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Series & Trilogias Literarias
Ocultando um segredo terrível, sua única esperança de sobrevivência é permanecer oculto.
Grayson viveu a maior parte de sua vida fingindo ser alguém que não é.
Depois de anos servindo como comandante de seu senhor e amigo, ele já não pode fugir do passado. Ele sai em busca de respostas só para encontrar o mal que lhe espera. Até que descobre uma mulher dolorosamente bela que mexe profundamente com a paixão e o desejo que o consomem.
Adrianna sabe o que seu futuro reserva para ela como uma bruxa - solidão e angústia. Ela aceitou isso. Até que encontra Grayson morrendo no bosque. Salvá-lo é sua única opção, mas, depois de finalmente ceder à na atração que os rodeia, poderá sua magia ser suficiente para deter o destino ou o mal que os espera?
Atenção: Este é o segundo livro da Trilogia Sisters of Magic. Porém, cada livro da trilogia conta a história de um casal diferente, de modo que todos os livros têm começo e fim.
CAPÍTULO UM
Verão 1127
Western England, perto da costa
Adrianna alongou o pescoço e flexionou as mãos que tinham segurado
as rédeas durante muito tempo. Quando os ciganos com quem viajou durante os últimos três anos se detiveram para descansar, afastou-se alegremente do assento de seu vagão. O caminho pelo qual tinham viajado era estreito e rodeado de bosques. Adorava vagar com os ciganos, mas durante a última semana, não pôde evitar sentir que algo estava errado. Ou estava prestes a dar errado.
Nem mesmo sua magia era capaz de lhe dar uma pista.
Como uma bana-bhuidseach1, uma bruxa, tinha passado seu tempo tratando de decifrar o que estava fora de alinhamento. Cada bana-bhuidseach tinha um dom especial, e o seu era ver o futuro. Adrianna era muitas coisas, mas não era suficientemente valente para olhar seu próprio futuro. Não quando sua raça era amaldiçoada e pouco a pouco se desvanece em lenda.
Até onde sabia, havia somente outra bana-bhuidseach. Onde uma vez cobriam toda a Grã-Bretanha, logo não mais veriam a formosa terra.
As bana-bhuidseach existiam durante tanto tempo que ninguém se lembrava de suas verdadeiras origens, embora alguns textos diziam que
provinham de uma antiga terra de areia e sol. Adrianna colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e se meteu no bosque. Apoiou-se contra uma árvore e deixou que a beleza e a natureza da área inundassem sua visão. A
necessidade de estar sozinha a levou até as árvores, mas também ajudaria a acalmá-la e ao temor constante de que algo... ruim... estivesse a ponto de acontecer.
1 Bana-bhuidseach: Feiticeira em gaélico.
A outra bana-bhuidseach que conheceu, Serena, tinha sido seguida por um homem cheio de maldade. Desde que Adrianna notou um mal crescente
em toda a terra.
Suas mãos viajaram pela árvore de olmo, a casca arranhando suas
palmas. Ela suspirou e começou a voltar para sua carroça quando viu algo no matagal. Adrianna se inclinou e olhou através das samambaias para encontrar uma mão ensanguentada.
Com o coração martelando no peito, afastou o matagal do caminho e
encontrou um homem jogado no chão. Seu cabelo negro cobria seu rosto e estava emaranhado com folhas, sangue e barro. Pela aparência do fino
material de sua túnica, era um nobre que tinha sido emboscado,
provavelmente por um grupo de bandidos.
Ela suspirou ante a perda da vida e começou a levantar-se quando um
gemido a deteve.
— Pelos Santos — murmurou e afastou suavemente o cabelo de seu
rosto. Com o dedo sob o seu nariz, sentiu sua respiração lenta e superficial. Se ela fosse rápida, e suas feridas não fossem muito extensas, ela seria capaz de salvá-lo.
— Milosh! Yoska! — Chamou ela.
Com ternura, virou o homem de costas. O sangue se acumulou debaixo
dele e manchou sua túnica azul claro. Não via armas, nem joias.
— Drina! — Milosh gritou.
Adrianna elevou a cabeça quando ouviu que o dirigente cigano gritava
o nome que lhe tinha dado.
— Aqui!
Quando o romeno alto irrompeu através das árvores, seu irmão, Yoska,
estava logo atrás dele. Os homens tinham o mesmo cabelo negro, olhos
escuros e o porte alto e largo. Eles a acolheram em sua família quando os encontrou, sem nunca fazer uma pergunta sobre seu passado. Por isso estaria para sempre agradecida. Yoska disse algo em romeno que fez que Milosh
assentisse distraidamente.
— Por favor, me ajude a levá-lo de volta para minha carroça — disse
Adrianna — Está ferido, mas vivo.
— E logo morrerá... — disse Milosh.
— Por favor. Não posso deixá-lo.
Os dois irmãos se entreolharam antes de se agacharem e levarem o
homem para sua carroça. Gemeu quando o levantaram, com a cabeça
inclinada para um lado. Adrianna fez uma careta de dor e se apressou diante dos irmãos para prestar atendimento ao seu novo paciente.
Rapidamente tirou as coisas do caminho e limpou a cama. Então
começou a rasgar um de seus velhos vestidos para usá-lo como bandagem.
— Tire a túnica. — Ordenou aos irmãos enquanto mexia em suas ervas.
Todas as bana-bhuidseach eram capazes de curar, mas só alguns tinham o verdadeiro dom e poderiam curar sem a adição de ervas ou magia. Voltou-se quando Milosh baixou o homem, agora nu, à cama. Por um momento,
Adrianna não pôde mover-se. O homem era um gigante, provavelmente
maior que Milosh. Seu corpo coberto de músculos, mesmo inconsciente
emanava poder e perigo.
Perigo.
— Drina?
Ela se sacudiu e afastou o olhar do homem.
— Obrigada — murmurou ela.
— Vai precisar de ajuda — disse o líder enquanto olhava ao guerreiro.
— É um homem grande e, inclusive ferido, será forte.
Yoska se aproximou dela.
— Ficarei.
Milosh assentiu e saltou da carroça.
— Pedirei a um dos outros homens que te leve.
Adrianna levantou a mão como sinal de que tinha ouvido, mas sua
atenção estava em seu paciente.
— Yoska, pode levá-lo ao seu lado?
O grande romeno empurrou o guerreiro para o lado, expondo suas
costas e a ferida para Adrianna. Amaldiçoou entre os dentes e se apressou a secar o sangue seco. É uma flecha.
É profundo. Aparentemente, a flecha foi cortada.
Adrianna fez uma pausa.
— Ele não poderia ter feito isso, não onde a flecha o penetrou. Não, o mais provável é que um de seus atacantes a cortou enquanto lhe dava um golpe. Entretanto, isso agora é algo de pouco importância. Teremos que retirá-
la. A febre já se apoderou.
Yoska cerrou os lábios ante suas palavras.
— Segure-o. — Arrastou-se sobre a cama e agarrou os braços do homem
em um vão esforço para mantê-lo deitado. Com um giro de seu braço grosso, ele poderia mandá-la voando para fora da cama. Ela encontrou-se olhando um rosto que mesmo coberto de sujeira não conseguia esconder as maçãs do rosto salientes e bonitas, mandíbula e queixo quadrados, e a boca larga.
Ele murmurou algo enquanto Yoska pegava a borda da flecha.
— Faça isso rápido, — disse para o romeno. A última coisa que queria
fazer era tentar puxar a seta enquanto viajavam pelas estradas.
Yoska sacudiu a cabeça.
— Eu não gosto de onde está, Drina. Poderíamos fazer mais dano ao
retirá-la.
—Não temos escolha. Não posso curá-lo a menos que seja retirada. Por
favor, Yoska.
O grande homem assentiu com a cabeça para avisá-la antes de que se
agachasse e retirasse a flecha. O guerreiro ficou com o corpo tenso antes que gritasse de dor, suas mãos agarrando dolorosamente seus braços. Quando Adrianna olhou para baixo, viu olhos da cor da prata alada com cílios grossos e negros que a olharam por um momento antes de cair inconsciente.
Por um momento, não pôde mover-se, não pôde pensar em nada além
do homem na sua frente.
— Não acredito que fossem meros ladrões atrás dele, Drina.
Voltou-se para Yoska e a flecha que sustentava para vê-la. A ponta da
flecha era diferente de tudo que tinha visto antes. A ponta era fina, as bordas irregulares, o que fazia que se aprofundasse e rasgasse a carne, os ossos e os órgãos quando retirada. Estava surpresa que conseguiram tirá-la do
guerreiro, mas explicou sua imensa dor quando o fizeram.
— Segure-o — disse à Yoska enquanto se afastava da cama para examinar a ponta de flecha.
O metal era diferente, mais fino, quase como se fosse mágico. Isso
emanava o mal, fazendo com que sua pele se arrepiasse. Ela tocou a ponta da flecha, e o sangue instantaneamente escorreu em seu dedo.
— Cuidado, Drina. — A voz de Yoska era baixa e cheia de medo.
Afastou a flecha e lambeu os lábios. Queria tirar a flecha de sua carroça, mas decidiu não fazê-lo enquanto se moviam. Faria isso quando parassem.
Durante as horas seguintes, ela limpou e enfaixou a ferida do guerreiro, tratando de ignorar o corpo duro e a pele quente debaixo de seus dedos.
Cada vez que olhava seu rosto, esperava que seu estranho olhar prateado estivesse sobre ela e, quando não estava, encontrou-se decepcionada. Quando terminou, suspirou e indicou à Yoska que deitasse brandamente o homem.
Adrianna tirou outra tira de bandagem da terrina e limpou a sujeira e o sangue do rosto do homem.
— Tenho um mau pressentimento, — murmurou Yoska. — Este homem
deveria morrer. Isso está claro. Quem o persegue retornará para terminar o trabalho.
Olhou para seu amigo por cima do ombro.
— Também tenho um mau pressentimento, mas me nego a deixar um
homem morrer quando posso salvá-lo.
— Isso tem a ver com o grupo que conhecemos o ano passado? Que
tinha uma mulher como você, a bruxa?
— Serena. Sim, acredito que sim. A flecha cheira à mesma maldade que
seguiu a Serena e Drogan.
— Este homem é do grupo de lady Serena?
— Não.
— Tem certeza?
Sim. Não havia maneira de que pudesse não ter visto um homem tão
imponente, poderoso... e bonito.
— Tenho certeza.
—Informarei ao Milosh. Quer saber como vai o homem.
Antes que ela pudesse responder, o romeno saiu da carroça. Agora que estava sozinha, podia olhar seu paciente. Passou muito tempo desde que um homem lhe chamou a atenção. Embora não estava segura se era porque estava ferido ou porque sentia algo mais nele, algo poderoso ainda para ser
desencadeado, descobriu que não podia manter as mãos longe dele.
Ela passou sua mão por seu peito musculoso e sobre os vales de seu
abdômen esculpido. Passou muito tempo desde que deu seu corpo a alguém, e nunca pensou em encontrar outro que a tentasse assim, não quando a
maldição já a afetava.
O homem se moveu, murmurando em seu sono e movendo a cabeça. A
febre se apoderou dele.
— Shh, — sussurrou perto de sua orelha enquanto acariciava seu rosto.
— Fique calmo. Está seguro.
Suas palavras o tranquilizaram, e se acomodou novamente em um sono
profundo. Tão imponente quando estava dormindo, não podia imaginar ao
guerreiro acordado. E não podia esperar para averiguá-lo.
Seu interesse repentino e insaciável por seu paciente, era quase
suficiente para que ela lançasse a cautela ao vento e cedesse aos desejos que despertavam em seu corpo simplesmente olhando-o. Mas com o desejo veio a lembrança do que a mantinha afastada da felicidade.
A maldição.
Enquanto sonhava, os pensamentos de Adrianna voltaram-se para a
maldição e para o povo.
Toda bana-bhuidseach estava destinada a sentir a maldição. Uma vez que apenas as mulheres tinham os dons de seu povo, eram mulheres que estavam destinadas a se apaixonar por um homem que as deixaria assim que uma
criança nascesse. Muitas bana-bhuidseach deixam a ira e o ressentimento transformarem seus dons em ódio, amargando tudo ao redor delas até a
morte finalmente as levar, sua magia perdida no vento.
Todas as mulheres foram advertidas para aceitar seu destino se cederem aos desejos dos homens, pois, uma vez que cederam, não haveria como voltar a trás.
Adrianna não queria viver sua vida sozinha, nunca ter um filho ou conhecer algum tipo de alegria. Ela pensou que valeria a pena a dor, a estar sozinha pelo resto de seus dias.
Até perder seu amante e seu filho.
CAPÍTULO DOIS
A primeira coisa que Grayson notou quando abriu os olhos foi o
barulho suave dos carrilhões sob ele. Lambeu os lábios, pedindo água para sua garganta seca. Quase imediatamente, havia uma taça em sua boca e uma pequena mão levantando sua cabeça. Grayson bebeu um grande gole e
suspirou enquanto o líquido fresco aliviava sua garganta irritada.
Quando pôde, voltou o olhar para encontrar uma mulher com o cabelo
dourado mais assombroso que já viu, que caía sobre o ombro e seus seios. Seu rosto em forma de coração tinha um sorriso suave enquanto seus olhos azuis pálidos lhe devolviam o olhar.
Tinha visto esses olhos antes, mas tinha pensado que era um sonho. Ele pensou que era um anjo para lhe acalmar na sua morte. E estava mais que feliz em descobrir que ela não era um anjo, a não ser uma mulher com lábios cheios que poderiam tentar a qualquer santo.
— Meu nome é Adrianna, — disse, sua voz suave, musical. —Encontrei-
o ferido no bosque.
Grayson fechou os olhos enquanto as lembranças chegavam. O sangue,
a dor... e os cavaleiros que queriam matá-lo. Acalmou sua ira e respirou fundo antes de abrir os olhos para olhar para Adrianna.
— Obrigado — disse, sua voz soava mais como uma rã do que como um
homem. — Sou Grayson de Wolfglynn.
Era sua imaginação ou seus olhos se alargaram ante a menção de
Wolfglynn? Seguiria reclamando Wolfglynn como seu lar até que pudesse
ignorar seus segredos e viver no presente. Esteve escondido durante muito tempo para arruinar as coisas agora.
— O que aconteceu com você? — Perguntou ela.
Grayson levantou seu braço direito e respirou profundamente ante a dor agonizante que o atravessou. Levou vários minutos antes que pudesse respirar novamente, e formar pensamentos coerentes. Santos, o que lhe
aconteceu? Recordou a flecha em seu ombro, como lhe impediu de levantar sua espada e defender-se. Uma lesão, tinha certeza, sofreu muitos ferimentos, e ninguém se sentia mais maldito que ele.
— Vai abrir a ferida! — Disse Adrianna com voz tensa enquanto tocava
seu ombro para detê-lo. — Demorou muito tempo para estancar o
sangramento. Perdeu muito sangue, estava débil e febril. Precisa ficar quieto.
Ninguém merecia ficar confinado, Grayson teve dificuldade para não se
levantar e encontrar aos homens responsáveis por sua ferida.
— Onde estou?
— No caminho para o oeste, para a costa. Viajo com um bando de
ciganos.
Ele riu por dentro. Enquanto ele estava deitado sangrando até a morte, tudo o que podia pensar era em Hawksbridge. E agora estavam a caminho do castelo que poderia lhe dar todas suas respostas.
Com ciganos, de todas as pessoas.
A taça voltou para seus lábios. Desta vez lhe deixou beber até que estava vazio. Tragou até a última gota de água e a observou enquanto deixava a taça de lado.
— O que me lembro por último é de estar cercado por um grupo de
cavaleiros. — Não estava seguro por que lhe disse a verdade. Não falou tão claramente desde... bom, nunca. Entretanto, lhe salvou a vida, merecia um pouco da verdade.
— Cavaleiros? — Perguntou, com a cabeça inclinada para um lado.
Ele bufou.
— Sim, cavaleiros. Havia nove, mas consegui fugir antes que me
ferissem.
— Escapou, — disse. — E se escondeu tão bem que eu quase não o vi.
— Me alegro de que tenha me encontrado. Não sei quanto tempo estive
deitado naquele bosque.
— Então os cavaleiros queriam te matar?
— Sim, embora não sei o porquê. Seus elmos estavam abaixados e não podia ver seus rostos, mas nunca lutei com nenhum deles antes. Estou seguro disso.
— Sabiam quem era?
Fez uma pausa ante sua pergunta e recordou que um deles tinha
gritado seu nome.
— Sim. — Ela lambeu os lábios, atraindo seu olhar para eles.
— O que fará agora? — Estava a caminho de Hawksbridge. Desta vez
iria chegar ao castelo.
Não perdeu a maneira como suas mãos tremiam quando as descansou
em seu colo. Havia algo nela, algo na forma em que se portava e como seus olhos pareciam ver muito além do aqui e agora, o que lhe fez pensar em Serena. A bruxa de Wolfglynn.
Se lhe tivessem perguntado há um mês se existiam bruxas, ele se teria
rido, mas agora sabia que não era assim. Existiam bruxas, ao menos certo tipo de bruxa. Conhecera Serena enquanto ainda era comandante do castelo de Drogan de Wolfglynn.
Essa foi a primeira vez que Grayson se encontrou com o mal tão intenso que inclusive o ar parecia escurecer ao seu redor. O mal tinha ido atrás de Drogan, com a intenção de matar. Entretanto, Serena havia se interposto entre o homem e Drogan. Salvou a Drogan, mas quase perdeu a vida no processo.
Graças a outra bruxa que vivia na ilha em frente a Wolfglynn, Serena foi salva. Inclusive agora, conhecer duas bana-bhuidseach tão poderosas vivendo em Wolfglynn fazia a Grayson um pouco incômodo. Não eram só as bruxas.
Era o mal. Alguns pensaram que o homem tinha morrido, mas Drogan,
Grayson e outros sabiam o que realmente aconteceu.
— Parece perdido em seus pensamentos.
Grayson voltou seu olhar para a Adrianna.
— Minhas desculpas. Aconteceu muita coisa no último mês.
— Me diga. Às vezes falar disso ajuda a resolver os problemas.
Ele duvidou. Se abrir para alguém não era algo que Grayson fazia.
Nunca. O fato de que ele o estivesse considerando em vez de mentir era suficiente para lhe fazer pensar.
— Grayson, — disse, e se inclinou para ele — quem te perseguiu ainda não terminou. Eles vão retornar. Prefiro estar preparada.
Olhou-a com os olhos entrecerrados. Nenhuma mera mulher saberia de
tais coisas.
— O que sabe?
— Nada específico, — disse e baixou o olhar enquanto se sentava. — É
só uma... sensação que tenho.
Embora desejasse levantar-se da cama e encontrar suas armas, seu
corpo ainda gritava por sono. A ferida e a febre lhe tinham debilitado consideravelmente. Não estaria em condições de lutar contra seus inimigos durante semanas. E então já poderia ser muito tarde.
— Descansa, — murmurou Adrianna perto de sua orelha.
Não lutou contra o sono. Sua pequena mão descansou em sua testa um
momento antes que seus dedos descessem por sua bochecha, seu toque leve e muito agradável, talvez agradável demais.
Grayson não terminou de analisar sua situação ou os homens que o
emboscaram, mas seu cérebro estava impreciso e precisava descansar. Se os cavaleiros que o atacaram descobrissem que não estava morto, retornariam.
E acabava de pôr todo o acampamento de ciganos em perigo.
CAPÍTULO TRÊS
Adrianna esperou até que a respiração de Grayson estabilizasse antes
de deixar cair sua mão e obrigou-se a se afastar. Quanto mais o tocava, mais queria tocar, sentir todo ele. Foi desconcertante, para não dizer outra coisa.
Não precisava ser uma bana-bhuidseach para olhar os olhos cinzas de Grayson e saber que tinha segredos enterrados em seu coração. Foram esses segredos que quase o mataram. Não precisava olhar o futuro para saber.
Durante a hora seguinte, deixou que sua mente vagasse nas lembranças
de Serena e Drogan e o mal que os seguia. Quando ainda não havia respostas, passou as mãos no rosto suspirando alto, voltou-se e agarrou a ponta da flecha para cheirá-la. Uma onda de pura maldade a envolveu. Não havia
engano. Era o mesmo perfume que cheirou quando havia dito a Serena e a Drogan que os seguiam. Por que estaria o mesmo mal atrás de Grayson? A menos que estivesse conectado de algum jeito com Serena e Drogan. Olhou para o guerreiro adormecido e se perguntou quais eram os seus segredos.
Esperou que Grayson estivesse disposto a compartilhar os eventos de
sua viagem a Hawksbridge, mas deveria ter imaginado que não faria. Foram os segredos que os conduziram por este caminho, segredos que moldaram
sua maneira de viver, e ele viveria por esses segredos até o dia de sua morte.
Um homem como Grayson não compartilhava seu passado facilmente.
Mas sem o conhecimento de seu passado, ela não poderia ajudá-lo. Uma pena que não tivesse o dom de ver o passado. Podia salvar a si mesma, Grayson, e evitar um montão de problemas. Esfregou as mãos no rosto antes de levantar o grosso tecido que cobria a carroça para ver o sol desaparecer no horizonte.
Não se deu conta do quanto tinha agido a cura em Grayson, e ele não tinha nem ideia do quão perto esteve da morte.
O cansaço se apoderou dela. O pouco de cura que podia fazer esgotou sua força. Só queria dormir, mas não se atreveria, não até que estivesse segura de que Grayson não sucumbiria à febre novamente.
De repente, ouviu os ciganos gritando que se detinham para a noite.
Um momento depois, sua carroça parou. Olhou para Grayson antes de
caminhar para a parte traseira. Quando estava a ponto de descer, Milosh apareceu.
— Drina? Como está seu guerreiro? — Perguntou-lhe, olhando
fixamente para Grayson, dormindo em sua cama.
Ele nunca será meu. Nenhum homem deve ser meu.
— Amenizei sua febre, mas ainda está fraco.
— Sobreviverá?
— Acredito que sim.
O escuro olhar do romeno pousou nela.
—O que sabe dele?
— Chama-se Grayson de Wolfglynn e se dirigia para Hawksbridge
antes de ser atacado por um grupo de cavaleiros.
Milosh suspirou e passou uma mão por seu comprido cabelo escuro.
— É seguro tê-lo aqui?
Adrianna tomou sua mão e desceu da carroça. Ela enfrentou ao Milosh
com o coração pesado.
—Não. O mesmo mal que senti faz um ano, sinto de novo.
— Pensei que disse que o mal estava atrás da outra bana-bhuidseach, —
disse Yoska enquanto saía das sombras.
— Sim, — respondeu brandamente. Olhou sua carroça antes de olhar
aos irmãos. — De alguma forma Grayson está conectado com Serena.
— Isso trará o mal até aqui. — A voz de Milosh era suave, muito suave.
Adrianna sacudiu a cabeça.
— Há uma possibilidade de que não venha.
— Sim — disse uma voz atrás dela.
Virou e encontrou Grayson de pé na entrada de sua carroça, seu rosto estava pálido como a morte enquanto sustentava seu braço direito sobre seu peito em um esforço por minimizar o movimento de seu ombro ferido.
— Não deveria estar fora da cama, — disse ela e correu para ele.
— Seu povo precisa saber, — argumentou. — Deveria ter me deixado lá.
Ela fez uma pausa e o olhou furiosa.
—Não estava mais pronto para morrer do que eu em te deixar ali. —
Deu de ombros e logo fez uma careta.
— Esse não é o ponto. Nego-me a permitir que alguém esteja em perigo
por minha culpa.
— Não importa mais — disse Milosh. — Se vai agora ou não, quem te
segue nos encontrará.
Adrianna olhou de Grayson para Milosh, observando como os homens
mediam um ao outro.
— Grayson, por favor, — suplicou — volte para a cama antes que
retorne a febre. Não está forte o suficiente.
— Por enquanto, — sussurrou e se voltou relutantemente.
Adrianna olhou para Milosh e Yoska antes de seguir Grayson para
dentro. Tropeçou antes de chegar à cama, e ela correu ajudá-lo, colocando um braço ao redor dele para lhe dar apoio.
— Calma — disse ela. — Te peguei. — Ele riu entre dentes.
— Sou quase o dobro de seu tamanho.
— Sou mais forte do que pareço.
— Aparentemente.
Soltou um grunhido quando chegaram à cama. Embora tenha tentado
retirar seu braço, o mesmo acabou enroscando-se com o dele, e terminou caindo com ele na cama, a queda amortecida por seu peito musculoso. Suas mãos se esticaram contra seu peito, seu calor a envolveu, chamando-a.
Tentando-a.
Enquanto olhava para seus olhos chapeados, tudo o que podia pensar
era o despertar de seu corpo, o desejo que não sentia em anos. Ela lembrou da
necessidade, da urgência. Recordava o desejo entristecedor. Fazia muitos anos desde que um homem fez seu sangue ferver e seu coração disparar.
Seu olhar se encontrou com o dele. Por um momento se permitiu
desfrutar da sensação de um homem como Grayson debaixo dela. Perguntou-se como era a sensação de seu peso em cima dela. Queria mover suas mãos por seu peito e explorar mais dele e seu corpo maravilhoso, abrir suas pernas e ter seu pênis deslizando dentro dela.
— Eu conheço esse olhar Adrianna, e se pudesse lhe tomaria agora
mesmo. — Ela se sacudiu, seu desejo esfriou com suas palavras.
— Arrogante o suficiente para pensar que te quero, não é?
Ele abriu um sorriso lento e diabolicamente perverso que fez seu
estômago revirar.
— Não é arrogância, a não ser consciência. Se houvesse tempo, iria te
seduzir adequadamente.
— Não preciso ser seduzida. Desfruto de minha vida como é. Agora,
por favor, deve descansar.
Suspirou e viu o suor que lhe salpicava a frente. Ela rapidamente rodou sobre ele.
— Me deixe ver sua ferida.
— Está tudo bem, — grunhiu.
— Chamo Milosh para que te ajude a virar de lado? — Perguntou como
uma ameaça. Sabia o tipo de homem que Grayson era, e não gostaria que
ninguém soubesse quão débil estava.
Amaldiçoou entre dentes, mas fez o que lhe pedia. Quando ela
inspecionou a ferida e viu que não havia tornado a abrir, soltou um suspiro.
— Disse que estava tudo bem, — disse enquanto se movia para suas
costas.
Adrianna negou com a cabeça, mas não pôde deter o sorriso de seus
lábios.
— Tem fome?
— Esfomeado.
— Trarei algo para comer. Descansa enquanto pode.
Grayson deixou escapar um profundo suspiro e jogou o braço que não estava machucado sobre os olhos. Não se deu conta de quanto esforço
necessitaria para levantar-se da cama e caminhar até a entrada. Precisou de muito esforço para não cair de cara em frente dos dois homens que estavam falando com Adrianna.
Pelo que ele ouviu, um dos homens, Milosh, supunha, era o líder dos
ciganos. O outro se parecia tanto com Milosh que deveriam estar
relacionados. Mas o que converteu o sangue de Grayson em gelo foi Adrianna mencionando Drogan e Serena. Como os conhecia? E o que sabia exatamente?
Quis lhe perguntar, mas quando ela pousou em cima dele, tudo o que
pode fazer era perder-se em seu olhar azul pálido e afundar-se em suas curvas. Apesar de sua debilidade e ferida, seu desejo rugiu à vida, suplicando por alívio. Se Grayson pudesse ceder a esse desejo e provar a tentação que Adrianna era.
O aroma de comida o fez levantar o braço. Adrianna sorriu enquanto
subia. Seu estômago retumbou com o aroma, sua boca enchendo de água.
Enquanto Adrianna se acomodava, Grayson se sentou e se apoiou na
carroça.
— Seja cuidadoso. Está quente. — Disse enquanto lhe entregava a tigela.
Tão faminto como Grayson estava, não importava. Embora desejasse um
javali ou um faisão assado, não estava disposto a rechaçar o guisado que tinha na sua frente. Qualquer alimento neste momento ajudaria a fortalecê-lo. E
precisava estar preparado quando chegasse o momento. Porque o mal
voltaria.
— Me diga — disse entre mordidas. — Como conhece Drogan e Serena?
Ela ponderou por tanto tempo que se perguntou se ela ia responder.
Finalmente, ela colocou um fio dourado atrás da orelha e disse:
— Como conhece Serena?
— Sei o que é, se for isso o que está perguntando. — Fechou os olhos e saboreou o delicioso sabor do guisado. Era uma das melhores comidas que já comeu, embora fosse mais provável que era porque estava faminto.
— Sabe que é uma bana-bhuidseach?
Grayson encontrou seu olhar e assentiu.
— Ela tampouco é a única em Wolfglynn.
— O quê? — Perguntou e quase caiu de sua cadeira. Seus olhos se
alargaram com entusiasmo e incredulidade. Ele assentiu e continuou
comendo. — Seu nome é Francesca. Vive na ilha em frente ao castelo de
Drogan. — Adrianna se afundou na cadeira e fechou os olhos.
— Outra — murmurou. Seus olhos se abriram. — Está seguro de que é
como Serena?
— Sim. — Ele continuou comendo e esperou que lhe confessasse que
ela também era uma bruxa. Não estava seguro de como sabia, mas sabia.
Mordeu o lábio, sua mente ocupada por uns momentos antes que
voltasse para si mesmo.
— Quanto à como conheço Drogan e Serena, encontrei-me com eles em
sua viagem de Hawthorne ao Wolfglynn.
Olhou para ela e aguardou enquanto comia. Após um momento, soltou
um suspiro.
— Não deveria lhe dizer isso.
— O quê? Que também é uma bruxa? Sabia quase desde o primeiro
momento em que te vi. Tem alguma coisa diferente em você.
— Diferente?
— Sim. Não posso ver a magia, mas está aí. Posso senti-la. — Seu olhar baixou lentamente.
— Quanto sabe sobre meu povo?
— Não muito. Vi o que Serena e Francesca podiam fazer e sabia que
deveria manter em segredo.
— Obrigada. — Ela se levantou e lhe deu as costas. — Por Deus, se
pudesse conhecer Francesca. Não pude passar muito tempo com Serena.
Suponho que ela e Drogan chegaram à Wolfglynn.
— Sim, mas o mal que os perseguia quase conseguiu matar Drogan. —
Adrianna girou ao redor, seu cenho franzido com preocupação.
— Serena se sacrificou, não é?
— Sim, mas o conhecimento curativo de Francesca e a negativa de Drogan em deixá-la ir salvaram sua vida. Ainda não estou seguro de como o fizeram, embora o vi com meus próprios olhos.
— A magia é assim, — disse Adrianna — nunca se sabe quão poderosa
pode ser até que seja necessário.
Terminou seu guisado e deixou de lado o recipiente sentindo-se melhor.
Não estava preparado para uma batalha, mas estava preparado para algumas respostas.
— Serena vê a morte das pessoas. Ela disse que era o seu dom. Qual é o seu? — Os lábios da Adrianna se suavizaram em um sorriso.
— Vejo o futuro. — Elevou as sobrancelhas e assobiou.
— Um ótimo dom.
— Realmente não. As pessoas sempre querem saber o que lhe
proporciona o futuro, mas uma vez que o diga, e não é o que querem ouvir, arruína suas vidas.
— Posso entender isso. Olhou seu próprio futuro?
Ela sacudiu a cabeça. Nunca faria. Só raramente olho para o futuro, a
menos que vidas estejam em jogo. Algumas coisas não devem ser conhecidas.
— Estou de acordo. Quantos mais tem iguais a ti?
Suspirou brandamente e voltou a sentar-se na cadeira.
— Pelo que sei, só nós três. — Grayson a estudou para ver se mentia ou não.
— O que quer dizer?
— Estamos amaldiçoadas, Grayson. Serena, Francesca e eu somos as
últimas de nosso povo.
CAPÍTULO QUATRO
Só dizer as palavras fez um arrepio subir pelas costas de Adrianna.
— Maldição? — Repetiu Grayson.
— Sim. Por um dos nossos. Em uma época, éramos muitos na Grã-
Bretanha. As pessoas nos procuravam e ajudávamos com entusiasmo. Até a maldição.
A cor tinha voltado para rosto do Grayson, e se sentou para diante.
— Qual é exatamente a maldição?
— Começou com a Helen. Contam que era a mulher mais formosa que
já existiu, como a maioria das coisas que possuem tal beleza, Helen sabia disso e se tornou vaidosa. Todo homem ou moço que a olhava se apaixonava por ela. O mais provável é que caísse em luxúria com ela. São duas emoções diferentes, — deu de ombros. — Entretanto, sentiam algo ao vê-la. Havia um homem que declarou ganhar o amor de Helen para si mesmo. Ele teve êxito e ganhou seu favor.
— Suponho que teria sido melhor para todos se não o tivesse feito?
— Sim. Todos estavam felizes. Um matrimônio se estabeleceu até que
um homem do rei chegou à aldeia. Tinha uma grande riqueza e um título. —
Grayson soprou.
— Me deixe adivinhar. Helen decidiu que queria a riqueza e o título ao invés de seu amor?
— Sim. O homem que abandonou estava tão devastado que se jogou no
rio e se afogou. Uma grande angustia percorreu nosso povo, mas para piorar as coisas, a mãe do homem era uma das anciãs.
— Foi ela quem lançou a maldição?
— Sim. Ele era seu único filho, e ela estava tão ferida e com tanta dor que amaldiçoou todo nosso povo ao invés de amaldiçoar somente a Helen. —
Grayson sacudiu a cabeça e suspirou.
— Por que faria isso?
— Não acredito que ela queria fazê-lo. Acredito que foi sua ira pela
perda de seu filho. — Disse que lamentava sua maldição quase
imediatamente, mas nada do que fez pôde desfazê-la.
— E a maldição? O que é exatamente?
Adrianna se moveu em sua cadeira e olhou suas mãos entrelaçadas em
seu colo.
— A maldição é que o homem de qualquer bana-bhuidseach se vá2 depois de que tenhamos a seu filho.
— Santa mãe de Deus, — Grayson amaldiçoou. Ela sorriu tristemente.
— Então pode compreender por que tantos de nós preferimos viver sozinhos do que ver a pessoa que amamos nos abandonar.
— Mas ainda teria um filho.
— Certo, e alguns sacrificam sua felicidade para assegurar-se de que a linhagem continue, como minha mãe. Entretanto, nem todas as mulheres
aceitam que seu marido se vá. Algumas se tornam amargas e odiosas. Sua magia some, fazendo crescer sua ira. Seus filhos veem isto, o que torna difícil para essas garotas abrirem seus corações a qualquer homem.
— Isso é o que aconteceu com você?
Durante um longo momento Adrianna olhou o guerreiro que estava
sentada frente a ela. Tinha compartilhado seu conto com Serena, mas nem sequer os ciganos sabiam disso. Entretanto, havia algo em Grayson que lhe dizia que podia confiar nele.
— Na realidade, não. Abri meu coração, aceitando voluntariamente
meu destino quando carreguei meu menino. Como previsto, meu homem se
foi. — Adrianna não pôde sustentar seu olhar mais. — Não estava preparada quando meu filho morreu um mês depois.
2 Aqui a autora faz referência a morte do parceiro de uma bana-bhuidseach, no espanhol ela diz que se vaya, em tradução é que se vá.
Uma mão grande e bronzeada cobriu a sua. Ela elevou os olhos e encontrou Grayson na borda da cama, com seu olhar cinzento observando-a.
— Sinto muito.
Ela inalou profundamente e encolheu os ombros.
— Assim é a vida.
— É uma dor que nenhuma mulher deveria sentir.
Ela estava de acordo com ele. A perda de seu amante, que aceitou em
seu coração e em seu corpo, lhe tinha doído, mas não era nada comparado a ter que enterrar seu filho.
— Os homens também possuem magia?
Adrianna estava agradecida pela mudança de tema. Não gostava de
pensar em seu filho porque só a deixava em uma profunda depressão da que teve dificuldades para sair.
— Não, — respondeu ela. — Apenas mulheres possuem magia. A
maioria dos bana-bhuidseach são mulheres. É uma maneira de continuar nossa magia. — Golpeou um dedo na borda da cama.
— Não se admira que estivesse tão ansiosa para conhecer Francesca.
— Saber que há outra de nós, traz alegria. Quando me encontrei com
Serena, quase não podia acreditar que era uma de nós.
Grayson se deitou, uma mão atrás da cabeça.
— Compreendo a maldição, mas também conheço Drogan, ele a ama.
Não há nada que possa levá-lo para longe de Serena. Jamais a deixaria.
— Às vezes, os homens partem por sua própria conta. Outras vezes, a
morte os leva.
— Drogan é um poderoso cavaleiro. Precisaria muito para que a morte
o derrubasse.
— O mal quase o fez. — Grayson não podia discutir contra isso.
— Sim.
— Você viu o mal? — Em poucas palavras admitiu.
— Estava armado e Drogan o conhecia. Considerei-o um homem, mas
nenhum homem sobreviveria ao que Serena lhe fez.
— O que aconteceu? — Perguntou Adrianna.
— O mal e Drogan estavam lutando, mas o mal tinha a força de vinte
homens. Mesmo Drogan sendo muito hábil, não poderia lutar contra isso.
— E?
Grayson esfregou os olhos com o polegar e o indicador. Desejou a Deus
que não tivesse visto a batalha. Desejou não saber.
— Serena saiu correndo para salvar Drogan, mas o mal não desistiu e
afundou sua espada no peito de Drogan.
— Não! — Sussurrou Adrianna, com uma expressão de puro horror em
seu rosto.
Grayson sorriu.
— Serena deu a Drogan um amuleto que estava protegido por magia.
Salvou-lhe a vida, mas no processo Serena acabou ferida. Perdeu muito
sangue antes que Drogan a levasse ao castelo para que Francesca pudesse curá-la.
— E o bebê?
Olhou fixamente Adrianna. Como sabia do bebê?
— Serena ainda carrega o menino.
Adrianna suspirou.
— Graças aos Santos.
Grayson inclinou a cabeça e olhou o teto da carroça. Ervas de todos os tipos estavam penduradas, secando. Odiava falar do mal, mas o pior era não saber por que o perseguia.
A menos que tivesse algo a ver com sua mãe.
— Grayson?
— Sim?
— Sabe por que te persegue o mal?
— Não. Sabia que os homens que me atacaram não eram muito...
normais.
Ela lambeu seus lábios, atraindo seu olhar outra vez para sua boca
rosada e cheia, que ele não podia deixar de pensar.
— Você teve contato com o mal? — Sacudiu a cabeça.
— Nenhuma só vez. Só Drogan e Serena tiveram algum contato com ele.
Está segura de que é o mesmo mal?
— Não tenho nenhuma dúvida — disse ela e passou as mãos pela saia.
— O mesmo aroma que senti na noite em que conheci Serena, senti na flecha que tiramos de suas costas. Sinto muito, Grayson, mas é ele.
Maravilhoso. Era um bom lutador e podia defender-se de qualquer
pessoa, mas tinha visto Drogan lutar. O que atacou Drogan não era humano, disso ele estava seguro.
A mão da Adrianna tocou seu braço enviando uma faísca como um raio
através dele. Encontrou com seu olhar azul pálido e sentiu que suas bolas se apertavam de desejo.
— Vejo os segredos em seus olhos, — sussurrou. — Não posso discernir
o que são, mas são numerosos. Poderia algum deles estar vinculado ao mal?
Sem dúvida. Grayson era jovem quando foi arrancado dos braços de sua
mãe, mas ainda podia ouvi-la suplicando ao homem que a deixasse partir.
— Vivi a maior parte de minha vida como um segredo, — admitiu. —
As palavras de minha mãe na despedida tinham sido para ocultar-me e
permanecer escondido. É o que fiz., o que faço. É tudo o que sei.
— Entretanto, está a caminho para Hawksbridge. O que busca ali?
Poderia lhe dizer?
— Respostas, — disse finalmente.
— Por que ali?
Ele cobriu sua mão com a dele, amando a sensação suave de sua pele.
— É o último lugar do qual me lembro.
— Devo te advertir que se fizer isso, o mais provável é que encontre sua morte.
Isso o fez sentar apesar da debilidade. Passou as pernas pelo lado da
cama, ignorando a dor em seu ombro enquanto suas pernas caíam em ambos os lados de Adrianna.
— Olhaste meu futuro? — Perguntou.
Agitou apressadamente a cabeça e foi para trás.
— Não. É só um sentimento. — Ele a agarrou pelos braços.
— Então, olhe meu futuro.
— Realmente não quer que eu faça.
— Quero. Preciso saber quem levou minha mãe. — Ela se acalmou.
— Alguém levou a sua mãe?
Soltou-a e passou uma mão pelo cabelo. Santos, estava cansado e
dolorido.
— Eu era só um menino. Não recordo muito.
— O que recorda?
Suas mãos descansavam sobre suas coxas e fez com que seu pênis
endurecesse instantaneamente, dolorosamente. Amaldiçoou seu corpo e
sufocou o crescente desejo que se alastrava em seu sangue.
— Lembro que minha mãe estava assustada, rogava-me que me fosse
para algum lugar seguro, mas não a entendia. Não queria deixá-la. Então os homens nos rodearam. Envolveu seus braços ao redor de mim para me
proteger, mas fui quase imediatamente arrancado de seus braços. Ela estava tão preocupada comigo, mas não fui eu a quem levaram, a não ser ela. Ainda posso ouvir seus gritos.
O coração da Adrianna doía por Grayson. Não podia imaginar ninguém
sofrendo assim, ainda mais um menino que não podia entender. Ela pegou seu rosto, desejando poder aliviar um pouco de sua dor.
— Esteve sozinho desde então?
— Sim. Corri o mais rápido que pude.
— Era somente um menino. Não é como se pudesse lutar contra os
homens.
Seu olhar cinzento ardia de ira e ressentimento, com um desejo de
vingança que a fazia sentir em seu interior.
— Agora posso.
Ela deixou cair sua mão e se endireitou.
— É isso o que quer? Cavalgar até Hawksbridge e lutar com todos os
cavaleiros?
— Se for necessário, até que tenha as respostas que necessito.
— Não vais obter respostas. Vai para sua própria morte. Como vai ajudar a sua mãe? — Ele levantou seu queixo, seu rosto sombrio.
— Tem uma ideia melhor?
Adrianna estudou o guerreiro diante dela. Não tinha nenhuma dúvida
de que ia cavalgar sozinho para Hawksbridge, e o pensamento de um homem morrendo deixou uma sensação de mal-estar em seu estômago.
— Ajudarei você — logo que as palavras saíram de sua boca,
perguntou-se por sua prudência. Seu cenho franziu profundamente.
— Por quê?
— Por quê? — Murmurou mais para si mesma do que para Grayson,
esfregou as mãos. — Não tem nem a menor curiosidade de saber por que o mal que atacou a Drogan agora te persegue?
— É obvio. Para que não se esqueça, vi essa criatura na batalha. Um
exército não pôde resistir ao seu ataque.
— Tem que haver alguma conexão entre você, sua mãe, Hawksbridge e
o mal. Simplesmente não posso entender o que é. Ainda. Mas posso garantir que se descobrir a conexão entre você e este mal, encontrará a sua mãe.
Ficou em silêncio um momento antes de correr uma mão por seu rosto.
— Pode ser que tenha razão. Só quis respostas durante tanto tempo.
Não quero esperar mais.
Ajoelhou-se entre suas pernas. Suas mãos descansavam sobre suas
coxas grossas, o calor dele a queimando.
— Deixe-me ajudá-lo.
CAPÍTULO CINCO
Grayson suspirou.
— A batalha não é lugar para uma mulher.
— Eu não vou para a batalha. — Replicou Adrianna, reprimindo sua ira.
— Não entendo por que quer me ajudar, eu nem te conheço?
Adrianna deixou cair suas mãos e se sentou sobre o quadril.
— Estive à deriva na vida por tanto tempo, não vivendo realmente,
Serena me mostrou isso. Quero me sentir útil, quero ajudar a destruir esse mal, porque não acabará até que Drogan e centenas de inocentes estejam mortos. O mal saiu de Wolfglynn.
Não se surpreendeu com isso.
— É algo no passado de Drogan que lhe levou o mal. Esperou anos para
procurar Drogan. Não acredito que tenha terminado.
Grayson suspirou, sua agitação e frustração evidentes.
— Sei que ir a Hawksbridge causará minha morte. Reconheço esse fato,
e estou preparado para enfrentá-lo. É uma mulher, Adrianna. As mulheres não devem ir às guerras.
— Isto não é uma guerra. Deixe-me te ajudar enquanto posso. Entre
minha magia e meu conhecimento, podemos chegar mais longe do que se
você estivesse sozinho.
— Devo ser um idiota por estar considerando sua oferta.
Sentiu esperança ao vê-lo vacilar.
— Não me responda agora. Pense nisso.
— Não posso fazer nada sem meu cavalo e minha espada. Minha maldita espada, — ele grunhiu e apertou sua mão.
Adrianna levantou-se, cheia de determinação.
— Então lhe encontraremos outro cavalo e uma espada.
— Se esses homens que me atacaram encontrarem os ciganos...
— Não o farão — interrompeu-lhe. — Acreditam que está morto, ou não
teriam lhe deixado. — Grayson alargou a mão e esfregou os olhos.
— Não me deixaram. Escapei.
— OH. — Por um momento tudo o que Adrianna pôde fazer foi ficar de
pé, sua mente girando com a possibilidade de que os homens pudessem
encontrá-los.
Precisava usar sua magia, só para manter os ciganos a salvo. Tinham-na protegido. Era o melhor que podia fazer por eles. Mas primeiro, Grayson precisava descansar, girou e tomou a taça, colocou mais água e a entregou.
Olhou para a água.
— O que há aí dentro?
— Nada — disse ela. — É simplesmente água. Viu-me vertê-la.
Seu olhar se estreitou ligeiramente, mas ele levou a água aos lábios e bebeu. Adrianna pegou a taça e o empurrou brandamente sobre suas costas.
— Precisa descansar e se fortalecer.
— Descansei o suficiente — grunhiu, mas suas pálpebras começaram a
fechar-se.
Adrianna pegou sua tigela vazia e deixou a carroça para encontrar sua
própria comida. Sorrisos amáveis e o aroma de comida a saudaram quando se aproximava do grande fogo.
— Drina.
Ela assentiu com a cabeça para Milosh. Mesmo enquanto se afastava,
podia sentir seus olhos nela. Sabia que se sentia atraído por ela, mas não queria ter nada a ver com os homens.
Nem mesmo Grayson.
Depois de se servir de guisado, afastou-se do fogo para apoiar-se contra uma árvore e comer. Antes de dar-se conta da conexão entre Grayson e
Drogan ela ia deixar que se curasse de forma natural.
Isso não era uma opção para eles agora. Sua magia era necessária. Não
era uma grande curandeira, mas com sua magia podia acelerar a cura.
Grayson não era o tipo de homem que deixaria que seu corpo se curasse
lentamente. Ele queria respostas, e se Adrianna não fizesse algo rapidamente, despertaria uma manhã e ele teria ido embora, curado ou não.
E essa seria sua morte.
— Seu guerreiro ainda está te incomodando? — Perguntou Milosh
enquanto ficava frente a ela. Adrianna levantou o rosto para encontrar-se com seu olhar.
— Não.
— Posso me sentar?
Assinalou ao chão e seguiu comendo. Obviamente, havia algo
preocupando o líder cigano e, se lhe desse tempo, eventualmente lhe diria.
Adrianna não era conhecida por sua paciência. Era algo com o que
lutou desde que era uma menina pedindo a sua mãe que lhe ensinasse os
caminhos de seu povo. Anos mais tarde, Adrianna ainda procurava a
admirável paciência que tantos tinham.
— Estou preocupado, Drina, — disse Milosh finalmente.
Deixou de lado seu guisado e olhou ao fogo.
— A respeito de Grayson?
— Com o que isso pode trazer para nossa família.
Os ciganos consideravam a qualquer um, que permitissem viajar com
eles, família. A família era vital para seu modo de vida, e eles não tolerariam nada comprometedor. Adrianna olhou para Milosh. Era um homem
arrumado. Forte, capaz e leal. Qualquer mulher ficaria encantada de ter sua atenção. Qualquer mulher, exceto ela.
Não a pressionou, mas se o quisesse, seria seu para sempre.
— Grayson partiria agora se fosse capaz, — disse — mas ainda não está
bom o suficiente.
— Usará sua magia então?
Conhecia-a muito bem. Adrianna assentiu.
— Por várias razões, Grayson não pode ficar com os ciganos. A morte
viria rapidamente a nós, porque estou segura de que esses homens o estão procurando.
— Acredita que o seguirão?
— Não terão escolha além de fazê-lo. — Ela lambeu os lábios, não
querendo dizer muito a Milosh. Quanto menos soubesse, melhor. — Uma vez que os homens se deem conta de que Grayson não está aqui, continuarão a procurá-lo.
Milosh considerou suas palavras por um momento.
— Estes homens são o mal de que falas?
— Não. Estão seguindo ele, mas não são o mal. Ore para que o mal não
venha, Milosh, porque nem sequer minha magia poderia nos ajudar.
O dirigente cigano suspirou.
— Vai com ele, não é? — Adrianna piscou.
— O que te faz perguntar isso?
— Desde que o encontrou, estiveste mais viva que nunca, como se uma
faísca se acendesse com sua chegada. Não sei se foi ele ou a aventura que oferece.
Baixou o olhar.
— Há muitas coisas que não sabe sobre mim, Milosh, e acredito que é
melhor assim. Nunca esquecerei a amabilidade que você e os outros me
mostraram estes últimos anos. Não sei o que teria feito sem ti.
— Mesmo assim você vai embora?
— Eu vou. Grayson preferiria que não fosse.
Milosh grunhiu.
— Estou de acordo com o guerreiro. Você não tem nada que se meter
com o que ele enfrenta.
— Grayson disse o mesmo.
Milosh se voltou para ela.
— O que é que está procurando, Drina?
— Não sei — respondeu ela com honestidade. — É quase como se
estivesse esperando algo. Sinto que devo ajudar Grayson. Porque sem minha ajuda, certamente fracassará.
— Acredita que pode combater este mal?
Ela sacudiu sua cabeça.
— Acredito que posso ajudar ao Grayson. Acredito que estou destinada
a ajudá-lo. Não posso explicar, assim, por favor, não me peça isso.
— Prefiro que fique.
Adrianna estremeceu interiormente pela dor em sua voz.
— Sei muito sobre o Grayson e o mal. Se estiver aqui quando esses
homens chegarem estamos condenados. Devo ir embora de qualquer
maneira. Quem melhor para me proteger do que um guerreiro como
Grayson?
Para sua surpresa, ele se aproximou, pegou sua mão e a levou aos
lábios. Sua boca se apertou contra sua pele nua.
— Sabe que me interesso por ti.
Adrianna deixou sua mão entre suas mãos, sem querer lhe ferir mais do
que já tinha.
—Eu sei.
— Há alguma esperança de que algum dia possa devolver meu afeto?
Mentir só prolongaria sua dor, e ela não poderia fazer isso.
— Se houvesse alguma maneira de que eu pudesse te dar meu afeto,
nunca pensaria em ir embora. Precisa de alguém que te dê muitos filhos e anos de alegria. Não sou essa mulher.
Milosh sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Sempre terá um lugar aqui conosco, Drina. Somos sua família.
— As palavras não podem descrever quão agradecida estou por tudo o
que me deste. — Ela tomou seu rosto entre as mãos e se inclinou para colocar seus lábios em sua testa.
Quando ela retrocedeu, seus olhos escuros piscaram.
— Quer provar o que um verdadeiro beijo meu te fará?
Ela riu. Como sentiria falta do calor fácil dos ciganos, das risadas, as canções e a vida.
— Voltará para nós? — Perguntou.
Ela o olhou para encontrar seu sorriso desaparecido, substituído com
um pequeno cenho franzido e linhas de preocupação ao redor de seus olhos.
— Ninguém sabe o que proporciona o futuro — mentiu.
Ele assentiu em resposta.
— Desejo que reconsidere. Poderia te dar uma boa vida.
— É obvio que sim. Qualquer mulher ficaria orgulhosa de ser sua
esposa. Sinto muito, mas não posso ser essa mulher.
E realmente o sentia. Milosh era um homem bom e honesto. Merecia
uma mulher que não foi amaldiçoada, alguém que poderia devolver seu
amor.
Ele não disse nada enquanto levantava e se afastava. Adrianna olhou as sombras onde tinha desaparecido e se perguntou se o líder cigano algum dia a perdoaria.
Olhou sua carroça. Já era hora de sua magia.
Adrianna não queria chamar a atenção sobre si mesma, assim
caminhou, quando queria correr, para sua carroça. Era como se pudesse sentir aos homens que atacaram Grayson. Quanto tempo tinham antes que
chegasse, ela não sabia.
Olhou Grayson dormindo pacificamente, com um braço sobre os olhos.
Por um momento, ela simplesmente o olhou, perguntando-se o que ele
possuía que a fazia querer arriscar sua vida. Ela mentiu para Milosh.
Embora quisesse partir antes que os homens chegassem, havia muito
mais em seu desejo de ir embora. Sim, Grayson oferecia aventura, mas era uma aventura que levaria a sua morte. Não podia explicar como sabia que era vital que Grayson seguisse vivo, só sabia.
Entretanto, queria saber o porquê. E somente olhando para o futuro lhe daria a resposta que ela necessitava. Fechou a carroça para evitar que alguém pudesse vê-los e se acomodou no chão. Passou quase um ano desde que
olhou o futuro, mas não tinha dúvida de que seu dom seguia com ela.
Com os sons da vida cigana fora de sua carroça e a suave respiração de Grayson, Adrianna fechou os olhos e concentrou toda sua atenção nele e em seu futuro. Ela se sacudiu quando quase instantaneamente o imaginou
coberto de sujeira, suor e sangue, um grito de batalha cruel rugiu dele enquanto lutava contra um grupo de homens.
Como nunca esteve em Hawksbridge, não podia saber com certeza se a
batalha acontecia ali ou em outro lugar. Pela maneira como Grayson lutou, ela tinha certeza que ele sairia vencedor.
Mesmo estando curiosa para ver a vitória de Grayson, havia algo mais
importante que procurava. No momento que estava a ponto de dar-se por
vencida, ela o viu. Custou uma grande quantidade de sua magia se
concentrar para obter um vislumbre do que tinha visto.
Grayson estava de pé em frente ao mar, o vento bagunçava seu cabelo.
Não tinha armadura, mas levava cota de malha sobre a túnica com uma
espada e um escudo na mão. Nenhum elmo lhe cobria o rosto e, em seus
olhos, viu um ódio ardente que a fez estremecer.
Um momento depois, alguém gritou o nome de Grayson, que se virou
para enfrentar o mal que Drogan tinha evitado. O homem estava em plena armadura, com a espada desembainhada. Imediatamente, Adrianna soube
que o homem que Grayson estava a ponto de lutar não era um homem,
somente a casca de um com o mal como sua alma.
Assustou-a tanto que perdeu sua concentração e rompeu seu vínculo
com o futuro.
Durante várias batidas do seu coração, sentou-se tratando de acalmar
sua respiração. Mesmo agora o medo se acumulava em seu ventre e gelava seu sangue. O que Grayson tinha que enfrentar era o tipo mais puro de
maldade, o tipo que destruía tudo e a todos.
CAPÍTULO SEIS
Grayson observou Adrianna em silencio através dos olhos semicerrados.
Não precisava lhe perguntar se olhou o futuro de alguém. Era o dele? Pelo fino brilho de suor em seu rosto e a forma que suas mãos tremiam, o que viu a assustou terrivelmente.
Quase tinha levantado e se aproximado dela quando viu a cor de seu
rosto. Enquanto a observava, levantou uma mão tremente e alisou as mechas douradas em seu rosto.
Ficou em pé e começou a recolher pedacinhos de ervas do teto da
carroça. Estava de costas para ele, assim não podia ver o que estava fazendo com as ervas, mas por suas ações apressadas e frenéticas devia ser
importante.
O sono obteve o melhor de Grayson. Odiava ser tão débil, odiava estar
confinado em uma cama sem sua espada perto dele. Sempre esteve com sua espada. Até dormia com a arma no chão junto a sua cama. Não a ter
justamente agora, quando mais a necessitava, o deixava inquieto.
Deixou que seus olhos se fechassem, incapaz de lutar contra a atração
do sono curativo por mais tempo. Antes que se afastasse, sentiu um aroma almiscarado e exótico que enchia o ar. Embora ansiasse permanecer acordado para ver do que se tratava, não estava forte o suficiente para lutar contra o sono. Quando cedeu, ouviu-a sussurrar seu nome.
Horas mais tarde, Grayson abriu os olhos e olhou ao redor da carroça,
mas Adrianna não se encontrava em nenhuma parte. Dormiu
profundamente, mais profundamente do que já dormiu em anos. E isso o
incomodava muito.
Sentou-se esperando a dor e a debilidade habituais atormentá-lo. Para sua surpresa, só houve um ligeiro puxão de sua ferida.
— Oh Deus. Está acordado — disse Adrianna enquanto entrava na
carroça. — Me deixe verificar sua ferida.
Grayson arranhou a mandíbula e sentiu o crescimento de sua barba.
Necessitava de um barbeiro, e um banho. Seu estômago roncou, lhe
recordando que precisava comer. E apenas o doce e limpo aroma de Adrianna fez suas bolas apertarem.
— Me dê um momento para que possa conseguir um pouco de comida.
— Você me deixará sair da carroça?
— Se for capaz.
Não se deixou enganar nem por um momento. De algum jeito usou sua
magia para acelerar sua cura, não que estivesse se queixando, mas desejava que ela houvesse dito. Seus olhos se fecharam quando ele murmurou um
gemido enquanto suas mãos suaves e quentes tocavam suas costas. Seus
dedos afastaram lentamente a bandagem e tocaram brandamente a pele ao
redor da ferida.
— Ainda dói?
Não tanto quanto meu pau.
— Um pouco, embora suponha que depois de sua magia estará melhor
no dia seguinte.
— Como... como soube? — Perguntou ela, sua voz apenas um sussurro.
— Moveu-se para olhá-la.
— Com a severidade da ferida e o quão perto cheguei de morrer, não
me sentiria tão bem dois dias depois de me encontrar. Deveria ter me falado.
— Eu deveria. Peço desculpas. Está zangado?
Queria apagar o cenho que franzia sua testa puxando-a em seus braços
para que ele pudesse beijar a suave pele de seu pescoço.
— Não. Só te peço que me informe na próxima vez.
Seus lábios se elevaram em um sorriso.
— De acordo.
Grayson tentou ignorar como estava perto dela, como a suave fragrância de sua pele o fazia desejar alcançá-la e tocá-la ou como o desejo em seus olhos azul pálido fazia com que suas bolas se apertassem.
— Tomaste uma decisão sobre se posso te acompanhar? — Perguntou
enquanto voltava a examinar sua ferida.
Grayson inspirou pesadamente e fechou os olhos enquanto ele lutava
contra o desejo fluindo dentro dele. Quando pôde falar, disse:
— Me diga porque quer vir.
— Está curando bem, — disse e terminou de trocar a bandagem. —
Quanto o motivo por que quero ir, é porque precisará de mim. Já lhe disse isso.
— Sim, mas como vou precisar.
Passou as mãos pelas saias escuras e se aproximou dele.
— Ainda não estou segura.
— Terá mais chances de viver se ficar com os ciganos.
— Admito, fui feliz aqui, mas estou destinada a ir contigo. Se não me
levar contigo, simplesmente te seguirei.
Grayson amaldiçoou. Estaria mais segura com ele até que chegassem a
Hawksbridge, e odiava admitir que poderia ser útil. Mas como aguentaria tê-
la ao seu redor a cada dia e ser incapaz de tocá-la?
— Vou lamentar isto, mas está bem. Pode vir.
Ela sorriu, seus olhos brilhantes.
— Acredito que logo estará me agradecendo.
Esperava que sim, embora nunca dissesse. Misericordiosamente, ela
saiu da carroça deixando-o com um desejo que crescia com tanta ferocidade cada vez que estava perto que lhe assustava.
Não havia maneira de que se fosse com ela sem antes encontrar uma
mulher disposta a aliviar sua luxúria. E logo que fosse capaz, iria fazer precisamente isso.
Ele respirou com dificuldade e flexionou seu ombro. Fez uma careta
quando o músculo retraiu violentamente, mas Grayson seguiu trabalhando para afrouxar o ombro até que ficou satisfeito com o progresso.
A magia de Adrianna era forte o suficiente para curá-lo durante a noite.
Não podia esperar e ver como se sentiria no dia seguinte. Se seguia
progredindo, seria capaz de levantar uma espada muito em breve, talvez, inclusive amanhã. Se tivesse uma espada.
Ele pegou a túnica que havia na cama para ele. Surpreendentemente,
encaixava bem. Colocou as botas e saiu da carroça em busca de sua refeição da manhã. As pessoas ao redor do grande fogo lhe deram olhares curiosos, e alguns inclusive ofereceram um sorriso.
Depois de encher seu prato de comida, virou e encontrou Adrianna
sentada debaixo de um grande carvalho falando com Milosh. Grayson
apertou a mandíbula ante a forma com que o dirigente cigano olhava para Adrianna, como se Milosh quisesse devorá-la.
— É uma mulher muito bonita.
Grayson se voltou para encontrar um homem que se parecia muito com
Milosh.
— Ela é. Eu gostaria de lhe agradecer sua hospitalidade.
O homem fez um gesto para que Grayson o seguisse e o levou a um
tronco tombado. Grayson se sentou ao seu lado e começou a comer. Depois de ter tomado vários bocados, o homem disse:
— Eu sou Yoska. Milosh é meu irmão, e sempre desejou Adrianna como
sua.
O pão estava a meio caminho da boca de Grayson quando fez uma
pausa.
— Por que me está dizendo isto?
— Porque em breve será sua responsabilidade mantê-la segura.
Adrianna é muito querida. Quando se sente carinho, fará o que seja
necessário para ver que cumpriu com seu dever.
— Prefiro que fique.
A boca da Yoska se esmagou em uma fina linha.
— Ela não pode ficar. Os homens que lhe caçam voltarão, não?
— Sim, voltarão.
— E Adrianna conhece seus segredos.
Grayson suspirou.
— Ela sabe que os homens a levariam. Deveria ter me deixado morrer
naquele bosque.
— Não é sua maneira, — disse simplesmente Yoska.
— Não, não é — confirmou-o. — Como vão evitar aos homens?
Yoska encolheu os ombros.
— Não sabemos nada. Vão dar-se conta logo, acredito. Então estarão
atrás de ti novamente.
Grayson olhou o escuro olhar do romeno.
— Eu nunca colocaria inocentes em perigo.
— Acredito em você. Como está sua ferida?
— Muito melhor. Poderia proteger a ela e aos outros se ainda tivesse
minha espada. — Yoska deu de ombros e se levantou. —Encontrará uma
outra logo, estou seguro.
Grayson observou como o homem se afastava antes de olhar para
Adrianna e Milosh. O olhar de Milosh estava em Adrianna, mas Adrianna
olhava para Grayson. Lhe deu um pequeno assentimento e voltou para sua comida.
As palavras de Yoska ressonaram em sua cabeça. Não gostava de saber
que esses homens encontrariam aos ciganos, mas quanto menos soubessem
os ciganos, melhor seria.
Apesar das palavras de Yoska de que Adrianna era muito querida,
Grayson se perguntou se Milosh a deixaria ir tão facilmente. Estava claro que o líder queria Adrianna, e se Grayson estivesse em seu lugar, não haveria nada que se interpusesse entre ele e a mulher que afirmava ser dele.
Em uma ocasião pensou brevemente em tomar uma esposa, mas essa
ideia logo o deixou. Muitos segredos, muitas perguntas sem resposta
preencheram seu passado para que tivesse algum tipo de futuro, muito
menos um com uma família.
Não, Grayson estava destinado a apenas uma coisa, e isso era averiguar o que aconteceu com sua mãe. Poderia ser a última coisa que escutasse, mas seria suficiente.
O olhar assustado de sua mãe, seu grito enquanto lhe estendia o braço enquanto os homens a arrastavam o tinha açoitado desde aquele fatídico dia.
Não sabia se estava viva ou morta. Não tinha nem ideia de quem eram os homens ou porque eles a queriam, mas que Deus ajudasse a qualquer um que lhe machucasse.
Eles assumiram que o menino que desapareceu na multidão se
esqueceria e não buscaria vingança. Mas estavam equivocados. A vingança podia conduzir a um homem a fazer coisas anteriormente impossíveis, e isso é exatamente o que faria Grayson.
Nem sequer Drogam conhecia seus segredos. Tinha sido imperativo que
Grayson permanecesse oculto até o momento em que pudesse procurar suas respostas. Era momentos como estes que desejava ter um irmão ou um pai a quem pedir ajuda, mas não tinha a ninguém. Tinha sido só ele e sua mãe, do que se lembrava com segurança. Todo o resto era um borrão em suas
lembranças.
— Se pudesse ver seu passado, faria — disse Adrianna enquanto
sentava-se ao seu lado.
Grayson deu de ombros.
— Não estou seguro de que seja prudente. É melhor esquecer algumas
lembranças.
— Mas não está esquecendo a sua. Está revivendo.
Surpreendeu-lhe quão intuitiva era. Era sua magia?
—Reviver essas lembranças me ajuda a recordar a minha mãe. —
Passou o dedo pela casca da árvore.
— Como ela era?
— Lembro que era muito bonita, — disse. —Sei que todos os meninos
pensam o mesmo de suas mães, mas para mim era realmente bela.
— Estou segura de que sim. Conte-me mais — insistiu Adrianna.
— Lembro que sentava na frente de casa enquanto bordava e passava o
dedo pelos cachos. Estendia o cacho e logo o liberava para vê-lo voltar para seu lugar.
Adrianna sorriu.
— Parece maravilhoso.
— Foi. Seu cabelo era tão negro como a meia-noite, e tinha os olhos escuros mais assombrosos. Adorava cantarolar enquanto bordava.
Não pensava em sua mãe e em seus momentos de silêncio frente à
chaminé há anos, especialmente porque era muito doloroso recordar aqueles momentos felizes e não saber onde estava sua mãe.
Adrianna girou o rosto para o grupo de ciganos ao redor do fogo.
— Eu gostaria de ter conhecido ela.
Grayson olhou seu perfil.
— Teria gostado de você.
Ela sorriu enquanto seus olhos se moviam para ele.
— Como sabe?
— Porque eu gosto.
Durante várias batidas de seu coração simplesmente se olharam antes
que Grayson rompesse o contato com seus olhos, rezando para que seu
sangue esfriasse o suficiente para que pensasse claramente.
— Me conte de sua mãe.
— Não há muito que contar, — disse Adrianna. — Ela tentou manter
oculta sua amargura por meu pai, mas eu vi. Às vezes chorava de noite.
— Isso deve ter sido difícil para você.
Ela encolheu os ombros.
— Foi por um tempo. Até que me dava conta exatamente do por que
estava chorando. Estava sozinha. Amou muito a meu pai. Acredito que teria sido melhor se tivesse morrido em lugar de ir embora. Ao menos ela não teria mantido a esperança de que algum dia retornasse.
Grayson franziu o cenho.
— Sabe onde está seu pai agora? — O azul pálido e frio de seus olhos se encontrou com os seus.
— Ele está morto.
CAPÍTULO SETE
Adrianna se moveu. Sempre se inquietava quando falava de seu pai.
Morreu um ano antes que minha mãe. Quando recebeu a notícia de sua
morte, acredito que se rendeu. Cada último fragmento de esperança morreu.
Foi uma sorte para nós eu ter herdado a magia de nosso povo, por isso tinha algo para direcionar sua mente enquanto me ensinava.
— Quer dizer que não são todas as mulheres que têm suas habilidades?
— Os olhos do Grayson arregalaram, sua surpresa claramente visível.
— Não. Antes da maldição, e até algum tempo depois, um bana-
bhuidseach se casava com outro bana-bhuidseach, mas quando os homens começaram a ir embora ou morrer muito jovens, as mulheres pensaram que se casassem com homens normais poderiam ter a oportunidade de felicidade.
— Não é assim, — adivinhou.
Adrianna sacudiu a cabeça.
— Cada vez que uma bana-bhuidseach casava com um homem normal
diluía nossa magia até que nunca soubesse se sua filha teria a magia ou não.
Todos os homens deixaram de ter magia juntos.
— Acredito que isso é triste. Seu povo tem tanta história, tantas
habilidades maravilhosas. Eu não gostaria de vê-los desaparecer.
Era mais que triste. Era horrível, mas ela não se preocuparia com seu
povo. Tanto quanto sabia, existiam apenas três bana-bhuidseach na Grã-
Bretanha. Seria apenas uma questão de anos para que desaparecessem.
— Tentou acabar com a maldição? — Perguntou Grayson.
Adrianna se levantou e olhou o claro e azul céu.
— Penso que cada bana-bhuidseach que se casou rezou que fossem eles os que romperiam a maldição. Os feitiços foram lançados, os futuros olhados, e inclusive maldições reversas, mas nada o parou. Nada.
Ela o ouviu levantar-se enquanto se movia atrás dela. Seu calor a
rodeava, e ela sentia o impulso de reclinar-se contra seu peito forte e de ter seus braços ao redor dela para reconfortá-la, protegendo-a.
Seu peito inchava e seu sexo palpitava com desejo cada vez que estava
perto. Estava deixando-a louca, mas o desejo, a tentação, só a faziam querê-lo ainda mais. Mas não podia permitir-se essa pequena debilidade.
— O que está pensando? — Murmurou, com voz baixa e rouca. Estava a
poucos centímetros dela, desafiando sua determinação com cada batida de seu coração.
— Felicidade, — ela finalmente respondeu. — Algumas pessoas
sonham com riquezas e títulos. Sonho com a felicidade.
— Acredita que a encontrará alguma vez?
Fechou brevemente os olhos.
— Não. A felicidade evitou meu povo por gerações. Talvez seja melhor
se morrermos. Nossa magia terá desaparecido, mas poderíamos ser capazes de descansar em lugar de suportar uma carga tão pesada. — As grandes
mãos a giraram brandamente para lhe fazer ficar de frente para ele.
— Acredito que a felicidade é o que você faz da sua vida. Foi infeliz com os ciganos?
— Não, mas há uma diferença no que tive com os ciganos e o que
poderia haver se a maldição nunca existisse.
— Não estou discutindo isso, — disse brandamente. —Simplesmente
estou dizendo que pode escolher ser feliz, ou pode escolher ser melancólica e lamentar pelo que não tem.
Ela riu.
— Faz com que soe tão simples. Como eu gostaria que fosse, me diga,
tirou o melhor de sua situação, Grayson?
Um lado de sua boca se elevou em um sorriso irônico.
— Eu gostaria de pensar que sim. Parte disso era porque estava
mantendo a quem eu era em segredo, mas outra parte se dava conta de que só
tenho uma oportunidade na vida. Por que não aproveitar ao máximo enquanto posso?
Adrianna engoliu a saliva. Suas palavras ressonaram em sua cabeça
como um tambor, fazendo-a desejar... ele. Como queria jogar a cautela ao vento e ceder à tentação de entrar nos braços de Grayson.
Sabia exatamente onde conduziria, e embora gostasse de pensar que era
o suficientemente forte para sobreviver a isso, a verdade era que não estava segura. Ficaria com outra criança, mas seria suficiente? De algum modo sabia, no fundo de sua alma, que um só gosto de Grayson nunca seria suficiente.
— Palavras eloquentes, mas está disposto a montar sozinho em busca
do mal e se sacrificar. — Ele riu entre dentes.
— Sou um guerreiro, Adrianna. O que posso dizer?
—Sim. O que pode dizer? — Ela se afastou dele antes de dizer algo que
mais tarde pudesse arrepender-se.
Enquanto se dirigia ao rio, pela extremidade do olho viu Milosh
observando-a. Em sua busca para ajudar Grayson, ela estava machucando um homem que lhe concedeu refúgio, uma família. Entretanto, não encontrou nenhuma forma de evitá-lo.
— Fique por perto, Drina, — advertiu Yoska quando passou junto a ela.
Adrianna fez um gesto com a cabeça para dizer que ela o ouviu e
agarrou seu sabão da carroça antes de continuar caminhando até a água. Os ciganos sempre tentavam acampar perto da água, embora às vezes não fosse possível. Quando o faziam, Adrianna aproveitava ao máximo a oportunidade, e não ia deixar que essa passasse.
Seus pés aceleraram ao ouvir a água correndo. Ela soltou seu cabelo
quando chegou à beira da água. Não demorou para tirar a roupa e entrar no córrego.
Suspirou e deslizou para águas mais profundas. O córrego não era
grande e dificilmente poderia ser chamado de rio, mas era o suficientemente profundo para que pudesse desfrutar de um bom mergulho antes de banhar-se. A água estava fresca e o sol quente enquanto Adrianna mergulhava. A correnteza empurrou contra ela, fazendo com que seu corpo se esgotasse enquanto nadava. Ela voltou a superfície com uma risada. Um banho sempre conseguiu renová-la e limpar sua cabeça, igual a caminhar entre as árvores.
Como sabia que Milosh e Yoska viriam vê-la logo, Adrianna se ensaboou e começou a se esfregar.
?.?
Grayson arrumou uma faca emprestada com Yoska para poder se
barbear. Tirou as ataduras já que planejava banhar-se, mas estava seguro de que Adrianna o repreenderia por isso.
Tirou a túnica e a jogou sobre um ramo de uma árvore antes de inclinar-se para tirar as botas. Não foi até que começou a desabotoar as calças que ele olhou para água e a viu.
Seu corpo se acalmou quando todo o sangue correu para seu pênis. Até
a respiração acelerou quando Adrianna levantou um braço da água e
observou como as gotas deslizavam por ele.
Seu rico cabelo dourado deslizava por sua cabeça e flutuava ao redor
dela como ouro na água azul escura. Ela mergulhou, lhe dando uma vista de seu traseiro bem formado antes que a água a reclamasse.
Grayson girou e pôs as costas em uma árvore, com o peito agitado
enquanto lutava para acalmar seu coração acelerado. Se ele a observasse por mais tempo, iria juntar-se a ela e sem se importar com as consequências.
Tocou seu pênis dolorido e jurou que logo que encontrassem uma cidade
aliviaria este desejo que tomou seus pensamentos dia e noite.
Não se moveu, nem sequer quando a ouviu deixar a água e começar a
secar-se. Com os olhos fechados e as mãos postas ao seu lado, ficou parado como uma pedra, temendo inclusive respirar para não ceder à tentação. Só quando seus passos desapareceram, quando retornou aos ciganos, deixou
escapar o fôlego que esteve segurando.
Amaldiçoou sob sua respiração, tirou as calças e caminhou para a água, chamando a si mesmo de dez tipos de idiota por não dar uma olhada em
Adrianna quando teve chance. Provavelmente era a única visão que teria, e a deixou escapar entre seus dedos.
Nem sequer a dor contínua de sua ferida podia arrastar sua mente para
longe de Adrianna e sua beleza elegante. Tentou clarear sua mente enquanto
balançava a cabeça. A água fresca corrente o rejuvenesceu e esfriou sua luxúria, mas o desejo não desapareceu.
Grayson sentou-se perto da beira do rio, e elevou seu rosto para o sol enquanto a água corria ao seu redor. As lembranças de sua mãe alagaram sua mente. Tão jovem como ele era quando ela foi levada, não sabia se suas lembranças eram verdadeiras ou tinham sido distorcidas ao longo dos anos.
A ideia de encontrá-la, de voltar a vê-la, valeria a pena. Como se
ressentia de não ser maior e capaz de defendê-la contra os homens que se atreveram a arrancá-la de seus braços.
Por isso treinou com os melhores cavaleiros da Inglaterra. Sabia que se alguma vez perseguisse a esses homens, teria que ser um dos melhores.
Drogan se encarregou disso. Grayson não estaria onde estava se não fosse por Drogan.
Muitas vezes quis confiar seus segredos a seu amigo, mas Drogan tinha
seus próprios demônios para tratar. E esses demônios o seguiram até
Wolfglynn.
Drogan lhe tinha assegurado que tudo ficaria bem, mas agora Grayson
se perguntava se não deveria ter ficado. Entretanto, se o mal o seguia como Adrianna disse, tirava o perigo de Drogan e Serena. Por um tempo.
Limpou a água de seu rosto enquanto alisava o cabelo e procurava a
faca para começar a barbear-se.
?.?
Adrianna sacudiu o cabelo e começou a pentear-se quando se deu conta
de que esqueceu o sabão. Girou para voltar e quase bateu em Yoska.
— Qual é sua pressa, Drina? — Perguntou com uma sobrancelha
levantada.
Tratou de passar além dele, mas ele a bloqueou.
— Esqueci o sabão.
— Acredito que seu guerreiro pode devolvê-lo uma vez que tenha
terminado.
Seus lábios se separaram quando sua mente imaginou Grayson nadando na mesma água que acabava de sair. Talvez devesse ter levado mais tempo.
Não seja tola!
Não podia deixar-se tentar por ele, não importa o que dissesse seu
corpo.
— Não me dei conta de que Grayson tinha ido banhar se — disse ela e
se apoiou na carroça. Ela seguiu resistindo, esperando que Yoska partisse.
— Está segura de que não sabia? — Seu olhar encontrou com o do
romeno alto.
— Não vi ninguém quando deixei o rio. — Yoska grunhiu e cruzou os
braços sobre seu peito.
— E ele viu você?
Uma emoção a atravessou ao pensar em Grayson observando-a. A mera
ideia teve seu sangue fluindo rápido em seu corpo, seus batimentos cardíacos acelerados, e seu sexo palpitando.
— Não saberia, — respondeu finalmente.
Yoska deu outro grunhido antes de dar a volta e se afastar, mas
Adrianna não lhe deu atenção. Sua mente estava em Grayson e no rio.
Um pequeno sorriso tocou seus lábios. Não podia evitar se perguntar se Grayson gostava do que tinha visto. Seu próximo pensamento foi, por que não se uniu a ela na água? Adrianna fechou os olhos e fez uma oração de agradecimento por ele não ter feito. Já estava magoando demais a Milosh.
Mas uma vez que partirem, será capaz de resistir à tentação que oferece Grayson? Ainda iria querer resistir?
Deus sabia que não queria resistir a ele, mas devia fazê-lo. Seu desejo não era nada comparado a mantê-lo vivo para enfrentar o mal. Se ao menos não houvesse maldição, então ela poderia ceder ao seu desejo. Ainda
precisava saber mais sobre o futuro, olhar mais à frente e ver o que Grayson precisava fazer para ganhar.
Se ganhasse.
Ela estremeceu interiormente e terminou de pentear o cabelo. Grayson
perdendo contra o mal não era algo no que ela queria pensar, nem saber. Mas
não veria o futuro de Grayson? Se o olhava, poderia preparar-se. Não estava segura de como se sentiria Grayson a respeito, mas não precisava saber.
Adrianna não era ingênua para acreditar que sua linhagem continuaria. Era uma das últimas bana-bhuidseach, e tinha a intenção de fazer uso dos dons que havia recebido.
Seu olhar se deslocou para Grayson quando retornou do rio, seu cabelo
molhado e sua túnica em suas mãos. Sua pele, escurecida com uma
tonalidade dourada, brilhava com gotas de água. Ela lambeu os lábios
quando seu olhar deslizou por seus amplos ombros, seu estômago cinzelado até sua cintura estreita.
Desejo. Necessidade. Fome.
As palavras ressonaram em sua mente, enfraquecendo sua vontade de
afastar-se dele. Seria tão fácil ceder, escutar seu corpo. Mas ela experimentou em primeira mão o que era perder tudo.
Adrianna inalou profundamente e voltou sua mente para o mal. Havia
tantos enganos que Grayson poderia cometer. Não tinha outra escolha senão usar os dons que possuía. Só teria que assegurar-se de que o mal não os encontrasse primeiro.
CAPÍTULO OITO
A melodia que sua mãe cantarolava era suave, calmante quando retornavam dos campos. Ela ria enquanto ele corria em frente perseguindo os faisões.
— Grayson, tome cuidado, — advertiu quando chegou muito longe.
Mas queria surpreendê-la. Apressadamente agarrou um punhado de flores silvestres e correu para ela. Logo que ela o viu e sua mão estendida, caiu de joelhos e abriu os braços para ele.
Ela o abraçou fortemente por um momento antes de retirar-se e lhe dar um beijo.
— São para mim, ou alguma garota te conquistou?
— São para ti, — disse e as sustentou frente a sua cara.
— São adoráveis. Obrigada.
Seu peito inchou, e ele pegou a mão de sua mãe enquanto ela se levantava e se dirigia para o castelo. O dia tinha sido glorioso. O sol brilhante, a brisa fresca, e ele tinha tido a sua mãe só para si.
Mas assim que atravessaram os portões do castelo, um trovão retumbou longe.
Olhou para o céu.
— Vem uma tormenta?
— Não, amor. Algo pior — disse com calma, mas seus passos aceleraram.
— Mamãe? — Perguntou quando quase tropeçou e ela o sacudiu.
Olhou por cima do ombro.
— Agora não, Grayson. Te apresse, amor. Deve se esconder por mim.
—Não quero me esconder.
Ela parou e virou-se para as portas, seu rosto pálido. Seu olhar passou por ele.
— Grayson, escute atentamente. Deve se esconder. Não saia, não importa o que ouça.
Sabia que algo estava errado pela seriedade de seus olhos escuros. Ela o sustentou em seus braços firmemente, mas ele não se queixou. Estava muito assustado para fazer mais do que permanecer ali. Incapaz de fazer qualquer coisa, abraçou-a.
O que ele pensava que era um trovão, na verdade era um exército de homens que vinham através da muralha, o pó ondeando ao redor deles enquanto os cavalos bufavam e sacudiam a cabeça para cima e para baixo. Grayson apertou os olhos quando os cavalos os rodearam. Podia sentir sua mãe tremendo, sabia que estava aterrada.
— Lembre-se. Corre, Grayson — sussurrou-lhe ao ouvido antes que alguém a tirasse de seus braços.
— Mamãe, — gritou e tentou alcançá-la.
Um homem riu e o golpeou. A bochecha de Grayson estalou de dor quando aterrissou em suas costas a poucos metros de distância, mas nunca apartou os olhos de sua mãe. As lágrimas ameaçaram, mas ele se negou a deixar que os homens as vissem. Necessitou três deles para segurar sua mãe enquanto ela o buscava, com lágrimas correndo por seu rosto.
Grayson começou a levantar-se para ir até ela. Então o rosto barbudo de um homem encheu sua visão, detendo-o. Olhos tão pálidos, que não tinham cor, lhe fulminavam.
— Bom, bom, bom, — murmurou. — O que temos aqui?
?.?
Grayson abriu os olhos. Ficou quieto, escutando sua própria respiração entrecortada enquanto recordava o pesadelo, tão vívido que pensou que era aquele menino mais uma vez. O suor corria por sua testa, e ainda podia sentir o fôlego do cavalo na nuca, sentir a malevolência no olhar incolor.
— Grayson?
A mão de Adrianna tocou a sua. Apertou os dedos com os seus,
necessitando seu conforto. Tinham passado tantos anos desde que teve esse pesadelo, desde que era um menino, na verdade. Ter novamente esse
pesadelo era como levar um chute na boca.
Tentou levantar-se, mas ela se apoiou em seu ombro para mantê-lo deitado enquanto se sentava na cama.
— Pesadelo?
— Sim, — grunhiu.
Precisava levantar-se, mover-se. Algo para tirar as imagens de sua
mente. Novamente, tentou levantar-se e, quando lhe pôs as mãos nos ombros, as evitou facilmente. Talvez fosse porque necessitava seu toque suave, ou porque desejava seu corpo, mas em vez de se afastar, puxou-a para seu peito e a rodeou com seus braços.
— Seu coração está batendo selvagemente — sussurrou, suas mãos
esfregando suas costas.
Ela sabia como o acalmou, que seu toque era exatamente o que
precisava? Suas mãos cavaram em seus cabelos para evitar que elas
tremessem enquanto enterrava a cabeça em seu pescoço. Cheirava a lavanda, sol e magia.
— Está-me assustando, por favor, fale comigo — suplicou ela.
Ele inalou uma respiração tremente e levantou sua cabeça para olhá-la.
— Está cometendo um engano vindo comigo. Não me faça me
arrepender de havê-la levado, Adrianna. Por favor, fique aqui onde está a salvo.
— Mas não é seguro. Esses homens virão. Se estiver aqui, só causará a
morte de meus amigos. Sei muito sobre você. Não tenho outra opção a não ser ir contigo.
Fechou os olhos e apoiou a testa contra a sua.
— Eu o vi, Adrianna. Vi o homem que levou minha mãe.
Suas mãos se detiveram em suas costas.
— Como ele era?
— Parecia... normal, — disse e encolheu os ombros enquanto se
endireitava. — Estava acostumado a ter esse pesadelo quase todas as noites depois de que minha mãe foi levada. Raramente dormi durante esse tempo.
Então, um dia, simplesmente parou.
— Só para ressurgir esta noite. Havia algo sobre o homem que possa recordar?
Grayson riu entre dentes.
— Oh, sim. Seus olhos. Eram quase incolores e possuía um olhar vazio e malvado
— Então deve ser fácil de encontrar. Precisa descansar.
Mas isso era a última coisa que poderia fazer, não depois de um
pesadelo assim, e não depois de ter seus seios contra seu peito. Já que seu desejo substituiu o pânico do pesadelo.
Levantou uma mecha de cabelo nos dedos. Parecia um fio de ouro e era
tão suave como o arminho. Como desejava passar os dedos através dele
enquanto ele reclamava sua boca em um beijo que os deixaria sem fôlego e querendo mais.
Adrianna não disse uma palavra enquanto se levantava da cama para
deitar-se em sua cama improvisada no chão. Ainda bem que tinha um lugar onde dormir, ou ele nunca mais teria dormido.
Grayson se levantou da cama e procurou sua túnica enquanto
caminhava para a entrada da carroça.
— Aonde vai? — Perguntou ela.
— Estou suficientemente bom para dormir em outro lugar. Fique com
sua cama, —ele disse enquanto saia da carroça.
Caminhou até o fogo e saudou com a cabeça a um dos ciganos que
estavam de guarda. Agora não dormiria muito, mas ao menos tinha as suaves curvas da Adrianna e seu intenso aroma para pensar em vez do pesadelo.
?.?
Adrianna despertou bem antes do amanhecer. Depois da partida de
Grayson, não conseguiu dormir. A reação instantânea de seu corpo a ele a assustou mais do que o fato de ter visto quem levou a sua mãe.
Gostava de estar em seus braços, muito. Sua solidão era algo que
aceitou, ou isso era o que tinha pensado. Cada vez que Grayson estava perto,
a única coisa que queria era que ele a tocasse, que a atraísse contra ele e a segurasse.
Adrianna se vestiu com um singelo vestido de cor azul claro. Era seu
favorito e um dos melhores que possuía. As largas mangas e as pregas
estavam bordadas com pequenas flores de um azul mais escuro. Envolveu o cinturão duas vezes ao redor de sua cintura antes de atá-lo, a ponta quase alcançava seus pés, então amarrou seu cabelo.
Quando terminou, deixou a carroça e parou bruscamente ao ver
Grayson sorrindo para Nadya.
Nadya possuía uma beleza requintada, com sua pele escura, olhos
exóticos e cabelo tão negro como a meia-noite. Adrianna não gostava do ciúme que surgiu dentro dela enquanto observava a maneira fácil com que Grayson paquerava com Nadya.
Ele não é meu.
Entretanto, não importa quantas vezes dissesse a si mesma, isso não
deteve o ressentimento. Era um lado de Grayson que ela não tinha visto, o lado encantador e pícaro que poderia fazer que inclusive a mais dura das mulheres se derretesse.
Adrianna se obrigou a afastar o olhar, mas então podia ouvi-lo
enquanto ria de algo que Nadya lhe dizia. Quando Adrianna olhou para cima depois de conseguir sua comida, encontrou Yoska observando-a.
Sorriu e voltou para sua carroça para comer antes que seguissem
viagem. Adrianna verificou suas ervas enquanto comia para assegurar-se de que não estava esquecendo de nada. Quando terminou de comer, preparou-se para enfrentar o dia. O resto do acampamento tinha despertado e começado a mover-se. Quando deixou sua carroça, vários ciganos estavam preparados para partir.
Adrianna tirou o pó de suas mãos e foi para suas vacas quando
vislumbrou Grayson caminhando para ela guiando os animais.
— Bom dia — disse ele enquanto passava junto a ela.
Adrianna não teve outra escola além de segui-lo.
— Eu mesmo posso me ocupar dos animais, — disse-lhe uma vez que o
alcançou.
— Estou seguro de que pode.
— Inclusive posso enganchá-los. — Ele a olhou e sorriu.
— Não tenho nenhuma dúvida.
Adrianna deu de ombros em derrota. Juntos, ela e Grayson prenderam
as vacas. Ela estava tão acostumada a fazê-lo sozinha, que se surpreendeu de quão bem trabalharam juntos, quase como se soubessem o que o outro estava pensando.
Ela encolheu os ombros, negando-se a pensar que isso era algo mais.
Em vez disso, ela agarrou suas saias e começou a subir ao assento quando suas mãos a sujeitaram pela cintura para estabilizá-la.
O movimento foi tão inesperado que quase perdeu o equilíbrio e caiu.
Olhou por cima do ombro, o que foi um engano quando se perdeu em seu
olhar escurecido pelo desejo. Um desejo ardente a atravessou, instigando-a, lhe suplicando que cedesse ante a tentação.
— Estou apenas ajudando, — disse brandamente.
Adrianna não se incomodou em responder já que não podia formar
uma palavra coerente. Ela assentiu, ao menos esperou que o fizesse, antes de terminar de subir e se sentar. Quando alcançou as rédeas, as mãos de Grayson foram mais rápidas e as arrebatou.
— Não sou indefesa — repôs ela.
Lhe lançou um sorriso.
— Nunca disse que é, tampouco estou acostumado a não ter nada para
fazer.
Ela mordeu sua próxima réplica. Ele era um guerreiro, acostumado a
ajudar e defender aos muito fracos para fazê-lo eles mesmos. Deveria saber que precisava fazer algo.
Sentaram-se em um silêncio cômodo enquanto os ciganos se retiravam e
continuavam o caminho. Ela notou desta vez, entretanto, que sua carroça não era a última. Yoska manobrou sua carroça atrás da dela.
— Sabia que iriam fazer isso?
Grayson sacudiu a cabeça.
— Mas é uma decisão inteligente. Eles estão lhe protegendo.
— Como está sua ferida?
Ele flexionou seu ombro.
— Está curando, mas precisarei trabalhar os músculos. Se tivesse minha espada.
— Encontraremos outra para você.
— Esperamos que seja antes de encontrarmos problemas — murmurou
—Ela estava de acordo com ele. Os ciganos tinham algumas armas para
defender-se, mas nada que pudesse deter os homens atrás de Grayson.
— Quando partiremos?
— Logo, — respondeu. —Eu não gosto de pôr estas pessoas em risco
mais do que tenho que fazer. Iria hoje se pudesse.
— Quer dizer, se tivesse sua espada.
Ele a olhou.
— Se tivesse minha espada e meu cavalo, sim, já teria ido.
— E sobre sua armadura?
— Acrescenta amparo, mas vi a estes homens lutar. Sinto-me melhor
sem ela para poder avançar mais rápido.
Ela recolheu a larga manga entre seus dedos.
— Sempre assumi que os cavaleiros nunca lutavam sem sua armadura.
— Ah. Então há muito que desconhece sobre os cavaleiros.
Ela riu entre dentes.
— Aparentemente. Economizei um pouco de moedas, pode ser
suficiente para comprar um cavalo, embora não será o que está acostumado.
— Não aceitarei sua moeda — disse ele enquanto seu olhar se deslizava
para a estrada. — Embora te agradeço por me oferecer.
— Então, como vai conseguir um cavalo e uma espada? — Ele sorriu.
— Encontrarei um jeito.
CAPÍTULO NOVE
Grayson não se importou de montar na carroça tanto como ele pensou
que faria. Deu-lhe a oportunidade de aprender mais sobre Adrianna. E
desfrutava muitíssimo estar perto dela, embora estivesse com uma excitação constante e não podia fazer nada a respeito.
— Quanto tempo está com os ciganos?
Brincava com sua manga enquanto examina a terra que os rodeava.
— Quase três anos. Quando era menina eles passavam pela vila várias
vezes. Com sua roupa brilhante e sua risada, parecia uma grande aventura.
Podia entender isso.
— O que te fez se unir a eles?
— Não estou segura, — confessou com um pequeno sorriso. Eles
viajaram através da aldeia procurando um curandeiro. Fiz o que pude, mas a mulher era velha e não podia lutar contra a febre. Ela morreu e, quando iriam deixar sua carroça para trás, perguntei-lhe se poderia tê-la.
Grayson elevou as sobrancelhas.
— Essa carroça era dela?
— Sim. Os ciganos normalmente não dão a boas-vindas a estranhos em
sua família, mas minhas habilidades de cura demonstraram que poderia ser útil.
— Sabem de sua magia?
Ela lambeu os lábios.
— Milosh e Yoska sabem, e acredito que outros suspeitam. Disse para Milosh e Yoska porque sentia que tinham o direito de saber, já que era sua decisão se podia me unir a eles ou não.
— Estranho. Se houvesse dito aos outros, lhe teriam queimado na
fogueira.
— Isso é verdade — concordou ela. — Sabia que não falariam, já que
são proscritos na maioria dos povos.
Ele olhou para seus dedos longos e finos enquanto seguiam jogando
com sua manga.
— Está feliz com os ciganos?
— São a família que nunca tive.
Ouviu a dor em sua voz e o reconheceu pelo que era: solidão. Conhecia
muito bem. O que piorava era que recordava o que era ter o amor e o carinho de sua mãe. Ela tinha sido seu mundo inteiro.
— E você? — Perguntou. — Foi feliz no Castelo Wolfglynn?
Grayson pensou em seus homens e em Drogan.
— Tão feliz como um cavaleiro pode ser, suponho. Drogan é um bom
homem. Tive a sorte de poder levar seus cavaleiros à batalha e lutar ao seu lado.
— É próximo de Drogan?
— Considero-o um amigo.
Seu olhar o queimou enquanto olhava, esperando que continuasse.
— Um amigo tão íntimo ao ponto de você contar seus segredos a ele?
— Sabe que a resposta é não, — disse e a olhou. — É devido à minha
amizade com Drogan que não traria a guerra até ele.
Seus lábios se converteram em um sorriso.
— E por isso sempre o terá como amigo.
— Considero-me afortunado de poder chamar Drogan de amigo. Ele
não tem muitos, e os poucos que tem, facilmente morreria por eles.
— Por isso não lhe disse nada.
Deu um pequeno aceno de cabeça.
— Drogan tem Serena agora, tem a oportunidade de um futuro brilhante com amor e felicidade. Que tipo de homem eu seria se lhe tirasse isso?
— Não estará dando suficiente crédito a Drogan. Ouvi contos de suas
façanhas. Sua reputação o precede em toda a Inglaterra, lhe ter ao seu lado teria dado uma clara vantagem. Por não falar de Serena. Imagino que ambos gostariam de destruir o mal.
Grayson encolheu os ombros.
— Possivelmente tenha razão. Talvez me arrependa de não confiar em
Drogan, mas tomei minha decisão. Para o bem ou para mal, meu caminho
está à minha frente, e já o aceitei.
— Pode estar enganado.
Havia algo em seu tom que o fazia duvidar em responder. Ele a olhou
para vê-la olhando para frente, seu rosto impassível. Mas não se deixou enganar.
— Viu meu futuro.
Ela suspirou e voltou a cabeça para ele.
— Olhei uma parte dele. Queria ver se minha partida manteria os
ciganos vivos.
— E mantém?
Grayson apertou a mandíbula. Sabia que não devia perguntar, sabia que
estava melhor sem o conhecimento, mas não podia evitá-lo.
— O que mais viu?
— Lutará, Grayson.
— Assumi que o faria. — Entretanto, assumir e saber são duas coisas
bem diferentes. Embora ansiasse saber se ele morria nas mãos do homem, não podia perguntar.
E felizmente, Adrianna não ofereceu a informação.
— Sua magia sempre foi fácil para você? — Perguntou para trocar de
tema.
Adrianna riu entre dentes.
— Houve um tempo em que não utilizei minha magia. Não queria ser como minha mãe. Não queria ser uma bana-bhuidseach. Assim fiz a única coisa que pude, fingi não ter magia.
— Suponho que isso causou a sua mãe uma grande angústia.
Adrianna se inclinou para frente e apoiou os cotovelos em seus joelhos.
— Pensei que se não tivesse magia poderia ter uma vida normal, e então minha mãe poderia ser feliz. Não me dei conta até que fosse tarde que só piorei as coisas.
— Então o que fez?
Olhou nos tons cinzas profundos de seus olhos e viu uma curiosidade
genuína. Poucas pessoas lhe perguntaram sobre seu passado e agora dada a oportunidade de falar de sua mãe, ela descobriu que queria compartilhá-lo com alguém.
— Assim que percebi o que fiz, confessei-lhe. A expressão de alívio em seu rosto teve uma mudança profunda em minha vida. Concentrei-me em
minha magia como nunca antes.
— Em outras palavras, — disse brandamente — a deixou orgulhosa.
— Eu gostaria de pensar que sim.
Lhe dirigiu um sorriso torcido antes de voltar para a estrada. Adrianna deixou o silêncio estender-se. Estava muito perdida nas lembranças de seu tempo com sua mãe para querer falar.
Grayson disse o correto? Fez com que sua mãe estivesse orgulhosa? Não
estava tão segura. Sua mãe lhe tinha advertido que não desse o coração a um homem e que levasse seu filho. Durante anos Adrianna tinha pesado suas opções, e então conheceu James.
— Acredita no amor, Grayson?
Ele sacudiu a cabeça para ela, com a sobrancelha franzida.
— O quê?
— Amor. Acredita no amor?
— Acho que sim, — respondeu com um encolhimento de ombros. —
Drogan e Serena pretendem amar-se, e vi o que cada um fará pelo outro. Se isso for amor, então sim, acredito.
— Isso é amor, — ela confirmou.
— Por que pergunta?
Ela apoiou seu queixo em uma mão.
— Minha mãe me disse que se eu escolhesse o amor, então minha vida
estava condenada. Se decidisse o contrário, ficaria sozinha.
— Parece que de qualquer maneira não seria feliz. — Adrianna riu entre dentes.
— É verdade.
— Amava seu marido?
Lambeu os lábios e baixou a cabeça.
— James não era meu marido, — confessou e esperou o dilúvio de
insultos que ela estava segura que viria.
Quando nada chegou, ela lentamente levantou seu rosto para ele.
— Você nunca contou isso a ninguém, não é? — Perguntou
brandamente. Ela sacudiu a cabeça.
— Por quê? Me diga?
— Não sei. Contei mais a respeito de mim e de meu passado para você
do que a qualquer outra pessoa. — Aproximou-se e pôs sua mão em cima da sua.
— Obrigado.
— Não pensa mal de mim? — Ela sabia que não devia perguntar, mas
precisava sabê-lo. De repente, era muito importante o que ele pensava a seu respeito.
— A vida não é fácil, Adrianna. Às vezes as escolhas que fazemos não
são as mais sábias. Aprendemos com elas e seguimos adiante. Ninguém
deveria ter que suportar o peso desses enganos para sempre. — Não pôde evitar sorrir.
— É simples assim?
—Sim, — disse com uma piscadela. Sua expressão então ficou séria. —
Se não se importar que lhe pergunte isso. Por que não se casou contigo?
Deveria mentir ou contar a verdade? Ela decidiu pela verdade, já que
não havia mentido até agora.
— Na verdade, perguntou. Várias vezes. Fui eu quem recusou.
— Pela maldição?
— Em parte, por isso. Também lhe permitiria casar-se com alguém se
assim o decidisse.
— E seu filho? Estava disposta a deixar que lhe chamassem de
bastardo?
— Sim. — Seu comentário a magoou, mas não lhe deixou saber quanto.
— Sabia que assim que James se fosse, eu também o faria. Um povo diferente, uma vida diferente.
Ele assentiu com a cabeça ante sua explicação.
— Teria funcionado. Ninguém saberia. Teria dito a seu filho a verdade?
— Eu gostaria de pensar que o faria, — disse. — Na verdade, não sei. Vi o que a vida com a etiqueta de bastardo pode fazer a uma pessoa. Não iria querer isso para meu filho. Suponho que deveria estar agradecida de não ter que tomar essas decisões agora.
Seus olhares se fecharam. Suas profundidades de prata não a olhavam
com censura ou irritação, a não ser com aceitação e compreensão. Lhe estaria eternamente agradecida por isso.
Elevou uma sobrancelha.
— Acredita no amor?
— Ah, sim.
— Ama ao James?
Abriu a boca para responder e vacilou.
— Antes, eu teria respondido que sim, mas depois de ver Drogan e
Serena, não estou tão segura. Desfrutei da companhia de James e, embora me feriu muito quando se foi, não estava desesperada como minha mãe.
Sacudiu as rédeas para manter as vacas em movimento.
— Alguém de seu povo alguma vez amou pela segunda vez?
Seu coração se acelerou ante suas palavras. Ela se negou a olhá-lo por medo de que a esperança em seus olhos a delatasse.
— Não sei —respondeu finalmente.
— Estavam muito angustiados, — disse. — É compreensível.
Ela emitiu uma respiração ofegante. Até o momento em que tinha visto
pela primeira vez Grayson, tinha pensado que seu corpo estava cego ante os desejos que os homens lhe ofereciam.
De repente, ele se voltou e a olhou.
— Você acha que encontrará outro homem com quem queira estar?
Sua mente formava redemoinhos com possibilidades. Nunca pensou em
levar outro homem para sua cama, nunca imaginou que quisesse. Exceto, que isso era tudo o que tinha sido capaz de pensar ultimamente.
— Tudo é possível, — disse ela e se forçou a olhar para longe.
Tentou tragar, mas encontrou sua boca seca. Grayson era a tentação que sua mãe sempre a tinha advertido. Era o homem que espreitava em sonhos, acordada e dormindo.
Ele era o único homem que faria qualquer coisa para estar com ela.
E tinha sido tola o suficiente para pôr seu destino em suas mãos.
CAPÍTULO DEZ
Depois da resposta de Adrianna, Grayson ficou em silêncio. Esperou
que ela respondesse com um firme “nunca”. Em troca, havia dito que havia uma possibilidade. Isso o destroçou. Negou-se a ficar na mesma situação em que estava Drogan. Não havia nada no céu ou na terra que pudesse vinculá-lo com uma mulher que foi amaldiçoada.
Nunca pensou em ter uma família própria, mas se alguma vez o fizesse,
estaria bem seguro de estar perto para ver os meninos crescerem. Além disso, não esperava que houvesse uma mulher com a qual desejasse passar o resto de sua vida.
Não importava. Morreria logo, disso estava seguro.
Quando se detiveram ao meio-dia para comer, Milosh lhe fez gestos.
Grayson saltou da carroça e se virou para Adrianna. Não havia maneira de que pudesse deixar de segurá-la por um momento, embora estivesse se
torturando.
Suas mãos se estenderam por sua pequena cintura enquanto seu olhar
se cruzava com seus olhos azul pálido. O sol rompeu as nuvens para brilhar sobre seus cabelos dourados.
— Está sendo convocado, — disse com um sorriso. — Melhor não
manter Milosh esperando.
Grayson grunhiu e a soltou. Estava seguro de que Milosh queria ter
outro bate-papo com ele sobre Adrianna. O grande romeno não a deixaria ir facilmente.
— Sim — disse Grayson enquanto caminhava para Milosh.
Milosh se apoiou em sua carroça.
— Chegaremos em um povoado antes do anoitecer. Pelo geral, seguimos em frente.
Seu olhar se estreitou no cigano.
— Porquê me está dizendo isto?
— Em caso de que queira parar.
Grayson passou uma mão por seu rosto.
— De fato, sim. Como perdi meu cavalo, minhas armas e minha
armadura, necessito novas.
Milosh assentiu e se afastou.
— Espera, — Grayson o deteve. — Por que pediu minha opinião?
O cigano olhou por cima do ombro de Grayson.
— Porque é o que Drina queria que eu fizesse. Não pode lutar contra
estes homens sem armas, e não temos ninguém que lhe proporcione isso.
Grayson era cauteloso por natureza, mas talvez precisasse aprender a
ter um pouco de confiança.
Milosh inclinou a cabeça.
— Não há necessidade. Faço-o por Drina. Quero que esteja a salvo.
— E estará.
— Isso é o que espero — disse o líder antes de partir.
Grayson riu entre dentes e voltou para encontrar Adrianna observando-
o.
Ela possuía um fogo e um espírito que brilhavam dentro dela. A vida
lhe deu um golpe cruel com seu amante, e seu filho morrendo, mas ali estava, disposta a encarar a morte de frente. Tudo para ajudá-lo.
Como podia pensar em viver em solidão, sem deixar que seu formoso
corpo fosse amado por outro homem, isso não tinha sentido para ele. Ela era apaixonada por natureza, e era essa paixão que lhe dava um gosto pela vida que poucos saberiam. Ele estava invejoso dela nesse momento.
Apesar da maldição, apesar de sua perda, ela continuou vivendo com
um sorriso e bondade. Não havia ódio nem vingança em seu coração.
Enquanto que com ele, isso é tudo o que enchia seu coração. Tinham falado
de amor, mas ele não conhecia nada disso, exceto pelo que recordava de sua mãe. E tampouco havia espaço para ele em seu coração.
A vingança é o que lhe manteve vivo, e a vingança seria o que lhe
mataria.
— Tudo bem? — Perguntou quando ele se aproximou dela.
Ele assentiu antes de trazer uma vasilha de água às vacas para que
pudessem beber. Uma vez que terminaram, deixou-as pastar e encontrou a Adrianna segurando comida para ele.
— Obrigado.
Ela sorriu e se apoiou na carroça.
— O que te falou Milosh? — Grayson deixou de mastigar e a olhou.
— Direta, não?
— Sim — disse com uma gargalhada. — Sei que era sobre mim.
Acredito que tenho direito de saber qual era a conversa.
Baixou lentamente a mão, debatendo quanto podia lhe dizer. Ao final,
deu-se conta de que não valia a pena esconder.
— Milosh queria saber se estava interessado em parar perto de um
povoado esta noite.
Suas sobrancelhas se juntaram quando ela o olhou.
— Não pode estar considerando isso. E se esses homens estiverem ali?
— Exatamente — disse Grayson. — Preciso estar preparado. Não posso
fazê-lo sem uma arma.
— Como vai conseguir uma arma? Planeja roubar?
— Se tiver que fazê-lo, embora seja apenas como último recurso. Posso
não ter nenhuma moeda, mas tenho maneiras, — disse com um sorriso,
ansioso para chegar à cidade.
— Tenho moedas — disse ela. — São suas se necessitar.
— Não vou precisar.
Afastou-se com um suspiro.
— Independentemente, a oferta se mantém.
Ele terminou de comer, o silêncio crescendo entre eles. Grayson estava acostumado a mulheres mansas, mulheres que faziam o que se esperava delas e não faziam perguntas.
Então Serena chegou a Wolfglynn. Serena era uma anomalia, mas então
Adrianna também era. Estava começando a pensar que tinha a ver com sua magia que as fazia fortes, e independentes.
Seja qual for a razão, Adrianna era uma mulher que conhecia sua
própria mente e se atrevia a lutar contra o que se interpor em seu caminho.
Tinha mais coragem que a maioria dos homens, e a admirava por isso. Teria sido um grande guerreiro, se fosse um homem.
— Me leve contigo, — disse de repente.
Grayson a olhou novamente. Olhou seus pálidos olhos azuis e viu
emoção.
— Te levar? Onde?
Ela riu entre dentes.
— Ao povoado, esta noite. Me leve contigo.
Grayson apertou a mandíbula e sacudiu a cabeça. Não seria capaz de
aliviar a dor em seu pau se Adrianna estivesse com ele.
— Absolutamente não. Poderia haver perigo, e prefiro que fique com os
ciganos onde estará a salvo.
— Eu irei sozinha depois que você sair.
Amaldiçoou, sem lhe importar que o ouvisse.
— Poderia dizer-lhe ao Milosh e deixar que te amarre a carroça para te manter aqui.
— Poderia fazê-lo — disse ela e levantou o queixo como se o desafiando a fazê-lo. — Mas não o fará.
— Por que quer ir?
— Normalmente me mantenho afastada dos povoados, mas poderia ser
útil em uma situação arriscada.
— Não penso estar em uma situação arriscada, — disse entre dentes.
Tudo o que tinha pensado era em encontrar uma mulher disposta e assim
talvez, talvez, não desejasse Adrianna tão desesperadamente.
Ela riu.
— Vamos, Grayson. O que poderia me impedir de te acompanhar?
— O fato de que penso passar algumas horas com uma mulher.
— Uma mulher... — Sua voz se apagou ao dar-se conta do que queria
dizer. — Oh. Entendo.
E maldito seja, se não se sentia mal por sua expressão de horror. O que eram uns dias mais com um pênis dolorido? Está se esquecendo de que estará a sós com ela em breve?
Certamente não o esqueceu. Adoraria passar um dia inteiro seduzindo-
a até que ela cedesse ao desejo que tinha visto em seus formosos olhos. Então passaria outro dia aprendendo, saboreando-a... agradando-a.
— De acordo, — aceitou a contragosto. — Mas só se fizer o que eu
mandar quando mandar. Sem discutir, sem questionar.
Ela sorriu, seus olhos dançando com alegria.
— Tem minha palavra.
— Não me faça me arrepender
— Nunca, — murmurou e se afastou.
Grayson a viu ir, seu olhar se movia para o suave movimento de seus
quadris que o faziam pensar em outro esporte que podia fazer com que seus olhos brilhassem assim. Passou uma mão pelo rosto e tratou de reprimir seu desejo. A memória de suas mãos ao redor de sua ajustada cintura, lutando contra a vontade de deslizá-la por seu corpo enquanto a levantava da carroça, invadia sua mente.
Tinha visto como o olhava. O desejo em seus olhos azul pálido era
evidente e faria sua sedução fácil. E não queria nada mais que a seduzir, mas não podia, não quando sabia da maldição.
Adrianna era uma boa mulher. Ela merecia algo bom em sua vida, e
certamente não era ele.
Adrianna não podia acreditar que Grayson tivesse aceito deixá-la
acompanhá-lo ao povoado. A necessidade de ir tinha sido entristecedora.
Também tinha sido uma prova para o Grayson. Queria estar preparado para quando deixassem os ciganos. Manteria ela em sua carroça o tempo todo, ou lhe permitiria ajudá-lo quando pudesse. Não era idiota. Adrianna sabia que
não poderia entrar em uma batalha, mas havia outras maneiras de ajudar Grayson. E ela iria assegurar-se de que ele a deixasse.
Enquanto Adrianna caminhava entre os ciganos, viu a jovem e bela
Nadya olhando para Grayson. Adrianna se deteve e se voltou para olhá-lo, ele estava falando com a Yoska, sem dar-se conta da jovem que o desejava
desesperadamente. Adrianna não gostou da forma em que Nadya olhou para Grayson. Ela disse a si mesma que era porque Nadya era muito jovem para entender um homem como um Grayson, mas ela sabia que era mentira.
Grayson havia trazido um pouco de emoção a sua vida, que não teve
em anos, e Adrianna não queria que isso terminasse. Estava sendo egoísta, sabia, mas gostava de ter Grayson só para ela.
Em breve estarão sozinhos. Sem Milosh e Nadya para interromper.
Adrianna tragou saliva e apertou suas mãos enquanto sua respiração
acelerava. Quase como se seus pensamentos o tivessem chamado, o olhar de Grayson se voltou para ela. Por um momento se olharam, alheios as pessoas que os rodeavam.
Foi ela quem finalmente desviou o olhar. Adrianna se apressou a partir sozinha. Cada vez que o olhar de prata de Grayson se cruzava com o seu, um pedaço da parede que ergueu ao redor de seu corpo se desmoronou. Ele era bonito, sexy, poderoso e fazia seu coração pulsar mais rápido cada vez que estava perto dela. Quando a levantou da carroça, foi muito difícil para ela não colocar seus lábios nos dele, para sentir sua respiração quente misturada com a dela.
Passou tanto tempo desde que um homem a havia tocado como o fez
Grayson. Era uma tentação que sabia que devia resistir. O problema era que não queria resistir a ele.
Quantas vezes olhou para seus lábios, perguntando-se como se
sentiriam nos dela? Tocou a boca com os dedos. Passou muito tempo desde a última vez que tinha beijado alguém, tinha medo de que já não soubesse como fazê-lo.
Uma repentina mudança no vento fez com que Adrianna se sacudisse
de seu devaneio. Olhou para o céu e amaldiçoou enquanto levantava suas saias e se apressava a voltar ao acampamento.
— Uma tormenta está chegando, — disse enquanto passava por Milosh, Yoska e Grayson. Só tinha conseguido dar dois passos antes de que Grayson a alcançasse.
— O céu está claro, — disse. — Posso ver por milhas.
— Confia em mim, Grayson. Há uma tormenta se aproximando. Se quer
visitar o povoado, devemos sair agora. Se demorarmos, não chegaremos antes que a tormenta chegue.
Pelo modo em que seu rosto se curvou em dúvida, esperou que ele
discutisse. Em vez disso, como todos outros, ajudou a partir.
Adrianna comprovou sua carroça para assegurar-se de que todas as
suas ervas estariam a salvo dos ventos que ela sabia que descenderiam sobre eles. Então sentou em seu lugar.
— Espero que te equivoque — murmurou Grayson enquanto se
apressava a sentar-se ao seu lado e golpeava as rédeas das vacas.
— Eu também espero. — Embora sabia que não estava.
Os ciganos já não se moviam tranquilamente. Havia um sentido de
urgência que não existia antes. Adrianna odiava ficar apanhada nas
tormentas. Era melhor para todos se podiam ficar em marcha até poder parar a noite para esperar a tormenta passar.
De vez em quando via Grayson olhar o céu. Finalmente, ela o olhou,
esperando que lhe perguntasse o inevitável.
Sacudiu a cabeça.
— Como sabe?
— Posso sentir o cheiro no vento. É um dos meus dons.
— Sim, há vezes que posso sentir uma tormenta, também.
Ela sorriu.
— Não até a tormenta estar perto de você.
— Quão longe está a tormenta?
Adrianna elevou o rosto ao vento e aspirou.
— Temos cerca de quatro horas. — Ela abriu os olhos para encontrá-lo
observando-a.
— O que foi?
— Cheira o vento?
Ela assentiu e cruzou as mãos em seu colo.
— O que você cheira?
— Muitas coisas — respondeu ela e fechou os olhos enquanto inalava
profundamente. — Cheiro rosas, pinheiro e inclusive uma pitada de urze.
Não longe há uma pastagem de ovelhas. A Leste estão os campos de trigo balançando na brisa. E cheiro o mar.
— Assombroso.
Após um momento, abriu os olhos, temendo olhar para Grayson.
Embora os ciganos a aceitassem, sabia que alguns temiam seus dons e a
olhavam com uma mescla de medo e repulsa quando achavam que não estava olhando.
— Imagino que seja um dom muito útil, — disse.
Encolheu os ombros.
— Sim.
— Pode cheirar o mal?
— Definitivamente.
Não havia censura em seu olhar, a não ser aceitação.
— Bom. Acredito que vamos precisar dessa vantagem adicional.
CAPÍTULO ONZE
Adrianna franziu o cenho quando umas horas mais tarde o vento
começou a açoitar ao seu redor, as árvores se dobravam contra a força.
— Pode falar — disse Grayson sobre o vento uivante. Ela sorriu e lhe
lançou um olhar inocente. — Não sei a que se refere. — riu, com os olhos brilhantes. — Sabe que quer me dizer ‘eu avisei ’.
— Poderia, mas não farei.
Felizmente, chegaram na entrada no povoado e encontraram um lugar
perfeito para acampar de noite. Adrianna ajudou Grayson a soltar o gado e envolver uma corda ao redor de várias árvores para manter o gado junto.
— Ainda pode mudar de opinião — disse enquanto pegava seu braço e
a conduzia para sua carroça.
Ela sacudiu sua cabeça. — Quero ir contigo. — Ele suspirou. — Lembra-
se de sua promessa.
— Sim.
Depois de um aceno para Milosh, saíram a pé pela aldeia. Imaginou se
Grayson entraria na cidade, mas tinha outras ideias. Para sua surpresa, passearam ao redor da aldeia aprendendo o tamanho e onde estava cada
negócio e lar. Era fascinante ver como olhava a cidade, calculando onde poderiam escapar se a necessidade se apresentasse.
— Pelo jeito das coisas, só há um ou dois homens que poderiam nos dar
problemas.— Ela elevou uma sobrancelha. — E como sabe?
— Tem seus dons. Eu tenho os meus—, respondeu com um sorriso.
Logo assinalou para a esquerda onde havia um cavalo. — Vê esse monte? O
cavalo é de bom valor e, pela aparência da cadeira de montar3, quem quer que seja dono desse cavalo é, ao menos, um cavalheiro e possivelmente um
senhor.
Foi sua vez de ficar impressionada.
— Nunca teria sabido.
— Agora já o faz. Assim, fique...
Ela o olhou quando suas palavras se calaram. —O que é?
— Não acredito — sussurrou e se inclinou para olhar através dos
arbustos. — É o meu cavalo.
—O que? Onde?
—O cinza no estábulo na parte da frente.
—Está seguro de que é seu cavalo? Talvez é um que se parece com ele.
Franziu o cenho, os lábios apertados em uma linha fina. — Tinha o
cavalo desde potro, Adrianna. Conheço a forma que se move, a forma em que atua, e eu certamente saberia se fosse um que se parece com ele.
—Como chegou até aqui?
—Não sei, mas o averiguarei. Não vou sair deste povoado sem meu
cavalo ou cadeira de montar — disse, com os olhos entrecerrados em
concentração.
Tocou-lhe o braço antes que pudesse ir para a vila. — Posso conseguir o cavalo.
—Não te seguirá — disse Grayson com um suspiro.
—Me deixe me preocupar com isso. Se converter-se em um problema,
espero-te. — mordeu o lábio enquanto pensava em suas palavras.
— Não sei,— vacilou.
—Posso fazer isto.
Depois de um momento assentiu. — Me encontre aqui. Assegure-te de
averiguar como chegou o cavalo.
—De acordo — disse ela e girou para ir quando ele a deteve. — E trata
de conseguir minha cadeira de montar.
3 Sela
Uma vez mais girou para ir, mas uma vez mais, ele a deteve, puxando-a para ele. Suas mãos se encontraram com seu peito duro enquanto
contemplava seus olhos prateados.
— Se houver problemas, fuja.
Ela assentiu, incapaz de formar palavras enquanto seu calor a
dominava. Seus olhos posaram em sua boca quando seus lábios se separaram.
Justo quando pensou que ele poderia beijá-la, lhe deu um suave empurrão.
— Vá — indicou o povoado.
Adrianna se apressou em afastar-se antes que ela trocasse de opinião e beijasse Grayson como ela desejava fazer. Tratou de acalmar-se enquanto caminhava pela estrada principal do povoado. Umas quantas pessoas
olharam em sua direção, mas a maioria a ignorou. Pela extremidade do olho, viu Grayson mover-se para a estalagem da cidade onde se encontrava o cavalo que tinha visto antes.
Enquanto caminhava para o curral, o cavalo castanho trota para ela, sua grande cabeça movendo-se de cima abaixo.
—Tranquilo moço,— ela murmurou. —Estou aqui para te levar até
Grayson. Veio por ti.
Como se o cavalo a compreendesse, apoiou a cabeça sobre a cerca e
deixou que esfregasse seu nariz aveludado.
— Posso te ajudar? — disse uma voz profunda atrás dela.
Adrianna olhou por cima do ombro para ver um homem maior com
dois dentes perdidos e roupa suja.
—Vejo que encontraste o cavalo de meu marido. — Ela continuou
acariciando o cavalo, deixando que o animal aprendesse seu aroma e toque.
— Seu marido? — repetiu o homem. — Esse não é seu cavalo.
— Certamente é. Agarraste aos homens que roubaram a meu marido?
A sobrancelha franziu o cenho. —Não. Não apanhei nenhum ladrão.
Adrianna respirou fundo. — Estou muito decepcionada de que os
ladrões conseguiram escapar, mas ao menos o cavalo se liberou deles. Solte-o.
— Agora está aqui — disse o homem e deu um passo para ela.
— A menos que—, interrompeu-lhe, — fosse o ladrão. Devo enviar às autoridades? — A cara do homem ficou vermelha — Esse não é seu cavalo —
repetiu.
— Me diga — disse enquanto passava o braço pela cerca para acariciar o cavalo cinza. — Conseguiu montá-lo?
O ancião cruzou os braços sobre o peito e se negou a responder.
— Como eu suspeitava — disse Adrianna. — Só permite eu e meu
marido montá-lo. Meu marido está no botequim enquanto falamos. Está de mau humor. Este garoto era um de seus cavalos favoritos, igual à cadeira de montar.
—É isso verdade?
Ela assentiu. — Sim. Lorde Grayson de Wolfglynn —, disse a mentira
com um sorriso. — Estou segura de que ouviste falar dele. É um magnífico guerreiro, muito favorecido pelo rei.
Os braços do homem caíram ante suas palavras.
— Então, senhor? —perguntou ela. — Devolverá o cavalo, ou deveria ir
e chamar a meu marido e lhe deixar tratar com ele?
Vários momentos mais tarde, Adrianna soltou sua respiração reprimida
enquanto o homem assentia.
—Sim, vou liberar ao cavalo—, respondeu à contra gosto. Aproximou-se
e começou a levantar a madeira da porteira.
— E a cadeira de meu marido.
— Agora está aqui — disse ele, voltando-se para ela.
Ela levantou suas saias e se dirigiu para o botequim. — Sim, estou de
acordo. Vou procurar a meu marido.
— Espera, milady —, o homem chamou enquanto se apressava atrás
dela.
Adrianna o olhou com um sorriso. —Foi muito amável de sua parte
manter o cavalo para nós e manter a cadeira de montar de meu marido a
salvo. Como recompensa por sua amabilidade — disse ela e estendeu a
pequena bolsa de moedas.
Os olhos do homem se arregalarem. — Me deixe preparar o cavalo para você, milady.
Adrianna quis afundar-se no chão. Tinha começado a perguntar se seria
capaz de recuperar o cavalo de Grayson. Tal como ela tinha imaginado,
baixou à moeda.
Apoiou-se contra a cerca e observou como o homem selava o animal —
Me diga,— ela perguntou. — Como conseguiu o cavalo?
— Apareceu várias noites atrás — respondeu. — Não viu nenhum
homem?
— Não, milady. Dou minha palavra.
Por alguma razão, lhe acreditou. — Meus agradecimentos, senhor.
Com o cavalo selado e as rédeas na mão, deu ao homem suas moedas.
— Bom dia, então.
— Tome cuidado, milady. Há uma tempestade a ponto de começar.
Conhecia muito bem a tormenta que estava a ponto de desencadear a
tempestade. O vento se acalmou a uma ligeira brisa, mas era a calma antes da tempestade. Por cima dela, nuvens escuras rodavam pelo céu, bloqueando os poucos raios de sol e cobrindo-os na escuridão. O trovão retumbou distante.
Mas Adrianna não prestou atenção às nuvens. Queria levar o cavalo até
seu lugar de encontro. Um som de trovão ressonou, fazendo retroceder ao cavalo. As arrumou para aferrar-se às rédeas e tranquilizar ao cavalo o suficiente para entrar nas árvores, mas o cavalo estava assustado. Não tomaria muito que o mandasse galopando na distância.
— Grayson — murmurou ela. — Depressa.
Grayson sorriu à mulher em seus braços. Seus amplos peitos estavam a
centímetros de seu rosto, e sua mão descansava perto de seu pênis duro. A empregada já tinha sugerido que subissem para seu quarto. Por muito que queria aliviar seu desejo reprimido, a ideia de deitar com a moça não o atraía, não como o fazia quando imaginava que era Adrianna em seus braços.
— Milord —, a mulher ronronou em seu ouvido. — Seu pênis me diz
que me quer. Por que não te alivia entre minhas coxas?
Grayson apertou a mandíbula. — Não tenho tempo agora, amor. Mas há
algo que pode fazer por mim.
— De verdade?— Ela sorriu e esfregou seus peitos em seu peito. — Me diga, milord.
—Alguém roubou minha espada.
Ela riu e deslizou sua mão sobre seu pênis. — Não, milord. Estou
sustentando sua espada. — Grayson tirou sua a mão. —Necessito uma arma.
Com uma careta, incorporou-se. — Posso te conseguir uma espada.
—Justo o que queria ouvir.
—Mas há algo que quero.
Sempre havia. — O que poderia ser isso?
— Você,— sussurrou-lhe ao ouvido. —Em minha cama.
Grayson odiava mentir, mas não tinha outra opção. Abriu a boca para
lhe responder quando um forte som de trovão fez tremer o botequim.
Adrianna.
— De acordo, amor — disse. —Me leve a espada, uma boa espada, e te
encontrarei lá fora.
— Nos fundos? — disse com o nariz enrugado de nojo. —Está a ponto
de chover
—Sim. Já fez alguma vez na chuva?
Ela sacudiu seu cabelo castanho e opaco.
— Então será a primeira vez. Encontre-me depressa, — disse e lhe deu
um pequeno empurrão.
Enquanto saia do botequim, sentiu os olhos de um homem sobre ele.
Um olhar por cima do ombro mostrou a Grayson que era o cavalheiro que
possuía o cavalo em frente ao botequim. depois de fechar a porta atrás dele, olhou para cima para ver as nuvens negras sobre ele.
Merda.
Olhou o curral para vê-lo vazio, e um sorriso se desenhou em seus
lábios. Não tinha acreditado que pudesse fazê-lo, mas tinha demonstrado que estava equivocado. Grayson se apressou a percorrer o edifício e esperou à moça. Grandes gotas de chuva começaram a cair sobre ele. Tamborilou seus dedos em sua perna, insistindo silenciosamente à moça a que se apressasse para poder voltar para Adrianna.
Finalmente, a porta de atrás do botequim se abriu, e a mulher saiu sustentando uma espada em suas mãos. —Disse que conseguiria sua espada.
Grayson sorriu e a colocou na cintura. Tirou a espada e a inspecionou
para assegurar-se de que não estivesse oxidada e inútil. Quando resultou ser uma arma decente, colocou em seu cinto.
—Meus agradecimentos.
— Espera—, gritou quando começou a partir. — Pensei que te foste
deitar comigo.
Um relâmpago escolheu esse momento para atacar, e através do vento
ouviu o alto chiado de um cavalo assustado.
— Não tenho tempo agora — disse e correu para as árvores.
CAPÍTULO DOZE
Quando Grayson irrompeu através da folhagem, olhou a sua esquerda
para ver Adrianna agarrar as rédeas do cavalo com toda sua força enquanto ele se elevava sobre ela. Ele era forte, muito forte para que ela aguentasse por muito tempo.
Era como se as forças da natureza conspirassem para retê-lo. Quanto
mais rápido corria para ela e seu cavalo, mais forte o vento soprava contra ele.
Não importa quanto amaldiçoasse o vento não diminuía. E então o céu
se abriu, a chuva o encharcou em um instante. Um raio percorreu o céu como dedos que se estendiam para eles.
Estava a ponto de chegar a eles quando o garanhão deu um puxão com
sua grande cabeça, puxando as rédeas de Adrianna e enviando-a para o chão, antes que separasse em uma carreira.
Grayson correu para ela e a ajudou a ficar de pé enquanto ele assobiava agudamente, rezando para que o animal o escutasse através da tormenta.
—Está bem?— Gritou.
Ela assentiu, seus olhos brilhavam com determinação. — Disse que
conseguiria seu cavalo. — Ele riu. — E você conseguiu.
Felizmente, ele trotou de volta para eles. Grayson tomou as rédeas e
passou a mão pelo pescoço do cavalo. — Tranquilo rapaz. Tudo ficará bem.
Tomou mais tempo do que queria, mas uma vez que o garanhão estava
o suficientemente calmo, colocou Adrianna em cima dele e montou
apressadamente atrás dela.
— Eu cavalgaria mais fácil escarranchada — disse por cima do ombro.
Grayson a ignorou e empurrou o cavalo em um galope de volta para os ciganos. Tratou de ignorar a forma que seu vestido estava moldado em seus peitos, seus mamilos visíveis quando chuva fria intensificou.
Como queria inclinar-se e provar o duro mamilo, sugá-lo enquanto ela
gemia debaixo dele, seus quadris contra os seus. Só de pensar em roupa de cama lhe fez endurecer. Rezou para que não sentisse sua excitação.
Não foi até que seus arreios deslizaram no barro e Adrianna quase caiu que Grayson envolveu um braço ao redor dela. Por mais que pudesse, não podia ignorar a sensação dela contra seu peito ou o quão maravilhoso se sentia ao sustentá-la.
Necessitava desesperadamente se aliviar quando chegaram ao
acampamento. Só estar perto dela era muito. E tinha sido o suficientemente parvo para aceitar que ela viajasse com ele para Hawksbridge.
Grayson desmontou e apertou os dentes quando ela o alcançou. Tentou
abraçá-la o mais longe que pôde, mas sua mão escorregou sobre seu vestido úmido. Ela caiu contra seu peito, seu rosto a polegadas do seu com seu outro braço instintivamente envolto ao redor dela.
Ficou quieto, incapaz de tirar a vista de seu penetrante olhar e não
queria deixá-la cair. Seus olhos baixaram até sua boca. A fome de saboreá-la, sentir seus doces lábios contra os seus, era entristecedora.
—A tormenta está piorando—, disse.
Ele assentiu com a cabeça, agradecido de que ela o detivera de enganar-se e de beijá-la. —É verdade.
Um relâmpago iluminou o céu em uma batida do coração antes que o
trovão estalasse ao redor deles. Grayson pôs Adrianna de pé. Ela se dirigiu para seu carro e se deteve.
— Você não vem?
— Tenho que ir ver meu cavalo — gritou e voltou para o cavalo que
ficou olhando fixamente com olhos escuros. — Sei, sei — murmurou ao
cavalo. —É um engano querê-la como eu o faço. Não tem que me dizer isso.
Grayson tirou sua cadeira de montar e pôs o cavalo com os outros. Ele
esfregaria o cavalo no dia seguinte, mas por agora, precisava sair da tormenta.
Correu para a carroça de Adrianna e saltou dentro. Com uma sacudida, tirou a água de sua cabeça. Alisou o cabelo e levantou a vista para encontrar Adrianna de pé com nada mais que uma manta contra seu peito, deixando
seus braços e uma perna exposta.
Grayson deixou que seus olhos vagassem por sua perna bem torneada
para cima até seu braço magro, seus olhos que nunca deixavam os seus. —
Minhas desculpas — obrigou-se a murmurar. — Esperarei lá fora.
— Espera —, disse enquanto voltava para a entrada. Lentamente,
Grayson se voltou para ela.
— Não sou uma donzela. Esqueceu, que como curandeira, já vi o corpo
de um homem.
—Não é meu corpo o que me preocupa que veja.
Adrianna lambeu os lábios e manteve a manta contra ela, suas mãos
tremendo e seu coração em sua garganta. Não havia engano que era desejo que brilhava nas profundidades cinzentas de Grayson. Tinha estado ali desde que se ficou contra ele quando ela desmontou.
— Boa noite, Adrianna.
Deu um passo para ele. — Onde vai? Eles estão atacando lá fora — Deu
de ombros. —Encontrarei um lugar.
—Grayson, vamos viajar juntos logo. Isto é ridículo. Só espere até que possa me vestir.
Esperou, segurando a respiração em seu peito até que ele assentiu com
a cabeça e ficou de costas. Deveria ter o deixado ir, sabia, mas não queria que fosse. Tormenta ou não, gostava de tê-lo por perto.
Adrianna tirou a manta e procurou roupa seca, mas não antes que ela o
visse tirar sua túnica lhe dando um vislumbre de suas costas musculosas.
Quando terminou, deu a volta enquanto soltava o cabelo para encontrar
Grayson olhando para a parte de atrás da carroça, com os pés separados e os braços cruzados sobre seu peito.
—O que está pensando?
Olhou por cima do ombro antes de olhá-la. —Estou pensando que estou
muito contente de que soubesse da tormenta. Não quero que me
surpreendam viajando devido isso.
— Vejo que encontrou uma espada, — disse ela e assentiu com a cabeça à arma atada em seu quadril.
Ele sorriu. — Tenho meus costumes. Devo um obrigado a você por ter
adquirido meu cavalo e minha cadeira de montar.
— Também tenho meus costumes — replicou com um sorriso. —
Trabalhamos bem juntos, não é?
— Sim — assentiu ele brandamente, algo em seus olhos fez que seu
estômago embrulhasse.
Adrianna abriu os olhos para encontrar Grayson fora da carroça.
Levantou-se de um salto e olhou para o exterior para ver o sol brilhando, as árvores brilhando da tormenta.
Colocou os sapatos e começou a pentear-se quando Grayson subiu na
carroça. —Dormiu bem?—
— O que pude com a tormenta.
—Seu cavalo ficou bem?
— Sim.
Era a forma em que ele a olhava fixamente, como se esperasse para lhe
dar uma grande noticia que a fez deter-se. —O que é?
—Temos que ir. Hoje.
Adrianna sabia que iria, mas não esperava que fosse tão cedo. —Está
bem, deixe-me terminar meu cabelo e me despedir.
Entretanto, não saiu.
—Há mais?
Assentiu. —Não vamos levar sua carroça, por isso terá que empacotar o
que puder trazer.
—O que?
— Viajaremos mais rápido a cavalo, Adrianna.
Olhou ao redor do lugar que foi sua casa durante os últimos anos.
Nunca lhe tinha ocorrido que não o levariam.
—Ainda pode trocar de opinião.
Ela negou com a cabeça e o olhou. —Não. Começarei a recolher minhas coisas.
Grayson a deixou e caminhou para os cavalos. Não tinha perdido a
surpresa e o remorso em seus olhos por deixar sua carroça. Precisava viajar rapidamente, e o carro não era adequado para poder fazê-lo.
— Acredito que vais se despedir — disse Milosh enquanto caminhava.
—É a hora.
Milosh olhou para o lugar da Adrianna. —Ela sabe?
— Acabei de contar. Agora está recolhendo suas coisas.
O dirigente cigano cruzou os braços sobre seu peito. —Me deu a sua
palavra de que a manterá a salvo.
—Eu dei, e a manterei. Mas recorde que ela tem uma mente própria e
toma algumas decisões imprudentes independentemente do perigo.
— Sim, — disse Milosh com um sorriso pequeno e sábio. — Isso é o que
faz. — Grayson olhou ao seu redor. —Não siga em seu caminho atual.
— Por quê?
— Não te direi por qual caminho vamos caso os homens lhe encontrem,
mas acredito estarão mais seguros se encontrar outro caminho.
Milosh pensou nisso um momento antes de assentir. — De acordo.
—Bom.
O olhar de Milosh se moveu até um ponto sobre o ombro de Grayson, e
soube que Adrianna estava ali. Ele a olhou e a observou atentamente
enquanto olhava desde ele aos cavalos que estavam a cada lado dele.
— De onde saiu o negro? — perguntou.
— Supus que seria mais feliz com seu próprio cavalo.
Mordeu o lábio e estendeu uma mão para permitir que a égua a
cheirasse antes que Adrianna passasse uma mão pelo seu pescoço elegante.
— Quando a encontraste?
— Ontem à noite, quando a chuva caiu. Não pude dormir.
— É formosa — disse Adrianna.
Grayson olhou Milosh para encontrar o romeno olhando Adrianna. O
correto seria lhes dar um momento a sós, mas Grayson não se sentia tão
inclinado a isso. Talvez fosse a necessidade e a tristeza no olhar do líder que incitou Grayson a permanecer ao lado de Adrianna.
— Drina —, disse Milosh.
Ela o olhou. —Já sabe?
— Sim —, disse e se aproximou dela. — me dê sua palavra de que não
fará nenhuma tolice.
Adrianna sorriu e levantou um ombro. — Farei o melhor que conseguir.
—Isso é tudo o que posso pedir.
Grayson lhe deu as costas, embora quisesse vê-lo. Verificou a cadeira em seu cavalo mais uma vez enquanto seguia escutando sua conversação.
— Voltará? — perguntou Milosh.
— Não sei o que proporciona o futuro. Se puder, voltarei. — Houve
uma pausa antes de dizer: — Milosh, é um bom homem. Não passe seus dias suspirando por mim. Encontre uma mulher que te amará e te dará muitos
filhos.
— Poderia ser você, Drina.
— Não. — respondeu brandamente. — Não posso ser.
Pela extremidade do olho, Grayson viu Adrianna pegar o rosto do líder
antes que Milosh se afastasse.
Grayson a olhou por cima do ombro. — Chegou a hora de me despedir.
— Ela assentiu com a cabeça e caminhou para os ciganos.
Todo o acampamento estava alinhado esperando para despedir-se.
Quando Adrianna voltou para Grayson, seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas.
Ele a ajudou a montar a égua negra e atou sua bolsa à cadeira antes de tocar sua perna.
—Talvez deveria ficar. Esta é sua casa.
Os olhos azuis pálidos se encontraram com os seus. — Meu caminho se
desviou deles. Sabia que o faria um dia, e o aceitei.
Grayson montou. Com um adeus aos ciganos, ele e Adrianna saíram.
Não tinham chegado longe quando ela disse: — Nunca montei um cavalo
antes de ontem.
A olhou e sorriu. — Pensei o mesmo, por isso escolhi essa égua. É
rápida em caso de que tenhamos que sair correndo, mas é dócil e não se assusta facilmente. Deveria estar bem.
— Isso espero — murmurou.
— Não deixarei acontecer nada com você, Adrianna. Dou minha
palavra.
Quando seu olhar se encontrou com a seu, rezou para que pudesse
cumprir seu voto.
CAPÍTULO TREZE
A Adrianna sempre gostou dos cavalos. Eram criaturas tão formosas e
graciosas. Muitas vezes, quando era menina, tinha querido montar um dos magníficos animais. Agora, única coisa que queria fazer era descer e não voltar a ver um cavalo. Seu corpo doía em lugares que nem sequer sabia que pudessem machucar.
E só tinham estado montando durante algumas horas. Não tinha
escapado de sua atenção que Grayson trocou de direção muitas vezes. Tratou de ocultar sua irritabilidade, mas cada vez era mais difícil fazê-lo.
— Sabe aonde vamos? — Ela estava bastante orgulhosa de si mesmo
por não ter quebrado.
Olhou-a por cima do ombro e sorriu. — É obvio que sim. Não confia em
mim?
— A confiança não é o problema.
Com um pequeno puxão nas rédeas, deteve seus arreios até que seu
cavalo estava seu lado. Seu olhar se estreitou nela. — O que acontece?
Adrianna detestava queixar-se. Não era culpa de ninguém que sentia
dor, e não seria bom dizer algo agora quando tinham dias de cavalgada pela frente.
—Drina.
Seu olhar voltou para o seu quando usou seu apelido. Ele suspirou. —
Não posso ajudar se não sabe o que está mau.
—Estou sofrendo—, confessou finalmente.
Suas sobrancelhas se levantaram enquanto ele ria.
— Por que não disse algo antes?
—Que bem teria feito?
—Poderíamos ter parado para descansar.
A ideia de descer do cavalo soava celestial, mas seria ainda mais
doloroso voltar a subir na besta. Não, era melhor que ficasse onde estava.
—Obrigada, mas não. Uma vez que saia da égua pelo dia, não voltarei a
montar.
— Me deixe saber se trocar de opinião — disse e empurrou seu cavalo
para um galope. Quando Grayson parou para comer, Adrianna sabia que suas pernas eram inúteis.
— Não tem fome? — perguntou enquanto abria o pano de comida que
os ciganos tinham proporcionado.
—Esfomeada.
—Então desmonta e vem comer.
— Não acredito que possa.
A comida fico esquecida, enquanto Grayson caminhou para ela. —Vem.
Eu ajudo.
Adrianna alcançou com gratidão os ombros de Grayson enquanto suas
grandes mãos envolviam ao redor de sua cintura e a levantava brandamente da égua. Não a soltou uma vez que seus pés estavam no chão. Ela não era muito orgulhosa para grudar nele enquanto a ajudava a chegar a uma árvore para poder sentar-se contra ela.
Uma vez colocada, trouxe-lhe pão e queijo. — Come enquanto vejo os
cavalos.
Quando lhe tinha rogado que viesse, nunca tinha imaginado que ia
cavalgar por toda a Inglaterra. Como se a égua conhecesse os pensamentos de Adrianna, o cavalo a olhou antes de tomar água do rio.
— Precisamos acampar aqui essa noite? — perguntou Grayson
enquanto deixava pastar os cavalos.
Sabia que podia dizer que sim, e que ele ficaria, mas Adrianna também
sabia quão importante era para eles viajar rapidamente.
— Não — disse ela e mordeu o pão. — Se me der tempo para descansar
e ferver as ervas, estarei pronta para montar de novo.
Deixou-se cair no chão e apoiou seu peso em um braço. — Mais magia?
— Mais magia — respondeu ela com um sorriso.
— Por certo, sei aonde vou, — disse depois de uma breve pausa. —
Dirijo-me em diferentes direções para tentar despistar qualquer que possa seguir nosso rastro.
Ela mastigou e engoliu sua comida. — Quanto tempo imagina antes que
alguém nos encontre?
— Depende. Se os homens que me atacaram se encontram na aldeia
onde recuperamos meu cavalo, poderia ser questão de dias.
— Pode lutar contra eles?
Um lado de sua boca se elevou em um sorriso. — Sem dúvida posso
lutar contra eles. Ganhar é outro assunto. Esses homens não atuam como simples cavalheiros.
—Qual é seu plano?
Suspirando, apoiou-se em seu cotovelo e estirou as pernas. Estava bem
sentado ao sol, tão despreocupado como o vento que soprava a seu redor. —
Temos que chegar a Hawksbridge. Quero estar ali quando os homens
atacarem.
— Isso poderia muito bem ser sua defesa.
— Certo.
Adrianna colocou as pernas para um lado. — É um homem contra
quantos?
— Havia seis.
— Contra seis? Inclusive se fosse o melhor cavalheiro da Inglaterra, teria dificuldades para ganhar essa batalha. E se estes homens são parte do mal, não terá chance.
—Não tem fé em mim.
— Não é verdade. Tenho fé absoluta em você. Tudo o que estou pedindo
é para não fazer algo parvo como correr para Hawksbridge em busca de uma briga.
— O que propõe então?
Ela sorriu. — Estratégia. Eles não têm ideia de que vamos para Hawksbridge, assim vamos usar isso a nosso favor. Chegaremos como um
Lord e uma Lady para uma visita. Ninguém se atreveria a deter a nobreza, especialmente se só queremos descansar um pouco.
Sentou-se e arranhou o queixo. — Essa é uma boa ideia. Poderia
funcionar. — É obvio que funcionará.
— Geralmente, fico fora das estradas principais, mas poderia ser a nossa vantagem para assegurar-se de que sejamos vistos. E frequentemente.
Ela sorriu. — Perfeito.
— Há um caminho a uma hora de viagem daqui. Levaremos eles a
Dirkshire.
— O que é Dirkshire?
— É uma aldeia que visitei uma vez. Há uma estalagem em que
podemos ficar e recolher mais comida. Também nos permitirá ser vistos.
Enquanto que ali me proponho averiguar o que posso sobre Hawksbridge.
Terminou seu queijo e bateu as mãos. — Talvez deveríamos comprar
algumas roupas novas também.
— Por quê? — perguntou, franzindo o cenho.
—Se entrarmos em Hawksbridge assim, ninguém nos dará atenção.
Temos que nos vestir corretamente.
—Deixe uma mulher pensar em roupa. Sim, tem razão. Obteremos
roupa nova.
Um falcão voou sobre eles, seus gritos ressonaram na quietude da zona.
Adrianna observou à ave até que voou fora da vista. Quando baixou o olhar, Grayson a observava.
— Convenceu-me de que podia ajudar, e eu estive de acordo. Quanto
mais penso nisso, mais me dou conta de que deveria ter deixado você com o Milosh.
Adrianna ficou de pé lentamente e caminhou até onde estavam suas
ervas na bolsa. Recolheu o que necessitava e voltou para a árvore. Não lhe surpreendeu encontrar Grayson recolhendo lenha para um fogo.
Esperou até que voltou e começou a empilhar a madeira antes que ela respondesse. — Já lhe disse isso, o mal tem que ser detido. Há uma boa possibilidade de que possa impedi-lo antes que possa fazer mais dano.
— Por que não me diz como derrotá-lo?
—Não é tão fácil. Desejo que fosse, mas não é.
O pequeno fogo começou a arder mais brilhante, já havia devorado a
madeira. Grayson passou uma mão por seu rosto e se sentou. — Não vou
mentir e dizer que quero morrer, mas trazê-lo para o que poderia ser o poço do mal é a decisão equivocada.
Ela esmagou as ervas na tigela pequena e verteu água sobre elas antes
de pôr a tigela sobre o fogo. — O homem que buscas não está em
Hawksbridge. Não ainda, de todos os modos.
—O que?
Atreveu-se a jogar uma olhada para ver a mandíbula de Grayson
apertada. — Ele está vindo. Seja para ti ou Hawksbridge, não sei.
—Como sabe isso?
— Cheiro-o. — levantou-se e se girou para o sudeste. — Vem desta
direção. — Grayson estava ao seu lado em um instante. —Está segura?
— Definitivamente. — Ela girou sua cabeça para ver a agonia em seu
perfil.
Fechou os olhos e sacudiu a cabeça. — Não sei se isto pode funcionar.
Estou preparada para morrer — disse e abriu os olhos.
— Mas tem sua vida toda pela frente.
— Que vida? Estou sozinha, Grayson, e sempre estarei sozinha. Utilizo
minha magia para ajudar às pessoas, assim me deixe usá-la para te ajudar. Se morrer, que assim seja. A morte não é algo do que possamos escapar. É para todos nós.
Grayson sabia muito bem. Estudou Adrianna, surpreso pela valentia de
seu interior. —Tentaremos. Mas se parecer que não há nenhuma
possibilidade de que eu ganhe, quero sua palavra de irá e não olhará trás.
— Grayson — começou ela.
— Não. Não há compromisso com isto. Por favor, Adrianna. Necessito sua palavra. — A contra gosto, assentiu com a cabeça.
—Obrigado.
Continuou olhando para o sudeste, perguntando-se onde estaria esse
homem que o caçava. Tinha sido ferido na luta contra Drogan, mas poderia ter se curado com suficiente rapidez se sua alma tivesse sido vendida ao diabo como Serena lhe tinha sugerido.
Adrianna passou atrás dele no fogo. Ele a olhou para vê-la verter o
conteúdo da tigela em uma taça e começar a beber. Estava agradecido de que estivesse com ele, porque lhe deu uma vantagem que de outra maneira não teria. Entretanto, como um cavalheiro, um guerreiro que tinha jurado
proteger os mais fracos que ele, sabia que não deveria levá-la para
Hawksbridge. Jamais se perdoaria se lhe fizessem mal, mas pela vida dele não podia manda-la embora.
Inclusive se não tivesse lhe feito uma promessa, ele a teria mantido com ele. Não estava seguro do que era o que lhe atraía, mas era incapaz de ignorá-
lo.
Nenhuma mulher o tinha afetado. Tinha pensado que podia ser sua
magia, mas logo se deu conta de que isso não tinha nada a ver. Era a própria Adrianna. Seus pálidos olhos azuis, seu cabelo dourado, sua pele cremosa e seu corpo esbelto não podiam manter suas mãos fora.
Inclusive agora, ele queria empurrá-la contra ele e provar seus doces
lábios. Desejava que seus braços se envolvessem ao redor dele e sentisse seus seios contra seu peito. Queria ouvi-la gemer ao seu toque e rogar por mais.
Queria que ela o quisesse.
Se não fosse pela maldição, poderia ter a oportunidade de seduzi-la.
Mas ele não a obrigaria. Controlaria sua paixão e manteria escondido seu desejo. Não estava seguro se acreditava ou não na maldição, mas Adrianna certamente acreditava. Fazia um ano, não tinha acreditado na magia. Poderia estar equivocado a respeito da maldição também?
Enquanto estava em Wolfglynn, tinha ouvido Drogan e Serena falar de
uma maldição. Era possível que fosse a mesma maldição, e desejava que
Drogan estivesse ali para falar.
Grayson se voltou para a Adrianna. Ela sustentava a taça entre suas mãos, seus olhos fechados com sua cabeça contra a árvore. Várias mechas de seu cabelo dourado se desprenderam da trança e emolduravam seu formoso rosto.
Nunca lhe perguntou, mas ele assumiu que as ervas que tinha cozido
eram para ajudar à dor de montar. Alegrou-se de ter ido à aldeia e ter comprado a égua. Seu cavalo poderia ter levado a ambos, e queria ter
Adrianna contra ele, mas era mais prudente que cada um tivesse uma
montaria. Sua mente se voltou para o Dirkshire. Se saíssem logo, podiam chegar à noite. Para assegurar o disfarce que Adrianna queria retratar, seria apresentada como sua esposa.
Estranhamente, essa ideia lhe atraía de uma maneira que nunca
esperava.
CAPÍTULO QUATORZE
Adrianna abriu lentamente os olhos. Já podia sentir as ervas e sua
magia trabalhando para afrouxar seus músculos doloridos. Em apenas um
momento, estaria apta para voltar a subir à égua.
Encontrou Grayson com os cavalos. Acariciou o negro e falou em um
tom suave e uniforme. Adrianna não pôde discernir suas palavras, mas o cavalo parecia lhes dar boas-vindas. Ficou com os olhos fechados enquanto suas mãos esfregavam o pescoço e a cabeça.
Adrianna percebeu que gostava de admirar Grayson. Para um guerreiro
tão alto e musculoso, movia-se com graça e velocidade que não tinha visto antes. Só podia imaginar quão formoso era com sua espada na mão e frente a um inimigo.
— Tem um jeito com os animais — disse-lhe quando a olhou. —
Encolheu os ombros. —Os cavalos sempre gostaram de mim. Cada vez que
Drogan tinha um que precisava ser arrumado, ele me dava o trabalho.
—Já vejo por que. Os cavalos respondem a ti, quase como se lhe
entendessem. Inclusive poderia chamá-lo de magia.
Deu uma palmada no negro e riu enquanto se afastava. — Magia.
Acredito que podemos dizer com segurança que não tenho nada disso.
— OH, não sei. A magia vem em todas as formas. O amor é magia. Um
recém-nascido que entra no mundo é mágico.
— E sua magia? — perguntou. —Como a chamaria?
Adrianna se levantou sem nenhuma dor. — Diria que é mortal. Todos
sabem o que ocorre quando se diz a palavra bruxa. Prefiro não ser queimada na fogueira.
—Pode chamá-la mortal, mas, para aqueles que não lhe temem, poderiam te chamar de anjo.
Um sorriso se desenhou em seus lábios. — Chamaram-me de muitas
coisas, Grayson, mas nunca anjo.
— Sempre há uma primeira vez para tudo.
O brilho diabólico de seus olhos cinza a abraçava. — Isso ouvi.
— Suponho que as ervas funcionaram?
Ela assentiu. — Com um pouco de magia.
— Usa magia em tudo? — perguntou enquanto apagava o fogo.
— Não se não tiver que fazê-lo. Não se deve abusar da magia. —Ela se
inclinou para recolher a tigela e a taça e caminhou para a égua.
—Seria muito fácil para a magia governar tudo em minha vida.
Aproximou-se por trás dela, com as mãos na cintura. — O que
aconteceria caso cedesse à tentação?
Por um momento, Adrianna não pôde respirar. Não estava segura se
Grayson estava perguntando por sua magia ou a atração entre eles. Girou a cabeça e o olhou por cima do ombro. Seus olhos brilhavam de desejo.
— Não sei — respondeu finalmente.
Um lento sorriso se formou em seu formoso rosto antes que sem esforço
a levantasse sobre a égua e lhe entregasse as rédeas. —Nunca se sabe quando a tentação levará para longe o melhor de ti.
Não tinha ideia de quão bem estava, mas não ia dizer lhe isso. Com uma palavra, um movimento, Adrianna podia lhe fazer saber sua fome. A tentação seria a menor de suas preocupações depois disso. Porque ela sabia da luxúria e que através dela só complicaria as coisas. E necessitava uma cabeça clara quando se enfrentava o mal.
A última coisa que tinha que fazer era preocupar-se com ela, e o que
aconteceria se compartilhassem seus corpos. Entretanto, não lhe impediu de imaginar como parecia estar em seus braços enquanto a envolviam em seu forte abraço, levantando seu rosto e aceitando seus beijos.
Grayson não se incomodou em ocultar seu desejo dela, por isso lhe
correspondia manter as coisas como estavam. Tinha que manter-se forte e
recordar a maldição e o mal. Se sobreviviam à batalha por diante, ela cederia a seu puxão.
Ele montou e girou sua cabeça para ela. —Pronta?
— Sim — murmurou, mas não encontrou seu olhar. Ela temia que se ele
a olhasse nos olhos, ele saberia que ela lutava uma batalha perdida.
Grayson não tinha tentado seduzi-la, mas não lhe custaria muito que a
enviasse para borda. Seu corpo zumbia com a necessidade, seu sexo
apertando ao pensar em seu pênis deslizando dentro dela, esticando-a,
enchendo-a. Acariciando-a.
Ela mordeu um gemido e umedeceu os lábios.
Com um golpe de seu chicote, pôs a égua em movimento atrás de
Grayson. Ela inalou uma respiração tremula. Ia ser um dia comprido.
Grayson deteve seu cavalo fora de Dirkshire.
— O que acontece? — perguntou Adrianna enquanto se aproximava
dele. Sacudiu a cabeça.
— Nada que eu veja.
— Estava esperando algo ou alguém?
— Nunca sei —, disse e a olhou. — É melhor estar a salvo que
arrepender-se.
— Entendido.
Sem dizer outra palavra, entrou na vila. Assegurou-se de que Adrianna
se mantinha perto. A vila era de tamanho decente com a estalagem perto da entrada da cidade. Virou o cavalo para o botequim, seu olhar explorando a área.
—Cheira algo?
Adrianna soprou. — Carne podre, mau aroma corporal, urina e vômito.
Grayson riu entre dentes. — Referia-me ao outro.
—Não.
Deixou escapar um suspiro, deteve seus arreios frente à estalagem e
desmontou. Quando se voltou para ajudar a Adrianna, encontrou-a já fora da égua.
— Sente-se melhor? —, Perguntou.
Ela sorriu brilhantemente. —Muito.
Olhou o céu escuro. Uma vez que os cavalos foram atendidos, Grayson
ofereceu a Adrianna seu braço antes de entrar na estalagem. A sala principal estava cheia de comensais enquanto todos os olhos se voltavam para eles quando entraram.
Adrianna ficou rígida. Inclinou-se para que sua boca estivesse perto de sua orelha e disse, — Muitos viajantes param em Dirkshire.
Deu-lhe um pequeno gesto de compreensão antes de ir ao bar onde um
homem calvo com uma grosa barba cinza os observava.
—Minha esposa e eu necessitamos habitações para passar a noite—,
disse Grayson.
Tal como esperava, suas unhas se cravaram em seu braço. Felizmente,
ela não o chamou de mentiroso.
— Só tenho uma câmara — disse o dono.
Não tinha mais remédio do que aceitá-lo. O olhar de Adrianna o
queimou bastante quando tirou sua bolsa de dinheiro e pagou ao dono.
— De onde tirou a moeda? — sussurrou.
Ele sorriu e lhe piscou um olho. — Como acredita que paguei por seus
arreios?
Não disseram nada mais quando o dono mostrou a sua câmara.
Grayson não podia decidir se estava emocionado ou zangado por
compartilhar uma habitação. Era difícil estar rodeando-a durante o dia. Mas passar a noite na mesma câmara? Seria pura tortura.
T Comida? — perguntou o homem enquanto entravam em sua
habitação. Grayson olhou para Adrianna.
Ela sorriu. —Isso seria encantador.
O proprietário assentiu e fechou a porta atrás dele quando partiu.
Grayson verificou imediatamente a porta. Quando deu a volta, Adrianna
tinha as mãos nos quadris.
— A moeda?
Grayson riu entre dentes. — Disse que não podia dormir. Assim voltei
para povoado e joguei.
—Jogou? Com que?
Desejou não ter perguntado, mas agora que o tinha feito não havia
maneira de não lhe dizer. — Peguei emprestadas algumas moedas suas.
— Lhe disse que poderíamos usar o dinheiro que tinha.
—Sei, mas não me senti bem fazendo isso. — Ela pôs os olhos em
branco. — E se o tivesse perdido?
— Não é possível.
—Tenho bastante sorte quando se trata de cartas. Eu nunca perco. —
esfregou os olhos e se apoiou contra a parede. —Tem confiança.
— Se houvesse alguma possibilidade de que perderia, jamais teria
pegado emprestada a moeda. Tampouco enganei —, disse antes que pudesse lhe perguntar. — Como disse, só tenho sorte.
Assinalou a bolsa na cintura. —Então tudo isso são seus lucros?
— Sim. Substituí a moeda que peguei emprestada e planejei usar o resto para algo que necessitarmos.
Seus olhares se cruzaram, o ar crispando de desejo. Ela estava do outro lado da câmara, mas podia ter estado do outro lado do mundo por toda a possibilidade que tinha de sustentá-la em seus braços.
Entretanto, havia algo em seu olhar azul pálido, algo que faiscava justo debaixo da superfície como se ela também sentia o atrativo. Imaginava? Não o pensou, mas tampouco estava disposto a fechar a distância entre eles e prová-
la.
Suas bolas se esticaram enquanto sua franga se endurecia. Santos,
queria-a como nunca antes tinha desejado uma mulher. Era como uma joia da coroa que brilhava ao sol, pedindo ser vista e acariciada, mas só por um homem digno dela.
Tanto como ao Grayson gostava de acreditar-se digno, sabia melhor.
Nenhum homem que sustentara tantos secretos podia esperar que uma
mulher como Adriana lhe olhasse duas vezes. Mas sabia como se sentia em seus braços. Conhecia o suave aroma de sua pele e suas curvas sensuais.
Sabia exatamente como se moldava contra ele, o que fazia ainda mais difícil manter-se afastado.
Adrianna não podia desviar o olhar de Grayson nem se sua vida dependesse disso. Fez-se difícil respirar enquanto o desejo ardia em seu olhar chapeado.
Seus lábios se separaram só pensando nele beijando-a, e ela vislumbrou os punhos de suas mãos apertadas a seu lado. Ela recordou muito
vividamente o calor, a força e os músculos duros sob suas mãos.
Alguém bateu na porta.
— Entre — grunhiu Grayson com brutalidade.
Apesar da entrada da jovem com uma bandeja de comida, nem
Adrianna nem Grayson romperam o contato visual. Foi só depois que a
comida foi posta na mesa perto da janela e a menina fechou a porta atrás dela que Adrianna tomou uma respiração profunda e se voltou.
Ela trouxe uma mão a sua garganta e lutou para respirar. Desde que
entrou na câmara, a cama perto do Grayson tinha estado sempre presente em sua mente.
—É melhor comer enquanto a comida segue quente.
Adrianna girou para encontrar Grayson na mesa. Quando tinha se
movido?
Lambeu os lábios e tomou a cadeira mais perto dela. A mesa era
pequena e quando Grayson se sentou, seu joelho roçou o seu. O contato foi como um relâmpago que a atravessou. Como um simples toque podia fazer
que seu corpo se cambaleasse, ela não sabia.
Seu estômago retumbou, lhe recordando sua fome, mas ela estava
faminta por algo mais que a deliciosa carne assada diante dela. Tão nervosa como Grayson a fazia sentir, gostava de estar com ele. Sentia-se protegida, segura, algo que nenhum homem tinha feito por ela.
Quando havia dito ao dono da estalagem que eram marido e mulher,
uma pequena emoção tinha disparado através dela. Não parecia loucura ser sua esposa, e só podia imaginar quão decadente seria estar em seus braços noite por noite desfrutando de seus beijos e carícias.
Na verdade, nenhuma mulher sã deixaria passar tal oportunidade.
Era quase suficiente para fazê-la esquecer da maldição e arriscar-se.
Então recordou o mal o perseguindo e sua visão de seu futuro. Sua
possibilidade de sobreviver estava em questão e, sem lhe importar se lhe entregava seu corpo ou não, perder a Grayson doeria tanto como quando seu filho tinha morrido.
Era uma dor que Adrianna rezava para não sentir nunca mais. Como
podia senti-lo por um homem que acabou de conhecer, um homem que não
tinha dado seu coração, preocupava-a. Sabendo o que fazia, a fazia repensar mantendo sua distância de Grayson.
Ela alcançou a taça de vinho ao mesmo tempo em que ele. Suas mãos
roçavam, o calor de seu toque abrasador em sua pele.
— Depois de você — disse.
Adrianna levantou a taça aos lábios e bebeu antes de entregá-la. Seu
fôlego a deixou em um zumbido quando girou a taça e pôs seus lábios onde os seus acabavam de estar.
Tinha adivinhado? Sabia o que espreitava em seu coração luxurioso?
CAPÍTULO QUINZE
Uma comida nunca tinha sido tão sedutora e, de algum jeito, Adrianna
sobreviveu sem lançar-se em Grayson. Levantou-se da mesa e se dirigiu a sua bolsa na cama, uma cama em que parecia não poder ver Grayson. Depois de recuperar seu pente, desfez a trança e começou a pentear-se.
— Fique com a cama, Drina, — disse Grayson depois que terminou o
resto do vinho. — Dormirei no chão.
Não sabia se estava agradecida ou decepcionada por não ter tentado
seduzi-la. Quando se sentou contra a porta, agarrou um dos travesseiros e uma manta e entregou para ele.
— Obrigado — murmurou.
Tomou toda sua força de vontade dar a volta e caminhar de volta para a cama. Apagou a vela, jogou a câmara na escuridão antes de tirar o vestido e preparar-se para deitar-se. Arrastou-se por debaixo dos lençóis e ficou olhando o dossel. Enquanto Grayson se movia para deitar-se, ela imaginou seu corpo contra seu peito.
Adrianna fechou os olhos pedindo seu sono. No silêncio da habitação,
escutava cada respiração que Grayson tomava, cada movimento de seu corpo.
Sua espada estava ao seu lado, preparada em caso de uma intrusão.
Tinha visto como suas grandes mãos tinham agarrado seu pomo, a força
de seus largos dedos era evidente. Imaginava aquelas mãos acariciando seus peitos, seus polegares movendo-se sobre seus mamilos. Seus peitos se
incharam e seus mamilos se franziram ante o pensamento enquanto seu sexo se aferrava avidamente. Seus dedos lhe acariciavam e separavam os cachos para chatear e atormentar a carne sensível de seu sexo?
Adrianna apertou suas pernas enquanto seu sexo pulsava com uma necessidade que crescia com cada respiração que tomava. Ela rodou sobre seu lado, decidida a empurrar os pensamentos de Grayson de sua mente.
Grayson fechou os olhos e acalmou sua respiração, mas não estava
dormindo. Como podia dormir com Adrianna tão perto? Embora tivesse
dormido em sua carroça com ela, agora era diferente. Não havia um líder cigano disposto a lhe tirar a cabeça por olhá-la muito tempo.
Tinha comido a comida posta diante dele, mas não a tinha provado.
Tinha estado muito concentrado em Adrianna. Seu pênis tinha estado duro desde que seus olhos se acenderam quando tinha bebido do mesmo lugar que ela.
Após, tinha tomado cada força de seu controle para não atirá-la sobre a cama e devastar seu corpo formoso até que ela gritasse seu nome, pedindo a liberação.
Não tinha nem ideia de quanto tempo permanecia acordado antes de
dormir. Parecia que acabava de fechar os olhos quando Adrianna se levantou na cama.
Imediatamente, ficou de pé, com a espada na mão. —O que é?
—Estão aqui — sussurrou. Grayson se aproximou da janela e olhou
para fora. —Quem?
—Os homens. Não pode cheirar seu mau?
Ele a olhou, a lua liberando luz suficiente para que ele pudesse ver seu contorno na cama. —Não. Está segura?
— Sim. — Ela atirou as cobertas e caminhou para ele. —Grayson, não
sabem que estamos aqui.
— Logo saberão. Onde estão?
— No exterior, perto da estalagem. — Pôs a mão em seu braço. — Não
quer brigar com eles?
— Eu sem dúvida quero. Utilizarei um ataque surpresa. Pode dizer
quantos há? — Ela levantou a cabeça e fechou os olhos. — Não mais do que três. Essa gente está sozinha.
—Bom.
Seus olhos se abriram. — Me deixe ajudar.
—Não posso lutar contra eles se estou preocupado com você. Fique aqui. Se perder, sobe ao cavalo e monte até Wolfglynn o mais rápido possível.
Drogan e Serena lhe protegerão.
Voltou-se e se dirigiu para a porta. Enquanto se aproximava da porta,
Adrianna segurou seu braço.
—Eu poderia ajudar.
Ele tomou seu rosto em sua mão. — A batalha não é lugar para uma
mulher. Estará mais segura aqui.
— Estou mais segura contigo —, argumentou.
Ele pôs seu polegar sobre seus lábios. — Não desta vez.
Seu olhar deslizou para sua boca. Por muito que soubesse que tinha que afastar-se, não podia. Não sem um primeiro sabor. Antes que ele trocasse de opinião, ele a atraiu contra ele para um beijo rápido e duro. Deu a volta e saiu da câmara antes de deitar-se em lugar de encontrar aos homens que o
atacaram.
Grayson caminhou tranquilamente pelas escadas. Quando ele pisou em
um degrau que rangeu, deteve-se, esperando a que alguém aparecesse.
Quando ninguém o fez, continuou. Caminhou sobre corpos que jaziam no
chão do comilão e abriu lentamente a porta.
Ele se moveu fora e fechou a porta detrás dele emitido um som. A lua,
uma franja no céu noturno lhe oferecia o amparo da escuridão. Ao trocar de sombra em sombra, não demorou muito em ver os dois cavalos no estábulo.
Estavam sujos de um duro passeio e sendo cuidados pelo mesmo moço do
estábulo que tinha tomado seu cavalo.
As montarias dos homens estavam aqui, mas onde estavam? E o que
estavam fazendo no Dirkshire se não era por ele?
Grayson saiu do estábulo e olhou a vila. Só os sons da noite chegaram a seus ouvidos. Um camundongo de campo correu pelo caminho enquanto
uma coruja se equilibrava para agarrá-lo. Ficou como estava, esperando qualquer sinal de movimento ou som. Os homens estavam em algum sítio, e Grayson os ia encontrar.
E então uma sombra se aproximou da estalagem.
O medo por Adrianna se afundava em seu peito e ao redor de suas entranhas com garras de ferro. Grayson perdeu pouco tempo em seguir ao homem. Enquanto se moviam para a parte traseira do botequim, Grayson se deu conta de que o homem havia sentido que estava perto. Felizmente, o cavalheiro não estava com armadura desta vez. Esperou até que o homem se ajoelhou perto do edifício enquanto inspecionava algo no chão antes de se mover atrás dele.
Levantou a espada sobre a cabeça, preparado para atacar quando o
cavalheiro se voltou para olhá-lo fixamente.
— Preparado para morrer, bastardo? —grunhiu enquanto carregava
contra o homem.
Adrianna passeou pela habitação. Seus lábios ainda ardiam pelo beijo
que Grayson lhe tinha dado. Tinha sido maravilhoso, embora muito curto. Ela queria mais dele.
Mas isso teria que esperar para ver se sobrevivia à batalha que estava carregando. Não tinha nenhuma dúvida de que não demoraria muito para
aqueles homens dar-se conta de que Grayson estava em Dirkshire, e tinha uma pequena vantagem de encontrá-los primeiro.
Deteve-se perto de sua janela e olhou para o sudeste onde o mal se
dirigia para eles. Ela capturou o movimento debaixo dela, e ofegou quando reconheceu Grayson lutando contra um cavalheiro.
Adrianna era incapaz de mover-se. Agarrou a borda da janela e viu
como Grayson se movia com destreza mortal, sua espada açoitando o ar.
Perdeu por pouco o corte do cofre do cavalheiro. O homem saltou para
trás e rapidamente se lançou para o Grayson. Mordeu o lábio quando a
espada do homem tirou sangue. Era só uma lasca, mas ainda era uma ferida.
Suas espadas ressonavam na noite, o som retumbava pela tranquila vila.
Uma e outra vez suas espadas se encontraram, os homens
emparelhavam quase em todos os sentidos exceto um, o cavalheiro tinha mal que o percorria. Grayson seria capaz de manter sua própria contra ele, mas, se outro se somou, estaria em perigo.
Ficou assombrada enquanto Grayson se movia com a graça de um gato
e a velocidade de um falcão. Sua espada era uma extensão de seu corpo, e a dirigia com potência e precisão que poucos homens podiam suportar.
Agachou-se e rodou enquanto a espada do cavalheiro passava perto de sua garganta. Grayson ganhou seus pés e empurrou sua espada contra o
outro guerreiro que bloqueou a espada do Grayson com a sua.
Grayson então agarrou o braço da espada do homem enquanto
caminhava para ele. Com seus lábios para trás em uma viciosa brincadeira, Grayson deu uma cotovelada ao cavalheiro na cara duas vezes antes de lhe dar um reverso com um punho carnudo que fez que o homem tropeçasse
para trás.
Adrianna queria alegrar-se quando reconheceu que Grayson estava a
ponto de ganhar. E então viu um segundo cavalheiro que se arrastou detrás dele.
Não se deteve pensar, simplesmente saiu correndo da habitação e saiu
da estalagem para ajudar. O coração da Adrianna trovejou forte em seus ouvidos enquanto ela empurrava suas pernas mais rápido, temendo que não chegaria a tempo de ajudar Grayson.
Enquanto corria à parte traseira da estalagem, viu o Grayson de pé junto ao primeiro cavalheiro, com a espada elevada sobre ele. Se lhe alertou agora, daria ao primeiro cavalheiro tempo para recuperar-se, assim Adrianna
decidiu em contra.
Olhou ao segundo homem para vê-lo avançar constantemente para o
Grayson. Justo quando Grayson afundou sua espada no primeiro homem,
Adrianna correu e saltou na parte de atrás do segundo.
O homem grunhiu seu fedor do mal tão entristecedor que a amordaçou.
Ela usou seu braço para afogá-lo enquanto ela retrocedia com toda sua força.
O homem era um gigante, seu grande casco não era rival para sua débil força, mas Adrianna teve que dar a Grayson algum tempo.
— Você estúpida empregada — grunhiu o cavalheiro.
Perdeu o controle quando a golpeou contra uma árvore. Todo o fôlego
deixou seus pulmões de uma vez quando aterrissou com um ruído surdo na terra.
Enquanto lutava por recuperar o fôlego, abriu os olhos para ver o
desprezo do cavalheiro enquanto levantava sua espada. Justo quando ela pensou que ele a inundaria nela, o homem uivou e agarrou seu lado.
Grayson empurrou ao cavalheiro no chão e tirou sua espada de seu cadáver. Então Grayson estava ao seu lado, levantando-a em seus braços.
— Drina, está ferida?
Finalmente conseguiu respirar profundamente. —Só o ar me foi tirado.
—Disse para ficar na câmara.
Reconheceu sua irritação pelo que era, preocupação. — Não pude me
conter uma vez que vi o segundo cavalheiro.
— Vem —, disse e ficou com ela ainda embalada contra ele. — Voltemos
para a estalagem antes que alguém nos veja.
Adrianna envolveu com gratidão seus braços ao redor de seu pescoço e
inclinou sua cabeça sobre seus ombros. — Estavam aqui por ti?
— Não acredito. Não demoraram muito em saber que estava na vila.
Ela sustentou sua língua até que estavam em sua câmara e a porta se
fechou. Grayson a pôs na cama posou sobre suas pernas.
—Agora me diga verdadeiramente. Está machucada?
—Não. Deteve-o antes que pudesse fazer algo. — Subi na suas costas. —
Ele negou com a cabeça em incredulidade. —Não sabia outra maneira de te ajudar.
— Deveria ter ficado aqui. Sabe o que teria acontecido se não tivesse
visto o homem?
Ela respirou fundo. — Sim. Teria me matado. — Exatamente — disse
Grayson, e ficou de pé.
—Mas não estou morta nem ferida.
—Estou agradecido por sua ajuda, mas não volte a me assustar dessa
maneira.
—Não o farei.
—Bom. Vou fazer você cumprir isso.
CAPÍTULO DEZESSEIS
Grayson nunca tinha ligado muito para a moda, embora soubesse que
importava muito para as mulheres. Então, ele ficou na loja enquanto
Adrianna movia-se entre os rolos de tecidos. Ele observou a maneira elegante com que ela se movia, o sorriso fácil que curvava seus lábios e, assim como na noite anterior, seu estômago se apertou com o pensamento de vê-la ferida - ou pior, morta.
Quando ele a viu nas costas do inimigo, não tinha sido capaz de
acreditar em seus olhos; foi somente a lâmina do cavaleiro pairando sobre ela que o levou à ação. Toda vez que pensava no que teria acontecido se não a tivesse visto a tempo o fazia suar frio. Adrianna não parecia estar abalada, entretanto. E também não tinha mencionado seu beijo. De certa forma,
porém, ele estava grato por isso, pois não estava pronto para explicar seu desejo consumidor. No entanto, como um homem, ele esperava que ela
dissesse alguma coisa, mesmo que fosse para dar-lhe um tapa no rosto por ter se atrevido a beijá-la.
Mas, ela agia como se nada tivesse acontecido, quando era tudo em
que ele podia pensar.
— Grayson?
Ele olhou para o tecido verde escuro que ela lhe mostrava. — Eu gosto.
Será que fica pronto hoje?
— Hoje? — A mulher robusta, que era a proprietária da loja, gritou. —
Claro que não. Se você precisa de algo imediatamente eu tenho outras
vestidos prontos que podem ser alterados.
Devidamente castigado, Grayson encostou-se à parede e cruzou os braços sobre o peito. Mas não perdeu a forma como as mãos de Drina
carinhosamente tocavam o tecido.
Adrianna sorriu gentilmente para a mulher enquanto largava o veludo
verde. — Vou ver o que você tem pronto, então.
Uma vez que Adrianna e a mulher foram para o outro lado da loja,
Grayson olhou para o veludo, se aproximando da mesa que sustentava o
tecido. Era de um verde profundo e rico que ficaria lindo nela. Ele esperava que Adrianna encontrasse algo que combinasse consigo, já que não havia tempo para fazer um vestido com o belo veludo verde. Em um impulso,
porém, Grayson quase comprou o rolo de tecido inteiro para dá-lo a ela.
Na verdade, quando ele estava prestes a pegar o rolo, Adrianna
caminhou em sua direção com um sorriso satisfeito no rosto.
— Achou alguma coisa?
— Sim. Ficará pronto esta tarde. Agora é a sua vez. Está pronto para
encontrar algumas roupas novas?
Grayson gemeu interiormente. — Tenho certeza que não preciso de
nada disso.
— Lembre-se do plano, — ela sussurrou. — Eu acho que uma túnica
vermelha escura, ou até mesmo uma azul, ficaria muito bem em você.
— A escolha é sua, então.
Ela sorriu brilhantemente quando ele lhe ofereceu o braço.
?.?
Quando finalmente voltaram para a pousada, Grayson poderia ter
andado em torno despido de tudo o que importava. Ele nunca tinha dado
importância para a cor de sua túnica, ou se ela combinava com a cor de seu cabelo e de sua pele. Uma túnica era uma túnica.
Mas Adrianna estava feliz, e ele gostava de vê-la sorrir, então conteve os comentários e manteve o rosto sem expressão.
— Você pode admitir agora, — ela disse, enquanto se inclinava contra
a porta do quarto.
— Admitir o quê? — Ele sentou-se à mesa e inspecionou sua espada.
— Que detestou o dia de hoje.
Ele olhou para ela, mas não havia raiva ou pesar em seu olhar, apenas
humor. — Tudo bem, eu admito: não consigo entender toda a empolgação.
São apenas roupas.
— Ah, mas para os nobres, o tipo de material com que suas roupas são
feitas é um símbolo de status. Pensei que você entenderia, considerando o tempo em que ficou à serviço com Lord Drogan.
— Drogan também não poderia se importar menos sobre roupas.
— Estou curiosa sobre uma coisa, porém.
— E sobre o que seria? — Sua mudança rápida de assunto não passou
despercebida a Grayson.
— Eu estive esperando para ver se você falaria sobre ontem à noite, e
sobre o porque ainda estamos em Dirkshire.
Grayson soltou um suspiro, estudando a expressão calma de
Adrianna, e se perguntando o quanto deveria contar-lhe de seus planos. Seria melhor que ela não soubesse, mas ele também sabia que ela não desistiria.
— Quanto você está escondendo de mim? — Ela se afastou da porta e
passou por ele, parando em frente à janela. — Se eu vou ficar de fora de suas decisões, talvez você devesse me deixar aqui.
E agora ele se sentia muito mal. — Por favor, entenda, Drina. Segredos têm sido a minha vida. É difícil confiar em alguém.
— E você mal me conhece. Eu entendo. — Ela falou suavemente, sem
irritação na voz, antes de vira-se para ele e continuar. — Vai nos custar muito chegar a Hawksbridge vivos.
Agora foi a sua vez de sentir que ela estava escondendo algo dele. — O
que você viu?
— Nada. Ainda. E, à noite passada provou que você é capaz de lutar
contra estes homens um a um... mas você estará em desvantagem se
houverem mais deles.
— E o que você pode fazer sobre isso? É apenas uma mulher sem
experiência com armas. Você teve sorte ontem à noite. Muita sorte.
— Eu sei. E eu nunca admiti ter habilidade com uma arma, mas há outras maneiras como posso ajudar.
Grayson passou a mão pelo rosto. — Poderíamos sair agora, e em um
dia de viagem chegar à próxima vila fora de Hawksbridge.
— Mas? — Ela perguntou.
— Eu queria ver se mais desses homens apareceriam. É estranho que
apenas dois deles estivessem aqui, e aparentemente sem saber que eu estava na área.
Ela bateu no queixo com um dedo magro. — Se eles não estavam
procurando por você, por quem estavam procurando?
Grayson teve uma ideia. Com Drogan protegendo Wolfglynn, os
homens poderiam estar atrás de Cade. Seu primeiro encontro com Cade
aconteceu após a batalha de Drogan com Nigel. E Cade, por sua vez,
carregava um vazio dentro de si, escuro e terrível. Drogan muitas vezes tinha falado de Cade como um irmão mais novo, em vez de apenas um amigo.
— No que você está pensando?
Ele sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos. — Havia outro, um
homem que Drogan considerava um irmão. Drogan raramente fala sobre isso, mas ele e Cade estavam em serviço ao rei juntos.
Adrianna lambeu os lábios e começou a andar lentamente pelo quarto.
— Eles poderiam estar procurando por Cade então, o que explicaria por que não estavam todos juntos. Você se lembra quantos homens havia?
— Nove ou dez.
— Menos dois agora, — disse ela com um sorriso, antes de fazer uma
pausa e encará-lo.
— Sim, menos dois.
— Qual é o seu plano?
Ele coçou o queixo e tentou ignorar a fome de seu corpo por ela, que
estava se tornando impossível de controlar depois de provar seus lábios macios e convidativos. — Passamos o resto do dia relaxando enquanto
esperamos seu vestido ser ajustado. Em seguida, na parte da manhã,
partimos.
— Para Hawksbridge?
— Não. Para a aldeia fora do castelo. Quero algum tempo para examinar a terra e o castelo antes de entrar pelas portas de Hawksbridge.
— Você acha que os homens estarão esperando por você, não é?
Grayson deu de ombros. —É uma possibilidade. E se eles estiverem,
quero sua promessa de que irá embora. Recuso-me a colocá-la em perigo
novamente.
Ela se virou de costas para ele e olhou pela janela outra vez. — Prefiro que você não me peça para prometer algo assim.
— Eu tenho que pedir.
Os ombros dela caíram quando deixou escapar um longo suspiro. —
Quem governa Hawksbridge agora?
Grayson a deixou fugir da promessa. Por enquanto. Ele estava
determinado a obter sua jura, em breve. — Não tenho certeza de quem está no controle. O senhor anterior, um barão chamado William, desapareceu há alguns anos.
— Desapareceu? — Perguntou ela quando girou para encará-lo.
— Isso é o que me foi dito.
Ela franziu a testa. — Há quanto tempo foi isso, Grayson? Você disse
que já esteve em Hawksbridge uma vez. Será que viu o barão, então?
Grayson soltou um suspiro e afundou-se em uma cadeira. — Não sei.
Eu era tão jovem. Lembro-me de minha mãe e de Hawksbridge, e nada mais.
— Você espera encontrar todas as respostas lá.
Não era uma pergunta. Ele encolheu os ombros. — Eu não acredito
que isso vá acontecer, mas gostaria que funcionasse dessa maneira. A verdade é que se passaram muitos anos. A maioria das pessoas provavelmente não se lembra da minha mãe ou de mim.
— Alguém tem que se lembrar de quando ela foi levada. Você disse
que aconteceu no pátio. Algo como isso não poderia ter ocorrido sem que alguém percebesse. O que eu acho estranho é que o senhor de Hawksbridge permitiu que sua mãe fosse levada. Ele deveria ter feito algo para impedir.
— Eu certamente teria feito. — Isso sempre foi algo que não caia bem
para Grayson. Que tipo de senhor tinha sido o barão, para permitir que uma mãe fosse separada de seu filho por esses homens?
Grayson levantou-se e passou a mão pelo cabelo enquanto andava ao redor do quarto. Cada dia que passava sem chegar à Hawksbridge o deixava duplamente frustrado. A probabilidade de sua mãe estar morta era grande, mas ele precisava saber o que tinha acontecido com ela.
Talvez então ele pudesse dormir.
— Se eu fosse mais velho, — disse ele, mais para si mesmo do que para
Adrianna.
Adrianna odiava a dor e o ressentimento evidentes no rosto bonito de
Grayson. Rasgava sua alma não poder mergulhar em seu passado e ajudá-lo.
Incapaz de se conter, ela foi até ele e colocou uma mão em seu peito. —
Você não deve se culpar. Era apenas uma criança.
As palavras morreram em seus lábios, porém, quando ela encarou seus
olhos de prata queimada, que não a encaravam com raiva por suas palavras de consolo, mas sim com desejo. Isso fez a pele dela formigar, e calor aquecer a mão que o tocava. Aquele era o mesmo olhar que ele tinha lhe dirigido antes de beijá-la no dia anterior. E ela queria outro gosto dele, e queria sentir novamente seus suaves lábios firmes movendo-se sobre os dela. Só imaginar as possibilidades fez seus seios incharem e seus mamilos endurecerem, a fome e a necessidade consumindo-a.
Ela queria ceder ao desejo pulsando pelo seu corpo, jogar a precaução
ao vento e envolver os braços em volta do pescoço dele. Parecia uma coisa tão fácil de fazer, embora Adrianna não pudesse se dar ao luxo.
Antes que ela pudesse se afastar, porém, a mão dele cobriu a dela,
segurando-a em cativeiro contra o peito. — Sim, eu me culpo. Não fui capaz de ajudar minha mãe, mas serei amaldiçoado antes de permitir que algo
aconteça com você.
Ela abriu a boca para responder quando uma batida na porta os
interrompeu. Grayson soltou sua mão, liberando a dela, e deu um passo para trás.
Adrianna apertou a mão que ele havia segurado, sentindo falta de seu
toque. Ela então olhou para Grayson, vendo-o dar-lhe um aceno para abrir a porta. Quando o fez, porém, foi prontamente deixada de lado enquanto
criados entravam carregando uma grande banheira de madeira cheia de água fumegante. Ela olhou para Grayson, observando-o.
Uma vez que a banheira estava instalada e o vapor de água enchia o ambiente, Grayson moveu-se para a porta.
— Você pediu isso? — Ela perguntou.
— Tenho algumas coisas para resolver. Não abra a porta para ninguém
além de mim, — ele advertiu.
—Grayson, — ela chamou quando ele começou a sair do quarto. Ele se
virou para ela e ela prontamente disse: —Obrigada.
Um lado da boca dele curvou-se em um sorriso antes de sair.
Adrianna então trancou a porta e se apressou em retirar suas roupas.
Ela mal podia esperar para afundar na água aquecida. Testando a
temperatura da água com a mão, ela logo entrou na banheira, deixando um suspiro de prazer escapar de seus lábios. A única coisa melhor que isso seria passar uma noite nos braços de Grayson.
E ela sabia muito bem que era impotente para detê-lo, caso essa fosse
sua intenção.
?.?
Grayson se se encostou à parede com as mãos em punhos enquanto
lutava consigo mesmo contra a possibilidade de caminhar de volta para o quarto e fazer amor com Adrianna como desejava.
Cada fibra do seu ser lhe dizia para seduzi-la. Ele tinha visto a luxúria nadando em seus olhos azuis pálidos, comprovando que ela já não podia
negar o que havia entre eles, não mais. Seu pênis doía por liberação, ansioso para deslizar para o sexo quente e molhado de Adrianna, e deixar o desejo governá-los.
De alguma forma, porém, ele conseguiu controlar sua necessidade e
sair andando calmamente da pousada. Ele se assustava com essa fome que sentia por ela. Nenhuma mulher jamais havia capturado sua atenção assim. E
Grayson duvidava que outra faria o mesmo futuramente.
CAPÍTULO DEZESSETE
Grayson demorou um tempo extra resolvendo seus assuntos, não
querendo correr o risco de encontrar Adrianna ainda no banho. Até agora ele tinha mantido controle sobre seus desejos, mas não sabia quanto tempo isso duraria.
O sol lançava um brilho laranja brilhante sobre a terra enquanto
afundava no horizonte. O pôr do sol era uma visão de tirar o fôlego, com as nuvens capturando os vários tons de laranja e amarelo que riscavam o céu.
Ele não pode evitar se perguntar quantos pores-do-sol ainda veria
antes do Mal lhe encontrar, ou antes dele encontrar o Mal. Grayson tinha visto em primeira mão como este homem, este Nigel, lutava. Se ele realmente tinha vendido sua alma ao diabo, então certamente isso explicava sua força anormal.
Grayson era um bom guerreiro, mas nada poderia competir com
poderes sobrenaturais.
Ele se virou e entrou na estalagem, com os braços cheios de roupas
novas. Enquanto subia as escadas para o quarto, encontrou-se pensando em como sua vida teria sido se ele não a vivesse cheio de segredos.
Quando ele levantou a mão para bater, a porta se abriu. Ele apertou os lábios antes de rosnar. — Eu pensei que havia lhe dito para não abrir a porta para ninguém além de mim.
Adrianna sorriu para ele, seu cabelo dourado ainda úmido do banho.
— Eu sabia que era você.
— Eu poderia estar acompanhado. — Ele entrou no quarto e fechou a
porta. — Você precisa ser mais cuidadosa.
— Eu sou cuidadosa. Eu reconheci seus passos, e foi assim que eu soube que você estava sozinho.
Grayson colocou os pacotes na cama e olhou para ela. O vestido rosa
suave que ela usava só aumentava sua beleza. Era simples, mas perfeitamente adequado para sua elegância - embora Grayson preferisse muito mais vê-lo amassado no chão junto com suas próprias roupas.
Ele silenciosamente amaldiçoou. A verdade não muito honrosa é que
esteve andando com uma excitação constante o dia inteiro. Tudo no que podia pensar era na suavidade da pele dela, na doçura de seus lábios e nas curvas exuberantes que ele desejava acariciar.
— Está tudo bem?
Grayson virou a cabeça para encontrá-la ao seu lado. — Sim. Peguei
nossas roupas novas, bem como algumas outras coisas.
— Outras coisas?
Ele puxou a adaga do alto de sua bota para mostra-la a ela. Os dedos
dela acariciaram o punho envolto em couro antes de observar o complicado padrão de nó no punho.
— É linda, — ela murmurou.
— Eu percebi que você não tinha nenhuma arma quando atacou o
cavaleiro.
— Bem, temos que considerar que eu nem sei como usar uma.
— Nada que eu não possa corrigir. — Ele então estendeu a adaga para
ela.
Timidamente, Adrianna estendeu a mão e a pegou. Suas mãos
descansaram sobre a madeira escura do punho e da bainha por um segundo e, depois de um momento de hesitação, ela puxou a lâmina.
Os olhos dela brilharam ao observar a aparência simples e furtiva da
adaga. Sua lâmina afiada e penetrante era perfeita para perfurar uma cota de malha.
Seu olhar se levantou para ele. —Você acha que eu preciso de uma
arma?
— Eu sei que você precisa de uma arma.
Ela balançou a cabeça. — Como devo usá-la?
E assim, durante a hora seguinte, Grayson mostrou-lhe a técnica da
qual ela precisaria para perfurar corretamente uma cota de malha. A lâmina larga da adaga, que afinava até uma ponta afiada, era a arma perfeita para Adrianna, já que não precisaria de muita força para causar estragos.
— Basta lembrar, — ele advertiu, — Que se seu atacante estiver
vestindo armadura, você deve mirar o pescoço ou atrás dos joelhos.
Com os lábios comprimidos em uma linha fina e as sobrancelhas
franzidas, ela ouvia cada palavra que ele dizia, imitando seus movimentos quase à perfeição. Grayson rezou para que ela não tivesse necessidade de usar a faca, mas iria dormir melhor sabendo que ela teria como se defender.
— Muito bom, — disse ele.
Ela sorriu, olhando para o chão quase como se estivesse envergonhada
pelo elogio. Ele nunca se cansava de vê-la, e quanto mais aprendia a seu respeito, mais se encontrava completamente e totalmente fascinado.
E dane-se se ele não gostava dessas sensações.
As mulheres sempre foram uma necessidade, nas quais ele
mergulhava com frequência. Mas Drina era única, especial... cativante. Com ela, não se tratava apenas de satisfação física. Ele queria saber de sua vida, e sua opinião importava muito para ele.
Adrianna endireitou-se depois de repetir outro ataque, e encontrou a
testa de Grayson franzida, e seus olhos distantes.
— Fiz algo de errado?
Ele sacudiu a cabeça e se virou. — De modo nenhum. Você é uma
excelente aluna.
— Eu tenho um excelente professor.
Ele olhou por cima do ombro para ela, e lhe deu um de seus sorrisos
tortos que sempre faziam o coração dela despencar aos seus pés.
— Você está tentando me lisonjear? — Ele brincou.
— Você sabe que é bom. Não preciso te bajular.
— Todo homem precisa ser bajulado, — ele murmurou, virando-se.
Ela olhou para suas costas, perguntando-se se tinha ouvido corretamente. Grayson era um homem poderoso, um homem forte, e não
tinha nenhum problema de confiança. Então por que ele estava buscando a aprovação dela agora?
Seus pés se moveram em direção a ele, até ela se lembrar do quão
perigoso era estar perto dele. Tinha sido uma tortura tê-lo moldando seu corpo em suas costas enquanto lhe mostrava como se mover com o punhal.
Tudo o que ela queria fazer era se derreter contra ele, oferecendo seu corpo para ele fazer o que quisesse.
E isso será assim tão ruim?
Seria requintado, e teria o sabor do céu. E esse era o problema.
Quando ele olhou para ela novamente, Adrianna tinha acabado de se
reconciliar com o fato de que não podia negar-se o toque de Grayson. Mas então ele lhe deu um breve aceno de cabeça e saiu pela porta, resmungando algo sobre a ceia.
?.?
Horas mais tarde, Adrianna acordou de seu cochilo para encontrar
Grayson de pé ao lado da cama. O olhar dela vagou sobre o corpo nu dele, de seus ombros largos até sua cintura estreita, e de seus quadris até seu pênis, que se projetava para frente, esperando que ela o tocasse.
— Eu não posso mais negar o que há entre nós, — disse ele.
A respiração dela parou em sua garganta quando ele puxou os
cobertores e agarrou seu vestido em seu pescoço. Com um só movimento ele rasgou a roupa dela em duas. Adrianna sentiu seu sangue se acelerar
enquanto olhava para seu guerreiro. E então ela estendeu a mão para ele, ansiando por sentir suas mãos sobre ela.
Ele subiu na cama encima dela, as mãos em cada lado de seu rosto. —
Você é minha, Drina.
— Sim, eu sou sua. Sempre fui sua.
Seus lábios então tomaram os dela, degustando, provocando,
explorando. Quando a língua dele enfim deslizou através de seus lábios, ela suspirou e mergulhou as mãos em seus longos cabelos pretos. E enquanto ele
trabalhava sua magia com seus lábios, sua mão se moveu entre eles para apalpar os seios dela.
Ele começou passando o polegar sobre seu mamilo, fazendo um
tremor percorrer seu corpo, e instigando-a a se esfregar nele.
Ele eventualmente quebrou o beijo para mover suas pernas até que ela
o montasse. Ela se endireitou rapidamente na nova posição, ansiosa para saber o que ele faria com ela em seguida. Ele então agarrou seus quadris e a levantou sobre seu pênis, segurando-a ali para que seu pênis provocasse seu sexo.
Adrianna olhou para baixo, e viu uma gota de umidade na ponta de
sua excitação. Seu sexo se apertou com avidez. — Grayson. Por favor, — ela implorou.
Ele baixou-a em seu pênis lentamente. Ela engasgou quando ele a
encheu, esticando-a com pequenos golpes deliciosos até estar totalmente dentro dela. O corpo de Adrianna queimava com necessidade há muito
negada. Ela começou a girar os quadris, deleitando-se com o desejo se
formando dentro dela.
Em seguida, as mãos dele encontraram seus seios, acariciando seus
mamilos sensíveis até que ela gritou por conta do intenso prazer.
Ela olhou para baixo e encontrou os lábios dele entreabertos, e seus
olhos prateados em chamas, com uma fome que combinava com a dela. Ela já podia sentir seu orgasmo se aproximando, e tentou prolongar o prazer. Mas parece que Grayson tinha outros pensamentos em mente quando baixou a
mão e encontrou seu clitóris.
Com apenas um simples redemoinho de seu polegar ele enviou-lhe em
uma espiral para um abismo de prazer, seu corpo destroçado com o desejo intenso que a inundava.
Foi nesse momento que Adrianna acordou abruptamente, sentindo seu
corpo ainda pulsar pelo orgasmo. Ela permaneceu deitada, imóvel como
pedra enquanto ouvia os batimentos cardíacos de Grayson, e até mesmo a respiração dele.
Lentamente ela relaxou outra vez, obrigando-se a retardar sua
respiração irregular. Mas, cada vez que fechava os olhos, via Grayson debaixo dela enquanto ela gozava, seu olhar prometendo-lhe prazeres inenarráveis.
?.?
Adrianna montou sua égua na manhã seguinte com os olhos cansados
e sentindo como se alguém tivesse esfregado areia neles. E ela tinha apenas a si mesma para culpar. A verdade é que ela tinha tido várias oportunidades para contar a Grayson que o queria, mas, mesmo assim, tinha ido para a cama agitada consigo mesma e com a situação.
Agora ela entendia por que tantas bruxas cediam aos seus desejos.
Seria necessário uma mulher muito mais forte que ela para recusar um
homem como Grayson.
— Você dormiu bem?
— Perfeitamente, — ela mentiu.
Ela o seguiu conforme avançavam em direção a aldeia mais próxima.
E, embora ela tivesse preferido andar atrás dele, manteve-se a seu lado.
— Você parece distraída.
Ela quase revirou os olhos. — Só estou pensando no que vem pela
frente.
— Eu jurei que iria protegê-la.
Ela virou a cabeça para ele. Era suspeita que via em seu olhar, como se ele estivesse se perguntando se ela confiava nele? — Eu não tenho nenhuma dúvida quanto as suas habilidades, Grayson. Você já as provou.
Ele soltou um suspiro, olhando em frente. — Você não parece consigo
mesma hoje.
Ela não se sentia parecida consigo mesma, também. Mas não era como
se pudesse lhe contar o motivo. Não agora, pelo menos.
— Estou preocupada. — Quando o olhar dele se voltou para ela, ela
continuou. — Continuo me perguntando sobre essa conexão com
Hawksbridge. Algo não faz sentido.
— Nada disso faz sentido, — disse ele com uma careta. — Eu era uma
criança pequena, e minha mente jovem pode não ter entendido tudo o que aconteceu.
— Não, eu acredito que você viu as coisas exatamente do jeito que elas eram.
— Você já olhou para o futuro?
— Posso fazer isso hoje à noite. Era o que eu tinha planejado, de
qualquer maneira. Afinal, precisamos saber o que está à nossa frente.
Ele resmungou. — E o Mal?
— Você sabe qual é o nome dele, não é? — Ela não tinha certeza de
como sabia que ele sabia.
— Sim. Barão Nigel Creely.
— Nunca ouvi falar dele.
Grayson olhou de volta para a estrada. — Ore para nunca conhecê-lo.
Adrianna deixou o silêncio envolvê-los. Quanto mais se aproximavam
de Hawksbridge, mais ela sabia que algo grande estava para acontecer. Mas, mesmo tão apreensiva quanto ela estava, nenhum medo ou inquietação que pudesse sentir se comparava com o anseio em seu corpo. Havia uma
necessidade profunda dentro dela, que ansiava pelo toque de Grayson assim como um homem morrendo de sede ansiava por água.
Depois de seu sonho, ela não conseguia pensar em mais nada a não ser
Grayson e o prazer que poderiam encontrar um nos braços do outro. E ela não iria mais correr, nem negar o que estava sentindo. Ela sabia o que queria.
Grayson.
CAPÍTULO DEZOITO
Grayson girou os ombros, em um esforço para relaxar os nós em seus
músculos. Entre seus próprios pesadelos e os gemidos suaves de Adrianna, ele não tinha sido capaz de dormir. Sua necessidade por ela o consumiu tão profundamente que, se estivessem a salvo, ele teria saído do quarto e usado a própria mão para dar a si mesmo um pouco de alívio.
Ele sabia que algo a incomodava, porque ela não tinha acordado com
seu habitual sorriso suave. Era quase demais esperar que seu corpo a tivesse mantido acordada também. E, sem muito orgulho, ele confessava que havia pensado mais de uma vez em parar os cavalos e fazer amor com ela ali
mesmo.
— Diga-me, o que você sabe sobre esse tal Nigel? — Ela perguntou.
Grayson ansiosamente voltou seus pensamentos para algo diferente de
seus desejos. — Não sei muito, na verdade.
— Ele foi o mal que eu vi perseguindo Drogan e Serena?
— Sim. Serena disse que ele vendeu sua alma ao diabo.
Adrianna concordou pensativamente. — Isso explicaria por que eu vi
algo que não era exatamente um homem. Você viu o rosto dele?
— Não. Ele usava um elmo, e nunca o tirou. Veja bem, Drogan é um
espadachim incrível, e poucos homens poderiam ser melhores que ele, mas Nigel o derrubou no chão como se ele fosse uma criança pequena.
Ela mastigava o lábio inferior com os dentes. — Drogan deveria ter
morrido, então.
— Deveria, mas não morreu. Serena tinha lhe dado um amuleto, que costumava ser do pai dela. Foi a joia que aguentou o impacto da espada de Nigel, e consequentemente salvou a vida de Drogan.
— Um amuleto? — Ela murmurou para si mesma.
Grayson deu de ombros. — Cade disse que funcionou porque o
amuleto tinha sido abençoado.
Ela assentiu ligeiramente e virou a cabeça para frente. — Abençoado.
Isso faria sentido, já que inimigo foi amaldiçoado. Pelo menos sabemos como protegê-lo agora.
— Me abençoando? — Ele bufou. — Não vejo como poderia funcionar.
Ela sorriu. — Talvez não, mas, combinado com um pouco de magia,
com certeza vai aumentar suas chances.
— Eu o vi lutar. Ele é mais poderoso do que qualquer homem que já
vi. Ninguém pode vencê-lo.
— Sua espada.
Ele olhou para sua arma. — O que tem ela?
— Nós vamos abençoá-la. Assim como o amuleto de Drogan, vamos
proteger sua espada.
Grayson contemplou suas palavras. — Pode funcionar, mas fico
hesitante em colocar todas as minhas esperanças em uma arma.
— E não é isso que um cavaleiro faz? — Ela perguntou, com um brilho
divertido nos olhos.
Ele riu. — Como você pode brincar em um momento como este?
— Por que não? — Ela respondeu com um encolher de ombros. — Eu
soube desde muito cedo como minha vida seria, então sempre tentei ver o lado bom das coisas. Nem sempre isso é possível, mas a vida é demasiado curta para não brincar. Agora, sobre a espada.
Grayson balançou a cabeça, embora não pudesse evitar o sorriso que
curvava seus lábios. — Você está determinada a abençoar a espada, não é?
— Sim.
— E se ele me desarmar?
Ela franziu a testa. — Não deixe que isso aconteça.
Grayson soltou uma gargalhada. — Vou fazer o possível.
— A propósito, obrigada pelo punhal.
— O prazer é meu. Você o tem amarrado ao seu tornozelo?
Ela assentiu. — Embora torne complicado caminhar.
— Você vai me agradecer se precisar alcançá-lo depressa. Seria muito
difícil pegá-lo se o tivesse amarrado a sua coxa, considerando suas saias. —
Ele engoliu em seco e tentou não imaginar suas mãos acariciando as coxas dela enquanto ela separava as pernas, abrindo-se para ele.
Ele orou para que tivessem um quarto extra na estalagem da aldeia,
porque não se acreditava capaz de passar outra noite como as duas últimas.
Um homem poderia aguentar apenas uma determinada quantidade de
tortura, e ele estava muito próximo de seu ponto de ruptura.
Grayson afastou sua mente de sua excitação, concentrando-se na
sugestão de ter sua espada abençoada por Drina. Ele tinha visto em primeira mão o que o amuleto de Drogan tinha feito a Nigel. Certamente não iria prejudica-lo um pouco de precaução, embora não pudesse confiar todo o seu futuro à sua espada, tanto quanto gostaria de fazê-lo.
Ele era um bom guerreiro, habilmente treinado e altamente
qualificado. Não havia muitos cavaleiros que poderiam ser melhores que ele.
Mas até mesmo Grayson sabia que uma criatura como Nigel não poderia ser comparada com outros cavaleiros. Grayson estaria lutando contra algo
completamente diferente dessa vez.
Drogan conseguiu permanecer vivo, mesmo quando parecia que
estava condenado à morte certa.
Grayson, porém, já tinha se conformado com o fato de que nunca
deixaria Hawksbridge vivo.
— Eu estive pensando sobre Nigel e sobre o porquê dele estar me
perseguindo.
— E? — Adrianna incitou quando ele hesitou.
— Além de Wolfglynn, eu nunca o encontrei. Não haveria razão para
ele me caçar.
— A menos que haja outra conexão.
— Exatamente. Quais são as chances dele ser o homem que levou minha mãe?
— Acho que as chances dele ter algo a ver com isso são grandes. —
Grayson a observou, percebendo a angústia em seu olhar azul pálido.
— O que foi?
Ela levantou um ombro magro. — Cada fibra do meu ser está me
dizendo que você não deve ir para Hawksbridge.
— Eu passei minha vida inteira me preparando para encontrar
respostas. E essas respostas estão em Hawksbridge. Não há nada que possa me fazer mudar de ideia.
Os cavalos continuaram andando normalmente, completamente
alheios à turbulência interior de Grayson. Ele olhou entre as orelhas de sua montaria enquanto se arrumava na sela e apoiava uma mão em sua coxa.
— Você não deveria fazer isso sozinho, — disse Adrianna, quebrando
o silêncio.
— Eu sei, mas Drogan e Serena têm uma família agora. Não poderia
envolvê-los nisso.
De repente, Adrianna estendeu a própria mão e cobriu a dele com a
sua. Seu olhar azul inabalável o encarou. — Você é um homem honrado,
Grayson.
Ele bufou. — Se eu fosse honrado, nunca teria te deixado me
acompanhar.
— Eu teria encontrado uma maneira, — disse ela, enquanto sua mão
esquerda permanecia na dele.
— Milosh teria te amarrado à sua carroça se eu tivesse pedido.
— Estou bastante feliz por você não ter pedido tal coisa. É meu destino ajudá-lo, quer você queira a minha ajuda ou não.
Grayson não disse mais nada sobre o assunto, pois Adrianna não fazia
ideia de que era mais um obstáculo do que uma ajuda. Grayson precisava de uma cabeça clara para combater Nigel, mas não teve nada nem parecido com isso desde que abriu os olhos e a encontrou inclinando-se sobre ele.
A magia dela poderia vir a calhar, mas ele estava determinado a mantê-la em um lugar seguro, em algum lugar onde Nigel ou seus homens
nunca iriam encontrá-la.
?.?
Era meio-dia quando eles finalmente chegaram à pacata vila fora de
Hawksbridge. Essa aldeia era menor que Dirkshire, que, por sua vez, também era bastante sossegado. Adrianna se remexeu na sela, seu estômago
revirando. Três horas antes, o fedor do mal tinha se tornado tão grosso e pesado que ela mal podia suportá-lo.
Agora, ainda mais perto de Hawksbridge, era difícil respirar. Ela se
desiquilibrou em cima do cavalo, mas rapidamente agarrou a crina da égua para se estabilizar. Adrianna respirava pela boca, numa tentativa de manter o conteúdo de seu estômago no lugar. Se ela realmente quisesse ajudar
Grayson, teria que aprender a controlar as reações de seu corpo.
Ela manteve seu olhar nas costas de Grayson enquanto o seguia pela
aldeia. Com o canto do olho, ela viu as pessoas pararem e olharem para eles antes de sussurrarem por trás de suas mãos. Seus olhares furtivos não
ajudaram a diminuir o mal-estar, que agora se enrolava em torno dela como uma algema de ferro.
Quando eles pararam em frente à pousada, tudo que Adrianna queria
fazer era se deitar. Ela tinha começado a suar frio em algum momento, mas estava determinada a não deixar Grayson perceber que havia algo de errado com ela. Ela rapidamente desmontou, antes que ele pudesse ajudá-la, e
agarrou sua bolsa pequena.
Ele parou ao lado dela, com a testa franzida. — Você está se sentindo
bem?
— Só estou cansada. — Ela encobriu a mentira com um sorriso.
Grayson balançou a cabeça e ofereceu o braço para ela. Adrianna
aceitou, e foi assim que eles entraram no estabelecimento. Os poucos
ocupantes da pequena estrutura os observaram quando eles entraram. Ela manteve seu aperto gentil no braço de Grayson, mas podia sentir a adrenalina pulsando através dele.
— Estou com um mau pressentimento sobre esse lugar, — ele murmurou.
— Vai ficar tudo bem. — Tudo que ela queria fazer era se deitar, para
acalmar seu estômago antes que pudesse preparam as ervas que sabia que iriam ajuda-la a se proteger do mal.
Ela deveria ter feito isso naquela manhã, mas tinha ficado tão distraída pela fome urgente de seu corpo para Grayson que sua mente não pensou em mais nada. Agora, porém, ela estava pagando caro por sua falta de
concentração.
Adrianna deixou Grayson negociar os quartos enquanto lutava para
manter sua respiração lenta e para acalmar o estômago. Não foi até eles estarem de pé diante de uma porta que ela olhou para ele.
— Sinto muito, Drina. Só havia um quarto.
Ela balançou a cabeça. — Está tudo bem. Por favor, se apresse. Eu
preciso descansar.
Quando ele finalmente abriu a porta, ela deixou sua bolsa cair de
qualquer jeito no chão e correu para a cama. Ela se estendeu sobre o colchão, e quase instantaneamente seu estômago se acalmou. Ela então soltou um
suspiro de alivio e fechou os olhos.
— Que tal você me contar a verdade sobre como se sente agora?
Seus olhos se abriram e encontraram Grayson de pé ao lado da cama,
com os braços cruzados sobre o peito.
— Eu só preciso de um momento para descansar. É o mal. Eu deveria deve ter preparado algumas ervas esta manhã, mas não estava pensando direito.
Ele descruzou os braços. — Do que você precisa?
— Vou precisar usar minhas ervas, assim como minha magia.
— O que eu posso fazer?
Ela sorriu. Estava tão acostumada a fazer tudo sozinha que era
estranho ter alguém se oferecendo para ajudar. — Vou precisar de uma xícara de água quente.
— Vou providenciar, — disse ele antes de sair do quarto.
Adrianna deitou imóvel por mais alguns segundos antes de se levantar e pegar sua bolsa. Ela selecionou algumas folhas secas, e tinha acabado de colocá-
las de lado quanto a porta do quarto se abriu e Grayson entrou.
— Espero que seja suficiente.
Ela aceitou o copo e assentiu. — Está perfeito. Obrigada.
— Preciso verificar os cavalos. Precisa demais alguma coisa antes de eu ir?
— Não.
Só depois que ele partiu Adrianna jogou as folhas na água quente.
Enquanto o calor amaciava as folhas, ela colocou o copo de lado e fechou os olhos quando começou a cantar o feitiço que afastaria o mal de si.
Ela quase tinha acabado quando pensou novamente em Grayson,
rapidamente adicionando-o ao canto também. Precauções eram precauções, e com Nigel, eles precisavam de todas as armas disponíveis, mesmo que uma dessas armas fosse mágica.
Quando ela finalmente abriu os olhos, Grayson estava de costas contra
a parede, observando-a.
— Não ouvi você entrar.
— Não fiz barulho, — ele respondeu. — O que você estava fazendo?
Ela pegou o copo. — Entoando um antigo feitiço. Isso te incomoda?
— Nem um pouco. — Ele sorriu e se afastou da parede, parando
diante dela. — O que você fez, exatamente? Não reconheci o idioma.
Ela engoliu um gole da bebida amarga. — Assim como parte das
nossas origens, o nome desse idioma também já foi perdido. Quanto ao que eu fiz, estava apenas protegendo-nos do mal.
— Como isso é possível?
Ela encolheu os ombros. — Eu não sei se é possível, na verdade. Mas,
sentir essa maldade no ar me faz mal, e é isso que as ervas e a magia vão combater.
Ele levantou uma sobrancelha negra. — Porque não me deixa doente
também? Não posso sentir como você.
— Não, mas pode prejudicá-lo de outras maneiras. Na verdade, não posso garantir que vá realmente te afetar de alguma maneira, mas pensei que valeria a pena tentar.
— Obrigado, — disse ele, puxando uma mecha de seu cabelo por entre
os dedos. — Você vai ficar bem sozinha?
— O que você vai fazer?
— Explorar a área. Ahn, e também quero dar uma olhada no castelo.
Adrianna agarrou a taça entre as mãos e levantou-se. — Isso é sábio?
— Vai ficar tudo bem. Retornarei a tempo para o jantar, você tem
minha palavra.
Ela observou-o partir, apreensão revirando seu estômago.
CAPÍTULO DEZENOVE
Grayson parou no pequeno bosque e esperou. Era uma caminhada de
apenas algumas horas da aldeia até o castelo de Hawksbridge, mas ele não tinha esse tempo. Logo, considerando que seu cavalo também estava pronto para esticar as pernas, assim como Grayson, ambos tinham aproveitado a cavalgado também para sentir o vento no rosto. E agora, enquanto ele olhava para o castelo, entendeu o que Adrianna sentia.
Um mal, escuro e puro, cercava Hawksbridge. Ele lembrou-se do
castelo vivo, cheio de pessoas e brilhante com risos. Mas não havia mais nada do castelo que Grayson tinha conhecido quando era criança.
Ele ansiava por uma visão mais próxima das muralhas e da parede de
pedra grossa que cercava o castelo, mas não se atreveu a chegar mais perto.
Mesmo à distância, ele podia ver os homens patrulhando as ameias, andando de torre para torre.
Eles estavam esperando alguém? Alguém que não queriam receber?
Ele sorriu. Era uma pena que não tivesse um exército à sua disposição, para que pudesse fazer um trabalho rápido e acabar logo com o que fosse que estivesse acontecendo de errado ali.
Grayson estreitou seu olhar quando o enorme portão foi levantado e
dois cavaleiros saíram à cavalo do castelo. Ele reconheceu-os
instantaneamente. Será que já tinham descoberto seus companheiros mortos?
Se assim fosse, não levariam muito tempo para encontrá-lo.
Ele e Adrianna teriam tempo suficiente para entrar em Hawksbridge e
descobrir quaisquer informações úteis antes que os homens voltassem. Mas, embora ele estivesse disposto a lutar contra eles de novo, não queria Drina próxima a essas pessoas.
Com um movimento das rédeas, ele virou seu cavalo e correu de volta para a aldeia.
?.?
Adrianna terminou de escovar seu cabelo e apagou todas as velas,
exceto uma delas. O jantar já havia sido entregue no quarto, e agora esperava por eles, embora ela tivesse outras coisas em mente.
Depois de Grayson sair, Adrianna chegou à conclusão de que era uma
tola, pois somente uma tola permitiria que alguém tão bonito e bom quanto ele escorregasse por seus dedos por causa de uma maldição.
Ela ainda temia a maldição, mas se recusava a deixá-la governar sua
vida. Sim, ela poderia morrer de sofrimento depois que tudo fosse dito e feito, mas desfrutaria de Grayson enquanto pudesse.
Ele deveria chegar a qualquer momento agora. Ela sabia que estava
tomando a decisão correta, mas isso não impedia que o nervosismo fizesse seu corpo tremer.
?.?
Grayson tomou uma rota diferente, decidido a ficar fora da estrada
principal. Ele esperava o pior, mas não encontrou nenhum dos homens de Nigel em qualquer lugar perto da aldeia, o que era estranho. Se ele fosse um senhor de castelo que estivesse esperando problemas, a vila seria o primeiro lugar onde ele colocaria alguns de seus homens.
Ele acomodou seu cavalo no estábulo e voltou para a pousada,
querendo apenas uma boa noite de sono. Obviamente que isso não
aconteceria, entretanto, pelo menos não com Drina no mesmo quarto. Mas, ainda assim, ele não se sentia desapontado por saber que dividiriam o espaço outra vez. Na verdade, isso lhe dava a desculpa que precisava para passar mais tempo com ela.
Ele acelerou os passos quando alcançou as escadas, e quando
finalmente entrou no quarto, encontrou-o fracamente iluminado por velas.
Depois que fechou a porta, ele se virou em direção à cama e parou.
— Sua tarde foi produtiva?
Incapaz de encontrar sua voz, Grayson assentiu. Ele não conseguia
afastar os olhos da requintada cena a sua frente.
Adrianna estava ao lado da cama, vestindo apenas um cobertor, e seu
cabelo dourado caia em cascata até seus quadris, emoldurando-a. As bolas de Grayson se apertaram instantaneamente quando ele vislumbrou a perna nua dela pela abertura do cobertor.
Ela caminhou lentamente em direção a ele, seu olhar encarando-o.
Grayson não ousou se mover, por medo de fazê-la se afastar.
Ela parou e baixou o olhar. — Eu temo o dia de amanhã.
— Por quê?
— Porque você pode não voltar. — Seu olhar voltou a encará-lo. — Eu
não posso mais ignorar o que sinto por você. Não é justo para mim, nem para você.
A respiração de Grayson ficou presa na garganta quando ela deixou
cair o cobertor, revelando seu deslumbrante corpo nu. Ele tinha sonhado em vê-la assim. Seus olhos então a devoraram, fixando-se em seus roliços seios firmes. Os bonitos mamilos rosados endureceram sob seu olhar, fazendo seu pau saltar em antecipação. Ele afastou os olhos de seus seios e vislumbrou sua cintura fina, as pernas magras e os cachos dourados que escondiam seu sexo dele.
Por mais que a quisesse e ansiasse por ela, porém, ele não podia deixá-
la fazer isso. Ele fechou a distância entre eles e segurou o rosto dela.
— Você não tem ideia do quanto eu quero você.
Instantaneamente, o dedo dela cobriu seus lábios. — Não me diga que
não me quer por causa da maldição. O amanhã pode ser tudo o que temos. E
eu não quero viver com arrependimentos.
— E o sofrimento? — Ele perguntou depois que ela afastou a mão. —
Você já perdeu um homem e uma criança antes, e isso te devastou.
— Aquilo não foi nada comparado com o que sinto quando estou com
você. Pela primeira vez em toda a minha vida, me sinto viva. E é você que me proporciona essa alegria.
Só um idiota conseguiria afastar-se de alguém como ela. — Você tem certeza?
Ela sorriu, seu rosto brilhando de felicidade. — Nunca estive mais
certa de qualquer outra coisa na vida.
E isso era tudo que Grayson precisava ouvir. Ele a puxou contra si e
inclinou sua boca sobre a dela. Ele queria mais do que apenas um rápido gosto desta vez. Desta vez, ele queria tudo.
Ele afundou as mãos nos fios sedosos de seu cabelo enquanto
deslizava sua língua por seus lábios. O primeiro toque de sua língua na dela foi como um relâmpago através de seu corpo. Seu pau estava tenso, ansioso para sentir seu sexo quente e úmido.
As mãos dela percorreram as costas dela, apertando seu traseiro e
aproximando-a de seu pênis dolorido. Ela gemeu, deixando-o no limite. A necessidade era muito grande. Ele queria ir devagar, levá-la ao orgasmo antes de perder o resto de seu controle, mas não pode esperar. Ele tinha que tê-la.
Ele quebrou o beijo para livrar-se de sua túnica. Logo, as suaves mãos dela se juntaram as dele enquanto Grayson tirava as botas e baixava as calças.
Um riso escapou dela quando ele saltou sobre uma perna para não cair, e logo os dois caíram na risada.
Grayson deu um pontapé final na calça, fazendo-a voar para algum
lugar do quarto. Ele então a puxou contra seu corpo, pele com pele, e simples assim seus sorrisos desapareceram, substituídos outra vez pelo desejo.
— Por todos os Santos, Drina.
— Eu sei, — ela sussurrou enquanto ficava na ponta dos pés para
beijá-lo.
Adrianna suspirou de contentamento quando ele a puxou contra seu
peito duro. Ela não se cansava de sentir seus músculos rígidos contraindo e relaxando sob suas mãos. Ela sequer percebeu que ele os tinha movido para a cama até que ele sorriu e a jogou sobre o colchão.
Um pequeno suspiro escapou de sua garganta, mas morreu
rapidamente quando ela começou a observá-lo atentamente. Ele era um
excelente espécime, com a quantidade exata de força e poder capaz de fazer Adrianna ficar de joelhos.
Ele sorriu e levantou uma sobrancelha negra. — Encontrou algo que gosta?
—Definitivamente.
Ela deitou-se quando ele se arrastou sobre ela, os longos cabelos
negros dele caindo sobre seus ombros. Seu coração bateu em seu peito
quando excitação percorreu suas veias. Está com certeza era uma decisão da qual ela não iria se arrepender.
Todo pensamento fugiu quando Grayson capturou sua boca,
devorando-a em seu desejo. Adrianna agarrou os braços dele enquanto ele se movia e segurava seus seios. Ela gemeu, arqueando as costas, quando ele beliscou seu mamilo antes de manusear a pequena protuberância até deixa-la em um pico duro.
Sua necessidade dava voltas descontroladas dentro dela, crescendo a
cada toque. A boca dele abandonou a dela a arrastou-se para baixo,
percorrendo seu pescoço e seus seios. Ele então apoiou o corpo entre as pernas dela, ainda segurando seus seios. Ela pode ver a fome que queimava nas profundezas prateadas dos olhos dele antes de Grayson se inclinar e passar a língua sobre um mamilo. Adrianna engasgou, silenciosamente
implorando por mais.
A boca dele se fechou sobre um mamilo enquanto sua língua quente
lambia o pequeno broto. Desejo percorreu o corpo dela, se estabelecendo em seu sexo. Ela moeu seus quadris contra ele, implorando silenciosamente por mais.
Ele, porém, não mostrou misericórdia; apenas mudou sua tortura para
o outro mamilo. Adrianna clamou antes de sentir a língua dele deixando um rastro quente por seu estômago conforme lambia seu umbigo e baixava ainda mais, beliscando seus quadris.
Ela observou-o, imaginando o que ele faria em seguida. Quando os
dedos dele deslizaram através de seus cachos úmidos para acariciar seu sexo sensível, ela gemeu e levantou seus quadris em direção à diabólica mão.
Em seguida, sentiu a boca dele sobre ela.
Adrianna gritou, o prazer muito intenso para controlar. Seu orgasmo
se construiu rapidamente, e então... ela quebrou.
Grayson continuou a lambê-la, sentindo o corpo de Adrianna convulsionar com seu clímax. Seus gritos suaves apenas estimularam-no a dar-lhe mais prazer. Quando ele já não aguentava mais, levantou-se
finalmente sobre ela e deslizou seu pau contra seu sexo escorregadio. Ela suspirou e estendeu a mão para guiá-lo para dentro de sua vagina.
Ele fechou os olhos quando a penetrou. Ela estava quente, molhada e
incrivelmente apertada. Quando ele estava enterrado até a raiz, olhou para ela. Ela era a mulher mais bonita que ele já tinha visto. E, esta noite, ela era sua.
Ela se mexeu debaixo dele, torcendo-lhe um gemido. Então ele
começou a se mover, empurrando-se para dentro dela em um ritmo crescente, até uma fina camada de suor cobrir seus corpos. Ele não podia conter o orgasmo por mais tempo, então jogou a cabeça para trás e gozou,
derramando sua semente profundamente dentro dela.
Ele se afastou e deitou a seu lado. Em seguida, a puxou para perto, de modo que a cabeça de Adrianna pudesse descansar em seu peito. Ele olhou para o dossel da cama, espantado ao descobrir que tinha acabado de ter o melhor sexo de sua vida.
— Obrigada, — disse Adrianna, virando a cabeça para beijá-lo.
Ele sorriu. — Eu sou o único que deve agradecer. Que presente você
me deu.
— Eu não deveria ter-nos negado por tanto tempo.
— Você se arrepende do que...?
Ela balançou a cabeça. — Nunca. O que fizemos foi... certo, Grayson.
Eu não sei como explicar, além de dizer que, ainda na primeira vez que você me tocou, eu sabia que era para ser.
— Eu não deveria ter...
Ela se apoiou em um cotovelo e balançou a cabeça para ele. — Pare.
Por favor. Se houver uma criança, vou agradecer a você e a Deus por ela, e criá-la da melhor maneira possível. Não podemos negar nossos destinos, independentemente de quanto tentarmos.
Suas palavras o fizeram perceber, porém, que ele precisava tomar
algumas precauções. Afinal, ele não podia deixá-la sem nada. Se ele não
estivesse ali para cuidar dela e de seu bebê, então encontraria alguém que o fizesse.
— Se algo acontecer comigo, vá para Wolfglynn. Drogan e Serena vão
amparar você e o bebê.
Adrianna suspirou e deitou mais uma vez em seu peito. — Grayson,
vai ficar tudo bem. Além disso, eu posso cuidar de mim mesma.
— Eu não tenho nenhuma dúvida disso, mas pensei que você gostaria
de ficar com mais pessoas do seu tipo, se houver uma criança. O bebê de Serena deve ter pouco mais de um ano de idade agora.
A mão dela acariciou seu peito em círculos preguiçosos. — É algo a
considerar.
— Eu preciso saber que, se algo acontecer, você vai ficar bem. Há os
ciganos também.
— Não. Embora a vida nômade tenha sido boa para mim, gostaria de
criar meu filho em uma casa, e não na estrada. Além disso, você está supondo que eu já estou grávida, coisa da qual não temos certeza.
Ela podia não estar carregando seu filho agora, mas depois de prová-la uma vez, Grayson sabia que precisaria de mais. Então, já que ele não
conseguia manter as mãos longe de Adrianna, teria que se controlar e
certificar-se de não derramar sua semente dentro dela.
Porque sua fome não havia diminuído, e se ele não tomasse cuidado,
ela certamente acabaria grávida.
Um filho deles.
Uma sensação estranha tomou conta de Grayson. O pensamento de ver
a barriga de Drina crescer com seu filho o fez desejar uma família pela primeira vez em sua vida.
CAPÍTULO VINTE
Grayson acordou algumas horas mais tarde, espantado por ter
dormido sem sequer uma lembrança de seus pesadelos usuais. Adrianna
dormia em seu peito, seu corpo suave aconchegado contra o dele.
Instantaneamente seu pênis rugiu para a vida, e todo o sono desapareceu.
Ele gentilmente rolou Adrianna de costas e sorriu quando sua cabeça
se afastou dele, seus lábios entreabertos. Ela era tão incrivelmente bela que ele poderia olhar para ela todos os dias e nunca se cansar. Com um pequeno movimento de sua mão, ele puxou o cobertor para baixo. Um mamilo rosa, já duro, espiou por debaixo das cobertas. Logo, o outro mamilo também estava à mostra. Incapaz de controlar a onda de luxúria que cresceu dentro dele, Grayson puxou o cobertor de cima dela.
Ela suspirou e tentou virar de lado, mas ele a manteve imóvel. Suas
mãos se moveram para cima e para baixo pelas pernas dela, abrindo-as
amplamente para que pudesse olhar para seu sexo escondido entre os cachos dourados. Ele separou os cachos e acariciou seu sexo antes de deslizar um dedo em seu calor. Um sorriso curvou seus lábios quando ela gemeu em seu sono.
Seu dedo empurrou mais para dentro, acariciando-a lentamente, até
que os quadris dela começaram a se mover. Só então ele permitir que seu polegar encontrasse seu clitóris, massageando-o. O peito dela começou a subir e descer rapidamente, seus dedos apertando o lençol. Um gemido
ofegante passou pelos lábios dela, endurecendo seu pênis num nível até então desconhecido. A esmagadora vontade que Grayson sentia de deslizar no sexo molhado de Adrianna era demais. Ele pretendia acordá-la lentamente, mas não podia conter seu desejo.
Grayson adicionou um segundo dedo enquanto continuava a acariciá-
la. Ele também se inclinou e apertou os lábios sobre um mamilo, sugando-o profundamente em sua boca. Adrianna engasgou, movendo os braços e
agarrando seu pescoço. O corpo dela endureceu, deixando-o saber que ela estava se aproximando de um orgasmo.
Ele levemente roçou seu mamilo com os dentes antes de se levantar
sobre ela. Os olhos dela estavam abertos a esse ponto, mostrando-lhe um desejo cru que combinava perfeitamente com o dele.
Nenhuma palavra foi necessária.
Ele virou-a sobre o estômago e a posicionou sobre suas mãos e joelhos.
As mãos dele acariciaram seu traseiro delicioso antes dele penetrá-la.
Ondas longas de cabelo caiam em cascata sobre ela, formando um
poço dourado sobre a cama. Ela olhou para ele por cima do ombro, dando-lhe um sorriso sexy.
E isso quebrou seu controle.
Grayson agarrou seus quadris e mergulhou nela. Ela estava
escorregadia, e seu profundo gemido satisfeito fez as bolas dele apertarem.
Ele começou a mover-se com pequenas estocadas lentas, fazendo os gemidos de Adrianna se transformarem em suaves gritos de prazer.
Ela fechou os olhos enquanto o delicioso prazer só aumentava a cada
estocada do pênis de Grayson. A maneira como ele provocava seu corpo só a fazia desejar-lhe mais e, depois de acordar e encontrá-lo acariciando-a, sua necessidade foi crescendo a cada batida de seu coração.
Ela começou a mover os quadris contra ele, levando-o mais profundo,
até que ele acelerou o ritmo. As longas estocadas rápidas de seu pênis a deixavam cega de desejo. De repente, os braços dele circularam sua cintura, mantendo-a imóvel enquanto bombeava dentro dela com uma ferocidade que poderia tê-la assustado - se não a tivesse animado.
—Drina, — ele gemeu.
Isso foi o suficiente para fazê-la perder o controle. Ela gritou,
agarrando o cobertor enquanto ondas e mais ondas de felicidade percorriam seu corpo. No entanto, Grayson continuou a penetrá-la, prolongando seu orgasmo até que ela estava tão fraca que mal conseguia manter a posição.
Os dentes dele repentinamente beliscaram seu ombro em uma mordida carinhosa, antes que ele se retirasse dela e jogasse a cabeça para trás enquanto gozava. Quando Adrianna sentiu seu sêmen quente em suas costas, não pode deixar de lamentar por ele não tinha permanecido dentro dela. Ela não queria criar com um bebê sozinha, mas o pensamento de ter um filho de Grayson enchia-a de um calor que não podia explicar.
Ela sorriu para Grayson depois que ele a limpou. Adrianna então
cobriu-se com o cobertor e esperou que ele se juntasse a ela mais uma vez.
Eles deitaram de lado, um de frente para o outro.
— Eu tenho que admitir que nunca tinham me acordado de forma tão
maravilhosa antes.
Ele riu. — Não pude evitar. Acordei e senti seu corpo contra o meu, e
precisei de você outra vez.
— Você pode me ter tanto quanto quiser.
Embora ela não fosse lhe dizer, Adrianna tinha seus próprios planos
quando se tratava de Grayson. Ele tinha acariciado e afagado seu corpo conforme lhe satisfazia. Mas agora era a vez dela. Ela também queria
conhecer cada polegada do corpo delicioso dele.
— Posso? — Ele perguntou com um sorriso malicioso.
Incapaz de evitar, ela acariciou o rosto dele, sentindo a barba de um
dia que ele ainda não tinha cortado. Ela não tinha certeza, porém, se era a necessidade que Grayson tinha de descobrir o que aconteceu com sua mãe ou a solidão que ela viu em seus olhos prateados, que quebrou seu coração.
— Somos um par e tanto, não é? — Ela perguntou em voz baixa. —
Você está à procura de respostas e pronto para enfrentar a morte, enquanto eu estou levando a vida um dia de cada vez. Nenhum de nós está realmente
vivendo.
Ele encontrou o olhar dela, encarando-a sem piscar por alguns
instantes antes de suspirar. — Você tem razão.
Ela agradeceu os santos por ter Grayson consigo quando ele se
inclinou em direção a ela e segurou sua cabeça, lhe dando um beijo antes de puxá-la em seus braços.
Desde que ela o tinha encontrado, sua vida tinha sido tudo, menos
normal. E ela adorou cada momento. Ela se recusava a pensar sobre o que o
dia seguinte traria, ou em quão perto Nigel estava de encontrá-los. Grayson era um guerreiro excelente, e ela se certificaria de sua vitória.
?.?
Grayson abriu seus olhos e descobriu que tinha dormido sem um
pesadelo sequer. Ele olhou para Adrianna e observou-a dormir. Ele então pensou no dia que enfrentariam, e brevemente se perguntou o que de ruim poderia acontecer se atrasassem sua jornada um dia ou algo assim. Eles poderiam gastar o tempo na estalagem e fazer amor o dia todo.
Mas, tão maravilhoso quanto soava, Grayson sabia que Nigel não
esperaria. Nigel estava se aproximando, e Grayson queria estar preparado para encontrá-lo.
Ele moveu uma mecha de cabelo do rosto de Adrianna e sorriu. Não só
ela tinha lhe dado à paz a qual tinha procurado por muito tempo, mas
também o deixava selvagem de necessidade. Nenhuma mulher tinha feito
tanto para ele. Ele tinha feito amor com muitas mulheres, mas a todas ele deixou para trás sem dar-lhes um segundo pensamento.
Adrianna, porém, ia ser uma história diferente.
Pelo menos ele tinha se controlado na última noite. Tinha chegado
perto, mas ele tinha conseguido sair do corpo dela antes de gozar. Se tudo corresse conforme ele previa, ela iria voltar para a pousada sem ele antes do anoitecer.
Ele pretendia esperar Nigel em Hawksbridge, enquanto Adrianna
permanecia segura na estalagem. Mas, saber que ele poderia nunca mais vê-la novamente se tudo corresse de acordo com seu plano fez seu peito doer como se um punhal tivesse sido cravado em seu coração.
Entretanto, ele não era do tipo que fugia de suas responsabilidades, e Nigel e as respostas a respeito de sua mãe o esperavam em algum lugar
próximo dali. Era hora de encarar o dia, independentemente do que
realmente queria fazer.
— Está na hora, não é? — O olhar azul pálido de Adrianna encontrou
o seu.
—Sim.
Ela assentiu e se levantou da cama, fazendo-o sentir falta de seu calor instantaneamente. Ele observou enquanto ela penteava o cabelo, e não se surpreendeu quando ela olhou para fora da janela e perguntou: — Ele está mais perto?
—Sim.
Ela baixou o pente e o encarou. — Eu gostaria de olhar para o futuro
antes de você sair.
Grayson suspirou e foi até ela. — Assim como você disse que não
podemos fugir do nosso destino, também sabe que o futuro não pode ser
alterado, Drina.
— Pode. Por que você acha que me foi dado esse dom, se não para
ajudar as pessoas?
O sol da manhã banhava-a em luz vermelho-alaranjada, dando-lhe a
aparência de estar cercada por magia. Era óbvio que era importante para ela perscrutar seu futuro e, embora Grayson soubesse que isso não mudaria
nada, assentiu.
— Eu vou providenciar um pouco de comida para o café da manhã.
Ela sorriu, alívio brilhando em seus olhos. — Obrigada.
Grayson correu para se vestir e deixou o quarto. Ele não sabia o que
havia de errado com ele. Desde que tinha acordado, queria simplesmente esquecer sua busca por respostas, e esquecer de Nigel.
Isso é porque você sente que há um futuro para você e Adrianna.
Ele bufou. Ela foi amaldiçoada, e ele estava destinado a morrer em
Hawksbridge. Que tipo de futuro eles poderiam ter?
Nenhum.
Adrianna esperou até Grayson fechar a porta atrás de si antes de
sentar-se no chão. Ela sabia que não teria muito tempo, e estava determinada a ver o máximo possível antes dele retornar.
Ela fechou os olhos e concentrou toda sua magia em Grayson. O
mundo desapareceu no nada quando sua magia começou a girar em volta
dela, e então tudo ficou escuro - apenas flashes de Grayson brilhavam em sua mente. Ela concentrou-se em Hawksbridge e viu Grayson de pé no pátio, sua
espada desembainhada e pendurada ao seu lado enquanto sangue escorria da ponta.
Seus olhos prateados brilharam com selvageria enquanto seu longo
cabelo preto agitava-se ao vento, emoldurando seu rosto sulcado de raiva.
Tão rapidamente quanto chegou, a visão desapareceu, deixando
Adrianna procurando por mais. Quase instantaneamente outra imagem
surgiu. Esta era de Grayson em pé nas ameias enquanto observava alguém ir embora. Quando ele se virou, a dor que ela viu em seu rosto foi o suficiente para deixá-la sem ar.
Seus olhos se abriram quando Grayson entrou no quarto. Ele olhou
para ela antes de andar em direção à mesa, onde colocou a comida que havia comprado. Adrianna se levantou e caminhou até a mesa. Seu estômago
roncou com fome quando ela se aproximou da comida. Eles então comeram
brevemente em silêncio antes dele levantar o olhar para encará-la.
— Você viu alguma coisa.
Não era uma pergunta. Ela assentiu com a cabeça. — Não muito,
apenas fragmentos. Acho que não posso ver muito do seu futuro, porque
agora estou envolvida.
— Não entendo.
— Eu nunca quis ver meu próprio futuro, então acho que o medo me
impede de ver o seu clareza.
Ele mastigou e engoliu. — O que você viu?
— Você no pátio de Hawksbridge, com sangue em sua espada.
Ele arqueou uma sobrancelha. — Eu estava lutando com Nigel?
— Não vi mais ninguém, só você. Mas, considerando a pura raiva de
seu olhar, diria que você estava olhando para alguém que detesta.
— O quê mais?
Ela encolheu os ombros. — Eu só vi mais uma cena, que era de você
em pé nas ameias, acenando adeus a alguém.
Isso chamou sua atenção. Ele inclinou-se para frente. — Em que
castelo?
— Presumo que seja Hawksbridge, mas acho que também poderia ser Wolfglynn. Não consegui ver o suficiente, — ela apressou-se a dizer enquanto ele apoiava as costas no encosto da cadeira.
— Você sabe o que enfrentaremos lá, Drina, — disse ele suavemente.
— Por que piora as coisas vendo o futuro?
— Para que então eu possa ajudá-lo.
Um canto de sua boca curvou-se em um sorriso. — Você está me
ajudando.
Ela se sentia mais como um obstáculo do que qualquer outra coisa. —
Dê-nos mais um dia. Assim você poderá explorar melhor a área e o castelo.
— Enquanto você perscruta o futuro?
Ela assentiu.
— Não, Drina. Eu preciso ir. Esperei muito tempo para encontrar
respostas.
Adrianna queria discutir com ele, e ficar na cama com ele por apenas
mais um dia, mas sabia que seria inútil insistir. Grayson tinha um destino, e estava correndo na direção dele.
CAPÍTULO VINTE E UM
Adrianna alisou suas saias verdes. Seu vestido novo parecia celestial. O
material era mais caro do que qualquer outra coisa que ela já tinha usado, e ela agora entendia como uma mulher podia viciar-se nesse tipo de roupa.
O vestido não era tão escuro quanto o veludo verde que ela viu
primeiro na loja, mas era de um belo verde musgo escuro. A guarnição da bainha, do pescoço e das mangas alongadas era apenas um tom mais claro, e tinha também um padrão floral verde. Até mesmo seu cinto era decorado
para combinar com o restante do traje, um luxo que ela nunca teve.
Ela virou-se quando a porta se abriu e Grayson entrou no quarto. —
Como está meu cabelo? — Ela passou as mãos pelas duas tranças atadas com fitas de couro que caiam sobre seus seios.
Quando Grayson não respondeu, ela encontrou seu olhar. — Tão
horrível assim?
— Não, Drina. Você parece... impressionante, como se tivesse nascido
para vestir essas roupas.
Ela lambeu os lábios e baixou o olhar, envergonhada de si mesma por
ficar tão satisfeita com o comentário. No entanto, ela conseguiu agradecer.
— Obrigada, — ela murmurou, se forçando a encontrar os olhos dele.
Em seguida, ela pode finalmente olhar para ele em seu novo traje
elegante. A túnica preta com fios de prata se moldada ao corpo dele
perfeitamente. As novas calças pretas e botas só acrescentavam à sua beleza e, embora ela adorasse ver seu cabelo solto, ele tinha puxado para trás e prendido com uma tira de couro, o que também ficava perfeito nele.
Com a sobrancelha levantada, ela caminhou lentamente em torno de
Grayson, deixando seus olhos admirarem o belo guerreiro à sua frente.
— Então? — Ele perguntou.
Adrianna esperou até estar mais uma vez de pé diante dele. — Eu
nunca vi um homem mais bonito. O preto dá-lhe um ar sinistro, porém, o que poderia ser uma vantagem.
— Sinistro, sim? — Perguntou ele com um brilho nos olhos prateados.
— Você sempre carrega um ar de poder ao seu redor, mas tenho que
admitir, porém, que essas novas roupas acentuam ainda mais sua beleza.
— Mesmo?
Ele estendeu a mão para ela, mas Adrianna a afastou e riu enquanto
tentava fugir dele. Os braços dele eram longos, porém, e ele facilmente a capturou, empurrando-a contra a parede enquanto moldava seu corpo ao
dela.
— A maneira como esse vestido se encaixa no seu corpo me faz querer
rasgá-lo de você, — ele murmurou em seu ouvido.
Adrianna suspirou de prazer. — Nada me agradaria mais do que tirá-
lo para você.
Ele beijou seu pescoço, provocando arrepios de prazer ao longo de sua
pele. — Eu gostaria que tivéssemos tempo para fazer amor novamente.
— Teremos tempo de sobre hoje à noite.
Ele deu-lhe um rápido beijo nos lábios e tomou sua mão. — Claro.
Havia algo no tom de voz dele que lhe disse que Grayson não tinha
intenções de passar mais uma noite com ela. Ela pegou sua bolsa e o deixou guiá-la para fora da estalagem enquanto tentava ver além da dor que
ameaçava engoli-la.
Não foi até que ele a ajudou a montar sua égua e ela viu a forma como
seu olhar se arregalou quando ele teve um vislumbre da perna dela que
Adrianna decidiu não desistir tão facilmente deles. Poderia não haver um futuro juntos para eles, mas ainda poderiam ter mais alguns dias ou semanas.
Isso não podia ser pedir demais.
— Você está pronto? — Perguntou ela enquanto cavalgavam para longe
da aldeia.
— Sim. Não. —Ele riu e balançou a cabeça. — Estive esperando por
isso por tanto tempo que quase parece irreal.
— Gostaria de poder ter visto seu passado, para lhe dar alguma ajuda.
— Você já me deu mais do que eu poderia pedir.
Adrianna engoliu em seco e desviou o olhar. — O que você acha que
aconteceu com sua mãe?
— Eu pensei sobre isso tantas vezes que é difícil dizer. Há muitas
coisas que poderiam ter acontecido com ela.
— Mas quantas dessas coisas envolvem deixar um filho para trás?
Ele apertou a mandíbula. — Não muitas. Acho que ela foi raptada, mas
não sei por que.
Adrianna mordeu o lábio inferior enquanto pensava sobre suas
palavras. — Você lembra se ela era uma cidadã comum ou nobreza?
Grayson latiu uma gargalhada. — Não faço ideia. Presumo que éramos
comuns.
— Você é tudo menos comum, Grayson de Wolfglynn. — Ele piscou
para ela, seu sorriso contagiante.
Cerca de uma hora de caminhada depois, Adrianna notou uma
mudança em Grayson. Ele estava mais alerta, com a mão sobre o punho da espada.
— O que foi?
— Estamos sendo seguidos, — ele respondeu.
Ela desejou olhar para trás, mas se conteve a tempo. — Onde?
— Ao lado. É apenas um homem.
— Um dos cavaleiros de Nigel?
Grayson balançou a cabeça ligeiramente. — Acho que não. Você sente
o fedor maléfico de algum deles?
— Apenas do castelo e do próprio Nigel.
— Será que eles não estão impregnados com o mesmo cheiro maligno?
Ela assentiu com a cabeça. — Hawksbridge fede à maldade, quase
como o cheiro que um cachorro molhado deixa para trás.
— E Nigel?
— Ele fede à pura crueldade. Tem cheiro de carne e ossos podres.
Grayson olhou para ela. — Você vai ficar bem?
— O feitiço e ervas vão me proteger por vários dias.
— Bom. — Ele adiantou o cavalo até parar mais perto dela. — Se
formos atacados, afaste-se de mim. E se puder, pegue carona de volta para a aldeia.
Ela pegou a mão dele. — Eu prefiro ficar. Estou mais segura com você.
— Isso é discutível, Drina, — disse ele com um sorriso. — Acho que
você está ainda mais em perigo por estar perto de mim.
— Ninguém pode me proteger melhor que você, mas vou fazer o que
me pede. Prometo me manter fora do caminho.
— Se houver vários deles, alguns vão me atacar, enquanto outros irão
atrás de você. Eles vão te capturar numa tentativa de me parar.
— Não se preocupe, — assegurou ela. — Não vou deixá-los me pegar.
— Espero que não.
Pelas próximas horas, eles montaram em silêncio. E por mais que
Adrianna tentasse ver no futuro, não podia arriscar-se a cair do cavalo durante o processo.
Era quase meio-dia quando eles avistaram a crista de uma pequena
colina e as torres de Hawksbridge. Grayson parou seu cavalo, e Adrianna seguiu seu exemplo.
— Está fortemente vigiado, — alertou ela. — Talvez não
conseguiremos entrar.
— Ah, eles nos darão entrada. Para eles, nós somos nobreza, e nobreza
não se aparta.
Ela suspirou. — Espero que você esteja certo.
— Estou.
Eles avançaram, e se aproximaram das pedras cinzentas do gigante
castelo rapidamente. Assim como Grayson tinha dito, guardas patrulhavam o parapeito, mantendo um olhar atento sobre o horizonte. Ela pode sentir o exato instante em que foram vistos.
— Eles sabem que estamos chegando, — Grayson murmurou.
— Vai dar tudo certo. — Pelo menos era o que ela esperava.
Dois cavaleiros montados correram em direção a eles pela longa trilha que terminava em Hawksbridge.
— Adrianna?
— Eles cheiram como o castelo, e não como os cavaleiros que
enfrentamos.
Ele assentiu.
— E o homem nos seguindo? — Ela perguntou.
Grayson encontrou seu olhar. — Ainda nos acompanha.
Eles não foram mais capazes de falar quando os cavaleiros os
alcançaram. Eles olharam primeiro para Grayson antes de se virarem para ela.
— Você tem negócios em Hawksbridge, meu senhor? — O cavaleiro
mais próximo a ela perguntou.
Grayson inclinou a cabeça, apenas uma fração, seu olhar nunca
oscilando entre os homens. Adrianna esperou que Grayson dissesse alguma coisa, mas, pela maneira como ele e os cavaleiros se encaravam, ela sabia que era mais provável que empunhassem suas espadas ao invés de conversarem.
— Temos viajado, — disse ela. — Talvez pudéssemos descansar em
Hawksbridge, e conseguir um estábulo para nossos cavalos?
Os cavaleiros trocaram um olhar antes que aquele que tinha falado
mais cedo dissesse: — Sigam-me, minha senhora.
Grayson segurou a mão de Adrianna enquanto seguiam os cavaleiros,
agora em um ritmo mais lento. Ela achou difícil pensar direito enquanto o polegar dele esfregava círculos preguiçosos na parte de trás de sua mão.
— Tenha cuidado, Drina, — ele advertiu. — Estamos entrando em um
ninho de víboras.
Ela se sacudiu mentalmente. — Vou ser cuidadosa, prometo. E nós
apenas precisamos reunir informações hoje. Não devemos ficar no castelo por mais do que algumas horas.
— Sim. Fazer a refeição do meio-dia aqui nos dará uma razão para
olhar ao redor. E eu vou de certificar de visitar os estábulos. Quero ver que tipo de cavalos eles têm.
Adrianna sorriu. — Suponho que você também queira saber o número de criados.
— Oh, sim. Tanta informação quanto você puder obter. Tudo é
pertinente. Lembre-se disso.
Quando ela olhou para ele, desejou limpar o cenho franzido de seu
rosto, vê-lo sorrir e observar seus olhos se iluminarem com o riso. Ela teve um vislumbre de como ele poderia ser na noite passada. A maneira fácil como ele sorriu e compartilhou seu corpo com ela tinha-lhe dito mais do que palavras jamais poderiam.
Sua mão apertou a dela.
— O que foi? — Ela sussurrou.
Quando ele não respondeu, ela olhou ao redor enquanto eles se
aproximavam do portão enorme que estava sendo levantado. Todos os olhos estavam sobre ela, como se os habitantes locais não estivessem acostumados a ver muitas mulheres, especialmente senhoras bem nascidas.
— Eu não deveria ter trazido você, — ela ouviu Grayson murmurar
baixinho.
No momento, ela admitiu para si mesma que concordava com ele. Os
homens a faziam sentir desconfortável e, se não fosse por Grayson, ela teria virado o cavalo e cavalgado de volta para a pousada. Mas, do jeito que estavam as coisas, ela se recusou a deixar que qualquer pessoa - até mesmo Grayson – saber quão desconfortável ela estava. Ela ergueu o queixo e
manteve o olhar fixo em um ponto à frente.
Como o portão se abria devagar, ela aproveitou esses preciosos
segundos para observar o castelo. O pátio era maior do que qualquer um que ela já tinha visto antes, e vários outros cavaleiros estavam ao lado da entrada do portão, observando-os.
Ela olhou para Grayson antes de seguir os cavaleiros pelo portão. Um
arrepio correu por sua espinha quando os cascos de sua montaria tocaram as pedras do pátio. Ela só rezava para que suas ervas e sua magia pudessem protege-los do mal até ela e Grayson saírem de Hawksbridge.
Adrianna forçou-se a engolir o caroço de medo que tinha obstruído
sua garganta. Ela começava a duvidar de sua escolha de se aventurar no
interior das muralhas do castelo, especialmente quando os portões foram fechados.
—Vai ficar tudo bem, — Grayson sussurrou.
Ela desesperadamente esperava que ele estivesse certo, mas, quando
olhou ao redor do pátio, não teve tanta certeza. As pessoas estavam em farrapos, e muitos até mesmo sem sapatos para proteger os pés. Seus olhos estavam sem vida, como se toda a esperança tivesse desaparecido.
Ela passou por uma menina que estava sentada no chão, e que a olhou
com olhos escuros e tristes. Adrianna quis pegá-la e correr. A criança precisava de riso e alegria em sua vida, mas não iria receber nada disso em Hawksbridge.
E então Adrianna foi repentinamente inundada de calor, como se
pequenas bolhas estourassem sobre sua pele. Ela conhecia esse sentimento.
Ele lhe alertava que outro Bruxo estava próximo.
Ela procurou a fonte da magia, que era tão forte que fazia Adrianna
sentir-se como se estivesse se afogando. Seu cavalo parou ao mesmo tempo em que Grayson soltou sua mão. Ela examinou o pátio enquanto Grayson
desmontava e caminhava até ela.
— O que foi isso? — Ele perguntou quando a baixou no chão.
Ela abriu a boca para responder-lhe quando viu uma mulher nos
degraus do castelo. Seu longo cabelo preto e riscado de cinza soprava
conforme a brisa.
Adrianna encarou Grayson, e a testa dele se franziu enquanto a
observava. — Drina?
Como ela poderia lhe contar que tudo o que ele procurava estava a
nem vinte passos de distância? Mas, ela não precisou falar nada. Em seguida, ele virou a cabeça, avistou a mulher e endureceu.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Grayson não podia acreditar em seus olhos. Não podia ser.
Mas era.
— Grayson? — Adrianna disse quando agarrou seus braços.
Ele queria responder, lhe dizer que estava bem, mas a verdade era que
ele estava muito longe disso. Ele sentia-se como se tivesse levado um chute no estômago. Ele encontrou sua mãe. Em todos os anos que passou sonhando
em encontrá-la, Grayson tinha imaginado inúmeros cenários, mas todos
tinham algo em comum: ela correndo para os seus braços, dizendo-lhe o
quanto o amava e sentia sua falta.
Mas, em nenhum de seus sonhos ele imaginou sua mãe tão abalada ao
vê-lo.
A mão macia de Adrianna tocou seu braço novamente, e ele se agarrou
a ela como se fosse a única coisa capaz de mantê-lo à tona. Sua presença era reconfortante, apoiando-o enquanto ele lutava para aceitar o que seus olhos tinham visto.
Também não lhe passou despercebido que todo o pátio ficou em
silêncio, observando enquanto ele e Adrianna caminhavam até o castelo.
Quando pararam em frente às escadas, viram sua mãe apenas respirar fundo e apagar todas as emoções do rosto.
Grayson queria sacudi-la, fazê-la lhe dizer por que não tinha vindo à
sua procura. Ao longo de todos esses anos, ela tinha estado na Hawksbridge!
Todos esses anos nos quais ele tinha sofrido, faminto e sozinho, até encontrar uma casa com Drogan em Wolfglynn.
Suas pernas estavam rígidas, e ele tinha dúvidas sobre sua capacidade
de subir as escadas.
— Nós podemos ir embora.
Ele olhou para Adrianna. Seus olhos azuis pálidos brilhavam de
preocupação. Por ele. Ela humilhava-o estando sempre ao seu lado, sem
importa-se com a situação. Nenhuma outra mulher já esteve.
— Não, — ele disse quando começaram a subir as escadas. Eles
haviam subido cerca de metade dos degraus quando Grayson parou e
esperou.
Não havia sorriso acolhedor no rosto de sua mãe, nem nenhum abraço
caloroso esperando por ele. — O que você está fazendo aqui? — Ela
perguntou.
Grayson ficou tão surpreso que nem conseguiu responder. Ela não
sabia por que ele estava aqui? Ele estava olhando para o motivo de estar aqui!
Felizmente, Adrianna respondeu por ele. — Estamos viajando, e
buscamos sua hospitalidade enquanto nós e nossas montarias descansamos.
— Vocês seriam mais bem servidos se saíssem daqui imediatamente,
— sua mãe respondeu em um tom abafado.
— Seja como for, não podemos, — disse Adrianna no mesmo tom
calmo. Então ela sorriu e levantou a voz. — Ora, muito obrigada, minha senhora. Gostaríamos muito de jantar com você.
Grayson poderia ter rido se não estivesse tão chocado. Ele olhou por
cima do ombro enquanto seguia Adrianna e sua mãe, e encontros os
cavaleiros os observando com interesse. Ele soube então que não seriam capazes de sair de Hawksbridge sem lutar.
Uma vez dentro do castelo, ele fechou a porta atrás de si e examinou o grande salão. Havia várias tapeçarias penduradas nas paredes, todas
retratando cenas de batalhas históricas. As bordas desgastadas das tapeçarias diziam a Grayson quantos anos elas tinham.
Candelabros estavam pendurados em ganchos nas paredes, com a cera
das velas pingando ao redor. Tão mal cuidado quanto o povo de
Hawksbridge era, ele esperava encontrar o castelo na mesma desordem.
Em vez disso, os juncos eram novos e limpos. Mesmo os poucos cães
que se encontravam perto da lareira e olhavam para eles com olhos negros e malignos pareciam limpos. Eles quase tinham atingido o estrado quando sua mãe se virou, a saia de seu vestido enrolando-se em suas pernas.
— Nós não temos muito tempo, — ela sussurrou. — Há uma porta secreta para onde posso levá-los. Se saírem agora, podem conseguir chegar longe o suficiente.
— Do quê?— Perguntou Grayson.
Ela fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu novamente, não
havia preocupação ou medo em suas profundezas escuras. — Você sabe do
que, ou nunca teria vindo.
— Eu não vou sair.
— Grayson, por favor.
Ele bufou. — Então você se lembra do seu próprio filho.
Ela deu um passo para trás. — Não.
— Não o quê? — Perguntou. — Não perguntar por que minha mãe me
deixou sozinho e morrendo de fome? Não perguntar por que você nunca
tentou me encontrar? Não questionar por que você nunca me amou?
— Isso não é justo.
— É mais do que justo. O que você espera que eu pense? Dê-me
algumas respostas! — Ela balançou a cabeça.
— Então responda a mim, — disse Adrianna. — O que você está
fazendo com Nigel? Você sabe o que ele é.
O olhar de sua mãe virou-se para Adrianna. — Há tão poucos de nós
agora. Qual é o seu nome?
— Adrianna.
— Eu sou Leoma.
Grayson passou a mão pelo rosto e sentou-se no banco mais próximo.
Seu coração doía. Como ele pode lembrar-se das coisas de modo tão errado?
Sua mãe não tinha sido tirada dele. Ela não o queria.
Adrianna assistiu o rosto de Grayson passar de raiva para resignação.
Ela queria estar com ele, envolver os braços e as pernas em torno dele e fazê-
lo esquecer de tudo, exceto ela.
— Por que vocês vieram? — Perguntou Leoma.
Adrianna enfrentou a mãe de Grayson. Grayson tinha herdado seus olhos grandes e expressivos. Mesmo seus cílios longos e grossos lembravam os de sua mãe, assim como seus cabelos escuros como a meia-noite.
— Por que você acha? — Respondeu Adrianna. — Ele veio buscar
respostas a seu respeito.
— Ele não deveria ter vindo. Isso vai leva-lo a morte.
— Eu sei, — Grayson disse entre dentes. — E estava preparado para
morrer, desde que conseguisse minhas respostas.
Leoma virou as costas para eles. — Você não quer essas respostas.
— Quanto tempo até que Nigel retorne?
— Ele vai estar aqui ao anoitecer.
— Isso nos dá muito tempo, então, — disse Adrianna.
Leoma riu, emitindo um som melancólico antes de virar-se e enfrentar
Adrianna. — Você não entende. Uma vez que se passa pelas portas desse
castelo, não há saída. Nigel teve seus homens vasculhando todo o país à procura de Grayson.
Grayson levantou-se e se afastou. Adrianna queria confortá-lo de
alguma forma, mas, no fim, apenas estreitou seu olhar sobre a mãe dele. —
Como você pode ser tão odiosa? Ele é seu filho.
— E por que você acha que eu o deixei ir embora? Não podia assistir
Nigel matá-lo ou entregá-lo a alguém.
Adrianna agarrou a borda da mesa perto dela. — Querido Deus.
— Nigel sempre consegue o que quer.
Adrianna olhou para Grayson, encontrando-o andando pelo solar. Eles
não podiam sair, e ele também não podia lutar contra os cavaleiros de Nigel por conta própria. Eles estavam tão encrencados.
— Faça-o sair, — Leoma implorou. — Grayson precisa sair agora.
Adrianna sacudiu a cabeça. — Ele não vai sair. Tudo que ele sempre
quis saber foi o que aconteceu com você.
— Eu prefiro não compartilhar essas respostas.
De alguma forma, Adrianna não se surpreendeu. Pelo menos agora ela
sabia de quem Grayson tinha herdado sua teimosia. Havia tanta coisa que ela
queria perguntar a Leoma, mas não tinha certeza se ela era aliada de Nigel ou não.
Leoma entregou-lhe uma taça de vinho. — Você parece precisar disso.
Ela aceitou o cálice com um aceno de cabeça. As coisas se
desenrolaram tão rapidamente que Adrianna não sabia o que fazer. Se ela tivesse feito Grayson parar para que ela pudesse olhar para o futuro, poderia ter visto o que estava por vir. Mesmo assim, ela sabia que ele teria exigido entrar no castelo.
— Você sabe da maldição? — Leoma perguntou a ela.
— Sim.
— E ainda assim escolheu ficar com Grayson?
Adrianna pensou na noite linda e cheia de prazer que ela e Grayson
tinha compartilhado, e assentiu. — Sem dúvida. Ele é um homem incrível.
— Ele é como o pai, — Leoma disse suavemente. — A mesma força, a
mesma potência. A mesma determinação. Até mesmo a maneira como ele se
move é igual à do pai.
— O que aconteceu com seu marido?
Leoma deu de ombros e olhou para longe. — Saiu para lutar e nunca
mais voltou. Nigel me provoca sempre que pode, me dizendo que matou
William.
— Você também não se importa com meu pai, — Grayson afirmou
categoricamente. Adrianna saltou, não percebendo que ele tinha se
aproximado.
— Grayson.
— Não, Drina. Não! Ela está comprovando o coração frio que tem.
— Ela não provou nada além do fato de que está viva, — Adrianna
argumentou. —Você precisa de respostas antes de condená-la.
Ele apertou a mandíbula. — Suas ações a condenam.
— Talvez sim, — disse Leoma. — Talvez não.
— Então me diga, Mãe, o que você está fazendo em Hawksbridge?
— Essa é a minha casa, — ela respondeu. — É sua casa também. Foi a
casa de seu pai por gerações. Pelo menos até Nigel assumir.
Adrianna teve que se sentar. — Você voluntariamente ficou?
— Eu não tive escolha, — a mulher mais velha respondeu. — Meu
marido não tinha retornado, e eu tinha uma pequena criança que Nigel
ameaçou matar na minha frente. O que você teria feito?
— Encontrado outro modo.
— Eu o salvei! — Leoma gritou.
Adrianna ergueu as mãos em uma tentativa de manter a calma. — Sim,
mas a que custo? Ele poderia ter morrido.
— Eu usei minha magia. Era a única coisa que Nigel não podia
controlar. Eu protegi Grayson o melhor que pude até que senti que ele estava seguro e não mais precisava de mim.
Grayson soltou um suspiro profundo. — Você quase soa crível. Quase.
A dor e a raiva em sua voz trouxe lágrimas aos olhos de Adrianna. —
Talvez devêssemos ir, Grayson. Nós não vamos conseguir sair sozinhos.
Seu olhar prateado virou para ela. — Estou cansado de correr. Se este
bastardo me quer, eu vou ficar bem aqui, esperando por ele.
Antes que ele pudesse dizer a ela para sair, Adrianna andou em
direção a ele, com a mão no peito. — Você vai precisar de mim.
— Eu sempre vou precisar de você, — ele sussurrou perto de sua
orelha.
Arrepios correram sobre sua pele. Ela desejou que estivessem
sozinhos, para que ela pudesse explorá-lo a seu bel prazer. — O que fazemos agora então?
— Não há mais nada a fazer além de esperar. E nos preparar.
— Você pretende lutar contra todos? Há pelo menos duas dúzias de
cavaleiros aqui.
Ele deu de ombros. —Há mais, mas isso não importa.
— Não importa, — ela murmurou, afastando-se dele e cruzando os
braços sobre o peito. — É claro que importa. Como você sequer pode pensar em lutar contra tantos?
— Eles não vão estar esperando por isso.
Adrianna parou e olhou para ele. O sorriso confiante em seus lábios a fez sorrir. — Você acredita em si mesmo, não é?
— Sim.
Ela se virou para Leoma. — Acho que agora é a hora de decidir de que
lado você está.
— Isso nunca foi uma decisão, — disse Leoma. — Nunca estive do
lado de Nigel.
Adrianna soltou um suspiro que não sabia estar segurando. — Ótimo.
Então, exatamente quantos cavaleiros há nas muralhas do castelo?
— Trinta, mas eles não são os melhores cavaleiros de Nigel, — disse
Leoma.
Grayson encostou-se à mesa. — Não, seus melhores homens são os que
ele enviou atrás de mim da primeira vez. Eles quase conseguiram me matar.
Se não fosse por Adrianna, eu não estaria aqui agora. Onde eles estão agora?
— Não tenho certeza. Eles normalmente andam juntos, mas
ultimamente têm se dividido. Dois saíram a cavalo ontem.
— Eu os vi, — disse ele. — Onde eles estavam indo?
Sua mãe deu de ombros. — Nunca estou a par de qualquer
informação.
— Bem, nós não precisamos nos preocupar com dois deles, pelo
menos, — disse Adrianna. — Grayson os matou algumas noites atrás.
Os olhos de Leoma se arregalaram quando ela olhou para o filho. —
Você os matou?
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
— Sim, — disse Grayson.
— Ninguém foi capaz sequer de ferir aqueles cavaleiros. Eles são os
homens de maior confiança de Nigel, homens que são parte dele, — disse sua mãe.
— A melhor parte dele, suponho.
Ela se virou para Adrianna. — Você entende as implicações? Você
pode ver o que isso significa?
Grayson olhou de sua mãe para Adrianna. — Eu apreciaria se alguém
me explicasse do que vocês estão falando.
Adrianna o ignorou e levantou-se. — Você disse que esses homens são
uma parte de Nigel? Quer dizer que ele controla as almas deles?
— Sim, — disse Leoma.
— Não me admira que cheirassem quase tão mal quanto Nigel, —
disse Adrianna, batendo no queixo com o dedo.
Grayson soltou um suspiro. — Drina. Não fale como se eu não
estivesse aqui.
— Sinto muito, — disse ela, olhando para ele. — Se o que sua mãe diz
é verdade, você não deveria ter sido capaz de prejudicá-los. Na verdade, é bem parecido com Drogan sendo incapaz de realmente prejudicar Nigel
quando eles lutaram.
— Então como os matei?
Ela encolheu os ombros. — Mágica.
— Você usou magia?
— Eu não. Você usou.
Ele riu, pensando que ela estava brincando. Mas, considerando sua
expressão séria, bem como sua mãe, que estava olhando para ele com uma expressão estranha de excitação e medo, ele duvidou que fosse piada. Foi então que ele percebeu que, em toda sua raiva ao descobrir sua mãe, tinha esquecido completamente que ela era uma bruxa, assim como Adrianna.
— Você disse que os homens não herdam a magia, — disse ele.
Adrianna levantou um ombro. — Isso é o que nos foi dito. Veja bem,
nós estamos amaldiçoadas, mas ainda assim você me disse que a maldição de Drogan e Serena foi quebrada de alguma forma. Então, acho que podemos
considerar que você tem magia, no final das contas.
— Acho que eu saberia de algo assim, não é?
— Talvez seu corpo saiba. Quando te encontrei, você deveria estar
morto, mas não estava. Talvez sua magia funcione de forma diferente da minha.
Grayson passou a mão pelo rosto. — Bem, não importa agora se eu
tenho capacidades magicas ou não. O que importa é ter certeza que você saia daqui antes de Nigel encontrá-la.
— Ele está certo, — disse Leoma. — Adrianna, se ele descobrir o que
você é, vai usá-la como me usou.
O simples pensamento de Nigel tocando Adrianna fez o sangue de
Grayson ferver. — Ele vai morrer antes de poder tocá-la.
Uma luz estranha surgiu nos olhos de sua mãe, e ela olhou para ele
por vários momentos antes de lhe dar um breve aceno. A raiva dentro dele não tinha diminuído. Ele não deveria se preocupar sobre o porquê dela nunca tê-lo procurado, mas a verdade é que queria desesperadamente saber. Será que ele era uma criança tão ruim que ela não quis ficar com ele?
Grayson pegou a mão de Adrianna antes de perceber o que estava
fazendo. Ela sorriu e enfiou os dedos nos dele. Apenas tocá-la acalmava sua alma. Ele sabia que deveria fazê-la ir embora, mas temia o que aconteceria se Nigel a encontrasse.
Como ele se arrependia de ter vindo para Hawksbridge. Ele não tinha
conseguido nenhuma das respostas que procurava – na verdade, agora tinha ainda mais perguntas. Mas Adrianna tinha conversado com sua mãe, e talvez
tivesse descoberto alguma coisa. Ele tinha certeza que ela lhe contar se soubesse de algo, mas se perguntou se realmente queria saber.
Às vezes a ignorância era uma benção. No entanto, bem lá no fundo,
ele sabia que se fosse lutar contra Nigel e seus cavaleiros, precisava saber exatamente o que enfrentaria.
— Diga-me, como Nigel tomou Hawksbridge? — Perguntou ele.
Leoma suspirou e cruzou as mãos sobre o colo. — Ele cobiçou
Hawksbridge durante anos. Ele ouvir falar do castelo através do rei Henry e, se não fosse pela estreita amizade entre seu pai e o rei, teríamos perdido Hawksbridge anos antes.
— Então Nigel mentiu?
Ela assentiu com a cabeça. — Constantemente. O rei sabia, mas, por
Nigel ser um nobre, Henry não fez nada a respesito.
— Minha fé no rei não será restaurada tão cedo, — Grayson
murmurou.
— Por anos nós vivemos do lucro de Hawksbridge. A vida era boa
naquela época. Em seguida, um confronto entre duas famílias entrou em
erupção, e William saiu com um grupo de seus cavaleiros para ajudar a
restaurar a paz.
— E nunca mais voltou, — Adrianna terminou.
Leoma assentiu. — Uma semana depois de William partir, Nigel me
enviou uma carta dizendo que o rei tinha lhe dado o controle de
Hawksbridge até William ser encontrado.
Grayson bateu a mão na mesa. — E você acreditou nele?
— Claro que não, — sua mãe respondeu como se estivesse falando
com um simplório. — Eu exigi ver a correspondência do rei. No dia seguinte, depois que você e eu saímos para nossa caminhada usual, Nigel e seus
homens invadiram o castelo. Nós não tivemos tempo para armar uma defesa.
— Você tinha cavaleiros. Eles deveriam ter lutado.
— Nigel era próximo do rei, — disse ela. — Ninguém se atreveu a
prejudicá-lo. E nenhum de nós sabia naquele momento que tipo de inferno ele traria para cá.
Grayson cruzou os braços sobre o peito. — Então Nigel assumiu. Será que ninguém saiu para procurar meu pai?
— Enviei vários homens, sem o conhecimento Nigel, claro. Mas o
corpo de William nunca foi encontrado.
— E seus homens?
Leoma brevemente fechou os olhos. — Os poucos que foram
encontrados estavam mortos, seus corpos mutilados.
— Grayson, — disse Adrianna, parando ao seu lado. — Seria muito
tolo colocar-se contra Nigel sozinho. Podemos sair, nós três, e encontrar Drogan. Vamos reunir um exército.
Grayson balançou a cabeça. — Nós nunca chegaríamos a Drogan em
tempo.
Ele deixou cair os braços e virou-se para inclinar-se contra a mesa ele não era tolo, mas não via outra saída para sua situação. Ele adoraria ter um exército guardando suas costas, mas isso era impossível. Eles tinham apenas poucas e preciosas horas para planejar o que fazer antes de Nigel chegar.
Por mais que Grayson quisesse matar o bastardo, porém, com certeza
preferia passar o tempo com Adrianna, beijando-a, acariciando-a... amando-a.
Ele se endireitou e enfrentou sua mãe, a mulher pela qual tinha
procurado por anos. Ele esperava encontrá-la morta, mas eis que ela estava viva e respirando a sua frente. Seus quentes olhos escuros observam-no atentamente.
— Termine a história. Nigel tomou o castelo. E então o que?
— Ele me levou, enquanto outro homem te afastava dos meus braços.
Nigel disse que se eu não colaborasse ele iria matá-lo. Eu não pude suportar essa possibilidade.
Grayson bufou. — A morte teria sido mais gentil do que tudo que eu
sofri.
— Eu tive segundos para tomar uma decisão, — disse ela, seu olhar
suplicante. — Se você tivesse filhos me entenderia.
Ele balançou a mão no ar. — Esse não é o ponto. Então, me foi
permitido viver, sim?
— Sim, mas só se você saísse de Hawksbridge. Nigel jamais admitiria algo assim, mas acho que ele o temia.
— Ele deveria ter me matado quando teve a chance.
— Grayson, — Adrianna murmurou.
Ele olhou para ela. Ela balançou a cabeça lentamente para ele, sua
decepção evidente. Como ele poderia explicar a ela que os anos de raiva e medo e decepção estavam agora sendo libertados? Ele não conseguia
controlar as próprias emoções mais do que poderia controlar a lua.
— Eu fiz a única coisa que poderia fazer, — disse Leoma. — Você pode
me perdoar?
— Onde está o arsenal? Vou precisar de mais armas.
Leoma baixou o olhar e apontou para outro lado. — Siga o corredor. É
a sexta porta à esquerda.
Grayson saiu. Sua cabeça era um turbilhão de informações e choque, e
ele precisava de algum tempo para si mesmo. Para pensar e decidir o que fazer.
Ele encontrou o arsenal sem quaisquer problemas. Uma vez lá dentro,
respirou fundo várias vezes enquanto lutava para corrigir seu mundo. Estar diante da morte certa não o assustava. Mas saber que tinha trazido Adrianna para morrer cortava seu coração.
Com as palmas das mãos, ele esfregou os olhos. Como tudo tinha
desmoronado tão rapidamente? Ou tinha sido sempre assim? E se ele tivesse ficado preso em seus segredos e mentiras até não poder ver o caos a sua frente?
Ele deixou cair as mãos e olhou para as armas a frente. Escudos,
espadas, bestas, manguais4, machados e até mesmo armaduras enchiam a câmara.
— Grayson?
Ele virou-se ao ouvir o som da voz de Adrianna. Ela era a calma
durante a tempestade, a única pessoa que poderia mantê-lo ancorado à terra.
Grayson puxou-a em seus braços e segurou-a contra seu corpo, respirando o aroma fresco de seu cabelo.
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— Eu nunca deveria ter trazido você, — ele sussurrou. — Você não faz ideia do quanto eu gostaria que ainda estivéssemos na estalagem.
— Não teria importância, — disse ela, se afastando para olhar para ele.
— Nigel eventualmente teria nos encontrado.
Ele sabia que ela estava certa, mas isso não melhorava a situação. —
Você encontrou sua mãe, — disse ela, acariciando seu rosto.
— Sim, — admitiu ele, relutante em soltá-la.
Adrianna passou as mãos para cima e para baixo por suas costas, sua
carícia acalmando a fera dentro dele. — Ela fez o que achava ser o melhor. Eu faria a mesma coisa na situação dela.
— Eu poderia ter morrido.
— Mas não morreu. Ela nunca teria te deixado sair se não soubesse em
seu coração que você ficaria a salvo. Eu entendo sua raiva, mas você está direcionando-a para a pessoa errada. Odeie Nigel, que é quem realmente merece seu ressentimento.
Ele não conseguiu evitar o sorriso que curvou seus lábios. — Você
sempre tem todas as respostas, não é?
— Sempre, — ela disse com uma piscadela. — Agora, o que você
precisa que eu faça?
Ele segurou seu rosto. — Fique segura. E fuja se puder.
— Eu não vou deixá-lo.
As palavras dela o tocaram como nada mais poderia ter feito. Ele então se inclinou e tomou os lábios dela. Seu corpo rugiu para a vida, sua fome por ela exigindo que a levasse. Ele esmagou-a contra seu corpo e segurou um seio. Ela gemeu em sua boca quando seu polegar roçou um mamilo. Deus,
como ele a desejava. Cada gosto, cada toque só aprofundava seu desejo, até ele temer nunca mais ser capaz de deixá-la ir embora.
A mão dela agarrou seu pênis. Ele gemeu quando ela esfregou a mão
para cima e para baixo de seu comprimento, alimentando as chamas do seu desejo até que ele queimava com uma necessidade que só ela podia instigar.
Se ele não se afastasse agora, levaria-a contra a parede, empurrando
selvagemente em seu sexo quente e molhado.
Com relutância, ele terminou o beijo. — Drina. Eu te quero mais do que você pode imaginar.
— Então me leve.
Ele rosnou e beijou a pele macia de seu pescoço enquanto ela
acariciava seu pênis. — Eu adoraria.
— Mas você tem deveres para cumprir .
— Sim. — Ele baixou a testa na dela. — Não deixe o castelo sem mim.
— Se for esse o seu desejo.
Ele riu. — Eu desejo que nada disso estivesse acontecendo.
Ela tomou o rosto dele em suas mãos e ficou na ponta dos pés para
beijá-lo. — Você é um guerreiro e um cavaleiro hábil, que vai livrar do mal todos aqueles que não podem se defender. Você não poderia virar as costas para isso, mesmo que essa não fosse a casa da sua família.
— Merda, — ele amaldiçoou e se afastou dela. — A casa da minha
família. Não posso acreditar nisso.
— No que? Que você é um nobre? Eu vi isso em você na primeira vez
que você olhou para mim. Quer queiramos ou não, este é o seu destino,
Grayson.
Ele soltou um suspiro e afastou-se para encará-la. — Você já olhou
para o futuro?
— Ainda não.
— Você poderia...?
— Por você, eu faria qualquer coisa.
Grayson não sabia como tinha conquistado uma mulher como
Adrianna, mas soube naquele momento que nunca a deixaria ir. Seu passado não importava. Era no futuro que ele estava se concentrando agora.
E ele a queria a seu lado. Para sempre.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
Adrianna ficou silenciosamente sentada com Leoma enquanto Grayson
limpava e afiava as armas que tinha escolhido. A refeição que eles tinham compartilhado tinha sido tranquila, com Leoma olhando para Grayson, e
Grayson olhando para qualquer lugar, menos para a mãe. A dor nos olhos de Leoma foi suficiente para fazer Adrianna querer obrigar Grayson a perdoá-la.
Mas aparentemente o ferimento era profundo demais.
— Quantas pessoas de Hawksbridge vivem aqui? — Ela perguntou a
Leoma.
A mãe de Grayson desviou o olhar de seu filho e focou em Adrianna.
— Eu diria que pelo menos cinquenta. Nós costumávamos abrigar muitos
mais, mas as pessoas nos deixaram ao longo dos anos. Não que eu possa
culpá-los por isso.
— Você poderia ter ido embora também, — disse Grayson.
— E deixar meu povo sofrer nas mãos de Nigel?
— Não vejo como você pode evitar o sofrimento deles. Todos estão em
trapos.
Adrianna tinha ouvido o suficiente. Ela olhou para Grayson,
desafiando-o a falar mais. — Leoma, você acha que qualquer uma dessas
pessoas de boa vontade lutaria contra os homens de Nigel?
— Alguns, — disse ela. — Por quê?
Grayson sorriu para Adrianna. — Que plano está se formando nessa
linda cabecinha?
Ela tentou não mostrar quão satisfeita estava por ouvi-lo chamá-la de linda. Em vez disso, pensou na estratégia que estava planejando pela última hora.
— Os portões estão fechados, — disse ela. — Se conseguirmos prender
os cavaleiros no calabouço antes da volta de Nigel, há uma chance de vitória.
Grayson tamborilou com os dedos sobre a mesa. — É um bom plano,
Drina. Eu poderia me virar se tivesse um par de cavaleiros a menos para enfrentar, mas, a menos que as pessoas tomem uma posição, não vai
funcionar.
— Então precisamos convencê-los que podemos vencer e nos livrar de
Nigel.
— Você nunca desiste?
Ela pensou no futuro que desesperadamente queria compartilhar com
Grayson, o futuro que estava condenada a nunca ter se não saíssem dali vivos. — Não. Nunca.
— Poderia funcionar, — disse Leoma. — As pessoas não estão
contentes, mas temem Nigel.
Adrianna resolveu fazer o que podia. — Bem, vamos descobrir se vai
funcionar ou não, não é?
Grayson agarrou a mão dela quando ela passou por ele. — Temos
apenas algumas horas.
— Então não podemos perder tempo. — Ela piscou para ele, contente
de ver que ele devolveu o sorriso.
Quando Leoma virou-se para a cozinha, Grayson a chamou. — Leve
Adrianna com você. Mas, se alguma coisa acontecer com ela, lhe aviso que você vai sentir a minha ira.
— Nada vai acontecer com ela, — Leoma respondeu, se afastando.
Adrianna correu para alcança-la. — Ele precisa de tempo.
— Tempo é algo que nós não temos, e eu estou com medo. Mesmo que
ele tenha uma vintena de anos para pensar, temo que nunca vá me perdoar.
— Ele pensou que você estivesse morta por todos estes anos.
Leoma balançou a cabeça tristemente. — Eu desejava estar. Esperei por tanto tempo para ver o rosto dele, para ver o homem em que ele se tornou. É
agridoce.
Nada mais foi dito sobre esse assunto depois que elas chegaram à
cozinha e começaram a conversar com os servos. Muitos se recusaram, seu medo palpável. No entanto, alguns poucos estavam dispostos a lutar com eles.
?.?
Grayson dirigiu-se para os estábulos. Dali, ele contou quatorze
cavaleiros no pátio e nas ameias. Uma vez que entrou nos estábulos, deixou seus olhos se acostumarem à escuridão antes que alcançasse sua montaria.
O cavalo enfiou a cabeça sobre a porta do box. Grayson arranhou seu
pelo cinza em seu lugar favorito, atrás das orelhas. — Eles estão te tratando bem, rapaz?
Em resposta, o cavalo sacudiu sua grande cabeça para cima e para
baixo. Grayson bateu-lhe no pescoço e se virou. Mas estacou de repente quando viu dois homens o observando.
— Sabemos quem você é, — disse o mais velho.
Grayson olhou para a cabeça careca do homem, e reparou em suas
roupas esfarrapadas. — E quem sou eu?
— Senhor Grayson, filho do Barão William.
O segundo homem assentiu, seu cabelo loiro balançando conforme o
movimento de sua cabeça. — Você se parece com seu pai.
Grayson estudou os dois homens. Eles eram frágeis, velhos. Mas ainda
poderiam segurar uma espada. — Vocês sabem por que eu retornei?
— Sim, — disse o mais velho. — Você veio para derrotar o diabo.
— Exatamente. E você pretende lutar contra ele comigo?
Por um momento, ele pensou que os homens se recusariam. Mas, eles
olharam um para o outro antes de curvarem suas bocas em sorrisos de
esperança.
— Sim, Milord, — o segundo homem disse. — Eu vou com prazer lutar ao seu lado.
O primeiro homem acenou com a cabeça ansiosamente. — Basta dizer-
nos do que precisa, Milord. A propósito, eu me chamo Henry.
— Preciso de quantos voluntários você puder reunir, Henry. Nigel
deve retornar ao anoitecer, e eu gostaria de ter tantos dos cavaleiros dele quanto possível trancados no calabouço até então.
Os homens assentiram. — Vamos cuidar disso.
— Há uma abundância de armas no arsenal. Entrem no castelo, um
por um, e escolham suas armas. Precisamos nos apressar, embora.
Grayson esperou até eles saírem antes de se apoiar contra uma parede.
O plano de Adrianna poderia funcionar, mas a possibilidade de inocentes morrerem era grande. Quando finalmente voltou para o pátio, viu dois
cavaleiros perto da porta do castelo. Quanto mais cedo ele conseguisse trancá-
los no calabouço, melhor.
Grayson foi até eles e sorriu. — Justamente os homens que eu estava
procurando. Lady Leoma pediu para ver dois cavaleiros imediatamente.
— O que ela quer? — Um perguntou, irritado.
Grayson deu de ombros. — Sou apenas um convidado aqui. Vamos
encontrá-la, não é?
Grayson seguiu atrás deles quando entraram no castelo. Assim que
fechou a porta, porém, os cavaleiros se viraram para ele, sem entender porque havia fechado a porta. Grayson não perdeu tempo, então, e logo acertou um deles no rosto. O segundo ele chutou no joelho. O primeiro deles
afortunadamente caiu no chão, inconsciente, logo após o primeiro golpe, mas o segundo ainda segurava a perna, seus gritos ecoando pelo grande salão.
Grayson passou por cima do primeiro cavaleiro e inclinou-se para
aquele que gritava. — Você é um cavaleiro. Comporte-se como um, — disse ele antes de socar o homem – e silenciá-lo.
— Bem. Essa é uma maneira de fazer as coisas, suponho, — disse
Adrianna.
Ele virou a cabeça para encontrar Adrianna e sua mãe caminhando em
sua direção. Ele endireitou-se e deu de ombros. — Onde fica a masmorra?
— No andar de baixo. Vou lhe mostrar, — disse Leoma.
Grayson jogou um cavaleiro sobre o ombro e começou a seguir sua
mãe.
— E o outro? — Perguntou Adrianna.
Ele olhou para Adrianna. — Estarei de volta logo que puder para pegá-
lo.
O cavaleiro pesava sobre seus ombros, um peso morto que ele teve que
carregar enquanto descia as escadas estreitas que levavam às masmorras.
Quanto mais eles desciam, mais fétido ficava o ar. Grayson também pode ouvir o barulho de água escorrendo pelas paredes quando chegaram ao final das escadas. Seus olhos já tinham se acostumado à escuridão então, e ele foi capaz de seguir o contorno de sua mãe com relativa facilidade. Ela parou em frente à primeira porta e a abriu.
Grayson, não confiando nela, não entrou na cela. Ele baixou o homem
ao chão e deu-lhe um empurrão, rolando-o para dentro e para fora do
caminho, para que pudessem fechar a porta.
Quando se virou, sua mãe olhava atentamente para ele, uma
sobrancelha negra arqueada. — Você acha que eu seria capaz de trancá-lo aí?
— Na verdade, não me surpreenderia. Mas vou fazer o que for preciso
para garantir que Adrianna saia daqui viva.
Ele virou-se e correu de volta pelo corredor. Quando chegou ao andar
superior, porém, encontrou outro cavaleiro ajoelhado ao lado daquele que estava desmaiado, e Adrianna ao lado de ambos, torcendo as mãos. O olhar dela encontrou o dele, alívio gravado em suas belas feições. Grayson deu-lhe um pequeno aceno de cabeça enquanto caminhava para o cavaleiro.
— O que aconteceu aqui? — O cavaleiro perguntou a ele.
Grayson deu de ombros e, com um soco potente, nocauteou o homem
antes que ele pudesse fazer mais perguntas.
Adrianna sorriu. — Você é bastante bom nisso.
— Se aprende rapidamente como sobreviver, — disse ele antes de
olhar para os dois homens. Ele não queria deixar Adrianna sozinha
novamente.
Desta vez, ele agarrou cada um com um braço, e começou a arrastá-los para as masmorras. Uma vez que eles estavam seguramente trancafiados,
Grayson voltou ao salão e encontrou Adrianna e Leoma distribuindo armas para qualquer um que pedisse. Ele ficou surpreendido com o número de
homens e mulheres que continuavam a entrar no castelo.
— Se eles não abrandarem, vão chamar a atenção, — ele alertou
Adrianna.
Mas ela apenas sorriu. — Acho que é isso o que queremos, não?
Nesse momento eles ouviram uma comoção vinda do corredor que dava
na cozinha. Grayson se virou e começou a seguir naquela direção quando dois homens segurando suas espadas na garganta de um cavaleiro entraram.
— Pegamos um, Milord. Ele estava dormindo quando o encontramos.
Grayson sorriu. — Muito bem, homens. Vou cuidar ele a partir daqui.
O cavaleiro empurrou seus braços para longe do alcance dos homens
que o prendiam. —Você não tem nenhum direito de me dar ordens.
— Na verdade, eu tenho, — disse Grayson. — Este é meu castelo,
afinal de contas.
Os olhos do cavaleiro se arregalaram, mas ele não teve tempo de reagir antes do punho de Grayson acertá-lo.
— Por que você continua batendo neles? — Perguntou Adrianna.
Grayson riu quando levantou o homem sobre seus ombros. — Mais
fácil de manuseá-los pelas escadas estreitas, — disse ele.
Enquanto ele descia para o calabouço outra vez, a risada suave de
Adrianna o seguiu. Apesar do que o esperava quando Nigel retornasse, a risada dela pode banir todos os seus pensamentos sombrios. Assustava-lhe o quanto queria Adrianna. Ela era tudo no que ele pensava, dia e noite. Ele ansiava por ela como um homem faminto ansiava por comida.
Contudo, ele teria que ter cuidado. Ninguém poderia saber o quanto
ela significava para ele, porque, se alguém descobrisse, a usariam para pará-
lo. E somente o pensamento disso acontecer já o deixava paralisado.
Esse seria seu plano, se ele estivesse no lugar de Nigel, já que ela estava ligada a ele apenas por estar em Hawksbridge. Se houvesse uma maneira de
levá-la para a segurança, ele teria que convencê-la a sair, embora soubesse que ninguém poderia protegê-la como ele podia.
No entanto, ele não pretendia ficar escondido no castelo. Ele queria
uma batalha com Nigel. O bastardo iria pagar por tomar sua mãe, por
controlar Hawksbridge e por ter tentando matar Drogan.
Grayson pôs o cavaleiro dentro de outra cela e fechou e trancou a porta antes de refazer seus passos para o grande salão. A noite caía rapidamente.
Nigel chegaria a qualquer momento, e ainda havia muitos cavaleiros para serem trancados no calabouço.
Parecia quase impossível fazer tudo, mas ele tinha que tentar. Grayson não facilitaria o caminho para Nigel, não desta vez. O bastardo já tinha ficado em Hawksbridge por muito tempo. Grayson alcançou o corredor e olhou em volta. Essa era a sua casa. Ele não se lembrava muito do castelo, mas lembrava-se de ter sido feliz aqui. O que importava mais do que qualquer outra coisa.
Gritos irromperam quando um grupo de homens correu para o
castelo. Grayson só pode sorrir enquanto observava as pessoas de
Hawksbridge – seu povo – pastoreando os cavaleiros para o calabouço.
— Os poucos que não foram capturados se entregaram, — Adrianna
disse quando o alcançou. —Todos os cavaleiros estão agora fora de combate.
— Surpreendente.
— Sim. E seu povo agora aguarda suas ordens.
Grayson virou-se para encontrar o salão cheio de pessoas dispostas a
defender o castelo até seu último suspiro. Ele respirou fundo e começou a gritar ordens, posicionando pessoas ao longo das muralhas e torres, bem como no portão principal. Outros ele posicionou dentro do pátio e perto da porta posterior, para se certificar de que ninguém se esgueirasse para fora do castelo. Quando tudo estava feito, ele olhou em volta, procurando por
Adrianna, mas não conseguiu encontrá-la. Ele então procurou pela mãe, que estava apontando para as escadas.
— Ela está na torre, — Leoma disse a ele.
Grayson apressou-se a subir as escadas para encontrar Adrianna. Ele
encontrou-a de pé junto à janela na torre, os braços abraçando a si mesma.
— Ele está atrasado, — Adrianna disse enquanto Grayson se
aproximava.
Ele tocou o fim da trança dela. —Nigel?
— Sim. Algo o distraiu.
— Mas ainda pode chegar esta noite.
Ela balançou a cabeça. — Possivelmente, mas não penso assim. Seja o
que for que o fez parar, tomou toda sua atenção.
Era tudo que Grayson precisava ouvir. — Nós temos esta noite?
— Nós temos esta noite.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
O coração de Adrianna acelerou quando os olhos de Grayson arderam
de desejo. O sangue dela chiou, seu corpo cantarolou, e a sempre presente fome rugiu para a vida.
Ela quase não reconheceu o próprio corpo: a necessidade insaciável
que deflagrava quando Grayson estava por perto a fazia esquecer de tudo, menos dele.
As mãos dele agarraram seus ombros e viraram em sua direção
quando ele a apoiou contra a parede. As pedras frias fizeram contato com suas costas no mesmo instante em que a boca quente dele se inclinou sobre a dela. O beijo de Grayson foi hipnótico, despertando desejos e necessidades que ela nem sabia que possuía. Ele estava transformando-a em uma libertina.
E ela adorava saber disso.
Ela devolveu-lhe o beijo, passando seus braços sinuosos ao redor do
pescoço dele enquanto seus dedos investigavam os grossos cachos de seda de seu cabelo escuro. O corpo dele estava moldado ao dela, seu pênis duramente pressionado contra o estômago de Adrianna. Mas não era o suficiente. Ela queria senti-lo dentro dela, deslizando seu comprimento delicioso dentro e fora de seu sexo.
Adrianna afastou a túnica de Grayson e tentou abriu o botão de suas
calças. Rapidamente as mãos dele se juntaram as dela, até que finalmente ele foi libertado. Ela estendeu a mão para ele, mas ele agarrou-lhe os pulsos em uma mão e levantou-os acima de sua cabeça, mantendo-a imóvel.
— Grayson. Por favor, — ela implorou.
Ele beijou o pescoço dela e, em seguida, roçou os dentes sobre os mamilos endurecidos sob o vestido. Ela assobiou e arqueou as costas,
buscando mais do prazer que ele prometia com cada beijo, cada toque.
O ar frio encontrou suas coxas nuas quando ele levantou suas saias até sua cintura. Desejo tomou conta de seu corpo, apertando seu sexo. Ela
ansiava por ele, pelo desejo que fazia seu coração bater mais rápido e aquecia seu sangue. Ela queria possuir cada parte dele, para segurá-las em seu coração para sempre.
Mas, todo pensamento coerente fugiu quando Grayson esfregou o
pênis contra sua carne exposta. Ele ergueu uma das pernas dela pelo joelho, até descansá-la em sua cintura. O peito dela subia e descia rapidamente enquanto esperava com ansiedade que ele a tocasse.
Os dedos hábeis de Grayson separaram seus cachos para acariciar sua
carne sensível. Ela gemeu, movendo os quadris para que ele tocasse ainda mais dela. Ele mergulhou um dedo dentro dela, lubrificando-o antes de
começar a acariciar seu clitóris. Cada redemoinho do dedo dele elevava seu desejo mais e mais, até que ela pensou que poderia explodir de prazer.
— Eu não posso esperar mais, — ele grunhiu, soltando-lhe os pulsos.
Os braços de Adrianna baixaram até os ombros de Grayson quando ele
agarrou as coxas dela e levantou-a. O pênis dele deslizou para dentro dela facilmente, até estar enterrado até a raiz, e ela cruzou seus tornozelos ao redor da cintura dele quando ele começou a empurrar dentro dela, duro e rápido.
Era exatamente o que ela precisava para coincidir com seu próprio
desejo desesperado. Ela se agarrou a ele, entregando seu corpo para ele fazer o que quisesse. Adrianna estava à deriva em um mar de tão intenso prazer que tudo ao seu redor desapareceu – menos ela, Grayson e o prazer que
compartilhavam.
Ela estava totalmente impotente para adiar seu orgasmo quando este
começou a se construir. E, quando eventualmente tomou conta de seu corpo, ele a consumiu com uma ferocidade que a deixou sem fôlego. Com seu sexo ainda em convulsão de seu clímax, ela ouviu Grayson gritar seu nome a
distância antes de sentir o corpo dele estremecer e sua semente enchê-la.
Adrianna, com o corpo agora totalmente drenado, descansou a cabeça
no ombro largo de Grayson. — Nunca senti nada tão maravilhoso.
Ele riu perto de sua orelha. — E eu estaria mentindo se dissesse que já senti algo melhor.
Um calor de puro contentamento se espalhou por ela. Como podia
estar tão feliz com a desgraça iminente que pairava sobre eles? A resposta era simples, porém: Grayson. Ele deu a ela o que ninguém jamais poderia dar, e fez o que ninguém jamais seria capaz de fazer.
Ele saiu de dentro dela e lentamente a colocou no chão. Adrianna
desejava que pudessem ficar na torre, bloqueando totalmente o mundo
exterior e desfrutando de sua paixão. No entanto, ela sabia que isso era impossível.
Ela ajeitou a saia, já sentindo falta dos braços de Grayson ao seu redor, protegendo-a e abraçando-a. Quando ela olhou para cima, ele estava
encostado na parede, observando-a.
— Não é educado encarar.
Ele sorriu. — Não posso evitar. — Mas o sorriso dele logo
desapareceu, fazendo o coração de Adrianna dar uma guinada. Nigel se
intrometia entre eles mais uma vez.
— Eu sei, — disse ela antes que ele pudesse falar.
— Não vou demorar, — Grayson prometeu.
Adrianna encostou a cabeça na palma da mão dele quando ele
acariciou seu rosto. E então, com um último beijo, ele a deixou em sua posição na torre, e Adrianna se virou para a janela novamente.
Ela deveria ter contado a ele sobre a nota que enviou para Drogan, mas não houve tempo. E agora, agora ela não tinha certeza de que ele gostaria de saber o que ela tinha feito. Poderia não fazer qualquer diferença, de qualquer maneira. Ela não tinha ideia se o mensageiro chegaria a Drogan a tempo. E
mesmo que chegasse, Drogan teria que reunir seu exército e marchar para Hawksbridge, e isso poderia levar semanas.
Eles só tinham horas.
Adrianna tremeu e colocou os braços em torno de si mesma. Se esta
fosse sua última noite com Grayson, ela se certificaria que fosse uma da qual jamais esqueceria.
?.?
Grayson estava nas ameias. O portão tinha sido checado, duas vezes,
por ele. Estava corretamente trancado, e não deveria ser levantado para nada nem ninguém até que ele tivesse visto quem ou o que pedia para entrar em Hawksbridge.
A noite estava tranquila. Uma brisa suave flutava sobre a terra, e a lua permanecia acima deles, observando... esperando. Assim como Grayson. Ele fechou os olhos e ainda pode sentir o corpo elegante de Adrianna ao lado do seu, e ouvir seus gritos suaves quando o corpo dela se apertou em torno dele.
Santos, como ele a queria. A sensação que ela provocava o deixava fraco, com fome e ansioso por mais.
O futuro que ele nunca quis agora estava em suas mãos, embora ele
soubesse que nunca se concretizaria. Ele estava condenado a morrer em
Hawksbridge, assim como Adrianna estava amaldiçoada a ficar sozinha.
Grayson suspirou e abriu os olhos. Ele não queria morrer. Não agora,
não depois de encontrar Drina. Ele queria passar anos com ela em seus
braços, segurando-a, amando-a. Ele queria ver a barriga dela inchar com o filho dele, e assistir seus filhos crescerem diante de seus olhos.
Ele queria ver seus belos cabelos dourados ficarem grisalhos. Ele a
queria. Toda ela. Para sempre.
Embora Grayson nunca tivesse amaldiçoado o destino antes, ele o fez
dessa vez. A vida era normalmente injusta, mas parecia mais do que cruel agora. Mostrar-lhe como poderia ser amar Adrianna, apenas para afastá-los em seguida, era o pior dos castigos.
Ele virou-se e tomou as escadas para o pátio. Quase cada homem e
mulher de Hawksbridge estava de guarda. Poucos descansariam esta noite.
— Milord?
Grayson virou-se para um jovem rapaz, que deveria ter cerca de doze
invernos. — Sim?
— Será que vamos ganhar a batalha contra o barão?
Grayson engoliu e desejou ter enviado um mensageiro à Drogan. Pelo
menos com Drogan eles poderiam ter uma chance. O povo de Hawksbridge
era bravo, sim, mas essas pessoas não eram cavaleiros. Seria como liderar cordeiros para o abate.
— Nigel é um homem poderoso, — Grayson finalmente respondeu. —
Seus homens são altamente qualificados.
— E nós somos apenas pessoas comuns, — disse o rapaz, baixando o
olhar.
Grayson agarrou os ombros do menino. — Não baixe seu olhar, rapaz.
Você tem mais coragem em seu dedo mindinho do que todo o exército de
Nigel. Quer ganhemos ou não, sabemos que lutamos pelo que é certo.
Os olhos do rapaz queimaram com emoção quando ele encontrou o
olhar de Grayson. — Sim, Milord.
— Nobre ou comum, um homem deve permanecer firme contra o mal.
Um sorriso curvou os lábios finos do rapaz. — Sim. Estou feliz por vós, Milord. Tudo vai ficar bem agora.
Grayson observou o rapaz se afastar a pé, rezando para que as
palavras dele fossem verdadeiras. Tinha sido uma coisa saber que iria morrer sozinho em Hawksbridge, mas agora, todo o seu povo, assim como sua mãe e Adrianna, contavam com ele para mantê-los seguros.
Ele caminhou até o castelo. Estava quase na hora do jantar, e ele queria desfrutar de mais uma refeição com Adrianna.
Assim como suspeitava, ela e sua mãe o esperavam no estrado. Ele
teria preferido uma refeição privada em um quarto, onde poderia pegar
Drina e deitá-la em seu colo para alimentá-la com seus próprios dedos, mas parece que essa não seria a ocasião.
O sorriso de Adrianna iluminou o salão. Ele deu-lhe uma piscadela
quando se aproximou e sentou-se entre ela e sua mãe - no lugar que seu pai teria ocupado. Ele não lembrava de nada sobre o pai, não tinha sequer uma vaga memória.
— A maioria das pessoas está protegendo o castelo, por isso nossa
refeição vai ser simples, — disse Leoma.
Grayson assentiu. — Eu não esperava uma festa.
—Eu... eu teria gostado de dar-lhe uma, — sua mãe disse suavemente.
—Você merece uma.
Ele fechou as mãos debaixo da mesa. Por toda sua vida ele quis pertencer a algum lugar. Mesmo em Wolfglynn, onde Drogan o acolheu mais como um irmão do que como comandante, Grayson nunca tinha se sentido
realmente em casa. Mas Hawksbridge era dele. Ou seria, uma vez que ele matasse Nigel. E saber que ele tinha uma casa, uma verdadeira casa, deu-lhe um contentamento que nunca tinha pensado sentir.
— Uma festa pode ser organizada quando Nigel for derrotado, —
Adrianna disse enquanto olhava para sua mãe. — Uma grande festa, digna de um Senhor que finalmente voltou para casa.
Grayson olhou nos olhos azuis de Adrianna por uma fração de
segundo, e soube naquele momento que ela era dele, e que ele era dela. —
Sim. Uma festa digna de um rei.
Adrianna sorriu e tocou a mão dele por baixo da mesa. Ele entrelaçou
os dedos nos dela, desejando poder atar suas almas tão facilmente quanto tinha vinculado suas mãos. Desejo escureceu seu olhar, fazendo suas bolas se apertarem. Magia ou não, não havia como negar a necessidade que ele sentia por Adrianna. Seu corpo ansiava por ela, sua alma ansiava por ela... e seu coração precisava dela.
A comida foi servida em seguida. Relutantemente, Grayson afastou
seu olhar de Adrianna e começou a comer. A carne de javali não era fresca, mas era comida e, no momento, tinha um gosto maravilhoso. O pão, no
entanto, estava fresco e ainda quente, e o vinho foi um dos melhores que ele já bebeu.
— Leoma e eu conversamos, — disse Adrianna depois de vários
momentos de silêncio. — E decidimos que queremos ajudar quando Nigel
chegar.
Grayson balançou a cabeça. — Lembra-se de qual foi minha condição
para lhe permitir me acompanhar até aqui? Você me deu sua palavra.
— Sim, mas não vai me fazer nenhum bem ficar amontoada em um
quarto enquanto todos lutam contra Nigel.
— Drina, por favor, — disse ele enquanto baixava sua faca. — Se eu
não souber que você está segura, não vou conseguir me concentrar na batalha.
Eu tenho que saber que você está segura, que ele não pode prejudicá-la.
Leoma baixou sua taça. — Orai para que, se Nigel ganhar, não a encontre. Porque, se ele descobrir o que ela é, temo que Adrianna vá aprender o verdadeiro significado de inferno muito rapidamente.
Grayson recostou-se na cadeira e olhou para a mãe. — Como ele
poderia saber o que ela é?
— Ele vai saber, — respondeu Leoma. — Ele sempre sabe. Ele não quis
Hawksbridge apenas por ser é um grande castelo, embora essa tenha sido parte da razão. Ele nos escolheu por minha causa. Porque eu sou uma bana-bhuidseach.
— Explique-se, — ele exigiu.
Leoma olhou para Adrianna antes de apoiar as mãos no colo. — Nigel
me usou.
— Pelas estrelas, — Adrianna sussurrou.
Grayson olhou de uma para a outra. — Alguém por favor me diga o
que está acontecendo!
O olhar de Adrianna o encontrou. — Foi por ela que Nigel descobriu
que Drogan e Serena deixaram o castelo disfarçados. Ela é como ele foi capaz de pegá-los tão rapidamente no caminho para Wolfglynn.
— Não, — ele disse, encarando sua mãe. — Por que você faria isso?
Eles são boas pessoas, e quase morreram.
— Eu não tive escolha. Sempre que me recusei, Nigel matou alguma
criança que pode alcançar. Tanta morte, — ela murmurou, olhando para
longe.
Grayson sentiu-se mal do estômago. O pensamento de Nigel usando
Adrianna o fez querer matar alguém ou alguma coisa. Ele apertou a
mandíbula em um esforço para controlar a besta assassina crescendo dentro de si.
— Eu o verei no inferno antes de deixa-lo se aproximar de Adrianna,
— Grayson prometeu.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Adrianna caminhava pelo quarto. Ela gostaria de poder enrolar-se na
cama confortável e descansar sob as belas cortinas escuras de veludo verde.
Mas não podia, não sem Grayson. Ele prometeu voltar para ela. No entanto, conforme os minutos passavam, ela começou a temer que ele não voltaria.
Então finalmente a porta se abriu.
Ela virou-se e o encontrou ali. Seu coração saltou em sua garganta, e o sorriso que se espalhou lentamente pelos lábios dele enfraqueceu seus
joelhos. Nenhuma palavra foi necessária quando ele entrou, fechou e trancou a porta. Adrianna caminhou até a cama, o cobertor que tinha ao seu redor arrastando a seus pés. Uma vez lá, ela enfrentou Grayson e deixou cair o cobertor.
Ele gemeu e se inclinou para tirar as botas, sem afastar os olhos dela.
Ela subiu na cama e observou cada polegada maravilhosa da pele dele que era exposta a ela.
Quando ele se juntou a ela na cama, Adrianna empurrou seus ombros
até deitá-lo de costas. Ela então se mudou entre as pernas de Grayson, deixando suas mãos acariciarem seu corpo incrível. A pele dele estava quente, seus músculos duros sob seus dedos.
E seus olhos observavam cada movimento que ela fazia.
Adrianna virou a cabeça para afastar seu cabelo do rosto, fazendo as
pontas caírem sobre a pele de Grayson. Ele assobiou e estendeu a mão para ela, mas ela se inclinou para trás e balançou a cabeça.
— É minha vez de tirar proveito do seu corpo, Senhor Grayson.
Ele sorriu maliciosamente. — Então eu sou todo seu, para fazer o que
quiser, minha senhora.
Exatamente o que ela queria ouvir.
Santos, como ela amava esse homem. Ela não queria, e tinha tentado
arduamente manter seu coração seguro, mas um olhar em seus olhos
prateados, um sabor de seus lábios, e ela tinha acabado total e
verdadeiramente perdida.
Ela se inclinou sobre ele mais uma vez e beijou-o. Antes que ele
pudesse aprofundar o beijo, ela se moveu e beijou-o no peito, lambendo seus mamilos. Ela lambeu e beijou todo seu peito até alcançar seus quadris
estreitos. Seu pênis saltou quando ela se aproximou, e esse foi seu limite. Ela tinha que tocá-lo.
Adrianna fechou a mão sobre o pênis de Grayson, sentindo-o quente e
duro e aveludado. Ele gemeu o nome dela, seus quadris se erguendo da cama conforme ela deslizava a mão para cima e para baixo de seu sexo. Ela gostava de ver o prazer no rosto dele, de saber que era ela quem lhe deixava em chamas. Com a outra mão ela segurou o saco dele, e gentilmente rolou suas bolas na mão.
— Drina. Eu vou gozar, — ele sussurrou.
Mas ela não se importava. Ela queria tocá-lo, saboreá-lo e agradá-lo,
assim como ele lhe agradou. Uma gota de umidade vasou do pênis dele.
Adrianna o encarou e se inclinou para lambê-lo.
Ele gemeu, sua respiração saindo em grandes suspiros. Mas ela não
tinha terminado.
Ainda não.
Grayson apertou o cobertor em um esforço para manter as mãos longe
de Adrianna. Mas, quando a doce boca dela deslizou sobre seu pênis, ele quase morreu. Seus lábios o chuparam profundamente em sua boca quente
enquanto suas mãos continuavam a acariciar seu pênis e suas bolas.
O prazer era uma dor requintada e terrível que se construía com cada
lambida da língua dela. Ele podia sentir seu orgasmo se aproximando, e o pensamento de gozar na boca de Adrianna o deixou ofegante de necessidade.
— Eu não posso aguentar muito mais.
Ela não o ouviu, apenas continuou a mover a cabeça para cima e para
baixo, a cortina de cabelos dourados emoldurando-a como um véu. Seu
controle estava prestes a estalar, então Grayson sentou-se e a agarrou. Ele a
levantou até montá-la sobre seus quadris, as pernas magras dela embrulhadas em torno de sua cintura e seu pau de pé entre eles. Ele beliscou seu mamilo quando tomou sua boca em um beijo destinado a mostrar a ela o quanto ele tinha gostado do que ela tinha lhe feito.
Ela gemeu em sua boca, suas mãos segurando seus ombros. Ele então
a levantou até deixa-la pairando sobre seu pênis. Em seguida ele lentamente ele a baixou, até enchê-la até a raiz. Ela suspirou seu nome, com a cabeça jogada para trás em abandono.
Ela era a coisa mais bonita que ele já tinha visto, a coisa mais linda que veria em toda sua vida, e se agarrou a ele em êxtase. Seus corpos começaram a balançar, lenta e constantemente, num ritmo tão antigo quanto o tempo.
Uma fina camada de suor cobriu seus corpos conforme o ritmo aumentou.
Grayson sentiu o corpo de Adrianna se apertar. Ela estava se aproximando do orgasmo.
— Grayson, — ela sussurrou.
Ele abaixou a cabeça e tomou um mamilo na boca, sugando o broto
minúsculo até que ela gritou, seu corpo resistindo contra o dele enquanto seu orgasmo tomava conta.
Grayson prolongou o clímax dela enquanto pôde, mas a maneira como
o corpo de Adrianna tinha se apertado ao redor dele o fez perder o controle rapidamente. Ele então segurou-a firmemente enquanto derramava sua
semente dentro dela.
Sim, ele não deveria ter gozado dentro dela. Ele sabia disso. Era a
segunda vez no mesmo dia que ele teve a chance de engravidá-la, inclusive.
Mas esse pensamento o emocionava, embora ele soubesse que assustava
Adrianna. Com as mãos acariciando as costas dela e os lábios colocando pequenos beijos em seu pescoço, Grayson se inclinou para trás.
— Me desculpe por te trazer até aqui.
Ela colocou o dedo sobre os lábios dele. — Não faça isso. Esses poucos dias com você têm sido os mais felizes da minha vida.
— Da minha também.
Ele levantou-a de seu colo, e se deitou com ela aconchegada em seu
peito.
— Têm duas coisas que preciso confessar.
Ele gemeu com as palavras dela. — Eu não sou padre, Drina.
— Eu sei, — ela disse com uma risada. — Mais cedo, antes de
recrutarmos aliados e trancarmos os cavaleiros nas masmorras, eu mandei um mensageiro a Wolfglynn.
Ele olhou para ela. — Você enviou uma nota a Drogan?
— Sim. Embora tema que ele vá chegar tarde demais.
— Muito provável, mas estou feliz que você o tenha chamado. Eu me
lembrei disso apenas quando já era tarde demais. — A mão dele acariciou preguiçosamente os seios dela.
— Eu também olhei para o futuro.
— Argh, não acho que queira ouvir isso.
— Mas deve.
E somente porque era importante para ela, ele assentiu. — Tudo certo.
— Você precisa alocar mais guardas na porta secreta da qual sua mãe
falou. Nigel enviará cavaleiros por ali. Se eles entrarem...
— Acabou, — Grayson concluiu. Ele olhou para a janela. — Vou
providenciar isso assim que sair daqui. Por acaso você viu quantos cavaleiros Nigel têm consigo?
Quando ela hesitou, Grayson ficou nervoso. — Drina?
— Apenas ele e os sete cavaleiros restantes.
Grayson resmungou. — Serão fáceis o suficiente de matar.
— Não, — ela disse, apoiando-se em seu cotovelo para olhar para ele.
— Você não deve esquecer que Nigel possui as almas desses homens. Eles são quase invencíveis.
— Mas eu poderia vencê-los.
— Poderia, — ela concordou. — No entanto, não pode lutar contra
todos eles.
Grayson deu de ombros. — Enquanto Hawksbridge permanecer
fechada, devemos ficar bem, embora me recuse a deixar Nigel fugir. Um de nós vai morrer amanhã.
— Rezo para que seja ele.
— Você não pode ver essa parte quando olhou o futuro?
Ela sacudiu a juba de cabelos dourados. — Não. Eu tentei, Grayson. Eu
realmente tentei.
Ele sorriu e puxou-a de volta para o seu peito. — Não se preocupe,
Drina. Tudo ficará bem. Eu vou mantê-la seguro, como prometi.
— E a sua mãe?
— O que tem ela?
— Não morra sem perdoá-la. Ela anseia desesperadamente pelo seu
perdão.
Ele pensou sobre as palavras dela. — Todos esses anos, ela estava viva.
E nunca mandou me dizer, nunca me procurou.
— Não acho que ela tenha podido se arriscar. Tenho a sensação de que
ela estava mantendo-o escondido de Nigel.
Adrianna tamborilou os dedos sobre seu peito, mas ele sabia que sua
mente estava ponderando alguma coisa.
— O que foi? — Perguntou.
Ela deu de ombros. — Não posso deixar de pensar que Leoma não está
nos contando tudo. Nigel é poderoso, sim, mas ele frequentemente sai de Hawksbridge. Por que ela não tentou fugir?
— Não sei.
— Você viu as costas das mãos dela?
Grayson fez uma pausa. — Não. O que há de errado com elas?
— Acho que ele a torturou. Ela tem cicatrizes nas mãos. Parecem
cicatrizes que um chicote deixaria.
Fúria entrou em erupção dentro dele. — Se Nigel fez isso com as mãos
dela, o que fez com o resto dela?
— Não acho que você queira saber.
Grayson tinha certeza que Adrianna estava certa, mas ele tinha que
saber. Tão irritado quanto estava com sua mãe por deixa-lo se virar por conta própria, sabia que o que tinha acontecido não era realmente culpa dela. Ela tinha feito o melhor que pôde. Como Grayson invejara outros que tiveram o benefício de ter ambos os pais. Ele teria sido feliz apenas com um, alguém
para lhe dar o amor e a família que ele tinha tão desesperadamente necessitado.
— O que você vai fazer? — Perguntou Adrianna.
Ele deu de ombros, ainda lutando com a notícia. — Ela está
escondendo algo de nós, disso eu tenho certeza. Eu vi o medo gritante nos olhos dela quando falou sobre Nigel capturar você.
— Por quê? Ele é mau, eu sei, mas o que poderia ser tão terrível a
ponto de fazê-la ficar em vez de fugir?
Grayson considerou as palavras dela. — Se você estivesse no lugar
dela, teria deixado seu povo?
— Absolutamente não, — ela respondeu imediatamente. — No
entanto, teria encontrado uma maneira para que todos saíssemos, mesmo que fosse uma pessoa de cada vez.
— Meu pensamento, exatamente. — Grayson se moveu até estar
reclinado contra o encosto da cama. — Enquanto eu estava em Wolfglynn, ouvi Drogan falar sobre como Nigel costuma chantagear as pessoas para
fazerem o que ele quer.
— Foi isso que aconteceu com Cade?
Grayson assentiu. — Drogan não sabe o que Nigel tinha a respeito de
Cade, mas, o que quer que fosse, fez Cade fazer o que Nigel queria.
— Santos, — disse Adrianna, sentando-se. — Será que Nigel poderia
ter chantageado sua mãe ameaçando mata-lo?
Ele balançou a cabeça. — Acho que não. Em vez de matar as crianças
em Hawksbridge, ele poderia ter me matado no lugar delas. Por que não?
Os olhos de Adrianna se arregalaram. — Ele não sabia onde você
estava.
— Não, não sabia. Eu mantive meus segredos guardados, e nunca
contei a ninguém de Wolfglynn o que tinha acontecido comigo quando
criança. Mas, ainda assim, teria sido fácil de me encontrar.
— Então há algo mais.
— Mas o quê? — Perguntou Grayson. — O que poderia ser?
Os fios de cabelo dourados de Adrianna fizeram cócegas nas costas de sua mão quando ela sacudiu a cabeça. — Eu bem que gostaria de ter uma
resposta para isso.
— Gostaria que você tivesse, também. Mas talvez nunca saibamos. —
Ele voltou seu olhar para a janela.
Luar iluminava o quarto, lançando um manto azul pelo chão de pedra.
Os dedos de Adrianna se entrelaçaram com os dele, e ele trouxe suas
mãos para cobrir seu coração. O momento era tão calmo, tão pacifico, que ele quase podia esquecer o que se aproximava de Hawksbridge.
— O que vai acontecer amanhã? — Perguntou ela.
Grayson respirou fundo e a encarou. — Eu andei analisando
Hawksbridge. É um castelo bem construído, e será capaz de resistir a um cerco pesado. Se Nigel tem apenas os homens que você diz que tem, eles não serão capazes de entrar no castelo, a menos que eu abra as portas.
— Mas Nigel pode nos esperar do lado de fora. Quanta comida o
castelo tem?
— O suficiente para quase um mês, se racionarmos corretamente. O
poço não pode ser alcançado de fora do castelo, por isso não precisamos nos preocupar com ele contaminando a água.
Ela sorriu, então. — Isso nos daria tempo para esperar por Drogan e
seus homens.
— Se ele vier. Não estou contando com isso.
— Ele é seu amigo. É claro que virá.
Grayson sentou-se e acariciou a bochecha dela. — Drogan já teve seu
encontro com Nigel. Serena não vai me agradecer por pedir-lhe ajuda.
— Você não pediu. Eu o fiz, — Adrianna o lembrou. — Drogan é um
bom homem. Ele não vai ignorar nosso grito de socorro.
Grayson deu de ombros. — Não acho que isso importe. Nigel não vai
sair daqui sem que haja uma batalha entre nós.
— E você pretende lutar com ele?
Ele viu a ansiedade em seu olhar azul pálido e, por um momento,
pesou em mentir para ela. — Sim. Eu quero lutar contra ele.
CAPÍTULO VINTE E SETE
Adrianna esperou até nivelar a respiração de Grayson e ele adormecer
antes de puxar a magia ao seu redor. Grayson estava determinado a morrer, mas ela estava ainda mais determinada a mantê-lo vivo.
Ela queria que ele vivesse, não porque ela esperava que eles pudessem
ter um futuro, mas porque Hawksbridge precisava dele. Leoma precisava
dele. A pequena semente de esperança alojada em seu coração se recusava a desaparecer, no entanto. Serena e Drogan conseguiram quebrar a maldição para si próprios e, se apenas Adrianna soubesse como, ela estaria disposta a dar seu coração a Grayson.
É tarde demais. Meu coração já é dele.
Tão triste como era, essa era a verdade. Ela não tinha certeza de
quando ela se apaixonou por Grayson, mas não havia como negar isso. Ela virou a cabeça para olhar para ele, as linhas de preocupação agora relaxadas durante o sono. Como ela desejava contar-lhe sobre seus sentimentos, mas ela não se atrevia.
Ela sabia que ele se importava com ela. Ela viu a cada vez que seu
olhar prateado recaiu sobre ela ou quando seus braços a mantinham contra ele enquanto a beijava. Mostrou-lhe de muitas maneiras diferentes. E era o suficiente.
Para ela, era o suficiente.
Ela nunca poderia ter mais do que já tinha naquele momento. Anos
atrás, ela teria protestado contra a injustiça, mas, agora, ela estava grata por conseguir um gosto do amor. Amor verdadeiro, pois ela sabia que era isso que estava em seu coração. Ela faria qualquer coisa por Grayson. Qualquer coisa.
E para uma mulher que não precisava de um homem em sua vida, isso mostrava-lhe o quanto ela o amava.
A única coisa que podia fazer era olhar para o futuro. Desta vez, não
haveriam quaisquer interrupções. Desta vez, ela iria ver tudo o que precisava, pois não sabia se teria uma nova oportunidade.
Adrianna fechou os olhos e sentiu o zumbido da magia quando se
reuniu perto dela. Ela só tinha que pensar em Grayson e a chegada do
amanhecer para poder ver o futuro diante dela.
Ela respirou fundo quando ela olhou para baixo da torre de Grayson.
Ele ficou nas ameias, seu cabelo preto amarrado na parte de trás do pescoço.
Seu rosto estava envolto em raiva, e seu olhos prata dirigidos a um cavaleiro a galope fora dos portões de Hawksbridge. O escudo do cavaleiro não tinha emblema. Não usava cores.
Nigel.
Ele tinha outros sete cavaleiros em ambos os lados dele. Eles estavam
todos com armadura, seus elmos abaixados, esperando. Grayson, em seguida, desafiou Nigel, sua voz alta e clara na luz da manhã. Com uma pequena
inclinação de cabeça, Nigel aceitou. Foi permitida a entrada de Nigel.
Grayson esperou por ele, espada desembainhada, pronto para a batalha.
Nigel não perdeu tempo em atacar, mas Grayson estava pronto para
ele. Moveram-se quase como uma dança, golpeando e empurrando,
mergulhando e rolando. E cada vez Adrianna via quanto mais poder Nigel tinha.
E então Nigel avançou contra Grayson. Um grito se alojou na garganta
de Adrianna enquanto observava Grayson de costas na terra e a lâmina de Nigel afundada em seu peito.
Os olhos de Adrianna se abriram, sua respiração ofegante. Ela olhou
para ver Grayson ainda dormindo. Antes que ele pudesse acordar, ela se esgueirou da cama e caminhou para o lado dele onde suas armas estavam
depositadas.
Graças a Nigel, o padre havia sido expulso do Hawksbridge, então não
haveria bênção sagrada sobre as armas de Grayson como eles esperavam. Sua bênção, uma bênção mágica, seria tudo o que ele teria. Adrianna apenas rezou para que fosse o suficiente.
Ela segurou as mãos sobre as armas, as palavras antigas se formando silenciosamente em seus lábios quando ela derramou cada gota de sua magia para proteger as armas e Grayson. Quando a última palavra foi dita, ela caiu para o lado, apanhando a si mesma com as mãos antes que ela pudesse
atingir as pedras frias.
Usar sua magia, assim, tinha tomado muito dela. Ela precisava
descansar, mas ela não ia encontrar nenhum descanso até que Nigel estivesse morto. Só então ela teria paz.
—Drina.
Ela virou a cabeça para encontrar Grayson olhando para ela. Ele se
ergueu em um cotovelo e estendeu a mão. Ela não hesitou em aceitá-la. Ele a puxou para cima dele, seus lábios se encontraram, e depois o desejo tomou conta dela. Era sempre o mesmo. Grayson trouxe um lado dela que não sabia ter. E um que ela gostava muito.
—Onde você estava indo? — Perguntou ele entre beijos.
Adrianna inclinou a cabeça para o lado para que ele pudesse beijar seu pescoço. Ela estremeceu quando ele encontrou um ponto sensível abaixo da orelha. —Lugar algum.
Seu pênis rígido roçou em seu sexo aquecido, fazendo-a moer contra
ele. Ele gemeu e agarrou seus quadris.
—Santos, eu não me canso de você, — ele murmurou contra seus seios
pouco antes de puxar um mamilo em sua boca quente.
Adrianna afundou as mãos em seu cabelo e suspirou quando o prazer
correu através dela para o centro de seu sexo. Sua necessidade cresceu, fazendo seu sexo apertar avidamente. Ela alcançou entre eles e tomou seu pênis na mão. Ela adorava a sensação dele, sua dureza, seu calor. Ele sugou seu mamilo duro, a linha entre prazer e dor era turva. Adrianna começou a acariciar seu comprimento, provocando a ponta do seu pênis.
Ele virou-a de costas, seus olhos em chamas com fome. Adrianna sabia
exatamente como se sentia. Ela abriu as pernas quando ele se posicionou acima dela. Em um impulso, ele entrou nela, encaixando-se profundamente.
Ela enrolou as pernas em torno dele, seus olhares se encontraram,
quando ele começou a empurrar. Ele bombeou dentro e fora enquanto ela o acompanhava, seu prazer cegando-os de tudo, menos o outro. Depressa
demais ela sentiu-se construindo em direção a seu clímax. Ela não estava pronta para o pico, não estava pronta para deixar a realidade se intrometer mais uma vez. Mas ela não podia parar o orgasmo quando ele reclamou ela.
Ela gritou, seu corpo em convulsão, com ondas de prazer.
Grayson a beijou quando enrijeceu sobre ela, sua semente derramando
dentro dela. Adrianna agarrou-se a ele como se ele fosse a própria vida. A noite começou a desvanecer-se, e com a luz viria um mal nenhum deles
estava preparado.
?.?
Foi o primeiro dia que Adrianna já tinha odiado ver o nascer do sol.
Ela podia ser capaz de fazer mágica, mas ela não podia parar o tempo, e tinham feito tudo que cabia a eles.
Tinham dormido pouco nas horas restantes antes do amanhecer. Em
vez disso, eles tinham possuído um ao outro, beijando, acariciando. Ela desejava lhe dizer de seu amor, de como ela desejava e orava para um futuro juntos. Ela queria dizer a ele como esperava que seu tempo juntos lhes tivesse dado uma criança para crescer dentro dela.
Mas ela não podia. Não quando ele tinha que se preparar para Nigel.
Ela iria ficar ao lado dele, dando-lhe o seu amor em silêncio. Ele lhe tinha feito prometer que ficaria segura, que ela não iria chegar perto de Nigel.
Como ela tinha odiado lhe prometer isso, mas ela teve de lhe dar isso.
Quando ela entrou para no salão principal, ela viu Leoma sentada
sozinha no estrado. Adrianna correu para encontrá-la. Não haveria — boa manhã — essa manhã, pois não havia nada de bom nela.
— Passei toda a noite passada olhando para o futuro—, Leoma
confessou. — Eu ficava vendo a morte de Grayson mais e mais. Eu não
conseguia ver nada mais que aquela cena.
Adrianna suspirou e sentou-se quando ela pegou a mão de Leoma na
dela. — Eu também vi sua morte, mas estou determinada a pará-la.
—Como?
— Eu abençoei Grayson, bem como as suas armas. — Adrianna deu de
ombros. — Era a única coisa que eu poderia pensar em fazer. Sabemos que
alguma coisa abençoada pela igreja pode proteger contra Nigel, mas como não há nenhum padre para abençoar Grayson e suas armas.
Leoma sacudiu a cabeça. — Não. Nigel enviou o padre longe no
mesmo dia que mandei Grayson. Espero que a sua bênção funcione.
— Somos feiticeiras, Leoma. Nós duas somos abençoadas em ser capaz
de ver o futuro. Precisamos usá-la a nosso favor.
Leoma lhe afagou a mão. — Você está certa, é claro. Eu não quero
perdê-lo. Ele acabou de voltar.
—Então não vamos. — Adrianna levantou e colocou as mãos nos
quadris. — Também foi me dada a capacidade de curar. E não esqueçamos, Grayson também tem um pouco de magia. Eu vou curá-lo, se ele precisar, porque me recuso a permitir que ele morra.
Um sorriso puxou os lábios de Leoma. — Ver o futuro sempre foi o
meu dom mais fraco.
— E o seu mais forte?
Desta vez, o sorriso puxou seus lábios. — Eu sou capaz de mover
objetos.
— O que você quer dizer?
Leoma apontou para um escudo e duas espadas cruzadas acima do
manto. Adrianna observou quando, ambas as espadas levantaram do seu
lugar de repouso para voar através do corredor e enterrar numa parede.
Ela virou para Leoma, Admiração travando sua voz. — Isso é ...
incrível.
Leoma deu de ombros. —Vai ser útil em um ataque.
Adrianna poderia ter gritado de alegria, ela estava tão animada. —
Certamente o fará.
— O que vai ser útil em um ataque? — Grayson perguntou quando ele
entrou no corredor.
Adrianna apontou para as espadas. — Aquilo. Sua mãe pode mover
objetos.
O olhar de Grayson se moveu das espadas para sua mãe. — Mostre-
me?
Leoma removidos as espadas da parede e lhes retornou as suas posições acima da lareira.
Ele assobiou. — Isso vai ser útil, especialmente porque não temos
cavaleiros do nosso lado. Apenas fique oculta para Nigel não a ver.
— Claro, — sua mãe respondeu.
Ele prendeu Adrianna com seu olhar prata. Ela lhe apanhou as mãos.
Ela odiava que ele era tão irreverente sobre a situação, mas ela também o conhecia bem o suficiente para saber que nada iria fazê-lo mudar de ideia sobre lutar contra Nigel. — Drogan virá. Tudo o que temos a fazer é esperar por ele.
Grayson balançou a cabeça. —Drogan sobreviveu a esse bastardo uma
vez. Eu não vou esperar por ele para enfrentar Nigel novamente. Esta é a minha luta, Drina. Correndo dela só vai prolongar o resultado.
— Será que nada mudaria sua mente, meu filho? — Perguntou Leoma.
— Existe alguma coisa que poderia tira-lo deste caminho?
Ele apertou a mandíbula e balançou a cabeça. — Eu estive esperando
por esse momento desde que você foi tirada de mim, — disse ele e se virou para sua mãe. — Eu sonhei com isso, ansiava por isso. Viver ou morrer, vou resolver isso.
— Grayson, por favor, — ela implorou.
Cortou um braço no ar para travar ela. — Já basta. Eu te perdoo por me enviar para longe, mas eu nunca vou te perdoar se você me impedir desta batalha.
Leoma cobriu o rosto com as mãos e chorou.
Adrianna observou quando Grayson saiu do salão. Foi então que ela
percebeu que ele tinha mudado de roupa. Ele usava cota de malha e uma
nova túnica vermelha com um falcão preto com suas asas espalhadas. Pouco antes dele sair do castelo, ele parou na porta e levantou um grande escudo pintado de vermelho sobre ele.
— Lá vai filho preferido do Hawksbridge, — Leoma sussurrou.
Adrianna respirou fundo, o cheiro do mal consumindo-a. Nigel e seus
homens estavam se aproximando. Eles tinham pouco tempo para obter tudo no lugar.
CAPÍTULO VINTE E OITO
Grayson não parou até que ele estava nas ameias olhando sobre a terra.
Sua terra. Ele ainda não podia acreditar. Todos esses anos pensando que ele era um plebeu quando ele era de um nobre.
Ele riu para si mesmo, imaginando o que Drogan diria. Drogan tinha o
mais perto de um irmão que Grayson já teve e, embora ele desejava ter
Drogan ao seu lado agora, ele sabia que o melhor era Drogan ficar em
Wolfglynn.
Grayson encostou-se nas pedras merlon que formavam o padrão
quadrado de dentes das ameias. Algumas nuvens espalhadas no céu
enquanto o sol continuava a sua ascensão. O dia estava tão bonito, tão claro que lhe surprendia que em poucas horas o mal cairia sobre eles.
Ele não tinha medo de enfrentar Nigel. Ele tinha medo de Nigel
descobrir Adrianna. Apenas o pensamento fazia seu sangue em gelo. Para Grayson para ter uma chance de derrotar Nigel, ele teve que convidar o bastardo malvado em Hawksbridge.
No entanto, uma vez que Nigel estivesse lá dentro, lhe daria acesso a
Leoma e Adrianna.
Grayson passou a mão pelo rosto. Se ao menos ele tinha enviado
Adrianna para longe. Tinha sido puramente por egoísmo próprio que a
mantinha em Hawksbridge. Ele precisava dela tanto quanto ele precisava do ar em seus pulmões. Ele não conseguia explicar nem se tentasse.
Simplesmente era.
Ele aceitou sua fome, sua necessidade de Adrianna, mas ele poderia
muito bem acabar matando-a. Com um grunhido de frustração, ele se virou e olhou para o castelo. Ela precisava sair. Imediatamente. Mas ele sabia que ela
não iria. Ela iria lutar contra ele, argumentar com ele, até que visse a sua lógica. Deus o ajudasse, ele a queria lá. Ela era a única coisa que o mantinha vivo, a única coisa que lhe deu esperança.
Sem ela, ele não era nada.
Essa percepção o fez parar. Quando ela tinha vindo a significar tudo
para ele? Quando ela tinha tomado seu coração? Não que isso importasse. A realidade era aquela. Ele era dela de todas as maneiras imagináveis.
Sua mão agarrou o punho da espada. Ele estava pronto para morrer
alguns dias atrás, mas agora ... agora ele queria viver. Ele queria testar as Parcas e manter Adrianna ao seu lado, compartilhando cada momento de sua vida com ela.
Santos. Ele a amava.
Grayson fechou os olhos e deixar a percepção afundar. O domínio de
Hawksbridge era seu para controlar, as pessoas, a terra, o castelo. E com Drina por seu lado, ele teria tudo o que ele sempre quis.
Havia apenas Nigel se intrometendo em seu caminho.
— Merda, — Grayson amaldiçoado e abriu os olhos. Seu olhar pousou
em Adrianna abaixo no pátio.
Ela olhou para ele com seus olhos azuis pálidos, à espera. Ele
encontrou seus pés se movendo em direção a ela. A fome em seu corpo fez suas bolas apertar. Seus lábios se curvaram em um sorriso, e sua respiração alojada em seu peito enquanto ele se lembrava de como sua boca tinha
deslizado sobre seu pênis.
—Temos tempo para visitar a torre? — Ela perguntou, com os olhos
cheios de desejo.
Ele tomou suas mãos. — Quem me dera.
— Eu sei, — ela disse suavemente. — Você é necessário aqui.
— Existe alguma maneira eu posso convencê-la a se retirar? Meu
egoísmo manteve você aqui, mas eu temo que pode provocar sua morte.
Ela colocou a mão sobre o coração. —Se você quer a verdade, era o
meu próprio egoísmo que me manteve com você, independentemente do
perigo. Com você, eu sinto como se eu estivesse viva, pela primeira vez na minha vida. Me afastar disso, de você, não é uma possibilidade.
— Drina, — ele grunhiu. — Se Nigel me derrotar ...
Ela largou a mão dele e respirou fundo. — Ele vai. Eu já vi isso,
Grayson.
— O que você quer dizer? Diga-me o que você viu?
—Você o desafia, e ele aceita. Você o traz para dentro dos portões do
castelo onde vocês começam a lutar. Ele avança contra você e, antes que possas te levantar, ele te matar.
Grayson só conseguia olhar para ela. — Você não ia me dizer, quando
você? — Ele não tinha certeza de como ele sabia que suas intenções, mas ele só sabia.
— Não, — ela admitiu. — Meu plano era garantir que você tenha
tempo para fugir antes que ele fosse capaz de matá-lo.
— E como você faria isso?
Seu olhar caiu. — Ao mostrar a mim mesma.
Era como se uma flecha mergulhasse em seu coração. Grayson colocou
um dedo sob seu queixo e inclinou o rosto para ele. — Eu não posso permitir que você faça isso.
—Não é sua escolha.
— Eu estou te implorando. Se você se importa comigo, vá embora.
Agora. Deixe Hawksbridge e nunca olhe para trás.
Lágrimas se reuniram em seus olhos, derramando sobre suas
bochechas. — Você pede o impossível. É porque eu me importar com você
que eu permaneço.
Grayson deixou cair sua cabeça para trás e olhou para o céu. Ele nunca tinha me sentido mais impotente. Ele ia morrer e Adrianna ia com ele.
Ele suspirou e olhou para ela. — Se você não vai embora, jura-me que
você vai ficar escondida. Jure, Drina, ou como Deus é minha testemunha, eu vou amarrá-la e ter meus homens a levando de Hawksbridge dentro de uma hora.
— Tudo bem, — ela disse e enxugou as lágrimas. — Eu juro.
— Não importa o que aconteça, não importa o que Nigel faça, você fica
escondida. Na primeira chance que você tiver vai sair. Agora, jure.
Seus olhos brilharam com raiva. — Não peça isso de mim, Grayson.
Posso te ajudar.
— Você já fez. Mais do que você poderia imaginar. Agora por favor.
Dê-me sua palavra.
— Dou-lhe, — ela sussurrou.
Grayson soltou um suspiro que não sabia que estava segurando. —
Minha mãe falou de uma saída secreta. Vou tê-la lhe mostrando por onde é que você pode sair quando for hora.
— Eu sou uma curadora, Grayson. Se você estiver ferido, você vai
precisar de mim.
Ele sempre precisaria dela. Sempre.
— Venha, — disse ele. — Vamos descobrir esta saída secreta.
Ele não lhe deu tempo para discutir quando ele pegou sua mão e a
puxou atrás dele. Assim que ele entrou no castelo ele viu Leoma pé diante da lareira, seu olhar se levantou para o escudo e espadas pendurados na parede.
— Aqueles pertenciam a seu pai uma vez, — disse ela quando eles se
aproximaram. Ela virou-se para enfrentá-los. — Eles foram suas primeiras armas quando ele foi nomeado cavaleiro. O escudo que você carrega agora, Grayson, era dele.
— Por que ele não os levou com ele para a batalha?
— Ele fez, — disse ela. — Foi a única coisa voltou para mim.
— Foi você que colocou o escudo e túnica no meu quarto?
Leoma assentiu. — Eles são seus, assim como Hawksbridge é sua.
Todo mundo precisa ver que você está reivindicando este castelo.
—Obrigado.
—Seu pai ia querer que você tivesse tudo isso. Agora, — ela disse e
respirou fundo. — O que é que vieste falar comigo?
— A passagem secreta, — disse Grayson e olhou para Adrianna. — Eu
quero que Drina saiba onde é, para que ela possa escapar quando chegar a hora.
A testa de Leoma franziu com suas palavras. — Concordo que Nigel não pode encontrá-la, mas com certeza você quer ela com você, se você estiver ferido.
— Eu não vou ser ferido. Ele vai me matar. A passagem. Por favor. —
Grayson se afastou para permitir que a sua mãe passasse por ele.
Adrianna lhe lançou um olhar de irritação. — Isso não foi muito bom.
— É a verdade. Nós todos sabemos isso. Negar isso não vai mudar
nada.
Ela deu de ombros e mudou-se para seguir Leoma. Grayson foi mais
lento atrás, incerto de tudo que não seja a sua necessidade de ter Adrianna segura. Enquanto que ele soubesse que ela estava a salvo e viva, ele seria capaz de enfrentar Nigel e morrer a morte de um guerreiro.
Leoma levou-os escada abaixo para as masmorras, mas ela parou no
meio do caminho para baixo e virou em um corredor que estava tão bem
escondido, que Grayson nunca teria encontrado.
A passagem era estreita e tão escuro que não podia ver Adrianna ou a
sua mãe, mas ele podia ouvi-las. Elas se moviam lentamente, seus passos encurtados pela escuridão. Grayson manteve a mão sobre sua espada e fez uma pausa a cada poucos passos para ouvir se alguém os estava seguindo.
Eles desviaram para a esquerda, depois a direita antes de voltar para a esquerda. De repente, Leoma parou. Grayson parou e escutou. Metal contra metal tilintavam diante quando porta bateu em suas dobradiças, uma vez que se abriu.
— Estamos em uma caverna sob o castelo, — disse Leoma. — A
caverna irá levá-la a várias léguas de distância.
Grayson deslizou passando por Adrianna e Leoma avaliando a
caverna. — Quantos sabem dessa passagem?
— Só nós três, — respondeu Leoma. — Ela foi passada de pai para
filho, mas antes de William sair, ele me mostrou.
— Por que não a usou? — Grayson tinha que saber o que manteve a
sua mãe aqui todos esses anos. — Por que você não saiu e me encontrou?
Seu suspiro foi alto no silêncio. — Eu sabia que um dia você iria voltar.
Você ia precisar de mim, você querendo a minha ajuda ou não.
— Vamos voltar para o castelo, — disse ele quando ele fechou e trancou a porta. —Drina. Você pode encontrar este lugar de novo?
— Sim, — respondeu ela.
Leoma mais uma vez assumiu a liderança, enquanto viajavam de volta
ao castelo. — Basta lembrar, é o décimo degrau, e o bloqueio está sob a escada. Use o dedo do seu pé para desbloqueá-lo. A passagem é
completamente escondida.
— Será que a porta se fecha instantaneamente? — Perguntou
Adrianna.
— Quase isso.
Grayson sentiu o medo em torno de seu estômago aliviar. Adrianna
teria uma saída. Ninguém sabia da passagem, o que lhe daria tempo para escapar, e ele iria se certificar de que nenhum dos cavaleiros de Nigel se aventurassem além das portas da Hawksbridge para impedir ela.
Ele esperou até que eles estivessem mais uma vez no salão principal
antes de se virar para ela. — Quando você sair, ande para Wolfglynn. Você estará mais seguro e você pode andar mais rápido em todo país.
— Pare, — ela disse e tentou se virar.
Grayson agarrou seus ombros e a manteve de frente para ele. — Isso
precisa ser dito. Você precisa estar preparada.
Seus olhos tinham tanto tristeza como medo que ele a puxou contra
ele, se banqueteou na boca dela como se fosse a última refeição de um
homem morrendo. Seu corpo estava envolto em uma corrente de desejo. Ele ansiava por seu toque, ansiava por seus beijos. Seu corpo exigia que ele a levasse, sentisse seu sexo quente, liso o cercando quando ele afundasse nela.
Seus braços em volta do seu pescoço, agarrando-se a ele quando ela se
moldou seu corpo ao dele. Grayson escondeu-os em um canto escuro e
apertou os quadris contra os dela. Sua mão encontrou seus seios e ela gemeu em sua boca.
Grayson tinha que tê-la. Ele puxou as saias, expondo sua pele
enquanto ela lutava para obter a sua túnica e cota de malha fora do caminho para libertá-lo.
E então a buzina soou.
Eles tinham visitantes.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
Adrianna queria gritar com a injustiça. Em vez disso, ela olhou nos
olhos pratas de Grayson e soube que o seu tempo tinha chegado ao fim. As mãos dela se recusaram a soltá-lo, mesmo quando ele deixou cair suas saias e recuou.
— Grayson.
Seu dedo se mudou para os lábios. — Sabíamos que esta hora viria.
Ela afastou a mão e manteve sua mão presa contra si mesma. — Sim,
mas eu não esperava que fosse tão cedo.
— Não há nada que possamos fazer.
— Nós podemos correr.
— E deixar essas pessoas para enfrentar Nigel sozinho? Eu nunca seria
capaz de viver comigo mesmo.
— Seja cuidadoso. Cuidado quando ele avançar contra você. Além
disso, ele e seus cavaleiros estão em armadura completa.
— Eu já contava com isso. Eu vou ser capaz de se mover mais rápido
sem a minha.
— No entanto, você vai ser ferido mais fácil também.
Ele deu um passo em direção a ela e segurou seu rosto com as mãos.
— Obrigado. Por tudo.
Ela não estava pronta para dizer adeus. Agora não. Nunca.
Seus lábios cobriram os dela, sua respiração se misturando com a dela
enquanto sua língua varrendo dentro de sua boca para um último beijo.
Adrianna suspirou quando ele aprofundou o beijo.
E então ele se foi.
Ela usou as pedras em suas costas para mantê-la para se manter em pé.
Em meio às lágrimas, ela observou Grayson ir do castelo. E de sua vida.
— Não, — ela sussurrou para si mesma e se afastou da parede. —
Prometendo ou não, eu não vou deixá-lo morrer.
Ela sabia que Leoma estava na torre onde ela poderia manter uma
vigilância sobre Nigel e seus homens. Adrianna correu para a torre oeste, seu coração batendo em seus ouvidos. Suas pernas doíam e um machucado
começou em seu pé, mas ela não diminuiu seus passos até chegar ao topo da torre. Adrianna abriu a porta para encontrar Leoma.
A mãe de Grayson estendeu a mão. Adrianna tomou-a, e, juntos, eles
se mudaram para a janela.
— Que os Santos nos protejam porque o diabo chegou, — Leoma
murmurou.
Arrepios correram pela espinha de Adrianna. Ela olhou para Nigel e
seus sete homens, assim como ela era em sua visão. Na parte de trás de sua mente, ela tinha esperança, tinha pensado que alguma ajuda sob a forma de Drogan teria chegado.
— Não houve tempo suficiente para Drogan chegar até nós, — ouviu-
se dizendo.
— E Grayson não vai esperar. Eu tinha pensado que ele poderia
considerá-lo uma vez que ele te ama tanto.
Adrianna empurrou sua cabeça para Leoma. — Ele não me ama.
— Ah, criança, — ela disse com um sorriso amável. — Ele certamente
o faz. Eu nunca vi um homem olhar para uma mulher com tal fome em seus olhos. Ele te procura por onde quer que vá. Ele está perto de você, sempre tocando em você, sempre ouvindo a sua opinião. O amor estava lá para todos verem.
Adrianna virou. Ela deveria ter dito a ele, ela deveria ter deixado ele saber tudo.
—Vá para ele, — disse Leoma. — Talvez isso possa parar o que está
prestes a acontecer.
Ela olhou para Leoma por cima do ombro. — Eu nunca disse a ele que o amava. Eu pensei ... Eu não sei o que eu pensava.
— Vá, Adrianna. Vá para ele agora.
— E a maldição?
— Nada disso importa se ele morrer.
Adrianna sabia que ela estava certa. Ela se apressou para sair da torre.
Como ela podia ter sido tão estúpida? Como se não tivesse visto o seu amor?
Ela se chamava de dez tipos de tolos quando ela saiu correndo do castelo para o pátio. Grayson estava nas ameias, com a mão sobre sua espada.
Ela levantou a saia e tomou as escadas para as ameias. Ela parou antes que ela chegasse ao topo e chamou por ele.
Sua cabeça se virou para ela. Ele fez uma careta e se dirigiu para as
escadas. — O que é isso? Você não deveria estar aqui em cima.
— Eu sei. Eu tinha que dizer-lhe.
— O que? Dizer-me o que?
Ela olhou-o nos olhos prata cheios de preocupação e impaciência. —
Independentemente do resultado, há algo que você deveria saber.
— E isso pode ser?
Ela tomou sua mão e colocou-o sobre seu coração. — Eu te amo.
Seus olhos se arregalaram antes que ele desse um passo para ela. Ele
estendeu a mão para ela, puxando-a em seus braços. Ele estava prestes a beijá-
la quando alguém gritou para ele.
— Milord. Eles vêm!
O coração de Adrianna caiu a seus pés quando Grayson a soltou. Ele se
virou e começou a subir os degraus. Ela não queria uma declaração dele, mas ela o esperava, pelo menos ignorar Nigel um pouco.
— Grayson.
Ele parou, com as mãos punhos ao seu lado. — Drina. Você não pode
parar isso.
Não, ela pode não ser capaz de parar a batalha, mas ela poderia parar
sua morte. E a promessa que se dane, ela não iria se esconder, encolhida em um canto enquanto ele e o resto da Hawksbridge enfrentavam tal mal
inominável. Adrianna recolheu suas saias e se virou para descer as escadas.
Ela não olhou para trás enquanto ela caminhava para o castelo.
Grayson assistiu Adrianna até que ela foi mais uma vez dentro do
castelo. Suas palavras de amor ainda ecoavam dentro de sua mente. Ele nunca tinha pensado que ouviria uma mulher dizer essas três preciosas palavras para ele e, agora, finalmente, a única mulher que teve seu coração
correspondia ao seu amor.
— Milord?
Ele queria ignorar o homem ao lado dele, mas Grayson não podia. Ele
se virou e olhou para os cavaleiros que se aproximavam. Havia oito deles.
Seus escudos eram brancos e sem cores visíveis.
— É sobre o tempo de você mostrar, — Grayson murmurou. Ele se
virou para os homens na portaria. — Preparem-se. Não deixe que nenhum
deles entrar a menos que eu lhe dê a palavra.
Grayson virou-se para o pátio e começou a gritar suas ordens para os
homens e mulheres abaixo. A maioria das pessoas se escondeu apenas com os mais fortes visíveis para Nigel uma vez que ele entrou nos portões. No entanto, todos estavam armados. Mesmo se Grayson morresse, Nigel seguiria logo quando um ataque de todos em Hawksbridge apontado para ele.
Hawksbridge seria seguro mais uma vez. Grayson se enfureceu que
seria exigido o seu sangue em troca da liberdade de seu povo, mas ele não viu nenhuma outra forma de evitar isso. Ele havia deixado uma carta para
Drogan, implorando para seu amigo cuidar de Adrianna. Leoma tinha
instruções especificas para dar a Drogan quando ele chegasse. Adrianna, ele tinga esperanças, ficaria em Hawksbridge até Drogan vir.
Grayson olhou para a torre onde sua mãe esperava. As palavras que
ele desejava dizer a ela não tinham vindo e, por mais que tentasse, ele temia que nunca faria. Então, ele tinha feito a única coisa que ele tinha sido capaz.
Ele escreveu, deixando-a saber do seu amor e do perdão. Ele esperava que fosse suficiente.
Tudo estava pronto agora. A única coisa que restava fazer era esperar.
Ele deu um aceno para a torre no caso de sua mãe observar e virou-se
para os cavaleiros. Eles estariam lá dentro de uma hora.
E a morte logo depois.
?.?
No bosque de árvores fora Hawksbridge estava um cavaleiro solitário.
Ele assistiu a corrida do pequeno grupo em direção Hawksbridge, o fedor do mal envolvendo a terra. Como ele odiava.
Ele sabia qual a sua intenção. A destruição de Hawksbridge era
iminente. Ou não era? Ele tinha seguido o novo senhor e sua mulher para Hawksbridge. Havia algo sobre o novo senhor que chamou sua atenção.
Talvez fosse o caminhar do senhor com tanta confiança no castelo. Poderia ter sido a facilidade com que ele e os plebeus levaram cavaleiros de Nigel.
Apesar da coragem e habilidade do novo senhor exibiu, ele não tinha a
menor chance contra um mal como Nigel, mas o fato do novo senhor
prontamente o enfrentar trouxe um sorriso ao seu rosto.
Por muitos anos ele tinha esperado por este dia. Observando e
esperando e orando. Houve um tempo que ele pensou que tudo tinha sido
perdido. Ele havia perdido as esperanças, mas esperança mais uma vez
encheu seu coração.
Se seria o suficiente para vencer contra Nigel, só o tempo diria.
No entanto, ele encontrou-se curioso. Tinha sido um longo tempo
desde que ele tinha realmente se importado com nada. Ele cutucou seu cavalo em uma caminhada quando ele se virou e encontrou o caminho, um caminho escondido que poucos conheciam.
?.?
Grayson tamborilando os dedos sobre as pedras. Nigel e seus homens
desaceleraram seus cavalos para um caminhar lento e se aproximaram de
Hawksbridge.
—Por que eles estão levando tanto tempo? — Um dos homens
perguntou.
Grayson riu. — Ele sabe que as pessoas estão com medo dele. Se ele
prolongar sua chegada, ele só irá aumentar o seu medo.
— Milord, eu odeio admitir isso, mas ele está funcionando.
Grayson olhou para o rapaz e bateu-lhe no ombro. — Ele não pode
feri-lo agora. Lembre-se disso.
— E, se deixá-lo no interior das muralhas do castelo como vós
planejais?
— Se ele me matar, lembre-se. Todo mundo o ataca de uma só vez, —
Grayson disse e coçou o queixo.
— Você faz parecer simples, Milord.
— Isto é. Você o mata ou você morre.
O jovem bufou. — Eu não estou pronto para morrer.
— Eu não achava que você estivesse. — Grayson sorriu para ele antes
de se virar para Nigel.
Grayson encontrou sua mente vagando para Adrianna. Ele queria
perguntar a ela onde ela planejava se esconder no caso dele precisar encontrá-
la. Talvez fosse melhor se ele não soubesse onde ela estava. O relinchar de um cavalo quebrou em suas reflexões. Grayson olhou para baixo para encontrar Nigel e seus homens que tinham finalmente chegado.
—Você está no meu castelo, — A voz profunda de Nigel ressoou em
torno deles. Era uma voz pouco natural, como se viesse através de um longo túnel.
—Na verdade, este é o meu castelo. Já o recuperei.
— Rei Henry pode ter algo a dizer sobre isso.
— Por que não vamos esperamos para ele chegar? Desde que você
disse a ele que você estava segurando Hawksbridge para o meu pai até ele voltar, eu me pergunto como o rei reagiria ao saber que você o tomou como seu próprio lugar.
Nigel riu, o som estranho e mal. — Henry vai estar do meu lado. Ele
sempre fica do meu lado. Eu espero que você não aposte o resultado em
Henry, Grayson.
— Então você sabe quem eu sou?
Nigel assentiu. Elmo era pequeno, escondendo todo o seu rosto. —Eu
estive procurando por você.
— Eu estava em Wolfglynn, mas você estava muito ocupado com Drogan para se preocupar com qualquer outra coisa. Você quase morreu lá.
— Seus olhos te enganaram, — Nigel respondeu, com a voz tão fria
como gelo.
— Eu sei o que vi. Você foi derrotado. Drogan ainda vive.
— Não por muito tempo, assim como você não vai viver por muito
tempo.
— Talvez sim, talvez não, — Grayson disse com um encolher de
ombros. — Você conhece que este castelo. Você sabe que não pode romper suas muralhas. Você perdeu Hawksbridge, bem como Lady Leoma. Já não vai prejudicá-la ou ao meu povo.
Nigel cutucou seu cavalo para se aproximar. — Ah, Leoma. Ela lhe
disse que tudo ficaria bem, desde que eu estivesse do lado de fora das muralhas do castelo? Você é ingênuo o suficiente para acreditar nela?
Grayson sentiu como se tivesse levado um chute nas bolas. — Você não
pode prejudicá-la agora.
—Verdadeiramente? Então ela não lhe contou tudo. Leoma, — Nigel
gritou. —Você se esqueceu sobre o que eu tinha lhe avisado? Você achou que eu tinha esquecido depois de todos esses anos?
Grayson empurrou para o lado quando uma lança veio voando por
cima do ombro do pátio. Ele observou que pousar no peito de Nigel,
derrubando-o de seu cavalo. Grayson absteve-se de olhar para a torre, mas por pouco. Ele se concentrou em Nigel que puxou a lança livre de seu peito e jogou para o lado enquanto subia a seus pés.
Embora Grayson tinha visto Nigel batalhar com Drogan, ele ainda foi
surpreendido com a forma como nada parecia machucá-lo. Sem sangue
jorrou da ferida. A única evidência de que Nigel tinha uma lança em seu peito era a fenda em sua armadura.
Os homens de Grayson engasgaram, seu medo palpável. Ele entendeu
seu terror quando ele ameaçou ultrapassá-lo. Então ele se lembrou Adrianna, sua mãe e seu pai. Ele recordou a infância perdida para ele, os inocentes mortos e a maldade que inflamou na terra.
— Quanto mais que você pode tomar? — Grayson chamado para
Nigel. — Você pode suportar um ataque, mas muitos?
—Querer tentar descobrir? — Nigel provocou.
Grayson sorriu. A determinação fria se estabeleceu em torno dele. —
Por uma questão de fato eu faço.
— Então venha para fora, e vamos lutar, você e eu.
Grayson riu e balançou a cabeça. —Você acha que eu sou um tolo? Eu
já matei dois de seus homens, eu posso matar os outros, mas não todos de uma vez, e você sabe disso.
— Eu sabia que era você que tinha matado meus homens.
— Eles estavam bastante fáceis de matar. Talvez os seus homens não
sejam tão habilidosos quanto você acha que eles são.
— E você não tem homens, — Nigel provocou. — É só você contra oito.
Grayson inclinou-se sobre as pedras, o seu olhar se estreitou em Nigel.
— Se você acha que pode ganhar Hawksbridge, venha e a reclame.
CAPÍTULO TRINTA
Com uma ligeira inclinação da cabeça, Nigel caminhou para as portas
maciças. O portão foi aberto apenas o suficiente para deixar Nigel passar e, embora Grayson assistiu os cavaleiros, nenhum deles mudou-se para seguir.
Grayson desceu lentamente as escadas para o pátio, o olhou fixamente
para o homem que tinha destruído o seu mundo. Nigel estava no centro, o elmo mudando para seguir a abordagem de Grayson.
— Eu deveria ter matado você quando era um menino, — Nigel entre
dentes.
— Sim, você deveria ter. Por que você esperou até agora para me
encontrar?
— Peguei o seu cheiro enquanto eu estava no Wolfglynn.
— Eu estive em Wolfglynn a maior parte da minha vida. Por que
demorou tanto?
—Você estava camuflada com magia. Eu nunca o senti.
— Mas você tem o mal do seu lado. Você está me dizendo magia é
mais poderosa do que você?
Nigel flexionou sua mão. — Nunca.
Grayson olhou para a frente, procurando os olhos de Nigel, em busca
de qualquer coisa que possa provar que ele era apenas um homem. Mas não havia nada.
— O que você está procurando? — Perguntou Nigel. — Você não
acredita nos rumores que você ouviu? Você me acha um mero homem que
espalhou mentiras, a fim de fazer as pessoas submeterem-se a mim?
— Eu acho que você é um covarde, — Grayson disse e desembainhou sua espada. — Eu não acho que você já foi um homem. Poder e cobiça
governam você. Eles sempre governaram você.
Nigel inclinou a cabeça para o lado. — Você tem uma escolha. Você
pode me dar a sua alma, e em troca eu lhe permitirei governar Hawksbridge.
Eu vou até permitir a sua mãe que viva.
— E se eu não lhe der minha alma?
—Então você vai morrer como será para cada homem, mulher e
criança no Hawksbridge. Faça a sua escolha.
Grayson girado seu pulso, enviando sua dança de espada em torno
dele. — Não há escolha.
— Você está cometendo um erro, — disse Nigel e deu um passo
ameaçador em direção a ele. — Eu posso lhe dar poder além de sua
imaginação.
— Não há nada que você tem o que eu preciso.
Nigel lentamente desembainhou sua espada, a lâmina brilhando à luz
do sol. — Esta é a sua última chance.
— Pare de falar e lute—, Grayson disse quando ele dobrou os joelhos,
se preparando para um ataque.
— Como quiser.
Grayson tinha visto Nigel lutar, sabia que o bastardo era rápido, mas
quando o ataque veio, levou toda a vontade e formação de Grayson para
mantê-lo em seus pés.
A lâmina de Nigel tinha a força de cinco homens. Cada vez que suas
lâminas se encontravam, o braço de Grayson reverberou poder absoluto de Nigel. Mas Grayson não estava prestes a desistir. Ele lutaria até dar o seu último suspiro.
Sem armadura para onerar ele, Grayson era capaz de se mover mais
rápido, dando-lhe mais agilidade ao andar, pular e rolar para longe balanços e golpes ferozes de Nigel. Grayson assobiou e pulou para trás quando a lâmina de Nigel abriu um corte em sua coxa. Sangue embebeu as calças de Grayson. O corte foi profundo e latejava impiedosamente. Inclinou a maior parte de seu peso em sua perna boa e fez sinal Nigel a ele.
— Você não teve o suficiente? — Nigel provocou.
— Você vai ter que cortar mais do que a minha perna para me fazer
parar.
Nigel rosnou e ergueu a espada. — Eu vou cortar o seu coração, seu
filhote insignificante.
Grayson apenas sorriu. Ele sabia melhor do que deixar que suas
emoções nublarem ele, no meio da batalha. O sangue de sua vida podia ser drenado de seu corpo, mas ele traria Nigel para baixo antes do fim.
— Você vai ter que ficar perto de mim primeiro, — Grayson provocou.
— Você não sabe com quem está lidando.
Grayson deu um passo para a esquerda para cada passo que trouxe
Nigel mais perto dele. Grayson queria seu escudo. Assim como Nigel
balançou sua espada em seu pescoço, Grayson abaixou e rolou.
Ele agarrou o escudo quando ele chegou a seus pés e enfrentou Nigel.
Ele sentiu, mais do que viu, desprezo de Nigel. — Você só está
prolongando o inevitável.
— Pare de falar, velho. É seu dia de morrer.
Com um rugido, Nigel carregado. Grayson trouxe seu escudo a tempo de
bloquear o golpe cruel, mas ele nunca viu o pé de Nigel agarrar em torno de sua perna. Grayson bateu no chão com uma força alarmante. Seus pulmões
bloqueando, nem entrando o ar e nem liberando qualquer coisa. Através de sua névoa de dor, ele recordou as palavras de Adrianna e rapidamente se afastou.
Grayson respirou fundo e levantou o olhar para ver a lâmina de Nigel
enterrada no chão. Grayson balançou sua espada na direção de Nigel. Houve um estalo alto quando a lâmina de Nigel partiu em dois. Enquanto Nigel rugiu sua fúria, Grayson ficou de pé, ignorando a dor cortante em sua perna.
Nigel virou para ele, sua raiva óbvia. — Que mágica você usou? —
Perguntou ele. — Minha lâmina era indestrutível.
— Obviamente, você estava errado.
?.?
Os pés de Adrianna escorregaram ela caiu os dois últimos passos para o pátio. Seu olhar estava voltado para Grayson e Nigel. Quando ela viu Grayson cair, ela sabia que era sua visão. Ela tinha corrido tão rápido quanto podia para ele, mas então ele tinha rolado a distância. Para segurança.
O alívio que derramou através dela fez suas pernas fracas. Seu corpo
tremia de medo, o que causou seus pés perderem os passos. Ela teria uma contusão nas costas essa altura, mas ela não se importava. Nada importava exceto Grayson.
Adrianna acalmou. Ela não queria que Grayson a visse fora do castelo
porque isso causaria sua atenção para desviada de Nigel. E isso seria
desastroso. Ela sorriu com a visão de lâmina quebrada de Nigel. Talvez a sua magia sobre a espada de Grayson tivesse trabalhado. Ela estava tonta com esperança. Grayson tinha uma chance; ele poderia sobreviver.
Então ela o viu favorecer a perna direita e o sangue de seu ferimento.
O estômago de Adrianna agitou. Sua ferida iria atrasá-lo, como seria a sua perda de sangue. Ela tinha que se aproximar dele, para usar a sua magia para ajudar a curar a ferida.
Ela correu a partir dos passos castelo para o próprio castelo. Com as
costas contra as pedras cinza, ela se aproximou de Grayson e Nigel. Quando ela estava tão perto quanto ela ousou, ela fechou os olhos e começou a cantar as antigas palavras em sua mente, concentrando toda a sua magia em Grayson.
Era tudo o que ela sabia fazer, mas tinha que ser suficiente. Isso tinha que funcionar.
?.?
O caminho escondido era longo, sinuoso. Uma pessoa podia ignorá-lo
se eles não soubessem o que procurar. Mas ele sabia.
O chão tremeu embaixo do homem quando o cavalo sacudiu a cabeça
em sinal de advertência. O homem tinha visto Nigel entrar Hawksbridge. No silêncio da manhã, ele podia ouvir o barulho das espadas quando a batalha começou entre o novo senhor e Nigel.
Ele saltou de seu cavalo e pôs a mão no chão. Uma massa de cavalos
avançando rapidamente para Hawksbridge. A forma calma como os
cavaleiros de Nigel se sentaram sobre seus cavalos fora dos muros da Hawksbridge lhe dizia que o exército de Nigel estava vindo.
Ninguém em Hawksbridge teria uma chance agora.
Com um suspiro, ele montou em seu cavalo. Ele sabia o resultado
desta batalha sangrenta. Sussurros da insurreição se espalhariam sobre a terra durante a noite. O povo de Hawksbridge ia tomar uma posição com o seu
novo senhor.
E ele gostaria de estar com eles.
Ele tinha sido predestinado. Ele pensou que este dia nunca chegaria,
mas ele tinha. Ele estava mais do que pronto para isso.
?.?
— Você precisa de uma espada, — disse Grayson. — Eu acho que eu
poderia conseguir encontrar uma.
— Eu não preciso de nada.
Mal Nigel falou e ele levantou a espada quebrada e cortou para baixo.
Grayson levantou o escudo para bloquear o ataque ao mesmo tempo, ele se lançou e empurrou sua própria lâmina na área exposta sob o braço de Nigel.
Nigel gritou e empurrou para trás. Grayson olhou para sua lâmina.
Não havia sangue nela, nenhuma evidência de que ele havia ferido Nigel, mas ele sabia que tinha. Ele sentiu a ponta da lâmina no corpo de Nigel.
Grayson ergueu o olhar quando Nigel riu.
— O que é isso? — Perguntou Nigel. — Não sabe o que fazer, já que
não há sangue? Tentei dizer-lhe, eu não posso ser morto. Não há nada que você possui, que poderia acabar com a minha vida.
Frustração rasgou Grayson. O único ponto de alivio era que sua perna
tinha parado de doer. Pelo menos ele poderia colocar algum peso sobre ele agora, dando-lhe mais força em um ataque.
—Você pode morrer, disso eu tenho certeza. Eu só tenho que descobrir
como.
De repente, Nigel latiu uma gargalhada. — Você acha que poderia
trazer outra bana-bhuidseach dentro Hawksbridge e eu não saber?
Grayson acalmou. Ele se recusou a olhar para longe de Nigel, mas ele não precisava. Ele podia sentir Adrianna próxima. Foi ela quem tomou a dor de sua ferida. Grayson silenciosamente a amaldiçoou por deixar a segurança do castelo.
— Você deve estar enganado. Há apenas uma.
— Oh, sim. Sua mãe, — disse Nigel e deu um passo para longe dele.
Grayson rapidamente seguiu. Ele não sabia onde Nigel estava indo,
mas ele apostaria sua espada era para Adrianna. — Sim, minha mãe.
— Você ficou surpreso de encontrá-la ainda está viva? Houve muitas
vezes que eu pensei em matá-la.
— Então por que não o fez?
Nigel parou, a cabeça inclinada para o lado. — É possível que você não saiba?
Grayson estava cansado dos segredos. Ele apertou a mandíbula
enquanto lutava para trazer sua raiva sob controle.
— Você não sabe, — Nigel disse finalmente, sua voz cheia de humor.
—Acho estranho que sua mãe não lhe dizer.
Grayson não queria jogar jogos com Nigel por mais tempo. Ele
levantou sua espada para atacou ele, só que Nigel se moveu com velocidade relâmpago.
De repente, Adrianna estava nas mãos de Nigel, sua espada quebrada
em seu pescoço. Seus amplos, olhos azuis pálidos virados para Grayson. Ele sentiu o medo como se fosse o seu própria, e ele sabia naquele momento que ele faria qualquer coisa para libertá-la.
—Você mentiu para mim, — disse Nigel. — Eu posso sentir a sua
magia tão forte como eu sinto o seu batimento cardíaco. Eu não senti uma magia tão forte em um longo tempo.
— Liberte-a, — Grayson exigiu.
— Ou o quê? — Nigel provocou. — Você vai me atacar novamente?
Você não aprendeu que não há nada que você pode fazer que irá me
prejudicar?
— O que você quer?
— O que eu queria quando eu cheguei a Hawksbridge. Eu quero você, Grayson.
CAPÍTULO TRINTA E UM
Grayson só pode olhar para Nigel. — Eu?
— Eu sempre quis você, — respondeu Nigel. — Embora não soubesse
que o menino que deixar escapar era o mesmo pelo qual procurava.
Grayson balançou a cabeça. — Por que diabos você poderia me querer?
— Porque sua magia cresce a cada dia. Você nem sabe que tem um
grande poder, não é?
—Não, — disse Grayson. Ele olhou para Adrianna, e viu a sobrancelha
dela franzida em confusão.
Nigel riu. — Eu não sabia do poder que você tinha naquela época,
então Leoma conseguiu me enganar Deveria tê-la matado e o criado como
meu próprio filho, porém.
— Os machos não têm mágica.
— Não deveriam ter, — Nigel concordou. — Mas há alguns casos em
que os homens herdaram o poder das mães.
Grayson balançou a mão no ar. — Chega de mentiras. Eu não tenho
nenhum poder.
— Sim, você tem. Venha comigo, e eu vou lhe mostrar.
— Nunca, — Grayson disse entre os dentes cerrados.
Nigel posicionou a ponta quebrada de sua espada contra o pescoço de
Adrianna. Sangue jorrou e rolou por sua pele cremosa, escorrendo entre seus seios. — Venha comigo. Ou ela morre.
Adrianna era a única por quem Grayson faria qualquer coisa. E essa foi a razão pela qual ele havia implorado para que ela ficasse dentro do castelo, longe dos olhos de Nigel. Ela deveria saber disso.
A lâmina em seu pescoço não se comparava com a dor em seu coração.
Adrianna lutou contra Nigel, fazendo-o cortar mais profundamente sua pele.
Mas ela não se importava. Grayson não podia ceder a Nigel, não podia vender sua alma.
— Você pode tentar mentir, se quiser — disse Nigel para Grayson. —
Diga-me que ela não significa nada para você. Diga-me que eu não cheiro o seu perfume sobre ela. Diga-me que você preferiria vê-la morrer do que me dar sua alma.
Adrianna agarrou a mão que apertava sua mandíbula. Os dedos de
Nigel estavam muito apertados, sufocando-a. Ela eventualmente se acalmou, porém, e então ele instantaneamente afrouxou o aperto.
— Não me faça matá-lo, — ele sussurrou no ouvido dela. — Você quer
ver seu amante viver, não é?
— Se você tomar sua alma, vai matá-lo de qualquer jeito.
A mão de Nigel apalpou seu seio. — Ele vai viver. E você também
pode, se fizer o que eu digo.
— Você me dá nojo. — Ela fechou os olhos, odiando o toque de Nigel.
— Isso não foi muito inteligente da sua parte, — ele disse, sua voz tão fria quanto gelo.
— Solte-a, — Grayson ordenou, sua voz baixa e letal.
Nigel riu e continuou a acariciar os seios de Adrianna. — Ou você vai
fazer o quê? Me matar?
As palavras mal tinham saído da boca de Nigel quando uma espada
atravessou em sua garganta. Sangue pulverizou Adrianna quando ela desviou a cabeça. Quando o braço de Nigel a soltou, ela se afastou rapidamente e correu para os braços de Grayson.
— Você está muito ferida? — Ele perguntou quando inclinou a cabeça
dela para o lado, para olhar seu pescoço.
— Estou bem. Quem jogou a espada?
— Minha mãe, — ele sussurrou.
O som de algo borbulhando os distraiu da conversa. Adriana virou-se então, e encontrou Nigel puxando lentamente a espada de sua garganta. O
sangue dela se transformou em gelo, e seu estômago caiu a seus pés.
— Você precisa correr, —, Grayson sussurrou no ouvido dela quando a
se afastou de Nigel.
Ela deixou Grayson empurrá-la para trás de seu corpo.
— Corra.
Ela agarrou a mão dele. — Não vou te deixar sozinho.
Seu olhar prata capturou o dela. — Eu vou morrer aqui, Drina, mas
você não precisa ter o mesmo destino. Não o deixe usá-la contra mim
novamente. Eu vou fazer qualquer coisa que ele pedir se ele estiver com você.
Lágrimas reuniram-se nos olhos dela. Ela sabia que ele estava certo,
mas o pensamento de deixá-lo, de nunca mais vê-lo novamente, era muito doloroso para imaginar.
— Por favor, — ele implorou.
Ela assentiu com a cabeça.
— Corra, e não olhe para trás, — disse ele, dando-lhe um pequeno
empurrão.
Adrianna poupou um último olhar para Nigel. O elmo dele a
enfrentou, e ela poderia jurar que o sentiu sorrindo alegremente. Mas ela não parou. Ela levantou a saia e correu tão rápido quanto possível para o castelo.
Mas ela não iria sair sozinha. Estava determinada a levar Leoma
consigo.
— Leoma, — ela gritou quando fechou a porta do castelo atrás de si. —
Leoma, temos que sair. Agora.
Adrianna tinha começado a subir as escadas quando olhou para cima,
derrapando até parar. No topo das escadas, ao lado de Leoma, havia um
homem que se parecia muitíssimo com Grayson, embora tivesse o cabelo loiro escuro manchado de cinza.
Ela se afastou de Leoma e do homem. Havia muitos segredos, muita
maldade.
— Adrianna, — Leoma a chamou. — Não há necessidade de ter medo.
Ela balançou a cabeça e continuou a se afastar. — Grayson me mandou sair.
— E você deve obedecê-lo, — disse o homem. — Imediatamente. Nigel
não deve colocar as mãos em você de novo. Vá pela passagem secreta.
O olhar de Adrianna desviou-se para Leoma. — Por que você não
contou a Grayson que seu pai estava vivo?
— Nem mesmo Nigel sabe que William não está morto, — disse
Leoma. — Sabíamos que chegaria o dia em que Grayson retornaria.
Contamos com ele ser forte o suficiente para sobreviver até o dia de hoje.
— Nós só não esperávamos por você, — disse William com um sorriso
suave, seu olhar prateado a encarando. — Obrigado, Adrianna, por salvar a vida do meu filho.
Ela então observou o pai de Grayson descer as escadas e sair do
castelo.
— Você deve sair.
Adrianna virou-se para encontrar Leoma ao seu lado. — E você deve
vir comigo.
— Não. Meu lugar é aqui, defendendo meu filho e ao lado do meu
marido. Agora vá, Adrianna.
Desta vez, Adrianna não olhou para trás. Ela se apressou a descer a
escada, contando cada passo até que alcançou a décima escadaria. Justamente como Leoma tinha explicado, Adrianna bateu o pé e sentiu o bloqueio. Ela então movimentou o dedo do pé e a porta escondida se abriu.
Ela correu para dentro e, um segundo depois, a porta se fechou.
Adrianna levantou a saia e caminhou tão rápido quanto ousava pelo corredor escuro como breu. Ela nunca pensou que seria tão difícil deixar Grayson.
Lágrimas caíam pelo seu rosto, e várias vezes ela tropeçou sobre as
pedras irregulares da caverna. Mas isso não importava. Nada mais importava sem Grayson.
?.?
Grayson deixou escapar um suspiro de alívio quando Adrianna entrou no castelo. Ele se certificaria de que ela tivesse tempo suficiente para chegar à passagem secreta antes de Nigel procurá-la. Ele olhou novamente para Nigel.
O bastardo ainda estava de pé, como se não tivesse acabado de ter ser pescoço atravessado por uma espada.
— Dói? — Perguntou Grayson.
Nigel jogou sua espada quebrada de lado e testou o peso da que tinha
tirado do pescoço. — Eu não sinto nada.
— Acho que você está mentindo. Quer você possa morrer por uma
ferida ou não, ainda sente a dor.
— Curioso para descobrir? — Perguntou Nigel.
Grayson bufou. — Nunca.
— Você continua dizendo isso, mas se eu ainda tivesse aquele saboroso
pedaço de mulher em minhas mãos, você não seria tão arrogante.
— Como você pode ter certeza? Acha mesmo que eu me importava o
suficiente com ela para entregar-lhe minha alma?
— Se isso significasse que ela poderia viver? Sim, eu apostaria nisso.
Agora, que tal ver se sua ferida curou o suficiente para que você possa lutar comigo corretamente?
Grayson levantou sua espada para bloquear um ataque da lâmina de
Nigel. Surpreendentemente, sua perna parecia quase normal. Ele pulou e girou, e não sentiu sequer uma pontada de dor.
Ele quase sorriu. Quase. Os ataques de Nigel tinham acelerado o
ritmo, e Grayson achava cada vez mais difícil se defender. Sem contar que ele não foi capaz de acertar um golpe de sua autoria nenhuma vez. Nigel se mantinha na defensiva, e estava cansando-o rapidamente.
Grayson conseguiu desviar de outro golpe e, quando o fez, deixou cair
seu escudo e pegou o braço de Nigel. Com um poderoso impulso, Grayson
deu uma cotovelada na garganta Nigel antes de atingi-lo com o punho,
amassando lhe o elmo.
Nigel cambaleou para trás, mas não caiu. Grayson soltou um suspiro e
esperou pelo próximo ataque. Assim que Nigel levantou a espada e deu um
passo em sua direção, porém, alguém gritou o nome de Grayson, parando o ataque inimigo.
Grayson olhou por cima do ombro de Nigel e ficou pasmo. Nigel, por
sua vez, rosnou quando se virou para encarar o homem.
— Bem, William. Parece que a cadela da sua esposa mentiu para mim
duas vezes.
— Ela te enganou, Nigel. Dê-lhe o devido crédito.
Os joelhos de Grayson quase se dobraram. William? Meu pai? Ele não podia acreditar em seus olhos, nem mesmo depois de ouvir seu pai falar.
— Você deveria ter morrido naquele dia, — disse Nigel.
William deu de ombros. Seu cabelo loiro escuro estava despojado
sobre seus ombros, seus olhos prateados cheios de raiva. — Você acha que eu não sabia sobre a sua traição?
— Eu sempre achei que você fosse um tolo, na verdade. Por que nunca
me atacou antes?
Grayson se moveu atrás de Nigel para ver seu pai. Ele esperou,
prendendo a respiração, para ouvir o que seu pai diria.
— Eu esperei pelo dia em que meu filho seria melhor que você.
— Então você veio para me ver matá-lo, não é?
— Não será Grayson quem vai morrer hoje.
— Você usou sua magia, então? — Perguntou Nigel. — Você olhou o
futuro como sua esposa tem feito para mim?
Grayson engasgou. Seu pai tinha magia? Seu pai era um bana-
bhuidseach? Ele olhou de seu pai para Nigel, com incontáveis perguntas nadando em sua cabeça.
William riu um som desprovido de qualquer humor. — Sim, eu olhei,
assim como esperei.
— Você foi muito covarde para me desafiar por conta própria. Você
me deixou assumir seu castelo, seu povo e sua esposa.
O peito de Grayson começou a doer com as palavras de Nigel. Ele não
podia acreditar que seu pai tinha sentado de braços cruzados enquanto Nigel infectava Hawksbridge. Seu pai o tinha deixado sozinho, seu pai tinha
deixado sua mãe ser abusada. Ele tinha deixado seu povo desmoronar até chegar a quase nada.
Era quase demais para Grayson suportar. Voltar para Hawksbridge
deveria dar-lhe respostas, e não trazer mais perguntas. Ele desejava conhecer seus pais, tê-los ao seu lado, mas agora mal conseguia olhar o pai nos olhos.
William, no entanto, ignorou seu filho, seu olhar focado em Nigel. —
Você não sabe de nada.
— Eu sei o que vi. Onde você estava quando sua esposa gritou
enquanto estava sendo espancada?
William sorriu, um sorriso cheio de malícia e raiva. — Eu estava ao
lado dela. Eu fiquei sob o nariz de todos durante estes anos, Nigel. Você nunca soube de mim, porque foi assim que eu quis que fosse.
— Você mente.
— Eu? — William perguntou, seu corpo preparado para um ataque.
Grayson ouviu cada palavra, observou cada movimento dos homens, e
esperou. Assim que Nigel deu um passo em direção a William, porém, o chão começou a tremer.
Nigel latiu uma gargalhada. — Meu exército chegou. Todos vocês
serão derrotados.
Grayson estava prestes a avisar para as pessoas dentro do castelo se
abrigarem quando ouviu uma voz familiar gritar ao longe.
— É Drogan, — ele gritou, gesticulando para seus homens abrirem as
portas. — Drogan de Wolfglynn chegou. Seus dias como senhor de
Hawksbridge estão chegando ao fim, Nigel.
Grayson começou a voltar-se em direção aos cavalos que se
aproximavam quando, pelo canto do olho, viu Nigel se movimentar. Foi puro instinto que fez Grayson desviar-se antes de Drogan gritar seu nome. A espada de Nigel passou zunindo sobre sua cabeça, quase acertando seu rosto.
Foi então que fúria entrou em erupção dentro de Grayson. Ele tinha
aguentado o suficiente. Sua espada ansiava por sangue, e ele se certificaria de que fosse Nigel em quem sua lâmina se afundaria antes do sol se pôr.
— Você acha que um exército pode me parar? — Nigel perguntou a
ele. — Nada pode.
Grayson agarrou sua espada e andou na direção de Nigel. — Lute comigo.
— Acho que não. — O elmo de Nigel inclinou-se para trás como se
estivesse farejando o ar. — Eu tenho uma presa muito mais bonita para
capturar.
Adrianna!
O coração de Grayson pulou em sua garganta, mas antes que ele
pudesse se mover, houve um grande estrondo. Todos cobriram os olhos e se protegeram. No momento em que Grayson olhou ao redor outra vez, Nigel
tinha desaparecido.
— Adrianna, — disse ele, correndo para os estábulos para pegar um
cavalo descansado.
— Grayson.
Ele abrandou por um segundo e disse ao pai: — Eu não tenho tempo.
— Se você quiser salvá-la, precisa me ouvir.
Grayson suspirou e parou. Ele não sabia se podia confiar em seu pai,
mas ouvi-lo podia dar-lhe uma chance de salvar Adrianna. Ele encarou
William. — O que você sabe?
— Adrianna já teve tempo suficiente para sair do túnel. E eu conheço
um atalho que irá levar-nos a ela.
— Mais rápido que Nigel?
William comprimiu os lábios em uma linha fina. — Eu não sei, filho.
Grayson tinha ouvido tudo o que precisava. — Consiga um cavalo. Eu
vou montar este.
Ele não olhou para trás quando cutucou o cavalo a galope, até parar ao lado Drogan no pátio.
— Estou ansioso para ouvir essa história, — disse Drogan.
—E você vai, assim que eu encontrar Adrianna.
— Mostre o caminho, meu amigo.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
Adrianna afastou os ramos grossos que cobriam a entrada da caverna e
banhou-se na luz solar. O céu estava claro e brilhante, uma bela manhã para um dia tão horrível.
Seu coração doía em seu peito. A cada passo que dava ela tinha que se
forçar a continuar, em vez de voltar correndo para Grayson. Ela já sentia falta do toque dele, e do modo como seus olhos prateados a aqueciam com sua
intensidade.
Adrianna inclinou-se contra uma árvore e limpou as bochechas. Era
hora de parar de chorar. O que ela precisava agora era encontrar um cavalo, para que pudesse chegar a Wolfglynn. Se nada mais, ela pelo menos iria vingar a morte de Grayson.
Ela olhou mais uma vez para a entrada da caverna antes de se virar e
começar a caminhar pela floresta. O túnel a tinha levado o leste, em vez de para a costa, como ela esperava. Ela estava muito mais perto de Drogan e de Wolfglynn do que esperava.
No entanto, cada passo que dava para longe de Hawksbridge era como
uma facada em seu coração. Ela era uma bana-bhuidseach. Ela tinha magia correndo em seu sangue. E ela deveria ter ficado com Grayson.
E se Nigel pegar você de novo?
Só pensar no mau cheiro dele fez o estômago de Adrianna revirar. O
efeito de suas ervas tinha passado, mas sua magia tinha sido forte o suficiente para mantê-la de pé, abençoadamente. Mesmo agora, porém, ela podia sentir a respiração quente dele sobre ela, sentir a crueldade e a pura escuridão que controlavam lhe a alma.
Adrianna abraçou-se quando um arrepio correu por sua espinha. Ela não pode evitar se perguntar se Nigel viria atrás dela. Ele queria usar a magia de seu povo, mas por quê? Ela não entendia essa necessidade, e nem queria.
Ela se arrastou pela floresta, grata pelo sol que ajudava a iluminar o caminho através do dossel espesso de árvores. Um falcão chamou no silêncio, seu grito solitário ecoando sua própria tristeza.
Adrianna olhou para cima, e o viu pousado em um ramo antes dele
espalhar suas asas e voar para longe.
Como seria fácil escapar de sua melancolia se ela também tivesse asas.
Ela então poderia voar para algum lugar seguro, para algum lugar onde Nigel nunca fosse encontrá-la. Seguro, sim, mas solitário. Ela estaria sempre sozinha agora, pois ninguém poderia se comparar a Grayson.
Um par de faisões de repente voou, e após a partida das aves Adrianna
notou o silêncio absoluto que a rodeava. Ela parou, seu coração batendo descontroladamente em seu peito. O fedor do mal a cercava.
Com o sangue tão gelado quanto gelo correndo por suas veias,
Adrianna cerrou os punhos para fazer as mãos pararem de tremer. Se Nigel estivesse atrás dela, então Grayson estava morto. Tristeza a consumiu. Sem Grayson, não havia razão para viver. Ele tinha sido seu tudo. E agora, ela estava à deriva em um mar de desespero, sem terra à vista.
Adrianna respirou fundo e virou-se para encontrar Nigel atrás de si. —
Por que é que você caça o meu tipo tão desesperadamente?
Ele encolheu os ombros. — Eu uso a magia que vocês têm. Simples
assim.
— Acho que não é só isso. Se você quisesse mesmo me matar, eu já
estaria morta.
— Talvez eu só quisesse ver a reação de Grayson à ameaça a sua vida.
Ela balançou a cabeça. — Pelo que você vendeu sua alma? Poder? Você
prefere passar a eternidade no inferno apenas para ter alguns anos de
grandeza?
— É um preço justo, — ele respondeu. — Agora conte-me: quanto você
daria pela vida do seu amante?
Ela agarrou uma árvore para se manter de pé. — Você está me dizendo que Grayson está vivo?
— Talvez. Você trocaria sua alma pela dele? Concorda em passar o
resto da sua vida ao meu lado em troca da liberdade dele?
—Sim, — ela respondeu sem hesitar. Ela daria sua própria vida, se
Nigel a quisesse.
Nigel caminhou lentamente ao redor dela. — Interessante. Pergunto-
me se ele faria o mesmo em seu lugar...
— Eu não me importo. — Ela o seguiu com os olhos enquanto ele a
circundava. — Por que você está brincando comigo?
— Por que não brincar? Eu tenho tempo, e você não tem mais nenhum
lugar para ir.
Adrianna ergueu o queixo. Se ela teria que se sujeitar a responder as
perguntas dele, então ele poderia responder a algumas das suas também. —
Por que você quer Grayson?
— Ele tem um grande poder, embora esteja adormecido. Ele nunca
aprendeu a usá-lo, mas, quando o fizer, vai ser uma força a ser reconhecida.
— Você quer controlá-lo, quer que ele use seus poderes segundo suas
ordens.
— Eu sabia que você era inteligente. Sim, Grayson poderia fazer
grandes coisas para mim.
— Você deve estar enganado. Grayson pode ter um pouco de magia,
mas não todo o poder que você pensa que ele tem.
Nigel parou em frente a ela. — Você é quem está errada. O pai de
Grayson, William, também é um bana-bhuidseach.
Ela sentiu toda a cor desaparecer de seu rosto.
— Sim, — disse Nigel com um aceno. — Acho que agora você entende.
Tem sido assim por muito tempo: sempre que seu tipo se relaciona entre si, a magia é herdade quase que instantaneamente pela prole, independentemente do sexo.
Ela deu um passo para trás. — Você está mentindo.
— Não tenho nenhum motivo para mentir.
— E quanto a Grayson. Ele está vivo?
Nigel estendeu a mão. — Dê-me sua alma, e vou guiá-la até ele.
Adrianna olhou para a mão estendida à sua frente. Ela poderia se
afastar dele, o que certamente traria sua própria morte, ou poderia tomar sua mão e condenar sua alma aos piores tipos de males imagináveis.
Mas Grayson estaria vivo.
— Você vai deixar Grayson sozinho? Vai deixar Hawksbridge e nunca
mais voltar?
Nigel inclinou a cabeça para o lado, o sol refletindo em seu elmo. —
Sim.
Era o suficiente para ela. Ela levantou a mão, pronta para aceitar a
dele, quando o chão começou a tremer.
?.?
Grayson gritou de raiva quando viu Nigel com Adrianna. Ele se
inclinou para baixo sobre sua montaria, incitando o cavalo a correr mais rápido, e então sacou a espada, pronto para empalar Nigel.
A cabeça de Adrianna se virou, seus olhos se encontraram, e ele viu a
descrença no rosto dela. Ele queimou de raiva outra vez, porque sabia que Nigel a tinha enganado. Pouco antes dele alcança-los, porém, Nigel agarrou Adrianna, desta vez descansando a mão podre sobre o coração dela.
— Grayson, pare, — seu pai gritou.
Relutantemente, Grayson freou seu cavalo. Sua montaria parou
imediatamente quando sentiu a agitação de Grayson.
— Não se aproxime mais, — William advertiu.
Drogan parou do outro lado de Grayson. — O que está acontecendo?
Grayson deu de ombros. Ele não tinha palavras para expressar sua
raiva e frustração.
Seu pai falou em seu lugar. — Nigel está usando a única arma que tem
contra Grayson.
— Eu não entendo, — disse Drogan.
Mas Grayson entendia. — Nigel sabe que vou fazer de tudo por Adrianna. Ele está segurando-a, ameaçando levar a alma dela se eu me
recusar a ir com ele.
— Merda, — Drogan amaldiçoou, batendo com a mão sobre a coxa.
A risada de Nigel de repente ecoou ao redor deles. — Drogan,
querido, voltou para garantir outra surra?
— Eu ainda estou vivo, — disse Drogan. — Você não foi capaz de me
matar no passado, assim como não será capaz de me matar agora.
— Você tem certeza disso? — Nigel provocou.
Grayson pôs uma mão sobre o braço de Drogan, para impedi-lo de
continuar a discussão. — Ele quer a mim, — disse ele à Drogan. — Você já lutou com ele.
— E vou lutar de novo, — Drogan argumentou. — Ele quer me matar.
— Sim, mas agora ele só quer a mim. Leve seus homens e retorne para
Wolfglynn. Nigel logo irá atrás de você outra vez, para tentar terminar o que começou.
Os olhos dourados de Drogan o encararam profundamente. — Será
que vai ser contra você que terei que lutar quando Nigel retornar?
Grayson olhou para longe. — Entenda, Drogan, Adrianna é minha
vida. Ela é a dona do meu coração e da minha alma. Não tenho escolha.
— Não é verdade, meu filho, — disse William. — Há uma maneira.
Ele olhou de seu pai para Adrianna, e depois novamente para seu pai.
— Se você estiver mentindo...
— Não estou, — disse William. — Você viu e ouviu muitas coisas que
não entende hoje, mas estou pedindo que confie em mim.
O cavalo de Drogan se inquietou e esbarrou em Grayson. — Vá,
Grayson. Meu exército vai ficar aqui e garantir que Nigel não fuja outra vez.
Grayson poderia ter lembrado a Drogan que Nigel desapareceu no
meio do pátio, mas, no fim, apenas balançou a cabeça e virou-se para seu pai.
— Se Adrianna sofrer qualquer dano, vou me certificar de fazê-lo pagar por isso.
— De acordo. Agora me siga.
Com a mandíbula apertada, Grayson virou o cavalo e seguiu o pai.
?.?
Adrianna não podia acreditar que Grayson estava indo embora. A
alegria que a encheu ao vê-lo evaporou-se ao observá-lo ir embora sem olhar para trás.
— Parece que você estava errado em suas suposições a meu respeito,
— Adrianna disse entre dentes.
Nigel apenas riu. — Não. Ele se importa com você. Eu vi a
possessividade em seu olhar.
Ela tentou se afastar, mas Nigel a segurou firme. — Você pode me
soltar agora.
— Acho que não, minha linda. Grayson não vai desistir tão facilmente.
O olhar de Adrianna encontrou Drogan a observando. Ela já não sentia
a escuridão que o rodeava há um ano. Pelo menos ele estava livre agora.
— Por que você acha que Drogan e seu exército ainda estão aqui se
Grayson não tem outro plano? — Perguntou Nigel.
Ela não se incomodou em responder. Não havia motivos para isso, de
qualquer maneira. Nigel gostava de ouvir o som de sua própria voz.
— Diga-me, Adrianna, quão forte você acha que sua mágica é?
Seu coração falhou uma batida. — O que você quer dizer?
— Quero saber se você acha que sua mágica é forte o suficiente para
me enfrentar?
Ela olhou para a mão que pairava sobre seu coração. — Se você acha
que pode levar minha alma sem que eu a dê voluntariamente a você, vá em frente e tente.
Ele riu, um som cheio de maldade e frieza. — Você quase me faz
querer tentar. Eu sinto a magia dentro de você bater tão firme e forte quanto seu coração.
— Você perdeu, Nigel. Você já não controla Hawksbridge. E não pode
matar Grayson, também.
— Não pense que eu não percebi que você usou sua magia na espada dele. Eu pude sentir o cheiro na lâmina. Mas quanto será que foi a sua magia, e quanto foi a pura habilidade de Grayson que o protegeu?
Ela fechou os olhos, não querendo ouvir mais.
— Grayson pode se curar sozinho. Ele não precisa de você. Mas,
novamente, você já sabe disso há algum tempo, não é?
Ela tinha suspeitado, mas não quis encarar a verdade. — Não. Ele não
precisa de mim. Sou eu quem precisa dele.
— Finalmente uma verdade. Não que vá mudar alguma coisa. Não é,
Grayson? — Nigel perguntou, virando-os para a esquerda, para onde
Grayson se aproximava junto de seu pai.
Adrianna não pode encontrar o olhar de Grayson. Ela aprendeu tarde
demais que haviam caído nessa armadilha somente porque ela não tinha sido capaz de se afastar dele. Ela havia se apaixonado perdidamente por ele.
E agora ia perdê-lo.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
Grayson queria que Adrianna olhasse para ele. Ele precisava que ela
soubesse que tudo ia ficar bem. A confissão dela tinha quebrado seu coração.
Como ela poderia não saber que ele precisava desesperadamente dela?
Porque você não disse que a ama, seu tolo.
Ele não tinha dito. Ele havia deixado a chance passar, e agora se
arrependia miseravelmente. Mas ele faria as pazes com ela quando tudo isso terminasse.
— Eu estava agora mesmo dizendo a Adrianna que sabia que você não
tinha desistido, — disse Nigel. — Eu disse a ela como seus olhos atiraram punhais em minha direção quando me viu segurando-a.
— Ela é minha, — Grayson disse enquanto continuava a aproximar-se
deles. — Solte-a.
Nigel riu. — Apenas se você ocupar o lugar dela. Preciso de outro
bruxo, e aceito qualquer um de vocês. A decisão é sua, Grayson.
— Lembre-se, — William sussurrou atrás dele. — Lembre-se do que eu
lhe disse.
Grayson respirou fundo. Ele estava colocando a vida de todos nas
mãos de seu pai, um homem que não conhecia e em quem mal confiava.
Grayson orou para estar fazendo a coisa certa. Lentamente, ele deu mais um passo em direção a Nigel. — Você pode me ter. Basta soltar Adrianna.
— Eu sabia.
Sem aviso, Nigel jogou Adrianna para longe, e ela deu um grito
assustado quando caiu contra uma árvore. Grayson deu um passo em direção a ela quando percebeu que ela não estava se levantando do chão.
— Você é meu agora, — disse Nigel, estendendo a mão.
Grayson sentiu o puxar de Nigel, mas estava impotente para detê-lo.
Quanto mais perto ele chegava de Nigel, mais sentia a grande escuridão do mal se instalando dentro de si.
— Eu sabia que eventualmente você concordaria com a minha maneira
de pensar, — Nigel regozijou-se.
— Sabia?
Ele balançou a cabeça, o sol refletindo em seu elmo. — Nós vamos ficar bem juntos, Grayson. Vamos conquistar toda a Inglaterra. Poder e glória estarão facilmente ao nosso alcance.
Poder. Glória. Grayson não estava interessado em nenhum deles. A
única coisa que ele queria era Adrianna. — E tudo que tenho que fazer para isso é de bom grado dar-lhe minha alma?
— Simples assim.
Grayson cruzou os braços sobre o peito. — Você não está preocupado
com seus homens que se foram?
Eles tinham se dispersado ao vento quando viram Drogan andando
por Hawksbridge.
— Eles vão voltar, — Nigel disse, confiante. — Eu sou o dono das
almas deles, assim como sou dono deles. Exatamente do mesmo jeito que vai acontecer com você.
Grayson olhou para Adrianna. Ela ainda não tinha se movido. Merda.
Ele precisava dela tão longe de Nigel quanto possível.
— Grayson? — Nigel o chamou. — Dê-me o que prometeu.
Ele deixou os braços caírem em derrota e caminhou até parar entre
Nigel e Adrianna. Só então ele levantou o olhar para encarar Nigel. — Você quer a minha alma?
— Eu exijo a sua alma.
Grayson respirou fundo e concentrou-se na magia, exatamente como
seu pai havia instruído. Para sua surpresa, sentiu algo se mover dentro de seu corpo. Então ele esperou, ganhando força, até que sentiu a magia dominá-lo.
— Então venha pegá-la, — ele desafiou Nigel.
A mão de Nigel estendeu-se para ele, mas Grayson respirou fundo quando sentiu sua alma se deslocar. Ele deixou sua magia segurá-la, guiá-lo.
Uma e outra vez Nigel tentou tomar sua alma, e uma e outra vez ele falhou.
Grayson riu. — Você não tem energia suficiente para tomar minha
alma.
— Você a entregou livremente, — Nigel berrou.
— Eu não fiz nada disso, e você sabe.
— Você vai pagar por isso.
Assim que Nigel deu um passo em direção a ele, Grayson empunhou
sua espada e atacou. A ponta enterrou-se facilmente no elmo de Nigel,
fazendo-o rugir e cambalear para trás, as mãos lutando para afastar a espada de seu rosto.
Grayson virou-se e pegou Adrianna em seus braços. Ele então correu
até seu pai, que segurava seus cavalos e os deixava rapidamente prontos para montar.
— O que será de Nigel? — Perguntou Drogan.
Grayson sorriu e deu-lhe um aceno. Drogan então levantou a espada, e
seus homens o seguiram até Nigel, cada um deles perfurando-o com suas
armas. Grayson queria assistir, ver Nigel morrer, mas primeiro tinha que levar Adrianna para Hawksbridge.
Ele instigou o cavalo a galopar e correu para o castelo. Quando parou
sua montaria no pátio, encontrou sua mãe esperando por ele.
— Ela está machucada?
— Não sei, — disse Grayson enquanto carregava Adrianna para o
castelo. Sua mãe, porém, guiou-o para a esquerda. — Para o solar, Grayson.
Quando ele entrou no solar, Adrianna suspirou em seus braços. Ele
olhou para baixo e observou os olhos dela se abrindo. Ele nunca sentiu tanta alegria como quando o olhar azul pálido de Adrianna encontrou o seu.
— Olá, — disse ele.
Ela sorriu. — Olá.
— Você está ferida?
— Acho que não. O que aconteceu?
Grayson a colocou de pé quando sua mãe entrou segurando uma taça de água. — Nigel tentou tirar minha alma, mas minha magia foi muito forte para ele encarar.
?.?
Adrianna assistiu o sol mergulhar no céu. Tinha sido um dia
interessante, cheio de medo, alegria, morte e amor. Ela sorriu quando se lembrou de como tinha visto Leoma e William andando de mãos dadas
enquanto caminhavam para o quarto.
— Por que você está sorrindo assim?
Ela olhou para Grayson. — Estava pensando em seus pais. Você ainda
está chateado com eles?
Ele suspirou. — Acho que vai levar algum tempo para que eu
realmente entenda a profundidade do que eles fizeram.
— O que eles fizeram foi desistir de seus anos juntos, a fim de mantê-lo vivo. Seu pai nunca esteve longe de sua mãe. Ele sempre esteve aqui, sempre cuidando de seu povo.
Grayson balançou a cabeça e olhou para as pedras a seus pés. — Você
está certa, é claro.
Ela tocou o rosto dele, querendo dar-lhe todo o conforto que pudesse.
— Eles não o abandonaram. A magia deles o manteve seguro, Grayson.
— Eu sei.
— Você os têm por perto agora, pelo menos.
Ele se mexeu e voltou seu olhar para ela. — Sim, mas isso não é
realmente o que eu quero.
— O que mais você poderia querer? — Ela perguntou com uma risada.
— Você derrotou Nigel, deu aos seus pais a possibilidade de viverem juntos novamente, e conquistou seu povo. Você reclamou o que tem sido seu desde o dia do seu nascimento.
— Sim. Mas ainda não tenho você.
Adrianna deixou a mão cair e tentou se afastar, mas ele a deteve.
— Por favor, — ele implorou. — Não vá. Você não pode me deixar agora, não quando eu finalmente percebi que te amo.
Lágrimas arderam nos olhos de Adrianna. Ela tinha esperado por toda
sua vida para ter um homem confessando-lhe seu amor. E era ainda mais
doce agora, considerando o quanto ela também estava apaixonada por
Grayson.
— A maldição, — ela começou.
— Não. Se meus pais e Drogan e Serena puderam quebrá-la, nós
também podemos. Não desista de nós, do nosso amor, por causa de uma
maldição.
Adrianna piscou. — Eles realmente quebraram a maldição. Seu pai
nunca a deixou.
— E ele é um bana-bhuidseach, o que significa que eu também sou.
Pense no futuro que poderíamos ter, Drina.
Ela seria a maior tola do mundo se recusasse o que ele lhe oferecia.
Havia uma chance de quebrar a maldição. Então, por que não arriscar?
Sem uma palavra, ela aninhou-se nos braços dele.
Os braços de Grayson a apertaram, e ele apoiou seu queixo na cabeça
dela. — Diga-me que é isso é um 'sim'.
Ela riu e inclinou a cabeça para poder encara-lo. — Sim.
— Então você vai se casar comigo? Você será minha?
— Eu sempre fui sua, Grayson. Sempre.
EPÍLOGO
Um Mês Depois
Adrianna sorriu, muito contente para se expressar com simples
palavras. Ela agora era Lady Adrianna de Hawksbridge.
— Você sabe que toda vez que a encontro nesta torre sinto a
necessidade de fazer amor contigo.
Ela sorriu ainda mais amplamente com as palavras de Grayson, e se
virou para ele. — E por que você acha que eu venho até aqui?
— Você se tornou bastante impertinente.
— Não graças a você.
Ele passou os braços em volta dela. — Você está sorrindo como se
guardasse um segredo.
Adrianna lambeu os lábios. Ela não queria contar a ele ainda. Na
verdade, ela pretendia esperar até mais tarde naquela noite. — Você não gostaria de esperar e descobrir mais tarde?
— Não, esposa. Eu prefiro saber agora.
Ela então deu um passo para trás e colocou a mão em sua barriga.
Com a testa franzida, ele olhou para ela e para a barriga dela, repetindo a ação mais de uma vez.
— Você está...? Será que vamos...?
A excitação e o medo em seus olhos prateados foi incrível de ver.
Adrianna assentiu com a cabeça através de seu riso. — Sim, Grayson. Nós vamos ter um filho.
Ele deu um grito de alegria e puxou-a contra o corpo, beijando-lhe as
pálpebras, lábios e bochechas.
— Um filho, — disse ele quando finalmente se acalmou.
Mas ela percebeu que a alegria tinha desaparecido da voz do marido.
— Qual é o problema?
— Nigel. Assim como em Wolfglynn, ele desapareceu quando
estávamos certos que tinha finalmente morrido.
Adrianna segurou o rosto dele. — Você sabe para onde ela vai agora.
— Sim. Cade.
— Onde está Cade?
— Não sei. Nem Drogan sabe, mas suspeito que ele esteja em
Wolfglynn, vigiando Drogan.
Adrianna respirou fundo. — Alguns bana-bhuidseach têm entre seus dons a capacidade de localizar pessoas. Eu não consigo fazer tal coisa, mas talvez sua mãe ou Serena possam tentar.
— Ou Francesca.
Ela tinha se esquecido da outra bana-bhuidseach que vivia na ilha vizinha ao castelo de Drogan. — Sim. Ela pode ser capaz.
— Vale a pena tentar, — disse Grayson. — Eu quero Nigel morto bem
antes da nossa criança chegar a este mundo.
— Então é melhor se apressar.
Um lado da boca dele curvou-se em um sorriso perverso. — Vou
mandar um mensageiro em breve. Agora, porém, tenho outros assuntos que precisam da minha atenção. Como estes.
Adrianna suspirou quando ele segurou seus seios. Ele sempre sabia
como tocá-la, como proporcionar-lhe o prazer mais requintado. Quando ela abriu a boca para beijá-lo, sentiu a mágica dele se misturar com a dela, e sentiu ambas se infundirem em seu filho.
Ela venceria a maldição, não tinha dúvidas. Ela tinha Grayson. Tinha
seu amor.
E tinha o filho dele crescendo dentro de sua barriga.
Ecos de sua magia iriam reverberar pelas pedras de Hawksbridge por séculos depois que eles partissem.
Donna Grant
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