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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


FREEING HER
FREEING HER

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

CAPÍTULO DEZOITO


Depois de ficar no apartamento de Gabby por quatro horas no sábado à noite e depois novamente no final da tarde de domingo, a raiva de Danny estava aumentando. Ele não sabia o que fazer. Aquele maldito namorado devia estar monopolizando o tempo dela. Ele pensou em mandar flores para ela, mas rejeitou essa ideia. Isso custaria dinheiro e ele estava com um orçamento rigoroso. Ela iria apenas destruí-las de qualquer maneira. Não, segui-la era a melhor opção para conseguir encontrá-la sozinha. Eventualmente ela se descuidaria, então ele precisava estar preparado o tempo todo.

Era hora de ele começar a vigiá-la quando ela chegava ao seu escritório todos os dias e que dias estava no hospital. Precisava descobrir onde ela passava a maior parte do tempo, era aí que ele iria atacar.


# # #


Kolson apareceu no abrigo uma hora mais cedo para pegar Gabby. Era um prédio pequeno, sem descrição, perto do Centro Hospitalar Bellevue, no lado leste de Manhattan. Como a maioria dos abrigos desse tipo, o local era mantido em segredo e a única maneira de uma pessoa encontrá-lo era através de triagem por telefone. A segurança era controlada e Kolson teve de responder a um conjunto de perguntas pré-estabelecidas que ele e Gabby tinham acordado. Depois que ele foi liberado, a recepcionista o conduziu para um escritório com uma janela de vidro e disse que ele poderia esperar por ela lá dentro. Ele ficou ali e observou-a no trabalho. Ela estava falando com uma mãe com uma criança pequena. A garotinha estava agarrada à mãe e ambas tinham hematomas cobrindo seus rostos e braços. Kolson tinha certeza de que também os tinham em outros lugares, escondidos por suas roupas.

A criança continuou espiando Gabby, e Gabby se abaixou para falar com ela. Não demorou muito para que a criança estendesse os braços para exame. Os olhos da garota estavam enormes em seu rosto inchado e descolorido. Gabby empurrou o cabelo da testa e depois acendeu uma luz nos olhos. Kolson podia ver vestígios de lágrimas refletidas na luz nas bochechas da criança e Gabby pegou seus polegares e os enxugou. Momentos depois, Gabby sentou-se no chão em frente à garotinha e ajudou-a a tirar os sapatos e as meias. Ela então mostrou a Gabby a parte de baixo de seus pés. Embora Kolson não pudesse ver o que Gabby estava vendo, a criança estremeceu quando Gabby a tocou. A criança fungou constantemente, como se tentasse não chorar, mas então Gabby deu um tapinha no colo e a pequenina se arrastou para dentro e começou a berrar.

Kolson nunca imaginou que sentiria uma emoção tão forte em relação a uma criança que não conhecia, mas toda essa situação abriu uma ferida nele que achava estar permanentemente selada. Suas tripas se torceram e seu coração se apertou. Enquanto observava Gabby segurando aquela menina em seus braços, a profunda admiração que sentia por ela o surpreendeu. Ele não tinha entendido anteriormente o seu papel aqui, mas agora o fazia. E o que era desconcertante para ele era que não sabia como ela fazia isso, dia após dia, e mantinha seu coração intacto.

Ele se virou, incapaz de assistir por mais tempo e sentou-se, deixando cair a cabeça entre as mãos. Kolson percebeu que a capacidade de amor de Gabby estava muito além de qualquer coisa que ele já encontrara. E irritou-o que sua família tivesse abandonado uma alma tão bonita.

Ele ainda estava sentado lá uma hora depois, quando ela entrou.

— Ei. — Ela o olhou por um momento. — Você está bem?

— Estou bem, — ele disse suavemente. — Como você está?

— Eu estou bem. Está pronto?

Seu olhar penetrante a perfurou, mas nenhuma palavra chegaria a ele.

— Tem certeza de que está bem?

— Eu vi o que você fez. Com aquela menininha. Seu coração é tão imenso, Gabriella. Você tem muita compaixão dentro de você.

Ela inclinou a cabeça e disse com naturalidade:

— É o que eu faço. O que amo fazer. Ajudar pessoas.

— Eu posso ver isso. Mas é muito mais do que ajudá-los. Você lhes dá uma parte sua... o que está dentro do seu coração. Eu senti isso daqui... te observando. Eu senti o seu amor de dentro desta sala. — Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ele queria dizer a ela o quão fodidos seus pais eram e que eles eram os únicos que tinham perdido uma parte da incrível vida de um ser humano. E ele queria dizer ainda o quão ela era ainda mais bonita por dentro do que por fora.

Mas ele não o fez. Em vez disso, ele agarrou e beijou-a, mostrando-lhe como se sentia. Como se ela significasse o mundo para ele. Como se ele quisesse abraçá-la e nunca a soltar. Como se ele quisesse sentir seu lindo coração batendo contra seu peito e ouvir sua respiração ao lado de sua orelha. Como se ele quisesse sentir o cheiro dela a cada respiração que ele dava. Quando a soltou, pegou na sua mão, colocou-lhe o cabelo atrás da orelha e simplesmente disse:

— Acho que a sua profissão escolheu você, Gabriella, e ela é muito sortuda de ter você. — Então pegando a mão dela orgulhosamente a acompanhou até o carro.

Gabby sorriu enquanto andavam de mãos dadas. Nunca ninguém disse coisas tão lindas para ela. Sim, ela sabia que as pessoas que ajudou a apreciavam, mas isso não era solicitado, então as palavras dele significaram mais para ela do que qualquer coisa. Não só isso, Kolson olhara para ela de um jeito tão suave que fez seu coração derreter. E aquele beijo foi arrepiante e de parar o coração. Mas também era doce, como se ele estivesse tentando transmitir algo para ela. Ele tinha tido um jeito com a boca e certamente a fizera se sentir especial.


# # #


Eles encontraram Case para o jantar e quando Gabby finalmente contou os detalhes sobre Danny, Case mal conseguia falar. Levou alguns minutos para se recompor, tão profunda era sua raiva e tristeza. Sua mão apertou a haste da taça de água que estava segurando, cortando assim os seus dedos.

— Porra, — ele falou.

— Deixe-me ver isso, — Gabby exigiu.

Eles foram ao banheiro e ela limpou e embrulhou em alguns panos de papel e depois prendeu com fita adesiva de primeiros socorros. Não exigiria pontos.

Enquanto eles estavam no banheiro, Case perguntou:

— Por que você nunca me contou?

— Eu não contei a ninguém. Kolson foi o primeiro.

Ele a surpreendeu quando a puxou em seus braços e a segurou com tanta força que ela mal conseguia respirar.

— Estou bem agora, Case. Muito melhor, na verdade, desde que lhe contei.

— O que diabos estava errado com seus pais?

— Esse navio navegou há muito tempo e, francamente, estou cansada de tentar descobrir isso.

— Entendido. Eu me sinto como uma merda porque não sabia.

— Não. Eu não te contei como você poderia saber?

Case balançou a cabeça e a abraçou novamente.

— Você sabe que pode vir a mim a qualquer momento, certo?

— Sim, eu sei.

— Você realmente gosta desse cara, não é?

Ela sorriu.

— Sim.

— Isto mostra.

— De uma maneira boa ou ruim?

— Boa. Você está sorrindo. O tempo todo. Nunca vi você assim.

— Oh. Não pareço uma idiota, pois não?

Ele riu.

— Não. Você está ótima.

— Mesmo?

— Sim. Vamos lá.

Quando voltaram para a mesa, Kolson perguntou:

— Tudo bem?

— Sim. Ele não precisa de suturas.

Case acrescentou — Desculpe pela interrupção.

— Sem problemas. Posso imaginar como você se sentiu, sabendo o quão perto você está de Gabriella. Gostaríamos de discutir suas opções com você. Ele está a perseguindo agora e precisamos fazer um caso contra ele. Dada a sua formação profissional, pensamos que você saberia melhor como proceder da maneira certa.

— Há alguns problemas que vejo, mas isso não significa que estamos em um bloqueio completo. A primeira coisa, o que você mencionou anteriormente, é que nenhum boletim de ocorrência da polícia foi registrado. A segunda é que Danny era menor de idade quando isso começou, mas, e isso é enorme, ele completou dezoito anos e ainda estava molestando você. Então isso não será um problema. Eu recomendo que você obtenha radiografias de corpo inteiro para documentar todas as fraturas que você teve. Você já sabe que isso será necessário, juntamente com uma avaliação psicológica. Você tem contatos suficientes para que não seja um problema. A perícia também pode examinar o relatório de radiologia para acrescentar algo a ele, como uma aproximação da idade de cada fratura. Depois de você criar esse registro em papel, começamos a construir o caso. Enquanto isso, quero investigar esse cara.

Kolson interrompeu:

— Não se incomode. Minha equipe de segurança já fez isso. E ele é um verdadeiro trabalho.

Gabby olhou para ele, arqueando as sobrancelhas.

— Sei que deveria ter dito a você. Foi depois daquele dia em que ele se aproximou do seu escritório. Você estava tão abalada, preocupou-me o suficiente para que eu colocasse Sam para te proteger também, mas você sabe disso. Nunca esperei que Danny descobrisse onde você morava, no entanto.

— Seria possível você compartilhar comigo o que você tem dele? — Perguntou Case.

— Absolutamente. Vou pedir ao Tom Barrett, o chefe da minha equipe, para mandar por e-mail tudo para você.

— Ótimo. Então, assim que reunirmos tudo e lermos, vou descobrir o que preciso para conseguir essas coisas na NYPD.

Gabby sentou-se sem dizer uma palavra.

Kolson estendeu a mão e a sentiu fria como gelo.

— Gabriella? Você está bem?

— Não, eu não estou bem. Isso vai deixar minha vida aberta como um livro. Vocês dois saberem é uma coisa, mas todos os outros, isso é um assunto completamente diferente.

Kolson apertou a mão dela.

— Você está certa. Mas se Danny fizer algo estúpido ou ameaçar você, estaremos à frente no jogo. Isso é para sua proteção, Gabriella.

Ela assentiu, mas Kolson percebeu que ainda estava desconfortável.

Case se aproximou e deu um tapinha no braço dela.

— Outra coisa, Gabby. Seria uma boa ideia reduzir as horas de voluntariado.

— Não! Eu amo fazer isso!

— Eu sei, mas isso expõe você a ele, e é muito arriscado.

— Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz?

A garçonete entregou a comida, mas Gabby não tinha mais vontade de comer. Em vez disso, ela se sentou e olhou para o prato. Case olhou para Kolson e ele assentiu.

Gabby não estava segura em seu escritório, e os dois homens sabiam disso. O problema seria persuadi-la a se mudar, quando seus fundos não permitiam.

— Gabby, — Case começou, — Você sabe que seu escritório deixa você exposta a ele. Você consideraria se mudar para o meu prédio? Eu posso trabalhar com você. E o mais importante, você estaria segura.

— Eu não posso... podemos falar sobre isso mais tarde? Minha cabeça está rodando.

— A qualquer momento. Eu tenho dois quartos vazios e uma sala de conferências que podem ser usados se você precisar. Há uma recepcionista na frente e, bem, você sabe o que fazer. Você esteve lá. Apenas deixe-me saber se você está interessada.

— Obrigada, Case. Você sabe que eu te amo por cuidar de mim.

Eles terminaram o jantar e os dois homens concordaram em conversar novamente em alguns dias. Gabby prometeu a Case que ela consideraria sua oferta para mudar-se para o seu escritório.

A volta para casa foi feita em silêncio. O carro de Kolson, um elegante Mercedes, entrou na garagem subterrânea. A área onde ele estacionou, exclusiva e reservada, tinha uma camada adicional de segurança para acessá-lo. Depois de estacionar, Kolson verificou a área antes de saírem do veículo.

— É assim que vou ter que viver a partir de agora?

Ele olhou para ela pensativo antes de responder.

— Não, só estou sendo extremamente cuidadoso. Não quero me arriscar. Uma vez que eu tenha certeza de que ele não está por perto, acho que vai ser bom para você ir e vir quando quiser, desde que você leve um motorista.

Mas enquanto falava, Gabby teve a sensação de que ele estava escondendo alguma coisa.

— Você realmente não se sente assim, não é? — Ela se virou para ele, mas na penumbra, ela não conseguia ler os olhos dele.

— Você duvida de mim?

— Não duvido. Eu acho que você está escondendo alguma coisa.

— Venha. Vamos entrar. — Ele a conduziu até o elevador e usou o bloco de segurança para inserir seu código. Eles andaram em silêncio, mas a mente de Gabby se agitou com pensamentos sobre o que Kolson estava fazendo e como ele estava lidando com isso.

Quando as portas do elevador se abriram, eles se dirigiram para a saleta, mas Gabby bateu de frente com as costas de Kolson quando de repente ele parou.

— Olá irmão. Surpresa — uma voz rouca e profunda que Gabby não reconheceu falou. — Espero que você me deixe entrar.

Gabby espiou em volta do ombro de Kolson. Um homem alto, moreno e de aparência ameaçadora estava no centro da sala. Não ameaçador como correr em busca de cobertura, ameaçador do tipo sexy como todo o inferno... pendurado na sua calcinha, ameaçador porque esse homem certamente iria para casa com eles. Cabelos negros como carvão e olhos da cor do jade, ele sem dúvida deixaria um rastro de corações partidos onde quer que fosse.

Ele sorriu e piscou para Gabby.

— Você não tem que se esconder. Prometo não morder. — Ele estendeu a mão. — Eu sou Kestrel Hart. E você é? — O nível de perigo aumentou bastante com o seu sorriso.

— Kestrel, você sabe que pode entrar a qualquer hora. Mas o que você está fazendo aqui? — O tom de Kolson era exasperado.

— Você vai ser rude com sua convidada, Kol, e não nos apresentar? — Ele perguntou.

— Eu sou Gabby Martinelli. Prazer em conhecê-lo. — Ela apertou a mão de Kestrel. Era suave e quente quando ele apertou a dela. Ela retribuiu o sorriso e se viu encantada por ele. Embora ele fosse a coisa mais bonita, ele não era tão atraente quanto Kolson, na opinião de Gabby. Quando ele soltou a mão dela, ela automaticamente pegou a de Kolson e ele a pegou, enlaçando seus dedos com os dela. Esse gesto não foi perdido por Kestrel.

— Então? — Kolson cutucou.

— Tudo bem, certo. Estou aqui para interferir pela mamãe.

— E?

— Não atire no mensageiro.

Gabby sentiu a mão de Kolson apertar a dela.

— Continue.

— O sexagésimo quinto aniversário do pai é no mês que vem e a mãe está dando um dos seus jantares especiais. Ela quer que você esteja lá. Daqui a seis semanas. Significaria muito para ela, Kol.

— Você sabe que não é...

— Faça isso por ela. Não por ele. Quando foi a última vez que você a viu? Ou falou com ela? Ela te adora, Kol. Sempre adorou. Se você for na festa ela ficaria feliz.

Gabby observou o intercâmbio com interesse. O queixo de Kolson deixou claro que ele não estava feliz com o pedido de seu irmão.

— Preciso pensar sobre isso.

— Justo. Deixe-me saber uma coisa, então posso contar para a mamãe.

— Sim. Como vai o Kade? Você já ouviu falar dele ultimamente?

— Kade está sendo Kade. Fodido como de costume. Não vamos ficar limpos. Mamãe ainda manda dinheiro para ele às escondidas.

— Eu também. Quando posso encontrá-lo. Ele é MIA9 novamente. Faça-me um favor e mantenha-me informado sobre o paradeiro dele. Não o quero nas ruas.

— Mamãe mantém um lugar para ele. Eu pensei que você soubesse disso.

— Eu sei. Mas como disse, ele se foi. Desapareceu e não consigo encontrá-lo. Ele me ligou cerca de um mês atrás e nós entramos em uma discussão sobre o dinheiro e ele indo para a reabilitação. Meus homens não conseguiram localizá-lo. Ele não vai lá há semanas. — O rosto de Kestrel disse a Kolson que ele não sabia.

— Então, para onde vai o dinheiro da mamãe?

— Nenhuma ideia. Minha equipe de segurança está a tratar disso.

— Raios. Não sabia. Também vou tratar disso. Se eu o encontrar, vou avisar você. Você fará o mesmo?

— Sim. E eu vou deixar você saber sobre essa maldita festa.

— Obrigado, mano. Você está parecendo bem agora.

Meio sorriso. Então um aceno de cabeça.

— Você também.

Então ele virou um sorriso eletrizante para Gabby.

— Prazer em conhecê-la, Gabby. Espero ver você por aí. — Ele se inclinou para ela e disse: — Se você tem alguma influência sobre esse cara, você vai tentar convencê-lo a ir nessa festa?

Ela riu e disse:

— Prazer em conhecê-lo. Farei o meu melhor.

E ele foi embora.

Quando estavam sozinhos, ela disse a Kolson:

— Bem, parece que não sou a única com problemas familiares.

— Kea, você não tem ideia.

— Seu irmão é viciado em drogas?

— Sim. Situação triste a dele.

— Você tem uma foto?

Kolson olhou para ela estranhamente.

— Talvez eu possa ajudar a localizá-lo, ou até mesmo mostrar sua foto ao redor. Alguém poderia reconhecê-lo. Tenho uma tonelada de experiência trabalhando com viciados.

Kolson assentiu.

— Essa foi uma das coisas que me impressionaram em sua investigação de antecedentes. Por causa de Kade. Vou desenterrar uma das fotos que tenho dele e enviar por e-mail para você.

— Você conhece a droga preferida dele?

— Todas elas.Tudo o que ele consiga colocar as mãos.

— Heroína?

— Não posso dizer com certeza. Nunca vi marcas de agulha ou o vi injetar, mas isso não me surpreenderia. A verdade é que estou surpreso, que Kestrel e eu também não sejamos viciados.

— Por causa do seu pai?

— Sim. História longa e feia.

— Se você quiser falar sobre isso, conheço uma boa psiquiatra.

Ele a encarou e disse:

— Não é sobre querer. É sobre ter habilidade.

— Eu posso ajudar. Me lembro de sentar aqui com você, e você me dizer a mesma coisa.

Uma expressão de dor passou por seu rosto, mas ele rapidamente a fechou.

— Eu estava protegendo você, Kea. Precisava saber o que aconteceu para que eu pudesse protegê-la de Danny. Eu posso me proteger. Fiz isso por anos e continuarei a fazê-lo.

Forçar alguém a fazer alguma coisa não era um dos métodos usuais de Gabby e, como ela havia dito a ele antes, ela não queria fazer psicanálise aos seus amigos. No entanto, ela queria mostrar aKolson exatamente o quanto ele a ajudou. Agarrando punhados de sua camisa, puxou-o para perto dela e explicou:

— Você não pode entender como é liberar o fardo até que você o faça. Eu nunca soube. Não poderia saber. E é tudo por causa de você. Se você não tivesse persistido.

Enquanto olhava para o rosto dela, ele viu honestidade e sinceridade emanando dela. Ele queria deixá-la entrar. Ele queria. Mas não era possível. As lembranças eram tão perturbadoras que ele não se atreveu a visitá-las. Ele colocou as mãos sobre as dela e as apertou, depois as beijou antes de as soltar, suavizando o gesto.

— Deus, Gabriella, eu quero. Eu quero. Talvez algum dia. Mas não agora. — Então se dirigiu ao bar para servir uma bebida.

Gabby sabia que ele precisava ficar sozinho, então caminhou até o quarto e preparou suas roupas para o trabalho pela manhã. Ela procurou a sua pasta e checou sua agenda e horários para o dia seguinte. Depois que terminou, ela enviou mensagens para Sky e Cara, deixando-as saber o que estava acontecendo com ela. Assim como esperava, recebeu respostas imediatas. Ela lhes prometeu que estava segura e protegida na casa de Kolson e que ele a levaria ao trabalho no dia seguinte. Ela estava no banheiro escovando os dentes quando Kolson apareceu atrás dela.

— Você vai dormir aqui esta noite? — Ele perguntou hesitante.

Ela tirou a escova da boca e respondeu:

— Só se você quiser.

Balançando a cabeça, ele disse:

— Não. Quero você nua, ao meu lado. Termine aqui. Depois junte-se a mim no meu quarto.

Não demorou muito para que ela subisse em sua cama e ele a colocasse em cima dele.

— Por que você está usando isso? — perguntou, puxando sua camisa.

— É o que costumo usar na cama.

— Não aqui, quero você sempre nua ao meu lado.

— Bem, então... — ela se sentou e deslizou a camisa sobre a cabeça — isso resolve o problema.

— Não se mova.

Ela o montou e ele segurou seus seios. Deslizando os polegares sobre os mamilos, ele os circulou até que endureceram. Ela inclinou-se para ele.

Ele levantou os joelhos e disse:

— Quero que você se incline para trás e se faça gozar para mim.

— Você o quê?

— Quero ver você se masturbando. Você me viu, agora é a minha vez de te ver.

— Mas eu não...

— Gabriella, você sabe se masturbar, não sabe?

— Claro. Mas geralmente faço isso com um vibrador.

— Vá buscar.

— Meu vibrador?

— Sim. Seu vibrador.

— Mas está no meu apartamento.

— Não, todas as suas coisas estão aqui.

— Tudo meu... até mesmo isso?

— Sim, até isso. Agora vá encontrá-lo e traga-o para aqui. — Kolson sorriu.

Ela saiu de cima dele e foi até o seu quarto. Ela checou a mesinha de cabeceira porque era onde o guardava em sua casa, meu Deus, lá estava ele. Ela pegou e voltou para o quarto de Kolson. Sua respiração ficou presa quando o viu deitado nos lençóis emaranhados. Sua ereção era espessa e se esticava em direção a sua barriga e o seu piercing no mamilo implorava que sua língua o lambesse.

— Pare de enrolar, Gabriella.

— Oh, eu não estou a enrolar. Estou curtindo a vista.

Seus olhos ardiam.

— Então onde está?

— Aqui. — Ela levantou a bala.

— Esse é o seu vibrador?

— Sim. Por quê?

— Imaginei que você teria um falo extenso com um apêndice vibratório.

— Porque você pensaria isso?

— Eu pensei que todas as mulheres tinham desses.

Gabby riu.

— Eu não.

— Isso não parece muito excitante.

— Você sabe o que dizem, não sabe?

— Por que você não me diz?

— Coisas grandes vêm em pacotes pequenos.

Ele olhou para seu pênis e depois para sua pequena bala e disse:

— Hmm, eu acho que você vai ter que provar isso para mim.

— Tudo bem. Não diga que eu não avisei, — disse com uma piscadela. Ela subiu e recostou-se de costas. — Está pronto?

— Quando você estiver.

Gabby virou o mostrador no vibrador e começou a zumbir. Ela colocou em seu sexo e sorriu. Kolson olhou para ela com interesse, mas logo, sua cabeça caiu para trás e ela arqueou a espinha enquanto gemia. Suas coxas se desmancharam quando sua boceta se abriu para ele, e ele observou sua pélvis girar lentamente contra sua mão. Não demorou muito para que seu próprio desejo o dominasse, então ele pegou sua mão e pegou o vibrador, tomando o controle da coisa. Momentos depois, o jogou de lado e a empalou em seu pau duro como pedra.

— Não se atreva a gozar ainda, Gabriella. — Ele esticou as pernas e disse: — Se incline para trás em suas mãos e me monte. — Ele observou seu pênis deslizar dentro e fora dela e gemeu com a visão. — Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho.

— Preciso gozar, — ela gritou.

— Não tão rápido. — Ele parou e a levantou e virou de modo que ela estava de costas para ele. Então, com uma dolorosa lentidão, se sentou novamente sobre ela e ela soltou um longo gemido.

— Por favoooor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus golpes eram controlados e preguiçosos. Ele observou suas bochechas de marfim enquanto a levantava para cima e para baixo. Sua fenda o chamou, então ele levou o seu dedo e correu de onde ele se juntava a ela e alisou sua umidade em torno do botão de rosa que se abriu ligeiramente diante dele.

Ela choramingou em resposta.

— Sim ou não, Gabriella.

— Sim.

Ele empurrou o dedo apenas um pouquinho e ela parou de respirar, temendo sua invasão.

— Relaxe, Kea.

Ele manteve o movimento de seu pênis para distraí-la e logo ela foi novamente apanhada no ritmo. Seu dedo cutucou mais profundamente dentro, até que ele passou pelo apertado anel de músculos que relaxou e o deixou entrar.

Gabby nunca sentiu prazer assim antes, fora do normal mas acima do incomum e insuportável.

— Oh, Kolson, não posso segurar, — ela chorou.

Kolson sentiu os dois conjuntos de músculos se contraindo em torno dele, e ele rapidamente seguiu seu clímax. Ainda profundamente dentro dela, ele a puxou de volta para que ela deitasse em cima dele e beijou seu pescoço e bochecha.

— Você é tão linda, tão incrível quando você goza, Kea. Você gostou disso?

Ela virou a cabeça para olhar para ele.

— Sim. Foi... uau.

Ele deu a ela um sorriso preguiçoso. Depois afastou-a para o lado, pediu licença e foi ao banheiro para voltar um pouco depois com um pano quente. Gentilmente a limpou e jogou o pano no chão. Recolhendo-a em seus braços, disse:

— Agora, hora de dormir, você não acha?

— Hmm-mmm. — Ela amava a sensação de seus braços ao redor dela, o modo como a faziam se sentir tão sã e salva. — Kolson, quero que você saiba que eu nunca soube que poderia ser tão bom. — Ela levantou-se para que pudesse olhar em seus olhos. — Depois de tudo, você sabe, eu pensei que sexo seria sempre meio nojento. Mas não é. Com você. É... acho que você sabe como é para mim.

Sua mão estava enrolada em seus cabelos e ele sorriu.

— Estou feliz. É assim que deve ser. — Sua boca tocou a dela, primeiro em cada canto, depois na parte superior e finalmente no lábio inferior. — Eu adoro sua boca. Agora durma. Amanhã começa uma semana agitada.


CAPÍTULO DEZENOVE


Quando estavam se acomodando, começou uma tempestade. Raios estalaram e um trovão caiu, enviando vibrações pelo quarto. Fotos estremeceram nas paredes e os vasos balançaram nas mesas.

— Oh, isso parece um grande problema, — disse Gabby. Ela saiu da cama e foi para a janela. — É sempre assim tão alto aqui?

— Afaste-se daí! É perigoso — ordenou Kolson. — E sim, estar aqui com todo esse vidro pode amplificar o som se a tempestade for ruim o suficiente.

Ela se virou de volta, rindo.

— Não é perigoso. É apenas uma tempestade de verão.

Outra enorme linha de raios iluminou o céu, seguida por um estrondo ensurdecedor. Algumas bandas mais brilhantes dançaram pelo céu negro e a chuva atingiu a janela. Não demorou muito para que os sons de granizo fossem ouvidos.

— Ó meu Deus.

— Gabriella, fique longe da janela, por favor. Não é seguro. As pessoas são atingidas por raios através das janelas.

De repente, a sala e os edifícios que os cercavam foram mergulhados na escuridão enquanto as luzes se apagavam.

— Puta merda! — Kolson amaldiçoou.

Gabby ouviu algo cair no chão. A lâmpada talvez?

— Kolson, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou. — Onde está você?

— Estou tentando encontrar a porra da lanterna. Velas. Qualquer coisa. Porra.

Ela podia ouvir mais coisas quebrando quando ele tropeçava no quarto.

— Kolson, fique parado.

— Não! Porra, eu preciso de luz, — gritou. — Onde está a porra da lanterna? É suposto estar aqui!

Ela se arrastou pelo chão, com cuidado para não se chocar contra qualquer mobília, enquanto tentava localizá-lo.

— Foda-se, onde estão as velas? Eu preciso da luz. — O pânico atou sua voz.

— Ei, querido, eu estou bem aqui. — Ela finalmente chegou ao seu lado e colocou os braços ao redor dele. — Calma. Está tudo bem. Nós não precisamos de uma lanterna. Nós vamos ficar bem.

— Eu preciso da maldita lanterna, agora!

Ela ficou surpresa com a forma como o corpo dele tremia. Ela nunca o viu perder o controle assim. Ela desejou ter visão noturna para poder se concentrar em seus olhos. Ele estava entrando em pânico e ela tinha de o impedir.

— Kolson, venha aqui, querido. Entre na cama comigo. Eu não deixarei nada acontecer com você, eu prometo. Lembra quando você me prometeu que você acreditaria em mim? Bem, estou prometendo a você agora que não deixarei nada acontecer com você no escuro. Eu tenho você, querido. Eu juro para você. Deixe-me abraçar e deixar você melhor, está bem?

Ela sentiu a tensão dele aliviar ligeiramente.

— Aqui, me dê sua mão e volte para a cama. Está seguro aqui, Kolson. Eu juro para você. Você me disse que confiava em mim. Acredite em mim também.

Ele finalmente cedeu e permitiu que ela o levasse de volta para a cama. Ela se aconchegou contra ele e puxou as cobertas. Envolvendo-o em seus braços, ela falou com ele em tons calmantes.

— Gabriella, preciso que você encontre as velas. Por favor.

— Você pode me dizer onde elas estão?

Ele respirou fundo e disse:

— Cabeceira. Verifique o criado-mudo. Deve haver fósforos e uma lanterna também.

— Tudo certo. Você vai ficar bem se eu me levantar?

— Sim. Apenas vá buscá-los. E depressa.

Ela correu para fora da cama e se atrapalhou na mesa de cabeceira. Sua mão pousou em uma vela de vidro e ela rapidamente encontrou fósforos. Uma vez acesa, a vela banhava a sala em um brilho suave. Ela olhou em volta para a lanterna e também a encontrou, depois ligou no botão e voltou para a cama. Ela ficou surpresa ao descobrir que precisava soltar os punhos de Kolson para voltar para debaixo das cobertas.

— Melhor? — ela perguntou.

— Sim. Obrigado. — Forçando-se a respirar fundo, ele começou a sentir as ondas de ansiedade se soltando. — Deite-se em cima de mim, por favor.

— Qualquer coisa que você quiser. — Ela rastejou em cima dele e cobriu-o com seu corpo. — Está bom assim?

— Sim. Ótimo. Gabriella, não consigo tolerar o escuro.

— Você quer falar sobre isso?

— Sim. Não. Oh, Deus, acho que não consigo. Apenas não me solte.

— Nunca. Estou aqui. — Ela esfregou sua bochecha contra a dele. — Respire fundo, querido. Conte até quatro. Segure a respiração e depois solte aos poucos. Assim está melhor.

— Porra, odeio isso. Sinto muito. Eu preciso de luz. — Sua voz vacilou.

— Eu sei. Olhe para mim, Kolson. Estou aqui com você.

Ele assentiu e segurou-a.

— Continue respirando. É por isso que você não tem persianas?

— Sim. Não suporto estar sem luz. É por isso que o lugar todo é claro.

— Eu notei que você gosta dos tons creme e neutros.

— Sim. — Ele ofegou, mas o seu pânico estava começando a diminuir enquanto ela falava. — Não há cores escuras aqui. Não aguento mais.

— Falar sobre isso pode ajudar, mas você tem que vir até mim.

— Eu não sei quando isso acontecerá. Só não me deixe até as luzes voltarem.

— Não vou. Eu não vou. Você está melhor?

— Sim. Obrigado.

— Seu pai punia você colocando-o no escuro?

— Sim! Não! Por favor. Não me pergunte sobre ele.

— Okay querido. Entendi. Nada vai acontecer com você aqui.

— Você me dá um beijo?

Ela deu. Começou devagar. Encontrando seus lábios e roçando os dela através deles, para trás e para frente, delicadamente saboreando-os, ela tentou afastar seu medo. Ela mordiscou seu lábio superior e depois seu inferior, logo antes de chupá-lo em sua boca. Suas línguas se entrelaçaram ao redor uma da outra enquanto se beijavam e seus braços apertavam-na com força contra ele.

— Você sabe quando me diz sempre como sou bonita? — perguntou.

— Sim, porque você é.

— Você é lindo também. Apenas nunca te disse antes. Agora é sua vez de me beijar.

Ela sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso quando ele a beijou e seu coração sorriu junto com ele. Seu pânico foi felizmente esquecido, pelo menos por agora, enquanto se perdiam em seu beijo.

Ele a surpreendeu quando se sentou e se moveu para poder deslizar seu comprimento nela. Mas suas bocas e línguas continuaram com o beijo. Seus gemidos foram engolidos um pelo outro, assim como seus clímax. E quando deitou, ainda profundamente dentro dela, adormeceu. Ele esqueceu sua necessidade de luz porque ela ainda tinha os braços ao redor dele, exatamente como havia prometido.

Ela se inclinou, apagou a vela e adormeceu também.


# # #


O segundo dia a acordar com sol forte não era o que Gabby desejava. Era brutal para os seus olhos. Seu quarto era de frente para o leste e parecia estar sob um mega holofote. Mas agora ela entendia por quê. Então viu que estava sozinha na cama. Se esticando, se sentiu agradavelmente dolorida em uma área particular e sorriu. Ela se lembrou da noite passada. Seu ataque de pânico. Seu medo do escuro. Ela ficou intrigada até que sua mente se aventurou no sexo que tiveram antes da tempestade e o que ele fez com ela, onde ele colocou o dedo, e ela sentiu seu rosto queimar.

Sua mente perdida se desviou para quantas vezes ele fez isso no passado com outras mulheres, mas depois ela se repreendeu. Isso realmente importava? Empurrando esses pensamentos tóxicos, ela saiu da cama e foi em busca de Kolson. Não o encontrando, ela tomou um banho.

Depois de terminar o banho, ela foi para a cozinha tomar um café. Uma visão muito atraente a saudou, Kolson em frente ao balcão, bebendo uma garrafa de água, suado por causa do treino. Seu coração acelerou quando sua mão alcançou seu peito enquanto imaginava como ele se sentiria contra sua pele, pingando de suor, ou que sabor ele teria se ela o lambesse agora. Ele não a tinha notado ainda, e quando ele levantou a bainha de sua camisa para limpar o suor do rosto, ela se sentiu a ficar úmida com a necessidade. Ela mesma começou a suar simplesmente ao observá-lo. Ele deve tê-la visto porque se virou um pouco e se concentrou nela. Mas não disse uma palavra; ele apenas olhou. A cozinha estava sobrecarregada, assim como o corpo dela.

Então ele se aproximou, pegou a mão dela, levou-a para o quarto e a empurrou para a cama.

— Volto já. Não se atreva a se mover.

Ela ouviu o chuveiro ligar e em alguns minutos, foi desligado. Então ele se juntou a ela, nu e todo sexy. Seus piercings refletiram com a luz e a cabeça do seu pênis brilhou, mostrando-lhe o que estava prestes a acontecer. O desejo se desenrolou de dentro de suas profundezas. Havia apenas uma coisa que ela queria, e não conseguia esperar mais. Ela sentou-se e ficou na beira da cama, fincou o dedo e fez sinal para ele se aproximar.

Ela colocou os braços ao redor de suas coxas, sentindo sua pele úmida aquecida, e levou seu pênis em sua boca, lambendo as gotas de umidade enquanto ela lambia. Ele sabia bem, tão bem. Limpo, salgado e almiscarado, como ela imaginou.

— Oh, Kea, sim.

Levando-o o mais longe que podia, sentiu as bolas prateadas de seu piercing baterem no fundo de sua garganta, mas isso apenas a estimulou. Ela chupou, lambeu e girou a língua sobre sua espessura. Quando ele gemeu profundamente na parte de trás de sua garganta, ela sabia que era o que ele queria. Não havia nada mais quente para ela do que esse som, então abriu os olhos para dar uma olhada nele e encontrou-o observando cada movimento dela. Ele agarrou a mão dela e a moveu para o seu saco pesado, envolvendo-o em torno de seu peso. Sua respiração ficou mais pesada então, e Gabby não queria parar de olhar para ele.

— Sua boca no meu pau é uma visão tão sexy, — disse, com a voz rouca de luxúria. — Leve-o profundamente, o mais fundo que puder.

As bolas prateadas fizeram cócegas em sua língua e no céu da boca enquanto ela movia seu pênis para dentro e para fora. Toda vez que ela o tocava e passava a língua em volta deles, ele sussurrava entre os dentes. Ela o levava em profundidade e os sons que ele fazia quando o chupava com força, estimulava seu próprio desejo.

— Ahhh, estou tão perto. Eu preciso que você pare. Quero foder você agora. Eu quero que você envolva sua boceta apertada em volta de mim.

Quando ela o soltou, ele desatou o roupão dela e arrancou-o dela. Então ele chupou seus mamilos com força e os provocou com os dentes, raspando-os até ficarem quase em ferida e ela se contorcia debaixo dele.

— Por mais que eu queira que isso seja lento, estou muito impaciente agora. Quero te levar com força e rapidez.

Ele levantou as pernas sobre os ombros e mergulhou nela, esticando-a com uma força implacável. E ela amava cada centímetro dele. Implorou por mais. Suas unhas se cravaram em seus braços enquanto ela gozava e gritava seu nome, mas ele não prestou atenção. Ele só empurrou mais forte, perseguindo sua liberação e a dela. Sua mão encontrou seu clitóris, esfregou-a em êxtase e logo depois ele puxou para fora. Ela assistiu como seu esperma explodiu em seu peito em uma série de sensuais surtos. Então ele o massageou por todo o peito, mamilos e boceta.

Ajoelhando-se, ele a olhou e disse:

— Eu acho que gosto mais de você assim. Que visão maravilhosa você é. Droga, gostaria que não tivéssemos que ir trabalhar.

Depois de um momento, ele foi ao banheiro e voltou com uma toalha. Ele limpou-a em todos os lugares... exceto seus mamilos e boceta.

— Não se atreva a lavar isso. Quero saber, enquanto eu trabalho hoje, que meu esperma ainda está em seus mamilos e sua boceta. E Gabriella, se você lavar, eu vou encontrar uma maneira de te punir. Você me entende?

— Sim. — Ela não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, mas ela tinha a noção de testá-lo.

— Eu sei o que você está pensando. E você não vai gostar dos meus métodos. Em absoluto.

Então ele deu-lhe um beijo longo, lento e sexy e levantou-se.

— E não faça nada ao seu cabelo também. Você parece perfeita com esse olhar recém fodido.

— Mas eu tenho o cabelo de dormir. Está tudo emaranhado, — protestou ela.

— Em linha reta. E está quente como o inferno. Não se atreva a tocá-lo.

— Você é estranho. Não tem como eu ir trabalhar assim. Meus pacientes vão pensar que sou louca.

Ele riu.

— Não, eles vão pensar que você é linda. Mas vou deixar você escapar dessa vez. — Ele a deteve com outro beijo. — Seus lábios são perfeitos também, todos inchados de beijar e chupar meu pau. — Então ele sorriu quando olhou para o seu braço. — E eu vou usar isso com honra. — Ele segurou-a para ela ver. Haviam três longos arranhões vermelho-sangue.

— Eu fiz isso? Puta merda!

Com um sorriso malicioso, ele assentiu.

— É melhor você se mexer ou nós vamos nos atrasar, — disse ele, sorrindo. — Ah, e Kea, obrigada por me resgatar na noite passada. Isso significou o mundo para mim.

E foi tudo. Ele só disse isso sobre seu ataque de pânico. Gabby sabia que era pura hesitação, mas algo sombrio e perturbador a inquietava. O que aconteceu com ele para causar esse tipo de reação? Seu pai o tinha trancado em um quarto escuro? Ela estava determinada a não bisbilhotar, mas também sabia o quão doentio era manter tudo fechado. Então ela revirou os olhos para si mesma. Panela, apresento-te o lume. Se ela alguma vez o tivesse feito.


CAPÍTULO VINTE


Durante todo o dia, Gabby tinha apenas uma coisa em mente: sua mini maratona de sexo com Kolson. Várias vezes ela se pegou distraidamente esfregando seus mamilos sensíveis. Foi uma coisa boa que ela estava sozinha quando isso aconteceu.

Com todos os telefonemas e mensagens que estava enviando, ela poderia ter usado uma secretária. Sky, Cara, Ryder e Case a estavam checando. Era legal, mas talvez eles precisassem configurar algum tipo de cadeia telefônica. Meio dia, quando o telefone tocou, ela atendeu e ficou mais do que satisfeita em ouvir a voz de Kolson.

— Você tem tempo para almoçar hoje?

— Só tenho quarenta e cinco minutos.

— E quando seria isso?

— Depois da uma e meia.

— Perfeito, — disse ele. — Alguma aversão a comida?

— Oh não. Por quê?

— Estou levando o almoço para você. Vejo você, então.

— Mas... — Ele já havia terminado a ligação.

À uma hora e meia, sua grande estrutura encheu sua porta. Sua presença intensificou o ar ao redor dela, e seu coração pulou atrás de suas costelas. Ele olhou para ela e fez aquela coisa com os lábios, raspando os dentes através deles. Ela sentiu-se responder exatamente onde mais importava, entre as coxas. A mão dela foi para a garganta, como se isso aliviasse a pressão que sentia contra o peito. Mas isso não aconteceu. Nem um pouco.

Em suas mãos, ele carregava uma sacola grande e uma bandeja com duas bebidas grandes.

— Vou ter que ficar aqui e segurar isso pelos próximos quarenta e cinco minutos, ou você vai me mostrar onde vamos almoçar?

Ela limpou a garganta e disse:

— Que falta de educação a minha. Por aqui. — Ela se levantou e ele a seguiu até uma pequena cozinha com uma pequena geladeira e pia. Também tinha uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. — Por favor, sente-se.

Kolson puxou uma cadeira para ela e ela se sentou enquanto ele arrumava a sacola e bebia. Então ele a chocou quando levou a sua mão ao peito dela. Seus dedos desabotoaram a blusa e ele enfiou a mão no sutiã e soltou um dos seios dela. Dobrando a cabeça, ele inalou e então gentilmente chupou o mamilo ainda sensível. Ela suspirou quando ele disse:

— Estou feliz que você tenha seguido minhas instruções, Gabriella. Você ainda cheira e tem gosto de mim.

Ela tentou engolir o nó que estava preso na garganta, mas era inútil. O homem transformou seu corpo em um demônio sedento por sexo.

Arrumando o sutiã e abotoando a blusa, ele se sentou em frente a ela.

— Você deve estar faminta. Não tomou café da manhã hoje. Você tomou?

— N-não.

— Bem me pareceu. Bem, espero que goste de tailandês. Eu conheço um ótimo lugar e tomei a liberdade de fazer um pequeno pedido para nós. — Ele puxou as pequenas caixas quadradas e brancas enquanto falava e, em seguida, pegou outro recipiente de plástico. Entregando seus pauzinhos e uma colher, disse:

— Sirva-se. Oh,espero que você não se importe. Nós vamos ter que compartilhar isso. Eu pedi um grande Tom Kha Gai para nós dois.

Os olhos de Gabby se arregalaram quando ela olhou para toda a comida. Ele deve ter pensado que outras quatro pessoas estavam se juntando a eles.

Ele estava mastigando quando perguntou:

— Você não vai comer?

— Sim. E obrigada. — Ela deu uma mordida em um rolinho primavera e suspirou. Ela não conseguia se lembrar da última vez que comeu comida tailandesa. E isso era divino. Mas a quantidade. Meu Deus!

— Você estava esperando que alguém se juntasse a nós? — Ela perguntou.

— Não por quê?

— Você sempre come tanto assim?

— Eu estava com fome e não conseguia decidir o que pedir. As escolhas eram infinitas. — Ele lançou-lhe um sorriso juvenil.

Ele a observou enquanto comia, e ela não sabia dizer se ele estava com fome de comida ou dela. Ele parecia que iria devorá-la, junto com seus pot-stickers.

— Conte-me sobre sua clínica. Este é seu primeiro ano?

— Sim. Estou a terminá-lo. Julho marcará meu primeiro aniversário.

— O que você mais gosta?

Ela sorriu.

— Além de minhas dificuldades financeiras, eu amo isso. Amo ajudar os outros. Há muitas pessoas por aí que não sabem para onde ir e eu gosto de ajudá-las a encontrar o caminho. Você sabe?

— Gabriella, você é uma reparadora?

— Claro que sou. Isso é o que minha profissão faz. — Ela riu.

— Mas você procura pessoas que precisam de conserto?

— Eu não estou seguindo você.

— Seus amigos, por exemplo. Sky e Cara.

— O que tem elas?

Kolson parou de comer por um segundo e disse:

— Você sabe que todos seus amigos foram investigados. É algo que minha equipe jurídica recomenda. E como eles estão associados a você, eles aparecem como bandeiras vermelhas. Eu confio em você; portanto, não estou preocupado com eles. Eu sei o que elas fazem para viver, então foi por isso que fiz essa pergunta. Parece que todos os seus amigos têm problemas que imploravam para que essa pergunta fosse feita.

Gabby ficou surpresa no começo, mas quando ela pensou um pouco, ela realmente não estava.

— Eu deveria estar com raiva de você, mas não estou. Conheci Ryder através de Case. Ele estava indo aos NA. Ryder começou a ver Sky, que teve problemas com sua mãe, que era viciada. Sua mãe já faleceu. E claro, Cara e Sky trabalham juntas. Eu preciso ser honesta aqui. Há uma grande parte de mim que quer que elas deixem a vida de prostituição. Acho que Sky vai e logo. Cara, não tenho tanta certeza e isso me entristece. Não acho que quero consertá-los por si só. Eu quero que eles estejam seguros. Nenhuma delas usa drogas. Elas raramente bebem a menos se sairmos para uma noite de garotas, que é uma vez a cada três ou quatro meses. Acho que me conectei com a Sky porque ela foi estuprada na prostituição e eu poderia me relacionar com a parte do estupro. Nós duas tivemos vidas familiares ruins. Acho que foi uma resposta muito longa para a sua pergunta. E falei muito. Quebrei confidências. Eu confio em você para manter isso para si mesmo.

Ele sorriu.

— Você não compartilhou nada comigo sobre eles que já não soubesse. Estou mais interessado em sua conexão com elas. Curioso, é o termo mais apropriado, suponho. Não é frequente que uma médica seja amiga de uma prostituta. É por isso que imaginei que você fosse uma reparadora. Mas, Kea, você sabe que existem aqueles que precisam ser reparados, mas não querem ser.

— Não me coloco acima de ser amigo de ninguém. Mas, Kolson, todo mundo precisa ser reparado até certo ponto. Ninguém está perfeitamente sintonizado. É uma questão de como estamos fodidos. Podemos funcionar na sociedade sem fazer mal a nós mesmos ou a ninguém? E estamos felizes em fazer isso? Essa é a pergunta que alguém deve se perguntar.

— Então, Dra. Martinelli, você está feliz?

Gabby não sabia como responder a ele. A resposta para isso era muito complicada.

— Eu acredito que você acabou de me dar sua resposta.

— Isso é uma suposição. Não foi você quem me disse para não fazer suposições sobre coisas das quais eu não sabia nada?

— Touché, Gabriella. De fato disse isso. E você estava prestando atenção.

Ela sorriu ao sentir o gosto da sopa.

— Mmm. Isto é excelente. E você é muito astuto.

Ele assentiu.

— Eu ganho minha vida sendo astuto. Então, além de sua necessidade de correr para ajudar as pessoas, qualquer outra razão para a psiquiatria?

— Sim. Os psiquiatras são os oprimidos da profissão médica. As pessoas não olham para nós como médicos. Eles só nos vêem como conselheiros ou sentados em quartos com pacientes enquanto eles se deitam nos sofás e nos contam seus problemas.

— Bem, não é isso que vocês fazem?

— De certa forma, mas há muito mais. A psiquiatria envolve mais do que apenas conversar com o paciente. Muitas condições e doenças requerem medicamentos e monitoramento, bem como diabetes e outras doenças. Você sabia que muitos moradores de rua sofrem de transtorno de personalidade esquizóide e recusam tratamento porque odeiam os efeitos colaterais das drogas?

— Não, eu não estudei transtorno de personalidade esquizóide, — disse ele com um sorriso.

— Eu estudei.

— Tenho certeza disso. Sei que o maior motivo para você entrar em seu campo é o seu passado. E depois de ver você em ação, não há mais nada que eu possa imaginar você fazendo.

— Isso é verdade. Depois que comecei a estudar psiquiatria, meu fascínio aumentou. O cérebro humano é incrível e as coisas que podem dar errado são... bem, você pode imaginar. As possibilidades são infinitas e se não formos ensinados a lidar ou se nossos neurotransmissores não estiverem nos níveis apropriados, as coisas podem ficar descontroladas. Genética e meio ambiente têm muito a ver com isso também. Algumas pessoas acabam por nascer com sorte.

Enquanto falava, os lábios de Kolson formaram uma fina linha branca.

— Minha vantagem com meus pacientes é que não nasci com sorte, então posso me relacionar com muitos deles. E acredito que isso me ajuda a me conectar, particularmente com as vítimas de abuso.

O comportamento de Kolson foi alterado. Um véu desceu sobre ele e seu tom se tornou severo.

— Bom para você. Que tal terminarmos o nosso almoço? Preciso estar de volta ao escritório e pensei que você tivesse pacientes chegando.

O ar a deixou e seu corpo caiu em sua cadeira. Ela pensou que ele ficaria animado enquanto falavam sobre o que ela fazia, mas ele não só estava desinteressado, como também tinha pouco tempo para ela. O fascínio que ele mostrou quando a acompanhou ao hospital e ao abrigo das mulheres havia desaparecido e feriu Gabby. No entanto, se ela tivesse colocado o seu modo psiquiatra, teria percebido que seus comentários chegaram perto demais. E se Kolson abrisse os olhos, ele teria notado como suas palavras haviam sido dolorosas para ela. Mas nenhum deles o fez. Eles se concentraram em sua comida, Kolson terminando a sua e Gabby olhando para a dela.

Poucos minutos depois, sua cadeira raspou no chão enquanto ele se levantava e disse:

— Vou sair agora.

Foi terrivelmente estranho. Ela olhou para ele e viu um estranho diante dela. Sumiu o homem quente e apaixonado dessa manhã e em seu lugar estava um homem insensível que ela não reconheceu.

— Obrigada pelo almoço.

— Não foi nada, — ele disse secamente. — Eu conheço a saída.

Gabby tentou analisar o que acabara de passar entre eles, mas estava tão abalada que sua mente não conseguia pensar direito. Sua próxima consulta estava marcada em poucos minutos, então ela precisava ter a cabeça limpa.

E então, como um raio, isso a atingiu.

Nascido com sorte. É isso mesmo.

Ela não tinha tempo para pensar nisso, porque as duas horas chegariam a qualquer momento, mas tinha que ser por isso que ele mudara.

Mais tarde, depois que sua paciente foi embora, tentou ligar para Kolson, mas foi diretamente para o correio de voz. Ela deixou uma mensagem e um texto pedindo para ele lhe ligar. Às cinco e meia, quando chegou a hora de sair, ela ainda não recebera uma resposta e Ovaltine estava esperando para levá-la de volta ao apartamento de Kolson.

Quando ela entrou no carro, perguntou:

— Você vai pegar Kolson?

— Não, senhorita. Ele me pediu para avisar que vai trabalhar até tarde.

— Oh. Você vai me levar para a reunião de NA hoje à noite? É a minha noite de voluntariado lá.

— Não, senhorita. Eddie vai levá-la e trazê-la para casa.

— Oh, ele não precisa esperar. Case pode pegar um táxi para mim.

— Não, senhorita, as instruções do Sr. Hart foram para Eddie esperar por você.

— Entendo. Que horas você falou com o Sr. Hart?

— Por volta das quatro da tarde, senhorita.

Gabby rangeu os dentes. Isso foi depois que ela deixou suas mensagens e depois que tentou ligar para ele novamente. Ele a estava evitando.

— E Dra. M.?

— Sim?

— Sam queria que eu lhe dissesse olá.

Gabby sorriu.

— Diga-lhe olá de volta. A propósito, qual é o seu nome verdadeiro?

Ovaltine riu.

— É Leroy, senhorita. Mas não sou chamado assim desde criança. Não bebia nada além de Ovomaltine. Ainda bebo para falar a verdade. Minha mãe me apelidou disso e ficou meio que preso.

Gabby riu.

— Que tal de vez em quando, você beber um pouco de água?

— Oh, não se preocupe, senhorita. Eu bebo também. Quando jogo futebol, bebo bastante e Gatorade.

— Sam jogou também?

— Oh, sim, senhorita.

— Percebi isso. Com sua compilação e tudo.

— Todos jogamos. Todos os cinco irmãos. Nenhum de nós era bom o suficiente para ir para os profissionais, então foi quando fomos trabalhar para o Sr. Hart. O grande Sr. Hart. Então, há sete anos atrás, quando o Sr. Kolson Hart saiu, ele nos ofereceu empregos e nós fomos com ele, sendo que o conhecíamos desde que ele era um jovem. Engraçado, o Sr. H. nunca soube que me chamavam por Ovomaltine, porque sempre usava o nome Leroy.

— Como ele é? Grande Sr. H.?

Ovaltine encolheu os ombros.

— Ok, eu acho. Sam poderia contar mais sobre ele do que eu. Ele era o braço direito e o que estava mais próximo dele. O resto de nós recebia ordens de Sam.

— Sei que não é da minha conta, mas Kolson não se dá bem com ele, não é?

— Não, mas isso não é da minha conta também. E eu não deveria fofocar, senhorita. Sam teria minha cabeça se soubesse que eu lhe disse isso.

— Oh, me desculpe. Prometo, não vou contar uma palavra.

— Obrigado. Sam pode ser bem assustador quando fica chateado. Mas ele gostou de você. Ele me disse que era melhor ninguém machucar um fio de cabelo seu enquanto eu estivesse cuidando de você ou ele iria bater na minha bunda. Ah, desculpa a linguagem, senhorita.

Gabby riu.

Quando Ovaltine parou na frente do prédio de Kolson, ele saiu e acompanhou Gabby para dentro.

— Obrigada Ovomaltine. Eddie sabe que eu preciso dele às quinze para as sete?

— Sim, senhorita, com certeza ele sabe.

— Muito obrigada. Eu acho que te vejo amanhã. — Ela o deixou com um aceno.

Quando ela saiu do elevador, Lydia a cumprimentou e se apresentou. Gabby imediatamente gostou dela. Ela mostrou a Gabby o jantar que preparou e depois deixou-a sozinha. Como Gabby tinha menos de uma hora antes de sair novamente, decidiu trocar de roupa e depois comer.

Quando terminou, ela foi explorar o apartamento. Mesmo tendo passado o fim de semana lá, ela realmente não checou o lugar. Era bem espaçoso e sem contar a sala, a cozinha moderna, seu luxuoso quarto de hóspedes e o luxuoso quarto de Kolson, a cobertura tinha tudo o que se podia pedir. O escritório de Kolson era grande, elegante e ultramoderno, e havia uma pequena biblioteca na qual Gabby queria se perder porque estava cheia de todos os tipos de livros. A cobertura também tinha outro quarto de hóspedes muito parecido com o que ela ocupava, uma sala de mídia com todos os tipos de videogames imagináveis, uma sala de jantar formal e uma sala de estar formal. A cabeça de Gabby girou com o tamanho e a opulência do lugar. A casa de seus pais em Connecticut era bastante grande, mas isso foi em Manhattan, onde o preço do imóvel era ímpio. Ela não podia começar a imaginar o que esse lugar custava para alugar. Mas então ela pensou novamente. Ele não alugou isso. Pessoas como Kolson Hart não alugavam nada.

A campainha soou, invadindo seus pensamentos. Ela olhou em volta e então se lembrou de onde o interfone estava.

— Sim?

— Dra. Martinelli? Seu motorista está aqui para você.

— Er, obrigada. Descerei logo.

Ela pegou sua bolsa e colocou o código do elevador. Eddie estava esperando por ela e se apresentou. Em pouco tempo, ela estava sentada na reunião de NA, ouvindo Case, ou pelo menos tentando. Seus pensamentos ainda estavam em Kolson e porque ele não tinha retornado suas ligações.


CAPÍTULO VINTE E UM


Danny rangeu os dentes enquanto observava Gabby entrar na limusine. O motorista abriu a porta para ela e eles foram embora. O carro não era marcado, então ele não conseguiu pegar o nome da empresa. Raios a partam! Quando ela iria foder tudo e dar ao velho Danny uma oportunidade? Ele tinha planos, grandes planos, e Nadine simplesmente não o via mais. Na verdade, ela lhe disse para pegar a estrada ontem. Ela disse que ele era um idiota doente e não gostava de seus jogos sujos. Danny ficou um pouco áspero, mas ela pediu por isso. No momento em que ele terminou com ela, seu cinto a deixou ensanguentada e roxa. Ela não se sentaria tão cedo, e Danny riu ao pensar em seu traseiro preto e azul.

Porra, deveria ter sido a Gabby. Ele socou a superfície áspera da parede de tijolos e instantaneamente se arrependeu quando a mão dele palpitou. Olhando para a carne raspada, ele amaldiçoou Gabby novamente e decidiu que ele dobraria seus esforços para alcançá-la. Aquela cadela estava deixando-o infeliz e esse era mais um exemplo de como ela estava fodendo com ele.


# # #


Kolson leu e releu a mensagem de Gabby e escutou sua mensagem de voz várias vezes, mas não respondeu. Ele não estava completamente pronto e não sabia o que dizer. Seu passado era desagradável, tão feio quanto o dela, mas de uma maneira muito diferente. E ele sabia que se começasse, ela iria querer ajudar, quereria analisá-lo e ele não poderia, não iria lá. Ele não estava pronto para fazer isso. E a verdade era que não tinha certeza se queria. Era paralisante pensar nisso.

O helicóptero o esperava e ele correu através do vento do rotor e subiu a bordo. Sua mente estava no lugar errado e ele precisava se mexer. Outro contrato enorme estava em jogo e seu braço direito conversava com ele. Depois de um tapinha no braço, ele olhou para cima e fingiu que seu fone de ouvido não estava ligado.

— Me desculpe, cara. Eu esqueci.

— Você está pronto, senhor?

— Jack, eu estou sempre pronto para uma boa luta verbal. — E essa era a verdade.

— Aqui estão seus contratos e este é o seu relatório. Eu tenho todos os materiais que você solicitou aqui. Haverá quatro pessoas presentes. Mas você já sabia disso. Se conseguirmos bloquear isso, parece que você terá todas as equipes profissionais de Filadélfia e Boston. Isso só deixa a área de DC.

Kolson assentiu.

— Este é seu último passo no acordo de Filadélfia e todas as coisas indicam que é uma jogada. Eles precisam dos autocarros porque eles não querem mais lidar com os seus. Nossa oferta é a mais limpa. Não quero dizer que é um negócio fechado, porque qualquer coisa pode aparecer no último minuto, mas com as responsabilidades como estão hoje, eu acho que você pode resolver isso.

— Você tem todas as estatísticas e informações sobre o que aconteceu após o último incidente?

— Sim senhor. Seu motorista ainda está lidando com as questões legais do acidente. E eles vão lidar com os processos decorrentes desse acidente por anos, eu acredito.

O autocarro que uma das equipes usou sofreu um acidente. O motorista estava embriagado e vários passageiros nos carros atingidos pelo ônibus ficaram gravemente feridos.

— Eles realmente gostaram da nossa política de tolerância zero e teste de drogas para os nossos motoristas.

— Sim, Sr. Hart, eles gostaram.

Kolson ficou em silêncio enquanto revisava o contrato e as informações nos arquivos. Tudo parecia estar em ordem. Ele fez uma pausa para pensar em Gabriella e sabia que não estava sendo justo com ela, mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. Ele forçou esses pensamentos para o fundo de sua mente e centrou-se no que estava em suas mãos.

A voz de Jack chegou até ele através do fone de ouvido.

— Estamos nos preparando para pousar, senhor.

Kolson ajeitou a gravata, ajustou as abotoaduras e assentiu. O helicóptero fez contato com o solo e o co-piloto abriu a porta do passageiro assim que os motores pararam de girar. Kolson tirou o fone de ouvido e saiu da nave, com uma pasta na mão. Um carro aguardava para levá-los para a reunião.

Duas horas e meia depois, eles estavam no ar, voltando para Manhattan. Jack olhou para Kolson e disse:

— Se me permite dizer isso, senhor, para um homem que acaba de conseguir o segundo maior contrato da HTS em menos de dois meses, o senhor não parece muito empolgado.

Kolson lançou-lhe um olhar.

— Estou extremamente feliz com isso, Jack. Isso vai separar a HTS de todas as outras empresas de serviços de transporte do setor. Não se engane sobre isso. Eu tenho outras coisas em mente no momento.

— Claro senhor. Peço desculpas.

— Não é necessário pedir desculpas.

Jack percebeu que a conversa terminara. O Sr. Hart estava a milhas de distância e Jack não seria estúpido o suficiente para interferir.

O telefone de Kolson tinha zumbido várias vezes durante a reunião, e tinha ignorado, então o verificou e viu que só havia chamadas ou mensagens de Gabriella. Ele tentou descobrir como lidaria com isso. Normalmente, ele se afastava quando chegava a este ponto. Mas isso não era uma opção com ela. Ele estava demasiado envolvido e queria que fosse assim. As coisas eram diferentes com Gabriella; ela era diferente. Ele ansiava por ela... seu toque, seus beijos, seu corpo, seu sexo. Ela atingira um lugar dentro dele e o virou de cabeça para baixo. De um jeito bom.

E relativamente ao que aconteceu, ela também não tinha feito nada de errado. Ele sabia que não podia deixar isso continuar, porque se não fizesse alguma coisa, causaria uma ruptura entre eles.

Estava quase escuro quando eles pousaram no telhado da sede da HTS. Ele foi direto para o escritório e cuidou de algumas coisas necessárias. Uma hora depois, ele foi para casa. Eram quase nove quando entrou na garagem. Embora tivesse sido um longo dia e ele estivesse cansado, sabia que devia uma explicação a Gabriella. Ele esperava que ela estivesse em casa após sua atividade voluntária nos NA.

Quando saiu do elevador, o apartamento estava em silêncio. Ele andou através de cada quarto, verificando se ela estava lá. Quando não a encontrou, ficou chocado com a decepção que passou por ele. Ele estava saindo de seu escritório e de volta para a cozinha quando ouviu o barulho do elevador. Então as portas se abriram e ela saiu andando.

— Gabriella, — disse enquanto praticamente corria para cumprimentá-la, surpreendendo os dois.

— Kolson! Onde você esteve? Eu tenho ligado e mandado mensagens para você! — Sua voz tinha uma ponta afiada que ele não tinha ouvido antes.

— Sinto muito. Eu tive uma reunião em Filadélfia.

— Filadélfia? Hoje?

— Sim. Esta tarde. Foi às quatro.

— E você foi lá depois do almoço?

— Eu voei.

— Em um avião?

— Não. Tenho um helicóptero.

O que mais ela não sabia sobre ele? Provavelmente um grande inferno, ela supôs.

— Sim. Podemos falar sobre meus métodos de transporte em outro momento? Queria te dizer que peço desculpas pela maneira como reagi hoje. Foi inapropriado. Minha reação foi desnecessária e você não mereceu. Eu deveria ter ligado mais cedo, mas eu... é um assunto difícil e delicado para mim. Eu sinto muito.

— Não, eu percebi depois que você saiu que foi o que eu disse. Estou a supor que foi, mas tenho certeza que teve algo a ver com o que eu disse sobre ter sorte. É por isso que eu estava ligando. Então fiquei com raiva quando você não me ligou, mas depois de um tempo eu comecei a me preocupar.

— Sobre mim?

— Bem, sim. Não é isso que as pessoas fazem quando se importam uma com a outra?

— Você se importa comigo? Depois que eu fui tão idiota com você?

— Kolson, talvez eu não tenha sido clara. Eu não durmo por aí. Especialmente com homens com quem não me importo. Eu sei que não é comum nos dias de hoje, mas é como eu funciono.

— Você me surpreende. Mas tenho medo de não te merecer.

— Você não é o único que está espantado. E talvez você precise me deixar ser a juíza sobre se você me merece.

Ele empurrou-a contra ele e esmagou sua boca na dela. Seu beijo transmitia tudo o que suas palavras não faziam. Suas mãos se enrolaram em torno de suas lapelas enquanto ela ficava na ponta dos pés e o beijava de volta. Quando ele a soltou, perguntou:

— Onde diabos você esteve toda a minha vida? — Ele tirou o cabelo do rosto dela. — Eu gostaria de ter conhecido você anos atrás, Kea. — Ele roçou os lábios nos dela, beijou sua têmpora, e então tirou o paletó enquanto afrouxava a gravata.

— Você está com fome? — Ela perguntou.

— Morrendo de fome. E você?

— Eu comi logo depois do trabalho. Lydia nos deixou algo. E se eu preparasse o seu jantar enquanto você se troca?

No momento em que ele voltou, ela tinha preparado sua refeição, junto com uma taça de vinho. Eles conversaram enquanto ele comia e ele lhe contou sobre o contrato que conseguiu naquele dia.

— Parabéns!

— Essa também é outra razão pela qual eu não pude ligar. Estava preso na reunião.

— Está tudo bem. Nós estamos bem. Mas por favor, não me evite. Não fuja de mim quando o assunto ficar difícil. Se é algo que você não pode discutir, me diga, porque eu não leio mentes. OK?

— OK.

— Eu também queria que você soubesse que conversei com Case esta noite e vou aceitar a sua oferta. Sobre me mudar. Já que estou atrasada no aluguel do meu escritório, — ela disse timidamente, — não acho que meu senhorio vai se arrepender de me ver ir embora.

— Kea, essa é a melhor notícia que já ouvi. Você tem uma data marcada para isso?

— Sim. Duas semanas.

— Então você terá uma mudança dupla.

— O que você quer dizer?

— Porque eu arranjei um apartamento para você.

— Você conseguiu? — Ela não estava tão animada com isso por um par de razões, mas a maior delas era que não queria deixá-lo.

Ele usava um sorriso malicioso.

— Eu consegui.

— Bem?

— É neste edifício.

— Você está brincando. Eu não posso permitir isso.

— Sim você pode. É um estúdio. E é menos do que você estava pagando.

Ela pulou em seus braços e gritou.

— Eu não posso acreditar. Isso é incrível. Espere. Você fez algum tipo de acordo sorrateiro ou algo assim?

— Não, eu não fiz. É verdade. Mas a melhor parte é que você ainda pode ficar aqui quando quiser. Você pode até mesmo deixar a sua roupa aqui, se quiser, mas você terá seu próprio lugar se você se cansar de mim. — Ele piscou para ela.

— Você pode ser quem irá se cansar de mim. E eu não poderia tirar vantagem de você assim.

— Hmm. Talvez eu queira que você tire vantagem de mim. E se você não tirar, eu posso ter que bater na sua bunda, Dra. Martinelli.

— Isso é uma promessa?

— Certamente é. Agora pegue e leve essa sua bunda para a minha cama, porque me lembro claramente de lhe dar uma ordem esta manhã. E se você me desobedecer, um castigo acontecerá. — Ele bateu na bunda dela e ela correu para o seu quarto com ele na sua cola.


# # #


No dia seguinte, Gabby estava ocupada quando o correio chegou e ela não teve tempo de olhar para ele até terminar com seus pacientes. Quando folheou, notou um grande envelope pardo no fundo da pilha. Puxando para fora, ela engasgou quando viu que estava endereçado a Dra.’Preciosa’ Martinelli. Seu coração bateu em seu peito e sua respiração se apoderou de sua garganta. Ela imediatamente ligou para Kolson.

— Você pode vir ao meu escritório? — Ela lutou para controlar sua voz trêmula.

— O que aconteceu?

— Eu preciso de você. Desculpe-me incomodar...

— Gabriella, você está bem? Ele está aí?

— Não, eu, uh só preciso de você aqui.

— A caminho.

Poucos minutos depois, Ovaltine estava entrando, verificando-a. E não muito depois, Kolson estava lá.

— Isso veio pelo correio. — Gabby olhou para o envelope e depois para Kolson. Seu coração batia em sua garganta porque ela não podia imaginar o que estava dentro, mas sabia que não era bom.

— Ovaltine, você pode esperar lá fora, por favor? — Ovaltine saiu e Kolson foi para o lado de Gabby.

Ela segurou o envelope e seus dedos estremeceram quando tentou deslizá-los sob a aba. Depois de várias tentativas, ela entregou o envelope e perguntou:

— Você pode fazer isso?

Kolson pegou-o e abriu-o. Ele tirou três fotos grandes e uma nota. As fotos eram todas da Gabby, claro. Ela estava amarrada, amordaçada e nua.

A mão de Gabby cobriu a boca quando gritou:

— Oh, Deus! Oh Deus!

Kolson rasgou as fotos, mas não antes de ver as contusões em suas costelas. O que mais o assombrava era o terror absoluto em seus olhos. Ele reconheceu esse medo extremo e empatizou com isso. A nota dizia:

Isso é tudo meu. Cada pedaço dele, preciosa.

Kolson sabia que eles estavam lidando com um filho da puta doente.

— Venha aqui. — Ele puxou-a em seus braços e segurou-a, enquanto ela chorava. Ele tentou acalmá-la.

— Quando ele fez isso? Eu não me lembro dele ter feito isso. Ele pode ter todos os tipos de fotos minhas. E se ele as colocar na internet ou algo assim?

— Sshh. Ele não vai. Ele não quer que ninguém saiba o que ele fez. Isso faz com que ele pareça culpado como o inferno. De agora em diante, você terá alguém aqui com você o tempo todo. Eu não quero você aqui sozinha. E daqui a duas semanas você vai estar com Case, então você não ficará tão isolada.

Kolson podia sentir os tremores diminuindo em seu corpo.

— Eu sou péssima. Não tenho sido nada além de um problema para você.

— Absurdo. Não é como se você tivesse pedido isso. Agora deixe-me ver esse seu belo sorriso.

— Kolson, a última coisa que sinto vontade de fazer agora é sorrir.

— Você está certa. Isso foi insensível da minha parte. Por que não vamos para casa e temos uma noite relaxante?

— Eu ia à biblioteca médica no hospital hoje à noite para atualizar a leitura do meu jornal. Estou muito atrasada. E agora não vou conseguir me concentrar.

— É minha culpa você estar atrasada, não é?

— Não! Eu estive mais ocupada do que o habitual.

— Gabriella, você não precisa suavizar o golpe. Eu sei que tenho ocupado muito do seu tempo ultimamente. Vamos. Reúna suas coisas e vamos sair daqui. Você precisa de comida e, talvez, depois de comer, vai sentir vontade de ler um pouco.

A caminho de casa, Kolson fez uma pequena pesquisa de como facilitar para Gabby a leitura de seus diários. No dia seguinte, quando ela foi trabalhar, um iPad foi entregue em seu escritório e nele estavam todas as assinaturas de seus jornais médicos.

Com as mãos atrapalhadas no celular, ela precisou de três vezes para acertar o número de Kolson por causa de sua empolgação.

— Hart.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu não posso acreditar em você. Seu maluco. Você é incrível!

Kolson recostou-se na cadeira e se encontrou sorrindo para o telefone.

— Eu só posso supor pelas suas frases erráticas que você recebeu o iPad.

— Sim! Obrigada! Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Bem, maldição. Se eu soubesse que tudo o que precisava era um mero iPad, teria feito isso há muito tempo. Mas espere. Eu pensei que minha incrível sutileza fazia isso.

Gabby riu.

— Pare. Sabe o que eu quero dizer. E você ficou um pouco louco com as assinaturas de jornais, não foi? Isto é muito dinheiro. Esses são caros.

— Kea, você vale muito mais do que isso. Eu vejo o quanto você trabalha duro e é importante que você fique por dentro das coisas. Isso tornará mais fácil para você. Eu queria que minha garota favorita fosse feliz. Além disso, significa que ela poderá passar mais tempo comigo. Motivos ocultos e tudo mais.

— Ah, então é assim que funciona. Mas caramba. Dependência, Revista Americana de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Arquivos de Psiquiatria Geral, Neuropsicofarmacologia, Saúde Mental Baseada em Evidências. Isso é algum tipo de pilha de leitura que você tem para mim. Estou impressionada.

— Não é tanto assim. Se precisar de mais, me avise.

— Oh, isso é muito. Acredite em mim.

— Gabriella, eu acredito em você.

— Obrigada, Kolson. Eu,uhm... eu acho que estaria em grandes apuros sem você.

— A sensação é mútua. Preciso desligar, mas vou te ver daqui a pouco.


# # #


Duas semanas se passaram em um borrão e chegou o dia da mudança. Como o escritório de Gabby era muito pequeno, a mudança foi fácil. Kolson tinha dois homens da HTS para cuidar disso. O maior problema era seu escritório pessoal, que consistia em sua mesa e arquivos. O resto era apenas algumas cadeiras e utensílios de cozinha.

Quanto ao seu apartamento, Kolson e Gabby discutiram sobre isso. Ele insistiu em comprar seus novos móveis. Ele queria que ela tivesse mobília de quarto nova, já que as coisas que ela tinha eram antigas, desde os tempos de faculdade. Ele achou que era hora de seguir em frente. Ela discordou. Ela gostava de suas coisas chiques e queria mantê-las. No final, ela ganhou e ele enviou seus homens para movê-las. Ele tinha que concordar; as coisas dela eram fofas. Ela as pintou e lixou, dando a elas uma aparência rústica e elegante.

Gabby sorriu durante todo o dia enquanto montava sua nova casa, e Kolson sentou em sua única cadeira e sorriu para ela. Ele não podia imaginar viver em algo tão apertado novamente. Ele tinha vivido uma vez, quando deixou seu pai e começou do nada, mas voltar, ele sabia que seria difícil. Mas assistir Gabby deu-lhe um novo apreço pelas coisas. Ela estava literalmente animada. E isso deixava-o feliz por vê-la feliz. Também o fez querer dar-lhe coisas. Muitas coisas.

— Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

— Paz mundial.

— O quê?

Ela riu.

— Houve um filme10 um tempo atrás em que uma garota era uma agente disfarçada do FBI posando como uma concorrente de concurso de beleza e quando chegou a hora de ela responder à pergunta de um milhão de dólares, foi o que ela disse. — Gabby riu. — Foi hilário porque o personagem não era do tipo de concurso e ela não sabia o que diabos estava fazendo.

— Oh. — Ele parecia positivamente confuso.

— Oh meu Deus. Você não entende, não é?

— Nem um pouco.

— Eu estava brincando. Não sei. Você está me perguntando algo que eu não posso responder. A questão também está lá fora para mim.

— Bem, pense nisso.

— Por quê?

Ele se levantou e foi até ela. Ela estava de pé ao lado da cama, então ele a agarrou pela cintura e ela caiu em cima dele.

— Porque talvez eu lhe queira dar o mundo, Kea. — Seus lábios tocaram os dela suavemente. — Você está tão feliz com as menores coisas. Fico feliz em ver você feliz.

— Eu não preciso de coisas para me fazer feliz. Isso, você e eu estando juntos, me faz feliz. Momentos como esse me deixam em êxtase. Coisas materialistas não me fazem feliz. Tocar em você é o que me traz alegria. Durante a maior parte da minha vida, eu não tive nada disso. — Seus dedos dançaram sobre suas bochechas e depois em seu cabelo. — Ou isso. — Ela o beijou. — Você me faz feliz,Kolson.

— Diga isso de novo.

— Você me faz feliz, Kolson.

— Deus, Gabriella. Ninguém me fez tão feliz quanto você. Alguns dias eu quero sair do meu escritório e ir direto para o seu, pegar sua mão e fazer todo tipo de loucura. Ajo como se tivéssemos doze anos. Faço coisas que deveríamos ter feito quando éramos adolescentes, mas nunca o fizemos porque estávamos vivendo uma vida fodida. Quero fazer muitas coisas com você. Mas então eu paro porque tenho medo de te assustar. Ou que você vai achar que eu sou uma aberração. Ou que estou indo rápido demais. Nunca quis nada assim antes ou algo assim tanto.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou ferozmente.

— Faça, Kolson. Faça cada uma delas. Eu não vou fugir e você não vai me assustar. Eu juro que você não vai. — Seus olhos queimaram nos dele enquanto ela falava e seu coração expandia como nunca antes. Foi nesse momento que Kolson soube que estava se apaixonando por Gabriella Martinelli. E rezou para que ela se apaixonasse por ele.


CAPÍTULO VINTE E DOIS


Kolson e Gabby se reuniram com os advogados para discutir as direções sobre o caso de Gabby contra Danny.

Stan Harrison, o principal advogado, disse:

— Dra. Martinelli, tenho que ser honesto com você. Mesmo que você possa obter esses raios-X e uma avaliação psíquica e há o fato de que você tentou tirar sua vida, eu não tenho certeza o quão longe isso vai nos levar. — Stan fez uma pausa e odiou o que ele tinha para dizer a ela em seguida. — O problema que temos é que você nunca apresentou um relatório policial sobre os estupros, então se isso não foi feito, tecnicamente, um crime nunca foi cometido aos olhos da lei. Podemos apresentar uma ação civil, particularmente contra seus pais, mas acho que isso é o máximo possível. Eu recomendo que você tenha os raios X e a avaliação feita, no caso de seu primo tentar alguma coisa, já que ele está perseguindo você. Você estará um passo à frente do jogo.

Kolson era um enorme pedaço de aço inflexível. Ele observou Stan com interesse, mas não ficou satisfeito com sua declaração. Danny sempre seria um problema para Gabby, bloqueando sua capacidade de se mover livremente sem medo.

— Então, o que você está dizendo é que ela não tem nenhum recurso.

Stan olhou para os dois e assentiu.

— A menos que ela queira entrar com uma ação civil contra seus pais.

Ela suspirou.

— Eu não sei se tudo isso vale a pena.

Kolson se inclinou para a frente e pegou a mão dela.

— Seria um começo, Kea.

— Ele está certo, Dra. Martinelli. E considerando o fato de que seus pais maltrataram você, esta é realmente a melhor maneira na minha opinião. Além disso, e lamento falar nisso, se ele alguma vez agir, já estamos à frente do jogo, como eu disse antes.

— Absolutamente, — concordou Kolson.

— Ok, se você acha que esta é a minha única opção. — Gabby não estava totalmente confortável com isso, mas todo mundo estava aconselhando-a a fazê-lo, e como psiquiatra, era o que ela aconselharia seus pacientes a fazer.

— Então você quer que eu organize os raios-X? — Stan perguntou.

— Por favor. Podemos usar o Lenox Hill?

— Certamente.

— Eu quero que isso fique longe dos meus interesses profissionais.

— Dra. Martinelli, preciso mencionar isso. Você percebe que, se isso for ao tribunal, isso provavelmente impulsionará sua carreira.

— O que você quer dizer?

— Você foi molestada sexualmente quando jovem por um membro da família. O ato foi ignorado e negado por seus pais. Você então tentou cometer suicídio, e eles ainda viraram a situação contra você. Mas você perseverou. Você não apenas perseverou, como foi para uma escola de medicina de grande prestígio e se tornou psiquiatra para ajudar o tipo de pacientes que você já foi. Você se tornará um ícone da mídia. Só estou lhe dizendo isso porque, uma vez que o julgamento chegar, você vai se tornar a queridinha das notícias. A bela e trágica história da menina que se levantou das cinzas.

— Oh, inferno do caralho, isso não!

Stan e Kolson olharam para ela e então Kolson riu.

— Como você pode rir? — perguntou, indignada.

— Estou rindo de sua escolha de expressões. ‘Oh, inferno do caralho, isso não?’ Acho que nunca ouvi isso dessa maneira.

— Bem, eu nunca me senti assim, então sim, caralho, inferno do caralho, não. Eu não quero estar na mídia ou nas notícias.

— Bem-vinda ao meu mundo, Kea.

— O que vou fazer? Existe alguma maneira de pará-lo?

— Podemos tentar, Dra. Martinelli. Mas isso vai ser muito grande. — Stan olhou para Kolson.

Kolson se aproximou dela e segurou a mão dela.

— Primeiro as coisas mais importantes. Vamos dar um passo de cada vez antes de você começar a se preocupar com as notícias.

— Sim. Você está certo.

Enquanto caminhavam para o carro de Kolson depois da reunião, ele disse:

— Acho que é hora de colocar um guarda-costas em tempo integral. Não estou confortável com você por conta própria.

— Mas eu tenho Sam, Ovaltine e Eddie.

— E eles estão bem, mas eles te levam por aí. Eu quero alguém com você em seu escritório e alguém escoltando você, acho que é mais prudente para que você não esteja sozinha. Apenas quero você segura. E por favor, permita que me sinta seguro em relação a isso. Será mais fácil para mim, para que eu não passe meus dias me preocupando com você.

Ela ficou pensativa por um momento.

— Ok, mas quando estiver no meu novo escritório, estou bem. Com Case e os caras ao redor...

Kolson se virou para ela e colocou as mãos nos ombros dela.

— Gabriella, não é trabalho do Case te proteger. Eu sei que ele te ama, mas ele tem um negócio para ser executado. Ele não deveria precisar ter sempre alguém lá o tempo todo para ficar de olho em você. Além disso, ele tem uma recepcionista na frente para se preocupar. É reconfortante saber que há um guarda treinado profissionalmente cuidando de você.

Quando dito assim, Gabby quase se sentiu culpada por não o deixar contratar um.

— Ponto justo. Então, quando isso vai começar?

— Hoje. Nós temos muitos na empresa. Você vai usar um deles.

— Ok, chefe.

— Você acha que é engraçada, não é?


# # #


Duas semanas depois, Kolson estava em seu escritório quando uma ligação veio de Stan Harrison.

— Sr. Hart, tenho todos os raios-X e o relatório do radiologista. Vou mandá-los para sua casa para que você e a Dra. Martinelli possam ver tudo juntos.

— Por que não o envia para mim?

— Uh, Sr. Hart, não quero que você veja sem ela. Senhor, é muito ruim.

O aperto de Kolson apertou seu telefone.

— Exatamente o quão ruim?

— Muito pior do que eu imaginava, e se fosse para adivinhar, apostaria que até a Dra. Martinelli esqueceu muito disso. Ou talvez tenha se forçado a bloqueá-lo.

— OK. Envie-o por correio e nós analisaremos juntos.

— Ela vai precisar de você lá com ela. Se fosse eu, não tenho certeza se gostaria de revisá-lo sozinho.

— Foda-se.

— Foi o que eu disse quando li, senhor.

Kolson decidiu não o mencionar a Gabby. Ele ligaria para ela e pediria que jantasse na casa dele.


# # #


Gabby ficou surpresa ao encontrar Kolson em casa antes dela. Ele estava esperando por ela quando saiu do elevador.

— Oi, linda. — Ele pegou sua mala e bolsa e entregou-lhe um copo de vinho.

— Ei, olá. — Ela se inclinou para um beijo. — Mmm, isso é legal.

— Sim, sempre.

— Venha. — Ele a levou para a sala onde um grande envelope dourado estava na mesa de café.

— O que é isso?

— Seus raios-X, junto com o relatório do radiologista. Eles chegaram hoje. Eu não li nem olhei nada disso. Esperei por você.

— Entendo. — Seu corpo endureceu. — Eu... eu...

— Estou com você e sempre vou estar. Você não precisa olhar. Quero que você veja, mas se você não quiser...

— Não. Eu quero. Só que, eu... — Ela engoliu e esfregou a dor no peito. — A dor, não a física, mas a emocional, você sabe. Meus pais, como eles... — Ela estremeceu.

Ele se virou para ela e disse:

— Estou aqui. Gabriella, eu acredito em você. Eu te conheço como pessoa. Sei o quanto você está ferida. Confie em mim. Deixe-me ser sua força.

— Ok. — Ela respirou fundo. — Vamos fazer isso.

Ele tirou os exames, e ela disse:

— Você não precisa se preocupar com isso. A iluminação não é boa o suficiente e o relatório vai nos dizer tudo o que precisamos.

Ele os guardou de novo e tirou os papéis. Eles se inclinaram e começaram a ler.

Eles leram tudo. Gabby registrou dezenove fraturas de costelas separadas, várias fraturas ósseas no punho e no braço esquerdos, vários dedos, ambos os ossos nasais e duas clavículas quebradas. No final, Kolson estava tão tenso que parecia prestes a rebentar.

— Aquele filho da puta tem que morrer. E depois, o mesmo acontece com seus pais filhos da puta. Como eles não podiam ver isso?

— Eu escondi muito disso. — Sua voz foi silenciada.

— O quê?

— Depois de um tempo, escondi a maior parte. Ele me batia em lugares que não se viam. Então eu escondi. As coisas que eu pensava que curariam sozinhas.

— Como diabos você fez isso? — Ele gritou.

Ela se encolheu dele e ele imediatamente reagiu.

— Porra, me desculpe. A última coisa que você precisa é ter que lidar com um namorado assustador. — Suas mãos se abriram através de seu cabelo. — Porra!

Ela inclinou a cabeça contra as suas mãos, pensando no passado. A maior parte tinha sido escondida nas profundezas mais distantes da sua mente. Mas isso a chutou para a primeira fila e estava aplaudindo de pé com confetes e flâmulas. Oh, como ela se lembrava da dor. Como mal conseguia respirar enquanto ficava deitada em sua cama à noite. Ela cruzou os braços e esfregou os lados, os lugares que costumavam doer tão terrivelmente.

— Eles me acusavam de fazer as coisas, então eu escondi deles depois de um tempo. As contusões eram principalmente em áreas cobertas por roupas. Eles não podiam vê-las. Logo parei de chorar, porque isso só me causava mais problemas. — Seus olhos assumiram um olhar assombrado. — Parei de chorar completamente. Esse foi um dos objetivos do meu psiquiatra. Aprender a chorar de novo. Você sabia que eu não choro desde que tinha quinze anos? — Ela deu-lhe um sorriso fraco.

— Nunca?

— Nunca. Nem mesmo quando meu cachorro, Ethel, morreu. E eu amava aquele cachorro mais que tudo.

— Por quê?

— Não sei. Eu não posso. Às vezes sinto que vai acontecer, como um ardor nos meus olhos, mas depois desaparece. Meu psiquiatra pensou que era por causa do trauma que sofri e que, uma vez que eu deixasse tudo para trás, seria capaz de encarar tudo de novo. Mas a minha opinião é que isso tem a ver com vulnerabilidade. Era mais seguro não chorar. Eu construí uma parede tão sólida que me acostumei a parar as lágrimas. Qualquer que fosse o caso, Danny sabia disso. Ele iria socar e chutar-me e tentar o seu melhor para me fazer chorar. Mas eu não faria. Acho que é por isso que eu tive tantas costelas quebradas.

— Maldito seja ele! — Kolson queria bater em algo. Qualquer coisa. Para soltar toda a pressão. Ele enfiou tudo de volta no envelope. — Vamos sair daqui por um tempo.

— Tudo bem por mim. Mas pra onde?

— Espere um segundo. — Ele se levantou e foi para o seu escritório. Em poucos minutos estava de volta. — Venha, vamos . — Ele ofereceu a mão e ela agarrou-a.

— Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

Eles pegaram o elevador até à garagem e entraram no carro.

— Alguma dica? — Ela perguntou.

— Nós estamos indo para um pequeno passeio. Nós dois precisamos de uma mudança de cenário.

Eles pararam na frente do HTS.

— Não é aqui que você trabalha? — ela perguntou.

— Sim, este é o meu prédio.

— Você está me levando em uma turnê?

— Mais ou menos. — Ele foi para a garagem subterrânea e entrou no elevador. E subiram. Quando saíram no último andar, um helicóptero esperava. Os rotores estavam girando; estava ventando e era extremamente alto. Ele pegou na mão dela e a puxou para a porta do passageiro, onde um homem estava segurando aberto.

Eles entraram e Kolson deu um fone de ouvido para Gabby e ligou. Ele colocou por conta própria e eles foram recebidos pelo piloto.

— Boa noite, Sr. Hart, Dra. Martinelli.

— Oi, Steven. Obrigado por vir em tão curto prazo. Nós não vamos ocupar muito do seu tempo. Apenas cerca de uma hora mais ou menos.

— Sem qualquer problema, senhor. Então quer um passeio sob a aérea de Manhattan, senhor?

— Dê a minha dama o melhor show que puder.

— É para já. Aproveite o passeio, Dra. Martinelli.

— Obrigada, Steven.

— O prazer é meu, senhora.

Kolson afivelou o arreio de Gabby e o helicóptero decolou. Ela agarrou a mão dele enquanto subiam.

— Oh meu Deus! Não posso acreditar em você.

Ele sorriu para ela.

Gabby olhou para fora das duas janelas enquanto Steven começava a voar sobre os sete distritos de Nova York. Sua cabeça girava enquanto Kolson ria do que ela fazia.

— Você vai ter que escolher uma janela e ficar com ela ou você vai acabar perdendo os pontos de vista.

Quando o sol baixou, ele terminou a turnê pelos bairros de Manhattan enquanto voava ao longo do horizonte, começando com a Estátua da Liberdade. Kolson apontou cada um dos edifícios mais altos em sua magnificência, incluindo o novo World Trade Center, o Empire StateBuilding e o Chrysler Building. Ele estava perdido nas expressões que passavam pelas feições de Gabby, do assombro à pura alegria. E tudo o que Kolson queria fazer era imprimir essas expressões em sua mente para sempre. Ele tinha o seu telefone o tempo todo fazendo exatamente isso. Tirando foto após foto dela, ele a capturou em várias poses olhando para o cenário, rindo, sorrindo, com os olhos arregalados e impressionada. Foi então que apercebeu. Nunca havia se apaixonado. Nunca tinha acontecido. Mas ele estava loucamente apaixonado por essa mulher. E faria tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse matar Danny Martinelli.

Steven pousou a aeronave suavemente no telhado. Quando Gabby desafivelou o cinto, ela se jogou em Kolson.

— Me diga que você tem mais truques na manga. Isso foi demais.

Ele a envolveu em seu abraço e acariciou seu pescoço.

— Tenho truques bons, mas a maioria deles envolve nudez e uma cama.

— Hmm, vou aceitar isso também, Sr. Hart.

— Sim, você vai, Kea, e vou ter certeza de que você ame cada um deles.

— Muito obrigada, Kolson. Isso foi fantástico.

— Venha, vamos para casa e comer. Estou faminto.

Gabby tinha um sorriso bobo no rosto todo o caminho para casa. Quando chegaram à casa de Kolson, a realidade invadiu.

— Eu sei que não poderíamos evitar isso para sempre, mas você sabe que mais? Eu não vou deixar o que aconteceu comigo arruinar o meu futuro. Não vou permitir isso. Danny já tomou muito de mim. Ele não vai mais conseguir.

— O que você está dizendo?

— Eu quero largar tudo isso e seguir em frente.

— Oh, Gabriella, acho que é um grande erro.

— Eu sabia que você iria achar. Mas estou feliz agora.

— Escute-me. Ele nunca vai parar de tentar chegar até você. Você entende o que isso significa, certo?

— Eu acho que sim.

— Isso deixa você sem escolha.

— Mas...

— Sem desculpas. Ele não vai deixar você ir. Não até que algo pior aconteça. E um de vocês se machucar. E você se machucar não é um resultado aceitável.

A discussão deles pesou muito sobre ela; ela teve que concordar com Kolson. Eles comeram em relativo silêncio e então foram para a cama. Ele amou-a com paixão, deixando-a louca com a posse de seu corpo, até que ela estava tão fraca que não conseguia se mexer. Então adormeceu, apenas para acordar no escuro da noite, sonhando com Danny. Enquanto estava ali deitada, ela o amaldiçoou por todos os problemas que ele causou, virando sua vida de cabeça para baixo. Por que ele simplesmente não foi embora? Por que ele continuou com essas ações malucas? Ela começou a pensar em maneiras de se livrar dele, mas sabia que nunca funcionariam. A pior coisa que podia acontecer era ela ser pega e acabar indo parar na prisão.

— O que se passa, Kea?

— Pesadelo.

— Conte-me.

— Apenas um velho pesadelo.

— Se vire de barriga para baixo.

Ela fez, e ele massajou as costas dela. Foi uma suave carícia que a acalmou e a embalou de volta para dormir.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, o telefone de Kolson tocou e ele xingou quando viu quem estava ligando.

— Kestrel — Pausa. — Não, eu não decidi. — Pausa. — Eu sei, a festa será daqui a uma semana. Está no meu calendário. — Kolson olhou para Gabby, questionando. Ela assentiu. — Sim, nós estaremos lá. Diga à mãe. Que horas? Eu direi a Gabriella. Alguma notícia sobre Kade? — Outra pausa. — Nenhuma aqui também. Então nos vemos na próxima semana.

Ele terminou a ligação.

— Festa de aniversário do meu velho papai na casa deles no próximo sábado às sete. Kestrel diz oi. Traje de coquetel e eu não gosto disso nem um pouco. Abomino esse maldito lugar.

— Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

— Isso é uma promessa, porque eu juro por Deus...

— Ei! Isso é um juramento. OK?

Ela lhe estendeu a mão e ele agarrou-a.

— Você não pode imaginar o que aconteceu naquele lugar, Gabriella. Você não pode mesmo imaginar. Um fodido show de merda.

Seus olhos estavam cheios de dor, então ela empurrou a cadeira para trás e montou em seu colo. Tomando seu rosto nas palmas de suas mãos, disse:

— Estarei com você a cada passo seu, segurando sua mão, e não vou deixar você nem por um segundo. Eu juro isso para você.

Kolson olhou para ela e por fim disse:

— Eu amo você, Gabriella. Você sabia disso? Absolutamente, inequivocamente, com todo o meu coração. Achei que não era capaz de amar alguém. Mas você, me deu um curto-circuito, me desmembrou, pouco a pouco, se colocou dentro de mim e me re-conectou, me fez inteiro novamente. Você me reconstruiu, Kea, e nem sequer o sabe. Há momentos em que não consigo imaginar como respirei sem você. Você é o ser humano mais perfeito que Deus já criou e penso que ele enviou você para mim. Eu me maravilho com isso constantemente. Então começo a surtar pensando que você vai ser arrancada de mim, ou que de alguma forma você é uma fantasia que eu inventei na minha mente fodida. Porque você não quer nada de mim. Você só quer dar. E você só quer ser feliz. E é por isso que eu te adoro.

Ela tocou seus lábios nos dele.

— Eu quero algo de você, eu quero você e só você. Não posso acreditar que nos encontramos também. Eu também te amo, Kolson Hart, pelo jeito que você me faz sentir, como se eu significasse algo, como se eu fosse alguém. Amo o jeito que me sinto quando você está dentro de mim, como você me faz sentir que a minha parte que está faltando encontrou seu lugar de novo. Você me traz esperança que nunca tive antes e alegria que nunca existiu. Amo como me sinto quando me aconchego ao seu lado à noite, logo antes de adormecer. Pela primeira vez, me sinto segura. E me sinto vazia quando seus braços não estão ao meu redor. Eu amo o jeito que você respira contra o meu pescoço e a maneira como seus olhos escurecem e as cores se misturam quando você está dentro de mim. Eu te amo por me libertar, mas acima de tudo, eu amo todas as partes de você por ser você. E eu vou te amar sempre, não apenas no bem, mas no mal também.

— Sempre é muito tempo, Gabriella. Espero que você queira dizer isso. Eu sou um cara muito literal.

— E eu sou uma garota literal, em assuntos do coração. Eu não dou o meu livremente, então tome cuidado com isso.

Ele traçou seus lábios com os polegares.

— Eu vou tratá-lo com carinho e cuidarei dele e de você a cada minuto de cada dia. Eu prometo.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Gabby saiu do quarto e entrou no escritório. Ela usava um vestido que Kolson lhe havia comprado, era um vestido de seda fúcsia sem mangas com cintura de couro e uma saia comprida. Sem mangas e com corte para expor mais dos seus ombros, as costas tinham uma fenda aberta até à cintura, tornando o vestido sexy e ousado ao mesmo tempo. Tinha colocado uns Stiletto de plataforma pretos para completar. Kolson não conseguia afastar os olhos dela.

— Bem, — ela perguntou, girando.

Ele lambeu os lábios secos de repente e engoliu em seco.

— Você está usando calcinha?

— Sim.

— Livre-se dela.

— O quê?

— Eu disse, se livre dela.

— Por quê?

— Porque vamos foder no caminho até lá.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse. Se você continuar com elas, eu vou rasgá-las em pedaços.

Sem tirar os olhos dele, ela levantou o vestido para revelar uma calcinha rendada rosa-choque. Ela deslizou os polegares sob o elástico. Antes que ela tivesse a chance de tirar, ele estava na frente dela, rasgando-a como um fio frágil.

— Huh! Você as arruinou!

Ele enfiou a mão sob o vestido dela e agarrou a bochecha de sua bunda, puxando-a ao longo de seu corpo. As sombras de seus olhos haviam escurecido com a luxúria. Sua língua estava lambendo seus lábios e beijando-a antes que ela pudesse dizer outra palavra de sua boca. Quando a soltou, ele pegou o lenço, limpou a boca dela, depois a dele, e disse:

— Você é uma porra de uma provocação, Kea.

— Mas...

— E absolutamente linda assim. Agora vá colocar seu batom de volta. E certifique-se de trazê-lo com você, porque terá que reaplicar isso muito hoje à noite.

Ela andou até ele, pegou o polegar e limpou uma mancha do canto da boca.

— Você perdeu um ponto. — Seus quadris balançaram quando caminhou de volta para o quarto de pó. Ele balançou a cabeça e riu.

Quando saíram do elevador no saguão, ela perguntou:

— Você não está dirigindo?

— Não, estamos sendo levados hoje à noite.

Enquanto caminhavam para fora, Gabby gritou quando viu Sam parado ali, segurando a porta dos fundos de uma limusine aberta para eles.

— Sam! — Ela o abraçou.

— Dra. é bom ver você. — Ele sorriu de volta para ela.

— Você também. Estava com saudade de você.

— Você está bem, — disse ele.

— Eu odeio ter tantos motoristas diferentes agora.

— Sim, doutora M. Mas eu espero que os outros a estejam tratando bem.

— Ah sim. Mas você é o melhor, Sam.

— Podemos entrar, por favor? — Kolson interrompeu.

— Sim, senhor. — Kolson ajudou Gabby a entrar e entrou atrás dela enquanto Sam fechava a porta. Gabby notou o luxo que a rodeava, incluindo uma garrafa de champanhe gelada e dois copos.

— Bem,mas isso não é interessante?

— Espero que você pense assim. — Quando Sam ficou atrás do volante, disse-lhe, — Sam, tome seu tempo, precisamos de uns vinte minutos, por favor.

— Sim, Sr. H.

Kolson apertou um botão e um vidro escurecido deslizou, proporcionando total privacidade de Sam. Ele se inclinou sobre o assento e enfiou a mão sob o vestido de Gabby e encontrou seu sexo molhado e sedoso.

— Se você queria uma hora social com Sam, você deveria ter me dito.

— Kolson! Você sabe o quanto gosto de Sam — ela advertiu.

— Desculpe. Digamos que estou ansioso por algum tempo com você Gabriella. — Ele lhe deu um olhar ardente. — Agora, sente-se no meu colo para que eu possa beijar sua boca. Quero aquele batom rosa em todo o meu rosto. Depois quero lamber sua boceta antes de te foder. No momento em que chegarmos à casa dos meus pais, quero que pareçamos como um casal que acabou de andar no passeio de suas vidas.

Sua barriga e sexo se cerravam com as palavras dele e não havia nada nessa terra que a afastasse de Kolson. Ela subiu em cima dele e sugou sua língua como se fosse seu pênis. Ela sentiu as mãos dele arrancando-a dele e quando protestou, ele a silenciou. Ele moveu seu corpo para baixo, longe o suficiente para sua boca alcançar o ápice de suas coxas deliciosas.

— Eu amo seu perfume, Gabriella. Poderia te lamber o dia todo.

Ela estremeceu quando ele soprou sua respiração fria sobre seu sexo aquecido. Quando a boca dele a encontrou, ela gritou. Sua língua não provocou, foi direto para o que ele sabia que a faria gozar. E quando ela o fez, suas mãos rasgaram seu cabelo, puxando-o até que seus músculos internos finalmente pararam de apertar.

Kolson levantou-a dele.

— Adoro quando você goza na minha língua.

Então ele abriu o zíper de suas calças e seu pau grosso saltou livre.

— Coloque essa boca rosa em mim, Kea. Quero que você me chupe forte.

Seus lábios cobriram os dentes quando ela introduziu seu pênis em sua boca e deixou sua língua girar em torno de sua cabeça. Ela lhe chupou as bolas e ele rosnou, mas quando ela o levou até ao fim, deixando-o bater no fundo de sua garganta, ele respirou fundo e disse:

— Oh, Gabriella, você vai me fazer em pedaços assim.

Ela deixou que sua boca o levasse até que ele a puxou e lhe disse com um sorriso:

— Apenas o que eu queria ver. Batom rosa brilhante em todo o meu pau. Agora arrume-se. Estamos quase lá.

Ela olhou para ele incrédula, enquanto ele vestia de volta as suas calças.

— Qual é o problema, Kea?

— Eu... eu preciso de você, — ela disse com um beicinho.

— Eu preciso de você também.

— Ma... — ela gaguejou.

— Seja paciente. — Ele a agarrou e a beijou com força enquanto o carro parava. — Você tem um ar adorável com essa expressão frustrada em seu rosto. Além disso, você acha que está ruim. Se coloque no meu lugar. Eu fui provocado pela sua boceta exuberante. Eu a provei, senti na minha língua e você veio na minha boca. E eu estou aqui sentado com um pau duro como uma rocha. As coisas poderiam ser muito piores para você.

Ela só conseguiu olhar para ele e sacudir a cabeça.

A porta da limusine se abriu e Gabby esperava estar em algum prédio chique, mas em vez disso eles estavam na frente do HTS. Ela levantou a sobrancelha quando ele estendeu a mão para ela.

— Seu escritório?

— Hmm-mmm.

— Estou confusa.

— Venha. — Ele pegou a mão dela e eles subiram no elevador até o telhado, onde saíram para o helicóptero que esperava.

— Onde seus pais vivem?

— Fora de Atlantic City.

— Oh. Eu não sabia.

— Agora você sabe.

Steven, o piloto, ainda não tinha o motor ligado, e Gabby ficou feliz. Isso teria arrasado completamente o coque solto que ela usava.

— Atlantic City, hein?

— Sim. Ele está no negócio dos cassinos.

— Entendi.

Kolson sentou-se atrás do piloto na parte de trás da nave e Gabby se sentou ao lado dele. Ele colocou o fone de ouvido e disse a Steven que eles estariam em um canal diferente e não deveriam ser interrompidos a menos que fosse uma emergência. Então ele pegou a garrafa de champanhe aberta que trouxe da limusine e encheu os copos.

Uma vez que eles estavam no ar, Kolson agarrou o pulso de Gabby e a puxou para seu colo.

— Agora, o que você estava dizendo sobre necessidades, Dra. Martinelli?

Ela lançou-lhe um sorriso e disse:

— Acredito que nós dois precisamos cuidar delas.

— Realmente precisamos.

— Um, Kolson, ele pode nos ver?

— Steven?

— Sim.

— Você consegue ver ele?

— Na verdade, não.

— Então está tudo bem. Mas não se preocupe. Eu nunca colocaria você em uma situação comprometedora, Kea. Levante-se.

Ela fez e ele moveu-se debaixo dela. Então a puxou para a borda do assento enquanto se ajoelhava no chão. Enfiando a mão no bolso, ele tirou um preservativo.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Estou me preparando para te foder. Duro e rápido. E por mais que eu ame o pensamento do meu esperma escorrendo pela sua perna, não quero que você se sinta desconfortável na festa.

Ela engoliu em seco. Não tinha pensado nisso. Ela o observou envolver sua ereção no látex brilhante e sua mão automaticamente o pegou.

— Adoro quando você está duro.

— Oh, eu sei, Kea.

Ele empurrou seu pênis dentro dela e ambos soltaram gemidos longos e lentos. Então ele agarrou seus quadris e começou o movimento de balanço que ela adorava. Suas mãos cavaram em seus ombros e ela encostou a testa na dele, fechando os olhos.

— Não, Gabriella. Olhe para mim e me diga quem é o dono dessa boceta.

— Você é.

— É isso mesmo. E mais ninguém terá você. Agora incline-se para trás.

Ela fez e sentiu seu piercing profundamente dentro dela.

— Ah, Kolson.

— Sim?

— Oh, sim.

— Envolva suas pernas ao meu redor.

Ele sussurrou todos os tipos de coisas sujas para ela e quando ambos chegaram ao clímax, foi duro e rápido. Quando eles terminaram, ela agarrou o rosto dele e o beijou, levando a língua dele em sua boca. Depois, ela olhou para ele e riu.

— Batom?

— Definitivamente, batom.

— Trouxe lenços extras.

— Homem inteligente.

— Eu sou.

Gabby lhe deu uma cotovelada.

— Isso é realmente algo. Eu já ouvi falar do clube das milhas, mas nunca ouvi falar em sexo no HELO. Ou talvez devêssemos chamar isso de HI sex. Você sabe, como HELLO! — Ela riu e enquanto ele a observava, não pôde evitar rir também.

— Me prometa que você vai ficar pela psiquiatria e não tentar entrar no ramo da comédia?

— O quê? Aquilo foi engraçado. Admita.

— OK. Só uma vez.

— Kolson, o que você vai fazer com esse preservativo?

— Colocar no lixo. Por quê?

— Eles não vão encontrá-lo?

— Quem?

— Quem quer que esvazie o lixo.

Agora foi a vez de Kolson rir.

— O quê? Você acha que vão inspecionar o lixo que está aqui dentro?

— Não sei.

— Gabriella, somos adultos. Fizemos sexo. Não cometemos um crime.

Depois de se limpar e lhe entregar alguns lenços para fazer o mesmo, ele a puxou para perto dele.

— Precisamos colocar nossos cintos. Nós estaremos pousando em breve. Termine seu champanhe.

O comportamento de Kolson havia mudado. Um homem frio e distante tomara o lugar do caloroso, amigável e amoroso que esteve presente momentos atrás.

Ela pegou a mão dele e disse:

— Estou com você. Jurei para você e não vou deixá-lo, Kolson. Eu te amo e você não precisa temer isso.

— Gabriella, você não sabe o que está dizendo. — A frieza dele a assustou. Ele agia como intocável, não o homem que ela conhecia. Ela desejou poder mergulhar em sua mente e descobrir o que aconteceu para causar isso, mas ela de todas as pessoas entendia o que significava guardar segredos. Ele os compartilharia quando fosse a hora certa. Por enquanto, ela estaria lá para apoiá-lo.

Poucos minutos depois, pousaram em um heliporto e Gabby pôde ver uma mansão iminente ao longe. Estava iluminada com milhares de luzes, por dentro e por fora, e a música podia ser ouvida. Um carro os esperava enquanto Steven desligava o motor. Assim que os rotores pararam, um homem se aproximou e abriu a porta, ajudando Gabby a descer.

— Sr. Hart, seja bem-vindo.

— Olá, Kenneth. É bom ver você de novo. Esta é a Dra. Martinelli.

— Prazer em conhecê-la, senhora. Por aqui.

Foram levados por uma estrada sinuosa que circundava a propriedade e terminava na frente da mansão. Era uma enorme mansão do renascimento grego que Gabby só vira nas páginas de livros e revistas.

— É impressionante, não é?

— Foi aqui que você cresceu?

— Sim. Adorável, não é? — O tom dele era gelo.

Seu humor tinha escurecido tão severamente que Gabby tentou aliviar as coisas.

— É irreal. Nunca vi nada assim.

— Oh, e você nunca verá. — Sua amargura era inconfundível. Apertou a mão de Kolson e sentiu a umidade nela, esse lugar o assustava.

Ela olhou fixamente para ele.

— Ei. Nós conseguimos fazer isso, querido. — Seu rosto era uma mistura de emoções. Preocupação, tristeza, medo e raiva irradiavam dele. Mesmo ele tentando esconder, ela o conhecia melhor agora.

Ela puxou a cabeça dele em sua direção para que pudesse sussurrar em seu ouvido.

— É uma noite. E quando chegarmos em casa, prometo que vou fazer o que quiser. Você pode bater na minha bunda a noite toda, Kolson. Só sei que estou com você nisso. Agora me dê algum sinal de que você me entende.

Ele olhou para ela e assentiu. Então ela o beijou nos lábios. Duro, com paixão. Eles saíram do carro, mas não antes de ela lhe dizer o quanto o amava. Ela o beijou novamente e limpou o batom da boca dele. Seu sorriso de meia-boca a fez relaxar um pouco.

Quando eles entraram, Kestrel os cumprimentou na grande entrada.

— Bem-vindo ao complexo Hart. É bom ver você de novo, Gabby, Kolson.

— É bom ver você também, Kestrel.

Kestrel se inclinou para ela e sussurrou:

— Cuidado com o dragão e seu covil.

Kolson estava conversando com outra pessoa e não ouviu, e Kestrel já havia se afastado. Mas ela achava uma coisa muito curiosa para dizer a alguém.

Kolson segurou o braço de Gabby e levou-a para a sala ao lado para conhecer seus pais. Sua mãe, Sylvia, os recebeu. Ela era de estatura mediana, loira e adorável, e nada como Gabby esperava. Doce e gentil, ela abraçou Gabby e a tratou como se a conhecesse desde sempre.

— Por favor, traga Kolson para casa mais vezes. Ele nunca vem aqui e raramente consigo falar com meu filho. Eu sinto muito a falta dele. — Suas palavras falaram ao coração de Gabby.

Quando Gabby conheceu Langston Hart, ela ficou chocada. Ela esperava um ogro, um obcecado por controle manipulativo, mas ao contrário disso conheceu um homem charmoso e bonito que fez de tudo para deixá-la confortável em sua casa. Isso a confundiu demais.

— Gabby! Como é maravilhoso conhecer a garota que roubou o coração do meu filho. Você deve nos dizer como conseguiu fazer isso. Kolson é escorregadio. Mas olhando para você, posso perceber facilmente como ele foi apanhado.

— Foi mútuo, senhor.

— Então, soube que você é médica?

— Sim. Sou psiquiatra.

— Fantástico. Deve ser muito gratificante poder ajudar as pessoas necessitadas.

— Sim. Doenças mentais são uma coisa terrível. Também lido com transtornos aditivos. Sou voluntária numa clínica de abuso de substâncias e em um abrigo para mulheres. Pode se dizer que tenho no meu coração um cantinho para pessoas necessitadas.

— Isso é incrível. Sabe que mais. Adoraria fazer uma doação para o grupo que você faz mais voluntariado. Pedirei ao meu departamento pessoal para entrar em contato com você e poderemos dar início ao processo.

— Oh meu Deus. Isso seria bom. Obrigada, Sr. Hart.

— Por favor, me chame de Langston. Nós vamos conversar esta semana. Agora espero que você me perdoe por monopolizar seu tempo. Divirta-se hoje à noite.

Quando se virou, ela sorria até ver Kolson. Raiva e repugnância irradiavam dele, mas foi o olhar acusatório em seu rosto que a fez se encolher.

— O que...?

Ele deu meia volta e afastou-se dela, deixando uma fila de rostos atordoados, incluindo o dela, atrás dele. Ela rapidamente o seguiu por um lance de escadas e descendo um longo corredor escuro. Ela não sabia onde ele estava indo, mas seguiu-o enquanto andava rapidamente para acompanhar seus longos e furiosos passos. Ele desapareceu por um corredor e agora ela tinha que adivinhar onde ele tinha ido.

Tinha o coração bombeando em sua garganta, mas não desistiria de sua perseguição.

Ela se aproximou de cada porta de mogno polido e aproximou o seu ouvido, tentando ouvir algo, o que quer que fosse.

Então ela começou a girar os puxadores. Os quartos eram opulentos, cheios de móveis maciços que faziam seu queixo cair no chão. Ela não conseguia imaginar crescer nesse ambiente. Claro, quem poderia imaginar crescer como ela também?

Quando chegou à última porta não o tinha encontrado, e não sabia o que fazer a seguir. Ela se encostou na parede. Ouvindo um barulho, olhou para cima para ver Kestrel indo em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava gostando da festa.

— Estou procurando por Kolson.

— Ele está aqui em cima? — O olhar fechado de Kestrel deixou Gabby confusa.

— Sim. Ele ficou chateado porque eu... não importa. De qualquer forma, o segui, mas o perdi aqui em cima. Este lugar é muito grande.

— Você se acostuma com isso. Fique aqui por um segundo. Talvez eu possa saber onde ele está.

Ele virou a esquina e desapareceu. Cerca de dez minutos depois, ele retornou e seu rosto estava tenso quando disse:

— Vou acompanhá-la de volta à festa e ficar com você.

— Você o encontrou?

— Sim. Venha, Gabby. — Ele se moveu para pegar o braço dela.

Ela se afastou dele.

— Não. Me leve até ele.

— Não posso. Ele não quer ver você agora.

— Não dou a mínima. Me leve até ele. Se você não o fizer, eu vou procurá-lo, quarto por quarto.

— Você vai se arrepender. Quando Kolson está de mau humor, é melhor ficar longe.

— Leve-me. — Ela persistiu em sua demanda.

— Não diga que você não foi avisada.

Segui-o até uma esquina e depois por outro corredor. Ele lhe disse para subir o lance de escadas diante dela. Encontraria uma porta no final do corredor. Era aí que Kolson estaria. Então ele saiu.

Quando abriu a porta, encontrou Kolson, nu da cintura para cima. Suas calças se agarravam a seus quadris enquanto seus punhos golpeavam um saco de boxe suspenso no teto. Um brilho suave no seu torso e seus músculos estavam tensos e esticados quando os seus braços se erguiam, ondulavam e balançavam enquanto esmurrava o seu oponente de mentirinha. Gabby observava o belo espetáculo diante dela enquanto ele mantinha um ritmo perfeito, dançando e mergulhando a cada golpe. O movimento hipnótico de sua forma impecável manteve-a cativa, imóvel, até que gotas de sangue voaram de seus punhos feridos, levando-a a agir.

— Kolson! O que você está fazendo?

— Dê o fora daqui, Gabby. — Ele não parou de dar golpes continuou batendo no saco.

Que ele a chamara pelo apelido não lhe passou despercebido.

— Não vou a lugar nenhum até você falar comigo.

Não se preocupando em lhe dar um olhar, ele disse:

— Você está perdendo seu tempo.

— Você está sendo um idiota.

— Não é a primeira vez que sou chamado disso. — Ele grunhiu enquanto seus punhos voavam.

Agora estava ficando chateada. Ela se aproximou dele.

— Por favor, pare e fale comigo por um minuto?

— Não. Saia. Fora. Daqui. — disse.

— Não, droga. Você não está sendo justo. — Tentou se aproximar dos punhos dele, o que não era a coisa mais inteligente a fazer, mas sabia que tinha que chamar sua atenção... tinha que fazer com que ele parasse e falasse com ela.

A mão dele bateu na palma da mão dela esmagando-a contra o saco. Dois dos dedos dela ficaram presos entre a mão dele e o saco. Ela respirou fundo quando se conectaram. Estava chocada demais para gritar, porque nunca lhe ocorreu que ele estivesse batendo no saco com tanta força.

— O que diabos você está fazendo? — Ele gritou com irritação.

Sua respiração passou por seus lábios num sopro. Ela não conseguia falar e era tudo que podia fazer para respirar. Ela apertou a palma da mão e a dobrou enquanto ele olhava para ela.

— Deixe-me dar uma olhada.

— Não! Não toque, — ela sussurrou. Uma dor intensa subiu por seu braço, centrada em seus dedos mindinhos e anelar. Ela inalou através dos dentes, tentando limpar a cabeça, porque naquele momento, seus dedos não eram o mais importante para ela. Kolson era.

Engolindo sua dor, intensificou sua determinação, e com uma voz estrangulada, ela disse:

— Apenas fale comigo, Kolson.

— Por quê? Você me traiu.

— O quê? — Ela ficou perplexa com a declaração dele. Como ele poderia pensar que ela faria uma coisa dessas?

— Você sabia como eu não queria ter nada a ver com ele e a primeira coisa que você faz é ser vítima do jogo dele.

— Do que você está falando?

— O Dragão. Meu pai. Ele teve você comendo na sua mão escamosa cinco minutos depois da nossa chegada.

— Bem, sinto muito. Não sabia que deveria ignorá-lo. — A dor irradiava da sua mão para o braço, mas ela se forçou a continuar. Ela rangeu os dentes e disse: — Você se recusou a me dizer algo sobre ele, e quando eu cheguei aqui, ele parecia ser um cara legal.

— Parecia. Essa é a palavra-chave, Gabby.

— O raio da culpa é toda sua. Por não me dizer. Você se recusou a compartilhar qualquer coisa sobre sua família ou sobre você mesmo. Você poderia ter me avisado. Como devo agir? O que devo falar? Diga-me e vou fazê -lo, Kolson.

Seus olhos a perfuraram por um segundo; então ele tirou a roupa.

— O que você está fazendo?

— Tomar um banho. Tenho que lavar o suor de minhas frustrações.

Ele se afastou e assim que ficou fora de vista, ela se dobrou novamente. Seus dedos pulsavam de dor. Ela conseguiu mexê-los, embora a agonia resultante lhe dissesse que eles possivelmente estavam fraturados. Ela procurou uma fita esportiva para amarrá-los, para evitar que se movessem. Encontrou uma em um dos armários, estava terminando quando Kolson saiu do banheiro.

— O que é isso? — Ele perguntou, apontando para os dedos dela.

— Acho que eles podem estar fraturados.

— Eu quebrei seus dedos?

— Dói movê-los.

Ele foi pegar a mão dela, mas ela os tirou do alcance dele.

— Meu Deus, sinto muito, — disse arrependido.

— Foi um acidente.

— Aconteceu por causa do meu temperamento e sinto muito por isso.

— Não é a primeira vez que algo está quebrado. Kolson, a questão maior é como você lidou com as coisas com seu pai e comigo. Não sou um leitor de mentes. Eu preciso saber essas coisas. Você diz que me ama. Bem, eu também te amo e não te traí. Eu nunca vou te trair. — Ela se virou e caminhou em direção à porta.

— Aonde você vai?

— Boa pergunta. Se estivéssemos em Nova York, eu pegaria um táxi e iria para casa. Mas aqui estou presa.

— Você quer ir embora?

— Quero que você fale comigo, — disse Gabby em frustração.

Kolson amaldiçoou.

— Droga. Você sabe que não quero falar sobre isso.

— Não estou pedindo para você contar seus segredos mais obscuros, ao contrário do que você fez comigo. Estou apenas pedindo para você me conte algumas coisas. Você não me contou nada sobre você ou sua família. Estou às escuras aqui. E então você fica chateado comigo por ter respondido ao seu pai, que foi gentil comigo, e não tenho ideia do que fiz de errado. Será que você não entende o que estou dizendo? Quão irracional você pode ser?

— Você fez o seu ponto, Gabby.

— E pare de me chamar assim, droga!

— Não é esse o seu nome?

— Sim, mas você nunca me chama assim!

Em três longos passos, ele estava na frente dela.

— Você prefere Gabriella, então? — Sua voz acariciou seu nome e então ele emoldurou seu rosto e disse:

— Ou prefere que te chame de Kea? — Então seus lábios estavam nos dela, saboreando, lambendo, mordiscando, sugando.

— Pare com isso, — disse ela, empurrando-o para longe. — Beijar-me não vai resolver isso.

— Não, Kea, não vai. Esse problema é profundo e há muito tempo. Agora, deixe-me levá-la para ver como está essa mão.

— Não. Nós vamos ficar aqui, e você vai agir como se estivéssemos bem. Você vai me acompanhar, conversar com sua mãe e vamos dançar e fazer as coisas certas. Então, quando eu julgar que é hora de sair, nós iremos.

Ele levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos.

— Mas seus dedos.

— Agora, eu não dou a mínima para os meus dedos.

— Entendo, sei como vai ser, por isso.

— Não, eu acho que você não sabe. Você me disse uma vez para confiar em você. Agora estou tendo dificuldades com isso.

Ela podia muito bem ter lhe dado um gancho de direita — ele cambaleou quando as palavras dela bateram nele.

— Você não confia em mim?

— Como posso? Você me acusou de trair você. Depois de eu lhe prometer. Essas palavras me esmagaram, Kolson. Isso — ergueu a mão — não foi nada comparado à dor de suas palavras.

— Sinto muito.

— Não diga se você não está falando sério. Compartilhei coisas com você que nunca compartilhei com ninguém. Você sabe a verdade feia sobre mim, cada detalhe minúsculo. E você me fez acreditar que eu poderia confiar em você. Bem, você conseguiu destruir isso hoje à noite com algumas palavras casuais. Fui destruída demais no passado, como você foi, para me colocar em risco novamente. Prometi a mim mesma que nunca seria vulnerável novamente. Você sabe por que me tentei matar? Nunca lhe contei a história toda. Sim, você sabe como Danny me estuprou e me espancou. E como ele disse a todos os meus amigos que eu era uma prostituta. Até meus pais pensaram que eu era uma, o que era tão ridículo, porque nunca fui a lugar nenhum. Ele afastou todos os meus amigos para longe de mim porque seus pais não os queriam perto de uma ‘garota desse tipo’. — Ela balançou os dedos indicadores no ar quando disse isso. — Mas quando os professores da escola me trataram de forma diferente, foi o que me quebrou. O isolamento tornou-se insuportável. Danny falava coisas para mim, coisas terríveis que me deixavam doente. E foi aí que eu quis morrer porque sabia que isso nunca iria parar. Meu único amigo era o maldito teto que eu olhava todas as noites. Então, meu fator de confiança foi eliminado. Mas você me convenceu que estava segura com você. Eu e meus terríveis segredos. Que eu poderia confiar em você. Então eu fiz. E o que aconteceu? Você me acusou de trair você. Bem, eu não o fiz. Mas você me traiu, Kolson. Você traiu meu amor e confiança em você. E você me destruiu. Então, vamos terminar esta noite aqui e depois você vai me levar para casa.

O mundo de Kolson estava detonando, como uma explosão nuclear. Mas como ele poderia encontrar falhas nas palavras dela? Ela estava certa. Ele não lhe tinha dito uma palavra. Ela só estava fazendo o que achava certo. Estava sendo educada com um homem charmoso e bonito de quem ela não sabia absolutamente nada. Ele não lhe disse que seu pai era um demônio disfarçado. Não lhe contara as coisas hediondas que lhe haviam sido feitas quando criança. Ela não poderia saber. Ela só viu a persona que ele apresentou para ela e para o público... o homem que todo mundo amava.

E agora Kolson estava perdendo a única pessoa que ele amava. Tudo por causa de suas ações estúpidas.

— Gabriella, farei qualquer coisa que você pedir. Sinto muito. Mais do que você jamais irá saber. E um dia, prometo que vou te dizer. Tenho medo de te dizer agora. Sinto medo de falar sobre isso porque acho que se eu voltar àquele passado sombrio, posso nunca mais sair de lá. Sinto muito. Mas por enquanto, isso é tudo que posso te dizer.

— Eu também sinto muito, Kolson. — Ela se virou e saiu do quarto, deixando-o a olhar para ela.

Durante o resto da noite passou conversando com pessoas que ela não conhecia nem queria conhecer. A única coisa que ela queria fazer era deitar-se na sua própria cama e colocar gelo na sua mão. O jantar foi agonizante, porque a sua mão não deixava se alimentar, mas também porque tinha que fingir que estava tudo bem com Kolson. Mais tarde, ele dançou com ela várias vezes, como era esperado, e passou tempo com sua mãe. Finalmente se despediram e pediram o carro para levá-los de volta ao helicóptero que esperava.

Quando eles voltaram para Manhattan, Gabby não ficou com Kolson. Ela foi para a sua própria casa e teve uma longa conversa com o teto.

Pela primeira vez em anos, ela desejou que seu teto pudesse responder.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Gabby estava de coração partido. A única pessoa em quem ela confiava a decepcionou. O seu coração já tinha sido quebrado antes, mas desta vez era diferente. O amor que ela sentia por Kolson era maior, mais profundo do que qualquer coisa que já tinha sentido. Como pegaria as pequenas partículas de seu coração e as colaria de volta? Isso seria possível? Gabby não acreditava que sim.

Quando ela se sentou em sua mesa, sua cabeça doia. A dor em seu coração prevaleceu, no entanto. Quando ela mexeu nos dedos machucados, repassou repetidamente o que aconteceu na festa. Ainda era chocante para ela como Kolson havia reagido.

Seu telefone apitou e ela olhou para ele, pensando que era outra mensagem de Kolson. Ele era persistente, isso era certo. Ela estava recebendo mensagens dele a cada hora, sem falhar. Este, no entanto, era de Danny: Onde você está, sua puta? Tenho esperado por você. Estou me sentido sozinho. Não me faça esperar muito ou você vai se arrepender. A propósito, os guarda-costas estão ficando cansativos, preciosa.

Ela parou pensando e saiu de sua cadeira. Ela estava entre consultas, correu direto para o escritório de Case.

— Acabei de receber outra mensagem.

— Deixe-me ver isso. — Case leu e disse: — Você disse a Kolson?

— Não estamos falando.

Case a examinou.

— O que você quer dizer?

— Não quero falar sobre isso.

— Tem alguma coisa a ver com a sua mão?

— Esqueça isso, Case.

— Quanto tempo?

— Hã?

— Desde quando você não fala com ele, porque eu tenho que lhe ligar e deixá-lo saber que você recebeu isso.

— Sábado à noite.

— Porra. É quarta-feira.

— Eu sei que dia é hoje.

Os lábios de Case se abriram, mas ele sabia quando ficar em silêncio.

— Vá em frente e lhe ligue, porque eu não vou. Pensando melhor, não se incomode. Acho que não quero que ele saiba por enquanto.

— Gabby, — disse Case com toque de alarme.

— Estou bem. Tenho os guarda-costas. Tenho você. Eu não tenho mais medo dele.

— Seja esperta, Gabs. Ele provavelmente está piorando. Você precisa vigiar suas costas.

— Não se preocupe, meu grande amigo preocupado. Está tudo bem. E, além disso — disse ela baixinho, — por que Kolson se importaria, afinal?

— Eu ouvi isso. É infantil e você sabe disso. Estou ligando para Kolson.

— Tudo bem. Ligue você. Eu não vou ligar.

Gabby saiu naquela noite e foi para casa. Sam deixou-a e ela estava com um humor terrível. Sua cabeça latejava e sua barriga doía. Subiu no elevador até o apartamento e tentou lembrar o que havia comido naquele dia. Talvez ela estivesse a adoecer ou algo assim. Ela apenas se sentia mal.

Abriu a porta e não foi difícil perceber que alguém tinha estado em seu apartamento. As almofadas do sofá foram retiradas e tudo estava em desordem. Ela abriu a porta do corredor e chamou Max, seu guarda-costas.

— Max, alguém esteve aqui!

— Dra. M., fique aqui fora, por favor. Deixe-me verificar se é seguro.

Max entrou para verificar as coisas enquanto Gabby esperava no corredor. Ela espiou para dentro, mas não conseguiu ver nada. Enquanto estava de costas para o corredor, ela não deu conta que a porta da escada se abriu.

— Você está tão doce como sempre, preciosa. — Danny estava de pé bem atrás dela.

Gabby não se mexeu, mas abriu a boca e soltou um grito de gelar o sangue.

Max veio correndo para o corredor e Gabby continuou gritando.

— Dra. M.! O que aconteceu?

Gabby, estremecendo violentamente, segurou o braço de Max e tentou falar.

— D-d-d-d...

Max pegou seu telefone e ligou para Case.

— Você precisa chegar vir aqui, senhor. Algo aconteceu.


# # #


Quando Case chegou, Gabby estava sentada em uma cadeira e parecia sombria.

— O que diabos está acontecendo?

— Não consigo tirar uma palavra dela, senhor, — disse Max.

— Gabby, o que aconteceu?

— D-d-danny.

— O quê sobre ele?

— Aqui.

Case olhou para Max.

— Quando a trouxe para casa, ela me chamou no corredor e disse que alguém esteve aqui. Entrei para verificar e depois ouvi-a gritar. Não consegui que ela parasse.

Case segurou as mãos dela.

— Fale comigo, Gabs. Não posso ajudar se não souber o que aconteceu.

— Eu o ouvi. No corredor.

— Merda. Ela tem alguma coisa para beber aqui? — perguntou Max.

— Não. Nada, — Gabby respondeu.

— Vou ligar para Kolson.

— Não!

Case soltou a respiração.

— Gabby, diga-me tudo então.

Ela respirou fundo várias vezes.

— Gabs, sou eu. Não deixarei nada acontecer com você. Entendeu?

Ela assentiu. — Max estava dentro e eu estava tentando ver o que estava acontecendo, quando ouvi aquela voz logo atrás de mim dizendo: ‘Você está linda como sempre, preciosa’. Foi quando comecei a gritar. Era ele. Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.

— Ele deve ter esperado você voltar para casa. Eu tenho que ligar para Kolson.

— Por favor, não. — Gabby implorou.

Case ainda segurava as mãos dela.

— Queria que vocês dois resolvessem as vossas merdas porque agora eu estou numa situação ruim. Ele está me ligando toda hora para saber de você e quando eu contar sobre isso, porque você sabe que não vou mentir, ele vai explodir. Eu te amo, mas isso está me deixando louco. E sei como você está perturbada. Você precisa de alguém que fique com você esta noite.

— Você.

Case olhou em volta. Ele sabia qual seria sua resposta e ela também. Ele nunca a deixaria no estado em que ela estava e Kolson não a confiaria em qualquer um. Raios, nem ele.

— Max, fique aqui até eu voltar. Não a deixe por nada. Você entendeu. Tenho que ir a casa para pegar algumas coisas, mas voltarei o mais rápido possível.

— Sem problema, senhor.


# # #


Cinco dias... foram cinco dias e ele não tinha recebido uma palavra dela. Ele tinha falado com Case ontem e estava preocupado com ela. Essa mensagem de Danny não era um bom sinal. Mas depois do que Danny tinha feito ontem, Kolson precisava ver Gabby. Quando Case lhe ligou ligou logo de manhã, ele mal se tinha aguentado. Tudo o que conseguia pensar era o que teria acontecido se Max não estivesse lá. Enviou-lhe várias mensagens, mas não recebeu resposta. Às onze e meia da manhã, pediu a Sam para levá-lo ao escritório dela. A recepcionista cumprimentou-o e ele disse que queria vê-la. Ela disse a Kolson que Gabby estava entre consultas.

— Quando ela vai estar livre?

A recepcionista verificou a agenda e disse:

— Só dentro de trinta minutos, senhor.

— Ela está livre para o almoço? — Ele perguntou.

— Sim, senhor, ela está livre por pelo menos uma hora. Seus pacientes da tarde só começam à uma e meia.

— Obrigado. Eu vou esperar. — Ele se sentou e olhou em frente.

Trinta minutos depois, Gabby acompanhou seu paciente até à área de espera e o viu sentado lá. Ela disse adeus ao paciente e olhou para Kolson.

— O que você está fazendo aqui? — Sua saudação foi menos do que acolhedora.

— Vim para te levar a almoçar, já que você não respondeu às minhas mensagens.Tinha que ver como você estava depois do que aconteceu ontem.

— Bem, como você pode ver, estou bem. Mas não posso ir almoçar. Estou ocupada.

— Não. Você está livre até à uma e meia. Eu chequei.

— Não estou com fome.

— Tudo bem. Você pode me ver comer.

— Kolson, eu...

Com uma voz de aço, ele disse:

— Gabriella, precisamos conversar. Agora pare de evitar isso. Você poderia ter... Nós vamos almoçar. — Ele colocou a mão em volta do cotovelo dela e a guiou para fora da porta.

Entraram no carro que esperava e ela não proferiu uma única palavra, nem mesmo para Sam. Quando chegaram ao restaurante, Kolson saiu e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela o ignorou.

— Gabriella, por favor. — Ela passou por ele e entrou. Ele não teve escolha senão seguir.

Quando o anfitrião o viu, sorriu.

— Sr. Hart, siga-me, por favor. — Ele os levou para uma sala onde uma mesa para dois estava arrumada. Toalha de mesa branca, prata e cristal completavam o cenário. — Posso lhe servir água?

— Por favor, — respondeu Kolson.

— Com gás ou sem gás?

Ele olhou para Gabby e ela disse:

— Com gás, por favor.

— Vou querer o mesmo, por favor.

— Agora mesmo, senhor.

Kolson estendeu a mão para Gabby, mas ela se moveu para afastá-lo. No entanto, ele foi mais rápido.

— Por favor, Gabriella, quando Case me contou o que aconteceu ontem. Isso está me matando.

— Você já me matou, Kolson. É doloroso, não é? Dói quando a pessoa que você ama faz você se sentir assim, não é?

— Sim, droga. Dói. — Ele inclinou a cabeça por um momento e o garçom voltou com a água e os cardápios.

— Nosso almoço especial hoje é o salmão Coho fresco, grelhado em uma tábua de cedro, servido com quinoa e aspargos grelhados frescos.

Kolson respondeu rapidamente:

— Excelente. Nós vamos querer isso.

— Muito bem, senhor.

Quando ele se foi, Gabby olhou para ele.

— E se eu não quiser salmão?

— Você está intencionalmente tentando ser difícil?

Ela estremeceu com a frase que ele usou para descrevê-la.

— Por favor, nunca use esse termo para me caracterizar. Você de todas as pessoas deve saber que é um golpe baixo.

Kolson sentiu como se tivesse acabado de assassinar o seu animal de estimação favorito.

— Oh, Deus, Gabriella. Eu não estava pensando. Parece que sou um fodido idiota que continua a pôr os pés pelas mãos. — Então ele respirou fundo e longamente. Inclinou a cabeça para trás e depois se inclinou para a frente. — Sinto muito. Deveria ter sido mais sensível. A verdade é que sinto muito a sua falta e estou muito preocupado com você. Eu te amo e não suporto isto... o que está acontecendo entre nós. Estraguei tudo. Inacreditavelmente é verdade. Eu estava errado e se eu pudesse voltar no tempo, faria as coisas de forma diferente. Mas eu não posso. Então estou implorando a você, Gabriella, que, por favor, me perdoe. Você não me trairia de jeito nenhum. Foi a minha mente louca que me traiu.

— Kolson, por que você não pode confiar em mim?

— Eu quero. Eu confio em você.

— Não, você não confia.

— Sim, é em mim que eu não confio. Há tanta coisa que você não sabe. Mas saiba disso. Não há nada nesta terra que eu não faria por você. Com o tempo, vou contar tudo. E quando o fizer, talvez você entenda.

— Por favor, me perdoe se eu não pular e disser: ‘Ah, sim, vamos voltar ao modo como as coisas eram.’ — Seu olhar desanimado fez com que ela instantaneamente se arrependesse de sua arrogância.

— Compreendo. Podemos ao menos conversar?

Ela inclinou a cabeça. Quando falou de novo disse:

— Podemos conversar. Por agora. Nada mais.

— Gabriella, eu vou pegar todas as migalhas que você está disposta a jogar no meu caminho. Se é só conversa, então que assim seja.

— E, por favor, não intimide a recepcionista.

— Intimidar? Você acha que eu a intimidei?

— Talvez intimidar não seja a palavra certa. Tenho certeza que você a encantou até à morte como só você sabe fazer.

Ele suspirou.

— Eu só perguntei quando você estava livre e ela checou sua agenda.

Gabriella finalmente olhou para ele.

— Hmm. Preciso falar com ela, então.

Ele sorriu.

— Você é linda quando está com raiva.

— Eu odeio estar com raiva.

Ele lhe levantou a mão e examinou os dedos dela.

— Você já os foi verificar?

— Não.

— Gabriella, — ele bufou. — Se eles não se curarem adequadamente, os ossos podem ficar deformados para sempre.

— Kolson, não sou burra. — Desdenhou as suas qualidades.

— Não quis dizer que você é. Apenas estou preocupado com você.

— Eles não estão quebrados. Posso movê-los perfeitamente. Estão apenas doloridos por agora. Sinto muito. Estou cansada e estou descontando em você. Ontem foi um pouco cansativo para mim.

— Por favor, você vai ficar comigo esta noite? Não quero que você fique sozinha. Você pode dormir no quarto de hóspedes. Ou comigo. Mas não precisa ser nada mais que dormir. Sinto sua falta e quero te abraçar em meus braços. Por favor, diga sim.

Ela queria se derreter nele porque a verdade era que ela sentia o mesmo.

— Oh meu Deus, Kolson.

— Por favor. Não pense, Kea. Apenas diga sim.

— Estou trabalhando na clínica até às dez da noite.

— Vou com você e trago você para casa. Por favor, diga sim.

— Deixe-me pensar sobre isso. Vou ligar para você esta tarde.

Sua comida chegou e eles comeram em silêncio. Ela olhou para ele cautelosamente e ele a olhou com esperança.

Às quatro e quarenta e cinco, Gabby mandou uma mensagem a Kolson: Sim. Kolson sorriu por muito mais tempo do que se lembrava de ter feito em sua vida.

Ele bateu na porta dela às seis e meia e a acompanhou até o carro que esperava. E se sentou em seu escritório na clínica, esperando-a enquanto ela trabalhava. Às dez e quinze, voltaram para casa e ela lhe contou a sua noite. Ele sorriu para si mesmo enquanto ela lhe contava sobre seus vários pacientes. Quando chegaram ao elevador, ele perguntou:

— Bem?

— O sim significou o mesmo para esta noite.

Precisou de toda a sua força para não se aproximar ela. Mas ele não o fez. Em vez disso, ele sorriu e segurou o corrimão no elevador até que os nós dos dedos ficaram brancos.

— Vou te mimar hoje à noite, Kea. Você gostaria de um longo banho?

— Você sabe, eu realmente só gostaria de ir dormir. Estou exausta.

— Como quiser.

Ela foi para seu quarto e colocou seu pijama favorito do Snoopy . Quando foi ter com ele, ele levantou uma sobrancelha, mas não pronunciou uma palavra. Só levantou os lençóis para que ela pudesse entrar na cama. Então ele a puxou em sua direção e esfregou suas costas e pescoço, massageando-o em pequenos círculos, tirando os nós.

— Mmm, isso é tão bom.

— Estou feliz por ter gostado. Agora durma, Kea.

— Senti tanto a sua falta, Kolson.

— Eu também senti a sua falta. Diga-me o que fazer para resolver as coisas. Farei o que puder, juro que vou.

Ela se levantou e olhou para ele.

— Apenas me ame o suficiente para confiar em mim e saber que você segura meu coração na palma da sua mão. Por mais que eu goste de pensar que é feito de aço, não é. É frágil e pode ser facilmente quebrado.

— Oh foda-se, Gabriella. — Ela encontrou-se em cima dele mais rápido do que poderia registrar e sua boca tocou levemente a dela. — Você é meu coração e alma. Eu te amo mais que a minha própria vida. Seu coração está seguro comigo. Sei que você não acredita em mim agora, mas é verdade, e eu vou encontrar uma maneira de provar isso para você. — Seus lábios sussurraram sobre os dela, para trás e para a frente enquanto suas mãos mergulhavam em seus cabelos. — Nunca fui tão infeliz, tão perdido, como tenho sido sem você nestes últimos dias. Não quero passar por isso novamente. Não sabia que poderia ser tão sombrio.

— Nem eu. — Ela descansou sua bochecha em sua barba áspera e esfregou as costas da mão do outro lado do rosto. Ele prendeu a mão dela e levou-a aos lábios.

— Jesus, eu me odeio por fazer isso. — A fita branca o encarou.

— Foi um acidente, eu não sabia que você iria bater tão forte. Foi parcialmente minha culpa por ser tão estúpida. E olhe para suas próprias mãos. — Ela estava se referindo aos hematomas que ainda estavam a cicatrizar e às nódoas negras da sua luta com o saco.

— Essa foi a minha estupidez por não usar luvas.

— Lições aprendidas para nós dois.

— Durma, linda. Foi um longo dia para você.

Não foi preciso muito mais para ela cair no sono. Ele também adormeceu, aliviado da insônia que havia roubado suas últimas noites.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Na sexta-feira seguinte no trabalho, Gabby tinha visitas. No final do dia, Kolson deveria conhecê-las e então deveriam sair para beber. Às quatro e meia, ele enviou uma mensagem e disse que se atrasaria. Algo havia surgido no trabalho. Ela terminou com seu último paciente e foi até à área da recepção, onde foi recebida por Case, Sky e Cara.

— Oh meu Deus! — Case disse a ela que Kolson tinha arranjado uma noite de garotas para Gabby. Seriam conduzidas ao seu lugar favorito para coquetéis, acompanhadas, é claro, e depois iriam jantar.

Cara sugeriu começar com um bar de martini onde a multidão trabalhava no SoHo.

— Só não me dê Sugar Tits hoje à noite, — Gabby disse enquanto entravam lá dentro. As garotas riram. — Essa foi a pior ressaca de todos os tempos.

Cara pediu uma rodada de cosmos e ficaram numa mesa íntima onde podiam conversar.

— Assim é muito mais fácil do que responder a todas as mensagens que recebi na semana passada, — disse Gabby.

— O que você esperava? — Sky perguntou. — Depois de Case contar a Ryder o que aconteceu e como ele teve que passar a noite em sua casa, estávamos enlouquecendo.

— Eu sei. E estou feliz por eu ter pessoas que se importam tanto comigo. Obrigado pessoal. Foi uma semana louca, deixem eu falar.

— Então... você e Kolson Hart... juntos para valer. Tipo firme. E há quanto tempo. Como ele é? — Sky perguntou.

— Sexy, — Gabby sorriu.

— Nós sabemos isso! Conte-nos os detalhes suculentos.

— Ele é bom. Muito bom.

— Sim? Como assim? — Cara perguntou.

Gabby olhou para elas e sacudiu a cabeça.

— Ah não. Vocês duas já ultrapassaram tudo tantas vezes para eu começar a competir.

— Diga-nos algo. Ele tem algum fetiche?

Gabby ficou agitada como quem quer falar.

— Uh-oh! Acho que nós acertamos em algo aqui, Sky. Olhe essas bochechas.

— Vamos lá, Gabs. Nos dê uma coisinha.

— De jeito nenhum! Além disso, ele não é pervertido.

— Sim, ele é. Talvez um pouquinho. Pelo menos nos dê uma pista. Seu rosto não estaria brilhando no escuro, de outra forma.

Gabby começou a suar.

— Isso é transpiração no seu lábio superior? — Cara perguntou. As garotas riram e Cara estendeu a mão e enxugou com um guardanapo.

— Olha, se isso te faz sentir melhor, Ryder e eu gostamos um pouco. Você pode nos dizer e vai ficar bem aqui, eu juro. Certo, Cara?

Cara assentiu.

— OK. Vou vós dizer uma vez. Então é isso. Ele é incrível. Todos os momentos de sexo com ele são sempre melhores do que posso imaginar. Ele preenche todas as minhas fantasias. Sabe exatamente como mordiscar aquele ponto e é extremamente bem dotado. Na verdade, tenho mesmo que dizer que ele é bem magnífico nesse departamento. — Então ela se inclinou e sussurrou: — E ele até perfurou lá embaixo. O que me dizem?

— Não me diga? Você gosta? Isso faz você gozar?

— Isso aí. Várias vezes. Em cada sessão.

— Nunca deixe esse homem escapar. Você me ouve? Nunca deixe ele ir. Bem, a menos que ele coma seu primogênito. Ou todos os sorvetes da casa. Entendeu? — Cara aconselhou.

— Sim, senhora. — Todas riram.

Depois que os clientes que saíam do trabalho lotaram o bar elas acharam difícil conversar com todo o barulho. Todos estavam comemorando o final da semana e a música estridente acrescentava a comoção.

— O que você acha de irmos jantar depois dessa bebida? — Perguntou Gabby.

— Estou pronta para isso. Estou ficando com fome também. — Sky disse.

De repente, Cara explodiu:

— Merda, Gabs, eu sempre achei que você tinha uma vida perfeita e agora descubro que você está sofrendo como o resto de nós que fomos fodidos na bunda toda a nossa vida. — Cara a abraçou. — Garota, eu sinto muito.

— Ei, pare. Todos nós encontramos uma maneira de perseverar. Mas Kolson ajudou. Ele me libertou. Se não fosse por ele, eu ainda estaria me escondendo.

Cara a olhou com curiosidade.

— Você está apaixonada. É o principal. Como se fosse além dos limites. Certo?

— Sim. Amando loucamente.

— Droga, garota. Você foi se apaixonar por um cara maravilhoso também. O Kolson Hart.

Sim, tenho certeza que sim. Um cara com algum tipo de problema. Mas fica só para mim...

Depois que terminaram a bebida, Gabby recomendou um lugar italiano por perto, então decidiram caminhar até lá. Ovaltine as seguiria com o carro e seu guarda-costas andaria com elas.

Quando chegaram, houve uma espera de trinta minutos por uma mesa, então sentaram-se no bar, tomaram um gole de vinho e comeram pão delicioso e quente até que o anfitrião as levou para a sua mesa.

Uma vez sentadas, suas conversas animadas recomeçaram enquanto Sky lhes falava sobre suas audições. No meio da frase, Gabby olhou para cima e viu Danny em pé na entrada do restaurante.

— Oh meu Deus. Oh foda-se!

— O que há de errado? — Sky perguntou, alarmada.

— É ele. — A mão de Gabby estendeu a mão para sua garganta.

Cara agarrou a mão dela.

— Quem? Seu primo? Onde está seu guarda-costas? Onde está o Max? Por que ele não está aqui?

A cabeça balançando em busca dele, ela gritou:

— Porra! Não os vejo. Estou ligando para ele. — Gabby digitou seu número. — Não está respondendo. — Seu estômago se agitou e ela engoliu, forçando a bílis de volta em sua garganta. Seu coração martelou e seu sangue rugiu através de suas veias. Era tão alto que ela tinha certeza de que os outros podiam ouvir.

— Fique calma. Ele não fará nada em público. — Cara falou. Então ela olhou ao redor, procurando por ele.

— Você não sabe disso. Ele é doido! Algo aconteceu com Ovaltine e Max. Eles não me deixariam. Estou ligando para Kolson. Porra. Porra. Porra. — Seu joelho bateu descontroladamente debaixo da mesa. — Porra, tenho que sair daqui. Ele vai me matar.

Ela ligou para Kolson.

— Kea.

— Ele está aqui, Kolson. Danny. E o Max ou Ovaltine não estão respondendo nos seus celulares. Preciso sair daqui.

Kolson começou a xingar.

— NÃO SE MOVA GABRIELLA. EU ESTOU A CAMINHO.

— Não desligue, Kolson. Estou com muito medo, — Gabby choramingou ao telefone.

Sky disse:

— Ele está procurando pelo restaurante. Como se estivesse procurando por alguém. Mantenha a calma. Ele está vindo para cá. O que devo fazer? Ligar 911?

— Ele não vai fazer nada aqui. Há muitas pessoas, — Cara reiterou.

— Kolson, ele está aqui... — Gabby chorou.

— Bem, olá, preciosa. Desligue o celular. AGORA. Tenho tentado passar algum tempo com você, mas você continua me evitando. Agora, por que faz isso?

— O que você quer? — Gabby não conseguia controlar o tremor cobrindo-a da cabeça aos pés.

— Você é minha prima. Como já disse, quero passar um tempo de qualidade com você. Agora, por que você não se levanta e saímos daqui, tranquilamente , e deixa suas amiguinhas jantarem.

— Acho que não, Danny.

— Olha aqui sua putinha... — Ele assobiou e abriu o casaco apenas o suficiente para Gabby ver a sua arma.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo, ou sua amiguinha aqui, — ele apontou a arma para Sky, — vai ter o cérebro cheio de chumbo. Você me entende?

— Sim.

— Bom. Agora se levante e caminhe em direção à porta. — Então ele se virou para Cara e Sky e disse: — E quando saírmos, se qualquer uma de vocês fizer qualquer tipo de barulho, eu vou atirar em alguém neste restaurante. E se chamarem a polícia, seus guarda-costas estão mortos. Entendeu?

— Sim, — as duas disseram.

— Bom. Vamos lá, Gabs.

Ela se levantou e foi em direção à porta. Ela ficou agitada pensando como poderia atrasá-lo, para esperar por Kolson. Mas Danny estava armado. Kolson não estaria. Ela não queria arriscar que Kolson fosse ferido. Quando eles saíram, ela tentou parar.

— Onde está meu guarda-costas? E meu motorista?

Danny riu.

— Um tiro e eles caíram como moscas.

— Oh meu Deus! Você os matou?

— Você não precisa se preocupar com eles. Vamos.

Ele a agarrou pelo pescoço e apertou, empurrando-a junto. Quando ele se virou em um beco e empurrou-a contra o lado de um prédio, as pernas de Gabby enfraqueceram; ela tropeçou. Ele apertou o pescoço dela ainda mais forte, puxando-a para cima. Ela estava tão tonta de medo que o rosto de Danny entrava e saía de foco.

Ele riu e sua pele arrepiou.

— Mal posso esperar para entrar em você novamente. Ouvir você me dizer o quanto sentiu falta do meu pau.

Ela cuspiu no rosto dele. A ação pegou-o desprevenido e ele recuou. Uma chance... Isso é tudo que tinha, então ela forçou seu medo de lado e pegou. Ela levantou o joelho e enfiou-o diretamente em sua virilha. Então ela correu. De volta ao restaurante e direto para Ovaltine, ele estava virando a esquina, sangrando por causa de um ferimento de bala na lateral do corpo. Ela gritou com toda a força, o que chamou a atenção dos pedestres.

Kolson parou e saltou do carro.

— Gabriella!

— Ele tem uma arma! — Ela gritou repetidamente.

Kolson girou e correu para dentro, praticamente carregando Gabby.

— Chame a polícia. Agora! — Ele gritou para a primeira pessoa que viu.

Ele tentou entregar Gabby para Cara, mas ela não o deixou ir. Não disse nada, apenas tremeu e se agarrou a ele. Cara e Sky correram para Ovaltine enquanto ele cambaleava para o restaurante.

— Kea, você está segura aqui. Deixe-me ir encontrá-lo.

— Nãoooo! Ele tem uma arma. Ele vai te matar.

— Não, ele não vai. Eu não deixarei.

— Não, não vá.

Seu medo o deteve. Ele não podia se afastar dela quando ela precisava dele.

— Estou aqui. Não vou a lugar nenhum. — Seus dedos cavaram a carne de suas costas, mas ele não disse uma palavra. Ele beijou e acariciou o cabelo dela, murmurando baixinho para acalmá-la.

Em minutos, o lugar estava lotado de policiais. Cara e Sky ligaram para Case e ele também apareceu. Gabby continuou a não soltar Kolson. A polícia interrogou as três mulheres e Kolson. Max foi encontrado em um beco ao lado do prédio e tanto ele como Ovaltine foram transportados para o hospital.

Case chamou um dos detetives de lado e teve uma longa conversa com ele. Eles queriam que Gabby fosse até à delegacia, mas Kolson e Case conseguiram persuadi-los a adiar até à manhã seguinte. Kolson pegou Gabby e levou-a para casa. Ela estava uma bagunça.

Uma vez lá, ele serviu-lhe um copo de uísque. Ele a colocou na cama depois, e de manhã, foram até à delegacia. Foi então, com Case e a advogada presentes, que Gabriella deu sua declaração formal. As acusações contra Danny foram registradas como crime de assalto com uma arma mortal, e tentativa de sequestro. Por causa das testemunhas no restaurante e da tentativa de assassinato de Ovaltine e Max, parecia que Danny estaria enfrentando uma longa sentença de prisão.

Kolson e Gabby então foram ao hospital para checar seus amigos. Ovaltine e Max estavam em condição estável. Max tinha sido baleado no ombro e Ovaltine lateralmente. Sam estava com Ovaltine, junto com o resto da família deles. Gabby não conseguia se livrar da culpa, tudo isso era culpa dela. Se esses homens não a estivessem protegendo, nada disso teria acontecido.

— Você tem que parar de pensar assim. Eles estavam fazendo o trabalho deles. Nossos homens fazem isso para os clientes o tempo todo, — explicou Kolson. Seus olhos estavam quentes como mel.

Isso foi diferente. Danny poderia matá-los e se isso tivesse acontecido, ela se sentiria responsável.

Kolson notou como ela se agarrou a ele. Era estranho, porque ela ansiava por sua independência. Essa sempre foi a única coisa que ela enfatizou para ele. Era por isso que ela não ficava com ele tanto quanto ele queria. Ela precisava desse sentimento de liberdade. Mas ele adivinhou que agora ela precisava de segurança, então ele jurou que ela teria.

Jogando o braço em volta dos ombros dela, ele disse:

— Vamos para casa, vamos?

Eddie os deixou. Quando chegaram à cobertura, Kolson disse:

— Acho que seria melhor se você tirasse alguns dias de folga.

— Mas meus pacientes...

— Não vai beneficiar nada você enquanto estiver transtornada.

Ela se abraçou.

Ele soltou a mão dela.

— Venha. — A última vez que ele a viu assim, um banho na banheira a relaxou imensamente.

Quando chegaram ao banheiro, ele disse:

— Tire suas roupas enquanto encho a banheira, Kea. — Ele despejou óleo de banho de uma garrafa chique e ela se despiu. Ele segurou a mão dela enquanto entrava na água quente e calmante.

— Junte-se a mim?

Ele fez o que ela pediu, movendo-se atrás dela.

— Encoste-se em mim. Deixe-me e à água aliviar as suas preocupações.

Ela colocou as coxas sobre as dele e sentiu uma onda de bolhas entre as pernas.

— Umm. — Ela se contorceu contra ele e sua ereção floresceu entre eles.

— Não pretendia que isto tivesse como objetivo algo sexual, mas se você for se contorcer assim, então eu não serei responsabilizado por minhas ações.

— Kolson, sexo com você me faz esquecer meu nome. Porque raios não haveria de querer isso agora?

— Se incline para trás, então. — Ele levantou os joelhos, fazendo com que as pernas dela se espalhassem ainda mais. A pressão da água borbulhante a atingiu em todos os pontos certos e deixando-a ainda mais excitada. Ele pegou um gel de banho e colocou em um pano macio, fazendo espuma. Com pano passando em torno de seus seios, ela arqueou as costas enquanto seus mamilos eram massajados. Com a outra mão, ele os aumentou como se fossem pérolas, puxando e beliscando-os até que ela se contorceu contra a mão dele.

— Você já teve um orgasmo apenas com isso, Gabriella?

— Não, — ela gemeu.

— Acho que um dia deste vou ter que te dar um. Você é tão receptiva quando faço isso.

Deslizando a mão até os quadris, ele moveu o pano em um padrão circular, arrastando-o por cima de seus quadris e pélvis enquanto ela se inclinava na direção dele.

— Você vai ter que parar de se mover, Gabriella. Ou posso fazer algo para o qual você não está totalmente preparada. Essa sua bela bunda está torturando meu pau.

Ela engasgou quando se apercebeu das palavras dele.

Ele não quis dizer isso, ou quis?

Como se lesse sua mente, ele disse:

— Sim, eu vou foder a sua bunda. Agora não se mova assim.

Ele retomou seu movimento com o pano, levando-o para entre as pernas dela. Quando ele tocou no seu núcleo, ela soltou um longo e alto gemido. As protuberâncias do pano atingiram seu clitóris com a quantidade perfeita de pressão enquanto ele a massajava até um clímax intenso. Assim que ela começou a gozar, seus quadris a levantaram e ele deslizou para dentro dela.

Gabby ficou mais viva, quando Kolson levantou os quadris para cima e para baixo, enquanto suas mãos a moviam para combinar com seu ritmo. O prazer era insuportável. Ela se inclinou para a frente, segurando suas coxas enquanto ele lentamente a fodia.

— Gostaria que você pudesse se ver agora mesmo. Você é linda, minha Gabriella. Sua pele está corada e rosada com o vislumbre da água quente. Eu poderia olhar para o seu corpo nu o dia todo. Totalmente perfeito.

Gabby olhou para onde eles estavam unidos e colocou a mão em torno das suas pesadas bolas. Seu gemido de resposta a agradou. Então ela sentiu o dedo correr pela sua fenda até encontrar aquela abertura, e ele empurrou até que a pressão diminuísse.

— Ahhh, — ela gemeu.

Ele parou até sentir o orgasmo iminente diminuir e então seu movimento se acelerou novamente, mas muito devagar. Entrou e saiu dela com um ritmo torturante. Ela tentou acelerar as coisas, mas ele a segurou com uma mão no ombro dela.

— Se você tentar se mover, Gabriella, vou parar.

— Por favor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus movimentos recomeçaram e Gabby encontrou um prazer extraordinário. Suas terminações nervosas formigaram enquanto um fogo ardia em suas veias.

— Kolson. Por favor.

— Você goza quando eu disser a você.

— Mas...

— Silêncio. — Ele se inclinou para a frente e tomou o lóbulo aveludado de sua orelha e puxou-o para a sua boca, puxando-o com os dentes.

— Huuuh, — ela engasgou com a onda de prazer.

Instantaneamente ele se mexeu e começou a empurrar mais duro e mais rápido. Gabby se sentiu esticada até uma largura e profundidade impossíveis. Ele tocou em lugares dentro dela, beijou-a tão profundamente que houve um momento em que ela se perguntou se alguém poderia morrer de êxtase.

O seu clímax rasgou através dela, arrancando um grito de seus lábios, e depois seu nome. Se ele não a tivesse agarrado pela cintura, ela teria escorregado sob a água borbulhante.

O orgasmo de Kolson explodiu dele e os músculos internos de Gabby o espremeram até à última gota, até que ele se sentiu fraco pelo esforço de tudo o que aconteceu. Mas não estava fraco demais para levantá-la e colocá-la em seus braços.

— Você é incrível. Senti falta disso. — Seus lábios roçaram os dela, sua língua traçando seu contorno, antes de tomar o inferior entre os dentes. — Eu amo te levar desse jeito, mas sinto falta de ver seu lindo rosto. Vou ter espelhos instalados nas paredes ao redor desta banheira, só para poder ver você em todos os ângulos.

— Por que você não me bateu ultimamente?

A pergunta pegou-o desprevenido. A verdade era que ele queria. Muito.

— Pensei que talvez tivesse sido demais para você.

— Eu dei a você essa indicação?

— Não, mas você também não implorou por isso novamente. Decidi que você é importante demais para mim e não quero assustá-la com minhas necessidades. E com o que você está passando com Danny, achei que poderia ser demais. Então me segurei.

Ela levantou-se e sentou-se sobre ele. Enquadrando o rosto, disse:

— Eu confio em você para não me machucar. Não se retraia.

Ele se inclinou para tocar seus lábios nos dela.

— A verdade é esta. Essas minhas necessidades não são mais importantes para mim. Quero ver você amarrada com sua bunda toda rosa? Sim, quero. Mas também quero ver sua mente no caminho certo. Não quero que você faça alguma coisa só porque acha que é o que eu quero. Quero que você faça isso porque você também quer.

— Mas eu realmente gostei, Kolson. Foi divertido demais. E eu quero fazer de novo.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, em seguida, deu-lhe um sorriso sexy.

— Você sempre me surpreende, Kea.

— A sério?

Ele riu.

— Sim, de fato.

— Amo você, Kolson. Eu quero que você seja feliz.

— Ter você aqui me faz feliz.

— Mas eu quero que você tenha suas outras coisas também.

Ele apertou as mãos dela e deu-lhe um olhar sereno.

— Quando nós ficamos sem falar por cinco dias, foi o pior momento da minha vida. Então, se tivermos apenas esse tipo de sexo sensacional que estamos tendo, eu morrerei feliz. Você é mais importante para mim do que qualquer coisa, qualquer necessidade ou compulsão que eu possa ter, e venderia minha alma ao diabo por você. Ele fechou os olhos e voltou a falar. — Nunca pretendi que você se apaixonasse por mim. Você é boa demais para mim, Kea.

Dando-lhe um olhar suplicante, ele ergueu a mão quando ela tentou interrompê-lo.

— Deixe-me dizer isso enquanto tenho coragem, Gabriella. — Muitas emoções brotaram em seus olhos, e Gabby reconheceu todas elas: raiva, dor, vergonha, desgosto, mas o mais proeminente era o medo. — O fato é que você tem um coração e uma alma tão puros, e eu estou irreparavelmente danificado... estou muito mais fodido do que você imagina e sei que você já viu de tudo na sua profissão. Você pergunta por que eu não falo com você sobre o meu passado. Essa é uma das razões. Não me entenda mal. Eu sei que você nunca me julgará. Mas também sei que isso também pode assustar você. É puro egoísmo da minha parte, e isso não é justo para você. Deveria ter terminado com você antes de chegar a este ponto, mas não consegui. Não consegui ficar longe de você. Você me trouxe esperança pela primeira vez. Como uma luz na minha vida, me levando para fora da minha escuridão.

— Mas naquele dia, — ele engoliu em seco e olhou para ela por um momento — no dia que fui buscá-la, e você estava no abrigo das mulheres. Vi o jeito que você segurava aquela garotinha em seus braços e havia algo tão belo em tudo que você fazia, soube naquele momento que nunca poderia deixar você ir. A partir desse momento, toda vez que eu olhava para você, via a perfeição, a bondade e a caridade, e nunca tinha visto nada assim antes. E foi aí que eu soube que queria isso. De você. Queria que você me abraçasse assim. E me banhasse com esse tipo de amor. Sinto muito por não ter sido honesto com você sobre mim mesmo. Minhas intenções. Você está sendo enganada em tudo isso. Estou fodido demais para me qualificar como mercadoria danificada.

— Posso falar agora?

— Sim.

— Acho que preciso decidir o quão fodido você é, mas não posso porque você não vai discutir o seu passado comigo. Então, vou com o que vejo na minha frente aqui. Problemas? Sim, você os tem. Eu também. Assim como todo mundo. Ninguém é perfeito. Oh, você diz que eu sou, mas isso é besteira e você sabe disso. Vou te chatear e essa coisa de perfeição vai voar pela janela e você vai coçar a cabeça e perguntar por que diabos disse isso. Vá em frente e ria, mas é verdade. Agora estou super feliz com o que você disse sobre mim. E o jeito que você se sentiu quando me viu com aquela menininha, bem, faz me sentir realizada.

— Mas querido, esse é o meu amor pelo que faço. Se tivesse havido alguém para fazer isso por mim, teria significado muito. E talvez isso me tornasse mais forte e mais capaz de lidar com Danny. Quem sabe? Talvez nunca tivesse tentado me matar. Mas essa parte sobre eu ser enganada e como você deveria ter terminado as coisas, é treta. Imaginemos que acabava. Então eu ficaria sem você e Danny teria vencido. Eu teria perdido conhecer o tal. Você sabe, aquele cara que faz meu coração e meu sangue disparar.

— Então cale a boca e me beije porque eu amo sua boca.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Sky, Ryder e Cara foram ver Gabby no domingo, levando flores. Gabby apresentou Kolson para Ryder e os dois deixaram as mulheres conversando. Quando Case chegou, ele estava ansioso para se juntar aos homens para poderem discutir a situação. Gabby ficou animada por estar com suas meninas. Ela precisava de uma distração.

— Você não vai trabalhar amanhã, vai? — Perguntou Sky.

— Kolson não quer.

— Concordo. Também acho que você precisa ficar aqui com ele por um tempo — acrescentou Cara.

— Eu sei. Não quero ficar sozinha agora.

— Porra. Quando penso no que aconteceu... — Cara estremeceu.

— Case tem uma equipe procurando por ele, — disse Sky.

— O que você quer dizer? — Gabby sentiu o sangue escorrer de sua cabeça.

— Ele está à solta. A polícia não conseguiu encontrá-lo.

— O quê?

— Você não sabia?

— Não! — Gabby saiu correndo do quarto para encontrar Kolson. Ele estava na sala de estar. Ele soube imediatamente pelo desespero gravado em seu rosto o que estava acontecendo. Suas narinas estavam dilatadas e sua voz estridente. — Por que você não me contou?

— Gabriella, nós não queremos que você se preocupe. Estamos mantendo você segura, aqui mesmo. Case tem homens procurando por ele, assim como a polícia.

— Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai. — Ela esfregou o pulso, tremendo.

— Você está segura. Tenho homens no saguão e na garagem. Ele não pode subir aqui, Kea.

Gabby soltou uma série de respirações curtas, tentando ganhar o controle. Kolson se moveu para abraçá-la, mas ela estremeceu ao seu toque. Ele não deixou que isso o parasse.

— Deixe-me lidar com isso. Por favor. Vou cuidar de você, eu prometo. — Seus braços retornaram seu abraço. — Continue respirando, querida. — Ele deslizou a sua mão da cabeça até à cintura dela, e repetiu o movimento.

Uma vez que ele sentiu que ela estava tranquila, explicou como eles estavam tentando encontrar Danny.

— A polícia está procurando por ele. Tenha em mente que ele é procurado por tentar sequestrá-la e por tentativa de homicídio. Essas são acusações sérias.

— Foi inesperado ouvi-lo da Sky do jeito que eu ouvi.

— Entendido. Venha e sente-se. — Ele a levou até ao sofá e sentou-se ao lado dela, segurando a sua mão. — Não vou deixar nada acontecer com você.

— Nem eu — Case estava diante dela. — Gabs, tenho cinco caras procurando por ele e trabalhando com a NYPD sobre isso. Nós vamos pegá-lo. Ele não pode se esconder para sempre. Nós já descobrimos onde ele estava morando. Então é só uma questão de tempo. Mas escute Kolson. Você não pode ir trabalhar. Estamos trancando a casa. Disse a todos os funcionários que não são necessários para ficarem em casa. Não quero ninguém em risco.

— E as minhas amigas?

Kolson respondeu sua pergunta.

— Estou as levando para uma das minhas casas na cidade. Ele não as encontrará.

— E você? — Ela perguntou.

— Terei proteção. Agora que sabemos que ele é um perigo sério, podemos tomar as devidas precauções. Mas Gabriella, por favor, você tem que nos ouvir. Você não pode trabalhar. Cancele sua semana. Isso é imperativo. Isso inclui seus serviços voluntários também.

— Eu vou. Você está certo. É muito arriscado.

— Obrigado. Você me deixou vinte anos mais novo.

— Kolson, o que faz você ter agora...doze?

— Sim. É isso, gosto de mulheres mais velhas. O que posso dizer?


# # #


Depois que todos saíram, Kolson e Gabby se sentaram juntos assistindo TV.

— E se levar meses para encontrá-lo? — Gabby perguntou.

— Não vai. Eles vão fazer com que ele saia. Ele ficará descuidado.

— Não sei. Ele é uma cobra. Veja como ele conseguiu destruir a minha vida. Vai levar muito mais tempo do que pensa.

Gabby deu muito a Kolson para refletir. Ela estava certa. Exatamente como Danny conseguiu causar tanto dano?

Kolson só conhecia uma pessoa que era astuta e manipuladora a esse nível, seu pai. Não querendo alarmar mais, disse:

— Nós vamos pegá-lo, Kea. Nós vamos.

Gabby não tinha tanta certeza, mas assentiu mesmo assim.


# # #


A prisão voluntária não foi divertida para Gabby. Duas semanas depois, estava mal-humorada e inquieta. Danny estava atormentando os seus pensamentos, mesmo sem ter ouvido um pio dele. Ele tinha estragado a vida de muitas pessoas, pois ela não podia cuidar dos seus pacientes ou ser voluntária por causa dele. As amigas dela andavam a pisar ovos e todo mundo estava mal-humorado.

Por fim, ela disse a Kolson:

— Estou voltando ao trabalho.

— Não, você não pode.

— Eu preciso. Não posso continuar aqui trancada. Está me matando. Eu te amo por querer me manter segura, mas preciso da minha liberdade.

Kolson estava quieto.

— Tudo bem. Não gosto disso, mas vou ver o que posso fazer.

E foi aí que Gabby decidiu resolver as coisas com as próprias mãos. Estava farta de Danny, estava completamente cheia dele. Ele controlou sua vida por dezesseis anos, mas amanhã ela estaria tomando isso de volta dele.

Na manhã seguinte, Kolson estava começando acordar quando uma mensagem de texto chegou.

— Droga.

— O que aconteceu?

— É Kade. Reapareceu e quer dinheiro. O mesmo de sempre. Preciso de o ver.

Gabby pensou por um momento.

— Você acha que pode convencê-lo a falar com Case? Ou vir aqui para falar com ele?

— Não sei.

— Deixe-me ir com você. Talvez eu possa falar com ele.

Kolson não permitiria isso.

— É muito perigoso. Se eu aparecer com um acompanhante, ele vai fugir. E vou perder a confiança dele.

Gabby enlouqueceu.

— Você não pode encontrá-lo sozinho.

— Kea, eu vou ficar bem. Faço sempre assim.

— Não com Danny à solta.

Kolson assegurou que estaria seguro. Ele vestiu uns jeans e uma camiseta e saiu para ver Kade.

Gabby estava mais do que nunca determinada com o seu plano. Ela sabia que sua margem de tempo era pequena. Lydia chegaria às nove horas e se ela não a encontrasse em casa, o alarme seria dado. Isso significava que ela tinha que estar bem longe nessa altura.

Kolson mantinha duas armas no apartamento. Tinha-lhe falado sobre elas na noite em que chegaram em casa depois do ataque. Retirou o revólver da mesa de cabeceira e segurou-o nas mãos, testando seu peso. Vasculhou a gaveta, procurando por balas extras. Como não estava muito familiarizada com armas, rezou para que não tivesse que usá-lo, mas se o fizesse, ela esperava que o fizesse com precisão.

Deixando a arma na sua bolsa, correu para o banheiro, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e pegou um boné de beisebol no armário de Kolson. Os guardas estariam no saguão e no estacionamento, vasculhando a área, então decidiu pegar o elevador até ao segundo andar e depois as escadas. Usaria uma saída lateral para sair do prédio, de maneira a evitar passar por eles.

Quando chegou às escadas, culpa e ansiedade a envolveram, fazendo-a pensar sobre o quanto esta decisão era sábia. As consequências das suas acções podiam ser graves... Não apenas na vida dela, mas se conseguisse, elas poderiam arruinar o que tinha com Kolson. Mas Danny não lhe tinha deixado outra opção.

Olhando para a porta de saída na frente dela, respirou fundo e fez a escolha final.

Agora ou nunca. Viver ou morrer. Serei eu ou você, Danny. Isso vai acabar de um jeito ou de outro.

Segurou na barra de desbloqueio, e abriu a porta. Levava a um corredor lateral que ninguém usava, embora soubesse que haveria homens por perto. Vozes familiares flutuavam no ar. A brisa soprou uma mecha de cabelo que escapou do seu rabo de cavalo, mas os seus ouvidos estavam atentos a todos os sons. Ouviu alguém dizer que iam fazer uma pausa para o café.

Silenciosamente, empurrou a porta o suficiente para que pudesse passar e correr para a saída. Quando saía do prédio, surpresa a invadiu. Agora tinha que dar o fora dali. Rápido. Entrou no primeiro táxi que viu e pediu para levá-la à Grand Central Station. Então enviou uma mensagem de texto.

Encontre-me sob o relógio na Grand Central.

Então esperou. Quinze minutos se passaram até que estava saindo do táxi quando recebeu uma ligação. Era de um número desconhecido. Não foi o mesmo para o qual tinha enviado a mensagem.

— Você deve pensar que sou um idiota, preciosa.

Ela pagou o motorista e foi entrando.

— Não. Você é tudo menos isso. Mas ninguém sabe que estou aqui.

— Vá a Penn Station, na 34th Street. Perca o telefone. — A ligação terminou.

Ela pegou outro táxi e foi para a próxima parada. Ele não disse exatamente onde encontrá-lo, então entrou e esperou. O seu celular vibrou.

— Você não segue as instruções muito bem. Não perdeu o telefone.

Ela olhou ao redor do terminal, tentou procurar por ele.

— Se o tivesse perdido, você não poderia me ligar.

— Isso não importaria. Agora perca a porra do telefone.

Gabby se virou e ficou atordoada em silêncio. O cabelo de Danny estava emaranhado com sujeira e sua barba tinha crescido um pouco, então ela mal o reconheceu. Suas roupas estavam rasgadas e esfarrapadas e parecia estar vivendo nas ruas há meses.

— Vamos. — Seus longos e grossos dedos cravaram-se na carne macia de seu braço. A agarrou com tanta força que ela temia que ele pudesse quebrar seu osso ao meio.

— Você está me machucando.

— Essa é a menor das suas preocupações agora. Mova-se. Você queria esse encontro. Agora você vai tê-lo. — Ele a rebocou ao lado e ela tropeçou para continuar.

— Para onde você está me levando?

— Para minha linda casa. Onde mais?

— Mas você está...

— Estou fugindo da polícia, graças a você, sua idiota.

Desceram um lance de escadas. Os passageiros corriam ao redor, sem lhes dar a menor atenção. Que inteligente da parte dele ficar aqui em Nova York, onde poderia se perder nos milhões de habitantes desta cidade.

Caminharam ao longo de outra plataforma e entraram por uma porta recuada. Desceram outro lance de degraus, mais fundo nas entranhas da terra. Gabby agora percebia o quão insensato era o seu esquema. Deveria estar em casa com Kolson, sã e salva. Não estava, no entanto. Estava com Danny que a arrastava atrás dele.

Mas firmou sua resolução para acabar com isso. Fúria reprimida substituiu seu medo, uma fúria que correu em suas veias por tudo que ele havia roubado dela.

Logo chegaram a outro túnel onde os trens obviamente corriam. Gabby estremeceu ao pensar a que distância estava da segurança. Poderia morrer ali em baixo e ninguém jamais a encontraria. Não importava. Esta era a sua chance de finalmente acabar com isso.

Contornaram uma curva e, ao lado, havia um entalhe onde ela viu roupas amarrotadas, restos de comida e outros itens que indicavam que alguém estava morando lá. Enquanto olhava ao seu redor, Danny estendeu a mão e a derrubou no chão. Caiu em suas mãos e joelhos, com força.

— Agora, priminha, o que posso fazer por você?

Virando a cabeça cima para o olhar, ela sabia que este era o fim da linha. Danny ia matá-la e viver o resto de seus dias como um sem-teto, ou iria para a prisão. Iria executar o seu plano, ou morrer tentando.

— Este é o fim, Danny. Para nós.

Ele riu. Muito.

— Você está falando sério? Isso é o que você queria? Veio até aqui, arriscou sua vida para me dizer isso?

— Sim. E não vou mais jogar seus jogos doentios.

— O que diabos isso quer dizer? ‘Não vou mais jogar seus jogos doentios’. — a imitou em uma voz chorosa.

— Apenas o que eu disse. — Felizmente, sua bolsa tinha caído bem na sua frente e seu corpo ocultava isso. Enquanto conversavam, sua mão alcançou o interior e encontrou o aço frio. Colocou a mão em volta da arma e puxou-a para fora. Levantando-se e mirando em Danny, disse:

— Você fodeu comigo por muito tempo. Nunca consegui entender como conseguiu convencer os meus pais de que fui eu quem contou as mentiras. Mas não vou levar mais um minuto pensando nisso. Porque não acredito que a prisão mereça pessoas como você, seu filho da puta idiota.

Os olhos de Danny registraram surpresa e então ele lançou-lhe um sorriso lascivo.

— Você amava o jeito que eu transava com você, preciosa. Você queria que eu fizesse isso. Então você mentiu sobre isso.

Os olhos de Gabby brilharam com fogo quando gritou:

— Você me estuprou! Por anos! Você é um idiota doente e estou colocando um fim em você para nunca mais foder comigo ou com qualquer outra pessoa novamente. Mas eu quero saber uma coisa. Por quê? Por que você fez isso? E por que você me quer tão mal? O que fiz para você me odiar tanto?

Danny soltou uma risada sinistra.

— Deus, todo mundo sempre costumava dizer o quão inteligente você era, mas é realmente idiota. Você é uma maldita psiquiatra e ainda não percebeu isso? — riu ainda mais. — Não é o que você fez, é o que você não fez, idiota. — Então seus olhos se estreitaram, e mesmo na penumbra do túnel, ela podia ver a ameaça emanando deles. Estremeceu. — Você nunca me deu nenhuma atenção. Todo mundo caía ao meu redor. Pendurados em cada palavra que dizia. Você não. Não a santa Gabby. Você sempre foi melhor que eu, acima de mim, não era? Até lhe comprei presentes, mesmo assim nunca me deu nenhuma atenção. E ele nunca te contou, não foi? Nunca disse a você que sou seu meio-irmão? — Danny uivou com a expressão de Gabby.

— O que você disse?

Sua risada encheu o túnel cavernoso.

— Isso mesmo, idiota. Você é minha meia-irmã. Papai tinha se arriscado com a minha mãe e voilá. Aqui está o Danny! E lá estava você, toda orgulhosa com seus livros estúpidos, nunca dando a mínima para mim. Enquanto eu era a reflexão tardia. O grande foda-se. Aquele que nunca deveria ter nascido.

— Mas... — Gabby o olhou de boca aberta. Ele estava desequilibrado e ela sabia que tinha que ficar calma.

Inspirou e disse:

— Danny, não ignorei você. E nunca soube. Ele nunca me contou. Eu era jovem e alheia a tudo. Não apenas a você. Não percebia se estava chovendo ou nevando lá fora. — A arma, ainda apontada para Danny, oscilou em suas mãos.

— Eu o chantageei, você sabia. Disse que se ele tomasse alguma atitude sobre nós, contaria a todo mundo, incluindo a sua mãe, que ele era meu pai. — Ele riu novamente, embora ela só conseguisse olhar para ele fixamente. Ele olhou para a arma e disse:

— Você não tem coragem de atirar em mim, sua putazinha. Mas sabe uma coisa? É melhor você dar o seu melhor, porque nunca vou te deixar em paz.

Ouviram passos e, em seguida:

— Gabby, não faça isso. — Era Case.

Kolson gritou:

— Gabriella, por favor. Pare.

Os olhos de Danny se arregalaram. As mãos de Gabby tremeram ainda mais.

— Não! Ele tem que morrer. É o único jeito. — gritou em protesto.

Kolson estava atrás de Danny, indo agora em direção a Gabby .

— Concordo, Kea, ele tem. Mas não por suas mãos. Deixe alguém fazer isso. Você teria que viver com isso para o resto da sua vida e eu não quero essa bagunça em suas mãos. Por favor, me escute.

— Ele está certo, Gabs. Ouça-o,— aconselhou Case. — Coloque a arma no chão.

— Ele arruinou minha vida. E fará de novo. Nunca vai deixar de o fazer. Ele acabou de me dizer. Sairá da prisão e recomeçará de novo.

— Kea, vamos fazer tudo para que ele não saia. Por favor. Deixe Case e a polícia lidarem com isso. Dê-me a arma.

— Mas eu quero que ele morra!

— Eu também. Mas deixe acontecer do jeito que deve ser. Do modo certo.

Sua mão vacilou e Danny atacou. Ele bateu nas mãos dela e a empurrou para trás. A arma voou para fora do seu aperto e deslizou pelo concreto úmido. Kolson mergulhou para Gabby enquanto Case foi para Danny. Mas Case tinha ido tarde demais.

Como estava vivendo no subsolo nas últimas semanas, Danny se acostumara com esses túneis. Desapareceu. Policiais invadiram os túneis, procurando, mas sem sorte.

— Como você me achou? — Gabby queria saber.

— Seu telefone. O GPS. Tenho rastreado você diariamente para o caso de algo acontecer. Não iria me arriscar. Meus homens estavam seguindo você logo depois que saiu do prédio. — Seu tom era gelado, lhe dizendo para não perguntar mais nada. — Vamos sair daqui.

A polícia acabou de interrogá-la e escoltou-os de volta pelo labirinto de túneis.


CAPÍTULO VINTE E SETE


A caminho de casa, Kolson estava inacessível dentro do carro. Gabby esgueirou-se para ele e seus olhos pareciam bolinhas de ágata, do tipo que costumava colecionar quando era criança. Nenhum calor emanava deles, apenas raiva. Ficou magoada com a reação dele. O que ela realmente precisava agora era seus braços ao seu redor, e sua força para acalmá-la.

As portas do elevador se abriram e ele saiu e foi direto para o bar, parando para se servir de uma dose segura de uísque. Bebeu, batendo o copo contra o granito serviu-se de outro. De costas para ela, disse em um tom cortante:

— Tenho vontade de amarrar seus pulsos e tornozelos e bater na sua bunda sem parar. Que diabos estava pensando? E não se preocupe em responder a essa pergunta. Você é inteligente demais para qualquer tipo de explicação para as suas ações. Sim, eu sei que você está cansada de viver enjaulada como um animal. Meu Deus, se você soubesse. Entre no quarto agora.

— O que...?

— Eu disse que você poderia falar?

— Não, mas...

— Agora, Gabriella. A porra do quarto. Estou tão chateado com você. Ele poderia ter matado você. Você entende, tem alguma ideia do que você fez? Vai. Agora.

— Eu não...

Kolson se moveu como uma pantera perseguindo a presa e estava sobre ela tão rapidamente que sua boca abriu em surpresa. Sua blusa rasgou como lenço de papel, botões voando no ar e tilintando no chão ao redor deles. Ele tirou o sutiã com uma das mãos e baixou a boca para o mamilo exposto. Não beijou. Não lambeu. Nem sequer chupou. Ele mordeu um e beliscou o outro. Ela gritou quando uma poderosa corrente de calor se desenrolou em seu sexo. Tentou apertar as pernas juntas, mas ele empurrou o joelho entre elas, forçando-as a se separarem. Colocando as mãos no cós da calça, rasgou-as em dois e as tirou. Tirou a boca dos seios dela e disse:

— Quando eu digo para você entrar no quarto, quero dizer, vá. Para. O. Fodido. Quarto. — Então torceu os lados de sua calcinha até que eles estouraram.

Estava parada e cercada por suas roupas rasgadas. Oxigênio era uma mercadoria valiosa, já que não conseguia passar do aperto que havia amarrado sua garganta. Seu diafragma era igualmente inútil. Ela se moveu para levantar as mãos para o tocar e ele a impediu.

— Você não tem a minha permissão para fazer alguma coisa, Gabriella, exceto ficar lá. — Seus braços caíram para os lados enquanto seu peito arfava.

Dedos invadiram sua vagina e um circulou seu clitóris.

— Encharcada. Tudo para mim. Chupe isso. — Ergueu os dedos que estavam dentro dela e os enfiou na sua boca. — Oh, deixe-se disso. Você pode fazer melhor que isto. — Ela chupou-os intensamente, usando sua língua como se estivesse chupando seu pênis. Ele inalou, longa e lentamente através de seus dentes, e disse em voz baixa enquanto lentamente os retirava, — Muito melhor. Agora ande. — Ele a cutucou com a mão. Chutou seu caminho através de suas roupas arruinadas e enquanto se movia, uma de suas mãos se aventurou ao longo da curva dela para trás. Ela gemeu.

— Quieta. Nem uma palavra.

Porra. O que diabos está acontecendo?

Quando entraram no quarto, ele disse:

— Você vai se ver completamente fodida. Como isso soa?

— Eu quero...

— Essa pergunta não foi feita para ser respondida.

Ele foi até ao armário e pegou um longo pedaço de seda.

— Na cama, ajoelhe-se e levante seus pulsos. — Usando uma extremidade, os uniu, amarrou-os o suficiente para que não os pudesse mover. Então ele pegou a outra ponta do pano e colocou-a na moldura sobre a cama, amarrando-a. Sua cama era um enorme dossel de quatro colunas revestida de tecido cremoso. Por causa disso, ela nunca pensou no fato de que havia uma moldura sobre a cama. Agora os braços dela se estendiam acima da cabeça enquanto se ajoelhava e encarava o espelho atrás da cabeceira da cama.

Ele saiu da cama e se despiu. Depois olhou para ela.

— Gosto muito de você desse jeito. Talvez se eu tivesse feito isso antes, você não teria fugido como fez.

— Kolson, eu...

— Silêncio! Não lhe dei permissão para falar. Agora, Gabriella, você vai fazer algo assim de novo? Algo tão perigoso que poderia matar você? Sim ou não.

Ele quer que eu responda a ele?

Ela ficou em silêncio.

— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai fazer algo assim novamente? Me responda.

— Eu não...

— Sim ou não, Gabriella. — Ele sacudiu o chicote que segurava e ela sentiu a picada dos fios de couro enquanto esfolavam as bochechas da sua bunda. E gritou.

— Eu disse sim ou não.

Ele bateu nela novamente. E de novo.

— Não!

Ela gemeu quando a tensão em sua barriga se intensificou e começou a descer diretamente para entre as suas pernas. Cada vez que os fios de couro entravam em contato com a sua pele, correntes corriam por seu corpo, centrando-se em seu sexo. Queria apertar as coxas para aliviar a dor, mas sabia que era impossível. Ela se contorceu e gemeu novamente.

— Quieta.

Gabby fechou a boca com força. Foi com extrema dificuldade que conteve seus gemidos enquanto ele continuava a açoitá-la. Passou a extremidade em torno de seus seios e bateu em seus mamilos com o açoite. Gabby esperava que ele não se importasse se ela gozasse porque um orgasmo estava se aproximando rapidamente.

— Como castigo, não vou permitir que você goze.

Passou as tiras sobre as costelas e debaixo dos braços. E então ele pegou a alça do flogger e correu ao longo de sua fenda. E Gabby gozou. Fortemente.

— Ahhh, — ela gritou.

— Oh, você fez isso. — Ele clicou a língua e ela sabia que estava em apuros.

Ele saiu do quarto. Quando voltou, a massageou com algo espesso e oleoso. Ela soube o que iria acontecer.

— Não.

— Não para isso? — disse enquanto esfregava o polegar nela. Ela gemeu. Sua outra mão deslizou em seus quadris enquanto seu mindinho tocava no seu clitóris. Então seu pênis entrou nela. Estava tão esticada e larga que queria gritar.

— Amo ter meu polegar na sua bunda, Gabriella. Posso sentir meu pau se movendo dentro de você.

Ele empurrou e ela recuou no movimento. Seu ritmo sincronizado, ela se arqueou enquanto ele entrava nela. Era delicioso.

— Diga-me que nunca vai me deixar assim novamente. Diga — ele rosnou em seu ouvido.

— Não, nunca, — ela choramingou.

— Ah, Gabriella. Diga-me a quem esta boceta pertence.

— Você. Pertence a você, — ela disse.

— E quem é o dono dessa bunda?

— Você é, — gemeu.

— Você nunca mais pense em colocar isso em perigo novamente. Entendeu?

— Uh, ah...

— Olhe para mim, Gabriella.

Seus olhos se encontraram no espelho e toda a ação cessou. O tempo parou enquanto as palavras não ditas passavam entre eles. De repente, ele a desamarrou e a girou em seus braços.

Agarrando-a pelos ombros, sua voz rouca de emoção, ele disse:

— Porra, não faça nada assim novamente. Você me ouve?

— Sim!

— Prometa-me!

— Eu juro, Kolson.

— Você poderia ter morrido hoje. Cristo, tem ideia do perigo em que se meteu? Você sabe os riscos que correu? Raios, você me assustou, Kea.

Os seus lábios esmagaram os dela, e brutalmente a beijou, esmagando seu corpo contra o dele, machucando-a. Mas ela o queria. Precisava dele. Colocou os braços em volta do seu pescoço e o puxou para mais perto, enterrando as mãos no seu cabelo. Ele alcançou entre eles e empurrou seu pênis de volta nela, suas bocas continuavam enroscadas. Caíram na cama e ele afundou nela, se enterrando. Era como se nenhum deles conseguisse o suficiente, como se tivessem que provar um ao outro que estavam sãos e salvos.

O suor se agarrava à testa de Kolson, seus corpos escorregadios, mas eles não notaram. Estavam perdidos em sua paixão. Ele encontrou aquele ponto, aquele que a fazia gritar, e usou os dedos em seu clitóris até que todos os seus músculos, por dentro e por fora, apertaram e espremeram o orgasmo dele.

Quando terminaram, ele descansou a cabeça onde o pescoço dela encontrava seu ombro, recuperando o fôlego. Então a beliscou com os dentes.

— Veja como você é linda, toda aberta para mim. Tão responsiva, tão apaixonada. Nunca vou me cansar de você, Kea. Nunca. Você é toda minha. Isso é meu. — Sua mão cobriu seu sexo. — Ninguém mais vai ter isso. — Ele girou seus quadris novamente e ela soltou um sopro sobre seu corpo. Mãos deslizaram para baixo e seguraram as bochechas de sua bunda. — Isso é tudo meu também. — Todo o corpo de Gabby estava em chamas. Seu coração batia mais forte com cada palavra dele e seu sangue ardia com cada toque.

— Eu te amo. Tudo sobre você, Kolson. Mas às vezes você é assustador.

— Faz tempo que te venho dizendo isso. Se houver alguma dúvida na sua cabeça sobre como me sinto em relação a você, espero ter esclarecido. Você é meu mundo, Gabriella. Mantê-la segura é fundamental. Lembre-se disso.

Eles se abraçaram por mais algum tempo.

— Me beija. Muito e profundamente. Com vontade. Como se você nunca mais saísse por aquela porta e fizesse o que fez comigo hoje de novo. Nunca mais quero receber um telefonema desses, porque meu coração não iria sobreviver.

Rastejando para cima dele, ela começou devagar, explorando cada pedaço de sua linda boca, por dentro e por fora. Era um beijo que deveria ser saboreado, um beijo destinado a transmitir o que estava em seu coração.

— Não fiz isso para assustar você. O fiz para te proteger. Porque todo dia me preocupo que ele não apenas me machuque, mas a você também. E se isso acontecer, sei que não sobreviveria. Superei muita coisa, mas isso seria minha ruína. Kolson Hart, amo cada centímetro de você, até mesmo as partes que rasgaram minhas calças favoritas em pedaços e me amarraram em sua cama como agora. Não quero deixar ou ficar longe de você.

E pela primeira vez desde que tinha quinze anos, a Dra. Gabriella Martinelli cedeu e chorou.


CAPÍTULO VINTE E OITO


Kolson não tinha certeza do que fazer. As lágrimas de Gabby continuavam fluindo. Aquela represa proverbial se rompera e a força da água atrás dela era sem precedentes. Para piorar as coisas, ele era inexperiente em consolar as pessoas. Tinha recebido tão pouco disso em seus anos de vida que não tinha certeza de que palavras usar ou qual a melhor maneira de acalmá-la.

Então fez a única coisa que sabia e a abraçou, murmurando um monte de nada, porque ele duvidava que ela estivesse processando qualquer coisa de qualquer maneira.

As lágrimas continuaram por horas, molhando o seu peito, descendo ao longo deste e caindo sobre os lençóis da cama. Ele nunca imaginou que os seres humanos poderiam produzir tanto líquido de seus olhos. Quando seus soluços começaram a diminuir, ele alcançou a mesa de cabeceira e pegou lenços para ela. Ela assuou o nariz e estremeceu.

— Posso te dar alguma coisa? Água? — Ele perguntou.

— Não. Eu... Eu não chorei...

— Eu sei, Kea. Você nunca chora. Mas você precisava. E fico feliz que o fez comigo. Isso é sobre cura. E talvez finalmente se tenha livrado do controle que ele tinha sobre você.

Suas mãos se fecharam e ela esfregou os olhos com elas.

— Eu me sinto tão nojenta.

— Você está linda. Sempre está linda.

— Você está a dizer isso por dizer — Ela fungou; ele lhe entregou mais lenços.

— Não, não estou. — Ele tirou o cabelo emaranhado do rosto dela. — Eu te machuquei? Quando fizemos sexo?

— Não.

— Quero ter certeza de que não foram minhas ações que provocaram isso.

Ela não disse nada.

— Seu silêncio está me deixando desconfortável.

— Não foi o que fez no quarto. Foi como agiu quando chegamos em casa que me perturbou. Você foi assustador, Kolson.

— Gabriella, eu...

— Deixe-me terminar, por favor.

Ele assentiu.

— Eu estava abalada. Talvez o meu plano não fosse tão bom, mas isso tem que acabar. De alguma forma, Kolson. Decidi que o poderia eliminar. Ou o matava ou ele a mim.

Kolson fechou os olhos com força. Os músculos de sua mandíbula se contraíram.

— De um jeito ou de outro, decidi que ia acabar. Ele controlou minha vida por muito tempo e eu permiti isso. E havia a sua segurança que estava me preocupando. Então por isso que acabei me encontrando com ele. E quando não atirei nele, isso me esmagou. Queria muito matá-lo para poder sentir o gosto da vitória. Você me entende? Você disse que eu teria que viver com a culpa. Não teria havido nenhuma. As coisas que ele me fez e o tempo que jogou comigo, não teria sido nada demais apertar aquele gatilho. Danny disse que eu não tinha coragem. Ele estava errado. A razão pela qual não puxei o gatilho foi por causa do que isso te teria feito e o que você teria pensado sobre mim depois. Estava com medo do que veria em seus olhos toda vez que você olhasse para mim.

— Então, quando voltamos para cá, você estava tão lívido e tudo que eu queria era que você... — Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. — Tudo que queria era sentir seus braços em volta de mim, me confortando. Mas, em vez disso, recebi o peso da sua raiva.

Seus braços se contraíram e ele cobriu com beijos os seus cabelos. Com uma voz rouca, lhe disse:

— Deveria me desculpar, mas não posso. Estava com raiva porque quase te perdi. Não dou a mínima para Danny. Se você tivesse atirado e o matado, não te amaria menos. Estava apavorado que você acabasse na prisão, mas continuaria te amando com todas as minhas forças. Você precisa entender uma coisa. Não te amo apenas para o bem. Te amo tanto para o mal, para o belo, para o feio, mas acima de tudo, eu amo você pelo meio termo. Porque é aí que a maioria das nossas vidas será passada. Nem todos os nossos momentos juntos serão impressionantes, monumentais ou magníficos. A maioria dos nossos dias será apenas mais ou menos e, nesses momentos, ainda amarei cada pedacinho de você.

Ela sorriu para ele, então suspirou.

— E esse sorriso valeu muito a pena para mim, Dra. Martinelli.

— Também amo cada pedacinho de você, Kolson Hart. — Então ela fez uma careta. — Tente não ficar louco comigo, por favor.

— Sinto muito que meu comportamento tenha te chateado. Farei o meu melhor para controlar meu temperamento em ocasiões como essa.

— Espero que não tenhamos mais nenhuma como hoje.

Sua expressão ficou sombria.

— Eu também.


# # #


Naquela noite, Kolson ligou para Case.

— Você conhece alguém que seja suficientemente bom para rastrear Danny Martinelli?

— Sim. Há um cara. Drexel Wolfe. Ele é caro, no entanto, — disse Case.

— Me diga mais.

— É um PI, mas o rumor é que costumava ser das Forças Especiais. Alguns até dizem que ele comandou missões Black Ops. Ele é bom. O FBI o usa. Os rumores também dizem que está conectado à CIA.

— O quão difícil ele é de conseguir?

Case riu.

— Depende de quanto dinheiro você tem.

— Vamos lá, Case. Isso não é assunto para rir. Gabriella está andando sobre vidro quebrado neste momento.

— Não queria minimizar a situação, Kolson. O que quis dizer foi que Drex Wolfe pode ser obtido pelo dólar certo a qualquer momento. Ele é do seu nível. Pesquise-o. O nome da empresa é DWI Inc.

— Você está brincando comigo. Como Conduzir Enquanto Intoxicado11?

— Não, mas isso é meio engraçado, agora que você mencionou. Significa Drexel Wolfe Investigações.

— Aguente aí. — Kolson pesquisou a DWI Inc. e uma carga de informações apareceu em sua tela. — Porra, como nunca ouvi falar desse cara?

— Não sei. Deixe-me saber o que você quer que eu faça. O conheço de alguns casos do passado então posso colocar você em contato.

— Faça a chamada. Quero-o em Nova York para ontem.

Uma hora depois, o telefone de Kolson tocou. Era Drexel Wolfe. Chegaria a Nova York pela manhã. Case já tinha passado toda a informação. Wolfe e um de seus homens estariam atrás de Danny imediatamente. Quando o encontrassem, ligariam para Kolson com a localização.

— Não envolva a polícia. Tenho outra coisa em mente para ele, — disse Kolson.

— O que você quiser. Não me envolvo nesse fim. E eu prefiro ficar no escuro em relação a esses detalhes.

— Sr. Wolfe, estou apenas contratando você para encontrar Danny Martinelli e depois me avisar onde ele está.

— Bem. Você pode depositar metade da minha taxa na minha conta e o restante dela quando o trabalho terminar. Vou lhe enviar o número da conta e as informações bancárias de que precisará.

— Isso soa bem. E obrigado por assumir isto em tão pouco tempo.

— Oh, não se preocupe. Serei bem compensado.

— Tenho certeza que vai. E qual é a sua estimativa de tempo para encontrá-lo?

— Vou ter uma localização em dois dias, no máximo, depois que chegar aí.

— Excelente.

Kolson terminou a ligação e olhou para o celular. O que ia fazer a seguir era tão repugnante para ele, picadas provocaram-lhe calafrios e o fizeram estremecer. Logo, seu estômago estaria queimando como se ele tivesse engolido um litro de ácido clorídrico. Não importava. Gabriella era mais importante que qualquer coisa... Mais importante que seus sentimentos em relação ao seu pai.

Tocando os números com muito mais força do que o necessário, ele se encolheu quando o telefone começou a tocar.

— Langston Hart.

— Pai. É Kolson.

Um grande silêncio o saudou momentaneamente.

— Bem, bem, bem. Que surpresa. A que devo essa honra? Um telefonema do grande Kolson Hart?

Kolson não respondeu ao comentário de seu pai.

— Preciso de um favor.

Outro momento de grande silêncio se seguiu.

— Filho, você está prestes a dar a este velho um ataque cardíaco.

— Pai, pare de tentar enganar todo mundo. Você está longe de ser velho.

— Você está plenamente ciente da minha política de favores?

— Oh, sempre estou. Conheço-a bem. Muito bem, na verdade.

— Então deve ser importante para nós estarmos tendo esta conversa.

— Sim é.

— Fale.

— Antes de começar, preciso do seu juramento de que essa conversa nunca sairá daqui. Não importa o que aconteça. Estamos de acordo?

— Estou bem com isso.

— Também preciso do seu juramento em outra coisa.

— Meu Deus, você não está precisando hoje à noite?

— Sim, senhor, estou. Isso envolve algo muito importante para mim.

— Espero que sim ou você nunca teria ligado. Na verdade, eu diria que você está desesperado.

— As partes envolvidas devem permanecer inocentes e fora de seu alcance.

— Hmm. Agora estou intrigado,— disse Langston.

— Claro que você está.

— Combinado.

— Preciso ter alguém, por falta de um termo melhor, eliminado.

— Continue.

— O nome do homem é Danny Martinelli e está ameaçando Gabriella há anos.

— Ah, entendo.

— Não, você não pode entender.

Langston disse:

— Seja legal, Kolson. Eu tenho o poder nessa conversa. Agora, quero que você pense muito sobre algo. Quando faço um favor a alguém, sempre espero algo em troca. Isso significa que você me deve.

— Entendido. Um favor, uma dívida em troca.

— Sim, mas será uma dívida da minha escolha.

— Não pode envolver Gabriella.

— Porque, Kolson, acredito que você está apaixonado pela bondosa doutora.

— Isso não é da sua conta.

— Você pediu meu juramento. Agora preciso do seu em troca. Você vai pagar sua dívida ou não há favor.

— A dívida deve ser razoável.

— Kolson, você está me pedindo para matar alguém em seu nome. A dívida corresponderá ao favor.

Kolson estremeceu.

— Isso não pode ter ramificações negativas para Gabriella ou qualquer um dos meus funcionários.

— Não me está ouvindo, filho. Você não está em condições de fazer exigências. Agora, você quer que eu tire essa pessoa ou não?

— Sim, — grunhiu Kolson.

— Então, o que vai ser? Uma dívida por um favor é o acordo?

— O acordo está em andamento.

— Oh, e Kolson, eu posso exigir o pagamento dessa dívida no momento que achar adequado. Então, onde está este Danny Martinelli?

— Vou ter uma localização para você em alguns dias.

— Bom. E mais uma coisa. Como o verão está acabando, sua mãe gostaria de receber algumas pessoas no próximo fim de semana. Espero também contar com você e Gabriella lá. Sábado a domingo. Planeje passar a noite lá. Será um grupo íntimo. O Kestrel estará lá. E quatro outros casais. Sua mãe vai ficar feliz por você estar vindo.

A ligação terminou e Kolson teve uma dor ardente na boca do estômago.


# # #


No dia seguinte, Kolson ligou para seus advogados. Discutiu importantes questões de negócios e legais que precisavam ser resolvidas, para grande choque de sua equipe jurídica. Depois contou a Gabby sobre o fim de semana na casa dos seus pais.

— O quê? Passar a noite?

— Sinto muito. Era inevitável. Espero que você esteja bem com isso.

Ela mordeu o interior de sua bochecha.

— Bem, sim, se você está. Mas depois da última vez, estou totalmente surpresa.

— Quero que minha mãe conheça você, — respondeu no seu tom seco.

Gabby colocou os braços em volta da sua cintura.

— Querido, você está bem?

Seu corpo relaxou.

— Sim, estou bem.

— Ok. — Ela o segurou um pouco antes de soltá-lo.

— Kestrel também estará lá, e acho que vai levar uma amiga. Então você terá alguém com quem conversar.

Gabby achou que isso era uma coisa estranha de se dizer.

— Eu não vou estar com você?

— Bem, sim, mas pensei que você poderia querer outra garota para conversar.

— Prefiro não falar. Prefiro fazer outras coisas com você.

— Oh sim? Que tipo de coisas?

— Como se você me amarrasse e tomasse liberdades impertinentes comigo.

— Hmm. Liberdades impertinentes? — Ele sorriu. E então a atmosfera na sala ficou tensa enquanto seu olhar ficava sombrio. Pressionou-a bruscamente contra ele e suspirou.

— Acho que posso ter que fazer isso agora, Kea. Tenho um desejo de explorar todos os tipos de ideias impertinentes com você. Você quer brincar?

— Essa exploração incluirá meu silêncio?

Sua pergunta o supreendeu.

— Gabriella, não gostou do que fiz com você?

— Bem, sim, mas também gosto de expressar meu prazer e quando você me diz que não posso, me tira algum dele.

A expressão triste dela apertou-lhe o coração.

— Por que não me disse nada? Quando lhe pergunto depois, quero sua completa honestidade.

— Porque não quero estragar o seu prazer e você obviamente gosta disso.

— Jesus, — ele murmurou enquanto esfregava o rosto. Olhou para ela, soltou um suspiro e disse:

— O meu prazer é tão intenso como o seu. Se você quiser gritar sem parar, então faça. Quero que você goze quantas vezes puder, e que ame cada orgasmo. E se você quiser dizer em mandarim que precisa que te foda mais forte, se é isso que te excita, então faça, pelo amor de Deus.

— Bem, ok, mas vou ter que aprender a falar mandarim.

A sua cabeça se levantou e viu como os seus olhos brilhavam de alegria. Então, uma série de gargalhadas dela soaram, e ele se viu juntando a ela.

— Já me posso ouvir. — Ela fez a sua melhor imitação do que pensava que o mandarim soaria, entoando a sua própria piada.

Ele riu também, mas depois disse:

— Foda-me mais forte, Kolson, — em mandarim perfeito.

— O que significa isso? — Ela perguntou.

— Acabei de dizer: "Foda-me mais forte, Kolson" em mandarim.

— Você fala mandarim? — Não era uma pergunta, mas uma afirmação. E embora estivesse surpresa, ela não deveria ter estado. Ele era tão talentoso em tudo o mais, por que diabos não falaria mandarim?

— O que outras línguas você fala?

— Inglês. — Ele riu.

— Isso é tudo?

— Não. Espanhol, alemão e francês. Mas você já sabia disso desde que jantamos no Le Chatelaine — disse-lhe, desconfortável.

— E eu pensava que era um gênio, — murmurou baixinho. — Faculdade?

— Não. Tutor. O meu pai insistiu que todos nós fossemos multilingues.

— Por quê mandarim?

— Os chineses são grandes industriais. Ele estava convencido de que eles controlariam a economia mundial. O meu pai é um homem de negócios astuto. O mandarim é a língua nacional da China.

— Então todos os seus irmãos são multilingues também.

— Sim.

— A propósito, você encontrou Kade?

Kolson baixou a cabeça.

— Sim. Não correu bem. Dei-lhe dinheiro e disse-lhe que ele precisava ir para a reabilitação. Mencionei Case. Ele se tornou o seu eu raivoso habitual.

— Alguma chance de eu poder ir com você? Ou talvez Case?

Kolson fechou os olhos com força. Não sabia como dizer isso sem soar duro. — Deus, você é uma alma maravilhosa. Você viu e sabe como eu tenho problemas? Bem, Kade é bem pior. E não é tão simples. As drogas são ruins o suficiente, mas sua cabeça está toda fodida também, Kea. Eu... A escuridão é parte disso tudo, e raios é uma maldita bagunça. — Ele saiu do quarto e ela o observou sabendo que era o fim da conversa. Queria tanto poder segurá-lo e ele lhe contaria tudo porque sabia que isso poderia ajudar. Ela apenas sabia disso. Mas teria que esperar até que ele estivesse pronto, porque não iria pressioná-lo.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


Três dias depois, como estava garantido, Kolson recebeu um telefonema. Era tarde da noite e tinham acabado de se deitar. Ele olhou para o identificador de chamadas e pediu desculpas a Gabby, dizendo-lhe que tinha que atender a ligação.

— Hart, — respondeu enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

Gabby não deu muita importância a isso. Recebiam ligações a todas as horas do dia e da noite.

— Sr. Hart. Fala Drex Wolfe. Temos o seu homem.

— Você tem certeza?

— Nós não estaríamos falando se eu não tivesse.

— Jesus. — Kolson se encostou na sua cadeira e respirou fundo várias vezes. — Jesus. — Ele olhou para as suas mãos trêmulas.

— Você está bem?

Por um longo momento, ele só pôde respirar.

— Sr. Hart? Kolson?

— Sim. Dê-me um segundo.

— Leve o tempo que precisar.

A mente de Kolson era uma bagunça fodida. Gabby, seu pai e Danny o ensombraram com imagens colidindo, e ele não sabia o que fazer, como responder. Estava claramente despreparado para isso.

— Porra. Eu...

— Sr. Hart, a maneira como normalmente operamos é chamamos a polícia e os deixamos entrar ou...

— Não. Não é assim que isso vai funcionar. Deixe-me pôr as minhas ideias em ordem.

Numa voz mortalmente calma, Wolfe disse:

— Você não me deixou terminar. Ou seguramos o suspeito até à próxima fase da operação. Posso fazer isso por você. Apenas me diga o que quer fazer.

— Você pode me dar cinco minutos? E eu ligo de volta?

— Não me pode ligar de volta, Sr. Hart. Ligarei para você. — A ligação terminou.

Kolson sentou-se na sua mesa, entorpecido. Sabia que isso aconteceria então por quê essa resposta? Também sabia a resposta para isso. Ele estava prestes a voltar para o inferno. E estava com medo. Com medo do que aconteceria quando fizesse isso.

Ele ponderou suas opções. Sempre havia aquela em que pegava o telefone e ligava para Case, e depois para a polícia. Danny seria preso e sem dúvida cumpriria uma pena de prisão. Mas por quanto tempo? E depois? Viria atrás de Gabriella com armas apontadas. Então, Kolson imaginou os dois casados, com filhos e talvez até netos. As possibilidades de ele ferir sua família eram muito grandes para sequer considerar. Não, ele ficou sem outra opção.

Seu telefone tocou.

— Tomou alguma decisão, Sr. Hart?

— Sim. Onde está e por quanto tempo pode segurá-lo aí?

— Indefinidamente, e não divulgarei nossa localização até que receba instruções suas. É para nossa proteção.

— Entendo. Nesse caso, vou precisar dele em algum lugar privado, onde uma troca possa ser feita. Em algum lugar onde possa deixá-lo. Assim você não será identificado ou rastreado e, assim também não verá quem o pegou.

— Compreendo. Vou ligar de volta em alguns minutos.

Quando Drexel Wolfe ligou de volta, disse:

— Brooklyn, zona de armazéns de East River. Há um armazém abandonado no final da Rua Heron. Andar de cima. Meia-noite amanhã. Vou deixá-lo lá. Amarrado como um belo presente para você.

— Entendi.

— Uma vez que tenha confirmação de que ele está lá, pode transferir o resto do dinheiro para mim. Boa sorte, Sr. Hart. E pelo que vale a pena, não se sinta culpado. Não sei o que ele fez, mas eu também queria matar o filho da puta desprezível.

A ligação terminou e foi tudo. A primeira parte estava terminada. Agora falta o pedaço desagradável do negócio. Kolson fez a ligação seguinte.

— Você deve ter a informação para o favor que precisa, — disse Langston.

— Eu tenho. — Passou o endereço do local e o período de tempo.

— Meia-noite amanhã. Terminará logo em seguida. E vemo-nos em casa no próximo sábado.

— Sim. Estaremos lá.

Kolson estava sentado à sua mesa, olhando para o protetor de tela de seu computador — uma foto de Gabriella, na noite em que a levou no helicóptero. Ela estava rindo e alegria fluía dela. Kolson queria entrar no computador e agarrar-se a essa alegria, se banhar nela porque se sentia mal, sentia como se tivesse acabado de entregar a sua alma ao diabo. Queria a alegria de Gabriella para limpá-lo de seus pecados, porque sabia que se ela descobrisse o que ele acabara de fazer, a transação que acabara de fazer, a perderia para sempre. E podia bem pertencer ao diabo se isso acontecesse.

Afastando-se da sua mesa, voltou para o quarto e encontrou Gabriella dormindo. Tentou não lhe tocar quando se deitou, mas ela estava demasiado ligada à sua presença.

— Está tudo bem?

— Hmm. Agora sim, — disse-lhe, puxando-a para seus braços.

Ela se encolheu contra ele e ele envolveu o cabelo ao redor da mão, sentindo a textura grossa e sedosa contra as palmas ásperas. Descansando o seu nariz contra a cabeça dela, deixando o cheiro dela acalmá-lo.

Os dois dias seguintes seriam difíceis, e pior ainda, teria que mascarar seus sentimentos de apreensão dela. Fechando os olhos, ele sabia que o sono iria evitá-lo, mas ficar ali com Gabriella em seus braços era o suficiente para ele. Era mais do que suficiente, mais do que esperava, muito mais do que aquele menino torturado que alguma vez sonhou em ter. E era por isso que estava confiante de que tinha feito a escolha certa.

O dia seguinte foi tranquilo para Gabby, mas um tormento para Kolson. Ele sentiu como se o tempo passasse lentamente. O trabalho foi um desastre e foi impossível fazer qualquer coisa. Discutiu com todos até que Jack, seu assistente, finalmente sugeriu que tirasse a tarde de folga. O ginásio parecia ser a solução e lutar com seu treinador tirou a sua mente das coisas por um tempo. Quando chegou em casa, estava cansado até aos ossos.

— Kolson, você parece estar mal. Posso lhe ajudar em alguma coisa.

— Estou bem. Fui para a academia e meu treinador me matou.

— Por que você não toma banho e eu preparo o jantar? Lydia nos fez crioulo de camarão.

— Parece maravilhoso. — Ele mentiu. Não tinha certeza se poderia engolir algo. O chuveiro aliviou algumas de suas dores e o relaxou um pouco, mas ainda estava dolorido e cansado quando se juntou a Gabby no balcão.

Quando percebeu que ele não estava comendo nada, ela comentou. Ele deu uma resposta branda e ela disse:

— Talvez você esteja ficando doente. Vá para a cama e descanse um pouco. Vai se sentir melhor de manhã.

Ele aceitou o conselho dela e se arrastou para o quarto e foi dormir. Ele nem a ouviu a vir para a cama.

Ambos acordaram com os celulares a tocar.

— Que diabos! — Gabby gemeu.

Atenderam suas respectivas ligações e ambos se sentaram na cama.

Case estava ao telefone com Kolson e a polícia conversava com Gabby. O corpo de Danny tinha sido encontrado. Tinha saltado do último andar de um dos hotéis em Brooklyn. Deixou uma nota de suicídio afirmando que sabia que seria pego eventualmente e ele simplesmente não queria ir para a prisão. Então decidiu tomar o caminho mais fácil.

Gabby desligou o telefone e ligou a televisão. Percorrendo os canais, encontrou as notícias locais e logo um repórter apareceu ao vivo, onde descobriram o corpo de Danny.

— Daniel Martinelli, que era procurado pela polícia há mais de um mês, foi encontrado morto esta manhã depois de supostamente saltar do telhado de um hotel em Brooklyn. O Sr. Martinelli, originalmente da região de Stanford, Connecticut, foi acusado de estupro, abuso sexual infantil, perseguição, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e assalto de natureza agravada com uma arma mortal.

Gabby ficou chocada a princípio, mas depois recostou-se nos travesseiros.

— Acabou. Ele está morto.

— Sim. Está. Agora você não precisa mais viver sua vida com medo.

— Não parece real. Não parece possível. Ele controlou tudo o que fiz por tanto tempo.

— Não mais, Kea. Só você pode controlar o que faz agora.

Ela tirou o cabelo do rosto.

— É difícil de acreditar. Na verdade, não sinto que seja real.

— Isto é.

— Acho que vai demorar um pouco para eu acreditar.

Kolson notou a expressão vazia no rosto dela.

— Você está bem?

— Não tenho certeza. Suicídio. É tão estranho. Quero dizer, quando o vi ele estava desequilibrado, com psicose definida emergindo e possível distúrbio de personalidade. Mas mesmo considerando sempre o suicídio como uma possibilidade, ele simplesmente não me parecia o típico paciente que tem ideias suicidas. Algo tinha que ter desencadeado isso. Ele deixou uma nota? Algo que possa explicar o que aconteceu?

— Vou ver se Case pode descobrir.

— Obrigada.

— Acho que precisamos fazer algo esta noite para tirar sua mente disso. O que você acha?

— Não sei. O que você está pensando?

— Não vamos a lugar nenhum há algum tempo. Deixe-me pensar sobre isso.

— Está bem.

Kolson notou como ela estava nervosa. Colocou os braços ao redor dela.

— Vai ficar tudo bem, Kea. Vou ver se podemos descobrir o que aconteceu. Mas o bom é que não precisa mais temer por sua vida. — Ele alisou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei. Isto é tão estranho. Como ele ficou tão fodido? Foi porque se ressentiu do fato de que era filho do meu pai?

— Quem sabe? Às vezes as pessoas nascem más.

— Isso é tão assustador. — Gabby estremeceu.

— Você quer que eu fique em casa hoje?

— Não, e eu também vou trabalhar hoje.

Kolson se afastou dela para poder dar uma boa olhada nela.

— Você tem certeza disso? Está pronta para isso?

— Sim. Isso vai me fazer bem.

Mais tarde naquele dia, Kolson ligou e disse a Gabby que tinha uma surpresa e ela precisava estar pronta para sair às cinco e meia.

— Linda, como você sempre está, Kea.

— Onde estamos indo?

— Não vou dizer.


# # #


Gabby chegou cedo do trabalho para se preparar para sua surpresa. Estava pronta para sair às cinco e meia, como Kolson solicitou.

— Linda, como sempre. — lhe disse quando ela saiu.

— Então?

— Você verá.

Foram jantar e depois foram ver o Fantasma da Ópera. O jantar foi excelente e o espetáculo foi diferente de tudo o que Gabby já tinha experimentado. Ela tinha lágrimas nos olhos pela maior parte do tempo, porque a música era tão comovente que não soltou a mão de Kolson. Ele prometeu baixar a música para ela assim que chegasse em casa.

— Foi a coisa mais linda que já vi, — disse Gabby quando saíram do teatro. — A música é incrível. Obrigada, Kolson.

Entraram no carro e voltaram para casa.

— Você realmente gostou, não é?

— Sim, eu... — e de repente, Gabby começou a chorar. Chorou, por muitas coisas, mas principalmente porque estava triste por a vida de Danny ter sido tão trágica de tantas maneiras. Mesmo a tendo aterrorizado, tinha de haver uma razão em algum lugar para isso e a gentileza em seu coração tentou encontrar o motivo por trás disso.

— Tudo bem, pode chorar tudo o que quiser.

— Sinto muito. Realmente amei o espetáculo. — Ela fungou.

Kolson massajava as costa dela fazendo círculos.

— Sei que você gostou, Kea. Poderia dizer pelo jeito que você apertou minha mão o tempo todo. — Então ele beijou o topo de sua cabeça.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim. E por me amar.

— Espero que você não chore quando te levar à ópera.

— É tão bom quanto o teatro?

— É inacreditável. Iremos para a próxima. Sério, mal posso esperar para ver sua reação. Ah, e a propósito, não se esqueça que vamos passar o próximo fim de semana na casa dos meus pais.

— Você tem certeza sobre irmos? — Ela se sentou e olhou para ele. Estavam no banco de trás de uma de suas limusines. As sombras da noite dançavam através dos planos de seu rosto e estava muito escuro para ler sua expressão.

— Uh-hmm. Quero ser melhor com a minha mãe e ela adora as suas pequenas reuniões. Será mais descontraído. Não como da última vez.

Sua atitude casual não a enganou nem um pouco.

— Kolson, o que você não me está dizendo?

— Nada, Kea. É só uma noite. Estou fazendo isso pela minha mãe.

— Não estou comprando isso. Você odeia aquele lugar e depois do que aconteceu entre nós na última vez que fomos, não tenho certeza se quero voltar.

— Oh, Gabriella, eu estava exagerando. Vou ficar bem.

— Kolson Hart, você pode dizer muitas coisas para mim, mas nunca minta.

— Não estou. Vai ficar tudo bem. Tenho me sentido culpado ultimamente por nunca ver a minha mãe. O meu pai ligou e nos convidou, então eu disse sim. Não pensei que fosse ser algo demais.

Gabby ficou em silêncio, digerindo o que ele disse. Não acreditou nele. Outra coisa estava acontecendo, mas ele não ia lhe contar. Ela precisaria recorrer a outras táticas para descobrir.

Pararam em frente ao seu prédio. Quando entraram, de mãos dadas, seu cérebro girava. Quando as portas do elevador se fecharam atrás deles, ela atacou. Virando-se para ele, empurrou-o contra a parede e agarrou as lapelas de sua jaqueta.

— Diga-me a verdade. O que diabos está acontecendo?

— Você está me excitando, é isso.

— Pare. Você sabe o que quero dizer.

— Gabriella, é apenas uma maldita noite na casa dos meus pais. Você pode largar isso? Você está fazendo uma tempestade por nada.

Seus olhos mergulharam nos dele, analisando, avaliando.

— Se você não parar de me olhar assim, vou foder você aqui mesmo. Estou falando sério.

As portas se abriram e ele a carregou para fora, sem parar até chegar à mesa da sala de jantar. Ela sentiu a ponta dele cavar na parte de trás de suas coxas quando a deitou. Ele levantou o braço e tirou tudo do caminho, castiçais de prata e vasos de cristal com arranjos florais caíram no chão.

Se inclinou sobre ela e disse contra sua boca:

— Queria rasgar isto em pedaços, mas sei que isso iria te chatear, já que é a primeira vez que você o usa. — Recuando, o empurrou até à cintura dela. — Vou foder você aqui, então vou me livrar dessa maldita coisa. — Ele introduziu os dedos por baixo do elástico de sua calcinha e perguntou: — Sim ou não?

— Sem problema. — Ela ofegou. Estava pronta para ele e não dava a mínima para sua calcinha estúpida.

Ele dividiu em dois pedacinhos de renda. Suas mãos espalharam suas pernas e ele murmurou contra suas coxas:

— Durante todo o jantar, enquanto você estava comendo, tudo o que eu queria comer era sua boceta. — Sua língua lhe deu uma longa e prolongada lambida e depois mergulhou nas suas profundezas. — Deus, você tem um gosto tão bom. Nunca provei nada tão doce. — Ele voltou para baixo de novo, lambendo todos os lugares, menos seu clitóris. Ela se arqueou contra a sua boca, procurando aquele lugar, tentando fazer com que ele a tocasse ali. Mas ele não o faria. Ele riu quando levantou a cabeça. — Sei o que está tentando que eu faça. Você quer mais, não é?

— Sim. Você é um maldito provocador.

— Você me torturou a noite toda nesse vestido sexy. Chame isso de retorno. Se você quiser gozar, vai ter que fazer isso você mesma enquanto lhe lambo, Gabriella.

Sua mão dela se moveu para o seu sexo e sacudiu o seu clitóris enquanto ele achatou a língua e a golpeou com ela. Então se afastou enquanto a observava. Ele puxou seu pênis e se acariciou enquanto ela se masturbava.

— Coloque seus dedos dentro de você.

Ela gemeu quando fez isso.

— Não goze ainda. Não quero que você goze. — Ele a girou e a sua cabeça agora estava pendurada na ponta da mesa. — Me chupe enquanto você se toca.

Ela levou seu pênis profundamente dentro de sua boca. A língua lambendo e girando em torno de seu piercing, trabalhou sua cabeça e depois o levou o mais fundo que pode.

— Oh caralho, Gabriella, isso é tão bom.

Chupou seu pênis enquanto brincava consigo mesma. Mas quando ele se aproximou de sua libertação, ele queria estar dentro dela. Saiu de sua boca e a girou de volta. Tirou a mão dela de seu sexo e pegou os seus dedos e os chupou.

Gabby queria apertar as suas pernas, mas não podia porque ele estava entre elas. Se contorceu na mesa e disse:

— Preciso de você dentro de mim. Agora, Kolson.

Soltando sua mão, ele agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido a pegou e empurrou seus quadris para dentro dela, enterrando-se profundamente dentro do seu corpo. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e puxou-lhe o cabelo enquanto gritava o seu nome. Suas mãos envolveram suas pernas ao redor de sua cintura e empurrando-a contra a parede enquanto entrava nela vezes sem conta, até ficarem sem fôlego.

Cada coisa sobre sua união era violenta... Sua paixão, seu toque, suas emoções. O ar ao redor deles estava carregado com isso. Suas mãos seguravam-no, agarrando seus ombros com uma força singular, seus saltos se cravaram em sua bunda. Sua boca procurou sua pele, provando todos os lugares que ela podia alcançar, mordendo e lambendo-o. Quando se beijaram, foi com a ferocidade de duas pessoas desesperadas uma pela outra. Ela mordeu o lábio dele e provou sangue, e quando seu orgasmo bateu, foi como uma bala de canhão colidindo contra ela e a rasgando em pedaços. Tudo em seu corpo ficou tenso brutalmente, pulsando, provocando o dele, ordenhando-o até que estivesse seco como um osso.

Quando passou, ficaram juntos, envolvidos um no outro, tentando se recompor. Eles sugaram o ar, tentando reabastecer o oxigênio perdido. Seus olhares estavam trancados, mas nenhum dos dois falou, tentando avaliar o que havia ocorrido entre eles.

— Você me mordeu. — disse ele finalmente, lambendo o lábio.

— Hmmm. Você me fodeu como um louco.

— Isso eu fiz. E você gostou disso. Teve um orgasmo louco comigo.

— Isso eu tive. — Ela deu uma sacudidela na cabeça. — Estamos bem assim, Kolson, porque isso realmente foi louco.

— Sim. Estou bem. Estou muito bem. O que você fez comigo, Gabriella?

— A mesma coisa que você fez comigo.

Ele agarrou o lábio inferior dela com os dentes e puxou suavemente.

— Eu me perco com você. Nunca fiz isso antes. Nunca me perco. Perdi o controle.

— Bom, porque estou perdida em você e estaria perdida sem você.

— Toda vez que a gente fode, perco mais e mais de mim para você. Tenho que dizer que isso me preocupa.

Ela apertou as pernas que ainda estavam ao redor de sua cintura e esfregou a sua bochecha contra a dele.

— Oh, meu amor, você não está perdendo nada. Está compartilhando. E a parte que você me deu é a melhor parte de todas... A parte que vou guardar.

Ele esfregou sua bochecha áspera contra a pele dela.

— Você não entende. Eu sou diferente com você. Meu desejo de controlar não existe. Bem, talvez um pouco. Mas eu quero mais com você. Quero tudo isso. Incluindo um futuro.

— Também eu. E nós podemos, um dia. Mas você sabe o que tem que acontecer primeiro, certo?

— Sim. E eu vou te contar um dia. Em breve, talvez.

— Vou apoiar você, da mesma forma que você me apoiou.

Seus lábios roçaram os dela, acariciando-os levemente.

— Eu te amo mais do que posso te dizer. Vamos dormir um pouco, Kea.

— Me leve para a cama, meu amor, porque eu acho que as minhas pernas não funcionam.


# # #


Na terça-feira, a notícia sobre os pais de Gabby foi divulgada. A maioria dos meios de comunicação divulgou o seguinte:

Um processo civil havia sido aberto contra o Sr. e Sra. John Anthony Martinelli pela Dra. Gabriella Martinelli por abuso infantil, negligência infantil e por ajudar e encorajar o ato de estupro de um menor. As acusações remontam a dezesseis anos atrás. A Dra. Gabriella Martinelli, psiquiatra que exerce em Manhattan, é a filha dos queixosos. A Dra. Martinelli também fez parte da caça ao homem feita a Daniel Martinelli, que estava foragido no último mês. Martinelli foi acusado de estupro, tentativa de estupro, tentativa de assassinato, agressão, tentativa de sequestro, agressão agravada e assalto com arma mortal. O corpo do Sr. Martinelli foi encontrado no final da semana passada. Ele supostamente tirou a própria vida para evitar uma longa sentença de prisão. Uma nota de suicídio foi encontrada em sua posse, admitindo sua culpa pelos crimes acima mencionados.

Seus celulares não paravam de tocar. A mídia queria entrevistar Gabby. Exatamente como os advogados previram, ela havia se tornado a sensação do momento. O cenário perfeito para um psiquiatra. Agora ela não queria sair por um motivo totalmente diferente. Kolson a cercou com uma equipe de guarda-costas apenas para manter os paparazzi intrometidos afastados. O telefone do escritório tocava sem parar. As pessoas ligaram de todos os lados para marcar uma consulta com ela. Se sofressem qualquer tipo de abuso sexual, queriam recorrer à médica que havia lidado com isso sozinha.

— Que maldito monstro isso criou.

— Vai passar.

— Acredito que sim. Esta situação é pior do que eu pensava que seria.

— Gabriella, você sabe que eu estou aqui, se você precisar de mim para qualquer coisa.

Assim que as palavras saíram de sua boca, seu celular tocou novamente. Ela olhou para o número e ofegou.

— O que se passa?

— É o número dos meus pais.

— Você não deveria falar com eles. Stan vai reclamar se você atender.

Gabby apertou o botão de gravação e colocou em alta -voz.

— Olá?

— O que você procura ganhar com tudo isso?

A voz de seu pai, aquela que costumava incomodá-la tanto, encheu a sala. Desta vez, no entanto, o efeito sobre ela foi mais um incômodo do que qualquer coisa.

— Olá, pai. O que eu procuro é a verdade. Estou cansada de ser chamada de mentirosa. Durante anos, Danny me aterrorizou enquanto você e o resto da família ficavam em pé e o apoiavam. Você deu carta branca para estuprar e espancar sua filha. Você me acusou de ser sexualmente promíscua. Eu fui estuprada, pelo amor de Deus, e como meu pai, você deveria me proteger. Mas o que você fez? Me jogou de volta nos braços do meu estuprador. Sabe quantos ossos aquele pedaço nojento de merda me quebrou? Sabe? Não se preocupe em responder por que é claro que não sabe. Você não se importou o suficiente para perceber. Nunca entrou no meu quarto para me ver. Nunca chegou a descobrir por que tentei me matar. Que tipo de homem permite que isso aconteça com sua filha? Que tipo de pai de merda faz isso?

O silêncio pairou no quarto. Por um momento, ela pensou que ele tinha desligado na cara dela.

Mas então o ouviu limpar a garganta e dizer:

— Ele era um menino tão bom.

— Um menino bom? Você quer saber o que esse menino bom me dizia? Ele me chamava de puta e dizia que se eu falasse uma palavra do que ele me fez, me machucaria ainda pior da próxima vez. Devo te contar todas as coisas que ele fez para mim? Eu tentei antes, mas você e mamãe não escutariam. Sabe quantas noites me aconcheguei na minha cama, tentando respirar através da dor de costelas quebradas, mas tinha medo de te dizer, porque acabaria sendo punida por mentir?

— Eu... Eu não sabia.

— Sim, você sabia. Você quer saber como eu sei? Danny me contou. Ele me contou a verdade sobre você. Que você é pai dele. E ele te chantageou. E você não tinha a maldita coragem de enfrentá-lo porque estava com medo que ele contasse a todos. Então, ao invés disso, você deixou a sua filha ser estuprada. Vezes sem conta. E espancada. Muitas e muitas vezes. Você sabia. Mas a única coisa que importava eram as aparências. E mamãe só se importava com a bebida dela. E depois você me dizia que eu era uma criança difícil. O que diabos eu fiz para merecer isso? Seu orgulho era assim tão importante para você? Talvez devesse ter pensado em tudo isso antes de foder a esposa do seu irmão.

— Adeus, papai.

Ela terminou a ligação, perdida em seus pensamentos, cheia de adrenalina, até que a voz de Kolson a trouxe de volta ao presente.

— Você claramente o surpreendeu. Ele nunca esperou que você o enfrentasse assim.

Quando Gabby olhou para Kolson, ficou surpresa ao ver a admiração escrita em todo o seu rosto. Um sorriso contagiante se espalhou por seu rosto e ela se sentiu responder a isso.

— Sim, acredito que você está certo. E você quer saber alguma coisa? Isso foi muito bom. Eu me senti muito forte quando estava falando com ele. Pela primeira vez na minha vida, ele não me fez sentir intimidada.

— Do jeito que você falou com ele, acho que nunca mais ninguém vai te assustar de novo, Kea. — E havia aquele lindo sorriso novamente.

— Se você continuar olhando para mim assim, você vai ter que tirar a roupa.

— Hmm, por mais tentador que pareça, estou atrasado e você também. Vemo-nos hoje à noite, — disse ele.

Ela sentou-se e observou-o sair do quarto. Esperava que ele deixasse seu fardo cair de seus ombros em breve. O peso disso estava aparecendo. Ele tentou esconder isso dela, mas não estava se saindo muito bem. As linhas ao redor dos olhos e a crescente tensão eram todas as evidências de que ela precisava. Ele fazia de conta que ia aproveitar o fim-de-semana em casa dos pais, mas aquilo estava a devorá-lo por dentro. Ele pensou que poderia lhe esconder essas coisas, mas ela era uma especialista. Viveu essa vida por tanto tempo que conhecia o jogo dele. Se havia uma coisa que ela queria fazer, era libertá-lo, como ele a tinha libertado. Sabia como a vida estava a mudar. Quando a hora certa chegasse, estaria lá para ele, pronta para ajudá-lo da maneira que ele precisasse.

Ouviu um zumbido e percebeu que Kolson havia esquecido seu celular. Ele vibrou na mesinha de cabeceira. Estendendo a mão para pegá-lo, uma mensagem do pai dele apareceu. Gabby ficou surpresa ao ver isso, mas não muito já que estavam indo para lá no sábado. Mas quando leu as palavras, ficou intrigada com elas: Ansioso para o sábado. O favor foi feito. Agora a dívida é devida.

CAPÍTULO DEZOITO


Depois de ficar no apartamento de Gabby por quatro horas no sábado à noite e depois novamente no final da tarde de domingo, a raiva de Danny estava aumentando. Ele não sabia o que fazer. Aquele maldito namorado devia estar monopolizando o tempo dela. Ele pensou em mandar flores para ela, mas rejeitou essa ideia. Isso custaria dinheiro e ele estava com um orçamento rigoroso. Ela iria apenas destruí-las de qualquer maneira. Não, segui-la era a melhor opção para conseguir encontrá-la sozinha. Eventualmente ela se descuidaria, então ele precisava estar preparado o tempo todo.

Era hora de ele começar a vigiá-la quando ela chegava ao seu escritório todos os dias e que dias estava no hospital. Precisava descobrir onde ela passava a maior parte do tempo, era aí que ele iria atacar.


# # #


Kolson apareceu no abrigo uma hora mais cedo para pegar Gabby. Era um prédio pequeno, sem descrição, perto do Centro Hospitalar Bellevue, no lado leste de Manhattan. Como a maioria dos abrigos desse tipo, o local era mantido em segredo e a única maneira de uma pessoa encontrá-lo era através de triagem por telefone. A segurança era controlada e Kolson teve de responder a um conjunto de perguntas pré-estabelecidas que ele e Gabby tinham acordado. Depois que ele foi liberado, a recepcionista o conduziu para um escritório com uma janela de vidro e disse que ele poderia esperar por ela lá dentro. Ele ficou ali e observou-a no trabalho. Ela estava falando com uma mãe com uma criança pequena. A garotinha estava agarrada à mãe e ambas tinham hematomas cobrindo seus rostos e braços. Kolson tinha certeza de que também os tinham em outros lugares, escondidos por suas roupas.

A criança continuou espiando Gabby, e Gabby se abaixou para falar com ela. Não demorou muito para que a criança estendesse os braços para exame. Os olhos da garota estavam enormes em seu rosto inchado e descolorido. Gabby empurrou o cabelo da testa e depois acendeu uma luz nos olhos. Kolson podia ver vestígios de lágrimas refletidas na luz nas bochechas da criança e Gabby pegou seus polegares e os enxugou. Momentos depois, Gabby sentou-se no chão em frente à garotinha e ajudou-a a tirar os sapatos e as meias. Ela então mostrou a Gabby a parte de baixo de seus pés. Embora Kolson não pudesse ver o que Gabby estava vendo, a criança estremeceu quando Gabby a tocou. A criança fungou constantemente, como se tentasse não chorar, mas então Gabby deu um tapinha no colo e a pequenina se arrastou para dentro e começou a berrar.

Kolson nunca imaginou que sentiria uma emoção tão forte em relação a uma criança que não conhecia, mas toda essa situação abriu uma ferida nele que achava estar permanentemente selada. Suas tripas se torceram e seu coração se apertou. Enquanto observava Gabby segurando aquela menina em seus braços, a profunda admiração que sentia por ela o surpreendeu. Ele não tinha entendido anteriormente o seu papel aqui, mas agora o fazia. E o que era desconcertante para ele era que não sabia como ela fazia isso, dia após dia, e mantinha seu coração intacto.

Ele se virou, incapaz de assistir por mais tempo e sentou-se, deixando cair a cabeça entre as mãos. Kolson percebeu que a capacidade de amor de Gabby estava muito além de qualquer coisa que ele já encontrara. E irritou-o que sua família tivesse abandonado uma alma tão bonita.

Ele ainda estava sentado lá uma hora depois, quando ela entrou.

— Ei. — Ela o olhou por um momento. — Você está bem?

— Estou bem, — ele disse suavemente. — Como você está?

— Eu estou bem. Está pronto?

Seu olhar penetrante a perfurou, mas nenhuma palavra chegaria a ele.

— Tem certeza de que está bem?

— Eu vi o que você fez. Com aquela menininha. Seu coração é tão imenso, Gabriella. Você tem muita compaixão dentro de você.

Ela inclinou a cabeça e disse com naturalidade:

— É o que eu faço. O que amo fazer. Ajudar pessoas.

— Eu posso ver isso. Mas é muito mais do que ajudá-los. Você lhes dá uma parte sua... o que está dentro do seu coração. Eu senti isso daqui... te observando. Eu senti o seu amor de dentro desta sala. — Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ele queria dizer a ela o quão fodidos seus pais eram e que eles eram os únicos que tinham perdido uma parte da incrível vida de um ser humano. E ele queria dizer ainda o quão ela era ainda mais bonita por dentro do que por fora.

Mas ele não o fez. Em vez disso, ele agarrou e beijou-a, mostrando-lhe como se sentia. Como se ela significasse o mundo para ele. Como se ele quisesse abraçá-la e nunca a soltar. Como se ele quisesse sentir seu lindo coração batendo contra seu peito e ouvir sua respiração ao lado de sua orelha. Como se ele quisesse sentir o cheiro dela a cada respiração que ele dava. Quando a soltou, pegou na sua mão, colocou-lhe o cabelo atrás da orelha e simplesmente disse:

— Acho que a sua profissão escolheu você, Gabriella, e ela é muito sortuda de ter você. — Então pegando a mão dela orgulhosamente a acompanhou até o carro.

Gabby sorriu enquanto andavam de mãos dadas. Nunca ninguém disse coisas tão lindas para ela. Sim, ela sabia que as pessoas que ajudou a apreciavam, mas isso não era solicitado, então as palavras dele significaram mais para ela do que qualquer coisa. Não só isso, Kolson olhara para ela de um jeito tão suave que fez seu coração derreter. E aquele beijo foi arrepiante e de parar o coração. Mas também era doce, como se ele estivesse tentando transmitir algo para ela. Ele tinha tido um jeito com a boca e certamente a fizera se sentir especial.


# # #


Eles encontraram Case para o jantar e quando Gabby finalmente contou os detalhes sobre Danny, Case mal conseguia falar. Levou alguns minutos para se recompor, tão profunda era sua raiva e tristeza. Sua mão apertou a haste da taça de água que estava segurando, cortando assim os seus dedos.

— Porra, — ele falou.

— Deixe-me ver isso, — Gabby exigiu.

Eles foram ao banheiro e ela limpou e embrulhou em alguns panos de papel e depois prendeu com fita adesiva de primeiros socorros. Não exigiria pontos.

Enquanto eles estavam no banheiro, Case perguntou:

— Por que você nunca me contou?

— Eu não contei a ninguém. Kolson foi o primeiro.

Ele a surpreendeu quando a puxou em seus braços e a segurou com tanta força que ela mal conseguia respirar.

— Estou bem agora, Case. Muito melhor, na verdade, desde que lhe contei.

— O que diabos estava errado com seus pais?

— Esse navio navegou há muito tempo e, francamente, estou cansada de tentar descobrir isso.

— Entendido. Eu me sinto como uma merda porque não sabia.

— Não. Eu não te contei como você poderia saber?

Case balançou a cabeça e a abraçou novamente.

— Você sabe que pode vir a mim a qualquer momento, certo?

— Sim, eu sei.

— Você realmente gosta desse cara, não é?

Ela sorriu.

— Sim.

— Isto mostra.

— De uma maneira boa ou ruim?

— Boa. Você está sorrindo. O tempo todo. Nunca vi você assim.

— Oh. Não pareço uma idiota, pois não?

Ele riu.

— Não. Você está ótima.

— Mesmo?

— Sim. Vamos lá.

Quando voltaram para a mesa, Kolson perguntou:

— Tudo bem?

— Sim. Ele não precisa de suturas.

Case acrescentou — Desculpe pela interrupção.

— Sem problemas. Posso imaginar como você se sentiu, sabendo o quão perto você está de Gabriella. Gostaríamos de discutir suas opções com você. Ele está a perseguindo agora e precisamos fazer um caso contra ele. Dada a sua formação profissional, pensamos que você saberia melhor como proceder da maneira certa.

— Há alguns problemas que vejo, mas isso não significa que estamos em um bloqueio completo. A primeira coisa, o que você mencionou anteriormente, é que nenhum boletim de ocorrência da polícia foi registrado. A segunda é que Danny era menor de idade quando isso começou, mas, e isso é enorme, ele completou dezoito anos e ainda estava molestando você. Então isso não será um problema. Eu recomendo que você obtenha radiografias de corpo inteiro para documentar todas as fraturas que você teve. Você já sabe que isso será necessário, juntamente com uma avaliação psicológica. Você tem contatos suficientes para que não seja um problema. A perícia também pode examinar o relatório de radiologia para acrescentar algo a ele, como uma aproximação da idade de cada fratura. Depois de você criar esse registro em papel, começamos a construir o caso. Enquanto isso, quero investigar esse cara.

Kolson interrompeu:

— Não se incomode. Minha equipe de segurança já fez isso. E ele é um verdadeiro trabalho.

Gabby olhou para ele, arqueando as sobrancelhas.

— Sei que deveria ter dito a você. Foi depois daquele dia em que ele se aproximou do seu escritório. Você estava tão abalada, preocupou-me o suficiente para que eu colocasse Sam para te proteger também, mas você sabe disso. Nunca esperei que Danny descobrisse onde você morava, no entanto.

— Seria possível você compartilhar comigo o que você tem dele? — Perguntou Case.

— Absolutamente. Vou pedir ao Tom Barrett, o chefe da minha equipe, para mandar por e-mail tudo para você.

— Ótimo. Então, assim que reunirmos tudo e lermos, vou descobrir o que preciso para conseguir essas coisas na NYPD.

Gabby sentou-se sem dizer uma palavra.

Kolson estendeu a mão e a sentiu fria como gelo.

— Gabriella? Você está bem?

— Não, eu não estou bem. Isso vai deixar minha vida aberta como um livro. Vocês dois saberem é uma coisa, mas todos os outros, isso é um assunto completamente diferente.

Kolson apertou a mão dela.

— Você está certa. Mas se Danny fizer algo estúpido ou ameaçar você, estaremos à frente no jogo. Isso é para sua proteção, Gabriella.

Ela assentiu, mas Kolson percebeu que ainda estava desconfortável.

Case se aproximou e deu um tapinha no braço dela.

— Outra coisa, Gabby. Seria uma boa ideia reduzir as horas de voluntariado.

— Não! Eu amo fazer isso!

— Eu sei, mas isso expõe você a ele, e é muito arriscado.

— Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz?

A garçonete entregou a comida, mas Gabby não tinha mais vontade de comer. Em vez disso, ela se sentou e olhou para o prato. Case olhou para Kolson e ele assentiu.

Gabby não estava segura em seu escritório, e os dois homens sabiam disso. O problema seria persuadi-la a se mudar, quando seus fundos não permitiam.

— Gabby, — Case começou, — Você sabe que seu escritório deixa você exposta a ele. Você consideraria se mudar para o meu prédio? Eu posso trabalhar com você. E o mais importante, você estaria segura.

— Eu não posso... podemos falar sobre isso mais tarde? Minha cabeça está rodando.

— A qualquer momento. Eu tenho dois quartos vazios e uma sala de conferências que podem ser usados se você precisar. Há uma recepcionista na frente e, bem, você sabe o que fazer. Você esteve lá. Apenas deixe-me saber se você está interessada.

— Obrigada, Case. Você sabe que eu te amo por cuidar de mim.

Eles terminaram o jantar e os dois homens concordaram em conversar novamente em alguns dias. Gabby prometeu a Case que ela consideraria sua oferta para mudar-se para o seu escritório.

A volta para casa foi feita em silêncio. O carro de Kolson, um elegante Mercedes, entrou na garagem subterrânea. A área onde ele estacionou, exclusiva e reservada, tinha uma camada adicional de segurança para acessá-lo. Depois de estacionar, Kolson verificou a área antes de saírem do veículo.

— É assim que vou ter que viver a partir de agora?

Ele olhou para ela pensativo antes de responder.

— Não, só estou sendo extremamente cuidadoso. Não quero me arriscar. Uma vez que eu tenha certeza de que ele não está por perto, acho que vai ser bom para você ir e vir quando quiser, desde que você leve um motorista.

Mas enquanto falava, Gabby teve a sensação de que ele estava escondendo alguma coisa.

— Você realmente não se sente assim, não é? — Ela se virou para ele, mas na penumbra, ela não conseguia ler os olhos dele.

— Você duvida de mim?

— Não duvido. Eu acho que você está escondendo alguma coisa.

— Venha. Vamos entrar. — Ele a conduziu até o elevador e usou o bloco de segurança para inserir seu código. Eles andaram em silêncio, mas a mente de Gabby se agitou com pensamentos sobre o que Kolson estava fazendo e como ele estava lidando com isso.

Quando as portas do elevador se abriram, eles se dirigiram para a saleta, mas Gabby bateu de frente com as costas de Kolson quando de repente ele parou.

— Olá irmão. Surpresa — uma voz rouca e profunda que Gabby não reconheceu falou. — Espero que você me deixe entrar.

Gabby espiou em volta do ombro de Kolson. Um homem alto, moreno e de aparência ameaçadora estava no centro da sala. Não ameaçador como correr em busca de cobertura, ameaçador do tipo sexy como todo o inferno... pendurado na sua calcinha, ameaçador porque esse homem certamente iria para casa com eles. Cabelos negros como carvão e olhos da cor do jade, ele sem dúvida deixaria um rastro de corações partidos onde quer que fosse.

Ele sorriu e piscou para Gabby.

— Você não tem que se esconder. Prometo não morder. — Ele estendeu a mão. — Eu sou Kestrel Hart. E você é? — O nível de perigo aumentou bastante com o seu sorriso.

— Kestrel, você sabe que pode entrar a qualquer hora. Mas o que você está fazendo aqui? — O tom de Kolson era exasperado.

— Você vai ser rude com sua convidada, Kol, e não nos apresentar? — Ele perguntou.

— Eu sou Gabby Martinelli. Prazer em conhecê-lo. — Ela apertou a mão de Kestrel. Era suave e quente quando ele apertou a dela. Ela retribuiu o sorriso e se viu encantada por ele. Embora ele fosse a coisa mais bonita, ele não era tão atraente quanto Kolson, na opinião de Gabby. Quando ele soltou a mão dela, ela automaticamente pegou a de Kolson e ele a pegou, enlaçando seus dedos com os dela. Esse gesto não foi perdido por Kestrel.

— Então? — Kolson cutucou.

— Tudo bem, certo. Estou aqui para interferir pela mamãe.

— E?

— Não atire no mensageiro.

Gabby sentiu a mão de Kolson apertar a dela.

— Continue.

— O sexagésimo quinto aniversário do pai é no mês que vem e a mãe está dando um dos seus jantares especiais. Ela quer que você esteja lá. Daqui a seis semanas. Significaria muito para ela, Kol.

— Você sabe que não é...

— Faça isso por ela. Não por ele. Quando foi a última vez que você a viu? Ou falou com ela? Ela te adora, Kol. Sempre adorou. Se você for na festa ela ficaria feliz.

Gabby observou o intercâmbio com interesse. O queixo de Kolson deixou claro que ele não estava feliz com o pedido de seu irmão.

— Preciso pensar sobre isso.

— Justo. Deixe-me saber uma coisa, então posso contar para a mamãe.

— Sim. Como vai o Kade? Você já ouviu falar dele ultimamente?

— Kade está sendo Kade. Fodido como de costume. Não vamos ficar limpos. Mamãe ainda manda dinheiro para ele às escondidas.

— Eu também. Quando posso encontrá-lo. Ele é MIA9 novamente. Faça-me um favor e mantenha-me informado sobre o paradeiro dele. Não o quero nas ruas.

— Mamãe mantém um lugar para ele. Eu pensei que você soubesse disso.

— Eu sei. Mas como disse, ele se foi. Desapareceu e não consigo encontrá-lo. Ele me ligou cerca de um mês atrás e nós entramos em uma discussão sobre o dinheiro e ele indo para a reabilitação. Meus homens não conseguiram localizá-lo. Ele não vai lá há semanas. — O rosto de Kestrel disse a Kolson que ele não sabia.

— Então, para onde vai o dinheiro da mamãe?

— Nenhuma ideia. Minha equipe de segurança está a tratar disso.

— Raios. Não sabia. Também vou tratar disso. Se eu o encontrar, vou avisar você. Você fará o mesmo?

— Sim. E eu vou deixar você saber sobre essa maldita festa.

— Obrigado, mano. Você está parecendo bem agora.

Meio sorriso. Então um aceno de cabeça.

— Você também.

Então ele virou um sorriso eletrizante para Gabby.

— Prazer em conhecê-la, Gabby. Espero ver você por aí. — Ele se inclinou para ela e disse: — Se você tem alguma influência sobre esse cara, você vai tentar convencê-lo a ir nessa festa?

Ela riu e disse:

— Prazer em conhecê-lo. Farei o meu melhor.

E ele foi embora.

Quando estavam sozinhos, ela disse a Kolson:

— Bem, parece que não sou a única com problemas familiares.

— Kea, você não tem ideia.

— Seu irmão é viciado em drogas?

— Sim. Situação triste a dele.

— Você tem uma foto?

Kolson olhou para ela estranhamente.

— Talvez eu possa ajudar a localizá-lo, ou até mesmo mostrar sua foto ao redor. Alguém poderia reconhecê-lo. Tenho uma tonelada de experiência trabalhando com viciados.

Kolson assentiu.

— Essa foi uma das coisas que me impressionaram em sua investigação de antecedentes. Por causa de Kade. Vou desenterrar uma das fotos que tenho dele e enviar por e-mail para você.

— Você conhece a droga preferida dele?

— Todas elas.Tudo o que ele consiga colocar as mãos.

— Heroína?

— Não posso dizer com certeza. Nunca vi marcas de agulha ou o vi injetar, mas isso não me surpreenderia. A verdade é que estou surpreso, que Kestrel e eu também não sejamos viciados.

— Por causa do seu pai?

— Sim. História longa e feia.

— Se você quiser falar sobre isso, conheço uma boa psiquiatra.

Ele a encarou e disse:

— Não é sobre querer. É sobre ter habilidade.

— Eu posso ajudar. Me lembro de sentar aqui com você, e você me dizer a mesma coisa.

Uma expressão de dor passou por seu rosto, mas ele rapidamente a fechou.

— Eu estava protegendo você, Kea. Precisava saber o que aconteceu para que eu pudesse protegê-la de Danny. Eu posso me proteger. Fiz isso por anos e continuarei a fazê-lo.

Forçar alguém a fazer alguma coisa não era um dos métodos usuais de Gabby e, como ela havia dito a ele antes, ela não queria fazer psicanálise aos seus amigos. No entanto, ela queria mostrar aKolson exatamente o quanto ele a ajudou. Agarrando punhados de sua camisa, puxou-o para perto dela e explicou:

— Você não pode entender como é liberar o fardo até que você o faça. Eu nunca soube. Não poderia saber. E é tudo por causa de você. Se você não tivesse persistido.

Enquanto olhava para o rosto dela, ele viu honestidade e sinceridade emanando dela. Ele queria deixá-la entrar. Ele queria. Mas não era possível. As lembranças eram tão perturbadoras que ele não se atreveu a visitá-las. Ele colocou as mãos sobre as dela e as apertou, depois as beijou antes de as soltar, suavizando o gesto.

— Deus, Gabriella, eu quero. Eu quero. Talvez algum dia. Mas não agora. — Então se dirigiu ao bar para servir uma bebida.

Gabby sabia que ele precisava ficar sozinho, então caminhou até o quarto e preparou suas roupas para o trabalho pela manhã. Ela procurou a sua pasta e checou sua agenda e horários para o dia seguinte. Depois que terminou, ela enviou mensagens para Sky e Cara, deixando-as saber o que estava acontecendo com ela. Assim como esperava, recebeu respostas imediatas. Ela lhes prometeu que estava segura e protegida na casa de Kolson e que ele a levaria ao trabalho no dia seguinte. Ela estava no banheiro escovando os dentes quando Kolson apareceu atrás dela.

— Você vai dormir aqui esta noite? — Ele perguntou hesitante.

Ela tirou a escova da boca e respondeu:

— Só se você quiser.

Balançando a cabeça, ele disse:

— Não. Quero você nua, ao meu lado. Termine aqui. Depois junte-se a mim no meu quarto.

Não demorou muito para que ela subisse em sua cama e ele a colocasse em cima dele.

— Por que você está usando isso? — perguntou, puxando sua camisa.

— É o que costumo usar na cama.

— Não aqui, quero você sempre nua ao meu lado.

— Bem, então... — ela se sentou e deslizou a camisa sobre a cabeça — isso resolve o problema.

— Não se mova.

Ela o montou e ele segurou seus seios. Deslizando os polegares sobre os mamilos, ele os circulou até que endureceram. Ela inclinou-se para ele.

Ele levantou os joelhos e disse:

— Quero que você se incline para trás e se faça gozar para mim.

— Você o quê?

— Quero ver você se masturbando. Você me viu, agora é a minha vez de te ver.

— Mas eu não...

— Gabriella, você sabe se masturbar, não sabe?

— Claro. Mas geralmente faço isso com um vibrador.

— Vá buscar.

— Meu vibrador?

— Sim. Seu vibrador.

— Mas está no meu apartamento.

— Não, todas as suas coisas estão aqui.

— Tudo meu... até mesmo isso?

— Sim, até isso. Agora vá encontrá-lo e traga-o para aqui. — Kolson sorriu.

Ela saiu de cima dele e foi até o seu quarto. Ela checou a mesinha de cabeceira porque era onde o guardava em sua casa, meu Deus, lá estava ele. Ela pegou e voltou para o quarto de Kolson. Sua respiração ficou presa quando o viu deitado nos lençóis emaranhados. Sua ereção era espessa e se esticava em direção a sua barriga e o seu piercing no mamilo implorava que sua língua o lambesse.

— Pare de enrolar, Gabriella.

— Oh, eu não estou a enrolar. Estou curtindo a vista.

Seus olhos ardiam.

— Então onde está?

— Aqui. — Ela levantou a bala.

— Esse é o seu vibrador?

— Sim. Por quê?

— Imaginei que você teria um falo extenso com um apêndice vibratório.

— Porque você pensaria isso?

— Eu pensei que todas as mulheres tinham desses.

Gabby riu.

— Eu não.

— Isso não parece muito excitante.

— Você sabe o que dizem, não sabe?

— Por que você não me diz?

— Coisas grandes vêm em pacotes pequenos.

Ele olhou para seu pênis e depois para sua pequena bala e disse:

— Hmm, eu acho que você vai ter que provar isso para mim.

— Tudo bem. Não diga que eu não avisei, — disse com uma piscadela. Ela subiu e recostou-se de costas. — Está pronto?

— Quando você estiver.

Gabby virou o mostrador no vibrador e começou a zumbir. Ela colocou em seu sexo e sorriu. Kolson olhou para ela com interesse, mas logo, sua cabeça caiu para trás e ela arqueou a espinha enquanto gemia. Suas coxas se desmancharam quando sua boceta se abriu para ele, e ele observou sua pélvis girar lentamente contra sua mão. Não demorou muito para que seu próprio desejo o dominasse, então ele pegou sua mão e pegou o vibrador, tomando o controle da coisa. Momentos depois, o jogou de lado e a empalou em seu pau duro como pedra.

— Não se atreva a gozar ainda, Gabriella. — Ele esticou as pernas e disse: — Se incline para trás em suas mãos e me monte. — Ele observou seu pênis deslizar dentro e fora dela e gemeu com a visão. — Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho.

— Preciso gozar, — ela gritou.

— Não tão rápido. — Ele parou e a levantou e virou de modo que ela estava de costas para ele. Então, com uma dolorosa lentidão, se sentou novamente sobre ela e ela soltou um longo gemido.

— Por favoooor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus golpes eram controlados e preguiçosos. Ele observou suas bochechas de marfim enquanto a levantava para cima e para baixo. Sua fenda o chamou, então ele levou o seu dedo e correu de onde ele se juntava a ela e alisou sua umidade em torno do botão de rosa que se abriu ligeiramente diante dele.

Ela choramingou em resposta.

— Sim ou não, Gabriella.

— Sim.

Ele empurrou o dedo apenas um pouquinho e ela parou de respirar, temendo sua invasão.

— Relaxe, Kea.

Ele manteve o movimento de seu pênis para distraí-la e logo ela foi novamente apanhada no ritmo. Seu dedo cutucou mais profundamente dentro, até que ele passou pelo apertado anel de músculos que relaxou e o deixou entrar.

Gabby nunca sentiu prazer assim antes, fora do normal mas acima do incomum e insuportável.

— Oh, Kolson, não posso segurar, — ela chorou.

Kolson sentiu os dois conjuntos de músculos se contraindo em torno dele, e ele rapidamente seguiu seu clímax. Ainda profundamente dentro dela, ele a puxou de volta para que ela deitasse em cima dele e beijou seu pescoço e bochecha.

— Você é tão linda, tão incrível quando você goza, Kea. Você gostou disso?

Ela virou a cabeça para olhar para ele.

— Sim. Foi... uau.

Ele deu a ela um sorriso preguiçoso. Depois afastou-a para o lado, pediu licença e foi ao banheiro para voltar um pouco depois com um pano quente. Gentilmente a limpou e jogou o pano no chão. Recolhendo-a em seus braços, disse:

— Agora, hora de dormir, você não acha?

— Hmm-mmm. — Ela amava a sensação de seus braços ao redor dela, o modo como a faziam se sentir tão sã e salva. — Kolson, quero que você saiba que eu nunca soube que poderia ser tão bom. — Ela levantou-se para que pudesse olhar em seus olhos. — Depois de tudo, você sabe, eu pensei que sexo seria sempre meio nojento. Mas não é. Com você. É... acho que você sabe como é para mim.

Sua mão estava enrolada em seus cabelos e ele sorriu.

— Estou feliz. É assim que deve ser. — Sua boca tocou a dela, primeiro em cada canto, depois na parte superior e finalmente no lábio inferior. — Eu adoro sua boca. Agora durma. Amanhã começa uma semana agitada.


CAPÍTULO DEZENOVE


Quando estavam se acomodando, começou uma tempestade. Raios estalaram e um trovão caiu, enviando vibrações pelo quarto. Fotos estremeceram nas paredes e os vasos balançaram nas mesas.

— Oh, isso parece um grande problema, — disse Gabby. Ela saiu da cama e foi para a janela. — É sempre assim tão alto aqui?

— Afaste-se daí! É perigoso — ordenou Kolson. — E sim, estar aqui com todo esse vidro pode amplificar o som se a tempestade for ruim o suficiente.

Ela se virou de volta, rindo.

— Não é perigoso. É apenas uma tempestade de verão.

Outra enorme linha de raios iluminou o céu, seguida por um estrondo ensurdecedor. Algumas bandas mais brilhantes dançaram pelo céu negro e a chuva atingiu a janela. Não demorou muito para que os sons de granizo fossem ouvidos.

— Ó meu Deus.

— Gabriella, fique longe da janela, por favor. Não é seguro. As pessoas são atingidas por raios através das janelas.

De repente, a sala e os edifícios que os cercavam foram mergulhados na escuridão enquanto as luzes se apagavam.

— Puta merda! — Kolson amaldiçoou.

Gabby ouviu algo cair no chão. A lâmpada talvez?

— Kolson, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou. — Onde está você?

— Estou tentando encontrar a porra da lanterna. Velas. Qualquer coisa. Porra.

Ela podia ouvir mais coisas quebrando quando ele tropeçava no quarto.

— Kolson, fique parado.

— Não! Porra, eu preciso de luz, — gritou. — Onde está a porra da lanterna? É suposto estar aqui!

Ela se arrastou pelo chão, com cuidado para não se chocar contra qualquer mobília, enquanto tentava localizá-lo.

— Foda-se, onde estão as velas? Eu preciso da luz. — O pânico atou sua voz.

— Ei, querido, eu estou bem aqui. — Ela finalmente chegou ao seu lado e colocou os braços ao redor dele. — Calma. Está tudo bem. Nós não precisamos de uma lanterna. Nós vamos ficar bem.

— Eu preciso da maldita lanterna, agora!

Ela ficou surpresa com a forma como o corpo dele tremia. Ela nunca o viu perder o controle assim. Ela desejou ter visão noturna para poder se concentrar em seus olhos. Ele estava entrando em pânico e ela tinha de o impedir.

— Kolson, venha aqui, querido. Entre na cama comigo. Eu não deixarei nada acontecer com você, eu prometo. Lembra quando você me prometeu que você acreditaria em mim? Bem, estou prometendo a você agora que não deixarei nada acontecer com você no escuro. Eu tenho você, querido. Eu juro para você. Deixe-me abraçar e deixar você melhor, está bem?

Ela sentiu a tensão dele aliviar ligeiramente.

— Aqui, me dê sua mão e volte para a cama. Está seguro aqui, Kolson. Eu juro para você. Você me disse que confiava em mim. Acredite em mim também.

Ele finalmente cedeu e permitiu que ela o levasse de volta para a cama. Ela se aconchegou contra ele e puxou as cobertas. Envolvendo-o em seus braços, ela falou com ele em tons calmantes.

— Gabriella, preciso que você encontre as velas. Por favor.

— Você pode me dizer onde elas estão?

Ele respirou fundo e disse:

— Cabeceira. Verifique o criado-mudo. Deve haver fósforos e uma lanterna também.

— Tudo certo. Você vai ficar bem se eu me levantar?

— Sim. Apenas vá buscá-los. E depressa.

Ela correu para fora da cama e se atrapalhou na mesa de cabeceira. Sua mão pousou em uma vela de vidro e ela rapidamente encontrou fósforos. Uma vez acesa, a vela banhava a sala em um brilho suave. Ela olhou em volta para a lanterna e também a encontrou, depois ligou no botão e voltou para a cama. Ela ficou surpresa ao descobrir que precisava soltar os punhos de Kolson para voltar para debaixo das cobertas.

— Melhor? — ela perguntou.

— Sim. Obrigado. — Forçando-se a respirar fundo, ele começou a sentir as ondas de ansiedade se soltando. — Deite-se em cima de mim, por favor.

— Qualquer coisa que você quiser. — Ela rastejou em cima dele e cobriu-o com seu corpo. — Está bom assim?

— Sim. Ótimo. Gabriella, não consigo tolerar o escuro.

— Você quer falar sobre isso?

— Sim. Não. Oh, Deus, acho que não consigo. Apenas não me solte.

— Nunca. Estou aqui. — Ela esfregou sua bochecha contra a dele. — Respire fundo, querido. Conte até quatro. Segure a respiração e depois solte aos poucos. Assim está melhor.

— Porra, odeio isso. Sinto muito. Eu preciso de luz. — Sua voz vacilou.

— Eu sei. Olhe para mim, Kolson. Estou aqui com você.

Ele assentiu e segurou-a.

— Continue respirando. É por isso que você não tem persianas?

— Sim. Não suporto estar sem luz. É por isso que o lugar todo é claro.

— Eu notei que você gosta dos tons creme e neutros.

— Sim. — Ele ofegou, mas o seu pânico estava começando a diminuir enquanto ela falava. — Não há cores escuras aqui. Não aguento mais.

— Falar sobre isso pode ajudar, mas você tem que vir até mim.

— Eu não sei quando isso acontecerá. Só não me deixe até as luzes voltarem.

— Não vou. Eu não vou. Você está melhor?

— Sim. Obrigado.

— Seu pai punia você colocando-o no escuro?

— Sim! Não! Por favor. Não me pergunte sobre ele.

— Okay querido. Entendi. Nada vai acontecer com você aqui.

— Você me dá um beijo?

Ela deu. Começou devagar. Encontrando seus lábios e roçando os dela através deles, para trás e para frente, delicadamente saboreando-os, ela tentou afastar seu medo. Ela mordiscou seu lábio superior e depois seu inferior, logo antes de chupá-lo em sua boca. Suas línguas se entrelaçaram ao redor uma da outra enquanto se beijavam e seus braços apertavam-na com força contra ele.

— Você sabe quando me diz sempre como sou bonita? — perguntou.

— Sim, porque você é.

— Você é lindo também. Apenas nunca te disse antes. Agora é sua vez de me beijar.

Ela sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso quando ele a beijou e seu coração sorriu junto com ele. Seu pânico foi felizmente esquecido, pelo menos por agora, enquanto se perdiam em seu beijo.

Ele a surpreendeu quando se sentou e se moveu para poder deslizar seu comprimento nela. Mas suas bocas e línguas continuaram com o beijo. Seus gemidos foram engolidos um pelo outro, assim como seus clímax. E quando deitou, ainda profundamente dentro dela, adormeceu. Ele esqueceu sua necessidade de luz porque ela ainda tinha os braços ao redor dele, exatamente como havia prometido.

Ela se inclinou, apagou a vela e adormeceu também.


# # #


O segundo dia a acordar com sol forte não era o que Gabby desejava. Era brutal para os seus olhos. Seu quarto era de frente para o leste e parecia estar sob um mega holofote. Mas agora ela entendia por quê. Então viu que estava sozinha na cama. Se esticando, se sentiu agradavelmente dolorida em uma área particular e sorriu. Ela se lembrou da noite passada. Seu ataque de pânico. Seu medo do escuro. Ela ficou intrigada até que sua mente se aventurou no sexo que tiveram antes da tempestade e o que ele fez com ela, onde ele colocou o dedo, e ela sentiu seu rosto queimar.

Sua mente perdida se desviou para quantas vezes ele fez isso no passado com outras mulheres, mas depois ela se repreendeu. Isso realmente importava? Empurrando esses pensamentos tóxicos, ela saiu da cama e foi em busca de Kolson. Não o encontrando, ela tomou um banho.

Depois de terminar o banho, ela foi para a cozinha tomar um café. Uma visão muito atraente a saudou, Kolson em frente ao balcão, bebendo uma garrafa de água, suado por causa do treino. Seu coração acelerou quando sua mão alcançou seu peito enquanto imaginava como ele se sentiria contra sua pele, pingando de suor, ou que sabor ele teria se ela o lambesse agora. Ele não a tinha notado ainda, e quando ele levantou a bainha de sua camisa para limpar o suor do rosto, ela se sentiu a ficar úmida com a necessidade. Ela mesma começou a suar simplesmente ao observá-lo. Ele deve tê-la visto porque se virou um pouco e se concentrou nela. Mas não disse uma palavra; ele apenas olhou. A cozinha estava sobrecarregada, assim como o corpo dela.

Então ele se aproximou, pegou a mão dela, levou-a para o quarto e a empurrou para a cama.

— Volto já. Não se atreva a se mover.

Ela ouviu o chuveiro ligar e em alguns minutos, foi desligado. Então ele se juntou a ela, nu e todo sexy. Seus piercings refletiram com a luz e a cabeça do seu pênis brilhou, mostrando-lhe o que estava prestes a acontecer. O desejo se desenrolou de dentro de suas profundezas. Havia apenas uma coisa que ela queria, e não conseguia esperar mais. Ela sentou-se e ficou na beira da cama, fincou o dedo e fez sinal para ele se aproximar.

Ela colocou os braços ao redor de suas coxas, sentindo sua pele úmida aquecida, e levou seu pênis em sua boca, lambendo as gotas de umidade enquanto ela lambia. Ele sabia bem, tão bem. Limpo, salgado e almiscarado, como ela imaginou.

— Oh, Kea, sim.

Levando-o o mais longe que podia, sentiu as bolas prateadas de seu piercing baterem no fundo de sua garganta, mas isso apenas a estimulou. Ela chupou, lambeu e girou a língua sobre sua espessura. Quando ele gemeu profundamente na parte de trás de sua garganta, ela sabia que era o que ele queria. Não havia nada mais quente para ela do que esse som, então abriu os olhos para dar uma olhada nele e encontrou-o observando cada movimento dela. Ele agarrou a mão dela e a moveu para o seu saco pesado, envolvendo-o em torno de seu peso. Sua respiração ficou mais pesada então, e Gabby não queria parar de olhar para ele.

— Sua boca no meu pau é uma visão tão sexy, — disse, com a voz rouca de luxúria. — Leve-o profundamente, o mais fundo que puder.

As bolas prateadas fizeram cócegas em sua língua e no céu da boca enquanto ela movia seu pênis para dentro e para fora. Toda vez que ela o tocava e passava a língua em volta deles, ele sussurrava entre os dentes. Ela o levava em profundidade e os sons que ele fazia quando o chupava com força, estimulava seu próprio desejo.

— Ahhh, estou tão perto. Eu preciso que você pare. Quero foder você agora. Eu quero que você envolva sua boceta apertada em volta de mim.

Quando ela o soltou, ele desatou o roupão dela e arrancou-o dela. Então ele chupou seus mamilos com força e os provocou com os dentes, raspando-os até ficarem quase em ferida e ela se contorcia debaixo dele.

— Por mais que eu queira que isso seja lento, estou muito impaciente agora. Quero te levar com força e rapidez.

Ele levantou as pernas sobre os ombros e mergulhou nela, esticando-a com uma força implacável. E ela amava cada centímetro dele. Implorou por mais. Suas unhas se cravaram em seus braços enquanto ela gozava e gritava seu nome, mas ele não prestou atenção. Ele só empurrou mais forte, perseguindo sua liberação e a dela. Sua mão encontrou seu clitóris, esfregou-a em êxtase e logo depois ele puxou para fora. Ela assistiu como seu esperma explodiu em seu peito em uma série de sensuais surtos. Então ele o massageou por todo o peito, mamilos e boceta.

Ajoelhando-se, ele a olhou e disse:

— Eu acho que gosto mais de você assim. Que visão maravilhosa você é. Droga, gostaria que não tivéssemos que ir trabalhar.

Depois de um momento, ele foi ao banheiro e voltou com uma toalha. Ele limpou-a em todos os lugares... exceto seus mamilos e boceta.

— Não se atreva a lavar isso. Quero saber, enquanto eu trabalho hoje, que meu esperma ainda está em seus mamilos e sua boceta. E Gabriella, se você lavar, eu vou encontrar uma maneira de te punir. Você me entende?

— Sim. — Ela não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, mas ela tinha a noção de testá-lo.

— Eu sei o que você está pensando. E você não vai gostar dos meus métodos. Em absoluto.

Então ele deu-lhe um beijo longo, lento e sexy e levantou-se.

— E não faça nada ao seu cabelo também. Você parece perfeita com esse olhar recém fodido.

— Mas eu tenho o cabelo de dormir. Está tudo emaranhado, — protestou ela.

— Em linha reta. E está quente como o inferno. Não se atreva a tocá-lo.

— Você é estranho. Não tem como eu ir trabalhar assim. Meus pacientes vão pensar que sou louca.

Ele riu.

— Não, eles vão pensar que você é linda. Mas vou deixar você escapar dessa vez. — Ele a deteve com outro beijo. — Seus lábios são perfeitos também, todos inchados de beijar e chupar meu pau. — Então ele sorriu quando olhou para o seu braço. — E eu vou usar isso com honra. — Ele segurou-a para ela ver. Haviam três longos arranhões vermelho-sangue.

— Eu fiz isso? Puta merda!

Com um sorriso malicioso, ele assentiu.

— É melhor você se mexer ou nós vamos nos atrasar, — disse ele, sorrindo. — Ah, e Kea, obrigada por me resgatar na noite passada. Isso significou o mundo para mim.

E foi tudo. Ele só disse isso sobre seu ataque de pânico. Gabby sabia que era pura hesitação, mas algo sombrio e perturbador a inquietava. O que aconteceu com ele para causar esse tipo de reação? Seu pai o tinha trancado em um quarto escuro? Ela estava determinada a não bisbilhotar, mas também sabia o quão doentio era manter tudo fechado. Então ela revirou os olhos para si mesma. Panela, apresento-te o lume. Se ela alguma vez o tivesse feito.


CAPÍTULO VINTE


Durante todo o dia, Gabby tinha apenas uma coisa em mente: sua mini maratona de sexo com Kolson. Várias vezes ela se pegou distraidamente esfregando seus mamilos sensíveis. Foi uma coisa boa que ela estava sozinha quando isso aconteceu.

Com todos os telefonemas e mensagens que estava enviando, ela poderia ter usado uma secretária. Sky, Cara, Ryder e Case a estavam checando. Era legal, mas talvez eles precisassem configurar algum tipo de cadeia telefônica. Meio dia, quando o telefone tocou, ela atendeu e ficou mais do que satisfeita em ouvir a voz de Kolson.

— Você tem tempo para almoçar hoje?

— Só tenho quarenta e cinco minutos.

— E quando seria isso?

— Depois da uma e meia.

— Perfeito, — disse ele. — Alguma aversão a comida?

— Oh não. Por quê?

— Estou levando o almoço para você. Vejo você, então.

— Mas... — Ele já havia terminado a ligação.

À uma hora e meia, sua grande estrutura encheu sua porta. Sua presença intensificou o ar ao redor dela, e seu coração pulou atrás de suas costelas. Ele olhou para ela e fez aquela coisa com os lábios, raspando os dentes através deles. Ela sentiu-se responder exatamente onde mais importava, entre as coxas. A mão dela foi para a garganta, como se isso aliviasse a pressão que sentia contra o peito. Mas isso não aconteceu. Nem um pouco.

Em suas mãos, ele carregava uma sacola grande e uma bandeja com duas bebidas grandes.

— Vou ter que ficar aqui e segurar isso pelos próximos quarenta e cinco minutos, ou você vai me mostrar onde vamos almoçar?

Ela limpou a garganta e disse:

— Que falta de educação a minha. Por aqui. — Ela se levantou e ele a seguiu até uma pequena cozinha com uma pequena geladeira e pia. Também tinha uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. — Por favor, sente-se.

Kolson puxou uma cadeira para ela e ela se sentou enquanto ele arrumava a sacola e bebia. Então ele a chocou quando levou a sua mão ao peito dela. Seus dedos desabotoaram a blusa e ele enfiou a mão no sutiã e soltou um dos seios dela. Dobrando a cabeça, ele inalou e então gentilmente chupou o mamilo ainda sensível. Ela suspirou quando ele disse:

— Estou feliz que você tenha seguido minhas instruções, Gabriella. Você ainda cheira e tem gosto de mim.

Ela tentou engolir o nó que estava preso na garganta, mas era inútil. O homem transformou seu corpo em um demônio sedento por sexo.

Arrumando o sutiã e abotoando a blusa, ele se sentou em frente a ela.

— Você deve estar faminta. Não tomou café da manhã hoje. Você tomou?

— N-não.

— Bem me pareceu. Bem, espero que goste de tailandês. Eu conheço um ótimo lugar e tomei a liberdade de fazer um pequeno pedido para nós. — Ele puxou as pequenas caixas quadradas e brancas enquanto falava e, em seguida, pegou outro recipiente de plástico. Entregando seus pauzinhos e uma colher, disse:

— Sirva-se. Oh,espero que você não se importe. Nós vamos ter que compartilhar isso. Eu pedi um grande Tom Kha Gai para nós dois.

Os olhos de Gabby se arregalaram quando ela olhou para toda a comida. Ele deve ter pensado que outras quatro pessoas estavam se juntando a eles.

Ele estava mastigando quando perguntou:

— Você não vai comer?

— Sim. E obrigada. — Ela deu uma mordida em um rolinho primavera e suspirou. Ela não conseguia se lembrar da última vez que comeu comida tailandesa. E isso era divino. Mas a quantidade. Meu Deus!

— Você estava esperando que alguém se juntasse a nós? — Ela perguntou.

— Não por quê?

— Você sempre come tanto assim?

— Eu estava com fome e não conseguia decidir o que pedir. As escolhas eram infinitas. — Ele lançou-lhe um sorriso juvenil.

Ele a observou enquanto comia, e ela não sabia dizer se ele estava com fome de comida ou dela. Ele parecia que iria devorá-la, junto com seus pot-stickers.

— Conte-me sobre sua clínica. Este é seu primeiro ano?

— Sim. Estou a terminá-lo. Julho marcará meu primeiro aniversário.

— O que você mais gosta?

Ela sorriu.

— Além de minhas dificuldades financeiras, eu amo isso. Amo ajudar os outros. Há muitas pessoas por aí que não sabem para onde ir e eu gosto de ajudá-las a encontrar o caminho. Você sabe?

— Gabriella, você é uma reparadora?

— Claro que sou. Isso é o que minha profissão faz. — Ela riu.

— Mas você procura pessoas que precisam de conserto?

— Eu não estou seguindo você.

— Seus amigos, por exemplo. Sky e Cara.

— O que tem elas?

Kolson parou de comer por um segundo e disse:

— Você sabe que todos seus amigos foram investigados. É algo que minha equipe jurídica recomenda. E como eles estão associados a você, eles aparecem como bandeiras vermelhas. Eu confio em você; portanto, não estou preocupado com eles. Eu sei o que elas fazem para viver, então foi por isso que fiz essa pergunta. Parece que todos os seus amigos têm problemas que imploravam para que essa pergunta fosse feita.

Gabby ficou surpresa no começo, mas quando ela pensou um pouco, ela realmente não estava.

— Eu deveria estar com raiva de você, mas não estou. Conheci Ryder através de Case. Ele estava indo aos NA. Ryder começou a ver Sky, que teve problemas com sua mãe, que era viciada. Sua mãe já faleceu. E claro, Cara e Sky trabalham juntas. Eu preciso ser honesta aqui. Há uma grande parte de mim que quer que elas deixem a vida de prostituição. Acho que Sky vai e logo. Cara, não tenho tanta certeza e isso me entristece. Não acho que quero consertá-los por si só. Eu quero que eles estejam seguros. Nenhuma delas usa drogas. Elas raramente bebem a menos se sairmos para uma noite de garotas, que é uma vez a cada três ou quatro meses. Acho que me conectei com a Sky porque ela foi estuprada na prostituição e eu poderia me relacionar com a parte do estupro. Nós duas tivemos vidas familiares ruins. Acho que foi uma resposta muito longa para a sua pergunta. E falei muito. Quebrei confidências. Eu confio em você para manter isso para si mesmo.

Ele sorriu.

— Você não compartilhou nada comigo sobre eles que já não soubesse. Estou mais interessado em sua conexão com elas. Curioso, é o termo mais apropriado, suponho. Não é frequente que uma médica seja amiga de uma prostituta. É por isso que imaginei que você fosse uma reparadora. Mas, Kea, você sabe que existem aqueles que precisam ser reparados, mas não querem ser.

— Não me coloco acima de ser amigo de ninguém. Mas, Kolson, todo mundo precisa ser reparado até certo ponto. Ninguém está perfeitamente sintonizado. É uma questão de como estamos fodidos. Podemos funcionar na sociedade sem fazer mal a nós mesmos ou a ninguém? E estamos felizes em fazer isso? Essa é a pergunta que alguém deve se perguntar.

— Então, Dra. Martinelli, você está feliz?

Gabby não sabia como responder a ele. A resposta para isso era muito complicada.

— Eu acredito que você acabou de me dar sua resposta.

— Isso é uma suposição. Não foi você quem me disse para não fazer suposições sobre coisas das quais eu não sabia nada?

— Touché, Gabriella. De fato disse isso. E você estava prestando atenção.

Ela sorriu ao sentir o gosto da sopa.

— Mmm. Isto é excelente. E você é muito astuto.

Ele assentiu.

— Eu ganho minha vida sendo astuto. Então, além de sua necessidade de correr para ajudar as pessoas, qualquer outra razão para a psiquiatria?

— Sim. Os psiquiatras são os oprimidos da profissão médica. As pessoas não olham para nós como médicos. Eles só nos vêem como conselheiros ou sentados em quartos com pacientes enquanto eles se deitam nos sofás e nos contam seus problemas.

— Bem, não é isso que vocês fazem?

— De certa forma, mas há muito mais. A psiquiatria envolve mais do que apenas conversar com o paciente. Muitas condições e doenças requerem medicamentos e monitoramento, bem como diabetes e outras doenças. Você sabia que muitos moradores de rua sofrem de transtorno de personalidade esquizóide e recusam tratamento porque odeiam os efeitos colaterais das drogas?

— Não, eu não estudei transtorno de personalidade esquizóide, — disse ele com um sorriso.

— Eu estudei.

— Tenho certeza disso. Sei que o maior motivo para você entrar em seu campo é o seu passado. E depois de ver você em ação, não há mais nada que eu possa imaginar você fazendo.

— Isso é verdade. Depois que comecei a estudar psiquiatria, meu fascínio aumentou. O cérebro humano é incrível e as coisas que podem dar errado são... bem, você pode imaginar. As possibilidades são infinitas e se não formos ensinados a lidar ou se nossos neurotransmissores não estiverem nos níveis apropriados, as coisas podem ficar descontroladas. Genética e meio ambiente têm muito a ver com isso também. Algumas pessoas acabam por nascer com sorte.

Enquanto falava, os lábios de Kolson formaram uma fina linha branca.

— Minha vantagem com meus pacientes é que não nasci com sorte, então posso me relacionar com muitos deles. E acredito que isso me ajuda a me conectar, particularmente com as vítimas de abuso.

O comportamento de Kolson foi alterado. Um véu desceu sobre ele e seu tom se tornou severo.

— Bom para você. Que tal terminarmos o nosso almoço? Preciso estar de volta ao escritório e pensei que você tivesse pacientes chegando.

O ar a deixou e seu corpo caiu em sua cadeira. Ela pensou que ele ficaria animado enquanto falavam sobre o que ela fazia, mas ele não só estava desinteressado, como também tinha pouco tempo para ela. O fascínio que ele mostrou quando a acompanhou ao hospital e ao abrigo das mulheres havia desaparecido e feriu Gabby. No entanto, se ela tivesse colocado o seu modo psiquiatra, teria percebido que seus comentários chegaram perto demais. E se Kolson abrisse os olhos, ele teria notado como suas palavras haviam sido dolorosas para ela. Mas nenhum deles o fez. Eles se concentraram em sua comida, Kolson terminando a sua e Gabby olhando para a dela.

Poucos minutos depois, sua cadeira raspou no chão enquanto ele se levantava e disse:

— Vou sair agora.

Foi terrivelmente estranho. Ela olhou para ele e viu um estranho diante dela. Sumiu o homem quente e apaixonado dessa manhã e em seu lugar estava um homem insensível que ela não reconheceu.

— Obrigada pelo almoço.

— Não foi nada, — ele disse secamente. — Eu conheço a saída.

Gabby tentou analisar o que acabara de passar entre eles, mas estava tão abalada que sua mente não conseguia pensar direito. Sua próxima consulta estava marcada em poucos minutos, então ela precisava ter a cabeça limpa.

E então, como um raio, isso a atingiu.

Nascido com sorte. É isso mesmo.

Ela não tinha tempo para pensar nisso, porque as duas horas chegariam a qualquer momento, mas tinha que ser por isso que ele mudara.

Mais tarde, depois que sua paciente foi embora, tentou ligar para Kolson, mas foi diretamente para o correio de voz. Ela deixou uma mensagem e um texto pedindo para ele lhe ligar. Às cinco e meia, quando chegou a hora de sair, ela ainda não recebera uma resposta e Ovaltine estava esperando para levá-la de volta ao apartamento de Kolson.

Quando ela entrou no carro, perguntou:

— Você vai pegar Kolson?

— Não, senhorita. Ele me pediu para avisar que vai trabalhar até tarde.

— Oh. Você vai me levar para a reunião de NA hoje à noite? É a minha noite de voluntariado lá.

— Não, senhorita. Eddie vai levá-la e trazê-la para casa.

— Oh, ele não precisa esperar. Case pode pegar um táxi para mim.

— Não, senhorita, as instruções do Sr. Hart foram para Eddie esperar por você.

— Entendo. Que horas você falou com o Sr. Hart?

— Por volta das quatro da tarde, senhorita.

Gabby rangeu os dentes. Isso foi depois que ela deixou suas mensagens e depois que tentou ligar para ele novamente. Ele a estava evitando.

— E Dra. M.?

— Sim?

— Sam queria que eu lhe dissesse olá.

Gabby sorriu.

— Diga-lhe olá de volta. A propósito, qual é o seu nome verdadeiro?

Ovaltine riu.

— É Leroy, senhorita. Mas não sou chamado assim desde criança. Não bebia nada além de Ovomaltine. Ainda bebo para falar a verdade. Minha mãe me apelidou disso e ficou meio que preso.

Gabby riu.

— Que tal de vez em quando, você beber um pouco de água?

— Oh, não se preocupe, senhorita. Eu bebo também. Quando jogo futebol, bebo bastante e Gatorade.

— Sam jogou também?

— Oh, sim, senhorita.

— Percebi isso. Com sua compilação e tudo.

— Todos jogamos. Todos os cinco irmãos. Nenhum de nós era bom o suficiente para ir para os profissionais, então foi quando fomos trabalhar para o Sr. Hart. O grande Sr. Hart. Então, há sete anos atrás, quando o Sr. Kolson Hart saiu, ele nos ofereceu empregos e nós fomos com ele, sendo que o conhecíamos desde que ele era um jovem. Engraçado, o Sr. H. nunca soube que me chamavam por Ovomaltine, porque sempre usava o nome Leroy.

— Como ele é? Grande Sr. H.?

Ovaltine encolheu os ombros.

— Ok, eu acho. Sam poderia contar mais sobre ele do que eu. Ele era o braço direito e o que estava mais próximo dele. O resto de nós recebia ordens de Sam.

— Sei que não é da minha conta, mas Kolson não se dá bem com ele, não é?

— Não, mas isso não é da minha conta também. E eu não deveria fofocar, senhorita. Sam teria minha cabeça se soubesse que eu lhe disse isso.

— Oh, me desculpe. Prometo, não vou contar uma palavra.

— Obrigado. Sam pode ser bem assustador quando fica chateado. Mas ele gostou de você. Ele me disse que era melhor ninguém machucar um fio de cabelo seu enquanto eu estivesse cuidando de você ou ele iria bater na minha bunda. Ah, desculpa a linguagem, senhorita.

Gabby riu.

Quando Ovaltine parou na frente do prédio de Kolson, ele saiu e acompanhou Gabby para dentro.

— Obrigada Ovomaltine. Eddie sabe que eu preciso dele às quinze para as sete?

— Sim, senhorita, com certeza ele sabe.

— Muito obrigada. Eu acho que te vejo amanhã. — Ela o deixou com um aceno.

Quando ela saiu do elevador, Lydia a cumprimentou e se apresentou. Gabby imediatamente gostou dela. Ela mostrou a Gabby o jantar que preparou e depois deixou-a sozinha. Como Gabby tinha menos de uma hora antes de sair novamente, decidiu trocar de roupa e depois comer.

Quando terminou, ela foi explorar o apartamento. Mesmo tendo passado o fim de semana lá, ela realmente não checou o lugar. Era bem espaçoso e sem contar a sala, a cozinha moderna, seu luxuoso quarto de hóspedes e o luxuoso quarto de Kolson, a cobertura tinha tudo o que se podia pedir. O escritório de Kolson era grande, elegante e ultramoderno, e havia uma pequena biblioteca na qual Gabby queria se perder porque estava cheia de todos os tipos de livros. A cobertura também tinha outro quarto de hóspedes muito parecido com o que ela ocupava, uma sala de mídia com todos os tipos de videogames imagináveis, uma sala de jantar formal e uma sala de estar formal. A cabeça de Gabby girou com o tamanho e a opulência do lugar. A casa de seus pais em Connecticut era bastante grande, mas isso foi em Manhattan, onde o preço do imóvel era ímpio. Ela não podia começar a imaginar o que esse lugar custava para alugar. Mas então ela pensou novamente. Ele não alugou isso. Pessoas como Kolson Hart não alugavam nada.

A campainha soou, invadindo seus pensamentos. Ela olhou em volta e então se lembrou de onde o interfone estava.

— Sim?

— Dra. Martinelli? Seu motorista está aqui para você.

— Er, obrigada. Descerei logo.

Ela pegou sua bolsa e colocou o código do elevador. Eddie estava esperando por ela e se apresentou. Em pouco tempo, ela estava sentada na reunião de NA, ouvindo Case, ou pelo menos tentando. Seus pensamentos ainda estavam em Kolson e porque ele não tinha retornado suas ligações.


CAPÍTULO VINTE E UM


Danny rangeu os dentes enquanto observava Gabby entrar na limusine. O motorista abriu a porta para ela e eles foram embora. O carro não era marcado, então ele não conseguiu pegar o nome da empresa. Raios a partam! Quando ela iria foder tudo e dar ao velho Danny uma oportunidade? Ele tinha planos, grandes planos, e Nadine simplesmente não o via mais. Na verdade, ela lhe disse para pegar a estrada ontem. Ela disse que ele era um idiota doente e não gostava de seus jogos sujos. Danny ficou um pouco áspero, mas ela pediu por isso. No momento em que ele terminou com ela, seu cinto a deixou ensanguentada e roxa. Ela não se sentaria tão cedo, e Danny riu ao pensar em seu traseiro preto e azul.

Porra, deveria ter sido a Gabby. Ele socou a superfície áspera da parede de tijolos e instantaneamente se arrependeu quando a mão dele palpitou. Olhando para a carne raspada, ele amaldiçoou Gabby novamente e decidiu que ele dobraria seus esforços para alcançá-la. Aquela cadela estava deixando-o infeliz e esse era mais um exemplo de como ela estava fodendo com ele.


# # #


Kolson leu e releu a mensagem de Gabby e escutou sua mensagem de voz várias vezes, mas não respondeu. Ele não estava completamente pronto e não sabia o que dizer. Seu passado era desagradável, tão feio quanto o dela, mas de uma maneira muito diferente. E ele sabia que se começasse, ela iria querer ajudar, quereria analisá-lo e ele não poderia, não iria lá. Ele não estava pronto para fazer isso. E a verdade era que não tinha certeza se queria. Era paralisante pensar nisso.

O helicóptero o esperava e ele correu através do vento do rotor e subiu a bordo. Sua mente estava no lugar errado e ele precisava se mexer. Outro contrato enorme estava em jogo e seu braço direito conversava com ele. Depois de um tapinha no braço, ele olhou para cima e fingiu que seu fone de ouvido não estava ligado.

— Me desculpe, cara. Eu esqueci.

— Você está pronto, senhor?

— Jack, eu estou sempre pronto para uma boa luta verbal. — E essa era a verdade.

— Aqui estão seus contratos e este é o seu relatório. Eu tenho todos os materiais que você solicitou aqui. Haverá quatro pessoas presentes. Mas você já sabia disso. Se conseguirmos bloquear isso, parece que você terá todas as equipes profissionais de Filadélfia e Boston. Isso só deixa a área de DC.

Kolson assentiu.

— Este é seu último passo no acordo de Filadélfia e todas as coisas indicam que é uma jogada. Eles precisam dos autocarros porque eles não querem mais lidar com os seus. Nossa oferta é a mais limpa. Não quero dizer que é um negócio fechado, porque qualquer coisa pode aparecer no último minuto, mas com as responsabilidades como estão hoje, eu acho que você pode resolver isso.

— Você tem todas as estatísticas e informações sobre o que aconteceu após o último incidente?

— Sim senhor. Seu motorista ainda está lidando com as questões legais do acidente. E eles vão lidar com os processos decorrentes desse acidente por anos, eu acredito.

O autocarro que uma das equipes usou sofreu um acidente. O motorista estava embriagado e vários passageiros nos carros atingidos pelo ônibus ficaram gravemente feridos.

— Eles realmente gostaram da nossa política de tolerância zero e teste de drogas para os nossos motoristas.

— Sim, Sr. Hart, eles gostaram.

Kolson ficou em silêncio enquanto revisava o contrato e as informações nos arquivos. Tudo parecia estar em ordem. Ele fez uma pausa para pensar em Gabriella e sabia que não estava sendo justo com ela, mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. Ele forçou esses pensamentos para o fundo de sua mente e centrou-se no que estava em suas mãos.

A voz de Jack chegou até ele através do fone de ouvido.

— Estamos nos preparando para pousar, senhor.

Kolson ajeitou a gravata, ajustou as abotoaduras e assentiu. O helicóptero fez contato com o solo e o co-piloto abriu a porta do passageiro assim que os motores pararam de girar. Kolson tirou o fone de ouvido e saiu da nave, com uma pasta na mão. Um carro aguardava para levá-los para a reunião.

Duas horas e meia depois, eles estavam no ar, voltando para Manhattan. Jack olhou para Kolson e disse:

— Se me permite dizer isso, senhor, para um homem que acaba de conseguir o segundo maior contrato da HTS em menos de dois meses, o senhor não parece muito empolgado.

Kolson lançou-lhe um olhar.

— Estou extremamente feliz com isso, Jack. Isso vai separar a HTS de todas as outras empresas de serviços de transporte do setor. Não se engane sobre isso. Eu tenho outras coisas em mente no momento.

— Claro senhor. Peço desculpas.

— Não é necessário pedir desculpas.

Jack percebeu que a conversa terminara. O Sr. Hart estava a milhas de distância e Jack não seria estúpido o suficiente para interferir.

O telefone de Kolson tinha zumbido várias vezes durante a reunião, e tinha ignorado, então o verificou e viu que só havia chamadas ou mensagens de Gabriella. Ele tentou descobrir como lidaria com isso. Normalmente, ele se afastava quando chegava a este ponto. Mas isso não era uma opção com ela. Ele estava demasiado envolvido e queria que fosse assim. As coisas eram diferentes com Gabriella; ela era diferente. Ele ansiava por ela... seu toque, seus beijos, seu corpo, seu sexo. Ela atingira um lugar dentro dele e o virou de cabeça para baixo. De um jeito bom.

E relativamente ao que aconteceu, ela também não tinha feito nada de errado. Ele sabia que não podia deixar isso continuar, porque se não fizesse alguma coisa, causaria uma ruptura entre eles.

Estava quase escuro quando eles pousaram no telhado da sede da HTS. Ele foi direto para o escritório e cuidou de algumas coisas necessárias. Uma hora depois, ele foi para casa. Eram quase nove quando entrou na garagem. Embora tivesse sido um longo dia e ele estivesse cansado, sabia que devia uma explicação a Gabriella. Ele esperava que ela estivesse em casa após sua atividade voluntária nos NA.

Quando saiu do elevador, o apartamento estava em silêncio. Ele andou através de cada quarto, verificando se ela estava lá. Quando não a encontrou, ficou chocado com a decepção que passou por ele. Ele estava saindo de seu escritório e de volta para a cozinha quando ouviu o barulho do elevador. Então as portas se abriram e ela saiu andando.

— Gabriella, — disse enquanto praticamente corria para cumprimentá-la, surpreendendo os dois.

— Kolson! Onde você esteve? Eu tenho ligado e mandado mensagens para você! — Sua voz tinha uma ponta afiada que ele não tinha ouvido antes.

— Sinto muito. Eu tive uma reunião em Filadélfia.

— Filadélfia? Hoje?

— Sim. Esta tarde. Foi às quatro.

— E você foi lá depois do almoço?

— Eu voei.

— Em um avião?

— Não. Tenho um helicóptero.

O que mais ela não sabia sobre ele? Provavelmente um grande inferno, ela supôs.

— Sim. Podemos falar sobre meus métodos de transporte em outro momento? Queria te dizer que peço desculpas pela maneira como reagi hoje. Foi inapropriado. Minha reação foi desnecessária e você não mereceu. Eu deveria ter ligado mais cedo, mas eu... é um assunto difícil e delicado para mim. Eu sinto muito.

— Não, eu percebi depois que você saiu que foi o que eu disse. Estou a supor que foi, mas tenho certeza que teve algo a ver com o que eu disse sobre ter sorte. É por isso que eu estava ligando. Então fiquei com raiva quando você não me ligou, mas depois de um tempo eu comecei a me preocupar.

— Sobre mim?

— Bem, sim. Não é isso que as pessoas fazem quando se importam uma com a outra?

— Você se importa comigo? Depois que eu fui tão idiota com você?

— Kolson, talvez eu não tenha sido clara. Eu não durmo por aí. Especialmente com homens com quem não me importo. Eu sei que não é comum nos dias de hoje, mas é como eu funciono.

— Você me surpreende. Mas tenho medo de não te merecer.

— Você não é o único que está espantado. E talvez você precise me deixar ser a juíza sobre se você me merece.

Ele empurrou-a contra ele e esmagou sua boca na dela. Seu beijo transmitia tudo o que suas palavras não faziam. Suas mãos se enrolaram em torno de suas lapelas enquanto ela ficava na ponta dos pés e o beijava de volta. Quando ele a soltou, perguntou:

— Onde diabos você esteve toda a minha vida? — Ele tirou o cabelo do rosto dela. — Eu gostaria de ter conhecido você anos atrás, Kea. — Ele roçou os lábios nos dela, beijou sua têmpora, e então tirou o paletó enquanto afrouxava a gravata.

— Você está com fome? — Ela perguntou.

— Morrendo de fome. E você?

— Eu comi logo depois do trabalho. Lydia nos deixou algo. E se eu preparasse o seu jantar enquanto você se troca?

No momento em que ele voltou, ela tinha preparado sua refeição, junto com uma taça de vinho. Eles conversaram enquanto ele comia e ele lhe contou sobre o contrato que conseguiu naquele dia.

— Parabéns!

— Essa também é outra razão pela qual eu não pude ligar. Estava preso na reunião.

— Está tudo bem. Nós estamos bem. Mas por favor, não me evite. Não fuja de mim quando o assunto ficar difícil. Se é algo que você não pode discutir, me diga, porque eu não leio mentes. OK?

— OK.

— Eu também queria que você soubesse que conversei com Case esta noite e vou aceitar a sua oferta. Sobre me mudar. Já que estou atrasada no aluguel do meu escritório, — ela disse timidamente, — não acho que meu senhorio vai se arrepender de me ver ir embora.

— Kea, essa é a melhor notícia que já ouvi. Você tem uma data marcada para isso?

— Sim. Duas semanas.

— Então você terá uma mudança dupla.

— O que você quer dizer?

— Porque eu arranjei um apartamento para você.

— Você conseguiu? — Ela não estava tão animada com isso por um par de razões, mas a maior delas era que não queria deixá-lo.

Ele usava um sorriso malicioso.

— Eu consegui.

— Bem?

— É neste edifício.

— Você está brincando. Eu não posso permitir isso.

— Sim você pode. É um estúdio. E é menos do que você estava pagando.

Ela pulou em seus braços e gritou.

— Eu não posso acreditar. Isso é incrível. Espere. Você fez algum tipo de acordo sorrateiro ou algo assim?

— Não, eu não fiz. É verdade. Mas a melhor parte é que você ainda pode ficar aqui quando quiser. Você pode até mesmo deixar a sua roupa aqui, se quiser, mas você terá seu próprio lugar se você se cansar de mim. — Ele piscou para ela.

— Você pode ser quem irá se cansar de mim. E eu não poderia tirar vantagem de você assim.

— Hmm. Talvez eu queira que você tire vantagem de mim. E se você não tirar, eu posso ter que bater na sua bunda, Dra. Martinelli.

— Isso é uma promessa?

— Certamente é. Agora pegue e leve essa sua bunda para a minha cama, porque me lembro claramente de lhe dar uma ordem esta manhã. E se você me desobedecer, um castigo acontecerá. — Ele bateu na bunda dela e ela correu para o seu quarto com ele na sua cola.


# # #


No dia seguinte, Gabby estava ocupada quando o correio chegou e ela não teve tempo de olhar para ele até terminar com seus pacientes. Quando folheou, notou um grande envelope pardo no fundo da pilha. Puxando para fora, ela engasgou quando viu que estava endereçado a Dra.’Preciosa’ Martinelli. Seu coração bateu em seu peito e sua respiração se apoderou de sua garganta. Ela imediatamente ligou para Kolson.

— Você pode vir ao meu escritório? — Ela lutou para controlar sua voz trêmula.

— O que aconteceu?

— Eu preciso de você. Desculpe-me incomodar...

— Gabriella, você está bem? Ele está aí?

— Não, eu, uh só preciso de você aqui.

— A caminho.

Poucos minutos depois, Ovaltine estava entrando, verificando-a. E não muito depois, Kolson estava lá.

— Isso veio pelo correio. — Gabby olhou para o envelope e depois para Kolson. Seu coração batia em sua garganta porque ela não podia imaginar o que estava dentro, mas sabia que não era bom.

— Ovaltine, você pode esperar lá fora, por favor? — Ovaltine saiu e Kolson foi para o lado de Gabby.

Ela segurou o envelope e seus dedos estremeceram quando tentou deslizá-los sob a aba. Depois de várias tentativas, ela entregou o envelope e perguntou:

— Você pode fazer isso?

Kolson pegou-o e abriu-o. Ele tirou três fotos grandes e uma nota. As fotos eram todas da Gabby, claro. Ela estava amarrada, amordaçada e nua.

A mão de Gabby cobriu a boca quando gritou:

— Oh, Deus! Oh Deus!

Kolson rasgou as fotos, mas não antes de ver as contusões em suas costelas. O que mais o assombrava era o terror absoluto em seus olhos. Ele reconheceu esse medo extremo e empatizou com isso. A nota dizia:

Isso é tudo meu. Cada pedaço dele, preciosa.

Kolson sabia que eles estavam lidando com um filho da puta doente.

— Venha aqui. — Ele puxou-a em seus braços e segurou-a, enquanto ela chorava. Ele tentou acalmá-la.

— Quando ele fez isso? Eu não me lembro dele ter feito isso. Ele pode ter todos os tipos de fotos minhas. E se ele as colocar na internet ou algo assim?

— Sshh. Ele não vai. Ele não quer que ninguém saiba o que ele fez. Isso faz com que ele pareça culpado como o inferno. De agora em diante, você terá alguém aqui com você o tempo todo. Eu não quero você aqui sozinha. E daqui a duas semanas você vai estar com Case, então você não ficará tão isolada.

Kolson podia sentir os tremores diminuindo em seu corpo.

— Eu sou péssima. Não tenho sido nada além de um problema para você.

— Absurdo. Não é como se você tivesse pedido isso. Agora deixe-me ver esse seu belo sorriso.

— Kolson, a última coisa que sinto vontade de fazer agora é sorrir.

— Você está certa. Isso foi insensível da minha parte. Por que não vamos para casa e temos uma noite relaxante?

— Eu ia à biblioteca médica no hospital hoje à noite para atualizar a leitura do meu jornal. Estou muito atrasada. E agora não vou conseguir me concentrar.

— É minha culpa você estar atrasada, não é?

— Não! Eu estive mais ocupada do que o habitual.

— Gabriella, você não precisa suavizar o golpe. Eu sei que tenho ocupado muito do seu tempo ultimamente. Vamos. Reúna suas coisas e vamos sair daqui. Você precisa de comida e, talvez, depois de comer, vai sentir vontade de ler um pouco.

A caminho de casa, Kolson fez uma pequena pesquisa de como facilitar para Gabby a leitura de seus diários. No dia seguinte, quando ela foi trabalhar, um iPad foi entregue em seu escritório e nele estavam todas as assinaturas de seus jornais médicos.

Com as mãos atrapalhadas no celular, ela precisou de três vezes para acertar o número de Kolson por causa de sua empolgação.

— Hart.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu não posso acreditar em você. Seu maluco. Você é incrível!

Kolson recostou-se na cadeira e se encontrou sorrindo para o telefone.

— Eu só posso supor pelas suas frases erráticas que você recebeu o iPad.

— Sim! Obrigada! Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Bem, maldição. Se eu soubesse que tudo o que precisava era um mero iPad, teria feito isso há muito tempo. Mas espere. Eu pensei que minha incrível sutileza fazia isso.

Gabby riu.

— Pare. Sabe o que eu quero dizer. E você ficou um pouco louco com as assinaturas de jornais, não foi? Isto é muito dinheiro. Esses são caros.

— Kea, você vale muito mais do que isso. Eu vejo o quanto você trabalha duro e é importante que você fique por dentro das coisas. Isso tornará mais fácil para você. Eu queria que minha garota favorita fosse feliz. Além disso, significa que ela poderá passar mais tempo comigo. Motivos ocultos e tudo mais.

— Ah, então é assim que funciona. Mas caramba. Dependência, Revista Americana de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Arquivos de Psiquiatria Geral, Neuropsicofarmacologia, Saúde Mental Baseada em Evidências. Isso é algum tipo de pilha de leitura que você tem para mim. Estou impressionada.

— Não é tanto assim. Se precisar de mais, me avise.

— Oh, isso é muito. Acredite em mim.

— Gabriella, eu acredito em você.

— Obrigada, Kolson. Eu,uhm... eu acho que estaria em grandes apuros sem você.

— A sensação é mútua. Preciso desligar, mas vou te ver daqui a pouco.


# # #


Duas semanas se passaram em um borrão e chegou o dia da mudança. Como o escritório de Gabby era muito pequeno, a mudança foi fácil. Kolson tinha dois homens da HTS para cuidar disso. O maior problema era seu escritório pessoal, que consistia em sua mesa e arquivos. O resto era apenas algumas cadeiras e utensílios de cozinha.

Quanto ao seu apartamento, Kolson e Gabby discutiram sobre isso. Ele insistiu em comprar seus novos móveis. Ele queria que ela tivesse mobília de quarto nova, já que as coisas que ela tinha eram antigas, desde os tempos de faculdade. Ele achou que era hora de seguir em frente. Ela discordou. Ela gostava de suas coisas chiques e queria mantê-las. No final, ela ganhou e ele enviou seus homens para movê-las. Ele tinha que concordar; as coisas dela eram fofas. Ela as pintou e lixou, dando a elas uma aparência rústica e elegante.

Gabby sorriu durante todo o dia enquanto montava sua nova casa, e Kolson sentou em sua única cadeira e sorriu para ela. Ele não podia imaginar viver em algo tão apertado novamente. Ele tinha vivido uma vez, quando deixou seu pai e começou do nada, mas voltar, ele sabia que seria difícil. Mas assistir Gabby deu-lhe um novo apreço pelas coisas. Ela estava literalmente animada. E isso deixava-o feliz por vê-la feliz. Também o fez querer dar-lhe coisas. Muitas coisas.

— Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

— Paz mundial.

— O quê?

Ela riu.

— Houve um filme10 um tempo atrás em que uma garota era uma agente disfarçada do FBI posando como uma concorrente de concurso de beleza e quando chegou a hora de ela responder à pergunta de um milhão de dólares, foi o que ela disse. — Gabby riu. — Foi hilário porque o personagem não era do tipo de concurso e ela não sabia o que diabos estava fazendo.

— Oh. — Ele parecia positivamente confuso.

— Oh meu Deus. Você não entende, não é?

— Nem um pouco.

— Eu estava brincando. Não sei. Você está me perguntando algo que eu não posso responder. A questão também está lá fora para mim.

— Bem, pense nisso.

— Por quê?

Ele se levantou e foi até ela. Ela estava de pé ao lado da cama, então ele a agarrou pela cintura e ela caiu em cima dele.

— Porque talvez eu lhe queira dar o mundo, Kea. — Seus lábios tocaram os dela suavemente. — Você está tão feliz com as menores coisas. Fico feliz em ver você feliz.

— Eu não preciso de coisas para me fazer feliz. Isso, você e eu estando juntos, me faz feliz. Momentos como esse me deixam em êxtase. Coisas materialistas não me fazem feliz. Tocar em você é o que me traz alegria. Durante a maior parte da minha vida, eu não tive nada disso. — Seus dedos dançaram sobre suas bochechas e depois em seu cabelo. — Ou isso. — Ela o beijou. — Você me faz feliz,Kolson.

— Diga isso de novo.

— Você me faz feliz, Kolson.

— Deus, Gabriella. Ninguém me fez tão feliz quanto você. Alguns dias eu quero sair do meu escritório e ir direto para o seu, pegar sua mão e fazer todo tipo de loucura. Ajo como se tivéssemos doze anos. Faço coisas que deveríamos ter feito quando éramos adolescentes, mas nunca o fizemos porque estávamos vivendo uma vida fodida. Quero fazer muitas coisas com você. Mas então eu paro porque tenho medo de te assustar. Ou que você vai achar que eu sou uma aberração. Ou que estou indo rápido demais. Nunca quis nada assim antes ou algo assim tanto.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou ferozmente.

— Faça, Kolson. Faça cada uma delas. Eu não vou fugir e você não vai me assustar. Eu juro que você não vai. — Seus olhos queimaram nos dele enquanto ela falava e seu coração expandia como nunca antes. Foi nesse momento que Kolson soube que estava se apaixonando por Gabriella Martinelli. E rezou para que ela se apaixonasse por ele.


CAPÍTULO VINTE E DOIS


Kolson e Gabby se reuniram com os advogados para discutir as direções sobre o caso de Gabby contra Danny.

Stan Harrison, o principal advogado, disse:

— Dra. Martinelli, tenho que ser honesto com você. Mesmo que você possa obter esses raios-X e uma avaliação psíquica e há o fato de que você tentou tirar sua vida, eu não tenho certeza o quão longe isso vai nos levar. — Stan fez uma pausa e odiou o que ele tinha para dizer a ela em seguida. — O problema que temos é que você nunca apresentou um relatório policial sobre os estupros, então se isso não foi feito, tecnicamente, um crime nunca foi cometido aos olhos da lei. Podemos apresentar uma ação civil, particularmente contra seus pais, mas acho que isso é o máximo possível. Eu recomendo que você tenha os raios X e a avaliação feita, no caso de seu primo tentar alguma coisa, já que ele está perseguindo você. Você estará um passo à frente do jogo.

Kolson era um enorme pedaço de aço inflexível. Ele observou Stan com interesse, mas não ficou satisfeito com sua declaração. Danny sempre seria um problema para Gabby, bloqueando sua capacidade de se mover livremente sem medo.

— Então, o que você está dizendo é que ela não tem nenhum recurso.

Stan olhou para os dois e assentiu.

— A menos que ela queira entrar com uma ação civil contra seus pais.

Ela suspirou.

— Eu não sei se tudo isso vale a pena.

Kolson se inclinou para a frente e pegou a mão dela.

— Seria um começo, Kea.

— Ele está certo, Dra. Martinelli. E considerando o fato de que seus pais maltrataram você, esta é realmente a melhor maneira na minha opinião. Além disso, e lamento falar nisso, se ele alguma vez agir, já estamos à frente do jogo, como eu disse antes.

— Absolutamente, — concordou Kolson.

— Ok, se você acha que esta é a minha única opção. — Gabby não estava totalmente confortável com isso, mas todo mundo estava aconselhando-a a fazê-lo, e como psiquiatra, era o que ela aconselharia seus pacientes a fazer.

— Então você quer que eu organize os raios-X? — Stan perguntou.

— Por favor. Podemos usar o Lenox Hill?

— Certamente.

— Eu quero que isso fique longe dos meus interesses profissionais.

— Dra. Martinelli, preciso mencionar isso. Você percebe que, se isso for ao tribunal, isso provavelmente impulsionará sua carreira.

— O que você quer dizer?

— Você foi molestada sexualmente quando jovem por um membro da família. O ato foi ignorado e negado por seus pais. Você então tentou cometer suicídio, e eles ainda viraram a situação contra você. Mas você perseverou. Você não apenas perseverou, como foi para uma escola de medicina de grande prestígio e se tornou psiquiatra para ajudar o tipo de pacientes que você já foi. Você se tornará um ícone da mídia. Só estou lhe dizendo isso porque, uma vez que o julgamento chegar, você vai se tornar a queridinha das notícias. A bela e trágica história da menina que se levantou das cinzas.

— Oh, inferno do caralho, isso não!

Stan e Kolson olharam para ela e então Kolson riu.

— Como você pode rir? — perguntou, indignada.

— Estou rindo de sua escolha de expressões. ‘Oh, inferno do caralho, isso não?’ Acho que nunca ouvi isso dessa maneira.

— Bem, eu nunca me senti assim, então sim, caralho, inferno do caralho, não. Eu não quero estar na mídia ou nas notícias.

— Bem-vinda ao meu mundo, Kea.

— O que vou fazer? Existe alguma maneira de pará-lo?

— Podemos tentar, Dra. Martinelli. Mas isso vai ser muito grande. — Stan olhou para Kolson.

Kolson se aproximou dela e segurou a mão dela.

— Primeiro as coisas mais importantes. Vamos dar um passo de cada vez antes de você começar a se preocupar com as notícias.

— Sim. Você está certo.

Enquanto caminhavam para o carro de Kolson depois da reunião, ele disse:

— Acho que é hora de colocar um guarda-costas em tempo integral. Não estou confortável com você por conta própria.

— Mas eu tenho Sam, Ovaltine e Eddie.

— E eles estão bem, mas eles te levam por aí. Eu quero alguém com você em seu escritório e alguém escoltando você, acho que é mais prudente para que você não esteja sozinha. Apenas quero você segura. E por favor, permita que me sinta seguro em relação a isso. Será mais fácil para mim, para que eu não passe meus dias me preocupando com você.

Ela ficou pensativa por um momento.

— Ok, mas quando estiver no meu novo escritório, estou bem. Com Case e os caras ao redor...

Kolson se virou para ela e colocou as mãos nos ombros dela.

— Gabriella, não é trabalho do Case te proteger. Eu sei que ele te ama, mas ele tem um negócio para ser executado. Ele não deveria precisar ter sempre alguém lá o tempo todo para ficar de olho em você. Além disso, ele tem uma recepcionista na frente para se preocupar. É reconfortante saber que há um guarda treinado profissionalmente cuidando de você.

Quando dito assim, Gabby quase se sentiu culpada por não o deixar contratar um.

— Ponto justo. Então, quando isso vai começar?

— Hoje. Nós temos muitos na empresa. Você vai usar um deles.

— Ok, chefe.

— Você acha que é engraçada, não é?


# # #


Duas semanas depois, Kolson estava em seu escritório quando uma ligação veio de Stan Harrison.

— Sr. Hart, tenho todos os raios-X e o relatório do radiologista. Vou mandá-los para sua casa para que você e a Dra. Martinelli possam ver tudo juntos.

— Por que não o envia para mim?

— Uh, Sr. Hart, não quero que você veja sem ela. Senhor, é muito ruim.

O aperto de Kolson apertou seu telefone.

— Exatamente o quão ruim?

— Muito pior do que eu imaginava, e se fosse para adivinhar, apostaria que até a Dra. Martinelli esqueceu muito disso. Ou talvez tenha se forçado a bloqueá-lo.

— OK. Envie-o por correio e nós analisaremos juntos.

— Ela vai precisar de você lá com ela. Se fosse eu, não tenho certeza se gostaria de revisá-lo sozinho.

— Foda-se.

— Foi o que eu disse quando li, senhor.

Kolson decidiu não o mencionar a Gabby. Ele ligaria para ela e pediria que jantasse na casa dele.


# # #


Gabby ficou surpresa ao encontrar Kolson em casa antes dela. Ele estava esperando por ela quando saiu do elevador.

— Oi, linda. — Ele pegou sua mala e bolsa e entregou-lhe um copo de vinho.

— Ei, olá. — Ela se inclinou para um beijo. — Mmm, isso é legal.

— Sim, sempre.

— Venha. — Ele a levou para a sala onde um grande envelope dourado estava na mesa de café.

— O que é isso?

— Seus raios-X, junto com o relatório do radiologista. Eles chegaram hoje. Eu não li nem olhei nada disso. Esperei por você.

— Entendo. — Seu corpo endureceu. — Eu... eu...

— Estou com você e sempre vou estar. Você não precisa olhar. Quero que você veja, mas se você não quiser...

— Não. Eu quero. Só que, eu... — Ela engoliu e esfregou a dor no peito. — A dor, não a física, mas a emocional, você sabe. Meus pais, como eles... — Ela estremeceu.

Ele se virou para ela e disse:

— Estou aqui. Gabriella, eu acredito em você. Eu te conheço como pessoa. Sei o quanto você está ferida. Confie em mim. Deixe-me ser sua força.

— Ok. — Ela respirou fundo. — Vamos fazer isso.

Ele tirou os exames, e ela disse:

— Você não precisa se preocupar com isso. A iluminação não é boa o suficiente e o relatório vai nos dizer tudo o que precisamos.

Ele os guardou de novo e tirou os papéis. Eles se inclinaram e começaram a ler.

Eles leram tudo. Gabby registrou dezenove fraturas de costelas separadas, várias fraturas ósseas no punho e no braço esquerdos, vários dedos, ambos os ossos nasais e duas clavículas quebradas. No final, Kolson estava tão tenso que parecia prestes a rebentar.

— Aquele filho da puta tem que morrer. E depois, o mesmo acontece com seus pais filhos da puta. Como eles não podiam ver isso?

— Eu escondi muito disso. — Sua voz foi silenciada.

— O quê?

— Depois de um tempo, escondi a maior parte. Ele me batia em lugares que não se viam. Então eu escondi. As coisas que eu pensava que curariam sozinhas.

— Como diabos você fez isso? — Ele gritou.

Ela se encolheu dele e ele imediatamente reagiu.

— Porra, me desculpe. A última coisa que você precisa é ter que lidar com um namorado assustador. — Suas mãos se abriram através de seu cabelo. — Porra!

Ela inclinou a cabeça contra as suas mãos, pensando no passado. A maior parte tinha sido escondida nas profundezas mais distantes da sua mente. Mas isso a chutou para a primeira fila e estava aplaudindo de pé com confetes e flâmulas. Oh, como ela se lembrava da dor. Como mal conseguia respirar enquanto ficava deitada em sua cama à noite. Ela cruzou os braços e esfregou os lados, os lugares que costumavam doer tão terrivelmente.

— Eles me acusavam de fazer as coisas, então eu escondi deles depois de um tempo. As contusões eram principalmente em áreas cobertas por roupas. Eles não podiam vê-las. Logo parei de chorar, porque isso só me causava mais problemas. — Seus olhos assumiram um olhar assombrado. — Parei de chorar completamente. Esse foi um dos objetivos do meu psiquiatra. Aprender a chorar de novo. Você sabia que eu não choro desde que tinha quinze anos? — Ela deu-lhe um sorriso fraco.

— Nunca?

— Nunca. Nem mesmo quando meu cachorro, Ethel, morreu. E eu amava aquele cachorro mais que tudo.

— Por quê?

— Não sei. Eu não posso. Às vezes sinto que vai acontecer, como um ardor nos meus olhos, mas depois desaparece. Meu psiquiatra pensou que era por causa do trauma que sofri e que, uma vez que eu deixasse tudo para trás, seria capaz de encarar tudo de novo. Mas a minha opinião é que isso tem a ver com vulnerabilidade. Era mais seguro não chorar. Eu construí uma parede tão sólida que me acostumei a parar as lágrimas. Qualquer que fosse o caso, Danny sabia disso. Ele iria socar e chutar-me e tentar o seu melhor para me fazer chorar. Mas eu não faria. Acho que é por isso que eu tive tantas costelas quebradas.

— Maldito seja ele! — Kolson queria bater em algo. Qualquer coisa. Para soltar toda a pressão. Ele enfiou tudo de volta no envelope. — Vamos sair daqui por um tempo.

— Tudo bem por mim. Mas pra onde?

— Espere um segundo. — Ele se levantou e foi para o seu escritório. Em poucos minutos estava de volta. — Venha, vamos . — Ele ofereceu a mão e ela agarrou-a.

— Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

Eles pegaram o elevador até à garagem e entraram no carro.

— Alguma dica? — Ela perguntou.

— Nós estamos indo para um pequeno passeio. Nós dois precisamos de uma mudança de cenário.

Eles pararam na frente do HTS.

— Não é aqui que você trabalha? — ela perguntou.

— Sim, este é o meu prédio.

— Você está me levando em uma turnê?

— Mais ou menos. — Ele foi para a garagem subterrânea e entrou no elevador. E subiram. Quando saíram no último andar, um helicóptero esperava. Os rotores estavam girando; estava ventando e era extremamente alto. Ele pegou na mão dela e a puxou para a porta do passageiro, onde um homem estava segurando aberto.

Eles entraram e Kolson deu um fone de ouvido para Gabby e ligou. Ele colocou por conta própria e eles foram recebidos pelo piloto.

— Boa noite, Sr. Hart, Dra. Martinelli.

— Oi, Steven. Obrigado por vir em tão curto prazo. Nós não vamos ocupar muito do seu tempo. Apenas cerca de uma hora mais ou menos.

— Sem qualquer problema, senhor. Então quer um passeio sob a aérea de Manhattan, senhor?

— Dê a minha dama o melhor show que puder.

— É para já. Aproveite o passeio, Dra. Martinelli.

— Obrigada, Steven.

— O prazer é meu, senhora.

Kolson afivelou o arreio de Gabby e o helicóptero decolou. Ela agarrou a mão dele enquanto subiam.

— Oh meu Deus! Não posso acreditar em você.

Ele sorriu para ela.

Gabby olhou para fora das duas janelas enquanto Steven começava a voar sobre os sete distritos de Nova York. Sua cabeça girava enquanto Kolson ria do que ela fazia.

— Você vai ter que escolher uma janela e ficar com ela ou você vai acabar perdendo os pontos de vista.

Quando o sol baixou, ele terminou a turnê pelos bairros de Manhattan enquanto voava ao longo do horizonte, começando com a Estátua da Liberdade. Kolson apontou cada um dos edifícios mais altos em sua magnificência, incluindo o novo World Trade Center, o Empire StateBuilding e o Chrysler Building. Ele estava perdido nas expressões que passavam pelas feições de Gabby, do assombro à pura alegria. E tudo o que Kolson queria fazer era imprimir essas expressões em sua mente para sempre. Ele tinha o seu telefone o tempo todo fazendo exatamente isso. Tirando foto após foto dela, ele a capturou em várias poses olhando para o cenário, rindo, sorrindo, com os olhos arregalados e impressionada. Foi então que apercebeu. Nunca havia se apaixonado. Nunca tinha acontecido. Mas ele estava loucamente apaixonado por essa mulher. E faria tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse matar Danny Martinelli.

Steven pousou a aeronave suavemente no telhado. Quando Gabby desafivelou o cinto, ela se jogou em Kolson.

— Me diga que você tem mais truques na manga. Isso foi demais.

Ele a envolveu em seu abraço e acariciou seu pescoço.

— Tenho truques bons, mas a maioria deles envolve nudez e uma cama.

— Hmm, vou aceitar isso também, Sr. Hart.

— Sim, você vai, Kea, e vou ter certeza de que você ame cada um deles.

— Muito obrigada, Kolson. Isso foi fantástico.

— Venha, vamos para casa e comer. Estou faminto.

Gabby tinha um sorriso bobo no rosto todo o caminho para casa. Quando chegaram à casa de Kolson, a realidade invadiu.

— Eu sei que não poderíamos evitar isso para sempre, mas você sabe que mais? Eu não vou deixar o que aconteceu comigo arruinar o meu futuro. Não vou permitir isso. Danny já tomou muito de mim. Ele não vai mais conseguir.

— O que você está dizendo?

— Eu quero largar tudo isso e seguir em frente.

— Oh, Gabriella, acho que é um grande erro.

— Eu sabia que você iria achar. Mas estou feliz agora.

— Escute-me. Ele nunca vai parar de tentar chegar até você. Você entende o que isso significa, certo?

— Eu acho que sim.

— Isso deixa você sem escolha.

— Mas...

— Sem desculpas. Ele não vai deixar você ir. Não até que algo pior aconteça. E um de vocês se machucar. E você se machucar não é um resultado aceitável.

A discussão deles pesou muito sobre ela; ela teve que concordar com Kolson. Eles comeram em relativo silêncio e então foram para a cama. Ele amou-a com paixão, deixando-a louca com a posse de seu corpo, até que ela estava tão fraca que não conseguia se mexer. Então adormeceu, apenas para acordar no escuro da noite, sonhando com Danny. Enquanto estava ali deitada, ela o amaldiçoou por todos os problemas que ele causou, virando sua vida de cabeça para baixo. Por que ele simplesmente não foi embora? Por que ele continuou com essas ações malucas? Ela começou a pensar em maneiras de se livrar dele, mas sabia que nunca funcionariam. A pior coisa que podia acontecer era ela ser pega e acabar indo parar na prisão.

— O que se passa, Kea?

— Pesadelo.

— Conte-me.

— Apenas um velho pesadelo.

— Se vire de barriga para baixo.

Ela fez, e ele massajou as costas dela. Foi uma suave carícia que a acalmou e a embalou de volta para dormir.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, o telefone de Kolson tocou e ele xingou quando viu quem estava ligando.

— Kestrel — Pausa. — Não, eu não decidi. — Pausa. — Eu sei, a festa será daqui a uma semana. Está no meu calendário. — Kolson olhou para Gabby, questionando. Ela assentiu. — Sim, nós estaremos lá. Diga à mãe. Que horas? Eu direi a Gabriella. Alguma notícia sobre Kade? — Outra pausa. — Nenhuma aqui também. Então nos vemos na próxima semana.

Ele terminou a ligação.

— Festa de aniversário do meu velho papai na casa deles no próximo sábado às sete. Kestrel diz oi. Traje de coquetel e eu não gosto disso nem um pouco. Abomino esse maldito lugar.

— Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

— Isso é uma promessa, porque eu juro por Deus...

— Ei! Isso é um juramento. OK?

Ela lhe estendeu a mão e ele agarrou-a.

— Você não pode imaginar o que aconteceu naquele lugar, Gabriella. Você não pode mesmo imaginar. Um fodido show de merda.

Seus olhos estavam cheios de dor, então ela empurrou a cadeira para trás e montou em seu colo. Tomando seu rosto nas palmas de suas mãos, disse:

— Estarei com você a cada passo seu, segurando sua mão, e não vou deixar você nem por um segundo. Eu juro isso para você.

Kolson olhou para ela e por fim disse:

— Eu amo você, Gabriella. Você sabia disso? Absolutamente, inequivocamente, com todo o meu coração. Achei que não era capaz de amar alguém. Mas você, me deu um curto-circuito, me desmembrou, pouco a pouco, se colocou dentro de mim e me re-conectou, me fez inteiro novamente. Você me reconstruiu, Kea, e nem sequer o sabe. Há momentos em que não consigo imaginar como respirei sem você. Você é o ser humano mais perfeito que Deus já criou e penso que ele enviou você para mim. Eu me maravilho com isso constantemente. Então começo a surtar pensando que você vai ser arrancada de mim, ou que de alguma forma você é uma fantasia que eu inventei na minha mente fodida. Porque você não quer nada de mim. Você só quer dar. E você só quer ser feliz. E é por isso que eu te adoro.

Ela tocou seus lábios nos dele.

— Eu quero algo de você, eu quero você e só você. Não posso acreditar que nos encontramos também. Eu também te amo, Kolson Hart, pelo jeito que você me faz sentir, como se eu significasse algo, como se eu fosse alguém. Amo o jeito que me sinto quando você está dentro de mim, como você me faz sentir que a minha parte que está faltando encontrou seu lugar de novo. Você me traz esperança que nunca tive antes e alegria que nunca existiu. Amo como me sinto quando me aconchego ao seu lado à noite, logo antes de adormecer. Pela primeira vez, me sinto segura. E me sinto vazia quando seus braços não estão ao meu redor. Eu amo o jeito que você respira contra o meu pescoço e a maneira como seus olhos escurecem e as cores se misturam quando você está dentro de mim. Eu te amo por me libertar, mas acima de tudo, eu amo todas as partes de você por ser você. E eu vou te amar sempre, não apenas no bem, mas no mal também.

— Sempre é muito tempo, Gabriella. Espero que você queira dizer isso. Eu sou um cara muito literal.

— E eu sou uma garota literal, em assuntos do coração. Eu não dou o meu livremente, então tome cuidado com isso.

Ele traçou seus lábios com os polegares.

— Eu vou tratá-lo com carinho e cuidarei dele e de você a cada minuto de cada dia. Eu prometo.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Gabby saiu do quarto e entrou no escritório. Ela usava um vestido que Kolson lhe havia comprado, era um vestido de seda fúcsia sem mangas com cintura de couro e uma saia comprida. Sem mangas e com corte para expor mais dos seus ombros, as costas tinham uma fenda aberta até à cintura, tornando o vestido sexy e ousado ao mesmo tempo. Tinha colocado uns Stiletto de plataforma pretos para completar. Kolson não conseguia afastar os olhos dela.

— Bem, — ela perguntou, girando.

Ele lambeu os lábios secos de repente e engoliu em seco.

— Você está usando calcinha?

— Sim.

— Livre-se dela.

— O quê?

— Eu disse, se livre dela.

— Por quê?

— Porque vamos foder no caminho até lá.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse. Se você continuar com elas, eu vou rasgá-las em pedaços.

Sem tirar os olhos dele, ela levantou o vestido para revelar uma calcinha rendada rosa-choque. Ela deslizou os polegares sob o elástico. Antes que ela tivesse a chance de tirar, ele estava na frente dela, rasgando-a como um fio frágil.

— Huh! Você as arruinou!

Ele enfiou a mão sob o vestido dela e agarrou a bochecha de sua bunda, puxando-a ao longo de seu corpo. As sombras de seus olhos haviam escurecido com a luxúria. Sua língua estava lambendo seus lábios e beijando-a antes que ela pudesse dizer outra palavra de sua boca. Quando a soltou, ele pegou o lenço, limpou a boca dela, depois a dele, e disse:

— Você é uma porra de uma provocação, Kea.

— Mas...

— E absolutamente linda assim. Agora vá colocar seu batom de volta. E certifique-se de trazê-lo com você, porque terá que reaplicar isso muito hoje à noite.

Ela andou até ele, pegou o polegar e limpou uma mancha do canto da boca.

— Você perdeu um ponto. — Seus quadris balançaram quando caminhou de volta para o quarto de pó. Ele balançou a cabeça e riu.

Quando saíram do elevador no saguão, ela perguntou:

— Você não está dirigindo?

— Não, estamos sendo levados hoje à noite.

Enquanto caminhavam para fora, Gabby gritou quando viu Sam parado ali, segurando a porta dos fundos de uma limusine aberta para eles.

— Sam! — Ela o abraçou.

— Dra. é bom ver você. — Ele sorriu de volta para ela.

— Você também. Estava com saudade de você.

— Você está bem, — disse ele.

— Eu odeio ter tantos motoristas diferentes agora.

— Sim, doutora M. Mas eu espero que os outros a estejam tratando bem.

— Ah sim. Mas você é o melhor, Sam.

— Podemos entrar, por favor? — Kolson interrompeu.

— Sim, senhor. — Kolson ajudou Gabby a entrar e entrou atrás dela enquanto Sam fechava a porta. Gabby notou o luxo que a rodeava, incluindo uma garrafa de champanhe gelada e dois copos.

— Bem,mas isso não é interessante?

— Espero que você pense assim. — Quando Sam ficou atrás do volante, disse-lhe, — Sam, tome seu tempo, precisamos de uns vinte minutos, por favor.

— Sim, Sr. H.

Kolson apertou um botão e um vidro escurecido deslizou, proporcionando total privacidade de Sam. Ele se inclinou sobre o assento e enfiou a mão sob o vestido de Gabby e encontrou seu sexo molhado e sedoso.

— Se você queria uma hora social com Sam, você deveria ter me dito.

— Kolson! Você sabe o quanto gosto de Sam — ela advertiu.

— Desculpe. Digamos que estou ansioso por algum tempo com você Gabriella. — Ele lhe deu um olhar ardente. — Agora, sente-se no meu colo para que eu possa beijar sua boca. Quero aquele batom rosa em todo o meu rosto. Depois quero lamber sua boceta antes de te foder. No momento em que chegarmos à casa dos meus pais, quero que pareçamos como um casal que acabou de andar no passeio de suas vidas.

Sua barriga e sexo se cerravam com as palavras dele e não havia nada nessa terra que a afastasse de Kolson. Ela subiu em cima dele e sugou sua língua como se fosse seu pênis. Ela sentiu as mãos dele arrancando-a dele e quando protestou, ele a silenciou. Ele moveu seu corpo para baixo, longe o suficiente para sua boca alcançar o ápice de suas coxas deliciosas.

— Eu amo seu perfume, Gabriella. Poderia te lamber o dia todo.

Ela estremeceu quando ele soprou sua respiração fria sobre seu sexo aquecido. Quando a boca dele a encontrou, ela gritou. Sua língua não provocou, foi direto para o que ele sabia que a faria gozar. E quando ela o fez, suas mãos rasgaram seu cabelo, puxando-o até que seus músculos internos finalmente pararam de apertar.

Kolson levantou-a dele.

— Adoro quando você goza na minha língua.

Então ele abriu o zíper de suas calças e seu pau grosso saltou livre.

— Coloque essa boca rosa em mim, Kea. Quero que você me chupe forte.

Seus lábios cobriram os dentes quando ela introduziu seu pênis em sua boca e deixou sua língua girar em torno de sua cabeça. Ela lhe chupou as bolas e ele rosnou, mas quando ela o levou até ao fim, deixando-o bater no fundo de sua garganta, ele respirou fundo e disse:

— Oh, Gabriella, você vai me fazer em pedaços assim.

Ela deixou que sua boca o levasse até que ele a puxou e lhe disse com um sorriso:

— Apenas o que eu queria ver. Batom rosa brilhante em todo o meu pau. Agora arrume-se. Estamos quase lá.

Ela olhou para ele incrédula, enquanto ele vestia de volta as suas calças.

— Qual é o problema, Kea?

— Eu... eu preciso de você, — ela disse com um beicinho.

— Eu preciso de você também.

— Ma... — ela gaguejou.

— Seja paciente. — Ele a agarrou e a beijou com força enquanto o carro parava. — Você tem um ar adorável com essa expressão frustrada em seu rosto. Além disso, você acha que está ruim. Se coloque no meu lugar. Eu fui provocado pela sua boceta exuberante. Eu a provei, senti na minha língua e você veio na minha boca. E eu estou aqui sentado com um pau duro como uma rocha. As coisas poderiam ser muito piores para você.

Ela só conseguiu olhar para ele e sacudir a cabeça.

A porta da limusine se abriu e Gabby esperava estar em algum prédio chique, mas em vez disso eles estavam na frente do HTS. Ela levantou a sobrancelha quando ele estendeu a mão para ela.

— Seu escritório?

— Hmm-mmm.

— Estou confusa.

— Venha. — Ele pegou a mão dela e eles subiram no elevador até o telhado, onde saíram para o helicóptero que esperava.

— Onde seus pais vivem?

— Fora de Atlantic City.

— Oh. Eu não sabia.

— Agora você sabe.

Steven, o piloto, ainda não tinha o motor ligado, e Gabby ficou feliz. Isso teria arrasado completamente o coque solto que ela usava.

— Atlantic City, hein?

— Sim. Ele está no negócio dos cassinos.

— Entendi.

Kolson sentou-se atrás do piloto na parte de trás da nave e Gabby se sentou ao lado dele. Ele colocou o fone de ouvido e disse a Steven que eles estariam em um canal diferente e não deveriam ser interrompidos a menos que fosse uma emergência. Então ele pegou a garrafa de champanhe aberta que trouxe da limusine e encheu os copos.

Uma vez que eles estavam no ar, Kolson agarrou o pulso de Gabby e a puxou para seu colo.

— Agora, o que você estava dizendo sobre necessidades, Dra. Martinelli?

Ela lançou-lhe um sorriso e disse:

— Acredito que nós dois precisamos cuidar delas.

— Realmente precisamos.

— Um, Kolson, ele pode nos ver?

— Steven?

— Sim.

— Você consegue ver ele?

— Na verdade, não.

— Então está tudo bem. Mas não se preocupe. Eu nunca colocaria você em uma situação comprometedora, Kea. Levante-se.

Ela fez e ele moveu-se debaixo dela. Então a puxou para a borda do assento enquanto se ajoelhava no chão. Enfiando a mão no bolso, ele tirou um preservativo.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Estou me preparando para te foder. Duro e rápido. E por mais que eu ame o pensamento do meu esperma escorrendo pela sua perna, não quero que você se sinta desconfortável na festa.

Ela engoliu em seco. Não tinha pensado nisso. Ela o observou envolver sua ereção no látex brilhante e sua mão automaticamente o pegou.

— Adoro quando você está duro.

— Oh, eu sei, Kea.

Ele empurrou seu pênis dentro dela e ambos soltaram gemidos longos e lentos. Então ele agarrou seus quadris e começou o movimento de balanço que ela adorava. Suas mãos cavaram em seus ombros e ela encostou a testa na dele, fechando os olhos.

— Não, Gabriella. Olhe para mim e me diga quem é o dono dessa boceta.

— Você é.

— É isso mesmo. E mais ninguém terá você. Agora incline-se para trás.

Ela fez e sentiu seu piercing profundamente dentro dela.

— Ah, Kolson.

— Sim?

— Oh, sim.

— Envolva suas pernas ao meu redor.

Ele sussurrou todos os tipos de coisas sujas para ela e quando ambos chegaram ao clímax, foi duro e rápido. Quando eles terminaram, ela agarrou o rosto dele e o beijou, levando a língua dele em sua boca. Depois, ela olhou para ele e riu.

— Batom?

— Definitivamente, batom.

— Trouxe lenços extras.

— Homem inteligente.

— Eu sou.

Gabby lhe deu uma cotovelada.

— Isso é realmente algo. Eu já ouvi falar do clube das milhas, mas nunca ouvi falar em sexo no HELO. Ou talvez devêssemos chamar isso de HI sex. Você sabe, como HELLO! — Ela riu e enquanto ele a observava, não pôde evitar rir também.

— Me prometa que você vai ficar pela psiquiatria e não tentar entrar no ramo da comédia?

— O quê? Aquilo foi engraçado. Admita.

— OK. Só uma vez.

— Kolson, o que você vai fazer com esse preservativo?

— Colocar no lixo. Por quê?

— Eles não vão encontrá-lo?

— Quem?

— Quem quer que esvazie o lixo.

Agora foi a vez de Kolson rir.

— O quê? Você acha que vão inspecionar o lixo que está aqui dentro?

— Não sei.

— Gabriella, somos adultos. Fizemos sexo. Não cometemos um crime.

Depois de se limpar e lhe entregar alguns lenços para fazer o mesmo, ele a puxou para perto dele.

— Precisamos colocar nossos cintos. Nós estaremos pousando em breve. Termine seu champanhe.

O comportamento de Kolson havia mudado. Um homem frio e distante tomara o lugar do caloroso, amigável e amoroso que esteve presente momentos atrás.

Ela pegou a mão dele e disse:

— Estou com você. Jurei para você e não vou deixá-lo, Kolson. Eu te amo e você não precisa temer isso.

— Gabriella, você não sabe o que está dizendo. — A frieza dele a assustou. Ele agia como intocável, não o homem que ela conhecia. Ela desejou poder mergulhar em sua mente e descobrir o que aconteceu para causar isso, mas ela de todas as pessoas entendia o que significava guardar segredos. Ele os compartilharia quando fosse a hora certa. Por enquanto, ela estaria lá para apoiá-lo.

Poucos minutos depois, pousaram em um heliporto e Gabby pôde ver uma mansão iminente ao longe. Estava iluminada com milhares de luzes, por dentro e por fora, e a música podia ser ouvida. Um carro os esperava enquanto Steven desligava o motor. Assim que os rotores pararam, um homem se aproximou e abriu a porta, ajudando Gabby a descer.

— Sr. Hart, seja bem-vindo.

— Olá, Kenneth. É bom ver você de novo. Esta é a Dra. Martinelli.

— Prazer em conhecê-la, senhora. Por aqui.

Foram levados por uma estrada sinuosa que circundava a propriedade e terminava na frente da mansão. Era uma enorme mansão do renascimento grego que Gabby só vira nas páginas de livros e revistas.

— É impressionante, não é?

— Foi aqui que você cresceu?

— Sim. Adorável, não é? — O tom dele era gelo.

Seu humor tinha escurecido tão severamente que Gabby tentou aliviar as coisas.

— É irreal. Nunca vi nada assim.

— Oh, e você nunca verá. — Sua amargura era inconfundível. Apertou a mão de Kolson e sentiu a umidade nela, esse lugar o assustava.

Ela olhou fixamente para ele.

— Ei. Nós conseguimos fazer isso, querido. — Seu rosto era uma mistura de emoções. Preocupação, tristeza, medo e raiva irradiavam dele. Mesmo ele tentando esconder, ela o conhecia melhor agora.

Ela puxou a cabeça dele em sua direção para que pudesse sussurrar em seu ouvido.

— É uma noite. E quando chegarmos em casa, prometo que vou fazer o que quiser. Você pode bater na minha bunda a noite toda, Kolson. Só sei que estou com você nisso. Agora me dê algum sinal de que você me entende.

Ele olhou para ela e assentiu. Então ela o beijou nos lábios. Duro, com paixão. Eles saíram do carro, mas não antes de ela lhe dizer o quanto o amava. Ela o beijou novamente e limpou o batom da boca dele. Seu sorriso de meia-boca a fez relaxar um pouco.

Quando eles entraram, Kestrel os cumprimentou na grande entrada.

— Bem-vindo ao complexo Hart. É bom ver você de novo, Gabby, Kolson.

— É bom ver você também, Kestrel.

Kestrel se inclinou para ela e sussurrou:

— Cuidado com o dragão e seu covil.

Kolson estava conversando com outra pessoa e não ouviu, e Kestrel já havia se afastado. Mas ela achava uma coisa muito curiosa para dizer a alguém.

Kolson segurou o braço de Gabby e levou-a para a sala ao lado para conhecer seus pais. Sua mãe, Sylvia, os recebeu. Ela era de estatura mediana, loira e adorável, e nada como Gabby esperava. Doce e gentil, ela abraçou Gabby e a tratou como se a conhecesse desde sempre.

— Por favor, traga Kolson para casa mais vezes. Ele nunca vem aqui e raramente consigo falar com meu filho. Eu sinto muito a falta dele. — Suas palavras falaram ao coração de Gabby.

Quando Gabby conheceu Langston Hart, ela ficou chocada. Ela esperava um ogro, um obcecado por controle manipulativo, mas ao contrário disso conheceu um homem charmoso e bonito que fez de tudo para deixá-la confortável em sua casa. Isso a confundiu demais.

— Gabby! Como é maravilhoso conhecer a garota que roubou o coração do meu filho. Você deve nos dizer como conseguiu fazer isso. Kolson é escorregadio. Mas olhando para você, posso perceber facilmente como ele foi apanhado.

— Foi mútuo, senhor.

— Então, soube que você é médica?

— Sim. Sou psiquiatra.

— Fantástico. Deve ser muito gratificante poder ajudar as pessoas necessitadas.

— Sim. Doenças mentais são uma coisa terrível. Também lido com transtornos aditivos. Sou voluntária numa clínica de abuso de substâncias e em um abrigo para mulheres. Pode se dizer que tenho no meu coração um cantinho para pessoas necessitadas.

— Isso é incrível. Sabe que mais. Adoraria fazer uma doação para o grupo que você faz mais voluntariado. Pedirei ao meu departamento pessoal para entrar em contato com você e poderemos dar início ao processo.

— Oh meu Deus. Isso seria bom. Obrigada, Sr. Hart.

— Por favor, me chame de Langston. Nós vamos conversar esta semana. Agora espero que você me perdoe por monopolizar seu tempo. Divirta-se hoje à noite.

Quando se virou, ela sorria até ver Kolson. Raiva e repugnância irradiavam dele, mas foi o olhar acusatório em seu rosto que a fez se encolher.

— O que...?

Ele deu meia volta e afastou-se dela, deixando uma fila de rostos atordoados, incluindo o dela, atrás dele. Ela rapidamente o seguiu por um lance de escadas e descendo um longo corredor escuro. Ela não sabia onde ele estava indo, mas seguiu-o enquanto andava rapidamente para acompanhar seus longos e furiosos passos. Ele desapareceu por um corredor e agora ela tinha que adivinhar onde ele tinha ido.

Tinha o coração bombeando em sua garganta, mas não desistiria de sua perseguição.

Ela se aproximou de cada porta de mogno polido e aproximou o seu ouvido, tentando ouvir algo, o que quer que fosse.

Então ela começou a girar os puxadores. Os quartos eram opulentos, cheios de móveis maciços que faziam seu queixo cair no chão. Ela não conseguia imaginar crescer nesse ambiente. Claro, quem poderia imaginar crescer como ela também?

Quando chegou à última porta não o tinha encontrado, e não sabia o que fazer a seguir. Ela se encostou na parede. Ouvindo um barulho, olhou para cima para ver Kestrel indo em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava gostando da festa.

— Estou procurando por Kolson.

— Ele está aqui em cima? — O olhar fechado de Kestrel deixou Gabby confusa.

— Sim. Ele ficou chateado porque eu... não importa. De qualquer forma, o segui, mas o perdi aqui em cima. Este lugar é muito grande.

— Você se acostuma com isso. Fique aqui por um segundo. Talvez eu possa saber onde ele está.

Ele virou a esquina e desapareceu. Cerca de dez minutos depois, ele retornou e seu rosto estava tenso quando disse:

— Vou acompanhá-la de volta à festa e ficar com você.

— Você o encontrou?

— Sim. Venha, Gabby. — Ele se moveu para pegar o braço dela.

Ela se afastou dele.

— Não. Me leve até ele.

— Não posso. Ele não quer ver você agora.

— Não dou a mínima. Me leve até ele. Se você não o fizer, eu vou procurá-lo, quarto por quarto.

— Você vai se arrepender. Quando Kolson está de mau humor, é melhor ficar longe.

— Leve-me. — Ela persistiu em sua demanda.

— Não diga que você não foi avisada.

Segui-o até uma esquina e depois por outro corredor. Ele lhe disse para subir o lance de escadas diante dela. Encontraria uma porta no final do corredor. Era aí que Kolson estaria. Então ele saiu.

Quando abriu a porta, encontrou Kolson, nu da cintura para cima. Suas calças se agarravam a seus quadris enquanto seus punhos golpeavam um saco de boxe suspenso no teto. Um brilho suave no seu torso e seus músculos estavam tensos e esticados quando os seus braços se erguiam, ondulavam e balançavam enquanto esmurrava o seu oponente de mentirinha. Gabby observava o belo espetáculo diante dela enquanto ele mantinha um ritmo perfeito, dançando e mergulhando a cada golpe. O movimento hipnótico de sua forma impecável manteve-a cativa, imóvel, até que gotas de sangue voaram de seus punhos feridos, levando-a a agir.

— Kolson! O que você está fazendo?

— Dê o fora daqui, Gabby. — Ele não parou de dar golpes continuou batendo no saco.

Que ele a chamara pelo apelido não lhe passou despercebido.

— Não vou a lugar nenhum até você falar comigo.

Não se preocupando em lhe dar um olhar, ele disse:

— Você está perdendo seu tempo.

— Você está sendo um idiota.

— Não é a primeira vez que sou chamado disso. — Ele grunhiu enquanto seus punhos voavam.

Agora estava ficando chateada. Ela se aproximou dele.

— Por favor, pare e fale comigo por um minuto?

— Não. Saia. Fora. Daqui. — disse.

— Não, droga. Você não está sendo justo. — Tentou se aproximar dos punhos dele, o que não era a coisa mais inteligente a fazer, mas sabia que tinha que chamar sua atenção... tinha que fazer com que ele parasse e falasse com ela.

A mão dele bateu na palma da mão dela esmagando-a contra o saco. Dois dos dedos dela ficaram presos entre a mão dele e o saco. Ela respirou fundo quando se conectaram. Estava chocada demais para gritar, porque nunca lhe ocorreu que ele estivesse batendo no saco com tanta força.

— O que diabos você está fazendo? — Ele gritou com irritação.

Sua respiração passou por seus lábios num sopro. Ela não conseguia falar e era tudo que podia fazer para respirar. Ela apertou a palma da mão e a dobrou enquanto ele olhava para ela.

— Deixe-me dar uma olhada.

— Não! Não toque, — ela sussurrou. Uma dor intensa subiu por seu braço, centrada em seus dedos mindinhos e anelar. Ela inalou através dos dentes, tentando limpar a cabeça, porque naquele momento, seus dedos não eram o mais importante para ela. Kolson era.

Engolindo sua dor, intensificou sua determinação, e com uma voz estrangulada, ela disse:

— Apenas fale comigo, Kolson.

— Por quê? Você me traiu.

— O quê? — Ela ficou perplexa com a declaração dele. Como ele poderia pensar que ela faria uma coisa dessas?

— Você sabia como eu não queria ter nada a ver com ele e a primeira coisa que você faz é ser vítima do jogo dele.

— Do que você está falando?

— O Dragão. Meu pai. Ele teve você comendo na sua mão escamosa cinco minutos depois da nossa chegada.

— Bem, sinto muito. Não sabia que deveria ignorá-lo. — A dor irradiava da sua mão para o braço, mas ela se forçou a continuar. Ela rangeu os dentes e disse: — Você se recusou a me dizer algo sobre ele, e quando eu cheguei aqui, ele parecia ser um cara legal.

— Parecia. Essa é a palavra-chave, Gabby.

— O raio da culpa é toda sua. Por não me dizer. Você se recusou a compartilhar qualquer coisa sobre sua família ou sobre você mesmo. Você poderia ter me avisado. Como devo agir? O que devo falar? Diga-me e vou fazê -lo, Kolson.

Seus olhos a perfuraram por um segundo; então ele tirou a roupa.

— O que você está fazendo?

— Tomar um banho. Tenho que lavar o suor de minhas frustrações.

Ele se afastou e assim que ficou fora de vista, ela se dobrou novamente. Seus dedos pulsavam de dor. Ela conseguiu mexê-los, embora a agonia resultante lhe dissesse que eles possivelmente estavam fraturados. Ela procurou uma fita esportiva para amarrá-los, para evitar que se movessem. Encontrou uma em um dos armários, estava terminando quando Kolson saiu do banheiro.

— O que é isso? — Ele perguntou, apontando para os dedos dela.

— Acho que eles podem estar fraturados.

— Eu quebrei seus dedos?

— Dói movê-los.

Ele foi pegar a mão dela, mas ela os tirou do alcance dele.

— Meu Deus, sinto muito, — disse arrependido.

— Foi um acidente.

— Aconteceu por causa do meu temperamento e sinto muito por isso.

— Não é a primeira vez que algo está quebrado. Kolson, a questão maior é como você lidou com as coisas com seu pai e comigo. Não sou um leitor de mentes. Eu preciso saber essas coisas. Você diz que me ama. Bem, eu também te amo e não te traí. Eu nunca vou te trair. — Ela se virou e caminhou em direção à porta.

— Aonde você vai?

— Boa pergunta. Se estivéssemos em Nova York, eu pegaria um táxi e iria para casa. Mas aqui estou presa.

— Você quer ir embora?

— Quero que você fale comigo, — disse Gabby em frustração.

Kolson amaldiçoou.

— Droga. Você sabe que não quero falar sobre isso.

— Não estou pedindo para você contar seus segredos mais obscuros, ao contrário do que você fez comigo. Estou apenas pedindo para você me conte algumas coisas. Você não me contou nada sobre você ou sua família. Estou às escuras aqui. E então você fica chateado comigo por ter respondido ao seu pai, que foi gentil comigo, e não tenho ideia do que fiz de errado. Será que você não entende o que estou dizendo? Quão irracional você pode ser?

— Você fez o seu ponto, Gabby.

— E pare de me chamar assim, droga!

— Não é esse o seu nome?

— Sim, mas você nunca me chama assim!

Em três longos passos, ele estava na frente dela.

— Você prefere Gabriella, então? — Sua voz acariciou seu nome e então ele emoldurou seu rosto e disse:

— Ou prefere que te chame de Kea? — Então seus lábios estavam nos dela, saboreando, lambendo, mordiscando, sugando.

— Pare com isso, — disse ela, empurrando-o para longe. — Beijar-me não vai resolver isso.

— Não, Kea, não vai. Esse problema é profundo e há muito tempo. Agora, deixe-me levá-la para ver como está essa mão.

— Não. Nós vamos ficar aqui, e você vai agir como se estivéssemos bem. Você vai me acompanhar, conversar com sua mãe e vamos dançar e fazer as coisas certas. Então, quando eu julgar que é hora de sair, nós iremos.

Ele levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos.

— Mas seus dedos.

— Agora, eu não dou a mínima para os meus dedos.

— Entendo, sei como vai ser, por isso.

— Não, eu acho que você não sabe. Você me disse uma vez para confiar em você. Agora estou tendo dificuldades com isso.

Ela podia muito bem ter lhe dado um gancho de direita — ele cambaleou quando as palavras dela bateram nele.

— Você não confia em mim?

— Como posso? Você me acusou de trair você. Depois de eu lhe prometer. Essas palavras me esmagaram, Kolson. Isso — ergueu a mão — não foi nada comparado à dor de suas palavras.

— Sinto muito.

— Não diga se você não está falando sério. Compartilhei coisas com você que nunca compartilhei com ninguém. Você sabe a verdade feia sobre mim, cada detalhe minúsculo. E você me fez acreditar que eu poderia confiar em você. Bem, você conseguiu destruir isso hoje à noite com algumas palavras casuais. Fui destruída demais no passado, como você foi, para me colocar em risco novamente. Prometi a mim mesma que nunca seria vulnerável novamente. Você sabe por que me tentei matar? Nunca lhe contei a história toda. Sim, você sabe como Danny me estuprou e me espancou. E como ele disse a todos os meus amigos que eu era uma prostituta. Até meus pais pensaram que eu era uma, o que era tão ridículo, porque nunca fui a lugar nenhum. Ele afastou todos os meus amigos para longe de mim porque seus pais não os queriam perto de uma ‘garota desse tipo’. — Ela balançou os dedos indicadores no ar quando disse isso. — Mas quando os professores da escola me trataram de forma diferente, foi o que me quebrou. O isolamento tornou-se insuportável. Danny falava coisas para mim, coisas terríveis que me deixavam doente. E foi aí que eu quis morrer porque sabia que isso nunca iria parar. Meu único amigo era o maldito teto que eu olhava todas as noites. Então, meu fator de confiança foi eliminado. Mas você me convenceu que estava segura com você. Eu e meus terríveis segredos. Que eu poderia confiar em você. Então eu fiz. E o que aconteceu? Você me acusou de trair você. Bem, eu não o fiz. Mas você me traiu, Kolson. Você traiu meu amor e confiança em você. E você me destruiu. Então, vamos terminar esta noite aqui e depois você vai me levar para casa.

O mundo de Kolson estava detonando, como uma explosão nuclear. Mas como ele poderia encontrar falhas nas palavras dela? Ela estava certa. Ele não lhe tinha dito uma palavra. Ela só estava fazendo o que achava certo. Estava sendo educada com um homem charmoso e bonito de quem ela não sabia absolutamente nada. Ele não lhe disse que seu pai era um demônio disfarçado. Não lhe contara as coisas hediondas que lhe haviam sido feitas quando criança. Ela não poderia saber. Ela só viu a persona que ele apresentou para ela e para o público... o homem que todo mundo amava.

E agora Kolson estava perdendo a única pessoa que ele amava. Tudo por causa de suas ações estúpidas.

— Gabriella, farei qualquer coisa que você pedir. Sinto muito. Mais do que você jamais irá saber. E um dia, prometo que vou te dizer. Tenho medo de te dizer agora. Sinto medo de falar sobre isso porque acho que se eu voltar àquele passado sombrio, posso nunca mais sair de lá. Sinto muito. Mas por enquanto, isso é tudo que posso te dizer.

— Eu também sinto muito, Kolson. — Ela se virou e saiu do quarto, deixando-o a olhar para ela.

Durante o resto da noite passou conversando com pessoas que ela não conhecia nem queria conhecer. A única coisa que ela queria fazer era deitar-se na sua própria cama e colocar gelo na sua mão. O jantar foi agonizante, porque a sua mão não deixava se alimentar, mas também porque tinha que fingir que estava tudo bem com Kolson. Mais tarde, ele dançou com ela várias vezes, como era esperado, e passou tempo com sua mãe. Finalmente se despediram e pediram o carro para levá-los de volta ao helicóptero que esperava.

Quando eles voltaram para Manhattan, Gabby não ficou com Kolson. Ela foi para a sua própria casa e teve uma longa conversa com o teto.

Pela primeira vez em anos, ela desejou que seu teto pudesse responder.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Gabby estava de coração partido. A única pessoa em quem ela confiava a decepcionou. O seu coração já tinha sido quebrado antes, mas desta vez era diferente. O amor que ela sentia por Kolson era maior, mais profundo do que qualquer coisa que já tinha sentido. Como pegaria as pequenas partículas de seu coração e as colaria de volta? Isso seria possível? Gabby não acreditava que sim.

Quando ela se sentou em sua mesa, sua cabeça doia. A dor em seu coração prevaleceu, no entanto. Quando ela mexeu nos dedos machucados, repassou repetidamente o que aconteceu na festa. Ainda era chocante para ela como Kolson havia reagido.

Seu telefone apitou e ela olhou para ele, pensando que era outra mensagem de Kolson. Ele era persistente, isso era certo. Ela estava recebendo mensagens dele a cada hora, sem falhar. Este, no entanto, era de Danny: Onde você está, sua puta? Tenho esperado por você. Estou me sentido sozinho. Não me faça esperar muito ou você vai se arrepender. A propósito, os guarda-costas estão ficando cansativos, preciosa.

Ela parou pensando e saiu de sua cadeira. Ela estava entre consultas, correu direto para o escritório de Case.

— Acabei de receber outra mensagem.

— Deixe-me ver isso. — Case leu e disse: — Você disse a Kolson?

— Não estamos falando.

Case a examinou.

— O que você quer dizer?

— Não quero falar sobre isso.

— Tem alguma coisa a ver com a sua mão?

— Esqueça isso, Case.

— Quanto tempo?

— Hã?

— Desde quando você não fala com ele, porque eu tenho que lhe ligar e deixá-lo saber que você recebeu isso.

— Sábado à noite.

— Porra. É quarta-feira.

— Eu sei que dia é hoje.

Os lábios de Case se abriram, mas ele sabia quando ficar em silêncio.

— Vá em frente e lhe ligue, porque eu não vou. Pensando melhor, não se incomode. Acho que não quero que ele saiba por enquanto.

— Gabby, — disse Case com toque de alarme.

— Estou bem. Tenho os guarda-costas. Tenho você. Eu não tenho mais medo dele.

— Seja esperta, Gabs. Ele provavelmente está piorando. Você precisa vigiar suas costas.

— Não se preocupe, meu grande amigo preocupado. Está tudo bem. E, além disso — disse ela baixinho, — por que Kolson se importaria, afinal?

— Eu ouvi isso. É infantil e você sabe disso. Estou ligando para Kolson.

— Tudo bem. Ligue você. Eu não vou ligar.

Gabby saiu naquela noite e foi para casa. Sam deixou-a e ela estava com um humor terrível. Sua cabeça latejava e sua barriga doía. Subiu no elevador até o apartamento e tentou lembrar o que havia comido naquele dia. Talvez ela estivesse a adoecer ou algo assim. Ela apenas se sentia mal.

Abriu a porta e não foi difícil perceber que alguém tinha estado em seu apartamento. As almofadas do sofá foram retiradas e tudo estava em desordem. Ela abriu a porta do corredor e chamou Max, seu guarda-costas.

— Max, alguém esteve aqui!

— Dra. M., fique aqui fora, por favor. Deixe-me verificar se é seguro.

Max entrou para verificar as coisas enquanto Gabby esperava no corredor. Ela espiou para dentro, mas não conseguiu ver nada. Enquanto estava de costas para o corredor, ela não deu conta que a porta da escada se abriu.

— Você está tão doce como sempre, preciosa. — Danny estava de pé bem atrás dela.

Gabby não se mexeu, mas abriu a boca e soltou um grito de gelar o sangue.

Max veio correndo para o corredor e Gabby continuou gritando.

— Dra. M.! O que aconteceu?

Gabby, estremecendo violentamente, segurou o braço de Max e tentou falar.

— D-d-d-d...

Max pegou seu telefone e ligou para Case.

— Você precisa chegar vir aqui, senhor. Algo aconteceu.


# # #


Quando Case chegou, Gabby estava sentada em uma cadeira e parecia sombria.

— O que diabos está acontecendo?

— Não consigo tirar uma palavra dela, senhor, — disse Max.

— Gabby, o que aconteceu?

— D-d-danny.

— O quê sobre ele?

— Aqui.

Case olhou para Max.

— Quando a trouxe para casa, ela me chamou no corredor e disse que alguém esteve aqui. Entrei para verificar e depois ouvi-a gritar. Não consegui que ela parasse.

Case segurou as mãos dela.

— Fale comigo, Gabs. Não posso ajudar se não souber o que aconteceu.

— Eu o ouvi. No corredor.

— Merda. Ela tem alguma coisa para beber aqui? — perguntou Max.

— Não. Nada, — Gabby respondeu.

— Vou ligar para Kolson.

— Não!

Case soltou a respiração.

— Gabby, diga-me tudo então.

Ela respirou fundo várias vezes.

— Gabs, sou eu. Não deixarei nada acontecer com você. Entendeu?

Ela assentiu. — Max estava dentro e eu estava tentando ver o que estava acontecendo, quando ouvi aquela voz logo atrás de mim dizendo: ‘Você está linda como sempre, preciosa’. Foi quando comecei a gritar. Era ele. Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.

— Ele deve ter esperado você voltar para casa. Eu tenho que ligar para Kolson.

— Por favor, não. — Gabby implorou.

Case ainda segurava as mãos dela.

— Queria que vocês dois resolvessem as vossas merdas porque agora eu estou numa situação ruim. Ele está me ligando toda hora para saber de você e quando eu contar sobre isso, porque você sabe que não vou mentir, ele vai explodir. Eu te amo, mas isso está me deixando louco. E sei como você está perturbada. Você precisa de alguém que fique com você esta noite.

— Você.

Case olhou em volta. Ele sabia qual seria sua resposta e ela também. Ele nunca a deixaria no estado em que ela estava e Kolson não a confiaria em qualquer um. Raios, nem ele.

— Max, fique aqui até eu voltar. Não a deixe por nada. Você entendeu. Tenho que ir a casa para pegar algumas coisas, mas voltarei o mais rápido possível.

— Sem problema, senhor.


# # #


Cinco dias... foram cinco dias e ele não tinha recebido uma palavra dela. Ele tinha falado com Case ontem e estava preocupado com ela. Essa mensagem de Danny não era um bom sinal. Mas depois do que Danny tinha feito ontem, Kolson precisava ver Gabby. Quando Case lhe ligou ligou logo de manhã, ele mal se tinha aguentado. Tudo o que conseguia pensar era o que teria acontecido se Max não estivesse lá. Enviou-lhe várias mensagens, mas não recebeu resposta. Às onze e meia da manhã, pediu a Sam para levá-lo ao escritório dela. A recepcionista cumprimentou-o e ele disse que queria vê-la. Ela disse a Kolson que Gabby estava entre consultas.

— Quando ela vai estar livre?

A recepcionista verificou a agenda e disse:

— Só dentro de trinta minutos, senhor.

— Ela está livre para o almoço? — Ele perguntou.

— Sim, senhor, ela está livre por pelo menos uma hora. Seus pacientes da tarde só começam à uma e meia.

— Obrigado. Eu vou esperar. — Ele se sentou e olhou em frente.

Trinta minutos depois, Gabby acompanhou seu paciente até à área de espera e o viu sentado lá. Ela disse adeus ao paciente e olhou para Kolson.

— O que você está fazendo aqui? — Sua saudação foi menos do que acolhedora.

— Vim para te levar a almoçar, já que você não respondeu às minhas mensagens.Tinha que ver como você estava depois do que aconteceu ontem.

— Bem, como você pode ver, estou bem. Mas não posso ir almoçar. Estou ocupada.

— Não. Você está livre até à uma e meia. Eu chequei.

— Não estou com fome.

— Tudo bem. Você pode me ver comer.

— Kolson, eu...

Com uma voz de aço, ele disse:

— Gabriella, precisamos conversar. Agora pare de evitar isso. Você poderia ter... Nós vamos almoçar. — Ele colocou a mão em volta do cotovelo dela e a guiou para fora da porta.

Entraram no carro que esperava e ela não proferiu uma única palavra, nem mesmo para Sam. Quando chegaram ao restaurante, Kolson saiu e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela o ignorou.

— Gabriella, por favor. — Ela passou por ele e entrou. Ele não teve escolha senão seguir.

Quando o anfitrião o viu, sorriu.

— Sr. Hart, siga-me, por favor. — Ele os levou para uma sala onde uma mesa para dois estava arrumada. Toalha de mesa branca, prata e cristal completavam o cenário. — Posso lhe servir água?

— Por favor, — respondeu Kolson.

— Com gás ou sem gás?

Ele olhou para Gabby e ela disse:

— Com gás, por favor.

— Vou querer o mesmo, por favor.

— Agora mesmo, senhor.

Kolson estendeu a mão para Gabby, mas ela se moveu para afastá-lo. No entanto, ele foi mais rápido.

— Por favor, Gabriella, quando Case me contou o que aconteceu ontem. Isso está me matando.

— Você já me matou, Kolson. É doloroso, não é? Dói quando a pessoa que você ama faz você se sentir assim, não é?

— Sim, droga. Dói. — Ele inclinou a cabeça por um momento e o garçom voltou com a água e os cardápios.

— Nosso almoço especial hoje é o salmão Coho fresco, grelhado em uma tábua de cedro, servido com quinoa e aspargos grelhados frescos.

Kolson respondeu rapidamente:

— Excelente. Nós vamos querer isso.

— Muito bem, senhor.

Quando ele se foi, Gabby olhou para ele.

— E se eu não quiser salmão?

— Você está intencionalmente tentando ser difícil?

Ela estremeceu com a frase que ele usou para descrevê-la.

— Por favor, nunca use esse termo para me caracterizar. Você de todas as pessoas deve saber que é um golpe baixo.

Kolson sentiu como se tivesse acabado de assassinar o seu animal de estimação favorito.

— Oh, Deus, Gabriella. Eu não estava pensando. Parece que sou um fodido idiota que continua a pôr os pés pelas mãos. — Então ele respirou fundo e longamente. Inclinou a cabeça para trás e depois se inclinou para a frente. — Sinto muito. Deveria ter sido mais sensível. A verdade é que sinto muito a sua falta e estou muito preocupado com você. Eu te amo e não suporto isto... o que está acontecendo entre nós. Estraguei tudo. Inacreditavelmente é verdade. Eu estava errado e se eu pudesse voltar no tempo, faria as coisas de forma diferente. Mas eu não posso. Então estou implorando a você, Gabriella, que, por favor, me perdoe. Você não me trairia de jeito nenhum. Foi a minha mente louca que me traiu.

— Kolson, por que você não pode confiar em mim?

— Eu quero. Eu confio em você.

— Não, você não confia.

— Sim, é em mim que eu não confio. Há tanta coisa que você não sabe. Mas saiba disso. Não há nada nesta terra que eu não faria por você. Com o tempo, vou contar tudo. E quando o fizer, talvez você entenda.

— Por favor, me perdoe se eu não pular e disser: ‘Ah, sim, vamos voltar ao modo como as coisas eram.’ — Seu olhar desanimado fez com que ela instantaneamente se arrependesse de sua arrogância.

— Compreendo. Podemos ao menos conversar?

Ela inclinou a cabeça. Quando falou de novo disse:

— Podemos conversar. Por agora. Nada mais.

— Gabriella, eu vou pegar todas as migalhas que você está disposta a jogar no meu caminho. Se é só conversa, então que assim seja.

— E, por favor, não intimide a recepcionista.

— Intimidar? Você acha que eu a intimidei?

— Talvez intimidar não seja a palavra certa. Tenho certeza que você a encantou até à morte como só você sabe fazer.

Ele suspirou.

— Eu só perguntei quando você estava livre e ela checou sua agenda.

Gabriella finalmente olhou para ele.

— Hmm. Preciso falar com ela, então.

Ele sorriu.

— Você é linda quando está com raiva.

— Eu odeio estar com raiva.

Ele lhe levantou a mão e examinou os dedos dela.

— Você já os foi verificar?

— Não.

— Gabriella, — ele bufou. — Se eles não se curarem adequadamente, os ossos podem ficar deformados para sempre.

— Kolson, não sou burra. — Desdenhou as suas qualidades.

— Não quis dizer que você é. Apenas estou preocupado com você.

— Eles não estão quebrados. Posso movê-los perfeitamente. Estão apenas doloridos por agora. Sinto muito. Estou cansada e estou descontando em você. Ontem foi um pouco cansativo para mim.

— Por favor, você vai ficar comigo esta noite? Não quero que você fique sozinha. Você pode dormir no quarto de hóspedes. Ou comigo. Mas não precisa ser nada mais que dormir. Sinto sua falta e quero te abraçar em meus braços. Por favor, diga sim.

Ela queria se derreter nele porque a verdade era que ela sentia o mesmo.

— Oh meu Deus, Kolson.

— Por favor. Não pense, Kea. Apenas diga sim.

— Estou trabalhando na clínica até às dez da noite.

— Vou com você e trago você para casa. Por favor, diga sim.

— Deixe-me pensar sobre isso. Vou ligar para você esta tarde.

Sua comida chegou e eles comeram em silêncio. Ela olhou para ele cautelosamente e ele a olhou com esperança.

Às quatro e quarenta e cinco, Gabby mandou uma mensagem a Kolson: Sim. Kolson sorriu por muito mais tempo do que se lembrava de ter feito em sua vida.

Ele bateu na porta dela às seis e meia e a acompanhou até o carro que esperava. E se sentou em seu escritório na clínica, esperando-a enquanto ela trabalhava. Às dez e quinze, voltaram para casa e ela lhe contou a sua noite. Ele sorriu para si mesmo enquanto ela lhe contava sobre seus vários pacientes. Quando chegaram ao elevador, ele perguntou:

— Bem?

— O sim significou o mesmo para esta noite.

Precisou de toda a sua força para não se aproximar ela. Mas ele não o fez. Em vez disso, ele sorriu e segurou o corrimão no elevador até que os nós dos dedos ficaram brancos.

— Vou te mimar hoje à noite, Kea. Você gostaria de um longo banho?

— Você sabe, eu realmente só gostaria de ir dormir. Estou exausta.

— Como quiser.

Ela foi para seu quarto e colocou seu pijama favorito do Snoopy . Quando foi ter com ele, ele levantou uma sobrancelha, mas não pronunciou uma palavra. Só levantou os lençóis para que ela pudesse entrar na cama. Então ele a puxou em sua direção e esfregou suas costas e pescoço, massageando-o em pequenos círculos, tirando os nós.

— Mmm, isso é tão bom.

— Estou feliz por ter gostado. Agora durma, Kea.

— Senti tanto a sua falta, Kolson.

— Eu também senti a sua falta. Diga-me o que fazer para resolver as coisas. Farei o que puder, juro que vou.

Ela se levantou e olhou para ele.

— Apenas me ame o suficiente para confiar em mim e saber que você segura meu coração na palma da sua mão. Por mais que eu goste de pensar que é feito de aço, não é. É frágil e pode ser facilmente quebrado.

— Oh foda-se, Gabriella. — Ela encontrou-se em cima dele mais rápido do que poderia registrar e sua boca tocou levemente a dela. — Você é meu coração e alma. Eu te amo mais que a minha própria vida. Seu coração está seguro comigo. Sei que você não acredita em mim agora, mas é verdade, e eu vou encontrar uma maneira de provar isso para você. — Seus lábios sussurraram sobre os dela, para trás e para a frente enquanto suas mãos mergulhavam em seus cabelos. — Nunca fui tão infeliz, tão perdido, como tenho sido sem você nestes últimos dias. Não quero passar por isso novamente. Não sabia que poderia ser tão sombrio.

— Nem eu. — Ela descansou sua bochecha em sua barba áspera e esfregou as costas da mão do outro lado do rosto. Ele prendeu a mão dela e levou-a aos lábios.

— Jesus, eu me odeio por fazer isso. — A fita branca o encarou.

— Foi um acidente, eu não sabia que você iria bater tão forte. Foi parcialmente minha culpa por ser tão estúpida. E olhe para suas próprias mãos. — Ela estava se referindo aos hematomas que ainda estavam a cicatrizar e às nódoas negras da sua luta com o saco.

— Essa foi a minha estupidez por não usar luvas.

— Lições aprendidas para nós dois.

— Durma, linda. Foi um longo dia para você.

Não foi preciso muito mais para ela cair no sono. Ele também adormeceu, aliviado da insônia que havia roubado suas últimas noites.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Na sexta-feira seguinte no trabalho, Gabby tinha visitas. No final do dia, Kolson deveria conhecê-las e então deveriam sair para beber. Às quatro e meia, ele enviou uma mensagem e disse que se atrasaria. Algo havia surgido no trabalho. Ela terminou com seu último paciente e foi até à área da recepção, onde foi recebida por Case, Sky e Cara.

— Oh meu Deus! — Case disse a ela que Kolson tinha arranjado uma noite de garotas para Gabby. Seriam conduzidas ao seu lugar favorito para coquetéis, acompanhadas, é claro, e depois iriam jantar.

Cara sugeriu começar com um bar de martini onde a multidão trabalhava no SoHo.

— Só não me dê Sugar Tits hoje à noite, — Gabby disse enquanto entravam lá dentro. As garotas riram. — Essa foi a pior ressaca de todos os tempos.

Cara pediu uma rodada de cosmos e ficaram numa mesa íntima onde podiam conversar.

— Assim é muito mais fácil do que responder a todas as mensagens que recebi na semana passada, — disse Gabby.

— O que você esperava? — Sky perguntou. — Depois de Case contar a Ryder o que aconteceu e como ele teve que passar a noite em sua casa, estávamos enlouquecendo.

— Eu sei. E estou feliz por eu ter pessoas que se importam tanto comigo. Obrigado pessoal. Foi uma semana louca, deixem eu falar.

— Então... você e Kolson Hart... juntos para valer. Tipo firme. E há quanto tempo. Como ele é? — Sky perguntou.

— Sexy, — Gabby sorriu.

— Nós sabemos isso! Conte-nos os detalhes suculentos.

— Ele é bom. Muito bom.

— Sim? Como assim? — Cara perguntou.

Gabby olhou para elas e sacudiu a cabeça.

— Ah não. Vocês duas já ultrapassaram tudo tantas vezes para eu começar a competir.

— Diga-nos algo. Ele tem algum fetiche?

Gabby ficou agitada como quem quer falar.

— Uh-oh! Acho que nós acertamos em algo aqui, Sky. Olhe essas bochechas.

— Vamos lá, Gabs. Nos dê uma coisinha.

— De jeito nenhum! Além disso, ele não é pervertido.

— Sim, ele é. Talvez um pouquinho. Pelo menos nos dê uma pista. Seu rosto não estaria brilhando no escuro, de outra forma.

Gabby começou a suar.

— Isso é transpiração no seu lábio superior? — Cara perguntou. As garotas riram e Cara estendeu a mão e enxugou com um guardanapo.

— Olha, se isso te faz sentir melhor, Ryder e eu gostamos um pouco. Você pode nos dizer e vai ficar bem aqui, eu juro. Certo, Cara?

Cara assentiu.

— OK. Vou vós dizer uma vez. Então é isso. Ele é incrível. Todos os momentos de sexo com ele são sempre melhores do que posso imaginar. Ele preenche todas as minhas fantasias. Sabe exatamente como mordiscar aquele ponto e é extremamente bem dotado. Na verdade, tenho mesmo que dizer que ele é bem magnífico nesse departamento. — Então ela se inclinou e sussurrou: — E ele até perfurou lá embaixo. O que me dizem?

— Não me diga? Você gosta? Isso faz você gozar?

— Isso aí. Várias vezes. Em cada sessão.

— Nunca deixe esse homem escapar. Você me ouve? Nunca deixe ele ir. Bem, a menos que ele coma seu primogênito. Ou todos os sorvetes da casa. Entendeu? — Cara aconselhou.

— Sim, senhora. — Todas riram.

Depois que os clientes que saíam do trabalho lotaram o bar elas acharam difícil conversar com todo o barulho. Todos estavam comemorando o final da semana e a música estridente acrescentava a comoção.

— O que você acha de irmos jantar depois dessa bebida? — Perguntou Gabby.

— Estou pronta para isso. Estou ficando com fome também. — Sky disse.

De repente, Cara explodiu:

— Merda, Gabs, eu sempre achei que você tinha uma vida perfeita e agora descubro que você está sofrendo como o resto de nós que fomos fodidos na bunda toda a nossa vida. — Cara a abraçou. — Garota, eu sinto muito.

— Ei, pare. Todos nós encontramos uma maneira de perseverar. Mas Kolson ajudou. Ele me libertou. Se não fosse por ele, eu ainda estaria me escondendo.

Cara a olhou com curiosidade.

— Você está apaixonada. É o principal. Como se fosse além dos limites. Certo?

— Sim. Amando loucamente.

— Droga, garota. Você foi se apaixonar por um cara maravilhoso também. O Kolson Hart.

Sim, tenho certeza que sim. Um cara com algum tipo de problema. Mas fica só para mim...

Depois que terminaram a bebida, Gabby recomendou um lugar italiano por perto, então decidiram caminhar até lá. Ovaltine as seguiria com o carro e seu guarda-costas andaria com elas.

Quando chegaram, houve uma espera de trinta minutos por uma mesa, então sentaram-se no bar, tomaram um gole de vinho e comeram pão delicioso e quente até que o anfitrião as levou para a sua mesa.

Uma vez sentadas, suas conversas animadas recomeçaram enquanto Sky lhes falava sobre suas audições. No meio da frase, Gabby olhou para cima e viu Danny em pé na entrada do restaurante.

— Oh meu Deus. Oh foda-se!

— O que há de errado? — Sky perguntou, alarmada.

— É ele. — A mão de Gabby estendeu a mão para sua garganta.

Cara agarrou a mão dela.

— Quem? Seu primo? Onde está seu guarda-costas? Onde está o Max? Por que ele não está aqui?

A cabeça balançando em busca dele, ela gritou:

— Porra! Não os vejo. Estou ligando para ele. — Gabby digitou seu número. — Não está respondendo. — Seu estômago se agitou e ela engoliu, forçando a bílis de volta em sua garganta. Seu coração martelou e seu sangue rugiu através de suas veias. Era tão alto que ela tinha certeza de que os outros podiam ouvir.

— Fique calma. Ele não fará nada em público. — Cara falou. Então ela olhou ao redor, procurando por ele.

— Você não sabe disso. Ele é doido! Algo aconteceu com Ovaltine e Max. Eles não me deixariam. Estou ligando para Kolson. Porra. Porra. Porra. — Seu joelho bateu descontroladamente debaixo da mesa. — Porra, tenho que sair daqui. Ele vai me matar.

Ela ligou para Kolson.

— Kea.

— Ele está aqui, Kolson. Danny. E o Max ou Ovaltine não estão respondendo nos seus celulares. Preciso sair daqui.

Kolson começou a xingar.

— NÃO SE MOVA GABRIELLA. EU ESTOU A CAMINHO.

— Não desligue, Kolson. Estou com muito medo, — Gabby choramingou ao telefone.

Sky disse:

— Ele está procurando pelo restaurante. Como se estivesse procurando por alguém. Mantenha a calma. Ele está vindo para cá. O que devo fazer? Ligar 911?

— Ele não vai fazer nada aqui. Há muitas pessoas, — Cara reiterou.

— Kolson, ele está aqui... — Gabby chorou.

— Bem, olá, preciosa. Desligue o celular. AGORA. Tenho tentado passar algum tempo com você, mas você continua me evitando. Agora, por que faz isso?

— O que você quer? — Gabby não conseguia controlar o tremor cobrindo-a da cabeça aos pés.

— Você é minha prima. Como já disse, quero passar um tempo de qualidade com você. Agora, por que você não se levanta e saímos daqui, tranquilamente , e deixa suas amiguinhas jantarem.

— Acho que não, Danny.

— Olha aqui sua putinha... — Ele assobiou e abriu o casaco apenas o suficiente para Gabby ver a sua arma.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo, ou sua amiguinha aqui, — ele apontou a arma para Sky, — vai ter o cérebro cheio de chumbo. Você me entende?

— Sim.

— Bom. Agora se levante e caminhe em direção à porta. — Então ele se virou para Cara e Sky e disse: — E quando saírmos, se qualquer uma de vocês fizer qualquer tipo de barulho, eu vou atirar em alguém neste restaurante. E se chamarem a polícia, seus guarda-costas estão mortos. Entendeu?

— Sim, — as duas disseram.

— Bom. Vamos lá, Gabs.

Ela se levantou e foi em direção à porta. Ela ficou agitada pensando como poderia atrasá-lo, para esperar por Kolson. Mas Danny estava armado. Kolson não estaria. Ela não queria arriscar que Kolson fosse ferido. Quando eles saíram, ela tentou parar.

— Onde está meu guarda-costas? E meu motorista?

Danny riu.

— Um tiro e eles caíram como moscas.

— Oh meu Deus! Você os matou?

— Você não precisa se preocupar com eles. Vamos.

Ele a agarrou pelo pescoço e apertou, empurrando-a junto. Quando ele se virou em um beco e empurrou-a contra o lado de um prédio, as pernas de Gabby enfraqueceram; ela tropeçou. Ele apertou o pescoço dela ainda mais forte, puxando-a para cima. Ela estava tão tonta de medo que o rosto de Danny entrava e saía de foco.

Ele riu e sua pele arrepiou.

— Mal posso esperar para entrar em você novamente. Ouvir você me dizer o quanto sentiu falta do meu pau.

Ela cuspiu no rosto dele. A ação pegou-o desprevenido e ele recuou. Uma chance... Isso é tudo que tinha, então ela forçou seu medo de lado e pegou. Ela levantou o joelho e enfiou-o diretamente em sua virilha. Então ela correu. De volta ao restaurante e direto para Ovaltine, ele estava virando a esquina, sangrando por causa de um ferimento de bala na lateral do corpo. Ela gritou com toda a força, o que chamou a atenção dos pedestres.

Kolson parou e saltou do carro.

— Gabriella!

— Ele tem uma arma! — Ela gritou repetidamente.

Kolson girou e correu para dentro, praticamente carregando Gabby.

— Chame a polícia. Agora! — Ele gritou para a primeira pessoa que viu.

Ele tentou entregar Gabby para Cara, mas ela não o deixou ir. Não disse nada, apenas tremeu e se agarrou a ele. Cara e Sky correram para Ovaltine enquanto ele cambaleava para o restaurante.

— Kea, você está segura aqui. Deixe-me ir encontrá-lo.

— Nãoooo! Ele tem uma arma. Ele vai te matar.

— Não, ele não vai. Eu não deixarei.

— Não, não vá.

Seu medo o deteve. Ele não podia se afastar dela quando ela precisava dele.

— Estou aqui. Não vou a lugar nenhum. — Seus dedos cavaram a carne de suas costas, mas ele não disse uma palavra. Ele beijou e acariciou o cabelo dela, murmurando baixinho para acalmá-la.

Em minutos, o lugar estava lotado de policiais. Cara e Sky ligaram para Case e ele também apareceu. Gabby continuou a não soltar Kolson. A polícia interrogou as três mulheres e Kolson. Max foi encontrado em um beco ao lado do prédio e tanto ele como Ovaltine foram transportados para o hospital.

Case chamou um dos detetives de lado e teve uma longa conversa com ele. Eles queriam que Gabby fosse até à delegacia, mas Kolson e Case conseguiram persuadi-los a adiar até à manhã seguinte. Kolson pegou Gabby e levou-a para casa. Ela estava uma bagunça.

Uma vez lá, ele serviu-lhe um copo de uísque. Ele a colocou na cama depois, e de manhã, foram até à delegacia. Foi então, com Case e a advogada presentes, que Gabriella deu sua declaração formal. As acusações contra Danny foram registradas como crime de assalto com uma arma mortal, e tentativa de sequestro. Por causa das testemunhas no restaurante e da tentativa de assassinato de Ovaltine e Max, parecia que Danny estaria enfrentando uma longa sentença de prisão.

Kolson e Gabby então foram ao hospital para checar seus amigos. Ovaltine e Max estavam em condição estável. Max tinha sido baleado no ombro e Ovaltine lateralmente. Sam estava com Ovaltine, junto com o resto da família deles. Gabby não conseguia se livrar da culpa, tudo isso era culpa dela. Se esses homens não a estivessem protegendo, nada disso teria acontecido.

— Você tem que parar de pensar assim. Eles estavam fazendo o trabalho deles. Nossos homens fazem isso para os clientes o tempo todo, — explicou Kolson. Seus olhos estavam quentes como mel.

Isso foi diferente. Danny poderia matá-los e se isso tivesse acontecido, ela se sentiria responsável.

Kolson notou como ela se agarrou a ele. Era estranho, porque ela ansiava por sua independência. Essa sempre foi a única coisa que ela enfatizou para ele. Era por isso que ela não ficava com ele tanto quanto ele queria. Ela precisava desse sentimento de liberdade. Mas ele adivinhou que agora ela precisava de segurança, então ele jurou que ela teria.

Jogando o braço em volta dos ombros dela, ele disse:

— Vamos para casa, vamos?

Eddie os deixou. Quando chegaram à cobertura, Kolson disse:

— Acho que seria melhor se você tirasse alguns dias de folga.

— Mas meus pacientes...

— Não vai beneficiar nada você enquanto estiver transtornada.

Ela se abraçou.

Ele soltou a mão dela.

— Venha. — A última vez que ele a viu assim, um banho na banheira a relaxou imensamente.

Quando chegaram ao banheiro, ele disse:

— Tire suas roupas enquanto encho a banheira, Kea. — Ele despejou óleo de banho de uma garrafa chique e ela se despiu. Ele segurou a mão dela enquanto entrava na água quente e calmante.

— Junte-se a mim?

Ele fez o que ela pediu, movendo-se atrás dela.

— Encoste-se em mim. Deixe-me e à água aliviar as suas preocupações.

Ela colocou as coxas sobre as dele e sentiu uma onda de bolhas entre as pernas.

— Umm. — Ela se contorceu contra ele e sua ereção floresceu entre eles.

— Não pretendia que isto tivesse como objetivo algo sexual, mas se você for se contorcer assim, então eu não serei responsabilizado por minhas ações.

— Kolson, sexo com você me faz esquecer meu nome. Porque raios não haveria de querer isso agora?

— Se incline para trás, então. — Ele levantou os joelhos, fazendo com que as pernas dela se espalhassem ainda mais. A pressão da água borbulhante a atingiu em todos os pontos certos e deixando-a ainda mais excitada. Ele pegou um gel de banho e colocou em um pano macio, fazendo espuma. Com pano passando em torno de seus seios, ela arqueou as costas enquanto seus mamilos eram massajados. Com a outra mão, ele os aumentou como se fossem pérolas, puxando e beliscando-os até que ela se contorceu contra a mão dele.

— Você já teve um orgasmo apenas com isso, Gabriella?

— Não, — ela gemeu.

— Acho que um dia deste vou ter que te dar um. Você é tão receptiva quando faço isso.

Deslizando a mão até os quadris, ele moveu o pano em um padrão circular, arrastando-o por cima de seus quadris e pélvis enquanto ela se inclinava na direção dele.

— Você vai ter que parar de se mover, Gabriella. Ou posso fazer algo para o qual você não está totalmente preparada. Essa sua bela bunda está torturando meu pau.

Ela engasgou quando se apercebeu das palavras dele.

Ele não quis dizer isso, ou quis?

Como se lesse sua mente, ele disse:

— Sim, eu vou foder a sua bunda. Agora não se mova assim.

Ele retomou seu movimento com o pano, levando-o para entre as pernas dela. Quando ele tocou no seu núcleo, ela soltou um longo e alto gemido. As protuberâncias do pano atingiram seu clitóris com a quantidade perfeita de pressão enquanto ele a massajava até um clímax intenso. Assim que ela começou a gozar, seus quadris a levantaram e ele deslizou para dentro dela.

Gabby ficou mais viva, quando Kolson levantou os quadris para cima e para baixo, enquanto suas mãos a moviam para combinar com seu ritmo. O prazer era insuportável. Ela se inclinou para a frente, segurando suas coxas enquanto ele lentamente a fodia.

— Gostaria que você pudesse se ver agora mesmo. Você é linda, minha Gabriella. Sua pele está corada e rosada com o vislumbre da água quente. Eu poderia olhar para o seu corpo nu o dia todo. Totalmente perfeito.

Gabby olhou para onde eles estavam unidos e colocou a mão em torno das suas pesadas bolas. Seu gemido de resposta a agradou. Então ela sentiu o dedo correr pela sua fenda até encontrar aquela abertura, e ele empurrou até que a pressão diminuísse.

— Ahhh, — ela gemeu.

Ele parou até sentir o orgasmo iminente diminuir e então seu movimento se acelerou novamente, mas muito devagar. Entrou e saiu dela com um ritmo torturante. Ela tentou acelerar as coisas, mas ele a segurou com uma mão no ombro dela.

— Se você tentar se mover, Gabriella, vou parar.

— Por favor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus movimentos recomeçaram e Gabby encontrou um prazer extraordinário. Suas terminações nervosas formigaram enquanto um fogo ardia em suas veias.

— Kolson. Por favor.

— Você goza quando eu disser a você.

— Mas...

— Silêncio. — Ele se inclinou para a frente e tomou o lóbulo aveludado de sua orelha e puxou-o para a sua boca, puxando-o com os dentes.

— Huuuh, — ela engasgou com a onda de prazer.

Instantaneamente ele se mexeu e começou a empurrar mais duro e mais rápido. Gabby se sentiu esticada até uma largura e profundidade impossíveis. Ele tocou em lugares dentro dela, beijou-a tão profundamente que houve um momento em que ela se perguntou se alguém poderia morrer de êxtase.

O seu clímax rasgou através dela, arrancando um grito de seus lábios, e depois seu nome. Se ele não a tivesse agarrado pela cintura, ela teria escorregado sob a água borbulhante.

O orgasmo de Kolson explodiu dele e os músculos internos de Gabby o espremeram até à última gota, até que ele se sentiu fraco pelo esforço de tudo o que aconteceu. Mas não estava fraco demais para levantá-la e colocá-la em seus braços.

— Você é incrível. Senti falta disso. — Seus lábios roçaram os dela, sua língua traçando seu contorno, antes de tomar o inferior entre os dentes. — Eu amo te levar desse jeito, mas sinto falta de ver seu lindo rosto. Vou ter espelhos instalados nas paredes ao redor desta banheira, só para poder ver você em todos os ângulos.

— Por que você não me bateu ultimamente?

A pergunta pegou-o desprevenido. A verdade era que ele queria. Muito.

— Pensei que talvez tivesse sido demais para você.

— Eu dei a você essa indicação?

— Não, mas você também não implorou por isso novamente. Decidi que você é importante demais para mim e não quero assustá-la com minhas necessidades. E com o que você está passando com Danny, achei que poderia ser demais. Então me segurei.

Ela levantou-se e sentou-se sobre ele. Enquadrando o rosto, disse:

— Eu confio em você para não me machucar. Não se retraia.

Ele se inclinou para tocar seus lábios nos dela.

— A verdade é esta. Essas minhas necessidades não são mais importantes para mim. Quero ver você amarrada com sua bunda toda rosa? Sim, quero. Mas também quero ver sua mente no caminho certo. Não quero que você faça alguma coisa só porque acha que é o que eu quero. Quero que você faça isso porque você também quer.

— Mas eu realmente gostei, Kolson. Foi divertido demais. E eu quero fazer de novo.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, em seguida, deu-lhe um sorriso sexy.

— Você sempre me surpreende, Kea.

— A sério?

Ele riu.

— Sim, de fato.

— Amo você, Kolson. Eu quero que você seja feliz.

— Ter você aqui me faz feliz.

— Mas eu quero que você tenha suas outras coisas também.

Ele apertou as mãos dela e deu-lhe um olhar sereno.

— Quando nós ficamos sem falar por cinco dias, foi o pior momento da minha vida. Então, se tivermos apenas esse tipo de sexo sensacional que estamos tendo, eu morrerei feliz. Você é mais importante para mim do que qualquer coisa, qualquer necessidade ou compulsão que eu possa ter, e venderia minha alma ao diabo por você. Ele fechou os olhos e voltou a falar. — Nunca pretendi que você se apaixonasse por mim. Você é boa demais para mim, Kea.

Dando-lhe um olhar suplicante, ele ergueu a mão quando ela tentou interrompê-lo.

— Deixe-me dizer isso enquanto tenho coragem, Gabriella. — Muitas emoções brotaram em seus olhos, e Gabby reconheceu todas elas: raiva, dor, vergonha, desgosto, mas o mais proeminente era o medo. — O fato é que você tem um coração e uma alma tão puros, e eu estou irreparavelmente danificado... estou muito mais fodido do que você imagina e sei que você já viu de tudo na sua profissão. Você pergunta por que eu não falo com você sobre o meu passado. Essa é uma das razões. Não me entenda mal. Eu sei que você nunca me julgará. Mas também sei que isso também pode assustar você. É puro egoísmo da minha parte, e isso não é justo para você. Deveria ter terminado com você antes de chegar a este ponto, mas não consegui. Não consegui ficar longe de você. Você me trouxe esperança pela primeira vez. Como uma luz na minha vida, me levando para fora da minha escuridão.

— Mas naquele dia, — ele engoliu em seco e olhou para ela por um momento — no dia que fui buscá-la, e você estava no abrigo das mulheres. Vi o jeito que você segurava aquela garotinha em seus braços e havia algo tão belo em tudo que você fazia, soube naquele momento que nunca poderia deixar você ir. A partir desse momento, toda vez que eu olhava para você, via a perfeição, a bondade e a caridade, e nunca tinha visto nada assim antes. E foi aí que eu soube que queria isso. De você. Queria que você me abraçasse assim. E me banhasse com esse tipo de amor. Sinto muito por não ter sido honesto com você sobre mim mesmo. Minhas intenções. Você está sendo enganada em tudo isso. Estou fodido demais para me qualificar como mercadoria danificada.

— Posso falar agora?

— Sim.

— Acho que preciso decidir o quão fodido você é, mas não posso porque você não vai discutir o seu passado comigo. Então, vou com o que vejo na minha frente aqui. Problemas? Sim, você os tem. Eu também. Assim como todo mundo. Ninguém é perfeito. Oh, você diz que eu sou, mas isso é besteira e você sabe disso. Vou te chatear e essa coisa de perfeição vai voar pela janela e você vai coçar a cabeça e perguntar por que diabos disse isso. Vá em frente e ria, mas é verdade. Agora estou super feliz com o que você disse sobre mim. E o jeito que você se sentiu quando me viu com aquela menininha, bem, faz me sentir realizada.

— Mas querido, esse é o meu amor pelo que faço. Se tivesse havido alguém para fazer isso por mim, teria significado muito. E talvez isso me tornasse mais forte e mais capaz de lidar com Danny. Quem sabe? Talvez nunca tivesse tentado me matar. Mas essa parte sobre eu ser enganada e como você deveria ter terminado as coisas, é treta. Imaginemos que acabava. Então eu ficaria sem você e Danny teria vencido. Eu teria perdido conhecer o tal. Você sabe, aquele cara que faz meu coração e meu sangue disparar.

— Então cale a boca e me beije porque eu amo sua boca.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Sky, Ryder e Cara foram ver Gabby no domingo, levando flores. Gabby apresentou Kolson para Ryder e os dois deixaram as mulheres conversando. Quando Case chegou, ele estava ansioso para se juntar aos homens para poderem discutir a situação. Gabby ficou animada por estar com suas meninas. Ela precisava de uma distração.

— Você não vai trabalhar amanhã, vai? — Perguntou Sky.

— Kolson não quer.

— Concordo. Também acho que você precisa ficar aqui com ele por um tempo — acrescentou Cara.

— Eu sei. Não quero ficar sozinha agora.

— Porra. Quando penso no que aconteceu... — Cara estremeceu.

— Case tem uma equipe procurando por ele, — disse Sky.

— O que você quer dizer? — Gabby sentiu o sangue escorrer de sua cabeça.

— Ele está à solta. A polícia não conseguiu encontrá-lo.

— O quê?

— Você não sabia?

— Não! — Gabby saiu correndo do quarto para encontrar Kolson. Ele estava na sala de estar. Ele soube imediatamente pelo desespero gravado em seu rosto o que estava acontecendo. Suas narinas estavam dilatadas e sua voz estridente. — Por que você não me contou?

— Gabriella, nós não queremos que você se preocupe. Estamos mantendo você segura, aqui mesmo. Case tem homens procurando por ele, assim como a polícia.

— Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai. — Ela esfregou o pulso, tremendo.

— Você está segura. Tenho homens no saguão e na garagem. Ele não pode subir aqui, Kea.

Gabby soltou uma série de respirações curtas, tentando ganhar o controle. Kolson se moveu para abraçá-la, mas ela estremeceu ao seu toque. Ele não deixou que isso o parasse.

— Deixe-me lidar com isso. Por favor. Vou cuidar de você, eu prometo. — Seus braços retornaram seu abraço. — Continue respirando, querida. — Ele deslizou a sua mão da cabeça até à cintura dela, e repetiu o movimento.

Uma vez que ele sentiu que ela estava tranquila, explicou como eles estavam tentando encontrar Danny.

— A polícia está procurando por ele. Tenha em mente que ele é procurado por tentar sequestrá-la e por tentativa de homicídio. Essas são acusações sérias.

— Foi inesperado ouvi-lo da Sky do jeito que eu ouvi.

— Entendido. Venha e sente-se. — Ele a levou até ao sofá e sentou-se ao lado dela, segurando a sua mão. — Não vou deixar nada acontecer com você.

— Nem eu — Case estava diante dela. — Gabs, tenho cinco caras procurando por ele e trabalhando com a NYPD sobre isso. Nós vamos pegá-lo. Ele não pode se esconder para sempre. Nós já descobrimos onde ele estava morando. Então é só uma questão de tempo. Mas escute Kolson. Você não pode ir trabalhar. Estamos trancando a casa. Disse a todos os funcionários que não são necessários para ficarem em casa. Não quero ninguém em risco.

— E as minhas amigas?

Kolson respondeu sua pergunta.

— Estou as levando para uma das minhas casas na cidade. Ele não as encontrará.

— E você? — Ela perguntou.

— Terei proteção. Agora que sabemos que ele é um perigo sério, podemos tomar as devidas precauções. Mas Gabriella, por favor, você tem que nos ouvir. Você não pode trabalhar. Cancele sua semana. Isso é imperativo. Isso inclui seus serviços voluntários também.

— Eu vou. Você está certo. É muito arriscado.

— Obrigado. Você me deixou vinte anos mais novo.

— Kolson, o que faz você ter agora...doze?

— Sim. É isso, gosto de mulheres mais velhas. O que posso dizer?


# # #


Depois que todos saíram, Kolson e Gabby se sentaram juntos assistindo TV.

— E se levar meses para encontrá-lo? — Gabby perguntou.

— Não vai. Eles vão fazer com que ele saia. Ele ficará descuidado.

— Não sei. Ele é uma cobra. Veja como ele conseguiu destruir a minha vida. Vai levar muito mais tempo do que pensa.

Gabby deu muito a Kolson para refletir. Ela estava certa. Exatamente como Danny conseguiu causar tanto dano?

Kolson só conhecia uma pessoa que era astuta e manipuladora a esse nível, seu pai. Não querendo alarmar mais, disse:

— Nós vamos pegá-lo, Kea. Nós vamos.

Gabby não tinha tanta certeza, mas assentiu mesmo assim.


# # #


A prisão voluntária não foi divertida para Gabby. Duas semanas depois, estava mal-humorada e inquieta. Danny estava atormentando os seus pensamentos, mesmo sem ter ouvido um pio dele. Ele tinha estragado a vida de muitas pessoas, pois ela não podia cuidar dos seus pacientes ou ser voluntária por causa dele. As amigas dela andavam a pisar ovos e todo mundo estava mal-humorado.

Por fim, ela disse a Kolson:

— Estou voltando ao trabalho.

— Não, você não pode.

— Eu preciso. Não posso continuar aqui trancada. Está me matando. Eu te amo por querer me manter segura, mas preciso da minha liberdade.

Kolson estava quieto.

— Tudo bem. Não gosto disso, mas vou ver o que posso fazer.

E foi aí que Gabby decidiu resolver as coisas com as próprias mãos. Estava farta de Danny, estava completamente cheia dele. Ele controlou sua vida por dezesseis anos, mas amanhã ela estaria tomando isso de volta dele.

Na manhã seguinte, Kolson estava começando acordar quando uma mensagem de texto chegou.

— Droga.

— O que aconteceu?

— É Kade. Reapareceu e quer dinheiro. O mesmo de sempre. Preciso de o ver.

Gabby pensou por um momento.

— Você acha que pode convencê-lo a falar com Case? Ou vir aqui para falar com ele?

— Não sei.

— Deixe-me ir com você. Talvez eu possa falar com ele.

Kolson não permitiria isso.

— É muito perigoso. Se eu aparecer com um acompanhante, ele vai fugir. E vou perder a confiança dele.

Gabby enlouqueceu.

— Você não pode encontrá-lo sozinho.

— Kea, eu vou ficar bem. Faço sempre assim.

— Não com Danny à solta.

Kolson assegurou que estaria seguro. Ele vestiu uns jeans e uma camiseta e saiu para ver Kade.

Gabby estava mais do que nunca determinada com o seu plano. Ela sabia que sua margem de tempo era pequena. Lydia chegaria às nove horas e se ela não a encontrasse em casa, o alarme seria dado. Isso significava que ela tinha que estar bem longe nessa altura.

Kolson mantinha duas armas no apartamento. Tinha-lhe falado sobre elas na noite em que chegaram em casa depois do ataque. Retirou o revólver da mesa de cabeceira e segurou-o nas mãos, testando seu peso. Vasculhou a gaveta, procurando por balas extras. Como não estava muito familiarizada com armas, rezou para que não tivesse que usá-lo, mas se o fizesse, ela esperava que o fizesse com precisão.

Deixando a arma na sua bolsa, correu para o banheiro, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e pegou um boné de beisebol no armário de Kolson. Os guardas estariam no saguão e no estacionamento, vasculhando a área, então decidiu pegar o elevador até ao segundo andar e depois as escadas. Usaria uma saída lateral para sair do prédio, de maneira a evitar passar por eles.

Quando chegou às escadas, culpa e ansiedade a envolveram, fazendo-a pensar sobre o quanto esta decisão era sábia. As consequências das suas acções podiam ser graves... Não apenas na vida dela, mas se conseguisse, elas poderiam arruinar o que tinha com Kolson. Mas Danny não lhe tinha deixado outra opção.

Olhando para a porta de saída na frente dela, respirou fundo e fez a escolha final.

Agora ou nunca. Viver ou morrer. Serei eu ou você, Danny. Isso vai acabar de um jeito ou de outro.

Segurou na barra de desbloqueio, e abriu a porta. Levava a um corredor lateral que ninguém usava, embora soubesse que haveria homens por perto. Vozes familiares flutuavam no ar. A brisa soprou uma mecha de cabelo que escapou do seu rabo de cavalo, mas os seus ouvidos estavam atentos a todos os sons. Ouviu alguém dizer que iam fazer uma pausa para o café.

Silenciosamente, empurrou a porta o suficiente para que pudesse passar e correr para a saída. Quando saía do prédio, surpresa a invadiu. Agora tinha que dar o fora dali. Rápido. Entrou no primeiro táxi que viu e pediu para levá-la à Grand Central Station. Então enviou uma mensagem de texto.

Encontre-me sob o relógio na Grand Central.

Então esperou. Quinze minutos se passaram até que estava saindo do táxi quando recebeu uma ligação. Era de um número desconhecido. Não foi o mesmo para o qual tinha enviado a mensagem.

— Você deve pensar que sou um idiota, preciosa.

Ela pagou o motorista e foi entrando.

— Não. Você é tudo menos isso. Mas ninguém sabe que estou aqui.

— Vá a Penn Station, na 34th Street. Perca o telefone. — A ligação terminou.

Ela pegou outro táxi e foi para a próxima parada. Ele não disse exatamente onde encontrá-lo, então entrou e esperou. O seu celular vibrou.

— Você não segue as instruções muito bem. Não perdeu o telefone.

Ela olhou ao redor do terminal, tentou procurar por ele.

— Se o tivesse perdido, você não poderia me ligar.

— Isso não importaria. Agora perca a porra do telefone.

Gabby se virou e ficou atordoada em silêncio. O cabelo de Danny estava emaranhado com sujeira e sua barba tinha crescido um pouco, então ela mal o reconheceu. Suas roupas estavam rasgadas e esfarrapadas e parecia estar vivendo nas ruas há meses.

— Vamos. — Seus longos e grossos dedos cravaram-se na carne macia de seu braço. A agarrou com tanta força que ela temia que ele pudesse quebrar seu osso ao meio.

— Você está me machucando.

— Essa é a menor das suas preocupações agora. Mova-se. Você queria esse encontro. Agora você vai tê-lo. — Ele a rebocou ao lado e ela tropeçou para continuar.

— Para onde você está me levando?

— Para minha linda casa. Onde mais?

— Mas você está...

— Estou fugindo da polícia, graças a você, sua idiota.

Desceram um lance de escadas. Os passageiros corriam ao redor, sem lhes dar a menor atenção. Que inteligente da parte dele ficar aqui em Nova York, onde poderia se perder nos milhões de habitantes desta cidade.

Caminharam ao longo de outra plataforma e entraram por uma porta recuada. Desceram outro lance de degraus, mais fundo nas entranhas da terra. Gabby agora percebia o quão insensato era o seu esquema. Deveria estar em casa com Kolson, sã e salva. Não estava, no entanto. Estava com Danny que a arrastava atrás dele.

Mas firmou sua resolução para acabar com isso. Fúria reprimida substituiu seu medo, uma fúria que correu em suas veias por tudo que ele havia roubado dela.

Logo chegaram a outro túnel onde os trens obviamente corriam. Gabby estremeceu ao pensar a que distância estava da segurança. Poderia morrer ali em baixo e ninguém jamais a encontraria. Não importava. Esta era a sua chance de finalmente acabar com isso.

Contornaram uma curva e, ao lado, havia um entalhe onde ela viu roupas amarrotadas, restos de comida e outros itens que indicavam que alguém estava morando lá. Enquanto olhava ao seu redor, Danny estendeu a mão e a derrubou no chão. Caiu em suas mãos e joelhos, com força.

— Agora, priminha, o que posso fazer por você?

Virando a cabeça cima para o olhar, ela sabia que este era o fim da linha. Danny ia matá-la e viver o resto de seus dias como um sem-teto, ou iria para a prisão. Iria executar o seu plano, ou morrer tentando.

— Este é o fim, Danny. Para nós.

Ele riu. Muito.

— Você está falando sério? Isso é o que você queria? Veio até aqui, arriscou sua vida para me dizer isso?

— Sim. E não vou mais jogar seus jogos doentios.

— O que diabos isso quer dizer? ‘Não vou mais jogar seus jogos doentios’. — a imitou em uma voz chorosa.

— Apenas o que eu disse. — Felizmente, sua bolsa tinha caído bem na sua frente e seu corpo ocultava isso. Enquanto conversavam, sua mão alcançou o interior e encontrou o aço frio. Colocou a mão em volta da arma e puxou-a para fora. Levantando-se e mirando em Danny, disse:

— Você fodeu comigo por muito tempo. Nunca consegui entender como conseguiu convencer os meus pais de que fui eu quem contou as mentiras. Mas não vou levar mais um minuto pensando nisso. Porque não acredito que a prisão mereça pessoas como você, seu filho da puta idiota.

Os olhos de Danny registraram surpresa e então ele lançou-lhe um sorriso lascivo.

— Você amava o jeito que eu transava com você, preciosa. Você queria que eu fizesse isso. Então você mentiu sobre isso.

Os olhos de Gabby brilharam com fogo quando gritou:

— Você me estuprou! Por anos! Você é um idiota doente e estou colocando um fim em você para nunca mais foder comigo ou com qualquer outra pessoa novamente. Mas eu quero saber uma coisa. Por quê? Por que você fez isso? E por que você me quer tão mal? O que fiz para você me odiar tanto?

Danny soltou uma risada sinistra.

— Deus, todo mundo sempre costumava dizer o quão inteligente você era, mas é realmente idiota. Você é uma maldita psiquiatra e ainda não percebeu isso? — riu ainda mais. — Não é o que você fez, é o que você não fez, idiota. — Então seus olhos se estreitaram, e mesmo na penumbra do túnel, ela podia ver a ameaça emanando deles. Estremeceu. — Você nunca me deu nenhuma atenção. Todo mundo caía ao meu redor. Pendurados em cada palavra que dizia. Você não. Não a santa Gabby. Você sempre foi melhor que eu, acima de mim, não era? Até lhe comprei presentes, mesmo assim nunca me deu nenhuma atenção. E ele nunca te contou, não foi? Nunca disse a você que sou seu meio-irmão? — Danny uivou com a expressão de Gabby.

— O que você disse?

Sua risada encheu o túnel cavernoso.

— Isso mesmo, idiota. Você é minha meia-irmã. Papai tinha se arriscado com a minha mãe e voilá. Aqui está o Danny! E lá estava você, toda orgulhosa com seus livros estúpidos, nunca dando a mínima para mim. Enquanto eu era a reflexão tardia. O grande foda-se. Aquele que nunca deveria ter nascido.

— Mas... — Gabby o olhou de boca aberta. Ele estava desequilibrado e ela sabia que tinha que ficar calma.

Inspirou e disse:

— Danny, não ignorei você. E nunca soube. Ele nunca me contou. Eu era jovem e alheia a tudo. Não apenas a você. Não percebia se estava chovendo ou nevando lá fora. — A arma, ainda apontada para Danny, oscilou em suas mãos.

— Eu o chantageei, você sabia. Disse que se ele tomasse alguma atitude sobre nós, contaria a todo mundo, incluindo a sua mãe, que ele era meu pai. — Ele riu novamente, embora ela só conseguisse olhar para ele fixamente. Ele olhou para a arma e disse:

— Você não tem coragem de atirar em mim, sua putazinha. Mas sabe uma coisa? É melhor você dar o seu melhor, porque nunca vou te deixar em paz.

Ouviram passos e, em seguida:

— Gabby, não faça isso. — Era Case.

Kolson gritou:

— Gabriella, por favor. Pare.

Os olhos de Danny se arregalaram. As mãos de Gabby tremeram ainda mais.

— Não! Ele tem que morrer. É o único jeito. — gritou em protesto.

Kolson estava atrás de Danny, indo agora em direção a Gabby .

— Concordo, Kea, ele tem. Mas não por suas mãos. Deixe alguém fazer isso. Você teria que viver com isso para o resto da sua vida e eu não quero essa bagunça em suas mãos. Por favor, me escute.

— Ele está certo, Gabs. Ouça-o,— aconselhou Case. — Coloque a arma no chão.

— Ele arruinou minha vida. E fará de novo. Nunca vai deixar de o fazer. Ele acabou de me dizer. Sairá da prisão e recomeçará de novo.

— Kea, vamos fazer tudo para que ele não saia. Por favor. Deixe Case e a polícia lidarem com isso. Dê-me a arma.

— Mas eu quero que ele morra!

— Eu também. Mas deixe acontecer do jeito que deve ser. Do modo certo.

Sua mão vacilou e Danny atacou. Ele bateu nas mãos dela e a empurrou para trás. A arma voou para fora do seu aperto e deslizou pelo concreto úmido. Kolson mergulhou para Gabby enquanto Case foi para Danny. Mas Case tinha ido tarde demais.

Como estava vivendo no subsolo nas últimas semanas, Danny se acostumara com esses túneis. Desapareceu. Policiais invadiram os túneis, procurando, mas sem sorte.

— Como você me achou? — Gabby queria saber.

— Seu telefone. O GPS. Tenho rastreado você diariamente para o caso de algo acontecer. Não iria me arriscar. Meus homens estavam seguindo você logo depois que saiu do prédio. — Seu tom era gelado, lhe dizendo para não perguntar mais nada. — Vamos sair daqui.

A polícia acabou de interrogá-la e escoltou-os de volta pelo labirinto de túneis.


CAPÍTULO VINTE E SETE


A caminho de casa, Kolson estava inacessível dentro do carro. Gabby esgueirou-se para ele e seus olhos pareciam bolinhas de ágata, do tipo que costumava colecionar quando era criança. Nenhum calor emanava deles, apenas raiva. Ficou magoada com a reação dele. O que ela realmente precisava agora era seus braços ao seu redor, e sua força para acalmá-la.

As portas do elevador se abriram e ele saiu e foi direto para o bar, parando para se servir de uma dose segura de uísque. Bebeu, batendo o copo contra o granito serviu-se de outro. De costas para ela, disse em um tom cortante:

— Tenho vontade de amarrar seus pulsos e tornozelos e bater na sua bunda sem parar. Que diabos estava pensando? E não se preocupe em responder a essa pergunta. Você é inteligente demais para qualquer tipo de explicação para as suas ações. Sim, eu sei que você está cansada de viver enjaulada como um animal. Meu Deus, se você soubesse. Entre no quarto agora.

— O que...?

— Eu disse que você poderia falar?

— Não, mas...

— Agora, Gabriella. A porra do quarto. Estou tão chateado com você. Ele poderia ter matado você. Você entende, tem alguma ideia do que você fez? Vai. Agora.

— Eu não...

Kolson se moveu como uma pantera perseguindo a presa e estava sobre ela tão rapidamente que sua boca abriu em surpresa. Sua blusa rasgou como lenço de papel, botões voando no ar e tilintando no chão ao redor deles. Ele tirou o sutiã com uma das mãos e baixou a boca para o mamilo exposto. Não beijou. Não lambeu. Nem sequer chupou. Ele mordeu um e beliscou o outro. Ela gritou quando uma poderosa corrente de calor se desenrolou em seu sexo. Tentou apertar as pernas juntas, mas ele empurrou o joelho entre elas, forçando-as a se separarem. Colocando as mãos no cós da calça, rasgou-as em dois e as tirou. Tirou a boca dos seios dela e disse:

— Quando eu digo para você entrar no quarto, quero dizer, vá. Para. O. Fodido. Quarto. — Então torceu os lados de sua calcinha até que eles estouraram.

Estava parada e cercada por suas roupas rasgadas. Oxigênio era uma mercadoria valiosa, já que não conseguia passar do aperto que havia amarrado sua garganta. Seu diafragma era igualmente inútil. Ela se moveu para levantar as mãos para o tocar e ele a impediu.

— Você não tem a minha permissão para fazer alguma coisa, Gabriella, exceto ficar lá. — Seus braços caíram para os lados enquanto seu peito arfava.

Dedos invadiram sua vagina e um circulou seu clitóris.

— Encharcada. Tudo para mim. Chupe isso. — Ergueu os dedos que estavam dentro dela e os enfiou na sua boca. — Oh, deixe-se disso. Você pode fazer melhor que isto. — Ela chupou-os intensamente, usando sua língua como se estivesse chupando seu pênis. Ele inalou, longa e lentamente através de seus dentes, e disse em voz baixa enquanto lentamente os retirava, — Muito melhor. Agora ande. — Ele a cutucou com a mão. Chutou seu caminho através de suas roupas arruinadas e enquanto se movia, uma de suas mãos se aventurou ao longo da curva dela para trás. Ela gemeu.

— Quieta. Nem uma palavra.

Porra. O que diabos está acontecendo?

Quando entraram no quarto, ele disse:

— Você vai se ver completamente fodida. Como isso soa?

— Eu quero...

— Essa pergunta não foi feita para ser respondida.

Ele foi até ao armário e pegou um longo pedaço de seda.

— Na cama, ajoelhe-se e levante seus pulsos. — Usando uma extremidade, os uniu, amarrou-os o suficiente para que não os pudesse mover. Então ele pegou a outra ponta do pano e colocou-a na moldura sobre a cama, amarrando-a. Sua cama era um enorme dossel de quatro colunas revestida de tecido cremoso. Por causa disso, ela nunca pensou no fato de que havia uma moldura sobre a cama. Agora os braços dela se estendiam acima da cabeça enquanto se ajoelhava e encarava o espelho atrás da cabeceira da cama.

Ele saiu da cama e se despiu. Depois olhou para ela.

— Gosto muito de você desse jeito. Talvez se eu tivesse feito isso antes, você não teria fugido como fez.

— Kolson, eu...

— Silêncio! Não lhe dei permissão para falar. Agora, Gabriella, você vai fazer algo assim de novo? Algo tão perigoso que poderia matar você? Sim ou não.

Ele quer que eu responda a ele?

Ela ficou em silêncio.

— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai fazer algo assim novamente? Me responda.

— Eu não...

— Sim ou não, Gabriella. — Ele sacudiu o chicote que segurava e ela sentiu a picada dos fios de couro enquanto esfolavam as bochechas da sua bunda. E gritou.

— Eu disse sim ou não.

Ele bateu nela novamente. E de novo.

— Não!

Ela gemeu quando a tensão em sua barriga se intensificou e começou a descer diretamente para entre as suas pernas. Cada vez que os fios de couro entravam em contato com a sua pele, correntes corriam por seu corpo, centrando-se em seu sexo. Queria apertar as coxas para aliviar a dor, mas sabia que era impossível. Ela se contorceu e gemeu novamente.

— Quieta.

Gabby fechou a boca com força. Foi com extrema dificuldade que conteve seus gemidos enquanto ele continuava a açoitá-la. Passou a extremidade em torno de seus seios e bateu em seus mamilos com o açoite. Gabby esperava que ele não se importasse se ela gozasse porque um orgasmo estava se aproximando rapidamente.

— Como castigo, não vou permitir que você goze.

Passou as tiras sobre as costelas e debaixo dos braços. E então ele pegou a alça do flogger e correu ao longo de sua fenda. E Gabby gozou. Fortemente.

— Ahhh, — ela gritou.

— Oh, você fez isso. — Ele clicou a língua e ela sabia que estava em apuros.

Ele saiu do quarto. Quando voltou, a massageou com algo espesso e oleoso. Ela soube o que iria acontecer.

— Não.

— Não para isso? — disse enquanto esfregava o polegar nela. Ela gemeu. Sua outra mão deslizou em seus quadris enquanto seu mindinho tocava no seu clitóris. Então seu pênis entrou nela. Estava tão esticada e larga que queria gritar.

— Amo ter meu polegar na sua bunda, Gabriella. Posso sentir meu pau se movendo dentro de você.

Ele empurrou e ela recuou no movimento. Seu ritmo sincronizado, ela se arqueou enquanto ele entrava nela. Era delicioso.

— Diga-me que nunca vai me deixar assim novamente. Diga — ele rosnou em seu ouvido.

— Não, nunca, — ela choramingou.

— Ah, Gabriella. Diga-me a quem esta boceta pertence.

— Você. Pertence a você, — ela disse.

— E quem é o dono dessa bunda?

— Você é, — gemeu.

— Você nunca mais pense em colocar isso em perigo novamente. Entendeu?

— Uh, ah...

— Olhe para mim, Gabriella.

Seus olhos se encontraram no espelho e toda a ação cessou. O tempo parou enquanto as palavras não ditas passavam entre eles. De repente, ele a desamarrou e a girou em seus braços.

Agarrando-a pelos ombros, sua voz rouca de emoção, ele disse:

— Porra, não faça nada assim novamente. Você me ouve?

— Sim!

— Prometa-me!

— Eu juro, Kolson.

— Você poderia ter morrido hoje. Cristo, tem ideia do perigo em que se meteu? Você sabe os riscos que correu? Raios, você me assustou, Kea.

Os seus lábios esmagaram os dela, e brutalmente a beijou, esmagando seu corpo contra o dele, machucando-a. Mas ela o queria. Precisava dele. Colocou os braços em volta do seu pescoço e o puxou para mais perto, enterrando as mãos no seu cabelo. Ele alcançou entre eles e empurrou seu pênis de volta nela, suas bocas continuavam enroscadas. Caíram na cama e ele afundou nela, se enterrando. Era como se nenhum deles conseguisse o suficiente, como se tivessem que provar um ao outro que estavam sãos e salvos.

O suor se agarrava à testa de Kolson, seus corpos escorregadios, mas eles não notaram. Estavam perdidos em sua paixão. Ele encontrou aquele ponto, aquele que a fazia gritar, e usou os dedos em seu clitóris até que todos os seus músculos, por dentro e por fora, apertaram e espremeram o orgasmo dele.

Quando terminaram, ele descansou a cabeça onde o pescoço dela encontrava seu ombro, recuperando o fôlego. Então a beliscou com os dentes.

— Veja como você é linda, toda aberta para mim. Tão responsiva, tão apaixonada. Nunca vou me cansar de você, Kea. Nunca. Você é toda minha. Isso é meu. — Sua mão cobriu seu sexo. — Ninguém mais vai ter isso. — Ele girou seus quadris novamente e ela soltou um sopro sobre seu corpo. Mãos deslizaram para baixo e seguraram as bochechas de sua bunda. — Isso é tudo meu também. — Todo o corpo de Gabby estava em chamas. Seu coração batia mais forte com cada palavra dele e seu sangue ardia com cada toque.

— Eu te amo. Tudo sobre você, Kolson. Mas às vezes você é assustador.

— Faz tempo que te venho dizendo isso. Se houver alguma dúvida na sua cabeça sobre como me sinto em relação a você, espero ter esclarecido. Você é meu mundo, Gabriella. Mantê-la segura é fundamental. Lembre-se disso.

Eles se abraçaram por mais algum tempo.

— Me beija. Muito e profundamente. Com vontade. Como se você nunca mais saísse por aquela porta e fizesse o que fez comigo hoje de novo. Nunca mais quero receber um telefonema desses, porque meu coração não iria sobreviver.

Rastejando para cima dele, ela começou devagar, explorando cada pedaço de sua linda boca, por dentro e por fora. Era um beijo que deveria ser saboreado, um beijo destinado a transmitir o que estava em seu coração.

— Não fiz isso para assustar você. O fiz para te proteger. Porque todo dia me preocupo que ele não apenas me machuque, mas a você também. E se isso acontecer, sei que não sobreviveria. Superei muita coisa, mas isso seria minha ruína. Kolson Hart, amo cada centímetro de você, até mesmo as partes que rasgaram minhas calças favoritas em pedaços e me amarraram em sua cama como agora. Não quero deixar ou ficar longe de você.

E pela primeira vez desde que tinha quinze anos, a Dra. Gabriella Martinelli cedeu e chorou.


CAPÍTULO VINTE E OITO


Kolson não tinha certeza do que fazer. As lágrimas de Gabby continuavam fluindo. Aquela represa proverbial se rompera e a força da água atrás dela era sem precedentes. Para piorar as coisas, ele era inexperiente em consolar as pessoas. Tinha recebido tão pouco disso em seus anos de vida que não tinha certeza de que palavras usar ou qual a melhor maneira de acalmá-la.

Então fez a única coisa que sabia e a abraçou, murmurando um monte de nada, porque ele duvidava que ela estivesse processando qualquer coisa de qualquer maneira.

As lágrimas continuaram por horas, molhando o seu peito, descendo ao longo deste e caindo sobre os lençóis da cama. Ele nunca imaginou que os seres humanos poderiam produzir tanto líquido de seus olhos. Quando seus soluços começaram a diminuir, ele alcançou a mesa de cabeceira e pegou lenços para ela. Ela assuou o nariz e estremeceu.

— Posso te dar alguma coisa? Água? — Ele perguntou.

— Não. Eu... Eu não chorei...

— Eu sei, Kea. Você nunca chora. Mas você precisava. E fico feliz que o fez comigo. Isso é sobre cura. E talvez finalmente se tenha livrado do controle que ele tinha sobre você.

Suas mãos se fecharam e ela esfregou os olhos com elas.

— Eu me sinto tão nojenta.

— Você está linda. Sempre está linda.

— Você está a dizer isso por dizer — Ela fungou; ele lhe entregou mais lenços.

— Não, não estou. — Ele tirou o cabelo emaranhado do rosto dela. — Eu te machuquei? Quando fizemos sexo?

— Não.

— Quero ter certeza de que não foram minhas ações que provocaram isso.

Ela não disse nada.

— Seu silêncio está me deixando desconfortável.

— Não foi o que fez no quarto. Foi como agiu quando chegamos em casa que me perturbou. Você foi assustador, Kolson.

— Gabriella, eu...

— Deixe-me terminar, por favor.

Ele assentiu.

— Eu estava abalada. Talvez o meu plano não fosse tão bom, mas isso tem que acabar. De alguma forma, Kolson. Decidi que o poderia eliminar. Ou o matava ou ele a mim.

Kolson fechou os olhos com força. Os músculos de sua mandíbula se contraíram.

— De um jeito ou de outro, decidi que ia acabar. Ele controlou minha vida por muito tempo e eu permiti isso. E havia a sua segurança que estava me preocupando. Então por isso que acabei me encontrando com ele. E quando não atirei nele, isso me esmagou. Queria muito matá-lo para poder sentir o gosto da vitória. Você me entende? Você disse que eu teria que viver com a culpa. Não teria havido nenhuma. As coisas que ele me fez e o tempo que jogou comigo, não teria sido nada demais apertar aquele gatilho. Danny disse que eu não tinha coragem. Ele estava errado. A razão pela qual não puxei o gatilho foi por causa do que isso te teria feito e o que você teria pensado sobre mim depois. Estava com medo do que veria em seus olhos toda vez que você olhasse para mim.

— Então, quando voltamos para cá, você estava tão lívido e tudo que eu queria era que você... — Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. — Tudo que queria era sentir seus braços em volta de mim, me confortando. Mas, em vez disso, recebi o peso da sua raiva.

Seus braços se contraíram e ele cobriu com beijos os seus cabelos. Com uma voz rouca, lhe disse:

— Deveria me desculpar, mas não posso. Estava com raiva porque quase te perdi. Não dou a mínima para Danny. Se você tivesse atirado e o matado, não te amaria menos. Estava apavorado que você acabasse na prisão, mas continuaria te amando com todas as minhas forças. Você precisa entender uma coisa. Não te amo apenas para o bem. Te amo tanto para o mal, para o belo, para o feio, mas acima de tudo, eu amo você pelo meio termo. Porque é aí que a maioria das nossas vidas será passada. Nem todos os nossos momentos juntos serão impressionantes, monumentais ou magníficos. A maioria dos nossos dias será apenas mais ou menos e, nesses momentos, ainda amarei cada pedacinho de você.

Ela sorriu para ele, então suspirou.

— E esse sorriso valeu muito a pena para mim, Dra. Martinelli.

— Também amo cada pedacinho de você, Kolson Hart. — Então ela fez uma careta. — Tente não ficar louco comigo, por favor.

— Sinto muito que meu comportamento tenha te chateado. Farei o meu melhor para controlar meu temperamento em ocasiões como essa.

— Espero que não tenhamos mais nenhuma como hoje.

Sua expressão ficou sombria.

— Eu também.


# # #


Naquela noite, Kolson ligou para Case.

— Você conhece alguém que seja suficientemente bom para rastrear Danny Martinelli?

— Sim. Há um cara. Drexel Wolfe. Ele é caro, no entanto, — disse Case.

— Me diga mais.

— É um PI, mas o rumor é que costumava ser das Forças Especiais. Alguns até dizem que ele comandou missões Black Ops. Ele é bom. O FBI o usa. Os rumores também dizem que está conectado à CIA.

— O quão difícil ele é de conseguir?

Case riu.

— Depende de quanto dinheiro você tem.

— Vamos lá, Case. Isso não é assunto para rir. Gabriella está andando sobre vidro quebrado neste momento.

— Não queria minimizar a situação, Kolson. O que quis dizer foi que Drex Wolfe pode ser obtido pelo dólar certo a qualquer momento. Ele é do seu nível. Pesquise-o. O nome da empresa é DWI Inc.

— Você está brincando comigo. Como Conduzir Enquanto Intoxicado11?

— Não, mas isso é meio engraçado, agora que você mencionou. Significa Drexel Wolfe Investigações.

— Aguente aí. — Kolson pesquisou a DWI Inc. e uma carga de informações apareceu em sua tela. — Porra, como nunca ouvi falar desse cara?

— Não sei. Deixe-me saber o que você quer que eu faça. O conheço de alguns casos do passado então posso colocar você em contato.

— Faça a chamada. Quero-o em Nova York para ontem.

Uma hora depois, o telefone de Kolson tocou. Era Drexel Wolfe. Chegaria a Nova York pela manhã. Case já tinha passado toda a informação. Wolfe e um de seus homens estariam atrás de Danny imediatamente. Quando o encontrassem, ligariam para Kolson com a localização.

— Não envolva a polícia. Tenho outra coisa em mente para ele, — disse Kolson.

— O que você quiser. Não me envolvo nesse fim. E eu prefiro ficar no escuro em relação a esses detalhes.

— Sr. Wolfe, estou apenas contratando você para encontrar Danny Martinelli e depois me avisar onde ele está.

— Bem. Você pode depositar metade da minha taxa na minha conta e o restante dela quando o trabalho terminar. Vou lhe enviar o número da conta e as informações bancárias de que precisará.

— Isso soa bem. E obrigado por assumir isto em tão pouco tempo.

— Oh, não se preocupe. Serei bem compensado.

— Tenho certeza que vai. E qual é a sua estimativa de tempo para encontrá-lo?

— Vou ter uma localização em dois dias, no máximo, depois que chegar aí.

— Excelente.

Kolson terminou a ligação e olhou para o celular. O que ia fazer a seguir era tão repugnante para ele, picadas provocaram-lhe calafrios e o fizeram estremecer. Logo, seu estômago estaria queimando como se ele tivesse engolido um litro de ácido clorídrico. Não importava. Gabriella era mais importante que qualquer coisa... Mais importante que seus sentimentos em relação ao seu pai.

Tocando os números com muito mais força do que o necessário, ele se encolheu quando o telefone começou a tocar.

— Langston Hart.

— Pai. É Kolson.

Um grande silêncio o saudou momentaneamente.

— Bem, bem, bem. Que surpresa. A que devo essa honra? Um telefonema do grande Kolson Hart?

Kolson não respondeu ao comentário de seu pai.

— Preciso de um favor.

Outro momento de grande silêncio se seguiu.

— Filho, você está prestes a dar a este velho um ataque cardíaco.

— Pai, pare de tentar enganar todo mundo. Você está longe de ser velho.

— Você está plenamente ciente da minha política de favores?

— Oh, sempre estou. Conheço-a bem. Muito bem, na verdade.

— Então deve ser importante para nós estarmos tendo esta conversa.

— Sim é.

— Fale.

— Antes de começar, preciso do seu juramento de que essa conversa nunca sairá daqui. Não importa o que aconteça. Estamos de acordo?

— Estou bem com isso.

— Também preciso do seu juramento em outra coisa.

— Meu Deus, você não está precisando hoje à noite?

— Sim, senhor, estou. Isso envolve algo muito importante para mim.

— Espero que sim ou você nunca teria ligado. Na verdade, eu diria que você está desesperado.

— As partes envolvidas devem permanecer inocentes e fora de seu alcance.

— Hmm. Agora estou intrigado,— disse Langston.

— Claro que você está.

— Combinado.

— Preciso ter alguém, por falta de um termo melhor, eliminado.

— Continue.

— O nome do homem é Danny Martinelli e está ameaçando Gabriella há anos.

— Ah, entendo.

— Não, você não pode entender.

Langston disse:

— Seja legal, Kolson. Eu tenho o poder nessa conversa. Agora, quero que você pense muito sobre algo. Quando faço um favor a alguém, sempre espero algo em troca. Isso significa que você me deve.

— Entendido. Um favor, uma dívida em troca.

— Sim, mas será uma dívida da minha escolha.

— Não pode envolver Gabriella.

— Porque, Kolson, acredito que você está apaixonado pela bondosa doutora.

— Isso não é da sua conta.

— Você pediu meu juramento. Agora preciso do seu em troca. Você vai pagar sua dívida ou não há favor.

— A dívida deve ser razoável.

— Kolson, você está me pedindo para matar alguém em seu nome. A dívida corresponderá ao favor.

Kolson estremeceu.

— Isso não pode ter ramificações negativas para Gabriella ou qualquer um dos meus funcionários.

— Não me está ouvindo, filho. Você não está em condições de fazer exigências. Agora, você quer que eu tire essa pessoa ou não?

— Sim, — grunhiu Kolson.

— Então, o que vai ser? Uma dívida por um favor é o acordo?

— O acordo está em andamento.

— Oh, e Kolson, eu posso exigir o pagamento dessa dívida no momento que achar adequado. Então, onde está este Danny Martinelli?

— Vou ter uma localização para você em alguns dias.

— Bom. E mais uma coisa. Como o verão está acabando, sua mãe gostaria de receber algumas pessoas no próximo fim de semana. Espero também contar com você e Gabriella lá. Sábado a domingo. Planeje passar a noite lá. Será um grupo íntimo. O Kestrel estará lá. E quatro outros casais. Sua mãe vai ficar feliz por você estar vindo.

A ligação terminou e Kolson teve uma dor ardente na boca do estômago.


# # #


No dia seguinte, Kolson ligou para seus advogados. Discutiu importantes questões de negócios e legais que precisavam ser resolvidas, para grande choque de sua equipe jurídica. Depois contou a Gabby sobre o fim de semana na casa dos seus pais.

— O quê? Passar a noite?

— Sinto muito. Era inevitável. Espero que você esteja bem com isso.

Ela mordeu o interior de sua bochecha.

— Bem, sim, se você está. Mas depois da última vez, estou totalmente surpresa.

— Quero que minha mãe conheça você, — respondeu no seu tom seco.

Gabby colocou os braços em volta da sua cintura.

— Querido, você está bem?

Seu corpo relaxou.

— Sim, estou bem.

— Ok. — Ela o segurou um pouco antes de soltá-lo.

— Kestrel também estará lá, e acho que vai levar uma amiga. Então você terá alguém com quem conversar.

Gabby achou que isso era uma coisa estranha de se dizer.

— Eu não vou estar com você?

— Bem, sim, mas pensei que você poderia querer outra garota para conversar.

— Prefiro não falar. Prefiro fazer outras coisas com você.

— Oh sim? Que tipo de coisas?

— Como se você me amarrasse e tomasse liberdades impertinentes comigo.

— Hmm. Liberdades impertinentes? — Ele sorriu. E então a atmosfera na sala ficou tensa enquanto seu olhar ficava sombrio. Pressionou-a bruscamente contra ele e suspirou.

— Acho que posso ter que fazer isso agora, Kea. Tenho um desejo de explorar todos os tipos de ideias impertinentes com você. Você quer brincar?

— Essa exploração incluirá meu silêncio?

Sua pergunta o supreendeu.

— Gabriella, não gostou do que fiz com você?

— Bem, sim, mas também gosto de expressar meu prazer e quando você me diz que não posso, me tira algum dele.

A expressão triste dela apertou-lhe o coração.

— Por que não me disse nada? Quando lhe pergunto depois, quero sua completa honestidade.

— Porque não quero estragar o seu prazer e você obviamente gosta disso.

— Jesus, — ele murmurou enquanto esfregava o rosto. Olhou para ela, soltou um suspiro e disse:

— O meu prazer é tão intenso como o seu. Se você quiser gritar sem parar, então faça. Quero que você goze quantas vezes puder, e que ame cada orgasmo. E se você quiser dizer em mandarim que precisa que te foda mais forte, se é isso que te excita, então faça, pelo amor de Deus.

— Bem, ok, mas vou ter que aprender a falar mandarim.

A sua cabeça se levantou e viu como os seus olhos brilhavam de alegria. Então, uma série de gargalhadas dela soaram, e ele se viu juntando a ela.

— Já me posso ouvir. — Ela fez a sua melhor imitação do que pensava que o mandarim soaria, entoando a sua própria piada.

Ele riu também, mas depois disse:

— Foda-me mais forte, Kolson, — em mandarim perfeito.

— O que significa isso? — Ela perguntou.

— Acabei de dizer: "Foda-me mais forte, Kolson" em mandarim.

— Você fala mandarim? — Não era uma pergunta, mas uma afirmação. E embora estivesse surpresa, ela não deveria ter estado. Ele era tão talentoso em tudo o mais, por que diabos não falaria mandarim?

— O que outras línguas você fala?

— Inglês. — Ele riu.

— Isso é tudo?

— Não. Espanhol, alemão e francês. Mas você já sabia disso desde que jantamos no Le Chatelaine — disse-lhe, desconfortável.

— E eu pensava que era um gênio, — murmurou baixinho. — Faculdade?

— Não. Tutor. O meu pai insistiu que todos nós fossemos multilingues.

— Por quê mandarim?

— Os chineses são grandes industriais. Ele estava convencido de que eles controlariam a economia mundial. O meu pai é um homem de negócios astuto. O mandarim é a língua nacional da China.

— Então todos os seus irmãos são multilingues também.

— Sim.

— A propósito, você encontrou Kade?

Kolson baixou a cabeça.

— Sim. Não correu bem. Dei-lhe dinheiro e disse-lhe que ele precisava ir para a reabilitação. Mencionei Case. Ele se tornou o seu eu raivoso habitual.

— Alguma chance de eu poder ir com você? Ou talvez Case?

Kolson fechou os olhos com força. Não sabia como dizer isso sem soar duro. — Deus, você é uma alma maravilhosa. Você viu e sabe como eu tenho problemas? Bem, Kade é bem pior. E não é tão simples. As drogas são ruins o suficiente, mas sua cabeça está toda fodida também, Kea. Eu... A escuridão é parte disso tudo, e raios é uma maldita bagunça. — Ele saiu do quarto e ela o observou sabendo que era o fim da conversa. Queria tanto poder segurá-lo e ele lhe contaria tudo porque sabia que isso poderia ajudar. Ela apenas sabia disso. Mas teria que esperar até que ele estivesse pronto, porque não iria pressioná-lo.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


Três dias depois, como estava garantido, Kolson recebeu um telefonema. Era tarde da noite e tinham acabado de se deitar. Ele olhou para o identificador de chamadas e pediu desculpas a Gabby, dizendo-lhe que tinha que atender a ligação.

— Hart, — respondeu enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

Gabby não deu muita importância a isso. Recebiam ligações a todas as horas do dia e da noite.

— Sr. Hart. Fala Drex Wolfe. Temos o seu homem.

— Você tem certeza?

— Nós não estaríamos falando se eu não tivesse.

— Jesus. — Kolson se encostou na sua cadeira e respirou fundo várias vezes. — Jesus. — Ele olhou para as suas mãos trêmulas.

— Você está bem?

Por um longo momento, ele só pôde respirar.

— Sr. Hart? Kolson?

— Sim. Dê-me um segundo.

— Leve o tempo que precisar.

A mente de Kolson era uma bagunça fodida. Gabby, seu pai e Danny o ensombraram com imagens colidindo, e ele não sabia o que fazer, como responder. Estava claramente despreparado para isso.

— Porra. Eu...

— Sr. Hart, a maneira como normalmente operamos é chamamos a polícia e os deixamos entrar ou...

— Não. Não é assim que isso vai funcionar. Deixe-me pôr as minhas ideias em ordem.

Numa voz mortalmente calma, Wolfe disse:

— Você não me deixou terminar. Ou seguramos o suspeito até à próxima fase da operação. Posso fazer isso por você. Apenas me diga o que quer fazer.

— Você pode me dar cinco minutos? E eu ligo de volta?

— Não me pode ligar de volta, Sr. Hart. Ligarei para você. — A ligação terminou.

Kolson sentou-se na sua mesa, entorpecido. Sabia que isso aconteceria então por quê essa resposta? Também sabia a resposta para isso. Ele estava prestes a voltar para o inferno. E estava com medo. Com medo do que aconteceria quando fizesse isso.

Ele ponderou suas opções. Sempre havia aquela em que pegava o telefone e ligava para Case, e depois para a polícia. Danny seria preso e sem dúvida cumpriria uma pena de prisão. Mas por quanto tempo? E depois? Viria atrás de Gabriella com armas apontadas. Então, Kolson imaginou os dois casados, com filhos e talvez até netos. As possibilidades de ele ferir sua família eram muito grandes para sequer considerar. Não, ele ficou sem outra opção.

Seu telefone tocou.

— Tomou alguma decisão, Sr. Hart?

— Sim. Onde está e por quanto tempo pode segurá-lo aí?

— Indefinidamente, e não divulgarei nossa localização até que receba instruções suas. É para nossa proteção.

— Entendo. Nesse caso, vou precisar dele em algum lugar privado, onde uma troca possa ser feita. Em algum lugar onde possa deixá-lo. Assim você não será identificado ou rastreado e, assim também não verá quem o pegou.

— Compreendo. Vou ligar de volta em alguns minutos.

Quando Drexel Wolfe ligou de volta, disse:

— Brooklyn, zona de armazéns de East River. Há um armazém abandonado no final da Rua Heron. Andar de cima. Meia-noite amanhã. Vou deixá-lo lá. Amarrado como um belo presente para você.

— Entendi.

— Uma vez que tenha confirmação de que ele está lá, pode transferir o resto do dinheiro para mim. Boa sorte, Sr. Hart. E pelo que vale a pena, não se sinta culpado. Não sei o que ele fez, mas eu também queria matar o filho da puta desprezível.

A ligação terminou e foi tudo. A primeira parte estava terminada. Agora falta o pedaço desagradável do negócio. Kolson fez a ligação seguinte.

— Você deve ter a informação para o favor que precisa, — disse Langston.

— Eu tenho. — Passou o endereço do local e o período de tempo.

— Meia-noite amanhã. Terminará logo em seguida. E vemo-nos em casa no próximo sábado.

— Sim. Estaremos lá.

Kolson estava sentado à sua mesa, olhando para o protetor de tela de seu computador — uma foto de Gabriella, na noite em que a levou no helicóptero. Ela estava rindo e alegria fluía dela. Kolson queria entrar no computador e agarrar-se a essa alegria, se banhar nela porque se sentia mal, sentia como se tivesse acabado de entregar a sua alma ao diabo. Queria a alegria de Gabriella para limpá-lo de seus pecados, porque sabia que se ela descobrisse o que ele acabara de fazer, a transação que acabara de fazer, a perderia para sempre. E podia bem pertencer ao diabo se isso acontecesse.

Afastando-se da sua mesa, voltou para o quarto e encontrou Gabriella dormindo. Tentou não lhe tocar quando se deitou, mas ela estava demasiado ligada à sua presença.

— Está tudo bem?

— Hmm. Agora sim, — disse-lhe, puxando-a para seus braços.

Ela se encolheu contra ele e ele envolveu o cabelo ao redor da mão, sentindo a textura grossa e sedosa contra as palmas ásperas. Descansando o seu nariz contra a cabeça dela, deixando o cheiro dela acalmá-lo.

Os dois dias seguintes seriam difíceis, e pior ainda, teria que mascarar seus sentimentos de apreensão dela. Fechando os olhos, ele sabia que o sono iria evitá-lo, mas ficar ali com Gabriella em seus braços era o suficiente para ele. Era mais do que suficiente, mais do que esperava, muito mais do que aquele menino torturado que alguma vez sonhou em ter. E era por isso que estava confiante de que tinha feito a escolha certa.

O dia seguinte foi tranquilo para Gabby, mas um tormento para Kolson. Ele sentiu como se o tempo passasse lentamente. O trabalho foi um desastre e foi impossível fazer qualquer coisa. Discutiu com todos até que Jack, seu assistente, finalmente sugeriu que tirasse a tarde de folga. O ginásio parecia ser a solução e lutar com seu treinador tirou a sua mente das coisas por um tempo. Quando chegou em casa, estava cansado até aos ossos.

— Kolson, você parece estar mal. Posso lhe ajudar em alguma coisa.

— Estou bem. Fui para a academia e meu treinador me matou.

— Por que você não toma banho e eu preparo o jantar? Lydia nos fez crioulo de camarão.

— Parece maravilhoso. — Ele mentiu. Não tinha certeza se poderia engolir algo. O chuveiro aliviou algumas de suas dores e o relaxou um pouco, mas ainda estava dolorido e cansado quando se juntou a Gabby no balcão.

Quando percebeu que ele não estava comendo nada, ela comentou. Ele deu uma resposta branda e ela disse:

— Talvez você esteja ficando doente. Vá para a cama e descanse um pouco. Vai se sentir melhor de manhã.

Ele aceitou o conselho dela e se arrastou para o quarto e foi dormir. Ele nem a ouviu a vir para a cama.

Ambos acordaram com os celulares a tocar.

— Que diabos! — Gabby gemeu.

Atenderam suas respectivas ligações e ambos se sentaram na cama.

Case estava ao telefone com Kolson e a polícia conversava com Gabby. O corpo de Danny tinha sido encontrado. Tinha saltado do último andar de um dos hotéis em Brooklyn. Deixou uma nota de suicídio afirmando que sabia que seria pego eventualmente e ele simplesmente não queria ir para a prisão. Então decidiu tomar o caminho mais fácil.

Gabby desligou o telefone e ligou a televisão. Percorrendo os canais, encontrou as notícias locais e logo um repórter apareceu ao vivo, onde descobriram o corpo de Danny.

— Daniel Martinelli, que era procurado pela polícia há mais de um mês, foi encontrado morto esta manhã depois de supostamente saltar do telhado de um hotel em Brooklyn. O Sr. Martinelli, originalmente da região de Stanford, Connecticut, foi acusado de estupro, abuso sexual infantil, perseguição, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e assalto de natureza agravada com uma arma mortal.

Gabby ficou chocada a princípio, mas depois recostou-se nos travesseiros.

— Acabou. Ele está morto.

— Sim. Está. Agora você não precisa mais viver sua vida com medo.

— Não parece real. Não parece possível. Ele controlou tudo o que fiz por tanto tempo.

— Não mais, Kea. Só você pode controlar o que faz agora.

Ela tirou o cabelo do rosto.

— É difícil de acreditar. Na verdade, não sinto que seja real.

— Isto é.

— Acho que vai demorar um pouco para eu acreditar.

Kolson notou a expressão vazia no rosto dela.

— Você está bem?

— Não tenho certeza. Suicídio. É tão estranho. Quero dizer, quando o vi ele estava desequilibrado, com psicose definida emergindo e possível distúrbio de personalidade. Mas mesmo considerando sempre o suicídio como uma possibilidade, ele simplesmente não me parecia o típico paciente que tem ideias suicidas. Algo tinha que ter desencadeado isso. Ele deixou uma nota? Algo que possa explicar o que aconteceu?

— Vou ver se Case pode descobrir.

— Obrigada.

— Acho que precisamos fazer algo esta noite para tirar sua mente disso. O que você acha?

— Não sei. O que você está pensando?

— Não vamos a lugar nenhum há algum tempo. Deixe-me pensar sobre isso.

— Está bem.

Kolson notou como ela estava nervosa. Colocou os braços ao redor dela.

— Vai ficar tudo bem, Kea. Vou ver se podemos descobrir o que aconteceu. Mas o bom é que não precisa mais temer por sua vida. — Ele alisou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei. Isto é tão estranho. Como ele ficou tão fodido? Foi porque se ressentiu do fato de que era filho do meu pai?

— Quem sabe? Às vezes as pessoas nascem más.

— Isso é tão assustador. — Gabby estremeceu.

— Você quer que eu fique em casa hoje?

— Não, e eu também vou trabalhar hoje.

Kolson se afastou dela para poder dar uma boa olhada nela.

— Você tem certeza disso? Está pronta para isso?

— Sim. Isso vai me fazer bem.

Mais tarde naquele dia, Kolson ligou e disse a Gabby que tinha uma surpresa e ela precisava estar pronta para sair às cinco e meia.

— Linda, como você sempre está, Kea.

— Onde estamos indo?

— Não vou dizer.


# # #


Gabby chegou cedo do trabalho para se preparar para sua surpresa. Estava pronta para sair às cinco e meia, como Kolson solicitou.

— Linda, como sempre. — lhe disse quando ela saiu.

— Então?

— Você verá.

Foram jantar e depois foram ver o Fantasma da Ópera. O jantar foi excelente e o espetáculo foi diferente de tudo o que Gabby já tinha experimentado. Ela tinha lágrimas nos olhos pela maior parte do tempo, porque a música era tão comovente que não soltou a mão de Kolson. Ele prometeu baixar a música para ela assim que chegasse em casa.

— Foi a coisa mais linda que já vi, — disse Gabby quando saíram do teatro. — A música é incrível. Obrigada, Kolson.

Entraram no carro e voltaram para casa.

— Você realmente gostou, não é?

— Sim, eu... — e de repente, Gabby começou a chorar. Chorou, por muitas coisas, mas principalmente porque estava triste por a vida de Danny ter sido tão trágica de tantas maneiras. Mesmo a tendo aterrorizado, tinha de haver uma razão em algum lugar para isso e a gentileza em seu coração tentou encontrar o motivo por trás disso.

— Tudo bem, pode chorar tudo o que quiser.

— Sinto muito. Realmente amei o espetáculo. — Ela fungou.

Kolson massajava as costa dela fazendo círculos.

— Sei que você gostou, Kea. Poderia dizer pelo jeito que você apertou minha mão o tempo todo. — Então ele beijou o topo de sua cabeça.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim. E por me amar.

— Espero que você não chore quando te levar à ópera.

— É tão bom quanto o teatro?

— É inacreditável. Iremos para a próxima. Sério, mal posso esperar para ver sua reação. Ah, e a propósito, não se esqueça que vamos passar o próximo fim de semana na casa dos meus pais.

— Você tem certeza sobre irmos? — Ela se sentou e olhou para ele. Estavam no banco de trás de uma de suas limusines. As sombras da noite dançavam através dos planos de seu rosto e estava muito escuro para ler sua expressão.

— Uh-hmm. Quero ser melhor com a minha mãe e ela adora as suas pequenas reuniões. Será mais descontraído. Não como da última vez.

Sua atitude casual não a enganou nem um pouco.

— Kolson, o que você não me está dizendo?

— Nada, Kea. É só uma noite. Estou fazendo isso pela minha mãe.

— Não estou comprando isso. Você odeia aquele lugar e depois do que aconteceu entre nós na última vez que fomos, não tenho certeza se quero voltar.

— Oh, Gabriella, eu estava exagerando. Vou ficar bem.

— Kolson Hart, você pode dizer muitas coisas para mim, mas nunca minta.

— Não estou. Vai ficar tudo bem. Tenho me sentido culpado ultimamente por nunca ver a minha mãe. O meu pai ligou e nos convidou, então eu disse sim. Não pensei que fosse ser algo demais.

Gabby ficou em silêncio, digerindo o que ele disse. Não acreditou nele. Outra coisa estava acontecendo, mas ele não ia lhe contar. Ela precisaria recorrer a outras táticas para descobrir.

Pararam em frente ao seu prédio. Quando entraram, de mãos dadas, seu cérebro girava. Quando as portas do elevador se fecharam atrás deles, ela atacou. Virando-se para ele, empurrou-o contra a parede e agarrou as lapelas de sua jaqueta.

— Diga-me a verdade. O que diabos está acontecendo?

— Você está me excitando, é isso.

— Pare. Você sabe o que quero dizer.

— Gabriella, é apenas uma maldita noite na casa dos meus pais. Você pode largar isso? Você está fazendo uma tempestade por nada.

Seus olhos mergulharam nos dele, analisando, avaliando.

— Se você não parar de me olhar assim, vou foder você aqui mesmo. Estou falando sério.

As portas se abriram e ele a carregou para fora, sem parar até chegar à mesa da sala de jantar. Ela sentiu a ponta dele cavar na parte de trás de suas coxas quando a deitou. Ele levantou o braço e tirou tudo do caminho, castiçais de prata e vasos de cristal com arranjos florais caíram no chão.

Se inclinou sobre ela e disse contra sua boca:

— Queria rasgar isto em pedaços, mas sei que isso iria te chatear, já que é a primeira vez que você o usa. — Recuando, o empurrou até à cintura dela. — Vou foder você aqui, então vou me livrar dessa maldita coisa. — Ele introduziu os dedos por baixo do elástico de sua calcinha e perguntou: — Sim ou não?

— Sem problema. — Ela ofegou. Estava pronta para ele e não dava a mínima para sua calcinha estúpida.

Ele dividiu em dois pedacinhos de renda. Suas mãos espalharam suas pernas e ele murmurou contra suas coxas:

— Durante todo o jantar, enquanto você estava comendo, tudo o que eu queria comer era sua boceta. — Sua língua lhe deu uma longa e prolongada lambida e depois mergulhou nas suas profundezas. — Deus, você tem um gosto tão bom. Nunca provei nada tão doce. — Ele voltou para baixo de novo, lambendo todos os lugares, menos seu clitóris. Ela se arqueou contra a sua boca, procurando aquele lugar, tentando fazer com que ele a tocasse ali. Mas ele não o faria. Ele riu quando levantou a cabeça. — Sei o que está tentando que eu faça. Você quer mais, não é?

— Sim. Você é um maldito provocador.

— Você me torturou a noite toda nesse vestido sexy. Chame isso de retorno. Se você quiser gozar, vai ter que fazer isso você mesma enquanto lhe lambo, Gabriella.

Sua mão dela se moveu para o seu sexo e sacudiu o seu clitóris enquanto ele achatou a língua e a golpeou com ela. Então se afastou enquanto a observava. Ele puxou seu pênis e se acariciou enquanto ela se masturbava.

— Coloque seus dedos dentro de você.

Ela gemeu quando fez isso.

— Não goze ainda. Não quero que você goze. — Ele a girou e a sua cabeça agora estava pendurada na ponta da mesa. — Me chupe enquanto você se toca.

Ela levou seu pênis profundamente dentro de sua boca. A língua lambendo e girando em torno de seu piercing, trabalhou sua cabeça e depois o levou o mais fundo que pode.

— Oh caralho, Gabriella, isso é tão bom.

Chupou seu pênis enquanto brincava consigo mesma. Mas quando ele se aproximou de sua libertação, ele queria estar dentro dela. Saiu de sua boca e a girou de volta. Tirou a mão dela de seu sexo e pegou os seus dedos e os chupou.

Gabby queria apertar as suas pernas, mas não podia porque ele estava entre elas. Se contorceu na mesa e disse:

— Preciso de você dentro de mim. Agora, Kolson.

Soltando sua mão, ele agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido a pegou e empurrou seus quadris para dentro dela, enterrando-se profundamente dentro do seu corpo. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e puxou-lhe o cabelo enquanto gritava o seu nome. Suas mãos envolveram suas pernas ao redor de sua cintura e empurrando-a contra a parede enquanto entrava nela vezes sem conta, até ficarem sem fôlego.

Cada coisa sobre sua união era violenta... Sua paixão, seu toque, suas emoções. O ar ao redor deles estava carregado com isso. Suas mãos seguravam-no, agarrando seus ombros com uma força singular, seus saltos se cravaram em sua bunda. Sua boca procurou sua pele, provando todos os lugares que ela podia alcançar, mordendo e lambendo-o. Quando se beijaram, foi com a ferocidade de duas pessoas desesperadas uma pela outra. Ela mordeu o lábio dele e provou sangue, e quando seu orgasmo bateu, foi como uma bala de canhão colidindo contra ela e a rasgando em pedaços. Tudo em seu corpo ficou tenso brutalmente, pulsando, provocando o dele, ordenhando-o até que estivesse seco como um osso.

Quando passou, ficaram juntos, envolvidos um no outro, tentando se recompor. Eles sugaram o ar, tentando reabastecer o oxigênio perdido. Seus olhares estavam trancados, mas nenhum dos dois falou, tentando avaliar o que havia ocorrido entre eles.

— Você me mordeu. — disse ele finalmente, lambendo o lábio.

— Hmmm. Você me fodeu como um louco.

— Isso eu fiz. E você gostou disso. Teve um orgasmo louco comigo.

— Isso eu tive. — Ela deu uma sacudidela na cabeça. — Estamos bem assim, Kolson, porque isso realmente foi louco.

— Sim. Estou bem. Estou muito bem. O que você fez comigo, Gabriella?

— A mesma coisa que você fez comigo.

Ele agarrou o lábio inferior dela com os dentes e puxou suavemente.

— Eu me perco com você. Nunca fiz isso antes. Nunca me perco. Perdi o controle.

— Bom, porque estou perdida em você e estaria perdida sem você.

— Toda vez que a gente fode, perco mais e mais de mim para você. Tenho que dizer que isso me preocupa.

Ela apertou as pernas que ainda estavam ao redor de sua cintura e esfregou a sua bochecha contra a dele.

— Oh, meu amor, você não está perdendo nada. Está compartilhando. E a parte que você me deu é a melhor parte de todas... A parte que vou guardar.

Ele esfregou sua bochecha áspera contra a pele dela.

— Você não entende. Eu sou diferente com você. Meu desejo de controlar não existe. Bem, talvez um pouco. Mas eu quero mais com você. Quero tudo isso. Incluindo um futuro.

— Também eu. E nós podemos, um dia. Mas você sabe o que tem que acontecer primeiro, certo?

— Sim. E eu vou te contar um dia. Em breve, talvez.

— Vou apoiar você, da mesma forma que você me apoiou.

Seus lábios roçaram os dela, acariciando-os levemente.

— Eu te amo mais do que posso te dizer. Vamos dormir um pouco, Kea.

— Me leve para a cama, meu amor, porque eu acho que as minhas pernas não funcionam.


# # #


Na terça-feira, a notícia sobre os pais de Gabby foi divulgada. A maioria dos meios de comunicação divulgou o seguinte:

Um processo civil havia sido aberto contra o Sr. e Sra. John Anthony Martinelli pela Dra. Gabriella Martinelli por abuso infantil, negligência infantil e por ajudar e encorajar o ato de estupro de um menor. As acusações remontam a dezesseis anos atrás. A Dra. Gabriella Martinelli, psiquiatra que exerce em Manhattan, é a filha dos queixosos. A Dra. Martinelli também fez parte da caça ao homem feita a Daniel Martinelli, que estava foragido no último mês. Martinelli foi acusado de estupro, tentativa de estupro, tentativa de assassinato, agressão, tentativa de sequestro, agressão agravada e assalto com arma mortal. O corpo do Sr. Martinelli foi encontrado no final da semana passada. Ele supostamente tirou a própria vida para evitar uma longa sentença de prisão. Uma nota de suicídio foi encontrada em sua posse, admitindo sua culpa pelos crimes acima mencionados.

Seus celulares não paravam de tocar. A mídia queria entrevistar Gabby. Exatamente como os advogados previram, ela havia se tornado a sensação do momento. O cenário perfeito para um psiquiatra. Agora ela não queria sair por um motivo totalmente diferente. Kolson a cercou com uma equipe de guarda-costas apenas para manter os paparazzi intrometidos afastados. O telefone do escritório tocava sem parar. As pessoas ligaram de todos os lados para marcar uma consulta com ela. Se sofressem qualquer tipo de abuso sexual, queriam recorrer à médica que havia lidado com isso sozinha.

— Que maldito monstro isso criou.

— Vai passar.

— Acredito que sim. Esta situação é pior do que eu pensava que seria.

— Gabriella, você sabe que eu estou aqui, se você precisar de mim para qualquer coisa.

Assim que as palavras saíram de sua boca, seu celular tocou novamente. Ela olhou para o número e ofegou.

— O que se passa?

— É o número dos meus pais.

— Você não deveria falar com eles. Stan vai reclamar se você atender.

Gabby apertou o botão de gravação e colocou em alta -voz.

— Olá?

— O que você procura ganhar com tudo isso?

A voz de seu pai, aquela que costumava incomodá-la tanto, encheu a sala. Desta vez, no entanto, o efeito sobre ela foi mais um incômodo do que qualquer coisa.

— Olá, pai. O que eu procuro é a verdade. Estou cansada de ser chamada de mentirosa. Durante anos, Danny me aterrorizou enquanto você e o resto da família ficavam em pé e o apoiavam. Você deu carta branca para estuprar e espancar sua filha. Você me acusou de ser sexualmente promíscua. Eu fui estuprada, pelo amor de Deus, e como meu pai, você deveria me proteger. Mas o que você fez? Me jogou de volta nos braços do meu estuprador. Sabe quantos ossos aquele pedaço nojento de merda me quebrou? Sabe? Não se preocupe em responder por que é claro que não sabe. Você não se importou o suficiente para perceber. Nunca entrou no meu quarto para me ver. Nunca chegou a descobrir por que tentei me matar. Que tipo de homem permite que isso aconteça com sua filha? Que tipo de pai de merda faz isso?

O silêncio pairou no quarto. Por um momento, ela pensou que ele tinha desligado na cara dela.

Mas então o ouviu limpar a garganta e dizer:

— Ele era um menino tão bom.

— Um menino bom? Você quer saber o que esse menino bom me dizia? Ele me chamava de puta e dizia que se eu falasse uma palavra do que ele me fez, me machucaria ainda pior da próxima vez. Devo te contar todas as coisas que ele fez para mim? Eu tentei antes, mas você e mamãe não escutariam. Sabe quantas noites me aconcheguei na minha cama, tentando respirar através da dor de costelas quebradas, mas tinha medo de te dizer, porque acabaria sendo punida por mentir?

— Eu... Eu não sabia.

— Sim, você sabia. Você quer saber como eu sei? Danny me contou. Ele me contou a verdade sobre você. Que você é pai dele. E ele te chantageou. E você não tinha a maldita coragem de enfrentá-lo porque estava com medo que ele contasse a todos. Então, ao invés disso, você deixou a sua filha ser estuprada. Vezes sem conta. E espancada. Muitas e muitas vezes. Você sabia. Mas a única coisa que importava eram as aparências. E mamãe só se importava com a bebida dela. E depois você me dizia que eu era uma criança difícil. O que diabos eu fiz para merecer isso? Seu orgulho era assim tão importante para você? Talvez devesse ter pensado em tudo isso antes de foder a esposa do seu irmão.

— Adeus, papai.

Ela terminou a ligação, perdida em seus pensamentos, cheia de adrenalina, até que a voz de Kolson a trouxe de volta ao presente.

— Você claramente o surpreendeu. Ele nunca esperou que você o enfrentasse assim.

Quando Gabby olhou para Kolson, ficou surpresa ao ver a admiração escrita em todo o seu rosto. Um sorriso contagiante se espalhou por seu rosto e ela se sentiu responder a isso.

— Sim, acredito que você está certo. E você quer saber alguma coisa? Isso foi muito bom. Eu me senti muito forte quando estava falando com ele. Pela primeira vez na minha vida, ele não me fez sentir intimidada.

— Do jeito que você falou com ele, acho que nunca mais ninguém vai te assustar de novo, Kea. — E havia aquele lindo sorriso novamente.

— Se você continuar olhando para mim assim, você vai ter que tirar a roupa.

— Hmm, por mais tentador que pareça, estou atrasado e você também. Vemo-nos hoje à noite, — disse ele.

Ela sentou-se e observou-o sair do quarto. Esperava que ele deixasse seu fardo cair de seus ombros em breve. O peso disso estava aparecendo. Ele tentou esconder isso dela, mas não estava se saindo muito bem. As linhas ao redor dos olhos e a crescente tensão eram todas as evidências de que ela precisava. Ele fazia de conta que ia aproveitar o fim-de-semana em casa dos pais, mas aquilo estava a devorá-lo por dentro. Ele pensou que poderia lhe esconder essas coisas, mas ela era uma especialista. Viveu essa vida por tanto tempo que conhecia o jogo dele. Se havia uma coisa que ela queria fazer, era libertá-lo, como ele a tinha libertado. Sabia como a vida estava a mudar. Quando a hora certa chegasse, estaria lá para ele, pronta para ajudá-lo da maneira que ele precisasse.

Ouviu um zumbido e percebeu que Kolson havia esquecido seu celular. Ele vibrou na mesinha de cabeceira. Estendendo a mão para pegá-lo, uma mensagem do pai dele apareceu. Gabby ficou surpresa ao ver isso, mas não muito já que estavam indo para lá no sábado. Mas quando leu as palavras, ficou intrigada com elas: Ansioso para o sábado. O favor foi feito. Agora a dívida é devida.

CAPÍTULO DEZOITO


Depois de ficar no apartamento de Gabby por quatro horas no sábado à noite e depois novamente no final da tarde de domingo, a raiva de Danny estava aumentando. Ele não sabia o que fazer. Aquele maldito namorado devia estar monopolizando o tempo dela. Ele pensou em mandar flores para ela, mas rejeitou essa ideia. Isso custaria dinheiro e ele estava com um orçamento rigoroso. Ela iria apenas destruí-las de qualquer maneira. Não, segui-la era a melhor opção para conseguir encontrá-la sozinha. Eventualmente ela se descuidaria, então ele precisava estar preparado o tempo todo.

Era hora de ele começar a vigiá-la quando ela chegava ao seu escritório todos os dias e que dias estava no hospital. Precisava descobrir onde ela passava a maior parte do tempo, era aí que ele iria atacar.


# # #


Kolson apareceu no abrigo uma hora mais cedo para pegar Gabby. Era um prédio pequeno, sem descrição, perto do Centro Hospitalar Bellevue, no lado leste de Manhattan. Como a maioria dos abrigos desse tipo, o local era mantido em segredo e a única maneira de uma pessoa encontrá-lo era através de triagem por telefone. A segurança era controlada e Kolson teve de responder a um conjunto de perguntas pré-estabelecidas que ele e Gabby tinham acordado. Depois que ele foi liberado, a recepcionista o conduziu para um escritório com uma janela de vidro e disse que ele poderia esperar por ela lá dentro. Ele ficou ali e observou-a no trabalho. Ela estava falando com uma mãe com uma criança pequena. A garotinha estava agarrada à mãe e ambas tinham hematomas cobrindo seus rostos e braços. Kolson tinha certeza de que também os tinham em outros lugares, escondidos por suas roupas.

A criança continuou espiando Gabby, e Gabby se abaixou para falar com ela. Não demorou muito para que a criança estendesse os braços para exame. Os olhos da garota estavam enormes em seu rosto inchado e descolorido. Gabby empurrou o cabelo da testa e depois acendeu uma luz nos olhos. Kolson podia ver vestígios de lágrimas refletidas na luz nas bochechas da criança e Gabby pegou seus polegares e os enxugou. Momentos depois, Gabby sentou-se no chão em frente à garotinha e ajudou-a a tirar os sapatos e as meias. Ela então mostrou a Gabby a parte de baixo de seus pés. Embora Kolson não pudesse ver o que Gabby estava vendo, a criança estremeceu quando Gabby a tocou. A criança fungou constantemente, como se tentasse não chorar, mas então Gabby deu um tapinha no colo e a pequenina se arrastou para dentro e começou a berrar.

Kolson nunca imaginou que sentiria uma emoção tão forte em relação a uma criança que não conhecia, mas toda essa situação abriu uma ferida nele que achava estar permanentemente selada. Suas tripas se torceram e seu coração se apertou. Enquanto observava Gabby segurando aquela menina em seus braços, a profunda admiração que sentia por ela o surpreendeu. Ele não tinha entendido anteriormente o seu papel aqui, mas agora o fazia. E o que era desconcertante para ele era que não sabia como ela fazia isso, dia após dia, e mantinha seu coração intacto.

Ele se virou, incapaz de assistir por mais tempo e sentou-se, deixando cair a cabeça entre as mãos. Kolson percebeu que a capacidade de amor de Gabby estava muito além de qualquer coisa que ele já encontrara. E irritou-o que sua família tivesse abandonado uma alma tão bonita.

Ele ainda estava sentado lá uma hora depois, quando ela entrou.

— Ei. — Ela o olhou por um momento. — Você está bem?

— Estou bem, — ele disse suavemente. — Como você está?

— Eu estou bem. Está pronto?

Seu olhar penetrante a perfurou, mas nenhuma palavra chegaria a ele.

— Tem certeza de que está bem?

— Eu vi o que você fez. Com aquela menininha. Seu coração é tão imenso, Gabriella. Você tem muita compaixão dentro de você.

Ela inclinou a cabeça e disse com naturalidade:

— É o que eu faço. O que amo fazer. Ajudar pessoas.

— Eu posso ver isso. Mas é muito mais do que ajudá-los. Você lhes dá uma parte sua... o que está dentro do seu coração. Eu senti isso daqui... te observando. Eu senti o seu amor de dentro desta sala. — Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ele queria dizer a ela o quão fodidos seus pais eram e que eles eram os únicos que tinham perdido uma parte da incrível vida de um ser humano. E ele queria dizer ainda o quão ela era ainda mais bonita por dentro do que por fora.

Mas ele não o fez. Em vez disso, ele agarrou e beijou-a, mostrando-lhe como se sentia. Como se ela significasse o mundo para ele. Como se ele quisesse abraçá-la e nunca a soltar. Como se ele quisesse sentir seu lindo coração batendo contra seu peito e ouvir sua respiração ao lado de sua orelha. Como se ele quisesse sentir o cheiro dela a cada respiração que ele dava. Quando a soltou, pegou na sua mão, colocou-lhe o cabelo atrás da orelha e simplesmente disse:

— Acho que a sua profissão escolheu você, Gabriella, e ela é muito sortuda de ter você. — Então pegando a mão dela orgulhosamente a acompanhou até o carro.

Gabby sorriu enquanto andavam de mãos dadas. Nunca ninguém disse coisas tão lindas para ela. Sim, ela sabia que as pessoas que ajudou a apreciavam, mas isso não era solicitado, então as palavras dele significaram mais para ela do que qualquer coisa. Não só isso, Kolson olhara para ela de um jeito tão suave que fez seu coração derreter. E aquele beijo foi arrepiante e de parar o coração. Mas também era doce, como se ele estivesse tentando transmitir algo para ela. Ele tinha tido um jeito com a boca e certamente a fizera se sentir especial.


# # #


Eles encontraram Case para o jantar e quando Gabby finalmente contou os detalhes sobre Danny, Case mal conseguia falar. Levou alguns minutos para se recompor, tão profunda era sua raiva e tristeza. Sua mão apertou a haste da taça de água que estava segurando, cortando assim os seus dedos.

— Porra, — ele falou.

— Deixe-me ver isso, — Gabby exigiu.

Eles foram ao banheiro e ela limpou e embrulhou em alguns panos de papel e depois prendeu com fita adesiva de primeiros socorros. Não exigiria pontos.

Enquanto eles estavam no banheiro, Case perguntou:

— Por que você nunca me contou?

— Eu não contei a ninguém. Kolson foi o primeiro.

Ele a surpreendeu quando a puxou em seus braços e a segurou com tanta força que ela mal conseguia respirar.

— Estou bem agora, Case. Muito melhor, na verdade, desde que lhe contei.

— O que diabos estava errado com seus pais?

— Esse navio navegou há muito tempo e, francamente, estou cansada de tentar descobrir isso.

— Entendido. Eu me sinto como uma merda porque não sabia.

— Não. Eu não te contei como você poderia saber?

Case balançou a cabeça e a abraçou novamente.

— Você sabe que pode vir a mim a qualquer momento, certo?

— Sim, eu sei.

— Você realmente gosta desse cara, não é?

Ela sorriu.

— Sim.

— Isto mostra.

— De uma maneira boa ou ruim?

— Boa. Você está sorrindo. O tempo todo. Nunca vi você assim.

— Oh. Não pareço uma idiota, pois não?

Ele riu.

— Não. Você está ótima.

— Mesmo?

— Sim. Vamos lá.

Quando voltaram para a mesa, Kolson perguntou:

— Tudo bem?

— Sim. Ele não precisa de suturas.

Case acrescentou — Desculpe pela interrupção.

— Sem problemas. Posso imaginar como você se sentiu, sabendo o quão perto você está de Gabriella. Gostaríamos de discutir suas opções com você. Ele está a perseguindo agora e precisamos fazer um caso contra ele. Dada a sua formação profissional, pensamos que você saberia melhor como proceder da maneira certa.

— Há alguns problemas que vejo, mas isso não significa que estamos em um bloqueio completo. A primeira coisa, o que você mencionou anteriormente, é que nenhum boletim de ocorrência da polícia foi registrado. A segunda é que Danny era menor de idade quando isso começou, mas, e isso é enorme, ele completou dezoito anos e ainda estava molestando você. Então isso não será um problema. Eu recomendo que você obtenha radiografias de corpo inteiro para documentar todas as fraturas que você teve. Você já sabe que isso será necessário, juntamente com uma avaliação psicológica. Você tem contatos suficientes para que não seja um problema. A perícia também pode examinar o relatório de radiologia para acrescentar algo a ele, como uma aproximação da idade de cada fratura. Depois de você criar esse registro em papel, começamos a construir o caso. Enquanto isso, quero investigar esse cara.

Kolson interrompeu:

— Não se incomode. Minha equipe de segurança já fez isso. E ele é um verdadeiro trabalho.

Gabby olhou para ele, arqueando as sobrancelhas.

— Sei que deveria ter dito a você. Foi depois daquele dia em que ele se aproximou do seu escritório. Você estava tão abalada, preocupou-me o suficiente para que eu colocasse Sam para te proteger também, mas você sabe disso. Nunca esperei que Danny descobrisse onde você morava, no entanto.

— Seria possível você compartilhar comigo o que você tem dele? — Perguntou Case.

— Absolutamente. Vou pedir ao Tom Barrett, o chefe da minha equipe, para mandar por e-mail tudo para você.

— Ótimo. Então, assim que reunirmos tudo e lermos, vou descobrir o que preciso para conseguir essas coisas na NYPD.

Gabby sentou-se sem dizer uma palavra.

Kolson estendeu a mão e a sentiu fria como gelo.

— Gabriella? Você está bem?

— Não, eu não estou bem. Isso vai deixar minha vida aberta como um livro. Vocês dois saberem é uma coisa, mas todos os outros, isso é um assunto completamente diferente.

Kolson apertou a mão dela.

— Você está certa. Mas se Danny fizer algo estúpido ou ameaçar você, estaremos à frente no jogo. Isso é para sua proteção, Gabriella.

Ela assentiu, mas Kolson percebeu que ainda estava desconfortável.

Case se aproximou e deu um tapinha no braço dela.

— Outra coisa, Gabby. Seria uma boa ideia reduzir as horas de voluntariado.

— Não! Eu amo fazer isso!

— Eu sei, mas isso expõe você a ele, e é muito arriscado.

— Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz?

A garçonete entregou a comida, mas Gabby não tinha mais vontade de comer. Em vez disso, ela se sentou e olhou para o prato. Case olhou para Kolson e ele assentiu.

Gabby não estava segura em seu escritório, e os dois homens sabiam disso. O problema seria persuadi-la a se mudar, quando seus fundos não permitiam.

— Gabby, — Case começou, — Você sabe que seu escritório deixa você exposta a ele. Você consideraria se mudar para o meu prédio? Eu posso trabalhar com você. E o mais importante, você estaria segura.

— Eu não posso... podemos falar sobre isso mais tarde? Minha cabeça está rodando.

— A qualquer momento. Eu tenho dois quartos vazios e uma sala de conferências que podem ser usados se você precisar. Há uma recepcionista na frente e, bem, você sabe o que fazer. Você esteve lá. Apenas deixe-me saber se você está interessada.

— Obrigada, Case. Você sabe que eu te amo por cuidar de mim.

Eles terminaram o jantar e os dois homens concordaram em conversar novamente em alguns dias. Gabby prometeu a Case que ela consideraria sua oferta para mudar-se para o seu escritório.

A volta para casa foi feita em silêncio. O carro de Kolson, um elegante Mercedes, entrou na garagem subterrânea. A área onde ele estacionou, exclusiva e reservada, tinha uma camada adicional de segurança para acessá-lo. Depois de estacionar, Kolson verificou a área antes de saírem do veículo.

— É assim que vou ter que viver a partir de agora?

Ele olhou para ela pensativo antes de responder.

— Não, só estou sendo extremamente cuidadoso. Não quero me arriscar. Uma vez que eu tenha certeza de que ele não está por perto, acho que vai ser bom para você ir e vir quando quiser, desde que você leve um motorista.

Mas enquanto falava, Gabby teve a sensação de que ele estava escondendo alguma coisa.

— Você realmente não se sente assim, não é? — Ela se virou para ele, mas na penumbra, ela não conseguia ler os olhos dele.

— Você duvida de mim?

— Não duvido. Eu acho que você está escondendo alguma coisa.

— Venha. Vamos entrar. — Ele a conduziu até o elevador e usou o bloco de segurança para inserir seu código. Eles andaram em silêncio, mas a mente de Gabby se agitou com pensamentos sobre o que Kolson estava fazendo e como ele estava lidando com isso.

Quando as portas do elevador se abriram, eles se dirigiram para a saleta, mas Gabby bateu de frente com as costas de Kolson quando de repente ele parou.

— Olá irmão. Surpresa — uma voz rouca e profunda que Gabby não reconheceu falou. — Espero que você me deixe entrar.

Gabby espiou em volta do ombro de Kolson. Um homem alto, moreno e de aparência ameaçadora estava no centro da sala. Não ameaçador como correr em busca de cobertura, ameaçador do tipo sexy como todo o inferno... pendurado na sua calcinha, ameaçador porque esse homem certamente iria para casa com eles. Cabelos negros como carvão e olhos da cor do jade, ele sem dúvida deixaria um rastro de corações partidos onde quer que fosse.

Ele sorriu e piscou para Gabby.

— Você não tem que se esconder. Prometo não morder. — Ele estendeu a mão. — Eu sou Kestrel Hart. E você é? — O nível de perigo aumentou bastante com o seu sorriso.

— Kestrel, você sabe que pode entrar a qualquer hora. Mas o que você está fazendo aqui? — O tom de Kolson era exasperado.

— Você vai ser rude com sua convidada, Kol, e não nos apresentar? — Ele perguntou.

— Eu sou Gabby Martinelli. Prazer em conhecê-lo. — Ela apertou a mão de Kestrel. Era suave e quente quando ele apertou a dela. Ela retribuiu o sorriso e se viu encantada por ele. Embora ele fosse a coisa mais bonita, ele não era tão atraente quanto Kolson, na opinião de Gabby. Quando ele soltou a mão dela, ela automaticamente pegou a de Kolson e ele a pegou, enlaçando seus dedos com os dela. Esse gesto não foi perdido por Kestrel.

— Então? — Kolson cutucou.

— Tudo bem, certo. Estou aqui para interferir pela mamãe.

— E?

— Não atire no mensageiro.

Gabby sentiu a mão de Kolson apertar a dela.

— Continue.

— O sexagésimo quinto aniversário do pai é no mês que vem e a mãe está dando um dos seus jantares especiais. Ela quer que você esteja lá. Daqui a seis semanas. Significaria muito para ela, Kol.

— Você sabe que não é...

— Faça isso por ela. Não por ele. Quando foi a última vez que você a viu? Ou falou com ela? Ela te adora, Kol. Sempre adorou. Se você for na festa ela ficaria feliz.

Gabby observou o intercâmbio com interesse. O queixo de Kolson deixou claro que ele não estava feliz com o pedido de seu irmão.

— Preciso pensar sobre isso.

— Justo. Deixe-me saber uma coisa, então posso contar para a mamãe.

— Sim. Como vai o Kade? Você já ouviu falar dele ultimamente?

— Kade está sendo Kade. Fodido como de costume. Não vamos ficar limpos. Mamãe ainda manda dinheiro para ele às escondidas.

— Eu também. Quando posso encontrá-lo. Ele é MIA9 novamente. Faça-me um favor e mantenha-me informado sobre o paradeiro dele. Não o quero nas ruas.

— Mamãe mantém um lugar para ele. Eu pensei que você soubesse disso.

— Eu sei. Mas como disse, ele se foi. Desapareceu e não consigo encontrá-lo. Ele me ligou cerca de um mês atrás e nós entramos em uma discussão sobre o dinheiro e ele indo para a reabilitação. Meus homens não conseguiram localizá-lo. Ele não vai lá há semanas. — O rosto de Kestrel disse a Kolson que ele não sabia.

— Então, para onde vai o dinheiro da mamãe?

— Nenhuma ideia. Minha equipe de segurança está a tratar disso.

— Raios. Não sabia. Também vou tratar disso. Se eu o encontrar, vou avisar você. Você fará o mesmo?

— Sim. E eu vou deixar você saber sobre essa maldita festa.

— Obrigado, mano. Você está parecendo bem agora.

Meio sorriso. Então um aceno de cabeça.

— Você também.

Então ele virou um sorriso eletrizante para Gabby.

— Prazer em conhecê-la, Gabby. Espero ver você por aí. — Ele se inclinou para ela e disse: — Se você tem alguma influência sobre esse cara, você vai tentar convencê-lo a ir nessa festa?

Ela riu e disse:

— Prazer em conhecê-lo. Farei o meu melhor.

E ele foi embora.

Quando estavam sozinhos, ela disse a Kolson:

— Bem, parece que não sou a única com problemas familiares.

— Kea, você não tem ideia.

— Seu irmão é viciado em drogas?

— Sim. Situação triste a dele.

— Você tem uma foto?

Kolson olhou para ela estranhamente.

— Talvez eu possa ajudar a localizá-lo, ou até mesmo mostrar sua foto ao redor. Alguém poderia reconhecê-lo. Tenho uma tonelada de experiência trabalhando com viciados.

Kolson assentiu.

— Essa foi uma das coisas que me impressionaram em sua investigação de antecedentes. Por causa de Kade. Vou desenterrar uma das fotos que tenho dele e enviar por e-mail para você.

— Você conhece a droga preferida dele?

— Todas elas.Tudo o que ele consiga colocar as mãos.

— Heroína?

— Não posso dizer com certeza. Nunca vi marcas de agulha ou o vi injetar, mas isso não me surpreenderia. A verdade é que estou surpreso, que Kestrel e eu também não sejamos viciados.

— Por causa do seu pai?

— Sim. História longa e feia.

— Se você quiser falar sobre isso, conheço uma boa psiquiatra.

Ele a encarou e disse:

— Não é sobre querer. É sobre ter habilidade.

— Eu posso ajudar. Me lembro de sentar aqui com você, e você me dizer a mesma coisa.

Uma expressão de dor passou por seu rosto, mas ele rapidamente a fechou.

— Eu estava protegendo você, Kea. Precisava saber o que aconteceu para que eu pudesse protegê-la de Danny. Eu posso me proteger. Fiz isso por anos e continuarei a fazê-lo.

Forçar alguém a fazer alguma coisa não era um dos métodos usuais de Gabby e, como ela havia dito a ele antes, ela não queria fazer psicanálise aos seus amigos. No entanto, ela queria mostrar aKolson exatamente o quanto ele a ajudou. Agarrando punhados de sua camisa, puxou-o para perto dela e explicou:

— Você não pode entender como é liberar o fardo até que você o faça. Eu nunca soube. Não poderia saber. E é tudo por causa de você. Se você não tivesse persistido.

Enquanto olhava para o rosto dela, ele viu honestidade e sinceridade emanando dela. Ele queria deixá-la entrar. Ele queria. Mas não era possível. As lembranças eram tão perturbadoras que ele não se atreveu a visitá-las. Ele colocou as mãos sobre as dela e as apertou, depois as beijou antes de as soltar, suavizando o gesto.

— Deus, Gabriella, eu quero. Eu quero. Talvez algum dia. Mas não agora. — Então se dirigiu ao bar para servir uma bebida.

Gabby sabia que ele precisava ficar sozinho, então caminhou até o quarto e preparou suas roupas para o trabalho pela manhã. Ela procurou a sua pasta e checou sua agenda e horários para o dia seguinte. Depois que terminou, ela enviou mensagens para Sky e Cara, deixando-as saber o que estava acontecendo com ela. Assim como esperava, recebeu respostas imediatas. Ela lhes prometeu que estava segura e protegida na casa de Kolson e que ele a levaria ao trabalho no dia seguinte. Ela estava no banheiro escovando os dentes quando Kolson apareceu atrás dela.

— Você vai dormir aqui esta noite? — Ele perguntou hesitante.

Ela tirou a escova da boca e respondeu:

— Só se você quiser.

Balançando a cabeça, ele disse:

— Não. Quero você nua, ao meu lado. Termine aqui. Depois junte-se a mim no meu quarto.

Não demorou muito para que ela subisse em sua cama e ele a colocasse em cima dele.

— Por que você está usando isso? — perguntou, puxando sua camisa.

— É o que costumo usar na cama.

— Não aqui, quero você sempre nua ao meu lado.

— Bem, então... — ela se sentou e deslizou a camisa sobre a cabeça — isso resolve o problema.

— Não se mova.

Ela o montou e ele segurou seus seios. Deslizando os polegares sobre os mamilos, ele os circulou até que endureceram. Ela inclinou-se para ele.

Ele levantou os joelhos e disse:

— Quero que você se incline para trás e se faça gozar para mim.

— Você o quê?

— Quero ver você se masturbando. Você me viu, agora é a minha vez de te ver.

— Mas eu não...

— Gabriella, você sabe se masturbar, não sabe?

— Claro. Mas geralmente faço isso com um vibrador.

— Vá buscar.

— Meu vibrador?

— Sim. Seu vibrador.

— Mas está no meu apartamento.

— Não, todas as suas coisas estão aqui.

— Tudo meu... até mesmo isso?

— Sim, até isso. Agora vá encontrá-lo e traga-o para aqui. — Kolson sorriu.

Ela saiu de cima dele e foi até o seu quarto. Ela checou a mesinha de cabeceira porque era onde o guardava em sua casa, meu Deus, lá estava ele. Ela pegou e voltou para o quarto de Kolson. Sua respiração ficou presa quando o viu deitado nos lençóis emaranhados. Sua ereção era espessa e se esticava em direção a sua barriga e o seu piercing no mamilo implorava que sua língua o lambesse.

— Pare de enrolar, Gabriella.

— Oh, eu não estou a enrolar. Estou curtindo a vista.

Seus olhos ardiam.

— Então onde está?

— Aqui. — Ela levantou a bala.

— Esse é o seu vibrador?

— Sim. Por quê?

— Imaginei que você teria um falo extenso com um apêndice vibratório.

— Porque você pensaria isso?

— Eu pensei que todas as mulheres tinham desses.

Gabby riu.

— Eu não.

— Isso não parece muito excitante.

— Você sabe o que dizem, não sabe?

— Por que você não me diz?

— Coisas grandes vêm em pacotes pequenos.

Ele olhou para seu pênis e depois para sua pequena bala e disse:

— Hmm, eu acho que você vai ter que provar isso para mim.

— Tudo bem. Não diga que eu não avisei, — disse com uma piscadela. Ela subiu e recostou-se de costas. — Está pronto?

— Quando você estiver.

Gabby virou o mostrador no vibrador e começou a zumbir. Ela colocou em seu sexo e sorriu. Kolson olhou para ela com interesse, mas logo, sua cabeça caiu para trás e ela arqueou a espinha enquanto gemia. Suas coxas se desmancharam quando sua boceta se abriu para ele, e ele observou sua pélvis girar lentamente contra sua mão. Não demorou muito para que seu próprio desejo o dominasse, então ele pegou sua mão e pegou o vibrador, tomando o controle da coisa. Momentos depois, o jogou de lado e a empalou em seu pau duro como pedra.

— Não se atreva a gozar ainda, Gabriella. — Ele esticou as pernas e disse: — Se incline para trás em suas mãos e me monte. — Ele observou seu pênis deslizar dentro e fora dela e gemeu com a visão. — Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho.

— Preciso gozar, — ela gritou.

— Não tão rápido. — Ele parou e a levantou e virou de modo que ela estava de costas para ele. Então, com uma dolorosa lentidão, se sentou novamente sobre ela e ela soltou um longo gemido.

— Por favoooor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus golpes eram controlados e preguiçosos. Ele observou suas bochechas de marfim enquanto a levantava para cima e para baixo. Sua fenda o chamou, então ele levou o seu dedo e correu de onde ele se juntava a ela e alisou sua umidade em torno do botão de rosa que se abriu ligeiramente diante dele.

Ela choramingou em resposta.

— Sim ou não, Gabriella.

— Sim.

Ele empurrou o dedo apenas um pouquinho e ela parou de respirar, temendo sua invasão.

— Relaxe, Kea.

Ele manteve o movimento de seu pênis para distraí-la e logo ela foi novamente apanhada no ritmo. Seu dedo cutucou mais profundamente dentro, até que ele passou pelo apertado anel de músculos que relaxou e o deixou entrar.

Gabby nunca sentiu prazer assim antes, fora do normal mas acima do incomum e insuportável.

— Oh, Kolson, não posso segurar, — ela chorou.

Kolson sentiu os dois conjuntos de músculos se contraindo em torno dele, e ele rapidamente seguiu seu clímax. Ainda profundamente dentro dela, ele a puxou de volta para que ela deitasse em cima dele e beijou seu pescoço e bochecha.

— Você é tão linda, tão incrível quando você goza, Kea. Você gostou disso?

Ela virou a cabeça para olhar para ele.

— Sim. Foi... uau.

Ele deu a ela um sorriso preguiçoso. Depois afastou-a para o lado, pediu licença e foi ao banheiro para voltar um pouco depois com um pano quente. Gentilmente a limpou e jogou o pano no chão. Recolhendo-a em seus braços, disse:

— Agora, hora de dormir, você não acha?

— Hmm-mmm. — Ela amava a sensação de seus braços ao redor dela, o modo como a faziam se sentir tão sã e salva. — Kolson, quero que você saiba que eu nunca soube que poderia ser tão bom. — Ela levantou-se para que pudesse olhar em seus olhos. — Depois de tudo, você sabe, eu pensei que sexo seria sempre meio nojento. Mas não é. Com você. É... acho que você sabe como é para mim.

Sua mão estava enrolada em seus cabelos e ele sorriu.

— Estou feliz. É assim que deve ser. — Sua boca tocou a dela, primeiro em cada canto, depois na parte superior e finalmente no lábio inferior. — Eu adoro sua boca. Agora durma. Amanhã começa uma semana agitada.


CAPÍTULO DEZENOVE


Quando estavam se acomodando, começou uma tempestade. Raios estalaram e um trovão caiu, enviando vibrações pelo quarto. Fotos estremeceram nas paredes e os vasos balançaram nas mesas.

— Oh, isso parece um grande problema, — disse Gabby. Ela saiu da cama e foi para a janela. — É sempre assim tão alto aqui?

— Afaste-se daí! É perigoso — ordenou Kolson. — E sim, estar aqui com todo esse vidro pode amplificar o som se a tempestade for ruim o suficiente.

Ela se virou de volta, rindo.

— Não é perigoso. É apenas uma tempestade de verão.

Outra enorme linha de raios iluminou o céu, seguida por um estrondo ensurdecedor. Algumas bandas mais brilhantes dançaram pelo céu negro e a chuva atingiu a janela. Não demorou muito para que os sons de granizo fossem ouvidos.

— Ó meu Deus.

— Gabriella, fique longe da janela, por favor. Não é seguro. As pessoas são atingidas por raios através das janelas.

De repente, a sala e os edifícios que os cercavam foram mergulhados na escuridão enquanto as luzes se apagavam.

— Puta merda! — Kolson amaldiçoou.

Gabby ouviu algo cair no chão. A lâmpada talvez?

— Kolson, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou. — Onde está você?

— Estou tentando encontrar a porra da lanterna. Velas. Qualquer coisa. Porra.

Ela podia ouvir mais coisas quebrando quando ele tropeçava no quarto.

— Kolson, fique parado.

— Não! Porra, eu preciso de luz, — gritou. — Onde está a porra da lanterna? É suposto estar aqui!

Ela se arrastou pelo chão, com cuidado para não se chocar contra qualquer mobília, enquanto tentava localizá-lo.

— Foda-se, onde estão as velas? Eu preciso da luz. — O pânico atou sua voz.

— Ei, querido, eu estou bem aqui. — Ela finalmente chegou ao seu lado e colocou os braços ao redor dele. — Calma. Está tudo bem. Nós não precisamos de uma lanterna. Nós vamos ficar bem.

— Eu preciso da maldita lanterna, agora!

Ela ficou surpresa com a forma como o corpo dele tremia. Ela nunca o viu perder o controle assim. Ela desejou ter visão noturna para poder se concentrar em seus olhos. Ele estava entrando em pânico e ela tinha de o impedir.

— Kolson, venha aqui, querido. Entre na cama comigo. Eu não deixarei nada acontecer com você, eu prometo. Lembra quando você me prometeu que você acreditaria em mim? Bem, estou prometendo a você agora que não deixarei nada acontecer com você no escuro. Eu tenho você, querido. Eu juro para você. Deixe-me abraçar e deixar você melhor, está bem?

Ela sentiu a tensão dele aliviar ligeiramente.

— Aqui, me dê sua mão e volte para a cama. Está seguro aqui, Kolson. Eu juro para você. Você me disse que confiava em mim. Acredite em mim também.

Ele finalmente cedeu e permitiu que ela o levasse de volta para a cama. Ela se aconchegou contra ele e puxou as cobertas. Envolvendo-o em seus braços, ela falou com ele em tons calmantes.

— Gabriella, preciso que você encontre as velas. Por favor.

— Você pode me dizer onde elas estão?

Ele respirou fundo e disse:

— Cabeceira. Verifique o criado-mudo. Deve haver fósforos e uma lanterna também.

— Tudo certo. Você vai ficar bem se eu me levantar?

— Sim. Apenas vá buscá-los. E depressa.

Ela correu para fora da cama e se atrapalhou na mesa de cabeceira. Sua mão pousou em uma vela de vidro e ela rapidamente encontrou fósforos. Uma vez acesa, a vela banhava a sala em um brilho suave. Ela olhou em volta para a lanterna e também a encontrou, depois ligou no botão e voltou para a cama. Ela ficou surpresa ao descobrir que precisava soltar os punhos de Kolson para voltar para debaixo das cobertas.

— Melhor? — ela perguntou.

— Sim. Obrigado. — Forçando-se a respirar fundo, ele começou a sentir as ondas de ansiedade se soltando. — Deite-se em cima de mim, por favor.

— Qualquer coisa que você quiser. — Ela rastejou em cima dele e cobriu-o com seu corpo. — Está bom assim?

— Sim. Ótimo. Gabriella, não consigo tolerar o escuro.

— Você quer falar sobre isso?

— Sim. Não. Oh, Deus, acho que não consigo. Apenas não me solte.

— Nunca. Estou aqui. — Ela esfregou sua bochecha contra a dele. — Respire fundo, querido. Conte até quatro. Segure a respiração e depois solte aos poucos. Assim está melhor.

— Porra, odeio isso. Sinto muito. Eu preciso de luz. — Sua voz vacilou.

— Eu sei. Olhe para mim, Kolson. Estou aqui com você.

Ele assentiu e segurou-a.

— Continue respirando. É por isso que você não tem persianas?

— Sim. Não suporto estar sem luz. É por isso que o lugar todo é claro.

— Eu notei que você gosta dos tons creme e neutros.

— Sim. — Ele ofegou, mas o seu pânico estava começando a diminuir enquanto ela falava. — Não há cores escuras aqui. Não aguento mais.

— Falar sobre isso pode ajudar, mas você tem que vir até mim.

— Eu não sei quando isso acontecerá. Só não me deixe até as luzes voltarem.

— Não vou. Eu não vou. Você está melhor?

— Sim. Obrigado.

— Seu pai punia você colocando-o no escuro?

— Sim! Não! Por favor. Não me pergunte sobre ele.

— Okay querido. Entendi. Nada vai acontecer com você aqui.

— Você me dá um beijo?

Ela deu. Começou devagar. Encontrando seus lábios e roçando os dela através deles, para trás e para frente, delicadamente saboreando-os, ela tentou afastar seu medo. Ela mordiscou seu lábio superior e depois seu inferior, logo antes de chupá-lo em sua boca. Suas línguas se entrelaçaram ao redor uma da outra enquanto se beijavam e seus braços apertavam-na com força contra ele.

— Você sabe quando me diz sempre como sou bonita? — perguntou.

— Sim, porque você é.

— Você é lindo também. Apenas nunca te disse antes. Agora é sua vez de me beijar.

Ela sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso quando ele a beijou e seu coração sorriu junto com ele. Seu pânico foi felizmente esquecido, pelo menos por agora, enquanto se perdiam em seu beijo.

Ele a surpreendeu quando se sentou e se moveu para poder deslizar seu comprimento nela. Mas suas bocas e línguas continuaram com o beijo. Seus gemidos foram engolidos um pelo outro, assim como seus clímax. E quando deitou, ainda profundamente dentro dela, adormeceu. Ele esqueceu sua necessidade de luz porque ela ainda tinha os braços ao redor dele, exatamente como havia prometido.

Ela se inclinou, apagou a vela e adormeceu também.


# # #


O segundo dia a acordar com sol forte não era o que Gabby desejava. Era brutal para os seus olhos. Seu quarto era de frente para o leste e parecia estar sob um mega holofote. Mas agora ela entendia por quê. Então viu que estava sozinha na cama. Se esticando, se sentiu agradavelmente dolorida em uma área particular e sorriu. Ela se lembrou da noite passada. Seu ataque de pânico. Seu medo do escuro. Ela ficou intrigada até que sua mente se aventurou no sexo que tiveram antes da tempestade e o que ele fez com ela, onde ele colocou o dedo, e ela sentiu seu rosto queimar.

Sua mente perdida se desviou para quantas vezes ele fez isso no passado com outras mulheres, mas depois ela se repreendeu. Isso realmente importava? Empurrando esses pensamentos tóxicos, ela saiu da cama e foi em busca de Kolson. Não o encontrando, ela tomou um banho.

Depois de terminar o banho, ela foi para a cozinha tomar um café. Uma visão muito atraente a saudou, Kolson em frente ao balcão, bebendo uma garrafa de água, suado por causa do treino. Seu coração acelerou quando sua mão alcançou seu peito enquanto imaginava como ele se sentiria contra sua pele, pingando de suor, ou que sabor ele teria se ela o lambesse agora. Ele não a tinha notado ainda, e quando ele levantou a bainha de sua camisa para limpar o suor do rosto, ela se sentiu a ficar úmida com a necessidade. Ela mesma começou a suar simplesmente ao observá-lo. Ele deve tê-la visto porque se virou um pouco e se concentrou nela. Mas não disse uma palavra; ele apenas olhou. A cozinha estava sobrecarregada, assim como o corpo dela.

Então ele se aproximou, pegou a mão dela, levou-a para o quarto e a empurrou para a cama.

— Volto já. Não se atreva a se mover.

Ela ouviu o chuveiro ligar e em alguns minutos, foi desligado. Então ele se juntou a ela, nu e todo sexy. Seus piercings refletiram com a luz e a cabeça do seu pênis brilhou, mostrando-lhe o que estava prestes a acontecer. O desejo se desenrolou de dentro de suas profundezas. Havia apenas uma coisa que ela queria, e não conseguia esperar mais. Ela sentou-se e ficou na beira da cama, fincou o dedo e fez sinal para ele se aproximar.

Ela colocou os braços ao redor de suas coxas, sentindo sua pele úmida aquecida, e levou seu pênis em sua boca, lambendo as gotas de umidade enquanto ela lambia. Ele sabia bem, tão bem. Limpo, salgado e almiscarado, como ela imaginou.

— Oh, Kea, sim.

Levando-o o mais longe que podia, sentiu as bolas prateadas de seu piercing baterem no fundo de sua garganta, mas isso apenas a estimulou. Ela chupou, lambeu e girou a língua sobre sua espessura. Quando ele gemeu profundamente na parte de trás de sua garganta, ela sabia que era o que ele queria. Não havia nada mais quente para ela do que esse som, então abriu os olhos para dar uma olhada nele e encontrou-o observando cada movimento dela. Ele agarrou a mão dela e a moveu para o seu saco pesado, envolvendo-o em torno de seu peso. Sua respiração ficou mais pesada então, e Gabby não queria parar de olhar para ele.

— Sua boca no meu pau é uma visão tão sexy, — disse, com a voz rouca de luxúria. — Leve-o profundamente, o mais fundo que puder.

As bolas prateadas fizeram cócegas em sua língua e no céu da boca enquanto ela movia seu pênis para dentro e para fora. Toda vez que ela o tocava e passava a língua em volta deles, ele sussurrava entre os dentes. Ela o levava em profundidade e os sons que ele fazia quando o chupava com força, estimulava seu próprio desejo.

— Ahhh, estou tão perto. Eu preciso que você pare. Quero foder você agora. Eu quero que você envolva sua boceta apertada em volta de mim.

Quando ela o soltou, ele desatou o roupão dela e arrancou-o dela. Então ele chupou seus mamilos com força e os provocou com os dentes, raspando-os até ficarem quase em ferida e ela se contorcia debaixo dele.

— Por mais que eu queira que isso seja lento, estou muito impaciente agora. Quero te levar com força e rapidez.

Ele levantou as pernas sobre os ombros e mergulhou nela, esticando-a com uma força implacável. E ela amava cada centímetro dele. Implorou por mais. Suas unhas se cravaram em seus braços enquanto ela gozava e gritava seu nome, mas ele não prestou atenção. Ele só empurrou mais forte, perseguindo sua liberação e a dela. Sua mão encontrou seu clitóris, esfregou-a em êxtase e logo depois ele puxou para fora. Ela assistiu como seu esperma explodiu em seu peito em uma série de sensuais surtos. Então ele o massageou por todo o peito, mamilos e boceta.

Ajoelhando-se, ele a olhou e disse:

— Eu acho que gosto mais de você assim. Que visão maravilhosa você é. Droga, gostaria que não tivéssemos que ir trabalhar.

Depois de um momento, ele foi ao banheiro e voltou com uma toalha. Ele limpou-a em todos os lugares... exceto seus mamilos e boceta.

— Não se atreva a lavar isso. Quero saber, enquanto eu trabalho hoje, que meu esperma ainda está em seus mamilos e sua boceta. E Gabriella, se você lavar, eu vou encontrar uma maneira de te punir. Você me entende?

— Sim. — Ela não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, mas ela tinha a noção de testá-lo.

— Eu sei o que você está pensando. E você não vai gostar dos meus métodos. Em absoluto.

Então ele deu-lhe um beijo longo, lento e sexy e levantou-se.

— E não faça nada ao seu cabelo também. Você parece perfeita com esse olhar recém fodido.

— Mas eu tenho o cabelo de dormir. Está tudo emaranhado, — protestou ela.

— Em linha reta. E está quente como o inferno. Não se atreva a tocá-lo.

— Você é estranho. Não tem como eu ir trabalhar assim. Meus pacientes vão pensar que sou louca.

Ele riu.

— Não, eles vão pensar que você é linda. Mas vou deixar você escapar dessa vez. — Ele a deteve com outro beijo. — Seus lábios são perfeitos também, todos inchados de beijar e chupar meu pau. — Então ele sorriu quando olhou para o seu braço. — E eu vou usar isso com honra. — Ele segurou-a para ela ver. Haviam três longos arranhões vermelho-sangue.

— Eu fiz isso? Puta merda!

Com um sorriso malicioso, ele assentiu.

— É melhor você se mexer ou nós vamos nos atrasar, — disse ele, sorrindo. — Ah, e Kea, obrigada por me resgatar na noite passada. Isso significou o mundo para mim.

E foi tudo. Ele só disse isso sobre seu ataque de pânico. Gabby sabia que era pura hesitação, mas algo sombrio e perturbador a inquietava. O que aconteceu com ele para causar esse tipo de reação? Seu pai o tinha trancado em um quarto escuro? Ela estava determinada a não bisbilhotar, mas também sabia o quão doentio era manter tudo fechado. Então ela revirou os olhos para si mesma. Panela, apresento-te o lume. Se ela alguma vez o tivesse feito.


CAPÍTULO VINTE


Durante todo o dia, Gabby tinha apenas uma coisa em mente: sua mini maratona de sexo com Kolson. Várias vezes ela se pegou distraidamente esfregando seus mamilos sensíveis. Foi uma coisa boa que ela estava sozinha quando isso aconteceu.

Com todos os telefonemas e mensagens que estava enviando, ela poderia ter usado uma secretária. Sky, Cara, Ryder e Case a estavam checando. Era legal, mas talvez eles precisassem configurar algum tipo de cadeia telefônica. Meio dia, quando o telefone tocou, ela atendeu e ficou mais do que satisfeita em ouvir a voz de Kolson.

— Você tem tempo para almoçar hoje?

— Só tenho quarenta e cinco minutos.

— E quando seria isso?

— Depois da uma e meia.

— Perfeito, — disse ele. — Alguma aversão a comida?

— Oh não. Por quê?

— Estou levando o almoço para você. Vejo você, então.

— Mas... — Ele já havia terminado a ligação.

À uma hora e meia, sua grande estrutura encheu sua porta. Sua presença intensificou o ar ao redor dela, e seu coração pulou atrás de suas costelas. Ele olhou para ela e fez aquela coisa com os lábios, raspando os dentes através deles. Ela sentiu-se responder exatamente onde mais importava, entre as coxas. A mão dela foi para a garganta, como se isso aliviasse a pressão que sentia contra o peito. Mas isso não aconteceu. Nem um pouco.

Em suas mãos, ele carregava uma sacola grande e uma bandeja com duas bebidas grandes.

— Vou ter que ficar aqui e segurar isso pelos próximos quarenta e cinco minutos, ou você vai me mostrar onde vamos almoçar?

Ela limpou a garganta e disse:

— Que falta de educação a minha. Por aqui. — Ela se levantou e ele a seguiu até uma pequena cozinha com uma pequena geladeira e pia. Também tinha uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. — Por favor, sente-se.

Kolson puxou uma cadeira para ela e ela se sentou enquanto ele arrumava a sacola e bebia. Então ele a chocou quando levou a sua mão ao peito dela. Seus dedos desabotoaram a blusa e ele enfiou a mão no sutiã e soltou um dos seios dela. Dobrando a cabeça, ele inalou e então gentilmente chupou o mamilo ainda sensível. Ela suspirou quando ele disse:

— Estou feliz que você tenha seguido minhas instruções, Gabriella. Você ainda cheira e tem gosto de mim.

Ela tentou engolir o nó que estava preso na garganta, mas era inútil. O homem transformou seu corpo em um demônio sedento por sexo.

Arrumando o sutiã e abotoando a blusa, ele se sentou em frente a ela.

— Você deve estar faminta. Não tomou café da manhã hoje. Você tomou?

— N-não.

— Bem me pareceu. Bem, espero que goste de tailandês. Eu conheço um ótimo lugar e tomei a liberdade de fazer um pequeno pedido para nós. — Ele puxou as pequenas caixas quadradas e brancas enquanto falava e, em seguida, pegou outro recipiente de plástico. Entregando seus pauzinhos e uma colher, disse:

— Sirva-se. Oh,espero que você não se importe. Nós vamos ter que compartilhar isso. Eu pedi um grande Tom Kha Gai para nós dois.

Os olhos de Gabby se arregalaram quando ela olhou para toda a comida. Ele deve ter pensado que outras quatro pessoas estavam se juntando a eles.

Ele estava mastigando quando perguntou:

— Você não vai comer?

— Sim. E obrigada. — Ela deu uma mordida em um rolinho primavera e suspirou. Ela não conseguia se lembrar da última vez que comeu comida tailandesa. E isso era divino. Mas a quantidade. Meu Deus!

— Você estava esperando que alguém se juntasse a nós? — Ela perguntou.

— Não por quê?

— Você sempre come tanto assim?

— Eu estava com fome e não conseguia decidir o que pedir. As escolhas eram infinitas. — Ele lançou-lhe um sorriso juvenil.

Ele a observou enquanto comia, e ela não sabia dizer se ele estava com fome de comida ou dela. Ele parecia que iria devorá-la, junto com seus pot-stickers.

— Conte-me sobre sua clínica. Este é seu primeiro ano?

— Sim. Estou a terminá-lo. Julho marcará meu primeiro aniversário.

— O que você mais gosta?

Ela sorriu.

— Além de minhas dificuldades financeiras, eu amo isso. Amo ajudar os outros. Há muitas pessoas por aí que não sabem para onde ir e eu gosto de ajudá-las a encontrar o caminho. Você sabe?

— Gabriella, você é uma reparadora?

— Claro que sou. Isso é o que minha profissão faz. — Ela riu.

— Mas você procura pessoas que precisam de conserto?

— Eu não estou seguindo você.

— Seus amigos, por exemplo. Sky e Cara.

— O que tem elas?

Kolson parou de comer por um segundo e disse:

— Você sabe que todos seus amigos foram investigados. É algo que minha equipe jurídica recomenda. E como eles estão associados a você, eles aparecem como bandeiras vermelhas. Eu confio em você; portanto, não estou preocupado com eles. Eu sei o que elas fazem para viver, então foi por isso que fiz essa pergunta. Parece que todos os seus amigos têm problemas que imploravam para que essa pergunta fosse feita.

Gabby ficou surpresa no começo, mas quando ela pensou um pouco, ela realmente não estava.

— Eu deveria estar com raiva de você, mas não estou. Conheci Ryder através de Case. Ele estava indo aos NA. Ryder começou a ver Sky, que teve problemas com sua mãe, que era viciada. Sua mãe já faleceu. E claro, Cara e Sky trabalham juntas. Eu preciso ser honesta aqui. Há uma grande parte de mim que quer que elas deixem a vida de prostituição. Acho que Sky vai e logo. Cara, não tenho tanta certeza e isso me entristece. Não acho que quero consertá-los por si só. Eu quero que eles estejam seguros. Nenhuma delas usa drogas. Elas raramente bebem a menos se sairmos para uma noite de garotas, que é uma vez a cada três ou quatro meses. Acho que me conectei com a Sky porque ela foi estuprada na prostituição e eu poderia me relacionar com a parte do estupro. Nós duas tivemos vidas familiares ruins. Acho que foi uma resposta muito longa para a sua pergunta. E falei muito. Quebrei confidências. Eu confio em você para manter isso para si mesmo.

Ele sorriu.

— Você não compartilhou nada comigo sobre eles que já não soubesse. Estou mais interessado em sua conexão com elas. Curioso, é o termo mais apropriado, suponho. Não é frequente que uma médica seja amiga de uma prostituta. É por isso que imaginei que você fosse uma reparadora. Mas, Kea, você sabe que existem aqueles que precisam ser reparados, mas não querem ser.

— Não me coloco acima de ser amigo de ninguém. Mas, Kolson, todo mundo precisa ser reparado até certo ponto. Ninguém está perfeitamente sintonizado. É uma questão de como estamos fodidos. Podemos funcionar na sociedade sem fazer mal a nós mesmos ou a ninguém? E estamos felizes em fazer isso? Essa é a pergunta que alguém deve se perguntar.

— Então, Dra. Martinelli, você está feliz?

Gabby não sabia como responder a ele. A resposta para isso era muito complicada.

— Eu acredito que você acabou de me dar sua resposta.

— Isso é uma suposição. Não foi você quem me disse para não fazer suposições sobre coisas das quais eu não sabia nada?

— Touché, Gabriella. De fato disse isso. E você estava prestando atenção.

Ela sorriu ao sentir o gosto da sopa.

— Mmm. Isto é excelente. E você é muito astuto.

Ele assentiu.

— Eu ganho minha vida sendo astuto. Então, além de sua necessidade de correr para ajudar as pessoas, qualquer outra razão para a psiquiatria?

— Sim. Os psiquiatras são os oprimidos da profissão médica. As pessoas não olham para nós como médicos. Eles só nos vêem como conselheiros ou sentados em quartos com pacientes enquanto eles se deitam nos sofás e nos contam seus problemas.

— Bem, não é isso que vocês fazem?

— De certa forma, mas há muito mais. A psiquiatria envolve mais do que apenas conversar com o paciente. Muitas condições e doenças requerem medicamentos e monitoramento, bem como diabetes e outras doenças. Você sabia que muitos moradores de rua sofrem de transtorno de personalidade esquizóide e recusam tratamento porque odeiam os efeitos colaterais das drogas?

— Não, eu não estudei transtorno de personalidade esquizóide, — disse ele com um sorriso.

— Eu estudei.

— Tenho certeza disso. Sei que o maior motivo para você entrar em seu campo é o seu passado. E depois de ver você em ação, não há mais nada que eu possa imaginar você fazendo.

— Isso é verdade. Depois que comecei a estudar psiquiatria, meu fascínio aumentou. O cérebro humano é incrível e as coisas que podem dar errado são... bem, você pode imaginar. As possibilidades são infinitas e se não formos ensinados a lidar ou se nossos neurotransmissores não estiverem nos níveis apropriados, as coisas podem ficar descontroladas. Genética e meio ambiente têm muito a ver com isso também. Algumas pessoas acabam por nascer com sorte.

Enquanto falava, os lábios de Kolson formaram uma fina linha branca.

— Minha vantagem com meus pacientes é que não nasci com sorte, então posso me relacionar com muitos deles. E acredito que isso me ajuda a me conectar, particularmente com as vítimas de abuso.

O comportamento de Kolson foi alterado. Um véu desceu sobre ele e seu tom se tornou severo.

— Bom para você. Que tal terminarmos o nosso almoço? Preciso estar de volta ao escritório e pensei que você tivesse pacientes chegando.

O ar a deixou e seu corpo caiu em sua cadeira. Ela pensou que ele ficaria animado enquanto falavam sobre o que ela fazia, mas ele não só estava desinteressado, como também tinha pouco tempo para ela. O fascínio que ele mostrou quando a acompanhou ao hospital e ao abrigo das mulheres havia desaparecido e feriu Gabby. No entanto, se ela tivesse colocado o seu modo psiquiatra, teria percebido que seus comentários chegaram perto demais. E se Kolson abrisse os olhos, ele teria notado como suas palavras haviam sido dolorosas para ela. Mas nenhum deles o fez. Eles se concentraram em sua comida, Kolson terminando a sua e Gabby olhando para a dela.

Poucos minutos depois, sua cadeira raspou no chão enquanto ele se levantava e disse:

— Vou sair agora.

Foi terrivelmente estranho. Ela olhou para ele e viu um estranho diante dela. Sumiu o homem quente e apaixonado dessa manhã e em seu lugar estava um homem insensível que ela não reconheceu.

— Obrigada pelo almoço.

— Não foi nada, — ele disse secamente. — Eu conheço a saída.

Gabby tentou analisar o que acabara de passar entre eles, mas estava tão abalada que sua mente não conseguia pensar direito. Sua próxima consulta estava marcada em poucos minutos, então ela precisava ter a cabeça limpa.

E então, como um raio, isso a atingiu.

Nascido com sorte. É isso mesmo.

Ela não tinha tempo para pensar nisso, porque as duas horas chegariam a qualquer momento, mas tinha que ser por isso que ele mudara.

Mais tarde, depois que sua paciente foi embora, tentou ligar para Kolson, mas foi diretamente para o correio de voz. Ela deixou uma mensagem e um texto pedindo para ele lhe ligar. Às cinco e meia, quando chegou a hora de sair, ela ainda não recebera uma resposta e Ovaltine estava esperando para levá-la de volta ao apartamento de Kolson.

Quando ela entrou no carro, perguntou:

— Você vai pegar Kolson?

— Não, senhorita. Ele me pediu para avisar que vai trabalhar até tarde.

— Oh. Você vai me levar para a reunião de NA hoje à noite? É a minha noite de voluntariado lá.

— Não, senhorita. Eddie vai levá-la e trazê-la para casa.

— Oh, ele não precisa esperar. Case pode pegar um táxi para mim.

— Não, senhorita, as instruções do Sr. Hart foram para Eddie esperar por você.

— Entendo. Que horas você falou com o Sr. Hart?

— Por volta das quatro da tarde, senhorita.

Gabby rangeu os dentes. Isso foi depois que ela deixou suas mensagens e depois que tentou ligar para ele novamente. Ele a estava evitando.

— E Dra. M.?

— Sim?

— Sam queria que eu lhe dissesse olá.

Gabby sorriu.

— Diga-lhe olá de volta. A propósito, qual é o seu nome verdadeiro?

Ovaltine riu.

— É Leroy, senhorita. Mas não sou chamado assim desde criança. Não bebia nada além de Ovomaltine. Ainda bebo para falar a verdade. Minha mãe me apelidou disso e ficou meio que preso.

Gabby riu.

— Que tal de vez em quando, você beber um pouco de água?

— Oh, não se preocupe, senhorita. Eu bebo também. Quando jogo futebol, bebo bastante e Gatorade.

— Sam jogou também?

— Oh, sim, senhorita.

— Percebi isso. Com sua compilação e tudo.

— Todos jogamos. Todos os cinco irmãos. Nenhum de nós era bom o suficiente para ir para os profissionais, então foi quando fomos trabalhar para o Sr. Hart. O grande Sr. Hart. Então, há sete anos atrás, quando o Sr. Kolson Hart saiu, ele nos ofereceu empregos e nós fomos com ele, sendo que o conhecíamos desde que ele era um jovem. Engraçado, o Sr. H. nunca soube que me chamavam por Ovomaltine, porque sempre usava o nome Leroy.

— Como ele é? Grande Sr. H.?

Ovaltine encolheu os ombros.

— Ok, eu acho. Sam poderia contar mais sobre ele do que eu. Ele era o braço direito e o que estava mais próximo dele. O resto de nós recebia ordens de Sam.

— Sei que não é da minha conta, mas Kolson não se dá bem com ele, não é?

— Não, mas isso não é da minha conta também. E eu não deveria fofocar, senhorita. Sam teria minha cabeça se soubesse que eu lhe disse isso.

— Oh, me desculpe. Prometo, não vou contar uma palavra.

— Obrigado. Sam pode ser bem assustador quando fica chateado. Mas ele gostou de você. Ele me disse que era melhor ninguém machucar um fio de cabelo seu enquanto eu estivesse cuidando de você ou ele iria bater na minha bunda. Ah, desculpa a linguagem, senhorita.

Gabby riu.

Quando Ovaltine parou na frente do prédio de Kolson, ele saiu e acompanhou Gabby para dentro.

— Obrigada Ovomaltine. Eddie sabe que eu preciso dele às quinze para as sete?

— Sim, senhorita, com certeza ele sabe.

— Muito obrigada. Eu acho que te vejo amanhã. — Ela o deixou com um aceno.

Quando ela saiu do elevador, Lydia a cumprimentou e se apresentou. Gabby imediatamente gostou dela. Ela mostrou a Gabby o jantar que preparou e depois deixou-a sozinha. Como Gabby tinha menos de uma hora antes de sair novamente, decidiu trocar de roupa e depois comer.

Quando terminou, ela foi explorar o apartamento. Mesmo tendo passado o fim de semana lá, ela realmente não checou o lugar. Era bem espaçoso e sem contar a sala, a cozinha moderna, seu luxuoso quarto de hóspedes e o luxuoso quarto de Kolson, a cobertura tinha tudo o que se podia pedir. O escritório de Kolson era grande, elegante e ultramoderno, e havia uma pequena biblioteca na qual Gabby queria se perder porque estava cheia de todos os tipos de livros. A cobertura também tinha outro quarto de hóspedes muito parecido com o que ela ocupava, uma sala de mídia com todos os tipos de videogames imagináveis, uma sala de jantar formal e uma sala de estar formal. A cabeça de Gabby girou com o tamanho e a opulência do lugar. A casa de seus pais em Connecticut era bastante grande, mas isso foi em Manhattan, onde o preço do imóvel era ímpio. Ela não podia começar a imaginar o que esse lugar custava para alugar. Mas então ela pensou novamente. Ele não alugou isso. Pessoas como Kolson Hart não alugavam nada.

A campainha soou, invadindo seus pensamentos. Ela olhou em volta e então se lembrou de onde o interfone estava.

— Sim?

— Dra. Martinelli? Seu motorista está aqui para você.

— Er, obrigada. Descerei logo.

Ela pegou sua bolsa e colocou o código do elevador. Eddie estava esperando por ela e se apresentou. Em pouco tempo, ela estava sentada na reunião de NA, ouvindo Case, ou pelo menos tentando. Seus pensamentos ainda estavam em Kolson e porque ele não tinha retornado suas ligações.


CAPÍTULO VINTE E UM


Danny rangeu os dentes enquanto observava Gabby entrar na limusine. O motorista abriu a porta para ela e eles foram embora. O carro não era marcado, então ele não conseguiu pegar o nome da empresa. Raios a partam! Quando ela iria foder tudo e dar ao velho Danny uma oportunidade? Ele tinha planos, grandes planos, e Nadine simplesmente não o via mais. Na verdade, ela lhe disse para pegar a estrada ontem. Ela disse que ele era um idiota doente e não gostava de seus jogos sujos. Danny ficou um pouco áspero, mas ela pediu por isso. No momento em que ele terminou com ela, seu cinto a deixou ensanguentada e roxa. Ela não se sentaria tão cedo, e Danny riu ao pensar em seu traseiro preto e azul.

Porra, deveria ter sido a Gabby. Ele socou a superfície áspera da parede de tijolos e instantaneamente se arrependeu quando a mão dele palpitou. Olhando para a carne raspada, ele amaldiçoou Gabby novamente e decidiu que ele dobraria seus esforços para alcançá-la. Aquela cadela estava deixando-o infeliz e esse era mais um exemplo de como ela estava fodendo com ele.


# # #


Kolson leu e releu a mensagem de Gabby e escutou sua mensagem de voz várias vezes, mas não respondeu. Ele não estava completamente pronto e não sabia o que dizer. Seu passado era desagradável, tão feio quanto o dela, mas de uma maneira muito diferente. E ele sabia que se começasse, ela iria querer ajudar, quereria analisá-lo e ele não poderia, não iria lá. Ele não estava pronto para fazer isso. E a verdade era que não tinha certeza se queria. Era paralisante pensar nisso.

O helicóptero o esperava e ele correu através do vento do rotor e subiu a bordo. Sua mente estava no lugar errado e ele precisava se mexer. Outro contrato enorme estava em jogo e seu braço direito conversava com ele. Depois de um tapinha no braço, ele olhou para cima e fingiu que seu fone de ouvido não estava ligado.

— Me desculpe, cara. Eu esqueci.

— Você está pronto, senhor?

— Jack, eu estou sempre pronto para uma boa luta verbal. — E essa era a verdade.

— Aqui estão seus contratos e este é o seu relatório. Eu tenho todos os materiais que você solicitou aqui. Haverá quatro pessoas presentes. Mas você já sabia disso. Se conseguirmos bloquear isso, parece que você terá todas as equipes profissionais de Filadélfia e Boston. Isso só deixa a área de DC.

Kolson assentiu.

— Este é seu último passo no acordo de Filadélfia e todas as coisas indicam que é uma jogada. Eles precisam dos autocarros porque eles não querem mais lidar com os seus. Nossa oferta é a mais limpa. Não quero dizer que é um negócio fechado, porque qualquer coisa pode aparecer no último minuto, mas com as responsabilidades como estão hoje, eu acho que você pode resolver isso.

— Você tem todas as estatísticas e informações sobre o que aconteceu após o último incidente?

— Sim senhor. Seu motorista ainda está lidando com as questões legais do acidente. E eles vão lidar com os processos decorrentes desse acidente por anos, eu acredito.

O autocarro que uma das equipes usou sofreu um acidente. O motorista estava embriagado e vários passageiros nos carros atingidos pelo ônibus ficaram gravemente feridos.

— Eles realmente gostaram da nossa política de tolerância zero e teste de drogas para os nossos motoristas.

— Sim, Sr. Hart, eles gostaram.

Kolson ficou em silêncio enquanto revisava o contrato e as informações nos arquivos. Tudo parecia estar em ordem. Ele fez uma pausa para pensar em Gabriella e sabia que não estava sendo justo com ela, mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. Ele forçou esses pensamentos para o fundo de sua mente e centrou-se no que estava em suas mãos.

A voz de Jack chegou até ele através do fone de ouvido.

— Estamos nos preparando para pousar, senhor.

Kolson ajeitou a gravata, ajustou as abotoaduras e assentiu. O helicóptero fez contato com o solo e o co-piloto abriu a porta do passageiro assim que os motores pararam de girar. Kolson tirou o fone de ouvido e saiu da nave, com uma pasta na mão. Um carro aguardava para levá-los para a reunião.

Duas horas e meia depois, eles estavam no ar, voltando para Manhattan. Jack olhou para Kolson e disse:

— Se me permite dizer isso, senhor, para um homem que acaba de conseguir o segundo maior contrato da HTS em menos de dois meses, o senhor não parece muito empolgado.

Kolson lançou-lhe um olhar.

— Estou extremamente feliz com isso, Jack. Isso vai separar a HTS de todas as outras empresas de serviços de transporte do setor. Não se engane sobre isso. Eu tenho outras coisas em mente no momento.

— Claro senhor. Peço desculpas.

— Não é necessário pedir desculpas.

Jack percebeu que a conversa terminara. O Sr. Hart estava a milhas de distância e Jack não seria estúpido o suficiente para interferir.

O telefone de Kolson tinha zumbido várias vezes durante a reunião, e tinha ignorado, então o verificou e viu que só havia chamadas ou mensagens de Gabriella. Ele tentou descobrir como lidaria com isso. Normalmente, ele se afastava quando chegava a este ponto. Mas isso não era uma opção com ela. Ele estava demasiado envolvido e queria que fosse assim. As coisas eram diferentes com Gabriella; ela era diferente. Ele ansiava por ela... seu toque, seus beijos, seu corpo, seu sexo. Ela atingira um lugar dentro dele e o virou de cabeça para baixo. De um jeito bom.

E relativamente ao que aconteceu, ela também não tinha feito nada de errado. Ele sabia que não podia deixar isso continuar, porque se não fizesse alguma coisa, causaria uma ruptura entre eles.

Estava quase escuro quando eles pousaram no telhado da sede da HTS. Ele foi direto para o escritório e cuidou de algumas coisas necessárias. Uma hora depois, ele foi para casa. Eram quase nove quando entrou na garagem. Embora tivesse sido um longo dia e ele estivesse cansado, sabia que devia uma explicação a Gabriella. Ele esperava que ela estivesse em casa após sua atividade voluntária nos NA.

Quando saiu do elevador, o apartamento estava em silêncio. Ele andou através de cada quarto, verificando se ela estava lá. Quando não a encontrou, ficou chocado com a decepção que passou por ele. Ele estava saindo de seu escritório e de volta para a cozinha quando ouviu o barulho do elevador. Então as portas se abriram e ela saiu andando.

— Gabriella, — disse enquanto praticamente corria para cumprimentá-la, surpreendendo os dois.

— Kolson! Onde você esteve? Eu tenho ligado e mandado mensagens para você! — Sua voz tinha uma ponta afiada que ele não tinha ouvido antes.

— Sinto muito. Eu tive uma reunião em Filadélfia.

— Filadélfia? Hoje?

— Sim. Esta tarde. Foi às quatro.

— E você foi lá depois do almoço?

— Eu voei.

— Em um avião?

— Não. Tenho um helicóptero.

O que mais ela não sabia sobre ele? Provavelmente um grande inferno, ela supôs.

— Sim. Podemos falar sobre meus métodos de transporte em outro momento? Queria te dizer que peço desculpas pela maneira como reagi hoje. Foi inapropriado. Minha reação foi desnecessária e você não mereceu. Eu deveria ter ligado mais cedo, mas eu... é um assunto difícil e delicado para mim. Eu sinto muito.

— Não, eu percebi depois que você saiu que foi o que eu disse. Estou a supor que foi, mas tenho certeza que teve algo a ver com o que eu disse sobre ter sorte. É por isso que eu estava ligando. Então fiquei com raiva quando você não me ligou, mas depois de um tempo eu comecei a me preocupar.

— Sobre mim?

— Bem, sim. Não é isso que as pessoas fazem quando se importam uma com a outra?

— Você se importa comigo? Depois que eu fui tão idiota com você?

— Kolson, talvez eu não tenha sido clara. Eu não durmo por aí. Especialmente com homens com quem não me importo. Eu sei que não é comum nos dias de hoje, mas é como eu funciono.

— Você me surpreende. Mas tenho medo de não te merecer.

— Você não é o único que está espantado. E talvez você precise me deixar ser a juíza sobre se você me merece.

Ele empurrou-a contra ele e esmagou sua boca na dela. Seu beijo transmitia tudo o que suas palavras não faziam. Suas mãos se enrolaram em torno de suas lapelas enquanto ela ficava na ponta dos pés e o beijava de volta. Quando ele a soltou, perguntou:

— Onde diabos você esteve toda a minha vida? — Ele tirou o cabelo do rosto dela. — Eu gostaria de ter conhecido você anos atrás, Kea. — Ele roçou os lábios nos dela, beijou sua têmpora, e então tirou o paletó enquanto afrouxava a gravata.

— Você está com fome? — Ela perguntou.

— Morrendo de fome. E você?

— Eu comi logo depois do trabalho. Lydia nos deixou algo. E se eu preparasse o seu jantar enquanto você se troca?

No momento em que ele voltou, ela tinha preparado sua refeição, junto com uma taça de vinho. Eles conversaram enquanto ele comia e ele lhe contou sobre o contrato que conseguiu naquele dia.

— Parabéns!

— Essa também é outra razão pela qual eu não pude ligar. Estava preso na reunião.

— Está tudo bem. Nós estamos bem. Mas por favor, não me evite. Não fuja de mim quando o assunto ficar difícil. Se é algo que você não pode discutir, me diga, porque eu não leio mentes. OK?

— OK.

— Eu também queria que você soubesse que conversei com Case esta noite e vou aceitar a sua oferta. Sobre me mudar. Já que estou atrasada no aluguel do meu escritório, — ela disse timidamente, — não acho que meu senhorio vai se arrepender de me ver ir embora.

— Kea, essa é a melhor notícia que já ouvi. Você tem uma data marcada para isso?

— Sim. Duas semanas.

— Então você terá uma mudança dupla.

— O que você quer dizer?

— Porque eu arranjei um apartamento para você.

— Você conseguiu? — Ela não estava tão animada com isso por um par de razões, mas a maior delas era que não queria deixá-lo.

Ele usava um sorriso malicioso.

— Eu consegui.

— Bem?

— É neste edifício.

— Você está brincando. Eu não posso permitir isso.

— Sim você pode. É um estúdio. E é menos do que você estava pagando.

Ela pulou em seus braços e gritou.

— Eu não posso acreditar. Isso é incrível. Espere. Você fez algum tipo de acordo sorrateiro ou algo assim?

— Não, eu não fiz. É verdade. Mas a melhor parte é que você ainda pode ficar aqui quando quiser. Você pode até mesmo deixar a sua roupa aqui, se quiser, mas você terá seu próprio lugar se você se cansar de mim. — Ele piscou para ela.

— Você pode ser quem irá se cansar de mim. E eu não poderia tirar vantagem de você assim.

— Hmm. Talvez eu queira que você tire vantagem de mim. E se você não tirar, eu posso ter que bater na sua bunda, Dra. Martinelli.

— Isso é uma promessa?

— Certamente é. Agora pegue e leve essa sua bunda para a minha cama, porque me lembro claramente de lhe dar uma ordem esta manhã. E se você me desobedecer, um castigo acontecerá. — Ele bateu na bunda dela e ela correu para o seu quarto com ele na sua cola.


# # #


No dia seguinte, Gabby estava ocupada quando o correio chegou e ela não teve tempo de olhar para ele até terminar com seus pacientes. Quando folheou, notou um grande envelope pardo no fundo da pilha. Puxando para fora, ela engasgou quando viu que estava endereçado a Dra.’Preciosa’ Martinelli. Seu coração bateu em seu peito e sua respiração se apoderou de sua garganta. Ela imediatamente ligou para Kolson.

— Você pode vir ao meu escritório? — Ela lutou para controlar sua voz trêmula.

— O que aconteceu?

— Eu preciso de você. Desculpe-me incomodar...

— Gabriella, você está bem? Ele está aí?

— Não, eu, uh só preciso de você aqui.

— A caminho.

Poucos minutos depois, Ovaltine estava entrando, verificando-a. E não muito depois, Kolson estava lá.

— Isso veio pelo correio. — Gabby olhou para o envelope e depois para Kolson. Seu coração batia em sua garganta porque ela não podia imaginar o que estava dentro, mas sabia que não era bom.

— Ovaltine, você pode esperar lá fora, por favor? — Ovaltine saiu e Kolson foi para o lado de Gabby.

Ela segurou o envelope e seus dedos estremeceram quando tentou deslizá-los sob a aba. Depois de várias tentativas, ela entregou o envelope e perguntou:

— Você pode fazer isso?

Kolson pegou-o e abriu-o. Ele tirou três fotos grandes e uma nota. As fotos eram todas da Gabby, claro. Ela estava amarrada, amordaçada e nua.

A mão de Gabby cobriu a boca quando gritou:

— Oh, Deus! Oh Deus!

Kolson rasgou as fotos, mas não antes de ver as contusões em suas costelas. O que mais o assombrava era o terror absoluto em seus olhos. Ele reconheceu esse medo extremo e empatizou com isso. A nota dizia:

Isso é tudo meu. Cada pedaço dele, preciosa.

Kolson sabia que eles estavam lidando com um filho da puta doente.

— Venha aqui. — Ele puxou-a em seus braços e segurou-a, enquanto ela chorava. Ele tentou acalmá-la.

— Quando ele fez isso? Eu não me lembro dele ter feito isso. Ele pode ter todos os tipos de fotos minhas. E se ele as colocar na internet ou algo assim?

— Sshh. Ele não vai. Ele não quer que ninguém saiba o que ele fez. Isso faz com que ele pareça culpado como o inferno. De agora em diante, você terá alguém aqui com você o tempo todo. Eu não quero você aqui sozinha. E daqui a duas semanas você vai estar com Case, então você não ficará tão isolada.

Kolson podia sentir os tremores diminuindo em seu corpo.

— Eu sou péssima. Não tenho sido nada além de um problema para você.

— Absurdo. Não é como se você tivesse pedido isso. Agora deixe-me ver esse seu belo sorriso.

— Kolson, a última coisa que sinto vontade de fazer agora é sorrir.

— Você está certa. Isso foi insensível da minha parte. Por que não vamos para casa e temos uma noite relaxante?

— Eu ia à biblioteca médica no hospital hoje à noite para atualizar a leitura do meu jornal. Estou muito atrasada. E agora não vou conseguir me concentrar.

— É minha culpa você estar atrasada, não é?

— Não! Eu estive mais ocupada do que o habitual.

— Gabriella, você não precisa suavizar o golpe. Eu sei que tenho ocupado muito do seu tempo ultimamente. Vamos. Reúna suas coisas e vamos sair daqui. Você precisa de comida e, talvez, depois de comer, vai sentir vontade de ler um pouco.

A caminho de casa, Kolson fez uma pequena pesquisa de como facilitar para Gabby a leitura de seus diários. No dia seguinte, quando ela foi trabalhar, um iPad foi entregue em seu escritório e nele estavam todas as assinaturas de seus jornais médicos.

Com as mãos atrapalhadas no celular, ela precisou de três vezes para acertar o número de Kolson por causa de sua empolgação.

— Hart.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu não posso acreditar em você. Seu maluco. Você é incrível!

Kolson recostou-se na cadeira e se encontrou sorrindo para o telefone.

— Eu só posso supor pelas suas frases erráticas que você recebeu o iPad.

— Sim! Obrigada! Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Bem, maldição. Se eu soubesse que tudo o que precisava era um mero iPad, teria feito isso há muito tempo. Mas espere. Eu pensei que minha incrível sutileza fazia isso.

Gabby riu.

— Pare. Sabe o que eu quero dizer. E você ficou um pouco louco com as assinaturas de jornais, não foi? Isto é muito dinheiro. Esses são caros.

— Kea, você vale muito mais do que isso. Eu vejo o quanto você trabalha duro e é importante que você fique por dentro das coisas. Isso tornará mais fácil para você. Eu queria que minha garota favorita fosse feliz. Além disso, significa que ela poderá passar mais tempo comigo. Motivos ocultos e tudo mais.

— Ah, então é assim que funciona. Mas caramba. Dependência, Revista Americana de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Arquivos de Psiquiatria Geral, Neuropsicofarmacologia, Saúde Mental Baseada em Evidências. Isso é algum tipo de pilha de leitura que você tem para mim. Estou impressionada.

— Não é tanto assim. Se precisar de mais, me avise.

— Oh, isso é muito. Acredite em mim.

— Gabriella, eu acredito em você.

— Obrigada, Kolson. Eu,uhm... eu acho que estaria em grandes apuros sem você.

— A sensação é mútua. Preciso desligar, mas vou te ver daqui a pouco.


# # #


Duas semanas se passaram em um borrão e chegou o dia da mudança. Como o escritório de Gabby era muito pequeno, a mudança foi fácil. Kolson tinha dois homens da HTS para cuidar disso. O maior problema era seu escritório pessoal, que consistia em sua mesa e arquivos. O resto era apenas algumas cadeiras e utensílios de cozinha.

Quanto ao seu apartamento, Kolson e Gabby discutiram sobre isso. Ele insistiu em comprar seus novos móveis. Ele queria que ela tivesse mobília de quarto nova, já que as coisas que ela tinha eram antigas, desde os tempos de faculdade. Ele achou que era hora de seguir em frente. Ela discordou. Ela gostava de suas coisas chiques e queria mantê-las. No final, ela ganhou e ele enviou seus homens para movê-las. Ele tinha que concordar; as coisas dela eram fofas. Ela as pintou e lixou, dando a elas uma aparência rústica e elegante.

Gabby sorriu durante todo o dia enquanto montava sua nova casa, e Kolson sentou em sua única cadeira e sorriu para ela. Ele não podia imaginar viver em algo tão apertado novamente. Ele tinha vivido uma vez, quando deixou seu pai e começou do nada, mas voltar, ele sabia que seria difícil. Mas assistir Gabby deu-lhe um novo apreço pelas coisas. Ela estava literalmente animada. E isso deixava-o feliz por vê-la feliz. Também o fez querer dar-lhe coisas. Muitas coisas.

— Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

— Paz mundial.

— O quê?

Ela riu.

— Houve um filme10 um tempo atrás em que uma garota era uma agente disfarçada do FBI posando como uma concorrente de concurso de beleza e quando chegou a hora de ela responder à pergunta de um milhão de dólares, foi o que ela disse. — Gabby riu. — Foi hilário porque o personagem não era do tipo de concurso e ela não sabia o que diabos estava fazendo.

— Oh. — Ele parecia positivamente confuso.

— Oh meu Deus. Você não entende, não é?

— Nem um pouco.

— Eu estava brincando. Não sei. Você está me perguntando algo que eu não posso responder. A questão também está lá fora para mim.

— Bem, pense nisso.

— Por quê?

Ele se levantou e foi até ela. Ela estava de pé ao lado da cama, então ele a agarrou pela cintura e ela caiu em cima dele.

— Porque talvez eu lhe queira dar o mundo, Kea. — Seus lábios tocaram os dela suavemente. — Você está tão feliz com as menores coisas. Fico feliz em ver você feliz.

— Eu não preciso de coisas para me fazer feliz. Isso, você e eu estando juntos, me faz feliz. Momentos como esse me deixam em êxtase. Coisas materialistas não me fazem feliz. Tocar em você é o que me traz alegria. Durante a maior parte da minha vida, eu não tive nada disso. — Seus dedos dançaram sobre suas bochechas e depois em seu cabelo. — Ou isso. — Ela o beijou. — Você me faz feliz,Kolson.

— Diga isso de novo.

— Você me faz feliz, Kolson.

— Deus, Gabriella. Ninguém me fez tão feliz quanto você. Alguns dias eu quero sair do meu escritório e ir direto para o seu, pegar sua mão e fazer todo tipo de loucura. Ajo como se tivéssemos doze anos. Faço coisas que deveríamos ter feito quando éramos adolescentes, mas nunca o fizemos porque estávamos vivendo uma vida fodida. Quero fazer muitas coisas com você. Mas então eu paro porque tenho medo de te assustar. Ou que você vai achar que eu sou uma aberração. Ou que estou indo rápido demais. Nunca quis nada assim antes ou algo assim tanto.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou ferozmente.

— Faça, Kolson. Faça cada uma delas. Eu não vou fugir e você não vai me assustar. Eu juro que você não vai. — Seus olhos queimaram nos dele enquanto ela falava e seu coração expandia como nunca antes. Foi nesse momento que Kolson soube que estava se apaixonando por Gabriella Martinelli. E rezou para que ela se apaixonasse por ele.


CAPÍTULO VINTE E DOIS


Kolson e Gabby se reuniram com os advogados para discutir as direções sobre o caso de Gabby contra Danny.

Stan Harrison, o principal advogado, disse:

— Dra. Martinelli, tenho que ser honesto com você. Mesmo que você possa obter esses raios-X e uma avaliação psíquica e há o fato de que você tentou tirar sua vida, eu não tenho certeza o quão longe isso vai nos levar. — Stan fez uma pausa e odiou o que ele tinha para dizer a ela em seguida. — O problema que temos é que você nunca apresentou um relatório policial sobre os estupros, então se isso não foi feito, tecnicamente, um crime nunca foi cometido aos olhos da lei. Podemos apresentar uma ação civil, particularmente contra seus pais, mas acho que isso é o máximo possível. Eu recomendo que você tenha os raios X e a avaliação feita, no caso de seu primo tentar alguma coisa, já que ele está perseguindo você. Você estará um passo à frente do jogo.

Kolson era um enorme pedaço de aço inflexível. Ele observou Stan com interesse, mas não ficou satisfeito com sua declaração. Danny sempre seria um problema para Gabby, bloqueando sua capacidade de se mover livremente sem medo.

— Então, o que você está dizendo é que ela não tem nenhum recurso.

Stan olhou para os dois e assentiu.

— A menos que ela queira entrar com uma ação civil contra seus pais.

Ela suspirou.

— Eu não sei se tudo isso vale a pena.

Kolson se inclinou para a frente e pegou a mão dela.

— Seria um começo, Kea.

— Ele está certo, Dra. Martinelli. E considerando o fato de que seus pais maltrataram você, esta é realmente a melhor maneira na minha opinião. Além disso, e lamento falar nisso, se ele alguma vez agir, já estamos à frente do jogo, como eu disse antes.

— Absolutamente, — concordou Kolson.

— Ok, se você acha que esta é a minha única opção. — Gabby não estava totalmente confortável com isso, mas todo mundo estava aconselhando-a a fazê-lo, e como psiquiatra, era o que ela aconselharia seus pacientes a fazer.

— Então você quer que eu organize os raios-X? — Stan perguntou.

— Por favor. Podemos usar o Lenox Hill?

— Certamente.

— Eu quero que isso fique longe dos meus interesses profissionais.

— Dra. Martinelli, preciso mencionar isso. Você percebe que, se isso for ao tribunal, isso provavelmente impulsionará sua carreira.

— O que você quer dizer?

— Você foi molestada sexualmente quando jovem por um membro da família. O ato foi ignorado e negado por seus pais. Você então tentou cometer suicídio, e eles ainda viraram a situação contra você. Mas você perseverou. Você não apenas perseverou, como foi para uma escola de medicina de grande prestígio e se tornou psiquiatra para ajudar o tipo de pacientes que você já foi. Você se tornará um ícone da mídia. Só estou lhe dizendo isso porque, uma vez que o julgamento chegar, você vai se tornar a queridinha das notícias. A bela e trágica história da menina que se levantou das cinzas.

— Oh, inferno do caralho, isso não!

Stan e Kolson olharam para ela e então Kolson riu.

— Como você pode rir? — perguntou, indignada.

— Estou rindo de sua escolha de expressões. ‘Oh, inferno do caralho, isso não?’ Acho que nunca ouvi isso dessa maneira.

— Bem, eu nunca me senti assim, então sim, caralho, inferno do caralho, não. Eu não quero estar na mídia ou nas notícias.

— Bem-vinda ao meu mundo, Kea.

— O que vou fazer? Existe alguma maneira de pará-lo?

— Podemos tentar, Dra. Martinelli. Mas isso vai ser muito grande. — Stan olhou para Kolson.

Kolson se aproximou dela e segurou a mão dela.

— Primeiro as coisas mais importantes. Vamos dar um passo de cada vez antes de você começar a se preocupar com as notícias.

— Sim. Você está certo.

Enquanto caminhavam para o carro de Kolson depois da reunião, ele disse:

— Acho que é hora de colocar um guarda-costas em tempo integral. Não estou confortável com você por conta própria.

— Mas eu tenho Sam, Ovaltine e Eddie.

— E eles estão bem, mas eles te levam por aí. Eu quero alguém com você em seu escritório e alguém escoltando você, acho que é mais prudente para que você não esteja sozinha. Apenas quero você segura. E por favor, permita que me sinta seguro em relação a isso. Será mais fácil para mim, para que eu não passe meus dias me preocupando com você.

Ela ficou pensativa por um momento.

— Ok, mas quando estiver no meu novo escritório, estou bem. Com Case e os caras ao redor...

Kolson se virou para ela e colocou as mãos nos ombros dela.

— Gabriella, não é trabalho do Case te proteger. Eu sei que ele te ama, mas ele tem um negócio para ser executado. Ele não deveria precisar ter sempre alguém lá o tempo todo para ficar de olho em você. Além disso, ele tem uma recepcionista na frente para se preocupar. É reconfortante saber que há um guarda treinado profissionalmente cuidando de você.

Quando dito assim, Gabby quase se sentiu culpada por não o deixar contratar um.

— Ponto justo. Então, quando isso vai começar?

— Hoje. Nós temos muitos na empresa. Você vai usar um deles.

— Ok, chefe.

— Você acha que é engraçada, não é?


# # #


Duas semanas depois, Kolson estava em seu escritório quando uma ligação veio de Stan Harrison.

— Sr. Hart, tenho todos os raios-X e o relatório do radiologista. Vou mandá-los para sua casa para que você e a Dra. Martinelli possam ver tudo juntos.

— Por que não o envia para mim?

— Uh, Sr. Hart, não quero que você veja sem ela. Senhor, é muito ruim.

O aperto de Kolson apertou seu telefone.

— Exatamente o quão ruim?

— Muito pior do que eu imaginava, e se fosse para adivinhar, apostaria que até a Dra. Martinelli esqueceu muito disso. Ou talvez tenha se forçado a bloqueá-lo.

— OK. Envie-o por correio e nós analisaremos juntos.

— Ela vai precisar de você lá com ela. Se fosse eu, não tenho certeza se gostaria de revisá-lo sozinho.

— Foda-se.

— Foi o que eu disse quando li, senhor.

Kolson decidiu não o mencionar a Gabby. Ele ligaria para ela e pediria que jantasse na casa dele.


# # #


Gabby ficou surpresa ao encontrar Kolson em casa antes dela. Ele estava esperando por ela quando saiu do elevador.

— Oi, linda. — Ele pegou sua mala e bolsa e entregou-lhe um copo de vinho.

— Ei, olá. — Ela se inclinou para um beijo. — Mmm, isso é legal.

— Sim, sempre.

— Venha. — Ele a levou para a sala onde um grande envelope dourado estava na mesa de café.

— O que é isso?

— Seus raios-X, junto com o relatório do radiologista. Eles chegaram hoje. Eu não li nem olhei nada disso. Esperei por você.

— Entendo. — Seu corpo endureceu. — Eu... eu...

— Estou com você e sempre vou estar. Você não precisa olhar. Quero que você veja, mas se você não quiser...

— Não. Eu quero. Só que, eu... — Ela engoliu e esfregou a dor no peito. — A dor, não a física, mas a emocional, você sabe. Meus pais, como eles... — Ela estremeceu.

Ele se virou para ela e disse:

— Estou aqui. Gabriella, eu acredito em você. Eu te conheço como pessoa. Sei o quanto você está ferida. Confie em mim. Deixe-me ser sua força.

— Ok. — Ela respirou fundo. — Vamos fazer isso.

Ele tirou os exames, e ela disse:

— Você não precisa se preocupar com isso. A iluminação não é boa o suficiente e o relatório vai nos dizer tudo o que precisamos.

Ele os guardou de novo e tirou os papéis. Eles se inclinaram e começaram a ler.

Eles leram tudo. Gabby registrou dezenove fraturas de costelas separadas, várias fraturas ósseas no punho e no braço esquerdos, vários dedos, ambos os ossos nasais e duas clavículas quebradas. No final, Kolson estava tão tenso que parecia prestes a rebentar.

— Aquele filho da puta tem que morrer. E depois, o mesmo acontece com seus pais filhos da puta. Como eles não podiam ver isso?

— Eu escondi muito disso. — Sua voz foi silenciada.

— O quê?

— Depois de um tempo, escondi a maior parte. Ele me batia em lugares que não se viam. Então eu escondi. As coisas que eu pensava que curariam sozinhas.

— Como diabos você fez isso? — Ele gritou.

Ela se encolheu dele e ele imediatamente reagiu.

— Porra, me desculpe. A última coisa que você precisa é ter que lidar com um namorado assustador. — Suas mãos se abriram através de seu cabelo. — Porra!

Ela inclinou a cabeça contra as suas mãos, pensando no passado. A maior parte tinha sido escondida nas profundezas mais distantes da sua mente. Mas isso a chutou para a primeira fila e estava aplaudindo de pé com confetes e flâmulas. Oh, como ela se lembrava da dor. Como mal conseguia respirar enquanto ficava deitada em sua cama à noite. Ela cruzou os braços e esfregou os lados, os lugares que costumavam doer tão terrivelmente.

— Eles me acusavam de fazer as coisas, então eu escondi deles depois de um tempo. As contusões eram principalmente em áreas cobertas por roupas. Eles não podiam vê-las. Logo parei de chorar, porque isso só me causava mais problemas. — Seus olhos assumiram um olhar assombrado. — Parei de chorar completamente. Esse foi um dos objetivos do meu psiquiatra. Aprender a chorar de novo. Você sabia que eu não choro desde que tinha quinze anos? — Ela deu-lhe um sorriso fraco.

— Nunca?

— Nunca. Nem mesmo quando meu cachorro, Ethel, morreu. E eu amava aquele cachorro mais que tudo.

— Por quê?

— Não sei. Eu não posso. Às vezes sinto que vai acontecer, como um ardor nos meus olhos, mas depois desaparece. Meu psiquiatra pensou que era por causa do trauma que sofri e que, uma vez que eu deixasse tudo para trás, seria capaz de encarar tudo de novo. Mas a minha opinião é que isso tem a ver com vulnerabilidade. Era mais seguro não chorar. Eu construí uma parede tão sólida que me acostumei a parar as lágrimas. Qualquer que fosse o caso, Danny sabia disso. Ele iria socar e chutar-me e tentar o seu melhor para me fazer chorar. Mas eu não faria. Acho que é por isso que eu tive tantas costelas quebradas.

— Maldito seja ele! — Kolson queria bater em algo. Qualquer coisa. Para soltar toda a pressão. Ele enfiou tudo de volta no envelope. — Vamos sair daqui por um tempo.

— Tudo bem por mim. Mas pra onde?

— Espere um segundo. — Ele se levantou e foi para o seu escritório. Em poucos minutos estava de volta. — Venha, vamos . — Ele ofereceu a mão e ela agarrou-a.

— Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

Eles pegaram o elevador até à garagem e entraram no carro.

— Alguma dica? — Ela perguntou.

— Nós estamos indo para um pequeno passeio. Nós dois precisamos de uma mudança de cenário.

Eles pararam na frente do HTS.

— Não é aqui que você trabalha? — ela perguntou.

— Sim, este é o meu prédio.

— Você está me levando em uma turnê?

— Mais ou menos. — Ele foi para a garagem subterrânea e entrou no elevador. E subiram. Quando saíram no último andar, um helicóptero esperava. Os rotores estavam girando; estava ventando e era extremamente alto. Ele pegou na mão dela e a puxou para a porta do passageiro, onde um homem estava segurando aberto.

Eles entraram e Kolson deu um fone de ouvido para Gabby e ligou. Ele colocou por conta própria e eles foram recebidos pelo piloto.

— Boa noite, Sr. Hart, Dra. Martinelli.

— Oi, Steven. Obrigado por vir em tão curto prazo. Nós não vamos ocupar muito do seu tempo. Apenas cerca de uma hora mais ou menos.

— Sem qualquer problema, senhor. Então quer um passeio sob a aérea de Manhattan, senhor?

— Dê a minha dama o melhor show que puder.

— É para já. Aproveite o passeio, Dra. Martinelli.

— Obrigada, Steven.

— O prazer é meu, senhora.

Kolson afivelou o arreio de Gabby e o helicóptero decolou. Ela agarrou a mão dele enquanto subiam.

— Oh meu Deus! Não posso acreditar em você.

Ele sorriu para ela.

Gabby olhou para fora das duas janelas enquanto Steven começava a voar sobre os sete distritos de Nova York. Sua cabeça girava enquanto Kolson ria do que ela fazia.

— Você vai ter que escolher uma janela e ficar com ela ou você vai acabar perdendo os pontos de vista.

Quando o sol baixou, ele terminou a turnê pelos bairros de Manhattan enquanto voava ao longo do horizonte, começando com a Estátua da Liberdade. Kolson apontou cada um dos edifícios mais altos em sua magnificência, incluindo o novo World Trade Center, o Empire StateBuilding e o Chrysler Building. Ele estava perdido nas expressões que passavam pelas feições de Gabby, do assombro à pura alegria. E tudo o que Kolson queria fazer era imprimir essas expressões em sua mente para sempre. Ele tinha o seu telefone o tempo todo fazendo exatamente isso. Tirando foto após foto dela, ele a capturou em várias poses olhando para o cenário, rindo, sorrindo, com os olhos arregalados e impressionada. Foi então que apercebeu. Nunca havia se apaixonado. Nunca tinha acontecido. Mas ele estava loucamente apaixonado por essa mulher. E faria tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse matar Danny Martinelli.

Steven pousou a aeronave suavemente no telhado. Quando Gabby desafivelou o cinto, ela se jogou em Kolson.

— Me diga que você tem mais truques na manga. Isso foi demais.

Ele a envolveu em seu abraço e acariciou seu pescoço.

— Tenho truques bons, mas a maioria deles envolve nudez e uma cama.

— Hmm, vou aceitar isso também, Sr. Hart.

— Sim, você vai, Kea, e vou ter certeza de que você ame cada um deles.

— Muito obrigada, Kolson. Isso foi fantástico.

— Venha, vamos para casa e comer. Estou faminto.

Gabby tinha um sorriso bobo no rosto todo o caminho para casa. Quando chegaram à casa de Kolson, a realidade invadiu.

— Eu sei que não poderíamos evitar isso para sempre, mas você sabe que mais? Eu não vou deixar o que aconteceu comigo arruinar o meu futuro. Não vou permitir isso. Danny já tomou muito de mim. Ele não vai mais conseguir.

— O que você está dizendo?

— Eu quero largar tudo isso e seguir em frente.

— Oh, Gabriella, acho que é um grande erro.

— Eu sabia que você iria achar. Mas estou feliz agora.

— Escute-me. Ele nunca vai parar de tentar chegar até você. Você entende o que isso significa, certo?

— Eu acho que sim.

— Isso deixa você sem escolha.

— Mas...

— Sem desculpas. Ele não vai deixar você ir. Não até que algo pior aconteça. E um de vocês se machucar. E você se machucar não é um resultado aceitável.

A discussão deles pesou muito sobre ela; ela teve que concordar com Kolson. Eles comeram em relativo silêncio e então foram para a cama. Ele amou-a com paixão, deixando-a louca com a posse de seu corpo, até que ela estava tão fraca que não conseguia se mexer. Então adormeceu, apenas para acordar no escuro da noite, sonhando com Danny. Enquanto estava ali deitada, ela o amaldiçoou por todos os problemas que ele causou, virando sua vida de cabeça para baixo. Por que ele simplesmente não foi embora? Por que ele continuou com essas ações malucas? Ela começou a pensar em maneiras de se livrar dele, mas sabia que nunca funcionariam. A pior coisa que podia acontecer era ela ser pega e acabar indo parar na prisão.

— O que se passa, Kea?

— Pesadelo.

— Conte-me.

— Apenas um velho pesadelo.

— Se vire de barriga para baixo.

Ela fez, e ele massajou as costas dela. Foi uma suave carícia que a acalmou e a embalou de volta para dormir.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, o telefone de Kolson tocou e ele xingou quando viu quem estava ligando.

— Kestrel — Pausa. — Não, eu não decidi. — Pausa. — Eu sei, a festa será daqui a uma semana. Está no meu calendário. — Kolson olhou para Gabby, questionando. Ela assentiu. — Sim, nós estaremos lá. Diga à mãe. Que horas? Eu direi a Gabriella. Alguma notícia sobre Kade? — Outra pausa. — Nenhuma aqui também. Então nos vemos na próxima semana.

Ele terminou a ligação.

— Festa de aniversário do meu velho papai na casa deles no próximo sábado às sete. Kestrel diz oi. Traje de coquetel e eu não gosto disso nem um pouco. Abomino esse maldito lugar.

— Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

— Isso é uma promessa, porque eu juro por Deus...

— Ei! Isso é um juramento. OK?

Ela lhe estendeu a mão e ele agarrou-a.

— Você não pode imaginar o que aconteceu naquele lugar, Gabriella. Você não pode mesmo imaginar. Um fodido show de merda.

Seus olhos estavam cheios de dor, então ela empurrou a cadeira para trás e montou em seu colo. Tomando seu rosto nas palmas de suas mãos, disse:

— Estarei com você a cada passo seu, segurando sua mão, e não vou deixar você nem por um segundo. Eu juro isso para você.

Kolson olhou para ela e por fim disse:

— Eu amo você, Gabriella. Você sabia disso? Absolutamente, inequivocamente, com todo o meu coração. Achei que não era capaz de amar alguém. Mas você, me deu um curto-circuito, me desmembrou, pouco a pouco, se colocou dentro de mim e me re-conectou, me fez inteiro novamente. Você me reconstruiu, Kea, e nem sequer o sabe. Há momentos em que não consigo imaginar como respirei sem você. Você é o ser humano mais perfeito que Deus já criou e penso que ele enviou você para mim. Eu me maravilho com isso constantemente. Então começo a surtar pensando que você vai ser arrancada de mim, ou que de alguma forma você é uma fantasia que eu inventei na minha mente fodida. Porque você não quer nada de mim. Você só quer dar. E você só quer ser feliz. E é por isso que eu te adoro.

Ela tocou seus lábios nos dele.

— Eu quero algo de você, eu quero você e só você. Não posso acreditar que nos encontramos também. Eu também te amo, Kolson Hart, pelo jeito que você me faz sentir, como se eu significasse algo, como se eu fosse alguém. Amo o jeito que me sinto quando você está dentro de mim, como você me faz sentir que a minha parte que está faltando encontrou seu lugar de novo. Você me traz esperança que nunca tive antes e alegria que nunca existiu. Amo como me sinto quando me aconchego ao seu lado à noite, logo antes de adormecer. Pela primeira vez, me sinto segura. E me sinto vazia quando seus braços não estão ao meu redor. Eu amo o jeito que você respira contra o meu pescoço e a maneira como seus olhos escurecem e as cores se misturam quando você está dentro de mim. Eu te amo por me libertar, mas acima de tudo, eu amo todas as partes de você por ser você. E eu vou te amar sempre, não apenas no bem, mas no mal também.

— Sempre é muito tempo, Gabriella. Espero que você queira dizer isso. Eu sou um cara muito literal.

— E eu sou uma garota literal, em assuntos do coração. Eu não dou o meu livremente, então tome cuidado com isso.

Ele traçou seus lábios com os polegares.

— Eu vou tratá-lo com carinho e cuidarei dele e de você a cada minuto de cada dia. Eu prometo.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Gabby saiu do quarto e entrou no escritório. Ela usava um vestido que Kolson lhe havia comprado, era um vestido de seda fúcsia sem mangas com cintura de couro e uma saia comprida. Sem mangas e com corte para expor mais dos seus ombros, as costas tinham uma fenda aberta até à cintura, tornando o vestido sexy e ousado ao mesmo tempo. Tinha colocado uns Stiletto de plataforma pretos para completar. Kolson não conseguia afastar os olhos dela.

— Bem, — ela perguntou, girando.

Ele lambeu os lábios secos de repente e engoliu em seco.

— Você está usando calcinha?

— Sim.

— Livre-se dela.

— O quê?

— Eu disse, se livre dela.

— Por quê?

— Porque vamos foder no caminho até lá.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse. Se você continuar com elas, eu vou rasgá-las em pedaços.

Sem tirar os olhos dele, ela levantou o vestido para revelar uma calcinha rendada rosa-choque. Ela deslizou os polegares sob o elástico. Antes que ela tivesse a chance de tirar, ele estava na frente dela, rasgando-a como um fio frágil.

— Huh! Você as arruinou!

Ele enfiou a mão sob o vestido dela e agarrou a bochecha de sua bunda, puxando-a ao longo de seu corpo. As sombras de seus olhos haviam escurecido com a luxúria. Sua língua estava lambendo seus lábios e beijando-a antes que ela pudesse dizer outra palavra de sua boca. Quando a soltou, ele pegou o lenço, limpou a boca dela, depois a dele, e disse:

— Você é uma porra de uma provocação, Kea.

— Mas...

— E absolutamente linda assim. Agora vá colocar seu batom de volta. E certifique-se de trazê-lo com você, porque terá que reaplicar isso muito hoje à noite.

Ela andou até ele, pegou o polegar e limpou uma mancha do canto da boca.

— Você perdeu um ponto. — Seus quadris balançaram quando caminhou de volta para o quarto de pó. Ele balançou a cabeça e riu.

Quando saíram do elevador no saguão, ela perguntou:

— Você não está dirigindo?

— Não, estamos sendo levados hoje à noite.

Enquanto caminhavam para fora, Gabby gritou quando viu Sam parado ali, segurando a porta dos fundos de uma limusine aberta para eles.

— Sam! — Ela o abraçou.

— Dra. é bom ver você. — Ele sorriu de volta para ela.

— Você também. Estava com saudade de você.

— Você está bem, — disse ele.

— Eu odeio ter tantos motoristas diferentes agora.

— Sim, doutora M. Mas eu espero que os outros a estejam tratando bem.

— Ah sim. Mas você é o melhor, Sam.

— Podemos entrar, por favor? — Kolson interrompeu.

— Sim, senhor. — Kolson ajudou Gabby a entrar e entrou atrás dela enquanto Sam fechava a porta. Gabby notou o luxo que a rodeava, incluindo uma garrafa de champanhe gelada e dois copos.

— Bem,mas isso não é interessante?

— Espero que você pense assim. — Quando Sam ficou atrás do volante, disse-lhe, — Sam, tome seu tempo, precisamos de uns vinte minutos, por favor.

— Sim, Sr. H.

Kolson apertou um botão e um vidro escurecido deslizou, proporcionando total privacidade de Sam. Ele se inclinou sobre o assento e enfiou a mão sob o vestido de Gabby e encontrou seu sexo molhado e sedoso.

— Se você queria uma hora social com Sam, você deveria ter me dito.

— Kolson! Você sabe o quanto gosto de Sam — ela advertiu.

— Desculpe. Digamos que estou ansioso por algum tempo com você Gabriella. — Ele lhe deu um olhar ardente. — Agora, sente-se no meu colo para que eu possa beijar sua boca. Quero aquele batom rosa em todo o meu rosto. Depois quero lamber sua boceta antes de te foder. No momento em que chegarmos à casa dos meus pais, quero que pareçamos como um casal que acabou de andar no passeio de suas vidas.

Sua barriga e sexo se cerravam com as palavras dele e não havia nada nessa terra que a afastasse de Kolson. Ela subiu em cima dele e sugou sua língua como se fosse seu pênis. Ela sentiu as mãos dele arrancando-a dele e quando protestou, ele a silenciou. Ele moveu seu corpo para baixo, longe o suficiente para sua boca alcançar o ápice de suas coxas deliciosas.

— Eu amo seu perfume, Gabriella. Poderia te lamber o dia todo.

Ela estremeceu quando ele soprou sua respiração fria sobre seu sexo aquecido. Quando a boca dele a encontrou, ela gritou. Sua língua não provocou, foi direto para o que ele sabia que a faria gozar. E quando ela o fez, suas mãos rasgaram seu cabelo, puxando-o até que seus músculos internos finalmente pararam de apertar.

Kolson levantou-a dele.

— Adoro quando você goza na minha língua.

Então ele abriu o zíper de suas calças e seu pau grosso saltou livre.

— Coloque essa boca rosa em mim, Kea. Quero que você me chupe forte.

Seus lábios cobriram os dentes quando ela introduziu seu pênis em sua boca e deixou sua língua girar em torno de sua cabeça. Ela lhe chupou as bolas e ele rosnou, mas quando ela o levou até ao fim, deixando-o bater no fundo de sua garganta, ele respirou fundo e disse:

— Oh, Gabriella, você vai me fazer em pedaços assim.

Ela deixou que sua boca o levasse até que ele a puxou e lhe disse com um sorriso:

— Apenas o que eu queria ver. Batom rosa brilhante em todo o meu pau. Agora arrume-se. Estamos quase lá.

Ela olhou para ele incrédula, enquanto ele vestia de volta as suas calças.

— Qual é o problema, Kea?

— Eu... eu preciso de você, — ela disse com um beicinho.

— Eu preciso de você também.

— Ma... — ela gaguejou.

— Seja paciente. — Ele a agarrou e a beijou com força enquanto o carro parava. — Você tem um ar adorável com essa expressão frustrada em seu rosto. Além disso, você acha que está ruim. Se coloque no meu lugar. Eu fui provocado pela sua boceta exuberante. Eu a provei, senti na minha língua e você veio na minha boca. E eu estou aqui sentado com um pau duro como uma rocha. As coisas poderiam ser muito piores para você.

Ela só conseguiu olhar para ele e sacudir a cabeça.

A porta da limusine se abriu e Gabby esperava estar em algum prédio chique, mas em vez disso eles estavam na frente do HTS. Ela levantou a sobrancelha quando ele estendeu a mão para ela.

— Seu escritório?

— Hmm-mmm.

— Estou confusa.

— Venha. — Ele pegou a mão dela e eles subiram no elevador até o telhado, onde saíram para o helicóptero que esperava.

— Onde seus pais vivem?

— Fora de Atlantic City.

— Oh. Eu não sabia.

— Agora você sabe.

Steven, o piloto, ainda não tinha o motor ligado, e Gabby ficou feliz. Isso teria arrasado completamente o coque solto que ela usava.

— Atlantic City, hein?

— Sim. Ele está no negócio dos cassinos.

— Entendi.

Kolson sentou-se atrás do piloto na parte de trás da nave e Gabby se sentou ao lado dele. Ele colocou o fone de ouvido e disse a Steven que eles estariam em um canal diferente e não deveriam ser interrompidos a menos que fosse uma emergência. Então ele pegou a garrafa de champanhe aberta que trouxe da limusine e encheu os copos.

Uma vez que eles estavam no ar, Kolson agarrou o pulso de Gabby e a puxou para seu colo.

— Agora, o que você estava dizendo sobre necessidades, Dra. Martinelli?

Ela lançou-lhe um sorriso e disse:

— Acredito que nós dois precisamos cuidar delas.

— Realmente precisamos.

— Um, Kolson, ele pode nos ver?

— Steven?

— Sim.

— Você consegue ver ele?

— Na verdade, não.

— Então está tudo bem. Mas não se preocupe. Eu nunca colocaria você em uma situação comprometedora, Kea. Levante-se.

Ela fez e ele moveu-se debaixo dela. Então a puxou para a borda do assento enquanto se ajoelhava no chão. Enfiando a mão no bolso, ele tirou um preservativo.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Estou me preparando para te foder. Duro e rápido. E por mais que eu ame o pensamento do meu esperma escorrendo pela sua perna, não quero que você se sinta desconfortável na festa.

Ela engoliu em seco. Não tinha pensado nisso. Ela o observou envolver sua ereção no látex brilhante e sua mão automaticamente o pegou.

— Adoro quando você está duro.

— Oh, eu sei, Kea.

Ele empurrou seu pênis dentro dela e ambos soltaram gemidos longos e lentos. Então ele agarrou seus quadris e começou o movimento de balanço que ela adorava. Suas mãos cavaram em seus ombros e ela encostou a testa na dele, fechando os olhos.

— Não, Gabriella. Olhe para mim e me diga quem é o dono dessa boceta.

— Você é.

— É isso mesmo. E mais ninguém terá você. Agora incline-se para trás.

Ela fez e sentiu seu piercing profundamente dentro dela.

— Ah, Kolson.

— Sim?

— Oh, sim.

— Envolva suas pernas ao meu redor.

Ele sussurrou todos os tipos de coisas sujas para ela e quando ambos chegaram ao clímax, foi duro e rápido. Quando eles terminaram, ela agarrou o rosto dele e o beijou, levando a língua dele em sua boca. Depois, ela olhou para ele e riu.

— Batom?

— Definitivamente, batom.

— Trouxe lenços extras.

— Homem inteligente.

— Eu sou.

Gabby lhe deu uma cotovelada.

— Isso é realmente algo. Eu já ouvi falar do clube das milhas, mas nunca ouvi falar em sexo no HELO. Ou talvez devêssemos chamar isso de HI sex. Você sabe, como HELLO! — Ela riu e enquanto ele a observava, não pôde evitar rir também.

— Me prometa que você vai ficar pela psiquiatria e não tentar entrar no ramo da comédia?

— O quê? Aquilo foi engraçado. Admita.

— OK. Só uma vez.

— Kolson, o que você vai fazer com esse preservativo?

— Colocar no lixo. Por quê?

— Eles não vão encontrá-lo?

— Quem?

— Quem quer que esvazie o lixo.

Agora foi a vez de Kolson rir.

— O quê? Você acha que vão inspecionar o lixo que está aqui dentro?

— Não sei.

— Gabriella, somos adultos. Fizemos sexo. Não cometemos um crime.

Depois de se limpar e lhe entregar alguns lenços para fazer o mesmo, ele a puxou para perto dele.

— Precisamos colocar nossos cintos. Nós estaremos pousando em breve. Termine seu champanhe.

O comportamento de Kolson havia mudado. Um homem frio e distante tomara o lugar do caloroso, amigável e amoroso que esteve presente momentos atrás.

Ela pegou a mão dele e disse:

— Estou com você. Jurei para você e não vou deixá-lo, Kolson. Eu te amo e você não precisa temer isso.

— Gabriella, você não sabe o que está dizendo. — A frieza dele a assustou. Ele agia como intocável, não o homem que ela conhecia. Ela desejou poder mergulhar em sua mente e descobrir o que aconteceu para causar isso, mas ela de todas as pessoas entendia o que significava guardar segredos. Ele os compartilharia quando fosse a hora certa. Por enquanto, ela estaria lá para apoiá-lo.

Poucos minutos depois, pousaram em um heliporto e Gabby pôde ver uma mansão iminente ao longe. Estava iluminada com milhares de luzes, por dentro e por fora, e a música podia ser ouvida. Um carro os esperava enquanto Steven desligava o motor. Assim que os rotores pararam, um homem se aproximou e abriu a porta, ajudando Gabby a descer.

— Sr. Hart, seja bem-vindo.

— Olá, Kenneth. É bom ver você de novo. Esta é a Dra. Martinelli.

— Prazer em conhecê-la, senhora. Por aqui.

Foram levados por uma estrada sinuosa que circundava a propriedade e terminava na frente da mansão. Era uma enorme mansão do renascimento grego que Gabby só vira nas páginas de livros e revistas.

— É impressionante, não é?

— Foi aqui que você cresceu?

— Sim. Adorável, não é? — O tom dele era gelo.

Seu humor tinha escurecido tão severamente que Gabby tentou aliviar as coisas.

— É irreal. Nunca vi nada assim.

— Oh, e você nunca verá. — Sua amargura era inconfundível. Apertou a mão de Kolson e sentiu a umidade nela, esse lugar o assustava.

Ela olhou fixamente para ele.

— Ei. Nós conseguimos fazer isso, querido. — Seu rosto era uma mistura de emoções. Preocupação, tristeza, medo e raiva irradiavam dele. Mesmo ele tentando esconder, ela o conhecia melhor agora.

Ela puxou a cabeça dele em sua direção para que pudesse sussurrar em seu ouvido.

— É uma noite. E quando chegarmos em casa, prometo que vou fazer o que quiser. Você pode bater na minha bunda a noite toda, Kolson. Só sei que estou com você nisso. Agora me dê algum sinal de que você me entende.

Ele olhou para ela e assentiu. Então ela o beijou nos lábios. Duro, com paixão. Eles saíram do carro, mas não antes de ela lhe dizer o quanto o amava. Ela o beijou novamente e limpou o batom da boca dele. Seu sorriso de meia-boca a fez relaxar um pouco.

Quando eles entraram, Kestrel os cumprimentou na grande entrada.

— Bem-vindo ao complexo Hart. É bom ver você de novo, Gabby, Kolson.

— É bom ver você também, Kestrel.

Kestrel se inclinou para ela e sussurrou:

— Cuidado com o dragão e seu covil.

Kolson estava conversando com outra pessoa e não ouviu, e Kestrel já havia se afastado. Mas ela achava uma coisa muito curiosa para dizer a alguém.

Kolson segurou o braço de Gabby e levou-a para a sala ao lado para conhecer seus pais. Sua mãe, Sylvia, os recebeu. Ela era de estatura mediana, loira e adorável, e nada como Gabby esperava. Doce e gentil, ela abraçou Gabby e a tratou como se a conhecesse desde sempre.

— Por favor, traga Kolson para casa mais vezes. Ele nunca vem aqui e raramente consigo falar com meu filho. Eu sinto muito a falta dele. — Suas palavras falaram ao coração de Gabby.

Quando Gabby conheceu Langston Hart, ela ficou chocada. Ela esperava um ogro, um obcecado por controle manipulativo, mas ao contrário disso conheceu um homem charmoso e bonito que fez de tudo para deixá-la confortável em sua casa. Isso a confundiu demais.

— Gabby! Como é maravilhoso conhecer a garota que roubou o coração do meu filho. Você deve nos dizer como conseguiu fazer isso. Kolson é escorregadio. Mas olhando para você, posso perceber facilmente como ele foi apanhado.

— Foi mútuo, senhor.

— Então, soube que você é médica?

— Sim. Sou psiquiatra.

— Fantástico. Deve ser muito gratificante poder ajudar as pessoas necessitadas.

— Sim. Doenças mentais são uma coisa terrível. Também lido com transtornos aditivos. Sou voluntária numa clínica de abuso de substâncias e em um abrigo para mulheres. Pode se dizer que tenho no meu coração um cantinho para pessoas necessitadas.

— Isso é incrível. Sabe que mais. Adoraria fazer uma doação para o grupo que você faz mais voluntariado. Pedirei ao meu departamento pessoal para entrar em contato com você e poderemos dar início ao processo.

— Oh meu Deus. Isso seria bom. Obrigada, Sr. Hart.

— Por favor, me chame de Langston. Nós vamos conversar esta semana. Agora espero que você me perdoe por monopolizar seu tempo. Divirta-se hoje à noite.

Quando se virou, ela sorria até ver Kolson. Raiva e repugnância irradiavam dele, mas foi o olhar acusatório em seu rosto que a fez se encolher.

— O que...?

Ele deu meia volta e afastou-se dela, deixando uma fila de rostos atordoados, incluindo o dela, atrás dele. Ela rapidamente o seguiu por um lance de escadas e descendo um longo corredor escuro. Ela não sabia onde ele estava indo, mas seguiu-o enquanto andava rapidamente para acompanhar seus longos e furiosos passos. Ele desapareceu por um corredor e agora ela tinha que adivinhar onde ele tinha ido.

Tinha o coração bombeando em sua garganta, mas não desistiria de sua perseguição.

Ela se aproximou de cada porta de mogno polido e aproximou o seu ouvido, tentando ouvir algo, o que quer que fosse.

Então ela começou a girar os puxadores. Os quartos eram opulentos, cheios de móveis maciços que faziam seu queixo cair no chão. Ela não conseguia imaginar crescer nesse ambiente. Claro, quem poderia imaginar crescer como ela também?

Quando chegou à última porta não o tinha encontrado, e não sabia o que fazer a seguir. Ela se encostou na parede. Ouvindo um barulho, olhou para cima para ver Kestrel indo em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava gostando da festa.

— Estou procurando por Kolson.

— Ele está aqui em cima? — O olhar fechado de Kestrel deixou Gabby confusa.

— Sim. Ele ficou chateado porque eu... não importa. De qualquer forma, o segui, mas o perdi aqui em cima. Este lugar é muito grande.

— Você se acostuma com isso. Fique aqui por um segundo. Talvez eu possa saber onde ele está.

Ele virou a esquina e desapareceu. Cerca de dez minutos depois, ele retornou e seu rosto estava tenso quando disse:

— Vou acompanhá-la de volta à festa e ficar com você.

— Você o encontrou?

— Sim. Venha, Gabby. — Ele se moveu para pegar o braço dela.

Ela se afastou dele.

— Não. Me leve até ele.

— Não posso. Ele não quer ver você agora.

— Não dou a mínima. Me leve até ele. Se você não o fizer, eu vou procurá-lo, quarto por quarto.

— Você vai se arrepender. Quando Kolson está de mau humor, é melhor ficar longe.

— Leve-me. — Ela persistiu em sua demanda.

— Não diga que você não foi avisada.

Segui-o até uma esquina e depois por outro corredor. Ele lhe disse para subir o lance de escadas diante dela. Encontraria uma porta no final do corredor. Era aí que Kolson estaria. Então ele saiu.

Quando abriu a porta, encontrou Kolson, nu da cintura para cima. Suas calças se agarravam a seus quadris enquanto seus punhos golpeavam um saco de boxe suspenso no teto. Um brilho suave no seu torso e seus músculos estavam tensos e esticados quando os seus braços se erguiam, ondulavam e balançavam enquanto esmurrava o seu oponente de mentirinha. Gabby observava o belo espetáculo diante dela enquanto ele mantinha um ritmo perfeito, dançando e mergulhando a cada golpe. O movimento hipnótico de sua forma impecável manteve-a cativa, imóvel, até que gotas de sangue voaram de seus punhos feridos, levando-a a agir.

— Kolson! O que você está fazendo?

— Dê o fora daqui, Gabby. — Ele não parou de dar golpes continuou batendo no saco.

Que ele a chamara pelo apelido não lhe passou despercebido.

— Não vou a lugar nenhum até você falar comigo.

Não se preocupando em lhe dar um olhar, ele disse:

— Você está perdendo seu tempo.

— Você está sendo um idiota.

— Não é a primeira vez que sou chamado disso. — Ele grunhiu enquanto seus punhos voavam.

Agora estava ficando chateada. Ela se aproximou dele.

— Por favor, pare e fale comigo por um minuto?

— Não. Saia. Fora. Daqui. — disse.

— Não, droga. Você não está sendo justo. — Tentou se aproximar dos punhos dele, o que não era a coisa mais inteligente a fazer, mas sabia que tinha que chamar sua atenção... tinha que fazer com que ele parasse e falasse com ela.

A mão dele bateu na palma da mão dela esmagando-a contra o saco. Dois dos dedos dela ficaram presos entre a mão dele e o saco. Ela respirou fundo quando se conectaram. Estava chocada demais para gritar, porque nunca lhe ocorreu que ele estivesse batendo no saco com tanta força.

— O que diabos você está fazendo? — Ele gritou com irritação.

Sua respiração passou por seus lábios num sopro. Ela não conseguia falar e era tudo que podia fazer para respirar. Ela apertou a palma da mão e a dobrou enquanto ele olhava para ela.

— Deixe-me dar uma olhada.

— Não! Não toque, — ela sussurrou. Uma dor intensa subiu por seu braço, centrada em seus dedos mindinhos e anelar. Ela inalou através dos dentes, tentando limpar a cabeça, porque naquele momento, seus dedos não eram o mais importante para ela. Kolson era.

Engolindo sua dor, intensificou sua determinação, e com uma voz estrangulada, ela disse:

— Apenas fale comigo, Kolson.

— Por quê? Você me traiu.

— O quê? — Ela ficou perplexa com a declaração dele. Como ele poderia pensar que ela faria uma coisa dessas?

— Você sabia como eu não queria ter nada a ver com ele e a primeira coisa que você faz é ser vítima do jogo dele.

— Do que você está falando?

— O Dragão. Meu pai. Ele teve você comendo na sua mão escamosa cinco minutos depois da nossa chegada.

— Bem, sinto muito. Não sabia que deveria ignorá-lo. — A dor irradiava da sua mão para o braço, mas ela se forçou a continuar. Ela rangeu os dentes e disse: — Você se recusou a me dizer algo sobre ele, e quando eu cheguei aqui, ele parecia ser um cara legal.

— Parecia. Essa é a palavra-chave, Gabby.

— O raio da culpa é toda sua. Por não me dizer. Você se recusou a compartilhar qualquer coisa sobre sua família ou sobre você mesmo. Você poderia ter me avisado. Como devo agir? O que devo falar? Diga-me e vou fazê -lo, Kolson.

Seus olhos a perfuraram por um segundo; então ele tirou a roupa.

— O que você está fazendo?

— Tomar um banho. Tenho que lavar o suor de minhas frustrações.

Ele se afastou e assim que ficou fora de vista, ela se dobrou novamente. Seus dedos pulsavam de dor. Ela conseguiu mexê-los, embora a agonia resultante lhe dissesse que eles possivelmente estavam fraturados. Ela procurou uma fita esportiva para amarrá-los, para evitar que se movessem. Encontrou uma em um dos armários, estava terminando quando Kolson saiu do banheiro.

— O que é isso? — Ele perguntou, apontando para os dedos dela.

— Acho que eles podem estar fraturados.

— Eu quebrei seus dedos?

— Dói movê-los.

Ele foi pegar a mão dela, mas ela os tirou do alcance dele.

— Meu Deus, sinto muito, — disse arrependido.

— Foi um acidente.

— Aconteceu por causa do meu temperamento e sinto muito por isso.

— Não é a primeira vez que algo está quebrado. Kolson, a questão maior é como você lidou com as coisas com seu pai e comigo. Não sou um leitor de mentes. Eu preciso saber essas coisas. Você diz que me ama. Bem, eu também te amo e não te traí. Eu nunca vou te trair. — Ela se virou e caminhou em direção à porta.

— Aonde você vai?

— Boa pergunta. Se estivéssemos em Nova York, eu pegaria um táxi e iria para casa. Mas aqui estou presa.

— Você quer ir embora?

— Quero que você fale comigo, — disse Gabby em frustração.

Kolson amaldiçoou.

— Droga. Você sabe que não quero falar sobre isso.

— Não estou pedindo para você contar seus segredos mais obscuros, ao contrário do que você fez comigo. Estou apenas pedindo para você me conte algumas coisas. Você não me contou nada sobre você ou sua família. Estou às escuras aqui. E então você fica chateado comigo por ter respondido ao seu pai, que foi gentil comigo, e não tenho ideia do que fiz de errado. Será que você não entende o que estou dizendo? Quão irracional você pode ser?

— Você fez o seu ponto, Gabby.

— E pare de me chamar assim, droga!

— Não é esse o seu nome?

— Sim, mas você nunca me chama assim!

Em três longos passos, ele estava na frente dela.

— Você prefere Gabriella, então? — Sua voz acariciou seu nome e então ele emoldurou seu rosto e disse:

— Ou prefere que te chame de Kea? — Então seus lábios estavam nos dela, saboreando, lambendo, mordiscando, sugando.

— Pare com isso, — disse ela, empurrando-o para longe. — Beijar-me não vai resolver isso.

— Não, Kea, não vai. Esse problema é profundo e há muito tempo. Agora, deixe-me levá-la para ver como está essa mão.

— Não. Nós vamos ficar aqui, e você vai agir como se estivéssemos bem. Você vai me acompanhar, conversar com sua mãe e vamos dançar e fazer as coisas certas. Então, quando eu julgar que é hora de sair, nós iremos.

Ele levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos.

— Mas seus dedos.

— Agora, eu não dou a mínima para os meus dedos.

— Entendo, sei como vai ser, por isso.

— Não, eu acho que você não sabe. Você me disse uma vez para confiar em você. Agora estou tendo dificuldades com isso.

Ela podia muito bem ter lhe dado um gancho de direita — ele cambaleou quando as palavras dela bateram nele.

— Você não confia em mim?

— Como posso? Você me acusou de trair você. Depois de eu lhe prometer. Essas palavras me esmagaram, Kolson. Isso — ergueu a mão — não foi nada comparado à dor de suas palavras.

— Sinto muito.

— Não diga se você não está falando sério. Compartilhei coisas com você que nunca compartilhei com ninguém. Você sabe a verdade feia sobre mim, cada detalhe minúsculo. E você me fez acreditar que eu poderia confiar em você. Bem, você conseguiu destruir isso hoje à noite com algumas palavras casuais. Fui destruída demais no passado, como você foi, para me colocar em risco novamente. Prometi a mim mesma que nunca seria vulnerável novamente. Você sabe por que me tentei matar? Nunca lhe contei a história toda. Sim, você sabe como Danny me estuprou e me espancou. E como ele disse a todos os meus amigos que eu era uma prostituta. Até meus pais pensaram que eu era uma, o que era tão ridículo, porque nunca fui a lugar nenhum. Ele afastou todos os meus amigos para longe de mim porque seus pais não os queriam perto de uma ‘garota desse tipo’. — Ela balançou os dedos indicadores no ar quando disse isso. — Mas quando os professores da escola me trataram de forma diferente, foi o que me quebrou. O isolamento tornou-se insuportável. Danny falava coisas para mim, coisas terríveis que me deixavam doente. E foi aí que eu quis morrer porque sabia que isso nunca iria parar. Meu único amigo era o maldito teto que eu olhava todas as noites. Então, meu fator de confiança foi eliminado. Mas você me convenceu que estava segura com você. Eu e meus terríveis segredos. Que eu poderia confiar em você. Então eu fiz. E o que aconteceu? Você me acusou de trair você. Bem, eu não o fiz. Mas você me traiu, Kolson. Você traiu meu amor e confiança em você. E você me destruiu. Então, vamos terminar esta noite aqui e depois você vai me levar para casa.

O mundo de Kolson estava detonando, como uma explosão nuclear. Mas como ele poderia encontrar falhas nas palavras dela? Ela estava certa. Ele não lhe tinha dito uma palavra. Ela só estava fazendo o que achava certo. Estava sendo educada com um homem charmoso e bonito de quem ela não sabia absolutamente nada. Ele não lhe disse que seu pai era um demônio disfarçado. Não lhe contara as coisas hediondas que lhe haviam sido feitas quando criança. Ela não poderia saber. Ela só viu a persona que ele apresentou para ela e para o público... o homem que todo mundo amava.

E agora Kolson estava perdendo a única pessoa que ele amava. Tudo por causa de suas ações estúpidas.

— Gabriella, farei qualquer coisa que você pedir. Sinto muito. Mais do que você jamais irá saber. E um dia, prometo que vou te dizer. Tenho medo de te dizer agora. Sinto medo de falar sobre isso porque acho que se eu voltar àquele passado sombrio, posso nunca mais sair de lá. Sinto muito. Mas por enquanto, isso é tudo que posso te dizer.

— Eu também sinto muito, Kolson. — Ela se virou e saiu do quarto, deixando-o a olhar para ela.

Durante o resto da noite passou conversando com pessoas que ela não conhecia nem queria conhecer. A única coisa que ela queria fazer era deitar-se na sua própria cama e colocar gelo na sua mão. O jantar foi agonizante, porque a sua mão não deixava se alimentar, mas também porque tinha que fingir que estava tudo bem com Kolson. Mais tarde, ele dançou com ela várias vezes, como era esperado, e passou tempo com sua mãe. Finalmente se despediram e pediram o carro para levá-los de volta ao helicóptero que esperava.

Quando eles voltaram para Manhattan, Gabby não ficou com Kolson. Ela foi para a sua própria casa e teve uma longa conversa com o teto.

Pela primeira vez em anos, ela desejou que seu teto pudesse responder.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Gabby estava de coração partido. A única pessoa em quem ela confiava a decepcionou. O seu coração já tinha sido quebrado antes, mas desta vez era diferente. O amor que ela sentia por Kolson era maior, mais profundo do que qualquer coisa que já tinha sentido. Como pegaria as pequenas partículas de seu coração e as colaria de volta? Isso seria possível? Gabby não acreditava que sim.

Quando ela se sentou em sua mesa, sua cabeça doia. A dor em seu coração prevaleceu, no entanto. Quando ela mexeu nos dedos machucados, repassou repetidamente o que aconteceu na festa. Ainda era chocante para ela como Kolson havia reagido.

Seu telefone apitou e ela olhou para ele, pensando que era outra mensagem de Kolson. Ele era persistente, isso era certo. Ela estava recebendo mensagens dele a cada hora, sem falhar. Este, no entanto, era de Danny: Onde você está, sua puta? Tenho esperado por você. Estou me sentido sozinho. Não me faça esperar muito ou você vai se arrepender. A propósito, os guarda-costas estão ficando cansativos, preciosa.

Ela parou pensando e saiu de sua cadeira. Ela estava entre consultas, correu direto para o escritório de Case.

— Acabei de receber outra mensagem.

— Deixe-me ver isso. — Case leu e disse: — Você disse a Kolson?

— Não estamos falando.

Case a examinou.

— O que você quer dizer?

— Não quero falar sobre isso.

— Tem alguma coisa a ver com a sua mão?

— Esqueça isso, Case.

— Quanto tempo?

— Hã?

— Desde quando você não fala com ele, porque eu tenho que lhe ligar e deixá-lo saber que você recebeu isso.

— Sábado à noite.

— Porra. É quarta-feira.

— Eu sei que dia é hoje.

Os lábios de Case se abriram, mas ele sabia quando ficar em silêncio.

— Vá em frente e lhe ligue, porque eu não vou. Pensando melhor, não se incomode. Acho que não quero que ele saiba por enquanto.

— Gabby, — disse Case com toque de alarme.

— Estou bem. Tenho os guarda-costas. Tenho você. Eu não tenho mais medo dele.

— Seja esperta, Gabs. Ele provavelmente está piorando. Você precisa vigiar suas costas.

— Não se preocupe, meu grande amigo preocupado. Está tudo bem. E, além disso — disse ela baixinho, — por que Kolson se importaria, afinal?

— Eu ouvi isso. É infantil e você sabe disso. Estou ligando para Kolson.

— Tudo bem. Ligue você. Eu não vou ligar.

Gabby saiu naquela noite e foi para casa. Sam deixou-a e ela estava com um humor terrível. Sua cabeça latejava e sua barriga doía. Subiu no elevador até o apartamento e tentou lembrar o que havia comido naquele dia. Talvez ela estivesse a adoecer ou algo assim. Ela apenas se sentia mal.

Abriu a porta e não foi difícil perceber que alguém tinha estado em seu apartamento. As almofadas do sofá foram retiradas e tudo estava em desordem. Ela abriu a porta do corredor e chamou Max, seu guarda-costas.

— Max, alguém esteve aqui!

— Dra. M., fique aqui fora, por favor. Deixe-me verificar se é seguro.

Max entrou para verificar as coisas enquanto Gabby esperava no corredor. Ela espiou para dentro, mas não conseguiu ver nada. Enquanto estava de costas para o corredor, ela não deu conta que a porta da escada se abriu.

— Você está tão doce como sempre, preciosa. — Danny estava de pé bem atrás dela.

Gabby não se mexeu, mas abriu a boca e soltou um grito de gelar o sangue.

Max veio correndo para o corredor e Gabby continuou gritando.

— Dra. M.! O que aconteceu?

Gabby, estremecendo violentamente, segurou o braço de Max e tentou falar.

— D-d-d-d...

Max pegou seu telefone e ligou para Case.

— Você precisa chegar vir aqui, senhor. Algo aconteceu.


# # #


Quando Case chegou, Gabby estava sentada em uma cadeira e parecia sombria.

— O que diabos está acontecendo?

— Não consigo tirar uma palavra dela, senhor, — disse Max.

— Gabby, o que aconteceu?

— D-d-danny.

— O quê sobre ele?

— Aqui.

Case olhou para Max.

— Quando a trouxe para casa, ela me chamou no corredor e disse que alguém esteve aqui. Entrei para verificar e depois ouvi-a gritar. Não consegui que ela parasse.

Case segurou as mãos dela.

— Fale comigo, Gabs. Não posso ajudar se não souber o que aconteceu.

— Eu o ouvi. No corredor.

— Merda. Ela tem alguma coisa para beber aqui? — perguntou Max.

— Não. Nada, — Gabby respondeu.

— Vou ligar para Kolson.

— Não!

Case soltou a respiração.

— Gabby, diga-me tudo então.

Ela respirou fundo várias vezes.

— Gabs, sou eu. Não deixarei nada acontecer com você. Entendeu?

Ela assentiu. — Max estava dentro e eu estava tentando ver o que estava acontecendo, quando ouvi aquela voz logo atrás de mim dizendo: ‘Você está linda como sempre, preciosa’. Foi quando comecei a gritar. Era ele. Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.

— Ele deve ter esperado você voltar para casa. Eu tenho que ligar para Kolson.

— Por favor, não. — Gabby implorou.

Case ainda segurava as mãos dela.

— Queria que vocês dois resolvessem as vossas merdas porque agora eu estou numa situação ruim. Ele está me ligando toda hora para saber de você e quando eu contar sobre isso, porque você sabe que não vou mentir, ele vai explodir. Eu te amo, mas isso está me deixando louco. E sei como você está perturbada. Você precisa de alguém que fique com você esta noite.

— Você.

Case olhou em volta. Ele sabia qual seria sua resposta e ela também. Ele nunca a deixaria no estado em que ela estava e Kolson não a confiaria em qualquer um. Raios, nem ele.

— Max, fique aqui até eu voltar. Não a deixe por nada. Você entendeu. Tenho que ir a casa para pegar algumas coisas, mas voltarei o mais rápido possível.

— Sem problema, senhor.


# # #


Cinco dias... foram cinco dias e ele não tinha recebido uma palavra dela. Ele tinha falado com Case ontem e estava preocupado com ela. Essa mensagem de Danny não era um bom sinal. Mas depois do que Danny tinha feito ontem, Kolson precisava ver Gabby. Quando Case lhe ligou ligou logo de manhã, ele mal se tinha aguentado. Tudo o que conseguia pensar era o que teria acontecido se Max não estivesse lá. Enviou-lhe várias mensagens, mas não recebeu resposta. Às onze e meia da manhã, pediu a Sam para levá-lo ao escritório dela. A recepcionista cumprimentou-o e ele disse que queria vê-la. Ela disse a Kolson que Gabby estava entre consultas.

— Quando ela vai estar livre?

A recepcionista verificou a agenda e disse:

— Só dentro de trinta minutos, senhor.

— Ela está livre para o almoço? — Ele perguntou.

— Sim, senhor, ela está livre por pelo menos uma hora. Seus pacientes da tarde só começam à uma e meia.

— Obrigado. Eu vou esperar. — Ele se sentou e olhou em frente.

Trinta minutos depois, Gabby acompanhou seu paciente até à área de espera e o viu sentado lá. Ela disse adeus ao paciente e olhou para Kolson.

— O que você está fazendo aqui? — Sua saudação foi menos do que acolhedora.

— Vim para te levar a almoçar, já que você não respondeu às minhas mensagens.Tinha que ver como você estava depois do que aconteceu ontem.

— Bem, como você pode ver, estou bem. Mas não posso ir almoçar. Estou ocupada.

— Não. Você está livre até à uma e meia. Eu chequei.

— Não estou com fome.

— Tudo bem. Você pode me ver comer.

— Kolson, eu...

Com uma voz de aço, ele disse:

— Gabriella, precisamos conversar. Agora pare de evitar isso. Você poderia ter... Nós vamos almoçar. — Ele colocou a mão em volta do cotovelo dela e a guiou para fora da porta.

Entraram no carro que esperava e ela não proferiu uma única palavra, nem mesmo para Sam. Quando chegaram ao restaurante, Kolson saiu e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela o ignorou.

— Gabriella, por favor. — Ela passou por ele e entrou. Ele não teve escolha senão seguir.

Quando o anfitrião o viu, sorriu.

— Sr. Hart, siga-me, por favor. — Ele os levou para uma sala onde uma mesa para dois estava arrumada. Toalha de mesa branca, prata e cristal completavam o cenário. — Posso lhe servir água?

— Por favor, — respondeu Kolson.

— Com gás ou sem gás?

Ele olhou para Gabby e ela disse:

— Com gás, por favor.

— Vou querer o mesmo, por favor.

— Agora mesmo, senhor.

Kolson estendeu a mão para Gabby, mas ela se moveu para afastá-lo. No entanto, ele foi mais rápido.

— Por favor, Gabriella, quando Case me contou o que aconteceu ontem. Isso está me matando.

— Você já me matou, Kolson. É doloroso, não é? Dói quando a pessoa que você ama faz você se sentir assim, não é?

— Sim, droga. Dói. — Ele inclinou a cabeça por um momento e o garçom voltou com a água e os cardápios.

— Nosso almoço especial hoje é o salmão Coho fresco, grelhado em uma tábua de cedro, servido com quinoa e aspargos grelhados frescos.

Kolson respondeu rapidamente:

— Excelente. Nós vamos querer isso.

— Muito bem, senhor.

Quando ele se foi, Gabby olhou para ele.

— E se eu não quiser salmão?

— Você está intencionalmente tentando ser difícil?

Ela estremeceu com a frase que ele usou para descrevê-la.

— Por favor, nunca use esse termo para me caracterizar. Você de todas as pessoas deve saber que é um golpe baixo.

Kolson sentiu como se tivesse acabado de assassinar o seu animal de estimação favorito.

— Oh, Deus, Gabriella. Eu não estava pensando. Parece que sou um fodido idiota que continua a pôr os pés pelas mãos. — Então ele respirou fundo e longamente. Inclinou a cabeça para trás e depois se inclinou para a frente. — Sinto muito. Deveria ter sido mais sensível. A verdade é que sinto muito a sua falta e estou muito preocupado com você. Eu te amo e não suporto isto... o que está acontecendo entre nós. Estraguei tudo. Inacreditavelmente é verdade. Eu estava errado e se eu pudesse voltar no tempo, faria as coisas de forma diferente. Mas eu não posso. Então estou implorando a você, Gabriella, que, por favor, me perdoe. Você não me trairia de jeito nenhum. Foi a minha mente louca que me traiu.

— Kolson, por que você não pode confiar em mim?

— Eu quero. Eu confio em você.

— Não, você não confia.

— Sim, é em mim que eu não confio. Há tanta coisa que você não sabe. Mas saiba disso. Não há nada nesta terra que eu não faria por você. Com o tempo, vou contar tudo. E quando o fizer, talvez você entenda.

— Por favor, me perdoe se eu não pular e disser: ‘Ah, sim, vamos voltar ao modo como as coisas eram.’ — Seu olhar desanimado fez com que ela instantaneamente se arrependesse de sua arrogância.

— Compreendo. Podemos ao menos conversar?

Ela inclinou a cabeça. Quando falou de novo disse:

— Podemos conversar. Por agora. Nada mais.

— Gabriella, eu vou pegar todas as migalhas que você está disposta a jogar no meu caminho. Se é só conversa, então que assim seja.

— E, por favor, não intimide a recepcionista.

— Intimidar? Você acha que eu a intimidei?

— Talvez intimidar não seja a palavra certa. Tenho certeza que você a encantou até à morte como só você sabe fazer.

Ele suspirou.

— Eu só perguntei quando você estava livre e ela checou sua agenda.

Gabriella finalmente olhou para ele.

— Hmm. Preciso falar com ela, então.

Ele sorriu.

— Você é linda quando está com raiva.

— Eu odeio estar com raiva.

Ele lhe levantou a mão e examinou os dedos dela.

— Você já os foi verificar?

— Não.

— Gabriella, — ele bufou. — Se eles não se curarem adequadamente, os ossos podem ficar deformados para sempre.

— Kolson, não sou burra. — Desdenhou as suas qualidades.

— Não quis dizer que você é. Apenas estou preocupado com você.

— Eles não estão quebrados. Posso movê-los perfeitamente. Estão apenas doloridos por agora. Sinto muito. Estou cansada e estou descontando em você. Ontem foi um pouco cansativo para mim.

— Por favor, você vai ficar comigo esta noite? Não quero que você fique sozinha. Você pode dormir no quarto de hóspedes. Ou comigo. Mas não precisa ser nada mais que dormir. Sinto sua falta e quero te abraçar em meus braços. Por favor, diga sim.

Ela queria se derreter nele porque a verdade era que ela sentia o mesmo.

— Oh meu Deus, Kolson.

— Por favor. Não pense, Kea. Apenas diga sim.

— Estou trabalhando na clínica até às dez da noite.

— Vou com você e trago você para casa. Por favor, diga sim.

— Deixe-me pensar sobre isso. Vou ligar para você esta tarde.

Sua comida chegou e eles comeram em silêncio. Ela olhou para ele cautelosamente e ele a olhou com esperança.

Às quatro e quarenta e cinco, Gabby mandou uma mensagem a Kolson: Sim. Kolson sorriu por muito mais tempo do que se lembrava de ter feito em sua vida.

Ele bateu na porta dela às seis e meia e a acompanhou até o carro que esperava. E se sentou em seu escritório na clínica, esperando-a enquanto ela trabalhava. Às dez e quinze, voltaram para casa e ela lhe contou a sua noite. Ele sorriu para si mesmo enquanto ela lhe contava sobre seus vários pacientes. Quando chegaram ao elevador, ele perguntou:

— Bem?

— O sim significou o mesmo para esta noite.

Precisou de toda a sua força para não se aproximar ela. Mas ele não o fez. Em vez disso, ele sorriu e segurou o corrimão no elevador até que os nós dos dedos ficaram brancos.

— Vou te mimar hoje à noite, Kea. Você gostaria de um longo banho?

— Você sabe, eu realmente só gostaria de ir dormir. Estou exausta.

— Como quiser.

Ela foi para seu quarto e colocou seu pijama favorito do Snoopy . Quando foi ter com ele, ele levantou uma sobrancelha, mas não pronunciou uma palavra. Só levantou os lençóis para que ela pudesse entrar na cama. Então ele a puxou em sua direção e esfregou suas costas e pescoço, massageando-o em pequenos círculos, tirando os nós.

— Mmm, isso é tão bom.

— Estou feliz por ter gostado. Agora durma, Kea.

— Senti tanto a sua falta, Kolson.

— Eu também senti a sua falta. Diga-me o que fazer para resolver as coisas. Farei o que puder, juro que vou.

Ela se levantou e olhou para ele.

— Apenas me ame o suficiente para confiar em mim e saber que você segura meu coração na palma da sua mão. Por mais que eu goste de pensar que é feito de aço, não é. É frágil e pode ser facilmente quebrado.

— Oh foda-se, Gabriella. — Ela encontrou-se em cima dele mais rápido do que poderia registrar e sua boca tocou levemente a dela. — Você é meu coração e alma. Eu te amo mais que a minha própria vida. Seu coração está seguro comigo. Sei que você não acredita em mim agora, mas é verdade, e eu vou encontrar uma maneira de provar isso para você. — Seus lábios sussurraram sobre os dela, para trás e para a frente enquanto suas mãos mergulhavam em seus cabelos. — Nunca fui tão infeliz, tão perdido, como tenho sido sem você nestes últimos dias. Não quero passar por isso novamente. Não sabia que poderia ser tão sombrio.

— Nem eu. — Ela descansou sua bochecha em sua barba áspera e esfregou as costas da mão do outro lado do rosto. Ele prendeu a mão dela e levou-a aos lábios.

— Jesus, eu me odeio por fazer isso. — A fita branca o encarou.

— Foi um acidente, eu não sabia que você iria bater tão forte. Foi parcialmente minha culpa por ser tão estúpida. E olhe para suas próprias mãos. — Ela estava se referindo aos hematomas que ainda estavam a cicatrizar e às nódoas negras da sua luta com o saco.

— Essa foi a minha estupidez por não usar luvas.

— Lições aprendidas para nós dois.

— Durma, linda. Foi um longo dia para você.

Não foi preciso muito mais para ela cair no sono. Ele também adormeceu, aliviado da insônia que havia roubado suas últimas noites.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Na sexta-feira seguinte no trabalho, Gabby tinha visitas. No final do dia, Kolson deveria conhecê-las e então deveriam sair para beber. Às quatro e meia, ele enviou uma mensagem e disse que se atrasaria. Algo havia surgido no trabalho. Ela terminou com seu último paciente e foi até à área da recepção, onde foi recebida por Case, Sky e Cara.

— Oh meu Deus! — Case disse a ela que Kolson tinha arranjado uma noite de garotas para Gabby. Seriam conduzidas ao seu lugar favorito para coquetéis, acompanhadas, é claro, e depois iriam jantar.

Cara sugeriu começar com um bar de martini onde a multidão trabalhava no SoHo.

— Só não me dê Sugar Tits hoje à noite, — Gabby disse enquanto entravam lá dentro. As garotas riram. — Essa foi a pior ressaca de todos os tempos.

Cara pediu uma rodada de cosmos e ficaram numa mesa íntima onde podiam conversar.

— Assim é muito mais fácil do que responder a todas as mensagens que recebi na semana passada, — disse Gabby.

— O que você esperava? — Sky perguntou. — Depois de Case contar a Ryder o que aconteceu e como ele teve que passar a noite em sua casa, estávamos enlouquecendo.

— Eu sei. E estou feliz por eu ter pessoas que se importam tanto comigo. Obrigado pessoal. Foi uma semana louca, deixem eu falar.

— Então... você e Kolson Hart... juntos para valer. Tipo firme. E há quanto tempo. Como ele é? — Sky perguntou.

— Sexy, — Gabby sorriu.

— Nós sabemos isso! Conte-nos os detalhes suculentos.

— Ele é bom. Muito bom.

— Sim? Como assim? — Cara perguntou.

Gabby olhou para elas e sacudiu a cabeça.

— Ah não. Vocês duas já ultrapassaram tudo tantas vezes para eu começar a competir.

— Diga-nos algo. Ele tem algum fetiche?

Gabby ficou agitada como quem quer falar.

— Uh-oh! Acho que nós acertamos em algo aqui, Sky. Olhe essas bochechas.

— Vamos lá, Gabs. Nos dê uma coisinha.

— De jeito nenhum! Além disso, ele não é pervertido.

— Sim, ele é. Talvez um pouquinho. Pelo menos nos dê uma pista. Seu rosto não estaria brilhando no escuro, de outra forma.

Gabby começou a suar.

— Isso é transpiração no seu lábio superior? — Cara perguntou. As garotas riram e Cara estendeu a mão e enxugou com um guardanapo.

— Olha, se isso te faz sentir melhor, Ryder e eu gostamos um pouco. Você pode nos dizer e vai ficar bem aqui, eu juro. Certo, Cara?

Cara assentiu.

— OK. Vou vós dizer uma vez. Então é isso. Ele é incrível. Todos os momentos de sexo com ele são sempre melhores do que posso imaginar. Ele preenche todas as minhas fantasias. Sabe exatamente como mordiscar aquele ponto e é extremamente bem dotado. Na verdade, tenho mesmo que dizer que ele é bem magnífico nesse departamento. — Então ela se inclinou e sussurrou: — E ele até perfurou lá embaixo. O que me dizem?

— Não me diga? Você gosta? Isso faz você gozar?

— Isso aí. Várias vezes. Em cada sessão.

— Nunca deixe esse homem escapar. Você me ouve? Nunca deixe ele ir. Bem, a menos que ele coma seu primogênito. Ou todos os sorvetes da casa. Entendeu? — Cara aconselhou.

— Sim, senhora. — Todas riram.

Depois que os clientes que saíam do trabalho lotaram o bar elas acharam difícil conversar com todo o barulho. Todos estavam comemorando o final da semana e a música estridente acrescentava a comoção.

— O que você acha de irmos jantar depois dessa bebida? — Perguntou Gabby.

— Estou pronta para isso. Estou ficando com fome também. — Sky disse.

De repente, Cara explodiu:

— Merda, Gabs, eu sempre achei que você tinha uma vida perfeita e agora descubro que você está sofrendo como o resto de nós que fomos fodidos na bunda toda a nossa vida. — Cara a abraçou. — Garota, eu sinto muito.

— Ei, pare. Todos nós encontramos uma maneira de perseverar. Mas Kolson ajudou. Ele me libertou. Se não fosse por ele, eu ainda estaria me escondendo.

Cara a olhou com curiosidade.

— Você está apaixonada. É o principal. Como se fosse além dos limites. Certo?

— Sim. Amando loucamente.

— Droga, garota. Você foi se apaixonar por um cara maravilhoso também. O Kolson Hart.

Sim, tenho certeza que sim. Um cara com algum tipo de problema. Mas fica só para mim...

Depois que terminaram a bebida, Gabby recomendou um lugar italiano por perto, então decidiram caminhar até lá. Ovaltine as seguiria com o carro e seu guarda-costas andaria com elas.

Quando chegaram, houve uma espera de trinta minutos por uma mesa, então sentaram-se no bar, tomaram um gole de vinho e comeram pão delicioso e quente até que o anfitrião as levou para a sua mesa.

Uma vez sentadas, suas conversas animadas recomeçaram enquanto Sky lhes falava sobre suas audições. No meio da frase, Gabby olhou para cima e viu Danny em pé na entrada do restaurante.

— Oh meu Deus. Oh foda-se!

— O que há de errado? — Sky perguntou, alarmada.

— É ele. — A mão de Gabby estendeu a mão para sua garganta.

Cara agarrou a mão dela.

— Quem? Seu primo? Onde está seu guarda-costas? Onde está o Max? Por que ele não está aqui?

A cabeça balançando em busca dele, ela gritou:

— Porra! Não os vejo. Estou ligando para ele. — Gabby digitou seu número. — Não está respondendo. — Seu estômago se agitou e ela engoliu, forçando a bílis de volta em sua garganta. Seu coração martelou e seu sangue rugiu através de suas veias. Era tão alto que ela tinha certeza de que os outros podiam ouvir.

— Fique calma. Ele não fará nada em público. — Cara falou. Então ela olhou ao redor, procurando por ele.

— Você não sabe disso. Ele é doido! Algo aconteceu com Ovaltine e Max. Eles não me deixariam. Estou ligando para Kolson. Porra. Porra. Porra. — Seu joelho bateu descontroladamente debaixo da mesa. — Porra, tenho que sair daqui. Ele vai me matar.

Ela ligou para Kolson.

— Kea.

— Ele está aqui, Kolson. Danny. E o Max ou Ovaltine não estão respondendo nos seus celulares. Preciso sair daqui.

Kolson começou a xingar.

— NÃO SE MOVA GABRIELLA. EU ESTOU A CAMINHO.

— Não desligue, Kolson. Estou com muito medo, — Gabby choramingou ao telefone.

Sky disse:

— Ele está procurando pelo restaurante. Como se estivesse procurando por alguém. Mantenha a calma. Ele está vindo para cá. O que devo fazer? Ligar 911?

— Ele não vai fazer nada aqui. Há muitas pessoas, — Cara reiterou.

— Kolson, ele está aqui... — Gabby chorou.

— Bem, olá, preciosa. Desligue o celular. AGORA. Tenho tentado passar algum tempo com você, mas você continua me evitando. Agora, por que faz isso?

— O que você quer? — Gabby não conseguia controlar o tremor cobrindo-a da cabeça aos pés.

— Você é minha prima. Como já disse, quero passar um tempo de qualidade com você. Agora, por que você não se levanta e saímos daqui, tranquilamente , e deixa suas amiguinhas jantarem.

— Acho que não, Danny.

— Olha aqui sua putinha... — Ele assobiou e abriu o casaco apenas o suficiente para Gabby ver a sua arma.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo, ou sua amiguinha aqui, — ele apontou a arma para Sky, — vai ter o cérebro cheio de chumbo. Você me entende?

— Sim.

— Bom. Agora se levante e caminhe em direção à porta. — Então ele se virou para Cara e Sky e disse: — E quando saírmos, se qualquer uma de vocês fizer qualquer tipo de barulho, eu vou atirar em alguém neste restaurante. E se chamarem a polícia, seus guarda-costas estão mortos. Entendeu?

— Sim, — as duas disseram.

— Bom. Vamos lá, Gabs.

Ela se levantou e foi em direção à porta. Ela ficou agitada pensando como poderia atrasá-lo, para esperar por Kolson. Mas Danny estava armado. Kolson não estaria. Ela não queria arriscar que Kolson fosse ferido. Quando eles saíram, ela tentou parar.

— Onde está meu guarda-costas? E meu motorista?

Danny riu.

— Um tiro e eles caíram como moscas.

— Oh meu Deus! Você os matou?

— Você não precisa se preocupar com eles. Vamos.

Ele a agarrou pelo pescoço e apertou, empurrando-a junto. Quando ele se virou em um beco e empurrou-a contra o lado de um prédio, as pernas de Gabby enfraqueceram; ela tropeçou. Ele apertou o pescoço dela ainda mais forte, puxando-a para cima. Ela estava tão tonta de medo que o rosto de Danny entrava e saía de foco.

Ele riu e sua pele arrepiou.

— Mal posso esperar para entrar em você novamente. Ouvir você me dizer o quanto sentiu falta do meu pau.

Ela cuspiu no rosto dele. A ação pegou-o desprevenido e ele recuou. Uma chance... Isso é tudo que tinha, então ela forçou seu medo de lado e pegou. Ela levantou o joelho e enfiou-o diretamente em sua virilha. Então ela correu. De volta ao restaurante e direto para Ovaltine, ele estava virando a esquina, sangrando por causa de um ferimento de bala na lateral do corpo. Ela gritou com toda a força, o que chamou a atenção dos pedestres.

Kolson parou e saltou do carro.

— Gabriella!

— Ele tem uma arma! — Ela gritou repetidamente.

Kolson girou e correu para dentro, praticamente carregando Gabby.

— Chame a polícia. Agora! — Ele gritou para a primeira pessoa que viu.

Ele tentou entregar Gabby para Cara, mas ela não o deixou ir. Não disse nada, apenas tremeu e se agarrou a ele. Cara e Sky correram para Ovaltine enquanto ele cambaleava para o restaurante.

— Kea, você está segura aqui. Deixe-me ir encontrá-lo.

— Nãoooo! Ele tem uma arma. Ele vai te matar.

— Não, ele não vai. Eu não deixarei.

— Não, não vá.

Seu medo o deteve. Ele não podia se afastar dela quando ela precisava dele.

— Estou aqui. Não vou a lugar nenhum. — Seus dedos cavaram a carne de suas costas, mas ele não disse uma palavra. Ele beijou e acariciou o cabelo dela, murmurando baixinho para acalmá-la.

Em minutos, o lugar estava lotado de policiais. Cara e Sky ligaram para Case e ele também apareceu. Gabby continuou a não soltar Kolson. A polícia interrogou as três mulheres e Kolson. Max foi encontrado em um beco ao lado do prédio e tanto ele como Ovaltine foram transportados para o hospital.

Case chamou um dos detetives de lado e teve uma longa conversa com ele. Eles queriam que Gabby fosse até à delegacia, mas Kolson e Case conseguiram persuadi-los a adiar até à manhã seguinte. Kolson pegou Gabby e levou-a para casa. Ela estava uma bagunça.

Uma vez lá, ele serviu-lhe um copo de uísque. Ele a colocou na cama depois, e de manhã, foram até à delegacia. Foi então, com Case e a advogada presentes, que Gabriella deu sua declaração formal. As acusações contra Danny foram registradas como crime de assalto com uma arma mortal, e tentativa de sequestro. Por causa das testemunhas no restaurante e da tentativa de assassinato de Ovaltine e Max, parecia que Danny estaria enfrentando uma longa sentença de prisão.

Kolson e Gabby então foram ao hospital para checar seus amigos. Ovaltine e Max estavam em condição estável. Max tinha sido baleado no ombro e Ovaltine lateralmente. Sam estava com Ovaltine, junto com o resto da família deles. Gabby não conseguia se livrar da culpa, tudo isso era culpa dela. Se esses homens não a estivessem protegendo, nada disso teria acontecido.

— Você tem que parar de pensar assim. Eles estavam fazendo o trabalho deles. Nossos homens fazem isso para os clientes o tempo todo, — explicou Kolson. Seus olhos estavam quentes como mel.

Isso foi diferente. Danny poderia matá-los e se isso tivesse acontecido, ela se sentiria responsável.

Kolson notou como ela se agarrou a ele. Era estranho, porque ela ansiava por sua independência. Essa sempre foi a única coisa que ela enfatizou para ele. Era por isso que ela não ficava com ele tanto quanto ele queria. Ela precisava desse sentimento de liberdade. Mas ele adivinhou que agora ela precisava de segurança, então ele jurou que ela teria.

Jogando o braço em volta dos ombros dela, ele disse:

— Vamos para casa, vamos?

Eddie os deixou. Quando chegaram à cobertura, Kolson disse:

— Acho que seria melhor se você tirasse alguns dias de folga.

— Mas meus pacientes...

— Não vai beneficiar nada você enquanto estiver transtornada.

Ela se abraçou.

Ele soltou a mão dela.

— Venha. — A última vez que ele a viu assim, um banho na banheira a relaxou imensamente.

Quando chegaram ao banheiro, ele disse:

— Tire suas roupas enquanto encho a banheira, Kea. — Ele despejou óleo de banho de uma garrafa chique e ela se despiu. Ele segurou a mão dela enquanto entrava na água quente e calmante.

— Junte-se a mim?

Ele fez o que ela pediu, movendo-se atrás dela.

— Encoste-se em mim. Deixe-me e à água aliviar as suas preocupações.

Ela colocou as coxas sobre as dele e sentiu uma onda de bolhas entre as pernas.

— Umm. — Ela se contorceu contra ele e sua ereção floresceu entre eles.

— Não pretendia que isto tivesse como objetivo algo sexual, mas se você for se contorcer assim, então eu não serei responsabilizado por minhas ações.

— Kolson, sexo com você me faz esquecer meu nome. Porque raios não haveria de querer isso agora?

— Se incline para trás, então. — Ele levantou os joelhos, fazendo com que as pernas dela se espalhassem ainda mais. A pressão da água borbulhante a atingiu em todos os pontos certos e deixando-a ainda mais excitada. Ele pegou um gel de banho e colocou em um pano macio, fazendo espuma. Com pano passando em torno de seus seios, ela arqueou as costas enquanto seus mamilos eram massajados. Com a outra mão, ele os aumentou como se fossem pérolas, puxando e beliscando-os até que ela se contorceu contra a mão dele.

— Você já teve um orgasmo apenas com isso, Gabriella?

— Não, — ela gemeu.

— Acho que um dia deste vou ter que te dar um. Você é tão receptiva quando faço isso.

Deslizando a mão até os quadris, ele moveu o pano em um padrão circular, arrastando-o por cima de seus quadris e pélvis enquanto ela se inclinava na direção dele.

— Você vai ter que parar de se mover, Gabriella. Ou posso fazer algo para o qual você não está totalmente preparada. Essa sua bela bunda está torturando meu pau.

Ela engasgou quando se apercebeu das palavras dele.

Ele não quis dizer isso, ou quis?

Como se lesse sua mente, ele disse:

— Sim, eu vou foder a sua bunda. Agora não se mova assim.

Ele retomou seu movimento com o pano, levando-o para entre as pernas dela. Quando ele tocou no seu núcleo, ela soltou um longo e alto gemido. As protuberâncias do pano atingiram seu clitóris com a quantidade perfeita de pressão enquanto ele a massajava até um clímax intenso. Assim que ela começou a gozar, seus quadris a levantaram e ele deslizou para dentro dela.

Gabby ficou mais viva, quando Kolson levantou os quadris para cima e para baixo, enquanto suas mãos a moviam para combinar com seu ritmo. O prazer era insuportável. Ela se inclinou para a frente, segurando suas coxas enquanto ele lentamente a fodia.

— Gostaria que você pudesse se ver agora mesmo. Você é linda, minha Gabriella. Sua pele está corada e rosada com o vislumbre da água quente. Eu poderia olhar para o seu corpo nu o dia todo. Totalmente perfeito.

Gabby olhou para onde eles estavam unidos e colocou a mão em torno das suas pesadas bolas. Seu gemido de resposta a agradou. Então ela sentiu o dedo correr pela sua fenda até encontrar aquela abertura, e ele empurrou até que a pressão diminuísse.

— Ahhh, — ela gemeu.

Ele parou até sentir o orgasmo iminente diminuir e então seu movimento se acelerou novamente, mas muito devagar. Entrou e saiu dela com um ritmo torturante. Ela tentou acelerar as coisas, mas ele a segurou com uma mão no ombro dela.

— Se você tentar se mover, Gabriella, vou parar.

— Por favor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus movimentos recomeçaram e Gabby encontrou um prazer extraordinário. Suas terminações nervosas formigaram enquanto um fogo ardia em suas veias.

— Kolson. Por favor.

— Você goza quando eu disser a você.

— Mas...

— Silêncio. — Ele se inclinou para a frente e tomou o lóbulo aveludado de sua orelha e puxou-o para a sua boca, puxando-o com os dentes.

— Huuuh, — ela engasgou com a onda de prazer.

Instantaneamente ele se mexeu e começou a empurrar mais duro e mais rápido. Gabby se sentiu esticada até uma largura e profundidade impossíveis. Ele tocou em lugares dentro dela, beijou-a tão profundamente que houve um momento em que ela se perguntou se alguém poderia morrer de êxtase.

O seu clímax rasgou através dela, arrancando um grito de seus lábios, e depois seu nome. Se ele não a tivesse agarrado pela cintura, ela teria escorregado sob a água borbulhante.

O orgasmo de Kolson explodiu dele e os músculos internos de Gabby o espremeram até à última gota, até que ele se sentiu fraco pelo esforço de tudo o que aconteceu. Mas não estava fraco demais para levantá-la e colocá-la em seus braços.

— Você é incrível. Senti falta disso. — Seus lábios roçaram os dela, sua língua traçando seu contorno, antes de tomar o inferior entre os dentes. — Eu amo te levar desse jeito, mas sinto falta de ver seu lindo rosto. Vou ter espelhos instalados nas paredes ao redor desta banheira, só para poder ver você em todos os ângulos.

— Por que você não me bateu ultimamente?

A pergunta pegou-o desprevenido. A verdade era que ele queria. Muito.

— Pensei que talvez tivesse sido demais para você.

— Eu dei a você essa indicação?

— Não, mas você também não implorou por isso novamente. Decidi que você é importante demais para mim e não quero assustá-la com minhas necessidades. E com o que você está passando com Danny, achei que poderia ser demais. Então me segurei.

Ela levantou-se e sentou-se sobre ele. Enquadrando o rosto, disse:

— Eu confio em você para não me machucar. Não se retraia.

Ele se inclinou para tocar seus lábios nos dela.

— A verdade é esta. Essas minhas necessidades não são mais importantes para mim. Quero ver você amarrada com sua bunda toda rosa? Sim, quero. Mas também quero ver sua mente no caminho certo. Não quero que você faça alguma coisa só porque acha que é o que eu quero. Quero que você faça isso porque você também quer.

— Mas eu realmente gostei, Kolson. Foi divertido demais. E eu quero fazer de novo.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, em seguida, deu-lhe um sorriso sexy.

— Você sempre me surpreende, Kea.

— A sério?

Ele riu.

— Sim, de fato.

— Amo você, Kolson. Eu quero que você seja feliz.

— Ter você aqui me faz feliz.

— Mas eu quero que você tenha suas outras coisas também.

Ele apertou as mãos dela e deu-lhe um olhar sereno.

— Quando nós ficamos sem falar por cinco dias, foi o pior momento da minha vida. Então, se tivermos apenas esse tipo de sexo sensacional que estamos tendo, eu morrerei feliz. Você é mais importante para mim do que qualquer coisa, qualquer necessidade ou compulsão que eu possa ter, e venderia minha alma ao diabo por você. Ele fechou os olhos e voltou a falar. — Nunca pretendi que você se apaixonasse por mim. Você é boa demais para mim, Kea.

Dando-lhe um olhar suplicante, ele ergueu a mão quando ela tentou interrompê-lo.

— Deixe-me dizer isso enquanto tenho coragem, Gabriella. — Muitas emoções brotaram em seus olhos, e Gabby reconheceu todas elas: raiva, dor, vergonha, desgosto, mas o mais proeminente era o medo. — O fato é que você tem um coração e uma alma tão puros, e eu estou irreparavelmente danificado... estou muito mais fodido do que você imagina e sei que você já viu de tudo na sua profissão. Você pergunta por que eu não falo com você sobre o meu passado. Essa é uma das razões. Não me entenda mal. Eu sei que você nunca me julgará. Mas também sei que isso também pode assustar você. É puro egoísmo da minha parte, e isso não é justo para você. Deveria ter terminado com você antes de chegar a este ponto, mas não consegui. Não consegui ficar longe de você. Você me trouxe esperança pela primeira vez. Como uma luz na minha vida, me levando para fora da minha escuridão.

— Mas naquele dia, — ele engoliu em seco e olhou para ela por um momento — no dia que fui buscá-la, e você estava no abrigo das mulheres. Vi o jeito que você segurava aquela garotinha em seus braços e havia algo tão belo em tudo que você fazia, soube naquele momento que nunca poderia deixar você ir. A partir desse momento, toda vez que eu olhava para você, via a perfeição, a bondade e a caridade, e nunca tinha visto nada assim antes. E foi aí que eu soube que queria isso. De você. Queria que você me abraçasse assim. E me banhasse com esse tipo de amor. Sinto muito por não ter sido honesto com você sobre mim mesmo. Minhas intenções. Você está sendo enganada em tudo isso. Estou fodido demais para me qualificar como mercadoria danificada.

— Posso falar agora?

— Sim.

— Acho que preciso decidir o quão fodido você é, mas não posso porque você não vai discutir o seu passado comigo. Então, vou com o que vejo na minha frente aqui. Problemas? Sim, você os tem. Eu também. Assim como todo mundo. Ninguém é perfeito. Oh, você diz que eu sou, mas isso é besteira e você sabe disso. Vou te chatear e essa coisa de perfeição vai voar pela janela e você vai coçar a cabeça e perguntar por que diabos disse isso. Vá em frente e ria, mas é verdade. Agora estou super feliz com o que você disse sobre mim. E o jeito que você se sentiu quando me viu com aquela menininha, bem, faz me sentir realizada.

— Mas querido, esse é o meu amor pelo que faço. Se tivesse havido alguém para fazer isso por mim, teria significado muito. E talvez isso me tornasse mais forte e mais capaz de lidar com Danny. Quem sabe? Talvez nunca tivesse tentado me matar. Mas essa parte sobre eu ser enganada e como você deveria ter terminado as coisas, é treta. Imaginemos que acabava. Então eu ficaria sem você e Danny teria vencido. Eu teria perdido conhecer o tal. Você sabe, aquele cara que faz meu coração e meu sangue disparar.

— Então cale a boca e me beije porque eu amo sua boca.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Sky, Ryder e Cara foram ver Gabby no domingo, levando flores. Gabby apresentou Kolson para Ryder e os dois deixaram as mulheres conversando. Quando Case chegou, ele estava ansioso para se juntar aos homens para poderem discutir a situação. Gabby ficou animada por estar com suas meninas. Ela precisava de uma distração.

— Você não vai trabalhar amanhã, vai? — Perguntou Sky.

— Kolson não quer.

— Concordo. Também acho que você precisa ficar aqui com ele por um tempo — acrescentou Cara.

— Eu sei. Não quero ficar sozinha agora.

— Porra. Quando penso no que aconteceu... — Cara estremeceu.

— Case tem uma equipe procurando por ele, — disse Sky.

— O que você quer dizer? — Gabby sentiu o sangue escorrer de sua cabeça.

— Ele está à solta. A polícia não conseguiu encontrá-lo.

— O quê?

— Você não sabia?

— Não! — Gabby saiu correndo do quarto para encontrar Kolson. Ele estava na sala de estar. Ele soube imediatamente pelo desespero gravado em seu rosto o que estava acontecendo. Suas narinas estavam dilatadas e sua voz estridente. — Por que você não me contou?

— Gabriella, nós não queremos que você se preocupe. Estamos mantendo você segura, aqui mesmo. Case tem homens procurando por ele, assim como a polícia.

— Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai. — Ela esfregou o pulso, tremendo.

— Você está segura. Tenho homens no saguão e na garagem. Ele não pode subir aqui, Kea.

Gabby soltou uma série de respirações curtas, tentando ganhar o controle. Kolson se moveu para abraçá-la, mas ela estremeceu ao seu toque. Ele não deixou que isso o parasse.

— Deixe-me lidar com isso. Por favor. Vou cuidar de você, eu prometo. — Seus braços retornaram seu abraço. — Continue respirando, querida. — Ele deslizou a sua mão da cabeça até à cintura dela, e repetiu o movimento.

Uma vez que ele sentiu que ela estava tranquila, explicou como eles estavam tentando encontrar Danny.

— A polícia está procurando por ele. Tenha em mente que ele é procurado por tentar sequestrá-la e por tentativa de homicídio. Essas são acusações sérias.

— Foi inesperado ouvi-lo da Sky do jeito que eu ouvi.

— Entendido. Venha e sente-se. — Ele a levou até ao sofá e sentou-se ao lado dela, segurando a sua mão. — Não vou deixar nada acontecer com você.

— Nem eu — Case estava diante dela. — Gabs, tenho cinco caras procurando por ele e trabalhando com a NYPD sobre isso. Nós vamos pegá-lo. Ele não pode se esconder para sempre. Nós já descobrimos onde ele estava morando. Então é só uma questão de tempo. Mas escute Kolson. Você não pode ir trabalhar. Estamos trancando a casa. Disse a todos os funcionários que não são necessários para ficarem em casa. Não quero ninguém em risco.

— E as minhas amigas?

Kolson respondeu sua pergunta.

— Estou as levando para uma das minhas casas na cidade. Ele não as encontrará.

— E você? — Ela perguntou.

— Terei proteção. Agora que sabemos que ele é um perigo sério, podemos tomar as devidas precauções. Mas Gabriella, por favor, você tem que nos ouvir. Você não pode trabalhar. Cancele sua semana. Isso é imperativo. Isso inclui seus serviços voluntários também.

— Eu vou. Você está certo. É muito arriscado.

— Obrigado. Você me deixou vinte anos mais novo.

— Kolson, o que faz você ter agora...doze?

— Sim. É isso, gosto de mulheres mais velhas. O que posso dizer?


# # #


Depois que todos saíram, Kolson e Gabby se sentaram juntos assistindo TV.

— E se levar meses para encontrá-lo? — Gabby perguntou.

— Não vai. Eles vão fazer com que ele saia. Ele ficará descuidado.

— Não sei. Ele é uma cobra. Veja como ele conseguiu destruir a minha vida. Vai levar muito mais tempo do que pensa.

Gabby deu muito a Kolson para refletir. Ela estava certa. Exatamente como Danny conseguiu causar tanto dano?

Kolson só conhecia uma pessoa que era astuta e manipuladora a esse nível, seu pai. Não querendo alarmar mais, disse:

— Nós vamos pegá-lo, Kea. Nós vamos.

Gabby não tinha tanta certeza, mas assentiu mesmo assim.


# # #


A prisão voluntária não foi divertida para Gabby. Duas semanas depois, estava mal-humorada e inquieta. Danny estava atormentando os seus pensamentos, mesmo sem ter ouvido um pio dele. Ele tinha estragado a vida de muitas pessoas, pois ela não podia cuidar dos seus pacientes ou ser voluntária por causa dele. As amigas dela andavam a pisar ovos e todo mundo estava mal-humorado.

Por fim, ela disse a Kolson:

— Estou voltando ao trabalho.

— Não, você não pode.

— Eu preciso. Não posso continuar aqui trancada. Está me matando. Eu te amo por querer me manter segura, mas preciso da minha liberdade.

Kolson estava quieto.

— Tudo bem. Não gosto disso, mas vou ver o que posso fazer.

E foi aí que Gabby decidiu resolver as coisas com as próprias mãos. Estava farta de Danny, estava completamente cheia dele. Ele controlou sua vida por dezesseis anos, mas amanhã ela estaria tomando isso de volta dele.

Na manhã seguinte, Kolson estava começando acordar quando uma mensagem de texto chegou.

— Droga.

— O que aconteceu?

— É Kade. Reapareceu e quer dinheiro. O mesmo de sempre. Preciso de o ver.

Gabby pensou por um momento.

— Você acha que pode convencê-lo a falar com Case? Ou vir aqui para falar com ele?

— Não sei.

— Deixe-me ir com você. Talvez eu possa falar com ele.

Kolson não permitiria isso.

— É muito perigoso. Se eu aparecer com um acompanhante, ele vai fugir. E vou perder a confiança dele.

Gabby enlouqueceu.

— Você não pode encontrá-lo sozinho.

— Kea, eu vou ficar bem. Faço sempre assim.

— Não com Danny à solta.

Kolson assegurou que estaria seguro. Ele vestiu uns jeans e uma camiseta e saiu para ver Kade.

Gabby estava mais do que nunca determinada com o seu plano. Ela sabia que sua margem de tempo era pequena. Lydia chegaria às nove horas e se ela não a encontrasse em casa, o alarme seria dado. Isso significava que ela tinha que estar bem longe nessa altura.

Kolson mantinha duas armas no apartamento. Tinha-lhe falado sobre elas na noite em que chegaram em casa depois do ataque. Retirou o revólver da mesa de cabeceira e segurou-o nas mãos, testando seu peso. Vasculhou a gaveta, procurando por balas extras. Como não estava muito familiarizada com armas, rezou para que não tivesse que usá-lo, mas se o fizesse, ela esperava que o fizesse com precisão.

Deixando a arma na sua bolsa, correu para o banheiro, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e pegou um boné de beisebol no armário de Kolson. Os guardas estariam no saguão e no estacionamento, vasculhando a área, então decidiu pegar o elevador até ao segundo andar e depois as escadas. Usaria uma saída lateral para sair do prédio, de maneira a evitar passar por eles.

Quando chegou às escadas, culpa e ansiedade a envolveram, fazendo-a pensar sobre o quanto esta decisão era sábia. As consequências das suas acções podiam ser graves... Não apenas na vida dela, mas se conseguisse, elas poderiam arruinar o que tinha com Kolson. Mas Danny não lhe tinha deixado outra opção.

Olhando para a porta de saída na frente dela, respirou fundo e fez a escolha final.

Agora ou nunca. Viver ou morrer. Serei eu ou você, Danny. Isso vai acabar de um jeito ou de outro.

Segurou na barra de desbloqueio, e abriu a porta. Levava a um corredor lateral que ninguém usava, embora soubesse que haveria homens por perto. Vozes familiares flutuavam no ar. A brisa soprou uma mecha de cabelo que escapou do seu rabo de cavalo, mas os seus ouvidos estavam atentos a todos os sons. Ouviu alguém dizer que iam fazer uma pausa para o café.

Silenciosamente, empurrou a porta o suficiente para que pudesse passar e correr para a saída. Quando saía do prédio, surpresa a invadiu. Agora tinha que dar o fora dali. Rápido. Entrou no primeiro táxi que viu e pediu para levá-la à Grand Central Station. Então enviou uma mensagem de texto.

Encontre-me sob o relógio na Grand Central.

Então esperou. Quinze minutos se passaram até que estava saindo do táxi quando recebeu uma ligação. Era de um número desconhecido. Não foi o mesmo para o qual tinha enviado a mensagem.

— Você deve pensar que sou um idiota, preciosa.

Ela pagou o motorista e foi entrando.

— Não. Você é tudo menos isso. Mas ninguém sabe que estou aqui.

— Vá a Penn Station, na 34th Street. Perca o telefone. — A ligação terminou.

Ela pegou outro táxi e foi para a próxima parada. Ele não disse exatamente onde encontrá-lo, então entrou e esperou. O seu celular vibrou.

— Você não segue as instruções muito bem. Não perdeu o telefone.

Ela olhou ao redor do terminal, tentou procurar por ele.

— Se o tivesse perdido, você não poderia me ligar.

— Isso não importaria. Agora perca a porra do telefone.

Gabby se virou e ficou atordoada em silêncio. O cabelo de Danny estava emaranhado com sujeira e sua barba tinha crescido um pouco, então ela mal o reconheceu. Suas roupas estavam rasgadas e esfarrapadas e parecia estar vivendo nas ruas há meses.

— Vamos. — Seus longos e grossos dedos cravaram-se na carne macia de seu braço. A agarrou com tanta força que ela temia que ele pudesse quebrar seu osso ao meio.

— Você está me machucando.

— Essa é a menor das suas preocupações agora. Mova-se. Você queria esse encontro. Agora você vai tê-lo. — Ele a rebocou ao lado e ela tropeçou para continuar.

— Para onde você está me levando?

— Para minha linda casa. Onde mais?

— Mas você está...

— Estou fugindo da polícia, graças a você, sua idiota.

Desceram um lance de escadas. Os passageiros corriam ao redor, sem lhes dar a menor atenção. Que inteligente da parte dele ficar aqui em Nova York, onde poderia se perder nos milhões de habitantes desta cidade.

Caminharam ao longo de outra plataforma e entraram por uma porta recuada. Desceram outro lance de degraus, mais fundo nas entranhas da terra. Gabby agora percebia o quão insensato era o seu esquema. Deveria estar em casa com Kolson, sã e salva. Não estava, no entanto. Estava com Danny que a arrastava atrás dele.

Mas firmou sua resolução para acabar com isso. Fúria reprimida substituiu seu medo, uma fúria que correu em suas veias por tudo que ele havia roubado dela.

Logo chegaram a outro túnel onde os trens obviamente corriam. Gabby estremeceu ao pensar a que distância estava da segurança. Poderia morrer ali em baixo e ninguém jamais a encontraria. Não importava. Esta era a sua chance de finalmente acabar com isso.

Contornaram uma curva e, ao lado, havia um entalhe onde ela viu roupas amarrotadas, restos de comida e outros itens que indicavam que alguém estava morando lá. Enquanto olhava ao seu redor, Danny estendeu a mão e a derrubou no chão. Caiu em suas mãos e joelhos, com força.

— Agora, priminha, o que posso fazer por você?

Virando a cabeça cima para o olhar, ela sabia que este era o fim da linha. Danny ia matá-la e viver o resto de seus dias como um sem-teto, ou iria para a prisão. Iria executar o seu plano, ou morrer tentando.

— Este é o fim, Danny. Para nós.

Ele riu. Muito.

— Você está falando sério? Isso é o que você queria? Veio até aqui, arriscou sua vida para me dizer isso?

— Sim. E não vou mais jogar seus jogos doentios.

— O que diabos isso quer dizer? ‘Não vou mais jogar seus jogos doentios’. — a imitou em uma voz chorosa.

— Apenas o que eu disse. — Felizmente, sua bolsa tinha caído bem na sua frente e seu corpo ocultava isso. Enquanto conversavam, sua mão alcançou o interior e encontrou o aço frio. Colocou a mão em volta da arma e puxou-a para fora. Levantando-se e mirando em Danny, disse:

— Você fodeu comigo por muito tempo. Nunca consegui entender como conseguiu convencer os meus pais de que fui eu quem contou as mentiras. Mas não vou levar mais um minuto pensando nisso. Porque não acredito que a prisão mereça pessoas como você, seu filho da puta idiota.

Os olhos de Danny registraram surpresa e então ele lançou-lhe um sorriso lascivo.

— Você amava o jeito que eu transava com você, preciosa. Você queria que eu fizesse isso. Então você mentiu sobre isso.

Os olhos de Gabby brilharam com fogo quando gritou:

— Você me estuprou! Por anos! Você é um idiota doente e estou colocando um fim em você para nunca mais foder comigo ou com qualquer outra pessoa novamente. Mas eu quero saber uma coisa. Por quê? Por que você fez isso? E por que você me quer tão mal? O que fiz para você me odiar tanto?

Danny soltou uma risada sinistra.

— Deus, todo mundo sempre costumava dizer o quão inteligente você era, mas é realmente idiota. Você é uma maldita psiquiatra e ainda não percebeu isso? — riu ainda mais. — Não é o que você fez, é o que você não fez, idiota. — Então seus olhos se estreitaram, e mesmo na penumbra do túnel, ela podia ver a ameaça emanando deles. Estremeceu. — Você nunca me deu nenhuma atenção. Todo mundo caía ao meu redor. Pendurados em cada palavra que dizia. Você não. Não a santa Gabby. Você sempre foi melhor que eu, acima de mim, não era? Até lhe comprei presentes, mesmo assim nunca me deu nenhuma atenção. E ele nunca te contou, não foi? Nunca disse a você que sou seu meio-irmão? — Danny uivou com a expressão de Gabby.

— O que você disse?

Sua risada encheu o túnel cavernoso.

— Isso mesmo, idiota. Você é minha meia-irmã. Papai tinha se arriscado com a minha mãe e voilá. Aqui está o Danny! E lá estava você, toda orgulhosa com seus livros estúpidos, nunca dando a mínima para mim. Enquanto eu era a reflexão tardia. O grande foda-se. Aquele que nunca deveria ter nascido.

— Mas... — Gabby o olhou de boca aberta. Ele estava desequilibrado e ela sabia que tinha que ficar calma.

Inspirou e disse:

— Danny, não ignorei você. E nunca soube. Ele nunca me contou. Eu era jovem e alheia a tudo. Não apenas a você. Não percebia se estava chovendo ou nevando lá fora. — A arma, ainda apontada para Danny, oscilou em suas mãos.

— Eu o chantageei, você sabia. Disse que se ele tomasse alguma atitude sobre nós, contaria a todo mundo, incluindo a sua mãe, que ele era meu pai. — Ele riu novamente, embora ela só conseguisse olhar para ele fixamente. Ele olhou para a arma e disse:

— Você não tem coragem de atirar em mim, sua putazinha. Mas sabe uma coisa? É melhor você dar o seu melhor, porque nunca vou te deixar em paz.

Ouviram passos e, em seguida:

— Gabby, não faça isso. — Era Case.

Kolson gritou:

— Gabriella, por favor. Pare.

Os olhos de Danny se arregalaram. As mãos de Gabby tremeram ainda mais.

— Não! Ele tem que morrer. É o único jeito. — gritou em protesto.

Kolson estava atrás de Danny, indo agora em direção a Gabby .

— Concordo, Kea, ele tem. Mas não por suas mãos. Deixe alguém fazer isso. Você teria que viver com isso para o resto da sua vida e eu não quero essa bagunça em suas mãos. Por favor, me escute.

— Ele está certo, Gabs. Ouça-o,— aconselhou Case. — Coloque a arma no chão.

— Ele arruinou minha vida. E fará de novo. Nunca vai deixar de o fazer. Ele acabou de me dizer. Sairá da prisão e recomeçará de novo.

— Kea, vamos fazer tudo para que ele não saia. Por favor. Deixe Case e a polícia lidarem com isso. Dê-me a arma.

— Mas eu quero que ele morra!

— Eu também. Mas deixe acontecer do jeito que deve ser. Do modo certo.

Sua mão vacilou e Danny atacou. Ele bateu nas mãos dela e a empurrou para trás. A arma voou para fora do seu aperto e deslizou pelo concreto úmido. Kolson mergulhou para Gabby enquanto Case foi para Danny. Mas Case tinha ido tarde demais.

Como estava vivendo no subsolo nas últimas semanas, Danny se acostumara com esses túneis. Desapareceu. Policiais invadiram os túneis, procurando, mas sem sorte.

— Como você me achou? — Gabby queria saber.

— Seu telefone. O GPS. Tenho rastreado você diariamente para o caso de algo acontecer. Não iria me arriscar. Meus homens estavam seguindo você logo depois que saiu do prédio. — Seu tom era gelado, lhe dizendo para não perguntar mais nada. — Vamos sair daqui.

A polícia acabou de interrogá-la e escoltou-os de volta pelo labirinto de túneis.


CAPÍTULO VINTE E SETE


A caminho de casa, Kolson estava inacessível dentro do carro. Gabby esgueirou-se para ele e seus olhos pareciam bolinhas de ágata, do tipo que costumava colecionar quando era criança. Nenhum calor emanava deles, apenas raiva. Ficou magoada com a reação dele. O que ela realmente precisava agora era seus braços ao seu redor, e sua força para acalmá-la.

As portas do elevador se abriram e ele saiu e foi direto para o bar, parando para se servir de uma dose segura de uísque. Bebeu, batendo o copo contra o granito serviu-se de outro. De costas para ela, disse em um tom cortante:

— Tenho vontade de amarrar seus pulsos e tornozelos e bater na sua bunda sem parar. Que diabos estava pensando? E não se preocupe em responder a essa pergunta. Você é inteligente demais para qualquer tipo de explicação para as suas ações. Sim, eu sei que você está cansada de viver enjaulada como um animal. Meu Deus, se você soubesse. Entre no quarto agora.

— O que...?

— Eu disse que você poderia falar?

— Não, mas...

— Agora, Gabriella. A porra do quarto. Estou tão chateado com você. Ele poderia ter matado você. Você entende, tem alguma ideia do que você fez? Vai. Agora.

— Eu não...

Kolson se moveu como uma pantera perseguindo a presa e estava sobre ela tão rapidamente que sua boca abriu em surpresa. Sua blusa rasgou como lenço de papel, botões voando no ar e tilintando no chão ao redor deles. Ele tirou o sutiã com uma das mãos e baixou a boca para o mamilo exposto. Não beijou. Não lambeu. Nem sequer chupou. Ele mordeu um e beliscou o outro. Ela gritou quando uma poderosa corrente de calor se desenrolou em seu sexo. Tentou apertar as pernas juntas, mas ele empurrou o joelho entre elas, forçando-as a se separarem. Colocando as mãos no cós da calça, rasgou-as em dois e as tirou. Tirou a boca dos seios dela e disse:

— Quando eu digo para você entrar no quarto, quero dizer, vá. Para. O. Fodido. Quarto. — Então torceu os lados de sua calcinha até que eles estouraram.

Estava parada e cercada por suas roupas rasgadas. Oxigênio era uma mercadoria valiosa, já que não conseguia passar do aperto que havia amarrado sua garganta. Seu diafragma era igualmente inútil. Ela se moveu para levantar as mãos para o tocar e ele a impediu.

— Você não tem a minha permissão para fazer alguma coisa, Gabriella, exceto ficar lá. — Seus braços caíram para os lados enquanto seu peito arfava.

Dedos invadiram sua vagina e um circulou seu clitóris.

— Encharcada. Tudo para mim. Chupe isso. — Ergueu os dedos que estavam dentro dela e os enfiou na sua boca. — Oh, deixe-se disso. Você pode fazer melhor que isto. — Ela chupou-os intensamente, usando sua língua como se estivesse chupando seu pênis. Ele inalou, longa e lentamente através de seus dentes, e disse em voz baixa enquanto lentamente os retirava, — Muito melhor. Agora ande. — Ele a cutucou com a mão. Chutou seu caminho através de suas roupas arruinadas e enquanto se movia, uma de suas mãos se aventurou ao longo da curva dela para trás. Ela gemeu.

— Quieta. Nem uma palavra.

Porra. O que diabos está acontecendo?

Quando entraram no quarto, ele disse:

— Você vai se ver completamente fodida. Como isso soa?

— Eu quero...

— Essa pergunta não foi feita para ser respondida.

Ele foi até ao armário e pegou um longo pedaço de seda.

— Na cama, ajoelhe-se e levante seus pulsos. — Usando uma extremidade, os uniu, amarrou-os o suficiente para que não os pudesse mover. Então ele pegou a outra ponta do pano e colocou-a na moldura sobre a cama, amarrando-a. Sua cama era um enorme dossel de quatro colunas revestida de tecido cremoso. Por causa disso, ela nunca pensou no fato de que havia uma moldura sobre a cama. Agora os braços dela se estendiam acima da cabeça enquanto se ajoelhava e encarava o espelho atrás da cabeceira da cama.

Ele saiu da cama e se despiu. Depois olhou para ela.

— Gosto muito de você desse jeito. Talvez se eu tivesse feito isso antes, você não teria fugido como fez.

— Kolson, eu...

— Silêncio! Não lhe dei permissão para falar. Agora, Gabriella, você vai fazer algo assim de novo? Algo tão perigoso que poderia matar você? Sim ou não.

Ele quer que eu responda a ele?

Ela ficou em silêncio.

— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai fazer algo assim novamente? Me responda.

— Eu não...

— Sim ou não, Gabriella. — Ele sacudiu o chicote que segurava e ela sentiu a picada dos fios de couro enquanto esfolavam as bochechas da sua bunda. E gritou.

— Eu disse sim ou não.

Ele bateu nela novamente. E de novo.

— Não!

Ela gemeu quando a tensão em sua barriga se intensificou e começou a descer diretamente para entre as suas pernas. Cada vez que os fios de couro entravam em contato com a sua pele, correntes corriam por seu corpo, centrando-se em seu sexo. Queria apertar as coxas para aliviar a dor, mas sabia que era impossível. Ela se contorceu e gemeu novamente.

— Quieta.

Gabby fechou a boca com força. Foi com extrema dificuldade que conteve seus gemidos enquanto ele continuava a açoitá-la. Passou a extremidade em torno de seus seios e bateu em seus mamilos com o açoite. Gabby esperava que ele não se importasse se ela gozasse porque um orgasmo estava se aproximando rapidamente.

— Como castigo, não vou permitir que você goze.

Passou as tiras sobre as costelas e debaixo dos braços. E então ele pegou a alça do flogger e correu ao longo de sua fenda. E Gabby gozou. Fortemente.

— Ahhh, — ela gritou.

— Oh, você fez isso. — Ele clicou a língua e ela sabia que estava em apuros.

Ele saiu do quarto. Quando voltou, a massageou com algo espesso e oleoso. Ela soube o que iria acontecer.

— Não.

— Não para isso? — disse enquanto esfregava o polegar nela. Ela gemeu. Sua outra mão deslizou em seus quadris enquanto seu mindinho tocava no seu clitóris. Então seu pênis entrou nela. Estava tão esticada e larga que queria gritar.

— Amo ter meu polegar na sua bunda, Gabriella. Posso sentir meu pau se movendo dentro de você.

Ele empurrou e ela recuou no movimento. Seu ritmo sincronizado, ela se arqueou enquanto ele entrava nela. Era delicioso.

— Diga-me que nunca vai me deixar assim novamente. Diga — ele rosnou em seu ouvido.

— Não, nunca, — ela choramingou.

— Ah, Gabriella. Diga-me a quem esta boceta pertence.

— Você. Pertence a você, — ela disse.

— E quem é o dono dessa bunda?

— Você é, — gemeu.

— Você nunca mais pense em colocar isso em perigo novamente. Entendeu?

— Uh, ah...

— Olhe para mim, Gabriella.

Seus olhos se encontraram no espelho e toda a ação cessou. O tempo parou enquanto as palavras não ditas passavam entre eles. De repente, ele a desamarrou e a girou em seus braços.

Agarrando-a pelos ombros, sua voz rouca de emoção, ele disse:

— Porra, não faça nada assim novamente. Você me ouve?

— Sim!

— Prometa-me!

— Eu juro, Kolson.

— Você poderia ter morrido hoje. Cristo, tem ideia do perigo em que se meteu? Você sabe os riscos que correu? Raios, você me assustou, Kea.

Os seus lábios esmagaram os dela, e brutalmente a beijou, esmagando seu corpo contra o dele, machucando-a. Mas ela o queria. Precisava dele. Colocou os braços em volta do seu pescoço e o puxou para mais perto, enterrando as mãos no seu cabelo. Ele alcançou entre eles e empurrou seu pênis de volta nela, suas bocas continuavam enroscadas. Caíram na cama e ele afundou nela, se enterrando. Era como se nenhum deles conseguisse o suficiente, como se tivessem que provar um ao outro que estavam sãos e salvos.

O suor se agarrava à testa de Kolson, seus corpos escorregadios, mas eles não notaram. Estavam perdidos em sua paixão. Ele encontrou aquele ponto, aquele que a fazia gritar, e usou os dedos em seu clitóris até que todos os seus músculos, por dentro e por fora, apertaram e espremeram o orgasmo dele.

Quando terminaram, ele descansou a cabeça onde o pescoço dela encontrava seu ombro, recuperando o fôlego. Então a beliscou com os dentes.

— Veja como você é linda, toda aberta para mim. Tão responsiva, tão apaixonada. Nunca vou me cansar de você, Kea. Nunca. Você é toda minha. Isso é meu. — Sua mão cobriu seu sexo. — Ninguém mais vai ter isso. — Ele girou seus quadris novamente e ela soltou um sopro sobre seu corpo. Mãos deslizaram para baixo e seguraram as bochechas de sua bunda. — Isso é tudo meu também. — Todo o corpo de Gabby estava em chamas. Seu coração batia mais forte com cada palavra dele e seu sangue ardia com cada toque.

— Eu te amo. Tudo sobre você, Kolson. Mas às vezes você é assustador.

— Faz tempo que te venho dizendo isso. Se houver alguma dúvida na sua cabeça sobre como me sinto em relação a você, espero ter esclarecido. Você é meu mundo, Gabriella. Mantê-la segura é fundamental. Lembre-se disso.

Eles se abraçaram por mais algum tempo.

— Me beija. Muito e profundamente. Com vontade. Como se você nunca mais saísse por aquela porta e fizesse o que fez comigo hoje de novo. Nunca mais quero receber um telefonema desses, porque meu coração não iria sobreviver.

Rastejando para cima dele, ela começou devagar, explorando cada pedaço de sua linda boca, por dentro e por fora. Era um beijo que deveria ser saboreado, um beijo destinado a transmitir o que estava em seu coração.

— Não fiz isso para assustar você. O fiz para te proteger. Porque todo dia me preocupo que ele não apenas me machuque, mas a você também. E se isso acontecer, sei que não sobreviveria. Superei muita coisa, mas isso seria minha ruína. Kolson Hart, amo cada centímetro de você, até mesmo as partes que rasgaram minhas calças favoritas em pedaços e me amarraram em sua cama como agora. Não quero deixar ou ficar longe de você.

E pela primeira vez desde que tinha quinze anos, a Dra. Gabriella Martinelli cedeu e chorou.


CAPÍTULO VINTE E OITO


Kolson não tinha certeza do que fazer. As lágrimas de Gabby continuavam fluindo. Aquela represa proverbial se rompera e a força da água atrás dela era sem precedentes. Para piorar as coisas, ele era inexperiente em consolar as pessoas. Tinha recebido tão pouco disso em seus anos de vida que não tinha certeza de que palavras usar ou qual a melhor maneira de acalmá-la.

Então fez a única coisa que sabia e a abraçou, murmurando um monte de nada, porque ele duvidava que ela estivesse processando qualquer coisa de qualquer maneira.

As lágrimas continuaram por horas, molhando o seu peito, descendo ao longo deste e caindo sobre os lençóis da cama. Ele nunca imaginou que os seres humanos poderiam produzir tanto líquido de seus olhos. Quando seus soluços começaram a diminuir, ele alcançou a mesa de cabeceira e pegou lenços para ela. Ela assuou o nariz e estremeceu.

— Posso te dar alguma coisa? Água? — Ele perguntou.

— Não. Eu... Eu não chorei...

— Eu sei, Kea. Você nunca chora. Mas você precisava. E fico feliz que o fez comigo. Isso é sobre cura. E talvez finalmente se tenha livrado do controle que ele tinha sobre você.

Suas mãos se fecharam e ela esfregou os olhos com elas.

— Eu me sinto tão nojenta.

— Você está linda. Sempre está linda.

— Você está a dizer isso por dizer — Ela fungou; ele lhe entregou mais lenços.

— Não, não estou. — Ele tirou o cabelo emaranhado do rosto dela. — Eu te machuquei? Quando fizemos sexo?

— Não.

— Quero ter certeza de que não foram minhas ações que provocaram isso.

Ela não disse nada.

— Seu silêncio está me deixando desconfortável.

— Não foi o que fez no quarto. Foi como agiu quando chegamos em casa que me perturbou. Você foi assustador, Kolson.

— Gabriella, eu...

— Deixe-me terminar, por favor.

Ele assentiu.

— Eu estava abalada. Talvez o meu plano não fosse tão bom, mas isso tem que acabar. De alguma forma, Kolson. Decidi que o poderia eliminar. Ou o matava ou ele a mim.

Kolson fechou os olhos com força. Os músculos de sua mandíbula se contraíram.

— De um jeito ou de outro, decidi que ia acabar. Ele controlou minha vida por muito tempo e eu permiti isso. E havia a sua segurança que estava me preocupando. Então por isso que acabei me encontrando com ele. E quando não atirei nele, isso me esmagou. Queria muito matá-lo para poder sentir o gosto da vitória. Você me entende? Você disse que eu teria que viver com a culpa. Não teria havido nenhuma. As coisas que ele me fez e o tempo que jogou comigo, não teria sido nada demais apertar aquele gatilho. Danny disse que eu não tinha coragem. Ele estava errado. A razão pela qual não puxei o gatilho foi por causa do que isso te teria feito e o que você teria pensado sobre mim depois. Estava com medo do que veria em seus olhos toda vez que você olhasse para mim.

— Então, quando voltamos para cá, você estava tão lívido e tudo que eu queria era que você... — Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. — Tudo que queria era sentir seus braços em volta de mim, me confortando. Mas, em vez disso, recebi o peso da sua raiva.

Seus braços se contraíram e ele cobriu com beijos os seus cabelos. Com uma voz rouca, lhe disse:

— Deveria me desculpar, mas não posso. Estava com raiva porque quase te perdi. Não dou a mínima para Danny. Se você tivesse atirado e o matado, não te amaria menos. Estava apavorado que você acabasse na prisão, mas continuaria te amando com todas as minhas forças. Você precisa entender uma coisa. Não te amo apenas para o bem. Te amo tanto para o mal, para o belo, para o feio, mas acima de tudo, eu amo você pelo meio termo. Porque é aí que a maioria das nossas vidas será passada. Nem todos os nossos momentos juntos serão impressionantes, monumentais ou magníficos. A maioria dos nossos dias será apenas mais ou menos e, nesses momentos, ainda amarei cada pedacinho de você.

Ela sorriu para ele, então suspirou.

— E esse sorriso valeu muito a pena para mim, Dra. Martinelli.

— Também amo cada pedacinho de você, Kolson Hart. — Então ela fez uma careta. — Tente não ficar louco comigo, por favor.

— Sinto muito que meu comportamento tenha te chateado. Farei o meu melhor para controlar meu temperamento em ocasiões como essa.

— Espero que não tenhamos mais nenhuma como hoje.

Sua expressão ficou sombria.

— Eu também.


# # #


Naquela noite, Kolson ligou para Case.

— Você conhece alguém que seja suficientemente bom para rastrear Danny Martinelli?

— Sim. Há um cara. Drexel Wolfe. Ele é caro, no entanto, — disse Case.

— Me diga mais.

— É um PI, mas o rumor é que costumava ser das Forças Especiais. Alguns até dizem que ele comandou missões Black Ops. Ele é bom. O FBI o usa. Os rumores também dizem que está conectado à CIA.

— O quão difícil ele é de conseguir?

Case riu.

— Depende de quanto dinheiro você tem.

— Vamos lá, Case. Isso não é assunto para rir. Gabriella está andando sobre vidro quebrado neste momento.

— Não queria minimizar a situação, Kolson. O que quis dizer foi que Drex Wolfe pode ser obtido pelo dólar certo a qualquer momento. Ele é do seu nível. Pesquise-o. O nome da empresa é DWI Inc.

— Você está brincando comigo. Como Conduzir Enquanto Intoxicado11?

— Não, mas isso é meio engraçado, agora que você mencionou. Significa Drexel Wolfe Investigações.

— Aguente aí. — Kolson pesquisou a DWI Inc. e uma carga de informações apareceu em sua tela. — Porra, como nunca ouvi falar desse cara?

— Não sei. Deixe-me saber o que você quer que eu faça. O conheço de alguns casos do passado então posso colocar você em contato.

— Faça a chamada. Quero-o em Nova York para ontem.

Uma hora depois, o telefone de Kolson tocou. Era Drexel Wolfe. Chegaria a Nova York pela manhã. Case já tinha passado toda a informação. Wolfe e um de seus homens estariam atrás de Danny imediatamente. Quando o encontrassem, ligariam para Kolson com a localização.

— Não envolva a polícia. Tenho outra coisa em mente para ele, — disse Kolson.

— O que você quiser. Não me envolvo nesse fim. E eu prefiro ficar no escuro em relação a esses detalhes.

— Sr. Wolfe, estou apenas contratando você para encontrar Danny Martinelli e depois me avisar onde ele está.

— Bem. Você pode depositar metade da minha taxa na minha conta e o restante dela quando o trabalho terminar. Vou lhe enviar o número da conta e as informações bancárias de que precisará.

— Isso soa bem. E obrigado por assumir isto em tão pouco tempo.

— Oh, não se preocupe. Serei bem compensado.

— Tenho certeza que vai. E qual é a sua estimativa de tempo para encontrá-lo?

— Vou ter uma localização em dois dias, no máximo, depois que chegar aí.

— Excelente.

Kolson terminou a ligação e olhou para o celular. O que ia fazer a seguir era tão repugnante para ele, picadas provocaram-lhe calafrios e o fizeram estremecer. Logo, seu estômago estaria queimando como se ele tivesse engolido um litro de ácido clorídrico. Não importava. Gabriella era mais importante que qualquer coisa... Mais importante que seus sentimentos em relação ao seu pai.

Tocando os números com muito mais força do que o necessário, ele se encolheu quando o telefone começou a tocar.

— Langston Hart.

— Pai. É Kolson.

Um grande silêncio o saudou momentaneamente.

— Bem, bem, bem. Que surpresa. A que devo essa honra? Um telefonema do grande Kolson Hart?

Kolson não respondeu ao comentário de seu pai.

— Preciso de um favor.

Outro momento de grande silêncio se seguiu.

— Filho, você está prestes a dar a este velho um ataque cardíaco.

— Pai, pare de tentar enganar todo mundo. Você está longe de ser velho.

— Você está plenamente ciente da minha política de favores?

— Oh, sempre estou. Conheço-a bem. Muito bem, na verdade.

— Então deve ser importante para nós estarmos tendo esta conversa.

— Sim é.

— Fale.

— Antes de começar, preciso do seu juramento de que essa conversa nunca sairá daqui. Não importa o que aconteça. Estamos de acordo?

— Estou bem com isso.

— Também preciso do seu juramento em outra coisa.

— Meu Deus, você não está precisando hoje à noite?

— Sim, senhor, estou. Isso envolve algo muito importante para mim.

— Espero que sim ou você nunca teria ligado. Na verdade, eu diria que você está desesperado.

— As partes envolvidas devem permanecer inocentes e fora de seu alcance.

— Hmm. Agora estou intrigado,— disse Langston.

— Claro que você está.

— Combinado.

— Preciso ter alguém, por falta de um termo melhor, eliminado.

— Continue.

— O nome do homem é Danny Martinelli e está ameaçando Gabriella há anos.

— Ah, entendo.

— Não, você não pode entender.

Langston disse:

— Seja legal, Kolson. Eu tenho o poder nessa conversa. Agora, quero que você pense muito sobre algo. Quando faço um favor a alguém, sempre espero algo em troca. Isso significa que você me deve.

— Entendido. Um favor, uma dívida em troca.

— Sim, mas será uma dívida da minha escolha.

— Não pode envolver Gabriella.

— Porque, Kolson, acredito que você está apaixonado pela bondosa doutora.

— Isso não é da sua conta.

— Você pediu meu juramento. Agora preciso do seu em troca. Você vai pagar sua dívida ou não há favor.

— A dívida deve ser razoável.

— Kolson, você está me pedindo para matar alguém em seu nome. A dívida corresponderá ao favor.

Kolson estremeceu.

— Isso não pode ter ramificações negativas para Gabriella ou qualquer um dos meus funcionários.

— Não me está ouvindo, filho. Você não está em condições de fazer exigências. Agora, você quer que eu tire essa pessoa ou não?

— Sim, — grunhiu Kolson.

— Então, o que vai ser? Uma dívida por um favor é o acordo?

— O acordo está em andamento.

— Oh, e Kolson, eu posso exigir o pagamento dessa dívida no momento que achar adequado. Então, onde está este Danny Martinelli?

— Vou ter uma localização para você em alguns dias.

— Bom. E mais uma coisa. Como o verão está acabando, sua mãe gostaria de receber algumas pessoas no próximo fim de semana. Espero também contar com você e Gabriella lá. Sábado a domingo. Planeje passar a noite lá. Será um grupo íntimo. O Kestrel estará lá. E quatro outros casais. Sua mãe vai ficar feliz por você estar vindo.

A ligação terminou e Kolson teve uma dor ardente na boca do estômago.


# # #


No dia seguinte, Kolson ligou para seus advogados. Discutiu importantes questões de negócios e legais que precisavam ser resolvidas, para grande choque de sua equipe jurídica. Depois contou a Gabby sobre o fim de semana na casa dos seus pais.

— O quê? Passar a noite?

— Sinto muito. Era inevitável. Espero que você esteja bem com isso.

Ela mordeu o interior de sua bochecha.

— Bem, sim, se você está. Mas depois da última vez, estou totalmente surpresa.

— Quero que minha mãe conheça você, — respondeu no seu tom seco.

Gabby colocou os braços em volta da sua cintura.

— Querido, você está bem?

Seu corpo relaxou.

— Sim, estou bem.

— Ok. — Ela o segurou um pouco antes de soltá-lo.

— Kestrel também estará lá, e acho que vai levar uma amiga. Então você terá alguém com quem conversar.

Gabby achou que isso era uma coisa estranha de se dizer.

— Eu não vou estar com você?

— Bem, sim, mas pensei que você poderia querer outra garota para conversar.

— Prefiro não falar. Prefiro fazer outras coisas com você.

— Oh sim? Que tipo de coisas?

— Como se você me amarrasse e tomasse liberdades impertinentes comigo.

— Hmm. Liberdades impertinentes? — Ele sorriu. E então a atmosfera na sala ficou tensa enquanto seu olhar ficava sombrio. Pressionou-a bruscamente contra ele e suspirou.

— Acho que posso ter que fazer isso agora, Kea. Tenho um desejo de explorar todos os tipos de ideias impertinentes com você. Você quer brincar?

— Essa exploração incluirá meu silêncio?

Sua pergunta o supreendeu.

— Gabriella, não gostou do que fiz com você?

— Bem, sim, mas também gosto de expressar meu prazer e quando você me diz que não posso, me tira algum dele.

A expressão triste dela apertou-lhe o coração.

— Por que não me disse nada? Quando lhe pergunto depois, quero sua completa honestidade.

— Porque não quero estragar o seu prazer e você obviamente gosta disso.

— Jesus, — ele murmurou enquanto esfregava o rosto. Olhou para ela, soltou um suspiro e disse:

— O meu prazer é tão intenso como o seu. Se você quiser gritar sem parar, então faça. Quero que você goze quantas vezes puder, e que ame cada orgasmo. E se você quiser dizer em mandarim que precisa que te foda mais forte, se é isso que te excita, então faça, pelo amor de Deus.

— Bem, ok, mas vou ter que aprender a falar mandarim.

A sua cabeça se levantou e viu como os seus olhos brilhavam de alegria. Então, uma série de gargalhadas dela soaram, e ele se viu juntando a ela.

— Já me posso ouvir. — Ela fez a sua melhor imitação do que pensava que o mandarim soaria, entoando a sua própria piada.

Ele riu também, mas depois disse:

— Foda-me mais forte, Kolson, — em mandarim perfeito.

— O que significa isso? — Ela perguntou.

— Acabei de dizer: "Foda-me mais forte, Kolson" em mandarim.

— Você fala mandarim? — Não era uma pergunta, mas uma afirmação. E embora estivesse surpresa, ela não deveria ter estado. Ele era tão talentoso em tudo o mais, por que diabos não falaria mandarim?

— O que outras línguas você fala?

— Inglês. — Ele riu.

— Isso é tudo?

— Não. Espanhol, alemão e francês. Mas você já sabia disso desde que jantamos no Le Chatelaine — disse-lhe, desconfortável.

— E eu pensava que era um gênio, — murmurou baixinho. — Faculdade?

— Não. Tutor. O meu pai insistiu que todos nós fossemos multilingues.

— Por quê mandarim?

— Os chineses são grandes industriais. Ele estava convencido de que eles controlariam a economia mundial. O meu pai é um homem de negócios astuto. O mandarim é a língua nacional da China.

— Então todos os seus irmãos são multilingues também.

— Sim.

— A propósito, você encontrou Kade?

Kolson baixou a cabeça.

— Sim. Não correu bem. Dei-lhe dinheiro e disse-lhe que ele precisava ir para a reabilitação. Mencionei Case. Ele se tornou o seu eu raivoso habitual.

— Alguma chance de eu poder ir com você? Ou talvez Case?

Kolson fechou os olhos com força. Não sabia como dizer isso sem soar duro. — Deus, você é uma alma maravilhosa. Você viu e sabe como eu tenho problemas? Bem, Kade é bem pior. E não é tão simples. As drogas são ruins o suficiente, mas sua cabeça está toda fodida também, Kea. Eu... A escuridão é parte disso tudo, e raios é uma maldita bagunça. — Ele saiu do quarto e ela o observou sabendo que era o fim da conversa. Queria tanto poder segurá-lo e ele lhe contaria tudo porque sabia que isso poderia ajudar. Ela apenas sabia disso. Mas teria que esperar até que ele estivesse pronto, porque não iria pressioná-lo.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


Três dias depois, como estava garantido, Kolson recebeu um telefonema. Era tarde da noite e tinham acabado de se deitar. Ele olhou para o identificador de chamadas e pediu desculpas a Gabby, dizendo-lhe que tinha que atender a ligação.

— Hart, — respondeu enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

Gabby não deu muita importância a isso. Recebiam ligações a todas as horas do dia e da noite.

— Sr. Hart. Fala Drex Wolfe. Temos o seu homem.

— Você tem certeza?

— Nós não estaríamos falando se eu não tivesse.

— Jesus. — Kolson se encostou na sua cadeira e respirou fundo várias vezes. — Jesus. — Ele olhou para as suas mãos trêmulas.

— Você está bem?

Por um longo momento, ele só pôde respirar.

— Sr. Hart? Kolson?

— Sim. Dê-me um segundo.

— Leve o tempo que precisar.

A mente de Kolson era uma bagunça fodida. Gabby, seu pai e Danny o ensombraram com imagens colidindo, e ele não sabia o que fazer, como responder. Estava claramente despreparado para isso.

— Porra. Eu...

— Sr. Hart, a maneira como normalmente operamos é chamamos a polícia e os deixamos entrar ou...

— Não. Não é assim que isso vai funcionar. Deixe-me pôr as minhas ideias em ordem.

Numa voz mortalmente calma, Wolfe disse:

— Você não me deixou terminar. Ou seguramos o suspeito até à próxima fase da operação. Posso fazer isso por você. Apenas me diga o que quer fazer.

— Você pode me dar cinco minutos? E eu ligo de volta?

— Não me pode ligar de volta, Sr. Hart. Ligarei para você. — A ligação terminou.

Kolson sentou-se na sua mesa, entorpecido. Sabia que isso aconteceria então por quê essa resposta? Também sabia a resposta para isso. Ele estava prestes a voltar para o inferno. E estava com medo. Com medo do que aconteceria quando fizesse isso.

Ele ponderou suas opções. Sempre havia aquela em que pegava o telefone e ligava para Case, e depois para a polícia. Danny seria preso e sem dúvida cumpriria uma pena de prisão. Mas por quanto tempo? E depois? Viria atrás de Gabriella com armas apontadas. Então, Kolson imaginou os dois casados, com filhos e talvez até netos. As possibilidades de ele ferir sua família eram muito grandes para sequer considerar. Não, ele ficou sem outra opção.

Seu telefone tocou.

— Tomou alguma decisão, Sr. Hart?

— Sim. Onde está e por quanto tempo pode segurá-lo aí?

— Indefinidamente, e não divulgarei nossa localização até que receba instruções suas. É para nossa proteção.

— Entendo. Nesse caso, vou precisar dele em algum lugar privado, onde uma troca possa ser feita. Em algum lugar onde possa deixá-lo. Assim você não será identificado ou rastreado e, assim também não verá quem o pegou.

— Compreendo. Vou ligar de volta em alguns minutos.

Quando Drexel Wolfe ligou de volta, disse:

— Brooklyn, zona de armazéns de East River. Há um armazém abandonado no final da Rua Heron. Andar de cima. Meia-noite amanhã. Vou deixá-lo lá. Amarrado como um belo presente para você.

— Entendi.

— Uma vez que tenha confirmação de que ele está lá, pode transferir o resto do dinheiro para mim. Boa sorte, Sr. Hart. E pelo que vale a pena, não se sinta culpado. Não sei o que ele fez, mas eu também queria matar o filho da puta desprezível.

A ligação terminou e foi tudo. A primeira parte estava terminada. Agora falta o pedaço desagradável do negócio. Kolson fez a ligação seguinte.

— Você deve ter a informação para o favor que precisa, — disse Langston.

— Eu tenho. — Passou o endereço do local e o período de tempo.

— Meia-noite amanhã. Terminará logo em seguida. E vemo-nos em casa no próximo sábado.

— Sim. Estaremos lá.

Kolson estava sentado à sua mesa, olhando para o protetor de tela de seu computador — uma foto de Gabriella, na noite em que a levou no helicóptero. Ela estava rindo e alegria fluía dela. Kolson queria entrar no computador e agarrar-se a essa alegria, se banhar nela porque se sentia mal, sentia como se tivesse acabado de entregar a sua alma ao diabo. Queria a alegria de Gabriella para limpá-lo de seus pecados, porque sabia que se ela descobrisse o que ele acabara de fazer, a transação que acabara de fazer, a perderia para sempre. E podia bem pertencer ao diabo se isso acontecesse.

Afastando-se da sua mesa, voltou para o quarto e encontrou Gabriella dormindo. Tentou não lhe tocar quando se deitou, mas ela estava demasiado ligada à sua presença.

— Está tudo bem?

— Hmm. Agora sim, — disse-lhe, puxando-a para seus braços.

Ela se encolheu contra ele e ele envolveu o cabelo ao redor da mão, sentindo a textura grossa e sedosa contra as palmas ásperas. Descansando o seu nariz contra a cabeça dela, deixando o cheiro dela acalmá-lo.

Os dois dias seguintes seriam difíceis, e pior ainda, teria que mascarar seus sentimentos de apreensão dela. Fechando os olhos, ele sabia que o sono iria evitá-lo, mas ficar ali com Gabriella em seus braços era o suficiente para ele. Era mais do que suficiente, mais do que esperava, muito mais do que aquele menino torturado que alguma vez sonhou em ter. E era por isso que estava confiante de que tinha feito a escolha certa.

O dia seguinte foi tranquilo para Gabby, mas um tormento para Kolson. Ele sentiu como se o tempo passasse lentamente. O trabalho foi um desastre e foi impossível fazer qualquer coisa. Discutiu com todos até que Jack, seu assistente, finalmente sugeriu que tirasse a tarde de folga. O ginásio parecia ser a solução e lutar com seu treinador tirou a sua mente das coisas por um tempo. Quando chegou em casa, estava cansado até aos ossos.

— Kolson, você parece estar mal. Posso lhe ajudar em alguma coisa.

— Estou bem. Fui para a academia e meu treinador me matou.

— Por que você não toma banho e eu preparo o jantar? Lydia nos fez crioulo de camarão.

— Parece maravilhoso. — Ele mentiu. Não tinha certeza se poderia engolir algo. O chuveiro aliviou algumas de suas dores e o relaxou um pouco, mas ainda estava dolorido e cansado quando se juntou a Gabby no balcão.

Quando percebeu que ele não estava comendo nada, ela comentou. Ele deu uma resposta branda e ela disse:

— Talvez você esteja ficando doente. Vá para a cama e descanse um pouco. Vai se sentir melhor de manhã.

Ele aceitou o conselho dela e se arrastou para o quarto e foi dormir. Ele nem a ouviu a vir para a cama.

Ambos acordaram com os celulares a tocar.

— Que diabos! — Gabby gemeu.

Atenderam suas respectivas ligações e ambos se sentaram na cama.

Case estava ao telefone com Kolson e a polícia conversava com Gabby. O corpo de Danny tinha sido encontrado. Tinha saltado do último andar de um dos hotéis em Brooklyn. Deixou uma nota de suicídio afirmando que sabia que seria pego eventualmente e ele simplesmente não queria ir para a prisão. Então decidiu tomar o caminho mais fácil.

Gabby desligou o telefone e ligou a televisão. Percorrendo os canais, encontrou as notícias locais e logo um repórter apareceu ao vivo, onde descobriram o corpo de Danny.

— Daniel Martinelli, que era procurado pela polícia há mais de um mês, foi encontrado morto esta manhã depois de supostamente saltar do telhado de um hotel em Brooklyn. O Sr. Martinelli, originalmente da região de Stanford, Connecticut, foi acusado de estupro, abuso sexual infantil, perseguição, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e assalto de natureza agravada com uma arma mortal.

Gabby ficou chocada a princípio, mas depois recostou-se nos travesseiros.

— Acabou. Ele está morto.

— Sim. Está. Agora você não precisa mais viver sua vida com medo.

— Não parece real. Não parece possível. Ele controlou tudo o que fiz por tanto tempo.

— Não mais, Kea. Só você pode controlar o que faz agora.

Ela tirou o cabelo do rosto.

— É difícil de acreditar. Na verdade, não sinto que seja real.

— Isto é.

— Acho que vai demorar um pouco para eu acreditar.

Kolson notou a expressão vazia no rosto dela.

— Você está bem?

— Não tenho certeza. Suicídio. É tão estranho. Quero dizer, quando o vi ele estava desequilibrado, com psicose definida emergindo e possível distúrbio de personalidade. Mas mesmo considerando sempre o suicídio como uma possibilidade, ele simplesmente não me parecia o típico paciente que tem ideias suicidas. Algo tinha que ter desencadeado isso. Ele deixou uma nota? Algo que possa explicar o que aconteceu?

— Vou ver se Case pode descobrir.

— Obrigada.

— Acho que precisamos fazer algo esta noite para tirar sua mente disso. O que você acha?

— Não sei. O que você está pensando?

— Não vamos a lugar nenhum há algum tempo. Deixe-me pensar sobre isso.

— Está bem.

Kolson notou como ela estava nervosa. Colocou os braços ao redor dela.

— Vai ficar tudo bem, Kea. Vou ver se podemos descobrir o que aconteceu. Mas o bom é que não precisa mais temer por sua vida. — Ele alisou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei. Isto é tão estranho. Como ele ficou tão fodido? Foi porque se ressentiu do fato de que era filho do meu pai?

— Quem sabe? Às vezes as pessoas nascem más.

— Isso é tão assustador. — Gabby estremeceu.

— Você quer que eu fique em casa hoje?

— Não, e eu também vou trabalhar hoje.

Kolson se afastou dela para poder dar uma boa olhada nela.

— Você tem certeza disso? Está pronta para isso?

— Sim. Isso vai me fazer bem.

Mais tarde naquele dia, Kolson ligou e disse a Gabby que tinha uma surpresa e ela precisava estar pronta para sair às cinco e meia.

— Linda, como você sempre está, Kea.

— Onde estamos indo?

— Não vou dizer.


# # #


Gabby chegou cedo do trabalho para se preparar para sua surpresa. Estava pronta para sair às cinco e meia, como Kolson solicitou.

— Linda, como sempre. — lhe disse quando ela saiu.

— Então?

— Você verá.

Foram jantar e depois foram ver o Fantasma da Ópera. O jantar foi excelente e o espetáculo foi diferente de tudo o que Gabby já tinha experimentado. Ela tinha lágrimas nos olhos pela maior parte do tempo, porque a música era tão comovente que não soltou a mão de Kolson. Ele prometeu baixar a música para ela assim que chegasse em casa.

— Foi a coisa mais linda que já vi, — disse Gabby quando saíram do teatro. — A música é incrível. Obrigada, Kolson.

Entraram no carro e voltaram para casa.

— Você realmente gostou, não é?

— Sim, eu... — e de repente, Gabby começou a chorar. Chorou, por muitas coisas, mas principalmente porque estava triste por a vida de Danny ter sido tão trágica de tantas maneiras. Mesmo a tendo aterrorizado, tinha de haver uma razão em algum lugar para isso e a gentileza em seu coração tentou encontrar o motivo por trás disso.

— Tudo bem, pode chorar tudo o que quiser.

— Sinto muito. Realmente amei o espetáculo. — Ela fungou.

Kolson massajava as costa dela fazendo círculos.

— Sei que você gostou, Kea. Poderia dizer pelo jeito que você apertou minha mão o tempo todo. — Então ele beijou o topo de sua cabeça.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim. E por me amar.

— Espero que você não chore quando te levar à ópera.

— É tão bom quanto o teatro?

— É inacreditável. Iremos para a próxima. Sério, mal posso esperar para ver sua reação. Ah, e a propósito, não se esqueça que vamos passar o próximo fim de semana na casa dos meus pais.

— Você tem certeza sobre irmos? — Ela se sentou e olhou para ele. Estavam no banco de trás de uma de suas limusines. As sombras da noite dançavam através dos planos de seu rosto e estava muito escuro para ler sua expressão.

— Uh-hmm. Quero ser melhor com a minha mãe e ela adora as suas pequenas reuniões. Será mais descontraído. Não como da última vez.

Sua atitude casual não a enganou nem um pouco.

— Kolson, o que você não me está dizendo?

— Nada, Kea. É só uma noite. Estou fazendo isso pela minha mãe.

— Não estou comprando isso. Você odeia aquele lugar e depois do que aconteceu entre nós na última vez que fomos, não tenho certeza se quero voltar.

— Oh, Gabriella, eu estava exagerando. Vou ficar bem.

— Kolson Hart, você pode dizer muitas coisas para mim, mas nunca minta.

— Não estou. Vai ficar tudo bem. Tenho me sentido culpado ultimamente por nunca ver a minha mãe. O meu pai ligou e nos convidou, então eu disse sim. Não pensei que fosse ser algo demais.

Gabby ficou em silêncio, digerindo o que ele disse. Não acreditou nele. Outra coisa estava acontecendo, mas ele não ia lhe contar. Ela precisaria recorrer a outras táticas para descobrir.

Pararam em frente ao seu prédio. Quando entraram, de mãos dadas, seu cérebro girava. Quando as portas do elevador se fecharam atrás deles, ela atacou. Virando-se para ele, empurrou-o contra a parede e agarrou as lapelas de sua jaqueta.

— Diga-me a verdade. O que diabos está acontecendo?

— Você está me excitando, é isso.

— Pare. Você sabe o que quero dizer.

— Gabriella, é apenas uma maldita noite na casa dos meus pais. Você pode largar isso? Você está fazendo uma tempestade por nada.

Seus olhos mergulharam nos dele, analisando, avaliando.

— Se você não parar de me olhar assim, vou foder você aqui mesmo. Estou falando sério.

As portas se abriram e ele a carregou para fora, sem parar até chegar à mesa da sala de jantar. Ela sentiu a ponta dele cavar na parte de trás de suas coxas quando a deitou. Ele levantou o braço e tirou tudo do caminho, castiçais de prata e vasos de cristal com arranjos florais caíram no chão.

Se inclinou sobre ela e disse contra sua boca:

— Queria rasgar isto em pedaços, mas sei que isso iria te chatear, já que é a primeira vez que você o usa. — Recuando, o empurrou até à cintura dela. — Vou foder você aqui, então vou me livrar dessa maldita coisa. — Ele introduziu os dedos por baixo do elástico de sua calcinha e perguntou: — Sim ou não?

— Sem problema. — Ela ofegou. Estava pronta para ele e não dava a mínima para sua calcinha estúpida.

Ele dividiu em dois pedacinhos de renda. Suas mãos espalharam suas pernas e ele murmurou contra suas coxas:

— Durante todo o jantar, enquanto você estava comendo, tudo o que eu queria comer era sua boceta. — Sua língua lhe deu uma longa e prolongada lambida e depois mergulhou nas suas profundezas. — Deus, você tem um gosto tão bom. Nunca provei nada tão doce. — Ele voltou para baixo de novo, lambendo todos os lugares, menos seu clitóris. Ela se arqueou contra a sua boca, procurando aquele lugar, tentando fazer com que ele a tocasse ali. Mas ele não o faria. Ele riu quando levantou a cabeça. — Sei o que está tentando que eu faça. Você quer mais, não é?

— Sim. Você é um maldito provocador.

— Você me torturou a noite toda nesse vestido sexy. Chame isso de retorno. Se você quiser gozar, vai ter que fazer isso você mesma enquanto lhe lambo, Gabriella.

Sua mão dela se moveu para o seu sexo e sacudiu o seu clitóris enquanto ele achatou a língua e a golpeou com ela. Então se afastou enquanto a observava. Ele puxou seu pênis e se acariciou enquanto ela se masturbava.

— Coloque seus dedos dentro de você.

Ela gemeu quando fez isso.

— Não goze ainda. Não quero que você goze. — Ele a girou e a sua cabeça agora estava pendurada na ponta da mesa. — Me chupe enquanto você se toca.

Ela levou seu pênis profundamente dentro de sua boca. A língua lambendo e girando em torno de seu piercing, trabalhou sua cabeça e depois o levou o mais fundo que pode.

— Oh caralho, Gabriella, isso é tão bom.

Chupou seu pênis enquanto brincava consigo mesma. Mas quando ele se aproximou de sua libertação, ele queria estar dentro dela. Saiu de sua boca e a girou de volta. Tirou a mão dela de seu sexo e pegou os seus dedos e os chupou.

Gabby queria apertar as suas pernas, mas não podia porque ele estava entre elas. Se contorceu na mesa e disse:

— Preciso de você dentro de mim. Agora, Kolson.

Soltando sua mão, ele agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido a pegou e empurrou seus quadris para dentro dela, enterrando-se profundamente dentro do seu corpo. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e puxou-lhe o cabelo enquanto gritava o seu nome. Suas mãos envolveram suas pernas ao redor de sua cintura e empurrando-a contra a parede enquanto entrava nela vezes sem conta, até ficarem sem fôlego.

Cada coisa sobre sua união era violenta... Sua paixão, seu toque, suas emoções. O ar ao redor deles estava carregado com isso. Suas mãos seguravam-no, agarrando seus ombros com uma força singular, seus saltos se cravaram em sua bunda. Sua boca procurou sua pele, provando todos os lugares que ela podia alcançar, mordendo e lambendo-o. Quando se beijaram, foi com a ferocidade de duas pessoas desesperadas uma pela outra. Ela mordeu o lábio dele e provou sangue, e quando seu orgasmo bateu, foi como uma bala de canhão colidindo contra ela e a rasgando em pedaços. Tudo em seu corpo ficou tenso brutalmente, pulsando, provocando o dele, ordenhando-o até que estivesse seco como um osso.

Quando passou, ficaram juntos, envolvidos um no outro, tentando se recompor. Eles sugaram o ar, tentando reabastecer o oxigênio perdido. Seus olhares estavam trancados, mas nenhum dos dois falou, tentando avaliar o que havia ocorrido entre eles.

— Você me mordeu. — disse ele finalmente, lambendo o lábio.

— Hmmm. Você me fodeu como um louco.

— Isso eu fiz. E você gostou disso. Teve um orgasmo louco comigo.

— Isso eu tive. — Ela deu uma sacudidela na cabeça. — Estamos bem assim, Kolson, porque isso realmente foi louco.

— Sim. Estou bem. Estou muito bem. O que você fez comigo, Gabriella?

— A mesma coisa que você fez comigo.

Ele agarrou o lábio inferior dela com os dentes e puxou suavemente.

— Eu me perco com você. Nunca fiz isso antes. Nunca me perco. Perdi o controle.

— Bom, porque estou perdida em você e estaria perdida sem você.

— Toda vez que a gente fode, perco mais e mais de mim para você. Tenho que dizer que isso me preocupa.

Ela apertou as pernas que ainda estavam ao redor de sua cintura e esfregou a sua bochecha contra a dele.

— Oh, meu amor, você não está perdendo nada. Está compartilhando. E a parte que você me deu é a melhor parte de todas... A parte que vou guardar.

Ele esfregou sua bochecha áspera contra a pele dela.

— Você não entende. Eu sou diferente com você. Meu desejo de controlar não existe. Bem, talvez um pouco. Mas eu quero mais com você. Quero tudo isso. Incluindo um futuro.

— Também eu. E nós podemos, um dia. Mas você sabe o que tem que acontecer primeiro, certo?

— Sim. E eu vou te contar um dia. Em breve, talvez.

— Vou apoiar você, da mesma forma que você me apoiou.

Seus lábios roçaram os dela, acariciando-os levemente.

— Eu te amo mais do que posso te dizer. Vamos dormir um pouco, Kea.

— Me leve para a cama, meu amor, porque eu acho que as minhas pernas não funcionam.


# # #


Na terça-feira, a notícia sobre os pais de Gabby foi divulgada. A maioria dos meios de comunicação divulgou o seguinte:

Um processo civil havia sido aberto contra o Sr. e Sra. John Anthony Martinelli pela Dra. Gabriella Martinelli por abuso infantil, negligência infantil e por ajudar e encorajar o ato de estupro de um menor. As acusações remontam a dezesseis anos atrás. A Dra. Gabriella Martinelli, psiquiatra que exerce em Manhattan, é a filha dos queixosos. A Dra. Martinelli também fez parte da caça ao homem feita a Daniel Martinelli, que estava foragido no último mês. Martinelli foi acusado de estupro, tentativa de estupro, tentativa de assassinato, agressão, tentativa de sequestro, agressão agravada e assalto com arma mortal. O corpo do Sr. Martinelli foi encontrado no final da semana passada. Ele supostamente tirou a própria vida para evitar uma longa sentença de prisão. Uma nota de suicídio foi encontrada em sua posse, admitindo sua culpa pelos crimes acima mencionados.

Seus celulares não paravam de tocar. A mídia queria entrevistar Gabby. Exatamente como os advogados previram, ela havia se tornado a sensação do momento. O cenário perfeito para um psiquiatra. Agora ela não queria sair por um motivo totalmente diferente. Kolson a cercou com uma equipe de guarda-costas apenas para manter os paparazzi intrometidos afastados. O telefone do escritório tocava sem parar. As pessoas ligaram de todos os lados para marcar uma consulta com ela. Se sofressem qualquer tipo de abuso sexual, queriam recorrer à médica que havia lidado com isso sozinha.

— Que maldito monstro isso criou.

— Vai passar.

— Acredito que sim. Esta situação é pior do que eu pensava que seria.

— Gabriella, você sabe que eu estou aqui, se você precisar de mim para qualquer coisa.

Assim que as palavras saíram de sua boca, seu celular tocou novamente. Ela olhou para o número e ofegou.

— O que se passa?

— É o número dos meus pais.

— Você não deveria falar com eles. Stan vai reclamar se você atender.

Gabby apertou o botão de gravação e colocou em alta -voz.

— Olá?

— O que você procura ganhar com tudo isso?

A voz de seu pai, aquela que costumava incomodá-la tanto, encheu a sala. Desta vez, no entanto, o efeito sobre ela foi mais um incômodo do que qualquer coisa.

— Olá, pai. O que eu procuro é a verdade. Estou cansada de ser chamada de mentirosa. Durante anos, Danny me aterrorizou enquanto você e o resto da família ficavam em pé e o apoiavam. Você deu carta branca para estuprar e espancar sua filha. Você me acusou de ser sexualmente promíscua. Eu fui estuprada, pelo amor de Deus, e como meu pai, você deveria me proteger. Mas o que você fez? Me jogou de volta nos braços do meu estuprador. Sabe quantos ossos aquele pedaço nojento de merda me quebrou? Sabe? Não se preocupe em responder por que é claro que não sabe. Você não se importou o suficiente para perceber. Nunca entrou no meu quarto para me ver. Nunca chegou a descobrir por que tentei me matar. Que tipo de homem permite que isso aconteça com sua filha? Que tipo de pai de merda faz isso?

O silêncio pairou no quarto. Por um momento, ela pensou que ele tinha desligado na cara dela.

Mas então o ouviu limpar a garganta e dizer:

— Ele era um menino tão bom.

— Um menino bom? Você quer saber o que esse menino bom me dizia? Ele me chamava de puta e dizia que se eu falasse uma palavra do que ele me fez, me machucaria ainda pior da próxima vez. Devo te contar todas as coisas que ele fez para mim? Eu tentei antes, mas você e mamãe não escutariam. Sabe quantas noites me aconcheguei na minha cama, tentando respirar através da dor de costelas quebradas, mas tinha medo de te dizer, porque acabaria sendo punida por mentir?

— Eu... Eu não sabia.

— Sim, você sabia. Você quer saber como eu sei? Danny me contou. Ele me contou a verdade sobre você. Que você é pai dele. E ele te chantageou. E você não tinha a maldita coragem de enfrentá-lo porque estava com medo que ele contasse a todos. Então, ao invés disso, você deixou a sua filha ser estuprada. Vezes sem conta. E espancada. Muitas e muitas vezes. Você sabia. Mas a única coisa que importava eram as aparências. E mamãe só se importava com a bebida dela. E depois você me dizia que eu era uma criança difícil. O que diabos eu fiz para merecer isso? Seu orgulho era assim tão importante para você? Talvez devesse ter pensado em tudo isso antes de foder a esposa do seu irmão.

— Adeus, papai.

Ela terminou a ligação, perdida em seus pensamentos, cheia de adrenalina, até que a voz de Kolson a trouxe de volta ao presente.

— Você claramente o surpreendeu. Ele nunca esperou que você o enfrentasse assim.

Quando Gabby olhou para Kolson, ficou surpresa ao ver a admiração escrita em todo o seu rosto. Um sorriso contagiante se espalhou por seu rosto e ela se sentiu responder a isso.

— Sim, acredito que você está certo. E você quer saber alguma coisa? Isso foi muito bom. Eu me senti muito forte quando estava falando com ele. Pela primeira vez na minha vida, ele não me fez sentir intimidada.

— Do jeito que você falou com ele, acho que nunca mais ninguém vai te assustar de novo, Kea. — E havia aquele lindo sorriso novamente.

— Se você continuar olhando para mim assim, você vai ter que tirar a roupa.

— Hmm, por mais tentador que pareça, estou atrasado e você também. Vemo-nos hoje à noite, — disse ele.

Ela sentou-se e observou-o sair do quarto. Esperava que ele deixasse seu fardo cair de seus ombros em breve. O peso disso estava aparecendo. Ele tentou esconder isso dela, mas não estava se saindo muito bem. As linhas ao redor dos olhos e a crescente tensão eram todas as evidências de que ela precisava. Ele fazia de conta que ia aproveitar o fim-de-semana em casa dos pais, mas aquilo estava a devorá-lo por dentro. Ele pensou que poderia lhe esconder essas coisas, mas ela era uma especialista. Viveu essa vida por tanto tempo que conhecia o jogo dele. Se havia uma coisa que ela queria fazer, era libertá-lo, como ele a tinha libertado. Sabia como a vida estava a mudar. Quando a hora certa chegasse, estaria lá para ele, pronta para ajudá-lo da maneira que ele precisasse.

Ouviu um zumbido e percebeu que Kolson havia esquecido seu celular. Ele vibrou na mesinha de cabeceira. Estendendo a mão para pegá-lo, uma mensagem do pai dele apareceu. Gabby ficou surpresa ao ver isso, mas não muito já que estavam indo para lá no sábado. Mas quando leu as palavras, ficou intrigada com elas: Ansioso para o sábado. O favor foi feito. Agora a dívida é devida.

CAPÍTULO DEZOITO


Depois de ficar no apartamento de Gabby por quatro horas no sábado à noite e depois novamente no final da tarde de domingo, a raiva de Danny estava aumentando. Ele não sabia o que fazer. Aquele maldito namorado devia estar monopolizando o tempo dela. Ele pensou em mandar flores para ela, mas rejeitou essa ideia. Isso custaria dinheiro e ele estava com um orçamento rigoroso. Ela iria apenas destruí-las de qualquer maneira. Não, segui-la era a melhor opção para conseguir encontrá-la sozinha. Eventualmente ela se descuidaria, então ele precisava estar preparado o tempo todo.

Era hora de ele começar a vigiá-la quando ela chegava ao seu escritório todos os dias e que dias estava no hospital. Precisava descobrir onde ela passava a maior parte do tempo, era aí que ele iria atacar.


# # #


Kolson apareceu no abrigo uma hora mais cedo para pegar Gabby. Era um prédio pequeno, sem descrição, perto do Centro Hospitalar Bellevue, no lado leste de Manhattan. Como a maioria dos abrigos desse tipo, o local era mantido em segredo e a única maneira de uma pessoa encontrá-lo era através de triagem por telefone. A segurança era controlada e Kolson teve de responder a um conjunto de perguntas pré-estabelecidas que ele e Gabby tinham acordado. Depois que ele foi liberado, a recepcionista o conduziu para um escritório com uma janela de vidro e disse que ele poderia esperar por ela lá dentro. Ele ficou ali e observou-a no trabalho. Ela estava falando com uma mãe com uma criança pequena. A garotinha estava agarrada à mãe e ambas tinham hematomas cobrindo seus rostos e braços. Kolson tinha certeza de que também os tinham em outros lugares, escondidos por suas roupas.

A criança continuou espiando Gabby, e Gabby se abaixou para falar com ela. Não demorou muito para que a criança estendesse os braços para exame. Os olhos da garota estavam enormes em seu rosto inchado e descolorido. Gabby empurrou o cabelo da testa e depois acendeu uma luz nos olhos. Kolson podia ver vestígios de lágrimas refletidas na luz nas bochechas da criança e Gabby pegou seus polegares e os enxugou. Momentos depois, Gabby sentou-se no chão em frente à garotinha e ajudou-a a tirar os sapatos e as meias. Ela então mostrou a Gabby a parte de baixo de seus pés. Embora Kolson não pudesse ver o que Gabby estava vendo, a criança estremeceu quando Gabby a tocou. A criança fungou constantemente, como se tentasse não chorar, mas então Gabby deu um tapinha no colo e a pequenina se arrastou para dentro e começou a berrar.

Kolson nunca imaginou que sentiria uma emoção tão forte em relação a uma criança que não conhecia, mas toda essa situação abriu uma ferida nele que achava estar permanentemente selada. Suas tripas se torceram e seu coração se apertou. Enquanto observava Gabby segurando aquela menina em seus braços, a profunda admiração que sentia por ela o surpreendeu. Ele não tinha entendido anteriormente o seu papel aqui, mas agora o fazia. E o que era desconcertante para ele era que não sabia como ela fazia isso, dia após dia, e mantinha seu coração intacto.

Ele se virou, incapaz de assistir por mais tempo e sentou-se, deixando cair a cabeça entre as mãos. Kolson percebeu que a capacidade de amor de Gabby estava muito além de qualquer coisa que ele já encontrara. E irritou-o que sua família tivesse abandonado uma alma tão bonita.

Ele ainda estava sentado lá uma hora depois, quando ela entrou.

— Ei. — Ela o olhou por um momento. — Você está bem?

— Estou bem, — ele disse suavemente. — Como você está?

— Eu estou bem. Está pronto?

Seu olhar penetrante a perfurou, mas nenhuma palavra chegaria a ele.

— Tem certeza de que está bem?

— Eu vi o que você fez. Com aquela menininha. Seu coração é tão imenso, Gabriella. Você tem muita compaixão dentro de você.

Ela inclinou a cabeça e disse com naturalidade:

— É o que eu faço. O que amo fazer. Ajudar pessoas.

— Eu posso ver isso. Mas é muito mais do que ajudá-los. Você lhes dá uma parte sua... o que está dentro do seu coração. Eu senti isso daqui... te observando. Eu senti o seu amor de dentro desta sala. — Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ele queria dizer a ela o quão fodidos seus pais eram e que eles eram os únicos que tinham perdido uma parte da incrível vida de um ser humano. E ele queria dizer ainda o quão ela era ainda mais bonita por dentro do que por fora.

Mas ele não o fez. Em vez disso, ele agarrou e beijou-a, mostrando-lhe como se sentia. Como se ela significasse o mundo para ele. Como se ele quisesse abraçá-la e nunca a soltar. Como se ele quisesse sentir seu lindo coração batendo contra seu peito e ouvir sua respiração ao lado de sua orelha. Como se ele quisesse sentir o cheiro dela a cada respiração que ele dava. Quando a soltou, pegou na sua mão, colocou-lhe o cabelo atrás da orelha e simplesmente disse:

— Acho que a sua profissão escolheu você, Gabriella, e ela é muito sortuda de ter você. — Então pegando a mão dela orgulhosamente a acompanhou até o carro.

Gabby sorriu enquanto andavam de mãos dadas. Nunca ninguém disse coisas tão lindas para ela. Sim, ela sabia que as pessoas que ajudou a apreciavam, mas isso não era solicitado, então as palavras dele significaram mais para ela do que qualquer coisa. Não só isso, Kolson olhara para ela de um jeito tão suave que fez seu coração derreter. E aquele beijo foi arrepiante e de parar o coração. Mas também era doce, como se ele estivesse tentando transmitir algo para ela. Ele tinha tido um jeito com a boca e certamente a fizera se sentir especial.


# # #


Eles encontraram Case para o jantar e quando Gabby finalmente contou os detalhes sobre Danny, Case mal conseguia falar. Levou alguns minutos para se recompor, tão profunda era sua raiva e tristeza. Sua mão apertou a haste da taça de água que estava segurando, cortando assim os seus dedos.

— Porra, — ele falou.

— Deixe-me ver isso, — Gabby exigiu.

Eles foram ao banheiro e ela limpou e embrulhou em alguns panos de papel e depois prendeu com fita adesiva de primeiros socorros. Não exigiria pontos.

Enquanto eles estavam no banheiro, Case perguntou:

— Por que você nunca me contou?

— Eu não contei a ninguém. Kolson foi o primeiro.

Ele a surpreendeu quando a puxou em seus braços e a segurou com tanta força que ela mal conseguia respirar.

— Estou bem agora, Case. Muito melhor, na verdade, desde que lhe contei.

— O que diabos estava errado com seus pais?

— Esse navio navegou há muito tempo e, francamente, estou cansada de tentar descobrir isso.

— Entendido. Eu me sinto como uma merda porque não sabia.

— Não. Eu não te contei como você poderia saber?

Case balançou a cabeça e a abraçou novamente.

— Você sabe que pode vir a mim a qualquer momento, certo?

— Sim, eu sei.

— Você realmente gosta desse cara, não é?

Ela sorriu.

— Sim.

— Isto mostra.

— De uma maneira boa ou ruim?

— Boa. Você está sorrindo. O tempo todo. Nunca vi você assim.

— Oh. Não pareço uma idiota, pois não?

Ele riu.

— Não. Você está ótima.

— Mesmo?

— Sim. Vamos lá.

Quando voltaram para a mesa, Kolson perguntou:

— Tudo bem?

— Sim. Ele não precisa de suturas.

Case acrescentou — Desculpe pela interrupção.

— Sem problemas. Posso imaginar como você se sentiu, sabendo o quão perto você está de Gabriella. Gostaríamos de discutir suas opções com você. Ele está a perseguindo agora e precisamos fazer um caso contra ele. Dada a sua formação profissional, pensamos que você saberia melhor como proceder da maneira certa.

— Há alguns problemas que vejo, mas isso não significa que estamos em um bloqueio completo. A primeira coisa, o que você mencionou anteriormente, é que nenhum boletim de ocorrência da polícia foi registrado. A segunda é que Danny era menor de idade quando isso começou, mas, e isso é enorme, ele completou dezoito anos e ainda estava molestando você. Então isso não será um problema. Eu recomendo que você obtenha radiografias de corpo inteiro para documentar todas as fraturas que você teve. Você já sabe que isso será necessário, juntamente com uma avaliação psicológica. Você tem contatos suficientes para que não seja um problema. A perícia também pode examinar o relatório de radiologia para acrescentar algo a ele, como uma aproximação da idade de cada fratura. Depois de você criar esse registro em papel, começamos a construir o caso. Enquanto isso, quero investigar esse cara.

Kolson interrompeu:

— Não se incomode. Minha equipe de segurança já fez isso. E ele é um verdadeiro trabalho.

Gabby olhou para ele, arqueando as sobrancelhas.

— Sei que deveria ter dito a você. Foi depois daquele dia em que ele se aproximou do seu escritório. Você estava tão abalada, preocupou-me o suficiente para que eu colocasse Sam para te proteger também, mas você sabe disso. Nunca esperei que Danny descobrisse onde você morava, no entanto.

— Seria possível você compartilhar comigo o que você tem dele? — Perguntou Case.

— Absolutamente. Vou pedir ao Tom Barrett, o chefe da minha equipe, para mandar por e-mail tudo para você.

— Ótimo. Então, assim que reunirmos tudo e lermos, vou descobrir o que preciso para conseguir essas coisas na NYPD.

Gabby sentou-se sem dizer uma palavra.

Kolson estendeu a mão e a sentiu fria como gelo.

— Gabriella? Você está bem?

— Não, eu não estou bem. Isso vai deixar minha vida aberta como um livro. Vocês dois saberem é uma coisa, mas todos os outros, isso é um assunto completamente diferente.

Kolson apertou a mão dela.

— Você está certa. Mas se Danny fizer algo estúpido ou ameaçar você, estaremos à frente no jogo. Isso é para sua proteção, Gabriella.

Ela assentiu, mas Kolson percebeu que ainda estava desconfortável.

Case se aproximou e deu um tapinha no braço dela.

— Outra coisa, Gabby. Seria uma boa ideia reduzir as horas de voluntariado.

— Não! Eu amo fazer isso!

— Eu sei, mas isso expõe você a ele, e é muito arriscado.

— Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz?

A garçonete entregou a comida, mas Gabby não tinha mais vontade de comer. Em vez disso, ela se sentou e olhou para o prato. Case olhou para Kolson e ele assentiu.

Gabby não estava segura em seu escritório, e os dois homens sabiam disso. O problema seria persuadi-la a se mudar, quando seus fundos não permitiam.

— Gabby, — Case começou, — Você sabe que seu escritório deixa você exposta a ele. Você consideraria se mudar para o meu prédio? Eu posso trabalhar com você. E o mais importante, você estaria segura.

— Eu não posso... podemos falar sobre isso mais tarde? Minha cabeça está rodando.

— A qualquer momento. Eu tenho dois quartos vazios e uma sala de conferências que podem ser usados se você precisar. Há uma recepcionista na frente e, bem, você sabe o que fazer. Você esteve lá. Apenas deixe-me saber se você está interessada.

— Obrigada, Case. Você sabe que eu te amo por cuidar de mim.

Eles terminaram o jantar e os dois homens concordaram em conversar novamente em alguns dias. Gabby prometeu a Case que ela consideraria sua oferta para mudar-se para o seu escritório.

A volta para casa foi feita em silêncio. O carro de Kolson, um elegante Mercedes, entrou na garagem subterrânea. A área onde ele estacionou, exclusiva e reservada, tinha uma camada adicional de segurança para acessá-lo. Depois de estacionar, Kolson verificou a área antes de saírem do veículo.

— É assim que vou ter que viver a partir de agora?

Ele olhou para ela pensativo antes de responder.

— Não, só estou sendo extremamente cuidadoso. Não quero me arriscar. Uma vez que eu tenha certeza de que ele não está por perto, acho que vai ser bom para você ir e vir quando quiser, desde que você leve um motorista.

Mas enquanto falava, Gabby teve a sensação de que ele estava escondendo alguma coisa.

— Você realmente não se sente assim, não é? — Ela se virou para ele, mas na penumbra, ela não conseguia ler os olhos dele.

— Você duvida de mim?

— Não duvido. Eu acho que você está escondendo alguma coisa.

— Venha. Vamos entrar. — Ele a conduziu até o elevador e usou o bloco de segurança para inserir seu código. Eles andaram em silêncio, mas a mente de Gabby se agitou com pensamentos sobre o que Kolson estava fazendo e como ele estava lidando com isso.

Quando as portas do elevador se abriram, eles se dirigiram para a saleta, mas Gabby bateu de frente com as costas de Kolson quando de repente ele parou.

— Olá irmão. Surpresa — uma voz rouca e profunda que Gabby não reconheceu falou. — Espero que você me deixe entrar.

Gabby espiou em volta do ombro de Kolson. Um homem alto, moreno e de aparência ameaçadora estava no centro da sala. Não ameaçador como correr em busca de cobertura, ameaçador do tipo sexy como todo o inferno... pendurado na sua calcinha, ameaçador porque esse homem certamente iria para casa com eles. Cabelos negros como carvão e olhos da cor do jade, ele sem dúvida deixaria um rastro de corações partidos onde quer que fosse.

Ele sorriu e piscou para Gabby.

— Você não tem que se esconder. Prometo não morder. — Ele estendeu a mão. — Eu sou Kestrel Hart. E você é? — O nível de perigo aumentou bastante com o seu sorriso.

— Kestrel, você sabe que pode entrar a qualquer hora. Mas o que você está fazendo aqui? — O tom de Kolson era exasperado.

— Você vai ser rude com sua convidada, Kol, e não nos apresentar? — Ele perguntou.

— Eu sou Gabby Martinelli. Prazer em conhecê-lo. — Ela apertou a mão de Kestrel. Era suave e quente quando ele apertou a dela. Ela retribuiu o sorriso e se viu encantada por ele. Embora ele fosse a coisa mais bonita, ele não era tão atraente quanto Kolson, na opinião de Gabby. Quando ele soltou a mão dela, ela automaticamente pegou a de Kolson e ele a pegou, enlaçando seus dedos com os dela. Esse gesto não foi perdido por Kestrel.

— Então? — Kolson cutucou.

— Tudo bem, certo. Estou aqui para interferir pela mamãe.

— E?

— Não atire no mensageiro.

Gabby sentiu a mão de Kolson apertar a dela.

— Continue.

— O sexagésimo quinto aniversário do pai é no mês que vem e a mãe está dando um dos seus jantares especiais. Ela quer que você esteja lá. Daqui a seis semanas. Significaria muito para ela, Kol.

— Você sabe que não é...

— Faça isso por ela. Não por ele. Quando foi a última vez que você a viu? Ou falou com ela? Ela te adora, Kol. Sempre adorou. Se você for na festa ela ficaria feliz.

Gabby observou o intercâmbio com interesse. O queixo de Kolson deixou claro que ele não estava feliz com o pedido de seu irmão.

— Preciso pensar sobre isso.

— Justo. Deixe-me saber uma coisa, então posso contar para a mamãe.

— Sim. Como vai o Kade? Você já ouviu falar dele ultimamente?

— Kade está sendo Kade. Fodido como de costume. Não vamos ficar limpos. Mamãe ainda manda dinheiro para ele às escondidas.

— Eu também. Quando posso encontrá-lo. Ele é MIA9 novamente. Faça-me um favor e mantenha-me informado sobre o paradeiro dele. Não o quero nas ruas.

— Mamãe mantém um lugar para ele. Eu pensei que você soubesse disso.

— Eu sei. Mas como disse, ele se foi. Desapareceu e não consigo encontrá-lo. Ele me ligou cerca de um mês atrás e nós entramos em uma discussão sobre o dinheiro e ele indo para a reabilitação. Meus homens não conseguiram localizá-lo. Ele não vai lá há semanas. — O rosto de Kestrel disse a Kolson que ele não sabia.

— Então, para onde vai o dinheiro da mamãe?

— Nenhuma ideia. Minha equipe de segurança está a tratar disso.

— Raios. Não sabia. Também vou tratar disso. Se eu o encontrar, vou avisar você. Você fará o mesmo?

— Sim. E eu vou deixar você saber sobre essa maldita festa.

— Obrigado, mano. Você está parecendo bem agora.

Meio sorriso. Então um aceno de cabeça.

— Você também.

Então ele virou um sorriso eletrizante para Gabby.

— Prazer em conhecê-la, Gabby. Espero ver você por aí. — Ele se inclinou para ela e disse: — Se você tem alguma influência sobre esse cara, você vai tentar convencê-lo a ir nessa festa?

Ela riu e disse:

— Prazer em conhecê-lo. Farei o meu melhor.

E ele foi embora.

Quando estavam sozinhos, ela disse a Kolson:

— Bem, parece que não sou a única com problemas familiares.

— Kea, você não tem ideia.

— Seu irmão é viciado em drogas?

— Sim. Situação triste a dele.

— Você tem uma foto?

Kolson olhou para ela estranhamente.

— Talvez eu possa ajudar a localizá-lo, ou até mesmo mostrar sua foto ao redor. Alguém poderia reconhecê-lo. Tenho uma tonelada de experiência trabalhando com viciados.

Kolson assentiu.

— Essa foi uma das coisas que me impressionaram em sua investigação de antecedentes. Por causa de Kade. Vou desenterrar uma das fotos que tenho dele e enviar por e-mail para você.

— Você conhece a droga preferida dele?

— Todas elas.Tudo o que ele consiga colocar as mãos.

— Heroína?

— Não posso dizer com certeza. Nunca vi marcas de agulha ou o vi injetar, mas isso não me surpreenderia. A verdade é que estou surpreso, que Kestrel e eu também não sejamos viciados.

— Por causa do seu pai?

— Sim. História longa e feia.

— Se você quiser falar sobre isso, conheço uma boa psiquiatra.

Ele a encarou e disse:

— Não é sobre querer. É sobre ter habilidade.

— Eu posso ajudar. Me lembro de sentar aqui com você, e você me dizer a mesma coisa.

Uma expressão de dor passou por seu rosto, mas ele rapidamente a fechou.

— Eu estava protegendo você, Kea. Precisava saber o que aconteceu para que eu pudesse protegê-la de Danny. Eu posso me proteger. Fiz isso por anos e continuarei a fazê-lo.

Forçar alguém a fazer alguma coisa não era um dos métodos usuais de Gabby e, como ela havia dito a ele antes, ela não queria fazer psicanálise aos seus amigos. No entanto, ela queria mostrar aKolson exatamente o quanto ele a ajudou. Agarrando punhados de sua camisa, puxou-o para perto dela e explicou:

— Você não pode entender como é liberar o fardo até que você o faça. Eu nunca soube. Não poderia saber. E é tudo por causa de você. Se você não tivesse persistido.

Enquanto olhava para o rosto dela, ele viu honestidade e sinceridade emanando dela. Ele queria deixá-la entrar. Ele queria. Mas não era possível. As lembranças eram tão perturbadoras que ele não se atreveu a visitá-las. Ele colocou as mãos sobre as dela e as apertou, depois as beijou antes de as soltar, suavizando o gesto.

— Deus, Gabriella, eu quero. Eu quero. Talvez algum dia. Mas não agora. — Então se dirigiu ao bar para servir uma bebida.

Gabby sabia que ele precisava ficar sozinho, então caminhou até o quarto e preparou suas roupas para o trabalho pela manhã. Ela procurou a sua pasta e checou sua agenda e horários para o dia seguinte. Depois que terminou, ela enviou mensagens para Sky e Cara, deixando-as saber o que estava acontecendo com ela. Assim como esperava, recebeu respostas imediatas. Ela lhes prometeu que estava segura e protegida na casa de Kolson e que ele a levaria ao trabalho no dia seguinte. Ela estava no banheiro escovando os dentes quando Kolson apareceu atrás dela.

— Você vai dormir aqui esta noite? — Ele perguntou hesitante.

Ela tirou a escova da boca e respondeu:

— Só se você quiser.

Balançando a cabeça, ele disse:

— Não. Quero você nua, ao meu lado. Termine aqui. Depois junte-se a mim no meu quarto.

Não demorou muito para que ela subisse em sua cama e ele a colocasse em cima dele.

— Por que você está usando isso? — perguntou, puxando sua camisa.

— É o que costumo usar na cama.

— Não aqui, quero você sempre nua ao meu lado.

— Bem, então... — ela se sentou e deslizou a camisa sobre a cabeça — isso resolve o problema.

— Não se mova.

Ela o montou e ele segurou seus seios. Deslizando os polegares sobre os mamilos, ele os circulou até que endureceram. Ela inclinou-se para ele.

Ele levantou os joelhos e disse:

— Quero que você se incline para trás e se faça gozar para mim.

— Você o quê?

— Quero ver você se masturbando. Você me viu, agora é a minha vez de te ver.

— Mas eu não...

— Gabriella, você sabe se masturbar, não sabe?

— Claro. Mas geralmente faço isso com um vibrador.

— Vá buscar.

— Meu vibrador?

— Sim. Seu vibrador.

— Mas está no meu apartamento.

— Não, todas as suas coisas estão aqui.

— Tudo meu... até mesmo isso?

— Sim, até isso. Agora vá encontrá-lo e traga-o para aqui. — Kolson sorriu.

Ela saiu de cima dele e foi até o seu quarto. Ela checou a mesinha de cabeceira porque era onde o guardava em sua casa, meu Deus, lá estava ele. Ela pegou e voltou para o quarto de Kolson. Sua respiração ficou presa quando o viu deitado nos lençóis emaranhados. Sua ereção era espessa e se esticava em direção a sua barriga e o seu piercing no mamilo implorava que sua língua o lambesse.

— Pare de enrolar, Gabriella.

— Oh, eu não estou a enrolar. Estou curtindo a vista.

Seus olhos ardiam.

— Então onde está?

— Aqui. — Ela levantou a bala.

— Esse é o seu vibrador?

— Sim. Por quê?

— Imaginei que você teria um falo extenso com um apêndice vibratório.

— Porque você pensaria isso?

— Eu pensei que todas as mulheres tinham desses.

Gabby riu.

— Eu não.

— Isso não parece muito excitante.

— Você sabe o que dizem, não sabe?

— Por que você não me diz?

— Coisas grandes vêm em pacotes pequenos.

Ele olhou para seu pênis e depois para sua pequena bala e disse:

— Hmm, eu acho que você vai ter que provar isso para mim.

— Tudo bem. Não diga que eu não avisei, — disse com uma piscadela. Ela subiu e recostou-se de costas. — Está pronto?

— Quando você estiver.

Gabby virou o mostrador no vibrador e começou a zumbir. Ela colocou em seu sexo e sorriu. Kolson olhou para ela com interesse, mas logo, sua cabeça caiu para trás e ela arqueou a espinha enquanto gemia. Suas coxas se desmancharam quando sua boceta se abriu para ele, e ele observou sua pélvis girar lentamente contra sua mão. Não demorou muito para que seu próprio desejo o dominasse, então ele pegou sua mão e pegou o vibrador, tomando o controle da coisa. Momentos depois, o jogou de lado e a empalou em seu pau duro como pedra.

— Não se atreva a gozar ainda, Gabriella. — Ele esticou as pernas e disse: — Se incline para trás em suas mãos e me monte. — Ele observou seu pênis deslizar dentro e fora dela e gemeu com a visão. — Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho.

— Preciso gozar, — ela gritou.

— Não tão rápido. — Ele parou e a levantou e virou de modo que ela estava de costas para ele. Então, com uma dolorosa lentidão, se sentou novamente sobre ela e ela soltou um longo gemido.

— Por favoooor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus golpes eram controlados e preguiçosos. Ele observou suas bochechas de marfim enquanto a levantava para cima e para baixo. Sua fenda o chamou, então ele levou o seu dedo e correu de onde ele se juntava a ela e alisou sua umidade em torno do botão de rosa que se abriu ligeiramente diante dele.

Ela choramingou em resposta.

— Sim ou não, Gabriella.

— Sim.

Ele empurrou o dedo apenas um pouquinho e ela parou de respirar, temendo sua invasão.

— Relaxe, Kea.

Ele manteve o movimento de seu pênis para distraí-la e logo ela foi novamente apanhada no ritmo. Seu dedo cutucou mais profundamente dentro, até que ele passou pelo apertado anel de músculos que relaxou e o deixou entrar.

Gabby nunca sentiu prazer assim antes, fora do normal mas acima do incomum e insuportável.

— Oh, Kolson, não posso segurar, — ela chorou.

Kolson sentiu os dois conjuntos de músculos se contraindo em torno dele, e ele rapidamente seguiu seu clímax. Ainda profundamente dentro dela, ele a puxou de volta para que ela deitasse em cima dele e beijou seu pescoço e bochecha.

— Você é tão linda, tão incrível quando você goza, Kea. Você gostou disso?

Ela virou a cabeça para olhar para ele.

— Sim. Foi... uau.

Ele deu a ela um sorriso preguiçoso. Depois afastou-a para o lado, pediu licença e foi ao banheiro para voltar um pouco depois com um pano quente. Gentilmente a limpou e jogou o pano no chão. Recolhendo-a em seus braços, disse:

— Agora, hora de dormir, você não acha?

— Hmm-mmm. — Ela amava a sensação de seus braços ao redor dela, o modo como a faziam se sentir tão sã e salva. — Kolson, quero que você saiba que eu nunca soube que poderia ser tão bom. — Ela levantou-se para que pudesse olhar em seus olhos. — Depois de tudo, você sabe, eu pensei que sexo seria sempre meio nojento. Mas não é. Com você. É... acho que você sabe como é para mim.

Sua mão estava enrolada em seus cabelos e ele sorriu.

— Estou feliz. É assim que deve ser. — Sua boca tocou a dela, primeiro em cada canto, depois na parte superior e finalmente no lábio inferior. — Eu adoro sua boca. Agora durma. Amanhã começa uma semana agitada.


CAPÍTULO DEZENOVE


Quando estavam se acomodando, começou uma tempestade. Raios estalaram e um trovão caiu, enviando vibrações pelo quarto. Fotos estremeceram nas paredes e os vasos balançaram nas mesas.

— Oh, isso parece um grande problema, — disse Gabby. Ela saiu da cama e foi para a janela. — É sempre assim tão alto aqui?

— Afaste-se daí! É perigoso — ordenou Kolson. — E sim, estar aqui com todo esse vidro pode amplificar o som se a tempestade for ruim o suficiente.

Ela se virou de volta, rindo.

— Não é perigoso. É apenas uma tempestade de verão.

Outra enorme linha de raios iluminou o céu, seguida por um estrondo ensurdecedor. Algumas bandas mais brilhantes dançaram pelo céu negro e a chuva atingiu a janela. Não demorou muito para que os sons de granizo fossem ouvidos.

— Ó meu Deus.

— Gabriella, fique longe da janela, por favor. Não é seguro. As pessoas são atingidas por raios através das janelas.

De repente, a sala e os edifícios que os cercavam foram mergulhados na escuridão enquanto as luzes se apagavam.

— Puta merda! — Kolson amaldiçoou.

Gabby ouviu algo cair no chão. A lâmpada talvez?

— Kolson, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou. — Onde está você?

— Estou tentando encontrar a porra da lanterna. Velas. Qualquer coisa. Porra.

Ela podia ouvir mais coisas quebrando quando ele tropeçava no quarto.

— Kolson, fique parado.

— Não! Porra, eu preciso de luz, — gritou. — Onde está a porra da lanterna? É suposto estar aqui!

Ela se arrastou pelo chão, com cuidado para não se chocar contra qualquer mobília, enquanto tentava localizá-lo.

— Foda-se, onde estão as velas? Eu preciso da luz. — O pânico atou sua voz.

— Ei, querido, eu estou bem aqui. — Ela finalmente chegou ao seu lado e colocou os braços ao redor dele. — Calma. Está tudo bem. Nós não precisamos de uma lanterna. Nós vamos ficar bem.

— Eu preciso da maldita lanterna, agora!

Ela ficou surpresa com a forma como o corpo dele tremia. Ela nunca o viu perder o controle assim. Ela desejou ter visão noturna para poder se concentrar em seus olhos. Ele estava entrando em pânico e ela tinha de o impedir.

— Kolson, venha aqui, querido. Entre na cama comigo. Eu não deixarei nada acontecer com você, eu prometo. Lembra quando você me prometeu que você acreditaria em mim? Bem, estou prometendo a você agora que não deixarei nada acontecer com você no escuro. Eu tenho você, querido. Eu juro para você. Deixe-me abraçar e deixar você melhor, está bem?

Ela sentiu a tensão dele aliviar ligeiramente.

— Aqui, me dê sua mão e volte para a cama. Está seguro aqui, Kolson. Eu juro para você. Você me disse que confiava em mim. Acredite em mim também.

Ele finalmente cedeu e permitiu que ela o levasse de volta para a cama. Ela se aconchegou contra ele e puxou as cobertas. Envolvendo-o em seus braços, ela falou com ele em tons calmantes.

— Gabriella, preciso que você encontre as velas. Por favor.

— Você pode me dizer onde elas estão?

Ele respirou fundo e disse:

— Cabeceira. Verifique o criado-mudo. Deve haver fósforos e uma lanterna também.

— Tudo certo. Você vai ficar bem se eu me levantar?

— Sim. Apenas vá buscá-los. E depressa.

Ela correu para fora da cama e se atrapalhou na mesa de cabeceira. Sua mão pousou em uma vela de vidro e ela rapidamente encontrou fósforos. Uma vez acesa, a vela banhava a sala em um brilho suave. Ela olhou em volta para a lanterna e também a encontrou, depois ligou no botão e voltou para a cama. Ela ficou surpresa ao descobrir que precisava soltar os punhos de Kolson para voltar para debaixo das cobertas.

— Melhor? — ela perguntou.

— Sim. Obrigado. — Forçando-se a respirar fundo, ele começou a sentir as ondas de ansiedade se soltando. — Deite-se em cima de mim, por favor.

— Qualquer coisa que você quiser. — Ela rastejou em cima dele e cobriu-o com seu corpo. — Está bom assim?

— Sim. Ótimo. Gabriella, não consigo tolerar o escuro.

— Você quer falar sobre isso?

— Sim. Não. Oh, Deus, acho que não consigo. Apenas não me solte.

— Nunca. Estou aqui. — Ela esfregou sua bochecha contra a dele. — Respire fundo, querido. Conte até quatro. Segure a respiração e depois solte aos poucos. Assim está melhor.

— Porra, odeio isso. Sinto muito. Eu preciso de luz. — Sua voz vacilou.

— Eu sei. Olhe para mim, Kolson. Estou aqui com você.

Ele assentiu e segurou-a.

— Continue respirando. É por isso que você não tem persianas?

— Sim. Não suporto estar sem luz. É por isso que o lugar todo é claro.

— Eu notei que você gosta dos tons creme e neutros.

— Sim. — Ele ofegou, mas o seu pânico estava começando a diminuir enquanto ela falava. — Não há cores escuras aqui. Não aguento mais.

— Falar sobre isso pode ajudar, mas você tem que vir até mim.

— Eu não sei quando isso acontecerá. Só não me deixe até as luzes voltarem.

— Não vou. Eu não vou. Você está melhor?

— Sim. Obrigado.

— Seu pai punia você colocando-o no escuro?

— Sim! Não! Por favor. Não me pergunte sobre ele.

— Okay querido. Entendi. Nada vai acontecer com você aqui.

— Você me dá um beijo?

Ela deu. Começou devagar. Encontrando seus lábios e roçando os dela através deles, para trás e para frente, delicadamente saboreando-os, ela tentou afastar seu medo. Ela mordiscou seu lábio superior e depois seu inferior, logo antes de chupá-lo em sua boca. Suas línguas se entrelaçaram ao redor uma da outra enquanto se beijavam e seus braços apertavam-na com força contra ele.

— Você sabe quando me diz sempre como sou bonita? — perguntou.

— Sim, porque você é.

— Você é lindo também. Apenas nunca te disse antes. Agora é sua vez de me beijar.

Ela sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso quando ele a beijou e seu coração sorriu junto com ele. Seu pânico foi felizmente esquecido, pelo menos por agora, enquanto se perdiam em seu beijo.

Ele a surpreendeu quando se sentou e se moveu para poder deslizar seu comprimento nela. Mas suas bocas e línguas continuaram com o beijo. Seus gemidos foram engolidos um pelo outro, assim como seus clímax. E quando deitou, ainda profundamente dentro dela, adormeceu. Ele esqueceu sua necessidade de luz porque ela ainda tinha os braços ao redor dele, exatamente como havia prometido.

Ela se inclinou, apagou a vela e adormeceu também.


# # #


O segundo dia a acordar com sol forte não era o que Gabby desejava. Era brutal para os seus olhos. Seu quarto era de frente para o leste e parecia estar sob um mega holofote. Mas agora ela entendia por quê. Então viu que estava sozinha na cama. Se esticando, se sentiu agradavelmente dolorida em uma área particular e sorriu. Ela se lembrou da noite passada. Seu ataque de pânico. Seu medo do escuro. Ela ficou intrigada até que sua mente se aventurou no sexo que tiveram antes da tempestade e o que ele fez com ela, onde ele colocou o dedo, e ela sentiu seu rosto queimar.

Sua mente perdida se desviou para quantas vezes ele fez isso no passado com outras mulheres, mas depois ela se repreendeu. Isso realmente importava? Empurrando esses pensamentos tóxicos, ela saiu da cama e foi em busca de Kolson. Não o encontrando, ela tomou um banho.

Depois de terminar o banho, ela foi para a cozinha tomar um café. Uma visão muito atraente a saudou, Kolson em frente ao balcão, bebendo uma garrafa de água, suado por causa do treino. Seu coração acelerou quando sua mão alcançou seu peito enquanto imaginava como ele se sentiria contra sua pele, pingando de suor, ou que sabor ele teria se ela o lambesse agora. Ele não a tinha notado ainda, e quando ele levantou a bainha de sua camisa para limpar o suor do rosto, ela se sentiu a ficar úmida com a necessidade. Ela mesma começou a suar simplesmente ao observá-lo. Ele deve tê-la visto porque se virou um pouco e se concentrou nela. Mas não disse uma palavra; ele apenas olhou. A cozinha estava sobrecarregada, assim como o corpo dela.

Então ele se aproximou, pegou a mão dela, levou-a para o quarto e a empurrou para a cama.

— Volto já. Não se atreva a se mover.

Ela ouviu o chuveiro ligar e em alguns minutos, foi desligado. Então ele se juntou a ela, nu e todo sexy. Seus piercings refletiram com a luz e a cabeça do seu pênis brilhou, mostrando-lhe o que estava prestes a acontecer. O desejo se desenrolou de dentro de suas profundezas. Havia apenas uma coisa que ela queria, e não conseguia esperar mais. Ela sentou-se e ficou na beira da cama, fincou o dedo e fez sinal para ele se aproximar.

Ela colocou os braços ao redor de suas coxas, sentindo sua pele úmida aquecida, e levou seu pênis em sua boca, lambendo as gotas de umidade enquanto ela lambia. Ele sabia bem, tão bem. Limpo, salgado e almiscarado, como ela imaginou.

— Oh, Kea, sim.

Levando-o o mais longe que podia, sentiu as bolas prateadas de seu piercing baterem no fundo de sua garganta, mas isso apenas a estimulou. Ela chupou, lambeu e girou a língua sobre sua espessura. Quando ele gemeu profundamente na parte de trás de sua garganta, ela sabia que era o que ele queria. Não havia nada mais quente para ela do que esse som, então abriu os olhos para dar uma olhada nele e encontrou-o observando cada movimento dela. Ele agarrou a mão dela e a moveu para o seu saco pesado, envolvendo-o em torno de seu peso. Sua respiração ficou mais pesada então, e Gabby não queria parar de olhar para ele.

— Sua boca no meu pau é uma visão tão sexy, — disse, com a voz rouca de luxúria. — Leve-o profundamente, o mais fundo que puder.

As bolas prateadas fizeram cócegas em sua língua e no céu da boca enquanto ela movia seu pênis para dentro e para fora. Toda vez que ela o tocava e passava a língua em volta deles, ele sussurrava entre os dentes. Ela o levava em profundidade e os sons que ele fazia quando o chupava com força, estimulava seu próprio desejo.

— Ahhh, estou tão perto. Eu preciso que você pare. Quero foder você agora. Eu quero que você envolva sua boceta apertada em volta de mim.

Quando ela o soltou, ele desatou o roupão dela e arrancou-o dela. Então ele chupou seus mamilos com força e os provocou com os dentes, raspando-os até ficarem quase em ferida e ela se contorcia debaixo dele.

— Por mais que eu queira que isso seja lento, estou muito impaciente agora. Quero te levar com força e rapidez.

Ele levantou as pernas sobre os ombros e mergulhou nela, esticando-a com uma força implacável. E ela amava cada centímetro dele. Implorou por mais. Suas unhas se cravaram em seus braços enquanto ela gozava e gritava seu nome, mas ele não prestou atenção. Ele só empurrou mais forte, perseguindo sua liberação e a dela. Sua mão encontrou seu clitóris, esfregou-a em êxtase e logo depois ele puxou para fora. Ela assistiu como seu esperma explodiu em seu peito em uma série de sensuais surtos. Então ele o massageou por todo o peito, mamilos e boceta.

Ajoelhando-se, ele a olhou e disse:

— Eu acho que gosto mais de você assim. Que visão maravilhosa você é. Droga, gostaria que não tivéssemos que ir trabalhar.

Depois de um momento, ele foi ao banheiro e voltou com uma toalha. Ele limpou-a em todos os lugares... exceto seus mamilos e boceta.

— Não se atreva a lavar isso. Quero saber, enquanto eu trabalho hoje, que meu esperma ainda está em seus mamilos e sua boceta. E Gabriella, se você lavar, eu vou encontrar uma maneira de te punir. Você me entende?

— Sim. — Ela não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, mas ela tinha a noção de testá-lo.

— Eu sei o que você está pensando. E você não vai gostar dos meus métodos. Em absoluto.

Então ele deu-lhe um beijo longo, lento e sexy e levantou-se.

— E não faça nada ao seu cabelo também. Você parece perfeita com esse olhar recém fodido.

— Mas eu tenho o cabelo de dormir. Está tudo emaranhado, — protestou ela.

— Em linha reta. E está quente como o inferno. Não se atreva a tocá-lo.

— Você é estranho. Não tem como eu ir trabalhar assim. Meus pacientes vão pensar que sou louca.

Ele riu.

— Não, eles vão pensar que você é linda. Mas vou deixar você escapar dessa vez. — Ele a deteve com outro beijo. — Seus lábios são perfeitos também, todos inchados de beijar e chupar meu pau. — Então ele sorriu quando olhou para o seu braço. — E eu vou usar isso com honra. — Ele segurou-a para ela ver. Haviam três longos arranhões vermelho-sangue.

— Eu fiz isso? Puta merda!

Com um sorriso malicioso, ele assentiu.

— É melhor você se mexer ou nós vamos nos atrasar, — disse ele, sorrindo. — Ah, e Kea, obrigada por me resgatar na noite passada. Isso significou o mundo para mim.

E foi tudo. Ele só disse isso sobre seu ataque de pânico. Gabby sabia que era pura hesitação, mas algo sombrio e perturbador a inquietava. O que aconteceu com ele para causar esse tipo de reação? Seu pai o tinha trancado em um quarto escuro? Ela estava determinada a não bisbilhotar, mas também sabia o quão doentio era manter tudo fechado. Então ela revirou os olhos para si mesma. Panela, apresento-te o lume. Se ela alguma vez o tivesse feito.


CAPÍTULO VINTE


Durante todo o dia, Gabby tinha apenas uma coisa em mente: sua mini maratona de sexo com Kolson. Várias vezes ela se pegou distraidamente esfregando seus mamilos sensíveis. Foi uma coisa boa que ela estava sozinha quando isso aconteceu.

Com todos os telefonemas e mensagens que estava enviando, ela poderia ter usado uma secretária. Sky, Cara, Ryder e Case a estavam checando. Era legal, mas talvez eles precisassem configurar algum tipo de cadeia telefônica. Meio dia, quando o telefone tocou, ela atendeu e ficou mais do que satisfeita em ouvir a voz de Kolson.

— Você tem tempo para almoçar hoje?

— Só tenho quarenta e cinco minutos.

— E quando seria isso?

— Depois da uma e meia.

— Perfeito, — disse ele. — Alguma aversão a comida?

— Oh não. Por quê?

— Estou levando o almoço para você. Vejo você, então.

— Mas... — Ele já havia terminado a ligação.

À uma hora e meia, sua grande estrutura encheu sua porta. Sua presença intensificou o ar ao redor dela, e seu coração pulou atrás de suas costelas. Ele olhou para ela e fez aquela coisa com os lábios, raspando os dentes através deles. Ela sentiu-se responder exatamente onde mais importava, entre as coxas. A mão dela foi para a garganta, como se isso aliviasse a pressão que sentia contra o peito. Mas isso não aconteceu. Nem um pouco.

Em suas mãos, ele carregava uma sacola grande e uma bandeja com duas bebidas grandes.

— Vou ter que ficar aqui e segurar isso pelos próximos quarenta e cinco minutos, ou você vai me mostrar onde vamos almoçar?

Ela limpou a garganta e disse:

— Que falta de educação a minha. Por aqui. — Ela se levantou e ele a seguiu até uma pequena cozinha com uma pequena geladeira e pia. Também tinha uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. — Por favor, sente-se.

Kolson puxou uma cadeira para ela e ela se sentou enquanto ele arrumava a sacola e bebia. Então ele a chocou quando levou a sua mão ao peito dela. Seus dedos desabotoaram a blusa e ele enfiou a mão no sutiã e soltou um dos seios dela. Dobrando a cabeça, ele inalou e então gentilmente chupou o mamilo ainda sensível. Ela suspirou quando ele disse:

— Estou feliz que você tenha seguido minhas instruções, Gabriella. Você ainda cheira e tem gosto de mim.

Ela tentou engolir o nó que estava preso na garganta, mas era inútil. O homem transformou seu corpo em um demônio sedento por sexo.

Arrumando o sutiã e abotoando a blusa, ele se sentou em frente a ela.

— Você deve estar faminta. Não tomou café da manhã hoje. Você tomou?

— N-não.

— Bem me pareceu. Bem, espero que goste de tailandês. Eu conheço um ótimo lugar e tomei a liberdade de fazer um pequeno pedido para nós. — Ele puxou as pequenas caixas quadradas e brancas enquanto falava e, em seguida, pegou outro recipiente de plástico. Entregando seus pauzinhos e uma colher, disse:

— Sirva-se. Oh,espero que você não se importe. Nós vamos ter que compartilhar isso. Eu pedi um grande Tom Kha Gai para nós dois.

Os olhos de Gabby se arregalaram quando ela olhou para toda a comida. Ele deve ter pensado que outras quatro pessoas estavam se juntando a eles.

Ele estava mastigando quando perguntou:

— Você não vai comer?

— Sim. E obrigada. — Ela deu uma mordida em um rolinho primavera e suspirou. Ela não conseguia se lembrar da última vez que comeu comida tailandesa. E isso era divino. Mas a quantidade. Meu Deus!

— Você estava esperando que alguém se juntasse a nós? — Ela perguntou.

— Não por quê?

— Você sempre come tanto assim?

— Eu estava com fome e não conseguia decidir o que pedir. As escolhas eram infinitas. — Ele lançou-lhe um sorriso juvenil.

Ele a observou enquanto comia, e ela não sabia dizer se ele estava com fome de comida ou dela. Ele parecia que iria devorá-la, junto com seus pot-stickers.

— Conte-me sobre sua clínica. Este é seu primeiro ano?

— Sim. Estou a terminá-lo. Julho marcará meu primeiro aniversário.

— O que você mais gosta?

Ela sorriu.

— Além de minhas dificuldades financeiras, eu amo isso. Amo ajudar os outros. Há muitas pessoas por aí que não sabem para onde ir e eu gosto de ajudá-las a encontrar o caminho. Você sabe?

— Gabriella, você é uma reparadora?

— Claro que sou. Isso é o que minha profissão faz. — Ela riu.

— Mas você procura pessoas que precisam de conserto?

— Eu não estou seguindo você.

— Seus amigos, por exemplo. Sky e Cara.

— O que tem elas?

Kolson parou de comer por um segundo e disse:

— Você sabe que todos seus amigos foram investigados. É algo que minha equipe jurídica recomenda. E como eles estão associados a você, eles aparecem como bandeiras vermelhas. Eu confio em você; portanto, não estou preocupado com eles. Eu sei o que elas fazem para viver, então foi por isso que fiz essa pergunta. Parece que todos os seus amigos têm problemas que imploravam para que essa pergunta fosse feita.

Gabby ficou surpresa no começo, mas quando ela pensou um pouco, ela realmente não estava.

— Eu deveria estar com raiva de você, mas não estou. Conheci Ryder através de Case. Ele estava indo aos NA. Ryder começou a ver Sky, que teve problemas com sua mãe, que era viciada. Sua mãe já faleceu. E claro, Cara e Sky trabalham juntas. Eu preciso ser honesta aqui. Há uma grande parte de mim que quer que elas deixem a vida de prostituição. Acho que Sky vai e logo. Cara, não tenho tanta certeza e isso me entristece. Não acho que quero consertá-los por si só. Eu quero que eles estejam seguros. Nenhuma delas usa drogas. Elas raramente bebem a menos se sairmos para uma noite de garotas, que é uma vez a cada três ou quatro meses. Acho que me conectei com a Sky porque ela foi estuprada na prostituição e eu poderia me relacionar com a parte do estupro. Nós duas tivemos vidas familiares ruins. Acho que foi uma resposta muito longa para a sua pergunta. E falei muito. Quebrei confidências. Eu confio em você para manter isso para si mesmo.

Ele sorriu.

— Você não compartilhou nada comigo sobre eles que já não soubesse. Estou mais interessado em sua conexão com elas. Curioso, é o termo mais apropriado, suponho. Não é frequente que uma médica seja amiga de uma prostituta. É por isso que imaginei que você fosse uma reparadora. Mas, Kea, você sabe que existem aqueles que precisam ser reparados, mas não querem ser.

— Não me coloco acima de ser amigo de ninguém. Mas, Kolson, todo mundo precisa ser reparado até certo ponto. Ninguém está perfeitamente sintonizado. É uma questão de como estamos fodidos. Podemos funcionar na sociedade sem fazer mal a nós mesmos ou a ninguém? E estamos felizes em fazer isso? Essa é a pergunta que alguém deve se perguntar.

— Então, Dra. Martinelli, você está feliz?

Gabby não sabia como responder a ele. A resposta para isso era muito complicada.

— Eu acredito que você acabou de me dar sua resposta.

— Isso é uma suposição. Não foi você quem me disse para não fazer suposições sobre coisas das quais eu não sabia nada?

— Touché, Gabriella. De fato disse isso. E você estava prestando atenção.

Ela sorriu ao sentir o gosto da sopa.

— Mmm. Isto é excelente. E você é muito astuto.

Ele assentiu.

— Eu ganho minha vida sendo astuto. Então, além de sua necessidade de correr para ajudar as pessoas, qualquer outra razão para a psiquiatria?

— Sim. Os psiquiatras são os oprimidos da profissão médica. As pessoas não olham para nós como médicos. Eles só nos vêem como conselheiros ou sentados em quartos com pacientes enquanto eles se deitam nos sofás e nos contam seus problemas.

— Bem, não é isso que vocês fazem?

— De certa forma, mas há muito mais. A psiquiatria envolve mais do que apenas conversar com o paciente. Muitas condições e doenças requerem medicamentos e monitoramento, bem como diabetes e outras doenças. Você sabia que muitos moradores de rua sofrem de transtorno de personalidade esquizóide e recusam tratamento porque odeiam os efeitos colaterais das drogas?

— Não, eu não estudei transtorno de personalidade esquizóide, — disse ele com um sorriso.

— Eu estudei.

— Tenho certeza disso. Sei que o maior motivo para você entrar em seu campo é o seu passado. E depois de ver você em ação, não há mais nada que eu possa imaginar você fazendo.

— Isso é verdade. Depois que comecei a estudar psiquiatria, meu fascínio aumentou. O cérebro humano é incrível e as coisas que podem dar errado são... bem, você pode imaginar. As possibilidades são infinitas e se não formos ensinados a lidar ou se nossos neurotransmissores não estiverem nos níveis apropriados, as coisas podem ficar descontroladas. Genética e meio ambiente têm muito a ver com isso também. Algumas pessoas acabam por nascer com sorte.

Enquanto falava, os lábios de Kolson formaram uma fina linha branca.

— Minha vantagem com meus pacientes é que não nasci com sorte, então posso me relacionar com muitos deles. E acredito que isso me ajuda a me conectar, particularmente com as vítimas de abuso.

O comportamento de Kolson foi alterado. Um véu desceu sobre ele e seu tom se tornou severo.

— Bom para você. Que tal terminarmos o nosso almoço? Preciso estar de volta ao escritório e pensei que você tivesse pacientes chegando.

O ar a deixou e seu corpo caiu em sua cadeira. Ela pensou que ele ficaria animado enquanto falavam sobre o que ela fazia, mas ele não só estava desinteressado, como também tinha pouco tempo para ela. O fascínio que ele mostrou quando a acompanhou ao hospital e ao abrigo das mulheres havia desaparecido e feriu Gabby. No entanto, se ela tivesse colocado o seu modo psiquiatra, teria percebido que seus comentários chegaram perto demais. E se Kolson abrisse os olhos, ele teria notado como suas palavras haviam sido dolorosas para ela. Mas nenhum deles o fez. Eles se concentraram em sua comida, Kolson terminando a sua e Gabby olhando para a dela.

Poucos minutos depois, sua cadeira raspou no chão enquanto ele se levantava e disse:

— Vou sair agora.

Foi terrivelmente estranho. Ela olhou para ele e viu um estranho diante dela. Sumiu o homem quente e apaixonado dessa manhã e em seu lugar estava um homem insensível que ela não reconheceu.

— Obrigada pelo almoço.

— Não foi nada, — ele disse secamente. — Eu conheço a saída.

Gabby tentou analisar o que acabara de passar entre eles, mas estava tão abalada que sua mente não conseguia pensar direito. Sua próxima consulta estava marcada em poucos minutos, então ela precisava ter a cabeça limpa.

E então, como um raio, isso a atingiu.

Nascido com sorte. É isso mesmo.

Ela não tinha tempo para pensar nisso, porque as duas horas chegariam a qualquer momento, mas tinha que ser por isso que ele mudara.

Mais tarde, depois que sua paciente foi embora, tentou ligar para Kolson, mas foi diretamente para o correio de voz. Ela deixou uma mensagem e um texto pedindo para ele lhe ligar. Às cinco e meia, quando chegou a hora de sair, ela ainda não recebera uma resposta e Ovaltine estava esperando para levá-la de volta ao apartamento de Kolson.

Quando ela entrou no carro, perguntou:

— Você vai pegar Kolson?

— Não, senhorita. Ele me pediu para avisar que vai trabalhar até tarde.

— Oh. Você vai me levar para a reunião de NA hoje à noite? É a minha noite de voluntariado lá.

— Não, senhorita. Eddie vai levá-la e trazê-la para casa.

— Oh, ele não precisa esperar. Case pode pegar um táxi para mim.

— Não, senhorita, as instruções do Sr. Hart foram para Eddie esperar por você.

— Entendo. Que horas você falou com o Sr. Hart?

— Por volta das quatro da tarde, senhorita.

Gabby rangeu os dentes. Isso foi depois que ela deixou suas mensagens e depois que tentou ligar para ele novamente. Ele a estava evitando.

— E Dra. M.?

— Sim?

— Sam queria que eu lhe dissesse olá.

Gabby sorriu.

— Diga-lhe olá de volta. A propósito, qual é o seu nome verdadeiro?

Ovaltine riu.

— É Leroy, senhorita. Mas não sou chamado assim desde criança. Não bebia nada além de Ovomaltine. Ainda bebo para falar a verdade. Minha mãe me apelidou disso e ficou meio que preso.

Gabby riu.

— Que tal de vez em quando, você beber um pouco de água?

— Oh, não se preocupe, senhorita. Eu bebo também. Quando jogo futebol, bebo bastante e Gatorade.

— Sam jogou também?

— Oh, sim, senhorita.

— Percebi isso. Com sua compilação e tudo.

— Todos jogamos. Todos os cinco irmãos. Nenhum de nós era bom o suficiente para ir para os profissionais, então foi quando fomos trabalhar para o Sr. Hart. O grande Sr. Hart. Então, há sete anos atrás, quando o Sr. Kolson Hart saiu, ele nos ofereceu empregos e nós fomos com ele, sendo que o conhecíamos desde que ele era um jovem. Engraçado, o Sr. H. nunca soube que me chamavam por Ovomaltine, porque sempre usava o nome Leroy.

— Como ele é? Grande Sr. H.?

Ovaltine encolheu os ombros.

— Ok, eu acho. Sam poderia contar mais sobre ele do que eu. Ele era o braço direito e o que estava mais próximo dele. O resto de nós recebia ordens de Sam.

— Sei que não é da minha conta, mas Kolson não se dá bem com ele, não é?

— Não, mas isso não é da minha conta também. E eu não deveria fofocar, senhorita. Sam teria minha cabeça se soubesse que eu lhe disse isso.

— Oh, me desculpe. Prometo, não vou contar uma palavra.

— Obrigado. Sam pode ser bem assustador quando fica chateado. Mas ele gostou de você. Ele me disse que era melhor ninguém machucar um fio de cabelo seu enquanto eu estivesse cuidando de você ou ele iria bater na minha bunda. Ah, desculpa a linguagem, senhorita.

Gabby riu.

Quando Ovaltine parou na frente do prédio de Kolson, ele saiu e acompanhou Gabby para dentro.

— Obrigada Ovomaltine. Eddie sabe que eu preciso dele às quinze para as sete?

— Sim, senhorita, com certeza ele sabe.

— Muito obrigada. Eu acho que te vejo amanhã. — Ela o deixou com um aceno.

Quando ela saiu do elevador, Lydia a cumprimentou e se apresentou. Gabby imediatamente gostou dela. Ela mostrou a Gabby o jantar que preparou e depois deixou-a sozinha. Como Gabby tinha menos de uma hora antes de sair novamente, decidiu trocar de roupa e depois comer.

Quando terminou, ela foi explorar o apartamento. Mesmo tendo passado o fim de semana lá, ela realmente não checou o lugar. Era bem espaçoso e sem contar a sala, a cozinha moderna, seu luxuoso quarto de hóspedes e o luxuoso quarto de Kolson, a cobertura tinha tudo o que se podia pedir. O escritório de Kolson era grande, elegante e ultramoderno, e havia uma pequena biblioteca na qual Gabby queria se perder porque estava cheia de todos os tipos de livros. A cobertura também tinha outro quarto de hóspedes muito parecido com o que ela ocupava, uma sala de mídia com todos os tipos de videogames imagináveis, uma sala de jantar formal e uma sala de estar formal. A cabeça de Gabby girou com o tamanho e a opulência do lugar. A casa de seus pais em Connecticut era bastante grande, mas isso foi em Manhattan, onde o preço do imóvel era ímpio. Ela não podia começar a imaginar o que esse lugar custava para alugar. Mas então ela pensou novamente. Ele não alugou isso. Pessoas como Kolson Hart não alugavam nada.

A campainha soou, invadindo seus pensamentos. Ela olhou em volta e então se lembrou de onde o interfone estava.

— Sim?

— Dra. Martinelli? Seu motorista está aqui para você.

— Er, obrigada. Descerei logo.

Ela pegou sua bolsa e colocou o código do elevador. Eddie estava esperando por ela e se apresentou. Em pouco tempo, ela estava sentada na reunião de NA, ouvindo Case, ou pelo menos tentando. Seus pensamentos ainda estavam em Kolson e porque ele não tinha retornado suas ligações.


CAPÍTULO VINTE E UM


Danny rangeu os dentes enquanto observava Gabby entrar na limusine. O motorista abriu a porta para ela e eles foram embora. O carro não era marcado, então ele não conseguiu pegar o nome da empresa. Raios a partam! Quando ela iria foder tudo e dar ao velho Danny uma oportunidade? Ele tinha planos, grandes planos, e Nadine simplesmente não o via mais. Na verdade, ela lhe disse para pegar a estrada ontem. Ela disse que ele era um idiota doente e não gostava de seus jogos sujos. Danny ficou um pouco áspero, mas ela pediu por isso. No momento em que ele terminou com ela, seu cinto a deixou ensanguentada e roxa. Ela não se sentaria tão cedo, e Danny riu ao pensar em seu traseiro preto e azul.

Porra, deveria ter sido a Gabby. Ele socou a superfície áspera da parede de tijolos e instantaneamente se arrependeu quando a mão dele palpitou. Olhando para a carne raspada, ele amaldiçoou Gabby novamente e decidiu que ele dobraria seus esforços para alcançá-la. Aquela cadela estava deixando-o infeliz e esse era mais um exemplo de como ela estava fodendo com ele.


# # #


Kolson leu e releu a mensagem de Gabby e escutou sua mensagem de voz várias vezes, mas não respondeu. Ele não estava completamente pronto e não sabia o que dizer. Seu passado era desagradável, tão feio quanto o dela, mas de uma maneira muito diferente. E ele sabia que se começasse, ela iria querer ajudar, quereria analisá-lo e ele não poderia, não iria lá. Ele não estava pronto para fazer isso. E a verdade era que não tinha certeza se queria. Era paralisante pensar nisso.

O helicóptero o esperava e ele correu através do vento do rotor e subiu a bordo. Sua mente estava no lugar errado e ele precisava se mexer. Outro contrato enorme estava em jogo e seu braço direito conversava com ele. Depois de um tapinha no braço, ele olhou para cima e fingiu que seu fone de ouvido não estava ligado.

— Me desculpe, cara. Eu esqueci.

— Você está pronto, senhor?

— Jack, eu estou sempre pronto para uma boa luta verbal. — E essa era a verdade.

— Aqui estão seus contratos e este é o seu relatório. Eu tenho todos os materiais que você solicitou aqui. Haverá quatro pessoas presentes. Mas você já sabia disso. Se conseguirmos bloquear isso, parece que você terá todas as equipes profissionais de Filadélfia e Boston. Isso só deixa a área de DC.

Kolson assentiu.

— Este é seu último passo no acordo de Filadélfia e todas as coisas indicam que é uma jogada. Eles precisam dos autocarros porque eles não querem mais lidar com os seus. Nossa oferta é a mais limpa. Não quero dizer que é um negócio fechado, porque qualquer coisa pode aparecer no último minuto, mas com as responsabilidades como estão hoje, eu acho que você pode resolver isso.

— Você tem todas as estatísticas e informações sobre o que aconteceu após o último incidente?

— Sim senhor. Seu motorista ainda está lidando com as questões legais do acidente. E eles vão lidar com os processos decorrentes desse acidente por anos, eu acredito.

O autocarro que uma das equipes usou sofreu um acidente. O motorista estava embriagado e vários passageiros nos carros atingidos pelo ônibus ficaram gravemente feridos.

— Eles realmente gostaram da nossa política de tolerância zero e teste de drogas para os nossos motoristas.

— Sim, Sr. Hart, eles gostaram.

Kolson ficou em silêncio enquanto revisava o contrato e as informações nos arquivos. Tudo parecia estar em ordem. Ele fez uma pausa para pensar em Gabriella e sabia que não estava sendo justo com ela, mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. Ele forçou esses pensamentos para o fundo de sua mente e centrou-se no que estava em suas mãos.

A voz de Jack chegou até ele através do fone de ouvido.

— Estamos nos preparando para pousar, senhor.

Kolson ajeitou a gravata, ajustou as abotoaduras e assentiu. O helicóptero fez contato com o solo e o co-piloto abriu a porta do passageiro assim que os motores pararam de girar. Kolson tirou o fone de ouvido e saiu da nave, com uma pasta na mão. Um carro aguardava para levá-los para a reunião.

Duas horas e meia depois, eles estavam no ar, voltando para Manhattan. Jack olhou para Kolson e disse:

— Se me permite dizer isso, senhor, para um homem que acaba de conseguir o segundo maior contrato da HTS em menos de dois meses, o senhor não parece muito empolgado.

Kolson lançou-lhe um olhar.

— Estou extremamente feliz com isso, Jack. Isso vai separar a HTS de todas as outras empresas de serviços de transporte do setor. Não se engane sobre isso. Eu tenho outras coisas em mente no momento.

— Claro senhor. Peço desculpas.

— Não é necessário pedir desculpas.

Jack percebeu que a conversa terminara. O Sr. Hart estava a milhas de distância e Jack não seria estúpido o suficiente para interferir.

O telefone de Kolson tinha zumbido várias vezes durante a reunião, e tinha ignorado, então o verificou e viu que só havia chamadas ou mensagens de Gabriella. Ele tentou descobrir como lidaria com isso. Normalmente, ele se afastava quando chegava a este ponto. Mas isso não era uma opção com ela. Ele estava demasiado envolvido e queria que fosse assim. As coisas eram diferentes com Gabriella; ela era diferente. Ele ansiava por ela... seu toque, seus beijos, seu corpo, seu sexo. Ela atingira um lugar dentro dele e o virou de cabeça para baixo. De um jeito bom.

E relativamente ao que aconteceu, ela também não tinha feito nada de errado. Ele sabia que não podia deixar isso continuar, porque se não fizesse alguma coisa, causaria uma ruptura entre eles.

Estava quase escuro quando eles pousaram no telhado da sede da HTS. Ele foi direto para o escritório e cuidou de algumas coisas necessárias. Uma hora depois, ele foi para casa. Eram quase nove quando entrou na garagem. Embora tivesse sido um longo dia e ele estivesse cansado, sabia que devia uma explicação a Gabriella. Ele esperava que ela estivesse em casa após sua atividade voluntária nos NA.

Quando saiu do elevador, o apartamento estava em silêncio. Ele andou através de cada quarto, verificando se ela estava lá. Quando não a encontrou, ficou chocado com a decepção que passou por ele. Ele estava saindo de seu escritório e de volta para a cozinha quando ouviu o barulho do elevador. Então as portas se abriram e ela saiu andando.

— Gabriella, — disse enquanto praticamente corria para cumprimentá-la, surpreendendo os dois.

— Kolson! Onde você esteve? Eu tenho ligado e mandado mensagens para você! — Sua voz tinha uma ponta afiada que ele não tinha ouvido antes.

— Sinto muito. Eu tive uma reunião em Filadélfia.

— Filadélfia? Hoje?

— Sim. Esta tarde. Foi às quatro.

— E você foi lá depois do almoço?

— Eu voei.

— Em um avião?

— Não. Tenho um helicóptero.

O que mais ela não sabia sobre ele? Provavelmente um grande inferno, ela supôs.

— Sim. Podemos falar sobre meus métodos de transporte em outro momento? Queria te dizer que peço desculpas pela maneira como reagi hoje. Foi inapropriado. Minha reação foi desnecessária e você não mereceu. Eu deveria ter ligado mais cedo, mas eu... é um assunto difícil e delicado para mim. Eu sinto muito.

— Não, eu percebi depois que você saiu que foi o que eu disse. Estou a supor que foi, mas tenho certeza que teve algo a ver com o que eu disse sobre ter sorte. É por isso que eu estava ligando. Então fiquei com raiva quando você não me ligou, mas depois de um tempo eu comecei a me preocupar.

— Sobre mim?

— Bem, sim. Não é isso que as pessoas fazem quando se importam uma com a outra?

— Você se importa comigo? Depois que eu fui tão idiota com você?

— Kolson, talvez eu não tenha sido clara. Eu não durmo por aí. Especialmente com homens com quem não me importo. Eu sei que não é comum nos dias de hoje, mas é como eu funciono.

— Você me surpreende. Mas tenho medo de não te merecer.

— Você não é o único que está espantado. E talvez você precise me deixar ser a juíza sobre se você me merece.

Ele empurrou-a contra ele e esmagou sua boca na dela. Seu beijo transmitia tudo o que suas palavras não faziam. Suas mãos se enrolaram em torno de suas lapelas enquanto ela ficava na ponta dos pés e o beijava de volta. Quando ele a soltou, perguntou:

— Onde diabos você esteve toda a minha vida? — Ele tirou o cabelo do rosto dela. — Eu gostaria de ter conhecido você anos atrás, Kea. — Ele roçou os lábios nos dela, beijou sua têmpora, e então tirou o paletó enquanto afrouxava a gravata.

— Você está com fome? — Ela perguntou.

— Morrendo de fome. E você?

— Eu comi logo depois do trabalho. Lydia nos deixou algo. E se eu preparasse o seu jantar enquanto você se troca?

No momento em que ele voltou, ela tinha preparado sua refeição, junto com uma taça de vinho. Eles conversaram enquanto ele comia e ele lhe contou sobre o contrato que conseguiu naquele dia.

— Parabéns!

— Essa também é outra razão pela qual eu não pude ligar. Estava preso na reunião.

— Está tudo bem. Nós estamos bem. Mas por favor, não me evite. Não fuja de mim quando o assunto ficar difícil. Se é algo que você não pode discutir, me diga, porque eu não leio mentes. OK?

— OK.

— Eu também queria que você soubesse que conversei com Case esta noite e vou aceitar a sua oferta. Sobre me mudar. Já que estou atrasada no aluguel do meu escritório, — ela disse timidamente, — não acho que meu senhorio vai se arrepender de me ver ir embora.

— Kea, essa é a melhor notícia que já ouvi. Você tem uma data marcada para isso?

— Sim. Duas semanas.

— Então você terá uma mudança dupla.

— O que você quer dizer?

— Porque eu arranjei um apartamento para você.

— Você conseguiu? — Ela não estava tão animada com isso por um par de razões, mas a maior delas era que não queria deixá-lo.

Ele usava um sorriso malicioso.

— Eu consegui.

— Bem?

— É neste edifício.

— Você está brincando. Eu não posso permitir isso.

— Sim você pode. É um estúdio. E é menos do que você estava pagando.

Ela pulou em seus braços e gritou.

— Eu não posso acreditar. Isso é incrível. Espere. Você fez algum tipo de acordo sorrateiro ou algo assim?

— Não, eu não fiz. É verdade. Mas a melhor parte é que você ainda pode ficar aqui quando quiser. Você pode até mesmo deixar a sua roupa aqui, se quiser, mas você terá seu próprio lugar se você se cansar de mim. — Ele piscou para ela.

— Você pode ser quem irá se cansar de mim. E eu não poderia tirar vantagem de você assim.

— Hmm. Talvez eu queira que você tire vantagem de mim. E se você não tirar, eu posso ter que bater na sua bunda, Dra. Martinelli.

— Isso é uma promessa?

— Certamente é. Agora pegue e leve essa sua bunda para a minha cama, porque me lembro claramente de lhe dar uma ordem esta manhã. E se você me desobedecer, um castigo acontecerá. — Ele bateu na bunda dela e ela correu para o seu quarto com ele na sua cola.


# # #


No dia seguinte, Gabby estava ocupada quando o correio chegou e ela não teve tempo de olhar para ele até terminar com seus pacientes. Quando folheou, notou um grande envelope pardo no fundo da pilha. Puxando para fora, ela engasgou quando viu que estava endereçado a Dra.’Preciosa’ Martinelli. Seu coração bateu em seu peito e sua respiração se apoderou de sua garganta. Ela imediatamente ligou para Kolson.

— Você pode vir ao meu escritório? — Ela lutou para controlar sua voz trêmula.

— O que aconteceu?

— Eu preciso de você. Desculpe-me incomodar...

— Gabriella, você está bem? Ele está aí?

— Não, eu, uh só preciso de você aqui.

— A caminho.

Poucos minutos depois, Ovaltine estava entrando, verificando-a. E não muito depois, Kolson estava lá.

— Isso veio pelo correio. — Gabby olhou para o envelope e depois para Kolson. Seu coração batia em sua garganta porque ela não podia imaginar o que estava dentro, mas sabia que não era bom.

— Ovaltine, você pode esperar lá fora, por favor? — Ovaltine saiu e Kolson foi para o lado de Gabby.

Ela segurou o envelope e seus dedos estremeceram quando tentou deslizá-los sob a aba. Depois de várias tentativas, ela entregou o envelope e perguntou:

— Você pode fazer isso?

Kolson pegou-o e abriu-o. Ele tirou três fotos grandes e uma nota. As fotos eram todas da Gabby, claro. Ela estava amarrada, amordaçada e nua.

A mão de Gabby cobriu a boca quando gritou:

— Oh, Deus! Oh Deus!

Kolson rasgou as fotos, mas não antes de ver as contusões em suas costelas. O que mais o assombrava era o terror absoluto em seus olhos. Ele reconheceu esse medo extremo e empatizou com isso. A nota dizia:

Isso é tudo meu. Cada pedaço dele, preciosa.

Kolson sabia que eles estavam lidando com um filho da puta doente.

— Venha aqui. — Ele puxou-a em seus braços e segurou-a, enquanto ela chorava. Ele tentou acalmá-la.

— Quando ele fez isso? Eu não me lembro dele ter feito isso. Ele pode ter todos os tipos de fotos minhas. E se ele as colocar na internet ou algo assim?

— Sshh. Ele não vai. Ele não quer que ninguém saiba o que ele fez. Isso faz com que ele pareça culpado como o inferno. De agora em diante, você terá alguém aqui com você o tempo todo. Eu não quero você aqui sozinha. E daqui a duas semanas você vai estar com Case, então você não ficará tão isolada.

Kolson podia sentir os tremores diminuindo em seu corpo.

— Eu sou péssima. Não tenho sido nada além de um problema para você.

— Absurdo. Não é como se você tivesse pedido isso. Agora deixe-me ver esse seu belo sorriso.

— Kolson, a última coisa que sinto vontade de fazer agora é sorrir.

— Você está certa. Isso foi insensível da minha parte. Por que não vamos para casa e temos uma noite relaxante?

— Eu ia à biblioteca médica no hospital hoje à noite para atualizar a leitura do meu jornal. Estou muito atrasada. E agora não vou conseguir me concentrar.

— É minha culpa você estar atrasada, não é?

— Não! Eu estive mais ocupada do que o habitual.

— Gabriella, você não precisa suavizar o golpe. Eu sei que tenho ocupado muito do seu tempo ultimamente. Vamos. Reúna suas coisas e vamos sair daqui. Você precisa de comida e, talvez, depois de comer, vai sentir vontade de ler um pouco.

A caminho de casa, Kolson fez uma pequena pesquisa de como facilitar para Gabby a leitura de seus diários. No dia seguinte, quando ela foi trabalhar, um iPad foi entregue em seu escritório e nele estavam todas as assinaturas de seus jornais médicos.

Com as mãos atrapalhadas no celular, ela precisou de três vezes para acertar o número de Kolson por causa de sua empolgação.

— Hart.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu não posso acreditar em você. Seu maluco. Você é incrível!

Kolson recostou-se na cadeira e se encontrou sorrindo para o telefone.

— Eu só posso supor pelas suas frases erráticas que você recebeu o iPad.

— Sim! Obrigada! Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Bem, maldição. Se eu soubesse que tudo o que precisava era um mero iPad, teria feito isso há muito tempo. Mas espere. Eu pensei que minha incrível sutileza fazia isso.

Gabby riu.

— Pare. Sabe o que eu quero dizer. E você ficou um pouco louco com as assinaturas de jornais, não foi? Isto é muito dinheiro. Esses são caros.

— Kea, você vale muito mais do que isso. Eu vejo o quanto você trabalha duro e é importante que você fique por dentro das coisas. Isso tornará mais fácil para você. Eu queria que minha garota favorita fosse feliz. Além disso, significa que ela poderá passar mais tempo comigo. Motivos ocultos e tudo mais.

— Ah, então é assim que funciona. Mas caramba. Dependência, Revista Americana de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Arquivos de Psiquiatria Geral, Neuropsicofarmacologia, Saúde Mental Baseada em Evidências. Isso é algum tipo de pilha de leitura que você tem para mim. Estou impressionada.

— Não é tanto assim. Se precisar de mais, me avise.

— Oh, isso é muito. Acredite em mim.

— Gabriella, eu acredito em você.

— Obrigada, Kolson. Eu,uhm... eu acho que estaria em grandes apuros sem você.

— A sensação é mútua. Preciso desligar, mas vou te ver daqui a pouco.


# # #


Duas semanas se passaram em um borrão e chegou o dia da mudança. Como o escritório de Gabby era muito pequeno, a mudança foi fácil. Kolson tinha dois homens da HTS para cuidar disso. O maior problema era seu escritório pessoal, que consistia em sua mesa e arquivos. O resto era apenas algumas cadeiras e utensílios de cozinha.

Quanto ao seu apartamento, Kolson e Gabby discutiram sobre isso. Ele insistiu em comprar seus novos móveis. Ele queria que ela tivesse mobília de quarto nova, já que as coisas que ela tinha eram antigas, desde os tempos de faculdade. Ele achou que era hora de seguir em frente. Ela discordou. Ela gostava de suas coisas chiques e queria mantê-las. No final, ela ganhou e ele enviou seus homens para movê-las. Ele tinha que concordar; as coisas dela eram fofas. Ela as pintou e lixou, dando a elas uma aparência rústica e elegante.

Gabby sorriu durante todo o dia enquanto montava sua nova casa, e Kolson sentou em sua única cadeira e sorriu para ela. Ele não podia imaginar viver em algo tão apertado novamente. Ele tinha vivido uma vez, quando deixou seu pai e começou do nada, mas voltar, ele sabia que seria difícil. Mas assistir Gabby deu-lhe um novo apreço pelas coisas. Ela estava literalmente animada. E isso deixava-o feliz por vê-la feliz. Também o fez querer dar-lhe coisas. Muitas coisas.

— Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

— Paz mundial.

— O quê?

Ela riu.

— Houve um filme10 um tempo atrás em que uma garota era uma agente disfarçada do FBI posando como uma concorrente de concurso de beleza e quando chegou a hora de ela responder à pergunta de um milhão de dólares, foi o que ela disse. — Gabby riu. — Foi hilário porque o personagem não era do tipo de concurso e ela não sabia o que diabos estava fazendo.

— Oh. — Ele parecia positivamente confuso.

— Oh meu Deus. Você não entende, não é?

— Nem um pouco.

— Eu estava brincando. Não sei. Você está me perguntando algo que eu não posso responder. A questão também está lá fora para mim.

— Bem, pense nisso.

— Por quê?

Ele se levantou e foi até ela. Ela estava de pé ao lado da cama, então ele a agarrou pela cintura e ela caiu em cima dele.

— Porque talvez eu lhe queira dar o mundo, Kea. — Seus lábios tocaram os dela suavemente. — Você está tão feliz com as menores coisas. Fico feliz em ver você feliz.

— Eu não preciso de coisas para me fazer feliz. Isso, você e eu estando juntos, me faz feliz. Momentos como esse me deixam em êxtase. Coisas materialistas não me fazem feliz. Tocar em você é o que me traz alegria. Durante a maior parte da minha vida, eu não tive nada disso. — Seus dedos dançaram sobre suas bochechas e depois em seu cabelo. — Ou isso. — Ela o beijou. — Você me faz feliz,Kolson.

— Diga isso de novo.

— Você me faz feliz, Kolson.

— Deus, Gabriella. Ninguém me fez tão feliz quanto você. Alguns dias eu quero sair do meu escritório e ir direto para o seu, pegar sua mão e fazer todo tipo de loucura. Ajo como se tivéssemos doze anos. Faço coisas que deveríamos ter feito quando éramos adolescentes, mas nunca o fizemos porque estávamos vivendo uma vida fodida. Quero fazer muitas coisas com você. Mas então eu paro porque tenho medo de te assustar. Ou que você vai achar que eu sou uma aberração. Ou que estou indo rápido demais. Nunca quis nada assim antes ou algo assim tanto.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou ferozmente.

— Faça, Kolson. Faça cada uma delas. Eu não vou fugir e você não vai me assustar. Eu juro que você não vai. — Seus olhos queimaram nos dele enquanto ela falava e seu coração expandia como nunca antes. Foi nesse momento que Kolson soube que estava se apaixonando por Gabriella Martinelli. E rezou para que ela se apaixonasse por ele.


CAPÍTULO VINTE E DOIS


Kolson e Gabby se reuniram com os advogados para discutir as direções sobre o caso de Gabby contra Danny.

Stan Harrison, o principal advogado, disse:

— Dra. Martinelli, tenho que ser honesto com você. Mesmo que você possa obter esses raios-X e uma avaliação psíquica e há o fato de que você tentou tirar sua vida, eu não tenho certeza o quão longe isso vai nos levar. — Stan fez uma pausa e odiou o que ele tinha para dizer a ela em seguida. — O problema que temos é que você nunca apresentou um relatório policial sobre os estupros, então se isso não foi feito, tecnicamente, um crime nunca foi cometido aos olhos da lei. Podemos apresentar uma ação civil, particularmente contra seus pais, mas acho que isso é o máximo possível. Eu recomendo que você tenha os raios X e a avaliação feita, no caso de seu primo tentar alguma coisa, já que ele está perseguindo você. Você estará um passo à frente do jogo.

Kolson era um enorme pedaço de aço inflexível. Ele observou Stan com interesse, mas não ficou satisfeito com sua declaração. Danny sempre seria um problema para Gabby, bloqueando sua capacidade de se mover livremente sem medo.

— Então, o que você está dizendo é que ela não tem nenhum recurso.

Stan olhou para os dois e assentiu.

— A menos que ela queira entrar com uma ação civil contra seus pais.

Ela suspirou.

— Eu não sei se tudo isso vale a pena.

Kolson se inclinou para a frente e pegou a mão dela.

— Seria um começo, Kea.

— Ele está certo, Dra. Martinelli. E considerando o fato de que seus pais maltrataram você, esta é realmente a melhor maneira na minha opinião. Além disso, e lamento falar nisso, se ele alguma vez agir, já estamos à frente do jogo, como eu disse antes.

— Absolutamente, — concordou Kolson.

— Ok, se você acha que esta é a minha única opção. — Gabby não estava totalmente confortável com isso, mas todo mundo estava aconselhando-a a fazê-lo, e como psiquiatra, era o que ela aconselharia seus pacientes a fazer.

— Então você quer que eu organize os raios-X? — Stan perguntou.

— Por favor. Podemos usar o Lenox Hill?

— Certamente.

— Eu quero que isso fique longe dos meus interesses profissionais.

— Dra. Martinelli, preciso mencionar isso. Você percebe que, se isso for ao tribunal, isso provavelmente impulsionará sua carreira.

— O que você quer dizer?

— Você foi molestada sexualmente quando jovem por um membro da família. O ato foi ignorado e negado por seus pais. Você então tentou cometer suicídio, e eles ainda viraram a situação contra você. Mas você perseverou. Você não apenas perseverou, como foi para uma escola de medicina de grande prestígio e se tornou psiquiatra para ajudar o tipo de pacientes que você já foi. Você se tornará um ícone da mídia. Só estou lhe dizendo isso porque, uma vez que o julgamento chegar, você vai se tornar a queridinha das notícias. A bela e trágica história da menina que se levantou das cinzas.

— Oh, inferno do caralho, isso não!

Stan e Kolson olharam para ela e então Kolson riu.

— Como você pode rir? — perguntou, indignada.

— Estou rindo de sua escolha de expressões. ‘Oh, inferno do caralho, isso não?’ Acho que nunca ouvi isso dessa maneira.

— Bem, eu nunca me senti assim, então sim, caralho, inferno do caralho, não. Eu não quero estar na mídia ou nas notícias.

— Bem-vinda ao meu mundo, Kea.

— O que vou fazer? Existe alguma maneira de pará-lo?

— Podemos tentar, Dra. Martinelli. Mas isso vai ser muito grande. — Stan olhou para Kolson.

Kolson se aproximou dela e segurou a mão dela.

— Primeiro as coisas mais importantes. Vamos dar um passo de cada vez antes de você começar a se preocupar com as notícias.

— Sim. Você está certo.

Enquanto caminhavam para o carro de Kolson depois da reunião, ele disse:

— Acho que é hora de colocar um guarda-costas em tempo integral. Não estou confortável com você por conta própria.

— Mas eu tenho Sam, Ovaltine e Eddie.

— E eles estão bem, mas eles te levam por aí. Eu quero alguém com você em seu escritório e alguém escoltando você, acho que é mais prudente para que você não esteja sozinha. Apenas quero você segura. E por favor, permita que me sinta seguro em relação a isso. Será mais fácil para mim, para que eu não passe meus dias me preocupando com você.

Ela ficou pensativa por um momento.

— Ok, mas quando estiver no meu novo escritório, estou bem. Com Case e os caras ao redor...

Kolson se virou para ela e colocou as mãos nos ombros dela.

— Gabriella, não é trabalho do Case te proteger. Eu sei que ele te ama, mas ele tem um negócio para ser executado. Ele não deveria precisar ter sempre alguém lá o tempo todo para ficar de olho em você. Além disso, ele tem uma recepcionista na frente para se preocupar. É reconfortante saber que há um guarda treinado profissionalmente cuidando de você.

Quando dito assim, Gabby quase se sentiu culpada por não o deixar contratar um.

— Ponto justo. Então, quando isso vai começar?

— Hoje. Nós temos muitos na empresa. Você vai usar um deles.

— Ok, chefe.

— Você acha que é engraçada, não é?


# # #


Duas semanas depois, Kolson estava em seu escritório quando uma ligação veio de Stan Harrison.

— Sr. Hart, tenho todos os raios-X e o relatório do radiologista. Vou mandá-los para sua casa para que você e a Dra. Martinelli possam ver tudo juntos.

— Por que não o envia para mim?

— Uh, Sr. Hart, não quero que você veja sem ela. Senhor, é muito ruim.

O aperto de Kolson apertou seu telefone.

— Exatamente o quão ruim?

— Muito pior do que eu imaginava, e se fosse para adivinhar, apostaria que até a Dra. Martinelli esqueceu muito disso. Ou talvez tenha se forçado a bloqueá-lo.

— OK. Envie-o por correio e nós analisaremos juntos.

— Ela vai precisar de você lá com ela. Se fosse eu, não tenho certeza se gostaria de revisá-lo sozinho.

— Foda-se.

— Foi o que eu disse quando li, senhor.

Kolson decidiu não o mencionar a Gabby. Ele ligaria para ela e pediria que jantasse na casa dele.


# # #


Gabby ficou surpresa ao encontrar Kolson em casa antes dela. Ele estava esperando por ela quando saiu do elevador.

— Oi, linda. — Ele pegou sua mala e bolsa e entregou-lhe um copo de vinho.

— Ei, olá. — Ela se inclinou para um beijo. — Mmm, isso é legal.

— Sim, sempre.

— Venha. — Ele a levou para a sala onde um grande envelope dourado estava na mesa de café.

— O que é isso?

— Seus raios-X, junto com o relatório do radiologista. Eles chegaram hoje. Eu não li nem olhei nada disso. Esperei por você.

— Entendo. — Seu corpo endureceu. — Eu... eu...

— Estou com você e sempre vou estar. Você não precisa olhar. Quero que você veja, mas se você não quiser...

— Não. Eu quero. Só que, eu... — Ela engoliu e esfregou a dor no peito. — A dor, não a física, mas a emocional, você sabe. Meus pais, como eles... — Ela estremeceu.

Ele se virou para ela e disse:

— Estou aqui. Gabriella, eu acredito em você. Eu te conheço como pessoa. Sei o quanto você está ferida. Confie em mim. Deixe-me ser sua força.

— Ok. — Ela respirou fundo. — Vamos fazer isso.

Ele tirou os exames, e ela disse:

— Você não precisa se preocupar com isso. A iluminação não é boa o suficiente e o relatório vai nos dizer tudo o que precisamos.

Ele os guardou de novo e tirou os papéis. Eles se inclinaram e começaram a ler.

Eles leram tudo. Gabby registrou dezenove fraturas de costelas separadas, várias fraturas ósseas no punho e no braço esquerdos, vários dedos, ambos os ossos nasais e duas clavículas quebradas. No final, Kolson estava tão tenso que parecia prestes a rebentar.

— Aquele filho da puta tem que morrer. E depois, o mesmo acontece com seus pais filhos da puta. Como eles não podiam ver isso?

— Eu escondi muito disso. — Sua voz foi silenciada.

— O quê?

— Depois de um tempo, escondi a maior parte. Ele me batia em lugares que não se viam. Então eu escondi. As coisas que eu pensava que curariam sozinhas.

— Como diabos você fez isso? — Ele gritou.

Ela se encolheu dele e ele imediatamente reagiu.

— Porra, me desculpe. A última coisa que você precisa é ter que lidar com um namorado assustador. — Suas mãos se abriram através de seu cabelo. — Porra!

Ela inclinou a cabeça contra as suas mãos, pensando no passado. A maior parte tinha sido escondida nas profundezas mais distantes da sua mente. Mas isso a chutou para a primeira fila e estava aplaudindo de pé com confetes e flâmulas. Oh, como ela se lembrava da dor. Como mal conseguia respirar enquanto ficava deitada em sua cama à noite. Ela cruzou os braços e esfregou os lados, os lugares que costumavam doer tão terrivelmente.

— Eles me acusavam de fazer as coisas, então eu escondi deles depois de um tempo. As contusões eram principalmente em áreas cobertas por roupas. Eles não podiam vê-las. Logo parei de chorar, porque isso só me causava mais problemas. — Seus olhos assumiram um olhar assombrado. — Parei de chorar completamente. Esse foi um dos objetivos do meu psiquiatra. Aprender a chorar de novo. Você sabia que eu não choro desde que tinha quinze anos? — Ela deu-lhe um sorriso fraco.

— Nunca?

— Nunca. Nem mesmo quando meu cachorro, Ethel, morreu. E eu amava aquele cachorro mais que tudo.

— Por quê?

— Não sei. Eu não posso. Às vezes sinto que vai acontecer, como um ardor nos meus olhos, mas depois desaparece. Meu psiquiatra pensou que era por causa do trauma que sofri e que, uma vez que eu deixasse tudo para trás, seria capaz de encarar tudo de novo. Mas a minha opinião é que isso tem a ver com vulnerabilidade. Era mais seguro não chorar. Eu construí uma parede tão sólida que me acostumei a parar as lágrimas. Qualquer que fosse o caso, Danny sabia disso. Ele iria socar e chutar-me e tentar o seu melhor para me fazer chorar. Mas eu não faria. Acho que é por isso que eu tive tantas costelas quebradas.

— Maldito seja ele! — Kolson queria bater em algo. Qualquer coisa. Para soltar toda a pressão. Ele enfiou tudo de volta no envelope. — Vamos sair daqui por um tempo.

— Tudo bem por mim. Mas pra onde?

— Espere um segundo. — Ele se levantou e foi para o seu escritório. Em poucos minutos estava de volta. — Venha, vamos . — Ele ofereceu a mão e ela agarrou-a.

— Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

Eles pegaram o elevador até à garagem e entraram no carro.

— Alguma dica? — Ela perguntou.

— Nós estamos indo para um pequeno passeio. Nós dois precisamos de uma mudança de cenário.

Eles pararam na frente do HTS.

— Não é aqui que você trabalha? — ela perguntou.

— Sim, este é o meu prédio.

— Você está me levando em uma turnê?

— Mais ou menos. — Ele foi para a garagem subterrânea e entrou no elevador. E subiram. Quando saíram no último andar, um helicóptero esperava. Os rotores estavam girando; estava ventando e era extremamente alto. Ele pegou na mão dela e a puxou para a porta do passageiro, onde um homem estava segurando aberto.

Eles entraram e Kolson deu um fone de ouvido para Gabby e ligou. Ele colocou por conta própria e eles foram recebidos pelo piloto.

— Boa noite, Sr. Hart, Dra. Martinelli.

— Oi, Steven. Obrigado por vir em tão curto prazo. Nós não vamos ocupar muito do seu tempo. Apenas cerca de uma hora mais ou menos.

— Sem qualquer problema, senhor. Então quer um passeio sob a aérea de Manhattan, senhor?

— Dê a minha dama o melhor show que puder.

— É para já. Aproveite o passeio, Dra. Martinelli.

— Obrigada, Steven.

— O prazer é meu, senhora.

Kolson afivelou o arreio de Gabby e o helicóptero decolou. Ela agarrou a mão dele enquanto subiam.

— Oh meu Deus! Não posso acreditar em você.

Ele sorriu para ela.

Gabby olhou para fora das duas janelas enquanto Steven começava a voar sobre os sete distritos de Nova York. Sua cabeça girava enquanto Kolson ria do que ela fazia.

— Você vai ter que escolher uma janela e ficar com ela ou você vai acabar perdendo os pontos de vista.

Quando o sol baixou, ele terminou a turnê pelos bairros de Manhattan enquanto voava ao longo do horizonte, começando com a Estátua da Liberdade. Kolson apontou cada um dos edifícios mais altos em sua magnificência, incluindo o novo World Trade Center, o Empire StateBuilding e o Chrysler Building. Ele estava perdido nas expressões que passavam pelas feições de Gabby, do assombro à pura alegria. E tudo o que Kolson queria fazer era imprimir essas expressões em sua mente para sempre. Ele tinha o seu telefone o tempo todo fazendo exatamente isso. Tirando foto após foto dela, ele a capturou em várias poses olhando para o cenário, rindo, sorrindo, com os olhos arregalados e impressionada. Foi então que apercebeu. Nunca havia se apaixonado. Nunca tinha acontecido. Mas ele estava loucamente apaixonado por essa mulher. E faria tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse matar Danny Martinelli.

Steven pousou a aeronave suavemente no telhado. Quando Gabby desafivelou o cinto, ela se jogou em Kolson.

— Me diga que você tem mais truques na manga. Isso foi demais.

Ele a envolveu em seu abraço e acariciou seu pescoço.

— Tenho truques bons, mas a maioria deles envolve nudez e uma cama.

— Hmm, vou aceitar isso também, Sr. Hart.

— Sim, você vai, Kea, e vou ter certeza de que você ame cada um deles.

— Muito obrigada, Kolson. Isso foi fantástico.

— Venha, vamos para casa e comer. Estou faminto.

Gabby tinha um sorriso bobo no rosto todo o caminho para casa. Quando chegaram à casa de Kolson, a realidade invadiu.

— Eu sei que não poderíamos evitar isso para sempre, mas você sabe que mais? Eu não vou deixar o que aconteceu comigo arruinar o meu futuro. Não vou permitir isso. Danny já tomou muito de mim. Ele não vai mais conseguir.

— O que você está dizendo?

— Eu quero largar tudo isso e seguir em frente.

— Oh, Gabriella, acho que é um grande erro.

— Eu sabia que você iria achar. Mas estou feliz agora.

— Escute-me. Ele nunca vai parar de tentar chegar até você. Você entende o que isso significa, certo?

— Eu acho que sim.

— Isso deixa você sem escolha.

— Mas...

— Sem desculpas. Ele não vai deixar você ir. Não até que algo pior aconteça. E um de vocês se machucar. E você se machucar não é um resultado aceitável.

A discussão deles pesou muito sobre ela; ela teve que concordar com Kolson. Eles comeram em relativo silêncio e então foram para a cama. Ele amou-a com paixão, deixando-a louca com a posse de seu corpo, até que ela estava tão fraca que não conseguia se mexer. Então adormeceu, apenas para acordar no escuro da noite, sonhando com Danny. Enquanto estava ali deitada, ela o amaldiçoou por todos os problemas que ele causou, virando sua vida de cabeça para baixo. Por que ele simplesmente não foi embora? Por que ele continuou com essas ações malucas? Ela começou a pensar em maneiras de se livrar dele, mas sabia que nunca funcionariam. A pior coisa que podia acontecer era ela ser pega e acabar indo parar na prisão.

— O que se passa, Kea?

— Pesadelo.

— Conte-me.

— Apenas um velho pesadelo.

— Se vire de barriga para baixo.

Ela fez, e ele massajou as costas dela. Foi uma suave carícia que a acalmou e a embalou de volta para dormir.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, o telefone de Kolson tocou e ele xingou quando viu quem estava ligando.

— Kestrel — Pausa. — Não, eu não decidi. — Pausa. — Eu sei, a festa será daqui a uma semana. Está no meu calendário. — Kolson olhou para Gabby, questionando. Ela assentiu. — Sim, nós estaremos lá. Diga à mãe. Que horas? Eu direi a Gabriella. Alguma notícia sobre Kade? — Outra pausa. — Nenhuma aqui também. Então nos vemos na próxima semana.

Ele terminou a ligação.

— Festa de aniversário do meu velho papai na casa deles no próximo sábado às sete. Kestrel diz oi. Traje de coquetel e eu não gosto disso nem um pouco. Abomino esse maldito lugar.

— Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

— Isso é uma promessa, porque eu juro por Deus...

— Ei! Isso é um juramento. OK?

Ela lhe estendeu a mão e ele agarrou-a.

— Você não pode imaginar o que aconteceu naquele lugar, Gabriella. Você não pode mesmo imaginar. Um fodido show de merda.

Seus olhos estavam cheios de dor, então ela empurrou a cadeira para trás e montou em seu colo. Tomando seu rosto nas palmas de suas mãos, disse:

— Estarei com você a cada passo seu, segurando sua mão, e não vou deixar você nem por um segundo. Eu juro isso para você.

Kolson olhou para ela e por fim disse:

— Eu amo você, Gabriella. Você sabia disso? Absolutamente, inequivocamente, com todo o meu coração. Achei que não era capaz de amar alguém. Mas você, me deu um curto-circuito, me desmembrou, pouco a pouco, se colocou dentro de mim e me re-conectou, me fez inteiro novamente. Você me reconstruiu, Kea, e nem sequer o sabe. Há momentos em que não consigo imaginar como respirei sem você. Você é o ser humano mais perfeito que Deus já criou e penso que ele enviou você para mim. Eu me maravilho com isso constantemente. Então começo a surtar pensando que você vai ser arrancada de mim, ou que de alguma forma você é uma fantasia que eu inventei na minha mente fodida. Porque você não quer nada de mim. Você só quer dar. E você só quer ser feliz. E é por isso que eu te adoro.

Ela tocou seus lábios nos dele.

— Eu quero algo de você, eu quero você e só você. Não posso acreditar que nos encontramos também. Eu também te amo, Kolson Hart, pelo jeito que você me faz sentir, como se eu significasse algo, como se eu fosse alguém. Amo o jeito que me sinto quando você está dentro de mim, como você me faz sentir que a minha parte que está faltando encontrou seu lugar de novo. Você me traz esperança que nunca tive antes e alegria que nunca existiu. Amo como me sinto quando me aconchego ao seu lado à noite, logo antes de adormecer. Pela primeira vez, me sinto segura. E me sinto vazia quando seus braços não estão ao meu redor. Eu amo o jeito que você respira contra o meu pescoço e a maneira como seus olhos escurecem e as cores se misturam quando você está dentro de mim. Eu te amo por me libertar, mas acima de tudo, eu amo todas as partes de você por ser você. E eu vou te amar sempre, não apenas no bem, mas no mal também.

— Sempre é muito tempo, Gabriella. Espero que você queira dizer isso. Eu sou um cara muito literal.

— E eu sou uma garota literal, em assuntos do coração. Eu não dou o meu livremente, então tome cuidado com isso.

Ele traçou seus lábios com os polegares.

— Eu vou tratá-lo com carinho e cuidarei dele e de você a cada minuto de cada dia. Eu prometo.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Gabby saiu do quarto e entrou no escritório. Ela usava um vestido que Kolson lhe havia comprado, era um vestido de seda fúcsia sem mangas com cintura de couro e uma saia comprida. Sem mangas e com corte para expor mais dos seus ombros, as costas tinham uma fenda aberta até à cintura, tornando o vestido sexy e ousado ao mesmo tempo. Tinha colocado uns Stiletto de plataforma pretos para completar. Kolson não conseguia afastar os olhos dela.

— Bem, — ela perguntou, girando.

Ele lambeu os lábios secos de repente e engoliu em seco.

— Você está usando calcinha?

— Sim.

— Livre-se dela.

— O quê?

— Eu disse, se livre dela.

— Por quê?

— Porque vamos foder no caminho até lá.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse. Se você continuar com elas, eu vou rasgá-las em pedaços.

Sem tirar os olhos dele, ela levantou o vestido para revelar uma calcinha rendada rosa-choque. Ela deslizou os polegares sob o elástico. Antes que ela tivesse a chance de tirar, ele estava na frente dela, rasgando-a como um fio frágil.

— Huh! Você as arruinou!

Ele enfiou a mão sob o vestido dela e agarrou a bochecha de sua bunda, puxando-a ao longo de seu corpo. As sombras de seus olhos haviam escurecido com a luxúria. Sua língua estava lambendo seus lábios e beijando-a antes que ela pudesse dizer outra palavra de sua boca. Quando a soltou, ele pegou o lenço, limpou a boca dela, depois a dele, e disse:

— Você é uma porra de uma provocação, Kea.

— Mas...

— E absolutamente linda assim. Agora vá colocar seu batom de volta. E certifique-se de trazê-lo com você, porque terá que reaplicar isso muito hoje à noite.

Ela andou até ele, pegou o polegar e limpou uma mancha do canto da boca.

— Você perdeu um ponto. — Seus quadris balançaram quando caminhou de volta para o quarto de pó. Ele balançou a cabeça e riu.

Quando saíram do elevador no saguão, ela perguntou:

— Você não está dirigindo?

— Não, estamos sendo levados hoje à noite.

Enquanto caminhavam para fora, Gabby gritou quando viu Sam parado ali, segurando a porta dos fundos de uma limusine aberta para eles.

— Sam! — Ela o abraçou.

— Dra. é bom ver você. — Ele sorriu de volta para ela.

— Você também. Estava com saudade de você.

— Você está bem, — disse ele.

— Eu odeio ter tantos motoristas diferentes agora.

— Sim, doutora M. Mas eu espero que os outros a estejam tratando bem.

— Ah sim. Mas você é o melhor, Sam.

— Podemos entrar, por favor? — Kolson interrompeu.

— Sim, senhor. — Kolson ajudou Gabby a entrar e entrou atrás dela enquanto Sam fechava a porta. Gabby notou o luxo que a rodeava, incluindo uma garrafa de champanhe gelada e dois copos.

— Bem,mas isso não é interessante?

— Espero que você pense assim. — Quando Sam ficou atrás do volante, disse-lhe, — Sam, tome seu tempo, precisamos de uns vinte minutos, por favor.

— Sim, Sr. H.

Kolson apertou um botão e um vidro escurecido deslizou, proporcionando total privacidade de Sam. Ele se inclinou sobre o assento e enfiou a mão sob o vestido de Gabby e encontrou seu sexo molhado e sedoso.

— Se você queria uma hora social com Sam, você deveria ter me dito.

— Kolson! Você sabe o quanto gosto de Sam — ela advertiu.

— Desculpe. Digamos que estou ansioso por algum tempo com você Gabriella. — Ele lhe deu um olhar ardente. — Agora, sente-se no meu colo para que eu possa beijar sua boca. Quero aquele batom rosa em todo o meu rosto. Depois quero lamber sua boceta antes de te foder. No momento em que chegarmos à casa dos meus pais, quero que pareçamos como um casal que acabou de andar no passeio de suas vidas.

Sua barriga e sexo se cerravam com as palavras dele e não havia nada nessa terra que a afastasse de Kolson. Ela subiu em cima dele e sugou sua língua como se fosse seu pênis. Ela sentiu as mãos dele arrancando-a dele e quando protestou, ele a silenciou. Ele moveu seu corpo para baixo, longe o suficiente para sua boca alcançar o ápice de suas coxas deliciosas.

— Eu amo seu perfume, Gabriella. Poderia te lamber o dia todo.

Ela estremeceu quando ele soprou sua respiração fria sobre seu sexo aquecido. Quando a boca dele a encontrou, ela gritou. Sua língua não provocou, foi direto para o que ele sabia que a faria gozar. E quando ela o fez, suas mãos rasgaram seu cabelo, puxando-o até que seus músculos internos finalmente pararam de apertar.

Kolson levantou-a dele.

— Adoro quando você goza na minha língua.

Então ele abriu o zíper de suas calças e seu pau grosso saltou livre.

— Coloque essa boca rosa em mim, Kea. Quero que você me chupe forte.

Seus lábios cobriram os dentes quando ela introduziu seu pênis em sua boca e deixou sua língua girar em torno de sua cabeça. Ela lhe chupou as bolas e ele rosnou, mas quando ela o levou até ao fim, deixando-o bater no fundo de sua garganta, ele respirou fundo e disse:

— Oh, Gabriella, você vai me fazer em pedaços assim.

Ela deixou que sua boca o levasse até que ele a puxou e lhe disse com um sorriso:

— Apenas o que eu queria ver. Batom rosa brilhante em todo o meu pau. Agora arrume-se. Estamos quase lá.

Ela olhou para ele incrédula, enquanto ele vestia de volta as suas calças.

— Qual é o problema, Kea?

— Eu... eu preciso de você, — ela disse com um beicinho.

— Eu preciso de você também.

— Ma... — ela gaguejou.

— Seja paciente. — Ele a agarrou e a beijou com força enquanto o carro parava. — Você tem um ar adorável com essa expressão frustrada em seu rosto. Além disso, você acha que está ruim. Se coloque no meu lugar. Eu fui provocado pela sua boceta exuberante. Eu a provei, senti na minha língua e você veio na minha boca. E eu estou aqui sentado com um pau duro como uma rocha. As coisas poderiam ser muito piores para você.

Ela só conseguiu olhar para ele e sacudir a cabeça.

A porta da limusine se abriu e Gabby esperava estar em algum prédio chique, mas em vez disso eles estavam na frente do HTS. Ela levantou a sobrancelha quando ele estendeu a mão para ela.

— Seu escritório?

— Hmm-mmm.

— Estou confusa.

— Venha. — Ele pegou a mão dela e eles subiram no elevador até o telhado, onde saíram para o helicóptero que esperava.

— Onde seus pais vivem?

— Fora de Atlantic City.

— Oh. Eu não sabia.

— Agora você sabe.

Steven, o piloto, ainda não tinha o motor ligado, e Gabby ficou feliz. Isso teria arrasado completamente o coque solto que ela usava.

— Atlantic City, hein?

— Sim. Ele está no negócio dos cassinos.

— Entendi.

Kolson sentou-se atrás do piloto na parte de trás da nave e Gabby se sentou ao lado dele. Ele colocou o fone de ouvido e disse a Steven que eles estariam em um canal diferente e não deveriam ser interrompidos a menos que fosse uma emergência. Então ele pegou a garrafa de champanhe aberta que trouxe da limusine e encheu os copos.

Uma vez que eles estavam no ar, Kolson agarrou o pulso de Gabby e a puxou para seu colo.

— Agora, o que você estava dizendo sobre necessidades, Dra. Martinelli?

Ela lançou-lhe um sorriso e disse:

— Acredito que nós dois precisamos cuidar delas.

— Realmente precisamos.

— Um, Kolson, ele pode nos ver?

— Steven?

— Sim.

— Você consegue ver ele?

— Na verdade, não.

— Então está tudo bem. Mas não se preocupe. Eu nunca colocaria você em uma situação comprometedora, Kea. Levante-se.

Ela fez e ele moveu-se debaixo dela. Então a puxou para a borda do assento enquanto se ajoelhava no chão. Enfiando a mão no bolso, ele tirou um preservativo.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Estou me preparando para te foder. Duro e rápido. E por mais que eu ame o pensamento do meu esperma escorrendo pela sua perna, não quero que você se sinta desconfortável na festa.

Ela engoliu em seco. Não tinha pensado nisso. Ela o observou envolver sua ereção no látex brilhante e sua mão automaticamente o pegou.

— Adoro quando você está duro.

— Oh, eu sei, Kea.

Ele empurrou seu pênis dentro dela e ambos soltaram gemidos longos e lentos. Então ele agarrou seus quadris e começou o movimento de balanço que ela adorava. Suas mãos cavaram em seus ombros e ela encostou a testa na dele, fechando os olhos.

— Não, Gabriella. Olhe para mim e me diga quem é o dono dessa boceta.

— Você é.

— É isso mesmo. E mais ninguém terá você. Agora incline-se para trás.

Ela fez e sentiu seu piercing profundamente dentro dela.

— Ah, Kolson.

— Sim?

— Oh, sim.

— Envolva suas pernas ao meu redor.

Ele sussurrou todos os tipos de coisas sujas para ela e quando ambos chegaram ao clímax, foi duro e rápido. Quando eles terminaram, ela agarrou o rosto dele e o beijou, levando a língua dele em sua boca. Depois, ela olhou para ele e riu.

— Batom?

— Definitivamente, batom.

— Trouxe lenços extras.

— Homem inteligente.

— Eu sou.

Gabby lhe deu uma cotovelada.

— Isso é realmente algo. Eu já ouvi falar do clube das milhas, mas nunca ouvi falar em sexo no HELO. Ou talvez devêssemos chamar isso de HI sex. Você sabe, como HELLO! — Ela riu e enquanto ele a observava, não pôde evitar rir também.

— Me prometa que você vai ficar pela psiquiatria e não tentar entrar no ramo da comédia?

— O quê? Aquilo foi engraçado. Admita.

— OK. Só uma vez.

— Kolson, o que você vai fazer com esse preservativo?

— Colocar no lixo. Por quê?

— Eles não vão encontrá-lo?

— Quem?

— Quem quer que esvazie o lixo.

Agora foi a vez de Kolson rir.

— O quê? Você acha que vão inspecionar o lixo que está aqui dentro?

— Não sei.

— Gabriella, somos adultos. Fizemos sexo. Não cometemos um crime.

Depois de se limpar e lhe entregar alguns lenços para fazer o mesmo, ele a puxou para perto dele.

— Precisamos colocar nossos cintos. Nós estaremos pousando em breve. Termine seu champanhe.

O comportamento de Kolson havia mudado. Um homem frio e distante tomara o lugar do caloroso, amigável e amoroso que esteve presente momentos atrás.

Ela pegou a mão dele e disse:

— Estou com você. Jurei para você e não vou deixá-lo, Kolson. Eu te amo e você não precisa temer isso.

— Gabriella, você não sabe o que está dizendo. — A frieza dele a assustou. Ele agia como intocável, não o homem que ela conhecia. Ela desejou poder mergulhar em sua mente e descobrir o que aconteceu para causar isso, mas ela de todas as pessoas entendia o que significava guardar segredos. Ele os compartilharia quando fosse a hora certa. Por enquanto, ela estaria lá para apoiá-lo.

Poucos minutos depois, pousaram em um heliporto e Gabby pôde ver uma mansão iminente ao longe. Estava iluminada com milhares de luzes, por dentro e por fora, e a música podia ser ouvida. Um carro os esperava enquanto Steven desligava o motor. Assim que os rotores pararam, um homem se aproximou e abriu a porta, ajudando Gabby a descer.

— Sr. Hart, seja bem-vindo.

— Olá, Kenneth. É bom ver você de novo. Esta é a Dra. Martinelli.

— Prazer em conhecê-la, senhora. Por aqui.

Foram levados por uma estrada sinuosa que circundava a propriedade e terminava na frente da mansão. Era uma enorme mansão do renascimento grego que Gabby só vira nas páginas de livros e revistas.

— É impressionante, não é?

— Foi aqui que você cresceu?

— Sim. Adorável, não é? — O tom dele era gelo.

Seu humor tinha escurecido tão severamente que Gabby tentou aliviar as coisas.

— É irreal. Nunca vi nada assim.

— Oh, e você nunca verá. — Sua amargura era inconfundível. Apertou a mão de Kolson e sentiu a umidade nela, esse lugar o assustava.

Ela olhou fixamente para ele.

— Ei. Nós conseguimos fazer isso, querido. — Seu rosto era uma mistura de emoções. Preocupação, tristeza, medo e raiva irradiavam dele. Mesmo ele tentando esconder, ela o conhecia melhor agora.

Ela puxou a cabeça dele em sua direção para que pudesse sussurrar em seu ouvido.

— É uma noite. E quando chegarmos em casa, prometo que vou fazer o que quiser. Você pode bater na minha bunda a noite toda, Kolson. Só sei que estou com você nisso. Agora me dê algum sinal de que você me entende.

Ele olhou para ela e assentiu. Então ela o beijou nos lábios. Duro, com paixão. Eles saíram do carro, mas não antes de ela lhe dizer o quanto o amava. Ela o beijou novamente e limpou o batom da boca dele. Seu sorriso de meia-boca a fez relaxar um pouco.

Quando eles entraram, Kestrel os cumprimentou na grande entrada.

— Bem-vindo ao complexo Hart. É bom ver você de novo, Gabby, Kolson.

— É bom ver você também, Kestrel.

Kestrel se inclinou para ela e sussurrou:

— Cuidado com o dragão e seu covil.

Kolson estava conversando com outra pessoa e não ouviu, e Kestrel já havia se afastado. Mas ela achava uma coisa muito curiosa para dizer a alguém.

Kolson segurou o braço de Gabby e levou-a para a sala ao lado para conhecer seus pais. Sua mãe, Sylvia, os recebeu. Ela era de estatura mediana, loira e adorável, e nada como Gabby esperava. Doce e gentil, ela abraçou Gabby e a tratou como se a conhecesse desde sempre.

— Por favor, traga Kolson para casa mais vezes. Ele nunca vem aqui e raramente consigo falar com meu filho. Eu sinto muito a falta dele. — Suas palavras falaram ao coração de Gabby.

Quando Gabby conheceu Langston Hart, ela ficou chocada. Ela esperava um ogro, um obcecado por controle manipulativo, mas ao contrário disso conheceu um homem charmoso e bonito que fez de tudo para deixá-la confortável em sua casa. Isso a confundiu demais.

— Gabby! Como é maravilhoso conhecer a garota que roubou o coração do meu filho. Você deve nos dizer como conseguiu fazer isso. Kolson é escorregadio. Mas olhando para você, posso perceber facilmente como ele foi apanhado.

— Foi mútuo, senhor.

— Então, soube que você é médica?

— Sim. Sou psiquiatra.

— Fantástico. Deve ser muito gratificante poder ajudar as pessoas necessitadas.

— Sim. Doenças mentais são uma coisa terrível. Também lido com transtornos aditivos. Sou voluntária numa clínica de abuso de substâncias e em um abrigo para mulheres. Pode se dizer que tenho no meu coração um cantinho para pessoas necessitadas.

— Isso é incrível. Sabe que mais. Adoraria fazer uma doação para o grupo que você faz mais voluntariado. Pedirei ao meu departamento pessoal para entrar em contato com você e poderemos dar início ao processo.

— Oh meu Deus. Isso seria bom. Obrigada, Sr. Hart.

— Por favor, me chame de Langston. Nós vamos conversar esta semana. Agora espero que você me perdoe por monopolizar seu tempo. Divirta-se hoje à noite.

Quando se virou, ela sorria até ver Kolson. Raiva e repugnância irradiavam dele, mas foi o olhar acusatório em seu rosto que a fez se encolher.

— O que...?

Ele deu meia volta e afastou-se dela, deixando uma fila de rostos atordoados, incluindo o dela, atrás dele. Ela rapidamente o seguiu por um lance de escadas e descendo um longo corredor escuro. Ela não sabia onde ele estava indo, mas seguiu-o enquanto andava rapidamente para acompanhar seus longos e furiosos passos. Ele desapareceu por um corredor e agora ela tinha que adivinhar onde ele tinha ido.

Tinha o coração bombeando em sua garganta, mas não desistiria de sua perseguição.

Ela se aproximou de cada porta de mogno polido e aproximou o seu ouvido, tentando ouvir algo, o que quer que fosse.

Então ela começou a girar os puxadores. Os quartos eram opulentos, cheios de móveis maciços que faziam seu queixo cair no chão. Ela não conseguia imaginar crescer nesse ambiente. Claro, quem poderia imaginar crescer como ela também?

Quando chegou à última porta não o tinha encontrado, e não sabia o que fazer a seguir. Ela se encostou na parede. Ouvindo um barulho, olhou para cima para ver Kestrel indo em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava gostando da festa.

— Estou procurando por Kolson.

— Ele está aqui em cima? — O olhar fechado de Kestrel deixou Gabby confusa.

— Sim. Ele ficou chateado porque eu... não importa. De qualquer forma, o segui, mas o perdi aqui em cima. Este lugar é muito grande.

— Você se acostuma com isso. Fique aqui por um segundo. Talvez eu possa saber onde ele está.

Ele virou a esquina e desapareceu. Cerca de dez minutos depois, ele retornou e seu rosto estava tenso quando disse:

— Vou acompanhá-la de volta à festa e ficar com você.

— Você o encontrou?

— Sim. Venha, Gabby. — Ele se moveu para pegar o braço dela.

Ela se afastou dele.

— Não. Me leve até ele.

— Não posso. Ele não quer ver você agora.

— Não dou a mínima. Me leve até ele. Se você não o fizer, eu vou procurá-lo, quarto por quarto.

— Você vai se arrepender. Quando Kolson está de mau humor, é melhor ficar longe.

— Leve-me. — Ela persistiu em sua demanda.

— Não diga que você não foi avisada.

Segui-o até uma esquina e depois por outro corredor. Ele lhe disse para subir o lance de escadas diante dela. Encontraria uma porta no final do corredor. Era aí que Kolson estaria. Então ele saiu.

Quando abriu a porta, encontrou Kolson, nu da cintura para cima. Suas calças se agarravam a seus quadris enquanto seus punhos golpeavam um saco de boxe suspenso no teto. Um brilho suave no seu torso e seus músculos estavam tensos e esticados quando os seus braços se erguiam, ondulavam e balançavam enquanto esmurrava o seu oponente de mentirinha. Gabby observava o belo espetáculo diante dela enquanto ele mantinha um ritmo perfeito, dançando e mergulhando a cada golpe. O movimento hipnótico de sua forma impecável manteve-a cativa, imóvel, até que gotas de sangue voaram de seus punhos feridos, levando-a a agir.

— Kolson! O que você está fazendo?

— Dê o fora daqui, Gabby. — Ele não parou de dar golpes continuou batendo no saco.

Que ele a chamara pelo apelido não lhe passou despercebido.

— Não vou a lugar nenhum até você falar comigo.

Não se preocupando em lhe dar um olhar, ele disse:

— Você está perdendo seu tempo.

— Você está sendo um idiota.

— Não é a primeira vez que sou chamado disso. — Ele grunhiu enquanto seus punhos voavam.

Agora estava ficando chateada. Ela se aproximou dele.

— Por favor, pare e fale comigo por um minuto?

— Não. Saia. Fora. Daqui. — disse.

— Não, droga. Você não está sendo justo. — Tentou se aproximar dos punhos dele, o que não era a coisa mais inteligente a fazer, mas sabia que tinha que chamar sua atenção... tinha que fazer com que ele parasse e falasse com ela.

A mão dele bateu na palma da mão dela esmagando-a contra o saco. Dois dos dedos dela ficaram presos entre a mão dele e o saco. Ela respirou fundo quando se conectaram. Estava chocada demais para gritar, porque nunca lhe ocorreu que ele estivesse batendo no saco com tanta força.

— O que diabos você está fazendo? — Ele gritou com irritação.

Sua respiração passou por seus lábios num sopro. Ela não conseguia falar e era tudo que podia fazer para respirar. Ela apertou a palma da mão e a dobrou enquanto ele olhava para ela.

— Deixe-me dar uma olhada.

— Não! Não toque, — ela sussurrou. Uma dor intensa subiu por seu braço, centrada em seus dedos mindinhos e anelar. Ela inalou através dos dentes, tentando limpar a cabeça, porque naquele momento, seus dedos não eram o mais importante para ela. Kolson era.

Engolindo sua dor, intensificou sua determinação, e com uma voz estrangulada, ela disse:

— Apenas fale comigo, Kolson.

— Por quê? Você me traiu.

— O quê? — Ela ficou perplexa com a declaração dele. Como ele poderia pensar que ela faria uma coisa dessas?

— Você sabia como eu não queria ter nada a ver com ele e a primeira coisa que você faz é ser vítima do jogo dele.

— Do que você está falando?

— O Dragão. Meu pai. Ele teve você comendo na sua mão escamosa cinco minutos depois da nossa chegada.

— Bem, sinto muito. Não sabia que deveria ignorá-lo. — A dor irradiava da sua mão para o braço, mas ela se forçou a continuar. Ela rangeu os dentes e disse: — Você se recusou a me dizer algo sobre ele, e quando eu cheguei aqui, ele parecia ser um cara legal.

— Parecia. Essa é a palavra-chave, Gabby.

— O raio da culpa é toda sua. Por não me dizer. Você se recusou a compartilhar qualquer coisa sobre sua família ou sobre você mesmo. Você poderia ter me avisado. Como devo agir? O que devo falar? Diga-me e vou fazê -lo, Kolson.

Seus olhos a perfuraram por um segundo; então ele tirou a roupa.

— O que você está fazendo?

— Tomar um banho. Tenho que lavar o suor de minhas frustrações.

Ele se afastou e assim que ficou fora de vista, ela se dobrou novamente. Seus dedos pulsavam de dor. Ela conseguiu mexê-los, embora a agonia resultante lhe dissesse que eles possivelmente estavam fraturados. Ela procurou uma fita esportiva para amarrá-los, para evitar que se movessem. Encontrou uma em um dos armários, estava terminando quando Kolson saiu do banheiro.

— O que é isso? — Ele perguntou, apontando para os dedos dela.

— Acho que eles podem estar fraturados.

— Eu quebrei seus dedos?

— Dói movê-los.

Ele foi pegar a mão dela, mas ela os tirou do alcance dele.

— Meu Deus, sinto muito, — disse arrependido.

— Foi um acidente.

— Aconteceu por causa do meu temperamento e sinto muito por isso.

— Não é a primeira vez que algo está quebrado. Kolson, a questão maior é como você lidou com as coisas com seu pai e comigo. Não sou um leitor de mentes. Eu preciso saber essas coisas. Você diz que me ama. Bem, eu também te amo e não te traí. Eu nunca vou te trair. — Ela se virou e caminhou em direção à porta.

— Aonde você vai?

— Boa pergunta. Se estivéssemos em Nova York, eu pegaria um táxi e iria para casa. Mas aqui estou presa.

— Você quer ir embora?

— Quero que você fale comigo, — disse Gabby em frustração.

Kolson amaldiçoou.

— Droga. Você sabe que não quero falar sobre isso.

— Não estou pedindo para você contar seus segredos mais obscuros, ao contrário do que você fez comigo. Estou apenas pedindo para você me conte algumas coisas. Você não me contou nada sobre você ou sua família. Estou às escuras aqui. E então você fica chateado comigo por ter respondido ao seu pai, que foi gentil comigo, e não tenho ideia do que fiz de errado. Será que você não entende o que estou dizendo? Quão irracional você pode ser?

— Você fez o seu ponto, Gabby.

— E pare de me chamar assim, droga!

— Não é esse o seu nome?

— Sim, mas você nunca me chama assim!

Em três longos passos, ele estava na frente dela.

— Você prefere Gabriella, então? — Sua voz acariciou seu nome e então ele emoldurou seu rosto e disse:

— Ou prefere que te chame de Kea? — Então seus lábios estavam nos dela, saboreando, lambendo, mordiscando, sugando.

— Pare com isso, — disse ela, empurrando-o para longe. — Beijar-me não vai resolver isso.

— Não, Kea, não vai. Esse problema é profundo e há muito tempo. Agora, deixe-me levá-la para ver como está essa mão.

— Não. Nós vamos ficar aqui, e você vai agir como se estivéssemos bem. Você vai me acompanhar, conversar com sua mãe e vamos dançar e fazer as coisas certas. Então, quando eu julgar que é hora de sair, nós iremos.

Ele levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos.

— Mas seus dedos.

— Agora, eu não dou a mínima para os meus dedos.

— Entendo, sei como vai ser, por isso.

— Não, eu acho que você não sabe. Você me disse uma vez para confiar em você. Agora estou tendo dificuldades com isso.

Ela podia muito bem ter lhe dado um gancho de direita — ele cambaleou quando as palavras dela bateram nele.

— Você não confia em mim?

— Como posso? Você me acusou de trair você. Depois de eu lhe prometer. Essas palavras me esmagaram, Kolson. Isso — ergueu a mão — não foi nada comparado à dor de suas palavras.

— Sinto muito.

— Não diga se você não está falando sério. Compartilhei coisas com você que nunca compartilhei com ninguém. Você sabe a verdade feia sobre mim, cada detalhe minúsculo. E você me fez acreditar que eu poderia confiar em você. Bem, você conseguiu destruir isso hoje à noite com algumas palavras casuais. Fui destruída demais no passado, como você foi, para me colocar em risco novamente. Prometi a mim mesma que nunca seria vulnerável novamente. Você sabe por que me tentei matar? Nunca lhe contei a história toda. Sim, você sabe como Danny me estuprou e me espancou. E como ele disse a todos os meus amigos que eu era uma prostituta. Até meus pais pensaram que eu era uma, o que era tão ridículo, porque nunca fui a lugar nenhum. Ele afastou todos os meus amigos para longe de mim porque seus pais não os queriam perto de uma ‘garota desse tipo’. — Ela balançou os dedos indicadores no ar quando disse isso. — Mas quando os professores da escola me trataram de forma diferente, foi o que me quebrou. O isolamento tornou-se insuportável. Danny falava coisas para mim, coisas terríveis que me deixavam doente. E foi aí que eu quis morrer porque sabia que isso nunca iria parar. Meu único amigo era o maldito teto que eu olhava todas as noites. Então, meu fator de confiança foi eliminado. Mas você me convenceu que estava segura com você. Eu e meus terríveis segredos. Que eu poderia confiar em você. Então eu fiz. E o que aconteceu? Você me acusou de trair você. Bem, eu não o fiz. Mas você me traiu, Kolson. Você traiu meu amor e confiança em você. E você me destruiu. Então, vamos terminar esta noite aqui e depois você vai me levar para casa.

O mundo de Kolson estava detonando, como uma explosão nuclear. Mas como ele poderia encontrar falhas nas palavras dela? Ela estava certa. Ele não lhe tinha dito uma palavra. Ela só estava fazendo o que achava certo. Estava sendo educada com um homem charmoso e bonito de quem ela não sabia absolutamente nada. Ele não lhe disse que seu pai era um demônio disfarçado. Não lhe contara as coisas hediondas que lhe haviam sido feitas quando criança. Ela não poderia saber. Ela só viu a persona que ele apresentou para ela e para o público... o homem que todo mundo amava.

E agora Kolson estava perdendo a única pessoa que ele amava. Tudo por causa de suas ações estúpidas.

— Gabriella, farei qualquer coisa que você pedir. Sinto muito. Mais do que você jamais irá saber. E um dia, prometo que vou te dizer. Tenho medo de te dizer agora. Sinto medo de falar sobre isso porque acho que se eu voltar àquele passado sombrio, posso nunca mais sair de lá. Sinto muito. Mas por enquanto, isso é tudo que posso te dizer.

— Eu também sinto muito, Kolson. — Ela se virou e saiu do quarto, deixando-o a olhar para ela.

Durante o resto da noite passou conversando com pessoas que ela não conhecia nem queria conhecer. A única coisa que ela queria fazer era deitar-se na sua própria cama e colocar gelo na sua mão. O jantar foi agonizante, porque a sua mão não deixava se alimentar, mas também porque tinha que fingir que estava tudo bem com Kolson. Mais tarde, ele dançou com ela várias vezes, como era esperado, e passou tempo com sua mãe. Finalmente se despediram e pediram o carro para levá-los de volta ao helicóptero que esperava.

Quando eles voltaram para Manhattan, Gabby não ficou com Kolson. Ela foi para a sua própria casa e teve uma longa conversa com o teto.

Pela primeira vez em anos, ela desejou que seu teto pudesse responder.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Gabby estava de coração partido. A única pessoa em quem ela confiava a decepcionou. O seu coração já tinha sido quebrado antes, mas desta vez era diferente. O amor que ela sentia por Kolson era maior, mais profundo do que qualquer coisa que já tinha sentido. Como pegaria as pequenas partículas de seu coração e as colaria de volta? Isso seria possível? Gabby não acreditava que sim.

Quando ela se sentou em sua mesa, sua cabeça doia. A dor em seu coração prevaleceu, no entanto. Quando ela mexeu nos dedos machucados, repassou repetidamente o que aconteceu na festa. Ainda era chocante para ela como Kolson havia reagido.

Seu telefone apitou e ela olhou para ele, pensando que era outra mensagem de Kolson. Ele era persistente, isso era certo. Ela estava recebendo mensagens dele a cada hora, sem falhar. Este, no entanto, era de Danny: Onde você está, sua puta? Tenho esperado por você. Estou me sentido sozinho. Não me faça esperar muito ou você vai se arrepender. A propósito, os guarda-costas estão ficando cansativos, preciosa.

Ela parou pensando e saiu de sua cadeira. Ela estava entre consultas, correu direto para o escritório de Case.

— Acabei de receber outra mensagem.

— Deixe-me ver isso. — Case leu e disse: — Você disse a Kolson?

— Não estamos falando.

Case a examinou.

— O que você quer dizer?

— Não quero falar sobre isso.

— Tem alguma coisa a ver com a sua mão?

— Esqueça isso, Case.

— Quanto tempo?

— Hã?

— Desde quando você não fala com ele, porque eu tenho que lhe ligar e deixá-lo saber que você recebeu isso.

— Sábado à noite.

— Porra. É quarta-feira.

— Eu sei que dia é hoje.

Os lábios de Case se abriram, mas ele sabia quando ficar em silêncio.

— Vá em frente e lhe ligue, porque eu não vou. Pensando melhor, não se incomode. Acho que não quero que ele saiba por enquanto.

— Gabby, — disse Case com toque de alarme.

— Estou bem. Tenho os guarda-costas. Tenho você. Eu não tenho mais medo dele.

— Seja esperta, Gabs. Ele provavelmente está piorando. Você precisa vigiar suas costas.

— Não se preocupe, meu grande amigo preocupado. Está tudo bem. E, além disso — disse ela baixinho, — por que Kolson se importaria, afinal?

— Eu ouvi isso. É infantil e você sabe disso. Estou ligando para Kolson.

— Tudo bem. Ligue você. Eu não vou ligar.

Gabby saiu naquela noite e foi para casa. Sam deixou-a e ela estava com um humor terrível. Sua cabeça latejava e sua barriga doía. Subiu no elevador até o apartamento e tentou lembrar o que havia comido naquele dia. Talvez ela estivesse a adoecer ou algo assim. Ela apenas se sentia mal.

Abriu a porta e não foi difícil perceber que alguém tinha estado em seu apartamento. As almofadas do sofá foram retiradas e tudo estava em desordem. Ela abriu a porta do corredor e chamou Max, seu guarda-costas.

— Max, alguém esteve aqui!

— Dra. M., fique aqui fora, por favor. Deixe-me verificar se é seguro.

Max entrou para verificar as coisas enquanto Gabby esperava no corredor. Ela espiou para dentro, mas não conseguiu ver nada. Enquanto estava de costas para o corredor, ela não deu conta que a porta da escada se abriu.

— Você está tão doce como sempre, preciosa. — Danny estava de pé bem atrás dela.

Gabby não se mexeu, mas abriu a boca e soltou um grito de gelar o sangue.

Max veio correndo para o corredor e Gabby continuou gritando.

— Dra. M.! O que aconteceu?

Gabby, estremecendo violentamente, segurou o braço de Max e tentou falar.

— D-d-d-d...

Max pegou seu telefone e ligou para Case.

— Você precisa chegar vir aqui, senhor. Algo aconteceu.


# # #


Quando Case chegou, Gabby estava sentada em uma cadeira e parecia sombria.

— O que diabos está acontecendo?

— Não consigo tirar uma palavra dela, senhor, — disse Max.

— Gabby, o que aconteceu?

— D-d-danny.

— O quê sobre ele?

— Aqui.

Case olhou para Max.

— Quando a trouxe para casa, ela me chamou no corredor e disse que alguém esteve aqui. Entrei para verificar e depois ouvi-a gritar. Não consegui que ela parasse.

Case segurou as mãos dela.

— Fale comigo, Gabs. Não posso ajudar se não souber o que aconteceu.

— Eu o ouvi. No corredor.

— Merda. Ela tem alguma coisa para beber aqui? — perguntou Max.

— Não. Nada, — Gabby respondeu.

— Vou ligar para Kolson.

— Não!

Case soltou a respiração.

— Gabby, diga-me tudo então.

Ela respirou fundo várias vezes.

— Gabs, sou eu. Não deixarei nada acontecer com você. Entendeu?

Ela assentiu. — Max estava dentro e eu estava tentando ver o que estava acontecendo, quando ouvi aquela voz logo atrás de mim dizendo: ‘Você está linda como sempre, preciosa’. Foi quando comecei a gritar. Era ele. Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.

— Ele deve ter esperado você voltar para casa. Eu tenho que ligar para Kolson.

— Por favor, não. — Gabby implorou.

Case ainda segurava as mãos dela.

— Queria que vocês dois resolvessem as vossas merdas porque agora eu estou numa situação ruim. Ele está me ligando toda hora para saber de você e quando eu contar sobre isso, porque você sabe que não vou mentir, ele vai explodir. Eu te amo, mas isso está me deixando louco. E sei como você está perturbada. Você precisa de alguém que fique com você esta noite.

— Você.

Case olhou em volta. Ele sabia qual seria sua resposta e ela também. Ele nunca a deixaria no estado em que ela estava e Kolson não a confiaria em qualquer um. Raios, nem ele.

— Max, fique aqui até eu voltar. Não a deixe por nada. Você entendeu. Tenho que ir a casa para pegar algumas coisas, mas voltarei o mais rápido possível.

— Sem problema, senhor.


# # #


Cinco dias... foram cinco dias e ele não tinha recebido uma palavra dela. Ele tinha falado com Case ontem e estava preocupado com ela. Essa mensagem de Danny não era um bom sinal. Mas depois do que Danny tinha feito ontem, Kolson precisava ver Gabby. Quando Case lhe ligou ligou logo de manhã, ele mal se tinha aguentado. Tudo o que conseguia pensar era o que teria acontecido se Max não estivesse lá. Enviou-lhe várias mensagens, mas não recebeu resposta. Às onze e meia da manhã, pediu a Sam para levá-lo ao escritório dela. A recepcionista cumprimentou-o e ele disse que queria vê-la. Ela disse a Kolson que Gabby estava entre consultas.

— Quando ela vai estar livre?

A recepcionista verificou a agenda e disse:

— Só dentro de trinta minutos, senhor.

— Ela está livre para o almoço? — Ele perguntou.

— Sim, senhor, ela está livre por pelo menos uma hora. Seus pacientes da tarde só começam à uma e meia.

— Obrigado. Eu vou esperar. — Ele se sentou e olhou em frente.

Trinta minutos depois, Gabby acompanhou seu paciente até à área de espera e o viu sentado lá. Ela disse adeus ao paciente e olhou para Kolson.

— O que você está fazendo aqui? — Sua saudação foi menos do que acolhedora.

— Vim para te levar a almoçar, já que você não respondeu às minhas mensagens.Tinha que ver como você estava depois do que aconteceu ontem.

— Bem, como você pode ver, estou bem. Mas não posso ir almoçar. Estou ocupada.

— Não. Você está livre até à uma e meia. Eu chequei.

— Não estou com fome.

— Tudo bem. Você pode me ver comer.

— Kolson, eu...

Com uma voz de aço, ele disse:

— Gabriella, precisamos conversar. Agora pare de evitar isso. Você poderia ter... Nós vamos almoçar. — Ele colocou a mão em volta do cotovelo dela e a guiou para fora da porta.

Entraram no carro que esperava e ela não proferiu uma única palavra, nem mesmo para Sam. Quando chegaram ao restaurante, Kolson saiu e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela o ignorou.

— Gabriella, por favor. — Ela passou por ele e entrou. Ele não teve escolha senão seguir.

Quando o anfitrião o viu, sorriu.

— Sr. Hart, siga-me, por favor. — Ele os levou para uma sala onde uma mesa para dois estava arrumada. Toalha de mesa branca, prata e cristal completavam o cenário. — Posso lhe servir água?

— Por favor, — respondeu Kolson.

— Com gás ou sem gás?

Ele olhou para Gabby e ela disse:

— Com gás, por favor.

— Vou querer o mesmo, por favor.

— Agora mesmo, senhor.

Kolson estendeu a mão para Gabby, mas ela se moveu para afastá-lo. No entanto, ele foi mais rápido.

— Por favor, Gabriella, quando Case me contou o que aconteceu ontem. Isso está me matando.

— Você já me matou, Kolson. É doloroso, não é? Dói quando a pessoa que você ama faz você se sentir assim, não é?

— Sim, droga. Dói. — Ele inclinou a cabeça por um momento e o garçom voltou com a água e os cardápios.

— Nosso almoço especial hoje é o salmão Coho fresco, grelhado em uma tábua de cedro, servido com quinoa e aspargos grelhados frescos.

Kolson respondeu rapidamente:

— Excelente. Nós vamos querer isso.

— Muito bem, senhor.

Quando ele se foi, Gabby olhou para ele.

— E se eu não quiser salmão?

— Você está intencionalmente tentando ser difícil?

Ela estremeceu com a frase que ele usou para descrevê-la.

— Por favor, nunca use esse termo para me caracterizar. Você de todas as pessoas deve saber que é um golpe baixo.

Kolson sentiu como se tivesse acabado de assassinar o seu animal de estimação favorito.

— Oh, Deus, Gabriella. Eu não estava pensando. Parece que sou um fodido idiota que continua a pôr os pés pelas mãos. — Então ele respirou fundo e longamente. Inclinou a cabeça para trás e depois se inclinou para a frente. — Sinto muito. Deveria ter sido mais sensível. A verdade é que sinto muito a sua falta e estou muito preocupado com você. Eu te amo e não suporto isto... o que está acontecendo entre nós. Estraguei tudo. Inacreditavelmente é verdade. Eu estava errado e se eu pudesse voltar no tempo, faria as coisas de forma diferente. Mas eu não posso. Então estou implorando a você, Gabriella, que, por favor, me perdoe. Você não me trairia de jeito nenhum. Foi a minha mente louca que me traiu.

— Kolson, por que você não pode confiar em mim?

— Eu quero. Eu confio em você.

— Não, você não confia.

— Sim, é em mim que eu não confio. Há tanta coisa que você não sabe. Mas saiba disso. Não há nada nesta terra que eu não faria por você. Com o tempo, vou contar tudo. E quando o fizer, talvez você entenda.

— Por favor, me perdoe se eu não pular e disser: ‘Ah, sim, vamos voltar ao modo como as coisas eram.’ — Seu olhar desanimado fez com que ela instantaneamente se arrependesse de sua arrogância.

— Compreendo. Podemos ao menos conversar?

Ela inclinou a cabeça. Quando falou de novo disse:

— Podemos conversar. Por agora. Nada mais.

— Gabriella, eu vou pegar todas as migalhas que você está disposta a jogar no meu caminho. Se é só conversa, então que assim seja.

— E, por favor, não intimide a recepcionista.

— Intimidar? Você acha que eu a intimidei?

— Talvez intimidar não seja a palavra certa. Tenho certeza que você a encantou até à morte como só você sabe fazer.

Ele suspirou.

— Eu só perguntei quando você estava livre e ela checou sua agenda.

Gabriella finalmente olhou para ele.

— Hmm. Preciso falar com ela, então.

Ele sorriu.

— Você é linda quando está com raiva.

— Eu odeio estar com raiva.

Ele lhe levantou a mão e examinou os dedos dela.

— Você já os foi verificar?

— Não.

— Gabriella, — ele bufou. — Se eles não se curarem adequadamente, os ossos podem ficar deformados para sempre.

— Kolson, não sou burra. — Desdenhou as suas qualidades.

— Não quis dizer que você é. Apenas estou preocupado com você.

— Eles não estão quebrados. Posso movê-los perfeitamente. Estão apenas doloridos por agora. Sinto muito. Estou cansada e estou descontando em você. Ontem foi um pouco cansativo para mim.

— Por favor, você vai ficar comigo esta noite? Não quero que você fique sozinha. Você pode dormir no quarto de hóspedes. Ou comigo. Mas não precisa ser nada mais que dormir. Sinto sua falta e quero te abraçar em meus braços. Por favor, diga sim.

Ela queria se derreter nele porque a verdade era que ela sentia o mesmo.

— Oh meu Deus, Kolson.

— Por favor. Não pense, Kea. Apenas diga sim.

— Estou trabalhando na clínica até às dez da noite.

— Vou com você e trago você para casa. Por favor, diga sim.

— Deixe-me pensar sobre isso. Vou ligar para você esta tarde.

Sua comida chegou e eles comeram em silêncio. Ela olhou para ele cautelosamente e ele a olhou com esperança.

Às quatro e quarenta e cinco, Gabby mandou uma mensagem a Kolson: Sim. Kolson sorriu por muito mais tempo do que se lembrava de ter feito em sua vida.

Ele bateu na porta dela às seis e meia e a acompanhou até o carro que esperava. E se sentou em seu escritório na clínica, esperando-a enquanto ela trabalhava. Às dez e quinze, voltaram para casa e ela lhe contou a sua noite. Ele sorriu para si mesmo enquanto ela lhe contava sobre seus vários pacientes. Quando chegaram ao elevador, ele perguntou:

— Bem?

— O sim significou o mesmo para esta noite.

Precisou de toda a sua força para não se aproximar ela. Mas ele não o fez. Em vez disso, ele sorriu e segurou o corrimão no elevador até que os nós dos dedos ficaram brancos.

— Vou te mimar hoje à noite, Kea. Você gostaria de um longo banho?

— Você sabe, eu realmente só gostaria de ir dormir. Estou exausta.

— Como quiser.

Ela foi para seu quarto e colocou seu pijama favorito do Snoopy . Quando foi ter com ele, ele levantou uma sobrancelha, mas não pronunciou uma palavra. Só levantou os lençóis para que ela pudesse entrar na cama. Então ele a puxou em sua direção e esfregou suas costas e pescoço, massageando-o em pequenos círculos, tirando os nós.

— Mmm, isso é tão bom.

— Estou feliz por ter gostado. Agora durma, Kea.

— Senti tanto a sua falta, Kolson.

— Eu também senti a sua falta. Diga-me o que fazer para resolver as coisas. Farei o que puder, juro que vou.

Ela se levantou e olhou para ele.

— Apenas me ame o suficiente para confiar em mim e saber que você segura meu coração na palma da sua mão. Por mais que eu goste de pensar que é feito de aço, não é. É frágil e pode ser facilmente quebrado.

— Oh foda-se, Gabriella. — Ela encontrou-se em cima dele mais rápido do que poderia registrar e sua boca tocou levemente a dela. — Você é meu coração e alma. Eu te amo mais que a minha própria vida. Seu coração está seguro comigo. Sei que você não acredita em mim agora, mas é verdade, e eu vou encontrar uma maneira de provar isso para você. — Seus lábios sussurraram sobre os dela, para trás e para a frente enquanto suas mãos mergulhavam em seus cabelos. — Nunca fui tão infeliz, tão perdido, como tenho sido sem você nestes últimos dias. Não quero passar por isso novamente. Não sabia que poderia ser tão sombrio.

— Nem eu. — Ela descansou sua bochecha em sua barba áspera e esfregou as costas da mão do outro lado do rosto. Ele prendeu a mão dela e levou-a aos lábios.

— Jesus, eu me odeio por fazer isso. — A fita branca o encarou.

— Foi um acidente, eu não sabia que você iria bater tão forte. Foi parcialmente minha culpa por ser tão estúpida. E olhe para suas próprias mãos. — Ela estava se referindo aos hematomas que ainda estavam a cicatrizar e às nódoas negras da sua luta com o saco.

— Essa foi a minha estupidez por não usar luvas.

— Lições aprendidas para nós dois.

— Durma, linda. Foi um longo dia para você.

Não foi preciso muito mais para ela cair no sono. Ele também adormeceu, aliviado da insônia que havia roubado suas últimas noites.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Na sexta-feira seguinte no trabalho, Gabby tinha visitas. No final do dia, Kolson deveria conhecê-las e então deveriam sair para beber. Às quatro e meia, ele enviou uma mensagem e disse que se atrasaria. Algo havia surgido no trabalho. Ela terminou com seu último paciente e foi até à área da recepção, onde foi recebida por Case, Sky e Cara.

— Oh meu Deus! — Case disse a ela que Kolson tinha arranjado uma noite de garotas para Gabby. Seriam conduzidas ao seu lugar favorito para coquetéis, acompanhadas, é claro, e depois iriam jantar.

Cara sugeriu começar com um bar de martini onde a multidão trabalhava no SoHo.

— Só não me dê Sugar Tits hoje à noite, — Gabby disse enquanto entravam lá dentro. As garotas riram. — Essa foi a pior ressaca de todos os tempos.

Cara pediu uma rodada de cosmos e ficaram numa mesa íntima onde podiam conversar.

— Assim é muito mais fácil do que responder a todas as mensagens que recebi na semana passada, — disse Gabby.

— O que você esperava? — Sky perguntou. — Depois de Case contar a Ryder o que aconteceu e como ele teve que passar a noite em sua casa, estávamos enlouquecendo.

— Eu sei. E estou feliz por eu ter pessoas que se importam tanto comigo. Obrigado pessoal. Foi uma semana louca, deixem eu falar.

— Então... você e Kolson Hart... juntos para valer. Tipo firme. E há quanto tempo. Como ele é? — Sky perguntou.

— Sexy, — Gabby sorriu.

— Nós sabemos isso! Conte-nos os detalhes suculentos.

— Ele é bom. Muito bom.

— Sim? Como assim? — Cara perguntou.

Gabby olhou para elas e sacudiu a cabeça.

— Ah não. Vocês duas já ultrapassaram tudo tantas vezes para eu começar a competir.

— Diga-nos algo. Ele tem algum fetiche?

Gabby ficou agitada como quem quer falar.

— Uh-oh! Acho que nós acertamos em algo aqui, Sky. Olhe essas bochechas.

— Vamos lá, Gabs. Nos dê uma coisinha.

— De jeito nenhum! Além disso, ele não é pervertido.

— Sim, ele é. Talvez um pouquinho. Pelo menos nos dê uma pista. Seu rosto não estaria brilhando no escuro, de outra forma.

Gabby começou a suar.

— Isso é transpiração no seu lábio superior? — Cara perguntou. As garotas riram e Cara estendeu a mão e enxugou com um guardanapo.

— Olha, se isso te faz sentir melhor, Ryder e eu gostamos um pouco. Você pode nos dizer e vai ficar bem aqui, eu juro. Certo, Cara?

Cara assentiu.

— OK. Vou vós dizer uma vez. Então é isso. Ele é incrível. Todos os momentos de sexo com ele são sempre melhores do que posso imaginar. Ele preenche todas as minhas fantasias. Sabe exatamente como mordiscar aquele ponto e é extremamente bem dotado. Na verdade, tenho mesmo que dizer que ele é bem magnífico nesse departamento. — Então ela se inclinou e sussurrou: — E ele até perfurou lá embaixo. O que me dizem?

— Não me diga? Você gosta? Isso faz você gozar?

— Isso aí. Várias vezes. Em cada sessão.

— Nunca deixe esse homem escapar. Você me ouve? Nunca deixe ele ir. Bem, a menos que ele coma seu primogênito. Ou todos os sorvetes da casa. Entendeu? — Cara aconselhou.

— Sim, senhora. — Todas riram.

Depois que os clientes que saíam do trabalho lotaram o bar elas acharam difícil conversar com todo o barulho. Todos estavam comemorando o final da semana e a música estridente acrescentava a comoção.

— O que você acha de irmos jantar depois dessa bebida? — Perguntou Gabby.

— Estou pronta para isso. Estou ficando com fome também. — Sky disse.

De repente, Cara explodiu:

— Merda, Gabs, eu sempre achei que você tinha uma vida perfeita e agora descubro que você está sofrendo como o resto de nós que fomos fodidos na bunda toda a nossa vida. — Cara a abraçou. — Garota, eu sinto muito.

— Ei, pare. Todos nós encontramos uma maneira de perseverar. Mas Kolson ajudou. Ele me libertou. Se não fosse por ele, eu ainda estaria me escondendo.

Cara a olhou com curiosidade.

— Você está apaixonada. É o principal. Como se fosse além dos limites. Certo?

— Sim. Amando loucamente.

— Droga, garota. Você foi se apaixonar por um cara maravilhoso também. O Kolson Hart.

Sim, tenho certeza que sim. Um cara com algum tipo de problema. Mas fica só para mim...

Depois que terminaram a bebida, Gabby recomendou um lugar italiano por perto, então decidiram caminhar até lá. Ovaltine as seguiria com o carro e seu guarda-costas andaria com elas.

Quando chegaram, houve uma espera de trinta minutos por uma mesa, então sentaram-se no bar, tomaram um gole de vinho e comeram pão delicioso e quente até que o anfitrião as levou para a sua mesa.

Uma vez sentadas, suas conversas animadas recomeçaram enquanto Sky lhes falava sobre suas audições. No meio da frase, Gabby olhou para cima e viu Danny em pé na entrada do restaurante.

— Oh meu Deus. Oh foda-se!

— O que há de errado? — Sky perguntou, alarmada.

— É ele. — A mão de Gabby estendeu a mão para sua garganta.

Cara agarrou a mão dela.

— Quem? Seu primo? Onde está seu guarda-costas? Onde está o Max? Por que ele não está aqui?

A cabeça balançando em busca dele, ela gritou:

— Porra! Não os vejo. Estou ligando para ele. — Gabby digitou seu número. — Não está respondendo. — Seu estômago se agitou e ela engoliu, forçando a bílis de volta em sua garganta. Seu coração martelou e seu sangue rugiu através de suas veias. Era tão alto que ela tinha certeza de que os outros podiam ouvir.

— Fique calma. Ele não fará nada em público. — Cara falou. Então ela olhou ao redor, procurando por ele.

— Você não sabe disso. Ele é doido! Algo aconteceu com Ovaltine e Max. Eles não me deixariam. Estou ligando para Kolson. Porra. Porra. Porra. — Seu joelho bateu descontroladamente debaixo da mesa. — Porra, tenho que sair daqui. Ele vai me matar.

Ela ligou para Kolson.

— Kea.

— Ele está aqui, Kolson. Danny. E o Max ou Ovaltine não estão respondendo nos seus celulares. Preciso sair daqui.

Kolson começou a xingar.

— NÃO SE MOVA GABRIELLA. EU ESTOU A CAMINHO.

— Não desligue, Kolson. Estou com muito medo, — Gabby choramingou ao telefone.

Sky disse:

— Ele está procurando pelo restaurante. Como se estivesse procurando por alguém. Mantenha a calma. Ele está vindo para cá. O que devo fazer? Ligar 911?

— Ele não vai fazer nada aqui. Há muitas pessoas, — Cara reiterou.

— Kolson, ele está aqui... — Gabby chorou.

— Bem, olá, preciosa. Desligue o celular. AGORA. Tenho tentado passar algum tempo com você, mas você continua me evitando. Agora, por que faz isso?

— O que você quer? — Gabby não conseguia controlar o tremor cobrindo-a da cabeça aos pés.

— Você é minha prima. Como já disse, quero passar um tempo de qualidade com você. Agora, por que você não se levanta e saímos daqui, tranquilamente , e deixa suas amiguinhas jantarem.

— Acho que não, Danny.

— Olha aqui sua putinha... — Ele assobiou e abriu o casaco apenas o suficiente para Gabby ver a sua arma.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo, ou sua amiguinha aqui, — ele apontou a arma para Sky, — vai ter o cérebro cheio de chumbo. Você me entende?

— Sim.

— Bom. Agora se levante e caminhe em direção à porta. — Então ele se virou para Cara e Sky e disse: — E quando saírmos, se qualquer uma de vocês fizer qualquer tipo de barulho, eu vou atirar em alguém neste restaurante. E se chamarem a polícia, seus guarda-costas estão mortos. Entendeu?

— Sim, — as duas disseram.

— Bom. Vamos lá, Gabs.

Ela se levantou e foi em direção à porta. Ela ficou agitada pensando como poderia atrasá-lo, para esperar por Kolson. Mas Danny estava armado. Kolson não estaria. Ela não queria arriscar que Kolson fosse ferido. Quando eles saíram, ela tentou parar.

— Onde está meu guarda-costas? E meu motorista?

Danny riu.

— Um tiro e eles caíram como moscas.

— Oh meu Deus! Você os matou?

— Você não precisa se preocupar com eles. Vamos.

Ele a agarrou pelo pescoço e apertou, empurrando-a junto. Quando ele se virou em um beco e empurrou-a contra o lado de um prédio, as pernas de Gabby enfraqueceram; ela tropeçou. Ele apertou o pescoço dela ainda mais forte, puxando-a para cima. Ela estava tão tonta de medo que o rosto de Danny entrava e saía de foco.

Ele riu e sua pele arrepiou.

— Mal posso esperar para entrar em você novamente. Ouvir você me dizer o quanto sentiu falta do meu pau.

Ela cuspiu no rosto dele. A ação pegou-o desprevenido e ele recuou. Uma chance... Isso é tudo que tinha, então ela forçou seu medo de lado e pegou. Ela levantou o joelho e enfiou-o diretamente em sua virilha. Então ela correu. De volta ao restaurante e direto para Ovaltine, ele estava virando a esquina, sangrando por causa de um ferimento de bala na lateral do corpo. Ela gritou com toda a força, o que chamou a atenção dos pedestres.

Kolson parou e saltou do carro.

— Gabriella!

— Ele tem uma arma! — Ela gritou repetidamente.

Kolson girou e correu para dentro, praticamente carregando Gabby.

— Chame a polícia. Agora! — Ele gritou para a primeira pessoa que viu.

Ele tentou entregar Gabby para Cara, mas ela não o deixou ir. Não disse nada, apenas tremeu e se agarrou a ele. Cara e Sky correram para Ovaltine enquanto ele cambaleava para o restaurante.

— Kea, você está segura aqui. Deixe-me ir encontrá-lo.

— Nãoooo! Ele tem uma arma. Ele vai te matar.

— Não, ele não vai. Eu não deixarei.

— Não, não vá.

Seu medo o deteve. Ele não podia se afastar dela quando ela precisava dele.

— Estou aqui. Não vou a lugar nenhum. — Seus dedos cavaram a carne de suas costas, mas ele não disse uma palavra. Ele beijou e acariciou o cabelo dela, murmurando baixinho para acalmá-la.

Em minutos, o lugar estava lotado de policiais. Cara e Sky ligaram para Case e ele também apareceu. Gabby continuou a não soltar Kolson. A polícia interrogou as três mulheres e Kolson. Max foi encontrado em um beco ao lado do prédio e tanto ele como Ovaltine foram transportados para o hospital.

Case chamou um dos detetives de lado e teve uma longa conversa com ele. Eles queriam que Gabby fosse até à delegacia, mas Kolson e Case conseguiram persuadi-los a adiar até à manhã seguinte. Kolson pegou Gabby e levou-a para casa. Ela estava uma bagunça.

Uma vez lá, ele serviu-lhe um copo de uísque. Ele a colocou na cama depois, e de manhã, foram até à delegacia. Foi então, com Case e a advogada presentes, que Gabriella deu sua declaração formal. As acusações contra Danny foram registradas como crime de assalto com uma arma mortal, e tentativa de sequestro. Por causa das testemunhas no restaurante e da tentativa de assassinato de Ovaltine e Max, parecia que Danny estaria enfrentando uma longa sentença de prisão.

Kolson e Gabby então foram ao hospital para checar seus amigos. Ovaltine e Max estavam em condição estável. Max tinha sido baleado no ombro e Ovaltine lateralmente. Sam estava com Ovaltine, junto com o resto da família deles. Gabby não conseguia se livrar da culpa, tudo isso era culpa dela. Se esses homens não a estivessem protegendo, nada disso teria acontecido.

— Você tem que parar de pensar assim. Eles estavam fazendo o trabalho deles. Nossos homens fazem isso para os clientes o tempo todo, — explicou Kolson. Seus olhos estavam quentes como mel.

Isso foi diferente. Danny poderia matá-los e se isso tivesse acontecido, ela se sentiria responsável.

Kolson notou como ela se agarrou a ele. Era estranho, porque ela ansiava por sua independência. Essa sempre foi a única coisa que ela enfatizou para ele. Era por isso que ela não ficava com ele tanto quanto ele queria. Ela precisava desse sentimento de liberdade. Mas ele adivinhou que agora ela precisava de segurança, então ele jurou que ela teria.

Jogando o braço em volta dos ombros dela, ele disse:

— Vamos para casa, vamos?

Eddie os deixou. Quando chegaram à cobertura, Kolson disse:

— Acho que seria melhor se você tirasse alguns dias de folga.

— Mas meus pacientes...

— Não vai beneficiar nada você enquanto estiver transtornada.

Ela se abraçou.

Ele soltou a mão dela.

— Venha. — A última vez que ele a viu assim, um banho na banheira a relaxou imensamente.

Quando chegaram ao banheiro, ele disse:

— Tire suas roupas enquanto encho a banheira, Kea. — Ele despejou óleo de banho de uma garrafa chique e ela se despiu. Ele segurou a mão dela enquanto entrava na água quente e calmante.

— Junte-se a mim?

Ele fez o que ela pediu, movendo-se atrás dela.

— Encoste-se em mim. Deixe-me e à água aliviar as suas preocupações.

Ela colocou as coxas sobre as dele e sentiu uma onda de bolhas entre as pernas.

— Umm. — Ela se contorceu contra ele e sua ereção floresceu entre eles.

— Não pretendia que isto tivesse como objetivo algo sexual, mas se você for se contorcer assim, então eu não serei responsabilizado por minhas ações.

— Kolson, sexo com você me faz esquecer meu nome. Porque raios não haveria de querer isso agora?

— Se incline para trás, então. — Ele levantou os joelhos, fazendo com que as pernas dela se espalhassem ainda mais. A pressão da água borbulhante a atingiu em todos os pontos certos e deixando-a ainda mais excitada. Ele pegou um gel de banho e colocou em um pano macio, fazendo espuma. Com pano passando em torno de seus seios, ela arqueou as costas enquanto seus mamilos eram massajados. Com a outra mão, ele os aumentou como se fossem pérolas, puxando e beliscando-os até que ela se contorceu contra a mão dele.

— Você já teve um orgasmo apenas com isso, Gabriella?

— Não, — ela gemeu.

— Acho que um dia deste vou ter que te dar um. Você é tão receptiva quando faço isso.

Deslizando a mão até os quadris, ele moveu o pano em um padrão circular, arrastando-o por cima de seus quadris e pélvis enquanto ela se inclinava na direção dele.

— Você vai ter que parar de se mover, Gabriella. Ou posso fazer algo para o qual você não está totalmente preparada. Essa sua bela bunda está torturando meu pau.

Ela engasgou quando se apercebeu das palavras dele.

Ele não quis dizer isso, ou quis?

Como se lesse sua mente, ele disse:

— Sim, eu vou foder a sua bunda. Agora não se mova assim.

Ele retomou seu movimento com o pano, levando-o para entre as pernas dela. Quando ele tocou no seu núcleo, ela soltou um longo e alto gemido. As protuberâncias do pano atingiram seu clitóris com a quantidade perfeita de pressão enquanto ele a massajava até um clímax intenso. Assim que ela começou a gozar, seus quadris a levantaram e ele deslizou para dentro dela.

Gabby ficou mais viva, quando Kolson levantou os quadris para cima e para baixo, enquanto suas mãos a moviam para combinar com seu ritmo. O prazer era insuportável. Ela se inclinou para a frente, segurando suas coxas enquanto ele lentamente a fodia.

— Gostaria que você pudesse se ver agora mesmo. Você é linda, minha Gabriella. Sua pele está corada e rosada com o vislumbre da água quente. Eu poderia olhar para o seu corpo nu o dia todo. Totalmente perfeito.

Gabby olhou para onde eles estavam unidos e colocou a mão em torno das suas pesadas bolas. Seu gemido de resposta a agradou. Então ela sentiu o dedo correr pela sua fenda até encontrar aquela abertura, e ele empurrou até que a pressão diminuísse.

— Ahhh, — ela gemeu.

Ele parou até sentir o orgasmo iminente diminuir e então seu movimento se acelerou novamente, mas muito devagar. Entrou e saiu dela com um ritmo torturante. Ela tentou acelerar as coisas, mas ele a segurou com uma mão no ombro dela.

— Se você tentar se mover, Gabriella, vou parar.

— Por favor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus movimentos recomeçaram e Gabby encontrou um prazer extraordinário. Suas terminações nervosas formigaram enquanto um fogo ardia em suas veias.

— Kolson. Por favor.

— Você goza quando eu disser a você.

— Mas...

— Silêncio. — Ele se inclinou para a frente e tomou o lóbulo aveludado de sua orelha e puxou-o para a sua boca, puxando-o com os dentes.

— Huuuh, — ela engasgou com a onda de prazer.

Instantaneamente ele se mexeu e começou a empurrar mais duro e mais rápido. Gabby se sentiu esticada até uma largura e profundidade impossíveis. Ele tocou em lugares dentro dela, beijou-a tão profundamente que houve um momento em que ela se perguntou se alguém poderia morrer de êxtase.

O seu clímax rasgou através dela, arrancando um grito de seus lábios, e depois seu nome. Se ele não a tivesse agarrado pela cintura, ela teria escorregado sob a água borbulhante.

O orgasmo de Kolson explodiu dele e os músculos internos de Gabby o espremeram até à última gota, até que ele se sentiu fraco pelo esforço de tudo o que aconteceu. Mas não estava fraco demais para levantá-la e colocá-la em seus braços.

— Você é incrível. Senti falta disso. — Seus lábios roçaram os dela, sua língua traçando seu contorno, antes de tomar o inferior entre os dentes. — Eu amo te levar desse jeito, mas sinto falta de ver seu lindo rosto. Vou ter espelhos instalados nas paredes ao redor desta banheira, só para poder ver você em todos os ângulos.

— Por que você não me bateu ultimamente?

A pergunta pegou-o desprevenido. A verdade era que ele queria. Muito.

— Pensei que talvez tivesse sido demais para você.

— Eu dei a você essa indicação?

— Não, mas você também não implorou por isso novamente. Decidi que você é importante demais para mim e não quero assustá-la com minhas necessidades. E com o que você está passando com Danny, achei que poderia ser demais. Então me segurei.

Ela levantou-se e sentou-se sobre ele. Enquadrando o rosto, disse:

— Eu confio em você para não me machucar. Não se retraia.

Ele se inclinou para tocar seus lábios nos dela.

— A verdade é esta. Essas minhas necessidades não são mais importantes para mim. Quero ver você amarrada com sua bunda toda rosa? Sim, quero. Mas também quero ver sua mente no caminho certo. Não quero que você faça alguma coisa só porque acha que é o que eu quero. Quero que você faça isso porque você também quer.

— Mas eu realmente gostei, Kolson. Foi divertido demais. E eu quero fazer de novo.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, em seguida, deu-lhe um sorriso sexy.

— Você sempre me surpreende, Kea.

— A sério?

Ele riu.

— Sim, de fato.

— Amo você, Kolson. Eu quero que você seja feliz.

— Ter você aqui me faz feliz.

— Mas eu quero que você tenha suas outras coisas também.

Ele apertou as mãos dela e deu-lhe um olhar sereno.

— Quando nós ficamos sem falar por cinco dias, foi o pior momento da minha vida. Então, se tivermos apenas esse tipo de sexo sensacional que estamos tendo, eu morrerei feliz. Você é mais importante para mim do que qualquer coisa, qualquer necessidade ou compulsão que eu possa ter, e venderia minha alma ao diabo por você. Ele fechou os olhos e voltou a falar. — Nunca pretendi que você se apaixonasse por mim. Você é boa demais para mim, Kea.

Dando-lhe um olhar suplicante, ele ergueu a mão quando ela tentou interrompê-lo.

— Deixe-me dizer isso enquanto tenho coragem, Gabriella. — Muitas emoções brotaram em seus olhos, e Gabby reconheceu todas elas: raiva, dor, vergonha, desgosto, mas o mais proeminente era o medo. — O fato é que você tem um coração e uma alma tão puros, e eu estou irreparavelmente danificado... estou muito mais fodido do que você imagina e sei que você já viu de tudo na sua profissão. Você pergunta por que eu não falo com você sobre o meu passado. Essa é uma das razões. Não me entenda mal. Eu sei que você nunca me julgará. Mas também sei que isso também pode assustar você. É puro egoísmo da minha parte, e isso não é justo para você. Deveria ter terminado com você antes de chegar a este ponto, mas não consegui. Não consegui ficar longe de você. Você me trouxe esperança pela primeira vez. Como uma luz na minha vida, me levando para fora da minha escuridão.

— Mas naquele dia, — ele engoliu em seco e olhou para ela por um momento — no dia que fui buscá-la, e você estava no abrigo das mulheres. Vi o jeito que você segurava aquela garotinha em seus braços e havia algo tão belo em tudo que você fazia, soube naquele momento que nunca poderia deixar você ir. A partir desse momento, toda vez que eu olhava para você, via a perfeição, a bondade e a caridade, e nunca tinha visto nada assim antes. E foi aí que eu soube que queria isso. De você. Queria que você me abraçasse assim. E me banhasse com esse tipo de amor. Sinto muito por não ter sido honesto com você sobre mim mesmo. Minhas intenções. Você está sendo enganada em tudo isso. Estou fodido demais para me qualificar como mercadoria danificada.

— Posso falar agora?

— Sim.

— Acho que preciso decidir o quão fodido você é, mas não posso porque você não vai discutir o seu passado comigo. Então, vou com o que vejo na minha frente aqui. Problemas? Sim, você os tem. Eu também. Assim como todo mundo. Ninguém é perfeito. Oh, você diz que eu sou, mas isso é besteira e você sabe disso. Vou te chatear e essa coisa de perfeição vai voar pela janela e você vai coçar a cabeça e perguntar por que diabos disse isso. Vá em frente e ria, mas é verdade. Agora estou super feliz com o que você disse sobre mim. E o jeito que você se sentiu quando me viu com aquela menininha, bem, faz me sentir realizada.

— Mas querido, esse é o meu amor pelo que faço. Se tivesse havido alguém para fazer isso por mim, teria significado muito. E talvez isso me tornasse mais forte e mais capaz de lidar com Danny. Quem sabe? Talvez nunca tivesse tentado me matar. Mas essa parte sobre eu ser enganada e como você deveria ter terminado as coisas, é treta. Imaginemos que acabava. Então eu ficaria sem você e Danny teria vencido. Eu teria perdido conhecer o tal. Você sabe, aquele cara que faz meu coração e meu sangue disparar.

— Então cale a boca e me beije porque eu amo sua boca.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Sky, Ryder e Cara foram ver Gabby no domingo, levando flores. Gabby apresentou Kolson para Ryder e os dois deixaram as mulheres conversando. Quando Case chegou, ele estava ansioso para se juntar aos homens para poderem discutir a situação. Gabby ficou animada por estar com suas meninas. Ela precisava de uma distração.

— Você não vai trabalhar amanhã, vai? — Perguntou Sky.

— Kolson não quer.

— Concordo. Também acho que você precisa ficar aqui com ele por um tempo — acrescentou Cara.

— Eu sei. Não quero ficar sozinha agora.

— Porra. Quando penso no que aconteceu... — Cara estremeceu.

— Case tem uma equipe procurando por ele, — disse Sky.

— O que você quer dizer? — Gabby sentiu o sangue escorrer de sua cabeça.

— Ele está à solta. A polícia não conseguiu encontrá-lo.

— O quê?

— Você não sabia?

— Não! — Gabby saiu correndo do quarto para encontrar Kolson. Ele estava na sala de estar. Ele soube imediatamente pelo desespero gravado em seu rosto o que estava acontecendo. Suas narinas estavam dilatadas e sua voz estridente. — Por que você não me contou?

— Gabriella, nós não queremos que você se preocupe. Estamos mantendo você segura, aqui mesmo. Case tem homens procurando por ele, assim como a polícia.

— Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai. — Ela esfregou o pulso, tremendo.

— Você está segura. Tenho homens no saguão e na garagem. Ele não pode subir aqui, Kea.

Gabby soltou uma série de respirações curtas, tentando ganhar o controle. Kolson se moveu para abraçá-la, mas ela estremeceu ao seu toque. Ele não deixou que isso o parasse.

— Deixe-me lidar com isso. Por favor. Vou cuidar de você, eu prometo. — Seus braços retornaram seu abraço. — Continue respirando, querida. — Ele deslizou a sua mão da cabeça até à cintura dela, e repetiu o movimento.

Uma vez que ele sentiu que ela estava tranquila, explicou como eles estavam tentando encontrar Danny.

— A polícia está procurando por ele. Tenha em mente que ele é procurado por tentar sequestrá-la e por tentativa de homicídio. Essas são acusações sérias.

— Foi inesperado ouvi-lo da Sky do jeito que eu ouvi.

— Entendido. Venha e sente-se. — Ele a levou até ao sofá e sentou-se ao lado dela, segurando a sua mão. — Não vou deixar nada acontecer com você.

— Nem eu — Case estava diante dela. — Gabs, tenho cinco caras procurando por ele e trabalhando com a NYPD sobre isso. Nós vamos pegá-lo. Ele não pode se esconder para sempre. Nós já descobrimos onde ele estava morando. Então é só uma questão de tempo. Mas escute Kolson. Você não pode ir trabalhar. Estamos trancando a casa. Disse a todos os funcionários que não são necessários para ficarem em casa. Não quero ninguém em risco.

— E as minhas amigas?

Kolson respondeu sua pergunta.

— Estou as levando para uma das minhas casas na cidade. Ele não as encontrará.

— E você? — Ela perguntou.

— Terei proteção. Agora que sabemos que ele é um perigo sério, podemos tomar as devidas precauções. Mas Gabriella, por favor, você tem que nos ouvir. Você não pode trabalhar. Cancele sua semana. Isso é imperativo. Isso inclui seus serviços voluntários também.

— Eu vou. Você está certo. É muito arriscado.

— Obrigado. Você me deixou vinte anos mais novo.

— Kolson, o que faz você ter agora...doze?

— Sim. É isso, gosto de mulheres mais velhas. O que posso dizer?


# # #


Depois que todos saíram, Kolson e Gabby se sentaram juntos assistindo TV.

— E se levar meses para encontrá-lo? — Gabby perguntou.

— Não vai. Eles vão fazer com que ele saia. Ele ficará descuidado.

— Não sei. Ele é uma cobra. Veja como ele conseguiu destruir a minha vida. Vai levar muito mais tempo do que pensa.

Gabby deu muito a Kolson para refletir. Ela estava certa. Exatamente como Danny conseguiu causar tanto dano?

Kolson só conhecia uma pessoa que era astuta e manipuladora a esse nível, seu pai. Não querendo alarmar mais, disse:

— Nós vamos pegá-lo, Kea. Nós vamos.

Gabby não tinha tanta certeza, mas assentiu mesmo assim.


# # #


A prisão voluntária não foi divertida para Gabby. Duas semanas depois, estava mal-humorada e inquieta. Danny estava atormentando os seus pensamentos, mesmo sem ter ouvido um pio dele. Ele tinha estragado a vida de muitas pessoas, pois ela não podia cuidar dos seus pacientes ou ser voluntária por causa dele. As amigas dela andavam a pisar ovos e todo mundo estava mal-humorado.

Por fim, ela disse a Kolson:

— Estou voltando ao trabalho.

— Não, você não pode.

— Eu preciso. Não posso continuar aqui trancada. Está me matando. Eu te amo por querer me manter segura, mas preciso da minha liberdade.

Kolson estava quieto.

— Tudo bem. Não gosto disso, mas vou ver o que posso fazer.

E foi aí que Gabby decidiu resolver as coisas com as próprias mãos. Estava farta de Danny, estava completamente cheia dele. Ele controlou sua vida por dezesseis anos, mas amanhã ela estaria tomando isso de volta dele.

Na manhã seguinte, Kolson estava começando acordar quando uma mensagem de texto chegou.

— Droga.

— O que aconteceu?

— É Kade. Reapareceu e quer dinheiro. O mesmo de sempre. Preciso de o ver.

Gabby pensou por um momento.

— Você acha que pode convencê-lo a falar com Case? Ou vir aqui para falar com ele?

— Não sei.

— Deixe-me ir com você. Talvez eu possa falar com ele.

Kolson não permitiria isso.

— É muito perigoso. Se eu aparecer com um acompanhante, ele vai fugir. E vou perder a confiança dele.

Gabby enlouqueceu.

— Você não pode encontrá-lo sozinho.

— Kea, eu vou ficar bem. Faço sempre assim.

— Não com Danny à solta.

Kolson assegurou que estaria seguro. Ele vestiu uns jeans e uma camiseta e saiu para ver Kade.

Gabby estava mais do que nunca determinada com o seu plano. Ela sabia que sua margem de tempo era pequena. Lydia chegaria às nove horas e se ela não a encontrasse em casa, o alarme seria dado. Isso significava que ela tinha que estar bem longe nessa altura.

Kolson mantinha duas armas no apartamento. Tinha-lhe falado sobre elas na noite em que chegaram em casa depois do ataque. Retirou o revólver da mesa de cabeceira e segurou-o nas mãos, testando seu peso. Vasculhou a gaveta, procurando por balas extras. Como não estava muito familiarizada com armas, rezou para que não tivesse que usá-lo, mas se o fizesse, ela esperava que o fizesse com precisão.

Deixando a arma na sua bolsa, correu para o banheiro, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e pegou um boné de beisebol no armário de Kolson. Os guardas estariam no saguão e no estacionamento, vasculhando a área, então decidiu pegar o elevador até ao segundo andar e depois as escadas. Usaria uma saída lateral para sair do prédio, de maneira a evitar passar por eles.

Quando chegou às escadas, culpa e ansiedade a envolveram, fazendo-a pensar sobre o quanto esta decisão era sábia. As consequências das suas acções podiam ser graves... Não apenas na vida dela, mas se conseguisse, elas poderiam arruinar o que tinha com Kolson. Mas Danny não lhe tinha deixado outra opção.

Olhando para a porta de saída na frente dela, respirou fundo e fez a escolha final.

Agora ou nunca. Viver ou morrer. Serei eu ou você, Danny. Isso vai acabar de um jeito ou de outro.

Segurou na barra de desbloqueio, e abriu a porta. Levava a um corredor lateral que ninguém usava, embora soubesse que haveria homens por perto. Vozes familiares flutuavam no ar. A brisa soprou uma mecha de cabelo que escapou do seu rabo de cavalo, mas os seus ouvidos estavam atentos a todos os sons. Ouviu alguém dizer que iam fazer uma pausa para o café.

Silenciosamente, empurrou a porta o suficiente para que pudesse passar e correr para a saída. Quando saía do prédio, surpresa a invadiu. Agora tinha que dar o fora dali. Rápido. Entrou no primeiro táxi que viu e pediu para levá-la à Grand Central Station. Então enviou uma mensagem de texto.

Encontre-me sob o relógio na Grand Central.

Então esperou. Quinze minutos se passaram até que estava saindo do táxi quando recebeu uma ligação. Era de um número desconhecido. Não foi o mesmo para o qual tinha enviado a mensagem.

— Você deve pensar que sou um idiota, preciosa.

Ela pagou o motorista e foi entrando.

— Não. Você é tudo menos isso. Mas ninguém sabe que estou aqui.

— Vá a Penn Station, na 34th Street. Perca o telefone. — A ligação terminou.

Ela pegou outro táxi e foi para a próxima parada. Ele não disse exatamente onde encontrá-lo, então entrou e esperou. O seu celular vibrou.

— Você não segue as instruções muito bem. Não perdeu o telefone.

Ela olhou ao redor do terminal, tentou procurar por ele.

— Se o tivesse perdido, você não poderia me ligar.

— Isso não importaria. Agora perca a porra do telefone.

Gabby se virou e ficou atordoada em silêncio. O cabelo de Danny estava emaranhado com sujeira e sua barba tinha crescido um pouco, então ela mal o reconheceu. Suas roupas estavam rasgadas e esfarrapadas e parecia estar vivendo nas ruas há meses.

— Vamos. — Seus longos e grossos dedos cravaram-se na carne macia de seu braço. A agarrou com tanta força que ela temia que ele pudesse quebrar seu osso ao meio.

— Você está me machucando.

— Essa é a menor das suas preocupações agora. Mova-se. Você queria esse encontro. Agora você vai tê-lo. — Ele a rebocou ao lado e ela tropeçou para continuar.

— Para onde você está me levando?

— Para minha linda casa. Onde mais?

— Mas você está...

— Estou fugindo da polícia, graças a você, sua idiota.

Desceram um lance de escadas. Os passageiros corriam ao redor, sem lhes dar a menor atenção. Que inteligente da parte dele ficar aqui em Nova York, onde poderia se perder nos milhões de habitantes desta cidade.

Caminharam ao longo de outra plataforma e entraram por uma porta recuada. Desceram outro lance de degraus, mais fundo nas entranhas da terra. Gabby agora percebia o quão insensato era o seu esquema. Deveria estar em casa com Kolson, sã e salva. Não estava, no entanto. Estava com Danny que a arrastava atrás dele.

Mas firmou sua resolução para acabar com isso. Fúria reprimida substituiu seu medo, uma fúria que correu em suas veias por tudo que ele havia roubado dela.

Logo chegaram a outro túnel onde os trens obviamente corriam. Gabby estremeceu ao pensar a que distância estava da segurança. Poderia morrer ali em baixo e ninguém jamais a encontraria. Não importava. Esta era a sua chance de finalmente acabar com isso.

Contornaram uma curva e, ao lado, havia um entalhe onde ela viu roupas amarrotadas, restos de comida e outros itens que indicavam que alguém estava morando lá. Enquanto olhava ao seu redor, Danny estendeu a mão e a derrubou no chão. Caiu em suas mãos e joelhos, com força.

— Agora, priminha, o que posso fazer por você?

Virando a cabeça cima para o olhar, ela sabia que este era o fim da linha. Danny ia matá-la e viver o resto de seus dias como um sem-teto, ou iria para a prisão. Iria executar o seu plano, ou morrer tentando.

— Este é o fim, Danny. Para nós.

Ele riu. Muito.

— Você está falando sério? Isso é o que você queria? Veio até aqui, arriscou sua vida para me dizer isso?

— Sim. E não vou mais jogar seus jogos doentios.

— O que diabos isso quer dizer? ‘Não vou mais jogar seus jogos doentios’. — a imitou em uma voz chorosa.

— Apenas o que eu disse. — Felizmente, sua bolsa tinha caído bem na sua frente e seu corpo ocultava isso. Enquanto conversavam, sua mão alcançou o interior e encontrou o aço frio. Colocou a mão em volta da arma e puxou-a para fora. Levantando-se e mirando em Danny, disse:

— Você fodeu comigo por muito tempo. Nunca consegui entender como conseguiu convencer os meus pais de que fui eu quem contou as mentiras. Mas não vou levar mais um minuto pensando nisso. Porque não acredito que a prisão mereça pessoas como você, seu filho da puta idiota.

Os olhos de Danny registraram surpresa e então ele lançou-lhe um sorriso lascivo.

— Você amava o jeito que eu transava com você, preciosa. Você queria que eu fizesse isso. Então você mentiu sobre isso.

Os olhos de Gabby brilharam com fogo quando gritou:

— Você me estuprou! Por anos! Você é um idiota doente e estou colocando um fim em você para nunca mais foder comigo ou com qualquer outra pessoa novamente. Mas eu quero saber uma coisa. Por quê? Por que você fez isso? E por que você me quer tão mal? O que fiz para você me odiar tanto?

Danny soltou uma risada sinistra.

— Deus, todo mundo sempre costumava dizer o quão inteligente você era, mas é realmente idiota. Você é uma maldita psiquiatra e ainda não percebeu isso? — riu ainda mais. — Não é o que você fez, é o que você não fez, idiota. — Então seus olhos se estreitaram, e mesmo na penumbra do túnel, ela podia ver a ameaça emanando deles. Estremeceu. — Você nunca me deu nenhuma atenção. Todo mundo caía ao meu redor. Pendurados em cada palavra que dizia. Você não. Não a santa Gabby. Você sempre foi melhor que eu, acima de mim, não era? Até lhe comprei presentes, mesmo assim nunca me deu nenhuma atenção. E ele nunca te contou, não foi? Nunca disse a você que sou seu meio-irmão? — Danny uivou com a expressão de Gabby.

— O que você disse?

Sua risada encheu o túnel cavernoso.

— Isso mesmo, idiota. Você é minha meia-irmã. Papai tinha se arriscado com a minha mãe e voilá. Aqui está o Danny! E lá estava você, toda orgulhosa com seus livros estúpidos, nunca dando a mínima para mim. Enquanto eu era a reflexão tardia. O grande foda-se. Aquele que nunca deveria ter nascido.

— Mas... — Gabby o olhou de boca aberta. Ele estava desequilibrado e ela sabia que tinha que ficar calma.

Inspirou e disse:

— Danny, não ignorei você. E nunca soube. Ele nunca me contou. Eu era jovem e alheia a tudo. Não apenas a você. Não percebia se estava chovendo ou nevando lá fora. — A arma, ainda apontada para Danny, oscilou em suas mãos.

— Eu o chantageei, você sabia. Disse que se ele tomasse alguma atitude sobre nós, contaria a todo mundo, incluindo a sua mãe, que ele era meu pai. — Ele riu novamente, embora ela só conseguisse olhar para ele fixamente. Ele olhou para a arma e disse:

— Você não tem coragem de atirar em mim, sua putazinha. Mas sabe uma coisa? É melhor você dar o seu melhor, porque nunca vou te deixar em paz.

Ouviram passos e, em seguida:

— Gabby, não faça isso. — Era Case.

Kolson gritou:

— Gabriella, por favor. Pare.

Os olhos de Danny se arregalaram. As mãos de Gabby tremeram ainda mais.

— Não! Ele tem que morrer. É o único jeito. — gritou em protesto.

Kolson estava atrás de Danny, indo agora em direção a Gabby .

— Concordo, Kea, ele tem. Mas não por suas mãos. Deixe alguém fazer isso. Você teria que viver com isso para o resto da sua vida e eu não quero essa bagunça em suas mãos. Por favor, me escute.

— Ele está certo, Gabs. Ouça-o,— aconselhou Case. — Coloque a arma no chão.

— Ele arruinou minha vida. E fará de novo. Nunca vai deixar de o fazer. Ele acabou de me dizer. Sairá da prisão e recomeçará de novo.

— Kea, vamos fazer tudo para que ele não saia. Por favor. Deixe Case e a polícia lidarem com isso. Dê-me a arma.

— Mas eu quero que ele morra!

— Eu também. Mas deixe acontecer do jeito que deve ser. Do modo certo.

Sua mão vacilou e Danny atacou. Ele bateu nas mãos dela e a empurrou para trás. A arma voou para fora do seu aperto e deslizou pelo concreto úmido. Kolson mergulhou para Gabby enquanto Case foi para Danny. Mas Case tinha ido tarde demais.

Como estava vivendo no subsolo nas últimas semanas, Danny se acostumara com esses túneis. Desapareceu. Policiais invadiram os túneis, procurando, mas sem sorte.

— Como você me achou? — Gabby queria saber.

— Seu telefone. O GPS. Tenho rastreado você diariamente para o caso de algo acontecer. Não iria me arriscar. Meus homens estavam seguindo você logo depois que saiu do prédio. — Seu tom era gelado, lhe dizendo para não perguntar mais nada. — Vamos sair daqui.

A polícia acabou de interrogá-la e escoltou-os de volta pelo labirinto de túneis.


CAPÍTULO VINTE E SETE


A caminho de casa, Kolson estava inacessível dentro do carro. Gabby esgueirou-se para ele e seus olhos pareciam bolinhas de ágata, do tipo que costumava colecionar quando era criança. Nenhum calor emanava deles, apenas raiva. Ficou magoada com a reação dele. O que ela realmente precisava agora era seus braços ao seu redor, e sua força para acalmá-la.

As portas do elevador se abriram e ele saiu e foi direto para o bar, parando para se servir de uma dose segura de uísque. Bebeu, batendo o copo contra o granito serviu-se de outro. De costas para ela, disse em um tom cortante:

— Tenho vontade de amarrar seus pulsos e tornozelos e bater na sua bunda sem parar. Que diabos estava pensando? E não se preocupe em responder a essa pergunta. Você é inteligente demais para qualquer tipo de explicação para as suas ações. Sim, eu sei que você está cansada de viver enjaulada como um animal. Meu Deus, se você soubesse. Entre no quarto agora.

— O que...?

— Eu disse que você poderia falar?

— Não, mas...

— Agora, Gabriella. A porra do quarto. Estou tão chateado com você. Ele poderia ter matado você. Você entende, tem alguma ideia do que você fez? Vai. Agora.

— Eu não...

Kolson se moveu como uma pantera perseguindo a presa e estava sobre ela tão rapidamente que sua boca abriu em surpresa. Sua blusa rasgou como lenço de papel, botões voando no ar e tilintando no chão ao redor deles. Ele tirou o sutiã com uma das mãos e baixou a boca para o mamilo exposto. Não beijou. Não lambeu. Nem sequer chupou. Ele mordeu um e beliscou o outro. Ela gritou quando uma poderosa corrente de calor se desenrolou em seu sexo. Tentou apertar as pernas juntas, mas ele empurrou o joelho entre elas, forçando-as a se separarem. Colocando as mãos no cós da calça, rasgou-as em dois e as tirou. Tirou a boca dos seios dela e disse:

— Quando eu digo para você entrar no quarto, quero dizer, vá. Para. O. Fodido. Quarto. — Então torceu os lados de sua calcinha até que eles estouraram.

Estava parada e cercada por suas roupas rasgadas. Oxigênio era uma mercadoria valiosa, já que não conseguia passar do aperto que havia amarrado sua garganta. Seu diafragma era igualmente inútil. Ela se moveu para levantar as mãos para o tocar e ele a impediu.

— Você não tem a minha permissão para fazer alguma coisa, Gabriella, exceto ficar lá. — Seus braços caíram para os lados enquanto seu peito arfava.

Dedos invadiram sua vagina e um circulou seu clitóris.

— Encharcada. Tudo para mim. Chupe isso. — Ergueu os dedos que estavam dentro dela e os enfiou na sua boca. — Oh, deixe-se disso. Você pode fazer melhor que isto. — Ela chupou-os intensamente, usando sua língua como se estivesse chupando seu pênis. Ele inalou, longa e lentamente através de seus dentes, e disse em voz baixa enquanto lentamente os retirava, — Muito melhor. Agora ande. — Ele a cutucou com a mão. Chutou seu caminho através de suas roupas arruinadas e enquanto se movia, uma de suas mãos se aventurou ao longo da curva dela para trás. Ela gemeu.

— Quieta. Nem uma palavra.

Porra. O que diabos está acontecendo?

Quando entraram no quarto, ele disse:

— Você vai se ver completamente fodida. Como isso soa?

— Eu quero...

— Essa pergunta não foi feita para ser respondida.

Ele foi até ao armário e pegou um longo pedaço de seda.

— Na cama, ajoelhe-se e levante seus pulsos. — Usando uma extremidade, os uniu, amarrou-os o suficiente para que não os pudesse mover. Então ele pegou a outra ponta do pano e colocou-a na moldura sobre a cama, amarrando-a. Sua cama era um enorme dossel de quatro colunas revestida de tecido cremoso. Por causa disso, ela nunca pensou no fato de que havia uma moldura sobre a cama. Agora os braços dela se estendiam acima da cabeça enquanto se ajoelhava e encarava o espelho atrás da cabeceira da cama.

Ele saiu da cama e se despiu. Depois olhou para ela.

— Gosto muito de você desse jeito. Talvez se eu tivesse feito isso antes, você não teria fugido como fez.

— Kolson, eu...

— Silêncio! Não lhe dei permissão para falar. Agora, Gabriella, você vai fazer algo assim de novo? Algo tão perigoso que poderia matar você? Sim ou não.

Ele quer que eu responda a ele?

Ela ficou em silêncio.

— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai fazer algo assim novamente? Me responda.

— Eu não...

— Sim ou não, Gabriella. — Ele sacudiu o chicote que segurava e ela sentiu a picada dos fios de couro enquanto esfolavam as bochechas da sua bunda. E gritou.

— Eu disse sim ou não.

Ele bateu nela novamente. E de novo.

— Não!

Ela gemeu quando a tensão em sua barriga se intensificou e começou a descer diretamente para entre as suas pernas. Cada vez que os fios de couro entravam em contato com a sua pele, correntes corriam por seu corpo, centrando-se em seu sexo. Queria apertar as coxas para aliviar a dor, mas sabia que era impossível. Ela se contorceu e gemeu novamente.

— Quieta.

Gabby fechou a boca com força. Foi com extrema dificuldade que conteve seus gemidos enquanto ele continuava a açoitá-la. Passou a extremidade em torno de seus seios e bateu em seus mamilos com o açoite. Gabby esperava que ele não se importasse se ela gozasse porque um orgasmo estava se aproximando rapidamente.

— Como castigo, não vou permitir que você goze.

Passou as tiras sobre as costelas e debaixo dos braços. E então ele pegou a alça do flogger e correu ao longo de sua fenda. E Gabby gozou. Fortemente.

— Ahhh, — ela gritou.

— Oh, você fez isso. — Ele clicou a língua e ela sabia que estava em apuros.

Ele saiu do quarto. Quando voltou, a massageou com algo espesso e oleoso. Ela soube o que iria acontecer.

— Não.

— Não para isso? — disse enquanto esfregava o polegar nela. Ela gemeu. Sua outra mão deslizou em seus quadris enquanto seu mindinho tocava no seu clitóris. Então seu pênis entrou nela. Estava tão esticada e larga que queria gritar.

— Amo ter meu polegar na sua bunda, Gabriella. Posso sentir meu pau se movendo dentro de você.

Ele empurrou e ela recuou no movimento. Seu ritmo sincronizado, ela se arqueou enquanto ele entrava nela. Era delicioso.

— Diga-me que nunca vai me deixar assim novamente. Diga — ele rosnou em seu ouvido.

— Não, nunca, — ela choramingou.

— Ah, Gabriella. Diga-me a quem esta boceta pertence.

— Você. Pertence a você, — ela disse.

— E quem é o dono dessa bunda?

— Você é, — gemeu.

— Você nunca mais pense em colocar isso em perigo novamente. Entendeu?

— Uh, ah...

— Olhe para mim, Gabriella.

Seus olhos se encontraram no espelho e toda a ação cessou. O tempo parou enquanto as palavras não ditas passavam entre eles. De repente, ele a desamarrou e a girou em seus braços.

Agarrando-a pelos ombros, sua voz rouca de emoção, ele disse:

— Porra, não faça nada assim novamente. Você me ouve?

— Sim!

— Prometa-me!

— Eu juro, Kolson.

— Você poderia ter morrido hoje. Cristo, tem ideia do perigo em que se meteu? Você sabe os riscos que correu? Raios, você me assustou, Kea.

Os seus lábios esmagaram os dela, e brutalmente a beijou, esmagando seu corpo contra o dele, machucando-a. Mas ela o queria. Precisava dele. Colocou os braços em volta do seu pescoço e o puxou para mais perto, enterrando as mãos no seu cabelo. Ele alcançou entre eles e empurrou seu pênis de volta nela, suas bocas continuavam enroscadas. Caíram na cama e ele afundou nela, se enterrando. Era como se nenhum deles conseguisse o suficiente, como se tivessem que provar um ao outro que estavam sãos e salvos.

O suor se agarrava à testa de Kolson, seus corpos escorregadios, mas eles não notaram. Estavam perdidos em sua paixão. Ele encontrou aquele ponto, aquele que a fazia gritar, e usou os dedos em seu clitóris até que todos os seus músculos, por dentro e por fora, apertaram e espremeram o orgasmo dele.

Quando terminaram, ele descansou a cabeça onde o pescoço dela encontrava seu ombro, recuperando o fôlego. Então a beliscou com os dentes.

— Veja como você é linda, toda aberta para mim. Tão responsiva, tão apaixonada. Nunca vou me cansar de você, Kea. Nunca. Você é toda minha. Isso é meu. — Sua mão cobriu seu sexo. — Ninguém mais vai ter isso. — Ele girou seus quadris novamente e ela soltou um sopro sobre seu corpo. Mãos deslizaram para baixo e seguraram as bochechas de sua bunda. — Isso é tudo meu também. — Todo o corpo de Gabby estava em chamas. Seu coração batia mais forte com cada palavra dele e seu sangue ardia com cada toque.

— Eu te amo. Tudo sobre você, Kolson. Mas às vezes você é assustador.

— Faz tempo que te venho dizendo isso. Se houver alguma dúvida na sua cabeça sobre como me sinto em relação a você, espero ter esclarecido. Você é meu mundo, Gabriella. Mantê-la segura é fundamental. Lembre-se disso.

Eles se abraçaram por mais algum tempo.

— Me beija. Muito e profundamente. Com vontade. Como se você nunca mais saísse por aquela porta e fizesse o que fez comigo hoje de novo. Nunca mais quero receber um telefonema desses, porque meu coração não iria sobreviver.

Rastejando para cima dele, ela começou devagar, explorando cada pedaço de sua linda boca, por dentro e por fora. Era um beijo que deveria ser saboreado, um beijo destinado a transmitir o que estava em seu coração.

— Não fiz isso para assustar você. O fiz para te proteger. Porque todo dia me preocupo que ele não apenas me machuque, mas a você também. E se isso acontecer, sei que não sobreviveria. Superei muita coisa, mas isso seria minha ruína. Kolson Hart, amo cada centímetro de você, até mesmo as partes que rasgaram minhas calças favoritas em pedaços e me amarraram em sua cama como agora. Não quero deixar ou ficar longe de você.

E pela primeira vez desde que tinha quinze anos, a Dra. Gabriella Martinelli cedeu e chorou.


CAPÍTULO VINTE E OITO


Kolson não tinha certeza do que fazer. As lágrimas de Gabby continuavam fluindo. Aquela represa proverbial se rompera e a força da água atrás dela era sem precedentes. Para piorar as coisas, ele era inexperiente em consolar as pessoas. Tinha recebido tão pouco disso em seus anos de vida que não tinha certeza de que palavras usar ou qual a melhor maneira de acalmá-la.

Então fez a única coisa que sabia e a abraçou, murmurando um monte de nada, porque ele duvidava que ela estivesse processando qualquer coisa de qualquer maneira.

As lágrimas continuaram por horas, molhando o seu peito, descendo ao longo deste e caindo sobre os lençóis da cama. Ele nunca imaginou que os seres humanos poderiam produzir tanto líquido de seus olhos. Quando seus soluços começaram a diminuir, ele alcançou a mesa de cabeceira e pegou lenços para ela. Ela assuou o nariz e estremeceu.

— Posso te dar alguma coisa? Água? — Ele perguntou.

— Não. Eu... Eu não chorei...

— Eu sei, Kea. Você nunca chora. Mas você precisava. E fico feliz que o fez comigo. Isso é sobre cura. E talvez finalmente se tenha livrado do controle que ele tinha sobre você.

Suas mãos se fecharam e ela esfregou os olhos com elas.

— Eu me sinto tão nojenta.

— Você está linda. Sempre está linda.

— Você está a dizer isso por dizer — Ela fungou; ele lhe entregou mais lenços.

— Não, não estou. — Ele tirou o cabelo emaranhado do rosto dela. — Eu te machuquei? Quando fizemos sexo?

— Não.

— Quero ter certeza de que não foram minhas ações que provocaram isso.

Ela não disse nada.

— Seu silêncio está me deixando desconfortável.

— Não foi o que fez no quarto. Foi como agiu quando chegamos em casa que me perturbou. Você foi assustador, Kolson.

— Gabriella, eu...

— Deixe-me terminar, por favor.

Ele assentiu.

— Eu estava abalada. Talvez o meu plano não fosse tão bom, mas isso tem que acabar. De alguma forma, Kolson. Decidi que o poderia eliminar. Ou o matava ou ele a mim.

Kolson fechou os olhos com força. Os músculos de sua mandíbula se contraíram.

— De um jeito ou de outro, decidi que ia acabar. Ele controlou minha vida por muito tempo e eu permiti isso. E havia a sua segurança que estava me preocupando. Então por isso que acabei me encontrando com ele. E quando não atirei nele, isso me esmagou. Queria muito matá-lo para poder sentir o gosto da vitória. Você me entende? Você disse que eu teria que viver com a culpa. Não teria havido nenhuma. As coisas que ele me fez e o tempo que jogou comigo, não teria sido nada demais apertar aquele gatilho. Danny disse que eu não tinha coragem. Ele estava errado. A razão pela qual não puxei o gatilho foi por causa do que isso te teria feito e o que você teria pensado sobre mim depois. Estava com medo do que veria em seus olhos toda vez que você olhasse para mim.

— Então, quando voltamos para cá, você estava tão lívido e tudo que eu queria era que você... — Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. — Tudo que queria era sentir seus braços em volta de mim, me confortando. Mas, em vez disso, recebi o peso da sua raiva.

Seus braços se contraíram e ele cobriu com beijos os seus cabelos. Com uma voz rouca, lhe disse:

— Deveria me desculpar, mas não posso. Estava com raiva porque quase te perdi. Não dou a mínima para Danny. Se você tivesse atirado e o matado, não te amaria menos. Estava apavorado que você acabasse na prisão, mas continuaria te amando com todas as minhas forças. Você precisa entender uma coisa. Não te amo apenas para o bem. Te amo tanto para o mal, para o belo, para o feio, mas acima de tudo, eu amo você pelo meio termo. Porque é aí que a maioria das nossas vidas será passada. Nem todos os nossos momentos juntos serão impressionantes, monumentais ou magníficos. A maioria dos nossos dias será apenas mais ou menos e, nesses momentos, ainda amarei cada pedacinho de você.

Ela sorriu para ele, então suspirou.

— E esse sorriso valeu muito a pena para mim, Dra. Martinelli.

— Também amo cada pedacinho de você, Kolson Hart. — Então ela fez uma careta. — Tente não ficar louco comigo, por favor.

— Sinto muito que meu comportamento tenha te chateado. Farei o meu melhor para controlar meu temperamento em ocasiões como essa.

— Espero que não tenhamos mais nenhuma como hoje.

Sua expressão ficou sombria.

— Eu também.


# # #


Naquela noite, Kolson ligou para Case.

— Você conhece alguém que seja suficientemente bom para rastrear Danny Martinelli?

— Sim. Há um cara. Drexel Wolfe. Ele é caro, no entanto, — disse Case.

— Me diga mais.

— É um PI, mas o rumor é que costumava ser das Forças Especiais. Alguns até dizem que ele comandou missões Black Ops. Ele é bom. O FBI o usa. Os rumores também dizem que está conectado à CIA.

— O quão difícil ele é de conseguir?

Case riu.

— Depende de quanto dinheiro você tem.

— Vamos lá, Case. Isso não é assunto para rir. Gabriella está andando sobre vidro quebrado neste momento.

— Não queria minimizar a situação, Kolson. O que quis dizer foi que Drex Wolfe pode ser obtido pelo dólar certo a qualquer momento. Ele é do seu nível. Pesquise-o. O nome da empresa é DWI Inc.

— Você está brincando comigo. Como Conduzir Enquanto Intoxicado11?

— Não, mas isso é meio engraçado, agora que você mencionou. Significa Drexel Wolfe Investigações.

— Aguente aí. — Kolson pesquisou a DWI Inc. e uma carga de informações apareceu em sua tela. — Porra, como nunca ouvi falar desse cara?

— Não sei. Deixe-me saber o que você quer que eu faça. O conheço de alguns casos do passado então posso colocar você em contato.

— Faça a chamada. Quero-o em Nova York para ontem.

Uma hora depois, o telefone de Kolson tocou. Era Drexel Wolfe. Chegaria a Nova York pela manhã. Case já tinha passado toda a informação. Wolfe e um de seus homens estariam atrás de Danny imediatamente. Quando o encontrassem, ligariam para Kolson com a localização.

— Não envolva a polícia. Tenho outra coisa em mente para ele, — disse Kolson.

— O que você quiser. Não me envolvo nesse fim. E eu prefiro ficar no escuro em relação a esses detalhes.

— Sr. Wolfe, estou apenas contratando você para encontrar Danny Martinelli e depois me avisar onde ele está.

— Bem. Você pode depositar metade da minha taxa na minha conta e o restante dela quando o trabalho terminar. Vou lhe enviar o número da conta e as informações bancárias de que precisará.

— Isso soa bem. E obrigado por assumir isto em tão pouco tempo.

— Oh, não se preocupe. Serei bem compensado.

— Tenho certeza que vai. E qual é a sua estimativa de tempo para encontrá-lo?

— Vou ter uma localização em dois dias, no máximo, depois que chegar aí.

— Excelente.

Kolson terminou a ligação e olhou para o celular. O que ia fazer a seguir era tão repugnante para ele, picadas provocaram-lhe calafrios e o fizeram estremecer. Logo, seu estômago estaria queimando como se ele tivesse engolido um litro de ácido clorídrico. Não importava. Gabriella era mais importante que qualquer coisa... Mais importante que seus sentimentos em relação ao seu pai.

Tocando os números com muito mais força do que o necessário, ele se encolheu quando o telefone começou a tocar.

— Langston Hart.

— Pai. É Kolson.

Um grande silêncio o saudou momentaneamente.

— Bem, bem, bem. Que surpresa. A que devo essa honra? Um telefonema do grande Kolson Hart?

Kolson não respondeu ao comentário de seu pai.

— Preciso de um favor.

Outro momento de grande silêncio se seguiu.

— Filho, você está prestes a dar a este velho um ataque cardíaco.

— Pai, pare de tentar enganar todo mundo. Você está longe de ser velho.

— Você está plenamente ciente da minha política de favores?

— Oh, sempre estou. Conheço-a bem. Muito bem, na verdade.

— Então deve ser importante para nós estarmos tendo esta conversa.

— Sim é.

— Fale.

— Antes de começar, preciso do seu juramento de que essa conversa nunca sairá daqui. Não importa o que aconteça. Estamos de acordo?

— Estou bem com isso.

— Também preciso do seu juramento em outra coisa.

— Meu Deus, você não está precisando hoje à noite?

— Sim, senhor, estou. Isso envolve algo muito importante para mim.

— Espero que sim ou você nunca teria ligado. Na verdade, eu diria que você está desesperado.

— As partes envolvidas devem permanecer inocentes e fora de seu alcance.

— Hmm. Agora estou intrigado,— disse Langston.

— Claro que você está.

— Combinado.

— Preciso ter alguém, por falta de um termo melhor, eliminado.

— Continue.

— O nome do homem é Danny Martinelli e está ameaçando Gabriella há anos.

— Ah, entendo.

— Não, você não pode entender.

Langston disse:

— Seja legal, Kolson. Eu tenho o poder nessa conversa. Agora, quero que você pense muito sobre algo. Quando faço um favor a alguém, sempre espero algo em troca. Isso significa que você me deve.

— Entendido. Um favor, uma dívida em troca.

— Sim, mas será uma dívida da minha escolha.

— Não pode envolver Gabriella.

— Porque, Kolson, acredito que você está apaixonado pela bondosa doutora.

— Isso não é da sua conta.

— Você pediu meu juramento. Agora preciso do seu em troca. Você vai pagar sua dívida ou não há favor.

— A dívida deve ser razoável.

— Kolson, você está me pedindo para matar alguém em seu nome. A dívida corresponderá ao favor.

Kolson estremeceu.

— Isso não pode ter ramificações negativas para Gabriella ou qualquer um dos meus funcionários.

— Não me está ouvindo, filho. Você não está em condições de fazer exigências. Agora, você quer que eu tire essa pessoa ou não?

— Sim, — grunhiu Kolson.

— Então, o que vai ser? Uma dívida por um favor é o acordo?

— O acordo está em andamento.

— Oh, e Kolson, eu posso exigir o pagamento dessa dívida no momento que achar adequado. Então, onde está este Danny Martinelli?

— Vou ter uma localização para você em alguns dias.

— Bom. E mais uma coisa. Como o verão está acabando, sua mãe gostaria de receber algumas pessoas no próximo fim de semana. Espero também contar com você e Gabriella lá. Sábado a domingo. Planeje passar a noite lá. Será um grupo íntimo. O Kestrel estará lá. E quatro outros casais. Sua mãe vai ficar feliz por você estar vindo.

A ligação terminou e Kolson teve uma dor ardente na boca do estômago.


# # #


No dia seguinte, Kolson ligou para seus advogados. Discutiu importantes questões de negócios e legais que precisavam ser resolvidas, para grande choque de sua equipe jurídica. Depois contou a Gabby sobre o fim de semana na casa dos seus pais.

— O quê? Passar a noite?

— Sinto muito. Era inevitável. Espero que você esteja bem com isso.

Ela mordeu o interior de sua bochecha.

— Bem, sim, se você está. Mas depois da última vez, estou totalmente surpresa.

— Quero que minha mãe conheça você, — respondeu no seu tom seco.

Gabby colocou os braços em volta da sua cintura.

— Querido, você está bem?

Seu corpo relaxou.

— Sim, estou bem.

— Ok. — Ela o segurou um pouco antes de soltá-lo.

— Kestrel também estará lá, e acho que vai levar uma amiga. Então você terá alguém com quem conversar.

Gabby achou que isso era uma coisa estranha de se dizer.

— Eu não vou estar com você?

— Bem, sim, mas pensei que você poderia querer outra garota para conversar.

— Prefiro não falar. Prefiro fazer outras coisas com você.

— Oh sim? Que tipo de coisas?

— Como se você me amarrasse e tomasse liberdades impertinentes comigo.

— Hmm. Liberdades impertinentes? — Ele sorriu. E então a atmosfera na sala ficou tensa enquanto seu olhar ficava sombrio. Pressionou-a bruscamente contra ele e suspirou.

— Acho que posso ter que fazer isso agora, Kea. Tenho um desejo de explorar todos os tipos de ideias impertinentes com você. Você quer brincar?

— Essa exploração incluirá meu silêncio?

Sua pergunta o supreendeu.

— Gabriella, não gostou do que fiz com você?

— Bem, sim, mas também gosto de expressar meu prazer e quando você me diz que não posso, me tira algum dele.

A expressão triste dela apertou-lhe o coração.

— Por que não me disse nada? Quando lhe pergunto depois, quero sua completa honestidade.

— Porque não quero estragar o seu prazer e você obviamente gosta disso.

— Jesus, — ele murmurou enquanto esfregava o rosto. Olhou para ela, soltou um suspiro e disse:

— O meu prazer é tão intenso como o seu. Se você quiser gritar sem parar, então faça. Quero que você goze quantas vezes puder, e que ame cada orgasmo. E se você quiser dizer em mandarim que precisa que te foda mais forte, se é isso que te excita, então faça, pelo amor de Deus.

— Bem, ok, mas vou ter que aprender a falar mandarim.

A sua cabeça se levantou e viu como os seus olhos brilhavam de alegria. Então, uma série de gargalhadas dela soaram, e ele se viu juntando a ela.

— Já me posso ouvir. — Ela fez a sua melhor imitação do que pensava que o mandarim soaria, entoando a sua própria piada.

Ele riu também, mas depois disse:

— Foda-me mais forte, Kolson, — em mandarim perfeito.

— O que significa isso? — Ela perguntou.

— Acabei de dizer: "Foda-me mais forte, Kolson" em mandarim.

— Você fala mandarim? — Não era uma pergunta, mas uma afirmação. E embora estivesse surpresa, ela não deveria ter estado. Ele era tão talentoso em tudo o mais, por que diabos não falaria mandarim?

— O que outras línguas você fala?

— Inglês. — Ele riu.

— Isso é tudo?

— Não. Espanhol, alemão e francês. Mas você já sabia disso desde que jantamos no Le Chatelaine — disse-lhe, desconfortável.

— E eu pensava que era um gênio, — murmurou baixinho. — Faculdade?

— Não. Tutor. O meu pai insistiu que todos nós fossemos multilingues.

— Por quê mandarim?

— Os chineses são grandes industriais. Ele estava convencido de que eles controlariam a economia mundial. O meu pai é um homem de negócios astuto. O mandarim é a língua nacional da China.

— Então todos os seus irmãos são multilingues também.

— Sim.

— A propósito, você encontrou Kade?

Kolson baixou a cabeça.

— Sim. Não correu bem. Dei-lhe dinheiro e disse-lhe que ele precisava ir para a reabilitação. Mencionei Case. Ele se tornou o seu eu raivoso habitual.

— Alguma chance de eu poder ir com você? Ou talvez Case?

Kolson fechou os olhos com força. Não sabia como dizer isso sem soar duro. — Deus, você é uma alma maravilhosa. Você viu e sabe como eu tenho problemas? Bem, Kade é bem pior. E não é tão simples. As drogas são ruins o suficiente, mas sua cabeça está toda fodida também, Kea. Eu... A escuridão é parte disso tudo, e raios é uma maldita bagunça. — Ele saiu do quarto e ela o observou sabendo que era o fim da conversa. Queria tanto poder segurá-lo e ele lhe contaria tudo porque sabia que isso poderia ajudar. Ela apenas sabia disso. Mas teria que esperar até que ele estivesse pronto, porque não iria pressioná-lo.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


Três dias depois, como estava garantido, Kolson recebeu um telefonema. Era tarde da noite e tinham acabado de se deitar. Ele olhou para o identificador de chamadas e pediu desculpas a Gabby, dizendo-lhe que tinha que atender a ligação.

— Hart, — respondeu enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

Gabby não deu muita importância a isso. Recebiam ligações a todas as horas do dia e da noite.

— Sr. Hart. Fala Drex Wolfe. Temos o seu homem.

— Você tem certeza?

— Nós não estaríamos falando se eu não tivesse.

— Jesus. — Kolson se encostou na sua cadeira e respirou fundo várias vezes. — Jesus. — Ele olhou para as suas mãos trêmulas.

— Você está bem?

Por um longo momento, ele só pôde respirar.

— Sr. Hart? Kolson?

— Sim. Dê-me um segundo.

— Leve o tempo que precisar.

A mente de Kolson era uma bagunça fodida. Gabby, seu pai e Danny o ensombraram com imagens colidindo, e ele não sabia o que fazer, como responder. Estava claramente despreparado para isso.

— Porra. Eu...

— Sr. Hart, a maneira como normalmente operamos é chamamos a polícia e os deixamos entrar ou...

— Não. Não é assim que isso vai funcionar. Deixe-me pôr as minhas ideias em ordem.

Numa voz mortalmente calma, Wolfe disse:

— Você não me deixou terminar. Ou seguramos o suspeito até à próxima fase da operação. Posso fazer isso por você. Apenas me diga o que quer fazer.

— Você pode me dar cinco minutos? E eu ligo de volta?

— Não me pode ligar de volta, Sr. Hart. Ligarei para você. — A ligação terminou.

Kolson sentou-se na sua mesa, entorpecido. Sabia que isso aconteceria então por quê essa resposta? Também sabia a resposta para isso. Ele estava prestes a voltar para o inferno. E estava com medo. Com medo do que aconteceria quando fizesse isso.

Ele ponderou suas opções. Sempre havia aquela em que pegava o telefone e ligava para Case, e depois para a polícia. Danny seria preso e sem dúvida cumpriria uma pena de prisão. Mas por quanto tempo? E depois? Viria atrás de Gabriella com armas apontadas. Então, Kolson imaginou os dois casados, com filhos e talvez até netos. As possibilidades de ele ferir sua família eram muito grandes para sequer considerar. Não, ele ficou sem outra opção.

Seu telefone tocou.

— Tomou alguma decisão, Sr. Hart?

— Sim. Onde está e por quanto tempo pode segurá-lo aí?

— Indefinidamente, e não divulgarei nossa localização até que receba instruções suas. É para nossa proteção.

— Entendo. Nesse caso, vou precisar dele em algum lugar privado, onde uma troca possa ser feita. Em algum lugar onde possa deixá-lo. Assim você não será identificado ou rastreado e, assim também não verá quem o pegou.

— Compreendo. Vou ligar de volta em alguns minutos.

Quando Drexel Wolfe ligou de volta, disse:

— Brooklyn, zona de armazéns de East River. Há um armazém abandonado no final da Rua Heron. Andar de cima. Meia-noite amanhã. Vou deixá-lo lá. Amarrado como um belo presente para você.

— Entendi.

— Uma vez que tenha confirmação de que ele está lá, pode transferir o resto do dinheiro para mim. Boa sorte, Sr. Hart. E pelo que vale a pena, não se sinta culpado. Não sei o que ele fez, mas eu também queria matar o filho da puta desprezível.

A ligação terminou e foi tudo. A primeira parte estava terminada. Agora falta o pedaço desagradável do negócio. Kolson fez a ligação seguinte.

— Você deve ter a informação para o favor que precisa, — disse Langston.

— Eu tenho. — Passou o endereço do local e o período de tempo.

— Meia-noite amanhã. Terminará logo em seguida. E vemo-nos em casa no próximo sábado.

— Sim. Estaremos lá.

Kolson estava sentado à sua mesa, olhando para o protetor de tela de seu computador — uma foto de Gabriella, na noite em que a levou no helicóptero. Ela estava rindo e alegria fluía dela. Kolson queria entrar no computador e agarrar-se a essa alegria, se banhar nela porque se sentia mal, sentia como se tivesse acabado de entregar a sua alma ao diabo. Queria a alegria de Gabriella para limpá-lo de seus pecados, porque sabia que se ela descobrisse o que ele acabara de fazer, a transação que acabara de fazer, a perderia para sempre. E podia bem pertencer ao diabo se isso acontecesse.

Afastando-se da sua mesa, voltou para o quarto e encontrou Gabriella dormindo. Tentou não lhe tocar quando se deitou, mas ela estava demasiado ligada à sua presença.

— Está tudo bem?

— Hmm. Agora sim, — disse-lhe, puxando-a para seus braços.

Ela se encolheu contra ele e ele envolveu o cabelo ao redor da mão, sentindo a textura grossa e sedosa contra as palmas ásperas. Descansando o seu nariz contra a cabeça dela, deixando o cheiro dela acalmá-lo.

Os dois dias seguintes seriam difíceis, e pior ainda, teria que mascarar seus sentimentos de apreensão dela. Fechando os olhos, ele sabia que o sono iria evitá-lo, mas ficar ali com Gabriella em seus braços era o suficiente para ele. Era mais do que suficiente, mais do que esperava, muito mais do que aquele menino torturado que alguma vez sonhou em ter. E era por isso que estava confiante de que tinha feito a escolha certa.

O dia seguinte foi tranquilo para Gabby, mas um tormento para Kolson. Ele sentiu como se o tempo passasse lentamente. O trabalho foi um desastre e foi impossível fazer qualquer coisa. Discutiu com todos até que Jack, seu assistente, finalmente sugeriu que tirasse a tarde de folga. O ginásio parecia ser a solução e lutar com seu treinador tirou a sua mente das coisas por um tempo. Quando chegou em casa, estava cansado até aos ossos.

— Kolson, você parece estar mal. Posso lhe ajudar em alguma coisa.

— Estou bem. Fui para a academia e meu treinador me matou.

— Por que você não toma banho e eu preparo o jantar? Lydia nos fez crioulo de camarão.

— Parece maravilhoso. — Ele mentiu. Não tinha certeza se poderia engolir algo. O chuveiro aliviou algumas de suas dores e o relaxou um pouco, mas ainda estava dolorido e cansado quando se juntou a Gabby no balcão.

Quando percebeu que ele não estava comendo nada, ela comentou. Ele deu uma resposta branda e ela disse:

— Talvez você esteja ficando doente. Vá para a cama e descanse um pouco. Vai se sentir melhor de manhã.

Ele aceitou o conselho dela e se arrastou para o quarto e foi dormir. Ele nem a ouviu a vir para a cama.

Ambos acordaram com os celulares a tocar.

— Que diabos! — Gabby gemeu.

Atenderam suas respectivas ligações e ambos se sentaram na cama.

Case estava ao telefone com Kolson e a polícia conversava com Gabby. O corpo de Danny tinha sido encontrado. Tinha saltado do último andar de um dos hotéis em Brooklyn. Deixou uma nota de suicídio afirmando que sabia que seria pego eventualmente e ele simplesmente não queria ir para a prisão. Então decidiu tomar o caminho mais fácil.

Gabby desligou o telefone e ligou a televisão. Percorrendo os canais, encontrou as notícias locais e logo um repórter apareceu ao vivo, onde descobriram o corpo de Danny.

— Daniel Martinelli, que era procurado pela polícia há mais de um mês, foi encontrado morto esta manhã depois de supostamente saltar do telhado de um hotel em Brooklyn. O Sr. Martinelli, originalmente da região de Stanford, Connecticut, foi acusado de estupro, abuso sexual infantil, perseguição, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e assalto de natureza agravada com uma arma mortal.

Gabby ficou chocada a princípio, mas depois recostou-se nos travesseiros.

— Acabou. Ele está morto.

— Sim. Está. Agora você não precisa mais viver sua vida com medo.

— Não parece real. Não parece possível. Ele controlou tudo o que fiz por tanto tempo.

— Não mais, Kea. Só você pode controlar o que faz agora.

Ela tirou o cabelo do rosto.

— É difícil de acreditar. Na verdade, não sinto que seja real.

— Isto é.

— Acho que vai demorar um pouco para eu acreditar.

Kolson notou a expressão vazia no rosto dela.

— Você está bem?

— Não tenho certeza. Suicídio. É tão estranho. Quero dizer, quando o vi ele estava desequilibrado, com psicose definida emergindo e possível distúrbio de personalidade. Mas mesmo considerando sempre o suicídio como uma possibilidade, ele simplesmente não me parecia o típico paciente que tem ideias suicidas. Algo tinha que ter desencadeado isso. Ele deixou uma nota? Algo que possa explicar o que aconteceu?

— Vou ver se Case pode descobrir.

— Obrigada.

— Acho que precisamos fazer algo esta noite para tirar sua mente disso. O que você acha?

— Não sei. O que você está pensando?

— Não vamos a lugar nenhum há algum tempo. Deixe-me pensar sobre isso.

— Está bem.

Kolson notou como ela estava nervosa. Colocou os braços ao redor dela.

— Vai ficar tudo bem, Kea. Vou ver se podemos descobrir o que aconteceu. Mas o bom é que não precisa mais temer por sua vida. — Ele alisou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei. Isto é tão estranho. Como ele ficou tão fodido? Foi porque se ressentiu do fato de que era filho do meu pai?

— Quem sabe? Às vezes as pessoas nascem más.

— Isso é tão assustador. — Gabby estremeceu.

— Você quer que eu fique em casa hoje?

— Não, e eu também vou trabalhar hoje.

Kolson se afastou dela para poder dar uma boa olhada nela.

— Você tem certeza disso? Está pronta para isso?

— Sim. Isso vai me fazer bem.

Mais tarde naquele dia, Kolson ligou e disse a Gabby que tinha uma surpresa e ela precisava estar pronta para sair às cinco e meia.

— Linda, como você sempre está, Kea.

— Onde estamos indo?

— Não vou dizer.


# # #


Gabby chegou cedo do trabalho para se preparar para sua surpresa. Estava pronta para sair às cinco e meia, como Kolson solicitou.

— Linda, como sempre. — lhe disse quando ela saiu.

— Então?

— Você verá.

Foram jantar e depois foram ver o Fantasma da Ópera. O jantar foi excelente e o espetáculo foi diferente de tudo o que Gabby já tinha experimentado. Ela tinha lágrimas nos olhos pela maior parte do tempo, porque a música era tão comovente que não soltou a mão de Kolson. Ele prometeu baixar a música para ela assim que chegasse em casa.

— Foi a coisa mais linda que já vi, — disse Gabby quando saíram do teatro. — A música é incrível. Obrigada, Kolson.

Entraram no carro e voltaram para casa.

— Você realmente gostou, não é?

— Sim, eu... — e de repente, Gabby começou a chorar. Chorou, por muitas coisas, mas principalmente porque estava triste por a vida de Danny ter sido tão trágica de tantas maneiras. Mesmo a tendo aterrorizado, tinha de haver uma razão em algum lugar para isso e a gentileza em seu coração tentou encontrar o motivo por trás disso.

— Tudo bem, pode chorar tudo o que quiser.

— Sinto muito. Realmente amei o espetáculo. — Ela fungou.

Kolson massajava as costa dela fazendo círculos.

— Sei que você gostou, Kea. Poderia dizer pelo jeito que você apertou minha mão o tempo todo. — Então ele beijou o topo de sua cabeça.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim. E por me amar.

— Espero que você não chore quando te levar à ópera.

— É tão bom quanto o teatro?

— É inacreditável. Iremos para a próxima. Sério, mal posso esperar para ver sua reação. Ah, e a propósito, não se esqueça que vamos passar o próximo fim de semana na casa dos meus pais.

— Você tem certeza sobre irmos? — Ela se sentou e olhou para ele. Estavam no banco de trás de uma de suas limusines. As sombras da noite dançavam através dos planos de seu rosto e estava muito escuro para ler sua expressão.

— Uh-hmm. Quero ser melhor com a minha mãe e ela adora as suas pequenas reuniões. Será mais descontraído. Não como da última vez.

Sua atitude casual não a enganou nem um pouco.

— Kolson, o que você não me está dizendo?

— Nada, Kea. É só uma noite. Estou fazendo isso pela minha mãe.

— Não estou comprando isso. Você odeia aquele lugar e depois do que aconteceu entre nós na última vez que fomos, não tenho certeza se quero voltar.

— Oh, Gabriella, eu estava exagerando. Vou ficar bem.

— Kolson Hart, você pode dizer muitas coisas para mim, mas nunca minta.

— Não estou. Vai ficar tudo bem. Tenho me sentido culpado ultimamente por nunca ver a minha mãe. O meu pai ligou e nos convidou, então eu disse sim. Não pensei que fosse ser algo demais.

Gabby ficou em silêncio, digerindo o que ele disse. Não acreditou nele. Outra coisa estava acontecendo, mas ele não ia lhe contar. Ela precisaria recorrer a outras táticas para descobrir.

Pararam em frente ao seu prédio. Quando entraram, de mãos dadas, seu cérebro girava. Quando as portas do elevador se fecharam atrás deles, ela atacou. Virando-se para ele, empurrou-o contra a parede e agarrou as lapelas de sua jaqueta.

— Diga-me a verdade. O que diabos está acontecendo?

— Você está me excitando, é isso.

— Pare. Você sabe o que quero dizer.

— Gabriella, é apenas uma maldita noite na casa dos meus pais. Você pode largar isso? Você está fazendo uma tempestade por nada.

Seus olhos mergulharam nos dele, analisando, avaliando.

— Se você não parar de me olhar assim, vou foder você aqui mesmo. Estou falando sério.

As portas se abriram e ele a carregou para fora, sem parar até chegar à mesa da sala de jantar. Ela sentiu a ponta dele cavar na parte de trás de suas coxas quando a deitou. Ele levantou o braço e tirou tudo do caminho, castiçais de prata e vasos de cristal com arranjos florais caíram no chão.

Se inclinou sobre ela e disse contra sua boca:

— Queria rasgar isto em pedaços, mas sei que isso iria te chatear, já que é a primeira vez que você o usa. — Recuando, o empurrou até à cintura dela. — Vou foder você aqui, então vou me livrar dessa maldita coisa. — Ele introduziu os dedos por baixo do elástico de sua calcinha e perguntou: — Sim ou não?

— Sem problema. — Ela ofegou. Estava pronta para ele e não dava a mínima para sua calcinha estúpida.

Ele dividiu em dois pedacinhos de renda. Suas mãos espalharam suas pernas e ele murmurou contra suas coxas:

— Durante todo o jantar, enquanto você estava comendo, tudo o que eu queria comer era sua boceta. — Sua língua lhe deu uma longa e prolongada lambida e depois mergulhou nas suas profundezas. — Deus, você tem um gosto tão bom. Nunca provei nada tão doce. — Ele voltou para baixo de novo, lambendo todos os lugares, menos seu clitóris. Ela se arqueou contra a sua boca, procurando aquele lugar, tentando fazer com que ele a tocasse ali. Mas ele não o faria. Ele riu quando levantou a cabeça. — Sei o que está tentando que eu faça. Você quer mais, não é?

— Sim. Você é um maldito provocador.

— Você me torturou a noite toda nesse vestido sexy. Chame isso de retorno. Se você quiser gozar, vai ter que fazer isso você mesma enquanto lhe lambo, Gabriella.

Sua mão dela se moveu para o seu sexo e sacudiu o seu clitóris enquanto ele achatou a língua e a golpeou com ela. Então se afastou enquanto a observava. Ele puxou seu pênis e se acariciou enquanto ela se masturbava.

— Coloque seus dedos dentro de você.

Ela gemeu quando fez isso.

— Não goze ainda. Não quero que você goze. — Ele a girou e a sua cabeça agora estava pendurada na ponta da mesa. — Me chupe enquanto você se toca.

Ela levou seu pênis profundamente dentro de sua boca. A língua lambendo e girando em torno de seu piercing, trabalhou sua cabeça e depois o levou o mais fundo que pode.

— Oh caralho, Gabriella, isso é tão bom.

Chupou seu pênis enquanto brincava consigo mesma. Mas quando ele se aproximou de sua libertação, ele queria estar dentro dela. Saiu de sua boca e a girou de volta. Tirou a mão dela de seu sexo e pegou os seus dedos e os chupou.

Gabby queria apertar as suas pernas, mas não podia porque ele estava entre elas. Se contorceu na mesa e disse:

— Preciso de você dentro de mim. Agora, Kolson.

Soltando sua mão, ele agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido a pegou e empurrou seus quadris para dentro dela, enterrando-se profundamente dentro do seu corpo. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e puxou-lhe o cabelo enquanto gritava o seu nome. Suas mãos envolveram suas pernas ao redor de sua cintura e empurrando-a contra a parede enquanto entrava nela vezes sem conta, até ficarem sem fôlego.

Cada coisa sobre sua união era violenta... Sua paixão, seu toque, suas emoções. O ar ao redor deles estava carregado com isso. Suas mãos seguravam-no, agarrando seus ombros com uma força singular, seus saltos se cravaram em sua bunda. Sua boca procurou sua pele, provando todos os lugares que ela podia alcançar, mordendo e lambendo-o. Quando se beijaram, foi com a ferocidade de duas pessoas desesperadas uma pela outra. Ela mordeu o lábio dele e provou sangue, e quando seu orgasmo bateu, foi como uma bala de canhão colidindo contra ela e a rasgando em pedaços. Tudo em seu corpo ficou tenso brutalmente, pulsando, provocando o dele, ordenhando-o até que estivesse seco como um osso.

Quando passou, ficaram juntos, envolvidos um no outro, tentando se recompor. Eles sugaram o ar, tentando reabastecer o oxigênio perdido. Seus olhares estavam trancados, mas nenhum dos dois falou, tentando avaliar o que havia ocorrido entre eles.

— Você me mordeu. — disse ele finalmente, lambendo o lábio.

— Hmmm. Você me fodeu como um louco.

— Isso eu fiz. E você gostou disso. Teve um orgasmo louco comigo.

— Isso eu tive. — Ela deu uma sacudidela na cabeça. — Estamos bem assim, Kolson, porque isso realmente foi louco.

— Sim. Estou bem. Estou muito bem. O que você fez comigo, Gabriella?

— A mesma coisa que você fez comigo.

Ele agarrou o lábio inferior dela com os dentes e puxou suavemente.

— Eu me perco com você. Nunca fiz isso antes. Nunca me perco. Perdi o controle.

— Bom, porque estou perdida em você e estaria perdida sem você.

— Toda vez que a gente fode, perco mais e mais de mim para você. Tenho que dizer que isso me preocupa.

Ela apertou as pernas que ainda estavam ao redor de sua cintura e esfregou a sua bochecha contra a dele.

— Oh, meu amor, você não está perdendo nada. Está compartilhando. E a parte que você me deu é a melhor parte de todas... A parte que vou guardar.

Ele esfregou sua bochecha áspera contra a pele dela.

— Você não entende. Eu sou diferente com você. Meu desejo de controlar não existe. Bem, talvez um pouco. Mas eu quero mais com você. Quero tudo isso. Incluindo um futuro.

— Também eu. E nós podemos, um dia. Mas você sabe o que tem que acontecer primeiro, certo?

— Sim. E eu vou te contar um dia. Em breve, talvez.

— Vou apoiar você, da mesma forma que você me apoiou.

Seus lábios roçaram os dela, acariciando-os levemente.

— Eu te amo mais do que posso te dizer. Vamos dormir um pouco, Kea.

— Me leve para a cama, meu amor, porque eu acho que as minhas pernas não funcionam.


# # #


Na terça-feira, a notícia sobre os pais de Gabby foi divulgada. A maioria dos meios de comunicação divulgou o seguinte:

Um processo civil havia sido aberto contra o Sr. e Sra. John Anthony Martinelli pela Dra. Gabriella Martinelli por abuso infantil, negligência infantil e por ajudar e encorajar o ato de estupro de um menor. As acusações remontam a dezesseis anos atrás. A Dra. Gabriella Martinelli, psiquiatra que exerce em Manhattan, é a filha dos queixosos. A Dra. Martinelli também fez parte da caça ao homem feita a Daniel Martinelli, que estava foragido no último mês. Martinelli foi acusado de estupro, tentativa de estupro, tentativa de assassinato, agressão, tentativa de sequestro, agressão agravada e assalto com arma mortal. O corpo do Sr. Martinelli foi encontrado no final da semana passada. Ele supostamente tirou a própria vida para evitar uma longa sentença de prisão. Uma nota de suicídio foi encontrada em sua posse, admitindo sua culpa pelos crimes acima mencionados.

Seus celulares não paravam de tocar. A mídia queria entrevistar Gabby. Exatamente como os advogados previram, ela havia se tornado a sensação do momento. O cenário perfeito para um psiquiatra. Agora ela não queria sair por um motivo totalmente diferente. Kolson a cercou com uma equipe de guarda-costas apenas para manter os paparazzi intrometidos afastados. O telefone do escritório tocava sem parar. As pessoas ligaram de todos os lados para marcar uma consulta com ela. Se sofressem qualquer tipo de abuso sexual, queriam recorrer à médica que havia lidado com isso sozinha.

— Que maldito monstro isso criou.

— Vai passar.

— Acredito que sim. Esta situação é pior do que eu pensava que seria.

— Gabriella, você sabe que eu estou aqui, se você precisar de mim para qualquer coisa.

Assim que as palavras saíram de sua boca, seu celular tocou novamente. Ela olhou para o número e ofegou.

— O que se passa?

— É o número dos meus pais.

— Você não deveria falar com eles. Stan vai reclamar se você atender.

Gabby apertou o botão de gravação e colocou em alta -voz.

— Olá?

— O que você procura ganhar com tudo isso?

A voz de seu pai, aquela que costumava incomodá-la tanto, encheu a sala. Desta vez, no entanto, o efeito sobre ela foi mais um incômodo do que qualquer coisa.

— Olá, pai. O que eu procuro é a verdade. Estou cansada de ser chamada de mentirosa. Durante anos, Danny me aterrorizou enquanto você e o resto da família ficavam em pé e o apoiavam. Você deu carta branca para estuprar e espancar sua filha. Você me acusou de ser sexualmente promíscua. Eu fui estuprada, pelo amor de Deus, e como meu pai, você deveria me proteger. Mas o que você fez? Me jogou de volta nos braços do meu estuprador. Sabe quantos ossos aquele pedaço nojento de merda me quebrou? Sabe? Não se preocupe em responder por que é claro que não sabe. Você não se importou o suficiente para perceber. Nunca entrou no meu quarto para me ver. Nunca chegou a descobrir por que tentei me matar. Que tipo de homem permite que isso aconteça com sua filha? Que tipo de pai de merda faz isso?

O silêncio pairou no quarto. Por um momento, ela pensou que ele tinha desligado na cara dela.

Mas então o ouviu limpar a garganta e dizer:

— Ele era um menino tão bom.

— Um menino bom? Você quer saber o que esse menino bom me dizia? Ele me chamava de puta e dizia que se eu falasse uma palavra do que ele me fez, me machucaria ainda pior da próxima vez. Devo te contar todas as coisas que ele fez para mim? Eu tentei antes, mas você e mamãe não escutariam. Sabe quantas noites me aconcheguei na minha cama, tentando respirar através da dor de costelas quebradas, mas tinha medo de te dizer, porque acabaria sendo punida por mentir?

— Eu... Eu não sabia.

— Sim, você sabia. Você quer saber como eu sei? Danny me contou. Ele me contou a verdade sobre você. Que você é pai dele. E ele te chantageou. E você não tinha a maldita coragem de enfrentá-lo porque estava com medo que ele contasse a todos. Então, ao invés disso, você deixou a sua filha ser estuprada. Vezes sem conta. E espancada. Muitas e muitas vezes. Você sabia. Mas a única coisa que importava eram as aparências. E mamãe só se importava com a bebida dela. E depois você me dizia que eu era uma criança difícil. O que diabos eu fiz para merecer isso? Seu orgulho era assim tão importante para você? Talvez devesse ter pensado em tudo isso antes de foder a esposa do seu irmão.

— Adeus, papai.

Ela terminou a ligação, perdida em seus pensamentos, cheia de adrenalina, até que a voz de Kolson a trouxe de volta ao presente.

— Você claramente o surpreendeu. Ele nunca esperou que você o enfrentasse assim.

Quando Gabby olhou para Kolson, ficou surpresa ao ver a admiração escrita em todo o seu rosto. Um sorriso contagiante se espalhou por seu rosto e ela se sentiu responder a isso.

— Sim, acredito que você está certo. E você quer saber alguma coisa? Isso foi muito bom. Eu me senti muito forte quando estava falando com ele. Pela primeira vez na minha vida, ele não me fez sentir intimidada.

— Do jeito que você falou com ele, acho que nunca mais ninguém vai te assustar de novo, Kea. — E havia aquele lindo sorriso novamente.

— Se você continuar olhando para mim assim, você vai ter que tirar a roupa.

— Hmm, por mais tentador que pareça, estou atrasado e você também. Vemo-nos hoje à noite, — disse ele.

Ela sentou-se e observou-o sair do quarto. Esperava que ele deixasse seu fardo cair de seus ombros em breve. O peso disso estava aparecendo. Ele tentou esconder isso dela, mas não estava se saindo muito bem. As linhas ao redor dos olhos e a crescente tensão eram todas as evidências de que ela precisava. Ele fazia de conta que ia aproveitar o fim-de-semana em casa dos pais, mas aquilo estava a devorá-lo por dentro. Ele pensou que poderia lhe esconder essas coisas, mas ela era uma especialista. Viveu essa vida por tanto tempo que conhecia o jogo dele. Se havia uma coisa que ela queria fazer, era libertá-lo, como ele a tinha libertado. Sabia como a vida estava a mudar. Quando a hora certa chegasse, estaria lá para ele, pronta para ajudá-lo da maneira que ele precisasse.

Ouviu um zumbido e percebeu que Kolson havia esquecido seu celular. Ele vibrou na mesinha de cabeceira. Estendendo a mão para pegá-lo, uma mensagem do pai dele apareceu. Gabby ficou surpresa ao ver isso, mas não muito já que estavam indo para lá no sábado. Mas quando leu as palavras, ficou intrigada com elas: Ansioso para o sábado. O favor foi feito. Agora a dívida é devida.

CAPÍTULO DEZOITO


Depois de ficar no apartamento de Gabby por quatro horas no sábado à noite e depois novamente no final da tarde de domingo, a raiva de Danny estava aumentando. Ele não sabia o que fazer. Aquele maldito namorado devia estar monopolizando o tempo dela. Ele pensou em mandar flores para ela, mas rejeitou essa ideia. Isso custaria dinheiro e ele estava com um orçamento rigoroso. Ela iria apenas destruí-las de qualquer maneira. Não, segui-la era a melhor opção para conseguir encontrá-la sozinha. Eventualmente ela se descuidaria, então ele precisava estar preparado o tempo todo.

Era hora de ele começar a vigiá-la quando ela chegava ao seu escritório todos os dias e que dias estava no hospital. Precisava descobrir onde ela passava a maior parte do tempo, era aí que ele iria atacar.


# # #


Kolson apareceu no abrigo uma hora mais cedo para pegar Gabby. Era um prédio pequeno, sem descrição, perto do Centro Hospitalar Bellevue, no lado leste de Manhattan. Como a maioria dos abrigos desse tipo, o local era mantido em segredo e a única maneira de uma pessoa encontrá-lo era através de triagem por telefone. A segurança era controlada e Kolson teve de responder a um conjunto de perguntas pré-estabelecidas que ele e Gabby tinham acordado. Depois que ele foi liberado, a recepcionista o conduziu para um escritório com uma janela de vidro e disse que ele poderia esperar por ela lá dentro. Ele ficou ali e observou-a no trabalho. Ela estava falando com uma mãe com uma criança pequena. A garotinha estava agarrada à mãe e ambas tinham hematomas cobrindo seus rostos e braços. Kolson tinha certeza de que também os tinham em outros lugares, escondidos por suas roupas.

A criança continuou espiando Gabby, e Gabby se abaixou para falar com ela. Não demorou muito para que a criança estendesse os braços para exame. Os olhos da garota estavam enormes em seu rosto inchado e descolorido. Gabby empurrou o cabelo da testa e depois acendeu uma luz nos olhos. Kolson podia ver vestígios de lágrimas refletidas na luz nas bochechas da criança e Gabby pegou seus polegares e os enxugou. Momentos depois, Gabby sentou-se no chão em frente à garotinha e ajudou-a a tirar os sapatos e as meias. Ela então mostrou a Gabby a parte de baixo de seus pés. Embora Kolson não pudesse ver o que Gabby estava vendo, a criança estremeceu quando Gabby a tocou. A criança fungou constantemente, como se tentasse não chorar, mas então Gabby deu um tapinha no colo e a pequenina se arrastou para dentro e começou a berrar.

Kolson nunca imaginou que sentiria uma emoção tão forte em relação a uma criança que não conhecia, mas toda essa situação abriu uma ferida nele que achava estar permanentemente selada. Suas tripas se torceram e seu coração se apertou. Enquanto observava Gabby segurando aquela menina em seus braços, a profunda admiração que sentia por ela o surpreendeu. Ele não tinha entendido anteriormente o seu papel aqui, mas agora o fazia. E o que era desconcertante para ele era que não sabia como ela fazia isso, dia após dia, e mantinha seu coração intacto.

Ele se virou, incapaz de assistir por mais tempo e sentou-se, deixando cair a cabeça entre as mãos. Kolson percebeu que a capacidade de amor de Gabby estava muito além de qualquer coisa que ele já encontrara. E irritou-o que sua família tivesse abandonado uma alma tão bonita.

Ele ainda estava sentado lá uma hora depois, quando ela entrou.

— Ei. — Ela o olhou por um momento. — Você está bem?

— Estou bem, — ele disse suavemente. — Como você está?

— Eu estou bem. Está pronto?

Seu olhar penetrante a perfurou, mas nenhuma palavra chegaria a ele.

— Tem certeza de que está bem?

— Eu vi o que você fez. Com aquela menininha. Seu coração é tão imenso, Gabriella. Você tem muita compaixão dentro de você.

Ela inclinou a cabeça e disse com naturalidade:

— É o que eu faço. O que amo fazer. Ajudar pessoas.

— Eu posso ver isso. Mas é muito mais do que ajudá-los. Você lhes dá uma parte sua... o que está dentro do seu coração. Eu senti isso daqui... te observando. Eu senti o seu amor de dentro desta sala. — Ele não conseguia tirar os olhos dela. Ele queria dizer a ela o quão fodidos seus pais eram e que eles eram os únicos que tinham perdido uma parte da incrível vida de um ser humano. E ele queria dizer ainda o quão ela era ainda mais bonita por dentro do que por fora.

Mas ele não o fez. Em vez disso, ele agarrou e beijou-a, mostrando-lhe como se sentia. Como se ela significasse o mundo para ele. Como se ele quisesse abraçá-la e nunca a soltar. Como se ele quisesse sentir seu lindo coração batendo contra seu peito e ouvir sua respiração ao lado de sua orelha. Como se ele quisesse sentir o cheiro dela a cada respiração que ele dava. Quando a soltou, pegou na sua mão, colocou-lhe o cabelo atrás da orelha e simplesmente disse:

— Acho que a sua profissão escolheu você, Gabriella, e ela é muito sortuda de ter você. — Então pegando a mão dela orgulhosamente a acompanhou até o carro.

Gabby sorriu enquanto andavam de mãos dadas. Nunca ninguém disse coisas tão lindas para ela. Sim, ela sabia que as pessoas que ajudou a apreciavam, mas isso não era solicitado, então as palavras dele significaram mais para ela do que qualquer coisa. Não só isso, Kolson olhara para ela de um jeito tão suave que fez seu coração derreter. E aquele beijo foi arrepiante e de parar o coração. Mas também era doce, como se ele estivesse tentando transmitir algo para ela. Ele tinha tido um jeito com a boca e certamente a fizera se sentir especial.


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Eles encontraram Case para o jantar e quando Gabby finalmente contou os detalhes sobre Danny, Case mal conseguia falar. Levou alguns minutos para se recompor, tão profunda era sua raiva e tristeza. Sua mão apertou a haste da taça de água que estava segurando, cortando assim os seus dedos.

— Porra, — ele falou.

— Deixe-me ver isso, — Gabby exigiu.

Eles foram ao banheiro e ela limpou e embrulhou em alguns panos de papel e depois prendeu com fita adesiva de primeiros socorros. Não exigiria pontos.

Enquanto eles estavam no banheiro, Case perguntou:

— Por que você nunca me contou?

— Eu não contei a ninguém. Kolson foi o primeiro.

Ele a surpreendeu quando a puxou em seus braços e a segurou com tanta força que ela mal conseguia respirar.

— Estou bem agora, Case. Muito melhor, na verdade, desde que lhe contei.

— O que diabos estava errado com seus pais?

— Esse navio navegou há muito tempo e, francamente, estou cansada de tentar descobrir isso.

— Entendido. Eu me sinto como uma merda porque não sabia.

— Não. Eu não te contei como você poderia saber?

Case balançou a cabeça e a abraçou novamente.

— Você sabe que pode vir a mim a qualquer momento, certo?

— Sim, eu sei.

— Você realmente gosta desse cara, não é?

Ela sorriu.

— Sim.

— Isto mostra.

— De uma maneira boa ou ruim?

— Boa. Você está sorrindo. O tempo todo. Nunca vi você assim.

— Oh. Não pareço uma idiota, pois não?

Ele riu.

— Não. Você está ótima.

— Mesmo?

— Sim. Vamos lá.

Quando voltaram para a mesa, Kolson perguntou:

— Tudo bem?

— Sim. Ele não precisa de suturas.

Case acrescentou — Desculpe pela interrupção.

— Sem problemas. Posso imaginar como você se sentiu, sabendo o quão perto você está de Gabriella. Gostaríamos de discutir suas opções com você. Ele está a perseguindo agora e precisamos fazer um caso contra ele. Dada a sua formação profissional, pensamos que você saberia melhor como proceder da maneira certa.

— Há alguns problemas que vejo, mas isso não significa que estamos em um bloqueio completo. A primeira coisa, o que você mencionou anteriormente, é que nenhum boletim de ocorrência da polícia foi registrado. A segunda é que Danny era menor de idade quando isso começou, mas, e isso é enorme, ele completou dezoito anos e ainda estava molestando você. Então isso não será um problema. Eu recomendo que você obtenha radiografias de corpo inteiro para documentar todas as fraturas que você teve. Você já sabe que isso será necessário, juntamente com uma avaliação psicológica. Você tem contatos suficientes para que não seja um problema. A perícia também pode examinar o relatório de radiologia para acrescentar algo a ele, como uma aproximação da idade de cada fratura. Depois de você criar esse registro em papel, começamos a construir o caso. Enquanto isso, quero investigar esse cara.

Kolson interrompeu:

— Não se incomode. Minha equipe de segurança já fez isso. E ele é um verdadeiro trabalho.

Gabby olhou para ele, arqueando as sobrancelhas.

— Sei que deveria ter dito a você. Foi depois daquele dia em que ele se aproximou do seu escritório. Você estava tão abalada, preocupou-me o suficiente para que eu colocasse Sam para te proteger também, mas você sabe disso. Nunca esperei que Danny descobrisse onde você morava, no entanto.

— Seria possível você compartilhar comigo o que você tem dele? — Perguntou Case.

— Absolutamente. Vou pedir ao Tom Barrett, o chefe da minha equipe, para mandar por e-mail tudo para você.

— Ótimo. Então, assim que reunirmos tudo e lermos, vou descobrir o que preciso para conseguir essas coisas na NYPD.

Gabby sentou-se sem dizer uma palavra.

Kolson estendeu a mão e a sentiu fria como gelo.

— Gabriella? Você está bem?

— Não, eu não estou bem. Isso vai deixar minha vida aberta como um livro. Vocês dois saberem é uma coisa, mas todos os outros, isso é um assunto completamente diferente.

Kolson apertou a mão dela.

— Você está certa. Mas se Danny fizer algo estúpido ou ameaçar você, estaremos à frente no jogo. Isso é para sua proteção, Gabriella.

Ela assentiu, mas Kolson percebeu que ainda estava desconfortável.

Case se aproximou e deu um tapinha no braço dela.

— Outra coisa, Gabby. Seria uma boa ideia reduzir as horas de voluntariado.

— Não! Eu amo fazer isso!

— Eu sei, mas isso expõe você a ele, e é muito arriscado.

— Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz?

A garçonete entregou a comida, mas Gabby não tinha mais vontade de comer. Em vez disso, ela se sentou e olhou para o prato. Case olhou para Kolson e ele assentiu.

Gabby não estava segura em seu escritório, e os dois homens sabiam disso. O problema seria persuadi-la a se mudar, quando seus fundos não permitiam.

— Gabby, — Case começou, — Você sabe que seu escritório deixa você exposta a ele. Você consideraria se mudar para o meu prédio? Eu posso trabalhar com você. E o mais importante, você estaria segura.

— Eu não posso... podemos falar sobre isso mais tarde? Minha cabeça está rodando.

— A qualquer momento. Eu tenho dois quartos vazios e uma sala de conferências que podem ser usados se você precisar. Há uma recepcionista na frente e, bem, você sabe o que fazer. Você esteve lá. Apenas deixe-me saber se você está interessada.

— Obrigada, Case. Você sabe que eu te amo por cuidar de mim.

Eles terminaram o jantar e os dois homens concordaram em conversar novamente em alguns dias. Gabby prometeu a Case que ela consideraria sua oferta para mudar-se para o seu escritório.

A volta para casa foi feita em silêncio. O carro de Kolson, um elegante Mercedes, entrou na garagem subterrânea. A área onde ele estacionou, exclusiva e reservada, tinha uma camada adicional de segurança para acessá-lo. Depois de estacionar, Kolson verificou a área antes de saírem do veículo.

— É assim que vou ter que viver a partir de agora?

Ele olhou para ela pensativo antes de responder.

— Não, só estou sendo extremamente cuidadoso. Não quero me arriscar. Uma vez que eu tenha certeza de que ele não está por perto, acho que vai ser bom para você ir e vir quando quiser, desde que você leve um motorista.

Mas enquanto falava, Gabby teve a sensação de que ele estava escondendo alguma coisa.

— Você realmente não se sente assim, não é? — Ela se virou para ele, mas na penumbra, ela não conseguia ler os olhos dele.

— Você duvida de mim?

— Não duvido. Eu acho que você está escondendo alguma coisa.

— Venha. Vamos entrar. — Ele a conduziu até o elevador e usou o bloco de segurança para inserir seu código. Eles andaram em silêncio, mas a mente de Gabby se agitou com pensamentos sobre o que Kolson estava fazendo e como ele estava lidando com isso.

Quando as portas do elevador se abriram, eles se dirigiram para a saleta, mas Gabby bateu de frente com as costas de Kolson quando de repente ele parou.

— Olá irmão. Surpresa — uma voz rouca e profunda que Gabby não reconheceu falou. — Espero que você me deixe entrar.

Gabby espiou em volta do ombro de Kolson. Um homem alto, moreno e de aparência ameaçadora estava no centro da sala. Não ameaçador como correr em busca de cobertura, ameaçador do tipo sexy como todo o inferno... pendurado na sua calcinha, ameaçador porque esse homem certamente iria para casa com eles. Cabelos negros como carvão e olhos da cor do jade, ele sem dúvida deixaria um rastro de corações partidos onde quer que fosse.

Ele sorriu e piscou para Gabby.

— Você não tem que se esconder. Prometo não morder. — Ele estendeu a mão. — Eu sou Kestrel Hart. E você é? — O nível de perigo aumentou bastante com o seu sorriso.

— Kestrel, você sabe que pode entrar a qualquer hora. Mas o que você está fazendo aqui? — O tom de Kolson era exasperado.

— Você vai ser rude com sua convidada, Kol, e não nos apresentar? — Ele perguntou.

— Eu sou Gabby Martinelli. Prazer em conhecê-lo. — Ela apertou a mão de Kestrel. Era suave e quente quando ele apertou a dela. Ela retribuiu o sorriso e se viu encantada por ele. Embora ele fosse a coisa mais bonita, ele não era tão atraente quanto Kolson, na opinião de Gabby. Quando ele soltou a mão dela, ela automaticamente pegou a de Kolson e ele a pegou, enlaçando seus dedos com os dela. Esse gesto não foi perdido por Kestrel.

— Então? — Kolson cutucou.

— Tudo bem, certo. Estou aqui para interferir pela mamãe.

— E?

— Não atire no mensageiro.

Gabby sentiu a mão de Kolson apertar a dela.

— Continue.

— O sexagésimo quinto aniversário do pai é no mês que vem e a mãe está dando um dos seus jantares especiais. Ela quer que você esteja lá. Daqui a seis semanas. Significaria muito para ela, Kol.

— Você sabe que não é...

— Faça isso por ela. Não por ele. Quando foi a última vez que você a viu? Ou falou com ela? Ela te adora, Kol. Sempre adorou. Se você for na festa ela ficaria feliz.

Gabby observou o intercâmbio com interesse. O queixo de Kolson deixou claro que ele não estava feliz com o pedido de seu irmão.

— Preciso pensar sobre isso.

— Justo. Deixe-me saber uma coisa, então posso contar para a mamãe.

— Sim. Como vai o Kade? Você já ouviu falar dele ultimamente?

— Kade está sendo Kade. Fodido como de costume. Não vamos ficar limpos. Mamãe ainda manda dinheiro para ele às escondidas.

— Eu também. Quando posso encontrá-lo. Ele é MIA9 novamente. Faça-me um favor e mantenha-me informado sobre o paradeiro dele. Não o quero nas ruas.

— Mamãe mantém um lugar para ele. Eu pensei que você soubesse disso.

— Eu sei. Mas como disse, ele se foi. Desapareceu e não consigo encontrá-lo. Ele me ligou cerca de um mês atrás e nós entramos em uma discussão sobre o dinheiro e ele indo para a reabilitação. Meus homens não conseguiram localizá-lo. Ele não vai lá há semanas. — O rosto de Kestrel disse a Kolson que ele não sabia.

— Então, para onde vai o dinheiro da mamãe?

— Nenhuma ideia. Minha equipe de segurança está a tratar disso.

— Raios. Não sabia. Também vou tratar disso. Se eu o encontrar, vou avisar você. Você fará o mesmo?

— Sim. E eu vou deixar você saber sobre essa maldita festa.

— Obrigado, mano. Você está parecendo bem agora.

Meio sorriso. Então um aceno de cabeça.

— Você também.

Então ele virou um sorriso eletrizante para Gabby.

— Prazer em conhecê-la, Gabby. Espero ver você por aí. — Ele se inclinou para ela e disse: — Se você tem alguma influência sobre esse cara, você vai tentar convencê-lo a ir nessa festa?

Ela riu e disse:

— Prazer em conhecê-lo. Farei o meu melhor.

E ele foi embora.

Quando estavam sozinhos, ela disse a Kolson:

— Bem, parece que não sou a única com problemas familiares.

— Kea, você não tem ideia.

— Seu irmão é viciado em drogas?

— Sim. Situação triste a dele.

— Você tem uma foto?

Kolson olhou para ela estranhamente.

— Talvez eu possa ajudar a localizá-lo, ou até mesmo mostrar sua foto ao redor. Alguém poderia reconhecê-lo. Tenho uma tonelada de experiência trabalhando com viciados.

Kolson assentiu.

— Essa foi uma das coisas que me impressionaram em sua investigação de antecedentes. Por causa de Kade. Vou desenterrar uma das fotos que tenho dele e enviar por e-mail para você.

— Você conhece a droga preferida dele?

— Todas elas.Tudo o que ele consiga colocar as mãos.

— Heroína?

— Não posso dizer com certeza. Nunca vi marcas de agulha ou o vi injetar, mas isso não me surpreenderia. A verdade é que estou surpreso, que Kestrel e eu também não sejamos viciados.

— Por causa do seu pai?

— Sim. História longa e feia.

— Se você quiser falar sobre isso, conheço uma boa psiquiatra.

Ele a encarou e disse:

— Não é sobre querer. É sobre ter habilidade.

— Eu posso ajudar. Me lembro de sentar aqui com você, e você me dizer a mesma coisa.

Uma expressão de dor passou por seu rosto, mas ele rapidamente a fechou.

— Eu estava protegendo você, Kea. Precisava saber o que aconteceu para que eu pudesse protegê-la de Danny. Eu posso me proteger. Fiz isso por anos e continuarei a fazê-lo.

Forçar alguém a fazer alguma coisa não era um dos métodos usuais de Gabby e, como ela havia dito a ele antes, ela não queria fazer psicanálise aos seus amigos. No entanto, ela queria mostrar aKolson exatamente o quanto ele a ajudou. Agarrando punhados de sua camisa, puxou-o para perto dela e explicou:

— Você não pode entender como é liberar o fardo até que você o faça. Eu nunca soube. Não poderia saber. E é tudo por causa de você. Se você não tivesse persistido.

Enquanto olhava para o rosto dela, ele viu honestidade e sinceridade emanando dela. Ele queria deixá-la entrar. Ele queria. Mas não era possível. As lembranças eram tão perturbadoras que ele não se atreveu a visitá-las. Ele colocou as mãos sobre as dela e as apertou, depois as beijou antes de as soltar, suavizando o gesto.

— Deus, Gabriella, eu quero. Eu quero. Talvez algum dia. Mas não agora. — Então se dirigiu ao bar para servir uma bebida.

Gabby sabia que ele precisava ficar sozinho, então caminhou até o quarto e preparou suas roupas para o trabalho pela manhã. Ela procurou a sua pasta e checou sua agenda e horários para o dia seguinte. Depois que terminou, ela enviou mensagens para Sky e Cara, deixando-as saber o que estava acontecendo com ela. Assim como esperava, recebeu respostas imediatas. Ela lhes prometeu que estava segura e protegida na casa de Kolson e que ele a levaria ao trabalho no dia seguinte. Ela estava no banheiro escovando os dentes quando Kolson apareceu atrás dela.

— Você vai dormir aqui esta noite? — Ele perguntou hesitante.

Ela tirou a escova da boca e respondeu:

— Só se você quiser.

Balançando a cabeça, ele disse:

— Não. Quero você nua, ao meu lado. Termine aqui. Depois junte-se a mim no meu quarto.

Não demorou muito para que ela subisse em sua cama e ele a colocasse em cima dele.

— Por que você está usando isso? — perguntou, puxando sua camisa.

— É o que costumo usar na cama.

— Não aqui, quero você sempre nua ao meu lado.

— Bem, então... — ela se sentou e deslizou a camisa sobre a cabeça — isso resolve o problema.

— Não se mova.

Ela o montou e ele segurou seus seios. Deslizando os polegares sobre os mamilos, ele os circulou até que endureceram. Ela inclinou-se para ele.

Ele levantou os joelhos e disse:

— Quero que você se incline para trás e se faça gozar para mim.

— Você o quê?

— Quero ver você se masturbando. Você me viu, agora é a minha vez de te ver.

— Mas eu não...

— Gabriella, você sabe se masturbar, não sabe?

— Claro. Mas geralmente faço isso com um vibrador.

— Vá buscar.

— Meu vibrador?

— Sim. Seu vibrador.

— Mas está no meu apartamento.

— Não, todas as suas coisas estão aqui.

— Tudo meu... até mesmo isso?

— Sim, até isso. Agora vá encontrá-lo e traga-o para aqui. — Kolson sorriu.

Ela saiu de cima dele e foi até o seu quarto. Ela checou a mesinha de cabeceira porque era onde o guardava em sua casa, meu Deus, lá estava ele. Ela pegou e voltou para o quarto de Kolson. Sua respiração ficou presa quando o viu deitado nos lençóis emaranhados. Sua ereção era espessa e se esticava em direção a sua barriga e o seu piercing no mamilo implorava que sua língua o lambesse.

— Pare de enrolar, Gabriella.

— Oh, eu não estou a enrolar. Estou curtindo a vista.

Seus olhos ardiam.

— Então onde está?

— Aqui. — Ela levantou a bala.

— Esse é o seu vibrador?

— Sim. Por quê?

— Imaginei que você teria um falo extenso com um apêndice vibratório.

— Porque você pensaria isso?

— Eu pensei que todas as mulheres tinham desses.

Gabby riu.

— Eu não.

— Isso não parece muito excitante.

— Você sabe o que dizem, não sabe?

— Por que você não me diz?

— Coisas grandes vêm em pacotes pequenos.

Ele olhou para seu pênis e depois para sua pequena bala e disse:

— Hmm, eu acho que você vai ter que provar isso para mim.

— Tudo bem. Não diga que eu não avisei, — disse com uma piscadela. Ela subiu e recostou-se de costas. — Está pronto?

— Quando você estiver.

Gabby virou o mostrador no vibrador e começou a zumbir. Ela colocou em seu sexo e sorriu. Kolson olhou para ela com interesse, mas logo, sua cabeça caiu para trás e ela arqueou a espinha enquanto gemia. Suas coxas se desmancharam quando sua boceta se abriu para ele, e ele observou sua pélvis girar lentamente contra sua mão. Não demorou muito para que seu próprio desejo o dominasse, então ele pegou sua mão e pegou o vibrador, tomando o controle da coisa. Momentos depois, o jogou de lado e a empalou em seu pau duro como pedra.

— Não se atreva a gozar ainda, Gabriella. — Ele esticou as pernas e disse: — Se incline para trás em suas mãos e me monte. — Ele observou seu pênis deslizar dentro e fora dela e gemeu com a visão. — Você é perfeita. Tão perfeita pra caralho.

— Preciso gozar, — ela gritou.

— Não tão rápido. — Ele parou e a levantou e virou de modo que ela estava de costas para ele. Então, com uma dolorosa lentidão, se sentou novamente sobre ela e ela soltou um longo gemido.

— Por favoooor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus golpes eram controlados e preguiçosos. Ele observou suas bochechas de marfim enquanto a levantava para cima e para baixo. Sua fenda o chamou, então ele levou o seu dedo e correu de onde ele se juntava a ela e alisou sua umidade em torno do botão de rosa que se abriu ligeiramente diante dele.

Ela choramingou em resposta.

— Sim ou não, Gabriella.

— Sim.

Ele empurrou o dedo apenas um pouquinho e ela parou de respirar, temendo sua invasão.

— Relaxe, Kea.

Ele manteve o movimento de seu pênis para distraí-la e logo ela foi novamente apanhada no ritmo. Seu dedo cutucou mais profundamente dentro, até que ele passou pelo apertado anel de músculos que relaxou e o deixou entrar.

Gabby nunca sentiu prazer assim antes, fora do normal mas acima do incomum e insuportável.

— Oh, Kolson, não posso segurar, — ela chorou.

Kolson sentiu os dois conjuntos de músculos se contraindo em torno dele, e ele rapidamente seguiu seu clímax. Ainda profundamente dentro dela, ele a puxou de volta para que ela deitasse em cima dele e beijou seu pescoço e bochecha.

— Você é tão linda, tão incrível quando você goza, Kea. Você gostou disso?

Ela virou a cabeça para olhar para ele.

— Sim. Foi... uau.

Ele deu a ela um sorriso preguiçoso. Depois afastou-a para o lado, pediu licença e foi ao banheiro para voltar um pouco depois com um pano quente. Gentilmente a limpou e jogou o pano no chão. Recolhendo-a em seus braços, disse:

— Agora, hora de dormir, você não acha?

— Hmm-mmm. — Ela amava a sensação de seus braços ao redor dela, o modo como a faziam se sentir tão sã e salva. — Kolson, quero que você saiba que eu nunca soube que poderia ser tão bom. — Ela levantou-se para que pudesse olhar em seus olhos. — Depois de tudo, você sabe, eu pensei que sexo seria sempre meio nojento. Mas não é. Com você. É... acho que você sabe como é para mim.

Sua mão estava enrolada em seus cabelos e ele sorriu.

— Estou feliz. É assim que deve ser. — Sua boca tocou a dela, primeiro em cada canto, depois na parte superior e finalmente no lábio inferior. — Eu adoro sua boca. Agora durma. Amanhã começa uma semana agitada.


CAPÍTULO DEZENOVE


Quando estavam se acomodando, começou uma tempestade. Raios estalaram e um trovão caiu, enviando vibrações pelo quarto. Fotos estremeceram nas paredes e os vasos balançaram nas mesas.

— Oh, isso parece um grande problema, — disse Gabby. Ela saiu da cama e foi para a janela. — É sempre assim tão alto aqui?

— Afaste-se daí! É perigoso — ordenou Kolson. — E sim, estar aqui com todo esse vidro pode amplificar o som se a tempestade for ruim o suficiente.

Ela se virou de volta, rindo.

— Não é perigoso. É apenas uma tempestade de verão.

Outra enorme linha de raios iluminou o céu, seguida por um estrondo ensurdecedor. Algumas bandas mais brilhantes dançaram pelo céu negro e a chuva atingiu a janela. Não demorou muito para que os sons de granizo fossem ouvidos.

— Ó meu Deus.

— Gabriella, fique longe da janela, por favor. Não é seguro. As pessoas são atingidas por raios através das janelas.

De repente, a sala e os edifícios que os cercavam foram mergulhados na escuridão enquanto as luzes se apagavam.

— Puta merda! — Kolson amaldiçoou.

Gabby ouviu algo cair no chão. A lâmpada talvez?

— Kolson, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou. — Onde está você?

— Estou tentando encontrar a porra da lanterna. Velas. Qualquer coisa. Porra.

Ela podia ouvir mais coisas quebrando quando ele tropeçava no quarto.

— Kolson, fique parado.

— Não! Porra, eu preciso de luz, — gritou. — Onde está a porra da lanterna? É suposto estar aqui!

Ela se arrastou pelo chão, com cuidado para não se chocar contra qualquer mobília, enquanto tentava localizá-lo.

— Foda-se, onde estão as velas? Eu preciso da luz. — O pânico atou sua voz.

— Ei, querido, eu estou bem aqui. — Ela finalmente chegou ao seu lado e colocou os braços ao redor dele. — Calma. Está tudo bem. Nós não precisamos de uma lanterna. Nós vamos ficar bem.

— Eu preciso da maldita lanterna, agora!

Ela ficou surpresa com a forma como o corpo dele tremia. Ela nunca o viu perder o controle assim. Ela desejou ter visão noturna para poder se concentrar em seus olhos. Ele estava entrando em pânico e ela tinha de o impedir.

— Kolson, venha aqui, querido. Entre na cama comigo. Eu não deixarei nada acontecer com você, eu prometo. Lembra quando você me prometeu que você acreditaria em mim? Bem, estou prometendo a você agora que não deixarei nada acontecer com você no escuro. Eu tenho você, querido. Eu juro para você. Deixe-me abraçar e deixar você melhor, está bem?

Ela sentiu a tensão dele aliviar ligeiramente.

— Aqui, me dê sua mão e volte para a cama. Está seguro aqui, Kolson. Eu juro para você. Você me disse que confiava em mim. Acredite em mim também.

Ele finalmente cedeu e permitiu que ela o levasse de volta para a cama. Ela se aconchegou contra ele e puxou as cobertas. Envolvendo-o em seus braços, ela falou com ele em tons calmantes.

— Gabriella, preciso que você encontre as velas. Por favor.

— Você pode me dizer onde elas estão?

Ele respirou fundo e disse:

— Cabeceira. Verifique o criado-mudo. Deve haver fósforos e uma lanterna também.

— Tudo certo. Você vai ficar bem se eu me levantar?

— Sim. Apenas vá buscá-los. E depressa.

Ela correu para fora da cama e se atrapalhou na mesa de cabeceira. Sua mão pousou em uma vela de vidro e ela rapidamente encontrou fósforos. Uma vez acesa, a vela banhava a sala em um brilho suave. Ela olhou em volta para a lanterna e também a encontrou, depois ligou no botão e voltou para a cama. Ela ficou surpresa ao descobrir que precisava soltar os punhos de Kolson para voltar para debaixo das cobertas.

— Melhor? — ela perguntou.

— Sim. Obrigado. — Forçando-se a respirar fundo, ele começou a sentir as ondas de ansiedade se soltando. — Deite-se em cima de mim, por favor.

— Qualquer coisa que você quiser. — Ela rastejou em cima dele e cobriu-o com seu corpo. — Está bom assim?

— Sim. Ótimo. Gabriella, não consigo tolerar o escuro.

— Você quer falar sobre isso?

— Sim. Não. Oh, Deus, acho que não consigo. Apenas não me solte.

— Nunca. Estou aqui. — Ela esfregou sua bochecha contra a dele. — Respire fundo, querido. Conte até quatro. Segure a respiração e depois solte aos poucos. Assim está melhor.

— Porra, odeio isso. Sinto muito. Eu preciso de luz. — Sua voz vacilou.

— Eu sei. Olhe para mim, Kolson. Estou aqui com você.

Ele assentiu e segurou-a.

— Continue respirando. É por isso que você não tem persianas?

— Sim. Não suporto estar sem luz. É por isso que o lugar todo é claro.

— Eu notei que você gosta dos tons creme e neutros.

— Sim. — Ele ofegou, mas o seu pânico estava começando a diminuir enquanto ela falava. — Não há cores escuras aqui. Não aguento mais.

— Falar sobre isso pode ajudar, mas você tem que vir até mim.

— Eu não sei quando isso acontecerá. Só não me deixe até as luzes voltarem.

— Não vou. Eu não vou. Você está melhor?

— Sim. Obrigado.

— Seu pai punia você colocando-o no escuro?

— Sim! Não! Por favor. Não me pergunte sobre ele.

— Okay querido. Entendi. Nada vai acontecer com você aqui.

— Você me dá um beijo?

Ela deu. Começou devagar. Encontrando seus lábios e roçando os dela através deles, para trás e para frente, delicadamente saboreando-os, ela tentou afastar seu medo. Ela mordiscou seu lábio superior e depois seu inferior, logo antes de chupá-lo em sua boca. Suas línguas se entrelaçaram ao redor uma da outra enquanto se beijavam e seus braços apertavam-na com força contra ele.

— Você sabe quando me diz sempre como sou bonita? — perguntou.

— Sim, porque você é.

— Você é lindo também. Apenas nunca te disse antes. Agora é sua vez de me beijar.

Ela sentiu seus lábios se curvarem em um sorriso quando ele a beijou e seu coração sorriu junto com ele. Seu pânico foi felizmente esquecido, pelo menos por agora, enquanto se perdiam em seu beijo.

Ele a surpreendeu quando se sentou e se moveu para poder deslizar seu comprimento nela. Mas suas bocas e línguas continuaram com o beijo. Seus gemidos foram engolidos um pelo outro, assim como seus clímax. E quando deitou, ainda profundamente dentro dela, adormeceu. Ele esqueceu sua necessidade de luz porque ela ainda tinha os braços ao redor dele, exatamente como havia prometido.

Ela se inclinou, apagou a vela e adormeceu também.


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O segundo dia a acordar com sol forte não era o que Gabby desejava. Era brutal para os seus olhos. Seu quarto era de frente para o leste e parecia estar sob um mega holofote. Mas agora ela entendia por quê. Então viu que estava sozinha na cama. Se esticando, se sentiu agradavelmente dolorida em uma área particular e sorriu. Ela se lembrou da noite passada. Seu ataque de pânico. Seu medo do escuro. Ela ficou intrigada até que sua mente se aventurou no sexo que tiveram antes da tempestade e o que ele fez com ela, onde ele colocou o dedo, e ela sentiu seu rosto queimar.

Sua mente perdida se desviou para quantas vezes ele fez isso no passado com outras mulheres, mas depois ela se repreendeu. Isso realmente importava? Empurrando esses pensamentos tóxicos, ela saiu da cama e foi em busca de Kolson. Não o encontrando, ela tomou um banho.

Depois de terminar o banho, ela foi para a cozinha tomar um café. Uma visão muito atraente a saudou, Kolson em frente ao balcão, bebendo uma garrafa de água, suado por causa do treino. Seu coração acelerou quando sua mão alcançou seu peito enquanto imaginava como ele se sentiria contra sua pele, pingando de suor, ou que sabor ele teria se ela o lambesse agora. Ele não a tinha notado ainda, e quando ele levantou a bainha de sua camisa para limpar o suor do rosto, ela se sentiu a ficar úmida com a necessidade. Ela mesma começou a suar simplesmente ao observá-lo. Ele deve tê-la visto porque se virou um pouco e se concentrou nela. Mas não disse uma palavra; ele apenas olhou. A cozinha estava sobrecarregada, assim como o corpo dela.

Então ele se aproximou, pegou a mão dela, levou-a para o quarto e a empurrou para a cama.

— Volto já. Não se atreva a se mover.

Ela ouviu o chuveiro ligar e em alguns minutos, foi desligado. Então ele se juntou a ela, nu e todo sexy. Seus piercings refletiram com a luz e a cabeça do seu pênis brilhou, mostrando-lhe o que estava prestes a acontecer. O desejo se desenrolou de dentro de suas profundezas. Havia apenas uma coisa que ela queria, e não conseguia esperar mais. Ela sentou-se e ficou na beira da cama, fincou o dedo e fez sinal para ele se aproximar.

Ela colocou os braços ao redor de suas coxas, sentindo sua pele úmida aquecida, e levou seu pênis em sua boca, lambendo as gotas de umidade enquanto ela lambia. Ele sabia bem, tão bem. Limpo, salgado e almiscarado, como ela imaginou.

— Oh, Kea, sim.

Levando-o o mais longe que podia, sentiu as bolas prateadas de seu piercing baterem no fundo de sua garganta, mas isso apenas a estimulou. Ela chupou, lambeu e girou a língua sobre sua espessura. Quando ele gemeu profundamente na parte de trás de sua garganta, ela sabia que era o que ele queria. Não havia nada mais quente para ela do que esse som, então abriu os olhos para dar uma olhada nele e encontrou-o observando cada movimento dela. Ele agarrou a mão dela e a moveu para o seu saco pesado, envolvendo-o em torno de seu peso. Sua respiração ficou mais pesada então, e Gabby não queria parar de olhar para ele.

— Sua boca no meu pau é uma visão tão sexy, — disse, com a voz rouca de luxúria. — Leve-o profundamente, o mais fundo que puder.

As bolas prateadas fizeram cócegas em sua língua e no céu da boca enquanto ela movia seu pênis para dentro e para fora. Toda vez que ela o tocava e passava a língua em volta deles, ele sussurrava entre os dentes. Ela o levava em profundidade e os sons que ele fazia quando o chupava com força, estimulava seu próprio desejo.

— Ahhh, estou tão perto. Eu preciso que você pare. Quero foder você agora. Eu quero que você envolva sua boceta apertada em volta de mim.

Quando ela o soltou, ele desatou o roupão dela e arrancou-o dela. Então ele chupou seus mamilos com força e os provocou com os dentes, raspando-os até ficarem quase em ferida e ela se contorcia debaixo dele.

— Por mais que eu queira que isso seja lento, estou muito impaciente agora. Quero te levar com força e rapidez.

Ele levantou as pernas sobre os ombros e mergulhou nela, esticando-a com uma força implacável. E ela amava cada centímetro dele. Implorou por mais. Suas unhas se cravaram em seus braços enquanto ela gozava e gritava seu nome, mas ele não prestou atenção. Ele só empurrou mais forte, perseguindo sua liberação e a dela. Sua mão encontrou seu clitóris, esfregou-a em êxtase e logo depois ele puxou para fora. Ela assistiu como seu esperma explodiu em seu peito em uma série de sensuais surtos. Então ele o massageou por todo o peito, mamilos e boceta.

Ajoelhando-se, ele a olhou e disse:

— Eu acho que gosto mais de você assim. Que visão maravilhosa você é. Droga, gostaria que não tivéssemos que ir trabalhar.

Depois de um momento, ele foi ao banheiro e voltou com uma toalha. Ele limpou-a em todos os lugares... exceto seus mamilos e boceta.

— Não se atreva a lavar isso. Quero saber, enquanto eu trabalho hoje, que meu esperma ainda está em seus mamilos e sua boceta. E Gabriella, se você lavar, eu vou encontrar uma maneira de te punir. Você me entende?

— Sim. — Ela não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, mas ela tinha a noção de testá-lo.

— Eu sei o que você está pensando. E você não vai gostar dos meus métodos. Em absoluto.

Então ele deu-lhe um beijo longo, lento e sexy e levantou-se.

— E não faça nada ao seu cabelo também. Você parece perfeita com esse olhar recém fodido.

— Mas eu tenho o cabelo de dormir. Está tudo emaranhado, — protestou ela.

— Em linha reta. E está quente como o inferno. Não se atreva a tocá-lo.

— Você é estranho. Não tem como eu ir trabalhar assim. Meus pacientes vão pensar que sou louca.

Ele riu.

— Não, eles vão pensar que você é linda. Mas vou deixar você escapar dessa vez. — Ele a deteve com outro beijo. — Seus lábios são perfeitos também, todos inchados de beijar e chupar meu pau. — Então ele sorriu quando olhou para o seu braço. — E eu vou usar isso com honra. — Ele segurou-a para ela ver. Haviam três longos arranhões vermelho-sangue.

— Eu fiz isso? Puta merda!

Com um sorriso malicioso, ele assentiu.

— É melhor você se mexer ou nós vamos nos atrasar, — disse ele, sorrindo. — Ah, e Kea, obrigada por me resgatar na noite passada. Isso significou o mundo para mim.

E foi tudo. Ele só disse isso sobre seu ataque de pânico. Gabby sabia que era pura hesitação, mas algo sombrio e perturbador a inquietava. O que aconteceu com ele para causar esse tipo de reação? Seu pai o tinha trancado em um quarto escuro? Ela estava determinada a não bisbilhotar, mas também sabia o quão doentio era manter tudo fechado. Então ela revirou os olhos para si mesma. Panela, apresento-te o lume. Se ela alguma vez o tivesse feito.


CAPÍTULO VINTE


Durante todo o dia, Gabby tinha apenas uma coisa em mente: sua mini maratona de sexo com Kolson. Várias vezes ela se pegou distraidamente esfregando seus mamilos sensíveis. Foi uma coisa boa que ela estava sozinha quando isso aconteceu.

Com todos os telefonemas e mensagens que estava enviando, ela poderia ter usado uma secretária. Sky, Cara, Ryder e Case a estavam checando. Era legal, mas talvez eles precisassem configurar algum tipo de cadeia telefônica. Meio dia, quando o telefone tocou, ela atendeu e ficou mais do que satisfeita em ouvir a voz de Kolson.

— Você tem tempo para almoçar hoje?

— Só tenho quarenta e cinco minutos.

— E quando seria isso?

— Depois da uma e meia.

— Perfeito, — disse ele. — Alguma aversão a comida?

— Oh não. Por quê?

— Estou levando o almoço para você. Vejo você, então.

— Mas... — Ele já havia terminado a ligação.

À uma hora e meia, sua grande estrutura encheu sua porta. Sua presença intensificou o ar ao redor dela, e seu coração pulou atrás de suas costelas. Ele olhou para ela e fez aquela coisa com os lábios, raspando os dentes através deles. Ela sentiu-se responder exatamente onde mais importava, entre as coxas. A mão dela foi para a garganta, como se isso aliviasse a pressão que sentia contra o peito. Mas isso não aconteceu. Nem um pouco.

Em suas mãos, ele carregava uma sacola grande e uma bandeja com duas bebidas grandes.

— Vou ter que ficar aqui e segurar isso pelos próximos quarenta e cinco minutos, ou você vai me mostrar onde vamos almoçar?

Ela limpou a garganta e disse:

— Que falta de educação a minha. Por aqui. — Ela se levantou e ele a seguiu até uma pequena cozinha com uma pequena geladeira e pia. Também tinha uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. — Por favor, sente-se.

Kolson puxou uma cadeira para ela e ela se sentou enquanto ele arrumava a sacola e bebia. Então ele a chocou quando levou a sua mão ao peito dela. Seus dedos desabotoaram a blusa e ele enfiou a mão no sutiã e soltou um dos seios dela. Dobrando a cabeça, ele inalou e então gentilmente chupou o mamilo ainda sensível. Ela suspirou quando ele disse:

— Estou feliz que você tenha seguido minhas instruções, Gabriella. Você ainda cheira e tem gosto de mim.

Ela tentou engolir o nó que estava preso na garganta, mas era inútil. O homem transformou seu corpo em um demônio sedento por sexo.

Arrumando o sutiã e abotoando a blusa, ele se sentou em frente a ela.

— Você deve estar faminta. Não tomou café da manhã hoje. Você tomou?

— N-não.

— Bem me pareceu. Bem, espero que goste de tailandês. Eu conheço um ótimo lugar e tomei a liberdade de fazer um pequeno pedido para nós. — Ele puxou as pequenas caixas quadradas e brancas enquanto falava e, em seguida, pegou outro recipiente de plástico. Entregando seus pauzinhos e uma colher, disse:

— Sirva-se. Oh,espero que você não se importe. Nós vamos ter que compartilhar isso. Eu pedi um grande Tom Kha Gai para nós dois.

Os olhos de Gabby se arregalaram quando ela olhou para toda a comida. Ele deve ter pensado que outras quatro pessoas estavam se juntando a eles.

Ele estava mastigando quando perguntou:

— Você não vai comer?

— Sim. E obrigada. — Ela deu uma mordida em um rolinho primavera e suspirou. Ela não conseguia se lembrar da última vez que comeu comida tailandesa. E isso era divino. Mas a quantidade. Meu Deus!

— Você estava esperando que alguém se juntasse a nós? — Ela perguntou.

— Não por quê?

— Você sempre come tanto assim?

— Eu estava com fome e não conseguia decidir o que pedir. As escolhas eram infinitas. — Ele lançou-lhe um sorriso juvenil.

Ele a observou enquanto comia, e ela não sabia dizer se ele estava com fome de comida ou dela. Ele parecia que iria devorá-la, junto com seus pot-stickers.

— Conte-me sobre sua clínica. Este é seu primeiro ano?

— Sim. Estou a terminá-lo. Julho marcará meu primeiro aniversário.

— O que você mais gosta?

Ela sorriu.

— Além de minhas dificuldades financeiras, eu amo isso. Amo ajudar os outros. Há muitas pessoas por aí que não sabem para onde ir e eu gosto de ajudá-las a encontrar o caminho. Você sabe?

— Gabriella, você é uma reparadora?

— Claro que sou. Isso é o que minha profissão faz. — Ela riu.

— Mas você procura pessoas que precisam de conserto?

— Eu não estou seguindo você.

— Seus amigos, por exemplo. Sky e Cara.

— O que tem elas?

Kolson parou de comer por um segundo e disse:

— Você sabe que todos seus amigos foram investigados. É algo que minha equipe jurídica recomenda. E como eles estão associados a você, eles aparecem como bandeiras vermelhas. Eu confio em você; portanto, não estou preocupado com eles. Eu sei o que elas fazem para viver, então foi por isso que fiz essa pergunta. Parece que todos os seus amigos têm problemas que imploravam para que essa pergunta fosse feita.

Gabby ficou surpresa no começo, mas quando ela pensou um pouco, ela realmente não estava.

— Eu deveria estar com raiva de você, mas não estou. Conheci Ryder através de Case. Ele estava indo aos NA. Ryder começou a ver Sky, que teve problemas com sua mãe, que era viciada. Sua mãe já faleceu. E claro, Cara e Sky trabalham juntas. Eu preciso ser honesta aqui. Há uma grande parte de mim que quer que elas deixem a vida de prostituição. Acho que Sky vai e logo. Cara, não tenho tanta certeza e isso me entristece. Não acho que quero consertá-los por si só. Eu quero que eles estejam seguros. Nenhuma delas usa drogas. Elas raramente bebem a menos se sairmos para uma noite de garotas, que é uma vez a cada três ou quatro meses. Acho que me conectei com a Sky porque ela foi estuprada na prostituição e eu poderia me relacionar com a parte do estupro. Nós duas tivemos vidas familiares ruins. Acho que foi uma resposta muito longa para a sua pergunta. E falei muito. Quebrei confidências. Eu confio em você para manter isso para si mesmo.

Ele sorriu.

— Você não compartilhou nada comigo sobre eles que já não soubesse. Estou mais interessado em sua conexão com elas. Curioso, é o termo mais apropriado, suponho. Não é frequente que uma médica seja amiga de uma prostituta. É por isso que imaginei que você fosse uma reparadora. Mas, Kea, você sabe que existem aqueles que precisam ser reparados, mas não querem ser.

— Não me coloco acima de ser amigo de ninguém. Mas, Kolson, todo mundo precisa ser reparado até certo ponto. Ninguém está perfeitamente sintonizado. É uma questão de como estamos fodidos. Podemos funcionar na sociedade sem fazer mal a nós mesmos ou a ninguém? E estamos felizes em fazer isso? Essa é a pergunta que alguém deve se perguntar.

— Então, Dra. Martinelli, você está feliz?

Gabby não sabia como responder a ele. A resposta para isso era muito complicada.

— Eu acredito que você acabou de me dar sua resposta.

— Isso é uma suposição. Não foi você quem me disse para não fazer suposições sobre coisas das quais eu não sabia nada?

— Touché, Gabriella. De fato disse isso. E você estava prestando atenção.

Ela sorriu ao sentir o gosto da sopa.

— Mmm. Isto é excelente. E você é muito astuto.

Ele assentiu.

— Eu ganho minha vida sendo astuto. Então, além de sua necessidade de correr para ajudar as pessoas, qualquer outra razão para a psiquiatria?

— Sim. Os psiquiatras são os oprimidos da profissão médica. As pessoas não olham para nós como médicos. Eles só nos vêem como conselheiros ou sentados em quartos com pacientes enquanto eles se deitam nos sofás e nos contam seus problemas.

— Bem, não é isso que vocês fazem?

— De certa forma, mas há muito mais. A psiquiatria envolve mais do que apenas conversar com o paciente. Muitas condições e doenças requerem medicamentos e monitoramento, bem como diabetes e outras doenças. Você sabia que muitos moradores de rua sofrem de transtorno de personalidade esquizóide e recusam tratamento porque odeiam os efeitos colaterais das drogas?

— Não, eu não estudei transtorno de personalidade esquizóide, — disse ele com um sorriso.

— Eu estudei.

— Tenho certeza disso. Sei que o maior motivo para você entrar em seu campo é o seu passado. E depois de ver você em ação, não há mais nada que eu possa imaginar você fazendo.

— Isso é verdade. Depois que comecei a estudar psiquiatria, meu fascínio aumentou. O cérebro humano é incrível e as coisas que podem dar errado são... bem, você pode imaginar. As possibilidades são infinitas e se não formos ensinados a lidar ou se nossos neurotransmissores não estiverem nos níveis apropriados, as coisas podem ficar descontroladas. Genética e meio ambiente têm muito a ver com isso também. Algumas pessoas acabam por nascer com sorte.

Enquanto falava, os lábios de Kolson formaram uma fina linha branca.

— Minha vantagem com meus pacientes é que não nasci com sorte, então posso me relacionar com muitos deles. E acredito que isso me ajuda a me conectar, particularmente com as vítimas de abuso.

O comportamento de Kolson foi alterado. Um véu desceu sobre ele e seu tom se tornou severo.

— Bom para você. Que tal terminarmos o nosso almoço? Preciso estar de volta ao escritório e pensei que você tivesse pacientes chegando.

O ar a deixou e seu corpo caiu em sua cadeira. Ela pensou que ele ficaria animado enquanto falavam sobre o que ela fazia, mas ele não só estava desinteressado, como também tinha pouco tempo para ela. O fascínio que ele mostrou quando a acompanhou ao hospital e ao abrigo das mulheres havia desaparecido e feriu Gabby. No entanto, se ela tivesse colocado o seu modo psiquiatra, teria percebido que seus comentários chegaram perto demais. E se Kolson abrisse os olhos, ele teria notado como suas palavras haviam sido dolorosas para ela. Mas nenhum deles o fez. Eles se concentraram em sua comida, Kolson terminando a sua e Gabby olhando para a dela.

Poucos minutos depois, sua cadeira raspou no chão enquanto ele se levantava e disse:

— Vou sair agora.

Foi terrivelmente estranho. Ela olhou para ele e viu um estranho diante dela. Sumiu o homem quente e apaixonado dessa manhã e em seu lugar estava um homem insensível que ela não reconheceu.

— Obrigada pelo almoço.

— Não foi nada, — ele disse secamente. — Eu conheço a saída.

Gabby tentou analisar o que acabara de passar entre eles, mas estava tão abalada que sua mente não conseguia pensar direito. Sua próxima consulta estava marcada em poucos minutos, então ela precisava ter a cabeça limpa.

E então, como um raio, isso a atingiu.

Nascido com sorte. É isso mesmo.

Ela não tinha tempo para pensar nisso, porque as duas horas chegariam a qualquer momento, mas tinha que ser por isso que ele mudara.

Mais tarde, depois que sua paciente foi embora, tentou ligar para Kolson, mas foi diretamente para o correio de voz. Ela deixou uma mensagem e um texto pedindo para ele lhe ligar. Às cinco e meia, quando chegou a hora de sair, ela ainda não recebera uma resposta e Ovaltine estava esperando para levá-la de volta ao apartamento de Kolson.

Quando ela entrou no carro, perguntou:

— Você vai pegar Kolson?

— Não, senhorita. Ele me pediu para avisar que vai trabalhar até tarde.

— Oh. Você vai me levar para a reunião de NA hoje à noite? É a minha noite de voluntariado lá.

— Não, senhorita. Eddie vai levá-la e trazê-la para casa.

— Oh, ele não precisa esperar. Case pode pegar um táxi para mim.

— Não, senhorita, as instruções do Sr. Hart foram para Eddie esperar por você.

— Entendo. Que horas você falou com o Sr. Hart?

— Por volta das quatro da tarde, senhorita.

Gabby rangeu os dentes. Isso foi depois que ela deixou suas mensagens e depois que tentou ligar para ele novamente. Ele a estava evitando.

— E Dra. M.?

— Sim?

— Sam queria que eu lhe dissesse olá.

Gabby sorriu.

— Diga-lhe olá de volta. A propósito, qual é o seu nome verdadeiro?

Ovaltine riu.

— É Leroy, senhorita. Mas não sou chamado assim desde criança. Não bebia nada além de Ovomaltine. Ainda bebo para falar a verdade. Minha mãe me apelidou disso e ficou meio que preso.

Gabby riu.

— Que tal de vez em quando, você beber um pouco de água?

— Oh, não se preocupe, senhorita. Eu bebo também. Quando jogo futebol, bebo bastante e Gatorade.

— Sam jogou também?

— Oh, sim, senhorita.

— Percebi isso. Com sua compilação e tudo.

— Todos jogamos. Todos os cinco irmãos. Nenhum de nós era bom o suficiente para ir para os profissionais, então foi quando fomos trabalhar para o Sr. Hart. O grande Sr. Hart. Então, há sete anos atrás, quando o Sr. Kolson Hart saiu, ele nos ofereceu empregos e nós fomos com ele, sendo que o conhecíamos desde que ele era um jovem. Engraçado, o Sr. H. nunca soube que me chamavam por Ovomaltine, porque sempre usava o nome Leroy.

— Como ele é? Grande Sr. H.?

Ovaltine encolheu os ombros.

— Ok, eu acho. Sam poderia contar mais sobre ele do que eu. Ele era o braço direito e o que estava mais próximo dele. O resto de nós recebia ordens de Sam.

— Sei que não é da minha conta, mas Kolson não se dá bem com ele, não é?

— Não, mas isso não é da minha conta também. E eu não deveria fofocar, senhorita. Sam teria minha cabeça se soubesse que eu lhe disse isso.

— Oh, me desculpe. Prometo, não vou contar uma palavra.

— Obrigado. Sam pode ser bem assustador quando fica chateado. Mas ele gostou de você. Ele me disse que era melhor ninguém machucar um fio de cabelo seu enquanto eu estivesse cuidando de você ou ele iria bater na minha bunda. Ah, desculpa a linguagem, senhorita.

Gabby riu.

Quando Ovaltine parou na frente do prédio de Kolson, ele saiu e acompanhou Gabby para dentro.

— Obrigada Ovomaltine. Eddie sabe que eu preciso dele às quinze para as sete?

— Sim, senhorita, com certeza ele sabe.

— Muito obrigada. Eu acho que te vejo amanhã. — Ela o deixou com um aceno.

Quando ela saiu do elevador, Lydia a cumprimentou e se apresentou. Gabby imediatamente gostou dela. Ela mostrou a Gabby o jantar que preparou e depois deixou-a sozinha. Como Gabby tinha menos de uma hora antes de sair novamente, decidiu trocar de roupa e depois comer.

Quando terminou, ela foi explorar o apartamento. Mesmo tendo passado o fim de semana lá, ela realmente não checou o lugar. Era bem espaçoso e sem contar a sala, a cozinha moderna, seu luxuoso quarto de hóspedes e o luxuoso quarto de Kolson, a cobertura tinha tudo o que se podia pedir. O escritório de Kolson era grande, elegante e ultramoderno, e havia uma pequena biblioteca na qual Gabby queria se perder porque estava cheia de todos os tipos de livros. A cobertura também tinha outro quarto de hóspedes muito parecido com o que ela ocupava, uma sala de mídia com todos os tipos de videogames imagináveis, uma sala de jantar formal e uma sala de estar formal. A cabeça de Gabby girou com o tamanho e a opulência do lugar. A casa de seus pais em Connecticut era bastante grande, mas isso foi em Manhattan, onde o preço do imóvel era ímpio. Ela não podia começar a imaginar o que esse lugar custava para alugar. Mas então ela pensou novamente. Ele não alugou isso. Pessoas como Kolson Hart não alugavam nada.

A campainha soou, invadindo seus pensamentos. Ela olhou em volta e então se lembrou de onde o interfone estava.

— Sim?

— Dra. Martinelli? Seu motorista está aqui para você.

— Er, obrigada. Descerei logo.

Ela pegou sua bolsa e colocou o código do elevador. Eddie estava esperando por ela e se apresentou. Em pouco tempo, ela estava sentada na reunião de NA, ouvindo Case, ou pelo menos tentando. Seus pensamentos ainda estavam em Kolson e porque ele não tinha retornado suas ligações.


CAPÍTULO VINTE E UM


Danny rangeu os dentes enquanto observava Gabby entrar na limusine. O motorista abriu a porta para ela e eles foram embora. O carro não era marcado, então ele não conseguiu pegar o nome da empresa. Raios a partam! Quando ela iria foder tudo e dar ao velho Danny uma oportunidade? Ele tinha planos, grandes planos, e Nadine simplesmente não o via mais. Na verdade, ela lhe disse para pegar a estrada ontem. Ela disse que ele era um idiota doente e não gostava de seus jogos sujos. Danny ficou um pouco áspero, mas ela pediu por isso. No momento em que ele terminou com ela, seu cinto a deixou ensanguentada e roxa. Ela não se sentaria tão cedo, e Danny riu ao pensar em seu traseiro preto e azul.

Porra, deveria ter sido a Gabby. Ele socou a superfície áspera da parede de tijolos e instantaneamente se arrependeu quando a mão dele palpitou. Olhando para a carne raspada, ele amaldiçoou Gabby novamente e decidiu que ele dobraria seus esforços para alcançá-la. Aquela cadela estava deixando-o infeliz e esse era mais um exemplo de como ela estava fodendo com ele.


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Kolson leu e releu a mensagem de Gabby e escutou sua mensagem de voz várias vezes, mas não respondeu. Ele não estava completamente pronto e não sabia o que dizer. Seu passado era desagradável, tão feio quanto o dela, mas de uma maneira muito diferente. E ele sabia que se começasse, ela iria querer ajudar, quereria analisá-lo e ele não poderia, não iria lá. Ele não estava pronto para fazer isso. E a verdade era que não tinha certeza se queria. Era paralisante pensar nisso.

O helicóptero o esperava e ele correu através do vento do rotor e subiu a bordo. Sua mente estava no lugar errado e ele precisava se mexer. Outro contrato enorme estava em jogo e seu braço direito conversava com ele. Depois de um tapinha no braço, ele olhou para cima e fingiu que seu fone de ouvido não estava ligado.

— Me desculpe, cara. Eu esqueci.

— Você está pronto, senhor?

— Jack, eu estou sempre pronto para uma boa luta verbal. — E essa era a verdade.

— Aqui estão seus contratos e este é o seu relatório. Eu tenho todos os materiais que você solicitou aqui. Haverá quatro pessoas presentes. Mas você já sabia disso. Se conseguirmos bloquear isso, parece que você terá todas as equipes profissionais de Filadélfia e Boston. Isso só deixa a área de DC.

Kolson assentiu.

— Este é seu último passo no acordo de Filadélfia e todas as coisas indicam que é uma jogada. Eles precisam dos autocarros porque eles não querem mais lidar com os seus. Nossa oferta é a mais limpa. Não quero dizer que é um negócio fechado, porque qualquer coisa pode aparecer no último minuto, mas com as responsabilidades como estão hoje, eu acho que você pode resolver isso.

— Você tem todas as estatísticas e informações sobre o que aconteceu após o último incidente?

— Sim senhor. Seu motorista ainda está lidando com as questões legais do acidente. E eles vão lidar com os processos decorrentes desse acidente por anos, eu acredito.

O autocarro que uma das equipes usou sofreu um acidente. O motorista estava embriagado e vários passageiros nos carros atingidos pelo ônibus ficaram gravemente feridos.

— Eles realmente gostaram da nossa política de tolerância zero e teste de drogas para os nossos motoristas.

— Sim, Sr. Hart, eles gostaram.

Kolson ficou em silêncio enquanto revisava o contrato e as informações nos arquivos. Tudo parecia estar em ordem. Ele fez uma pausa para pensar em Gabriella e sabia que não estava sendo justo com ela, mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. Ele forçou esses pensamentos para o fundo de sua mente e centrou-se no que estava em suas mãos.

A voz de Jack chegou até ele através do fone de ouvido.

— Estamos nos preparando para pousar, senhor.

Kolson ajeitou a gravata, ajustou as abotoaduras e assentiu. O helicóptero fez contato com o solo e o co-piloto abriu a porta do passageiro assim que os motores pararam de girar. Kolson tirou o fone de ouvido e saiu da nave, com uma pasta na mão. Um carro aguardava para levá-los para a reunião.

Duas horas e meia depois, eles estavam no ar, voltando para Manhattan. Jack olhou para Kolson e disse:

— Se me permite dizer isso, senhor, para um homem que acaba de conseguir o segundo maior contrato da HTS em menos de dois meses, o senhor não parece muito empolgado.

Kolson lançou-lhe um olhar.

— Estou extremamente feliz com isso, Jack. Isso vai separar a HTS de todas as outras empresas de serviços de transporte do setor. Não se engane sobre isso. Eu tenho outras coisas em mente no momento.

— Claro senhor. Peço desculpas.

— Não é necessário pedir desculpas.

Jack percebeu que a conversa terminara. O Sr. Hart estava a milhas de distância e Jack não seria estúpido o suficiente para interferir.

O telefone de Kolson tinha zumbido várias vezes durante a reunião, e tinha ignorado, então o verificou e viu que só havia chamadas ou mensagens de Gabriella. Ele tentou descobrir como lidaria com isso. Normalmente, ele se afastava quando chegava a este ponto. Mas isso não era uma opção com ela. Ele estava demasiado envolvido e queria que fosse assim. As coisas eram diferentes com Gabriella; ela era diferente. Ele ansiava por ela... seu toque, seus beijos, seu corpo, seu sexo. Ela atingira um lugar dentro dele e o virou de cabeça para baixo. De um jeito bom.

E relativamente ao que aconteceu, ela também não tinha feito nada de errado. Ele sabia que não podia deixar isso continuar, porque se não fizesse alguma coisa, causaria uma ruptura entre eles.

Estava quase escuro quando eles pousaram no telhado da sede da HTS. Ele foi direto para o escritório e cuidou de algumas coisas necessárias. Uma hora depois, ele foi para casa. Eram quase nove quando entrou na garagem. Embora tivesse sido um longo dia e ele estivesse cansado, sabia que devia uma explicação a Gabriella. Ele esperava que ela estivesse em casa após sua atividade voluntária nos NA.

Quando saiu do elevador, o apartamento estava em silêncio. Ele andou através de cada quarto, verificando se ela estava lá. Quando não a encontrou, ficou chocado com a decepção que passou por ele. Ele estava saindo de seu escritório e de volta para a cozinha quando ouviu o barulho do elevador. Então as portas se abriram e ela saiu andando.

— Gabriella, — disse enquanto praticamente corria para cumprimentá-la, surpreendendo os dois.

— Kolson! Onde você esteve? Eu tenho ligado e mandado mensagens para você! — Sua voz tinha uma ponta afiada que ele não tinha ouvido antes.

— Sinto muito. Eu tive uma reunião em Filadélfia.

— Filadélfia? Hoje?

— Sim. Esta tarde. Foi às quatro.

— E você foi lá depois do almoço?

— Eu voei.

— Em um avião?

— Não. Tenho um helicóptero.

O que mais ela não sabia sobre ele? Provavelmente um grande inferno, ela supôs.

— Sim. Podemos falar sobre meus métodos de transporte em outro momento? Queria te dizer que peço desculpas pela maneira como reagi hoje. Foi inapropriado. Minha reação foi desnecessária e você não mereceu. Eu deveria ter ligado mais cedo, mas eu... é um assunto difícil e delicado para mim. Eu sinto muito.

— Não, eu percebi depois que você saiu que foi o que eu disse. Estou a supor que foi, mas tenho certeza que teve algo a ver com o que eu disse sobre ter sorte. É por isso que eu estava ligando. Então fiquei com raiva quando você não me ligou, mas depois de um tempo eu comecei a me preocupar.

— Sobre mim?

— Bem, sim. Não é isso que as pessoas fazem quando se importam uma com a outra?

— Você se importa comigo? Depois que eu fui tão idiota com você?

— Kolson, talvez eu não tenha sido clara. Eu não durmo por aí. Especialmente com homens com quem não me importo. Eu sei que não é comum nos dias de hoje, mas é como eu funciono.

— Você me surpreende. Mas tenho medo de não te merecer.

— Você não é o único que está espantado. E talvez você precise me deixar ser a juíza sobre se você me merece.

Ele empurrou-a contra ele e esmagou sua boca na dela. Seu beijo transmitia tudo o que suas palavras não faziam. Suas mãos se enrolaram em torno de suas lapelas enquanto ela ficava na ponta dos pés e o beijava de volta. Quando ele a soltou, perguntou:

— Onde diabos você esteve toda a minha vida? — Ele tirou o cabelo do rosto dela. — Eu gostaria de ter conhecido você anos atrás, Kea. — Ele roçou os lábios nos dela, beijou sua têmpora, e então tirou o paletó enquanto afrouxava a gravata.

— Você está com fome? — Ela perguntou.

— Morrendo de fome. E você?

— Eu comi logo depois do trabalho. Lydia nos deixou algo. E se eu preparasse o seu jantar enquanto você se troca?

No momento em que ele voltou, ela tinha preparado sua refeição, junto com uma taça de vinho. Eles conversaram enquanto ele comia e ele lhe contou sobre o contrato que conseguiu naquele dia.

— Parabéns!

— Essa também é outra razão pela qual eu não pude ligar. Estava preso na reunião.

— Está tudo bem. Nós estamos bem. Mas por favor, não me evite. Não fuja de mim quando o assunto ficar difícil. Se é algo que você não pode discutir, me diga, porque eu não leio mentes. OK?

— OK.

— Eu também queria que você soubesse que conversei com Case esta noite e vou aceitar a sua oferta. Sobre me mudar. Já que estou atrasada no aluguel do meu escritório, — ela disse timidamente, — não acho que meu senhorio vai se arrepender de me ver ir embora.

— Kea, essa é a melhor notícia que já ouvi. Você tem uma data marcada para isso?

— Sim. Duas semanas.

— Então você terá uma mudança dupla.

— O que você quer dizer?

— Porque eu arranjei um apartamento para você.

— Você conseguiu? — Ela não estava tão animada com isso por um par de razões, mas a maior delas era que não queria deixá-lo.

Ele usava um sorriso malicioso.

— Eu consegui.

— Bem?

— É neste edifício.

— Você está brincando. Eu não posso permitir isso.

— Sim você pode. É um estúdio. E é menos do que você estava pagando.

Ela pulou em seus braços e gritou.

— Eu não posso acreditar. Isso é incrível. Espere. Você fez algum tipo de acordo sorrateiro ou algo assim?

— Não, eu não fiz. É verdade. Mas a melhor parte é que você ainda pode ficar aqui quando quiser. Você pode até mesmo deixar a sua roupa aqui, se quiser, mas você terá seu próprio lugar se você se cansar de mim. — Ele piscou para ela.

— Você pode ser quem irá se cansar de mim. E eu não poderia tirar vantagem de você assim.

— Hmm. Talvez eu queira que você tire vantagem de mim. E se você não tirar, eu posso ter que bater na sua bunda, Dra. Martinelli.

— Isso é uma promessa?

— Certamente é. Agora pegue e leve essa sua bunda para a minha cama, porque me lembro claramente de lhe dar uma ordem esta manhã. E se você me desobedecer, um castigo acontecerá. — Ele bateu na bunda dela e ela correu para o seu quarto com ele na sua cola.


# # #


No dia seguinte, Gabby estava ocupada quando o correio chegou e ela não teve tempo de olhar para ele até terminar com seus pacientes. Quando folheou, notou um grande envelope pardo no fundo da pilha. Puxando para fora, ela engasgou quando viu que estava endereçado a Dra.’Preciosa’ Martinelli. Seu coração bateu em seu peito e sua respiração se apoderou de sua garganta. Ela imediatamente ligou para Kolson.

— Você pode vir ao meu escritório? — Ela lutou para controlar sua voz trêmula.

— O que aconteceu?

— Eu preciso de você. Desculpe-me incomodar...

— Gabriella, você está bem? Ele está aí?

— Não, eu, uh só preciso de você aqui.

— A caminho.

Poucos minutos depois, Ovaltine estava entrando, verificando-a. E não muito depois, Kolson estava lá.

— Isso veio pelo correio. — Gabby olhou para o envelope e depois para Kolson. Seu coração batia em sua garganta porque ela não podia imaginar o que estava dentro, mas sabia que não era bom.

— Ovaltine, você pode esperar lá fora, por favor? — Ovaltine saiu e Kolson foi para o lado de Gabby.

Ela segurou o envelope e seus dedos estremeceram quando tentou deslizá-los sob a aba. Depois de várias tentativas, ela entregou o envelope e perguntou:

— Você pode fazer isso?

Kolson pegou-o e abriu-o. Ele tirou três fotos grandes e uma nota. As fotos eram todas da Gabby, claro. Ela estava amarrada, amordaçada e nua.

A mão de Gabby cobriu a boca quando gritou:

— Oh, Deus! Oh Deus!

Kolson rasgou as fotos, mas não antes de ver as contusões em suas costelas. O que mais o assombrava era o terror absoluto em seus olhos. Ele reconheceu esse medo extremo e empatizou com isso. A nota dizia:

Isso é tudo meu. Cada pedaço dele, preciosa.

Kolson sabia que eles estavam lidando com um filho da puta doente.

— Venha aqui. — Ele puxou-a em seus braços e segurou-a, enquanto ela chorava. Ele tentou acalmá-la.

— Quando ele fez isso? Eu não me lembro dele ter feito isso. Ele pode ter todos os tipos de fotos minhas. E se ele as colocar na internet ou algo assim?

— Sshh. Ele não vai. Ele não quer que ninguém saiba o que ele fez. Isso faz com que ele pareça culpado como o inferno. De agora em diante, você terá alguém aqui com você o tempo todo. Eu não quero você aqui sozinha. E daqui a duas semanas você vai estar com Case, então você não ficará tão isolada.

Kolson podia sentir os tremores diminuindo em seu corpo.

— Eu sou péssima. Não tenho sido nada além de um problema para você.

— Absurdo. Não é como se você tivesse pedido isso. Agora deixe-me ver esse seu belo sorriso.

— Kolson, a última coisa que sinto vontade de fazer agora é sorrir.

— Você está certa. Isso foi insensível da minha parte. Por que não vamos para casa e temos uma noite relaxante?

— Eu ia à biblioteca médica no hospital hoje à noite para atualizar a leitura do meu jornal. Estou muito atrasada. E agora não vou conseguir me concentrar.

— É minha culpa você estar atrasada, não é?

— Não! Eu estive mais ocupada do que o habitual.

— Gabriella, você não precisa suavizar o golpe. Eu sei que tenho ocupado muito do seu tempo ultimamente. Vamos. Reúna suas coisas e vamos sair daqui. Você precisa de comida e, talvez, depois de comer, vai sentir vontade de ler um pouco.

A caminho de casa, Kolson fez uma pequena pesquisa de como facilitar para Gabby a leitura de seus diários. No dia seguinte, quando ela foi trabalhar, um iPad foi entregue em seu escritório e nele estavam todas as assinaturas de seus jornais médicos.

Com as mãos atrapalhadas no celular, ela precisou de três vezes para acertar o número de Kolson por causa de sua empolgação.

— Hart.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu não posso acreditar em você. Seu maluco. Você é incrível!

Kolson recostou-se na cadeira e se encontrou sorrindo para o telefone.

— Eu só posso supor pelas suas frases erráticas que você recebeu o iPad.

— Sim! Obrigada! Você me fez a mulher mais feliz do mundo.

— Bem, maldição. Se eu soubesse que tudo o que precisava era um mero iPad, teria feito isso há muito tempo. Mas espere. Eu pensei que minha incrível sutileza fazia isso.

Gabby riu.

— Pare. Sabe o que eu quero dizer. E você ficou um pouco louco com as assinaturas de jornais, não foi? Isto é muito dinheiro. Esses são caros.

— Kea, você vale muito mais do que isso. Eu vejo o quanto você trabalha duro e é importante que você fique por dentro das coisas. Isso tornará mais fácil para você. Eu queria que minha garota favorita fosse feliz. Além disso, significa que ela poderá passar mais tempo comigo. Motivos ocultos e tudo mais.

— Ah, então é assim que funciona. Mas caramba. Dependência, Revista Americana de Psiquiatria, Revista de Psiquiatria Clínica, Arquivos de Psiquiatria Geral, Neuropsicofarmacologia, Saúde Mental Baseada em Evidências. Isso é algum tipo de pilha de leitura que você tem para mim. Estou impressionada.

— Não é tanto assim. Se precisar de mais, me avise.

— Oh, isso é muito. Acredite em mim.

— Gabriella, eu acredito em você.

— Obrigada, Kolson. Eu,uhm... eu acho que estaria em grandes apuros sem você.

— A sensação é mútua. Preciso desligar, mas vou te ver daqui a pouco.


# # #


Duas semanas se passaram em um borrão e chegou o dia da mudança. Como o escritório de Gabby era muito pequeno, a mudança foi fácil. Kolson tinha dois homens da HTS para cuidar disso. O maior problema era seu escritório pessoal, que consistia em sua mesa e arquivos. O resto era apenas algumas cadeiras e utensílios de cozinha.

Quanto ao seu apartamento, Kolson e Gabby discutiram sobre isso. Ele insistiu em comprar seus novos móveis. Ele queria que ela tivesse mobília de quarto nova, já que as coisas que ela tinha eram antigas, desde os tempos de faculdade. Ele achou que era hora de seguir em frente. Ela discordou. Ela gostava de suas coisas chiques e queria mantê-las. No final, ela ganhou e ele enviou seus homens para movê-las. Ele tinha que concordar; as coisas dela eram fofas. Ela as pintou e lixou, dando a elas uma aparência rústica e elegante.

Gabby sorriu durante todo o dia enquanto montava sua nova casa, e Kolson sentou em sua única cadeira e sorriu para ela. Ele não podia imaginar viver em algo tão apertado novamente. Ele tinha vivido uma vez, quando deixou seu pai e começou do nada, mas voltar, ele sabia que seria difícil. Mas assistir Gabby deu-lhe um novo apreço pelas coisas. Ela estava literalmente animada. E isso deixava-o feliz por vê-la feliz. Também o fez querer dar-lhe coisas. Muitas coisas.

— Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, qualquer coisa, o que seria?

— Paz mundial.

— O quê?

Ela riu.

— Houve um filme10 um tempo atrás em que uma garota era uma agente disfarçada do FBI posando como uma concorrente de concurso de beleza e quando chegou a hora de ela responder à pergunta de um milhão de dólares, foi o que ela disse. — Gabby riu. — Foi hilário porque o personagem não era do tipo de concurso e ela não sabia o que diabos estava fazendo.

— Oh. — Ele parecia positivamente confuso.

— Oh meu Deus. Você não entende, não é?

— Nem um pouco.

— Eu estava brincando. Não sei. Você está me perguntando algo que eu não posso responder. A questão também está lá fora para mim.

— Bem, pense nisso.

— Por quê?

Ele se levantou e foi até ela. Ela estava de pé ao lado da cama, então ele a agarrou pela cintura e ela caiu em cima dele.

— Porque talvez eu lhe queira dar o mundo, Kea. — Seus lábios tocaram os dela suavemente. — Você está tão feliz com as menores coisas. Fico feliz em ver você feliz.

— Eu não preciso de coisas para me fazer feliz. Isso, você e eu estando juntos, me faz feliz. Momentos como esse me deixam em êxtase. Coisas materialistas não me fazem feliz. Tocar em você é o que me traz alegria. Durante a maior parte da minha vida, eu não tive nada disso. — Seus dedos dançaram sobre suas bochechas e depois em seu cabelo. — Ou isso. — Ela o beijou. — Você me faz feliz,Kolson.

— Diga isso de novo.

— Você me faz feliz, Kolson.

— Deus, Gabriella. Ninguém me fez tão feliz quanto você. Alguns dias eu quero sair do meu escritório e ir direto para o seu, pegar sua mão e fazer todo tipo de loucura. Ajo como se tivéssemos doze anos. Faço coisas que deveríamos ter feito quando éramos adolescentes, mas nunca o fizemos porque estávamos vivendo uma vida fodida. Quero fazer muitas coisas com você. Mas então eu paro porque tenho medo de te assustar. Ou que você vai achar que eu sou uma aberração. Ou que estou indo rápido demais. Nunca quis nada assim antes ou algo assim tanto.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e segurou ferozmente.

— Faça, Kolson. Faça cada uma delas. Eu não vou fugir e você não vai me assustar. Eu juro que você não vai. — Seus olhos queimaram nos dele enquanto ela falava e seu coração expandia como nunca antes. Foi nesse momento que Kolson soube que estava se apaixonando por Gabriella Martinelli. E rezou para que ela se apaixonasse por ele.


CAPÍTULO VINTE E DOIS


Kolson e Gabby se reuniram com os advogados para discutir as direções sobre o caso de Gabby contra Danny.

Stan Harrison, o principal advogado, disse:

— Dra. Martinelli, tenho que ser honesto com você. Mesmo que você possa obter esses raios-X e uma avaliação psíquica e há o fato de que você tentou tirar sua vida, eu não tenho certeza o quão longe isso vai nos levar. — Stan fez uma pausa e odiou o que ele tinha para dizer a ela em seguida. — O problema que temos é que você nunca apresentou um relatório policial sobre os estupros, então se isso não foi feito, tecnicamente, um crime nunca foi cometido aos olhos da lei. Podemos apresentar uma ação civil, particularmente contra seus pais, mas acho que isso é o máximo possível. Eu recomendo que você tenha os raios X e a avaliação feita, no caso de seu primo tentar alguma coisa, já que ele está perseguindo você. Você estará um passo à frente do jogo.

Kolson era um enorme pedaço de aço inflexível. Ele observou Stan com interesse, mas não ficou satisfeito com sua declaração. Danny sempre seria um problema para Gabby, bloqueando sua capacidade de se mover livremente sem medo.

— Então, o que você está dizendo é que ela não tem nenhum recurso.

Stan olhou para os dois e assentiu.

— A menos que ela queira entrar com uma ação civil contra seus pais.

Ela suspirou.

— Eu não sei se tudo isso vale a pena.

Kolson se inclinou para a frente e pegou a mão dela.

— Seria um começo, Kea.

— Ele está certo, Dra. Martinelli. E considerando o fato de que seus pais maltrataram você, esta é realmente a melhor maneira na minha opinião. Além disso, e lamento falar nisso, se ele alguma vez agir, já estamos à frente do jogo, como eu disse antes.

— Absolutamente, — concordou Kolson.

— Ok, se você acha que esta é a minha única opção. — Gabby não estava totalmente confortável com isso, mas todo mundo estava aconselhando-a a fazê-lo, e como psiquiatra, era o que ela aconselharia seus pacientes a fazer.

— Então você quer que eu organize os raios-X? — Stan perguntou.

— Por favor. Podemos usar o Lenox Hill?

— Certamente.

— Eu quero que isso fique longe dos meus interesses profissionais.

— Dra. Martinelli, preciso mencionar isso. Você percebe que, se isso for ao tribunal, isso provavelmente impulsionará sua carreira.

— O que você quer dizer?

— Você foi molestada sexualmente quando jovem por um membro da família. O ato foi ignorado e negado por seus pais. Você então tentou cometer suicídio, e eles ainda viraram a situação contra você. Mas você perseverou. Você não apenas perseverou, como foi para uma escola de medicina de grande prestígio e se tornou psiquiatra para ajudar o tipo de pacientes que você já foi. Você se tornará um ícone da mídia. Só estou lhe dizendo isso porque, uma vez que o julgamento chegar, você vai se tornar a queridinha das notícias. A bela e trágica história da menina que se levantou das cinzas.

— Oh, inferno do caralho, isso não!

Stan e Kolson olharam para ela e então Kolson riu.

— Como você pode rir? — perguntou, indignada.

— Estou rindo de sua escolha de expressões. ‘Oh, inferno do caralho, isso não?’ Acho que nunca ouvi isso dessa maneira.

— Bem, eu nunca me senti assim, então sim, caralho, inferno do caralho, não. Eu não quero estar na mídia ou nas notícias.

— Bem-vinda ao meu mundo, Kea.

— O que vou fazer? Existe alguma maneira de pará-lo?

— Podemos tentar, Dra. Martinelli. Mas isso vai ser muito grande. — Stan olhou para Kolson.

Kolson se aproximou dela e segurou a mão dela.

— Primeiro as coisas mais importantes. Vamos dar um passo de cada vez antes de você começar a se preocupar com as notícias.

— Sim. Você está certo.

Enquanto caminhavam para o carro de Kolson depois da reunião, ele disse:

— Acho que é hora de colocar um guarda-costas em tempo integral. Não estou confortável com você por conta própria.

— Mas eu tenho Sam, Ovaltine e Eddie.

— E eles estão bem, mas eles te levam por aí. Eu quero alguém com você em seu escritório e alguém escoltando você, acho que é mais prudente para que você não esteja sozinha. Apenas quero você segura. E por favor, permita que me sinta seguro em relação a isso. Será mais fácil para mim, para que eu não passe meus dias me preocupando com você.

Ela ficou pensativa por um momento.

— Ok, mas quando estiver no meu novo escritório, estou bem. Com Case e os caras ao redor...

Kolson se virou para ela e colocou as mãos nos ombros dela.

— Gabriella, não é trabalho do Case te proteger. Eu sei que ele te ama, mas ele tem um negócio para ser executado. Ele não deveria precisar ter sempre alguém lá o tempo todo para ficar de olho em você. Além disso, ele tem uma recepcionista na frente para se preocupar. É reconfortante saber que há um guarda treinado profissionalmente cuidando de você.

Quando dito assim, Gabby quase se sentiu culpada por não o deixar contratar um.

— Ponto justo. Então, quando isso vai começar?

— Hoje. Nós temos muitos na empresa. Você vai usar um deles.

— Ok, chefe.

— Você acha que é engraçada, não é?


# # #


Duas semanas depois, Kolson estava em seu escritório quando uma ligação veio de Stan Harrison.

— Sr. Hart, tenho todos os raios-X e o relatório do radiologista. Vou mandá-los para sua casa para que você e a Dra. Martinelli possam ver tudo juntos.

— Por que não o envia para mim?

— Uh, Sr. Hart, não quero que você veja sem ela. Senhor, é muito ruim.

O aperto de Kolson apertou seu telefone.

— Exatamente o quão ruim?

— Muito pior do que eu imaginava, e se fosse para adivinhar, apostaria que até a Dra. Martinelli esqueceu muito disso. Ou talvez tenha se forçado a bloqueá-lo.

— OK. Envie-o por correio e nós analisaremos juntos.

— Ela vai precisar de você lá com ela. Se fosse eu, não tenho certeza se gostaria de revisá-lo sozinho.

— Foda-se.

— Foi o que eu disse quando li, senhor.

Kolson decidiu não o mencionar a Gabby. Ele ligaria para ela e pediria que jantasse na casa dele.


# # #


Gabby ficou surpresa ao encontrar Kolson em casa antes dela. Ele estava esperando por ela quando saiu do elevador.

— Oi, linda. — Ele pegou sua mala e bolsa e entregou-lhe um copo de vinho.

— Ei, olá. — Ela se inclinou para um beijo. — Mmm, isso é legal.

— Sim, sempre.

— Venha. — Ele a levou para a sala onde um grande envelope dourado estava na mesa de café.

— O que é isso?

— Seus raios-X, junto com o relatório do radiologista. Eles chegaram hoje. Eu não li nem olhei nada disso. Esperei por você.

— Entendo. — Seu corpo endureceu. — Eu... eu...

— Estou com você e sempre vou estar. Você não precisa olhar. Quero que você veja, mas se você não quiser...

— Não. Eu quero. Só que, eu... — Ela engoliu e esfregou a dor no peito. — A dor, não a física, mas a emocional, você sabe. Meus pais, como eles... — Ela estremeceu.

Ele se virou para ela e disse:

— Estou aqui. Gabriella, eu acredito em você. Eu te conheço como pessoa. Sei o quanto você está ferida. Confie em mim. Deixe-me ser sua força.

— Ok. — Ela respirou fundo. — Vamos fazer isso.

Ele tirou os exames, e ela disse:

— Você não precisa se preocupar com isso. A iluminação não é boa o suficiente e o relatório vai nos dizer tudo o que precisamos.

Ele os guardou de novo e tirou os papéis. Eles se inclinaram e começaram a ler.

Eles leram tudo. Gabby registrou dezenove fraturas de costelas separadas, várias fraturas ósseas no punho e no braço esquerdos, vários dedos, ambos os ossos nasais e duas clavículas quebradas. No final, Kolson estava tão tenso que parecia prestes a rebentar.

— Aquele filho da puta tem que morrer. E depois, o mesmo acontece com seus pais filhos da puta. Como eles não podiam ver isso?

— Eu escondi muito disso. — Sua voz foi silenciada.

— O quê?

— Depois de um tempo, escondi a maior parte. Ele me batia em lugares que não se viam. Então eu escondi. As coisas que eu pensava que curariam sozinhas.

— Como diabos você fez isso? — Ele gritou.

Ela se encolheu dele e ele imediatamente reagiu.

— Porra, me desculpe. A última coisa que você precisa é ter que lidar com um namorado assustador. — Suas mãos se abriram através de seu cabelo. — Porra!

Ela inclinou a cabeça contra as suas mãos, pensando no passado. A maior parte tinha sido escondida nas profundezas mais distantes da sua mente. Mas isso a chutou para a primeira fila e estava aplaudindo de pé com confetes e flâmulas. Oh, como ela se lembrava da dor. Como mal conseguia respirar enquanto ficava deitada em sua cama à noite. Ela cruzou os braços e esfregou os lados, os lugares que costumavam doer tão terrivelmente.

— Eles me acusavam de fazer as coisas, então eu escondi deles depois de um tempo. As contusões eram principalmente em áreas cobertas por roupas. Eles não podiam vê-las. Logo parei de chorar, porque isso só me causava mais problemas. — Seus olhos assumiram um olhar assombrado. — Parei de chorar completamente. Esse foi um dos objetivos do meu psiquiatra. Aprender a chorar de novo. Você sabia que eu não choro desde que tinha quinze anos? — Ela deu-lhe um sorriso fraco.

— Nunca?

— Nunca. Nem mesmo quando meu cachorro, Ethel, morreu. E eu amava aquele cachorro mais que tudo.

— Por quê?

— Não sei. Eu não posso. Às vezes sinto que vai acontecer, como um ardor nos meus olhos, mas depois desaparece. Meu psiquiatra pensou que era por causa do trauma que sofri e que, uma vez que eu deixasse tudo para trás, seria capaz de encarar tudo de novo. Mas a minha opinião é que isso tem a ver com vulnerabilidade. Era mais seguro não chorar. Eu construí uma parede tão sólida que me acostumei a parar as lágrimas. Qualquer que fosse o caso, Danny sabia disso. Ele iria socar e chutar-me e tentar o seu melhor para me fazer chorar. Mas eu não faria. Acho que é por isso que eu tive tantas costelas quebradas.

— Maldito seja ele! — Kolson queria bater em algo. Qualquer coisa. Para soltar toda a pressão. Ele enfiou tudo de volta no envelope. — Vamos sair daqui por um tempo.

— Tudo bem por mim. Mas pra onde?

— Espere um segundo. — Ele se levantou e foi para o seu escritório. Em poucos minutos estava de volta. — Venha, vamos . — Ele ofereceu a mão e ela agarrou-a.

— Onde estamos indo?

— É uma surpresa.

Eles pegaram o elevador até à garagem e entraram no carro.

— Alguma dica? — Ela perguntou.

— Nós estamos indo para um pequeno passeio. Nós dois precisamos de uma mudança de cenário.

Eles pararam na frente do HTS.

— Não é aqui que você trabalha? — ela perguntou.

— Sim, este é o meu prédio.

— Você está me levando em uma turnê?

— Mais ou menos. — Ele foi para a garagem subterrânea e entrou no elevador. E subiram. Quando saíram no último andar, um helicóptero esperava. Os rotores estavam girando; estava ventando e era extremamente alto. Ele pegou na mão dela e a puxou para a porta do passageiro, onde um homem estava segurando aberto.

Eles entraram e Kolson deu um fone de ouvido para Gabby e ligou. Ele colocou por conta própria e eles foram recebidos pelo piloto.

— Boa noite, Sr. Hart, Dra. Martinelli.

— Oi, Steven. Obrigado por vir em tão curto prazo. Nós não vamos ocupar muito do seu tempo. Apenas cerca de uma hora mais ou menos.

— Sem qualquer problema, senhor. Então quer um passeio sob a aérea de Manhattan, senhor?

— Dê a minha dama o melhor show que puder.

— É para já. Aproveite o passeio, Dra. Martinelli.

— Obrigada, Steven.

— O prazer é meu, senhora.

Kolson afivelou o arreio de Gabby e o helicóptero decolou. Ela agarrou a mão dele enquanto subiam.

— Oh meu Deus! Não posso acreditar em você.

Ele sorriu para ela.

Gabby olhou para fora das duas janelas enquanto Steven começava a voar sobre os sete distritos de Nova York. Sua cabeça girava enquanto Kolson ria do que ela fazia.

— Você vai ter que escolher uma janela e ficar com ela ou você vai acabar perdendo os pontos de vista.

Quando o sol baixou, ele terminou a turnê pelos bairros de Manhattan enquanto voava ao longo do horizonte, começando com a Estátua da Liberdade. Kolson apontou cada um dos edifícios mais altos em sua magnificência, incluindo o novo World Trade Center, o Empire StateBuilding e o Chrysler Building. Ele estava perdido nas expressões que passavam pelas feições de Gabby, do assombro à pura alegria. E tudo o que Kolson queria fazer era imprimir essas expressões em sua mente para sempre. Ele tinha o seu telefone o tempo todo fazendo exatamente isso. Tirando foto após foto dela, ele a capturou em várias poses olhando para o cenário, rindo, sorrindo, com os olhos arregalados e impressionada. Foi então que apercebeu. Nunca havia se apaixonado. Nunca tinha acontecido. Mas ele estava loucamente apaixonado por essa mulher. E faria tudo para protegê-la, mesmo que isso significasse matar Danny Martinelli.

Steven pousou a aeronave suavemente no telhado. Quando Gabby desafivelou o cinto, ela se jogou em Kolson.

— Me diga que você tem mais truques na manga. Isso foi demais.

Ele a envolveu em seu abraço e acariciou seu pescoço.

— Tenho truques bons, mas a maioria deles envolve nudez e uma cama.

— Hmm, vou aceitar isso também, Sr. Hart.

— Sim, você vai, Kea, e vou ter certeza de que você ame cada um deles.

— Muito obrigada, Kolson. Isso foi fantástico.

— Venha, vamos para casa e comer. Estou faminto.

Gabby tinha um sorriso bobo no rosto todo o caminho para casa. Quando chegaram à casa de Kolson, a realidade invadiu.

— Eu sei que não poderíamos evitar isso para sempre, mas você sabe que mais? Eu não vou deixar o que aconteceu comigo arruinar o meu futuro. Não vou permitir isso. Danny já tomou muito de mim. Ele não vai mais conseguir.

— O que você está dizendo?

— Eu quero largar tudo isso e seguir em frente.

— Oh, Gabriella, acho que é um grande erro.

— Eu sabia que você iria achar. Mas estou feliz agora.

— Escute-me. Ele nunca vai parar de tentar chegar até você. Você entende o que isso significa, certo?

— Eu acho que sim.

— Isso deixa você sem escolha.

— Mas...

— Sem desculpas. Ele não vai deixar você ir. Não até que algo pior aconteça. E um de vocês se machucar. E você se machucar não é um resultado aceitável.

A discussão deles pesou muito sobre ela; ela teve que concordar com Kolson. Eles comeram em relativo silêncio e então foram para a cama. Ele amou-a com paixão, deixando-a louca com a posse de seu corpo, até que ela estava tão fraca que não conseguia se mexer. Então adormeceu, apenas para acordar no escuro da noite, sonhando com Danny. Enquanto estava ali deitada, ela o amaldiçoou por todos os problemas que ele causou, virando sua vida de cabeça para baixo. Por que ele simplesmente não foi embora? Por que ele continuou com essas ações malucas? Ela começou a pensar em maneiras de se livrar dele, mas sabia que nunca funcionariam. A pior coisa que podia acontecer era ela ser pega e acabar indo parar na prisão.

— O que se passa, Kea?

— Pesadelo.

— Conte-me.

— Apenas um velho pesadelo.

— Se vire de barriga para baixo.

Ela fez, e ele massajou as costas dela. Foi uma suave carícia que a acalmou e a embalou de volta para dormir.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, o telefone de Kolson tocou e ele xingou quando viu quem estava ligando.

— Kestrel — Pausa. — Não, eu não decidi. — Pausa. — Eu sei, a festa será daqui a uma semana. Está no meu calendário. — Kolson olhou para Gabby, questionando. Ela assentiu. — Sim, nós estaremos lá. Diga à mãe. Que horas? Eu direi a Gabriella. Alguma notícia sobre Kade? — Outra pausa. — Nenhuma aqui também. Então nos vemos na próxima semana.

Ele terminou a ligação.

— Festa de aniversário do meu velho papai na casa deles no próximo sábado às sete. Kestrel diz oi. Traje de coquetel e eu não gosto disso nem um pouco. Abomino esse maldito lugar.

— Eu vou segurar sua mão o tempo todo.

— Isso é uma promessa, porque eu juro por Deus...

— Ei! Isso é um juramento. OK?

Ela lhe estendeu a mão e ele agarrou-a.

— Você não pode imaginar o que aconteceu naquele lugar, Gabriella. Você não pode mesmo imaginar. Um fodido show de merda.

Seus olhos estavam cheios de dor, então ela empurrou a cadeira para trás e montou em seu colo. Tomando seu rosto nas palmas de suas mãos, disse:

— Estarei com você a cada passo seu, segurando sua mão, e não vou deixar você nem por um segundo. Eu juro isso para você.

Kolson olhou para ela e por fim disse:

— Eu amo você, Gabriella. Você sabia disso? Absolutamente, inequivocamente, com todo o meu coração. Achei que não era capaz de amar alguém. Mas você, me deu um curto-circuito, me desmembrou, pouco a pouco, se colocou dentro de mim e me re-conectou, me fez inteiro novamente. Você me reconstruiu, Kea, e nem sequer o sabe. Há momentos em que não consigo imaginar como respirei sem você. Você é o ser humano mais perfeito que Deus já criou e penso que ele enviou você para mim. Eu me maravilho com isso constantemente. Então começo a surtar pensando que você vai ser arrancada de mim, ou que de alguma forma você é uma fantasia que eu inventei na minha mente fodida. Porque você não quer nada de mim. Você só quer dar. E você só quer ser feliz. E é por isso que eu te adoro.

Ela tocou seus lábios nos dele.

— Eu quero algo de você, eu quero você e só você. Não posso acreditar que nos encontramos também. Eu também te amo, Kolson Hart, pelo jeito que você me faz sentir, como se eu significasse algo, como se eu fosse alguém. Amo o jeito que me sinto quando você está dentro de mim, como você me faz sentir que a minha parte que está faltando encontrou seu lugar de novo. Você me traz esperança que nunca tive antes e alegria que nunca existiu. Amo como me sinto quando me aconchego ao seu lado à noite, logo antes de adormecer. Pela primeira vez, me sinto segura. E me sinto vazia quando seus braços não estão ao meu redor. Eu amo o jeito que você respira contra o meu pescoço e a maneira como seus olhos escurecem e as cores se misturam quando você está dentro de mim. Eu te amo por me libertar, mas acima de tudo, eu amo todas as partes de você por ser você. E eu vou te amar sempre, não apenas no bem, mas no mal também.

— Sempre é muito tempo, Gabriella. Espero que você queira dizer isso. Eu sou um cara muito literal.

— E eu sou uma garota literal, em assuntos do coração. Eu não dou o meu livremente, então tome cuidado com isso.

Ele traçou seus lábios com os polegares.

— Eu vou tratá-lo com carinho e cuidarei dele e de você a cada minuto de cada dia. Eu prometo.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Gabby saiu do quarto e entrou no escritório. Ela usava um vestido que Kolson lhe havia comprado, era um vestido de seda fúcsia sem mangas com cintura de couro e uma saia comprida. Sem mangas e com corte para expor mais dos seus ombros, as costas tinham uma fenda aberta até à cintura, tornando o vestido sexy e ousado ao mesmo tempo. Tinha colocado uns Stiletto de plataforma pretos para completar. Kolson não conseguia afastar os olhos dela.

— Bem, — ela perguntou, girando.

Ele lambeu os lábios secos de repente e engoliu em seco.

— Você está usando calcinha?

— Sim.

— Livre-se dela.

— O quê?

— Eu disse, se livre dela.

— Por quê?

— Porque vamos foder no caminho até lá.

— O quê?

— Você ouviu o que eu disse. Se você continuar com elas, eu vou rasgá-las em pedaços.

Sem tirar os olhos dele, ela levantou o vestido para revelar uma calcinha rendada rosa-choque. Ela deslizou os polegares sob o elástico. Antes que ela tivesse a chance de tirar, ele estava na frente dela, rasgando-a como um fio frágil.

— Huh! Você as arruinou!

Ele enfiou a mão sob o vestido dela e agarrou a bochecha de sua bunda, puxando-a ao longo de seu corpo. As sombras de seus olhos haviam escurecido com a luxúria. Sua língua estava lambendo seus lábios e beijando-a antes que ela pudesse dizer outra palavra de sua boca. Quando a soltou, ele pegou o lenço, limpou a boca dela, depois a dele, e disse:

— Você é uma porra de uma provocação, Kea.

— Mas...

— E absolutamente linda assim. Agora vá colocar seu batom de volta. E certifique-se de trazê-lo com você, porque terá que reaplicar isso muito hoje à noite.

Ela andou até ele, pegou o polegar e limpou uma mancha do canto da boca.

— Você perdeu um ponto. — Seus quadris balançaram quando caminhou de volta para o quarto de pó. Ele balançou a cabeça e riu.

Quando saíram do elevador no saguão, ela perguntou:

— Você não está dirigindo?

— Não, estamos sendo levados hoje à noite.

Enquanto caminhavam para fora, Gabby gritou quando viu Sam parado ali, segurando a porta dos fundos de uma limusine aberta para eles.

— Sam! — Ela o abraçou.

— Dra. é bom ver você. — Ele sorriu de volta para ela.

— Você também. Estava com saudade de você.

— Você está bem, — disse ele.

— Eu odeio ter tantos motoristas diferentes agora.

— Sim, doutora M. Mas eu espero que os outros a estejam tratando bem.

— Ah sim. Mas você é o melhor, Sam.

— Podemos entrar, por favor? — Kolson interrompeu.

— Sim, senhor. — Kolson ajudou Gabby a entrar e entrou atrás dela enquanto Sam fechava a porta. Gabby notou o luxo que a rodeava, incluindo uma garrafa de champanhe gelada e dois copos.

— Bem,mas isso não é interessante?

— Espero que você pense assim. — Quando Sam ficou atrás do volante, disse-lhe, — Sam, tome seu tempo, precisamos de uns vinte minutos, por favor.

— Sim, Sr. H.

Kolson apertou um botão e um vidro escurecido deslizou, proporcionando total privacidade de Sam. Ele se inclinou sobre o assento e enfiou a mão sob o vestido de Gabby e encontrou seu sexo molhado e sedoso.

— Se você queria uma hora social com Sam, você deveria ter me dito.

— Kolson! Você sabe o quanto gosto de Sam — ela advertiu.

— Desculpe. Digamos que estou ansioso por algum tempo com você Gabriella. — Ele lhe deu um olhar ardente. — Agora, sente-se no meu colo para que eu possa beijar sua boca. Quero aquele batom rosa em todo o meu rosto. Depois quero lamber sua boceta antes de te foder. No momento em que chegarmos à casa dos meus pais, quero que pareçamos como um casal que acabou de andar no passeio de suas vidas.

Sua barriga e sexo se cerravam com as palavras dele e não havia nada nessa terra que a afastasse de Kolson. Ela subiu em cima dele e sugou sua língua como se fosse seu pênis. Ela sentiu as mãos dele arrancando-a dele e quando protestou, ele a silenciou. Ele moveu seu corpo para baixo, longe o suficiente para sua boca alcançar o ápice de suas coxas deliciosas.

— Eu amo seu perfume, Gabriella. Poderia te lamber o dia todo.

Ela estremeceu quando ele soprou sua respiração fria sobre seu sexo aquecido. Quando a boca dele a encontrou, ela gritou. Sua língua não provocou, foi direto para o que ele sabia que a faria gozar. E quando ela o fez, suas mãos rasgaram seu cabelo, puxando-o até que seus músculos internos finalmente pararam de apertar.

Kolson levantou-a dele.

— Adoro quando você goza na minha língua.

Então ele abriu o zíper de suas calças e seu pau grosso saltou livre.

— Coloque essa boca rosa em mim, Kea. Quero que você me chupe forte.

Seus lábios cobriram os dentes quando ela introduziu seu pênis em sua boca e deixou sua língua girar em torno de sua cabeça. Ela lhe chupou as bolas e ele rosnou, mas quando ela o levou até ao fim, deixando-o bater no fundo de sua garganta, ele respirou fundo e disse:

— Oh, Gabriella, você vai me fazer em pedaços assim.

Ela deixou que sua boca o levasse até que ele a puxou e lhe disse com um sorriso:

— Apenas o que eu queria ver. Batom rosa brilhante em todo o meu pau. Agora arrume-se. Estamos quase lá.

Ela olhou para ele incrédula, enquanto ele vestia de volta as suas calças.

— Qual é o problema, Kea?

— Eu... eu preciso de você, — ela disse com um beicinho.

— Eu preciso de você também.

— Ma... — ela gaguejou.

— Seja paciente. — Ele a agarrou e a beijou com força enquanto o carro parava. — Você tem um ar adorável com essa expressão frustrada em seu rosto. Além disso, você acha que está ruim. Se coloque no meu lugar. Eu fui provocado pela sua boceta exuberante. Eu a provei, senti na minha língua e você veio na minha boca. E eu estou aqui sentado com um pau duro como uma rocha. As coisas poderiam ser muito piores para você.

Ela só conseguiu olhar para ele e sacudir a cabeça.

A porta da limusine se abriu e Gabby esperava estar em algum prédio chique, mas em vez disso eles estavam na frente do HTS. Ela levantou a sobrancelha quando ele estendeu a mão para ela.

— Seu escritório?

— Hmm-mmm.

— Estou confusa.

— Venha. — Ele pegou a mão dela e eles subiram no elevador até o telhado, onde saíram para o helicóptero que esperava.

— Onde seus pais vivem?

— Fora de Atlantic City.

— Oh. Eu não sabia.

— Agora você sabe.

Steven, o piloto, ainda não tinha o motor ligado, e Gabby ficou feliz. Isso teria arrasado completamente o coque solto que ela usava.

— Atlantic City, hein?

— Sim. Ele está no negócio dos cassinos.

— Entendi.

Kolson sentou-se atrás do piloto na parte de trás da nave e Gabby se sentou ao lado dele. Ele colocou o fone de ouvido e disse a Steven que eles estariam em um canal diferente e não deveriam ser interrompidos a menos que fosse uma emergência. Então ele pegou a garrafa de champanhe aberta que trouxe da limusine e encheu os copos.

Uma vez que eles estavam no ar, Kolson agarrou o pulso de Gabby e a puxou para seu colo.

— Agora, o que você estava dizendo sobre necessidades, Dra. Martinelli?

Ela lançou-lhe um sorriso e disse:

— Acredito que nós dois precisamos cuidar delas.

— Realmente precisamos.

— Um, Kolson, ele pode nos ver?

— Steven?

— Sim.

— Você consegue ver ele?

— Na verdade, não.

— Então está tudo bem. Mas não se preocupe. Eu nunca colocaria você em uma situação comprometedora, Kea. Levante-se.

Ela fez e ele moveu-se debaixo dela. Então a puxou para a borda do assento enquanto se ajoelhava no chão. Enfiando a mão no bolso, ele tirou um preservativo.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou.

— Estou me preparando para te foder. Duro e rápido. E por mais que eu ame o pensamento do meu esperma escorrendo pela sua perna, não quero que você se sinta desconfortável na festa.

Ela engoliu em seco. Não tinha pensado nisso. Ela o observou envolver sua ereção no látex brilhante e sua mão automaticamente o pegou.

— Adoro quando você está duro.

— Oh, eu sei, Kea.

Ele empurrou seu pênis dentro dela e ambos soltaram gemidos longos e lentos. Então ele agarrou seus quadris e começou o movimento de balanço que ela adorava. Suas mãos cavaram em seus ombros e ela encostou a testa na dele, fechando os olhos.

— Não, Gabriella. Olhe para mim e me diga quem é o dono dessa boceta.

— Você é.

— É isso mesmo. E mais ninguém terá você. Agora incline-se para trás.

Ela fez e sentiu seu piercing profundamente dentro dela.

— Ah, Kolson.

— Sim?

— Oh, sim.

— Envolva suas pernas ao meu redor.

Ele sussurrou todos os tipos de coisas sujas para ela e quando ambos chegaram ao clímax, foi duro e rápido. Quando eles terminaram, ela agarrou o rosto dele e o beijou, levando a língua dele em sua boca. Depois, ela olhou para ele e riu.

— Batom?

— Definitivamente, batom.

— Trouxe lenços extras.

— Homem inteligente.

— Eu sou.

Gabby lhe deu uma cotovelada.

— Isso é realmente algo. Eu já ouvi falar do clube das milhas, mas nunca ouvi falar em sexo no HELO. Ou talvez devêssemos chamar isso de HI sex. Você sabe, como HELLO! — Ela riu e enquanto ele a observava, não pôde evitar rir também.

— Me prometa que você vai ficar pela psiquiatria e não tentar entrar no ramo da comédia?

— O quê? Aquilo foi engraçado. Admita.

— OK. Só uma vez.

— Kolson, o que você vai fazer com esse preservativo?

— Colocar no lixo. Por quê?

— Eles não vão encontrá-lo?

— Quem?

— Quem quer que esvazie o lixo.

Agora foi a vez de Kolson rir.

— O quê? Você acha que vão inspecionar o lixo que está aqui dentro?

— Não sei.

— Gabriella, somos adultos. Fizemos sexo. Não cometemos um crime.

Depois de se limpar e lhe entregar alguns lenços para fazer o mesmo, ele a puxou para perto dele.

— Precisamos colocar nossos cintos. Nós estaremos pousando em breve. Termine seu champanhe.

O comportamento de Kolson havia mudado. Um homem frio e distante tomara o lugar do caloroso, amigável e amoroso que esteve presente momentos atrás.

Ela pegou a mão dele e disse:

— Estou com você. Jurei para você e não vou deixá-lo, Kolson. Eu te amo e você não precisa temer isso.

— Gabriella, você não sabe o que está dizendo. — A frieza dele a assustou. Ele agia como intocável, não o homem que ela conhecia. Ela desejou poder mergulhar em sua mente e descobrir o que aconteceu para causar isso, mas ela de todas as pessoas entendia o que significava guardar segredos. Ele os compartilharia quando fosse a hora certa. Por enquanto, ela estaria lá para apoiá-lo.

Poucos minutos depois, pousaram em um heliporto e Gabby pôde ver uma mansão iminente ao longe. Estava iluminada com milhares de luzes, por dentro e por fora, e a música podia ser ouvida. Um carro os esperava enquanto Steven desligava o motor. Assim que os rotores pararam, um homem se aproximou e abriu a porta, ajudando Gabby a descer.

— Sr. Hart, seja bem-vindo.

— Olá, Kenneth. É bom ver você de novo. Esta é a Dra. Martinelli.

— Prazer em conhecê-la, senhora. Por aqui.

Foram levados por uma estrada sinuosa que circundava a propriedade e terminava na frente da mansão. Era uma enorme mansão do renascimento grego que Gabby só vira nas páginas de livros e revistas.

— É impressionante, não é?

— Foi aqui que você cresceu?

— Sim. Adorável, não é? — O tom dele era gelo.

Seu humor tinha escurecido tão severamente que Gabby tentou aliviar as coisas.

— É irreal. Nunca vi nada assim.

— Oh, e você nunca verá. — Sua amargura era inconfundível. Apertou a mão de Kolson e sentiu a umidade nela, esse lugar o assustava.

Ela olhou fixamente para ele.

— Ei. Nós conseguimos fazer isso, querido. — Seu rosto era uma mistura de emoções. Preocupação, tristeza, medo e raiva irradiavam dele. Mesmo ele tentando esconder, ela o conhecia melhor agora.

Ela puxou a cabeça dele em sua direção para que pudesse sussurrar em seu ouvido.

— É uma noite. E quando chegarmos em casa, prometo que vou fazer o que quiser. Você pode bater na minha bunda a noite toda, Kolson. Só sei que estou com você nisso. Agora me dê algum sinal de que você me entende.

Ele olhou para ela e assentiu. Então ela o beijou nos lábios. Duro, com paixão. Eles saíram do carro, mas não antes de ela lhe dizer o quanto o amava. Ela o beijou novamente e limpou o batom da boca dele. Seu sorriso de meia-boca a fez relaxar um pouco.

Quando eles entraram, Kestrel os cumprimentou na grande entrada.

— Bem-vindo ao complexo Hart. É bom ver você de novo, Gabby, Kolson.

— É bom ver você também, Kestrel.

Kestrel se inclinou para ela e sussurrou:

— Cuidado com o dragão e seu covil.

Kolson estava conversando com outra pessoa e não ouviu, e Kestrel já havia se afastado. Mas ela achava uma coisa muito curiosa para dizer a alguém.

Kolson segurou o braço de Gabby e levou-a para a sala ao lado para conhecer seus pais. Sua mãe, Sylvia, os recebeu. Ela era de estatura mediana, loira e adorável, e nada como Gabby esperava. Doce e gentil, ela abraçou Gabby e a tratou como se a conhecesse desde sempre.

— Por favor, traga Kolson para casa mais vezes. Ele nunca vem aqui e raramente consigo falar com meu filho. Eu sinto muito a falta dele. — Suas palavras falaram ao coração de Gabby.

Quando Gabby conheceu Langston Hart, ela ficou chocada. Ela esperava um ogro, um obcecado por controle manipulativo, mas ao contrário disso conheceu um homem charmoso e bonito que fez de tudo para deixá-la confortável em sua casa. Isso a confundiu demais.

— Gabby! Como é maravilhoso conhecer a garota que roubou o coração do meu filho. Você deve nos dizer como conseguiu fazer isso. Kolson é escorregadio. Mas olhando para você, posso perceber facilmente como ele foi apanhado.

— Foi mútuo, senhor.

— Então, soube que você é médica?

— Sim. Sou psiquiatra.

— Fantástico. Deve ser muito gratificante poder ajudar as pessoas necessitadas.

— Sim. Doenças mentais são uma coisa terrível. Também lido com transtornos aditivos. Sou voluntária numa clínica de abuso de substâncias e em um abrigo para mulheres. Pode se dizer que tenho no meu coração um cantinho para pessoas necessitadas.

— Isso é incrível. Sabe que mais. Adoraria fazer uma doação para o grupo que você faz mais voluntariado. Pedirei ao meu departamento pessoal para entrar em contato com você e poderemos dar início ao processo.

— Oh meu Deus. Isso seria bom. Obrigada, Sr. Hart.

— Por favor, me chame de Langston. Nós vamos conversar esta semana. Agora espero que você me perdoe por monopolizar seu tempo. Divirta-se hoje à noite.

Quando se virou, ela sorria até ver Kolson. Raiva e repugnância irradiavam dele, mas foi o olhar acusatório em seu rosto que a fez se encolher.

— O que...?

Ele deu meia volta e afastou-se dela, deixando uma fila de rostos atordoados, incluindo o dela, atrás dele. Ela rapidamente o seguiu por um lance de escadas e descendo um longo corredor escuro. Ela não sabia onde ele estava indo, mas seguiu-o enquanto andava rapidamente para acompanhar seus longos e furiosos passos. Ele desapareceu por um corredor e agora ela tinha que adivinhar onde ele tinha ido.

Tinha o coração bombeando em sua garganta, mas não desistiria de sua perseguição.

Ela se aproximou de cada porta de mogno polido e aproximou o seu ouvido, tentando ouvir algo, o que quer que fosse.

Então ela começou a girar os puxadores. Os quartos eram opulentos, cheios de móveis maciços que faziam seu queixo cair no chão. Ela não conseguia imaginar crescer nesse ambiente. Claro, quem poderia imaginar crescer como ela também?

Quando chegou à última porta não o tinha encontrado, e não sabia o que fazer a seguir. Ela se encostou na parede. Ouvindo um barulho, olhou para cima para ver Kestrel indo em sua direção.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que você estava gostando da festa.

— Estou procurando por Kolson.

— Ele está aqui em cima? — O olhar fechado de Kestrel deixou Gabby confusa.

— Sim. Ele ficou chateado porque eu... não importa. De qualquer forma, o segui, mas o perdi aqui em cima. Este lugar é muito grande.

— Você se acostuma com isso. Fique aqui por um segundo. Talvez eu possa saber onde ele está.

Ele virou a esquina e desapareceu. Cerca de dez minutos depois, ele retornou e seu rosto estava tenso quando disse:

— Vou acompanhá-la de volta à festa e ficar com você.

— Você o encontrou?

— Sim. Venha, Gabby. — Ele se moveu para pegar o braço dela.

Ela se afastou dele.

— Não. Me leve até ele.

— Não posso. Ele não quer ver você agora.

— Não dou a mínima. Me leve até ele. Se você não o fizer, eu vou procurá-lo, quarto por quarto.

— Você vai se arrepender. Quando Kolson está de mau humor, é melhor ficar longe.

— Leve-me. — Ela persistiu em sua demanda.

— Não diga que você não foi avisada.

Segui-o até uma esquina e depois por outro corredor. Ele lhe disse para subir o lance de escadas diante dela. Encontraria uma porta no final do corredor. Era aí que Kolson estaria. Então ele saiu.

Quando abriu a porta, encontrou Kolson, nu da cintura para cima. Suas calças se agarravam a seus quadris enquanto seus punhos golpeavam um saco de boxe suspenso no teto. Um brilho suave no seu torso e seus músculos estavam tensos e esticados quando os seus braços se erguiam, ondulavam e balançavam enquanto esmurrava o seu oponente de mentirinha. Gabby observava o belo espetáculo diante dela enquanto ele mantinha um ritmo perfeito, dançando e mergulhando a cada golpe. O movimento hipnótico de sua forma impecável manteve-a cativa, imóvel, até que gotas de sangue voaram de seus punhos feridos, levando-a a agir.

— Kolson! O que você está fazendo?

— Dê o fora daqui, Gabby. — Ele não parou de dar golpes continuou batendo no saco.

Que ele a chamara pelo apelido não lhe passou despercebido.

— Não vou a lugar nenhum até você falar comigo.

Não se preocupando em lhe dar um olhar, ele disse:

— Você está perdendo seu tempo.

— Você está sendo um idiota.

— Não é a primeira vez que sou chamado disso. — Ele grunhiu enquanto seus punhos voavam.

Agora estava ficando chateada. Ela se aproximou dele.

— Por favor, pare e fale comigo por um minuto?

— Não. Saia. Fora. Daqui. — disse.

— Não, droga. Você não está sendo justo. — Tentou se aproximar dos punhos dele, o que não era a coisa mais inteligente a fazer, mas sabia que tinha que chamar sua atenção... tinha que fazer com que ele parasse e falasse com ela.

A mão dele bateu na palma da mão dela esmagando-a contra o saco. Dois dos dedos dela ficaram presos entre a mão dele e o saco. Ela respirou fundo quando se conectaram. Estava chocada demais para gritar, porque nunca lhe ocorreu que ele estivesse batendo no saco com tanta força.

— O que diabos você está fazendo? — Ele gritou com irritação.

Sua respiração passou por seus lábios num sopro. Ela não conseguia falar e era tudo que podia fazer para respirar. Ela apertou a palma da mão e a dobrou enquanto ele olhava para ela.

— Deixe-me dar uma olhada.

— Não! Não toque, — ela sussurrou. Uma dor intensa subiu por seu braço, centrada em seus dedos mindinhos e anelar. Ela inalou através dos dentes, tentando limpar a cabeça, porque naquele momento, seus dedos não eram o mais importante para ela. Kolson era.

Engolindo sua dor, intensificou sua determinação, e com uma voz estrangulada, ela disse:

— Apenas fale comigo, Kolson.

— Por quê? Você me traiu.

— O quê? — Ela ficou perplexa com a declaração dele. Como ele poderia pensar que ela faria uma coisa dessas?

— Você sabia como eu não queria ter nada a ver com ele e a primeira coisa que você faz é ser vítima do jogo dele.

— Do que você está falando?

— O Dragão. Meu pai. Ele teve você comendo na sua mão escamosa cinco minutos depois da nossa chegada.

— Bem, sinto muito. Não sabia que deveria ignorá-lo. — A dor irradiava da sua mão para o braço, mas ela se forçou a continuar. Ela rangeu os dentes e disse: — Você se recusou a me dizer algo sobre ele, e quando eu cheguei aqui, ele parecia ser um cara legal.

— Parecia. Essa é a palavra-chave, Gabby.

— O raio da culpa é toda sua. Por não me dizer. Você se recusou a compartilhar qualquer coisa sobre sua família ou sobre você mesmo. Você poderia ter me avisado. Como devo agir? O que devo falar? Diga-me e vou fazê -lo, Kolson.

Seus olhos a perfuraram por um segundo; então ele tirou a roupa.

— O que você está fazendo?

— Tomar um banho. Tenho que lavar o suor de minhas frustrações.

Ele se afastou e assim que ficou fora de vista, ela se dobrou novamente. Seus dedos pulsavam de dor. Ela conseguiu mexê-los, embora a agonia resultante lhe dissesse que eles possivelmente estavam fraturados. Ela procurou uma fita esportiva para amarrá-los, para evitar que se movessem. Encontrou uma em um dos armários, estava terminando quando Kolson saiu do banheiro.

— O que é isso? — Ele perguntou, apontando para os dedos dela.

— Acho que eles podem estar fraturados.

— Eu quebrei seus dedos?

— Dói movê-los.

Ele foi pegar a mão dela, mas ela os tirou do alcance dele.

— Meu Deus, sinto muito, — disse arrependido.

— Foi um acidente.

— Aconteceu por causa do meu temperamento e sinto muito por isso.

— Não é a primeira vez que algo está quebrado. Kolson, a questão maior é como você lidou com as coisas com seu pai e comigo. Não sou um leitor de mentes. Eu preciso saber essas coisas. Você diz que me ama. Bem, eu também te amo e não te traí. Eu nunca vou te trair. — Ela se virou e caminhou em direção à porta.

— Aonde você vai?

— Boa pergunta. Se estivéssemos em Nova York, eu pegaria um táxi e iria para casa. Mas aqui estou presa.

— Você quer ir embora?

— Quero que você fale comigo, — disse Gabby em frustração.

Kolson amaldiçoou.

— Droga. Você sabe que não quero falar sobre isso.

— Não estou pedindo para você contar seus segredos mais obscuros, ao contrário do que você fez comigo. Estou apenas pedindo para você me conte algumas coisas. Você não me contou nada sobre você ou sua família. Estou às escuras aqui. E então você fica chateado comigo por ter respondido ao seu pai, que foi gentil comigo, e não tenho ideia do que fiz de errado. Será que você não entende o que estou dizendo? Quão irracional você pode ser?

— Você fez o seu ponto, Gabby.

— E pare de me chamar assim, droga!

— Não é esse o seu nome?

— Sim, mas você nunca me chama assim!

Em três longos passos, ele estava na frente dela.

— Você prefere Gabriella, então? — Sua voz acariciou seu nome e então ele emoldurou seu rosto e disse:

— Ou prefere que te chame de Kea? — Então seus lábios estavam nos dela, saboreando, lambendo, mordiscando, sugando.

— Pare com isso, — disse ela, empurrando-o para longe. — Beijar-me não vai resolver isso.

— Não, Kea, não vai. Esse problema é profundo e há muito tempo. Agora, deixe-me levá-la para ver como está essa mão.

— Não. Nós vamos ficar aqui, e você vai agir como se estivéssemos bem. Você vai me acompanhar, conversar com sua mãe e vamos dançar e fazer as coisas certas. Então, quando eu julgar que é hora de sair, nós iremos.

Ele levantou uma sobrancelha e estreitou os olhos.

— Mas seus dedos.

— Agora, eu não dou a mínima para os meus dedos.

— Entendo, sei como vai ser, por isso.

— Não, eu acho que você não sabe. Você me disse uma vez para confiar em você. Agora estou tendo dificuldades com isso.

Ela podia muito bem ter lhe dado um gancho de direita — ele cambaleou quando as palavras dela bateram nele.

— Você não confia em mim?

— Como posso? Você me acusou de trair você. Depois de eu lhe prometer. Essas palavras me esmagaram, Kolson. Isso — ergueu a mão — não foi nada comparado à dor de suas palavras.

— Sinto muito.

— Não diga se você não está falando sério. Compartilhei coisas com você que nunca compartilhei com ninguém. Você sabe a verdade feia sobre mim, cada detalhe minúsculo. E você me fez acreditar que eu poderia confiar em você. Bem, você conseguiu destruir isso hoje à noite com algumas palavras casuais. Fui destruída demais no passado, como você foi, para me colocar em risco novamente. Prometi a mim mesma que nunca seria vulnerável novamente. Você sabe por que me tentei matar? Nunca lhe contei a história toda. Sim, você sabe como Danny me estuprou e me espancou. E como ele disse a todos os meus amigos que eu era uma prostituta. Até meus pais pensaram que eu era uma, o que era tão ridículo, porque nunca fui a lugar nenhum. Ele afastou todos os meus amigos para longe de mim porque seus pais não os queriam perto de uma ‘garota desse tipo’. — Ela balançou os dedos indicadores no ar quando disse isso. — Mas quando os professores da escola me trataram de forma diferente, foi o que me quebrou. O isolamento tornou-se insuportável. Danny falava coisas para mim, coisas terríveis que me deixavam doente. E foi aí que eu quis morrer porque sabia que isso nunca iria parar. Meu único amigo era o maldito teto que eu olhava todas as noites. Então, meu fator de confiança foi eliminado. Mas você me convenceu que estava segura com você. Eu e meus terríveis segredos. Que eu poderia confiar em você. Então eu fiz. E o que aconteceu? Você me acusou de trair você. Bem, eu não o fiz. Mas você me traiu, Kolson. Você traiu meu amor e confiança em você. E você me destruiu. Então, vamos terminar esta noite aqui e depois você vai me levar para casa.

O mundo de Kolson estava detonando, como uma explosão nuclear. Mas como ele poderia encontrar falhas nas palavras dela? Ela estava certa. Ele não lhe tinha dito uma palavra. Ela só estava fazendo o que achava certo. Estava sendo educada com um homem charmoso e bonito de quem ela não sabia absolutamente nada. Ele não lhe disse que seu pai era um demônio disfarçado. Não lhe contara as coisas hediondas que lhe haviam sido feitas quando criança. Ela não poderia saber. Ela só viu a persona que ele apresentou para ela e para o público... o homem que todo mundo amava.

E agora Kolson estava perdendo a única pessoa que ele amava. Tudo por causa de suas ações estúpidas.

— Gabriella, farei qualquer coisa que você pedir. Sinto muito. Mais do que você jamais irá saber. E um dia, prometo que vou te dizer. Tenho medo de te dizer agora. Sinto medo de falar sobre isso porque acho que se eu voltar àquele passado sombrio, posso nunca mais sair de lá. Sinto muito. Mas por enquanto, isso é tudo que posso te dizer.

— Eu também sinto muito, Kolson. — Ela se virou e saiu do quarto, deixando-o a olhar para ela.

Durante o resto da noite passou conversando com pessoas que ela não conhecia nem queria conhecer. A única coisa que ela queria fazer era deitar-se na sua própria cama e colocar gelo na sua mão. O jantar foi agonizante, porque a sua mão não deixava se alimentar, mas também porque tinha que fingir que estava tudo bem com Kolson. Mais tarde, ele dançou com ela várias vezes, como era esperado, e passou tempo com sua mãe. Finalmente se despediram e pediram o carro para levá-los de volta ao helicóptero que esperava.

Quando eles voltaram para Manhattan, Gabby não ficou com Kolson. Ela foi para a sua própria casa e teve uma longa conversa com o teto.

Pela primeira vez em anos, ela desejou que seu teto pudesse responder.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Gabby estava de coração partido. A única pessoa em quem ela confiava a decepcionou. O seu coração já tinha sido quebrado antes, mas desta vez era diferente. O amor que ela sentia por Kolson era maior, mais profundo do que qualquer coisa que já tinha sentido. Como pegaria as pequenas partículas de seu coração e as colaria de volta? Isso seria possível? Gabby não acreditava que sim.

Quando ela se sentou em sua mesa, sua cabeça doia. A dor em seu coração prevaleceu, no entanto. Quando ela mexeu nos dedos machucados, repassou repetidamente o que aconteceu na festa. Ainda era chocante para ela como Kolson havia reagido.

Seu telefone apitou e ela olhou para ele, pensando que era outra mensagem de Kolson. Ele era persistente, isso era certo. Ela estava recebendo mensagens dele a cada hora, sem falhar. Este, no entanto, era de Danny: Onde você está, sua puta? Tenho esperado por você. Estou me sentido sozinho. Não me faça esperar muito ou você vai se arrepender. A propósito, os guarda-costas estão ficando cansativos, preciosa.

Ela parou pensando e saiu de sua cadeira. Ela estava entre consultas, correu direto para o escritório de Case.

— Acabei de receber outra mensagem.

— Deixe-me ver isso. — Case leu e disse: — Você disse a Kolson?

— Não estamos falando.

Case a examinou.

— O que você quer dizer?

— Não quero falar sobre isso.

— Tem alguma coisa a ver com a sua mão?

— Esqueça isso, Case.

— Quanto tempo?

— Hã?

— Desde quando você não fala com ele, porque eu tenho que lhe ligar e deixá-lo saber que você recebeu isso.

— Sábado à noite.

— Porra. É quarta-feira.

— Eu sei que dia é hoje.

Os lábios de Case se abriram, mas ele sabia quando ficar em silêncio.

— Vá em frente e lhe ligue, porque eu não vou. Pensando melhor, não se incomode. Acho que não quero que ele saiba por enquanto.

— Gabby, — disse Case com toque de alarme.

— Estou bem. Tenho os guarda-costas. Tenho você. Eu não tenho mais medo dele.

— Seja esperta, Gabs. Ele provavelmente está piorando. Você precisa vigiar suas costas.

— Não se preocupe, meu grande amigo preocupado. Está tudo bem. E, além disso — disse ela baixinho, — por que Kolson se importaria, afinal?

— Eu ouvi isso. É infantil e você sabe disso. Estou ligando para Kolson.

— Tudo bem. Ligue você. Eu não vou ligar.

Gabby saiu naquela noite e foi para casa. Sam deixou-a e ela estava com um humor terrível. Sua cabeça latejava e sua barriga doía. Subiu no elevador até o apartamento e tentou lembrar o que havia comido naquele dia. Talvez ela estivesse a adoecer ou algo assim. Ela apenas se sentia mal.

Abriu a porta e não foi difícil perceber que alguém tinha estado em seu apartamento. As almofadas do sofá foram retiradas e tudo estava em desordem. Ela abriu a porta do corredor e chamou Max, seu guarda-costas.

— Max, alguém esteve aqui!

— Dra. M., fique aqui fora, por favor. Deixe-me verificar se é seguro.

Max entrou para verificar as coisas enquanto Gabby esperava no corredor. Ela espiou para dentro, mas não conseguiu ver nada. Enquanto estava de costas para o corredor, ela não deu conta que a porta da escada se abriu.

— Você está tão doce como sempre, preciosa. — Danny estava de pé bem atrás dela.

Gabby não se mexeu, mas abriu a boca e soltou um grito de gelar o sangue.

Max veio correndo para o corredor e Gabby continuou gritando.

— Dra. M.! O que aconteceu?

Gabby, estremecendo violentamente, segurou o braço de Max e tentou falar.

— D-d-d-d...

Max pegou seu telefone e ligou para Case.

— Você precisa chegar vir aqui, senhor. Algo aconteceu.


# # #


Quando Case chegou, Gabby estava sentada em uma cadeira e parecia sombria.

— O que diabos está acontecendo?

— Não consigo tirar uma palavra dela, senhor, — disse Max.

— Gabby, o que aconteceu?

— D-d-danny.

— O quê sobre ele?

— Aqui.

Case olhou para Max.

— Quando a trouxe para casa, ela me chamou no corredor e disse que alguém esteve aqui. Entrei para verificar e depois ouvi-a gritar. Não consegui que ela parasse.

Case segurou as mãos dela.

— Fale comigo, Gabs. Não posso ajudar se não souber o que aconteceu.

— Eu o ouvi. No corredor.

— Merda. Ela tem alguma coisa para beber aqui? — perguntou Max.

— Não. Nada, — Gabby respondeu.

— Vou ligar para Kolson.

— Não!

Case soltou a respiração.

— Gabby, diga-me tudo então.

Ela respirou fundo várias vezes.

— Gabs, sou eu. Não deixarei nada acontecer com você. Entendeu?

Ela assentiu. — Max estava dentro e eu estava tentando ver o que estava acontecendo, quando ouvi aquela voz logo atrás de mim dizendo: ‘Você está linda como sempre, preciosa’. Foi quando comecei a gritar. Era ele. Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar.

— Ele deve ter esperado você voltar para casa. Eu tenho que ligar para Kolson.

— Por favor, não. — Gabby implorou.

Case ainda segurava as mãos dela.

— Queria que vocês dois resolvessem as vossas merdas porque agora eu estou numa situação ruim. Ele está me ligando toda hora para saber de você e quando eu contar sobre isso, porque você sabe que não vou mentir, ele vai explodir. Eu te amo, mas isso está me deixando louco. E sei como você está perturbada. Você precisa de alguém que fique com você esta noite.

— Você.

Case olhou em volta. Ele sabia qual seria sua resposta e ela também. Ele nunca a deixaria no estado em que ela estava e Kolson não a confiaria em qualquer um. Raios, nem ele.

— Max, fique aqui até eu voltar. Não a deixe por nada. Você entendeu. Tenho que ir a casa para pegar algumas coisas, mas voltarei o mais rápido possível.

— Sem problema, senhor.


# # #


Cinco dias... foram cinco dias e ele não tinha recebido uma palavra dela. Ele tinha falado com Case ontem e estava preocupado com ela. Essa mensagem de Danny não era um bom sinal. Mas depois do que Danny tinha feito ontem, Kolson precisava ver Gabby. Quando Case lhe ligou ligou logo de manhã, ele mal se tinha aguentado. Tudo o que conseguia pensar era o que teria acontecido se Max não estivesse lá. Enviou-lhe várias mensagens, mas não recebeu resposta. Às onze e meia da manhã, pediu a Sam para levá-lo ao escritório dela. A recepcionista cumprimentou-o e ele disse que queria vê-la. Ela disse a Kolson que Gabby estava entre consultas.

— Quando ela vai estar livre?

A recepcionista verificou a agenda e disse:

— Só dentro de trinta minutos, senhor.

— Ela está livre para o almoço? — Ele perguntou.

— Sim, senhor, ela está livre por pelo menos uma hora. Seus pacientes da tarde só começam à uma e meia.

— Obrigado. Eu vou esperar. — Ele se sentou e olhou em frente.

Trinta minutos depois, Gabby acompanhou seu paciente até à área de espera e o viu sentado lá. Ela disse adeus ao paciente e olhou para Kolson.

— O que você está fazendo aqui? — Sua saudação foi menos do que acolhedora.

— Vim para te levar a almoçar, já que você não respondeu às minhas mensagens.Tinha que ver como você estava depois do que aconteceu ontem.

— Bem, como você pode ver, estou bem. Mas não posso ir almoçar. Estou ocupada.

— Não. Você está livre até à uma e meia. Eu chequei.

— Não estou com fome.

— Tudo bem. Você pode me ver comer.

— Kolson, eu...

Com uma voz de aço, ele disse:

— Gabriella, precisamos conversar. Agora pare de evitar isso. Você poderia ter... Nós vamos almoçar. — Ele colocou a mão em volta do cotovelo dela e a guiou para fora da porta.

Entraram no carro que esperava e ela não proferiu uma única palavra, nem mesmo para Sam. Quando chegaram ao restaurante, Kolson saiu e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela o ignorou.

— Gabriella, por favor. — Ela passou por ele e entrou. Ele não teve escolha senão seguir.

Quando o anfitrião o viu, sorriu.

— Sr. Hart, siga-me, por favor. — Ele os levou para uma sala onde uma mesa para dois estava arrumada. Toalha de mesa branca, prata e cristal completavam o cenário. — Posso lhe servir água?

— Por favor, — respondeu Kolson.

— Com gás ou sem gás?

Ele olhou para Gabby e ela disse:

— Com gás, por favor.

— Vou querer o mesmo, por favor.

— Agora mesmo, senhor.

Kolson estendeu a mão para Gabby, mas ela se moveu para afastá-lo. No entanto, ele foi mais rápido.

— Por favor, Gabriella, quando Case me contou o que aconteceu ontem. Isso está me matando.

— Você já me matou, Kolson. É doloroso, não é? Dói quando a pessoa que você ama faz você se sentir assim, não é?

— Sim, droga. Dói. — Ele inclinou a cabeça por um momento e o garçom voltou com a água e os cardápios.

— Nosso almoço especial hoje é o salmão Coho fresco, grelhado em uma tábua de cedro, servido com quinoa e aspargos grelhados frescos.

Kolson respondeu rapidamente:

— Excelente. Nós vamos querer isso.

— Muito bem, senhor.

Quando ele se foi, Gabby olhou para ele.

— E se eu não quiser salmão?

— Você está intencionalmente tentando ser difícil?

Ela estremeceu com a frase que ele usou para descrevê-la.

— Por favor, nunca use esse termo para me caracterizar. Você de todas as pessoas deve saber que é um golpe baixo.

Kolson sentiu como se tivesse acabado de assassinar o seu animal de estimação favorito.

— Oh, Deus, Gabriella. Eu não estava pensando. Parece que sou um fodido idiota que continua a pôr os pés pelas mãos. — Então ele respirou fundo e longamente. Inclinou a cabeça para trás e depois se inclinou para a frente. — Sinto muito. Deveria ter sido mais sensível. A verdade é que sinto muito a sua falta e estou muito preocupado com você. Eu te amo e não suporto isto... o que está acontecendo entre nós. Estraguei tudo. Inacreditavelmente é verdade. Eu estava errado e se eu pudesse voltar no tempo, faria as coisas de forma diferente. Mas eu não posso. Então estou implorando a você, Gabriella, que, por favor, me perdoe. Você não me trairia de jeito nenhum. Foi a minha mente louca que me traiu.

— Kolson, por que você não pode confiar em mim?

— Eu quero. Eu confio em você.

— Não, você não confia.

— Sim, é em mim que eu não confio. Há tanta coisa que você não sabe. Mas saiba disso. Não há nada nesta terra que eu não faria por você. Com o tempo, vou contar tudo. E quando o fizer, talvez você entenda.

— Por favor, me perdoe se eu não pular e disser: ‘Ah, sim, vamos voltar ao modo como as coisas eram.’ — Seu olhar desanimado fez com que ela instantaneamente se arrependesse de sua arrogância.

— Compreendo. Podemos ao menos conversar?

Ela inclinou a cabeça. Quando falou de novo disse:

— Podemos conversar. Por agora. Nada mais.

— Gabriella, eu vou pegar todas as migalhas que você está disposta a jogar no meu caminho. Se é só conversa, então que assim seja.

— E, por favor, não intimide a recepcionista.

— Intimidar? Você acha que eu a intimidei?

— Talvez intimidar não seja a palavra certa. Tenho certeza que você a encantou até à morte como só você sabe fazer.

Ele suspirou.

— Eu só perguntei quando você estava livre e ela checou sua agenda.

Gabriella finalmente olhou para ele.

— Hmm. Preciso falar com ela, então.

Ele sorriu.

— Você é linda quando está com raiva.

— Eu odeio estar com raiva.

Ele lhe levantou a mão e examinou os dedos dela.

— Você já os foi verificar?

— Não.

— Gabriella, — ele bufou. — Se eles não se curarem adequadamente, os ossos podem ficar deformados para sempre.

— Kolson, não sou burra. — Desdenhou as suas qualidades.

— Não quis dizer que você é. Apenas estou preocupado com você.

— Eles não estão quebrados. Posso movê-los perfeitamente. Estão apenas doloridos por agora. Sinto muito. Estou cansada e estou descontando em você. Ontem foi um pouco cansativo para mim.

— Por favor, você vai ficar comigo esta noite? Não quero que você fique sozinha. Você pode dormir no quarto de hóspedes. Ou comigo. Mas não precisa ser nada mais que dormir. Sinto sua falta e quero te abraçar em meus braços. Por favor, diga sim.

Ela queria se derreter nele porque a verdade era que ela sentia o mesmo.

— Oh meu Deus, Kolson.

— Por favor. Não pense, Kea. Apenas diga sim.

— Estou trabalhando na clínica até às dez da noite.

— Vou com você e trago você para casa. Por favor, diga sim.

— Deixe-me pensar sobre isso. Vou ligar para você esta tarde.

Sua comida chegou e eles comeram em silêncio. Ela olhou para ele cautelosamente e ele a olhou com esperança.

Às quatro e quarenta e cinco, Gabby mandou uma mensagem a Kolson: Sim. Kolson sorriu por muito mais tempo do que se lembrava de ter feito em sua vida.

Ele bateu na porta dela às seis e meia e a acompanhou até o carro que esperava. E se sentou em seu escritório na clínica, esperando-a enquanto ela trabalhava. Às dez e quinze, voltaram para casa e ela lhe contou a sua noite. Ele sorriu para si mesmo enquanto ela lhe contava sobre seus vários pacientes. Quando chegaram ao elevador, ele perguntou:

— Bem?

— O sim significou o mesmo para esta noite.

Precisou de toda a sua força para não se aproximar ela. Mas ele não o fez. Em vez disso, ele sorriu e segurou o corrimão no elevador até que os nós dos dedos ficaram brancos.

— Vou te mimar hoje à noite, Kea. Você gostaria de um longo banho?

— Você sabe, eu realmente só gostaria de ir dormir. Estou exausta.

— Como quiser.

Ela foi para seu quarto e colocou seu pijama favorito do Snoopy . Quando foi ter com ele, ele levantou uma sobrancelha, mas não pronunciou uma palavra. Só levantou os lençóis para que ela pudesse entrar na cama. Então ele a puxou em sua direção e esfregou suas costas e pescoço, massageando-o em pequenos círculos, tirando os nós.

— Mmm, isso é tão bom.

— Estou feliz por ter gostado. Agora durma, Kea.

— Senti tanto a sua falta, Kolson.

— Eu também senti a sua falta. Diga-me o que fazer para resolver as coisas. Farei o que puder, juro que vou.

Ela se levantou e olhou para ele.

— Apenas me ame o suficiente para confiar em mim e saber que você segura meu coração na palma da sua mão. Por mais que eu goste de pensar que é feito de aço, não é. É frágil e pode ser facilmente quebrado.

— Oh foda-se, Gabriella. — Ela encontrou-se em cima dele mais rápido do que poderia registrar e sua boca tocou levemente a dela. — Você é meu coração e alma. Eu te amo mais que a minha própria vida. Seu coração está seguro comigo. Sei que você não acredita em mim agora, mas é verdade, e eu vou encontrar uma maneira de provar isso para você. — Seus lábios sussurraram sobre os dela, para trás e para a frente enquanto suas mãos mergulhavam em seus cabelos. — Nunca fui tão infeliz, tão perdido, como tenho sido sem você nestes últimos dias. Não quero passar por isso novamente. Não sabia que poderia ser tão sombrio.

— Nem eu. — Ela descansou sua bochecha em sua barba áspera e esfregou as costas da mão do outro lado do rosto. Ele prendeu a mão dela e levou-a aos lábios.

— Jesus, eu me odeio por fazer isso. — A fita branca o encarou.

— Foi um acidente, eu não sabia que você iria bater tão forte. Foi parcialmente minha culpa por ser tão estúpida. E olhe para suas próprias mãos. — Ela estava se referindo aos hematomas que ainda estavam a cicatrizar e às nódoas negras da sua luta com o saco.

— Essa foi a minha estupidez por não usar luvas.

— Lições aprendidas para nós dois.

— Durma, linda. Foi um longo dia para você.

Não foi preciso muito mais para ela cair no sono. Ele também adormeceu, aliviado da insônia que havia roubado suas últimas noites.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Na sexta-feira seguinte no trabalho, Gabby tinha visitas. No final do dia, Kolson deveria conhecê-las e então deveriam sair para beber. Às quatro e meia, ele enviou uma mensagem e disse que se atrasaria. Algo havia surgido no trabalho. Ela terminou com seu último paciente e foi até à área da recepção, onde foi recebida por Case, Sky e Cara.

— Oh meu Deus! — Case disse a ela que Kolson tinha arranjado uma noite de garotas para Gabby. Seriam conduzidas ao seu lugar favorito para coquetéis, acompanhadas, é claro, e depois iriam jantar.

Cara sugeriu começar com um bar de martini onde a multidão trabalhava no SoHo.

— Só não me dê Sugar Tits hoje à noite, — Gabby disse enquanto entravam lá dentro. As garotas riram. — Essa foi a pior ressaca de todos os tempos.

Cara pediu uma rodada de cosmos e ficaram numa mesa íntima onde podiam conversar.

— Assim é muito mais fácil do que responder a todas as mensagens que recebi na semana passada, — disse Gabby.

— O que você esperava? — Sky perguntou. — Depois de Case contar a Ryder o que aconteceu e como ele teve que passar a noite em sua casa, estávamos enlouquecendo.

— Eu sei. E estou feliz por eu ter pessoas que se importam tanto comigo. Obrigado pessoal. Foi uma semana louca, deixem eu falar.

— Então... você e Kolson Hart... juntos para valer. Tipo firme. E há quanto tempo. Como ele é? — Sky perguntou.

— Sexy, — Gabby sorriu.

— Nós sabemos isso! Conte-nos os detalhes suculentos.

— Ele é bom. Muito bom.

— Sim? Como assim? — Cara perguntou.

Gabby olhou para elas e sacudiu a cabeça.

— Ah não. Vocês duas já ultrapassaram tudo tantas vezes para eu começar a competir.

— Diga-nos algo. Ele tem algum fetiche?

Gabby ficou agitada como quem quer falar.

— Uh-oh! Acho que nós acertamos em algo aqui, Sky. Olhe essas bochechas.

— Vamos lá, Gabs. Nos dê uma coisinha.

— De jeito nenhum! Além disso, ele não é pervertido.

— Sim, ele é. Talvez um pouquinho. Pelo menos nos dê uma pista. Seu rosto não estaria brilhando no escuro, de outra forma.

Gabby começou a suar.

— Isso é transpiração no seu lábio superior? — Cara perguntou. As garotas riram e Cara estendeu a mão e enxugou com um guardanapo.

— Olha, se isso te faz sentir melhor, Ryder e eu gostamos um pouco. Você pode nos dizer e vai ficar bem aqui, eu juro. Certo, Cara?

Cara assentiu.

— OK. Vou vós dizer uma vez. Então é isso. Ele é incrível. Todos os momentos de sexo com ele são sempre melhores do que posso imaginar. Ele preenche todas as minhas fantasias. Sabe exatamente como mordiscar aquele ponto e é extremamente bem dotado. Na verdade, tenho mesmo que dizer que ele é bem magnífico nesse departamento. — Então ela se inclinou e sussurrou: — E ele até perfurou lá embaixo. O que me dizem?

— Não me diga? Você gosta? Isso faz você gozar?

— Isso aí. Várias vezes. Em cada sessão.

— Nunca deixe esse homem escapar. Você me ouve? Nunca deixe ele ir. Bem, a menos que ele coma seu primogênito. Ou todos os sorvetes da casa. Entendeu? — Cara aconselhou.

— Sim, senhora. — Todas riram.

Depois que os clientes que saíam do trabalho lotaram o bar elas acharam difícil conversar com todo o barulho. Todos estavam comemorando o final da semana e a música estridente acrescentava a comoção.

— O que você acha de irmos jantar depois dessa bebida? — Perguntou Gabby.

— Estou pronta para isso. Estou ficando com fome também. — Sky disse.

De repente, Cara explodiu:

— Merda, Gabs, eu sempre achei que você tinha uma vida perfeita e agora descubro que você está sofrendo como o resto de nós que fomos fodidos na bunda toda a nossa vida. — Cara a abraçou. — Garota, eu sinto muito.

— Ei, pare. Todos nós encontramos uma maneira de perseverar. Mas Kolson ajudou. Ele me libertou. Se não fosse por ele, eu ainda estaria me escondendo.

Cara a olhou com curiosidade.

— Você está apaixonada. É o principal. Como se fosse além dos limites. Certo?

— Sim. Amando loucamente.

— Droga, garota. Você foi se apaixonar por um cara maravilhoso também. O Kolson Hart.

Sim, tenho certeza que sim. Um cara com algum tipo de problema. Mas fica só para mim...

Depois que terminaram a bebida, Gabby recomendou um lugar italiano por perto, então decidiram caminhar até lá. Ovaltine as seguiria com o carro e seu guarda-costas andaria com elas.

Quando chegaram, houve uma espera de trinta minutos por uma mesa, então sentaram-se no bar, tomaram um gole de vinho e comeram pão delicioso e quente até que o anfitrião as levou para a sua mesa.

Uma vez sentadas, suas conversas animadas recomeçaram enquanto Sky lhes falava sobre suas audições. No meio da frase, Gabby olhou para cima e viu Danny em pé na entrada do restaurante.

— Oh meu Deus. Oh foda-se!

— O que há de errado? — Sky perguntou, alarmada.

— É ele. — A mão de Gabby estendeu a mão para sua garganta.

Cara agarrou a mão dela.

— Quem? Seu primo? Onde está seu guarda-costas? Onde está o Max? Por que ele não está aqui?

A cabeça balançando em busca dele, ela gritou:

— Porra! Não os vejo. Estou ligando para ele. — Gabby digitou seu número. — Não está respondendo. — Seu estômago se agitou e ela engoliu, forçando a bílis de volta em sua garganta. Seu coração martelou e seu sangue rugiu através de suas veias. Era tão alto que ela tinha certeza de que os outros podiam ouvir.

— Fique calma. Ele não fará nada em público. — Cara falou. Então ela olhou ao redor, procurando por ele.

— Você não sabe disso. Ele é doido! Algo aconteceu com Ovaltine e Max. Eles não me deixariam. Estou ligando para Kolson. Porra. Porra. Porra. — Seu joelho bateu descontroladamente debaixo da mesa. — Porra, tenho que sair daqui. Ele vai me matar.

Ela ligou para Kolson.

— Kea.

— Ele está aqui, Kolson. Danny. E o Max ou Ovaltine não estão respondendo nos seus celulares. Preciso sair daqui.

Kolson começou a xingar.

— NÃO SE MOVA GABRIELLA. EU ESTOU A CAMINHO.

— Não desligue, Kolson. Estou com muito medo, — Gabby choramingou ao telefone.

Sky disse:

— Ele está procurando pelo restaurante. Como se estivesse procurando por alguém. Mantenha a calma. Ele está vindo para cá. O que devo fazer? Ligar 911?

— Ele não vai fazer nada aqui. Há muitas pessoas, — Cara reiterou.

— Kolson, ele está aqui... — Gabby chorou.

— Bem, olá, preciosa. Desligue o celular. AGORA. Tenho tentado passar algum tempo com você, mas você continua me evitando. Agora, por que faz isso?

— O que você quer? — Gabby não conseguia controlar o tremor cobrindo-a da cabeça aos pés.

— Você é minha prima. Como já disse, quero passar um tempo de qualidade com você. Agora, por que você não se levanta e saímos daqui, tranquilamente , e deixa suas amiguinhas jantarem.

— Acho que não, Danny.

— Olha aqui sua putinha... — Ele assobiou e abriu o casaco apenas o suficiente para Gabby ver a sua arma.

— Você vai fazer exatamente o que eu digo, ou sua amiguinha aqui, — ele apontou a arma para Sky, — vai ter o cérebro cheio de chumbo. Você me entende?

— Sim.

— Bom. Agora se levante e caminhe em direção à porta. — Então ele se virou para Cara e Sky e disse: — E quando saírmos, se qualquer uma de vocês fizer qualquer tipo de barulho, eu vou atirar em alguém neste restaurante. E se chamarem a polícia, seus guarda-costas estão mortos. Entendeu?

— Sim, — as duas disseram.

— Bom. Vamos lá, Gabs.

Ela se levantou e foi em direção à porta. Ela ficou agitada pensando como poderia atrasá-lo, para esperar por Kolson. Mas Danny estava armado. Kolson não estaria. Ela não queria arriscar que Kolson fosse ferido. Quando eles saíram, ela tentou parar.

— Onde está meu guarda-costas? E meu motorista?

Danny riu.

— Um tiro e eles caíram como moscas.

— Oh meu Deus! Você os matou?

— Você não precisa se preocupar com eles. Vamos.

Ele a agarrou pelo pescoço e apertou, empurrando-a junto. Quando ele se virou em um beco e empurrou-a contra o lado de um prédio, as pernas de Gabby enfraqueceram; ela tropeçou. Ele apertou o pescoço dela ainda mais forte, puxando-a para cima. Ela estava tão tonta de medo que o rosto de Danny entrava e saía de foco.

Ele riu e sua pele arrepiou.

— Mal posso esperar para entrar em você novamente. Ouvir você me dizer o quanto sentiu falta do meu pau.

Ela cuspiu no rosto dele. A ação pegou-o desprevenido e ele recuou. Uma chance... Isso é tudo que tinha, então ela forçou seu medo de lado e pegou. Ela levantou o joelho e enfiou-o diretamente em sua virilha. Então ela correu. De volta ao restaurante e direto para Ovaltine, ele estava virando a esquina, sangrando por causa de um ferimento de bala na lateral do corpo. Ela gritou com toda a força, o que chamou a atenção dos pedestres.

Kolson parou e saltou do carro.

— Gabriella!

— Ele tem uma arma! — Ela gritou repetidamente.

Kolson girou e correu para dentro, praticamente carregando Gabby.

— Chame a polícia. Agora! — Ele gritou para a primeira pessoa que viu.

Ele tentou entregar Gabby para Cara, mas ela não o deixou ir. Não disse nada, apenas tremeu e se agarrou a ele. Cara e Sky correram para Ovaltine enquanto ele cambaleava para o restaurante.

— Kea, você está segura aqui. Deixe-me ir encontrá-lo.

— Nãoooo! Ele tem uma arma. Ele vai te matar.

— Não, ele não vai. Eu não deixarei.

— Não, não vá.

Seu medo o deteve. Ele não podia se afastar dela quando ela precisava dele.

— Estou aqui. Não vou a lugar nenhum. — Seus dedos cavaram a carne de suas costas, mas ele não disse uma palavra. Ele beijou e acariciou o cabelo dela, murmurando baixinho para acalmá-la.

Em minutos, o lugar estava lotado de policiais. Cara e Sky ligaram para Case e ele também apareceu. Gabby continuou a não soltar Kolson. A polícia interrogou as três mulheres e Kolson. Max foi encontrado em um beco ao lado do prédio e tanto ele como Ovaltine foram transportados para o hospital.

Case chamou um dos detetives de lado e teve uma longa conversa com ele. Eles queriam que Gabby fosse até à delegacia, mas Kolson e Case conseguiram persuadi-los a adiar até à manhã seguinte. Kolson pegou Gabby e levou-a para casa. Ela estava uma bagunça.

Uma vez lá, ele serviu-lhe um copo de uísque. Ele a colocou na cama depois, e de manhã, foram até à delegacia. Foi então, com Case e a advogada presentes, que Gabriella deu sua declaração formal. As acusações contra Danny foram registradas como crime de assalto com uma arma mortal, e tentativa de sequestro. Por causa das testemunhas no restaurante e da tentativa de assassinato de Ovaltine e Max, parecia que Danny estaria enfrentando uma longa sentença de prisão.

Kolson e Gabby então foram ao hospital para checar seus amigos. Ovaltine e Max estavam em condição estável. Max tinha sido baleado no ombro e Ovaltine lateralmente. Sam estava com Ovaltine, junto com o resto da família deles. Gabby não conseguia se livrar da culpa, tudo isso era culpa dela. Se esses homens não a estivessem protegendo, nada disso teria acontecido.

— Você tem que parar de pensar assim. Eles estavam fazendo o trabalho deles. Nossos homens fazem isso para os clientes o tempo todo, — explicou Kolson. Seus olhos estavam quentes como mel.

Isso foi diferente. Danny poderia matá-los e se isso tivesse acontecido, ela se sentiria responsável.

Kolson notou como ela se agarrou a ele. Era estranho, porque ela ansiava por sua independência. Essa sempre foi a única coisa que ela enfatizou para ele. Era por isso que ela não ficava com ele tanto quanto ele queria. Ela precisava desse sentimento de liberdade. Mas ele adivinhou que agora ela precisava de segurança, então ele jurou que ela teria.

Jogando o braço em volta dos ombros dela, ele disse:

— Vamos para casa, vamos?

Eddie os deixou. Quando chegaram à cobertura, Kolson disse:

— Acho que seria melhor se você tirasse alguns dias de folga.

— Mas meus pacientes...

— Não vai beneficiar nada você enquanto estiver transtornada.

Ela se abraçou.

Ele soltou a mão dela.

— Venha. — A última vez que ele a viu assim, um banho na banheira a relaxou imensamente.

Quando chegaram ao banheiro, ele disse:

— Tire suas roupas enquanto encho a banheira, Kea. — Ele despejou óleo de banho de uma garrafa chique e ela se despiu. Ele segurou a mão dela enquanto entrava na água quente e calmante.

— Junte-se a mim?

Ele fez o que ela pediu, movendo-se atrás dela.

— Encoste-se em mim. Deixe-me e à água aliviar as suas preocupações.

Ela colocou as coxas sobre as dele e sentiu uma onda de bolhas entre as pernas.

— Umm. — Ela se contorceu contra ele e sua ereção floresceu entre eles.

— Não pretendia que isto tivesse como objetivo algo sexual, mas se você for se contorcer assim, então eu não serei responsabilizado por minhas ações.

— Kolson, sexo com você me faz esquecer meu nome. Porque raios não haveria de querer isso agora?

— Se incline para trás, então. — Ele levantou os joelhos, fazendo com que as pernas dela se espalhassem ainda mais. A pressão da água borbulhante a atingiu em todos os pontos certos e deixando-a ainda mais excitada. Ele pegou um gel de banho e colocou em um pano macio, fazendo espuma. Com pano passando em torno de seus seios, ela arqueou as costas enquanto seus mamilos eram massajados. Com a outra mão, ele os aumentou como se fossem pérolas, puxando e beliscando-os até que ela se contorceu contra a mão dele.

— Você já teve um orgasmo apenas com isso, Gabriella?

— Não, — ela gemeu.

— Acho que um dia deste vou ter que te dar um. Você é tão receptiva quando faço isso.

Deslizando a mão até os quadris, ele moveu o pano em um padrão circular, arrastando-o por cima de seus quadris e pélvis enquanto ela se inclinava na direção dele.

— Você vai ter que parar de se mover, Gabriella. Ou posso fazer algo para o qual você não está totalmente preparada. Essa sua bela bunda está torturando meu pau.

Ela engasgou quando se apercebeu das palavras dele.

Ele não quis dizer isso, ou quis?

Como se lesse sua mente, ele disse:

— Sim, eu vou foder a sua bunda. Agora não se mova assim.

Ele retomou seu movimento com o pano, levando-o para entre as pernas dela. Quando ele tocou no seu núcleo, ela soltou um longo e alto gemido. As protuberâncias do pano atingiram seu clitóris com a quantidade perfeita de pressão enquanto ele a massajava até um clímax intenso. Assim que ela começou a gozar, seus quadris a levantaram e ele deslizou para dentro dela.

Gabby ficou mais viva, quando Kolson levantou os quadris para cima e para baixo, enquanto suas mãos a moviam para combinar com seu ritmo. O prazer era insuportável. Ela se inclinou para a frente, segurando suas coxas enquanto ele lentamente a fodia.

— Gostaria que você pudesse se ver agora mesmo. Você é linda, minha Gabriella. Sua pele está corada e rosada com o vislumbre da água quente. Eu poderia olhar para o seu corpo nu o dia todo. Totalmente perfeito.

Gabby olhou para onde eles estavam unidos e colocou a mão em torno das suas pesadas bolas. Seu gemido de resposta a agradou. Então ela sentiu o dedo correr pela sua fenda até encontrar aquela abertura, e ele empurrou até que a pressão diminuísse.

— Ahhh, — ela gemeu.

Ele parou até sentir o orgasmo iminente diminuir e então seu movimento se acelerou novamente, mas muito devagar. Entrou e saiu dela com um ritmo torturante. Ela tentou acelerar as coisas, mas ele a segurou com uma mão no ombro dela.

— Se você tentar se mover, Gabriella, vou parar.

— Por favor. Deixe-me gozar.

— Paciência.

Seus movimentos recomeçaram e Gabby encontrou um prazer extraordinário. Suas terminações nervosas formigaram enquanto um fogo ardia em suas veias.

— Kolson. Por favor.

— Você goza quando eu disser a você.

— Mas...

— Silêncio. — Ele se inclinou para a frente e tomou o lóbulo aveludado de sua orelha e puxou-o para a sua boca, puxando-o com os dentes.

— Huuuh, — ela engasgou com a onda de prazer.

Instantaneamente ele se mexeu e começou a empurrar mais duro e mais rápido. Gabby se sentiu esticada até uma largura e profundidade impossíveis. Ele tocou em lugares dentro dela, beijou-a tão profundamente que houve um momento em que ela se perguntou se alguém poderia morrer de êxtase.

O seu clímax rasgou através dela, arrancando um grito de seus lábios, e depois seu nome. Se ele não a tivesse agarrado pela cintura, ela teria escorregado sob a água borbulhante.

O orgasmo de Kolson explodiu dele e os músculos internos de Gabby o espremeram até à última gota, até que ele se sentiu fraco pelo esforço de tudo o que aconteceu. Mas não estava fraco demais para levantá-la e colocá-la em seus braços.

— Você é incrível. Senti falta disso. — Seus lábios roçaram os dela, sua língua traçando seu contorno, antes de tomar o inferior entre os dentes. — Eu amo te levar desse jeito, mas sinto falta de ver seu lindo rosto. Vou ter espelhos instalados nas paredes ao redor desta banheira, só para poder ver você em todos os ângulos.

— Por que você não me bateu ultimamente?

A pergunta pegou-o desprevenido. A verdade era que ele queria. Muito.

— Pensei que talvez tivesse sido demais para você.

— Eu dei a você essa indicação?

— Não, mas você também não implorou por isso novamente. Decidi que você é importante demais para mim e não quero assustá-la com minhas necessidades. E com o que você está passando com Danny, achei que poderia ser demais. Então me segurei.

Ela levantou-se e sentou-se sobre ele. Enquadrando o rosto, disse:

— Eu confio em você para não me machucar. Não se retraia.

Ele se inclinou para tocar seus lábios nos dela.

— A verdade é esta. Essas minhas necessidades não são mais importantes para mim. Quero ver você amarrada com sua bunda toda rosa? Sim, quero. Mas também quero ver sua mente no caminho certo. Não quero que você faça alguma coisa só porque acha que é o que eu quero. Quero que você faça isso porque você também quer.

— Mas eu realmente gostei, Kolson. Foi divertido demais. E eu quero fazer de novo.

Ele passou a língua pelo lábio inferior, em seguida, deu-lhe um sorriso sexy.

— Você sempre me surpreende, Kea.

— A sério?

Ele riu.

— Sim, de fato.

— Amo você, Kolson. Eu quero que você seja feliz.

— Ter você aqui me faz feliz.

— Mas eu quero que você tenha suas outras coisas também.

Ele apertou as mãos dela e deu-lhe um olhar sereno.

— Quando nós ficamos sem falar por cinco dias, foi o pior momento da minha vida. Então, se tivermos apenas esse tipo de sexo sensacional que estamos tendo, eu morrerei feliz. Você é mais importante para mim do que qualquer coisa, qualquer necessidade ou compulsão que eu possa ter, e venderia minha alma ao diabo por você. Ele fechou os olhos e voltou a falar. — Nunca pretendi que você se apaixonasse por mim. Você é boa demais para mim, Kea.

Dando-lhe um olhar suplicante, ele ergueu a mão quando ela tentou interrompê-lo.

— Deixe-me dizer isso enquanto tenho coragem, Gabriella. — Muitas emoções brotaram em seus olhos, e Gabby reconheceu todas elas: raiva, dor, vergonha, desgosto, mas o mais proeminente era o medo. — O fato é que você tem um coração e uma alma tão puros, e eu estou irreparavelmente danificado... estou muito mais fodido do que você imagina e sei que você já viu de tudo na sua profissão. Você pergunta por que eu não falo com você sobre o meu passado. Essa é uma das razões. Não me entenda mal. Eu sei que você nunca me julgará. Mas também sei que isso também pode assustar você. É puro egoísmo da minha parte, e isso não é justo para você. Deveria ter terminado com você antes de chegar a este ponto, mas não consegui. Não consegui ficar longe de você. Você me trouxe esperança pela primeira vez. Como uma luz na minha vida, me levando para fora da minha escuridão.

— Mas naquele dia, — ele engoliu em seco e olhou para ela por um momento — no dia que fui buscá-la, e você estava no abrigo das mulheres. Vi o jeito que você segurava aquela garotinha em seus braços e havia algo tão belo em tudo que você fazia, soube naquele momento que nunca poderia deixar você ir. A partir desse momento, toda vez que eu olhava para você, via a perfeição, a bondade e a caridade, e nunca tinha visto nada assim antes. E foi aí que eu soube que queria isso. De você. Queria que você me abraçasse assim. E me banhasse com esse tipo de amor. Sinto muito por não ter sido honesto com você sobre mim mesmo. Minhas intenções. Você está sendo enganada em tudo isso. Estou fodido demais para me qualificar como mercadoria danificada.

— Posso falar agora?

— Sim.

— Acho que preciso decidir o quão fodido você é, mas não posso porque você não vai discutir o seu passado comigo. Então, vou com o que vejo na minha frente aqui. Problemas? Sim, você os tem. Eu também. Assim como todo mundo. Ninguém é perfeito. Oh, você diz que eu sou, mas isso é besteira e você sabe disso. Vou te chatear e essa coisa de perfeição vai voar pela janela e você vai coçar a cabeça e perguntar por que diabos disse isso. Vá em frente e ria, mas é verdade. Agora estou super feliz com o que você disse sobre mim. E o jeito que você se sentiu quando me viu com aquela menininha, bem, faz me sentir realizada.

— Mas querido, esse é o meu amor pelo que faço. Se tivesse havido alguém para fazer isso por mim, teria significado muito. E talvez isso me tornasse mais forte e mais capaz de lidar com Danny. Quem sabe? Talvez nunca tivesse tentado me matar. Mas essa parte sobre eu ser enganada e como você deveria ter terminado as coisas, é treta. Imaginemos que acabava. Então eu ficaria sem você e Danny teria vencido. Eu teria perdido conhecer o tal. Você sabe, aquele cara que faz meu coração e meu sangue disparar.

— Então cale a boca e me beije porque eu amo sua boca.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Sky, Ryder e Cara foram ver Gabby no domingo, levando flores. Gabby apresentou Kolson para Ryder e os dois deixaram as mulheres conversando. Quando Case chegou, ele estava ansioso para se juntar aos homens para poderem discutir a situação. Gabby ficou animada por estar com suas meninas. Ela precisava de uma distração.

— Você não vai trabalhar amanhã, vai? — Perguntou Sky.

— Kolson não quer.

— Concordo. Também acho que você precisa ficar aqui com ele por um tempo — acrescentou Cara.

— Eu sei. Não quero ficar sozinha agora.

— Porra. Quando penso no que aconteceu... — Cara estremeceu.

— Case tem uma equipe procurando por ele, — disse Sky.

— O que você quer dizer? — Gabby sentiu o sangue escorrer de sua cabeça.

— Ele está à solta. A polícia não conseguiu encontrá-lo.

— O quê?

— Você não sabia?

— Não! — Gabby saiu correndo do quarto para encontrar Kolson. Ele estava na sala de estar. Ele soube imediatamente pelo desespero gravado em seu rosto o que estava acontecendo. Suas narinas estavam dilatadas e sua voz estridente. — Por que você não me contou?

— Gabriella, nós não queremos que você se preocupe. Estamos mantendo você segura, aqui mesmo. Case tem homens procurando por ele, assim como a polícia.

— Ele vai me encontrar, eu sei que ele vai. — Ela esfregou o pulso, tremendo.

— Você está segura. Tenho homens no saguão e na garagem. Ele não pode subir aqui, Kea.

Gabby soltou uma série de respirações curtas, tentando ganhar o controle. Kolson se moveu para abraçá-la, mas ela estremeceu ao seu toque. Ele não deixou que isso o parasse.

— Deixe-me lidar com isso. Por favor. Vou cuidar de você, eu prometo. — Seus braços retornaram seu abraço. — Continue respirando, querida. — Ele deslizou a sua mão da cabeça até à cintura dela, e repetiu o movimento.

Uma vez que ele sentiu que ela estava tranquila, explicou como eles estavam tentando encontrar Danny.

— A polícia está procurando por ele. Tenha em mente que ele é procurado por tentar sequestrá-la e por tentativa de homicídio. Essas são acusações sérias.

— Foi inesperado ouvi-lo da Sky do jeito que eu ouvi.

— Entendido. Venha e sente-se. — Ele a levou até ao sofá e sentou-se ao lado dela, segurando a sua mão. — Não vou deixar nada acontecer com você.

— Nem eu — Case estava diante dela. — Gabs, tenho cinco caras procurando por ele e trabalhando com a NYPD sobre isso. Nós vamos pegá-lo. Ele não pode se esconder para sempre. Nós já descobrimos onde ele estava morando. Então é só uma questão de tempo. Mas escute Kolson. Você não pode ir trabalhar. Estamos trancando a casa. Disse a todos os funcionários que não são necessários para ficarem em casa. Não quero ninguém em risco.

— E as minhas amigas?

Kolson respondeu sua pergunta.

— Estou as levando para uma das minhas casas na cidade. Ele não as encontrará.

— E você? — Ela perguntou.

— Terei proteção. Agora que sabemos que ele é um perigo sério, podemos tomar as devidas precauções. Mas Gabriella, por favor, você tem que nos ouvir. Você não pode trabalhar. Cancele sua semana. Isso é imperativo. Isso inclui seus serviços voluntários também.

— Eu vou. Você está certo. É muito arriscado.

— Obrigado. Você me deixou vinte anos mais novo.

— Kolson, o que faz você ter agora...doze?

— Sim. É isso, gosto de mulheres mais velhas. O que posso dizer?


# # #


Depois que todos saíram, Kolson e Gabby se sentaram juntos assistindo TV.

— E se levar meses para encontrá-lo? — Gabby perguntou.

— Não vai. Eles vão fazer com que ele saia. Ele ficará descuidado.

— Não sei. Ele é uma cobra. Veja como ele conseguiu destruir a minha vida. Vai levar muito mais tempo do que pensa.

Gabby deu muito a Kolson para refletir. Ela estava certa. Exatamente como Danny conseguiu causar tanto dano?

Kolson só conhecia uma pessoa que era astuta e manipuladora a esse nível, seu pai. Não querendo alarmar mais, disse:

— Nós vamos pegá-lo, Kea. Nós vamos.

Gabby não tinha tanta certeza, mas assentiu mesmo assim.


# # #


A prisão voluntária não foi divertida para Gabby. Duas semanas depois, estava mal-humorada e inquieta. Danny estava atormentando os seus pensamentos, mesmo sem ter ouvido um pio dele. Ele tinha estragado a vida de muitas pessoas, pois ela não podia cuidar dos seus pacientes ou ser voluntária por causa dele. As amigas dela andavam a pisar ovos e todo mundo estava mal-humorado.

Por fim, ela disse a Kolson:

— Estou voltando ao trabalho.

— Não, você não pode.

— Eu preciso. Não posso continuar aqui trancada. Está me matando. Eu te amo por querer me manter segura, mas preciso da minha liberdade.

Kolson estava quieto.

— Tudo bem. Não gosto disso, mas vou ver o que posso fazer.

E foi aí que Gabby decidiu resolver as coisas com as próprias mãos. Estava farta de Danny, estava completamente cheia dele. Ele controlou sua vida por dezesseis anos, mas amanhã ela estaria tomando isso de volta dele.

Na manhã seguinte, Kolson estava começando acordar quando uma mensagem de texto chegou.

— Droga.

— O que aconteceu?

— É Kade. Reapareceu e quer dinheiro. O mesmo de sempre. Preciso de o ver.

Gabby pensou por um momento.

— Você acha que pode convencê-lo a falar com Case? Ou vir aqui para falar com ele?

— Não sei.

— Deixe-me ir com você. Talvez eu possa falar com ele.

Kolson não permitiria isso.

— É muito perigoso. Se eu aparecer com um acompanhante, ele vai fugir. E vou perder a confiança dele.

Gabby enlouqueceu.

— Você não pode encontrá-lo sozinho.

— Kea, eu vou ficar bem. Faço sempre assim.

— Não com Danny à solta.

Kolson assegurou que estaria seguro. Ele vestiu uns jeans e uma camiseta e saiu para ver Kade.

Gabby estava mais do que nunca determinada com o seu plano. Ela sabia que sua margem de tempo era pequena. Lydia chegaria às nove horas e se ela não a encontrasse em casa, o alarme seria dado. Isso significava que ela tinha que estar bem longe nessa altura.

Kolson mantinha duas armas no apartamento. Tinha-lhe falado sobre elas na noite em que chegaram em casa depois do ataque. Retirou o revólver da mesa de cabeceira e segurou-o nas mãos, testando seu peso. Vasculhou a gaveta, procurando por balas extras. Como não estava muito familiarizada com armas, rezou para que não tivesse que usá-lo, mas se o fizesse, ela esperava que o fizesse com precisão.

Deixando a arma na sua bolsa, correu para o banheiro, amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e pegou um boné de beisebol no armário de Kolson. Os guardas estariam no saguão e no estacionamento, vasculhando a área, então decidiu pegar o elevador até ao segundo andar e depois as escadas. Usaria uma saída lateral para sair do prédio, de maneira a evitar passar por eles.

Quando chegou às escadas, culpa e ansiedade a envolveram, fazendo-a pensar sobre o quanto esta decisão era sábia. As consequências das suas acções podiam ser graves... Não apenas na vida dela, mas se conseguisse, elas poderiam arruinar o que tinha com Kolson. Mas Danny não lhe tinha deixado outra opção.

Olhando para a porta de saída na frente dela, respirou fundo e fez a escolha final.

Agora ou nunca. Viver ou morrer. Serei eu ou você, Danny. Isso vai acabar de um jeito ou de outro.

Segurou na barra de desbloqueio, e abriu a porta. Levava a um corredor lateral que ninguém usava, embora soubesse que haveria homens por perto. Vozes familiares flutuavam no ar. A brisa soprou uma mecha de cabelo que escapou do seu rabo de cavalo, mas os seus ouvidos estavam atentos a todos os sons. Ouviu alguém dizer que iam fazer uma pausa para o café.

Silenciosamente, empurrou a porta o suficiente para que pudesse passar e correr para a saída. Quando saía do prédio, surpresa a invadiu. Agora tinha que dar o fora dali. Rápido. Entrou no primeiro táxi que viu e pediu para levá-la à Grand Central Station. Então enviou uma mensagem de texto.

Encontre-me sob o relógio na Grand Central.

Então esperou. Quinze minutos se passaram até que estava saindo do táxi quando recebeu uma ligação. Era de um número desconhecido. Não foi o mesmo para o qual tinha enviado a mensagem.

— Você deve pensar que sou um idiota, preciosa.

Ela pagou o motorista e foi entrando.

— Não. Você é tudo menos isso. Mas ninguém sabe que estou aqui.

— Vá a Penn Station, na 34th Street. Perca o telefone. — A ligação terminou.

Ela pegou outro táxi e foi para a próxima parada. Ele não disse exatamente onde encontrá-lo, então entrou e esperou. O seu celular vibrou.

— Você não segue as instruções muito bem. Não perdeu o telefone.

Ela olhou ao redor do terminal, tentou procurar por ele.

— Se o tivesse perdido, você não poderia me ligar.

— Isso não importaria. Agora perca a porra do telefone.

Gabby se virou e ficou atordoada em silêncio. O cabelo de Danny estava emaranhado com sujeira e sua barba tinha crescido um pouco, então ela mal o reconheceu. Suas roupas estavam rasgadas e esfarrapadas e parecia estar vivendo nas ruas há meses.

— Vamos. — Seus longos e grossos dedos cravaram-se na carne macia de seu braço. A agarrou com tanta força que ela temia que ele pudesse quebrar seu osso ao meio.

— Você está me machucando.

— Essa é a menor das suas preocupações agora. Mova-se. Você queria esse encontro. Agora você vai tê-lo. — Ele a rebocou ao lado e ela tropeçou para continuar.

— Para onde você está me levando?

— Para minha linda casa. Onde mais?

— Mas você está...

— Estou fugindo da polícia, graças a você, sua idiota.

Desceram um lance de escadas. Os passageiros corriam ao redor, sem lhes dar a menor atenção. Que inteligente da parte dele ficar aqui em Nova York, onde poderia se perder nos milhões de habitantes desta cidade.

Caminharam ao longo de outra plataforma e entraram por uma porta recuada. Desceram outro lance de degraus, mais fundo nas entranhas da terra. Gabby agora percebia o quão insensato era o seu esquema. Deveria estar em casa com Kolson, sã e salva. Não estava, no entanto. Estava com Danny que a arrastava atrás dele.

Mas firmou sua resolução para acabar com isso. Fúria reprimida substituiu seu medo, uma fúria que correu em suas veias por tudo que ele havia roubado dela.

Logo chegaram a outro túnel onde os trens obviamente corriam. Gabby estremeceu ao pensar a que distância estava da segurança. Poderia morrer ali em baixo e ninguém jamais a encontraria. Não importava. Esta era a sua chance de finalmente acabar com isso.

Contornaram uma curva e, ao lado, havia um entalhe onde ela viu roupas amarrotadas, restos de comida e outros itens que indicavam que alguém estava morando lá. Enquanto olhava ao seu redor, Danny estendeu a mão e a derrubou no chão. Caiu em suas mãos e joelhos, com força.

— Agora, priminha, o que posso fazer por você?

Virando a cabeça cima para o olhar, ela sabia que este era o fim da linha. Danny ia matá-la e viver o resto de seus dias como um sem-teto, ou iria para a prisão. Iria executar o seu plano, ou morrer tentando.

— Este é o fim, Danny. Para nós.

Ele riu. Muito.

— Você está falando sério? Isso é o que você queria? Veio até aqui, arriscou sua vida para me dizer isso?

— Sim. E não vou mais jogar seus jogos doentios.

— O que diabos isso quer dizer? ‘Não vou mais jogar seus jogos doentios’. — a imitou em uma voz chorosa.

— Apenas o que eu disse. — Felizmente, sua bolsa tinha caído bem na sua frente e seu corpo ocultava isso. Enquanto conversavam, sua mão alcançou o interior e encontrou o aço frio. Colocou a mão em volta da arma e puxou-a para fora. Levantando-se e mirando em Danny, disse:

— Você fodeu comigo por muito tempo. Nunca consegui entender como conseguiu convencer os meus pais de que fui eu quem contou as mentiras. Mas não vou levar mais um minuto pensando nisso. Porque não acredito que a prisão mereça pessoas como você, seu filho da puta idiota.

Os olhos de Danny registraram surpresa e então ele lançou-lhe um sorriso lascivo.

— Você amava o jeito que eu transava com você, preciosa. Você queria que eu fizesse isso. Então você mentiu sobre isso.

Os olhos de Gabby brilharam com fogo quando gritou:

— Você me estuprou! Por anos! Você é um idiota doente e estou colocando um fim em você para nunca mais foder comigo ou com qualquer outra pessoa novamente. Mas eu quero saber uma coisa. Por quê? Por que você fez isso? E por que você me quer tão mal? O que fiz para você me odiar tanto?

Danny soltou uma risada sinistra.

— Deus, todo mundo sempre costumava dizer o quão inteligente você era, mas é realmente idiota. Você é uma maldita psiquiatra e ainda não percebeu isso? — riu ainda mais. — Não é o que você fez, é o que você não fez, idiota. — Então seus olhos se estreitaram, e mesmo na penumbra do túnel, ela podia ver a ameaça emanando deles. Estremeceu. — Você nunca me deu nenhuma atenção. Todo mundo caía ao meu redor. Pendurados em cada palavra que dizia. Você não. Não a santa Gabby. Você sempre foi melhor que eu, acima de mim, não era? Até lhe comprei presentes, mesmo assim nunca me deu nenhuma atenção. E ele nunca te contou, não foi? Nunca disse a você que sou seu meio-irmão? — Danny uivou com a expressão de Gabby.

— O que você disse?

Sua risada encheu o túnel cavernoso.

— Isso mesmo, idiota. Você é minha meia-irmã. Papai tinha se arriscado com a minha mãe e voilá. Aqui está o Danny! E lá estava você, toda orgulhosa com seus livros estúpidos, nunca dando a mínima para mim. Enquanto eu era a reflexão tardia. O grande foda-se. Aquele que nunca deveria ter nascido.

— Mas... — Gabby o olhou de boca aberta. Ele estava desequilibrado e ela sabia que tinha que ficar calma.

Inspirou e disse:

— Danny, não ignorei você. E nunca soube. Ele nunca me contou. Eu era jovem e alheia a tudo. Não apenas a você. Não percebia se estava chovendo ou nevando lá fora. — A arma, ainda apontada para Danny, oscilou em suas mãos.

— Eu o chantageei, você sabia. Disse que se ele tomasse alguma atitude sobre nós, contaria a todo mundo, incluindo a sua mãe, que ele era meu pai. — Ele riu novamente, embora ela só conseguisse olhar para ele fixamente. Ele olhou para a arma e disse:

— Você não tem coragem de atirar em mim, sua putazinha. Mas sabe uma coisa? É melhor você dar o seu melhor, porque nunca vou te deixar em paz.

Ouviram passos e, em seguida:

— Gabby, não faça isso. — Era Case.

Kolson gritou:

— Gabriella, por favor. Pare.

Os olhos de Danny se arregalaram. As mãos de Gabby tremeram ainda mais.

— Não! Ele tem que morrer. É o único jeito. — gritou em protesto.

Kolson estava atrás de Danny, indo agora em direção a Gabby .

— Concordo, Kea, ele tem. Mas não por suas mãos. Deixe alguém fazer isso. Você teria que viver com isso para o resto da sua vida e eu não quero essa bagunça em suas mãos. Por favor, me escute.

— Ele está certo, Gabs. Ouça-o,— aconselhou Case. — Coloque a arma no chão.

— Ele arruinou minha vida. E fará de novo. Nunca vai deixar de o fazer. Ele acabou de me dizer. Sairá da prisão e recomeçará de novo.

— Kea, vamos fazer tudo para que ele não saia. Por favor. Deixe Case e a polícia lidarem com isso. Dê-me a arma.

— Mas eu quero que ele morra!

— Eu também. Mas deixe acontecer do jeito que deve ser. Do modo certo.

Sua mão vacilou e Danny atacou. Ele bateu nas mãos dela e a empurrou para trás. A arma voou para fora do seu aperto e deslizou pelo concreto úmido. Kolson mergulhou para Gabby enquanto Case foi para Danny. Mas Case tinha ido tarde demais.

Como estava vivendo no subsolo nas últimas semanas, Danny se acostumara com esses túneis. Desapareceu. Policiais invadiram os túneis, procurando, mas sem sorte.

— Como você me achou? — Gabby queria saber.

— Seu telefone. O GPS. Tenho rastreado você diariamente para o caso de algo acontecer. Não iria me arriscar. Meus homens estavam seguindo você logo depois que saiu do prédio. — Seu tom era gelado, lhe dizendo para não perguntar mais nada. — Vamos sair daqui.

A polícia acabou de interrogá-la e escoltou-os de volta pelo labirinto de túneis.


CAPÍTULO VINTE E SETE


A caminho de casa, Kolson estava inacessível dentro do carro. Gabby esgueirou-se para ele e seus olhos pareciam bolinhas de ágata, do tipo que costumava colecionar quando era criança. Nenhum calor emanava deles, apenas raiva. Ficou magoada com a reação dele. O que ela realmente precisava agora era seus braços ao seu redor, e sua força para acalmá-la.

As portas do elevador se abriram e ele saiu e foi direto para o bar, parando para se servir de uma dose segura de uísque. Bebeu, batendo o copo contra o granito serviu-se de outro. De costas para ela, disse em um tom cortante:

— Tenho vontade de amarrar seus pulsos e tornozelos e bater na sua bunda sem parar. Que diabos estava pensando? E não se preocupe em responder a essa pergunta. Você é inteligente demais para qualquer tipo de explicação para as suas ações. Sim, eu sei que você está cansada de viver enjaulada como um animal. Meu Deus, se você soubesse. Entre no quarto agora.

— O que...?

— Eu disse que você poderia falar?

— Não, mas...

— Agora, Gabriella. A porra do quarto. Estou tão chateado com você. Ele poderia ter matado você. Você entende, tem alguma ideia do que você fez? Vai. Agora.

— Eu não...

Kolson se moveu como uma pantera perseguindo a presa e estava sobre ela tão rapidamente que sua boca abriu em surpresa. Sua blusa rasgou como lenço de papel, botões voando no ar e tilintando no chão ao redor deles. Ele tirou o sutiã com uma das mãos e baixou a boca para o mamilo exposto. Não beijou. Não lambeu. Nem sequer chupou. Ele mordeu um e beliscou o outro. Ela gritou quando uma poderosa corrente de calor se desenrolou em seu sexo. Tentou apertar as pernas juntas, mas ele empurrou o joelho entre elas, forçando-as a se separarem. Colocando as mãos no cós da calça, rasgou-as em dois e as tirou. Tirou a boca dos seios dela e disse:

— Quando eu digo para você entrar no quarto, quero dizer, vá. Para. O. Fodido. Quarto. — Então torceu os lados de sua calcinha até que eles estouraram.

Estava parada e cercada por suas roupas rasgadas. Oxigênio era uma mercadoria valiosa, já que não conseguia passar do aperto que havia amarrado sua garganta. Seu diafragma era igualmente inútil. Ela se moveu para levantar as mãos para o tocar e ele a impediu.

— Você não tem a minha permissão para fazer alguma coisa, Gabriella, exceto ficar lá. — Seus braços caíram para os lados enquanto seu peito arfava.

Dedos invadiram sua vagina e um circulou seu clitóris.

— Encharcada. Tudo para mim. Chupe isso. — Ergueu os dedos que estavam dentro dela e os enfiou na sua boca. — Oh, deixe-se disso. Você pode fazer melhor que isto. — Ela chupou-os intensamente, usando sua língua como se estivesse chupando seu pênis. Ele inalou, longa e lentamente através de seus dentes, e disse em voz baixa enquanto lentamente os retirava, — Muito melhor. Agora ande. — Ele a cutucou com a mão. Chutou seu caminho através de suas roupas arruinadas e enquanto se movia, uma de suas mãos se aventurou ao longo da curva dela para trás. Ela gemeu.

— Quieta. Nem uma palavra.

Porra. O que diabos está acontecendo?

Quando entraram no quarto, ele disse:

— Você vai se ver completamente fodida. Como isso soa?

— Eu quero...

— Essa pergunta não foi feita para ser respondida.

Ele foi até ao armário e pegou um longo pedaço de seda.

— Na cama, ajoelhe-se e levante seus pulsos. — Usando uma extremidade, os uniu, amarrou-os o suficiente para que não os pudesse mover. Então ele pegou a outra ponta do pano e colocou-a na moldura sobre a cama, amarrando-a. Sua cama era um enorme dossel de quatro colunas revestida de tecido cremoso. Por causa disso, ela nunca pensou no fato de que havia uma moldura sobre a cama. Agora os braços dela se estendiam acima da cabeça enquanto se ajoelhava e encarava o espelho atrás da cabeceira da cama.

Ele saiu da cama e se despiu. Depois olhou para ela.

— Gosto muito de você desse jeito. Talvez se eu tivesse feito isso antes, você não teria fugido como fez.

— Kolson, eu...

— Silêncio! Não lhe dei permissão para falar. Agora, Gabriella, você vai fazer algo assim de novo? Algo tão perigoso que poderia matar você? Sim ou não.

Ele quer que eu responda a ele?

Ela ficou em silêncio.

— Eu lhe fiz uma pergunta. Você vai fazer algo assim novamente? Me responda.

— Eu não...

— Sim ou não, Gabriella. — Ele sacudiu o chicote que segurava e ela sentiu a picada dos fios de couro enquanto esfolavam as bochechas da sua bunda. E gritou.

— Eu disse sim ou não.

Ele bateu nela novamente. E de novo.

— Não!

Ela gemeu quando a tensão em sua barriga se intensificou e começou a descer diretamente para entre as suas pernas. Cada vez que os fios de couro entravam em contato com a sua pele, correntes corriam por seu corpo, centrando-se em seu sexo. Queria apertar as coxas para aliviar a dor, mas sabia que era impossível. Ela se contorceu e gemeu novamente.

— Quieta.

Gabby fechou a boca com força. Foi com extrema dificuldade que conteve seus gemidos enquanto ele continuava a açoitá-la. Passou a extremidade em torno de seus seios e bateu em seus mamilos com o açoite. Gabby esperava que ele não se importasse se ela gozasse porque um orgasmo estava se aproximando rapidamente.

— Como castigo, não vou permitir que você goze.

Passou as tiras sobre as costelas e debaixo dos braços. E então ele pegou a alça do flogger e correu ao longo de sua fenda. E Gabby gozou. Fortemente.

— Ahhh, — ela gritou.

— Oh, você fez isso. — Ele clicou a língua e ela sabia que estava em apuros.

Ele saiu do quarto. Quando voltou, a massageou com algo espesso e oleoso. Ela soube o que iria acontecer.

— Não.

— Não para isso? — disse enquanto esfregava o polegar nela. Ela gemeu. Sua outra mão deslizou em seus quadris enquanto seu mindinho tocava no seu clitóris. Então seu pênis entrou nela. Estava tão esticada e larga que queria gritar.

— Amo ter meu polegar na sua bunda, Gabriella. Posso sentir meu pau se movendo dentro de você.

Ele empurrou e ela recuou no movimento. Seu ritmo sincronizado, ela se arqueou enquanto ele entrava nela. Era delicioso.

— Diga-me que nunca vai me deixar assim novamente. Diga — ele rosnou em seu ouvido.

— Não, nunca, — ela choramingou.

— Ah, Gabriella. Diga-me a quem esta boceta pertence.

— Você. Pertence a você, — ela disse.

— E quem é o dono dessa bunda?

— Você é, — gemeu.

— Você nunca mais pense em colocar isso em perigo novamente. Entendeu?

— Uh, ah...

— Olhe para mim, Gabriella.

Seus olhos se encontraram no espelho e toda a ação cessou. O tempo parou enquanto as palavras não ditas passavam entre eles. De repente, ele a desamarrou e a girou em seus braços.

Agarrando-a pelos ombros, sua voz rouca de emoção, ele disse:

— Porra, não faça nada assim novamente. Você me ouve?

— Sim!

— Prometa-me!

— Eu juro, Kolson.

— Você poderia ter morrido hoje. Cristo, tem ideia do perigo em que se meteu? Você sabe os riscos que correu? Raios, você me assustou, Kea.

Os seus lábios esmagaram os dela, e brutalmente a beijou, esmagando seu corpo contra o dele, machucando-a. Mas ela o queria. Precisava dele. Colocou os braços em volta do seu pescoço e o puxou para mais perto, enterrando as mãos no seu cabelo. Ele alcançou entre eles e empurrou seu pênis de volta nela, suas bocas continuavam enroscadas. Caíram na cama e ele afundou nela, se enterrando. Era como se nenhum deles conseguisse o suficiente, como se tivessem que provar um ao outro que estavam sãos e salvos.

O suor se agarrava à testa de Kolson, seus corpos escorregadios, mas eles não notaram. Estavam perdidos em sua paixão. Ele encontrou aquele ponto, aquele que a fazia gritar, e usou os dedos em seu clitóris até que todos os seus músculos, por dentro e por fora, apertaram e espremeram o orgasmo dele.

Quando terminaram, ele descansou a cabeça onde o pescoço dela encontrava seu ombro, recuperando o fôlego. Então a beliscou com os dentes.

— Veja como você é linda, toda aberta para mim. Tão responsiva, tão apaixonada. Nunca vou me cansar de você, Kea. Nunca. Você é toda minha. Isso é meu. — Sua mão cobriu seu sexo. — Ninguém mais vai ter isso. — Ele girou seus quadris novamente e ela soltou um sopro sobre seu corpo. Mãos deslizaram para baixo e seguraram as bochechas de sua bunda. — Isso é tudo meu também. — Todo o corpo de Gabby estava em chamas. Seu coração batia mais forte com cada palavra dele e seu sangue ardia com cada toque.

— Eu te amo. Tudo sobre você, Kolson. Mas às vezes você é assustador.

— Faz tempo que te venho dizendo isso. Se houver alguma dúvida na sua cabeça sobre como me sinto em relação a você, espero ter esclarecido. Você é meu mundo, Gabriella. Mantê-la segura é fundamental. Lembre-se disso.

Eles se abraçaram por mais algum tempo.

— Me beija. Muito e profundamente. Com vontade. Como se você nunca mais saísse por aquela porta e fizesse o que fez comigo hoje de novo. Nunca mais quero receber um telefonema desses, porque meu coração não iria sobreviver.

Rastejando para cima dele, ela começou devagar, explorando cada pedaço de sua linda boca, por dentro e por fora. Era um beijo que deveria ser saboreado, um beijo destinado a transmitir o que estava em seu coração.

— Não fiz isso para assustar você. O fiz para te proteger. Porque todo dia me preocupo que ele não apenas me machuque, mas a você também. E se isso acontecer, sei que não sobreviveria. Superei muita coisa, mas isso seria minha ruína. Kolson Hart, amo cada centímetro de você, até mesmo as partes que rasgaram minhas calças favoritas em pedaços e me amarraram em sua cama como agora. Não quero deixar ou ficar longe de você.

E pela primeira vez desde que tinha quinze anos, a Dra. Gabriella Martinelli cedeu e chorou.


CAPÍTULO VINTE E OITO


Kolson não tinha certeza do que fazer. As lágrimas de Gabby continuavam fluindo. Aquela represa proverbial se rompera e a força da água atrás dela era sem precedentes. Para piorar as coisas, ele era inexperiente em consolar as pessoas. Tinha recebido tão pouco disso em seus anos de vida que não tinha certeza de que palavras usar ou qual a melhor maneira de acalmá-la.

Então fez a única coisa que sabia e a abraçou, murmurando um monte de nada, porque ele duvidava que ela estivesse processando qualquer coisa de qualquer maneira.

As lágrimas continuaram por horas, molhando o seu peito, descendo ao longo deste e caindo sobre os lençóis da cama. Ele nunca imaginou que os seres humanos poderiam produzir tanto líquido de seus olhos. Quando seus soluços começaram a diminuir, ele alcançou a mesa de cabeceira e pegou lenços para ela. Ela assuou o nariz e estremeceu.

— Posso te dar alguma coisa? Água? — Ele perguntou.

— Não. Eu... Eu não chorei...

— Eu sei, Kea. Você nunca chora. Mas você precisava. E fico feliz que o fez comigo. Isso é sobre cura. E talvez finalmente se tenha livrado do controle que ele tinha sobre você.

Suas mãos se fecharam e ela esfregou os olhos com elas.

— Eu me sinto tão nojenta.

— Você está linda. Sempre está linda.

— Você está a dizer isso por dizer — Ela fungou; ele lhe entregou mais lenços.

— Não, não estou. — Ele tirou o cabelo emaranhado do rosto dela. — Eu te machuquei? Quando fizemos sexo?

— Não.

— Quero ter certeza de que não foram minhas ações que provocaram isso.

Ela não disse nada.

— Seu silêncio está me deixando desconfortável.

— Não foi o que fez no quarto. Foi como agiu quando chegamos em casa que me perturbou. Você foi assustador, Kolson.

— Gabriella, eu...

— Deixe-me terminar, por favor.

Ele assentiu.

— Eu estava abalada. Talvez o meu plano não fosse tão bom, mas isso tem que acabar. De alguma forma, Kolson. Decidi que o poderia eliminar. Ou o matava ou ele a mim.

Kolson fechou os olhos com força. Os músculos de sua mandíbula se contraíram.

— De um jeito ou de outro, decidi que ia acabar. Ele controlou minha vida por muito tempo e eu permiti isso. E havia a sua segurança que estava me preocupando. Então por isso que acabei me encontrando com ele. E quando não atirei nele, isso me esmagou. Queria muito matá-lo para poder sentir o gosto da vitória. Você me entende? Você disse que eu teria que viver com a culpa. Não teria havido nenhuma. As coisas que ele me fez e o tempo que jogou comigo, não teria sido nada demais apertar aquele gatilho. Danny disse que eu não tinha coragem. Ele estava errado. A razão pela qual não puxei o gatilho foi por causa do que isso te teria feito e o que você teria pensado sobre mim depois. Estava com medo do que veria em seus olhos toda vez que você olhasse para mim.

— Então, quando voltamos para cá, você estava tão lívido e tudo que eu queria era que você... — Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu. — Tudo que queria era sentir seus braços em volta de mim, me confortando. Mas, em vez disso, recebi o peso da sua raiva.

Seus braços se contraíram e ele cobriu com beijos os seus cabelos. Com uma voz rouca, lhe disse:

— Deveria me desculpar, mas não posso. Estava com raiva porque quase te perdi. Não dou a mínima para Danny. Se você tivesse atirado e o matado, não te amaria menos. Estava apavorado que você acabasse na prisão, mas continuaria te amando com todas as minhas forças. Você precisa entender uma coisa. Não te amo apenas para o bem. Te amo tanto para o mal, para o belo, para o feio, mas acima de tudo, eu amo você pelo meio termo. Porque é aí que a maioria das nossas vidas será passada. Nem todos os nossos momentos juntos serão impressionantes, monumentais ou magníficos. A maioria dos nossos dias será apenas mais ou menos e, nesses momentos, ainda amarei cada pedacinho de você.

Ela sorriu para ele, então suspirou.

— E esse sorriso valeu muito a pena para mim, Dra. Martinelli.

— Também amo cada pedacinho de você, Kolson Hart. — Então ela fez uma careta. — Tente não ficar louco comigo, por favor.

— Sinto muito que meu comportamento tenha te chateado. Farei o meu melhor para controlar meu temperamento em ocasiões como essa.

— Espero que não tenhamos mais nenhuma como hoje.

Sua expressão ficou sombria.

— Eu também.


# # #


Naquela noite, Kolson ligou para Case.

— Você conhece alguém que seja suficientemente bom para rastrear Danny Martinelli?

— Sim. Há um cara. Drexel Wolfe. Ele é caro, no entanto, — disse Case.

— Me diga mais.

— É um PI, mas o rumor é que costumava ser das Forças Especiais. Alguns até dizem que ele comandou missões Black Ops. Ele é bom. O FBI o usa. Os rumores também dizem que está conectado à CIA.

— O quão difícil ele é de conseguir?

Case riu.

— Depende de quanto dinheiro você tem.

— Vamos lá, Case. Isso não é assunto para rir. Gabriella está andando sobre vidro quebrado neste momento.

— Não queria minimizar a situação, Kolson. O que quis dizer foi que Drex Wolfe pode ser obtido pelo dólar certo a qualquer momento. Ele é do seu nível. Pesquise-o. O nome da empresa é DWI Inc.

— Você está brincando comigo. Como Conduzir Enquanto Intoxicado11?

— Não, mas isso é meio engraçado, agora que você mencionou. Significa Drexel Wolfe Investigações.

— Aguente aí. — Kolson pesquisou a DWI Inc. e uma carga de informações apareceu em sua tela. — Porra, como nunca ouvi falar desse cara?

— Não sei. Deixe-me saber o que você quer que eu faça. O conheço de alguns casos do passado então posso colocar você em contato.

— Faça a chamada. Quero-o em Nova York para ontem.

Uma hora depois, o telefone de Kolson tocou. Era Drexel Wolfe. Chegaria a Nova York pela manhã. Case já tinha passado toda a informação. Wolfe e um de seus homens estariam atrás de Danny imediatamente. Quando o encontrassem, ligariam para Kolson com a localização.

— Não envolva a polícia. Tenho outra coisa em mente para ele, — disse Kolson.

— O que você quiser. Não me envolvo nesse fim. E eu prefiro ficar no escuro em relação a esses detalhes.

— Sr. Wolfe, estou apenas contratando você para encontrar Danny Martinelli e depois me avisar onde ele está.

— Bem. Você pode depositar metade da minha taxa na minha conta e o restante dela quando o trabalho terminar. Vou lhe enviar o número da conta e as informações bancárias de que precisará.

— Isso soa bem. E obrigado por assumir isto em tão pouco tempo.

— Oh, não se preocupe. Serei bem compensado.

— Tenho certeza que vai. E qual é a sua estimativa de tempo para encontrá-lo?

— Vou ter uma localização em dois dias, no máximo, depois que chegar aí.

— Excelente.

Kolson terminou a ligação e olhou para o celular. O que ia fazer a seguir era tão repugnante para ele, picadas provocaram-lhe calafrios e o fizeram estremecer. Logo, seu estômago estaria queimando como se ele tivesse engolido um litro de ácido clorídrico. Não importava. Gabriella era mais importante que qualquer coisa... Mais importante que seus sentimentos em relação ao seu pai.

Tocando os números com muito mais força do que o necessário, ele se encolheu quando o telefone começou a tocar.

— Langston Hart.

— Pai. É Kolson.

Um grande silêncio o saudou momentaneamente.

— Bem, bem, bem. Que surpresa. A que devo essa honra? Um telefonema do grande Kolson Hart?

Kolson não respondeu ao comentário de seu pai.

— Preciso de um favor.

Outro momento de grande silêncio se seguiu.

— Filho, você está prestes a dar a este velho um ataque cardíaco.

— Pai, pare de tentar enganar todo mundo. Você está longe de ser velho.

— Você está plenamente ciente da minha política de favores?

— Oh, sempre estou. Conheço-a bem. Muito bem, na verdade.

— Então deve ser importante para nós estarmos tendo esta conversa.

— Sim é.

— Fale.

— Antes de começar, preciso do seu juramento de que essa conversa nunca sairá daqui. Não importa o que aconteça. Estamos de acordo?

— Estou bem com isso.

— Também preciso do seu juramento em outra coisa.

— Meu Deus, você não está precisando hoje à noite?

— Sim, senhor, estou. Isso envolve algo muito importante para mim.

— Espero que sim ou você nunca teria ligado. Na verdade, eu diria que você está desesperado.

— As partes envolvidas devem permanecer inocentes e fora de seu alcance.

— Hmm. Agora estou intrigado,— disse Langston.

— Claro que você está.

— Combinado.

— Preciso ter alguém, por falta de um termo melhor, eliminado.

— Continue.

— O nome do homem é Danny Martinelli e está ameaçando Gabriella há anos.

— Ah, entendo.

— Não, você não pode entender.

Langston disse:

— Seja legal, Kolson. Eu tenho o poder nessa conversa. Agora, quero que você pense muito sobre algo. Quando faço um favor a alguém, sempre espero algo em troca. Isso significa que você me deve.

— Entendido. Um favor, uma dívida em troca.

— Sim, mas será uma dívida da minha escolha.

— Não pode envolver Gabriella.

— Porque, Kolson, acredito que você está apaixonado pela bondosa doutora.

— Isso não é da sua conta.

— Você pediu meu juramento. Agora preciso do seu em troca. Você vai pagar sua dívida ou não há favor.

— A dívida deve ser razoável.

— Kolson, você está me pedindo para matar alguém em seu nome. A dívida corresponderá ao favor.

Kolson estremeceu.

— Isso não pode ter ramificações negativas para Gabriella ou qualquer um dos meus funcionários.

— Não me está ouvindo, filho. Você não está em condições de fazer exigências. Agora, você quer que eu tire essa pessoa ou não?

— Sim, — grunhiu Kolson.

— Então, o que vai ser? Uma dívida por um favor é o acordo?

— O acordo está em andamento.

— Oh, e Kolson, eu posso exigir o pagamento dessa dívida no momento que achar adequado. Então, onde está este Danny Martinelli?

— Vou ter uma localização para você em alguns dias.

— Bom. E mais uma coisa. Como o verão está acabando, sua mãe gostaria de receber algumas pessoas no próximo fim de semana. Espero também contar com você e Gabriella lá. Sábado a domingo. Planeje passar a noite lá. Será um grupo íntimo. O Kestrel estará lá. E quatro outros casais. Sua mãe vai ficar feliz por você estar vindo.

A ligação terminou e Kolson teve uma dor ardente na boca do estômago.


# # #


No dia seguinte, Kolson ligou para seus advogados. Discutiu importantes questões de negócios e legais que precisavam ser resolvidas, para grande choque de sua equipe jurídica. Depois contou a Gabby sobre o fim de semana na casa dos seus pais.

— O quê? Passar a noite?

— Sinto muito. Era inevitável. Espero que você esteja bem com isso.

Ela mordeu o interior de sua bochecha.

— Bem, sim, se você está. Mas depois da última vez, estou totalmente surpresa.

— Quero que minha mãe conheça você, — respondeu no seu tom seco.

Gabby colocou os braços em volta da sua cintura.

— Querido, você está bem?

Seu corpo relaxou.

— Sim, estou bem.

— Ok. — Ela o segurou um pouco antes de soltá-lo.

— Kestrel também estará lá, e acho que vai levar uma amiga. Então você terá alguém com quem conversar.

Gabby achou que isso era uma coisa estranha de se dizer.

— Eu não vou estar com você?

— Bem, sim, mas pensei que você poderia querer outra garota para conversar.

— Prefiro não falar. Prefiro fazer outras coisas com você.

— Oh sim? Que tipo de coisas?

— Como se você me amarrasse e tomasse liberdades impertinentes comigo.

— Hmm. Liberdades impertinentes? — Ele sorriu. E então a atmosfera na sala ficou tensa enquanto seu olhar ficava sombrio. Pressionou-a bruscamente contra ele e suspirou.

— Acho que posso ter que fazer isso agora, Kea. Tenho um desejo de explorar todos os tipos de ideias impertinentes com você. Você quer brincar?

— Essa exploração incluirá meu silêncio?

Sua pergunta o supreendeu.

— Gabriella, não gostou do que fiz com você?

— Bem, sim, mas também gosto de expressar meu prazer e quando você me diz que não posso, me tira algum dele.

A expressão triste dela apertou-lhe o coração.

— Por que não me disse nada? Quando lhe pergunto depois, quero sua completa honestidade.

— Porque não quero estragar o seu prazer e você obviamente gosta disso.

— Jesus, — ele murmurou enquanto esfregava o rosto. Olhou para ela, soltou um suspiro e disse:

— O meu prazer é tão intenso como o seu. Se você quiser gritar sem parar, então faça. Quero que você goze quantas vezes puder, e que ame cada orgasmo. E se você quiser dizer em mandarim que precisa que te foda mais forte, se é isso que te excita, então faça, pelo amor de Deus.

— Bem, ok, mas vou ter que aprender a falar mandarim.

A sua cabeça se levantou e viu como os seus olhos brilhavam de alegria. Então, uma série de gargalhadas dela soaram, e ele se viu juntando a ela.

— Já me posso ouvir. — Ela fez a sua melhor imitação do que pensava que o mandarim soaria, entoando a sua própria piada.

Ele riu também, mas depois disse:

— Foda-me mais forte, Kolson, — em mandarim perfeito.

— O que significa isso? — Ela perguntou.

— Acabei de dizer: "Foda-me mais forte, Kolson" em mandarim.

— Você fala mandarim? — Não era uma pergunta, mas uma afirmação. E embora estivesse surpresa, ela não deveria ter estado. Ele era tão talentoso em tudo o mais, por que diabos não falaria mandarim?

— O que outras línguas você fala?

— Inglês. — Ele riu.

— Isso é tudo?

— Não. Espanhol, alemão e francês. Mas você já sabia disso desde que jantamos no Le Chatelaine — disse-lhe, desconfortável.

— E eu pensava que era um gênio, — murmurou baixinho. — Faculdade?

— Não. Tutor. O meu pai insistiu que todos nós fossemos multilingues.

— Por quê mandarim?

— Os chineses são grandes industriais. Ele estava convencido de que eles controlariam a economia mundial. O meu pai é um homem de negócios astuto. O mandarim é a língua nacional da China.

— Então todos os seus irmãos são multilingues também.

— Sim.

— A propósito, você encontrou Kade?

Kolson baixou a cabeça.

— Sim. Não correu bem. Dei-lhe dinheiro e disse-lhe que ele precisava ir para a reabilitação. Mencionei Case. Ele se tornou o seu eu raivoso habitual.

— Alguma chance de eu poder ir com você? Ou talvez Case?

Kolson fechou os olhos com força. Não sabia como dizer isso sem soar duro. — Deus, você é uma alma maravilhosa. Você viu e sabe como eu tenho problemas? Bem, Kade é bem pior. E não é tão simples. As drogas são ruins o suficiente, mas sua cabeça está toda fodida também, Kea. Eu... A escuridão é parte disso tudo, e raios é uma maldita bagunça. — Ele saiu do quarto e ela o observou sabendo que era o fim da conversa. Queria tanto poder segurá-lo e ele lhe contaria tudo porque sabia que isso poderia ajudar. Ela apenas sabia disso. Mas teria que esperar até que ele estivesse pronto, porque não iria pressioná-lo.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


Três dias depois, como estava garantido, Kolson recebeu um telefonema. Era tarde da noite e tinham acabado de se deitar. Ele olhou para o identificador de chamadas e pediu desculpas a Gabby, dizendo-lhe que tinha que atender a ligação.

— Hart, — respondeu enquanto caminhava em direção ao seu escritório.

Gabby não deu muita importância a isso. Recebiam ligações a todas as horas do dia e da noite.

— Sr. Hart. Fala Drex Wolfe. Temos o seu homem.

— Você tem certeza?

— Nós não estaríamos falando se eu não tivesse.

— Jesus. — Kolson se encostou na sua cadeira e respirou fundo várias vezes. — Jesus. — Ele olhou para as suas mãos trêmulas.

— Você está bem?

Por um longo momento, ele só pôde respirar.

— Sr. Hart? Kolson?

— Sim. Dê-me um segundo.

— Leve o tempo que precisar.

A mente de Kolson era uma bagunça fodida. Gabby, seu pai e Danny o ensombraram com imagens colidindo, e ele não sabia o que fazer, como responder. Estava claramente despreparado para isso.

— Porra. Eu...

— Sr. Hart, a maneira como normalmente operamos é chamamos a polícia e os deixamos entrar ou...

— Não. Não é assim que isso vai funcionar. Deixe-me pôr as minhas ideias em ordem.

Numa voz mortalmente calma, Wolfe disse:

— Você não me deixou terminar. Ou seguramos o suspeito até à próxima fase da operação. Posso fazer isso por você. Apenas me diga o que quer fazer.

— Você pode me dar cinco minutos? E eu ligo de volta?

— Não me pode ligar de volta, Sr. Hart. Ligarei para você. — A ligação terminou.

Kolson sentou-se na sua mesa, entorpecido. Sabia que isso aconteceria então por quê essa resposta? Também sabia a resposta para isso. Ele estava prestes a voltar para o inferno. E estava com medo. Com medo do que aconteceria quando fizesse isso.

Ele ponderou suas opções. Sempre havia aquela em que pegava o telefone e ligava para Case, e depois para a polícia. Danny seria preso e sem dúvida cumpriria uma pena de prisão. Mas por quanto tempo? E depois? Viria atrás de Gabriella com armas apontadas. Então, Kolson imaginou os dois casados, com filhos e talvez até netos. As possibilidades de ele ferir sua família eram muito grandes para sequer considerar. Não, ele ficou sem outra opção.

Seu telefone tocou.

— Tomou alguma decisão, Sr. Hart?

— Sim. Onde está e por quanto tempo pode segurá-lo aí?

— Indefinidamente, e não divulgarei nossa localização até que receba instruções suas. É para nossa proteção.

— Entendo. Nesse caso, vou precisar dele em algum lugar privado, onde uma troca possa ser feita. Em algum lugar onde possa deixá-lo. Assim você não será identificado ou rastreado e, assim também não verá quem o pegou.

— Compreendo. Vou ligar de volta em alguns minutos.

Quando Drexel Wolfe ligou de volta, disse:

— Brooklyn, zona de armazéns de East River. Há um armazém abandonado no final da Rua Heron. Andar de cima. Meia-noite amanhã. Vou deixá-lo lá. Amarrado como um belo presente para você.

— Entendi.

— Uma vez que tenha confirmação de que ele está lá, pode transferir o resto do dinheiro para mim. Boa sorte, Sr. Hart. E pelo que vale a pena, não se sinta culpado. Não sei o que ele fez, mas eu também queria matar o filho da puta desprezível.

A ligação terminou e foi tudo. A primeira parte estava terminada. Agora falta o pedaço desagradável do negócio. Kolson fez a ligação seguinte.

— Você deve ter a informação para o favor que precisa, — disse Langston.

— Eu tenho. — Passou o endereço do local e o período de tempo.

— Meia-noite amanhã. Terminará logo em seguida. E vemo-nos em casa no próximo sábado.

— Sim. Estaremos lá.

Kolson estava sentado à sua mesa, olhando para o protetor de tela de seu computador — uma foto de Gabriella, na noite em que a levou no helicóptero. Ela estava rindo e alegria fluía dela. Kolson queria entrar no computador e agarrar-se a essa alegria, se banhar nela porque se sentia mal, sentia como se tivesse acabado de entregar a sua alma ao diabo. Queria a alegria de Gabriella para limpá-lo de seus pecados, porque sabia que se ela descobrisse o que ele acabara de fazer, a transação que acabara de fazer, a perderia para sempre. E podia bem pertencer ao diabo se isso acontecesse.

Afastando-se da sua mesa, voltou para o quarto e encontrou Gabriella dormindo. Tentou não lhe tocar quando se deitou, mas ela estava demasiado ligada à sua presença.

— Está tudo bem?

— Hmm. Agora sim, — disse-lhe, puxando-a para seus braços.

Ela se encolheu contra ele e ele envolveu o cabelo ao redor da mão, sentindo a textura grossa e sedosa contra as palmas ásperas. Descansando o seu nariz contra a cabeça dela, deixando o cheiro dela acalmá-lo.

Os dois dias seguintes seriam difíceis, e pior ainda, teria que mascarar seus sentimentos de apreensão dela. Fechando os olhos, ele sabia que o sono iria evitá-lo, mas ficar ali com Gabriella em seus braços era o suficiente para ele. Era mais do que suficiente, mais do que esperava, muito mais do que aquele menino torturado que alguma vez sonhou em ter. E era por isso que estava confiante de que tinha feito a escolha certa.

O dia seguinte foi tranquilo para Gabby, mas um tormento para Kolson. Ele sentiu como se o tempo passasse lentamente. O trabalho foi um desastre e foi impossível fazer qualquer coisa. Discutiu com todos até que Jack, seu assistente, finalmente sugeriu que tirasse a tarde de folga. O ginásio parecia ser a solução e lutar com seu treinador tirou a sua mente das coisas por um tempo. Quando chegou em casa, estava cansado até aos ossos.

— Kolson, você parece estar mal. Posso lhe ajudar em alguma coisa.

— Estou bem. Fui para a academia e meu treinador me matou.

— Por que você não toma banho e eu preparo o jantar? Lydia nos fez crioulo de camarão.

— Parece maravilhoso. — Ele mentiu. Não tinha certeza se poderia engolir algo. O chuveiro aliviou algumas de suas dores e o relaxou um pouco, mas ainda estava dolorido e cansado quando se juntou a Gabby no balcão.

Quando percebeu que ele não estava comendo nada, ela comentou. Ele deu uma resposta branda e ela disse:

— Talvez você esteja ficando doente. Vá para a cama e descanse um pouco. Vai se sentir melhor de manhã.

Ele aceitou o conselho dela e se arrastou para o quarto e foi dormir. Ele nem a ouviu a vir para a cama.

Ambos acordaram com os celulares a tocar.

— Que diabos! — Gabby gemeu.

Atenderam suas respectivas ligações e ambos se sentaram na cama.

Case estava ao telefone com Kolson e a polícia conversava com Gabby. O corpo de Danny tinha sido encontrado. Tinha saltado do último andar de um dos hotéis em Brooklyn. Deixou uma nota de suicídio afirmando que sabia que seria pego eventualmente e ele simplesmente não queria ir para a prisão. Então decidiu tomar o caminho mais fácil.

Gabby desligou o telefone e ligou a televisão. Percorrendo os canais, encontrou as notícias locais e logo um repórter apareceu ao vivo, onde descobriram o corpo de Danny.

— Daniel Martinelli, que era procurado pela polícia há mais de um mês, foi encontrado morto esta manhã depois de supostamente saltar do telhado de um hotel em Brooklyn. O Sr. Martinelli, originalmente da região de Stanford, Connecticut, foi acusado de estupro, abuso sexual infantil, perseguição, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e assalto de natureza agravada com uma arma mortal.

Gabby ficou chocada a princípio, mas depois recostou-se nos travesseiros.

— Acabou. Ele está morto.

— Sim. Está. Agora você não precisa mais viver sua vida com medo.

— Não parece real. Não parece possível. Ele controlou tudo o que fiz por tanto tempo.

— Não mais, Kea. Só você pode controlar o que faz agora.

Ela tirou o cabelo do rosto.

— É difícil de acreditar. Na verdade, não sinto que seja real.

— Isto é.

— Acho que vai demorar um pouco para eu acreditar.

Kolson notou a expressão vazia no rosto dela.

— Você está bem?

— Não tenho certeza. Suicídio. É tão estranho. Quero dizer, quando o vi ele estava desequilibrado, com psicose definida emergindo e possível distúrbio de personalidade. Mas mesmo considerando sempre o suicídio como uma possibilidade, ele simplesmente não me parecia o típico paciente que tem ideias suicidas. Algo tinha que ter desencadeado isso. Ele deixou uma nota? Algo que possa explicar o que aconteceu?

— Vou ver se Case pode descobrir.

— Obrigada.

— Acho que precisamos fazer algo esta noite para tirar sua mente disso. O que você acha?

— Não sei. O que você está pensando?

— Não vamos a lugar nenhum há algum tempo. Deixe-me pensar sobre isso.

— Está bem.

Kolson notou como ela estava nervosa. Colocou os braços ao redor dela.

— Vai ficar tudo bem, Kea. Vou ver se podemos descobrir o que aconteceu. Mas o bom é que não precisa mais temer por sua vida. — Ele alisou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei. Isto é tão estranho. Como ele ficou tão fodido? Foi porque se ressentiu do fato de que era filho do meu pai?

— Quem sabe? Às vezes as pessoas nascem más.

— Isso é tão assustador. — Gabby estremeceu.

— Você quer que eu fique em casa hoje?

— Não, e eu também vou trabalhar hoje.

Kolson se afastou dela para poder dar uma boa olhada nela.

— Você tem certeza disso? Está pronta para isso?

— Sim. Isso vai me fazer bem.

Mais tarde naquele dia, Kolson ligou e disse a Gabby que tinha uma surpresa e ela precisava estar pronta para sair às cinco e meia.

— Linda, como você sempre está, Kea.

— Onde estamos indo?

— Não vou dizer.


# # #


Gabby chegou cedo do trabalho para se preparar para sua surpresa. Estava pronta para sair às cinco e meia, como Kolson solicitou.

— Linda, como sempre. — lhe disse quando ela saiu.

— Então?

— Você verá.

Foram jantar e depois foram ver o Fantasma da Ópera. O jantar foi excelente e o espetáculo foi diferente de tudo o que Gabby já tinha experimentado. Ela tinha lágrimas nos olhos pela maior parte do tempo, porque a música era tão comovente que não soltou a mão de Kolson. Ele prometeu baixar a música para ela assim que chegasse em casa.

— Foi a coisa mais linda que já vi, — disse Gabby quando saíram do teatro. — A música é incrível. Obrigada, Kolson.

Entraram no carro e voltaram para casa.

— Você realmente gostou, não é?

— Sim, eu... — e de repente, Gabby começou a chorar. Chorou, por muitas coisas, mas principalmente porque estava triste por a vida de Danny ter sido tão trágica de tantas maneiras. Mesmo a tendo aterrorizado, tinha de haver uma razão em algum lugar para isso e a gentileza em seu coração tentou encontrar o motivo por trás disso.

— Tudo bem, pode chorar tudo o que quiser.

— Sinto muito. Realmente amei o espetáculo. — Ela fungou.

Kolson massajava as costa dela fazendo círculos.

— Sei que você gostou, Kea. Poderia dizer pelo jeito que você apertou minha mão o tempo todo. — Então ele beijou o topo de sua cabeça.

— Obrigada por cuidar tão bem de mim. E por me amar.

— Espero que você não chore quando te levar à ópera.

— É tão bom quanto o teatro?

— É inacreditável. Iremos para a próxima. Sério, mal posso esperar para ver sua reação. Ah, e a propósito, não se esqueça que vamos passar o próximo fim de semana na casa dos meus pais.

— Você tem certeza sobre irmos? — Ela se sentou e olhou para ele. Estavam no banco de trás de uma de suas limusines. As sombras da noite dançavam através dos planos de seu rosto e estava muito escuro para ler sua expressão.

— Uh-hmm. Quero ser melhor com a minha mãe e ela adora as suas pequenas reuniões. Será mais descontraído. Não como da última vez.

Sua atitude casual não a enganou nem um pouco.

— Kolson, o que você não me está dizendo?

— Nada, Kea. É só uma noite. Estou fazendo isso pela minha mãe.

— Não estou comprando isso. Você odeia aquele lugar e depois do que aconteceu entre nós na última vez que fomos, não tenho certeza se quero voltar.

— Oh, Gabriella, eu estava exagerando. Vou ficar bem.

— Kolson Hart, você pode dizer muitas coisas para mim, mas nunca minta.

— Não estou. Vai ficar tudo bem. Tenho me sentido culpado ultimamente por nunca ver a minha mãe. O meu pai ligou e nos convidou, então eu disse sim. Não pensei que fosse ser algo demais.

Gabby ficou em silêncio, digerindo o que ele disse. Não acreditou nele. Outra coisa estava acontecendo, mas ele não ia lhe contar. Ela precisaria recorrer a outras táticas para descobrir.

Pararam em frente ao seu prédio. Quando entraram, de mãos dadas, seu cérebro girava. Quando as portas do elevador se fecharam atrás deles, ela atacou. Virando-se para ele, empurrou-o contra a parede e agarrou as lapelas de sua jaqueta.

— Diga-me a verdade. O que diabos está acontecendo?

— Você está me excitando, é isso.

— Pare. Você sabe o que quero dizer.

— Gabriella, é apenas uma maldita noite na casa dos meus pais. Você pode largar isso? Você está fazendo uma tempestade por nada.

Seus olhos mergulharam nos dele, analisando, avaliando.

— Se você não parar de me olhar assim, vou foder você aqui mesmo. Estou falando sério.

As portas se abriram e ele a carregou para fora, sem parar até chegar à mesa da sala de jantar. Ela sentiu a ponta dele cavar na parte de trás de suas coxas quando a deitou. Ele levantou o braço e tirou tudo do caminho, castiçais de prata e vasos de cristal com arranjos florais caíram no chão.

Se inclinou sobre ela e disse contra sua boca:

— Queria rasgar isto em pedaços, mas sei que isso iria te chatear, já que é a primeira vez que você o usa. — Recuando, o empurrou até à cintura dela. — Vou foder você aqui, então vou me livrar dessa maldita coisa. — Ele introduziu os dedos por baixo do elástico de sua calcinha e perguntou: — Sim ou não?

— Sem problema. — Ela ofegou. Estava pronta para ele e não dava a mínima para sua calcinha estúpida.

Ele dividiu em dois pedacinhos de renda. Suas mãos espalharam suas pernas e ele murmurou contra suas coxas:

— Durante todo o jantar, enquanto você estava comendo, tudo o que eu queria comer era sua boceta. — Sua língua lhe deu uma longa e prolongada lambida e depois mergulhou nas suas profundezas. — Deus, você tem um gosto tão bom. Nunca provei nada tão doce. — Ele voltou para baixo de novo, lambendo todos os lugares, menos seu clitóris. Ela se arqueou contra a sua boca, procurando aquele lugar, tentando fazer com que ele a tocasse ali. Mas ele não o faria. Ele riu quando levantou a cabeça. — Sei o que está tentando que eu faça. Você quer mais, não é?

— Sim. Você é um maldito provocador.

— Você me torturou a noite toda nesse vestido sexy. Chame isso de retorno. Se você quiser gozar, vai ter que fazer isso você mesma enquanto lhe lambo, Gabriella.

Sua mão dela se moveu para o seu sexo e sacudiu o seu clitóris enquanto ele achatou a língua e a golpeou com ela. Então se afastou enquanto a observava. Ele puxou seu pênis e se acariciou enquanto ela se masturbava.

— Coloque seus dedos dentro de você.

Ela gemeu quando fez isso.

— Não goze ainda. Não quero que você goze. — Ele a girou e a sua cabeça agora estava pendurada na ponta da mesa. — Me chupe enquanto você se toca.

Ela levou seu pênis profundamente dentro de sua boca. A língua lambendo e girando em torno de seu piercing, trabalhou sua cabeça e depois o levou o mais fundo que pode.

— Oh caralho, Gabriella, isso é tão bom.

Chupou seu pênis enquanto brincava consigo mesma. Mas quando ele se aproximou de sua libertação, ele queria estar dentro dela. Saiu de sua boca e a girou de volta. Tirou a mão dela de seu sexo e pegou os seus dedos e os chupou.

Gabby queria apertar as suas pernas, mas não podia porque ele estava entre elas. Se contorceu na mesa e disse:

— Preciso de você dentro de mim. Agora, Kolson.

Soltando sua mão, ele agarrou-a pela cintura e em um movimento rápido a pegou e empurrou seus quadris para dentro dela, enterrando-se profundamente dentro do seu corpo. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e puxou-lhe o cabelo enquanto gritava o seu nome. Suas mãos envolveram suas pernas ao redor de sua cintura e empurrando-a contra a parede enquanto entrava nela vezes sem conta, até ficarem sem fôlego.

Cada coisa sobre sua união era violenta... Sua paixão, seu toque, suas emoções. O ar ao redor deles estava carregado com isso. Suas mãos seguravam-no, agarrando seus ombros com uma força singular, seus saltos se cravaram em sua bunda. Sua boca procurou sua pele, provando todos os lugares que ela podia alcançar, mordendo e lambendo-o. Quando se beijaram, foi com a ferocidade de duas pessoas desesperadas uma pela outra. Ela mordeu o lábio dele e provou sangue, e quando seu orgasmo bateu, foi como uma bala de canhão colidindo contra ela e a rasgando em pedaços. Tudo em seu corpo ficou tenso brutalmente, pulsando, provocando o dele, ordenhando-o até que estivesse seco como um osso.

Quando passou, ficaram juntos, envolvidos um no outro, tentando se recompor. Eles sugaram o ar, tentando reabastecer o oxigênio perdido. Seus olhares estavam trancados, mas nenhum dos dois falou, tentando avaliar o que havia ocorrido entre eles.

— Você me mordeu. — disse ele finalmente, lambendo o lábio.

— Hmmm. Você me fodeu como um louco.

— Isso eu fiz. E você gostou disso. Teve um orgasmo louco comigo.

— Isso eu tive. — Ela deu uma sacudidela na cabeça. — Estamos bem assim, Kolson, porque isso realmente foi louco.

— Sim. Estou bem. Estou muito bem. O que você fez comigo, Gabriella?

— A mesma coisa que você fez comigo.

Ele agarrou o lábio inferior dela com os dentes e puxou suavemente.

— Eu me perco com você. Nunca fiz isso antes. Nunca me perco. Perdi o controle.

— Bom, porque estou perdida em você e estaria perdida sem você.

— Toda vez que a gente fode, perco mais e mais de mim para você. Tenho que dizer que isso me preocupa.

Ela apertou as pernas que ainda estavam ao redor de sua cintura e esfregou a sua bochecha contra a dele.

— Oh, meu amor, você não está perdendo nada. Está compartilhando. E a parte que você me deu é a melhor parte de todas... A parte que vou guardar.

Ele esfregou sua bochecha áspera contra a pele dela.

— Você não entende. Eu sou diferente com você. Meu desejo de controlar não existe. Bem, talvez um pouco. Mas eu quero mais com você. Quero tudo isso. Incluindo um futuro.

— Também eu. E nós podemos, um dia. Mas você sabe o que tem que acontecer primeiro, certo?

— Sim. E eu vou te contar um dia. Em breve, talvez.

— Vou apoiar você, da mesma forma que você me apoiou.

Seus lábios roçaram os dela, acariciando-os levemente.

— Eu te amo mais do que posso te dizer. Vamos dormir um pouco, Kea.

— Me leve para a cama, meu amor, porque eu acho que as minhas pernas não funcionam.


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Na terça-feira, a notícia sobre os pais de Gabby foi divulgada. A maioria dos meios de comunicação divulgou o seguinte:

Um processo civil havia sido aberto contra o Sr. e Sra. John Anthony Martinelli pela Dra. Gabriella Martinelli por abuso infantil, negligência infantil e por ajudar e encorajar o ato de estupro de um menor. As acusações remontam a dezesseis anos atrás. A Dra. Gabriella Martinelli, psiquiatra que exerce em Manhattan, é a filha dos queixosos. A Dra. Martinelli também fez parte da caça ao homem feita a Daniel Martinelli, que estava foragido no último mês. Martinelli foi acusado de estupro, tentativa de estupro, tentativa de assassinato, agressão, tentativa de sequestro, agressão agravada e assalto com arma mortal. O corpo do Sr. Martinelli foi encontrado no final da semana passada. Ele supostamente tirou a própria vida para evitar uma longa sentença de prisão. Uma nota de suicídio foi encontrada em sua posse, admitindo sua culpa pelos crimes acima mencionados.

Seus celulares não paravam de tocar. A mídia queria entrevistar Gabby. Exatamente como os advogados previram, ela havia se tornado a sensação do momento. O cenário perfeito para um psiquiatra. Agora ela não queria sair por um motivo totalmente diferente. Kolson a cercou com uma equipe de guarda-costas apenas para manter os paparazzi intrometidos afastados. O telefone do escritório tocava sem parar. As pessoas ligaram de todos os lados para marcar uma consulta com ela. Se sofressem qualquer tipo de abuso sexual, queriam recorrer à médica que havia lidado com isso sozinha.

— Que maldito monstro isso criou.

— Vai passar.

— Acredito que sim. Esta situação é pior do que eu pensava que seria.

— Gabriella, você sabe que eu estou aqui, se você precisar de mim para qualquer coisa.

Assim que as palavras saíram de sua boca, seu celular tocou novamente. Ela olhou para o número e ofegou.

— O que se passa?

— É o número dos meus pais.

— Você não deveria falar com eles. Stan vai reclamar se você atender.

Gabby apertou o botão de gravação e colocou em alta -voz.

— Olá?

— O que você procura ganhar com tudo isso?

A voz de seu pai, aquela que costumava incomodá-la tanto, encheu a sala. Desta vez, no entanto, o efeito sobre ela foi mais um incômodo do que qualquer coisa.

— Olá, pai. O que eu procuro é a verdade. Estou cansada de ser chamada de mentirosa. Durante anos, Danny me aterrorizou enquanto você e o resto da família ficavam em pé e o apoiavam. Você deu carta branca para estuprar e espancar sua filha. Você me acusou de ser sexualmente promíscua. Eu fui estuprada, pelo amor de Deus, e como meu pai, você deveria me proteger. Mas o que você fez? Me jogou de volta nos braços do meu estuprador. Sabe quantos ossos aquele pedaço nojento de merda me quebrou? Sabe? Não se preocupe em responder por que é claro que não sabe. Você não se importou o suficiente para perceber. Nunca entrou no meu quarto para me ver. Nunca chegou a descobrir por que tentei me matar. Que tipo de homem permite que isso aconteça com sua filha? Que tipo de pai de merda faz isso?

O silêncio pairou no quarto. Por um momento, ela pensou que ele tinha desligado na cara dela.

Mas então o ouviu limpar a garganta e dizer:

— Ele era um menino tão bom.

— Um menino bom? Você quer saber o que esse menino bom me dizia? Ele me chamava de puta e dizia que se eu falasse uma palavra do que ele me fez, me machucaria ainda pior da próxima vez. Devo te contar todas as coisas que ele fez para mim? Eu tentei antes, mas você e mamãe não escutariam. Sabe quantas noites me aconcheguei na minha cama, tentando respirar através da dor de costelas quebradas, mas tinha medo de te dizer, porque acabaria sendo punida por mentir?

— Eu... Eu não sabia.

— Sim, você sabia. Você quer saber como eu sei? Danny me contou. Ele me contou a verdade sobre você. Que você é pai dele. E ele te chantageou. E você não tinha a maldita coragem de enfrentá-lo porque estava com medo que ele contasse a todos. Então, ao invés disso, você deixou a sua filha ser estuprada. Vezes sem conta. E espancada. Muitas e muitas vezes. Você sabia. Mas a única coisa que importava eram as aparências. E mamãe só se importava com a bebida dela. E depois você me dizia que eu era uma criança difícil. O que diabos eu fiz para merecer isso? Seu orgulho era assim tão importante para você? Talvez devesse ter pensado em tudo isso antes de foder a esposa do seu irmão.

— Adeus, papai.

Ela terminou a ligação, perdida em seus pensamentos, cheia de adrenalina, até que a voz de Kolson a trouxe de volta ao presente.

— Você claramente o surpreendeu. Ele nunca esperou que você o enfrentasse assim.

Quando Gabby olhou para Kolson, ficou surpresa ao ver a admiração escrita em todo o seu rosto. Um sorriso contagiante se espalhou por seu rosto e ela se sentiu responder a isso.

— Sim, acredito que você está certo. E você quer saber alguma coisa? Isso foi muito bom. Eu me senti muito forte quando estava falando com ele. Pela primeira vez na minha vida, ele não me fez sentir intimidada.

— Do jeito que você falou com ele, acho que nunca mais ninguém vai te assustar de novo, Kea. — E havia aquele lindo sorriso novamente.

— Se você continuar olhando para mim assim, você vai ter que tirar a roupa.

— Hmm, por mais tentador que pareça, estou atrasado e você também. Vemo-nos hoje à noite, — disse ele.

Ela sentou-se e observou-o sair do quarto. Esperava que ele deixasse seu fardo cair de seus ombros em breve. O peso disso estava aparecendo. Ele tentou esconder isso dela, mas não estava se saindo muito bem. As linhas ao redor dos olhos e a crescente tensão eram todas as evidências de que ela precisava. Ele fazia de conta que ia aproveitar o fim-de-semana em casa dos pais, mas aquilo estava a devorá-lo por dentro. Ele pensou que poderia lhe esconder essas coisas, mas ela era uma especialista. Viveu essa vida por tanto tempo que conhecia o jogo dele. Se havia uma coisa que ela queria fazer, era libertá-lo, como ele a tinha libertado. Sabia como a vida estava a mudar. Quando a hora certa chegasse, estaria lá para ele, pronta para ajudá-lo da maneira que ele precisasse.

Ouviu um zumbido e percebeu que Kolson havia esquecido seu celular. Ele vibrou na mesinha de cabeceira. Estendendo a mão para pegá-lo, uma mensagem do pai dele apareceu. Gabby ficou surpresa ao ver isso, mas não muito já que estavam indo para lá no sábado. Mas quando leu as palavras, ficou intrigada com elas: Ansioso para o sábado. O favor foi feito. Agora a dívida é devida.

 

                                                                                                    A. M. Hargrove

 

 

 

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