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EQUÍVOCO DE IDENTIDADE / Nic Chaud
EQUÍVOCO DE IDENTIDADE / Nic Chaud

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Tímida e reservada, Bianca sempre enfrentava grandes desafios em seu trabalho. Participar de reuniões, fazer apresentações, viajar de avião, provocavam-lhe uma tortura mental que drenava toda a sua energia. Ao final do dia sentia-se exausta, tudo o que queria era se jogar na cama e dormir para não precisar ficar remoendo seus próprios sentimentos de inadequação.

Suas auto cobranças eram de fato destruidoras. Por mais que se esforçasse, sempre achava que podia ter feito melhor, ou se comportado de maneira mais agradável. Era guiada por um ideal de perfeição impossível de ser atingido. Com certeza precisaria de um psicanalista e de muitas sessões de análise para diminuir o peso que carregava em seus ombros, o peso das imperfeições que acreditava ter.

Não adiantava receber elogios dos seus superiores, nem avaliações positivas, ou prêmios de reconhecimento. Era como se as congratulações estivessem sendo dirigidas à outra pessoa, não a ela. Ela não as merecia, era imperfeita, insegura, tinha medo das pessoas. O fato de ter conseguido avançar em sua carreira era um enigma para ela, algo que a deixava perplexa.

A única pessoa no mundo com quem conseguia se abrir era sua amiga de internet, chamada Ellen. Com ela conseguia falar dos problemas do trabalho e também os do coração. Era muito mais fácil interagir através de um teclado do que pessoalmente, por isso aquela amizade genuína era sentida por Bianca como um oásis no deserto. As palavras da amiga acalmavam suas preocupações, incentivavam-na a ir em frente e a faziam refletir sobre suas próprias conquistas.

Mais do que nunca, Bianca precisava dos conselhos de Ellen naquele momento. A perspectiva de uma nova viagem, desta vez ao exterior, a estava deixando apavorada. Aterrissar em solo estrangeiro sem ter ninguém para pedir socorro a fazia ter certeza de que teria uma crise de pânico. Só de pensar nessa possibilidade, sentia falta de ar e seu coração parecia que ia saltar pela boca.

Mas Ellen, com seu jeito carinhoso e tranquilizador, repassou com ela todas as etapas da viagem, cada trajeto a percorrer e o que teria que fazer caso se perdesse ou passasse mal. Fez isso muitas vezes, sem perder a paciência com as inseguranças de Bianca. E isso que elas nem se conheciam pessoalmente. Quem foi que disse que amizades virtuais não podem ser verdadeiras? Podem e muitas vezes são mais verdadeiras do que as reais

Tendo este sentimento de confiança estabelecido entre elas, Bianca sentiu-se à vontade de comentar que ainda era virgem. Revelou para Ellen que nunca teve coragem de se aproximar romanticamente de ninguém, nem de deixar alguém se aproximar dela. Como poderia? Não sabia beijar, muito menos transar. Se acabasse no quarto com alguém, provavelmente esse alguém fugiria devido à sua incompetência sexual.

Mas Ellen, com a sua sabedoria, e experiência de muitos casos e namoros, deu a ela todas as dicas de como se comportar na cama com um homem. E prometeu que se Bianca seguisse suas dicas, voltaria para casa com o status de não ser mais virgem. Cansada de ter mais aquele peso nos ombros, Bianca topou o desafio.

As dicas seriam passadas à Bianca, quando ela já estivesse no hotel onde ficaria hospedada, no qual também participaria de um seminário promovido pela empresa petrolífera em que trabalhava. Era um seminário sobre desenvolvimento pessoal, para gerentes com a possibilidade de chegarem aos cargos de chefia mais altos dentro da empresa. Mais um assombro para Bianca, estar incluída entre esses gerentes.

O fato de ter decidido perder a virgindade durante a viagem, colaborou e muito para que o seminário transcorresse sem lhe causar ansiedade, pois as palestras a protegiam de ter que levar seu plano adiante. As dicas passadas por Ellen a faziam suar frio só de se imaginar executando cada passo. Primeiro deveria comprar o conjunto de lingerie mais sexy que conseguisse encontrar, depois passar no salão do hotel para fazer cabelo e unhas. De volta ao quarto deveria tomar um banho relaxante de banheira com sais perfumados e massagear o corpo com um hidratante até sua pele ficar bem macia, para então colocar o conjunto sexy e se olhar no espelho.

Todos os dias, Ellen lhe cobrava se tinha colocado o plano em ação, mas foi só no último dia que tomou coragem. Talvez pelo fato de que quase todos os participantes do seminário já tivessem ido embora e só ela ainda estar hospedada no hotel. Seu avião partiria no dia seguinte. Saber que estava deixando o país a livrava da ansiedade pela possibilidade de reencontrar o homem que tiraria sua virgindade. Não suportaria receber olhares de decepção por sua participação sexual medíocre.

Bem, lá estava ela, olhando-se no espelho como ordenado por Ellen. Teve que admitir que estava sexy. A lingerie sofisticada valorizava suas curvas, os seios pareciam mais empinados e volumosos do que o normal e o traseiro muito mais sensual. O próximo passo seria assistir um vídeo pornô para colocar o espírito no clima e se familiarizar em como se comporta um membro masculino ereto. Ellen pensava em tudo.

Escolheu um vídeo amador, para não cair na tentação de comparar sua atuação com a de uma profissional. Mas precisaria cumprir o próximo passo, ir até o bar e tomar um drink, para diminuir suas inibições e controlar seu ideal de perfeição. Uns dois goles de uma bebida já fariam esse efeito, esperava Bianca, desacostumada com a ingestão de álcool.

Terminou de se arrumar colocando um vestido preto também sofisticado, sugestão de compra da amiga, mais um scarpin de saltos bem altos. Maquiou-se levemente e o resultado foi a imagem de uma desconhecida. Nunca tinha se vestido de forma tão provocante em sua vida. Mas quem está na água é pra se molhar, pensou Bianca, enquanto se dirigia ao bar.

Sentada no balcão, com uma taça de Martini na mão, Bianca esperava que o álcool cumprisse seu papel. Ellen tinha garantido que algum homem, percebendo que ela estava sozinha, se aproximaria oferecendo outro drinque, ou perguntaria se poderia sentar-se ao lado dela. Era um procedimento padrão em hotéis, muito comum para quem deseja apenas uma noite de prazer sem compromisso.

Bianca até estava torcendo para ninguém aparecer, teria a desculpa perfeita para dar a Ellen. O fracasso seria do acaso, que não teria providenciado para que o caminho dela se cruzasse com o de outro alguém. Mas daria um prazo de uma hora ao acaso, antes de desistir. Já estava se considerando uma vencedora por ter chegado até ali.

Os minutos foram passando calmamente, com o bar do hotel quase vazio, e com a ajuda dos pequenos goles que Bianca ia dando em seu Martini. Ela era a única que estava desacompanhada e pelo jeito não seria daquela vez que seu hímen seria rompido. Com a taça vazia, não havia mais motivo para permanecer no ambiente. Bianca se levantou e abriu sua bolsa para deixar pago seu drink, não queria que aquela despesa constasse na fatura do cartão coorporativo. Mas antes que apanhasse seu cartão, uma voz masculina falou com o barman por trás dela.


– Debite o drink na minha conta, por favor!

– Pois não, senhor! – o barman respondeu.

– Desculpe o atraso – o homem continuou, dirigindo-se para Bianca – tive uma reunião do outro lado da cidade e o trânsito estava péssimo.

– Foi a Ellen que mandou você me encontrar aqui? – Bianca perguntou, perplexa com a segurança com a qual o desconhecido se dirigia a ela.

– Ela mesmo. Que tal irmos tomar outro drink em meu quarto? Ou você prefere ficar aqui mais um pouco?

– Podemos ir para o seu quarto – concordou, atordoada com a rapidez com a qual tudo estava se encaminhando.

– Então vamos. Por favor! – ele indicou gentilmente para que ela seguisse a sua frente dele.


Enquanto esperavam o elevador, Bianca tentava entender o que estava acontecendo. Ellen seria bem capaz de ter pedido para que algum amigo viesse fazer aquele favor para ela. Só que havia esquecido de avisá-la. E, pela pressa demonstrada pelo desconhecido, ele estava querendo que tudo acabasse logo. Ainda mais que ele era lindo e charmoso, entre seus trinta e cinco e quarenta anos, com os cabelos começando a ficar grisalhos nas têmporas. Ellen devia ter prometido alguma troca de favor bem significativa para que ele topasse desvirginá-la. Teria que ter uma conversa bem séria com a amiga quando voltasse. Mas até lá, ainda tinha um hímen a perder.

Ao entrar no quarto dele, Bianca se deu conta que devia estar no melhor aposento do hotel. Um ambiente enorme, com sala, piscina na varanda e uma cama gigante, onde, se tudo desse certo, aconteceria sua defloração.


– Fique à vontade – ele disse, dirigindo-se ao quarto.


Bianca pode ver pela porta aberta, que ele tirava o terno de corte perfeito e o colocava num cabide próprio dentro do armário. Depois ouviu que ele entrou no banheiro e se trancou lá dentro. Achou melhor esperar na sacada, até que ele a chamasse. Não sabia bem como proceder naquela situação. Estava perdida.


– Quer que eu lhe sirva um drink – ele perguntou ao reaparecer.

– Não obrigada – Bianca se voltou para responder, dando de cara com ele vestido só de cuecas e servindo-se de um uísque.

– Se quiser usar o banheiro para se despir, fique a vontade, mas continue de lingerie. Gosto de olhar e de eu mesmo retirar a última peça.

– Está bem. Quer que eu volte aqui ou te espere no quarto?

– Espere na cama que eu já vou. Só preciso dar um telefonema.


Bianca fechou-se no banheiro e pegou o celular para falar com Ellen. Precisava de orientação. O modo direto daquele homem a estava desnorteando. Mas ali dentro o sinal não pegava. Sem ter como fugir da situação, sentiu-se obrigada a tirar o vestido e esperar seu destino, escondida embaixo das cobertas macias e perfumadas da cama.

Seu ouvido, aguçado pelo desespero de não saber como se comportar, escutou o som de um copo sendo depositado no mármore da mesa. Ele havia parado de falar ao telefone, estava vindo. Seu coração entrou em taquicardia, praticamente “fibrilando”. Só faltava ter um enfarto naquele momento. Devia ter aceitado o segundo drink que ele havia oferecido, um tinha sido insuficiente para controlar as emoções daquele momento.


– Que tal o colchão? Confortável? – ele perguntou, enquanto tirava a cueca na frente dela.

– Ótimo – ela respondeu com a voz trêmula – notando a total ereção dele.

– Nervosa?

– Um pouco.

– Não se preocupe que eu não mordo. Só se você quiser.

– Prefiro que você me diga o que quer.

– É mesmo? Gosto disso. Tire as cobertas de cima de você, quero ver seu corpo e afaste um pouco as pernas.

– Assim?

– Assim mesmo.

– Toque nos seus seios, até que os bicos enrijeçam.


Não foi preciso muito esforço. Seus bicos já estavam totalmente rígidos e Bianca hipnotizada por aquele homem mandão, que sabia exatamente o que queria. Só o tom poderoso da voz dele já bastava para lhe provocar arrepios e seu pênis em riste fazia sua vagina latejar. Instintivamente Bianca começou a contrair o ventre, ansiando para sentir aquele homem. Seus medos despareceram assim que ele começou a lhe dar ordens. Guiada pelo prazer dele, ela foi encontrando o seu próprio prazer.


– Solte a parte de cima – ele ordenou.


Os bicos enrijeceram ainda mais.


– Venha até aqui.


Ela foi.


– Agora me chupe.


Ela chupou.


Ele gemeu e colocou bem fundo na garganta dela.


Ela quase sufocou, mas aguentou e gostou. Quase gozou.


Ele a puxou de volta para cima.


Ela perdeu o equilíbrio. Fora de si.


Ele a segurou para que não caísse. Depois retirou suas calcinhas.


A umidade escorreu. Ela gemeu.


Ele a lambeu. E tentou introduzir a língua em sua vagina. Mas estava muito apertado. Ficou intrigado.


Ela completamente louca de tesão. Era muito bom o que ele estava fazendo.


Ele a levantou nos braços e a colocou na cama.


– Abra as pernas.


Ela abriu.


Ele se posicionou para penetrá-la, segurando o pênis com a mão para guiá-lo de modo certeiro. O buraco era muito pequeno. Sua mente tentava entender, mas já tinha passado do ponto de conseguir raciocinar. Estava tomado pelo desejo de possui-la. Precisou esforço para que o caminho se abrisse.


Ele sentiu algo quente escorrendo. Pensou que talvez fosse a desejada ejaculação feminina.


Mas ela ainda gemia. (De dor?) (Ou querendo chegar ao orgasmo?)


Ela queria o orgasmo. (Mesmo com dor).


Ele intuiu que deva ser gentil em suas investidas. Talvez seu inconsciente tivesse percebido o cheiro de sangue e somado com a dificuldade da penetração, chegando a um resultado igual virgindade. (Mas como aquilo seria possível?)


Ela agarrou-se às costas dele. O orgasmo próximo, seus gemidos sem deixar dúvidas de que o prazer tinha superado a dor. Bianca gozou, e sorriu, e chorou. Tudo ao mesmo tempo em que ele gozava e dava um urro de prazer.


Ele olhou com indagação para ela. Havia sangue na cama.


– E daí que eu era virgem, queria que eu anunciasse? – não esperou por resposta e foi para o banheiro.


Lavou-se rapidamente e se aprontou para ir embora. Quando abriu a porta ele a esperava com várias notas de dinheiro na mão.


– Tome. Eu já tinha deixado tudo acertado com a Helen, mas achei que devia te pagar um extra pelo privilégio de ser o primeiro.

– O quê! De que Ellen você está falando? – ela exclamou empurrando a mão dele, fazendo com que notas de cem dólares voassem até o chão. – Não é possível que a minha amiga Ellen tenha feito isso comigo. Não sou uma prostituta, fique sabendo.

– Eu liguei para “Helen’s Girls” e combinei que me mandassem uma garota no bar, pensei que fosse você.

– Isso tudo foi um equívoco. Eu achei que você fosse um amigo da minha Ellen, só por isso te acompanhei.

– E agora?

– E agora nada – ela disse ainda incrédula e embaraçada. – Você segue sua vida e eu sigo a minha. Não nos veremos nunca mais.

– Pelo menos... Você gostou?

– Gostei.

– Me sinto menos culpado então.

– Vim por minha livre vontade, não se sinta culpado.

– Posso ao menos saber o seu nome?

– Melhor não sabermos nada um do outro.

– Se quer assim...

– É assim que eu quero – agora era ela que mandava.

– Eu gostaria de me encontrar novamente com você. Fazer tudo diferente – ele pareceu sincero.

– Numa outra vida talvez. Adeus! – ela se despediu, com os sentimentos em polvorosa pelo equívoco.

– Adeus!


De volta ao seu próprio país, o retorno à rotina torturante de antes, de participar de reuniões e apresentações, ajudou a manter afastada de sua mente os eventos ligados à sua perda de virgindade. O desabafo com Ellen, sobre tudo o que havia ocorrido, também ajudou. Conversaram muito e Ellen conseguiu que Bianca encarasse a experiência como uma grande história para ser contada, ou para ser lembrada em seus momentos mais prazerosos. E era o que vinha fazendo, explorando as lembranças devagar, como a do corpo nu dele, a sensação da primeira penetração, os arrepios, os cheiros...


Tudo até que estava indo bem. Bianca mais segura de si nas apresentações, e correspondendo aos flertes de um colega de trabalho. Até que apareceu uma reunião de emergência. O C.O.O., terceiro em linha de comando da empresa, tinha vindo dos Estados Unidos e requisitado sua presença. Bianca gelou. Com certeza tinham descoberto o que acontecera no hotel. Seria despedida por seu comportamento. Tremendo, acompanhou a secretária executiva até a sala em que estava o C.O.O.


– Alô, Bianca!


Ela sentiu que ia desmaiar, as pernas amoleceram, a visão escureceu.


Era ele. 

 

 

                                                    Nic Chaud         

 

 

 

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