorriso carinhoso estavam agora em seu passado. Era hora de ela começar sua nova vida, sua vida com Brett. No sábado, ela se casaria com Brett Meier, o homem por quem se apaixonara há tanto tempo, que fizera amor com ela sob as estrelas numa noite sem lua, que lhe dera um filho e revistara o estado até encontrá-la. Era hora de cortar todos os laços, todas as memórias de Jake. Ela levantou a mão, segurando o anel enquanto seu rosto espelhava a vidraça ao lado dela, as lágrimas da Mãe Natureza, as lágrimas de uma mulher lavando para longe a dor.
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Nas primeiras horas da manhã era difícil acreditar que, antes do sol se pôr naquela noite, ele iria tentar queimar todos os seres vivos da terra, verdes, marrons ou não, plantas e animais. Ele vinha tentando o verão inteiro com muito sucesso, já que a chuva era escassa. O gado de Jake havia sido poupado do sofrimento porque a cerca de arame farpado protegera seus poços de saqueadores, e seus moinhos tiravam o precioso líquido da terra.
Deitado no morro que outrora fora azul, apoiado em um cotovelo, Jake tirou uma folha de grama da terra e a inseriu entre os dentes, roendo-a distraidamente, saboreando o amargo e o doce. Ele não achava que ficaria livre da dor em seu coração, mas pelo menos ela diminuíra. Ter Doyle Thomas elaborando seu testamento ajudara consideravelmente, dando-lhe um motivo para sair da cama todas as manhãs. Ele esperava que um dos filhos de Rebecca fosse adequado para administrar o rancho, mas, mesmo que o vendesse, ele não tinha motivo para reclamar. Ele queria que seus anos de trabalho valessem alguma coisa para alguém quando ele fosse embora, e ele não conseguia pensar em mais ninguém que significasse tanto para ele.
Ele sorriu, imaginando se Rebecca já estava carregando outra criança. Imaginou que ela estaria grávida cinco minutos depois de entrar no quarto de hotel de Brett. Afinal de contas, ela amava o homem, ela não tinha razão para negá-lo. Ele assumiu que ela não estava carregando seu próprio filho desde que ele só tinha ouvido falar dela uma vez. Havia momentos, geralmente tarde da noite quando ele ouvia um uivo solitário, que ele se arrependia de ter negado a sua semente naquela última noite. Mas então ele sentiria a dor surda associada aos pensamentos de Jacob, imaginando se ele estava andando, se ele havia falado sua primeira palavra, se tinha sido “Papai” dirigido a Brett, e ficaria grato por não haver outras crianças.
Removendo a grama de entre os dentes, ele se levantou, erguendo os braços e esticando a estrutura magra, apertando os olhos quando o sol bateu neles. Ele montou seu cavalo, decidindo cavalgar ao longo da linha da cerca. Ele tinha experimentado pouco problema ultimamente, mas ainda assim, não doía checar. Ele não podia se dar ao luxo de ter gado vagando. Com o mormaço de calor, ele queria mantê-los perto de poços conhecidos.
Ao avistar um grupo desconhecido de longhorns, seus traseiros esguios por falta de cuidado, ele desacelerou o cavalo e aproximou-se cautelosamente da faixa que estava espremida em volta de um pequeno bosque. À direita, jazia a cerca, parte dela cortada, parte dela abaixada, mas ele não via ninguém cuidando do gado. Ele pegou o rifle e desmontou, depois passou a mão pelo flanco de um dos novilhos. Nenhuma marca marcava o gado. Movendo-se para a cerca, ele xingou baixinho. A cerca foi usada para impedir que o gado entrasse na ravina que corria ao longo da terra. Ele teria que encontrar o dono do gado e dizer-lhe para tirar o gado de sua terra ou vendê-lo para ele. E ele teria que consertar a cerca imediatamente. Ele já teve três bois vagando por essa ravina e caído, se machucando. Seus homens foram forçados a atirar nos animais para aliviar seu sofrimento.
O som de um rifle sendo armado fez com que Jake se xingasse enquanto ele se virava lentamente. A última pessoa que ele queria ver era Ethan Truscott, e lá estava ele, com meia dúzia de homens atrás dele.
— É contra a lei cortar cercas — disse Jake.
— Só se você for pego.
— Olha, Ethan. Eu não quero nenhum problema. Apenas tire seu gado da minha terra, e eu vou ignorar a bagunça que você fez aqui.
— Eu não estarei movendo meu gado. Por todos os direitos, esta terra deveria ser minha. Agora, abaixe seu rifle e remova o coldre, e eu pensarei em deixar você viver.
Jake balançou a cabeça lentamente. — Ethan...
— Peguem-o! — Ethan gritou.
Jake não teve oportunidade de se defender antes de ser batido ao chão. Uma vez subjugado, ele foi levantado de volta a seus pés, dois homens fortes segurando-o.
Ethan sorriu. — Tirem a camisa dele.
Jake pareceu um louco quando se libertou, tendo uma grande dose de satisfação em sentir seu punho aterrissar diretamente no nariz de Ethan. Levou quatro homens para puxar Jake quando Ethan se ergueu cuspindo sangue e segurando a mão sobre o rosto, o sangue escorrendo pelo seu braço.
— Você quebrou meu nariz, seu bastardo! Você vai se arrepender disso. Tirem a camisa dele! — Ele foi até a cerca e começou a puxar o arame farpado, com luvas grossas protegendo as mãos. Quando ele pegou um longo pedaço solto, ele extraiu um par de cortadores de seu bolso do quadril, e cortou o arame, arrastando-o atrás de si enquanto se movia em direção a Jake.
Olhos castanhos se encontraram com olhos castanhos.
— Você esteve enrolando arame farpado em sua terra sem pensar em como a terra se sente. Bem, agora, você vai descobrir.
Ele levou seu punho até as costelas de Jake, tirando o ar de dentro dele. Enquanto Jake lutava para respirar, Ethan pressionou a ponta de um arame na carne de Jake para prendê-la e começou a envolver o resto do arame ao redor dele. Jake apertou a mandíbula contra os pequenos fragmentos de dor, por si só, não muito para incomodar um homem, mas aumentando em grau até que a mordida afiada de uma das pontas se tornou indistinguível da outra.
— Talvez eu devesse marcá-lo. Gostaria de saber se você gritaria tanto quanto o garoto ruivo. — Ethan riu. — Não, eu acho que você não iria. Você nem gritava quando o pai levantava o cinto para você. Me consiga um pouco mais de arame! — ele gritou para um de seus homens.
— Vamos, Ethan, você já fez o suficiente.
Ethan se virou. — Me consiga mais arame.
O homem nunca tinha visto tanto ódio em sua vida, e ele se perguntou se Ethan estava são.
— Vocês podem libertá-lo.
Assim que os homens o soltaram, Jake reuniu a pouca força que tinha e se jogou contra Ethan. Com os braços presos ao corpo, seus movimentos foram prejudicados e ele não conseguiu fazer mais do que derrubar Ethan. Ethan saiu de baixo dele e soltou uma série de golpes no corpo já machucado de Jake, empurrando as pontas mais fundo em sua carne.
Então Ethan pegou o arame farpado que foi entregue a ele e se abaixou, envolvendo-o com firmeza ao redor de Jake, sentindo prazer em vê-lo começar a suar enquanto apertava a mandíbula com mais força. Quando ele terminou, ele se levantou, colocando um pé no peito de Jake e pressionando-o de volta ao chão, ficou de pé sobre ele.
— Você vai morrer, Jake Burnett. Não pela minha mão, mas pela mão de Deus. Você é um filho do pecado, e quando Satanás te receber no inferno, eu reivindicarei esta terra como minha. Eu vou derrubar suas cercas e deixá-la aberta. — Ele aumentou a pressão de sua bota no peito de Jake até que ele ficou satisfeito com o grunhido que Jake emitiu.
— Joguem-o no vale — ele ordenou a seus homens. Nenhum homem se mexeu.
— Bastardos! — ele gritou quando ele puxou Jake para seus pés e o jogou assim ele rolou para baixo do declive íngreme.
Jake não tinha como deter seu progresso na encosta, parando apenas quando o solo esteve nivelado. Ele foi incapaz de se mover quando a dor se intensificou. O sol batia em suas costas. O sangue escorria por sua pele. Os insetos vieram inspecionar as feridas abertas. Sua boca secou como serragem. Fechando os olhos, ele viu cada sorriso que Rebecca já havia dirigido para ele e sentiu uma pontada de arrependimento. Ele gostaria de tê-la segurado em seus braços uma última vez antes de morrer.
Dezenove
Ele estava no inferno, assim como Ethan havia prometido.
E as chamas ardentes lambiam seu corpo impiedosamente. Ele abriu os olhos, não esperando encontrar o inferno em um lugar tão escuro, com apenas uma luz solitária iluminando a região. Por que o fogo do inferno não iluminava o lugar?
Ele sentiu uma mão fria, pequena palma, dedos finos tocarem sua bochecha. A mão de uma mulher? A mão de sua mãe? Ela havia tocado sua bochecha quando ele teve varíola. Sua mãe veio para ele? Ela sempre conseguiu tirar a dor quando ele era criança. Ele esperava que ela pudesse tirá-la agora, porque quanto mais consciente ele se tornava de sua palma suave em sua bochecha, mais consciente ele se tornava da dor se espalhando por seu corpo, as chamas o consumindo.
Ele ouviu uma voz suave chamando-o e virou-se para ela, tentando focar a visão diante dele. Não era sua mãe. Se ele não estivesse tão cansado, ele teria sorrido. Ele não esperava encontrar um anjo no inferno.
O anjo, sua imagem borrada, uma brancura em torno dela, entenderia. O anjo saberia.
— Por que ela não podia me amar? — ele perguntou. A resposta do anjo foi distorcida. Ele se esforçou para entender as palavras, mas todos os seus sentidos falharam quando ele deslizou de volta para o abismo na beira do inferno.
E o anjo se ajoelhou ao lado da cama e chorou.
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Jake lutou para abrir os olhos, para afastar a espessura em torno de sua mente. Maura estava sentada em uma cadeira ao lado da cama, sua cama, sua casa. Então ele não estava no inferno depois de tudo. Ethan não ficaria desapontado? Maura parecia tão bonita ali sentada, com o rosto cheio de amor e preocupação. Seu cabelo estava trançado, a trança pendurada no ombro. Ele nunca a viu usar uma trança antes. Ela não parecia com ela mesma.
— Maura, você se parece com Reb quando usa seu cabelo assim — ele resmungou.
— É a Reb, querido — disse a doce voz.
Ele levantou a cabeça, estudando a mulher diante dele, antes de descê-la de volta para o travesseiro. — Apenas pegue o que você precisa. Não espere até que eu fique bem. — Ele agora sabia que havia dois tipos de inferno. Ele podia lidar com a queimação física, mas não com a outra. Com gratidão, ele permitiu que o abismo negro o engolisse.
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Inclinando-se para frente, enxugando o suor da testa dele, Rebecca sussurrou: — Eu preciso de você, Jake. Por favor, não me deixe agora. — Ela deu um beijo na bochecha dele, depois colocou a bochecha fria ao lado da febril, desejando poder fazer mais para parar a febre, para garantir a sobrevivência dele.
Brett voltou para casa naquela tarde chuvosa para encontrá-la sentada no sofá, Jacob em seus braços, sua mala a seus pés.
— O que diabos está acontecendo aqui, Rebecca? — ele perguntou.
— Eu estou voltando para Jake.
— O inferno que você está!
Rebecca moveu a cabeça devagar de um lado para o outro. — Tudo o que eu senti por você há muito tempo é como a chama minguante de uma vela. Tem estado piscando desde aquela noite, me atraindo, desviando meu coração. Eu tive que vir para Montana, eu tive que tocar a chama, mas quando eu fiz isso ela gaguejou e morreu. E eu machuquei um homem bom fazendo isso.
— Quando voltei para o Kentucky — dissera ele — quando soube que você se casara, eu me queixei e gritei comigo mesmo por ter te deixado em primeiro lugar. Eu planejara voltar aqui e começar de novo. Mas eu não podia, eu tinha que te ver, mesmo que só de longe. Quando eu finalmente te encontrei e vi como você estava vivendo eu sabia que tinha que pelo menos tentar te trazer de volta. Você merece tudo que eu tenho a oferecer a você. Você merece se casar com um cavalheiro.
— Eu era casada com um homem gentil.
— Você era casada com um vaqueiro, e um não muito charmoso ou bonito.
— É isso que você vê quando olha para Jake?
— Isso e o fato de que ele não merece você.
— Ele não me merece apenas porque eu sou indigna dele. Deixe-me dizer-lhe, homem charmoso e bonito, o que vejo quando olho para Jake. Eu vejo um homem que sofreu de varíola quando criança e sobreviveu, um homem que guardou o amor que sua mãe lhe deu e segurou-o como uma tábua de salvação quando ele foi jogado em um mar de ódio, um homem que daria seu casaco para outro se ele pensasse que o homem precisava nem que fosse metade mais que ele, um homem que se casou comigo sabendo que eu carregava o filho de outro e nunca uma vez me condenou por isso, que trouxe meu filho para este mundo e o chamou de filho. Ele não me deu uma casa grande, mas ele me deu um lar. Ele não me deu presentes embrulhados perfeitamente em papel e fitas lindos... mas, oh, ele me deu lindos presentes, e eu os carrego em meu coração.
— Eu não vou deixar você levar meu filho.
Ela não tinha intenção de deixar Jacob, mas também não queria gastar mais tempo discutindo sua decisão. Aceitando seu blefe, rezando para que ele não tirasse a prova do dela, Rebecca tinha depositado a criança nos braços de Brett e começado a esvaziar sua bolsa.
— Que diabos você está fazendo? — ele gritou.
Ela o encarou com inocência. — Você precisará das coisas de Jacob.
— Você ama meu filho tão pouco?
— Eu amo Jake demais.
— Maldição, mulher! Você sabe que eu estou blefando.
Seu olhar se tornou intenso, olhos azuis mergulhando profundamente em azul. — Eu não estou — ela disse calmamente.
E então ela retornou ao Texas, com seu filho e seu coração. Assim que chegou em Pleasure, parou no escritório de Doyle Thomas. Muito feliz em vê-la, ele aprontou seu buggy e levou-a para o rancho.
Eles haviam chegado quando Frank e Lee estavam puxando Jake de um cavalo. Rebecca sentiu o estômago revirar ao ver seu corpo inchado e ensanguentado. Ninguém havia agido surpreso ao vê-la, ninguém questionara as ordens que ela havia soltado. Ela entregou o filho para Arlene. Ela mandou todos os homens cavalgarem até as cercas com ordens de trazer quaisquer cortadores para ela. Ela teria saído sozinha, mas não queria passar um tempo na prisão depois de voltar para Jake. E ela sabia que iria para a prisão, porque se visse Ethan Truscott, mataria o homem. Ela preferiria uma morte lenta para ele, mas ela faria uma rápida se ele não a obrigasse.
Desde o seu retorno, ela estava lutando contra a febre de Jake, os piores momentos vindo quando a febre dele ficava mais alta. Ele rolava para o lado, enrolando-se em uma bola, segurando seu estômago, dizendo o quanto doía. Ele dizia coisas em sua febre que rasgava o coração de Rebecca. A dor que causou sua angústia não foi o resultado das farpas que haviam sido incorporadas em sua carne, mas as feridas que ela infligira descuidadamente ao seu coração. Pela primeira vez desde que saíra de Montana, ela percebeu que havia uma boa chance de que ele preferiria vê-la no inferno mais que vê-la em sua casa novamente.
O suor escorria profusamente da pele febril de Jake, os calafrios percorrendo seu corpo enquanto Rebecca alternadamente o banhava e envolvia-o em cobertores quentes, esperando que sua febre fosse sumir pela manhã. Suas costas doíam por causa da posição curvada que ela mantinha durante grande parte de sua vigília, suas mãos estavam esfoladas por tentar acalmar a carne febril, mergulhando constantemente em água fria que rapidamente se tornava quente.
Ela tocou sua bochecha e sentiu a ausência de calor. Finalmente, o calor se foi. Ela limpou-o e mudou a roupa de cama.
Sentada em uma cadeira ao lado da cama, ela descansou a bochecha na palma da mão. Pela primeira vez desde que chegara, sentia que, se dormisse, quando acordasse, ele não desapareceria.
O leve movimento dos dedos sob sua bochecha a fez acordar. Ela abriu os olhos para encontrar marrom profundo hesitantemente procurando os olhos dela.
— Pensei que estava sonhando — ele resmungou, cada palavra esforço de tão minada que estava sua força.
— Gostaria que tivesse sido um sonho, mas foi um pesadelo. Você esteve muito doente. Faz cinco dias desde que Frank e Lee o encontraram. Frank acha que você esteve lá fora por pelo menos dois dias.
— Frank não deveria ter pedido para você vim.
— Ele não pediu. Eu voltei por conta própria. Decidi que Montana não era onde eu pertencia.
Ela tocou sua bochecha e ele se encolheu como se tivesse sido queimado. — Nós vamos falar sobre isso quando você estiver mais forte. Agora, você precisa descansar. Você tem muita cura pela frente.
Rebecca ansiava por rastejar na cama ao lado dele, sentir seus braços ao redor dela, saber que ele ainda a amava, mas ela tinha visto o olhar em seus olhos quando o tocou. Seu coração precisava de cura tanto quanto seu corpo e ela não tinha mais certeza de que sabia como cuidar do coração dele.
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Olhando pela janela aberta, sentindo a brisa morna acariciar sua pele, Jake se perguntou por que Rebecca havia retornado. Ela esteve sentada ao lado dele toda vez que ele acordara. Ele se lembrou da voz dela sussurrando para ele, seu toque em sua testa febril.
Ele a ignorou, fingiu sono e fadiga para evitar discutir por que ela havia retornado, principalmente porque ele não tinha certeza se queria saber, mas mais porque não podia deixá-la ficar se ela não o amava. Perdê-la novamente o mataria.
Carregando um prato cheio de comida, ela deu-lhe um sorriso hesitante.
— Você está se sentindo disposto a comer o café da manhã? — ela perguntou.
Ele assentiu e ela trouxe o prato, afofou os travesseiros e sentou-se na cadeira ao lado da cama.
— Como você está se sentindo esta manhã? — ela perguntou.
— Dorido.
— Eu imagino que é um eufemismo.
Ela olhou pela janela enquanto ele comia, imaginando por onde começar, como lhe dizer o que sentia, imaginando se agora era a hora de abordar o assunto de seu retorno. Ela olhou para ele. Como se lesse seus pensamentos, Jake estendeu o prato. — Estou cansado agora.
Ela pegou o prato e ele rolou, apresentando-a suas costas.
— Eu vou deixar você descansar, então — ela disse suavemente enquanto calmamente se levantava e saía de casa.
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Rebecca voltou para a casa de Frank depois de deixar ordens com Lee para levar um prato para Jake no almoço e jantar. Ela estava ignorando o filho desde que haviam retornado, embora ele não tenha percebido até agora pois ele tinha seu amigo Sean para fazê-lo rir. Ela tomou um banho quente e lavou o cabelo. Ela estava cansada demais para lidar com Jake. O que ela precisava era de uma boa noite de sono. E o que ele precisava era de algum tempo sem ela.
Ela passou a noite na casa de Frank com Jacob enrolado em uma bola ao lado dela. Ela tinha sido tola em pensar que poderia voltar e fazer com que Jake a recebesse de braços abertos. Ela podia ver tão claramente agora a última vez que eles se sentaram juntos na colina. Ela pensou que ele havia dito “Quando o homem que te ama veio para você.” E só agora ela percebeu que ele disse “o homem que você ama.” Ela tinha dado tão pouco para ele? Sim, ela teve que admitir para si mesma que ela tinha.
Na manhã seguinte, Jacob subiu em sua carroça e Rebecca o empurrou na frente da casa de Frank. Sean logo a substituiu, e ela se sentou observando o sorriso se estendendo pelo rosto do filho. E ela começou a se perguntar para onde iria se não ficasse aqui.
À medida que a tarde se aproximava, ela sabia que não poderia mais ficar longe de Jake. Ela precisava falar com ele, mesmo que a conversa fosse apenas unilateral. Ela entrou na casa e parou. Jake estava enfiando a camisa em suas calças.
— O que você está fazendo? — ela perguntou.
— Tenho que dar uma olhada no rancho. — Antes de ela entrar pela porta, o plano dele era procurar por ela e ter certeza de que ela estava bem. Mas agora que ele a viu, ele não queria que ela soubesse que ele estava preocupado com ela. Em vez disso, ele queria que ela pensasse que era o rancho dele que o preocupava. Pegando o chapéu, ele passou por ela.
Ela agarrou o braço dele e ele estremeceu. — Sinto muito — disse ela, puxando a mão para trás. — Eu não acho que você deveria sair.
— Eu tenho um rancho para cuidar.
— Jake, em algum momento nós precisamos conversar. Talvez seja mais fácil para você se você souber que enquanto eu estava com Brett, eu nunca... ele e eu nunca fizemos amor. Eu honrei os votos que fiz com você. Eu permaneci fiel.
— Eu não honrei. — Abaixando o chapéu sobre a testa, ele saiu da casa.
As pernas de Rebecca ficaram fracas, sua respiração se tornando difícil. O que a fez pensar que ele não encontraria outra mulher? Uma mulher que não era cega para tudo que Jake tinha para oferecer. Deus, mas ela se sentiu tola. Ela pressionou as costas de suas mãos em seus olhos.
Então, sem perceber o porquê, ela saiu e foi em direção a uma pequena área de terra que estava sombreada por vários grandes carvalhos, uma cerca branca cercando o espaço que servia como um memorial para uma pessoa. Ela leu as palavras gravadas na lápide e então se ajoelhou ao lado da sepultura.
— Oh, Zach — ela sussurrou. — Você queria tanto ser irmão dele, e no final ele te chamou de “irmão”. O que, em nome de Deus, posso fazer para que ele queira me chamar de “esposa”?
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Sentado sob a sombra persistente do carvalho, com vista para o lago calmo, sua água azul parecendo um espelho refletindo as nuvens do início da noite, Jake se perguntou o que diabos o possuiu para dizer o que ele tinha dito para Reb. Ele queria machucá-la tanto quanto ela o machucou. E ele tinha conseguido. Recuando interiormente, ele se lembrou da dor que havia aprofundado o tom azul de seus olhos e, assim como com a briga que ele teve com Ethan todos aqueles muitos anos atrás, ele não encontrou satisfação em sua ação ou em seu resultado. Se ele pudesse, ele tomaria de volta cada palavra falada naquela tarde.
Seus olhos examinaram a leve inclinação e ele viu a visão que seu coração doía para ver. Rebecca estava galopando em direção a ele. Ela desmontou e caminhou lentamente pela grama até ficar ao lado dele.
Sentando, Rebecca também olhou para o pequeno lago, reunindo coragem para a pergunta que ela não tinha certeza se queria resposta. Ela tinha sacrificado o direito de deixar a resposta importar quando ela partiu com Brett. Ela estava começando a sentir que havia sacrificado tudo por um sonho assombroso. Ela se virou para estudar o perfil acidentado que o homem e a natureza tinham esculpido sem cuidado. — Você a ama, então?
Os olhos de Jake se estreitaram enquanto ele continuava a observar o lago calmo. — Não. Eu tive que... eu paguei a ela.
Rebecca voltou sua atenção para a lagoa, o alívio lavando sobre ela como uma chuva suave de verão, sua resposta enchendo-a de esperança imerecida. Ela ergueu os olhos para o pôr do sol de outono, pensando em tantos outros que ela havia observado com o homem que estava sentado ao lado dela agora. Ela sentiu como se os tons brilhantes que cruzavam o céu azul fossem um reflexo de seus sentimentos por Jake, e ela se perguntou como poderia dizer a ele o que estava em seu coração. Como ele encontrara coragem para contar a ela? Deveria ser a coisa mais simples do mundo, mas ela não queria apenas deixar escapar seus sentimentos, não depois de todo esse tempo.
Jake estudou a paisagem, uma pequena voz dentro de sua cabeça dizendo a ele para apenas aceitar o fato de que ela havia voltado para ele e tentar reconstruir a vida que a chegada de Brett havia quebrado. Mas uma pequena voz dentro de seu coração tinha que saber a verdade.
Ele virou o olhar firme para ela e perguntou em um tom suave: — Por que você voltou? O que aconteceu em Montana?
Lentamente ela desviou sua atenção do horizonte, seus olhos refletindo uma emoção que nunca foi dirigida a ele, um sorriso caloroso enfeitando seu semblante.
— Na verdade, não foi o que aconteceu em Montana que me fez voltar. Foi o que aconteceu aqui. — Estendendo a mão, ela tirou o cabelo da testa dele, seus olhos mergulhando nos dele. — Eu me apaixonei por você.
Jake não esperava essas palavras e, embora fossem ditas em voz baixa, elas o acertaram com a força de uma bola de ferro sendo lançada de um canhão.
— Eu pensei que você amava Brett.
— Assim como eu — ela disse. — Mas quando você saiu daquele hotel, senti uma dor no coração que não entendi. O homem que eu amava estava me esperando no topo daquelas escadas. Tudo o que eu tinha que fazer era ir até ele para achar todo o amor e felicidade que eu sempre quis, eu não conseguia entender por que aquelas escadas foram tão difíceis de subir.
“A dor cresceu quando saímos do Texas. Em Montana, pensei que me consumiria. Fiquei pensando que a dor iria embora quando o nosso divórcio fosse finalizado, uma vez que Brett e eu nos casássemos. Então eu consegui os papéis do divórcio. Foi o dia mais triste da minha vida. Eu pensei que meu coração ia morrer, e esse foi o momento em que eu soube. O homem que eu amava não estava esperando no topo daquelas escadas, ele tinha saído pela porta da frente daquele hotel.
Jake a estudou atentamente enquanto falava, e ele não foi capaz de acreditar no que ela estava dizendo. Como ela poderia escolhê-lo com todas as suas imperfeições sobre Brett Meier, que era impecável?
— Eu amo você, Jake, com todo o meu coração eu amo. — Ela pegou a mão dele, um dos poucos lugares em que ela podia tocá-lo sem machucá-lo. — Se Brett não tivesse ido embora, se eu tivesse casado com ele, tenho certeza que teria passado minha vida contente. Mas ele foi embora e eu me casei com você. Depois de ser sua esposa por um ano, como eu poderia me acomodar por menos? — Ela pressionou a palma da mão na bochecha dele e depois nos lábios. — E casamento com qualquer outra pessoa seria menos. Eu sei que te machuquei muito, e eu não mereço o seu perdão ou a sua vontade de me aceitar de volta, mas se você quiser, eu prometo que farei tudo dentro da minha vida para poder me certificar de que você nunca se arrependerá.
Ela observou as emoções cruzarem suas feições enquanto ele travava uma guerra silenciosa dentro de si, e a única emoção que ela ansiava estava perdendo para o medo e a dor.
— Eu te machuquei tanto — ela sussurrou — mais do que Ethan já machucou. Eu farei qualquer coisa para tirar a dor dos seus olhos. Apenas me diga... me diga o que eu posso fazer?
Ele fechou os olhos, a cabeça movendo-se lentamente de um lado para o outro. Ela soltou a mão dele e ele a aproximou do corpo dele, apertando a bola do punho contra o centro do estômago. Rebecca sentiu o mundo que ela queria escorregar para longe. Ela o machucou uma vez. Ela não faria isso de novo.
— Eu não posso culpá-lo por não me querer agora. Me desculpe se eu causei mais dor a você voltando. Eu vou embora amanhã.
Ela não estava certa de que suas pernas seriam capazes de sustentar o peso pesado de seu coração enquanto ela desajeitadamente se levantava. Sua mão se desenrolou e procurou a dela com a velocidade do relâmpago cruzando um céu tempestuoso. Seus dedos apertaram sua mão, e ela olhou para os olhos castanhos de veludo que ela amava.
— Eu não quero que você vá — ele disse com a voz rouca, e ela caiu de joelhos.
— Mas você não tem certeza se quer que eu fique?
Aprisionando o rosto dela entre as mãos, seus olhos castanhos concentrados nos azuis dela. — Eu não sei. Eu sei que eu deveria ser grato como o inferno que você está de volta. Eu deixei você ir porque eu não queria que você passasse o resto da sua vida olhando para Montana imaginando o que poderia ter sido. Eu queria você aqui, Reb, olhando para mim. Quando você olhou para mim, quando você me tocou, quando você me deu um sorriso... Senhor, eu tinha tudo que sempre quis. — Ele abaixou a cabeça, fechando os olhos e soltando um suspiro. — Eu não sei se pode ser o mesmo agora, Reb.
Ela colocou a palma da mão contra a bochecha dele. — Não será o mesmo, Jake. Mas isso não significa que não será melhor. — Ela inclinou a cabeça dele até que ele esteve olhando para ela. — Nós poderíamos tentar, mesmo que por pouco tempo, algumas semanas, alguns meses, com o que quer que você esteja confortável. E se no final desse tempo você ainda não tiver certeza, eu vou partir.
— Isso não parece justo para você. Não me comprometer com você.
— Eu vou aceitar a vida com você em quaisquer termos, Jake.
— E o divórcio?
Ela sorriu para ele. — O divórcio é nulo e inválido, uma vez que foi baseado em uma mentira ousada.
O canto da boca de Jake se ergueu. — Foi primeira vez na minha vida que eu contei uma mentira. Mas eu faria qualquer coisa para ver você feliz.
— Então me dê uma chance para provar a você que você pode confiar em mim e que eu posso fazer você tão feliz quanto você me faz.
— Você trouxe Jacob de volta com você?
Seus olhos se suavizaram. — Sim. Eu o deixei com Arlene porque eu estava com medo de que pudesse estressá-lo vê-lo enquanto você estava tão doente... e então eu não tinha certeza de que ficaríamos muito tempo, então eu não queria elevar as esperanças dele.
— Você acha que ele se lembra de mim?
— Você é um homem difícil de esquecer, Jake Burnett. — Tentativamente, quase com medo de que, se ele a tocasse, ela desaparecesse, ele pressionou os lábios nos dela, sua língua varrendo os pontos familiares, quente e úmida, sua língua saudando a dele. Puxando-se para trás, seus olhos castanhos de veludo mergulharam em um azul profundo. — Então vamos pegá-lo e ir para casa.
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Jacob segurou a lateral do sofá, seus olhos azuis estudando cautelosamente a abertura na frente da casa. A porta, a vários metros de distância dele, estava entreaberta. Lá fora, o escurecer da luz do sol chamava-o. Ele olhou para Arlene enquanto ela trabalhava na mesa, batendo na massa de pão. Então ele olhou de volta para a porta. Ele soltou o sofá e balançou quando seu equilíbrio vacilou, forçando-o mais uma vez a segurar a lateral do sofá.
Uma sombra passou diante da abertura e sua mãe entrou na casa. Jacob sorriu para ela. Então outra sombra passou diante dele, e seus olhos viajaram para cima, seu pequeno coração começando a bater furiosamente em seu peito. Ele avistou o rosto do homem. Chiando, ele soltou seu tênue aperto no sofá, oscilando em direção à figura alta. Ele deu três passos antes que a gravidade viesse atrás dele e o arrastasse para baixo, mas o homem contornou a gravidade. Suas grandes mãos levantaram Jacob no ar. Jacob envolveu seus braços pequenos em volta do pescoço do homem, aconchegando seu nariz contra a garganta do homem. Finalmente, eles voltaram para casa.
?
Balançando devagar, Jake segurava Jacob enrolado em seu colo.
O garoto roncou baixinho, suas pequenas mãos enroladas ao redor da camisa de Jake como se ele estivesse com medo de que Jake pudesse deixá-lo, ou pior, dele ser levado novamente. Seus pés se enrolados sob ela, Rebecca estava sentada na cama, escovando o cabelo. Jake viu como ela o separou e começou a trançá-lo.
— Você o deixaria solto? — ele perguntou.
Ela levantou os olhos do colo e sorriu para ele, soltando o cabelo e passando a escova mais uma vez para apagar as partes que havia criado.
— Eu não quero que você saia cavalgando sozinha. — Parando a escova, ela ergueu os olhos para o marido. — Só até eu ter resolvido as coisas com Ethan.
— Você sabe onde ele está?
— Não, mas pretendo começar a procurar por ele.
— Talvez ele te deixe em paz agora. O que mais ele pode fazer?
— Ele quer essa terra. Eu não quero ter que me preocupar com você ou Jacob. Vou organizar os homens amanhã, talvez contratar alguns extras até encontrar Ethan. Só até lá, fique perto da casa.
Jacob moveu seu corpo. Jake puxou o menino para mais perto, voltando sua atenção de sua esposa para a criança adormecida. Nunca em sua vida ele sentiu tal amor dirigido em sua direção. Ele tinha sido dominado pela emoção na casa de Frank, sentindo Jacob aninhado contra ele, tão feliz em vê-lo. Jake fechou os olhos, ouvindo a respiração suave de seu filho. O filho dele. Se houve alguma dúvida em seu coração antes, a reação de Jacob ao vê-lo esta noite afugentara tudo.
Seu corpo estremeceu quando sentiu Jacob sendo tirado dele.
Ele abriu os olhos, tentando lembrar onde estava. Fazia muito tempo desde que ele estivera em sua casa à noite. Ele normalmente não pisava ali até as últimas horas da noite, quando estava tão cansado que não podia fazer mais do que cair na cama e deixar o sono ultrapassá-lo.
— Você adormeceu — Rebecca disse suavemente. — Apenas se mova para a cama e eu vou te despir depois que eu colocar Jacob no chão.
Ela colocou Jacob em uma palheta grossa no chão. Mesmo que Maura não tivesse o berço, Jacob crescera demais para usá-lo desde que eles partiram. Eles teriam que conseguir uma cama de verdade e um quarto para ele em breve. Ela cobriu o filho e voltou para a cama, onde ajudou Jake a se despir. Então ela colocou as cobertas ao redor dele antes de atravessar a sala solitária que era sua casa, apagando as chamas nas lamparinas. Nem por um minuto ela sentiu falta das muitas salas e quartos que ela havia percorrido sem rumo por meses.
— Reb?
— O que?
— Onde você está planejando dormir?
— Onde você quer que eu durma?
— Comigo.
Ela diminuiu a chama na última lamparina e foi até a cama, levantou as cobertas e entrou.
— Então é aqui que eu vou dormir.
Jake levantou um braço e ela se moveu para mais perto do seu lado, abstendo-se de se aconchegar tão perto quanto ela teria gostado por medo de causar-lhe desconforto.
— Eu devo tirar todas essas bandagens amanhã — disse ela enquanto colocava um dedo levemente sobre o peito coberto. Com a falta de resposta, ela inclinou a cabeça e olhou para o rosto adormecido dele. Cuidadosamente, para não perturbá-lo, ela se levantou em um cotovelo. Nas sombras projetadas por uma chama de lamparina baixa, ela o observou dormir.
?
Rebecca sentiu fios de cabelo fazendo cócegas no rosto dela quando foram afastados. Languidamente, ela abriu os olhos, o sol nascente se filtrando no quarto, do outro lado da cama. Ela foi recebida por profundos olhos castanhos olhando para ela.
— Eu não pretendi dormir na noite passada. Isso não foi muito de uma bem-vinda a casa.
— Você ainda está se recuperando. É mais importante para você se recuperar totalmente.
Seus lábios desceram sobre os dela e ela o acolheu. Sua mão moveu-se lentamente até o umbigo, moldando e acariciando um pequeno seio sob o vestido de algodão. Ela parou o beijo quando sentiu o sorriso dele e recuou, procurando em seus olhos.
— Você deixou algo em Montana — disse Jake, seus olhos provocando. Aqueceu Rebecca até às raízes de sua alma ver algo além da dor refletida em seus olhos. Talvez conquistar sua confiança não seria uma tarefa tão difícil de realizar, afinal de contas.
— Não, eu deixei aqui. Meu leite secou logo depois que saímos de Pleasure. Mas eu o avisei antes-
— Eu não estou reclamando — ele disse enquanto sua boca descia sobre a dela.
Um puxão nas cobertas e uma batida na cama fez o beijo terminar mais uma vez. Jake olhou por cima do ombro para contemplar o rosto radiante de Jacob. Descendo, ele puxou Jacob para cima da cama. A criança se aconchegou entre os pais, chutando as cobertas e rolando de um lado para o outro até que ele não lhes deu escolha a não ser saírem da cama e começar o dia.
Vinte
Retirando cuidadosamente a torta de maçã com escência de canela do forno, Rebecca inalou o saboroso aroma e deixou o o vapor esquentar a ponta de seu nariz. Aquilo criou uma escência caseira que ajudava o humor que ela estava esperando criar. Dentro da casa, ela sabia que estava em casa, e ainda assim ela sentia como se ela não estivesse. Jake, sempre educado, estava ainda mais educado, mais cuidadoso, observando ela de formas que ele não observava Jacob, confiando no amor de Jacob de formas que ele não confiava no dela. Havia passado três dias desde que eles trouxeram Jacob de volta para a casa, três noites que ela tinha dormido nos braços de Jake. Apesar de ele ainda estar curando-se fisicamente, ela sabia que não era sua dor física que impedia Jake de fazer amor com ela.
Cada manhã, ele levantava-se com o sol, cavalgando para longe para checar o rancho e gado, e cada noite ele vinha para casa exausto. Ele tinha falhado em localizar Ethan ou o gado que tinha estado com ele no último dia que Jake tinha cruzado com ele.
Conversações que ela compartilhava com Jake revolvia-se ao redor do tempo, atividades de Jacob, e o gado. Ela constantemente sentia como se ela estivesse tentando escalar uma parede ou rastejar através de uma larga cerca de arame farpado sem cortadores. Ela sabia que deveria esperar a distância entre eles, sabia que ele precisava aprender a confiar nela de novo. Mas ela precisava dele, precisava de mais do que ele estava disposto a dar a ela até o momento. E para obter o que ela precisava, o que ela sabia que ambos precisavam, ela tinha que fazer ele confiar nela.
Com uma escolta de três homens, ela tinha levado Jacob para Arlene mais cedo na tarde. Ela tinha passado o restante do dia preparando-se para sua noite com Jake. Ela colocou a torta na mesa ao lado de um sortimento de vegetais. Tinha ficado bom se o aroma preenchendo a casa era de alguma indicação. Ela colocou duas grandes velas na mesa.
Cantarolando para si mesma, ela se banhou e vestiu seu melhor vestido, um vestido azul, seu cabelo pendurado frouxamente sobre seus ombros. Debaixo do vestido, ela usava nada. Dentro de seu bolso, ela carregava um presente que ela tinha comprado para Jake quando ela e Jacob começaram a viagem de volta para o Texas. Ela tinha tentado encontrar um momento oportuno para entregá-lo a ele e tendo decidido que o momento certo nunca chegaria, ela tinha decidido criá-lo.
Ela ouviu o relinchar do cavalo de Jake em antecipação de receber suas aveias. Ela caminhou para a varanda conforme seu marido procurava controlar seu cavalo. Seu pé nu levantou a poeira enquanto ela andava até ele. Quando ele desmontou ela deslizou suas mãos sobre seu peito e envolveu seus braços ao redor do pescoço dele, seu corpo pressionando contra o dele conforme ele pressionava os lábios nos dela.
— Eu tenho algo especial planejado para esta noite — ela disse sedutoramente assim que seus lábios se separaram.
Seus olhos calorosos viajaram apreciativamente sobre ela. — Deixe-me atender meu cavalo. Eu não irei demorar — ele prometeu. Ele guiou seu cavalo em direção ao celeiro enquanto Rebecca retornava para a casa.
Ela acendeu as velas e descobriu os pratos quentes que agraciavam a mesa. Ela escovou seu cabelo até ele brilhar à luz das velas. Então ela começou a andar para frente e para trás, esperando. Ela parou e sentou-se. E esperou.
Ela franziu a testa. Ele tinha prometido que não iria deixá-la esperando por muito tempo. Ele estava jogando um jogo com ela? Ele realmente não queria ela de volta? Sentindo-se como uma tola, ela fechou os punhos em bolas apertadas em seus lados enquanto ela caminhava apressadamente em direção a porta. Então ela parou bruscamente como se ela tivesse trombado com uma parede de tijolo. Jake não era uma pessoa dada a jogar jogos. Pânico substituiu a dor, e ela pegou sua arma, carregou-a, e rapidamente saiu da casa.
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Jake tinha erguido a sela de seu cavalo antes dele sentir a entorpecente dor na parte de trás de sua cabeça e o mundo tornar-se negro.
Quando ele acordou, ele estava consciente de duas coisas: o chão duro debaixo de seu corpo esparramado e o imperdoável aço frio da ponta de uma faca bowie descansando contra sua garganta, deixando nenhuma dúvida em sua mente em relação a sua afiação ou de quem ele encontraria empunhando-a.
— Antes de você ter quaisquer noções estúpidas, me deixe adiantar-me e avisar você agora que eu tenho aquele seu garoto.
Jake começou a suar frio e sua respiração veio com crescente dificuldade. Ele tinha pouca dúvida que Ethan estava dizendo a verdade. Jake acenou sua aceitação de sua posição.
— Levante-se — a voz rouca comandou. Antes de Jake endireitar-se completamente, ele foi lançado contra uma parede. A faca mais uma vez pressionada em sua garganta. Olhos castanhos encontraram olhos castanhos, intensas emoções fluindo.
— A volta de sua esposa bagunçou as coisas para mim. Matar você agora não vai me fazer qualquer bem. Ela ficará com a terra. Então eu terei que matá-la e depois o garoto. — Ethan contemplou a distância. — Tanto sangue. — Ele balançou a cabeça e então voltou o olhar para Jake.
— Agora eu quero que você ouça com muito cuidado. Eu quero que você vá para a cidade amanhã e coloque a escritura deste rancho em meu nome. Então você vai entregar a escritura para mim. Eu estarei no casebre que você construiu no extremo norte. Você sabe a qual estou me referindo?
Jake acenou.
Um perverso, sorriso conhecedor surgiu através do rosto de Ethan. — Você esqueceu? Você diz “sim, senhor” para mim.
Pela segurança de Jacob, Jake engoliu seu orgulho. — Sim, senhor.
Ethan acenou com satisfação. — Eu devolverei a você o garoto então. Venha sozinho. Se você trouxer alguém, eu o matarei.
— Eu farei o que você quer sem a ameaça. Devolva ele hoje à noite.
Ethan sorriu, um sorriso duro, um sorriso que nunca tocou seus olhos. — Ele é minha garantia. Eu o manterei. Se eu devolverei ele vivo ou não, vai depender de você.
— Decidiu que era hora de se juntar a seu pai no inferno? — Uma ameaçadora voz feminina perguntou.
Ethan virou-se abruptamente, um descuidado movimento que o deixou virtualmente exposto e desprotegido.
— Reb! Não! — Jake gritou, atirando-se na frente de Ethan conforme o duro som do tiro encheu o celeiro.
Ethan tropeçou para trás. Jake caiu ao chão com um ruído surdo. Rebecca teria atirado de novo em Ethan, mas as ações de Jake chocaram e assustaram ela. Por que ele protegeria Ethan? Ela ficou plantada no lugar, sua mente gritando. Tudo o que ela podia ver era sangue carmesim espalhando-se rapidamente sobre as costas de Jake antes dela sentir a dor na parte de trás de sua cabeça.
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A mente de Rebecca ainda estava gritando quando ela abriu os olhos. Ela estava deitada na cama, um pano frio em sua testa, uma dolorosa palpitação na parte de trás de sua cabeça. Ela levantou o pano de seu rosto e vasculhou a casa com os olhos. Jake estava sentado nos fundos em uma cadeira enquanto Lee costurava seu ombro.
— Vcê é o homem mais azarado que eu conheço — Lee disse enquanto perfurava a carne de Jake com a agulha, empurrando o fio através do ferimento sangrento. A bala tinha raspado seu ombro, levando com ela um pedaço de sua carne.
— Eu ainda estou vivo. Eu diria que eu fui bem sortudo.
Lee terminou com seu trabalho manual no ombro de Jake e deixou a casa.
Rebecca colocou seu instável pé no chão e a cabeça de Jake girou. Ela se moveu em direção a ele confusamente.
— Por que você me parou?
— Ele tem Jacob.
— Não — ela disse, incapax, indisposta a acreditar nas palavras que foram faladas com tal certeza. — Eu deixei Jacob com Arlene esta tarde.
— Eu tenho nenhuma razão para pensar que ele está mentindo, Reb. É melhor você ir até o Frank e checar. Leve quatro homens com você.
Depois dela vestir suas calças, Jake pegou a mão dela, pressionando-a em seus lábios.
— Ele não vai machucar Jacob enquanto fizermos o que ele quer. Eu não irei fazer nada para pôr em perigo seu filho.
— Ele é seu filho, também.
Ele apertou a mão dela. — Ele vai ficar bem. Nós o teremos de volta amanhã.
Ela acenou e se apressou a correr para a porta.
Antes dela ter ido muito longe, Rebecca viu um pequeno cavaleiro cavalgando apressadamente ao longo do caminho, ondeando freneticamente sua mão. Era Sean.
— Ele pegou Jacob! — ele gritou no topo de seus pulmões e Rebecca sentiu seu coração afundar.
— Sean, você não deveria estar cavalgando sozinho — ela recriminou, sua preocupação igual com ele.
— Minha mãe me enviou. Algum homem pegou Jacob e eu fui mandado para vim dizer a você.
— Sua irmã está bem?
Sean balançou sua cabeça tristemente. Rebecca seguiu ele de volta para a casa de Frank.
Frank estava sentado no pórtico, seus cotovelos apoiados em seus joelhos, seu queixo apertado em suas mãos, seu rosto branco. Ele não olhou para cima até Rebecca se ajoelhar diante dele.
— Ele tentou parar ele — ele disse em uma voz rouca com emoção.
— Ela vai ficar bem?
Frank deu um ligeiro aceno. — Ela perdeu o bebê, mas Maura disse que ela não vai morrer. Ela está com ela agora.
O coração de Rebecca contraiu-se. — Oh, Frank, eu lamento tanto. Eu não sabia-Ele forçou um pequeno sorriso. — Ninguém sabia. Houve tanta coisa acontecendo ultimamente que nós não tivemos tempo de dizer a ninguém. — O sorriso deixou seu rosto. — Eu vou matá-lo, Reb.
— Eu temo que você terá que entrar na fila desta vez, Frank.
— Frank?
Sua cabeça girou rapidamente e ele levantou-se. — Você pode ver ela agora — Maura disse com amabilidade. O abrasivo jovem homem que ela não tinha gostado naquela primeira noite acabou por tornar-se um maravilhoso marido para sua filha.
Ele deu a Maura um breve abraço antes de caminhar para dentro da casa. Rebecca seguiu ele só até a porta onde ela deu um abraço em Maura. Ela não queria se impor no momento de Frank com sua esposa, mas ela queria dar uma olhada em Arlene para se certificar de que ela estava bem. Um lado de seu rosto estava ferido e inchado. Um braço estava com bandagem. Rebecca apenas podia supor como o resto de seu corpo parecia, quais outros danos Ethan Truscott poderia ter infligido.
Frank se ajoelhou diante da cama, escovando seus dedos ao longo da testa de Arlene, movendo as mechas úmidas de seu cabelo vermelho para longe de sua face.
— Eu lamento, Frank — Arlene disse em uma voz cansada.
Ele lentamente sacudiu a cabeça. — Não foi sua culpa. — Ele trouxe seus dedos aos lábios. — Eu amo tanto você, garota. Eu pensei que iria perder você. Nada significa mais para mim do que você.
Ela puxou a cabeça dele para seu ombro e seus braços rodearam-a. Rebecca virou-se para longe da porta, lágrimas em seus olhos. Era difícil para ela agora olhar para Frank, ver um homem no lugar de um garoto desengonçado. Um homem que amava profundamente a mulher com quem ele tinha se casado.
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Rebecca sentou diante da janela frontal, olhando para fora sem ver. A noite tinha caído, a noite sem lua refletindo seu negro humor enquanto lágrimas começavam a descer lentamente por suas bochechas.
Jake observou ela. Depois dela ter retornado e explicado o que tinha acontecido na casa de Frank, ela tinha tomado vigília diante da janela. Ela precisava dele e ele sabia disso. Ele não tinha sido justo desde que ela retornou de Montana. Ele tinha retraído seu coração, com medo de se deixar vulnerável. Ele seguiu em frente com os passos e agachou-se ao lado dela, tomando a mão flácida em sua forte.
— Jacob vai ficar bem, Reb.
Ela virou a cabeça, suas finamente arqueadas sobrancelhas franzidas.
— Eu não estou apenas preocupada com Jacob. Eu estou preocupada com você. Você acha honestamente que uma vez que você der a ele a escritura, ele vai deixá-lo partir?
— Ele terá o que ele quer.
Ela soltou uma curta risada, balançando a cabeça. — Ele tem muito ódio. — Ela levou seus dedos trementes aos lábios, soltando um soluço, mais lágrimas rolando por suas bochechas. — Ele vai matar você, Jake. E você e eu sabemos disso.
— Eu acredito que ele pode tentar, mas eu não vou desistir sem uma luta. Ele pode ter minha terra, mas isso é tudo que ele poderá ter. — Ele escovou seus nódulos ao longo de sua bochecha úmida. — O dia que eu cruzei com Ethan na linha de cercas, ele me deixou para morrer. Eu mesmo pensei que iria morrer. Você sabe no que eu estava pensando enquanto estava deitado lá no sol quente?
Ela lentamente moveu a cabeça de um lado para outro, seus olhos nunca deixando os dele.
— No quanto eu queria abraçar você uma última vez. — Alcançando as costas dela, ele puxou sua trança para frente, lentamente desfazendo o cruzamento dos fios de ébano até todos eles estarem livres, pendurando-se frouxamente. Ele encheu sua mão com as mechas sedosas e as levou ao seu rosto, inalando a escência de rosa, perguntando-se o que a noite poderia ter trazido se Ethan não tivesse vindo. — Eu certamente quero tê-la em meus braços.
— Eu quero estar em seus braços — ela disse calmamente. Ele levantou-se, trazendo-a para seus pés e guiando-a para a cama.
Eles se desvestiram devagar, suas mentes não estando na tarefa. Rebecca subiu na cama. Jake apagou as lamparinas e se juntou a ela. Ele deitou em seu lado, mantendo seu ombro dolorido fora da cama, um braço ao redor dela, uma mão esfregando suas costas.
— Ela era bonita?
Jake olhou para ela, seu rosto fundido nas sombras. — Quem?
— A mulher que você pagou.
— Ela tinha olhos realmente adoráveis. Isso é tudo que eu lembro.
Ele deu a ela um pequeno sorriso. — Ela me perguntou o mesmo sobre você.
— Sobre mim?
— Sim. Eu suponho que ela não estava acostumada a seus visitantes serem tão silenciosos. Inesperadamente, ela perguntou “Ela era bonita?”
— O que você disse?
Ele deu de ombros. — Eu menti e disse que sim.
— Eu não acredito em você. O que você disse a ela?
— Que eu não queria falar sobre você.
— Porque você me odiava?
— Porque eu te amo.
Um confortável silêncio os rodeou. Tinha passado um tempo desde que eles tinham sentido a casual facilidade entre eles que tinha caracterizado o relacionamento deles antes da chegada de Brett.
— Como Montana é? — Jake perguntou.
— Solitária.
— Você se sentiu sozinha?
— Não. Nós tínhamos uma governanta e uma cozinheira. E... bem... Brett raramente trabalhava longe de casa. Mas eu senti tanta falta de você.
— Eu senti sua falta, também — ele disse suavemente conforme sua monte descia sobre a dela.
O beijo foi quente e terno e consumidor, como um fogo lento. E então foi como se alguém tivesse jogado uma tora seca de lenha no fogo e as chamas aumentaram sem aviso. Ele queria ir devagar, para venerá-la, adorá-la, mas ele precisava possuí-la como ele nunca tinha possuído outra coisa em sua vida. E ela sentiu a mesma necessidade. Não houve nada gentil na consumação entre eles. Era como se eles estivessem batalhando até a morte, agarrando-se ao outro como se não fosse haver outra oportunidade. Jake ignorou a dor causada pelas mãos dela apertando-o sem misericórdia até suas unhas marcarem suas costas, abrindo ferimentos que tinham apenas recentemente se curado. Ele empurrou suas mãos para longe dele, mantendo-as em cada lado de seu rosto conforme ele tomou posse, investindo profunda e duramente. Ele soltou suas mãos, e ela as colocou no cabelo dele, trazendo seu rosto abaixo para o dela, sua boca devorando a dele, suas pernas envolvidas apertadamente ao redor dele. Ambos gemeram com a força do clímax, seus corpos encharcados de suor, suas respirações trabalhosas.
Jake rolou de lado, trazendo ela com ele. Ele sentiu o estremecimento percorrer o corpo dela, seguido por um tremor que tinha pouco a ver com o que eles haviam feito. Ele sentiu suas lágrimas, e então os duros soluços começaram a sacudir seu corpo. Ele rolou-a de costas.
— Eu machuquei você? — ele perguntou.
— Não. Eu só estou tão assustada. Eu conheço você muito bem, Jake. Eu sei que você vai colocar a vida de Jacob antes da sua. Eu não posso suportar perder um de vocês.
Jake pressionou beijos pelo rosto dela, provando as lágrimas salgadas, lágrimas derramadas por ele.
— Eu amo você, Reb — ele sussurrou. — Eu amo você.
Quão facilmente ela tinha deixado ele na primeira vez quando a escolha foi dela. Quão difícil agora deixar ele ir quando nenhuma escolha foi dada a ela, quando ela queria deitar em seus braços até seu cabelo ficar cinza e sua pele enrugar com a idade. Pelo resto da noite, eles permaneceram abraçados em um fútil esforço para afastar a morte.
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O casebre tinha sido construído no meio de um bosque de árvores, a cobertura da natureza proporcionando proteção do calor do sol no verão e dos frios ventos nortenhos no inverno. Também permitiu Rebecca seguir Jake sem ser vista. Requeriu toda sua força interior permanecer escondida, observando o drama se desenrolar na frente dela, esperando pelo momento quando sua presença mais iria beneficiar.
Jake estimulou seu cavalo lentamente a entrar na área antes de desmontar e atar o garanhão em um tronco na frente do casebre. Seus olhos escancearam a pequena área que tinha sido limpada de árvores e ele não ficou de todo agradado com a visão que encontrou seus olhos.
— Venha mais para perto — Ethan disse de sua esparramada posição no chão, suas costas contra uma árvore. Em sua mão ele segurava uma corda, uma ponta puxada por trás dele, a outra pendurada sobre um ramo de árvore a pouca distância dele, seguramente enrolada debaixo dos braços de Jacob enquanto ele pendia acima de um grande barril de madeira aberto.
— Pare bem aí.
Jake fez como ordenado. Ele tinha trazido sua arma, e até Ethan dizer a ele de outra forma, ele não tinha intenção de removê-la. Ele não tinha ideia se ele poderia acertar Ethan se acabasse havendo um show de armas, mas ele certo como o inferno iria tentar. Ele deu a Jacob um pequeno sorriso, um sorriso que não foi retornado. O menino tinha um profundo franzido, seus olhos azuis estreitados em reflexão, e Jake soube que ele nunca seria capaz de compreende tudo o que estava acontecendo diante dele. Ele podia ver nenhum machucado ou evidência de que o menino tinha sido tratado asperamente, e Jacob não estava berrando, então Jake tinha que assumir que ele tinha sido alimentado.
— Penso que você pode estar entretendo ideias de me matar — Ethan disse, e Jake olhou de volta para ele, perguntando-se como três homens criado pelo mesmo homem poderiam ter se tornado tão diferentes. — Mas se você fizer isso, eu vou soltar esta corda. — Ele deixou duas polegadas deslizarem de seus dedos e Jacob caiu ligeiramente, seus olhos arregalando-se, antes do comprimento da corda ser apertado. O barulho de chocalhos ecoou no barril.
Os olhos de Jake voaram de Ethan para o barril e de volta para Ethan. — Seu bastardo — ele disse com mais veneno que as cascavéis diamantes enroladas, prontas e aguardando abaixo de Jacob.
— Agora, você está errado, Jake. Você é o bastardo, não eu. E enquanto ninguém tenha seguido você, enquanto eu permaneça vivo, enquanto você faça como eu disser, o menino permanecerá no ar. De outra forma, ele vai direto para o barril. Você entendeu?
— Ele nem mesmo é meu filho, Ethan.
Ethan digeriu aquele pedaço de informação como se fosse um macio pedço de lombo, e então ele começou a rir, uma gargalhada barulhenta. — Então você não foi homem o bastante para ela, huh?
— Ela estava grávida quando eu casei com ela. Você realmente acredita que uma mulher como Rebecca casaria comigo se ela não estivesse desesperada?
— Não. Nunca pude imaginar como você conseguiu ela. — Seus lábios alargaram-se em um grande sorriso. — Eu gostei de saber desse pequeno pedaço de informação. Mas isso não muda a posição do menino. Agora, você está com a escritura?
Jake removeu-a de seu bolso e estendeu-a.
— Traga ela aqui.
Ethan estava agora segurando uma arma na mesma mão que segurava a corda,, brandindo ambos para Jake conforme ele inclinou-se e estendeu para Ethan o título de sua terra.
— Se afaste de costas — Ethan disse, ondeando a arma frouxamente no ar.
Cuidadosamente, Jake moveu-se de costas, facilitando sua aproximação de Jacob, parando quando ele estava paralelo ao barril. Ethan sacudiu o maço de papel e leu seu conteúdo.
— Tudo parece legal. — Seus olhos estreitaram-se. — Ele não é seu filho, mas você daria sua terra para salvar ele. — Seus olhos descansaram duramente em Jake. — Por que eu não confio em você? — Ele soltou a corda.
Jake gritou enquanto precipitava-se para Jacob, pegando o menino antes dele cair dentro do barril de madeira aberto, o corpo de Jake caindo no barril e derrubando-o. Jake congelou com Jacob agarrando-se desesperadamente ao seu pescoço. Ele sentiu a primeira picada da cascavel e não se atreveu a mover, sua respiração rasa, seu corpo inteiro sentindo-se como se fosse apenas nervos crus. Ele estava ciente do batimento do pequeno coração de Jacob contra seu peito, o batimento de seu próprio coração dentro de seu peito. Em algum lugar na distância ele esteve vagamente ciente dos gritos de um homem. Uma segunda cascavel atacou, e Jake sentiu o veneno leitoso percorrer sua perna. A primeira cascavel tinha acertado sua bota. A segunda tinha acertado mais acima, prendendo suas presas no topo da bota de Jake. O corpo da cascavel rastejou lado a lado lutando se libertar. Lentamente, Jake levantou seu revólver do coldre, e tomando uma cuidadosa pontaria, atirou no meio da cascavel. Estudando a área rodeando ele, ele viu nenhum sinal de quaisquer cobras remanescentes. Ele colocou sua arma de volta no coldre antes de se inclinar para baixo para empurrar a cabeça sem vida de sua bota e chutá-la para o lado. Então ele endireitou o barril para que o fundo plano estivesse encarando o céu e ele sentasse Jacob em cima dele. Os olhos do menino estavam largos, sua boca enrugada, tremendo, prendendo o lamurioso choro que eles tava muito assustado para soltar. Jake voltou a colocar seus braços ao redor da criança.
— Você é um menino muito corajoso. E eu amo muito você. Você vai ficar bem agora. Mas eu não quero que você se mova desse barril. — Ele alcançou seu bolso e puxou uma sarsaparilla stick. Os lábios de Jacob pararam de tremer, e seus olhos arregalaram em deleite conforme ele tomou a oferenda.
Jake se moveu em direção a Etha que ainda estava prostrado no chão. Ethan levantou a arma com uma mão tremente. — Fique onde você está — ele ordenou.
Jake parou. — Me deixe ajudá-lo.
Ethan riu. — Eu contei ao menos três buracos. Não há muito que você possa fazer.
Jake deu outro passo e Ethan apontou a arma em direção ao barril. — Você colocou o menino sentado em cima do barril fazendo dele um alvo fácil.
Jake parou, temendo a ideia de ver o homem morrer de envenenamento de cobra, mas ele não iria arriscar a vida de Jacob. Ele deu um passo para trás. Se ele pudesse lidar com isso, ele iria pegar Jacob e cavalgar para fora dali sem outra palavra ser dita entre os dois homens.
— Papai amava mais você — uma voz suave disse, e os olhos de Jake estalaram para o homem no chão. Ele tinha baixado a arma até sua mão estar repousando ao lado dele.
Jake ia comentar sobre a declaração absurda, mas ele percebeu o homem olhando para ele com a triste crença nas palavras que ele falou.
— Eu os vi, você sabe... Papai e Tia Emily. Eu estava brincando no palheiro quando eu os ouvi. Eles estavam em uma baia traseira. Eu empurrei o feno para o lado e olhei para baixo através das ripas. Ele estava dizendo a ela o quanto ele a amava. Ela estava chorando, dizendo a ele que era errado. Mas ele não escutou — Ethan disse, a dor da memória engolfando ele. — Ele sussurrou seu nome com sua última respiração. Isso foi o que matou nossa mãe... saber como ele verdadeiramente se sentia sobre você. Eu nunca pude perdoar ele por isso... ou você.
Jake viu a força de Ethan minguando. Então, com uma rapidez que Jake nunca teria esperado, Ethan levantou a arma e atirou. O corpo de Ethan sacudiu-se como se uma bala tivesse entrado em seu peito. A cascável descansando aos pés de Jake cessou seu serpentear quando a bala de Ethan acertou-a.
Jake se apressou a alcançar Ethan, caindo de joelhos, pressionando suas mãos contra o peito de Ethan, tentando estancar o fluxo de sangue vermelho brilhante que estava jorrando.
— Tarde demais, irmãozinho.
Os olhos de Jake ergueram-se de suas mãos ensopadas de sangue para o rosto de Ethan conforme a vida sumiu de seus olhos. De algum modo, na morte, seus olhos pareceram mais calorosos.
Rebecca ajoelhou-se no chão, descansando sua mão sobre a de Jake.
— Eu pensei que ele ia atirar em você — ela disse, suavemente.
Jake apenas pôde acenar antes de se inclinar para fechar os olhos de seu irmão, um anti-natural bloqueio em sua garganta o impedindo de falar. A última coisa que ele tinha esperado de Ethan Truscott era que o homem salvasse sua vida.
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Rebecca e Jake ficaram sozinhos em um momentâneo silêncio de reflexão diante da lápide descansando ao lado da lápide de Zach. O marcador de madeira era simples, marcado profundamente com letras retratando o nome de Ethan, data de nascimento, e data da morte. Quaisquer estimas que ele podia ter ganhado durante sua vida tinha perecido com ele. Rebecca se perguntou como Thomas Truscott teria se sentido ao saber como suas ações de há tanto tempo atrás tinha levado as vidas de dois de seus filhos a um prematuro fim. Pois após tudo ter sido dito e feito, Rebecca podia encontrar ninguém mais para culpar.
Depois de alguns instantes, Jake virou-se do túmulo.
— Eu preciso de algum tempo para mim mesmo — ele disse suavemente.
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Rebecca tinha observado Jake montar em seu cavalo e galopar para longe, dando a ele algum tempo sozinho antes dela seguir. Ela sabia onde encontrá-lo. Ela moveu-se, silenciosamente através das altas gramas secas, antes de se sentar ao lado dele. Jake sacudiu a cabeça.
— Por que Truscott foi até mim, Reb? Por que ele apenas não me deixou onde eu estava? Ele não me queria.
Ela escovou o cabelo dele para fora de sua testa. — Eu não sei, Jake. Eu não sei.
Ele agachou a cabeça, um tremor percorrendo seu corpo. Ele sentia a necessidade de chorar, mas não estava certo de por quem ele queria chorar. Ele levantou a cabeça, seu olhar repousando sobre sua terra. Até tão longe como ele podia ver, era tudo dele. E sem Rebecca isso era nada.
— Esta coisa que estamos fazendo — ele disse calmamente — esta espera para ver se as coisas irão funcionar... não está funcionando para mim.
Ele voltou seu firme olhar para ela, e Rebecca pensou que seu coração iria parar de bater. Depois de tudo que tinha acontecido durante os passados dois dias, ela se sentia mais próxima dele do que ela já se sentiu com alguém em toda sua vida, e ela tinha assumido que ele sentia o mesmo. Ela tinha permitido seus sentimentos por ele dar a ela um falso senso de segurança. Ela devia ter percebido que ele podia não estar sentindo o que ela sentia. Ela queria implorar a ele para dar a ela um tempo maior para provar seu amor por ele, mas ela não tinha direito de pedir nada a ele. Ela acenou. — Jacob e eu partiremos pela manhã.
A dor em seus olhos dilacerou o coração dele. Ele não quis causar dor a ela. — Não — ele disse suavemente.
— À noite, então.
Balançando a cabeça, ele deu a ela um pequeno sorriso. Ele escovou para longe as mechas errantes de cabelo que a brisa gentil estava soprando nas delicadas feições dela. — Isso não é o que eu quis dizer... ou quero.
Confusa, ela o estudou. E então ele falou, sua voz uma gentil carícia.
— Eu tenho um pouco de terra, umas quantas cabeças de gado, e estou planejando construir uma casa no topo da colina com vista para a casa de troncos. A casa terá torreões e janelas de sacada, uma enorme varanda, e meu quarto terá portas francesas que se abrirão para uma sacada. Eu me sentiria realmente honrado se você fosse compartilhar tudo isso comigo como minha esposa.
Lágrimas brotaram de seus olhos. — A honra, Jake Burnett, será toda minha.
Ele emoldurou o rosto dela em suas mãos. — Eu quero que você entenda o que estou pedindo, Reb. Eu quero isso pelo resto da minha vida. Eu quero saber que é por toda minha vida. Eu estive segurando meu coração na baia desde que você voltou, e eu não quero fazer isso. Mas se eu o libertar e você partir de novo, isso vai me matar. E isso é um fardo infernal para pôr sobre alguém.
— Muito antes de você me pedir para casar com você, você foi meu amigo. Então você se tornou meu marido, o pai do meu filho, meu amante. Mas eu tive que ir para Montana para perceber que você era meu amor. Meu único amor. Meu verdadeiro amor.
Ela alcançou o interior do bolso de sua saia, tirando um anel de ouro.
— Eu o comprei para você quando Jacob e eu começamos a viagem de volta. Eu o marquei.
Ela o estendeu para a análise de Jake. Apertando os olhos, ele leu as pequenas letras gravadas dentro do círculo do anel: “Para aquele que eu amo.”
Amorosamente, seus olhos repousaram nela.
— Eu esperava que você fosse usá-lo — ela sussurrou. Tomando a mão dele, ela deslizou o anel pelo terceiro dedo de sua mão esquerda e então disse suavemente — Eu, Rebecca, aceito você, Jake, para honrar e cuidar... e acima de tudo, amar, pelo tempo que eu viver.
Um por um, ela o sentiu dar liberdade aos seus botões. Peça por peça, ela o sentiu remover suas roupas, as dele seguindo as dela. Gentilmente, ele a deitou entre as gramas altas, as mãos dela correndo pelo cabelo dele. Ela doía para puxá-lo mais para perto, correr as mãos sobre seu corpo.
— Eu acredito que machuquei você noite passada — ela disse. — Eu não quero fazer isso esta noite — ela sussurrou.
Movendo um pouco de errante cabelo para longe de seu rosto, ele deu a ela um cativante sorriso. — Eu não acredito que você vai me machucar de novo.
Amorosamente, ela tocou o elevado canto de sua boca. — Senhor, como eu senti falta de seus sorrisos. — Seu dedo traçou um caminho para cima até recostar ao lado de seu olho. — E seus lindos olhos, a profundidade de sentimento deles. E você — ela disse conforme a boca dele desceu para capturar a dela.
O coração dela soltou seu agarre sobre a imagem do amor a qual tinha estado apegado tenazmente durante o ano passado, abraçando em vez disso o amor de um homem que iria durar por uma vida inteira. Ela deu a Jake todo seu coração, toda sua alma, apaixonadamente juntando o corpo dele ao seu. O que tinha acontecido entre eles antes deste momento de verdadeiro comprometimento não poderia se comparar com o que estava acontecendo entre eles agora. Rebecca matinha nada em cheque. Suas emoções, seu corpo, seu amor físico e entrega emocional dados livremente e completamente para o homem cujos braços circulavam-a. E Jake, sabendo sem sombra de dúvida que ela o amava, deu mais de si mesmo para ela do que ele já tinha dado a ela, nunca antes percebendo que tinhha apenas dado uma porção de si mesmo. Suas mãos, suas bocas, seus corpos pagando tributo ao outro, ao amor deles, até juntos alcançarem um resplandecente cume que mesclou seus corações e suas almas.
Olhando abaixo para ela, Jake viu a produndidade de seu próprio amor refletido nos olhos azuis. — Eu amo você — ele sussurrou.
E suas palavras foram retornadas em uma suave, doce voz. — Eu amo você tanto... mais tanto...
Epílogo
Texas, 1886
Os olhos azuis examinaram diligentemente os horizontes distantes com a experiência que vinha de incontáveis anos olhando através de uma vasta extensão de terra e julgando seus méritos. Gado marrom e branco pontilhava a paisagem, muito mais do que ele esperava ver depois de receber os relatórios. Dois anos de seca e um inverno rigoroso forçaram muitos fazendeiros estabelecidos a desistir do negócio, restando apenas alguns dos mais resistentes para tentar novamente. Ele temia que tivesse esperado muito tempo para vir, que deveria ter oferecido ajuda antes. Doía pensar em Rebecca com fome ou frio ou ficando sem nada.
O homem puxou as rédeas de seu cavalo, seguindo na direção que ele havia sido instruído por um jovem desgrenhado de cabelos ruivos. O cavalo em miniatura carregando a sela em miniatura se arrastava ao lado dele. Ele subiu a colina, sem esperar ver uma grande casa quase pronta na próxima elevação, torreões apontados para o céu, grandes janelas emoldurando a frente, varandas que se estendiam ao redor da parte inferior da casa e sacadas na parte superior. Ele sorriu pela primeira vez em três anos. Rebecca insistiria em varandas, sacadas e tantas janelas, que ele se perguntou por que ela se incomodou com as paredes.
Durante meio século, ele ficou direito e ereto contra todos os obstáculos que o homem, a natureza ou ele próprio lançara em seu caminho. Apenas recentemente seus ombros começaram a cair para frente, só recentemente ele assumiu o aspecto odiado da derrota. O arrependimento poderia fazer isso com um homem, tinha feito isso com ele. Engolindo seu orgulho, ignorando o gosto amargo que aquilo deixara profundamente dentro dele, ele endireitou a coluna com dificuldade crescente e instou o cavalo para a frente.
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O grito ressoou e ecoou pelo celeiro enquanto duas pequenas pernas se agitavam na tentativa de escapar do predador invasor. O garotinho chegou até a porta do celeiro antes que as grandes mãos do pai o envolvessem, jogando-o para cima, virando e pegando-o. Os braços do garoto se apertaram ao redor do pescoço robusto do pai.
— Eu te amo, papai! — Jacob disse na doce cadência de uma criança que não conhece nada além de amor e segurança.
— Eu te amo mais — disse o homem alto, e Jacob sacudiu a cabeça veementemente, separando os braços da posição segura e jogando-os para trás.
— Eu amo você assim!
— Assim como eu. — O garoto sentiu o aperto nele se afrouxar e jogou os braços ao redor do pescoço do pai antes do aperto se apertar novamente. — O suficiente para não deixar você ir — disse Jake quando ele começou a andar em direção à casa, parando ao ver o homem sentado em um grande garanhão.
Cada homem estudou o outro, passando palavras, ações passadas, sentimentos passados, trazendo o surgimento de uma onda de emoções até que finalmente Jake falou.
— Sr. Anderson.
John Anderson acenou, desconfortável com o modo que ele tinha tratado o homem, um sentimento que ele tinha raramente confrontado no passado. Ele clareou a garganta.
— Eu ouvi que tempos difíceis tinham acertado os rancheiros deste estado. Eu... Eu quis me certificar de que Rebecca não estava sofrendo por causa disso.
— Nós fomos afortunados — Jake disse.
— Afortunados uma ova! Ser afortunado tem nada a ver com isso. Eu não sou tolo, garoto. Eu cavalguei através dessa sua terra. Eu vi a cerca de arame que impede seu gado de acabar em Oklahoma congelado até a morte como tantos outros. Eu vi seus campos de feno que dá a você forragem para as bestas. Eu vi seus moinhos tirando água da terra sovina.
O rosto de John relaxou um pouco quando ele terminou a tirada. — Você tem uma inata habilidade para lidar com um rancho. — Ele deu um aceno curto. — Essa foi a razão pela qual eu pedi para você casar com Rebecca.
Jake sorriu. — Reb está dentro da casa. Eu direi a ela que você está aqui.
Ele atravessou o quintal e colocou Jacob no chão da varanda. O garoto curvou-se atrás da viga observando o homem grisalho desmontar bem lentamente, ele pensou, para um homem. Seu pai nunca saía de um cavalo tão lentamente.
John segurou as rédeas nas mãos, estudando o garoto que estava estudando ele. Mmesmo se Rebecca não tivesse dito a ele quem tinha gerado o garoto, ele teria sabido. O cabelo cor de corvo, os profundos olhos azuis para alguém tão jovem eram impressionantemente penetrantes. John ficou surpreso ao ver a óbvia afeição que Burnett mostrou pelo garoto, ele mesmo sabendo que nunca poderia nutrir tais sentimentos pelo filho de outro homem, se perguntando como Burnett podia. E então a obviedade acertou ele, a razão pela qual o homem não tinha piscado um olho ao pensar em se casar com uma mulher grávida. Ele não podia engendrar um. Ele se perguntou se Burnett era apenas estéril ou se ele era impotente. Impotente. Deus do céu, sua filha passional encadeada a impotência. Ele nunca deveria ter tentado comandar a vida dela.
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Rebecca soltou o último dos ítens dentro da segunda das duas cestas repousando na mesa. Ela se inclinou para trás quando os braços de seu marido enlaçaram ele e seus lábios pressionaram contra o sensível lugar atrás da orelha dela. Ela virou, colocando os braços ao redor de seu pescoço na mesma maneira como seu filho tinha feito momentos antes, sua bouca dando a bem-vinda à doçura do beijo dele, as chamas de desejo demorando-se depois do beio ter terminado. Ela buscou seus olhos quando os dedos dele vagaram amorosamente através de seu cabelo.
— O que foi? — ela perguntou, pela primeira vez incerta da emoção que ele carregava nos olhos.
— Seu pai está lá fora.
— Meu pai? — Rebecca sentiu seu coração bombardear em seu peito conforme ele moveu-se para sua garganta. Ela forçadamente tragou, respirando profundamente para acalmar seu tremor. As febris palavras de seu pai ainda despedaçavam seu coração, depois de todo esse tempo ainda capazes de machucá-la. — Eu espero que você tenha dito a ele que ele não é bem-vindo aqui.
— Não, senhora. Eu não disse.
— Você tem o coração mole demais, Jake Burnett. — Rebecca removeu seu avental, afastando-se de seu marido com determinação. — Eu ficarei feliz em dizer isso a ele — ela falou enquanto saía tempestivamente da casa.
Alcançando dentro da segunda cesta, um sorriso espalhando-se por suas feições, ele puxou seu filho de três meses, olhos castanhos sondando olhos castanhos. Quantas mulheres poderiam ficar tão animadas em ver uma criança vindo ao mundo parecendo com Jake, Jake não poderia saber, mas Rebecca ficou. E na primeira vez que o garoto havia sorrido, o coração de Rebecca tinha inchado de transbordante alegria conforme apenas um lado de sua pequena boca elevou-se. Balançando a cabeça em maravilha inclusive agora com a realização de que sua esposa verdadeiramente amava ele, ele recostou seu filho na curva de seu braço.
— Vamos, Zach. Tão coração duro como sua mãe soa, eu imagino que você vai conhecer seu avô antes do dia terminar.
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Apertando os olhos contra o sol, Rebecca andou até a varanda, seus punhos fechados tão apertados como seu coração. Ela olhou na direção do homem, cujos olhos azuis procuraram os dela. — Ele parece tão velho — ela sussurrou enquanto corria para fora da varanda, direto para o interior dos braços dele.
— Eu lamento, menina — John disse através de uma voz apertada. — Eu lamento tanto.
— Está tudo bem, papai — Rebecca sussurrou roucamente, as lágrimas banhando suas bochechas.
— Eu senti sua falta, menina. Senhor, como eu senti sua falta.
John inclinou-se para trás, levando o polegar a seus olhos. — Um pouco de poeira em meus olhos quando eu estava cavalgando — ele disse. — Eu trouxe um presente para a criança. Este pequeno cavalo aqui. Ele não vai caber em nada maior.
— E este cavalo é para qual criança? — Rebecca perguntou.
— Inferno, menina. Você está tentando ser difícil? É para o garoto que você tem.
— Qual? — ela perguntou.
— Qual? Inferno, aquele escondendo-se ali.
John virou e apontou seu dedo em direção à varanda. Seus olhos arregalaram-se com a visão de Jake segurando uma criança em um braço, seu outro braço mantendo Jacob perto contra seu lado.
— Você tem dois?
— Nós temos dois.
— Ambos garotos?
— Ambos garotos.
— Bem, eu vou ser amaldiçoado. — Ele estudou sua filha.
— Você é feliz, não é, menina?
— Eu sou muito feliz — ela disse. — Nós estávamos nos aprontando para ir a um piquenique. Você vai se juntar a nós? Daria a você uma oportunidade de conhecer seus netos.
— Netos — ele sussurrou. — Eu vou ser amaldiçoado. Inferno, sim, eu quero me juntar a vocês. — E então ele piscou para ela e um sorriso que ela não tinha visto desde aquela fatídica noite, surgiu em sua face. — O que mais eu posso ensinar a eles sobre o que eles precisam saber sobre administrar um rancho?
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Cobrindo a pequena colina de azul, as bluebonnets tinham florescido em abundância pesar da tempestade de neve e da ausência de água do ano anterior. John guiou o pequeno pôni ao redor da pequena lagoa enquanto Jacob mantinha-se na sela do jeito que seu pai tinha mostrado a ele. Zach descansava confortavelmente na curva do ombro do velho homem, ouvindo a ressonante voz de seu avô conforme ele recontava um conto sobre a primeira experiência de sua filha com um cavalo. John olhou por cima de seu ombro perguntando-se para onde sua filha e seu marido tinham desaparecido, e então rindo para si mesmo, ele retornou sua atenção para seus netos.
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Aninhada entre as bluebonnets, Rebecca suspirou quando os lábios de Jake deixaram os dela para seguir uma trilha familiar ao longo de sua garganta. Uma fria brisa soprou através da terra estimulando à vida tudo que os rodeava. Ela abriu os olhos para observar fluidas nuvens brancas planar pelo céu azul. A aparição de seu pai tinha forçado ela a pensar sobre coisas que ela tinha reprimido por muito tempo, tantas coisas que ela tinha frequentemente se perguntado, mas não se atrevido a perguntar.
— Você já desejou, Jake, que você tivesse sido o único?
Devagar, Jake levantou sua cabeça para olhar para ela.
— Eu quero dizer... você já desejou que não tivesse havido nenhum homem antes de você? — Ela observou as emoções iluminarem suas feições, quase como se elas brincassem de pega-pega com a outra.
— Não — ele respondeu honestamente. Ele removeu do rosto dela as mechas de cabelo com as quais o vento gentilmente tinha estado brincando. — Eu nunca poderia ter nos dado Jacob. E, tão estranho quanto parece, Jacob me deu você.
Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto a verdade das palavras dele tocou seu coração.
— Eu amo você — ela sussurrou justo antes da boca dele retornar a reclamar a dela.
Ela sabia que eles iriam voltar a este lado da colina outra vez quando a voz de seu pai não estivesse sendo carregada pelo vento e a risada de seus filhos não estivesse preenchendo o ar. Zach tinha sido concebido aqui entre as bluebonnets em um caloroso dia de primavera, e nos anos vindouros, outras crianças iriam vim. Mas por agora, Rebecca ficou contente em repousar no terno abraço de Jake até ser hora de retornar para casa.
Lorraine Heath
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