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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


FOUND AND FORGET / Ivy Asher
FOUND AND FORGET / Ivy Asher

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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"Você sente o cheiro de couve-flor podre misturada com cheiro de leite azedo?” Torrez me pergunta, sua mão grande se movendo para as minhas costas e seu peito roçando no meu ombro enquanto ele se inclina.
Afasto os pensamentos perturbadores e sujos que sua proximidade envia disparando através das minhas sinapses, e me concentro no que ele está perguntando. Eu tomo um profundo puxão e tento não enrugar o nariz quando o forte e potente fedor da podridão se infiltra.
"Excelente", treina Torrez enquanto abaixa a voz. “Essa cara de poker é uma obrigação, especialmente em torno de outros shifters. Você não quer entregar a todos os aromas que está sentindo deles.”
Eu aceno e volto minha atenção para o lamia que estamos questionando. Seu rosto está definido como se ele não pudesse ouvir nada do que estamos dizendo e simplesmente esperando a próxima pergunta.
"Você promete não caçar outro Sentinela ou ajudar alguém que queira?" Eu pergunto, percorrendo a lista de perguntas memorizadas que temos perguntado aos lamias deste ninho desde a semana passada.
"Eu prometo que todos os Sentinelas estarão a salvo de mim", ele responde casualmente, olhando-me nos olhos como se isso substituísse a nova dose de couve-flor podre e leite azedo que acabou de permear o ar.
Balanço minha cabeça para o lamia e tento não respirar muito profundamente a mentira com a qual ele acabou de manchar a sala. Em um flash de movimento, conjuro uma espada curta na palma da minha mão e corto a cabeça dele fora. Torrez e eu pulamos para trás para tentar evitar o jato de sangue, mas faz pouco para impedir que fiquemos salpicados quando o corpo do lamia caiu no chão e depois se transforma em cinzas.
"Parece que o chuveiro número três está em ordem", resmungo enquanto Torrez puxa um lenço do bolso de trás e o entrega a mim para limpar meu rosto.

 


 


"Mmmm, eu posso pensar em maneiras piores de gastar meu tempo", confessa Torrez, baixando a voz para aquele estrondo sexy que ele sabe que me deixa molhada.

A lembrança do último banho que tomamos aparece em minha mente, e eu lambo meus lábios com o pensamento da luta sexy que ocorreu e as novas rachaduras que deixamos nas paredes de pedra circundantes. Quem diria que foder e lutar por domínio era tão quente? O olhar de Torrez mergulha na minha boca, e um sorriso conhecido se estende por seu rosto. Eu alcanço o lenço e limpo o sangue de seu rosto. Ele fez a barba hoje de manhã e seu rosto está suave.

"Eu quero essas bochechas sem barba por fazer entre as minhas coxas", digo a ele enquanto corro meus dedos sobre sua mandíbula forte e subindo em seu cabelo preto curto.

Ele entra em mim e agarra meus quadris. "Eu posso providenciar isso", ele me diz.

O cheiro de pinheiro quente gira em torno de mim, e seus olhos castanhos brilham com calor e promessas de prazer.

"Eu posso sentir o seu desejo, Lobo", eu ronrono sedutoramente enquanto desativo as runas de companheiro. A cor floresce ao meu redor quando meus olhos de lobo cedem lugar aos meus olhos de Sentinela. O cheiro de Torrez e seu desejo desaparecem momentaneamente até que ele se inclina e belisca meu ombro, e meus sentidos são mais uma vez preenchidos com o aroma limpo e amadeirado que ele exala.

"Mmmm, e eu posso sentir o seu, bruxa."

Uma batida na porta afasta meu foco da sensação dos lábios macios de Torrez na minha pele. A porta se abre e Bastien entra. Ele dá uma olhada nas cinzas no chão e assente.

"Outro?" ele confirma.

"Sim, no que isso nos colocou?" Eu pergunto enquanto luto contra o arrepio que percorre meu corpo quando Torrez morde meu lóbulo da orelha.

"Cinquenta e três. O que não é ruim, considerando quanto tempo Adriel estava caçando sentinelas e fodendo esse ninho.”

Concordo com a cabeça, mas estou momentaneamente perdida em pensamentos. Cinquenta e três lamias em quem não se podia confiar para não continuar o que Adriel havia começado. Isso é um quinto dos 267 que estavam no ninho, mas parecia que muitos deles estavam saindo dos seus esconderijos apenas nos últimos dias.

"Quantos restam?" Eu pergunto distraidamente.

As mãos de Torrez caem dos meus quadris e ele volta a segurar minha bunda. Ele está propositadamente dificultando o foco no que Bastien está dizendo. Eu rio, deslumbrada com seus esforços.

“Esse foi o último. Nós só tínhamos vinte por hoje, e vocês dois voaram através deles. Você está melhorando” Bastien me elogia enquanto bate no nariz.

Sorrio com os elogios e solto um suspiro cheio de tensão. Fico feliz em terminar de tentar descobrir quem neste ninho ainda é uma ameaça.

"As irmãs estão prontas para você, quando você quiser passar pelo o que elas estão empacotando para você", acrescenta Bastien e se inclina contra a porta, afastando suas longas ondas marrons escuras do rosto.

Corro meu olhar faminto por seu alto corpo cinzelado. "Eu preciso tomar banho primeiro e depois podemos resolver tudo isso."

"Dibs1!" Bastien chama, seus olhos castanhos ansiosos e brilhando de humor.

A cabeça de Torrez se levanta e ele lança um olhar para Bastien, que agora sorri.

"Vacilou, perdeu, Lobo", provoca Bastien, e Torrez joga a cabeça para trás e solta um rosnado irritado.

Eu rio da troca, e Bastien me dá uma piscadela arrogante que envia um estalo de luxúria direto para o meu clitóris.

"Nem comece, Bruxa", brinca Torrez, e eu jogo minhas mãos, palmas para fora, em um gesto de inocência.

"Ei, Dibs supera pedra-papel-tesoura", eu declaro.

“Gosto mais disso. Eu continuo esquecendo que mudamos as regras” Torrez lamenta, e eu rio ainda mais.

"Você gostou mais porque ganhou mais", Bastien acusa de brincadeira. "E eu não me importo com o que você diz, ainda acho que é porque você pode sentir o cheiro do que escolhemos antes de jogar."

Torrez sorri e balança a cabeça. "Pshhh, eu sou tão bom assim", ele anuncia arrogantemente e depois puxa a mão da minha bunda para fazer o sinal universal de tesoura e depois assopra.

Dou um tapa no peito dele e saio de seu espaço pessoal. Passo por cima da pilha de cinzas e pego a mão estendida de Bastien.

"Você me fez mal, mano", brinca Torrez.

"Pare de me dar esse olhar de cachorro", repreende Bastien e gargalha quando Torrez mostra o lábio inferior. "O justo é o justo", defende Bastien.

"Sem coração", Torrez grita e agarra seu peito dramaticamente. "Pelo menos, deixe-me ver já que você não vai me deixar participar."

Minha cabeça vira para Torrez, chocada. Seu sorriso cresce ainda mais.

"Você sabe que ia gostar", ele brinca e me dá uma sacudida de sobrancelha.

Dou de ombros porque não há como negar isso honestamente.

A BG2 ataca novamente.

Como eles podem ouvir esse pensamento, Torrez e Bastien riem. Ou talvez seja a minha falta de negação que eles acham tão divertido. Bastien me puxa para fora da sala manchada de cinzas, e Torrez nos segue de perto como o filhote animado que ele é. Passamos por um grupo de lamias no corredor, e eles nos dão um amplo espaço.

Me incomoda que grande parte do ninho ainda aja como se fossemos uma ameaça e que merecemos seu medo. Suponho que as cinzas que espanam minhas roupas no momento não sejam exatamente a visão mais reconfortante para eles, mas não estamos apenas matando à toa. Estaremos partindo em qualquer dia a partir de agora, e precisamos garantir que esse ninho não seja mais uma ameaça para nós ou para os lamia restante antes de partirmos.

Surpreendentemente, os lamias foram levados aos membros do grupo de metamorfos Volkov que brigaram conosco como se fossem da família. Não sei se isso é uma coisa da linguagem ou se a camaradagem deles encontra sua base em uma antipatia mútua por conjuradores e paladinos. Seja qual for o motivo, eles se acolheram de braços abertos, e o bando de Volkov prometeu proteger o ninho depois que o resto de nós se fosse.

É menos uma coisa com a qual preciso me preocupar ou ser responsável, e sou grato pelo alfa, Fedor - mesmo que ele não tenha desistido do amor pela Brun. Eu juro, se eu tiver que ouvi-lo se gabar de quão incrível Brun é mais uma vez, eu vou perder a cabeça. No começo, ele estava apenas falando dela para Torrez, mas agora ele canta seus louvores para todos os meus escolhidos. Porra de gosto questionável, se você me perguntar.

"Vinna", ecoa pelo corredor atrás de nós, e me viro para encontrar Becket e Enoch.

"Tiveram sorte?" Eu chamo enquanto eles se aproximam.

Os dois diminuem a velocidade e balançam a cabeça. Solto um bufo frustrado.

“Procuramos em seus aposentos, na biblioteca e em qualquer outro lugar que faria sentido um sanguessuga louco guardar livros sobre os Sentinelas, mas não conseguimos encontrar nada”, explica Becket, e olho ao redor do corredor da caverna como se houvessem pistas escritas nas paredes.

"Ele poderia estar mentindo, Vinna", Enoch oferece com um encolher de ombros.

"Talvez", eu finalmente admito. “Eu não sei por que ele faria; ele parecia saber muito.”

“Ele provavelmente estava apenas brincando com você. Seu irmão foi um Escolhido, então ele pode ter aprendido muito com ele. Não sabemos em que momento Adriel saiu dos trilhos. Ele poderia ter recebido informações privilegiadas há séculos” declara Becket.

Por mais que eu odeie, é hora de aceitar que ele provavelmente está certo. Não faz sentido insistir no que provavelmente são livros inexistentes.

“Essa caverna é enorme. Provavelmente levaria um ano para procurar por todos os cantos e recantos para ter certeza de uma maneira ou de outra. Você estará perto dos Sentinelas em breve. Tenho certeza de que eles podem te ensinar mais do que qualquer livro que Adriel possa ter escondido em algum lugar deste lugar”, diz Enoch com um sorriso reconfortante.

Bastien esfrega pequenos círculos nas costas da minha mão com o polegar, e os nervos ganham vida no meu estômago ao pensar em outros Sentinelas.

"Falando nisso, quando vamos partir?" Becket pergunta.

O aperto de Bastien aumenta em mim, mas ele felizmente mantém a boca fechada. Se eu tiver que voltar para o argumento de por que Enoch e seu clã devem vir com a gente para a Cidade dos Sentinelas, eu vou dar um soco nele e, em seguida, revogar seus dibs por um mês. Talvez não a última parte, mas definitivamente o soco acontecerá.

“Terminamos a última das entrevistas hoje, para que, assim que todos estiverem prontos para partir, possamos sair. Vou verificar com Sorik e avisar vocês.”

Becket e Enoch me dão um aceno de cabeça e voltam na direção de onde vieram. Bastien puxa minha mão para me mover, e afasto minha decepção por não encontrar nenhum manual de instruções dos Sentinelas e me lembro do que Bastien e eu estávamos indo fazer.

Gostaria de saber se Torrez realmente apenas assistirá ou se ele se juntará à diversão.

"Lobo", Knox chama quando viramos o corredor que leva ao nosso quarto.

Todos nós gememos simultaneamente e nos viramos para encontrar Knox correndo pelo corredor.

Porra, ele é lindo.

“Alguma garota chamada Brun está chamando por você. Algo sobre precisar de ajuda para organizar as patrulhas” explica Knox, e eu rosno.

Torrez ri, e eu o rodeio. “Eu preciso chutar a bunda dela de novo? Qual é o problema dela, afinal?”

Torrez levanta as mãos em um gesto apaziguador. “Ela é quem Fedor enviou. Quanto mais rápido a ordenarmos, mais rápido todos podemos sair” ele me lembra.

“Ordenar ela? Deveria ter me deixado arrancar a cabeça dela quando tive a chance” resmungo e afasto o rosto de Torrez quando ele tenta dar um beijo divertido na ponta do meu nariz.

"Deixe ela saber que eu vou encontrá-la em uma hora ou..." Ele olha para mim. “Em duas horas. Eu irei atrás dela quando terminar” instrui Torrez, e minha Boceta Gananciosa dá um clichê ganancioso de expectativa animada.

"Vai servir", responde Knox. "Onde vocês estão indo?" ele pergunta casualmente, mas o brilho em seus olhos o denuncia.

"Foder", anuncia Bastien e começa a me puxar pelo corredor novamente.

Eu rio.

"Dibs no próximo momento livre que ela tiver", Knox grita atrás de nós.

Bastien para e revira os olhos. “Você não pode declarar Dibs para possíveis oportunidades futuras; você tem que estar lá no momento para isso. Essas são as regras” explica Bastien, exasperado.

"Não sei por que não podíamos simplesmente continuar com pedra-papel-tesoura", resmunga Knox. "Não há regras complicadas como essa."

Torrez estende o punho em direção a Knox. "Certo! Era o que eu estava dizendo” ele declara quando Knox o soca.

"Mas, com certeza, você estava trapaceando", diz Knox a Torrez, e agora Bastien estende o punho para Knox, pronto para o golpe.

Eu rio e balanço minha cabeça com a briga que está acontecendo agora. Eu grito de surpresa quando Bastien dá um tapa na minha bunda de repente e continua pelo corredor. Knox nos segue, e eu rio com o olhar confuso que Bastien dá a ele.

"O que você está fazendo?" ele pergunta a Knox enquanto continua nos seguindo para o nosso quarto.

“Você disse que eu tinha que estar lá no momento para declarar Dibs para a próxima oportunidade. Estou indo para poder declarar para a próxima oportunidade.”

Knox anuncia isso como se Bastien fosse um idiota por não fazer a conexão.

"Bem jogado", Bastien afirma com um aceno de cabeça, e então voltamos a correr pelo corredor.

"Corra mais rápido", diz Torrez. "Alguém mais virá interromper a qualquer momento agora, precisamos nos mover." Torrez vocaliza a última palavra como algum comandante da equipe SWAT na TV, e todos nós aceleramos.

Bastien abre a porta da sala e depois para de repente, forçando o resto de nós atrás dele a bater em suas costas largas.

"Que diabos -" começo, mas paro quando os rostos sorridentes das irmãs olham das malas que estão fazendo para mim.

"Momento perfeito", Birdie sorri, e ela voa e me extrai do sanduíche de músculos que eu estava. "Precisamos roubá-la um pouco, Vinna, para que possamos escolher os itens que você acha que funcionarão melhor para esta viagem, e então terminaremos de arrumar sua mala."

Olho para trás, ansiosa, por cima do ombro, e Lila ri.

“Haverá tempo de sobra para devastação mais tarde, amor. Quanto mais cedo terminarmos, melhor” ela me consola, e, porra, graças a Deus, não coro, porque a maneira como ela disse devastação teria feito o truque.

"Vocês três são tão ruins quanto o capitão", Knox acusa e depois mergulha pela porta para evitar a bota de caminhada que Adelaide lança para ele com uma risada.

"Essas malas estão prontas para ir", anuncia Birdie, apontando para quatro malas alinhadas contra a parede perto da porta. "Vocês meninos usariam esses músculos fortes que Vinna está sempre falando, e carregariam até os veículos?" Birdie bate os cílios para Torrez e Bastien, e eles se dobram como papelão.

"Os dibs ainda contam!" Bastien declara enquanto pega duas malas e se aproxima de mim. Ele me beija profundamente e depois se abaixa um pouco para me olhar nos olhos. "Apenas pausado", ele diz enquanto se vira e se dirige para a porta.

"Apenas pausado", eu grito às suas costas quando ele desaparece da sala.

Torrez ri e balança a cabeça. "Gananciosa, gananciosa, gananciosa", ele grita enquanto pega as outras duas malas e se vira para seguir Bastien pela porta.

"BG para sempreeeeee", eu grito atrás dele e depois rio quando ouço sua gargalhada ecoar de volta pelo corredor e entrando na sala.

"Você tem um excelente gosto, devo dizer", Adelaide me diz e depois bate com uma camisa na minha bunda. Eu grito em protesto e me afasto dela quando parece que ela vai fazer isso de novo. “Que Torrez e Siah são os mais doces, e você sabe como nos sentimos em relação aos meninos”, ela me diz, acrescentando a camisa em um tipo de mochila que os mochileiros usam.

"São as doces personalidades das quais você é fã ou os doces traseiros deles que chamam sua atenção?" Eu provoco e jogo uma meia em Adelaide. "Não pense que não vi aquele olhar sonhador em seus olhos enquanto olha para Siah."

Ela suspira em falsa indignação.

"Ah, sim, eu conheço esse, é esse olhar que normalmente é reservado apenas para um delicioso rolo de canela e uma xícara de chai cremoso", Lila chama sua irmã e eu falo.

"Como eu disse, eu estava simplesmente admirando o excelente gosto de Vinna", defende Adelaide, sua risada arruinando o olhar inocente que ela está tentando dar. "E não fui eu que olhei para aquele shifter que carregou suprimentos para a cozinha outro dia, foi?" Adelaide joga casualmente, sabendo que vou abraçar minha Mave interior e atacá-la como uma piranha.

"Ooohhh, quem era?" Eu pressiono, mordendo a isca sem um pingo de vergonha.

"Eu acredito que o nome dele é Artemi", Birdie oferece, entrando em ação.

Lila fica toda corada, e eu tenho que lutar para não rir. "Espere", eu ordeno enquanto mergulho na cama e me sento confortavelmente. Inclino-me contra a cabeceira da cama e ajeito o travesseiro na parte de baixo das minhas costas. "Ok, pronto", anuncio e fixo meu sorriso animado em Lila. "Conte-me tudo!"


02


EU bato na porta levemente, um peso no meu peito fazendo o possível para afastar a luz e felicidade que as irmãs acabaram de depositar lá. Sei que as circunstâncias são ruins por trás da chegada delas, mas estou tão feliz que as irmãs estejam aqui. Elas aterram e iluminam a todos de uma maneira que somente elas são capazes de fazer. Eu escuto por uma resposta e bato com mais força quando alguém não vem.

"Entre", Sorik finalmente chama do outro lado da porta fechada.

Giro a maçaneta e tento acalmar o turbilhão do meu interior enquanto entro e encontro Sorik sentado ao lado de Vaughn.

"Estou interrompendo?" Eu pergunto, hesitante, pegando o livro que Sorik tem em suas mãos e depois estudando o próprio Sorik. Seus longos cabelos loiros estão puxados para trás e ele tem uma pitada de barba no rosto. Ele ainda tem a vibração Viking, mas posso dizer que as coisas estão pesando muito nele.

"De jeito nenhum", Sorik me tranquiliza enquanto fecha o livro e me oferece um sorriso caloroso.

Dou-lhe a volta e puxo um assento ao lado de Vaughn.

"Hoje não há acompanhantes?" Sorik provoca, e eu rio. "Estou horrorizado que eles tenham deixado você fora da vista deles."

"As irmãs espantaram todos eles para que pudéssemos fazer as malas e ter conversa de meninas", ofereço.

"Ah, sim, as irmãs são oponentes formidáveis", proclama Sorik, com os olhos cheios de respeito e humor.

"Elas são", eu concordo com uma risada. "O que vocês estão lendo hoje?"

"Estávamos mergulhando em Intensity por Dean Koontz", diz Sorik enquanto segura o livro para que eu possa examinar a capa.

"Eu não li esse ainda, é bom?" Eu pergunto sem jeito, evitando os tópicos mais profundos que estão na minha garganta, como se eu tivesse mordido muito deles e preciso de água para me ajudar a engolir tudo.

"É excelente, uma das minhas leituras favoritas e uma que eu volto várias vezes", declara Sorik, enquanto olha para o livro em seu colo com carinho. "Eu vou emprestar para você assim que terminarmos."

Eu arregalo meus olhos em surpresa exagerada. "Estou honrada por você confiar em mim com um tesouro."

Ele sorri. "Obviamente, se algo acontecer com ele, eu irei atrás de você."

"Obviamente", eu concordo com um sorriso divertido.

Eu não tinha certeza sobre Sorik antes, mas na semana passada, tive a chance de conhecê-lo melhor. Ele é gentil e engraçado, e ele tem esse jeito que acho reconfortante. Se eu tivesse crescido como alguns dos caras, Sorik seria um pai para mim. No começo, eu não sabia como me sentia sobre isso, mas quanto mais eu interajo com ele e o observo, mais vejo como seria incrível tê-lo enquanto eu crescesse. Nós dois caímos em um silêncio confortável enquanto observo a terceira pessoa tranquila de nossa brincadeira, Vaughn.

Ele está sentado, parado na cadeira, apenas esperando ser instruído. Ele está congelado, em algum estado de limbo, ação e inação irradiando de todas as células. Eu superei minha esperança de que em algum momento ele simplesmente se vire para mim, faça contato visual e veja o mundo novamente... me veja. Estou familiarizada com esta versão dele agora. É simultaneamente um conforto estranho e uma coisa fodida que tudo isso agora parece normal.

Não me incomodo em perguntar se algo mudou; está claro que não, ou não estaríamos sentados aqui.

"As irmãs acabaram de fazer as malas, e Torrez está se encontrando com Brun para conseguir tudo o que precisa antes de partirmos", digo a Sorik, em um esforço para afastar minha repentina tristeza. Eu tento - e falho - em não parecer uma criança petulante.

Brun do caralho.

Sorik me dá um sorriso conhecedor, e então seus olhos se movem de mim para meu pai, sua diversão evaporando.

"Você já decidiu o que acha que devemos fazer com seu pai?" Sorik me pergunta, como se eu fosse o fator decisivo em tudo isso.

Agradeço seus esforços para me incluir e me ajudar a sentir que tenho uma palavra a dizer, mas Sorik conhece Vaughn melhor do que eu. Ele realmente deveria apenas se consultar.

"Eu já te disse, não acho que sou a melhor pessoa para tomar decisões por ele..."

"Quem melhor para tomar decisões do que sua filha?" Sorik mais uma vez argumenta amorosamente.

Eu alivio um suspiro frustrado e corro meus dedos pelos meus cabelos. "Sorik, pare de fazer isso... por favor", eu imploro. “Isso me faz sentir uma merda. Eu sei que ele é meu pai, mas eu não o conheço. Não sei como me sentir sobre nada disso. Em um minuto, fico feliz por ele estar aqui, e no outro sinto como se estivesse de luto. A única pessoa nesta sala que o conhecia bem o suficiente para decidir o que ele queria, é você, e você sabe disso. Pare de colocar o peso do futuro dele nos meus ombros, é demais.”

O olhar de Sorik se enche de compreensão e simpatia, mas também é envolvido em determinação.

“Você o conhecerá, Vinna...”

"Você não sabe disso", suspiro. “Ele pode nunca acordar; isso pode ser tudo o que há para ele... para mim... apesar de suas esperanças de que será de outra maneira. "

"Mesmo que isso seja tudo, eu vou ajudá-la a conhecê-lo", ele responde, e eu me levanto da cadeira e começo a andar, meus problemas mordendo meus calcanhares implacavelmente a cada passo. Ficamos em silêncio por um longo tempo enquanto tento resolver as coisas, e Sorik silenciosamente dá seu apoio enquanto ando inquieta pela sala.

"Não parece certo deixá-lo com Aydin e Evrin", eu finalmente admito depois que circulei pelo espaço várias vezes. "Eu sei que as irmãs disseram que cuidariam dele, mas eu simplesmente não gosto da ideia dele..." Eu me afasto, sem saber o que estou tentando dizer.

"Estar tão longe?" Sorik fornece.

Eu dou de ombros.

"Eu simplesmente não sei como ele viria conosco ou no que vamos entrar", confesso.

"Mas estaríamos lá para cuidar dele, para garantir que ele esteja bem", fornece Sorik.

"Nós estaríamos", eu concordo. "Mas se as coisas correrem mal?"

“Vinna, você é uma Sentinela solicitando acesso a uma cidade dos Sentinelas. O que exatamente você acha que vai dar errado?”

Dou a Sorik o meu melhor olhar de fala sério, porra! e faço outra rotação ao redor da sala. "Eu honestamente não tenho ideia. Os Sentinelas ficaram escondidos todo esse tempo por um motivo. Quem dirá como eles se sentirão por eu bater na porta e perguntar o que há para o jantar.”

Sorik dá uma risada divertida e esfrega a mão no rosto. Ele tem sido como uma rocha de positividade e apoio na semana passada, mas não deixo de notar a exaustão e a preocupação nesse simples gesto.

"Tenho certeza que vai ficar tudo bem", ofereço com desdém, batendo Sorik no comentário positivo que sinto sentando na ponta da língua.

Ele sorri, mas isso não aparece nos olhos dele.

"Então está resolvido", Sorik concorda, felizmente mudando de assunto. "Vaughn fica conosco." Seus olhos se enchem de orgulho, mas eu me afasto disso, não querendo que encontre algo em mim.

Se ele soubesse o quão fodidamente estou em conflito sobre tudo isso, ele provavelmente pensaria que sou a filha mais cagada de todos os tempos.

"Então, siga-me através do plano novamente", pergunto para não ter que olhar muito para meus sentimentos de inadequação ou para o quão sobrecarregado estou com tudo isso.

“Dirigiremos o mais longe que pudermos, o que deve levar alguns dias, e então temos talvez duas semanas de acampamento e caminhadas pela frente. Voltei quando senti a barreira, mas parecia que o coração do assentamento estava em um vale cercado por montanhas.”

Eu aceno e catalogo tudo o que ele me diz. Tento imaginar o que ele está descrevendo, mas não consigo entender direito. Eu corro meu olhar pelo rosto de Vaughn. Seus olhos estão distantes e fixos, mas da mesma cor que os meus. Sorik deve ter aparado o cabelo escuro, porque agora está na altura dos ombros e parece saudável e brilhante novamente.

"O que você acha... pai?"

A palavra pai ainda parece estranha na minha boca, mas estou tentando dizê-la com mais frequência, para que não seja tão rígida e estranha. Eu sei que ele não vai responder. Não sei por que pergunto, mas me parece importante não o tratar como se ele não estivesse aqui, como se não tivesse opinião. Eu aceno com a cabeça como se ele tivesse apenas concordado e bato palmas uma vez.

"Ok, vamos fazer isso."


***


Evrin me puxa para um abraço apertado, e isso me faz rir.

"Você está ficando bom nisso." Eu provoco e rio ainda mais com o rubor que se infiltra em seu pescoço enquanto eu me afasto. "Parece que você está finalmente pronto para a camiseta que diz eu amo abraços que eu tenho guardado para você."

Evrin estreita os olhos para mim. "Me dê essa camisa e eu a queimarei", ele ameaça, os cantos dos lábios lutando para não abrir um sorriso.

"Pshhh", eu digo, acenando com a ameaça. “Você sabe que vai usá-la; abraçar quando você sentir minha falta e toda essa merda.”

Evrin racha de rir e balança a cabeça para mim. É bom ouvir sua risada novamente. Todo mundo está sofrendo com a perda de Keegan e Lachlan, mas tem sido especialmente difícil para Aydin e Evrin. É bom ver alguma leveza e alegria nos olhos dele.

"Veja, isso não foi uma negação", aponto enquanto continuo na fila de despedidas.

Aydin está lá esperando a sua vez enquanto os caras e eu todos trabalhamos na fila dos entes queridos, abraçando e dizendo merdas tranquilizadoras que nenhum de nós sabe se é verdade.

"Você tem certeza que não devemos ir com você?" Aydin me pergunta pela quinquagésima vez enquanto me puxa para um abraço esmagador que me levanta do chão e ajuda a fortalecer minha alma.

"Tenho certeza de que você terá as mãos cheias com Silva e o Conselho de Anciões", eu o lembro, e ele se encolhe com minhas palavras.

Todos, incluindo os gêmeos, concordaram que Silva precisava ser entregue por torturar os lamias. Ninguém sabe ao certo o que os Anciões farão, mas caberá a eles decidirem. Silva está notavelmente ausente da linha de abraços. Ele foi confinado a uma sala com guardas 24 horas. Os gêmeos se despediram mais cedo, mas não tive a chance de perguntar como foi.

"Vamos ligar assim que pudermos, para que vocês saibam o que está acontecendo", digo a Aydin, em um esforço para tranquilizá-lo.

“Você é a melhor, Pequena Fodona. Estaremos em ruínas nervosas até sabermos que todos estão bem” Aydin me avisa enquanto me coloca de volta gentilmente em meus pés.

"Amo você, grandalhão", digo a ele, e nós dois ficamos um pouco chateados.

Lembro-me que isso não é um adeus para sempre, apenas por enquanto. Afasto a capa da melancolia que apenas se ajustou aos meus ombros e desço a fila até as irmãs.

"Você vai nos ligar se precisar de alguma coisa", ordena Birdie, e eu aceno e a puxo com força contra mim.

Quero agradecer a ela por me ver e me amar como sou, mas parece um adeus permanente, e não quero isso. Sou passada para Lila, que segura meu rosto e olha nos meus olhos com tanta adoração e carinho que começo a lacrimejar. "Estamos orgulhosas de você e mal podemos esperar para tê-la de volta em casa, onde você nunca mais poderá sair da nossa vista."

Eu ri e agradeci a ela com meus olhos por aliviar as emoções pesadas flutuando através de mim. Adelaide é a última da fila e me puxa para ela e me envolve em um abraço feroz.

"Você cuida deles, ok?" ela me diz e assente com a cabeça em direção a todos que estão subindo nos utilitários esportivos.

"Com a minha vida", juro por ela, e ela me aperta ainda mais.

“Nós amamos você, doce Vinna. Você volta para casa, está me ouvindo?”

Eu aceno com a cabeça e enxugo uma lágrima que está correndo por minha bochecha. Olho para trás para a fila cheia de pessoas que significam mais para mim do que tenho palavras. Nunca pensei que essa seria minha vida, que essas pessoas se pareceriam como as tábuas de salvação que eram. Mas quando olho para eles, alinhados, irradiando amor e apoio, não consigo compreender como tive tanta sorte. Eu não sabia o quanto estava perdendo antes de Lachlan e os paladinos me jogarem neste mundo. Agora eu sei como é a aparência da palavra família e se parece com eles.

Adelaide me solta, e eu dou um passo para trás, meu coração quase explodindo. Fiquei nervosa com o que acontecerá com os Sentinelas, mas de repente parece que não é grande coisa. O que quer que aconteça nas próximas semanas, eu tenho uma família para onde voltar, e amor e amizade me protegendo a cada passo do caminho. Neste momento, sei, sem sombra de dúvida, que tudo ficará bem.

A paz varre meu corpo, e dou um último aceno antes de subir no banco de trás do SUV e fechar a porta atrás de mim. Ryker olha para mim do banco do motorista.

"Pronta?" ele me pergunta, seu olhar cheio de emoção e força.

"Agora, estou", asseguro-o, e ele se vira para dar partida no carro.

Valen coloca um braço em volta das minhas costas e me puxa para o lado dele.

"Cidade dos Sentinelas, aqui vamos nós", Knox grita, e o resto de nós grita nosso acordo enquanto nos afastamos e nossa jornada começa.


03


Sabin diminui o volume do Fivefold em “Lost Within3. Os freios rangeram quando diminuímos a velocidade, o som amplificado pelo silêncio no carro.

"Parece que este é o fim da estrada", ele anuncia, e eu abro meus olhos e me sento de onde eu estava cochilando no ombro de Siah. Knox senta de onde ele estava deitado no meu colo, e eu já começo a sentir falta da calma que está flutuando ao redor do carro até agora.

O pó da estrada de terra em que temos viajado a maior parte do dia se espalha ao nosso redor quando paramos ao lado do outro veículo. Ficamos todos sentados ali por um minuto, olhando em volta para a curta grama selvagem e amarelada e para as pequenas colinas ao longe que fluíam para pequenas montanhas.

"Parece um pouco como lá em casa, só que mais seco e um pouco mais achatado", oferece Valen, e alguns caras concordam.

Knox abre a porta e o ar fresco entra para afugentar o calor. Não é insanamente frio, mas posso imaginar que as temperaturas caem quanto mais subimos. Saímos do SUV em que estivemos apinhados nos últimos dois dias. Gemidos e resmungos soam ao redor enquanto todos esticamos nossos membros e nos deleitamos com a sensação de espaço para nos movermos. O calor afunda em meu coração quando os gemidos dos caras começam a parecer muito perto de alguns dos barulhos que eles fazem quando gozam, e eu sorrio e olho para o céu enquanto estico minhas costas.

Eu me endireito, e meu olhar pousa em Torrez e o sorriso conhecedor que ele está usando agora. Eu dou de ombros descaradamente, e ele ri.

"Dibs", grita Sabin, e todos nos voltamos para ele.

"No que você está declarando Dibs?" Siah pergunta, expressando a confusão que eu também estou sentindo.

Sabin olha em volta. “Hum, merda, eu não sei. Sempre que Torrez ri assim, eu declaro Dibs. É o riso de sinto o tesão de minha companheira dele.”

Eu rachei de rir. "Você está capitalizando a risada dele", pergunto enquanto me inclino e rio pra caramba.

Torrez balança a cabeça, as feições cheias de surpresa. "Mago Sorrateiro."

Knox se vira para Ryker, seu olhar quase ofendido. "Porra, por que não pensamos nisso?"

A pergunta me leva a um novo riso que me faz enxugar lágrimas. "Vocês estão fora de controle", eu repreendo com um sorriso e depois grito quando alguém dá um tapa na minha bunda.

Eu me viro para encontrar Valen e o sorriso atrevido que ele estampou em seu rosto. "Não podemos evitar se todos queremos apenas passar mais tempo com você."

"Ei, eu não estou reclamando", eu explico e esfrego minha bunda ardente. "Mas isso não faz nenhum de vocês menos ridículo", termino.

"Eh, você sabe que adora", Knox anuncia enquanto se aproxima de mim. Ele puxa levemente a ponta do meu cabelo até que eu incline minha cabeça para trás o suficiente para que ele possa se inclinar e me beijar.

"Verdade", admito alegremente contra seus lábios e sorrio quando um gemido enche o ar.

“Vocês todos podem controlar essa DPA4? Nem todo mundo quer viver essa vida pornô tanto quanto vocês parecem querer” Kallan reclama enquanto ele pega o outro SUV e se estica.

A resposta de Knox é começar a fazer barulhos obscenos, o que me faz rir mais e faz Kallan revirar os olhos.

"Vou lembrar que você se sente assim quando encontrar uma garota que quer ficar encima dela o tempo todo", Becket provoca seu companheiro de aliança, e Kallan balança a cabeça.

"A esse ritmo, isso pode nunca acontecer", confessa Kallan, resmungando, e depois se vira para abrir a traseira do carro e puxar sua mochila.

Deixo suas palavras pairando no ar como algo frágil que sei que não devo tocar, pelo menos ainda não. Preciso conversar com ele e Enoch, esclarecer as coisas, mas não sei como abordar isso com eles. Caminhar até a cidade dos Sentinelas provavelmente não é o melhor lugar para fazer isso, especialmente não com todos os outros caras ao redor. Há muita merda inacabada pairando no ar para que todos tentem evitar. Estamos todos distraídos com esse novo objetivo, essa nova missão, mas me pergunto quanto tempo durará a distração. A realidade está prestes a desmoronar a qualquer momento, e está me deixando nervosa e insegura de como as coisas vão pousar e sobreviver à queda.

Dou um último beijo em Knox e depois pego minha bolsa na parte de trás do carro. Todos nos preparamos e esperamos que Sorik faça o mesmo. Nash se move para ficar ao meu lado e Bastien, que está do meu outro lado, endurece. Olho de lado para Nash por um segundo. Suspeito que ele faça isso apenas para provocar os meus Escolhidos. Eu nunca soube onde estou com ele, e isso certamente não mudou, mas ele está se tornando um quebra-cabeça interessante para tentar montar.

“Vamos caminhar até encontrar um bom lugar para parar a noite. Não é muito íngreme, mas se algum de vocês precisar parar por qualquer motivo, deixe as pessoas da frente saberem” anuncia Sorik, e todos concordamos e expressamos nossa concordância. “Eu não encontrei nenhum batedor nem nada antes, mas isso não significa que não possamos encontrar agora. Nossa viagem é um pouco mais visível, então, se você vir algo ou sentir algo fora do comum, chame.”

Com isso, Sorik se vira e começa a se afastar dos carros e sair para as colinas. Siah se move para andar com ele, mas de repente para e olha para mim como se estivesse confuso.

"Acho que ele acabou de se lembrar de que tem uma companheira que pode querer ele ao lado dela, em vez de ao lado do amigo", Nash me informa, claramente vendo a mesma reação que eu acabei de ver.

Sorrio calorosamente para Siah e tento comunicar silenciosamente que tudo bem se ele ficar com Sorik. Eu sei que a amizade deles é de longa data e não me incomodo com isso. O fato é que nem sempre sei como gerenciar esse bando de Escolhidos. Eu me preocupo muito em saber se todos estão conseguindo o que precisam. Cultivar relacionamentos com cada um deles não é brincadeira, e todos estamos trabalhando duro nisso. Tenho sorte de que todos estejam se entendendo e construindo esses laços também. Eles se dão bem, o que significa que as coisas estão bem até agora no departamento de companheiros.

Enoch faz seu caminho até Nash, e me vejo observando meus escolhidos para ver se a proximidade dele comigo será um problema. Knox e alguns outros estão observando-o, mas estão de boca fechada. Eles estão fazendo isso desde que eu bati o pé sobre eles virem conosco. É óbvio que eles ainda não são fãs de Enoch ou de seu clã por estarem aqui, mas não estão falando sobre isso e não estão começando nada.

Eu não sei se foi o jeito que a mágica reagiu quando Siah se juntou ao nosso vínculo, e Enoch e sua equipe não foram afetados, a não ser por ficarem um pouco brilhantes, ou se eles tiveram mais tempo para processar e lidar com a presença dos outros clãs e podem morder melhor a língua. De qualquer maneira, eu entendo, independentemente de quanto eu esteja esperando que o cessar-fogo desmorone e as besteiras recomecem.

"Então, como você está indo?" Nash me pergunta quando todos nos encaixamos atrás de Sorik, Siah e Vaughn.

Dou de ombros e coloco meus polegares nas tiras da mochila nos meus ombros. "Bem", eu respondo casualmente.

Nash bufa, e eu me viro para ver seu rosto, minhas sobrancelhas mergulhando em questão.

"O que? Você decidiu que eu não estou bem?” Eu desafio enquanto ele balança a cabeça e corre o olhar pelo meu rosto.

“Eu não estou decidindo nada. Só não vejo como você pode estar bem com tudo o que está acontecendo.”

"O que você prefere que eu esteja então?" Eu rosno.

Nash solta um suspiro. "Eu não sei. Só que você pensou que era a última de sua espécie, e ainda assim estamos caminhando para uma cidade cheia de Sentinelas. Seu tio morreu. O tio de seus companheiros te odeia. Ele também voltou a Solace para ser julgado por crimes que cometeu para encontrar sua irmã e seu pai, um dos quais está viajando conosco nessa missão que pode nos matar. E você está apenas... bem.”

Eu dou uma risada sem humor ao resumo dele das coisas. “Eu me senti cautelosa, insegura, triste, aliviada, hesitante, animada e uma tonelada de outras coisas. No momento, esta é uma aventura, e estou cercado por pessoas que amo e me preocupo, então estou... bem.”

Eu tomo um momento para estudar Nash. Estive ocupada com as irmãs, com a logística desta missão, meu pai, meus companheiros, os lamias. Ainda não tive tempo de conversar com Nash e seu clã. Capto o aperto ao redor dos olhos dele e o achatamento de seus lábios e percebo que sua pergunta sobre como estou me sentindo é mais sobre ele do que sobre mim.

"Como vai você?" Eu pergunto, e vejo sua testa franzida em confusão.

"Estou fodidamente nervoso", ele admite.

Dou-lhe um sorriso tranquilizador e um leve solavanco no ombro. Contornamos um tronco antigo no meio do caminho em que estamos.

"Qualquer coisa que eu possa fazer para ajudá-lo a se sentir menos nervoso?" Eu ofereço e depois dou a ele espaço para pensar sobre isso.

"O que você faz quando se sente fodida e inquieta?" ele me pergunta.

Eu penso nisso por um minuto. "Normalmente, preciso fazer algo físico: correr, lutar, esfaquear alguma coisa."

Nash ri, e algumas outras risadas soam ao redor do grupo.

"Não temos certeza do que vai acontecer", Bastien me surpreende dizendo. “Mas você não está sozinho. Todos nós vamos lidar com o que acontecer juntos.”

Eu não luto contra o sorriso que aparece no meu rosto enquanto vejo Bastien confortar alguém que ele nem gosta. Nash acena com a cabeça com a declaração de Bastien, e eu posso ver seu ombro relaxar um pouco. Tenho certeza de que ouvi Becket resmungar algo sobre “besteira de especial depois da escola5”, mas eu o ignoro e me deleito com a grandiosidade de meu companheiro.

“Tenho certeza de que todos teremos toda a gama de sentimentos à medida que nos aproximamos da Cidade dos Sentinelas. Apenas saiba que estamos aqui se você precisar tirar o nervosismo do seu sistema ou o que quer que seja que você queira tirar do seu sistema”, ofereço. "Foda-se, provavelmente vou precisar do mesmo."

Nash estuda meu rosto enquanto minhas palavras ficam no ar entre nós.

"Quero dizer, eu estou bem agora, mas isso pode se tornar assustador a qualquer momento", eu admito, e Nash bufa uma risada.

Ele me dá um pequeno sorriso, o agradecimento claro em seus olhos. Nash desvia o olhar, sua expressão contemplativa, e eu o deixo com seus pensamentos. Estendo a mão e amarro meus dedos com os de Bastien. Ele é tão gostoso quando está sendo todo sensível e toda essa merda.

A risada de Torrez enche o silêncio, e Sabin, Knox, Ryker e Bastien repentinamente gritam dibs ao mesmo tempo.

"Seus idiotas não podem roubar meu esquema!" Sabin exclama.

"Nosso esquema agora, mano", Knox brinca e evita o soco de Sabin no seu braço.

"Nunca mais vou dizer nada para vocês, seus idiotas", declara Sabin, mas o sorriso divertido lutando para tomar conta de seu rosto o vende. "O primeiro no topo da colina dorme na barraca de Vinna hoje à noite!" de repente ele declara e depois sai correndo.

Dois segundos depois, sou deixada em uma nuvem de poeira e grunhidos masculinos, eu ri sem parar. Talvez minha boceta seja mais mágica do que eu pensava. Quem diria?


04


"Isso é besteira” Knox anuncia mais uma vez enquanto jogo minha mochila na minha tenda.

Lembro-me de respirar fundo e não o atacar e estrangula-lo até ele parar de ficar de mau humor.

"Tecnicamente, Sabin nunca especificou quem poderia ou não vencer, por isso é um jogo limpo, independentemente de você achar que é besteira", retruca Kallan enquanto fecha a porta da tenda dele e de Becket depois de jogar sua bolsa nela.

Enoch coloca sua bolsa ao lado da minha, e eu posso sentir os olhares de punhais sendo atirados para ele de todos os ângulos.

"Um empate é um empate", Enoch mais uma vez expressa enquanto observa Knox colocar sua bolsa na tenda também. "Nós dois ganhamos, então nós dois dormimos aqui hoje à noite", declara Enoch, fechando o fecho da minha tenda, uma das sobrancelhas erguendo-se em desafio.

"Por mais divertido que seja ouvir brigas sem parar sobre merdas idiotas, eu simplesmente não dou a mínima, estou ficando com fome", eu declaro e depois procuro a mochila que tem lanches e outras provisões.

Minhas pernas pareciam um pouco gelatinosas e minha exaustão estava desempenhando um papel fundamental em minhas emoções irritadas. Bem, isso e o drama que começou quando Enoch e Knox chegaram ao que era considerado o topo da colina exatamente ao mesmo tempo. A frágil aceitação entre meus Escolhidos e meus Escudos se desfez em pó, e todas as feridas antigas que existiam entre esses dois grupos se abriram.

O problema é que eu entendo os dois lados dos argumentos, mas precisamos descobrir como trabalhar juntos e superar toda essa besteira. Eu só queria ter alguma ideia de como fazer isso acontecer.

"Qualquer coisa que eu possa ajudá-la, companheira?" Siah me pergunta com um sorriso atrevido e compreensão em seus olhos enquanto eu rosno para uma barra de granola que se recusa a me deixar abri-la.

Solto uma risada oca. "Conte-me mais sobre como a compulsão funciona", brinco. "Porque eu realmente poderia forçá-los a se dar bem e trabalhar juntos até que tudo isso acabasse."

Ele ri e balança a cabeça enquanto olha por cima do ombro para uma nova discussão que acabou de começar entre Nash e Ryker. "Sim, infelizmente eu não sou tão bom", ele admite, pegando a barra de granola por trás das minhas mãos e abrindo-a na primeira tentativa.

Ele me entrega a barrinha teimosa, mas antes que eu dê uma mordida, a discussão por trás de mim fica ainda mais alta. Suspiro e pisco através da contração dos meus olhos que posso sentir começando.

“Não acho que nenhum lamia seja tão bom”, observa Siah, e me encolho quando os xingamentos e posturas agressivas começam.

A grama curta e quebradiça e as árvores altas que cercam o acampamento durante a noite de repente parecem que estão se aproximando, e os gritos não estão ajudando.

"Chega!" Eu berro, a declaração frustrada ricocheteando nas árvores e voltando para mim.

Enoch e Knox estão se enfrentando neste momento, alheios ao quanto eu estou cheia de tudo isso. Eu envio um pulso de magia Sentinela e vejo como ela bate violentamente nos dois, forçando-os a tropeçar um pouco atrás um do outro. Isso finalmente faz o trabalho de chamar a atenção deles, e os dois se voltam para mim, com raiva e confusão em seus olhares.

"Sigam-me", eu ordeno e depois me viro e me afasto do acampamento antes que alguém possa dizer qualquer coisa.

Percebo pelo som de uma trituração atrás de mim que mais do que Enoch e Knox estão seguindo, o que é bom. É hora de todo mundo tirar essa merda do seu sistema. Encontro uma clareira grande o suficiente para o que preciso e paro no meio dela. Eu me viro e vejo olhares frustrados dos meus Escolhidos e Escudos, junto com uma boa dose de curiosidade olhando para mim.

"Não temos ideia do que estamos entrando, mas mesmo se formos recebidos por um monte de Sentinelas hippies abraçadores de árvores, todos vocês têm que acabar com essa merda", eu exijo enquanto a frustração transborda de dentro de mim e mancha tudo. “Eu tentei dar a vocês tempo e compreensão na esperança de que, como homens adultos, vocês pudessem resolver essa besteira. Mas, obviamente, isso não vai acontecer. Então é hora de mudar.” Faço um gesto para o espaço ao meu redor. "Lutem", eu declaro e, em seguida, dou um passo atrás para dar a eles espaço para fazer exatamente isso.

"O que?" Valen me pergunta ao mesmo tempo que Torrez dá um grito divertido de aprovação e esfrega as mãos ansiosamente.

Me volto para Valen. “Lutem. Batam a merda fora um do outro. Foda-se essa merda. Sinceramente, não me importo mais, mas seja o que for que esteja alimentando o ódio e a desconfiança, tirem de vocês, para que possamos seguir em frente nessa porra.”

Valen levanta as sobrancelhas.

“Não me dê esse olhar. Todos vocês estão ansiosos para fazer isso desde a nossa primeira sessão de treinamento. Então vão em frente. Eu me recuso a continuar sendo a árbitra entre vocês.” Eu olho para cada um dos meus escolhidos. “Eles são meus Escudos. Gostem ou não, estamos todos conectados. Vocês podem ver isso como algo ruim, se quiserem, não há nada que eu possa fazer sobre isso. Mas estou cansada de vocês tentarem me fazer ver isso como uma coisa ruim.”

Balanço a cabeça e olho para Becket, Kallan, Nash e Enoch, um de cada vez. “Acho que tudo acontece por uma razão. Confio na minha magia e em cada um de vocês. Então, se enfrentem, se isso fizer vocês se sentirem melhor, mas quando a luta acabar, o mesmo acontece com as discussões e as besteiras mesquinhas.”

"Eu não tenho um cachorro nesta luta6, eu só estarei aqui, incentivando todos eles", Torrez anuncia, enquanto se afasta do grupo.

Siah o segue, e ambos ficam confortáveis e recostam-se no tronco de uma árvore ao redor, prontos para o que acontecer depois. Os caras estão se olhando e depois olhando para mim como se não tivessem certeza do que fazer. Cruzo os braços sobre o peito e espero. Talvez eles finalmente vejam como tudo isso é ridículo, e nós já podemos avançar.

Assim que esse pensamento passou pela minha cabeça, Knox foi até Enoch e ficou na cara dele.

"Sem mágica, apenas eu batendo em você do jeito antigo", desafia Knox.

Enoch bufa. “Nós dois sabemos quem é o melhor quando se trata de combate corpo a corpo. Fico feliz em lembrá-lo desse fato, já que você claramente esqueceu.”

Enoch abre o zíper da jaqueta e entrega a Nash. Ele começa a se esticar e a flexionar, e o resto dos caras recua para dar espaço a eles. Knox tira a jaqueta e a camiseta. Ele se inclina para tirar os sapatos, e eu dedico um tempo estudando os músculos de seu corpo. Eles se flexionam quando ele se endireita e entrega tudo a Bastien.

Nervos flutuam através de mim. Eu me preocupo que deixá-los fazer isso possa piorar as coisas. Em vez de exterminar essa raiva de seus sistemas, isso poderia dar um gosto pelo sangue um do outro e deixá-los ainda mais famintos por isso. Bem, foda-se. É um risco que estou disposta a correr, porque neste momento estou sem saber o que mais fazer. Falar não parece funcionar. A racionalização parece não funcionar. A competição e a raiva são muito profundas.

“Não é permitido desfigurar permanentemente um ao outro. Sem mordidas, sem socos nas bolas, sem arranhões nos olhos, sem puxar cabelos. Se o seu oponente desistir, você recua. Quando a luta acabar, vocês seguiram em frente e deixaram de viver no passado. Entendido?” Eu lati para eles.

Knox e Enoch acenam com a cabeça enquanto olham furiosamente um para o outro.

"Comecem", eu anuncio.

Knox e Enoch ficam parados por um minuto, avaliando um ao outro. Knox é meia cabeça mais alto e mais volumoso que Enoch, mas Enoch não parece perturbado com isso. Os dois começam a rodear-se simultaneamente. Eles parecem predadores tentando convencer o outro de que são presas. Eu posso praticamente sentir o ódio e a raiva saindo deles. Parece pesado e opressivo, e eu só espero que eles possam se livrar disso.

Eles atacam um ao outro ao mesmo tempo, seus movimentos são um borrão. É brutal e bonito, a maneira como eles batem, esquivam-se e procuram uma abertura, enquanto estabelecem um ritmo punitivo com os punhos. Enoch pega Knox. Ele o pega e bate o corpo dele no chão. Os outros caras estremecem e fazem ooh, mas eu assisto o rosto calculista de Knox enquanto ele puxa as pernas de Enoch para debaixo dele. Eles lutam, ambos brigando pela liderança.

Enoch tenta empurrar Knox para fora dele com suas pernas. Isso obriga Knox a recuar, mas então ele mergulha nas pernas estendidas de Enoch e o prende com um gancho de direita na cara. É uma jogada tão graciosa que eu não esperava do meu grande e musculoso Knox, e eu sorrio e arquivo para tentar no futuro. O golpe abre um corte na bochecha de Enoch, mas os dois continuam atacando como se o sangue não importasse.

Enoch consegue dar algumas joelhadas em meio à agitação de socos, e estou surpresa que todos os caras à margem não estejam gritando seu apoio ou orientação. Todo mundo está apenas assistindo tenso. Levando isso a sério. Aguardando o resultado. Knox grita de dor e agarra seu lado. O som dele sofrendo causa algo em mim que eu tenho que segurar. Isso torna muito mais difícil para mim ver a violência de uma maneira desconectada e analítica. Encontro-me olhando Enoch por um segundo antes de me afastar e me lembrar por que estamos aqui. Por que as coisas chegaram a isso.

Enoch tenta outro golpe nas costelas de Knox, mas Knox gira e o atinge com um cotovelo na cabeça. Enoch tropeça, o golpe o deixa instável. Knox vê a abertura e se lança. Ele carrega Enoch, derrubando-o no chão, ambos acertando o rosto um do outro. Um corte se abre acima do olho de Knox, mas ele está na vantagem e claramente não será distraído pelo sangue agora pingando em sua boca e mandíbula. Eu entro quando Enoch para de dar golpes e tenta proteger sua cabeça do ataque de Knox.

A luta acabou. Knox venceu.

Eu bato em Knox, mas ele não para o ataque. Os caras correm e ajudam a tirá-lo de Enoch. Mas o que vejo no rosto de Knox deixa um peso na boca do meu estômago. Eu olho para Enoch, esperando que talvez Knox precise de apenas um minuto para sair do modo de batalha. Deixar ir o ódio e a raiva.

Enoch se senta e xinga. Ele está chateado, mas ele se levanta, limpa-se e olha para mim. Seu olhar está cheio de frustração, mas também há resignação e aceitação. Faço que sim com a cabeça e ele limpa o sangue do rosto, vira-se e segue na direção das tendas. O alívio borbulha dentro de mim enquanto o vejo partir.

Esta besteira pode finalmente acabar agora.

Esse pensamento vira pedra e afunda no esquecimento dentro de mim quando me viro para Knox. Ele está assistindo Enoch ir embora como se ainda estivesse caçando ele. Essa luta mudou as coisas para Enoch; claramente não mudou as coisas para Knox. Raiva e frustração brotam dentro de mim. Eu me aproximo dos meus Escolhidos e os vejo parabenizando Knox e bombardeando-o pelo que acabou de acontecer.

"Alguém mais quer brigar?" Eu pergunto laconicamente.

Kallan, Becket e Nash ainda estão de pé, e olho deles para os meus escolhidos. Todos balançam a cabeça.

"Certeza?" Eu pressiono. "Porque esta será sua última chance de expor quaisquer queixas um com o outro usando seus punhos", eu os informo novamente.

Ninguém dá um passo à frente.

"Bom", eu declaro. "Minha vez então."


05


"O que?" Bastien e alguns dos outros perguntam enquanto tiro o casaco e a camisa, revelando o sutiã esportivo que estou usando por baixo.

"O que você está fazendo?" Becket me pergunta enquanto tiro meus sapatos e empurro meus jeans pelos quadris. Flexiono os dedos dos pés contra a grama gelada e começo a pular no lugar para fazer meu sangue fluir e meu corpo esquentar.

Meu movimento puxa o foco de Knox de volta para mim, e ele me dá um olhar confuso. “O que você quer dizer com a sua vez?” Bastien exige novamente, mas meu olhar está preso em Knox.

"O que? Você acha que vocês são os únicos com problemas? Os únicos que estão tão chateados que precisam lutar?” Eu pergunto.

Dirijo-me para Knox, acolhendo toda a raiva e luta que ainda vejo no seu rosto.

"Vinna, não faça isso", começa Sabin, e meu olhar se volta para ele.

“Isso é entre mim e Knox. Fique fora disso.”

Sabin retrocede como se eu tivesse dado um tapa no rosto dele, mas não foram minhas palavras que o atingiram com tanta força, é a dor que eu sei que ele pode ver nos meus olhos. Seu olhar verde floresta balança de um lado para o outro entre o meu olhar verde de espuma do mar. Então ele dá um passo conciliador para trás. Sabin recuar parece confundir os outros. Espero ver as objeções dos outros que precisam ser tratadas, mas todo mundo fica quieto, inquieto flutuando no ar.

“Eu não vou brigar com você, Assassina. Você já sabe como me sinto sobre isso.” Reviro os olhos com a declaração de Knox e entro em uma posição de luta.

"Você é minha companheira, e eu não vou machucá-la", ele declara com mais urgência enquanto eu me aproximo dele.

"Você não vai me machucar?" Eu pergunto docemente. "Acho que estamos muito além disso, Knox, você está me estripando desde que Enoch e seu clã apareceram à nossa porta com runas."

Choque brilha através dos olhos cinzentos de Knox, e ele procura meu rosto como se não entendesse bem o que eu quis dizer. Eu pulo a inundação de dor que surge através de mim enquanto penso em todas as acusações e desconfianças que Knox lançou em meu caminho desde então, e deixo meus punhos purgarem a dor. Eu bato em Knox, e ele dá um passo para trás, alarmado, e o bloqueia. Meu golpe é meio sincero, não porque eu não quero bater nele, mas porque eu realmente não vou atrás dele até que eu saiba que ele vai lutar de volta.

Eu avanço nele novamente e deixo que ele esquive.

"Que diabos, Assassina?" ele pergunta enquanto continua se afastando do ritmo fácil que estou estabelecendo.

“Desde o momento em que eles apareceram na nossa porta, você deixou claro que era você ou eles. Você sabe que eu não posso traçar a linha desse jeito, e ainda assim você continua pressionando” eu rosno para ele.

Eu executo um giro baixo e chuto suas pernas debaixo dele. Knox cai e imediatamente levanta zangado.

“Nós somos seus escolhidos. Nós somos o suficiente. Tudo o que eles fazem é criar problemas e foder com o bem que estamos fazendo” ele grita de volta para mim.

"Não, isso é o que você tem feito, Knox." Eu pontuo minha afirmação com um golpe aberto no peito. Knox recua alguns metros e olha para mim.

“Becket ajudou a salvar minha vida. Não sei o que teria feito se ele não estivesse comigo durante meu tempo nas masmorras de Adriel. Ele estava lá por mim, me pressionou, treinou comigo, apesar do que fiz com o pai dele.”

Paro de me segurar tanto, e Knox e eu nos tornamos uma enxurrada de balanços e bloqueios.

"O pai dele traiu o seu povo e mereceu o que teve", rebate Knox, e eu aumento ainda mais o ritmo do meu ataque.

“Não torna a perda de Becket menos dolorosa. Não remove as cicatrizes que sobraram por causa do que fiz.” Ataco Knox, e ele mal se esquiva. “Kallan me treina de uma maneira que eu entendo. Eu cheguei tão longe em tão pouco tempo por causa da ajuda dele e de seu clã com a minha magia.”

Knox grunhe irritado e pula para trás para evitar um golpe baixo que jogo nele.

“Nash me irrita, mas ele me pede para ver as coisas de uma maneira diferente. Ele me obriga a pensar, criar estratégias e decifrar as coisas por causa das merdas estranhas que ele faz e diz.”

Knox pega meu punho e puxa, tentando me desequilibrar. Eu giro em direção a ele como um tornado, com o cotovelo pronto para acerta-lo. Ele se inclina para trás como se fosse um premiado competidor de limbo7, e eu não sou capaz de fazer contato. Não tenho certeza se Knox vai realmente recuar cada vez mais quanto eu o ataque, mas pelo jeito que ele está tão habilmente se esquivando dos meus acertos, eu sei que seria uma boa luta. Ele é ágil e rápido. Seus instintos são exatos, e ele consegue ler bem seu oponente.

“Enoch quer me proteger. Ele quer me manter em segurança e não tem medo de me ensinar e treinar comigo para que isso aconteça.”

Knox rosna. “Enoch quer usar você, é quem ele é. Ele quer o que você tem por causa do que isso pode fazer por ele!” ele estala para mim.

"Assim como você!" Eu grito de volta, parando meu ataque e ficando cara a cara com ele. “Na noite em que marquei todos vocês, o que você me disse? Obrigado pelo update. Você apontou mais de uma vez que você e seu clã estariam melhor com minhas runas, que isso faria de você o melhor paladino por aí.”

"Isso não é a mesma coisa, e você sabe disso!" ele grita de volta.

“Como é que é diferente? Você acha que é o único que pode ver as vantagens do que eu posso fazer e também se importar comigo? Eles são meus amigos, Knox!”

"E eu sou seu companheiro!" ele rebate.

"Exatamente! Você é meu companheiro. Você é meu Escolhido. Eu te amo, mas você ainda não confia em mim.” Minha voz quebra quando a acusação sai da minha boca e eu bato com o punho no peito para ajudar a bater meu coração novamente.

Knox recua como se eu tivesse dado um soco nele. "Eu confio em você."

“Não, você não confia. Se você o fizesse, não descartaria o que digo com tanta facilidade” digo, repetindo algo que ele me disse uma vez. “Eu digo a você que confio neles, que minha magia os escolheu por um motivo, e eu mantenho isso. Mas você decide que sabe melhor. Que suas impressões passadas são mais dignas de sua confiança do que eu.”

Knox olha para mim, mas não diz nada. Eu ainda sinto a necessidade de lutar contra a contração dos meus músculos, mas nós apenas ficamos lá, olhando um para o outro.

“Você me disse uma vez que nada doía mais do que quando eu duvidava de você, duvidava do meu lugar com vocês. Knox, você não vê que está fazendo a mesma coisa comigo?” Eu tiro meus olhos de Knox e me viro para os outros. “Eu sei que todos vocês têm história, mas você tem que superar isso. Vocês são meus Escolhidos, e eles são meus Escudos. Estamos todos conectados. Então parem de tentar me rasgar ao meio ou provar que minha mágica está errada por marcá-los. Apenas confiem em mim... por favor” imploro, frustração e derrota brotando dentro de mim e forçando a palavra por favor a sair em um sussurro.

Eu me viro para Knox, mas ele está olhando para o chão, lutando com seus pensamentos. Eu fico quieta, dando a ele tempo para processar. O ar frio belisca minha pele exposta, mas não ouso me mexer. Esse momento parece muito frágil, como se o menor movimento ou ruído pudesse quebrá-lo além do reparo. Knox solta um suspiro profundo e olha para mim. Ele não diz nada, apenas estuda meu rosto por alguns minutos antes que seus olhos cinzentos se fixem nos meus.

Nós dois apenas olhamos um para o outro, silenciosamente comunicando nossa mágoa, dúvida, insegurança. Seu olhar tempestuoso se transforma em tristeza e lágrimas brotam nos meus olhos.

"Você está dentro ou fora?" Eu pergunto a ele em um sussurro.

A última vez que essas palavras foram ditas entre Knox e eu, ele estava colocando um desafio aos meus pés. Um desafio para confiar nos meus escolhidos, amá-los, ser uma equipe com eles, não importava o quê. Eu assisto seu olhar cinza-nublado absorver tudo isso, e então espero.

"Dentro, Vinna, sempre dentro."

Uma respiração aliviada sai de mim quando suas palavras penetram na minha alma. A próxima coisa que sei é que seus lábios estão nos meus. Seus dedos estão nos meus cabelos, seu corpo está pressionado contra mim enquanto ele consome toda a minha tristeza e a substitui por calor e amor, compreensão e desculpas. Eu posso sentir o gosto das suas desculpas enquanto ele provoca minha língua com a sua. Eu posso sentir sua reivindicação e suas promessas da maneira que ele me segura. Ele me levanta, e eu imediatamente envolvo minhas pernas em volta de sua cintura, nunca puxando meus lábios dos dele.

Não presto atenção ao fato de que ele nos afasta dos outros. Eu apenas o beijo, precisando que ele apague as rachaduras e a dor com seus lábios e seu corpo. Ele me coloca de pé quando somos apenas nós dois cercados por árvores, pedras e plantas.

"Eu amo você, Vinna", ele sussurra reverentemente contra os meus lábios enquanto se afasta para levantar meu sutiã esportivo sobre minha cabeça.

Sua boca está de volta na minha, me consumindo. Nos fundindo. Derramando todas as suas necessidades e declarações em minha alma e me enchendo.

"Eu amo você, Vinna", ele sussurra no meu ouvido, e então chupa meu pescoço e pressiona beijos viajantes no meu corpo. Ele empurra minha calcinha e puxa um mamilo duro em sua boca ao mesmo tempo.

Gemo o nome dele como uma oração, revivendo no calor que me atravessa com seu toque. Ele passa os dedos pelas minhas dobras, gemendo quando sente como estou molhada por ele. Ele se move para o meu outro mamilo e circula meu clitóris. Ele espalha minha excitação pelos meus lábios e sussurra suas declarações de amor contra meus seios e garganta quando volta à minha boca, seus beijos cheios de adoração.

Eu gozo com sua boca na minha e seus dedos brincando comigo. Ele aperta meu clitóris e chupa meu lábio inferior, nós dois gemendo com a sensação boa. Knox me levanta de volta e posiciona seus grandes braços sob minhas coxas.

"Eu amo você, Vinna", ele declara enquanto empurra dentro de mim, guiando meu corpo por seu comprimento até que ele esteja profundamente dentro de mim e nós dois estamos ofegantes. Ele me levanta e depois recua, estabelecendo o ritmo, e eu giro meus quadris de uma maneira que o ajuda a acertar todos os lugares certos.

"Eu te amo, Knox", eu sussurro contra sua boca enquanto chupo sua língua e o fodo no meio do nada.

O ar beijado pelo gelo acaricia nossos corpos nus e tenta roubar o calor que estamos criando.

Knox me pressiona contra uma árvore lisa, prendendo-me com os quadris enquanto ele trabalha dentro e fora de mim mais rápido. Eu suspiro e mio um encorajamento. Nossa batalha de eu te amo vai e volta entre nossas calças e gemidos. Knox puxa um braço para a frente e brinca com meu clitóris enquanto seus lábios caem para a linha de runas no meu ombro. Ele as traça com a língua e chupa, e não tenho escolha a não ser partir em um trilhão de pedaços.

Grito seu nome, e seus impulsos se tornam urgentes e mais profundos. Ele me fode com força em outro orgasmo, e então é o meu nome sendo gritado ao sol poente quando Knox pressiona profundamente em mim e goza. Ele se move dentro de mim superficialmente enquanto monta seu orgasmo. Nós dois trabalhamos para recuperar o fôlego, nossas testas pressionadas juntas.

“Sinto muito, Vinna. Não pude ver além do que estava sentindo, e sinto muito.”

"Obrigada", digo a ele, interrompendo mais de suas desculpas com um beijo suave nos lábios carnudos. “Eu sei que tudo isso não é fácil. Eu sei que peço muito. Só sei que te amo e não quero um futuro que não tenha você.”

Knox me beija novamente, sua boca e língua toda paixão e desculpas.

“Eu vou fazer isso funcionar com seus Escudos. Todos nós iremos. Nós vamos fazer melhor” ele promete, e eu tenho que piscar as lágrimas que brotam em meus olhos.

Knox beija minha bochecha, onde uma manifestação de tristeza escapa, e repete sua promessa até que eu possa piscar de volta minhas emoções e acenar com a cabeça.

"Estou sempre dentro, Assassina, sempre", ele me lembra.

Sorrio para ele e expiro os últimos vestígios de mágoa.

"Eu também", eu sussurro e depois belisco o lóbulo da sua orelha.

Knox rosna para mim de brincadeira e revira os quadris, lembrando-me que ele ainda está dentro de mim no momento.

"Quanto tempo você acha que temos até que um dos rapazes atravesse as árvores, declarando dibs?" Pergunto com uma risada, subitamente me sentindo mais leve do que em semanas.

A risada profunda de Knox vibra através de mim, e ele passa o nariz pelas runas no meu ombro. “Tempo suficiente para eu mostrar o quanto sinto muito pela segunda vez. Você topa, Assassina?”

Eu rio e gemo quando ele mói nas minhas coxas ainda abertas. "Você ainda tem que perguntar? BG pra sempreeee” grito para o céu. "Vamos ver como você realmente sente muito", eu declaro com uma risada infundida de gemidos quando Knox passa a língua contra o meu mamilo duro.

“Desafio aceito, Assassina. Desafio do caralho aceito!”


06


"Aposto em presas” anuncia Bastien.

Nash, Kallan e Torrez concordam e expressam sua concordância. Eu reviro meus olhos.

"Espero que não", eu xingo.

"Agora, agora, agora, o que há de errado com presas?" Siah exclama, me dando um olhar brincalhão indignado. "Quero dizer, você não teve queixas sobre elas apenas na outra noite", ele brinca, e corro para cobrir sua boca para impedi-lo de falar. Ele dispara, e os outros caras começam a me bloquear, então eu não consigo alcançá-lo.

“Não seja tímida, Vinna. Nenhum de nós está confuso sobre o que você e Siah estão fazendo quando você sai de fininho para um lanche”, diz Valen, colocando aspas na última parte de sua declaração.

Dou um tapa em seu braço e rio, desistindo de meus esforços para enfrentar Siah e purificá-lo.

"Oh, então você não teria nenhum problema se estivéssemos nos beijando e eu ficasse toda cheia de presas para cima de você?" Eu desafio, meu tom divertido.

"Porra, se suas presas podem fazer por nós o que as presas de Siah fazem por você, então eu estou no jogo", afirma Ryker. Eu rio ainda mais e solto um suspiro agradável só de pensar na mordida de Siah. Os caras riem e trocam socos com Ryker e depois com Siah.

"Eu não acho que serão presas, provavelmente será velocidade ou algo assim", anuncia Nash. Sabin e Valen ambos grunhem de acordo.

“De jeito nenhum, ela já tem essas através de suas antigas runas. Novas runas deveriam fazer algo diferente, não deveriam?” Knox pergunta, e o grupo se vira para mim como se eu soubesse se isso é verdade ou não.

"Bem, deixe-me limpar o manual de instruções que tenho escondido de todos vocês e descobrir", eu rosno enquanto imito abrir um livro e viro as páginas imaginarias. "Oh, aqui está", eu gorjeio enquanto lentamente dou o dedo do meio para eles.

Risos de diversão soam ao meu redor, misturando-se com o som de passos pesados enquanto caminhamos pelas colinas, Sorik liderando o caminho.

"Basta ativar as runas e saberemos quem acertou", encoraja Enoch. O sorriso em seu rosto cresce quando todos os outros começam a concordar com ele.

"Dibs na primeira mordida, se ela ficar toda cheia de presas", grita Torrez, e eu rio dos gemidos que começam e dos toca aqui que ele recebe de Siah e Knox. "Temos que ser resilientes, companheiros", ele brinca, e todos começam a se intrometer.

Não posso deixar de sorrir para a camaradagem que está flutuando no grupo hoje. Já se passaram quase duas semanas desde o confronto de Enoch e Knox. Nem tudo foi tranquilo, mas todo mundo está realmente tentando melhorar as coisas. Estou começando a me acostumar com as brincadeiras e provocações que acontecem cada vez mais livremente entre os meus Escolhidos e os meus Escudos.

"Tudo bem, mas não me culpe se eu ficar toda mordedora feliz e te fazer gozar tanto que você não pode mais caminhar hoje."

"Existem caminhos piores para seguir", afirma Valen.

"Nós estaríamos parando em breve de qualquer maneira", acrescenta Ryker.

"Todos nós teremos orgasmos de mordida, ou isso é exclusivo?" Kallan pergunta, sua mão parcialmente levantada como se ele estivesse esperando para ser chamado.

Eu rio e antes que alguém possa dizer mais alguma coisa, ativo as novas runas no meu ombro, que apareceram depois que Siah se tornou parte do meus Escolhidos. Nada acontece. Corro a língua pelos dentes, mas meus caninos não são diferentes. Eu trabalho para mascarar minha surpresa que as runas não me dão o que eu suspeitava que elas dariam. Todos os caras olham para mim com expectativa. Dou de ombros e dou um grande sorriso para que eles possam ver por si mesmos.

"Sem presas", Valen confirma enquanto se inclina e estuda meus dentes apenas para ter certeza.

Gemidos e suspiros desapontados soam ao meu redor, e eu participo. Eu pensei que seriam presas também.

"O que é isso então?" Sabin pergunta, e eu dou de ombros novamente.

"Eu não me sinto diferente."

Começo a correr para verificar se, de alguma forma, tenho uma nova velocidade de lamia, mas não pisco em lugar algum. Ativo minhas runas pelas pernas e entro no modo guepardo, mas foi a mesma velocidade que eu tinha antes. Eu corro de volta para os caras e tento não me sentir decepcionada. Eles parecem tão intrigados quanto eu.

"Talvez tenha sido compulsão, tente nos compelir a fazer alguma coisa", encoraja Bastien.

Eu olho profundamente em seus olhos. "Você nunca roubará minha comida novamente", ordeno e espero.

Siah me entrega uma maçã, o olhar em seus olhos ansioso para ver se meu comando funcionou. Dou uma mordida e tomo o suco que tenta escapar do lado da minha boca. Bastien se inclina e lambe o lado da minha mão onde mais suco escorria. Ele então pega minha mão e dá uma grande mordida na minha maçã. Ele pisca para mim quando seus lábios carnudos se fecham ao redor da fruta crocante, e eu tenho que me impedir de me inclinar e lamber uma pitada de suco de seu lábio. Porra, ele é gostoso, mesmo quando está roubando minha comida.

"Talvez eu tenha feito errado?" Eu digo, olhando para Siah por respostas.

"Talvez. Você sentiu algum poder em seu comando quando o deu?”

"Não", eu admito.

"Então provavelmente não é compulsão."

“Bem, o que é então? Não me sinto diferente, mas as runas precisam fazer alguma coisa, não?”

"Talvez não neste caso", oferece Ryker. "Talvez eles sejam mais uma marca de companheiro que um aprimorador de habilidades."

Eu murcho um pouco. Siah envolve um braço em volta de mim e me puxa para o lado dele. "Você realmente queria presas, não queria?" ele me provoca calmamente. Eu rio e envolvo meu braço em volta de sua cintura.

"Foda-se sim, eu queria, quem não quer induzir orgasmos com sua mordida?"

Siah racha e depois me dá um beijo rápido. Eu me inclino para ele querendo mais. "Não se preocupe, companheira, podemos entrar em uma guerra depois, realmente testar nossos limites desta vez."

Meu sorriso passa de faminto para radiante para predatório. Siah ri ainda mais.

"A BG ataca novamente", brinca Torrez.

Eu rio. "Você sabe, Lobo."

Solto a magia nas runas que Siah me deu e afasto a decepção que sinto pelo fato de que elas parecem não fazer nada.

"Devemos tentar a nova runa em todas as nossas mãos?" Ryker pergunta, e uma nova onda de emoção corre através de mim.

"Vamos parar por aqui esta noite", Sorik anuncia quando ele para e tira sua mochila. "Eu acho que uma tempestade está se aproximando, e quero seguir em frente e ver se há um caminho mais rápido para a montanha do que o que eu fiz da última vez."

Olho além de Sorik para a montanha à distância que ele deve estar falando.

“Siah, Nash, Teo e Enoch, vocês estão comigo. Teo, você pode mudar para o seu lobo? Estamos chegando perto e só quero ter certeza de que não vamos nos deparar com algo que não estamos esperando”, ordena Sorik.

Torrez assente e começa a se despir. Isso resulta em minha baba imediata pingando, e alguns dos caras gemem em desaprovação brincalhona.

“O resto de vocês monta as tendas e acende uma grande fogueira. Esta noite vai ficar muito frio.”

"Estamos nisso", Bastien e Valen dizem ao mesmo tempo.

"Vinna, eu vou deixar Vaughn com você, ok?" Eu aceno e passo para o lado do meu pai. Estive no comando dele algumas vezes até agora nesta viagem, por isso não deveria me sentir estranha ao fazer isso, e, por algum motivo, ainda sinto.

Todo mundo coloca suas malas no chão, e o grupo que acompanha Sorik se move. Os outros rapidamente entram em um ritmo familiar de montar tendas e acampamentos. Vejo algumas pedras grandes à direita e decido que é um bom lugar para Vaughn e eu relaxarmos e ficar fora do caminho dos caras enquanto eles preparam as coisas.

"Vaughn, vem comigo", eu instruo, e nós dois fazemos o nosso caminho em direção às rochas. Eu descarto minha inquietação sobre seus olhos mortos e sua capacidade de fazer o que ele disse. É estranho que eu não me incomode quando Sorik está no comando do meu pai. Mas quando sou eu quem o dirige, a realidade me soca toda vez, sem falhar.

"Vaughn, sente-se aqui nesta rocha", digo a ele, apontando exatamente para onde quero que ele esteja.

Ele se senta e eu me sento na pedra ao lado dele. Fico quieta por um tempo enquanto observo os caras trabalharem. Hoje em dia, eles se movem como máquinas de camping bem oleadas, e é cativante de assistir.

"Então, como foi hoje?" Eu pergunto a Vaughn.

Sem surpresa, ele não responde.

"Sorik diz que estamos chegando perto, o que é incrível e igualmente aterrorizante", admito. “Isso parece familiar para você? Eu sei que minha mãe conversou com Sorik sobre esse lugar, então você provavelmente também sabia. Gostaria de saber quais pontos de referência ela usou para explicar como chegar aqui.”

Olho em volta para as árvores ao redor. A paisagem parecia a mesma na semana passada. Não há sinais importantes de que estamos indo para outro lugar que não seja uma caminhada errante no meio do nada, mas Sorik diz que esse é o caminho. Eu provavelmente pareço uma idiota por estar aqui, conversando com um homem que nem sabemos se ele ainda está lá. Talvez os Sentinelas tenham alguma forma de ajudá-lo.

É uma esperança que tento não olhar muito de perto, mas uma brasa brilha no centro do meu peito, no entanto. Mas, caso isso nunca aconteça, e essa versão do meu pai seja tudo o que terei, estou tentando conhecê-lo e ajudá-lo a me conhecer. Acho que se os papéis fossem invertidos, eu gostaria que alguém fosse terno e gentil comigo dessa maneira.

Desço da minha pedra e me ajoelho aos pés de Vaughn. "Pai, levante a perna esquerda e coloque o pé no meu colo." Ele faz o que mandou, e começo a desamarrar a bota de caminhada e tirá-la. Sua meia grossa é a próxima, e depois verifico seus pés em busca de bolhas ou áreas que parecem que poderiam quebrar em breve por causa de fricção. Sorik me mostrou como fazer isso na nossa primeira noite de camping. Eu não tinha pensado no fato de que, se Vaughn estivesse sofrendo com uma bolha ou ferida de pressão em sua mochila, ele não seria capaz de nos dizer, então uma rotina noturna de checá-lo começou.

Esfrego a parte inferior do pé por um minuto e, em seguida, envio um pouco de mágica de Cura para curar um ponto no calcanhar um pouco vermelho demais da caminhada de hoje.

"Então, onde nós paramos?" Eu pergunto e inclino minha cabeça em pensamentos. “Ah, é verdade, Beth tinha acabado de decidir que era hora de deixar o Novo México. Laiken e eu não sabíamos que Beth já havia decidido que Nevada seria a nossa próxima parada, então nós nos revezávamos girando esse velho e imundo globo terrestre que ela havia encontrado em uma venda de garagem. Quero dizer, a coisa mal estava aguentando, mas isso não nos impediu de girar, fechando os olhos e colocando o dedo em um ponto. Onde quer que nossos dedos pousassem, decidimos que estávamos nos movendo para lá. A regra era que o escolhedor tivesse que contar à outra pessoa uma história sobre como seria a vida em nossa nova casa.”

Coloquei a meia e o sapato do meu pai novamente e mudei para o outro pé.

“Laiken pousou no meio do oceano uma vez. Eu tinha certeza de que ela iria contar uma história sobre sereias ou algo assim, mas eu deveria saber que a pequena Laik nunca seguiria o caminho previsível. Ela contou uma história sobre uma cidade subaquática que parecia tão real que eu juro que podia sentir o cheiro de sal no ar. Ela passou uma semana me contando tudo e fiquei fascinada.”

Eu rio com a memória e soco a melancolia que a acompanha.

“A história acabou tomando um rumo estranho quando a cidade entrou em colapso e tivemos que nos tornar canibais para sobreviver, mas estou lhe dizendo que isso não me fez não querer entrar no mundo de fantasia que ela criou e viver lá. Foi quando eu soube que Laiken tinha um presente. Ela poderia fazer você ver as coisas de uma maneira que você nunca pensou. Ela esteve fazendo isso por mim a vida toda, mas naquele momento eu percebi o quão poderoso era esse presente.”

Eu sorrio melancolicamente para o meu pai enquanto continuo a guia-lo pela minha vida.

“Eu provavelmente sempre me perguntarei o que ela teria feito com esse presente; as possibilidades eram infinitas.” Eu fico quieta por um tempo, pensando nela. "Eu ainda a ouço nos meus sonhos", eu admito. “Não é frequente, mas eu a pego de vez em quando. A mãe ainda fala com você?” Eu pergunto, e me pego procurando em seu rosto, apesar do vazio. "Às vezes tenho vontade de perguntar a Sorik sobre ela, mas não quero deixá-lo triste, então não o faço."

O silêncio se estende entre nós, enquanto todas as perguntas que tenho sobre minha mãe, ele e Sorik passam despercebidas. Observo como a última das tendas sobe e o sol desce em direção à terra. As nuvens cinzentas que pairavam o dia inteiro assumem uma tonalidade púrpura à medida que a noite entra para substituir o dia.

"Pai, você está com frio?"

Levanto-me para procurar uma jaqueta, mas congelo quando sua cabeça vira para mim. O olhar em branco ainda está no lugar, mas eu nunca o vi se mover sem que especificamente lhe dissessem para fazê-lo. Eu o assisto por vários minutos, meu coração lentamente se acalmando em seu ritmo normal. Nada mais acontece. Vou para o lado dele para ver se ele fará de novo.

"Pai, você está com frio?"

Ele não se mexe desta vez. Apenas olha para as árvores como se ele estivesse preso em suas garras de alguma forma. É como se sua consciência estivesse tão emaranhada nos galhos que, se ele a encarasse por tempo suficiente, ele poderia descobrir uma maneira de separar tudo. Não sei quanto tempo o observo sentado nas pedras como uma estátua.

"Lutadora!" Bastien chama, me tirando da minha observação desconfortável. "Hora do jantar."

Eu aceno para ele e assisto meu pai por outra batida. "Pai, levante-se e siga-me", eu instruo.

Ele segue, e eu tento não lançar olhares cautelosos para ele por cima do ombro enquanto nós dois voltamos para o acampamento em silêncio. Não tenho certeza do que aconteceu, mas preciso prestar mais atenção nele. Talvez isso seja normal e eu nunca notei antes. Faço uma anotação mental para perguntar a Sorik quando ele voltar.

Eu empurro contra a culpa que começa a subir no meu centro. Eu queria manter Vaughn à distância. Não tenho ideia de como lidar com essa situação, e mantê-lo perto, mas não chegando muito perto, tem funcionado para mim. Obviamente há coisas que estou perdendo ao tentar manter distância.

Eu lanço um sorriso de desculpas para Vaughn por cima do ombro. Ele ricocheteia nas feições de pedra e cai no chão. Solto um suspiro resignado e prometo silenciosamente fazer mais por ele, fazer melhor. Conduzo Vaughn ao fogo quente que já está brilhante e ardente no meio das tendas. Eu ordeno que ele se sente e o observo por outra batida. Eu me viro, sentindo-me culpada e inquieta. Meus olhos pousam nos de Ryker e ele abre os braços em boas-vindas.

Entro nele e, assim que seus braços me envolvem, sinto uma parte da minha ansiedade derreter. Ryker pressiona seus lábios no topo da minha cabeça, e eu o seguro como a tábua de salvação que ele é.

"Você está bem?" ele pergunta, passando as mãos pelas minhas costas em gestos suaves.

Solto um suspiro e acaricio seu peito. "Sim, meus olhos e desejos mentais estão apenas brincando comigo."

"Aqui." Ryker me manda sentar em uma cadeira dobrável de acampamento.

Ele se ajoelha aos meus pés e puxa uma bota no colo. Ele puxa os cadarços, e eu sorrio, reconhecendo exatamente o que ele está fazendo.

"Ryker", protesto e tento recuperar meu pé.

"Squeaks", ele zomba. “Deixe-me cuidar de você. Não seja teimosa. Além disso, nós dois sabemos que você adora quando eu trabalho minha magia.”

Ele pisca para mim e eu rio, incapaz de me impedir. Eu me inclino para trás na cadeira e corro um olhar faminto por todo o rosto e corpo dele. Seu cabelo loiro é mais longo do que era a primeira vez que nos conhecemos, e eu estendo a mão e passo meus dedos por ele. Ryker sorri para mim, seus lábios carnudos e felizes olhos azuis fazendo as coisas certas para as borboletas no meu estômago. Ele puxa meu sapato e a meia e depois começa a esfregar meu pé. Eu gemo quando ele aperta em um ponto dolorido com suas mãos mágicas. Ryker sorri.

"Amo esse barulho", ele brinca e depois massageia outro ponto dolorido.

"Eu amo você", eu respondo, e me inclino para a frente com os lábios contraídos, exigindo um beijo.

Ryker felizmente corresponde e depois se inclina para trás e começa a trabalhar, tirando minhas dores. Nós não conversamos. Nós apenas mergulhamos na presença um do outro e deixamos que funcione como um bálsamo para toda a apreensão e tensão que esta aventura está causando. Solto um suspiro aliviado enquanto ele silenciosamente faz suas coisas. Seu sorriso de resposta é preenchido com ternura e carinho.

"Não se preocupe, Squeaks, eu tenho você."

Meu sorriso reflete o dele. "Idem."

Ryker começa com o meu outro pé, e eu afugento qualquer emoção ou pensamento que não me permita apreciar o meu companheiro e me concentrar no quanto eu o amo. Sou uma garota de sorte, com certeza.


07


Eu acordo com um sobressalto. Meu coração está batendo forte no meu peito com alarme, e minha respiração está nublada pelo ar frio. Eu descanso a mão no peito de Valen ao meu lado, mas ele está dormindo profundamente, sua respiração profunda e uniforme. Fico quieta, ativando as runas na hélice dos meus ouvidos, e ouço. A noite está quieta, com exceção dos barulhos normais feitos pelos homens adormecidos em suas tendas. Desativo minhas runas e deslizo para fora dos braços de Valen. Enfio o saco de dormir ao redor dele, tomando cuidado para não o acordar.

Pressiono minha meia de lã com os pés cobertos nos meus sapatos desamarrados e silenciosamente abro a frente da minha barraca. Eu saio e suspiro. Tudo está coberto por um cobertor macio de neve. Há um anel molhado ao redor das pedras que cercam o fogo ainda ardente, e eu me movo em direção a ele, estendendo minhas mãos desprotegidas em direção ao calor. Ainda não está nevando, mas a cobertura branca sem marcação brilha para mim como se estivesse sugerindo um tesouro enterrado. Eu nunca vi neve sem ser em fotos. Aprecio a paisagem branca e macia com olhos arregalados.

“Não conseguiu dormir?” A voz profunda de Torrez me envolve como um cobertor quente, e me viro para encontrá-lo se aproximando do fogo ao meu lado.

“Algo me acordou. Que horas são?”

“Depois das três da manhã. Esse algo foi o Valen?” Torrez me pergunta com um sorriso provocador.

Eu sorrio, soltando um vapor branco da minha boca enquanto eu faço. “Não, ele desmaiou na tenda, mas algo me fez sentar na cama com o coração acelerado.”

“Pesadelo?” Torrez pergunta, seus quentes olhos castanhos estudando meu rosto.

“Acho que não.” Eu dou de ombros. “Você está de guarda agora?”

“Não, acabei de sair. Ryker está verificando o perímetro.”

Esfrego minhas mãos, esperando que o movimento e o fogo trabalhem para aquecê-las um pouco mais rápido. Porra, está frio. Torrez joga um braço em volta de mim e me puxa para o lado dele.

“Aqui, eu vou ajudar com isso”, ele anuncia enquanto me coloca com força contra ele.

“Obrigada, gentil senhor. Nada como me sentir acordada antes de tudo congelar” eu provoco.

Torrez ri e passa as mãos para cima e para baixo nos meus braços. “Eu vou fazer você saber que eu sou quente.”

“Oh, eu estou ciente de quão quente você é”, digo a ele enquanto pressiono contra ele e reviro os olhos.

“Por que você está aqui fora sem casaco?” Ele me pergunta enquanto suas mãos continuam a traçar caminhos quentes para cima e para baixo nos meus braços e nas minhas costas.

“Eu só ia me alongar e ver se conseguia me livrar dessa inquietação. Além disso” bato no peito dele com as costas da minha mão “Onde está seu casaco?”

“Eu sou praticamente um aquecedor de ambientes ambulante que fala e estava prestes a resolver parte da minha inquietação”, ele responde.

“Ahh, Sabin sabe que você está saindo da tenda quando ele está dormindo?” Eu brinco e depois chio quando Torrez dá um tapa na minha bunda com punição e ultraje falso.

“Eu estava indo correr, sua Bruxa suja. Mas fique à vontade para adicionar eu me masturbando no seu banco de palmadas.”

“Eu vou, obrigada”, digo a ele com uma apreciação exagerada.

“Você quer vir?” Ele pergunta.

“Bem, com visões de você se masturbando, como eu não poderia?”

Torrez dá um tapa na minha bunda novamente e belisca no meu pescoço. “Vir correr, não vir no meu pau, Bruxa. Quero dizer, talvez você também possa ter isso se jogar bem as suas cartas.”

Ele se afasta de mim e balança as sobrancelhas, os olhos brilhando de brincadeira. O ar frio imediatamente pressiona contra mim onde ele costumava estar, e um arrepio percorre minha espinha.

“Mas está frio”, eu lamento.

“Depois que você se mexer, não estará, mas eu entendo se você preferir se aconchegar sob a proteção de sua barraca e de outro companheiro. Vocês, bruxas, têm sensibilidades tão delicadas. Não queremos que você quebre uma unha agora, queremos?”

Torrez sorri para mim de brincadeira, seu desafio pairando no ar. Ele dá um passo para trás e começa a tirar a camisa. Eu aprecio a vista por algumas batidas, emoção e adrenalina começando a borbulhar dentro de mim.

“Tudo bem, mas o último a chegar nas árvores fica por baixo”, eu grito, e então saio na direção da linha da árvore distante.

A neve tritura sob minhas botas, e percebo tarde demais que nunca as amarrei. Porra, espero que continuem, porque não quero correr descalça.

“Trapaceira!” Torrez grita nas minhas costas e eu faço shhhh para ele por cima do ombro.

“Você vai acordar todo mundo”, eu sussurro gritando de volta para ele.

Eu rio baixinho enquanto olho para frente e corro mais. Ele está xingando baixinho enquanto luta para tirar as botas e as calças, então eu aumento minha liderança. Empurro magia nas runas na parte de trás das minhas pernas e na bunda. Sugo o ar frio para os meus pulmões e tenho certeza de que eles terão uma camada sólida de gelo quando eu chutar a bunda de Torrez para a linha das árvores. Quero verificar atrás de mim e ver se ele ainda está mudando, mas abro mão da necessidade de perverter sua nudez e me concentro na neve lisa aos meus pés e nas árvores que estão se aproximando rapidamente.

Estou em uma corrida aprimorada completa de Sentinela quando atravesso as árvores primeiro. Grito minha vitória na minha cabeça. Ativo as runas que a mordida de companheiro de Torrez me deu enquanto ativava as runas também para minha audição avançada. A noite explode em um banquete para meus novos sentidos. Minha visão aguça e meu nariz se enche de todos os tipos de novos cheiros. O som de pequenos animais se afastando é sedutor, mas eu ignoro isso e corro por entre as árvores.

Sei que Torrez agora está completamente como lobo e suas quatro patas são muito mais rápidas que meus dois pés. Eu me esforço mais e espero que minhas botas desamarradas não tentem nada engraçado. A noite está quieta e o manto de neve absorve o som de uma maneira interessante. Tudo parece mais suave, e há uma paz mágica que irradia por causa disso. Há um barulho de esmagamento que soa quando meus pés correndo deixam sua marca no chão branco, mas o barulho não atrapalha a paz que sinto entre as árvores hoje à noite, apenas complementa.

Meus pulmões param de protestar contra o ar frio e começam a apreciá-lo. O vento passa por mim, o toque gelado se tornando um bálsamo para o meu corpo quente. Meu cabelo se arrasta atrás de mim como uma capa, e sorrio enquanto todo o resto menos irritante que cresce em meu intestino quanto mais perto chegamos à Cidade Sentinela, é esquecido em todo o ar fresco e liberdade. Eu adoro correr na floresta à noite. Posso apenas imaginar Torrez em algum lugar atrás de mim, me perseguindo e planejando seu próximo passo. Enquanto a língua dele sai da boca aberta, ele bebe a mesma felicidade que uma boa corrida pode nos dar.

Minhas respirações não sopram mais como fumaça no ar. Minha pele não está mais ofendida pelo frio. Felizmente minhas botas ainda estão nos meus pés, e em breve terei meu companheiro dentro de mim, gemendo meu nome e adorando meu corpo. E neste momento, é tudo o que importa. O estresse de ir para Cidade dos Sentinelas e o que pode cair aos nossos pés arrepiam meus ombros, e de repente sou apenas uma garota brincando de gato e rato com um homem que ela ama.

Esse pensamento passa pela minha mente quando ouço patas saltando do chão nevado. O baque é distinto, e algo em meus instintos sabem exatamente o que isso significa. Eu paro, caio e rolo. O grande lobo cinza de Torrez voa sobre mim, voando pelo ar onde apenas um segundo atrás meu corpo deveria estar. Dou uma cambalhota de pé e o ataco. Ele rosna para mim e eu rosno de volta.

“Você precisa tentar mais, duas meias8”, eu provoco, e então nós dois rolamos no chão.

Somos uma bola giratória de pelos, dentes, garras, pele, cabelos e músculos. Nós dois tentamos lutar um com o outro em uma posição submissa, nenhum de nós ganhando vantagem por muito tempo. O enorme lobo cinza morde meu ombro e eu mordo sua orelha. Nós dois recuamos apenas para atacar de novo, a dança se repetindo várias vezes.

Torrez quase me derruba, mas quando ele me derruba, minha bota sai voando do meu pé. Ela voa alto e depois volta a cair para esmagá-lo com força na parte de trás da cabeça. Ele sacode a cabeça atordoado, espalhando neve, lama e sujeira do seu pelo. A pura esquisitice do que minha bota acabou de fazer me leva a um acesso de riso, do tipo que faz o grande lobo dar um bufo não divertido.

Em um segundo, tenho um lobo cinzento gigantesco em cima de mim, e a próxima coisa que vejo é que um Torrez nu está agora em seu lugar.

“Porra, você tem armas suficientes nesse seu corpo, não precisa fazer seus sapatos fazerem o seu trabalho sujo também”, ele resmunga e esfrega a parte de trás da cabeça.

Eu rio ainda mais. “Ela simplesmente voou e depois caiu na sua cabeça.” Eu ri histericamente, incapaz de me controlar enquanto a imagem ficava repetindo uma e outra vez em minha mente.

“Oh, é engraçado, é? Ter o cérebro esmagado por uma bota de caminhada é o que te diverte?” Ele exige, riso dançando em seus olhos castanhos.

“Não se preocupe, eu nunca deixaria ninguém saber que o grande Mateo Torrez foi derrubado por um sapato”, ofereço enquanto luto contra outra rodada de risadas e enxugo as lágrimas dos meus olhos.

“Ah, e o que você diria então?” Ele pergunta, seus dedos vagando pelo meu torso em busca de pontos dolorosos.

“Eu diria que você nunca viu o Chihuahua chegando!”

Eu grito quando seus dedos cavam no meu estômago, ativando as risadas de cócegas e me forçando a me contorcer.

“Você não diria! Retire o que disse!” Ele exige enquanto toca meu corpo como um instrumento bem conhecido, arrancando todas as risadas que ele consegue.

“O quê? Eles são cães muito cruéis, as pessoas simpatizariam!” Insisto em um grito antes de pegar o único ponto delicado de Torrez em seu pescoço.

Ele roncou como um nerd fã dos Vingadores que acabou de entrar em um restaurante cheio com todo o elenco, e eu perdi completamente meu controle. O grito agudo de cócegas que ele acabou de lançar está tão longe de viril e shifter quanto possível. Torrez consegue me prender ao chão, o que foi ajudado pelo meu estado de rir até ficar fraca. Estou rindo tanto que parece que estou grasnando como um ganso, o que me faz rir ainda mais.

“Porra, você é linda quando está rindo, feliz e deitada debaixo de mim”, observa Torrez.

O calor está baixo no meu estômago e tento domar minhas risadas. “Só assim?” Eu jogo, pescando descaradamente para mais elogios.

Torrez se inclina e belisca no meu pescoço exposto, seu lobo rosnando profundamente com aprovação. O rosnado vibra através de seu peito, e eu me deleito com a sensação dele contra meus seios. Desativo todas as minhas runas, fazendo Torrez e a floresta circundante brilharem com cor.

“Bem, linda o tempo todo. Impressionante quando você está rindo, e radiante quando você está gritando meu nome.”

Ele mói em mim, e eu dou uma risadinha e depois o viro de costas. “Tenho certeza de que venci a corrida e, portanto, fico por cima.”

Torrez me coloca nas minhas costas novamente. “Tenho certeza de que você trapaceou e, portanto, foi desclassificada da vitória.”

“Ora, ora, Lobo, não foi minha culpa que você não conseguiu tirar os sapatos. Você me convidou para vir.”

Ele dá uma bufada divertida. “Só se você jogasse suas cartas certo, lembra?”

“Bem, então, royal flush9”, grito, nomeando a mão mais alta que consigo pensar no pôquer. “Isso conta?” Eu pergunto, me inclinando para frente e sugando o lábio inferior de Torrez na minha boca.

Ele reivindica minha boca em troca e aprofunda o beijo. “Sim, isso serve”, ele arfa entre beijos enquanto se apressa em me despir. Estendo a mão e acaricio seu comprimento, bombeando-o lentamente para cima e para baixo enquanto tiro o outro sapato e espero que ele role para se juntar ao seu par. Minhas roupas estão molhadas e um pouco enlameadas de nossa luta, mas eu nem sinto o frio quando Torrez as tira de mim. Ele coloca o tecido embaixo de mim e pressiona contra o meu corpo agora nu.

Ele realmente é como um aquecedor que fala e anda, e eu me agarro a ele enquanto ele beija meu pescoço e se concentra nos meus seios.

“Mmmmm, vá pescar10”, eu chamo enquanto ele chupa meu mamilo e brinca com o outro entre o polegar e o indicador. Torrez se afasta e fixa os olhos em mim, seu olhar cheio de risadas.

“Hum... quê?”

“Oh, eu pensei em gritar vitórias de jogos de cartas, caso ainda precisasse jogar bem minhas cartas”, digo, com um sorriso atrevido no rosto.

Meus lábios se abrem com um sorriso, mas minha boca está aberta como um O quando ele ri e depois se move rapidamente pelo meu corpo para sugar meu clitóris. Ele não perde tempo com minha buceta, lambendo, chupando e provocando até que eu esteja uma bagunça. O rosnado excitado que ele dá toda vez que me espalha e me lambe envia deliciosas vibrações através de mim, e eu estou à beira do orgasmo em pouco tempo. Como a montanha russa mais sexy do mundo, Torrez me leva até o pico, faz uma pausa para criar antecipação e depois me leva ao limite, sem fôlego, ofegante e gritando.

“Old Maid11!” Eu grito enquanto flutuo languidamente através do meu orgasmo, e posso sentir a risada que está vibrando através dele quando a Old Maid se torna uma oração fervorosa de apreciação nos meus lábios.

Torrez volta para o meu corpo, adorando com seus beijos aonde ele passa. Ele prende os olhos nos meus e mexe no meu nariz com o dele.

“Ao vencedor as batatas”, ele grita, e então ele se alinha e empurra profundamente dentro de mim.

Fico presa entre uma risada e um gemido quando Torrez começa a trabalhar ritmicamente dentro e fora de mim. O som de nossos corpos se separando e batendo de volta juntos dança no ar ao nosso redor. Um floco de neve cai na ponta do meu nariz e abro os olhos para descobrir que começou a nevar novamente. Os grandes flocos gordos caem preguiçosamente no chão, como caem o tempo todo no mundo. Eles seguem a lenta rota cênica enquanto caem do céu, giram e balançam até descansar no chão da floresta ao nosso redor.

“Gin!” Eu grito quando Torrez atinge aquele ponto específico dentro de mim. Nós dois rimos e mais uma vez nos perdemos facilmente no sentimento um do outro.

“Você foi feita para mim, sua Bruxa atrevida”, ele declara, pontuando cada palavra com impulsos profundos.

“Claro, Lobo Gris12.”

“Lobo Gris? Sério?”

“Eu fiquei sem bons insultos de lobo”, eu admito e, em seguida, pego meus mamilos enquanto ele acelera. “Duas meias e espanhol eram meus Ave Maria”.

“Quem diabos é duas meias?” Torrez grunhe, perto, mas segurando seu orgasmo.

“Você sabe, dança com lobos”, encorajo, mas ele apenas parece confuso. “O Google disse que era um filme.”

“Parece falso”, ele diz, batendo minha mão para que ele possa chupar um mamilo em sua boca.

Eu gemo e corro meus dedos por seu cabelo preto úmido. Ele começa a me foder ainda mais. “Acho que posso chamá-lo, tipo, de nomes depreciativos para animais de estimação agora que usei todos os nomes de lobo. Como você se sentiria com relação à Fifi?”

Torrez rosna e olha para mim, nunca perdendo uma batida enquanto ele bombeia dentro e fora da minha boceta. “Eu sinto o mesmo que você sentiria se eu parasse de te foder agora. Eu posso sentir você já começando a pulsar ao meu redor. Me chame de Fifi e observe o orgasmo desaparecer” ele ameaça de brincadeira, e eu o encaro.

Eu mantenho minha boca fechada e jogo minha cabeça para trás para me perder nas sensações do corpo dele em cima do meu. Movendo-se em mim, me sentindo tão bem e tão bom. Outro orgasmo varre-me como uma nevasca, e eu grito: “Uno!”

Torrez pressiona ainda mais e fica quieto, seu orgasmo é uma mistura do meu nome e riso.

“Eu te amo, Fifi”, provoco enquanto nós dois apenas ficamos lá na felicidade orgástica.

Eu rio quando ele sai e depois me vira de quatro.

“Oh, eu vou te mostrar o Fifi”, ele declara, e então ele empurra de volta para dentro e fode o Fifi diretamente fora de mim.


08


Estou agitada com inquietação que, neste momento de nossa aventura, é o meu novo normal. Estamos perto, e podemos sentir isso. Estamos caminhando há apenas algumas horas, e não tem as piadas e brincadeiras que normalmente acontecem. Estamos todos calados. Atentos. A expectativa pesa sobre cada uma de nossas costas à medida que nos aproximamos do nosso destino a cada passo.

Nenhum de nós tem certeza do que vai acontecer. Sorik disse que voltou quando viu a barreira na primeira vez que percorreu esse caminho. Ele não foi parado por ninguém nem seguido. Sua descoberta pareceu passar despercebida. Eu continuo pensando que os Sentinelas vão aparecer a qualquer momento com uma “Parados! Quem são vocês?”, mas à medida que diminuímos a distância, nada acontece.

Isso deveria me fazer sentir aliviada ou, pelo menos, ajudar a acalmar minha ansiedade, mas está me deixando tensa. Nós escalamos outra colina no que parece ser uma caminhada sem fim de colinas e montanhas, e lá está. Uma barreira luminescente que se estende tanto quanto posso ver à esquerda e à direita. Está cercada por grandes montanhas de cada lado e, pelo que Sorik disse, a Cidade dos Sentinelas fica em algum lugar no meio de um vale. Todos nós sabíamos que estávamos chegando mais perto do nosso destino, mas pela maneira como todo mundo congela, acho que nenhum de nós esperava que hoje fosse o dia.

Sinto o puxão da barreira como o som de uma sirene. Eu não sei o que diabos isso significa, mas há um inegável chamado para fazer alguma coisa. Eu vejo os rostos dos meus Escolhidos, meus Escudos e Sorik. Eu posso dizer que a ligação está cantando em cada um deles também. Lentamente, começamos a descer a colina em direção à barreira, e eu traço as características familiares do rosto de meu pai enquanto avançamos. Eu novamente me pergunto se ele está lá. Se essa barreira o compele a alguma ação desconhecida também.

Examino nosso ambiente em busca de qualquer movimento, enquanto também observo a barreira. Paramos cerca de três metros e tudo o que qualquer um de nós pode fazer é apenas olhar.

“Todo mundo está sentindo...” Valen fala.

Os ressonantes “sim” o interromperam antes que ele pudesse terminar a pergunta.

“Alguém mais quer tocar?” Becket pergunta, e a confusão e fascinação em seu tom me fazem querer rir.

“Nunca me senti tão atraído por um fenômeno mágico... bem, além de Vinna, quero dizer”, diz Siah com admiração, e simultaneamente me sinto em ebulição e concordo com sua avaliação da barreira.

Eu também me sinto como a Dory quando ela encontra a Fofinha13 e declara que é dela. Eu só quero me esfregar em toda a sua barreira cintilante, chamá-la de brilhante e anunciar que agora é minha para sempre.

“Eu me pergunto o que é isso que tem essa atração?” Ryker pergunta, e todos ficamos em silêncio novamente enquanto olhamos para a miríade de cores que estão brilhando à nossa frente.

“Eu quase sinto que está... eu não sei... faltando alguma coisa, talvez”, observa Bastien.

“O que você quer dizer?” Valen pergunta.

“Não sei como explicar, mas parece que estou buscando algo, e que quero desesperadamente o que quer que seja. Como se estivesse clamando por isso.”

“Como se fosse a fechadura em busca de uma chave”, eu sussurro.

As palavras de Bastien demoram um momento para absorver, mas, quando fazem, posso entender exatamente o que ele quer dizer. A barreira não está chamando neste alegre "vamos todos brincar juntos de felicidade e bem-aventurança". Parece mais algo ferido e implorando por alívio.

“Está me dando a porra de um ataque de nervos quanto mais tempo eu a encaro. Então, o que for que vamos fazer para superar isso, vamos fazer agora”, declara Enoch.

Pisco algumas vezes e, em seguida, afasto o foco da chamada da barreira. Não vejo ninguém do outro lado ou sinto qualquer tipo de ameaça.

“Então, alguém se sente como se devêssemos nos afastar do plano?” Eu pergunto.

Ninguém responde imediatamente enquanto estudam a barreira, um ao outro e depois a mim.

“Você é a fonte individual de magia mais forte, de modo que ainda faz mais sentido para mim”, oferece Sabin, finalmente quebrando o silêncio.

“Eu acho meio arriscado”, começa Knox. “Mas estaremos todos prontos para ajudar, se você precisar”, acrescenta, e o sorriso confiante que ele me dá me aquece até o fundo.

Eu respiro fundo e viro para a barreira novamente. Eu não posso mentir, há uma parte de mim que se preocupa que isso possa agir como um choque gigante e apenas fritar minha bunda com o contato. Mas eu argumentei que eu era a melhor opção para descobrir como superar isso, e agora eu tenho que ser Sentinela, porra, e espero que isso não me cozinhe até que eu esteja marrom dourada e crocante.

Eu lentamente libero o ar que acabei de puxar em meus pulmões e dou a mim mesma uma sólida conversa sobre lá vamos nós. Esforço-me e faço o meu melhor para manter a minha cara de paisagem intacta, a que exala um ar de eu consegui e esconde completamente a cara que as pessoas fazem quando estão prestes a tocar em algo super nojento. Eu ando os três metros que separam o grupo da barreira e depois a encaro.

De repente me sinto tão despreparada, o que não faz sentido.

Caminhamos há semanas, sabendo que esse era o destino. Examinamos planos e planos para o que fazer quando chegarmos aqui. Estamos finalmente aqui e, no entanto, tudo isso parece surreal, como um sonho de que vou acordar a qualquer momento. Eu respiro fundo e sacudo a incerteza dos meus membros. Eu levanto minha mão e paro.

Qual é o meu problema, porra?

Eu rolo meus ombros duas vezes e afasto qualquer hesitação do meu corpo. Toco a barreira com a ponta do dedo e rapidamente afasto minha mão com um guincho de terror e emoção. Espero meu corpo queimar espontaneamente, mas quando isso não acontece, eu me viro para os outros e dou um sorriso largo.

“Oba! Não morri!” Eu grito, incapaz de me impedir.

Bastien e Torrez balançam a cabeça para mim, mas não perco o sorriso nos olhos deles. Eu não fui incinerada, o que significa que estou nas nuvens. Eu atribuo essa reação ao fato de eu não ter seguido o plano de testar a barreira com mágica com o qual todos concordamos, mas, em vez disso, entrei na mágica brilhante revestida de arco-íris.

Protestos gritados ecoaram nas minhas costas quando de repente fui envolvida pela magia defensiva da barreira. Eu sei que meus Escolhidos vão querer me rasgar, mas vou ter que lidar com isso do outro lado. Continuo a atravessar a barreira e parece que estou cercada de gelatina. Estou envolvida por uma sensação densa e fria, e me movo como se estivesse embaixo d’agua. Olho por cima do ombro para ver todos discutindo, mas o som está perdido para mim.

Eu vejo Knox dizer as palavras, foda-se antes que ele também entre na barreira. Eu o vejo encolher, como se ele não tivesse certeza do que esperar quando tocou a magia, mas, assim como comigo, não houve problema. Os outros caras entraram no campo de força mágico, um por um, e todos começamos a entrar no que a barreira estava protegendo.

Todos nós tivemos teorias diferentes sobre a barreira e como navegá-la. O plano original era fazer contato e depois partir daí. Nós achamos que o contato ajudaria a determinar se a barreira era hostil ou defensiva. Era uma proteção simples ou algo completamente diferente? Parece que a teoria de Sorik venceu. Ele pensou que talvez a barreira pudesse reconhecer a magia dos Sentinelas e responderia de acordo. Ele imaginou que seria a única maneira de outros Sentinelas entrarem e saírem. Eu me perguntei se eles realmente vêm e vão, desde que, supostamente, todos pensavam que estavam mortos.

Talvez minha mãe tenha fugido?

Saio do lado de dentro da barreira e entro na sombra de uma montanha que está bem na nossa frente. Paro por um momento, desorientada, porque quando eu estava do lado de fora da barreira, parecia que eram árvores esparsas e terra plana.

“Você está de brincadeira?” Torrez se enfurece comigo quando ele passa pela barreira também. Eu me viro, pronta para garantir a ele que está tudo bem, mas o olhar zangado no rosto de todos me faz calar a boca.

Merda.

“Foi mal”, ofereço fracamente, sabendo que se um deles tivesse saído do roteiro como eu acabei de fazer, ficaria tão irritada quanto eles.

“Vou me esforçar muito para não parecer um homem das cavernas, mas Vinna, você não pode simplesmente fazer merdas como essa!” Torrez rosna para mim. “Suas ações e escolhas não afetam mais somente você, e a falta de consideração que você acabou de mostrar a todos nós não foi legal.”

“Porra, eu sei. Eu fui como uma mosca, vi o brilho e apenas segui em frente. Sinto muito, pra caralho” ofereço, olhando cada um deles por vez.

Torrez faz uma pausa, de repente sem saber o que dizer. “Você devia mesmo sentir muito”, acrescenta ele, tropeçando.

“Eu sinto. Sério, eu entendi. Não vou fazer esse tipo de merda de novo” juro, e mais de um deles me lança um olhar interrogativo.

Torrez passa os dedos pelos cabelos e solta um suspiro frustrado. “Boa conversa, eu pensei que ela iria se defender. Não tenho certeza do que fazer agora” ele se inclina e murmura para o lado de Sabin.

Eu rio, assim como alguns outros caras.

“Você pode puni-la da melhor maneira possível depois”, diz Sabin a Torrez, de maneira conspiratória, e minha boceta me deixa saber que ela realmente gosta do som disso.

Torrez solta um bufo divertido e balança a cabeça para mim. “Chega dessas merdas de vigilante solitária, bruxa”, ele repreende novamente.

Eu corro um dedo sobre meu coração no formato de um X. “Chega de merda de vigilante solitária”, eu concordo.

Todo mundo parece satisfeito com a minha declaração, e o foco vai rapidamente de mim para o nosso entorno.

“Parece que temos mais caminhadas em um futuro próximo”, observa Ryker, com a cabeça inclinada para trás para contemplar a grande montanha eclipsando nossa presença deste lado da barreira.

“Sim, eu meio que pensei que haveria uma grande cidade esperando aqui por nós, e talvez tivéssemos, tipo, um desfile e essa porra toda”, Becket diz, e eu balanço minha cabeça para ele enquanto lutamos com um sorriso divertido.

“E se não houver ninguém aqui?” Knox pergunta, a pergunta rapidamente tirando a diversão do meu rosto. “Quero dizer, todos nós pensamos que haveria outros deste lado da barreira, mas e se não houver? E se a barreira não proteger nada agora e tudo o que há é apenas o que vemos?”

Esse pensamento gira em torno do grupo como uma praga que ninguém quer pensar sobre. Corro o olhar pelas árvores sombreadas, pela grama e pelos arbustos que nos cercam.

“Sim, esse pensamento nunca passou pela minha cabeça”, confesso.

“Nem eu”, Bastien e Valen dizem ao mesmo tempo.

“Bem, a única maneira de descobrirmos é subir esta montanha ou contornarmos ela”, observa Enoch, e todos inclinamos a cabeça para trás para observar o pico mais alto acima de nós.

Todos soltamos gemidos e rosnados de aborrecimento. Nenhum de nós tinha ideia de que tipo de boas-vindas receberíamos, mas todos pensávamos que chegar ao outro lado da barreira significaria não andar mais.

“Todos aqueles a favor de andar por aí?” Sorik pergunta, levantando a mão para votar.

Todo mundo seguiu o exemplo. Sem outra palavra, ele segue para a direita, e começamos nossa jornada para contornar a base do monte rochoso que está no nosso caminho.

“Se houver alguém aqui, quanto tempo você acha que levará antes de estarmos no radar deles?” Kallan pergunta.

E é exatamente nesse momento que o calor passa por mim. É como se a pergunta de Kallan tivesse ativado minhas runas de alguma maneira. Elas começaram a brilhar e eu esquentei. No começo, fiquei confusa com a sensação, porque há algo estranhamente familiar, o que a torna ainda mais estranha.

“Hum... algo está acontecendo”, eu falo ao mesmo tempo que vários deles perguntam: “Estão sentindo isto?”

É essa pergunta que aciona a memória da última vez que isso aconteceu. A magia cresce dentro de mim como se eu fosse uma panela de pressão, e eu sei que a qualquer segundo agora, ela vai explodir de mim e fazer alguma coisa com a barreira pela qual acabamos de atravessar. A última vez que isso aconteceu foi quando cruzei a barreira mágica pela propriedade de Lachlan. Minha mágica meio que apenas... aumentou. Eu suspeito que a mesma coisa está prestes a acontecer, mas a magia que está correndo para mim agora é um inferno de muito mais intensa do que qualquer coisa que eu experimentei na última vez.

Estremeço com a força da magia que cresce dentro de mim, e meus olhos pousam no olhar preocupado de Siah. Ele abre a boca para dizer algo para mim, mas minha cabeça se enche com um som acelerado, e eu não consigo entender o que ele está tentando dizer. De repente, suas runas acendem, e é como se alguém tivesse ligado o interruptor de todos os meus Escolhidos.

O brilho deles está ofuscante, e tento me afastar e proteger meus olhos, mas não consigo me mexer. Eu me esforço contra a magia que me enche, e justamente quando as coisas estão quase dolorosas, a magia explode em um flash brutal como uma bomba que explodiu. Meu grito é perdido pelo som estrondoso de magia saindo de tudo o que sou. Não ondula como na barreira de Lachlan, mas explode até bater na cúpula da barreira acima de nós e depois espalha como fogos de artifício.

Sinto como se estivesse vendo minha alma, minha essência se esvair com ela, mas não tenho tempo suficiente para me assustar com isso quando a magia brilha simultaneamente em cada um dos meus Escolhidos. A magia deles não se junta à minha para alimentar a barreira que nos cerca, mas bate diretamente em mim. Não vejo o que aconteceu com Sorik, meu pai ou meus escudos. Estou cega pela luz que meus Escolhidos estão alimentando em mim e que subsequentemente eu estou alimentando a barreira.

A estranheza, a peça que faltava, que eu senti antes quando se tratava da mágica na barreira, muda lentamente, e o que parecia incompleto e desfeito agora parece curado e correto. A satisfação se instala no meu peito e, assim, minha magia pisca.

Eu tomo um momento para recuperar o fôlego. Estou prestes a começar a cumprimentar-me internamente por não sentir que vou desmaiar, foi assim que me senti da última vez que isso aconteceu, quando meus Escolhidos desmoronam no chão. O pânico passa por mim. A realidade me puxa violentamente para longe do orgulho e da paz que eu estava sentindo. Eu corro para Sabin, que era o mais próximo de mim quando ele caiu, e puxo seu corpo mole no meu colo.

O medo martela no meu peito quando percebo que não consigo chegar a todos de uma vez. O peito de Sabin se move lentamente contra o meu. Esse sentimento é a única coisa que me prende ao aqui e agora e me impede de perder completamente minha merda.

Eles estão bem, Vinna. Eles estão apenas inconscientes. Eles estão vivos.

Repito isso sem parar para mim mesma, envolvendo as palavras ao meu redor como a corda de salvação que elas são. Eu corro com Sabin nos braços, movendo-me lentamente para poder puxar todos eles para mim. Percebo distraidamente que o círculo de diamantes que apareceu recentemente na palma da minha mão ainda está brilhando, mas ignoro isso quando a necessidade de tocar cada um dos meus rapazes e garantir que eles estejam bem, domina tudo o que está em minha mente.

“O que em nome de Contatos Imediatos de Terceiro Grau14 acabou de acontecer?” Kallan pergunta, seus olhos treinados no teto da barreira. A luz pulsava e piscava através dela, pontuando sua pergunta.

“Bem, se houver alguém aqui, eles sabem que têm companhia agora, graças a esse show de luzes”, anuncia Becket, e não deixo de notar a irritação em seu tom.

“Todo mundo está bem?” Nash pergunta enquanto corre para verificar cada um dos meus Escolhidos.

Ele metodicamente verificou cada um deles, enquanto o resto de seu clã e Sorik respondiam com seus sim, e eu tentava parar de enlouquecer. Congratulo-me com a dormência que começa a assumir o controle quando canto para mim mesma que eles vão acordar, eles estão bem repetidamente. Eu trabalho para compartimentar minha preocupação e pânico, porque Becket está certo. Apenas a porra da luz que praticamente disse querida, cheguei! para quem vive dentro dessas paredes mágicas.

Maldita magia imprevisível e irritante!

“Nós precisamos nos mover. Se tiver alguém aqui, é possível que Becket possa ter o desfile com o qual está sonhando, mas também há uma chance de que eles também queiram nos foder”, digo a eles.

“Kallan, você vê alguma boa posição de defesa?” Enoch pergunta.

Kallan imediatamente começa a examinar tudo ao nosso redor com um olhar mais crítico. “Podemos subir mais, ver se há algo bom lá em cima que nos torne menos patinhos indefesos.”

Concordo com a cabeça e arrumo Sabin de costas. “Cada um de nós precisa carregar um dos meus escolhidos. Vamos!” Grito e, em seguida, agarro a perna de Sabin, rolo em cima dele e aproveito o momento para colocá-lo em meus ombros.

“Pai, estamos colocando Ryker em seus ombros. Você vai carregá-lo e garantir que nenhum dano aconteça a ele” ordeno.

Não há reação à minha direção, mas quando Enoch e Kallan colocam Ryker nos ombros de Vaughn, ele o mantém lá. Neste ponto, eu vou aceitar. Invoco minhas runas e enfio magia em todos os meus membros para ajudar a suportar o peso de Sabin. Ele é mais alto que eu e tem mais músculo, mas eu não sabia que ele seria tão pesado. Talvez sejam as semanas de caminhada ou o ralo da minha magia, mas me sinto trêmula ao segurá-lo.

Enoch e Kallan colocam Siah nos ombros de Sorik, Bastien nos ombros de Nash e Valen nos ombros de Becket. Em seguida, ambos executam o mesmo movimento que acabei de usar. Kallan pega Torrez e Enoch pega Knox.

“Venham” Kallan dirige, e todos o seguimos, em fila única, em direção às árvores densamente compactadas. A adrenalina e o pânico fortalecem meus músculos cansados, e me concentro em manter Sabin seguro em meus ombros. Eu discuto se devo usar qualquer uma das minhas outras runas para tentar garantir que nada possa nos surpreender, mas me preocupo com o que acontecerá se eu me esgotar por fazer demais.

Porra.

Não tenho certeza do que estamos entrando e estamos com sete pessoas apagadas. Precisamos de toda a ajuda que pudermos obter. Ativo todas as runas do meu corpo que não são armas, alimentando magia em todas as marcas em mim que possam nos dar a vantagem tática. Minha audição aumenta. A cor desaparece e tudo fica mais detalhado à medida que minha visão muda. Respiro fundo, o cheiro familiar de árvores, sujeira, folhagem e as pessoas com as quais estou enchendo meu nariz.

É como se fios do meu corpo afundassem na montanha a cada passo, ajudando-me a identificar o movimento dentro e sobre o solo e a navegar no terreno. Bem, isso é novo. A cada passo que dou, me sinto melhor, mais forte, mais rejuvenescida. Arquivei isso para analisar mais tarde. Não sei o que é, mas vou aceitar.

Caminhamos por cerca de vinte minutos, cavando mais fundo na densa floresta, quando sinto. Estamos sendo vigiados.


09


Eu sinto olhos em mim. Mas, independentemente de todas as habilidades que eu tenho ativadas no momento, não sei dizer de onde vêm. Paro no meio do caminho, arrepios subindo nos meus braços. Abro a boca para dizer algo aos outros, quando algo cai do céu e bate na terra a quinze metros de distância. Sujeira, pedras e outros detritos do chão da floresta voam ao nosso redor. Gritos alarmados são tudo o que podemos deixar escapar à medida que mais coisas misteriosas começam a cair do céu. Vejo membros e penas em um projétil antes que minha visão seja embaçada pela nuvem de terra que se forma quando bate no chão.

Meus escudos, Sorik e eu, todos trabalhamos rapidamente, deixando meus Escolhidos no chão e formando um círculo protetor ao redor deles. Tento gritar para Vaughn ficar no meio também, mas ele não pode me ouvir acima de todo o caos que está acontecendo ao nosso redor. Sorik se joga para ele e grita uma ordem em seu ouvido. O alívio me enche quando Vaughn pousa Ryker gentilmente e depois se deita em cima dele.

Minha garganta se aperta ao ver meu pai protegendo um dos meus Escolhidos com a vida. Não sei o que faria se algo acontecesse com algum deles, e uma parte de mim quer deitar sobre meu pai para protegê-lo também. Eu deixo de lado toda preocupação e me afasto, e me armo com a cruel necessidade de proteger todos. Mais uma vez eu bato no meu eu mais baixo, aquele que grita por sangue e exige que ninguém brinca com o que é meu.

Chamo minha espada longa e bato no punho para forçá-la a replicar. Sinto Enoch fazendo o mesmo atrás de mim. Becket chama suas maças. Kallan apalpa suas facas e Nash gira as duas espadas curtas nas mãos. Espadas curtas se materializam nas mãos de Sorik, e convoco uma barreira defensiva amarelo-laranja brilhante em torno de onde meus Escolhidos estão inconscientes. Eu afugento o pensamento fugaz de que eles vão ficar chateados por terem perdido a ação. Eu invoco uma barreira ofensiva, a proteção magenta fortalecendo a barreira amarelo-laranja protegendo-os.

Pessoas passam pelo ar denso e nublado, e todos percebemos rapidamente que estamos cercados. Alguns deles têm asas, mas o resto se parece conosco. Pelo que consigo ver através das nuvens de detritos que agora flutuam lentamente de volta ao chão da montanha, pego várias sombras de homens, com duas mulheres entremeadas. Todos eles usam um tipo de armadura preta, mas parece couro, em vez de metal. Eles parecem estar se aproximando lentamente de nós, e eu posso distinguir através do ar nebuloso, esferas brilhantes flutuando nas mãos de alguns e armas agarradas nas mãos de outros.

Sentinelas.

Vejo runas pretas como as minhas em alguns deles e não posso evitar a admiração que surge através de mim.

Eu realmente não sou a última.

Vasculho cada centímetro deles que consigo ver, faminta por saber mais, mas dolorosamente ciente de que essa situação não parece amigável.

Eles podem malditamente voar.

Eu me empolgo comigo mesma e depois trabalho para acalmar minha merda. A excitação tenta estragar minha cara de jogo, mas eu a submeto.

Não é a porra da hora nem do lugar, Vinna.

Eles não dizem uma palavra enquanto se movem lentamente para fechar à nossa volta. Há uma arrogância inconfundível flutuando com a presença deles e a maneira como eles se comportam. Essas pessoas sabem que são o topo da cadeia alimentar. Eles andam pela nuvem de terra que seus desembarques criaram, como deuses esperando adoração. O aviso pulsa pela minha espinha e eu sei que não posso deixar minha admiração tomar conta de mim. Eu rapidamente olho para meus Escudos e Sorik, somos tudo o que está entre eles e meus Escolhidos.

“Por ordem da Soberana Finella, você está invadindo e tem uma ordem de expedição em suas cabeças. Fale de suas origens, ou vocês serão destruídos.” Anuncia um homem bem na minha frente, apertando com mais força a lança nas mãos.

Eu digitalizo os Sentinelas ao redor.

“Sua Soberana ordenou que você não nos matasse se lhe dissermos de onde somos?” Eu pergunto, sem saber por que eles gostariam de saber de onde nós somos, se eles foram ordenados a nos matar.

“Quem é você e como você chegou aqui?” Uma voz feminina exige, ignorando minha pergunta. Não consigo entender quem disse isso, mas parece vir da minha direita.

Ficamos calados, avaliando a situação.

“Nós não perguntaremos novamente. Quem é você e como você chegou aqui?” A mesma voz feminina exige, um fio duro trabalhando para neutralizar a juventude que soa em seu tom.

“Nós caminhamos”, responde Sorik calma e vagamente.

Outro Sentinela grita: “Impossível”, ao mesmo tempo em que uma risada sem humor enche o ar. A risada sai da névoa de terra e meus olhos se arregalam, apesar dos meus esforços para ficar calma, fria e controlada.

Ele tem asas, porra!

O cara anda à frente, parecendo um anjo da morte versão GQ15. Tomo sua pele impecável de alabastro, cabelo preto como o meu, olhos brilhantes de cor de berinjela e um sorriso que parece ser o acessório favorito desse cara. Bem, além de todos os músculos dele. Asas cinzentas e bronzeadas estão sentadas em suas costas, e tento não as encarar enquanto seu olhar divertido me julga.

“Você realmente gostaria que acreditássemos que acabou de atravessar uma barreira impenetrável?” Ele zomba, passando os olhos por Sorik e meus Escudos com desdém.

“Não pode ser tão impenetrável, já que estamos discutindo agora”, eu desafio. “Parecia bastante amigável a Sentinelas, então, se não era isso que você queria, você realmente deveria checar a barreira”, acrescento.

“Não há Sentinelas fora de nossas fronteiras”, outra mulher afirma maliciosamente, e eu me viro para ela.

“Bem, do que diabos você nos chama então? Se está marcado como um Sentinela e luta como um Sentinela...” eu paro, girando minhas espadas um pouco para enfatizar meu argumento.

Inquietação ondula pelos dois lados quando eu termino de falar. Essa risada sem humor começa de novo, e o homem com asas se aproxima, os outros com ele refletindo suas ações. “Eu vejo apenas uma Sentinela cercada por muita magia indigna. O que você deixou que eles fizessem com você, Gatinha?”

Eu me irrito com sua implicação e o sorriso de escárnio dele se aprofunda. O riso manso instiga os Sentinelas à minha frente. Eu os encaro, minha atitude de viemos em paz rapidamente se transformando em um monte de vão se foder. Inclino minha cabeça para ele com apreciação e giro as duas espadas nas mãos. “Ora, ora, oh alado e idiota. Você deveria se preocupar menos com o que eles fizeram comigo e mais com o que eu vou fazer com você.”

“Nós não vamos perguntar novamente, como você chegou aqui?” Um Sentinela loiro sujo exige novamente, e eu oficialmente cansei de jogar este jogo.

“Como diabos você acha que chegamos aqui?” Eu rebato. “Você sabe como sua barreira funciona e quem ela deixa ou não passar. Vamos cortar o papo furado. Você pode ver o que somos. Se isso não importa para você, e eu suspeito que não importe, então cale a boca e faça um movimento.”

Há uma boa chance de eu não ser a mais forte em magia entre esses Sentinelas, mas estou pronta para descobrir.

O homem loiro sujo alimenta magia na esfera branca em sua mão. “Só consigo imaginar com que rapidez você abriu as pernas para obter pura luz, considerando tudo o que fez para marcar a sujeira com a qual está. Não se preocupe, eu vou cuidar deles e depois vou cuidar muito bem de você” ele declara.

Nojo, fúria e decepção trovejam através de mim.

“Bem, eu estou cheio de conversar, e você, Vinna?” Becket me pergunta.

Eu rapidamente pego o número de Sentinelas ao nosso redor, as barreiras sobre meus Escolhidos e meu pai, e aceno com a cabeça em concordância com Becket. Atacamos sem uma palavra de aviso e, por um rápido segundo, vejo surpresa em seus rostos antes de serem substituídos por indignação arrogante. Eu corro direto para o imbecil alado.

Esferas de todas as cores são arremessadas para mim quando eu ataco. Eles parecem pensar que se puderem me derrubar primeiro, os outros serão presas fáceis. Eu não tenho ideia do que estamos enfrentando, mas agora eu acho que nenhum de nós vai cair facilmente. Minhas runas lançam escudos que enviam a magia atacante dos Sentinelas para longe de mim. O pânico brilha nos olhos de alguns dos meus oponentes e isso me estimula ainda mais. Não tenho ideia do que qualquer um desses Sentinelas pode fazer, mas o desconhecido é uma via de mão dupla que também trabalha a nosso favor.

Eu colido com outro Sentinela que fica no meu caminho com um machado. Ele balança para mim e eu me inclino a tempo de evitar minha cabeça ser aberta. Minha lâmina corta o lado dele. Girando em torno dele com uma lâmina para baixo, eu bato uma espada em suas costas. Solto a magia dessa espada e invoco outra, mas sou interceptada por mais dois Sentinelas antes de finalmente alcançar o cara com as asas. Surpreendentemente, ele está lá parado esperando por mim, antecipação excitada irradiando de cada centímetro dele.

Uma trilha sonora de batalha soa ao meu redor, armas soam e esmagam juntas, gritos e gritos de guerra rasgam o ar. A sede de sangue borbulha no meu peito, e sinto em cada fibra do meu ser que não é apenas a minha vida que depende do resultado de tudo isso, mas a vida de todos que estão agora conectados a mim.

É o rosto de Bastien que brilha em minha mente quando eu abaixo minha espada para colidir com a claymore16 agora agarrado nas mãos do anjo da morte. O sorriso de Valen que ilumina meu interior enquanto eu giro e aterro uma cotovelada no lado do homem alado. É o toque de Knox que me fortalece quando eu invoco outra lâmina e puxo o primeiro sangue ao longo da coxa do Sentinela alado. Sacudo uma batida no meu ombro direito de balançar os ossos e me concentro na aceitação que sempre me espera nos olhos azuis de Ryker. Solto a magia da minha espada longa e me aproximo do meu oponente alado.

Eu me forço ao alcance de sua espada e chamo minhas facas de arremesso. A voz de Sabin, enquanto ele fala as palavras eu te amo, toca repetidamente na minha cabeça, enquanto me torno um tornado de movimento, cortando, defendendo e marcando o arrogante Sentinela contra o qual estou lutando. Acerto uma lâmina embaixo da asa dele e seu grito de dor é abafado pela sensação fantasma de Torrez quando ele me segurou e sussurrou minha no meu ouvido.

A dor explode no meu estômago, e olho para baixo para ver o punho de uma adaga longa sentada no centro do meu estômago. Olho para os olhos satisfeitos de berinjela do cuzão alado que me apunhalou e sorrio. Ele acha que me tem.

“Você terá que fazer melhor do que isso”, eu desafio enquanto invoco uma espada curta e corto a frente de seu braço. Eu posso sentir o fantasma dos dedos de Siah no meu cabelo, e é como se ele estivesse empurrando para o lado para que ele pudesse beijar sua marca no meu ombro. Cada um deles depositou sua confiança e fé em mim. Eles me aceitaram pelo que sou e usaram minhas marcas com honra, amor e devoção. Eu sou deles, e eles são meus. E eu não vou perder contra esse idiota.

A adaga é arrancada do meu estômago, e eu reprimo meu grito de dor. Não vou dar a esse filho da puta a satisfação. Eu levanto minha perna para chutá-lo para longe de mim, mas um grito atrás de mim faz meu sangue gelar.

“Enoch, atrás de você!”

O aviso de pânico de Nash dispara como um tiro de canhão atrás de mim. Tento me virar para ver o que está acontecendo, mas sou interrompida quando um flash de magia roxa pulsa através da luta e sou jogado para trás. Eu voo pelo ar e bato com força no chão. Eu aterro em algo grande, mas estou atordoada demais para nos concentrar no que. Estou confusa com a batida e lenta para me levantar. Eu tento tirar a névoa da minha mente e descobrir o que diabos aconteceu. Eu pisco lentamente, tentando colocar as coisas em foco.

Corpos estão espalhados pelo chão. Ninguém restou de pé. Aterrorizada, olho para onde estão meus Escolhidos. A barreira ao redor deles ainda está intacta, e solto um suspiro aliviado. Um gemido soa embaixo de mim, e olho para ver que estou envolvida em asas e longos cabelos negros. Eu saio do cara que eu estava fazendo o meu melhor para matar e me levanto.

O medo começa a tomar conta, e eu procuro por Enoch e os outros freneticamente, o medo rodopiando dentro de mim. Sorik se levanta perto de onde meu pai e meus Escolhidos estão. Ele corre um olhar preocupado por mim e parece relaxar um pouco até que seus olhos pousem no meu estômago. Olho para baixo e vejo sangue encharcando minha camisa. Tiro minha camisa pela cabeça e a pressiono com força contra o estômago. Eu ignoro a dor enquanto atravesso os corpos ainda no chão, procurando meus escudos.

Eu encontro Enoch e corro em sua direção. Ele geme e vira de costas, tossindo enquanto o faz.

“Porra, você está bem?” Eu pergunto, caindo de joelhos ao lado dele.

“Bem”, ele resmunga, mas meu suspiro aliviado trava na minha garganta.

“Enoch... que porra?” Eu sussurro, chocada.

Eu me inclino para frente para estudar as novas runas que ele tem na garganta. Quatro das runas eu reconheço. Enoch, Kallan, Nash e Becket as tem nos dedos médios, mas a runa superior não é familiar. É uma lua crescente com uma menor, também crescente de costas diretamente abaixo dela. Há uma linha vertical preta no meio das luas e três pontos na extremidade inferior. Todas as runas correm pela frente da garganta de Enoch. Ele as cobre com a mão como se estivesse tentando protegê-las.

“De onde diabos elas vieram?” Eu pergunto, não tenho certeza do que diabos está acontecendo.

“Elas são minhas”, anuncia uma mulher de algum lugar atrás de mim.

Eu me levanto e giro rapidamente. Com certeza, a dona dessa declaração tem as mesmas marcas na garganta.

“Quem diabos é você?” Eu pergunto, vendo sua armadura e seus longos cabelos emaranhados. Ela parece ter a minha idade, mas não tenho certeza.

“Não, a pergunta é quem diabos é você? E o que você fez, colocando imundice dentro das barreiras?”

Enoch se levanta, e seu olhar repugnante se move de mim para ela. Seus olhos castanhos traçam as runas na garganta dela, e eu posso praticamente ver a fúria fervendo e escaldando-a de dentro para fora. A realidade do que diabos aconteceu explodiu como uma bomba em minha mente, e eu encaro a mulher em choque. O tique em sua mandíbula pulsa de fúria. Examino os corpos que agora se movem lentamente, procurando por Kallan, Nash e Becket para ter certeza. Eu só vejo Nash quando ele se levanta lentamente, mas as cinco runas correndo pela garganta confirmam tudo.

Quem diabos seja essa garota, ela marcou meus Escudos como seus Escolhidos. A julgar pela virulência em seus olhos, ela também não está feliz com isso. Bem, ela que se foda, isso faz duas de nós.


10


AS pessoas se livram do choque da magia e começam a se levantar. Quanto mais os outros se afastam e se levantam, mais ameaçada me sinto novamente. A Sentinela ruiva de aparência selvagem em frente a mim apenas olha furiosa como se estivesse esperando por algo. Percebo lentamente que é reforço.

Não sabíamos o que aconteceria quando encontrássemos a cidade dos Sentinelas. Encontraríamos aceitação e respostas ou algo mais? Eu assisto os outros Sentinelas levantarem e se prepararem para outra luta. Bem, acho que temos a nossa resposta, porra.

Eu destranco o cofre em minha alma que abriga todo o meu ódio e rejeição. Eu convido toda a minha indignação e mágoa para sair e jogar. Estou cheia de raiva e dor, muito além do meu limite para toda essa besteira. As runas do meu corpo acendem em resposta, e eu alimento o brilho delas com minha frustração e rancor. Essa cadela acha que está chateada? Que ela pode chamar meus amigos e família de imundície e nos atacar sem consequências? Pense de novo.

Dou um passo à frente, invadindo a magia através de mim. Poder exigindo punição. O olhar cruel da outra mulher passa rapidamente para mim quando me movo, e o choque substitui imediatamente seu ultraje. O imbecil alado Sentinela que eu estava lutando aparece atrás dela, e um rugido estrondoso de construção de magia começa no meu peito. Eu puxo minha caverna interminável de magia, pronta para colocar tudo e todos que estão contra nós no chão. A fêmea se ilumina também, mas eu não dou a mínima pra essa cadela Sentinela e seus julgamentos do caralho.

"Eu vim aqui procurando respostas, procurando outras pessoas como eu", rosno, minha voz cheia até a borda com poder e nojo. "Mas percebo que não há decência ou honra entre vocês e não encontrarei o que estou procurando aqui. Vamos sair, e vocês podem voltar para qualquer maneira fodida de guiar suas mentes podres. Se vocês tentarem nos parar, eu matarei todos e cada um de vocês, e então iremos embora. Eu estou bem com qualquer uma das opções.”

O Sentinela alado que eu estava lutando sorri como se minha ameaça fosse engraçada para ele, mas não esconde a preocupação em seus olhos. A mulher ruiva que marcou meus Escudos olha em volta como se estivesse calculando quanto dano eu poderia causar antes que eles pudessem me parar. Seus olhos pousam nos meus, e nos encaramos por um instante. Eu vejo o cálculo em seu olhar e lhe dou um sorriso cruel.

"Você não tem ideia de com quem está mexendo", eu a aviso.

Como se minhas palavras fossem a chave mágica necessária para libertar todos os meus Escolhidos da inconsciência, um a um eles acordam. O alívio bate em mim quando cada um deles se levanta. Ryker é o último a aparecer, tendo que ordenar a Vaughn que se levantasse antes que ele pudesse se juntar aos outros para avaliar o que diabos está acontecendo ao seu redor. Os caras não dizem uma palavra. Eles olham em volta por um segundo e acendem como eu.

Tento não parecer chocado quando cada uma das suas runas explode com luz roxa. Eu não tinha ideia de que eles poderiam fazer isso. Afasto meu choque e perguntas, e abraço o poder que lava sobre mim enquanto cada um deles se prepara para o que está prestes a acontecer. Os outros Sentinelas parecem cada vez mais inseguros e nervosos a cada segundo que passa. Eles lançam olhares para a mulher ruiva e o homem alado. Esses dois devem estar no comando, e eu rapidamente monto um plano de jogo de alvos prioritários, se tudo der errado.

A fêmea ruiva Sentinela estuda meus Escolhidos recém-conscientes e murcha quase imperceptivelmente.

"Você pode sair se fizer um juramento de manter qualquer conhecimento deste lugar em segredo", propõe ela.

"Suryn, não!" o imbecil alado protesta, mas ela o silencia com um golpe da mão.

Ela se vira para mim. "Quanto a eles" ela gesticula para Nash, Kallan, Enoch e Becket "eles precisam ser resolvidos e não terão permissão para sair."

Cada um dos meus escudos soa indignado com essa afirmação, mas eu apenas a assisto. "Você não tem opinião sobre onde eles irão ou não", eu respondo simplesmente.

"Minha mágica diria o contrário, ou você não vê minhas marcas neles", ela retruca.

“Então sua magia e minha mágica terão um problema. Eu os marquei primeiro.”

Estendo a mão e levanto a mão de Enoch, as runas em seu dedo pontuando minha afirmação. Tudo isso parece um pouco escola primária demais, tipo achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado, mas se essa garota acha que estou deixando-os para trás, então ela não sabe o que a aguarda.

Eu assisto essa garota Suryn de perto enquanto eu mostro meu desafio. Vejo choque, raiva e preocupação brilhando rapidamente através de seu olhar avelã. Ela encara a mão de Enoch e, traçando minhas marcas lá quando de repente seus ombros relaxam. Seus olhos se movem da mão de Enoch para a minha.

Merda.

"Escudos... não Escolhidos", ela aponta, com nojo arrogante de volta em seu tom. "Nem mesmo escudos completos, você não os aceitou."

Sua declaração me doeu por várias coisas ao mesmo tempo, a primeira era que Adriel não mentiu quando lançou o pedaço de sabedoria sobre os Escudos para mim. Em segundo lugar, existe uma razão pela qual eu não tenho qualquer uma das marcas de meus escudos. E, finalmente, estamos fodidos. Posso matar a Sentinela que acabou de marcar Enoch e os outros? Isso vai machucá-los? Eu nunca perguntei a Sorik o que aconteceu com ele quando Grier morreu. Parecia errado pedir que ele revivesse o que experimentou por minha própria curiosidade. Obviamente, Enoch e os outros não morreriam, mas faria mais alguma coisa? Eles não estão completamente marcados ainda, mas estão.

“Parece que vamos lutar por eles então. A vencedora reclama todos eles, e a perdedora vai embora” afirmo simplesmente.

"Boa tentativa", o Sentinela alado cospe quando ele se aproxima de mim. “Esta questão será decidida pela Soberana. Só ela tem autoridade para tomar essa decisão” ele declara, lançando um olhar para a garota Suryn como se estivesse desafiando-a a dizer o contrário.

"É a mesma soberana que ordenou que você nos matasse?" Eu pergunto com doçura falsa, enviando uma labareda através da minha magia e forçando-a a pulsar como a ameaça que é.

Suryn e o idiota alado não dizem nada, mas tomo o silêncio deles como confirmação.

"Não, eu estou de boa, agradeça a ela, mas não, obrigada pela tentativa de acerto." Viro as costas para os outros Sentinelas e vou até os meus homens. Estou tentando não surtar e ter certeza de que estão todos bem, mas não quero mais ficar longe deles. Espero que Kallan, Becket, Nash e Enoch sigam, mas apenas Becket, Kallan e Nash me seguem. Enoch hesita como se não tivesse certeza de qual é o movimento certo aqui.

O Sentinela com asas me dá outro de seus sorrisos patenteados. “Parece que começamos com o pé esquerdo. Veja, ninguém jamais quebrou a barreira antes, muito menos sinalizou a chegada deles da maneira que você fez. Tenho certeza de que você pode entender nosso salto para a defensiva.”

Ele faz uma pausa por um segundo como se estivesse esperando que concordássemos com ele. Eu fico quieta.

"Está claramente acontecendo mais coisas aqui do que imaginávamos inicialmente", afirma, apontando para Enoch e Nash e se afastando de sua atitude anterior. “Você mencionou que estava procurando respostas. Posso dizer com segurança que agora também estamos. Vamos deixar esta infeliz primeira reunião para trás. Dessa forma, todos nós podemos encontrar as respostas que precisamos aqui.”

"Infeliz primeira reunião?" Eu pergunto, zombando de sua escolha de palavras. "Você quer dizer aquela onde você apareceu e tentou nos matar?"

O idiota arrogante sorri como se ele achasse engraçado. "Tecnicamente, você atacou primeiro", ele joga presunçosamente.

Eu não digo nada quando meu rosto se transforma em uma expressão que diz vem, porra.

"Meu nome é Ory", ele oferece após um momento de silêncio constrangedor. "Esta é Suryn", ele anuncia, apontando para a ruiva com as novas marcas na garganta. "E você é?" ele pergunta, me deslumbrando com um sorriso, que eu tenho certeza que normalmente ele recebe o que ele quer.

Não estou surpresa que ele não apresente mais ninguém. Duvido que a auto importância que está irradiando dele lhe permita ver muito além do próprio nariz. Eu corro meu olhar pelo seu corpo blindado para seus cabelos de ébano, pele clara e olhos roxos escuros. Eu então o dispenso com um olhar nada impressionado. Eu estudo Suryn e os outros Sentinelas blindados, todos em pé com atenção, bem, exceto os feridos e alguns que estão sem cabeça. Eu me pergunto quem foi que bancou a Rainha de Copas, mas vou trocar histórias de batalha com todos os caras quando estivermos seguros e sozinhos.

Ory sorri, como se meu silêncio fosse exatamente o que ele queria. Talvez sejam as más experiências que tive no passado em que dar o meu nome completo levou outra pessoa a pensar em mim enquanto me deixava no escuro, mas hesito em fornecer qualquer informação sobre mim.

“Sou uma Sentinela. Estes são meus Escolhidos, e o resto são meus Escudos” ofereço vagamente. Incluo Sorik e Vaughn em qualquer título que essas pessoas desejem ver, não querendo explicar mais quem são para mim.

"Venha agora, Sentinela, não seja assim", brinca Ory com um bico falso.

"Da próxima vez, talvez comece com toda essa merda educada, em vez de um ataque, veja se você recebe gentilezas e apresentações", eu estalo, cansada disso.

Eu quero ir embora, mas as marcas de Escolhidos nos meus Escudos colocaram uma chave nesse plano. Se eles não quiserem deixar todos nós irmos, poderemos lutar. Mas, mesmo que conseguíssemos sair ilesos, eles deixariam sua barreira e viriam atrás de nós? Existem muitas incógnitas por aí, quer fiquemos ou não.

Olho para trás e vejo o aperto de Suryn em sua katana. Estou tensa, sem saber qual é o melhor plano aqui. Lutar e arriscar alguém se machucar ou pior? Ir com eles e arriscar provavelmente a mesma coisa? Ativo as runas atrás da orelha.

“O que devemos fazer, pessoal? Podemos lutar e provavelmente sair daqui, ou podemos ir com eles e torcer pelo melhor.”

"Se tentarmos sair e eles chamarem reforços, poderemos estar com problemas", afirma Sabin.

"Se formos com eles, definitivamente ficaremos em menor número e poderemos estar com problemas", afirma Valen.

“Talvez fazer o que eles querem nos comprará boa vontade. Quero dizer, se estivermos potencialmente fodidos com as duas opções, então vamos pegar mais moscas com mel”, ressalta Ryker.

"Porra, me desculpem, pessoal", digo a eles.

“Isso não é sua culpa, Lutadora. Todos esperávamos que isso funcionasse melhor do que está acontecendo”, Bastien me tranquiliza.

"Quero dizer, eu odeio ser aquele cara que é otimista até ser morto, mas talvez o filho da puta de penas esteja certo e todos nós tenhamos começado com o pé esquerdo", acrescenta Valen, e sorrio do apelido para aquele cara Ory.

"Ok, então vamos com eles?" Eu pergunto, certificando-nos de que estamos na mesma página.

Sim unânimes enchem minha mente. Eu desativo minhas runas e viro para Sorik e meus escudos. "Vocês concordam conosco estendendo alguma cooperação não merecida?"

Eles ficam quietos por um momento.

"Eu concordo com o que nos impede de morrer", acrescenta Becket, e todos os outros encolhem os ombros.

“Sua mãe era equilibrada e compassiva. Acho que podemos encontrar mais disso entre o pessoal dela do que a nossa atual companhia está mostrando”, acrescenta Sorik.

Eu seguro minha resposta de vamos ter esperanças nessa porra e volto para o filho da puta e a ruiva rabugenta.

"Então nos leve a sua Soberana", eu me rendo.

Eu só espero que possamos suportar qualquer merda que eles possam jogar para nós.

"Certo, então..." Ory concorda, batendo palmas e abrindo suas enormes asas cinza e bronzeadas.

Um outro Sentinela em seu grupo que também tem asas faz a mesma coisa.

Existem runas que podem te dar isso?

Afasto minha curiosidade sobre isso como uma velha senhora que persegue gatos fora de sua casa com uma vassoura. Não vou invejar esse babaca. Foda-se suas asas. Puxo minha vassoura interna novamente quando meus pensamentos evocam esse antigo programa sobre imortais que Beth costumava assistir. Não, cérebro, não podemos simplesmente cortar sua cabeça e torcer para que tenhamos asas.

Sentinelas começam a decolar para o céu como fogos de artifício. Observo com admiração que mesmo aqueles sem asas decolam como se não fosse nada.

Como diabos eles fazem isso?

Ory deve notar que não estamos subitamente levitando e seguindo a liderança deles. Ele parece confuso. "Você não voa?" ele pergunta de repente, como se o pensamento só lhe ocorresse naquele momento.

A imagem de todos esses Sentinelas caindo como mísseis do céu passa pela minha mente.

"Não", eu respondo com um encolher de ombros. “Você avança e anuncia nossa chegada iminente a Soberana. Nos encontraremos lá” ofereço. Duvido que sejam burros, mas vale a pena tentar.

Suryn revira os olhos para mim. "Parece que vamos percorrer o longo caminho", ela anuncia aos Sentinelas que ainda estão no terreno. Ela parece ofendida pelo fato de ter que andar.

"Vá informar o Quórum sobre o que aconteceu e que estamos a caminho", ela diz à mulher ao seu lado.

A Sentinela assente e dispara para o céu. Eu assisto sua trajetória, ansiosa para saber como ela está fazendo isso.

"É mágica elementar", anuncia Sabin na minha cabeça, como se ele pudesse ler minha mente.

Eu me viro para encará-lo. “Que porra é essa? Como diabos eles estão fazendo isso com a magia Elemental?” Eu exijo.

“Eles estão manipulando o ar. É muito difícil e desgastante, e é uma maneira infalível de drenar um conjurador mais rápido que um lamia”, explica Sabin. "Sinceramente, não sei como eles estão fazendo isso e ainda são capazes de resistir, quanto mais lutar."

Olho para o céu, não conseguindo mais ver os Sentinelas que acabaram de decolar. Ory está dizendo alguma coisa, mas não presto atenção.

"Você estava escondendo isso de mim?" Eu acuso, e seu bufo de resposta ecoa em minha mente. "Eu vou chutar a bunda de Kallan também por não me contar. Você está me dizendo que eu poderia estar voando minha bunda feliz esse tempo todo?"

“Como eu disse, não é uma prática comum entre os conjuradores; requer muita mágica. Eu não pensei no fato de que, como Sentinela, você tem mais magia e, portanto, poderia estar voando sua bunda feliz sem se matar.”

Eu sorrio e balanço minha cabeça para ele. "Assim que chegarmos em casa, vamos para a escola de voo", declaro, e um sorriso deslumbrante aparece no rosto de Sabin.

"Vamos", Suryn rosna para nós.

A ordem afasta minha atenção de Sabin, e eu a observo enquanto ela passa o olhar por mim e depois pelo meu grupo. O rosto dela se contrai com óbvio desgosto. Eu faço o mesmo olhar para ela. Foda-se essa vadia esnobe.

"Bem, mexa-se, nós vamos andar o resto do dia", ela me diz maliciosamente, gesticulando para longe de seu corpo como se ela achasse que eu fosse primeiro.

Mordo um gemido com o anúncio de mais uma caminhada. Nesse ritmo, nunca mais precisarei fazer cardio.

“Se você acha que eu vou deixar você, sua psicopata nas minhas costas, então você é uma idiota. Lidere o caminho” digo, imitando o mesmo movimento que ela acabou de me dar.

Seus olhos estreitam, mas ela dá um passo e depois outro. "Tudo bem por mim, Sentinela, você descobrirá que não nos assustamos tão facilmente."

Eu zombo da implicação de que eles são mais difíceis do que nós, mas fico quieta. Eu não dou a mínima para o que essas pessoas pensam de mim. Eu só queria resolver essa merda com meus Escudos e dar o fora daqui.

Ficamos na fila atrás dos onze outros Sentinelas. Ninguém fala. Ativo meu vínculo mental com todos os meus Escolhidos quando fica claro que só conseguiremos ser ignorados por eles.

"Vocês estão bem?" Entro, preocupada mais uma vez com o que aconteceu antes com a barreira.

"Estamos bem, apenas tentando descobrir o que diabos aconteceu", explica Ryker.

“O que aconteceu foi que todos nos iluminamos como holofotes, fizemos alguma coisa na barreira deles, e então vocês caíram como uma parede de tijolos. Eu machuquei vocês de alguma forma?” Eu os atualizo, a tensão irradiando de todas as células do meu corpo.

"Não, você não nos machucou, mas eu podia sentir você puxando minha magia quando você ficou nuclear com a barreira", diz Valen, e os outros caras concordam.

Os outros Sentinelas se revezam espiando por cima dos ombros para nos assistir. Mais difíceis de assustar, minha bunda. Enoch e seu clã estão cochichando baixinho, e sei que preciso descobrir se eles também estão bem. Olho para trás e Sorik me dá um sorriso e um polegar para cima, como se ele pudesse ler a preocupação na minha cara. Eu sorrio de volta e depois volto à minha conversa com meus caras.

“Deve ser uma coisa de barreira. Eu fiz isso antes na casa de Lachlan. Não fez ninguém desmaiar, mas eu não estava conectada a eles como estou com você. No entanto, isso os derrubou na bunda deles” digo, lembrando de Lachlan e seu clã voando quando minha magia pulsou na barreira deles.

"Há quanto tempo vocês brigavam antes de acordarmos?" Knox pergunta, e eu posso ouvir a raiva e frustração em seu tom mental.

"Não muito. Eles apareceram cerca de vinte minutos depois que decidimos que alvos em movimento eram melhores do que patos sentados. Nós só fizemos isso por menos de dez minutos antes que a mágica da garota Suryn marcasse os outros caras.” Não faço nada para atenuar a irritação que sinto ao contar essas informações, e Ryker estende a mão e esfrega círculos de conforto na parte de baixo das minhas costas.

"O que há com o Asas McGee, ali?" Torrez pergunta, e eu olho para cima e encontro Ory, o idiota alado, olhando para nós.

"Nenhuma pista de merda", digo a ele.

"Eu quero asas", Knox admite, e eu concordo.

"Cara", digo a ele de acordo.

"Por que os idiotas sempre conseguem os melhores brinquedos?" Knox acrescenta, e eu estendo a mão e o puxo para um abraço.

“Eu me pergunto qual runa faz isso? Acha que pode roubá-las como fez com o Ancião Kowka?” Bastien encoraja.

Eu rio e depois fico quieta contemplando sua pergunta. Posso fazer isso?

"Pode não ser uma runa", observa Sabin. "Ele pode ser misturado com algo que tem asas."

"Eu não sei", eu respondo. “Esse foi meu primeiro pensamento, mas ele continua nos chamando de imundice e magia indigna. Não estou tendo a impressão de que eles pensam muito bem de outras espécies sobrenaturais ou usuários mágicos. Eles foram direto para o insulto de eu ser uma puta por estar com vocês, então eu duvido que esses Sentinelas estejam fazendo isso com outros supers, mesmo que isso lhes dê asas”, explico.

Sabin assente, mas ele parece perdido em pensamentos.

"Provavelmente é o contrário", acrescento. “Não me surpreenderia se um monte de merda de endogamia estilo Lannister estivesse acontecendo nessas partes. Esse cara claramente tem um parafuso solto.”

Eu tiro meu queixo na direção de Ory, e um rosnado ressoa do peito de Torrez. Vários Sentinelas param e seguem o som até Torrez com expressões alarmadas.

"Diga ao seu vira-lata para guardar as ameaças dele para si mesmo", ordena Suryn.

"Chame-o de vira-lata mais uma vez, e eu vou cortar a porra da sua língua", eu respondo.

Ela vira para mim, uma katana aparecendo em suas mãos. Eu tiro espadas curtas em minhas mãos e passo em direção a ela. Meus Escolhidos e Escudos se movem para bloquear meu caminho, irritantemente me prendendo. Eles usam suas próprias armas e tomam posições defensivas ao meu redor.

Porra, eu realmente poderia usar essa runa de foguete agora.

"Suryn!" Ory grita. "Afaste-se!"

Ela aponta sua katana para ele. "Eu não recebo ordens de você", ela rosna entre os dentes cerrados.

“Normalmente não, mas eu sou a Voz escolhida pela própria Soberana; portanto, em circunstâncias como essas, eu supero você. Você se manterá calada até que a Soberana declare o contrário!”

Eles se encaram, e tento não me julgar demais pelo prazer que me dá ao ver a luta pelo poder acontecendo entre eles. Suryn se afasta e Ory a observa sair com um bufo resignado.

"Eu não acho que sua namorada gosta muito de você", diz Bastien.

Ory lança um olhar para ele e então sai na mesma direção que Suryn.

"Eu acho que estamos crescendo no coração deles", Valen fala.

Eu bato a mão na boca para manter o riso dentro, mas não funciona. Eu perco. Eu tento muito me controlar, mas quanto mais eu tento calar a boca, mais eu dou risada. Alguns dos outros Sentinelas me olham, com um julgamento claro em seus olhares. Tenho certeza de que pareço uma louca. Boa. Talvez eles sejam menos propensos a nos foderem se acharem que somos uma merda.

Minha festa de risada lentamente se torna contagiosa, e o outro cara começa a gargalhar. Quanto mais eles riem, mais eu rio. Não faz sentido que eu esteja sofrendo de um ataque de riso no meio da merda que está acontecendo, mas eu não tenho porra nenhuma para dar.

Ory nos observa por cima do ombro e não consigo ler a expressão em seu rosto.

Ah, sim, definitivamente crescendo no coração deles.


11


Torrez rosna para mim enquanto saio do círculo de proteção que ele e os outros formaram. Dou um beijo nele por cima do ombro e recuo para poder falar com Kallan e os outros. Andamos por horas, todos silenciosos e contemplativos. É como se o riso nos drenasse dos últimos resíduos de nossa energia. Eu atingi meu limite de silêncio. Eu estava pensando em conversar com Enoch e seu clã quando estivéssemos sozinhos, mas a necessidade de falar sobre suas novas marcas está me dando coceira, e eu simplesmente não consigo mais adiar.

Becket olha para cima quando eu me alinho com eles e me dá um pequeno sorriso. Devolvo, descartando quaisquer reservas que isso provoque. Ainda estou esperando que ele volte a me odiar, e não tenho certeza do que fazer com o fato de que ele ainda não o fez. Precisamos conversar, mas, para esse tipo de conversa, preciso esperar até que seja apenas nós dois.

“Vocês estão bem?” Eu pergunto baixinho.

Ory e outro Sentinela alado percebem nossas conversas, e me pergunto se eles têm a capacidade de aumentar sua audição e escutar como eu posso.

“Eu não acho que nenhum de nós esteja perto de qualquer tipo de versão de bem”, Kallan me diz, e eu esfrego meu ombro contra o dele. Enoch bufa seu acordo com a avaliação de Kallan.

“Sim, não sei o que pensar sobre isso”, admite Enoch.

“Como ela pode simplesmente nos marcar? Eu pensei que tinha que haver sexo e toda essa merda como catalisador?” Becket pergunta.

Eu dou de ombros. “Sentinelas podem marcar Escolhidos sem sexo, mas eu pensei que tinha que ser uma escolha consciente que fizéssemos, como quando marquei Torrez e Siah. Ela parece tão confusa com sua magia quanto eu quando, sem saber, marquei Valen, Bastien, Sabin, Ryker e Knox. Então eu não sei.”

“Poderia ter nos avisado que doía tanto assim”, Nash reclama, mas não perco o estremecimento que espreita por seus traços.

Dou uma risada sem humor e reviro os olhos. “Elas são apenas runas dos Escolhidos por enquanto, apenas espere até você se tornar um Sentinela completo”, eu retrocedo e rapidamente fico em silêncio.

Eles se tornarão Sentinelas completos? Eles se uniriam àquele pesadelo de uma mulher? Não consigo me perguntar nada disso, e as perguntas não feitas parecem pairar pesadas no ar ao nosso redor.

“Então, como diabos nos livramos disso?” Becket finalmente fala, apontando para sua garganta. Enoch e Nash trocam um olhar, mas não tento interpretá-lo.

A frustração começa a ferver dentro de mim mais uma vez, e me pergunto se chegarei a um ponto da minha vida em que não estou de mãos dadas com essa emoção. Eu estava esperando por respostas aqui. Que eu seria capaz de juntar as coisas e entender melhor quem e o que eu era. Meu olhar irritado salta para nossos guias. Eu assisto esses seres, tão parecidos comigo, ao mesmo tempo diferentes, conforme eles silenciosamente nos levam a quem diabos sabe onde.

Eu posso sentir uma pequena fagulha de esperança, que eu tinha acabando, com cada passo abafado em direção a onde eles moram. Eu não queria olhar muito para aquela brasa de esperança no meu peito, porque reconhecer isso estava apenas convidando mais decepção. Mas, quando a sinto morrer, posso finalmente admitir o quanto esperava encontrar meu povo aqui. Que eles me recebessem de braços abertos e se tornassem tudo o que eu sempre quis. Eu deveria saber, porra.

Todos nós voltamos a mergulhar no silêncio, colocando roboticamente um pé na frente do outro. Andamos por quem sabe quanto tempo quando, de repente, o terreno ao nosso redor começa a mudar. As árvores são finas e o chão começa a se equilibrar. Os outros Sentinelas ficam mais tensos quanto mais perto chegamos ao nosso destino. E então, como com na barreira que protege este lugar, subimos uma colina e a cidade estava... ali mesmo.

É algo de algum conto de fadas fantástico. O grande castelo, que parece ser feito de algum tipo de pedra de cor creme decadente, fica orgulhoso no meio de tudo, como se sozinho governasse tudo ao seu redor. A estrutura maciça diminui as grandes casas que a circundam. Há cada vez mais casas e prédios que brilham em círculos, cada vez menores à medida que se afastam do orgulhoso castelo. As estruturas são todas de diferentes tons de creme, com telhados cinza, e tudo parece limpo e organizado.

Os campos, o cultivo e o sustento do gado, ficam distantes no lado oposto completo de onde estamos. Estou distraída com os corpos ocasionais que se forma no ar enquanto os Sentinelas voam de lá para seus vários destinos. Eu reprimo a inveja que mais uma vez surge em mim.

Somos levados para fora da linha das árvores em direção ao anel mais externo da cidade. Para um povo que diz que ninguém jamais quebrou a barreira, eles com certeza têm muitos guardas. Homens e mulheres ostentando a armadura negra reveladora andam pelo perímetro, e eu posso ver manchas pretas se movendo em todos os níveis do castelo e vagando pelas ruas cercadas entre fileiras de casas.

Eu não tinha expectativas quanto à aparência da Cidade dos Sentinelas, mas fiquei surpresa ao encontrar algo que parece um efeito especial de algum filme épico de fantasia. Tudo parece tão calmo e pacífico, o que contrasta diretamente com os idiotas indesejáveis que conheci até aqui.

“Bem-vindo à Tierit”, um Sentinela que não falou até agora oferece ao passar.

Estou atordoada demais para responder, o que provavelmente é bom, já que não sei se ele realmente quer dizer que somos bem-vindos ou está dizendo isso como uma ameaça.

“Pela lua”, exclama Bastien, e alguém bufa de acordo.

“Por que eu imaginei cabanas de madeira até onde os olhos podem ver?” Valen sussurra com reverência.

“Porque você é um esquisito”, Ryker responde, sem perder o ritmo.

“Eu sonhei que era algum castelo construído em uma montanha”, Torrez joga.

“Provavelmente não deveria ter assistido o Senhor dos Anéis logo antes de partirmos”, provoca Sabin. “Embora isso esteja muito perto de algo que você veria em um desses filmes”, acrescenta ele.

Balanço a cabeça e pulo, chocada, quando alguém rosna para nós para continuarmos em movimento. Eu me viro para encarar o imbecil barbudo, mas é exatamente o que eu precisava para sair do meu estupor. Eu não me importo com a aparência fascinante desse lugar, é importante lembrar que eles realmente não nos querem aqui. Dou um passo à frente, sacudindo minha admiração atordoada e me batendo de volta à realidade.

“Nós ficamos juntos, não importa o quê. Se eles tentarem nos separar, nós destruímos tudo.” Eu declaro enquanto nos aproximamos das pequenas casas que fazem fronteira com este lugar.

Todo mundo assente e soa em concordância, mas um poço inquieto se abre no meu estômago. Somos todos muito duros individualmente e ainda mais como um grupo, mas estou encarando uma cidade enorme e cheia de Sentinelas. As chances de nós sairmos daqui são zero. Eu sei que estávamos em uma situação de perder-perder antes, quando concordamos em cooperar, mas a realidade do que poderíamos enfrentar me deu um tapa na cara.

Cada célula do meu corpo ficou em alerta, e a incerteza brotou dentro de mim. Eu sempre fui capaz de confiar em mim e nas minhas habilidades, mas olhar para este lugar me deixou vacilante. Fazemos várias voltas antes de encontrarmos uma grande concentração de Sentinelas. Havia guardas e pessoas espalhadas aqui e ali, mas nada como a multidão movimentada em que entramos quando nos aproximamos do castelo. As pessoas ficam em silêncio assim que nos veem, e várias delas imediatamente invocam uma arma ou alguma outra defesa mágica.

Eu noto o tecido cinza claro que todos estão vestindo em uma infinidade de estilos diferentes e as runas que todos carregam em seus corpos. Alguns deles têm runas nos rostos, outros você pode pegar uma pitada de runas saindo de uma manga ou colarinho. Tenho o desejo estranho de pedir a todos para se despirem para que eu possa ver as runas que marcam seus corpos.

Quero comparar o que tenho com o deles e aprender sobre as diferenças. Mas a ameaça que flutua pela atmosfera assim que outros nos veem me diz que a curiosidade mataria o gato... ou Sentinela, ou Escolhido, ou Escudos e qualquer outra coisa com essas pessoas.

Os olhos nos acompanham com cautela, alguns deles cheios de raiva não filtrada. Faço questão de encontrar cada um dos olhares de raiva. Eles irradiam uma certa energia de não mexa comigo, então eu faço tudo o que posso para garantir que eles recebam a mesma mensagem clara de mim. Eu quase gostaria que tivéssemos viemos em paz tatuados em cada centímetro do meu corpo, mas talvez até isso não faria muita diferença com essas pessoas. Esses Sentinelas se isolaram por um motivo, e é claro em sua resposta para nós que eles querem mantê-lo assim.

O sol está se pondo e as cores brilhantes são refletidas em todas as paredes da cidade, é lindo e parece uma armadilha. É como se a própria cidade estivesse tentando me levar a uma falsa sensação de segurança e apreço. A pedra de cor creme ao nosso redor é lisa o suficiente para ser mármore, mas parece ser mais macia. Quero tocar as coisas enquanto percorremos o círculo de casas, mas não quero perder a mão ou ter minhas ações tomadas como um ataque.

Nós nos aproximamos de um enorme portão de ferro e madeira que bloqueia o caminho para o castelo. O portão se abre por conta própria à medida que chegamos. Nós avançamos e temos que lutar contra nossos instintos para invocar armas e nos proteger enquanto estamos cercados por mais Sentinelas blindados em pretos assim que atravessamos o portão. Eles não dizem nada e não fazem nada, apenas se alinham à nossa volta à medida que somos levados adiante.

Traço as características dos meus Escolhidos e Escudos. Tiques nas mandíbulas, traços apertados, olhos vigilantes é o que eu vejo. Encontro o olhar de Sorik e vejo a ansiedade e a preocupação nas linhas apertadas ao redor de seus olhos.

“Se isso der errado, tire Vaughn daqui”, digo a ele, lembrando que é isso que concordamos antes, e nada mudou.

Ele está no comando de Vaughn, e eu sou responsável pelo resto. Sorik assente, e respiro fundo e viro para frente. Eu não tenho a menor ideia de porque acho que os planos que fizemos antes ainda se aplicam aqui. Pode não haver como sair dessa merda. Afasto esse pensamento e tento refortificar minha fé em quem sou e no que posso fazer. Eu sempre fui capaz de confiar em mim e em minhas habilidades. Eu sou inteligente, sou capaz e amo esses caras.

Eles são minha família, e eu vou encontrar uma maneira de mantê-los seguros, não importa o quê.

Somos escoltados por vários corredores, mas estou muito nervosa para prestar atenção nos detalhes deste lugar além das direções. Nossos passos ecoam pelos espaços cavernosos que compõem este castelo. É um som sinistro que envia uma onda de adrenalina através de mim. Faço o possível para catalogar as esquerdas e as direitas que tomamos. Percebo pela expressão dos outros no meu grupo que não sou a única.

Grandes portas pretas se abrem e somos levados a uma grande sala vazia. No outro extremo do espaço enorme, há um trono grande com três tronos menores posicionados em cada lado dele. Um estrondo ecoa ao redor do vasto espaço quando as portas se fecham atrás de nós, e os guardas vestidos de preto imediatamente se separam para alinhar as paredes externas da sala. Reconheço um dos guardas como um cara que esfaqueei no combate mais cedo.

Todo mundo está calado. Suryn parece chateada, e Ory parece entediado enquanto limpa a sujeira debaixo das unhas com uma adaga.

“Todos saúdem a Soberana Finella, Líder dos Marcados, Governante de Tierit, Salvadora do Sangue, Caminhante dos Reinos e Guardiã da Porta”, uma voz soa na sala, seu anúncio ricocheteando nas paredes de pedra creme e aumentando meu desconforto.

Eu ouço o som revelador da marcha sincronizada primeiro e depois vejo os guardas, enquanto eles executam algumas besteiras sincronizadas, para me impressionar ou intimidar. Isso não funciona comigo. Eles se separam para revelar uma mulher mais velha, talvez com cinquenta e poucos anos, que é tão branca que quase parece albina.

Seus cabelos brancos são elegantes e lisos, a coroa de ouro ornamentada em sua cabeça refletia no brilho de suas madeixas. Ela não olha para a nossa direção enquanto caminha até o trono maior. Estou chocada que a Soberana seja uma mulher. Não sei por que isso envia uma centelha de esperança através de mim e tento ignorar o alívio irracional.

Beth era uma mulher, lembro a mim mesma enquanto observava a Soberana enquanto ela se sentava. Seu vestido sem mangas era vermelho e mais revelador do que eu pensaria que uma rainha estaria disposta a usar. As fendas na lateral do tecido transparente revelavam pernas brancas e tonificadas. Um decote profundo mostrava um decote que não é tão cheio como provavelmente já foi.

Vejo quatro runas no ombro dela, quatro runas correndo horizontalmente sobre o seio esquerdo e uma entre as sobrancelhas. Estou surpresa com a falta de runas além dessas. Imaginei que a líder seria ainda mais enfeitada do que eu. Mais figuras são conduzidas atrás dela, mas são escondidas pelos guardas enquanto fazem sua entrada sincronizada. Os guardas finalmente se separam, revelando um homem.

Sua pele escura é um contraste surpreendente com seus olhos incomuns e cabelos brancos puros. Suas pupilas são do tom mais claro de púrpura que eu já vi, e eu estou hipnotizada com a cor única. Ele me observa com curiosidade enquanto se move em direção aos tronos. Olho dele para a entrada e vejo a outra pessoa atrás dele. Raiva ácida queima através de mim. Como isso é possível? Olhos vermelhos dourados encontram os meus, e tudo dentro de mim grita com fúria.

Como diabos Adriel chegou aqui?

Eu agarro meu pescoço, precisando me certificar de que não há nada lá. Mas não sinto nenhum alívio quando sinto minha pele sob minhas unhas. Eu assisti aquele pedaço de merda virar cinza na frente dos meus olhos. Isso não faz sentido. Chamo minha espada longa e dou um passo à frente antes mesmo de saber o que estou fazendo. Rosnados e declarações de choque soam ao meu redor de todos os meus rapazes, e Becket rapidamente entra em pé ao meu lado quando nós dois começamos a correr em direção a Adriel. Eu vou me certificar de que o pedaço de merda fique morto desta vez.


12


“Vinna, não!” Ricocheteia em mim, mas eu não me importo. Tudo o que vejo é vermelho. Tudo o que sinto é a necessidade de acabar com ele de uma vez por todas. Gritos enchem a câmara, e os escudos das minhas runas se ativam para impedir que as esferas me toquem.

Os olhos de Adriel se arregalam de surpresa. A satisfação percorre minha sede de sangue.

“É melhor você ficar com medo”, eu grito com ele enquanto fecho a distância.

Alguém me pega por trás, e eu me debato para sair do seu alcance. Eu preciso matá-lo, porra. Eu grito quando falho em me afastar de quem me segura. O caos irrompe ao meu redor, e os sons de luta atingem meus ouvidos. Presas afundam no meu ombro, e o prazer percorre através de mim, lutando pelo controle com a necessidade de vingança em minhas veias.

“Vinna, foco”, exige Siah, e então ele me morde novamente. Eu gemo pelas sensações que sua mordida está inundando meu sistema e choramingo, porque eu não quero senti-las agora. Eu quero sentir o corpo de Adriel se transformando em cinzas em minhas mãos.

Siah lambe meu pescoço e tento tirá-lo de cima de mim.

“Vinna, me escute”, ele ordena e depois me vira de costas. Eu solto a espada longa em minhas mãos, não querendo machucá-lo, mas estou fodidamente chateada.

“Me. Solta. Porra.” rosno, ignorando o barulho de armas agora soando ao meu redor.

“Vinna, pense bem! Como Adriel sobreviveria?”

“Eu não sei!” Eu grito com ele, pânico e raiva sangrando no meu tom.

“Você o viu morrer, Vinna. Ele virou cinza bem na sua frente. O que faria mais sentido aqui?” Siah exige, seus olhos implorando para eu entender algo, mas eu não tenho a menor ideia do que é.

“Siah, se você me ama, vai me soltar agora!” Eu grito em seu rosto, minha demanda quebrando com emoção frenética. É como se tudo o que eu estivesse sentindo e lutando por dentro estivesse vazando de mim neste momento.

“É porque eu te amo que eu não posso te soltar, até que você entenda, minha companheira”, ele sussurra suavemente em meu ouvido, e eu posso ouvir a tristeza em sua voz. “Esse não é Adriel.”

A declaração de Siah e a mágoa que eu sei que ele está sentindo ao fazer o que está fazendo comigo agora esmagam minha necessidade de matar. Eu pisco, atordoada, enquanto tento envolver meu cérebro em torno do que ele está dizendo.

A voz de Adriel enche minha cabeça quando penso nas coisas que ele me disse enquanto me mantinha prisioneira.

“Ele não deveria ter sido escolhido. Deveria ter sido eu!”

“Quem não deveria ter sido escolhido?” Minha voz exige enquanto a memória ecoa em minha mente.

“Sauriel, meu irmão.”

A voz de Adriel desaparece, e eu faço a conexão que Siah está tão desesperado para eu fazer.

Porra.

Olho para os olhos azuis claros de Siah e balanço minha cabeça, instantaneamente chateada comigo mesma. Eu estraguei tudo.

“Quão ruim foi isso?” Eu pergunto, sabendo que a merda está atingindo o ventilador ao nosso redor com base no barulho que ouço acontecendo. Ainda não consigo olhar. Preciso de mais um minuto para deixar a verdade entrar. Adriel está morto. Eu o matei.

“É”, afirma Siah casualmente, pontuando-o com um encolher de ombros. “Tenho certeza de que o irmão de Adriel cagou nas calças. Todos os seus companheiros estão protegendo você e seus Escudos. Seus escudos estão tentando fazer com que Becket veja o que você vê agora. É uma batalha, mas acho que podemos pegá-los.” Siah me dá uma piscadela de brincadeira, e eu não posso evitar a risada cansada que isso evoca em mim. “Você está bem, companheira?” Ele pergunta docemente. “Desculpe pela mordida.”

“Não, foi bom pensar”, digo a ele enquanto me empurro. Ele volta a ficar de pé e me oferece uma mão para me ajudar.

Com certeza, Enoch, Kallan e Nash estão discutindo furiosamente com Becket. Meus Escolhidos nos cercam, cada um envolvido em uma briga. Estamos cercados por Sentinelas armados e raivosos. O Quórum, que aparentemente inclui o irmão de Adriel, Sauriel, está em pé na frente de seus tronos, exalando indignação com o que aconteceu.

Merda, merda, merda.

Eu não estava apenas prometendo manter todos seguros? Mas eu perco a cabeça, garantindo praticamente que ninguém está seguro agora. Tento pensar no que posso fazer para impedir tudo isso. Tenho certeza de que eu levantando a mão e anunciando foi mal não vai funcionar. Onde está uma maldita bandeira branca quando você precisa de uma?

Alguém joga mágica em Ryker, mas o escudo dele brilha para protegê-lo. Outra esfera é lançada em nossa direção, mas estou distraída com a Soberana enquanto ela se senta em seu trono, um olhar irritado em seu rosto. “Eu quero que eles sejam cortados em pedaços!” Ela declara com um tom entediado, como se já fosse uma decisão tomada.

Os guardas pressionam contra nós, e todos nós respondemos. Sou chutada no estômago e empurrada de volta para dentro do círculo que meus Escolhidos e Escudos criaram inadvertidamente enquanto se defendiam contra os Sentinelas atacantes. Em vez de voltar imediatamente, com espadas para cima, invoco minha magia ofensiva e começo a arremessar esferas cheias de muita merda nos guardas.

Fico surpresa, mesmo que não devesse ficar, quando alguns deles têm escudos que os abrem e os protegem como eu. Meus orbes ainda os derrubam como pinos de boliche, mas não fazem mais do que isso. Eu fico no meu plano de boliche para Sentinelas, jogando barreiras em torno das que derrubo para que não possam se levantar.

Lancei outra barreira para fora, e então meu coração para quando um grito cheio de dor chega e agarra minha alma em um estrangulamento. O terror me domina quando me viro para ver uma espada erguida arqueando em direção a Sabin. Ele está lutando com outro guarda, e não há como ele parar a progressão da outra espada. Momentos com Sabin piscam em minha mente. O sorriso dele. As rugas que ele tem entre as sobrancelhas quando está preocupado ou perplexo. Seus lábios contra os meus, e a sensação de ser amada por ele, apreciada por ele.

“Eu sou a vadia errada!” Eu berro lançando minha magia roxa.

Abro completamente a fonte da minha magia e exijo tudo o que ela tem. A pressão cresce dentro de mim em um flash, e cerro os dentes contra a dor enquanto observo a lâmina se aproximar de Sabin como se estivesse em câmera lenta. Espero até minha magia se intensificar ao nível não aguento mais, e então a empurro para fora de mim. O pulso passa pelos meus homens e nem sequer os balança, o que é exatamente o que eu queria, mas, assim que bate nos outros Sentinelas, os achata. Eles batem no chão com tanta força que o som reverbera pela sala.

Minha magia roxa se enfurece como um tsunami em direção a Soberana. Ela esmaga uma barreira e a quebra como vidro. Minha mágica bate nos líderes desta cidade. Ela sopra a realeza de volta aos tronos e depois vira esses tronos de cabeça para baixo. Tenho certeza de que minha magia deixou claro o que pensa da monarquia deles.

Eu fico lá, um pouco chocada com o que acabei de fazer. Eu usei essa capacidade antes, tanto de propósito quanto de acidente, mas nunca nesse nível. A sala vai de um campo de batalha para assustadoramente quieta. Ficamos ali, tentando entender o que aconteceu e recuperar o fôlego. Eu corro meu olhar sobre todos eles, mas não vejo nada que eu deva me preocupar.

“Devemos correr?” Bastien pergunta depois de um minuto enquanto seus olhos patinam sobre todas as pessoas na sala.

“Eu nem sei se podemos”, eu admito. “Vamos conseguir sair da cidade?”

“Você teria que nos deixar para trás. Eles podem ser capazes de nos rastrear através das marcas de Escolhidos daquela garota”, anuncia Kallan, e mais uma vez não tenho ideia se eles podem, ou mesmo viriam atrás de nós. Sei que posso alertar meus Escolhidos sobre onde estou e que preciso deles, pode funcionar ao contrário?

“Porra”, eu grito e corro meus dedos pelos meus cabelos emaranhados. “Eu estraguei a porra toda.”

“Não, eles estragaram tudo quando nos atacaram na floresta”, afirma Valen calmamente.

“Definitivamente, não foi o grupo mais acolhedor”, concorda Sorik.

Olho ao redor da sala para as figuras imóveis. Ainda vejo que os guardas estão respirando, então não estão mortos, mas, neste momento, não sei se isso é uma coisa boa ou ruim. Eu traço um caminho em direção aos tronos e vou nessa direção.

“O que você está fazendo, Assassina?”

“Eu vou consertar os tronos e colocar os idiotas reais de volta neles. Talvez se eles ficarem com a cabeça para cima ao em vez de ficarem de bunda para cima, serão mais compreensivos.”

“Oh... oh... ideia melhor”, Knox anuncia, levantando a mão como um estudante ansioso. “E se eles acordarem e nos encontrarem sentados em seus tronos? Você sabe, deixar eles saberem que eles foderam com o Clã errado desde o início.”

Eu rio e começo a consertar as cadeiras como se estivesse limpando uma festa épica.

“Você está bem, Becket?” Eu pergunto quando ele olha para Sauriel cautelosamente.

“Sim. Acha que posso chutar o idiota algumas vezes antes que ele acorde? Você sabe que esse filho da puta sabia que seu irmão estava operando com alguns parafusos soltos.”

“Eu não vou contar se você não contar”, ofereço um grunhido quando coloco o grande realeza negra com os olhos quase brancos instalados em seu trono agora para cima.

Tênis saltam pela sala.

“Eu amo quando ela fica toda cruel”, Bastien suspira sonhadoramente.

Reviro os olhos para ele e escondo meu sorriso.

“Sim, ela teve meu coração desde o minuto em que a vi bater em você”, Valen concorda, dando a seu irmão um sorriso atrevido.

“Alguém precisa de cura?” Ryker pergunta.

Todos os caras respondem não ou balançam a cabeça. Olho para o meu estômago, agora lembrando que fui esfaqueada mais cedo.

O que diabos isso diz sobre esse dia que eu esqueci que levei uma adaga até o intestino?

Eu corro minhas mãos onde o ferimento deve estar. O sangue e a sujeira secam, mas não dói, e eu não consigo encontrar uma ferida.

Isso é estranho pra caralho.

Eu torço e tento olhar para as minhas costas, como se de alguma forma a facada fosse estar lá, já que não estava no meu abdômen, mas não há nada além da prova de que eu realmente precisava tomar um banho.

“O que há de errado, Vinna?” Sabin me pergunta quando começo a me virar como um cachorro perseguindo seu rabo.

“Eu fui esfaqueada mais cedo”, digo a ele enquanto faço outra volta.

“O quê?” Várias vozes exigem tudo de uma só vez, e a próxima coisa que sei é que estou cercado por Escolhidos e Escudos preocupados e chateados. As mãos procuram no meu corpo uma ferida que não está mais lá, enquanto Ryker e Nash começam a disparar instruções e perguntas.

“Porra, pessoal. Recuem por um segundo. Não consigo encontrar a ferida. Nada dói. Estou bem!” Eu insisto.

Ryker me olha confuso. “Como assim, você não consegue encontrar a ferida?” Ele pergunta ao mesmo tempo que Nash insiste: “Você não está bem! Ser esfaqueada não é bom!”

Ignoro Nash e respondo Ryker. “Assim como eu disse, não tenho mais feridas.”

“Você tem certeza que foi realmente esfaqueada?” Kallan pergunta, seu olhar traçando meu corpo como se ele estivesse checando se está tudo bem.

“Não, ela estava sangrando mais cedo. Eu me lembro”, afirma Enoch.

“Você a viu sangrando mais cedo e não disse nada?” Espero que um comentário como esse venha de Knox ou talvez de Bastien, então fico surpreso quando Becket é quem ronda seu companheiro de clã.

“Tudo aconteceu rápido, eu só tive um vislumbre, e então toda aquela coisa da marca de Escolhido aconteceu com a outra garota”, defende Enoch, e eu me meto entre eles quando fica claro que Becket não acha que seja uma resposta boa o suficiente.

“Está tudo bem, sério. Temos problemas maiores para lidar agora. Podemos resolver a facada que desapareceu mais tarde.”

Levanto minhas mãos para silenciar qualquer discussão adicional, e todos voltam ao trabalho posicionando os Sentinelas pela sala de uma maneira que esperamos que os torne menos assassinos quando acordarem.

“Quanto tempo você acha que eles ficarão fora?” Sabin pergunta quando ele senta um guarda contra uma parede. Todos os olhos se voltam para mim.

“Pshhh, você sabe que eu estou só indo com a onda, certo? Eu não sei porra nenhuma sobre nada.”

“Talvez possamos rastrear uma sala de arquivos ou uma biblioteca e ver se conseguimos encontrar algumas respostas antes que todos acordem”, sugere Sorik.

“Eu toparia, exceto que até agora ninguém está batendo nas portas, exigindo saber o que está acontecendo. Eu me preocupo que no minuto em que enfiarmos a cabeça para fora daqui sem escolta, não chegaremos muito longe”, diz Sabin, e todos concordamos.

“Onde está uma capa de invisibilidade quando você precisa de uma?” Knox brinca, e todos nós rimos.

“E se ela tiver nocauteado a cidade inteira?” Becket pergunta, e mais uma vez todos se voltam para mim.

“Não sei porra nenhuma sobre nada”, repito, apontando um dedo para mim e repetidamente colocando-o acima da minha cabeça.

“Pela lua, isso é péssimo”, afirma Ryker, balançando a cabeça com frustração.

“Nem me fale, mano. História da minha maldita vida” concordo.

“Esses filhos da puta têm todas as respostas”, diz Enoch, apontando para a perna de um guarda.

“Sim, e duvido que depois de tudo isso eles estejam com pressa de compartilhar qualquer um deles conosco. Não que eles parecessem um grupo útil antes disso” acrescento.

Um gemido enche a sala, e todos nós congelamos. Examino os corpos inconscientes, procurando um que nos pareça menos inconsciente.

“Merda, parece que a namorada está acordando”, destaca Torrez, e sigo seu braço estendido para encontrar Suryn, a Sentinela grosseira, tentando sentar-se.

Bem, isso vai ser divertido pra caralho.


13


Todos a observamos lentamente, sem ter certeza do que diabos mais devemos fazer. Enoch parece magoado, observando-a lutar para se sentar. Suryn pisca lentamente os olhos abertos e seu olhar confuso pousa em mim. Dou-lhe o meu melhor sorriso de se você não me matar, podemos ser amigas e dou um pequeno aceno com a mão para reforçar a mensagem. Ela parece distraída por alguns instantes, e então eu vejo o que aconteceu registrar em seu olhar e ela se levanta.

“O que diabos você fez?” Ela exige. Ela olha freneticamente ao redor da sala e grita quando encontra o Quórum desmaiado em seus tronos.

Uma katana aparece em suas mãos novamente e ela avança em direção aos tronos. Fico surpresa quando ela não vai direto a Soberana, mas mergulha para verificar Sauriel. Todos assistimos alívio inundar seus traços doloridos quando ela percebe por si mesma que ele ainda está vivo, e por um momento, me sinto mal. Suryn aponta sua katana para mim e fala.

“Eu vou estripá-la por isso”, ela rosna para mim entre os dentes cerrados.

E só assim, minha simpatia evapora. “Ele está dormindo, não está morto, acalme-se. Eu poderia cortar a garganta de todo mundo enquanto vocês estavam fora, se eu quisesse. Porra, eu ainda posso. Mas não estou aqui para machucar ninguém. Mantenha suas ameaças para si mesma, a menos que queira que eu comece a fazer algumas das minhas.”

Valen se inclina para mim. “Eu poderianey cortar a garganta de todo mundoney”, ele me diz, usando a pior imitação de deboche todos os tempos.

Eu dou a ele um olhar que diz o quê? Eu poderia mesmo. Ele sorri e balança a cabeça.

“Talvez você queira continuar com mais desculpas quando os outros acordarem”, ele me provoca.

“Você acha que os líderes da raça mágica mais forte existente vão agradecer por você não cortar suas garganta depois de nocauteá-los?” Suryn pergunta incrédula, chamando minha atenção de volta para ela.

Mais alguns gemidos enchem a sala. Um vem de Sauriel e o outro da realeza de pele de ébano com olhos esquisitos.

“Bem, acho que estamos prestes a descobrir”, observa Torrez.

Eu me encolho, me apertando pra caralho com tensão.

Começo a cantar um mantra positivo para mim, por favor, não nos execute enquanto observo os machos do Quórum acordarem também.

“Pai, você está bem?” Suryn pergunta a Sauriel, e minha boca se abre em choque.

“Porra, minha aposta estava em amante, não em pai”, brinca Siah, e Bastien resmunga de acordo e primeiro o bate.

“O que aconteceu?” Sauriel resmunga, sentando-se reto.

“Você foi atacado”, acusa Suryn, e os dois olham para mim.

Eu gesso o mesmo sorriso de não te matei, então vamos ser legais no meu rosto e mais uma vez aceno, porque aparentemente eu não posso me controlar.

Tal filha tal pai, ele olha para mim.

“Agora, antes de você decretar algo de que vai se arrepender, como 'Cortem as cabeças', permita-me explicar”, digo a ele.

Sauriel não diz nada, e não tenho certeza se isso significa sim, por favor, explique ou talvez ele esteja imaginando todas as maneiras de nos fazer sofrer pela minha insolência. Dou uma sacudida de surpresa quando o homem assustador de olhos assustadores diz: “Continue.” Eu esqueci totalmente que ele também estava acordando depois que a bomba do pai foi lançada.

“Eu tive uma briga com seu irmão Adriel que vai deixar algumas cicatrizes intensas em minha alma. Eu pensei que você fosse ele. Não sabia que ele era gêmeo. Seu rosto me descontrolou.”

Eu internamente bati na minha cara. Seu rosto me descontrolou? Sério, Vinna?

“Hum... eu sei que parece que estou aqui para começar alguma coisa, mas juro que não poderia estar mais longe da verdade. Eu só estava esperando por algumas respostas, só isso.”

“Onde está meu irmão agora?” Sauriel exige, e pela aparência das coisas, ele parece estar pronto para voar para fora de seu trono e caçar seu irmão gêmeo.

“Ele estava na área da Bielorrússia quando o encontrei”, ofereço vagamente, meus olhos correndo para Becket e voltando novamente.

Não sei se contar a Sauriel que matei seu irmão gêmeo vai funcionar para nós ou contra nós. Agora, eu sou do departamento hey, inclusive, eu matei alguém na sua família, e isso poderia ir de qualquer maneira.

“Estava?” Sauriel exige. “Ele entrou no subterrâneo de novo?” Sauriel bate com o punho no braço do trono e grita algo que soa como uma maldição, mas em um idioma que eu não conheço.

“Não... eu o matei”, afirmo casualmente, esperando que o soco seja um sinal de que ele pode estar aberto para que a morte de seu irmão seja uma coisa boa.

O olhar chocado de Sauriel se aproxima de mim.

“Foi por isso que foi um choque vê-lo entrar por aquelas portas. Sinto muito por tudo isso de tentar matar você, mas prometo que foi apenas um caso de identidade equivocada.”

Cruzo os dedos dos pés nas botas, esperando que, de alguma forma, Sauriel e o cara de olhos assustadores sejam um tanto compreensivos. Não passa despercebido para mim que nenhum deles tenha verificado a Soberana. Não sei por que Suryn e esses dois estão acordados quando ninguém parece estar acordando, mas pelas estrelas, espero que estejam de bom humor.

“Você matou Adriel?” Sauriel pergunta, sua voz um sussurro incrédulo.

“Matei.”

“Você disse que violou nossas proteções para obter algumas respostas, o que você quis dizer com isso?” Olhos Assustadores me pergunta, seus traços contemplativos.

Debato por um momento por onde começar com a minha história. “Disseram-me que sou uma Sentinela, mas ninguém parece saber exatamente o que isso significa... inclusive eu. Pensei por muito tempo que de alguma forma eu era a última a existir, e então descobri que não era. Estou tentando descobrir o que tudo isso significa. Quem sou e por que posso fazer o que posso fazer.”

Faço uma pausa por um momento, sem saber o que mais dizer.

“Todos nós estamos aproveitando ao máximo uma situação difícil e confusa, mas eu esperava vir aqui, para que pudéssemos parar de navegar no escuro. Se eu soubesse que vocês tentariam nos matar, eu não teria vindo.”

Outro grunhido afasta a atenção de todos, e as asas de Ory se flexionam levemente enquanto ele luta para recuperar a consciência.

“O despacho para a morte não foi unânime. Na verdade, ele só deveria ser executado se você representasse uma ameaça” afirma Olhos Assustadores, e então ele vira seu olhar ponderado para Suryn.

“Tawv, você não viu o que ela fez aqui? Ela claramente é uma ameaça” Suryn oferece em resposta ao olhar examinador de Olhos Assustadores.

Eu rosno para Suryn e dou um passo ameaçador adiante. Provavelmente não estou me ajudando aqui, mas seu desrespeito comum pela vida das pessoas que amo está obscurecendo meu bom senso.

“Besteira. Meus Escolhidos estavam inconscientes quando você caiu do céu. Éramos seis contra mais de duas dúzias de vocês.”

“Sete de vocês”, corrige Ory, empurrando seu longo cabelo preto para fora do rosto enquanto ele se levanta trêmulo, como se, de alguma forma, minha contagem de uma pessoa realmente fizesse diferença.

Não o corrijo, não querendo ressaltar que Vaughn é basicamente um fantoche catatônico que não conseguiu levantar a mão para se defender sozinho, muito menos atacá-los.

“Não importa, de qualquer maneira, eles não sofreram baixas e os combates cessaram quando Suryn marcou alguns deles como Escolhidos”, afirma Ory enquanto se espanava.

Ele perde a sacudida sutil da cabeça de Suryn e o olhar mortal que ela atira quando ele não fecha os lábios do jeito que ela está se comunicando silenciosamente que quer que ele faça.

“O quê?” Sauriel grita e se vira para a filha, seus olhos exigindo uma explicação.

Eu me pergunto por que ela chamou meus Escolhidos de imundice quando seu pai é um Lamia Escolhido. Você pensaria que ela entenderia melhor os Sentinelas que foram criados e não nasceram.

“Como?” Sauriel exige quando ela não explica imediatamente.

“Não sei, me movi para cortar uma de suas gargantas. Assim que o toquei, minha luz acendeu. Eu não pude controlar.” Ela faz uma pausa, afastando os olhos dos de Sauriel como se tivesse vergonha. “Você acha que Wekun removeria-”

Olhos Assustadores, ou eu acho que o nome dele é Tawv, assobia e olha para Suryn como se ela tivesse dito algo horrível. “Você trairia sua luz tão facilmente?” Ele exige cortando-a severamente no meio da pergunta.

Mas qualquer resposta é interrompida por um movimento da mão da Soberana. Observo como todos os outros Sentinelas que estão acordados olham para o movimento como se fosse uma cobra que vai atacar e morder a qualquer segundo.

“Vamos discutir isso mais tarde”, Sauriel rosna para sua filha. “Mas as Runas dos Escolhidos mudam como tudo isso deve ser tratado.” Ele se vira para mim. “Se você quer viver, sugiro que você se incline, mantenha a cabeça baixa e não fale a menos que te perguntem diretamente.”

Estou surpresa com as instruções e olho para os caras por um momento, perguntando com meus olhos se esse cara é real. Bastien e Sabin encolhem os ombros ao mesmo tempo.

Eu me viro para Sauriel, mas algo sobre a tensão que não deixa sua coluna ereta e seus ombros apertados me fazem dobrar para ficar no chão. Minha alma se rebela contra a posição vulnerável que isso coloca a mim e a todos os caras, mas eu acabei de bater a abelha rainha dessa colmeia na bunda dela, então talvez um pouco de bajulação nos faça passar por isso. Abaixo a cabeça, mas mantenho meu peso nas pontas dos pés e nas palmas das mãos, por precaução.

Eu posso sentir o desconforto subir na sala e assentar na parte de trás do meu pescoço. Todo mundo está completamente silencioso como se tivesse medo de respirar, muito menos falar.

“Qual o significado disso?” Uma voz feminina exige, seu tom uniforme, não tão estridente quanto o que eu pensava que seria baseado na aparência dela.

Fico tentada a levantar a cabeça para poder ler a expressão dela, mas mantenho a expressão como fui avisada.

“Houve um desenvolvimento com nossos convidados”, uma voz que reconheço como a de Tawv fala categoricamente.

“Eu assumi isso simplesmente pelo fato de que suas cabeças ainda estavam presas aos seus corpos depois de atacar sua Soberana”, ela declara casualmente.

Eu posso dizer que ela está brincando, mas eu ouço a mordida profunda em sua declaração.

“A mulher nasceu da luz, os outros são todos Escolhidos”, Sauriel fornece como se a informação o entediasse.

“Por que eu deveria me importar se uma vira-lata quer reivindicar tantos indignos? Você não vê o estado do seu povo, inconsciente, no chão, tudo por causa da birra de uma pequena moradora de rua?”

Eu me irrito com as declarações dela e luto para não fechar as mãos com raiva. Puta do caralho.

“Sim, seus pontos de vista são claros, mas, de acordo com a Lei Original, ela é uma nascida da luz, no entanto. E nem todos os Escolhidos são dela. Parece que a luz de Suryn marcou vários deles.”

“Você mente”, rosnou a Soberana, e é tudo o que posso fazer para não olhar para ver o que está acontecendo.

“É a verdade, Soberana. Minha luz respondeu e não pôde ser parada.” Suryn se intromete.

“Então você precisará ser expurgada com eles”, declara a Soberana friamente, e ouço vários suspiros chocados.

Oh, tudo bem quando ela quer nos matar, mas ameaçar a pequena Suryn e eles não estão nada além de indignados.

“Você não tem piedade nem do seu próprio sangue?” Sauriel exige ao mesmo tempo que Tawv fornece calmamente: “Você pode ser a líder dos Marcados, mas não tem essa autoridade. Um tribunal independente deve ser chamado para decidir sobre a morte de um Tierit nascido, e você sabe disso. É lei original e não pode ser desviada. Você se lembra das leis originais, não é? Você apenas prometeu defendê-las em sua ascensão.”

Eu quero mais cinco Tawv. Arrasa com essa puta da realeza, Olhos Assustadores.

A sala fica quieta e todos prendemos a respiração, esperando para ver o que vai acontecer.

“Bem. Convoque um tribunal”, afirma a Soberana. O rancor em seu tom faz os cabelos dos meus braços se arrepiarem. “Não tenho dúvida de que eles verão as coisas da maneira que eu vejo. Até lá, mantenha essa imundície fora da minha vista! Se eles olharem na minha direção, a Lei Original não os salvará novamente” ela assobia, e o arranhar de uma cadeira chia através da sala silenciosa.

Passos suaves e irritados se afastam da área do trono e se tornam cada vez mais fracos à medida que se afastam. Desconforto e ressentimento filtram minha preocupação. Mais uma vez me vejo querendo fugir deste lugar e nunca olhar para trás ou queimar tudo até o chão. Que porra há de errado com essas pessoas?

Eu me sento. Eu estou de saco cheio de ficar de joelhos para pessoas assim. Sauriel está sussurrando algo para sua filha, e ela assente enquanto ele agarra seus ombros e a puxa para um abraço. Desvio o olhar, sentindo que estou espionando algo que não é da minha conta. Meus olhos pousam nos olhos de Tawv, e nós apenas nos observamos por um instante, nenhum de nós ansioso para quebrar o silêncio.

“Um tribunal será chamado amanhã. Eles ouvirão seu caso e decidirão seu destino. Até então, vocês são hóspedes protegidos. Suryn irá mostrar-lhe os seus quartos e servir como anfitriã durante a sua estadia. Vocês são livres para ir para onde quiser, com exceção da ala real. E, como qualquer cidadão da Tierit, vocês não têm permissão para deixar a fronteira. Vocês entenderam?” Tawv pergunta, seu olhar deixando o meu e passando por todos os outros do meu grupo.

Nenhum de nós diz nada. Ele entende isso como uma espécie de acordo e sobe de seu trono. Sem outro olhar ou palavra, ele sai pela mesma porta lateral pela qual entrou.

Sauriel abraça Suryn mais uma vez e depois se afasta dela. “Você deveria descansar. Falarei mais com você amanhã” ele diz a ela. Ele hesita por um segundo, como se quisesse dizer algo mais, mas parece decidir contra isso e partir.

Suryn observa suas costas até que desapareça através de uma porta. Ela vira o olhar ardente para Enoch, e eles se entreolham. Estou esperando que ela diga qualquer coisa desagradável que esteja obviamente sentada em sua língua e depois nos leve até onde devemos dormir esta noite. Eu nem me importo se vai ser nas valas reais neste momento, o que realmente não seria chocante com a maneira como esses filhos da puta falam sobre nós. Suryn balança a cabeça e olha para Ory. Ele está ocupado olhando para mim, o que parece irritar Suryn, e ela começa a fazer seu próprio ato de sair da sala.

Esqueci que Ory estava lá, ele ficou tão quieto. Suas asas flexionam atrás dele uma vez, e então ele pisca, perdendo nossa competição de encarar.

“Bem, isso foi interessante”, afirma Ory quando ele se vira para olhar na direção em que Suryn acabou de entrar. “Parece que os deveres de anfitrião agora caem sobre mim.”

Ory não parecia tão incomodado com esse fato quanto Suryn. Provavelmente isso deveria me preocupar, mas, neste ponto, eu estou cheia de tudo isso. Eu só quero sair desta sala, longe dessas pessoas e espero que em algum lugar que eu possa fazer xixi.

“Sigam-me”, ele anuncia, virando-se rapidamente e quase derrubando Becket com uma asa.

Dou mais uma olhada ao redor da sala e me pergunto quando esses guardas vão acordar. Olho os tronos agora vazios e vejo o céu estrelado através de uma janela na parede dos fundos. Precisamos descobrir como sair daqui, e primeiro de tudo... tirar essas malditas runas de Escolhidos dos meus Escudos.


14


EU já estou morta de andar quando Ory nos mostra onde vamos ficar. Ele nos guiou através do que deveria ser cem corredores e vários andares diferentes. Eu tenho certeza que isso foi feito para nos confundir, coisa que ele conseguiu, porque eu não tenho a menor ideia de onde estamos em relação a onde entramos. Felizmente para mim, eu simplesmente não me importo.

Ory está de pé na porta da suíte de quartos que estaremos ocupando nessa esperançosamente curta estadia neste buraco do inferno, informando-nos que os alimentos e bebidas serão trazidos prontamente e passando por algum tipo de itinerário que ele organizou para nós amanhã. Ele deve ter inventado essas atividades na caminhada de uma hora que demorou para chegar a esses quartos. Tenho certeza de que a Soberana acabou de afirmar que queria que fôssemos afastados dela; não ouvi nada sobre todas essas turnês, entrevistas e outras coisas sobre as quais o airbag alado está falando.

Esfrego os olhos cansados e prometo a bexiga pela milionésima vez que eu vou esvazia-la em breve. Ory ainda está nos rondando sem nenhuma pista de que ele vai nos deixar em paz a qualquer momento no futuro próximo, então eu decido que preciso resolver o assunto com minhas próprias mãos. Vou direto para Ory. Ele parece confuso com a minha abordagem, mas não para de tagarelar sobre o que diabos ele estava falando.

“Sentinela”, ele cumprimenta ironicamente enquanto eu me movo até que eu esteja peito a peito com ele.

Eu não digo nada, e ele sorri sobre minha cabeça como se achasse que eu estava tentando intimidá-lo, mas ele é muito duro para isso. Eu corro minha mão lentamente pela moldura da porta e espero até que ele olhe para mim. Seus olhos de berinjela brilham com desconfiança e depois interesse quando olho para ele e sorrio docemente. Ory pressiona um pouco contra mim, lendo errado o que está acontecendo aqui. Eu levanto minha outra mão e coloco-a suavemente em seu peito, e então o empurro para fora da porta e rapidamente bato a pesada porta preta em seu rosto.

Eu me inclino e suspiro. Eu posso apenas imaginar Ory rindo do outro lado, e balanço minha cabeça. Esse cara é um esquisito do cacete. Eu caio contra a porta de madeira lacada preta e entro na sala. Finalmente estamos sozinhos. Há muito o que falar, e ainda não me sinto pronta para dissecar tudo neste momento. Então, em vez disso, analiso os detalhes dessa suíte para a qual eles nos exilaram.

Empurro a porta e me junto aos outros na grande sala que é o núcleo da suíte. Suas paredes e piso são feitos da mesma pedra creme. Há videiras esculpidas e flores nos cantos que sobem até um teto alto. Tapetes e sofás ficam no meio, e uma grande mesa de jantar é empurrada contra uma parede dos fundos que se parece com nada além de janelas da parte superior da mesa até o teto muito alto.

Vou até lá e tento me orientar com o que posso ver lá fora. É quase impossível. Não conheço este lugar o suficiente para escolher pontos de referência na cidade ou ao redor. Também não ajuda que eles não tenham eletricidade. Aparentemente, tudo está iluminado com luz de fadas. Não tenho certeza se isso é um feitiço ou se há Sentinelas enviados por aí responsáveis pelas pequenas esferas brancas que pontilham os corredores, as ruas da cidade e o teto nesta sala. Definitivamente, não são fadas reais como eu pensava quando Ory anunciou o que era a luz. Ele foi rápido em tirar sarro de mim quando tentei falar com um orbe, esperando que a pequena fada se mostrasse.

Várias portas abertas saem da área principal e vejo quatro grandes opções de quartos. Pelo menos todos nós estaremos juntos a uma distância de audição e luta, se pressionarmos para empurrar por aqui. Ninguém está realmente dizendo nada. Estamos todos apenas olhando ao redor e fazendo o nosso melhor para combater a exaustão que está clara nos rostos de todos.

“Bem, eu não sei sobre vocês, mas estou prestes a fazer xixi nas calças. Agora, obviamente, precisamos conversar e elaborar um plano de jogo, mas podemos resolver nossas funções corporais primeiro?”

Eu realmente não espero por uma resposta antes de correr pela porta mais próxima à minha direita, em uma busca desesperada por algo que se assemelha a um banheiro... ou um vaso... foda-se, eu aceitaria uma tigela neste momento. Estou fazendo a dança do xixi na hora em que localizo a entrada um tanto escondida do banheiro enorme, e consigo chegar por pouco.

Com minha bexiga agora vazia, lavo-me e saio rapidamente para que alguém que esteja desesperadamente necessitado possa controlar suas coisas. Eu caio em um dos sofás vermelhos macios. Estou tão suja que me sinto mal ao sentar nos móveis macios, mas depois me lembro de onde estou e passo a esfregar meu ego desagradável por todas as almofadas. Uma coisinha para se lembrar da vira-lata imunda.

“Então, o que diabos vamos fazer?” Pergunto quando todo mundo está voltando para a sala e se acomodando confortavelmente em algum móvel elegante. Bastien e Valen entram e continuam o caminho até mim, me pegam, jogam suas bundas no sofá em que eu estava deitada e depois me colocam no colo. Estou cansada demais para contestar, e mesmo se o fizesse, seria em vão. Todos sabem que eu gosto de homens fortes.

“Bem, precisamos dar o fora daqui, mas não sei como”, diz Sabin, e vários de nós grunhimos de acordo.

“A questão são as runas dos escolhidos. Se pudéssemos nos livrar delas, então poderíamos pelo menos tentar fugir disso”, afirmo com um bocejo enorme.

Eu tenho que fazer um esforço concentrado para manter meus olhos abertos. Bastien está passando os dedos pelos meus cabelos e lentamente desfazendo os emaranhados enquanto Valen está traçando padrões na minha perna que eu estou achando muito reconfortante agora.

“Existe uma maneira de se livrar delas?” Becket pergunta enquanto olha para suas mãos. “Estas são apenas as primeiras, certo? Nós não temos mais nada a menos que nós...” Ele para, aparentemente não querendo falar sobre todo o sexo que leva a toda a tagarelice das marcações do Sentinela.

“Eu não sei”, eu admito mais uma vez. “Estou seriamente começando a odiar essas malditas palavras”, acrescento um rosnado.

“Você acha que se você os marcasse, isso trunfaria a reivindicação do outro Sentinela?” Ryker pergunta, seu olhar contemplativo.

“Eu os marquei. Isso com certeza não impediu o que ela fez de acontecer” eu indico.

Ryker balança a cabeça. “Não, não quero dizer marcá-los como seus Escudos, quero dizer marcá-los como seus Escolhidos?”

Bastien endurece debaixo de mim, e os padrões calmantes de Valen param de repente. Olho para Ryker por um momento apenas para ter certeza de ouvi-lo direito.

“Eu não sei se funciona assim”, ofereço hesitante, tentando pensar nas ramificações.

Se nos tirasse daqui, poderia valer a pena. Mas então o quê?

Ryker suspira. “Pode ser nossa única opção. Eles não podem ficar aqui ligados a essa mulher. Você ouviu o que a Soberana disse, ela vai matar todos eles.”

“Podemos forçar Suryn a vir conosco?” Nash pergunta, e todas as cabeças se voltam para ele. Ele fica tenso. “Quero dizer, se ela for assassinada por nos marcar, talvez ela também esteja interessada em fugir, é tudo o que estou dizendo.”

Tento imaginar a bunda arrogante e ruiva da Sentinela fugindo voluntariamente conosco. “Sim, eu simplesmente não vejo isso acontecendo. Ela parece que nunca será nossa maior fã.”

“Mas nem a conhecemos, então podemos realmente dizer com certeza neste momento?” Enoch defende e eu me irrito.

“Você está defendendo-a?” Knox pergunta, expressando a pergunta que está na ponta da minha língua.

“Eu não estou...” Enoch interrompe. “Eu não... talvez... sim, acho que estou a defendendo. Acho que não podemos simplesmente descartá-la com base no que aconteceu hoje.”

Eu dou um bufo incrédulo. “Por que diabos não? Ela te chamou de imundície. Não sei em que tipo de óculos Escolhidos cor de rosa você está usando para ver essa garota, mas não há parte dela que esteja de acordo com o fato de ela ter marcado você.”

“Mas vocês não disseram que vocês também estavam assustados no começo?” Nash rebate.

“Cara, isso não foi a mesma coisa”, diz Sabin. “Não sabíamos do que se tratavam as marcas, mas estávamos todos a bordo em relação a Vinna.”

Não aponto que Sabin não estava exatamente a bordo até pouco tempo depois. Tecnicamente, ele está certo. Ele estava preocupado com o quão rápido as coisas estavam progredindo, mas ele não me odiava, o que não é o caso de Suryn.

“Mas vocês disseram que estavam todos bem e a bordo porque confiavam na magia dela. Também não deveríamos confiar na magia deles?” Siah pergunta, gesticulando para Enoch e os outros.

“Não quando a mágica está ligada a uma psicopata cruel”, eu rebato.

“Você poderia ter sido uma psicopata implacável pelo que eu sabia quando selamos nosso vínculo”, rebate Siah.

Abro a boca para contestar o que ele está dizendo e fecho rapidamente.

Porra, ele tem razão.

“Confiar na magia se torna um ponto discutível se eles decidirem que todos nós precisamos morrer. Se continuar com ela é igual à morte, precisamos encontrar uma maneira de romper o laço, ou como Ryker disse, superar a reivindicação dela” afirma Kallan, com os traços pensativos enquanto olha fixamente pela janela traseira.

Algo no olhar em seu rosto me fez parar. Eu claramente não sou fã da Sentinela que os marcou ou esta situação, mas percebo neste momento que isso não pode ser fácil para nenhum deles. Agora eles estão ligados a alguém que não conhecem, com um destino incerto que não parece tão bom, não importa de que ângulo seja visto.

“Eu sei que todos nós estamos nos sentindo agitados e muito ansiosos para fugir daqui, mas a realidade é que não precisamos decidir esta noite. Toda essa coisa do tribunal nos compra algum tempo. Tawv disse que ligará para um amanhã, mas não sei se decidem em um dia ou se leva tempo”, afirma Sorik.

“Sim, tenho a sensação de que poderia ser de uma dessas maneiras. A Soberana parecia bastante convencida de que eles simplesmente fariam o que ela quer”, destaca Siah.

“Então, se eles decidirem muito rapidamente contra nós, teremos nossa resposta para tentar superar as marcas e lutar para sair daqui. No entanto, se tivermos tempo, podemos tentar aprender o máximo possível sobre esse lugar e nossas opções. Podemos ver se a Sentinela deles estava apenas tendo um dia ruim”, diz Sorik, apontando para Enoch e seu clã. “E avaliar se achamos que há alguma esperança de que ela possa ficar do nosso lado. Eles disseram que podemos ir onde quisermos, então vamos tentar encontrar algumas respostas, se pudermos”, conclui.

O resto de nós fica quieto ao considerar esse plano.

“Isso funciona para mim”, afirmo ao mesmo tempo que os outros expressam seu acordo.

“Vamos esperar que o tribunal consista em um monte de gente que a Soberana irritou”, acrescenta Torrez, e todos concordamos.

“Se tivermos a chance de fazer algum reconhecimento, quero que os Clãs fiquem juntos. Podemos encontrar mais se estivermos procurando em lugares diferentes, mas precisamos ser inteligentes. Enoch e os Escudos, vocês ficam um com o outro e vigiam as costas um do outro. O mesmo vale para nós. Podemos nos dividir para cobrir mais terreno, mas ainda assim podemos estar seguros em números. Se alguma coisa parecer remotamente estranha, sinalize e o outro grupo irá correndo.”

Todo mundo concorda com a cabeça.

“Acho que seria melhor ficar perto de nossos quartos com Vaughn”, acrescenta Sorik. “Ninguém prestou muita atenção a ele com tudo o que aconteceu, mas isso pode mudar quanto mais eles verem todos nós. Se eles descobrirem que ele faz o que é mandado, isso pode ser usado contra nós.”

Eu solto uma expiração cansada. “Bom ponto”, eu concordo. “Podemos nos revezar vigiando ele aqui, dessa forma, você não fica preso o tempo todo.”

Sorik me dá um sorriso gentil. “Eu não me incomodaria com o tempo de inatividade, então não se preocupe comigo. Isso me dará tempo para ver se há alguma esperança de reverter ou concluir o que deu errado quando Adriel tentou fazê-lo lamia.”

Eu me viro para olhar para Vaughn. As palavras de Sorik giram em minha mente. Uma faísca de esperança se instala no meu peito. Não quero reconhecê-la, mas, enquanto encaro as luzes de fada acima de nossas cabeças, não posso evitar. Quem sabe que habilidades estão nas marcas do povo de Tierit? Se alguma vez houve um lugar onde Vaughn poderia obter ajuda, provavelmente este é o lugar. No entanto, trabalho para manter a esperança recém-descoberta. Não quero que essa esperança fique muito alta ou pense em como as coisas poderiam ser se Vaughn melhorasse. Ficar animada com as possibilidades, e os planos de longo prazo, não foi realmente bom para mim, e eu me preocupo de alguma forma que apenas minha esperança possa acabar com tudo isso.

“Ok, vamos todos descansar então”, Ryker fala. “Enoch, vocês podem ficar nesse quarto”, ele instrui, apontando para o quarto à direita. “Sorik, você e Vaughn podem ficar no quarto dos fundos, e nós pegaremos os dois quartos do outro lado. Todo mundo ok com isso?”

Encolher de ombros e acenos de cabeça respondem na direção de Ryker, e lentamente todos se dispersam para seus quartos designados. Observo meus Escudos cansados indo, e mais uma vez fico impressionada com o quão fodido tudo isso deve parecer para eles. Sabin entra na minha linha de visão e me oferece uma mão do colo dos gêmeos. Eu levanto com um gemido e me pergunto se já estive tão cansada antes.

Sinto-me fisicamente esgotada de maneiras que nem sabia que eram possíveis, é uma luta apenas piscar neste momento. Mas, além do cansaço físico, também me sinto destruída em um nível emocional. Eu suspiro, e Sabin me dá um meio sorriso que me faz sentir como se ele pudesse ver bem no meu coração.

Ele me leva para o quarto com o banheiro que reivindiquei anteriormente. Pego a roupa de cama vermelha na grande cama de aparência gótica, a cabeceira da cama uma parede inteira de tecido drapeado. Tem uma vibração semelhante a todos os quartos que eu já vi em um filme de época. Há uma lareira do outro lado da sala com intrincadas flores e trepadeiras esculpidas na lareira e nas laterais.

Sigo uma videira esculpida no canto da sala até o teto e, na penumbra da luz das fadas, posso apenas perceber o que parece ser uma cena de Fantasia17 esculpida na pedra acima de nós. Correção, uma versão com classificação para maiores de 18 anos de uma cena de Fantasia.

“Ótimo, ficamos com o quarto de pornografia de centauros”, observo, minha cabeça inclinada para trás, para que eu possa assimilar todas as muitas posições que eu não pensaria que as pessoas-meio-cavalo poderiam realizar. Acho que essa coisa toda de quatro pernas não é tão um obstáculo quanto se poderia pensar, não que eu já tenha pensado em sexo com centauros ou realmente pensado em centauros no geral, mas com certeza agora vou.

“Huh, como eles podem estar fazendo um meia nove?” Knox pergunta, inclinando a cabeça para a esquerda como se isso o ajudasse de alguma forma a entender melhor o que está vendo. “As pernas do cavalo são flexíveis desse jeito?”

Eu dou uma risada e balanço minha cabeça para ele.

“Não sei se isso vai me assustar ou me ajudar”, Ryker afirma confuso.

Ele para ao meu lado, com a cabeça esticada até o teto.

Meu foco é desviado da arte gráfica quando Valen, Bastien e Torrez aparecem na porta com um grande colchão e roupa de cama, que só posso supor que foi recentemente tirada da cama no outro quarto. Knox, Sabin e Siah se movem para levantar o colchão da cama neste quarto, e o colocam ao lado do outro no meio do chão.

Tiro meus sapatos e empurro minhas calças sujas e com lama pelas minhas pernas. Perdi minha camisa na luta mais cedo, quando a puxei e a pressionei na minha facada antes que desaparecesse. Tiro meu sutiã esportivo sobre o meu corpo e sorrio para Siah quando ele tira sua camisa e a entrega para mim. Estamos todos sujos e provavelmente devemos tomar banho, mas está claro que todos estão cansados demais para dar a mínima. Eu rastejo para o meio dos colchões e me escondo debaixo das cobertas.

Nenhum de nós conseguiu manter nossas mochilas em meio a toda loucura, mas teremos que nos preocupar com isso amanhã. Meus Escolhidos se arrastam para a cama ao meu redor, estou prestes a desmaiar antes que eles possam se acomodar. Sinto os braços em volta da minha cintura e minhas costas são puxadas para um peito quente e musculoso. Os dedos de outra pessoa se entrelaçam com os meus enquanto outro par de pés segura os meus. Apaguei segundos depois, exausta, quente, protegida.


15


Knox anuncia que a comida acabou de chegar e que ele vai enfeitiçar os pratos de comida para verificar se há algo que possa nos ferrar. Sua chamada para o café da manhã me alcança no banheiro, e eu uso minha magia para secar rapidamente meu cabelo. Olho as roupas pretas que tirei de uma pilha que foi entregue para todos nós. Parece que podemos vestir o papel da Guarda Tierit Sentinela, e algo sobre isso está fazendo coisas engraçadas no meu peito.

Aperto minha toalha fina debaixo dos braços e passo a mão sobre o colete de couro preto que amarra uma camisa preta. Não consigo descobrir de que tecido a camisa ou a calça são feitas. É mais macio que o algodão, mas elástico. As calças têm remendos de couro blindados costurados nas partes vulneráveis da perna. E os braços da camisa ostentam a mesma proteção.

Estou admirada e chateada ao mesmo tempo. O artesanato é incrível. Eu provavelmente nunca vi um conjunto de roupas mais fodão do que as roupas blindadas que os guardas usam aqui, mas isso me faz sentir como uma maldita pária ao mesmo tempo. Eu queria, mais do que eu podia admitir antes, pertencer aqui. Mas eles não me querem. Eles não nos querem.

Olho no espelho e corro meus olhos pelas minhas feições. Talvez um dia a rejeição não doa tanto. Porra, eu realmente deveria estar acostumada, mas apesar dos meus esforços para não me importar, eu me importo. Eu simplesmente não consigo evitar. Desvio o olhar, não querendo ver a garota desanimada que está olhando de volta para mim.

Desdobro as roupas e tento afastar as imagens que elas evocam imediatamente. Poderíamos ser bons nisso: guardas, missões, a maldade geral que roupas como essa trazem a você. Se essas pessoas não quisessem se esconder do mundo, poderiam fazer muito com suas habilidades. Lentamente, visto as roupas e tento não me odiar por gostar de como elas se sentem no meu corpo. Não sei dizer se recebemos essas coisas de alguma intenção pensada por alguém, ou se eles estão tentando deixar ainda mais claro quão fora do alcance tudo o que têm sempre será para mim. Eles poderiam ter nos dado as roupas cinzas que eu vi os outros cidadãos de Tierit vestindo, mas eles nos deram isso ao invés, e isso está fodendo comigo.

Uma batida na porta me obriga a afastar meus pensamentos. Eu me forço a não olhar no espelho antes de responder. Não quero gostar disso, gostar da aparência que tenho usando isso. Não quero sentir falta disso quando for inevitavelmente tirado de mim. A porta se abre para revelar Sabin. Como eu, ele está vestido da cabeça aos pés de preto, e eu tenho que me lembrar de respirar.

Ele parece um guerreiro de um sonho molhado.

“Ei, eu trouxe botas para você. Não sei se me sinto assustado ou impressionado por terem acertado todos os nossos tamanhos. Ou talvez a magia deles tenha algo a ver com isso. Eu pensei que a armadura parecia muito grande, mas assim que a coloquei sobre a minha cabeça, coube como uma luva.”

Eu forço meus olhos a ficarem fixos nos dele, não os deixando vagar com fome por todo o corpo do jeito que eles querem. Sabin está olhando para os braços, claramente admirado como as roupas se encaixam. Ele não nota o endurecimento dos meus olhos enquanto eu mascaro a dor que um monte de roupas inúteis está me causando.

Eu preciso me controlar.

“Obrigada”, ofereço enquanto pego as botas e passo por ele para encontrar um lugar para sentar, para que eu possa colocá-las.

Um par de assobios de lobo enche o ar, mas não olho para ver quem os está dando. “Não!” Grito e me sento no braço de uma cadeira e começo a amarrar minhas botas. Eu ignoro a rachadura de emoção na minha voz, e a sala fica em silêncio com a minha explosão.

O que diabos está errado comigo?

Tento afastar meu mal humor enquanto calço minha outra bota. Olho para cima e não olho para ninguém por tempo suficiente para discernir sua expressão. Não quero ver a pena ou a atração ou o que mais eles estão sentindo, eu tenho muita guerra dentro de mim para enfrentar mais.

Alguém bate na porta do lado de fora da sala principal. Torrez me observa mais um momento e depois sai para atender.

“Vocês foram convocados para a seleção do tribunal.”

A irritação flui através de mim quando ouço a voz de Suryn entrar. Saio de nossos aposentos separados e entro na sala principal, e o olhar igualmente irritado de Suryn corre sobre mim. Ela dispensa minha presença com um aperto de lábios e se vira para marchar para longe. Todos nós rapidamente saímos atrás dela. É irritante que tenhamos que seguir sua bunda temperamental ou correr o risco de nunca encontrar nada. Este lugar é enorme e, até agora, confuso pra caralho. Nota para si mesma, se eles não tentarem nos matar hoje, conseguir a posição deste castelo pode ser sábio.

Kallan, Enoch, Becket e Nash precisam se apressar para nos alcançar. Eu posso sentir os olhos na parte de trás da minha cabeça enquanto serpenteamos pelos corredores e escadas intermináveis. Eu sei que um ou mais dos meus Escolhidos estão tentando descobrir por que a companheira deles ficou toda rainha do gelo, mas eles terão que esperar para obter essas respostas até sairmos daqui e eu poder dizer em voz alta sem quebrar.

Suryn nos leva para a mesma sala com os tronos que fomos levados da primeira vez. Chegamos muito mais rápido do que eu pensava, e isso confirma minha suspeita de que o cuzão alado, Ory, estava sacaneando conosco na noite passada.

A sala do trono parece um pouco menos intimidadora à luz brilhante de um novo dia. Falta a presença de uma tonelada de guardas e da Soberana, o que estou tomando como um bom sinal. Eu me pergunto quanto tempo levou para todos os guardas acordarem. Não tenho certeza se algum dos Sentinelas que derrubamos ontem à noite está ansioso por retaliação, mas devemos estar conscientes por precaução. Não que qualquer um de nós estivesse brincando por aqui em primeiro lugar, mas ainda assim.

Suryn sobe as escadas na frente da sala. Ela caminha casualmente para um dos tronos menores posicionados no lugar da cadeira maior da Soberana e se senta. Eu posso dizer que ela gosta de como isso a deixa superior a nós. Também posso dizer que ela propositalmente não está olhando para Enoch ou qualquer parte de seu clã.

Tawv, Sauriel e três outros Sentinelas misteriosos entram na sala pela porta lateral. Os dois Sentinelas que estavam de guarda em cada uma das portas ficam um pouco mais retos e observam o Quórum de perto enquanto se movem em direção aos sete tronos na frente da sala.

“Bom dia”, Tawv nos cumprimenta enquanto se acomoda na mesa no mesmo trono em que sentou ontem à noite, à esquerda de onde a Soberana estava sentada. “Espero que todos tenham conseguido descansar um pouco”, continua ele, e alguns de nós concordam enquanto o resto fica quieto.

“Hoje estaremos selecionando membros do tribunal”, anuncia Tawv formalmente. “Uma vez selecionados, eles se reunirão e tomarão uma decisão sobre a ordem de expedição da Soberana para Suryn Of the Second18, seus Escolhidos, e para a Sentinela de origem desconhecida e seus Escolhidos.”

Com isso, os três Sentinelas misteriosos que Tawv e Sauriel deixaram na porta lateral trazem algo que me parece o irmão mais velho da Stanley Cup19. Eu nunca vi o troféu de hóquei em pessoa, mas esta versão é apenas tímida perto do tamanho de Tawv. Parece manchado, e percebo que há símbolos gravados no metal em vez de nomes como o troféu de hóquei.

Tawv, Sauriel e Suryn observam enquanto os outros Sentinelas colocam a xícara de metal gigante no meio da sala. Ninguém diz nada. Eu me pergunto se talvez Tawv vai explicar o que diabos esses três caras de mantos cinzas de monge vão fazer, mas o Quórum parece disposto a fingir que não estamos aqui agora.

Um dos caras vestidos tem uma adaga dourada. Ela aparece em sua mão e pega o sol e brilha de uma maneira fascinante. Talvez eu seja parte guaxinim, eu com certeza me distraio com coisas brilhantes, observo, e então paro quando o sujeito de robe rasga palma da mão com a lâmina.

“Não esperava por isso”, sussurra Knox, comentando baixinho o que os Sentinelas no meio da sala estão fazendo.

“Parece uma versão mais elaborada de um feitiço de farol”, ele observa, e isso me faz pensar na noite em que descobri que Lachlan era meu tio. O sangue que eu coloquei na tigela de brownie e Keegan fazendo seu esquema sobre ela até que todo o inferno se soltou. Tento afastar as imagens de Keegan e Lachlan com suas cabeças pressionadas juntas, confortando-se depois que Lachlan me atacou.

Outro Sentinela com um robe, corta sua mão e a coloca acima do cálice da taça de troféu de hóquei.

“Qual time você acha que eles estão tentando invocar?” Torrez pergunta baixinho, e eu rio.

“Graças a merda, eu não sou o único que pensa que eles roubaram a Stanley Cup”, afirma Bastien, e ele bate punhos com Torrez e depois com Knox.

O último homem de robe corta a mão e, como os dois Sentinelas antes dele, a segura acima do cálice. Estranhamente, eu posso ouvir o sangue pingando na boca de qualquer coisa que seja esse cálice gigante, e Siah muda seu peso em pé ao meu lado. Eu me viro e olho para ele. Suas feições são apertadas, e ele está olhando para a parede do outro lado da sala como se tivesse todas as respostas.

Porra, ele provavelmente está com fome e precisa se alimentar. Eu me repreendo mentalmente por não pensar na fome e nas necessidades de Siah antes de sairmos esta manhã. Meus outros Escolhidos consumiram toda espécie de comida nos cinco pratos que foram trazidos até nós. Eles pediram mais e estavam cavando quando Suryn apareceu. Todos dormimos como mortos ontem à noite e acordamos famintos. O que quer que tenha acontecido na barreira, na luta e em tudo o mais, deixou toda a equipe vazia.

Eu não podia comer, meu estômago estava com um nó, mas eu sou uma idiota por não pensar em Sorik e Siah. Afasto o olhar do que quer que o trio de Sentinelas esteja fazendo com o copo e olho para Sauriel. Eu me pergunto o que ele faz por sangue? Como Sauriel pode sentir meus olhos nele, ele se vira para mim. Eu não desvio o olhar. Eu estudo seu rosto, procurando a mesma loucura em seus olhos que estava nos olhos de seu irmão. Estou surpresa quando seus lábios se erguem em um sorriso gentil. Minhas sobrancelhas caem em confusão, e tento decifrar o que diabos ele quer dizer, sorrindo para mim. Seus olhos vermelho-dourados vão de quentes a um pouco tristes, e eu luto para entender o porquê.

O canto começa na sala, e eu puxo meu olhar perplexo de Sauriel de volta aos Sentinelas e a taça. Eles murmuram algo juntos que eu não consigo entender.

“Qual de nós vocês acham que será selecionado para o Torneio Tribruxo?” Ryker provoca, e mais risadinhas soam dos caras.

“Não eu”, Sabin diz em um sussurro. “Eu não posso pilotar uma vassoura ou lutar contra um dragão”, ele confessa sério, mas seus olhos verdes floresta brilham com diversão.

“Não pode voar em uma vassoura?” Torrez pergunta com falso choque. “Até eu posso fazer isso. Você acabou de ter sua carteirinha de mago revogada” ele anuncia como se fosse uma coisa real.

Balanço a cabeça para eles e não luto contra o sorriso que suas brincadeiras me tiram.

O interior do copo acende e um orbe sai disparado dele. A luz rosa acende e desaparece pelo teto.

“Estou pensando, com base na falta de pânico ou gritos de escapou, que a luz deveria fazer isso?” Valen comenta, expressando toda a nossa preocupação e subsequente dedução.

O canto continua, e outra esfera rosa sai, esta voa em direção aos tronos e mergulha na janela. Tawv e Suryn parecem entediados, nem um pouco impressionados com o show de luzes. Mais dois orbes surgem, saindo através de paredes opostas, e o cântico nunca cessa.

Outra esfera rosa sai da xícara e eu me pergunto para onde essa vai. Todos tentamos rastreá-la enquanto ela dispara como um raio em nossa direção. Muitos de nós gritam um aviso, mas é tarde demais. A luz rosa bate em Sabin antes que qualquer um de nós possa sair do caminho. Ele suspira como se não pudesse respirar e agarra seu peito. Entro em pânico e o alcanço, aterrorizada com o que diabos aconteceu.

Eu invoco minha magia de Cura e a enfio nele. Procuro uma ferida ou algo que precise ser consertado, mas não sinto nada. Sabin respira fundo e olha para mim, olhos arregalados com o mesmo choque e medo que devem estar no meu rosto.

“Estou bem. Acho que estou bem” ele tranquiliza todos nós enquanto esfrega o peito.

Meu pânico frenético é lentamente substituído por um monte de raiva. Chamo uma espada curta e passo em direção aos Sentinelas de túnicas cinzas. Claramente, eles não sabem o que acontece quando você fode com alguém que eu amo. Hora de consertar isso.

“Sentinela, não!” Tawv grita comigo, e uma barreira pisca para proteger os machos vestidos no meio da sala.

Viro minha raiva para ele. “Que porra foi essa?” Eu exijo, cada palavra pontuada por um passo em sua direção.

Ele levanta as mãos em um gesto, por favor, me ouça. “É assim que o tribunal é selecionado. Não havia como saber quem a fonte chamaria. Seu escolhido foi selecionado, foi tudo o que aconteceu.”

Faço uma pausa, confusa com o que diabos ele acabou de dizer. “O quê?” Eu falo.

O olhar de Tawv suaviza. “A fonte seleciona os Sentinelas que considera mais adequados para a tarefa. É isso que a luz faz. Encontra a pessoa certa e os chama para o serviço. Estou surpreso que ela tenha escolhido um que não seja do nosso tipo, mas a fonte falou e não pode ser desfeito.”

Eu olho para ele.

“Você tem minha palavra, Sentinela, que até que o tribunal tome uma decisão, você e os seus não serão prejudicados aqui.”

“Bem, isso seria bom saber, caralho, antes de você atirar um globo de neve fluorescente no meu Escolhido”, eu rosno para ele. “Da próxima vez, nos dê o respeito de saber o que está acontecendo. Ou não lhe darei o respeito de não retaliar quando você tocar no que é meu!” Eu ameaço, apontando para ele com minha espada curta.

“Aceite nossas desculpas, Sentinela”, Sauriel oferece, e eu o encaro, Suryn e Tawv por um momento mais antes de deixar minha espada desaparecer e dar um passo para os meus rapazes.

Encontro o olhar de Sabin, e ele me dá um pequeno sorriso e um aceno tranquilizador.

“Então, Sabin agora decide nosso destino?” Ryker pergunta claramente, tão confuso com essa mudança de eventos quanto o resto de nós.

“Não, Sabin é um dos cinco que tomará uma decisão sobre o que acontecerá com Suryn, seus Escolhidos e com vocês”, corrige Tawv.

“E como isso funciona?” Perguntas Sabin, dando um passo à frente e esfregando no lugar em seu peito o objeto orbital apenas voou.

“Os cinco membros do tribunal participarão de uma missão de busca de fatos. Você entrevistará outras pessoas, levará em consideração as leis da Tierit e decidirá se a ordem da Soberana deve ser mantida ou se uma nova ordem será decretada.”

“E eu posso fazer parte disso, mesmo que eu também esteja sendo julgado aqui?” Pergunta Sabin.

“Não é ortodoxo, eu concordo, mas como afirmei antes, a fonte escolhe, e é isso. Você foi selecionado e, portanto, trabalhará com outras quatro pessoas para tomar uma decisão sobre o que é melhor para Tierit e os Sentinelas e Escolhidos em questão.”

“Então é como um julgamento?” Eu pergunto, certificando-me de entender tudo isso corretamente.

“De certa forma”, responde Sauriel. “Haverá cinco membros do tribunal que tomarão a decisão final. Mas também é permitido um representante para cada parte em questão. O representante está autorizado a fazer perguntas e apresentar informações ao tribunal para ajudá-los a tomar uma decisão.”

“Os outros membros do tribunal chegarão em breve”, declara Tawv. “Eles serão instalados em uma sala e começarão a cumprir seu dever imediatamente. Você tem um representante que também gostaria de ser incluído nos procedimentos?”

Minha primeira resposta é gritar eu, mas paro e viro para os outros caras para ver o que eles pensam.

“Então, algum de vocês fez bico como advogado no passado?” Eu pergunto, a pergunta leve e irreverente, que é exatamente o oposto do que eu sinto agora.

Risos vazios soam ao meu redor, e então todos ficam quietos em contemplação.

“Eu consigo”, oferece Torrez. “Sinto o cheiro de emoções, que podem ser úteis de alguma forma. Eu também participei de interrogatórios na matilha como Beta, então é isso.”

A maneira como Torrez diz interrogatórios imediatamente me deixa curiosa. Faço uma anotação para descobrir mais sobre isso mais tarde. Os outros caras expressam seu acordo.

“Então, também temos um representante?” Kallan pergunta a Tawv.

Todos olhamos para o membro do Quórum, esperando sua resposta.

“Suryn Of the Second escolheu Sauriel Of the Second para servir como seu representante. Como Escolhidos, o representante dela também cobre vocês automaticamente”, afirma Tawv.

“Oh, ótimo, fomos alocados como propriedade”, rosna Kallan.

“Há coisas piores do que ser reivindicado”, assegura Sabin.

“Sim, como ser executado”, Knox acrescenta jovialmente.

Eu dou uma risada.

“Acho que é bom termos olhos no tribunal e teremos uma ideia no que está acontecendo”, afirma Ryker.

“Sim, temos um voto para não matar, de qualquer forma”, concorda Enoch.

Eu aceno para Torrez e ele dá um tapinha no peito de Sabin antes de se afastar do nosso pequeno grupo. Eu volto para os tronos e Torrez dá um passo à frente.

“Sou voluntário para ser o representante do meu bando no tribunal”, anuncia.

Sabin dá um passo à frente e bate punhos com ele. Suryn bufa quando Torrez usa a palavra bando, e eu a encaro.

“Excelente”, Sauriel anuncia e acena com a cabeça em Torrez.

As portas dos fundos se abrem e eu me viro para encontrar uma Sentinela fêmea que parece estar na casa dos cinquenta. Ela tem cabelos e olhos incomuns em tons de cinza que combinam com suas vestes. Ela entra na sala com um ar resoluto sobre ela. Outra mulher, de aparência mais jovem, aparece atrás da primeira. Seus longos cabelos loiros e brancos estão até a cintura e seus olhos são surpreendentemente pretos. Além dos olhos castanhos de Suryn, os olhos dessa mulher são os mais escuros que eu já vi em todos os Sentinelas que encontramos. Ela me olha e depois ao meu grupo, mas por mais que tente, não consigo ler nenhuma emoção em seus traços, a favor ou contra nós.

Um macho entra e parece um adolescente. Ele é alto e desleixado e aponta uma zombaria em minha direção antes de passar por mim e se juntar às duas mulheres que agora estão de pé na base da escada que leva aos tronos. De repente, me sinto muito menos à vontade com a minha vida nas mãos de outras pessoas com esse cara no comitê de julgamento.

Por fim, uma mulher idosa entra mancando com o uso de uma bengala. Seus olhos são de um branco leitoso, e cada centímetro de sua pele tem linhas ou rugas. Ela está resmungando irritadamente enquanto se dirige para os outros, e eu imagino que ser selecionada para isso é como dever do júri. Você tem que simplesmente largar tudo, goste ou não. Eu me pergunto por um momento como é a vida diária desses Sentinelas. O que eles fazem com o tempo? Eles têm famílias, empregos?

“Excelente!” Tawv aplaude, arrancando-me dos meus pensamentos. “Tribunal, vocês sabem com quem gostariam de falar primeiro?”

“Vamos questionar Suryn e seus Escolhidos”, afirma a mulher de cabelos grisalhos, e Tawv assente.

Olho para Sabin, confusa. Como essa garota sabe o que está acontecendo? As notícias do que aconteceu ontem chegaram a todos os Sentinela dentro da barreira?

“Essa luz, quando me atingiu, parecia carregar todas as informações sobre o que estava acontecendo e o que era esperado de mim ao mesmo tempo”, explica Sabin, e minhas sobrancelhas se erguem com surpresa.

“Eles podem voar e enviar informações usando globos de neve fluorescentes voadores?” Eu questiono, bem ciente do lamento no meu tom.

“É o que parece”, confirma Sabin, com um sorriso no rosto.

“Bem, isso é ótimo”, exclamo petulantemente.

Sabin me puxa para dar um selinho e depois dá um tapinha no nariz.

“Guardas, escoltem o tribunal, representantes e aqueles que foram selecionados para interrogatório até a sala designada. Sentinela, você e o restante de seus Escolhidos estão dispensados até que vocês sejam chamados para interrogatório ou o tribunal tenha tomado uma decisão”, decreta Tawv, levantando de seu trono.

Um guarda corre para o comando de Tawv e leva Sabin e os outros para fora. Torrez pisca para mim antes de sair da sala do trono, e eu sorrio para ele, apesar de não me sentir bem em ver ele, Sabin, e todos os meus Escudos saírem. As grandes portas de madeira se fecham atrás deles, e a sala fica sombria e silenciosa.

Tawv limpa a garganta e pulo quando o som está mais próximo do que eu esperava que ele estivesse. Eu me viro, e ele me dá uma olhada completa.

“Venha comigo, eu tenho algo para você”, ele afirma, e com isso, ele caminha calmamente para a saída lateral da sala do trono.

Eu me viro e olho para os meus Escolhidos. Não sei ao certo o que pensar dessa afirmação enigmática. Os caras encolhem os ombros, sem saber o que fazer disso tudo.

“Foda-se”, anuncio e passo a seguir o membro do Quórum de olhos assustadores. Oficialmente, temos tempo para algum reconhecimento enquanto o tribunal se reúne, seja por uma hora ou uma semana. Tawv é um lugar tão bom para começar como qualquer outro para obter informações.

Bastien ri enquanto ele, Valen, Ryker, Knox e Siah seguem comigo.

Tawv chega à porta lateral e se vira para mim com expectativa. “Bem, agora, Sentinela perdida, vamos ver se não conseguimos encontrá-la.”


16


Nós nos movemos constantemente pelas ruas da cidade. A túnica escura que Tawv colocou sobre sua roupa roxa escura balança ameaçadoramente atrás dele enquanto caminha. Não ouso perguntar para onde estamos indo. Estou muito preocupada que, se eu disser alguma coisa, ele se lembrará de repente que eu sou uma estranha odiada e que ele não deveria estar me ajudando. Supondo que ele esteja realmente me ajudando e não me levando a uma emboscada de algum tipo.

Outro transeunte coloca o punho de uma mão sobre o bíceps do outro braço e Tawv acena com a cabeça em cumprimento. Eu não notei ninguém fazendo esse gesto com Ory ou Suryn quando eles estavam nos trazendo para a cidade, então estou assumindo que isso é algo reservado para os membros do Quórum, ou talvez seja uma coisa de Tawv. Estou zumbindo de perguntas, mas mantenho a boca fechada e tento acompanhar em qual anel da cidade em que estamos e qual direção estamos seguindo.

Sigo Tawv por outra rua que nos leva a algum tipo de mercado. Todos os tipos de coisas são exibidos para venda em carrinhos de madeira. Uma fruta turquesa, ou talvez seja algum tipo de vegetal, é empilhada em um carrinho ao lado de alguém que vende joias com infusão de luz - ou é o que a placa diz. Roupas em tons de cinza e preto estão em exibição em vários carrinhos, e me pergunto por que não há opções em outras cores. Talvez a falta de cor tenha um propósito? Só vi Tawv e a Soberana em roupas coloridas, mas as roupas de cama e os móveis de nossos quartos eram de vários tons de vermelho, dourado e azul. O cinza e o preto parecem uma escolha consciente e não o resultado de não ter os corantes para fazer outras opções possíveis.

Algumas barracas consistem em pessoas que vendem alguma habilidade mágica ou outra. Fico surpresa quando vejo várias barracas que se concentram na fertilidade. Percebo naquele momento que realmente não vi crianças. Suponho que é possível que os pais estejam mantendo seus filhos preciosos longe dos grandes estranhos assustadores, ou talvez os Sentinelas tenham dificuldade em ter filhos. A julgar pelas falas das barracas de fertilidade, suspeito que seja a última opção.

“Então, Sentinela, posso perguntar seu nome?” Tawv me pergunta do nada, e leva um minuto para desviar minha atenção da agitação do mercado e perceber que ele está falando comigo.

“Vinna”, eu respondo depois de um momento de hesitação. “Estes são Valen e Bastien”, continuo, apontando para os gêmeos. Tawv dá um aceno de cabeça. “Siah e Knox”, ofereço, gesticulando para eles. “E este é Ryker. Meus outros dois Escolhidos, Sabin e Teo, estão no tribunal.”

Tawv assente novamente e fica quieto. Ele nos conduz através de algumas barracas que vendem panelas e frigideiras e outros utensílios domésticos.

“Você sabe quem são seus pais?” Tawv pergunta.

“Meu pai era... é”, eu corrijo, “Vaughn Aylin. Ele era um Paladino conjurador antes de conhecer minha mãe.”

“Ah, então a linha é do lado da sua mãe”, Tawv insere, mas ele parece estar dizendo isso mais para si mesmo do que fazendo uma pergunta para mim.

“Hm, sim. O nome dela era Grier.”

Tawv para de repente. Se o cara tivesse freios, eles estariam gritando agora. Ele me estuda intensamente e depois inclina a cabeça para o céu em contemplação. “Grier Da Primeira Casa?” Ele pergunta com um sussurro reverente.

“Eu não sei. Eu nunca a conheci?”

Os olhos quase brancos de Tawv se enchem de tristeza. “Então ela se foi”, ele afirma calmamente, os ombros caídos com resignação. “Os Tecelões de Ligação suspeitavam disso, mas a Casa dela ainda tinha esperança já que eles não podiam ter certeza.” Ele me olha especulativamente. “Tudo faz mais sentido agora que você está aqui. A magia dela em você deve ter sido o que os estava dando esperanças” ele afirma, como se esperasse que eu entendesse o que está falando.

“Espere, o quê?” Eu o paro no meio do caminho e pergunto, abandonando meu plano de ficar em silêncio e seguir fluxo.

“Sua mãe nos deixou quase quatrocentos anos atrás. Ela fazia parte de um grupo de Sentinelas designados a fazer uma busca de Escolhidos fora de nossos limites. A Soberana da época estava respondendo a uma pressão do povo por novas linhagens de Escolhidos. Veja bem, muitas das luzes dos Sentinelas de Tierit não estavam marcando outros Sentinelas da cidade. Tínhamos feito uma busca antes e tivemos sucesso”, explica Tawv.

“Grier e outras duas foram as únicas a não voltar. Os Tecelões de Ligação podiam sentir que estavam vivas, então tudo o que podíamos fazer era esperar. Então, uma por uma, as luzes se apagaram. A luz de Grier, no entanto, apenas diminuiu cerca de vinte e poucos anos atrás, e então foi relatado que estava mais brilhante do que nunca. Então a Primeira Casa acreditava que talvez ela estivesse ferida e se curando. Mas, infelizmente, era você. Eles vão lamentar e se alegrar ao mesmo tempo”, ele afirma com naturalidade e depois se vira e começa a liderar o caminho de novo.

Eu bobino com todas essas novas informações. Eu me pergunto há muito tempo de onde minha mãe veio e o que ela estava fazendo no mundo sozinha. Como Adriel a encontrou? Ela estava procurando companheiros. Apego-me a essas novas informações e coloco-as na história da minha existência. Ele disse algo sobre a Primeira Casa? Isso significa que tenho parentes que ainda estão aqui? Meu coração martela no meu peito com o pensamento, mas eu furiosamente pulo o brilho de excitação que queima em minha alma.

Porra, esperança, já seguimos esse caminho antes.

“Então, se vocês sabiam que havia uma possibilidade de que ela ainda estivesse lá fora, por que vocês não foram procurá-la?” Eu pergunto, mordendo de volta a outra parte da pergunta que eu não consigo expressar. Então talvez vocês pudessem ter me encontrado. Eu engulo a vulnerabilidade e a frustração que estão sentadas na minha garganta.

“Esse não é o nosso jeito, Vinna. Sua mãe sabia dos riscos quando saiu.”

Pego Tawv pelo braço, parando-o. As palavras moribundas de Talon ecoam na minha cabeça e eu estremeço com a lembrança do que ele me contou sobre como conheceu minha mãe e a ajudou a escapar.

“Ela sabia que poderia ser capturada por um psicopata e torturada por centenas de anos?” Eu afirmo, meu tom e olhos sangrando frustração e indignação. Eles sabem que ela estava lá fora, e eles a deixaram. Tawv fecha os olhos como se essa informação o machucasse.

“Não são exatamente essas circunstâncias”, ele resmunga depois de absorver silenciosamente o aguilhão das minhas palavras por vários segundos. “Mas ela sabia que sempre existiram outros que caçam e cobiçam nossa espécie.”

Balanço a cabeça para ele, não satisfeita com a resposta, mas o que mais há a dizer? Enoch me contou como os Sentinelas se levantaram e deixaram os conjuradores sem olhar para trás. O Abandono, que ele chamou. Por que eu esperava algo diferente dessas pessoas? Posso não saber exatamente o que é a Primeira Casa, mas posso dizer que significa alguma coisa. Minha mãe era algo para essas pessoas, e elas a deixaram sofrer. Deixo o ressentimento construir um muro em volta da minha mágoa, enterrando profundamente a perda, a dor e o abandono, onde posso ignorá-los por um tempo.

“Talvez você esteja certa”, diz Tawv, concordando com algo que não expressei. “Talvez devêssemos ter sacudido essas paredes e tomado o nosso lugar como muitos de nós queríamos. Mas a Soberana morreu, e com isso veio a mudança e o medo. Somente o tempo pode dizer o que o futuro reserva para os Marcados pela Luz.” Tawv me dá um tapinha no braço duas vezes e depois se vira e se afasta agilmente.

Bastien estende a mão e enrosca os dedos nos meus. Agora eu sei que ele provavelmente está percebendo toda a agitação que está espumando dentro de mim, mas não tenho força em mim para me virar e tranquilizá-lo. Não quero usar uma máscara feliz para encobrir toda a merda que estou processando agora. Aperto a mão dele uma vez e depois sigo Tawv novamente.

“Aqui estamos”, ele anuncia enquanto nos conduz por mais dois anéis das ruas da cidade.

Paramos em frente a uma casa que faz fronteira com uma boa quantidade do que parece ser terra arável. A casa em si parece uma cabana pitoresca que está passando por alguns reparos. Antes que possamos abrir o portão precário e subir o caminho para bater na porta da frente, ela se abre e sai um homem gigante.

Eu pensei que Aydin era enorme, mas esse cara tem quase dois metros e meio. Seu cabelo é longo e preto como sombras. Sua pele é mais escura que a de Torrez e Knox. Seus olhos são como buracos negros, ameaçando nos sugar ao esquecimento com um movimento errado. Não há um pingo de gordura em seu corpo musculoso, e posso garantir isso porque o cara está sem camisa. Ele ostenta uma cicatriz brutal na frente do pescoço. Quando ele se vira para fechar a porta atrás de si, pego mais duas cicatrizes retorcidas, onde parece que as asas poderiam ter estado uma vez.

Antes de ver Ory e os outros misteriosos Sentinelas alados, eu provavelmente não teria feito essa conexão com a colocação de suas cicatrizes, mas agora parece inegável. Este é um homem que experimentou uma merda seriamente fodida. Quando ele se vira, está carregando o que parece ser uma pilha de trapos cinza.

“Getta, sou grato por você concordar em fazer isso”, afirma Tawv, seu tom transbordando respeito e admiração.

Observo o gigante afogado em sombras, esperando que ele responda. Então, quando uma voz feminina frágil finalmente responde, eu me surpreendo e procuro a fonte. Demoro um minuto para perceber que a pilha de trapos cinzentos que o gigante está carregando é realmente a mulher de aparência mais fraca que eu já vi. Seu cabelo é branco e sua pele fina como papel foi claramente amada pelo sol. Seus olhos são branco leitoso, a pupila azul clara. Aposto que ela é cega e, com base no fato de estar sendo carregada, muito frágil.

“Agora, eu não concordei com nada. Eu só disse que veria se ela é digna. Portanto, não torça minhas palavras como seu tipo está propenso a fazer.” A velha olha para Tawv. Se eu não soubesse melhor, acho que Tawv se encolheu levemente diante da repreensão dela.

“Claro, Getta, peço desculpas pelo meu erro de fala”, Tawv oferece enquanto se inclina em súplica. Eu assisto os dois, um pouco confusa.

“Essa é a perdida?” Getta pergunta, e o gigante que a carrega a mergulha para que ela possa me dar uma boa olhada.

Seu olhar nublado corre por todo o meu rosto. Ela me estuda de uma maneira que parece ao mesmo tempo intrigante e perturbadora. Ela estende um braço fino como um galho, a mão ossuda para cima e expectante. Eu olho para ela por um momento antes de colocar minha mão na dela. Eu acho que é o que ela quer de qualquer maneira. Ela dá um zumbido satisfeito e fecha os olhos. Ela vira minha mão e acaricia com os dedos esqueléticos, tenho medo que possam quebrar e virar pó a qualquer momento.

Ela traça a runa na minha palma e suspira. “Olá, velha amiga”, ela cumprimenta trêmula, acenando com a cabeça como se minha runa de repente estivesse falando com ela.

Eu olho para os caras, meus olhos perguntando o que diabos. Knox sorri e encolhe os ombros. Valen faz o sinal universal de louca, circulando o dedo indicador na têmpora. Getta dá um tapa na palma da minha mão com mais força do que eu esperava, e giro minha cabeça na direção dela.

“Você carrega todos os sinais certos, garota. Aqueles perdidos no tempo e na ganância florescem em você. Seu brilho rivaliza com o do sol, mas nada disso me diz se você é digna.”

Com isso, Getta dá um tapa no peitoral saliente do macho que a carrega, e ele a puxa para longe de mim. Ele se move em direção aos fundos da casa, e eu mais uma vez observo as duas cicatrizes nas costas dele.

“Não fique aí, garota. Siga a bela bunda dele e venha comigo.”

Minhas sobrancelhas atiram em minha linha do cabelo em choque. Knox e Bastien soltam risadas que logo se transformam em tosse. Olho para Tawv, me perguntando se essa senhora é real, mas ele faz o que Getta diz e caminha em direção aos fundos da casa. Eu vou atrás dele, sem saber exatamente o que está acontecendo ou quem diabos essa senhora é.

A parte de trás da casa está cheia de terra e uma única calha de água colocada ao lado. Não vejo nenhum animal por lá, então não sei ao certo para que serve. O gigante estoico e cheio de cicatrizes coloca Getta no meio do quintal cheio de terra, e ela parece ainda mais leve e decrépita do que nos braços do homem. Ela aperta o traseiro dele enquanto ele se afasta, e eu vejo o homem revirar os olhos e seu peito vibrar de tanto rir, embora nenhum som o acompanhe.

“Venha aqui, menina, e pare de encarar Issak, ele tem dona.”

Imediatamente desvio os olhos e luto para me juntar à vovó Esqueleto no chão duro. “Desculpe, eu não quis encarar seu... Escolhido.” Meu pedido de desculpas sai mais como uma pergunta, porque não tenho certeza de como esse casal funciona e não vejo runas em nenhum deles.

“Oh, ele não é meu. Só vou mantê-lo aquecido até que a pessoa certa escolha seu caminho e venha reivindicá-lo.”

O macho enorme bufa, e ela estreita os olhos para ele. “Você sabe que eu estou certa, e é melhor você começar a fazer o que precisa ser feito para que você possa ser digno dela”, Getta rosna para ele.

“Entendi”, eu respondo simplesmente, tentando realmente não imaginar exatamente o que ela queria dizer com mantendo-o aquecido.

“Agora, menina, responda minha pergunta”, pede e eu olho para ela, confusa.

Ela não diz mais nada, e eu não tenho ideia de que pergunta ela está falando. Eu me viro para os caras esperando que de alguma forma eles tenham pego, mas todos dão de ombros inutilmente. Algo me bate com força no ombro, e eu grito e me viro. Não há nada lá, e procuro o que diabos apenas tentou me dar um mata leão.

“Você vai me responder ou não?” Getta pergunta novamente, sua voz frágil e trêmula atada com irritação.

“Desculpe, qual foi a pergunta?”

“Você é digna?”

“Digna de quê?” Eu pergunto ainda mais perplexa.

“Resposta errada”, ela responde, e então um cajado aparece em sua mão, e ela me bate com ele. Ela atinge exatamente o mesmo ponto em que acabou de bater no meu braço, e eu pulo para longe dela com um chiado.

“Que porra é essa?” Eu estou incrédula enquanto esfrego meu braço.

Knox está rindo tanto que acho que ele está chorando, o que não é de nenhuma ajuda para mim.

“Resposta errada”, ela papagaia novamente, e mais rápido do que esse velho saco de ossos deve poder se mover, ela me bate com força na coxa.

Filha da puta!

“Escute, eu não sei o que você está perguntando. Um pouco de contexto seria super útil” digo a ela, e a cadela sorrateira me golpeia novamente.

“Você é digna, garota?” Ela exige novamente, e eu estou começando a ficar realmente frustrada com toda essa merda enigmática.

“Eu não sei, senhora, me diga você”, eu grito com ela, e desta vez quando ela tenta me bater, eu a bloqueio com meu próprio cajado.

Getta ri, e o interesse acende em seu olhar nublado. “Agora sim”, ela me diz, e entra em outro golpe.

Eu o bloqueio novamente e tropeço para trás dela. Ela avança, e estou chocada com a rapidez com que ela se move. Ela não quer de verdade que eu lute com ela, quer? Quero dizer, ela claramente tem alguns truques nas mangas cheias de teias de aranha, mas Getta, a vovó, não teria chance em uma briga de verdade. Porra, estou preocupada que se eu respirar muito forte perto ela, isso vai quebrar alguma coisa.

Ela investe para mim novamente e erra.

“Getta, eu não sei qual é o seu objetivo, mas se você continuar se virando para mim, eu vou me defender. Não quero machucá-la” explico, olhando para os outros na esperança de que eles me ajudem a convencer esse morcego senil a ativar sua calma. Em um minuto, ela está sendo carregada como um bebê, e no próximo ela está toda Kung Fu Panda para cima de mim.

O macho gigante de cabelos pretos se recosta na casa como se nada disso fosse grande coisa. Tawv observa o que está acontecendo com muita atenção. Ryker e Bastien se juntaram ao festival de risadas de Knox, e Valen apenas me dá um joinha como se fosse a pior mãe assistindo uma partida de futebol de todos os tempos, apenas relaxando à margem.

“Qual é o problema, garota, com medo que eu vá chutar sua bunda?” Getta me provoca, e solto uma risada involuntária.

Recuo de volta bem a tempo, mal evitando um cajado apontado para a minha cabeça. Eu olho para Getta, minha paciência com as besteiras dela começando a ficar realmente escassa.

“Tudo bem. Quer brigar? Eu vou te dar uma briga. Não me acuse de maltratar idosos, ou diga que não avisei”, rosno entre dentes quando Getta cutuca meu estômago com o cajado e me acerta uma vez.

Eu me sinto estranha pra caralho, querendo bater nessa merda de velhinha, mas é claramente o que ela quer. Paro de correr pelo pátio de terra batida na defensiva e dou alguns ataques ofensivos em Getta. Ela os bloqueia com um grito animado que me convence de que ela realmente e verdadeiramente é louca de pedra e quer lutar.

Será assim quando eu tiver um bilhão de anos? Apenas provocando alguém que passa porque estou ansiosa por uma boa briga?

Estou igualmente divertida e horrorizada com esse pensamento. Eu posso apenas imaginar meus Escolhidos gritando comigo da casa, me dizendo para trazer minha bunda enrugada de volta e parar de provocar as crianças do bairro.

Foda-se. Vamos nessa, Uma Dobra no Tempo20.

Paro de segurar meus golpes e atiro bolas na parede de Getta. Ela grita de alegria e me encontra passo a passo. Não tenho certeza do que pensar sobre o fato de que essa mulher, claramente mais velha que o próprio tempo, está me acompanhando. Eu chamo minhas runas e ganho a velocidade. Sou um borrão quando giro, rodopio, sacudo, golpeio, bato e ataco Getta.

E santa merda, ela também é um borrão enquanto se esquiva, defende, bloqueia, dá voltas e redireciona meus golpes. Eu giro, socando com uma mão ao mesmo tempo em que trago meu cajado em direção a ela com outra. Ela esquiva meu punho, mas eu apenas a acerto com a minha arma.

Eu não comemoro meu sucesso com um grito empolgado e me sinto meio mal. Estou prestes a perguntar se ela está bem, quando ela olha para cima e sorri para mim. E então, num instante, Getta para de brincar e me mostra do que ela realmente é feita.


17


Em uma névoa de movimento, Getta e eu atacamos e defendemos como se estivéssemos em uma cena épica de luta em um filme de artes marciais. Eu sou toda o Tigre Agachado para seu Dragão Oculto enquanto corremos por todo o quintal, tentando acabar com a merda uma da outra. Eu bloqueio um golpe com tanta força que meus braços vibram com a força. Invoco minhas runas em busca de força e distribuo meus próprios golpes de rachar os ossos, golpe por golpe. Não sei quanto tempo ficamos nos atacando, movimentos na luz da manhã enquanto o som de nossos cajados se unindo em uma trilha sonora rítmica que acompanha nossos grunhidos, gritos e conversas de merda.

Eu ouço meus caras torcendo e comentando sobre a ação, e isso me estimula. Eu tenho que dar o braço a torcer para a velha, o jogo dela está no ponto. Mas eu sei que ela vai começar a se atrasar e se cansar a qualquer momento, e é aí que eu vou destruir essa puta velha. O suor escorre pela parte de trás do meu pescoço, enquanto me curvo, giro, recuo e depois pressiono para frente.

E quando penso que estou prestes a ganhar vantagem, Getta me mostra que ela tem mais no tanque do que eu pensava.

Estamos criando um tornado de poeira quando nos circundamos rapidamente e procuramos uma abertura. Getta pula para mim como um maldito frango da primavera e, de repente, parece que eu sou Neo em Matrix Reloaded quando ele está lutando com uma tonelada de Mr. Smiths. Getta está em todo lugar nesse caralho. Eu tenho que acelerar o passo para impedi-la de conectar um golpe em qualquer lugar do meu corpo, mas é um ritmo que eu sei que não consigo acompanhar para sempre. Getta usa seu cajado para dar um salto em cima de mim, e eu balanço para onde sua trajetória diz que ela deveria estar pousando. Em um movimento que desafia a gravidade, ela muda de direção e me chuta no peito com tanta força que vejo estrelas.

Sou jogada para trás e caio duro no vale, a água fria me cobrindo de ainda mais humilhação. Os caras ficam em silêncio, como se o choque do que acabou de acontecer os tivesse deixado completamente mudos. Olho para Getta, pasma. Como diabos ela fez isso? O Sr. Smith não deve chutar a bunda de Neo. Ela caminha lentamente em minha direção, como se cada um de seus ossos estivesse subitamente sentindo sua idade. Não coro, mas sinto meu corpo esquentar de vergonha. Não acredito que acabei de perder uma luta para a Guardiã da Cripta. Eu não perdi uma luta em... nem me lembro.

Minha humilhação vai além da minha subestimação de Getta. Eu precisava vencer para ser digna do que diabos ela pudesse me dizer. Mais uma vez, estou tão perto das respostas, mas desta vez só tenho a mim para culpar por perdê-las. Getta para na minha frente e se apoia em seu cajado. Seus olhos brancos e nublados pousam nos meus, e ela olha para mim como se pudesse ver diretamente em minha alma.

“Você é digna?” ela me pergunta novamente.

Meus olhos ardem quando olho para longe. “Eu acho que não”, eu admito, e sinto algo quebrar dentro de mim com nessa admissão.

“Como quiser”, Getta concorda, e então ela aponta o queixo para Issak.

Ele se aproxima e a pega como algo precioso para ele. Seu cajado desaparece das mãos e ela descansa a cabeça para trás e fecha os olhos. Eu assisto as costas de Issak enquanto ele carrega Getta a distância, e eu sinto como se a última das minhas esperanças está indo com eles.

Eu me puxo para fora da calha, ignorando a mão que Valen oferece para mim. Eu não posso nem olhar para ele ou qualquer um dos caras. Eu nem quero saber o que está escrito no rosto de Tawv agora. Eu tive uma chance de conseguir respostas reais para mim e para os meus Escolhidos, e estraguei tudo. Eu não era boa o suficiente. A água escorre da minha pele em riachos, e eu gostaria que pudesse levar minha vergonha com ela.

Siah se aproxima de mim, abrindo a boca para dizer algo, mas Knox o interrompe e balança a cabeça. Por um momento, tudo que eu quero é ser envolvida em um abraço, mas eu empurro essa merda. Eu estraguei tudo. Eu não devo ser mimada e pedir mentiras sobre como tudo vai ficar bem. Nada disso está bem.

Tawv vira as costas para mim e se afasta da pequena cabana. Eu o sigo. Talvez se eu treinar mais, posso voltar e tentar novamente. Não consigo me fazer perguntar para ele se isso é possível. Eu só engulo tudo enquanto Tawv nos leva silenciosamente para longe. Não olho por cima do ombro enquanto aumentamos a distância entre nós e a casa de Getta. Esse lugar estará para sempre queimado em meu cérebro, a mortificação queimada em minha alma. Há uma boa chance de eu nunca ser boa o suficiente para vencê-la, e então onde isso nos deixa?

Meus Escolhidos ficam em silêncio enquanto voltamos, e estou ao mesmo tempo triste e grata por isso. O castelo aparece à vista, e a coceira inquieta logo abaixo da minha pele é quase esmagadora. Eu preciso me mover. Correr. Treinar. Superar essa humilhação e perda de mim mesma, e eu preciso fazer isso agora. Espero que esses filhos da puta tenham uma academia. Eu não preciso me sentir menos do que isso, e esse é o único lugar em que posso fazê-lo.


***

“Kings and Queens”, da Thirty Seconds to Mars, toca em meus ouvidos quando termino outra rodada da pista de obstáculos e imediatamente desço para fazer cem flexões. Felizmente, eu estava com meu telefone quando a nossa pequena festa de boas-vindas nos atacou. Faço a coisa que Enoch me ensinou em nossa caminhada até aqui e envio um bocado de magia elementar para o meu telefone para manter a música funcionando.

Eles não têm uma academia tradicional aqui, mas eles têm instalações de treinamento nos arredores do castelo. O lugar ficou limpo quando eu apareci. Havia alguns retardatários Sentinelas aqui e ali que queriam ver o que eu estava fazendo, mas eles se foram há muito tempo.

Eu estou nisso por horas.

Ryker voltou ao castelo com Tawv para verificar Sorik. E Bastien, Valen, Knox e Siah estão se esforçando para me dar o máximo de espaço possível. Eles estão guardando as portas, mas estão fora de vista, e eu estou fazendo tudo o que posso para tirá-los da minha mente por um tempo.

Meu coração bate constantemente no meu peito, a batida da bateria da música. É como se estivesse me dizendo que não há como fugir disso ou o que aconteceu. Internamente, eu levanto meus dedos médios e corro de qualquer maneira, esperando que, se eu puder ser rápida o suficiente, todas essas emoções não vão me alcançar e me afogar.

Eu termino minhas flexões e corro para os bastões acolchoados que parecem projetados para receber golpes. Não se move nem soa como um saco de pancadas, mas a sensação está próxima o suficiente. Eu bato em um deles, um golpe fluindo perfeitamente para outro enquanto tento ficar dormente e não imaginar tudo o que está errado no meu mundo. Talon, Lachlan, Keegan, meu pai, minha mãe, Laiken... Há tanta perda, e eu não sei lidar com nada disso.

Eu não me encaixo com os humanos. Eu não me encaixo com os conjuradores. E agora eu também não me encaixo com a porra dos Sentinelas. Existem muitos segredos, muitas incógnitas, muitos erros e injustiças, e eu só quero saber o porquê.

Normalmente não sou aquela cadela carente que precisa apontar como tudo é injusto e descobrir meu lugar na vida. Coisas ruins acontecem o tempo todo, e a vida sempre pode ser pior. Mas, por alguma razão, o misterioso porquê de tudo isso está martelando em mim. Não importa o quanto eu me esforce, não posso escapar do que se abriu quando Getta quebrou o que eu pensava que sabia sobre mim.

Um barulho de rachadura crescente preenche a instalação de treinamento, mas eu a ignoro e continuo a espancar as almofadas. Mais um golpe. Mais dois golpes. Três. Quatro. Cinco. Seis. Lascas de madeira embaixo da almofada, e lascas semelhantes a adagas voam da madeira da viga agora quebrada. Eu me viro e protejo meu rosto, mas sinto alguns delas perfurando a pele do meu braço e costas.

Quando as lascas de madeira e a poeira baixam, solto um suspiro irritado e me viro para examinar os danos. A almofada que cobria a viga está dividida ao meio, a parte superior inclinada para baixo, como se estivesse curvando-se para o chão. Há pelo menos uma dúzia de postes como este alinhados e, pouco mais de uma hora depois, olho de volta para cada um deles destruídos. Eu tiro o suor do meu rosto e espero que eles aceitem um cartão de crédito pelos danos.

Eu não me sinto melhor.

Eu corro de volta para o início da pista de obstáculos, me preparando para correr novamente, quando Siah fica na minha frente.

“Você está nisso há cinco horas”, ele afirma simplesmente. Ele olha para os bastões de combate destruídos e levanta uma sobrancelha para mim. “E você está sangrando...” As narinas de Siah se abrem levemente. “Muito”, ele termina.

Estou surpresa que os outros o deixem entrar aqui. Eles geralmente são bons em me dar espaço quando eu preciso. Então, ou eles estão preocupados também, ou ele passou por eles. Dou de ombros e me movo para contornar Siah, mas ele apenas bloqueia meu caminho novamente. Um grunhido frustrado começa na minha garganta, e eu olho para ele e silenciosamente grito para ele se mover. Seus brilhantes olhos azuis me estudam. Desespero e tristeza avassaladora são tudo o que sinto me atingindo agora. Elas devem estar saindo de mim como se eu fosse uma peneira, porque seus olhos suavizam e ele se aproxima.

“O que eu posso fazer?” Ele pergunta suavemente, seu olhar conhecedor me lendo como se eu fosse seu livro favorito.

Não sei como responder à sua pergunta. Faço um balanço de como estou me sentindo, frustrada por não conseguir resolver meus problemas como normalmente posso. Isso não está funcionando do jeito que eu preciso. Meus olhos voam de um lado para o outro, e eu seguro a vulnerabilidade que quer vomitar da minha boca.

Siah levanta a mão e a coloca suavemente na frente do meu pescoço. Algo em seu toque, a maneira possessiva, mas solidária, em que ele está me agarrando, destrói as paredes que eu estou tentando desesperadamente manter juntas.

“Apenas me tire da minha cabeça. Eu não consigo escapar disso” finalmente imploro. Cada célula do meu corpo está implorando por alívio da decepção, dor, rejeição e perda que bombeiam pelas minhas veias.

Siah se abaixa até chegarmos ao mesmo nível dos olhos, e ele apenas me observa por um instante e depois assente. Eu quero que sua boca colida com a minha, para que seu toque e beijos se tornem tão frenéticos quanto eu me sinto por dentro, mas ele apenas me vira lentamente e me puxa de volta contra ele.

A confusão borbulha dentro de mim, e então eu assobio de dor quando Siah puxa uma farpa de três centímetros das minhas costas. Ele joga o pedaço de madeira fragmentada no chão sem cerimônia e se inclina e lambe a ferida. Um arrepio de prazer percorre minha espinha, e arrepios percorrem meus braços e pernas.

Mordo um chiado quando Siah puxa outra lasca e outra do meu corpo, e gemo quando sua língua e lábios marcam minhas costas. Ele leva seu tempo infligindo dor e depois prazer enquanto limpa minha pele de detritos. Suas presas raspam contra o topo do meu ombro, e eu posso sentir sua ereção pressionando minha bunda enquanto ele coloca a mão na minha frente e agarra meu pescoço mais uma vez.

Sua boca se move até a minha orelha, e ele apenas fica lá respirando contra a concha da minha orelha enquanto ele me esfrega nos lábios e me puxa de volta contra ele.

“Pronto, assim é melhor”, ele finalmente sussurra no meu ouvido, sua voz pingando de desejo e necessidade. A outra mão dele mergulha nos laços da minha calça e lentamente começa a desamarrá-la.

Minhas respirações profundas se transformam em curtas enquanto a antecipação deliciosa luta contra o meu desespero.

“Shhhh”, Siah sussurra no meu ouvido quando eu dou um bufo impaciente. “Eu estou com você, companheira”, ele me tranquiliza, e quando ele finalmente abre minhas calças, ele enfia a mão dentro e acaricia minhas dobras.

Eu choramingo e me movo para moer contra a palma da mão dele, mas Siah aperta minha garganta. Ele acaricia meu cabelo, seus lábios roçando o lado do meu pescoço e minha orelha. A sensação dele está me deixando louca. Eu preciso de mais, mais para afogar tudo. Ele pode ver isso? Sente isso irradiando de todos os meus poros?

Ele abre meus lábios e coloca dois dedos profundamente dentro de mim enquanto ele me sacode novamente. Eu suspiro e me inclino contra ele, inclinando meus quadris para frente para que ele tenha acesso ainda mais profundo. Ele circula dentro de mim lentamente, a base de sua palma firme contra o meu clitóris enquanto ele faz. A umidade está no meu âmago, e ele a espalha enquanto me provoca e me trabalha até que meu desespero pelo esquecimento emocional se transforme em desespero por ele.

Eu relaxo contra ele, abandonando qualquer desejo de controle, e Siah morde minha orelha e começa a mover os dedos para dentro e para fora de mim em um ritmo gradualmente mais rápido.

“Lá vai você”, ele encoraja roucamente no meu ouvido quando eu derreto contra ele. “Deixe seu companheiro te ajudar a melhorar. Estou aqui para você” ele diz enquanto a outra mão se move da minha garganta e mergulha no topo do meu sutiã esportivo. Ele aperta meu peito e puxa os outros dedos para fora de mim para esfregar círculos lentos em volta do meu clitóris. “Seus companheiros estão aqui para você, vigiando, protegendo você. Ouça com atenção e você poderá ouvir o coração deles, cada batida sincronizada com a sua em todos os momentos.”

Siah aperta meu mamilo e depois desliza os dedos de volta para dentro de mim. “Nos machucamos quando você se machuca, rimos quando você ri, recuamos quando você precisa e desafiamos e orientamos quando você se sentir sozinha e perdida. Sempre a encontraremos, sempre a traremos de volta. E todos sabemos que você fará exatamente a mesma coisa para todos e cada um de nós.”

Siah beija meu pescoço com apenas uma pitada de presas, e eu lamento.

“Então se entregue, minha companheira. Passe o fardo dos seus ombros para o nosso, porque estamos todos aqui para ajudá-la a carregá-lo.”

Com isso, ele esfrega meu clitóris com mais força, e eu explodo em uma névoa de prazer e gratidão. As palavras de Siah se prendem dentro de mim enquanto ele extrai cada grama de êxtase do orgasmo que assola meu corpo. Tijolo por tijolo, vejo minhas paredes desmoronarem e as encaro, me perguntando por que senti que ainda precisava delas. O que ele está dizendo não é novo. Eu sei disso sobre os meus Escolhidos. Eu me pergunto o tempo todo como eu posso ter tido tanta sorte, mas, ao mesmo tempo, eu estou tão triste.

Siah arranca uma das minhas botas para libertar minha perna da minha calça blindada. Ele puxa meu sutiã esportivo sobre minha cabeça e me gira até que eu esteja de frente para ele. Ele coloca seus olhos azuis deslumbrantes no nível dos meus e sussurra: “Estou com você” contra meus lábios antes de ele se inclinar e me provar. Fecho os olhos e faço tudo o que posso para me perder nele, a sensação de sua língua contra a minha, sua mão no meu cabelo enquanto a outra agarra minha bunda e depois mergulha na minha coxa para puxar minha perna até sua cintura.

Me abro para Siah de todas as maneiras possíveis. Ele habilmente abre as calças e depois posiciona seu pau livre entre as minhas coxas. Ele pressiona em mim lentamente enquanto eu aprofundo o beijo e a conexão entre nossas almas. Eu deixei toda emoção fodida que estou sentindo derramar de mim em meu beijo, ao mesmo tempo que minha boceta aperta seu comprimento, e meus mamilos duros pressionam contra a armadura de sua camisa. Está no apelo da minha voz quando eu gemo o nome dele, o desespero em meus dedos enquanto eu o seguro enquanto ele fode minha vulnerabilidade.

Ele bate em mim, cada impulso cronometrado com suas palavras: “Eu estou com você. Nós estamos com você” sussurrou no meu ouvido, trasbordando o voto que ele está fazendo neste momento.

Neste momento, eu não sou indigna. Eu sou apenas dele.

As mãos de Siah são ternas e adoradoras, enquanto seu pau é rápido e punitivo. É como se suas mãos estivessem me lembrando de amor e devoção, enquanto ele está me fodendo de uma maneira que me lembra de nunca duvidar das declarações dele ou dos meus outros Escolhidos. Eu jogo minha cabeça para trás e me concentro na sensação dele entrando e saindo de mim. Brincando comigo. Me provocando. Meu orgasmo cresce novamente. Siah recua até que ele esteja sentado em alguma coisa, e o controle de seus impulsos cai diretamente em minhas mãos. Eu o monto sem perder uma batida, moendo contra sua base quando ele está dentro de mim, e então me levanto apenas para bater de volta e repetir tudo.

Ele agarra a frente do meu pescoço com uma mão e emaranha a outra no meu cabelo. Eu o seguro como alavanca enquanto o enterro profundamente dentro de mim uma e outra vez.

“Olhe para mim quando você gozar, Vinna”, exige Siah, e meus olhos se abrem até que eu estou me afogando em seu intenso olhar azul-gelo. Eu posso dizer que ele está perto, e estou prestes a quebrar em outro orgasmo, quando ele se inclina para a frente e morde meu lábio inferior.

“Nós estamos com você”, diz ele uma última vez, e eu explodo em um milhão de pedaços cheios de sensações quando gozo. Siah me observa, seu olhar me bebendo, e então ele levanta os quadris do banco em que estamos e rosna meu nome quando ele goza. Seus impulsos tornam-se rasos, e eu assisto o êxtase percorrer seu olhar enquanto seu orgasmo explode em todas as suas células. E então ele me morde.

Eu grito e derreto em uma poça em cima dele enquanto suas presas perfuram euforia em mim. Ele puxa meu sangue em sua boca e engole. Eu me contorço em seu pau e debaixo de sua boca, meu corpo implorando por mais. Ele estende a mão e abre um corte no topo de seu ombro, e eu ataco o sangue jorrando como se eu tivesse nascido uma criatura da porra da noite.

Siah e eu nos alimentamos até estarmos cheios e bêbados com o sangue um do outro, e depois nos mordemos novamente ao mesmo tempo. Nós nos apertamos e espiralamos em um novo orgasmo que nos deixa ofegantes e moles. Ele volta primeiro, e quando eu abro minha boca para consertar isso, ele ri e embala meu rosto em suas mãos para que meus dentes não consigam alcançá-lo.

“Fale comigo”, ele encoraja. “E então eu vou deixar você me morder quantas vezes quiser.”

Eu rio e depois suspiro. Corro o polegar pelos lábios inchados dos beijos e traço suas feições lentamente com as pontas dos dedos enquanto vasculho meus pensamentos, com o “eu estou com você” de Siah tocando na minha cabeça. Eu vasculho todos os meus sentimentos para encontrar o mais esmagador. Talvez se eu falar, não terá mais tanto poder sobre mim.

Meu olhar é intenso, mas hesitante, enquanto olho de uma íris azul-gelo para a outra.

Aqui vai nada.

“Eu me sinto... fodida”, eu admito, e estou surpresa com a inundação de tristeza e emoção que derramam em meus olhos e da minha voz enquanto falo essas palavras.

“Estou tão perdida”, repito novamente, e então caio em um milhão de lágrimas no colo dele.


18


Toda a frustração, tristeza e perda que vem se acumulando nos últimos meses flui constantemente dos meus olhos. Sinto como se tivesse aberto as comportas e agora não há como fechá-las novamente. Siah limpa constantemente minhas emoções purgadas. Ele silenciosamente seca minhas bochechas e esfrega minhas costas até eu me sentir exausta e vazia. Eu respiro estremecendo e dou uma risada vazia para mim mesma.

Eu sou uma bagunça.

“Desculpe”, eu ofereço a ele quando me sento e tento juntar minha merda.

“Por quê? Por ser uma pessoa complexa com emoções e necessidades? Somos todos assim. Todos nos sentimos perdidos em algum momento.”

Estudo o rosto de Siah quando ele rejeita minhas desculpas. “Quando você se sentiu perdido?” Eu pergunto baixinho.

“Muitas vezes.”

Seu olhar se afasta e eu posso praticamente ver todas as lembranças surgirem em seu olhar.

“Eu tinha dezessete anos quando minha família inteira morreu de uma praga que varreu nossa cidade. Eu nunca fiquei doente, mas fui forçado a aguardar impotente e assistir como a doença reivindicou minha irmãzinha, depois meu irmãozinho, minha mãe, meus dois irmãos mais velhos e, finalmente, meu pai. Éramos uma família de agricultores e não havia como plantar os campos, cuidar deles e trazer a colheita sozinho. Então, o senhor que possuía a terra me expulsou para que uma nova família pudesse ter a casa e gerenciar as plantações.

“Passei de um feliz e despreocupado filho de um fazendeiro para um mendigo em menos de alguns meses. Essa foi a primeira vez em que me senti perdido.”

Os olhos de Siah repentinamente combinam com o que estou sentindo por dentro, e corro minha mão pela bochecha dele, em um esforço para aliviar um pouco da dor que pedi para ele desenterrar.

“Me encontrei perdido meia dúzia de anos depois. Eu tinha conseguido ser contratado como ajudante de fazenda em outra cidade e havia trabalhado até as boas graças de outro senhor. Gerenciei várias casas de grãos para ele e ele me convidou para acompanhá-lo para conhecer mais terras e um moinho que ele queria comprar. Eu estava em uma cidade estranha e gostei da comida e da bebida um pouco demais. Fui lá fora para me aliviar, e foi aí que uma criatura me atacou. Parecia que estava rasgando minha garganta. Eu estava sufocando com meu próprio sangue e não conseguia nem gritar um socorro. Quando acordei, não conseguia entender como ainda estava vivo, mas logo percebi que não estava, ou pelo menos não da mesma maneira que antes.

“Eu estive perdido por anos até conhecer Sorik, e então lentamente começar a retroceder. Sorik se sentiu perdido até encontrar sua mãe, e depois se sentiu perdido novamente quando perdeu ela e seus associados. Veja bem, todos nós passamos por isso em diferentes estágios e de maneiras diferentes. Isso não nos torna fracos, e não é nada para se desculpar. Apenas é o que é.”

“Você se sente perdido agora?” Eu pergunto, percebendo que a Tierit e tudo o que está acontecendo aqui não são apenas impressionantes para mim. Meus Escolhidos também estão aqui esperando respostas.

A vergonha ondula dentro de mim quando me lembro mais uma vez de que sou a razão pela qual não temos as respostas que estamos procurando.

“Agora, com você em meus braços enquanto ainda estou enterrado dentro de você? Não, não me sinto perdido. Mas naquela noite com Sorik no território dos lobos, quando você primeiro atravessou as árvores e a lua iluminou seu rosto? Eu me senti perdido naquele momento. De alguma forma, eu estava conectado a você, mas não conseguia entender como. Quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez, você pareceu como algo inevitável para mim, mas isso não fazia sentido.” Siah tira o cabelo do meu rosto e embala meu pescoço, seu olhar intenso preso ao meu.

“Quando Sorik explicou quem você era para ele, pensei que meu objetivo finalmente estava claro. Eu o ajudaria a proteger você. Isso me pareceu certo de uma maneira que eu estava analisando desde que minha vida foi roubada de mim em um beco coberto de mijo.

“Mas então você entrou pela porta depois que o conjurador estave trabalhando em mim e me ofereceu seu pulso... seu sangue. Naquele momento, senti-me perdido de novo, porque não podia apenas protegê-la de longe, como pensei, precisava de mais. Mas você estava acasalada, e eu não vi como poderia me encaixar nisso.” Siah desvia o olhar e posso sentir a dor irradiando dele.

“Estive sozinho por tanto tempo. Tive Sorik, e sua amizade tem sido uma tábua de salvação para mim mais vezes do que posso contar, mas me sinto sem-teto e à deriva desde os dezessete anos. Estou apavorado, sempre estarei.”

Sua confissão me envolve como um cobertor familiar, porque ele acabou de expressar sentimentos que eu tenho tentado não olhar de perto.

“Toda vez que me acomodo com algo bom na minha vida, isso é tirado de mim. Eu lutei a minha vida inteira para estar em segurança, ser forte, não ser insegura... para ser digna. E, no entanto, sinto que tudo desliza pelos meus dedos como areia justo quando penso que consegui um pouco dessas coisas. Você pensaria que, depois de tudo, eu aprenderia a não ter esperanças, a não pensar que talvez vai dar certo desta vez, ou que se eu conseguir aguentar o suficiente, então talvez eu possa manter a segurança, o amor e tudo mais em minhas mãos... mas eu nunca posso.” Eu confesso.

Meus olhos ardem de emoção, e eu me inclino na palma de Siah quando ele a move para embalar meu rosto. “Chego tão perto, mas nunca é suficiente. Beth matou Laiken. Talon mentiu para mim. Meu tio estava quebrado demais para me amar. Os Anciões foderam comigo. Adriel... ele matou minha mãe. Ele despedaçou meu pai. E agora, aqui estou eu, cercada por Sentinelas. Eu não sou a última. Eu não tenho que ficar sozinha. Mas eles não me querem. Eu sou imunda. Eu sou indigna.”

Lágrimas escorrem pelo meu rosto e soluços borbulham na minha garganta.

“Eu tentei tanto ser a melhor, ser a mais forte, encontrar meu lugar, mas nunca consigo. Sou para essas pessoas tudo que Beth sempre me disse que eu era, nada, e isso me mata.”

Siah me deixa chorar. Ele me abraça enquanto eu desmorono e me abraça até que eu esteja pronta para descobrir como diabos eu seguirei em frente agora. Ele puxa meus lábios nos dele e me beija suavemente, e então ele beija cada uma das minhas bochechas e mais uma vez as seca com os polegares.

“Eu não sei o porquê das coisas, mas eu sei disso... Você é tudo para mim e seus outros companheiros. Não tenho dúvidas disso.”

Tento balançar a cabeça, para lembrá-lo de todos os momentos da minha vida que provam que não sou digna de segurança, amor e bondade, mas Siah me interrompe.

“Podemos fazer um acordo?” Ele pergunta, seus olhos procurando os meus. Hesito por um minuto e depois aceno.

“Eu serei sua casa se você for a minha”, ele me diz, e o simples pedido me faz engolir qualquer argumento que eu já tinha na ponta da língua.

Ele não está me forçando a mentir sobre quem eu sou e o que posso ser. Ele está apenas pedindo algo que ele sempre deveria ter e que eu nunca poderia negar a ele. Eu olho para Siah por um instante, sobrecarregada por sua oferta quieta e firme. Eu serei sua casa se você for a minha.

“Ok”, eu respondo com simplicidade e, assim, vejo um raio de luz em toda essa escuridão.

Talvez eu não tenha sido boa o suficiente para Beth não torturar ou para que Talon fosse honesto. Lachlan não podia me amar, e nem os conjuradores nem os Sentinelas podiam me aceitar. Mas apesar de tudo isso, de alguma forma, eu me encaixo com Siah, Sabin, Valen e Bastien. Eu me encaixo com Ryker, Knox e Torrez. Talvez eu não seja digna, mas eles me querem da mesma maneira.

E não são apenas eles. As irmãs estão me esperando em casa, assim como Aydin e Evrin. Mave e Cyndol estavam ligando no meu telefone antes de perdermos o serviço na caminhada até aqui. E eu encontrei Sorik, Enoch, Kallan, Nash e Becket. Eu tenho mais do que reconheço, digna ou não, e é hora de eu ver isso e Sentinelar-me, porra.

“Você é muito bom nessa merda de companheiro”, digo a ele com um sorriso.

“Eu sou, não sou?” Ele brinca, e eu concordo.

Eu solto uma respiração profunda e me inclino para beijar Siah suavemente. “Obrigada”, eu sussurro contra seus lábios.

Ele sorri e passa a mão na minha espinha. “Como eu disse, eu estou aqui para você.”

Meu sorriso é ofuscante e movo meus lábios para sua orelha. “Agora me foda de novo, companheiro, e então vamos libertar os outros do serviço de guarda.”

Siah rosna e depois aperta minha bunda. “Não precisa me dizer duas vezes. Vamos ver quantas vezes eu faço você gritar meu nome.”

E com isso, o filho da puta me morde.


***

Knox grita triunfante quando ele finalmente vence a épica guerra de polegares que estamos travando há vinte minutos. Ele estufa o peito sobre isso como se estivesse acabado de fazer algo incrível, mas minhas mãos são muito menores que as dele, então, de verdade, como ele pode estar tão orgulhoso de uma vitória?

“Senhores, finalmente encontrei algo em que Vinna Aylin não é boa”, anuncia jovialmente.

Dado o fato de eu ter acabado de nos foder ao perder uma batalha com a Mãe do Tempo, a declaração inocente de Knox dói mais do que provavelmente deveria.

“Muito cedo, Knox”, digo a ele balançando a cabeça. “Muito cedo, porra.”

“O quê? Eu pensei que o olhos azuis tinha te consertado. Você sabe, com seu pau e presas?” ele me diz, abanando as sobrancelhas para mim. “Siah, estávamos contando com você, o que aconteceu?” Knox grita, sua voz estridente enchendo a sala principal em que estamos sentados.

Siah espia a cabeça para fora do nosso quarto. “Sobre o que você está gritando?”

Eu dou um tapa no peito de Knox. “Nada”, digo a ele e lanço um olhar para Knox.

“A assassina ainda está se sentindo toda fodida por causa daquela velha. Eu pensei que você tivesse resolvido isso” Knox diz a ele, ignorando meu olhar irritado.

A porta da frente se abre e entra Enoch, Kallan, Nash, Becket, Sabin e Torrez.

“Obrigada, porra”, murmuro baixinho, a presença deles me salvando de ter que falar sobre a fonte da minha eterna vergonha.

“Eles voltaram!” Knox chama, e todos os outros caras se juntam a nós na sala principal.

Torrez vai direto para os restos de comida que estão sobre a mesa dos fundos e começa a empilhar seu prato com carne.

“Eles não alimentam vocês?” Valen pergunta, olhando a montanha lentamente se formando no prato de Torrez.

“Não, eles nos alimentaram”, responde Torrez, olhando para Valen como se ele não entendesse por que está fazendo a pergunta.

Eu rio baixinho e vejo Kallan se sentar no sofá à esquerda do que estou sentada. Ele passa a mão cansada pelo rosto.

“Bem, as segundas impressões da nossa Sentinela, Suryn, não são realmente mais favoráveis que a primeira”, anuncia.

Becket dá um grunhido de concordância e cai do outro lado do sofá.

“Eu não sei, eu meio que gosto”, argumenta Nash, e ele ri quando Kallan lhe dá um olhar de nojo.

“Você sempre gosta das vadias, então não há surpresa aí. Você provavelmente vai se masturbar com o jeito que ela olha para nós como se estivéssemos cagando nos sapatos dela” Becket diz para Nash.

Engasgo com uma tosse quando Nash apenas dá de ombros e admite: “Provavelmente”. Enoch balança a cabeça e se inclina contra o braço do sofá, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. Tento decifrar o olhar que vejo em seu olhar cinza-azulado, mas não consigo entender.

“Então, o que aconteceu?” Ryker pergunta quando sai do quarto de Sorik e Vaughn.

Ele caminha até onde eu estou sentada no sofá e se coloca entre Knox e eu. Eu rio e Knox resmunga quando Ryker se sente em casa e coloca um braço sobre as costas do sofá atrás de mim.

“Assim é melhor”, ele suspira e relaxa contra mim.

Ele começa a brincar com as pontas do meu cabelo e ignora o olhar de acusação de Knox.

“Eles nos levaram a esta sala que tinha uma grande mesa redonda”, começa Sabin.

“Foi muito Rei Arthur Chique”, diz Torrez antes de começar a devorar o que eu acho que é a perna de um porco.

“Todos nos sentamos e Sauriel começou a fazer perguntas. Fomos autorizados a interpor qualquer pergunta que também tivéssemos, por isso foi apenas uma alternância até que todos tivessem todas as respostas que procuravam”, finaliza Sabin.

“Então, o que eles perguntaram?” Consulta Valen.

“Eles perguntaram a Suryn se ela nasceu aqui. Qual era o papel dela. Eles perguntaram se ela já havia marcado outra pessoa, como aconteceu.” Sabin faz uma pausa e tenta se lembrar se havia mais alguma coisa.

“Não se esqueça de quando Port perguntou a ela se ela removeria suas marcas em vez de morrer com seus Escolhidos, se fosse isso que o tribunal determinasse”, resmunga Kallan.

“O que ela disse?” Knox pergunta.

“Ela disse que iria tirar suas marcas.”

“Tem como fazer isso?” Eu pergunto, inclinando-me para a frente.

“Imagino que eles devem ter um jeito, caso contrário, por que fazer essa pergunta?” Sabin responde.

“Então Port é o cara que estava todo brilhante?” Eu pergunto, lembrando do Sentinela mais jovem da sala do trono que não parecia muito feliz por estar lá. Ele era o único outro homem no tribunal além de Sabin.

“Esse seria o próprio”, Becket confirma enquanto se inclina e tenta roubar um pedaço de queijo do prato de Torrez. Torrez rosna para ele e dá um tapa na mão dele.

“Então, qual é o lance da sua Sentinela?” Bastien pergunta.

Eu ignoro a aversão que coça na parte de trás do meu pescoço quando Suryn é chamado de Sentinela dos meus Escudos... de novo. Eu não gosto dela, mas Siah estava certo quando ele nos lembrou que confiar na magia é o mais importante. Sua magia os marcou, e goste ou não, é tudo o que posso fazer sobre isso agora.

“Ela tem 23 anos. O pai dela, como todos sabemos, é Sauriel, irmão de Adriel. Mas sua mãe costumava ser soberana sobre os Sentinelas. Ela morreu quando Suryn tinha nove anos. O que é interessante é que Suryn deveria ser a Soberana. Eu acho que os Sentinelas são matriarcais. A liderança passa de mãe para filha, a menos que não haja filha, nesse caso, as pessoas elegem uma nova linha de liderança.”

“Huh”, eu comento e volto para Ryker, ouvindo rapidamente enquanto Enoch continua.

“Bem, eles achavam que Suryn era muito jovem, então sua tia está governando até Suryn atingir a maioridade depois de despertar.”

“Então, a atual Soberana é a tia dela?” Siah pergunta, e Enoch assente.

Balanço a cabeça e não luto contra o sorriso que quebra no meu rosto. Coloco a mão sobre a boca para escondê-lo, mas não para a risada que escapa.

Enoch se vira para mim. “O quê?”

Sua pergunta me faz rir um pouco mais e tento parar. “Nada na verdade, é só que o seu pai que vai entrar em coma de felicidade quando ele descobrir que você foi marcado pela próxima líder dos Sentinelas. Até posso imaginar o rosto dele” digo a ele enquanto tento engolir outra risadinha. “Quantas vezes você acha que ela vai esfaquear ele na primeira vez que ele tentar fazê-la fazer algo que ela não quer fazer?” Não perguntei a ninguém em particular e depois perco completamente o controle.

O Ancião Cleary é um cuzão manipulador, e mal posso esperar para ele conhecer a nova companheira de seu filho. Bem, isso é, se o povo dela não nos condenar à morte primeiro.

Todos caem na gargalhada, incluindo Enoch. Ele tenta esconder, mas eu pego o sorriso e o balançar de seus ombros antes que ele coloque a mão no rosto e balance a cabeça. O fato de nem mesmo Enoch poder negar os modos de seu pai me diverte sem fim. Por mais que eu não goste de Suryn, eu quase quero começar a torcer por ela e para que eles funcionem apenas para que eu possa sentar com uma tigela de pipoca e ver a merda cair entre ela e os Anciões.

“Bem, acho que isso explica o comentário de Sauriel sobre a Soberana condenando seu próprio sangue”, observa Ryker, e Enoch assente, ainda trabalhando para colocar suas feições em um tom mais estoico.

“Depois que o tribunal estabeleceu sua história, eles pediram para ver suas runas, e foi isso”, Enoch finaliza.

“O que eles perguntaram para vocês?” Valen pergunta por cima do ombro enquanto segue a liderança de Torrez e enche outro prato de comida.

“Praticamente a mesma coisa”, Becket encolhe os ombros. “Onde nascemos, como nos conhecemos, como acabamos aqui. Eles estavam mais interessados em você do que realmente em nós.”

“Como assim?” Eu pergunto.

“Eles perguntaram a todos nós o que sabíamos sobre você. Como nos conhecemos. Como você conheceu seus Escolhidos e nós. Como você marcou todos. Quais eram suas habilidades... merdas assim.”

“Você disse a eles o que ela pode fazer?” Bastien pergunta, a acusação em seu tom de voz clara.

Becket e os outros se irritam.

“O que você acha?” Ele desafia.

“Eu não sei, é por isso que estou perguntando”, retruca Bastien.

“Mantivemos tudo o mais básico possível”, defende Enoch. “Nós não a tornamos vulnerável, Bastien. A verdade é que não sabemos tudo o que Vinna pode fazer. Ficamos com o que sabemos.”

“Ou seja?” Knox pressiona, e Enoch revira os olhos e dá um suspiro frustrado.

“Ou seja, dissemos a eles que ela tem vários ramos de magia, mas não o quão habilidosa ela é em nenhum deles. Dissemos a eles sobre as armas que possuímos e, portanto, sabemos que ela tem, mas nada sobre suas runas além disso. Como Enoch disse, nós não a deixamos vulnerável” Kallan rebate, e então ele se levanta e entra em seu quarto.

Todos nós esperamos que ele vá embora. Ninguém fala por um par de batidas quando a tensão na sala se acalma um pouco.

“Então, o que vocês acabaram fazendo hoje? Encontraram algumas respostas?” Nash pergunta inocentemente.

E agora é minha hora de me levantar e invadir meu quarto.

“O que aconteceu?” Ouço Torrez perguntar quando fecho a porta nessa pergunta e neste dia. Eu olho para os colchões no chão por um minuto, desejando o esquecimento do sono, mas estou muito ligada. Então, um banho será.


19


O vapor penetra nos meus poros, o calor é purificador e quase beira o esmagador. Eu descanso minhas mãos na borda da banheira que está embutida no chão do banheiro e deixo o frescor da pedra penetrar em meus membros para combater o calor da água.

Descanso a cabeça e fecho os olhos. Tento me acomodar no relaxamento que sei que deveria sentir, mas minha briga com Getta continua passando por trás das minhas pálpebras fechadas como se fossem uma tela de cinema. Sua pergunta sobre eu ser digna é como uma trilha sonora fodida para toda a coisa, e não importa o quanto eu tente, não consigo encontrar um botão para desligar ou silenciar.

Deslizo para a água quente e deito no fundo da banheira funda, esperando que de alguma forma afogue minhas lembranças de Getta e de ser derrotada. Não faz. O dia ainda se repete em um loop, como se minha mente estivesse fazendo de tudo para que eu visse qualquer merda que ela está tentando me mostrar.

Eu me concentro na minha breve conversa com Tawv, ruminando o que aprendi sobre minha mãe, em vez de focar na minha derrota épica. Enoch disse que a mãe de Suryn era a Soberana antes de sua irmã entrar. Então, ela estava no comando quando minha mãe foi enviada em uma missão para obter sangue novo? Ou ela governou depois?

Algo sobre isso parece importante para mim. Talvez seja apenas porque esse lugar nem sempre foi tão anti-estranhos ou talvez seja outra coisa, mas eu deixo isso em minha mente como algo que vale a pena contemplar. Uma parte de mim brinca com o pensamento de que ainda devo ter família aqui. Tawv disse que as pessoas de onde Grier veio ainda estavam esperando que ela estivesse viva. Então alguém aqui obviamente ainda se importava com ela.

Meus pulmões queimam, e relutantemente eu empurro para cima do fundo da banheira. Eu quebro a superfície e suspiro para puxar o ar para os meus pulmões raivosos. Afasto todos os pensamentos da família Sentinela, porque mesmo que eles existam, isso não significa nada para mim. Eles se importavam com Grier, mas eu não sou ela. Eu limpo a água do meu rosto e pulo quando a voz profunda de Valen enche o banheiro.

“Eu me perguntei por um segundo se eu teria que puxá-la para fora”, ele me diz, e eu acompanho sua voz para onde ele está encostado em uma parede oposta.

“Bem, você procuraria qualquer desculpa para me dar um boca a boca, então eu tenho certeza que você não ficaria muito chateado”, brinco, mas parece vazio.

O canto dos lábios carnudos de Valen se levanta levemente, mas se eu quiser um de seus sorrisos que me entorpecem, vou precisar fazer melhor que isso.

“Posso me juntar a você, ou você esperava continuar se afogando sozinha?” Ele pergunta com um sorriso atrevido, e eu bufo.

Não digo nada, mas gesticulo em direção à água em um convite claro. Sento-me no banco que circunda todo o interior da banheira. Valen me observa por um segundo como se estivesse avaliando qual é o movimento certo aqui, então ele puxa a camisa por cima da cabeça. Ele desenrola a presilha do cabelo, as grossas ondas caindo ao redor de seus ombros enquanto ele passa os dedos por eles.

“Seu strip-tease está no ponto”, observo enquanto me inclino para trás e aproveito o show.

“Obrigado, eu tenho praticado”, Valen fala, e eu rio.

“Tipo, no espelho? Ou você e os caras estão começando uma resenha masculina e simplesmente não me disseram?” Eu pergunto divertida.

“Estávamos esperando a prática ficar perfeita”, ele me diz casualmente enquanto lentamente desamarra suas calças pretas. “Bem, isso e estávamos esperando chegar as tangas com glitter que encomendamos.”

Valen dá um giro em seus quadris, e eu dou uma risada.

“Vocês fazem spirit fingers21? Porque nada me excita mais que spirit fingers bem executados.”

“Bem, então, você está com sorte, meu amor, porque temos spirit fingers realmente bons, e nossos rebolados farão com que você grite por mais.”

Valen desliza na água, e eu observo avidamente enquanto, centímetro por centímetro, seu corpo incrível é engolido pelo banho.

Meus mamilos endurecem quando ele mergulha, molhando o cabelo. Ele volta pingando água e sexo, e eu lambo meus lábios e o bebo com meus olhos.

“Rebolados, você diz?” Eu pergunto a ele, humor e desejo escorrendo de cada palavra.

“E espere até chegarmos as jogadas de cabelo, Vinna, você vai encharcar sua calcinha.”

Eu dou um gemido exagerado. “Você realmente sabe como me deixar toda quente e incomodada.”

Valen ri e me dá uma piscadela, mas seu olhar brincalhão de repente fica um pouco triste. “Eu notei muitos incômodos ultimamente, e eu odeio isso. Precisa conversar, foder, lutar... ou todas as opções acima?” Ele pergunta, seu olhar castanho estudando o meu.

Eu limpo minhas mãos no meu rosto e suspiro. “Eu ficarei bem. Só é muita coisa”, confesso. “Desde o momento em que conheci Lachlan e os outros até agora, tem sido apenas uma coisa louca atrás da outra. Eu realmente nem tenho tempo para processar o que diabos aconteceu antes que a próxima coisa esteja respirando no meu pescoço.”

Valen me dá um aceno de cabeça.

“Eu acho que é tudo isso”, digo a ele, gesticulando para mim mesma. “Talvez toda a emoção esteja me alcançando agora. Ou talvez esteja finalmente vendo que meu futuro não será o sol e o arco-íris Sentinela que eu secretamente esperava que fosse. Ou talvez sejam todas essas opções, mas estou descobrindo” asseguro-o.

Eu recuo contra a parede da banheira, como se minha admissão consumisse toda a minha energia.

“Qualquer coisa que o resto de nós possa fazer para ajudar?” Valen pergunta enquanto se senta no lado oposto da enorme banheira.

Traço gotas de água com os olhos enquanto elas se movem lentamente pelas bochechas e escorrem pelo queixo dele. Algumas delas disparam para o lado, ousando roçar seus lábios antes de cair do rosto e pingar de volta na banheira de água.

“Você pensa muito no futuro?” Eu pergunto aleatoriamente, e posso dizer que a pergunta o deixa um pouco desprevenido.

“Sim, eu acho. Quero dizer, Bastien e eu sabíamos que seríamos Paladinos desde que éramos jovens. Então, quando penso no futuro, penso nisso principalmente, o próximo teste que temos que fazer ou treinamento físico que temos que fazer na academia. Às vezes me pergunto sobre as tarefas que podemos seguir, coisas assim.”

Concordo com a cabeça e contemplo suas palavras.

“Mas o que você vê agora?” Eu pergunto, mexendo nas pontas dos meus cabelos molhados.

“Agora que não seremos Paladinos?” Valen esclarece.

Eu aceno de novo.

“Não tenho certeza. Como você disse, tudo aconteceu muito rápido com Adriel e agora isso” ele diz, apontando para as muralhas do castelo que nos rodeiam. “Eu sei que vamos ficar juntos”, ele oferece, seu tom irradiando certeza. “Acho que é tudo o que realmente preciso saber agora.”

Dou um pequeno sorriso para Valen, mas a questão do “e agora?” parece penetrar mais fundo no meu cérebro até parecer mais exigente.

“O que você acha que vai acontecer com Silva?” Valen me pergunta, seu olhar igualmente contemplativo como o meu agora.

Eu ofereço meu encolher de ombros patenteado. “Eu honestamente não tenho ideia. Você deve saber melhor do que eu como os Anciões lidam com coisas assim.”

“Sim, é verdade. Eu só queria entender o que estava acontecendo com ele” Valen admite, e meu coração dói por ele. “Bas e eu pensamos que ele havia superado o que aconteceu com nossos pais. Quero dizer, Silva é um cara legal, mas fazer a merda que ele estava fazendo... É apenas difícil conciliar o tio que me criou com o homem enlouquecido que atacou minha companheira.”

Valen olha para a água e eu odeio o tom assombrado em sua voz.

“A esperança é uma vadia”, admito depois de algumas batidas.

Valen olha para mim, confuso.

“Não estou dizendo que o que Silva fez foi bom, não foi, e ele deve enfrentar consequências por isso. Mas não acho que isso coloque automaticamente Silva na lista de caras maus. Acho que me encontrar alimentou a esperança nele. Talvez fosse uma esperança que ele nem percebesse que tinha, mas acrescente um pouco de Vinna para acender, e essa faísca poderia ser uma fogueira em pouco tempo. Ele ficou esperançoso e depois ficou desesperado.”

“Sim, eu pude ver isso”, Valen admite com um aceno triste.

“Alguns conjuradores se colocam acima dos outros”, eu zombo sem humor, percebendo que os Sentinelas claramente o fazem também. “É mais fácil ferir os outros quando você os considera inferiores. Não é como se os lamias, os shifters e outros supers tivessem seus próprios Paladinos para protegê-los e declarar falta quando a merda acontecer. Silva e os outros olhavam para os lamias como se fossem o inimigo, em vez de olhar para o inimigo e perceber que alguns deles eram lamias. Aydin e Evrin provavelmente terão consequências a enfrentar também, pelo primeiro lamia que eles torturaram por informações”, afirmo.

“Na verdade, eu não acho que eles vão”, Valen discorda. “Eles foram ordenados a matar esses lamias, eles apenas trabalharam com eles antes para obter informações. Tecnicamente, isso não viola nenhuma das regras. O que Silva, Lachlan e Keegan estavam fazendo não era sancionado, e esse é o grande não.”

Eu bufo com a lógica de tudo. Pelo que os caras disseram, Silva provavelmente só perderá o título, talvez nem isso. Ele provavelmente será transferido para um clã diferente, mas com as mortes em seu clã atual, isso era inevitável de qualquer maneira.

“Você o odeia?” Valen me pergunta, e eu paro sem saber como responder a essa pergunta.

Eu o odeio?

“Não”, eu respondo depois de um momento. “Eu não o odeio, mas não o respeito nem gosto muito dele.”

Receio que admitir isso possa criar algum tipo de problema. Silva é a família dos gêmeos, sua única família.

“Eu não espero que você sinta o mesmo por ele”, eu explico rapidamente. “Minha experiência com Silva, Lachlan e Keegan foi obviamente muito diferente da sua experiência com eles.”

“Te incomoda quando falamos sobre eles?” Ele pergunta, e meu olhar preocupado se suaviza.

“Não. Eles são sua família. Eles criaram vocês. Gosto de ouvir que existem outros lados além dos que vi.”

Valen assente com a cabeça simplesmente, mas eu posso ver seus ombros subirem como se um peso fosse tirado deles.

“Você achou que eu ficaria brava se você ainda se importasse com eles?” Eu pergunto curiosa. Nunca realmente me ocorreu antes que qualquer um dos caras pudesse estar preocupado com isso.

“Não, eu não achei que você ficaria brava. Eu senti que estava traindo você de alguma forma. Todos nós sentimos. Vimos como eles te trataram. Não é assim que qualquer um de nós achava que eles eram.”

“Valen, só porque eles não me queriam, não significa que eles não querem vocês”, eu o asseguro.

Valen olha para mim por um momento, seu olhar traçando meu rosto. Não tenho certeza do que ele está procurando.

“Venha aqui”, ele finalmente diz, sua voz quente envolvendo-me como uma corda.

“Por quê?” Eu pergunto, de repente olhando-o cautelosamente.

Valen ri. “Apenas venha aqui, quero que você se sente no meu pau enquanto conto uma história.”

Eu rio e as borboletas voam para a vida no meu estômago. “Bem, como eu poderia resistir a uma oferta tão romântica?” Eu rosno, mas me levanto de qualquer maneira e me aproximo.

Quando estou a uma curta distância dos longos braços fortes de Valen, ele me pega pela cintura e me puxa em sua direção. Eu guincho com o manejo, mas abro minhas pernas para montá-lo enquanto ele me puxa peito contra peito. Valen passa a mão pelas runas da minha espinha e eu tremo, muito consciente da ereção aninhada entre as minhas coxas. Meus seios pressionam contra os músculos fortes e molhados de Valen. Eu amo a sensação do seu corpo nu contra o meu.

“Eu queria você a partir do momento em que você acordou em meus braços, montada em mim assim”, ele me diz, flexionando os quadris exatamente como ele fez na primeira noite de cinema, quando acordamos sozinhos e entrelaçados. “Eu percebi o quanto estava apaixonado por você quando você desapareceu depois que saímos para dançar. Eu vi você no banco de trás daquele SUV, coberta de cinzas e sangue, cuidando com ternura e cuidado das cinzas de seu amigo, e sabia que era um caso perdido. Era você.”

Valen me beija suavemente e tento engolir o aperto na minha garganta.

“Bastien queria você desde o primeiro soco, Sabin, do primeiro ‘foda-se’. Ryker se apaixonou no dia em que você voltou após o mergulho no penhasco e nos contou o que aconteceu com os shifters. Knox queria você desde a primeira vez que ele te viu. Siah sabia que era você quando ofereceu seu sangue como se não fosse nada demais, você o viu por ele e não pelo monstro que os outros passaram a vida inteira vendo. Você teve Torrez a partir do momento em que quebrou o queixo dele. Você vê um padrão aqui?” Valen me pergunta, recostando-se para que ele possa olhar intensamente nos meus olhos.

“Que eu chuto um monte as suas bundas?” Eu brinco, e Valen ri.

“Não, você tem todos nós. Anzol, linha e isca, você nos tem. Nós queremos você. Nós amamos você e continuaremos fazendo isso para sempre. Eu sei que você não encontrou o que estava querendo aqui ou com Lachlan. Mas você encontrou conosco. Você sabe disso, certo?”

Os olhos de Valen estão suplicantes. Eu corro a ponta do meu nariz contra o dele e corro meus dedos pelos cabelos molhados dele. Eu me ajoelho e me posiciono até sentir o comprimento duro de Valen se alinhar com a minha abertura, e então eu lentamente afundo em cima dele. Valen geme e agarra meus quadris com mais força.

“Devo tomar isso como um sim?” Ele provoca, e seu pau se contrai dentro de mim.

“Sim”, eu digo a ele. “Agora deixe-me sentar no seu pau e te contar uma história” Eu papagaio, me esfregando contra os cachos negros na base do seu pau.

Valen ri e cutuca meu pescoço, beliscando as runas de Siah no meu ombro. Afasto a cabeça dele para olhar em seus olhos.

“Eu te amo”, digo a ele, fazendo uma pausa dramática. Valen olha para mim, esperando pacientemente por mais, mas para mim, é isso. Esse é o começo, o meio e o fim desta história. Eu o amo, e sempre amarei. Eu sorrio docemente para ele e me inclino para um beijo.

“Fim”, digo a ele, depois levanto em seu eixo e desço.

Valen ri quando ele aprofunda o beijo, e eu começo a montá-lo mais rápido. A água escorre pelas laterais da banheira enquanto Valen e eu deixamos nossos corpos gritarem: eu te amo um ao outro repetidamente. Valen se inclina e chupa meus mamilos, apoiando minhas costas com uma mão e brincando com meu clitóris com a outra. Eu me deleito com a sensação dele em todos os lugares e monto com mais força, pressionando por nossa libertação.

Eu posso sentir que Valen está perto, e logo antes que ele possa gozar, eu me inclino e sussurro: “Agora me mostre os Spirit Fingers.”

Ele solta uma risada que se entrelaça com um gemido quando ele goza. Ele esfrega meu clitóris com mais força, e eu caio na libertação depois dele, gritando: “Estes são Spirit Fingers!”


20


EU encaro o convite de pergaminho obsoleto anunciando que minha presença é solicitada pelo tribunal. Parece tão antigo e deslocado em minhas mãos que espero que esfarele a qualquer momento. Ou talvez ele fique todo estilo Harry Potter e se transforme em uma boca que grita comigo para levar minha bunda para a sala do tribunal. Não faz nenhuma dessas coisas. Dobro de volta e largo na mesa.

“Você acha que você e Siah juntos poderiam ambos empurrar magia para dentro ele, e completar a transição para um lamia?” Ryker pergunta a Sorik, que assente distraidamente em pensamentos.

Eu tenho ouvido todos os caras especularem sobre o que eles acham que está acontecendo com Vaughn e como isso pode ser corrigido. O consenso é que, como a magia de Adriel não foi suficiente para concluir a transição de Vaughn para um lamia, ele o deixou nesse estranho estado. A magia de Adriel foi suficiente para impedir Vaughn de morrer, mas não o suficiente para transformá-lo completamente, e ele está preso sendo o que é agora.

“Talvez”, Sorik diz a Ryker. “Eu não sei se algum de nós tem magia suficiente. Vaughn era um Sentinela, portanto, se ele puder ser transformado em um lamia, imagino que seria necessária uma quantidade enorme de magia para concluir a transição. Se tentarmos e isso fracassar, temo que isso possa deixar Vaughn pior do que ele está agora. Estou hesitante em tentar qualquer coisa até sabermos mais.”

“Sabin estava certo?” Knox pergunta, puxando meu foco da conversa sobre Vaughn.

Ele aponta para o pergaminho em cima da mesa. “Eles te convocaram hoje como ele pensou que o fariam?”

“Sim, parece que há guardas esperando do lado de fora para me escoltar”, eu confirmo.

Bastien se levanta do sofá em que está relaxando e Knox segue.

“Finalmente chegou?” Ryker pergunta quando eu lhe dou um aceno de despedida e vou para a porta.

“Com certeza”, eu gorjeio.

“Chame se precisar de alguma coisa”, grita Siah atrás de mim.

“Chamo”, eu digo a ele.

Abro a porta e paro quando minha escolta não é outra senão o Sentinela cinza e bronzeado, Ory. Seu sorriso brilha quando meu rosto cai ao vê-lo.

“Ora, boa tarde, Sentinela”, ele me cumprimenta com um arco exagerado. Reviro os olhos, incapaz de evitar.

Knox e Bastien são guardas silenciosos atrás de mim, com o olhar deles de eu vou te foder. Saio da sala e Ory e outro Sentinela indefinido entram em cena de cada lado de mim. Bastien e Knox ocupam seu lugar nas minhas costas. Percorremos o corredor, meus arredores se tornando cada vez mais familiarizados a cada dia que passa.

As asas de Ory roçam meu ombro enquanto caminhamos. Eu ignoro isso. Tenho certeza que ele está fazendo isso de propósito. Está me matando pra caralho não perguntar como ele as tem. Elas são uma runa? Outra coisa? As perguntas coçam na minha garganta, mas fico quieta. Tenho certeza de que ele sabe que estou morrendo de vontade de saber, e é por isso que ele praticamente empurra os apêndices na minha cara, mas a última coisa que vou dar a esse cara é alguma satisfação.

“Nervosa?” Ory me pergunta quando descemos quatro andares pelos largos degraus tortuosos.

Eu não respondo.

“Tudo bem se sentir preocupada. Você deveria estar” ele oferece sem ajuda.

Não consigo descobrir qual é a desse cara. Ele é antagônico, mas não tenho certeza se é apenas quem ele é ou se existe um propósito para isso. Talvez eu devesse colocar Nash para passar algum tempo com ele, também nunca consegui entender esse garoto.

Em pouco tempo, estamos diante das portas que Sabin descreveu anteriormente como as que levam à sala em que o tribunal estava reunido. Elas se abrem sozinhas e eu entro. Bastien e Knox se movem para me seguir, mas Ory os impede.

“Vocês também foram convocados?” Ory pergunta presunçosamente. “Acho que não. O que significa que vocês podem voltar correndo para seus quartos, já que não são necessários aqui.”

Eu rosno para Ory, irritada, ao mesmo tempo em que Bastien dá um passo ameaçador em sua direção. Eu pego um brilho de excitação nos olhos de Ory que envia preocupação flutuando através de mim.

“Ficaremos aqui até você terminar”, Bastien me diz, nunca tirando os olhos do Sentinela alado.

Eles se encaram por mais alguns segundos antes que Bastien se mova à minha frente e me beije. Eu posso sentir a reivindicação nele, e isso me faz sorrir. Bastien recua, seu próprio sorriso refletido em seus olhos, e então os lábios de Knox estão nos meus. Knox morde e provoca meus lábios em um beijo profundo. Só aí que ele e Bastien recuam e se posicionam para guardar a porta.

Ativo as runas de Knox e Bastien atrás da minha orelha enquanto passo pelas portas e elas se fecham atrás de mim. “Amo vocês”, eu digo a eles, um sorriso largo se espalhou pelo meu rosto, e as duas risadas deles saltam ao redor do meu corpo em resposta.

“Esse pequeno filho da puta está afim de você, eu posso sentir”, Bastien me diz, e eu dou a ele um bufo incrédulo.

“Eu acho que ele só gosta de mexer com todos nós, e ele sabe que é a maneira mais rápida de irritar vocês”, respondo, e os bufos incrédulos de Knox e Bastien enchem minha mente.

“Seja o que for, é melhor o idiota se cuidar antes que eu o arrebente”, Knox me informa, e eu não posso evitar o sorriso que se abre no meu rosto. Sou levada a uma grande mesa redonda onde Sabin, Torrez, Sauriel e os outros quatro membros do tribunal já estão sentados.

“Preciso ir”, anuncio e depois libero a magia nas runas atrás da minha orelha.

Sabin sorri para mim e acena para uma cadeira. Eu puxo uma e sento nela, sem saber exatamente como isso vai acontecer. Sabin disse que todo mundo simplesmente faz perguntas, mas tudo isso parece mais pomposo e formal do que a maneira como ele e Torrez o descreveram. Percebo que Ory e o outro guarda estão em cantos opostos da sala, e estou irritada por eles estarem aqui, mas Knox e Bastien não.

“Ofereça seu nome, por favor”, a Sentinela fêmea com o cabelo cinza de fada e os olhos cinzentos me pergunta, seu pedido parecendo amigável, nem hostil.

“Vinna Aylin”, digo a ela, e ela me dá um aceno de cabeça.

“Meu nome é Naree”, ela me diz.

“Eu sou Mote”, diz a fêmea mais jovem, com longos cabelos loiros e olhos escuros.

“Eu sou Port”, o Sentinela macho se apresenta. Hoje ele parece menos zangado, mas não vou me empolgar muito sobre isso.

“E eu sou Wella”, o homem mais velho oferece.

Eu aceno para todos eles e entrelaço meus dedos juntos na mesa. Wella e Port olham as runas nas minhas mãos e braços.

“Eu acredito que você conhece os outros sentados à mesa”, anuncia Naree, e eu aceno a ela.

“Excelente. Então começaremos”, ela decreta.

“Você sabe por que você está aqui, Vinna?” Wella me pergunta.

“Eu atravessei sua barreira”, eu respondo, meu tom fazendo parecer mais uma pergunta do que uma resposta definitiva.

“Isso e você atacou a Soberana”, acrescenta Port maliciosamente.

“Eu não ataquei a Soberana”, eu defendo. “Eu ataquei ele,” eu explico, apontando para Sauriel. “Quero dizer, eu realmente não cheguei a ele, meu Escolhido me parou, mas tentei atacá-lo.”

Port zomba de mim e compartilha um olhar com Mote.

Bem, merda.

“Então você admite que atacou um membro do Quórum?” Naree me pergunta.

“Sim, mas não é tão simples”, eu contra argumento.

“E por que não é tão simples assim?” ela pressiona.

“Eu pensei que ele era seu irmão, Adriel. Eu vim em busca da Cidade dos Sentinelas... quero dizer... Tierit logo depois que lutei com Adriel. Quando vi Sauriel, pensei que, de alguma forma, ele ainda estava vivo” explico, mas não parece estar afetando os olhos estreitos que todos no tribunal, exceto Sabin, estão me dando.

“Você tinha um plano para atacar a Soberana quando rompeu nossas barreiras?” Naree me pergunta, descartando o tópico Adriel.

Por que tenho a impressão de que essas pessoas não se importam que ele estava caçando e torturando Sentinelas?

“O quê?” Eu pergunto, surpresa com a pergunta dela. “Não. Eu nem sabia que havia uma Soberana até que os guardas Sentinelas estivessem caindo do céu e anunciando que a Soberana havia ordenado que fossemos despachados”, declaro.

“Como você atravessou a barreira?” Mote exige, inclinando-se para a frente com interesse.

“Só passamos por ela.” Estou lutando para não me mexer na cadeira enquanto eles disparam perguntas cada vez mais rápido para mim. Isso é muito mais hostil e formal do que eu esperava. A maneira como Enoch e os outros descreveram seus questionamentos e o questionamento de Suryn não envolveram olhares ponderados de julgamento e uma tonelada de acusações.

“Nós somos o tribunal que foi chamado para decidir se você e seus Escolhidos representam uma ameaça à nossa comunidade e líderes. Mentir para nós não ajudará sua causa”, afirma Port com um sorriso de escárnio.

“Eu não menti”, eu defendo, olhando de Port para Sabin e Torrez, meu olhar gritando socorro.

“Vinna, depois que você percebeu que Sauriel não era de fato seu irmão gêmeo idêntico, Adriel, você parou seus avanços nele?” Sabin me pergunta.

“Sim”, respondo com simplicidade e tento não suspirar de alívio por nem todos aqui estarem cheios de preconceito.

“Quando a Soberana emitiu uma ordem de expedição contra você, o que você achou disso?” Sauriel me pergunta.

“Não entendi o porquê. Esperávamos obter algumas respostas ao vir aqui. Eu não sabia que seria condenada à morte por isso. Eu nunca iria colocar meus Escolhidos e Escudos em perigo se soubesse que não seríamos bem-vindos aqui”, acrescento.

A sala fica quieta por um momento, e eu fico sentada sem jeito imaginando sobre o que eles vão me martelar a seguir.

“Nós sabemos, pelos seus Escudos e seus dois Escolhidos aqui, muito sobre você”, Naree afirma com naturalidade. “Sabin explicou como você chegou aos conjuradores e detalhou os eventos que levaram à sua descoberta de nós, aqui em Tierit. Seus Escudos discutiram suas habilidades e seu treinamento, e todos confirmaram que você... Como você disse, Sabin? Ah, sim, você está boiando em toda essa coisa de ser Sentinela.”

Tento não balançar a cabeça com humor frustrado com essa descrição. Ainda não ouvi uma pergunta, então mantenho a boca fechada e não respondo após um aceno de cabeça.

“Você foi criada por uma humana, está correto?” Naree me pergunta.

“Sim.”

“Quando aquela humana a expulsou, você começou a confiar em um lamia, isso também está correto?”

“Eu não sabia que ele era um lamia na época, mas sim”, digo a ela, e empurro a tristeza que brota dentro de mim ao pensar em Talon.

“Você é o que os conjuradores chamam de imitadora?” Naree dispara contra mim, e começo a me perguntar se ela é a única que tem perguntas agora ou apenas quer confirmar minha história.

“Sim.”

“Quantas runas você tem no seu corpo ao total?”

“Hm...” Faço uma pausa, pensando na pergunta dela. “Na verdade, eu não sei, nunca as contei.”

“Você se sentiria confortável em mostrá-las para nós?” Port pergunta, e eu não gosto do brilho nos olhos dele quando ele fala.

Faço uma pausa novamente e olho para Sabin em busca de orientação. Ele dá um encolher de ombros imperceptível.

“Isso de alguma forma vai ser usado contra mim?” Não pergunto a ninguém em particular.

“Isso nos daria uma ideia da sua importância, o que levaremos em consideração na nossa decisão. Além disso, não vejo como elas poderiam ser usadas contra você” Wella me diz.

Estudo seus olhos nublados por um segundo e depois olho para Torrez. Ele me acena, confirmando que ela está dizendo a verdade.

Eu levanto da minha cadeira.

“Comandante, por favor, convide o clérigo para que ele possa nos ajudar a identificar quaisquer runas desconhecidas?” Naree ordena Ory, e ele assente e sai da sala.

Eu fico lá, sem saber se devo me despir agora ou esperar para dar a esse clérigo um show também. Eu não sou necessariamente tímida ou excessivamente modesta quando se trata do meu corpo. Enoch mencionou que eles examinaram as runas de Suryn também, então esse pedido não está completamente fora da lógica, mas é muito clínico, e eu me sinto desconfortável com isso.

Um homem de manto cinza é levado para a sala. Não tenho certeza se ele é um dos caras que ajudou a explodir um orbe através de Sabin, mas eu o encaro da mesma forma. Ele se senta à mesa redonda ao lado de Sauriel e olha para mim com expectativa.

Acho que vou aceitar isso como um convite para me mostre o que você tem.

Começo a me despir, soltando meu colete e o tirando. Minha camisa sobre minha cabeça, e então eu tiro minhas botas. Desato as calças e empurro-as pelos quadris e pelos pés. Quando estou de sutiã esportivo e calcinha, dou um passo para trás da mesa e estendo as mãos.

Não tenho certeza do que pensei que eles fariam quando minhas runas estivessem visíveis, mas não esperava que todos saíssem de suas cadeiras e viessem me inspecionar. Olho para Sabin e Torrez e noto que eles parecem tensos, o que não está me ajudando quando tento relaxar.

O clérigo traz seu livro antigo com ele quando ele vem me olhar, e ele imediatamente começa a folhear as páginas enquanto examina meu ombro e braço.

“Fascinante”, ele sussurra.

“Explique”, exige Port, sua paciência claramente diminuindo com tudo e qualquer coisa.

“Os padrões dela são fascinantes. As runas trocam de formas defensivas e protetoras para formas ofensivas e de armas. Elas estão em camadas de uma maneira que a torna muito poderosa e muito protegida”, observa ele.

Os passos do clérigo se aproximam de mim e eu me arrepio com a proximidade dele.

Não o ameace. Não o esfaqueei. Precisamos convencer esses idiotas de que não sou uma ameaça, não lhes dar mais combustível para minha pira mortal.

Repito esse fato repetidas vezes, quando o Sentinela de robe me olha de perto novamente.

“Huh”, ele comenta, e mais uma vez começa a procurar freneticamente pelo livro novamente.

“O que foi?” Naree pergunta, e eu também olho para ele, pronta para a resposta.

“Essas runas nos ombros e algumas nas mãos são incomuns. Elas se parecem com runas que foram documentadas, mas estão apenas ligeiramente alteradas. É uma magia mais evoluída do que já vimos, bem... eu não sei. Eu precisaria consultar para ter certeza.”

“Bem, você pode nos dizer o que você sabe?” Mote pergunta, seu tom roubando uma página do livro do Port de como ser rude.

“Sim. Ela é um arsenal e tanto. Ela tem várias espadas e algumas lâminas menores, maças, cajado, arco e flecha, machados, chicotes, lanças...”

“Eu tenho lanças?” Pergunto surpresa ao clérigo.

Ele começa a questionar minha pergunta e depois me dá um aceno de cabeça. “Sim, aqui.” Ele aponta para uma runa no meu pulso. “E aqui está um conjunto mais curto”, ele me informa, apontando para outra runa perto da parte de trás do meu calcanhar. Eu estudo a runa no meu braço e tenho que lutar para não invocá-la para que eu possa ver por mim mesma. Não quero que essas pessoas pensem que estou tentando atacá-las.

“Ela também tem várias runas para velocidade, força, sentidos aprimorados, escudos para fins ofensivos e defensivos, e sua luz chamou os Escudos, que por si só não acontecia desde os tempos dos portões.”

Ele circula em volta de mim e aponta para o meu peito. “A conexão dela com os escolhidos é intricada e reforçada de várias maneiras diferentes, o que é muito incomum. Ela tem conexões mentais, emocionais e de proximidade.”

“Então, o que isso significa?” Sabin pergunta, e eu olho para o clérigo, ansiosa pela versão das anotações também.

“Ela é mais marcada do que qualquer um desde a travessia. Avançada e evoluída de uma maneira que nunca vi aqui em Tierit. Ela tem sete Escolhidos, mas suspeito que ela poderia chamar mais, se quisesse. Mas a coisa mais intrigante para mim neste momento é que as runas de Escolhidos dela” ele pega minha palma e aponta para as runas do dedo anelar e da mão, e eu nem tento dar um soco nele por me tocar, porque estou muito envolvida com o que ele vai dizer: “as runas de Escolhidos também são incorporadas em outras runas. Partes delas alteraram algumas de suas outras runas. Eu acho que essa é a fonte da evolução em algumas de suas marcações e eu suspeito que suas habilidades também.”

“Eu não entendo”, queixa-se Port, e começo a me sentir mal pelo clérigo. Parece que não sou a única deste grupo que não é uma fã.

“Operamos sob o entendimento de que os acasalamentos entre Nascidos com Luz fariam a magia e as runas mais fortes. Mas suas runas dizem o contrário. Nenhum de seus Escolhidos nasceu com Luz, e ainda sim, suas habilidades aumentaram as dela quando ela os marcou. Ela era forte antes, mas tornou-se ainda mais a cada acasalamento” conclui o clérigo, e o quarto mais uma vez fica em silêncio.

Bom, porra. Tentem chamar a minha magia fodona aprimorada pelos meus companheiros de imundice agora, filhos da puta!

Sorrio para Sabin e Torrez e gargalho silenciosamente com o sorriso presunçoso que Torrez está usando.

“Eu adoraria estudar mais suas runas e habilidades, se você estivesse aberta a isso?” O clérigo me pergunta com entusiasmo nos olhos e um sorriso gentil no rosto. “Eu precisaria fazer uma análise completa para confirmar o que afirmei hoje, mas isso realmente nos ajudaria a entender sua Luz e habilidades.”

Certo, talvez nem todos os Sentinelas vestidos de robe sejam babacas.

“Eu diria que está tudo bem por mim, mas realmente isso depende desses caras”, digo a ele, apontando para o tribunal.

O clérigo olha para mim, confuso.

“Eles podem votar que eu devo morrer”, explico, e o cara de repente parece que eu acabei de derrubar com um tapa uma casquinha de sorvete da mão dele.

Ele gira no tribunal. “Vocês não podem fazer isso”, ele ordena, parecendo um pouco surpreso com sua própria veemência.

“Você não ousará nos dizer o que podemos e o que não podemos fazer, clérigo”, rosna Port para ele, e o clérigo dá um passo para trás e coloca seu livro de lado.

“Vocês estariam cometendo um erro tremendo”, afirma o clérigo, e ele lança um olhar para cada um dos membros do tribunal e irrompe para fora.

O quarto fica quieto por um minuto.

“Eu concordo com ele”, ofereço sem ninguém perguntar, meu polegar apontando para a porta da qual o clérigo acabou de sair.

Torrez solta uma risada que se transforma em uma tosse encoberta. Ninguém diz nada ainda, mas os olhos estreitos de Naree me dizem tudo o que preciso saber sobre os pensamentos dela em relação a mim. Porra. Acho que precisamos elaborar um plano para sair daqui antes que o Tribunal tome uma decisão. A maneira como eles estão olhando para mim agora não é um bom presságio para mim e para os caras.

Eu me movo para me vestir quando uma batida na porta começa. Eu pulo de surpresa quando o insistente som estridente invade a sala silenciosa. Ory corre para ver o que é, uma espada de repente na mão e as penas arrepiando nas costas. Ele abre a porta e um homem corpulento entra.

“Qual o significado disso?” Wella exige.

O novo cara desenrola um pergaminho e respira fundo. “Vinna Of The First22, você foi convocada pela Primeira. Você deve ser escoltada imediatamente para a Primeira Casa, onde se reunirá com seu povo e reivindicará seu lugar de direito. Qualquer pessoa que cause um desvio dessa ordem será vista como cometendo um ato de guerra contra a Primeira Casa e será tratado de acordo.”

O homem robusto para, enrola o pergaminho de volta e então espera como se nada disso fosse grande coisa e ele não veio aqui dizendo merda como reivindicar meu lugar de direito ou um ato de guerra. O cara apenas fodeu com todas as vibrações de eu não sou uma ameaça, não me matem que eu tenho enviado esse tempo todo.

Quem é esse cara e o que diabos está acontecendo?


21


“Isso não acabou” Port grita, e para um cara que parece ter acabado de sair da puberdade, com certeza pode ficar roxo de indignação. “Como ousa a Primeira interromper este tribunal e fazer ameaças tão ridículas!”

Os caras robustos respondem abrindo o pergaminho novamente e lendo palavra por palavra.

Não, definitivamente não imaginei toda essa parte de meu lugar por direito.

“Você diga a Primeira-”

“Port, sente-se antes de dizer algo que toda a sua casa se arrependerá”, comanda Wella, e fico surpresa quando Port realmente ouve.

Parece que ele está mastigando vidro enquanto senta sua bunda rabugenta na cadeira, mas ele faz isso mesmo assim. Wella se vira para os outros.

“Existem outras questões urgentes que precisam ser abordadas?” Ela pergunta.

O cara robusto desenrola seu pergaminho novamente e o lê. Naree revira os olhos, e Mote dá um bufo indignado. Port fica ainda mais roxo, mas fica quieto. Olho para Sabin e encontro a mesma expressão confusa que sei que estou usando também.

“Tudo bem, acabamos com esta Sentinela por hoje”, anuncia Wella, mas o ácido em seu tom quando ela fala, e os olhares nos rostos dos outros membros do tribunal, gritam que ela não está feliz com isso.

Olho para o robusto invasor. Se esse cara, ou quem o enviou, fez com que o tribunal nos odeie ainda mais do que parece que eles já faziam, haverá um acerto de contas.

“Venha comigo, Vinna Of The First”, o cara ordena.

“Claro, apenas me dê um minuto para me vestir, oh, e descobrir quem você é e para onde está tentando me levar”, digo a ele com um olhar que diz qual é, porra.

O que ele faz? Ele abre o maldito pergaminho e o lê novamente.

“Existe outra pessoa aqui que não tem um disco quebrado no lugar do cérebro que pode me dizer o que diabos está acontecendo?” Eu pergunto, voltando-me para os membros irritados do tribunal.

“Sua família e Casa querem conhecê-la”, explica Sauriel, como se tudo fosse tão simples assim.

A resposta parece um soco no peito. Eu me viro para Sauriel quando a última palavra sai de sua boca. As cabeças de Sabin e Torrez se movem na direção dele, e todos nós o encaramos em choque.

“Tawv nos disse quem é sua mãe. Claramente, eles descobriram também, e...” Ele gesticula para o Sentinela preso na repetição. “Você gostaria de conhecê-los?” Ele me pergunta.

Flashs de pânico e excitação inundam minhas veias, e não tenho certeza do que dizer. Sim, eu os encontrarei se você prometer que eles serão legais comigo? Não, eles podem se foder por deixar minha mãe apodrecer com Adriel em vez de procurá-la? Minha boca está seca e meu peito está pesado. Eu sei que preciso dizer algo, mas tudo o que consigo pensar é... quanto isso vai doer? Posso suportar outro corte ou outro golpe de pessoas que deveriam se importar, mas provavelmente não vão?

Meus olhos passam do olhar vermelho-dourado de Sauriel para o verde floresta de Sabin. Estou tentando ser forte e não mostrar como me sinto abalada, mas me sinto abalada.

“Eu não sei se isso é uma boa ideia”, eu admito, e um sorriso conhecedor e reconfortante se espalha pelo rosto dele.

“Eles são boas pessoas?” Pergunta Torrez.

“Eles são”, responde Sauriel.

Eu bufo ao mesmo tempo que Port. “Pelos padrões de quem?” Eu pergunto enquanto olho para Port.

“A Primeira, tenho certeza de que você poderia adivinhar apenas pelo nome, é a Casa mais antiga do nosso povo. Eles são poderosos” ele fornece, apontando para o sujeito que segura o pergaminho e em direção ao tribunal.

Sim, eu entendo que eles podem ser o tipo de pessoa que diz pulem e todos ao seu redor perguntam o quão alto. Olho de Sabin para Torrez, ainda sem saber o que fazer.

“É você quem sabe, bruxa”, ele me diz sem ajudar.

Eu rio quando Ory e Naree dão um pequeno suspiro no apelido de Torrez para mim.

“Se eles machucarem você, nós vamos foder com eles”, afirma Sabin simplesmente.

Sauriel se vira para ele, com uma pitada de indignação em seus olhos, e depois se vira para Torrez como se ele achasse que havia mais razões para isso. Torrez encolhe os ombros, afastando o óbvio descontentamento de Sauriel com a declaração de Sabin.

“Nós vamos”, ele apoia seu associado, e meu coração se enche de gratidão e apreço.

Engulo meus nervos e apreensão e respiro fundo profundamente. “OK. Vou encontrá-los... não que eu realmente tenha muita escolha no assunto” resmungo, olhando para o mensageiro que segura o pergaminho.

Sauriel se vira para mim e parece que ele leva um minuto para processar minha aquiescência. Eu posso vê-lo praticamente se livrar da ameaça de Sabin e Torrez e se recompor. Ele empurra para fora da cadeira. “Se estiver tudo bem com o tribunal, eu vou acompanhá-la”, anuncia ele.

Wella dá um leve mergulho no queixo e ele se afasta da mesa redonda.

“Está tudo bem, eu tenho alguns dos meus Escolhidos lá fora, eles podem me levar” digo a Sauriel, ignorando o pânico na minha voz.

“Eu acho que seria melhor se eu acompanhá-la, Vinna”, Sauriel afirma enigmaticamente.

Sabin e Torrez também se levantam, mas Naree balança a cabeça. “Sabin, você tem que ficar até que o tribunal termine os questionários do dia. Teo, é sua escolha se você quer ficar ou ir, mas outro representante não pode ser chamado em seu lugar”, ela diz a eles.

Olho para os meus rapazes. “Está tudo bem”, asseguro-os, mesmo que eu não pudesse me sentir mais longe disso. “Bastien e Knox estão do lado de fora. Eles vão garantir que eu esteja bem” digo a eles.

Distraidamente, eu me pergunto se devo trocar de roupa? Se liga, Vinna, você não tem outra roupa além da merda de armadura preta que os Sentinelas entregaram. Passo os dedos pelos cabelos e reviro os olhos para mim mesma. É apenas a sua família misteriosa que provavelmente não vai gostar de você, não um primeiro encontro. Acalme-se, sua doida.

“Obrigada pelo seu tempo, Vinna Of The First”, diz Mote, mas seu desdém e a maneira como ela diz First deixa claro que o agradecimento é realmente mais um foda-se.

Concordo com a cabeça distraidamente, descartando a alfinetada. Tudo em que posso me concentrar agora é tudo o que poderia dar errado ao conhecer essa família que aparentemente tenho. Ory e o outro guarda novamente se movem para cada um dos meus lados, e as portas da sala se abrem sozinhas para nos deixar sair.

Knox e Bastien levantam-se de onde estavam encostados na parede, entediados.

“Isso foi rápido”, observa Knox, dando uma cotovelada no outro Sentinela para que ele possa ficar ao meu lado.

“Sim, estamos indo em uma viagem de campo”, afirmo alegremente, mas até eu consigo ouvir a preocupação no meu tom.

“Onde?” Bastien me pergunta, olhando para Ory e Sauriel como se estivesse avaliando qual é a ameaça que precisa ser tratada primeiro.

“Oh, você sabe, apenas a reunião diária da família no moinho”, eu gorjeio como um pássaro doente.

“Reunião de família?” Knox repete, confuso.

“Puta merda”, murmura Bastien.

“Sim, isso resume o que está acontecendo lá dentro”, confesso.

“Nós vamos destruir todos eles, Lutadora. Você diz a palavra e caímos fora” Bastien me tranquiliza, e eu rio.

“Sabin e Torrez disseram a mesma coisa”, admito, rindo. Eu uno meus dedos com Bastien e Knox e respiro fundo. Eu imediatamente me sinto melhor com eles aqui.

“Palavra de segurança será abacaxi”, anuncia Knox, e engasgo com outra risada.

“De onde diabos você tirou abacaxi?”

As pontas das orelhas de Knox ficam vermelhas, e a visão imediatamente desperta meu interesse. “Uh... li isso em um livro uma vez.”

“Que porra de livro você estava lendo com palavras de segurança?” Perguntas Bastien.

“Era sobre um cupido e esses genfins que são como fadas ou algo assim. Você deveria ler, você se cagaria de rir” Knox o informa e Bastien balança a cabeça. “Não julgue antes de tentar. Sabin foi quem me deu.”

“Bem, se foi aprovado pelo Capitão, não pode ser tão fora de controle”, brinco, e Knox ri. Ele leva minha mão à boca e beija minha palma. “Você sabe que ele não é tão puritano quanto você o pinta”, Knox me diz.

Minha mente imediatamente vai para a merda intensamente quente e deliciosamente suja que Sabin sussurrou em meu ouvido enquanto transamos cedo essa manhã, enquanto todo mundo ainda estava dormindo. Eu sorrio com a lembrança e dou um suspiro de satisfação. Knox e Bastien riem e me dão um sorriso conhecedor.

“Pronta?” Knox me pergunta enquanto Sauriel e o mensageiro nos guiam para fora do castelo.

“Como eu sempre vou estar nesse caralho. Um brinde a ter esperanças que ninguém precisa e chutar bundas.”

“Desmancha prazeres”, brinca Bastien, e eu rio.

Não vamos longe dos portões do castelo. Parece que a casa da Primeira fica na mesma rua. É enorme, o que não é nenhuma surpresa, e tão guardado quanto o palácio da Soberana. Isso me surpreende. É uma forte indicação de que nem tudo está certo na terra de Tierit. O que é sustentada pelo que aconteceu na sala do tribunal apenas para me chamar aqui. Contra o que esses Sentinelas estão se protegendo? Os olhares de Knox e Sabin observam os Sentinelas, e posso dizer que eles estão se perguntando exatamente a mesma coisa.

Passamos pelos portões e subimos o caminho que leva ao mini palácio que os Primeiros ocupam. Há um pequeno pomar de algum tipo dentro das muralhas, e noto uma fruta peculiar em formato de bola de futebol crescendo, ela chamou minha atenção quando trouxeram comida para nós no castelo.

Sauriel para de repente, e eu quase bato nele. Knox me puxa de volta bem a tempo, e eu lhe lanço um sorriso agradecido e me viro para ver por que Sauriel está parando. Estamos no pé da escada que leva à porta da frente. No topo, estão dois Sentinelas de cabelos brancos. O homem e a mulher nos observam como se estivessem encantados.

Sauriel e o mensageiro se curvam diante deles, e então o mensageiro foge. A mulher engasga quando seus olhos pousam nos meus. Uma mão voa para a boca e ela balança a cabeça levemente. Seu corte desfiado em tons de branco é forte contra sua pele profunda em tom de oliva. Seus olhos lilás se arregalam, e vejo como o aperto que ela tem na mão do homem se aperta ao que parece ser ao ponto de dor.

O homem olha para mim, seus lábios entreabertos. Ele não parece notar o aperto de morte que sua companheira está dando a ele enquanto seus olhos azuis cercam-me.

“Você realmente é dela”, ele afirma gentilmente. “Eu sei que eles nos disseram que você era, mas eu não podia acreditar e...”

“Até agora”, a mulher sussurra, enxugando rapidamente uma lágrima que escapou de seus vibrantes olhos roxos.

Fico de pé, sem saber o que fazer ou dizer. Meu coração martela no meu peito. É claro que eles conhecem Grier, mas não tenho ideia de quem são essas pessoas para mim. Eu não tenho ideia de como me sentir sobre a maneira como eles estão olhando para mim agora. Knox e Bastien ficam tensos e avançam quando o homem dá um passo em minha direção. Ele congela.

“Nós não a machucaremos”, ele defende, olhando para os meus Escolhidos como se estivesse afrontado com o que eles fizeram.

“Com todo o respeito, não conhecemos você, e essa não tem sido a nossa experiência aqui”, afirma Bastien simplesmente.

O homem de cabelos brancos meio que rebate com a declaração de Bas e olha em volta como se não tivesse certeza de como responder. Seus olhos azuis veem Ory e acendem.

“Ory, você os conhece, por favor, assegure-lhes que eles estão seguros aqui”, ele ordena.

Eu bufo e dou um passo à frente, Bastien e Knox se afastando para mim. “Ele foi um dos primeiros a nos atacar. Suas garantias cairiam em ouvidos surdos” eu os informo, dando um passo para Sauriel e subindo as escadas.

“Oi, eu sou Vinna”, ofereço e estendo a mão em cumprimento.

A mulher está emocionada demais para dizer qualquer coisa, mas o homem olha minha mão estendida e depois coloca o punho sobre o bíceps e se inclina para mim. Estou atordoada por suas ações. Eu só vi outros Sentinelas fazerem esse gesto na presença de Tawv e Sauriel. Por que diabos esse cara estaria me dando esse comprimento? Ory assobia, e eu me viro para encontrá-lo olhando para o que está acontecendo em choque.

De repente, a mulher também se curva, e eu assisto, confusa, enquanto as lágrimas escorrem de seus olhos para a pedra creme das escadas. Sua emoção me alcança em algum nível visceral e minha garganta aperta. Os dois se endireitam ao mesmo tempo, e de repente estou desejando não ter subido aqui para ficar com eles. Isso é estranho, e eu não sei o que fazer.

“Boas saudações para você, Vinna. Eu sou seu Tok, e esta é sua Marn” o homem me informa, e sua voz se enche de emoção.

Eles acham que essas palavras devem significar algo para mim, posso ver isso nos olhos deles, mas não sei o que diabos estão dizendo. Olho para Sauriel, meus olhos implorando para que ele me ajude a entender o que isso significa.

“Esta é a mãe de sua mãe e o pai dela”, ele me diz gentilmente, e a lâmpada se acende.

“Ahhh, entendi”, anuncio e volto para minha avó e avô maternos. Eu nunca tive avós antes, então não tenho ideia do que fazer. Eu limpo minha garganta e mudo meu peso um pouco. “Sinto muito por sua filha”, digo a eles. “Eu nunca a conheci, mas me disseram que ela era incrível.”

“Ela era”, Marn concorda, e seus olhos estão tão tristes que eu sinto dor por ela. “Você se parece com ela”, ela me diz em um sussurro, e Tok envolve um braço em volta dela e a puxa para o lado dele. Ele beija docemente a cabeça dela, e o gesto de amor me aquece.

Os dois demoram um momento e apenas se apoiam um no outro. O sofrimento deles é palpável e sinto que estou me intrometendo no que deve ser um momento muito doloroso e difícil. Eles perderam a filha. Eu sei que ela é minha mãe e lamento essa perda de certa forma, mas é diferente. Eles a conheciam. Sinto falta do que imagino que uma mãe teria sido, mas eles conhecem o som de sua risada, as coisas que a faziam sorrir. Eles viram seus primeiros passos neste mundo e provavelmente a viram sair da barreira, mantendo a esperança de que ela voltaria para eles. A perda deles, de uma maneira estranha, parece maior neste momento do que a minha jamais poderia ser. Eu lamento a ideia do que ela poderia ter sido para mim, eles choram por quem ela era.

“Eu sinto tanto”, digo a eles novamente, lutando para saber o que mais dizer.

Marn olha para mim e balança a cabeça. “Não se desculpe, você está aqui e é isso que importa. Desculpe, estamos deixando isso muito desconfortável para você e vamos parar. Foi só... te ver... fez tudo tão real. Eu não estava preparada para isso me atingir assim.”

Dou-lhe um sorriso compreensivo, e seus olhos se enchem de perda e gratidão.

“Posso...?” ela interrompe.

Eu espero, dando a ela o tempo que ela claramente precisa seguir em frente com o que ela quer perguntar.

“Posso te abraçar?” Ela me pergunta, hesitante, e eu fico surpresa por um segundo com o pedido dela.

“Claro”, digo a ela e tento mascarar a incerteza na minha resposta.

Ela dá um passo à frente como se estivesse insegura sobre tudo isso e envolve seus braços fortes em volta da minha cintura. Ela é uma cabeça mais baixa que eu, e sua orelha repousa sobre o meu peito enquanto ela me segura com força. Envolvo meus braços em torno dela e espero até que ela esteja pronta para se afastar. Tok nos observa, a alegria brilhando em seus olhos. Assim que Marn me solta, ele também tenta um abraço. Sinto seu peito tremer contra o meu enquanto ele me abraça com força. Tenho certeza que ele está chorando, e ele me segura até que sua respiração esteja mais normal. Ele dá um passo para trás e enxuga o rosto.

Ele bate palmas de repente, e o som alto fragmenta as emoções dele que flutuam ao nosso redor. Eu pulo com barulho e tento não parecer um gato assustado.

“Ory, ligue para as famílias”, ordena Tok. “Anuncie que um dos nossos voltou para casa.”

Espero que Ory resmungue sobre o comando, mas ele decola antes que eu possa olhar em sua direção.

“Vinna, deixe-nos mostrar a você. Tudo isso é seu agora, e você deve se familiarizar com isso”, afirma Tok, e tento encobrir um som sufocado com tosse.

“Espero que você se junte a nós”, Tok oferece Sauriel em convite.

“Eu ficaria honrado”, ele responde de volta.

Tok coloca um braço em volta de mim e tento não endurecer. Se ele notou, não diz nada e passa a me levar para sua casa. Renovo o meu apelo ao universo de que, de alguma forma, isso não vai piorar quando passo pela entrada ornamentada com o braço do meu avô em volta do meu ombro. Por enquanto, tudo bem. Aqui está a esperança de que continue assim.


22


“Você está com sede ou com fome?” Marn me pergunta enquanto subimos uma enorme escada. “Grier sempre gostou de água Caro23 e Zah. Você gostaria de água Caro?” ela pressiona.

“Estou bem”, digo educadamente. Não tenho ideia do que é qualquer uma dessas coisas, mas não conseguiria comer ou beber com o estômago todo do jeito que está agora.

“Vocês querem alguma coisa?” Eu pergunto a Bastien e Knox. Eles apenas balançam a cabeça enquanto olham em volta.

Visitamos o elaborado primeiro andar do tamanho de um estádio e agora estamos nos aventurando nos níveis superiores do Primeiro Palácio. Eles não chamam assim, é claro, mas uma espada é uma espada, porra. Tenho certeza de que os corrimões são de ouro maciço, e tudo sobre esse lugar é super além dos limites. Eles abrem a porta de uma sala à direita e meus olhos se iluminam com reconhecimento e emoção.

“Grier insistiu para que tivéssemos isso perto do quarto dela. Ela disse que a ajudava a pensar quando se movia e se esforçava”, diz Tok, e eu olho o equipamento de combate na sala.

Não é um saco de pancadas e manequins de ponta, como é o meu espaço em casa, mas é a versão Sentinela de tudo isso. Postes acolchoados em todos os tamanhos e alturas, polias que fazem os alvos se moverem, outro grande mecanismo que parece refinar a agilidade, todos preenchem a sala, e uma estranha sensação de vertigem e pertencimento escorre por mim. Posso imaginar uma garota aqui trabalhando em suas frustrações, e sinto uma ligação com minha mãe que nunca senti antes, além de sermos Sentinelas.

Tok fecha a porta e me leva mais adiante no grande corredor. Ele abre outra grande porta dourada, e ele e Marn me mostram uma sala iluminada e arejada com tons pastéis. Há toques femininos nas cores da cama e da parede, mas outras coisas, como alvos bem usados espalhados pelas paredes, me dão um vislumbre da profundidade da mulher que cresceu neste quarto.

“Este é o quarto de Grier”, Marn me diz com reverência, confirmando meu palpite.

Ela passa a mão sobre uma penteadeira com carinho e pisca para longe a emoção que vejo acumulando em seus olhos.

“Mantivemos tudo arrumado, por precaução”, Tok me informa enquanto estuda o espaço. “Nós preparamos para seus pertences, que devem chegar em breve e, se precisar de mais alguma coisa aqui, deixe-nos saber e vamos resolver o problema”, ele me diz com naturalidade e eu engasgo com tosse novamente.

“Dizer o quê?” Eu pergunto enquanto dou um tapa no meu peito, em um esforço para limpar minhas vias aéreas de choque.

“Você vai ficar conosco agora”, ele declara, e eu estudo seu rosto por um instante, sem saber o que dizer sobre isso.

“Você é da Primeira Casa e deve estar aqui com sua família, onde podemos protegê-la e guiá-la. O castelo da Soberana ainda não é o seu lugar, e até chegar a sua hora, é aqui que você deve estar”, acrescenta.

“Eu não tenho nenhum pertence”, murmuro desajeitadamente, lançando um olhar desconfortável para Bastien e Knox.

Não sei se quero ficar aqui. E principalmente não sei se quero ficar no antigo quarto da minha mãe morta. Quero passar um tempo nele e sentir a sensação dela, mas dormir aqui? Olho para a cama e percebo que ela vai caber eu e cerca de um dos meus Escolhidos e meio. É, isso não vai funcionar.

“Bem, então, mudar você para cá não será muito difícil”, Tok me diz com um sorriso, respondendo à minha declaração anterior.

“Um... como meus Escolhidos devem ficar aqui? A cama não caberia...” eu paro, sem saber como dizer, sim, este quarto não é adequado para mim.

“Seus Escolhidos...” Marn repete, parando quando ela olha para Knox e Bastien e depois rapidamente desvia o olhar. “Certo sim. Seus Escolhidos. Podemos providenciar acomodações para eles na ala de convidados”, acrescenta ela, compartilhando rapidamente um olhar com Tok que não consigo discernir.

“Oookay”, eu respondo, sentindo que estou perdendo alguma coisa. “Podemos ficar na ala de convidados, isso não é um problema. Também vou precisar de espaço para meus Escudos” acrescento.

“Vocês todos vão ficar na ala de convidados?” Marn pergunta, olhando de mim para o quarto de Grier, como se ela estivesse procurando o motivo pelo qual eu não gostaria de ficar aqui.

Merda.

“Sim, bem, eu fico com os meus Escolhidos. Então, se eles ficarão na ala de convidados, eu também ficarei lá” eu explico, esperando que seja o suficiente e não machuque seus sentimentos.

“Certo, isso é totalmente compreensível”, afirma Tok e puxa Marn para o lado dele. “Podemos arrumar tudo isso para você”, ele me tranquiliza, e eu dou um pequeno sorriso.

“Bem, está ficando tarde, e você deve estar morrendo de fome. Vamos descer para jantar, certo? Pedimos aos cozinheiros que preparassem o Illish, que era o favorito de Grier. Tenho certeza que você vai adorar”, ele me diz enquanto guia Marn pela porta.

Eu me viro para Knox e Bastien e faço uma careta. Illish, eu murmuro para eles, e Bastien finge ter arrepios.

“Você está bem?” Knox me pergunta e abre os braços.

Me aproximo deles, e ele me envolve com seu forte aperto que me ajuda a me sentir centrada.

“Sim... eles parecem legais”, eu observo. “É simplesmente estranho, eu acho”, eu admito.

Knox beija o topo da minha cabeça enquanto eu acaricio seu peito.

“Vá com calma, Lutadora. Não há pressa em construir vínculos, isso levará tempo”, diz Bastien, e aceno com a cabeça em concordância.

“Se você não quiser ficar aqui...” Knox começa.

“Aqui, no castelo, isso realmente não faz diferença para mim. Só não quero ficar no quarto antigo da minha mãe. De certa forma, isso parece errado”, eu digo a eles. Provavelmente não estou fazendo muito sentido, mas Bastien e Knox acenam com a compreensão e solto um suspiro de alívio.

“Grier... quero dizer... Vinna, você vem jantar?” Tok me pergunta, e eu olho do meu abraço com Knox.

Tok passa o olhar por nossa posição e tenho a impressão de que ele está desconfortável com a demonstração de afeto.

“Sim, estou indo”, eu digo, saindo do abraço reconfortante de Knox.

Passo a seguir Tok pela porta. “Então, o que exatamente é Illish?”


***

“Você consegue ver meu cofrinho?” Eu sussurro para Knox enquanto ele aperta os laços da nova armadura de cor vermelho-uva que ele recebeu. Juro que essas roupas dos Sentinelas são feitas para se ajustarem de alguma forma, ou essas pessoas são muito boas em adivinhar tamanhos.

Knox olha de volta para minha bunda, e eu mostro um pouco para que ele possa ter uma certeza extra. Marn e seu pessoal pegaram minha armadura preta, meu sutiã esportivo e minha calcinha enquanto eu estava me trocando para o vestido que eles enfiaram em minhas mãos e disseram que eu tinha que usar.

“Nenhum cofrinho está visível para mim”, ele relata, e então ele dá um tapa na minha bunda. “Seus mamilos, no entanto, serão um problema”, acrescenta, passando as costas da mão contra um dos picos endurecidos.

Afasto a mão dele e olho para baixo. Sim, isso vai ser um problema. Ficar de mamilos duros na frente dos meus avós recém-conecidos deve ser algum tipo de gafe gigantesca. Cubro meus seios com as mãos e olho para Knox e Bastien enquanto ambos riem.

Eu resmungo quando volto para o grande espelho encostado no canto e tento ver se há outra maneira de arrumar este vestido para que eu não me torne uma vergonha absoluta para mim e minha nova família. O vestido é de cor ameixa profunda e tem uma sensação muito grega ao tecido e estilo. O material é muito fino e muito macio, mas mostra muito. Não teria sido minha primeira escolha para uma noite com os parentes, mas Marn me deu, então estou de mãos atadas.

Moro oficialmente na casa da Primeira há menos de vinte e quatro horas. Foi bom conhecer Tok e Marn. Eu ouvi todos os tipos de histórias sobre coisas que minha mãe fazia e suas realizações. Até agora tem sido muito bom, tudo muito superficial, mas legal. As coisas ainda estão difíceis, mas isso deve ser normal e difícil para eles também, já que nós nos descobrimos. Eu acho que, à medida que nos sentimos mais à vontade um com o outro, mais eles contarão sobre o que aconteceu. Eu não queria insistir em muita informação, mas estou morrendo de vontade de entrar na merda de como Grier acabou onde ela chegou.

Não tenho visto muito Tok e Marn hoje. Eles anunciaram no café da manhã que estavam dando uma festa para mim hoje à noite e, desde então, começaram a lidar com isso. Um pouco de tempo de inatividade foi bom. Quero ouvir sobre Grier e sua vida, mas acho que é difícil para Tok e Marn também. Eles me chamam muito de Grier, e posso dizer que realmente sentem falta dela.

Uma batida soa na porta, e olho para ter certeza de que Bastien e Knox estão decentes.

“Entre”, eu grito enquanto tento achatar meus mamilos irritantes. Eu não acho que tocá-los está fazendo outra coisa senão me motivar a descobrir como eu posso colocar Knox ou Bastien sozinhos em um banheiro em algum lugar, então eu paro.

A porta do quarto se abre, e Marn e outras duas mulheres caminham. Todos eles têm mãos cheias, e eu assisto enquanto dois colocam pincéis e outras coisas em uma mesa, e Marn se aproxima de mim. Seus olhos se iluminam e se enchem de emoção.

“Você está deslumbrante, Vinna”, ela me diz, e sua voz falha quando diz meu nome.

Ela rapidamente limpa a garganta e me oferece um sorriso doce. “Este vestido era da sua mãe”, ela me informa, e meus olhos se arregalam de surpresa.

Marn puxa uma longa corrente em volta do pescoço até que um medalhão é revelado. Ela tira a joia do pescoço e a entrega para mim. “Abra”, ele encoraja, então eu faço.

O medalhão prateado redondo se abre. Ambos os lados se separam e revelam uma imagem de uma mulher que realmente se parece muito comigo. Eu estudo o rosto dela. Sua pele era mais escura que a minha, seu cabelo mais claro com uma textura ondulada que o meu fica quando seca naturalmente. Os olhos dela eram os azuis-esverdeados do pai. Seus lábios, mais finos que os meus, estão transformados em um sorriso de tirar o fôlego. Quando vi Lachlan e me disseram que ele era o gêmeo idêntico de meu pai, pensei que parecia claramente com meu pai. Mas, quando olho para a foto de minha mãe, percebo que sou uma boa mistura de cores e características.

A respiração sai de mim enquanto eu a encaro. Tropeço para trás até que as costas das minhas pernas batam em alguma coisa e me sento com força. Bastien mal pega a cadeira embaixo de mim quando eu desço, me salvando de plantar a bunda no chão, mas tudo o que posso fazer é olhar para Grier na palma da minha mão.

Minha garganta fica apertada, e eu posso dizer pelo fungar no quarto que eu não sou a única afetada por este momento. Fico quieta por um longo tempo enquanto luto contra a dor que tenta escapar de mim. Eu golpeio uma lágrima perdida que desafia minha ordem de foda-se e luto contra as outras que estão picando para sair.

“Eu nunca a vi antes”, admito finalmente, e essas palavras se tornam uma chave desconhecida que causa tanta dor.

Perco a guerra com minhas lágrimas, e elas correm pelo meu rosto sem obstáculos. Finalmente, tenho um rosto para substituir o de Beth quando penso no termo mãe. Eu nunca liguei para Beth e, no entanto, quando penso na palavra, sempre foi o rosto dela que aparecia na minha mente sem ser solicitado. A imagem de Beth zombou de mim e manchou essa palavra por tanto tempo. Eu não tinha como combatê-la. Agora eu tenho.

Eu acaricio o rosto da minha mãe e não posso deixar de me perguntar novamente como teria sido a vida se pudéssemos estar juntas. Como se Marn pudesse ler meus pensamentos, ela se senta ao meu lado e começa a falar.

“Grier era um bom bebê. Inteligente, gentil e obstinada” ela me diz com uma fungada e um sorriso caloroso. “Quando ela colocava na cabeça que ia fazer algo, podíamos dar como feito. Fosse reorganizando todos os potes e panelas na cozinha quando criança ou ir em busca de seus Escolhidos quando ela estava crescida. Seu Tok e eu aprendemos que não havia como convencê-la de nada. Se ela tivesse decidido, tudo o que podíamos fazer era esperar o melhor.”

Estou a mil e ouço Knox bufar como se estivesse simpatizando com Marn. Marn ri e enxuga os olhos distantes, como se ela pudesse ver tudo em sua mente como em um filme. Ela sempre fica assim quando fala sobre a filha, e eu sinto por ela.

“Grier era a nossa única, sei que já lhe dissemos isso, mas ela era mais do que suficiente. Ela estava sempre treinando, se esforçando e procurando por mais. Não nos surpreendeu que ela se ofereceu para sair pelo mundo. Vimos isso como uma última aventura em que ela poderia encontrar seus Escolhidos e depois voltar e levar nosso povo a uma nova era. Ela estava preparada e pronta para assumir o papel de Soberana, mas nunca chamou nenhum dos Sentinelas aqui, e precisava de companheiros para ajudar a liderar e continuar sua linhagem.”

Meu olhar dispara para Marn, surpresa. Ela apenas acena com a cabeça, confirmando tristemente minha pergunta não expressada.

“Ela foi a primeira garota que nossa linha teve em quase setecentos anos. Nosso povo é sempre liderado pelas mulheres, e sabia-se que, assim que nossa Casa gerasse uma menina, ela retomaria o trono da Casa da Segunda, que serviu de apoio enquanto esperávamos pela legítima herdeira nascer. Quando ela não voltou, ficamos arrasados, não apenas em nível pessoal, mas as pessoas que ela deveria liderar permaneceram perdidas sem ela.”

Marn estica a mão e acaricia a imagem no medalhão com carinho. “Mas agora ela nos deixou você, e eu não preciso consultar um Tecelão de Ligações para ter certeza de que isso é exatamente como deveria ser.” Abro a boca para perguntar o que isso significa, mas Marn se levanta e faz a mesma coisa de palmas que Tok fez ontem. Eu pulo mais uma vez e quase largo o medalhão.

“Chega de passear pela memória por enquanto. Teremos muito tempo para fazer isso mais tarde. Hoje à noite é sobre comemorar que você voltou para casa e nem tudo está perdido.” Ela me dá um sorriso enorme e pega algo que uma das senhoras coloca na mesa. “Agora vamos prepará-la para conhecer seu povo adequadamente.”

Ela se arrasta para mim e segura o que parece ser um espartilho blindado. “Agora é seu, minha querida”, ela me diz, gesticulando para o medalhão.

“Eu não posso tirar isso de você”, eu argumento e estendo a mão em um esforço para devolvê-lo.

“Absurdo. Eu não vou ouvir isso. Eu sou sua Marn, e você vai me escutar” ela me repreende de brincadeira, e eu lhe dou um sorriso constrangedor, sem saber o que diabos dizer sobre isso.

“Vá em frente, você deveria ter isso”, ela insiste novamente, e eu desisto e coloco a longa corrente em volta do meu pescoço.

O medalhão está escondido baixo no meu decote, e a corrente de prata fica um pouco escondida no V do pescoço do vestido. Marn me puxa até que eu me levanto da cadeira e mais uma vez estou encarando o espelho. Ela é forte para uma velha senhora, eu vou dar isso a ela. O pensamento faz o rosto de Getta aparecer na minha cabeça, e me pergunto se os Sentinelas ficam mais fortes e mais rápidos com a idade?

Marn e outra senhora alcançam minha cintura e colocam o espartilho de couro trançado cor de ameixa em volta do meu tronco. Ele prende todo o tecido macio ao redor do meu tronco e peito. O couro roxo-escuro acrescenta uma vibração muito chique ao vestido feminino, de outra forma esvoaçante, e eu aprovo. Quando elas amarram o espartilho com mais força, ele fica logo abaixo dos meus seios, empurrando-os para cima. O tecido em meus seios se reúne, ajudando a esconder minha situação dos mamilos - obrigada, porra. Um ombro é coberto pelo tecido colorido de ameixa e o outro está completamente nu, mostrando minhas runas.

Pareço uma deusa grega que não conseguia decidir se estava pronta para a festa ou a batalha. Eu gosto disso. Bem, talvez não da fenda que sobe de um lado até o início do espartilho. Uma das outras mulheres com Marn afasta minha mão quando me vê tentando puxar as laterais cortadas do tecido.

“Você precisa mostrar essas runas, não as esconder”, ela me repreende.

Eu resmungo meu desacordo, mas paro de foder com a parte inferior do vestido. Meu cabelo está partido, uma trança enrolada em volta da minha cabeça como uma faixa para a cabeça, e os fios restantes estão presos em um coque texturizado na parte de trás do meu pescoço. Tudo isso me faz parecer mais velha e mais sofisticada do que eu sou. Tenho certeza de que a ilusão será arruinada assim que soltar meu primeiro porra entre os melhores Sentinelas de Tierit. Ou, como Tok e Marn continuam se referindo a eles, meu povo.

Outra batida soa na porta e, desta vez, quando ela se abre, meu coração fica louco. Valen, Sabin, Torrez, Siah e Ryker são praticamente empurrados para dentro da sala. Levanto-me da cadeira em que estou presa enquanto elas arrumam meu cabelo e bato em uma das senhoras quando ela tenta me fazer sentar novamente.

Assobios de lobo enchem o ar e o calor enche os olhos dos meus Escolhidos. Sorrio e giro rapidamente, certificando-me de que a imagem de mim neste vestido seja queimada em seus cérebros. Eu aponto para a fenda.

“Talvez isso não seja tão irritante quanto eu pensava”, anuncio enquanto imagino qualquer um deles afastando o tecido para facilitar o acesso.

“Dibs!” Ecoam pela sala, e Marn faz um som de tosse sufocada com a minha implicação.

Eu dou a ela um olhar interrogativo. Ela e Tok continuam fazendo isso sempre que sou carinhosa, e é realmente algo que elas precisam superar. “Eu tenho sete escolhidos, o que você achou que eu faria com eles?” Eu pergunto a ela, e ela fica vermelha e ri sem jeito.

Eu a estudo, confusa. Ela teve um bebê, pelo amor de Deus, o que há para corar?

“Bem, seus Escolhidos estão com as roupas deles na cama. Por favor, troquem de roupa e vão para o salão de recepção. Os convidados estão chegando enquanto falamos.” Com isso, Marn acena para as outras duas damas e elas saem correndo da sala.

“Prazer em” - a porta se fecha - “te ver novamente”, afirma Torrez.

“Cuidado, elas ficam nervosas quando tentamos conversar com elas”, brinca Knox, e Valen ri.

“Como foi o tribunal?” Eu pergunto.

Fiquei preocupada o dia inteiro desde que a convocação chegou cedo esta manhã.

“Hostil”, revela Siah.

“Eles não estavam felizes que Bastien e Knox não estavam lá. Explicamos que não a deixaríamos desprotegida e que eles poderiam convocar Bas e Knox outro dia, mas isso não foi tão bem”, explica Ryker.

“Eles nos perguntaram para que eram seus Escudos. Acabamos por dizer proteção extra, mas não sei se eles estão comprando”, acrescenta Valen.

Respiro fundo e corro os dedos pelos cabelos. Lembro-me bem a tempo que está todo no alto e chique e largo meus braços ao meu lado.

“Eu vou falar com Tok e Marn amanhã. Vou contar a eles sobre Sorik e explicar Vaughn e sua situação. Só teremos que esperar que eles fiquem quietos sobre isso. Podemos trazê-lo e Sorik até aqui, então os Escudos não terão que guardá-los no castelo separadamente.” Digo e espero que tudo corra tão facilmente.

Os caras e eu propusemos este plano de jogo na última noite. Com Tok e Marn parecendo ter problemas com a existência dos meus Escolhidos, achamos melhor deixar a poeira baixar um pouco antes de jogar a bomba que o Escolhido da Grier estava aqui também.

“Bem, rapazes, tirem a roupa”, eu instruo animadamente. “Marn provavelmente estará de volta em breve para ver o que está demorando tanto. E um certo Sentinela que eu conheço deixou escapar sobre reboladas e batidas de cabelo. Vamos ver o que vocês têm!” Eu digo a eles, esfregando minhas mãos juntas.

Eles olham para mim como se eu tivesse enlouquecido, confusão absoluta em todos os rostos. Bem, todos, exceto Valen, que começa a rir.

“Vocês dois têm algumas piadas internas estranhas”, observa Siah, e então eu começo a rir também.

Eu assisto com olhos e Boceta Gananciosa, enquanto meus Escolhidos se vestem. Sim, elas têm que ser roupas mágicas, porque cada conjunto de armadura roxa escura encaixa neles como uma luva. Fico tentada a dizer foda-se essa festa e atacar cada um deles como um velociraptor faminto. A porta se abre exatamente quando esse pensamento entra na minha cabeça, e Marn entra arrastando seu vestido lavanda fluindo em torno de suas pernas.

Sabin dá um grito feminino. Ele ainda está sem camisa e cobre os mamilos com as mãos de brincadeira. Marn fica vermelha quando percebe que nem todo mundo está vestido e sai da sala como se alguém tivesse apertado o botão de rebobinar. A troca é tão estranha que, assim que a porta se fecha, todos nós rachamos de rir. Eu continuo lembrando da cara surpresa de olhos arregalados de Sabin e chiado quando ele cobre seu peito, e as risadas fogem de mim.

“Isso vai ensiná-la a bater”, Bastien gargalha, lágrimas de riso escorrendo pelo rosto e isso desencadeia toda a sala novamente.

Acho que rimos por cerca de dez minutos seguidos antes de sairmos da sala, bêbados de tanto rir. Marn fica esperando, recatadamente, no topo da escada, com Tok ao seu lado. Eu tenho que lutar para impedir que a visão dela me mande de volta para a risada histérica. Ela estende a mão para a minha mão e eu hesito um pouco antes de dar a ela.

“Você está pronta para tomar seu lugar entre o seu povo?” Ela me pergunta, um brilho ansioso em seu olhar lilás.

Eu respiro fundo e alinho meus ombros. Olho para os meus lindos Escolhidos, grata por sua presença e sua capacidade de me fazer rir e viver o momento. Meu olhar volta para o da minha avó e eu sorrio para ela.

“Vamos nessa.”


23


“Foi um prazer conhecê-lo”, grito por cima do ombro quando Tok e Marn me conduzem para longe do Sentinela que eles acabaram de me apresentar há cinco minutos e me apontam na direção de outra pessoa que eles querem que eu conheça.

“Vinna, este é Aern. Aern, essa é a Vinna Of The First” Marn recita educadamente, e então ela faz o que tem feito a noite toda, ela nos observa com expectativa enquanto dizemos nossos olás e mergulhamos na conversa fiada.

Sinto como se tivesse passado as últimas duas horas em uma rápida rodada de encontros e cumprimentos. Fui apresentada a alguém, me observam como se eu fosse fazer algo louco e depois me afasto antes que eu possa descobrir algo interessante sobre eles. Estou tentando acompanhar o fluxo pelo bem dos meus avós recém-descobertos, mas está começando a me desgastar.

“Aern possui alguns dos melhores estábulos de Tierit”, diz Tok, e meu rosto se ilumina. Finalmente, um tópico sobre o qual sei um pouco.

“Sério? Isso é legal. Sabin tem dois cavalos. Ele apenas começou a me ensinar a andar. Os cavalos são incríveis” comento educadamente.

“Quem é Sabin?” Marn pergunta, e meus olhos se arregalam de surpresa.

“Um dos meus Escolhidos”, eu a lembro.

“Ah sim. Bem, Aern cria os melhores animais de montaria que eu ousaria dizer neste mundo” Marn muda, dando um tapinha carinhoso no braço de Aern.

O Sentinela diz algo que eu não ouço para Tok, e eles são rapidamente envolvidos em uma conversa para a qual não tenho contexto e que nunca poderia esperar acompanhar. Eu fico lá e começo a contagem regressiva até a hora de ser apresentada a outra pessoa. Examino a multidão em busca dos Escolhidos, sabendo que eles estão por perto. Eu os vejo juntos, conversando e analisando as coisas, seus olhos vagando para mim a cada minuto ou mais.

Eu me sinto mal, eles devem que estar entediados. Tok e Marn parecem estar brincando de interceptação com eles hoje à noite, e se as conversas em que eu estava sendo puxada não fossem incomodamente entediantes, isso poderia me incomodar. Pelo menos eles estão sendo salvos da conversa política entorpecente que eu não entendo, conversas fascinantes sobre o rendimento das colheitas ou sendo ignorados juntos.

Na hora certa, sou afastada de Aern e apresentada a Para. A mulher e eu trocamos gentilezas e depois caímos em um silêncio constrangedor quando eu fico sem nada para conversar com ela.

“Então, essas festas são normalmente assim?” Eu pergunto a ela, lutando para encontrar melhores tópicos para conversas.

“Sim e não”, ela responde e se aproxima de mim. “Sentinelas dessa categoria só saem para o melhor dos melhores, e é excitante quando todos nos reunimos assim.”

Eu tento não me encolher com a palavra excitante. Se esse tipo de merda que a excita, quem sou eu para julgar? Uma mão traça a parte externa do meu braço, e eu dou um passo para trás e encontro Para rastreando minhas runas.

“Suas marcas são extraordinárias”, ela me diz, e eu trabalho para conter uma careta.

Talvez não seja rude tocar as runas de outros Sentinelas aqui?

“Então o que você faz aqui?” Eu pergunto, evitando o comentário dela.

“Eu sou uma caçadora.”

Isso desperta meu interesse e eu sorrio. “O que você caça?”

“Qualquer coisa que esteja na estação. É tudo presa para mim”, ela ronrona.

Marn aparece de volta, e nunca fiquei tão aliviada em vê-la. Obviamente, estou perdendo algo aqui com essa garota, Para, e estou pronta para seguir em frente. Marn educadamente me desculpa, mas quando nos afastamos, Para pega minha mão. Ela tenta me puxar em sua direção, com um olhar determinado nos olhos. Estou tensa, pronta para algum tipo de ataque. Ela se inclina para mim e eu me inclino para trás.

“Hum... o que diabos você está fazendo?” Eu questiono.

“Eu só ia te beijar”, ela me diz, sua voz rouca e seus olhos cheios de calor. Eu dou um passo para trás, confusa.

“Por quê?” Eu pergunto sem jeito.

“Para ver se as faíscas voam”, ela responde, assim, como se devesse ser óbvio para mim.

“Eu tenho Escolhidos”, digo a ela, e olho através do salão, como se estivesse enviando um SOS e precisando que eles viessem me resgatar de garotas que confundem os sinais.

Para segue meu olhar e dá uma bufada incrédula. “Você é Vinna Of The First agora”, ela me diz, se aproximando. “Você tem o mundo em suas mãos com um título como esse, e tudo que sei é que eu adoraria ter minhas mãos sobre você.”

Para tenta me puxar. Eu dou um passo para trás, removendo minha mão de seu aperto. Meu antebraço roça seus seios enquanto eu me afasto, e ela dá um gemido exagerado que me leva a julgar seriamente suas habilidades de atuação.

“Como eu disse, eu tenho Escolhidos. Eu não estou interessada.”

Eu me afasto, e Para me alcança novamente.

Eu volto para ela. “Me toque novamente, e você não vai gostar do que vai acontecer com você”, eu a aviso.

Ela joga as mãos para o alto em sinal de rendição, mas me manda um beijo antes de ir embora.

Porra, inferno.

Estou silenciosamente cambaleando com o que aconteceu. Quando olho para cima para ver quem Marn e Tok estão me desfilando na frente agora, fico surpresa de encontrar Ory.

“Oh”, eu gorjeio com reconhecimento.

“Oh, para você também”, ele papagaia de volta.

“O que você está fazendo aqui?” Eu pergunto quando Tok e Marn se afastam.

“Eu fui convidado”, ele rosna.

Reviro os olhos e vasculho a sala em busca dos meus Escolhidos novamente.

“Então, como está indo sua primeira festa Of The First?” Ory me pergunta casualmente.

“Porra, é uma merda”, confesso e depois fecho meus lábios. “Merda, não conte a Tok e Marn que eu disse isso. Não quero magoar os sentimentos deles.”

Ory me examina com seu brilhante olhar roxo por um momento. Ele abaixa o queixo e começa a examinar a sala como se estivesse procurando alguém mais legal para conversar.

“Então você já se iluminou para alguém?” Ory me pergunta, e minha testa mergulha em confusão.

“Hum, não, eu deveria?”

Ele fica com um sorriso travesso no rosto e balança a cabeça para mim.

Porra. Há quanto tempo estou aqui? Quanto tempo tenho que aguentar esse cara?

“Eles vão te dar mais tempo comigo”, Ory me diz enigmaticamente.

“Quem vai?”

“Seu Marn e Tok. Eles vão lhe dar mais tempo comigo, porque nosso casamento seria o mais benéfico para eles.”

Tudo o que eu estava prestes a dizer cai silenciosamente da minha boca aberta. Eu apenas o encaro, repetindo suas palavras na minha cabeça.

“Eu tenho Escolhidos”, respondo simplesmente, tentando e falhando em não me sentir perplexa.

Ory encolhe os ombros novamente. “Eu não disse que estava interessado, apenas expliquei por que eles dariam mais tempo comigo.”

A irritação ferve em mim, mas pela primeira vez desde que conheci Ory, não é com ele. Solto um suspiro profundo e balanço a cabeça. Toda a conversa sobre Grier se concentrou em seu lugar e que ela era a próxima na fila para o trono. A falta de interesse com os meus Escolhidos. Porra, eles falam meu nome errado um quarto do tempo. Eles querem que eu continue de onde Grier parou. Eu suspiro.

“Então eles estão pensando que podem me convencer a abandonar os meus Escolhidos e escolher novos? Isso é uma coisa aqui, não é? Ou eles esperam que eu apenas adicione alguns partidos vantajosos apenas pela diversão?” Eu pergunto a ele sem rodeios.

“Pelo andar da carruagem, eles estão apenas esperando para ver se você se ilumina por alguém”, ele me diz, e de repente seus olhares ansiosos e observação de falcão fazem sentido.

“Eu sou tão burra”, confesso. “Estava tudo lá, bem na minha frente, e eu simplesmente não vi.”

Eu rosno internamente para mim mesma.

“Eles são ambiciosos, há coisas piores por aí”, observa Ory com desdém.

Balanço a cabeça e tento reprimir minha frustração e raiva. “Eles são meus Escolhidos”, eu disparo para ele. “Eu amo eles. Tok e Marn não podem simplesmente descartar isso ou eles, como se não fosse nada. Não quando são tudo para mim.”

“Eles estão fazendo o que acham melhor”, diz Ory, e eu me arrepio.

Quando as pessoas que não me conhecem vão parar de pensar que sabem o que é melhor para mim?

“Apesar do que eles pensam, eu não sou Grier”, eu digo a ele. “Talvez ela quisesse esta vida, mas eu não.”

“Está no seu sangue, você não tem muita escolha no assunto.”

“Sempre há uma escolha”, eu contra argumento. “Além disso, você queria me matar há uma semana, mas agora vai ficar poético sobre aceitar o meu destino e aqui? Isso não faz muito sentido, porra.”

“Fui ordenado a matar você, não havia nada pessoal nisso”, ele corrige, ainda escaneando a multidão sobre minha cabeça.

“Tudo bem”, eu falo. “Bem, eu gostaria de poder dizer que isso foi divertido, mas não foi. Eu diria tenha uma boa noite, mas realmente não espero que você tenha. Nada pessoal”, eu atiro com um sorriso divertido e me afasto dele.

Ory ri quando me viro e me afasto dele em busca dos meus Escolhidos. Eu definitivamente encerrei esta noite. Eu manobro o meu caminho através do salão de baile, ignorando os convites para parar e conversar com pessoas que já conheci a noite toda. Eu me aproximo dos meus caras e dou um sorriso enorme para eles.

“Vamos dar o fora daqui”, digo a eles.

“Finalmente”, afirma Bastien com um suspiro aliviado.

O “estava na hora” de Knox me faz rir.

E o “Graças a merda” de Torrez me faz levantar a mão como se estivesse pregando na igreja.

“Você está bem?” Ryker me pergunta.

Nós nos afastamos como um grupo da festa e eu entrelaço meus dedos nos dele. “Eu não sei”, eu admito. “Estou irritada. Estou cansada. E não tenho certeza do que fazer sobre tudo isso” digo a ele, gesticulando para o salão de baile cheio de Sentinelas às nossas costas.

“Tem sido um longo dia. Vamos deixar para resolver amanhã”, ele diz. Concordo com a cabeça e dou-lhe um rápido beijo enquanto nos dirigimos à direção da escada.

“Vinna”, Marn grita atrás de mim, seus passos rapidamente se aproximando de nós por trás, e Tok e Marn nos cortam. Ambos estão confusos e frustrados.

“Onde você vai?” Marn finalmente consegue falar.

“Para nossos quartos”, eu digo simplesmente e me movo para contorná-los.

Tok entra no meu caminho. “Ory é o comandante de armas e membro da Primeira Casa. É rude simplesmente se afastar dele” ele me repreende.

Eu me encolho. Isso nos torna relacionados de alguma forma? Afasto o pensamento e concentro-me em Tok e Marn. Não acho que sejam pessoas más, mas também não estou ok com o que está acontecendo.

“Suponho que seja rude, mas honestamente, não me importo e Ory também não. Me emboscar para potencialmente iluminar para outras pessoas que não conheço também é considerado rude em alguns círculos do mundo”, aponto, deixando claro que estou de olho nelas.

Tok gagueja por algo a dizer. “Gri-Vinna, nós-”

“Me poupe”, eu declaro, cortando-o. “Tenho certeza de que você está acostumado a fazer as coisas de uma certa maneira, e tenho muito a aprender sobre vocês e esse lugar, mas eu tenho Escolhidos e tenho uma mente própria. Não vou continuar de onde vocês pararam na vida de Grier” digo a eles, minha voz gentil, mas firme.

“Como você pode dizer isso?” Marn exige, se aproximando de mim. “Você nasceu para isso. Estar aqui. Para liderá-los!”

“Não, eu não nasci”, digo a ela simplesmente.

“Você só vai se afastar do seu direito de primogenitura? Deixar seu povo continuar sendo liderado por corrupção e medo?”

“Este não era meu direito de nascença, era de Grier. Você precisa entender isso. Eu sei que você sente falta dela, e isso parece uma segunda chance de recuperar tudo o que você perdeu, mas não é. Eu sou Vinna. Esta é sua primeira chance comigo.”

Tok e Marn fazem uma pausa, seus olhos se enchendo de tristeza. Meus próprios olhos enchem em resposta, minha alma é chamada a doer simplesmente porque é. Eu respiro e esfrego meu peito. Olho para as escadas na direção da ala em que devemos ficar e me sinto perdida. Não parece como um lar, como onde eu deveria estar.

“Eu não posso ficar aqui”, eu admito calmamente.

Eu venho tentado tanto ir com o fluxo e ser o que eles precisam, mas isso não vai funcionar a menos que eu possa ser quem eu sou e eles possam aceitar-me por isso.

“Mas nós somos sua família, é aqui que você deveria estar”, argumenta Marn, limpando as lágrimas de suas bochechas.

“Nós nem nos conhecemos”, eu indico.

“Isso vai levar tempo, Vinna”, diz Tok.

“Você está certo, mas também será necessário esforço”, digo a eles. Faço um gesto para os meus Escolhidos. “Você pode me dizer o nome deles?”

Tok olha para mim, confuso por um segundo, e depois olha em volta de mim para onde meus caras estão. Todos dão um aceno amigável, o que me faz sorrir. O sorriso desaparece enquanto vejo Tok lutar para me responder.

“Então aqui está a coisa. Foram alguns dias loucos e acho que precisamos começar de novo. Eu vou conhecer vocês, e vocês vão me conhecer. Podemos apenas levar um dia de cada vez e ver aonde isso nos leva”, digo a eles com um sorriso simpático, e então deixo que desapareça do meu rosto para que eu possa martelar meu próximo ponto.

“Com isso dito, vou falar isso só uma vez, e se vocês quiserem ter algum tipo de relacionamento comigo, gravarão cada palavra em sua alma”, afirmo, olhando fixamente para Marn e Tok. “Estes são meus Escolhidos. Eu sou deles e eles são meus. Nada vai me afastar mais do que desrespeitar ou desconsiderar as pessoas que amo, e amo esses homens mais do que tudo que existe. Se vocês tentarem me manipular de qualquer maneira que desrespeite meu vínculo com esses homens, vocês e eu estamos terminados. Isso é um desagrado para mim. Vocês entenderam?"

A sala fica quieta por um minuto, e espero para ver se eles entendem, porque se não o fizeram, não há esperança daqui em diante de que algum dia seremos algo um para o outro.

“Desculpe”, Marn me oferece depois de algumas batidas, e ela parece tão quebrada que isso me mata. Afasto-me de Ryker e dou um passo para lhe dar um abraço.

“Eu sei que isso é difícil. Como é que algum de nós deveria saber como navegar nessa merda?” Eu digo a ela, e ela me dá uma risada aguada. Olho para Tok acima da cabeça de Marn. “Nós vamos estragar tudo, e tudo bem. Contanto que não seja um rompimento de acordos, descobriremos como torná-lo melhor. Todos nós seremos honestos e realmente tentaremos.”

“Palavras sábias”, Tok me diz calorosamente, e ele limpa uma lágrima que escorre por seu rosto.

“Eu vou conversar com vocês amanhã, e então podemos começar a operação, descobrir como fazer essa merda funcionar juntos.”

Marn assente e me dá outro aperto antes de se afastar. Abro meus braços para Tok, e ele me envolve em um abraço épico de urso que poderia rivalizar com um dos de Aydin.

“Vejo você amanhã, Vinna”, Tok me assegura, e eu dou um grande sorriso.

“Amanhã”, eu concordo, e então eu e meus Escolhidos vamos embora.

Saímos para uma noite fria e estrelada, e me sinto aliviada e triste ao mesmo tempo.

“Sinto muito, Squeaks”, Ryker oferece, e assim que saímos dos portões, tomo um momento para encontrar a casa que sempre sinto nos braços dele.

“Eu ficava me dizendo que eles eram legais e apenas para apreciar que eles não me odiaram de cara. Quero dizer, as coisas poderiam ter sido piores. Mas que porra eles estão pensando?” Não pergunto a ninguém em particular.

“Eu acho que eles tinham grandes esperanças para sua mãe”, oferece Valen.

“Eles lamentaram a perda do que eles queriam que ela se tornasse esse tempo todo”, acrescenta Bastien.

“Então você aparece e eles tentam empurrar tudo no seu colo”, finaliza Knox.

“Eles nem sequer conversaram com vocês”, eu lamento.

“Mas acho que sim”, oferece Siah. “Os corações deles parecem estar no lugar certo, e depois do que você acabou de dizer, acho que vocês serão capazes de resolver isso.”

Inclino minha cabeça e franzo meus lábios. Siah sorri e se inclina para me dar um beijo suave e doce.

“Então eles aprenderão que todos vocês são os melhores homens desse lugar e que eu estaria fodida da pior maneira possível sem vocês!”

Grito isso para a luz vazia das fadas iluminando as ruas, e ela volta para mim em um eco desbotado. Minhas palavras ecoam ao meu redor, e de repente sinto que elas me deram um tapa na cara.

“Puta merda, é isso!” Eu percebi. Eu me viro para os caras. “Vocês têm me dito repetidamente que somos uma família, uma unidade, mais fortes e melhores juntos, mas eu simplesmente não estava entendendo. É isso aí!” Grito de novo e depois saio correndo pela rua.

Gritos de confusão e meu nome soam atrás de mim, mas eu sei que eles vão me alcançar. A emoção surge através de mim, e eu me sinto como uma idiota. Eu tenho tentado fazer isso sozinha, mas não estou mais sozinha. Sou idiota por não ver isso antes, mas agora que eu vejo, não quero desperdiçar outro segundo.

Eu corro pelas ruas, percorrendo o mercado vazio que estava movimentado na última vez que viemos por aqui. Torrez corre ao meu lado, seguido por Siah e depois por Bastien.

“Vamos, suas lesmas”, grito por cima do ombro, e ouço Sabin resmungar: “vou te mostrar a lesma.”

Eu rio, o que provavelmente me faz parecer tão desequilibrada, mas eu não me importo. Invoco minhas runas e me movo mais rápido.

“Gostaria de nos dizer por que estamos correndo pelas ruas no meio da noite?” Siah me pergunta casualmente.

“Porque eu entendi”, ofereço vagamente, pressionando para me mover ainda mais rápido.

O portão de Getta aparece à distância, balançando como se fosse uma faixa de linha de chegada. Corro por cima dele, quase cortando o pé e o vestido em uma barra de ferro e plantando o rosto no chão. Eu bato na porta de Getta, minha batida urgente e exigente.

“Ela provavelmente está dormindo”, diz Sabin quando ninguém responde depois de alguns minutos, e eu bato na porta novamente.

“Então ela vai acordar”, digo a ele, e ele balança a cabeça.

“Eu não acabei de lhe dizer que os Sentinelas têm um complexo de superioridade?” Torrez brinca, e eu dou uma cotovelada nele enquanto levanto minha mão para bater novamente.

A porta se abre e Issak olha irritado para todos nós.

“Eu preciso falar com Getta”, digo a ele, e ele me estuda por um longo momento antes de balançar a cabeça uma vez e depois bater a porta na minha cara.

Eu grito de excitação com o que sei que vai acontecer a seguir, e me afasto da porta e vou na direção do quintal. Chamo meu cajado e espero pacientemente como o bom gafanhoto que sou. Depois de alguns minutos, Issak sai pela porta dos fundos, segurando um Getta de aparência fraca.

“Ah, então a garota voltou para mais, entendo”, anuncia ela, e não perco a excitação em seu tom.

Passei toda a minha vida provando às pessoas que elas nunca me subestimariam, e então o que eu fiz? Subestimei Getta na primeira chance que tive para obter algumas respostas. Bem, não desta vez.

Issak coloca Getta gentilmente no chão, e ela estica as costas e levanta a cabeça para o céu.

“É uma ótima noite para chutar uma bunda, você não concorda, Issak?”

Issak sorri e se move para inclinar-se casualmente contra os fundos da casa. Eu rio e balanço minha cabeça com Getta. Pena que não sou parente dela. Ela parece mais como meu povo do que qualquer um que eu tenha conhecido deste lado da barreira.

“Bem, garota, eu não sei por que você se fantasiaria por outra lição de como perder, mas o que quer que exploda sua saia, suponho.” Ela olha minhas roupas. “A julgar pela aparência dessa coisa, não vai demorar muito para explodir. Issak, feche os olhos” ela instrui.

Olho para Issak, e ele apenas revira os olhos.

Ignoro seus esforços para me irritar e espero pacientemente o que sei que está por vir. Ela sorri para mim quando não caiu na isca, e eu quase posso sentir orgulho saindo dela. Ela acena para mim e depois chama seu cajado. Ela o estuda por um instante e depois pressiona uma extremidade na sujeira e se apoia nela.

“Diga-me, garota, você é digna?” Ela finalmente me pergunta, e a antecipação me atinge, fazendo meu coração disparar.

“Sozinha, talvez não, mas juntos”, digo a ela, gesticulando com meu cajado para os meus escolhidos, “nós somos.”

Getta me olha intensamente pelo que parece uma eternidade. Sinto que ela mergulha na minha alma, nada um pouco e depois sai para se secar. Ela gira seu cajado em suas mãos habilmente, e eu fico tensa, esperando o ataque que eu sei que está por vir.

Ela estende a mão, devagar como mel frio, e depois bate na ponta do meu nariz. Eu recuo.

“Então você tem um cérebro nessa sua pequena e bonita cabecinha”, ela gargalha. “Fico feliz em ver que você está usando-o agora. Muito bem, siga-me”, ela instrui.

Com isso, seu cajado desaparece e ela começa a se afastar.

Eu a encaro, de boca aberta e estupefata.

Espera. Que merda aconteceu?


24


Eu olho em volta para os caras, completamente desnorteada, enquanto Issak desce e pega Getta.

“Espera. Não vamos lutar?” Eu pergunto, e há um tom de decepção na minha voz que me faz questionar minha própria sanidade.

Getta está recuando, Vinna, isso é uma coisa boa. Cale a boca!

Ela ri quando está na segurança dos braços e de Issak e acena para eu segui-la. “A luta foi apenas por diversão. Se você decidiu que é digna, quem sou eu para dizer o contrário?”

Eu paro no meio do caminho com essas palavras, e Ryker bate nas minhas costas, criando um efeito dominó de Escolhidos. “Espere”, eu chamo Getta, e Issak se vira para me encarar. “Se eu decidi que sou digna? A luta não é um teste?”

“Oh, não, é só para mexer com esses ossos velhos.”

“Mas... Você disse que eu não era digna”, pergunto confusa.

“Não, garota, você disse que não era digna. Como eu disse, quem sou eu para discutir?”

Issak mais uma vez se vira e inclina seu grande corpo para a porta dos fundos da casa. Eu me viro para olhar para os caras, guinchos incrédulos saindo da minha boca aberta.

“Ela está seriamente me dizendo que, se eu tivesse simplesmente dito sim, sou digna à sua pergunta da última vez que estivemos aqui, já teríamos respostas?”

“É o que parece”, confirma Torrez.

Eu gemo e esfrego o meu rosto.

“Parece que a crise existencial com a qual você estava lutando foi inútil”, acrescenta.

“Toda essa meditação por nada?” Eu chio.

“Não se esqueça de fazer beicinho também”, acrescenta Bastien, e dou um tapa em seu peito e tento não sorrir.

Não sei se quero gritar ou rir agora.

“Vocês vêm?” Getta grita pela porta dos fundos e eu olho para a casa dela.

Boa jogada, sua velha ninja enrugada. Boa jogada do caralho.

Knox me dá um tapa na bunda quando ele passa e, como um corcel obediente, me põe em movimento. Esfrego minha bunda e sigo-o até a casa de Getta, as luzes diminuem e os móveis são pitorescos. Há uma sensação muito calorosa e acolhedora no interior de sua casa que me faz querer afundar em uma cadeira grande e relaxar. Há livros por toda parte e o tipo de bagunça que parece que todos os idosos tendem a ter. Issak coloca Getta em uma cadeira de balanço com entalhes intrincados de veados e outras criaturas por toda parte, e ela está se mexendo para ficar confortável.

Ele se senta aos pés dela e, mesmo sentado, ele ainda é mais alto do que ela. Eu olho para o seu tamanho gigantesco antes de Getta fazer um gesto para todos nós sentarmos. Há um fogo aceso e emite um brilho reconfortante enquanto sombras dançam nas paredes da cabana. Sento-me ao lado de Getta em um banquinho e todos os rapazes se empoleiram ao redor.

“Então, garota, me diga o que você quer saber ou você espera que eu leia sua mente e seu coração?”

Balanço minha cabeça novamente ao perceber que Getta me pegou, e vasculho as listas de perguntas que tenho anotado em minha mente desde que eu era jovem. Eu começo do topo.

“O que são os Sentinelas e de onde viemos?” Eu pergunto, minha voz forte e clara, e a sala fica quieta com antecipação.

“Bem, porra, você não tem nada menor, para começarmos?” ela pergunta. “Não há perguntas preliminares?”

Knox começa a rir e imediatamente tenta encobrir quando Getta olha para ele.

“Issak, seja um bom rapaz e faça um chá para todos. Tenho a sensação de que será uma noite longa, se é onde estamos começando” ela ri.

Issak não diz nada enquanto se levanta e entra por uma porta que sai da sala. Ouço o barulho de pratos e a água enchendo alguma coisa.

Getta limpa a garganta e começa a balançar a cadeira ritmicamente para frente e para trás. “Viemos de um lugar diferente, cujo nome se perdeu. Nós éramos um galho de muitos galhos mágicos, mas pensamos que deveríamos estar sempre no topo da árvore. Com promessas e poder, escravizamos os outros e vivemos assim por muito tempo.”

Getta olha para o fogo enquanto ela fala, e eu me sinto hipnotizada pela luz piscando em seu rosto desgastado quando ela começa a tecer tudo isso junto.

“Com o tempo, as pessoas que esmagamos debaixo da bota, para o bem de ninguém além do nosso, se levantaram e exigiram: não mais. Começaram com batalhas e rapidamente se transformaram em guerras. Éramos arrogantes e poderosos, mas nossos números sempre cresceram lentamente. Porém, esse não foi o caso daqueles contra quem lutamos. Em menos de um século, passamos de caçadores a caçados, e nosso povo estava desesperado.”

Inclino-me para a frente, meu coração batendo forte no peito. Eu tenho que evitar me beliscar apenas para ter certeza de que isso está realmente acontecendo. Eu esperei tanto tempo por respostas, e aqui estão elas, derramando tão delicadamente dos lábios finos e envelhecidos de Getta.

“Acordamos os portões dos antigos, os que primeiro trouxeram seres para nossa terra, e fugimos de tudo que já conhecíamos para começar de novo. Mas nós aprendemos nossa lição? Mudamos nossos caminhos?” Getta zomba e balança a cabeça.

“Eu vou com não nessa”, afirma Valen, e as risadas flutuam ao redor da sala.

“Você estaria certo, garoto. Porque quando chegamos aqui, mais uma vez queríamos estar no topo da árvore. Não bastava que pudéssemos ser a raiz ou o tronco. O Ouphe dos antigos não viam isso como uma posição de força. Eles apenas viram os galhos ao redor e queriam superar todos eles. E assim a história se repetiu até que fomos novamente forçados a fugir. Mas então, os portões estavam fechados para nós. Não haviam pessoas suficiente com as Ligações para abri-los, então nos escondemos e, assim, a Tierit foi criada.”

“O que é o Ow-f?” Eu pergunto, tentando repetir uma palavra que ela usou para descrever a geração mais velha.

“O Ouphe é o que éramos uma vez e devemos lutar para nunca mais nos tornarmos. Abandonamos essas formas de pensar e a magia que tornou tudo isso possível. Apenas um punhado de Tecelões de Ligação ainda existem. Eles mantêm para si e raramente usam sua luz, pois agora isso causa medo.”

Issak entra no quarto e entrega a Getta uma xícara e um pires. Ela pega com um sorriso agradecido, e então ele se vira e pressiona outra xícara e pires em minhas mãos.

“Oh, obrigada”, digo a ele, ele resmunga e desaparece de volta ao que eu assumo ser a cozinha.

Ele volta mais algumas vezes até que todos tomem chá, e depois volta a ocupar seu lugar aos pés de Getta. Tomo meu chá e tenho que lutar contra todos os instintos do meu corpo para não o cuspir de volta. Eu engulo e tento não engasgar. Dou ao copo e depois a Issak um olhar sujo por tentar me envenenar.

“O que exatamente é esse chá?” Eu pergunto, tentando parecer educada e falhando.

Getta ri. “Melhor beber de um gole só se você não estiver acostumada. É bom para a circulação.”

Eu olho para a minha xícara e me encolho. E que diabos. Tá bem, então.

Bebo de uma vez o chá que tem gosto de peidos mofados e prendo a respiração. Enquanto o engulo, tento secretamente limpar minha língua com a saia do meu vestido antes de desistir da parte discreta desse plano e apenas seguir em frente. Vejo pelo canto do olho alguns dos caras engasgando e se encolhendo, e dou uma risada sabendo que meu paladar não está sozinho em seu sofrimento.

“Interessante”, resmungo quando Getta olha para mim com as sobrancelhas levantadas, como se ela estivesse me perguntando o que eu acho.

Ela toma um gole de chá sem fazer uma careta e eu tenho que me impedir de revirar os olhos. Como se ela realmente precisasse provar que é mais durona que eu. Todos nós já sabemos disso.

“Você tem vestígios da velha magia em suas veias, garota”, ela me diz, apontando o queixo em direção ao meu colo, onde minhas mãos estão cruzadas.

Olho para baixo para ver o que ela está gesticulando e vejo a nova runa na minha palma que nenhum de nós testou. “Você quer dizer isso?” Eu pergunto, segurando a runa.

“Sim.”

“O que ela significa... e o que faz?”

“É muito raro. Significa que você não apenas reivindica seu Escolhido com suas runas, mas também com sua magia.”

Minha testa franze com confusão. “Eu achei que todos os Sentinelas usavam magia para marcar seus Escolhidos?”

“Eles fazem”, Getta concorda. “Mas eles só podem compartilhar suas runas. Você pode compartilhar suas runas e sua magia. Isso é o que é raro. Sua mãe também podia fazer isso.”

“Espere, você está dizendo que todos nós agora temos os mesmos ramos de magia que Vinna?” Sabin pergunta, a surpresa em seu tom refletindo o olhar no resto de nossos rostos.

“Sim”, Getta responde simplesmente enquanto toma outro gole de seu chá desagradável. “Isso também significa que vocês podem puxar e dar poder à vontade um para o outro. Cada membro dos seus Escolhidos poderá compartilhar suas habilidades quando esta runa for ativada.”

“Então eles podem se tornar lobos?” Torrez pergunta animadamente.

“Sim”, Getta mais uma vez responde com simplicidade.

“Puta merda!” Exclamo, e todos nos entreolhamos com os olhos ainda mais arregalados.

“Agora, antes que você comece a brincar com isso e se mate, esse tipo de magia é raro por um motivo. Como em todas as coisas, pode ser usado para o bem e para o mal. No passado, o mal prevaleceu, e é por isso que os usuários da magia de Ligação são caçados por vários tipos. Você precisa manter essas habilidades em segredo e tomar cuidado. Muitos não sabem mais como essas runas se parecem, mas sabem o que a Luz faz e a apagam se a encontram.”

As palavras ameaçadoras de Getta se instalam na sala, e todos nós ficamos quietos e contemplativos.

“E os meus Escudos?”

Getta olha para o meu dedo médio não marcado. “E eles?”

“Marquei quatro escudos-”

“Mas não os selou, entendo”, ela observa, e eu aceno.

“O problema é que eles foram marcados por outra Sentinela quando chegamos aqui.”

“Como escudos?” Getta pergunta, surpresa.

“Não, como Escolhidos”, explico.

“Ahhh, entendo”, ela me diz. “As pessoas deste mundo só podem ser marcadas por um Sentinela. Seja como Escudo ou como Escolhido. Se você concluir o que começou e torná-los verdadeiros escudos, a reivindicação dos Escolhidos será cortada.”

O alívio lava através de mim e solto um longo suspiro. Todos nós podemos sair daqui. Eu só preciso fazer o que for necessário para completar minha marcação de Enoch, Nash, Kallan e Becket.

“Agora, menina, posso ver que você é uma fornecedora de excelentes espécimes masculinos.”

Torrez, Bastien e Knox riem. Eu reviro meus olhos para eles.

“Se Issak aqui ainda não tivesse sido escolhido, ele seria uma boa opção para você e seus Escolhidos.”

Desta vez, dou uma bufada surpresa e Issak me olha.

“Sem ofensa, ela só me pegou de surpresa. Tenho certeza de que você seria um excelente companheiro”, digo a ele. Ele pisca uma vez e depois se vira.

“Meu argumento é, garota, já que você tem uma excelente e deliciosamente variada seleção de Escolhidos. Por que exatamente você precisa de Escudos?”

A pergunta de Getta me surpreende. “Mas eu os marquei, claramente, minha magia achava que eu precisava deles”, defendo.

“Oh, eu concordo que eles são necessários, mas são realmente para você ou para a outra Sentinela que os marcou?” Ela coloca a pergunta, e eu paro para realmente pensar sobre isso.

Percebo pelo canto do olho que Bastien está se mexendo na cadeira. Eu o ignoro e penso em minha conexão com Enoch, Nash, Kallan e Becket. Eu os vejo como irmãos e bons amigos. Eles nunca pareceram como Escolhidos para mim, e ainda assim eu sempre me senti compelida a trazê-los comigo desde o momento em que suas marcas apareceram.

Valen e Sabin parecem ficar agitados em seus assentos também, e eu me pergunto se eles precisam fazer xixi.

“Se eles pudessem ter mais do que ser apenas meus Escudos, então eu gostaria disso para eles”, admito, e Getta assente. “Mas eles terão isso com essa Sentinela? Ela parece que os odeia” acrescento, esperando que Getta possa oferecer algum tipo de garantia ou orientação.

Ryker começa a cruzar e descruzar as pernas, e eu olho para ele.

Esses caras estão com formigas nas calças ou algo assim?

“Essa é uma excelente pergunta”, declara Getta, e eu me concentro nela. “Uma excelente pergunta que realmente não é da sua conta”, ela termina, e eu rio e balanço minha cabeça para ela.

Torrez e Siah se movem como se estivessem desconfortáveis, e eu olho para eles, perplexa. Porra, os espasmos os pegaram também?

Getta começa a dizer outra coisa, mas eu não presto atenção, pois estou muito ocupada assistindo toda a inquietação dos meus Escolhidos e se movendo como se eles fossem fazer xixi nas calças a qualquer momento. Eles parecem desconfortáveis pra caralho, e eu não consigo entender o que está acontecendo.

“É o chá”, a voz de Sabin grita em minha mente.

“O quê?” Eu pergunto, ainda mais confusa.

“Acho que havia algo no chá, porque todos nós estamos ostentando grandes ereções agora!” Ele declara.

Olho para sua virilha e depois para a de Bastien. Eu rio.

Getta me dá um olhar conhecedor, e eu entrego ainda mais. “Você prepara seu chá com Viagra?” Eu pergunto a ela, e ela ri.

“Eu não sei o que é isso, mas eu disse que era bom para a circulação, não disse?” Getta ri, e todos os caras parecem ainda mais desconfortáveis. “Vá, garota, vá com eles e depois volte e me conte tudo sobre isso.”

Minha cabeça vira para Getta, chocada. Essa velha louca acabou de dizer isso? Ela assente como se estivesse confirmando meu pensamento, e não sei se ela é uma meta de vida ou se deve ser evitada a todo custo.

“Acho que essa é a nossa deixa para irmos”, anuncio ao meus Escolhidos. Todos se levantam lentamente, se protegendo com travesseiros e mãos e rapidamente dão as costas para a velha senhora muito safada.

Ela os observa, pura diversão escorrendo por todos os poros. “Essa visão não é tão ruim assim”, ela declara, seus olhos fixos na bunda de Ryker. Não sei se devo cobrir os olhos dela, dar a ela um bate aqui ou apressar meus homens para fora da porta. Eu decido pisar na frente dela para bloquear sua visão e digo para os caras corram só com o movimento dos lábios. Espero até que estejam todos fora de vista e me viro para encontrar Getta rindo.

“Esse chá vai me foder também?” Eu pergunto, resistindo ao desejo de largar minhas mãos em solidariedade com os caras e encobrir meu tesão inexistente.

“Bem, você não vai crescer um pau, se é isso que você está perguntando”, ela brinca.

Eu dou uma risada e balanço minha cabeça.

“Seu clitóris vai me agradecer mais tarde”, acrescenta Getta, e estou simultaneamente mortificada e intrigada com sua vaga declaração.

“Este lance de perguntas e respostas não acabou só porque você drogou meus Escolhidos”, digo a ela com um balançar de dedo.

“Da próxima vez, você terá que lutar comigo por isso”, ela desafia, e eu rio.

“Por mim tudo bem. Sou uma imitadora, então tudo o que você fez da última vez está agora no meu repertório” digo a ela.

“Não significa que eu não vou te derrubar na sua bunda novamente”, ela responde.

“Talvez, mas eventualmente você vai ficar sem truques, e será o seu traseiro na calha.”

“Cuidado, garota, não me faça neutralizar aquelas bolas grandes que você tem.”

Eu ri, incapaz de me impedir.

Meta de vida. Getta é minha meta de vida. É oficial.

Eu me viro para sair, mas sou interrompida por um forte aperto no meu braço. Viro esperando ver a mão de Issak, mas, em vez disso, encontro a de Getta. “A companheira de meu Issak se encontrará em uma encruzilhada. Ambas as opções a sufocarão lentamente. Eu preciso que você mostre a ela o caminho até aqui”, ela me diz.

Eu estudo Getta por um instante. Todos os traços de humor deixaram seu rosto marcado e seus olhos cinza-claros. Sinto em meus ossos que tudo o que ela está me dizendo agora é muito importante.

“Ok, mas como vou saber quem ela é?”

“Oh, você já a conhece.” E com isso, a cabeça de Geta balança, e um pequeno ronco sai de sua boca aberta. Issak se levanta do chão e pega Getta da cadeira. Eu tiro os cabelos da testa e mais uma vez fico maravilhada com o quão enganosamente frágil ela parece.

“Vou mandá-la para você, Tecelã de Ligações”, sussurro para ela, e Issak levanta uma sobrancelha em questão para mim.

“Sim, eu descobri quem ela é. Foi quando ela tocou minha runa na primeira vez em que a conheci...” explico, passando um dedo sobre a runa na palma da minha mão que apareceu quando marquei Siah. “E o que ela nos disse hoje fez tudo clicar. Ela é uma das últimas, não é?” Eu pergunto a ele, e ele olha para mim por um momento antes de me dar um pequeno aceno de cabeça.

“Não se preocupe, o segredo dela está seguro comigo”, digo a ele baixinho, e então me viro e sigo meus Escolhidos pela porta dos fundos.


25


Respirações pesadas e os roncos leves fazem serenata para mim enquanto eu abro o braço de Siah em volta da minha cintura e empurro a mão de Torrez do meu peito. Faço uma pausa quando Torrez resmunga algo sobre o pau chi e rola. Eu tremo com uma risada contida quando ele enterra a mão no cabelo de Valen e ronrona que é macio antes de estalar os lábios algumas vezes e cair em um sono profundo. Olhando em volta para a sala encharcada da noite da nossa suíte do castelo, tento não me sentir estranha pelo fato de estarmos aqui novamente em vez de na casa de Tok e Marn. Deslizando para fora do meu lugar nos colchões que foram unidos no chão da sala grande, vou na ponta dos pés até o banheiro para tomar banho.

Puxo as alavancas na parede que fazem a água fluir. O vapor flutua do jato depois de alguns minutos e verifico a temperatura da água com a mão. Eu ajusto as alavancas para torná-la ainda mais quente e passo sob o fluxo constante. O calor me envolve. Enquanto estou embaixo da torrente sufocante, espero que ela consuma a energia constante que desliza em minhas veias, mas tem o efeito oposto. Agora estou ainda mais acordada.

Eu me seco, me visto e balanço meus membros. Mesmo cansada, meu corpo e minha mente não se desligam por tempo suficiente para que eu descanse um pouco. Fiquei acordado a noite toda, ouvindo a respiração profunda dos meus Escolhidos enquanto eles dormiam. Imagens e vozes giraram em minha mente enquanto revivia tudo o que aconteceu hoje. Eu esfrego meu peito e o desconforto que sinto lá. Estou ansiosa e não consigo descobrir exatamente o porquê.

Pode ser essa situação em geral, ou talvez algo tenha acontecido em casa. Eu queria que meu telefone tivesse serviço para que eu pudesse ligar e verificar com todos. Estou ansiosa para ouvir as vozes das irmãs e ouvir Aydin e Evrin o que está acontecendo sem nós. Preciso ouvir a risada de Mave, checar Cyndol e ver se ela está pronta para um novo circuito.

A porta do nosso quarto range quando eu a abro, faço uma pausa e espero em silêncio para ver se acordou alguém. Ninguém se mexe, então eu aperto e a fecho atrás de mim com uma risadinha suave. Eu vou silenciosamente para Sorik e o quarto do meu pai. Abro a porta felizmente silenciosa e espio. Vaughn está dormindo na cama, ou presumo que ele dorme. Dizemos a ele para fechar os olhos e dormir, mas não sei se ele realmente faz. Sorik está desmaiado em uma cadeira, um livro no colo. Eu sorrio com a visão e saio do quarto.

Vou para o quarto que meus Escudos reivindicam, giro lentamente a maçaneta e a empurro. Ela dá um pequeno grito de protesto, mas a faca agora apontada para minha garganta é o que me faz parar no meu caminho. Nash percebe que sou eu e dá um suspiro. A espada curta desaparece e ele dá um passo para trás.

“Por que você está se esgueirando às três da manhã?” Ele exige em um sussurro.

Ele abre mais a porta para eu entrar, e eu vejo Enoch, Kallan e Becket em cadeiras posicionadas em frente à grande lareira em seu quarto.

“Eu estava checando vocês”, eu sussurro de volta quando entro no quarto.

“Como você sabe que horas são, afinal? Não consigo encontrar um relógio nem para salvar minha vida.”

“A luz das fadas pisca o número da hora em que você olha para ela”, ele me diz casualmente e fecha a porta atrás de mim.

“Sério?” Eu pergunto.

Eu me viro para o candelabro de parede ao lado da porta. Com certeza, ele pisca três vezes. Bem, merda, teria sido bom saber disso antes. Eu me aproximo deles e me empoleiro no braço da cadeira em que Kallan está sentado.

“Como diabos você sabe disso sobre as luzes? E o que vocês estão fazendo acordados?”

“Sauriel nos contou sobre isso quando passou aqui na noite de ontem”, responde Kallan.

Minhas sobrancelhas franzem. “O que ele queria?”

“Conversar conosco sobre Suryn, e ele meio que só queria nos conhecer, eu acho”, Enoch me diz com um encolher de ombros.

“Oh”, eu respondo, um pouco surpresa.

Olho em volta para todos eles, examinando a situação novamente. Becket está tenso e Kallan também. Enoch está inclinado para a frente em sua cadeira como se estivesse ouvindo algo com muita atenção ou talvez comunicando algo apaixonadamente. Nash parece relaxado, mas ele sempre parece assim.

“O que está acontecendo aqui?” Eu pergunto novamente, meu tom desta vez mais suspeito.

“Estávamos conversando”, diz Enoch enquanto se recosta na cadeira, a derrota irradiando na repentina queda de seus ombros.

“Ok”, eu respondo, insegura.

“Por que você não a informa, Enoch? Quero dizer, afinal, isso também a afeta. Vinna não deveria se pronunciar sobre tudo isso?” Kallan pergunta a Enoch, e a raiva em seu tom me pega de surpresa.

Estudo Kallan por um minuto e depois olho com expectativa para Enoch.

O que diabos está acontecendo?

Enoch passa a mão cansada pelo rosto. “Sauriel acha que o tribunal votará contra a ordem da Soberana de matar todos nós.” Ele faz uma pausa e depois não diz mais nada.

“E isso é uma coisa ruim?” Eu pergunto, perplexa porque haveria um problema com isso.

“Não, claro que não. Mas quando se isso acontecer, temos uma decisão a tomar” continua Enoch, e uma lâmpada se apaga na minha cabeça.

“Ah, ok, entendi.”

Todos ficamos quietos, e a incerteza e a tensão se instalam na minha nuca. Abro a boca para dizer algo e depois a fecho, as palavras de Getta ressoam em minha mente. Eu olho para o fogo bruxuleante por um minuto e engulo meus sentimentos sobre a situação. Kallan está certo no sentido de que isso me afeta, mas ele está errado quando diz que eu tenho alguma opinião sobre o assunto.

“Vocês fizeram os prós e os contras?” Eu pergunto baixinho.

Becket bufa e apoia os cotovelos nos joelhos. Ele embala a cabeça nas mãos e ri. “É basicamente o que estamos fazendo agora” ele me informa, e eu aceno com a cabeça.

“Devo ir?” Pergunto-lhes sem jeito, tendo a impressão de que talvez não seja bem-vinda nessa conversa. Eu sinto que estou me intrometendo, e isso é desconfortável pra caralho. Parte de mim quer saber exatamente os prós que Suryn poderia ter aos olhos deles, mas o lado lógico de mim está gritando que não é da minha conta. Afasto-me da poltrona e me levanto.

Enoch pula da cadeira ao mesmo tempo. “Não. Kallan está certo. Deveríamos estar conversando com você sobre isso também. Não vá embora.” Ele implora, e eu estou presa entre ouvi-lo e correr para a porta de qualquer maneira.

Nós olhamos um para o outro por um momento, e então eu lentamente afundo de volta no braço da cadeira de Kallan. Estranhamente, Enoch não parece aliviado. Ele, no entanto, parece seriamente nervoso enquanto também afunda nas almofadas da cadeira. Ninguém fala, e eu fico olhando para todos eles, sem saber onde é seguro para o meu olhar pousar.

“Por que isso parece tão fodidamente estranho?” Pergunto em um esforço para aliviar o clima e avaliar o que está acontecendo.

Nash e Becket me dão um bufo divertido e gratuito, mas Enoch e Kallan apenas ficam sentados olhando para o nada.

“Porque é tudo como um casamento arranjado e fodido, e nenhum de nós consegue entrar em um acordo sobre o que fazer”, responde Becket, e desta vez eu dou a ele uma risada sem humor.

“Bem, somos todos adultos aqui. Nós já passamos por algumas merdas juntos, e todos nos importamos um com o outro. Então, basta falar tudo. Esta sala é oficialmente um espaço seguro, e o que for dito aqui, ficará aqui”, ofereço.

“Porra, isso é estranho”, Kallan admite enquanto solta um suspiro. “Tudo bem, somos todos adultos e podemos ser maduros com essa merda. Estamos divididos meio a meio entre ficar com você ou pular do navio e ir com Suryn.”

“Não é um pulo do navio, pare de chamar assim”, Nash responde irritadamente.

“Talvez não para você, mas isso não significa que eu não possa me sentir assim”, Kallan retruca.

“Tudo bem...” Eu interrompo, vendo por que as coisas pareciam tão tensas quando entrei aqui. “Estou assumindo que Beck e Nash estão do lado de Suryn e você e Enoch estão do meu?” Eu consulto em um esforço para entender as coisas.

Todos ficam quietos novamente, e está claro que eu entendi errado a divisão.

“Becket e eu estamos do seu lado. Nash e Enoch estão do lado de Suryn.”

“Oh”, eu gorjeio, surpresa por essa informação. Olho para Becket, que meio que apenas olha para mim, e depois para Enoch, que não faz contato visual. Não tenho certeza de como me sinto sobre isso. Enoch era tão insistente antes que ele e eu éramos alguma coisa, e estou chocada que ele escolheria Suryn ao invés de mim.

“Você está chateada?” Enoch me pergunta enquanto olha para o fogo.

“Não... estou apenas confusa”, respondo honestamente. “Você tem se esforçado tanto para me convencer de que é um dos meus Escolhidos...” Eu paro.

“Sim, mas você está me dizendo que isso não parece bom para você. Eu posso ficar com você e ficar do lado de fora do que eu quero para sempre. Ou ir com ela e... quem sabe?” Enoch responde.

“E quem sabe?” Eu papagaio de volta em silêncio. “Ela acha que você é imundo. Que porra de relacionamento você acha que terá com ela?” Eu pergunto a ele, subitamente irritada e tentando entender o porquê.

Por que isso está me irritando?

“Você está chateada porque se importa ou porque não gosta de alguém brincando com seus brinquedos?” Enoch me responde como um tapa e eu recuo.

“Cuidado”, Becket adverte Enoch.

“Quando diabos eu tratei algum de vocês como brinquedos?” Eu exijo. “Eu não brinco com vocês e coloco no chão. Eu não engano vocês.”

“Você com certeza foi rápida em nos marcar como seu território”, diz Nash.

“Eu estava protegendo vocês. Ela tentou nos matar! Como diabos eu me tornei o bandido nesse cenário?”

“Você não é, mas eu não entendo por que você quer nos manter ligados a você, sabendo que não somos seus Escolhidos. Nós nunca poderíamos ter o que você tem com o seu pessoal se nos comprometêssemos com você”, explica Enoch.

“Eu não estou tentando forçar vocês a nada comigo, Enoch. Mas se você acha que Suryn vai fazer vocês de Escolhidos, acho que é ilusão sua. Ela nos odeia.”

“Sauriel acha que ela vai mudar de ideia”, defende Enoch.

Eu zombo: “Oh, ele acha?”

“O que isso significa?” Enoch exige.

“Olhe a porra da fonte. Você vai confiar cegamente no irmão de Adriel?”

“Eles não são nada parecidos, Vinna. Você não conhece Sauriel e não sabe nada sobre Suryn” ele defende.

“E o que diabos você sabe sobre ela, além de que ela pode levá-lo aonde você quer ir mais rápido do que eu?” Eu rosno para ele.

“O que diabos isso significa?”

“O que diabos você acha que isso significa, Enoch?”

“Vocês parem! Isso não está nos levando a lugar nenhum” Nash ordena.

“Bem, onde diabos você quer chegar com isso? Você quer minha permissão? Tudo bem, você conseguiu. Faça o que você quiser fazer, mas não vamos fingir que isso é algo que não é” eu estalo quando me levanto e me movo em direção à porta.

“E que merda é essa?” Enoch recua.

“Isso é sobre poder”, afirmo simplesmente. “Você não estava conseguindo isso de mim, e essa oportunidade é boa demais para deixar passar, não é, Enoch?”

Eu não espero ele responder. Saio do quarto e tenho que me impedir de bater a porta. Nossa suíte está tranquila e pacífica, exatamente o oposto de como me sinto por dentro. Estou fodidamente chateada e saio pela porta da frente sem pensar duas vezes. Os corredores do castelo são silenciosos, e há uma qualidade sonolenta no ar enquanto eu silenciosamente navego para longe dos quartos. Eu sinto que não posso fugir rápido o suficiente.

Eu quero gritar e bater em alguma coisa. Knox estava certo o tempo todo sobre Enoch. Mas, mesmo quando penso nessas palavras, elas parecem erradas. Há mais aqui, e simplesmente não estou vendo. Eu refaço o caminho que Suryn nos levou pela primeira vez. Se eu puder voltar para a sala do trono, então eu sei como sair do castelo. De lá, eu posso voltar para aquela instalação de treinamento. Talvez eles tenham substituído os postes que eu quebrei da última vez, e eu terei algo novo para quebrar. No pior cenário, vou encontrar uma árvore e apenas dar um soco nela.

Viro à esquerda e à direita, do jeito que me lembro, mas em vez de encontrar o lance de escadas que espero estar lá, me encontro em um corredor escuro. Esse é o mesmo caminho da última vez? Eu continuo. Talvez tudo pareça diferente à noite. Ando silenciosa e rapidamente até que a área comece a parecer um pouco mais familiar, ou talvez este lugar tenha pinturas a óleo semelhantes às outras partes do castelo que eu conheço.

Eu ando por mais vinte minutos antes de finalmente aceitar que estou perdida. Eu suspiro irritada e me viro para refazer meus passos. Faço uma pausa quando noto uma bola de fada se movendo lentamente em minha direção. Meu primeiro pensamento é que é Enoch ou um dos outros caras que estão me perseguindo, mas rapidamente percebo que eles não sabem como fazer luz de fada e não a usariam para guiar o caminho deles.

A inquietação explode dentro de mim, e eu deslizo de volta para um canto e ativo as runas que aumentam minha audição, visão e olfato.

“Apenas um dia ou mais, e então suas deliberações estarão completas”, explica uma voz masculina.

“E eles farão a coisa certa?” Uma voz feminina pergunta.

“O resultado não é tão certo quanto gostaríamos. Ela é próxima dos membros das Casas Antigas e tem uma contaminação no tribunal...” o homem se interrompe.

“Então, cabe a nós então”, declara a fêmea, e o homem dá um grunhido afirmativo.

“Resolva”, ela ordena, e arrepios formigam meus braços e pescoço.

“E sua sobrinha?” O macho pergunta.

“Eu deixei minha posição clara, e ela concordou, mas talvez seja hora de ela ir também. Nós sempre podemos culpar os vermes.”

Eles se aproximam, e quando eu vejo o rosto da Soberana, a raiva começa a infiltrar-se em minha alma. Ela vai tentar nos matar, independentemente do que o tribunal decidir. Ela desamarra o vestido nos ombros, e ele cai junto a seus pés. Ela está completamente nua no meio de um corredor onde alguém pode se deparar com eles. O homem, que eu não reconheço, canta sua apreciação e lambe os lábios.

“De joelhos”, ele a ordena, e ela solta uma risadinha irritante.

A Soberana faz o que ele mandou, e o macho desamarra as calças. Ele começa a acariciar seu pau quando a Soberana alcança entre suas coxas e começa a brincar consigo mesma.

“Eu disse para você brincar com sua boceta imunda?” Ele pergunta, aborrecimento tocando em seu tom. “Mova-se contra a parede. Eu vou foder sua cara. Quero dedos na minha bunda o tempo todo, você entendeu?”

A Soberana assente excitada e abre a boca. O homem resmunga, “Boa menina”, e então agarra seu cabelo bruscamente e enfia o pau na garganta dela. Desvio o olhar quando ela se aproxima e enfia a mão entre as bandas da bunda dele. Olho para o corredor na direção em que vim e me pergunto se eu continuar, vou encontrar uma saída ou acabarei em uma situação pior do que ouvir a Soberana gemendo e engasgando em torno do pau desse cara?

Olho para trás e me encolho. Ele segura o cabelo dela e está batendo com tanta força na boca que eu posso ouvir as bolas dele batendo no queixo dela. Parece fodidamente doloroso, e eu não tenho ideia de como ela não está vomitando com a quantidade de engasgos que está fazendo.

“Foda a minha bunda com mais força”, o macho exige, e ele coloca a Soberana contra a parede e martela em sua boca.

Ela deve fazer o que ele diz, porque ele começa a gemer e falar sobre seus peitos e sua boceta suja e todas as coisas que ele fará com eles mais tarde. Ele dura mais um minuto, e então os grunhidos que indicam que ele está vindo enchem o corredor.

“Lamba seus dedos até ficar limpo”, ele diz a ela, e eu tenho que lutar para não me engasgar agora. Desvio o olhar, não querendo que aquela imagem seja gravada em minha mente. Tenho certeza que isso vai me assombrar, apesar de tudo.

“Phip e Lanis acordam em uma hora”, eu a ouço dizer a ele, e ele zomba.

“Você quer que eu ou Thessa faça você gritar antes que seus Escolhidos acordem?”

“Ambos”, ela gargalha novamente, e ele a agarra pelos cabelos e começa a arrastá-la pelo corredor.

“Eu vou foder sua bunda enquanto ela lambe sua boceta, e então...”

Não ouço o que ele planeja fazer depois disso, enquanto libero a magia das minhas runas. Já fiquei traumatizada o suficiente por uma noite. Estremeço com sons e imagens que quero tirar da repetição do meu cérebro. Essa fêmea está fodida. Ela vai nos matar por nenhuma outra razão além de porque ela quer. Ela trai seus Escolhidos e seria a candidata perfeita para o próximo vídeo da Two Girls One Cup24.

Porra, inferno.

Tok e Marn falaram sobre a corrupção ser um problema aqui, mas vê-la bem na minha cara dessa maneira é brutal. A luz das fadas desaparece à distância, e conto até vinte antes de sair do meu esconderijo mergulhado nas sombras e refazer meus passos. Continuo olhando por cima do ombro, preocupada que alguém me veja.

Mãos se estendem para fora de uma alcova escura e me prendem nela. Chamo uma faca e dou um grito de volta quando uma mão aperta minha boca.

“Sou eu, Vinna”, Enoch sussurra no meu ouvido.

Eu bato um cotovelo ao seu lado, e ele grunhe e me solta.

“Que merda, Enoch, você me assustou!” Eu sussurro para ele.

Ele coloca um dedo nos lábios e eu imediatamente me enfureço mais silenciosamente.

“Não devemos estar nesta parte do castelo. Se alguém nos pegar, estamos fodidos”, ele me diz.

“Não brinca. Eu estava a caminho de me afastar daqui até você pular encima de mim.”

Enoch bufa baixinho e revira os olhos. “Eu não pulei em você, sua bebêzona.”

Eu o encaro, lembrando de repente por que estou andando pelos corredores a essa hora da noite.

“Não me olhe assim, Vinna. Nós dois dissemos algumas merdas, e nós dois vamos superar isso, porque é isso que amigos de verdade fazem.”

“Oh, então somos amigos? Nada mais de tentar me beijar ou conquistar seu lugar?” Eu sussurro com raiva de volta.

“É realmente isso, então? Você quer que eu te queira?” Ele sussurra de volta.

“Não.”

“Então o quê?”

“Eu simplesmente não quero que vocês me deixem”, digo a ele, a confissão um pouco surpreendente.

“Nós não estaríamos deixando você assim, Vinna. Ainda estaríamos na vida um do outro, nós simplesmente não seríamos amarrados por magia. A questão é Escudos versus Escolhidos, não Vinna versus Suryn. Você disse que éramos família, certo?” Ele me pergunta e eu aceno. “Isso não vai mudar”, ele me tranquiliza.

Inclino-me para trás e estudo o olhar azul-acinzentado de Enoch. “Você gosta dela, não é?” Eu pergunto a ele, a verdade em seu olhar me choca mais do que qualquer coisa. “Como?”

Enoch zomba e revira os olhos. “Eu não sei, como é que algum dos seus Escolhidos gosta de você?” Ele responde, e eu bufo.

“Eu sou fodidamente maravilhosa, quero que você saiba disso.”

Enoch sorri e balança a cabeça. “Não estou rabiscando o nome dela em todos os meus cadernos nem nada, mas quando ela me marcou, apenas aconteceu alguma coisa.” Enoch esfrega seu peito e eu dou uma exalada cansada. Penso na época em que marquei os caras. Fiquei em pânico e enlouqueci, mas também me senti bem dessa maneira estranha e inexplicável.

“O resto do seu clã sabe?”

“Sim. Eles sentiram um puxão, mas Nash é o único além de mim, que parece interessado em explorar o que isso significa.”

“O que Kallan diz?”

“Que você nos marcou primeiro e que tinha que haver uma razão para isso. Ele acha que se seguirmos a rota dos Escolhidos, estaremos traindo você.”

Eu aceno distraidamente enquanto ouço. “E Becket?” Eu pergunto, não tentando mascarar meu choque que ele fique do meu lado depois do que aconteceu com seu pai.

Enoch sorri como se pudesse ler minha mente e também ficou surpreso. “Eu acho que ele apenas gosta de você mais do que Suryn”, ele me diz com um sorriso.

“Bem, isso não é exatamente difícil quando ela é um pesadelo e eu sou...”

“Fodidamente maravilhosa?” Enoch acrescenta, e nós dois rimos.

“Não há muito que eu possa fazer sobre Becket reconhecer que eu sou mais divertida do que Suryn poderia sonhar em ser”, digo a Enoch e dou uma olhada exagerada no meu cabelo. “Mas eu vou falar com Kallan. Se todos vocês estão atraídos por ela e é isso que vocês querem, então é isso que deveriam ter.”

Enoch me puxa para um abraço.

“Obrigado, Vinna”, ele sussurra e beija o topo da minha cabeça.

Eu o abraço com força. “Sinto muito por toda a coisa sobre poder. Eu realmente não acho isso” digo a ele e sinto que ele solta um suspiro.

“Está tudo bem, você não pode deixar de ser uma garota e ficar toda emocional e irracional às vezes”, ele brinca, e eu silenciosamente rio e belisco o seu lado.

Ele se contorce e depois me abraça com mais força. Volto a aperta-lo e congelo quando alguém que não sou eu ou Enoch limpa a garganta. Nós nos separamos com um choque e minha cabeça se move na direção do corredor a que esta pequena alcova está presa.

Porra! Não seja a Soberana. Não seja a Soberana.

O alívio toma conta de mim quando percebo que não é a Soberana. Mas é rapidamente substituído por uma quantidade decente de merda quando meus olhos se conectam com o olhar castanho-avermelhado de Suryn. A frase isso não é o que parece chega na minha garganta, mas antes que eu possa dizer qualquer coisa, ela dá um passo ameaçador em nossa direção.

“Esta área está fora do alcance de pessoas como vocês. Encontrem outro lugar para foder” ela rosna e depois sai.

Enoch hesita por um segundo. “Vá atrás dela”, digo a ele e o empurro na direção em que ela acabou de sair. “Está tudo bem, eu vou encontrar o meu caminho de volta”, eu o tranquilizo, e ele corre atrás do que parecia uma Sentinela muito irritada. Por outro lado, ela sempre parece assim, então quem sabe se ela realmente se importa com isso ou não? Saio da alcova escura e finalmente encontro o caminho de volta para um lado do castelo que reconheço. Não encontro mais ninguém e deslizo para dentro da suíte que nos foi dada no momento em que o sol começa a espreitar no horizonte. Caio no sofá com um suspiro.

Eu já posso dizer que este será um dia de merda.


26


Eu dou grande bocejo enquanto fazemos o nosso caminho para a sala do trono. Eu bato nas minhas bochechas em um esforço para acordar, mas outro bocejo começa no fundo da minha boca, e a resistência é inútil.

“Alguém por favor me ajude a acordar”, eu imploro enquanto tomamos nosso lugar na frente dos tronos.

Fomos convocados esta tarde pelo tribunal. Aparentemente, eles estão prontos para tomar sua decisão. O desconforto percorre-me, mas não parece suficiente para combater minha exaustão. Estou muito menos nervosa por isso do que eu pensei que estaria. Tenho certeza que isso tem a ver com o que ouvi da Soberana. Ela nos quer mortos, não importa o quê. O pedido provavelmente virá hoje, pelo menos é o que eu espero.

Penso em nossa conversa esta manhã com Tok e Marn.

“Se a decisão for a favor da Soberana e contra você, não lute. Eles esperaram por isso e eles vão ter medidas prontas que você não verá”, diz Tok, seu rosto urgente e seu tom crítico.

“Eles a levarão e aprisionarão até que possam tomar todas as providências necessárias para transformar suas mortes em um espetáculo”, acrescenta Marn.

“E se ela não fizer isso?” Eu pergunto. Sabendo a minha sorte, esta será a única vez que ela se desvia do protocolo e nos matará na hora.

“A Soberana governa pelo medo. Ela precisa manter as pessoas com medo de pessoas de fora e umas das outras para que não a olhem de perto. Ela não perderá a oportunidade de mostrar a Tierit os grandes intrusos que ousaram atacá-la e foram derrotados”, explica Marn.

“Então vamos em silêncio e depois o quê?” Valen pergunta.

“Vocês esperam que a gente tire vocês de lá”, responde Tok, olhando cada um de nós por sua vez. “Temos conexões e energia que não costumamos usar, mas faremos. Tiraremos vocês de lá e todos fugiremos. A Soberana pode enviar Sentinelas atrás de nós, mas não será alguém que não seja descartável para ela. Portanto, teremos uma oportunidade de revertê-los, ou tenho certeza que entre todos nós, eles podem ser cuidados.”

“O único problema é a barreira, mas temos algumas pessoas analisando isso enquanto falamos”, informa Marn.

“Não acho que a barreira seja um problema”, declaro.

Tok e Marn me encaram com curiosidade com uma pitada de ceticismo em seus olhares.

“Quando chegamos, fizemos algo com ela. Essa foi a luz brilhante que revelou que estávamos aqui. Se isso não tivesse acontecido, acho que vocês nem saberiam que a barreira havia sido quebrada até estarmos andando na cidade e anunciando de onde viemos e o que estávamos fazendo aqui. Não tenho certeza do que fizemos exatamente, mas sinto em meus ossos que seremos capazes de sair quando precisarmos” digo a eles.

Tok se recosta na cadeira e olha pela janela em contemplação. “Bem, espero que você esteja certa.”

Outro bocejo estalando me retira dos meus pensamentos, e eu rolo meu pescoço e tento convencer meu corpo de que ele precisa estar em alerta.

“Se você parar de bocejar, eu farei aquela coisa com o chocolate que você tanto ama”, Ryker se inclina e sussurra no meu ouvido.

Seu cabelo loiro na altura dos ombros faz cócegas na lateral do meu pescoço, e fico arrepiada quando suas palavras roçam minha orelha.

“Chantilly também?” Eu pergunto, a emoção agora percorrendo minhas veias.

“Claro. Vou me certificar de que esteja quente pra caralho e avassalador para todos os sentidos que você possui. E justamente quando você não aguentar mais...”

Eu gemo, cortando-o. “Não me provoque, Ryker.”

Ele ri. “Eu nunca faria, Squeaks. Vai ser tudo o que você anda sonhando e muito mais.”

Solto um suspiro sonhador que faz Ryker rachar novamente.

“Mas onde você vai arrumar os brownies?” Eu pergunto, minha água na boca.

“Eu tenho uma conexão com a cozinha”, ele sorri orgulhosamente.

“Ah, você tem? E como você fez essa conexão?”

“Bem, realmente temos que agradecer a Sorik e tecnicamente, Sauriel também.”

Olho para Ryker, agora de repente muito curiosa.

“Sauriel arranjou sangue para Sorik. A mulher que se ofereceu também trabalha na cozinha. Ela e Sorik iniciaram uma amizade, e ela mencionou que se houver algo que precisamos, só dizer para ela. Então, se eu fosse, digamos... pedir um sundae de brownie, então você, Squeaks, teria seu sundae de brownie.”

Eu olho fixamente nos seus olhos azul-celeste por um momento e então chego na ponta dos pés e o beijo. “Você é muito bom pra mim”, digo a ele contra seus lábios, e ele morde minha boca antes que eu me afaste e caia de pé.

A porta lateral se abre e entra um par de guardas, seguidos por Mote, Naree, Port, Wella e Sabin. Eles são levados para o lado da sala, e eles mal tomam seu lugar lá, quando um guarda se aproxima e anuncia a Soberana.

“Todos saúdem a Soberana Finella, Líder dos Marcados, Governante de Tierit, Salvadora do Sangue, Caminhante dos Reinos e Guardiã de Portões”, anuncia ele, e a porta lateral se abre novamente para apresentar uma grande demonstração de força.

Os guardas marcham em passo enquanto liderados por Tawv e Sauriel diante da Soberana neste momento. Percebo, enquanto os vejo subirem ao trono, que ninguém os apresenta com um título. Eles são claramente importantes, pois fazem parte deste Quórum de liderança, mas não tenho ideia do que eles realmente fazem. Eles são os freios e contrapesos para a Soberana? Penso nisso por um minuto e decido que parece exatamente o que testemunhei até agora.

Parece haver uma demonstração extra de força em torno da Soberana hoje, e eu fico tensa, imaginando se é porque ela está esperando problemas ou está prestes a causar eles.

Seu vestido é rosa claro, mas sua palidez mortal e cabelos brancos brilhantes fazem com que ela pareça desbotada, independentemente da cor que ela esteja vestindo. Mais uma vez, possui fendas, das quais os Sentinelas parecem ser grandes fãs e o material é muito fino. Não é transparente, mas bem perto. Coloque essa mulher na frente de uma janela ensolarada e você provavelmente poderá ver os pelos pubianos dela.

Ela sobe as escadas para o trono e estende a mão para tocar sua coroa, como se estivesse se certificando de que ainda está lá, enquanto ela se senta. Suryn entra pela porta lateral a seguir, e eu engasgo quando vejo que ela está com um vestido fino também. Eu só a vi com roupas pretas de armadura que todos os meus homens e eu agora estamos usando, e isso me choca pra caralho vê-la parecendo tão completamente diferente.

Ory passa atrás dela e os dois ocupam seu lugar no lado oposto da sala de onde o tribunal está. Um baque ressoa pela sala quando a porta lateral é fechada. O barulho se acalma lentamente, e todos esperamos a Soberana falar. Ela leva o seu tempo como se não estivesse com pressa, ou mais provavelmente só gosta de deixar claro quem está no controle aqui.

Uma imagem do homem do corredor empurrando sua boca com tanta força e profundidade que lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela engasgava, enchem minha mente. Eu pisco e mentalmente a afasto. Ugh.

“Fui informada de que o tribunal tomou uma decisão, está correto?” A Soberana pergunta.

Ela olha para eles, com foco concentrado em Mote e Port especificamente.

“Sim”, Naree anuncia com um aceno de cabeça.

A Soberana e ela se entreolham por um momento antes que a governante dos Sentinelas pergunte irritada: “Bem, o que é então?"

“Nós unanimemente ordenamos contra a ordem da morte”, declara Naree, e a Soberana estreita os olhos.

A decisão soa em meus ouvidos, e eu estou além de atordoada. Eu sei que Enoch disse que Sauriel pensou que isso seria a nosso favor, mas eu tinha certeza de que estávamos fodidos. Minha respiração fica curta e eu tenho que me concentrar em puxar ar suficiente.

“Por unanimidade?” Pergunta a Soberana.

“Sim, por unanimidade”, responde Naree.

“Muito bem, então, eu a demito de seu serviço no tribunal e colocarei a responsabilidade a seus pés se esta decisão for tão catastrófica quanto eu suspeito que será.”

“Soberana Finella, isso é desnecessário”, adverte Tawv, e ela olha para ele.

“Não, o que é desnecessário é você colocar o povo da Tierit em risco para obter seu próprio ganho político”, ela retruca.

Tawv ri. “Você está confusa? Exatamente o que eu faria com qualquer nível de ganho político? Eu não sou o próximo da fila. Ou melhor, aquele cujo aperto está escorregando da coroa. Eu mantive as leis como estão escritas. O tribunal tomou sua decisão com base em fatos e razões, que, ouso dizer, servirão ao povo muito melhor do que decisões baseadas em insegurança e medo. Ela é uma poderosa Sentinela Perdida que acaba de voltar para casa, e nós precisamos dela.”

“Caralho”, ouço Knox sussurrar atrás de mim, e eu não poderia concordar mais.

Nota para mim mesma, dar um soco de punhos com aquele herói de olhos assustadores mais tarde pela bofetada verbal que ele acabou de entregar à Soberana.

“Como você se atreve”, ela sussurra para ele, empurrando seu trono para se elevar sobre ele, sua pele pálida ficando mais vermelha a cada momento.

“Não. Como você se atreve” ele rosna de volta, subindo do trono e forçando-a a olhar para ele.

Nossos olhos saltam da Soberana para Tawv, esperando para ver quem dirá algo a seguir. A sala inteira parece prender a respiração. É agora? Eu penso enquanto inspeciono a sala. É agora que ela fica tirana e tenta matar todos nós? Com certeza parece que está indo nessa direção. A tensão preenche todas as minhas células. Minha magia está pronta para invocar o que eu precisar em uma luta, mas eu acalmo minha sede de sangue. Todos nós apenas assistimos e esperamos.

Fico surpresa quando a Soberana se vira e sai da sala. A grande porta bate atrás dela, e os guardas lutam para segui-la depois de sua retirada apressada.

“Constrangedor”, Bastien canta calmamente atrás de mim, e eu tenho que morder minha língua para não rir.

Sacudo a tensão e a necessidade de ação dos meus membros e ouço os passos irados da Soberana do outro lado da porta. Juro que posso ouvir a promessa de você não viu tudo de mim ainda no ritmo dos passos dela.

“Tribunal”, a voz quente de Tawv quebra o silêncio desconfortável. “Agradecemos por seu serviço e o dispensamos de volta às suas vidas.”

Naree, Mote, Port e Wella dão-lhe um aceno e, surpreendentemente, olham para mim e colocam os punhos sobre os bíceps. Choques surgem em mim e, a julgar pelos suspiros que ecoam pela sala, eu não sou a única. Nenhum deles espera que eu responda de alguma forma antes de se virar e sair pela porta da frente. Eu os assisto ir, em conflito com o que diabos aconteceu.

Eu me viro, meu olhar interrogativo em busca de Tawv, mas encontro Suryn. Ela olha furiosa para mim, cada centímetro de sua fúria radiante, e isso envia espinhos de aviso por todo o meu corpo. Ory entra na minha linha de visão e sussurra algo para ela. Não sei dizer o que ele diz, mas seja o que for, é suficiente para tirá-la do nosso pequeno concurso de encarar. Suryn acena com a cabeça uma vez para Ory, e então ambos saem correndo exatamente como a Soberana fez.

“Bem, isso foi divertido”, brinca Valen. “Levante a mão, se você é a favor de sair desse lugar antes que eles mudem de ideia.”

Minha mão se levanta sem hesitar, assim como todas as mãos dos meus Escolhidos.

“Na verdade”, interpela Tawv. “Para sair, você precisa ter permissão do órgão governante.” Ele gesticula em direção à porta lateral. “Eu não teria pressa em pedir a ela algum favor”, acrescenta.

“Tudo bem então”, digo a ele simplesmente, e ele estreita os olhos para mim, suspeitando da minha falta de argumento.

“Não estou dizendo que você fisicamente não pode sair, a barreira não permitirá, a menos que ela conceda acesso” reitera Tawv, com o rosto cheio de preocupação.

Eu o encaro por um momento, lendo a preocupação em seu rosto e decido deixá-lo por dentro da nossa possível vantagem.

“Na verdade, tenho certeza de que reivindiquei sua barreira quando passei, então acho que ficaremos bem”, explico, meus olhos cheios de segurança e confiança.

“Isso não é possível”, argumenta Tawv.

“Vi com meus próprios olhos, amigo”, eu rebato. “Todos nós nos iluminamos como supernovas e...”

Eu paro, não querendo falar sobre o que aconteceu com a runa em nossas mãos e como eu drenei meus Escolhidos, fazendo o que fiz com a barreira. Eu sei que Tawv nos levou para ver Getta em primeiro lugar, e ele pode ser amigo dela. Mas estou levando a sério o aviso de Getta para manter a boca fechada sobre isso para todos. Eu congelo quando algo me ocorre. Eu rapidamente reproduzo esse momento em minha mente novamente e adiciono a trilha de Getta que explica como tudo funcionou.

“Vocês podem puxar e dar magia à vontade um para o outro. Cada membro dos seus Escolhidos poderá compartilhar suas habilidades quando esta runa for ativada.”

Tawv diz algo para mim, mas não consigo me concentrar por causa da realização que está acontecendo na minha cabeça agora.

Puta merda, poderia realmente ser isso?

Eu me viro para Ryker, meus olhos cheios de alegria e choque. “Acho que sei como podemos consertar meu pai.”

Seus olhos se voltam para os meus. “O quê?” Ele pergunta, seu tom tão estagnado quanto o meu.

Tawv ainda está falando sobre algo, e eu o interrompo. “Ok, sim, nós vamos fazer isso. Temos que ir... tirar uma soneca. Sim, dormi como uma merda ontem à noite, então cochilos para todos. Vamos colocar um lembrete nisso e retomar a discussão mais tarde. Tudo bem? Ok, tudo bem.” E com isso, eu me viro e corro para a porta.


27


Eu corro para o nosso quarto, e não demora muito para que os caras estivessem bem atrás de mim.

“Vinna, o que está acontecendo?” Ryker pergunta enquanto corre para me alcançar.

“Sou a favor de uma boa perseguição, mas essas corridas estão ficando sem graça”, resmunga Torrez.

“Vou explicar quando chegarmos ao quarto. Não precisamos de ouvidos extras” digo por cima do ombro e, felizmente, todo mundo mantém suas perguntas para si até chegarmos ao quarto.

Escolhidos e Escudos entram pela porta da suíte e, assim que eles fecham a porta, eu invoco uma barreira para impedir que alguém escute ou olhe para dentro. A barreira laranja-amarela reveste o chão, rasteja pelas paredes, e colore em todo o chão. Assim que estamos envoltos, perguntas surgem em meu caminho.

“Ok, esperem” , eu ordeno. “Eu vou explicar.” Espero que todos se aquietem, depois respiro fundo e começo a andar enquanto explico.

“Siah, quando estávamos dirigindo para o complexo de cavernas de Adriel, você me contou sobre como os lamias são feitos.”

“Certo”, ele concorda, seu tom perplexo.

“Você disse que nem todo mundo pode fazer isso, porque você tem que drenar a outra pessoa da sua magia sem sobrecarregar a si mesmo e se matar, e então você precisa alimentar sua magia de volta na pessoa sem se drenar demais, o que também resultaria na sua morte.”

“Sim, está certo”, ele confirma.

“Bem, quando Adriel tentou transformar Vaughn, ele não tinha magia suficiente para completá-lo. Provavelmente porque Vaughn é um Sentinela, e se a fonte dele é parecida com a nossa, é enorme. Levaria uma tonelada de magia para concluir o processo, e Adriel não tinha isso nem em seus melhores dias. Mas adivinha quem tem?” Eu pergunto a eles.

Estou muito empolgada para esperar que alguém adivinhe, então me apressei e resolvi o mistério. “Nós temos”, digo a eles como um mágico que está criando um truque alucinante.

“Espera. O quê?” Becket pergunta.

“Getta disse que quando ativamos esta runa” levanto minha mão e aponto para os seis diamantes em círculo na palma da minha mão “poderíamos compartilhar magia. Podemos puxar um do outro ou empurrá-la um para o outro. Isso significa que poderíamos enviar a caralhada toda de mágica que meu pai precisa para completar sua transformação usando isso.” Eu aceno minha mão para todos e assisto o que estou ser absorvido por eles.

“Pode dar certo”, diz Sorik, saindo do quarto e entrando na conversa. “Mas estamos assumindo que é o que há de errado com Vaughn, que ele está preso na transição de alguma forma.”

“Mas o que mais poderia ser?” Eu pergunto, minha esperança esvaziando um pouco. “Ele ficou assim depois que Adriel tentou transformá-lo. Estar preso na transição não é a conclusão mais lógica?”

“Talvez, Squeaks, mas pode ser porque ele também é um Sentinela. Lamias podem ser transformados em Sentinelas, mas talvez os Sentinelas não possam ser transformadas em lamias. Pode ser isso”, Ryker me diz.

“Vale a pena tentar, você não acha?” Valen pergunta a Ryker.

“Quero dizer, se não funcionar, não funcionou, mas pelo menos tentamos”, acrescenta Bastien, concordando com seu irmão.

“Mas e se isso puder nos machucar? Nenhum de nós sabe quanta energia seria necessária para concluir a transição de Vaughn para um lamia. Mesmo se conseguirmos, isso pode esgotar todos nós. Estaríamos vulneráveis em um momento que realmente não podemos nos dar ao luxo de estar vulneráveis. E se a Soberana vier para nós?” Pergunta Sabin.

Todos ficam quietos enquanto pensam sobre a tonelada de merda de que acabei de despejar em cima deles. Meu coração acelera, mas a porra da esperança já me causou problemas muitas vezes para que eu a seguisse cegamente.

“Então, seremos espertos quanto a isso. Montaremos barreiras em torno de nós, e nós não pressionaremos mais do que quando atravessamos para Tierit e alteramos a barreira. Vocês ficaram desmaiados por cerca de três horas. Enoch, Kallan, Becket, Nash e Sorik podem cuidar de nossas costas por esse tempo”, proponho.

“Então, o que faríamos?” Siah pergunta hesitante, e tento respirar fundo e me acalmar. Isso vai acontecer. Eu posso sentir isso, mas não posso me deixar levar pela emoção até que funcione.

“Impulsionaríamos nossa mágica em você e você empurraria em Vaughn.”

“E é isso?” Consultas Knox.

“E é isso”, confirmo. “Siah terminaria a transformação com a nossa ajuda.”

“Isso é seguro para Siah?” Kallan pergunta.

“Eu nunca faria nada para machucar nenhum de vocês”, eu defendo.

“Eu sei que você não faria algo propositalmente, mas você não disse que se ele tiver muita magia ou muito pouca, ele poderia morrer?”

“Isso foi antes, no entanto. Ele é Escolhido agora. Ele é um híbrido lamia Sentinela que pode compartilhar magia comigo e com seus associados. Deve haver risco zero. Pelo menos para ele.”

“Então, e se Vaughn precisar de mais magia para curá-lo do que a barreira, e aí?” Nash pergunta.

“Eu não sei. Não saberemos o que pode ou não funcionar sem tentar.”

“Então, devemos tentar drená-lo novamente e começar o processo de novo ou apenas empurrar magia nele e ver se algo acontece?” Valen pergunta.

“Acho que devemos colocar magia nele e ver se isso cura sua mente o suficiente para tirá-lo desse estado catatônico”, propõe Sorik, e eu aceno com a cabeça concordando com ele.

“Então, queremos fazer isso agora ou esperar até depois de sairmos daqui?” Perguntas Sabin.

Mentalmente, tento pesar os prós e os contras de tentar isso agora versus esperar. Talvez seja estúpido insistir nisso agora com tudo o que está acontecendo ao nosso redor, mas eu sinto que precisamos tentar e agora é a hora de fazê-lo.

“Sinto que agora é a melhor opção”, digo a eles. “Enoch, Becket, Nash e Kallan, vocês ficariam bem em ficar de guarda, caso algum de nós desmaie por um tempo?” Eu pergunto.

Eles acenam com a cabeça e Becket imediatamente começa a criar barreiras adicionais ao redor de nossa suíte.

“Bem, tudo bem então, vamos ver se isso funciona”, anuncia Torrez, e ele se levanta do assento no sofá e caminha até o quarto de Vaughn e Sorik.

O resto dos meus Escolhidos segue Torrez, e o nervosismo goteja através de mim enquanto eu vou atrás deles. Vaughn está sentado em uma cadeira, olhando para a lareira vazia, e a ansiedade começa a roer meu intestino. E se isso não funcionar? E se funcionar? O que acontece depois? Ele saberá o que está acontecendo, estará ciente de tudo o que perdeu ou mudou ao seu redor?

Sinceramente, não sei o que seria pior, ele estar preso lá o tempo todo ou acordar de tudo isso como se estivesse dormindo enquanto tudo acontecia. E se ele não souber que Grier se foi? Meu coração está doendo e minha mente gira com todas as infinitas possibilidades. Por um breve momento, me pergunto se seria melhor deixar as coisas como estão. Acordá-lo pode ser devastador, mas eu afugento esse pensamento e espero que, se isso funcionar, ele possa superar tudo o que aconteceu.

Eu limpo minhas palmas de repente suadas nas minhas calças blindadas enquanto Sorik instrui Vaughn a ir para a cama e deitar-se. Estou estranhamente consciente da minha respiração enquanto Vaughn faz como foi mandado, e sinto que meu coração vai bater fora do meu peito. Eu digo a ele para se acalmar, porra. Isso pode não funcionar. Há também a possibilidade de que, se acontecer, eu poderia estar mergulhando de cabeça em outra situação como a do Lachlan.

Peço ao meu coração que pare com a esperança, mas cada batida é preenchida de qualquer maneira.

“Ok, todos já estão prontos?” Siah pergunta.

Ele revira o pescoço e sacode a energia ansiosa dos braços. Fico tentada a imitá-lo quando meu corpo começa a cantarolar com a adrenalina. A palma da mão de Bastien acende quando ele ativa as seis runas circulares de diamante. Lentamente, um por um, cada uma das palmas das mãos acende. Um brilho azul enche a sala e parece que todos estão prendendo a respiração e esperando para ver o que acontecerá a seguir.

Siah me observa enquanto eu ativo minha runa, e então a palma de sua mão acende com a mesma estranha luz azul.

“Eu nunca transformei ninguém antes”, ele admite, olhando para Sorik em busca de ajuda.

“Você sabe quando está se alimentando e pode sentir algo dentro de você se agarrar à força do sangue?” Sorik pergunta.

Siah assente e olha para mim rapidamente antes de olhar para Sorik.

“Você fará isso, mas em vez de puxar o poder para dentro de você, você o empurrará ainda mais. Você continuará fazendo isso até Vaughn estar cheio. Se funcionar, ele deve acordar um lamia e com fome.”

“Tudo bem,” Siah concorda, e então rápido como um raio, ele corta o antebraço de Vaughn.

Minha reação inicial é proteger Vaughn de mais lesões, e tenho que me convencer a não reagir da maneira que meus instintos estão gritando para que eu reaja. Ele está bem, Vinna. Siah precisa do seu sangue. Você ia preferir que ele mordesse ele, sabendo o que isso pode fazer? Eu rolo meu pescoço e abro e fecho meus punhos, em um esforço para recuperar o controle de mim mesma.

Siah se concentra na linha de sangue que se infiltra do arranhão, e é como se o tempo parasse. Não sinto nada a princípio, mas depois de dez minutos, começo a sentir pequenos puxões bem no meio do peito. O tranco é suave, e mesmo que eu não possa ver fisicamente nenhuma evidência da magia que Siah está empurrando em Vaughn, eu posso imaginar isso em minha mente. Imagino que haja um fluxo constante de luz azul correndo das mãos de Siah para o peito de Vaughn. Eu posso imaginar Vaughn cheio até a beira e depois se sentar, ofegando por ar.

Sorik observa Vaughn e Siah de perto, e eu me pergunto o que está acontecendo em sua mente. Ele está tão embaraçado por emoções conflitantes quanto eu?

Torrez cai primeiro. Meu coração bate com alarme, mas Sorik chega até ele antes que ele possa desmoronar todo o caminho até o chão. Sorik deita-o gentilmente e sussurra algo que eu não consigo entender. Knox é o próximo, e então Sabin. A preocupação começa a me consumir e um por um, Siah drena cada um deles, e ainda não há indício de que isso esteja funcionando.

“Eles estão bem, apenas dormindo como antes”, Sorik me tranquiliza.

Concordo e tento convencer meu coração de que tudo ficará bem.

Bastien e Valen parecerem estar com dor, enquanto eles estão lutando contra o que todos nós sabemos que é inevitável. Bastien resmunga, e a próxima coisa que sei é que Sorik está posicionando os dois gêmeos no chão. Caio para a frente e agarro na lateral da cama para me impedir de ir até o fim. Eu não sinto que vou desmaiar, mas o puxão no meio do meu peito ficou infinitamente mais forte. Eu sinto que alguém acabou de me fisgar e está tentando me arrastar através da água até eles.

Ryker oscila e eu me preparo para o aumento da intensidade do puxão mágico quando ele cair.

“Vinna”, Ryker me chama entre dentes. Meus olhos se voltam para os dele. “Invoque as runas que Siah lhe deu. Eu acho que elas podem curar. Enlace ela a sua magia e veja se isso ajuda”, ele me diz, e então está pronto para cair.

Eu suspiro quando o arpão no meu peito dá outro puxão forte, e então faço o que Ryker sugeriu. Ativo as runas no meu ombro direito que a mordida de Siah deixou.

Eu sinto que alguém me deu um tapa na cara com um raio. As runas que eu acabei de ativar disseram deixa comigo enquanto empurravam o arpão para fora do meu peito, quebraram minha caixa torácica ao meio e abriram cada lado como opulentas portas francesas. O poder explode de dentro de mim como se eu fosse um maldito Ursinho Carinhoso, cerro os dentes e tento me manter firme. Olho para mim mesma e vejo que minha pele ainda está apenas beijada pela estranha luz azul da runa na minha mão e ombro, mas sinto que estou iluminada como o sol agora.

“Ele está quase”, Sorik anuncia, e Siah inclina o queixo, os dentes também se apertam com a força da magia que agora estou alimentando nele.

Eu começo a ofegar. Meu interior começa a parecer como sol quando uma chama profunda começa no meu peito e vai até os meus membros. A queimação se torna abrasadora e a dor irradia através de tudo o que sou. Eu cerro meus dentes e resisto a ela enquanto continuo empurrando tudo o que tenho para Siah. Ele rosna e uma gota de sangue sai do seu nariz. Seu rosto está cheio de tensão e agonia, e eu sei que meus traços refletem exatamente a mesma coisa. Um lamento começa no meu peito enquanto eu continuo empurrando meu poder para dentro de Siah. Dói, mas estamos tão perto.

Isso vai funcionar? Porra, por favor, faça funcionar, eu imploro enquanto queimo de dentro para fora, meu lamento à beira de um grito. Eu solto meu apelo para flutuar no universo e, assim que faço, Siah desconecta sua runa e suas pernas cedem. Como um elástico do inferno, a magia que eu estava derramando em Siah se volta para mim e sou martelada pela força disso. Eu suspiro e depois grito pelo impacto, e a próxima coisa que sei é que tudo fica preto.


28


Abro meus olhos e olho contra o sol brilhante que entra pelas janelas. Meus Escolhidos ainda estão dormindo ao meu redor, e não tenho certeza de por quanto tempo estamos apagados. Eu me arrasto para fora da cama e pressiono magia de Cura em cada um deles, mas todos parecem estar bem, exceto por toda a coisa de estarem inconscientes. Vou para a sala principal e Kallan e Becket saltam dos sofás.

“Ela acordou”, anuncia Kallan, e então os dois se tornam galinhas-mãe pairando sobre mim.

“Como você está se sentindo?” Becket pergunta ao mesmo tempo em que pergunto: “Quanto tempo fiquei fora?”

“Cerca de dezessete horas agora”, anuncia Nash da porta do quarto de Vaughn e Sorik.

Minha frequência cardíaca dispara como um cavalo galopando enquanto tento ver Nash entrando na sala. Meu olhar esperançoso recai sobre Nash, a pergunta clara no meu olhar.

Nash balança a cabeça e tudo em mim cai.

“Nada?” Eu pergunto, minha voz falhando de emoção.

Eu tinha certeza de que isso ia funcionar. Parecia tão certo quando fizemos.

“Ele não acordou, ele parece estar dormindo profundamente e não responde às instruções como antes.”

As palavras de Nash parecem uma marreta no meu coração. Cada sílaba pulverizando o que eu esperava que acontecesse. Nós não o deixamos melhor, nós o fizemos fodidamente pior. Afasto-me deles. Eu engasgo com a aceitação que sei que preciso engolir, mas odeio tanto o gosto do caralho.

Eu realmente pensei que iria funcionar.

Eu olho para eles e depois ao redor da sala. Eu não posso estar aqui agora. Eu preciso sair!

“Vou dar uma corrida”, anuncio, e então saio da sala e tento me afastar da minha decepção o mais rápido possível.

“Vinna, espere”, diz Enoch, mas eu preciso sair daqui.

“Apenas cuidem dos meus Escolhidos, ok? Por favor” imploro e saio pela porta antes que mais alguém possa dizer outra palavra.

O sol brilha através das janelas que alinham o corredor, e eu facilmente encontro as escadas que levam para baixo e para fora desse maldito castelo inútil. Se eu dirigisse o show aqui, esse lugar seria a primeira coisa que eu derrubaria. Eu construiria uma casa que fosse normal e funcional e não tivesse ostentação vomitada em cada centímetro quadrado. Foda-se a Primeira Casa e todos esses imbecis velhos que pensam de alguma forma que suas opiniões e sangue importam mais do que qualquer outro Sentinela dentro dessa barreira.

Vou para o centro de treinamento que usei no outro dia e mais uma vez gostaria de estar em casa na minha academia com uma esteira que não desiste e todo tipo de equipamento que se possa imaginar. Paro no meu caminho quando encontro Ory solitário nas portas que dão para a instalação. Ele parece um pouco surpreso ao me ver, mas disfarça rapidamente, assim como todas as outras emoções que esse cara mostra.

Nós dois ficamos de pé e nos encaramos por um momento até que ele parece tomar algum tipo de decisão e se afasta. Pego nas maçanetas das portas da entrada e passo por ele cautelosamente. Não sei ao certo qual é a dele, mas honestamente, do jeito que estou me sentindo, eu estaria disposta a fodê-lo de uma vez por todas, se ele tentar alguma coisa. Entro na instalação e não escuto nenhum sinal revelador de que mais alguém esteja aqui como ouvi da última vez que vim.

Ótimo. Hora de destruir tudo.

Começo a me esticar e soltar meus membros. Depois de enviar um bocado de magia Elemental para o meu telefone, eu o ligo e coloco " Can You Feel My Heart", da Bring Me the Horizon, deixando as letras me gritarem em ação. Entro nas instalações do estilo arena e começo a elaborar um circuito que eliminará a frustração. No momento em que estou prestes a começar, alguém cai do alto do muro alto que tenho certeza de que eles usam para praticar voo. Ele pousa e começa a correr para o próximo obstáculo quando me vê e para no meio do caminho.

Eu gemo, irritada, quando olhos castanhos encontram os meus. Que se foda a minha vida. Claro que essa cadela Suryn está aqui.

Eu deveria saber agora que Ory é praticamente seu guarda pessoal. Onde um estiver, você encontrará o outro.

“Como você entrou aqui?” Ela exige.

“Seu namorado me deixou entrar.”

Ela estreita os olhos para a palavra namorado. “Saia”, ela comanda, e se vira e se move na direção de qualquer rotina que esteja executando, como se apenas esperasse ser obedecida.

“A menos que você tenha outro lugar erguido em algum canto da cidade onde eu possa me exercitar, ficarei bem aqui, mas obrigada.”

Ela fica rígida e depois gira. Suas narinas se abrem de raiva e, por alguma razão, eu realmente gosto disso. É bom atingir essa pirralha arrogante.

“Eu disse para sair”, ela ordena novamente.

“E eu disse que não”, rebato.

“Eu sou a segunda na fila da Soberana, e eu lhe dei uma ordem”, ela rosna.

“Eu sou a primeira da fila e não dou a mínima. Eu não sou sua para comandar. Este lugar é grande o suficiente para nós duas. Você fica fora do meu caminho, e eu vou ficar fora do seu.”

Suryn dá um passo ameaçador em minha direção, e é óbvio que ela está furiosa. “Quem você pensa que é, rompendo nossas fronteiras, valsando aqui como se fosse dona alguma coisa, manchando tudo com sua presença?” Ela ferve.

“Antes de tudo, eu não danço valsa, é impossível fazer isso parecer fodão. Em segundo lugar, pelo que eu ouvi por aí, é a minha linhagem que está devendo um tempo na Soberanisse. Você pode ver manchas, mas, vadia, eu vejo um brilho, e este lugar precisa desesperadamente de um choque de realidade.”

“Oh sim, sua realidade, onde abrir suas pernas para imundice é para o bem comum, certo?”

Eu balanço minha cabeça para ela, merda de lavagem cerebral. “Cuidado, Suryn, porque sua magia parece realmente gostar dessa sujeira a que você continua se referindo. Foi muito rápida em reivindicar os primeiros machos dignos que podia. Muito desesperada?”

Ela dá outro passo em minha direção. “Você vai sair, ou eu vou ter que fazer você sair?” Ela ameaça e eu rio.

Eu corro meus olhos sobre seu corpo, avaliando-a. Ela é um par de polegadas mais baixa que eu e não tão musculosa, mas eu sei que ela é boa em armas, e a cadela pode voar.

Parece divertido.

“Vamos lutar por isso”, eu desafio.

“Feito”, ela concorda, e com isso, ela fecha os quinze pés de distância entre nós em um salto mágico.

Porra, eu realmente preciso aprender essa coisa sobre voar.

Ela desliza para mim com uma katana enquanto aterrissa, e acho que isso responde minha pergunta sobre o uso de armas. Inclino-me para trás, a lâmina cortando a armadura da minha blusa, e invoco minhas lâminas curtas. Cruzo-as em um X e depois as levanto em um arco, impedindo-a de tentar me cortar ao meio. Sua katana ricocheteia das minhas lâminas, e eu a chuto. Eu acerto um chute em seu estômago, e minha lâmina corta suas costas em uma linha limpa, enquanto ela é arremessada para frente com o impacto do chute.

Ela assobia e gira para longe de mim. Giro minhas espadas em minhas mãos e a deixo ir. Eu a circulo lentamente enquanto ela esfrega a mão nas costas e olha para os dedos sujos de sangue.

“Primeiro corte, você quer parar?” Eu olho com uma sobrancelha levantada.

Suryn ergue a própria sobrancelha altivamente e gesticula com a espada no meu peito. “Tente novamente, e você estará perdida.”

Olho para baixo e noto um corte sangrando na minha camisa na parte inferior das minhas costelas. Bem, merda, isso me ensinará a não me gabar.

Balanço a cabeça, divertida. Segundo round.

Invoco facas e começo a atirar nela. Ela as afasta com sua espada, e eu ganho a disputa de invocar magia Ofensiva. Eu revezo entre jogar lâminas e esferas para ela, e ela reveza entre conjurar escudos e rebater armas. Suryn claramente tem magia Elementar, daí a magia voadora e magia Defensiva, de onde vem os escudos. Eu questiono se ela tem ou não mais alguma coisa em seu arsenal mágico, quando o chão embaixo de mim vai de sólido a ondas semelhantes ao oceano.

Conjurando um disco de magia diretamente sob meus pés, eu faço o meu melhor para surfar as ondas enquanto atiro bolas de fogo nela. A água brota das mãos de Suryn, destruindo meu ataque, então eu congelo a água dela em pontas afiadas como punhais e as arremesso para ela. Uma das adagas de gelo arranha sua bochecha, mas não tenho tempo para comemorar o golpe, quando um poste quebrado vem em minha direção. Eu mergulho para desviar, mas o chão onde estou prestes a pousar se transforma em picos de rocha.

O ar vem ao meu chamado, e eu o uso para me afastar das pontas afiadas. Eu uso muita força e isso me faz girar, então empurro uma barreira ao meu redor para impedir que qualquer outra coisa me acerte enquanto tento encontrar meus pés. Então eu jogo outra barreira em seu caminho. Suryn voa para cima, evitando minha magia, e joga um machado em mim. Ele ricocheteia no meu escudo enquanto afasto a tontura que sinto por rodar daquele jeito.

Minha barreira se rompe com o golpe do machado, e a próxima coisa que sei é que Suryn está batendo em mim. Ela dá um soco no corte que ela me deu nas minhas costelas. Eu gemo de dor e a acerto com uma cotovelada depois a outra no seu pescoço e nos ombros. Ela me apunhala com algo, e posso dizer imediatamente que ela atingiu um pulmão. Ela tenta voar para longe de mim quando eu conjuro outro punhal.

Oh não, você não vai!

Um chicote aparece na minha mão e eu o bato nela. A magia trançada envolve seu pescoço, e eu a puxo de volta para o chão. A poeira se espalha ao seu redor quando ela cai no chão com força e um ruído doloroso. Suryn se contorce no chão, e eu posso ver que ela está lutando para recuperar o fôlego.

Bem, isso faz duas de nós.

Olho para baixo e vejo uma adaga longa e fina enfiada entre as minhas costelas. Eu puxo com um grunhido. A adaga sai do meu alcance, e eu olho para ver Suryn tentando se levantar, me olhando com um sorriso satisfeito. Tiro a camisa para ver quão ruim é, mas percebo como é difícil respirar e desagradável. Felizmente para mim, Ryker me ajudou a descobrir o que as runas de Siah fazem. Eu ativo suas marcas de mordida no meu ombro direito e olho para Suryn com um grande foda-se no meu sorriso.

Seus olhos se arregalam quando meus dois ferimentos se entrelaçam na frente dela. Respiro fundo enquanto minha magia cura os danos no meu pulmão e nos músculos e tecidos circundantes. Eu limpo o resto de sangue do meu lado. Minha pele está mais uma vez macia enquanto eu puxo minha camisa suja de volta sobre minha cabeça.

“Como?” Suryn pergunta enquanto se levanta.

“Eu escolheria qualquer um dos meus Escolhidos ao invés dos seus Sentinelas mais puros de sangue a qualquer dia”, eu respondo, e invoco outra rajada de vento e sopro nela. Não é tão legal quanto voar, mas é eficaz. Eu vou rápido como um míssil e bato meu punho contra sua bochecha enquanto a enfrento. Ela me chuta sobre a cabeça dela. Viro e giro para me endireitar e depois dou um chute no lado dela.

Suryn agarra meu tornozelo e bate um cotovelo no meu joelho. Eu chamo meu cajado e balanço para sua cabeça, mas ela chama um escudo bem a tempo. Meu cajado se conecta à barreira mágica e envia vibrações de adormecer os nervos pelos meus braços e corpo. Eu solto a magia do cajado e sacudo meus braços. Suryn chama seu próprio cajado, que tem spikes saindo cada extremidade, e um flash de inveja de cajado me atinge.

Eu quero spikes.

Ela dá um passo para trás e começa a girar habilmente, como se esperasse que o show por si só me fizesse sair correndo. Eu sorrio.

“Uau, Gandalf. Por favor, não me fira com seus doces movimentos” eu rosno.

“Você fala demais”, ela rosna para mim enquanto ataca.

Meu próprio cajado aparece a tempo de impedir que seus espinhos se conectem com a minha cabeça, e o ruído do barulho que as duas armas fazem quando se atacam soa como uma explosão de trovão.

Booms ricocheteiam ao redor de nós quando atacamos uma a outra, e parece que os céus estão batendo os tambores de guerra em nossa homenagem.

“Você sabe que a Soberana vai matá-la”, eu jogo lá aleatoriamente, sentindo a vontade de falar mais agora que sei que isso a incomoda.

“Ah não!” Ela zomba. “Acho que vou jogar minha arma no chão e deixar que você tenha a honra.”

Eu bufo e giro, trazendo meu cajado para baixo com força. Ela bloqueia o golpe, mas eu uso o momento para permitir que a extremidade oposta do meu cajado a bata no estômago. Ela resmunga, mas não perde o ritmo quando ela bate seu cajado no meu ombro. Os spikes não se conectam com minha pele, obrigada, porra. Estou perto demais para que ela me bata com qualquer uma das pontas, mas ainda dói. Ativo as runas de Siah novamente, e qualquer ferida que esteja lá se cura.

Essas marcas são do caralho!

“Você acha que eu realmente acreditaria em algo que você diz, afinal?” Ela rosna para mim quando nossos cajados se encontram em outro boom.

“Eu realmente não dou a mínima para o que você acredita. É a verdade. Se você não acredita em mim agora, vai acreditar. Logo antes de ela cortar sua garganta ou fazer aquele Ory traiçoeiro te levar para fora, você saberá que a vira-lata estava certa.”

“Ory é leal”, ela responde.

“Claro, assim como sua tia, a Soberana, é?” Eu desafio.

Suryn se afasta de mim por um minuto, e nós duas nos observamos.

“Como você sabe disso?” Ela me pergunta depois de algumas batidas.

“Ouvi isso uma noite.”

Ela zomba.

“Confie em mim, eu gostaria de não ter me perdido no castelo. Eu adoraria não saber como é a Soberana, enquanto ela deixa um cara foder sua cara” confesso, e nós duas nos encolhemos.

“Esta foi a mesma noite em que você estava fodendo meu... seu escudo?” Suryn se corrige.

Eu a observo por um momento, absorvendo o fogo que ilumina seus olhos castanhos. Ela está com ciúmes?

“Você entendeu isso errado”, digo a ela.

Ela me dá um sorriso irônico. “O que? Que você estava se esfregando toda com o seu escudo?”

“Isso, para começar, mas você está especialmente errada com toda essa mentalidade de imundo que está envenenando seu cérebro. Você pensa que é melhor do que eles, mas eles são melhores que você de todas as maneiras possíveis. É em você que falta algo, não eles.”

“Sim, porque você me conhece tão bem”, ela morde.

“Eu sei o suficiente para detectar uma hipócrita de mente fechada quando vejo uma.”

“E eu sei o suficiente para detectar uma esquisitona fominha de poder quando vejo uma”, Suryn retruca.

“Ora, ora, ora, não me confunda com sua tia. Pegar coisas que não são suas claramente é algo de família, eu me pergunto, o que mais é?” Eu ironizo.

“Vá se foder, vira-lata”, ela arremessa para mim enquanto nos movemos para ir cara a cara novamente.

“Melhor uma vira-lata honrosa do que um pedaço de merda de puro sangue”, proclamo.

Eu giro, liberando meu cajado e cortando seu estômago com a faca de arremesso que eu invoquei em minhas mãos. “Oh espere, seu pai não é um lamia?” Eu pergunto, minha voz pingando doçura falsa, enquanto eu me movo para dentro do golpe que ela está tentando me dar e corto a parte interna do seu braço. “Parece que nós duas somos apenas umas mestiças”, eu observo, batendo minha lâmina em sua coxa e rolando para longe dela.

Suryn assobia e arranca a pequena adaga da carne de sua coxa. Ela joga em minha direção, e vai alto. Pego o cabo no ar e deixo a arma desaparecer enquanto desativo minhas runas. Ela balança sobre os pés, e eu posso dizer pelo sangue escorrendo pelo braço que o corte no interior do bíceps é o que está prestes a trazê-la de joelhos.

Eu me afasto e ando devagar em direção a ela. Ela cai em um joelho e balança a cabeça como se estivesse lutando para se manter consciente. Suryn chama sua katana quando eu chego perto, mas eu a empurro para o lado como se não fosse nada. Pego sua garganta, reconhecendo a resignação que vejo em seus olhos. Ela sabe que acabou.

Eu balanço minha cabeça com a presunção dela e empurro magia nela. Sinto suas feridas, curando-as uma a uma, e afasto qualquer respeito que eu possa sentir pelo fato de ela ter lutado tão bem quando estava tão machucada.

“O que você está fazendo?” Ela me pergunta, seu tom misturado com confusão.

“O que parece? Estou te curando.”

“Eu sei, mas por quê?”

Eu me agacho para olhá-la diretamente nos olhos. “Porque na verdade não estou tentando te matar. Eu só precisava extravasar. Você precisa ampliar seus horizontes e abrir sua mente, não morrer.”

Eu termino de consertar todos os seus ferimentos e a empurro para longe de mim um pouco mais do que o necessário quando me levanto. Suryn esfrega a garganta e balança a cabeça para mim. Ela me observa por um momento como se eu fosse um quebra-cabeça que agora ela percebe que não resolveu. Ela rola e se levanta do chão lentamente. Mas quando ela se levanta, ela assobia e aperta o peito. Ela olha para mim, seu olhar cheio de agonia.

Porra, eu perdi alguma coisa?

Aproximo-me dela e abro a boca para dar uma olhada no que está acontecendo.

“Meus Escolhidos”, ela choraminga, e então, assim, ela dispara para o céu e decola como um avião de combate.

Eu a encaro, confusa. Os escolhidos dela? Ela só tem... Meus pensamentos param quando eu percebo o que aconteceu.

Os caras estão com problemas.

Enfio magia nas minhas pernas e corro para a porta. Eu realmente preciso aprender a voar. Eu bato através da madeira para o ar livre e assusto a merda fora de Ory, que estava lá olhando o céu. Eu paro.

“Leve-me para onde ela está indo!” Eu grito com ele.

“O quê?” Ele pergunta. “O que aconteceu? Onde ela está indo?” Ele exige, olhando para o céu como se esperasse que Suryn estivesse lá.

“Eu não sei, mas alguém deve ter se machucado. Siga-a e me leve com você!” Eu grito com ele novamente, pânico queimando minha garganta. Estou perdendo tempo aqui, mas se esse cérebro de pássaro puder tirar sua cabeça da bunda, ele me levará aonde ela estiver indo mais rápido do que correr.

Vou até ele e passo meus braços em volta do pescoço dele sem esperar sua permissão. “Vai!” Eu berro para ele, e a ordem finalmente o leva à ação. Ory envolve braços fortes em volta da minha cintura, agacha-se um pouco e depois nos lança no ar como um foguete. Aumento meu aperto em seu pescoço e tento procurar Suryn no céu.

O bater de suas asas enormes bloqueia minha visão, mas não corro o risco de me virar no ar para poder rastrear a Sentinela que está amarrada aos meus Escudos. Ory me puxa com mais força contra ele, e nós voamos para a direita. Eu acho que estamos indo na direção do castelo, o que envia medo subindo pelo meu interior.

Sentinela burra, burra, burra. Você deixou seus Escolhidos e Escudos para trás para ter uma birra em particular. Eu sabia que a Soberana tentaria alguma coisa. Eu sou uma idiota.

“Você não sabe o que está acontecendo”, diz Ory, enquanto caímos um pouco, e eu aperto ainda mais.

“Você está lendo minha mente?” Exijo enquanto tento me orientar.

“Não, você está gritando no meu ouvido. Outra coisa pode estar acontecendo, então acalme sua merda brilhante para que possamos avaliar a situação antes de você fritar as pessoas com a sua magia”, ele me diz.

Com certeza, quando olho para baixo, vejo que minhas runas estão brilhando em púrpura. Eu tenho que me impedir de alcançar os caras mentalmente. O que eu sempre disse sobre distrações no meio de uma briga? Lembro-me repetidamente enquanto Ory circula pela lateral do castelo e aponta para uma parede quebrada de janelas que parece terrivelmente familiar.

Não sinto nada que indique que meus Escolhidos estão machucados, mas isso não me tranquiliza tanto quanto eu gostaria, quando mergulhamos na parede de vidro quebrado, passando pela mesa que está contra ela. Reconheço imediatamente qual era o meu conjunto de quartos no castelo, mas é puro pandemônio por dentro. Chamo minha espada longa e bato no punho para duplica-la. Eu envio um pulso de magia Sentinela que manda lutadores nas minhas imediações voando pelo ar, e então paro no meu caminho enquanto olhos azul-celeste e cabelos loiros vêm caminhando em minha direção no meio da multidão.

Balanço a cabeça, tentando entender o que estou vendo. Não, não, não, não, não... Não é possível, porra. Dou um passo para trás e tento entender o que está acontecendo. Laiken? Como diabos minha irmãzinha morta está aqui?


29


Ela caminha lentamente em minha direção, e eu posso sentir um soluço subindo pela minha garganta.

“Como?” Eu pergunto a ela, abaixando minhas armas enquanto procuro em seu rosto algum tipo de explicação.

Sua risada suave enche minha mente enquanto ela me implora para jogar a brincadeira do tapa. Ela coloca suas mãos pequenas nas minhas, e eu espero para atacá-la e bater nas mãos dela antes que ela possa afastá-las. Ela ri e ri quando eu a pego várias vezes. Estamos tão despreocupadas e felizes neste momento que nunca quero que termine. Eu pisco e essa memória desaparece. Estou de volta ao campo com a grama verde e macia e pequenas flores brancas.

“Eu espalhei suas cinzas”, digo a ela, atordoada, enquanto tento entender o que está acontecendo, sua risada feliz ainda toca nos meus ouvidos.

Ory está no fundo, girando tão rápido que suas asas estão cortando pessoas. Mas não consigo me concentrar nele ou nas outras brigas acontecendo ao meu redor, tudo o que posso ver é ela.

Laiken não diz nada enquanto fecha a distância. O olhar nos olhos dela é duro, o que me confunde ainda mais. Por que ela está brava? Mas antes que eu possa perguntar isso, ela enfia uma espada no meu peito. Eu suspiro, chocada com a dor da ferida. A dor na minha alma quando minha Laiken torce a lâmina e se inclina para dentro de mim.

“Morra”, ela rosna para mim, saliva voando de seus lábios rosa para pousar nas minhas bochechas manchadas de lágrimas.

Eu engasgo com dor e tristeza quando seu olhar cheio de ódio me perfura. Lá se vão minhas lembranças de sua doce risada e sua voz amável. Nesse momento, quando Laiken me olha nos olhos e exige minha morte, todo o bem que conheço dela se transforma em cinzas em minha mente. Estou tão fodidamente confusa, e tudo dentro de mim parece estar se partindo.

“Não”, imploro, e não sei dizer se estou respondendo à ordem dela ou implorando para que isso não aconteça.

Isso não está certo. Nada disso está certo. Acorde, Vinna. Acorde, porra!

Laiken puxa a espada do meu peito, um sorriso doentio no rosto. Ela puxa o braço para trás e percebo pelo ângulo que minha irmãzinha, meu anjo da guarda, está prestes a cortar minha cabeça. Meus instintos gritam para eu fazer alguma coisa, e assim que a lâmina vem em minha direção, levanto uma mão para bloqueá-la e enfio minha espada longa na garganta dela com a outra. Eu grito enquanto vejo os olhos dela irem para mim chocada. Ela cai, e eu largo minhas armas para pegá-la e puxá-la para o meu colo.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto e pingam sobre ela enquanto ela suspira por ar e engasga com seu próprio sangue.

“Eu sinto muito. Puta que pariu, eu sinto muito” digo repetidamente, minha alma sendo pulverizada lentamente a cada suspiro vazio que ela toma.

Eu vou curar sua ferida, não me importando se ela tentar me matar novamente. Não posso simplesmente sentar e vê-la morrer. Eu não posso matá-la. Ela é minha pequena Laik. Eu alcanço sua garganta, mas em um piscar de olhos, de repente estou olhando para um homem.

Que porra é essa?

O terror me inunda, eu o empurro para fora do meu colo e me afasto para longe do corpo imóvel. Meu corpo se ilumina de dor, eu ligo as runas de Siah e me curo. Eu procuro Laiken no quarto, tentando entender o que diabos aconteceu. Então eu entendo. Nunca foi ela.

Um soluço ofegante sai de mim com a realização. E cubro minha boca para prender outro tentando escapar. Caos e mutilação ao meu redor, mas tudo o que posso fazer é tentar juntar os pedaços de mim e ver o homem que eu esfaqueei na garganta tomar seu último suspiro. Olho para cima e vejo Talon do outro lado da sala, lutando com Sorik. Não localizo Suryn ou nenhum dos meus escudos, mas meu sangue esfria quando Bastien grita: “Vinna, não, sou eu!”

A angústia e traição que ecoam em sua voz me atingem como um caminhão. Estou de pé em segundos, correndo para ele enquanto ele abaixa a espada e balança a cabeça. Ele está lutando com uma mulher que não se parece nada comigo, e se eu não tivesse acabado de chorar pelo que aconteceu com Laiken, não entenderia nada do que está acontecendo agora.

Eu grito de raiva enquanto chamo minha espada e corto a cadela lutando com Bastien em dois. Bastien ruge um lamento e alcança a impostora enquanto olha para cima com vingança em seu olhar. Sua dor e raiva me rasgam, mas quando seu olhar castanho agonizado e enfurecido encontra o meu, choque e descrença são subitamente tudo o que vejo. Ele me alcança e me puxa para ele.

“O que acabou de acontecer?” Ele me implora enquanto passa as mãos e os olhos por todo o meu corpo para ter certeza de que estou realmente lá e está tudo bem.

“São ilusões. Ilusões, muito, muito fodidamente boas” ofego para ele enquanto ele passa o braço em volta de mim. “Bastien, se você me ver de novo, pergunte-me qual é a palavra-secreta e, se eu não disser abacaxi, me mate. Ok?” Eu digo a ele, mas ele parece tão assombrado que eu acho que não está absorvendo nada.

“Bastien!” Eu grito em sua cabeça, e ele pisca para fora de seu estupor horrorizado. “Use as runas. Precisamos conversar na cabeça um do outro. Não há como saber o que realmente está acontecendo de outra maneira.”

Acendo todas as minhas runas e grito na cabeça dos meus Escolhidos. Vai contra todos os meus instintos distraí-los, mas de que outra forma poderemos dizer o que está acontecendo?

“Se algum de vocês está lutando comigo agora, mate-a. Alguém aqui está criando ilusões muito poderosas, e o que está à sua frente não é o que você pensa!” Eu digo a eles.

“Você quer dizer que Bastien não está tentando me matar?” Valen pergunta, seu tom mental cheio de mágoa e confusão.

“Nunca, Val! Eu nunca!" Bastien confirma, e então ele foge na direção de onde Valen está e corta a cabeça do Sentinela que ele está lutando.

“Vinna, entre no modo lobo!” Torrez grita na minha cabeça. “Você pode sentir o cheiro, se somos nós ou não, se tentarmos atacar você.”

“Entendi”, confirmo enquanto ativo as marcas de Torrez no meu ombro, ativando o cheiro extra e desativando a mudança de visão que geralmente causa. A visão do lobo não vai me ajudar nessa merda de batalha.

Eu torço o nariz quando o cheiro azedo do medo e o cheiro metálico da raiva inundam meus sentidos. Eu apunhalo as costas de Talon, dizendo a mim mesma repetidas vezes que não é ele. Convido a fúria e a ira a assumir tudo dentro de mim. Sorik segura suas espadas curtas ameaçadoramente quando eu me aproximo dele.

“Sorik, sou eu, Vinna. Não vou machucá-lo” digo a ele enquanto largo minha arma.

“Sim, não compro isso, foi o que a última você me disse”, ele rosna, e meu coração dói por ele.

“Você é o Escolhido da minha mãe. Eu vi você pela primeira vez em um clube. Eu pensei que você parecia um viking antigo. Você ajudou a me salvar quando Faron me sequestrou. Você atravessou o território da matilha de Silas, onde me mostrou suas runas e me disse quem você era. Essa foi a primeira vez que vi Siah.”

“Obrigado, porra”, Sorik declara quando entra para me dar um abraço desesperado. “Eles não podem responder coisas pessoais. Eles se parecem com outras pessoas e soam como outras pessoas, mas não conhecem detalhes”, ele me diz, e eu imediatamente repasso isso aos meus Escolhidos.

Alguém me pega por trás, e eu giro e bato minha espada no peito do idiota colossal. Lutei e bati nele na noite em que conheci Lachlan e seu clã. Quem está fazendo isso não pode diferenciar entre as pessoas de quem gostamos e apenas as pessoas de nosso passado. Existe uma falha no modo em que suas habilidades funcionam. Ryker se move em minha direção, seu rosto assombrado. Eu respiro profundamente e sinto um cheiro cheio de medo e descrença. Sob isso, porém, há um perfume limpo de algodão seco ao sol, santolina e âmbar.

“Ryker!” Eu grito em sua mente e libero a magia para qualquer arma em minhas mãos. “Sou eu”, eu o tranquilizo, e ele se choca contra mim, enterrando a cabeça no meu pescoço e me apertando com tanta força que meus ossos estão protestando. Gritos e o barulho de armas ao nosso redor me mantêm centrada na batalha que nos rodeia e me impede de me perder em seu domínio do jeito que eu quero.

“Eu já matei você três vezes”, ele confessa, seus brilhantes olhos azuis assombrados. “Eu sabia que não era você, você nunca iria nos atacar, mas acho que nunca vou tirar a imagem de você morrendo da minha cabeça.”

“Sinto muito”, digo a ele, apertando-o com mais força. “Estou aqui, estou em seus braços. Eu estou segura. Precisamos garantir que todos os outros também estejam” explico, saindo de seu abraço.

Ryker assente e fica comigo enquanto abrimos caminho pela luta. Sabin vem correndo para nós. Eu o respiro, mas o perfume está todo errado. Eu jogo uma adaga, e os pés de Sabin saem debaixo dele quando a atinge com tanta força na garganta que ele voa de volta. As palavras de Ryker e o olhar atormentado ressurgem através de mim enquanto vejo Sabin morrer. Eu sei que não é ele, mas isso não torna o visual menos traumatizante.

“Vinna, Enoch e seu clã estão encurralados no quarto dos fundos à sua esquerda”, diz Siah. “Estou tentando chegar até eles, mas tenho que matar toda a minha família...” ele interrompe, e uma raiva branca e quente surge através de mim.

Quando descobrir quem diabos é responsável por esse pesadelo repetitivo, vou estrangulá-los com suas próprias tripas. Eu corro na direção em que Siah deve estar. Eu não sei o que vai ser mais fodido para ele, ter que matar pessoas que se parecem com sua família morta há muito perdida ou ver sua companheira cortá-las. Não vejo o que Siah vê, obrigada, porra, mas sei que os irmãos dele eram crianças quando alguns deles morreram, e não quero pensar na cicatriz que deixará nele vê-los cortados, mesmo quando ele sabe que não são realmente eles.

“Siah, feche seus olhos”, eu grito mentalmente para ele quando rompo o anel de Sentinelas que o rodeiam.

Ele faz isso sem perguntas, e eu fico muito grata e honrada por sua confiança. Ryker e eu começamos a cortá-los, e eles vão de estranhos aleatórios que não reconheço a pessoas que conheço em um piscar de olhos. Cortei o braço de Mave e depois esfaqueei-a no coração. As irmãs perdem a cabeça uma por uma, e então Beth entra no meu caminho.

Balanço a cabeça com essa ilusão. “Você pegou o rosto errado”, digo ao Sentinela por trás da ilusão. Beth me apunhala no estômago com uma pequena coisa de aparência de lança. Eu a empurro para frente e bato minhas mãos contra seu peito. Chamas irrompem por todo o lado, e ela grita enquanto lambem seu corpo e cabelo.

Eu sempre me perguntei como me sentiria se pudesse dar um gostinho a Beth do que ela me serviu a vida toda. Me sentiria melhor vê-la passar fome e bater nela? Eu encontraria conforto em derrubá-la verbalmente e destruí-la como ela tantas vezes tentava fazer comigo? Observo Beth cair no chão, completamente envolta em chamas, e percebo que a resposta é não. Isso não muda nada.

Ryker rapidamente despacha o último dos atacantes de Siah, e eu alcanço e acaricio o rosto de Siah.

“Acabou”, digo suavemente, e ele abre os olhos e se inclina para a minha mão.

“Obrigado”, ele sussurra, sua voz dolorida.

“Eu estou com você”, digo a ele, nosso voto fazendo um círculo completo.

Dou-lhe um sorriso suave e depois me afasto na direção da sala em que ele disse que Enoch e os outros estão presos. Valen e Bastien se juntam a nós, e o alívio se espalha por mim quando cheiram bem. Há um gargalo de pessoas na porta da sala. A presença de muitos de nós facilita a identificação do inimigo. As ilusões parecem funcionar melhor quando é mais um contra um. É como se a magia realmente pudesse se concentrar apenas nas pessoas na vida de uma pessoa por vez.

Comigo, Ryker, Siah, Valen e Bastien, as pessoas enfiadas dentro e ao redor da entrada assumem várias identidades. Laiken vem para mim novamente, assim como Keegan. Bastien corta os dois antes que eles possam dar dois passos na minha direção. Ryker corta Silva e uma mulher que reconheço de uma foto que Bastien tem em seu quarto.

“Não é real”, eu grito com Bastien e Valen enquanto os dois assistem Ryker cortar a garganta de sua mãe.

Lágrimas caem dos olhos de Valen, e ele pisca rapidamente para limpar a emoção. Minha garganta se aperta. Eu quero gritar, punir e matar esses filhos da puta por colocar os que eu amo nessa tortura.

Chamo minhas espadas curtas e começo a trabalhar. Meus Escolhidos e eu nos movemos como a unidade que somos quando matamos um para o outro, girando, mergulhando, desviando e liderando uma dança da morte. Um Sentinela morto de cada vez, nós entramos na sala. Eu passo por cima de corpos e atravesso a porta. Encontro Enoch, Kallan, Nash e Becket, cada um lutando contra vários Sentinelas, enquanto Suryn fica lá... guardando a porra da Soberana.

Dou uma olhada na líder dos Sentinelas e sei exatamente a quem devemos agradecer pelo festival de traumas de hoje. Estou surpresa que ela esteja aqui embaixo sujando as mãos, mas talvez ela tenha que estar dentro de uma certa proximidade para manter as ilusões. Nem ela, ou Suryn notaram que acabamos de entrar na festinha delas. Todo o foco da Soberana está em Suryn, enquanto seu olhar está preso nos meus Escudos.

Não sei que ilusão a Soberana está fazendo Suryn ver ou se ao menos ela está mesmo fazendo ela ver uma ilusão. Ela disse algo no corredor naquela noite sobre ter Suryn a bordo. Talvez Suryn, a primeira da fila a governar os Sentinelas, não dê a mínima para os machos que sua magia marcou serem massacrados na frente dela.

Assim que esse pensamento entra em minha mente, parece errado. A maneira como ela reagiu nas instalações de treinamento não é como alguém reage quando não se importa. Ela pode falar como a Soberana quando se trata de Enoch, Kallan, Becket e Nash, mas não acho que ela acredite. Pelo menos não da maneira que a Soberana e seus seguidores fazem.

Há um vislumbre no ar ao redor da Soberana e Suryn. Eu as estudo e tento abafar os gritos de guerra e sons de armas e mágicas se chocando ao meu redor enquanto meus Escolhidos desencadeiam um ataque nos Sentinelas que atacam meus Escudos. Suryn não tira os olhos do que está acontecendo, e a Soberana olha para ela com tanta intensidade que faz os cabelos dos meus braços se arrepiarem. Movo-me fluidamente contra a parede, cantando um mantra constante de você não me vê, você não me vê.

A enorme cama no quarto se despedaça quando Sabin pega um Sentinela pela garganta e o bate em cima dela. A mobília é reduzida a uma pilha de escombros, e é usada como arma ou projétil, e ainda assim Suryn e a Soberana estão imperturbáveis. Empurro a magia em direção à barreira, mas não consigo sentir o que a compreende. Não parece ameaçador, mais como uma parede de tijolos mágicos de algum tipo. Eu me aproximo por trás e coloco a mão contra a barreira.

Isso cede quando eu a pressiono e hesito. Eu posso passar por aqui. Inquietação golpeia através de mim quando as palavras: fácil demais giram na minha cabeça. Ninguém notou que eu estou aqui, e empurro ainda mais a parede mágica ao redor da Soberana. Parece semelhante a quando atravessei a barreira até o Tierit. Eu a empurro e chamo minhas facas de arremesso quando me aproximo do outro lado.

Afasto a sensação estática que reveste meus membros e puxo minha mão para trás, pronta para acabar com a Soberana e seu reinado de terror. E é aí que ela olha por cima do ombro para mim e sorri.


30


Seus lábios se afastam em um sorriso cheio de pura malevolência, e meu sangue se transforma em gelo em minhas veias.

“Que bom que você se juntou a nós”, ela murmura venenosamente, e então ela joga a palma da mão e me bate com força no peito com um raio branco de dor. Sou empurrada de volta contra o agora duro interior da barreira, tão forte que consigo ouvir meus ossos estalarem.

Eu não pude nem gritar, tudo acontece tão rápido. Faço um som assustado e borbulhante enquanto minha visão se afunila, e minha pele começa a parecer que está derretendo nos meus ossos fraturados. Não consigo pensar no que diabos está acontecendo, minha mente está tão sobrecarregada pela dor.

Uma risada estridente enche meus ouvidos. “Você pensou que poderia apenas valsar até aqui e bancar a heroína”, a Soberana se levanta e então envia outro raio de pura tortura em mim com a outra mão.

Eu posso sentir o sangue borbulhando na minha garganta, e o que quer que ela esteja fazendo... está me matando. Eu tento chamar minhas armas, mas nada acontece. Peço às minhas runas que me deem seus escudos e me protejam, mas minha magia não responde. Eu cerro meus dentes até que parece que eles vão desmoronar em nada na minha boca, e estendo a mão para agarrar o raio branco martelando em meu peito.

Parece lava na minha mão e olho para baixo, esperando ver meu peito desmoronando em cinzas, mas não está. Dói, mas ainda está lá. Aperto minhas mãos e, como se estivesse dobrando uma mangueira, o fluxo de agonia que flui dentro de mim diminui. Estendo a mão e agarro o segundo raio que a Soberana disparou contra mim. Eu agarro o mais forte que posso, e a dor entorpecente diminui apenas o suficiente para me dar esperança de que há alguma maneira de sobreviver a isso.

Eu seguro os raios como as linhas de vida cheias de miséria que são. Afasto-me da barreira contra a qual estou pressionada, cada passo parecendo estar consumindo cada grama de energia que tenho. Olho para a Soberana, seu desdém minguante, meu único objetivo. Surpresa cintila em seus olhos quando eu seguro os raios e dou mais um passo impressionante em sua direção.

Ela tenta fechar a palma da mão, mas não pode. Ela olha para a mão como se ela a tivesse traído, e eu posso vê-la tentar forçá-la em punho. Acho que ela está tentando cortar o que quer que esteja fazendo comigo, mas não pode. Ela faz uma careta para mim, seus olhos brilhando com malícia. Ela olha para onde eu tenho um domínio sobre sua magia e rosna.

A Soberana puxa sua mão para trás e o raio de tormento desliza levemente para fora do meu aperto. Não sei o que acontecerá se ela puder puxar os ataques cheios de dor crepitante, mas não estou prestes a descobrir. Ela tenta tirá-los de mim novamente, e eu quase perco o equilíbrio, tentando segurá-los, e choro enquanto luto para manter meus pés debaixo de mim.

“Suryn!” A Soberana grita.

Olho e vejo a cabeça de Suryn estalar de onde ela está assistindo a luta, para nós. Ela pisca e balança a cabeça como se estivesse tentando limpá-la, e então ela registra em seus olhos e mostra o que está acontecendo. Suryn desvia o olhar da luta entre a Soberana e eu na sala. Ela grita e bate a mão contra a barreira. Ela bate um punho e depois outro contra a magia que a prende e rosna sua frustração.

Desvio o olhar da luta de Suryn para sair e envolvo o feixe de agonia em torno de um pulso e depois do outro. Angustia me atravessa com o contato, mas uso os raios brancos como alavanca para me aproximar da Soberana. Se eu puder ficar a uma curta distância. Eu não me importo se isso me matar no final por tentar, mas pelo menos eu posso levar a cadela comigo.

Estou olhando para a Soberana, vingança e morte queimando nos meus olhos.

Vamos ver o quanto essa cadela é boa no cabo de guerra.

Eu envolvo os raios em volta dos meus braços novamente e grito com a dor que martela através de mim.

“Suryn!” A Soberana grita junto com a minha voz de novo. “Mate-a e eu pouparei seus Marcados”, ela oferece, e Suryn se afasta da barreira de volta para nós. “Mate-a e ninguém nunca mais tocará nos seus Escolhidos. Juro, Suryn!” A Soberana grita, e meus gritos rasgam minha voz ao meio. O sangue escorre dos meus dentes cerrados. Estou morrendo, mas não posso soltar.

Algo maciço bate contra a barreira. Eu olho para encontrar Sabin rasgando a magia e gritando meu nome. Não posso ouvi-lo, mas posso ver seus lábios me chamando, seus olhos frenéticos e angustiados. Bastien bate com os ombros na barreira ao seu lado, e não muito longe deles, vejo Becket martelando a mágica com sua maça.

Meus gritos não passam de gorgolejos cheios de sangue enquanto tenciono e faço outro laço em volta dos meus braços, aproximando-me mais um passo da Soberana. Minhas pernas estão geladas e sei que não vou conseguir ficar de pé por muito mais tempo. Batidas ensurdecedoras soam ao meu redor enquanto a barreira é martelada por todos os meus Escolhidos e Escudos. Raiva e terror os atravessam quando eles silenciosamente gritam e lutam para entrar.

“Jure pelo sangue que todos nós ficaremos seguros, tia. Que ninguém colocará uma mão neles ou em mim” grita Suryn, suas palavras parcialmente abafadas pelos esforços crescentes de todos os caras tentando forçar o caminho até aqui.

A Soberana estreita os olhos e os lábios contraídos formam um rosnado.

“Foi o que eu pensei”, Suryn rosna, e então ela pula para a Soberana, sua katana brilhando com a magia fluorescente que está fazendo o seu melhor para me matar.

Prendo a respiração e desejo que ela diminua a distância e termine de uma vez por todas. Meus joelhos cedem. Caio no chão e perco a mão em um dos raios. Ele volta para a Soberana. Eu tento, falhando em me levantar para impedi-la de empurrar a palma da mão para Suryn. O raio de dor não diluída surge da palma da Soberana. Eu assisto como se estivesse em câmera lenta, enquanto crepita na direção de Suryn. Ele a atinge, e é como ver alguém ser atropelado por um caminhão. Suryn se dobra sobre si mesma e é jogada para trás, a katana piscando para nada em suas garras. Ela solta um grito de gelar o sangue que eu sinto assustar minha alma.

A Soberana observa sua sobrinha se contorcendo de dor, com um olhar enegrecido de alegria que me faz sentir enojada e contaminada só de testemunhá-lo. Pego o raio da dor ainda em volta do meu braço direito com a outra mão e o puxo, usando-o para me ajudar a me levantar. Envolvo meu braço novamente e fecho a distância ainda mais.

Um metro e meio.

Um metro.

Os gritos de Suryn fazem meus ouvidos sangrarem.

Noventa centímetros.

Olho para os punhos trovejantes contra a barreira.

Sessenta centímetros.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto. O sangue escorre da minha boca. Tento chamar uma arma, qualquer arma, para minhas mãos. Nada vem.

Trinta centímetros.

A Soberana desvia o olhar de Suryn e olha diretamente para mim. Seus olhos castanhos brilham com vitória. Ela sabe que não tenho mais nada. Os que eu amo martelam impotentemente na barreira ao nosso redor, e os gritos de Suryn estão quebrando e se fragmentando quando sua voz começa a ceder.

Desvio o olhar do seu ódio triunfante e olho para o meus Escolhidos.

“Eu amo vocês”, eu faço com a boca, sangue respingando em meu queixo e peito enquanto meus olhos se conectam com cada um deles.

Ryker coloca as mãos impotentes contra a barreira, agonia torcendo suas feições e silenciosamente grita não. Torrez grita sua frustração e dor e bate contra a barreira cada vez mais forte. Os traços de Siah se transformam em um grunhido enquanto ele arranha a magia em um esforço para chegar até mim. Valen grita para eu esperar enquanto seus olhos se enchem de dor. Knox ruge, seu rosto cheio de raiva quando ele ronda como um tigre enjaulado, tentando encontrar uma maneira de entrar. As bochechas de Bastien estão riscadas de lágrimas, e ele me pede para ficar, repetidamente. Sabin balança a cabeça enquanto chora, e ele diz “eu te amo” de volta.

“Sinto muito”, digo a eles, meu coração partido como eu. Eu posso sentir minha alma se fragmentando quando me afasto deles e me concentro novamente na Soberana.

Os gritos de Suryn se transformaram em um lamento grave, e o olhar da Soberana voa dela para mim novamente. Aperto a viga enrolada em volta do braço com a mão direita e solto com a esquerda. Os olhos da Soberana se arregalam de surpresa quando eu estendo a mão e agarro o outro raio que ela está alimentando em Suryn. Eu puxo o mais forte que posso, e ele parte de Suryn para mim. Eu jogo minha cabeça para trás em um grito silencioso enquanto o raio de dor branca bate em mim.

Minhas pernas cederam mais uma vez, e eu desmorono no chão, mas desta vez eu mantenho minha força na magia letal da Soberana. Não há nada que eu possa fazer para detê-la, mas talvez eu possa comprar mais tempo para Suryn. Talvez eles descubram uma maneira de romper a barreira e chegar até ela. Eu só preciso me apegar à magia da Soberana o maior tempo possível.

Pontos pretos enxameiam minha visão e começo a ficar dormente. Aperto meu controle sobre a magia da Soberana e balanço enquanto tento ficar de joelhos aos seus pés. Ela olha para mim enquanto a vida escapa de mim e diz algo que meus ouvidos não conseguem mais ouvir. Abro meus lábios manchados de sangue para um último “foda-se” para ela, quando do nada, sua cabeça se inclina para o lado em um ângulo estranho e não natural. Eu assisto, a confusão faiscando em minha mente e, em seguida, a cabeça da Soberana desliza sobre seus ombros e cai no chão ao meu lado.

O corpo decapitado da Soberana cai um momento depois, revelando Suryn atrás dela. Meu corpo cede e eu desmaio completamente. Eu olho para os olhos mortos na cabeça decepada da Soberana, e o alívio flutua através de mim. Eu fecho meus olhos, não sou mais capaz de mantê-los abertos.

Eu posso ir agora. Eles ficarão seguros.

E esse é o último pensamento que consigo pensar quando a morte chega e envolve sua capa ao meu redor. Eu me aconchego nele enquanto me aquece, e então a escuridão toma conta de tudo o que sou.


***

Luz brilhante pisca do outro lado das minhas pálpebras fechadas. Eu tento me afastar, mas não importa o que eu faça, eu não consigo escapar dela. Solto um suspiro irritado e abro os olhos. A luz é ofuscante, e eu rapidamente fecho minhas pálpebras.

“Porra, alguém apague a luz”, eu resmungo, e uma risada profunda ressoa ao meu redor. Olho de soslaio para ver de onde vem e posso distinguir cabelos pretos embaçados, pele tonificada e olhos verdes.

Surpresa brilha através de mim, juntamente com resignação e paz.

“Ei, onde está Keegan?” Pergunto a Lachlan quando seus lábios se esticam em um sorriso feliz e acolhedor.

Eu tento sentar e grunhir de quão endurecida eu me sinto. Ele pula da cadeira e me ajuda.

“Ele não está aqui, Vinna”, Lachlan me diz, seu tom solene, e minha garganta fica apertada.

“Merda. Eu sinto muito. Talvez possamos encontrá-lo juntos” ofereço, e os olhos do meu tio se enchem de calor e emoção.

“Você não precisa se preocupar com isso”, ele me diz. “Apenas descanse, e eu estarei aqui se precisar de alguma coisa”, ele me tranquiliza, e eu não posso deixar de olhar para ele.

Lachlan com certeza está muito melhor agora que está morto. Embora eu suponha que o que quer que aconteça após a morte, talvez faça isso com uma pessoa. Eu faço um balanço de mim mesma e não me surpreendo ao me sentir um milhão de vezes melhor do que antes de terminar aqui. Onde quer que aqui seja.

Olho em volta e bufo para os tons clichês de creme e branco que cobrem tudo. Por que eu tenho que fazer xixi? Não achei que esse tipo de porcaria continuaria com você na vida após a morte, vai entender.

“Então como você está?” Pergunto a Lachlan enquanto verifico se estou vestida e empurro as cobertas para fora de mim.

Estou vestida com algum tipo de túnica, e é branca, é claro. A paleta de cores definitivamente está ficando ultrapassada por aqui rapidamente.

Lachlan bufa e esfrega a mão no rosto. “Eu estou bem. Me ajustando. É muito para absorver” ele confessa, e eu aceno com a cabeça.

“Como você está?” Ele me pergunta, seu olhar sério procurando meu rosto. “Eu ainda não consigo acreditar que você está aqui e que estou falando com você.”

Eu espelho suas ações e esfrego a mão no meu rosto. “Sinceramente, não sei. Eu me sinto melhor, o que é bom. Nada dói. Acho que simplesmente não sei o que acontece agora... você sabe?” Eu pergunto a ele, correndo o olhar pela sala como se as respostas viessem flutuando pelas paredes.

A porta se abre e mais luz entra na sala. Prendo a respiração para ver quem entrará. Algum tipo de guia espiritual? Minha mãe? Laiken? Ryker entra e seus olhos se arregalam. Ele pula para mim, e eu estou envolvida em seus braços tão rápido, a definição de lar batendo em mim com seu abraço apertado.

“Porra, Squeaks, essa foi a pior coisa que eu já passei”, ele sussurra no meu cabelo, e então seus lábios estão nos meus.

Seu beijo é reverente, e eu estendo a mão e enxugo as lágrimas de suas bochechas enquanto ele derrama sua tristeza e alegria em mim. Eu me perco nos lábios dele, e então a realização me bate como uma tonelada de tijolos.

Ryker está aqui.

Eu empurro para trás, me separando dele, entro em pânico enquanto traço seu rosto com um olhar de coração partido.

“Não não não não não! Você deveria estar bem. Como você está aqui?” Eu grito e pulo na cama.

Ryker parece confuso por um momento, mas antes que ele possa dizer qualquer coisa, Bastien, Valen, Knox, Siah, Sabin e Torrez entram invadindo a sala. Eles parecem exaustos. Alívio, tristeza, excitação e várias outras emoções assombram seus olhos e expressões. Eu quero gritar.

Lágrimas caem de mim, e eu recuo quando Bastien me alcança.

“Não”, eu grito com ele, e ele se afasta, a dor piscando em seus olhos. “Vocês não deveriam estar aqui!”

Eu puxo meu cabelo, meu peito pesado. Eu assisti a Soberana morrer...

“Quem foi?” Eu exijo. “Foi Suryn? Eu juro fodidamente que se foi ela, eu vou assombrar sua bunda para sempre! Que merda de vadia! Eu salvo a bunda dela, e ela faz isso?”

“Vinna, que porra você está falando?”" Valen pergunta, e eu paro.

“Quem matou vocês?” Eu exijo novamente, e ele me olha, pasmo. “Nós vamos destruir a porra toda. Não me importo se somos todos fantasmas ou anjos ou o que quer que seja, encontraremos uma maneira de fazer isso acontecer”, digo a eles.

Giro para ver se tenho asas ou algo nas minhas costas. “Temos asas e essas merdas?” Eu pergunto, virando-me para olhar para Lachlan. Ele está fazendo toda essa coisa da vida após a morte por mais tempo e saberia.

“Lutadora, não estamos mortos”, declara Bastien.

Meu olhar se volta para ele, e eu o encaro por um momento, confusa.

Merda, eles não sabem que estão mortos? Talvez eles não tenham visto isso como eu. Porra Suryn.

“Sinto muito, Bas, mas você está.” Eu digo suavemente, movendo-me para o final da cama para que eu possa abraçá-lo.

“Não, eu não estou”, ele repete com um bufo incrédulo.

Meus olhos se enchem de pena. O pobre rapaz está em negação. Eu procuro por Sabin. Ele é sempre racional, ele ajudará todos a ver. Encontro seu olhar verde floresta. Está cheio de amor e calor e faz meu estômago ficar pegajoso.

“Você sabe que está morto, certo?” Eu pergunto a ele, e seus olhos procuram os meus por uma batida.

“Por que você acha que está morta, Vinna?” Ele me pergunta simplesmente, e eu dou uma risada sem humor.

“Porque senti quando estava morrendo. Fiquei toda quente e confusa. Tudo ficou preto. Eu acordei na sala monocromática branca e tive uma conversa inteira com Lachlan” digo, e a compreensão brilhando em seus olhos.

Finalmente. Agora podemos passar por toda a coisa de merda, estamos mortos e vamos direto para quem diabos precisamos caçar por fazer isso acontecer.

“Vinna, eu não sou Lachlan”, diz Lachlan, dando um passo em minha direção.

“Oookay”, eu falo com uma risada. “Quem diabos é você, então?”

“Eu sou... eu sou seu pai. Eu sou Vaughn” ele responde, e meu sorriso divertido cai do meu rosto.

“O quê?” Eu sussurro, atordoada.

Afasto-me de todos e olho em volta confusa.

“Eu não estou morta?” Eu resmungo, minha voz sangrando emoção e choque.

Valen me alcança, mas eu me afasto, sentindo-me oprimida e cambaleando.

Que porra está acontecendo?

Meus olhos se arregalam e olho de Vaughn para o meus Escolhidos, completamente perdida.

“Como?” Eu pergunto, e os olhos de todos suavizam.

“Quando a Soberana morreu, a barreira caiu. Aquele sentimento caloroso que você sentiu foi todos nós empurrando a magia de cura para você. Você estava desmaiando, não morrendo” diz Sabin, seus olhos subitamente cheios de lágrimas não derramadas. Ele estende a mão e desta vez eu pego a mão dele. Eu preciso que ele me ajude a me sentir segura, para me ajudar a processar o que diabos ele está dizendo.

A emoção bate em mim, e um soluço sai da minha boca. Eu bato minha mão sobre ela e depois caio na cama e choro. Estou tão fodidamente feliz, arrasada e oprimida que acabo caindo em uma pilha de soluços. Mãos reconfortantes esfregam minhas costas, braços e pernas. Alguém acaricia meu cabelo lentamente, e todos deixam-me desmoronar, seus toques e palavras tranquilizadoras prometendo que vão me ajudar a juntar todos os pedaços.

Gradualmente, meus soluços apavorantes diminuem e minhas lágrimas diminuem. Eu purgo a desolação e angústia uma gota salgada de cada vez até que não me pesa mais. Eu enxugo meu rosto e levanto minha cabeça. Meus olhos se fixam nos de Vaughn e ele enxuga as bochechas molhadas.

“Oi”, digo a ele, sem ideia do que mais dizer nesta situação.

Ele sorri e nós dois damos uma risada aquosa. “Oi”, ele responde de volta e depois me abraça.

Seus braços travam em um aperto ao meu redor, e seu peito treme com os soluços que saem dele. Eu seguro meu pai enquanto ele desmorona. Eu o seguro com força e o deixo saber que está tudo bem, porque nós o ajudaremos a juntar tudo quando ele terminar. Não tenho ideia de como ele está aqui, me segurando, mas é uma história que pode esperar. Não consigo nem imaginar o que ele passou. Mas neste momento, seu abraço é muito mais do que eu jamais poderia ter esperado.

Não sei quanto tempo ficamos assim. Pai e filha lentamente se recompõem. Quando nos separamos, sou imediatamente puxada para outro conjunto de braços à espera. Eu abraço Bastien com força e respiramos um ao outro. Valen me rouba a seguir, enterrando as mãos nos meus cabelos e me beijando gentilmente. Knox abre caminho e me levanta em seus braços. Meus pés balançam quando ele me segura, nossos braços trancados oferecendo a garantia de que ambos estamos desesperados.

Torrez tira os braços de Knox de mim e se senta na cama e me puxa para o colo dele. Ele rasga a gola da minha túnica e descansa a cabeça contra as runas no meu ombro. Eu corro meus dedos por seus cabelos negros, fortalecendo nosso vínculo a cada respiração e cada golpe dos meus dedos.

Siah afunda ao lado de Torrez e me puxa para seu próprio colo. Ficamos olhando um ao outro por um tempo, e aproveito esse momento para substituir a última lembrança que tive do rosto dolorido do outro lado da barreira por essa imagem de seus traços cheios de amor.

Ryker estende a mão para mim e eu a pego e saio do aperto de Siah. Ryker embala meu rosto e me beija novamente suavemente. Nenhum de nós diz nada. Nós não precisamos. Eu posso sentir e ver o que isso fez com todos eles. O alívio é palpável. Foi por um triz e nenhum de nós será o mesmo por causa disso. Damos um tempo e respiramos um ao outro. Oferecemos as garantias físicas que podemos neste momento. Vai levar tempo para me sentir segura novamente e não assombrada pela maneira como a morte esteve respirando no meu cangote. Mas chegaremos lá e, quando o fizermos, seremos ainda mais fortes por isso.


31


Eu me encaro no espelho cheio de vapor, estudando meu rosto. Pareço descansada e o mais longe possível do leito de morte. Os caras me disseram que eu fiquei apagada por três dias. Três dias agonizantes em que eles não tinham certeza de que eu iria acordar. Pareceu um piscar de olhos para mim. Inclino meu queixo para trás e estudo a nova runa na parte de baixo do meu queixo. A linha do círculo simples é grossa e preta, e quando inclino minha cabeça para baixo, você nem pode dizer que está lá. Os caras disseram que apareceu enquanto tentavam me curar. Nenhum de nós tem certeza do que faz, mas tenho uma ideia. Ainda não estou pronta para pensar muito.

Eu corro meus dedos pelo meu cabelo molhado, e uma batida suave soa na porta. Ela se abre e os lindos olhos azuis de Ryker encontram os meus no espelho.

“Eu trouxe roupas para você”, ele anuncia enquanto entra no banheiro.

Olho para a pilha, esperando preto e couro, mas Ryker está segurando um tecido magenta de aparência suave. Faço uma careta e Ryker ri.

“Marn me disse que você tinha que usar uma roupa para isso”, ele me diz timidamente. “Você sabe que não há como discutir com ela quando se trata dessa merda”, acrescenta ele, e eu rio.

Ele coloca no balcão do banheiro e se vira para sair.

“Onde você pensa que está indo?” Eu provoco. “Quem vai me ajudar a colocar essa coisa? Os vestidos aqui são sempre complicados.”

Com certeza, eu seguro e imediatamente acho que não há tecido suficiente aqui. Os vestidos são relativamente simples e de estilo grego, o que é complicado é garantir que todas as minhas partes sejam malditamente cobertas.

Ryker sorri e dá um passo atrás em minha direção. Deslizo o material fino sobre a minha cabeça. É mais macio que a seda, pois acaricia meu corpo e cai ao chão. As tiras em cada um dos meus ombros têm couro magenta enrolado na parte superior do meu ombro. O tecido acumulado mergulha no meu peito em um V e leva a uma saia esvoaçante que tem a fenda sempre popular até meu osso do quadril de um lado. O V do topo mergulha tão baixo que todas as minhas marcas dos Escolhidos são visíveis entre meus seios.

Ryker segura uma peça de couro liso com laços trançados em cada extremidade. É pequeno demais para ser um espartilho, mas grande demais para ser um cinto. Dou de ombros, sem saber como deve ser usada. Ryker dá um passo atrás de mim, seu peito roçando minhas costas nuas enquanto o vestido mergulha profundamente nele também. Ele passa os braços em volta de mim até que o pedaço de couro descanse no meu estômago. A parte superior fica alguns centímetros abaixo dos meus seios, e a parte inferior termina exatamente na minha cintura.

Ryker envolve os laços trançados atrás de mim até ficar firme, mas não muito apertado. As amarras cruzam na parte de trás, e ele as trás para a frente e as enlaça juntas na frente. Ele faz um laço e as pontas longas das duas tiras trançadas ficam penduradas na frente do vestido. Ryker aperta as mãos contra o meu torso, e nossos olhos se encontram no espelho novamente. Nós olhamos um para o outro, calor lentamente se formando em nossos olhares e todas as partes do meu corpo que tocam no dele. Ele se inclina lentamente, seus olhos nunca deixando os meus, e beija onde meu pescoço encontra meu ombro.

Arrepios sobem nos meus braços e meus mamilos ficam mais duros a cada respiração contra a minha pele. Estendo a mão e seguro sua cabeça enquanto ele belisca meu ombro. Com a outra mão, levanto e guio uma de suas mãos do meu tronco lentamente pelo meu corpo. O ar ao nosso redor se torna pesado quando sua mão encontra a fenda no meu vestido. As pontas dos dedos se movem languidamente pelo meu abdômen inferior.

Meus músculos se contraem com o carinho delicado, e eu descanso minha cabeça contra seu ombro enquanto continuamos a nos encarar no espelho. Ryker desliza um dedo entre os lábios da minha boceta e me acaricia com reverência. Eu murmuro minha aprovação e afundo meus dedos nos fios de seus cabelos loiros e macios. Enquanto ele arrasta beijos no meu pescoço, ele puxa a evidência molhada do meu desejo sobre o meu clitóris e começa a circular lentamente.

Alguém bate na porta e a abre antes que Ryker ou eu possamos dizer qualquer coisa. Sabin enfia a cabeça para dizer algo, mas ele faz uma pausa quando ele pega a mão de Ryker e meu olhar encapuzado. Os pequenos círculos de Ryker ao redor do meu clitóris nem sequer param, e tento reprimir um gemido enquanto espero o Capitão nos dizer que é hora de partir ou algo mais que interrompa o orgasmo que o toque de Ryker está trabalhando para persuadir de mim. Em vez disso, Sabin entra no banheiro e fecha a porta atrás dele.

Em três passos, ele está segurando meu rosto e me beijando tão profundamente que está fazendo minha cabeça rodar. Sua língua brinca com a minha enquanto os dedos de Ryker provocam meu clitóris e mergulham de volta entre meus lábios molhados. Sabin engole meu gemido quando Ryker empurra o dedo em mim. Ele desliza meus quadris com a mão e puxa o tecido do vestido para o lado. Sabin se afasta da minha boca quando Ryker empurra dois dedos dentro de mim e começa a circular meu clitóris com a outra mão. Eu me viro para Ryker por cima do ombro, e seus lábios estão nos meus antes mesmo que eu precise pedir.

Sabin passa a ponta do nariz em volta do meu mamilo duro e coberto de tecido e segura meus quadris quando a boca de Ryker me deixa ofegante. Ele se afasta e eu me viro para vê-lo brincar com minha boceta no espelho. Sabin empurra o V profundo do meu vestido para o lado e chupa meu mamilo em sua boca. Cada parte de mim se sente carente e pesada, e eu me contorço e me deleito com a sensação deles. Suas atenções são lentas, reverentes e sinto-me preciosa e frágil em suas mãos.

Um orgasmo flui através de mim e Ryker sussurra: “Eu te amo”, no meu ouvido. Eu me viro para beijá-lo novamente, e Sabin tira meu outro seio do meu vestido e move seus lábios carnudos para ele. Ryker puxa a saia do meu vestido polegada por polegada sem pressa. Seu toque se afasta de mim quando ele desata a calça. Sabin se afasta do meu peito e olha para mim, seu olhar verde floresta brilhando com carinho.

Ele agarra meu rosto e o puxa para baixo quando cai de joelhos. Eu me curvo em busca de seus lábios, e Ryker ajeita meu vestido acima dos meus quadris. Abro minhas pernas em convite e me firmo nos ombros de Sabin. Ryker acaricia meus quadris e se alinha. Ele empurra dentro de mim, e eu paro meu beijo com Sabin para gemer.

“Porra, você é tão gostosa”, Ryker me diz enquanto se afasta e volta.

Eu gemo, e Sabin chupa meu lábio inferior e depois aperta beijos no meu queixo. Ele aperta meus mamilos enquanto Ryker aumenta sua velocidade, e eu grito, amando cada toque, golpe e impulso.

“É isso aí, Vinna”, Sabin encoraja enquanto eu lamento e gemo e suspiro. Ryker agarra meus quadris com força enquanto ele me fode mais rápido e mais forte a cada impulso. Eu seguro os ombros de Sabin quando ele move a boca no meu ouvido.

“Você sabe como você está linda agora?” Ele sussurra no meu ouvido e depois belisca no meu lóbulo. Eu gemo, e Ryker geme atrás de mim. O som dos quadris de Ryker batendo na minha bunda fica cada vez mais alto quando ele me fode cada vez mais.

“Goze, Vinna”, Sabin me diz baixinho, sua boca a centímetros da minha orelha. “Goze por todo o pau do seu companheiro. Chame o nome dele enquanto ele adora sua boceta.”

As palavras de Sabin me empurram para o limite, eu chamo o nome de Ryker e gozo por todo o pau dele, conforme as instruções. Ryker geme meu nome em troca, enquanto ele empurra profundamente e também goza. Eu empurro os ombros de Sabin, arqueando minhas costas para manter Ryker profundamente dentro de mim e alcanço seu rosto. Eu o beijo e sussurro meu “eu te amo” contra sua boca enquanto nos separamos para recuperar o fôlego.

Ryker sai de dentro de mim, e a próxima coisa que sei é que Sabin está me levantando no balcão do banheiro. Minha bunda nua bate na pedra fria do balcão, e solto um protesto. Sabin empurra para dentro de mim, transformando esse protesto em um gemido ofegante. Ryker dá uma risada divertida enquanto nos observa, e eu dou o dedo do meio para ele só por diversão. Sabin se abaixa e chupa um mamilo na boca ao mesmo tempo em que se enterra profundamente dentro de mim e mói contra meu clitóris. Eu ofego e jogo minha cabeça para trás, saboreando a sensação dele.

“Olhos nos meus, Vinna”, ele me diz. “Você sabe o quanto eu amo ver você gozar.”

“Então me faça gozar, Sabin”, eu ordeno.

Eu puxo seus lábios nos meus e gemo meu incentivo quando ele acelera. “Eu não posso acreditar que quase te perdemos”, ele lamenta contra os meus lábios.

“Estou aqui. Não vou a lugar nenhum” prometo, olhando de seu olhar verde floresta para o azul celeste de Ryker. “Estou aqui”, repito, e Ryker dá um passo para o meu lado e me beija profundamente. Eu posso provar o medo e a preocupação em seu beijo. Eu roubo isso dos lábios dele e o substituo por segurança e devoção.

Sabin muda o ângulo de suas investidas, e me afasto de Ryker e vou para à beira de outro orgasmo iminente.

“Bem aí”, eu insisto e corro minhas unhas pelas costas dele do jeito que eu sei que ele ama.

“Nunca deixarei você sair da minha vista novamente”, Sabin rosna, enquanto eu caio em êxtase e felicidade quando gozo novamente.

Ele ainda está dentro de mim, e eu o vejo se perder em seu orgasmo. Suas bochechas estão coradas e seus cabelos desgrenhados. Eu olho para Ryker, observando seus lábios inchados de beijo e o cabelo de acabei de fazer sexo. Eu rio, adorando quando meus Escolhidos ficam assim.

“Porra, vamos nos atrasar”, comenta Sabin, quando mói contra mim novamente.

Eu rio e reviro os olhos. “Eu topo uma segunda rodada, se vocês toparem.”

Sabin morde meu lábio inferior e aperta meu nariz. Ele puxa para fora de mim e dá um passo para trás, sorrindo com o beicinho exagerado que eu dou a ele.

“Não, você tem que ir, e você sabe disso”, afirma Sabin, seu tom não aceitando nenhum argumento. Minha Boceta Gananciosa se aperta, adorando quando ele fica todo cheio de rosnados e exigente.

“Tok e Marn cortariam nossas cabeças, e eu, por exemplo, gosto de onde minha cabeça está atualmente, muito obrigado”, declara Ryker.

Olho para a virilha dele e arqueio uma sobrancelha. “Eu pessoalmente gosto mais quando você está enterrado profundamente dentro de mim, mas talvez seja apenas eu.”

Eu pisco e pulo do balcão enquanto ele me golpeia com uma toalha. Pego das mãos dele e me limpo. Enfio meus seios de volta no meu vestido e ajeito tudo do jeito que deveria ser. Talvez essas fendas e profundos V s não sejam tão ruins, afinal.

Eu rapidamente seco meu cabelo em cachos soltos e volto para estudar meu reflexo. Ryker e Sabin me observam, e eu inclino minha cabeça apreciativamente, um sorriso malicioso se espalhando lentamente pelo meu rosto.

“Não”, Sabin ordena, e eu reviro os olhos.

Eu o saúdo. “Aye Aye Capitão!”

Sabin balança a cabeça e luta contra um sorriso. “Seja boa e todos vamos ter certeza de que você estará gritando nossos nomes a noite toda”, ele me diz, e um arrepio de desejo serpenteia pela minha espinha.

“Tudo bem, mas se isso der errado, vocês vão me dever orgasmos ininterruptos todos os dias para sempre, porra”, eu aviso aos dois.

“Pshhh, tenho certeza de que você está disposta a isso, mesmo que tudo corra bem”, Ryker me diz. “Sabin está certo, nenhum de nós tem intenção de deixar você sair de vista novamente, e a maneira mais fácil de fazer isso é nunca a deixar sair da cama. Agora vamos” ordena Ryker, e eu chio de novo quando ele me dá um tapa na bunda.

“Eles vão chutar nossas bundas, não vão?” Ryker pergunta a Sabin enquanto saímos do banheiro.

“Eles sabiam que você era um caso perdido quando não voltou cinco segundos depois de entrar. Sou eu que eles vão perturbar. Eu deveria ser o mais equilibrado.”

Eu rio e internamente faço um bate aqui com a minha boceta. Parabéns para nós, corrompendo o incorruptível.

Sabin fica na minha frente e abre a porta do quarto para mim. “Você está deslumbrante, Vinna”, ele me diz enquanto passo, e fico toda feminina e sorridente.

“Mm-hmmm”, Ryker concorda atrás de mim. “Estou ansioso para comer você todinha mais tarde.”

O calor queima baixo no meu estômago, mas não tenho tempo suficiente para dizer algo que o deixe tão igualmente quente e incomodado quanto ele acabou de fazer comigo. O resto dos meus Escolhidos estão todos descansando na sala principal em que nosso novo quarto dá. Após a batalha em nossa suíte antiga, fomos movidos e atualizados em massa. Bastien, Valen e Torrez se levantam dos sofás macios de creme. Siah e Knox se afastam das paredes em que estão encostados.

Knox pega minha mão e me dá um bom giro.

“Você está deslumbrante”, ele me diz. “Não é à toa que eles cederam. Porra, eu ainda estaria com você lá dentro.” Eu rio e dou-lhe um beijo rápido.

“Que se foda, vamos lá!” Ele declara e se move para me jogar sobre seu ombro.

“Ei!” os caras todos gritam e o interceptam.

“Todo mundo já está lá em baixo, estamos atrasados, vamos lá”, anuncia Siah e puxa um Knox que resmunga para longe de mim.

Eu xingo, mas vou com eles enquanto eles lideram o caminho para fora da nossa suíte. Nossas novas instalações nos aproximam de toda a ação e, em menos de cinco minutos, estamos do lado de fora de portas altas, pretas e esculpidas com ornamentos. Meus caras me cercam e estou aninhada no meio de toda a força e apoio deles. Respiro fundo e expiro devagar. As portas se abrem, e Bastien e Valen dão um passo para o lado para que eu possa seguir em frente.

Um guarda bate com o punho no bíceps e depois se vira para anunciar minha chegada.

“Todos saúdem a Soberana Aylin, Governante de Tierit, Restauradora de Ligações, Libertadora de ilusões, a Sentinela encontrada, Destruidora de Colarinhos, Marcada como a Primeira e Guardiã dos portões.”

Ele se afasta com um aceno de cabeça, seu anúncio ainda ecoando pelas paredes da sala lotada. Eu engulo meu desconforto.

Porra, eu nunca vou me acostumar com isso.


32


Entro na sala. Todos imediatamente colocam o punho sobre o bíceps em saudação. Eles se movem tão precisamente e em sincronia que isso me dá calafrios, e estou honrada com a demonstração de respeito. Está muito longe de como eu pensei que seria recebida, com certeza, porra. Parece que há muito espaço aqui, mas a multidão se separa o máximo que pode para me permitir chegar na grande mesa redonda no centro. Esse espaço parece muito diferente da última vez que estive aqui sendo interrogada pelo tribunal. Há uma vitalidade e um zumbido de excitação ao meu redor que parecem contagiosos.

Tok puxa uma cadeira ao lado dele e eu dou um sorriso feliz enquanto caminho até ela e me sento.

“Você parece absolutamente da realeza, Vinna”, ele me diz.

Eu bufo e tento não revirar os olhos. Não importa o que eu diga, ele ainda está convencido de que o título de Soberana continuará.

A sala começa a se acomodar quando todos nos sentamos. Olho para ver Suryn do outro lado da mesa, Tawv e seu pai, Sauriel, de cada lado dela. Enoch, Nash, Kallan e Becket estão sentados à sua direita, e eu os estudo e depois a estudo. Eu não os vejo desde a grande aparição no meu quarto depois que acordei, e me pergunto como todo mundo tem passado desde então.

“Você parece bem”, Suryn me diz com um aceno educado.

Dou-lhe um aceno igualmente educado em troca. “Você também”, eu respondo.

Tawv se levanta do assento e o murmúrio silencioso na sala para. “Hoje estamos reunidos aqui para discutir qual das Soberanas interinas deve liderar o povo. Vamos ouvir os argumentos a favor e contra, com uma votação final dado três dias a partir de agora. Comecemos.”

Tawv se senta e Tok salta do assento como uma bala. Ele começa com a nossa linhagem e os modos de nosso povo, falando sobre o Ouphe, Marcados pela Luz e os Sentinelas como se representassem momentos diferentes em nosso passado. Eu desligo minha atenção dele e vejo como Enoch, Kallan e Nash lançam olhares laterais para Suryn. O que é engraçado para mim é que ela também olha furtivamente para eles quando eles não estão olhando. Eles jogam um jogo de gato e rato com seus espiassem um ao outro. Eu os assisto, estranhamente fascinada, e me encontro rapidamente curiosa em saber se eles serão pegos olhando um para o outro.

“Você está tentando seduzir Enoch e seu clã?” Bastien me pergunta, seu tom de voz me fazendo rir.

“Você me pegou”, brinco de volta. “Cara, apenas observe-os. Enoch e seu clã estão sorrateiramente olhando para Suryn, mas estão completamente alheios ao fato de que ela também está olhando para eles.”

Bastien olha para mim com um julgamento claro em sua expressão. Talvez eu soe como uma criança que está prestes a ganhar um filhote. Eu limpo minha garganta e tento controlar os níveis ridículos de excitação que acabei de vomitar. Bastien ri e depois os observa por alguns minutos.

“Como eles ainda não fizeram contato visual? É como se tivessem um sexto sentido que lhes diz quando é seguro olhar.”

“Né! É completamente estranho” eu concordo, amando que ele entenda.

Tok se senta depois de um tempo, e Sauriel se levanta e entra.

“Eu quero tentar”, anuncio, e então começo a olhar furtivamente para Ryker, Valen, Siah, Torrez, Knox e Sabin.

Eu só dou uma olhada até os olhos cinzentos de Knox pegarem os meus.

Droga. Fui pega.

Bastien ri e Knox me dá um meio sorriso confuso.

“O que vocês estão fazendo, seus esquisitos?” Knox pergunta.

“Vocês realmente deveriam estar prestando atenção no que está acontecendo, Vinna. Eles estão apenas discutindo seu reinado em potencial sobre os Sentinelas”, observa Sabin obedientemente.

Em resposta, envio a ele uma imagem mental de como ele estava com meu mamilo na boca mais cedo. Sabin tosse, engasgando no ar e bate no peito para limpar. Todas as cabeças dos meus Escolhidos estalam para mim. Eu suspiro.

“Enviei isso para todos vocês, não enviei?” Eu pergunto.

Era para ir apenas para Sabin, mas juro que minha magia gosta de foder comigo. Seus risos e sorrisos lascivos são toda a resposta que eu preciso.

Eu dou de ombros. “Desculpe, não lamento o que fiz”, eu declaro com um sorriso travesso.

“O que ele fez para merecer isso? Eu também quero fazer.” Torrez pergunta, e eu racho de rir.

Coloquei minha mão sobre minha boca para tentar esconder, mas Suryn olha para mim. Eu tusso e depois dou a ela um sorriso inocente. Suas sobrancelhas franzem um pouco perplexas, mas ela devolve meu pequeno sorriso e desvia o olhar. Sauriel se senta e alguém que já está de pé começa a falar.

“Ele estava me ensinando sobre a importância desta reunião”, explico a todos eles, e todos fazem barulhos expressando que não ficam surpresos com isso. Sabin balança a cabeça.

“Em alguns dias, eles votarão em Suryn. Não estou preocupada”, digo a Sabin.

“Eu não sei, Squeaks. Muitas pessoas estão acenando com a cabeça e concordando com argumentos por sangue novo. Uma boa parte da sala concordou quando Tok apontou que, porque você é da Primeira Casa, você é tecnicamente a herdeira legítima”, Ryker me diz, e os nervos se agitam no meu peito.

“Mas não quero ser a Soberana”, afirmo. “Tenho certeza de que isso deve ser levado em consideração em algum momento, não é?” Eu pergunto, procurando seus rostos.

“Eu sei que você continua dizendo que não é seu estilo, mas você pode ser realmente boa para essas pessoas”, diz Sabin.

Balanço a cabeça.

“Eu não estou preparada para isso, Sabin. Eu não quero governar ninguém. Não quero ser responsável pelo futuro deles. Simplesmente não parece certo para mim.”

Alguém grita algo que deixa a sala toda resmungando, e isso afasta minha atenção. Tawv levanta-se para silenciar o que quer que tenha desencadeado as pessoas, e a multidão se acalma novamente.

“Se isso não parece certo para você, então o que você acha que deve ser o próximo passo certo?” Valen me pergunta.

Eu penso sobre a questão por um minuto.

“Eu não tenho muita certeza”, eu admito. “E, realmente, não depende só de mim. Somos uma equipe. Não deveríamos decidir isso juntos?”

Tawv chama uma mulher inclinada casualmente contra a parede, e ela mergulha na manifestação de suas preocupações.

“É verdade,” Ryker e os outros concordam em minha mente. “Então, o que queremos ser quando crescermos?” Ele joga, e todos nós rimos.

“Não quero me estabelecer aqui, mas também não consigo nos imaginar vivendo em Solace. Ainda me sinto um Paladino, mesmo sabendo que nunca teremos esse título. É difícil para mim imaginar uma vida que não inclua esse tipo de trabalho”, confessa Knox.

“Eu me sinto da mesma maneira”, afirma Valen.

Bastien, Sabin e Ryker também expressam seu acordo.

“Eu era um beta na matilha de Silas, e o que isso envolvia era semelhante ao que os Paladinos fazem. Nós policiamos o bando, protegemos e defendemos conforme necessário. Ajudamos a intermediar acordos com outros territórios e a fazer a guarda do alfa o tempo todo. Obviamente, meu papel como parceiro é diferente, mas fui criado para o que fiz como beta. Eu era bom nisso e gostava”, conta Torrez.

Os caras resmungam seu entendimento.

“Portanto, precisamos encontrar um emprego que se encaixe em beta, Paladino, executor... e seja lá o que a Vinna seja”, acrescenta Siah, sorrindo para mim.

“Fodona. Eu acho que a palavra que você está procurando é fodona”, eu provoco ele com uma piscadela.

“Então, um trabalho adequado para um beta, Paladino, executor e uma fodona”, relata Siah com um tom divertido. “Bem, isso não deve ser muito difícil”, ele brinca, e todos nós damos um grunhido incrédulo.

“E se não fosse?” Eu pergunto depois de alguns minutos.

Minha mente gira com a possibilidade de algo, e não tenho muita certeza do que fazer com isso.

“O que você quer dizer?” Bastien me pergunta.

“Quero dizer...” Paro por um momento enquanto tento juntar tudo de uma maneira que faça sentido. “Os conjuradores têm os Paladinos, mas os Paladinos só se envolvem com problemas de conjuradores. O mesmo vale para a hierarquia dos shifters e a hierarquia dos lamias. Mas qual é o problema que todos temos em comum, incluindo os Sentinelas?” Eu pergunto.

Todos eles olham para longe, pensativos.

“Corrupção?” Knox aponta com um bufo.

“Exatamente!” Eu exclamo.

“Espera. Essa é realmente a resposta? Eu estava brincando”, declara Knox.

“Brincadeira ou não, é verdade. Em quantas situações fodidas nos encontramos porque as pessoas em situação de poder estavam abusando disso?” Eu pergunto.

“Eu diria que oitenta e sete por cento dos nossos problemas vieram disso”, aponta Valen com uma risada vazia.

“Então o que você está dizendo? Damos uma volta e tentamos eliminar toda a corrupção?” Siah pergunta, seus olhos cheios de dúvida.

“Porra, não, isso é praticamente impossível. Mas e se fôssemos uma força alternativa que poderia de alguma forma ajudar se o problema fosse ruim o suficiente? Tipo, beta, Paladino, executor, fodona, mas para quem precisar, não somos apenas um tipo de super”, explico.

Todo mundo fica quieto, e não são apenas os caras. Todos na sala ficam subitamente quietos. Levanto os olhos e todo o cômodo está me encarando.

Merda. Eu não estava prestando atenção.

“Hum, desculpe, o que foi?” Peço em um esforço para encobrir minha falta de atenção.

Porra, espero que tenha sido uma pergunta que está fazendo todos eles me olharem, e não que eu tenha feito aquilo em que acho que estou falando na minha cabeça, mas realmente estou falando em voz alta.

“A Sétima Casa estava perguntando, se eles votarem em você para ser a Soberana, se você abrirá a barreira?” Tok me diz, e eu lhe lanço um sorriso agradecido.

“Essa é uma excelente pergunta”, eu anuncio, parando quando descubro o que diabos dizer. “Acho que é uma questão que precisa ser discutida em mais detalhes antes que eu possa realmente decidir”, começo a dizer.

Várias pessoas olham para mim, e eu rapidamente repenso meu plano de dizer alguma besteira política educada.

Veja, é por isso que eu seria péssima neste trabalho.

“Acho que as pessoas desta cidade devem ter uma opinião sobre o que acham melhor para elas. Pessoalmente, acho que seria bom que os Sentinelas se familiarizassem com o mundo. Poderíamos abrir a barreira para que os Sentinelas que queiram fazer isso possam. E para aqueles que não o fazem, a Tierit ainda pode ser um porto seguro para eles. Acho que provavelmente há uma maneira de fazer com que os dois lados do argumento se sintam seguros e felizes.”

Recosto na cadeira e fecho a boca. Murmúrios começam na sala, e eu olho para encontrar Tok e Marn sorrindo para mim.

Bem, merda.

Se eles estão felizes com isso, então eu não me ajudei com todo o argumento de não quero esse trabalho.

“Ok, vamos voltar ao que você estava dizendo, Lutadora”, pede Bastien, puxando minha atenção de volta para ele.

“Sobre a barreira?” Eu pergunto.

“Não, sobre beta, Paladino, executor, fodona. Então, supers iriam nos contratar?” ele pergunta.

“Hum... já somos ricos para um caralho”, aponto, e alguns dos caras sorriem, enquanto Siah diz: “Nós somos?”

“Sim, ainda não tivemos muita necessidade de mergulhar no lado financeiro, mas os leitores me deixaram uma tonelada de dinheiro. Nossos filhos e os filhos de nossos filhos até o infinito e além, estarão bem, e eu quero dizer muitoooooooo bem”, digo a ele.

“Então você quer filhos?” Sabin me pergunta, e eu engasgo com nada.

A sala olha para mim enquanto tento me controlar, e Enoch se levanta e me traz um copo de água. Paro de tossir e seguro o copo como se estivesse brindando a sala e anunciando que ficarei bem. Tomo um gole e Sauriel começa a conversa novamente.

“De onde diabos isso veio?” Eu pergunto a Sabin.

Ele encolhe os ombros. “Você que trouxe o assunto à tona.”

Eu olho para ele. “Somente no sentido de que gerações muito depois da nossa estão seguras financeiramente.”

“Você ainda assim trouxe o assunto à tona”, ele responde, e eu reviro os olhos.

“Eu pensei que deveríamos estar prestando atenção à discussão sobre a Soberana”, afirmo.

“E eu pensei que eles iriam coroar Suryn, então não precisávamos prestar atenção”, ele responde.

Eu suspiro minha irritação. “Eu não sei como me sinto sobre a coisa toda de crianças. Com certeza não agora. Talvez nunca. Eu não sei.”

“Ok”, ele responde simplesmente.

Olho para ele por um minuto, tentando descobrir qual é o problema. o que estou perdendo?

“Ok? Simples assim?” Eu questiono desconfiada.

“Eu não quero filhos agora. Meu relógio biológico ainda está na margarida da primavera. Nós apenas nunca conversamos sobre isso, e você trouxe o assunto à tona.”

Eu dou o dedo médio para ele, e ele ri.

“Enfim...” eu falo, apontando um último olhar para Sabin, “eu disse a Suryn e Sauriel sobre o dinheiro que os leitores economizaram e investiram em nome dos Sentinelas. Eles disseram que não tinham ideia de quem fez isso e que Tierit não o desejava nem precisava. Então, achado não é roubado se aplica oficialmente” termino, e Siah levanta as sobrancelhas com surpresa e acena com aprovação.

“Ok, então ninguém nos paga em dinheiro, mas talvez as pessoas que ajudamos nos devam um favor. Não do tipo chefe da máfia, mas de uma maneira que nos ajude a construir uma rede que possa fazer o bem ou ajudar outras pessoas no futuro”, afirma Valen.

“Isso pode funcionar”, eu concordo.

“Mas quem decide quem ajudamos e como os ajudamos?” Ryker pergunta.

“Nós poderíamos fazer isso”, responde Sabin depois de um momento. “Poderíamos criar algum tipo de situação de referência. Aydin, Evrin, Sorik e Vaughn poderiam nos ajudar a examinar as coisas se muitos pedidos chegarem, e decidiríamos quem ajudar e como”, acrescenta pensativo.

A declaração de Sabin me aquece. Eu realmente gosto da ideia de envolver Aydin, Evrin, Vaughn e Sorik no que quer que seja isso que estamos tentando fazer.

“Esse é... um plano muito bom”, sorrio para Sabin, perdoando-o pela bomba-bebê que ele acabou de lançar.

Toda essa conversa acende um fogo em mim. Tudo parece tão certo que eu quero sair dessa sala agora, fazer um plano e seguir em frente. Olho em volta da mesa para os meus Escolhidos e percebo pela luz animada que vejo em todos os seus olhares que eles estão se sentindo da mesma maneira.

“Ok, então é isso. Afastamo-nos desta mesa e descobrimos como fazer o BEFP acontecer.”

“O que diabos é be-fep?” Knox pergunta com um sorriso largo e um brilho confuso nos olhos.

“Você sabe... Beta, Executor, Fodona e Paladino. Eu tive que mudar um pouco para que pudesse produzir algum tipo de som lógico...” eu paro quando os caras começam a rir. “Eu estava fazendo um inicialismo, um acrônimo, ou seja lá como se chama isso”, eu defendo.

Eles começam a tremer com o riso reprimido, e eu os encaro.

“Bruxa, eu já te disse, você não pode nomear nada, nunca!” Torrez me diz, e o riso furioso que estou tentando manter no lugar racha.

“Foda-se, Lobo Geriátrico”, eu provoco.

“Para você é Senhor Lobo Geriátrico, bruxa”, ele corrige, e eu rio.

Algumas pessoas se voltam para mim, incluindo Marn e Tok, e me dão um olhar perplexo. Eu ofereço um sorriso tímido e tento lembrar que pareço uma porra de louca sentada aqui rindo sozinha. Na verdade, isso não é uma coisa tão ruim. As pessoas não votam em loucos, não é?

“Ok, então meu nome está fora da mesa, como vocês nos chamariam?” Eu desafio.

Bastien joga, “O Super Esquadrão da Salvação25”, e então se olha como se sua mente tivesse algum tipo de colapso. Eu posso dizer que ele está julgando o que acabou de sair da mente dele, e é hilário.

“Você nos fez parecer aqueles acumuladores de cupons extremos”, ressalta Valen, e então ele começa a rir também.

Metade da sala se vira para ver o que está acontecendo. Ele acena para eles e pede desculpas enquanto o resto de nós tenta nos impedir de rir também.

“E que tal Bandidos Molhados?” Knox lança com um sorriso orgulhoso no rosto.

Todos nós o encaramos por um momento com um gigante o que porra escrito em todos os nossos rostos.

“Isso é algum tipo de referência à boceta de Vinna? Porque eu tenho que dizer que a BG dela supera os 'Bandidos Molhados' a qualquer dia”, diz Torrez a Knox, e eu bufo.

Ele apenas balança a cabeça.

“Mano, é de Esqueceram de Mim26. Você sabe, os ladrões que invadem a casa do garoto?” Knox explica.

“No entanto, não somos ladrões”, Ryker ressalta, ainda mais confuso, mas Torrez parece apenas em branco, claramente fora do assunto nesse caso.

Os olhos de Knox se arregalam de choque.

“Não me diga que você nunca viu Esqueceram de Mim. É uma merda de tradição de Natal!”

“Torrez é mais velho que o Natal”, aponto com uma risadinha. “Você sabe, tão velho quanto as pessoas que são do início dos tempos”, acrescento.

Marn me dá um olhar severo que me diz para parar com toda essa merda.

“Bruxa, você está apenas pedindo por isso, não está”, diz Torrez.

Minha boceta se contrai de emoção. Eu amo quando ele tenta me foder até a submissão.

As narinas de Torrez se abrem, e ele me dá um sorriso e ri. De repente, meus outros seis Escolhidos gritam em minha mente: “Dibs!”

Tok e Sauriel saltam de suas cadeiras e começam a discutir com outro Sentinela na sala. Eu me concentro novamente no que está acontecendo, e quando ouço a voz do outro homem, minha pele se arrepia. É o homem do corredor que ouvi com a Soberana. Eu gostaria de poder esfregar sua voz e a merda que ele disse fora minha mente, mas infelizmente não tenho uma runa para isso.

“Vocês todos estão brigando de um lado para o outro sobre como qualquer uma dessas mulheres é digna e não como elas simplesmente cometeram regicídio!” Ele grita, saliva voando de sua boca. “Elas devem ser executadas por seus crimes, não recompensadas”, ele rosna.

“A Soberana violou a lei quando as atacou sem motivo. Ela foi contra o decreto do tribunal e violou seus votos para o povo e as leis que jurou defender” Tok grita de volta.

“Elas a mataram!” O homem do corredor acusa, seu olhar cheio de fúria e seu tom gritando por vingança.

“Nós nos defendemos e os nossos Marcados de um ataque não provocado, que temos todo o direito em nossas leis”, declara Suryn, levantando-se de sua própria cadeira.

“É o que você diz. E devemos acreditar na palavra das duas mulheres que agora estão disputando sua coroa?” Ele acusa.

Eu empurro para fora da minha cadeira.

“Não, você deve acreditar nas evidências”, eu rosno para ele. “Os meus Escolhidos foram presos em nossos quartos. A Soberana trouxe uma luta até nós. Todo mundo que revisou a cena concorda. E se você não quiser confiar neles, pense na outra noite antes de enfiar o seu pau na garganta da Soberana no corredor. Tenho bastante certeza de que ela lhe disse que ela iria se livrar de nós e de sua sobrinha se ela não pudesse coloca-la a bordo com ela.”

“Como você ousa!” Ele grita comigo e se lança.

Ele não consegue dar mais nenhum passo em minha direção antes de toda a sala convergir sobre ele. Eu espero que eles o levantem chutando e gritando, o ponham na cadeia ou algo assim, mas alguém enfia uma espada no peito dele, e o homem do corredor está morto em segundos.

Bem, tudo bem então.

Os guardas carregam o corpo, e as idas e vindas sobre quem deve ser a Soberana continuam, como se nada tivesse acontecido. Olho ao redor da sala e depois de volta aos meus Escolhidos.

“Deixe-me facilitar isso para todos”, declaro.

Tok levanta os braços para chamar a atenção de todos, e a discussão acalma-se lentamente. Ele olha para mim com expectativa.

“Vou tornar essa decisão muito mais fácil para todos”, repito, e o murmúrio silencioso ainda continua ficando um pouco mais alto. “Retiro meu nome de consideração para Soberana”, anuncio.

“O quê?” Marn exige enquanto ela se levanta.

“Eu não quero a porra da coroa!” Eu exclamo, e a sala fica em silêncio.

Tok e Marn olham para mim como se não soubessem processar o que estou dizendo.

“Suryn, eu gostaria de falar com você lá fora”, digo a ela, e então me viro e me movo em direção à porta.

“Vinna, espere!” Marn grita para mim, mas eu ignoro.

“O que está acontecendo?” Alguém chama, e eu posso ouvir sussurros deslizando pela sala.

Cadeiras raspam e guincham quando são empurradas para trás, e eu sei que meus Escolhidos estão me seguindo. Saio pela porta e a sala explode com vozes chocadas e confusas. Eu sei que vou ter que responder a Tok e Marn mais tarde, mas agora estou assumindo o controle do meu futuro, e isso é bom pra caralho. Estou cansada dos meus próximos passos, simplesmente sendo uma reação ou contrarreação para uma merda ou outra. É hora de ser proativa. Assumir o controle de quem eu sou e quem eu quero ser.

É hora de Sentinelar-me, porra.


33


Eu saio dos portões do castelo e faça uma pausa. Eu me viro para encontrar meus escolhidos, e Suryn, Nash, Kallan, Becket e Enoch, todos fazendo o seu caminho até mim.

“Eu não tenho a menor ideia de para onde estou indo”, eu admito, gesticulando ao meu redor e para onde estamos do lado de fora dos portões do castelo.

Meus Escolhidos soltam um bufo divertido.

“Podemos simplesmente descer pela rua, ela dá a volta”, Enoch aponta, e eu dou de ombros e me viro para Suryn.

Ela balança a cabeça de uma maneira que me diz que ela realmente não se importa para onde vamos, então eu escolho uma direção e começo a ir por esse caminho.

“Parece quieto aqui hoje”, observo quando todos começamos a nos mover como um grupo.

“Isso acontece porque a boa maioria dos marcados pela luz que moram nesta parte da cidade estão naquela sala que acabamos de sair, especulando sobre o que estamos fazendo aqui”, ressalta Suryn.

Uma brisa pega as saias de ambos os nossos vestidos e os fazem dançar levemente com seu toque brincalhão.

“Eu não quero ser a Soberana”, eu começo.

Suryn bufa. “Sim, eu percebi isso lá dentro”, ela rosna, e eu rio. “Então, eu estou aqui para discutir o que você quer?” Ela pergunta, e seus olhos se voltam rapidamente para Kallan antes de focar na estrada à sua frente. “Essa é a parte em que você cria um relacionamento mutuamente benéfico entre nós duas?” Suryn pergunta, seu tom atrevido com apenas uma pitada de incerteza.

Balanço a cabeça, divertida. Se ela não fosse uma cadela tão tensa, eu poderia gostar dela.

“Bem, eu não sei sobre nós duas...” Eu meio que brinco, parando. “Mas acho que se trabalharmos juntos, poderíamos tornar as coisas muito mais seguras para os Sentinelas fora das fronteiras da Tierit.”

“E como é que vamos fazer isso?” Ela pergunta, com um sorriso espreitando pelo canto da boca.

“Meus homens e eu vamos sair”, eu começo, e Suryn me encara por um segundo. Não deixo de notar o lampejo de inquietação que passa por seus olhos antes que ela pisque. “Estamos trabalhando nos detalhes, mas vamos começar nosso próprio grupo que cuida do bem-estar de todos os supers lá fora, incluindo os Sentinelas, se quiserem.”

“Quando isso foi decidido?” Becket pergunta, interrompendo o que Suryn está prestes a dizer.

Eu volto para ele. “Basicamente lá dentro, agora”, explico.

“É disso que se trata todas as risadinhas?” Kallan acusa.

“Bem, isso e algumas outras coisas”, digo a ele e tento não sorrir.

“Então, vamos ser vigilantes?” Becket pergunta, seus olhos pensativos.

Meu olhar corre de Becket para Suryn, e não tenho certeza do que dizer.

“Vigilantes de Vinna”, Ryker joga aleatoriamente.

Todos nos voltamos para ele.

“Tem uma boa sonoridade”, ele anuncia com um encolher de ombros.

“Passo”, eu respondo com uma risada.

Suryn olha para mim, confusa.

“Desculpe, somos péssimos em descobrir como vamos nos chamar quando formos foras da lei”, explico.

“Você não precisa ser fora da lei”, ela me surpreende dizendo.

Eu a encaro, perplexa, e ela me dá um pequeno sorriso e balança a cabeça.

“Você salvou minha vida, Vinna Aylin. Você acha que algo assim não importa para mim ou para o povo da Tierit?” Ela me pergunta, e eu não sei como responder.

Andamos lado a lado em silêncio por um minuto. Suryn parece estar elaborando algo em sua mente, e eu a deixo com isso.

“Você não será vigilante”, ela declara após vários passos calmos. “Eu vou te oficializar. Você terá todo o peso dos Sentinelas com você, se quiser, é isso”, oferece Suryn, e eu paro de repente e fico olhando para ela.

“O que você quer dizer?” Eu pergunto, incapaz de entender o que ela está dizendo.

“Apenas o que eu disse. Eu posso oficializar o que você e seus Escolhidos querem fazer. Vocês podem ser diplomatas ou algo assim... Não sei, só estou dizendo que pode ser resolvido”, explica ela e continua avançando.

Sua oferta me deixa cambaleando, e eu me perco no pensamento por um momento, quando ando ao lado dela. Andamos lado a lado, uma pitada de constrangimento entre nós. Estávamos em dois lados diferentes até a luta com a Soberana acontecer. Acho que nenhuma de nós sabe o que fazer uma com a outra agora. Há um fio de camaradagem que nos une por causa do que aconteceu com sua tia, mas fora isso, somos estranhas uma para a outra. Estranhas que não se gostavam tanto assim há pouco tempo. E agora poderíamos ser... o que? Parceiras? Diplomatas?

Eu tento pensar no que ela está me oferecendo, ver uma desvantagem ou um problema, mas agora eu simplesmente não estou vendo. O apoio dela poderia ser exatamente o que os caras e eu precisamos para enfrentar os Anciões dos conjuradores ou qualquer outra liderança que pudesse tentar ficar no nosso caminho.

“Então, isso significa que você acha que está na hora dos Sentinelas verem o que está fora do Titérit?” Eu pergunto.

Ela respira fundo. “Acho que nossa sobrevivência pode depender disso. Nem todo mundo ficará feliz, mas acho que nós podemos fazer isso de uma maneira que funcione para todos”, explica ela.

“Nós?” Eu provoco.

Suryn olha para mim por um momento e depois assente. “Sim, nós”, ela declara, e então ela segura a mão direita e a coloca sobre o bíceps esquerdo.

Não sei por que o gesto me toca tanto quanto faz, mas meus olhos ardem e eu tenho que piscar minhas emoções. Aperto a mão direita e coloco-a sobre o meu bíceps esquerdo.

“Eu ficaria honrada, Soberana...”

Eu paro, tentando quebrar meu cérebro para saber qual é o sobrenome dela. Suryn Da Segunda é tudo o que posso pensar, mas essa é a designação de sua Casa, não seu sobrenome.

“Merda, qual é o seu sobrenome mesmo?” Eu pergunto, um olhar envergonhado no meu rosto.

Ela ri, e eu me sinto um pouco menos idiota por não saber.

“O sobrenome da minha mãe era o mesmo que o da minha tia. Escolhidos e filhos levam o sobrenome da mulher”, explica ela, e tento não fazer careta.

“Então você é Soberana Finella também?” Eu confirmo, e ela assente. “Bem, pelo menos você não terá que mudar o material”, eu comento, e ela bufa.

“Estou ansiosa para resgatar o nome”, ela declara, e eu estendo meu punho para ela bater.

Ela apenas olha para ele.

“Uh... você deveria bater seu próprio punho contra o meu”, explico. “É uma coisa de solidariedade”, acrescento quando ela ainda não se move.

Ela fecha a mão e bate no topo dos meus nós como um punho fechado. Eu sorrio e aceno.

Isso vai servir.

“Devo voltar e anunciar o que discutimos”, afirma Suryn.

Eu aceno e olho para os meus rapazes. “Vocês iriam com ela?” Eu pergunto. “Reassegurar o que ela vai dizer e pegar Marn e Tok quando desmaiarem ou implodirem”, acrescento.

Meus Escolhidos riem, e Suryn sorri e balança a cabeça.

“Vou apenas conversar com meus Escudos”, anuncio, e a irritação que brilha através do olhar de Suryn quando os chamo de meus é clara. “Prometo que não demorarei”, eu ofereço, e os caras me acenam com a cabeça e se movem para escoltar Suryn para o castelo.

“Você tem certeza disso?” Suryn para e se vira para me perguntar.

Eu vejo uma pitada de nervosismo ou talvez incerteza em suas feições.

“Sim”, eu confirmo.

Eu a vejo respirar profundamente e depois assentir.

“Suryn”, grito quando ela começa a se virar, “estamos aqui se precisar de algo”, ofereço.

Ela endireita os ombros e me dá um pequeno sorriso. O agradecimento é evidente em seus olhos, mas ela não diz outra palavra quando se vira e volta para o castelo. Observo ela e meus Escolhidos partirem e sinto uma profunda sensação de paz tomar conta de mim. Isso é o certo a se fazer, e posso sentir a confirmação disso em meus ossos.

“Então”, começo quando me viro para Enoch, Kallan, Becket e Nash, “vamos conversar sobre nós.”

Eu dou uma risada para o tom de merda de namorada carente que acabou de sair da minha boca. Eles gemem de brincadeira e riem também.

“A temida conversa de para onde isso vai”, brinca Kallan, e eu sorrio.

“Isso mesmo”, confirmo e começo a andar pela rua novamente.

Eles ficam ao meu lado, e todos nós ficamos um pouco quietos.

“Então o que vocês querem fazer?” Finalmente pergunto e não sei por que, mas a pergunta me deixa triste.

Sinto que já sei o que vai acontecer, mas preciso ouvi-los dizer isso. Estou empolgada por eles, torcendo por eles, e também estou chateada que não estaremos juntos um do outro da mesma maneira que temos estado desde que os Anciões me mudaram para a casa deles.

“Ainda não somos unânimes nessa decisão ainda”, Kallan joga, e eu encontro cada um de seus olhares, por sua vez.

“Ainda divididos ao meio?” Eu pergunto.

“Oh não. Becket é o único que não quer ficar”, Enoch me informa.

Minhas sobrancelhas se contraem de surpresa e me viro para Becket. Ele revira os olhos e respira fundo.

“Eu sei que deveria te odiar. Na noite em que você me contou sobre meu pai, eu decidi naquele momento que eu sempre te odiaria.” Becket se interrompe, sua voz falhando de emoção, e eu aceno e olho para longe, dando-lhe espaço para reunir seus pensamentos.

“Quando Adriel me levou, quando descobri que você estava dizendo a verdade sobre o meu pai, isso não mudou as coisas para mim do jeito que eu pensava. Verdade ou não, eu ia te odiar da mesma forma. Mas esse plano ficou muito mais difícil quando estávamos na cela juntos, porque eu te odiava, mas também comecei a respeitá-la”, ele me diz suavemente, e eu posso ouvir o conflito em sua voz.

“Eu não conheço Suryn, e não me sinto muito empolgado ou curioso sobre ela como eles”, ele me diz, gesticulando para o resto de seu clã. “Eu respeito você, Vinna. Porra, eu até admiro você, apesar dos meus esforços para não fazer” ele admite com um grunhido divertido.

Eu sorrio e balanço minha cabeça.

“Sua magia me marcou como seu Escudo, e eu simplesmente não posso abandonar isso ou você, na esperança de que alguma outra garota Sentinela acabe nos jogando seus restos ocasionais de comida”, termina Becket.

Enoch zomba e abre a boca para dizer algo, mas eu o interrompo.

“Eu não sei se eu teria saído daquela cela a mesma pessoa, ou se ao menos eu sairia, se não fosse por você estar lá, Becket. Então, eu só quero que você saiba que o sentimento é mútuo” digo a ele, e ele me dá um aceno de cabeça e um pequeno sorriso.

“Quando Getta estava me contando sobre a origem dos Sentinelas e sobre minhas habilidades, ela disse algo sobre vocês em que venho pensando desde então.”

Alguém sai da casa à nossa direita e coloca a mão sobre o bíceps para nós. Eu sorrio para eles e me pergunto se esse gesto vai parar de significar tanto para mim. Continuamos a passear pela rua circular e levo mais um segundo para reunir meus pensamentos.

“Então eu levantei toda a coisa de confiar na magia para ela. Minha magia te marcou por uma razão, e pronto. Mas ela fez um bom argumento. Sim, marquei vocês por um motivo, mas esse foi realmente meu motivo, ou poderia ser de outro alguém? Talvez eu tenha marcado vocês para traze-los aqui. E então vocês conheceriam Suryn.”

Todos acenam pensativamente, mas ficam quietos.

“Eu tenho tentado pensar nisso desde então, e é isso que eu pude concluir. Quando todos apareceram em minha casa com marcas, senti a necessidade subjacente de mantê-los comigo.”

“Você quer dizer, depois que sentiu a necessidade avassaladora de nos estripar, certo?” Kallan provoca, e todos nós rimos.

“Sim, depois dessa parte, é claro”, brinco de volta.

“Senti esse puxão em Solace e na Bielorrússia quando decidimos sair e procurar a Cidade dos Sentinelas.” Eu paro.

“Você não sente mais isso, sente?” Enoch aponta, e eu balanço minha cabeça.

“Não. Eu não sinto”, eu confirmo. “Não estou dizendo que vocês não são bem-vindos comigo e com meus Escolhidos. Vocês nem precisam estar ligados a mim ou a Suryn, se não quiserem. Tawv diz que há maneiras de desmarcá-los, se é isso que vocês gostariam. Tudo o que estou dizendo é que, sim, minha magia marcou vocês, mas não posso dizer com certeza o porquê agora, mais do que eu podia quando aconteceu.”

Todos ficamos em silêncio de novo, perdidos em pensamentos.

“Suryn e eu lutamos por isso”, anuncio do nada.

“O quê?” Enoch pergunta.

“Quando?” Kallan exige.

“Quem ganhou?” Nash pergunta, e eu balanço minha cabeça e rio.

“Ela decolou antes que fosse decidido oficialmente de uma maneira ou de outra.”

“Por quê?” Becket pergunta, claramente julgando-a por deixar uma briga.

“Por causa de vocês”, digo a ele, e a confusão toma conta do rosto de Becket.

“Ela apenas engasgou e gritou meus Escolhidos e depois partiu sem hesitar um segundo. Deve ter sido quando a Soberana atacou vocês.” Eu termino, e dou a eles algum tempo para deixar isso entrar.

“Eu não sei o que o futuro reserva para vocês, mas pode valer a pena tentar descobrir se esse futuro pode estar aqui. Quero dizer, no pior cenário, vocês sempre podem se encontrar comigo e com os caras a qualquer momento. Ou tirem suas runas e vão para casa, se vocês decidirem que os Sentinelas são mais problemáticos do que valem” brinco, e eles riem. “Eu só acho que pode ser bom ver por que a magia dela também marcou você”, eu termino, olhando para Becket enquanto completamos o caminho circular que estamos fazendo, e os portões da frente do castelo podem ser vistos à distância novamente.

Ele e eu olhamos um para o outro por vários passos, e então ele me dá um pequeno aceno de cabeça e desvia o olhar.

“Além disso, Getta poderia obviamente usar alguns oponentes dignos. Porra, Deus sabe que esses Sentinelas de Tierit não estão dando a ela uma corrida pelo seu dinheiro” brinco, e todos nós rimos.

Eu deixo assim, não pressionando-os a tomar uma decisão ou colocando meu nariz ainda mais em suas coisas do que eu já fiz. O tempo dirá o que todos eles escolheram fazer. O que eles decidirem, eu estarei aqui para apoiá-lo.


34


Fico inquieta, imaginando o que diabos está demorando tanto. Marn estende a mão para a minha mão e dá um aperto reconfortante. Aperto a mão dela de volta, estendo a mão e a puxo para o meu lado para um abraço rápido.

Ela e Tok levaram o anuncio de eu vou passar essa coisa de ser a Soberana melhor do que eu esperava. Suryn já havia jogado a bomba quando voltei para a sala da mesa redonda. Talvez isso tenha dado algum tempo para eles pensarem nisso, mas quando confirmei o que Suryn estava dizendo e depois mapeei o que meus Escolhidos e eu queríamos fazer, Tok e Marn pareciam meio orgulhosos e nem um pouco chateados como eu pensei que eles estariam.

Marn fixa a gravata de couro no vestido cor de terracota que ela me forçou a vestir. O vestido é macio, esvoaçante e sem mangas, com uma tira de couro preta que sai da parte de trás do meu pescoço e cruza sob meus seios e através do meu torso várias vezes antes de amarrar nas costas. Desta vez, tenho uma fenda em cada lado da saia, da qual não era grande fã até que Siah me lembrou por que o acesso fácil não era uma coisa tão ruim.

Eu posso praticamente sentir suas presas raspando contra o interior das minhas coxas quando ele me provocou logo antes—

“Todos saúdem a Soberana Finella, Governante de Tierit, o Alvorecer da Nova Esperança, Libertadora de Ilusões, Salvadora dos Sentinelas, Abençoada pela Luz e Guardiã do Portão”, grita um guarda, seu anúncio ecoando nas paredes da sala do trono.

O zumbido baixo de murmúrios que enchiam a sala para e todos ficam quietos. Suryn entra com firmeza e elegância na sala comprida, seu vestido verde esmeralda notavelmente semelhante ao meu. Olho rapidamente para Marn para ver se ela tem um olhar de quem veste melhor? em seu rosto, mas ela parece mais animada do que irritada.

Enquanto Suryn caminha, percebo anéis de runas na parte superior das coxas, como se ela tivesse várias cintas ligas de runas enroladas nas pernas. Ela tem mais um par nas panturrilhas também. Ela está descalça, assim como eu, mas não vejo marcas nos pés nem nos dedos dos pés. Suryn caminha confiante até o pai, onde fica ao lado de Tawv, no pé da escada que leva aos tronos. As velhas cadeiras douradas que a Soberana anterior tinha lá em cima desapareceram e, em seu lugar, três grandes cadeiras altas de madeira cinza claro.

Suryn para na frente de Tawv e se ajoelha, seus olhos quase brancos e assustadores correndo sobre ela. Ele dá um aceno de satisfação e os ombros dela parecem relaxar um pouco. Ele chega à sua direita e levanta uma nova coroa de ouro sobre a cabeça de Suryn. Seu cabelo vermelho é refletido no brilho do que parecem flores e trepadeiras que estão enroladas em torno de várias runas.

Estou fascinada por tudo isso, mas também estou ansiosa para acabar logo. Os caras e eu concordamos em ficar até Suryn ser coroada, mas assim que isso acabar, sairemos daqui.

“Eu, ex-membro do Quórum, coroo você, Suryn Finella, a nova Soberana dos Sentinelas. Você jura defender as leis do nosso povo?” ele pergunta.

“Eu juro”, Suryn responde imediatamente.

“E você jura dedicar sua vida a levar seu povo à luz, fortalecê-los, uni-los, conhecê-los e suas necessidades?”

“Eu juro.”

“Você jura não permitir que seu povo repita os erros do passado? Ser ágil em ação quando solicitada contra ameaças dentro ou fora da barreira e lutar pela paz e prosperidade acima de tudo?”

“Eu juro.”

“Então levante-se, Soberana Finella, e nos leve a uma nova era”, comanda Tawv.

Suryn faz exatamente isso e, quando se levanta, Tawv coloca a coroa em sua cabeça. Ela mergulha os pés em algo próximo a Tawv e depois sobe o caminho até o trono do meio. A sala está tão silenciosa que posso ouvir seus pés descalços enquanto se movem pela pedra do chão. Ela se vira na frente da cadeira do meio e a sala fica fodidamente louca.

Aplausos e ovações ganham vida quando Suryn segura a mão direita e a coloca sobre o bíceps esquerdo. O barulho fica ainda mais alto, e eu adiciono minha própria voz às de Tok e Marn e dos meus Escolhidos. Todos devolvemos a Suryn o mesmo gesto, e eu assisto enquanto ela pisca as lágrimas. Ela se senta no trono, com alegria por todo o lado, e é como se um peso fosse levantado da sala.

Olho em volta e vejo pessoas chorando abertamente lágrimas felizes, e só consigo imaginar como está sendo esse dia para elas. Há uma esperança palpável flutuando por esse lugar, e é tão diferente da sensação sombria e quase derrotada que existia em torno da tia de Suryn. Eu não posso evitar o enorme sorriso no meu rosto enquanto absorvo tudo. Estou tão honrada por ver isso, e mal posso esperar para ver o que está reservado para essas pessoas no futuro.

A sala se acalma lentamente, e vejo Sauriel enxugando os olhos quando ele olha para a filha, com orgulho e amor brilhando em seus olhos. Olho para Vaughn e sorrio quando ele me nota olhando para ele. Ele me devolve um sorriso, e meu peito se aperta quando vejo o mesmo orgulho e amor em seu olhar.

“Soberana Finella, você selecionou seu quórum?” Tawv pergunta, sua pergunta ecoando pela longa sala cheia de Sentinelas de Tierit.

“Eu fiz”, ela declara, e a sala se instala em silêncio mais uma vez. Ela olha para a multidão e sorri quando encontra Ory. “À minha esquerda, vou chamar Ory Lark”, anuncia ela, e uma emoção silenciosa borbulha na sala novamente.

Ory parece chocado pra caralho com o anúncio de Suryn. Não sei por que acho isso divertido, porque acho que ninguém aqui se surpreende com isso. Ele olha para Suryn, e posso dizer que ele está perguntando se ela tem certeza com apenas um olhar. Ela sorri ainda mais para ele e acena para frente.

“Por que ele está tão chocado?” Sabin se inclina para frente e pergunta calmamente a Tok.

“Porque Ory será o primeiro de seu tipo a ocupar uma posição de liderança sobre as pessoas que escravizaram seus antepassados”, explica Tok.

Surpresa corre por mim enquanto as palavras de Tok se instalam em minha mente. Ory caminha devagar, o choque ainda irradiando de suas feições. Ele se ajoelha como Suryn e Tawv recomeça a série de juramentos.

“Espere, então o que ele é?” Eu pergunto confusa. Eu pensei que Ory era Nascido da Luz ou Sangue Puro ou o que diabos eles chamam os nascidos Sentinela em vez de marcado.

“Ory é parte Ouphe dos antigos e parte Grifo”, Tok sussurra para mim enquanto o eu juro de Ory ecoa na sala.

Grifo?

“Eu acho que isso explica as asas”, murmuro, e Tok assente. “Que chatice, eu esperava que fosse uma runa que eu pudesse ganhar de alguma forma”, eu admito, e Bastien e Knox riem baixinho.

Eu levanto uma mão para esfregar a runa debaixo do meu queixo, mas me paro. Ainda não convenci de tocá-la ou ativá-la para confirmar o que é.

Ory se levanta, pega sua coroa, mergulha os pés e caminha até a cadeira à esquerda de Suryn. Quando ele se volta para a sala, a multidão fica louca de novo. Até Suryn bate palmas com força e vaia sua aprovação, e não posso deixar de me juntar novamente, mesmo que o cara seja um idiota. Ory sorri e balança a cabeça quando os Sentinelas de Tierit deixam claro que estão felizes com a decisão da Soberana. Eu gostaria de saber o que estava passando pela cabeça dele; ele parece tão humilde e surpreso. Está muito longe do jeito arrogante que ele costuma ser.

A sala se acalma lentamente novamente, e Ory se senta. Tawv volta-se para Suryn, com expectativa.

“À minha direita”, ela começa, olhando para Tawv com um sorriso largo.

Dou um pequeno aceno de cabeça, gostando de sua próxima escolha. Tawv é uma boa opção para ajudar a guiá-la.

“Vou chamar Vinna Aylin”, ela anuncia, olhando para mim, e meu maldito coração cai em meus pés.

Espera. O quê?

Meus Escolhidos expressam seu choque, e até Tok e Marn olham para mim como se não imaginassem que isso fosse acontecer. Eu fico lá, fazendo minha melhor representação de uma estátua confusa e tento entender o que diabos está acontecendo. Suryn ri, e o som disso me tira do meu estupor. Assim como com Ory, ela acena para mim, e é como se eu tivesse sido atingida por um laço, porque automaticamente começo a me mover em direção a ela.

A multidão se separa enquanto eu as atravesso até me encontrar ajoelhada aos pés de um Tawv amplamente sorridente. Olho para cima e vejo que a coroa de ouro que ele está segurando sobre minha cabeça são de fato trepadeiras e flores entrelaçadas com minhas runas e com as dos meus Escolhidos. Eu me sinto sem fôlego e insegura do que diabos fazer. Isso significa que não estamos seguindo o planejado? É como uma proposta pública em que você diz sim para que a outra pessoa possa se safar e depois, a portas fechadas, perguntar a ela que porra ela estava pensando?

“Eu, ex-membro do Quórum, coroo você, Vinna Aylin, membro do Quórum e mão direita da Soberana dos Sentinelas. Você jura defender as leis do nosso povo?” Ele pergunta.

Eu paro. Merda, eu juro? Posso jurar defendê-las se não souber quais são?

“Eu juro defender as leis do nosso povo, desde que essas leis sejam morais e não machuquem pessoas inocentes”, afirmo, e espero Tawv jogar minha coroa de lado e dizer a Suryn que ela precisa escolher outra pessoa.

“E você jura dedicar sua vida a levar seu povo à luz, fortalecê-lo, uni-lo, conhecê-lo e suas necessidades?” Tawv continua, em vez de exigir outra pessoa.

“Juro dedicar minha vida a levar todas as pessoas à luz, fortalecê-las, uni-las, conhecê-las e suas necessidades”, declaro, mais uma vez esperando alguém me vaiar ou dizer que estou fodendo com seus juramentos.

“E você jura não permitir que seu povo repita os erros do passado? Ser ágil em ação quando solicitada contra ameaças dentro ou fora da barreira e lutar pela paz e pela prosperidade acima de tudo?”

“Eu juro”, eu respondo, desta vez não sentindo a necessidade de alterar nenhuma das palavras.

“Então levante-se, Vinna Aylin, e ajude a nos levar a uma nova era”, me convida Tawv.

Respiro fundo e me levanto. Ele coloca a coroa na minha cabeça e fico surpresa com o peso dela. Parecia tão delicada, mas parece longe disso. Tawv sorri para mim, mas meu sorriso ainda está irradiando o que porra.

“Agora, Vinna, mergulhe os pés nas lágrimas do dragão e vá para o seu lugar”, ele me diz, e meus olhos se abrem.

“Dragões são reais?” Eu sussurro, surpresa, enquanto mergulho meus pés descalços na mesma tigela grande que Suryn e Ory fizeram.

Tawv sorri. “Na verdade, é seiva de uma planta de dragão”, explica ele. “Fazemos isso para limpar os restos dos passos que vieram antes de você, para que você possa permanecer no seu próprio reino e não no de outra pessoa”, ele me diz, e isso causa arrepios nos meus braços.

Afasto-me dele e subo as escadas. Suryn me dá um sorriso largo e acolhedor, e eu tenho que me impedir de perguntar a ela o que diabos ela estava pensando e se ela enlouqueceu. Meu coração bate contra as costelas, cansado depois de subir dos meus pés de volta ao peito. Estou a dois passos de chegar ao meu trono, isso é estranho de se dizer, e não sei o que vai acontecer quando o alcançar e me virar para encarar as pessoas desta cidade.

Eles vão me encarar? Gritar a rejeição deles? Aplaudir educadamente? Apenas olhar?

Respiro fundo, alinho meus ombros e me viro.

Uma onda de som ensurdecedor explode. Meu vestido se espalha contra minhas pernas quando aplausos e ovações se estendem e me cobrem com sua aprovação. Os Sentinelas de Tierit não se seguram, me informando alto e claro que estou exatamente onde eles querem que eu esteja. Coloco a mão direita sobre o bíceps e, quando acho que não pode ficar mais alto ou mais barulhento, as pessoas o elevam a um nível totalmente novo. Eles me saúdam de volta, e nunca esquecerei esse momento enquanto viver. Assim como Suryn e Ory antes de mim, tenho que lutar contra as lágrimas, pois estou sobrecarregada com o amor e o apoio dessas pessoas. Olho para encontrar meus Escolhidos gritando seus pulmões fora e me saudando de volta.

Tok e Marn estão se abraçando, lágrimas escorrendo pelo rosto e orgulho brilhando nos olhos. Meu sorriso é enorme e genuíno quando eles me recebem. Eu olho para Becket e imagino se nós acabamos de ter aquele desfile que ele estava esperando. Minhas bochechas doem quando a multidão começa a diminuir e eu sento no meu trono à direita de Suryn.

Ela se levanta do assento e a sala fica em silêncio mais uma vez. “Sentinelas...” ela chama, sua voz clara ecoando na multidão como uma chamada de ação bem-vinda e simultânea. “Hoje é o dia em que abraçamos o novo e nos preparamos para um futuro melhor. Há muito que estamos seguros dentro dos limites de nossa barreira, mas chegou a hora de ver nossa reclusão pelo que é: uma sentença de morte”, declara ela, e um rumor baixo de concordância e acenos de cabeça enchem a sala.

“Geração após geração prospera cada vez menos dentro de nossas paredes mágicas, e temos que acabar com a deterioração de nossa luz e o lento esgotamento de nosso povo. Os líderes que vocês veem diante de vocês serão como nenhum outro, enquanto abrimos o caminho para os Sentinelas não apenas aqui em Tierit, mas também por todo mundo.”

A multidão explode em aplausos, e Suryn sorri e espera que eles se acomodem. “Vai levar tempo. Vamos precisar da sua confiança e apoio. Mas vamos encontrar uma maneira de prosperar novamente. Vamos encontrar o nosso caminho no mundo novamente. Vamos nos levar a uma nova era em que possamos prosperar e ser melhores do que jamais fomos antes. Vocês estão comigo, Tierit?” Ela grita na sala e eu grito minha própria aprovação.

Ela é boa, eu penso enquanto ela motiva seu pessoal e dá a verdade para eles. Minhas preocupações com o que vai acontecer agora desaparecem quando percebo que tudo o que Suryn e eu discutimos antes ainda vai acontecer. Eu a vejo saudando seu povo mais uma vez, e posso ver tudo claramente. Ela trabalhará dentro da barreira e eu vou trabalhar fora dela. Ory irá para onde for necessário, e lenta mas seguramente os Sentinelas sairão do esconderijo.

O barulho da multidão diminui quando Suryn levanta as mãos.

“Bom”, ela proclama. “Então vamos comemorar hoje à noite, porque amanhã temos trabalho a fazer”, ela comanda, e a sala entra em erupção novamente.

Desta vez, as grandes portas nos fundos se abrem e as pessoas começam a sair da sala do trono na direção de onde quer que a festa vai começar. Nós os assistimos partir, sentados nos tronos, e a percepção me atinge do que sou responsável. Eu me sinto muito honrada sobre isso. Minhas ações não são mais apenas minhas e dos meus Escolhidos. Há toda uma raça de pessoas contando conosco para tornar o mundo seguro para eles. Eu sei que não vai ser fácil, mas estou cheia de tanta esperança de que seja possível.

Suryn vira-se para Ory, e ele lhe dá um olhar incrivelmente obscuro.

“Você é sorrateira”, ele a acusa de brincadeira. “Você disse que ia chamar seu pai e Tawv, sua pequena merdinha.”

Suryn ri e se move em direção a ele. Ele se levanta e a envolve em um abraço.

“Você é o melhor homem para o trabalho, Ory. Você entende mais do que ninguém o que está enfrentando o quão importante é fazer tudo certo”, ela diz, e Ory assente e a abraça com mais força.

Um rosnado baixo, baixo e raivoso começa, e eu sigo o som de volta para Enoch, que está olhando furiosamente para Ory. Ory olha e envia seu próprio olhar ameaçador para Enoch e seu clã. Um sorriso divertido rasteja sobre o meu rosto.

Ainda bem que não vou estar aqui para ajudar a conciliar toda essa merda.

Tawv se aproxima de nós, com um sorriso orgulhoso no rosto. “Nós apenas precisamos esperar Wekun dar a vocês três suas marcas de união, e então vocês podem ir para as festividades”, ele anuncia alegremente.

Eu levanto minha mão. “Hum, o que é um Wekun e o que são marcas de união?” Eu pergunto.

“Wekun é nosso Tecelão de Ligações oficial. A Soberana e seu Quórum são marcados com maneiras de se contatar e se proteger, e é para isso que ele estará aqui para fazer. Não deve demorar muito” Tawv me tranquiliza.

A porta lateral da sala do trono se abre.

“Ah, lá está ele”, declara Tawv, e por alguma razão, espero que um velho bruxo enrugado venha arrastando-se pela porta com a ajuda de uma bengala.

Eu não poderia estar mais errada.

Um gostosão alto, com cabelos brancos como a neve, lábios carnudos e uma mandíbula claramente esculpida por um escultor muito habilidoso entra na sala do trono. Eu congelo e não consigo parar de encarar de boca aberta. É como se a mera presença dele ativasse alguma mudança no modo esquisita que eu nem sabia que tinha, enquanto meu cérebro zumbe um ritmo constante de lindo, tesão, bonito e gostosão. Tipo, meus Escolhidos estão de pé ao lado, e ainda assim minha mente não dá a mínima.

“Tawv!” Ele cumprimenta com uma voz profunda que eu só quero me espalhar em cima dele como um cobertor e me enrolar.

Burrito para dois, por favor!

Observo Suryn tremer de prazer e lamber os lábios enquanto Tawv e o cara quente se abraçam calorosamente e trocam cumprimentos. É bom saber que não sou a única afetada pela presença desse cara. Eu rio quando Ory estufa o peito dele de uma maneira infundida com testosterona, de certa forma, e por alguma razão, isso me ajuda a me afastar levemente da névoa de luxúria que nublava meus pensamentos.

Se controla, garota.

“Wekun, esta é Suryn, nossa nova Soberana”, Tawv introduz, e Wekun lhe dá um sorriso que faz os olhos de Suryn se arregalarem. Ela se inclina lentamente para ele como se fosse uma mera flor e ele é o sol. Wekun coloca o punho sobre o bíceps e se inclina levemente para Suryn.

“É uma honra conhecê-la”, ele diz a ela suavemente.

Suryn apenas pisca lentamente como se seu cérebro tivesse parado de alguma forma. Tawv limpa a garganta, e o som a faz olhar para ele e, em seguida, saindo do que diabos apenas apertou o botão de pare e babe dela.

“Igualmente”, ela gagueja depois de outro segundo constrangedor.

Tawv apresenta Ory, e Suryn olha em volta, como se estivesse perplexa com o que aconteceu. Eu rio, e ela olha para mim. Eu balanço minhas sobrancelhas para ela, e ela zomba de si mesma. Nós duas rimos de novo e depois calamos a boca quando Tawv diz meu nome e Wekun se vira para mim, quase nos pegando dando risinhos de garota.

“Ahhh, eu estava pensando quando chegaria a conhecê-la”, Wekun me diz com um sorriso radiante que faz minhas sinapses derreterem em uma poça de mingau feminina incoerente.

Porra, ele acabou de apertar meu botão de pare e babe também!

Ele entra no meu espaço e encosta a testa na minha. Vários rosnados enchem a sala, mas, por algum motivo, não consigo desviar os olhos dos cor de champanhe de Wekun e olhar para ver o que está acontecendo. Ele respira profundamente, e toda a situação me causa um curto-circuito. Basicamente, eu me torno uma torradeira quebrada de uma mulher que baba de vários lugares enquanto ele fica lá, sua cabeça contra a minha, apenas me respirando como se fosse normal.

“Bem-vinda, irmã”, ele me diz enquanto afasta a cabeça da minha.

A palavra irmã interrompe minha luxúria.

Minha boceta grita oh inferno nãããooo seguido de um porqueeeee gritado para os céus.

“Como assim, porra?” Eu pergunto, mais uma vez me tirando do feitiço que a gostosura desse cara coloca nas pessoas.

Wekun ri, e minha boceta começa a se julgar quando responde, independentemente da questão do irmão que ainda paira no ar.

“Irmã, como outra usuária de Magia de Ligação, não como em uma de sangue”, ele me assegura com uma piscadela da qual minha boceta está convencida de que é apenas para ela.

“Você tem magia de Ligação?” Ory exige, seus olhos se arregalando.

Bem, merda.

Olho para Wekun por ele deixar o segredo escapar, mas ele apenas sorri para mim, e minha boceta me convence de que devemos perdoá-lo.

“Isso realmente faz muito sentido”, Suryn admite, me estudando por um momento como se não soubesse por que não viu toda a coisa Magia de Ligação antes.

Wekun se move, e Suryn está perdida como uma mariposa em uma chama.

“Você é como uma porra de sirene ou algum tipo de encantador de bocetas?” Eu pergunto a Wekun, sua gostosura derretendo qualquer esperança que eu tenha de ter boas maneiras.

Ele ri, e eu involuntariamente suspiro sonhadoramente ao ouvir isso.

Que porra está acontecendo comigo?

Olho para os meus Escolhidos e metade deles parece que está prestes a começar uma briga, enquanto a outra metade parece seriamente divertida. Observo como uma runa no cotovelo interno de Wekun acende e depois escurece, e é como se ele derramasse água gelada na minha libido.

“É uma saída fácil que minha mãe me deu”, Wekun nos diz, apontando para a runa. “Quando ativada, deixa qualquer pessoa na minha presença apaixonada. É menos provável que eles queiram me matar se me quiserem ou me admirarem de alguma forma”, ele explica, e eu me sinto severamente irritada e deprimida.

“Desculpe usá-la em você, mas é melhor prevenir do que remediar ao conhecer novas pessoas”, ele diz, atrapalhado.

Estou apenas grata por ter um cérebro que não está zoando comigo, então relevo.

“Vocês três têm alguma dúvida antes de começarmos suas runas?” Wekun pergunta quando o som de pratos tilintando soa da cozinha.

Eu puxo minha lista mental de perguntas, mas o choque me atravessa quando a maioria do que eu tinha foi riscada e respondida.

“Que marcas de união você vai nos dar?” Eu pergunto, claramente a única fora do circuito aqui.

“As de sempre, conversar por telepatia, localizadores, alarmes emocionais. Você já deve estar familiarizada com todos elas, Vinna, pois possui runas semelhantes estabelecidas com os seus Escolhidos” ele me diz.

“Suryn, você vai poder falar em pensamentos com os seus Marcados e, é claro, com os localizadores embutidos nas runas dos dedos. Os alarmes emocionais serão novos para você, e você e Vinna compartilharão uma runa de portão pela primeira vez”, explica Wekun, seus olhos gentis e seu tom paciente. “Ory, isso não vai ser muito divertido para você hoje, mas lembre-se de que isso terminará e a dor valerá a pena”, acrescenta ele.

Ory engole visivelmente e solta um suspiro resignado. Não me preocupo em questionar como Wekun parece saber muito sobre nós. Desde que me disseram sobre Tecelões de Ligação e como eles podem ver as coisas, acho que deve ser apenas parte de suas habilidades.

“Alguma outra pergunta?” Wekun pergunta, e todos nós olhamos para trás e para frente e depois balançamos a cabeça. “Excelente, se vocês três estão bem em começar, devemos seguir em frente. Os companheiros de Vinna estão ficando inquietos” ele anuncia e pisca por cima do ombro para os meus homens.

“Agora, de mãos dadas para que eu possa fazer isso rápido”, Wekun ordena com um bater de palmas.

Ele dá um passo à minha frente e seus olhos cor de champanhe parecem que olham através de mim quando ele estica a mão e toca sob o ponto atrás da minha orelha, onde estão minhas runas dos Escolhidos.

“Esta runa permitirá que vocês três falem na cabeça um do outro quando convocados”, explica Wekun.

Uma queima familiar começa na ponta do meu dedo. Eu cerro os dentes contra a dor quando sinto duas runas me marcando lá. Está lá e desapareceu em alguns minutos. Assim que a dor diminui para mim, Suryn solta um assobio de desconforto ao receber suas marcas. Mais alguns minutos depois, Ory grunhe indicando que agora é a vez dele.

“Prontos para o próximo?” Wekun pergunta quando Ory abre a mandíbula.

Eu concordo.

Minha frequência cardíaca aumenta quando percebo onde Wekun tem que tocar para colocar a próxima runa. Olho para o cotovelo interno dele para ter certeza de que ele não está mais com a runa ativada, mas não, isso é tudo culpa da BG. Wekun pressiona a ponta do dedo na minha runa estrela de oito pontas no meu peito e depois move o dedo pelo meu esterno até que ele bate na pele em branco por baixo das runas dos Escolhidos no meu peito.

“Esta runa funcionará de maneira diferente das runas que você tem agora, Vinna. Se você estiver angustiada, machucada ou assustada, ela chamará automaticamente os outros. Você não precisará ativa-la para que funcione. É à saída fácil de vocês três” ele explica, e a sensação de queima começa novamente onde seu dedo descansa.

A runa se move através de cada um de nós, um por um. Wekun olha para mim e parece como se ele estivesse procurando algo no meu corpo.

“Tudo bem se for no bíceps interno?” Ele me pergunta depois de um minuto, e eu franzo minha testa em confusão. “A runa do portão”, explica ele.

Olho para o interior do meu braço. “Sim, tudo bem”, eu confirmo.

Wekun não pergunta a Ory se ele está pronto desta vez. Ele apenas pressiona as palmas das mãos nos dois bíceps.

“Esta runa será a mais difícil de todas as três, mas possivelmente a mais vital. Isso permitirá que vocês pulem um para o outro quando forem chamados.”

“Nós poderemos nos teletransportar um para o outro?” Eu pergunto, reverência e espanto no meu tom.

“Mais ou menos. A runa criará um portão entre os três. Quando você ativa a runa, o portão te puxa.”

Não tenho a chance de expressar minha surpresa, porque parece que Wekun acabou de enfiar um atiçador quente dentro de ambos os meus braços. Meu aperto aumenta na mão de Suryn, e eu viro a cabeça para cima e fecho os olhos em um esforço para aliviar a dor lancinante. As respirações profundas que estou tentando se transformar em rápidas, e um gemido silencioso percorre meus lábios por um minuto ou mais antes que a dor comece a desaparecer.

Eu respiro pesado fundo quando a terrível sensação começa a se dissipar, e a mão de Suryn se torna como a minha na dela. Aperto a mão dela de volta e ofereço minhas próprias garantias quando seus gritos começam a derramar de seus lábios. Mais de cinco minutos se passam, e seu aperto finalmente afrouxa. Ory solta um barulho de dor, e assistimos e esperamos enquanto tentamos confortá-lo e dizemos que tudo vai acabar logo. Parece uma eternidade, mas eventualmente Ory relaxa.

Soltamos as mãos um do outro, mas nenhum de nós corre para se mover. Nós três ficamos parados apenas vendo tudo. Agora temos as runas um do outro marcadas em nossos corpos, e eu me sinto ligada e protetora em relação a eles de uma maneira que nunca senti antes. Wekun bate palmas alto, e eu pulo com um chiado, sem esperar o barulho estridente, enquanto silenciosamente inspecionamos nossas novas runas e o que elas significam para nós.

Semanas atrás, estávamos todos tentando nos matar. Agora aqui estamos, unidos para sempre como os novos líderes de nosso povo. Tudo parece tão surreal.

“Estou feliz por finalmente conhecê-la, Vinna”, Wekun me diz, me tirando dos meus pensamentos. “Acho que você estará ocupada por um tempo, mas quando as coisas começarem a se acalmar, eu gostaria que você viesse aqui para que eu possa te ensinar mais sobre a sua Magia de Ligação e como ela funciona”, oferece Wekun.

Estou surpresa por um momento e hesito em concordar. Minha primeira reação é dizer que não posso voltar a Tierit por um tempo. Mas percebo que as novas runas do portão que agora tenho dentro de meus braços facilitarão a entrada para um pouco de treinamento aqui e ali. Uma onda de excitação passa por mim e penso no que posso aprender. Tenho certeza de que Getta também estará disposta para uma boa luta quando eu estiver na vizinhança.

“Eu apreciaria isso”, digo a ele, “desde que você prometa não usar essa runa em mim novamente”, acrescento.

Wekun sorri, e então ele inclina a cabeça levemente, seus olhos em tons de champanhe distantes como se estivesse ouvindo algo que só ele pode ouvir. Depois de olhar para o nada, ele ofega de repente e agarra sua garganta. Preocupações surgem através de mim com o flash de alarme que vejo em seu olhar distante.

“Eu tenho que ir”, ele resmunga, e a próxima coisa que sei, é que ele simplesmente desaparece.

Eu pisco e olho em volta como se de alguma forma seu súbito sumiço fosse um truque de luz, mas ele não está em lugar algum. Meu olhar de busca pousa nos meus homens e dou de ombros.

“Quem está pronto para a festa?” Eu pergunto, esperando que eles possam deixar de lado o fato de eu ter ficado toda quente e babando cerca de trinta minutos atrás.

“Eu culpo a runa de saída fácil dele”, declaro enquanto eles se aproximam.

“Bebidas por minha conta?” Tento novamente quando nem todos parecem tão divertidos quanto eu esperava.

Merda, talvez eu tenha que usar as armas grandes.

“Tudo bem, orgasmos por minha conta”, ofereço, e desta vez todos sorriem, mesmo que alguns tentem lutar contra isso.


35


“Vinna, acorde, criança”, alguém me diz em um esforço para me fazer abrir os olhos.

Eu gemo uma objeção porque sinto que preciso dormir por pelo menos mais uma semana.

Fiquei acordada durante a maior parte do voo, elaborando um plano na cabeça com Suryn e Ory para a primeira fase de abertura das barreiras.

“Garota, você precisa acordar, nós temos um tipo de situação aqui”, a voz que agora reconheço como a do meu pai me diz.

Sento-me rapidamente e abro os olhos. Vaughn recua, apenas por pouco, evitando uma cabeçada acidental. Eu tento piscar fora o cansaço de sair de Tierit, o jet lag do voo de volta para os EUA e a soneca interrompida que eu estava tentando tirar durante a longa viagem de volta a Solace. Olho do rosto preocupado do meu pai para o nosso entorno, em um esforço para me orientar. Árvores altas e a estrada de duas faixas na qual estamos atualmente parados me dão uma dica, mas a fila de Range Rovers pretos bloqueando nosso caminho confirma isso.

“O que você acha que eles querem?” Valen me pergunta do banco do motorista, seu olhar fixo no bloqueio da estrada. Olho para Sorik e Bastien, que também estão no carro, e balanço minha cabeça.

“Vamos descobrir”, eu resmungo quando abro a porta e pulo para fora do SUV.

Sabin, Siah, Ryker, Knox e Torrez se amontoam no outro SUV à nossa frente, e olham de mim para os Paladinos agora saindo dos veículos em nosso caminho. Não reconheço ninguém, mas realmente só conhecia o clã de Lachlan e o de Mauricinho, de modo que isso realmente não me surpreende.

Um homem de cabelos castanhos claros prende os olhos comigo e dá um passo à frente. “Vinna Aylin, estamos aqui para acompanhá-la a uma reunião com o Conselho de Anciões”, ele me informa.

Eu faço um barulho irritado. Porra, eles estavam vigiando os aeroportos atrás de nós? O rosto do Ancião Cleary aparece em minha mente, e eu dou um bufo mental incrédulo. Provavelmente não deveria me surpreender.

“Tudo bem”, eu me rendo.

Provavelmente é melhor acabar logo com isso agora. Então talvez possamos chegar em casa e dormir um pouco sem interrupção por um tempo antes de começarmos a trabalhar.

Eu me viro para voltar para o carro, mas a próxima frase do Paladino me impede.

“Lamias não são permitidos dentro das barreiras de Solace, então seus companheiros precisarão ficar aqui até que os Anciões autorizem sua entrada”, anuncia ele, olhando para Siah, Vaughn e Sorik com nítida aversão.

“Meu companheiro, pai e amigo vão aonde diabos eu for”, afirmo simplesmente.

Alguns Paladinos se irritam, mas o líder apenas sorri. “Se você quer que eles se transformem em cinzas quando atravessarem nosso território sem ser convidados, eu estou bem com isso.”

Reviro os olhos e dou um polegar para ele. Estou cansada demais para lidar com esse idiota. Eu já sei que a barreira permite que os Sentinelas passem, mas não vou explicar isso para eles. Eles podem estragar seus cérebros pequenos de julgamento até descobrirem que sua barreira tem algumas brechas exploráveis em suas proteções.

O líder dos Paladinos ri e encolhe os ombros quando ele se vira para voltar para o carro.

“Você acha que os Anciões vão nos dar problemas?” Knox não pergunta a ninguém em particular.

“Eu acho que eles provavelmente são apenas intrometidos”, digo a ele enquanto caminhamos lentamente de volta para nossos veículos.

“Enoch estava mantendo o pai informado antes de partirmos para a Tierit. Estamos de volta agora, e tenho certeza de que os Anciões desejam primeiro informações sobre qualquer coisa que possamos saber.”

“Bem, isso deve ser interessante”, observa Bastien, e alguns de nós rimos.

“Tenho certeza de que será, especialmente quando o Ancião Cleary perceber que o filho dele não está conosco”, acrescenta Sabin, e eu bufo.

“Devemos explicar a ele o que Enoch e seu clã estão fazendo? Ou deveríamos realmente irritá-lo fingindo que é extremamente secreto e essas merdas?” Valen pergunta, e eu rio.

“Vamos ver quão irritante ele vai estar e partirmos daí”, digo a eles.

Nos separamos em dois carros novamente e seguimos os Paladinos até Solace.

“Você trabalhou na primeira fase com Suryn e Ory?” Meu pai pergunta enquanto dirigimos e eu me inclino contra a janela e tento não cair no sono.

“Quase, ainda precisamos definir alguns detalhes. Ory sugeriu construir outra cidade nos arredores de Tierit” explico, olhando para ele e Sorik. “A nova cidade seria uma base para os Sentinelas que desejam se integrar de volta ao mundo dos Supers. Seria perto o suficiente de Tierit para tirar proveito de seus recursos e proteções, mantendo Tierit separada e segura para os Sentinelas que desejam isso.”

“Inteligente”, observa Bastien.

Eu aceno e tento reprimir um bocejo. Todo mundo no carro começa a bocejar também, como se fosse contagioso, e eu rio.

“Então, o que fazemos enquanto tudo isso é resolvido?” Valen pergunta.

“Bem, primeiro, todos dormimos por um mês porque merecemos isso”, anuncio.

Todos riem e expressam seu acordo.

“Diremos aos poucos que os Sentinelas voltaram e, em seguida, começamos a configurar a infraestrutura de que precisamos para colocar Vigilantes R Us27 em funcionamento.”

Bastien e Valen riem do nome e balançam a cabeça.

“Nós não somos vigilantes, lembra? Somos todos legítimos e o caralho agora”, brinca Bastien.

“Eu sei, mas Legião Legítima simplesmente não tinha o mesmo apelo”, brinco, e todos nós nos dissolvemos em risadinhas desapontadas e privadas de sono.

Tenho certeza de que nunca encontraremos um nome que encapsule quem somos e o que queremos fazer. Eu limpo as lágrimas de riso do meu rosto, e nem tenho mais certeza do que qualquer um de nós está rindo. Viramos a estrada que leva à rua principal que atravessa o coração de Solace, e meu pai fica quieto enquanto olha pela janela.

“Você está bem?” Pergunto-lhe em voz baixa enquanto os outros lançam nomes mais horríveis para o nosso grupo e continuam rindo.

Ele me dá um sorriso caloroso. “Sim, garota, é estranho estar de volta aqui. É como se nada tivesse mudado, tudo parece o mesmo e, no entanto, tudo o que sei e o que sou é tão... diferente.”

Olho em volta e entendo exatamente o que ele quer dizer. Os caras e eu nos afastamos de Solace com nada além de perguntas e um ao outro. Agora estamos de volta, e isso faz com que tudo o que passamos pareça ainda mais surreal.

Os Paladinos entram em uma garagem e todos estacionamos lado a lado. Eu sorrio para os Paladinos quando eles descem de seus SUVs com olhares surpresos em seus rostos. Eles parecem confusos pra caralho que Sorik, Siah e Vaughn estão vivos e bem.

“Sentinelas”, eu falo para os Paladinos, e eles se voltam para mim.

“O quê?” O líder pergunta.

“Somos Sentinelas”, ofereço, mas ele parece ainda mais perplexo. “Não se preocupe, você aprenderá mais sobre nosso tipo em breve”, explico.

Sabin coloca um braço em volta de mim e eu me inclino para o lado dele enquanto os Paladinos nos acompanham até o prédio. Ele sorri para mim, e eu levanto minha cabeça e faço biquinho. Ele sorri e se inclina para me dar o selinho que estou exigindo.

“O que é esse sorriso?” Ele pergunta, seus olhos brilhando com carinho.

“É bom não ter mais que esconder o que somos”, respondo simplesmente, e ele desvia o olhar, pensativo.

“Sim”, ele concorda e então desce seus lábios nos meus para outro beijo rápido.

Somos levados a uma sala muito familiar e tento afastar as lembranças que surgem da última vez que estivemos aqui. Eu posso praticamente ver Lachlan e seu clã sentado ao lado da sala como se fosse a última vez. Imagens dos meus Escolhidos sendo forçados a se afastar de mim passam diante dos meus olhos, e eu tenho que respirar profundamente e deixar o pânico e a raiva que surgem através de mim se acalmarem.

Há uma mesa onde eu me sentei da última vez e depois a área de visualização atrás dela, onde os caras se sentaram. Eu me movo para ficar na frente da mesa, e meus Escolhidos, pai e Sorik se organizam de cada lado de mim. Paladinos se instalam para guardar posições em toda a sala e, felizmente, não somos obrigados a esperar muito antes que a porta ao lado dos assentos elevados em que os Anciões gostam de se sentar se abra.

O grande Ancião Kowka, de aparência polinésia, entra primeiro. Eu tenho que me impedir de esfregar a runa que tenho agora, porque a roubei dele. Ele é seguido pelo Ancião Nypan, que me oferece um sorriso largo e amigável. Um cavalheiro mais jovem sai em seguida, cabelos castanhos e olhos de chocolate escuro nos olhando. Ele deve ser um substituto para Ancião Balfour ou Ancião Albrecht, agora que eles estão mortos.

O Ancião Cleary entra em quarto lugar, seus olhos azuis imediatamente procurando por seu filho. Sua testa franziu quando ele rapidamente percebeu que nem Enoch nem seu clã estão aqui. E, finalmente, um rosto familiar une os Anciões em sua plataforma de poder. Dou-lhe um sorriso caloroso, e o Paladino Ender rapidamente o espelha.

“Quanta torção de braço esteve envolvida para você dizer sim a esse show?” Eu pergunto a ele, diversão tocando no meu tom.

Ele ri e olha para o seu associado, o Ancião Cleary. “Não acho que alguém tenha ficado mais surpreso por ter sido votado do que eu”, ele admite.

“Então, quem está no comando dos Paladinos agora?” Eu pergunto.

“Ainda eu, enquanto examinamos possíveis substituições”, ele responde com um sorriso cansado.

O Ancião Cleary limpa a garganta e envia para mim e o Paladino, ou acho que agora é o Ancião Ender, um olhar que diz que é hora de começar a trabalhar.

Eu respiro fundo e espero.

“Vejo que meu filho não está com você?” O Ancião Cleary começa.

“Não, ele e seu clã ficaram para ajudar nas coisas lá. Tenho certeza de que quando ele puder ligar para você, ele ligará” eu o tranquilizo, e vejo uma preocupação vazando de seu olhar.

“E exatamente onde é que você está se referindo?” O Ancião Kowka pergunta.

“Existe uma Tierit, que também chamamos de cidade dos Sentinelas. E sua localização exata... não é da conta de vocês” respondo.

O termo Sentinela não parece confundir nenhum dos mais velhos do jeito que fez com os Paladinos do lado de fora na garagem, e acho que é seguro concluir que o Ancião Cleary deixou todos saberem o que eu sou.

“Nós somos seus Anciões. Você é obrigada a responder nossas perguntas ou enfrentar as consequências da recusa. Você faria bem em se lembrar disso”, o Ancião Kowka me diz.

“Na verdade...” Valen interrompe. “Fomos enviados diplomaticamente em nome dos Sentinelas de Tierit. Você está falando com Vinna Aylin, do Quórum, e a Mão Direita da Soberana, que lidera todos os Sentinelas. E você faria bem em se lembrar disso”, ele termina, encarando o Ancião Kowka.

“Toma essa! Derruba o microfone” Knox anuncia em minha mente, e eu tenho que me esforçar para não rir. Olho e noto que todos os meus Escolhidos estão trabalhando para manter os sorrisos fora de seus rostos também. O Ancião Kowka estreita os olhos um pouco, mas mantém a boca fechada. Ele olha para o Ancião Cleary como se não tivesse mais certeza do que fazer. O Ancião Cleary se recosta e nos estuda.

“Então tem mais?” O Ancião Nypan pergunta, seu tom cheio de reverência.

“Tem”, respondo simplesmente, adorando o fato de ser verdade.

“E qual é o propósito do seu enviado diplomático?” O ancião que eu não conheço pergunta.

“Estabelecer relacionamentos com outras raças sobrenaturais e ajudar a pavimentar o caminho para a segurança dos Sentinelas neste mundo”, relembra Sabin.

Parecemos legítimos pra caralho, e não posso evitar o orgulho que sinto olhando para os meus Escolhidos enquanto reivindicamos nosso assento à mesa.

“Silva descreveu você como catatônico, Paladino Aylin. Fico feliz em ver que ele estava errado”, declara o Ancião Cleary, mudando de assunto.

“Sou o Sentinela Aylin, Ancião Cleary, e ninguém está tão feliz quanto eu por estar perfeitamente bem”, meu pai responde, e não deixo de notar a mordida em seu tom.

“Onde está Silva?” Bastien pergunta.

“Ele está em missão com seu novo clã”, o Ancião Ender responde simplesmente.

Bastien olha para mim e balanço a cabeça. Ele estava certo. Eles não vão punir o tio dele pelo que ele fez. Irritação borbulha dentro de mim.

“Bem, vocês não serão mais o único fator decisivo quando se tratar de merdas assim”, anuncio.

“E exatamente o que isso significa?” O Ancião Cleary exige.

“Isso significa que é preciso haver muito mais freios e contrapesos para garantir que situações como a do Ancião Albrecht e Adriel não aconteçam novamente. Ou Paladinos torturando lamias, ou lamias caçando Sentinelas, ou qualquer outra coisa fodida que eu descobri desde que entrei nesta comunidade”, digo a ele.

“Nenhum de vocês é Paladino”, o Ancião Cleary aponta. “Vocês não poderão voltar à Academia como Paladinos, já que não são mais conjuradores.” Ele olha para os meus Escolhidos como se estivesse olhando para ver se esse golpe os acertou. “Você não tem autoridade para avaliar todas as decisões que tomamos ou como as tomamos.”

“Sua academia que se foda”, digo a ele com desdém. “Construiremos a nossa, se quisermos.” Dou um passo à frente e sinto cada Paladino na sala tenso. “Podemos não ter sua autoridade, mas não pense que isso significa alguma merda, porque não precisamos disso. Sinta-se à vontade para testar quando quiser, teremos o maior prazer em mostrar do que somos capazes.”

“Isso é uma ameaça?” O Ancião Cleary pergunta.

“Não, é um aviso. Seremos respeitosos e justos em nossas relações com você, assim como faremos em nossas relações com todos os supers. Mas se você mexer conosco, começará uma guerra, prometo que não será capaz de vencer. Quero que você pense muito sobre isso antes de tentar flexibilizar qualquer nível de autoridade sobre nós ou tentar nos dizer o que fazer sem nos dar uma voz”, digo a eles, olhando cada um deles no olho, apenas tente no meu olhar desafiador.

Eu não quero começar merda nenhuma com os conjuradores, mas também não posso tê-los pensando que eles são o topo da cadeia alimentar mágica. É como Getta disse: se você não é feliz por ser a raiz ou o tronco, haverá problemas. Todos nós temos que descobrir uma maneira de ser felizes, sendo raízes, para que possamos crescer juntos e fazer a árvore mais forte do mundo. Eu solto uma respiração cansada.

“Vamos sair agora. Tivemos uma longa viagem e estamos cansados. Ancião Cleary, você é mais que bem-vindo a repensar sua atitude e depois passar lá em casa durante a semana com sua esposa e associados. Ficarei feliz em lhe contar o que está acontecendo com Enoch e seu clã. Quanto ao resto de vocês, se precisarem de algo, enviem uma solicitação educada para uma reunião. Se vocês enviarem um Paladino ou tentarem nos escoltar para qualquer lugar ou limitar nossos passos de qualquer maneira, consideraremos que vocês estão querendo foder conosco e agiremos de acordo.”

Eu ofereço um sorriso duro e me viro para sair. Passo pelos caras e ando em direção às portas pelas quais entramos. Um Paladino está na frente delas, e eu observo o tique em sua mandíbula enquanto a incerteza brilha em seus olhos. Ele olha para mim, claramente procurando instruções. Eu não diminuo ou vacilo enquanto fecho a distância. Esse guarda e se ele vai se mover ou tentar nos parar está prestes a definir o tom de nossas negociações com os conjuradores do Conselho de Anciões do Solace.

Eu não quero matar esse cara, mas eu não estava brincando quando disse para eles não brincarem conosco. Estou a um metro de distância quando vejo o guarda tenso como se estivesse se preparando para uma briga. Eu me apronto para chamar armas e avisar os caras para fazerem o mesmo, quando o guarda pega a maçaneta da porta e a abre. O alívio toma conta de mim, mas não demonstro nem um pouco enquanto passo pela porta e saio do prédio até a garagem. Graças a Deus eles escolheram o caminho mais fácil, porra. Aqui está a esperança de que eles mantenham essa merda.

“Caralho, isso foi quente”, anuncia Torrez quando nos aproximamos de nossos utilitários esportivos.

Eu rio e depois reviro os olhos. “Vamos para casa”, eu ordeno, felicidade e esperança se instalando no meu peito.

E em uníssono, meus Escolhidos gritam: “Dibs!”


36


SEIS MESES DEPOIS


Eu estaciono o jipe e abro meu telefone para verificar se é onde eu deveria estar. Estou no meio da porra de lugar nenhum, olhando para uma pequena cabana que com certeza tem o endereço correto esculpido na lateral. Desligo o carro e saio, cascalho triturando sob meus chinelos. Eu ando pelo caminho fino até a porta da frente e bato com força.

“É melhor que seja realmente uma emergência, Mave, porque eu deveria encontrar Cyndol para um treinamento supersecreto, e você sabe como é difícil organizar isso com seus pais superprotetores e o Capitão”, grito, batendo na porta novamente quando ninguém atende imediatamente.

“E é melhor que não seja mais uma festa de lamentos sobre o tratado com o bando de Volkov. Diga ao Alfa Silas que ele concordou com isso meses atrás e eles estarão aqui na próxima semana, não importa o quê. Mesmo que todos se pareçam com Brun, ele ainda tem que aguentar firme até o fim da barganha” declaro. “Eu nunca deveria ter deixado os gêmeos lhe mostrarem essa foto dela. Ele tem sido uma putinha sobre tudo isso desde então” eu resmungo e finalmente ouço passos correndo para a porta.

A porta se abre, revelando minha melhor amiga pinga-fogo do outro lado e a merda de um sorriso malicioso que ela está usando no rosto. Dou uma olhada nela e imediatamente fico desconfiada.

“Vinnnnnn”, ela murmura para mim, conduzindo-me para dentro da pequena cabana quase vazia.

“Se você está tentando me convencer a conversar com Mauricinho sobre os pros de ter um harém, eu vou embora agora”, digo a ela, meu tom inflexível. “Uma vez já foi ruim o suficiente. Nunca mais.”

Ela ri e me conduz ainda mais para dentro da cabana. “Não, não é sobre isso”, ela declara. “Eu já te amo pra sempre por fazer isso, e tenho grandes esperanças de que o filho da puta tire sua cabeça da bunda e abrace os caminhos de seu povo.”

Eu rio e balanço minha cabeça. “Sim, eu esperaria sentada”, digo a ela.

Ela revira os olhos. “Ele não terá escolha se meu lobo reivindicar outro lobo. Mesmo que pudéssemos convencer minha matilha de que uma combinação entre uma de suas preciosas fêmeas e um macho conjurador estava escrita nas estrelas, ainda há uma chance de que algum dia meu lobo encontre outro lobo e apenas decida que é dela”, conta ela com uma raiva exasperada.

Eu a puxo para um abraço, e então nós duas sentamos em duas cadeiras de madeira.

“Vai funcionar da maneira que tiver que funcionar”, eu a asseguro.

Sei que Mauricinho está loucamente apaixonado por ela, e suspeito que Mave se sinta da mesma maneira por ele, mas o status de relacionamento deles é a definição de não convencional por aqui, e não acho que seja o caminho mais fácil para nenhum deles. Eu gostaria de poder suavizar tudo, mas não é assim que a vida funciona. Tudo o que posso fazer é apoiá-la e ajudá-la a navegar pelas pedras que são jogadas em seu caminho.

“De qualquer forma, isso não é sobre mim, isso é sobre você”, ela me diz com um sorriso sorrateiro.

Eu estreito meus olhos para ela e recosto na minha cadeira.

“Vinna. Estou aqui para fazer uma intervenção” ela anuncia e parece orgulhosa. Seus olhos castanhos chocolate ao leite irradiam emoção, e ela sorri e coloca o cabelo rosa brilhante atrás das orelhas.

Eu bufo e olho para ela como se ela estivesse louca.

“Entre seu treinamento com Gostosão do Wekun e a velha da vovó, Getta. A construção da Cidade dos Sentinela...”

Eu rio como sempre faço quando alguém menciona o nome da cidade-base onde os Sentinelas estão trabalhando. Ainda não acredito que todos concordaram em chamá-la de Cidade dos Sentinelas. Quero dizer, sim, acho que é autoexplicativo, o que é uma coisa boa, e sim, era assim que chamávamos Tierit antes de sabermos que era Tierit. Eu realmente pensei que Suryn escolheria algo mais florido ou mais da realeza. Mas não, agora temos Tierit e uma Cidade dos Sentinelas oficial.

Vai entender né.

Mave balança a cabeça para mim, me dando um olhar que me diz que ela sabe exatamente onde minha mente foi.

“Com o início dos seus trabalhos de super-heróis e acordos de intermediação com os outros supers da área, você não está dando tempo para sua cerimônia de união”, repreende Mave.

Eu xingo e tento não revirar os olhos.

“Mave, os caras e eu decidimos que não era necessário. É uma tradição de conjuradores que conecta companheiros de uma maneira que já estamos conectados. E não se preocupe, fazemos muitas conexões todos os dias. Tipo, muuuuitas e muuuuitas conexões.” Eu provoco.

Ela bufa e dá um tapa na minha perna. “Deus, eu estou com tanta inveja”, ela resmunga e se levanta para poder andar e falar com as mãos de uma maneira que é bem Mave. “Tudo bem, vocês estão todos apaixonados e a cerimônia é redundante, mas todos vocês merecem um momento para comemorar. Nós merecemos um momento para apenas celebrar”, acrescenta ela, circulando um dedo em torno de sua própria cabeça. “Vocês todos passaram por tanta coisa, vocês não querem apenas ter um dia para dançar, rir e apreciar o que todos vocês têm juntos?” Ela me pergunta.

Sorrio enquanto a vejo andar pela sala e jogo minha cabeça em derrota.

“Tudo bem, tudo bem”, eu cedi. “Eu vou falar com os caras sobre isso hoje à noite. Não posso prometer nada, mas se isso tirar você e as irmãs de cima de mim sobre esta cerimônia, então tentarei pelo menos” digo a ela com um olhar brincalhão.

A porta se abre e, do nada, entram as irmãs. A confusão toma conta de mim, e olho para Mave, tentando descobrir o que diabos está acontecendo. Mave bate palmas animadamente, e sua voz fica alta.

“Eu esperava que você dissesse isso, Vin, porque já conversamos com seus caras... bem-vinda à sua cerimônia de união!” Ela exclama, e eu olho em volta da pequena cabana vazia, ainda mais confusa.

“Aqui?” Eu pergunto, perplexa.

Mave revira os olhos. “Não, não aqui, bobinha. Estamos apenas arrumando você aqui. A festa foi montada dentro das árvores.”

“Espere”, digo a elas, levantando da minha cadeira. “Vocês planejaram uma cerimônia de união, e vocês só vão jogar isso em cima de mim, assim?” Eu pergunto, olhando para Mave, Lila, Adelaide e Birdie por sua vez.

“Basicamente”, Mave confirma, e eu dou uma risada incrédula.

“Mave está certa, meu amor, todos vocês merecem um dia para comemorar o que têm”, diz Birdie.

“E os caras estão de boa com isso?” Eu pergunto.

“Eles ajudaram a organizar tudo”, Adelaide me tranquiliza.

“Então é isso que eles têm feito”, murmuro, e as irmãs riem.

Eu rio e balanço minha cabeça. “Bom. Foda-se, vamos fazer isso” digo a elas com um encolher de ombros.

Mave grita e as irmãs aplaudem. Lila sai da cabana e volta minutos depois, enquanto Birdie e Adelaide estão me enfeitando na cadeira. Mave já tem um babyliss no meu cabelo, e ainda estou tentando descobrir de onde ele veio. Lila pendura uma capa daquelas protetoras de roupas chiques na barra de cortina acima da janela da frente, mas Mave reposiciona minha cabeça para me impedir de encarar a capa. A questão do que está lá dentro está me atormentando, apesar dos esforços de todos para me distrair.

Eu nunca cheguei à parte das conversas sobre o que vestimos na Cerimônia de Ligação. Existe um vestido de noiva, algum tipo de vestes ou túnica que os conjuradores usem especificamente? Eu não tenho a mínima ideia. Sento-me em silêncio enquanto elas riem ao meu redor, uma energia exuberante cobrindo tudo na sala. Mave divide meus cabelos no meio, e cachos macios caem ao redor do meu rosto e ombros. Ela pega alguns deles e o coloca de volta em um estilo de meio preso, meio solto, deixando mechas para enquadrar meu rosto.

As irmãs aplicam um pouco de maquiagem, e a próxima coisa que sei é que estamos todas olhando para a capa, e elas me perguntam se estou pronta. Eu dou de ombros porque eu não sei. Mave ri da minha resposta quando Adelaide alcança e lentamente abre o zíper da longa sacola pendurada na haste da cortina.

Meu coração acelera a galope enquanto olho o que definitivamente é um vestido de noiva. É um vestido sem alças coberto por diferentes padrões de renda intrincada. A renda branca neve fica sobre uma base nude que apenas leva o vestido a um nível totalmente diferente de beleza. É requintado, e eu sinto que poderia ficar aqui a noite toda e apenas olhar para os padrões. A sala está estranhamente silenciosa quando dou um passo em direção a ele e levanto uma mão para passar meus dedos sobre um símbolo familiar.

“Colocamos suas runas dos Escolhidos escondidas no design das rendas”, diz Birdie, sua voz reverente e amorosa.

“Na tradição dos conjuradores, as mulheres da sua família costuram bênçãos nos padrões das rendas”, explica Lila, passando um dedo por pequenas palavras que estão escondidas em meio a um padrão floral.

Vejo a palavra amor e depois vejo risadas em volta das pétalas de uma flor. Início e família espreitam para fora de algumas rendas delicadas. Há frases sobre sempre encontrar meu caminho e confiar em meus laços, costuradas em uma linha de renda que parece miçangas. Quanto mais olho para o vestido, mais vejo mensagens de amor e aceitação. Estou tocando os sonhos e desejos que elas têm para mim e para os meus Escolhidos, e tudo está entrelaçado no próprio tecido não só da minha pele, mas agora também deste vestido. Eu pisco de volta minhas emoções enquanto absorvo tudo.

“Eu nem sei o que dizer”, digo a elas em um tom abafado, cheio de admiração e reverência.

Eu corro meus dedos sobre a palavra preciosa. Está escondido em um padrão de renda que desce em V do busto até a cintura. Ele quebra os padrões florais do vestido e é acentuado pelos padrões de miçangas cruzando em lugares diferentes.

“É muito além da perfeição”, digo a elas, e sei que me sentirei mais do que preciosa esta noite e pelo resto da minha vida.

Eu puxo as irmãs e faço um abraço enorme. “Muito obrigada”, digo a elas, esperando que essas duas palavras transmitam o quanto eu sou grata por cada uma delas. Todos elas me aceitaram e me acolheram sem hesitação ou reservas, e isso mudou tudo para mim.

“Vamos lá”, Mave comanda, suas palavras mais um guincho quando ela dá um tapinha no rosto para secar as lagrimas. Eu rio e tiro minha roupa, ansiosa para ver se este lindo vestido se encaixa tão perfeitamente quanto parece. Entro, e Birdie fecha o zíper para mim. Ele abraça meu corpo como uma segunda pele até o meio da coxa, onde brilha um pouco. Sinto-me delicada e feminina, e coberta pelas bênçãos e adoração das mulheres que amo.

“Você está deslumbrante, Vinna”, Lila me diz enquanto enxuga os olhos.

“Não comece, Lila! Você vai nos fazer chorar também, e então estaremos realmente com problemas” repreende Mave. Todas nós rimos e tentamos nos controlar.

Adelaide corre para a janela e espreita para fora. Ela olha para o céu e sorri. “Bem na hora”, ela anuncia.

Ela bate palmas e ordena que suas irmãs e Mave se vistam muito rapidamente, e todas elas disparam. Passo as mãos pelo corpete apertado do vestido e me sinto... linda. Alguém bate na porta, e eu debato por um segundo se eu deveria abrir. Ninguém mais sai para fazer isso, e eu acho que isso responde minha pergunta. Abro a porta para encontrar meu pai. Seu rosto se ilumina quando ele me vê, e então ele se afasta para que ele possa me ver inteira.

“Garota...” ele interrompe, e então leva um momento para respirar através da emoção que vejo assumir seu rosto. “Você é a coisa mais linda que eu já vi”, ele sussurra, enxugando os olhos.

Eu pisco minhas próprias lágrimas e ele me puxa para um abraço apertado.

“Te amo”, ele resmunga quando nos separamos.

“Te amo”, eu respondo e limpo minhas bochechas.

Merda, espero não ter estragado nada que as irmãs fizeram tão bem.

“Senhoras, eu vou levá-la”, meu pai grita na pequena cabana.

“Nós nos encontraremos lá”, Mave grita de volta, e ele ri e fecha a porta atrás de nós.

Ele estende o cotovelo para eu pegar. Eu sorrio e envolvo meu braço em torno dele. Começamos a caminhar em direção à linha das árvores, e posso dizer que o pôr do sol está se aproximando rapidamente.

“Então você também participou de tudo isso?” Pergunto enquanto uma brisa de boas-vindas nos rodeia para ajudar a afastar um pouco do calor.

“Culpado”, ele admite com um sorriso.

Eu balanço minha cabeça e aperto seu braço com carinho. Ele me aperta e solta um profundo suspiro de felicidade.

“Quem teria pensando nessa mesma época no ano passado que você e eu estaríamos aqui agora... assim?” Ele afirma, apontando para a minha mão na dele.

“Eu sei. Eu estava treinando com Talon e lutando. Eu realmente não imaginava nada além disso”, confesso.

“Estou feliz que ele tenha cuidado de você”, afirma meu pai. “Ele era durão, mas um cara legal mesmo assim. Eu devo muito a ele.”

Meu sorriso cresce mais amplo. É uma descrição perfeita de quem era Talon.

“Nós dois fazemos”, eu concordo.

Caminhamos devagar por entre as árvores, e vejo os pássaros cantando e o cheiro de pinheiro e solo.

“Obrigado, Vinna”, meu pai me diz calmamente, me tirando dos meus pensamentos.

“Pelo quê?” Eu pergunto, procurando em seu rosto por uma resposta.

“Por me encontrar... lutar por mim... me dar isso”, ele me diz, batendo na minha mão. “Depois de como Lach foi... bem, você não precisava acreditar em mim da maneira que acreditava”, ele termina em silêncio.

Meu pai não fez nada além de pedir desculpas por Lachlan e o que aconteceu entre nós. Não importa o quanto eu tente fazê-lo entender que a culpa não é dele, acho que ele nunca verá o que eu vejo.

Eu posso ver apenas algumas luzes através das árvores, mas eu paro e o puxo para parar também.

“Obrigada por querer fazer parte disso”, digo a ele, descansando minha mão no meu peito. “Com tudo o que você passou, você poderia me ver como um gatilho, como algo que te lembrava tudo o que você perdeu...”

“Não, garota, eu nunca poderia ter te visto assim. Você era a luz, Vinna. Você sempre foi e sempre será a luz que veio das trevas.”

Eu limpo uma lágrima que se move lentamente pela minha bochecha.

“Te amo pai.”

“Te amo Vinna.”

Ele me puxa para outro abraço apertado, e ficamos ali por um momento no meio do crepúsculo, árvores beijadas pelo sol, nosso amor e gratidão irradiando de nós dois.

“Agora...” ele me diz enquanto se afasta, “vamos dançar até ficarmos suados e rir até nossas bochechas doerem!”


37


Nós saímos das árvores para encontrar pessoas reunidas em um círculo enorme. Eu não tenho certeza se um dos meus caras dominou a luz das fadas ou se há um super aqui que pode controlar os vagalumes por diversão, mas pequenas luzes estão por toda parte, iluminando a noite cada vez maior. Belas cores rosas, vermelhas e laranjas riscam o céu enquanto o sol desce cada vez mais. A cena inteira é de tirar o fôlego.

Meu pai me leva em direção às pessoas reunidas e lentamente elas se separam para nos deixar passar. Vejo membros da matilha de Silas e os Anciões. A família de Knox acena para mim animadamente, e eu a retribuo à medida que avançamos cada vez mais pelas pessoas reunidas. Encontro a família de Cyndol e Sabin e dou a ela um olhar provocador que diz eu sei que você esteve envolvida nisso. Ela olha de volta para mim, e eu me pego mais uma vez me perguntando por quanto tempo conseguiremos manter nosso treinamento juntas em segredo da família dela.

Cyndol fica cada vez mais definida todos os meses, e eu sei que é apenas uma questão de tempo até que alguém pergunte por que e como. Só espero que todos eles vejam mais do que uma fêmea frágil que precisa ser mimada e enjaulada. Cyndol é totalmente uma guerreira.

Meus olhos pousam em Sorik. Seu cabelo loiro está puxado para trás e seu rosto está iluminado com felicidade. Estendo a mão que não segura a do meu pai e puxo Sorik para fora das pessoas reunidas. Envolvo meu braço em torno dele, como fiz com o do meu pai e deixo os dois me escoltarem para onde estamos indo. Sorik pode não ser meu pai biológico, mas seu amor e proteção são uma das razões pelas quais estou aqui. Ele é o ser mais altruísta que eu já conheci e o melhor segundo pai que uma garota poderia esperar ter.

Ele bate seu ombro no meu, e seu sorriso está radiante, e eu movo meus lábios com um amo você para ele enquanto continuamos a fazer o nosso caminho através da multidão.

“De jeito nenhum!” Declaro quando meu olhar pousa em Tok e Marn.

Eu paro no meio do passo e olho para eles, preocupada que se eu piscar, de alguma forma eles desaparecerão. Afasto-me dos meus pais e puxo Tok e Marn para um abraço apertado.

“Como vocês vieram parar aqui?” Eu pergunto, confusa e feliz.

“Suryn manda felicidades”, ela me diz simplesmente, e eu balanço minha cabeça, atordoada. Meu Tok e Marn estão bem na minha frente, em Solace de todos os lugares. A realidade de que os Sentinelas estão se aproximando todos os dias de se reestabelecerem com o mundo me atinge, e eu estou simultaneamente extasiada e nervosa. Afasto-me deles, e Tok imediatamente pega Vaughn em um abraço, e Marn abraça Sorik.

Apenas quando penso que meu sorriso não pode ficar mais amplo, isso acontece. Eu nem sequer tenho palavras para dizer como é que sinto com Tok e Marn tratando meus pais como os filhos que eles nunca tiveram, mas sempre quiseram. Nos últimos seis meses, os quatro desenvolveram um relacionamento tão bonito que me faz sorrir como um louca sempre que estou na presença deles. A festa do abraço e as lágrimas subsequentes terminam, e eu estou mais uma vez nos braços dos meus pais, fazendo o meu caminho para o centro do círculo.

Mave e as irmãs estão de alguma forma aqui, e eu as olho e depois para atrás de mim, como se de alguma forma isso fosse revelar como diabos elas chegaram aqui tão rápido. Eu dou de ombros e deixo para lá. Tenho certeza de que é fruto da magia sorrateira das irmãs. O gigante Aydin está por trás delas, sorrindo para mim como se eu fosse tudo o que há de bom e precioso no mundo. Evrin parece estar vacilando entre euforia e diversão pelo sorriso exagerado e pelos olhos lacrimejantes de Aydin. Eu rio e sorrio brilhantemente para os dois. Aydin enxuga os olhos e depois dá um passo para o lado.

De repente, lá estão eles. Minha respiração engata quando eu os absorvo. Eles também estão de branco. Calças de couro justas e texturizadas e uma camisa de linho estilo túnica que desce até as coxas. A barra da camisa é assimetricamente mais longa de um lado, de couro estampado todo fechado, botões passando do topo dos ombros esquerdos até a parte inferior do colete. Tem um estilo kurta28 interessante no visual e ainda uma pitada de renascimento.

Eles parecem incríveis, em pé, ombro a ombro em círculo, emoção nadando em seus olhos enquanto eu me aproximo. Estou impressionada com a gratidão que sinto por ter esses caras e por tudo o que passamos juntos. Eu os amo tanto que nem consigo imaginar uma vida ou um futuro sem cada um deles.

O círculo se alarga para nos deixar passar, e meus pais me colocam no centro de tudo. Abraço Sorik e depois Vaughn e os vejo sair para se juntar aos outros reunidos ao meu redor. Bastien, Valen, Ryker, Knox, Sabin, Torrez e Siah apertam seu círculo em volta de mim até que seus rostos lindos e amorosos sejam tudo o que vejo. Eu me movo lentamente enquanto olho para cada um dos meus companheiros. O amor e a admiração disputam com tantas outras emoções que reforçam nossa conexão e vínculo profundamente enraizado, e agradeço as estrelas por ter eles.

“Vinna Aylin”, Bastien começa, e eu giro até meus olhos se fixarem em seu olhar castanho. O verde extra ao redor de suas pupilas brilha de felicidade, e eu sorrio como uma louca apaixonada por ele.

“Você é minha vida. Amo você e mal posso esperar para passar o resto da minha vida com você e com meus associados. Juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar lá não apenas para você, mas para todos nós também”, ele me diz, gesticulando para meus outros companheiros. “Você é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respiramos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

Meus olhos se arregalam com sua declaração e me movo para poder beijá-lo. A voz de Valen soando na a noite me interrompe.

“Vinna Aylin, você é tudo para mim. Amo você com tudo o que sou e sei que o amor continuará a crescer à medida que enfrentarmos a vida juntos. Juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar presente não apenas para você, mas também para todos nós. Você, meu amor, é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

O olhar de Valen está cheio de fogo, e queima seus votos em minha alma. Olho para ele com a mesma intensidade, deixando claro que me sinto exatamente da mesma maneira.

“Vinna Aylin”, Ryker chama. Eu me viro para ele, meu coração já está cheio de amor. “Você é minha Squeaks”, ele anuncia, e um estrondo de risada se move através da multidão ao nosso redor. Eu rio e balanço minha cabeça.

Porra, nunca vou me livrar desse apelido agora.

“Você é força, honra e todas as coisas certas. Eu te amo por tudo o que você é e tudo o que sou agora por sua causa. Juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar presente não apenas para você, mas também para meus associados. Juro ficar de lado e deixar você reivindicar quem você nasceu para ser. E juro curar as mágoas e garantir que sempre fiquemos mais fortes por causa delas. Você é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

Os lábios carnudos de Ryker se estreitam em um sorriso de tirar o fôlego que que me remete a lar. Quero me envolver em seus braços e garantir que ele sempre se sinta tão querido quanto me faz sentir.

“Vinna Aylin”, Knox me chama. Eu rio quando me viro para ele, meu sorriso atrevido favorito esticado em seu lindo rosto. Seus olhos cinzentos estão cheios de amor e travessuras, e é uma das minhas vistas favoritas. “Você era minha desde o primeiro minuto em que a vi”, ele declara, e eu sorrio para ele. “Eu reivindiquei você naquele momento ali na minha mente, porque sabia, sem sombra de dúvida, que se eu não vivesse o resto da minha vida me aquecendo em sua alma forte e bonita, eu não estaria vivendo de verdade.”

Eu limpo uma lágrima que tenta esgueirar-me pela minha bochecha e assisto os deslumbrantes olhos cinzentos de Knox se encherem de emoção.

“Juro te apoiar e proteger. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar presente não apenas para você, mas também para meus associados. Juro confiar em você sobre tudo e juro sempre lutar ao seu lado. Você é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

“Vinna Aylin”, começa Sabin.

Seu sorriso cresce ainda mais quando nossos olhos se encontram.

“Eu não sabia o que pensar quando você entrou em nossas vidas. Você era feroz, honesta, deslumbrante, e eu estava perdido.” Sabin e eu rimos.

“Não estou mais perdido. Eu sei exatamente o que fazer com a mulher feroz, honesta e deslumbrante diante de mim. Eu simplesmente a amo. Vinna, juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar presente não apenas para você, mas também para os meus associados. Você é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

“Bruxa”, grita na noite escura.

Eu rio.

“Você me desafiou, chamou meu lobo, me rejeitou e depois me salvou de todas as maneiras possíveis. Você veio do nada e me bateu como um trem de carga.”

Torrez aperta sua mandíbula de brincadeira, e as pessoas ao nosso redor riem.

“Aonde você for eu vou. Vou segui-la até os confins da terra e voltar, grato por cada segundo porque posso reivindicá-la como minha. Juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nosso vínculo forte e estar lá não apenas para você, mas também para o nosso bando. Você é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

Um uivo começa ao nosso redor, e arrepios se erguem em meus braços. Torrez joga a cabeça para trás e acrescenta sua voz ao chamado de seu antigo bando, e fico surpresa com o quão bonito ele é nesse momento: selvagem, livre, meu. Eu jogo minha cabeça para trás e me uno também, e um por um o resto dos meus Escolhidos adiciona suas vozes. Do nada, todos ao nosso redor se juntam. Estou além de emocionada pela maneira bonita como eles apoiam meu Lobo e nós todos.

Vagalumes com luz de fada flutuam acima de nossas cabeças quando a lua sai para nos abençoar e as estrelas começam a piscar. Uivos enchem o ar da noite e lentamente começam a se acalmar e diminuir. Olho para Torrez e me pergunto como houve um tempo em que não vi que ele era meu e sempre tinha que ser.

“Vinna Aylin”, declara Siah com um sorriso doce. “Eu estava perdido e então você me encontrou. Você é a bússola que sempre me guiará para casa. Eu te amo. Juro honrá-la e protegê-la. Guiá-la e ser guiado por você. Juro manter nossos laços fortes e estar lá não apenas para você, mas também para meus associados. Você, minha companheira, é nossa e nós somos seus. Nada vai mudar isso até o dia em que nós dois respirarmos pela última vez. Declaro esse vínculo inquebrável e farei tudo ao meu alcance para mantê-lo assim.”

O voto de Siah ressoa ao meu redor, e eu limpo meus olhos. Todo mundo fica quieto, e olho em volta para ver o que acontece a seguir.

“Lutadora”, sussurra Bastien, e meus olhos se voltam para os dele. “É a sua vez”, ele me diz, e meu sorriso vacila um pouco.

“Merda! Tudo bem” afirmo, e nossos amigos e familiares riem.

Quero dar um soco em Mave no peito e perguntar a ela por que ela não me avisou que eu precisaria fazer um discurso. Eu respiro fundo e olho em volta para os meus Escolhidos.

“Eu amo vocês, cada um de vocês, e viverei todos os dias, garantindo que todos vocês saibam e sintam isso. Juro honrá-los e protegê-los” começo, repetindo o voto que cada um deles fez para mim. “Juro guiá-los e ser guiada por vocês. Juro manter nosso vínculo forte e estar presente para todos vocês, não importa o que aconteça. Juro rir com vocês, chorar com vocês, lutar por vocês e ao lado de vocês. Juro escolher vocês hoje e todos os dias para sempre. Vocês são meus e eu sou de vocês, e nada vai mudar isso, nunca. Quando morrermos, vou rastrear vocês, filhos da puta. Agora não há mais escapatória” provoco, e minha voz se quebra de emoção. “Nós somos inquebráveis. O que temos juntos é inquebrável, e vamos acabar com qualquer um que tentar mexer conosco.”

Meus Escolhidos riem, e todo mundo ao nosso redor também.

“Nós podemos nos beijar agora?” Eu sussurro para Torrez, e ele gargalha e balança a cabeça.

“Não, agora vamos à festa”, ele grita para a multidão reunida ao nosso redor, e todos começam a comemorar.

Torrez me envolve em um abraço e sou prontamente roubada dele e envolvida nos braços de Siah. Eu sou roubada e passada por aí até que eu tenha abraçado e declarado meu eu te amo para cada um dos meus caras.

“Então é isso?” Eu pergunto a Sabin quando ele me coloca de pé novamente e planta um beijo rápido demais nos meus lábios.

“Bem, normalmente há as coisas mágicas que acontecem depois disso, e então todos nós deveríamos ir à nossa casa de ligação designada e finalizar os vínculos que a magia começou a colocar no lugar, mas já estamos conectados, então vamos pular essa parte e comemorar com todo mundo”, ele me diz, seu sorriso contagioso.

“Então você está me dizendo que poderíamos estar fodendo agora, mas em vez disso, vamos nos misturar e dançar Macarena?” Eu pergunto.

Os traços de Sabin ficam horrorizados. “Claro que não... nunca faríamos a Macarena, Vinna. Não é assim que os Sentinelas fazem” ele fala, e eu belisco seu mamilo.

Sabin pula para longe de mim com um sorriso largo, e eu o encaro. Ryker observa a troca e ri.

“O que há de errado, Squeaks? Nós achamos que sexo em grupo te assustava?” Ele pergunta inocentemente, mas o brilho divertido em seus olhos o denuncia.

“Estávamos apenas cuidando de você, Bruxa”, brinca Torrez, e em algum lugar atrás de nós a música começa.

“Mi Gente”, de J Balvin e Willy William, começa, e os olhos de Torrez brilham com emoção.

“Essa é a minha música”, ele declara e pega minha mão. “Venha moer comigo, Bruxa”, ele me diz e começa a me puxar para a área que lentamente reúne dançarinos.

“Não se preocupe, Vinna”, Knox me diz. “Temos grandes planos para devastá-la em grupo depois da festa!”

Meu estômago contrai cai dentro de mim, minha boceta e meu clitóris dão um toca aqui entre elas. Meus quadris começam a trabalhar ao ritmo da música, e Torrez me dá um grunhido apreciativo. Vejo Tok e Marn conversando com alguns dos pais de Knox. Eu apenas escuto Trace perguntando a Tok se ele é time Edward ou o time Jacob quando Torrez e eu passamos, e eu racho de rir.

Grito: “Time Jacob”, e depois jogo minha cabeça para trás e uivo. Mais uma vez, todos os shifters e um bom número de conjuradores se juntam a mim, e aponto para os uivos crescentes no ar como prova de que o amor do pai de Knox por vampiros brilhantes é bizarro.

Ele aponta para mim e dá uma risada indignada. “Como você ainda pode ser Time Jacob quando também tem um lamia como companheiro?” ele pergunta.

Olho para Siah e dou uma piscadela para ele. “Meu lamia pode chutar a bunda do seu Edward a qualquer dia da semana”, eu desafio de brincadeira.

Trace suspira e pressiona a palma da mão no peito como se estivesse segurando suas pérolas em choque indignado. “Sumô!” Ele exige, e eu rio ainda mais.

“Se você acha que eu estou deixando minha companheira cobrir esse lindo vestido e corpo com um traje de sumô, você é mais louco do que Edward Cullen por deixar Bella”, Knox repreende seu pai enquanto ele se aproxima e me resgata.

“Meu herói”, eu murmuro para ele quando ele e Torrez me puxam para mais perto da pista de dança.

“Esse idiota provavelmente tem aqueles trajes no porta malas do carro. Apenas espere, alguém estará sendo desafiado para o sumô até o final da noite” Knox declara, e eu rio com força porque ele provavelmente está certo.

“Ooooh, vamos fazer o Ancião Cleary lutar sumô contra alguém”, anuncio, e o punho de Valen bate no meu.

“Vinna!” Mave me chama. Olho em volta e a encontro segurando um copo. “Aguardente!" Ela grita, e eu rio e faço um X com meus dedos.

“Oh infernos, não! Aprendi minha lição da última vez” grito de volta, e ela ri.

“Um brinde ao meu futuro harém”, ela brinda, e quando ela vai levar o copo aos lábios, Mauricinho sai do nada e tira o copo da mão. Ele vira a dose e depois joga Mave por cima do ombro. Ela ri e olha pelas costas dele.

“Esta não é a última vez que você vai ouvir de mim”, ela declara como uma vilã de filme de segunda categoria.

Mauricinho dá um tapa na bunda dela e a leva para fora da vista. Eu rio e balanço minha cabeça e continuo a caminhar em direção à pista de dança, pronta para começar meus passos. Vejo a bunda grande de Aydin se movendo no meio da multidão e grito para ele se juntar a nós. Ele tem um telefone na mão e um olhar sério no rosto que instantaneamente me faz parar. Nossos olhos se conectam, e vejo alívio e... culpa?

Por que vejo culpa?

“O que há de errado?” Eu pergunto a ele quando ele e Evrin se aproximam de nós.

“Merda, me desculpe Vinna, mas eu acabei de falar com o Alfa Vorenno. Ele lidera uma grande matilha em Montana e teve várias mulheres desaparecidas nos últimos dois meses”, Aydin nos diz, gritando sobre a música alta e a festa acontecendo ao nosso redor.

“Outra mulher desapareceu e ele nos ligou para ver se podemos ajudar a descobrir o que está acontecendo”, finaliza Aydin, e o choque surge através de mim.

“Ele nos chamou... como Sentinelas?” Eu pergunto, precisando entender o que ele está dizendo.

“Sim”, grita Evrin, para que ele possa ser ouvido através de todo o barulho.

“Sinto muito, Vinna, sei que esta é a sua grande noite, mas ele parecia desesperado. Esta é a quinta mulher que desapareceu de sua matilha. Ele não está conseguindo nenhuma cooperação dos outros bandos, e seu relacionamento com os conjuradores da região não é bom”, diz Aydin.

Eu me viro para os caras, emoção e choque no meu rosto. “Puta merda, nós temos um trabalho, pessoal.”

Todos sorriem de volta para mim, a mesma excitação e surpresa escrita em todos os rostos.

Eu dou um tapinha no ombro de Aydin. “Não se desculpe, alguém está nos pedindo ajuda, isso é uma coisa boa pra caralho” eu o tranquilizo.

“Bom, foda-se. Está bem então. Vamos” eu anuncio e começamos a nos afastar da pista de dança.

Eu localizo meus pais e os chamo.

“Eu tenho o plano em espera e pronto para ir quando você estiver. Eu também tenho roupas prontas nos SUVs. Seu Tok e Marn trouxeram uma tonelada a mais daquelas armaduras de Narwagh que vocês gostam, então eu tenho kits com todas as suas roupas em todos os seus veículos. Também estocarei o avião quando partirmos”, diz Evrin.

“Vocês são os melhores”, digo a eles, e todos nós aceleramos o passo e seguimos na direção que Aydin nos leva.

“Ok, Aydin, informe-nos o que precisamos saber”, ordena Sabin.

“A fêmea mais recente a ser levada foi uma vigia do Alpha. Não tenho certeza de todos os detalhes, mas a criação dessa fêmea foi o que criou um problema entre ele e os conjuradores locais. Todas as outras mulheres capturadas tinham cerca de vinte anos, cabelos escuros, todas levadas no meio da noite. Alfa Vorenno tinha as duas últimas mulheres sob guarda quando desapareceram e não conseguem encontrar nenhum vestígio de como isso aconteceu. Não há cheiro de magia ou outros shifters”, explica Aydin.

“Algum corpo apareceu?” Valen pergunta.

“Não, mas a terceira mulher que foi levada, os rastreadores encontraram muito do sangue dela a cerca de trinta quilômetros de distância. Eles não têm ideia do que isso significa, e cenas como essa não foram descobertas com nenhuma das outras”, conta Evrin.

“Merda. Isso parece muito bizarro, porra” observa Torrez, e eu aceno.

“É por isso que eles estão chamando vocês”, afirma Aydin, seus olhos irradiando sua fé em nós.

Nervos e excitação passam por mim.

Nosso primeiro trabalho.

Nosso sonho de pegar casos e ajudar acabou de se tornar realidade.

Estamos entrando em algo assustador, mas nunca me senti mais segura de que é para isso que fomos criados. Eu respiro fundo e coloco meu rosto de jogo.

Vamos fazer isso, porra.

 

 

                                                   Ivy Asher         

 

 

 

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