- Tinha que escolher a noite mais úmida do ano. - Sussurrou Juliette Sangria disse a sua irmã, limpando o suor da testa e se abaixou entre os arbustos, para evitar ser vista.
Um foco de luz varreu a região de espessa vegetação, onde as duas garotas estavam escondidas, mas não pôde penetrar nos exuberantes arbustos, trepadeiras e lianas que desciam das árvores. Jasmine esperou a que a luz passasse antes de se abaixar.
- Vi quando trouxeram três animais esta noite. Temos que tirá-los antes que lhes façam mal ou experiências com eles. Sabe que este lugar é para isso.
Juliette amaldiçoou em voz baixa e se afastou para trás, misturando-se as sombras, enquanto o foco deslizava sobre elas em uma larga passada. Estava segura de que a luz era mais para os supersticiosos guardas, sempre temerosos do que os espreitava na selva. Ela sabia por experiência, que a selva nunca dormia e sempre tentava recuperar o que o homem havia lhe tirado.
O edifício era de alvenaria, relativamente novo, mas já coberto de musgo e lama, um escuro e mofado verde como a selva que retrocedia a rastros. Trepadeiras escalavam as paredes e serpenteava até o alto do edifício, como se procurassem uma forma de entrar. Não havia janelas e Juliette podia imaginar o quanto devia ser calor em seu interior, para os animais, apesar das grossas paredes. A umidade era sempre alta e o centro de investigação fora construído no mais improvável dos lugares. Sabia que tinha sido construído nesta remota localização, para ocultar o fato de que animais da lista de espécies em perigo de extinção estavam sendo utilizados para investigação ilegal.
-Jazz, só teremos seis minutos para tirar tantos animais como é possível. Alguns deles estarão muito agitados. Se algum deles estiver além de nossa ajuda, teremos que deixá-lo. Entendido? – ela conhecia a afinidade de sua irmã com os animais selvagens. - Esta gente não é de brincadeira. Não pensarão antes de nos matar, Jazz. Prometa-me que não importa o que acontecer, sairá em seis minutos, dirigirá para casa e permanecerá lá. Eu ficarei para trás e me assegurarei de que não recapturam aos animais.
- Faça uma pista falsa na selva, para mantê-los longe de mim. - Disse Jasmine.
- Isso também. Nós sabemos que posso despistá-los. Sim ou não, Jazz, dá-me sua palavra? Não entraremos de outro modo. - Juliette levaria a sua irmã mais nova para casa e voltaria outra noite, se ela não prometesse. Detestava que estes homens pudessem vir a sua selva, capturar e torturar animais e saírem ilesos, mas não ia perder sua irmã por isso.
- Seis minutos. - Confirmou Jasmine e fixou o alarme em seu relógio.
- Então vamos. Eu me ocuparei do guarda da entrada principal e você cuide do sistema de segurança.
Jasmine franziu o cenho enquanto assentia. Juliette sempre fazia tudo soar tão fácil. Distrair e se ocupar dos guardas era sempre perigoso. Moveu-se numa posição melhor, cobrindo sua irmã e mantendo-se perto da caixa principal onde se armazenavam os cabos. Pouca gente prestava atenção a essa pequena caixa, mas Juliette e Jasmine sabiam que continha o posto telefônico dos alarmes principais. De noite, somente os guardas estavam de serviço e sempre estavam nervosos e eram altamente supersticiosos. Pareciam temer tanto o que havia no escuro interior da selva, como o que havia dentro do edifício que guardavam.
Juliette desabotoou a blusa até os seios, para que o fino material revelasse a generosa, suave e provocante curva e sua sedosa pele. Pegou uma enorme banana de sua mochila e deu a volta no edifício, descascando lentamente à fruta, enquanto avançava. Quando emergiu da espessa vegetação, parou deliberadamente sob a prateada luz de lua, levando a banana à boca, percorrendo-a com a ponta da língua. A luz brilhou através do fino tecido de sua blusa, acariciando os seios arredondados fazendo com que os escuros mamilos se mostrassem provocantemente contra o tecido.
A atenção do guarda imediatamente se fixou em seus seios. Ele lambeu os lábios e a olhou fixamente. Juliette lhe sorriu, depois de morder sugestivamente a banana.
- Não sabia que este edifício estivesse aqui. Acampo com uma pequena turma de amigos junto ao arroio. – Ela utilizou tentativamente o espanhol, como se não conhecesse o dialeto local. Juliette virou-se ligeiramente, proporcionando uma visão mais intrigante de seu corpo e assinalou para trás, para a escura vegetação. Depois, voltou-se outra vez para ele, permitindo que seu olhar o percorresse de cima a baixo, atrasando-se um momento sobre o repentino vulto sob suas calças.
– Oh! Nossa! Certamente não esperava um homem tão grande e forte como você.
Ele não podia falar, olhava fixamente para sua boca enquanto ela lambia a fruta, com seus lábios deslizando de cima a baixo. Juliette tirou a banana da boca, ganhando pontos para sua causa e seus quadris balançaram. Seu sorriso era coquete.
- Está com fome? Repartirei minha banana com você. – Ela ofereceu a banana e pareceu notar que sua blusa estava totalmente aberta, pela primeira vez. – Oh! Sinto muito, estava tão acalorada na selva, que não posso manter a roupa toda fechada. Não te incomoda o calor? Faz-me sentir... Quente. - Uma de suas mãos foi para a blusa a fim de fechá-la, mas seus dedos vagaram sobre a curva de seu seio.
O guarda engoliu com força, olhando-a fixamente. Ela sustentava a banana em sua boca.
- Todos os homens daqui são tão bonitos como você?
Ele mordeu um pedaço da fruta oferecida, não pôde se conter. Estava sorrindo, ainda olhando seus seios quando ela utilizou uma agulha hipodérmica nele, sedando-o. Ele era pesado, mas Juliette era forte e arrastou-o até os arbustos, elevando uma pequena prece para que nenhum predador o encontrasse indefeso e lhe apoiou contra o tronco de uma árvore. Apenas havia preparado a cena, quando Jasmine irrompeu no sistema de alarme. Tirando um frasco de sua mochila, Juliette derramou uma pequena quantidade de licor sobre as roupas do guarda, colocando o frasco em sua mão. Tirou as balas de sua arma, jogando-as na densa forragem de arbustos.
Juliette e Jasmine permaneceram entre as sombras, evitando a mudança aberta onde uma câmara poderia caçá-las, enquanto se apressavam através do enorme edifício. As primeiras poucas salas pareciam ser escritórios vazios, mas atrás delas, podiam ouvir os inquietos sons dos animais intranqüilos. Os laboratórios eram enormes e cada um continha várias jaulas. Elas separaram-se, olhando rapidamente seus relógios e soprando um beijo de boa sorte enquanto tomavam caminhos separados no enorme edifício com a esperança de liberar tantos animais como fosse possível.
Elas possuíam a habilidade de acalmar e controlar animais, mesmo os maiores dos felinos. Era mais difícil quando os animais haviam sido incomodados, abusados ou torturados, mas as mulheres estavam seguras de seus talentos e moveram rápidas e eficientemente, em trabalho de equipe bem praticada.
Juliette manteve um olho no relógio enquanto abria jaulas e dirigia os animais. O último laboratório continha os animais maiores. Um urso polar, um jaguar e uma preguiça. Amaldiçoou baixinho, quando viu que a preguiça estava além de toda ajuda. O urso polar tinha várias feridas, por ter sido atiçado por alguém com um instrumento afiado, mas o jaguar estava ainda em boa forma e era um dos animais mais recentes que o laboratório havia adquirido. Falou brandamente, acalmando o animal que passeava, grunhindo baixo, quando este saltou contra as paredes da jaula, com agitação. Levou um pouco de tempo com a fechadura e dirigi-lo fora da jaula, para a entrada, utilizando seu vínculo telepático para guiar o animal. Havia dado três passos atrás do felino, quando sentiu uma tremenda atração, à sua esquerda. Para sua desilusão havia outra porta.
A porta era pesada, uma grossa abóbada protegida com várias barras e fechaduras. Juliette olhou seu relógio pela segunda vez. Deveria sair a toda pressa dali, mas algo alheio a si mesma, exigia que investigasse. Rezando para que Jasmine mantesse sua promessa de partir para casa imediatamente, Juliette ficou a trabalhar na porta.
Riordan estava sobre o chão de cimento, em meio a uma poça de sangue, observando desapaixonadamente como esta gotejava para o deságüe. Seu sangue parecia um fino e pálido rastro de líquido cinza, acumulando-se. Era impensável que houvesse o pegado. Que um de sua raça pudesse ser envergonhado e morrer nas mãos de seus inimigos. Era um imortal, um homem dos Cárpatos, não um principiante, mas um homem de honra e habilidade. Jazia patético e incapaz de reunir a força necessária para se mover. Incapaz de pedir ajuda aos seus.
Seus irmãos estariam lhe buscando agora, perguntando-se por que sua mente estava fechada a eles. Não se atrevia a atrair outro dos seus, à armadilha a qual ele havia sido atraído. Não seria a isca para pegarem mais dos seus. O inimigo havia encontrado uma forma de envenenar o sangue de sua gente, de imobilizá-los o suficiente para drenar seu sangue e mantê-los fracos. Acreditara ter a habilidade suficiente para tirar o veneno de seu corpo. No passado fizera em numerosas ocasiões, mas este novo veneno o mantinha indefeso, fraco e paralisado, contra a contínua tortura.
Não havia forma de transmitir notícias a seu príncipe, não havia forma de advertir ninguém dos seus, sobre esta nova e mais letal droga que seus inimigos haviam idealizado. Riordan lutou para sentar, até que se apoiou contra a parede, a qual estava preso, examinando os componentes químicos que percorriam seu sistema. Utilizavam algum tipo de carga elétrica para estimular as células deterioradas de seu sangue. Permitiu que seu fôlego escapasse num comprido e lento gemido de promessa mortal. De mortal desespero.
Não morreria facilmente... Seu corpo continuaria regenerando-se, mas sem o sangue necessário, sem a terra curadora, a morte ocorreria lenta e dolorosamente. Era o último tipo de morte que imaginara para si mesmo.
A droga se arrastava através de seu corpo, um monstro químico quase tão letal como o escuro demônio que espreitava profundamente dentro dele. Antes de morrer, tinha intenção de transmitir tanta informação sobre o composto venenoso como pudesse, a seus irmãos. Emitiria uma advertência, mas não o faria até que sua morte fosse iminente. Não trairia sua família. Não seria utilizado como isca. Seu príncipe precisava saber que um professor vampiro estava utilizando os humanos. Riordan tinha que encontrar uma forma de escapar, não havia outra opção. Não podia permitir que sua vida terminasse, até que levasse a informação vital desta traição a sua gente. Não podia permitir que a dor e o desespero, seus sempre presentes companheiros, debilitassem sua resolução.
Riordan fechou os olhos e se resguardou profundamente em sua mente. Quase no momento, ouviu o suave clique da fechadura da pesada porta de metal. Temendo seu imenso poder, seus captores nunca vinham até ele, à noite. Realizou um estudo superficial da mente do humano que entrava no laboratório, sua prisão, mas para sua surpresa, não pôde ler seus pensamentos. Captou a impressão de uma mulher humana.
Sentou-se quieto, com sua mente trabalhando a furiosa velocidade. Seus captores haviam encontrado uma forma de defender seus pensamentos? Estavam protegidos a maior parte do tempo, por sua própria debilidade. Durante as horas diurnas estava indefeso e vulnerável, mas a noite eles eram preparados para se manterem longe. Embora houvessem drenado seu sangue e sua força, ainda era mentalmente forte para dar ordens a qualquer deles que se aventurasse a aproximar-se. Esta era sua oportunidade de escapar ou procurar uma forma de terminar com sua vida, antes que pudessem utilizá-lo contra sua própria espécie.
Estudou a mente da única pessoa que entrava em sua prisão. Era uma jovem. Manteve os olhos fechados, conservando sua força, esperando o momento. Sabia que chegaria. Estenderia-se além das estranhas barreiras da mente dela, rasgando cada estranho compartimento até ter o controle total. Obrigaria à humana a fazer sua vontade. Escapar ou morrer, qualquer das opções significaria ganhar a batalha. Podia cheirá-la agora, uma fragrância fresca e limpa, que sugeria ar livre, o bosque pluvial depois de um aguaceiro depurador. Um indício de flores exóticas e algo mais... Algo selvagem. Algo não de todo humano. Riordan sentiu que seus músculos se estiravam ante o aroma pouco familiar, que uma estranha agilização, um calor se estendia através de seu corpo, mas se manteve sob controle.
Nada podia impedir seu ataque. Era o primeiro engano que algum deles cometia e ele o utilizaria, aproveitaria-o. O demônio nele estava lutando para se liberar, ouvindo o firme batimento do coração e o fluxo vazante do sangue nas veias dela. A fome lhe mordeu interminavelmente, descuidada e brutalmente. Esperou imóvel, ouvindo os passos suaves. Só se ouvia um sussurro, mas ele cheirava sua excitação, o fio do medo e da adrenalina. Ela estava se aproximando.
Ao mesmo tempo o passo suave cessou, a respiração explodiu fora dela, num suave assobio de surpresa.
- Oh! Não! - Houve um movimento súbito para ele, o roçar de roupas. Riordan ouviu claramente o surpreso horror de sua voz. Ela não esperava lhe encontrar.
Juliette não podia acreditar na terrível visão. Um homem estava pálido além da imaginação, com seu sangue drenado sobre o piso. As pesadas correntes que lhe envolviam o peito pareciam arder em sua carne. Suas mãos estavam amarradas e o sangue gotejava de dezenas de ferimentos. Não podia acreditar que ele pudesse sofrer tanto e ainda estar vivo. Ajoelhou-se junto a ele e procurou seu pulso.
Riordan abriu os olhos e olhou fixamente sua face, enquanto ela se abaixava junto a ele, sem prestar atenção ao sangue que manchou suas roupas quando se inclinou, aproximando-se. Os dedos dela pousaram gentilmente contra seu pescoço. Os grandes olhos estranhamente turquesas estavam cheios de compaixão.
- Quem fez isto? - Mesmo enquanto ela sussurrava a pergunta, estava tirando um pequeno instrumento de um cinturão de ferramentas que levava ao redor da cintura, para trabalhar na fechadura das pesadas algemas. Evitou cuidadosamente olhar para as câmaras que sabiam estarem fixas nele.
- Não temos muito tempo. Pode caminhar? Eles enviarão o pessoal da segurança atrás de nós e teremos que correr. – Ele era um homem grande e Juliette não acreditava que tivesse possibilidade de lhe carregar, como um bombeiro. Mesmo assim, tentaria. Viera a este lugar pensando que era um laboratório de investigação para felinos da selva. Nunca esperava encontrar um homem meio morto, obviamente torturado e prisioneiro entre seus muros. Nunca tinha visto tanto sangue, um rosto tão devastado e olhos tão intensos. A algema caiu de sua mão esquerda e ela se estendeu em volta dele, para trabalhar na segunda.
O cabelo dela caía sobre sua face, numa sedosa cascata de mechas negra azuladas. Debilmente surpreso de poder ver cores individuais, Riordan ficou olhando para o cabelo dela. Por um momento não pôde pensar, não pôde sequer respirar ou mesmo atrair ar a seus pulmões. Era impossível, embora a mão que elevou para os cabelos negros estava toda manchada de sangue. Sangue vermelho, não de um cinza enlodado. Seus dedos roçaram o cabelo dela jogando-o para trás sobre seu ombro, com deliciosa gentileza. O instinto proliferou em seus ossos, expondo a linha de seu pescoço para ele. Ela não pareceu notar, trabalhando meticulosamente como estava na fechadura das pesadas algemas de aço. Sua pele era suave e fresca. Suave como o cetim. Inclinou a cabeça para o lado, lentamente, firmemente, com suas presas alongando-se, o demônio rugindo e seu corpo enrijecendo-se. Sua respiração era quente contra a pele dela. Seus dentes quase tocavam a pulsação, esse ponto vulnerável que o chamava, sedutoramente.
A blusa dela se abriu de par em par, revelando deliciosos, exuberantes e cheios seios, suficientemente suaves para servir de travesseiro a sua cabeça. Desejou deslizar a mão dentro da blusa dela e sustentar a carne macia enquanto se inclinava para seu pescoço.
Ela produziu um som, franzindo o cenho, ainda absorta em seu trabalho. Riordan inalou, tomando a fragrância feminina profundamente em seu corpo. Não tinha que controlar a mente dela e estava muito fraco para esbanjar o que restava de sua força. No momento em que o pesado aço caiu de sua mão, ela ergueu os braços, sujeitando o corpo dela contra o seu, enquanto cravava profundamente os dentes em seu pescoço.
A dor açoitou ardente através do corpo de Juliette, dançando como um látego de relâmpago através de sua corrente sanguínea, esquentando seu corpo e fazendo com que cada terminação nervosa estivesse viva e pulsando com fogo. A dor deu lugar a um escuro, erótico e sonolento êxtase, que ela se viu indefesa para resistir. Juliette estava segura de que lutou, mas ele era como ferro e seu corpo mais suave se moldava contra o outro mais duro e ele não parecia notar. Ela sentiu a força crescente nele, estendendo-se através dele, mesmo quando sua própria força parecia deslizar-se, afastando dela. Havia uma parte dela que parecia estar separada, mantendo-se à parte, observando e sentindo uma espécie de horror. Havia fogo em seu sangue, percorrendo seu corpo e seus músculos se esticavam e se apertavam, desarticulados e flexíveis, em sua garra de ferro.
Riordan levantou o olhar para a câmara que apontava sobre ele, sua boca se retorceu num sorriso sem humor, mostrando seus dentes brancos. Com os olhos fixos diretamente na lente, inclinou a cabeça e roçou uma carícia sobre as marcas do pescoço dela, com a língua. Esse olhar lhes diria tudo. Conhecia cada um deles, conhecia seu cheiro. Riordan conhecia seus inimigos. Seu mau cheiro estava em seus pulmões e ele era um caçador. Tinha passado de presa a predador, com uma pequena infusão de sangue. Não era suficiente para lhe curar completamente, mas para lhe permitir escapar.
Levantou o corpo inerte da mulher facilmente sobre seu ombro, movendo-se com uma graciosa amostra de força. Tinha toda a intenção de atrair seus inimigos até ele e afastá-los de sua família. Mas primeiro destruiria tudo o que haviam construído na selva. Seu laboratório oculto longe de olhos curiosos. Sua horrenda câmara de tortura no mais profundo da selva, onde pensavam estar longe da lei e longe da justiça, mas ele mostraria-os quem mandava nesta parte do mundo, quem havia mandado ali, a muito tempo.
A mulher irrompeu numa luta selvagem, tentando se retorcer para se afastar dele.
Riordan apertou seu abraço sobre ela.
- Quieta. - Ordenou. - Não há forma de escapar. É impossível.. - Sua voz era uma suave e ameaçadora ordem.
Juliette tentou ficar tranqüila, sentindo a enorme força dos braços dele. Reprimiu o pânico, tentando desesperadamente pensar. Seu corpo se tornou mais pesado. Era um esforço levantar o braço, fechar a mão e bater contra suas costas. Sentia-se enjoada e doente. As emoções dele a afligiam, um selvagem redemoinho de escuro perigo a golpeou. Nunca tinha estado tão perto de sentir emoções tão fortes. Fluíram como um vulcão, explosivas, violentas e intensas. Sentiu nele, algo selvagem e indomável, um predador sem igual. Seu pescoço ainda pulsava e ardia e ela se perguntou que tipo de demônio havia liberado.
Realmente sentia a força acumulando-se nele. Sentia-a. Um caldeirão fervente de enorme poder. Formava-se nele e parecia derramar dele, saindo por seus poros, transbordando de seu corpo masculino fazendo com que a estrutura do edifício se sacudisse e rangesse, até que o ar ficou tão cheio, até que as paredes realmente incharam para fora, na tentativa de conter semelhante poder. Juliette se segurou aos andrajosos restos de sua camisa, prendendo o tecido em sua mão, precisando de algo, a que se sujeitar.
- Minha irmã pode estar aqui dentro. – Ela tentou sussurrar as palavras, aterrada por Jasmine, que ela pudesse ficar presa na destruição maciça de cimento.
- Não há ninguém no edifício mais que nós. - Assegurou ele, movendo-se numa velocidade tão incrível, que tudo o que a rodeava se rabiscou. Juliette apertou os olhos com força para impedir o enjôo que a tomou. Seu estômago deu inclinações bruscas e ela se aferrou a ele, sombriamente. Podia sentir os poderosos músculos esticando-se sob ela e a rajada de ar sobre seu corpo. Poderia jurar que em algum ponto, eles abandonaram o solo, movendo-se através do espaço tão rapidamente, que voavam.
Um medo equivalente ao terror rasgou Juliette. Não tinha idéia de com o que estava lidando, mas era um poderoso predador e pelas condições nas quais o encontrara, sua fúria estava justificada. Podia sentir a raiva controlada fervendo dentro dele. Surpreendentemente, pareciam estar conectados, pois ela sentia as emoções dele e ele as dela. Reuniu coragem, seus olhos ainda se mantinham fortemente fechados, para manter o enjôo sob controle, evitando sentir-se sobressaltada com o medo e a rajada de vento em sua face, enquanto corriam ao redor da câmara dos horrores. Precisava de todos seus sentidos em funcionamento, se ia fugir dele. Tinha que estar alerta para esse momento, essa única oportunidade em que ele se distraísse momentaneamente. Tentou reunir suas forças.
Parecia uma tarefa monumental a encarar e seu estômago golpeou duramente contra o ombro dele, que a sustentava com um braço firmemente cruzado sobre suas nádegas, facilmente, casualmente, como se não se recordasse que ela estava ali. Seu estômago se rebelou e ela se sentiu fraca e leve. “Mas seu tato me parece familiar, íntimo”. Seus dedos estavam estendidos através de seu traseiro, acariciando ausentemente seus músculos, enquanto percorria o edifício. Quase como se seu tato lembrasse o corpo dela, como se a conhecesse intimamente de algum modo. Juliette não podia enfocar corretamente sem importar quanto o tentasse, pois era consciente dos dedos mais do que teria gostado.
Os alicerces do edifício sacudiram, rasgando a terra sob eles, que moveu e ondulou violentamente. Começaram a saltar faíscas em volta deles, quando os cabos saltaram das presilhas, estalando e faiscando no alto. As luzes piscaram precariamente. Apareceram fissuras no chão e ao longo da parede. Grandes e ameaçadoras gretas.
Ouviu-se um rugido em seus ouvidos, alto e insistente. O homem que a sujeitava se movia tranqüilamente, fluidicamente, uma espécie de poesia em movimento, sem deixar que vibrasse mais seu estômago. - Respire. – Ela ouviu a palavra como um suave sussurro em sua mente. Quase uma carícia, íntima. – Respire. - Como se o ar quente da boca dele estivesse respirando em seu ouvido. Como se os pulmões dele movessem seus pulmões. Seu corpo ainda se sentia pesado e seus braços caíam pesadamente para baixo, pelas costas dele. Juliette tentou se concentrar, tentou reunir suas forças para esperar seu momento, mas essa simples palavra a perturbara. Mudara-a. - Respire. - Sussurrada através de sua mente, nadando em sua corrente sanguínea, estendendo-se insidiosamente através de seu corpo, até que seu coração pulsou no mesmo ritmo do coração dele. E a palavra estava em sua mente, não pronunciada em voz alta.
Quando o edifício vibrou, ele subiu as escadas de três a quatro degraus de cada vez. Saltou da parede de cimento que desmoronava, uns bons vinte metros no ar, aterrissando facilmente sobre as pontas dos pés, ainda sem sacudi-la. As chamas estavam lambendo os blocos de cimento, tentando encontrar combustível, propagando-se insidiosamente em busca de algo a devorar, enquanto ele a levava para a selva.
Logo, às escuras folhas os envolveram, tragando-os, num refúgio de rica e espessa vegetação. A escuridão era quase impenetrável sob as pesadas copas, no alto. Arvores caídas e espessos arbustos não o atrasavam. Ele se movimentava como alguém nascido e criado na selva, silenciosa e mortal, protegendo-a com seu corpo, enquanto corria pelo interior escuro, colocando distância entre eles e o laboratório que desmoronava. Parecia saber exatamente aonde ia, quando a maior parte das pessoas se desorientavam dentro do bosque. Antes ele havia se deslocado com velocidade e poder, agora começou a vacilar, suas pernas tremiam como se estivessem subitamente fracas. O sangue ainda corria de seus ferimentos e gotejava por seu corpo, proveniente das múltiplas lacerações.
Juliette flexionou os dedos, segurando a camisa andrajosa. Não tinha energias para gritar um protesto. Fraca, pendurava como um fardo sobre seu ombro, mas estava segura de que ele estava meio louco pela dor. Em seguida chegaram às margens das árvores, onde a civilização fizera-as retroceder, para construir pequenas cidades e vilas. A selva, como sempre, arrastava-se para reclamar o que havia sido tomado, provendo de cobertura todo o caminho, até o inicio do povoado.
Ele deteve-se perto de um grosso tronco de árvore, uma sombra na escuridão. Sentiu sua imobilidade, seu recolhimento de informação, como se estudasse o vento. Seu coração começou a bater com antecipação, num ruidoso e aterrador batimento. Ele estava caçando uma presa. Profundamente em sua alma, Juliette sabia que ele estava caçando uma presa humana, com seu corpo ainda sobre o ombro. Quis lutar, gritar ou advertir à vítima. Nenhum som emergiu, pois seu corpo se negava a obedecê-la. O coração quase lhe explodiu no peito, selvagem e assustado.
- Respire. - O pedido chegou novamente, como uma ordem suave em sua mente... Gentil e íntima. Uma carícia que ela sentiu sobre sua pele, um toque que sentiu em seu cabelo. Sobre seus seios nus. O ar moveu através de seus pulmões, através dos dele e seu coração encontrou o firme e natural batimento do coração dele.
Ouviu passos, o murmúrio de vozes carregado da noite. Estavam se aproximando. Aproximando-se ainda mais. Quem seria tão tolo para vagar pela selva tão tarde da noite? Havia muitos predadores no bosque. Ele se moveu então, movendo-a entre seus braços, embalando-a perto de seu peito e seus olhos negros ardendo profundamente nos dela durante um longo momento. Juliette somente podia fixá-lo indefesa, meio hipnotizada e paralisada. Lentamente, ele lhe baixou no chão, mantendo o braço ao redor de seu corpo, para sujeitá-la contra ele. Para mantê-la em pé. Ela ainda estava enjoada e fraca.
Sua exploração foi à sensação mais íntima que experimentou. A conexão entre eles crescia. Seu olhar vagou sobre o corpo dela tocando seus seios expostos, com o calor de uma chama. Juliette não podia reunir forças para abotoar a blusa, enquanto seguia mostrando-se cambaleante e vulnerável diante dele. Como se estivesse lendo sua mente, seu captor uniu o tecido da frente de sua blusa e deslizou os botões em seu lugar. Os dedos acariciaram sua pele, enviando um estremecimento de consciência por seu corpo. Ele inclinou sua cabeça para ela, num movimento lento e quase sedutor. O coração dela soava em seus ouvidos, enquanto a boca dele se aproximava mais da dela. Um sussurro, nada mais. Hipnotizada, Juliette esqueceu de respirar. Bruscamente, ele girou a cabeça para o pequeno grupo de casas.
Juliette viu dois homens caminhando para eles, diretamente, embora atravessassem uma região de densos arbustos. Tampouco falavam, nem olhavam a direita ou esquerda. Nem pareciam ser conscientes de que estavam perto da selva onde espreitavam os predadores. Juliette inclinou a cabeça para trás. Esta caiu novamente contra o peito dele, muito pesada para mantê-la alto por sua conta. Os braços dele se estreitaram, mantendo-a mais perto, para que o calor de seu corpo passasse para o dela.
Juliette estava impotente, enquanto as duas vítimas se aproximavam mais. Havia uma imobilidade em seu captor, o espreitar de uma serpente. Sentiu-o reunir forças, contendo-a enquanto sua presa se aproximava. Os dois homens caminhavam diretamente para ele, como atraídos, programados. Um estremecimento a percorreu quando um deles jogou a cabeça para trás, expondo sua garganta. Seu captor inclinou a cabeça ao mesmo tempo e sem pressa, quase de maneira casual, afundou as presas e bebeu.
O coração de Juliette palpitou freneticamente, a adrenalina correu través de sua corrente sanguínea. – Eles não podem sentir. Não têm medo, por que deveria você, ter medo por eles? Não estou fazendo mal a eles. Sempre esquece de respirar. - Sua melódica voz escondia o mais fraco rastro de diversão, uma intimidade que lhe roubou o fôlego.
Seu corpo inteiro se enrijeceu e um calor abrasador a tocava em certos lugares como o toque de dedos. O ar ficou preso em sua garganta. Ele era perigoso, muito mais do que tinha pensado a princípio. Sua voz era uma arma, uma ferramenta de sedução e ela era suscetível a sua boca sensual, a seus olhos ardentes e sua voz de veludo.
Juliette forçou à energia a entrar em seu corpo, utilizando seu medo, sua adrenalina e a distração momentânea dele enquanto se alimentava. Tentou escapar de seus braços, utilizando a súbita onda de terror. O braço dele permaneceu a seu redor como uma armadilha de aço, imóvel, quase como se não sentisse sua resistência.
Riordan permitiu que o primeiro humano se sentasse no chão, cambaleando fracamente e se estendeu para o segundo. Precisava de sangue fresco para substituir a enorme quantidade que havia perdido, ao longo de seu confinamento e tortura, dentro das paredes do laboratório. Com a infusão de sangue, esperava se curar para começar a restaurar seu corpo, a plenos poderes. Renovado e sem as constantes descargas elétricas para estimular o veneno artificial, podia ser capaz de eliminar a substância de seu sistema. Cuidadosamente, ajudou o segundo humano a se sentar no chão, retendo a posse da mulher, segurando seu corpo perto do dele. Sentia-a. Sentia cada centímetro dela e cada curva. Sua pele era incrivelmente suave. Inclinou a cabeça para seu cabelo, inalando a fragrância dela. Requereu uma tremenda quantidade de autocontrole de sua parte, para não enterrar a face entre os sedosos fios.
Estava muito assustada. O medo a afligia apesar do fato de que ela havia tentado consolá-la. Seus padrões cerebrais eram diferentes, os mais difíceis que já encontrara. Segurou firmemente o queixo dela na mão e lhe inclinou a cabeça para trás, para que seus estranhos olhos se vissem obrigados a encontrar seu olhar. Os olhos dela possuíam a estranha forma de olhos de gatos, de uma cor profundamente turquesa e podia dizer por suas pupilas, que ela tinha uma excelente visão noturna. Seus cílios eram longos e da mesma cor negra que seu cabelo. Olhou fixamente em seus olhos, uma simples técnica hipnótica que deveria tê-la acalmado instantaneamente, mas apesar disso, podia ouvir o ritmo frenético de seu coração.
- Você me resgatou. Obrigado. - Disse, gentilmente, com uma compulsão enterrada nos tons de sua voz.
Juliette tentou desesperadamente reunir forças. Sentia as pernas muito pesadas e seus braços ainda amolecidos. Ele era o que a mantinha em pé. Estava enjoada e cada vez que olhava para seus olhos negros, se sentia como se estivesse caindo. Piscou rapidamente, tentando encontrar uma forma de recuperar sua habilidade de pensar com claridade.
- O que está acontecendo comigo? - Sua boca estava seca e sua voz soava longínqua a seus próprios ouvidos.
- Tomei muito de seu sangue. - Respondeu ele brandamente, honestamente. - Era a única forma de poder escapar desse buraco infernal. Não há necessidade de me temer, substituirei o que perdeu. - Seus braços a apertaram possessivamente.
Juliette o empurrou, sem conseguir movê-lo do lugar.
- Se afaste. Não quero que substitua nada. Absolutamente.
- Sou Riordan, seu companheiro. Estive te buscando a longos anos.
- É uma espécie de vampiro ou algo assim e eu só quero que vá embora. - Juliette quase se afundou entre os arbustos, mas ele a levantou, evitando que caísse. A incomodou, que ele tivesse tanta força quando tinha sido tão brutalmente torturado. Com ou sem sangue, deveria ter ficado tão fraco como um gatinho. Seu corpo seguia mostrando largas e agudas marcas de queimaduras, quase como se as algemas que o sujeitavam fossem feitas de ácido. - Tem que cuidar desses ferimentos. Infeccionarão na selva. Não pode ter nenhum ferimento aberto. - O fato de que ele a importasse, não tinha sentido. Somente queria que ele a largasse, que fosse embora. Ele a embalou como se fosse uma menina pendurando fracamente em seus braços, a cabeça caindo para trás. Era bem consciente de sua garganta vulnerável, a seus afiados dentes.
Riordan baixou o olhar a seus peculiares olhos, procurando em sua mente uma forma de acalmar seus temores. Ouviu um grunhido proveniente do interior escurecido da selva, não muito longe deles. Reagiu. Ela tentou não, mas houve júbilo, apressadamente suprimido em sua mente e seu corpo enrijeceu durante o mais breve dos momentos.
Ele sentiu a resposta, começando na mente dela, já estava sintonizado com ela e não havia compartilhado seu sangue ainda. Respirou fundo e antes que ela pudesse pronunciar algum som, sua mão lhe rodeou a garganta. O olhar aterrorizado dela, fez Riordan sacudir a cabeça.
- Permanecerá em silêncio. Não matarei qualquer pessoa que venha em sua ajuda. Entendeu?
Juliette assentiu. Não entendia a tremenda conexão entre eles. Sentia o que ele sentia. Quase podia ver os negros e vulcânicos pensamentos formando em sua mente, para igualar a escura violência que se agitava em seu corpo. Ele assustava-a de uma forma que não tinha nada a ver com seus dentes e suas evidentes habilidades. Fazia muito tempo ouvira rumores de outra raça de seres e suspeitava que ele era um desses seres. Cárpatos, quase imortais. Caçadores do vampiro e guardiões de muitas espécies, embora sempre sozinhos, sempre afastados. Sabia pouco sobre eles, somente que eram extremamente perigosos para sua própria raça.
Não havia matando a nenhum dos homens dos quais se alimentou, apesar da negra fúria que se agitava em seu intimo e a terrível necessidade de vingança golpeando-o. Deveria temer por sua vida, mas era algo completamente diferente o que a assustava. A forma em que o olhar dele era inteiramente predador, inteiramente sexual e possessivo. E todo seu ser respondia com calor, fogo e uma secreta e surpreso terror.
Riordan permitiu que sua mão deslizasse longe da garganta dela e se inclinou para colocar os lábios junto a seu ouvido, embora quando falou com ela, utilizou a comunicação telepática em vez de falar em voz alta.
- Estou te levando para longe deste lugar. Os caçadores saberão que estou fraco. Devo liberar meu corpo de suas toxinas antes de poder te atender. Feche os olhos, se viajar através do ar te atemoriza.
- Você me atemoriza. Deixe-me aqui.
Ele deixou escapar um som. Não em voz alta, mas profundamente em sua mente... Um toque de riso. Sua face era uma máscara implacável e linhas de debilidade e dor estava profundamente gravadas nela. Se pudesse, Juliette teria tocado essas pequenas linhas, com dedos gentis. Queria apagar esse olhar de vazia solidão de sua face, para sempre.
- Só teme ter perdido sua liberdade. Não teme que te faça mal. Sente meu desejo por você. Não finja que não.
Juliette se viu as voltas com as palavras em sua mente. Ele podia ler tão claramente como pretendia, o que era boa coisa. Estava despedaçando-a. Um estranho, um demônio pelo que sabia, mas algo profundo, feminino e animal respondiam a ele, com cada fibra de seu ser.
Observou a terra se afastar, as nuvens se branquear e a névoa formando-se a seu redor. Sob ela a copa das árvores pareciam intactas e impenetráveis. Ele conhecia a selva quase tão bem como ela. Tinha uma espécie de meta em mente. Ela raramente abandonava sua parte do bosque, para explorar mais profundamente as áreas mais montanhosas, mas sabia que era onde ele a estava levando. Estaria a centenas de milhas de seu lar, possivelmente mais. Juliette abraçou seus segredos. Precisava encontrar forças, seguir adiante com o que fosse que ele quisesse, até ser capaz de levar a cabo sua fuga.
A risada foi baixa e sem humor.
- Não estou com humor para te perseguir pelo bosque.
- Que boa notícia.
Ela levantou o olhar à face masculina. Parecia um homem, não um moço, alguém que podia ser aterrador, um pouco cruel se tinha que ser. Por que se sentiria remotamente atraída por um homem semelhante? Era impensável, mas não podia olhar para ele, sem sentir os efeitos.
- Possivelmente deveria ter medo de mim. – Ele soava mais cansado que sarcástico. – Vai me dizer seu nome?
Ela tentou pensar com claridade, tentou recordar as velhas lendas contadas ao redor das fogueiras de acampamento, contadas pela gente de sua mãe sobre a tal raça. Dar-lhe seu nome lhe daria mais poder sobre ela? Ele podia solicitar seus pensamentos através da neblina de sua mente, o bastante rápido.
- Acredito que é essencial saber seu nome. Vai me dar algum pelo qual devo te chamar ou devo inventar.
- Juliette. Juliette. Meu nome é Juliette.
Não queria que ele a chamasse com sua voz hipnotizadora, por algum apelido que pudesse chegar a inventar. Em qualquer caso, não podia imaginá-lo tendo muito mais poder sobre ela, do que já possuía.
O trovão ressoou sobre suas cabeças, propagando-se através das nuvens fazendo com que os ramos das árvores sob eles se sacudissem e o espaço através de qual viajassem, vibrasse com alarme. Juliette sentiu o corpo de Riordan sacudir-se. Segurou-se em seus braços.
- Não a deixarei cair. Estamos sendo perseguidos pelo não-morto.
- Eu não gosto como isso soa. Se não estivesse tão fraca. E não possuía uma arma, nada absolutamente que pudesse ajudar. - O não-morto é o que estou pensando?
- Não me pegarão duas vezes. - Havia tal resolução em sua voz, que ela estremeceu. – É sim. É um vampiro o que nos rastreia.
- Como nos rastreia? Estamos deixando um rastro.
- Ele cheira meu sangue. - Sua voz era sombria.
Juliette guardou silêncio, pressentindo que Riordan estava cansando-se com o esforço que estava fazendo. Seu estômago saltou quando ele se deixou cair inesperadamente para o chão. As copas das árvores eram espessas e as folhas os esbofetearam enquanto mergulhavam através delas, roçando ramos e precipitando-se para o chão, a tal velocidade que ela pensou que estrelariam. Manteve os olhos firmemente cerrados e só a idéia de um vampiro à escuta, evitou que gritasse.
De repente estavam flutuando, detendo-se no meio do ar. Riordan colocou Juliette sobre o chão, de costas para uma árvore. Ela tinha os olhos totalmente abertos com horror. Ele olhava para as mãos e uma de suas unhas cresceu até que lhe pareceu letal. Juliette sentiu suas pernas falharam afogando um gemido quando ele cortou sua própria mão. Ele arrojou gotas de sangue em todas as direções e formou uma corrente com assombrosa velocidade, serpenteando através das árvores, propagando o aroma ao longo de folhas e arbustos, a uma grande distancia.
Julian conteve o fôlego durante um longo momento, esperando até estar segura de estar sozinha. Por alguma razão, Riordan a surpreendeu abandonando-a para o vampiro. Claramente ele estava utilizando-a como isca e ela se arrastou até ficar em pé. Vá com o herói sexy e ameaçador. Obviamente mais torturado e menos heróico.
- Possivelmente nem sequer é sexy, depois de tudo. - Resmungou em voz alta, furiosa por ele a ter deixado. Suas pernas eram instáveis e ainda estava enjoada. O solo se inclinava e ondeava. Não importava. Não ia esperar que o vampiro descesse das nuvens e encontrasse uma vítima indefesa. Embora tivesse que se arrastar, encontraria uma forma de escapar. Soltou a árvore e deu alguns passos tentativos. O solo subiu rapidamente, para encontrá-la. Antes de cair, um braço forte envolveu sua cintura e ela se sentiu presa pelo corpo duro de Riordan.
- O que está fazendo? - Riordan vociferou as palavras para ela, claramente irritado.
Juliette o olhou fixamente.
- Pensei que me tinha abandonado.
- É minha companheira. Seu amparo e bem-estar devem estar acima de tudo. Nunca te abandonaria.
Se não estivesse tão cansada, Juliette teria revirado os olhos, com exasperação. Fez o equivalente mental, para lhe fazer saber que era um idiota por não explicar as coisas que ela não tinha esperanças de entender por si mesma. Baixou o olhar para a mão dele. A ferida estava fechada, mas parecia crua e raivosa.
- Deixou um rastro falso de sangue para o vampiro, um mais forte e mais fresco, não é?
- É claro. Com sorte isso o atrasará e me dê tempo, para que recupere mais força e elimine o veneno de meu corpo. – Ele atraiu-a para seus braços. - Atacará os céus cegamente com a esperança de nos encontrar. Devemos permanecer em silêncio.
Juliette estava começando a se incomodar por ser transportada como um saco de batatas.
- Não sou exatamente um bebê. Tirei-o desse lugar, não foi?
Pela primeira vez, um débil sorriso apareceu no rosto dele. Quase lhe parando o coração.
- Isso foi antes que te mostrasse meus dentes.
- Isso é um pouco de humor vampírico? - Perguntou ela, mas seu estômago estava executando uma curiosa dança. Ele parecia tão cansado, que ela poderia ter se rendido e lhe rodear com os braços em busca de conforto se não estivesse tão segura de que lhe tocar era perigoso.
Ela inclinou a cabeça para ela, que sentiu seu hálito quente contra a pele. Quando sorriu, não pôde ver sinais de seus incisivos, mas isso não evitou um pequeno tremor correr por corpo. Inesperadamente, seu ventre se contorceu. Não acreditava que isso fosse um bom sinal. Definitivamente havia química entre eles e parecia estar crescendo. Não era lógico e ela só queria afastar-se dele.
- O vampiro tentará nos atacar no ar. Não saberá realmente onde estamos, mas esperará. É essencial que permaneça quieta. Será muito assustador.
Ela tentou brincar.
- E você não? Saiamos daqui.
Ele tomou os céus novamente e com vertiginosa velocidade. Juliette sentiu-o mover-se em sua mente, numa tentativa de reconfortá-la, mas ela queria lhe deixar fora. O contato mente a mente era muito íntimo e ele podia ler seus pensamentos e possivelmente, sua estranha atração por ele. Incomodava-a ser suscetível a ele. Não havia forma de dizer se era atração física ou se ele a estava manipulando de algum modo. Definitivamente não tinha intenção de ficar nos arredores para averiguar o que era.
Sem advertência, das nuvens choveram faíscas, vermelhas brasas ardentes. Lavas de fogo fundido caíam como gotas de chuva numa surriada firme. Riordan inclinou seu corpo protetoramente sobre o de Juliette, amaldiçoando-se por não estar em plena forma e não poder proporcionar a cobertura que precisavam, enquanto atravessavam velozmente o céu. Apesar de seus melhores esforços, várias gotas penetraram o braço dela e queimaram através de sua pele, quase até o osso. Ouviu seu gemido, mas ela voltou à face contra seu peito, contra as terríveis marcas de queimaduras que havia ali e permaneceu em silêncio. As brasas queimaram suas costas e ombros e deixavam vergões como abelhas zangadas ao longo de seu braço. Estava definitivamente esgotado e desejava desesperadamente ir para terra curadora, à maneira de sua gente, mas Juliette não podia fazer isso e ela não a deixaria desprotegida, enquanto inimigos humanos e vampiros os buscavam.
Ela era um presente inesperado, atraída até ele por sua conexão. Duas metades da mesma alma. Ela não desejava a conexão, mas ali estava e era explosiva. Apesar da dor implacável, ele era consciente de suas curvas suaves e generosas, o calor e a fragrância de seu corpo. Fato que se acrescentava a seu desconforto físico e elevava o nível de sua cautela. Com a face dela enterrada em seu peito nu, suas vísceras estavam se convertendo. Juliette não fazia idéia da quantidade de fé e confiança que lhe demonstrava, com esse simples gesto.
- Estou me escondendo das brasas. - Ela negou seus pensamentos.
- Está se escondendo de si mesma e da verdade.
- Poderia acabar por ser a criatura mais revoltante e exasperante da face da terra.
- Possivelmente, mas ainda assim, encontra-se inexplicavelmente atraída por mim. - A satisfação ronronava em sua voz.
Riordan os levou para a relativa proteção da selva e abriu passo para o pequeno córrego, onde as plantas que precisava cresciam em abundância. O relâmpago rasgou os céus noturnos, iluminando os bosques, enviando os animais a esconder-se em busca de refúgio. Ele moveu-se através das árvores até que encontrou o ponto mais escuro e arborizado que precisavam, por segurança.
- Se tivermos sorte, o vampiro estará procurando-nos através do bosque a milhas daqui. Deixe-me ver essas queimaduras. - Riordan desceu-a e se abaixou junto a ela, pegando seu braço para examiná-lo.
- Você está mais ferido que eu. - Objetou Juliette. Seu coração palpitava. Era a forma em ele examinava a ferida, os olhos negros movendo-se sobre sua pele como se tomasse como uma afronta pessoal, ela ter sido alcançada pelas agulhas de fogo. - Posso viver com isso.
- Eu não. - Disse ele simplesmente e inclinou a cabeça fazendo com que seu cabelo escuro, selvagem e emaranhado pela viagem através do céu, ocultasse seu rosto.
Juliette sentiu a leveza de seu primeiro fôlego. Seus lábios, leves como plumas, num simples toque, fez seu coração acelerar e o corpo enrijecer. Sua língua serpenteou sobre o vergão enegrecido. A eletricidade faiscou por seu corpo inteiro, sua boca secou e ele reteve a respiração. Puxou seu braço em reação, mas ele o segurou firmemente.
- Sinto se doer, mas há um agente curativo em minha saliva. Deve eliminar toda a dor. Simplesmente relaxe. – Ele não só pronunciou as palavras, respirou-as contra sua pele e ela sentiu sua voz se introduzir por seus poros, enredando-se ao redor de seu coração e de cada órgão vital.
Juliette fechou os olhos contra as ondas de calor que atravessavam sua corrente sanguínea. Sangrando e quebrado, cambaleando de cansaço, Riordan era ainda assim o homem mais sexy que conhecera. Eram sua voz, seus olhos, a forma em que ele a olhava, a forma em que virava a cabeça e seu corpo duro e masculino, mas acima de tudo, o perigo que emanava dele. Ele era um poderoso predador e mostrava ser, mas seu tato com ela era assombrosamente terno.
Engoliu com força.
- Não é certo que esteja tentando me curar, quando seu corpo está tão ferido. Posso esperar.
- Sinto sua dor me golpeando.
Ela tentou recorrer ao humor, embora seu corpo se estremecesse de vida e seus pensamentos davam voltas em coisas que era melhor deixar em paz.
- Vê por que não devemos compartilhar a mente? Seria bem mais fácil se não tivesse que sentir minha dor e a tua. - Franziu o cenho. - Estou em sua mente, por que eu não posso sentir sua dor? – Ela podia sentir o quanto ele estava cansado, mas teria que sentir dor com todas essas lacerações e queimaduras.
A língua dele trabalhou pela segunda vez. Depois uma terceira.
- Estou defendendo-a.
Ele podia roubar a prudência de uma mulher. Juliette não podia olhar sua face sem desejar aliviar essas terríveis linhas. Seu toque era mais que gentil e estava fazendo seu corpo se sobressaltar. Gotas de suor gotejavam entre seus seios e ela estava segura de que não tinha nada a ver com a umidade. As pequenas queimaduras deixaram milagrosamente de arder, sob seus cuidados. Quando finalmente ele elevou a cabeça e a olhou com seus olhos escuros, Juliette viu fome pura, neles.
Riordan permitiu que seu braço escapasse de seus dedos, antes de se afastar a curta distância, para o córrego.
Juliette se sentou, com as costas contra o tronco de uma árvore, observando Riordan cuidadosamente.
- Obrigado. Realmente me sinto muito melhor. – Ela disse, estudando as linhas de sua face. - Realmente há um veneno em seu sistema?
Ele a olhou e seus olhos queimaram diretamente até seu coração... Ou seu corpo. Ele começou a desabotoar cuidadosamente a camisa rasgada e empapada de sangue. Todo enquanto seu olhar permanecia sobre ela, lhe tornando difícil o simples ato de respirar.
- Por que? Por que lhe fariam isso?
- Porque sou diferente. Sou uma criatura a qual aborrecer e odiar. E porque me temem e também desejam matar nosso príncipe.
As queimaduras de sua pele eram horríveis de ver.
- Esquentaram as algemas e as correntes? É assim que lhe fizeram essas queimaduras? - Juliette queria correr para ele, pressionar seus lábios sobre as terríveis marcas. Ele devia estar sofrendo muita dor, embora a tivesse atendido primeiro.
- Eles tinham sangue de vampiro e molhavam as algemas regularmente com ele. Sabiam que o sangue era tóxico e arderia como um ácido e esperavam que o aroma do sangue, quando estivesse drenado e faminto, deixaria-me louco. – Ele dirigiu-lhe um sorriso fraco. - Possivelmente tivessem êxito.
Juliette sacudiu a cabeça.
- Está mais cordato do que eles estarão jamais. Estávamos um pouco trêmulos, mas conseguimos sair de lá.
- Graças a você. Lamento que tenha que ficar deste modo. Logo que elimine o veneno, restaurarei sua força.
- Não estou tão enjoada. Acredito que meu corpo já está se recuperando. Preocupo-me com você. – Juliette queria afastar o olhar de sua face cada vez mais pálida, como se ele estivesse fazendo um tremendo esforço, utilizando cada onça de sua reserva de força, na tentativa de analisar o composto venenoso utilizado para paralisá-lo. Uma parte de sua mente estava fundida com a dele ou possivelmente era inversa, mas podia ver os dados fluindo de sua mente e era assombroso que entendesse cada elemento, por separado. - Quem é você? Como sabe tudo isto?
Ele se apoiou contra uma rocha coberta de musgo.
- Vivi uma longa vida e tenho aprendido muito através dos anos. Há pouco mais que fazer quando não se tem nada pelo que viver. O conhecimento é poder e mantém a um homem vivo, mesmo quando já não deseja permanecer num mundo tão ermo. - Seus olhos escuros deslizaram sobre ela. Ele estendeu a mão.
Juliette não soube o por que de colocar sua mão na dele. No momento em que os dedos se fecharam em volta dos seus, seu corpo voltou para a vida e ela se sentiu bem. Juliette quis tirar a mão, afastando-a do calor, mas ele parecia esgotado e atormentado e ela não teve coração para tanto.
- Você mudou isso para mim. Devolveu-me as cores e as emoções. Tenho quatro irmãos. Vivi com eles durante anos, somente com a lembrança de meu afeto por eles, mas no momento em que você falou comigo, senti esse profundo amor por eles outra vez. Como poderei te devolver semelhante presente? - Sua voz era suave, quase como se estivesse falando consigo mesmo.
- Eu quero muito minha irmã e minha prima. Não posso imaginar não ser capaz de sentir amor por elas. Alegro-me de ter conseguido, de algum modo, restaurar esses sentimentos em você. – Ela apertou seus dedos em torno dos dele. - Sempre viveu na Sudamérica? Obviamente está muito familiarizado com a selva. - Sabia que ele estava descansando, recuperando forças para destruir o veneno e tirá-lo de seu sistema. Podia senti-lo esquadrinhando continuamente os céus, preocupado que o vampiro pudesse tê-los rastreado, apesar do sacrifício de seu precioso sangue, deixado como pista falsa. Ele havia lutado com vampiros em muitas ocasiões e brevemente tocou essas horrendas batalhas através de seu vínculo. As criaturas eram grotescas, perversas e piores que os monstros humanos que ela havia conhecido.
- Há muitos anos, quando nosso atual príncipe era ainda jovem, seu pai enviou a muitos de nós para longe, para outros continentes, com a esperança de que deteríamos a expansão do mal. Felizmente minha família veio também. Tornou bem mais fácil suportar estar tão longe de nossa gente, tão longe de nossa terra natal. Fizemos desta, a nossa casa. – Ele apertou-lhe os dedos como se buscasse coragem e depois os soltou.
Juliette apertou sua mão, até que ele a olhou.
- Sou forte o bastante para te ajudar. Estou te mantendo fora de minha mente, mas posso permitir você utilizar minha força.
- Não tem que fazer isso, Juliette. – Riordan gostava de pronunciar seu nome, agradava-lhe que ela desejasse ajudá-lo, mas ele não era o homem gentil que ela acreditava ser. Era bem mais rude do que ela imaginava e não tinha intenção de lhe permitir escapar dele. - Não gostaria que gastasse uma energia que não pode se permitir.
Ele estava advertindo-a. Juliette sentiu um calafrio, mas decidiu ignorá-lo. Riordan estava curvado de dor. Suas feridas sangravam e gotejavam, todas e cada uma delas. E ele não medira esforços para defendê-la.
- Não me importa. De toda maneira, não estou fazendo nada, só sentada aqui. - Lançou-lhe um sorriso, em tentativa. - Como eles conseguiram te capturar?
Sua expressão se fechou.
- Ouvi um grito de ajuda pelo vínculo telepático comum, que utilizam todos os Cárpatos. Quando segui o grito de volta até sua fonte, encontrei um vampiro, não um Cárpato. Infelizmente foi impossível notar que era um vampiro, até que era muito tarde. Ele injetou-me uma fórmula paralisante e drenou meu sangue para me manter fraco. - Seu rosto se voltou para o dela, permanecendo num hipnotizante olhar. - Não a surpreende ouvir falar de minha espécie. Assusto-a, porque tomei seu sangue e por isso me desculpo, mas o fato de que a necessitasse não a surpreende de tudo. Por quê?
Juliette ficou em silêncio por um momento, analisando suas palavras cuidadosamente. Sentia-o em sua mente, procurando respostas, mas não estava nem de perto, em plena forma e o veneno era horrorosamente doloroso. Com seus padrões cerebrais tão diferentes e a força de suas paredes protetoras, ele simplesmente esperou que ela o respondesse.
- Quando era menina com freqüência passava longos períodos na selva. À noite, no acampamento, minha mãe acendia um fogo e nos contava histórias. Ela nos falou dos Cárpatos, que viviam nas montanhas da Europa. Dizia que eram pessoas com extraordinárias habilidades e dons. E que bebiam sangue.
- Como ela soube?
- Nossa família se remonta de centenas de séculos. Aparentemente, meus ancestrais conheceram um pequeno grupo do Cárpatos aqui na selva. – Ela olhou-o firmemente. - Cinco irmãos. Diziam que possuíam uma grande área de terras, uma vasta fazenda e uma família humana trabalhava suas terras, enquanto eles dormiam clandestinos durante as horas de sol.
Juliette esperou uma resposta a sua revelação, mas Riordan olhou-a em silêncio por longos momentos e depois simplesmente se retraiu e moveu-se para fora do próprio corpo, convertendo-se numa bola de energia. Era fascinante observar suas habilidades curativas e ela permaneceu na mente dele, observando-o não só decompor o composto químico para poder estudar cada elemento por separado e identificá-lo, mas também enviar a informação a mais alguém, com uma advertência de passá-la ao príncipe de sua gente e a tantos de seus caçadores, como fosse possível.
Enviar a informação à distância estava lhe drenando e Riordan vacilou.
- Quem é?
A exigência foi forte na mente de Juliette. Masculina e aterradora, carregava uma ordem, uma atração hipnótica que era muito poderosa e a fez tremer.
- Riordan. Sinto sua dor.
Riordan pensou.
- Não é preciso que venha para cá. Sou capaz de tirar o veneno de meu corpo e me recuperar.
Juliette se encontrou contendo a respiração. Não queria conhecer homem atrás dessa voz. Havia uma conotação desumana, cruel e aterradora em sua voz.
Sentiu que Riordan a tocava com sua mente, um toque reconfortante e acariciante.
- Não permitirei que o recapturem. Foi enviado para investigar o laboratório de experiências, para ver o que estavam fazendo.
- O laboratório de investigação Morrison é uma coberta para um vampiro que controla a sociedade humana que caça nossa gente. Destruí o edifício. Os animais capturados foram liberados. Voltarei para casa quando estiver curado.
- Onde está o vampiro?
- Está nos caçando.
Riordan interrompeu a comunicação e percorreu Juliette com o olhar.
- Meu irmão mais velho é muito exigente, de que nos mantemos vivos.
- As famílias são assim. Minha irmã provavelmente está preocupada comigo. Tenho que voltar para casa. – Ela estudou sua face, esperando ler sua resposta, mas seus traços esculturais estavam impassíveis, cuidadosamente.
Riordan baixou o olhar até seus próprios braços. Ela sentiu como ele recuperava suas forças. Lentamente, o veneno começou a responder, movendo-se com relutância enquanto ele empurrava o composto daninho para fora, através de seus poros. Algumas das gotas exsudaram através de sua pele, diminutas e douradas, líquido espesso que carregava a habilidade de paralisar sua raça.
Juliette tirou um pequeno frasco de plástico da bolsa que trazia em sua cintura. Inclinou-se para frente e pressionou-o contra o braço dele, capturando tanto líquido como foi possível, antes de fechar a tampa firmemente.
- Isto poderá ser útil se sua gente precisar estudá-lo.
Ele se apoiou contra a rocha, com a cabeça para trás, lutando para encontrar ar, com suas forças exauridas. Juliette imediatamente abriu sua mente a dele, enviando-o tanta da força que pôde se permitir dar. Ela conhecia a selva melhor que a maioria das pessoas, cada sussurro das filhas das árvores e cada som que produziam os pássaros. Algo ruim os espreitava e a selva estava viva, esperando pelas notícias. Em seu presente estado, ela não podia escapar, mas não lhe restava dúvida, de que Riordan podia lutar se lhe proporcionasse força.
Ele não esbanjou mais tempo, eliminando o composto tóxico. No momento em que esteve seguro de que havia conseguido se livrar quase totalmente dele, mergulhou a cabeça no riacho, esfregando água fria em seus braços, para limpar o espesso e pegajoso resíduo. Riordan deu a volta e se estendeu para Juliette, atraindo-a para si, embalando-a contra seu peito.
Juliette sentiu um sobressalto através de seu corpo, uma sacudida elétrica quando seus corpos entraram em contato. Sua boca ficou seca.
- O que está fazendo?
- Vamos intercambiar nosso sangue. Seu sangue me ajudará a nos levar a algum lugar seguro onde eu possa me curar e meu sangue é ancestral e restaurará a força que tão generosamente você me deu.
- Nos unirá?
O tom de sua voz podia ser um convite, mas as palmas de suas mãos se umedeceram num gesto defensivo e suas se estenderam contra o peito dele.
- Sim. - O dedos fortes deslizaram sobre o queixo dela, empurrando mechas de seu cabelo, para seu ombro. - Mas já estamos unidos, Juliette. – Ele inclinou a cabeça e seu rosto procurou a suavidade da pele de seu vulnerável pescoço. A água do pequeno riacho estava fria, quando gotejou dele, descendo por sua pele, esfriando o calor da opressiva umidade.
Um gemido de prazer escapou de seus lábios, quando os dentes de Riordan penetraram sua pele, profundamente. Ela se apoiou contra o corpo duro, movendo-se com inquieta urgência enquanto seu sangue se espessava de calor. Seus olhos baixaram e suas mãos deslizaram frouxamente até o colo.
- Reclamo-te como minha companheira. Pertenço a você. Ofereço-te minha vida. Dou-te meu amparo, minha lealdade, meu coração, minha alma e meu corpo. Tomo em mim os teus para cuidá-los do mesmo modo. Sua vida, sua felicidade e seu bem-estar serão apreciados e colocados sobre os meus, sempre. É minha companheira e está unida a mim por toda a eternidade, sempre aos meus cuidados. - Riordan pronunciou as palavras com voz aveludada.
Juliette sentiu que a voz vibrava por todo seu corpo, tocando profundamente seu interior. De algum modo suas palavras os uniram, pele com pele, órgão com órgão fazendo-os respirar com os mesmos pulmões, compartilhando o mesmo pulsar dos corações e possuidores da mesma alma. Ele fluiu em seu interior, numa escura tentação, averiguando seus segredos e compartilhando os próprios.
Riordan continuou beijando-a, até que seu corpo ficou dolorido por ele e tomado por chamas ardentes e insanas. Juliette sacudiu a cabeça, subitamente presa pelo ritual. Uma cerimônia tão velha como o tempo.
Juliette abriu os olhos cautelosamente, com a esperança de que nenhuma de suas recentes experiências fosse real, que tivesse sido um pesadelo. Havia participado ansiosamente do intercâmbio de sangue e do intercâmbio de beijos com um homem!
- Droga! Droga! Droga!
Murmurou e saiu fora da cama de folhagem em que estava.
Podia ouvir a firme destilação de água. Estava numa caverna e as folhas e ramos que formavam sua cama eram feitas pelo homem, absolutamente eram naturais. Riordan lhe tinha proporcionado a segurança de um refúgio e uma cama suave enquanto ele havia "ido para a terra". Evitou cuidadosamente caminhar sobre o ponto onde sabia com certeza, onde ele estava, numa cama rica de terra. Sentia-o ali sob a terra e as folhas, profundamente enterrado. Imóvel e sem respirar.
Juliette introduziu ar em seus pulmões e se afastou. Sentia o louco desejo de se jogar sobre a terra e arranhá-la, até conseguir chegar a ele. Um soluço surgiu em sua garganta e ela o reteve. Deu outro passo para trás.
- Foi uma cerimônia de algum tipo. Não foi? - Sussurrou. - Minha gente não se casa assim. – Ela retrocedeu outro passo, embora desta vez seus pés avançaram lentamente. – Você é um homem extraordinário, mas eu não sou o que acredita e nunca poderei ser. - Não tinha escolha, pois precisava voltar para casa com sua irmã.
Juliette tirou as botas e atou os cordões. Lutou para tirar a blusa e depois os jeans, tentando prender os objetos firmemente um nos outros. Permaneceu ali completamente nua, mantendo uma mão sobre seu palpitante pescoço. Seu corpo o chamava. Sua mente o chamava e seu coração tentava encontrar o batimento do coração do dele. Apressadamente, antes de ceder à dor e a loucura que fluía dela, Juliette prendeu sua roupa com segurança, em volta do pescoço.
Fechou os olhos para bloquear toda distração visual e acalmar sua mente. Precisaria de cada grama de sua força, para abandoná-lo. Quando recitara as palavras rituais, Riordan lhe explicara cuidadosamente que elas os uniriam e que ter que despertar sem ele, ela sentiria a separação com uma dor intensa.
- E ele não estava brincando. - Disse em voz alta. - Sinto como se meu coração estivesse rasgando. Onde quer que esteja, não sei o que fez comigo, pois definitivamente, funcionou.
- O que está fazendo?
Havia alarme na voz dele. Quase podia sentir seus dedos lhe roçando o rosto, deixando um rastro por sua garganta e deslizando-se sobre seus seios. Seu corpo inteiro reagiu, reconhecendo seu toque, com calor e desejo.
Seus olhos se abriram desmesuradamente e ela rapidamente a seu redor.
- Onde você está? Por que não posso vê-lo? Como pode me tocar quando não está aqui?
- Estou preso sob a terra até que o sol se vá. Não pode me abandonar, Juliette. Sabe que não deve me abandonar.
- Outro dom? Você pode me tocar, mas eu não posso te alcançar? Era surpreendente que seu contato parecesse tão real, que pudesse excitar seu corpo e afetar seu coração, quando ele não era nem sequer uma presença substancial.
- Diga-me que está fazendo. Por que me abandona quando sente que pertencemos um ao outro?
- Você não me conhece.
Ele tinha seus segredos, mas ela também possuía os dela.
- Você nega-se a me permitir entrar em sua mente e seu coração.
- Não posso.
Sua mão foi de repente para a garganta irritada. A idéia de lhe abandonar era dolorosa. Ouvir sua voz só aumentava sua tortura, mas tinha obrigações a cumprir e não podia deixá-las de lado, porque seu coração, sua alma e seu corpo chorassem pelos dele.
- Não pode fugir de mim. Seu sangue flui em mim e o meu em você. – Riordan suspirou. - Posso ver o que sua mente está maquinando. Quando se tornar muito difícil suportar, trate de me alcançar. Responderei. Enquanto isso, tente não se colocar em mais problemas. – Abruptamente, ele rompeu a conexão entre eles.
Juliette sentiu a perda, como um golpe físico. Inalou profundamente e soltou o ar lentamente, chamando à outra parte de si, chamando à parte dela que podia lhe dar a força para ir a casa onde pertencia, quando o que realmente queria era se arrastar até o interior da terra com ele.
A mudança teve lugar lentamente, quase relutantemente, como se uma parte de seu cérebro estivesse lutando em vez de abraçar sua outra forma. Surgiu pelagem sobre sua pele, músculos e tendões se contraíram e depois estiraram. Garras afiadas como estiletes nasceram de suas mãos curvadas. Caiu pesadamente sob quadro patas, enquanto seu corpo experimentava a mudança. Sempre era um processo lento e algo doloroso, mas nunca como desta vez. Juliette chorou quando o jaguar tomou o controle.
O felino era pequeno e musculoso. Músculos firmes e uma flexível espinha dorsal, permitiram fluir através do solo da caverna, procurando uma forma de sair à selva, a qual pertencia. A chuva caía brandamente quando emergiu da úmida caverna. Ela parou para se orientar, antes de entrar sob as árvores e correr ao longo da retorcida trilha de ramos altos sobre o chão do bosque. Não podia manter esta forma durante longos períodos de tempo, então tinha que utilizá-la eficientemente para viajar através das maiores distancias, antes de deixá-la. Correu tão rapidamente como pôde, conduzindo-se através dos arbustos, árvores ou troncos caídos.
A chuva não penetrava o arvoredo, mas gotejava firmemente sobre as folhas, tocando sua pele raramente. O vapor se elevava do solo do bosque, mas o jaguar não sentia o calor da mesma forma que teria feito Juliette. As botas golpeavam contra seu pescoço e seu peito, enquanto abria passo. Os pássaros gritavam uma advertência aos outros, quando se aproximava e os macacos tagarelavam e atiravam ramos e folhas para ela. Grunhiu-lhes, mas se apressou a seguir, sem parar para lhes ensinar boas maneiras.
Após um tempo, começou a estremecer e suas patas de repente foram enfraquecendo. Tropeçou duas vezes, pulou um ramo e saltou apressadamente para o chão. Estava a milhas da caverna, o sol se estava pondo e Riordan estaria se elevando. Com sorte, ele só encontraria o cheiro de um grande felino e ela se desvaneceria. Mesmo se seu sangue a chamasse, estava a uma grande distancia e levava uma boa dianteira.
Mudou para sua forma humana, seus flancos exalavam e seus pulmões ardiam procurando ar. Folhas e galhos raspavam sua carne nua. Olhou precipitadamente ao redor para se assegurar de que não estava em contato com nada venenoso. A última coisa que queria eram bolhas em sua pele. Por mais de uma vez mudara sua forma, no momento mais inapropriado. Tinha pouco controle quando a forma se tornava muito difícil de manter.
Com um suspiro vestiu suas roupas. A umidade era tão alta que o tecido grudava em sua pele. Juliette era hábil na selva, mas sem a pelagem e as garras do jaguar era bem mais difícil andar através das árvores. As copas fechadas das árvores, mantinha fora a maior parte da luz e com o sol se pondo, o interior escurecia rapidamente. Tinha uma excelente visão noturna, mas isso não a ajudaria muito com os predadores noturnos.
Andou por longo tempo, alternando entre um passeio e correr. Tentou escutar o ritmo firme da chuva, mas soava como as batidas de um coração. Tentou bloquear a fragrância de Riordan, mas ela estava colada a seu corpo. As lágrimas formaram um caminho implacável em sua face, turvando-lhe a visão. A dor era um peso que ralentizava seus passos e lhe roubava o ar.
Cada passo era uma luta para seguir adiante, para evitar dar a volta e correr ao encontro de Riordan. Pior ainda assim, sua mente tentava continuamente sintonizar-se a dele. Lutar consigo mesma era mais exaustivo que lutar com a selva. Precisava de um lugar para descansar. Juliette encontrou um pequeno círculo de rochas, quase oculto por grandes samambaias. Dentro do anel de rochas um profundo charco era alimentado por um pequeno riacho que brilhava a luz da lua. Juliette sentou-se, elevando o rosto para captar as gotas que conseguiam atravessar a espessa folhagem, no alto. O trovão estalou. Os relâmpagos atravessaram as nuvens. Um rugido sacudiu a terra e as árvores, causando pequenas ondas que percorreram a superfície da água. A mão de Juliette revoou sobre seu coração. Ele se tinha elevado.
Juliette havia fugido. Sua primeira reação foi rugir sua dor e frustração. Mas, Riordan se manifestou num longo e lento vaio de exasperação. Queria sacudi-la. A atração física entre eles era um fogo selvagem e deveria ter sido suficiente para prendê-la a ele. Ela devia estar passando maus pedaços lá fora, sem ele. As palavras rituais de união obrigariam sua mente a tentar se conectar com a dele. Explicara a ela, tentado lhe evitar o sofrimento que pelo qual saberia que ela passaria.
Já estava sentindo os efeitos de sua separação. Pior ainda, ele já estava sentindo as dores dela, uma corrente de emoção tão intensa, como o poço de paixão que tocava nela. Juliette sentia as coisas, intensamente. Riordan passou os dedos pelos cabelos. Precisava encontrar uma presa rapidamente e precisava de mais tempo na terra para se curar, mas mais que tudo, precisava de Juliette. Elevou a cabeça para os céus e rugiu uma segunda vez. Ela abrira a represa de suas emoções. Não se lembrava mais nada da fúria, de ciúmes ou do medo, mas agora os sentimentos se amontoavam em sua mente, misturados a sua dor.
Era uma potente e perigosa combinação.
Encontrou os rastros de um grande felino, mas não as pisadas de uma mulher. O coração martelou em seu peito, palpitando de medo por ela, de desejo por ela que conseguira se camuflar, não deixando rastro, mas a chamada do sangue e os laços que os uniam eram muito fortes para se romperem. Riordan correu pela caverna, já mudando sua forma, emergindo no ar como um espesso vapor de neblina branca. O céu era laranja e vermelho, deslumbrante e vívido. Quase cegava o homem que havia visto somente sombras de cinza a muito tempo. Mesmo com a pesada névoa como proteção, sua cabeça quase explodiu com o puro brilho das cores. Cruzou velozmente através das árvores, permanecendo sob as copas, utilizando o amparo da folhagem enquanto se acostumava a sua nova visão.
Um pássaro trinou e foi sua única advertência. Ele bateu em alguma coisa e caiu violentamente para trás. Gotas brilharam brevemente através de uma rede prateada, caindo pelos lados. Seus instintos tomaram o controle, rapidamente e ele lançou-se para cima, através e sobre a rede. Em sua presente forma era capaz de atravessá-la, mas sentiu as finas malhas, afiadas como navalhas, cortando profundamente sua carne.
- Riordan! - Juliette gritou aterrorizada.
A armadilha havia sido colocada especificamente para ele. Juliette sabia que ele iria atrás dela. E ele não tinha penetrado completamente as barreiras da mente dela. Poderia ela traí-lo? Era sequer possível para um companheiro trair o outro? Riordan duvidava, mas não tinha tempo para pensar e simplesmente não respondeu, afastando sua mente da dela. O eco do lamento de angústia dela lhe rasgou o coração, mas ele se negou a se deixar convencer, atravessando através das copas e mudando para a forma de um pássaro. Ficou imóvel, escondido entre as aves que havia na árvore, examinando a armadilha que fora colocada para ele.
Ela havia se espalhado, sem que ninguém a disparasse. Ele simplesmente havia se dirigido para ela, o que significava que podia haver outras armadilhas esperando por ele. O sangue gotejou por seu bico e encharcou suas plumas. Sob ele, sobre o chão do bosque, a rede de jazia emaranhada em um monte de fios prateados. Podia ver rastros de seu sangue sobre os finos arames.
Humanos, marionetes de um vampiro haviam construído a armadilha, mas só um professor vampiro poderia ter mantido sua presença oculta a Riordan. Ele estava lidando com um ser extremamente poderoso e perverso. Algo disposto a se misturar com humanos e utilizá-los para seus cruéis propósitos.
O temor por sua companheira o arranhou. Ela estava em algum lugar só e desprotegida. Não poderia ter sido Juliette. O que ela ganharia lhe resgatando, para depois lhe conduzir uma armadilha? Tocou sua mente, ouvindo seu pranto. Seu coração destroçou no peito. Durante um momento não conseguiu respirar, não conseguiu levar ar a seus pulmões. Como o pranto dela poderia lhe afetar tão profundamente?
- Juliette, não é nada. Foi somente, uma armadilha que falhou.
Um pequeno silêncio dominou, por alguns segundos. Imaginou-a limpando-as lágrimas e logo sentiu sua fúria movendo-se em sua mente.
- Odeio o que nos fez. Nos uniu e não podemos respirar um sem o outro.É uma obsessão.
- O destino nos uniu, Juliette.
- Eu tinha escolha.
- Não. Você não tinha escolha. Surpreendeu-me encontrá-la. Nunca esperava te encontrar. Conte-me, por que resiste tanto. Posso te ajudar com o que precise fazer. Você não se opõe tanto a nossa união, como quer que eu pense.
Sentiu a surpresa dela porque, penetrou suas barreiras até certo ponto. Sentiu que lhe doía saber que ele pudesse pensar que ela fazia parte de uma grande conspiração para lhe fazer mal, quando havia arriscado sua vida para lhe tirar do laboratório. Sentiu sua retirada, mas não podia permitir que isso o importasse. Encontraria-a. Não tinha alternativa.
Os cárpatos com freqüência viajavam sob a forma de uma coruja. O vampiro estava preparado para lhe capturar em forma de névoa, sabendo que os caçadores com freqüência utilizavam a névoa para viajar. Podia muito bem ter planejado uma armadilha para um pássaro que deslizasse voando pelo céu. Riordan escolheu a forma de um pequeno felino capaz de se mover rapidamente sobre o solo do bosque. Qualquer armadilha desenhada para um animal seria para um lobo ou um leopardo que era bem mais pesado, formas rotineiras utilizadas para viajar rápido.
Usou de muita cautela, enquanto saltava de ramo em ramo. Sua mente se sintonizava continuamente para Juliette. Riordan estava acostumado a ter o controle absoluto das situações, sem o perigo de emoções intensas e seus recentes adquiridos sentimentos, que balançavam seu equilíbrio normal. Suspirou.
- Estou tão preso como você.
O silêncio foi tão longo, que Riordan temeu que ela se negaria a responder.
- Eu não disse presa. Simplesmente obcecada e a obsessão é muito perturbadora.
- Não me importa ser o objeto de sua obsessão.
- A mim importa. Nego-me a estar obcecada em alguma coisa, com ninguém e muito menos com um homem.
Sentiu o calor em sua voz, o puro desejo. Em algum lugar, Juliette estava pensando nele, fantasiando-se com ele. Houve um breve silêncio e ele captou imagens na mente dela. Seus lábios unidos, as pequenas mãos lhe acariciando o corpo, seus lábios percorrendo as terríveis queimaduras de seu peito. A temperatura de Riordan se elevou agudamente. O trovão pulsou em sua mente e seu corpo ficou tenso, incômodo. O pequeno gato tropeçou quando o impulso sexual o golpeou com força.
- Não pode me fazer isto.
Sabia que sua voz era rouca e ligeiramente abrupta mas não podia evitar. Seu corpo ardia, ele estava se queimando. Cada passo era doloroso e misturado às emoções animais do felino, sua própria fera rugiu procurando sua companheira.
- Por que não? Você me faz o mesmo . Não acredito que minha fantasia sobre tocar seu corpo ou te beijar seja nem de perto tão forte, como a de você me tocar sem colocar fisicamente um dedo sobre mim.
O pequeno felino tentou saltar sobre um ramo salpicando folhas e quase não consegue, quase caindo sobre uma grossa serpente que se enroscava ao redor de um galho. O felino miou e cuspiu, saltando longe da serpente.
Riordan quase gemeu. Juliette não parava em sua fantasia de lhe tocar o corpo ou beijá-lo. Estava fazendo coisas deliciosas com seus lábios, abrindo caminho deliberadamente por seu corpo, para lhe engolir na quente seda de sua boca. Gemeu em voz alta e o pequeno felino estremeceu. Ele estava se convertendo em todo esforço manter a forma, quando a fome o golpeava e o desejo o afligia. Não tivera tempo para se curar completamente e para recuperar suas forças, precisaria se alimentar.
Mais que tudo, desejava encontrar Juliette, penetrar-se profundamente no refúgio dela, aliviar a crescente pressão e a incomparável loucura de seu corpo. Podia quase sentir seus lábios deslizando sobre ele. Podia saborear seu calor especial e sentir sua pele suave sob os dedos.
Um barulho o arrancou de seu sonho e o pequeno felino ficou instantaneamente imóvel, abaixando-se no solo do bosque. Ouviu um leve ruído na distância, amortecido pelos sons naturais da noite. Os insetos cantarolavam e a sábia corria no interior das árvores. Os morcegos irrompiam no ar. Os arbustos sussurravam quando os pequenos roedores se arremetiam contra eles procurando segurança. Os grandes predadores caçavam. Mas o som era humano... E feminino.
Riordan permaneceu imóvel, permitindo que seus sentidos se alertassem na noite, esquadrinhando a região em busca de intrusos, procurando armadilhas e procurando a identidade do humano escondido, a milhas dele.
Juliette. Seu coração se acelerou. Mudou para sua forma natural, enquanto seus incisivos se alongavam, de antecipação. Ela estava perto, justo adiante, perto do riacho. Podia ouvir a água borbulhando sobre as rochas e caindo sobre uma espécie de charco. Ela devia estar ali, refrescando seu corpo do calor da selva, do fogo que corria fora de controle entre eles. Quando esteve absolutamente seguro de que estavam sozinhos, sem ninguém perto deles, a milhas , começou caminhar para ela, utilizando a folhagem como cobertura.
- Desejo-a.
Respirou as palavras na mente dela, seriamente. Precisava urgentemente dela.
Houve a menor das vacilações.
- Bem, possivelmente eu também te desejo, mas há coisas que tenho que fazer, obrigações a cumprir. Não pôde simplesmente mudar minha vida para te agradar.
Sua voz era ofegante e sensual. Ela estava sentindo o mesmo desejo, o mesmo calor e as mesmas necessidades. Riordan estava começando a entender tudo sobre companheiros. Estivera longe de sua gente muito tempo e havia esquecido os vínculos próximos. Esquecera, que o que sentia um companheiro, o outro sentia também. As relações eram altamente sexuais e sempre intensas.
Encontrou o caminho para a pequena gruta onde ela descansava e sentou-se sobre ela, no alto entre as árvores, desfrutando do profundo prazer e selvageria de somente admirá-la. Juliette era tão bela, tão formosa que lhe roubava a capacidade de falar, de respirar, de prudência. Poderia ficar admirando-a pelo resto de seus tempos, por toda a eternidade e não se cansar. Jamais se cansar.
Juliette levantou o cabelo, prendeu-o na nuca e lavou o suor que brilhava em seu corpo. Fazia muito calor e a roupa grudava em sua pele. O reflexo da lua no profundo charco brilhava com fresco convite. Lentamente ela desabotoou a blusa e permitiu que ela caísse até seus cotovelos.
O fôlego de Riordan ficou preso no peito.
Ela tirou a blusa pela cabeça e a lançou fazendo com que aterrissasse sobre uma grande samambaia que crescia além das rochas. Juliette inundou a mão na água fresca e a verteu entre os seios. Ante a sensação prazerosa, jogou a cabeça para trás e seus seios empinaram, altos, firmes e sedutores à luz da lua. Seu corpo não era o de uma jovenzinha, mas o de uma mulher com generosas curvas nas quais um homem podia se perder. Ela parecia uma tentadora da noite, uma fada dos bosques, quase etérea, enquanto a água corria por sua pele suave e atraente, até seu estômago e depois, mais embaixo, desaparecendo sob o tecido de seu jeans.
O corpo de Riordan tencionou-se, com uma dor dura e dolorosa só de olhá-la.
Suas mãos eram graciosas enquanto tirava as presilhas dos cabelos e eles desabavam ate sua cintura.
Havia algo terrivelmente sensual em uma mulher soltando os cabelos, decidiu Riordan. Ardia-lhe o peito pela tensão e seus pulmões ardiam procurando ar. O cabelo dela flutuava livre e uma de suas mãos se perdia entre seda negro azulada, que ele desejava tomar entre os dedos, no qual ele desejava esconder o rosto.
Ela se abaixou sobre charco, atirando água no rosto e as gotas correram por sua garganta, desceram sobre seus seios e se espalharam em sua pele esperando para serem degustadas.
Riordan mudou seu peso, na tentativa de aliviar a tensão de sua roupa. Não se atrevia a adverti-la de que não estava sozinha, pois ela tentaria fugir dele e era necessário averiguar os segredos que ela guardava sob sete chaves.
Uma ligeira brisa manuseou as folhas das árvores fazendo com que brilhassem como prata, no negrume da noite. Sua fragrância era amadurecida e feminina, um atrativo intenso. Ele sentiu um grunhido elevar-se por sua garganta, a fera rugia em busca de liberdade. A tentação era uma mulher refrescando o calor de seu corpo ali no charco, a luz da lua. Riordan afundou as unhas profundamente no galho, para evitar ir até ela. Cada movimento que ela fazia era uma sedução. E que demônios estava ela fazendo, caminhando por aí, totalmente a vontade, onde qualquer predador poderia encontrá-la?
Juliette se elevou com sua sensual e despretensiosa graça, com seus seios balançando-se ao compasso do sedutor movimento de seus quadris.
Ele não podia afastar seu faminto olhar, do corpo dela. Dela. A honra e o comportamento, cavalheiros, se viam completamente ultrapassados pela possessividade. Ela era sua companheira e pertencia-lhe. Seu corpo luxurioso era tudo o que algum dia poderia ter desejado. Queria começar pelo alto de sua cabeça e beijá-la até seus pés, atrasando-se em cada intrigante curva, em seu caminho. Seu olhar se semicerrou enquanto a via olhar ao redor, esquadrinhando as árvores e arbustos antes de se dirigir à rocha mais alta. Elevou o rosto para o ar, como se cheirasse o vento. Aparentemente satisfeita de estar sozinha, ela retrocedeu até a beirada do charco e suas mãos foram até o zíper da calça jeans.
Riordan mordeu firmemente o lábio inferior esperando que a dor o distraísse. Não teria conseguido afastar seu olhar, nem que sua vida dependesse disso. Ela tirou a calça. A umidade era alta e o tecido colava em sua pele e ela teve que se retorcer para conseguir que ela passasse por seus quadris e descessem por suas coxas. Seus seios mostravam-se provocadoramente, enquanto levava a cabo a pequena dança para livrar-se da roupa. Um pequeno triângulo escuro na conjunção de suas pernas. Uma flecha tentadora que atraía sua atenção. Logo ele captou a fragrância feminina, a chamada da mulher para seu homem. O corpo dela estava ardendo, captando o fogo de seus pensamentos. E estava difundindo sua fome muito ruidosamente.
Juliette era muito suscetível a suas necessidades. Escuros desejos a devoravam, arrepiando seu corpo e enviando imagens eróticas a brincar com seu cérebro. Ela estava lhe esperando, seu corpo estava aberto para o dele, desejando-o com a mesma e terrível necessidade que nunca poderia ser apaziguada.
Riordan fechou os olhos e pensou em como se sentiria plantado em seu acolhedor e ardente sexo. Em sua entrada apertada e úmida, escorregadia de desejo por ele.
Juliette deixou escapar um só gemido de desassossego, quando seu corpo reagiu às ondas de desejo sexual, à luxúria que se elevava nele. Luxúria que ela havia ajudado a criar com suas flagrantes fantasias. Riordan a bebeu com os olhos semicerrados, as pálpebras como duas fendas estreitas e o corpo ardendo. Queria ver as mãos dela viajando sobre sua pele, tomando o caminho que suas próprias mãos tomariam. Coxas acima, sobre seu estômago arredondado, seu estreito torso para embalar os seios em suas mãos. Desejava seus polegares brincando e beliscando os escuros mamilos, levando-os a endurecerem de antecipação, a espera de seus lábios, de sua boca que os sugaria intensamente.
Já podia saboreá-la, sentir sua carne em sua boca. Precisava apoiar-se nos seios formosos e túmidos, descansar a cabeça ali e passar a noite prodigalizando cuidados a cada um deles e nos escuros e incitantes mamilos, mas não era suficiente. Desejava sentir o quanto ela estava quente e úmida. O quando precisava seu corpo, profundamente em seu interior. Sentia nas mãos uma ânsia insuportável por sentir suas coxas, torneadas e de músculos firmes. Deslizaria suas mãos sobre elas, sentindo o calor de sua entrada antes de alongar sua postura, desejando-as abertas, prontas para sua invasão. Gentilmente, deslizaria um dedo dentro dela. Já podia sentir o calor feroz, escorregadio e úmido. Seu coração quase parou de bater. Queria mais, muito mais. Queria sentir seu corpo apertando, firmemente a seu redor.
Não podia mais suportar a sensação de sua roupa e se livrou delas facilmente com um só pensamento, à maneira de sua gente. A pequena brisa acariciou instantaneamente seu corpo abrasivo, tocando-o por toda parte, aumentando sua sensibilidade. Desejava as mãos dela acariciando e envolvendo seu membro latejante. Sua ereção era completa, pesada e implacável, numa latente dor que mal podia suportar.
- Droga! O que me está fazendo?
A voz dela era ofegante em sua mente. Rouca, sexy e carregada de um desejo.
- Droga é você. Meu corpo está ardendo. Desejo sua boca em mim. Desejo estar dentro de você e não quero ilusões. Sua teimosia vai matar nós dois.
Juliette nunca havia sentido uma luxúria tão insuportável. Elevava-se das profundidades de seu ser e a consumia. Sempre soubera que havia paixão em seu interior. O calor da selva a fazia sentir-se sensual, quando outros achavam-no opressivo. Com freqüência se sentia sexy e até sedutora perto dos homens, mas nunca havia sentido semelhante calor. Era incômodo e inquietante. Uma estranha pressão que exigia alívio urgente. Imediato. Doíam-lhe os seios, pela sensação da boca dele. Não queria um amante gentil, queria que ele sentisse o mesmo fogo, a mesma perigosa paixão que fluía nela. Desejava uma união explosiva, com seu corpo duro entrando profunda e implacavelmente nela. Sentia um ardor e uma fome e não havia alívio, não importava o que fizesse.
- Você está perto de mim?
Não pôde evitar o convite em sua voz. Olhou a sua volta, incitando-o conscientemente com seu corpo. Estirou os braços sobre sua cabeça, girando lentamente em um círculo. Sabia que tinha um corpo formoso e desejava que ele o visse. Ele fizera isto, ele colocara-a neste terrível estado de paixão e excitação e era ele que teria de apaziguar sua incomparável luxúria.
- Estou te observando. Pode sentir meus olhos sobre você? É formosa. Toque-se, para mim.
Havia sedução em sua voz. Uma ordem sedutora, uma promessa do que exatamente ela necessitava. Sexo ardente e elementar. Um amante feroz que saciaria sua apaixonada necessidade. Juliette voltou à cabeça e seu cabelo sedoso voou em volta de seu rosto, colocando-se sobre seus ombros e seu corpo, deslizando sobre sua pele sensível. Sentiu o olhar ardente queimando sobre ela e sorriu.
- Estou bem mais quente do que possa imaginar. Estou escorregadia e úmida, por você. – Ela lambeu os dedos, num lento e deliberado movimento de sua língua. – Estou me consumindo em chamas. Vai me observar toda à noite ou vai fazer alguma coisa a respeito?
Juliette nunca havia sido tão atrevida em sua vida, mas também nunca havia sentido uma pressão tão intensa. Estava furiosa com ele por fazê-la perder tanto o controle e se ela estava fora de controle, estava decidida a que ele sentisse o mesmo. E o desejava agora e não se importava que ele que soubesse.
Riordan não esperou um segundo convite. Flutuou através do céu para o charco, atrás dela. Juliette possuía um corpo perfeito, com suas costas lisas e um e arredondado e incitante traseiro. Suas mãos deslizaram sobre a curva de seus quadris, puramente possessivas e a atraiu contra ele, desejando que sentisse sua ereção pressionando firmemente contra seu traseiro.
A respiração parou em seus pulmões e Juliette sentiu um fluído quente em seu sexo, que logo o lubrificou e chegou a molhar suas coxas. Os dentes dele se deslizaram por seu pescoço, por seu ombro enquanto suas mãos se erguiam para seus seios doloridos. A forma deles enchia suas mãos e seus polegares logo deslizavam sobre os tensos e já endurecidos mamilos, roçando carícias.
- Nunca pensei que a encontraria. Passei séculos sem esperança e você chegou para mim em minha hora mais escura. - Seus lábios vagaram pelo pescoço dela até o ouvido, sussurrando, enquanto seus quadris se esfregavam, roçavam nela, tentando sem êxito, aliviar algo da pressão.
O toque fez com que cada terminação nervosa do corpo de Juliette gritasse pedindo alívio.
- Encontrei-o. - Juliette não reconheceu a própria voz. Tremia de desejo. O corpo dele era tudo para ela e a mente já estava profundamente no interior da sua, aumentando o prazer ante seu toque, compartilhando sua paixão e a intensidade de seu desejo até que não pôde dizer onde começava o seu corpo e terminava o dele. - Não posso esperar mais. Quero-o dentro de mim.
As mãos dele deslizaram entre suas pernas, acariciando seu sexo ardente. Ela quase soluçou de prazer, empurrando-se contra sua mão. Seus braços se elevaram, envolvendo-lhe o pescoço, atraindo sua cabeça para poder encontrar sua boca, afogando-se em seus beijos, devorando-o. Seus dentes mordiscando os lábios dele e sua língua dançou loucamente com a dele.
- Preciso de você dentro de mim, Riordan. Vou me consumir em chamas, se não se apressar.
Riordan mordeu sua a boca e depois seu pescoço, dobrando seu tronco para trás, para poder chegar a seus seios. Havia fantasiado tanto com os seios dela, que não podia deixar de saboreá-los, atraindo-os a sua boca, sugando provocantemente seus mamilos, enquanto seus quadris dançavam freneticamente contra suas tentadoras nádegas.
Ela gritou ante o impulso de seus lábios, enterrou as mãos em seu cabelo, segurando sua cabeça, enquanto devorava seus seios. Cada sugada de seus lábios, enviava uma úmida e quente pulsação através de seu corpo e descia por suas pernas. Seus gemidos quase o levaram além dos limites da prudência. Ele inclinou o corpo dela para frente, colocando suas mãos sobre a rocha enquanto penetrava-a com seus dedos, como se comprovasse sua disponibilidade. Ela empurrou-se contra sua mão, encurvando-se, soluçando para que ele a penetrasse.
Riordan segurou-lhe os quadris e a sustentou, baixando o olhar para seu formoso corpo. Sua companheira atrevida e sexy... Ela era tudo o que podia ter desejado. E estava chorando por ele. Suplicando que tomasse, que os unisse. A atrevida estava exigindo que a tomasse e ele estava tão duro, tão teso, que pensou que poderia se fazer em pedaços. Penetrou sua escorregadia entrada, numa longa e selvagem investida e sentiu como se sua cabeça explodisse. O fogo correu a toda velocidade por seu membro, numa erupção vulcânica que o alcançou até os dedos dos pés.
O corpo de Juliette era muito apertado e já se ajustava ao seu, quando ele se retirou fazendo-a estremecer de prazer. Ela soluçou novamente, empurrando-se ansiosamente para ele, enquanto ele a penetrava novamente. Num átimo, um segundo e ele registrou o quanto era grande e se conduzia quase com dificuldade, através de suas suaves pregas, numa doce tortura.
- Está tudo bem? - Ele era grande demais e a sentia tão pequena. Pressionou-a para frente, ajustando suas posições para que ela pudesse tomar mais dele, sem sentir desconforto depois. - Quero estar todo dentro de você.
- Eu quero até a última parte de você em mim. – Juliette respondeu, corajosamente. - Pode sentir o que eu sinto, não é? Quero-o duro e rápido. Preciso que se torne louco, porque eu me sinto louca. - E era certo. Sentia-se selvagem, quente, sensual e o desejava fora de controle, introduzindo-se nela com tudo o que era dele. Vertendo seu coração, sua alma e sua essência dentro dela. - Mais, quero mais.
Juliette se abandonou ao selvagem batimento de seu coração. Cada dura investida enviava vibrações de selvagem e puro prazer, apressando-se através de seu corpo. Cada célula, cada terminação nervosa, cada diminuta parte dela ardia por ele. Seus seios doíam a cada impulso, seu cabelo roçava a terra e as sedosas mechas lhe caíam sobre a face. Seu corpo estava quente, suado e explodiu em êxtase. E ele levou-o com ela sobre o limite, com seus músculos apertando-se ao redor de sua grossa e grande ereção, drenando até a última gota de sua semente.
Para Juliette esse não era o fim, pois seu corpo estremecia com tremores secundários, cores explodiam em seus olhos e em sua mente. Não queria que ele se movesse, queria saborear seus corpos unidos. Ele era magnífico, bem mais do que imaginara.
Riordan deslizou fora do corpo dela, contra vontade. Quando ela deixou escapar um suave gemido de protesto, ele a atraiu de volta a seus braços.
- Temos tempo. Todo o tempo do mundo e quero tocar você. Eu preciso tocar você. Quero te beijar. - Suas mãos deslizaram sobre os seios dela, antes de subirem para lhe acariciar a face. - E morro de vontade de te saborear. Quero te trazer mais completamente a meu mundo.
Ela ergueu o rosto, a fim de esfregá-lo contra sua garganta.
- Sabe o que sou? - Ela beijou sua garganta, enquanto suas mãos deslizavam possessivamente sobre o corpo dele. Sem se conter, ela acariciou o estômago plano enquanto deixava um rastro de beijos ao longo de seu peito. Logo, suas mãos lhe acariciaram o membro ainda enrijecido, brincando e memorizando a larga e longa linha dele. - Sou um jaguar. Está seguro de que sou o que quer?
Riordan lhe respondeu da única forma que podia. Seu corpo estava sensível e reagiu com maior demanda. Seus incisivos se alongaram como seu membro e ele inclinou a cabeça e cravou os dentes na pulsação do pescoço dela.
Juliette gritou, jogou a cabeça para trás e lhe rodeou o pescoço com os braços, pressionando seu corpo mais perto do dele. Riordan não tinha utilizado a língua para prepará-la para a surpresa da conexão, mas Juliette sentiu uma espécie de calor atravessando sua corrente sangüínea, numa espécie de látego de relâmpago castigando cada terminação nervosa, até levá-la a um frenesi sexual.
Ele a sustentou possessivamente, suas mãos estavam tenras, mas exigentes, movendo-a para que seus mamilos roçassem contra seu próprio peito e seu cabelo ficasse fora do caminho. Seu pênis pressionou contra o suave triangulo dela.
- Você é como uma fruta exótica, picante, especial e ardente. Pergunto-me como agirá, quando me arrastar entre suas pernas e bebê-la.
O corpo inteiro de Juliette se arrepiou e ela fechou os olhos, se pressionando mais contra ele. Desejava tudo dele, queria tudo com ele.
A língua dele acariciou demoradamente sua pele, ao fechar as pequenas marcas de seu pescoço. Suas mãos envolveram sua garganta e seus polegares ergueram o rosto dela, a fim de que se visse forçada a lhe fitar. - Comprove meu sabor. – Ele exigiu com uma voz rouca, sedutora e aveludada, tão hipnotizadora que ela quase entrou em transe. Riordan abriu uma linha em seu peito, com a unha afiada e segurou sua nuca, pressionando sua boca nos músculos de seu peito, sobre seu coração. Ela podia senti-lo pulsar e se acelerar, enquanto seus lábios se moviam sobre a pele, enquanto atraía o escuro dom a seu corpo.
Ele tirou-a de seu feitiço, quando sentiu que ela havia tomado o suficiente para seu segundo intercâmbio e logo, sua boca capturou a dela. Podia beijá-la para sempre e nunca ter o suficiente. Seus lábios se colaram e suas línguas buscavam-se freneticamente.
Bruscamente ele se separou, franzindo o cenho. Havia uma perigosa ameaça em seu ardente olhar.
- O que houve?
- Não me venha com o que houve. Você estava pensando em outro homem.
Juliette passou a língua pelo lábio inferior.
- Não estava pensando em outro homem. Simplesmente pensava que nunca havia estado com um homem tão sexy como você. Há uma diferença...
A mão dele envolveu o braço nu, puxando-a para aproximá-la dele.
- Já estive com outro homem.
- Os jaguares são criaturas sexuais, Riordan. Precisamos de sexo às vezes. – Ela inclinou-se e lambeu o peito largo. - Por que deveria se incomodar com isso?
- Juliette, nós estamos unidos e eu saberia se tivesse sexo com outro homem. Não poderá me ocultar isso. Eu o mataria.
- Não tentaria lhe ocultar. – Ela empurrou seu peito, mas Riordan era uma rocha e nem sequer com sua força incomum, pôde lhe mover.
- Eu o mataria, Juliette.
- Por que o mataria? Não é ele que está unido a você.
- Exatamente. - Riordan se voltou afastando-se dela, com uma negra fúria que não entendia, o envolvia. Para esfriar a cabeça, entrou na água e voltou o olhar para ela. Em pé e com a luz da lua iluminando seu corpo luxurioso, sua expressão era uma mistura de diversão e exasperação. Ela era tão bela que o fazia ficar mal em olhá-la. - Não sou humano, Juliette e você não pode imaginar nem por um segundo, o que sou. Sou um predador e protegerei o que é meu.
E eu disse que desejasse outro homem? Não! Estava pensando que nenhum outro podia se comparar a você. Eu não estava pensando que desejasse ninguém mais. Como poderia, depois do que compartilhamos? Vai se comportar como um tolo e bancar o ciumento todo o tempo? Isso poderia me deixar louca.
Ele se meteu sob a água para resfriar o calor de sua pele, depois ficou em pé, com a água lambendo seus quadris.
- Venha aqui.
- Não. Você não me respondeu.
Ele suspirou.
- Sim. Vou me comportar como um tolo e bancar o ciumento o tempo todo. A idéia de outro homem te tocando, fazendo amor com você, me faz desejar lhe arrancar o coração.
- Bem. - Juliette sorriu e se aproximou dele. - Eu também arrancaria o coração de qualquer mulher que tentasse seduzi-lo. – Ela estendeu-se para ele, inclinando para buscar seu beijo abrasador. - Teremos que nos esforçar para não bancarmos os idiotas ciumentos. Não posso me imaginar desejando ninguém mais, quando tenho você.
- Não me importaria. Queria me seduzir. – Riordan beijou-a novamente.
- Que sorte para mim. - Ela inclinou-se e bateu na água com a mão, fazendo com que ele se molhasse ainda mais. Depôs, mergulhou para longe dele, nadando sob a água até o centro do lago.
RIORDAN a observou nadar, com seu corpo pálido deslizando-se sensualmente através da água. O líquido claro brilhava tenuemente sobre sua forma feminina, realçando cada curva. Captar o olhar de outro homem na mente dela havia sido uma surpresa e ele não estava seguro do por que seria. Ela era uma mulher muito sensual, atrevida e sabia o que queria. Desejava exatamente esse tipo de mulher, tão sensual como sabia que ser ele mesmo, mas a idéia de outro homem inclinando-se para sugar seus seios ou tomar seu corpo, fazia com que a fera em seu interior se alterasse. Era uma emoção escura, feia e mais que perigosa.
Juliette atrairia a atenção dos homens com seu corpo bem proporcionado. Era o epítome de uma criatura sensual. Riordan mergulhou sob a água e começou a nadar, para manter sua fúria a raia. Se ela voltasse a desejar outro homem...
- Acredito que companheiros desejam somente uns aos outros.
Havia curiosidade em sua voz.
- Você é a única companheira que tenho e sou novo nisto.
Ele soava tão descontente que ela sorriu e nadou para o outro lado do charco. Havia um suporte liso, formado por rochas sob a superfície, quase beira da água. Juliette se sentou nela e o observou nadar como um tubarão.
- Realmente te incomoda muito?
Riordan ouviu o leve tremor em sua voz.
- É claro que me incomoda. Sou um homem possessivo. Mas pouco importa, Juliette. Somos companheiros. Estamos unidos de agora em diante e nunca haverá outro.
- Isso é um decreto?
Não sabia por que de repente estava perto das lágrimas. Não se envergonhava de seu passado. Não desejava nenhum outro homem agora, mas não era culpa sua ter nascido numa espécie que fazia ser quase impossível não ter sexo em certos momentos. Não ia se desculpar por ser o que era.
Riordan captou o eco de seus pensamentos e a dor apertou seu peito e então sentiu que fizera mal a ela. Havia sido sua intenção? Esperava que não, pois desprezaria a si mesmo, se suas recentes adquiridas emoções estivessem tão fora de controle que castigaria sua companheira por algo que ela fizera, antes de conhecê-la.
Nadou lentamente cruzando o pequeno lago, até que ficou diretamente em frente a ela.
- Acredito que sou mesmo o tolo que me chamaste. Desculpe-me por minha veia ciumenta. Também estou descobrindo que tenho um temperamento péssimo e me esforçarei mais para mantê-lo sob controle. - Sorriu-lhe. Um sorriso repentino que deu vida a seus olhos escuros. - É a paixão em mim. Meu sangue esquenta e estou preso. Felizmente… - Ele moveu mais perto dela, suas mãos seguraram os tornozelos dela. - Posso compensar meus defeitos de outras formas.
- Não se atreva. – Juliette podia notar a malícia em sua face.
Ele segurou suas pernas, tomando-a com surpresa. Juliette deslizou para ele, com as pernas sobre seus ombros. - Pensei em averiguar o que você sabe. Se for picante e especial, como imagino. - Sem lhe dar a mais leve oportunidade, ele baixou a cabeça entre suas coxas.
Juliette se sobressaltou, mas as mãos dele seguravam suas nádegas nuas, os dedos espalhados, para mantê-la imóvel. Seus dentes mordiscaram a parte interna da coxa.
Juliette ouviu-se gemer, brandamente. Sentiu a primeira onda de acolhedor calor e já sentiu a umidade invadi-la.
- Abra-se para mim, Juliette. - Disse ele, amorosamente. – Relaxe e sinta.
Juliette adorava a forma em que ele pronunciava seu nome, com seu peculiar e muito sexy sotaque. Adorava a forma em que seus olhos se escureciam, ardiam famintos e queimavam seu corpo. Seu cabelo tocava a pele sensível de suas coxas e ela tremeu. Sentiu a mão dele acariciando seu sexo e levantou o olhar para o céu noturno, observando as gotas de chuva descer em lentos movimentos. Algumas em seu rosto e outras em seus seios nus. A água deslizava sobre seu abdômen, numa manta sedosa que a excitava ainda mais.
Juliette se entregou completamente a ele.
Os dedos dele a penetraram acariciantes e ela não conseguiu segurar o intenso gemido de prazer. A boca substituiu-os. Uma quente labareda de fogo se espalhou por seu corpo e ela imediatamente se sentiu incapaz de gemer, incapaz de respirar. A sensação era tão forte, tão prazerosa que percorreu seu corpo e ela se viu procurando alívio. Quando o orgasmo inédito a tomou foi explosivo e violento. Sacudiu todo seu ser.
Riordan elevou lentamente a cabeça, sustentando-a com segurança quando podia haver-se afogado, quando poderia ter se perdido na ardente carne feminina. Puxou-a para ele, balançando-a gentilmente enquanto seu corpo continuava crepitando, faiscando e ondulando-se de prazer.
Juliette enredou os braços no pescoço dele e pousou a cabeça sobre seu ombro.
- Aceito suas desculpas. – Disse, trêmula.
Os braços dele apertaram-na possessivos. Depois, flutuaram sobre o pequeno suporte de pedra, a beira da água.
- Esperava que sentisse minha sinceridade.
- Acha que é possível uma mulher se apaixonar por um homem, que logo que o conhece?
- Não sei. Mas ela pode se apaixonar por um homem depois de ter passeado por sua mente e saber quem é e o que defende.
Juliette beijou-lhe o pescoço.
- Nunca imaginei que teria um homem em minha vida. Nunca.
- Isso é porque não podia conjurar a imagem de um homem tão encantador. – Riordan sentou-se no suporte, mostrando-se feliz consigo mesmo e a colocou em seu colo. - Tenho quatro irmãos. – Ele empurrou o cabelo úmido para o lado e o jogou para trás, num longo e úmido rastro sobre seu ombro. - Nosso príncipe nos enviou para fora de nossa terra há muitos anos. Viemos para este país que se converteu em nosso lar. Sou o mais jovem da família e meus irmãos se preocupam comigo, todos eles. Nicolas e Rafael estão fora do país neste momento, então você está segura, pois não terá que conhecê-los todos juntos. Somos muito unidos a uma família de humanos...
- Os que trabalham em seu império. – Interrompeu, ela.
- Rancho. É grande, mas não é um império. Sim, eles cuidam do rancho. Eles têm parentes jovens e órfãos nos Estados Unidos e dois de meus irmãos foram ajudá-los, para facilitar o trâmite de trazê-los para casa.
Ela o olhou, pensativamente.
- O que significa isso de facilitar o trâmite? Utilizando suas vozes com sugestões hipnóticas? Seus olhos hipnotizam mesmo as pessoas?
Ele sorriu outra vez, suavizando as linhas de sua face.
- É isso o que acha que faço eu?
- Não se envergonha disso. – Confirmou, ela.
- Funcionou contigo e isso é tudo o que importa.
- Desejaria que funcionasse comigo. Acontece que eu gosto da forma em que você me prende. – Ela entrelaçou seus dedos aos dele. - Tem um grande rancho e vive ali com seus quatro irmãos superprotetores e uma família humana, também.
- Meus outros irmãos, Manolito e Zacarias, os mais velhos, provavelmente estão a caminho enquanto conversamos, para comprovar que estou bem como se fosse um menino.
Ela levou a mão à boca.
- Atestarei que a muito você passou a etapa infantil, se quiser.
- Duvido que seja de ajuda. Posso dirigir meus irmãos. Só estou advertindo-a, que seu amparo se estenderá até você. Tive que evitá-los, até se assegurar que estava completamente cativada por meu encanto. Não fugirá deles.
- Eu vivo com minha irmã mais nova e minha prima. Jasmine, minha irmã é linda por dentro e por fora. - Juliette franziu o cenho. - É capaz de mudar de vez em quando, se estiver sob uma tremenda tensão nervosa, mas não se pode contar com sua habilidade em fazê-lo. Minha prima e eu somos as protetoras de minha família. Não só de minha família mas sim de todas as mulheres de nossa ascendência.
Ele ficou em silêncio, esperando que ela continuasse. Sentiu uma terrível tristeza nela e a apertou seus braços, para lhe dar maior conforto e apoio.
Juliette apoiou a cabeça contra o ombro dele e seu cabelo flutuava sobre a água ao redor deles, como algas marinhas.
- Tenho que voltar para casa e me assegurar de que minha irmã e minha prima estão a salvo. Tenho um dever para com minha família, Riordan, igual a você tem com sua gente. Não temos homens que nos protejam. Nossos homens não se emparelham por uma vida e nem ficam conosco. Alguns dos homens tentam raptar e manter a nossas mulheres prisioneiras, somente para poder manter a linhagem pura. Poucas de nós somos capazes de mudar para nossa outra forma e continuaremos sendo menos. Tratam essas mulheres como máquinas de gerar filhos. É uma coisa horrível. Não as amam ou tentam criar uma atmosfera de felicidade, simplesmente as forçam a produzir bebês.
- E o que é o que acha que pode fazer você para detê-los? - Sua voz estava completamente desprovida de expressão.
Juliette sentiu um arrepio por todo seu corpo. Sentiu a súbita imobilidade dele. Havia estado em sua mente e havia uma qualidade cruel e desumana profundamente em seu interior, que a alarmara.
- Alguém tem que resgatar essas mulheres. Eu sou forte e capaz de mudar e não tenho medo desses bastardos. Posso proteger minha irmã e minha prima. Bem, possivelmente Solange me protege . – Ela voltou à cabeça, para levantar fitar o rosto sério. - Pegaram minha mãe. Ela estava retida numa casa pequena e sem conforto algum. Vários homens a violaram até conseguirem engravidá-la. Não aconteceu imediatamente, então eles a violaram um longo. Levou-nos dois anos para encontrá-la.
- Juliette. – Riordan respirou seu nome. Sua dor o golpeou, rasgando seu coração e sua alma. Ele esfregou o rosto contra seu cabelo. – Sinto muito. – Ela não precisava lhe contar o restante. Ele via em sua mente. Sua mãe havia morrido no parto, por causa do descuido dos homens que a mantinham prisioneira. A criança havia perecido junto e Juliette se sentia responsável, porque levara muito tempo para encontrá-la.
Riordan estava preparado para lhe proibir assumir o papel de caçadora, mas não podia falar, não podia emitir ordens nem mesmo para mantê-la a salvo. Sua dor era muito profunda e ele entendia a necessidade dela em proteger a outras. Entendia sua honra e responsabilidade. Seus dedos acariciaram seu cabelo.
- Você quer encontrar os homens que a tomaram? Deve conhecê-los pelo cheiro.
Lágrimas encheram os olhos dela. Lágrimas que Juliette jurou nunca mais derramar. Negava-se a esbanjar seu tempo chorando. Havia bem poucas mulheres capazes de mudar e os homens jaguar que se reuniam em bandos estavam decididos a possuí-las. Ela estava decidida a que nunca colocassem suas mãos sobre elas.
- Jasmine pode não ser capaz de mudar a vontade, mas mesmo sua pequena habilidade a coloca em perigo. Ela tem outros dons para ajudá-la, mas não pode lutar contra os homens, se a capturarem. Vivo com Jasmine e minha prima. Solange é a filha da irmã de minha mãe e minha mãe a criou depois de que minha tia foi assassinada, quando vários homens tentaram nos capturar. Ela lutou com eles, dando a minha mãe tempo para escapar conosco. Éramos três meninas.
- Assim agora você, sua irmã e sua prima vivem com o temor de que esses homens venham atrás de vocês. Por que permanecem na selva onde estão em perigo?
- Por que caça você o vampiro? - Devolveu-lhe, ela. - Este é nosso lar. Não somos as únicas mulheres das quais estes homens buscam, mas temos habilidades. Depois do que fizeram a nossas mães, não planejamos deixá-los simplesmente roubar e matar outras mulheres. Agora sabemos como pensam e tivemos êxito resgatando várias mulheres.
- Juliette, o que fazem é muito perigoso. Esses homens não são bons. Conheci alguns da raça do jaguar e os homens não cometiam esses crimes contra suas mulheres. Algo está errado.
- Não são todos os homens. Somente um pequeno grupo, mas são muito poderosos porque atuam juntos. – ela voltou-se entre seus braços. - Entende por que tenho que ficar com estas mulheres? Elas não têm outro amparo. Jasmine e eu tememos que os homens estejam aliados com alguém do novo laboratório Morrison. Muitos animais de espécies em perigo de extinção foram capturados. Achamos que os homens jaguar traficam esses animais, em troca de ajuda para encontrar às mulheres. Essa foi uma das razões por que invadimos o laboratório.
- É possível que um vampiro esteja conectado aos homens jaguar e os tenha corrompido?
- Acredito que esses homens corrompem a si mesmos.
- Voltaremos com sua família e nos asseguraremos de que estão a salvo, Juliette. Se você se preocupa por elas, é claro que eu me preocupo também. Não se questiona que esta prática deve ser detida.
- Tentei não culpar todos os homens, seriamente tentei. Nossa espécie está morrendo, mas eles não se importam absolutamente com as mulheres, o único querem delas é que a raça continue. – Ela sacudiu a cabeça, tristemente. - Isso não está bem. Temos direito a nossas vidas.
Riordan beijou a testa e depois os lábios de Juliette.
- Entendo seu desespero. Nossa espécie está quase extinta também. – Ele inclinou-lhe o queixo e seu beijo foi gentil, tenro. - Uni-a a mim sem pensar em seus sentimentos, Juliette. Possivelmente sou tão culpado como esses homens. - Seus braços a envolveram, trazendo-a mais em seu colo. - Em minha cultura, os companheiros estão destinados e devem estar juntos para sobreviver. Este é agora outro mundo. Um mundo onde nossas mulheres sequer são da mesma espécie. Deveria ter pensado mais no que você desejava fazer com sua vida e menos no que eu precisava para sobreviver.
Juliette se recostou para trás, contra ele, descansando a cabeça em seu ombro. As mãos dele aconchegaram os seios cheios, tomando-os e seus dedos a massageavam gentilmente, quase sem pensar. O prazer a atravessou e ela não queria se mexer, embora as mãos dele sobre seu corpo criavam um calor fundido que se entranha lentamente em seus poros e lambiam sua pele.
- Eu tampouco estava pensando, Riordan. Só pensava no quanto o desejava. Não podia pensar com claridade, sem te desejar. Não nos teria unido a esse ponto, se eu não estivesse tão segura de poder negar, se quisesse. – Ela voltou-se prazerosamente e deslizou para baixo, por seu corpo, pele com pele, esfregando-se ao longo de seu peito, deleitando-se nas diferenças entre homens e mulheres. O estômago dele era plano e ondulado. Ela lambeu as gotas de água que corriam por ele. A chuva que caía gentilmente, com suas gotas frescas, parecia faiscar contra sua pele ardente. Juliette envolveu os braços ao redor dos quadris dele, esfregando o nariz contra seu umbigo. Seus dentes lhe mordiscaram a pele.
Riordan sentiu que seu corpo se endurecia, em resposta. Baixando o olhar para as costas lisas, notou a arredondada curva de seu traseiro, suas pernas flutuando sobre as dele nas águas frescas. Juliette era para dar prazer a um homem. Sua boca vagava sobre ele, saboreando e lambendo. Não havia nada inibido em Juliette e parecia gostar de fazer amor com ele. Estava em sua mente, totalmente e sentia suas sensações, como seu corpo lhe permitia saber.
Era excitante ter a uma mulher tão completamente aberta e natural, a seu lado.
- Deveria ter dado a você, a oportunidade de discutir pelo menos o que significava, Juliette. - Disse ele, mas sua voz rouca o traiu.
Os lábios dela estavam fazendo coisas deliciosas em seu corpo e estava tornando difícil pensar com claridade.
- Não acredito que eu queria discutir. - Ela deslizou mais para baixo, para poder acariciar seu membro e sorriu quando sentiu que os músculos dele se contraíam e suas mãos dele se apoiaram sobre seus braços, em reação. Juliette elevou o rosto, para poder encontrar seu olhar, revelando a fome que escurecia seus olhos. - Se tivesse pensado muito, não poderia tê-lo. E realmente eu te desejava. – Ela baixou a cabeça para poder acariciar com os lábios, o longo membro endurecido, numa lenta e conscienciosa exploração de sua forma e textura.
O fôlego de Riordan ficou preso em seus pulmões.
- Tenho que admitir que estou eternamente feliz que me deseje. Não acredito que tenhamos tempo suficiente, para fazer todas as coisas que tenho em mente. – Deliberadamente, ele deixou-a ver cada um de seus desejos e todas as suas necessidades.
Juliette riu, gostosamente.
- É muito bom que pensemos iguais. Odiaria estar presa a alguém que não fosse aventureiro. Definitivamente eu preciso de aventura.
E Riordan gemeu. O som saiu rouco de sua garganta, quando a boca dela quase o engoliu, tomando-o profundamente em sua garganta e começando uma lenta e sensual sucção. - Pensei em averiguar o que você sabe. Realmente é ardente, especial e picante.
A risada zombeteira brincou em sua mente, em seus sentidos e aqueceu seu corpo. Riordan perdeu a noção do tempo, perdido nas ondas da água lambendo seu corpo, na ardente boca e língua que estava levando-o a um ponto febril. Quando já não pôde ficar quieto, moveu os quadris para ela, permitindo-se tomar o controle do ritmo. Ela brincou com ele, até provocar seu orgasmo, sugando-o e prodigalizando total atenção com sua língua, para deslizar sua boca amplamente sobre ele.
- Adoro sentir o que você sente. Adoro ouvir os gemidos em sua mente e saber que sou eu quem os provoco. -
As mãos de Riordan seguravam sua cabeça e o movimento de seus quadris se tornou mais urgente e mais frenético como resposta. Juliette tomou-o profundamente, até Riordan ficou tão preso em seu feitiço, tão perdido no prazer que ela lhe proporcionava, que não podia pensar em prudência.
- Termine e me deixe tê-la. – Ele conseguiu falar, entredentes.
Ela sorriu e sua suave risada tentou ainda mais seus sentidos. Juliette celebrou seu poder. Ele era enormemente forte e perigoso e ainda assim precisava dela.
- Você precisa de diversão em sua vida, Riordan. Realmente precisa de mim.
- Você é como droga! Vai me viciar. – Ele gemeu na mente dela, com as mãos enterradas em seu cabelo.
A boca dela o levou deliberadamente ao limite, enquanto seu riso enchia seu cérebro. Juliette estava gravada nele para sempre. Nunca seria capaz de voltar atrás, para o que havia sido. E nunca seria capaz de ficar sem ela, que trazia luz consigo e o fazia sentir a diferença. Ela afastara a inseparável escuridão que havia sido sua casa.
Feliz, Juliette mergulhou, afastando-se dele. Riordan se estendeu e a segurou, trazendo-a de volta. Afastou o cabelo úmido de sua face e a olhou fixamente.
Ela era seu milagre.
- Preciso de você, sim. - Admitiu. Se ela podia ser valente e honesta e admitir que o desejava e precisava dele, ele não podia ser menos. – Você é tudo para mim.
- Preciso de sangue, Juliette. A noite se afasta de nós. Devemos voltar para sua família em plena forma. Eu adoraria passar o resto de meus dias aqui, fazendo amor e descobrindo os segredos de minha companheira, mas devo obter sustento para renovar minhas forças. - Riordan saiu da água e estendeu a mão para ela.
Juliette olhou-o durante um longo momento.
- Jurei que nunca teria nada a ver com um homem. Os homens que conheci não sabiam nada de carinho. – Ela baixou o olhar. - É algo terrível crescer sentindo-se culpado pelo que é, sabendo que poderia dar a luz a um homem da espécie e que não importa o que faça, o muito que o ame, como o eduque, sua natureza sempre evitará que te corresponda.
Os dedos dele seguraram sua mão e trouxe-a da água, para ele.
- Vivi muitos anos e averigüei que cada espécie tem suas forças e suas debilidades. Os homens da raça do jaguar são vagabundos, mas os que conheci se preocupavam com suas mulheres. Não podiam estabelecer-se e sua luta contínua em perpetuar sua raça, se converteu em sua queda. Não ficavam com uma mulher, embora acredite que muitos deles tentaram e era muito angustiante ver que não podiam. – Ele atraiu-a para seus braços, para consolá-la. - O bosque pluvial aqui na Sudamérica é muito grande e não há fronteiras com a selva. Estabelecemo-nos no Brasil, mas viajamos de pais em pais para garantir a segurança de seus habitantes. Em nossas viagens, com freqüência encontrávamos os homens jaguar. Eram criaturas solitárias. Nosso príncipe nos ordenara evitá-los se fosse possível, mas com freqüência falávamos com eles. Os Jaguares, como nossa espécie, estão à beira da extinção. São inteligentes e sabem que contribuem para sua própria extinção, mas mesmo assim não podem evitar o que dita a natureza. E uma parte deles se sente como se merecessem seu destino, quando negam o tesouro de suas mulheres e crianças.
- Está dizendo que não é culpa deles? - Juliette se empurrou fora de seus braços, voltando o rosto longe dele, enquanto reunia sua roupa com mãos trêmulas. Tentou vesti-los sobre a pele úmida, piscando para conter as lágrimas. Era a segunda vez que quase chorava diante dele. E ela não chorava. Não por causa de um homem.
- Não estamos falando dos homens rudes, os que estão fora de controle e fazem mal a suas mulheres. Esses devem ser levados à justiça. Não se permitirá que raptem e violem mulheres com a idéia de criar fábricas de bebês. – ele pegou a blusa de suas mãos e a voltou para que ficasse de frente para ele, lhe elevando o queixo para que ele o fitasse. - Eu posso ser rude, Juliette e admitirei que a muito tempo esqueci como é ser amável, mas nunca faria mal a uma mulher, a menos que ela ameaçasse minha vida ou a de minha gente. Isso não se faz.
Juliette acariciou-lhe o rosto.
- É o bastante amável para mim.
E ele era. Comovia-a como nenhum outro homem havia feito... Ou poderia fazer. Juntos haviam se convertido em fogo, ardendo fora de controle, mas depois ele a acariciara ternamente. Marcara sua alma com carícias ternas, com mãos tremulas, colocando-a em seu colo, embalando-a, reverentemente.
Riordan se inclinou para beijar seu rosto, sem mais pressa, atrasando-se. Seu coração encontrou o ritmo do dela.
- É um dom inesperado e não sou homem que deixe de lado, semelhantes coisas.
Juliette pegou a blusa e a vestiu.
Ele se estendeu para abotoá-la, cobrindo os seios generosos.
- Mesmo vestida, você é tão sexy que não estou seguro de se poderei ou não manter minhas mãos longe de ti. – Ele voltou a acariciar seus seios. Seus dedos deslizando-se sobre a pele suave. - Sua pele é suave, cálida e provocante. – Riordan inclinou-se e colocou um mamilo até o calor de sua boca, incapaz de resistir à tentação.
Juliette fechou os olhos, pressionando-se contra ele, erguendo os braços ao redor de sua cabeça, sujeitando-o contra ela, enquanto as sensações de prazer atravessavam seu corpo, enchendo-a total e completamente. Adorava a forma em que ele se permitia ser indulgente com seu corpo. Adorava que ele desfrutasse tanto dela e que obviamente desejasse que ela sentisse o mesmo por ele.
- Nunca deixaremos este lugar se seguirmos com isto. - Murmurou ela, desejando tirá-los jeans e enredar as pernas firmemente em sua cintura. - Acredito que o sexo contigo é aditivo.
- Não posso me conter. - Sua língua brincou demoradamente com o mamilo até vê-lo duro antes de soltá-la, relutantemente. - Seu corpo é semelhante à tentação.
Os dedos dela vagaram sobre sua já atiçada ereção.
- Você está outra vez jogando a culpa em mim. Vejo-o assim, duro, grosso e tão desejoso, que naturalmente quero fazer algo a respeito.
Ele gemeu.
- Não tenho disciplina no que diz respeito a você. – Ele reclamou falsamente, enquanto baixava completamente a calça jeans que ela vestira. Juliette imediatamente chutou para um lado. - Se não consigo um pouco de alívio, duvido que seja capaz de caminhar e muito menos lutar com algum vampiro. O que tem intenção de fazer a respeito?
Juliette enroscou-se nele e envolveu o corpo duro, colocando suas pernas firmemente ao redor de sua cintura.
- Acredito que darei uma boa cavalgada. - Sussurrou e mordiscou sua orelha, depois a tentou com a língua brincalhona. Deliberada e lentamente, se posicionou sobre seu membro, baixando-se lenta e atrevidamente. Quando ele começou a penetrá-la, invadindo-a totalmente, ela sentiu seu apertado sexo recebê-lo, estremecendo de prazer. - Sempre é tão perfeito contigo. – Esperou-o completá-la, sentir que ele a invadia completamente, desaparecendo-se sobre seu corpo, até que se sentiu cheia, com cada terminação nervosa viva e ardendo.
Riordan não esperou por ela, segurou os quadris arredondados com as mãos ajudando-a em sua sensual cavalgada. Longas e duras investidas o colocaram profundamente dentro dela, unindo-os. Adorava a forma em que ela gemia ao recebê-lo, a forma em que os seios dela roçavam contra seu peito, a forma em que ela jogava a cabeça para trás, com óbvia felicidade iluminando sua face.
Juliette ronronou como uma gata, aprofundando o movimento, tão selvagem e desinibida como ele. Estava tão sintonizado com sua mente, que podia se ajustar a cada um de seus movimentos, para intensificar o prazer dela. Sabia em que momento desejava que fosse lento e profundo e sabia quando ela desejava duras e longas e selvagens investidas, que enviavam sensações ferozes, através dos dois.
As sombras noturnas os ocultavam na pequena gruta. O vento sussurrava, no alto. Os morcegos se agitaram sobre a água, golpeando os insetos sobre a superfície. Gotas de chuva salpicavam na água. Juliette inalou as fragrâncias da noite e as essências combinadas, do homem e da mulher. Suas unhas cravaram-se nos ombros de Riordan e ela se arqueou para trás, quando as ondas intensas e selvagens de orgasmo explodiram dela.
Riordan compartilhou a experiência na mente dela e a onda de êxtase os atravessou, enviando-os além dos limites. Juliette, completamente fundida com a mente de Riordan, sentiu que a pressão começava profundamente no interior dele e explodia em seu corpo com a força de um tornado.
Alimentaram cada um, a paixão e o calor do outro, numa tormenta de prazer que se espalhou sobre e através deles e os deixou sem fôlego e colados um no outro.
Juliette apressou sua boca para a dele... Ardente, úmida e faminta. Tentou arrastar-se para dentro dele e compartilhar o mesmo corpo e a mesma mente. Os beijos passaram de uma ávida luxúria, para uma mais lenta, mais calma e conscienciosa exploração, atrasando-se em desfrutarem-se. Depois elevou a cabeça e encontrou seus olhos. Fitaram-se durante um longo tempo, bebendo cada um do outro, caindo nas profundidades, um do outro.
- Você me olha e sinto que tudo tem sentido, Riordan. Não sei por que e não acredito que queira questionar muito. Vou pegar o que o destino nos oferece e segurá-lo com as mãos.
- Nunca se lamentará, Juliette. - Prometeu ele, deixando beijos sobre sua face, sobre seus olhos e depois descendo por seu pescoço e garganta. - Nunca se lamentará.
- Posso sentir sua fome, a chamada em seu interior. É algo aterrador. Como pode mantê-lo a raia, como o faz? Se eu sentisse a mesma sensação, estaria devorando tudo. – Ela jogou o cabelo para trás e lentamente permitiu que suas pernas baixassem até o chão. - Tem que conseguir um pouco de alimento. Eu não me importo, Riordan. Não estou faminta e pensar em comida faz-me querer vomitar, mas acho muito sexy quando toma meu sangue. Acredito que estou me tornando um pouco estranha. – Ela olhou ao redor em busca de sua roupa, perdendo-o olhar de admiração do rosto dele.
Juliette abaixou-se para pegar sua blusa de onde fora descuidadamente jogada. Sequer recordava tê-la tirado.
- É uma mulher muito generosa, mas acredito que refrearei a tentação de seu sangue. - Desta vez, ele abotoou firmemente a blusa dela. - Sei que vou pensar em seus seios me esperando, atrás desta fina barreira e saberei por que.
Juliette riu. Não podia se lembrar de já ter sido tão feliz.
- Está bem. Vá e pensa em meus seios, que estarei pensando numa parte muito boa de sua anatomia. Ela vestiu-se e trançou habilmente o cabelo. - Quanto tempo temos para viajar esta noite?
Ele olhou para o céu.
- Umas poucas horas. Deveríamos ser capazes de cobrir várias milhas. Terei que levá-la nos braços e isso significa que terei que encontrar sangue. - Baixou o olhar às terríveis marca de seu peito. - Os Cárpatos se curam na terra e eu não fiz. Preciso recuperar minhas forças para a batalha que acontecerá e isso significa que preciso encontrar pessoas.
De repente ela ficou imóvel.
- Não minha irmã ou minha prima. - Havia uma nota de advertência em sua voz.
Ele sorriu.
- Não acredito que tenha que se preocupar. Não arriscaria a enfrentar sua fúria. – Ele segurou-a pela trança. – Você soa tão feroz.
Juliette lhe observou se vestir. Ato que ele fez com um simples ondeio da mão, como se fabricasse a roupa do ar. Seu cabelo ficou penteado para trás e longe de seu rosto e preso a nuca. Não havia nenhuma gota de água em nenhuma parte dele e seu cabelo estava seco.
- Oh! Isto é estupendo. Olhe para mim, pareço um rato molhado. – Juliette jogou sua espessa trança molhada sobre o ombro. - Eu quero ser capaz de fazer isso.
- Fará. Não tenha dúvida. – Assegurou, ele. – Venha, temos que partir.
- Não vai me jogar sobre seu ombro como fez da última vez, não é? – Perguntou ela, pensativamente.
Riordan sorriu-lhe, com seus dentes muito brancos.
- Bem, estava pensando nisso.
- É? A última vez pensei em vomitar em cima de você.
- Me alegro de que não o fizesse. - Riordan a atraiu para ele, mantendo-a perto e ergueu-se no ar, mudando-se para sua forma favorita de andar no espaço. A forma de um pássaro. Era mais fácil voar sobre a as árvores, que tentar serpentear através dos grossos ramos e folhas. E desta vez tomou cuidado com as armadilhas. Estavam perto do lugar onde tinha ouvido pela primeira vez a voz do vampiro pedindo ajuda. Estava seguro de que ele e seus cúmplices humanos eram os responsáveis pela rede que quase o havia reclamado uma segunda vez.
Juliette sorriu em voz alta quando Riordan voou pelo do céu. Duas vezes se estendeu, tentando tocar uma nuvem, incapaz de resistir. - Isto é assombroso. – ela sentia-se parte do céu noturno, das estrelas e das nuvens. Era como se estivesse fundida a natureza. Esperava sentir medo, mas sentia júbilo, regozijo, estava completamente viva. Era maravilhosamente igual a correr através da selva, com a forma do jaguar.
- Nunca se arrependerá, Juliette. Será capaz de mudar de muitas formas e mantê-las sem esforço.
- Tenho que te contar uma coisa.
O sorriso desapareceu do rosto de Juliette. Riordan captou a intranqüilidade elevando-se, enquanto seguia as instruções da mente dela.
- Temos que nos mudar com freqüência. Temos várias casas.
Ele esperou. Não era isso o que ela queria lhe contar. Ela se mostrava indecisa, muito diferente da sua atrevida Juliette. Cuidadosamente, Juliette mediu suas palavras, tentando formulá-las da melhor forma, para conseguir que ele a entendesse.
- Juliette. Deve confiar em mim. Diga que precisa dizer e confie em mim para entendê-lo.
Ela podia ver as copas das árvores, muito longe sob ela. As folhas das árvores pareciam negra e prateadas, à luz da lua. As gotas de chuva deslumbravam seus olhos, brilhando como diamantes enquanto caíam das nuvens.
- Vimos coisas terríveis dos homens. Jovenzinhas incapazes de mudar de forma serem violadas. E agredidas. Solange, Jasmine e eu juramos que nunca teríamos nada a ver com um homem, além das necessidades.
- Necessidades?
Ela queria dizer sexo. Riordan sentiu que o coração lhe pesava. Algo negro e perigoso se formou em suas vísceras. Era feio e vulcânico, e ele se envergonhou de sua reação. Ela estava contando algo terrivelmente importante, não só para ela, mas para sua vida e seu primeiro pensamento havia sido o da necessidade dela ter sexo com outro homem. Ele desprezou-se por ser tão mesquinho. Ela era uma mulher formosa e sensual. Muitos homens a achariam atraente e ele deveria estar orgulhoso dela. Os companheiros confiavam uns nos outros, implicitamente. Era impossível mentir ao outro ou ocultar alguma coisa e quando se conhecessem melhor seria natural passar mais e mais tempo na mente um do outro.
- Eu não sou um homem semelhante, Juliette. Em meu pior momento, não faria mal a uma mulher ou a uma criança. É horrível para mim. Não tinha nem idéia de que minhas emoções recém recuperadas seriam tão intensas, mas me conheço bem. Nunca, nunca poderia fazer mal a você, a sua irmã ou sua prima.
Juliette se apoiou nele, sentindo cócegas de suas plumas e imediatamente desejou ser capaz de unir-se a ele com a forma de um pássaro.
- Não tem que me dizer isso. Já sei que nunca faria mal a uma mulher ou nunca estaria contigo. Estou preocupada porque minha família pode não aceitar muito bem, nossa relação.
- Batalharei para isso.
Longe, sob eles, quase no limite do bosque, havia um pequeno assentamento. Riordan começou a descender cautelosamente, uma parte dele esquadrinhava a região embaixo, em busca de sinais do vampiro.
- Sempre escaneamos o lugar, para procurar perigos antes de nos revelar.
- Parece um pouco intrusivo. Recolhe pensamentos ao azar. – Ela estava estudando seus costumes cuidadosamente, tentando aprender tanto como fosse possível. - Odiaria recolher os pensamentos de minha irmã ou pior, os de minha prima.
Ele sorriu enquanto a colocava gentilmente sobre o solo, mudando de volta a sua forma natural, ao plantar os pés na espessa vegetação.
- Pode evitar escanear os pensamentos de sua família. Aprenderá a refinar as coisas, uma vez que se complete o processo. Comece experimentando agora, com o volume e lendo o ar. Pode sentir o perigo vibrando. Se houver um ponto em branco onde não te parece natural que esteja, um vampiro está tentando te ocultar sua presença.
- Sempre sabe que um vampiro é um vampiro?
- Infelizmente, não. Se um vampiro for hábil, como um professor vampiro, poderia se aproximar passando facilmente por um dos caçadores, lhe saudar a maneira de nossa gente e seguir seu caminho, ileso.
- Que aterrador.
- Fique aqui enquanto me alimento. Deve ser seguro durante um momento. Há uma sensação no bosque, como se os animais estivessem se ocultando.
Juliette ficou quieta. Estivera tão ocupada tentando pensar como um Cárpato, tão absorta em Riordan como homem, que tinha esquecido a primeira regra da vida na selva. Não tinha prestado atenção ao sistema de alerta de seus habitantes. Riordan se afastou rapidamente dela, fundindo-se com as sombras, que tornava impossível avistá-lo, mesmo quando ela estava olhando-o diretamente.
Ela elevou a face para o vento. Era um jaguar. E seus sentidos estavam realçados pelo ancestral sangue Cárpato. Podia ler as notícias do bosque. Os animais estavam se escondendo e trêmulos, esperando até que um pássaro noturno assinalasse que uma vez mais estavam a salvo dos predadores. Juliette girou a cabeça de um lado a outro, alerta, sentindo a vibração de perigo movendo-se através do ar. Algo estava errado. Estavam a poucas milhas do laboratório e a várias milhas de sua casa.
Seu coração se sobressaltou.
- Jasmine. - Um grande predador ou uma partida de caça tinha passado pela região e aterrorizado seus habitantes. Um súbito calafrio desceu por sua espinha. Ou um grupo de predadores. Supunha-se que ela conduziria os guardas do laboratório Morrison longe de sua casa, mas em vez disso, Riordan a havia levado à força. Teriam encontrado o rastro de Jasmine? Jasmine podia não ter sido tão cautelosa como deveria, acreditando que Juliette conduziria os guardas longe dela. E se era algo mais que os guardas humanos? E se os homens jaguar encontraram o rastro do Jasmine? Solange estava em missão secreta, caçando. Estava em busca de notícias de mulheres desaparecidas. Jasmine estava sozinha.
Juliette não pensou, girou-se e correu, seguindo o pequeno rastro animal através da vegetação.
- Acredito que minha irmã está com problemas.
- Estou-me alimentando, quase em plena forma. Espere-me. Eu a levarei até ela.
Juliette não podia esperar. Sabia que não tinha sentido, mas tinha que fazer alguma coisa. A adrenalina bombeava através de seu corpo. O medo tomou o controle de sua mente. E se Jasmine havia sido tomada à noite anterior e os homens já estivessem com ela durante quase vinte e quatro horas? “Por favor Deus, por favor, Deus”. Ela rezou. Seu peito lhe ardia, a garganta lhe fechava. Quanto mais corria, mais segura estava de que os jaguares tinham encontrado o rastro de sua irmã, perseguindo-a.
- Juliette. - Riordan a capturou em seus fortes braços, bloqueando-lhe o passo. Ela bateu contra seu peito duro, mas a grande forma apenas cambaleou sob o assalto.
- Temos que ser cautelosos. E não queria arruinar nenhum rastro. Se a pegaram é melhor ir devagar e encontrar seu rastro, que correr por aí sem direção.
- Não sabe se eles a têm. - Falou ela, empurrando-se para longe dele.
- Nós a encontraremos e a traremos de volta.
Ela se afastou e se rodeou o corpo com os braços, encurvando-se.
- Não tem nem idéia do que ela sofrerá e nunca poderei apagar isso.
Ele os conduziu, movendo-se correntemente, tão silencioso que sequer as folhas sussurravam. Juliette tentou respirar, conseguir que seu cérebro funcionasse novamente. Não poderia suportar que algo acontecesse a Jasmine.
- É minha culpa. Eu tinha que conduzir os guardas para longe. Não estava ali para fazer o que combinamos e provavelmente ela deixou rastros. Os homens terão sido capazes de segui-la facilmente.
- Isto não é culpa sua Juliette.
Riordan podia cheirá-los agora. Não quis dizer a ela, mas soube enquanto se aproximavam da pequena cabana coberta de videiras e trepadeiras. A estrutura era difícil de ver através da folhagem. Estendeu-se em busca da mão dela. A porta estava quebrada na metade inferior, deixando ver um grande buraco.
Um terrível grito surgiu de Juliette. Ela não pôde contê-lo, não conseguiu reprimi-lo. O som rasgou seu corpo, cruamente, rasgando-lhe a garganta. Era um grito angustiado de dor, pena e culpa. Era um grito de vingança, de promessa, de juramento de absoluta retribuição.
Riordan atravessou primeiro, a porta. O mau cheiro do terror permeava a cabana. O aroma pungente de grandes felinos era assustador. Uma mesa estava caída e havia uma pequena mancha de sangue sobre a parede e outra sobre uma cadeira quebrada.
Juliette pressionou a mão sobre a boca, contendo um soluço.
- Ela é só uma menina, Riordan. Acaba de fazer vinte anos. - Passando Riordan, ela se apressou a atravessar a cabana, até a parede. Inalou profundamente o sangue. - Não é de Jasmine. É de Solange. Ela estava aqui.
Riordan estava examinando a cabana e o solo fora dela.
- Chegou quando estavam pegando Jasmine e deve ter mudado de forma as pressas. Pode fazer isso? Olhe, aqui estão suas pegadas e aqui estão às roupas rasgadas e marcas de garras. Não teve tempo de se despojar da roupa e mudou de forma ainda vestida. As costuras do tecido estouraram e ela arrancou o resto, para poder lutar. Foi ela que rompeu a porta tentando chegar até sua irmã. Eles a trancaram dentro e levaram a sua irmã. Alguém a carregava. Tinham a forma de homens. Olhe. – ele abaixou-se junto às marcas. - Este é o mais pesado, carregava um peso. Jasmine não lutava.
- Estava inconsciente. - Disse Juliette. - Lutaria com eles com seu último fôlego. Todas nós vimos morrer minha mãe. Solange os viu matar sua mãe e mesmo assim correu sem vacilar, para tentar detê-los. – Ela voltou para estudar o sangue. - Não está gravemente ferida.
- Alguém ficou para trás, um homem grande e mudou para a forma do jaguar. Provavelmente não quis lhe fazer mal, quando viu que era uma mulher. Depois de tudo, provavelmente é extremamente estranha. - Riordan seguiu as marcas. - Ela conseguiu se afastar para o interior do bosque. O homem grande foi atrás dela. – Ele se voltou para Juliette. - A qual devemos seguir?
- Possivelmente deveríamos nos separar. Eu seguirei Solange. Já lutamos juntas antes e sei como ela pensa. Aceitará-me. Você vá atrás de Jasmine. É muito mais forte e pode viajar mais rápido. Tem uma oportunidade de chegar até ela antes que lhe façam mal.
- O amanhecer será logo, Juliette. Terei que ir para terra. Se não alcançar sua irmã antes desse momento, passará outro dia de tortura. - Riordan amaldiçoou a vulnerabilidade de sua herança. - Não poderá caminhar sob o sol. - Seus dedos lhe acariciaram a face. – Se queimará, Juliette. Sua pele já não suportará o sol intenso e seus olhos queimarão.
- Não me importa minha pele. - Juliette o empurrou e estudou o chão, a direção que o grupo de homens havia tomado. Tentou pensar quem precisaria dela com mais urgência. Riordan era rápido e poderia se aproximar de sua irmã antes que tivesse que se afastar do sol. - Jasmine já está com eles há horas. Se não acha que terá tempo suficiente para chegar até ela então terei que confiar em que Solange consiga se livrar de seu atacante sozinha. Temos que encontrar Jasmine rápido, Riordan.
Riordan lhe rodeou a cintura com um braço, levantando-a. A selva circundante se converteu em um borrão quando ele correu através dela. Juliette não entendia como ele podia se concentrar no rastro, se as folhas, galhos e pisadas ocasionais, moviam-se tão rapidamente. Não precisava lhe dizer que sua irmã estava com terríveis problemas, pois ele podia ler cada preocupação em sua mente. Quando os homens mudavam de forma, não vestiam roupa. Jasmine estava sozinha e desprotegida. Juliette só podia rezar porque os homens queriam levá-la tão longe de toda ajuda como fosse possível. Tentou não pensar em sua prima... Sozinha, ferida e lutando por sua vida.
- Posso enviar em busca a meus irmãos, mas estão a centenas de quilômetros de distância. Não estarão aqui em várias sublevações.
- Solange lutará. Não a tomarão facilmente. – Mesmo enquanto pensava, uma onda de esperança a atravessou. Estava certa. Solange era uma lutadora. Nunca se renderia, nunca se entregaria, não importava o quanto ferida estivesse. - Sinto como se a tivesse abandonando, mas ela tem uma oportunidade muito melhor que Jasmine.
- Por isso posso ver sua prima em sua mente, ela gostaria que fosse atrás de Jasmine.
Riordan era bem consciente de que o tempo lhes escapava. Os homens jaguar eram adeptos a se perderem no bosque. Dispersaram-se, entretecendo-se através das árvores, mais ardilosos ainda, obviamente seguros de que estavam tentando segui-los.
O vento se elevou numa rajada súbita, do chão do bosque, carregando um redemoinho de vegetação, folhas, ramos e pétalas de flores, num escuro funil dirigido para o céu. O lixo estalou sobre eles, uma nuvem de mísseis jogados da terra por mãos invisíveis. Riordan reagiu instantaneamente, girando instintivamente seu corpo, dando voltas no meio do ar para proteger melhor Juliette. Os restos se incrustaram em sua pele, apontados a seu coração. Amaldiçoou enquanto corria a pousá-los na terra, onde poderia lutar sem a carga da forma humana de Juliette lhe obstruindo.
- Livre-sede suas roupas agora e logo que sinta o chão sob seus pés, mude de forma e se misture com as árvores. Oculte seu verdadeiro ser dentro do animal.
Foi o tom sinistro da voz dele que a fez obedecer, sem vacilar. Não podia mudar sempre para sua outra forma, certamente não a vontade como fazia ele, ou sequer como fazia Solange, mas reconhecia que estavam em perigo mortal. Contorceu-se para fora de seu jeans e s desabotoou a blusa antes que chegassem ao chão. Atirou as roupas longe dela, disposta a mudar, abraçando-o.
Riordan se movia em sua mente, recolhendo a imagem e emprestando sua força. A mudança era ligeiramente diferente da dos Cárpatos, mas estava profundamente na mente dela e sabendo agora como funcionava era capaz de lhe proporcionar a velocidade extra. O jaguar saltou para ramos inferiores de uma árvore e desapareceu completamente na vegetação.
Riordan se voltou para enfrentar a seu inimigo.
Uma figura sombria explodiu da terra, erupcionando diretamente diante de Riordan e um punho estrelou contra seu peito e aprofundou. Riordan se retorceu ligeiramente, tomando a dor e deixando-o fugir. Passou uma rasteira com uma perna, para enviar seu atacante aos tombos para trás. Não houve som, nem rosto e nem corpo. O vampiro não era nada mais que fumaça negra dissolvendo-se rapidamente. Fez-se um misterioso silêncio. Nem sequer os insetos cantarolavam.
- Zacarias. - Riordan se estendeu ao longo de seu vínculo mental privado, para seu irmão mais velho. - Um professor vampiro está aqui. É um com poderes além do imaginável. Não posso lhe divisar. Não posso lhe atacar. Se cair, deve encontrá-lo e proteger minha companheira. Riordan se abaixou, seus olhos intranqüilos procuravam e cada sentido estava completamente em alerta. Afundou-se no solo do bosque e cavou punhados de terra. Estava perdendo sangue com rapidez. O vampiro havia lhe debilitado, deliberadamente. Para preservar sua força, Riordan não se moveu, além de cobrir suas feridas. Ouviu o desassossego de Juliette em sua mente, sabia que ela permanecia perto com a esperança de lhe ajudar, mas não havia forma de lutar com o invisível.
Riordan sentiu seu irmão mover-se através dele, examinando o terrível buraco aberto em seu peito, calculando sua força, procurando através de suas lembranças, para reviver o ataque. - Saia daí. Nenhum caçador solitário acabará com este vampiro. - Mesmo enquanto enviava a ordem, ele estava trabalhando em reparar as feridas de seu irmão, mesmo à distância. Riordan podia sentir a calidez movendo-se através de seu corpo e ouvir o canto curador em sua mente.
Sentiu o ar se agitar a seu redor e imediatamente se precipitou longe da perturbação, rodando a sua esquerda e ficando em pé para enfrentar à figura sombria. Riordan desviou-se do raio denteado do relâmpago antes que este o acertasse. A energia explodiu contra a terra, sacudindo do chão. Ele elevou os braços e a terra continuou ondulando-se. Abriram-se grandes gretas e alguém se precipitou para a figura insubstancial, com ameaçadora velocidade. Riordan sentiu o momento exato em que ambos, Juliette e Zacarias uniam suas forças, a dele. A greta se alargou, abriu-se a terra e o vampiro caiu no buraco. Riordan enviou os raios a grande velocidade atrás dele, lança atrás de lança, dirigidas cada uma num esforço de marcá-lo, um tanto às cegas.
Ele cambaleou enquanto se afastava de onde o vampiro o tinha visto pela última vez. Havia uma quietude agora, como se o bosque contivesse a respiração. Riordan notou que o céu estava escurecido por nuvens de tormenta. O amanhecer estava há poucos minutos. O vampiro havia lhe golpeado rápida e ferozmente, com a esperança de lhe derrotar rapidamente.
- Ele sentiu-me contigo. - Zacarias considerou a idéia. - Não voltará para lutar. Provavelmente irá a terra durante um comprido período de tempo ou abandonará nossa região. Seja o que for, que queria obter aqui não vale a pena sua vida. O que atraiu a um poderoso inimigo a nossas terras tem que ser importante.
- Acredito que ele poluiu alguns dos homens jaguar. Eles estiveram capturando mulheres e forçando-as a se emparelharem, com o propósito de engravidá-las. Suas mulheres têm todas habilidades psíquicas e são capazes de se converterem em companheiras para nossos homens.
Riordan estava seguro de que um poderoso vampiro só viria à selva se lhe convinha. Se o vampiro podia evitar que os Cárpatos encontrassem companheiras, mais e mais de seus homens se converteriam em vampiros ou caminhariam até o sol.
- Está pensando que isto é uma conspiração muita bem pensada. Não é? - Zacarias deu voltas à idéia em sua cabeça. - Isto deve ser informado a nossos irmãos em nossa terra natal. Enviaremos Manolito. Ocuparemos-nos dos homens jaguar que abusam de suas mulheres. Você deve ir para a terra rapidamente, Riordan. Coloque sua companheira na terra e fique até que esteja completamente curado. Eu começarei a caça em busca das mulheres.
- A irmã de minha companheira foi tomada.
- Deve se curar ou perderemos os dois. Isso não pode acontecer. Sem crianças nossa raça enfrentará à extinção, igual à do jaguar.
Riordan rompeu bruscamente o contato com seu irmão, desprezando a verdade, desprezando a ordem na voz de seu irmão. Isso não os faziam diferentes dos homens jaguar.
- Isso não é certo. - Juliette estava a seu lado, empurrando-o para o chão, enquanto examinava o emplastro empapado de sangue de seu peito. Pressionou-o para que se deitasse enquanto reunia mais rica terra e ervas curativas e as misturava com a saliva dele. - Aprendo rápido. Esta pequena receita asquerosa estava em sua mente enquanto tentava fazê-la você mesmo.
- É certo, Juliette. Precisamos de mulheres desesperadamente. Precisamos que dêem a luz a meninas. - Não podia deixar de fitá-la, inclinada sobre ele com seu formoso corpo feminino. Ela estava nua, junto ele, com ansiedade estampada em sua face e seus incríveis seios balançando-se a cada movimento. Ele sentia-se como se estivesse num sonho. Possivelmente ela não podia ser real. Mulheres como Juliette não existiam em seu mundo.
- Riordan. - Ela pronunciou seu nome, agudamente. - Não te afaste de mim. Não se atreva a desmaiar. Deixe-me colocar esta coisa em você e logo te proporcionarei sangue. – Ela olhou ao redor, nervosamente. - Está seguro de que ele se foi? Não o vi. Não pude te ajudar, porque não consegui vê-lo.
- Está amanhecendo. - Riordan soava longe. Ele levantou a mão e lhe tocou o seio, roçando sua pele para confirmar que era real. - Não tem mais escolha que ir a terra.
- Riordan, toma meu sangue.
Ele sacudiu a cabeça.
- Deixarei-a fraca e sonolenta, sem ninguém para te proteger.
Ela ignorou a mão que lhe acariciava o seio, massageando sua carne com dedos gentis. Agarrou-lhe a cara e lhe obrigou a olhá-la.
- Faz o que te digo e tome meu sangue. Não pode morrer e é o que vai acontecer, se não beber. Preciso que me ajude a recuperar Jasmine. E quero que viva por mim. Esqueça todo o resto, Riordan.
- Não posso te proteger enquanto fico clandestinamente essas longas horas.
- Posso proteger a mim mesma. Por favor, tome meu sangue, Riordan. – Ela estava começando a se desesperar.
Houve um débil movimento em sua mente. Outra voz se formou ali durante um momento, sussurrando com o mesmo sotaque, longínquo e distante como se fosse difícil encontrar o caminho exato. E logo ficou subitamente clara.
- Sou Zacarias, irmão de Riordan. Ele nunca a colocará voluntariamente em maior perigo, debilitando-a. Ajudarei você, mas deve se lembrar que se te acontecer alguma coisa enquanto ele descansa clandestinamente, ele se elevará como vampiro e me verei obrigado a destruí-lo. Deve permanecer com vida.
- Alguém devia deixar as regras claras, com antecipação. - Murmurou Juliette, mas deu o assentimento mental ao irmão de Riordan. Não suportaria a idéia de perder Riordan e podia ver claramente que ele seria teimoso e combativo, se ela insistisse seguir sem ajuda.
Soube no momento exato em que Zacarias atacou, sujeitando Riordan e lhe obrigando a morder profundamente a mão de Juliette. Inclusive apesar de estar sob uma forte compulsão, sentiu que Riordan se esforçava por protegê-la, formando redemoinhos na língua sobre sua pele para aliviar a dor. Uma onda de fúria o atravessou brevemente ante o que Juliette e Zacarias estavam fazendo, mas seu gênio acalmou-se de repente. Juliette seguiu seu próprio caminho ao sentir-se justificada. Se Riordan queria passar a vida com ela, seria melhor que se acostumasse a quem era.
Riordan se livrou do controle de Zacarias no momento em que o sangue lhe deu força. Tomou o suficiente de Juliette para ajudar a sua cura, antes de fechar a ferida com a língua. Acariciou com o polegar as marcas.
- Quero passar várias vidas contigo e sei exatamente quem você é, Juliette. - Adorava cada centímetro dela, adorava vê-la com suas curvas femininas nuas, mas o tempo passava e ele estava bem mais fraco do que deveria.
Fabricou rapidamente uma calça e uma blusa para ela, num material suave e leve, que não se pegaria muito com a alta umidade.
- Deve proteger seus olhos o melhor que possa. Fiz a camisa de manga comprida, para proteger sua pele. Tente permanecer a coberto, o quanto seja possível. Sei que continuará procurando Jasmine, mas não se coloque em perigo até que possa te ajudar. Não ajudará sua irmã, se a matem ou capturem.
Ela ficou calada e um pouco trêmula pela perda de sangue e o terrível medo que fluía cada vez que olhava o ofensivo buraco no peito dele.
- Serei cuidadosa. – Juliette passou os dedos pelo cabelo dele. - Faça o que tem que fazer. Verei você logo que o sol entrar.
Riordan olhou fixamente a seu volta e seus dedos de repente sujeitaram com força a mão dela, detendo todo movimento. O desassossego estava começando a avançar em sua mente. A exploração não detectava inimigos, humanos ou de outro tipo, no lugar. Seria impossível para um vampiro suportar a saída do sol. Embora a maior parte dos Cárpatos podiam suportar as horas diurnas, Riordan estava gravemente ferido e a luz já estava afetando a seu corpo. Girou a cabeça, para olhar à copa das árvores, incapaz de sacudi-la do repentino alarme que atravessava seu corpo. As folhas sussurravam e se balançavam com o vento. Cada espécie de planta se aferrava aos troncos das árvores e se retorcia através dos ramos, criando a selva. O vento tocou as folhas, o menor dos roce, mas foi suficiente para revelar os olhos turquesa, brilhando como estranhas pedras preciosas, para eles.
O jaguar saltou e seu corpo musculoso e compacto atravessou o ar, com as garras estendidas, os olhos enfocados sobre sua presa. Riordan empurrou Juliette, o suficientemente forte para tombá-la e se dissolveu em névoa, fazendo com que o felino golpeasse a terra onde ele havia estado. O felino se revolveu, utilizando sua espinho dorsal flexível, golpeando com as grandes garras, o espaço vazio.
- Solange! Não! - Juliette se precipitou para segurar o felino, percorrendo com as mãos o suave pelo lustroso, procurando danos. Havia várias lacerações, uma série de feias feridas abertas onde outro felino obviamente tinha roçado seu flanco. - Estas feridas são profundas. – Ela se voltou para procurar Riordan e sentiu o toque dos dedos dele lhe roçando a face.
- Ela seriamente queria me matar, Juliette. Senti em sua mente. Devo ir para a terra. Ela está furiosa porque tomaram sua prima. Permaneça a salvo e faça o que pode, para acalmá-la.
Ela ouviu o pesar em sua voz, o cansaço e a dor.
- Vá, Riordan. Verei-o logo mais.
Roupas flutuaram até a terra enquanto ele se afastava rapidamente. Os jeans eram para alguém com pernas mais longas e cintura mais estreita. A camisa cobriria o corpo bem dotado de Solange. Havia sido bastante fácil captar as proporções exatas, das lembranças de Juliette.
- Ele já foi, Solange. Conte-me o que aconteceu.
Solange mudou para sua forma natural, permanecendo sobre o chão, encarando Juliette.
- Já estavam com ela, antes que eu alcançasse a casa. Não pude detê-los, sinto muito. Sinto tanto. – Ela jogou para trás, os pesados cabelos escuros. - Alguém ficou para proporcionar vantagem aos outros. Quando compreendeu que eu era uma mulher e capaz de mudar de forma rapidamente, com uma das linhagens mais puras, tive uma autêntica vantagem. Não queria me fazer mal. - O sangue gotejava das feridas de seu flanco. - Fez-me isto antes de compreender quem eu era. Temo que isso colocou Jasmine em um perigo maior. Guardarão-a bem mais cuidadosamente.
Juliette abraçou Solange.
- Nós a encontraremos e a traremos de volta.
- Quem era esse homem?
- Não é um deles. É um Cárpato. Riordan. Você já ouviu mamãe falar deles anteriormente. - Não pôde evitar a nota defensiva de sua voz.
- Ainda assim é um homem e não se pode confiar nele, Juliette. O que quer de nós? Não está também a raça dos Cárpatos sofrendo os mesmos problemas que a do jaguar? - Solange pegou a roupa das mãos de Juliette e amarrou-as, antes de prendê-las em volta do pescoço. - Precisam de bebês para manter viva sua raça.
- Pelo menos respeitam às mulheres e querem que sejam felizes, Solange. Nem todos os homens são responsáveis pelo que fazem alguns poucos. Ele suspeita que os homens jaguar entraram em contato com um professor vampiro. Vi um deles e se isso é um vampiro, senti o quanto perverso era. Os homens podem muito bem ter sido influenciados por ele.
- Importa-me pouco, por que e o que fazem. Não podem ter Jasmine. - Disse Solange. – Livre-se da roupa e saiamos daqui. – Ela estudou Juliette, enquanto sua prima se despia. - Está muito pálida. - Havia suspeita em sua voz.
- Não quero discutir contigo, Solange. Encontremos Jasmine antes que lhe façam alguma outra coisa.
- Nós não discutimos. – Objetou, Solange. - Ao menos não antes que tenha se misturado com um homem. – Ela estudou o corpo pálido de sua prima. - Um homem que toma o sangue dos outros.
Juliette ignorou a implicação.
- O jaguar ainda está atrás de nosso rastro?
- Voltei sobre meus passos e o conduzi para perto do laboratório, só para ver se ele pedia ajuda. Vários homens revisavam o que restou do edifício. Foi destruído completamente. O Cárpato teve algo a ver com isso?
Juliette assentiu.
- Encontrei-o lá, preso numa cela e consegui libertá-lo. Estava em más condições, pois foi torturado.
Solange amaldiçoou.
- Acho que isso faz com que eu goste dele. Ao menos conhece um pouco do que passam nossas mulheres.
- O Sol queima meus olhos. - Disse Juliette, pressionando-as as pontas dos dedos sobre os olhos. - Não importa o que faça, eles lacrimejam e minha pele parece querer formar bolhas.
- É assim. Mude de forma, Juliette, antes que vire uma bolha só. Conversaremos mais tarde. - Solange a olhava, atentamente. - Pode me contar sobre esse homem depois de que recuperemos Jasmine.
- Me conte se o homem jaguar se aproximou ou não dos humanos. - Animou Juliette enquanto amarrava suas próprias roupas e as pendurava em volta do pescoço.
- Se aproximou, sim. Falou brevemente com eles, embora não lhes revelou seu corpo. Foi capaz de mudar pela metade. A metade de seu corpo era humana e a outra metade jaguar. Eu não posso fazer isso. Nenhuma de nós pode.
- Você provém da linhagem mais pura que conhecemos. – Assinalou, Juliette. - Mamãe se referiu a você, como uma princesa, uma vez.
Solange fez uma careta.
- De algum modo não me considero muito afortunada. Não queria ser a princesa da gente do jaguar. – Ela olhou a seu redor. - Está preparada? Temos que sair daqui. Esses homens estão com Jasmine há muito tempo. – Ela já estava mudando. A pelagem explodindo através de sua pele, ondulando-se sobre sua face, enquanto seu focinho se prolongava para acomodar os dentes.
Juliette fechou os olhos que ardiam e se estendeu para Riordan.
- Diga-me que está a salvo.
- Estou profundamente nos braços da terra. Deixe-me te ajudar a mudar.
Ele sentia o cansaço dela, o quanto ela estava enfraquecida. Afogava-se na necessidade de retê-la com ele . Maior que sua própria necessidade, era a dela. Ela tinha que encontrar sua irmã e ele a entendia. Não gostava, mas entendia.
Juliette chamou o grande felino, concentrando-se na mudança de músculos e ossos. Sentiu Riordan movendo-se dentro dela, emprestando-lhe poder e força, quando não estava com forças para dar. Uma parte dela desejou chorar ao sentir sua dor. Temia a separação entre eles, que estava acontecendo, mas tinha que encontrar ao Jasmine.
A mudança aconteceu rapidamente. Juliette tocou o focinho com Solange e saíram juntas para o escurecido interior do bosque. Utilizando o agudo sentido do olfato do jaguar, elas logo encontraram o rastro de Jasmine imediatamente e se precipitaram atrás dela. Pegaram o atalho entre o matagal, sob as altas copas das árvores que lhes permitiam viajar rápido e em segredo.
Os pássaros voavam, trinando advertências a seu passo, mas nenhum dos jaguares prestou nenhuma atenção e depois de um momento, os pássaros voltaram para as copas das árvores, ignorando-as. O bosque se revolvia de vida, os insetos cantarolavam, as rãs coaxavam e os veados incautos lançavam avisos aos predadores maiores.
Juliette soube no momento exato em que Riordan sucumbiu à sublevação do sol e seu coração deixou de pulsar. O fôlego abandonou seus pulmões, o coração dela gaguejou em reação e de repente ela se sentiu completamente só e aflita, afligida. O jaguar tropeçou, quase caindo dos galhos. As garras se afundaram na madeira, esparramando folhas e ramos e fazendo com que os pássaros arreliassem mais uma vez. Solange se voltou bruscamente, para grunhir uma advertência para ela manter sigilo. Não queriam alertar nenhum dos homens que podiam estar guardando sua retaguarda.
Pesada, a densa copa das árvores a protegia do sol, mas Juliette ainda sentia os raios atravessando sua pele através da espessa pelagem. Os olhos dela choravam continuamente, ardendo com a intensa luz. Nada disso importava... Nem sua dor, nem seu desconforto. Nem a separação de sua outra metade. Ela concentrou-se em sua amada irmã. Jasmine era tudo o que importava. Juliette seguiu Solange.
O rastro se tornou mais quente, perto da tarde. O pungente aroma dos homens jaguar era mais fácil de seguir. Eles estavam apressando-se através do bosque e eram em quatro na forma de jaguar e um deles exibia a forma humana, para carregar ao Jasmine.
Apesar de sua determinação, Juliette notou que estava tendo problemas para manter o passo de Solange. Seu corpo, mesmo na forma do Jaguar, exigia que dormisse e o que era pior, queria mudar de volta a sua forma humana. Sempre tivera problemas para manter a forma animal durante longos períodos. Nunca havia demorado tanto. Nunca havia passado do amanhecer até quase a tarde toda transformada e era quase impossível continuar.
Solange se deteve bruscamente, sua forma animal de repente estremeceu. Juliette captou o aroma do medo e da violência sexual. Perdendo sua forma de jaguar, Juliette se afogada, sufocada e tentando se segurar ao galho da árvore, em busca de apoio para evitar cair. Solange mudou para sua forma humana, sujeitando Juliette, enquanto esta ficava violentamente doente.
Durante alguns minutos, a cabeça de Juliette troou com protesto, com raiva. Ela golpeou a casca das árvores até que seus punhos se feriram e sangraram, chorando incontrolavelmente.
- Ela luta com eles. Está lutando com eles e eu não estou lá para ajudá-la. Como podem lhe fazer algo semelhante?
Solange chorava silenciosamente. A fúria nela era profunda, firme e perdurável.
- Vamos trazê-la de volta, Juliette. Seja forte. Tem que ser forte por ela. Não podemos permitir que isto nos atrase. Querem-na dócil e cooperativa. Isto é uma amostra de dominação, para despojá-la de sua dignidade e esperar. Mas ela sabe que chegaremos. Sabe que nada nos deterá, até que a pegamos de volta ou estejamos mortas. - Solange afastou o cabelo dos olhos de Juliette. - Noto que o sol te faz mal e que seu corpo precisa descansar, mas você tem que se superar. Você veio sem importar o custo. Jasmine sabe como somos. Contará com isso e resistirá.
Juliette permitiu que sua prima a segurasse, que a consolasse durante um breve momento.
- Temos que nos apressar, Solange. Não podem acontecer isto uma segunda vez.
Nenhuma das mulheres queria pensar em suas mães, mas era inevitável.
- Pode manter a forma do jaguar? - Perguntou Solange.
Juliette assentiu.
- Não sei quanto tempo, mas farei o que posso. Tem alguma arma de reserva escondida nesta região?
- A uma milha daqui. Acredito que estamos perto de um de nossos esconderijos. Roupa, comida, água potável e facas. Temos que parar logo. Eles são homens grandes, mas vão parar para descansar.
Juliette se estendeu para sua outra forma. Era mais fácil não pensar em Jasmine e o que os homens lhe tinham feito. Não queria ver as manchas de sangue sobre o chão e os sinais de luta. Somente a debilitariam. Sua fúria estava forte e vingativa.
Lutou para sem manter, por várias horas mais, empurrando seu corpo quando precisava desesperadamente de dormir. Seus olhos lacrimejavam a cada passado do caminho, mas desta vez ela não estava segura se o motivo era pelos efeitos do sol, ou pela furiosa dor. Sabia pela forma em que Solange carregava seu corpo que ela sentia as mesmas intensas emoções, uma mistura de raiva e dor, que nunca desapareceria. Tentou não pensar na garota que Jasmine havia sido, seu sorriso travesso e sua gentil amabilidade. Solange e Juliette ardiam de paixão. Eram quentes e ferozes, com fortes emoções. Jasmine era doce, firme e irresistível.
Juliette sentiu um grito de negação fluindo pelo ar e se esforçou para sufocá-lo, na hora em que Solange se voltava, para assinalar onde estavam armazenadas as armas e a comida. Em forma humana, vestiram-se, atando-as correias das facas com a mesma facilidade com a que vestiam as roupas.
- Eles estão perto. - Disse Solange, em voz muito baixa. - Sinto-os. Estamos a favor do vento, em relação a eles. – Ela bebeu água da garrafa, armazenada junto com suas provisões. Era salobra pelo tempo de armazenagem, mas estava fresca. Depois, passou a Juliette. - Está preparada para isto? Não será fácil.
Seus olhos se encontraram. Juliette assentiu.
- Teremos êxito, não há outra alternativa.
Solange voltou a pegar a garrafa de água.
- Superam-nos em número e são fortes. Incrivelmente fortes. Ouvi dizer que os Cárpatos podem levar a cabo, feitos incríveis. Obviamente, se o homem pode se converter em névoa sob um ataque, ele pode nos ajudar, mesmo estando debaixo da terra?
Juliette procurou Riordan ansiosamente. Sua mente se sintonizou continuamente com a dele, precisando tocá-lo. E desta vez foi exigente, sua chamada afiada pela necessidade.
- Juliette?
Sua voz era baixa e longínqua, mas ali estava em sua mente e o alívio lhe encheu o coração e a alma.
Repassou os eventos do dia para ele que permaneceu muito quieto, retirando-se, mas não antes que ela sentisse o impacto de sua escura raiva. Emoção que fervia, perigosa e mortal. Bem mais letal que a dela. Deveria ter se assustado, mas reconfortou sua raiva, pelo bem estar de sua irmã.
Quando se concentrava em manter sua fúria sob controle, Riordan se estendeu até ela. A conexão era bem mais forte.
- Estes homens são perigosos. Seu comportamento está corrompido pelo vampiro, possivelmente são um grupo de dissidentes que se agruparam. Devem ser detidos, mas duas mulheres contra eles é perigoso e você sabe disso. Não ajudará a sua irmã, se morrer.
- Não temos outra escolha. Temos que ir a ela agora, Riordan. Não podemos submetê-la a mais violência. Por favor, entenda que não tenho outra escolha. Pode nos ajudar?
- Faltam duas horas até que o sol entre. Posso me elevar mais cedo. Dê-me mais uma hora.
Riordan queria abrir passo com as garras através da terra, para chegar até ela, mas seu corpo estava pesado.
- Solange os vigiará, mas se eles estão violando-a, não podemos nos sentar enquanto a tratam com brutalidade. Não pode nos pedir isso.
Ele amaldiçoou. Deveria tê-la convertido imediatamente e então ela estaria completamente sob meu amparo. Agora era tarde para corrigir seu engano. Estava preso e ela estava em terrível perigo. Mudou de tática sentindo a ligeira retirada dela. Não perdeu sua conexão.
- Zacarias, acorde. Preciso de sua ajuda. Manolito, Preciso de você.
Juliette conteve o fôlego, esperando. Sabia que Riordan era poderoso e já havia experimentado as tremendas habilidades de seu irmão mais velho. A esperança ressurgiu nela.
- Manolito está viajando até as Montanhas dos Cárpatos. - Zacarias respondeu a sua chamada. – Alimentarei você com minha força, quando for necessário. Advirta às mulheres, que se sua companheira cair, você também cairá e de uma forma que elas não poderão conceber o monstro que será solto.
Ela entendia mais do que acreditavam. Já era adepta a ler as lembranças de Riordan. Honestamente, não sabia se não teria unido Riordan a ela e o tivesse convertido imediatamente, que ser ela que pudesse ser consumida pela loucura do vampiro. Juliette lhe enviou tanta tranqüilidade como pôde.
- Obrigado, Riordan. Por favor agradeça a seu irmão.
Juliette voltou-se para sua prima.
- Eles estão conosco, Solange.
Solange voltou a lhe oferecer a garrafa de água.
- Confiarei em seu homem se você o fizer. Fique aqui e espere o sinal. Verei contra o que lutaremos. Isso deveria te dar outros poucos minutos para descansar.
- Iremos logo, Solange, como sempre. Se Jasmine estiver a salvo, esperaremos até que Riordan possa se elevar. Se não, com sorte eles poderão nos ajudar. - Já notava as nuvens de tormenta flutuando sobre elas, ajudando bloquear o sol e proteger seus olhos. O vento mudou completamente, trazendo a forte essência dos homens jaguar a elas. Juliette virou e abriu passo através dos arbustos, evitando cuidadosamente fazer ruído. Solange se perdeu de vista, perdida no bosque de orquídeas e samambaias. Poucos podiam ultrapassar a habilidade de Solange, de fundir-se com o bosque e permanecer invisível. Juliette tinha fé absoluta em sua prima. Mudou de posição, a distância do pequeno acampamento.
Os jaguares utilizavam uma pequena caverna, feita pelo homem, escavada no lateral do aterro. A abertura era uma simples rachadura entre duas rochas. Solange abriu passo até o círculo ao redor, sabendo que devia ter ali, uma entrada traseira. Os jaguares nunca se arriscariam a ficarem presos na caverna. O vento mudou quando ela se moveu, sempre a favor dela, lhe dando a localização exata dos sentinelas. Um homem jaguar, obviamente confiando no sistema de alarme do bosque, descansava nos ramos de uma árvore à esquerda da pequena caverna, dormindo no entardecer, cansado pelos dois dias que andara através do bosque. O segundo guarda se encurvava na forma humana, perto de um grande grupo de samambaias. Solange estava segura de que este era o recurso de emergência. Voltou até Juliette ,para conferenciar.
As duas se estenderam lado a lado na erva. Solange pressionou sua boca contra o ouvido de Juliette.
- Não posso ouvir nada na caverna. Acredito que estão descansando. Estou quase segura de que posso me aproximar do guarda em forma humana e matá-lo, mas nenhuma de nós será capaz de fazer muito com o jaguar. É grande e um lutador. – Solange tocou o flanco. - E rápido também.
- Não temos muitas probabilidades a nosso lado. – Assinalou, Juliette. - Com outro encima na árvore, contei cinco. Não vamos ganhar contra cinco jaguares adultos.
- Quatro. - Disse Solange, firmemente. - Depois que eu me ocupe do guarda. Tem razão, temos que atrair os outros para fora da caverna, para ter alguma oportunidade.
- Eu posso fazer isso. - Disse Juliette, com confiança.
- Não! A ordem de Riordan foi abrupta e ela ouviu o eco do protesto do Zacarias. - Espere tanto quanto seja possível.
- Riordan quer que esperemos, Solange. - Informou Juliette, ansiosamente, sem fazer idéia de como reagiria sua prima. – Ele tentará se elevar antes que o sol entre, para nos ajudar.
Solange assentiu, lentamente.
- Suponho que tem sentido, Juliette. Podemos não gostar, mas não temos muitas oportunidades contra cinco homens.
- Quero me aproximar, somente para me assegurar de que não estão tocando-a. - Disse Juliette.
- Irei eu. Posso ser invisível. - Um pequeno sorriso sem humor tocou os lábios de Solange. - Bem, não como seu Cárpato, mas me acerto.
- Você tem o dom. Reconheceu, Juliette.
Solange começou a dar a volta para a entrada traseira, presumindo que Jasmine estava sendo retida no mais fundo possível da caverna. O jaguar na árvore se moveu bocejando e sua boca totalmente aberta, mostrou afiados dentes. Solange se afundou entre as árvores, ficando completamente imóvel. Juliette deslizou uma faca em sua mão. O jaguar se estirou, olhou ao redor e cheirou o ar, provando-o com a língua e os bigodes sensíveis. O vento levava o aroma das mulheres para longe dele. O jaguar voltou a deixar cair à cabeça sobre as patas e fechou os olhos.
Juliette deixou que seu fôlego escapasse lentamente. Solange esperou alguns minutos mais, antes de continuar a avançar. Juliette se esforçou em observar o avanço de sua prima. As folhagens de uma samambaia balançaram ligeiramente, ao mesmo tempo em que o vento. Juliette não podia entender como Riordan e Zacarias tinham forças para guiar ao vento e seguir o progresso de Solange. Quase podia sentir Riordan movendo-se através dela, tentando avaliar o campo de batalha através de seus olhos. Ele estava esperando, como uma serpente enroscada, esperando o momento no que poderia explodir no céu e chegar até ela. A preocupação de Riordan era reconfortante e ela enviou sua avaliação.
A primeira advertência de Juliette foi à forma em que o guarda humano na entrada traseira, de repente virou a cabeça para a caverna com um sorriso perverso. Ele avançou alguns passos e espiou entre os arbustos, enquanto esfregava ausentemente o meio de suas pernas. Ela viu Solange se mover atrás dele. Um grito de fúria, terror e dor veio do interior da caverna e logo calou-se, bruscamente. - Não tenho escolha, Riordan. - Foi sua única desculpa pelo que pudesse passar. Utilizando o terreno mais alto, correu para a entrada da caverna, dando uma breve olhada em Solange e o guarda. O homem caindo no chão e a faca manchada de sangue na mão de Solange.
Riordan estava tranqüilo. Não protestou, simplesmente esperou, observando os acontecimentos se desdobrar, através dos olhos dela. Juliette podia sentir a presença de seu irmão mais velho. Eles se escondiam esperando seu momento.
- Fique na lateral e mantenha a lâmina elevada.
Riordan a instruiu enquanto ela se aproximava da entrada. Juliette não discutiu, pois já conhecia seu plano, captando os detalhes em suas mentes compartilhadas. Gritou o nome de Jasmine, para lhe fazer saber que não estava sozinha e atrair os homens fora da caverna. Tinha que confiar em que Solange guardasse suas costas, mantendo o jaguar longe dela. Seu braço relampejou, mais rápido do que sabia poder movê-lo, um movimento instintivo e calculado que acabou com o primeiro homem que se apressou a sair. O sangue empapou o chão, mas Juliette não podia olhar, não se atrevia a olhar. Ouviu o rugido do jaguar enquanto saltava dos ramos, sobre Solange.
Juliette se voltou para ajudar sua prima, correndo com uma assombrosa velocidade que não era dela. Solange mudou-se às pressas, enfrentando ferozmente o pesado felino macho, arranhando e mordendo. Pedaços de pele, pelos e tecidos voavam para todo os lados. Juliette parou imediatamente, pois não tinha possibilidade de ajudar Solange, de tentar matar o jaguar com a faca. Os dois felinos se enfrentavam, numa terrível fúria tornando impossível ajudar sua prima.
- Juliette!
Riordan estava se elevando. Ela sentiu-lhe explodir através da terra e as folhas, lançando-se no ar. Ante sua advertência se voltou, com a faca baixa e perto de seu corpo, enfrentando o assalto do jaguar que surgia na entrada da caverna. O pesado felino golpeou seu peito com força, fazendo-a retroceder, agredindo-a com seu pestilento hálito, na face. A dor atravessou-a, quando as afiadas garras atravessaram sua pele até o osso. Logo, ela sentiu Zacarias e Riordan movendo-se nela, a faca enterrando-se no flanco do animal ,enquanto os dentes se dirigiam para sua garganta. Respirava com dificuldade, mas Riordan obrigou o ar a entrar em seus ardentes pulmões. Ela bateu no chão com força e ficou presa sob o pesado corpo. Folhas e ramos empaparam de vermelho pelo sangue, mas ela não sabia dizer de quem era. Os dentes do felino estavam incrustados em sua garganta e seus braços pesados faziam impossível empurrar o pesado corpo longe dela.
- Olhe para Solange.
Riordan estava tão tranqüilo, que chegava a ser assustador. Havia uma ordem em sua voz que ela não podia desobedecer.
Jasmine gritou outra vez e o corpo de Juliette saltou ante o som.
- Olhe para Solange.
Riordan repetiu a ordem. Ele estava bem mais perto e ganhando força enquanto o sol começava a entrar.
Juliette não podia mover a cabeça, então moveu seu olhar para ver o felino macho arranhando cruelmente Solange. O sangue filtrava através da pelagem e Solange cambaleava sob o assalto. Uma neblina branca estava se formando sobre os olhos de Juliette. Ela piscou rapidamente para clarear sua visão. Jasmine gritou outra vez e Juliette podia ouvi-la chorar.
- Siga concentrada em Solange. - A voz de Riordan se suavizou. - Resista por mim. Resista, Juliette.
As chamas percorreram a pelagem do jaguar macho. Chamas brilhantes vermelhas e laranjas se divisaram nos pelos e manchas e engoliram o animal. Os dois jaguares rodaram sobre a terra, num terrível frenesi de garras e dentes, mas nenhuma só chama tocou à fêmea. O macho uivou e escapou.
Riordan erupcionou no céu. Um demônio de olhos vermelhos, com cabelos negros, soltos e voando ao vento. Materializou-se diretamente atrás do homem que sustentava Jasmine como escudo. Juliette realmente sentiu a cabeça do homem, como se fosse ela que a apertava. Riordan retorceu com força. O aterrador rangido foi ruidoso, quando rompeu o pescoço do homem e o atirou descuidadamente no chão.
Jasmine correu para ajoelhar-se junto a Solange, enquanto Riordan soltava cuidadosamente os dentes do jaguar do pescoço de Juliette e jogava o pesado corpo do felino longe, como se ele não fosse mais que um estorvo.
A dor a engoliu, precipitando-se através de seu corpo agora que tudo se acabara e ele estava ali. Riordan pressionou as mãos sobre as feridas agudas na lateral de sua garganta, apertando com força para evitar que ela sangrasse até morrer.
Juliette começou a se sufocar.
- Minha irmã está bem? E Solange? Não posso vê-las.
Riordan olhou sobre seu ombro, para as duas mulheres. A cara do Jasmine estava machucada, negra e azul. Sua roupa estava completamente em farrapos e havia sangue seco sobre seu corpo, mas estava viva e tentando desesperadamente conter o fluxo de sangue das muitas lacerações de sua prima. Solange estava nua e ensangüentada, no chão, mas estava alerta, observando Riordan enquanto ele se inclinava sobre o Juliette.
- Elas estão vivas, Juliette. Fique quieta, por mim.
Riordan confiou em que seu irmão permanecesse alerta, se por acaso houvesse mais problemas enquanto ele saía de seu corpo e entrava no dela, para tentar curá-la de dentro para fora. Juliette gargarejou, tossindo e cuspindo sangue.
- Salve-a. Maldito seja, sei que você pode salvá-la. - Gritou-lhe Solange. - Faça o que tem de fazer. – Ela tentou se levantar, empurrando fracamente Jasmine, que a mantinha no solo.
- Tenho que convertê-la.
- Isso significa o quê? - perguntou Jasmine, temerosamente.
- A quem importa. – Gemeu, Solange. – Apresse-se, antes que seja muito tarde.
Riordan ignorou tudo e a todos a sua volta. Juliette estava afastando-se dele. Inclinou a cabeça para sua garganta e bebeu, tomando mais de seu precioso fluido para um intercâmbio. Riordan a embalou nos braços, abrindo o peito e pressionando sua boca sobre o corte. Profundamente na mente de Riordan, Zacarias recolheu seu espírito em numa bola curadora de energia e se moveu através de Riordan, encontrando os ferimentos e artérias rasgadas na garganta de Juliette e começando a repará-las de dentro para fora. Sem cometer enganos, ele trabalhou fechando os buracos abertos e eliminando bactérias alheias a seu organismo.
Juliette sentiu os dois homens à distância. Zacarias se separou bruscamente como se a conexão entre eles se tornasse muito difícil de manter. Imediatamente, ela sentiu a falta da calidez e estremeceu. Riordan se inclinou e sussurrou para ela, ordenando que ela terminasse com o fluxo da força renovadora que entrava a torrentes em seu corpo. Tentou elevar a cabeça para sua face. Ele parecia muito preocupado. Sua mão revoou perto de sua coxa, mas não o bastante para se elevar no ar. Ouviu alguém chorando e virou a cabeça para o som.
Jasmine estava sentada junto a Solange e limpava sem sucesso, os ferimentos e chorava brandamente. Era apenas reconhecível, com a face arroxeada.
- Minha irmã vai viver?
Sua voz era suave e trêmula. Ela não olhou para Riordan, mas manteve o olhar fixo em sua prima.
- Sim, pequena. - Respondeu Riordan, gentilmente. – Juliette viverá. Tenho que levá-la para longe durante pouco tempo. Eu gostaria que você e sua prima fossem para meu rancho onde estarão salvo, até que possa trazê-la de volta a vocês.
Jasmine se aproximou mais de Solange. Foi um pequeno movimento em busca de amparo, mas Riordan notou imediatamente.
- Não pode eliminar o que ela está sentindo? O que lhe fizeram? Não pode desfazer?
Riordan levantou Juliette e a levou para sua irmã e sua prima.
- Não podemos ficar muito tempo. Preciso levar Juliette a um lugar onde esteja a salvo, enquanto a conversão se complete e onde eu possa curá-la completamente. - Sabe que não posso desfazer o que foi feito.
Solange se estendeu para tomar a mão de Jasmine, que entrelaçou os dedos aos de Juliette.
- Juntas, nós conseguimos. - Murmurou Solange.
Juliette tentou falar, mas sua garganta estava muito ferida, em carne viva.
- Pergunte a Solange se você pode curá-la.
Riordan podia sentir as ondas de desgosto e medo provenientes das mulheres. Estavam fazendo o que podiam por tolerá-lo e confiar nele, porque amavam Juliette.
- Ela quer que cure suas feridas, Solange. Não acredito que abandone este lugar e fique tranqüila, se não o fizer. - Era o único argumento que possuía. Se Solange não consentisse, ele teria que utilizar seus outros dons.
- Vamos lá então. - Solange não afastou os olhos de sua prima. - Não vou a seu rancho. Destruirei estes corpos para que nossa raça permaneça em segredo e Jasmine e eu iremos para nossa casa no limite do bosque pluvial, longe deste lugar. Esperaremos lá o retorno de Juliette. Jasmine e Juliette não serão felizes estando separadas. - Era uma clara advertência.
Riordan assentiu.
- Sou completamente consciente disso. - Não desejando esbanjar muito mais tempo conversando. - Riordan permitiu imediatamente que seu ser desvanecesse, chamando seu espírito a forma de uma forte bola de energia curadora e entrou em Solange. Ela tinha diversos ferimentos, a maior parte eram superficiais, mas alguns chegavam ao osso, como o de Juliette. Gastou um tempo precioso em curá-la, surpreso do quanto era difícil liberar sua mente de Juliette e do fato de que ela se afastava dele. Estava sempre concentrado, mas lhe requereu uma tremenda disciplina sossegar todo pensamento e concentrar-se em sua tarefa.
Solange estava lhe observando e seu olhar não vacilou. Seus olhos não piscaram. Sua mão permanecia na de Jasmine, mas sua atenção estava fixa em Riordan. Quando o corpo dele cambaleou e a consoladora calma desapareceu de seu interior, ela deixou escapar o fôlego.
- Jasmine, agora ele levará Juliette. Teremos que ser fortes um pouco mais.
Jasmine se inclinou imediatamente e beijou Juliette. Não olhou para Riordan quando falou.
- Obrigado.
- As duas devem ficar a salvo. Se forem a meu rancho...
Solange sacudiu a cabeça.
- Não, não podemos. Tente entender. Sei que nos ajudou, mas não tivemos boas experiências com os homens e nos sentimos mais a salvo sozinhas.
Riordan não podia ajudar, mas viu o tremor que atravessou o corpo de Jasmine. Juliette apertou os dedos de sua irmã.
- Sinto muito. Realmente tenho que levá-la para um lugar seguro, para a conversão. Eu não gosto de deixar vocês duas sós e desprotegidas.
- Graças a suas habilidades curativas, eu sou capaz de nos proteger. - Solange olhou a seu redor, para os corpos que jaziam sobre a terra. - A maior parte de nossos inimigos estão mortos. Leve-a, antes que a percamos.
Riordan embalou Juliette, mas se parou quando Jasmine deixou escapar um suave gemido de desassossego.
- O que acontece, pequena? – ele utilizou sua voz mais amável.
- Quanto tempo? - Jasmine se apegava em Juliette, como se não pudesse deixá-la partir.
- Podem ficar separadas por dois dias? Isso lhe dará tempo para se curar e se elevar com segurança. Solange conhece minha gente. Nossa palavra é nossa honra e dou-te minha palavra, voltaremos em seguida, no momento em que nos elevarmos. Juliette não desejaria outra coisa.
Jasmine assentiu e relutantemente permitiu que a mão de sua irmã caísse da sua e se inclinou para o Solange em busca de amparo. Solange abraçou-a.
- Vá agora, podemos bancar as desinteressadas, para deixar que a leve. Eu me ocuparei das coisas aqui.
Riordan não esperou uma segunda ordem. Já sentia os primeiros estremecimentos no frágil corpo de Juliette, uma onda de ansiedade, uma onda de fogo. O tempo estava acabando. Lançou-se ao céu, abraçando Juliette, ouvindo Jasmine soluçar. Olhando para baixo, pôde ver Solange sentar-se lentamente e embalar sua jovem prima.
- Deveria estar com ela, com Jasmine.
- Isto nunca deveria ter acontecido. - Replicou Riordan, sombriamente. Ainda não sabia como conseguira manter a raia, a escura raiva que em seu interior. Agora, conhecia nas lembranças de Juliette, a intensidade de seu amor por sua irmã e sua prima. As lembranças de sua tia e sua mãe morrendo nas mãos dos aberrantes homens. Cada um de seus instintos protetores se elevaram e a raiva respirou dentro dele.
- Obrigado por se preocupar por elas. E obrigado pelo que fez por minha prima. Sei que foi incômodo não sendo aceito.
O fogo floresceu no estômago de Juliette, estendendo-se através de seu corpo, engolindo cada órgão. Ele compartilhou sua dor, surpreso pela intensidade. Estava tão pouco preparado como Juliette, para a violência do mesmo. Ela estremeceu em seus braços, mordendo-se para conter o grito de dor e tentando romper a união entre suas mentes. Riordan aumentou sua velocidade. Não podia oferecer o amparo de seu rancho e sequer conseguir se aproximar de sua casa, mas depois de séculos vivendo e caçando vampiros na Sudamérica estava bem familiarizado com seus arredores. Deixou-se cair na terra, nas entranhas das montanhas, dirigindo-se para uma caverna profunda e com águas termais naturais. A terra era rica em minerais e a caverna seria um amparo natural contra inimigos. Podia colocar fortes proteções e saberia de que animais e humanos estariam a salvo de encontros acidentais.
Levou alguns minutos para preparar a caverna. As velas tomaram à vida, lançando estranhas luzes sobre os brilhantes charcos. Colocou Juliette sobre uma cama suave que construíra de terra rica e embalou seu corpo em seus braços acolhedores.
- Sei que dói, Juliette. Não tinha nem idéia de que seria tão doloroso.
- Não tivemos muitas escolhas.
Juliette tentava não falar. Sua garganta doía e não permitiria e também estava muito cansada. Podia sentir a fera nela lutando para viver, resistindo à mudança em seu corpo. O jaguar não queria a mudança de forma. Juliette estava muito fraca e sentia muito dor para que se importasse.
- Eu te teria convertido sem o ataque do macho. Riordan sentiu-se compelido a confessar, colocando-se perto dela, segurando-a amorosamente em seus braços, levando sua mão aos lábios. - Não teria sido capaz de continuar sem você. - Riordan não estava seguro de que fosse uma desculpa, mas desejava que ela entendesse suas conflitivas emoções.
- Eu teria sido incapaz de continuar sem você. Riordan, deixa de se preocupar. Tire-me à roupa. Não posso suportar seu peso contra minha pele. - O último pedido foi feito com desespero.
Ele tirou-lhe a roupa sem dedicar um pensamento ao tecido, arrancando-a de seu corpo tão rapidamente como foi possível. A pele dela estava quente ao tato. Riordan inundou sua própria camisa na mais fria das piscinas naturais e refrescou o rosto e as mãos dela.
- Sonhei com você uma vez. – Ela falou suavemente, enquanto limpava as gotas de água de sua garganta e as que desciam entre seus peitos. – Você estava sorrindo. Lembrei o som de sua risada durante anos depois. Manteve-me em pé quando não podia encontrar razão para continuar. – Ele afastou os cabelos dela da face. Juliette estava suando e as gotas de suor se misturavam com as diminutas gotas de sangue.
- Eu também sonhei contigo. - Havia felicidade em sua voz, a única coisa que evitou que ele chorasse quando uma convulsão a apanhou e a dor a atacou durante o que pareceu a ele, uma eternidade. Juliette segurou forte em suas mãos, tentando respirar através dele, superá-lo. Quando a onda de dor acalmou, ela suspirou. - Ainda acredito que é um sonho.
Riordan teve que engolir o nó que formava em sua garganta, várias vezes antes de poder falar.
- Mesmo agora, com o que estou fazendo você passar?
Os olhos dela brilharam , um aviso de sua paixão natural, o fogo contido em seu corpo feminino.
- Sou uma jaguar. Tenho escolhas e as tomo. Desejei você no primeiro momento em que o vi. Como jaguar, não tenho futuro. Contigo eu tenho. Como jaguar, não há felicidade, contigo há. Conheço a diferença, Riordan.
Antes que pudesse dizer mais alguma palavra, a seguinte onda de dor a abateu, mais forte que a última. O jaguar não ia deixar que Riordan a tivesse sem lutar. Riordan apertou os dentes, tentando tomar a dor dela, o ardente fogo que atravessava seu corpo e chamuscava suas vísceras. Ela permaneceu estóica entretanto, suportando a dor sem uma queixa. Não havia rastro de culpa em sua mente. Quando a onda passou, ela inalou profundamente a fragrância das velas curativas. – Acho que vou adoecer.
Foi a única advertência que Riordan teve e se moveu rapidamente, segurando-a, enquanto seu corpo se livrava das toxinas. Ela já estava violentamente abatida, quando outra onda de dor a atravessou. Riordan estava amaldiçoando, quando esta cedeu.
Envolvendo-a nos braços, ela levou-a até o charco mais frio, inundando-os até o pescoço. Enterrou a face contra o pescoço dela.
- Vamos sobreviver a isto?
Ela sorriu. Não fisicamente, mas ele sentiu em sua mente.
- Você é muito infantil quando se trata de mim. Vejo-o rude e duro quando assusta a todo mundo com sua imagem de menino mau e cai aos pedaços porque estou assim. - Em seguida, Juliette captou uma imagem na mente dele e ela trouxe lágrimas em seus olhos. - Está nervoso e furioso pelo que aconteceu a Jasmine. Riordan, não foi tua culpa. Como pode pensar isso?
Antes que ele pudesse responder, o fogo explodiu em seu estômago e pulmões, correndo através de seu corpo, até que ela se convulsionou novamente. Seu cérebro fechou-se para evitar a sobrecarga.
Tudo o que Riordan pôde fazer foi sustentá-la, sentir-se impotente, culpado e furioso por não entender o que acontecia.
Juliette abriu os olhos e o olhou.
- Está chorando sangue, Riordan. Não chore por mim. Eu escolhi meu caminho e não esperava que a mudança fosse fácil. Sinto o jaguar fraquejar. Sei por suas lembranças que mulheres humanas com habilidades psíquicas podem ser convertidas e todas as mulheres jaguar, e por sorte as descendentes com mais sangue diluído, são psíquicas. Tenho esperanças de que Solange encontre um Cárpato que lhe proporcione um pouco de felicidade e eventualmente, Jasmine. Mas temo que o jaguar em Solange seja muito forte. Nunca a deixará partir.
- Não devia tê-la tomado quando me salvou no laboratório. Você estaria em casa para ajudar sua irmã.
Ele não conseguia pronunciar as palavras em voz alta, para ela. Sussurrou-as em sua mente. A idéia de que um homem cometesse tais atrocidades contra uma mulher ardia como um buraco em seu intimo.
- Ela não me esperava voltar naquela noite, Riordan. Jasmine sabia que eu atrairia para longe, os rastreadores humanos. Nenhuma de nós esperava um ataque dos jaguares. Nem sequer sabia que estavam em nossa parte do bosque. Não estava preocupada com os machos.
Ele forçou o ar a entrar em seus pulmões. Havia tanta fúria nele que a terra estremeceu.
- Conheço-a através de você. Uma irmã cujas cicatrizes permanecerão por toda vida. Quis insistir em que fosse para casa conosco, para o rancho, mas tinha que te trazer completamente a meu mundo. Quem estaria com ela nas horas nas quais tivesse que ficar sozinha?
A seguinte onda de dor foi mais longa e seu corpo sofrido e convulsionado, gerou ondas no charco. As águas salpicaram com agitação. As chamas das velas saltaram como se o vento varresse a caverna. As luzes vacilaram e as fragrâncias se misturaram para levar um aroma curativo até o charco.
As unhas de Juliette afundaram na pele de Riordan. Ela levou alguns minutos para respirar novamente.
- Ela sempre me terá. E agora a você. Está nervosa em sua presença e também Solange, mas se acostumarão com o tempo. Seremos mais capazes de cuidar delas. Nós dois, com os dons dos Cárpatos seremos capazes de guardá-las mais cuidadosamente.
Ele a refrescou demoradamente, limpando sua pele. Suas mãos se atrasaram em lugares que ele notava que a consolavam. A água ajudava a manter sua pele fresca.
- A água ajuda. E a sensação de suas mãos, também. Quando sonhei com você, sonhei com suas mãos me tocando. Sabia o fariam sobre meu corpo antes que você me tocasse fisicamente.
- Quando sonhou comigo, eu tinha o mesmo aspecto?
Seu cabelo flutuava com o vento que estava na caverna e ele estava o mesmo sorriso incrível.
- Não podia ver seus olhos tão claramente porque você estava me tocando e eu estava te sentindo, em vez de te olhando.
O coração de Riordan quase parou. Ele lembrava seu sonho vividamente. Havia despertado com uma fome terrível e seu corpo vivo era a causa do calor. Com muita dificuldade reconheceu as ânsias sexuais, não às experimentava, em séculos. Ouviu-a em sua mente, sorrindo maciamente, sensualmente, chamando-o. Ela estava correndo na frente dele e sua fragrância o provocava. Em seu sonho não tivera outra atitude, que segui-la. Mas, ela sempre estava fora de alcance, uma tentação, deixando no ar atrás dela, um rastro de excitação sexual.
- Devemos ter ficado perto um do outro e eu emiti meu desejo. O mais puro sangue do jaguar, a maior parte dos calores sexuais nos pega duro. Infelizmente, não restam muitas de nós, as mulheres. Permanecemos tão longe dos homens como nos é possível.
Riordan fechou os olhos contra a seguinte onda de dor. A convulsão realmente a arrancou de seus braços, fazendo com que ela quase afundasse na água agitada. Ele amaldiçoou e tudo no que pôde pensar e depois começou a rezar, prometendo tudo o que pôde imaginar, se terminasse o sofrimento dela.
Ouviu a suave risada dela em sua mente, antes da dor abandonar seu corpo.
- Vai salvar o mundo se ele acabar?
Ele esfregou o queixo contra sua cabeça.
- Estou desesperado. Isso tem que acabar logo.
- Não me surpreende que sejam as mulheres as tenham os bebês.
- Você não os terá, não se parece com isto. Vamos viver sem ter bebê. Falo sério, Juliette. Acredito que me vou ficar doente.
- Mas vale que eu já estou bastante doente pelos dois. Estou cansada. Só quero dormir.
Ele saiu da água, levando-a de volta à rica e acolhedora terra.
- Posso te enviar para dormir no momento em que for seguro. – Ele beijou seus olhos fechados. Beijou o canto de sua boca.
– Amo você.
- Que estranho. Eu também te amo.
Mais duas intensas ondas mais de ardente que o fogo e as convulsões que as acompanhavam, antes que o jaguar desaparecesse e a conversão fosse completada. Riordan pôde emitir a ordem do sono curador. Envolveu-a nos braços protetoramente e chorou, enquanto as velas ardiam brilhantemente e a água lambia as beiradas do charco.
Riordan passeava de um lado pára outro. Sua natureza inquieta mostrando-se a toda prova, apesar de sua conduta ser normalmente tranqüila. Juliette já estava na casa com sua irmã e sua prima, durante maior parte da noite. O amanhecer estava a um par de horas de distância e ele ainda não havia passado tempo com ela. Entendia completamente a necessidade dela estar com sua irmã, depois de semelhante trauma e tentava com força suprimir a parte ciumenta de sua natureza, mas o medo era horrível, uma coisa que arranhava e o mantinha no limite. Solange e Jasmine não queriam nada com ele e Riordan não as culpava. A natureza gentil de Jasmine não podia tolerar o que havia lhe acontecido. Sua prudência estava por um fio. Juliette a ajudaria com suas habilidades curadoras, fortalecida por ele, mas sabia que as duas mulheres possuíam uma tremenda influência sobre Juliette. Ela também tinha uma natureza que exigia lealdade e responsabilidade. Jasmine sofria, estava terrivelmente ferida e Juliette podia sentir sua necessidade de permanecer com sua irmã.
No momento em que se elevaram, ele havia se alimentado, cuidado das necessidades dela e mantendo sua promessa à família dela, levando-a diretamente até elas. Sabia que precisavam estar sozinhas e havia sido ele quem sugerira esperar fora da casa, mas não podia evitar desejar protegê-la da dor pelo que Jasmine havia passado. Foi difícil nas horas seguintes manter sua mente firmemente longe da dela, para dar a Juliette e sua família, absoluta privacidade.
E ele estava passeando inquietamente diante da pequena casa.
Ouviu a porta abrir e se voltou. Juliette estava emoldurada na soleira, abraçando Jasmine e Solange abraçada ela, com força. Ela emergiu com um brilhante sorriso na face e lágrimas nos olhos. Obviamente estivera chorando durante horas. O coração de Riordan moveu em seu peito. Abriu os braços e ela foi até o refúgio de seu corpo.
Olhou sobre a cabeça dela, assentindo, quando Solange e Jasmine elevaram uma mão, na tentativa de cumprimentá-lo, antes de fechar a porta.
- Lamento não poder ter ficado, para te consolar. - Sussurrou, roçando beijos consoladores ao longo de sua têmpora e baixando até sua face molhada de lágrimas. - Queria estar lá, para você.
- Eu sei. Levava-o comigo e me apoiei em sua força em mais de uma vez. Ela precisa de tempo, Riordan. Por favor, não tome como algo pessoal. Chegarão a te adorar. Sei que será assim.
- Já me aceitaram. – Assinalou, ele. - Nunca esperei tanto, então estou agradecido.
- Quero mudar de forma e correr durante um pouco. Quero ficar sozinha com você em algum lugar bonito, no qual não possa pensar em coisas horríveis acontecendo às pessoas a que amo. Leve-me para longe, Riordan. Vamos encontrar um ligar onde eu não possa pensar.
- Você gostaria de tentar a forma de um leopardo? Com freqüência a utilizo para viajar através do bosque.
- Poderia ser o melhor. Ainda me sinto como um felino por dentro. - Estar perto de Riordan definitivamente tirava rastros do felino nela. – Vamos tentar. - A idéia de se perder numa forma animal era excitante. E estivera resistindo, todas essas longas horas, abraçando sua irmã, chorando com ela. Levantou o olhar para Riordan. – Não há como voltar atrás. Nem forma de ajudá-la. - Juliette pareceu envergonhada, por um momento. - Quase perguntei se você podia apagar suas lembranças.
- Não com um trauma tão grande. Poderia possivelmente minimizar o impacto, mas estaria sempre em suas lembranças e ela poderia não saber por que reage a coisas que são perturbadoras. Se quiser que eu tente...
Juliette sacudiu a cabeça.
- Jasmine é forte. Pode sobreviver a isto, quem sabe melhor que o resto de nós. Nunca tinha visto Solange tão cheia de pena. Escolhemos permanecer aqui, nos movendo de lugar em lugar porque mamãe nos disse que os homens estavam raptando mulheres que suspeitavam pertencer ao sangue do jaguar e as traziam-nas para cá. Elas não têm a ninguém mais e nem esperança de resgate por parte dos outros que não seja uma de nós. Então ficamos.
- Agora há outros para ajudar, Juliette. Eu farei isso. Meus irmãos farão o mesmo. Minha gente também fará.
Juliette sorriu, pela primeira vez e horas ou dias, seu coração se aliviou.
- Nossa gente, Riordan. Agora sou uma Cárpato.
Ele sorriu emoldurando a face dela com as mãos e inclinou a cabeça para encontrar sua boca, com a dele. Seu beijo foi gentil, amoroso e tenro.
- Absolutamente, você é um Cárpato.
- Então como faço a mudança?
- Mais ou menos como era antes. Tenho a imagem e a estrutura em minha mente. Estude-a, se concentre nela e alcance-a. Eu ajudarei. Em nosso caso, temos que manter a imagem em nossa mente todo o tempo, enquanto permaneçamos nessa forma. Converta-se no jaguar. Somos a imagem do animal. Temos todos seus sentidos e habilidades, mas devemos manter a imagem exterior.
Juliette gostava da idéia. Ocuparia seus pensamentos completamente. E compreendeu que não estava de todo, preparada para abandonar a liberdade que sempre sentia em sua forma de jaguar, através da pesada vegetação. Estirou os braços para o céu noturno.
- Me mostre ao leopardo.
- O leopardo está em sua mente. Mantenha a forma, Juliette. Não pode esquecê-la como fazia com o jaguar. - Advertiu ele.
- Contigo me lembrando, duvido que tenha oportunidade. – Brincou ela, já se estendendo para a imagem. Não era de tudo diferente das próprias origens únicas, mas era complexo. Quando ela mudou de forma, Riordan também mudou. Ele fazia parecer fácil, natural e divertido.
No momento em que Juliette sentiu os familiares músculos e tendões e o pelo, o regozijo se estendeu através dela. Voltou à cabeça para olhar o grande felino a seu lado. Ele era grande e brilhantemente negro com manchas mais escuras cobrindo seu corpo. Parecia poderoso, musculoso e muito atraente. Esfregou-se contra ele, corpo a corpo, num convite bastante afetuoso, para brincar. Girando, saiu correndo, rumo a sua gruta privada.
Riordan, profundamente dentro do corpo do leopardo, corria junto a ela, admirando suas linhas e curvas. Saltaram sobre troncos caídos, rodaram pelos arbustos, caçaram um pequeno esquilo ao longo de várias árvores e salpicaram através de dois riachos e subiram um aterro. Rasparam a casca das árvores, com ela tentando chegar mais alto, que o macho bem maior.
Ele esfregou o focinho ao longo da cara e do lustroso pescoço dela. Seus dentes morderam o pescoço e o ombro. A fragrância dela era amadurecida e feiticeira, cativando-o. Tudo o que ele pôde fazer foi pensar nela, que brincava e o provocava abertamente, fugindo, esperando que ele a pegasse. Depois, escondendo-se tentadoramente a frente dele, somente para saltar longe, antes que ele pudesse cobri-la.
Riordan agradeceu ao ver o reluzente charco de água esperando por eles, na gruta natural de rocha. As altas samambaias ocultavam o exuberante oásis dos olhos curiosos, convertendo-o virtualmente num paraíso.
Mudaram de forma, juntos. Juliette gargalhava de alegria.
- Foi tão divertido. - Seu olhar vagou atrevidamente, possessivamente sobre ele. - Vejo que a experiência foi particularmente excitante para você. - Juliette se aproximou dele, inalando seu aroma. Seus dedos viajaram com tentadora perícia sobre a dolorida ereção.
Antes que ele pudesse reagir, ela moveu as mãos sobre seu peito nu.
- Não acredito que a mudança tenha eliminado completamente o felino. – Ela passou as mãos pelo peito dele, provocantemente, sentindo cada músculo. - Pensei que desejaria que tudo desaparecesse, até o último rastro de DNA de meu corpo, mas mudei de opinião.
Seus dedos percorreram a pele dele, em pequenas e exigentes carícias, transmitindo uma certa urgência.
- Que parte do felino restou? - Era difícil respirar quando ela estava tão perto. Quando já estava pulsando e implacavelmente duro por causa de seu toque. Por seu sabor. Riordan fechou os olhos, brevemente, ante a sensação do apertado e ardente sexo rodeando seu membro, deixando-o louco.
Ela se inclinou para frente e lambeu o peito dele, esfregando seu corpo em toda a longitude do dele.
- Tocar. Tocar é muito importante para os felinos. - Sua mão deslizou pelo corpo dele, sobre seu abdômen, enredando-se ao redor de seu membro. O polegar esfregou gentilmente a ponta sensível. - Como isto. Os felinos adoram tocar e sentir. Nós gostamos de ser acariciados. – Ela sorriu para ele. - Acha que pode dirigir algumas carícias?
Juliette não lhe deu oportunidade, beijando seu peito, com a boca aberta e úmida, sua língua e seus dentes trabalharam e mordiscaram o corpo dele, até que Riordan pensou que poderia perder a cabeça. Agüentou o quanto pôde, com seu corpo endurecendo-se cada vez mais e a pressão acumulando-se a cada toque dos dedos e dos lábios dela. Ergueu a cabeça dela, para apressar seus lábios em busca dos dela, e devorou-a, beijo após beijo, incapaz de parar para respirar, com sua língua dançando com a dela.
O rugido podia estar em sua mente ou talvez na dela e era alto. Seu corpo ardia, doía e exigia alívio. Beijou incessantemente sua garganta, vale entre seus seios antes de se deter nos mamilos endurecidos, prodigalizando atenção completa, enquanto atraía seu corpo completamente ao dele.
Juliette colocou uma perna ao redor dele, alinhando seus corpos para que seu membro pressionasse firmemente contra sua úmida e acolhedora entrada.
- Não quero esperar mais. - Disse. - Quero te sentir todinho dentro de mim.
Ele acariciou o mamilo com a língua.
- Quando?
- Agora, neste minuto.
Juliette tentou encaixar seu corpo ao dele, mas Riordan se moveu, sua boca sugando esfomeado, seu seio. A cada longa e provocante sugada, uma de onda de calor se espalhava sobre sua ereção.
- Está segura? - Quando ela se retorceu novamente, ele abandonou toda a pretensão de jogo. Segurou suas nádegas com as mãos e a levantou.
Juliette gritou, deslizando-se sobre ele, encaixando-se ao membro enorme, como uma luva, contraindo seus músculos ao redor dele. Moveu-se com ele, lhe encontrando a cava investida, urgindo-o a mover-se nela mais duro e mais rápido. Sua respiração era entrecortada, chegava em roucos gemidos, mas o prazer estalou através dela como um arco-íris formoso, depois do que parecia uma escuridão interminável. Desejava que sua cavalgada fosse selvagem, abandonada e continuasse para sempre.
Riordan, tão sintonizado com ela, inundou-se em seu corpo, penetrando profundamente a cada estocada. Urgiu o quadril dela a seguir o mesmo ritmo que o dele. Juliette transpassou inesperadamente o limite e seu corpo estremeceu de prazer. A intensidade do orgasmo sacudiu os dois.
Riordan diminuiu suas investidas, aumentando a satisfação dela, provocando que ela tivesse uma série de fortes orgasmos. Ela gemia baixinho, depois de gritar seu nome, enterrando as unhas em seus ombros. Então ele se permitiu segui-la, explodindo de paixão numa onda de prazer, até o momento em que se sentiu completamente realizado.
Abraçados fortemente, Juliette descansou sua cabeça sobre o ombro dele. Levou alguns minutos para poderem abrir passo até a provocante frescura da água, deslizando-se nela.
- Adoro este lugar, Riordan. E você não? Quer ficar aqui na Sudamérica ou fazer a viagem de volta até o lugar onde nasceu?
Os dentes dele brilharam, lhe roubando o fôlego. Era sempre inesperada, sua reação e seu genuíno sorriso.
- Adoro esta terra. Ela se converteu em minha casa, Juliette. E nunca te levaria para longe de sua irmã e sua prima. Esquece que estou em sua mente e posso ver seus medos.
Ela sorriu largamente, com jeito de mulher perversa, mas obviamente aliviada.
- No que estou pensando agora?
Seu corpo inteiro enrijeceu.
- O que você está pensando é anatomicamente impossível, mas podemos tentar variações.
Ela sorriu para ele, completamente consciente de sua crescente fascinação com ela. Esperava que continuasse crescendo por toda a eternidade.
- É obsessão, não fascinação. – Assinalou, ele.
Ela se voltou, para flutuar com as pequenas ondas, levantando o olhar para as estrelas que brilhavam sobre sua cabeça.
- Eu gostaria de pensar que em algum lugar lá fora, há um homem para Solange e outro para Jasmine. Homens bons. - Voltou à cabeça para ele que nadava lentamente junto a ela.
Riordan a levantou nos braços, incapaz de suportar a melancolia em sua voz. Agasalhou-a firmemente, abraçando-a contra seu corpo, desejando protegê-la de toda a maldade do mundo.
Juliette jogou o cabelo para trás, para fitar seus olhos.
- Alguém como você, capaz de amar, custe o que custar. Alguém capaz de entender como foram nossas vidas e o trauma que atravessamos. Acha que pode acontecer com elas, o que aconteceu comigo?
-Riordan sussurrou em seu cabelo. - Tudo sairá bem.
- Quase sinto como se nunca ficará bem de novo. – Juliette disse e escondeu a face contra o ombro de Riordan.
- Não acontecerá esta noite, Juliette, mas podemos ajudá-las a reconstruir suas vidas. Vocês são minha família agora. E estão sob o amparo de minha gente. Dos Cárpatos.
Ela voltou os lábios, cegamente para ele, quase os afundando sob a água. Ele respondeu, beijando-a. Suas mãos lhe acariciavam o cabelo.
- Tudo sairá bem, Juliette. Prometo-lhe e levo minhas promessas seriamente. – Ele acariciou o rosto dela, tentando reconfortá-la.
Juliette se achegou mais contra seu corpo, apertando seus braços sobre ele.
- Sei que enquanto estiver comigo, serei feliz. Com os dois trabalhando juntos, somente posso acreditar que as pessoas que amo encontrarão também a felicidade. Não temo por nossas vidas.
Riordan elevou seu queixo e tomou posse de sua boca. Ainda restavam algumas horas até que tivessem que ir para a terra e ele estava decidido a aproveitar a maior parte do tempo.
Christine Feehan
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