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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


DUKE OF DECADENCE / Tammy Andresen
DUKE OF DECADENCE / Tammy Andresen

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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O Duque da Decadência tem um segredo...
Bem, para ser honesto, Bash tem vários. Seu pai, o Duque Demônio, pode ter sido o homem mais cruel de toda a Inglaterra. Bash odeia seu próprio título, o mesmo que herdou, e todas as armadilhas que vêm com ele. E o mais secreto de tudo, ele espera nunca se casar e levar adiante esse legado familiar. O que é totalmente escandaloso para um duque pensar.
A Srta. Isabella Carrington está tentando não ser vista...
Quando uma jovem dama de uma certa idade se esgueira para um salão de jogos, vestida de homem, não deseja ser descoberta. Embora ela e suas irmãs precisem do dinheiro e ela possa vencer com sua habilidade de contar cartas, seria melhor se ninguém descobrisse que estava lá. Sem protetor masculino e sem recursos financeiros, este jogo de cartas de alto risco era sua última esperança.
Mas é claro que o astuto Duque da Decadência descobre tudo isso em uma única noite. E quando ele vai até ela com uma proposta para ela trabalhar na Toca do Pecado em troca de sua proteção e do lançamento de suas irmãs na sociedade, ela não tem certeza de como pode recusar. Mas Isabella também não quer aceitar. O homem é tudo o que ela odeia com sua vida pródiga e modos decadentes.
E pior ainda, ele consegue roubar seu fôlego toda vez que se encontram...

 

 

 

 

Capítulo 01

A Srta. Isabella Carrington estava sentada em frente ao espelho da penteadeira de sua irmã. Elas só tinham o fogo aceso no quarto de Eliza, então ela tinha que se preparar aqui ou corre o risco de congelar até a morte. Era terrivelmente aborrecido.

Então, novamente, isso significava que ela e suas irmãs gastavam muito tempo juntas.

O que era uma bênção e uma maldição. Como a segunda mais velha de sua família, ela amava suas irmãs de todo o coração. Elas eram a sua vida.

Mas, caramba, ela poderia ter um pouco mais de espaço.

— Você pode ver? Vou acender mais algumas velas — Emily avisou da cama enquanto se levantava. A noite estava caindo rapidamente e um frio encheu o ar, mesmo com um pequeno fogo queimando na lareira.

Para ser justa, ajudaria se elas tivessem sido capazes de colocar mais lenha na lareira, mas mesmo tendo um único fogo, não havia dinheiro para tal decadência.

Abigail não olhou para cima enquanto fixava a vista na cabeça de Isabella.

— Isso seria adorável. Eu não sei dizer. Ela parece ter bigodes laterais?

Todas as três irmãs se aglomeraram ao redor delas. Todas tinham os mesmos cabelos e olhos escuros, exatamente como os de seu pai.

Isabella quase suspirou ao pensar em no belo e sorridente rosto dele. Quem dera ele estivesse aqui. Ela fez uma oração silenciosa para que, onde quer que estivesse, estivesse bem. E ainda vivo. Suas filhas precisavam que ele estivesse vivo.

Eliza inclinou a cabeça para o lado, as maçãs do rosto salientes dançando ao piscar da luz das velas.

— É realmente surpreendente, como as costeletas parecem reais. Você tem um verdadeiro talento, Abigail.

Abigail deu uma leve bufada.

— Um talento para fazer uma mulher parecer um homem? — Mas ela viu Abigail sorrir, no entanto. — Vou usar um pouquinho de poeira do fogo para fazer com que ela pareça ter a sombra de uma barba.

Emily voltou carregando outra vela, e enquanto caminhava tocou o ombro de Eliza e perguntou:

— Novamente, onde você conseguiu as calças e a camisa?

Eliza acenou com a mão.

— De um filho de algum barão.

As mãos de Abigail pararam no cabelo de Isabella. Isabella sentiu uma sacudida familiar em seu estômago. Eliza frequentemente suportava o peso do perigo no esforço de mantê-las aquecidas e alimentadas. Isabella estreitou o olhar para sua irmã pelo espelho.

— E como você conseguiu que ele se separasse deles de novo?

Eliza teve a decência de corar. Uma raridade em sua irmã mais velha.

— Não importa...

— Vamos ver. — As mãos de Abigail chegaram a seus quadris. — Como fez isso?

Eliza soltou um suspiro longo e prolongado.

— Está bem. Posso ter sugerido que teríamos um encontro no feno do celeiro...

Isabella engasgou-se, sua mão batendo no topo da mesa.

— Você não...

— É claro não, — Eliza estalou. — Não sou uma tola. Também sugeri que estava muito ansiosa para ver sua pele, e que ele poderia se despir primeiro. Ele foi muito amável. E então, é claro, não pôde me perseguir quando fugi com suas roupas, porque ele não tinha roupas...

Abigail gemeu quando um medo frio e duro escorreu pelas costas de Isabella. Ela deu a sua irmã um olhar penetrante.

— Oh, Eliza. Por que você não nos disse que esse era o plano? Cem coisas poderiam ter dado errado. Uma de nós deveria estar lá com você.

Eliza acenou com a mão no ar, suas costas crescendo em linha reta como uma placa.

— Claramente, eu tinha tudo sob controle.

— Sim, mas... — ela começou, cruzando os braços sobre a camisa de seda enfiada nas calças. Engraçado, ela nunca considerou o quão expostos os homens ficavam com essas roupas. Ela se sentia como qualquer um que estivesse livre para avaliar a curva de seu traseiro.

Eliza olhou para Isabella pelo espelho, seu queixo apertado.

— Nosso plano esta noite é muito mais perigoso. Você deve se concentrar nisso.

A boca de Isabella se fechou. Sua irmã estava certa quanto a isso.

O plano delas era muito arriscado.

E tudo começava com Isabella se vestindo como um homem.

Havia duas razões pelas quais elas a escolheram para o papel. Primeiro, era a mais alta e esguia. Ela superava a maioria dos homens em altura; ela quem herdou a estatura do pai.

Tornou mais fácil se disfarçar de homem.

Mas o outro fator mais importante era sua habilidade única de controlar os números.

Ela não era apenas boa nisso. Ela era perfeita.

Os números sempre estavam presos em sua cabeça e ficavam lá. Eles faziam sentido para ela.

Ela conseguia se lembrar de todas as cartas que haviam sido jogadas em uma mão, da mão anterior e da mão antes da anterior. Sua habilidade a tornava mortalmente difícil de vencer.

O que não causou muitos ataques em suas irmãs quando crianças.

Até que estivessem desesperadas por dinheiro. E agora, parecia ser um de seus maiores trunfos.

O problema era que seu pai havia partido dois anos antes para fechar um acordo comercial no Oriente. As finanças de sua empresa diminuíram muito nos últimos anos, embora a família tivesse lutado para descobrir o porquê. Em uma tentativa de restaurar suas finanças quando suas filhas atingiram a maioridade, ele partiu para garantir um novo acordo comercial em terras distantes.

Sua mãe tinha uma herança, é claro. Uma bem grande. O resto era suficiente para viverem. Exceto que sua mãe morreu inesperadamente no inverno passado. Todo o dinheiro que a mãe reservou para as filhas ainda estava aos cuidados do pai.

E várias cartas que encaminharam para o pai ficaram sem resposta. O que era estranho. Ele viajava em rotas conhecidas, com navios de rotina indo e vindo da Índia e do Oriente. Ele deveria ter recebido suas cartas.

Onde ele estava? Por que não respondia às suas missivas e voltava para casa? Elas estavam correndo contra o tempo. Porque se o pai delas fosse declarado morto...

Seu pulso disparou em suas veias. Bem, essa era uma situação que elas decidiram que não podiam tolerar.

— Isabella, você está ouvindo? — Abigail perguntou, batendo em seu ombro.

Ela piscou de volta à realidade, olhando para o reflexo da irmã através do vidro manchado.

— Sim. É claro.

Eliza acenou com as mãos.

— Você sabe que ela não estava. Ela só prestaria atenção se estivéssemos fazendo matemática.

— Isso não é justo. — Emily deu um tapinha no outro ombro de Isabella. Emily era a pessoa mais gentil que Isabella conhecia. Ela pegou a mão de Em, apertando-a.

— É totalmente justo. Você sabe que ela estava fazendo alguns problemas de matemática teórica outro dia? Afinal, o que isso quer dizer? Como os números podem ser uma teoria? — Eliza foi até o fogo. — De qualquer forma, como eu estava dizendo. Conversei com Lorde Bastingcook. Ele disse que existem dois tipos de jogos neste lugar, a Toca do Pecado. Os da sala da frente são para apostas mais baixas. Mas há jogos mais particulares realizados em salas privadas, onde muito mais dinheiro passa pelas mãos.

— Mas você precisaria de dinheiro para entrar nesses jogos de apostas mais altas. Esse é o meu palpite. — Isabella apontou enquanto levantava o queixo para permitir que Abigail passasse pó escuro em seu queixo.

Eliza soltou um bufo curto e exasperado.

— Claro que é. Esta noite jogaremos nas mesas da sala principal. Faça o máximo que pudermos e economize os lucros para amanhã à noite, e para um jogo de apostas altas.

Isabella ofegou desta vez, o que fez com que Abigail enfiasse a escova que estava limpando o rosto de Isabella em seu queixo, deixando uma mancha negra de fuligem.

Isabella ignorou a marca escura e a pulsação de dor.

— Amanhã? Era para ser uma única trapaça. Posso ser alta, mas esses homens não vão se deixar enganar por muito tempo. Não sou muito masculina.

Eliza encolheu os ombros.

— Você ficaria surpreso. Chegaremos mais tarde quando eles estiverem bem e bêbados. E eu vou como sua amante, lembre-se. Vou me enrolar em você como uma prostituta. Eles nunca vão adivinhar.

A boca de Isabella se apertou. Ela odiava essa parte do plano.

Eliza faria o papel perfeitamente, é claro.

Mas se os números faziam sentido, muitas vezes as pessoas não.

Homens, especialmente os bêbados, eram... imprevisíveis.

— Você está empurrando a nossa sorte, Eliza. — Ela se levantou, indo ficar ao lado de sua irmã. — E se algum homem decidir que você deve estar enrolada nele e não em mim? E se alguém me acusar de trapaça? E se...

— Isabella, — a voz de Eliza perdeu seu tom afiado. Ela conhecia Isabella bem o suficiente para saber quando ela estava ficando sobrecarregada com as pessoas. — Eu tenho um Derringer1 preso na minha liga. Deixa-me me preocupar em nos manter seguras. Você apenas preste atenção ao jogo. E não olhe para ninguém. Entendido?

Isabella balançou o queixo rapidamente.

— Agora, — Abigail chamou ao lado do espelho. — Volte aqui. Preciso consertar sua nuca. No momento, parece que você limpou o rosto com cinzas.

— Eu limpei meu rosto com cinzas, — ela respondeu enquanto obedientemente se voltava para sua irmã mais nova.

Emily torceu as mãos.

— Você terá cuidado esta noite, certo? Perdemos mãe e pai. Se alguma coisa acontecer com vocês duas, teremos que morar com o tio Malcolm com certeza.

— Emily, — disse Eliza, sua voz se transformando em seda para sua segunda irmã mais nova. — Não se preocupe. Nós ficaremos bem.

Isabella obedientemente sentou-se na cadeira. Ela tinha dúvidas. Sérias dúvidas. Mas elas precisavam de comida e de tempo para descobrir o que havia acontecido com o pai. E então, ela iria esta noite. Tinham ido longe demais para voltar agora.

Bash, como quase todo mundo o chamava, estava sentado em um pequeno anexo próximo a sala principal de seu novo salão de jogo, a Toca do Pecado. Uma espessa cortina preta pendurada na frente dele, que ele abria de vez em quando para espiar a multidão que já enchia suas mesas.

Afinal, era quase meia-noite.

As bebidas estavam fluindo por horas, assim como o dinheiro. Havia um homem ocasional que entrava no clube e ganhava, mas a casa sempre acabava com a maioria do lucro.

Em primeiro lugar, porque ele contratou homens inteligentes para administrar os jogos. Mas ainda mais importante, esses mestres do jogo não tinham permissão para tocar nas bebidas. Eles mantinham suas mentes sóbrias e afiadas.

Normalmente era tudo o que a casa precisava para vencer. Um de seus membros mais talentosos atualmente dirigia a mesa mais próxima da cortina. Ele era um de seus melhores mestres de jogo, mas esta noite... esta noite ele estava perdendo. Seriamente.

Bash franziu a testa, enquanto olhava para o homem limpando a banca. Tinha que dar crédito ao sujeito. Ele não comemorou suas mãos vencedoras, apenas continuou a jogar silenciosamente e coletar uma pilha de dinheiro. Que havia crescido bastante. Maldito seja o homem.

Nem a lady atrás dele sorriu ou falou muito. Impressionantemente bonita, a mulher olhou para os vários jogadores, que sorriam de volta esquecendo suas cartas.

Ela era uma distração? A casa estava sendo roubada?

Ele voltou seu olhar para o cavalheiro na mesa. Ele era o tipo que daria uma mulher atraente. Ombros magros, bochechas e queixo delicados, olhos grandes com cílios longos e escuros.

Se não fosse pela barba em seu rosto...

Os olhos de Bash se estreitaram. Algo não estava combinando.

— O que você está olhando tão atentamente, Sua Graça? — Menace perguntou, parando atrás dele.

Bash soltou um rosnado. No mundo real, ele era o Duque de Devonhall, e Menace era o Marquês de Milton. Mas na Toca do Pecado, eles mantinham suas identidades reais em segredo. — Você sabe que aqui você me chama de Duque da Decadência ou apenas Bash.

Menace lhe deu um sorriso libertino, mas então o sorriso parou de repente quando ele soltou um longo assobio.

— Dê uma olhada nessa beleza.

Bash sabia a quem Menace se referia. A mulher de vestido decotado com cabelo escuro e traços clássicos que poderiam incendiar um homem. Ela certamente atraiu a atenção de todos os homens à mesa e além. Mas Bash mal olhou para ela quando seu olhar voltou a seu companheiro masculino.

— Estou mais interessado na escolta dela.

Menace estreitou seu olhar.

— Não pensei que você fosse para esse tipo de coisa. Mas ele é bastante... bonito.

Bash bufou.

— Não estou interessado dessa forma. Atualmente, ele está arrecadando todos os lucros dessa mesa. Estamos perdendo. Bastante.

— Um vencedor ocasional é bom. — Menace encolheu os ombros. — As pessoas sabem que não as estamos enganando, então.

— Verdade. — Decadence puxou a cortina um pouco mais para trás, inclinando-se para frente enquanto continuava a olhar. — Mas, e se eles estão nos enganando?

Menace não falou por um momento, mas mexeu-se para trás de Bash.

— Se eles estão trapaceando, posso ser aquele que confronta a mulher? Eu poderia revistá-la em busca de armas ou fazer algum interrogatório leve. Poderiam ser... interessantes.

Bash conteve um rosnado de irritação. Isso era sério.

Então ele percebeu que estava deixando a raiva intensa assumir o controle e fez uma pausa, respirando fundo.

Ele construiu uma reputação de libertino despreocupado. Um homem que vivia para o excesso e não se importava com o mundo.

Mas em momentos como esses, Bash sentiu seu pai mostrando seu rosto feio por dentro. O velho Duque de Devonhall era um homem com uma vontade de ferro e temperamento difícil. Cuja necessidade de perfeição significava que nunca ficava satisfeito e muitas vezes era cruel em sua decepção.

Bash tinha jurado nunca ser como seu pai, mas também não queria ser enganado.

Ele se levantou da cadeira.

— O que deveríamos fazer?

— Vamos chamar o Infamy e o Vanity, e ver o que eles pensam. Talvez eles tenham uma maneira de testá-los ou pegá-los no ato de trapacear. Não queremos acusá-los se não estiverem realmente fazendo nada de errado.

Bash acenou com a cabeça. Era um bom plano. Era por isso que um homem tinha parceiros. Ele não precisava se preocupar ou ficar chateado. Seus amigos inventariam um plano para lidar com seus ladrões em potencial.

Ele estava relaxado, mas não era um tolo. E qualquer jogador que tentasse enganá-lo entenderia que não deveria tirar vantagem do Duque da Decadência.

 

 

Capítulo 02


Isabella tentou não se mexer na cadeira, mas se viu ajustando a cadeira pela terceira vez em poucos minutos.

A mão de Eliza flexionou em seu ombro e sua irmã se inclinou para sussurrar perto de seu ouvido.

— Quer relaxar? Você vai fazer os outros jogadores suspeitarem.

Isabella deu um aceno rígido. Deixá-los nervosos? Ela estava nervosa.

Não sobre o jogo. Ela tinha isso sob controle desde o começo. Mas apenas à sua direita, uma cortina continuava tremulando.

E o negociante estava de olho nela.

E os outros jogadores estavam começando a resmungar.

Ela ouviu um murmúrio.

— Como pode um homem ganhar tanto?

E ela poderia jurar que outro havia dito, — trapaceiro, — baixinho.

— Devemos ir logo, — ela sussurrou de volta, dando a Eliza um olhar suplicante por cima do ombro.

Eliza ergueu a mão, gesticulando para Isabella ficar parada.

— Só mais uma rodada.

Isabella soltou um longo suspiro, mas se virou para terminar a mão.

— Mais uma, — murmurou de volta enquanto abaixava a mão e pegava seus ganhos.

Vários homens protestaram, um deles batendo na mesa.

Outro apontou uma pistola em sua cintura.

Sua mão tremia enquanto seu coração martelava em seu peito. Deveria ignorar Eliza e sair da mesa. Levantar-se e ir embora antes que ficassem mais bravos.

Mas, enquanto tentava se levantar da cadeira, suas pernas vacilaram decididamente. E Eliza tocou seu ombro. Ela iria empurrá-la de volta para baixo ou ajudá-la? Sua irmã era a força delas. Mas também podia pressioná-las com força quando tinha um objetivo em vista.

No momento, seu objetivo era coletar o dinheiro de que precisariam.

— Você bebeu uísque demais, amor, — Eliza ronronou. — Deixe-me ajudá-lo.

— Amor? — O homem à sua esquerda murmurou. — Por que você não vem aqui, e eu vou te mostrar o amor.

Isabella engoliu em seco. Elas ficaram muito tempo. A multidão estava ficando inquieta.

Ela pegou a mão de Eliza e começou a se levantar, puxando uma bolsa do bolso para coletar seus ganhos.

— Acredito que você está certa. Minha cabeça. — E ela passou a mão pela testa, tentando ser áspera como um homem, mas com medo de parecer estranha e desajeitada. Com dedos trêmulos, ela começou a despejar pilhas de moedas na bolsa. — Obrigado pelo jogo, senhores. — Ela tentou fazer sua voz baixa e profunda, mas soou estranho para seus ouvidos.

— Você não pode sair agora. — Um terceiro jogador se levantou, cerrando os punhos. — Você tem que nos dar uma chance de reconquistar nosso dinheiro.

— Desculpe. — Ela balançou em seus pés. — Não essa noite.

— Voltaremos amanhã. — Eliza sorriu. — Você terá sua chance.

Ela olhou para sua irmã. O que elas ganharam esta noite as manteria pelos próximos seis meses. Voltar era uma ideia horrível.

De repente, um homem colidiu com ela e antes que soubesse o que aconteceu, ela estava caindo no chão enquanto ele tentava impedir sua queda.

Enquanto estava no ar, as mãos dele estavam por toda parte. Sua jaqueta, os bolsos das calças, as costas. Em seguida, eles caíram no chão, seu peso superior caindo sobre o dela, roubando todo o ar de seus pulmões.

O dinheiro saiu voando e espalhou-se pelo chão. Eliza deu um grito, e então se mexeu para pegá-los.

Mas Isabella não conseguia se mover. Em parte, porque o peso do homem roubou todo o seu fôlego. Mas também porque os olhos negros mais penetrantes olhavam para ela, prendendo-a no chão.

— De-esculpe, — ele rugiu, sua desculpa desmentindo o seu olhar penetrante. — Não quis te derrubar. — Suas palavras saíram confusas mesmo quando seu olhar se estreitou.

Ao longe, Isabella percebeu que outros homens estavam caindo no chão também, recolhendo dinheiro aos punhados.

Mas seu olhar estava paralisado.

Porque, quando sua respiração voltou, percebeu que este homem estava deitado em cima dela. Seus músculos empurrando para dentro de suas curvas mais suaves, seu corpo duro e forte e incrivelmente excitante. Suas pernas se separaram naturalmente para acomodar as dele e seus quadris aninhados entre suas coxas.

Seus braços sustentavam a parte superior de seu corpo, mas seu rosto estava surpreendentemente perto do dela. Ela nunca tinha sido segurada por um homem assim e era... totalmente divino. E um pouco assustador.

— Por favor, saia de cima de mim, senhor, — gritou ela, empurrando seu peito.

— O quê? — Ele perguntou enquanto deslizava as mãos sobre os quadris dela. Ele não beliscou ou apalpou, mas parecia... procurar.

Pela primeira vez, o medo real escorreu por sua espinha.

— Saia, — ela gritou. — Por favor.

Ele se levantou então, puxando-a com um único movimento, com uma capacidade atlética que quase a deixou sem fôlego.

Com o corpo dele fora do dela, ela poderia respirar novamente, e pensar.

E foi então que percebeu que Eliza estava tentando tirar seu saco de ganhos do aperto muito maior de um homem. O caos explodiu ao redor deles enquanto pessoas gritavam, alguns deles gritando sobre as chances de Eliza arrancar a bolsa do ladrão. Eles estavam realmente apostando na irmã dela? Bárbaros.

Ela ofegou e avançou para o homem que puxava sua irmã. Mas antes que ela mesma desse um passo, o homem que a derrubou segurava o agressor pelo colarinho.

— Você sabe quem eu sou? — Ele rosnou na cara do ladrão.

O outro homem engoliu profundamente.

— Você é o Bash.

Bash puxou o homem para mais perto como se ele fosse muito leve, embora o outro homem devesse ter vinte pedras2 (127kg).

— É isso mesmo, e você sabe por que eles me chamam assim?

— N-não-não. — O outro homem lutou para se livrar do aperto de Bash.

— Eu sou um campeão de boxe. Derrubo os dentes de um homem antes mesmo que ele possa virar a cabeça. Nós não roubamos na Toca do Pecado, — ele rosnou. — E nós, especialmente, não roubamos das mulheres.

Sua mentira sumiu completamente. O que ele disse a Isabella que nunca tinha estado bêbado. Ela havia suspeitado disso. Seus olhos e mãos estavam completamente firmes.

Mas então, por que derrubá-la no chão?

O outro homem largou a bolsa e Eliza a puxou para perto, segurando o couro contra o peito.

— Qualquer um que pegou as moedas vai colocá-las na mesa agora, se quiser ser convidado a voltar para este clube. E só para vocês saberem, cinco outros homens além de mim estavam assistindo, então sabemos quem vocês são. Vocês nunca irão conseguir sair pela porta com o dinheiro roubado. Nós conduzimos um clube limpo.

Um resmungo retumbou pelas mesas próximas, mas o dinheiro apareceu na mesa enquanto Eliza, com a cabeça erguida, se movia e coletava os fundos que os homens depositaram.

Mas Isabella não estava se sentindo tão confiante quanto o olhar brilhante de Bash focado nela mais uma vez.

— Você. Venha comigo. Temos algumas coisas para discutir.

— Eu realmente não deveria, — ela sussurrou, dando um meio passo para trás antes de sua mão enorme envolver seu braço muito menor. — Preciso ver mi.. — Ela estava prestes a dizer irmã.... Droga. Isso estava se desfazendo rapidamente.

— Não estou perguntando. — Então, ele empurrou o ladrão para frente, fazendo o homem bater em uma mesa. — Você também. — Ele apontou para Eliza. Então, começou a arrastar Isabella em direção a um corredor escuro.

Ela engoliu um grito.

Homem, minha bunda, Bash pensou enquanto puxava a pequena atriz por trás dele. Bem, mais precisamente, a bunda dela. Quando ela se levantou, foi a última palavra. Nenhum homem tinha uma bunda tão doce, redonda e fofa.

Seu pequeno estratagema de atacá-la lhe dera várias informações.

Ele confirmou o que já sabia. Esta era uma mulher.

Apesar de ser magra, ela tinha uma suavidade inconfundível. Uma cintura fina e quadris largos deram lugar a um estômago macio, pele sedosa, coxas quentes e flexíveis que instintivamente o embalaram e ele ficou duro como granito em suas calças.

E ela também era linda.

Tinha certeza de que a mulher que se passava por amante era uma parente. Elas tinham os mesmos olhos castanhos, como chocolate quente, que se inclinavam levemente nos cantos. Isso dava a sua pequena impostora a aparência de uma raposa quando o resto de suas feições eram delicadas. Puras.

Ele achava que o formato dos olhos dela era sua característica mais verdadeira. Qualquer mulher disposta a se passar por homem, jogar a noite toda, e depois se envolver em uma pequena briga tinha que ser uma raposa.

— Por favor, — ela choramingou, tentando puxar o braço de sua mão. — Você está me machucando.

Ele afrouxou a mão, mas não a soltou. Como poderia ter pensado que ela era um homem por um momento? Ele parou no corredor e se virou para olhá-la.

Seus olhos ficaram maiores enquanto percorriam o corredor escuro, seus lábios se separaram no que provavelmente era medo, mas a fez parecer... beijável.

Se não fosse pela sombra dos bigodes...

Tirando o lenço, ele esfregou as manchas escuras em seu rosto, espalhando-as mais do que qualquer outra coisa. Disse a si mesmo que estava revelando seu ardil e ignorou a voz que dizia que só queria vê-la sem o pó no rosto. Ela era tão linda quanto ele imaginava?

A outra mulher parou logo atrás deles.

— Você só vai espalhar a poeira e fazer uma bagunça.

Seus olhos se voltaram para o outra. Aquela que Menace considerava tão bonita. Ela era quase perfeita, mas de alguma forma, mesmo vestida como um homem, a garota que ele segurava era mais suave, mais vulnerável, mais atraente.

Seu olhar pousou em seus olhos grandes mais uma vez.

— Não há necessidade de ficar com medo. Precisamos apenas conversar. Isso é tudo.

— Então, pare de me puxar como uma besta, — ela retrucou e puxou o braço de seu aperto.

Ele sorriu com isso.

— Eu não teria puxado você, mas tinha quase certeza de que você fugiria.

— Por que eu faria isso? — Seu queixo ficou mais alto. — Não fiz nada de errado.

Ele sorriu.

— De alguma forma, fingir ser um homem não parece exatamente certo, agora não o é?

— Quer dizer, eu não roubei.

— É bom saber. Espero que você esteja disposta a explicar isso aos meus associados também. — E então, ele se virou para continuar pelo corredor.

— Associados? — Veio seu grito estrangulado.

Ele parou. Ouvindo seu medo. Por que diabos ele desejava confortá-la? Ela estava obviamente o enganando. Por que mais ela iria tão longe para esconder sua identidade?

— Você deveria ter pensado em como ficaria com medo antes de tentar nos enganar e nos fazer de idiotas.

— Por favor, — veio o bufo da outra mulher. Ela não parecia nem um pouco assustada. — Nós nunca trapacearíamos em um lugar assim.

— Mesmo? — Ele olhou de volta para sua pequena megera. Verdade seja dita, ele não conseguia deixar de encará-la.

Ela assentiu.

— Qual é seu nome? Bash?

Uma gota de prazer serpenteou por sua espinha ao som de seu nome em seus lábios. Ele se endireitou para manter seu juízo e seus pensamentos fora das imaginações mais carnais.

— Isso mesmo.

Ela mordiscou o lábio. O que pouco ajudou em sua mente errante.

— Sempre fui boa com cartas e...

Ele soltou uma risada curta e sem humor.

— Isso não foi bom. Foi perfeito. Um nível no qual nenhuma pessoa normal poderia jogar.

— Eu disse que você não era normal, — a outra mulher resmungou.

Isso o fez recuar. Elas não estavam agindo como duas pessoas que acabaram de enganar. Estavam agindo como... bem... como se fossem perfeitamente inocentes.

— Eu sou muito normal! — Sua raposa disparou de volta. Então, ela respirou fundo. — E obrigado por ter todos aqueles homens nos devolvendo nossos ganhos. Isso significa muito.

Ele cruzou os braços.

— Não decidi se você vai mantê-los ou não. Isso é o que discutiremos na sala dos fundos. Com meus associados.

A outra mulher se endireitou.

— Senhor, você não pode querer arrastar duas mulheres sozinhas para uma sala dos fundos com homens não identificados.

Ele inclinou a cabeça, estalando o pescoço. Isso estava ficando ridículo.

— Primeiro, — ele rangeu, passando a mão pelo cabelo. — Eu preciso saber seus nomes. E segundo... — Ele deu a ambas um olhar duro. — Você deveria ter pensado nisso antes de se vestir como um homem, vir a um clube de cavalheiros sem supervisão e se sentar para jogar por várias horas.

Sua delicada raposa engoliu em seco e olhou para os pés dela.

— Eu sou Isabella, e isso é um ponto justo. — Então, ela levantou seus olhos novamente e eles imploraram. Fogo do inferno e condenação, mas simpatia cavaram fundo em sua alma transformando suas entranhas em pudim mole. — Mas, por favor, entenda. Esse ainda era um lugar público. Estávamos mais ou menos seguras no meio da multidão...

Ele fez um ruído de dissidência no fundo da garganta.

— Isso é o que você considera seguro?

Ela deu meio passo mais perto, mordiscando o lábio inferior.

— Mas isso parece muito perigoso e... — Seu olhar baixou, seus longos cílios escuros varrendo a mancha rosa de sua bochecha. — Não podemos ficar sozinhas em uma sala fechada com homens que não conhecemos.

Ele suspirou. Ele entendia sua objeção, supunha. Mas isso tinha que ser feito.

— Você tem minha palavra de que está sob minha proteção. Nenhum homem nesta sala, incluindo eu, porá um dedo em você.

— Mas nós não conhecemos você, — a outra bufou. — Como sua palavra pode significar alguma coisa?

Ele encolheu os ombros.

— Minha palavra terá que servir. Como eu disse, não fiz suas escolhas por vocês. Vocês as fizeram.

Ambas deixaram cair o queixo com isso. Droga, mas Bash se sentia como seu pai novamente. Severo, duro, inflexível. Ele odiava essa versão de si mesmo. Mas, também não podia deixá-las ir. Precisava de algumas respostas.

 

 

Capítulo 03


Isabella torceu as mãos. Ele tinha um ponto bastante bom. Ainda assim, ela não queria segui-lo.

— Não temos escolha, — disse Eliza enquanto empurrava Isabella pelas costas. Então, ela olhou para Bash. — Eu sou Eliza, e Isabella é minha irmã.

Ele olhou para Isabella novamente, seu olhar varrendo do topo de sua cabeça até a ponta de suas botas.

— Tire esse chapéu idiota.

— Meu chapéu é idiota? — Isabella perguntou enquanto obedientemente o removia de sua cabeça. Mesmo no escuro, ele podia ver que seu cabelo era de um castanho rico e espesso, assim como seus olhos. Os grampos criaram a ilusão de bigodes laterais enquanto uma fita prendia o cabelo para trás. Ele tinha sido dobrado para dar-lhe a aparência de cabelo curto.

Com uma mão rápida, ele puxou a fita e o resto do comprimento enfiado em sua camisa foi caindo, os cachos caindo por suas costas.

— Senhor, — ela disse enquanto respirava fundo e então batia na mão dele. — Você acabou de dizer que não me tocaria.

Ele estremeceu.

— Desculpe. E o chapéu é ridículo para você.

Eliza sorriu.

— O honorável Stanley Frecklemeyer certamente acha que o chapéu está muito na moda.

Isabella conteve um gemido. Por que sua irmã estava revelando tal informação agora? Mas Bash não disse nada.

— A noite está acabando, senhoras. Podemos?

Isabella engoliu seu medo. Por mais que achasse essa ideia terrível, não viu outra escolha, então deu um aceno rápido e rígido. Elas precisavam sair com esse dinheiro. Ele se virou e ela o seguiu.

Ela era alta, mas este homem a fazia parecer pequena. Facilmente mais de um metro e oitenta de altura, seus ombros eram incrivelmente largos, seus braços enormes, suas coxas... Ela engoliu em seco novamente, um caroço seco obstruindo sua garganta. Ela sentiu aquelas coxas. Poderosas. Essa era a palavra.

Bonito. Essa era outra.

Excitante. Ela esfregou as bochechas aquecidas.

— Peça a ele para te proteger de novo, — Eliza sussurrou perto de seu ouvido. — Rapidamente. Ele gosta disso.

Sua cabeça jogou para trás enquanto estudava sua irmã. Eliza estava correta? Como sua irmã saberia disso?

Mas como ela não era boa nesse tipo de coisa, confiaria em qualquer coisa que Eliza estivesse lendo sobre a situação.

— Bash?

Ele parou, olhando para ela novamente.

— Sim?

— Você tem certeza de que estaremos seguras?

Ela observou e, para seu completo espanto, Eliza estava certa. Isabella o viu suavizar. Seus ombros caíram e seu rosto relaxou.

— É claro. Garanto que vou protegê-la do perigo. Te dei minha palavra.

— Interessante, — Eliza murmurou atrás dela. — Muito interessante.

Eles entraram em uma sala sem janelas. Havia uma mesa no centro e várias cadeiras.

Sem uma palavra, Bash cruzou a sala e pegou um jarro de água de uma mesa lateral. Ele derramou um pouco em um copo e depois mergulhou o lenço de bolso no líquido. Voltando para ela, ele ergueu o pano molhado.

— Para o seu rosto.

Eliza tocou suas costas.

— Vá em frente.

Esfregando o pano ao longo de sua pele, ela esfregou o queixo e as bochechas, em seguida, puxou o pano, agora coberto de fuligem preta. Mas em vez de se afastar, ele pegou o pano de sua mão e limpou suavemente vários pontos que ela havia perdido.

— Muito melhor, — ele murmurou assim que a porta se abriu novamente.

Sem pensar, ela girou para enfrentar a porta e deu um passo para trás para estar mais perto de Bash. Quatro homens passaram pela porta, cada um nitidamente bonito.

Ele pressionou sua grande mão na parte inferior das costas dela.

— Você está bem, — ele murmurou. Então, ele olhou para os homens. — Cavalheiros. Essas belas damas são Isabella e Eliza.

Eliza deu um sorriso pequeno, satisfeito e maquinador. Isabella conhecia aquele olhar. Sua irmã estava planejando algo. E ela não parecia nem um pouco assustada. Ela ficou mais alta, seu queixo levantado.

Um cavalheiro particularmente bonito olhou para Eliza parecendo um cachorro que acabara de descobrir um osso carnudo.

Isabella franziu a testa. Apesar das garantias de Bash, isso era perigoso.

— Eu gostaria de apresentar meus associados, — Bash disse logo atrás dela. Ele apontou para um dos quatro homens, aquele que estava de olho em Eliza. — Nós o chamamos de Menace. Não se preocupe, ele é inofensivo.

Isabella estalou a língua.

— Quem disse?

Mas as sobrancelhas de Menace se ergueram quando um sorriso se espalhou em seus lábios.

— Você é ainda mais adorável do que eu imaginava. Nunca pensei em como as calças de um homem podem ficar bonitas em uma mulher. — Ele se aproximou enquanto seu olhar a examinava novamente.

Menace estendeu a mão para tocar um dos grampos em seu cabelo, fazendo-a estremecer, mas ele nunca teve a chance.

A mão de Bash agarrou a do outro homem, segurando os dedos de Menace a uma polegada de sua cabeça.

— Não é para tocar.

— Bem, — um homem com cabelo loiro comprido e fora de moda disse enquanto ria. — Isto vai ser divertido.

Isabella deu outro meio passo para trás e prontamente esbarrou na frente de Bash. Ele levou a mão ao quadril dela, firmando-a com um toque que enviou ondas de choque em cascata por todo o seu corpo.

— Eu dei às garotas minha garantia de que elas estão perfeitamente seguras, — Bash disse, sua voz se erguendo sobre o grupo. — O que queremos saber é como Isabella conseguiu ganhar tantas mãos consecutivas.

— Isabella? — outro homem perguntou. Seu cabelo escuro estava perfeitamente penteado, suas roupas impecáveis, sua aparência muito saudável. — Que prazer em conhecê-la.

— Aquele é Vanity, — Bash disse atrás dela, sua mão ainda a segurando. — O outro é Blasphemy e quem ainda não falou é Infamy.

— Nomes que inspiram uma sensação de segurança em uma mulher, — respondeu Eliza. — Então, vamos fazer isso o mais rápido possível. Nós não trapaceamos.

Suas palavras foram recebidas com silêncio. Bash tinha largado a mão de Menace, mas ainda segurava o quadril de Isabella.

Finalmente, Menace falou.

— Como você ganhou, então?

Isabella respirou fundo. Pouca coisa além da verdade as tiraria dessa confusão.

— Não há truque, nem mentira. Eu simplesmente me lembro das cartas. Isso é tudo.

Bash apertou seu quadril novamente. Ele sabia que precisava se afastar, mas ela se encaixava perfeitamente em sua mão. Como se o corpo dela tivesse sido feito para estar em suas mãos.

Mas suas palavras o surpreenderam. Lembrar-se das cartas?

— Você quer dizer aquelas em sua mão? O que há para lembrar?

Isabella balançou a cabeça.

— Não. Quero dizer, lembro-me das cartas que joguei, mas também das cartas que outros jogadores jogaram daquela mão, da mão anterior e da anterior.

— Torna-a terrivelmente entediante de brincar, — disse Eliza, cruzando os braços sobre o peito.

Ninguém disse uma palavra.

O silêncio se estendeu indefinidamente.

Finalmente, Infamy pigarreou.

— Não quero dizer que você está mentindo, mas isso é impossível.

Eliza sorriu.

— Não é. — Então, ela se virou para Bash. — Você a apalpou. Eu sei que você fez. Você encontrou alguma evidência de que ela estava trapaceando?

Menace apontou para Eliza.

— Você poderia estar olhando por cima dos ombros do jogador.

— Eu nunca me mexi.

— Você tem um espelho de bolso? — Menace perguntou. — Talvez eu deva verificar. Se você revistou uma dama, vou me forçar a revistar a outra.

Eliza apontou para ele.

— Você não vai colocar um único dedo em mim, canalha.

Menace riu.

— Você quer que eu procure com meus dentes?

Isabella respirou rapidamente ao notar a cor subindo nas bochechas de sua irmã. Eliza tinha um certo temperamento.

— Nenhuma pesquisa é necessária. — Ela rapidamente parou na frente de sua irmã. A mão de Bash caiu de seu quadril e o ar frio atingiu a carne, fazendo-a estremecer. — Eu vou te mostrar.

— Mostrar-nos? — Bash perguntou atrás dela.

Ela olhou por cima do ombro, encontrando seus olhos escuros e brilhantes.

— Sim. Você tem um baralho de cartas?

Ele se virou e pegou um conjunto da prateleira. Ela gesticulou para que os homens se sentassem.

Então ela fez o mesmo, com Eliza sentada à sua direita. Isabella notou que Menace se sentou do outro lado de Eliza, seus olhos verdes avaliando Eliza com uma intensidade surpreendente.

— Distribua quinze cartas, — Isabella solicitou. — Basta colocá-las com a face para cima. Em seguida, pegue-as rapidamente novamente.

Bash fez o que ela pediu. Ele distribuiu quinze cartas e as pegou. Ela olhou para cada uma por menos de um segundo. Sua mente estava limpa quando ela as observou.

Então, ele as pegou.

— Coloque-as de lado e dê mais dez.

Ele fez. Então, as pegou.

Respirando lentamente para se acalmar, ela os observou.

— Mais cinco.

— O que estamos fazendo? — Menace perguntou.

— Shhh, — Eliza brigou. — Ela está se concentrando.

— Mais cinco. — Isabella gesticulou em direção à mesa.

Bash fez. Ele as baixou e rapidamente as pegou.

— Não me diga que você vai nomear todas as cartas que acabou de ver. — Vanity perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

— Eu poderia, — ela respondeu enquanto cruzava as mãos. Esta era a parte que ela amava, e a emoção a percorreu. — Mas você me pediu para explicar como eu ganho.

— Estamos ouvindo, — Infamy retumbou, sua voz mais profunda do que qualquer outra que ela tivesse ouvido antes.

— Restam dezessete cartas. A rainha de copas, o rei de ouros, o seis de copas... — ela continuou, passando a nomear cada uma das cartas restantes.

Uma vez que ela terminou, ela acenou para Bash.

— Prossiga. Mostre-nos as cartas que você ainda está segurando.

Lentamente, Bash começou a virar as cartas. A primeira sendo a rainha de copas.

— Palpite de sorte — Menace falou. Mas então, veio o seis de copas e, uma a uma, cada carta que ela havia nomeado apareceu.

Um silêncio assustador encheu a sala.

— Maldito Cristo, — Infamy resmungou.

— Como diabos... — Blasphemy esfregou seu pescoço.

— Vejo de onde você tira seu nome. — Eliza sorriu, recostando-se na cadeira. — A mente dela é assustadora, não é?

— Isso é engraçado. — Isabella olhou para a irmã. — Eu penso o mesmo sobre a sua.

— Sério, — Bash rugiu. — Como você fez isso?

— Eu posso ver o baralho inteiro na minha cabeça. Conforme as cartas são jogadas, eu as examino em minha lista mental, e então vejo o que resta.

— E você ganhou por quê? — Vanity perguntou, baixando o queixo enquanto a estudava.

Ela corou. Eles a achavam estranha como sua família? Ela torceu as mãos por baixo da mesa.

— É uma questão de probabilidade. Se eu conseguir uma dama, mas três já foram jogadas contra nenhuma delas, eu sei que tenho mais ou menos probabilidade de ganhar. Manter a rainha ou jogá-la para uma mão vencedora mais provável.

— Jesus fodido Cristo, — Blasphemy disse, beliscando a ponta de seu nariz. — Isso faz minha cabeça doer até mesmo se pensar sobre isso.

— É brilhante, — Bash disse ao lado dela, e ela soltou um suspiro que nem percebeu que estava segurando. Sua aprovação a fez ficar lânguida de alívio.

— Obrigada.

Eliza riu ao lado dela de maneira clara e brilhante, e fora de sincronia com o clima da reunião.

— Também seria muito útil para os homens que dirigem um salão de jogo. Você não acha?

A cabeça de Isabella virou para olhar para Eliza. O que sua irmã estava fazendo?

 

 

Capítulo 04


Bash se endireitou enquanto a cabeça de Isabella girava. Sobre o que Eliza estava falando?

Ele pigarreou.

— Se Isabella fosse um homem, eu a contrataria em um segundo, pagaria o que ela quisesse e ainda ganharia um monte de dinheiro.

Mas ela não era um homem. E ela odiava isso aqui. Sem ofensa a esses homens. Os outros clientes a deixavam nervosa. No limite.

— Eliza, — Isabella assobiou. — O que quer que você esteja planejando...

— Não planejando. — Eliza levantou um dedo sorrindo alegremente pela sala. — Estou simplesmente sugerindo que esses homens contratem você para trabalhar no clube deles.

Isabella agarrou a mesa enquanto o sangue escorria de seu rosto.

Uma viagem única ao salão de jogo não seria nada mais do que uma lembrança de uma época em que ela se comportou muito mal. Mas vir aqui regularmente? Era como se ela estivesse exibindo-se sobre todas as regras da sociedade. E, se ela estivesse sendo verdadeira consigo mesma, provavelmente desistiria de um futuro que incluía um marido e seus próprios filhos.

Não que ela tivesse pensado muito antes. Bem, ela sempre presumiu que esse seria seu futuro. Não era o que toda garota que veio de uma família decente queria?

Os homens começaram a sussurrar.

Isabella podia ouvir a mudança no tom deles. Estavam desconfiados antes, mas agora suas vozes ficaram mais leves, fáceis e mais animadas com todas as... possibilidades.

Seus ombros se endireitaram. Sim, suas irmãs precisavam de comida e roupas, mas ela não sacrificaria seu futuro por isso. Não tinha como. Ela não era tão forte quanto Eliza. Cerrando os punhos no colo, sabia que desta vez tinha que pôr fim aos planos perigosos de Eliza.

Mas quando ela abriu a boca para falar, outra voz interrompeu o barulho.

— Não. — Era o barítono profundo de Bash e silenciava os murmúrios.

— Não? — Menace perguntou, seu queixo puxando para trás. — Você nem vai considerar isso?

— Não. — Bash disse, sua mão descendo sobre a mesa. — Absolutamente não.

Ela soltou um suspiro de alívio.

— Eu concordo. É uma ideia terrível.

Blasphemy ergueu as mãos.

— Só para ficar claro, todos nós compramos este clube para ganhar dinheiro. A galinha dos ovos de ouro pousou na nossa porta e vamos jogá-la de volta na rua?

— Eu concordo com a Blasphemy. — Vanity, acenou com a cabeça, seu cabelo não se mexendo nem um pouco. — Esta é uma oportunidade rara.

— Para quê? — Bash disse, e seu braço rodeou as costas da cadeira dela. — Para prejudicar a reputação de uma mulher inocente?

Menace bufou.

— Ela já se passou por um homem e nos entregou nossas bundas nas cartas. Vamos usar a palavra inocente?

As bochechas de Isabella ficaram vermelhas quando seu queixo caiu sobre o peito. Ela era inocente. Ela estava apenas em uma situação difícil. Mas esses homens presumiram que ela era uma prostituta. Que homem não presumiria? Foi exatamente por isso que ela não pôde seguir com o plano maluco de sua irmã.

— Como você ousa fazer tais implicações sobre a minha irmã, — disse Eliza, batendo na mesa. Sua palma não fazia tanto barulho como quando Bash o fez. — Você não sabe nada sobre a nossa situação.

Menace levantou uma sobrancelha.

— Esclareça-me, querida.

— Eu não sou sua querida, — Eliza rosnou de volta.

O polegar de Bash acariciou o ponto entre as omoplatas de Isabella. Se o gesto pretendia relaxá-la, teve o efeito oposto ao pretendido. Além de enviar uma chuva de arrepios em cascata por suas costas, também a fez enrubescer mais. Ele também a achava uma prostituta? Foi por isso que ele a tocou?

— Independentemente, — disse Bash enquanto seu polegar continuava a dançar em círculos lentos. — Não vamos ter um comportamento tão arriscado.

— O que diabos deu em você? — Blasphemy disse enquanto lançava a Bash uma carranca. — Você não se preocupa com as consequências. Você se precipita em tudo que é divertido e perigoso.

— Para mim mesmo, — ele disparou de volta. — Eu mergulho de cabeça em todos os tipos de coisas. Isso é diferente.

Isabella balançou a cabeça quando esta começou para latejar. Esfregou as têmporas com as pontas dos dedos.

— Nós provamos a você que não lhe roubamos. Acho melhor sairmos agora.

— Isabella, nós apenas...

— Chega, — disse à irmã. — Você pode ficar. Estou indo para casa. — E então, ela empurrou a cadeira para trás e se levantou.

Ela ignorou a maneira como sentiu falta do toque de Bash quando começou a ir para a porta. Não deveria querer as mãos dele sobre ela.

— Eu realmente vejo o problema ao qual você estava se referindo, — Vanity disse enquanto inclinava a cabeça para o lado. — As calças são lindas. Alguém certamente notará.

Infamy riu.

— Alguém? Todo o mundo.

Ela puxou a maçaneta e saiu pela porta, sem se preocupar em olhar para trás. Não estava com o chapéu, o cabelo caído nas costas, mas não tinha certeza se se importava. Ela só precisava deixar este lugar.

Ela não gostou do que eles pensaram dela, não gostou dos planos de Eliza. Queria estar em casa e segura e... queria ver seu pai.

A raiva e o medo cresceram em seu peito, tornando difícil respirar. Como ele pode deixá-las lidar com tudo isso sozinhas? Para seu horror, um pequeno soluço se acumulou em sua garganta e ela empurrou de volta, agarrando mãos.

— Isabella? — Era Bash. Sua voz profunda reverberou por ela. — Você não pode sair assim. Há uma porta nos fundos. — Ele deslizou a mão pela cintura dela, trazendo-a de volta por onde ela tinha saído. — Farei com que minha carruagem leve você e sua irmã para casa.

— Obrigada, — disse ela, balançando a cabeça quando viu Eliza esperando na porta.

Bash as acompanhou até o final do corredor e abriu uma porta para um beco. Várias carruagens estavam lá, mas a que ele as conduziu era lindamente esculpida e altamente polida, incrustada com pedaços do que deveria ser ouro. Mesmo no escuro, ele brilhava com opulência.

— Meu condutor vai levar vocês para casa.

— Claro, eu irei, Sua Graça, — o cocheiro respondeu.

Seus olhos se arregalaram. Sua graça? Quem exatamente era Bash?

Bash observou a carruagem se afastar, meio desejando que ele tivesse subido e escoltado as mulheres para casa.

Mas sabia que era uma ideia horrível.

Ele tinha sido literalmente incapaz de manter suas mãos longe de Isabella. Depois de girar, ele voltou para dentro. Ele não voltou para a sala de jogos privada onde seus amigos ainda estavam sentados. Em vez disso, fez seu caminho para o pequeno escritório particular que era grande o suficiente para ter uma mesa e algumas cadeiras.

Ele comprou este clube pelo mesmo motivo que tomou várias decisões importantes em sua vida. Para frustrar seu pai. Ele cerrou os punhos.

Não que seu pai ainda estivesse vivo para saber que decepção seu filho havia se tornado. O Duque Diabo morrera seis anos antes. E foi então que toda a vida de Bash mudou.

Ele tinha sido um jovem enraivecido e beligerante, que tinha sido derrotado pela decepção e abuso constantes de seu pai. Na verdade, naquela época, ele lutou boxe quase todos os dias como uma válvula de escape para essa raiva.

Mas com a morte de seu pai, ele deixou a raiva ir. Como alternativa, assumiu uma atitude despreocupada que seu pai teria desprezado. Bash não levava ninguém nem nada a sério. Sempre.

Ele se sentou em sua cadeira, empurrando-se para trás e apoiando os pés na mesa em uma demonstração forçada de relaxamento. Ele precisava colocar sua cabeça de volta naquele lugar.

Aquele em que ele fingia que nada importava. Nesse raciocínio, ele era o homem exatamente oposto de seu pai. A raiva não podia tocá-lo porque não se importava com nada.

E garantiu que nunca se tornaria o Duque Diabo.

Em vez disso, ele era o Duque da Decadência. Ele passou a mão pelo cabelo mais uma vez. Era um hábito. Isso não apenas o relaxava, mas também lhe dava aquela aparência despreocupada e exposta ao vento. Mas não funcionou desta vez.

Ele estava tão tenso, e tinha certeza de que cada linha de seu rosto estava rígida pelo esforço.

Uma batida soou na porta de seu escritório.

— Vá embora, — gritou em resposta. Precisava ficar sozinho com seus pensamentos.

Porque estava bastante convencido de que nunca quis uma mulher mais do que queria Isabella. Mas com seu desejo veio... preocupação. E não havia nada de despreocupado em se preocupar.

Uma imagem dela surgiu em seus pensamentos. Lábios carnudos e exuberantes, olhos castanhos chocolate, nariz pequeno e adorável. E, claro, as curvas suaves de seu corpo, completamente delineadas pelas roupas de seu homem.

Ela era alta. Droga, ela quase alcançou seu queixo. Ele estava intimamente ciente de como ela se encaixava contra ele. O que foi perfeito.

Outra batida.

— Eu disse vá embora, — ele quase gritou, batendo o punho na mesa.

— O que está errado com você? — Não era Menace, Infamy ou Blasphemy, mas seu irmão, Mason, o Conde de Baxter. Ele era um parceiro mais silencioso em seu clube.

— Nada, — disse Bash, deixando cair os pés. — Estou de mau humor. Entre.

Baxter abriu a porta e entrou na sala.

— Você nunca está de mau humor. Essa é a sua coisa toda.

— Eu sei, — Bash respondeu quando percebeu que Menace estava atrás de Mason. — Você. — Ele apontou para Menace. — Pode sair. Eu não quero você aqui.

Menace ergueu as mãos.

— Lamento muito ter tentado tocar no cabelo dela. Não vai acontecer de novo, Sua Graça.

Mason ergueu uma sobrancelha.

— O cabelo dela? Cabelo de quem? O que aconteceu?

Menace entrou na sala apesar da ordem de não entrar, e se deixou cair em uma das duas cadeiras livres.

— Uma lady jogadora veio vestida de homem e limpou a casa. Ela não é apenas bonita, mas pode manter um baralho inteiro de cartas na cabeça de uma vez.

— Isso é impressionante. — Mason também se sentou.

— O que é ainda mais impressionante é que, ao longo de uma hora, nosso duque que não se preocupa com nada e com ninguém pareceu estar completamente apaixonado.

As palavras o irritaram profundamente e ele se endireitou, olhando para Menace.

— Tente tocá-la novamente e arrancarei seus dedos um de cada vez.

— Viu? — Menace disse como forma de resposta.

Baxter ergueu ambas as sobrancelhas.

— Vi. — Então, ele pigarreou. — E estou feliz.

— O quê? — Bash perguntou, olhando para seu irmão. — Você quer que eu volte a ser aquele homem raivoso que se parecia com nosso pai?

Mason balançou a cabeça.

— Claro que não. Mas você nunca será como ele. Sei disso com certeza. Além disso, cuidar de uma mulher traz à tona o que há de melhor em um homem e não o pior.

Bash franziu a testa. Mason não sabia ao certo o que estava no coração dele. E às vezes sentia borbulhando dentro de si a raiva que vira fervendo dentro de seu pai. Isso o assustava muito.

Em termos de mulheres trazendo o melhor dos homens... Mason recentemente se casou, e por isso Bash podia perdoá-lo por suas noções ridículas.

— Todas as mulheres não podem ser como Clarissa.

Mason sorriu.

— Verdade. O que você sabe sobre essa mulher?

— Nada, — ele respondeu com um encolher de ombros. — E é assim que vai ficar. Esses cabeças-duras querem que ela trabalhe aqui. Mas todo o lucro do mundo não vai me convencer de que é uma boa ideia.

— Por que não? — Menace perguntou, recostando-se na cadeira. — Você poderia ganhar uma pilha de dinheiro e teria uma linda mulher em sua cama.

Bash fez uma careta. Por um breve segundo, considerou que deitar-se com Isabella poderia diminuir a coceira, mas rejeitou a ideia.

De alguma forma, ele teve a impressão de que o tornaria mais protetor, e não menos.

— Eu já flertei com mulheres suficientes para saber quando uma delas tem potencial para ficar debaixo da minha pele. Não vou me deitar com ela.

Menace encolheu os ombros.

— Você é quem sabe.

Bash se inclinou para frente, suas mãos descendo sobre a mesa enquanto ele meio que se levantava de sua cadeira.

— Mas para ser claro, você não deve tocá-la. Nunca.

— Você foi claro — Menace respondeu com um sorriso malicioso.

— Bom. — Ele se sentou novamente. — Vou ficar longe dela e você também.

Mason coçou o queixo.

— Então, nossos parceiros queriam chegar a um acordo com essa mulher, mas você disse não e a mandou embora?

— Não. — Bash franziu a testa. — Ela queria ir embora. Ela não está interessada em se tornar uma jogadora.

— Então, por que ela estava aqui?

— Eu te disse. Não sei. — Mas algo frio desceu pelas costas de Bash. Ela ficou nervosa o tempo todo. Ela nunca quis estar aqui. Vir aqui jogar tinha sido ideia de Eliza. Mas por que Eliza traria sua irmã relutante para um lugar como este?

A única resposta era pelo dinheiro. Mas por quê?

 

 

Capítulo 05


Isabella estava em seu roupão e de trança, os braços em volta da cintura enquanto avaliava a rua abaixo, nós nervosos torcidos em seu estômago.

Ele esteve aqui.

Por ele, Isabella se referia ao tio Malcolm. Lorde Pennington.

Suas visitas estavam se tornando mais frequentes. Ela pressionou os dedos nas têmporas. Este não era um bom sinal.

Eliza estava acordada? Ela odiou que Abigail e Emily tivessem que enfrentar o homem sozinhas. Ele era implacável.

Afastando-se da janela, ela começou a se vestir, puxando apressadamente seu vestido de lã mais quente enquanto prendia o cabelo para trás em um estilo simples.

Não havia tempo a perder. Tio Malcolm era o marido da irmã mais velha da mãe. Ele era o bom partido da família, tendo título e nobreza. A irmã mais nova de sua mãe se casou com um proprietário de terras.

Sua mãe e tias eram filhas de um comerciante de sucesso. O que lhes faltou em conexões, elas compensaram em fundos. O avô delas era rico além da maioria dos homens e ele, mais ou menos, comprou sua entrada para a elite.

Seu tio tinha recebido um dote considerável pela mão de sua tia.

Claro, aquele dinheiro havia há muito tempo desaparecido. Tudo o que o tio Malcolm tocou desapareceu. Usado para alimentar suas próprias necessidades.

A antipatia a percorreu enquanto se levantava da penteadeira. Tio Malcolm tinha um sorriso perpétuo e falava como se o mundo lhe devesse todas as cortesias.

Seu pai também era um comerciante e tão bem-sucedido que comprou o negócio de seu avô. Seu tio ficou indignado. Um terço disso deveria pertencer ao baronato, ele protestou. Foi o início do fim do relacionamento da família.

Ela desceu as escadas para encontrar todas as três irmãs sentadas com seu tio e sua prima, Avery.

Avery deu a ela um olhar estremecido enquanto seu pai falava monotonamente.

— Eu falei com o procurador. Vocês, meninas, não tocaram em um xelim do dinheiro da herança de sua mãe. Ou do negócio de seu pai. Por que seu pai não está mandando dinheiro para vocês? Isso significa uma de duas coisas.

Ninguém perguntou ao que ele se referia, quando ela e Eliza trocaram um olhar de cumplicidade.

— Um, a casa está cheia com outros fundos, então seu pai não precisou liberar nenhum para vocês. — Seus olhos castanhos acesos enquanto olhava ao redor da sala como se pudesse ver moedas que ele pudesse pegar pelo papel de parede. — Ou vocês estão mentindo e não ouviram falar dele. Onde está sua tia? Vocês disseram que ela estava aqui. Ela está financiando vocês? Saiu para fazer compras de novo?

Isabella estremeceu interiormente. A terceira irmã de sua mãe morava na Escócia. Ela mal havia respondido à carta das meninas sobre a morte de sua irmã. E certamente não tinha oferecido nenhuma ajuda. A mãe delas uma vez disse às filhas que o casamento com o pai dela salvou sua vida e seu coração. Isabella acreditou nela. Ambas as tias eram frias e duras. Mas isso não vinha ao caso atualmente.

Isabella e suas irmãs mentiram para o tio... de novo..., e lhe disseram que tia Mildred tinha vindo para ficar e para evitar ter que elas fossem morar com ele.

— Exatamente. — Eliza deu a seu tio um sorriso brilhante. — Compras.

Elas tinham que manter esse ardil, caso contrário seria como se tivessem desistido de seu pai. E se seu tio descobrisse a verdade, ele assumiria tudo. O negócio, o dinheiro da mãe, a casa delas. Estariam à mercê do seu capricho. E o dinheiro de seus pais... teria o mesmo destino que o dote de sua tia.

Até pior, elas sabiam com certeza que ele os usaria para coletar ainda mais fundos para si mesmo. Ele já havia insinuado que queria casar Eliza com um homem odioso, o Sr. Taber, que fazia a pele de Isabella arrepiar. Provavelmente o Sr. Taber havia oferecido uma grande soma pela mão de Eliza.

E elas nunca veriam um centavo disso.

Ele enganou seu pai uma vez que elas sabiam, roubando do negócio através de seu ex-advogado. Provavelmente tio Malcolm não sabia que eles sabiam. Mas foi um dos maiores motivos pelos quais seu pai teve de partir em primeiro lugar.

— Como é que eu vim aqui cinco vezes e nunca vi a velha? — Ele deu-lhes um olhar severo. — Vocês estão mentindo para mim? Não é uma situação em que vocês queiram se encontrar. Me contando mentiras. Se for isso, vocês irão pagar...

— Papai, — Avery começou, levantando a mão.

— Agora não, Avery. — Ele grunhiu e a garota deixou cair a mão e o queixo.

Avery era tão doce como elas tinham sido e raramente falava fora de hora. Isabella sempre se perguntou como um homem tão cruel como seu tio havia criado uma descendência.

— Falaremos com tia Mildred para ir vê-lo, — Eliza ofereceu com outro grande sorriso.

Isabella sobressaltou-se. A mulher estava a um país de distância e mal falava com elas. Como fariam isso?

— Bom. — Os lábios do tio Malcolm se curvaram. — Estou ansioso por sua visita. Mas saibam disso. Se ela não chegar na minha porta nos próximos dias e confirmar que houve alguma comunicação com o seu pai, vocês, meninas, virão morar comigo e então eu decidirei o futuro de vocês, dos negócios e desta casa. — Seu olhar varreu a sala.

— Mas esta é a nossa casa — gritou Emily, torcendo as mãos.

— E vai ser vendida por um bom preço. Embora esteja desvalorizada, o bairro é excelente. — Um sorriso satisfeito tocou seus lábios quando ele se virou e começou a caminhar para fora da sala. — Venha, Avery.

Avery lançou-lhes um olhar de simpatia enquanto corria para seguir seu pai.

As irmãs ficaram sentadas em silêncio por algum tempo, ninguém ousando falar. Porque vários pontos-chaves se tornaram aparentes. Um, elas não tinham tia para visitar o tio. Dois, seus temores estavam corretos. Ele tinha toda a intenção de dissolver a família delas e pegar os fundos para si mesmo. E três. Apesar de suas melhores tentativas, pouco podiam fazer para detê-lo.

— Bem. — Abigail finalmente olhou para Eliza. — Espero que você tenha um plano de como vamos arrumar uma tia em dois dias.

— Tenho alguns planos em formação. — Eliza olhou para Isabella, seu olhar intenso. Então, voltou-se para Emily e Abigail. — Vocês duas, por favor, preparem uma bandeja de café da manhã para Isabella? Ela ainda não comeu e deve estar com fome.

— Tudo o que você vai debater, todas nós devemos fazer parte. — Abigail levou as mãos aos quadris.

Emily balançou a cabeça.

— Talvez devêssemos apenas dizer a verdade ao tio Malcolm. Ele poderia facilitar para nós se o fizermos.

— Possivelmente. — Eliza deu uma piscadela para Emily, suas feições relaxadas como se ela não tivesse nenhuma preocupação no mundo. — Você poderia buscar a bandeja, por favor?

Abigail parecia que ia discutir, mas Emily a cutucou e as duas saíram da sala.

Assim que a porta se fechou, Eliza se virou para a irmã.

— Você e eu somos as mais velhas.

— Já sei disso, — Isabella respondeu enquanto seu intestino se agitou. — Estou ciente da ordem de nascimento da família.

Eliza se endireitou.

— Então, você está ciente de que é nosso trabalho proteger Abigail e Emily.

— Sim, — disse Isabella em uma voz muito mais suave. Eliza tinha recebido o peso desse fardo desde a morte da mãe. Isabella não deveria ser tão mal-humorada. — Eu sei que tem sido difícil para você.

Eliza acenou com a mão.

— Está tudo bem. O único problema que acredito ter encontrado é que não sei como proceder sem arrastar você também.

Isso fez o peito de Isabella doer.

— O que isso significa?

— Isso significa que não temos muitas opções. — Eliza respirou fundo. — Eu tentei convencer o advogado do papai para liberar os fundos para nós. Dizendo que o pai gostaria que o tivéssemos. Mas o homem é um defensor das regras. Daí porque papai o contratou em primeiro lugar. — Eliza respirou fundo. — Nem vai identificar o sócio do papai. Se eu conhecesse o homem, talvez nos desse um empréstimo. Ou informações. Estou presa, Isabella, e não sei como seguir em frente. Eu posso ganhar um pouco mais de tempo com nosso tio, mas ele está prestes a descobrir nosso ardil. Isso é um fato.

Isabella acenou com a cabeça. Era verdade.

— Eu sei que você está certa.

— Eu poderia me casar com um homem como o Sr. Taber. — Eliza estremeceu levemente. O Sr. Taber ria da maneira mais estranha sempre que via Eliza. — Ele teria vocês três sendo apresentadas na sociedade.

— Você não pode, — Isabella sussurrou, suas próprias mãos se apertando com força. — Suas mãos têm o formato de garras. Sinto que ele vai te despedaçar. Há algo de mau em seus olhos.

Eliza balançou a cabeça.

— Já tentei encontrar outro par, mas não tive sucesso.

Isabella ofegou. Ela não tinha ideia.

— Eu me resignei ao fato de que não vou me casar. É por isso que comecei a correr tantos riscos. Não há necessidade de preservar minha reputação. Meu único objetivo agora é fornecer um futuro para Abigail e Emily. Queria te dar um também, mas...

Isabella não ofegou. Porque de repente tudo se encaixou. O que elas estavam realmente discutindo.

— Você precisa que eu aceite esse trabalho para que possamos viver sem esta casa. Sem o tio Malcolm.

— Mais do que isso, — disse Eliza trêmula. — Aquele homem. Bash. Sua Graça. Você acha que ele é um duque?

— Eu não sei, — sussurrou Isabella, seu corpo agora tremendo.

— Ele é protetor com você, Isabella. Ele a manterá segura enquanto estiver lá e, se for um duque, também tem o poder de manter Abigail e Emily protegidas de Malcolm. Ele poderia dar a elas um futuro brilhante.

Isabella tocou sua testa enquanto seus olhos se fechavam. Eliza estava disposta a arriscar todo o seu futuro para salvar suas irmãs. Ela já tinha tentado, com aquela façanha com o filho do barão. O problema era que a oportunidade real havia caído no colo de Isabella. E ela entendeu a probabilidade. Uma oportunidade como essa não se apresentaria novamente. Era estatisticamente impossível.

Mas apenas uma irmã Carrington desistiria de seu futuro.

Ela pensou por um minuto sobre a vida que imaginou na noite anterior. O que imaginou que teria. Uma vida com marido. Bebês dela mesma.

Uma pequena pontada de arrependimento a encheu. Ela desistiria de tudo, não é?

Sua cabeça caiu em suas mãos. Sentiria falta dessa vida. Aquela que sempre tomou como certa. Aquela em que ela nunca tinha pensado muito até que começou a lhe escapar. Mas, se não fosse em frente com o plano de Eliza, havia uma boa chance de não ter esse futuro de qualquer maneira. Tio Malcolm não a teria bem casada. Ela ficaria miserável e suas irmãs...

Se ela fizesse isso, pelo menos suas irmãs teriam uma chance de um futuro real.

— Não há como escapar disso. Preciso trabalhar na Toca do Pecado, não é?

— Sim. — Eliza desviou o olhar, sua voz oscilando por um momento. — Eu sinto muito.

— Não sinta. — Ela acenou com a mão mesmo enquanto seu peito continuava doendo. — Lamento não ter visto ontem à noite. Desculpe, fui egoísta.

— Você não foi. Preservar sua reputação é natural, — disse Eliza. — Mas agora, preciso que você coloque essa pessoa de lado. Sinto muito, tem que ser você.

— Você faria o mesmo por mim se pudesse. — A verdade fez sua garganta fechar de emoção.

— Ele quer proteger você. Isso é completamente óbvio. Tenho certeza de que você estará segura, pelo menos. — Eliza sussurrou; as linhas de seu rosto ficaram mais profundas do que o normal. Era arrependimento?

— Tenho certeza de que vou ficar bem, — ela respondeu, seus dedos torcendo juntos. Ela não queria que sua irmã se preocupasse agora. Era hora de Isabella fazer sua parte.

— Isabella. — Foi quando ela ouviu a voz de Eliza falhar. — Vou te ajudar.

Isabella balançou a cabeça. — Você absolutamente não vai. Apenas uma de nós ficará arruinada. Minha única condição para assumir tudo isso é que você nunca mais coloque os pés na Toca do Pecado novamente.

 


Capítulo 06


Bash estava sentado à sua mesa em casa revisando vários livros-razão. Alguns para o clube, e outros para seu ducado.

Poderia dar crédito a seu pai por uma coisa. Ele implantou um sistema de excelentes administradores de propriedades, conselheiros e advogados. Seu ducado estava prosperando.

Alguns de seus amigos se juntaram ao clube porque precisavam dos fundos. Ele não.

Ele apenas desejava se comportar da maneira mais inducável possível. Era inducável uma palavra? Ele coçou o queixo.

Provavelmente Menace foi enviado ao seu escritório ontem à noite pelos outros. Blasphemy, também conhecido como Blackwater, e Menace tinham títulos de menor importância. Eles viram em Isabella uma renda potencial que provavelmente precisavam.

Ele esfregou o rosto. Ainda assim, ele não a colocaria em risco por tê-la no clube.

Ele se levantou da cadeira para olhar pela janela de sua residência. A neve havia começado a cair, tornando o céu de janeiro sombrio e cinza.

— Vossa Graça, — seu mordomo falou da porta. — Você tem um visitante.

— Visitante? — Ele perguntou, voltando-se. — Que tipo de visitante?

O homem franziu a testa.

— Uma mulher sozinha, Sua Graça.

— Como ela é? — Mas seu corpo já havia começado a ficar tenso em antecipação.

— Cabelo castanho, olhos castanhos, alta. — Williams não perguntou por que ele foi instruído a dar uma descrição física. O que era o melhor.

— Mande-a embora, — Bash respondeu, sua garganta apertando com as palavras. Ele não queria, mas precisava. Ela fez coisas engraçadas com sua mente. Como ela sabia onde ele morava?

O outro homem pigarreou.

— Ela vem com uma missiva lacrada com o selo do Conde de Baxter, Sua Graça. Ela me pediu para dar a você.

Maldito seja o inferno. Por que seu irmão estava se envolvendo? Deveria ter percebido que foi assim que ela sabia onde ele morava.

O homem estendeu uma bandeja com a nota. Bash a abriu. Apenas três palavras enfeitavam a página.


Ouça-a.


Ele passou os dedos pelo cabelo, esfregando o couro cabeludo. Por que ele resgatou seu meio-irmão de qualquer maneira? Tudo o que o homem fez foi se intrometer.

— Tudo bem, — ele finalmente grunhiu. — Traga-a aqui.

O mordomo se virou e saiu, enquanto Bash andava pela sala.

Ele odiava andar de um lado para o outro. Seu pai era um andarilho. Claro que normalmente gritava enquanto andava para frente e para trás. Bash recebia palestras diárias dessa maneira.

Palestras sobre ser mais inteligente, durão, viver de acordo com o nome da família. Os punhos de Bash se fecharam em bolas apertadas e ele bateu na parte externa da coxa enquanto se movia. Não importa quantas vezes tentou viver de acordo com os padrões de seu pai, ele nunca conseguia.

Outra batida o fez congelar no lugar e em seguida, girou em direção à porta.

Sua respiração parou quando Isabella passou por seu mordomo e entrou na sala.

— Senhorita Carrington. — Williams anunciou. Ela fez uma reverência com os olhos fixos no chão.

— Vossa Graça, — ela murmurou.

Suas entranhas se retorceram. A voz dela diminuiu e aumentou de uma forma lírica que dançou sobre sua pele.

— Por favor, sente-se.

A porta se fechou quando ela escorregou em uma cadeira do outro lado de sua mesa.

Em vez de se sentar, ele foi até a lareira e enfrentou as chamas que crepitavam na lareira.

— Em que posso ajudá-la, Srta. Carrington?

Ela não respondeu.

O silêncio se estendeu até que ele finalmente se afastou das chamas para olhá-la. Sua cabeça estava baixa, os dedos entrelaçados com força no colo.

Quaisquer sentimentos ruins remanescentes de pensamentos sobre seu passado desapareceram quando ele testemunhou sua tensão.

— Isabella?

Ela ergueu a cabeça até que seus olhos se encontraram. Ele deu alguns passos em direção a ela cruzando facilmente a sala em duas longas passadas. Alcançando sua cadeira e, sem pensar, ele segurou sua bochecha em sua palma. A mão dele quase envolveu metade de seu rosto.

Ela engoliu em seco, seus músculos trabalhando sob seus dedos.

— Eu vim com uma proposta.

Os cabelos de sua nuca se arrepiaram.

— Proposta?

Ele podia ver um leve tremor em seu lábio inferior. Seu coração martelou no peito.

— Sim. Você vê... — Ela fez uma pausa, respirando fundo.

Ele não queria, mas notou a forma como o peito dela se empurrava, destacando o seio. Este tinha sido amarrado na noite anterior. Não era muito grande. Na medida. Mas o olhar dele voltou para o rosto dela enquanto ela falava novamente.

— Minhas irmãs e eu... estamos com problemas.

Sua admissão fez sua respiração parar. Ele acreditou nela. Por que outro motivo elas teriam corrido tanto risco vindo para o clube?

— Que tipo de problema?

Ela também se levantou e de repente estava perto. Ele não soltou sua bochecha e trouxe seu corpo mais para perto alguns centímetros até que ele pudesse sentir seu calor através das roupas. Ela cheirava a violetas e a ar fresco de inverno.

— Minha mãe morreu na primavera passada, — sua voz gorjeou. Tão vulnerável. — Meu pai é um comerciante. Ele dirige a Carrington Shipping.

Transporte Carrington? Puta merda. Ele conhecia muito bem. Uma das empresas mais ricas e lucrativas da Inglaterra.

— Tudo bem. Me diga mais.

— Quase dois anos atrás ele partiu para o Oriente para obter um novo contrato. O negócio estava perdendo dinheiro, mas ele não conseguia descobrir o porquê.

— Isso é estranho para um homem que teve tanto sucesso.

Ela assentiu.

— Posso dizer que um advogado anterior havia roubado dinheiro em nome do meu tio. O advogado foi processado, mas meu pai não tinha provas suficientes para condenar um barão. Então, ele desligou meu tio inteiramente da Carrington Shipping. Mas então, grandes somas começaram a desaparecer.

O coração de Bash estava batendo forte em seu peito.

— Seu pai suspeitou de seu tio?

— Sim, — ela concordou. — Não sei ao certo, mas ele disse que tinha um amigo poderoso que o ajudaria a investigar. Enquanto isso, ele saiu para obter lucros adicionais para o negócio. Disse que se não conseguisse, a Carrington Shipping poderia perder sua posição segura. — Ela respirou fundo.

Sua mão flexionou em sua pele. Ele ficou tentado a pedir que ela continuasse, mas esperou enquanto ela organizava seus pensamentos.

— Não é incomum meu pai ficar longe por longos períodos. Fazia parte do seu negócio. Mas depois que minha mãe morreu, nós escrevemos para ele implorando que voltasse para casa.

— Ele não fez? — O peito de Bash apertou como o primeiro pressentimento de para onde essa história estava indo, filtrado por seus pensamentos.

— Ele não só não voltou para casa, como ainda nem escreveu. Já se passaram mais de nove meses desde que recebemos qualquer comunicação dele, o que é estranho. Ele sempre escreveu regularmente e... — A voz dela tremeu quando seu queixo se elevou, seus olhos implorando pelos dele.

Ele fez uma careta.

— Você tem medo que ele esteja morto.

— Ele não pode estar, — ela sussurrou. — Se ele estiver, tudo irá para o meu tio. Incluindo nós. Ele é o parente masculino mais próximo. Ele controlará nossa propriedade e quando Eliza tiver vinte e cinco anos, tudo terá acabado.

O maldito ladrão.

— Eu vejo o problema.

Ela balançou a cabeça, seu cabelo sedoso e grosso arranhando as pontas dos dedos dele. Ele amava aquele cabelo. Ele queria enterrar os dedos nele.

— Você não entende. Ele não apenas rouba do meu pai. Ele já arranjou um casamento para Eliza. Um homem terrível. O homem é vil, mas está disposto a pagar um preço alto. Meu tio a está leiloando pelo lance mais alto.

Bash franziu a testa, endireitando-se. Ele podia ver por que Eliza seria a primeira. Sua beleza clássica a tornava muito comercial.

— E você não quer que sua irmã aceite tal jogo?

— Ela aceitaria. — Isabella colocou uma mão em seu peito então e ele levou a mão ao quadril dela, puxando-a para mais perto. A intimidade não foi perdida por ele, mas não conseguia se conter também. — Ela faria isso em um segundo se pensasse que nos manteria seguras. O problema é que o tio Malcolm provavelmente faria o mesmo por cada uma de nós. Seremos mais um item que ele usaria para seu próprio lucro.

Isso criou uma raiva borbulhando por dentro, que ele não tinha permitido chegar à superfície há muito tempo. Como lava, começou a pressionar para a superfície.

— Você não sabe...

Ela balançou a cabeça, os dedos apertando a camisa dele.

— Ele já está planejando vender nossa casa, assumir o negócio. Por favor. Você tem que entender. Sem a proteção de um homem poderoso, estaremos à sua mercê.

E então, Bash entendeu. Ele deu um passo para trás, deixando cair ambas as mãos. Ele era o homem poderoso de quem elas queriam proteção.

Isabella cometeu um erro.

Ela não sabia exatamente o que tinha feito errado, mas agora seu intestino torceu ao pensar em decepcionar suas irmãs.

Ele se afastou. A parte mais frustrante é que ela não sabia o que havia dito ou feito de errado. Eliza era muito melhor em encantar homens do que ela.

— O que exatamente você quer de mim?

Isabella respirou fundo. Ela desejou que ele a abraçasse novamente. O pensamento a surpreendeu, mas seu toque a fez falar com mais facilidade com a força dele infiltrando-se em sua pele.

— Um trabalho, — ela sussurrou de volta.

— Um trabalho? — Ele franziu a testa. — Essa história toda levou a um pedido para o quê, exatamente? Que trabalho você espera fazer para mim?

Ela ergueu o queixo e se obrigou a olhá-lo nos olhos.

— Para trabalhar na Toca do Pecado, é claro.

Sua boca se abriu.

— Isabella. Você é filha de um homem de sucesso. Você não pode passar todas as noites da semana perambulando por um salão de jogos. Você vai ser...

— Arruinada, — ela terminou com um aceno de cabeça. — Eu sei.

— Então, por que você consideraria isso? — Ele perguntou, cruzando os braços sobre o peito enquanto a olhava.

Seus ombros queriam se curvar, mas ela forçou a coluna ereta.

— Para salvar minhas irmãs, é claro. Nem Eliza e nem eu conseguimos pensar em uma maneira que não arruíne nenhuma de nós... — sua voz diminuiu. Mesmo ela sabia que não deveria acrescentar que teria sido Eliza, exceto que Sua Graça tivesse mostrado interesse por Isabella em vez de sua irmã mais bonita.

Uma reviravolta que ela ainda não tinha certeza de ter entendido.

Ele prendeu a respiração.

— Você é o cordeiro sacrificial.

Ela encolheu os ombros quando seu olhar finalmente caiu.

— É a minha escolha. — Suas mãos se cruzaram na frente do estômago, mas ela as ergueu sobre o coração como se de alguma forma a protegesse. — Farei tudo o que você me pedir, contanto que, por sua vez, proteja minhas irmãs de meu tio.

— Qualquer coisa que eu pedir? — Sua voz caiu tão baixa que era quase... perigosa.

Ela ignorou a gota de medo que picou em sua pele. Não tinha medo dele. Mas, estava petrificada com as escolhas que estava fazendo.

Isabella tentou manter esse medo longe de Eliza, é claro. Em parte, porque Eliza enfrentava o medo de frente e em parte porque não queria que sua irmã se sentisse culpada. Se Isabella estava assumindo o fardo, ela levaria tudo.

— Isso mesmo. O que você pedir. — Ele gostaria de levá-la para sua cama? Fazer dela sua amante? As mãos dela apertaram-se mais. — Mas você deve ajudar minhas irmãs a fazer combinações aceitáveis. Seu domínio social certamente as verá com bons maridos.

— E você, meu cordeirinho? O que vai acontecer com você? — Sua pergunta foi um sussurro retumbante que enviou arrepios por toda sua pele. — O que você ganha com esse negócio?

Ela balançou a cabeça.

— Tenho a satisfação de saber que estarão seguras.

— É isso? Isso é tudo que você quer. Como você vai se alimentar quando tudo isso terminar?

Ela balançou a cabeça. O que isso importa?

— Isso é um problema para outro dia, Sua Graça. Se aprendi alguma coisa com tudo isso, é que devemos enfrentar cada problema como ele surge. Se você tentar olhar muito à frente... — Ela finalmente soltou as mãos e uma delas tremulou no ar.

— Isabella, — disse ele, então se aproximou de novo. — Você pode me chamar de Bash. Nosso relacionamento não tem esse tipo de formalidade.

Ela piscou, seu queixo estalando de volta.

— Isso significa que você aceitou minha oferta?

 

 

Capítulo 07


Maldito seja tudo. Ele gostaria de jurar uma série de maldições longas o suficiente para rodar pela casa inteira. Ele soaria igual ao Blasphemy. Aceitar a oferta dela?

Sim.

Bash iria aceitar.

Ele não queria. Achou que não deveria.

Queria dizer o que disse a Mason mais cedo. Ela era perigosa para ele. Despertava emoções que ele pensou que havia reprimido há muito tempo.

Mas quando pensava naquele tio casando-a com algum homem vulgar e imundo com dinheiro... Isso fazia com que a antiga raiva surgisse dentro dele. O tipo que lhe deu o apelido de Bash para começar.

E isso também não funcionaria.

Ele ainda não tinha certeza do que ela estava oferecendo. Ela disse trabalho... é claro. Mas havia uma oferta implícita em todas as palavras que ela não disse. Uma promessa atraente. Ela queria toda a proteção que receberia como amante.

Ele não deveria levá-la para a cama, mas o desejo o envolveu como uma onda.

Mas também não tinha certeza de poder resistir à oferta.

Ele tocou o rosto dela novamente, mas agora, em vez de segurar sua bochecha, deslizou os dedos por sua pele aveludada.

— É um preço bastante alto. Um negociador para três casamentos.

Seus lábios se separaram quando seu rosto se inclinou para ele. Seus olhos castanhos imploraram com um brilho de lágrimas não derramadas. Ela estava completamente aberta para ele e a vulnerabilidade o chamava.

— Meus vencimentos podem ser seus dotes.

Seus dentes cerraram-se.

Isabella era uma flor rara e delicada. Mesmo um idiota como ele poderia ver isso. Sua resposta sincera roubou seu fôlego. Esperava que ela dissesse algo mais ensaiado como, eu valho a pena.

Em vez disso, suas palavras o fizeram sentir como se estivesse se aproveitando dela, em vez de ela aproveitar sua posição.

Mas ele deslizou os dedos por trás do pescoço dela, puxando-a para mais perto. Ele baixou a testa até que pressionou contra a dela.

— Isabella. — Por que sua voz soou tão áspera e emocionada? Ele não conseguia dizer nada além do que realmente sentia. — Você estaria perto de homens bêbados sem um protetor masculino noite após noite.

— Você vai me proteger, — ela respondeu com um pequeno sorriso tocando seus lábios.

Ele gemeu. Ela entendia como isso o puxava? Confiando a si mesma aos seus cuidados.

— Você sabe o que você está insinuando?

Ela deu um aceno mínimo. Mas tão perto que não pôde deixar de senti-la tremer.

— Estou preparada para quaisquer parâmetros que você queira colocar em nosso relacionamento.

Sua admissão quase o desfez. Inclinando o queixo para frente, ele lhe capturou a boca.

Ela não se afastou, mas também não o beijou.

Na verdade, Isabella respirou fundo como se ele a tivesse pegado completamente de surpresa.

O que significava que ele se retirou um pouco e, em seguida, inclinou-se novamente, pressionando seus lábios novamente.

Desta vez, sua boca encontrou a dele em um beijo hesitante que enviou uma necessidade quente a percorrer seu corpo.

Mas ele se forçou a ter paciência enquanto a beijava repetidas vezes.

Ela o beijou com mais confiança a cada toque de volta, a boca dela demorando mais e mais a cada vez.

Ele passou a mão pela cintura dela e puxou-a para perto, seu corpo moldando-se ao dele.

Isabella deslizou as mãos pelo peito dele enquanto ele a beijava novamente, desta vez, abrindo a boca para passar a língua em seu lábio inferior. O sangue latejava em suas veias.

Ele a ouviu ofegar, mas engoliu o som enquanto investigava mais profundamente, provando sua doçura. Sua língua fazendo tentativas de tocar a dela.

Ele tinha pensado que ela era uma megera? Ela era corajosa, apesar de seu medo óbvio.

Mas, estava mais para a ovelha que ele imaginou hoje cedo ou para um filhote de passarinho que precisava ser persuadido. Ele podia sentir a hesitação sob sua paixão. E ele queria limpar suas preocupações e explorar seu calor.

Quando suas línguas começaram a se enredar, sua masculinidade ficou pesada com a luxúria e seu cérebro zumbiu com uma névoa de necessidade enquanto a puxava para mais perto ainda.

Ele tentou se lembrar de uma época em que queria tanto uma mulher a esse nível. Estar afetado por um simples beijo.

Ela estava lhe causando estragos e quando seus dedos deslizaram em seu cabelo, ele quase se desfez.

Ele rompeu o beijo olhando para ela, o que poderia ter sido pior do que o beijo.

Seus lábios pareciam ternos e inchados, seus olhos suaves e vidrados, suas bochechas coradas.

— Isabella, — ele gemeu, querendo nada mais do que baixar a cabeça e saboreá-la novamente.

— Isso foi... — ela começou, seus dedos flexionando em seu cabelo.

— Eu sei, — respondeu ele. Fazer uma barganha nunca foi tão doce.

Ela pigarreou, piscando várias vezes.

— Eu só... eu preciso que você saiba... eu estou apenas perguntando isso... — Mas então, ela mordiscou o lábio em vez de continuar.

— O que é? — Ele pressionou a barriga dela contra a sua, com a mão que ainda apoiava em suas costas. A atração esquentou seu corpo tornando a sala superaquecida. Mas isso só aumentou a intimidade. Droga, ele amava o quão alta ela era. A maneira como eles se encaixavam.

— Eu nunca fiz nada disso antes. Só preciso que você seja um pouco paciente comigo como eu...

— Foda-se, — a palavra foi sussurrada sob sua respiração, com significado para ele e não para ela, mas eles estavam tão perto. Ela estremeceu e se afastou. — Esse foi o seu primeiro beijo? — Ele já deveria ter percebido que era. Estava em sua hesitação, seu toque hesitante. O jeito que ele teve que tirar a paixão dela.

Ela olhou-o sem responder. Mas seus olhos enrugaram conforme as linhas de seu rosto ficavam mais tensas.

— Diga-me a verdade, — ele disse, e pegou a mão dela para trazê-la mais perto.

Ela deu um aceno rápido.

Ele não tinha certeza do que pensava. As irmãs vinham tentando se virar sozinhas. Supôs que poderia não ser o primeiro homem a quem pediram ajuda.

Não tinha certeza do que era pior. Imaginando algum outro homem com ela ou pensando nela oferecendo sua virgindade a ele para prover para suas irmãs.

— Sim. Foi o meu primeiro.

Ele manteve a ladainha de palavrões que desejava dizer enjaulada em sua boca.

Além da vontade de levá-la para a cama, essa necessidade de protegê-la cresceu dentro dele, fazendo-o forçar seu aperto em torno de sua cintura.

Ele queria queimar qualquer um que tentasse machucá-la.

O que o assustou até a morte. Seu peito apertou quando a soltou e recuou novamente. Ele não deveria se sentir assim.

Mas, não podia soltá-la. O que aconteceria com ela se ele fizesse isso? Ainda assim, aquele beijo provou o que ele disse a Mason. Ele também não podia estar com ela. Era muito perigoso. A raiva borbulhou dentro dele, ameaçando emergir.

— Se vamos entrar em uma barganha, eu tenho alguns parâmetros próprios.

Isabella apertou a mão dele com mais força. Era estranho que ela procurasse conforto nele, mesmo enquanto se preocupava com o que ele poderia dizer a seguir?

— Parâmetros?

Ela o soltou, colocou os braços em volta da cintura e se abraçou.

— Não vou fazer de você minha amante.

A surpresa percorreu sua espinha. O que isso significava? Ele não iria ajudar suas irmãs?

— Mas você não deve, sob nenhuma circunstância, aceitar as atenções de outros homens.

Ela piscou tentando ordenar seus pensamentos. O que isso tudo significava?

— Claro que não.

Ele deu um aceno rígido.

— Nós veremos suas irmãs arranjadas em um curto espaço de tempo, o que irá protegê-las e então, uma vez que a tarefa estiver concluída, discutiremos o seu futuro. — Ele fez uma careta. — Preciso pensar um pouco mais.

Ela não sabia o que dizer. Que tipo de plano para seu futuro?

— Tudo bem.

— E você deve se vestir à noite como um homem. — Ele fez uma pausa. — Com calças mais largas.

— Tudo bem para mim. — Proteger sua identidade era melhor do que bom. Ele aceitaria a barganha sem a oferta de um relacionamento pessoal. Ela ficou aliviada, é claro. Mas também curiosa. Por quê? E se ela fosse honesta, houve um pequeno sinal de decepção.

Ela estava atraída por ele, e o tocou...

Como se entendesse, ele a alcançou novamente e a puxou para perto. Ela voluntariamente seguiu seu exemplo porque era muito mais fácil falar quando ela o tocava. Em seus braços, se sentiu segura e relaxou.

— Minha carruagem irá buscá-la todas as noites e levá-la para casa. Você terá uma escolta de minha escolha, que ficará postada atrás de sua mesa todas as noites.

— Se você acha que é melhor.

Ele fez um barulho profundo na garganta. Parecia... como o barulho de uma besta. Só que isso não a assustou. Ele retumbou através dela enviando tentáculos de desejo para seu núcleo.

Ele cerrou os dedos em punho na parte de trás do vestido.

— Eu acho.

Ela passou a língua pelo lábio superior.

— E quando eu começo?

— Esta noite.

— Meu tio, — ela disse. — Ele acha que a irmã da minha mãe está em nossa casa, e é por isso que nos deixou sozinhas. Mas ele exigiu que ela fizesse uma visita, ou ele vai nos tirar de casa.

Ele fez uma careta.

— Você deveria ser acompanhada. Não podemos lançar suas irmãs sem um acompanhante. Mesmo eu não posso simplesmente acompanhar mulheres solteiras pela cidade.

— Tia Mildred não põe os pés em solo inglês há vinte e cinco anos. Ela não virá. Já perguntamos.

Mas em vez de parecer preocupado, um sorriso se espalhou por seu rosto.

— Vinte e cinco anos? Então, ninguém sabe como ela é, não é?

Sua boca se abriu quando ela respirou fundo.

— Não. Suponho que não.

— Nem a Mildred verdadeira... qual é o sobrenome dela? — Uma sobrancelha baixou sobre seu olho enquanto ele inclinava a cabeça para o lado.

— McLaren. Lady Mildred McLaren. Ela é esposa de um proprietário de terras. — As mãos dela voltaram ao peito dele. Porque isso era excitante. Era como se ele tivesse aberto uma porta e a luz estivesse espiando em seu mundo escuro. Havia esperança.

— Da mesma forma, é improvável que a verdadeira Mildred McLaren retorne à Inglaterra para expulsar sua impostora.

— É muito improvável que ela o faça.

— Então, acredito que sei qual é o próximo passo. — Lentamente, ele se afastou, segurando as duas mãos dela. — Seu próximo passo é ir para casa e tentar descansar. Vai ser uma longa noite.

Ela assentiu.

— Bash.

— Sim?

— Obrigada, — ela disse enquanto caminhava rapidamente em direção a ele e, levantando-se na ponta dos pés, deu-lhe um beijo rápido na bochecha. — Obrigada por tudo.

— Eu não fiz nada ainda, Isabella. Você poderá me agradecer quando tivermos sucesso.

Ela balançou a cabeça.

— Você já fez algo.

— O quê? — Seus olhos se enrugaram nos cantos quando a olhou.

— Você me deu esperança. — E então, ela levou as costas de seus dedos até sua bochecha. — Quando eu tinha tão pouco.

— A esperança pode ser uma coisa perigosa, — ele respondeu enquanto seus dedos roçavam sua pele novamente. — Isso pode tornar a decepção ainda mais dolorosa.

Ela balançou a cabeça. Não se preocuparia com isso ainda.

— Hoje é para dar um suspiro de alívio. — Então, ela largou suas mãos e se dirigiu para a porta. Eliza estava esperando por ela na carruagem.

Mas antes de sair, ela olhou para trás por cima do ombro.

— Você é um bom homem, Bash.

Em vez de sorrir, ele franziu a testa.

— Não conte com isso. — Então, ele se virou, indo em direção a sua mesa.

Ela cobriu o peito com a mão, mas continuou se movendo. Não sabia exatamente o que sua reação significava, mas não estava pronta para descobrir.

 

 

Capítulo 08


Isabella mais uma vez se sentou à penteadeira enquanto Abigail prendia seu cabelo.

Ela tentou não estremecer quando Abigail puxou e torceu as tranças no lugar.

— Abby. — Ela raramente chamava Abigail assim. Era um apelido de infância. — O cabelo não vai ficar melhor se você puxar tudo da minha cabeça.

Abigail fungou, ignorando a piada.

— Por que você está fazendo isso? Você fez uma pequena fortuna na noite passada. — Mas ela suavizou seu toque enquanto continuava a trabalhar os grampos no lugar.

— Não é uma fortuna, — Isabella respondeu calmamente. Nem mesmo perto. — Não o suficiente se o tio Malcolm vender nossa casa contra a nossa vontade. Não o suficiente... — Mas ela deixou as palavras diminuírem. O dinheiro que ganhou na noite anterior não daria o suficiente para suas irmãs.

Abigail franziu a testa.

— Ainda assim. Isso está além de perigoso. Na verdade, é positivamente...

Mas Eliza abriu a porta, interrompendo a conversa.

— Isabella! — A voz de sua irmã se elevou, soando quase estrangulada. — Há uma senhora idosa aqui que afirma ser... Tia Mildred chegando em casa das compras. Eu acredito que ela está louca ou...

— Droga. — Isabella se levantou. Sua cabeça estava girando quando deixou a casa de Bash, que se esqueceu de contar a Eliza sobre o plano dele. Então, ficou muito ocupada contando para ela sobre o tal plano de tê-la em seu salão de jogos todas as noites e, em troca, ele encontraria parceiros que combinassem com suas outras três irmãs Carrington. — Eu não mencionei isso?

— Não, — Eliza bufou, mas um sorriso já estava aparecendo em seus lábios.

— O que é? — Abigail perguntou.

Emily estava atrás de Eliza.

— Alguém disse que tia Mildred estava aqui?

— Ela está, — respondeu Isabella. — Ela está aqui para ver vocês três serem apresentadas na sociedade.

Abigail ofegou enquanto Emily cobria a boca com as mãos.

Mas Eliza começou a rir. Gargalhou longamente.

— Por que não pensei nisso?

— Eliza, — uma voz desconhecida vociferou do corredor. — As mulheres não riem assim.

— Sim, tia Mildred. — Eliza parou imediatamente, embora seus olhos continuassem a piscar.

— Que diabo? — Abigail sussurrou.

Isabella parou.

— Vou dizer isso uma vez e então nunca mais falaremos sobre isso. Sua Graça nos forneceu uma substituta para Tia Mildred. Ela vai morar conosco... — Isabella olhou para a graciosa mulher mais velha cujo cabelo castanho tinha mechas grisalhas. Ela se parecia muito com Eliza, o que significava que ninguém questionaria o relacionamento da mulher com as meninas.

— Pelos próximos seis meses, — disse a mulher. — Só o suficiente para ver minhas sobrinhas casadas com bons maridos antes de eu voltar para a Escócia. — Ela tinha o mais discreto sotaque escocês em sua voz.

— Não podemos salvar o negócio. — Eliza balançou a cabeça. — Ou esta casa. Mas Sua Graça concordou em nos ajudar a escapar das garras do tio Malcolm.

Abigail bateu com a escova que segurava na mão na penteadeira.

— A que custo?

Isabella fez uma breve reverência, destacando sua roupa.

— Este é o custo, Abigail. Só isso.

Emily passou por Eliza, parando ao lado de Isabella.

— Estou com Abigail. Não gosto nada disso.

Ela suspirou. Se fosse elas, ela também não gostaria.

Eliza veio se juntar a elas, e estendeu a mão para Emily e Abigail enquanto as quatro irmãs se abraçavam, formando um anel.

— Eu conheci Sua Graça, — ela disse. — Ele manterá nossa Isabella segura de outros homens.

— Sim, mas... — Emily bateu o pé. — Quem vai proteger Isabella dele?

A temporária Tia Mildred entrou na sala também.

— As mulheres não precisam de proteção contra duques. Se tal homem decidir dar atenção a uma dama, ela deve saber que será recompensada por isso.

Abigail zombou.

— Este é a nossa acompanhante?

Isabella deu um pequeno sorriso. O gesto pretendia acalmar suas irmãs, mas até ela podia sentir como era vazio. Elas entenderam que Isabella estava desistindo de seu futuro e se ela estivesse no lugar delas, estaria terrivelmente preocupada também.

— Tentem não se preocupar. Minha identidade estará protegida no clube. Ninguém será o mais esperto. E Sua Graça está interessado apenas em minha capacidade de controlar as cartas.

Emily torceu o nariz.

— Acredito em quase tudo, mas nisso eu não acredito.

Eliza deu uma risada mais silenciosa e recatada.

— Isabella vai ficar bem. Enquanto isso, tia Mildred vai nos levar para comprar roupas. Não é verdade, tia?

— Roupas para quê? — Abigail perguntou, olhando para Isabella.

— Tia Mildred vai lançá-la na sociedade, — respondeu Isabella. — Por isso vamos precisar de vestidos novos e da moda mais atual.

— Sim, eu irei. Todos as quatro devem estar preparadas, — Tia Mildred respondeu. — Vamos sair ao meio-dia amanhã para ir às compras, e então, Eliza e eu temos outra tarefa para fazer. Visitar meu querido cunhado.

Eliza balançou a cabeça.

— Ninguém o chama de querido... nem mesmo sua falecida irmã que era sua esposa.

— E meu marido? É vivo?

— E teimoso, — Abigail respondeu. — Nós o conhecemos uma vez, quando crianças.

— Mas ele me deixou vir aqui por quê? — Perguntou tia Mildred, cruzando as mãos afetadamente.

As meninas ficaram em silêncio. Eliza bateu em seu queixo.

— Não seria por dinheiro. Ele nunca se importou com isso. Pelo menos não do papai.

— Talvez algo a ver com nosso primo, Ewan? Talvez Ewan precise de alguns contatos ingleses para expandir a venda de seus grãos? — Emily se ofereceu em silêncio.

— Excelente. — Mildred assentiu. — E me encontrei pela última vez com seu tio em...

— No seu casamento. Mas, honestamente, você se casou três anos depois da tia Frannie, então conheceu bem o tio Malcolm por um tempo.

— Conheci? Oh, minha cabeça. Fiquei tão esquecida na minha velhice. Você viu meus óculos?

Eliza deu um aceno de cabeça.

— Isso deve servir. Ele é para o que serve e um ladrão para arrancar.

A nova Mildred assentiu.

— Entendido.

— Agora, — Eliza deixou de dar atenção a suas irmãs. — Temos que preparar Isabella para sua primeira noite de trabalho.

Bash estava sentado atrás de sua cortina, observando Isabella jogar. Seu peito estava apertado enquanto ele mantinha seu olhar em seus dedos estreitos. Como todos os homens à mesa não perceberam que eram mãos de mulher?

Ele mal olhou para qualquer outra mesa, o que sabia que isso era um erro. Ele precisava observar todo o andar, mas não conseguia tirar os olhos dela.

Um guarda corpulento se encostou na parede atrás dela. Havia quatro parados na sala, então não era estranho. Ele não apareceu para cuidar apenas dela, mas Bash a colocou naquela mesa, então ela estaria perto dele e ainda mais perto daquele guarda.

Ela folheou várias cartas enquanto outra rodada de apostas acontecia. Os homens trocaram de posição, gritaram números, tocaram para obter cartões extras.

Um, bem à direita de Isabella, esfregou a nuca. Ele vinha perdendo constantemente a noite toda e Bash notou que ele ficava mais agitado cada vez que passava a mão na nuca. Era parte de estar em um clube como este, e a razão pela qual Isabella não pertencia aqui. Ele se levantou, seus músculos tensos enquanto observava.

— Esta é a mão que minha sorte vai mudar.

O olhar de Isabella pousou no homem.

— Não confie na sorte. Ela sempre vai decepcionar você.

— O que isso deveria significar? — O outro homem perguntou. — De que outra forma eu iria ganhar? Se eu puder. Como é que a casa ganha tanto neste buraco do inferno esquecido por Deus? — Seu copo bateu na mesa enquanto ele se inclinava para mais perto de Isabella. — Como é que você ganha tanto?

Ele estava cuspindo e, para crédito de Isabella, ela não recuou.

— Você queria desenhar?

As palavras eram as que os negociantes falavam todos os dias, mas acenderam o temperamento fervente do homem e, sem aviso, ele balançou o punho diretamente no rosto de Isabella.

Ela deve ter percebido porque desviou do caminho, os nós dos dedos musculosos do homem errando-a pela largura de um fio de cabelo.

Um rosnado saiu de garganta de Bash quando irrompeu pela cortina e agarrou o homem pela nuca, girando-o da mesa.

A raiva quente e branca explodiu dentro dele. Ele girou o outro punho e pousou no osso duro do nariz do homem. Ele ouviu o barulho quando jogou o homem no chão.

Apontando para o guarda, ele rosnou:

— Tire-o daqui.

Então, sem outra palavra, ele girou e agarrou Isabella pelo braço, empurrando-a para os quartos dos fundos.

O que havia nela que puxava a besta nele? Ele agarrou seu braço, perguntando-se novamente por que no inferno, concordou com seu esquema.

Fingir ser um homem era perigoso para ela... e se aquele jogador tivesse acertado aquele soco? A ideia de Isabella desabando no chão fez seu estômago embrulhar, e ele rosnou novamente.

— Bash? — Veio seu sussurro trêmulo. — Você está bem?

— Eu? — Ele perguntou, abrindo uma porta e empurrando-a com tanta força que ela voou contra a parede, saltando de volta para eles. — Estou mais preocupado com você. Você poderia ter morrido.

Ela estremeceu e ele sentiu. Sem aviso, sua raiva foi substituída por medo e ele a puxou contra o peito.

— Você não deveria estar aqui.

— Eu tenho que estar aqui, — ela disse, cavando contra seu peito.

Ela o tinha na mão. Ele baixou a bochecha até o topo da cabeça dela.

— Vou te ajudar mesmo se você não...

— Não, — ela balançou a cabeça. — Não é assim.

— É se eu disser que é.

Ela se recostou com um suspiro.

— Bash, tente entender. Nós nos conhecemos há um dia. E se você se cansar de me ajudar? E se você decidir que sou muito problemática? A única maneira de isso funcionar é se precisarmos um do outro. Depender um do outro.

Ele respirou fundo. Ele entendeu seu ponto. Mas ela falhou para entender o efeito bastante profundo que tinha sobre ele.

— Eu não vou mudar de ideia.

— E eu também não. Este é o único caminho. — Ela mordeu o lábio como se quisesse dizer mais. — Eu me recuso a ser apenas um fardo.

— Mulheres não deveriam estar aqui. Além disso, é função do homem cuidar de...

— Não é o seu trabalho. — Ela se afastou, criando espaço entre eles. — Nós fizemos uma barganha mutuamente benéfica. Não sou sua responsabilidade, sua amante ou sua esposa.

Ele cerrou os dentes. Estava na ponta da língua dizer que ela deveria ser. Mas ele não conseguiu. Cada vez que estavam juntos, ele chegava mais perto de deixar sair o demônio que vivia dentro. Aquele que seu pai havia colocado lá.

— O que aconteceu? — Vanity entrou na sala. Ele franziu sua sobrancelha enquanto olhava para os dois. — Por que todos os jogos pararam?

— Vá manobrar a cortina, — Bash latiu em resposta. — E encontre um crupiê para a mesa de Isabella. Ela acabou por esta noite.

— Feito? — Vanity perguntou. — Acabei de contar a primeira retirada das mesas. Ela fez três vezes mais do que qualquer outra mesa.

Isabella cruzou os braços.

— Viu. Você precisa de mim.

Bash esfregou o rosto.

— Ela está certa. Precisamos dela, — acrescentou Vanity porque, claramente, ele não valorizava sua própria vida.

Bash girou, procurando uma saída para seus sentimentos.

— É assim mesmo? — Ele sabia que estava permitindo que a raiva assumisse o controle, mas não conseguia contê-la. — Você pode pegar sua parte e colocá-la no fundo que preparará suas irmãs para a próxima temporada.

— Como? — Vanity engoliu em seco quando Blasphemy deu um passo atrás dele.

O outro homem fez uma careta.

— Preparar suas fodid...

— Sem palavrões, — Bash interrompeu, se aproximando. Seu peito empurrou quando ele desafiou seus amigos a discordar.

— Sem palavrões? — Blasphemy socou uma mão na palma aberta. — Isto é um fu... — Mas ele parou. — Este é um salão de jogos.

Um pouco de sua raiva foi embora. Porque, apesar de sua fanfarronice, seus amigos estavam concordando.

— Vocês é que a queriam aqui. Digam a todos os homens. Suas irmãs precisam ser preparadas. Esse é o primeiro passo. Esse é o preço. Eles podem pagar ou ela não fica.

Blasphemy resmungou algo que Bash tinha certeza que era uma série de maldições, mas ele manteve a voz baixa. Vanity deu um breve aceno de cabeça quando também se virou, e então dirigiu-se para a sala da frente.

— Então, — Isabella disse atrás dele. — Você decidiu que eu posso ficar.

Ele se voltou para ela. Queria puxá-la contra seu peito novamente. Mas isso era exatamente o que não deveria fazer.

— Estou mandando você para casa esta noite.

— Mas te vejo amanhã?

Ele deixou escapar um suspiro.

— Amanhã.

 

 

Capítulo 09


Isabella estava sentada sozinha na carruagem de Bash, tentando manter os olhos bem abertos. Seus seguranças sempre ocupavam o pequeno assento na parte de trás do veículo, então ela tinha o interior para si. Estava cansada até os ossos e mal podia esperar para cair na cama. Devia estar se aproximando o amanhecer agora. Felizmente para ela, esta noite elas iriam a uma festa na casa de um barão. Bash havia garantido os convites.

Isso significava nenhum clube esta noite.

O que foi um prazer. Isabella tinha aprendido bastante nas últimas três semanas e o que ela aprendeu foi que os homens eram porcos imundos. Eles cuspiam, xingavam, juravam, bebiam e jogavam grandes somas de dinheiro em nome da diversão.

Exceto Bash. Ele nunca bebeu, nunca jurou, não jogou. Duas vezes outros homens causaram problemas em sua mesa e nas duas vezes, ele esteve ao seu lado em um instante.

Havia homens e alguns homens bons. E ele era um deles.

Só de pensar nele, seus olhos se abriram novamente. Além dessas duas ocasiões, ela mal o tinha visto. Que não significa que ele não estava sempre nos arredores.

Mas ele mal falava com ela e certamente não a tocava há dias. Se fosse honesta, diria que sentia falta dele. A sensação de suas mãos. A pressão de seu corpo, a maneira como tornava tudo menos assustador, a maneira como a enchia de excitação sem fôlego.

Mas ela o veria esta noite.

Esta noite, ele a acompanharia, suas irmãs e sua tia para a festa.

Tia Mildred havia insistido que Isabella comparecesse a todas as saídas de compras, todos os chás da cidade, todos os almoços para os quais suas outras irmãs haviam sido convidadas. Aparentemente, Isabella levaria uma vida dupla para que sua reputação pudesse de alguma forma permanecer intacta. Ela apreciou a ideia. Mas mentir nunca foi o forte de Isabella. Como diria a um homem que pediu sua mão que ela havia trabalhado como jogadora em um salão de jogos? Na melhor das hipóteses, depois disso, ela se retiraria para o campo para viver uma vida tranquila como uma solteirona. Talvez perto do mar. Ela tinha a matemática e... seus ombros caíram novamente.

O que ela disse a Bash em seu escritório? Um problema de cada vez. Seu futuro era uma preocupação para outro dia.

Agora, ela se concentraria no fato de que, para se preparar para a noite que se aproximava, todas as suas irmãs dormiriam até tarde. Não haveria compras e nem almoços hoje.

Isabella suspirou, desejando sua cama e um sono entorpecedor. Quando a carruagem finalmente parou em sua casa, ela se ergueu do assento e entrou na casa, depois subiu as escadas.

Ela se despiu lentamente, soltando o cabelo e tirando a camisa e as calças. Nem se preocupando em trançar o cabelo, ela se virou em direção a sua cama para encontrar Eliza já deitada lá. Sua irmã estava acordada e olhando para Isabella.

— O que você está fazendo na minha cama? — Ela deu um sorriso cansado para Eliza. — Você ia me dizer que estava aí?

— Você parece exausta, — disse Eliza, puxando as cobertas.

— Eu estou, — ela respondeu, cruzando a sala e deslizando entre os lençóis.

— Eu queria aquecer a cama para você, adormecerá mais rápido assim.

Isabella se aconchegou na cama quente, sua irmã a envolvendo num abraço.

— Obrigada.

Eliza esfregou o braço de Isabella.

— Sei que é difícil, mas é o melhor. O que tia Mildred está fazendo te levando a participar de eventos durante o dia...

— Ela não é realmente nossa tia, — disse Isabella enquanto soltava um bocejo de boca bem aberta.

— Eu sei disto. — Eliza cacarejou. — Mas ao fazer você participar conosco, você terá a chance de um futuro real...

— Eliza. — Ela se virou e olhou para a irmã. — O véu foi levantado para mim. Já vi homens por trás da cortina e não posso fingir que abro a cortina novamente. Qualquer homem que manifestar interesse saberá que eu sei. — Ela apertou a mão da irmã. — Não posso fingir ficar com os olhos úmidos por mais tempo e não tenho certeza se gostaria.

Eliza torceu o nariz.

— Quando eu já tive os olhos úmidos? Eu ainda posso me casar e você também pode.

— E fingir que isso nunca aconteceu? Você sabe que não sou boa nisso.

— Suponho que não. Nem Emily. Agora, Abigail e eu... — Eliza apertou sua mão novamente. — Tem que haver uma maneira de encontrar um futuro para você. Vou pensar nisto.

— Estou agradecida. — Isabella sorriu enquanto fechava os olhos. — Porque eu não consigo pensar em nada agora.

— E quanto a Bash? Ele ainda procura alguma desculpa para tocar em você?

Isso fez os olhos de Isabella se abrirem novamente.

— Não. — Ela respirou fundo. — Eu quase não o vi.

— Estranho, — sussurrou Eliza. — Pensei com certeza que ele estava apaixonado. Me pergunto por que ele está te evitando?

Isabella fechou os olhos novamente. Ela não conseguia pensar nisso agora.

— Você mesma terá que perguntar a ele. Não tenho a menor ideia.

Pouco antes do sono tomar conta dela, ela sonhou que ouviu Eliza dizer.

— Acho que vou.

A contagem atrasou.

Bash esfregou o rosto. Ou estava muito adiantada, dependendo da perspectiva. O sol já estava nascendo quando ele saiu do clube. Eles obtiveram quatro vezes mais lucros neste mês do que no mês anterior, e janeiro nem havia acabado.

Mas ele começou a odiar o clube.

Pela primeira vez, ele viu através dos olhos de Isabella. E não gostou do que viu. Homens imundos e vis, mau comportamento. Ela quase não falou enquanto estava lá. Apenas negociou e embaralhou, e negociou novamente.

E seus olhos. Eles dançavam no início, mas estavam entorpecidos. Devagar, mas com certeza.

Ele se lembrou dessa sensação.

Foi diferente, é claro. Não estava apenas assistindo o pior da humanidade, ele experimentou no punho cruel de seu pai.

Ele se lembrou de um incidente em particular, quando seu pai trouxe vários lordes para sua casa para discutir uma proposta de negócios. Um deles trouxe um filho, e ele e Bash foram para o jardim.

O outro garoto empurrou Bash, acidentalmente, e Bash caiu em uma poça. Era um comportamento típico de um menino, mas seu pai ficou furioso.

Bash era fraco, ficou sujo, e envergonhou seu pai. Ele recebeu várias chicotadas com o cinto por sua transgressão.

E ele parou de brincar com outras crianças.

Ele estalou vários de seus dedos. Conforme envelhecia, ele também ficou com raiva. Procurava qualquer desculpa para lutar. E quando fazia, era sempre o rosto de seu pai que ele imaginava. Até um dia, quando ele deu uma surra selvagem no ringue de boxe, viu seu reflexo e percebeu que seu pai não estava no rosto do outro homem, mas nas suas próprias feições. Ele era a imagem da raiva de seu pai.

Foi quando decidiu que era melhor não se preocupar com nada. E isso tinha funcionado muito bem nos últimos seis anos. Até Isabella.

Agora, por mais que estivesse tentando, se importava com alguma coisa. Ela.

Ele se importava que ela sofresse e se sacrificasse. Se importava que ela pudesse se machucar. E se importava que ela o visse como se ele fosse sua única esperança.

A carruagem parou no beco ao lado de sua casa e ele desceu, ansioso para dormir.

Foi quando ele avistou uma morena encostada na porta da cozinha. Por uma fração de segundo, ele pensou que era Isabella e seu coração começou a bater no peito, mas então percebeu, era na verdade Eliza. A decepção o apunhalou como um atiçador.

— Você não deveria estar aqui.

— Eu preciso falar com você. — Ela encostou-se na parede.

— Que horas são? Seis?

— Não sei. — Eliza encolheu os ombros. — É cedo o suficiente para que Mildred não saiba que eu saí.

Ele deu uma risadinha.

— Ela está mantendo você fora de problemas, então?

Eliza revirou os olhos.

— Só queria dizer que estava bem sem uma tutora, mas sim, ela parece levar seu trabalho a sério.

— Bom. Isso tornará mais fácil esconder a fraude de Isabella.

Eliza pigarreou.

— Esse é exatamente o assunto que vim discutir.

— Escondendo as atividades de Isabella no clube?

— Não exatamente. — Eliza mordiscou o lábio e por um momento, ela se pareceu muito com Isabella. — Minha irmã é muito honesta. Ela não é realmente capaz de enganar.

— Entendo. — Ele não entendia.

Isso não era verdade. Ele entendia. Ele a observava constantemente de seu lugar atrás da cortina. Ela nunca mentiu ou mesmo enganou para ganhar as mãos como alguns jogadores faziam. Era tudo sobre conhecimento das cartas. Mas ele não entendia o que Eliza estava tentando fazer.

— Ela acha que nunca vai se casar porque não pode contar ao marido sobre tudo isso, — Eliza acenou com as mãos. — E ela não pode manter isso em segredo também.

— Ridículo.

— Concordo. Mas essa é Isabella. — Eliza soltou um longo suspiro. — Eu gostaria de ver minha irmã assentada, e é por isso que estou me perguntando se algum de seus associados está pensando em se casar.

Isso o fez sufocar em sua saliva.

— O quê?

— Aquele barão, por exemplo. Aquele que está sempre xingando. Nenhuma boa família iria tolerar isso. — Eliza deu-lhe um sorriso conhecedor — Isabella pode ser uma boa opção para um homem como ele. Ela é educada. Culta, gentil e atraente. Ela seria uma excelente esposa.

A própria ideia de Blasphemy tocá-la fez seu sangue ferver.

— Fora de questão.

— Por quê? — Ela deitou a cabeça. — Eles conhecem o passado dela e manterão seu segredo. Se você me perguntar, é uma solução perfeita.

Ele gaguejou enquanto tentava responder. Perfeita? Assistir seu parceiro de negócios e amigo tocar Isabella? Sabendo que ele a levaria para casa e faria amor com ela?

— Ele é moralmente corrupto.

Isso fez as sobrancelhas de Eliza se erguerem.

— Não mais do que você.

Cristo. Ela o tinha lá.

— Blasphemy não tem planos de se casar.

— Outro, então, — Eliza acenou com a mão. — Sua vez.

Ele passou os dedos pelo rosto.

— Quanto mais eu preciso fazer por sua família?

— Não para minha família. Por Isabella.

Sua boca se apertou. Um olhar de cumplicidade brilhou nos olhos de Eliza, e ele se perguntou se ela estava apenas incitando-o. Com que finalidade, ele não tinha certeza. Mas dois podiam jogar este jogo.

— Você gosta do Menace? — Perguntou maliciosamente.

Seu rosto corou e Bash relaxou. Tinha encontrado seu ponto fraco. Havia algo chiando entre Eliza e Menace. Seu nariz se ergueu no ar.

— Aquele libertino?

— Eles são todos libertinos, Eliza. Incluindo eu.

Seu queixo caiu.

— Jogamos nossas cartas com libertinos, eu acho.

Ele estremeceu com isso. O mundo poderia ser tão cruel.

— Sim.

— Pense no que lhe perguntei. Não posso viver com a ideia de que Isabella desistiu de seu futuro. Se você puder pensar em um plano melhor, por favor, me avise. — Então, ela se virou e começou a descer o beco.

— Aonde você está indo?

— Casa. Temos uma festa esta noite. — Ela acenou um adeus.

— Como você irá para lá? — Ele perguntou de volta. Eliza era demais, às vezes.

— Vou ficar bem, — disse ela, e então desapareceu.

— Essa é um problema, — ele murmurou enquanto fazia seu caminho para dentro.

Mas ele não foi para a cama. Não imediatamente. Porque por mais que odiasse admitir, o plano de Eliza para Isabella era bom. E isso o mataria.

 

 

Capítulo 10


Isabella ficou ao lado de suas irmãs assistindo a série de dançarinas girando em seus vestidos deslumbrantes.

Ela deslizou as palmas das mãos por seu vestido. O rosa pálido era a cor mais linda que já tinha visto, e destacava seu cabelo e olhos castanhos primorosamente. Ela sempre assumiu que sua coloração era chata e monótona, mas neste rosa...

O vestido caiu perfeitamente, destacando sua cintura estreita e curvas esguias.

Isabella olhou para cima e seu olhar se chocou com o de um certo duque. Sua respiração ficou presa. Sempre bonito, em seu traje de noite, ele era de tirar o fôlego.

Seu coração parou por um momento, e então acelerou quando ele cruzou a sala vindo diretamente para elas.

Tia Mildred fez uma profunda reverência

— Sua Graça.

Suas irmãs seguiram o exemplo.

Emily abriu seu leque para esconder sua risada enquanto Abigail abertamente cobiçava Bash. Eliza deu uma cutucada nas costelas das irmãs com o cotovelo. Isabella piscou ao perceber que o homem que representava grande parte de sua vida e suas fantasias nunca tinha conhecido suas duas irmãs mais novas.

O que a deixou triste.

Se ele tivesse sido seu namorado...

Mas ele não era, ela se puniu. Ela era a mulher que se passava por homem para fazer dinheiro para ele.

E em troca, ele era o homem que ajudaria suas irmãs a encontrar maridos.

Tia Mildred ligou seu braço ao de Bash.

— Posso apresentar minhas sobrinhas. — Ela desceu a fileira fazendo as apresentações enquanto vários outros homens observavam. O que era é sobre um duque que atraia tanta atenção?

Isabella endireitou a coluna.

— Todo mundo sorrindo? — Ela perguntou. Quanto mais cedo suas irmãs se casassem, mais cedo tudo acabaria.

— Sim. Você já perguntou isso três vezes — Emily respondeu, mas obedientemente puxou os lábios em algo que parecia um sorriso.

— Parece que o diabo te levou. — Abigail rolou os olhos. — Relaxe seu rosto, Emily. Nenhum homem quer uma esposa que pareça possuída pelo diabo.

Bash riu enquanto olhava o anel de homens circulando.

Emily bufou.

— Isso tudo não parece natural.

— É a coisa mais natural do mundo, — respondeu tia Mildred. — As mulheres têm encontrado maridos desta forma há séculos.

— Você realmente confirmou esse fato? — Abigail perguntou com um sorriso atrevido.

Isabella ignorou suas irmãs, seu olhar ainda bloqueado com o de Bash. Ela o viu sorrir quando seu olhar foi para suas irmãs e depois de volta para ela.

— Senhoras, — ele rugiu baixo e profundamente. — Se vocês me permitirem, vou levar todas vocês para dar uma volta pela sala. Devemos fazer inúmeras apresentações. — E então, ele estendeu o cotovelo para Isabella.

Ela sentiu suas irmãs ficarem tensas. O ar sobre eles passou de relaxado para carregado em um momento quando ela deslizou a mão na curva de seu braço. Onde ficou quando várias apresentações foram feitas.

Mais do que várias...

Se Isabella pudesse ter escolhido uma palavra, poderia ter sido clamor. Os homens clamavam por uma apresentação às irmãs Carrington.

O tempo todo ela ficou aninhada ao lado do Duque de Devonhall. Bash.

O que combinava perfeitamente com ela.

Seus músculos flexionaram sob seus dedos quando ele sorriu, acenou com a cabeça, e criou alguma conexão familiar entre as meninas Carrington e ele.

Mas vários olhares longos foram dados a Isabella enquanto ela continuava a descansar em seu braço.

E quando ela e Bash passaram, ela não pôde deixar de notar que vários admiradores abriam caminho enquanto sussurros se seguiam atrás deles.

Ela não se importava, disse a si mesma. Em sua mente, ela já estava arruinada. Mas agora, todos saberiam. Porque depois da atenção que ele lhe deu, quando eles não se casarem...

Ela engoliu um caroço quando seu queixo baixou.

— O que está errado? — Bash perguntou, seus lábios se inclinando perto de sua orelha.

Ela estremeceu de surpresa. Foi a primeira vez que ele falou diretamente com ela desde que chegou.

— Nada, — ela murmurou de volta.

— Gostaria de dançar?

Ela deveria dizer não. Eles criaram espetáculo suficiente. Mas quando ela o olhou, percebeu que esta poderia ser sua última chance de dançar assim. Presa em seus braços fortes enquanto a girava no chão.

— Sim.

Ele olhou para a guardiã contratada, que, é claro, concordaria. Mildred acenou com a cabeça, e então Bash levou-a pelo salão. O grupo de homens ainda estava próximo de suas irmãs. Para seu crédito, as senhoras sorriam e riam. A sala de estar delas certamente estaria cheia amanhã e, pela primeira vez esta noite, Isabella relaxou. Claro, eles não tinham criados para atender os convidados, mas esse era um problema que resolveriam com bastante facilidade. No que diz respeito aos dilemas, não era nada em comparação com outros que elas enfrentavam.

Ela estava longe dos sussurros e dos admiradores e deste lugar, ela podia ver que suas irmãs receberiam muitas ofertas. Tinha conseguido isso.

Essa sensação chegou a seus pés quando a dança começou e Bash a girou em seus braços.

Ela desejou poder pressionar a testa em seu pescoço e respirar seu perfume de sândalo. Mas quando sua mão descansou em seu ombro largo, ela se lembrou a sensação de seus lábios nos dela, quentes, firmes e ternos.

Seu coração apertou.

— Isabella, — disse ele, seu nome em seu tom de barítono profundo fazendo-a suspirar.

— Sim?

— Você está deslumbrante. Você sempre está linda, mas esta noite...

Ela abriu os olhos e ergueu o queixo.

— Obrigada. — Um sorriso apareceu em um lado de sua boca. — É bom estar em um vestido.

Ele riu disso e se aproximou.

— Você deveria estar vestida assim o tempo todo.

Ela não queria pensar no tempo, especialmente no futuro. Seu sorriso sumiu.

— Talvez. — Ela olhou para o jardim enquanto eles continuavam a dançar. — Não vamos discutir o que acontece quando sairmos desta pista de dança. Em vez disso, quero apenas aproveitar o agora.

Ele ficou em silêncio enquanto continuava a girá-la, mas como os últimos acordes da música morreram, ele colocou a mão dela em seu cotovelo e começou a guiá-la, não em direção a sua família, mas para o terraço.

— Bash, — ela sussurrou. — Onde estamos indo?

— Precisamos ter uma conversa mais particular, — ele sussurrou de volta, então saíram para o ar frio da noite.

Bash ignorou a voz em sua cabeça que dizia que ele era um idiota. Essa voz o repreendeu a noite toda.

Ele não deveria dar atenção especial a Isabella.

Foi reparado. Mas cada vez que um homem olhava em sua direção, ele a puxava um pouco mais perto.

As palavras de Eliza reverberaram em sua cabeça o dia todo. Casar-se com ela?

Absurdo. Não tinha sido uma de suas estipulações desde o início? Nenhum outro homem a tocar? Agora a voz não o estava chamando de idiota, em vez disso, o acusava de ser um bastardo egoísta.

Talvez.

Provavelmente. Egoísmo era como outro legado familiar passado por seu pai.

Eles pararam no calor da festa, apenas alguns outros casais no terraço no ar frio da noite.

— Que conversa precisamos ter? — Ela perguntou ao lado dele, seu rosto voltado para a gloriosa lua cheia.

Ela parecia deslumbrante na luz.

— Desde que suas irmãs não sejam muito exigentes, elas devem ficar noivas antes do fim do mês.

Ela assentiu, ainda sem olhá-lo.

— Obrigada pela ajuda.

Ele franziu a testa. Ela invejava o futuro de suas irmãs pelo qual ela se sacrificou?

— Uma vez que elas estiverem comprometidas, seu trabalho no clube deverá terminar.

Ela apertou os lábios.

— Tive lucros suficientes para fazer o negócio valer a pena?

Seus lábios se separaram quando ele se afastou. Ela estava preocupada com ele? Por quê? Ela deveria se preocupar com seu próprio futuro. Ele se aproximou.

— Dez vezes mais.

Ela sorriu, apenas um pequeno sorriso que não alcançou seus olhos.

— Bom.

— E quanto a você? Tem valido a pena?

Ela fez uma careta.

— É claro. Cuidaremos das minhas irmãs, isso é o importante. Isso é o que eu sempre quis.

— E você? Se seu tio vender a casa, onde você irá morar?

Ela encolheu os ombros.

— Não importa...

— É importante para mim, — ele disse, suas palavras cortadas. Ele se forçou a relaxar, para aliviar a tensão crescente. Ele e seus amigos estavam ficando ricos, suas irmãs iam se casar. O que ela ganharia com este acordo? Nada. Sem casamento, sem família e certamente uma vida sem luxos como o lindo vestido que ela usava esta noite.

— Um dos maridos... se eu fosse adivinhar será o de Eliza, — ela disse, seus olhos enrugando nos cantos, — vai me acolher.

Sua boca se abriu.

— Esse é o seu plano?

Ela olhou-o, então.

— Não é tanto um plano quanto um... palpite.

— Bem, eu gosto de planos. E esse é horrível. — Ele começou a se mover novamente. Uma caminhada lenta e casual em direção às sombras para não despertar muitas suspeitas. Embora suspeitasse que fosse tarde demais.

— Talvez meu pai volte, — ela disse na escuridão. — Ele é um bom homem. Vai entender o porquê fiz o que fiz, e por que era importante.

Este plano era ainda pior que o anterior. O pai dela provavelmente estava morto, ou ele não era nada bom, e realmente não se importava com suas filhas.

— E se ele não voltar?

Ela suspirou, então.

— Você tem uma ideia melhor?

Sim. Case-se com ela.

O pensamento surgiu em sua cabeça antes que pudesse detê-lo. Ele contraiu-se. Não podia se casar com ela. Ela... ela já estava muito perto. Ultrapassando o seu eu cuidadosamente protegido. Então, ele pegou emprestadas as palavras de Eliza.

— Você deveria se casar com um homem que foi libertino. Alguém que vai entender suas... ações pitorescas e saber que isso não reflete quem você realmente é.

— Você parece minha irmã.

Seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso. Eles chegaram em um canto escuro e Bash a puxou em direção a seu corpo. Ele desejava confortá-la. Podia sentir sua tristeza por baixo do exterior calmo.

Mas quando o rosto dela se inclinou para o dele, ele segurou sua bochecha com a mão, seu polegar acariciando seu lábio inferior.

— Bash.

Ele ouviu um tom carente em sua voz, quase implorando. Mas para quê?

— Sim, amor, — ele se inclinou, seu nariz roçando o dela.

— Não quero pensar no futuro agora. Desejo aproveitar o momento. — Sua doce respiração acariciou sua bochecha e ele viu-se roçando levemente seus lábios com os seus.

Ele começou a se afastar, mas ela ficou na ponta dos pés e pressionou-lhe a boca novamente.

Seu toque ansioso era como um fósforo em gravetos secos. Um fogo ardeu dentro dele quando abriu sua boca e começou a beijá-la com uma paixão que vinha crescendo há semanas.

Ela enroscou os braços em volta do pescoço dele e retribuiu seu toque, golpe após golpe, suas línguas e corpos se entrelaçando. Desesperadamente, ele tentou puxá-la ainda mais perto, mas o vestido, que ele tinha admirado a noite toda, estava no seu caminho quando deslizou as mãos sobre seu traseiro e puxou seus quadris juntos.

Ele ouviu seu suspiro, o som fazendo seu corpo pulsar com necessidade. A pressão era frustrantemente requintada porque só queria mais.

Ele começou a juntar as saias dela em sua mão, querendo mapear a curva de sua bunda, mas as saias estavam enchendo seus dedos.

Do nada, alguém esbarrou em suas costas.

Quem quer que fosse era grande e forte, e ele cambaleou para frente, segurando Isabella mais perto de seu peito para evitar que os dois caíssem na varanda de pedra.

— Perdão, — uma voz rouca retumbou, e então a figura desapareceu na noite.

Outro som chamou sua atenção. Sussurros próximos.

— Você viu para onde Sua Graça foi? — Uma voz perguntou.

— Acho que ali, — respondeu outro. — Ele estava com ela?

— Quem é ela e como conseguiu chamar a atenção dele?

— Ela é bonita, mas não tão bonita.

Bash não hesitou. Ele afundou ainda mais nas sombras, emergindo próximo a um conjunto de portas onde guiou Isabella de volta para dentro.

Quem quer que fosse aquele estranho, ele acabara de salvar Isabella da ruína certa. Ou um casamento apressado.

Seu intestino revirou. Ele não podia mais ficar com ela assim. Mas estando perto, seu ciúme levaria o melhor dele.

Ele tinha que deixá-la ir.


Capítulo 11


Isabella entrou pela porta dos fundos do clube, preparando-se mentalmente para a noite. Ela esfregou as têmporas enquanto caminhava. Depois da visita de tia Mildred ao tio delas, Malcolm ficou em silêncio por quase um mês, mas hoje cedo elas receberam uma carta que dizia que ele precisava falar imediatamente.

Eliza escolheu ignorar a mensagem, o que encheu Isabella com um pavor doentio que ela tentou empurrar para o lado.

Ela precisava se concentrar, sabendo que era necessária uma grande quantidade de energia para controlar um grupo de homens turbulentos e bêbados.

O clube devia estar a todo vapor, apesar da madrugada, porque ela já podia ouvir as vozes altas de vários homens discutindo. Mas enquanto caminhava pelo corredor, ela percebeu que o barulho não vinha da sala da frente, mas do escritório de Bash.

Seus passos diminuíram quando ouviu seu nome.

— Eu não dou a mínima para o que você pensa. Não é seguro para Isabella estar perto de degenerados como estes todas as noites. Uma dessas noites, algo ruim vai acontecer.

— Porra fodida? Ela nem está aqui. — Blasphemy resmungou. — Por que você está usando palavras tão idiotas?

— Acredito que você as preencheu muito bem, — Bash respondeu. — Podemos discutir o tópico atual? Ela precisa parar de jogar.

— Eu discordo, — respondeu Menace. — Ela está ganhando muito dinheiro para nós.

— Contanto que você esteja feliz, — a voz de Bash aumentava com cada palavra. — Quem se importa com o que acontece com ela?

— Nós vamos tê-la cuidada, — Infamy respondeu, sempre calmo, frio e controlado.

— Como? — Bash disparou de volta soando ainda mais agitado.

Isabella nem fingiu continuar andando. Ela parou na frente da porta, cobrindo a boca enquanto inclinava o ouvido para mais perto da porta. Não que precisasse estar mais perto para ouvir Bash. Sua voz retumbava no corredor.

— Eu não sei, ainda. — Infamy respondeu. Ela poderia jurar que o ouviu coçar o queixo.

— Não importa agora, de qualquer maneira. É um problema para outro... — Vanity começou, mas um estrondo interrompeu suas palavras.

— É um problema para este momento exatamente. Ou encontramos uma solução ou ela nunca mais pisará neste clube.

O silêncio caiu e o coração de Isabella parou quando pressionou os dedos nas bochechas.

Bash estava realmente preocupado com ela.

Eliza estava certa sobre a profundidade de seu carinho. Podia ouvir a preocupação em sua voz.

Ela se ofereceu a ele e em troca ela estava sob sua proteção, mas não em sua cama. Por que ele não aceitou a barganha? Ele a beijou duas vezes, então ele a queria. Isso era óbvio.

E ele se importava. Por que outro motivo estaria argumentando tão vigorosamente em sua defesa? A única resposta que fazia sentido era que ele queria protegê-la.

Ela balançou a cabeça. Algo não fazia sentido.

Mas ela não teve tempo de ouvir mais na porta. O crupiê que ela precisava substituir fez o seu caminho pelo corredor e ela foi para a sua mesa. Era hora de trabalhar.

Ela entrou na sala da frente, onde vários jogos já estavam acontecendo, e ela olhou o seu lugar habitual, que estava cheio do mesmo tipo de homem que ela via todas as noites. Bem vestidos, mas com o rosto vermelho e balançando ligeiramente nos pés. Sorrisos turvos decorando seus rostos.

Seu intestino apertou em um desconforto familiar, mas ela empurrou de volta para baixo e se dirigiu para seu lugar.

Tomando sua posição, Isabella cortou o baralho e começou a embaralhar as cartas.

— O jogo é Loo, — ela disse enquanto olhava ao redor da mesa. Ela sempre manteve a voz baixa, apesar do barulho. Isso ajudava a disfarçar o verdadeiro tom de sua voz.

Dois homens se levantaram, claramente procurando jogar outra coisa para que apenas quatro jogadores permanecessem. Três, ela dispensou logo. Eles estavam bêbados e o jogo passaria rapidamente por eles.

Mas o quarto...

Ele não parecia embriagado no mínimo. Seus olhos castanhos brilhavam de interesse enquanto a olhava fixamente.

Sua mão tremia e sua respiração prendeu quando ela começou a distribuir as cartas. Por que ele a olhava assim? Como se visse através dela?

Ele sabia que ela não era um homem?

Ele não disse nada quando a mão começou, mas isso só aumentou seu desconforto, e ela mudou em uma demonstração incomum de nervosismo. Várias rodadas se passaram e ela tentou se perder no jogo, nas cartas. Mas foi difícil. Sua atenção era inabalável.

E então, ele se aproximou. Tão perto que ela podia sentir o calor dele, cheirar o perfume de pinheiro de sua colônia. O medo pulsou. Onde estava Bash?

Automaticamente, ela puxou as cartas que segurava nas mãos com mais força contra o peito, mas o olhar dele não saiu. Em vez disso, se inclinou ainda mais perto, roçando o braço dela. Seu toque a fez dar meio passo para trás.

O que estava acontecendo?

Então, simplesmente assim, ele se afastou novamente.

O sangue correu em seus ouvidos e as cartas quase caíram de sua mão. Ela não poderia fazer isso. Sua concentração tinha sido atingida.

Ele olhou para ela, seus olhos se estreitaram, e então olhou para as calças dela, e de volta aos olhos dela.

Ela olhou ao redor em busca de uma fuga assim que Bash entrou na sala, dando-lhe um longo olhar. O homem misterioso em sua mesa desviou sua atenção incessante sobre ela, mudando seu olhar conhecedor para Bash.

Agora seu coração batia descontroladamente no peito. O que esse homem achava, agora que avaliava Bash? Este homem era uma ameaça? Ele a reconheceu?

Levantando a mão, ela sinalizou para Bash se juntar a ela.

Sua testa franzida. Ela entendeu porque ele parecia confuso. Nunca pediu sua ajuda. Mas precisava agora.

Quando ele se juntou a ela na mesa, ela se inclinou e sussurrou:

— Não estou me sentindo bem. Preciso ir para casa. — Ela já sabia qual seria sua resposta.

Ele não a desapontou.

Com um aceno de cabeça rígido, ele respondeu:

— Claro. — Então, ele sinalizou para outro jogador tomar seu lugar.

Ela se afastou, desejando não olhar para trás e ver se o homem misterioso a observava. Nem ela olhou para Bash para implorar por segurança.

Talvez ele estivesse certo, e os planos futuros precisavam acontecer agora. Aquele homem em sua mesa a fazia sentir como se conhecesse seus segredos. Ela estava bem em ser uma solteirona. Entendia que ao trabalhar no clube, ela desistira de seu futuro. Mas se toda a sociedade realmente descobrisse que ela andava jogando cartas...

Ela sabia que era uma possibilidade. Mas quando Isabella enfrentou a realidade...

Um arrepio percorreu sua espinha.

Bash observou o outro homem, e como ele observava Isabella.

O ciúme, como uma faca quente, o cortou. Não reconheceu o sujeito de cabelo escuro, nunca o tinha visto aqui antes, mas o olhar do homem nunca vacilou quando Isabella saiu da sala.

Por uma fração de segundo, Bash não soube o que fazer. Iria atrás de Isabella ou lidaria com o homem a sua frente? Ele virou-se para o guarda.

— Pegue Bill, — o apelido deles para Isabella no clube, — e faça-o esperar por mim na sala vermelha.

O guarda deu um único aceno com a cabeça e então começou a ir atrás dela, sem esforço separando a multidão para chegar ao seu lado.

Assim que Bash viu o homem ao lado dela, ele voltou sua atenção para o jogador, que observou Bash com um olhar astuto.

Bash cruzou os braços sobre o peito, e encheu-o ar.

— Você é?

— Um amigo. — O homem sorriu e deu uma piscadela enquanto se levantava.

— Apenas dândis piscam para outros homens, — Bash rosnou, dando um passo ao redor da mesa. Ele queria algumas respostas e as queria rapidamente.

Mas o outro homem levantou a mão.

— Relaxe, Duque da Decadência. — O cascalho da voz do outro homem atingiu um acorde familiar. — Eu venho em paz.

— Por que você veio? — Ele perguntou.

— Se você verificar... o bolso de Bill, você terá sua resposta. — Então, o outro homem se virou e foi para a porta.

Seu bolso?

Bash deu dois passos em direção à porta, seguindo o jogador. Outro homem se aproximou do jogador, um escocês pelo colete xadrez que usava. Ele tentou alcançá-los no meio da multidão enquanto acenava para um guarda ajudá-lo.

Ele não se atreveu a disparar uma arma ou soar o alarme. Pelo que sabia, o homem não tinha realmente feito nada de errado. Encarar Isabella, por mais que Bash odiasse admitir, não era realmente uma ofensa. Mas queria mais informações, então empurrando um homem para o lado, tentou alcançar os dois enquanto eles deslizavam para fora da porta.

Bash fez uma pausa... irritação ondulando ao longo de sua pele. Ele perseguiria os dois homens noite adentro? Ou ficaria aqui e veria Isabella ir para casa?

Girando nos calcanhares, ele apontou para o guarda.

— Siga-os, — ele gritou, em seguida, começou a ir para a sala dos fundos.

O que Bash precisava era saber com o que estava lidando. Quem era o homem, e se fez alguma coisa para assustar Isabella? Sabia que ela estava bem fisicamente. Pelo menos nada estava quebrado. O homem a ameaçou?

Virando pelo corredor para o quarto vermelho, ele abriu a porta sem nem mesmo acenar para o guarda que esperava do lado de fora. Ela estava sentada à mesa com uma bolsa na mão.

— O que diabos é isso? — Ele perguntou, derrapando até parar.

Seu olhar se ergueu para ele, seus olhos brilhando com lágrimas.

— São moedas. Ouro.

Ele tirou o saco da mão dela, abrindo a corda enquanto olhava para dentro.

— Como não senti o peso disso? Quer dizer, ele se aproximou, mas...

— Há uma nota, — ele disse enquanto colocava várias moedas de lado.

Isabella se levantou de sua cadeira e veio ficar perto dele para ver o bilhete também. Seu corpo roçou o dele, seu calor se infiltrando em sua camisa. Com cuidado, ele desdobrou o pedaço de papel.


Para você e suas irmãs. Haverá mais agora que sei que posso encontrar você no clube.


Isabella ofegou ao lado dele enquanto arrancava a nota de sua mão.

— Quem é ele?

— Eu não sei, — ele respondeu enquanto mais uma vez tentava identificar o som da voz do outro homem. — Mas não gosto disso nem um pouco. Por que ele te daria dinheiro? O que ele quer? Quem ele conhece? Como ele ousa...

Mas Isabella ofegou, interrompendo a ladainha de perguntas de Bash.

— Meu pai sempre teve um parceiro secreto. Você não acha que era ele, acha? Se descobriu que eu tinha uma identidade secreta, talvez ele finalmente pudesse nos ajudar. Você acha que ele sabe alguma coisa sobre meu pai?

— Isabella. — Ele passou um braço ao redor dela. Ele odiava que este homem tivesse estado em qualquer lugar perto dela. De alguma forma, gostou até menos que ele fosse capaz de dar a Isabella mais esperança do que Bash tinha conseguido. — Você não sabe se ele é parceiro do seu pai.

Ela olhou-o, sua mão indo para seu peito.

— Quem mais poderia ser?

Bash não sabia, mas ele iria descobrir de um jeito ou de outro. Ele escolheu errado? Talvez ele devesse ter seguido os dois homens para fora.

Uma batida soou na porta e Isabella deu um passo um jeito.

— Sim, — ele latiu.

O outro guarda entrou na sala.

— Desculpe senhor, mas eles escaparam.

— Eles escaparam?

— Tinha uma carruagem esperando do lado de fora.

— Não permitimos que as carruagens estacionem do lado de fora, — Bash mordeu fora. Quem exatamente era este homem?

— Verdade, senhor. O cocheiro deve ter ficado fazendo círculos.

Bash podia sentir seu temperamento queimando novamente. Isabella poderia estar em perigo e não havia nada que ele tivesse feito esta noite para impedi-lo que estivesse certo.

Mas ele sabia exatamente como proceder.

— Estamos levando você para casa, — disse ele por cima do ombro. — Traga minha carruagem de volta. — Então, ele apontou para o guarda. — Você vai me dar um relato completo assim que eu voltar.

Bash iria chegar ao fundo disso.

Mas primeiro, ele estava indo levar Isabella de volta para a casa, onde ela iria ficar. Não há mais clube. Chega de se vestir de homem, e de homens misteriosos colocando dinheiro em seu bolso.

Quando descobrisse quem era aquele sujeito, ele iria quebrar todos os seus dentes.

Não se importava o quão parecido com seu pai essa situação o fazia. Ele teria a satisfação de ver aquele homem sangrar.

 


Capítulo 12


Bash ficou sentado em silêncio do outro lado da carruagem, olhando pela janela. Isabella nem se importava que ele a ignorasse, era tão bom tê-lo aqui.

Ela odiava os retornos solitários para casa.

— Obrigada por me acompanhar.

— De nada, — ele respondeu automaticamente, sua voz uniforme e monótona como se estivesse perdido em pensamentos.

— O que você está pensando?

— No nosso visitante desta noite. Seu doador. — Bash se inclinou para frente. — Não gaste uma única moeda até sabermos quem ele é e o que quer.

— Tudo bem, — ela disse, sentindo o peso disso em seu bolso. — Se você acha que é melhor.

— Eu acho. — Ele se inclinou para frente, então. — Se você precisa de algum dinheiro basta pedir. Eu vou cuidar de...

— Bash, — ela respondeu suavemente. — Nós não precisamos. — Ela deslizou até a beirada do assento para que seus joelhos se tocassem. — Você nos deu roupas novas, forneceu dotes, nos conseguiu convites. Te disse que Emily tem um pretendente? Já. Não precisamos de mais nada. Você já fez muito. — Ela ficou tentada a perguntar mais sobre seus motivos. Por que ele era tão generoso? Mas agora, ela não queria arriscar sua resposta. Só queria estar perto dele. A noite de hoje a tinha perturbado e tê-lo aqui...

— E você já ganhou uma fortuna. Não quero ver você em dívida com ninguém. Você me entende? Não confio em nenhum homem para não colocar um preço em sua doação.

Ela assentiu.

— Compreendo. Não vou gastar nada.

— Guarde para você enquanto pensamos seus planos...

— Mas ele disse que era para minhas irmãs também. Como você acha que ele sabe que tenho irmãs se não é o parceiro do meu pai?

— Ele tem seguido você.

Isso fez seu alarme soar. Ela estava em perigo? Suas irmãs estavam?

— Bash? — Ela sussurrou, o medo apertando sua voz. — Posso me sentar com você?

Em resposta, ele deslizou de sua cadeira para a dela. Ele escorregou o braço sobre seus ombros e puxou-a para perto.

— Não vou deixar ninguém te machucar, — disse enquanto esfregava sua bochecha no topo de sua cabeça.

Ela não respondeu, apenas se aconchegou mais perto. Porque ela sabia que ele não deixaria. Seus olhos se fecharam. Ele era quente e forte, e ela suspirou enquanto se derretia nele.

O silêncio caiu novamente, mas desta vez, isso não a incomodou. Na verdade, era reconfortante e quando seus olhos se fecharam, ela se viu vagando naquele lugar entre estar acordada e adormecida.

Ela enrolou os braços em volta da cintura dele e o abraçou, querendo ficar ali a noite toda. Querendo ficar para sempre.

Seus olhos piscaram e ela inclinou a cabeça para trás para olhar para o rosto dele.

As linhas eram mais suaves enquanto ele a abraçava no escuro. Sua respiração ficou presa no peito porque emoção havia enchido seu coração.

Ela o amava.

Como não poderia?

Ele a protegeu, fez seu corpo esquentar de desejo. Ele... ele era um duque enquanto ela era apenas a filha de um comerciante. Nem perto de ser boa o suficiente para ser sua amante.

Isso a fez suspirar novamente. Isso não mudou a maneira como ela se sentia, é claro. Seu coração bateu descontroladamente em seu peito ao perceber que se apaixonou. Mas aqueles sentimentos nunca poderiam ser ditos em voz alta. Eles ficariam sem resposta.

— Por que você está suspirando assim?

O que mais ela poderia fazer? Naquele momento, ela mentiu. Uma raridade que dominou sua língua, com gosto de ácido.

— Odeio a ideia de voltar para o clube.

— Você não voltará.

— Mas... — Ela franziu a testa. — Minhas irmãs ainda não estão noivas. — Ela concordou com ele, é claro. Especialmente depois desta noite, ela nunca mais quereria voltar. — E também. Como vamos descobrir quem era aquele homem se eu não voltar?

Bash fez uma careta.

— Eu vou descobrir isso. Deixe que eu me preocupo com isso.

— Por quê? — A única palavra saiu de sua boca antes que pudesse contê-la. — Por que você faria de mais um dos meus problemas o seu problema se eu nem mesmo estou lidando com o clube? — Ela não adicionou que isso a deixava nervosa por estar em dívida com ele dessa forma. Ele poderia partir a qualquer momento, e então onde ela estaria?

Sua mandíbula se apertou. Ele olhou para ela, mas nenhuma palavra saiu de sua boca.

Ela balançou a cabeça.

— Eu tenho que voltar, Bash. Todo esse arranjo depende de mim. O negócio fracassa se eu não o fizer. — Ela não queria que fosse verdade, e sabia que ele também não.

Mas era.

Eles não tinham nenhum relacionamento além de uma troca de favores. Claramente definido. Não há espaço para sentimentos.

A carruagem parou no beco ao lado de sua casa. Ela começou a escorregar do assento. Mas o braço dele a segurou.

— Estou acompanhando você para dentro.

Ela deu um aceno rígido. Ele nunca tinha estado em sua casa antes.

Ele deslizou do assento e abriu a porta, descendo para que pudesse pegá-la. Então, como fazia todos os dias, ele colocou sua mão na dela e entrou na cozinha.

Eles encontraram a família sentada no primeiro andar quarto.

Bash sabia que elas foram deixadas por conta própria. Mas mesmo ele não havia considerado que elas não podiam mais pagar uma equipe de empregados. Ridículo, que não tivesse lhe ocorrido antes. Elas não estavam vestidas para a noite. Elas não estavam jogando cartas ou praticando piano. Estavam polindo a prata da família.

Bash franziu a testa. Elas iriam vendê-la?

Droga, mas odiava a maneira como o seu estômago revirou com a ideia. Essas mulheres se tornaram sucessos instantâneos na festa a que compareceram. Tinha certeza de que haviam recebido visitas no dia seguinte. Como serviram chá aos convidados? Quem atendeu a porta?

Seus olhos se fecharam por um segundo.

— Você ficou quieto de novo, — disse Isabella ao seu lado.

Ele colocou a mão sobre a dela. A que ela havia colocado em seu braço.

Isabella despojou-o de suas defesas, e ele odiava isso. Mas ela também agarrou algumas das melhores partes dele. Aquelas que queria proteger e nutrir. Ainda estava preocupado com o que ele se tornaria se ele se rendesse aos seus sentimentos por ela. Mas também estava começando a se perguntar o que significava se não o fizesse.

Ele se odiaria da mesma forma se permitisse que ela e sua família continuassem assim. Mas quanto mais ele poderia fazer sem realmente algum tipo de arranjo formal?

Todas as garotas ergueram os olhos ao ouvir a voz dela.

Ele pigarreou.

— Vocês tiveram muitas visitas depois de ontem à noite?

— Oh, sim. — Emily sorriu para ele, seu olhar animado e aberto. Isabella tinha mencionado que ela já tinha um pretendente sério? — Obrigada novamente por sua ajuda.

Abigail acenou com a cabeça.

— Temos esperança de que pelo menos uma de nós receberá uma oferta muito em breve.

Ele engoliu um caroço. Quanto elas contaram àquele homem? Ele se tornaria responsável por todas as quatro irmãs? Fez sua pele formigar ao pensar em outro homem dizendo se ele podia ou não ver Isabella. Ficou ainda mais irritado ao pensar naquele mesmo estranho negando os cuidados das outras irmãs.

Bash estava verdadeiramente preso.

— Fico feliz em ouvir isso. — Ele deu a ambas um sorriso de volta. — Você acha que Isabella e eu poderíamos falar com sua irmã, Eliza?

Os sorrisos escaparam de todos os três rostos.

— Por quê? — Abigail perguntou.

No mesmo momento, Emily se levantou.

— É claro.

— Abigail, — disse Eliza. — Mexa-se.

Abigail bufou com as mãos chegando aos quadris.

— Vou casar-me com a primeira bolsa que se oferecer. Se tenho idade suficiente para isso, então também tenho idade para esta conversa.

Bash teve que sorrir para isso. Ela tinha razão.

— Isabella?

Isabella sacudiu o queixo em concordância e, em seguida, puxou a sacola de moedas do bolso e jogou-a no centro da bandeja, onde fez um barulho alto.

Em palavras apressadas, ela contou o que aconteceu naquela noite.

Emily ofegou em vários pontos, as mãos cobrindo a metade inferior do rosto. Mas as outras duas irmãs permaneceram em silêncio. Elas olhavam com o mesmo desagrado.

Quando acabou, Abigail olhou para Eliza.

— Ela não pode voltar lá.

— Concordo, — Bash respondeu aliviado.

Mas Eliza balançou a cabeça.

— Discordo. Precisamos descobrir quem é este homem. E se ele está conectado ao papai?

— Isso é o que eu disse, — Isabella entrou na conversa.

Eliza olhou para Emily.

— Emily, você é a única que não entrou na conversa.

A sobrancelha de Abigail franziu.

— O duque ganha voto da família agora?

A mão de Isabella apertou seu braço.

— Claro, ele tem. Ele é a única razão pela qual ainda estamos com as cabeças fora d’água, e não tivemos que vender nossa prata.

Algo sobre essas palavras tiraram o ar de seus pulmões. Elas precisavam dele. Muito.

E ele precisava delas também.

Bem, precisava de Isabella. Mais e mais a cada dia que passa. Mas e se ele se transformasse em seu pai. E se seu temperamento exigente se voltasse contra a pessoa que ele amava, da mesma maneira como seu pai rejeitou o filho?

Amar? Ele tinha acabado de usar essa palavra?

Cristo. Ele estava com problemas. Estava se apaixonando?

Ele olhou para o perfil de Isabella. A curva suave de sua bochecha. A generosa curva de sua boca. Lorde, mesmo agora, queria segurar seu rosto e apoiar o peso de sua cabeça em suas mãos.

— Eu... — Emily começou. — Eu não quero que Isabella volte.

Seus ombros curvados. Bom. Isso lhe deu mais tempo para decidir o que fazer a respeito de seus sentimentos que cresciam.

Então, Emily falou novamente.

— Mas odeio a ideia de entregar nossa casa e os negócios de papai ao tio Malcolm. — Então, Emily olhou-o. Ela tinha a mesma expressão séria de Isabella. — Você pode mantê-la segura?

Ele, por sua vez, olhou de volta para Isabella. Deixaria que algo acontecesse com ela? Não. Não iria.

— Eu posso mantê-la segura.

— Então, eu voto para que ela volte. — Emily ergueu a mão. — Mas não todas as noites. É muito difícil para ela.

Ele assentiu.

— Duas vezes por semana. E apenas por mais algumas semanas, enquanto descobrimos a identidade do doador da bolsa de ouro.

— De acordo. — Eliza sorriu de alívio. — Ele é nossa melhor pista para descobrir o que aconteceu com nosso pai.

— De acordo. — Abigail franziu a testa. — Não decepcione Isabella.

— Eu não vou, — ele respondeu, puxando-a um pouco mais perto. — Onde está a acompanhante que contratei?

Eliza riu.

— Tia Mildred acredita em uma programação rígida. Ela vai para a cama pontualmente às dez.

— Estarei de volta pela manhã. — Ele apertou os dedos de Isabella mais uma vez.

Ela franziu a testa enquanto olhava para ele.

— Por quê?

— Você precisa de segurança.

Ela ofegou.

— Bash. Não. Já tenho uma dívida grande demais com você.

Ele suspirou. Desejou poder beijá-la.

— Já te disse, você está fazendo o clube rico como um resgate do rei. Você precisa de segurança. — Então, ele soltou o braço dela. Gostaria de poder ficar. Mas, precisava falar com seu irmão.

 


Capítulo 13


Isabella observou Bash sair.

Ela mal conseguia conter o coração no peito.

Ela podia sentir o olhar da irmã, mas o ignorou. Se ela olhasse para Eliza, sua irmã saberia o que ela sentia por Bash.

— Tenho boas notícias para você, Abigail. — Eliza cortou o silêncio com sua declaração.

Isabella não olhou para Eliza, no entanto. Em vez disso, ela continuou a olhar para onde Bash havia desaparecido.

— O que é? — Abigail perguntou.

— Você provavelmente não vai se casar com a primeira bolsa que se apresentar. — Eliza se levantou e foi até Isabella que estava na porta. Ela tocou suavemente a manga de Isabella. — Nossa irmã está prestes a ser uma duquesa.

Isso fez Isabella se assustar e ela se virou para a irmã. Seu queixo caiu.

— Não seja ridícula.

— Eu não sou. — Eliza deu aquele tipo de sorriso presunçoso que só uma irmã mais velha era capaz. — Ele vai se casar com você. E em breve.

Isabella balançou a cabeça.

— Ele recusou minha oferta de ser sua... — Ela parou, percebendo que suas irmãs mais novas estavam ouvindo.

O sorriso de Eliza apenas cresceu mais amplo.

— Porque ele se importa muito para convidar você para esse papel. É a única explicação. Tenho destruído meu cérebro e não consigo pensar em outra coisa.

O calor a percorreu enquanto analisava essa possibilidade. Nunca tinha considerado isso, verdade seja dita.

— Mas eu sou apenas filha de um comerciante e ele é um...

— Ele é um homem que pode ter tudo o que deseja neste mundo e é a você que ele deseja. Eu posso ver isso. Por que outro motivo ele estaria fazendo tanto por nós?

Isabella balançou a cabeça. Parte dela também queria acreditar. Mas outra parte avisou-a de que estava fadada ao desastre se deixasse essa esperança entrar.

— Se o que você diz é verdade, então por que ele ainda não pediu minha mão?

Eliza pegou sua mão e apertou seus dedos.

— Se você encontrar a resposta para essa pergunta, você provavelmente quebrará a última de suas defesas e receberá uma oferta de casamento.

Isabella balançou a cabeça.

— Não posso arriscar, Eliza. E se ele nos deixar no caminho... — Ela engoliu o resto das palavras. Depender de alguém, exceto de suas irmãs, nunca funcionou para ela.

— Ele não vai a lugar nenhum. — Eliza deu uma pequena risada. — Sortuda. Um belo duque se apaixonou perdidamente por você.

Amor? Era mesmo possível que Bash se sentisse da mesma maneira que ela?

Mas o som de uma carruagem na rua interrompeu seus pensamentos. Bash tinha parado na frente?

Antes que ela pudesse perguntar o porquê, começaram a batidas na aldrava.

— Abra a porta, agora.

Tio Malcolm.

O medo pulsou em seu corpo de forma excessiva e ela alcançou o batente da porta para se firmar.

— O que ele está fazendo aqui a esta hora da noite? — Emily sussurrou como se ele pudesse ouvi-las.

— Não pode ser bom, seja o que for. — Abigail se levantou, soprando uma vela na mesa ao lado dela. — Digo que devemos ignorá-lo e fingir que dormimos mesmo com o barulho.

— Eu concordo, — respondeu Isabella. Ela aprendeu o suficiente sobre os homens nas últimas semanas para saber até onde um poderia ir. — A esta hora da noite, quem sabe se ele andou bebendo ou...

— Eu sei que você está aí e arrombarei a porta se for preciso. Esta casa e tudo que há nela é meu. Pelo menos até eu vendê-la no final da semana. Então, será do novo comprador.

Emily engasgou-se, mas outro conjunto de rodas de carruagem pôde ser ouvido nos paralelepípedos.

Rapidamente, Isabella correu para a janela. Mesmo no escuro, ela reconheceu a carruagem de Bash.

Um suspiro de alívio a fez ficar mole.

Bash saiu de sua carruagem parecendo alto e tão bonito ao luar.

— Afaste-se desta porta, — ele berrou.

Suas irmãs se juntaram a ela na janela.

— Oh, Eliza está certa. Ele vai se casar com você — Emily suspirou. — Que romântico.

— Tio Malcolm disse que está vendendo nossa casa, — Abigail disse, sua voz cortada. — Vamos ficar na rua?

— Sua Graça vai impedi-lo. — Emily afirmou enquanto apontava para a rua.

— Esta é a minha porta, — tio Malcolm girou. — Não sei por que você está se intrometendo, mas nem mesmo você pode impedir isso. Decidi que Lucas está morto.

Isabella ofegou. Ele declarou seu pai morto? Essas palavras a cortaram profundamente porque temia que fosse verdade, mas mesmo que não fosse, a declaração deu ao tio Malcolm um grande poder.

— Você jogaria suas próprias sobrinhas na rua? — Bash perguntou. — Que tipo de homem é você?

Tio Malcolm balançou o punho.

— O bastardo me cortou de tudo. O negócio, a herança. Esta é a única coisa que ele deixou desprotegido e o farei pagar pelo que ele fez.

— O negócio está protegido, mas nós não? — Eliza cerrou os dentes. — Isso é riqueza.

— Papai achou que mamãe iria nos proteger — disse Emily, soando estranhamente na defensiva. Ela cruzou os braços sobre o peito.

Abigail bateu na moldura da janela.

— Eu estou com Eliza nisso. Como atrairemos maridos sem casa para recebê-los?

A conversa continuou lá fora. A voz de Bash era fácil de ouvir na conversa.

— Tenho poucas dúvidas de que ele tinha motivos muito bons. Na verdade, tenho certeza de que sei quais são.

— Eu não dou a mínima para o que você sabe. E não posso impedir você de se intrometer, mas sei que você providenciou para que minhas sobrinhas fossem apresentadas à sociedade. Acha que vai casá-las, não é? Torná-las sãs e salvas? Como você fará isso sem um lar para elas?

A voz do tio Malcolm aumentava com cada palavra, a alegria maníaca fazendo-o soar quase como um louco.

— Por que ele quer tanto nos machucar? — Isabella perguntou.

— Papai estava sempre atrapalhando seu caminho, — Abigail respondeu.

— Vou comprar a casa, — disse Bash, em pé e ereto. — Você receberá sua parte e todos ficarão felizes.

— Eu não quero que elas sejam felizes, — seu tio rosnou de volta. — O mundo dá tudo a elas o tempo todo.

Bash zombou.

— Elas estão sentadas em uma casa sem os pais e sem empregados, mal comendo. Como você pode dizer isso?

Malcolm cuspiu.

— Você vai ver. Elas vão se recuperar melhor do que nunca. É o que elas fazem. É o que seu pai fez.

Bash balançou a cabeça.

— É hora de você ir embora.

— Não. — Malcolm apontou para a casa. — É hora de elas saírem da minha casa.

Bash atacou o tio Malcolm em um segundo. Antes que Isabella pudesse piscar, ele subiu as escadas e segurou o tio Malcolm pelo colarinho da camisa.

Isabella ouviu as costas do tio batendo na porta.

Bash queria estrangular este homem e assistir o ar deixar seus pulmões. Mas ele afrouxou o aperto que tinha na garganta do velho gorducho. Nem mesmo um duque poderia matar um barão sem justa causa.

Embora pudesse argumentar que sua causa era bastante justa.

Mas ele odiava quando permitia que a violência assumisse o controle.

— Você tem sorte de eu ser uma pessoa boa, — ele rangeu entre os dentes.

O homem mais velho sorriu com desprezo.

— Bem, eu não sou. Tire-as da minha casa.

O homem não aprendeu a lição? Bash o empurrou de volta para a porta, pressionando sua garganta novamente.

— Elas vão passar a noite exatamente onde estão. Eu não estou perguntando.

Lorde Pennington tentou empurrá-lo.

— É minha casa.

— A menos que você queira que eu o coloque na lista negra de todos os negócios acontecendo em toda Londres, você entrará em sua carruagem e voltará para casa agora mesmo. Então, você virá ao meu escritório logo pela manhã, onde discutiremos isso como cavalheiros.

Pennington soltou um rosnado, mas deu um pequeno aceno de assentimento. Bash recuou e o homem passou por ele para subir na carruagem.

— Amanhã às dez, — ele gritou enquanto abria a porta e subia.

Assim que a carruagem desapareceu na rua, ele voltou-se para a porta, levantando a mão para bater. Mas ele não teve chance.

A porta se abriu e Isabella se lançou em seus braços.

No segundo que o corpo dela colidiu com o dele, sabia o que ia fazer.

— Tire sua tia da cama. Vocês todas estão vindo comigo.

— O quê? — Isabella perguntou, puxando seu rosto para trás. — Indo aonde?

— Para minha casa, — ele respondeu. — Onde sei que vocês estarão seguras.

— Perdoe-me, Sua Graça, mas isso simplesmente não é adequado. — Eliza disse da porta, mas ela não parecia escandalizada. Nem um pouco.

— Você não tem outro lugar para ir, estou correto? — Ele perguntou, sem se preocupar em deixar Isabella ir. Ela ficava muito bem em seus braços.

Eliza lhe deu um sorriso conhecedor.

— Seria muito mais apropriado se houvesse um compromisso.

Por apenas um segundo, ele não entendeu e então percebeu. Eliza estava tentando um compromisso entre ele e Isabella.

— Eliza! — Isabella se afastou dele para girar em direção a sua irmã.

Ele sentia falta do corpo dela ao lado do dele.

— Essa é uma conversa para de manhã. Depois da conversa onde convencerei seu tio a vender a casa para mim. — Ele deu a Eliza um olhar duro. Ela não sabia o que tinha perguntado. — Se pudéssemos enfrentar uma complicação de cada vez.

Eliza cruzou os braços olhando de volta.

— Se ao menos houvesse uma solução que resolvesse todos os nossos problemas.

A boca dele se apertou em uma linha dura.

— Claro, casar-se com um duque salvaria você de todos os seus problemas. É por isso que toda garota quer tal compromisso. — Ele estava cansado e preocupado, e não queria ter que explicar por que não podia se casar com Isabella, mesmo se quisesse. — Mas não posso salvar todas as garotas da Inglaterra com um pedido de casamento.

Ele ouviu o suspiro de Isabella e soube que tinha ido longe demais. Ele pegou a mão dela.

— Isabella. Não é isso...

Ela puxou a mão.

— Eliza fala fora de hora. — Sua voz estava trêmula. — Nós todas agradecemos o que você fez por nós e foi rude da parte da minha irmã insinuar que você precisava fazer mais.

Mas seu rosto estava contraído e seus olhos mostravam sua dor. Eles franziram de dor, mesmo quando suas outras características ficavam tensas.

— Tente entender. Meu passado. Não posso ser esse homem para você. — Ele passou a mão pelo cabelo. Claro, ela não entendeu. Como poderia?

— Eu nunca te pedi para ser. Nunca te pedi nada que não tenha tentado dar em troca. — Ela se endireitou. — Meu pai me ensinou os princípios dos negócios há muito tempo.

Então era por isso que ela estava sempre tão preocupada?

— Uma lição que minha irmã esqueceu.

— Eu não esqueci, — Eliza retornou. — Tenho plena confiança de que Sua Graça, — ela colocou ênfase especial em seu título, — obterá mais desse negócio do que você.

— Eliza, — disse Isabella com uma força que Bash nunca a tinha ouvido falar. — É o suficiente. Volte para dentro e acorde nossa tia. Estamos indo embora.

Bash relaxou ao saber que elas estavam vindo com ele. Mas, também se perguntou que tipo de dano acabara de causar. Isabella havia se machucado.

E ele também tinha que se perguntar se Eliza estava certa.

 


Capítulo 14


Bash estava sentado atrás de sua mesa com um grande copo de uísque a sua frente. Ele acomodou as irmãs cerca de uma hora atrás e se retirou para seu escritório. O que significava que Isabella estava dormindo sob seu teto.

Sua mão tremia quando alcançou seu copo.

Ele tinha enviado uma carta para seu irmão, Mason. Que provavelmente estava furioso por ser puxado da cama de sua noiva. Mas ele tinha vindo.

Mason o amava. Então, ele atenderia a chamada, não importando o quão furioso estivesse com seu irmão.

Bash deu um grande gole no líquido âmbar à sua frente. Não tinha bebido muito ultimamente, mas precisava hoje à noite. Porque toda vez que parava para pensar, tudo o que conseguia imaginar era rastejar para a cama ao lado da mulher que atormentava seus pensamentos por semanas.

— Você chamou? — Mason disse da porta, claramente tendo evitado o mordomo.

— Obrigado por vir, — ele disse enquanto se levantava.

— Você sabia que eu viria. — Mason apertou sua mão e se acomodou na cadeira em frente a ele. — Como você foi o único que me resgatou daquele local úmido que fingia ser uma enfermaria e basicamente comprou um título para mim, não vejo como posso recusar algo a você.

— Você ganhou o título com seu valor no campo de batalha, — Bash disse enquanto tomava outro gole. — E você é meu irmão. Como eu poderia não te resgatar?

— Eu sou seu irmão bastardo. A maioria dos homens teria permitido que eu morresse lá.

Bash riu um pouco com isso.

— Você não estava morrendo. Você já havia começado a se recuperar. Você é teimoso assim. Eu não fiz muito. Somente o trouxe de volta para Londres.

Mason balançou a cabeça enquanto olhava para o teto.

— Nós concordaremos em discordar. O que me traz aqui esta noite?

— Isabella. — A única palavra saiu de seus lábios enquanto esfregava as mãos pelos cabelos.

— Ah. — Mason sorriu. — A bela jogadora de cartas. É claro. — Ele mudou. — Você a deflorou?

As mãos de Bash bateram na mesa, irritação ondulando em suas costas.

— Não.

As sobrancelhas de Mason subiram.

— Eu não quis desrespeitar. Eu mesmo posso ter tomado liberdade com Clarissa... — Ele limpou a garganta. — Sei que você se preocupa com ela.

Ele acenou com a mão.

— Ela está aqui.

Mason piscou duas vezes.

— Você vai ter que me atualizar, eu temo. Não consigo acompanhar a conversa.

Com outro gole, Bash contou a Mason os acontecimentos da noite, começando com o homem no clube e terminando com as ameaças do tio.

— O homem está completamente desvirtuado. Ele acha que é o dono do negócio e está disposto a jogar as sobrinhas na rua porque não está conseguindo o que quer. É seu trabalho cuidar delas, mas as deixou apodrecendo por conta própria.

— Indecente. — Mason ficou carrancudo. — Homens assim deveriam ser... — Mas, não terminou enquanto esfregava o queixo. — O que você vai fazer?

Bash estendeu as mãos sobre a mesa.

— Eliza, a irmã de Isabella, acha que eu deveria me casar com minha pequena jogadora.

— Concordo, — disse Mason sem hesitação. — Eu a conheci, se você se lembra. Ela é perfeita para você. Inteligente, doce, sensível e extremamente bonita. Ela daria uma excelente esposa.

— Bem desse jeito? — Bash recostou-se na cadeira, olhando para o irmão.

— Você tem que se casar eventualmente. Você precisará de um herdeiro. — Mason encolheu os ombros. — Você conheceu alguém melhor?

— Não. Mas também não conheci ninguém pior. — Ele mudou, olhando para o líquido rodopiante em seu copo.

— O que isso significa?

— Significa que ela traz esse fogo em mim que me lembra... — Ele sacudiu o copo, observando a luz tremeluzir no vidro jateado. — Eu sou mais parecido com ele.

Mason prendeu a respiração.

— Merda.

Ele olhou para seu irmão, então.

— Não é.

— Isto é. — Mason se levantou da cadeira. — Ele nunca teria me salvado e nosso pai, o Duque Demônio, nunca em um milhão de anos teria tentado salvá-la. Você é menos parecido com ele do que qualquer homem que eu conheça, e não se esqueça disso.

— Você não me conhecia antes. Antes de desistir da raiva e você não sabe como vou ser se ela voltar. Ela me tira do controle.

— Sua raiva seria para protegê-la — Mason disparou de volta. — Você é um homem, Bash. Você deveria proteger sua mulher. É seu trabalho canalizar a hostilidade e a agressão para mantê-la segura. E quando você tiver crianças... você também vai usá-la para mantê-las seguras. É o nosso único propósito neste mundo. Até mesmo nosso trabalho visa prover para elas.

— Mas sinto que está assumindo o controle... e se eu a machucar do jeito que ele nos machucou? E se eu colocar as mãos sobre ela? — Sua garganta coçou e ele deu outro gole. Porque ele nunca se perdoaria se a machucasse.

— Então, eu mesmo te matarei, — disse Mason, mas ele foi atrás a mesa e deu um tapinha em seu ombro. — Mas eu não vou precisar. Você não é ele. Você nunca foi ele e nunca será. Eu te conheço, Bash. Eu sempre o conheci.

Seu irmão realmente quis dizer isso?

E se fosse verdade, o que o estava mantendo longe da mulher que amava?

Isabella não conseguia dormir. Ela se virou de novo, empurrando o travesseiro fofo. Os cobertores grossos a deixavam quentinha em uma noite gelada de janeiro enquanto ela afundava no luxuoso colchão.

E ela estava exausta há dias. Por todos os problemas, deveria estar dormindo.

Mas... ela estava na casa de Bash.

Ele estava aqui, em algum lugar. Ele também estava na cama?

Isso a deixou tensa. Ele estava sem suas roupas?

Ela se sentou na cama luxuosa. O que isso importa? Ele tinha sido extremamente claro que eles não tinham futuro. Não deveria o estar imaginando de forma alguma, muito menos o imaginando sem suas roupas, seus músculos flexionando, e seus... Ela se forçou a parar.

Esfregando a testa, ela balançou a cabeça. Eles não iriam se casar, ele deixou esse fato extremamente claro. Não que ela esperasse uma proposta. Ele a rejeitou como sua amante, obviamente não queria fazer dela sua esposa.

Mas se ela fosse honesta, em algum lugar no fundo do seu coração, ela tinha esperança.

Que mulher não gostaria?

Ele invadiu sua vida com todos os músculos e queixo quadrado, e passou a corrigir todos os seus enganos.

Ela se levantou, atirando as cobertas fora e foi atiçar o fogo que queimava alegremente. Simplesmente precisava de algo para fazer com toda a inquietação que pulava dentro dela.

Era sua culpa que estivesse sofrendo agora. Não porque ele a rejeitou, mas porque ele capturou seu coração em primeiro lugar.

Assim como ela não podia deixar de amar seu pai, o homem que as havia deixado nesta bagunça, ou sua mãe, a mulher que morreu muito cedo.

Ela cutucou o fogo novamente e um pedaço caiu da grade quase batendo em seu pé descalço.

— Ah, — ela gritou enquanto apressadamente empurrava a tora de volta, algumas faíscas pousando em seus pés descalços.

— Isabella, — uma voz profunda retumbou do outro lado da porta.

Sua cabeça se ergueu enquanto o desejo a percorria. Bash. Ele estava parado do lado de fora de sua porta.

Por uma fração de segundo ela se perguntou se ele a tinha ouvido, mas isso era besteira. Ela realmente não disse nenhum desses pensamentos em voz alta... não é?

— O quê? — Ela perguntou, endireitando-se enquanto olhava para a porta fechada.

— Você está bem?

— Estou bem, — respondeu ela, colocando o atiçador de volta na prateleira de ferramentas. — Apenas atiçando o fogo.

— Frio?

— Estou bem, — ela respondeu. Um pouco muito alto. — Estou indo para a cama agora. — Pare de se preocupar, queria dizer. Sua preocupação só tornava mais difícil conter os seus sentimentos. O que ele estava fazendo aqui? Ele não sabia que tornava mais difícil resistir aos sentimentos dela toda vez que ele demonstrava preocupação?

— Você precisa...

— Bash, — ela disse, com as mãos nos quadris. Então, percebeu que estava agindo como Abigail e abaixou as mãos. Como poderia estar frustrada com o homem que a ajudou tanto? — Não preciso de nada. Obrigada. Boa noite.

— Bem, eu preciso de algo, — ele retrucou.

Seu coração latejava em seus ouvidos. Ela se aproximou da porta.

— O que é?

— Eu preciso, — ele fez uma pausa. — Preciso falar com você.

— Bash, — o nome saiu como um sussurro, cheio de desejo e um pouco de agonia. — Agora?

— Sim, — disse ele. — Por favor.

Ela suspirou enquanto balançava a cabeça. Ela quebrou quase todas as regras que a sociedade havia estabelecido para uma dama de sua posição. Mas deixar um único homem entrar em seu quarto na calada da noite deveria ser a última regra que ela não tinha quebrado.

— Isto é um erro.

— Não é, — respondeu ele.

Ela abriu a porta, apenas deslizando o suficiente para olhar para ele. Ela estava em sua camisola, seu cabelo em uma trança simples. Ela parecia... indecente.

Mas quando ela olhou para fora, percebeu que ele estava sem camisa e apenas de calça. Se ela era indecente, ele era completamente... escandaloso.

— Você deve estar congelando.

— Eu não estou. Embora, para ser justo, tomei alguns copos de uísque.

Qualquer pensamento de deixá-lo no corredor desapareceu. Sem aquecimento, os corredores eram os locais mais frios.

— Entre e fique perto do fogo, seu homem tolo. — Ela tentou ignorar a forma como a visão de seu abdômen ondulante fazia coisas engraçadas com as borboletas em seu estômago. — O que há de errado que você precisa conversar tão tarde?

— Nada está errado. — Ele fez uma careta. — Isso não é verdade. Algo deu errado em toda a minha vida.

Ele parou bem na sua frente enquanto ela fechava a porta suavemente.

— Sua vida inteira? O que você quer dizer?

— Mais cedo, quando eu disse que não me casaria com você. Não é você. É ele.

Ele? Ele quem? Era essa a peça que ela não conhecia?

— Tudo bem, — disse ela, procurando seu rosto. — O que ele fez?

— Ele era meu pai. O Duque Demônio.

Até o nome a fez estremecer.

 


Capítulo 15


Bash esfregou a nuca. Ele ia mesmo contar a ela sobre seu passado? A ideia trouxe medo ao seu coração, mas não podia permitir que Isabella pensasse que havia algo errado com ela.

— O Duque Demônio? — Ela repetiu se aproximando. — Que tipo de nome é esse?

Ele balançou a cabeça ao mesmo tempo que estendeu a mão e enganchou sua cintura, puxando-a para mais perto.

— Você deveria se perguntar que tipo de homem tem esse nome.

Ela tocou seus bíceps, seus dedos leves enquanto acariciavam suavemente seus braços.

— Que tipo de homem?

— O tipo que bate no filho por cada pequena transgressão. Derramou seu leite, bate na cabeça, seu garoto estúpido. Quebrou um vaso, chibatas nas costas. Ele era implacável e nada além da perfeição parecia satisfazer seu temperamento.

Ela ofegou e então pressionou-se a sua frente, seu corpo encaixando no dele enquanto seu calor se infiltrava em sua alma.

— Que horrível. Bash... nenhum menino deveria crescer assim.

— Ele era pior para Mason, eu acho. Disse-lhe regularmente que deveria estar morto. Que seria melhor se ele nunca vivesse.

Ela estremeceu enquanto suas mãos apertaram seus braços.

— Ele disse isso a uma criança?

Bash fechou os olhos, mesmo enquanto segurava mais firmemente na sua cintura.

— A pior parte, Mason acreditou nele.

Seus dedos dançaram por seus braços e pescoço, deslizando em seu cabelo.

— Isso é terrível.

— Mason se juntou ao exército e praticamente se jogou na frente de uma baioneta. Quase morreu. Só quando conheceu Clarissa é que percebeu o valor de sua própria vida.

— Clarissa? — Ela perguntou seus dedos massageando seu couro cabeludo.

Engraçado. Essas memórias deveriam doer muito mais do que doíam. Mas com os dedos dela em sua pele tudo o que podia sentir era uma dor lenta. A dor aguda do passado foi silenciada sob seu toque.

— Clarissa é esposa dele.

— Estou feliz por ele, então. Isso é como foi para meus pais também. A família da minha mãe era horrível. E suas duas irmãs se casaram com homens terríveis. Mas minha mãe se apaixonou, desafiou o casamento que seu pai tinha arranjado e casou-se com meu pai. Por vinte e dois anos eles foram maravilhosamente felizes.

Bash abriu os olhos.

— Não acho que será assim para mim.

— Por que não? — Os dedos dela deslizaram ao redor de seu rosto e roçaram em sua bochecha, acariciando sua pele barbuda.

— Porque, ao contrário de Mason, meu pai passou a escuridão de seu temperamento para mim. Eu tento manter isso baixo, mas...

Suas sobrancelhas se juntaram enquanto seus dedos continuavam dançando.

— Mesmo? Eu nunca te vi...

— Isabella, — ele a cortou. — Está lá. Eu apenas mantenho tudo sob controle. Quando eu era jovem, no entanto, deixei aquela besta sair e foi feio.

Ela assentiu com a cabeça enquanto seus dedos penteavam seu cabelo novamente.

— Diga-me.

Ele balançou sua cabeça.

— Eu batia em qualquer homem que me olhasse com olhos tortos, quase morri em duas lutas. Eu...

Essas memórias doíam mais e ele fechou os olhos com força.

Os polegares dela roçaram as sobrancelhas dele.

— Bash, — ela sussurrou enquanto acariciava círculos ao longo de sua têmpora. — Estamos falando do mesmo homem que resgatou minha família? Saiu de seu caminho para ajudar uma mulher que ele nem conhecia há um mês?

— Eu sei o que você está pensando. Mas existe esse outro homem que mora dentro de mim, e tenho que tomar cuidado para não deixá-lo sair.

Ele baixou a testa para a dela. Seus narizes roçaram e então ele inclinou o queixo para beijar seus lábios. Ela estava dolorosamente perfeita em seus braços enquanto o beijava de volta. Ela realmente não estava entendo, ainda não. E antes de contar a ela, queria capturar a doçura deste momento.

Precisava disso para se lembrar dela.

A boca dela agarrou-se à dele e ele aprofundou o beijo. Podia sentir a curva de suas costas debaixo de sua camisola e ele traçou sua mão para cima e para baixo em sua espinha, mapeando a forma suave dela.

Então, suas mãos deslizaram para os quadris dela e subiram pela cintura. Tão perfeita.

Inclinando a boca aberta, suas línguas dançaram juntas. Os braços dela envolveram o seu pescoço e ele deslizou as mãos para baixo, finalmente conseguindo traçar a curva de seu traseiro. Encheu suas mãos e ele sentiu o desejo percorrer seu corpo.

Por sua vez, ela ofegou em sua boca, seus quadris pressionando os dele.

Segurando-a assim, era tão fácil esquecer a turbulência em seu coração. A preocupação do que ele se tornaria se sucumbisse aos seus sentimentos por ela. Ele a ergueu, só um pouco, e uma de suas pernas se enrolou nele, abrindo seu ápice para ele e pressionando-os ainda mais próximos.

Ele quase se desfez.

Bash a ergueu ainda mais alto, sustentando seu peso enquanto sua outra perna o envolvia. Sem pensar, começou a carregá-la para a cama.

Não deveria. Não foi por isso que ele os trouxe aqui.

Mas com ela em seus braços, não conseguia pensar. Não queria.

Quando a deitou, seu peso pousou sobre o dela e os dois gemeram quando seu membro se acomodou entre suas pernas.

As mãos dela vibravam confortando a pele dele, mas agora seus dedos se enroscavam em seu cabelo, puxando as mechas da maneira mais satisfatória.

Ele empurrou mais fundo contra seu ápice, suas calças e a camisola dela ainda entre eles, mas a pressão a fez estremecer de prazer em seus braços.

Droga, ele queria senti-la se desfazer.

Ele sabia que não deveria. Tinha ido lá para explicar por que não pediu sua mão. Em vez disso, ele estava se desfazendo em seus braços.

Ela sempre o despojou de controle.

Ele recuou apenas para avançar novamente. Ela deu um pequeno gemido próximo ao ouvido dele e ele sabia que era tarde demais. Talvez fosse tarde demais para se desvencilhar.

Ela o odiaria se ele se casasse com ela? Não no começo, é claro, mas depois, quando percebesse que se casou com uma fera?

Ele não poderia se importar agora. Isso era um problema para mais tarde. Agora, ela estava tensa em seus braços, empurrando contra ele mesmo enquanto enroscava as pernas mais apertadas sobre as dele.

Ele a beijou de novo, mais profundo e pleno e, com um grito, ela se desfez em seus braços.

Foi bonito.

Isabella piscou várias vezes tentando limpar as teias de aranha de sua mente. O que eles estavam discutindo?

Por que o peso de seu corpo fez sua mente parar de funcionar?

Queria que ele ficasse em cima dela assim para sempre. Ela poderia cair em um sono profundo enrolada em seu calor.

— É por isso que dizem para você não permitir que homens entrem em seu quarto, — ela murmurou, sua voz soando pesada e sonolenta.

Ele riu, dando um beijo na têmpora.

— Eu quero me casar com você, Isabella. — Mas ele não parecia feliz.

Isso fez seus olhos se arregalarem quando seu intestino começou a se agitar.

— Estou sentindo que uma proposta não vai seguir essas palavras.

Ele afastou o cabelo do rosto dela.

— Você quebra todas as barreiras emocionais que eu construí com muito cuidado. Isso pode funcionar para alguns homens, mas para mim, estou com medo de que isso vá desencadear o temperamento que eu tão cuidadosamente engaiolei.

Ela ofegou, as mãos apertando seus ombros largos.

— Mas eu te conheço há um mês e eu nunca vi você perder a paciência.

— É uma batalha diária, — ele sussurrou, baixando sua cabeça para a dela novamente. — E se, um dia, eu perder?

Lágrimas picaram em seus olhos. Ela queria descartar suas palavras. Dizer que não ligava, ou que não acreditava nele, mas ele acreditava em si mesmo. Profundamente. Ela respirou fundo.

— Você deve decidir se pode se casar comigo ou não. Mas de minha parte, se eu tivesse que escolher, escolheria você em vez da alternativa.

— A alternativa? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha. — O que é isso?

— Então, — Ela torceu a boca. — Atualmente, isso envolve falta de moradia e fome potencial, mas mesmo assim...

Seus olhos se arregalaram.

— Eu nunca permitiria que nenhuma dessas coisas acontecesse.

Ela soltou um longo suspiro.

— Eu venho para você sem um dote, um nome de família e um monte de problemas. Se você pode aceitar minhas falhas, eu posso aceitar as suas.

Ela viu seu rosto estremecer e sabia que ele diria não. Que não a aceitaria ou se entregaria.

Dando-lhe um empurrão, Isabella saiu correndo de debaixo dele.

— Tente entender. Não quero ser mais um dos seus problemas.

Ela soltou uma risada curta que não continha nenhum humor.

— Você deve entender que você é um dos meus problemas.

Ele franziu a testa.

— O que isso deveria significar?

Ele ainda estava parcialmente deitado na cama, seu torso levantado em seus braços. Estava lindo assim. Tão forte, ela gostaria de poder rastejar sob seu peso de novo.

— Isso significa. — Ela dobrou os joelhos contra o peito. — Que você me colocou em perigo crescente cada vez que estamos sozinhos. Aquele homem misterioso que chegou ao clube...

— Não o chame assim, — Bash mordeu fora. — Isso o faz parecer excitante, em vez de apenas irritante.

— Ele poderia me arruinar. Ele conhece meu segredo. Meu tio, ele vai contra-atacar de alguma forma. Você está dando motivo para eles.

Os olhos de Bash se fecharam quando sua cabeça baixou.

— Isabella...

— Eu acho que você deveria ir, — ela sussurrou. Não queria que ele a visse chorar, mas podia sentir as lágrimas se acumulando nos cantos de seus olhos. Porque todo o mês tinha sido maravilhoso e terrível, e ela não sabia o quanto poderia ser pior. Ou melhor. Estava tudo confuso.

— Você está certa, claro. Você está em perigo. Eu não deveria ter...

— Bash, — seu nome ficou preso em sua garganta. — Por favor, me deixe em paz.

Ele se levantou da cama.

— Se é o que você quer. Mas acho que precisamos discutir isso mais amanhã.

Isabella balançou a cabeça. Não queria mais falar. Ela tinha se decidido. Por mais que Bash a estivesse ajudando, ele a estava machucando também. Ele a deixaria justamente como sua mãe e seu pai.

A menos que ela o deixasse primeiro.

 


Capítulo 16


Bash se sentou em sua mesa em seu escritório mais uma vez. Pennington estava quase uma hora atrasado. O homem não estava vindo.

A irritação retumbou profundamente em sua garganta. As meninas precisavam de sua casa de volta. De que outra forma ele as teria casadas?

Ele esfregou as têmporas. Ele tinha que comprar uma casa na cidade. Isabella poderia morar lá depois que suas irmãs se casassem.

Ele parou de esfregar. Não poderia fazer isso. Todo mundo presumiria que ela era sua amante. Além disso, ele apoiava sua família, a proibiu de ver outros homens, ele iria comprar uma casa para ela. Quanto mais arraigado em sua vida ele poderia ficar?

Talvez Mason estivesse certo. Ele deveria simplesmente se casar com ela.

Ele encontraria uma maneira de evitar se tornar o parecido Duque Demônio.

Porque por mais que odiasse a ideia de machucá-la do jeito que ele foi machucado, ela precisava de sua proteção.

E também, suas irmãs.

Ele esfregou o couro cabeludo, e então passou os dedos pelo rosto. Poderia se casar com ela e então manter as mãos para si mesmo. Se não a tocasse, não perderia o controle. Ridículo pensar em casar-se com uma mulher que queria tanto e então não estar realmente com ela. Mas foi a única solução que conseguiu pensar.

Quanto mais a ideia ficava em sua cabeça, mais ele gostava. Ela estaria segura, nenhum outro homem poderia tê-la. Ela teria sua proteção completa.

Ele se sentiria infeliz, mas isso não vinha ao caso.

Levantando-se, ele tomou sua decisão. Visitaria o Arcebispo de Canterbury. Ele quase sorriu. Não teria que comprar uma residência na cidade, afinal. As irmãs Carrington iriam morar com ele.

Não era como se ele não tivesse espaço.

No caminho para fora da porta, seu mordomo apareceu.

— Sua Graça. Lorde Pennington está aqui para vê-lo.

Ele praguejou baixinho e parou no meio da sala.

— Certamente, traga-o.

Ele não se preocupou em recuar para atrás da mesa. Ficou exatamente onde estava, os braços cruzados sobre o peito.

Lorde Pennington entrou, já com um grunhido nos lábios. Pelo menos eles estavam prestes a ter uma conversa honesta. Sem formalidades necessárias.

O outro homem ergueu a bengala, sacudindo-a na direção de Bash.

— Você as trouxe para cá, não é?

— Quem? — Ele perguntou, embora já soubesse.

Pennington parou a alguns metros de distância, ainda perto da porta.

— Minhas sobrinhas. Você não pode simplesmente trazer garotas para sua casa dessa maneira. Existem consequências.

Bash ergueu uma sobrancelha. Isabella previu isso. O homem estava prestes a ameaçar a ruína. Ele deveria ter visto também, mas estava cansado de estar com o pé atrás. Era hora de assumir o controle da situação com Lorde Pennington.

— Não há nenhuma razão para um homem não poder levar sua esposa e irmãs para sua casa. — Uma mentira que ele corrigiria muito rapidamente.

O rosto de Pennington ficou negro.

— Você não fez isso.

Ele não diria ao homem que ainda não estavam casados.

— Eu fiz. E eu quero aquela casa. Pertence à minha esposa por direito.

Pennington ergueu o punho.

— Você está mentindo. E não vou vender a casa para você. O negócio já está feito. Eu vendi a propriedade para outro duque, nada menos, então nem mesmo você pode desfazê-lo.

— Um duque comprou essa propriedade? — Era uma casa bonita, mas ficava em Cheapside. Não é exatamente ideal para a elite e suas posições. Por que um duque iria querer isso?

— Comprou, — o outro homem zombou. — Então acabou, e eu encontrarei uma maneira de cobrar meu preço do resto da propriedade. Marque minhas palavras. Seu suposto casamento não vai protegê-los.

Bash balançou a cabeça. Com surpreendente clareza, ele sabia que este homem era o algoz de Isabella da mesma forma que seu pai havia sido dele. Nunca foi capaz de fazer a seu pai essa pergunta, mas ele se viu perguntando a Pennington.

— Por quê?

— Por quê? — O outro homem recuou. — Eu já te disse. Elas não mereciam tudo isso, e o que elas tinham poderiam ter compartilhado com sua própria família. Mas meu cunhado tinha de me excluiu. Me tratou pior do que a um cachorro de rua.

A boca de Bash caiu aberta. Ele pensou na insistência de Isabella para que ela desse tanto quanto ela dava em cada pechincha. Este homem não tinha vergonha.

— Elas não te devem nada.

O homem bateu com a bengala no chão.

— Eu casei-me com a filha mais velha. O negócio deveria ter sido meu, e também não será seu. — Ele ergueu a bengala novamente. — Você está prestes a pagar, duque. Prepare-se. — Então, o homem girou e saiu sem uma palavra de despedida.

Não que Bash se importasse.

E ele também não se importava com o negócio. Mas não tinha jeito, não permitiria que Pennington machucasse Isabella ou suas irmãs. Nunca.

Isabella acordou com uma sensação de mal-estar que se instalou no fundo de seu estômago. Ela experimentou uma adrenalina fantástica na noite passada, seguida por um esmagamento. Ela também chegou a uma decisão.

Tinha que terminar seu relacionamento com Bash. Ele tinha muito poder para machucá-la. Mas como? Ele era literalmente a única coisa que ficava entre suas irmãs e as ruas.

Possivelmente um dos outros homens do clube as protegeria?

Com um aceno de mão, ela rejeitou a ideia. Eles queriam que ela voltasse a lidar com o clube.

O homem misterioso?

Mas ela não tinha ideia de quem ele era, muito menos quais poderiam ser seus motivos.

A melhor aposta delas era casar uma das irmãs rapidamente.

Um comerciante... Thomas Gerhart parecia bastante interessado em Emily. Ele as visitou ontem também. E mencionou uma festa esta noite. Talvez a melhor chance delas fosse fazer arranjar um compromisso rapidamente.

Levantando-se da cama, se vestiu rapidamente, então correu para a sala de café da manhã, onde encontrou suas irmãs já comendo. Sentando-se, ela contou-lhes o seu plano.

Eliza deu a ela um olhar de soslaio.

— Concordo que um casamento rápido será nossa melhor jogada. Sempre será. Mas, não acho que seja entre Emily e o comerciante. — Suas sobrancelhas se ergueram. — Seu duque est...

— Não é uma opção. Você o ouviu ontem à noite. — O tom de voz de Isabella estava aumentando. Ela não contaria a suas irmãs sobre a visita de Bash, ou o seu passado, mas se não tinha certeza antes, ela sabia agora que não poderia continuar com ele assim. Isso estava partindo seu coração.

— Eu o ouvi, — Eliza disparou de volta. — Ele é um homem. Eles são frequentemente... resistentes.

Isabella balançou a cabeça, as mãos torcendo juntas.

— Mas não tenho certeza se sou forte o suficiente para ultrapassar suas defesas, que são poderosas e bastante altas, e tenho medo de acabar sofrendo novamente como estive sofrendo com mamãe e... — Suas palavras diminuindo gradualmente.

Abigail estendeu a mão e tocou seu braço.

— Nós iremos esta noite. Não há razão para que não possamos continuar tentando nos casar.

— Absolutamente. O fardo não deve recair apenas sobre você — acrescentou Emily do outro lado da mesa.

Eliza pigarreou.

— Eu não sou a irmã calorosa e indecisa. Todas vocês sabem disso. Mas só quero que você pense por um momento. Você é a mulher que está se passando por homem. Você é a mulher que controlava multidões de homens bêbados. Você é a mulher que tem um duque prestes a desabar e pedir a mão da filha de um comerciante. Isabella, você é a mulher. — Eliza se inclinou para frente, seu olhar cheio de intensa admiração. — Você é forte o suficiente para fazer qualquer coisa que decidir.

Isabella olhou para a irmã, surpresa e satisfeita.

— Essa é a coisa mais agradável que você já me disse.

Eliza encolheu os ombros.

— Eu não estava sendo legal. Eu estava sendo sincera.

Algumas das dores que ela sentia por dentro relaxaram. Eliza estava certa? Em vez de desistir, deveria se esforçar mais para ganhar o seu duque? Estava com tanto medo de perdê-lo porque não se achava capaz de suportar a perda.

— Você acha que eu sou forte?

Eliza olhou para suas mãos.

— Tenho vergonha de admitir que acho que você pode ser a mais forte de todas nós. Ainda mais forte do que eu. Portanto, não desista. Vá lá fora e chame seu duque.

Ela se recostou na cadeira. Ela deveria fazer o que Eliza sugeriu?

Ele a queria. Ele disse isso. Então, como ela o pegou?

— Você me conhece. Eu não sou boa nisso. Se ele fosse um baralho, eu saberia exatamente qual carta estava prestes a jogar.

Eliza bateu em seu queixo.

— O que ele jogou até agora? E não estou pedindo a você para transformar o homem em uma metáfora de cartas. O que ele te disse? O que você sabe sobre ele?

A boca de Isabella baixou. Ela deveria contar a suas irmãs?

— Eu realmente quero sua ajuda, mas o que ele compartilhou é particular.

— Particular é muito bom, — Eliza sorriu. — Ele está desnudando sua alma?

Isabella olhou para o teto.

— Sim. Acho que sim.

— E você compartilhou a sua? Você disse a ele que o que você teme é o abandono?

Ela não tinha feito. E o estremecimento dela alertou todas as suas irmãs desse fato.

— Você deveria contar a ele — Emily se inclinou para frente. — Esse é o seu próximo movimento. Ele vai querer proteger você disso.

— Isso mesmo. — Abigail começou a bater animadamente em seu ombro. — Isso é uma coisa que sabemos com certeza. Ele fará de tudo para protegê-la. Você deve dizer a ele com certeza.

Ela acenou com a cabeça, levantando-se da cadeira novamente antes que ela desse uma mordida. Mas as palavras de suas irmãs soaram com uma verdade que ela não podia negar.

— Acredito que você está certa. — Engolindo seu medo, ela se virou para a porta. Se ia fazer isso, era melhor começar.

Mas depois de dez minutos, ela foi incapaz de encontrar o escritório dele. Ela já tinha estado lá antes, mas em algum lugar na enorme expansão de sua casa, ela se virou. Ela saiu na escada principal bem a tempo de ver seu tio partir.

Ela cobriu a boca, prendendo a respiração, enquanto observava seus passos furiosos em direção à porta.

Quando a porta bateu atrás dele, ela saiu das sombras. Ele tinha acabado de se encontrar com Bash? O que tinha acontecido?

Bash saiu pelo corredor também, caminhando em direção a ela parecendo alto e forte, e como um sonho na forma de um homem. Um suspiro escapou de seus lábios quando ela entrou em seu caminho.

— Bash.

Ele diminuiu a velocidade e sem dizer uma palavra, a envolveu em seus braços.

— Isabella, você está bem? Me desculpe por...

Ela balançou a cabeça.

— Não se desculpe. Por favor. Mas preciso falar com você.

— Eu preciso falar com você também, mas eu tenho várias tarefas urgentes para fazer.

— Agora? — Ela perguntou, mordendo o lábio enquanto olhava para ele. Ela se utilizou do entusiasmo de suas irmãs para aumentar sua coragem e agora ela estava perdendo sua determinação.

— Manter você e suas irmãs longe de problemas é um trabalho de tempo integral, — ele disse, mas seu sorriso era suave enquanto acariciava seu queixo.

— Oh. — Suas entranhas derreteram um pouco. — Esses tipos de tarefas.

— Conversamos depois.

Ela assentiu novamente.

— Queremos ir a uma festa hoje à noite para a qual recebemos um convite. Mencionei antes que Emily tem um pretendente muito interessado. Ele nos convidou.

Ele franziu a testa.

— Esta noite? Considerando tudo, você deveria ficar aqui.

Ela balançou a cabeça.

— Mas como poderemos te aliviar se não encontrarmos pares?

Ele suspirou.

— Há muito menos urgência para que sua irmã se case. Já decidi uma solução, então você não precisa ir.

— Que solução? — Ela agarrou sua mão, seu coração batendo forte em seu peito.

— Isso é o que vamos discutir esta noite. — Ele levou a mão dela aos lábios. — Fique aqui e fique segura.

E então, ele desceu as escadas e saiu pela porta.

Eles não tiveram a chance de falar, mas esta noite ela lhe contaria tudo o que estava em seu coração.

 


Capítulo 17


Bash deixou o escritório do arcebispo com um sorriso satisfeito no rosto. Tinha conseguido a licença.

Agora que estava prestes a se casar com ela, colocá-la em segurança sob seu título e nome, o caráter justo da decisão caiu sobre ele.

Era assim que era suposto ser.

Ele só esperava que ela entendesse a necessidade de manter distância durante o casamento.

Mas ele se preocuparia com isso mais tarde. Era o tema do relacionamento deles, realmente.

Agora, ele precisava ir para o clube. Esperava que alguns dos guardas tivessem reunido informações sobre o visitante do clube na noite anterior. Improvável, mas possível. E ele tinha que contar aos seus parceiros sobre sua decisão de casar-se com Isabella. Uma duquesa não estaria trabalhando como uma jogadora de jogos de azar.

Mas quando entrou pela porta dos fundos, havia um silêncio assustador no lugar.

Ele encontrou todos os seus parceiros, incluindo Mason e seu parceiro misterioso, o Conde de Goldthwaite, sentados na sala vermelha.

— O que está errado? — disse ele, sem se preocupar com as formalidades.

Menace fez uma careta.

— Havia fogo.

— Onde? — Um pavor doentio encheu seu estômago.

— As docas. — Goldthwaite respondeu. — Ficava ao lado de vários navios que utilizo para transporte de mercadorias. Meus barcos não estavam intocados, mas dois barcos queimaram, ambos da Carrington Shipping Company.

Um medo frio desceu por suas costas. A empresa do pai de Isabella.

— Pennington fez isso.

Menace deu um aceno rígido.

— Provavelmente. Embora eu não saiba como poderemos provar. Aconteceu hoje de manhã, mas ninguém viu nada que eu pudesse descobrir.

Vanity passou a mão pelo cabelo. Um gesto ao qual o homem quase nunca se entregava.

— Você estava certo. Isabella não deveria estar mais aqui. Esta situação está ficando fora de controle.

Ele esfregou a nuca.

— Você está certo em ambos os casos. E decidi que preciso protegê-la completamente. Eu vou casar-me com ela. Amanhã.

Por um momento, a sala ficou em silêncio e então seus amigos e aliados explodiram em uma rodada de gritos e urros, muitos tapas nas costas foram dados.

Mason se levantou e cruzou a sala para abraçar Bash num gesto rápido e apertado.

— Parabéns, irmão.

Ele deu um aceno rígido.

— Obrigado. Mas não podemos comemorar por muito tempo. O que vamos fazer sobre Pennington?

A sala ficou em silêncio novamente. Finalmente, Mason falou.

— Temos que mantê-lo sendo seguido. Se ele tentar qualquer outra coisa, teremos provas.

— Eu concordo, — disse Bash. — E este outro homem? Aquele que está tentando dar dinheiro para minha esposa?

Mason ergueu as sobrancelhas.

— Você parece ainda mais zangado com o homem que tentou ajudar do que com Pennington.

Bash fez uma careta.

— Eu tentei dizer-lhe. Ela me tira do controle.

— O que sabemos sobre o homem até agora? — Goldthwaite perguntou. O homem havia passado da ruína à riqueza em apenas alguns anos por ser incrivelmente astuto.

— Bem... — Bash acariciou seu queixo. — Não muito. Ele tinha muito ouro, que entregou a Isabella. Sabemos que o pai dela tinha um parceiro misterioso. Mas ninguém sabe quem é esse homem. E sabemos que ele entregou o dinheiro aqui, em vez de em qualquer outro lugar, porque sua identidade está protegida aqui também.

Goldthwaite sorriu.

— Sempre posso encontrar parceiros misteriosos. O nome dele deve estar em algum documento em algum lugar. Deixe isso comigo.

Menace deu um tapa nas costas de Goldthwaite.

— É por isso que trouxemos esse sujeito.

— É isso? — Blasphemy perguntou. — Eu pensei que era só para me torturar.

Bash balançou a cabeça. Os dois homens tinham uma velha rixa, mas agora não era a hora.

— Blasphemy, eu também tenho um trabalho para você. Encontre um homem que se pareça com Isabella e vamos colocá-lo no clube para ver se conseguimos atrair nosso convidado misterioso de volta.

Blasphemy lançou um olhar duro para ele.

— Você quer que eu encontre um homem que se pareça com uma mulher se passando por um homem? Tá falando sério?

Todos riram disso.

— Você pode fazer isso, meu amigo. — Bash disse. — Agora, gostaria de voltar para casa e verificar Isabella. Eu não deixaria Pennington levar a luta direto para a minha porta.

— Boa ideia, — disse Infamy. — Irei com você no caso de você precisar de um par extra de armas.

— Obrigado. — Bash respirou fundo. Eles tinham um plano. Com sorte, um que começasse a resolver os mistérios que giravam sobre eles.

Mas certo agora, ele só queria ver Isabella e saber que ela estava bem.

Isabella olhou para a nota rabiscada apressadamente em sua mão.

— O que é isso? — Eliza perguntou, suas sobrancelhas se juntando. — Você ficou pálida.

— Houve um incêndio, — ela murmurou. — Bash diz que quer que o encontremos em nossa casa.

— Oh, bom, — Emily disse enquanto se levantava. — Preciso do meu bordado. Não posso ficar sentado aqui sem fazer nada.

— É simplesmente estranho, — Isabella murmurou enquanto olhava para a nota novamente. — Ele disse antes para ficarmos aqui. E agora ele nos mandou encontrá-lo?

Eliza veio ficar ao lado dela.

— Deixe-me ver isso. — Ela examinou o conteúdo. Eliza franziu a testa enquanto lia as palavras. — Não sei.

Abigail inclinou a cabeça.

— Eu, por exemplo, poderia pegar algumas das minhas coisas também. Saímos com muita pressa ontem à noite.

Tia Mildred entrou no quarto, finalmente tendo se levantado da cama apesar do adiantado da hora. Ela tinha perdido o sono na noite anterior.

— Qual é o problema?

— Sua Graça me disse para ficar aqui esta manhã, mas recebi esta carta que todas devemos encontrá-lo em casa.

— Então, vamos. — Tia Mildred acenou com a mão, gesticulando para a frente. — Não devemos deixar Sua Graça esperando.

Isabella começou a avançar, ignorando a sensação de mal-estar que se instalou em seu peito. Ele deveria estar precisando dela por algum motivo. Talvez apenas recolher suas coisas para que não se perdessem?

Mas sua inquietação não diminuiu enquanto se encaminhavam para sua casa em Cheapside. Uma chuva fria começou a cair, aumentando a escuridão do dia. Era como as noites em que os homens ficavam especialmente bêbados. Havia um chiado de perigo no ar que só piorou à medida que se aproximavam da casa.

— Isso é um erro, — ela sussurrou.

— Ele disse que queria que viéssemos, — Abigail disse, olhando pela janela. — E eu quero juntar meus vestidos. Tantos novos...

— Deveríamos parar. — Então, ela alcançou suas irmãs e bateu na parede da carruagem para alertar o cocheiro. — Pare.

— Isabella? — Eliza perguntou, olhando para ela enquanto a carruagem diminuía. — O que é?

— Isso não parece certo, — respondeu Isabella. — Algo está errado. Eu posso sentir...

— Quem é você e o que você quer? — O cocheiro falou quando a carruagem avançou novamente.

As meninas se assustaram e Isabella caiu para trás em sua cadeira, mesmo quando Emily caiu em sua direção, apoiando-se nas pernas de Isabella.

— Pare a carruagem ou vamos atirar. — A voz de um estranho chamou.

Emily soltou um grito minúsculo quando Abigail se abaixou. Tia Mildred encolheu-se em seu assento.

— Por que você não disse algo antes?

Isabella não comentou que partir foi ideia da outra mulher em primeiro lugar. Mas ela fez uma nota mental para dizer a Bash que elas precisavam de uma nova tia Mildred. Esta não estava funcionando.

A carruagem girou ao mesmo tempo em que ganhava velocidade, e todas as mulheres tentaram se segurar quando Eliza gritou assim que sua cabeça atingiu a estrutura de madeira.

De repente, um tiro foi disparado e o cocheiro deu um grito. Um baque se seguiu e Isabella cobriu a boca com as mãos para não fazer barulho. O cocheiro foi baleado? Ele tinha caído?

— Saiam, senhoras, — a voz chamou novamente. — Há alguém que gostaria de ver você.

Tia Mildred deixou escapar um suspiro.

— Isso não fazia parte do trabalho.

— Tia Mil...

— Meu nome é Caroline. Eu desisto.

— Você está desistindo agora? — Eliza bufou enquanto pegava um guarda-chuva, segurando-o à sua frente como uma espada.

Isabella se endireitou.

— Aceito sua renúncia. Você pode deixar a carruagem agora.

Abigail deu uma risada rápida quando a mulher mais velha empalideceu, mas aquela voz chamou novamente.

— Se você está pensando que pode escapar, você deve saber que há um homem aqui para cada uma de vocês para ter certeza de que serão escoltadas até o seu anfitrião.

— Foi uma armadilha, — sussurrou Eliza. — Esse bilhete não era de Bash, era?

— Não, — respondeu Isabella, seu intestino agitando. — Como vamos sair dessa? — Sua mão tremia quando segurou na maçaneta da porta.

Eliza franziu a testa.

— Nós ficamos ou saímos conforme eles estão pedindo?

— Ficamos, — Abigail falou. — Não seja tola.

— Mas então, eles podem simplesmente partir com todas nós nesta carruagem.

— Senhoras, — a voz chamou novamente. Tinha uma qualidade cantada que deixou Isabella ainda mais nervosa. — Hora de sair.

— Eliza. — Ela respirou fundo. — Uma de nós precisa descer e chegar ao assento do cocheiro para tirar a carruagem daqui.

— Quão perto estão os homens? Quantos deles estão aí?

Abigail espiou uma cortina.

— Eu vejo dois. Dez ou quinze passos de distância.

— Vejo três, — disse Emily. — Dois mais atrás e um ao lado da porta.

Eliza acenou com a cabeça.

— Ok, vou bater nele com meu guarda-chuva, e então Isabella vai subir no banco do cocheiro e levar todas vocês para um lugar seguro.

— Mas e se ele te agarrar? — Isabella perguntou. Por uma fração de segundo ela viu o medo cintilando no rosto de Eliza antes que sua irmã o mascarasse cuidadosamente novamente.

— Eu não posso ter você sendo a única heroína, — disse Eliza enquanto a porta chacoalhava.

Isabella ajustou seu aperto na porta.

— Eliza. Não é provável que você consiga subir de volta se...

— Eu vou ficar bem. — Eliza agarrou a alça da carruagem também. Então, sussurrou: — Leve nossas irmãs para um lugar seguro e se case com aquele duque. Elas precisam dele e de você também.

Emily agarrou a alça também, empurrando a mão de Eliza para longe.

— Dê-me aquele guarda-chuva. — Então, Emily o arrancou da mão de Eliza. Em vez de ajudar a puxar a maçaneta, Emily deu um empurrão repentino na porta. — Agora! — Ela gritou.

A porta se abriu e, com todas as três reunidas por trás da porta, Isabella sentiu o momento em que a porta atingiu o atacante.

Ele grunhiu, cambaleando para trás e Emily saltou, acertando-o com o guarda-chuva enquanto Isabella a seguia para fora, escalando a frente da carruagem e para o assento. Ela viu outros homens correndo em direção a elas, e suas mãos tremiam enquanto tentava agarrar as rédeas. Um grito atrás dela a fez girar para trás. O agressor agarrou Emily e a segurava com força.

Eliza também havia escalado e estava tentando para tirar Emily das mãos do homem.

Isabella congelou por um momento, dividida entre ajudar Eliza e colocar a carruagem de volta a segurança. Mas se todas fossem pegas, seu heroísmo seria em vão, e então ela se dirigiu para o assento, subindo no banco.

Outro homem correu em direção a Emily e, por um momento, um grito cresceu em sua garganta. O que os dois homens fariam com suas irmãs?

Mas este novo homem gritou:

— Vá! — E então, ele balançou o punho, acertando o atacante com uma força que o jogou no chão.

Isabella ofegou em sua surpresa reconhecendo-o instantaneamente. Era o jogador misterioso da noite anterior.

— Você!

Em um instante, ele empurrou Eliza pela porta aberta, e ela caiu no chão da carruagem.

— Vá! — Ele gritou novamente, e então agarrou Emily, e estendeu a mão para a parte de trás da carruagem.

Isabella atrapalhou-se com as rédeas, mas conseguiu agarrá-las e estalá-las, e os cavalos começaram a andar novamente.

— Isabella, — uma voz soou no ar úmido. Tio Malcolm. — Volte aqui.

Ela não olhou para trás e nem respondeu quando a carruagem ganhou velocidade. Ela nunca olharia ou falaria com aquele homem novamente.

Outro tiro soou, e Isabella olhou para trás para ver o homem cobrindo sua irmã com seu corpo. Ambos estavam bem? Ele foi baleado?

Mas ele não soltou enquanto os cavalos se afastavam.

A chuva caia mais forte, as ruas quase limpas enquanto Isabella atiçava os cavalos em um ritmo alucinante. Precisava colocar suas irmãs em segurança.

E precisava ver Bash novamente.

Lágrimas escorriam por seu rosto, escondido pela chuva. Ela poderia ter morrido, e nunca disse a ele que o amava.

 


Capítulo 18


Bash olhou para seu mordomo, um pavor doentio pesando em seu estômago.

— O que você quer dizer com elas não estão aqui?

— Você enviou uma carta, Sua Graça. Para que elas se juntassem a você.

Vários palavrões subiram aos seus lábios.

— Onde eu disse a elas para se juntarem a mim? — Ele olhou para Infamy, seu rosto refletindo seus próprios sentimentos de horror.

— Na casa delas.

— Foda-se, — sussurrou a Infamy. — Isto é ruim.

— Há quanto tempo elas partiram? — Ele rosnou.

— Vinte minutos atrás, Sua Graça.

— Vamos, — Bash disse, girando nos calcanhares. — Com a chuva, talvez possamos pegá-las.

Ele começou a correr em direção ao estábulo onde seu cavalo ainda estava selado. Não demorou mais que um minuto para subir e começar a jornada em direção à casa de Isabella. Ele a alcançaria a tempo?

Mas quando fez a primeira curva, uma carruagem se inclinou em sua direção. Sua carruagem.

— Aquela é... — Infamy perguntou atrás dele.

— Isabella. — Ela estava conduzindo os cavalos como uma mulher possuída.

Seu cabelo molhado estava grudado em seu rosto enquanto sacudia as rédeas novamente. Uma mulher nunca tinha estado mais bonita do que ela neste momento.

— Seu condutor foi baleado, — ela gritou enquanto se aproximava a toda velocidade.

— Devagar, — ele gritou de volta, e ela puxou as rédeas. Em um instante, ele desceu do cavalo novamente. — Infamy, você pode pegar meu condutor?

— Claro. — O outro homem cutucou seu cavalo e partiu sem dizer uma palavra.

A carruagem não parou, mas Bash pulou no assento ao lado de Isabella.

— O que aconteceu?

— Isabella, — Emily gritou atrás. — Podemos explicar mais tarde? Nosso outro salvador foi baleado.

Bash olhou para trás para ver o homem que estava no clube se segurando no local onde o lacaio poderia descansar, Emily aninhada em seu abraço. Suas sobrancelhas se ergueram ao ver a postura protetora do outro homem, seu corpo envolto com segurança em torno da irmã mais nova dos Carrington.

— Estou bem, — respondeu o homem. — Mas vamos para a segurança.

Bash assentiu e pegou as rédeas de Isabella, dando partida nos cavalos mais uma vez.

Eles levaram apenas alguns minutos para voltar para sua casa.

Saltando do assento, ele voou para a parte de trás da carruagem. Sabendo que Isabella estava segura, esta era sua chance de obter respostas. Como aquele homem viera em seu socorro, quem era ele, e o que queria de Emily?

Mas o homem que estivera ali momentos antes se fora.

— Onde ele está? — Bash perguntou, Emily agarrando a barra lisa sozinha.

Ela franziu a testa, seu lábio tremendo.

— Ele se foi.

— Eu posso ver isso. Onde? Quem é ele?

— Não sei — Emily respondeu enquanto tremia.

Bash deu um frustrado suspiro, mas a ajudou a descer da pequena plataforma.

— Tudo o que ele disse foi que me veria novamente em breve. E então ele se foi, — Emily disse. — Sei que ele levou um tiro... eu vi o sangue, mas ele disse que não era nada além de um arranhão.

Emily começou a chorar, e a porta da carruagem se abriu, Eliza passando por ele para levar sua irmã em seus braços.

A mão de Isabella deslizou na sua e ele olhou para sua deusa encharcada.

— Você desceu.

Isabella deu um sorriso doce.

— Eliza diz que sou muito forte. Nunca pensei isso sobre mim, mas acabei de dirigir uma carruagem de seis cavalos na chuva depois de lutar contra um homem que tentava nos sequestrar. Talvez ela esteja certa.

— Sequestrar? — A palavra ficou presa em sua garganta. — Você quase foi sequestrada?

Ela se inclinou para ele, seu rosto aninhando em seu ombro.

— Suponho que podemos adicionar a história à lista de itens que precisamos discutir. Mas devo confessar que essa lista está crescendo um pouco. Talvez não devêssemos esperar até esta noite.

— Esta noite não é cedo o suficiente para conversar? — Ele disse enquanto passava o braço pela cintura dela, puxando-a ainda mais para perto.

— Mais três grandes eventos podem acontecer até lá.

Até ele teve que rir disso.

— Suponho que você esteja certa.

— Oh. E Caroline, nossa ex-tia Mildred, foi embora. Provavelmente não importa, já que nosso tio acabou de tentar nos sequestrar. Ela estava aqui apenas para preservar nosso relacionamento com ele.

— E sua reputação, — acrescentou. — Mas não precisamos mais dela para isso também.

Ela ficou rígida contra ele.

— Nos arruinamos hoje? Será que todo mundo sabe das minhas atividades? Eu sei que acabei de dizer que era forte, mas isso vai doer e...

— Não, — ele interrompeu. — Você não está arruinada. — Ele segurou a mão dela. — Na verdade, é exatamente o oposto. Obtive uma licença especial. Espero que você concorde em ser minha esposa.

— Agradeça a Deus, — Eliza chorou.

Abigail soltou um grito de alegria.

— Estamos salvas.

Mas Bash não desviou o olhar quando Isabella inclinou a cabeça para olhar para ele.

— Mas ontem à noite... — ela começou com uma carranca.

Ele viu a dor em seus olhos e estremeceu, sabendo que havia causado isso.

— Eu sei o que disse. Mas não posso mais deixá-la desprotegida. É hora de ser o homem que você precisa que eu seja. — Ele só esperava que ela ainda gostasse daquele homem quando ele lhe seus filhos e um leito matrimonial de verdade.

Ela deu um único aceno de cabeça.

— Aceito.

Ele deu-lhe outro aperto enquanto suas irmãs aplaudiam novamente. Mas Isabella não se juntou a elas. Ela inclinou a cabeça olhando para ele com a testa franzida.

Foi a proposta menos romântica de todos os tempos? Sua apreensão era provavelmente evidente em seu rosto. E se ela mudasse de ideia ao ouvir o tipo de casamento que ele tinha em mente?

Isabella permaneceu aninhada sob o calor do braço de Bash enquanto se moviam para dentro da casa.

Apesar de seu calor, ela sentiu frio até seu núcleo. Provavelmente por causa da chuva e das ações de seu tio. Mas outra parte dela sabia, a tristeza rastejando em seus pensamentos, era tanto sobre aquela proposta quanto qualquer outra coisa.

Ela não podia dizer não. Suas irmãs precisavam que ela dissesse sim. E se ela fosse honesta, ela não queria dizer não. Ela amava Bash.

Mas ela queria que ele a amasse também.

E ele não tinha sussurrado uma única palavra sobre amor, ou emoção, ou mesmo suave afeição. Proteção... dever. Isso é o que ele ofereceu.

Ela olhou para ele então, seu rosto também definido em linhas duras. Ela suspirou. Este era mais um item a ser adicionado à lista.

Tinha que dizer a ele como se sentia. Se isso o afastasse, que fosse. Ela também compartilharia seu passado e seus medos. Era hora de compartilhar tudo. Se ele a rejeitasse... só podia esperar que fosse tão forte quanto Eliza acreditava.

Mas ela tremeu ao pensar na rejeição que estava enfrentando.

— Você deve estar congelada, — ele disse, puxando-a com mais força.

Isso aliviou um pouco seu medo. Ela se virou para suas irmãs.

— Bash e eu temos várias coisas para discutir. Acredito que vocês podem se recuperar sem nós.

Eliza deu uma piscadela rápida.

— É claro.

Caroline, ou tia Mildred, vinha atrás.

— Sobre minha resignação, — ela chamou Bash. — Eu reconsiderei.

Mas foi Isabella quem se voltou para a outra mulher.

— Vá para o seu quarto e se aqueça. Discutiremos seu emprego amanhã.

Bash piscou e, sem dizer uma palavra, continuou subindo as escadas passando pelas várias salas de estar e a ala que mantinha seu escritório... pelo menos ela pensou que poderia ser aquela.

Eles continuaram subindo as escadas até chegarem ao terceiro andar, onde entraram no... quarto dela.

— É aqui que vamos conversar? — Ela perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Nós dois precisamos tirar essas roupas molhadas, — respondeu ele. — E não se preocupe. Vou manter minhas mãos para mim. A noite passada foi um erro.

Isso a fez parar. Ele estava se casando com ela por causa do que eles fizeram?

— Um erro?

Ele a puxou para o quarto e começou a desabotoar sua peliça.

— Eu não deveria ter tocado você assim fora do casamento.

— Você tocou outras mulheres fora do casamento, não é?

— Elas eram diferentes, — ele murmurou enquanto começava a soltar as mangas molhadas de seu vestido.

— Por quê? — Ela perguntou, prendendo a respiração. Ela estava tremendo tanto de nervosismo quanto de frio.

— Porque não eram mulheres que eu estava pensando em me casar.

— Oh, — ela disse suavemente.

— Achei que tínhamos uma lista inteira de coisas para discutir.

— Nós discutiremos. Nós estamos discutindo, — ela disse enquanto ele puxava sua saia para baixo e ela saiu do tecido encharcado. Ela respirou fundo enquanto ele afrouxava as cordas de seu espartilho. — Eu não quero que você se case comigo por obrigação.

Seus dedos pararam.

— Eu sou o duque que salvará sua família de certo desastre.

— Bash. — Ela se virou para olhá-lo enquanto colocava as mãos nas dele. A maioria das roupas úmidas estava fora e o calor do fogo infiltrou-se em sua pele fria. — Você tem sido maravilhoso. Desde o primeiro momento em que me conheceu, você protegeu a mim e às minhas irmãs. Mas... — Ela respirou fundo.

— O quê? — Ele a soltou mãos, encolheu os ombros fora seu casaco e depois se sentou, tirando suas botas. Ela esperou enquanto seu olhar se dirigia ao chão. Finalmente, ele olhou para ela. — Eu sei que há um mas vindo.

Ela respirou fundo.

— Você me deixa com medo.

— Com medo? — Ele se levantou de repente e foi até ela. Seu rosto estava marcado por profundas linhas de dor. — Você tem medo de mim?

— Não de você. Eu nunca teria medo de você. Tenho medo de... — sua voz sumiu.

— O quê?

— Meu pai foi embora. Minha mãe se foi. Para ser sincera, desde que te conheci, esperava que você também fosse embora. Eu... — Ela deslizou os braços em volta da cintura dele, colocando a cabeça em sua camisa úmida. — Eu tentei manter as coisas equilibradas. Tentei fazer disso um acordo comercial porque não quero me importar.

Ele prendeu a respiração enquanto puxou-a para mais perto.

— Você não quer...

— Não, eu não quero — Ela passou as mãos pelo comprimento dos braços dele. — Mas eu quero. Você tinha que ser tão arrojado e galante e correr para me resgatar, e então há o fato de que você é tão bonito e seu corpo... — Ela não terminou, envergonhada pelo que estava prestes a dizer.

Ele se inclinou perto do ouvido dela.

— Eu também gosto do seu corpo.

Aquilo a fez sorrir, mas então ela pensou no que ainda precisava dizer, e as palavras ficaram presas em sua garganta. Ela limpou a garganta, respirando fundo.

— Pretendo me casar com você, Bash. Você sabe disso. Mas eu seria negligente se não te avisasse que acredito que me apaixonei por você.

Isabella não tinha certeza do que esperava, mas ele enrijeceu, se afastando.

— Você não pode. Não podemos... Eu já te disse. Não posso permitir que você baixe minha guarda.

Essas palavras a atravessaram e ela ofegou. Dando um passo para trás, ela colocou os braços em volta da cintura.

— Eu sei. É por isso que eu estava indo embora. Não posso evitar o que sinto, e você não pode mudar seu passado.

Ele balançou a cabeça, passando as mãos pelo couro cabeludo.

— Eu preciso pensar sobre tudo isso.

E então, ele girou nos calcanhares e saiu do quarto.

Isabella o observou ir e esperou até que a porta se fechasse para cair de joelhos.

Forte? Não se sentia forte agora. Ela se sentiu mais fraca do que nunca. E quanto ao seu futuro, ele tinha acabado de sair pela porta.

 


Capítulo 19


Bash estava sentado em seu quarto olhando para o fogo.

Isabella disse que o amava, e ele foi embora.

Horas depois, ele ainda sofria. Porque queria jogar seus braços sobre ela, beijá-la sem sentido, dizer que a amava também, e então fazer amor com ela até o sol nascer no dia do casamento.

Mas ele não ousou. Lembrou do rosto de seu pai quando ele estava com raiva. Ele odiava aquele rosto. A tensão, a dor que sabia seguiria sua perda de controle.

Ele morreria antes de passar este legado.

Ele estava protegendo Isabella, não estava? Mas então, pensou em Mason. Seu irmão jurou que uma esposa faria de Bash um homem melhor. Que deveria usar essa raiva para protegê-la.

Ele baixou a cabeça entre as mãos, esfregando o rosto. Quem estava certo?

Uma batida suave soou em sua porta.

— Bash?

Ele se levantou tão rapidamente que derrubou a cadeira. Ela caiu no chão.

— Isabella. O que você está fazendo aqui?

— Bem, — ela disse com um suspiro. — Eu teria vindo antes, mas demorou uma eternidade para encontrar sua ala de quartos. Você tem um mapa do lugar? Vou precisar depois do casamento.

Casamento. Ele estava se casando com Isabella.

Atravessando a sala, ele abriu a porta.

— Eu mesmo desenharei um para você.

Ela estava do outro lado da porta e seus lábios se curvaram em um sorriso suave, as botas dele em sua mão. Ele as tinha deixado em seu quarto antes e percorreu o corredor em meias como um colegial antes de vestir outro par.

— Obrigada. Sempre tão bom para mim.

As palavras o fizeram estremecer. Ele não tinha sido muito bom para ela hoje. Ele a estava machucando mesmo enquanto tentava protegê-la? Isso o fez parar.

— Posso? — Ela perguntou, apontando para a sala.

— É claro. — Ele deu um passo para trás. — Mas só por curiosidade, qual é o propósito desta visita?

Ela entrou e deu a ele um olhar conhecedor.

— Tivemos uma longa agenda de discussão e mal passamos pelo item um.

Isso o fez sorrir.

— O item um era?

— Confessando meu amor e compartilhando meu passado.

Ela abaixou a cabeça, mas ele captou sua expressão de dor. Ele soltou um longo suspiro.

— Eu não queria ir embora. Eu só...

— Não precisa explicar. Ainda vamos nos casar?

— Claro, — ele respondeu, se aproximando. — Você terá minha proteção. Isso eu prometo.

Ela olhou para ele, então.

— Bash. Você não precisa prometer. Eu sei que tenho sua proteção. Sim, desde o primeiro momento em que nos conhecemos. Confio em você em tudo. Minha vida, minha segurança e meu coração. Sei que você manterá todos eles seguros.

— O quê? — Ele mexeu-se, com a garganta se apertando conforme compreendia as palavras.

— Você é o homem mais gentil e mais forte que conheço. Não consigo imaginar o que crescer com um pai como o seu faria a uma pessoa. Tenho tentado imaginar isso. Minha prima, Avery, é filha do tio Malcolm. Ela vive com um tirano e se encolhe todos os dias. — Isabella alcançou suas mãos. — Serei tão paciente quanto você precisar que eu seja. Não tenho ideia de quanto tempo leva para recuperar-se desse tratamento. Mas preciso que você saiba, o acho o melhor tipo de homem. Você nunca me machucaria. Você cuida das pessoas ao seu redor. Você os constrói ao invés de...

Mas ele não a deixou terminar. Em vez disso, capturou seus lábios com os seus.

Porque suas palavras aliviaram um pouco a dor por dentro.

Como um raio de luz, penetrando na escuridão, ela penetrou em suas percepções. Ele ergueu a cabeça para olhar em seus grandes olhos castanhos.

— Mas eu costumava ficar com tanta raiva e...

Ela balançou a cabeça.

— Você não é ele, Bash. Você nunca foi.

— Você não o conhecia. — Ele engoliu em seco.

Ela passou os braços pela cintura dele.

— Eu conheço você.

Colocando sua testa na dela, ele olhou profundamente em seus olhos.

— Esse era o item dois? Convencer Bash de que ele não é um monstro?

— Não, mas o item três é definir uma data para nossas núpcias. Você disse amanhã? E quatro estão discutindo como vamos pegar meu tio, e cinco...

Ele a beijou novamente. Não para fazê-la parar, mas apenas porque ele não podia esperar mais um momento. Foi longo e lento, e suas bocas se uniram.

— Eu não queria interromper, — ele disse enquanto se afastava um pouco. — Mas você é ridiculamente inteligente e bonita, e não consigo resistir a você, não importa o quanto eu tente.

— Você também acha que sou forte? — Ela perguntou enquanto ficava na ponta dos pés e o beijava novamente.

— Muito, — ele respondeu, devolvendo o toque e pegando outro.

Ela assentiu.

— Então, você pode confiar em mim para ser forte o suficiente para mantê-lo sob controle.

Essa era uma das melhores ideias que ele ouviu em um longo tempo. Aqui em seus braços, seus medos estavam desaparecendo um por um.

— Mason afirma que será o primeiro a me matar se eu te machucar. — Ele deslizou a mão pelas costas dela, colocando seu corpo mais perto do dele.

— Um aliado. Excelente, — ela murmurou contra seus lábios. — Você tem toda uma rede de pessoas que te amam, Bash.

Ele deslizou a mão para baixo, segurando seu traseiro perfeito.

E percebeu que ela estava certa. Ele era diferente de seu pai. Porque o Duque Demônio não permitiu ninguém perto de seu coração, e não amou ninguém em troca.

Mas esse não era Bash.

Ele tinha amigos, bons amigos. E um irmão que era o melhor tipo de homem.

E ele tinha Isabella.

O amor de sua vida.

— Isabella, — ele sussurrou antes de beijá-la novamente. — Eu também te amo. Muito.

O mundo ao redor de Isabella se inclinou fazendo-a ficar instável. Ou talvez fosse apenas sua cabeça. Porque Bash tinha acabado de lhe dizer que a amava.

Ela apertou seus bíceps.

— O quê?

— Isabella. — Ele olhou para ela, dando-lhe um sorriso gentil. — Eu te amo desde o primeiro momento que te vi e você estava vestida de homem. Foi... estranho.

Ela riu, então.

— Você me ama?

— Muito, — ele disse, então começou a desabotoar o vestido dela. — Quanto aos seus itens: Casamos amanhã. Estou mandando seguir seu tio para que possamos pegá-lo em flagrante, e o homem mais inteligente que conheço, o Conde de Goldthwaite, está investigando nosso homem misterioso.

— Oh. Isso é muito eficiente, — ela disse enquanto o deixava tirar o vestido, o tecido escorregando para o chão.

— Agora, — ele retumbou baixo e profundamente. — Vou fazer amor com você. E não vou me preocupar em manter distância porque nunca foi realmente possível, foi?

— Não. — Ela corou, o calor infundindo suas bochechas. — Mas estou feliz que estamos de acordo.

— Sobre o casamento, o plano ou fazer amor?

— Todos eles, — ela respondeu, e então ela deu um passo para trás, afrouxando sua trança e permitindo que as mechas caíssem sobre seus ombros.

— Você está bem em compartilhar minha cama antes do casamento? — Ele a puxou para perto de novo, começando a trabalhar nas cordas de seu espartilho.

— Eu me ofereci para ser sua amante, — ela respondeu enquanto a roupa caiu. — Confiei em você desde o início.

Ele puxou a camisa pela cabeça e puxou-a para perto novamente.

Isabella correu as mãos de seus ombros para seu torso, explorando cada linha e curva de músculos em sua pele exposta.

— Eu amo a sensação da sua pele, — ela disse enquanto suas mãos deslizavam sobre a carne dele novamente.

Em resposta, ele pegou sua camisa e puxou o tecido sobre sua cabeça. Ele segurou seu rosto, beijando-a novamente, mas logo suas mãos deslizaram por seu pescoço, para seu peito, onde ele segurou um seio em cada mão.

A sensação balançou através dela quando seus mamilos enrugaram sob seu toque. Seu pescoço tombou para trás, e ela se arqueou.

Mas ele continuou movendo suas mãos para baixo e quando alcançou sua cintura, ele desamarrou suas pantalonas e o tecido sedoso roçou suas coxas, acumulando em seus joelhos.

Ele lhe deu um sorriso travesso antes de se abaixar para puxá-las pelo resto do caminho, beijando sua barriga enquanto o fazia.

Uma necessidade pulsante latejava entre suas pernas, que só se intensificou quando os lábios dele deslizaram mais para baixo.

— Bash? — Ela perguntou enquanto os dedos dele roçavam os cachos em seu ápice.

Ao invés de responder, ele mergulhou seus dedos mais abaixo, deslizando-os ao longo de sua carne mais sensível, roçando seus lábios inferiores.

Ela soltou um gemido ofegante, seu corpo estremecendo com a sensação que ricocheteou por ela.

Ele a acariciou novamente, enquanto os dedos dela cravavam em seu cabelo. Mas ele não terminou. Ele abaixou a cabeça e sua língua repetiu o caminho que seus dedos haviam acabado de percorrer.

Ela ofegou, puxando seu cabelo enquanto ele repetia o toque.

— Bash, — ela implorou quando sua língua começou a se mover em um ritmo, mesmo quando seu dedo deslizou mais para trás, entrando em seu canal.

Seus olhos turvaram e suas pernas tremeram enquanto ele se movia implacavelmente mais rápido.

Suas pernas mal conseguiam sustentá-la enquanto seu outro braço a envolvia logo abaixo de seu traseiro, parcialmente suportando seu peso. Tensão crescia dentro dela enquanto ela puxava o cabelo dele novamente, gritando seu nome.

E então ela quebrou, o prazer despedaçando seu interior.

Ela mal se recuperou quando ele se levantou e a ergueu em seus braços, cruzando para sua cama. Ele a deitou e puxou suas calças, que apenas caíram até os joelhos enquanto escalava o corpo dela.

Ela se sentia como pudim, seus músculos tão relaxados, mal queriam trabalhar, mas mesmo assim ela teve que rir.

— Você ainda está calçado.

Ele soltou um grunhido, que começou um zumbido de necessidade dentro dela novamente.

— Não tenho tempo para tirá-las.

Ela quase perguntou a ele o que era a pressa, mas quando a pele dele tocou a dela, ela esqueceu suas palavras.

A sensação dele a pressionando era deliciosamente... certa. Ela enroscou os braços em seu pescoço quando seus lábios se encontraram em um beijo ardente.

E então, sua masculinidade pressionou contra suas dobras, seu calor escorregadio atraindo-o.

Ele gemeu, enterrando o rosto em seu pescoço, mesmo quando ela estremeceu com o estiramento, a sensação de queimação que a deixou tensa.

Ele se acalmou, acariciando levemente seu quadril.

— Meu amor?

— Continue, — ela respondeu, se forçando a relaxar. — Estou pronta.

Em um impulso rápido, ele rompeu sua virgindade e se acomodou totalmente dentro dela.

Seu grito foi abafado por seu gemido de prazer.

Ele se acalmou novamente, dando-lhe tempo para se ajustar antes de começar a se mover dentro dela mais uma vez.

A dor diminuía com cada golpe e conforme ele se movia mais rapidamente, ela se viu encontrando seus impulsos. O prazer começou a crescer dentro dela novamente, e ela ajustou seu aperto em volta do pescoço dele.

Seu ritmo começou a ficar irregular, mas ela não podia perguntar como, porque seu próprio corpo explodiu de prazer novamente, convulsionando ao redor dele, mesmo quando um gemido saiu de sua garganta.

— Isabella, — ele gemeu, desabando em cima dela.

Seu olhar voltou ao foco enquanto seus dedos acariciavam as costas dele.

E pensar que ela quase não tinha se arrastado para o quarto dele. Quisera ficar em seu andar onde ele a tinha deixado, mas então, aquela fonte de força que não sabia que tinha, a impulsionou para frente.

E enquanto ela estava em seus braços, percebeu que a tinha levado para casa.

 


Epílogo

 

Bash estava na frente da igreja esperando por sua noiva. Suas irmãs estavam de um lado, seus amigos do outro. Ele deu um sorriso rápido ao ver Menace olhando para Eliza, mesmo quando ela o ignorou propositalmente. Ele se perguntou se outro romance estava florescendo.

Então de novo, eles estavam falando sobre Menace. Seu amigo, entretanto, deveria se comportar melhor. Eliza não estava mais sem um tutor.

A porta da frente da igreja se abriu e Mason entrou com Isabella em seu braço.

Bash esqueceu todo o resto enquanto olhava para ela no corredor. No vestido azul mais claro, sua pele brilhava e seu cabelo castanho chocolate refletia a luz das velas, brilhando enquanto ela fazia seu caminho em sua direção.

Ele respirou fundo, esquecendo-se de todo o resto, enquanto ela deslizava para mais perto.

Ele amava essa mulher, e ela estava prestes a ser sua esposa.

Sua garganta se apertou de emoção enquanto ele se mexia, resistindo ao desejo de caminhar pelo corredor e puxá-la para perto. Finalmente, Mason o alcançou e com um aceno de cabeça, colocou a mão de Isabella na dele.

E então, tudo estava certo com o mundo.

Como ele poderia ter se preocupado que ela despertasse o pior nele? Isto era o melhor. Ela era a melhor.

Eles foram ficar na frente do padre, as palavras alegres fluindo sobre ele enquanto prometia amar, honrar e cuidar de Isabella pelo resto de seus dias. Fácil.

Ela o fascinou desde o momento em que a viu. E ele continuaria a segurá-la perto de seu coração para sempre.

Quando ela suavemente disse seus votos, seus olhos se encontraram com os dele, seu peito inchou com tanta emoção e isso era tudo o que pôde fazer para evitar beijá-la.

— Eu aceito, — ele respondeu, apertando os dedos dela.

— Eu aceito, — ela repetiu, lhe dando um sorriso brilhante.

Ela era sua. E então, ele capturou seus lábios com os seus. O padre disse que poderia beijar sua noiva? Ele tinha perdido a noção.

Mas ele ouviu sua risadinha nervosa, e pensou que talvez tivesse se adiantado um pouco em sua declaração de amor.

— O Duque da Decadência, de fato — Menace murmurou ao lado dele. — Mais como o Duque da Devoção.

Ele ergueu a cabeça dando uma risada leve. O nome combinava perfeitamente com ele.

Eles fizeram o seu caminho de volta para a manhã fria, os convidados se amontoando em várias carruagens para irem para o café da manhã do casamento.

Bash puxou Isabella para a frente, onde sua carruagem esperava por eles. No momento em que a porta se fechou, ele a puxou para seus braços, beijando-a várias vezes enquanto a colocava em seu colo.

— Você está tão linda, meu amor.

Ela riu suavemente enquanto colocava os braços em volta do pescoço dele.

— E você parecia muito elegante hoje. — Então, ela se afastou os olhos brilhando. — Obrigada, Bash.

— Por quê? — Ele perguntou enquanto corria as costas dos dedos em sua bochecha, sobre sua mandíbula e pescoço.

— Por nos manter seguras. Por dar um futuro às minhas irmãs.

Ele fez uma careta apesar das palavras suaves.

— Eu não te mantive segura ontem. — Quem era o homem que continuava aparecendo? Então, algo clicou. — Na outra noite no jardim... alguém me esbarrou. Acho que foi ele. — Ele jogou a cabeça para trás no assento. — Eu sabia que reconhecia sua voz. Eu apenas não sabia de onde.

Ela pressionou seu peito contra o dele, sua respiração soprando em suas bochechas.

— Nós vamos descobrir quem ele é, e nós vamos casar minhas irmãs e salvá-las. Gostaria de poder salvar a casa, mas... — Ela deu de ombros. — É apenas um lugar. Meu coração agora tem uma casa e está com você.

Ele escorregou os braços em torno de suas costas, segurando-a perto.

— Faremos para você um novo lar maravilhoso, Isabella. E você está certa. Veremos suas irmãs seguras e instaladas.

— A temporada está chegando. Você está pronto para apresentar três mulheres na sociedade?

Ele deu uma risadinha.

— Contratei os serviços da tia Mildred. Sei que ela ficou horrível ontem, mas ela já fez a parte difícil de apresentá-las. Nós as teremos casado em algum momento.

Ela o beijou novamente.

— Estou feliz que você se sinta assim. — Ela mordiscou o lábio. — Mas agora, acho que devemos nos concentrar em mim e em você.

Ele capturou seus lábios novamente.

— Concordo. Eu e você.

— Sempre.

— Para sempre.

 

 

 

[1] Derringer – Tipo de pistola de cano curto.
[2] Pedras – Termo utilizado, principalmente na Inglaterra, como medida de peso para seres humanos. 1 pedra corresponde a 6,35Kg.

 

 

                                                   Tammy Andresen         

 

 

 

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