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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


EARL OF SIN / Tammy Andresen
EARL OF SIN / Tammy Andresen

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Ele é um pecador, e ela é incrivelmente tentadora...
O Conde de Sinclair é um homem voltando da beira do abismo. Criando uma filha sozinho e mal evitando um desastre financeiro, ele seria o primeiro a admitir que precisa de ajuda. Mas uma bela tutora entra em sua casa e começa a fazer mudanças. Ele não tem certeza se isso é uma boa ideia. Uma coisa é que sua filha a ama, mas seu próprio coração está em perigo.
A Srta. Mary Chase tem sido um fardo para a família por muito tempo. Ser tutora para filha de um conde é a oportunidade perfeita para provar que pode ter uma vida de sucesso como solteirona. Mas ela não contava que o conde fosse tão bonito. E nem percebeu que ele precisava de tanta ajuda quanto sua filha.
A questão agora é, ela é a mulher para curar seu coração partido?

 

 

 

 

Capítulo Um


SRTA. Mary Chase parou no portão da frente da majestosa mansão situada no coração de Londres, e olhou para a imponente fachada de tijolos. Não era tarde demais para se virar, voltar para a casa de seus tios e retomar sua vida.

Lorde e Lady Winthrop a levaram para a casa deles depois da perda de seus pais há sete anos, até lhe financiaram uma temporada. Mas ela não podia, em sã consciência, continuar a sugá-los sem uma perspectiva de casamento.

Sua tia insistiu que ela ainda poderia encontrar um marido, mas Mary sabia como essas coisas funcionavam. Com toda a probabilidade, ela seria ignorada. Afinal, tinha vinte e quatro anos. Nenhum homem iria querê-la agora. Uma temporada seria o ponto de exclamação na frase de sua vida. Você não foi feita para um feliz para sempre, Mary! Você ainda não aprendeu isso?

E então, em vez de outra temporada, ela aceitou uma entrevista para o cargo de tutora na casa do Conde de Sinclair.

Sua família ficou um pouco chocada. Ao contrário de muitas meninas que se tornaram órfãs, ela foi tratada com amor e bondade, e alegremente agiu como companheira para várias de suas primas. Mas ela já era maior de idade e, em sua mente, isso significava que deixou de ser um fardo para eles e aprendeu a cuidar de si mesma. Além disso, gostava de ser útil. Em uma vida cheia de perdas, ela encontrou verdadeira alegria no trabalho.

Ela endireitou os ombros enquanto se aproximava dos degraus da frente. Não perderia sua determinação agora. Depois de consertar as fitas do chapéu, ela ergueu a mão e ergueu a aldrava, dando duas pancadas decisivas na placa de latão da porta.

O som ecoou pela casa e suas entranhas estremeceram junto com o barulho. Mas agora ela tinha ido longe demais para recuar, então prendeu a respiração enquanto esperava a porta abrir.

Quando seus pulmões estavam quase explodindo, a porta se abriu e um mordomo alto com as costas incrivelmente eretas, a olhou.

— Sim?

Mary engoliu em seco, pressionando as mãos.

— Estou aqui para o cargo de tutora. — A filha do conde, como ela entendia, tinha perdido a mãe há algum tempo e o conde desejava que uma mulher da sociedade ensinasse sua filha como se comportar corretamente. Como uma solteirona que cresceu na casa de um conde, ela era perfeita para tal tarefa.

A boca do mordomo baixou.

— Pensei que você entraria pela porta da cozinha. — Ele deu-lhe um longo olhar para cima e para baixo.

Droga. Seu peito se apertou. Ela não era mais um membro da família, mas uma empregada. Como poderia ter esquecido isso? A expressão no rosto do mordomo assegurou-lhe que ele estava se perguntando o mesmo. Ela fez uma rápida cortesia. Aqui, o mordomo estava acima dela na posição. — É claro. Me desculpe.

Ele deu-lhe um único aceno de cabeça, sua expressão inalterada.

— Seu senhor está esperando por você. Me siga.

Seu estômago se torceu em um nó desconfortável e ela respirou fundo para acalmá-lo. Mary não permitiria que seus nervos levassem a melhor. Ela tinha uma família bem grande em quem confiar, caso esta posição não desse certo. Não precisa se preocupar.

Hoje sentia como se fosse o início de sua nova vida. Uma em que ela era independente e capaz de cuidar de si mesma. Se falhasse, estaria provando que não conseguia nem completar a simples tarefa de prover seu próprio futuro. Se não pudesse fazer isso, o que poderia fazer exatamente? Qual a utilidade dela para este mundo?

O mordomo começou a subir as escadas, e ela o seguiu. Ela esperava algum tipo de apresentação. Quando houve nenhuma, em sua maneira usual, ela mesma começou.

— Meu nome é Mary Chase, — ela murmurou, sem saber o que dizer. — É um prazer conhecer você.

— Eu sei, — ele respondeu, sem olhar para trás. — Se você tiver sucesso nessa entrevista, vou apresentá-la à equipe.

Ela apertou os lábios. Aparentemente, o homem não iria realizar a delicadeza básica de dar seu nome sem primeiro certificar-se de que ela ficaria. Ela teve a nítida impressão de que ele não gostava dela, mas por quê? Ele nem mesmo a conhecia.

Eles chegaram ao topo da escada, e Mary o seguiu por um lindo corredor forrado com painéis de carvalho lindamente polidos e coberto com um tapete espesso que silenciou seus passos até que chegaram a uma porta aberta.

O mordomo entrou enquanto ela permanecia o Salão.

— Senhorita Chase está aqui para vê-lo.

— Mande-a entrar, — uma voz masculina profunda respondeu.

O som reverberou por ela da maneira mais agradável. Forte e capaz, ela queria suspirar só de ouvir essas três palavras curtas.

O mordomo voltou-se para ela e acenou para que avançasse, com um movimento rápido da mão.

Endireitando as costas novamente, ela entrou na sala enquanto o mordomo moveu-se para o lado. Mas ela não se preocupou em olhar para ele, em vez disso, estudou o conde. A primeira coisa que notou foi o topo escuro de seu cabelo quando ele se curvou na mesa, terminando alguma tarefa com sua pena. Seu cabelo era um pouco comprido demais, o que lhe caía bem. Ondas marrons intensas caíam de sua testa e desciam pelo pescoço, quase roçando sua nuca. Mas o cabelo dele foi esquecido enquanto ela notou a largura de seus ombros, a força de seus braços e as mãos grandes e capazes que seguravam a pena minúscula.

Então ele olhou para cima, sorrindo para ela. Olhos cor de chocolate e nariz e bochechas classicamente bonitos deram lugar a uma mandíbula e lábios fortes... querido senhor, seus lábios eram os mais beijáveis que ela já havia visto. Ainda mais do que os de seu ex-noivo, Steven. O pensamento a chocou e secou sua garganta. Então, o ar saiu correndo de seus pulmões enquanto sua voz ecoava por ela novamente.

— Senhorita Chase, eu presumo? É um prazer conhecê-la. O Duque de Darlington falou muito bem de suas habilidades. Minha filha precisa desesperadamente de ajuda.

Caro senhor, ela estava com problemas. Muitos, mesmo.

Lorde Colbert Sinclair, ou Sin, como seus amigos o chamavam, avaliou a mulher na sua frente, notando que ela era muito mais bonita do que ele preferiria. Na verdade, era deslumbrante. Daring não mencionou esse fato quando sugeriu Mary como uma tutora potencial.

Ele esperava uma mulher mais velha, matronal. Ela teria cabelos grisalhos, com algumas rugas sobre os olhos que lhe dariam um olhar gentil. Talvez seria um pouco larga no meio, o que a tornaria excelente para o tipo de abraços que as meninas precisam.

A mulher diante dele agora não incorporava nenhum desses atributos. Uma loira baixinha, ela tinha olhos da cor do céu em um dia claro e brilhante de verão, e o tipo de pequenas feições que lhe davam um ar de beleza delicada. A última coisa que ele desejou era uma mulher bonita na casa.

Sua primeira esposa era linda. Pequena como Mary, ela havia feito aparecer em Sin todos os instintos protetores que possuía. Na verdade, a semelhança de Mary com Clara era bastante alarmante. Não nos detalhes, é claro, mas na constituição, no cabelo.

Ele amou profundamente sua esposa e tentou protegê-la deste mundo cruel. Isso foi até que ele não pode protegê-la. Suas entranhas se contraíram enquanto mentalmente afastava o sentimento. Não precisava de outra mulher para proteger. Ele já havia falhado nessa tarefa uma vez com sua esposa, e agora tinha uma filha que o preocupava constantemente. Mais ultimamente.

Além disso, ela estava aqui para uma posição de professora, não como uma candidata para casamento. E, para esse fim, queria que uma senhora idosa amasse Anne, não uma mulher jovem o suficiente para ser sua mãe. Isso era essencial. Mary, conectada à sociedade e bonita como era, provavelmente seria apenas uma figura temporária em suas vidas. Ele precisava de alguém estável e constante na vida de Anne.

E certamente não uma mulher tão adorável.

— É um prazer conhecê-lo também, meu senhor — murmurou ela, fazendo uma reverência. — Obrigada por me conceder esta entrevista.

Ele fez uma careta. Daring deixou de fora alguns fatos importantes. Provavelmente de propósito. Mas Mary estava aqui agora, ele poderia muito bem conduzir a entrevista. Anne foi uma criança precoce até alguns meses atrás. Uma mulher louca a roubou de sua casa e, desde então, sua adorável filha ficou com medo e se refugiou em uma concha. Ou talvez, ele tivesse se tornado superprotetor e a empurrado para uma.

— É um prazer. — Ele gesticulou em direção à cadeira. — Por favor. Sente-se. — De qualquer maneira, precisava da pessoa certa para tirá-la de novo. Havia uma bondade nos olhos de Mary que se adequava à posição e ele estava tentado a contratá-la, mas outra coisa o impediu. E se Anne se apegasse à mulher? Assim como ele, sua filha havia sofrido perdas. Não queria que passassem por isso novamente.

Ela fez como ele instruiu, suas costas retas enquanto ela olhava para um ponto em sua mesa.

— Obrigada.

— Diga-me. Você já ensinou a uma menina antes?

Ela assentiu.

— Moro com minha tia e meu tio desde os dezesseis anos. Grace tinha apenas nove anos. — Suas mãos apertadas em um nó no colo. — Não era tão jovem quanto sua filha, mas posso garantir que Grace era difícil.

Sin sorriu.

— Eu a conheci. Tenho que concordar. — Ele limpou a garganta. — E sua educação?

Seu olhar ainda estava fixo em algum lugar abaixo do dele.

— Eu era uma estudante da Escola de Comportamento de Lady Kitteridge. Minhas notas foram excelentes.

Ele deu um longo suspiro. Essa era uma excelente notícia. Embora desejasse que a filha recuperasse a confiança, não queria sacrificar seu futuro como uma dama. Por mais que odiasse admitir, Mary se adequava bem à posição a esse respeito.

— Você participou de uma temporada?

— Uma, — ela respondeu, suas feições se contraindo.

Ele inclinou a cabeça para o lado, avaliando-a.

— Por que apenas uma? — Com o tio dela sendo um conde, certamente ela poderia ter tido várias. Ainda poderia decidir se reunir à sociedade e encontrar um marido adequado.

— Eu estava noiva do segundo filho do Conde de Everly, mas ele se perdeu nas Guerras Napoleônicas há quatro anos.

Ele agarrou sua pena com mais força. Maldito inferno, isso foi difícil. Quase tão terrível quanto sua própria história.

— Sinto muito pela sua perda. Você não achou por bem entrar novamente na sociedade?

Ela balançou a cabeça.

— Não, meu senhor.

— E você está deixando a casa da sua tia e do seu tio por quê?

Seus olhos se ergueram para os dele, então. Eles enrugaram nos cantos com pouco de tristeza. Ele entendeu completamente. Seu estômago apertou em compreensão e, para ser honesto, atração. Não era um sentimento que lhe agradasse.

— Minhas primas estão todas casadas e não precisam mais de companhia. Não posso justificar ser dependente na casa do meu tio se não estiver servindo a um propósito ali.

Ele se endireitou, a apreciação fazendo seu queixo se contrair.

— Certamente, ele continuaria a te apoiar.

Seus ombros delicados se ergueram e depois caíram. A curva deles era adorável e seus dedos coçaram para traçar sua forma esguia.

— Tenho certeza que sim. Mas não serei um fardo para minha família mais do que já fui. Sou perfeitamente capaz de trabalhar.

Ele piscou. Teve que confessar que, apesar de sua pequena estatura, ela estava decididamente determinada. Ele gostou disso. Honestamente, gostou dela.

O que era perigoso. Ela seria sua empregada, o que significava que ele precisava permanecer afastado dela. Além disso, ela se parecia muito com sua primeira esposa, e esse era o tipo de mulher que ele nunca mais tocaria.

 

 

Capítulo Dois


Mary apertou as mãos no colo, esperando que a mesa cobrisse seu gesto. Queria parecer confiante apesar do fato de ser tudo menos isso.

Ela gostaria de culpar seus nervos por iniciar em um novo capítulo em sua vida, mas até ela reconhecia que seu estômago estava agitado em parte pela fisionomia calorosamente bonita que ele tinha. Ela olhou para seu colo.

— Talvez eu deva apresentá-la a minha filha. Ver como vocês duas se entendem.

Ela assentiu, ainda sem olhar para cima. Parte dela queria se levantar da cadeira, agradecer pela entrevista e ir embora. Poderia voltar para casa, mas seu orgulho exigia que ficasse. Ela nunca teve a intenção de ser uma solteirona, mas esta era sua vida agora e faria o melhor que pudesse.

— É uma excelente ideia.

— Reeves, — Lorde Sinclair chamou. — Você buscaria Anne? Ela está esperando no berçário.

— Claro, meu senhor, — o mordomo respondeu, sua voz aumentando como se estivesse muito feliz por completar a tarefa. Ele parecia um homem completamente diferente daquele que a cumprimentou na porta.

Ela estalou os dentes para não suspirar. Seria terrível trabalhar com o Sr. Reeves se o conde a contratasse.

— Estou feliz que você esteja aqui. — Sinclair puxou-a de seus pensamentos. — Passamos alguns meses difíceis e ficarei feliz com a ajuda.

— Difícil? — Ela perguntou, seu queixo se erguendo. O que foi um erro. Aqueles olhos a atraíram no momento em que seus olhares se encontraram.

Sinclair ficou pensativo enquanto esfregava sua testa.

— Você está ciente das circunstâncias especiais que Lady Abernath criou?

Os lábios de Mary se contraíram. A Condessa de Abernath havia morrido, mas antes disso, ela fez da vida das Chase um inferno. A própria Mary foi nocauteada quando a outra mulher sequestrou sua prima, Cordélia.

— Sim, claro. Eu também sofri nas mãos dela.

A pena na mão de Sinclair quebrou.

— Ela sequestrou minha filha em nosso beco em sua maquinação para tentar chegar até sua prima, Diana. Minha filha não é a mesma desde o sequestro.

Mary prendeu a respiração.

— Pobre criança.

Ele esfregou o pescoço.

— Era minha intenção casar-me, mas com tudo em tal turbulência, só não sei se isso é sábio. Anne, no entanto, precisa de ajuda agora. Ela está apavorada depois do que aconteceu. — Ele passou a mão através de seu cabelo. — Ela parece bem, principalmente durante o dia, mas à noite...

O coração de Mary saltou na garganta. Ela se lembrou de sua própria sensação de impotência quando foi nocauteada e Ada foi levada. Não admira que a criança estivesse com medo.

— Claro que ela está, — murmurou. — Na verdade, se é isso que você está esperando, tenho certeza de que posso ajudá-lo. Entendo a ameaça e ajudei minha própria família a lidar. Eu... — ela parou, certa de que estava falando demais.

Suas sobrancelhas se ergueram e ele olhou para ela por alguns momentos antes de finalmente falar.

— Com todo o respeito, você lidou com isso como uma mulher adulta. Ela é uma criança. Uma que já perdeu a mãe.

Um rubor encheu suas bochechas, aquecendo sua pele. Ele tinha todo o direito de proteger sua filha escolhendo a melhor mulher para esta posição.

— Como disse, trabalhei com crianças e tenho conhecimento íntimo da situação com Lady Abernath. Acho que posso te ajudar.

— Meu senhor, — Reeves chamou da porta. — Lady Anne.

Mary se levantou, assim como Lorde Sinclair, e ela se virou para a porta para ver uma linda menina avaliando-a. Grandes olhos castanhos exatamente como os de seu pai piscaram de volta para Mary.

— Anne, — seu pai chamou. — Esta é a Srta. Chase. Ela está se candidatando ao cargo de sua tutora.

A menina fez uma reverência.

— Prazer em conhecê-la.

— E a você também. — Mary deu à menina o que esperava ser um sorriso caloroso. Notou que a garota estava perfeitamente vestida, seu cabelo impecavelmente penteado em cachos simétricos e seus sapatos bem engraxados. — Você está linda, não está?

A menina fez uma careta, suas mãos levantando sua saia.

— Minha babá me ajuda a me preparar para o dia.

Por dentro, Mary se encolheu. Ela se perguntou se o mordomo havia contratado a babá. A garota parecia tão empertigada quanto Reeves. Certo, Anne era filha de um conde, mas uma criança deveria explorar e se divertir, ela não era apenas uma boneca para vestir. E ela ganharia confiança brincando ao ar livre.

— Entendo. E o que você faz no seu dia?

A menina olhou para o pai, mordiscando o lábio.

— Tenho aulas, leio e treino piano.

Exteriormente, Mary deu à garota um sorriso brilhante, interiormente fez uma careta. A criança era muito jovem para uma agenda tão ocupada.

— E aposto que você é excelente em todas as suas aulas.

A criança balançou a cabeça.

— Não sou muito bom em música.

Lorde Sinclair pigarreou.

— Você só precisa de prática.

Mary não olhou para ele. Era perigoso, considerando o calor que a enchia toda vez que ela olhava em sua direção. Mas, estando aqui com Anne, estava feliz por não ter corrido. Esta criança precisava de ajuda e pensou em algumas maneiras de ajudá-la.

— E talvez alguma inspiração.

A menina olhou para Mary, seus olhos ficando mais arregalados e brilhantes.

— Inspiração?

Mary acenou com a cabeça.

— Uma das minhas primas é uma pianista maravilhosa, outra é pintora, e uma terceira toca flauta.

— Pintura. — A menina apertou as mãos, balançando em seus calcanhares. — Que divertido.

Lorde Sinclair pigarreou.

— Realmente parece muito divertido. Mas temos um cronograma a cumprir. Por enquanto, por que você não volta às aulas?

Mary prendeu a respiração. O que isso significou? Ela falhou nesta parte da entrevista? Ela realmente queria trabalhar aqui? Esta menina precisava desesperadamente de sua ajuda. A criança não apenas teve uma experiência traumática, mas também estava sendo esmagada por uma programação. Endurecendo a espinha, ela olhou para Lorde Sinclair. Era hora de lutar pela posição.

Sin olhou novamente para Mary com um aperto no peito. Ter essa mulher sob seu teto era uma ideia terrível. Mesmo agora, ela mordiscou o lábio, dando-lhe um olhar questionador. Algo sobre sua vulnerabilidade o atraia. Não queria uma mulher como esta o tentando diariamente. Houve momentos em que ele pensou que nunca poderia querer uma mulher novamente. E Anne precisava de alguém com uma quantidade infinita de carinho e gentileza, razão pela qual ela provavelmente não era a certa para a posição.

Então, novamente, ele seria um tolo se não reconhecesse que Anne já gostava de Mary e vice-versa. Inferno, não tinha visto Anne sorrir assim em meses. Droga. Droga. Droga.

Respirando fundo, ele cerrou o punho ao lado do corpo. Se a contratasse, apenas teria que se controlar. Ignorar seu pequeno nariz arrebitado e lábios generosos. Esquecer o tom de marfim de sua pele que parecia beijada por rosas cor de rosa em todos os lugares certos. As maçãs do rosto, por exemplo. E esses lábios.

Seu apelido era Sin, e antes de sua primeira esposa, ele era bastante libertino. Agora não. Agora era um senhor e um pai, e um homem se afogando nos problemas e responsabilidades da vida. Mas em outra época, ele tinha visto sua proporção de mulheres sem roupa. O que significava que ele sabia com certeza que seus mamilos seriam do mesmo tom de rosa e... ele se conteve. O que diabos havia de errado com ele?

Sua atração já estava atrapalhando seu julgamento. Ela não era nada do que ele tinha procurado, e ainda não tinha certeza se seria a melhor mulher para o trabalho.

Engolindo, ele apoiou as mãos na mesa.

— Tenho que confessar, esperava alguém mais velha, mais experiente para o cargo.

Ela apertou os lábios, as mãos agarradas com força na frente dela.

— Tenho certeza de que posso fazer o trabalho se você me deixar tentar.

Ele ergueu uma sobrancelha. Tentar? Anne precisava de segurança, não de tentativas. Especialmente se falharem. Então, lembrando-se novamente, Daring a recomendou.

— Talvez eu pudesse te contratar para um teste? Talvez quinze dias. Podemos ver como você e Anne trabalham juntos. — E se ele podia tolerar tê-la em casa.

— Claro, — ela murmurou enquanto se aproximava, movendo-se para o encosto de sua cadeira. Mesmo algumas semanas poderiam dar-lhe a oportunidade de conhecer a garota, fazer algumas mudanças. — Eu adoraria a oportunidade. Quando você gostaria que eu começasse? Eu só preciso de um pouco de tempo para pegar algumas coisas. Isso não vai demorar mais de um dia.

— Bom, — ele respondeu, endireitando-se novamente. — Então, mandarei uma carruagem buscá-la logo pela manhã.

Ela deu um aceno rígido.

— Posso perguntar... — Ela torceu os dedos enluvados. — O que você vê como meus deveres?

Essa foi uma pergunta que não o encheu de confiança e apertou ainda mais sua mandíbula.

— Seus deveres são para cuidar dela. Apoiá-la para ajudá-la a se sentir melhor. Daring disse que você é muito boa em encorajar garotas a alcançar seu potencial.

Ela assentiu.

— Talvez eu deva perguntar quando eu terminar essas funções. O que sua programação diária envolve?

Ele franziu a testa.

— Eu vejo seu ponto. Sua programação é bastante cheia. Achei que mantê-la ocupada poderia distraí-la de suas preocupações.

Ela assentiu.

— Ela vai precisar aulas, mas vou precisar de um tempo com ela também. E talvez um guarda-roupa diferente.

— Guarda-roupa? — Sua afirmação fez sua cabeça saculejar. Ele esqueceu tudo sobre sua aparência frágil, sua atração e seu desejo de protegê-la. — As roupas dela são impecáveis.

Mary acenou com a cabeça.

— Concordo completamente. Encantadora.

Ele relaxou por um momento, feliz por se entenderem. A filha dele era uma adorável criança, e ele achava que gostava de ver essa beleza em destaque. Teria sido um trabalho materno, mas ele pensou que assumira a tarefa de maneira admirável.

Então, Mary continuou.

— No entanto, preciso que ela tenha roupas que possa sujar.

Ele quase caiu de volta na cadeira. Ela já estava questionando as decisões dele como pai? Tinha cometido um erro ao contratar esta mulher? Ele fez isso contra o seu melhor julgamento e isso nunca funcionou a seu favor.

— Não acho que você entenda o que estou procurando. Gosto que ela seja bem educada, bem vestida, refinada.

Mary lambeu os lábios e, por um momento, ele esqueceu totalmente o que queria dizer, então ela se aproximou da mesa, com as mãos erguidas à sua frente.

— Me ouça. Uma garota que fica calmamente estudando e nunca se suja não vai se tornar mais corajosa. Ela precisa.... — Caro senhor, ela fez isso de novo. A bela língua rosa de Mary passou por seus lábios. — Ela precisa fazer coisas desafiadoras e se tornar mais confiante.

Suas sobrancelhas se juntaram.

— Ela faz coisas desafiadoras. Piano, por exemplo.

Foi a vez de Mary se inclinar sobre a mesa.

— Aquilo em que ela não se acha muito boa? Isso a deixará mais confiante? Com menos medo?

Maldito inferno, esse era um ponto bastante bom. Suas entranhas relaxaram um fio de cabelo.

— O que será, então?

Mary encolheu os ombros.

— É isso que preciso de tempo para descobrir. — Ela lhe deu um sorriso esperançoso. — Você acha que eu poderia tê-la à tarde?

Sua boca abriu.

— A tarde toda? — Ele balançou a cabeça. O que ele fez?

Ela endireitou os ombros.

— O que você tinha em mente?

— Não sei. Entre piano e latim. — Ele acenou com a mão. — Em outras palavras, quando ela não está em outras aulas.

Mary inclinou a cabeça para o lado.

— Você quer preencher mais de sua agenda? Você acha que, fazendo isso, ela não terá tempo para ficar com medo? E, honestamente, você me contratou temporariamente para provar meu valor, mas não quer me dar tempo para realmente fazer o trabalho. Eu estou destinada ao fracasso.

Isso o irritou. Mary pode parecer uma flor esguia, mas está agindo como um arbusto espinhoso. Ele se inclinou para ter certeza de que seus olhos estavam no mesmo nível dos dela.

— Você está a meu serviço há menos de um minuto e já está insultando minha paternidade?

 

 

Capítulo Três


Mary percebeu seu erro e se afastou da mesa como se a madeira a tivesse escaldado.

— Desculpe, meu senhor. — Ela mergulhado em uma reverência. — Estou acostumada a ser um membro da família. — Ela teria que aprender a ser uma empregada. Mas se fosse ajudar Anne, Senhor Sinclair também teria que descobrir como relaxar alguma medida de controle. Seus métodos não estavam funcionando. — Se você achar adequado me manter no emprego, mesmo para este período de teste, posso assegurar-lhe que conhecerei o meu lugar. — Se ele a despedisse, teria que rastejar de volta para a casa de seus tios. Ela seria um fracasso em todos os sentidos. Solteira e desempregada. Ela se acostumou com o fato de que não teria um final de conto de fadas, mas estava condenada a ser um fracasso completo na vida? Se ao menos sua língua fosse menos afiada. Mas, dificilmente poderia mudar quem ela era agora. E talvez sua força beneficiasse Anne.

— Não estou preocupado com meus sentimentos, mas com os de minha filha. A questão é: você pode ajudá-la? — Ele esfregou seu pescoço, suas feições contraídas de preocupação.

Ela apertou as mãos para baixo em suas saias, escovando as rugas invisíveis. Ela era uma mulher Chase por completo e suas opiniões podiam ser esmagadoras às vezes. Teria que trabalhar mais para mantê-las sob controle. Esta não era a primeira vez que isso a colocou em problemas significativos.

— Eu posso, meu senhor. Depois de tudo que passei, para o bem ou para o mal, isso só me tornou menos comprometedora. Mais forte. É esse tipo de força que Anne deverá encontrar dentro de si mesma.

Ele contornou a mesa e outro medo a fez dar meio passo para trás. Sem a mesa entre eles, ele parecia ainda maior. Pernas longas e poderosas e um torso magro fazendo seus ombros parecerem ainda mais largos. Ela pigarreou, tentando remover um caroço.

— Não há necessidade de ficar nervosa. Me considero um homem justo e razoável. — Ele estendeu a mão para ela e, em seguida, baixou a mão novamente.

— Isso é muito generoso. — Ela apertou os dedos no tecido ao olhar por cima do ombro, em vez de diretamente para ele. Ocorreu-lhe novamente que esta entrevista foi um erro. Então, teria que voltar para casa? Estaria a salvo dessa atração e de suas próprias falhas que sempre parecem surgir e causar problemas para ela. Mas então, o quê? Viver o resto da vida como hóspede na casa do tio sem propósito na vida? — Obrigada.

Ele assentiu rapidamente.

— Vejo você amanhã, então.

— Amanhã, — ela murmurou antes de se virar para fugir. Essa foi a única palavra para sua saída rápida.

De volta à carruagem do tio, ela desabou no assento. A menina era encantadora. Mary realmente gostaria de tentar ajudar a criança. Mas lorde Sinclair... Sin, como tinha ouvido Darlington e Lorde Viceroy chamá-lo, ele era... uma distração.

Uma distração muito bonita. Seus olhos se fecharam. Só um outro homem a tinha tentado da mesma maneira que Sin. O honorável Harold Marksby, filho do Conde de Everly, e que era seu noivo. Ele era alto e tinha ombros tão largos que ela tinha o hábito de traçar o contorno deles do pescoço até os braços.

Ela suspirou para si mesma. Tinha permitido a Harold todos os tipos de liberdade por causa daqueles ombros. E, claro, por causa de sua proposta. Uma vez que ficaram noivos, bem, eles tiveram um tempo a sós. Ela ergueu as mãos para cobrir o rosto. Pensando nisso, desejou ter permitido mais. Eles se beijaram, tocaram e brincaram de várias maneiras que a fizeram doer.

Infelizmente, ele tinha pouca herança própria e, querendo sustentá-la, partiu para o exército. Foi quando seu temperamento Chase levou a melhor dela. Ela o criticou. Preferia ser pobre e tê-lo ao seu lado do que ficar rica com ele indo para a França. Mas ele balançou a cabeça e lhe disse que ela não entendia o trabalho de um homem. Ele era o provedor. Como poderia ser seu marido se ele não fornecesse?

Ela o acertou no peito, com bastante força, e perguntou como ele planejava prover caso ele morresse.

Essas foram as últimas palavras que trocaram. No final, ela desejou ter sido mais flexível e se entregado a ele, desejou que o tivesse beijado com lágrimas nos olhos e proclamado seu amor eterno. Em vez disso, ela o enviou com palavras raivosas e sentimentos feridos. Que idiota ela era.

E ela quase perdeu sua posição hoje. Mas, teria apenas tempo suficiente para provar seu valor. Ela encostou a cabeça na estrutura de madeira da carruagem. Anos se passaram desde que ela perdeu Harry. Lamentou sua morte por um longo tempo. Estava muito triste para seguir em frente. Agora, não se sentia mais triste por Harry. Em vez disso, desejou ter ouvido sua tia quando ela a incitou a se juntar a sociedade para sair e encontrar outro homem para se casar.

Porque Mary não tinha nenhum marido agora, nenhuma família própria. Uma mulher de vinte e quatro anos que estava firmemente na prateleira. Mas ainda poderia ser útil. Ter um propósito. Era algum consolo. Logo suas primas começariam a ter filhos. Uma vez que Anne não precisasse mais dela, poderia ir trabalhar para uma delas e ajudá-las a criar seus filhos.

Isso a fez sentar-se novamente. Ela tinha um plano e era bom. O melhor que ela poderia fazer.

A carruagem parou na frente da casa de seus tios na mesma hora que outra carruagem entrou atrás da dela. Espiando pela cortina, ela sorriu ao ver a carruagem de Lorde Viceroy. Sua prima, Ada, tinha vindo visitá-la.

Mary bateu ambas as mãos enquanto saiu da carruagem e ficou no caminho para esperar que Ada saísse. Sua prima era uma mulher quieta e atenciosa, ao contrário da maioria das Chases, que certamente daria um conselho para Mary sobre como ser mais submissa. Ela precisava manter a língua sob controle, pelo menos pelas próximas semanas até que recebesse a posição em tempo integral.

Mas a empolgação de Mary diminuiu quando Lorde Viceroy saiu primeiro para ajudar sua esposa a descer. Embora Mary estivesse feliz pelos dois estarem tão apaixonados um pelo outro, a própria Mary teria gostado de uma visita apenas de Ada.

— Olá, — Vice chamou, acenando. — Como foi a entrevista com Sin?

Sin e Vice eram primos de primeiro grau e foram próximos quando crianças.

— Anne é uma menina maravilhosa, — ela respondeu, não querendo discutir suas próprias falhas ou as de Sin.

Vice sorriu.

— De fato, ela é.

Ada se aproximou para abraçar Anne.

— Lorde Sinclair terá sorte de ter sua ajuda.

Os lábios de Mary se apertaram, mas não respondeu. O fato de ele ter lhe dado uma janela tão pequena a fez pensar que realmente não confiava nela para ajudar. Ela lhe provaria que estava errado.

— Terei a sorte de obter a posição.

Ada estreitou o olhar, seu queixo apontando para o lado.

— Mary, você é uma tutora maravilhosa. Qualquer um pode ver isso.

— Obrigada, Ada, — ela respondeu, ligando seu braço com o da outra mulher. — Vamos ver seus pais. Eles sentiram sua falta.

Ada começou a caminhar com ela.

— O que você achou de Lorde Sinclair?

Os pés de Mary vacilaram, e ela tropeçou em nada.

— Bom, — ela respondeu em um grasnido. Como diria que estava, ao mesmo tempo, terrivelmente atraída pelo homem e certa de tinha sido decepcionante, para dizer o mínimo?

— Bom? — Ada perguntou diminuindo ainda mais o ritmo. — O que isso significa exatamente?

— Ada. — Ela deu a prima um aperto com o braço. — Significa que a entrevista correu bem e amanhã começo no cargo. — Pelo menos por agora. Mas Mary se absteve de compartilhar esse pensamento para não preocupar Ada enquanto ela olhava para Vice. — Lorde Viceroy, você considera seu primo um homem de temperamento equilibrado?

— De fato, — Vice respondeu, mas Ada franziu os lábios, e a testa.

— Chad, — murmurou Ada. — Talvez você deva aproveitar este tempo para visitar sua própria família enquanto eu vejo a minha.

— O quê? — Ele perguntou parando na escada. — Por que não posso ir com você hoje e então você vem comigo amanhã?

Ada limpou a garganta.

— Desejo fazer compras amanhã. Vou acompanhá-lo de volta à carruagem. Mary, — Ada se virou para olhá-la. — Por que você não espera por mim na sala da frente? Eu estarei lá.

Mary deu um aceno, mesmo enquanto suas entranhas se apertavam. Ela queria falar com Ada sozinha e seu desejo seria realizado, mas de alguma forma, sabia que Ada estava prestes a começar a mexer na panela.

Sin estava sentado em sua escrivaninha, sem olhar para nada em particular. Seus pensamentos estavam focados firmemente na mulher que havia deixado sua casa uma hora antes. Ele tinha buscado uma nova pena, embora ainda não a tivesse mergulhado na tinta.

Parte dele sentiu-se tentado a escrever uma carta para Mary Chase explicando que, embora parecesse ter uma família excelente e habilidades, ela simplesmente não era adequada para sua casa. Sua boca se torceu em uma carranca. A verdade era que ela poderia muito bem estar certa sobre e para Anne. Ela não se encaixava era com ele mesmo. Ele esfregou o rosto. Pelo menos tudo isso era temporário. Poderia deixá-la ir depois daquele teste de duas semanas.

A ideia de ela se provar a ele mais uma vez deixou todos os seus músculos tensos. Maldito seja seu corpo obstinado e seu desejo por uma beleza frágil. Mas isso era apenas parte do problema. Ela entrou e em um movimento bastante forte, começou a apontar seus defeitos, dos quais ele tinha muitos. Inferno, sabia que estava falhando com Anne. Sabia que apesar de usar aqueles vestidos adequados e arcos intocados, sua filha não estava feliz. E Mary identificou o problema instantaneamente.

Razão pela qual ele precisava dar-lhe uma chance.

O pergaminho à sua frente permaneceu vazio. Mary poderia fazer a diferença na vida de sua filha?

— Meu senhor, — Reeves chamou da porta, sua voz nasal penetrando nas reflexões de Sin. — Lorde Viceroy está aqui para vê-lo. Ele chegou não anunciado mais uma vez.

Sua cabeça se ergueu. Vice?

— Mande-o entrar.

O mordomo franziu os lábios.

— Sim, meu senhor.

Sin se recostou em sua cadeira. O que Vice queria? Mas então, ele jogou a pena na mesa. A pergunta não precisava ser feita. Vice certamente estava aqui para descobrir como foi a entrevista com Mary. Provavelmente, a esposa de Vice o havia enviado para conversar sobre como foi a entrevista.

Vice entrou, vestindo seu habitual e displicente look. Seus braços balançavam ao lado do corpo e dava pequenos saltos.

— Vejo que o casamento pouco fez para enfraquecer seu espírito. — Ele olhou para Vice, que tomou o lugar do outro lado do Sin, descansando as costas sem nenhum cuidado.

— O casamento enfraqueceu meu espírito? — Vice piscou. — Estou mais feliz do que já estive... — Vice olhou para o teto. — Para sempre.

O ciúme rasgou o peito de Sin.

— Que sorte para você.

O sorriso sumiu do rosto de Vice.

— Sua vez de felicidade está chegando novamente, primo. Não tenho dúvidas.

Sin negou com a cabeça. Apaixonar-se significava tornar-se vulnerável demais.

— Obrigado por dizer isso. Não tenho certeza se me esforço pela felicidade. A estabilidade seria adequada para mim.

Vice estremeceu.

— Você conseguiu isso financeiramente.

— Consegui. E com a ajuda de vocês que aprecio mais do que poderia dizer. Agora, se eu pudesse colocar Anne no caminho certo, me consideraria satisfeito.

Vice endireitou-se na cadeira.

— Então, você decidiu contratar Mary para ajudá-lo.

Sin fez uma careta. Ele não conseguia esconder.

— Decidi. Mas... — Ele não sabia exatamente como expressar sua hesitação e o tempo de experiência que ele decretou.

Vice apoiou os cotovelos nos joelhos.

— Você confiou em mim quando eu disse que poderia ajudá-lo financeiramente. Assumir o clube deu-lhe os fundos para contratar o pessoal de que necessita. Agora confie em mim quando digo que Mary pode ajudar sua filha. Ela tem uma intuição com esse tipo de coisa que não pode ser explicada.

Sin deixou escapar um longo suspiro.

— Ela não estava aqui há cinco minutos quando questionou minhas escolhas como pai.

Vice recostou-se na cadeira, os lábios puxando para cima nos cantos.

— Ah, sim. Você não ama seu espírito agressivo? As mulheres Chase são um punhado, e quero dizer isso tanto figurativamente como...

— Obrigado, — Sin o cortou, não precisando adicionar a sua imagem visual da mulher. — Você está falando sobre um potencial membro da minha equipe.

— Estava falando sobre minha esposa, na verdade. — Vice piscou. — Mas você não deve ter medo de uma equipe obstinada. Seu mordomo é uma fera.

Seu mordomo era, na verdade, um homem bastante obstinado. Mas não quando se tratava das áreas em que Sin era atualmente vulnerável. E, além disso, a força de Reeves era parte do que o havia carregado nos últimos anos. Certo ou errado, precisava do sujeito.

— Ele mantém o resto da equipe sob controle.

Vice ergueu uma sobrancelha.

— Ele é muito formal.

Sin se levantou, indo para perto do fogo.

— Então, o que você quer dizer é que devo contratar mais pessoas para me intimidar?

Vice deu uma risadinha.

— Isso mesmo. E, não. Mary é uma boa mulher e aprenderá o seu lugar. Nesse ínterim, Anne só se beneficiará da força de caráter da Chase.

— Ela é forte? — Sin murmurou. — Mary é isso. Ela parece tão...

— Linda? — Vice perguntou.

Sin se voltou para Vice, os olhos do outro homem brilhando de malícia.

— Eu ia dizer delicada. Frágil. Talvez... — O tipo de mulher a quem Sin poderia se apegar. Seu peito doía com o sofrimento do passado.

Vice balançou a cabeça.

— Não se deixe enganar pelo tamanho dela. A força de caráter vem de dentro.

Esse era um ponto muito bom.

— Se você realmente acha que ela vai ajudar Anne, então vale a pena tentar.

Vice piscou novamente, com a mão atrás da cabeça.

— Eu acho que ela vai fazer um mundo de coisas boas nesta casa.

Sin avaliou seu primo, seus pensamentos girando em sua cabeça. Vice também achava que estava falhando com Anne? E mesmo se Mary fosse a resposta, como sobreviveria à convivência?

 

 

Capítulo Quatro


Mary se levantou quando Ada entrou na sala.

— Você não precisava mandar Vice embora.

— Sim, precisava. — Ela empurrou para cima os óculos e parou bem na frente de Mary. — Me diga o que está errado.

Mary olhou para a parede à sua direita. Palavras encheram sua boca, desejando derramar todas as suas preocupações para Ada, mas, novamente, Ada poderia contar a Vice, que pode então compartilhar com Sin.

— Nada está errado.

— Mentirosa, — Ada pegou sua mão. — Você está chateada.

Mary esfregou as têmporas, balançando a cabeça.

— Eu insultei sua paternidade bem na cara dele, — ela sussurrou. — Lorde Sinclair quase não me contratou. Do jeito que está, ele vai levar quinze dias para me testar.

— Quinze dias? — Ada apertou seus dedos. — Gosto muito do Lorde Sinclair, mas ele precisa de uma grande ajuda no departamento de paternidade e estou muito feliz que você possa dar a ele. Mesmo que ele não a mantenha permanentemente. Embora se alguém pode convencê-lo a mudar, é você.

— O quê? — Mary olhou-a.

Ada apertou os lábios.

— Essa criança precisa de um pouco de liberdade para superar seus medos.

Um calor se espalhou por Mary.

— Isso é exatamente o que eu pensei.

Ada acenou com a cabeça.

— Ele está sofrendo com a perda de sua esposa. Ele não pode ver por esse lado. Mas você ajudará a ambos. Estou certa disso.

Os olhos de Mary se arregalaram.

— Não sei, Ada. Acho que ele não gostou de mim. — Mary não queria acrescentar que gostou dele muito mais do que era adequado. Gostar não era exatamente a palavra. Ela estava atraída por ele de uma forma que nunca tinha experimentado antes. As pontas de seus dedos formigaram para tocar o cabelo dele, e ela passou muito tempo se perguntando como seria compartilhar um abraço íntimo com ele. Calafrios percorreram sua espinha. Talvez mais do que um abraço...

— Como ele poderia não gostar de você? — Ada abraçou Mary. — Você é inteligente, divertida e cheia de entusiasmo. — Sua prima deu-lhe um aperto.

— Obrigada, — Mary correspondeu o abraço antes de recuar. — Agradeço suas palavras de consolo.

— Mas você não está consolada, — acrescentou Ada, levando as mãos aos quadris. Lentamente, ela olhou Mary de cima a baixo, como se a estivesse estudando em busca de pistas. — Outra coisa está lhe incomodando.

— Não, — Mary gritou, mas até ela sabia que tinha falado muito rápido e alto demais.

Ada ajustou lentamente seus óculos no nariz.

— É a aparência dele, não é?

— O quê? — O calor encheu suas bochechas. — Não. Claro que não.

Ada balançou a cabeça, acenando para ela. Claro que sua prima não acreditou.

— Eles nos distraem. Um homem não deveria ser tão bonito.

Os ombros de Mary caíram.

— O mesmo poderia ser dito de seu marido.

Ada bateu em seu queixo.

— Verdade. Mas não estava considerando viver em tempo integral como sua empregada.

Mary encolheu os ombros.

— Terei que manter minha cabeça baixa e me conter, acho.

Ada se virou e caminhou em direção à janela.

— Lhe digo que você seja você mesma. Você lhe faria um bem do tamanho do mundo. E, por falar nisso, você também poderia se dedicar a se casar com ele.

Mary engasgou-se.

— Eu sou a tutora. E uma solteirona e...

— De boa família, linda, maternal e disponível. — Ada voltou atrás, um lampejo de interesse brilhante em seus olhos. — Esta pode ser a sua chance de ter sua própria família. Você não diz isso, mas sente o apelo. Vejo como você fica perto de crianças.

Mary não podia negar seus anseios mais profundos, afundando na cadeira, e apoiando a cabeça nas mãos.

— Se eu quisesse a posição de esposa, provavelmente deveria ter feito uma impressão melhor na entrevista.

Ada cobriu a boca com a mão, suprimindo uma risada.

— Oh, Mary. Isso é um pouco engraçado.

Mary encolheu os ombros.

— E é verdade.

— Coisas engraçadas geralmente são. — Ada voltou para o lado dela, colocando a mão em seu ombro. — Mas sua chance não acabou. Prove seu valor e veja como seu futuro se desenrola. — Ada afastou-se, mas depois voltou. — E proteja a sua virtude. Ele terá que se casar com você se quiser.

Isso fez a cabeça de Mary se levantar.

— Ele não me quer desse jeito. — Ela poderia ser ridiculamente atraída por ele, mas ele tinha sido a imagem de controle.

— Oh, por favor. Você é deslumbrante e é o tipo dele, ou pelo menos é o que Vice diz. — Ada deu-lhe um olhar de soslaio.

Apenas seu tipo? Isso era verdade?

— Que tipo é isso?

Ada deu de ombros e acenou com a mão.

— Adorável, pequena. Você pode se surpreender com o quanto ele realmente gosta de você.

Mary recostou-se na cadeira. Mas por que ele teria sido tão frio se estava interessado nela?

Sin estava do lado de fora da porta da frente, a mão de Anne dobrada na sua. No final, ambos decidiram dar a ela alguns dias de folga das aulas para conhecer Mary. Poderia muito bem dar ao seu estágio uma chance real de sucesso. Também concordaram em cumprimentar Mary quando esta chegasse para que se sentisse bem-vinda.

Esta era uma decisão da qual ele queria se arrepender. Lordes, como uma regra geral, não recebiam a equipe de criados na porta no primeiro dia de trabalho. Mas quando Anne saltou ao lado dele, o primeiro sorriso verdadeiro em seus lábios que ele viu em semanas, teve dificuldade em lamentar a escolha.

— O que você acha que vamos fazer? — Anne perguntou, dançando um pouco e segurando a de sua mão. Ela o lembrava de uma pipa em uma corda. — Você acha que iremos ver as primas dela?

— Não sei, — respondeu, observando a carruagem. Era errado que ele não pudesse esperar para dar outra olhada nela?

Anne deu outra sacudidela.

— Gostaria de ver os navios nas docas.

Ele franziu a testa, olhando para sua filha.

— A senhorita Chase está aqui para ensiná-la a ser uma senhora, não uma vândala.

Anne imediatamente se acalmou.

— Sim, papai.

Ele estremeceu. Não pretendia estragar seu bom humor.

— Isso não significa que você não vai se divertir. Na verdade, Mary parece pensar que um pouco de aventura seria bom para você.

Os olhos de Anne brilharam novamente.

— Mal posso esperar.

Ele apertou a mandíbula, cerrando os dentes. Como Mary chegou e soube imediatamente do que sua filha precisava quando ele não tinha a menor ideia. Talvez estivesse preocupado... no início, em manter seu negócio funcionando. Então, salvando Anne da condessa, e, finalmente, lidando com ela após o sequestro traumático. Com sorte, ele daria a Mary tempo suficiente para descobrir.

A carruagem passou ruidosamente pelos portões e começou a subir o caminho, indo na direção deles. Anne agarrou sua mão com força, prendendo a respiração, e ele teve o desejo de fazer o mesmo. Quando a carruagem parou, o condutor desceu e abriu a porta. Então, Mary ergueu um pouco suas saias e desceu do veículo. Sua respiração ficou presa quando ele vislumbrou seu tornozelo esguio.

As saias retornaram a sua posição e Anne disparou para frente, abrindo os braços.

— Senhorita Chase, Senhorita Chase, você está aqui! O que faremos hoje?

Mary pegou a menina em um abraço.

— As possibilidades são infinitas, — ela respondeu, passando a mão pela trança de Anne. Conforme solicitado, ela tinha sido vestida com um traje mais simples, e seu foi penteada com um estilo mais livre. — Mas por que você não começa me mostrando o meu quarto?

Anne a soltou e bateu palmas.

— Maravilhoso. Você vai ficar bem perto de mim.

Mary ergueu o olhar.

— Não com os criados?

Ele estremeceu, esfregando a mão na nuca.

— Suponho que considero sua posição mais como uma babá.

O olhar dela estreitou-se.

— Mas ela já tem uma babá.

— Anne, — deveria ter dado maiores explicações ontem. Ele se distraiu com sua atração por ela junto com sua personalidade decididamente forte. Tão diferente de Clara. — Leve a bolsa da Srta. Chase lá em cima.

— Sim, papai, — Anne disse, pegando a bolsa do condutor. — Reeves pode me ajudar.

Reeves desceu as escadas.

— Eu ficaria feliz, Srta. Anne. — Ele deu um sorriso suave para a garota. — Vamos? — E os dois dirigiram-se, cada um segurando uma alça de sua bolsa.

— Não esperava ver um lado suave daquele homem, — Mary disse enquanto os observava.

Sin negou com a cabeça.

— Ele sempre foi assim com ela. Era assim comigo também quando eu era criança.

Mary se aproximou.

— Isso faz muito mais sentido.

— O porquê não o despedi? — Sin sorriu, bebendo nos detalhes de seu rosto.

Ela sorriu de volta, tão doce e adorável.

— Sim. — Ela deu um passo ao lado dele. — Suponho que você queria falar comigo sobre a sala de tarefas?

Ele acenou com a cabeça enquanto estendia o braço para ajudá-la a subir os degraus. Ela olhou para baixo, hesitando.

— Não sou uma senhora que você deve escoltar.

Ela estava certa, claro, mas ele não largou o seu cotovelo.

— Podemos também aceitar o fato de que este não é um acordo comum.

Ela olhou-o com os lábios entreabertos de surpresa. Ela engoliu em seco e perguntou.

— Como assim?

Olhá-la assim o fez sofrer de desejo, e tardiamente percebeu que suas palavras poderiam ser confundidas.

— O que quero dizer é que você é uma família para minha família. E a função para qual preciso você exerça, dificilmente é de uma professora normal.

Mary deu um aceno hesitante, deslizando a mão na dobra de seu cotovelo.

— Isso faz sentido.

Ele começou a subir as escadas.

— Você deveria saber que Anne tem tido pesadelos. A babá tentou de tudo para fazê-la dormir a noite toda, mas nada funcionou.

— Coitadinha — murmurou Mary, respirando com dificuldade. — Então, estou ao lado dela para ajudá-la à noite, assim como durante o dia?

— Se você estiver disposta, — ele respondeu. — Mas mesmo se você não estiver, sabemos que você não é uma empregada comum nesta casa. Um fato que compartilharei com Reeves também. Percebi pelo seu comentário que ele não foi amigável ontem?

Balançando a cabeça, ela olhou-o novamente.

— Não importa. Tenho certeza de que ele estava apenas sendo protetor com Anne.

Sin se deteve no vestíbulo, virando-se parcialmente para ela.

— Ele provavelmente estava, mas será meu trabalho lhe proteger também enquanto você estiver sob meu teto. Se não o fizer, suponho que terei que prestar contas ao Vice.

Mary deu-lhe um olhar de soslaio.

— Ele veio aqui ontem? Estava se intrometendo? — Seus dedos contraíram-se em seu cotovelo, seu aperto bastante firme. — Ada o encarregou disso. Estou certa disso. O que ele disse? Diga-me que não lhe constrangeu ou a mim, ou a nós dois?

Sin abriu a boca, sem saber o que dizer. O que ela quis dizer com constrangimento? Mas, não teve a chance de perguntar enquanto Anne descia as escadas.

— Mary, — ela saltou na frente de sua nova tutora. — Você gostaria de vir ver seu quarto.

A mão de Mary escorregou de seu braço. Ele deveria estar feliz que Anne estava tão exultante, mas alguma parte dele sentia falta do toque de Mary em seu braço.

Enquanto ela deslizava graciosamente escada acima, ele se lembrou de que não precisava de outra mulher como ela complicando sua vida. Mas de alguma forma, não conseguia fazer seu corpo concordar.

 

 

Capítulo Cinco


Mary observou a criança pular pelo quarto. Seu plano já estava funcionando. Pelo menos esperava que estivesse. Seu objetivo era aumentar a confiança de Anne durante o dia para ajudá-la a lidar com o medo à noite.

— O que devemos fazer Srta. Chase? — A criança cantou. — Ter uma grande aventura?

Mary riu.

— Sim. Uma fantástica, cheia de aventura, mistério e atividade.

— Onde? — Anne saltou sobre os calcanhares. — Para onde devemos ir?

Lorde Sinclair tinha insinuado que a criança estava lutando contra o medo, mas até agora, Mary não tinha visto nenhuma evidência desse fato.

— Para o jardim, — respondeu, suprimindo um sorriso quando Anne soltou um gemido alto.

— O jardim?

— Sim. O jardim. — Ela atravessou o quarto pegando uma de suas malas. — Mas acho que vamos levar isso conosco.

— O que é isso? — Anne perguntou seus olhos crescendo quando andou em direção a Mary.

— Dê uma olhada, — respondeu Mary, abrindo a bolsa.

Anne colocou a bolsa na cama e a abriu lentamente, deixando escapar um suspiro alto ao olhar para dentro.

— Eles são tão bonitos.

Mary deu um leve puxão numa das tranças da garota.

— Achei que você gostaria deles.

Grace, uma artista talentosa, permitiu que Mary levasse seus materiais de arte. Livros de esboço, carvão, tintas e pincéis enfeitavam o interior da bolsa.

— Hoje acho que vamos começar com o carvão e avançar para a pintura. Na próxima semana, Grace virá para lhe dar algumas aulas.

Anne largou a bolsa para bater palmas freneticamente enquanto girava.

— Papai, você ouviu? Vamos desenhar no jardim.

— Eu ouvi, — Lorde Sinclair retumbou da porta.

Seu corpo inteiro ficou tenso com o som. Não o ouviu passar pelo corredor, graças ao carpete, e ela sentiu-se quente enquanto se perguntava há quanto tempo ele estava assistindo. Ela se virou para encará-lo, endireitando-se em uma demonstração de força que não sentia.

— Podemos fazer um piquenique para a refeição do meio-dia também?

Anne ofegou de alegria.

— Um piquenique. Oh, sim, por favor! — Então, ela dançou até o pai. — Papai. Você deveria fazer um piquenique conosco também. Não seria divertido?

Mary interiormente gemeu. Ela estava aqui por causa de Anne, e apesar de antes ter refletido sobre como cumprir algumas fantasias com Lorde Sinclair, percebeu a tolice dessa ideia no momento em que a teve. Ele era seu empregador. E ela tinha um futuro a construir.

— Parece divertido, querida. — Ele empurrou o batente da porta e entrou no quarto. — Se estiver tudo bem com a Srta. Chase?

— Claro. — Ela assentiu com a cabeça, olhando para Anne. Teria que superar essa atração ou seu posto seria de curta duração. — A cozinheira vai permitir que nós mesmas façamos nossas cestas antes de sairmos?

— Tenho certeza de que ela permitiria, mas ela poderia embalá-las para você e eu poderia pegá-las.

Sua voz retumbou através dela enquanto continuava a assistir a dança da menina pelo quarto. Ela estava determinada a não olhar para Lorde Sinclair enquanto se controlava.

Engolindo em seco, ela respirou fundo.

— Está tudo bem. Nós mesmas faremos as embalagens. — Então, ela alcançou a mão de Anne quando a garota escorregou seus dedos nos de Mary. — Anne, já que seu papai será nosso distinto convidado, você sabe o que ele gostaria de comer ou devemos perguntar a ele?

Anne franziu a testa.

— Ele gosta de frango. E cordeiro... — A criança olhou para o teto. — E tortas de carne.

Mary deu um sorriso agradecido.

— Excelente. Aposto que você pode embalar para ele todas as suas coisas favoritas.

Anne acenou com a cabeça ansiosamente.

— Não que seja grande coisa. Vou contar a cozinheira. — E com isso, a menina correu para fora.

— Bem, — Lorde Sinclair rugiu enquanto a garota desaparecia. — Você certamente a deixou animada.

Mary acenou com a cabeça.

— De fato.

— Existe um método para todo esse entusiasmo? — Ele se aproximou. Ela sentiu seu calor através de suas roupas. Seus dedos cerraram em suas saias.

— Existe, — ela respondeu. — Sendo útil. Fazendo coisas para os outros, aumenta a confiança em nós mesmos. — Ela puxou uma respiração profunda. — E ela parece interessada em desenhar. Quero que ela seja boa em coisas. Mas... — Isso a fez sorrir. — Nos primeiros dias, pensei que íamos ficar na propriedade. Testar seus medos e o que os motiva.

A mão dele subiu para o ombro dela. Ela não esperava, e um arrepio correu por sua espinha ao seu toque.

— Obrigado por assumir a posição. Tenho muita esperança de ver o que as próximas semanas trarão.

Calor irradiou de seu rosto.

— Eu não fiz nada ainda. Reserve seus agradecimentos até eu ter sucesso.

Ele passou os dedos pelo braço dela.

— Já vejo uma diferença nela e da minha parte... — Ele hesitou. — Você estava certa ontem. Pensei que ao orientá-la sobre a apresentação adequada como uma senhora, eu estivesse fazendo o trabalho de uma mãe...

Suas entranhas se torceram. Como deve ser difícil para ele criar uma filha sozinho.

— Falei fora de hora e, na verdade, você é um pai atencioso e preocupado. Ela não poderia querer mais.

O silêncio caiu entre eles, mas ele não se afastou. Na verdade, ele chegou mais perto. Sua própria respiração parou em seu peito.

— Obrigado, — ele finalmente sussurrou.

— De nada — ela retrucou, um feixe de nervos fechando sua garganta. — Eu deveria ir ajudar Anne. — Então, saindo do seu lado, ela levantou um pouco a saia para caminhar mais rapidamente para a porta. Precisava de um pouco de espaço, porque fantasias selvagens de beijá-lo e as palavras de Ada começaram a ecoar em sua cabeça.

Mary seria a sua a morte. Sin ficou no quarto dela e fez um lento círculo enquanto avaliava suas malas e baú. Nada havia sido desempacotado, a maioria estava cuidadosamente empilhada sob a janela onde o mordomo provavelmente os havia deixado.

Uma estava aberta na cama, a mesma que tinha levado Anne aos gritos de alegria. Por que as aulas de arte não lhe ocorreram? E piqueniques?

Ele observou Mary acariciar a trança de sua filha com dedos gentis e algo dentro dele mudou. Anne não ficava tão animada há meses. Talvez Mary fosse apenas a mudança de que Anne precisava, afinal.

Ele se viu saindo do quarto e descendo as escadas dos fundos em direção à cozinha. Ela estava inflando vida sobre ele também. Suas entranhas estavam uma bagunça, mal tinha dormido ontem à noite em antecipação à sua chegada, e a ideia de fazer um piquenique com ela parecia... delicioso.

Ele parou na escada, a meio caminho entre o primeiro e o segundo andar. Já havia se sentido assim antes. Clara tinha sido uma mulher pequena, de beleza frágil. Mais tarde, soube que ela passou grande parte de sua infância doente, mas como adulta, tinha superado a doença.

Ele amava a maneira como ela cabia debaixo do seu braço, e Mary estava certa sobre as pessoas encontrarem alegria em cuidar dos outros. Ele teve grande prazer em protegê-la do mundo. Claro, ele não tinha sido capaz de fazer absolutamente nada sobre plantar sua semente em seu ventre. E ele ficou completamente indefeso quando o parto foi demais para ela.

Sua cabeça caiu em suas mãos. Sim, ele sentia uma atração por Mary. Mas ela não era do tipo de mulher com quem deveria se casar. Na próxima vez, tomaria uma esposa de constituição forte. Embora Mary fosse obstinada, isso ainda não significava que ela poderia sobreviver à gravidez e ao parto, dada sua pequena estatura.

Soltando as mãos, ele continuou descendo para a cozinha. Parou, observando Mary ajudar Anne a cortar o pão, suas mãos guiando gentilmente as de sua filha.

Ele fechou os olhos. Ela estava aqui apenas há minutos e ele já havia recorrido à espreita nas portas e espionagem. A voz de Mary caiu sobre ele.

— Perfeito. Bem desse jeito. Golpes lentos e uniformes.

Suas mãos cerradas em punhos. Maldito inferno, queria que ela falasse com ele com as mesmas palavras e o tom suave. Apenas sobre um assunto totalmente diferente.

— Assim? — Anne perguntou, ansiosa por aprovação. — Estou fazendo um bom trabalho?

— Maravilhoso, — Mary respondeu. — Seu pai vai adorar este piquenique.

Ele iria adorar. Cada maldito segundo.

— E depois do piquenique, podemos desenhar?

— Tenho certeza de que podemos. Mas primeiro temos que escolher a coisa perfeita para desenhar. Algo que é relativamente fácil para nossa primeira vez, e algo que desperta nossa imaginação e atinge nossa fantasia.

Sin sabia o que desenharia se fosse lhe dada a chance. Ele colocou as palmas das mãos nos olhos. Não sobreviveria uma semana com Mary em casa, muito menos duas. Estava certo disso. Entrando na cozinha, deixou cair as mãos.

— Anne, venha me buscar quando estiver pronta para o piquenique.

E então, sem esperar por uma resposta, subiu as escadas para seu escritório, onde se jogou na cadeira. Ele tinha que durar uma semana com Mary. Honestamente, teria que durar muito mais tempo. Ela era boa para sua filha e ele suportaria coisas piores por causa da felicidade de Anne.

Mas enquanto tentava começar a trabalhar, por repetidas vezes, seus pensamentos voltaram para a rica seda castanha do cabelo de Mary e o formato suave de seus olhos. O rosa pálido que infundia suas bochechas e curvas adoráveis de sua figura dançavam na frente de seus olhos fechados.

Ele baixou a cabeça entre as mãos, apoiando os cotovelos na mesa. Mary o estava assombrando.

 

 

Capítulo Seis


Mary sentou-se no cobertor, aproveitando o sol de verão enquanto esperava Anne voltar com Lorde Sinclair. Aqui na sombra de uma pereira em floração, nada poderia incomodá-la, nem mesmo suas preocupações sobre sua nova e temporária por agora posição.

Ela puxou um bloco e começou a desenhar. Primeiro, desenhou uma margarida que estava perto, balançando sobre seu caule na brisa de verão. Mas seus pensamentos se voltaram para a pequena Anne, e seu carvão a seguiu. Logo, ela estava adicionando uma garota curvada e cheirando a flor.

Mary não era tão talentosa quanto Grace, mas imaginou a garota em sua mente e tentou capturar a essência da criança. Havia tanta vida na menina esperando para ser despertada. Então, pensou em Lorde Sinclair. Lentamente, começou a desenhar seu contorno também, atrás da criança, sorrindo em apoio. Suas mãos estavam estendidas esperando para ajudar a menina, seus ombros ligeiramente curvados para o caso de ela cair enquanto dançava em direção à flor.

Era um esboço tosco, nenhum detalhe adicionado, mas os tópicos eram claros e a imagem a fez sorrir, apesar de tudo.

Quando olhou para cima, a Anne real estava saltando em sua direção, Lorde Sinclair a seguindo, assim como em seu desenho. Seu sorriso se alargou quando ela deixou o esboço de lado e acenou. Sin acenou de volta e seu sorriso sumiu, sua língua se lançando para lamber seus lábios ressecados. Como o homem poderia afetá-la tanto com o mais ínfimo dos gestos?

— Você vê, papai? Não é lindo? Isto é muito mais agradável do que aulas. — Anne parou apenas na borda do cobertor.

Mary respondeu antes que Lorde Sinclair pudesse.

— As aulas também são muito importantes. Você deve estar pronta para a vida como uma adulta, mas isso não significa que não podemos nos divertir um pouco.

— Concordo, — Sin disse, enquanto escolhia um lugar de frente para ela no cobertor. — E este piquenique parece delicioso. Devo confessar que também gostaria que tivéssemos feito isso até agora.

— Eu também, — Anne respondeu, sentando-se ao lado de seu pai.

Ela pegou um pedaço de torta de carne, mas Mary ergueu a mão.

— Lembre-se, nós servimos sua senhoria primeiro.

— Oh, sim, — Anne movimentou a cabeça e girou para seu pai. — O que você gostaria de comer, meu senhor?

As sobrancelhas de Sin se ergueram.

— Uma torta de carne e um pouco de frango, por favor.

Mary tocou em uma tigela de frutas, dando a Anne uma piscadela. Anne assentiu, cruzando as mãos e voltando-se para o pai para praticar suas maneiras.

— Você deve tentar as tâmaras. Elas estão na época e são deliciosas.

— Vou aceitar sua recomendação, minha senhora. — E ele deu a Mary um longo olhar que a fez encarar o chão, seus olhos caindo para o colo.

— Muito bom, — Anne respondeu sentando-se reta e acenando com a cabeça. — Você também gostaria de um pouco de chá?

— Chá seria ótimo. — E então, ele acenou em um gesto de reconhecimento. A respiração de Mary ficou presa na garganta. Sabia o que seu gesto significava. Ele entendeu o que Mary estava tentando realizar com aquele piquenique. Anne ainda estava tendo aulas. Todo o acontecimento era uma grande lição sobre como preparar a comida e depois aprender a maneira correta de servir. Claro, Anne mal tinha percebido que era a melhor maneira de ensinar alguém. Mas, Sin entendeu claramente o que Mary estava fazendo naquele dia e apreciou seus esforços.

E isso foi mais agradável para Mary do que se ele tivesse piscado para ela durante um baile ou a convidado para dançar.

Eles comeram a refeição, Anne fazendo o possível para ter uma conversa fiada, como Mary a instruíra.

— Não é um dia lindo? — Ela perguntou em um ponto.

— A brisa está uma delícia, — respondeu Mary. — E seu jardim, Lorde Sinclair, é deslumbrante. Que lugar bonito.

Anne bateu palmas.

— No ano passado estava coberto de vegetação, mas este ano conseguimos contratar um jardineiro novamente.

Mary não respondeu enquanto estudava Sin. Sua boca se apertou enquanto ele também permanecia em silêncio. Sabia que ele tinha assumido o controle da casa de jogos de Darlington e dos outros, e claramente precisava dos fundos se estivesse contratando uma equipe que não tivesse condições de pagar anteriormente. Finalmente, ela pigarreou.

— Estou tão feliz que o jardineiro foi capaz de fazer um trabalho tão adorável.

— Espere um momento. — Anne levantou-se. — Há alguns dentes de leão que quero lhe mostrar. São minhas flores favoritas que o jardineiro plantou este ano. Talvez possamos desenhá-las. — Então, a menina saiu, desaparecendo por um caminho.

Mary olhou para Sin para encontrar sua cabeça inclinada enquanto olhava suas mãos.

— Este piquenique tem sido adorável. Estou feliz por usar o jardim. Devo confessar que não temos estado muito aqui.

Mary se aproximou um pouco mais.

— Estou feliz que você gostou. Anne certamente gostou e está aprendendo muito.

— Percebi, — ele respondeu. — E você também está aprendendo muito sobre nós.

Mary balançou a cabeça, embora ele não estivesse olhando para ela.

— Meu pai me deixou com o Condado cheio de dívidas, — disse ele, ainda olhando para baixo. — Eu estava lutando desde o momento em que assumi. E depois que minha esposa faleceu, três anos atrás... — Sua boca se curvou para baixo, enquanto linhas rígidas de dor marcavam seu rosto.

Ela não pensou. Estendendo a mão, ela colocou-a sobre o braço dele.

— Não há necessidade de me explicar. Eu tenho vivido com meus tios pelos últimos cinco anos. Invejo-lhe a oportunidade de mudar sua situação. Só queria poder fazer o mesmo por mim mesma.

Ele colocou a mão sobre a dela e um formigamento de energia se espalhou por seu braço. Ela olhou para o gesto íntimo, mas então suas palavras puxaram seu olhar de volta para cima.

— Por que você não se casa? Seus tios não vão lhe patrocinar?

Ela baixou o queixo contra o peito.

— Eles já financiaram uma temporada. Não serei mais um fardo para eles do que já fui.

— Fardo? — Ele perguntou, seus dedos apertando os dela. — É dever do seu tio cuidar de você.

Ela olhou-o então, seus profundos olhos castanhos atraindo-a.

— Eu suponho. Me sinto melhor, por dentro, quando sou útil. Prefiro muito mais ensinar Anne do que piscar meus cílios nos bailes.

Ele olhou-a por mais um momento antes de se inclinar mais perto, sua respiração fazendo cócegas em seu rosto. E então, lentamente, suavemente, colocou seus lábios sobre os dela. Ela já tinha sido beijada antes. Mas não assim. Este leve toque roubou o ar de seus pulmões e enviou arrepios de prazer direto para seu núcleo.

Caro senhor, ela estava em sérios problemas.

Sin tinha acabado de cometer um erro terrível. Os lábios exuberantes de Mary sob os dele pareciam melhor do que qualquer coisa que ele já tivesse experimentado. Tão flexível e submisso, eles pressionaram os dele com uma paixão que desmentia o toque gentil.

Seu corpo respondeu com uma necessidade estrondosa. Ele queria mais.

O que foi um erro. Ele nem deveria tê-la beijado. Ela era uma tutora, sua funcionária, e era tudo errado para ele.

Ele se afastou, ouvindo sua cabeça enquanto seu corpo protestava.

— Senhorita Chase, — ele rosnou, sua voz rouca e profunda. — Me desculpe. Eu não deveria ter...

Seus olhos se arregalaram e sua cabeça jogou para trás.

— Lhe desculpar? — Então, ela franziu os lábios. — Não há necessidade. — Mas ela puxou a mão de seu braço e a usou para empurrar-se ficando de pé. — Vou encontrar Anne.

O arrependimento apertou seu peito. Ele não deveria tê-la beijado, mas tão ruim quanto, não deveria ter expressado arrependimento.

— Espere.

Ela se acalmou, suas mãos agarrando suas saias como se ela estivesse prestes a correr.

— Você é uma mulher muito atraente. — Ele se levantou também e pegou a mão dela. Relutantemente, ela soltou as saias. Ele gentilmente pegou-lhe os dedos. — Mas você também é minha empregada e eu não gostaria que você pensasse que me aproveitaria desse fato.

Os ombros de Mary relaxaram e seu aperto suavizou.

— Obrigado pela explicação.

— Senhorita Chase, — Anne chamou. — Eu trouxe para você um dente de leão com todas as cores. Você deseja ver?

— Muito, — ela respondeu, dando um passo ao redor dele para falar com Anne. — Oh, eles são adoráveis. Corra para a cozinha e pegue um vaso. Nós os arrumaremos.

Anne bateu palmas.

— Devo trazer tesouras também?

— Sim, por favor, mas segure-as pela lâmina, não pelas alças, — gritou para a filha dele.

— Sim, Senhorita Chase, — Anne chamou por cima do ombro disparando novamente.

— E nada de correr enquanto você as segura. — Mary gritou assim que a criança desapareceu, inclinando-se para longe dele para ser ouvida por Anne.

Ele olhou-a com a consciência dolorida. Ela estava linda e esta primeira tarde foi um oásis em comparação com os últimos meses. Isso significava que ela poderia fazer o trabalho afinal? E como lidaria com ela morando aqui em tempo integral?

— Você vai ensiná-la a arranjar flores?

— Vou, — Mary respondeu, puxando sua mão da dele mais uma vez.

— E o medo dela? Isso também faz parte de abordar isso?

Mary se virou para olhá-lo.

— Primeiro preciso ver o que a deixa com medo. Então, saberemos se podemos resolver. — Ela arqueou uma sobrancelha para ele. — Até agora não vi nada.

Ele se endireitou, olhando-a. Era ridículo, mas teve vontade de perguntar se ela achava que poderia consertá-lo também. Mas é claro que ela não podia. Em vez disso, murmurou uma ridícula pergunta pessoal.

— Ela fica realmente bem na maioria dos dias. Melhor com você aqui. É a noite que ela luta contra.

Ela soltou um longo suspiro.

— A noite é difícil, não é? Todos nós temos medos que aparecem, então.

— O que te deixa com medo?

— Meu irmão morreu ainda bebê. Meus pais, em um acidente de carruagem. Meu noivo na guerra. — Ela engoliu em seco, seu rosto contraiu-se rosto de dor. — Tenho medo de desperdiçar meu tempo nesta terra.

Ele respirou fundo. Seus comentários sobre trabalhar e ser útil entrando em foco.

— Você consideraria o casamento uma perda de tempo?

Ela balançou a cabeça.

— Não, claro que não. Ter uma família é a coisa mais proveitosa do mundo. Mas não posso passar anos flertando na sociedade. Não irei. Se isso significa que passarei minha vida ajudando crianças como Anne, em vez do que ter o meu, estou preparada para isso.

— Mary, — ele sussurrou para que só ela pudesse ouvir. Algo dentro dele estava mudando. — Quanta perda. E aqui você está pronta para ajudar os outros. — Uma grande parte de suas dúvidas sobre ela foram derretendo. Pelo menos as que a envolviam ensinando Anne.

Ela balançou a cabeça.

— É por causa da perda, não apesar dela. — Sua boca comprimida. — Quando perdi meu noivo, Harold, ser útil foi a única coisa que me salvou.

Ele fez uma careta, querendo puxá-la para perto e abraçá-la para confortá-la. Inferno, queria beijá-la novamente.

Mas, não podia fazer isso. Mesmo que Mary fosse certa para Anne, ela não era para ele e, portanto, precisava deixá-la em paz.

— Admiro sua força. — Sua força interior chamava por ele, mas ainda assim, como poderia permitir que ela desse um passo em falso sob sua guarda, quando sabia muito bem o que poderia acontecer com seu corpo delicado durante o parto? Não podia arriscar aquele tipo de perda novamente. Ele deu um passo para trás. — Estou tão feliz por você estar aqui para ajudar minha filha. — Ele não se preocupou em acrescentar que sua presença era uma tortura para ele. Uma doce espécie de tentação que o faria cair de joelhos.

 

 

Capítulo Sete


Mary passou uma tarde adorável desenhando com Anne, seguida de um jantar maravilhoso no quarto das crianças. Sem que Lorde Sinclair a fizesse tremer de atração, seu trabalho como tutora de Anne estava se tornando uma delícia.

Escovando o cabelo, ela trançou cuidadosamente os longos fios marrons em uma trança solta sobre o ombro. Vestiu uma camisola e um roupão, e cantarolou enquanto mexia no cabelo. Foi um dia muito satisfatório.

Um grito vindo do outro cômodo a fez se sentar. O barulho soou novamente, mais alto e mais forte do que da primeira vez.

Saltando da cadeira, ela correu para a sala de conexão de Anne, segura que era de onde vinha o barulho.

Com certeza, a criança se debateu na cama, seus gritos ficando mais altos. Mary se acomodou ao lado de Anne, segurando a bochecha da criança.

— Está tudo bem, querida. Você está bem.

— Não, — Anne choramingou, seus olhos ainda fechados. — Não.

— Shhhh. — Mary suavemente acariciou o rosto da criança, então ela começou a cantar.

Durma meu filho, que a paz te acompanhe durante toda a noite.

Anne suspirou, seus membros se acomodando ao lado do corpo.

Anjos da guarda, Deus vai enviar-te, durante toda a noite.

Os olhos de Anne se abriram, então.

— Eu gosto disso. Você pode cantar mais?

Suaves as horas sonolentas estão mantendo. No véu do sono dormindo. Eu minha vigília amorosa mantendo-se durante toda a noite.

Anne colocou a mão sobre a de Mary.

— Você vai ficar comigo um pouco?

— Claro, — Mary respondeu. — Pronto. Não precisa se preocupar. — E ela se deitou em cima das cobertas, ainda acariciando o rosto de Anne. — Estou bem aqui.

Anne se enrolou ao lado de Mary e em segundos voltou a dormir. Mary, porém, ficou deitada ao lado da criança por muito tempo. Somente quando Anne estava profundamente adormecida, ela finalmente se levantou da cama e voltou para seu quarto.

Ela não se preocupou em fechar a porta antes de voltar para a cama e se enfiar debaixo das cobertas. Também não se preocupou em tirar o roupão. Mary teve a sensação de que se levantaria em pouco tempo. Mas quando relaxou no travesseiro, uma batida soou em sua porta.

Franzindo a testa, ela jogou as cobertas para trás e foi abrir a porta. Sin estava do outro lado, ainda completamente vestido. Sua respiração falhou ao vê-lo parado ali no escuro.

— Meu senhor, — ela perguntou. — O que é?

Ele esfregou o rosto com as mãos.

— Eu ouvi Anne. Quando fui confortá-la, você já estava lá e não achei apropriado entrar, mas queria ver como você estava antes de me preparar para dormir.

Algo dentro dela derreteu um pouco. Ele estava acostumado a acalmar sua filha para que voltasse a dormir.

— Estou bem e ela também. — Ela hesitou, inclinando sua bochecha na borda da porta. — Você se levanta com ela frequentemente durante a noite?

Ele assentiu.

— Três, às vezes quatro vezes. A babá também ajuda, claro, mas ela precisa de um descanso.

— Vou cuidar dela esta noite. Você também deve estar exausto.

Ele lhe deu um olhar de soslaio, seus olhos cheios de apreensão quando se aproximou.

— Você vai sair correndo e chorando desta casa quando a quinzena acabar?

Isso a fez sorrir.

— Não, não por causa disso. Mas estou reconsiderando os arranjos para dormir.

Ele deu meio passo mais perto.

— Como assim?

— Ela tem o direito de ter medo e precisa de consolo agora. Acho que devo dormir no quarto com ela até que esteja forte o suficiente para ficar sozinha.

Ele tocou sua bochecha causando um arrepio de prazer que percorreu sua espinha. Ela quase recuou, mas ele largou a mão.

— Obrigado. — Seu rosto se contraiu de dor. — Você não tem ideia do quanto aprecio sua ajuda, — ele disse antes de se virar e cruzar o corredor para seu próprio quarto. Ela o viu entrar e depois fechar a porta, mas ainda assim, ela ficou lá, encostada na madeira fria.

Ele sofria também. A perda da esposa, ela viu isso hoje cedo. Preocupou-se com sua filha.

Ela fechou os olhos. Poderia ajudá-lo. Ajudar a ambos. Então, pensou em tudo que ela perdeu com Harold. Ela nunca conheceria o toque de um homem, a sensação de sua pele contra a dela. Sin teve sorte em um aspecto, seu amor foi completo.

Seus dedos foram à deriva para seus lábios quando Mary se lembrou do beijo de Sin. Nada a havia preparado para sua boca contra a dela.

Sua conversa com Ada flutuou em seus pensamentos novamente. Sua prima tinha sugerido que ela se casasse com Sin. Ele a desejaria para casamento? Ele a beijou, mas com a mesma rapidez se afastou novamente.

A esperança borbulhou em seu peito. De sua parte, pensou que poderia ajudar os dois a superar suas perdas e medos.

Sin caminhou em seu quarto por quase um quarto de hora. Cansado como estava, sabia que havia pouca esperança de dormir. Ele colocou Anne em frente a seu quarto quando ela começou a ter pesadelos, e Mary ao lado de Anne por razões óbvias.

Mas agora, sabia que Mary estava a poucos passos de distância, enrolada em uma cama sob seu teto. Maldito inferno, isso não estava indo bem. Não deveria tê-la trazido aqui, mesmo provisoriamente.

Seu corpo se contraiu com uma necessidade dolorosa quando apoiou a cabeça na cornija da lareira, fechando os olhos com força.

Desencostando da moldura de madeira novamente, ele se dirigiu para a porta. Talvez uma bebida na biblioteca ou um passeio noturno no jardim o ajudasse a dormir um pouco.

Ele puxou a maçaneta, mas parou no meio do caminho. Mary estava exatamente onde ele a deixou, encostada na porta.

— Mary?

Seu olhar, que estava vidrado, agarrou-se ao dele.

— Oh, céus. Sim. Desculpe. — Então, ela começou a fechar a porta grande.

— Espere. — Ele deu um passo em direção a ela. — Por que você ainda está aí?

— Eu... — ela sussurrou. — Eu só estava pensando.

O desejo pulsou por ele. Mesmo no escuro, ele viu a cor encher suas bochechas.

— Sobre? — Ele perguntou se aproximando ainda mais. Era um jogo perigoso. Ele já a beijou uma vez hoje.

— Casamento, — ela disse, então suspirou. — Eu estava noiva. Sei que já te disse. Parte de mim gostaria que estivéssemos casados antes de ele partir. É bobagem, eu sei. Mas gostaria de saber por que o casamento causa tanto rebuliço.

Sua garganta ficou completamente seca.

— Rebuliço?

Ela balançou a cabeça, as mãos passando pelos braços.

— Não importa. Reflexões noturnas. Provavelmente bebi chá demais. Eu o verei pela manhã.

Ela começou a fechar a porta, mas ele estendeu a mão e a colocou no portal logo acima de sua cabeça. Uma única mecha de seu cabelo fez cócegas em sua palma.

— Você quer saber qual é o rebuliço entre um homem e uma mulher?

Ela inclinou a cabeça para trás para olhar para ele, seu pescoço esguio arqueando em sua direção.

— Eu não sou eu mesma, — ela disse suavemente. — Aquele beijo no jardim.

Ele tocou sua bochecha, deixando suas mãos deslizarem por sua mandíbula e sobre a pele sedosa de sua garganta.

— Entendo completamente. — Então, ele se inclinou e beijou-a novamente. Este não foi o beijo casto de antes, ainda era suave, mas queimava com paixão, demorando em um desejo longo, lento e ardente. — E acho que temos um problema real.

Ela soltou um suspiro suave que era meio gemido e suas entranhas sacudiram, mesmo quando seu pênis foi de duro para granito.

— Eu vou ter que sair, não vou?

— Talvez, — ele respondeu, roubando outro sabor de seu doce néctar. — Ou talvez haja outra opção. Encontre-me em meu escritório antes do café da manhã. Digamos, às oito?

Ela balançou a cabeça.

— Na realidade, preferiria que você me despedisse agora. Não vou dormir me preocupando com isso.

Seus dedos estavam dançando sobre a base de sua garganta.

— Eu não vou despedir você. Se qualquer coisa, sua família deveria jogar-me no tronco.

Seu nariz enrugou e era tão adorável, que ele teve que se inclinar e beijá-lo.

— Duvido disso. Mas se eles soubessem dos beijos...

— Estaríamos casados, — ele concluiu o pensamento para ela. — Mary... — Sua voz caiu e ele deu um passo para trás. — Você me lembra minha primeira esposa. É difícil...

Ela separou os lábios.

— Oh, querido, — ela respondeu. — Isso seria um problema.

Ele começou a traçar sua clavícula.

— Eu a amei. E quando ela morreu, parte de mim morreu também, e tenho medo de me sentir assim novamente.

— Você se importa se eu perguntar em que somos parecidas? De que maneiras eu a lembro?

Ele engoliu em seco, uma dor ardendo em sua garganta.

— Ela era pequena, esguia como você. Cabelo loiro e traços clássicos... — Ele teve que parar, as palavras o fazendo doer.

Os dedos dela alcançaram sua bochecha e ele encontrou-se inclinando-se para o toque.

— Tive uma ideia, — disse ela se aproximando. — E se simplesmente nos envolvermos em um casamento de conveniência? Eu posso te ajudar a criar Anne. Dar-lhe o herdeiro que você ainda precisa...

— Mary, — ele avisou. — Não tenho certeza se posso dar o que você merece. Meu coração já está meio perdido. — E se ela ficasse grávida... ele morreria de preocupação.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Como está o meu.

Seus ombros caíram. Esse foi um bom ponto.

— Não serei capaz de amá-la.

Ela balançou a cabeça.

— Não estou pedindo o seu amor. Eu somente quero um futuro para mim. No processo, vou ajudá-lo com o seu.

— Um casamento de conveniência? — Ele se inclinou novamente, roubando um beijo e depois outro. — A ideia tem mérito.

Ele deslizou a mão pelo braço dela, então entrelaçou os dedos.

— Eu poderia estar aqui por você e por Anne, — ela disse.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— E eu poderia fazer de você uma condessa. Uma vida muito melhor do que a de uma tutora.

Ela recuou então, adicionando espaço entre eles.

— Oito horas, amanhã?

— Amanhã, — ele respondeu. Mas ele não queria esperar. Queria tocá-la agora. O que poderia realmente ser um problema com um casamento de conveniência.

 

 

Capítulo Oito


Mary acabou dormindo na cama de Anne. A criança estava com tanto medo e as duas dormiam muito mais dessa forma. Ainda enquanto descia as escadas na manhã seguinte, se perguntou se seu cansaço afetaria sua habilidade de raciocinar com Sin.

Parando apenas do lado de fora do escritório dele, Mary beliscou suas bochechas. Para ser honesta, mesmo quando Anne estava dormindo, ela estava acordada pensando no homem do outro lado do corredor. Sua herança Chase apareceu novamente quando ela realmente conseguiu propor a um conde.

Ela esfregou os olhos. Ridículo. Pelo menos ele parecia estar considerando a proposta.

E foi isso o que causou a insônia. Cada vez que ela pensava em realmente se casar com o homem... visões de seus beijos, a maneira como ele a tocava dançava em seus pensamentos.

Depois, havia outras possibilidades. Como ter um filho. Pensava que essas possibilidades morreram com Harold e levou muito tempo para se abrir para elas novamente. Razão pela qual precisava ser gentil com Sin agora.

Soltando as mãos, ela beliscou as bochechas novamente. Mentalmente, ela trabalhou em sua lista de razões racionais pelas quais este casamento era uma decisão inteligente da parte dele.

— Mary, — ele chamou do escritório. — Você vai entrar?

Tudo dentro dela ficou rígido, tornando difícil se mover.

— Possivelmente. Só preciso de mais alguns minutos no corredor.

Ele riu e ela relaxou com o som.

— Por que você não entra aqui e pensa em suas ideias? Tenho um bule de chá lhe esperando.

Seus ombros caíram quando um pequeno sorriso enfeitou seus lábios.

— Você já me entende.

— Talvez um pouco, — respondeu ele.

Ela entrou na sala para encontrá-lo de pé perto da janela, seu olhar focado no chão. Ela olhou para fora para ver o jardim e o local em que haviam feito um piquenique no dia anterior.

— Você dormiu na noite passada?

— Não muito, — ele respondeu. — Vou tentar descansar esta tarde. Esta noite, estou indo para o clube.

Ela supôs que dormiria melhor sabendo que ele não estava em casa, mas uma parte dela também estava desapontada. Mary gostava de estar perto dele.

— Como são esses clubes?

Ele olhou-a, então.

— Eles são escuros e bastante... — Ele fez uma pausa. — Muitos homens bebendo e brigando bastante porque dinheiro e bebida estão envolvidos.

— Parece adorável. — Ela deu um passo até a bandeja de chá. — Você gostaria de uma xícara?

Ele se virou então, seus olhos absorvendo-a.

— É uma necessidade ter certeza de que o futuro de Anne está protegido. — Então, ele hesitou. — E do meu futuro herdeiro, é claro. Ele deve herdar um condado sustentável. — Por que ele fez uma careta quando mencionou outra criança?

Ela prendeu a respiração.

— Você considerou minha oferta.

Ele pegou a xícara de chá que ela ofereceu, seus dedos roçando os dela.

— Considerei.

Ela pegou sua própria xícara e a levou aos lábios, tentando esconder o tremor. Como um conde, ele tinha muitas opções sobre quem tomava como noiva, mas para ela, esta poderia ser sua última chance de casar-se. Tomando um gole, ela então cerrou os dentes para não comentar.

— Perdi minha primeira esposa durante o nascimento do meu segundo filho. — Ele virou-se para a janela novamente. — Ele era um menino, mas também não sobreviveu.

Então ele sofreu duas derrotas, não uma. E uma vida tão pequena e frágil. Não admira que estivesse tão hesitante.

— Sinto muito.

Ele olhou-a.

— Minha hesitação não é que você seja inadequada de alguma forma, mas você é tão pequena. — Seu olhar encarou-a cima e para baixo dela. — Me preocupo em perder você também.

A xícara quase escorregou de seus dedos enquanto as lágrimas enchiam seus olhos.

— Não vou lhe fazer uma promessa falsa. A vida é tão incerta, posso atestar isso mais do que qualquer pessoa. Mas mesmo pessoas fortes e saudáveis morrem. Faz parte da vida, receio. — Mas, honestamente, ela não estava preocupada. Não queria menosprezar seus medos, mas sempre foi saudável, forte. E as mulheres de sua família tiveram filhos excepcionalmente bem. — Mas das coisas que me preocupam, o parto não é uma delas. Uma vida sem sentido, no entanto, me assusta muito.

Ele assentiu, relaxando um pouco.

— Aprecio sua perspectiva e estou feliz que você não esteja com medo. Sou um homem grande embora, e eu pareço fazer bebês grandes e... — Ele esfregou as mãos no rosto.

Ela largou a xícara e colocou a mão em seu ombro, seu próprio coração doendo.

— Compreendo. Não consigo imaginar como me sentiria se pensasse que você estaria indo para a guerra.

Ele olhou-a, então.

— Você realmente entende. Razão pela qual decidi me casar, se você aceitar meus termos.

Ela deixou cair a mão, enquanto seu estômago começou a se agitar de pavor.

— Termos?

Ele engoliu em seco, seu pomo de adão balançando.

— Você já concordou em me ajudar a criar Anne. Tenho certeza de que você será uma boa madrasta.

Isso aliviou um pouco a dor.

— É claro.

— Mas, só desejo ter mais um filho. — Ele não olhou para ela, sua expressão estremeceu e desenhou-se apertada.

Suas sobrancelhas se juntaram.

— Mas, e se for outra menina?

Ele encolheu os ombros.

— Nós vamos descobrir isso se acontecer. Mas não vou arriscar mais.

Ela balançou a cabeça. Ele não estava fazendo sentido. Ter um filho era tão arriscado quanto ter um segundo e, como ela já havia dito, a questão toda era ter um menino. Além disso, outras mulheres com o corpo dela tinham bebês o tempo todo. Certamente, havia outra razão para a devastadora morte da esposa dele. Ela não tocou no assunto agora. Afinal, ele lhe deu a oportunidade de se casar e começar sua própria família, ter sua própria vida.

Por enquanto, este era o mais próximo de um felizes para sempre que ela provavelmente teria.

— Concordo com os termos. — Ela descobriria como fazê-lo deixar a dor para trás e suas falsas crenças depois dissessem seus votos.

Sin quase caiu para frente de alívio, mas se manteve em pé. A verdade é que desejava Mary, desesperadamente. Mas é claro, por ela e por ele, não poderia deixá-la ter muitos filhos.

Se ele pudesse evitar engravidá-la, o faria. Mas ele se sentiu compelido a tentar mais uma vez por causa do título e do seu dever. Depois disso, cessaria seu relacionamento físico com ela e se concentraria apenas em ser um bom pai e marido.

Ele ignorou o grito de protesto que seu corpo fez. Uma única gravidez era todo o risco que ele poderia correr. Ele nem deveria fazer isso.

Ela timidamente deslizou seus dedos nos dele.

— Se isso te faz sentir melhor, minha mãe deu à luz dois filhos e não sofreu efeitos colaterais. Eu sou um pouco mais alta do que ela era.

Ele olhou para ela, incapaz de esconder sua surpresa.

— Você tem um irmão?

Ela balançou a cabeça.

— Doença do pulmão quando ele tinha apenas três anos.

Ele fez um som suave que retumbou em sua garganta e ecoou pela sala.

— Você perdeu sua família inteira. — Sem pensar, ele a puxou para seus braços colocando sua cabeça sob o queixo. Ela derreteu contra ele pressionando-se no seu peito, sua suavidade tão certa contra seus músculos. — Está tudo bem, — ele sussurrou, começando a acariciar suas costas. — Compreendo.

— Nós nos entendemos, não é? — Ela disse em seu pescoço, sua voz vibrando através dele.

Ele se inclinou e beijou suavemente o topo de sua cabeça.

— Sim. Devo confessar que é um dos muitos motivos pelos quais aceitei sua proposta.

Ela estremeceu, ele sentiu o aperto dos músculos faciais dela.

— Ainda não consigo acreditar que fiz isso.

Apertando-a com mais força por um momento, ele afrouxou o abraço e se inclinou para trás para olhar para aqueles lindos olhos azuis.

— Estou feliz que você fez.

— Sério? — Ela perguntou, seus olhos enrugando nos cantos.

Como ele explicaria, sem parecer fraco, que poderia ter levado semanas para tirar as conclusões que ela forçou? Essa dor o segurou em suas garras e ele apenas começou a se levantar das cinzas.

— Realmente. — Ele se inclinou e beijou seu nariz novamente. Era um nariz adorável e ele gostava de dar pequenos beijos. — Agora, me diga. Como foi a noite com Anne?

Mary franziu a testa.

— Você estava certo. Essa é a luta dela. Tenho que encontrar uma maneira de romper seu ciclo de medo. Não tenho certeza do que é, no entanto, sei que até então, há pouco sentido em lutar contra os sentimentos dela. Ela está assustada e o que ela precisa é de apoio e construir lentamente sua própria confiança.

Sua mão segurou sua bochecha.

— Obrigado. — Ele lutou contra a vontade de beijá-la novamente. De alguma forma, o trabalho dela com Anne só o fez desejá-la muito mais. — Você não tem ideia do que isso significa para mim.

Ela deu um aceno de cabeça, olhando-o.

— Se tivermos sucesso, um dia saberei.

A mão dele escorregou de seu rosto. Isso era verdade. E isso o deixava frio só de pensar. Era errado esperar que ela nunca engravidasse?

— Verdade. — Gentilmente ele a afastou, deslizando para longe da janela e voltando para a mesa. — Vou ver seu tio hoje para pedir sua mão.

— Tenho certeza de que ele consentirá, — respondeu ela. — Eles têm estado comigo há anos para me juntar à sociedade novamente.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Você está na minha casa há um dia. É provável que ele pense que sou um ogro terrível que machucou você de alguma forma.

Suas sobrancelhas se ergueram enquanto seus lábios se apertavam.

— Talvez Anne e eu devêssemos ir com você. Eles não apenas verão que estou absolutamente bem, como também Anne poderá visitar o estúdio de Grace. — Ela pegou o chá. — Além disso, você só precisa dizer ao meu tio que eu o propus e ele vai entender. Ele está ciente das tendências das mulheres Chase. — Ela franziu a testa, suas feições se contraindo.

— Adoraria se vocês viessem e lhe agradeço pelo conselho. — Ele esfregou o queixo enquanto a admirava. Esta não foi a primeira vez que ela lamentou sua herança Chase. — Nós partiremos em duas horas se isso lhe for favorável?

— Claro, — ela respondeu, pousando a xícara. — Vou subir e começar a preparar Anne.

— Excelente. — Ele viu como ela se dirigiu para a porta e, em seguida, à esquerda, o balanço de seus quadris dançando diante de seus olhos muito tempo depois que ela tinha desaparecido. Era muito possível que ele tivesse acabado de entrar em uma barganha com o diabo. Porque, embora Mary fosse um anjo, o que ela fazia com seu corpo era pecado no seu melhor, e ele não sabia como encontraria forças para resistir.

O contrato que eles assinariam exigiria controle, propriamente dito, e quando se tratava dela, ele não tinha.

 

 

Capítulo Nove


Mary segurou a grade de madeira da carruagem, determinada a não observar cada movimento de Sin. Suas coxas flexionaram quando ele moveu as pernas, suas calças fazendo a deliciosa ondulação de cada músculo conhecido por ela.

Uma dor latejava entre suas pernas e prendeu a respiração, tentando acalmar seu coração acelerado.

— Vamos ver sua prima que é pintora? — Anne perguntou, pegando a mão de Mary.

— Acho que não, — ela respondeu e a garota soltou um gemido alto. Ela apertou suavemente a mão da criança. — Paciência, — sussurrou suavemente. — Se você for boa, podemos ir ao estúdio dela e experimentar algumas de suas tintas na tela.

Anne deixou escapar um suspiro de prazer, e Sin riu com gratidão. O som de seu barítono profundo vibrou para cima e para baixo em sua espinha.

— Papai, você vai pintar também? — Anne saltou em seu assento.

Sin negou com a cabeça.

— Não, meu doce. Vou falar com o tio de Mary.

Anne parou de pular e inclinar a cabeça.

— Por que você precisa falar com ele?

Sin deu-lhe uma piscadela.

— Seja uma boa menina como Mary disse e vamos discutir esta noite.

O resto da viagem transcorreu numa adorável conversa, com Mary lançando olhares furtivos a Sin enquanto seu sangue esquentava.

Quando finalmente chegaram, ela desejou ser como Anne e disparar para fora da carruagem. Energia e calor fluíram por ela e Mary precisava desesperadamente de um pouco de ar fresco para resfriar sua pele.

Sin a ajudou a sair da carruagem, sua mão demorando-se na dela antes ele a enfiasse no cotovelo, e então eles subiram os degraus.

Sua tia e seu tio os cumprimentaram assim que entraram no saguão. Mary parou de surpresa.

— Vocês está esperando alguém?

— Sim. — Sua tia levantou as sobrancelhas. — Vocês.

Mary olhou para Sin. Mas antes que pudesse perguntar, seu tio respondeu.

— Lorde Sinclair enviou uma carta dizendo que vocês estavam vindo.

— Nós perdemos alguma coisa? — Minnie falou atrás dela e Mary virou-se com um suspiro. Várias carruagens estavam parando na entrada. Minnie e Daring ficaram atrás dela, enquanto Malice e Cordélia subiam pela calçada da frente.

— Perdi alguma coisa? — Mary perguntou, voltando-se para sua tia. — O que todo mundo está fazendo aqui?

Seu tio deu um passo à frente.

— Estamos nos certificando de que tudo está acontecendo de maneira correta.

O queixo de Mary caiu. Ela sabia o que isso significava. Seu tio queria que seus genros o ajudassem no caso de Sin não tivesse se comportado.

— Isso não era necessário. Lorde Sinclair e eu...

— Eu serei o juiz do que for necessário, — seu tio respondeu.

O rosto de Mary esquentou ao mesmo tempo em que seus ombros arquearam e seu queixo ergueu.

— Você não deve tornar isso mais difícil do que precisa ser. Estou sendo clara?

Os olhos de seu tio se arregalaram, mas Daring riu atrás deles.

— Mary, você é mais parecida com Minnie do que imaginei.

Isso fez Mary murchar. Sua personalidade estava mostrando sua cara feia novamente.

— Minhas desculpas, tio.

Seu tio a avaliou por um momento.

— Não peça desculpas a mim, criança. Eu criei você para ser assim.

Ela engoliu em seco, encolhendo os ombros.

— Por que você infligiria essa maldição sobre nós?

— Maldição? — Minnie perguntou.

— Que maldição? — Malice perguntou logo atrás, tendo alcançado o grupo. — Será que um cigano nos amaldiçoou? É por isso que todos nós continuamos nos casando? Alguém avisou Sin antes de assumir o clube?

Daring virou-se.

— Um cigano certamente amaldiçoou sua língua. Nunca agitou-se tanto.

Vice riu tendo alcançado os degraus.

— Malice está falando? O casamento tem tudo a ver com ele.

Sin pigarreou.

— Ninguém precisa me avisar de nada. Há algum tempo que procuro uma noiva. Posso muito bem declarar minhas intenções agora. Quando Mary apareceu à minha porta... embora eu suspeite que Daring planejou isso o tempo todo, e ele é nosso cigano... eu decidi rapidamente não desperdiçar a oportunidade. Estou aqui para pedir formalmente a mão dela. Isso é tudo.

Seu tio abriu a boca para falar, mas Anne interrompeu.

— Essa é a surpresa? — Então, ela soltou a mão de Mary, batendo palmas e pulando no ar. — Srta. Chase vai ser minha nova mãe. — E ela se lançou sobre Mary, que pegou a criança em um abraço.

Sin deu um tapinha nas costas de sua filha.

— Se alguém questionar meus motivos, eu gostaria de apresentá-los a excitação da minha filha.

Uma risada irrompeu entre o grupo enquanto todos relaxavam, incluindo seu tio.

— Bem, desculpe por trazer todos aqui esta manhã. Mas já que todos vocês vieram, vamos almoçar, vamos?

Os aplausos irromperam.

Mary enterrou o nariz no cabelo de Anne, escondendo o rosto. Embora Sin tivesse lidado bem com a situação, parte dela se encolheu porque Anne era a razão pela qual ele queria casar-se com ela. Ela sabia que este era um casamento de conveniência, mas uma pequena parte dela queria que ele quisesse mais.

Seu tio estendeu a mão para apertar a mão de Sin.

— Vamos discutir os detalhes enquanto as mulheres se atualizam.

Mary ergueu a cabeça, uma carranca marcando seu rosto. Ela esperava enfrentar sua tia, mas suas primas? Elas entenderiam o acordo que acabara de fazer?

Sin avaliou o círculo de homens ao seu redor tentando processar o que acabara de aprender. Além do tio de Mary, Lorde Winthorpe, Daring, Malice, Exile, Bad e Vice, todos sentaram-se ao seu redor. Elas reuniram-se coletivamente para fornecer a Mary o dote que ela nunca recebera de sua família.

— Então você levantou um dote para ela? Mas ela já tem uma proposta?

Daring encolheu os ombros.

— Nós não sabíamos disso, é claro. Esperávamos aumentar suas chances de uma proposta, tornando-a mais rica.

Sin sacudiu a cabeça lentamente.

— Então, agora está noiva...

— O dote é seu. — Vice piscou para ele. — Nossa missão foi cumprida. Ela recebeu uma oferta de um senhor nobre, nada menos.

— Você pensou em me tentar com a cenoura da riqueza? — Ele se inclinou os cotovelos apoiados nos joelhos.

Malice encolheu os ombros.

— Você era um dos homens que estávamos considerando.

Ao pensar em outros homens, ele se ergueu em linha reta.

— Quem mais?

— Não importa agora, — Bad respondeu, suas sobrancelhas baixas e pesadas sobre os olhos. — Você se ofereceu.

— E melhor ainda, não era por dinheiro. — Exile recostou-se na cadeira com um pé apoiado no outro joelho.

— Qual é a razão? — Vice perguntou. — Você se apaixonou?

— Não, — respondeu mais rápido do que o necessário. — Ela é adorável, o que ajuda. — Ele não se importou em admitir o quanto estava ansioso para dormir Mary. — E ela é maravilhosa com a minha filha. Essa é a base da minha decisão.

Vice bufou. Um som alto e óbvio que ecoou na sala cheia de homens.

— Mentiroso.

Daring deu uma risada leve.

— Deixe o homem se iludir, se for preciso.

Os lábios de Sin se estreitaram, estendendo-se sobre seus dentes.

— Meus sentimentos são meus e não são da sua conta. Sei que cada um de vocês se apaixonou recentemente, mas eu já fui vocês. E então, minha esposa morreu ao dar à luz ao meu filho.

Sua alegria morreu. Vice perdeu o brilho diabólico, enquanto a boca de Daring abaixou. Exile endireitou-se e Lorde Winthorpe mexeu-se no assento.

— A perda é difícil de suportar. Tem certeza de que está pronto para se casar novamente?

Sin olhou para suas mãos. O que Winthorpe realmente quis dizer foi, você está inteiro o suficiente para minha sobrinha?

— Mary e eu entendemos o que é perder. É mais fácil casar de novo sabendo que ela sofreu como eu. Ela aprendeu a suportar o peso de perder seu noivo, seus pais e irmão. Só espero que ela me ensine a ser tão forte. — As palavras ecoaram sobre seus pensamentos. Fogo do inferno e danação. As palavras soaram em sua cabeça.

Todo esse tempo ele tinha estado muito preocupado com Mary sendo fraca. Mas ela era a mais forte dos dois. E, depois de um dia, o puxou mais para fora de seu buraco emocional do que qualquer outra pessoa que ele já conheceu.

— Isso foi muito bem dito. — Bad bateu-lhe no ombro. — Quer seja amor ou apenas admiração, eu diria que vocês dois combinam. — Então, ele limpou a garganta. — Eu cresci nas ruas, nem mesmo um teto sobre minha cabeça. Eu pensei... — Bad hesitou. — Achei que não merecia amor. Mas quando você deixa a mulher certa entrar, ela o torna melhor.

Sin olhou para Bad.

— Para um homem que raramente fala, você é muito articulado. — Ele esfregou o rosto conforme as palavras de Bad afundavam nele. Será que ele achava que não merecia o amor? Ele respirou fundo, estremecendo. A resposta era sim.

 

 

Capítulo Dez


Enfrentar uma sala com as mulheres Chase era muito parecido com o que Mary imaginou que se sentiria contra um exército. O suor frio cobria suas palmas, e estava pronta para correr.

Minnie, a mais velha de todas as meninas, a primeira a se casar, nada menos do que com um duque, e a mais franca, deu um passo à frente primeiro, seu cabelo vermelho brilhando ao sol.

— Você está noiva?

Mary enfiou as mãos na saia, secretamente enxugando o suor.

— Sim. Parece que sim. — Ela sabia que uma vez que os detalhes do acordo ficassem conhecidos, sua família teria muito a dizer.

Diana se levantou lentamente de sua cadeira.

— É impressionante que você tenha conseguido uma oferta em um único dia. Não é que eu não tivesse fé em você. Mas, ainda.

Ela engoliu em seco. Ela admitiu que ele não tinha perguntado a ela?

— Ele já estava procurando uma esposa.

Cordélia ergueu os óculos.

— Acho isso preocupante. Mary merece mais do que ser uma noiva de conveniência.

Mary agarrou suas saias.

— Você está errada. Tenho sorte de ter essa chance.

Grace escovou uma mecha invisível de cabelo loiro para trás de seu rosto adorável.

— O que você está falando? Você é linda, gentil e forte. Você merece o melhor.

Mary balançou a cabeça. Elas não entenderam.

— Minha chance de amor morreu há cinco anos. Eu desperdicei tudo...

— O que isso significa? — Minnie perguntou.

Mary se sentou na cadeira atrás dela.

— Eu estava com tanta raiva de Harold porque ele queria fazer outra viagem militar. Em vez de pedir-lhe gentilmente ou com amor, critiquei-o com raiva. Praticamente o empurrei porta afora. Ele morreu um mês depois. Meu temperamento Chase, isso...

— Você realmente não acredita nisso? — Diana empurrou-se para fora de sua cadeira e atravessou a sala, agachando-se diante de Mary. — Se ele tivesse escolha, ele teria voltado para você. Você não pode se culpar.

Mary balançou a cabeça.

— Eu devo ser a culpada. Meu pai, mãe, irmão e noivo se foram. Tento fazer o bem neste mundo, mas devo ter feito algo terrivelmente errado para... — Não conseguiu terminar, um soluço escapou de seu peito.

Diana a envolveu em um abraço, Minnie se juntou a ela até que Cordélia e Grace a envolveram também.

— Você não fez nada de errado, — disse Cordelia, apertando todo o grupo. — A vida tem sido cruel com você. Entretanto, você fez um trabalho admirável de superar isso. E é a sua vez de felicidade. Não se esqueça disso.

Lágrimas escorreram por suas bochechas. Como explicaria que Sin a fez feliz? Talvez não fosse o que elas tinham. Tinha acabado de conhecê-lo, mas a ideia do que eles poderiam construir juntos a enchia de alegria. Embora no fundo do coração desejasse amor, ela estava contente em ser uma esposa e mãe, e ela aproveitaria ao máximo esta situação.

— Obrigada por dizer isso. Acho que é hora de eu confessar para vocês que ele não me pediu em casamento.

O abraço se afrouxou quando suas primas recuaram formando um anel em torno de sua cadeira.

— O que isso significa? — Minnie perguntou.

Mas Diana soltou uma gargalhada.

— Você o propôs.

Mary acenou com a cabeça.

— Minha sensibilidade Chase assumiu. — Ela torceu as mãos no colo. — Eu acho que ele é...

— Lindo, — Grace sugeriu.

— Impressionante, — corrigiu Diana.

Minnie bateu no queixo.

— Bonito como o pecado.

Todas riram.

— E ele sofre também. Ele precisa de alguém para...

— Oh, querido senhor, — Cordélia ofegou. — Não só você está tentando salvar Anne, mas você vai ajudá-lo a se recuperar de sua dor. — Ela pegou a mão de Mary. Como você não pode ver o quão boa você é?

Diana pressionou a mão em seu ombro.

— E tome cuidado. Um homem assim... Seria tão fácil para você acabar machucada.

Mary estremeceu, sua boca torcendo em uma carranca. Diana estava certa. Seus sentimentos já estavam envolvidos.

— Ele está atraído por mim, sei disso.

Grace concordou.

— Essa atração pode se transformar em amor.

Ninguém falou por um momento.

— Mas, como? — Diana perguntou a todas na sala. — O que força um homem a desenvolver tais sentimentos.

Cordélia bateu em seu queixo.

— Bem, para nós, havia um elemento de perigo envolvido. Eles estavam nos salvando. Mary não tem a ameaça de violência real pairando sobre sua cabeça, mas...

Grace abriu as mãos na frente dela.

— E se nós a fabricássemos?

— O quê? — Mary perguntou, seu estômago revirando. Não gostou de onde isso estava indo. — Não acho...

— Ela pode cair no Tâmisa, — Grace ergueu um dedo. — Ou estar em perigo uma carruagem em fuga.

Diana ofegou e Mary teve certeza de que sua prima poria fim a essa loucura.

— Ou poderíamos ter um de nossos maridos tentando sequestrá-la para que Sin tivesse que salvá-la.

— Vocês perderam os sentidos, — disse ela. — Não o estamos enganando de qualquer maneira. É uma ideia terrível. Depois do que ele passou...

— Eu acho que tem mérito, — Diana fungou, seu cabelo escuro brilhando ao sol.

— Já chega, — disse Minnie atrás de Mary. — Vamos confiar que Mary encontrará seu próprio caminho. — Ela se inclinou e beijou seu rosto. — Mas peça-nos ajuda, está bem? Você fez muito por nós, não tenha medo de nos pedir para retribuir o favor.

Mary mordiscou o lábio. Nisso, não havia muito que pudessem fazer para ajudar. Mary se apaixonou por um homem que não correspondia o seu amor. Havia algo que ela pudesse fazer por si mesma?

Sin estava sentado em sua escrivaninha, observando o sol se pôr abaixo dos prédios à distância. Passou a tarde atolado em relatórios de sua terra e dos negócios, o que tinha sido uma distração bem-vinda de seus pensamentos sobre a bela loira flanando por sua casa.

Ele pegou fragmentos do som de Anne e Mary, enquanto elas se moviam pela casa. Uma risada aqui, um estrondo acolá. Cada um puxou suas pernas, fazendo seus pés coçarem para encontrar as duas mulheres mais importantes de sua vida. Ele amava Anne de todo o coração, mas estava começando a pensar que também poderia reivindicar Mary.

O que roubou seu fôlego. Ele se afastou da mesa, batendo a cadeira na parede atrás. O que estava acontecendo com ele?

— Sin? — A voz feminina chamou do outro lado da porta.

Mary. Ele contornou a mesa, cruzando a sala em alguns passos largos. Ele abriu a porta para encontrá-la parada do outro lado com o punho levantado para bater.

Ele pegou a mão dela e puxou-a para o escritório, fechando a porta. Depois do caminho que seus pensamentos percorreram, de alguma forma, segurá-la em seus braços parecia a solução perfeita para os medos dele sobre seus sentimentos.

— Não me chame assim. — E então, ele tomou-a em seus braços esmagando-a contra seu peito.

— Como devo chamá-lo, então? — Ela colocou as mãos em seus ombros.

Ele levantou uma sobrancelha quando o corpo dela encostou no dele. Ele respirou fundo, aspirando o cheiro dela. Ela cheirava a baunilha e flores silvestres. Sem pensar, colocou o nariz em seu pescoço, cercando-se com ela.

— Me chame de Cole, — ele disse. — Parece muito mais apropriado para minha esposa do que me chamar de Sin.

Seus lábios roçaram seu ombro, macios e ternos.

— Cole, — ela repetiu. Então, de novo. — Cole. — O segundo saiu como quase um suspiro.

Ele amava o som mais do que poderia expressar com palavras. Isto estremeceu por sua espinha, estabelecendo-se em sua virilha e apertando seu peito e seu pênis.

— O jeito que você fala o meu nome. Isso me faz querer muito você. Eu...

Seus lábios viajaram para o pescoço dele.

— Cole, — ela murmurou contra sua pele, então a vibração de sua voz ecoou em sua alma.

Afastando-se, ele virou a cabeça para capturar aqueles lábios com os seus. Foi um beijo simples, a união de dois pares de lábios, mas de alguma forma, foi muito mais. O toque falava de sentimentos que nenhuma palavra poderia dizer. Paixão dele por ela, sua crescente convicção de que a amava, mas também, por baixo disso, seu medo. E se algo acontecer com ela?

— Mary. Ainda não somos casados. Eu... — Ele não sabia como dizer que, desde a morte de Clara, não tinha estado com outra mulher. A intimidade era mais do que ele podia suportar.

Ela passou as mãos pelos ombros dele com um leve toque.

— Eu nunca estive com um homem. — Ela o beijou, então. — Não temos que fazer nada disso hoje.

Ele se endireitou, olhando para as cores requintadas de seu rosto, a dor dentro dele se intensificando. Interiormente, entretanto, ele se repreendeu. Ela amou e perdeu também, e ela precisava de algo dele agora. A maneira como ela o tocou, a maneira como ela suspirou seu nome. Isso não era apenas sobre ele.

— O que você gostaria de fazer?

Seus lábios tremeram ao se separar.

— Eu só vim ver como você estava. Sei que minha família pode ser difícil. E então... — Ela respirou fundo procurando seus olhos.

— Então? — Ele perguntou.

Ela agarrou seus ombros com mais força.

— Eu nunca experimentei nenhuma paixão realmente. Eu acabei de...

Sin entendeu. E sabia exatamente o que fazer.

 

 

Capítulo Onze


Mary achou que ela poderia estar indo para o inferno por seu comportamento desenfreado. Esqueça seus pensamentos. Eles eram maus.

Mas Cole a tinha puxado contra ele, a sensação dura de seu corpo fazendo seu interior virar gelatina. Ainda mais emocionante foi a rigidez das partes masculinas pressionando em sua barriga muito mais macia. Ela ansiava por saber mais, por experimentar a paixão que ele sem esforço lhe despertava.

Ele roçou seus lábios com o polegar e, em seguida, baixou a boca para a dela novamente. Este beijo acendeu seu fogo quando ele abriu seus lábios, e roçou sua língua. Ela segurou seus ombros com força, seus joelhos ameaçando ceder.

Mas, aparentemente, ele não tinha terminado com ela. Um tapete grosso estava sob os pés deles. Com as mãos apertadas em volta da cintura dela, ele a guiou até que ambos estivessem no chão, ela no tapete e ele empoleirado acima dela, sua boca ainda travada na dela.

Então, as mãos dele começaram a deslizar pelo seu corpo. Ele segurou seus seios, beliscando seus mamilos antes de se mover mais para baixo em sua barriga, ao redor de seu quadril e de sua perna. Ela usava um vestido leve de musselina, por causa do clima muito quente, e muito pouco por baixo, de modo que quando os dedos dele agarraram sua bainha, ele pode levantar facilmente suas saias. Suas calças eram bastante transparentes e seus dedos deslizando ao longo do tecido eram quase como se ele estivesse tocando sua pele e arrepios estouraram por toda sua carne.

Ele deslizou os lábios em sua mandíbula e pelo queixo.

— Não posso esperar para ver você na minha cama, — ele sussurrou perto de seu ouvido. — Vou tirar cada peça de roupa e beijar cada centímetro de sua pele.

Calor, mormaço e umidade estavam inundando suas coxas e, como se ele sentisse isso, sua mão procurou essa parte. Encontrando a fenda em suas calças, ele arrastou os dedos por seus pelos e, em seguida, suavemente ao longo da fenda de sua feminilidade, fazendo-a soltar um gemido ofegante. Ele sorriu contra seu pescoço.

— Você gosta disto?

— Sim, — ela não hesitou em sua resposta. — Oh, sim. — Ela ainda agarrou seus ombros e começou a apertar a pele em seu desejo inquieto de mais.

Ele esfregou a carne uma e outra vez, sua cabeça começando a balançar de um lado para o outro até que ele finalmente separou suas dobras suaves e deslizou seu dedo médio por elas novamente. Seus quadris travaram, e ela disse seu nome novamente.

— Cole. — Foi um apelo, um grito por mais, a carência que vinha através do tom alto de sua voz.

— Sim? — Ele riu, acariciando para cima e para baixo novamente até que encontrou sua abertura e, de repente, deslizou um dedo dentro do canal dela.

Ela engasgou-se com a respiração, sentindo-se ao mesmo tempo, mais necessitada e completa com o fôlego. Quando a palma da mão dele pressionou contra seu broto sensível, ela balançou contra ele.

— Oh, — ela gemeu. — Cole.

— Diga meu nome de novo, — ele falou contra seu pescoço. — Diga isso repetidamente e lhe darei tudo o que você quiser.

Ela piscou os olhos abertos.

— Tudo? — A esperança encheu seu peito, tornando-a mais leve. Ele daria a ela seu coração?

— Tudo, amor, — ele respondeu, puxando para fora e empurrando de volta para ela.

Ela fechou os olhos novamente. Neste momento, ela iria fingir. Fingir que significava alguma coisa quando ele usou a palavra amor. Faça de conta que ele quis dizer seu coração, e tanto quanto o prazer físico.

— Sim, — ela assobiou. — Eu quero tudo.

Suas palavras quase desfizeram seu último resquício de controle. Ele queria tudo também. Queria enterrar seu pênis profundamente dentro dela. Queria ouvi-la gemer de prazer o seu nome quando ele o fizesse. Mas principalmente, queria tê-la contra ele e mantê-la ali, quente e segura para sempre. E esse era o problema.

Não importa o que ele fizesse, não havia garantias de vida. Ela poderia ir embora em um instante... arrancada de seus braços.

Esse pensamento foi o único que o manteve são. Garantindo que ele não desfizesse os laços de seu espartilho e a levasse aqui mesmo no escritório.

Em vez disso, empurrou o dedo mais fundo, tendo prazer com suas reações, seus gemidos e gritos de prazer enquanto observava aqueles lindos lábios se separarem. Seus olhos dilataram, suas bochechas coraram, e seu corpo se contorceu em conjunto com seus golpes dentro dela.

E quando ela se desfez, gritou seu nome novamente, arqueando o pescoço. Ele beijou a linha esguia, seu próprio corpo implorando por mais. Em vez disso, ele puxou delicadamente o dedo de dentro dela, fechando-lhe as calças e puxando a saia para baixo.

— Como foi sua primeira experiência?

Seus olhos, que estavam fechados, tremeram abrindo e um sorrisinho atrevido brincou em seus lábios.

— O que me pergunto é se isso é tão bom quanto pode ser ou se fica melhor?

Ele quase derramou sua semente nas calças.

— Mary, — ele trancou os dentes cerrados. — Você quer chegar ao nosso casamento virgem?

Seus olhos se fecharam novamente.

— Não, particularmente não. — Então, ela deslizou a mão pelas costas até chegar a bunda dele. Ela deu um leve aperto. — Você me quer também?

Ele latejava.

— Não e sim.

Ela endureceu embaixo dele. Ficando rígida.

— O que isso significa?

Ele lhe disse que estava com medo de ficar com uma mulher novamente? Que tal intimidade o assustou depois de sua perda?

— Prometi a sua família que não havia nada inconveniente acontecendo.

Ela relaxou novamente.

— E não havia. Agora estamos noivos.

Ela tinha razão. E a parte que queria estar dentro dela estava lentamente, mas seguramente superando suas preocupações.

— E se você engravidar antes do casamento? — Ou tudo mais.

Ela suspirou novamente, e ele percebeu que amava seus pequenos sons.

— Teremos um bebê muito mais cedo.

Ele se afastou.

— Isso é uma coisa boa? — Sabia que eles haviam discutido sobre um herdeiro, mas quanto mais considerava a ideia, mais arriscada parecia.

Ela segurou seu rosto com as mãos.

— Você se sente melhor ao saber que as mulheres da minha família têm poucos problemas com o parto?

Isso realmente fez. Muito. O ar saiu correndo de seu peito.

— Mesmo as pequenas?

Ela sorriu para ele.

— Mesmo as pequenas. Somos um grupo tenaz.

Ele levantou a saia dela novamente. Isso era menos que uma carícia sedutora e mais um puxão carente.

— E você tem certeza de que não quer esperar até nosso casamento? — Seu domínio sobre controle estava se esvaindo.

— Tenho certeza, — disse ela baixinho ao lado de seu ouvido. — Tenho esperado desde sempre.

Ele se atrapalhou com o abotoamento de suas calças, mesmo enquanto salpicava o pescoço dela com beijos.

— Mary. Faz tanto tempo que eu... — Queria dizer a ela que não conseguia se controlar? Ele respirou fundo várias vezes enquanto separava suas calças novamente, o tecido sedoso roçando em suas coxas.

Ela deslizou os dedos pelo cabelo dele, puxando-o com mais força contra o peito.

— Estou pronta para você.

Seu corpo inteiro respondendo a essas palavras, endurecendo, alongando. Tão bonita como ele a via, a voz dela poderia ser sua característica mais erótica de todas, e desfez seu controle quando ele pressionou a cabeça de seu pênis contra suas dobras suaves. Ela estava tão molhada e pronta que ele deslizou dentro dela sem muita resistência, seu canal apertado envolvendo-o em calor. Um gemido baixo escapou de sua garganta, quando ele parou, não querendo machucá-la. Mas seus braços se apertaram, encorajando-o a continuar, então ele inclinou seus quadris mais perto dos dela, empurrando mais para dentro.

Ela deu um pequeno gemido, mas ele congelou, no entanto, levantando a cabeça para olhar para o rosto dela.

— Mary.

Um pequeno sorriso enfeitou seus lábios.

— Estou bem. Sabia que doeria da primeira vez. Continue.

— Você tem certeza? — Ele perguntou, procurando seu rosto.

Seu sorriso cresceu.

— O benefício da idade. Um pouco de dor nunca fez mal a ninguém. — Então, ela se inclinou e beijou-o. — Quero ser sua, Cole. Toda sua.

Seus lábios, sua voz proferindo essas palavras, destruiu o último resquício de suas reservas. Ele empurrou totalmente dentro dela, sua virgindade cedendo.

— Está feito, — ele rangeu, mesmo quando ela travou os braços em volta do seu pescoço e enterrou o rosto em seu ombro.

Ela soltou um suspiro ofegante que soou meio como uma risada.

— Nunca pensei que esse dia chegaria. — Então, ela deu um tapinha nas costas dele. — Continue. O que vem a seguir?

Ele balançou a cabeça, mas lentamente saiu e voltou para dentro dela. Começando um ritmo, ela relaxou. Um ou dois minutos se passaram e seu próprio controle ficou mais fraco.

— Não tenho certeza se posso durar muito, já faz tanto tempo.

— Não dure, então. — Ela beijou o lóbulo da sua orelha. — Cole.

Ela sussurrar seu nome foi sua ruína final. Em um rugido, ele gozou, sua semente derramando-se dentro dela. Mas algo mais, no fundo de seu peito, também se desfez. Uma enxurrada de sentimentos que vinha contendo há muito tempo saiu de dentro. Houve amor. Estava se apaixonando por esta mulher, não podia negar por mais tempo. Também havia esperança.

Mas também havia tristeza e medo. Acidez correu por trás de seus olhos, fazendo-os arder com lágrimas não derramadas. Ele estava se abrindo de novo e isso era assustador.

 

 

Capítulo Doze


Mary apertou os ombros de Cole novamente. Ela não tinha certeza se ele estava acordado ou dormindo, mas o peso dele desabou em cima dela. Ela gostou imensamente, mas estava ficando difícil respirar.

— Cole, — deu um beijo onde seu ombro encontrava seu pescoço.

— Mmmh, — ele respondeu, sem realmente se mover.

— Você está acordado? — Ela perguntou acariciando suas costas.

— Mmmh.

Ela se moveu embaixo dele, perguntando-se se poderia se contorcer para o lado para conseguir mais ar. Não queria atrapalhar o momento, era um dos melhores de sua vida, só não queria desmaiar durante isso também.

— Mary, — disse ele, levantando a cabeça. — Se você continuar se movendo assim, vamos ter que fazer de novo, e não acho que seu corpo esteja pronto para mais.

Ela tentou rir, mas saiu como uma respiração ofegante.

— É só que você está me esmagando, — ela finalmente admitiu. — Você é um pouco maior do que eu.

Seu rosto tremeu e ele imediatamente rolou para o lado.

— Não deveria ter feito isso.

Mary franziu a testa. Em pouco tempo, ela podia sentira tensão voltando ao corpo dele.

— Me esmagar? — Perguntou quando ele começou a se afastar, mas os braços dela ainda estavam em volta do seu pescoço e o segurou com força, virando-se junto quando ele deitou-se ao seu lado. Ela encostou o nariz no dele. — Diga-me o que eu fiz para chatear você.

— Eu não...

— Você está. — Ela tocou a testa dele. — Você está aqui tão perto que não pode mentir para mim. Sinto sua mudança.

Ele afundou-se, então, puxando-a para perto.

— Minha primeira esposa era uma mulher pequena. Amava protegê-la até não poder mais.

O coração de Mary batia forte no peito, e ela entendeu toda a extensão do medo dele. Dessa forma, ela era a pior escolha para ser sua esposa. Ela o apertou com força contra o peito.

— Diga-me como eu e sua esposa somos diferentes.

Ele respirou fundo.

— Ela tinha estado doente quando criança. Tinha superado a doença, mas...

Ela sorriu, esfregando o nariz suavemente contra o dele.

— Ajuda você em alguma coisa saber que eu nunca fico doente? Raramente tenho resfriados. Mesmo quando cuidei de minhas primas quando crianças.

Seus olhos brilharam.

— Ajuda.

— Como foi o primeiro parto com Anne?

— Horrível. — Ele estremeceu novamente, então a encarou. — Você disse que sua família tem seus partos com facilidade?

Anne concordou.

— Não quero fazer falsas promessas. Mas posso dizer que, para melhor ou para pior, muitas vezes para pior, também tenho um caráter e um corpo bastante fortes.

— Eu amo isso em você. — E então, ele capturou sua boca em um beijo ardente.

Por sua vez, ela fechou os olhos e fingiu que ele havia acabado de dizer, eu te amo. E em seu coração, correspondeu as palavras. Ela sabia que ele colocou uma data de término em seu relacionamento físico, mas não queria que essa parte acabasse. Talvez se o bebê nascesse com facilidade, ele mudasse de ideia?

Ela queria rir de alegria que sua tenacidade Chase, a mesma coisa que ela odiava em si mesma, era a única coisa que ele amava. Poderia ganhar seu coração apenas com a força? Sabia que precisava tentar.

Sin endireitou cuidadosamente as roupas de Mary. Gostaria de levá-la diretamente para sua cama e mantê-la lá por toda a noite, mas Anne precisava de Mary mais do que ele. Ainda assim, alguma parte dele clamou para mantê-la perto. Não era apenas Anne que Mary estava consertando. Também sentiu as mudanças acontecendo em seu coração, em sua alma.

— Vou me juntar a você e a Anne no quarto do bebê para jantar, — ele sussurrou perto de seu ouvido. Ele correu os dedos do pescoço até o ombro.

Ela estendeu a mão e tocou sua bochecha.

— Gostaria disso. — De pé na ponta dos pés, ela deu um beijo em sua boca. — Obrigada por tudo.

— Tudo? — Seu coração golpeava sua caixa torácica, ele batia tão rápido.

— Por aceitar minha proposta, por isso... — Ela gesticulou em direção ao tapete enquanto lambia os lábios. — Mesmo se eu tivesse uma morte prematura. — Ela agarrou suas mãos. — Esse tempo com você fez minha vida completa. Eu morreria feliz e... — Sua respiração prendeu. — Receio que me apaixonei por você. — Então, ela soltou sua mão e girou em direção à porta. Mas quando o painel pesado se abriu, ela parou.

Reeves estava na porta, seu rosto contorcido de dor enquanto olhava para Sin.

— Você permitiu uma víbora em nosso meio.

Sin prendeu a respiração quando Mary deu um passo atrás. Ele passou um braço pela cintura dela e a puxou de volta para seu peito.

— Você ultrapassou o limite.

Reeves zombou.

— Estou protegendo vocês. Você não pode ver que essa mulher está usando sua beleza para manipulá-lo para obter a posição de dona da casa. Uma a qual ela não pode ter.

Mary deixou escapar um suspiro, cobrindo a boca com as mãos, um estremecimento percorreu seu corpo. Sin cuidadosamente a acomodou atrás dele, caminhando em direção a Reeves.

— Você fará a viagem para minha propriedade no campo logo de manhã. Você vai ficar lá até eu decidir o que fazer com você.

— Mas, meu senhor. — As sobrancelhas de Reeve se juntaram. — Estou protegendo você. Ela é... — ele apontou para Mary, — uma alpinista social.

A mão de Mary deslizou para o ombro de Sin.

— Reeves, — ela falou suavemente. — Seu compromisso com a felicidade de seu senhor é louvável.

Sin negou com a cabeça.

— E sua opinião sobre minha noiva está errada. O tio de Mary é um conde.

Reeves soltou um suspiro suave.

— Eu não sabia. Além disso... — Ele ergueu as mãos. — Ela é pequena como Lady Sinclair. E se...

— Chega, — Sin cortou o outro homem. Reeves era o mordomo da família desde que tinha dez anos. Com sua dor e sem uma amante, ele permitiu que Reeves assumisse muitas tarefas, mas estava começando a entender que havia permitido que muito de sua vida escorregasse fora de seu controle, incluindo seus próprios medos. — Reeves, você tem sido um empregado fiel e sou muito grato. Mas meu casamento não é da sua conta. Se você valoriza sua posição aqui, você vai se virar e ir para o seu quarto e fazer as malas imediatamente.

O rosto de Reeves caiu.

— Eu só quero o que é melhor para você.

— Não o demita, — Mary sussurrou baixinho para que somente ele pudesse ouvir.

Ele virou-se para beber em seus encantadores traços ainda corados do amor feito a pouco.

— Ele foi rude com você.

— Ele aprenderá seu lugar. — Mary olhou por cima do ombro para Reeves. — Lealdade é um traço difícil de encontrar.

Sin negou com a cabeça.

— Você é infalivelmente a pessoa mais gentil que já conheci. — Ele olhou para Reeves. — Talvez você queira mudar sua opinião sobre a nova dona da casa?

Os olhos de Reeves ficaram muito redondos.

— Está decidido, então? — O homem deu um passo para trás. — Você vai se casar com ela.

Sin apontou o dedo para a porta. Mary provavelmente estava certa ao dizer que a lealdade de Reeves era infalível, mas também não podia permitir que Reeves importunasse sua nova noiva. Mary precisava de tempo e espaço para recompor esta família. E ele estava pronto para ajudá-la nessa missão.

— Você vai passar o verão no campo. Espero que você use sua viagem para reflexão. Quando nos juntarmos a você no outono, você cumprimentará a nova condessa com todo o respeito que seu título merece.

Reeves deu um aceno rápido com o queixo.

— Sim, meu senhor. — Então, ele girou e correu pelo corredor.

Depois que ele partiu, Sin se voltou para Mary, envolvendo seus braços sobre ela.

— Você está bem?

Ela assentiu, mas não o encarou.

— Sim.

Ele colocou a mão sob o queixo dela.

— Você não pode mentir para mim quando estamos tão perto. Eu posso sentir isso.

Isso trouxe a sombra de um sorriso aos lábios dela.

— É que quando você disse que meu tamanho o deixava com medo, pensei que você estava muito perto da situação para ver o que era. Mas quando Reeves disse isto... — Ela agitou sua cabeça. — Eu te coagi a propor. Reeves está certo sobre isso. E se eu estiver levando você para o caminho errado?

Se ele pensava que tinha amado esta mulher antes, quase explodiu de emoção agora.

— Reeves está exagerando e a razão para isso sou eu. Preciso que alguém me pegue pela mão e me mostre o caminho. Eu permiti que seu papel nesta casa crescesse além do que deveria ser porque eu não era capaz... — Ele fez uma pausa. — Mary, nenhuma outra mulher poderia ter-me em tão pouco tempo. Você não é uma tentação a ser negada. Mais e mais, acho que você é minha redenção.

 

 

Capítulo Treze


As palavras de Cole a encheram de esperança. Um sentimento que ela carregou pela noite e pela manhã seguinte. A partir dessa esperança, cresceu a alegria quando soube que eles se casariam em duas semanas. Seu tio conseguiu obter a licença para o casamento deles.

Então, quando Anne, pulando de entusiasmo, perguntou se eles poderiam comemorar com um piquenique no parque, Mary concordou. A criança tinha dormido periodicamente com Mary na cama do outro lado do quarto, e este parecia um dia de celebração.

Cole tinha saído pela manhã, mas ela deixou um bilhete em sua mesa, informando que elas foram para o parque próximo com uma cesta de piquenique. Ela o convidou para se juntar a elas se ele pudesse.

Partindo, se dirigiram a um local perfeito para um piquenique, próximo a um grande lago com vários barcos a remos estacionados em um píer. Anne bateu palmas de alegria.

— Podemos pegar um para um passeio?

Mary sorriu enquanto se voltava para a cesta.

— Em um momento. Primeiro, vamos preparar nosso piquenique. — Grande parte de Londres viajava para passear ou pedalar em parques como esses, mas muitos esperavam até a tarde. Ainda era cedo e apenas algumas pessoas passavam pelos caminhos a esta hora da manhã. — Vamos instalar-nos à sombra daquela árvore para podermos passar o dia se quisermos. Eu trouxe alguns suprimentos de tinta e... — Ela parou quando ouviu o barulho de madeira contra madeira.

Anne havia atravessado o cais e estava empurrando para fora do cais em seu pequeno barco.

— Anne, — Mary chamou bruscamente. — Volte para cá agora.

Anne tentou manobrar o remo, mas ele escorregou no ferrolho. O barco se afastou ainda mais do píer enquanto ela lutava para obter o controle do pequeno barco.

— Não posso fazê-lo funcionar.

Mary começou a descer o caminho para o cais.

— Respire fundo e puxe o remo para mais perto de seu corpo.

Mas quando a garota se atrapalhou novamente, ela soltou um dos remos e ele prontamente escorregou para o lago.

— Oh, — Anne gritou, imediatamente alcançando o remo. — Deixe-me sozinha.

— Não, — chamou Mary. — Não faça isso. — Mas era tarde demais. O barco virou e Anne tombou na água, o barco pousando de cabeça para baixo sobre ela. Mary ofegou e então, sem saber o que fazer mais, mergulhou na água. Graças a Deus, os verões passados no campo significavam que ela sabia nadar, e suas roupas leves de verão não a arrastaram para baixo. Com braçadas certeiras, ela fez seu caminho para o barco mergulhando sob a água para encontrar Anne em suas profundezas turvas. Ela voltou a tona uma vez, entrando em pânico ao não poder ver a criança, mas então um pedaço de tecido na superfície da água chamou sua atenção. Anne estava sob o barco virado.

Mergulhando de volta, ela empurrou o barco a remo, subindo e saindo da água na escuridão do pequeno barco. Anne estava quase inconsciente, sua mão segurando frouxamente o remo enquanto gemia baixinho.

— Anne, — Mary ofegou agarrando-se no banco, para se dar um pouco de descanso. Ela colocou a outra mão sob o pescoço da garota para se certificar de que ela ainda conseguia respirar. — Anne, você está bem?

— Mary? — A menina se virou para ela. — Acho que bati com a cabeça.

Mary puxou a garota para mais perto. Interiormente ela se encolheu. Pelo menos Anne estava viva, mas nadar com a garota de volta seria um desafio. E então, havia Cole. Ele manteve Anne escondida dando aulas por anos. Uma viagem ao parque e ela quase destruiu sua filha. — Está tudo bem. Vamos sair para a luz do sol e então descobriremos como chegaremos à borda.

— Não quero largar o barco. — Anne respondeu.

— Você não precisa. Nós apenas vamos mergulhar sob a borda enquanto continuamos segurando. Você pode fazer isso?

Anne concordou.

— Acho que sim.

— Uma garota tão corajosa. — Ela acariciou o rosto de Anne.

— Você não está zangada comigo?

Mary balançou a cabeça.

— Gostaria que você procedesse com mais cautela. Seu pai nos confiou como aventureiras. Temos que recompensá-lo e fazer isso de maneira segura.

Anne envolveu Mary com o braço livre.

— Eu amo você.

— Eu também te amo. — Ela beijou a cabeça da menina. — Agora, prenda a respiração e feche os olhos. Vamos afundar.

Sin chegou em casa e encontrou um lindo bilhete com uma escrita no centro de sua mesa. As palavras, no entanto, o fizeram enrijecer. Elas foram ao parque.

A excursão delas não deveria ser um grande negócio. E ainda assim, ele conseguiu manter Anne sob seu olhar vigilante e fazê-la partir...

Felizmente, Mary lhe havia dado a localização exata. Ele deu um suspiro de alívio. Como ela entendeu que ele precisava saber essas coisas? Ele cobriu o coração com a mão. Ela confessou seu amor ontem. Ele não foi capaz de dizer as palavras de volta, o que o fez baixar a cabeça de vergonha.

A noite toda, enquanto jantavam juntos, riam juntos e, em seguida, colocavam sua filha na cama, ficou tentado a dizer as palavras.

— Eu te amo, Mary. Você é minha salvação. — Mas seu medo o deteve.

Possivelmente, este piquenique seria a oportunidade perfeita para corrigir seu erro. Depois de pegar seu chapéu, foi para o parque atrás delas. Ele avistou o cobertor quase imediatamente. Primeiro, não havia outros esticados, mas também era o mesmo que tinham usado no dia anterior. Olhando em volta, ele não as viu em lugar nenhum. E então, seus olhos pousaram no barco virado. Ninguém estava por perto. Seu coração parou e sem pensar duas vezes, jogou o chapéu no chão, arrancando o casaco enquanto corria em direção à água.

Ele não parou enquanto mergulhava na água turva e chegando ao topo da superfície, ele ouviu um pequeno grito.

— Papai.

Isso o fez parar. Olhando para a frente, ele viu Anne e Mary segurando a borda do barco.

— Estamos bem, — disse Mary. — Nós apenas...

Sem uma palavra, ele começou a nadar para elas novamente. Ele poderia tê-las perdido, perdido a ambas. Como puderam fazer isso com ele? Mas então, ele parou. Quanto de sua vida ele viveria para evitar todas as coisas que podem dar errado? Isso não era justo para Anne ou Mary. Ele estava tentando protegê-la ao ponto de mal viver a vida.

Alcançando o barco, ele agarrou Anne em um abraço.

— Mary, — ele gorgolejou. — Ponha seu braço sobre mim também.

Ela colocou o braço livre sobre os ombros dele.

— Eu sinto muito, — ela engasgou-se. — Eu fui longe demais. Eu...

— É minha culpa. Não dei ouvidos a Mary. Não vou fazer isso de novo. — Anne recuou. — Papai, não mude de ideia. Por favor, case com Mary.

Ele balançou sua cabeça. Elas o conheciam muito bem.

— Claro que vou me casar com ela. — Ele se afastou. — Eu a amo, você sabe.

Ambos ofegaram.

— Você... você me ama? — Mary perguntou.

Ele se inclinou e beijou sua noiva.

— Mais do que posso dizer.

— Você não está com raiva de mim por isso? — Ela olhou para o barco.

— Estou um pouco. E com raiva de mim também. Não posso manter as pessoas que amo afastadas do perigo sempre. Eu vejo isso agora.

Mary apertou seus ombros.

— Faremos o melhor para evitar que você se preocupe.

— Digam-me. Vocês estão se sentindo bem aí? — Um homem chamou da costa. — Posso remar outro barco até vocês.

— Essa é uma ideia excelente, — Sin respondeu. Então, olhou para Mary. — Vamos ser honestos, meu método não estava funcionando muito bem. Estou pronto para tentar do seu jeito.

Ela o beijou então, sua boca suave contra a dele.

— Obrigada por isso. — Então, ela riu, sussurrando perto de seu ouvido. — Meu jeito envolve mais de uma criança em nosso futuro.

Ele beijou sua bochecha.

— Mary. Só levou um tempo para eu entender que não haveria como parar você. Estou à sua mercê.

 

 

Epílogo


Dois anos depois...


Mary estava deitada em sua cama, cansada, mas tão satisfeita, achava que nunca teria um momento mais perfeito em sua vida.

Em seus braços estava seu mais novo e lindo menino. Atrás dela, embalando-a contra o peito, estava seu marido. Ele acariciou o cabelo dela em sua têmpora enquanto ele beijava sua testa.

— Você fez isso parecer fácil.

Ela deu uma risadinha.

— Não foi.

— Mesmo assim. Você foi impressionante. Eu.... — Ele a beijou novamente. — Nunca imaginei que o nascimento seria tão bonito.

— Nunca imaginei que você ficaria para a coisa toda. — Ela virou-se para capturar um beijo de seus lábios.

Ele balançou a cabeça.

— Embora eu goste de fazer as coisas do seu jeito, ainda sou eu. Preciso estar aqui para me certificar de que nada dê errado.

— Esse é um ponto excelente. — Ela o beijou novamente. — Ele não é lindo?

— Edward pode ser a coisa mais linda que eu já vi na minha vida, além de você, é claro, — ele respondeu. — E de Anne.

Ela esfregou a bochecha em seu peito.

— Às vezes acho que preciso me beliscar porque, em meus sonhos mais loucos, nunca imaginei minha que vida seria assim.

— Assim como? — Ele perguntou, colocando o braço sob o dela para ajudá-la com Edward.

— Como um conto de fadas, — ela respondeu. — Meu feliz para sempre.

O bebê gorgolejou, satisfeito em seu seio enquanto Cole embalava os dois.

— Você é meu o feliz para sempre também, minha segunda chance quando nunca pensei que me recuperaria da primeira, — disse ele.

— Então, me diga. — Ela olhou para cima, sorrindo com os olhos. — Você decidiu sair da minha cama? Eu lhe dei o seu herdeiro.

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Você sabe muito bem que nunca vou sair da sua cama. Você não tem que apontar o quão idiota eu fui para pensar que era mesmo uma possibilidade.

Ela deu uma pequena risadinha.

— Desculpe, meu amor, é muito gratificante saber que você me ama, e que nosso final feliz não tem uma data de expiração.

— É justo. Mas você sabe que nunca questiono nenhum de seus instintos Chase. Você até conquistou Reeves.

Reeves passou os últimos dias fazendo companhia a Anne, já que Mary estava muito avançada em sua gravidez para fazê-lo.

— Ele só queria protegê-lo, — disse ela. — No final, ele sabe que te faço feliz.

Ele acariciou a cabeça do bebê, ainda balançando os dois.

— A mim e a Anne. Você nos faz felizes. Você nos recompôs quando pensei que não havia esperança. Mary Sinclair, você é meu tudo.

Seu coração quase explodiu em seu peito.

— Você é meu tudo também.

 

 

                                                   Tammy Andresen         

 

 

 

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