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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


EU IREI / Lisa Kleypas
EU IREI / Lisa Kleypas

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

EU IREI

 

                           Londres, 1833

Não era fácil pedir um favor para uma mulher que o desprezava. Mas Andrew, Lorde Drake, sempre esteve além da vergonha, e hoje não seria exceção. Ele precisava do favor de uma mulher moralmente correta, e a Senhorita Caroline Hargreaves era a única mulher decente que ele conhecia. Ela era adequada e austera demais para cometer algum erro… ele não era o único homem que pensava assim, julgando pelo fato de que ela ainda estava solteira aos vinte e seis anos.

—Por que você está aqui?— Caroline perguntou, a voz dela estava ameaçadora e um pouco hostil. Ela mantinha o olhar fixo na grande armação quadrada perto do acento, uma maca rendada de madeira que era usada para reformar cortinas e toalhas de mesa depois de lavados. A tarefa era meticulosa, envolvendo colocar um alfinete em cada minúsculo laço de renda e fixar isso na extremidade da armação até o pano ser reformado. Embora rosto do Caroline fosse inexpressivo, sua tensão interna era traída pela força com que seus dedos remexiam no porta-alfinetes.

—Eu quero pedir uma coisa de você,— Andrew disse, olhando fixamente para ela atentamente. Era provavelmente a primeira vez que ele estava completamente sóbrio perto dela, agora que ele estava livre de sua habitual névoa alcoólica, ele notou algumas coisas sobre a Senhorita Caroline Hargreaves que o intrigou.

Ela era mais bonita do que ele pensava. Apesar dos pequenos óculos pendurado em seu nariz, e sua antiquada maneira de vestir, ela possuía uma beleza sutil que antes o havia escapado. Sua figura não era de forma alguma espetacular, Caroline era pequena e leve, para falar a verdade com praticamente nenhum quadril ou seios. Andrew preferia mulheres grandes, voluptuosas que estavam dispostas a tomar parte na folia vigorosa de seu quarto o que ele apreciava. Mas Caroline tinha um rosto adorável, olhos de um veludo marrom e pestanas pretas e espessas, sobrepujadas por sobrancelhas escuras que curvavam com a precisão da asa de um falcão. Seu cabelo era uma massa com pinceladas de seda de zibelina, e toda sua aparência era perfeita e clara como a de uma criança. E aquela boca… e por que em nome do Deus ele nunca havia notado sua boca antes? Delicada, expressiva, o lábio superior pequeno e na forma de um arco, o inferior curvado e de uma abundância generosa.

Neste momento aqueles tentadores lábios eram apertados com desgosto, e sua sobrancelha enrugou-se em uma expressão perplexa. —Eu não posso compreender o que você possivelmente possa querer de mim, lorde Drake,— Caroline disse decisivamente. —Porém, eu posso assegurá-lo de que você não o conseguirá.

Andrew de repente riu. Ele lançou um olhar em direção ao seu amigo Cade, o irmão mais novo de Caroline o trouxe para a sala de estar da casa da família Hargreaves. Tendo previsto que Caroline não estaria disposta a ajudá-lo de forma nenhuma, Cade olhava agora ambos aborrecido e resignado com a teimosia da irmã. —Eu lhe disse,— Cade murmurou.

Não disposto a desistir tão facilmente, Andrew retornou para sua atenção para a mulher acomodada atrás dele. Ele pensativamente a considerou, tentando decidir o que abordagem usar. Sem nenhuma dúvida ela o faria rastejar… não que ele a culpasse por isso.

Caroline nunca fez segredo de sua antipatia por ele, e Andrew sabia exatamente por que. Por um motivo, ele era uma má influência para seu irmão mais novo Cade, um companheiro naturalmente agradável que se deixava influenciar facilmente pelas opiniões de seus amigos. Andrew o havia convidado para participar talvez muitas noites selvagens de jogatina, bebedeira, e palhaçada e o devolvia para casa em condições lastimáveis.

Como pai do Cade estava morto, sua mãe era de uma pena desesperada, Caroline era a coisa mais próxima de um pai que Cade teve. Ela tentava seu melhor para manter seu irmão de vinte e quatro anos de idade no caminho correto, esperando ele assumir suas responsabilidades como o homem da família. Porém, naturalmente Cade achou mais tentador o estilo de vida de libertino de Andrew, e ambos estiveram em mais de que algumas noites dissolutas.

A outra razão pela qual Caroline menosprezava Andrew era o simples fato de que eles eram opostos completos. Ela era pura. Ele tinha má reputação. Ela era honrada. Ele deturpava a verdade para ajustá-la a seus próprios propósitos. Ela era auto-disciplinada. Ele nunca se conteve em qualquer moderação. Ela era tranquila e serena. Ele nunca conheceu um momento de paz em toda sua vida. Andrew a invejava, e então ele zombava dela impiedosamente nas poucas e prévias ocasiões em que se encontraram.

Agora Caroline o odiava, e ele vinha lhe pedir um favor, um favor que precisava desesperadamente. Andrew achou a situação tão divertida que um sorriso torto cortou a tensão em seu rosto.

Abruptamente decidiu se fazer de cego. A senhorita Caroline Hargreaves não parecia ser o tipo de mulher que toleraria meias verdades ou evasivas. —Eu estou aqui porque meu pai está morrendo,— disse ele.

As palavras fizeram com que ela acidentalmente picasse seu dedo, e ela ligeiramente sobressaltou-se. Seus olhos se ergueram da maca de renda. —Eu sinto muito,— ela murmurou.

—Eu não.

Andrew percebeu que pelo alargar de seus olhos que ela estava chocada por sua frieza. Ele não se importava. Nada podia fazê-lo fingir dor pela morte de um homem que sempre havia sido uma pobre desculpa para um pai. O conde nunca tinha dado a mínima pra ele, e Andrew há muito tempo desistira de tentar ganhar o amor de um manipulador filho da mãe cujo coração era tão suave e morno quanto um bloco de granito. —A única coisa sobre a qual eu sinto muito,— Andrew calmamente continuou, —é que o conde decidiu me deserdar. Você e ele parecem compartilhar semelhante opinião sobre o meu modo pecador de viver. Meu pai me acusou de ser a criatura mais indulgente e corrompida que ele já encontrou.— Um leve sorriso cruzou seu lábio. —Eu espero que ele esteja certo.

Caroline pareceu mais que um pouco perturbada com sua declaração. —Você parece orgulhoso, de ser tal decepção para ele,— ela disse.

—Oh, eu estou,— ele assegurou facilmente. —Minha meta era me tornar, uma grande uma decepção para ele, como ele tem sido para mim. Não é uma tarefa fácil, você entende, mas eu provei que possuo as mesmas habilidades que ele. Isto tem sido o maior sucesso de minha vida.

Ele viu Caroline lançar um olhar inquisidor para Cade, que encolheu meramente os ombros e timidamente lançou um olhar vago para a janela, e contemplou o sereno dia de primavera lá fora.

A casa dos Hargreaves estava localizada no lado oeste de Londres. Era uma agradável casa de estilo georgiano, rosa clara e emoldurada por árvores de faia grandes, o tipo de casa que uma sólida família inglesa deveria possuir.

—E então,— Andrew continuou, —como seu ultimo esforço para me inspirar a mudar, o conde me tirou de seu testamento.

—Mas com certeza ele não pode fazê-lo completamente,— Caroline disse. —Os títulos, a propriedade na cidade, a grande propriedade de sua família… eu acredito que eles sejam herdados naturalmente.

—Sim, eles são.— Andrew sorriu amargamente. —Eu conseguirei os títulos e a propriedade, não importa o que o conde faça. Ele não pode quebrar a nossa hereditariedade, assim como eu também não. Mas o dinheiro, a fortuna da família, isto não é hereditário. Ele pode deixá-lo para quem ele desejar. E então eu provavelmente acabarei me transformando em um daqueles malditos aristocratas caça-fortunas que tem de se casar com alguma herdeira com cara de cavalo e um belo e gordo dote.

—Que horrível.— De repente os olhos de Caroline cintilaram desafiantes. —Para a herdeira, eu quero dizer.

—Caro...— veio a voz protestante de Cade.

—Está tudo bem,— Andrew disse. —Qualquer noiva minha mereceria muita condolência. Eu não trato mulheres bem. Eu nunca quis isso.

—O que você quer dizer, com não trato as mulheres bem?— Caroline remexeu nos alfinetes e machucou o dedo novamente. —Você é abusivo?

—Não.— Ele respondeu. —Eu nunca machucaria fisicamente uma mulher.

—Então, você é meramente desrespeitoso com elas. E sem dúvida nenhuma negligente, desleal, ofensivo e nem um pouco cavalheiro.— Ela pausou e olhou para ele esperançosamente. Quando Andrew não fez nenhum comentário, ela disse aumentando seu tom, —Então?

—Então, o que?— Ele continuou, com um sorriso zombeteiro. —Você estava fazendo uma pergunta? Eu pensei que você estava fazendo um discurso.

Eles se observaram com os olhos estreitos, a aparência pálida de Caroline tornou-se um matiz rosado de raiva. A atmosfera da sala mudou, se tornando estranhamente carregada e quente, estalando de tensão. Andrew se perguntou como diabos uma fraca e pequena solteirona podia afetá-lo assim. Ele, que tinha como hábito em sua vida nunca se importar com qualquer coisa ou ninguém, inclusive ele mesmo, de repente estava mais enrascado e desesperado do que ele podia recordar. Meu Deus, ele pensou, eu devo ser um bastardo pervertido por desejar a irmã de Cade Hargreaves. Mas ele o fazia. Seu sangue estava vibrando de calor e energia, e seus nervos reclamavam, implacavelmente, enquanto ele pensava as várias formas em que gostaria de usar aquela delicada e inocente boca. Era uma coisa boa que Cade estivesse lá. Caso contrário Andrew não estava certo de poderia se controlar e evitar de mostrar a Senhorita Caroline Hargreaves exatamente o quão depravado ele era. De fato, em pé como ele estava, aquele fato logo tornar-se-ia de todo obvio através daquela fina calça comprida de corço elegante. —Eu posso me sentar?— Ele abruptamente perguntou, gesticulando para a cadeira próxima a que ela ocupava.

Ingênua como ela era, Caroline não pareceu notar sua germinante excitação. —Por favor o faça. Eu não posso esperar para ouvir os detalhes deste favor que você pretende pedir, especialmente levando em conta o charme e educação você exibiu até agora.

Deus, ela o fazia querer rir, até mesmo quando queria estrangulá-la. —Obrigado.— Ele se sentou e se inclinou para frente casualmente, reposando seus antebraços nos joelhos. —Se eu quiser ser recolocado no testamento do conde, eu não tenho nenhuma outra escolha a não ser fazê-lo,— ele disse.

—Você pretende mudar seus modos?— Caroline perguntou ceticamente. —Você pretende se redimir?

—Claro que não. Meu modo de vida me cai muito bem. Eu só irei fingir me redimir até o velho encontrar o criador. Então, eu ficarei sozinho, com minha legítima fortuna intacta.

—Que bom pra você.— O desgosto chamejando em seus olhos escuros.

Por alguma razão Andrew estava impressionado por sua reação, ele que nunca deu a mínima para o que pensam sobre ele. Sentiu a necessidade de se justificar para ela, explicar de alguma maneira que ele não era tão desprezível quanto parecia. Mas ele se manteve mudo. Ele seria amaldiçoado se tentasse explicar qualquer coisa sobre ele para ela.

O olhar dela mantinha-se no dele. —Que papel deverei representar em seus planos.

—Eu preciso que você finja estar interessada em mim,— ele disse de modo calmo. —Um interesse romântico. Eu vou convencer meu pai que eu desisti de beber, de jogar, e de perseguir saias … e que eu estou cortejando uma mulher decente com a intenção de casar-me com ela.

Caroline balançou sua cabeça, claramente surpresa. —Você quer um noivado de fingimento?

—Não, não tem que ir tão longe,— ele respondeu. —Tudo que eu estou te pedindo é que você me permita acompanhá-la em alguns eventos sociais... algumas danças, um passeio de carruagem ou dois... o suficiente para alguns rumores chegarem até meu pai.

Ela considerou por um segundo que ele estivesse louco. —Por que em nome de Deus você acredita que alguém acreditaria em tal ardil? Você e eu somos de mundos completamente diferentes. Eu não posso imaginar um par mais inadequado.

—Não é de todo inacreditável. Uma mulher na sua idade…— Andrew hesitou, considerando o caminho mais diplomático para se expressar.

—Você está tentando dizer que já que eu tenho vinte e seis anos de idade, naturalmente assim, eu devo ser desesperada para me casar. Tão desesperada, de fato, que eu aceitaria seus avanços não importam o quão repulsivo eu acho que você seja. É isso que pessoas pensarão.

—Você tem uma língua afiada, Senhorita Hargreaves,— ele suavemente comentou.

Ela fez uma carranca por detrás dos óculos. —Isto é verdade, Senhor Drake. Eu tenho uma língua afiada, eu sou uma literata, e eu mesma me resignei a ser uma solteirona. Por que qualquer um com bom senso acreditaria que você tenha um interesse romântico em mim?

Bem, isso era uma boa pergunta. Há alguns minutos atrás Andrew mesmo teria rido dessa ideia. Mas no momento em que ele sentou perto dela, seus joelhos não tão longe dos dela, a ativa atração se acendeu em uma explosão súbita de calor. Ele podia até cheirar sua fragrância, a quente e feminina pele e um odor fresco da primavera, como se ela estivesse acabado de entrar do jardim. Cade confidenciou a ele que sua irmã gastava muito tempo no jardim e na estufa, cultivando rosas e mexendo com plantas. Ela mesma se parecia como uma rosa— primorosa, e docemente fragrante, um pouco mais que espinhosa. Andrew custava a acreditar que nunca a havia notado antes.

Ele relampejou um olhar em direção a Cade, que estava encolhendo os ombros indicando que discutir Caroline era um empenho desesperado. —Hargreaves, nos deixe a sós por alguns minutos,— ele disse.

—Por quê?— Caroline suspeitando perguntou.

—Eu quero conversar reservadamente com você. A menos que…— Ele deu seu zombeteiro sorriso que era criado para incomodar. —Você tem medo de ficar a sós comigo, Senhorita Hargreaves?

—Certamente que não!— Ela lançou para seu irmão um olhar dominante. —Parta, Cade, enquanto eu trato com seu suposto amigo.

—Certo.— Cade pausou no limite da porta, seu rosto de garoto bonito estampado de preocupação enquanto adicionava, —Grite, se precisar de ajuda.

—Eu não precisarei de ajuda,— Caroline lhe assegurou firmemente. —Eu mesma sou capaz de manejar com lorde Drake só—

—Eu não estava falando com você,— Cade respondeu lastimando. —Eu estava falando com Drake.

Andrew lutou para suprimir um sorriso enquanto assistia seu amigo sair da sala. Retornando sua atenção para Caroline, ele moveu para o lado dela no assento, deixando seus corpos em uma proximidade mais íntima.

—Não se sente aí,— ela disse rude.

—Por quê?— Ele lhe devolveu um olhar sedutor, do tipo que havia desfeito a resistência de muitas mulheres no passado. —Eu te deixo nervosa?

—Não, eu deixei meu porta-alfinetes aí, e seu traseiro está preste a se assemelhar a de um ouriço.

Andrew de repente riu, procurando o porta-alfinetes até que ele o localizou logo abaixo sua nádega esquerda. —Obrigado por avisar,— ele disse secamente. —Você poderia ter deixado eu descobrir por mim mesmo.

—Eu estava tentada,— Caroline admitiu.

Andrew estava assombrado por sua beleza, com diversão tremulando em seus olhos marrons, e suas bochechas ainda levemente rosadas. Sua pergunta anterior, por que alguém acreditaria que ele estaria interessado nela, de repente parecia absurda. Por que ele não ficaria interessado nela? Vagas fantasias moviam-se em sua mente … ele gostaria de erguer aquele corpo delicado em seus braços agora mesmo, senta-la em seu colo, e beija-la insensatamente. Ele queria deslizar por debaixo das saias de seu vestido de cambraia marrom e alcançar suas pernas. Acima de tudo isso ele queria puxar para baixo a parte de cima de seu espartilho e descobrir seus atrevidos pequenos seios. Ele nunca havia estado tão intrigado por um par de seios, o que era estranho quando se considerava que ele sempre havia estado interessado em mulheres bem- dotadas.

Ele observou quando ela voltou sua atenção para a armação de madeira. Claramente ela estava distraída, enquanto tentava mexer com os alfinetes para firmar a renda novamente na armação ela picou seu dedo mais uma vez. Exasperado de repente, Andrew tomou os alfinetes dela. —Permita-me,— ele disse. Habilmente ele esticou a renda na medida certa de tensão e prendeu isso em uma fila de alfinetes, cada pequeno laço exatamente firmado na extremidade da armação.

Caroline não se preocupou em esconder seu assombro enquanto observava. —Como você aprendeu a fazer isso?

        Andrew observou o painel de renda com olho crítico antes de falar. —Eu cresci sendo a única criança em uma grande propriedade, com poucas brincadeiras. Em dias chuvosos eu ajudava a empregada com suas tarefas.— Deu seu sorriso zombeteiro. —Se você ficou impressionada com as minhas habilidades na renda, você devia ver-me polindo a prata.

         Ela não retribuiu seu sorriso, mas olhou fixamente para ele com curiosidade. Quando ela falou, seu tom havia suavizado um pouco. —Ninguém acreditaria nessa charada que você propõe. Eu sei o que tipo de mulheres você procura. Eu conversei com Cade, sabe? E sua reputação está bem estabelecida. Você nunca se interessaria por uma mulher como eu.

—Eu poderia interpretar o papel convincentemente,— ele disse. —Eu tenho uma fortuna enorme em jogo. Por ela eu cortejaria o próprio demônio. A pergunta é, e você?

—Suponho que eu poderia,— ela disse. —Você não é um homem feio. Eu suponho que algumas mulheres poderiam até considerá-lo como bonito, de maneira um pouco debochada, desleixada.

Andrew olhou feroz para ela. Ele não era vaidoso, e raramente se preocupava com sua própria aparência a não ser para certificar-se de que estava limpo e suas roupas eram decentemente bem feitas. Mas sem vaidade, sabia que ele era alto e bem proporcionado, e que as mulheres frequentemente adoravam seu cabelo preto longo e seus olhos azuis. O problema era seu estilo de vida. Passava tempo demais em lugares fechados, muito pouco tempo dormindo, e bebia muito frequentemente e por muito tempo. Mais frequentemente que não, ele acordava ao meio-dia com os olhos injetados de sangue, com círculos em volta dos olhos, e a pele pálida resultado de uma dura noite bebendo. E ele nunca se importou… até agora. Em comparação com a criatura delicada perante ele, se sentiu como um grandalhão desarrumado.

—Que incentivo você planeja me oferecer?— Caroline perguntou. Era claro que ela não consideraria seu plano; simplesmente tinha curiosidade em descobrir como ele planejava atraí-la.

Infelizmente essa era a falha de seu plano. Ele tinha pouca coisa para fazê-la aceitar. Nenhum dinheiro, nenhuma vantagem social, nenhuma posse que a atrairia. Existia só uma coisa que ele poderia oferecer que seria suficientemente tentadora.

—Se você concordar em me ajudar,— ele disse devagar, —eu deixarei seu irmão em paz. Você sabe o que tipo de influência eu sou pra ele. Ele está em devendo até suas orelhas, e está fazendo o seu melhor para acompanhar os passos do bando de degenerados que eu gosto de chamar de amigos. Em breve Cade vai acabar ficando exatamente como eu convencido, cínico, e além de toda esperança de redenção.

O rosto expressivo do Caroline revelou que era exatamente isso que ela temia.

—Qual o tamanho da dívida dele?— Ela perguntou firme.

Ele falou à quantia que a deixou chocada e doente. Vendo o horror em seus olhos, Andrew experimentou uma onda de satisfação predatória. Sim … ele havia acertado. Ela amava seu irmão mais jovem o suficiente para fazer qualquer coisa para salvá-lo. Até fingir apaixonar-se por um homem que ela menosprezava.

—Isto é só o começo,— Andrew disse a ela. —Em breve Cade estará em uma cova tão funda que ele nunca poderá sair dela.

—E você está disposto a deixar que isto aconteça? Você simplesmente esperaria e deixaria ele arruinar sua vida? E empobrecer eu e minha mãe?

Andrew respondeu com um casual encolher de ombros. —É a vida dele,— ele assinalou. —Eu não sou o guardião dele.

—Meu Deus,— ela disse inquieta. —Você não se importa com ninguém a não ser você mesmo, não é?

Ele manteve sua expressão em branco, e estudou a superfície desgastada, áspera de sua bota muito cara. —Não, eu não dou a mínima por quem será arrastado para baixo comigo. Mas se você decidir me ajudar, eu cuidarei de Cade. Eu me certificarei de que os outros nossos amigos não o convidem para os clubes ou para os bordéis favoritos dele. Eu me assegurarei de que todos os agiotas que eu conheço, e acredite em mim, eles são de um número considerável, não o concedam crédito. Ele não será permitido em quaisquer jogos de fichas altas em Londres. Além disso, se eu for adicionado no testamento de meu pai, eu assumirei todas as obrigações financeiras de Cade.

—Cade sabe sobre o seu plano?— Caroline estava pálida e atenta enquanto olhava fixamente para ele.

—Não. Mas aprovaria sua salvação.

—E se eu recusar a aceitar sua oferta?

Um sorriso duro, um pouco cruel tomou seus lábios. Sorriso de seu pai, Andrew pensou, com uma autoconsciência amarga. —Então seu irmão está no caminho direito para o inferno... ao meu lado. E você será deixada para apanhar os pedaços. Eu odiaria ver propriedade de sua família vendida para saldar as dívidas de Cade. Não é um prospecto agradável para sua mãe, sendo forçada a viver no interior da caridade de parentes em sua velhice. Ou você, no que diz respeito a esse assunto.— Ele deu um insolente olhar pra ela, seu olhar se prolongou nos seios dela. —Que habilidades você tem que ganharia suficiente para sustentar uma família?

—Seu demônio,— Caroline sussurrou, visivelmente trêmula, entretanto era impossível discernir se sua emoção era de medo ou raiva, ou talvez uma mistura de ambos.

No silêncio, Andrew estava ciente da sensação de alguma coisa se torcendo em algum lugar em seu tórax, e de repente ele quis desfazer tudo que havia feito… protegê-la e tranquiliza-la… prometer que nunca permitiria que nenhum mal acontecesse com sua família. Ele teve um sentimento terrível de ternura, que lutou para empurrar longe, mas o sentimento permaneceu obstinadamente hospedado dentro dele.

—Que escolha eu tenho?— Caroline furiosamente perguntou, evitando quaisquer palavras de arrependimento vinda dele.

—Então você concorda com meu plano? Você fingirá tomar parte em um namoro comigo?

—Sim… eu irei.— Ela disse em um cintilar. —Quanto tempo isso deverá durar? Semanas? Meses?

—Até que o conde me recoloque em seu testamento. Se você e eu formos suficientemente convincentes, isso não deverá tomar muito tempo.

—Eu não sei se eu posso suportar isto,— ela disse, relembrando ele de sua notória abominação por ele. —Exatamente o quanto isso tem de ir? Palavras? Abraços? Beijos?— A perspectiva de beijá-lo parecia tão abominante como se ela tivesse sido exigida em beijar uma cabra. —Eu advirto você, eu não permitirei que minha reputação seja comprometida, nem mesmo por Cade!

—Eu não refleti sobre os detalhes ainda.— Ele manteve seu rosto ilegível, embora o alívio por parte dele fosse evidente. —Eu não comprometerei você. Tudo que eu quero é a aparência de uma companhia agradável.

Caroline deu um pulo do acento como se ela tivesse de repente sido libertada da lei de gravidade. A agitação era evidente em toda linha de seu corpo. —Isto é intolerável,— ela murmurou. —Eu não posso acreditar que isso não seja minha culpa…— Ela girou ao redor para olhar para Andrew. —Quando nós começamos? Faça isso acontecer logo. Eu quero que esta farsa ultrajante seja feita tão depressa quanto possível.

—Seu entusiasmo é gratificante,— Andrew observou, com uma chama súbita de riso em seus olhos. —Vamos começar em uma quinzena. Meu meio-irmão e sua esposa estão dando uma festa de fim de semana em sua propriedade rural. Eu posso persuadi-los a convidar sua família. Com sorte, meu pai estará lá também.

—E então para todos os aspectos, você e eu desenvolveremos uma atração opressiva e súbita um pelo outro,— ela disse, rolando seus olhos para o céu.

—Por que não? Muitas ligações românticas começaram desse modo. No passado, eu tive mais que algumas—

—Por favor,— ela fervorosamente o interrompeu. —Por favor não me banqueteie com histórias de seus negócios sórdidos. Eu acho você repulsivo suficiente como é.

—Certo,— ele disse agradavelmente. —De agora em diante eu deixarei os tópicos das conversas com você. Seu irmão me disse que jardinagem. Sem dúvida nenhuma nós teremos agradáveis discussões sobre as maravilhas do adubo.— Ele se satisfez em ver a aparência de porcelana dela tornar-se vermelha de fúria.

—Se eu puder convencer uma única só pessoa de que estou atraída por você,— Caroline disse entre dentes, —eu prometo começar uma carreira nos palcos.

—Isso poderia ser arranjado,— Andrew respondeu secamente. Seu meio-irmão, Logan Scott, era o ator mais celebrado hoje em dia, como também era o dono e gerente do Teatro Capital. Embora Andrew e Logan haviam sempre sido amigos desde a infância, eles só recentemente descobriram que eram parentes. Logan era o acidente de um caso que o conde teve com uma jovem atriz muito tempo atrás. Considerando que Andrew havia crescido em uma atmosfera de luxo e privilégio, Logan cresceu em um abrigo, frequentemente faminto e sofrendo abusos da família que o acolheu. Andrew duvidava que um dia se libertaria dessa culpa, embora não tinha sido sua culpa.

Notando que os óculos de Caroline estavam manchados, ele se aproximou dela com um murmúrio quieto. —Fique parada.

Ela congelou enquanto ele alcançava e agarrava os seus óculos de aço emoldurado fora de seu nariz. —Oh... O que você está fazendo? Eu… pare; Devolva-me eles…

—Em um minuto,— ele disse, usando a dobra de sua camisa de linho suave para polir as lentes até que elas cintilaram brilhantemente. Ele pausou para examiná-los, e lançou um olhar para o rosto de Caroline. Sem os óculos, seus olhos pareciam grandes e impenetráveis, ela olhou ligeiramente sem foco. Ela parecia tão vulnerável. Novamente ele sentiu uma onda estranha de proteção. —O quanto você consegue enxergar sem eles?— Ele perguntou, cuidadosamente recolocando-os no pequeno rosto dela.

—Não muito bem,— ela admitiu em uma voz baixa, sua compostura parecendo fraturada. Assim que os óculos estavam seguramente em seu nariz, ela se voltou para Andrew e disse. —Agora eu suponho que você fará algum gracejo sobre meus óculos.

—Não por isso. Eu gosto de seus óculos.

—Você acha?— Ela perguntou com uma clara incredulidade. —Por quê?

—Eles fazem que você parecer, com uma sábia e pequena coruja.

Claramente ela não considerava isso um elogio, embora Andrew quisesse dizê-lo como um. Ele não podia evitar imaginar com o que pareceria vestindo nada além dos óculos, tão afetados e modestos até persuadi-la em um abandono apaixonado, seu corpo pequeno se remexendo incontrolavelmente contra o seu.

Abruptamente ciente de que sua ereção estava inchando novamente, Andrew tirou essas imagens doidas da cabeça. Maldição, mas ele não esperava estar tão fascinado pela irmã solteirona de Hargreaves! Ele teria de certificar-se de que ela nunca perceba isso, ou ela o desprezaria ainda mais. O a única forma de impedi-la de descobrir a atração dele por ela seria mantê-la completamente aborrecida e hostil. Nenhum problema nisso, ele pensou sadicamente.

—Você pode sair agora,— Caroline disse. —Por agora, eu presumo que nossa conversa tenha terminado.

—Sim,— ele concordou. —Porém, existe uma última coisa. Você consegue vestir-se com um pouco mais estilo durante a festa de fim de semana? Os convidados, sem mencionar meu pai, achariam mais fácil de acreditar no meu interesse em você, se você não vestisse algo tão...

Agora até os lóbulos de suas orelhas estavam púrpuras. —Algo tão o que?— Ela disse abruptamente.

—Matronal.

Caroline estava muda por um momento, obviamente suprimindo o desejo de cometer um assassinato. —Eu tentarei,— ela finalmente disse com uma voz estrangulada. —E você, talvez, poderia contratar os serviços de um camareiro decente. Ou se você já tiver um, substitua ele por outra pessoa.

Agora era a vez de Andrew ficar ofendido. Ele sentiu um puxar de músculos no seu rosto. —Por quê?

—Porque seu cabelo está comprido demais, e suas botas precisam ser polidas, e o modo com o qual você se veste me lembra uma cama desfeita!

—Isso significa que você gostaria de deitar-se sobre mim?— Ele perguntou.

Ele deslizou para fora da sala de estar e fechou a porta momentos antes de ser atingido por um vaso.

O som de porcelana quadrada ecoava pela casa.

—Drake!— Cade andou a passos largos em direção a Drake no corredor de entrada, olhando esperançosamente. —Como foi? Você conseguiu fazê-la concordar?

—Ela concordou,— Andrew disse.

As palavras causaram um sorriso relampejante no rosto de garoto bonito de Cade. —Muito bem! Agora você voltará às boas graças com seu pai, e tudo irá fluir novamente para nós, eh, não é camarada? Jogatina, bebedeiras, mulheres… oh, a diversão que teremos!

—Hargreaves, eu tenho algo para dizer lhe você,— Andrew disse cuidadosamente. —E eu não acho que você vai gostar.

 

Caroline se sentou a sós por um longo tempo depois que o lorde Drake partiu. Ela perguntou-se o que indubitavelmente ela se tornaria. Uma abundância de fofocas certamente logo que as notícia se espalhasse de que ela e Drake estavam namorando. A incompatibilidade do casal causaria uma infinidade de piadas e risos silenciosos. Especialmente levando em conta o fato que ela era notoriamente meticulosa na escolha de companhia.

Caroline nunca pode explicar nem para ela mesma por que nunca se apaixonou. Certamente ela não era uma pessoa fria, ela sempre teve relações calorosas com amigos e parentes, e ela se considerava uma mulher de sentimentos muito profundos. Ela gostou de dançar, conversar e até paquerar ocasionalmente. Mas quando ela tentou sentir algo, além de um gostar casual por algum cavalheiro, seu coração permaneceu obstinadamente inalterado.

—Pelo amor de Deus!, amor não é um pré-requisito para o casamento,— sua mãe frequentemente exclamava em exasperada.

—Você não pode se dar ao luxo de esperar pelo amor. Você não tem nem a fortuna nem a posição social para ser tão fantasiosa!

         —Verdade, seu pai havia sido um visconde, mas como a maioria dos viscondes, ele não possuía uma quantidade o suficiente de terra. Um título e uma pequena propriedade em Londres era tudo que os Hargreaves podiam gabar-se de ter. Teria beneficiado a família tremendamente se Caroline, a única filha, tivesse se casado com um conde ou talvez até com um marquês. Infelizmente a maior parte dos cavalheiros disponíveis eram velhos decrépitos, garotos mimados, ou rapazes egoístas como Andrew, lorde Drake. Dada tal escolha, não era é de admirar que Caroline escolheu permanecer solteira.

         Voltando a pensar sobre Andrew, franziu a sobrancelha pensativa. Sua reação para ele a estava aborrecendo. Não só ele parecia ter uma habilidade notável de provocá-la, como parecia fazê-lo intencionalmente, como se lhe encantasse remexer em seu temperamento. Mas em algum lugar no meio de todo seu aborrecimento, ela sentiu um estranho tipo de fascinação por ele.

         Possivelmente não poderia ser sua beleza. Afinal, ela não era tão superficial a ponto de se afetar com uma mera beleza. Mas ela encontrou encarando compulsivamente para a escura, beleza arruinada em seu rosto… as profundas sombras em seus olhos azuis de pouco dormir, a boca cínica… o olhar ligeiramente inchado de um grande bebedor. Andrew possuía o rosto de um homem determinado a se destruir. Oh, que companhia terrível ele era para seu irmão Cade! Sem mencionar, para ela também.

         Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de sua mãe, Fanny, que retornou de uma tarde agradável visitando amigos. As pessoas ficavam frequentemente surpreendidas por descobrir que eram mãe e filha, elas não se assemelhavam em nada, exceto por seus olhos marrons. Caroline e Cade herdaram a aparência e o temperamento de seu finado pai. Fanny, contrastando, era loira e rechonchuda, com a disposição mercurial de uma criança. Era sempre desconcertante tentar conversar com Fanny, ele repugnava assuntos sérios e não gostava de enfrentar realidades desagradáveis.

         —Querida,— Fanny exclamou, entrando na sala de estar depois de entregar seu chapéu com bordas emplumadas e a clara capa de verão para a empregada. —Você parece bastante descontente, querida. O que a deixou com uma expressão tão azeda? Nosso adorável Cade tem feito alguma de suas brincadeiras habituais?

—Nosso adorável Cade está fazendo o seu melhor para assegurar que você gastará seus últimos anos em um albergue,— Caroline respondeu secamente.

O rosto enrugado de sua mãe aparentava confusão. —Eu acho que eu não compreendi querida. O que você quer dizer?

—Cade tem jogado,— Caroline disse. —Ele está jogando todo nosso dinheiro. Logo não existirá mais nada. Se ele não parar logo, nós teremos que vender tudo que possuímos… e mesmo assim, isso não acabará com suas dívidas.

—Oh, mas você está brincando!— Fanny disse com uma risada ansiosa. —Cade me prometeu que ele tentaria se conter nas mesas de jogo.

—Bem, ele não conseguiu,— Caroline respondeu serenamente. —E agora nós todos sofreremos por isso.

Lendo a verdade nos olhos de sua filha, Fanny se deixou cair no acento de brocado rosa. No horrendo silêncio que se seguiu, ela juntou as mãos no colo como uma criança castigada, sua boca cor-de-rosa formando um O de desânimo. —É tudo culpa sua!— Ela explodiu de repente.

—Minha culpa?— Caroline exibiu um olhar fixo incrédulo. —Por que você diz isso mamãe?

—Nós não estaríamos nesta situação se você tivesse se casado! Um marido rico teria nos fornecido fundos o suficiente para Cade continuar com seus pequenos hábitos com seus amigos, e para cuidar de nós também. Agora se passou tempo demais… seu frescor já se foi, você tem quase vinte e sete anos. …— Pausando, Fanny ficou um pouco chorosa, pensando na sua filha solteira em idade tão avançada. Puxando um lenço de renda de sua manga, ela tocou, de leve e delicadamente em seus olhos. —Sim, seus melhores anos já se foram, e agora a família se arruinará. Todo porque você recusou deixar-se envolver por um homem rico.

Caroline abriu a boca para discutir, e então fechou com um som exasperado. Era impossível debater com alguém tão acostumado com essa lógica. Ela já havia tentado discutir com Fanny no passado, mas isso só serviu para frustrar ambas. —Mãe,— ela deliberadamente disse. —Mãe, pare de chorar. Eu tenho novidades que podem te alegrar. Esta tarde eu recebi uma visita de um dos amigos de Cade, lorde Drake… a senhora se lembra dele?

—Não, querida. Cade tem tantos conhecidos, eu nunca consigo lembrá-los todos.

—Drake é o Conde de Rochester, o único legitimo herdeiro.

—Oh, ele.— A expressão de Fanny brilhou com interesse, suas lágrimas imediatamente desapareceram. —Sim, que fortuna ele receberá em! Eu realmente me lembro dele. Um homem bonito, eu me lembro, com longos cabelos negros e olhos azuis.

—E com os modos de um suíno,— Caroline adicionou.

—Com uma herança como aquela, querida, pode-se omitir algumas brechas minúsculas de etiqueta. Diga-me, o que lorde Drake disse durante sua visita?

—Ele…— Caroline hesitou, irritada pelas palavras que estava prestes a dizer. Ela não ousou dizer a Fanny que o namoro entre os dois seria de mentira. Sua mãe era uma fofoqueira notória, e seria só uma questão de dias, não, horas antes de ela deixar a verdade escapar para alguém. —Ele expressou o interesse em me cortejar,— Caroline disse, com a cara dura. —Por isso, você e eu permitiremos que ele nos escolte para a festa de fim de semana dada pelo Sr. e Sra. Logan Scott, que acontecerá dentro de quinze dias.

As notícias eram demais para Fanny digerir de uma vez só. —Oh, querida,— ela exclamou. —Filho de um conde, interessado em você … eu posso quase dificilmente acreditar… Bem, não é nada mais que um milagre! Se você conseguir agarrá-lo… o que fortuna você terá! Que terras, que joias! Você certamente terá sua própria carruagem, e conta nas melhores lojas … Oh, isto é a resposta para todos os nossos problemas!

—Parece que sim,— Caroline disse secamente. —Mas não tenha muitas esperanças, Mãe. O namoro ainda não começou, e não existe nenhuma garantia de que isso dará em casamento.

—Oh, mas ele irá, irá!— Fanny praticamente dançou em torno do quarto. Seus cachos loiros tremularam e sua forma bem arredondado sacudindo de excitação. —Eu sinto um pressentimento em meus ossos. Agora, querida, preste atenção no meu conselho, eu lhe direi exatamente como fisgá-lo. Você deve ser agradável, e lisonjear sua vaidade, e dê a ele um olhar admirador… e você nunca, nunca deve discutir com ele. E nós devemos fazer algo a respeito de seus seios.

—Meus seios,— Caroline repetiu inexpressivamente.

—Você me deixará costurar um pouco de enchimento no forro do seu espartilho. Você é uma menina adorável, querida, mas você necessita de um pouco de robustez.

Assaltada por uma mistura de afronta e um riso choroso, agitou sua cabeça e sorriu. —Enchimento não vai enganar ninguém. Especialmente não lorde Drake. Mas ainda que eu conseguisse engana-lo, você não acha que seria uma grande decepção em nossa noite de núpcias descobrirem que meus seios são falsos?

—Até lá será muito tarde pra ele fazer alguma coisa sobre isso,— sua mãe assinalou pragmática. —E eu não chamaria isto de uma decepção, querida. Afinal, todo mundo deve tentar se apresentar na melhor luz possível… o namoro é assim. O truque é disfarçar todas as nossas pequenas e desagradáveis falhas que poderiam desagradar um homem, e mantenha um ar de mistério até você finalmente fisgá-lo.

—Não é de se admirar que eu nunca peguei um marido,— Caroline disse com um sorriso lânguido. —Eu sempre tentei ser aberta e honesta com eles.

Sua mãe observou tristemente. —Eu não sei de onde você tirou estas ideias, querida. Honestidade nunca causou fervor nos homens.

—Eu tentarei me lembrar disso,— Caroline respondeu gravemente, lutando contra a vontade de rir.

 

—A carruagem está aqui,— Fanny disse gritando, olhando pra fora da janela da sala de estar, para o veículo estacionando na frente da calçada. —Oh, é tão magnífico! Todo aquele verniz vermelho com rodas Salisbury, e que belo e grande bagageiro forjado em ferro. E nada menos que quatro batedores. Se apresse, Caroline, venha e dê uma olhada.

—Eu não tinha ideia de que você é tão versada nas características de construção de carruagens, mamãe,— Caroline disse secamente. Ela juntou-se a sua mãe na janela, e seu estômago apertou ansiosamente quando ela viu o brasão de Rochester ao lado da carruagem. Estava na hora da mentira começar. —Onde está Cade?— Ela perguntou.

—Na biblioteca, eu acredito.— Fanny continuava com os olhos fixos na janela, enfeitiçada. —Tão querido, querido lorde Drake. De todos os amigos de Cade, ele sempre foi meu favorito.

Divertida, apesar de seu nervosismo, Caroline riu. —Você nem lembrava quem ele era até eu contar!

—Mas então eu lembrei do quanto eu gosto dele,— Fanny disse.

Sorrindo ironicamente, Caroline desviou-se da sala de estar até a pequena biblioteca, onde sua rica coleção de livros estava asseadamente perfiladas nas estantes de mogno. Cade estava no aparador, despejando de uma garrafa de cristal um punhado de conhaque.

         —Você está pronto para partir?— Caroline perguntou. —A carruagem de lorde Drake está aqui.

Cade girou com o copo na mão. Suas características, tão particulares, estavam marcadas por um olhar feroz. —Não, eu não estou pronto,— ele disse irritado. —Talvez depois de eu beber o resto desta garrafa, eu estarei.

—Venha, Cade,— ela o censurou. —Pode-se pensar que você está sendo enviado para Newgate em vez de participar de uma festa de fim de semana com amigos.

—Drake não é amigo meu,— Cade murmurou. —Ele parece estar destruindo tudo que aprecio. Eu não sou bem-vindo em nenhuma mesa de jogo da cidade, e eu não fui convidado para nenhum maldito clube essas duas semanas. Eu fui reduzido a apostas de vinte-e-um por xelins. Como eu irei ganhar o suficiente para pagar minhas dívidas?

—Talvez trabalhando?

Cade bufou, pelo visto isso era um grande insulto. —Nenhum Hargreaves ocupou-se do comércio ou da compra e venda pelo menos nas últimas quatro gerações.

—Você devia ter pensado nisso antes de apostar tudo que o papai nos deixou. Assim nós não teríamos que aparecer nessa maldita festa de fim de semana, e eu não teria que fingir-me interessada em um homem que eu detesto.

De repente envergonhado, Cade virou de costas para ela. —Eu sinto muito. Mas minha sorte estava prestes a mudar. Eu teria ganho todo dinheiro de volta, e mais um pouco.

—Oh, Cade.— Ela se aproximou dele e estendeu os braços ao redor dele, pressionando sua bochecha contra as duras costas de Cade. —Vamos fazer disso uma coisa boa,— ela disse. —Nós iremos até a propriedade dos Scotts, e lançaremos olhares amorosos em direção a lorde Drake, e você será agradável com todos. E algum dia lorde Drake voltará a ser incluído no testamento de seu pai, e ele pagará todas as suas dívidas. E a vida retornará ao normal.

De repente eles foram interrompidos pela voz da empregada. —Senhorita Hargreaves, lorde Drake chegou. Devo encaminhá-lo para a sala de estar?

—A minha mãe ainda está lá?— Caroline perguntou.

—Não, senhorita, ela subiu para colocar sua capa de viagem e o gorro.

Desejando evitar ficar a sós com Drake, Caroline disse. —Cade, por que você não vai receber seu amigo?

Evidentemente ele estava tão ávido, quanto ela para ver Drake. —Não, eu vou mostrar aos criados como eu quero que nossas malas sejam carregadas na carruagem. É você que terá de jogar conversa fora com ele.— Cade virou para olhá-la, e um sorriso lastimoso se estendeu através de seu rosto. —É o que você fará todo o fim de semana, doce irmã. Você pode começar a praticar agora.

Dando a ele um olhar de ódio, Caroline partiu com um suspiro exasperado e foi para a sala de estar. Ela viu a forma alta de Andrew no centro da sala, seu rosto parcialmente escondido enquanto olhava fixamente para uma paisagem pregada na. —Bom dia, meu senhor,— ela disse calmamente. —Eu acredito que você seja…—

Sua voz sumiu e ele girou para encará-la. Por uma fração de segundo, ela pensou que o visitante não era Andrew, lorde Drake, mas sim outro homem. Atordoada, ela caladamente lutou para compreender as mudanças nele. O seu longo e arrastado cabelo tinha sido cortado em um novo estilo curto, cortado rente na nuca e nos lados de sua cabeça. O inchaço alcoólico de seu rosto tinha desaparecido, deixando transparecer uma mandíbula maravilhosamente limpa e duas levemente protuberantes, maçãs do rosto. Parecia que ele havia gastado algum tempo no sol, a palidez de sua pele tinha sido substituída por um leve bronzeado, visivelmente aparente em seu rosto. E os olhos… ah, os olhos. Não existiam mais círculos sanguinolentos, eles estavam claros, de um azul brilhante como duas safiras. E eles continham um lampejo de algo, talvez incerteza? Isso desmontou a compostura de Caroline. Andrew parecia tão jovem, tão vital, notavelmente diferente do homem que esteve com ela nesta sala de estar quinze dias atrás.

Então ele falou, e então ficou evidente que embora sua aparência externa houvesse mudado, ele ainda era o mesmo homem detestável. —Senhorita Hargreaves,— ele disse calmamente. —Sem dúvida nenhuma que Cade convenientemente lhe contou que eu mantive a minha parte no nosso trato. Agora é sua vez. Eu espero que você tenha praticado seu olhar coquete.

De alguma forma Caroline se recuperou rápido o suficiente para responder. —Eu pensei que tudo que o senhor queria era uma 'companhia agradável '… estas foram suas palavras exatas, não foram? Eu penso que 'olhar coquete' é um pouco demais para pedir, não é?

—Nesta última semana eu consegui contabilizar o tamanho das dívidas de Cade,— ele severamente disse. —Pelo que eu terei de pagar, você me deve —olhar coquete—, e muito mais que isso.

—Você também tem culpa nisso. Se você não arrastasse Cade junto com você tantas noites seguidas...

—Isto não é completamente minha culpa. Mas neste momento eu não sou propenso para discussões. Junte suas coisas, e vamos embora.

Caroline assentiu. Porém, ela não parecia poder se mover. Seus joelhos estavam presos, e ela fortemente suspeitava de que se ela desse um passo adiante, ela cairia de cara no cão. Ela olhou fixamente para ele desamparada, enquanto seu coração batia em um ritmo duro, incontrolável, e seu corpo era inundado de calor. Ela nunca experimentou tal resposta a ninguém em toda sua vida. A consciência da presença dele fazia seu coração bater, e ela percebeu como gostaria de tocá-lo, desenhar com a ponta de seus dedos sua bochecha magra, beijar sua firme e cínica boca, até suavizá-la com sua paixão.

Não pode ser, ela pensou explodindo em pânico. Ela não podia sentir tais coisas por um homem tão imoral e depravado quanto Andrew, lorde Drake.

Algo no fixo e redondo olhar o deixou desconfortável, que fez ele trocar seu peso de uma perna para outra, e a lançou um olhar maligno. —O que você está olhando?

—Você,— ela disse descarada mente. —Eu acredito que todos os seus botões estão firmados nos buracos corretos. Seu cabelo parece ter sido penteado. E pelo menos desta vez, você não exala um odor forte de álcool. Eu estava, meramente refletindo, que descoberta assombrosa você pode ser, moldado para parecer um cavalheiro. Embora pareça que seu temperamento é tão detestável como sempre foi.

—Existe boa razão para isso,— ele informou a ela elegantemente. —Faz duas semanas desde que eu bebi, e a ultima vez que estive com uma pro... uma companheira, eu gastei quase todo meu tempo na propriedade da família próximo ao meu pai. Eu visitei os inquilinos e gerentes, me debrucei sobre livros de contabilidade até quase acabar cego. Se eu não for afortunado o suficiente para morrer de enfado logo, eu vou atirar em mim mesmo. E acima disso tudo, eu tenho este fim de semana maldito me esperando.

—Coitadinho de você,— ela disse lamentando. —É terrível ser um aristocrata, não é?— Ele olhou ferozmente para ela, e ela sorriu. —Porém, você me parece muito bem— ela disse. —Com essa abstinência você se tornou você.

—Eu não gosto disto,— ele murmurou.

—Isto dificilmente é uma surpresa.

Ele olhou fixamente para baixo, para o rosto sorridente dela, e sua expressão se suavizou. Antes de Caroline poder reagir, ele alcançou e arrancou os óculos do nariz dela.

—Meu senhor,— ela disse, indefesa, —eu quero que você pare de fazer isso! Dê-me eles de volta de uma vez. Eu não posso enxergar.

Andrew tirou o lenço dobrado de seu bolso e poliu as lentes. —Não é de se admirar que seus olhos sejam fracos, o modo como você anda por aí com eles sempre manchados.— Ignorando os protestos dela, ele os poliu meticulosamente e os segurou sobe a luz da janela. Só quando estava convencido de que os óculos estavam perfeitamente limpos, ele os devolveu óculos ao nariz dela.

—Eu estava enxergando perfeitamente bem,— ela disse.

—Existia uma impressão digital no meio da lente direita.

—De agora em diante, eu apreciaria se você simplesmente dissesse a mim sobre a mancha, ao invés de arrancá-los do meu rosto!— Caroline sabia que ela estava sendo ingrata e espinhosa. Alguma parte dela estava apelando para sua falta de educação. Porém, ela suspeitava de que se não mantivesse essa hostilidade estratégica em relação a ele, ela poderia fazer algo horrivelmente embaraçoso, como arremessar-se contra seu corpo alto, duro e beijá-lo. Ele era tão grande, irascível e tentador, meramente a visão dele causava uma onda de calor inexplicável dentro ela.

Ela não compreendia a si mesma, ela sempre pensou que deveria pelo menos gostar do homem antes de experimentar essa atordoante atração. Mas evidentemente seu corpo não estava em harmonia com suas emoções, mesmo não gostando dele, ela o queria. Sentir suas grandes mãos, morna em sua pele. Sentir seus lábios em sua garganta e seios.

Um rubor varreu a distância toda, de seu corpete até o cabelo, e ela soube que o perceptivo olhar de Drake não deixou de notar seu rubor.

Misericordiosamente, ele não fez nenhum comentário sobre isso, mas respondeu a sua observação anterior. —Muito bem,— ele disse. —Por que me importaria se você caminhar de cara com a parede ou tropeçar nos paralelepípedos, quando você não pode enxergar através destes seus malditos óculos?

Foi a mais peculiar viagem de carruagem que Andrew experimentou. Por três horas ele sobre o olhar de clara desaprovação de Cade, o rapaz o considerava um Judas, apesar de que Andrew estava disposto a pagar a todas as suas dívidas em um futuro não muito distante. E lá estava à mãe, Fanny, seguramente uma das matronas com a cabeça mais vazia que ele já havia encontrado. Ela tagarelou em monólogos intermináveis e pareceu nunca exigir uma resposta diferente além de um grunhido ocasional ou de um movimento da cabeça. Toda vez ele cometeu o engano de responder a um de seus comentários, era como jogar lenha no tolo fogo de suas palavras. E lá estava Caroline também sentada no extremo oposto dele, muda e exteriormente serena enquanto observava a sempre variável paisagem do lado de fora da janela.

Andrew olhou fixamente para ela, enquanto ela parecia completamente inconsciente da sua presença. Ela estava usando um vestido azul com uma peliça branca presa no topo. O vale em seu corpete era modesto, não exibindo nem se quer uma sugestão de divisão, não que ela tivesse alguma divisão para exibir. E ainda assim ele estava inacreditavelmente estimulado pela pequena extensão de pele que ela exibia, aquele buraco primoroso na base de sua garganta, e a suavidade de porcelana de seu tórax. Ela era minúscula, quase como uma boneca, e ainda assim ele estava encantado por ela, a ponto de ficar meio excitado apesar da presença de seu irmão e sua mãe.

—O que você tanto olha?— Ele perguntou depois de um tempo, irritada por sua recusa em repará-lo. —Você achando a visão de vacas e arbustos estimulante, não é?

—Eu tenho que olhar fixamente para a paisagem,— Caroline respondeu sem mover o olhar. —No momento que eu tento me focar em algo dentro da carruagem, eu começo a me sentir enjoada, especialmente nesta estrada desigual. Eu tenho isso desde a infância.

Fanny intercedeu ansiosamente. —Caroline, você deve tentar se curar. O quão irritante isso deve ser para um bom cavalheiro como lorde Drake ter você olhando o tempo todo para fora da janela ao invés de participar da nossa conversação.

Andrew sorriu ao ouvir ser descrito como um —cavalheiro bom.

Cade então falou. —Ela não vai mudar, Mãe. E eu me atrevo a dizer, que Drake preferiria que Carol olhasse fixamente para a paisagem em lugar de notar o esterco em seus sapatos.

—Cade, que vulgar!— Fanny exclamou, olhando zangada para ele. —Desculpe-se com lorde Drake de uma vez.

—Não há necessidade,— Andrew apressadamente respondeu.

Enfática Fanny disse. —O quão magnânimo de você, meu senhor, omitir as más maneiras de meu filho. Como para condição desgraçada de minha filha, eu estou bastante certa de que não é um defeito que poderá ser passado para filhos ou filhas.

—Isto é uma boa notícia,— Andrew disse suavemente. —Mas eu particularmente aprecio hábito encantador da Senhorita Hargreaves. Permite-me o privilégio de observar seu adorável perfil.

Caroline olhou para ele, e então, depressa rolou os olhos para o elogio antes de voltar à atenção para a janela. Ele a viu curvar os lábios ligeiramente, traindo sua diversão na lisonja.

Finalmente eles chegaram na propriedade dos Scotts, a casa apresentava a reputação de ser uma das residências mais atraentes da Inglaterra. A grande mansão de pedra era cercada uma extensão magnífica de gramado e de jardins verdes, com uma floresta de carvalhos na parte de trás. A fila de oito colunas de pedra na parte da frente estava preenchida por enormes e cintilantes janelas, fazendo a fachada do edifício parecer mais de vidro que parede. Parecia como se só alguém da realeza pudesse viver em tal lugar, que fazia isto bem apropriado para a família de Logan Scott. Ele era um tipo de realeza, embora só nos palcos de Londres.

Caroline havia sido afortunada o suficiente para ver Scott apresentar-se em uma produção no Teatro Capital, e assim como cada pessoa da plateia, ela considerou Scott ser surpreendente, com sua habilidade e presença. Diziam que seu Hamlet havia ultrapassado até mesmo o legendário David Garrick, e que as pessoas presentes leriam sobre ele nos livros de história.

—É tão interessante que um homem como Sr. Scott seja seu meio-irmão,— Caroline murmurou, olhando fixamente para a enorme propriedade enquanto Andrew a ajudava a sair da carruagem. —Existe muita semelhança entre vocês?

—Nenhuma que valha a pena notar,— Andrew disse, com o rosto inexpressivo. —Logan teve um abominável começo de vida, e ele alcançou o topo de sua profissão armado somente com nada além de talento e determinação. Considerando que eu recebi tudo, e eu não conquistei nada.

Eles falaram em murmúrios silenciosos, muito baixo para serem ouvidos por Cade ou Fanny.

—Você tem ciúmes dele?— Caroline não pode evitar perguntar.

A Surpresa iluminou o rosto de Andrew, estava claro que poucas pessoas falavam assim tão abertamente com ele. —Não, como eu poderia? Logan possui tudo que conquistou. E ele tolerou um grande erro meu. Ele até me perdoou pela vez que eu tentei matá-lo.

—O que?— Caroline tropeçou ligeiramente, parou e olhou para cima, para Drake surpresa. —Você não fez isso realmente, não é?

Um sorriso cruzou seu rosto. —Eu não teria o feito realmente isso. Mas eu estava bêbado, muito bêbado, e tinha acabado de descobrir que ele sabia que nós éramos irmãos e não tinha me contado. Então eu o encurralei em seu teatro, munido de uma pistola.

—Meu Deus.— Caroline o olhava fixamente. —Este é o comportamento de um louco.

—Não, eu não estava louco. Só bêbado.— Diversão saltava em seus olhos azuis. —Não se preocupe, coração. Eu planejo me manter sóbrio por algum tempo… e ainda que eu não o fizesse, eu não seria nenhum perigo para você.

A palavra coração, falada tão baixa, em um tom íntimo, fez acontecer algo estranho dentro dela. Caroline começou a reprová-lo por sua proximidade, e então percebeu que era esse o inteiro propósito de estar aqui, criar a impressão de que eles eram realmente um só coração.

Eles entraram no grande salão de entrada, que era forrado em madeira escura e decorado com ricas tapeçarias, onde a esposa do Sr. Scott, Madeline, dava as boas-vindas. A mulher era absolutamente adorável, seu cabelo marrom dourado em um coque sobre sua cabeça, seus olhos castanhos cintilavam enquanto ela saudava Andrew com exuberância jovial. Era claro que o dois se gostavam imensamente.

—Lorde Drake,— Madeline exclamou, apertando as mãos dele nas pequenas mãos dela, sua bochecha girou para cima para receber um beijo fraterno. —Você parece estar tão bem! Já se passaram pelo menos um mês desde a última vez que vimos você. Eu estou terrivelmente incomodada com você por ter ficado longe por tanto tempo.

Andrew sorriu para sua cunhada com e um calor transformou seu rosto sombrio, fazendo Caroline prender a respiração. —Como está minha sobrinha?— Ele perguntou.

—Você não a reconhecerá, eu juro. Ela cresceu pelo menos duas polegadas, e ela tem um dente agora!— Lançando suas mãos, Madeline virou em direção a Cade, Fanny, e Caroline, e fez uma reverência graciosamente. —Bom dia, senhor, lady Hargreaves, e Senhorita Caroline.— Seu vivaz olhar fixou-se nos de Caroline. —Meu marido e eu temos muito prazer de que você estará juntando-se a nós neste fim de semana. Qualquer amigo de lorde Drake é sempre bem-vindo em nossa casa.

—Você sempre menosprezou meus amigos,— Andrew observou secamente, e Madeline deu a ele um franzir de sobrancelhas.

—Seus habituais, sim. Mas amigos como estes são definitivamente bem-vindos.

Caroline então, intercedeu, sorrindo para Madeline. —Sra. Scott, eu prometo que nós faremos nosso melhor para nos distinguir dos companheiros habituais de lorde Drake.

—Obrigada,— a resposta da mulher foi veemente, e todos compartilharam uma risada súbita.

—Espere um minuto,— Andrew disse, só metade em gracejo. —Eu não planejava que vocês duas ficassem amigas. Seria melhor se você se mantivesse afastada da minha cunhada, Senhorita Hargreaves, ela é uma fofoqueira incurável.

—Verdade,— Madeline confirmado, enviando a Caroline um sorriso conspirativo. —E algumas das minhas melhores fofocas são sobre lorde Drake. Você achará imensamente divertido.

Fanny, que tinha estado muito hipnotizada pelo ambiente grandioso e ficado muda, de repente recuperou sua voz. —Sra. Scott, nós estamos esperando ansiosamente para encontrar seu estimado marido. Um homem tão celebrado, tão talentoso, tão notável...

Uma nova voz entrou na conversa, uma voz tão funda e distintiva que podia só pertencer a um homem. —Senhora, você me faz honra demais, eu asseguro a você.

Logan Scott os abordou por trás, tão grande e bonito quanto parecia no palco, sua figura alta impecavelmente vestida com uma calça comprida cinza, um casaco preto, e com um cachecol branco amarrado em um elaborado laço.

Olhando Andrew e seu meio-irmão, Caroline pode notar uma vaga semelhança entre eles. Eles eram ambos homens altos, fisicamente imponentes, com feições fortes, marcantes. Porém, suas cores não eram iguais. O cabelo de Andrew era tão preto quanto à noite, e o de Logan Scott era de um fogoso mogno. A pele de Andrew tinha um quê de dourado, ao invés do matiz corado de Scott.

Observando-os em pé juntos, Caroline percebeu que a diferença principal entre os dois estava no porte. Estava claro que Logan Scott estava acostumado à atenção que sua celebridade lhe proporcionava, ele era autoconfiante, um pouco sobrenatural, seus gestos moderados, e mesmo assim expansivos. Andrew, porém, era mais calado, muito mais fechado e reservado, suas emoções cruelmente enterradas abaixo da superfície.

—Irmão,— Logan Scott murmurou, enquanto trocavam um cordial aperto de mão. Estava evidente que existia um profundo afeto entre o dois.

Andrew apresentou Scott à família Hargreaves, e Caroline estava divertida em perceber que a presença dessa lenda viva havia deixado sua mãe outra vez muda. O penetrante olhar de Scott se moveu de rosto em rosto, até que ele finalmente focou em Andrew. —Nosso pai está aqui,— ele disse.

Os irmãos trocaram um olhar difícil de interpretar, era óbvio que os dois compartilhavam a compreensão de um homem que ninguém mais no mundo fazia.

—Como ele está?— Andrew perguntou.

—Melhor hoje. Ele não precisou muito de seu remédio durante a noite. No momento ele está conservando suas forças para o baile de hoje à noite.— Scott pausou antes de adicionar. —Ele queria vê-lo assim que chegasse. Devo levá-lo ao quarto dele?

Andrew assentiu. —Sem dúvida nenhuma eu cometi centenas de ofensas e ele desejará me censurar. Eu odiaria privá-lo de tal entretenimento.

—Bom,— Scott disse sardônico. —Desde que eu já tive que aturar uma sério de insultos hoje, não existe nenhuma razão para que você fique livre.

Girando para Caroline, Andrew murmurou, —Você me permite, Senhorita Hargreaves?

—É claro.— Ela se encontrou dando a ele um sorriso tranquilizante. —Eu espero que tudo ocorra bem, meu senhor.

Assim que seus olhares se encontraram, ela viu seu olhar mudar, do duro e opaco olhar para um azul quente. —Até mais tarde, então,— ele murmurou, e se curvou antes de partir.

A intimidade compartilhada nesse olhar acabou causando um bater de asas em seu estômago, e uma sensação de leveza vertiginosa flutuou por ela. Ligeiramente perturbada, Caroline refletiu se Logan Scott não era o único homem na família com habilidade para atuar. Andrew estava representando seu papel tão convincentemente que qualquer um acreditaria que ele estivesse realmente interessado nela. Ela mesma quase podia acreditar nisso. Severamente ela se concentrou no pensamento de que era tudo uma farsa. Dinheiro, não namoro, essa era a grande interesse de Andrew.

Andrew e Logan entraram na casa e cruzaram pelo corredor de mármore, seu teto adornado com cenas mitológicas e uma máscara de teatro. Aproximando-se da grande escadaria principal, que se curvava em uma enorme espiral, os irmãos subiam em um passo vagaroso.

—Sua Senhorita Hargreaves parece ser uma menina encantadora,— Logan observou.

Andrew sorriu sardônico. —Ela não é minha Senhorita Hargreaves.

—Ela é de um tipo bonito,— Logan disse. —De aparência delicada, mas parece possuir certa vivacidade de espírito.

—Espírito,— Andrew esquisitamente repetiu. —Sim… ela tem bastante disso.

—Interessante.

—O que é interessante?— Andrew perguntou cautelosamente, não gostando do tom especulativo de seu irmão.

—Pelo que eu saiba, você nunca cortejou uma dama antes.

—Não é um namoro de verdade,— Andrew informou a ele. —É meramente um ardil para enganar nosso Pai.

—O que?— Logan parou no degrau e olhou fixamente para ele surpreso. —Você se importaria em explicar, Andrew?

—Como você sabe, eu fui tirado do testamento. Para ser adicionado novamente eu preciso convencer papai que eu mudei meu comportamento, ou ele morrerá sem me deixar nem um maldito xelim.— Andrew prosseguiu explicando seu acordo com Caroline, e os termos estabelecidos.

Logan escutou atentamente, finalmente deu uma risada áspera. —Bem, se você deseja mudar o pensamento de nosso Pai sobre o testamento, eu suponho que seu envolvimento com uma mulher como a Senhorita Hargreaves é uma excelente ideia.

—Não é um 'envolvimento,'— Andrew disse, sentindo-se inexplicavelmente na defensiva. —Como eu disse a você, isto é meramente uma mentira.

Logan lançou um olhar especulativo para Andrew. —Eu suspeito Andrew, que seu relacionamento com a Senhorita Hargreaves é algo mais que uma mentira, esteja você inclinado a admitir isso ou não.

—Tudo isso é por causa de nosso Pai,— Andrew disse rapidamente. —Eu estou lhe dizendo, Scott, eu não tenho nenhum interesse nela. E ainda que tivesse, acredite-me, eu seria o último homem na Terra por quem ela se interessaria.

 

—Nem que ele fosse o último homem na face da Terra,— Caroline disse, cintilando. —Eu estou dizendo a você, Cade, eu não sinto nenhum tipo de atração por esse libertino. Não seja obtuso. Você sabe muito bem que isso tudo é uma mentira.

—Eu pensei que era,— Cade disse pensativo, —até que eu observei vocês dois durante aquela maldita carruagem hoje. Agora eu não estou tão certo. Drake olhou fixamente para você como um gato atrás de um rato. Ele não tirou os olhos de você nem uma vez.

Caroline severamente suprimiu uma punção de satisfação nas palavras de seu irmão. Ela girou em direção ao espelho longo, desnecessariamente afofando as mangas curtas de seu vestido de festa de azul pálido. —A única razão de ele ter olhado para mim era para distrair-se da tagarelice de nossa mãe,— ela disse decisivamente.

—E o modo com você sorriu pra ele esta tarde, antes dele partir para ver o pai,— Cade continuou. —Você olhava bêbada de amor.

—Bêbada de amor?— Ela soltou uma explosão de riso. —Cade, esta é a coisa mais ridícula que eu já ouvi você dizer. Não só eu não estou bêbada de amor por lorde Drake, como eu mal posso suportar estar no mesmo lugar que ele!

—Então por que esse novo vestido e penteado?— Ele perguntou. —Você tem certeza de que não está tentando atraí-lo?

Caroline olhou seu reflexo criticamente. Seu vestido era simples mas elegante, uma combinação de musselina fina branca revestida com seda azul transparente. O corpete era de um decote baixo, quadrado, cortado por um filete de bordado e contas de prata. Seu brilhante cabelo escuro, havia sido puxado para trás formando um coque na sua cabeça preso com fitas azuis. Ela sabia que já havia parecido melhor em sua vida. —Eu estou usando um novo vestido porque eu estou cansada de parecer tão matronal,— ela disse. —Só porque eu sou uma solteirona não quer dizer que eu tenha que parecer tão antiquada.

—Carol,— seu irmão disse, afetuosamente. Surgindo por detrás e repousando suas mãos em seus braços superiores, —você só é uma solteirona por escolha. Você sempre foi uma menina adorável. A única razão pela qual você não encontrou um marido, é porque você ainda não encontrou nenhum que você goste.

Ela girou para abraçá-lo, sem se preocupar em amassar o vestido, e sorriu para ele calorosamente. —Obrigada, Cade. E só pra deixar isso bem claro, eu não gosto do Senhor Drake. Como eu lhe disse dúzias de vezes, nós estamos simplesmente atuando. Como em uma apresentação de teatro.

—Tudo bem,— ele disse, recuando olhar para olhá-la ceticamente. —Mas em minha opinião, vocês estão ambos atuando em seus papéis com um pouco mais zelo que o necessário.

Os sons do baile penetraram no ouvido de Caroline enquanto ela descia pela grande escadaria. A luminosidade, e a melodia ágil da valsa pairavam no ar. Pequenos fragmentos de riso e conversa eram ouvidos enquanto os convidados se moviam pelo circuito de salas ramificados fora do corredor central. A atmosfera estava fortemente perfumada pelos enormes arranjos de rosas e lírios, uma brisa vinda do jardim flutuava suavemente pelas filas de janelas abertas.

As pontas dos dedos enluvadas de Caroline deslizaram facilmente por cima do corrimão de esculpido em mármore esculpido, à medida que eles desciam. Com a outra mão ele agarrou o braço de Cade. Ela estava estranhamente nervosa, perguntando-se se sua noite que passaria na companhia de Andrew provaria ser um prazer ou uma tortura. Fanny tagarelava excitadamente enquanto acompanhava os dois, mencionando que os nomes de vários convidados ela já vira cidade, inclusive pessoas da realeza, políticos, um artista celebrado, e um notório dramaturgo.

Assim que chegaram ao final da escada, Caroline viu Andrew esperando por eles, seu cabelo escuro cintilava sob a brilhante luz de legiões de velas. Como ele tivesse pressentido a aproximação dela, ele virou e olhou para cima. Seus dentes brancos reluziram em um sorriso assim que ele a viu, e as batidas do coração de Caroline dispararam em um ritmo duro.

Vestido formalmente, elegante em preto e branco, com uma gravata engomada e um colete perfeitamente ajustado, Andrew estava tão bonito que chegava a ser indecoroso. Ele estava tão lustroso e imaculado quanto qualquer cavalheiro apresentável, mas seus notáveis olhos azuis cintilavam com o charme do diabo. Quando ele olhava pra ela assim, com o olhar quente e interessado, ela não se sentia como se tudo isso fosse uma obrigação. Ela não sentia parte de uma mentira. O fato lamentável era que, ela se sentia excitada, alegre, completamente iludida.

—Senhorita Hargreaves, você está encantadora,— ele murmurou, depois de saudar Fanny e Cade. Ele ofereceu a ela seu braço e a guiou em direção ao salão de baile.

—Não matronal?— Caroline perguntou asperamente.

—Nem um pouco.— Ele sorriu um pouco. —Você nunca o fez, realmente. Quando eu fiz aquele comentário, estava só tentando aborrecer você.

—Você obteve sucesso,— ela disse, e pausado com um franzir de sobrancelhas disse. —Por que você quis me aborrecer?

—Porque aborrecedor você é mais seguro que—— Por alguma razão ele parou abruptamente e manteve sua boca fechada.

—Mais seguro que o que?— Caroline perguntou, intensamente curiosa enquanto ele a levava ao salão de baile. —O que? O que?

Ignorando as perguntas dela, Andrew a conduziu em uma valsa intoxicante e poderosa como se a melodia pulsasse dentro de suas veias. Ela era no melhor uma dançarina competente, mas Andrew era excepcional, e existiam poucos prazeres para se equiparar como dançar com um homem que era verdadeiramente competente dançando. Seu braço era encorajador, suas mãos eram gentis ainda assim autoritárias enquanto a guiava suave, em círculos pelo salão.

Caroline estava vagamente ciente de que aquelas pessoas estavam olhando fixamente para eles. Sem dúvida nenhuma a multidão estava pasma, pelo fato de que o dissoluto lorde Drake estava valsando com a adequada Senhorita Hargreaves. Eles eram obviamente um par inadequado … e mesmo assim, Caroline perguntava-se, era realmente tão inconcebível que um farrista e uma solteirona pudessem achar um ao outro atraente?

—Você é um dançarino maravilhoso,— ela não pode evitar exclamar.

—Claro que eu sou,— ele disse. —Eu sou proficiente em todas as atividades triviais da vida. Somente as coisas importantes representam um problema para mim.

—Não tem que ser desse modo.

—Ah, tem sim,— ele garantiu com um sorriso zombeteiro.

Um silêncio desconfortável seguiu-se até que Caroline encontrou uma forma de quebrá-lo. —Seu pai já desceu?— Ela perguntou. —Seguramente você gostaria que ele nos veja dançando juntos.

—Eu não sei onde ele está,— Andrew replicou. —E neste momento eu não dou à mínima se ele nos vir ou não.

Nas galerias superiores que observava o salão de baile, Logan Scott guiava um par de criados para assistir seu frágil pai, uma forma amontoada sobre uma suave poltrona. Uma criada sentava perto da poltrona, pronta para ir buscar qualquer coisa que o conde pudesse exigir. Um leve cobertor estava pendurado em cima dos joelhos ossudos do Conde Rochester, e um bocado de vinho Rhenish estava colocada entre seus dedos.

Logan observou o homem por um momento, por dentro, pasmo de que o Conde Rochester, uma figura que reluzira sua vida toda, tanto poder e malevolência, para acabar se tornando isso. O rosto uma vez bonito, com seu olhar de falcão, havia encolhido para uma máscara de esquelética pálida e delicada. O corpo vigoroso, musculoso se deteriorou tanto que ele mal podia caminhar sem ajuda. Alguns poderiam pensar que a morte iminente teria suavizado o cruel Conde, e talvez levá-lo a lamentar algo passado. Mas Rochester, verdadeiro em seu ser, admitia não possuir nenhum remorso.

Não pela primeira vez, Logan sentiu uma simpatia aguda por seu meio-irmão. Entretanto Logan havia sido criado por um fazendeiro que abusava fisicamente dele, ele tinha sofrido mais que Andrew, cujo pai abusou muito de sua alma. Seguramente nenhum homem em toda existência era mais frio e mais desamoroso que o Conde Rochester. Era maravilhoso que Andrew sobrevivesse a tal infância.

Tirando seus pensamentos do passado, Logan olhou para o salão abaixo. Seu olhar localizou a forma alta de seu irmão, que estava dançando com Senhorita Caroline Hargreaves.

A pequena mulher parecia ter enfeitiçado Andrew, que por essa vez não parecia estar entediado, amargo ou calado. Na verdade, pela primeira vez em sua vida, parecia que Andrew estava exatamente onde ele queria estar.

—Ali,— Logan disse, facilmente ajustando o peso do sofá de forma que seu pai pudesse ver melhor. —Aquela é a mulher que Andrew trouxe.

A boca do Conde Rochester se comprimiu em uma linha magra de desdém. —Uma menina sem nenhuma consciência,— ele disse. —Sua aparência é adequada, eu suponho. Porém, eles dizem que ela é uma literata. Não presuma poder me dizer que seu irmão tem interesse em tal criatura.

Logan sorriu ligeiramente, acostumado à língua cáustica do homem de idade avançada. —Observe eles juntos,— ele murmurou. —Veja como ele é com ela.

—É uma mentira,— Rochester disse de modo sereno. —Eu conheço tudo sobre meu inútil filho e sua manias. Eu poderia ter predito isto do momento que eu removi seu nome do meu testamento. Ele espera me enganar em acreditar que ele possa mudar seus modos.— Ele soltou um sorriso irritado. —Andrew pode cortejar uma multidão de solteironas respeitáveis se ele desejar. Mas eu irei para inferno antes de colocá-lo de volta em meu testamento.

Logan evitou responder que tal argumento era bastante provável, e curvou para ajeitar um aveludado travesseiro atrás do delicado homem velho. Satisfeito que seu pai tinha um lugar confortável para visualizar as atividades lá em baixo, ele ficou em pé e repousou a mão na balaustrada esculpida em mogno. —Ainda que fosse uma mentira,— ele pensou em voz alta, —não seria interessante se Andrew caísse na armadinha que ele próprio fez?

—O que você disse?— O velho olhou fixamente para ele limpando a garganta e com olhos estreitos e sorveu um bocado de vinho. —Que tipo de armadilha é esta, me diga?

—Eu quero dizer, que é possível que Andrew se apaixone pela Senhorita Hargreaves.

O conde riu enquanto bebia. —Não está nele amar ninguém além dele mesmo.

—Você está errado, Pai,— Logan disse calmamente. —É só que Andrew teve pouco conhecimento dessa emoção, particularmente recebendo isto.

Entendendo a crítica sutil a maneira fria em que ele sempre tratou seus filhos tanto o legítimo quanto o bastardo, Rochester deu a ele um sorriso desdenhoso. —Você joga a culpa pelo egoísmo dele em mim, é claro. Você sempre teve desculpas para ele. Tome cuidado companheiro, ou eu também tirarei você do meu testamento.

Para óbvio aborrecimento de Rochester, Logan desatou a rir. —Eu não dou a mínima,— ele disse. —Eu não preciso de um xelim vindo de você. Mas tenha um cuidado quando você fala de Andrew. Ele é a única razão pela qual você está aqui. Por alguma razão que eu nunca poderei compreender, Andrew ama você. Um milagre que você ter produzido um filho que conseguiu sobreviver a sua doce mercê e ainda ter a capacidade de amá-lo. Eu espontaneamente admito que não o faria.

—Você gosta de me fazer parecer um monstro,— o conde observou friamente. —Quando a verdade é que, eu só dou as pessoas o que elas merecem. Se Andrew tivesse feito alguma coisa para merecer meu amor, eu teria concedido isso para ele. Mas ele terá que merecer isso primeiro.

—Por Deus, homem, você está quase em seu leito de morte,— Logan murmurou. —Você não acha que esperou tempo o suficiente? Tem alguma maldita ideia do que Andrew faria por uma palavra de elogio ou de afeto vinda você?

Rochester não retrucou, seu rosto teimosamente imóvel enquanto bebia mais um gole de vinho e assistia ao reluzir e ao giro da massa de pares abaixo.

A regra era que um cavalheiro nunca deveria dançar mais do que três vezes com uma garota em um baile. Caroline não sabia por que tal regra havia sido inventada, e ela nunca se ressentiu disto como ela o fazia agora. Para sua surpresa, ela descobriu que gostava de dançar com Andrew, lorde Drake, e ela estava mais que pesarosa quando a valsa terminou. Ela estava realmente surpresa por perceber que Andrew poderia ser um companheiro agradável quando ele assim desejava.

—Eu não suspeitava que você fosse tão bem informado sobre tantos aspectos,— ela disse a ele, enquanto serventes abasteciam seus pratos na mesa de refresco. —Eu presumi que você gastasse a maior parte de seu tempo bebendo, e ainda assim você é notavelmente culto.

—Eu posso beber e ler um livro ao mesmo tempo,— ele disse.

Ela franziu o cenho. —Não faça disso uma tempestade, quando o que eu estou tentando dizer é que… bem... você não é…

—Eu não sou o que?— Ele prontamente disse.

—Você não é exatamente o que parece.

Ele deu a ela um sorriso falsamente indiferente. —Esse é um elogio, Senhorita Hargreaves?

Ela estava tentando parecer ligeiramente indiferente enquanto olhava fixamente dentro daqueles mornos olhos azuis. —Eu suponho que sim.

A voz de uma mulher interrompeu a conversa, cortando o feitiço de intimidade com a primorosa precisão de um cirurgião. —Por que, Prima Caroline,— a mulher exclamou, —eu estou espantada em ver o quão elegante você está. É uma grande pena que você não possa se desfazer dos óculos, querida, senão você seria a beleza do baile.

Quem falava era Julianne, a Senhora Brenton, a mulher mais bonita e traiçoeira que Caroline já conhecera. Até as pessoas que a menosprezavam, e existia uma infinidade delas, tinham que reconhecer que ela era fisicamente perfeita. Julianne era esbelta, de estatura mediana, com quadris perfeitamente arredondados e muito favorecida de seio. Seu rosto era angelical, seu nariz pequeno e estreito, seus lábios eram naturalmente cor-de-rosa, seus olhos azuis. Coroando toda essa perfeição um pesado redemoinho de cabelos louros brilhavam como se estivessem sido destilados pelo luar. Era difícil, se não impossível, acreditar que Caroline e essa criatura radiante pudessem ser de alguma forma parentes, e mesmo assim elas eram primas de primeiro grau pelo lado de seu pai.

Caroline cresceu reverenciando Julianne, que é um ano mais velha que ela. Já adulta, porém, essa admiração foi gradualmente se transformando em desencanto, quando Caroline percebeu que a beleza externa de sua prima escondia um coração monstruosamente egoísta e calculista. Quando tinha dezessete anos, Julianne casou-se com um homem quarenta anos mais velho, um conde rico com uma propensão a colecionar objetos caros. Existiram frequentes rumores de que Julianne fora infiel ao marido idoso, mas ela era muito inteligente para ter sido pega. Três anos atrás seu marido morreu em sua cama. Existiam suspeitas sussurradas de que sua morte não fora de causas naturais, nunca nada foi descoberto.

Os olhos azuis de Julianne faiscaram maldosamente parados em frente à Caroline. Sua imaculada loirisse era complementada por um vestido que vislumbrava em branco e que drapejava tão baixo na frente que as metades superiores de seus peitos estavam expostas.

Deslizando um olhar coquete por Andrew, Julianne observou, —Minha pobre pequenina prima é bem cega sem seus óculos… uma pena, não é?

—Ela é adorável com ou sem eles,— Andrew respondeu friamente. —A considerável beleza da Senhorita Hargreaves combina perfeitamente com suas qualidades interiores. Infelizmente não podemos dizer o mesmo de outras mulheres.

O sorriso extasiante de Julianne se tornou sombrio, ela e Andrew, se observavam um ao outro com desafio. Mensagens não ditas eram trocadas entre eles. A felicidade de Caroline daquela noite, evaporou, assim que algumas coisas se tornaram claras. Era óbvio que Julianne e Andrew eram íntimos. Lá existia uma sombra de intimidade especial, de conhecimento sexual, que só poderia ser resultado de algum romance anterior.

É claro que eles foram amantes, Caroline pensou ressentida. Andrew seguramente já esteve intrigado por uma mulher de tal beleza sensual… e sem dúvida nenhuma, Julianne estaria mais do que disposta a conceder seus favores a um homem que era o herdeiro de uma grande fortuna.

—Lorde Drake,— Julianne rapidamente disse, —você está mais bonito que nunca… você me parece bastante revigorado. Para quem nós devemos gratidão por uma transformação tão agradável?

—Meu pai,— Andrew bruscamente respondeu, com um sorriso que não alcançou seus olhos. —Ele me retirou de seu testamento, realmente uma experiência transformadora.

—Sim, eu soube disso.— Os lábios em forma de arco de Julianne se curvaram em decepção. —Sua herança era um de seus atributos mais agradáveis, querido. Uma pena que você o tenha perdido.— Ela olhou para Caroline com sorriso malicioso antes de adicionar, —Claramente suas oportunidades encolheram consideravelmente.

—Não queremos segurá-la, Julianne,— Caroline disse. —Sem dúvida nenhuma você tem muito para realizar hoje à noite, com tantos homens ricos aqui.

Os olhos azuis do Julianne se estreitaram com o sutil insulto. —Muito bem. Boa noite, Prima Caroline. E reze para mostrar a lorde Drake mais de sua 'beleza interior', esta pode ser sua única chance de chamar sua atenção.— Um sorriso felino se estendeu através de seu rosto à medida que murmurava, —Se você conseguir atrair Drake para sua cama, prima, você encontrará o companheiro mais excitante e talentoso que já existiu. Eu posso dar minha garantia pessoal disto.— Julianne se foi, balançando seus quadris fazendo com que suas saias de seda assobiassem.

Vários olhares masculinos seguiram seu movimento através do salão, mas Andrew não foi um deles. Ao invés disso ele focou em Caroline, que o olhou de volta, com um olhar ferozmente acusador. —Apesar da sutileza e discrição de minha prima,— Caroline disse friamente, —eu consegui perceber que você e ela já foram amantes. Não é verdade?

Até a interrupção da Senhora Brenton, Andrew estava realmente se divertindo. Ele sempre achou repugnante frequentar bailes e eventos noturnos, nas quais era esperado se fazer conversações obtusas com garotas casadoiras e suas damas de companhia muito mais obtusas. Mas Caroline Hargreaves, com sua rápida sagacidade e espírito, era surpreendentemente divertida. Na última meia hora ele sentiu uma peculiar sensação de bem-estar, um calor que não teve nada a ver com álcool.

Então Julianne apareceu, relembrando a ele de todo seu passado de devassidão, e a frágil sensação de felicidade abruptamente desapareceu. Andrew sempre acusou seu pai de não ter nenhum remorso do passado… mas lá estava, a punhalada inconfundível de arrependimento, de vergonha, seu romance com Julianne. E o inferno que isso foi, o romance não valeu nem o trabalho. Julianne era como aquelas elaboradas sobremesas francesas que nunca eram tão gostosas quanto pareciam, e certamente nunca satisfaziam o paladar.

Andrew forçou-se a devolver o olhar de Caroline enquanto respondia sua pergunta. —É verdade,— ele disse grosseiro. —Nós tivemos um caso dois anos atrás… breve e que não vale a pena ser lembrado.

Ele não gostou do modo como Caroline olhava fixamente para ele, como se ela fosse tão integra e sem defeito que nunca havia feito nada que merecesse remorso. Dane-se ela, ele nunca mentiu para ela, ou fingiu ser algo que não fosse. Ela sabia que ele era um sem-vergonha, um vilão… pelo amor de Deus, ele recorrera à chantagem para conseguir que ela aceitasse vir à festa de fim de semana.

Carrancudo ele perguntou-se por que diabos Logan e Madeline convidaram Julianne. Bem, ele não podia meramente opor-se a presença dela na festa só por que alguma vez eles tiveram um caso. Se ele tentasse expulsá-la da propriedade por isso, existia pelo menos meia dúzia de outras mulheres presentes que teriam de ser expulsas pelo mesmo motivo.

Como se ela tivesse assistido a virada de seus pensamentos, Caroline olhou ferozmente pra ele. —Eu não fico surpreendida que você dormiu com minha prima,— ela disse. —Sem dúvida nenhuma você dormiu com metade das mulheres daqui.

—E se eu o fiz? Que diferença isso faz para você?

—Nenhuma diferença mesmo. Só serve para confirmar minha baixa opinião sobre você. O quão inconveniente deve ser, ter tanto autocontrole quanto uma lebre.

—É melhor do que ser uma solteirona frívola,— ele disse com um sorriso.

Os marrons olhos dela se alargaram por detrás dos óculos, e um rubor se estendeu por todo seu rosto. —O que? Do que você me chamou?

A altura de seu tom alertou um casal que estava por perto de que uma discussão estava para começar, e Andrew percebeu que eles eram o foco de alguns olhares fixos especulativos. —Lá fora,— ele caminhou para fora. —Nós continuaremos a isso no jardim de rosas.

—Certamente,— Caroline concordou em um tom vingativo, lutando manter o rosto impassível.

Dez minutos mais tarde eles conseguiram escapar para o lado de fora do salão.

O jardim de rosas, o qual Madeline Scott se referia como seu —quarto-rosa,— ficava em uma parte sudoeste do jardim, delineado por postes e grinaldas cobertas com rosas trepadeiras. O chão era coberto de calcário branco, e um aroma de lavanda se revelava na entrada. Existia uma urna de pedra maciça em um pedestal no centro do quarto-rosa, cercada por uma espreguiçadeira de veludo azul.

O ar exoticamente perfumado não fez nada para acalmar frustração de Andrew. Enquanto observava a leve figura de Caroline entrar no jardim, ele mal podia evitar lançar-se sobre ela. Ao invés disso ele se manteve parado e quieto, sua mandíbula presa enquanto ele a observava aproximar-se.

Ela parou meio metro de distancia dele, sua cabeça pendeu para trás de forma que pudesse olhar diretamente pra ele. —Eu tenho só uma coisa para lhe dizer, meu senhor.— A agitação dela deixou a voz tensa e alta. —Diferentemente de você, eu tenho uma alta consideração pela verdade. E desta forma eu nunca desaprovaria com uma observação honrada, não importa o quão desfavoráveis, eu me ressinto do que você afirmou no salão. Porque isto não é verdade! Você está categoricamente errado, e eu não voltarei para dentro daquela casa até que você admita isto!

—Errado sobre o que?— Ele perguntou. —De que você seja uma donzela de gelo?

Por alguma razão o termo a incendiou. Ele viu tremor de indignação no queixo de Caroline. —Sim, isso,— ela disse em um silvo.

Ele deu um sorriso projetado para deixá-la furiosa. —Eu posso provar,— ele disse em um tom provocativo. —Qual é sua idade… vinte e seis?

—Sim.

—E apesar do fato de ser de longe mais bonita que a média, e de possuir uma boa linhagem e um sobrenome respeitado, você nunca aceitou uma proposta de casamento de homem nenhum.

—Correto,— ela disse, olhando brevemente embriagada pelo elogio.

Ele caminhou ao redor ela, dando a ela uma insultante inspeção completa. —E você é virgem… não é?

Era óbvio que a pergunta a afrontava. Ele pode facilmente ler a afronta em sua expressão, seu rubor era evidente até naquela escuridão iluminada somente pelas estrelas. Nenhuma mulher jovem direita deveria pensar em responder tal pergunta. Depois de uma longa luta, em silêncio ela assentiu com a cabeça.

Aquela pequena confirmação fez algo dentro dele, alguma coisa se apertou e pulsou com uma frustração selvagem. Que maldita, antes ele nunca achou uma virgem desejável. E ainda assim ele a queria com uma intensidade vulcânica… ele queria possuir e beijar cada polegada de seu inocente corpo… ela queria fazê-la gritar e gemer por ele. Ele queria os preguiçosos momentos posteriores quando deitariam juntos, suados e sossegados como resultado da paixão. Ter o direito de tocá-la intimamente, sempre e quando quisesse, pareceria inestimável. E ele nunca a teria. Ele havia renunciado qualquer chance disso a muito tempo, antes mesmo de se conhecerem. Talvez se ele levasse a vida de uma maneira completamente diferente… Mas ele não podia fugir das consequências de seu passado.

Cobrindo seu desejo com um sorriso zombeteiro, Andrew gesticulou com as mãos para indicar que os fatos falavam por eles mesmos. —Bonita, solteira, vinte e seis, e virgem. Isso leva a uma só conclusão... donzela de gelo.

—Eu não sou! Eu tenho muito mais paixão, e sentimentos honrados que você jamais possuirá!— Seus olhos se estreitaram quando ela viu sua diversão. —Não ouse rir de mim!— Ela se lançou sobre ele, suas mãos levantadas como se fosse atacar.

Com um riso sufocado, Andrew agarrou seus braços superiores e os segurou à distância… até que ele percebeu que ela não estava tentando arranhar seu rosto, mas particularmente tentando pôr as mãos ao redor seu pescoço. Surpreso, ele soltou seus braços, e ela imediatamente ocupou sua nuca. Ela mostrou tanta pressão quanto podia, usando todo seu peso para puxar a cabeça dele para baixo. Ele resistiu facilmente, olhando fixamente para o seu pequeno rosto pequeno com um sorriso confuso. Ele era tão maior que ela que qualquer tentativa dela em coagi-lo fisicamente era cômica. —Caroline,— ele disse, sua voz instável com partes iguais de diversão e desejo, —você está por acaso tentando me beijar?

Ela continuou forçando ele para baixo furiosamente, colérica e determinada. Ela estava dizendo algo por baixo de sua respiração, cuspindo como um gatinho raivoso. —… mostrar para você… fazer você se arrepender… que eu não sou fria, seu libertino arrogante, presunçoso …—

Andrew não podia suportar mais. À medida que observava a minúscula, indignada mulher em seus braços, ele perdeu a capacidade de pensar racionalmente. Tudo que ele podia pensar o quanto ele a desejava, e como alguns momentos roubados no jardim de rosas não importariam no grande esquema dele. Ele estava quase louco de vontade de saboreá-la, tocá-la, arrastar todo o corpo dela contra o seu, e que o resto do mundo fosse pro inferno. E então ele deixou acontecer. Ele relaxou seu pescoço e abaixou sua cabeça, e deixou que ela puxasse a boca dele na dela.

Algo inesperado aconteceu com a primeira pressão de seus doces lábios, inocentemente fechados porque ela não sabia beijar corretamente. Ele sentiu uma pressão dolorida horrível ao redor de seu coração, pressionando até que ele sentiu a dura parede ao redor quebrar, e calor veio para apressado para o lado de dentro. Ela estava tão leve e suave em seus braços, o cheiro de sua pele cem vezes mais atraente que rosas, a linha frágil de sua espinha arqueando conforme ela tentava se apertar mais nele. A sensação veio muito forte, muito rápida, e ele congelou em uma súbita paralisia, não sabendo onde pôr as mãos, com medo que se ele mexesse um pouco, ele a esmagaria.

Ele apalpou suas luvas, as arrancou, e jogou elas no chão. Cuidadosamente ele tocou nas costas de Caroline volta e deslizou sua palma até sua cintura. Sua outra mão tremeu à medida que ele passou a mão em sua nuca. Oh, Deus, ela era primorosa, um pacote de musselina e seda em suas mãos, muito deliciosa para ser real. Sua respiração apressava em seus pulmões, dura quase estourando, e ele lutava para manter seus movimentos gentis conforme ele a persuadia mais íntima contra seu corpo ferozmente despertado. Aumentando a pressão do beijo, ele fez com que os lábios dela se separassem, tocando sua língua na dela, e descobriu o intoxicante gosto dela. Ela começou na intimidade pouco conhecida. Ele sabia que estava errado para beijar uma virgem dessa maneira, mas ele não podia parar. Um som lisonjeiro veio do fundo de sua garganta, e ele lambeu mais fundo, procurando o doce calor escuro de sua boca. Para sua surpresa, Caroline gemeu e relaxou em seus braços, seus lábios se separando divisão da boca, sua língua se esfregando ardentemente contra a sua.

Andrew não esperava que ela fosse ser tão ardente, tão receptiva. Ela devia ter sido repelida por ele. Mas ela se rendeu com tal confiança que o devastou. Ele não podia parar sua mão de vagar sobre ela faminto, alcançando acima nas curvas de suas nádegas, pressionando mais alto contra seu corpo. Ele a puxou para cima, aconchegando ela mais intimamente no cume enorme de seu sexo até que ela estava exatamente no lugar que ele queria. As finas camadas da roupa dela... contra o... dele não impediram para amortizar a sensação. Ela ofegava e me meava deliciosamente, pressionava seus braços ao redor do pescoço dele até que os dedões do pé quase deixassem o chão.

—Caroline,— ele disse rouco, sua boca beijando abaixo a linha tenra de sua garganta, —você está me deixando louco. Nós temos que parar agora. Eu não devia estar fazendo isso...

—Sim. Sim.— Sua respiração estava rápida, expulsões quentes, e ela se enroscou ao redor ele, esfregando-se contra a protrusão de pedra dura de sua região lombar. Eles se beijaram novamente, sua boca agarrada à dele com uma doçura frenética, e Andrew fez um quieto e desesperando som.

—Pare-me,— ele murmurou, apertando suas mãos nela. —Diga-me para deixá-la ir… Esbofeteie-me…

Ela colocou sua cabeça para trás, ronronando como um gatinho enquanto ele se aninhava no espaço suave em baixo de sua orelha. —Onde eu deveria esbofeteá-lo?— Ela perguntou.

Ela era muito inocente para compreender completamente as conotações sexuais de sua pergunta. Mesmo assim, Andrew sentiu que ele ficara impossivelmente rijo, e ele suprimiu um gemido de desejo. —Caroline,— ele severamente sussurrou, —você ganhou. Eu estava errado quando chamei você de… Não, não faça mais isso; Eu não posso aguentar isso. Você ganha.— Ele a colocou longe de seu corpo dolorido. —Agora fique longe,— ele adicionou incisivamente, —ou você vai perder sua virgindade neste maldito jardim.

Reconhecendo a veemência em seu tom, Caroline prudentemente se manteve alguns pés de distância dele. Ela embrulhou-se com seus braços esbeltos, tremendo. Durante algum tempo não houve nenhum som a não ser sua entrecortada respiração.

—Nós deveríamos voltar,— ela disse finalmente. —As pessoas notarão que nós dois estamos ausentes. Eu… eu não tenho nenhum desejo de estar comprometida … você sabe, minha reputação…— Sua voz se arrastou para um silêncio desajeitado, e ela arriscou olha-lo. —Andrew,— ela confessou com sinceridade, —eu nunca me senti assim ant...

—Não diga isso,— ele interrompeu. —Pelo seu bem, e o meu, nós não vamos deixar isso acontecer novamente. Nós vamos nos manter na mentira. Eu não quero complicações.

—Mas você não quer...

—Não,— ele disse elegantemente. —Eu quero só fingir um relacionamento com você, nada mais. Se eu realmente ficasse envolvido com você, eu teria que transformar minha vida completamente. E é malditamente muito tarde para isso. Eu estou além da redenção, e ninguém, nem mesmo por você, vale a pena me mudar.

Ela esteve quieta por um longo momento, seus olhos ofuscados focados no rosto fixo dele. —Eu conheço alguém que isso vale a pena,— ela disse finalmente.

—Quem?

—Você.— Seu olhar era fixo, direto e sincero. —Você vale a pena, Andrew.

Com só algumas palavras, ela o derrubou. Andrew agitou sua cabeça, incapaz de falar. Ele queria colocá-la em seus braços novamente… adorá-la … arrebatá-la. Nenhuma mulher havia nem sequer sugerido levemente ter fé nele, em sua desprezível alma, entretanto ele queria responder com absoluto desprezo, ele não poderia. Um desejo inimaginável o consumiu em uma grande chama depuradora, que de alguma maneira ele podia tornar-se merecedor dela. Ele almejava dizer a ela como ele se sentia. Ao invés disso ele evitou seu rosto e dirigiu-lhe algumas palavras ásperas. —Você entra na casa primeiro.

Durante o resto da festa, e pelos próximos três meses, Andrew foi um perfeito cavalheiro. Ele era atencioso, pensativo, e bem humorado, piadas eram ditas por todos aqueles que conheceram lorde Drake insinuavam que ele havia sido sequestrado e substituído por algum idêntico estranho. Aqueles que estavam cientes do pobre estado de saúde do Conde Rochester imaginavam que Andrew estava fazendo um esforço para cortejar o favor do seu pai antes do velho homem morrer e privá-lo da fortuna da família. Era um esforço transparente, as fofocas eram silenciosas, e muito se deve a postura do desviado lorde Drake.

O estranho era que, quanto mais Andrew fingia estar mudado, mais parecia para Caroline que ele tivesse realmente reformado. Ele se encontrou com os representantes das propriedades Rochester e desenvolveu um plano para melhorar a terra de modo que os inquilinos fossem infinitamente ajudados. Então para a perplexidade de todos que conheciam ele, Andrew vendeu muito de sua propriedade pessoal, inclusive uma série de cavalos premiados puro-sangue, para financiar as melhorias.

Não estava em caráter para Andrew tomar tal risco, especialmente quando não existia nenhuma garantia que ele herdaria a fortuna de Rochester. Mas quando Caroline perguntou a ele por que ele pareceu determinado para ajudar os inquilinos de Rochester, ele riu e encolheu os ombros como se esse fosse um assunto qualquer. —As mudanças teriam de ser feitas com ou sem o dinheiro do conde,— ele disse. —E eu estava cansado de manter todos aqueles malditos cavalos.

—Então sobre as suas propriedades na cidade?— Caroline perguntou. —Eu ouvi que seu pai planejava desapropriar alguns inquilinos de um cortiço em uma rua suja de Whitefriars em lugar de reformar o local, e você está os deixando ficar, e está renovando o edifício todo.

O rosto do Andrew estava cuidadosamente inexpressivo à medida que respondia. —Diferentemente de meu pai, eu não tenho nenhum desejo para ser conhecido como um dono de cortiço. Mas não entenda meus motivos como altruísticos, é meramente uma decisão comercial. Qualquer dinheiro gasto na propriedade aumentará seu valor.

Caroline sorriu para ele e se debruçou próxima como se fosse confiar um segredo. —Eu penso, meu senhor, que você realmente se importa com aquelas pessoas.

—Eu sou praticamente um santo,— ele concordou sardônico, com um arco em sua sobrancelha.

Ela continuou a sorrir, porém, percebendo que Andrew não era tão insensível quanto ele fingia ser.

O porquê de Andrew ter começado a se importar com as pessoas cuja existência ele nunca nem se aborreceu notar antes de era um mistério. Talvez ele tinha algo a ver com a morte iminente de seu pai… talvez Andrew finalmente percebeu o peso da responsabilidade que logo seria transferida para seus ombros. Mas ele poderia facilmente deixar coisas continuarem da mesma maneira que elas eram, permitindo gerentes e agentes de propriedade de seu pai continuassem a tomar as decisões. Ao invés ele tomou as rédeas com suas próprias mãos, tateando a princípio, depois então com uma confiança crescente.

Conforme o acordado, Andrew levou Caroline para passear a cavalo no parque, e a escoltou para noites musicais e eventos noturnos e o teatro. Já que Fanny era exigida para agir-se como aia, existiram poucas ocasiões para Caroline conversar reservadamente com Andrew. Eles eram forçados a discutir assuntos decentes como literatura ou jardinagem, e o contato físico entre eles era limitado por um relar ocasional das pontas dos dedos, ou a pressão de seu ombro contra o dela quando se sentavam próximos um do outro. E ainda a estes passageiros momentos de proximidade, um silencioso e fixo olhar, uma carícia roubada de seu braço ou mão, eram impossivelmente excitantes.

Para Caroline a consciência da presença de Andrew era tão excruciante que ela às vezes pensava que entraria repentinamente em chamas. Ela não podia parar de pensar sobre o abraço apaixonante no jardim de rosa do Scotts, o prazer da boca de Andrew na sua. Mas ele estava tão implacavelmente cortês agora que ela começou a perguntar-se se o episódio talvez houvesse sido algum sonho tórrido invocado por sua própria e fervorosa imaginação.

Andrew, lorde Drake, era um quebra-cabeça fascinante. Parecia para Caroline que ele existiam dois homens diferentes, o arrogante, autoindulgente libertino, e o atraente estranho que estava tropeçando duvidosamente no caminho para se tornar um cavalheiro. O primeiro homem nunca a havia atraído. O segundo… bem, era um assunto completamente diferente agora. Ela percebeu que ele lutava, entre os fáceis prazeres do passado e os deveres estendidos diante dele. Ele ainda havia voltado a beber e a perseguir saias... ele teria admitido livremente isso para ela se tivesse. E de acordo com Cade, Andrew raramente visitava os clubes de antes. Invés disso ele gastava seu tempo na esgrima, no boxe, ou montando até quase cair de esgotamento. Ele perdeu peso, talvez 6 quilos ou mais, até que sua calça comprida ficou pendurada deselegantemente solta até ser ajustada. Embora Andrew sempre tivesse sido um homem bem formado, seu corpo agora estava magro e impossivelmente duro, os músculos de seus braços e costas puxavam as costuras de seu casaco.

—Por que você se mantém tão ativo?— Caroline não podia resistir em perguntar um dia, enquanto podava uma cama viçosa de lavanda de seu jardim. Andrew recostou-se perto dela em um pequeno banco enquanto assistia Caroline cuidadosamente cortar as cabeças secas de cada talo. —Meu irmão diz que você esteve no clube pugilista quase todos os dias na semana passada.

Quando Andrew demorou muito tempo em responder, Caroline pausou sua jardinagem e olhou por cima de seu ombro. Era um dia de novembro fresco, e uma brisa arrastou um punhado de seu cabelo de zibelina que escapara de seu gorro, e ela sobrou isso. Ela usou sua mão com luva para afastar o punhado de cabelo, inadvertidamente manchando seu rosto com sujeira. Seu coração balançou em uma súbita antecipação à medida que ela viu a expressão dos olhos azuis de Andrew procurando os dela.

—Manter-me ativo serve para me distrair de… coisas.— Andrew permaneceu olhando e veio para ela lentamente, puxando um lenço de seu bolso. —Aqui, fique parada.— Ele suavemente limpou a linha de sujeira, então agarrou os óculos dela para limpá-los, em um gesto que se tornou habitual.

Destituída de suas lentes corretivas, Caroline olhou fixamente para seu rosto sombrio, borrado, míope. —Que coisas?— Ela perguntou, ofegante pela aproximação dele. —Eu presumo que isso deva significar das bebedeiras e da jogatina…

—Não, não é isso.— Ele repôs seus óculos com grande cuidado, e usou uma ponta do dedo para colocar seu teimoso cabelo atrás de sua orelha. —Você não consegue perceber o que me perturba?— Ele perguntou suavemente. —O que me mantém acordado a menos que eu fique exausto antes de ir para a cama toda noite?

Ele permanecia muito perto, seu olhar segurando o dela intimamente. Embora ele não a estivesse tocando, Caroline sentia-se cercada por sua presença viril. A tesoura que estava presa em seus dedos caiu, caindo na terra com uma pancada suave. —Oh, eu…— Ela pausou para umedecer seus lábios seco. —Eu suponho que você sinta falta de t-ter uma mulher. Mas não existe razão para você não… quer dizer, com tantas que estariam dispostas…— Ruborizada, ela pegou seu lábio inferior com seus dentes e se manteve em silêncio.

—Eu me tornei malditamente muito específico.— Ele se inclinou mais intimamente, e sua respiração caiu suavemente contra sua orelha, enviando uma aprazível excitação aprazível abaixo na sua espinha. —Caroline, olhe para mim. Existe uma coisa que não tenho direito nenhum de perguntar… mas…

—Sim?— Ela sussurrou.

—Eu tenho considerado minha situação,— ele disse cuidadosamente. —Caroline… ainda que meu pai não me deixe nenhum xelim, eu podia conseguir fornecer uma existência confortável para alguém. Eu tenho alguns investimentos, como também à propriedade. Não seria um modo grandioso de se viver, mas…

—Sim?— Caroline conseguiu dizer, seu coração martelando loucamente em seu tórax. —Continue.

—Veja bem...

—Caroline!— Veio para voz estridente de sua mãe pelas portas francesas que abriram por sobre o jardim da sala de estar. —Caroline, eu insisto que você entre e aja como uma anfitriã adequada, em lugar de fazer o pobre lorde Drake ficar parado aí do lado de fora assistindo você cavar buracos na sujeira! Eu suspeito de que você nem ofereceu a ele um, e… Este vento é intolerável, você acabará causando nele morte por congelamento. Entre de uma vez, eu apelo a você dois!

—Sim, Mãe,— Caroline severamente disse, cheia de frustração. Ela olhou Andrew, que havia perdido a séria intensidade, e deu a ela com um súbito sorriso. —Antes de irmos para dentro,— ela sugeriu, —você pode terminar o que ia dizer.

—Depois,— ele disse, curvando-se para pegar a tesoura caída.

Seus punhos apertaram, e ela quase chutou o chão em aborrecimento. Ela queria estrangular sua mãe por interromper o que era indubitavelmente o mais momento supremo e interessante de sua vida. E se Andrew estivesse tentado propor? Seu coração se virou só de pensar. Teria ela decidido aceitar tal risco… iria ela poder confiar que ele permaneceria do modo como estava agora, em vez de voltar a ser o libertino egoísta que sempre foi?

Sim, ela pensou em uma pressa maravilhosa. Sim, eu tomaria esse risco.

Porque ela havia se apaixonado por ele, defeituoso como ele era. Ela amava toda aquela beleza manchada dele, de dentro de e fora. Ela queria ajudá-lo em sua busca para se tornar um homem melhor. E se um pouco do sem-vergonha permanecesse… Um sorriso irresistível formou-se em seus lábios. Bem, ela apreciaria aquela parte dele também.

Quinze dias mais tarde, no começo de dezembro, Caroline recebeu a noticia de que o Conde de Rochester estava em seu leito de morte. A mensagem breve de Andrew também incluía um pedido assombroso. O conde queria vê-la, por razões que ele não explicaria a ninguém, nem mesmo Andrew. / humildemente pede sua indulgência neste assunto, Andrew escreveu, de modo que sua presença possa trazer ao conde alguma paz, em suas últimas horas. Minha carruagem levará você para a propriedade se você assim desejar… e se você não o fizer, eu entendo e respeito sua decisão. Seu criado.

E ele assinou seu nome Andrew, com uma familiaridade que era imprópria e ainda comovedora, apalavrando sua distraída de mente. Ou talvez delatando seus sentimentos por ela.

—Senhorita Hargreaves?— O criado murmurou, evidentemente havia sido informado da possibilidade de que ela poderia retornar com eles. —A senhorita nos acompanhará a propriedade de Rochester?

—Sim,— Caroline imediatamente disse. —Eu precisarei só de alguns minutos para me aprontar. Eu levarei uma criada comigo.

—Sim, senhorita.

Caroline era consumida com pensamentos sobre Andrew à medida que a carruagem viajava para o saguão Rochester em Buckinghamshire, lugar que o conde escolheu para passar seus últimos dias. Embora Caroline nunca houvesse visto o lugar, Andrew o descrevera para ela. Os Rochesters possuíam quinze mil acres, inclusive a aldeia local, e o bosque cercando ela, e algumas das glebas de terra cultiváveis, mais férteis da Inglaterra. Havia sido concedida a família por Henry II no século XII, Andrew disse, e ele continuou fazendo um comentário sarcástico sobre o fato de que essa herança orgulhosa e antiga da família, logo passaria para um completo irresponsável. Caroline percebeu que Andrew não se sentia em todo merecedor do título e das responsabilidades que herdaria. Ela sentiu uma necessidade dolorida de confortá-lo, e de alguma maneira encontrar uma forma de convencê-lo de que ele era um homem muito melhor que ele acreditava ser.

Com pensamentos tumultuados, Caroline manteve o olhar enfocado na paisagem fora da janela, na terra coberta com bosques e vinhedos, as aldeias cheias de cabanas feitas de pederneira das colinas Chiltern. Finalmente eles chegaram na esplendorosa e volumosa estrutura da entrada de Rochester, construída com pedras metálicas em amarelo mel e arenito cinza. Um portão centrado na entrada dava acesso à carruagem a um pátio aberto.

Caroline estava escoltada por um criado até o grande corredor central, que era grande, ventilado, e ornamentado com enfadonhas tapeçarias coloridas. Rochester uma vez tinha sido uma fortaleza, seu telhado guarnecido com pregos e tachas, as janelas eram longas e estreitas para permitir que os arqueiros defendessem o edifício. Agora era meramente uma fria e enorme casa, que parecia desesperadamente precisar de uma mulher para suavizar o lugar e fazer dela mais confortável.

—Senhorita Hargreaves.— A voz profunda de Andrew ecoou contra as paredes de arenito polido quando ele a abordou.

Ela sentiu uma alegre excitação assim que ele veio até ela e tomou as suas mãos. O calor de seus dedos penetrou na barreira de suas luvas enquanto ele segurava as mãos dela em um aperto seguro. —Carol,— ele disse suavemente, assentindo a cabeça para o criado para deixá-los.

Ela olhou fixamente para ele procurando. Suas emoções eram seguras em rédea apertada… era impossível ler os pensamentos atrás da máscara inexpressiva de seu rosto. Mas de alguma maneira ela sentiu sua angústia, ela queria pôr seus braços ao redor dele e conforta-lo.

—Como foi o passeio de carruagem?— Ele perguntou, ainda retendo suas mãos. —Eu espero que não tenha sido muito desconfortável.

Caroline sorriu ligeiramente, notando que ele lembrou de como o movimento de um passeio de carruagem longa a deixava enjoada. —Não, eu estive perfeitamente bem. Eu olhei para fora da janela todo tempo.

—Obrigado por vir,— ele murmurou. —Eu não teria culpado você se recusasse. Só Deus sabe por que Rochester pediu por você, é por causa de algum capricho que ele não quer explicar.

—Eu estou contente por estar aqui,— ela interrompeu suavemente. —Não por ele, mas por você. Para estar aqui como sua amiga, sua…— Sua voz se arrastava enquanto tentava encontrar uma palavra apropriada.

Sua consternação produziu um breve sorriso breve de Andrew, e seus olhos azuis de repente se tornaram ternos. —Querida pequena amiga,— ele sussurrou, trazendo a enluvada mão dela até sua boca.

Uma emoção subiu dentro dela, uma singular e profunda alegria que parecia encher seu tórax e garganta com calor doce. A felicidade de ser precisada por ele, recebida por ele, era quase demais para ser verdade.

Caroline olhou para a escadaria de carvalho pesado que levava ao segundo andar, sua balaustrada vazada, lançava sombras através do grande salão. Que lugar cavernoso, estéril para um menino crescer, ela pensou. Andrew disse a ela que sua mãe morreu algumas semanas depois de dar a luz a ele. Ele passou sua infância aqui, à mercê de um pai cujo coração era tão morno e suave quanto uma geleira. —Nós devemos subir até ele?— Ela perguntou, referindo-se ao conde.

—Em um minuto,— Andrew respondeu. —Logan e sua esposa estão com ele agora. O doutor disse que é só uma questão de horas antes dele—— Ele parou, sua garganta parecendo fechar, e ele deu a ela um olhar cheio de fúria confundida, a maior parte dela dirigida a ele mesmo. —Meu Deus, todas as vezes que eu o quis morto. Mas agora eu sinto …

—Arrependimento?— Caroline suavemente sugeriu, removendo sua luva e deitando seus dedos contra as duras, e lisamente barbeado linhas de sua bochecha. Os músculos de sua mandíbula trabalhavam tensamente contra a delicada palma de sua mão. —E talvez tristeza,— ela disse, —por tudo que poderia ter sido, e por todo desapontamento que vocês causaram um ao outro.

Ele não pode se fazer responder, só deu um aceno pequeno com a cabeça.

—E talvez só um pouco medo?— Ela perguntou, ousando acariciar sua bochecha suavemente. —Porque logo você será Lorde Rochester… algo que você odiou e temeu toda sua vida.

Andrew começou a aspirar fundo, seus olhos se fixaram nos dela como se sua sobrevivência dependesse disso. —Se eu simplesmente pudesse impedir isso de acontecer,— ele disse rouco.

—Você é um homem melhor que seu pai,— ela sussurrou. —Você cuidará das pessoas que dependem de você. Não existe nada para temer. Eu sei que você não voltará a sua vida antiga. Você é um bom homem, ainda que você não acredite nisso.

Ele estava muito quieto, olhando pra ela de uma forma que tudo queimava dentro dela. Embora ele não moveu para abraçá-la, ela teve a sensação de ter sido capturada, capturada pelo seu olhar e pela sua potente vontade além de qualquer esperança de libertação. —Carol,— ele disse finalmente, sua voz firmemente controlada, —eu não posso nunca ficar sem você.

Ela sorriu desfalecida. —Você não terá que....

Eles foram interrompidos pela aproximação de uma criada doméstica que tinha sido despachada lá de cima. —S 'senhor,— a alta e bastante desajeitada menina murmurou, indo para cima e para baixo em uma mesura estranha, —Sr. Scott mandou que eu perguntasse se Senhorita Hargreaves estava aqui, e se ela estivesse, por favor que fosse ver o conde.

—Eu a levarei para Rochester,— Andrew respondeu severamente.

—Sim, S 'senhor.— A empregada se apressou para cima à frente deles, enquanto Andrew cuidadosamente colocou pequena mão pequena de Caroline em seu braço.

Ele olhou abaixo para ela com preocupação. —Você não tem que vê-lo se não quiser.

—Claro que eu verei o conde,— Caroline respondeu. —Eu sou extremamente curiosa sobre o que ele dirá.

O Conde de Rochester estava acompanhado por dois médicos, como também pelo Sr. Scott e sua esposa Madeline. A atmosfera no quarto era opressivamente sombria e sufocante, com todas as janelas fechadas por cortinas aveludadas e pesadas. Um fim escuro para um homem infeliz, Caroline refletiu caladamente. Em sua opinião o conde era extremamente afortunado por ter seus dois filhos com ele, considerando o modo que apavorante que ele sempre os tratou.

O conde estava encostado em uma pilha de travesseiros atrás de suas costas. Sua cabeça girou assim que Caroline entrou no quarto, e seu olhar se fixou nela. —A criança Hargreaves,— ele disse suavemente. Pareceu tomar um grande esforço conseguir falar. Ele se dirigiu os outros ocupantes do quarto enquanto ainda olhava fixamente para Caroline. —Saiam, todos vocês. Eu desejo… falar com a Senhorita Hargreaves… em particular.

Eles todos concordaram com exceção de Andrew, que demorou olhando fixamente para o rosto de Caroline. Ela deu a ele um sorriso tranquilizante e sinalizando para ele deixar o quarto. —Eu estarei esperando lá fora,— ele murmurou. —Chame-me, se precisar.

Quando a porta se fechou, Caroline foi para a cadeira ao lado da cama e sentou-se, dobrando suas mãos em seu colo. Seu rosto estava quase no mesmo nível que o do conde, e ela não se importou em esconder sua curiosidade enquanto olhava fixamente para ele. Ele já deve ter sido bonito, ela pensou, embora ele vestisse a arrogância inata de um homem que sempre se levou muito seriamente.

—Meu senhor,— ela disse, —eu vim, como você solicitou. Posso perguntar por que você deseja me ver?

Rochester ignorou pergunta dela por um momento, seu olhar se movendo por ela especulativo. —Atraente, mas… dificilmente de grande beleza,— ele observou. —O que ele... vê em você, eu me pergunto?

—Talvez você devesse perguntar a lorde Drake,— Caroline calmamente sugeriu.

—Ele não discutirá sobre você,— ele respondeu com um olhar carrancudo contemplador. —Eu mandei buscá-la por que… eu quero a resposta para uma pergunta. Quando meu filho propuser para que… você aceitará?

Surpresa, Caroline olhou fixamente para ele sem piscar. —Ele não me propôs casamento, meu senhor, nem tem dado qualquer indicação de que está considerando tal proposta.

—Ele irá,— Rochester assegurou a ela, seu rosto se torceu com um espasmo de dor. Desajeitado, ele agarrou um vidro pequeno na cabeceira. Automaticamente Caroline se moveu para ajudá-lo, aspirando à nociva fragrância de álcool misturado com um medicinal tônico à medida que ela levava a extremidade do vidro para seus lábios murchos. Reclinando de volta aos travesseiros, o conde observou especulador. —Você parece ter feito… um milagre, Senhorita Hargreaves. De alguma maneira você… tirou meu filho de sua notável autodestruição. Eu o conheço … bastante bem, veja bem. Eu suspeito que sua ligação começou como um plano para me enganar, ainda… ele parece ter mudado. Ele parece amar você, embora… nunca poderia ter acreditado ser capaz disso.

—Talvez você não conheça lorde Drake tão bem quanto você acha,— Caroline disse, incapaz de manter a calma em seu tom. —Ele só precisa de alguém que acredite nele, e encorajá-lo. Ele é um bom homem, atencioso.

—Por favor,— ele murmurou, erguendo um nodoso dedo em um gesto de autodefesa. —Não desperdice… o pouco de tempo que me sobrou… com descrições arrebatadoras de meu… inútil filho.

—Então eu responderei a sua pergunta,— Caroline retornou uniformemente. —Sim, meu senhor, se seu filho propor para mim, eu alegremente aceitarei. E se você não o deixar sua fortuna, eu não me importarei nem um pouco … e nem ele vai. Algumas coisas são mais preciosas que dinheiro, embora eu esteja certa de que você zombará de mim por dizê-lo.

Rochester a surpreendeu por finalmente sorrir, relaxando mais profundamente contra os travesseiros. —Eu não zombarei de você,— ele murmurou, parecendo exausto, mas estranhamente sereno. —Eu acredito em que… você pode ser a salvação dele. Vá agora, Senhorita Hargreaves… Diga a Andrew que entre.

—Sim, meu senhor.

Ela deixou o quarto depressa, suas emoções em caos, sentindo-se ansiosa e querendo sentir o conforto dos braços de Andrew ao redor ela.

 

Faziam duas semanas desde o Conde de Rochester havia morrido, deixando para Andrew a totalidade de sua fortuna como também o título e as propriedades. Duas semanas intermináveis durante as quais Caroline não recebeu nenhuma palavra de Andrew. A princípio ela tinha sido paciente, entendendo que Andrew deveria estar rodeado por organizações funerárias acordos e decisões de negócios. Ela sabia que ele viria até ela assim que possível. Mas como dias de dias se seguindo, e ele não enviara nada, nem uma única sentença, Caroline percebeu que algo estava muito errado. Consumida pela preocupação, ela considerou escrever para ele, ou até mesmo fazer uma visita inesperada em Rochester, mas era inconcebível para qualquer mulher solteira com menos de trinta anos ser tão audaciosa. Ela finalmente decidiu enviar seu irmão Cade para encontrar Andrew, ordenando a ele que descobrisse se Andrew estava bem, se ele precisava de alguma coisa... se ele estava pensando nela.

Enquanto Cade continuava em sua missão de localizar o novo Senhor Rochester, Caroline sentou-se só em seu frio jardim de inverno, olhando perdida para suas plantas já podadas. Faltavam só duas semanas até Natal, ela pensou estupidamente. Por sua família, Caroline havia decorou a casa com ramos de sempre-vivas e azevinho, e adornado as portas com grinaldas de frutas e tiras. Mas ela pressentiu que ao invés de um feriado jovial, ela estava para experimentar o coração partido pela primeira vez em sua vida, e o sofrimento sombrio que a aguardava era terrível de se projetar.

Algo estava realmente errado, ou Andrew já teria vindo até ela. E ela ainda não podia imaginar o que a estava mantendo afastada dele. Ela sabia que ele precisava dela, da mesma forma com que precisava dele, e de que nada impediria que eles estivessem juntos, se ele quisesse muito isso. Por que, então, ele ainda não veio?

No mesmo instante que Caroline pensou que enlouqueceria com as perguntas sem respostas que a flagelavam, Cade voltou para casa. A expressão em seu rosto não aliviou sua preocupação.

—Suas mãos estão como gelo,— ele disse, esfregando seus dedos duros e a guiando para sala de estar, onde havia um fogo morno vindo do forno. —Você ficou sentada lá fora durante muito tempo, espere, eu mandarei buscar um chá.

—Eu não quero chá.— Caroline se sentou rigidamente no sofá, enquanto a forma grande de seu irmão se abaixava para sentar-se no espaço ao lado dela. —Cade, você o encontrou? Como está? Oh, me diga alguma coisa ou eu enlouquecerei!

—Sim, eu o encontrei.— Cade olhou ferozmente e tomou suas mãos novamente, aquecendo seus dedos tensos contra o seu. Ele soltou um suspiro lento. —Drake… quer dizer, Rochester… tem bebido novamente, e muito. Eu acredito que ela tenha voltado aos antigos vícios.

Ela o observou com uma entorpecida dúvida. —Mas isso não é possível.

—Isto não é tudo,— Cade disse obscuro. —Para surpresa de todos, Rochester conseguiu ficar noivo — de ninguém menos que da nossa querida prima Julianne. Agora que ele recebeu fortuna da família, parece que Julianne vê seus charmes com uma nova luz. Os proclamas serão lidos na igreja amanhã. Eles estarão casados quando o ano novo começar.

—Cade, não brinque assim,— Caroline disse em sussurros crus. —Não é verdade… não é verdade — Ela parou, de repente incapaz de respirar, enquanto faíscas brilhantes dançavam loucamente através de sua vista. Ela ouviu exclamação do seu irmão como de uma grande distância, e ela sentiu o aperto duro, urgentes de suas mãos.

—Meu Deus—a voz dele estava revestida com um estranho zumbir que encheu suas orelhas—aqui, coloque sua cabeça para baixo… Caro, o que diabos está acontecendo?

Ela lutou por ar, por equilíbrio, enquanto seu coração movia quebrado e doloroso. —Ele n-não pode casar-se com ela,— ela disse.

—Caroline.— Seu irmão estava inesperadamente firme e forte, segurando ela contra ele em um aperto apertado. —Meu Deus… eu não tinha nenhuma ideia de que você se sentia desse modo. Isso deveria ter sido uma mentira. Não me diga que você teve a má ideia de se apaixonar por Rochester, que é a pior escolha que uma mulher como você poderia fazer.

—Sim, eu o amo,— ela disse sufocada. As lágrimas deslizaram abaixo em suas bochechas formando trilhas ferventes. —E ele me ama, Cade, ele o faz… Oh, isto não faz sentido!

—Ele a encorajou a acreditar que ele se casaria você?— Seu irmão perguntou suavemente. —Ele alguma vez disse que amava você?

—Não nestas palavras,— ela disse em um soluço. —Mas o modo como ele era comigo … ele me fez acreditar…— Ela enterrou sua cabeça em seus braços, chorando violentamente. —Por que ele se casaria com Julianne, entre todas as pessoas? Ela é má… oh, existem coisas sobre ela que você não conhece … coisas que nosso Pai me disse sobre ela antes de morrer. Ela arruinará Andrew!

—Ela já está fazendo um bom começo, com todas as suas aparições,— Cade disse severamente. Ele encontrou um lenço em seu bolso e enxugou seu rosto encharcado com ele. —Rochester está tão miserável como nunca vi. Ele não lhe explicará nada, diferente além de dizer que Julianne é a companheira ideal para ele, e que todo mundo ficará bem assim. E Carol…— Sua voz estava muito gentil. —Talvez ele esteja certo. Você e Andrew… não são um bom casal.

—Deixe-me só,— Caroline sussurrou. Suavemente ela se desembaraçou dos braços dele e saiu da sala de estar. Ela mancou como uma velha mulher enquanto buscava o isolamento de seu quarto, ignorando as perguntas preocupadas de Cade. Ela precisava ficar sozinha, para rastejar até sua cama e se esconder como um animal ferido. Talvez assim ele encontrasse uma forma de curar as terríveis feridas de dentro dela.

Por dois dias Caroline permaneceu em seu quarto, muito devastada para chorar ou conversar. Ela não conseguia comer ou dormir, enquanto sua mente cansava vagava implacavelmente por toda memória de Andrew. Ele não havia feito nenhuma promessa, não deu a ela nenhuma garantia de amor, não deu a ela nada que indicasse seus sentimentos. Ela não podia acusá-lo de traição. Ainda, sua angústia estava se transformando em ira ferida. Ela queria confortá-lo, força-lo a admitir seus sentimentos, ou pelo menos dizer pra o que havia sido mentira e o que havia sido verdade. Seguramente ela tinha direito a uma explicação. Mas Andrew a havia abandonado sem dizer uma palavra, deixando ela perguntando-se desesperadamente o que ocorrera de errado entre eles. Este deve ter sido seu plano desde o começo, ela pensou com crescente desespero. Ele só quis a companhia dela até seu pai morrer e deixar para ele a fortuna de Rochester. Agora que Andrew conseguiu o que queria, ela não servia mais para ele. Mas ele não se importava nem um pouco? Ela sabia que não imaginava a ternura em sua voz quando ele disse, / eu não posso nunca ficar sem você …

Por que ele teria dito isto, se não quisesse dizê-lo?

Para a cansada diversão de Caroline, sua mãe, Fanny, recebeu as notícias das núpcias iminentes do Andrew com uma grande exibição de histeria. A casa se concentrou ao redor Fanny e seus nervos delicados, misericordiosamente deixando Caroline em paz.

A única pessoa que Caroline conversava era com Cade, que se tornou uma surpreendentemente fonte de suporte.

—O que eu posso fazer?— Ele perguntou suavemente perguntou, se aproximando de Caroline enquanto ela se sentava antes da janela e olhava fixamente e inexpressivamente para fora no jardim. —Deve haver algo que eu possa fazer para você se sentir melhor.

Ela girou em direção a seu irmão com um sorriso desanimado. —Eu suspeito que eu me sentirei melhor com o passar do tempo, embora neste momento eu duvido que algum dia me sentirei feliz novamente.

—Aquele Rochester bastardo,— Cade murmurou, afundando para suas coxas ao lado dela. —Devo ir lá e bater nele para você?

Uma risada pálida escapou. —Não, Cade. Isso não me satisfaria no final. E eu suspeito que Andrew já tenha bastante sofrimento, se ele realmente planejar ir adiante com seus planos de se casar com Julianne.

—Verdade.— Cade pensativamente considerou. —Existe algo que eu devo dizer a você, Carol, embora você provavelmente desaprovará. Rochester me mandou uma mensagem ontem, me informando de que ele pagou todas as minhas dívidas. Eu suponho que eu deva devolver todo o dinheiro para ele—mas eu não quero.

—Faça como você quiser.— Indiferente ela se debruçou adiante até que sua fronte estava apertada contra a fria e dura placa da janela.

—Bem, agora que eu estou fora de dívida, e você é indiretamente responsável por minha boa fortuna… que eu quero fazer algo para você. É quase Natal, afinal. Deixe-me comprar você um bonito colar, ou um novo vestido… só diz a mim o que você quer.

—Cade,— ela respondeu vagarosamente, sem abrir seus olhos, —a única coisa eu gostaria de ter é Rochester pendurado feito um ganso, completamente a minha mercê. Já que você não pode fazer isso acontecer, eu não desejo nada.

Um silêncio se estendeu depois da sua declaração, e então ela sentiu um bater gentil em seu ombro. —Tudo bem, minha doce irmã.

No dia seguinte Caroline fez um esforço genuíno para se livrar da nuvem de melancolia. Ela tomou um longo, fumegante banho e lavou seu cabelo, e vestiu um vestido confortável que estava tristemente fora de moda mas sempre tinha sido seu favorito. As dobras desfiadas de verde aveludado drapejavam suavemente em cima de seu corpo quando ela se sentou ao lado do fogo para secar seu cabelo. Estava frio e tempestuoso lá fora, e ela estremeceu à medida que como vislumbrou o céu cinza glacial pela janela de seu quarto.

No mesmo momento em que teve a ideia de mandar buscar uma bandeja de torradas e chá, a porta fechada foi atacada por um punho enérgico. —Carol,— veio à voz de seu irmão. —Carol, eu posso entrar? Eu tenho que falar com você.— Seus punhos batiam nos painéis de madeira novamente, como se ele fosse algum assunto muito urgente.

Um sorriso de lânguido interrogativo apareceu em seu rosto. —Sim, entre,— ela disse, —antes que você quebre a porta.

Cade entrou repentinamente no quarto, com uma expressão muito estranha … seu rosto estava tenso e triunfante, com um ar de triunfo agarrado nele. Seu cabelo marrom escuro estava desordenado, e sua gravata de seda preta pendurada em um lado de seu pescoço.

—Cade,— Caroline disse preocupada, —o que em nome de Deus aconteceu? Você esteve lutando? O que aconteceu?

Uma mistura de júbilo e desafio cruzou seu rosto, fazendo com que ele aparentasse mais juvenil que seus vinte e quatro anos. Quando ele falou, ele soou ligeiramente sem fôlego. —Eu estive bastante ocupado hoje.

—Fazendo o que?— Ela perguntou cautelosamente.

—Eu consegui para você um presente de Natal. Exigiu um pouco de esforço, deixe-me dizer a você. Eu tive que arrumar alguns amigos para me ajudar, e… Bem, nós não devemos desperdiçar esse tempo conversando. Pegue sua capa se viagem.

Caroline olhou fixamente para ele completamente confusa. —Cade, meu presente está lá fora? Eu mesma devo ir buscá-lo, em um dia tão frio? Eu preferiria esperar. Você dentre todas as pessoas sabe pelo que eu tenho passado recentemente, e...

—Este presente não ficará para sempre,— ele respondeu, olhando diretamente para ela. Alcançando em seu bolso, ele extraiu uma chave muito pequena, com um banal arco vermelho preso a ele. —Aqui, pegue isso.— Ele apertou a chave em sua palma. —E nunca diga que eu não me meto em problemas por você.

Estupefata, ela olhou fixamente para a chave em sua mão. —Eu nunca vi uma chave como essa. Da onde ela é?

Seu irmão respondeu com um sorriso enlouquecedor. —Pegue sua capa e vá descobrir.

Caroline rolou seus olhos. —Eu não estou disposta a uma de suas brincadeiras,— ela disse descaradamente. —E eu não desejo ir lá para fora. Mas eu me obrigarei por você. Só preste atenção nas minhas palavras: Se este presente for qualquer coisa menos que o preço de um resgate de uma rainha em joias, eu ficarei muito brava com você. Agora, você pode pelo menos me conceder uns minutos para prender com alfinete meu cabelo?

—Muito bem,— ele disse impacientemente disse. —Mas depressa.

Caroline não podia evitar se divertir, pela exuberância suprimida de seu irmão. Ele quase estava dançando ao redor dela, enquanto ela descia os degraus, um minuto mais tarde. Sem dúvida nenhuma ele pensava que seu presente misterioso serviria para a distrai-a de seu coração quebrado… e entretanto sua ansiedade era transparente, e ela apreciou os pensamentos atenciosos por detrás disso.

Abrindo a porta com um floreado, Cade gesticulou para a carruagem da família e um time de dois empregados que seguravam seus chapéus impacientemente enquanto o vento soprava ao redor deles. Outro criado e o motorista também aguardavam, vestindo sobretudos pesados e chapéus grandes para protegê-los do frio. —Oh, Cade,— Caroline disse em um gemido, voltando para dentro de casa, —eu não estou indo para nenhum lugar naquela carruagem. Eu estou cansada, e faminta, e eu quero ter uma noite pacífica em casa.

Cade a surpreendeu tomando seu rosto pequeno em suas mãos, e olhando fixamente para baixo nela suplicante. —Por favor, Carol,— ele murmurou. —Pelo menos uma vez, não discuta ou cause problemas. Só faça como eu te peço. Entre naquela carruagem, e leve a pequena chave com você.

Ela retornou seu olhar firme, com um olhar perplexo dela própria, agitando sua cabeça dentro de suas mãos. Uma sombria, e estranha suspeita aflorou dentro dela. —Cade,— ela sussurrou, —o que você fez?

Ele não respondeu, só a guiou até a carruagem e a ajudou a se acomodar do lado de dentro, enquanto o deu a ela um cobertor de colo e moveu o aquecedor de pé de porcelana diretamente para baixo de seus pés.

—Onde a carruagem me levará?— Caroline perguntou, e Cade casualmente encolheu os ombros.

—Um amigo meu, Sambrooke, tem um cottage de família nos subúrbios de Londres que ele costuma usar para encontrar sua… bem, isso não importa. Por hoje, o lugar estará desocupado, e à sua disposição.

—Por que você não pode trazer meu presente até aqui?— Ela o alfinetou com um olhar duvidoso.

Por alguma razão a pergunta o fez rir brevemente. —Porque você precisa vê-lo com privacidade.— Inclinada na carruagem, ele acariciou sua bochecha fria com um beijo. —Boa sorte,— ele murmurou, e se retirou.

Ela olhou fixamente e inexpressivamente pela janela da carruagem enquanto a porta se fechava em um firme estalo. O pânico embaralhou seus pensamentos, tornando eles em uma confusão incoerente. Boa sorte? O que em nome de Deus ele queria dizer com isso? Será que isso de alguma forma tem a ver com Andrew? Oh, ela alegremente mataria seu irmão, se ele fez isso!

A carruagem a levou além de Hyde Park para uma área a oeste de Londres onde ainda existiam grandes áreas escassamente desenvolvidas. Assim que a carruagem parou, Caroline lutou para conter sua agitação. Ela perguntou-se de modo selvagem o que seu irmão tinha feito, e por que ela tinha sido tão idiota e cair neles. O criado abriu a porta de carruagem e colocou a escadinha no chão. Porém, Caroline não se moveu. Ela permaneceu dentro do veículo e olhava fixamente para a modesta e branca cottage, com seu telhado de ardósia e um jardim coberto com pedregulhos.

—Peter,— ela disse para o criado, um velho e confidente empregado da família, —você tem alguma ideia do que é tudo isso? Você tem que me dizer se você souber.

Ele balançou sua cabeça. —Não, senhorita, eu não sei de nada. Você deseja retornar para casa?

Caroline considerou a ideia e abandonado ela quase que imediatamente. Ela havia viajado muito para voltar agora.

—Não, eu entrarei,— ela disse relutantemente. —Você esperará por mim aqui?

—Se você desejar, senhorita. Mas as instruções do Senhor Hargreaves são para deixá-la aqui e retornar em exatamente duas horas.

—Eu tenho algumas coisas pra dizer pro meu irmão.— Endireitando seus ombros, ela jogou sua capa firmemente sobre ela mesma e desceu da carruagem. Silenciosamente ela começou a planejar uma lista das formas com as quais castigaria Cade. —Muito bem, Peter. Você e o motorista partirão, como meu irmão lhe instruiu. Eu odiaria contrariar seus desejos, já que aparentemente ele já decidiu o que deve ser feito.

Peter abriu a porta para ela, e a ajudou a retirar sua capa antes de retornar para o lado de fora para a carruagem. O veículo rolou suavemente para longe, suas rodas pesadas mastigando o pedregulho coberto de gelo do pátio dianteiro.

Cautelosamente Caroline agarrou a chave e se aventurou dentro da cottage. O lugar possuía mobílias simples, com um pouco de carvalho nas janelas, alguns retratos de família, um conjunto de cadeiras, um canto com uma biblioteca cheia com livros saltados de couro velho. O ar estava frio, mas um pequeno e alegre fogo tinha sido aceso na sala principal. Tinha sido aceso para o seu conforto, ou para o de outra pessoa?

—Olá?— Ela gritou indecisamente. —Se alguém estiver aqui, eu peço que responda. Olá?

Ela ouviu um grito amortizado de algum canto distante da casa. O som deu a ela um começo desagradável, produzindo uma estranha sensação ao longo dos nervos de seus ombros e espinha. Sua respiração expelia rapidamente, e ela apertou a chave até que ela ficasse profundamente cavada profundamente em sua palma. Ela se forçou a mover. Um passo, então outro, até que ela estava examinando toda a cottage, procurando por quem gritava.

—Oi, onde está você?— Ela chamou repetidamente, andando em direção à parte de trás da casa. —Onde...

Um chamejar de luz era emitido de um dos quartos no fim do corredor. Agarrando e levantando um punhado de suas saias aveludadas, Caroline apressou-se em direção ao quarto. Ela chegou ao local em uma agitação e parou muito de repente fazendo seu cabelo agitar-se para frente. Impacientemente ela empurrou porta e olhou atônita para a cena diante dela. Era um quarto, tão pequeno que só permitia três peças de mobília: Um lavabo, uma mesa de noite, e uma grande e esculpida cama. Porém, o outro convidado deste encontro romântico não veio de tão boa vontade quanto ela.

... a única coisa eu gostaria de ter é Rochester pendurado feito um ganso, completamente a minha mercê, ela havia impensavelmente dito a seu tolo irmão. E Cade, o asno louco, de alguma forma conseguiu realiza-lo.

Andrew, o sétimo Conde de Rochester, estava totalmente estirado na cama, seus braços amarrados acima de sua cabeça com que parecia ser um par de punhos de metal ligados por uma fechadura. A fechadura tinha sido passada por um par de aberturas esculpidas na cabeceira da sólida cama de mogno, com firmeza segurando o prisioneiro Andrew.

A cabeça escura dele estava erguida do travesseiro, e seus olhos cintilavam com uma sombra de azul em seu rosto pálido. Ele puxava os punhos com uma força que seguramente machucou seus pulsos encarcerados. —Tire estes infernos de mim,— ele disse em um grunhido, sua voz contendo um nível de ferocidade que a fez vacilar. Ele era como algum magnífico animal feroz, os músculos poderosos de seus braços se inchavam contra sua camisa, seu corpo tenso arqueando na cama.

—Eu sinto tanto,— ela disse com um arfar, instintivamente apressando adiante para ajudá-lo. —Meu Deus… foi Cade que… eu não sei onde ele estava com a cabeça.

—Eu vou matá-lo,— Andrew murmurou, continuando a puxar selvagemente seus pulsos amarrados.

—Espere, você se machucará. Eu tenho a chave. Só fique parado e me deixe——

—Você pediu a ele que fizesse isso?— Ele perguntou com um grunhido enquanto ela subia na cama ao lado dele.

—Não,— ela disse de uma vez, então percebeu a cor escarlate inundando suas bochechas. —Não exatamente. Eu só disse que eu desejava— Ela cessou bruscamente e mordeu seu lábio. —Ele me contou sobre seu noivado com a prima Julianne, você vê, e eu— Continuando a ruborizar, ela rastejou acima dele para alcançar a fechadura das algemas. A forma delicada de seus seios esfregavam no tórax de Andrew, corpo inteiro dele sacudiu como se ele tivesse sido queimado. Para desânimo de Caroline, a chave se soltou de seus dedos e caiu entre o colchão e a cabeceira da cama. —Fique quieto,— ela disse, mantendo seu olhar no rosto dele enquanto se elevava mais um pouco sobre ele para procurar a chave. Não era fácil evitar olhá-lo no rosto quando seus rostos estavam tão próximos. A massa musculosa de seu corpo estava dura e parada em baixo dela. Ela ouviu a respiração de Andrew mudar, se tornando profunda a medida aprofundou a mão e recuperou a chave.

As pontas dos dedos dela se enrolaram em torno da chave e a liberou do colchão. —Eu peguei,— ela murmurou, arriscando olhar para ele.

Os olhos de Andrew estavam fechados, seu nariz e boca quase tocando a curva de seus seios. Ele parecia estar absorvendo seu odor, saboreando isso com uma peculiar intensidade, como se ele fosse um homem condenado a quem se oferece a última refeição.

—Andrew?— Ela sussurrou em confusão.

A expressão dele permaneceu fechada e dura, seus olhos azuis opacos. —Destranque estas malditas coisas!— Ele puxou as correntes que se ligavam aos punhos de metal. O barulho surpreendeu Caroline. Ela observou os profundos fincos que a as correntes deixavam sobre a cabeceira, mas apesar de todo o arrastar e serrar, a madeira havia resistido muito até agora.

         Seu olhar recaiu sobre a chave em sua mão. Em vez de usá-lo para destrancar as algemas, ela fechou os dedos ao redor da chave. Pensamentos terríveis, se formaram em sua mentem. A coisa mais certa a fazer seria libertar Andrew o mais depressa possível. Mas pela primeira vez em sua sossegada e conveniente vida, ela não queria fazer o que era certo.

—Antes de deixá-lo ir,— ela disse em uma voz baixa que não soava como sua, —eu gostaria da resposta para uma pergunta. Por que você me descartou a favor de Julianne?

Ele continuou a olhá-la com aquele ártico olhar. —Eu estarei condenado se responder a qualquer pergunta enquanto estiver acorrentado em uma cama.

—E se eu libertar você? Você me responderá?

—Não.

Ela procurou em seus olhos qualquer sinal do homem que ela veio a amar, o Andrew que a tinha divertido, que ria de si mesmo, doce. Não existia nada além da amargura nas profundezas dos gelados olhos azuis, como se ele tivesse perdido todo sentimento por ela, por ele mesmo, e tudo que importava. Teria de acontecer algo catastrófico para alcançar dentro deste estranho implacável.

—Por que Julianne?— Ela persistiu. —Você disse que o caso com ela não valia a pena lembrar. Isso foi uma mentira? Você decidiu que ela pode te oferecer algo mais, algo melhor, que eu posso?

—Ela combina mais comigo do você.

De repente machucou respirar. —Porque ela é mais bonita? Mais passional?— Ela se forçou a perguntar.

Andrew tentou formar a palavra sim, mas ela não saiu da sua boca. Ele conformou-se com um único e forçado aceno com a cabeça.

Aquele afirmar deveria tê-la destruído, por confirmar toda insegurança que ela sempre possuiu. Mas a aparência de Andrew… a sua mandíbula puxada, o estranho brilho de seus olhos… por um segundo ele pareceu ter sido pego em um momento de pura agonia. E só poderia existir uma razão pra isso.

—Você está mentindo,— ela sussurrou.

—Não, eu não estou.

De uma vez só Caroline deu rédea os impulsos desesperados que rondavam sua cabeça. Ela era uma mulher com nada a perder. —Então eu provarei que você está errado,— ela disse sem se mover. —Eu provarei que eu posso dar a você cem vezes mais prazer que Julianne.

—Como?

—Eu vou fazer amor com você,— ela disse, sentando mais para cima ao lado dele. Seus dedos trêmulos foram até o pescoço de seu vestido, e ela começou a desatar os laços de seda que prendiam a parte da frente de seu corpete. —Agora mesmo, nesta cama, enquanto você não pode impedir de acontecer. E eu não pararei até que você admita que você está mentindo. Eu tirarei uma explicação de você, meu senhor, de uma forma ou de outra.

Claramente ela o surpreendeu. Sabia que ele nunca esperaria tal agressividade feminina de uma solteirona respeitável. —Você não teria a maldita coragem,— ele disse suavemente.

Bem, aquilo selou seu destino. Ela certamente não podia voltar atrás depois de tal desafio. Resolutamente Caroline continuou a desatar os laços de seda até que a frente de seu vestido abriu revelando sua fina camisa de musselina. Um sentimento de irrealismo passava em sua cabeça enquanto ela tirava seu braço de uma manga, e então de outra. Em toda sua vida adulta, ela nunca se despiu na frente de ninguém. Penas de ganso pousaram em sua pele, e ela esfregou seus braços superiores nus. A camisa fornecia tão pouca cobertura que ela poderia também estar nua.

Ela não ficaria surpresa se Andrew decidisse zombar dela, mas ele não parecia divertido ou bravo com sua exibição. Ele parecia… fascinado. Seu olhar deslizou pelo corpo dela, demorando nas sombras cor-de-rosa de mamilos, e então olhou de volta para o rosto dela. —Isto é o suficiente,— ele murmurou. —Mesmo apreciando a visão, não existe nenhum motivo para isso.

—Eu discordo.— Ela deslizou para fora da cama e empurrou o pesado vestido para o chão, onde ficou como um montão suave. De pé só com sua camisa e roupa de baixo, ela tentou silenciar o tagarelar de seus dentes. —Eu vou fazer com que você converse comigo, meu senhor, não importa o que terá de acontecer. Antes de acabar, eu terei você murmurando como um idiota.

Sua respiração pegou uma risada incrédula. O som a encorajou, isto parecia fazê-lo mais humano e menos um estranho congelado. —Em primeiro lugar, eu não valho o esforço. Segundo, você não sabe que diabos você está fazendo, o que torna seus planos pouco prováveis.

—Eu sei o suficiente,— ela disse com um falso desafio. —A relação sexual é meramente uma questão de mecânica… e até na minha inexperiência, eu acredito que eu possa compreender o que vai onde.

—Não é meramente uma questão de mecânica.— Ele arrastou as algemas com uma urgência nova, seu rosto de repente se contorceu com… medo?… Preocupação? —Droga, Caroline. Eu admiro sua determinação, mas você tem que parar com isto agora, você entende? Vai causar em você mesma nada além de dor e frustração. Merece algo melhor que ter sua primeira vez se converta em desespero. Deixe-me ir, sua bruxa teimosa maldita!

A labareda de fúria desesperada dele a deixou contente. Queria dizer que ela estava derrubando as paredes que ele tentou construir entre eles, deixando ele vulnerável.

—Você pode gritar o quanto quiser,— ela disse. —Não existe ninguém aqui pra ouvir você.

Ela rastejou sobre a cama, enquanto o corpo todo dele ficou rígido.

—Você é um tola se pensa que vou cooperar,— ele disse entre dentes.

—Eu penso que em breve você cooperará com grande entusiasmo.— Caroline adorou com perverso entusiasmo que ao tornar-se mais calma e fria, ele se tornava mais raivoso. —Afinal, você não tem uma mulher em… quantos meses? Pelo menos três. Ainda que me falte às habilidades apropriadas, eu poderei fazer como quiser com você.

—E que tal Julianne?— Seus braços inchavam com o grande músculo enquanto ele puxava as algemas. —Fique sabendo, que eu posso ter tido com ela umas cem vezes até hoje.

—Você não teve,— ela disse. —Você não se sente atraído por ela — o que foi evidente quando eu vi vocês dois juntos.

Ela começou pelo apertado laço de sua gravata, desenrolando o úmido, cheiroso pano que ainda continha o calor de sua pele. Quando sua grande e longa garganta foi revelada, ela tocou no buraco triangular com a ponta dos dedos gentilmente. —Assim está melhor,— ela disse suavemente. —Agora você pode respirar.

Ele realmente estava respirando, com a força de um homem que acabou de correr dez milhas sem parar. Seu olhar fixo no dela, não mais gelado, mas cintilando em fúria. —Pare com isso. Eu estou lhe avisando, Caroline, pare agora.

—Ou o que? O que você possivelmente pode fazer para me castigar que seja pior do que você já fez?— Seus dedos alcançaram os botões do colete e da camisa dele, ela os desabotoou em uma sucessão rápida. Ela abriu as extremidades de suas vestes amplamente, exibindo um notável torso muscular. Com a visão do corpo dele, todo aquele poder feroz tornou-se impotente perante ela, era reverentemente inspirador.

—Eu nunca quis machucar você,— ele disse. —Você sabia desde o começo que nosso relacionamento era de mentira.

—Sim. Mas se tornou outra coisa, você e eu sabemos disso.— Suavemente ela tocou nos espessos cachos que cobriam seu tórax, a ponta de seus dedos tocando na pele em chamas abaixo. Ele saltou com o toque de sua fria mão, a respiração chiava entre seus dentes. Quantas vezes ela sonhou fazer isso, explorar seu corpo, acariciá-lo. A superfície de seu estômago era coberta por músculos rijos, tão diferente da suave e lisa dela. Ela golpeou a pele dourada e tensa, tão dura e sedosa em baixo de sua mão. —Diga-me por que você se casaria com Julianne quando se apaixonou por mim.

—Eu… não me apaixonei,— ele conseguiu dizer sufocado. —Você não consegue e-entender isso sua cabeça dura.

Suas palavras terminaram em um gemido rouco à medida que ela subia em um movimento decisivo, o quadril deles separados somente pelas camadas da sua calça comprida dele e pela fina roupa de baixo dela. Vigorosa e determinada, Caroline se sentou sobre ele em uma postura completamente temerária. Ela sentiu a protuberância de seu sexo se aconchegado entre suas coxas. A lasciva pressão dele contra aquela parte íntima de seu corpo causou uma ondulação sedosa de calor todo o corpo dela. Ela trocou seu peso até que ele tocou levemente sua área mais sensível, um pequeno cume que pulsava freneticamente.

—Tudo bem,— ele disse em um arfar, se segurando completamente quieto. —Tudo bem, eu admito… eu amo você, maldita cadela atormentadora — agora saia de cima de mim!

—Case-se comigo,— ela insistiu. —Prometa que você romperá o noivado com minha prima.

—Não.

Caroline alcançou seu cabelo, puxando os alfinetes, deixando cair à cascata ondulosa marrom de seus cabelos até a cintura. Ele nunca havia visto seu cabelo solto antes, e seus dedos encarcerados se contorceram como se ele quisesse tocá-los.

—Eu amo você,— ela disse, golpeando a expansão peluda de seu tórax, repousando sua palma acima do trovejante ritmo de seu coração. As texturas de corpo áspero, de músculos rijos, osso, e nervo—a fascinou. Ela queria beijá-lo e golpeá-lo em todos os lugares. —Nós pertencemos um ao outro. Não deveria existir nenhum obstáculo entre nós, Andrew.

—Amor não faz uma maldita diferença,— ele quase rosnou. —Pequena e tola idealista.

Sua respiração ficou parada em sua garganta assim que ela pegou a bainha de sua camisa, e puxou isso acima da cabeça, e lançou o fino artigo de vestuário de lado. A parte superior do corpo dela estava completamente desnuda, os pequenos e firmes globos de seus peitos saltando delicadamente. Ele olhou fixamente para os peitos dela sem piscar, e seus olhos cintilaram ferozmente antes dele virar seu rosto de lado.

—Você gostaria de beijá-los?— Caroline sussurrou, dificilmente ousando acreditar em suas próprias palavras. —Eu sei que você imaginou isso, Andrew, da mesma maneira que eu.— Ela se debruçou acima dele, esfregando seus mamilos contra seu tórax, e ele tremeu com o choque de sua carne encontrando a dela. Ele manteve seu rosto virado, sua boca tensa, sua respiração soltando rajadas duras. —Beije-me,— ela exigiu. —Beije-me só uma vez, Andrew. Por favor. Eu preciso de você… preciso sentir seu gosto … me beije do modo eu sonhei por tanto tempo.

Um gemido fundo veio de dentro do tórax dele. Sua boca se ergueu, procurando a dela. Ela apertou seus lábios em cima dos dele, sua língua deslizando delicadamente em sua boca quente, doce. Ardentemente ela moldou seu corpo contra o dele, embrulhando seus braços ao redor da cabeça dele, e beijou-o novamente. Ela tocou em seus pulsos algemados, as pontas dos dedos dela acostando nas palmas dele. Ele murmurou freneticamente contra sua garganta, —Sim… sim… deixe-me ir, Caroline… a chave…

—Não.— Ela se moveu mais alto em seu tórax, arrastando sua boca febril acima da pele salgada da garganta dele. —Não ainda.

A boca dele procurou o lugar tenro onde seu pescoço encontrava a curva de seu ombro, e ela se contorceu contra ele, querendo mais, seu corpo se abastecia com algo que ela parecia não poder se satisfazer. Ela elevou-se mais alto, mais alto, até quase que por acaso seu mamilo encostou na extremidade de sua mandíbula. Ele agarrou isso imediatamente, sua boca se abriu acima sua tenra pele e colocou isto bem fundo. Sua língua circulou o cume delicado e protuberante com rápidos e pequenos. Por muito tempo ele chupou e lambeu, até Caroline gemeu implorando. Sua boca soltou o mamilo rosado, sua língua acariciando o seio com um último golpe.

—Dê-me o outro,— ele disse em um sussurro áspero. —Ponha ele em minha boca.

Trêmula, ela obedeceu, guiando seu peito até seus lábios. Ele se fartou nela avidamente, e ela ofegou com a sensação de ser capturada por sua boca, segura por seu calor e urgência. Uma tensão primorosa se concentrou entre suas coxas escancaradas. Ela se contorceu, ondulou, se pressionou contra ele o máximo possível, mas não era perto o suficiente. Ela queria ser preenchida por ele, esmagada, extasiada e possuída. —Andrew,— ela disse, sua voz baixa e seca. —Eu quero você… eu quero você tanto que eu poderia morrer por isso. Deixe-me … deixe-me…— Ela tirou seu peito de sua boca e o beijou novamente, e alcançou freneticamente a enorme e inchada protuberância abaixo, nas suas calças compridas.

—Não,— ela ouviu ele dizer rouco, mas ela desabotoou sua calça comprida com dedos instáveis. Andrew xingou e olhou fixamente para o teto, parecendo desejar que seu corpo não respondesse… mas assim que sua fria e pequena mão deslizou dentro da calça comprida, ele gemeu e desistiu.

Caroline retirou o duro, pulsante comprimento de seu sexo, e apertou a seta espessa com dedos trêmulos. Ela estava fascinada pela sua acetinada pele, o ninho de cachos grossos em sua virilha, o pesado e surpreendentemente fresco, peso de seus testículos. O pensamento de tomar todo esse comprimento potente dele dentro dela era tão chocante quanto a estava excitando. Desajeitadamente ela o acariciou, e se surpreendeu por sua resposta imediata, o levantar instintivo de seus quadris, o grunhido abafado de prazer que veio de sua garganta.

—É assim que se faz?— Ela perguntou, seus dedos escorregando até a grande cabeça redonda.

—Caroline…— Seu olhar atormentado estava cravado em seu rosto. —Caroline, me escute. Eu não quero isso. Não será bom pra você. Existem coisas que eu não fiz para você… coisas que seu corpo precisa… pelo amor de Deus.

—Eu não me importo. Eu quero fazer amor com você.

Ela retirou sua roupa de baixo e ligas e as meia-calça, e retornou a se agachar acima de sua virilha, sentindo-se desajeitada mas ainda inflamada. —Diga-me o que fazer,— ela implorou, e apertou a cabeça do sexo de Andrew diretamente contra o suave vale de seu corpo. Ela abaixou seu peso experimentalmente, e congelou ante o intenso prazer e dor que ameaçava. Pareceu impossível fazer seus corpos se juntarem. Confundida e frustrada, ela tentou novamente, mas ela não parecia conseguir empurrar o comprimento duro dele pela abertura dela firmemente fechada. Ela olhou fixamente para rosto tenso de Andrew, ela olhou pedindo. —Ajude-me. Diga-me o que eu estou fazendo errado.

Até mesmo neste momento de crucial intimidade, ele não cederia. —É hora de parar, Caroline.

A finalidade de sua recusa era impossível ignorar.

Ela foi inundada com um sentimento de derrota. Ela tomou uma longa, e profunda respiração, e outra, mas nada aliviaria a dor em chamas em seus pulmões. —Tudo bem,— ela conseguiu sussurrar. —Bem. Eu sinto muito.— Lágrimas encheram seus olhos, e ela alcançou em baixo de seus óculos, para enxugá-los furiosamente. Ela o havia perdido novamente, desta vez permanentemente. Qualquer homem que pudesse resistir a uma mulher em tal momento, enquanto ela implorava para fazer amor com ela, não podia estar apaixonado por ela. Procurando pela chave, ela continuou a chorar caladamente.

Por alguma razão a visão das lagrimas de Caroline levou ele a um tipo de frenesi contido, seu corpo endurecido esforçando-se para não bater em suas algemas. —Caroline,— ele disse em agitado sussurro. —Por favor abra esta fechadura maldita. Por favor. Deus… não. Só pegue a chave. Sim. Deixe-me ir. Deixe-me.

Assim que ela girou a chave minúscula na fechadura, o mundo pareceu explodir com movimento. Andrew se moveu com a velocidade de um tigre, livrando seus pulsos e se lançando sobre ela. Muito atordoada para reagir, Caroline percebeu estar sendo erguida e pressionada na cama. O peso de seu corpo quase nu a esmagou profundamente no colchão, a assustadora punhalada de sua dura ereção contra seu estremecido estômago. Ele moveu contra ela uma vez, duas vezes, três vezes, suas bolas se arrastando fortemente na escura ondulação dela, e então ele ficou quieto, segurando ela até que ela quase não conseguia respirar. Um gemido escapou dele, e um liquido quente vazou entre seus corpos, escorrendo acima do estomago dela.

Pasma, Caroline permaneceu deitada quieta e muda, o olhar dela foi até as características tensas dele. Andrew soltou um áspero suspiro e abriu os olhos, que aviam se tornado uma sombra brilhante de azul. —Não se mexa,— ele disse suavemente. —Só deite-se quieta por um momento.

Ela não teve nenhuma outra escolha. Seus membros estavam fracos e trêmulos… ela queimava como se estivesse com febre. Miseravelmente ela observou como ele a deixou na cama, então olhou abaixo em seu estômago. Ela tocou com a ponta do dedo na sujeira brilhante e líquida que estava lá, e ela estava perplexa, curiosa, e aflita, tudo ao mesmo tempo. Andrew retornou com um pano molhado, e juntou-se a ela na cama. Fechando seus olhos, Caroline recuou contra a frieza do pano com que ele suavemente limpou seu corpo. Ela não podia aguentar a visão de seu rosto impassível, nem ela podia aguentar o pensamento do que ele poderia dizer a ela. Sem dúvida nenhuma ele a repreenderia pelo papel dela nessa humilhante travessura, e ela certamente merecia isso. Ela mordeu o lábio e endureceu seus membros contra os tremores que a agitavam… ela estava tão quente em todos os lugares, seus quadris se erguendo incontrolavelmente, um soluço escapou de sua garganta. —Deixe-me só,— ela sussurrou, sentindo-se como se fosse de desfazer em pedaços.

O pano foi colocado ao lado, e os dedos de Andrew cuidadosamente se engancharam debaixo da armação de seus óculos para retirá-los de seu rosto úmido. Suas pestanas se ergueram. Ele estava debruçando em cima dela, tão próximo que suas feições só estavam ligeiramente borradas. Seu olhar viajou devagar por todo comprimento do corpo esbelto dela. —Meu Deus, como eu amo você,— ele murmurou, chocando ela, enquanto sua mão pegou o peito dela e apertou suavemente. As pontas dos dedos dele fizeram um longo e preguiçoso caminho pelo corpo dela, até que eles deslizaram até a racha rechonchuda entre suas coxas.

Caroline curvou-se de modo selvagem, completamente impotente com seu toque, por enquanto pequeno, gritos implorativos vieram de sua garganta.

—Sim.— A voz dele era como veludo escuro, sua língua chicoteando o lóbulo de sua orelha. —Eu cuidarei de você agora. Só me diga o que você quer, coração. Diga-me, e eu farei isso.

—Andrew…— Ela ofegou enquanto ele separou os lábios tenros golpeou direto entre eles. —'N-não me torture, por favor…

Uma linha de diversão aparecia em seu tom. —Depois do que você fez para mim, eu penso que você merece alguns minutos de tortura… não é mesmo?— Sua ponta do dedo deslizava em pequenos círculos em torno da dolorida pequena ponta de carne onde toda sensação estava se juntando. —Você gostaria eu a beijasse aqui?— Ele suavemente perguntou. —E que tocasse nisso com minha língua?

As perguntas a sacudiram—ela nunca havia imaginado tal coisa—e ainda seu corpo inteiro estremeceu em resposta.

—Diga a mim,— ele prontamente disse.

Os lábios dela estavam secos, e ela teve que molha-los com sua língua antes de poder falar. Para sua vergonha absoluta, assim que as primeiras palavras foram ditas, ela não podia evitar de implorar descaradamente. —Sim, Andrew… beije-me lá, use sua língua, eu preciso de você agora, agora por favor.

A voz dela se dissolveu em gemidos selvagens enquanto ele se movia para baixo, à cabeça escura dele se soltando entre as espalhadas dela, seus dedos alisando os pequenos cachos escuros e abrindo seus lábios rosa ainda mais. A respiração dele a tocou primeiro, um vapor rápido e suave, e então sua língua dançou sobre ela, suavemente picando o pequeno canal, sacudindo ele com golpes rápidos.

Caroline mordeu seu lábio inferior afiadamente, desesperadamente lutando para manter-se quieta apesar do prazer intenso de sua boca nela. Andrew ergueu sua cabeça assim que ouviu os sons amortizados que ela fez, e seus olhos cintilaram demoniacamente. —Você pode gritar o quanto quiser,— ele murmurou. —Não existe ninguém aqui para ouvir você.

Sua boca retornou para ela, e ela gritou, sua parte inferior erguendo-se avidamente do colchão enquanto ela se empurrava em direção a ele. Ele grunhiu com satisfação e embalou suas nádegas tensas em suas mãos grandes, mornas, enquanto sua boca continuada o banquete nela. Ela sentiu a ponta larga de seu dedo golpeando-se contra a minúscula abertura de seu corpo, circulando, atormentando… entrando com uma delicada habilidade.

—Sinta o quão molhada você está,— ele murmurou contra sua carne lisa. —Você está pronta para ser tomada agora. Eu podia deslizar toda polegada do meu pinto dentro de você.

Então ela entendeu por que ela não conseguiu coloca-lo antes. —Por favor,— ela sussurrou, morrendo de necessidade. —Por favor, Andrew.

Seus lábios retornaram para a vulva dela, aninhando as dobras úmidas, sensíveis. Ofegando, Caroline ficou quieta assim que o dedo dele entrou mais profundamente dentro dela, golpeando no ritmo doce de sua boca. —Meu Deus,— ela disse entre a respiração entrecortada, —eu não posso… oh, eu não posso aguentar isso, por favor Andrew, meu Deus.

O mundo desaparecido em uma explosão de felicidade ígnea. Ela soluçou e estremeceu, viajando em puro êxtase até que ela finalmente se moveu em uma maré de letargia, diferentemente de qualquer coisa que ela já havia experimentado. Só então ele fez sua boca e dedos deixarem ela. Andrew se arrastou nas cobertas, meio que levantando o corpo de Caroline contra o seu, até que eles foram embrulhados em um casulo de roupa de cama morna. Ela deitada ao lado dele, sua perna caída em cima da dele, a cabeça dela descansando no duro ombro dele. Agitada, exausta, ela relaxou nos braços dele, compartilhando a paz absoluta de depois do amor, como a calmaria depois de uma tormenta.

A mão de Andrew alisava as ondulações selvagens de seu cabelo, espalhando eles acima de seu próprio tórax. Depois de um longo momento de satisfação agridoce, ele sossegadamente falou, seus lábios se esfregando nas têmporas dela.

—Nunca foi uma mentira pra mim, Caroline. Eu me apaixonei por você no momento em que nós concordamos com essa maldita mentira. Eu amei seu espírito, sua força, sua beleza… eu percebi logo de na primeira vez o quão especial você era. E eu sabia que eu não merecia você. Mas eu tive a ideia tola e maldita de que de alguma maneira eu poderia ser capaz de ser merecedor de você. Eu quis fazer um novo início, com você ao meu lado. Eu até parei de me preocupar com a maldita fortuna de meu pai. Mas na minha arrogância eu não considerei o fato que ninguém pode fugir de seu passado. E eu tenho mil coisas para reparar … coisas que continuarão aparecendo para me assombrar pelo o resto de minha vida. Você não vai querer ser parte dessa feiura, Caroline. Nenhum homem que ame uma mulher a pediria para viver com ele, perguntando-se todo dia quando alguma parte miserável de sua anterior reaparecerá.

—Eu não entendo.— Ela se ergueu sobre seu tórax, olhando fixamente para sua expressão sombria, tenra. —Diga-me o que Julianne fez para mudar tudo.

Ele suspirou e puxou para trás um punhado de cabelo dela. Era claro que ele não queria dizer a ela, mas ele não iria mais faltar com a verdade. —Você sabe que Julianne e eu uma vez tivemos um caso. Durante algum tempo posteriormente, nós permanecemos meio que amigos. Nós somos notavelmente semelhantes, Julianne e eu — ambos somos egoístas e manipuladores e de insensíveis.

—Não,— Caroline disse rapidamente, colocando seus dedos na boca dele. —Você não é assim, Andrew. Pelo menos não é mais.

Um sorriso frio formou-se em seus lábios, e ele beijou os dedos dela antes de continuar. —Depois que nosso caso acabou, Julianne e eu nos divertíamos jogando um jogo que nós mesmos inventamos. Nós nomearíamos uma pessoa—sempre alguém virtuoso e bem respeitado—quem o outro deveria seduzir. Quanto mais difícil o objetivo, o mais irresistível ficava o desafio. Eu nomeei altamente classificado magistrado, o pai de sete crianças, o qual Julianne atraiu para um caso.

—E quem ela escolheu para você?— Caroline perguntou sossegadamente, experimentando uma estranha mistura de repulsa e piedade enquanto ela ouvia sua sórdida confissão.

—Uma de suas 'amigas '—a esposa do embaixador italiano. Bonita, tímida, e conhecida por sua modéstia e seus bons modos.

—Você teve sucesso com ela, eu suponho.

Ele assentiu sem expressão. —Ela era uma boa mulher com muita coisa a perder. Ela tinha um casamento feliz, um marido amoroso, três crianças saudáveis... Deus sabia de como persuadi-la a divertir-se. E eu o fiz. E posteriormente, o único modo que ela teve para suavizar sua culpa estava em convencer-se de que havia se apaixonado por mim. Ela me escreveu algumas cartas de amor, altamente incriminadoras, umas que ela logo veio a lamentar. Eu queria queimar as cartas—que eu deveria tê-las queimado—mas eu as enviei de volta pra ela, pensando que a aliviaria de preocupar-se se ela pudesse destruí-las ela mesma. Então ela nunca deveria temer que alguma carta daquelas apareceria e arruinaria sua vida.

—Ao invés disso a pequena tola as manteve, e por alguma razão que eu nunca entenderei, ela mostrou as cartas para Julianne, que estava posando de amiga preocupada.

—E de alguma maneira Julianne está com elas,— Caroline suavemente disse.

—Ela teve estas cartas por quase cinco anos. E no dia posterior a morte de meu pai, e se tornou sabido para quem ele deixou a fortuna de Rochester, Julianne me fez uma visita inesperada. Ela gastou a fortuna inteira de seu finado marido. Se ela deseja manter seu estilo de vida atual, ela terá que casar-se com um homem rico. E parece que me foi dada essa honra duvidosa de ser seu noivo.

—Ela está chantageando você com as cartas?

Ele assentiu com a cabeça. —A menos que eu concorde me casar com ela, Julianne disse que ela fará as malditas cartas virem a público, e arruinará vida de sua ‘amiga’. E então duas coisas ficaram imediatamente claras para mim. Eu nunca poderia ter você como minha esposa sabendo que nosso casamento fora baseado na destruição da vida de outra pessoa. E com meu passado, é só uma questão de tempo até que qualquer outra coisa feia apareça. Você viria a me odiar, estando constantemente enfrentado evidências dos pecados eu cometi.— Sua boca se contorceu amargamente. —Coisa inconveniente maldita, desenvolver uma consciência. Era malditamente muito mais fácil antes de eu ter uma.

Caroline estava muda, olhando fixamente para baixo, em seu tórax enquanto seus dedos brincavam com os escuros pelos enrolados. Uma coisa era ser informada de que Andrew teve um passado mal, e certamente Andrew nunca fingiu o contrário. Mas o conhecimento fez muito mais impressão nela agora que já sabia de algumas particularidades sobre seu antigo namorado. A noção de seu caso com Julianne, e dos jogos indignos que os dois praticavam com a vida dos outros, a deixava doente. Ninguém a culparia por rejeitar Andrew, por concordar que ele estava extremamente manchado e corrupto. E ainda… o fato que ele aprendera a sentir remorso, que ele desejava proteger a esposa do embaixador, até à custa de sua própria felicidade… aquilo significava que ele havia mudado. Queria dizer que ele era capaz de se tornar um homem muito melhor do que havia sido.

Além disso, amor era sobre gostar do homem todo, inclusive suas falhas… e confiar que ele sentia a mesma coisa por ela. Para ela, isso valia qualquer risco.

Ela sorriu para o chocado rosto de Andrew. —Não é nenhuma surpresa para mim que você tenha algumas imperfeições.— Ela subiu mais adiante em seu tórax, seus peitos pequenos apertando o tapete morno de pelos. —Bem, mais que alguns. Você é um sem-vergonha mau, e eu e completamente espero que em algum ponto no seu futuro existirão mais surpresas desagradáveis de seu passado. Mas você é o meu sem-vergonha, e eu quero enfrentar todos os momentos desagradáveis de vida, e os maravilhosos, com ninguém a não ser você.

Os dedos dele deslizaram em seu cabelo, apertando seu escalpo, e ele olhou fixamente para ela com uma adoração feroz. Quando ele falou sua voz estava ligeiramente rouca. —E se eu decidir que você merece alguém melhor?

—É muito tarde pra isso,— ela razoavelmente disse. —Você tem que casar-se comigo depois de mim deflorar esta tarde.

Cuidadosamente ele a trouxe adiante e beijou suas bochechas. —Meu amor … eu não deflorei você. Não completamente, de qualquer modo. Você ainda é uma virgem.

—Não por muito tempo.— Ela ziguezagueou em seu corpo, sentindo sua ereção subir contra a sua coxa. —Faça amor comigo.— Ela se aninhou contra sua garganta e espalhou beijos ao longo da linha firme de sua mandíbula. —Tudo, desta vez.

Ele a ergueu de seu tórax com tanta facilidade, como se ela fosse um gatinho explorador, e olhou fixamente pra ela angustiado. —Existe ainda a questão de Julianne e a esposa do embaixador.

—Ah, isso.— Ela se empoleirou nele, com seu cabelo se espalhando por seu tórax e atrás, e tocou nos pequenos escuros mamilos dele com os polegares. —Eu lidarei com minha prima Julianne,— ela informou. —Você terá aquelas cartas de volta, Andrew. Será meu presente do Natal para você.

Seu olhar estava notavelmente duvidoso. —Como?

—Eu não quero explicar agora. O que eu quero é...

—Eu sei o que você quer,— ele disse secamente, rolando ela para colocá-la em baixo dele. —Mas você não vai conseguir isso, Caroline. Eu não tomarei sua virgindade até que eu esteja livre para oferecer casamento a você. Agora me explique por que você está tão confiante de que conseguirá as cartas de volta.

Ela passou as mãos nos antebraços musculares dele. —Bem… eu nunca disse isso para ninguém, nem mesmo para Cade, e especialmente nem para minha mãe. Mas logo depois que o velho marido rico de Julianne morreu— eu suponho que você ouviu os rumores que sua morte não foi de causas naturais?

—Nunca existiu qualquer prova disso.

—Nenhuma prova que ninguém soubesse. Mas logo depois de o Senhor Brenton faleceu, seu camareiro, Sr. Stevens, fez uma visita ao meu pai uma noite. Meu pai era um homem bem respeitado e altamente fidedigno, o camareiro já o tinha encontrado antes. Stevens se comportava estranhamente aquela noite — ele parecia terrivelmente assustado, e ele implorou para meu pai ajudá-lo. Ele suspeitava que Julianne havia envenenado o velho Senhor Brenton — que ela recentemente havia estado na farmácia, e que Stevens a tinha pego despejando algo na garrafa de remédio do Senhor Brenton no dia anterior a morte dele. Mas Stevens tinha medo de confrontar Julianne com suas suspeitas. Ele pensou que ela poderia de alguma maneira acusá-lo falsamente do assassinato, ou castigá-lo de alguma outra forma. Para se proteger, ele guardou evidências da culpabilidade de Julianne, inclusive a garrafa com remédio estragada. Ele implorou ao meu pai para ajudá-lo a encontrar um novo emprego, e meu pai o recomendou a um amigo que estava vivendo no exterior.

—Por que seu pai lhe contou isso?

—Ele e eu éramos muito próximos — nós éramos confidentes, e existiam poucos segredos entre nós.— Ela deu a ele um sorriso pequeno e triunfante. —Eu sei exatamente onde Stevens está. E eu também sei onde a evidência contra Julianne está escondida. Então a menos que minha prima deseje enfrentar ser acusada de tentativa de assassinato de seu finado marido, ela me entregará as cartas.

—Coração…— Ele deu um gentil beijo em sua fronte. —Você não vai confrontar Julianne com isso. Ela é uma mulher perigosa.

—Ela não é páreo pra mim,— Caroline respondeu. —Porque eu não vou deixar ela e nem ninguém ficar no caminho do que eu quero.

—E o que é isso?— Ele perguntou.

—Você.— Ela deslizou suas mãos até os ombros dele e ergueu seus joelhos nos dois lados do quadril dele. —Tudo de sobre você … inclusive todo momento de seu passado, presente, e futuro.

 

A coisa mais difícil que Andrew, lorde Rochester, já havia feito foi esperar pelos próximos três dias. Ele compassou e se irritou sozinho na propriedade de família, alternadamente aborrecido e ansioso. Ele quase enlouqueceu de expectativa. Mas Caroline o pediu para ele esperar por uma palavra dela, e mesmo se isso o estivesse matando, ele manteria sua promessa. Tanto como poderia, ele não podia ter muita esperança de que ela realmente recuperaria as cartas. Julianne era tão astuta e mau caráter quanto Caroline era honrada… não era o truque mais fácil no mundo chantagear um chantagista. Além disso, o pensamento estivesse de que Caroline estava se rebaixando desta forma na tentativa de limpar uma bagunça sórdida que ele ajudara a criar… o fazia contorcer-se. Até agora ele já deveria estar acostumado a sentir o calor da vergonha, mas ele ainda sofria poderosamente só de pensar nisso. Um homem deveria proteger a mulher que ele amava—ele deveria mantê-la segura e feliz—e ao invés disso Caroline estava tendo que salvá-lo. Gemendo, ele pensou com anseio em ter uma bebida — mas ele seria amaldiçoado se ele se afogasse no conforto do álcool novamente. De agora em diante ele enfrentaria vida sem qualquer conveniente muleta. Ele não se permitiria mais desculpas, nenhum lugar para esconder.

E então, só alguns dias antes do Natal, um criado despachado pela residência dos Hargreaves veio para a propriedade de Rochester carregando um pequeno pacote embrulhado.

—Meu senhor,— o criado disse, curvando-se respeitosamente. —A senhorita Hargreaves instruiu-me para entregar isto em suas mãos, e ninguém mais.

Quase freneticamente Andrew rasgou o lacre que selava o pacote. Seu olhe sorriu para as linhas nitidamente escritas:

 

Meu senhor,

Por favor aceite este adiantado presente de Natal. Faça com ele o que quiser, e saiba que ele não vem com obrigações—a não ser que você cancele seu noivado com minha prima. Eu acredito que ela logo dirigindo suas atenções românticas em direção a algum outro pobre cavalheiro.

Sua,

Caroline

—Senhor Rochester, eu devo levar sua resposta para a Senhorita Hargreaves?— O criado perguntou.

Andrew balançou a cabeça, enquanto um sentimento estranho de leveza o atingiu. Foi à primeira vez em toda sua vida que ele se sentiu tão livre, tão cheio de antecipação. —Não,— ele disse, sua voz ligeiramente dura. —Eu responderei a Senhorita Hargreaves pessoalmente. Diga a ela que eu irei vê-la no Dia de Natal.

—Sim, meu senhor.

Caroline se sentou ante ao fogo, apreciando o calor dos enfeites de Natal que lançavam uma lavagem de luz dourada através da sala de estar. As janelas estavam adornadas com galhos brilhantes de azevinho, e ornada com tiras vermelhas. Depois de uma manhã agradável trocando presentes com a família e empregados, todo mundo partiu para procurar várias diversões, para eles existiam abundantes festas e ceias para escolher. Cade estava obedientemente escoltando Fanny para não menos que três eventos diferentes, e era provável que eles não retornariam até depois de meia-noite. Caroline resistiu às solicitações para ir junto, e recusou-se a responder as perguntas relativas a seus planos. —É lorde Rochester?— Fanny exigiu em excitação e preocupação. —Você espera que ele venha, minha querida? Nesse caso, eu devo aconselhá-la sobre a correta entonação para falar com ele.

—Mãe,— Cade interrompeu, lançando a Caroline um lastimoso olhar, —se você não deseja ficar atrasada para a festa dos Danburys, nós devemos partir agora.

—Sim, mas eu devo dizer a Caroline.

—Acredite em mim,— Cade disse firmemente, colocando um chapéu sobre cabeça de sua mãe e a arrastando para o corredor de entrada, —se Rochester decidir aparecer, Caroline saberá exatamente como lidar com ele.

Obrigada, Caroline murmurou para ele silenciosamente, e eles trocaram um sorriso antes dele conseguir tirar sua mãe da sala.

Aos empregados foi dado um dia de descanso, e a casa estava quieta enquanto Caroline esperava. Sons do Natal penetravam de fora... trovadores passavam, crianças cantando alegremente, grupos de alegres farristas viajando entre as casas.

Finalmente, assim quando relógio atingiu a uma, um golpe veio da porta. Caroline sentiu seu coração pular. Ela se apressou para a porta com uma pressa imprópria e abriu.

Andrew estava lá, alto e bonito, sua expressão séria e um tanto incertas. Eles olharam-se fixamente para um ao outro, e embora Caroline permanecesse imóvel, ela sentiu seu inteiro ser agarrando ele, sua alma se expandindo em saudade. —Você está aqui,— ela disse, quase assustada com o que aconteceria a seguir. Ela queria que ele a tomasse nos braços e a beija-se, mas ao invés disso ele removeu seu chapéu e falou suavemente.

—Eu posso entrar?

Ela deu as boas-vindas do lado de dentro, ajudou ele com seu casaco, e assistiu como ele pendurou o chapéu no corredor. Ele girou para olhá-la, seus olhos azuis vívidos a encheram de calor que a fez tremer. —Feliz Natal,— ele disse.

Caroline torceu suas mãos nervosamente juntas. —Feliz Natal. Nós devemos entrar para a sala de estar?

Ele movimentou a cabeça, seu olhar ainda nela. Ele não pareceu não se importar para onde eles iam enquanto ele a seguia sem palavras até a sala de estar. —Nós estamos a sós?— Ele perguntou, tendo notado a quietude da casa.

—Sim.— Muito agitada para se sentar, Caroline ficou ante ao do fogo e olhou fixamente em seu rosto meio sombreado. —Andrew,— ela disse impulsivamente, —antes de você me dizer alguma coisa, eu quero deixar isso claro… meu presente para você… as cartas… você não é obrigado a me dar nada em troca. Isto é, você não precisa sentir-se como se devesse——

Ele a tocou então, suas grandes e gentis mãos ligeiramente emolduraram os lados de seu rosto, os dedos polegares levemente esfregando a superfície de suas bochechas. O modo que ele olhava para ela, tenra e mesmo assim de alguma maneira voraz, fazendo seu corpo inteiro formigar de encanto. —Mas eu sou obrigado,— ele murmurou, —por meu coração, alma, e muitas partes de minha anatomia para nomear.— Um sorriso curvou seus lábios. —Infelizmente a única coisa eu posso oferecer a você é um presente bastante questionável… um pouco manchado e danificado, e de valor muito duvidoso. Eu.— Ele agarrou suas mãos pequenas, esbeltas e as trouxe até sua boca, dando beijos quentes nas partes de trás de seus dedos. —Você me aceitará, Caroline?

A felicidade desabrochou dentro dela, fazendo sua garganta apertar. —Eu irei. Você é exatamente o que eu quero.

Ele riu de repente, e quebrou a fervente ligação de suas mãos para pescar algo em seu bolso. —Que Deus ajude você, então.— Ele extraiu objeto reluzente e o deslizou até o quarto dedo dela. O ajuste estava só um pouco solto. Caroline circulou se punho com a mão enquanto olhava fixamente o anel. Era ornamentado em ouro com adornos esculpidos e com uma enorme rosa com um diamante. A pedra preciosa faiscava com o brilho divino dos enfeites de Natal, fazendo sua respiração parar. —Pertenceu a minha mãe,— Andrew disse, observando o rosto dela próximo. —Ela deixou isso para mim, e esperou que eu algum desse isso para minha esposa.

—É adorável,— Caroline disse, seus olhos pinicando. Ela ergueu sua boca para seu beijo, e sentiu o suave toque de seus lábios nos dela.

—Aqui,— ele murmurou, um sorriso colorindo sua voz, e ele removeu seus óculos para limpá-los. —Você não nem pode ver essa maldita coisa, do modo com que são manchados.— Devolvendo os óculos polidos, ele agarrou sua cintura e puxou seu corpo contra ele. Seu tom estava sóbrio quando falou com ela novamente. —Foi difícil de conseguir as cartas de Julianne?

—De forma alguma.— Caroline não podia suprimir um rastro de presunção à medida que ela respondia. —Eu me diverti, realmente. Julianne estava furiosa—eu não tenho dúvida de que ela queria arrancar meus olhos fora. E naturalmente ela negou ter tido alguma coisa a ver com a morte de lorde Brenton. Mas ela me deu as cartas assim mesmo. Eu posso assegurar a você que ela nunca nos aborrecerá novamente.

Andrew a abraçou firmemente, suas mãos corriam repetidamente pelas costas dela. Então ele falou silenciosamente em seu cabelo, com um tom sugestivo que fez os cabelos atrás de seu pescoço eriçar em excitação. —Existe um assunto que eu tenho ainda para cuidar. Pelo que me lembro, eu deixei você virgem a última vez que nós nos encontramos.

—Você o fez,— Caroline respondeu com um sorriso. —Para meu desgosto.

A boca dele cobriu a dela, e ele a beijou com uma mistura de adoração e ávida luxúria que deixou os joelhos dela enfraquecidos. Ela se debruçou fortemente contra ele, sua língua escorregando e enrolando contra a dele. A excitação batia dentro dela, e ela se arqueou contra ele em um esforço para fazer o abraço mais íntimo, seu corpo almejando o peso e pressão dele.

—Então eu farei meu melhor para obrigar você desta vez,— ele disse quando seus lábios se separaram. —Leve-me para seu quarto.

—Agora? Aqui?

—Por que não?— Ela sentiu o sorriso dele contra sua bochecha. —Você está preocupada com o decoro? Você, que me teve algemado a uma cama.

—Isso foi Cade que fez, não eu,— ela disse, ruborizando.

—Bem, você não se importou de aproveitar-se da situação, não é?

—Eu estava desesperada!

—Sim, eu me lembro.— Ainda sorridente, ele beijou o lado de seu pescoço e deslizou sua mão para seu peito, acariciando a curva gentil até que o seu mamilo ficasse duro. —Você prefere esperar até nós casarmos?— Ele murmurou.

Ela tomou sua mão e o puxou para fora da sala de estar, levando ele para cima, para seu quarto. As paredes eram cobertas de papel de parede com motivos florais que combinavam com o rosa-e-branco bordado na colcha da cama. Em tal ambiente delicado, Andrew pareceu maior e mais masculino que nunca. Caroline observou em fascinado estado de encanto quando ele começou a remover as roupas, retirando seu casaco, jaleco, gravata, e camisa, deixando-os em um monte amassado no chão. Ela desabotoou seu próprio vestido e saltou fora dele, deixando ele em outro monte amassado no chão. Como ela permaneceu com suas roupas de baixo e meia-calça, Andrew veio até ela e a puxou contra seu corpo nu. O duro cume de sua ereção queimava através da musselina delicada de suas roupas de baixo, e ela soltou um pequeno arfar.

—Você está com medo?— Ele sussurrou, a erguendo mais alta contra ele, até que os dedões do pé dela quase deixaram o chão.

Ela girou seu rosto para dentro do pescoço dele, respirando o odor de sua pele morna, erguendo suas mãos para agarrar a espessa e fresca seda de seu cabelo. —Oh, não,— ela respirou. —Não pare, Andrew. Eu quero ser sua. Eu quero sentir você dentro de mim.

Ele a deixou na cama e removeu suas roupas lentamente, beijando toda polegada de sua pele assim que era descoberta, até que ela estava deitada, nua e aberta diante dele. Murmurando seu amor por ela, ele tocou em seus peitos com sua boca, lambeu e brincou até que seus mamilos ficaram rosados, duros. Caroline se curvou até ele em uma resposta ardente, persuadindo a ele a possuí-la, até que ele a empurrou com uma risada ofegante. —Não tão rápido,— ele disse, sua mão descendo para seu estômago, massageando em círculos calmantes. —Você não está pronta para mim ainda.

—Eu estou,— ela insistiu, seu corpo doido e febril, seu coração martelando.

Ele sorriu e a rolou para seu estômago, e ela gemeu quando sentiu a trilha de sua boca por sua espinha, beijando e mordiscando. Seus dentes beliscaram suas nádegas antes que seus lábios viajassem até as pregas frágeis das partes de trás de seus joelhos. —Andrew,— ela gemeu, em tormento. —Por favor, não me faça esperar.

Ele a girou para cima mais uma vez, e sua boca vagou na parte de cima, dentro de sua coxa, mais alto e mais alto, e suas mãos fortes cuidadosamente persuadiram suas coxas a se separarem. Caroline choramingou quando ela sentiu ele lamber a sua umidade, a suave fenda entre suas pernas. Outro, golpe mais fundo de sua língua, e outro, e então ele encontrou um broto dolorosamente tenro e o sugou, sua língua chicoteando ela, até que ela estremeceu e gritou, seus gritos arrebatados se amortizaram nas dobras do bordado da colcha de cama.

Andrew beijou os lábios dela e tomou entre suas coxas. Ela gemeu em encorajamento enquanto sentia a cabeça em forma de ameixa de seu sexo contra o caroço liso de seu corpo. Ele suavemente empurrou, enchendo ela… hesitando quando ela ofegou com desconforto. —Não,— ela disse, apertando freneticamente seus quadris, —não pare… eu preciso de você… por favor, Andrew…

Ele gemeu e empurrou adiante, se enterrando completamente, enquanto a carne dela pulsava docemente ao redor ele. —Carinho,— ele sussurrou, respirando duro, enquanto seus quadris empurrados adiante em gentis cutucões. Seu rosto estava úmido, cheio de transpiração e calor, suas pestanas longas, escura pontiagudas de umidade. Caroline foi atingida pela visão dele—ele era um homem tão bonito… e ele era seu. Ele a invadiu em um ritmo lento, paciente, seus músculos rígidos, seus antebraços nos dois lados da cabeça dela. Coberta em prazer, ela ergueu seus quadris para levá-lo mais profundamente. A boca dele pegou a dela faminto, sua língua procurando e deslizando.

—Eu amo você,— ela sussurrou entre beijos, os lábios molhados dela contra os dele. —Eu amo você, Andrew, amo você…

As palavras pareceram quebrar com o autocontrole de Andrew, e suas punhaladas ficaram mais fortes, mais fundas, até que ele se enterrou dela e violentamente estremeceu, sua respiração parada no meio de uma explosão agonizante de prazer.

Longos e preguiçosos minutos mais tarde, enquanto eles estavam ainda estavam encaixados juntos, as batidas do coração voltando ao ritmo normal, Caroline beijou ombro do Andrew.

—Querido,— ela disse entorpecidamente, —eu quero pedir uma coisa de você.

—Qualquer coisa.— Seus dedos tocaram em seu cabelo, penteando o cabelo sedoso.

—O que vier, nós o enfrentaremos juntos. Prometa confiar em mim, e nunca manter segredos para mim novamente.

—Eu irei.— Andrew se levantou em cima em um cotovelo, olhando fixamente para baixo nela com um sorriso entortado. —Agora eu quero pedir algo de você. Nós podíamos renunciar a um casamento grande, e ao invés ter uma pequena cerimônia no Dia de Ano novo?

—Claro,— Caroline disse prontamente. —Eu não gostaria de um casamento grande em todo caso. Mas por que tão cedo?

Ele abaixou sua boca na dela, seus lábios quentes e acariciantes. —Porque eu quero que meu novo começo coincida com o ano novo. E porque eu preciso de você de mais para esperar por você.

Ela sorriu e agitou sua cabeça maravilhada, seus olhos brilhando enquanto olhava fixamente para ele. —Bem, eu preciso de você mais.

—Mostre-me,— ele sussurrou, e ela fez isso.

 

                                                                                Lisa Kleypas  

 

                      

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