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Series & Trilogias Literarias
Noite chata, odeio passar as sextas em casa, amanhã estaremos partindo definitivamente para América, meu pai recebeu uma promoção irrecusável no emprego e será transferido, por isso pediu que estivéssemos todos juntos, em nossa última noite aqui na Escócia. Portanto hoje tudo que me resta é minha rede social.
Pego meu iPad, deito de bruços em minha cama, e conecto.
Minha melhor amiga Ellis está online, adoro o estilo despojado dela, é tão diferente de mim, nos damos super bem ela sabe todos os meus segredos.
Antes mesmo que eu comece a digitar, chega uma mensagem dela no inbox.
El.Pepper:
Vermelhinha!
Oi!
Vou sentir tanto a sua falta!
Não acredito que vai atravessar o oceano, a notícia ainda me assusta.
Vick.RED:
El, meu amor, já estou com saudades. Adorei a pizza de ontem.
Você vai me visitar, né?
Ela demora a responder então vou visitando as paginas de outros amigos.
El.Pepper:
Desculpa a demora,
Claro que irei te visitar.
E por favor, Victoria, durma com alguém! Você esta prestes há completar vinte anos, sexo é bom e a vida passa muito rápido.
Ellis acha que sou como ela, não quero estar com alguém levianamente, isso só vai acontecer com a pessoa certa.
Vick.RED:
Você sabe que primeiro eu preciso beijar...
Tem que ser a pessoa certa, na hora certa...
El.Pepper:
Tem certeza?
Acho melhor você se divertir com os errados... =@
Não consigo entender como alguém consegue viver por quase vinte anos sem ofertar um único beijo. Tem certeza que você pertence a esse planeta?
Eu acho que não... rsrsrsrsrs.
Encontrou seu celular?
Vick.RED:
Eu sei que existe, está em algum lugar, mas não quero procurar agora, vou focar na faculdade, vou continuar com o balé. Espero conseguir uma companhia de dança rápido, não sei ficar sem a dança. =D
Cacete, Ellis! Por que te incomoda tanto o fato de eu nunca ter beijado? É apenas uma questão de princípios, o resto da humanidade não está errado, mas o que serve para a maioria não serve para mim.
Preciso dormir. Amanhã o caminhão do armazém de nossa mobília vai chegar cedo.
Manda um beijo para Apple assim que ela voltar do Japão.
Ah, e avisa sua mãe que estou feliz por ela e sua recuperação, reze pelo seu benfeitor anônimo que doou a quantia que ela precisava para a cirurgia.
Não encontrei e já cancelei o número, nos falamos por e-mail, bjos
El. Pepper:
Vi! Sua pura!
Não fica brava rsrsrs.
Pode deixar, eu rezo, mas acredito que ele tem tudo que precisa, afinal dinheiro é o que não falta.
Aproveite essa nova fase e pense nos errados kkkkkkkkk...
Boa viagem
Vick.RED:
As vezes você me assusta... dinheiro não é nada.
Não vou discutir, esse doador salvou a vida da sua mãe e, diga-se de passagem, estamos falando da minha madrinha.
Vou dormir.
Capítulo 1
Chove tanto nessa manhã. Os festivais de Edimburgo serão intensamente molhados. É agosto, e nada está ao meu gosto. Suspiro. O relógio marca seis e meia da manhã de sábado e já pulei da cama. Estou apenas tentando fazer com que meu cabelo entenda que todos já percebem sua existência. Afinal, sou ruiva. Uma herança genética, vermelho fogo, encaracolado e extremamente volumoso. Em minha opinião um tipo totalmente dispensável.
Um elástico resolve meu problema, mas sinto a estilingada em meus dedos.
"Merda!" Preciso de mais alguns deles. Finalmente um amontoado de quatro borrachinhas resolve essa questão; ao menos esta.
Acabo de escutar um barulho de motor sendo desligado diante da minha casa, é um caminhão de mudanças, gigante e branco.
No baú, letras garrafais: PREVOZ MUDANÇAS E ARMAZÉM. Nossa! Esse nome será repetido várias vezes em minhas futuras sessões de terapia. Que provavelmente virei a fazer. Por que não faria? Com dezenove anos, rosto sardento, tenho um irmão gêmeo, moro aqui na Escócia, nessa mesma casa desde que nasci e, por alguma maldição jogada em mim por minha tia Isabel, meu pai foi transferido para Nova York. Ah! Serão inúmeras e intermináveis sessões.
- Desça, Victoria! Minha mãe grita no térreo de nossa casa. Não faço questão de responder, apenas termino de me vestir, e posso garantir que este jeans surrado junto à camiseta velha sob a jaqueta marrom é meu grito de rebeldia, um grito calado e concluído com um par de botas pretas que deixam dúvidas entre uma galocha e o sapato de policial rodoviário.
Então apenas, caminho solenemente, em luto, triste, piso cada um dos degraus; essa é a ultima vez que vou fazer isso, descer a escada da minha casa na Escócia, espero por um milagre, apenas um.
Observo da cozinha os homens levando nossa história física para dentro do elefante branco da Prevoz. Odeio até pronunciar essa palavra, pensar nela me causa náuseas. Eles embalam e levam... Meu irmão, sempre sorridente, desce um tapa em cima do balcão que me faz pular de susto.
- Lucca! Não há mais nada que possa ocupar esse seu tempo? Que susto! Grito com ele, enquanto minha mãe invade a cozinha com sua habitual roupa de ginástica.
Mamãe é totalmente apaixonada por Lucca, e essa paixão não se estende a mi m. Aos trinta e oito anos com seus cabelos claros e olhos verdes, possui um corpo perfeito, cintura fina, pernas bem torneadas, fruto de uma boa genética e muita malhação. Meu pai tem sorte.
Sinto certa melancolia ao lembrar- me dos finais de semana com a casa lotada, agora tudo irá mudar e a Big Apple possa não vir a proporcionar tudo isso. Suspiro com tristeza ao pensar em Nova York.
- Pois é! Exclamo em voz alta, minha profunda e nítida revolta em me mudar. -Agora atravessaremos um mundo de água e mudaremos nossa vida. Concluo, respirando fundo e olhando para minha cópia em versão masculina, trajando jeans claro e camiseta preta.
- Alguns hábitos não irão mudar, acho que quase todos. Enfatiza Lucca e prossegue; - Por exemplo, serei o legal rodeado de amigos e você, bom, você será a ruivinha mais linda que sempre atrai olhares. Ele termina a frase me abraçando por cima dos meus braços.
- Para você é simples, você é o vermelhinho gente boa, as mulheres babam por você e seu porte herdado da mamãe. Inclusive a Melissa, você acha que não percebo como ela te olha? Ela te devora com os olhos. Ironizo meu belo irmão em relação à nossa vizinha de frente.
- Ah, tá Cabeça de tomate, você será o centro das atenções, eu garanto! Ele brinca com o fato de morarmos em um lugar onde não somos tão diferentes;
acho que Escócia é o local onde mais existem ruivos.
Levanto-me da banqueta alta me arrastando pelo chão e vou até o jardim. A chuva cessou. Adoro meu jardim Os balanços feitos de corda e pneu são dois. Tudo sempre foi em pares. Adorava brincar ali, mas nunca consegui subir sozinha. Tem uma raiz enorme petrificada de alguma árvore que realmente não sei o nome, mas essa mutação da natureza esculpiu um belo banco e é lá que sento e observo os homens de macacão laranja deixando minha casa disponível para ecos.
Nas costas dos macacões, o nome desgraçado "Prevoz", iluminado por uma linha de nylon. Juro que escuto os meus demônios internos gritarem clamando para eu esboçar um belo palavrão contra eles, mas os contenho, pelo menos tento, bem baixinho, só para os meus ouvidos, falo mal de cada uma de suas progenitoras.
- Caramba! Blasfemo, negando com a cabeça.
Eu sei que não deveria culpar a empresa de mudanças, mas ela está facilitando meu caminho para o corredor da morte. Carrasca, dura e insolente. E junto com cada um desses homens fortes, com exceção do baixinho que fica gritando as regras para os fortões, formam uma quadrilha especializada em amontoar histórias em espaços de vinte por dez. Fico sentada, imóvel, e consigo ver meu irmão se aproximando e comendo uma maçã.
- Victoria, pense na mudança como uma evolução, como novos horizontes a serem conquistados, pense na dança. Ele prossegue, com uma série exaustiva de autoajuda que realmente não funciona. - Você me entende, Victoria?
- Eu? Entendo, sim. "Porra, não assimilo nada, minha vida está toda aqui!" Penso comigo, e concordo sem ter ouvido noventa por cento do que ele havia dito, estendo a mão para que ele me ajude a levantar.
Demorou muito até que a casa estivesse vazia. Todas as malas na van do aeroporto Invernes, e eu apenas parei diante da fachada de nosso belo sobrado. Amo essa varanda com balanço para dois, acho que será a última vez que vou vê-la. Com um traço de tristeza em meu semblante me despeço de meu lar.
Desse ponto até o embarque passaram se cinco horas, e depois disso me recordo apenas de acordar quando avião estava pousando no aeroporto JFK. Já era domingo, fim de tarde, por volta das dezessete horas. Não sei por quanto tempo viajamos, estou de fato fora do horário, minhas reações são por osmose e a única certeza que tenho que esse é um dos raros domingos que não fomos à missa. Pois é, escoceses, ruivos, gêmeos e com pais religiosos praticantes; eles são fieis, eu não...Apenas espero por um milagre.
Mas esse detalhe nos inclui dominicalmente em todas as reuniões, uma adolescência regrada em dogmas e tele transportada para outro continente. Feliz? Não! Ainda não encontro motivos para isso, minha carranca está sobre minha cabeça e dessa forma permaneço até chegarmos ao Hotel New York Palace, quase duas horas depois do desembarque, e a noite cai assim que adentro o confortável quarto.
- PUTZ! Um quarto só para mim? Uau! Exclamo sozinha, jogando minha mochila em cima da cama de casal coberta por uma manta creme e grandes travesseiros macios; tudo é fofo aqui. Amei! Uma hidro com exclusividade, meu deleite, meu pequeno vestígio de alegria.
Ao menos tenho privacidade para minha frustração interior. Um lugar para pensar em como minha vida vai ser diferente aqui, vou sentir falta de Ellis e Apple.
- Pensou no que fazer amanhã? Dispara Lucca, invadindo minha suíte esplendorosa.
- Suicídio. Respondo, quase em rosno.
- Não seja trágica! Reparou na quantidade de companhias de dança que tem por aqui? No caminho vi umas cinco.
- Não reparei em nada, a verdade é que não estou feliz aqui. A maldição de minha tia Isabel ainda paira sobre minha cabeça de tomate.
- Porra! Victoria! Relaxa! Tudo vai dar certo. Ele afirma, enquanto espia meu imenso banheiro e admira a hidromassagem.
- Otimista! Como sempre, eu infelizmente não consigo pensar assim, tudo vai dar certo. Exclamo, com ironia, e continuo; - O que pensa em fazer amanhã? Pergunto, abrindo minha mochila e despejando todo conteúdo em cima da cama. Preciso do meu iPad.
- Faculdade, tem duas aqui que me interessam Ele responde decidido.
- Meu desejo é Londres, mas vou arrumar uma puta confusão se eu tocar nesse assunto.
- Com certeza. Responde apreensivo.
- Lucca, não entendo. Tenho quase vinte anos e gostaria ao menos de poder tomar a decisão sobre a faculdade que quero cursar!
- Tem uma barreira chamada Senhora e Senhor Campbell. Dê tempo ao tempo, tudo se resolve. Otimismo; às vezes, isso me irrita.
- Vou tomar um banho, depois nos falamos. O mensageiro aproveita a porta aberta assim que o Lucca sai e descarrega as minhas malas habilmente no canto do quarto.
Agradeço, giro sobre meus calcanhares e vou em direção ao banheiro. Banho! É isso que preciso muita espuma rodeando meu corpo.
* * *
- Posso entrar? Meu pai pergunta, enquanto uso uma pequena toalha para secar meu rosto.
- Claro! Sr. Samuel Campbell. Espere só um pouco que estou saindo do banho. Respondo, enquanto me enxugo rapidamente e visto um confortável roupão branco com as iniciais do hotel bordadas em azul marinho.
- Vamos jantar no Pastis. Ele anuncia, enquanto dá um beijo em minha testa e transmite, através dos seus olhos azuis claros, que tudo vai dar certo; e, por algum motivo, confio no que aquelas piscinas me dizem.
- Certo! Vou me arrumar e já desço. Respondo, enquanto observo as malas habilmente empilhadas no canto do quarto. O que é Pastis? Que roupa usar? Uma dúvida a mais ou a menos, não vai fazer diferença.
Meu pai é tão jovem, tem a mesma idade de minha mãe. Enquanto olho ele caminhar para fora do quarto em direção à sua suíte, imagino que, entre Stella e Samuel, o amor de vinte e três anos ainda esteja lá, intacto, sem trincas, sem reparos ou fitas adesivas, sem gritos sufocados ou demônios internos e enfurecidos. Fico feliz em sentir isso. Casaram-se tão rápido, tão novos, pouco tempo de namoro e lá estavam eles, unindo suas escovas.
Tiro as malas de sua ordem e elogio em voz alta o mensageiro ordeiro que as empilhou. Eu as teria colocado espalhadas assim como estão agora.
Escolhi um conjunto preto de blazer de um único botão, calça seguindo o mesmo estilo social; no pé, um par de sapatos vermelhos combinando com minha blusa de gola alta; os cabelos rebeldes se renderam ao truque do hidratante corporal: basta um pouquinho na palma da mão e, então, pronto! Cachos fumegantes e volumosos se transformaram em cachos devidamente adestrados. Aproveitei e deixei meu iPad carregando. Preciso de um meio de comunicação com meu lado do mundo, não me conformo em ter perdido meu celular, com certeza está em uma das caixas da PREVOZ.
Foi questão de minutos, peguei o cartão-chave do quarto e caminhei pelo corredor até o dormitório de Lucca.
Ali mesmo, no corredor, era possível ouvir os gemidos, me aproximei e pela fresta da porta pude ver meu irmão apenas de toalha fazendo um verdadeiro passeio manual pelo corpo de uma morena cheia de curvas. O impacto ao ver a cena me deixou muda, estática.
As mãos grandes de Lucca deixam refém o corpo da camareira, os dedos subiam, levantando a saia azul claro, revelando coxas torneadas. Era realmente uma visão pecadora. Aquela cena era realmente fora da minha realidade em todos os sentidos. Com certeza não viveria aquilo. Beijar ainda está em um plano em longo prazo. Não poderia observar aquilo por muito tempo.
- Lucca! Grito o nome dele e, se soubesse o dela, gritava também.
- Calma Victoria. Ele diz, com uma cara de pau extraordinariamente linda.
- Como calma? Pergunto, ainda engrossando minha voz, fazendo com que a bela latina de pernas grossas corresse do quarto tentando fechar os botões de seu uniforme, denunciando o parcial de seus seios fartos.
- Vitoriazinha do meu coração, você está linda!
- Lucca, odeio tanto quando você me chama assim, e você é um pervertido. Resmungo, enquanto discretamente um sorriso se abre na lateral esquerda do meu lábio. - Lucca, você sabe o que a Senhora e o Sr. Campbell pensam sobre suas conquistas, então por que não tenta se conter? Você é meu oposto em tudo! Exclamo, satirizando o fato recém- ocorrido.
- Você é o meu contrario, claramente! Uso meu corpo e você, bom, você resolveu se tornar a única garota de dezenove anos que nunca beijou, então, quando me diz que sou seu oposto, apenas tenho que lhe agradecer. Ele diz, tão cinicamente.
- Lucca, a toalha que te serve como única roupa nesse momento não é apropriada para o Pastis. Claro que rio, mesmo ainda querendo enforcá-lo.
Atraídos por nossas gargalhadas, nossos pais entram no quarto.
- Filho, termine de se arrumar. Minha mãe e toda sua devoção pelo seu amado filho pecador. - Victoria, deixe seu irmão se trocar. - Minha mãe e sua total falta de discrição em esconder seu desapontamento constante comigo.
É fato que não sou a preferida dela, e a essa altura me pergunto: De quem sou a preferida? Quem em sã consciência iria preferir uma virgenzinha alaranjada? Quem iria querer a sardenta sem experiência, totalmente B.V (boca virgem)? Ninguém, eu diria, com certeza, em meus pensamentos.
- Espero no saguão. Aviso balançando a cabeça negativamente.
* * *
É claro que se eu estivesse em uma masmorra, haveria um livro, e nesse livro teria um príncipe celestial em um cavalo branco me salvando. "Grrrr!" Rosno para mim mesma.
- Acorde para a vida, Victoria, você de fato está na masmorra, mas isso aqui é vida real, sem príncipes ou heróis! Repeti para mim em todo instante, dentro do elevador. - Pare de sentir inveja da ousadia da latina!
É meu subconsciente me dando suas cotoveladas.
Divertir-me com os errados? Como a Ellis é impudente! Às vezes tenho inveja dela, sou tão tímida e fechada.
- Sim, queria ter em minhas veias esse sangue latino e beijar um completo desconhecido em um quarto de hotel! Repeti essa e outras frases, tentando, de maneira fracassada, me convencer a um upgrade da nova era. Um dia me renderia, e alguém teria a sorte grande ou um belo fardo em ser o primeiro. Mas quem seria? Gêmea, sardenta, tímida, escocesa, pais religiosos, virgem até o ultimo fio de cabelo e agora uma invejosa. Minha primeira noite em Nova York e desejo não ser eu.
* * *
- Animados? Meu pai pergunta, pouco antes de enfiar um garfo na boca.
- Eu estou, e você Pimenta?
Por que o Lucca não respondeu a droga da pergunta e me deixou em paz?
- Sim, também Minto, franzindo a testa para o Lucca. Animada para sumir.
- Muito bom! Minha mãe tempera a salada e fala com euforia.
- Vocês poderiam pensar em minha faculdade de arquitetura em Londres? Pergunto, tentando convencê-los de voltar para o outro lado do oceano e deixar cursar a faculdade onde eu sempre quis.
- Conversaremos sobre isso depois, Lucca me passe o sal.
Minha importância é dividida entre minha faculdade e um saleiro. Meu desapontamento se senta sobre uma almofada e bate palmas.
- Procure uma faculdade por aqui, Victoria. Meu pai pede enquanto deixa os talheres de lado, com uma cara terrível.
- Não conheço nenhuma. Para ser honesta, não gosto nem um pouco deste lugar. Desabafo.
- Victoria, não preciso de filhos rebeldes, desamarre essa cara e é aqui você irá cursar sua faculdade, assunto encerrado. Minha mãe corre os olhos no cardápio, em busca de alguma sobremesa pouco calórica e nem se dá ao luxo de me olhar. O batedor de palmas agora me olha sobre um muro alto que me isola do mundo.
A conversa animada entre eles continua, e minha cabeça está do outro lado do Oceano. "Divertir-me com os errados?" Por que a Ellis não guardou isso para ela? Agora fico pensado sobre essa dica, maldita dica. No tempo que estou perdendo. Será que ela está certa?
Por algum motivo, meus olhos percorrem o outro lado da rua, fugindo dos pensamentos; observo por um instante. Alguns transeuntes que caminham a passos largos, ao contrário de outros. Meu olhar fixa em alguém que passeia sem pressa, ele parece estar com os pensamentos tão longe quanto os meus, se destaca pela total e sublime indiferença em relação aos demais. Seus passos são tranquilos, o movimento de sua boca, os braços torneados e profundamente acolhedores. Fala ao celular como se apenas ele estivesse ali e observo como se apenas nós dois estivéssemos lá. Alto, um rosto incrivelmente marcante, músculos bem definidos, camiseta branca despojadamente colocada para fora do jeans surrado. Sapa-tênis de couro discreto cobrem os seus pés, e cabelos negros bem cortados, um estilo diferente, cabelos bem aparados na nuca, sim, estou vendo detalhes absolutamente incríveis desse homem com algumas mechas teimosas que insistem em cair sobre sua testa, não consigo ver o seus olhos, definir se são claros ou escuros. Inebriantemente hipnótico, tento visualizar cada passo entre a multidão desconhecida que o cerca, está acompanhado de um homem mais alto e robusto. Não canso de olhar, chega a ser invasor, minha curiosidade é tão grande que o sinto me analisando também, e de repente um ônibus cobre minha visão atordoante e, segundos depois, eles sumiram.
- Victoria! Victoria! Na segunda vez que é pronunciado, quase todo o Pastis descobre o meu nome. Meu irmão gritou tentando me resgatar. A verdade é que; nesse momento eu realmente não quero socorro algum.
- Por que você está gritando? Ralho com ele.
- Porque está no mundo da lua.
Escutou o que eu disse? Lucca é muito chato.
- Não, não escutei. "Que inferno!" Penso comigo enquanto bufo e mostro a língua para ele.
- Também não vou repetir você precisa se animar mais e se acalmar. Ele vira o copo de refrigerante como se fosse uma dose de conhaque.
- Me faça esse favor, não fale. Rosno.
- Victoria, não fale assim com seu irmão. Preciso falar que é a minha mãe?
- Estou satisfeita. Empurro o prato e meu pai me olha em tom de advertência. Puno-me internamente por conta da rebeldia. Maldita tia Isabel.
Por algum motivo, o jovem, belo e agora desaparecido, está dando piruetas em minha imaginação, novamente tentações evitadas voltam a bater na porta da minha vida chatinha e monótona.
Não lembro que horas saímos de lá, a única recordação é o suntuoso rapaz que falava ao celular e que com certeza nem se da conta de minha existência. "Eu existo?" Penso, rindo da minha própria pergunta.
Adormeço planejando o que fazer em Nova York na manhã seguinte.
Capítulo 2
Deixo um recado na recepção e saio com minha pequena bolsa transversal, munida com cartão de crédito e de vestido rosa que chega ao nível dos pés; neles, apenas uma sandália de dedos de fora. Agradeço por ter feito minhas unhas na quinta-feira.
- Este lugar é uma loucura! Nunca vi tanta gente junta.
O trajeto de vários minutos me leva a um prédio de três andares, duas quadras depois do Central Park, sentido oposto ao museu.
Na frente do edifício, um letreiro discreto e sofisticado; GAEL. Havia passado por algumas companhias de dança, mas essa é diferente, imponente e com grandes janelas em todos os andares.
Arrisco-me. Subo um degrau por vez, preciso ocupar meu tempo, e dança é sempre a melhor opção.
Uma recepcionista, extremamente bonita, seus cabelos são castanhos e olhos tão azuis quanto os meus, ela e se encontra atrás de uma mesa de mogno.
- Bem vinda a GAEL, meu nome é Samantha. Ela declara.
O lugar é realmente perfeito. Um jogo de sofá amarelo contrasta com a madeira escura presente desde o chão até os móveis, tem uma escada em cada lateral para acesso aos andares superiores, no caso de pane nos elevadores.
- Bom dia, meu nome é Victoria Campbell, gostaria de conhecer a companhia.
- Claro, eu mesma lhe apresento. A bela moça, trajada com um uniforme preto perfeitamente alinhado ao seu corpo magro, se levanta e me conduz. Subimos até o primeiro andar, onde os espelhos dominam as duas salas, amplas e altamente requintadas; percebe-se o nível alto dos proprietários do lugar. A dança que embala as meninas do Jazz faz meu pé acompanhar o ritmo.
- Como é bonito aqui. Minha antiga academia era mais simples. Comento, olhando as meninas de maiô preto e meia calças desfiadas, que deslizam sobre o assoalho impecável.
- Realmente, a proprietária faz questão desse padrão.
- Ela é alguma coreógrafa? Pergunto, porque a proprietária de onde eu ensaiava era.
- Não, Sra. Maccouant não pratica, mas é uma fã da dança, ela iniciou esse centro há mais de quinze anos por prazer.
- Estou realmente encantada. Confesso, admirando as dançarinas, que flutuavam.
- Vamos ver o restante? A recepcionista me convida.
- Claro. Respondo, sabendo que ali seria meu lugar durante algumas horas por dia.
- Aqui no segundo andar temos quatro salas divididas entre dança de rua, teatro, sapateado e canto. Ela diz e meu queixo cai. Ambientes iguais, com exceção à destinada ao teatro, que contém um pequeno palco, mas todas com o mesmo tom de madeira e um conjunto perfeito de janelas imensas.
- Samantha, o lugar é incrível. Meus olhos percorrem as salas ainda vazias. Não estava no horário das aulas, ainda.
- Obrigada. Vamos ver o último andar? Subimos a escada larga, também de madeira.
- Uma única sala? Pergunto, ao olhar o espaço imenso com espelhos em toda a volta.
- Sim, aqui é o espaço do balé. Imagino-me em rodopios sobre o assoalho.
- Magnífico! Exclamo, estico meus olhos até um pequeno jardim externo em torno da sala.
- Esse é o espaço preferido da Sra. Maccouant, inclusive os jardins. Samantha explica.
- Amo dança e jardins. Estou estupefata, que lugar é esse?
- Fico feliz que tenha gostado. Ela começa os passos para que possamos descer.
- O que preciso para matrícula? Pergunto, descendo as escadas e olhando a leveza de Samantha.
- Vamos até a recepção e lhe passo tudo que você precisa.
Ela sorri e estico meus olhos para cada detalhe, cada quadro nas paredes.
- Bom dia, Sra. Maccouant.
O cumprimento me faz virar o rosto e olhar a proprietária do lugar.
- Bom dia, Samantha, como você está? Uma voz suave, um canto, vindo de uma mulher extremamente elegante, cabelos negros e olhos cor de mel, vestindo um conjunto social branco e uma camisa lilás. O seu perfume é arrebatador e me atinge assim que a encontramos na escada do primeiro andar.
- Muito bem, obrigada por perguntar. Elas terminam seus cumprimentos e a Sra. Maccouant leva seus olhos até mim.
- Bom dia! Ela diz, e me mostra um sorriso branco e acolhedor, é perfeito.
- Bom dia! Respondo no mesmo tom Ela escolheu a escada para ganhar os próximos andares e, instantes depois, resta apenas Samantha e eu.
- Ela vem sempre aqui? "Curiosa demais, Victoria", meu subconsciente me alerta.
- Não, é raro, ela é engajada em causas sociais, quase não tem tempo, mas essa semana ficará por aqui. Sua fundação fará um jantar beneficente no próximo sábado. Ela diz assim que chegamos à mesa da recepção...
Claro que, minutos depois, eu estava matriculada e contava as horas para o dia seguinte.
* * *
- O que você fez hoje? Lucca pergunta, mordendo um lanche que mataria a fome de pelo menos seis pessoas. Passa das oito horas da noite e o que nos resta é umfast food.
- Amanhã começo minhas aulas de dança, ao menos terei o que fazer nesse lugar. Comunico e em seguida enfio uma porção de batatas na boca.
- Legal e, já que não perguntou, digo do mesmo jeito. Lucca dispara, ainda com a boca cheia. - Semana que vem começo meu curso. Estamos frustrando Senhor e Sra. Campbell. Nada de faculdade por enquanto. Estamos atrasados em dois anos. Ele ri.
- Lucca, vou fazer minha faculdade em Londres, não aqui. Bebo o restante do refrigerante.
- Vejo problemas com essa ideia. Ele empurra a bandeja e tenta limpar o ketchup que caiu em sua camiseta verde água.
- Minha vida se resume em evitar problemas, mas agora não posso continuar aceitando a manipulação de Sra. Stella. Tive que evitar essas questões, enquanto ela resolvia os dele.
- Vamos mudar de assunto, você anda muito irritada. Meu irmão olha com frustração para a mancha vermelha de sua camiseta. - E a companhia, onde fica?
- Perto do Central Park, Gael é o nome. E acho que tenho motivos para estar irritada. Nunca fico a altura da Sra. Stella, nada do que faço é bom o suficiente para ela. Desabafo com raiva e não com choro. Não gosto de lágrimas.
- Ela projeta em você o que ela gostaria de fazer. Lucca se torna o advogado.
- Mamãe queria apenas um filho. Fizesse um favor para a fila de adoção, me colocasse a disposição. Metralho.
- Não diga isso, nem por brincadeira, ela te ama.
- Então, por favor, peça a ela que me ame menos!
- Fala baixo! - Ele ralha - Eles estão resolvendo os papeis da casa em Washington e vão ficar fora a semana toda. Lucca sempre sabe tudo sobre a família e estou sabendo agora que ainda não temos casa.
- O que importa é que amanhã vou estar em um lindo assoalho de madeira com minhas músicas clássicas.
- Vamos embora, você tem que aprender a filtrar esse ódio; Sra. Stella é sua mãe! Ele diz, enquanto saímos da lanchonete.
- Vou tentar. Prometo bocejando e caminhando em direção do hotel.
- Aonde você vai?
- Deixar você se acalmar; está irritada demais, nos vemos depois. Ele continua a caminhada.
- Não estou irritada, queria apenas ser boa o bastante para ela. Desabafo em tom mais alto, para que ele possa ouvir e entro no hotel.
* * *
Acordo e a primeira ação é um banho. Pego minha bolsa com meu maiô preto, meias e sapatilhas de ponta, tudo na mesma cor. Conto os minutos e outro vestido é minha pedida, dessa vez um verde escuro até a altura do joelho.
- Bom dia, Samantha! Minha irritação some ao pisar naquele lugar, é como mágica, ali expulsaria alguns demônios em sapatilhas de ponta.
- Bom dia, Victoria, vai dançar sozinha hoje, as meninas não vieram e pelo que conversamos ontem você precisa apenas de espaço. Ela sorri.
- Então posso ficar quanto tempo eu quiser?
- Sim, a sala é sua, fique à vontade.
- Obrigada!
Subo as escadas correndo, meu sangue flui mais rápido. Coloco minha roupa preferida e largo minha bolsa no chão da imensa sala espelhada, retirando dela meu iPad.
Meu lugar no mundo; aperto o play e deixo Greensleeves de Mozart ocupar meu corpo e mente. O suave toque da melodia pede passos lentos. Não me aqueci e preciso de algo calmo para começar.
Quando danço, esqueço o mundo e os pequenos passos neste espaço me transporta para longe, entre um rodopio e outro, volto para a Escócia, para meus amigos, meu porto seguro. Então visualizo uma figura no jardim.
Automaticamente paro, e vejo que a Sra. Maccouant está sentada em torno de uma pequena mesa de ferro escuro, escrevendo. Ela está de óculos e percebo que ela interrompeu sua atividade e recostou na cadeira, como se apreciasse a música. Elegante, pele bonita, jovem, o violeta de sua camisa fina combina com sua pele levemente bronzeada. Caribe tenho quase certeza.
Abandono à proprietária da Gael e volto para Mozart.
Nas pontas dos pés, nas piruetas e no sublime toque alto das sapatilhas no assoalho, flagro os olhos dela sobre a minha dança, mas continuo até que Mozart encerre sua obra.
- É algo encantador a leveza e a paixão que coloca em seus passos. Importa-se se eu assistir? Meu estômago parou na boca.
- Seria uma honra. Respondo tímida, e na sequência Johann Sebastian Bach me exige passos tão calmos quanto Mozart; a melodia é Air, perfeita.
Danço como se estivesse sozinha, como se precisasse me libertar. Bailo como se fosse à última vez. Saltos e rodopios; as pontas dos meus pés me levam alto. São cinco minutos de total desligamento com esse plano terrestre e um aplauso solitário encerra a dança.
- Obrigada. Agradeço, cumprimentando-a como se estivesse diante de uma plateia grande.
- Divino, há quanto tempo você dança?
- Quase dezessete anos. Encolho os ombros, como se dissesse que não sei fazer nada da minha vida se não dançar. Sei fazer alguns desenhos, mas isso não vem ao caso.
- Gostaria muito de tê-la em nossa equipe como instrutora. Ela declara. E meu estômago deixa uma carta, dizendo que não vai voltar.
- Perdão, não entendi. Claro que entendi, mas preciso ouvir de novo. Caramba, vou trabalhar fazendo o que mais amo!
- Gostaria de ter alguém com tanto amor pela dança aqui, junto conosco. Obvio que temos profissionais muito bem capacitados, mas você com certeza faria uma incrível diferença, somaria e muito ao nosso corpo de balé.
"Será que posso pular? "Penso comigo.
- Realmente não sei o que dizer. Estou com um sorriso que daria um laço em minha nuca.
- Apenas aceite. Oh, por favor, aguarde um minuto, meu telefone está tocando.
- Espero o tempo que for preciso. Essa terra do inferno me parece legal, agora.
- Sim Evan, estou na Gael.
- Por que o Günter não pode vir?
Sinto que ela está irritada.
- O que ele foi fazer em Madri? A irritação aumenta.
- Assunto seu, Evan? Espero que não seja algum problema. Ela ralha.
- Como você está? A impaciência abandona sua voz e cede lugar à preocupação.
- Muito bem, mas agora estou feliz, vou almoçar com meu filho. Explicado.
- Espero por você.
Ela desliga o celular e retoma a conversa comigo.
- Desculpe, como é mesmo seu nome?
- Victoria, Victoria Campbell. Ela sorri como se me conhecesse, como se gostasse de olhar para mim; e o que senti por ela não foi diferente disso.
- Você não é daqui. Ela pergunta em tom de afirmação, ainda com o sorriso.
- Escócia. Acho melhor explicar como vim parar do outro lado do oceano.
- Então, você aceita?
- Claro, com certeza, estou muito feliz. O sorriso ainda está em meu rosto.
- Vou voltar para minhas anotações e, por favor, continue com seu espetáculo.
Puta merda, é meu segundo dia nessa terra maluca e eu estou amando ser eu. Isso merece algo especial. São onze e quinze da manhã e, para me acompanhar até a hora do almoço, Four Seasons de Vivaldi, quase cinquenta minutos de música boa, me perco em rodopios e ponta dos pés.
Apertar o play dessa vez não é para expulsar demônios, é apenas para comemorar. Danço incansavelmente, me transporto para dias felizes na Escócia, neste assoalho perfeito de madeira cara e bem cuidada.
Há muito tempo não me sinto tão empolgada, tenho um motivo muito bom agora. Entre os saltos e giros sobre as sapatilhas, penso que talvez pudesse fazer minha mãe feliz com a notícia; orgulho era isso que gostaria de ver nos olhos dela.
Giro e tento me encaixar nos padrões rigorosos que Stella exige de mim.
Alguém está me observando, mas desta vez está na porta, sentido oposto de Rose. Mantenho os passos e finjo que estou sozinha. Em alguns momentos fecho os olhos, e uma lágrima batizada de Stella Campbell cai, eu a sinto rolar face abaixo e, por reflexo, os abro novamente, e me remeto ao jantar no Pastis. Não à discussão ou à indiferença de minha mãe, e sim ao outro lado da calçada, mas ele está de terno e gravata e extremamente elegante.
Cacete! O que ele está fazendo aqui? Não posso perder meu equilíbrio, ele é lindo e está apenas encostado no batente da porta, segurando um celular, olhando para a "Pimenta" que pula e gira. Four Seasons está quase acabando e meu coração procura pelo meu estômago.
- Espetacular. Vivaldi agradeceria pessoalmente.
Que voz rouca e extremamente sexy é essa? Ele está falando comigo e eu vestida assim, com um coque no topo de minha cabeça e toda suada, não sei se quero falar com ele.
- Obrigada. Agradeço e fico de costas, sigo em direção ao aparelho de som, preciso dançar mais e ele ir embora, esse homem causa formigamento em algumas partes do meu corpo. Perfume bom, o cheiro dele está em toda parte. Agora toda vez que sentir esse aroma de Bleu da Channel, vou ter uma síncope.
- Oi, filho! Penso que Rose poderia estar louca, porque está chamando o homem maravilhoso que acabara de me elogiar de filho. Mas não, o homem com perfume de sexo forte se chama Evan, o mesmo que me fez perder a direção há duas noites.
- Oi, mãe, podemos ir? Ele pergunta e sua voz vai ficando próxima, ele passa por trás de mim e abraça Rose. O formigamento piorou.
- Evan, quero que conheça Victoria Campbell, ela seria a nossa aluna, mas acabou de ser convidada para integrar o corpo de balé.
Será que consigo criar asas se pular da janela? Estou extremamente envergonhada.
- Muito prazer, Victoria. Um homem elegante e perfumado, de boca carnuda e olhos verdes, em um tom que convida a remover minhas roupas, ele se aproxima e estende sua mão para mim, me fixo em seus lábios bem desenhados pedindo para ser beijado. Revela um sorriso perigoso e irritante de tão branco. Meu Deus! Ele tem covinhas! Duas esmeraldas, é assim que vejo seus olhos, abaixo de uma sobrancelha invejavelmente bem cuidada, um rosto imaculado, marcante. Nossa como alguém pode ser tão incrivelmente bonito? O perfume que ele exala é algo perturbador, a vontade é de pular em seu pescoço e afundar meu nariz nele. O cabelo teimoso foi domado e está perfeitamente colocado para traz com ajuda de um gel.
Um conjunto perfeito, vestindo Giorgio Armam, rico, bonito, voz que se parece com uma oração e inaceitavelmente atraente. Essa mistura é um perigo perto de mim Tenho dezenove anos e nunca beijei, imagina se fosse com ele? Ele não iria querer virgem até na sombra, não, ele com certeza tem alguém que saiba fazer o lance das algemas e chicote, e eu ainda leio o manual do absorvente.
- Prazer. Não consigo falar mais nada, o formigamento atingiu meu cérebro.
- Mulher de poucas palavras. Diz em um sussurro, e sinto minha baixa cintura criar vida própria. Mal sabe a ladainha que estou pensando sobre ele.
- Apenas palavras necessárias. Retribuo o murmúrio e a timidez vai embora.
- Gosto disso! Ele afirma, com a sombra de um sorriso por detrás dos lábios.
"Ah! Por favor, não goste", clamo para mim mesma.
- Vamos, deixe a Victoria prosseguir com seu show particular. Rose diz e sai em direção ao jardim para apanhar sua bolsa e anotações.
- Gostaria de ver esse show novamente. Ele declara. Por que ele causa esse efeito Ellis em mim?
- Estarei aqui todos os dias. "Cala a boca, vermelha maldita, sua atirada", penso comigo. Espírito Ellis me incorporou e não sei por que falei isso.
- Parece que meu dia começou, enfim, a ter boas notícias. E o desgraçado é detentor do sorriso mais bonito do mundo, chega ser perverso como ele é bonito.
- Vamos, Evan. Até logo, Victoria. Rose caminha em direção da porta enquanto o chama.
- Até breve. Ele estende sua mão para mim e sai.
O que foi isso? Meu corpo, apesar de firme por conta da dança, está com a força de uma gelatina. Perfume poderoso que me tirou a coordenação motora.
Como ele é lindo. Mas está na cara que é um dos errados. Ele cheira bem e à confusão, com certeza não tem ideia de que sou a favorita para a canonização.
Dancei e o bonito não saiu da minha cabeça. Como pode ser assim? Tão magnificamente tentador, em todos os sentidos, mãos macias, pele bronzeada... Caribe, mesmo, viagem de família. Cabelos negros e com um brilho que apenas o dinheiro pode comprar... Sei disso porque o meu é a prova viva de que alienígenas existem.
- Victoria! Sam me chama enquanto giro sobre as pontas dos pés e com isso me desequilibro. Vai ser muito difícil me manter estável depois de tocar em mãos tão assustadoramente macias.
- Oi, Samantha!
- Desculpe incomodar, mas é que Rose contou sobre você e eu encaminhei seus dados para o escritório, preciso do certificado da antiga academia, e coloquei o endereço do hotel provisoriamente. E por favor, me chame de Sam. Ela sorri.
- Ok, obrigada.
- Quer almoçar comigo? Ela pergunta com expectativa.
Não tenho fome, ainda sinto formigamento, mas preciso parar um pouco.
- Quero, sim Um pouco de distração.
- Ótimo, conheço um restaurante perfeito. O sorriso dela é carismático, por algum motivo, gosto dela.
- Vou tomar um banho e já desço.
Tomo um banho para eliminar o suor e o cheiro dele que estava impregnado em mim, coloco meu vestido e desço apenas com o cartão de crédito nas mãos.
- Conheceu o Evan? Ela metralha assim que saímos da Gael.
- Sim Limito-me.
- Ele é lindo e muito simpático.
- Sim, ele é bonito. Ainda seguro minhas palavras.
- Bonito? Victoria! Bonito é meu pai com trinta e nove anos. Ele é um absurdo.
- Você gosta dele? Pergunto por conta da propaganda que ela estava fazendo.
- Não como imagina, nos conhecemos há mais de dez anos e somos bons amigos.
- Moram perto?
Meu subconsciente me alerta sobre a inquisição que acabo de começar.
- Evan costumava vir à academia todas as tardes com o pai. E nos conhecemos aqui logo que cheguei.
- Ah! Sim, e o que ele faz?
- Ele trabalha na Maccouant Import., relações internacionais. Ela responde e chegamos ao Olive Garden, nem reparei no caminho até ali.
- Legal empresa da família. Preciso tentar não perguntar mais nada.
- Não, a Maccouant pertence a ele. Meu estômago, que havia pulado a janela, volta goela abaixo para o meu corpo. Engulo seco.
- Dele? Mas ele é novo demais, como?
- Ele é fera em números, cálculos e, principalmente, sabe como lidar com pessoas.
- Você tem certeza de que não gosta dele?
- Não assim, adoro o Evan como um amigo. Saímos várias vezes juntos, mas nunca aconteceu nada, não tem clima, é como se ele fosse meu irmão mais velho. Ela sorri da minha desconfiança.
- Provavelmente ele tem alguém Disparo, com tanto arrependimento de ter feito a observação...
- Não tem. Quando ele foi capa da Forbes, perguntaram sobre seus envolvimentos e ele não se manifestou. Misterioso Evan... Fez uma revista de fofoca publicar algo sobre sua opção sexual e ele nem se importou.
- O cara é uma incógnita. Digo, assim que o garçom sai com nossos pedidos anotados.
- Ele é discreto, não gosta muito de conversa com desconhecidos. Na Gael ele fala apenas comigo e com a mãe dele. Algumas alunas até saíram da companhia por não serem correspondidas.
- Nossa! "Fica longe dele, Victoria, o cara é roubada na certa", penso.
- Desculpa, fui indiscreta, não deveria ter dito, mas é que ele quis uma cópia de seus dados e eu estranhei.
- O quê? Sinto meu rim esquerdo parar.
- Ele quis seu cadastro de matrícula. Ela responde com tanta naturalidade que me causa medo.
- Por quê? Santo Deus!
- Isso você vai ter que perguntar para ele. Ela sorri da piada e eu também.
- Com certeza não, melhor manter distância nada de confusão. Minto. "Quero desordem, mas não pode ser com ele, ou terei sérios problemas, penso comigo, assim que o garçom traz nossas saladas e filés".
- Você tem irmãos, Victoria?
- Tenho um irmão gêmeo. - Torço a boca. - Lucca, ele é terrível, mas encantador. Até demais para o meu gosto.
- Opa! Sam brinca.
- Ele é do bem. Vou ter a oportunidade de apresentá-lo a você.
- É bom ter companhia para o almoço. Ela sorri e não estou muito interessada na vida pessoal da Sam.
Almoçamos, conversamos e Evan não é mencionado. Mas o formigamento ainda está aqui.
- Podemos voltar? Pergunto, encolhendo os ombros.
- Victoria, você começa apenas amanhã. Quer continuar na Gael o resto do dia?
- Sim, quero ver todas as aulas.
Estou interessada. - Mas antes vou passar na livraria, quero comprar dois livros sobre arquitetura.
- Não vou poder te acompanhar, preciso voltar, nos vemos mais tarde.
Meu objetivo são livros; arquitetura, minha segunda paixão. Na noite anterior, pesquisei os endereços no meu iPad, e é para um deles que rumo. Barnes & Noble, na 5a avenida, e por lá me deleito. São inúmeros, vários e surpreendentes exemplares; nessa hora observo uma confortável poltrona e me acomodo, eu não posso levar todos e rapidamente leio os resumos, escolhendo dois. Saio da livraria amando as recentes aquisições.
Estou muito empolgada, esqueço a manhã turbulenta e cheia de perfume. Então o semáforo fica vermelho para os pedestres e paro, mas a pessoa que passa ao meu lado não. Posso ver seu passo se adiantar ao meu.
Por um instinto raro, para ser honesta, único, estico meu braço direito e o coloco diante da pessoa, há fazendo parar um pouco antes de um ônibus em alta velocidade passar. Não sei como faço aquilo, nunca havia acontecido nada que fizesse usar meus reflexos, mas eu faço.
Salvara uma vida, emocionante!
- Cuidado! Advirto o homem, que esta distraido ao celular enquanto a minha mão o segura pela barriga, ou melhor, pelos músculos. Buuummmm! O chão se abre, me sinto gelada e suando, sinto o suor escorrer pelas minhas costas, meus cabelos praticamente murcham e fico atordoada. Pânico e confusão.
Eu estava fugindo dele, mas o ônibus o empurrou em meu colo. Havia salvado Evan.
- Obrigado. Ele me perfura com os olhos e sorri.
- De... De... De... Nada. Não sai uma só palavra, olho aquela língua vermelha dançando na minha frente enquanto me agradece e penso em alguma oração simples para me livrar daquele pensamento. Santo Deus!
- Você está bem? Ele percebe que estou hipnotizada por sua pessoa.
- Sim, e você? Consigo falar, sem gaguejar.
- Estou graças a você.
"Por favor, moço, vai embora ou me beija!" Penso.
- Instinto. Respondo, sem jeito.
- Obrigado por não ter falhado.
Esse sorriso perverso e perfeito faz meu formigamento piorar.
- Não precisa agradecer. Sorrio para ele e ele retribui o mesmo olhar, e uma faísca, não sei se esse é o nome, acontece dentro de mim.
- Está voltando para Gael? Ele pergunta enquanto coloca a mão em minhas costas, como se quisesse me ajudar a atravessar. O problema é que não estou sentindo as minhas pernas.
- Eu... Eu... Preciso ir. Digo, com a voz firme como uma gelatina.
- Não respondeu a minha pergunta. Seus olhos verdes atravessam minha alma. Preciso urgentemente de ar fresco e sem esse perfume que pede para eu tirar o meu vestido. Um calor sobe e sou obrigada improvisar um coque com a juba.
- Sim, estou voltando para a companhia, minha bolsa ficou na sala de dança. Consigo falar sem babar, mas juro que estou convulsionando. Eu nunca estive perto de alguém tão sensual.
- Vou te acompanhar. Sinto um tom de ordem, tipo mandando, mesmo.
- Não precisa trabalhar? Reparo em sua roupa, fazendo menção sobre as vestimentas típicas de um executivo.
- Não, não preciso, literalmente. Ele sorri e passa seu indicador pela testa, como se achasse graça no que tinha acabado de ouvir.
- Está rindo de mim? Franzo o cenho e olho para ele, cessando meus passos.
- Não, não de você, mas do que você disse. "Como assim? Fiz apenas uma pergunta". Penso.
- Posso saber o que foi que eu disse?
- Você é sempre assim? Ele sorri enquanto pergunta.
- Por que riu? Fecho a cara de vez.
- Eu te fiz uma pergunta. Ele provoca.
- Mas você ainda não respondeu a minha. Sinto um flash lateral; alguém bateu uma foto.
- Ótimo, amanhã estará na capa de um jornalzinho de quinta. Ele esfrega o polegar e o indicador na testa e cessa o sorriso.
- Bom, pelo menos parou de rir de mim Sorrio, enquanto uso de malcriação com ele.
- Seu sorriso.
- O que tem o meu sorriso? Arqueio as sobrancelhas e o encaro.
- Ele é lindo, e seus olhos, são algo que poderiam enlouquecer qualquer um.
- Sou obrigada a virar minhas costas para ele e apertar o passo. Eu não conseguiria resistir, e teria o beijado ali mesmo. Inferno de homem que mexe comigo.
- Não faça isso. Ele diz e tenta me alcançar. Claro que consegue, tem pelo menos vinte centímetros a mais do que eu, e essa medida extra só pode estar nas pernas.
- Fazer o quê? Você ri de mim, me canta e ainda quer minha companhia. Realmente, não tenho estrutura para isso.
- Desculpe, não quis irritar você ou ser indelicado. Mas não retiro o que disse, seu sorriso é o mais lindo que já vi e seus olhos realmente me tiram do eixo.
- Vou encarar como um elogio. Continuo caminhando.
- Sorrio porque perguntou se eu precisava trabalhar. Ele me alcança e se explica. - Não, eu não preciso trabalhar, mas mesmo assim eu o faço.
- Apenas uma pergunta.
- Eu sei me desculpe. Meu formigamento está cada vez pior e a Gael está a algumas quadras. Não sei se sobrevivo.
- Não gosto que zombem de mim Rio para quebrar o clima e devolver oxigênio para o meu cérebro.
- Você deveria sorrir mais.
- Estava sem motivos para isso. Por que conjuguei o verbo no passado?
- Estava? O cretino assimila o lance do verbo.
- É, estava preocupada com a dança, não encontrar um bom lugar, a mudança de país, tudo novo... "Boa Victoria, mandou bem", minha voz diabólica me dava os parabéns.
- Entendo. Ele limita as palavras e isso me causa calafrio.
- Desculpe o mau jeito. Justifico e coloco o pé no primeiro degrau.
- Victoria! Ele me chama enquanto segura meu cotovelo. Bendita mão macia.
- Tem o hábito de colocar a mão sempre que conversa? Pergunto, olhando para a mão dele; claro que queria elas em mim, mas não tão fácil.
- Desculpe. - ele solta, abrindo os dedos. - Não quero que fique nenhuma impressão errada a meu respeito. Até logo.
Ele rola o polegar sobre a tela do celular, eu entro. Estou atordoada, o formigamento havia passado, mas o perfume dele está impregnado em meu nariz. Passo rápido pela recepção busco minha bolsa e aviso a Sam que estaria as oito em ponto no dia seguinte.
Preciso da hidro; um longo e espumante banho. Mas um pensamento me obriga a enrugar a testa: Evan pode ter me seguido. Estou começando a alucinar.
* * *
A noite já está instalada e estou deitada há pelo menos três horas, pensando que ele poderia ter realmente me seguido. Alguém bate na porta e corro para atender, mas quem poderia ser a essa hora? O mensageiro do hotel se identifica, eu cumprimento e abro a porta, é um jovem e têm cabelos espetados, alinhados a base de muito gel, me entrega uma caixa, eu agradeço, ele se vai.
Pego a caixa e dou uma balançada, e isso faz com que o cartão, que estava no laço vermelho em contraste com a caixa branca, caia. Eu o pego e um sorriso se entendem em minha face.
Srta Campbell,
Espero que me perdoe pela indelicadeza de hoje, mas acredite, há muito tempo que não encontrava motivos para sorrir.
E. L. Maccouant
Meu contato. Atrás do cartão, o número do celular dele.
Santo Deus, ele é maluco! Dentro da caixa, um par de sapatilhas Repetto, simplesmente a melhor, e como se não bastasse, um jogo de saia e top de ensaio de tecido nobre, simplesmente lindo.
"Não posso aceitar, de forma alguma, ele é o filho da minha chefa" Alcanço o telefone do quarto, começo a discar e desligo... Repito o gesto outras mil vezes. Olho para caixa e dá uma vontade de correr para Gael e usar tudo, me consumiu, mas não vou aceitar. Quero, mas eu não posso, pode pensar que estou á venda.
O telefone do quarto toca e pulo de susto.
- Srf Campbell, tem uma ligação, a Srf aceita? A recepcionista diz, assim que atendo.
- Sim, claro. Totalmente desnorteada, atendo.
* * *
- Alô? Respondo em tom informal.
- Boa noite, Ruiva. O formigamento atingiu todas as áreas do meu corpo, essa voz rouca com um tom de malicia.
- Boa noite, Evan. Tento ser distante, mas há algumas partes úmidas em mim apenas por ouvir a voz dele. Caraca! Reconheci sua voz, péssimo sinal.
- Recebeu meu presente? Fico feliz em saber que reconhece a minha voz.
- Sim, mas não posso aceitar. Respondo, mas é claro que quero. Sou bailarina, sei o que tenho nas mãos, é como um baú de tesouros.
- V>u me sentir ofendido caso devolva. A maciez de suas mãos está em suas palavras. Que droga! Meu corpo reage a ele, tenho que me controlar.
- É importante para você? Pergunto, com certo charme.
- Sim, mais do que possa imaginar. Ele faz uma pausa - Victoria, é apenas um presente, carregado de todas as piores intenções do mundo, mas é apenas um mimo.
- Evan, você não me conhece, não sou desse tipo.
Preciso ao menos tentar colocar alguns limites.
- Não conheço. O que sei está em uma folha de papel, mas adoraria averiguar. Ele é altamente combustível e eu estou soltando faíscas.
- O que você quer?
- Eu quero você! "Isso realmente é um problema..." Penso comigo.
- Não funciona assim "Vou tentar explicar?" Pergunto a mim mesma.
- Como funciona? Poderia me ajudar? Ele é estonteante.
- Posso! Não estou à venda, não saio com desconhecidos e realmente acho que você tem opções mais interessantes. Penso em algo com morangos que li em um desses livros de bolso.
- Em primeiro lugar, não quero comprar você, em segundo, você já me conhece e, em terceiro, talvez ninguém mais possa me interessar. Esse homem me obriga a querer outro banho, mas desta vez gelado. Estou exausta apenas de falar com ele.
- Ok, Evan, seja claro!
- Quero você, estar em você, ver seu sorriso pela manhã assim que acordar. Direto macio e tentador.
- Creio que não vai ser possível.
- Não?
- Não, Evan, e você entenderia meus motivos.
- Tudo bem, então eu quero saber sobre todos eles, aceita meu presente?
- Não posso isso custa uma fortuna!
- Posso garantir que não me baseei em valores, apenas imaginei você usando cada um dos itens.
- Como sabe meu número?
- Preencheu um cadastro de matrícula, em uma escola de balé, isso não foi difícil.
- Usou a forma mais baixa de inteligência, Sr. Maccouant.
- Não foi a minha intenção.
- Não quero que pense algo ruim a meu respeito caso aceite. Entenda, o que me enviou é tentador.
- Não penso nada ruim a seu respeito, para ser franco, não há nada de mal se passando em minha mente. Gostaria apenas de pedir um pequeno favor, estou idealizando isso desde que entregaram a caixa em meu escritório.
- Peça, mas corre o risco de ouvir um sonoro NÃO. Sorrio.
- Está zombando, Srf Campbell?
- Não!
- Não gosto que riam de mim. Sinto seu sorriso e, por algum motivo, esse homem sabe a minha senha.
- Peça o favor.
- Gostaria que usasse seu presente hoje.
- Hoje? Surpreendo-me.
- Sim, hoje.
- Por quê?
- Amanhã embarco para Paris e vou ficar cinco dias fora. Gostaria de ser o primeiro a vê-la usando seu presente. Juro que as palavras dele têm uma força sobre-humana, parece que me sinto obrigada a cumprir.
- Que horas? "O que é isso, Victoria?" Sua devassa, atrevida! Penso comigo, mas as palavras pularam de minha boca e já era tarde.
- Às dez horas eu pego você no hotel.
- Tem certeza disso? Posso não ser o que você está esperando.
- Certeza absoluta de que quero vê-la dançar. A imagem de você e o som de Vivaldi estão em mim desde essa manhã.
- Você viu apenas alguns minutos de dança.
- Para ser franco, vi quarenta e dois minutos de dança através das câmeras de segurança que gravam tudo que acontece.
- Câmeras?
- Sim, e você sabe que elas estão presentes, fez a matrícula e assinou um termo ciente dessa condição. Costuma assinar sem ler?
- Não, mas assinei por que estava empolgada com a companhia.
- Justificou-se, isso não é bom.
- Você está me analisando?
- Desde o Pastis. Não pensei que a veria novamente.
- Me viu no Pastis?
- Sim, estava encantadora, jantar em família, isso realmente foi muito bom de ver.
- Esta me assustando.
- Não precisa, não faço mal algum Como disse, pelo contrário.
- Espero que sim.
- Te pego no horário combinado.
- Até logo.
* * *
O que posso fazer para que duas horas passem voando? Limpeza de pele, remoção de pelos? Um banho demorado, tipo, mil horas? Onde estou com a cabeça, nem conheço esse homem Mas confesso que gosto do formigamento.
Uso o tempo para cuidar do visual, em todos os sentidos, inclusive prender meu cabelo de forma perfeita e maquiagem de acordo. Será que ele escolheu a música, ou vai deixar por minha conta? Puxa vida, cinco dias em Paris? Uma tristeza me arrebatou, mas não posso demonstrar isso.
Termino meu coque como se fosse me apresentar na Broadway e da mesma forma faço uma maquiagem, olhos marcados, mas nada de exagero. Retiro tudo da caixa e coloco com cuidado dentro de uma bolsa um pouco mais apresentável do que a velha carcaça de lona. Essa é de couro em tom caramelo. Faltam menos de dez minutos.
Meu guarda-roupa é composto setenta por cento por vestidos e o restante se divide em calças, regatas, camisas finas e shorts. Claro que escolho um vestido, frente única em tom verde água e, nos pés, uma sandália com apenas duas tirinhas que se prendem ao tornozelo, um par de brincos com pedrinhas no mesmo tom do vestido completam o visual.
Sigo para a recepção o atendente avisa que tem um carro a minha espera, pergunto por Lucca e recebo a resposta que ele saiu pela manhã e estaria fora por um longo tempo.
Agradeço e me despeço do atendente.
E lá vamos nós. Meu estômago revira meio filé e duas folhas de alface no almoço. Ouço barulhos horríveis saindo de mim; fome, mas agora nem pensar, vou rodopiar e isso pode acabar mal.
O elevador atinge o térreo e passo pela recepção, mas não despercebida, os cabelos sempre me denunciam estou com coque estiloso no topo de minha cabeça e um vestido longo quase cobrindo meus pés.
Logo que chego à escadaria em frente ao hotel, avisto-o avassalador, como na noite do Pastis. Calça jeans clara, um tênis esporte fino, camiseta verde escura com gola V. Os cabelos jogados para trás e o perfume dele está em toda parte, incendeia meus sentidos.
- Boa noite, você está linda, deslumbrante. Ele estica o braço e segura minha mão, com a outra, pega minha bolsa. Não sei se deveria ter rejeitado esse convite, mas a maldição de Ellis sobre os errados estava sobre mim.
- Obrigada, mas não sei bem o que fazer.
Confesso minha total e completa falta de experiência em encontros. Esse era o meu primeiro.
- Você está brincando, certo? Agora quem está assustado sou eu. Ele ri. Acho que não acredita.
- Não, não estou. Digo, enquanto o motorista dele abre a porta do XC60 prata reluzente para mim.
- Srf Campbell, antes de continuarmos preciso deixar claro que não absorvo mentiras, sou totalmente intolerante em relação a isso. Ele pensa que estou mentindo sobre o quê?
- Não estou mentindo, sobre o que eu poderia mentir? Pergunto assim que ele senta ao meu lado, colocando a bolsa entre nós.
- Sobre não saber o que fazer. Ele fala em tom sério e o carro ganha certa velocidade.
- Não menti, realmente não sei o que fazer. Ele arqueia as sobrancelhas lindamente.
- Você nunca dançou para alguém? Pergunta, esperando que eu responda que ele foi o primeiro.
- Não me referi a isso.
- Então você dançou para alguém?
- Evan, por que você quer saber isso?
- Resposta errada. Sinto uma sombra em sua voz.
- Você ficaria surpreso se dissesse que sim, que dancei?
- Surpreso não seria a palavra. A sombra ainda está nele, e eu a sinto me alcançando.
- Vou te responder depois que me apresentar. Sorrio.
- Vou ter que aguardar?
- Sim, a vida é feita de esperas, você não sabia disso?
- Não gosto de esperar.
Ele afasta a sombra e solta um sorriso de canto na boca, e o carro para em frente a Gael.
- Mas essa noite você vai aprender como fazer isso. Anuncio e saio do carro que o motorista gentilmente abriu a porta.
- Gosto de aprender, mas não acho que expectativa seja algo que um dia será do meu agrado. Ele joga palavras em mim e tenho vontade de me perder nele.
- É lamentável, mas não posso fazer muito a não ser fazer você esperar. Sorrio sem dentes, em segunda intenção.
- Por algum motivo inédito tenho vontade de obedecer alguém Ele diz e dispensa o motorista, abre a porta da Gael e em seguida a tranca.
- Está com medo que eu fuja? Pergunto em tom debochado.
- Não, estou com medo de alguém interromper uma apresentação especial, mas agora que tocou nessa hipótese, preciso saber você fugiria?
- Evan, não sei de onde está vindo coragem para estar aqui, ou para responder suas questões, mas a verdade é que essa informação faz parte da primeira pergunta da noite. Sorrio novamente e ele também. Que sorriso perfeito... "Vou perguntar se ele me seguiu... Melhor não", penso comigo.
- Eu espero. Ele respira fundo e responde.
- Viu só? Bom aluno, aprendendo o significado de paciência.
Ganhamos os andares e vou direto para o camarim me trocar.
Olha essa sapatilha! Putz! Dançaria por dias com elas, a saia parece que foi feita sob medida, assim como o top de ombro único. Tudo preto, menos as sapatilhas em vermelho.
"Ok, Victoria, é apenas uma dança, você não tem problemas com isso". Convenço-me, coloco pé ante pé em direção à sala espelhada. Sigo adiante, preciso disso, algo me diz que necessito desta noite, dessa sensação única que faz minha espinha gelar e contrair meu estômago. Alguns passos, eu o vejo, sentado, em uma poltrona que habilmente ele colocou ali sem fazer barulho.
- Atrapalho se ficar aqui?
- Não, tenho espaço suficiente para o que preciso. Digo, ajeitando o único ombro coberto pelo tecido macio e fino do top.
- Você é magnifica, enlouquecedora. Não me canso de deseja-la, como uma droga. Ele fala tão sério que faz minha baixa cintura tremer.
- Obrigada, mas está me deixando sem jeito, não costumo ouvir isso.
Abaixo minha cabeça. E finjo arrumar alguma parte de minha vestimenta.
- Com um rosto desse não precisa abaixar a cabeça. Levanto meus olhos em sua direção.
- Escolheu a música? Pergunto ainda parada no centro da sala espelhada.
- Escolhi apenas a roupa. Confio em você para a trilha sonora. Para ser bem franco o som é apenas um detalhe. O sorriso desse maldito me faz pensar nos errados, mas será que ele é um deles? E se ele for o certo? Já não importa, quero arriscar.
- Tudo bem, sei o que escolher. Vou até o aparelho de som, novamente nomeio Vivaldi e aperto play.
Nesse exato momento, apenas respiro fundo, e começo a apresentação. A coreografia do festival de Edimburgo se repete, foi uma das apresentações mais lindas que fiz. Ganho os cantos da sala e os reflexos no espelho, nas pontas dos pés, nos saltos e nas pernas que tomavam impulsos para giros perfeitos. Danço para a música como se estivesse sozinha, como se estivesse do outro lado do oceano.
Eu estou dançando para um homem desconhecido, bailando para alguém pela primeira vez.
Em uma das manobras, me aproximo de Evan e sinto sua fragrância, sua presença. Eu posso senti-lo em mim, é como se tivesse nascido para isso, para esse momento.
Há um magnetismo, uma névoa boa entre nós. E nas pontas dos pés enxergo por cima do muro que me isola do mundo. Meus demônios internos estão ao redor dele, assistindo a apresentação. Meu milagre atendido? Talvez.
O barulho da ponta das Repetto contra a madeira do chão e Vivaldi são os únicos sons audíveis. O tecido dança sobre minhas pernas e meus braços esticados me trazem equilíbrio. A música me leva para outro plano. Estou gostando muito de estar aqui, e por dez minutos ganho a sala e faço o pequeno favor a Evan.
- Deslumbrante! Algo memorável. Encantamento total e, para completar, escolhe El Otono, de Vivaldi. Essa noite entra para a lista de melhores que já tive. -Altamente compensador. Ele sabe o que dizer para fazer alguém ficar inflada.
- Obrigada. Estou envergonhada agora, e ofegante também.
- Eu esperei, fui um bom menino, agora quero saber... Ele se levanta e vem em minha direção, e isso me causa pânico porque não sei como agir.
- Espere! Fujo de seu rosto quase se encostando ao meu.
- O que foi? Ele não entende. Não vai entender nunca. Ele vai me colocar no carro e me despejar no hotel.
- Desculpe, mas é que eu não estava esperando. Na realidade, esperei minha vida toda, mas agora também não sei o que fazer, estou nervosa. Falando sem parar, pulando letras e me amontoando em um canto da sala.
- Não entendi. Se puder explicar.
Ele está perplexo com a minha atitude, qualquer uma o beijaria, mas não sou qualquer uma. São dezenove anos, nem um único beijo na boca, nenhum toque. - Posso, mas não gostaria que risse, é apenas um princípio meu.
- Você nunca dormiu ou teve uma relação mais íntima com alguém.. Ele pondera as palavras, mas não precisava. Se eu não falasse, iria explodir.
- Evan, sexo, essa é a palavra; não, nunca estive com alguém, vou entender se você estiver zangado, mas é um pouco mais complexo que isso. Ele se senta na poltrona.
- Pode dizer, porque agora estou profundamente intrigado. Cruza os braços e não entendo. Ele teria qualquer mulher, por que vai fazer meus caprichos?
- Posso me aproximar de você? Eu o olho desconfiada.
- Por favor. Ele estica os braços me chamando em sua direção.
- Evan, você é lindo, realmente nunca conheci alguém assim, chega ser uma provocação, e, além disso, é bem- sucedido, e extremante inteligente. Você é uma arma letal. Poderia ser a ruína de uma mulher, mas acredito que nunca conheceu alguém como eu. Acho que não.
- Victoria, conseguiu me assustar. Sabe quantas pessoas conseguiram isso? Nenhuma, nunca.
- Quando me perguntou se eu havia me apresentado para alguém, como fiz para você hoje... - Alcanço a sua mão. - Pensei em algumas respostas, mas não há muito que dizer. Nunca dancei para alguém singularmente, nunca fiz sexo ou beijei.
Sabe aquele silêncio péssimo? Então...
- Você nunca beijou? Ele está assustado, estupefato.
- Não. Respondo. Por que me sinto culpada?
- E agora? "Cacete, que pergunta é essa?" Penso comigo.
- Desculpe, como assim e agora?
- Sabia que estava diante de alguém especial, mas não imaginava que receberia essa informação.
- Achei que deveria saber, o beijo é mais íntimo que o próprio sexo. Meus princípios são realmente raros. - Estou encabulada e ele se levanta. Confesso que gelo, mas ele desvia de mim e isso me dá uma sensação de abandono. Minha mãe sempre desviou de mim Não sou boa o bastante para ninguém.
- Beba. - Ele me traz água. - Você dançou por dez minutos, acho que precisa disso.
- Obrigada. Viro a água, mas gostaria que fosse uma dose de tequila. Ele pega o copo da minha mão e o coloca no chão, perto da poltrona.
- Não vou fazer nada que você não queira, mas confesso que essa informação me deixou perdido em relação a você. Em geral, tenho uma reação programada para tudo. Seu indicador e polegar são pressionados em sua testa.
- Isso é uma pena, porque você não se surpreende nunca. Declaro em tom solene.
- Acabei de me surpreender! Ele me puxa para junto do seu corpo perfumado, inebriante. Estou suada, a testa ainda está molhada.
- Estava pensando em como seria se isso acontecesse. Confesso baixinho.
- Isso, o abraço? Ele pergunta, com um sorriso discreto.
- Sim Respondo e ele sela minha testa úmida. Minha reação é apenas fechar os olhos. Sua boca fica ali por alguns instantes. Sinto seu toque em meu rosto, aos poucos, lentamente, seus lábios vão descolando e nossos olhos estão juntos. A energia é surreal, as luzes da sala não nos iluminam diretamente e seu rosto se aproxima do meu, sua boca se próxima da minha sem encostar.
- Primeiro? Ele pergunta, fecha os olhos e os abre em seguida. Suas mãos estão apoiadas em meu rosto e meu olhar atravessa o dele. - Não posso acreditar - ele sussurra. - Você me desmontou à primeira vista e agora estou diante dessa boca linda. Ele suspira e vagarosamente encosta seus lábios nos meus. Sua língua encontra a minha e sinto o bater das asas de borboletas em meu estômago.
Perfeito, encaixe perfeito. Hálito doce, tão doce quanto seu perfume. Não sei o que fazer, não sei como agir, então deixo por conta dele o toque de línguas, o movimento, minhas mãos estão imóveis em sua cintura. Errado ou não, era ele quem eu queria. Seu beijo desencadeia uma série de impulsos. E tudo acontece naturalmente.
- Sua boca é uma delícia. Quando disse que queria você, Não tinha ideia do quanto. Ele diz, com os lábios encostados nos meus, e retoma o beijo.
Uma onda interna e altamente inebriante. É como uma dose de tequila.
- E agora? A maldita pergunta novamente, assim que seus lábios descolam do meu.
- Como assim "e agora"? Você me beijou e pronto. Qual é o problema dele? - Bom, acho melhor ir embora. Digo com sensação estranha dentro de mim.
- Sim, eu te levo, amanhã tenho uma longa viagem pela frente. Lembro-me dos cinco dias em Paris.
- Claro. Tomo distância dele e vou buscar minha bolsa. "Droga, Victoria! Que cacete! Ele era o errado, não gostou de alguma coisa. Está estampado no rosto dele, que foi uma experiência negativa, algo que ele não gostou". Odeio chorar, mas não consigo segurar, minha maquiagem escorre como rios negros em meu rosto. Preciso me controlar, não posso sair daqui chorando, mas quero sair agora.
Enxugo meu rosto, tiro todo o presente que ele havia me dado, coloco meu vestido e sandálias e saio.
- Podemos ir agora. Declaro passando por ele e pisando firme.
Descemos em silêncio, ele chama o motorista e partimos. Deixo minha bolsa propositalmente. Ali dentro havia apenas os presentes, eu não os quero.
- Evan, desculpa por ter feito algo errado, suas coisas estão aqui e foi um prazer conhecer você. Respiro fundo. -
A propósito, você estava me seguindo hoje?
- Sim, eu não podia perder você de vista, estava prestando tanto a atenção em você que não vi o sinal fechar e muito menos o ônibus, mas não sei se foi uma boa ideia. Tom distante. Desço do carro e entro no hotel.
- Laranjinha! Lucca me encontra em um péssimo momento.
- Lucca, agora não quero conversar. Ele me segue e entra no elevador comigo.
- O que aconteceu? Ele é um chato e meio.
- Não quero falar, estou com raiva. Braços cruzados e uma cara feia e fechada.
- Victoria, amanhã vou para Boston, fazer meu curso por lá.
Era só o que me faltava. Ficarei, de fato, abandonada.
- Fico feliz, mas por que tão longe? Preciso me distrair. Não posso lembrar- me da reação de Evan, chega a me embrulhar o estômago.
- Quando papai recebeu a notícia da transferência, há alguns meses, procurei alguns cursos por aqui e um deles oferece uma bolsa para quem trabalha dentro da instituição. Vou trabalhar no campus. Fazer meu curso de graça.
Para ele é uma vitória, almeja liberdade há anos e aproveitou bem a ausência e palpites de minha mãe extra protetora.
- Me sinto orgulhosa de você. Estou explodindo por dentro, de raiva, mas ele não tem nada a ver com isso.
- Ligo para você amanhã. Ele vai para sua suíte, eu para minha masmorra. Minha única reação foi alcançar meu iPad e abrir meus e-mails. Preciso da Ellis, vou escrachar essa cretina. Divirta-se com os errados. Rhumf!
-@@-
De: Victoria Red
Para: Ellis Pepper
Assunto: Sua Maldita
Terça feira 19 de agosto 23h27min
Ellis
Encontrei um errado, o pior, segui seu conselho e agora estou me sentindo a imbecil da vez.
Muita raiva de mim.
Victória puta da vida...
* * *
CLUBE 13
O som da casa esta alto, está tocando Prince, Kiss é a música.
Sobre a mesa redonda para oito cadeiras algumas garrafas, o som vem de fora eles estão em uma área reservada de um casarão de entretenimento.
O lugar tem um carpete vermelho e fofo, possui algumas portas, quadros e pouca iluminação como se brincassem de gangster. Um vidro possibilita a vista sobre as morenas, mas para elas é apenas um espelho, elas estão expostas como objetos em uma vitrine.
O tilintar das taças brinda um ménage à trois. Benjamin gosta desse tipo de sexo.
Cada um deles tem direito a uma garota da vitrine. Ramon se aproxima com um copo remexendo pedras de gelo. Giovani será o primeiro da noite, ele trouxe a encomenda anterior.
- Preciso apenas de uma, tive um dia cheio, e realmente não estou disposto a ter muito trabalho, prefiro a mais experiente, assim coloco as minhas mãos na consciência e a deixo trabalhar. Giovani explica o que seria a mão na consciência, ele coloca as duas mãos na nuca e movimenta a pélvis.
- E você Benjamin, vai ficar até amanhã? Ramon pergunta se sentando em torno da mesa enquanto Benjamim acena com a cabeça em sinal de positivo.
Benjamim pergunta sobre Carl, César, Alexander e Evan?
- Carl está na mesa de apostas, César está assistindo ao show, Alexander chegara mais tarde e Evan, bom Evan, mandou um substituto.
Giovani da à notícia e surpreende nunca ninguém mandou um substituto, apesar de ser algo perfeitamente aceitável desde que traga uma encomenda extra.
- Substituto? Tem certeza Giovani?
Benjamin preenche o copo e vira de uma só vez. Ao seu lado uma garota, está ajoelhada, em volta de seu pescoço uma coleira de diamantes, que termina em uma corrente dourada, ela esta com a cabeça baixa.
É sua garota fixa, todos sabem que tem um quarto reservado para ele, onde cruzes de Santo André, chicotes e vários instrumentos de tortura estão a sua disposição, hoje uma das escolhidas irá para lá, fazer companhia a menina da coleira,
Benjamim é um dominador, mas um dia espero, será dominado, não entendo como a pobre garota suporta isso.
Bryan e Andrew chegam à sala reservada com copos em suas mãos.
Giovani pergunta como foi à reunião em Tóquio essa semana.
- Perfeito, acho que a próxima capa da Forbes terá meu rosto magnifico em sua capa, eu deveria cobrar um cachê por isso. Bryan se convence de sua beleza através de um par de olhos azuis e um cabelo de propaganda de xampu.
- Não Bryan, com certeza será o meu rosto que eles vão querer. Andrew entra na brincadeira com seu sorriso em um rosto de pele impecável e cabelos dourados.
- Os dois estão enganados, a capa da Forbes será minha. Gutenberg invade a sala e antes da porta se fechar Wallace entra arrancando a gravata.
- Gutenberg, você foi capa da Forbes há quatro anos e depois disso nunca mais. Andrew zomba, parece uma reunião de garotos do primário.
- Carl deve esta ganhando e Cesar precisa se conter sua fábrica de borracha não vai resistir a sua fraqueza por rebolados. Wallace fala divertido -César está tranquilo, fechou um acordo excelente, está comemorando. Comenta Benjamin bem informado -E Alexander? Gutenberg pergunta - Vai chegar mais tarde. Giovani responde.
- Cheguei, podem parar de chorar moças! Sebastian chega brincando -Cabelereiro atrasou queridão? Gutenberg entra na brincadeira.
- Sim, ele te atendeu antes. Sebastian língua afiada desmonta Gutenberg.
- Mas vamos ao que interessa, onde está Evan? Wallace pergunta.
- Ele não vai vir, mandou um substituto e uma encomenda extra. Giovani de novo repete a notícia, foi com ele que Evan conversou, Giovani é o único que Evan contaria algo, eles se conhecem há mais de vinte anos, seus pais são amigos.
- Quem vai mandar um substituto? Carl entra na sala perguntando e em seguida Alexander.
- Evan. Giovani responde perdendo a paciência, é a terceira vez que ele responde, realmente parece uma reunião da terceira série.
- Por que ele vai mandar um substituto? Ele nunca faltou, ele é o anfitrião. Alexander questiona virando um gole de uísque de uma só vez. A porta se abre novamente.
- Opa! Todos chegaram? Aonde esta o Evan? César entra com a gravata no bolso e um copo de uísque nas mãos.
- Ele não virá, vai mandar um substituto. Giovani respondeu com saco cheio.
- Um substituto? César esta assustado, em cinco anos no clube nunca houve um substituto.
- É caralho, uma porra de um substituto, estou de saco cheio de responder a mesma coisa, espere ele chegar, eu o conheço e é de extrema confiança. Giovani termina sua dose de tequila.
- Não podemos perder a qualidade de nossas encomendas. Sebastian adverte.
- Por que vocês não calam a boca e esperam. Giovani está irritadíssimo.
- Você sabe de algo que não sabemos? Carl provoca.
- Eu sei que você devia fechar a merda da boca e esperar. Giovani completa o copo e vira de uma única vez.
Há quase uma hora estou olhando através das câmeras colocadas por Evan, me encontro em uma sala de controle que, nem um deles sabe da existência, então tomo uma decisão e resolvo descer e me apresentar.
- Boa noite senhores!
Cumprimento todos enquanto entro na sala, fui informado de todas as regras e procedimentos, apesar de conhecer de cor e salteado o funcionamento dessa putaria, não me sinto bem em estar aqui, não quero manchar a memória de minha esposa, mas foi um pedido de Evan, faria qualquer coisa por ele, e já não tenho muito a perder.
- Günter? Não acredito tudo bem com você? Carl me conhece há mais de dez anos.
Cumprimento também mantendo minha posição séria diante do amigo.
- Tudo certo, o que trouxe para nós? Carl coloca as mãos no ombro de Günter.
- Vocês irão apreciar. Respondo com um sorriso malicioso em meus lábios e alcanço um copo com uísque. E todos observam a loura de quase um metro e oitenta entrar na sala junto com as morenas.
- Viva o substituto! Sebastian brinda ao olhar a mulher de curvas perfeitas.
- Por que Evan não pode vir? Alexander me pergunta.
- O motivo realmente eu não sei. Afasto o sorriso e volto para minha posição séria.
- O motivo é irrelevante, o importante é que todos estão aqui. Giovani encerra o assunto defendendo Evan e caminha em minha direção.
- Tudo bem Günter? Giovani que me conhece desde a infância me cumprimenta.
- Tudo bem Giovani, como estão Senhor e Sra. Makenzy? Pergunto sobre os pais dele enquanto caminhamos para uma canto afastado.
- Tudo perfeito, quem é ela? Giovani, não aguenta de curiosidade sobre o amigo.
- Eu não sei quem é ela, mas é linda, ele a viu no Pastis, durante um jantar acho que estava com a família dela. Estávamos no Pub em frente e assim que ela saltou do taxi, ele simplesmente se encantou. Ela era uma encomenda.
Arqueio uma sobrancelha tentando mostrar o tamanho do problema.
- Ele me contou por cima, sem muitos detalhes, a princípio se tratava realmente de uma solicitação e ontem de manhã quando nos falamos ele desconversou sobre o pedido, disse que a perdeu de vista. Giovani está com um sorriso no rosto, feliz pelo amigo.
- Assim que saímos do pub, ele a olhou mais de perto, aproveitamos que um ônibus passou e descemos para o metrô, ela o viu também e ele por alguma estranha razão não soube como agir. Mas a verdade é que tem alguém lá em cima que sabe exatamente o que tem que acontecer e quando. Viro a dose de meu whisky, preciso coragem para enfrentar esses leões.
Por que esta dizendo isso? Sabe que o Evan é meu irmão de coração, torço demais por ele. Giovani abriu um sorriso.
- Leia isso: deslizo o polegar sobre a tela do celular. -Ele encaminhou essa tarde, por volta do meio dia em Nova York. Estou aqui por que ele estava à procura dela.
‘ Günter, ela está nas pontas dos pés na minha frente, a ruiva do Pastis, está na Gael, encaminhei a foto’’ Abaixo da frase a foto.
- Ela é linda. Giovani dispara ao ver a foto de Victória na ponta dos pés.
- Pessoalmente é ainda mais bonita.
Eu faço uma propaganda, deixarei que só ele saiba o que está acontecendo. -Günter, acho que perdemos nosso anfitrião. Giovani dispara com um sorriso no rosto. Eu o olho com ar preocupado e respondo.
- Provavelmente, mas ambos sabemos o tamanho deste problema.
Capítulo 3
Como vou conseguir dormir essa noite? Ele vai para Paris, serão cinco dias e o pior: mesmo que ele não fosse, eu não poderia fazer nada. Posso ligar para ele, xingar, me desculpar. Deveria ter odiado seu beijo, mas o encaixe foi perfeito. É isso que está me derrubando. Ele me seguiu cacete! Coloco “Funcking Perfect”, Pink, e espero pelo sono.
Um raio de sol entra pelas frestas das cortinas. Não me assusta, estou acordada, para ser honesta ainda não dormi. Ao meu alcance o iPad, ele avisa que são sete horas da manhã e terei que retornar à sala espelhada, voltar lá sem ele.
Banho, macacão jeans (minha forma de rebeldia) e bolsa com minhas roupas antigas de dança, inclusive a sapatilha de Jazz que, de vez em quando treino, e rumo a Gael. Ao chegar já encontro Sam na recepção, ela me cumprimenta e avisa que minha turma ainda não chegou, sei que estou adiantada, então comento que vou subir e me alongar, marcamos de nos encontrar na hora do almoço, ela esta com um sorriso misterioso.
Subo as escadas devagar, ajeitando a bandana vermelha dobrada em forma de tiara sobre meus cabelos Alguns alunos estão no segundo piso. Começaram cedo os ensaios para a apresentação de hip hop.
Entro na sala espelhada e meu coração treme. Ouço baixinho The Face, Kings of Leon, vem de um celular. Tremo mais ainda pelas lembranças da noite anterior e por ver que Evan está no jardim, com as mãos nos bolsos de sua calça social. Seu terno está aberto, o olhar fixo. O celular sobre a mesa externa, ele não me viu chegar, então sigo para o camarim, trocar de roupa.
Coloco meu velho uniforme, arrumo meu cabelo, volto para a sala Seleciono uma musica e aperto o play. Não escolho nada clássico. Addicted To Love na voz de Florence. Preciso eliminar alguns demônios, essa musica é perfeita.
- Preciso falar com você. Evan interrompe ambas as músicas.
- Pode falar, mas, por favor, aperte o play e abaixe o volume. Direta, e sem qualquer vestígio de que uma pequena porção de Evan esteja aqui dentro.
- Não vou colocar a música, estava esperando por você e preciso ser breve. Meu voo sai em menos de três horas, mas não conseguiria viajar com esse assunto pendente. Elegante, de terno e gravata no mesmo tom de cinza.
- Ok, seja breve. Digo e, agora, de braços cruzados.
- Victoria, ontem não quis ser ríspido deixar você naquela situação, mas é que há tantos detalhes envolvidos que acredito que eu não possa fazer bem para você. Por outro lado, não sei que atitude tomar.
- Evan, foi especial para mim... É apenas um beijo. Sei que é pouco tendo em vista a quantidade de opções que cercam você, mas, por favor, não se preocupe. Faça sua viagem, resolva seus negócios e cada um segue seu caminho.
- Esse é o problema, seguir um caminho longe de você. Ele vem em minha direção, beija minha testa e vai embora.
Maldito! Não quero sentir isso, não posso querer ficar tanto assim com alguém. Estou com problemas, o beijo não sai da minha cabeça.
- Oi, você é a Victoria? Uma garota de cabelos descoloridos do Hip Hop entra na sala espelhada e me surpreende.
- Sim, sou eu.
Ela avisa que tem uma encomenda para mim, está com Sam, e a mesma pede para eu descer.
Agradeço, e então me lembro da Repetto vermelha e uma fagulha triste me acerta, desço as escadas correndo, desconfio que esse elevador nunca seja utilizado.
- Oi, Sam, queria falar comigo?
- Sim, Evan pediu que te entregasse isso. Ela sussurra em meu ouvido e aponta para a bolsa que eu havia deixado no carro.
- Ah, minha bolsa. Respondo, sem graça, e a alcanço.
Rose entra, cumprimentando-nos com um sorriso. Sam e eu respondemos em seguida ela se dirige a Sam -Tenho alguns compromissos e quero que você entregue esses convites. Rose entrega uma caixa para Sam, peço licença e me retiro com minha bolsa. “Seria bom se ela não ficasse aqui...”, penso enquanto subo as escadas. Ela é tão semelhante a ele...
Jogo a bolsa no canto da sala. Aos poucos o ambiente é tomado por alunas, lindas e novas, não mais que doze anos. Eu me apresento e começamos as danças despretensiosas, os aquecimentos, então a porta do elevador se abre e, de dentro dele, uma menina de cadeira de rodas sai e vem em direção á sala espelhada. Ela assiste todo o ensaio, é linda e não está sentada ali porque não tem os movimentos das pernas, está na cadeira, por conta de um tratamento forte. Câncer. Ela não tem nenhum fio de cabelo e está bem debilitada, mas em seus olhos é possível ver a paixão pela dança.
- Oi. Aceno timidamente assim que as alunas saem, deixando apenas nós duas.
- Oi. Responde a menina de olhos verdes e pele clara.
- Você gosta de balé?
- Gosto muito, mas não posso mais dançar. Ela olha para a cadeira de rodas e me sinto péssima, às vezes reclamo por tão pouco e esqueço que posso rodopiar sobre as pontas de meus pés.
- Mas você daqui a pouco vai estar bem e poderá dançar. Tento confortá-la.
- Não vou ficar bem para dançar... Meu nome é Alice, e o seu?
- Sou a Victoria. Você é linda e vai ficar bem, sim.
- Minha mãe dançava comigo, mas agora ela foi morar com Deus.
“Que merda de pessoa eu sou?” Pensei em estar na mesma situação, sei que não teria a força que ela tem.
- Você quer dançar? Pergunto, para impedir o choro.
- Quero. O sorriso dela se abre, iluminando a sala espelhada.
Corro, aperto o play e me aproximo novamente.
- Posso pegar você? Ela concorda com a cabeça. Ela veste uma calça de malha e uma camiseta rosa, é miudinha, tem a aparência de no máximo sete anos, mas a doença a deixou magra.
- Vamos lá. Rodopio com a pequena Alice por todo o espaço. Suas gargalhadas, sorriso, seu total e completo encantamento... Tira-me de minhas irrisórias preocupações e me sinto livre. A pequena Alice me liberta, mesmo sem saber.
- Era assim que minha mãe fazia. Meu coração aperta, dói, penso nessa menina como um raiozinho de sol.
- A outra professora não olhava para mim.
- Sua mãe fazia melhor, mas agora você vai me ensinar. Posso esperar você aqui, amanhã? Pergunto, assim que a música acaba e a coloco de volta em sua cadeira.
- Eu posso mesmo?
- Claro, adoraria. A pequena e debilitada Alice mostra o quão fraca eu sou.
- Então eu venho. Ela confirma feliz, e isso salva meu dia, eliminando os meus piores demônios.
- Ah! Sabia que encontraria você aqui. Sam entra na sala e fala para minha pequena parceira de dança.
- Tenho que ir embora, agora.
- Sim, você precisa ver se esse bichinho que esta aí dentro. Sam explica de uma forma tão caridosamente amável que me comove. Sim, é câncer mesmo, e o bichinho ainda está com muita fome, isso é claro.
- Vou te esperar amanhã. Beijo o rosto dela, imagino o que seria de mim se não pudesse dançar.
- Vou estar aqui, com certeza. Ela abre os braços e a abraço. Apaixono-me pela força dela. Não sinto pena da garotinha de olhos de esmeralda. Sinto pena da Victoria.
Termino minhas aulas, almoço e concluo a turma da tarde. Passo o dia pensando na menina que ama balé, mas talvez não tenha isso por muito mais. Volto para o hotel e jogo as bolsas em cima da cama.
Tomo um banho, coloco a primeira calcinha que vejo pela frente e me esparramo na cama vestindo o roupão fofo; penso em Alice e sua incrível força em sorrir; meus pensamentos insistem no Evan, alcanço a bolsa que havia devolvido.
- Maldito! Blasfemo, em voz alta. Como não pensar nele?
Largo a bolsa e pego meu iPad. Preciso xingar a Ellis novamente.
Trinta e duas mensagens novas, entre cupons de desconto, notícias de última hora, a resposta da Ellis e um e-mail do dele. Evan tem meu e-mail. Claro, cadastro de matrícula.
-@@-
De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: Você é muito estressada
Quarta feira 20 de agosto 17: 32
Victoria,
O que aconteceu?
Bjs.
-@@-
Não vou responder sua filha da puta. Não teria ficado tão tentada em fazer se ela não tivesse colocados ideias em minha cabeça, dicas de como se dar mal com o primeiro beijo. E agora tem um e- mail do perfumado e assombrado Evan. Que dia!
Meus olhos passeiam rápido, por toda caixa de entrada tem um e-mail de Evan.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Repetto
Quarta feira 20 de agosto 18h43min
Srf Campbell,
Não sabe como fiquei profundamente ofendido com sua atitude em devolver meu presente. Espero que não o devolva novamente.
Não consigo trabalhar.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
-@@-
Mas é um grande cretino, ele me deixou sozinha hoje, o que está querendo?
Enlouquecer-me? Está conseguindo.
-@@-
De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Trabalhar?
Quarta feira 20 de agosto 19h32min
Sr. Maccouant,
Muito me causa espanto você não conseguir trabalhar. Você mesmo disse que não precisava.
Quanto à devolução, acredito que não seria justo ficar, já que você não apreciou a apresentação.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes.
-@@-
É um maldito, mesmo! Eu mal profano contra ele e a resposta aparece. Isso me estremece, e me arrependi de ter respondido.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Sim, trabalhar.
Quarta feira 20 de agosto 19h34min
Srf Campbell,
Não precisar trabalhar não significa que eu possa deixar de lado assuntos já iniciados. Nesse caso, preciso cumprir uma agenda, mas realmente está difícil. Ontem eu assisti de forma exclusiva a melhor apresentação que já vi, em todos os sentidos. A propósito poderia me acc. em sua rede social? Estou aguardando.
P. S.: Tenho seu gosto em minha boca e isso faz meus assuntos profissionais se perderem entre nossas línguas.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
-@@-
Eu não posso ter essa reação física apenas por ler um e-mail, abro minha rede social e ali está à solicitação dele, dou uma rápida olhada em sua homepage, e verifico que não tem nada, nem mesmo um único amigo. Evan abriu uma conta somente para falar comigo, no perfil uma foto, está de óculos escuros, mas seus lábios são inconfundíveis. O Adiciono e logo aparece online, então decido responder através do in box mesmo:
Vick.RED:
Peço desculpas por ter lhe tirado a concentração, afinal de contas, é seu trabalho.
O que não consigo entender é que, se gostou do que assistiu e PROVOU, por que me ofertou a pior das reações?
Maccouant:
Sim, eu gostei, acho que mais que isso Posso explicar.
Peço que não use Caps. Locke, isso me faz pensar em sua boca.
Eu passo levemente meu indicador, em meus lábios e dou um sorriso, logo envio a resposta.
Vick.RED:
Então você pode explicar? Ótimo, vou
cobrar isso daqui quatro dias.
Eu também gostei de me apresentar para você, caso isso importe. Eu gostei de deixar você PROVAR também. =D
Maccouant:
Muito mais...
Posso explicar agora, se você quiser. Caps. Locke, Ruiva... Posso não responder por mim.
Vick.RED:
Prefiro pessoalmente
Quero que olhe nos meus olhos e explique, por letras é fácil ser algo que não é.
Maccouant:
=)
Então vou explicar pessoalmente.
Vick.RED:
Paciência... só daqui a quatro dias. =D
Maccouant:
Talvez...
Vai esperar?
Vick.RED:
Sim. QUATRO DIAS.=(
Não tenho escolha.
Maccouant:
GOSTA DE LETRAS GRANDES...
Você tem escolha...o/
Vick.RED:
GOSTO!
Tenho? Por favor, me diga...(curiosa)
Maccouant:
Abra a porta que eu lhe digo... =D,=D
-@@-
Meu coração pula e eu também. bo para a porta e a abro, sem olhar pelo olho mágico.
- Gosta de Caps. Locke Ruiva? Ele me laça pela cintura e me beija sem qualquer cerimônia, e honestamente adoro.
- Costuma invadir quartos de hotéis e beijar as hóspedes? Digo, entre seus lábios.
- Hoje foi a minha primeira vez, mas confesso que gostei. Ele não descola sua boca da minha e isso faz todo o conjunto gritar por ele.
- Primeira vez? Estamos quites. Brinco. Estou brava por conta de ontem, mas minha vontade dele é maior.
- Você é muito boa com inícios. Ele pressiona meu corpo contra o dele. Caramba, ele também me quer! Força, Victoria! Meu pequeno demônio batedor de palmas se transforma em anjo do bem.
- Você não deveria estar em Paris?
- Sim, mas você não deixou.
- Não me lembro de ter lhe amarrado e impedido que partisse. Zombo.
- Fez pior, me deu motivos para não ir. A maneira como a língua dele invade a minha boca destrói qualquer estratégia de resistência.
- Não deveria dizer isso, mas estou feliz que esteja aqui.
Ele solta o laço do meu roupão e engulo seco. Os lados do roupão ainda estão juntos, mostrando uma pequena faixa de pele entre os seios e minha calcinha branca.
- Não consegui cumprir minha agenda porque sua boca estava na minha, e cada vez que lembrava que era o primeiro, a necessidade de ser o único me dominava.
“Isso é complicado de entender. Único?” Penso.
- Falando claramente, não vou poder beijar mais ninguém? Gargalho e caminho, esquecendo que meu roupão está aberto, fazendo as laterais revelarem meu corpo. Estou quase nua.
- Olhando assim. Seus olhos estavam em um dos meus seios descobertos. - Acredito que não consigo pensar em alguém se aproximando de você. Eu o cubro e fico encabulada.
- Ninguém nunca esteve tão próximo a mim como você está. - digo isso há uma distância razoável dele. -Jamais invadiram um hotel por mim.
- Não invadi, passei pela recepção e não fui abordado. A segurança deste lugar é péssima. Ele coloca seu iPhone sobre a cama, retira seu terno e afrouxa a gravata. - E você deveria colocar a trava na porta. Ele alcança um dos cartões chave, que esta sobre a mesa e coloca no bolso interno do seu Armani.
- Não sei como reagir a você. Digo, enquanto mexo no laço do roupão.
- Não reaja, não mais. Você me desarmou e estou com sérios problemas. O celular dele brilha, alguém liga, pode ser mais uma garota tola com indícios sérios de uma paixão súbita, assim como eu.
- Somos diferentes, você é o cara que conhece músicas e o funcionamento do corpo de uma mulher, sou a menina que veio do outro lado do rio e anda nas pontas dos pés. Ajoelho-me sobre a cama.
- É exatamente isso, sua total despretensão em ser o que é. Você é
linda e me faz ter medo. O celular dele ainda brilha.
- Acho melhor você atender, alguém precisa muito falar com você. Na tela do iPhone, o nome “Günter”.
- Com licença. Ele alcança o celular e sai do quarto, deixando a trava da porta para o lado de fora, impedindo que a porta se feche por completo. Por alguma maldição essa pequena distância me faz triste.
- Sim, Günter.
- E como eles reagiram ao substituto?
- Imaginei.
- Fique tranquilo, não vou expor você, sei sua preocupação com sua filha, ela está bem amparada.
- Caralho, Günter, preciso de você, agora mais do que nunca, essa porra desse clube está me tirando o sono. Muita coisa mudou e sei que você não tem nada a ver com isso.
- Sei, mas vou conseguir um substituto, espero seu retorno.
Eu tento entender o que ele diz, mas é impossível, a não ser pelo nome Günter, que Rose havia pronunciado na Gael.
- Desculpe, onde estávamos? Ele entra, perguntando.
- Eu não sei, perto de você não sei muita coisa, para ser franca.
- Victoria, cometi um erro vindo aqui. Levanto-me da cama e paro diante dele.
- Mas não consegui embarcar sabendo que você estaria aqui. Senti vontade de levar você comigo.
- Não sirvo para você, Evan, estou atrapalhando sua vida sem ao menos ter entrado nela.
- Quem disse que você não entrou? Esse está sendo meu maior problema. Ele alcança seu terno e sai abruptamente. -Que homem maluco é esse? Ele entra, fala uma porção de coisas e sai assim? E ainda deixa a porta aberta, resmungo alto e sou interrompida por ele invadindo o quarto e me beijando, forte, entre suspiros meus e os deles.
- Como queria que você entendesse... Ele sussurra, entre meus lábios e sai, mas desta vez, fecha a porta. Ele quer me enlouquecer.
Preciso de uma bebida. Bem forte.
Coloco meu vestido preto, alças finas e sandálias. Um coque e meu cartão de crédito, pronto é apenas sair, preciso dizer para ele que realmente não estou predisposta a lidar com gente maluca. Faz tempo que não bebo, prometi que não beberia novamente.
-@@-
De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Que porra foi essa?
Quarta feira 20 de agosto 21h00min
Evan,
Quando invadir um quarto, tenha a decência de ao menos ter um bom motivo, não apenas esse surto. Essa noite vou tomar algumas doses em sua homenagem. Homenagem ao homem que está me enlouquecendo.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes - (não apta para malucos)
-@@-
Quero me embriagar, necessito minha identidade também Bato a porta do quarto e desço rapidamente. Rua, gente, preciso de tudo isso, junto e misturado. Entro no primeiro bar, nem olho o nome, apoio no balcão como uma bailarina não deve fazer, mas uma dançarina também não precisa passar por testes de sobrevivência mental.
- O que diabos você pensa que está fazendo? A voz rouca e sexy do bastardo está na minha orelha.
- Está me seguindo novamente? Pergunto, me remexendo no balcão. - Por favor, um Whisky sem gelo ,saudades da Escócia. Grito, sorrindo para o atendente.
- Você envia uma mensagem daquela e espera que fique parado vendo você fazer merda?
Viro a primeira dose. Peço a segunda e bebo também.
- Não desejo sua proximidade, você não sabe o que quer. Quer me controlar de longe como um fantoche, já entendi sua jogada. Peço a terceira com gelo e misturo com o dedo. A música de fundo era “Rolling In The Deep”, da Adele. Viro a terceira dose e minhas pernas cambaleiam. Remexo meu corpo acompanhando o ritmo. “Querido, não tenho nenhuma história para ser contada, mas ouvi uma das suas. Vou fazer sua cabeça queimar, Adele diz e meu quadril acompanha.
- Victoria, esse é o problema, sei o que quero, eu não sei como ter. Ele diz, com seu corpo encostado no meu, me deixando entre ele e o balcão.
- E o que você quer, Evan? Viro-me, deixando evidente o decote e encostando me em seu corpo.
- Quero você, desde o primeiro momento em que te vi. Ele geme e desce sua boca, selando a minha.
- E por que você não sabe como ter? Pergunto e continuo remexendo ao som da música. O efeito do álcool está nítido. Meu estômago está vazio e começo a ficar tonta.
- Não está em condições de ter essa conversa. Ele pressiona forte seu corpo contra o meu.
- Está me machucando. Nesse momento seguro seus braços e percebo o quanto ele é másculo. Fico com vontade de vê- lo sem roupa.
- Vamos. Ele tenta me puxar.
- Quero mais uma dose! Peço, chiando como um rádio velho.
- Não! Ele ralha.
- Não manda em mim, não sou nada sua. Mais uma dose, por favor. Levanto o copo enquanto grito para algum atendente.
- Você é teimosa.
- Essa dose é para você, Evan, como havia prometido. Viro ela inteira, de uma única vez.
Minha última lembrança é sair do bar no ombro de alguém e ser colocada dentro de um carro. Pronto, apaguei.
* * *
Uma dor de cabeça me desperta, não sei onde estou.
À minha volta, um imenso armário em L, me encontro em uma cama gigantesca, poderia virar cambalhotas em cima dela. Melhor não, só de pensar meu estômago revira. Uma porta de vidro com aproximadamente dois metros está à minha direita. Ali é o banheiro, com certeza é o banheiro. “Eu preciso ir embora”, penso e coloco o pé no chão.
- Caralho! O que foi que fiz? Minhas sandálias? Meu cartão de crédito? Me repreendo sozinha, em tom audível.
- Como você está? bz seca, séria, e isso me deixa preocupada.
- Já estive melhor, estou com dor de cabeça. Quero ir embora.
Respondo olhando para ele, assim que o encontro dentro do banheiro. Puta merda, ele está com uma toalha em volta da cintura e está se barbeando.
- O remédio para isso está ao lado da cama, no criado-mudo. Ainda a voz fria, e a lâmina esta sob a água.
- Obrigado. Agradeço assim que tomo e paro atrás dele - Me desculpa, não costumo beber, não gosto de fazer isso, mas é...
- Não quero ouvir - ele me interrompe.
- Apenas se cubra. Não me lembro de ter tido qualquer discussão com uma mulher vestida apenas com uma calcinha. Então reparo no que ele está falando.
- Droga! Puxo o lençol da cama, me enrolo e volto para detrás dele.
- Evan, eu...
- Não quero ouvir, Victoria, não agora. A voz está mais tranquila.
- Se puder me dizer onde fica a porta, vou embora. Olho em volta, o quarto predominante branco, estéril, me transmite o quanto Evan é rico. O quarto tem pelo menos trinta metros quadrados.
- Você não vai falar comigo? P ergunto. Ele fecha a torneira e se aproxima.
- Escute. - Ele enxuga o rosto. - Estou fodidamente bravo com você. Se puder evitar falar comigo, eu agradeço. Tira a toalha de sua cintura e revela que está de cueca boxer, preta. Que corpo é esse? Escultural. Com certeza ele malha, pois ninguém conseguiria moldar gomos no abdômen apenas com a força do pensamento.
- Posso saber por que você está bravo? Não fiz nada contra você, queria beber, estou nessa merda de cidade sozinha, conheço o cara mais estranho do planeta e, para piorar, resolvo beijá-lo.
- Você não tem ideia do quanto fiquei bravo por você beber e dançar daquele jeito... Não consigo pensar nisso agora. Ele está com a cara fechada, sinto que ele me bateria se fosse possível.
- Eu não consegui dançar. Não posso beber, ou beijar alguém e também não sei o porquê de tudo isso. - Evan, sou mais uma que ficou encantada por você. Daqui a pouco passa, tem que passar. Sento na cama e apoio minha cabeça nas mãos.
- Droga, Victoria! Ele entrelaça meus cabelos nos dedos, os colocando para trás. - Eu deveria estar em Paris!
- Sim, Também deveria me dizer, onde é a porta e onde está meu vestido e cartão de crédito, suspiro -Não consigo te entender. Você me beijou depois da apresentação, mas parece que não gostou. Levanto, largo o lençol, vou até o banheiro e uso a escova de dente que esta dentro de um pequeno copo de vidro.
- Você está usando a minha escova? Ele pergunta, espantado com a minha atitude.
- Não trouxe uma. Digo enquanto escovo os dentes, com a boca cheia de espuma.
- Por que você acha que não gostei?
- Sua expressão. Termino de escovar e respondo.
- Pensou errado, sua boca é uma delícia, fico imaginando o conjunto todo. Ele me olha de cima a baixo. Mas também, a essa altura, foi ele quem me despiu, mesmo.
- E por que teve aquela reação? Parecia arrependido.
- De certa forma, fiquei, mas era tarde. -Percebe o que está me dizendo? Diga- me onde é essa maldita porta e me dê o meu vestido. Maldito! É meu primeiro beijo e o cretino se arrepende!
- Claro que estou ouvindo, não vou falar onde é a porta, e a porcaria do seu vestido ainda está molhado. Vomitou ontem em cima dele. Não posso pensar nisso.
Encolho os ombros.
- Pensar em quê?
- Você, bêbada, nas mãos de outro.
- Não estaria nas mãos de ninguém, beberia e voltaria para o hotel. E por que já era tarde?
- Victoria, não pode fazer o que fez ontem.
- Não costumo, há muito tempo que não bebia, você está me enlouquecendo, era para ser apenas um bom primeiro beijo e não essa bagunça. Não foi bem isso que idealizei. Paro, olho dentro dos olhos dele e continuo.
_Dezenove anos jogado fora. Franzo as sobrancelhas pensativa, Evan, por que se arrependeu e já era tarde?
- Por que jogados fora? Ele pergunta me provocando, eu vejo um começo de sorriso iluminado pelo par de covinhas.
- Porque não programei isso, não era para estar assim. Responda por que já era tarde!
- Assim como? Me diga! Ele insiste e se aproxima. Consigo sentir seu cheiro de banho, seu perfume. Ele não responde as minhas perguntas.
- Não posso te dizer, eu seria a mais tola do mundo e mais uma de sua lista interminável de conquistas. Por que era tarde demais?
- Me responda, o que você está sentindo? Ele insiste, meus seios enrijecidos tocam seu corpo, ele não responde.
- Você precisa saber?
- Preciso ter certeza de que essa súbita paixão que sinto por você é reciproca. Sinto minha alma desencarnar.
- O quê? “Eu não posso acreditar, claro que não, o cara é rico, lindo, bem- sucedido e quer a escocesa?” Pensei comigo.
- Não consigo parar de pensar em você, não consigo imaginar a hipótese de alguém toca-la, eu não poderia estar sentindo isso, não agora.
- Por quê? Pergunto, afinal ele comentou preocupado, ele deve ter namorada. “Puta merda, grande merda, e agora, Victoria?” Meu subconsciente grita.
- Existe muita coisa envolvida, mas você não respondeu a minha pergunta. O que você está sentindo?
- Quando te vi em frente ao Pastis, pensei que deveria ser proibido alguém ser bonito assim, e depois, quando o encontrei na Gael, ponderei que talvez quisesse te ver sempre, mas depois nos beijamos, tudo isso mudou. Acho que me apaixonei, mesmo sabendo o tamanho da confusão. Sou muito simples para você. Meu corpo está arrepiado, seus braços em torno da minha cintura.
- Vou te levar embora, não porque quero, mas porque preciso. Irei para Paris e isso vai ser bom. Quero saber o quanto suporto ficar longe de você.
Ele invade minha boca e acaricio seu rosto enquanto ele me beija, deslizo meus dedos desde a têmpora até o queixo; carinho, como se aquele fosse o último beijo.
- Tudo bem, necessito uma roupa. Preciso é me conformar, ele vai para Paris, eu esqueceria até quem é a minha mãe por lá.
- Seu vestido está dentro do roupeiro. Ele me coloca no chão e começa a vestir suas roupas, terno em tom escuro de um azul bonito, gravata e colete combinando. Esse homem é de pirar.
- Ele já secou?
- Menti, você não vomitou, eu apenas o tirei para que pudesse dormir.
- Onde dormiu?
- Ao seu lado.
- Você, quero dizer, eu, bom... Nós não...
- Não faria isso, não com você. Ele se aproxima e sela minha boca. “Será que ele poderia ser menos encantador? Só um pouquinho?” Pensei comigo.
- Obrigada.
- Prometa que não vai fazer isso de novo.
- Prometo. Não sei por que estou prometendo isso, você pode voltar e não me querer mais. Digo, virando-me de costas para ele e indo em direção ao roupeiro.
- Você tem um bumbum lindo. Ele quebra o assunto.
- Obrigada. Me esforço para mantê-lo assim, respondo enquanto viro minha cabeça tentando enxergar minhas nádegas, vaidade feminina obvio!
- Seu corpo foge dos padrões de bailarinas magras, esqueléticas. Gosto de suas curvas singelas. Suas pernas torneadas e seus seios dispensam comentários. Eles são lindos. Enquanto ele fala, o vestido desliza corpo abaixo e minutos depois estou pronta.
- Obrigada, posso lhe fazer uma pergunta?
- Sim.
- Dormiu ao meu lado e tirou minha roupa... Não sentiu vontade? Provoco.
- Ainda estou com vontade, mas por alguma estranha e inédita razão, gostaria que não fosse um ato unilateral.
- Qual o problema?
- Você não entenderia. Ele ri, como se fosse algo inconcebível.
- Ou talvez entendesse. Você vai saber se me contar. Ele esconde algo, está nítido. Pode ser uma família; ele pode ser casado; ou ser gay e agora teve um lapso e quer uma mulher...
- Prefiro não arriscar. Ele me leva para fora do quarto e então percebo que estamos em uma edícula próxima à piscina. Saímos por um corredor que termina em uma sala ampla, dividida por um balcão meia-lua com algumas banquetas altas, tudo em inox e móveis em tom mel. De um lado, a cozinha, do outro, um imenso sofá em L branco, que contrasta com o piso frio da mesma cor dos móveis. Ao redor da sala, uma vidraça gigantesca, sem colunas, permite a visão de quem está no jardim e na piscina em forma retangular. Um absurdo de bonito, ele é rico mesmo e eu estou com um vestido que me custou menos de trinta dólares.
- Aqui é bonito. Elogio assim que saio da casa, olhando para o jardim.
- Gosta de jardins?
- Sim, é minha parte preferida de uma casa.
Assim que respondo, ele me leva por um pequeno caminho e descubro outra casa, bem maior. Passamos por uma porta de vidro deslizante, abrindo um caminho de pelo menos dois metros de largura. Do lado esquerdo, uma cozinha ampla com o mesmo requinte da casa menor. Nas paredes, obras de arte de algum artista que, de fato não conheço, do lado direito uma escada em arco alcança o segundo andar. Aos pés da escada, uma porta, bem à sua frente, uma biblioteca, eu apenas espio enquanto caminho, grandes estantes, muitos livros.
O chão de madeira clara, as paredes com uma pintura impecável, a imensa escada com um corrimão em ferro preto, os detalhes dos aparadores nas paredes... Tudo indica mãos de decoradores. Fino demais. Lembrei-me do meu quarto na Escócia e quase solto uma gargalhada.
- Por favor. Ele abre a porta do XC60.
- Que horas são? Pergunto, admirando o interior do veículo.
- Sete e vinte. Informa o Rolex, eu uso o celular para ver a hora.
- Obrigada.
- Podemos ir. Evan ordena ao motorista. Pela frieza, não é o motorista da família.
- Estou indo com vontade de ficar, não sei o que está acontecendo. Ele sussurra em meu ouvido.
- Eu gostaria que ficasse. Retribuo, o magnetismo entre nós é algo nítido.
Mas o olhar de Evan se perde pela janela, ele chega a fechar os olhos e soltar o ar, como se algo ruim estivesse acontecendo, gostaria muito de saber o que é.
- Chegamos, não esqueça o que prometeu. Ele diz, assim que saio do carro.
- Não se esqueça de mim. Perfuro os olhos dele com os meus, ele fez aquela cara e putz, é esse o meu problema, não consigo te esquecer. Esse homem é um mistério, não posso me deixar levar assim, ou posso?
- Até logo, Victoria. Ele diz, pela janela, e em seguida parte.
Fico com medo de ele suportar ficar sem me ver. Enfim. São apenas quatro dias. Subo, pego a bolsa com meus presentes Repetto, coloco meu iPad dentro e vou direto para Gael.
- Bom dia, Victoria.
- Bom dia, Sam Subo saltitando os degraus. Pela primeira vez minha vida tem emoção, ele vai pensar em mim Alcancei o terceiro andar com os pensamentos nele.
- Bom dia. Conheço essa voz, é de Alice.
- Bom dia, minha lindinha, fiquei com medo que você não viesse. Ela abre um sorriso que espalha luz por toda a sala espelhada.
- Claro que eu viria, estarei aqui todos os dias; meu pai está viajando, mas avisei que estava dançando. Ele ficou feliz. A expressão dela está radiante, tenho que fazer o meu melhor.
E é o que faço . Danço com ela, para ela, e uma parte terna se manifesta em mim.
- Está na hora, mocinha! Sam a chama.
- Obrigada, Victoria!
- Sou quem agradeço. Amanhã você vem, certo?
- Venho sim! Gosto dela. Não é pena, é carinho. Os olhos dela são meigos, não sei explicar.
- Vejo que fez mais uma amiga. Sam sai da sala, empurrando a cadeira de rodas e conversando com ela.
Ainda faltam alguns minutos para o início da aula, então saco meu iPad e conecto para encontrar alguns amigos, saudades da Escócia. Evan está online.
-@@-
Maccouant:
Você é linda enquanto dorme.
Apenas para lembrá-la que fez minha manhã estupidamente feliz. Não é todo dia que uma mulher apenas de calcinha me enfrenta nas primeiras horas do dia.
(apto a você?)
Ele está pensando em mim. Um sorriso pula em meu rosto.
Vick.RED:
Não costumo discutir em trajes íntimos. Acredito que lhe causei certo trabalho na noite anterior, então fico feliz em saber que consegui ao menos fazer sua manhã um pouco agradável.
Devo confessar que me senti confortável ao saber que um cavalheiro cuidou de mim enquanto estava de porre.
(analisando)
Maccouant:
Muito agradável, Srª Campbell.
Não foi fácil ver esse seu corpo perfeitamente esculpido por dança dormir ao meu lado, mas foi inebriante saber que ao meu lado repousava uma mulher que me desperta um desejo incontrolável de invadir. (Em todos os sentidos)
(assim que concluir sua análise, me comunique)
=D
Vick.RED:
Invadir?
Além de quartos, gosta de invadir pessoas?
Minha aula está para começar.
(comunico assim que você voltar)
Começo a aula, e enquanto giro diante das meninas, Evan gira em minha mente. O sinal no iPad anuncia e-mails e isso faz minha manhã mais alegre.
- Obrigada, vocês foram ótimas. Elogio à turma assim que termina a aula e corro para. Essa sensação é muito boa.
- Victoria, seu almoço chegou. Nem percebo que havia passado três horas e também não recordo ter pedido almoço para ninguém. Sam me surpreendeu com o aviso.
- Meu almoço? Pergunto e meu iPad apita uma nova mensagem.
-@@-
Maccouant:
Invadir apenas você, não gosto de invadir pessoas, esse desejo foi despertado por uma ruiva.
Estou pensando em você sobre as pontas de seus pés, e não vou negar que estou imaginado você sobre mim também.
(ansioso)
-@@-
Antes que eu possa responder, elas começam a chegar uma após a outra, dou um sorriso. Ele está ansioso.
Maccouant:
Estou em uma videoconferência, com um bando de velhos. Preciso fechar alguns acordos, mas você de calcinha está acabando com a minha concentração.
Gostaria de beijar você agora...
(ansioso, ainda)
Maccouant:
Dançaria de novo para mim?
Gostaria de vê-la dançar novamente.
Usando apenas a sapatilha Repetto
(poderia adiantar sua análise?)
Maccouant:
Peço desculpas pela total distração, seu cartão ficou comigo, tomei a liberdade de pedir que lhe entregassem seu almoço. Porém, se precisar de algo, qualquer coisa, fale com a Samantha.
Espero que não pense em beber novamente, isso seria inadmissível.
(aguardando sua análise)
-@@-
Meu cartão! E agora, como vou pedir qualquer coisa para a Sam? Não foi sem querer, ele é atento a detalhes. Por algum motivo a ideia de controle passou pela minha cabeça.
-@@-
Vick.RED:
Vou responder suas mensagens através desta, ok? =@
Concentre-se em seus compromissos, assim como estou me concentrando no meu, afinal, eu tenho outra apresentação particular para fazer. Um pouco ousada, eu confesso, porque eu nunca dancei apenas de sapatilha. Notícia nova para mim.
Também estou com vontade de beija-lo agora. Você causa tumulto dentro de mim, o melhor e o pior deles.
Quanto ao meu cartão, fico um pouco preocupada, já que marquei de sair essa noite e com certeza vou precisar dele.
Você escolheu os trajes da próxima apresentação. Posso escolher a música?
(sim, eu posso lhe adiantar, mas não vou fazê-lo)
-@@-
Vamos ver o que o bonito responde.
- Posso deixar aqui? Sam, com duas caixas, entra na sala e me surpreende deitada no chão de barriga para baixo, digitando em meu iPad.
- Por favor, mas isso não é obrigação sua. Venha comer comigo. Eu a chamo.
- Ok, vou deixar uma das meninas na recepção e já subo. Ela avisa e sai, logo uma mensagem de Evan chega.
-@@-
Macouant:
Não saia!
Acaba de fazer eu me contorcer ao ler que colocaria suas sapatilhas para mim (apenas elas). Porém, não fico nem um pouco feliz ao saber que sairá esta noite. Gostaria de saber aonde vai e com quem.
P. S. - Escolha a música e desista de sair esta noite.
(pensando em você apenas de
sapatilhas)
Vick.RED:
Vou sair sim! Rhum!
Vou a um bar com alguns amigos. Novos amigos.
E já escolhi a música.
(estou usando elas nesse momento)
Maccouant:
Teimosa, quero nomes e endereço.
(espero que não esteja usando apenas elas)
Vick.RED:
Curioso...
Sem nomes, sem endereço.
Como pediu comida para mim se não sabe sobre meus gostos?
Essa informação não estava no cadastro de matrícula... (o motivo que
me faria usar apenas elas está a caminho de Paris)
Maccouant:
Sim, sou!
Sem nomes e sem endereço? Tortura- me, não gosto dessa ideia, espero que repense sobre isso. Gostou do almoço? e não tente entender como sei sobre suas preferências gastronômicas. É mais fácil do que imagina, almoçou com a Samantha...
Sou seu motivo?
Você passou a ser o meu... Não sabe o quanto.
(não gostaria de estar aqui agora)
-@@-
- Cheguei, estou morrendo de fome. Sam invade a sala e flagra meu sorriso.
- Sam, passou alguma informação minha para o Evan, além do cadastro de matrícula? Pergunto e ela sorri.
- Passei, ele soube que almoçamos juntas, me perdoe, ele é meu amigo e não negaria uma solicitação partindo de tão poderoso ser, perguntou o que você pediu no almoço. Ela abre as caixas e improvisa um piquenique sobre o chão de madeira.
- Ele é sempre assim?
- É a primeira vez que o vejo dessa forma. Nossa! Ele pediu filé ao molho branco e macarrão alho e óleo, ela fala dele com naturalidade, mas não pode ser tão natural assim.
- Sam, acabei de chegar, ele não pode querer a garota do outro lado do rio (menção ao oceano).
- Por que não? Você é linda, inteligente, gosta de Vivaldi e isso o perturbou, além de dançar impecavelmente bem Devia se profissionalizar nisso.
- Dançar é um prazer pessoal. Quero ser arquiteta, gostaria de trabalhar na Charper&Lousan. Leio tudo sobre essa empresa.
- Ah, a empresa do Sebastian. Ela fala com certo desdém.
- Você conhece o dono da Charper?
- Sim, infelizmente. Tom de tristeza forte.
- Não quero ser indiscreta, mas você me pareceu triste.
Quero ser abelhuda sim, ela falou com tristeza sobre ele.
- Sebastian Lousan é um dos rostos da Forbes desse ano. Muito lindo e conseguiu acumular mais de algumas dezenas de milhões de dólares antes dos vinte e um anos, ou seja, há sete anos ele apenas multiplica seu império. Dono das contas mais gordas em design é também um dos solteirões mais cobiçados dos Estados Unidos.
- Ainda não entendi por que pronunciou o nome dele tão triste.
- Simples, a garota da Gael que vos fala se encantou por ele. Estivemos no evento beneficente do ano passado, o mesmo que vai acontecer nesse final de semana. Enfim, acabamos aos beijos dentro de um banheiro, e depois fui rejeitada, não me quis por que sou virgem Ela disse rindo, encolhendo os ombros.
- Ele não quis?
- Não, disse que eu me arrependeria futuramente. Havia avisado sobre minha virgindade, mas queria que fosse com ele. Você nunca viu nenhuma reportagem sobre ele? Por falar nisso, tem uma foto sua e do Evan na coluna de fofocas de um jornal de pouca tiragem Eles deveriam colocar na capa. O rosto de Evan é perfeito para vendas. Ela diz e nos serve, e pouco tempo depois encerramos a refeição.
O iPad anuncia algumas mensagens, mas ainda temos tempo e quero saber mais sobre o misterioso Evan Louis.
- Sam, qual homem em sã consciência viril recusaria tirar a virgindade de uma menina linda como você?
- Não sou nem de perto o tipo de mulher que Sebastian gosta. Ele sempre está na capa de revistas de fofoca e na primeira página dos jornais, cada vez com uma perua diferente, em algum lugar do planeta, em países diferentes.
- Então quem perdeu foi ele. Rimos juntas.
- E você, Victoria, gosta dele, certo?
- Sam, ele mexe comigo como mexe com qualquer mulher, mas existe algo que eu não sei explicar, um magnetismo. Não sei.
- Provavelmente você também mexe com ele, não existe outra razão. Ele fez um amigo dele encontrar seu número para os itens da Repetto. Quando me ligou, não acreditei. O solteirão lindo se encantara por alguém, finalmente.
- Não fale essas coisas para mim. Peço, dispensando as caixas vazias no lixo.
- Por que não? Você tem que saber. Ela sorri.
- Estou pensando nele o tempo todo e isso não é bom.
- Claro que é, ele é uma pessoa boa. Não é simpático com todo mundo, mas sei a quantidade de instituições que ele ajuda.
- Tenho dezenove anos e há dois dias ofertei meu primeiro beijo, Evan foi o “sortudo”. Declaro fazendo sinal de aspas com os dedos. Tem ideia de como estou?
- Bingo! Com certeza ele sabe disso.
- Claro que sabe... Sam, contei para ele antes de acontecer e, de qualquer forma ele saberia.
- Não é o fato de você ter contado. Evan tem suas fraquezas por exclusividade, virgindade tudo bem, sei que ele foi responsável por algumas perdas, mas encontrar uma mulher linda como você, que nunca beijou, isso com certeza terminou de conquistá-lo.
- É apenas um beijo. Desdenho.
- O beijo é mais íntimo que o próprio sexo. Palavras de Evan um dia desse no Pub.
- Não pode ser! Um beijo? Ele teria quem ele quisesse.
- Mas ele quis você, e o que ele não sabia era que você tinha um segredinho bom Ela sorri, suspendendo os ombros.
- Preciso descer.
Ainda resta quase uma hora para você. Antes que eu me esqueça, gosto de ver como trata a pequena Alice, ela é especial.
- Gosto muito dela, espero que fique bem Desabafo.
- Ela não vai ficar, Victoria. Sam muda o tom de voz e volta para perto de mim.
- Por que não?
- É questão de tempo. A mãe dela morreu por conta do câncer, e agora ela. Não há o que ser feito.
- Quem é ela? Ela é aluna?
- Não, é filha de um funcionário da Rose. A mãe dela, Caroline, era secretária pessoal de Rose há pelo menos dez anos. Rose é madrinha de Alice e cuida da menina há um ano, desde que Caroline morreu.
- Muito triste, porque quando ela esta aqui e dançamos juntas, ela parece bem Meus olhos ficam cheios.
- Sem saber, você faz algo por ela que é incrível. Caroline dançava com ela todas as manhãs pelo menos trinta minutos, mas alguns meses antes de sua morte ela não tinha mais força, então vinha até aqui e deitava no chão ao lado de Alice, contava histórias sobre as bailarinas do mundo e dizia que Alice seria uma delas. Caroline morreu sabendo que Alice tinha o mesmo câncer que ela.
- Sam, odeio chorar, olha como estou. Estou aos prantos pela Alice, pela mãe dela e pelo abismo que existe entre mim e minha mãe.
- Não chore. Tentamos fazer de tudo por ela e você a faz feliz também. Agora preciso descer, depois nos falamos. Sam me deixa com o coração em frangalhos. Abro a caixa de entrada e há duas mensagens; uma é dele, a outra não tem importância. A mensagem diz apenas: Posso Gastar? E, anexo uma foto de meu cartão em suas mãos, abaixo a frase: Sorrio cada vez que leio seu nome, dou uma gargalhada. Estou adorando esse Evan provocador e brincalhão, embora o velho, possessivo também mecha muito comigo, esse homem tem tantas facetas, fico pensando quanto tempo levarei para descobrir todas. Rapidamente envio uma resposta.
-@@-
De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Sorriso
Quinta-feira 21 de agosto 12h59min
Evan,
Por alguma estranha razão, eu sorrio quando penso em você, ainda não sei se isso é bom ou ruim Poderia me ajudar a descobrir isso?
P. S. - Não vou sair, eu fiz uma promessa. Por favor, não gaste o limite do meu cartão rsrs...
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes - (bom motivo?)
Aguardo alguns instantes e logo chega à resposta, aposto que estava atualizando a pagina de e-mails initerruptamente.
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Quer descobrir algo comigo?
Quinta-feira 21 de agosto 13h02min
Fico muito feliz em saber que vai estar dentro do seu quarto, protegida contra os urubus.
Adoraria ajudar você a descobrir, mais ainda se descobrisse que é algo bom.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc. (o melhor...)
-@@-
- Victoria! Sam entra na sala com um envelope nas mãos. me entrega e diz que nos encontraremos lá, então se vai, é o evento beneficente de Rose. Achei que só os magnatas fossem convidados
-@@-
De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Quebrando a promessa
Quinta-feira 21 de agosto 13h05min
Vou ter que quebrar a promessa, acabei de receber um convite. Estou online, in box por favor?
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes - (sorrindo)
-@@-
Logo o nome dele aparece em minha lista de amigos, Maccouant online. Maccouant:
Recuse!
(não estou sorrindo)
Vick.RED:
Não posso, convite de alguém especial, pena que você vai estar em Paris, poderia ir comigo. Bom, caso aceitasse ir comigo.
Será no sábado e envolve pessoas de coração bom, acho que sabe do que estou falando.
Acabo de lembrar, tenho um pequeno problema, preciso de um vestido... Meu cartão sumiu!
(gargalhando)
Maccouant:
Aceitou? Preciso acertar alguns detalhes, não consigo terminar antes. Minha mãe sabia que eu estaria fora esse final de semana, deveria ter pedido para deixá-la fora da lista de convidados.
Gostaria de ir com você. Quanto ao seu vestido, espero que escolha uma burca. (pensando em sua boca) <3
Vick.RED:
Vou nos representar. Quanto ao vestido, assim que eu escolher e colocar na sua conta, eu envio uma foto de como ficou!
(pensando em você...) =D
Maccouant:
Isso nos qualifica como um casal.
Quanto ao vestido, prefiro pensar que vai escolher uma burca.
Vick.RED:
Minha aula vai começar.
Mas não será uma burca...
Beijos...
-@@-
Continuo com minha sequência de aulas, pensando no Evan, no evento, em Alice... Queria que ela vivesse mais. Tão nova...
Meu dia acaba e sigo direto para o hotel. Assim que piso na entrada, o mensageiro vem ao meu encontro.
- Encomenda para a Srf. “Outra”? Penso comigo.
- Onde está? Ele dá a volta em torno do balcão de madeira, pega um cabide com uma capa preta e uma caixa, dentro de uma sacola sem marca alguma.
- Obrigada, pode deixar que eu carrego. Olho aquele zíper imenso e tento imaginar o que pode ser.
Abro a porta do quarto, jogo minha bolsa e coloco o cabide sobre a cama, noto uma pequena referência “CHANEL” e quando abro, meu queixo despenca. Ele é maluco; um vestido, de ombro único. É longo e esvoaçante em toda sua barra. Preto, desce justo até a altura do quadril e depois se solta do corpo, oferecendo liberdade para os movimentos. Simplesmente perfeito. Nos pés, um par de Chanel igualmente perfeito para combinar com o vestido. Reação automática, segurar o iPad e disparar uma mensagem em agradecimento. Mas assim que conecto lá está ele novamente.
-@@-
Maccouant:
Gostaria de ir com você
Não encontrei uma burca, espero que
goste.
Vick.RED
Amei, mas gostaria de vesti-lo para você.
Maccouant:
Demorou
Onde você esteve? Seu horário é até as cinco.
Perdi o acesso às câmeras...
Vick.Red:
Dançando
por isso demorei.
Que horas você chegou a Paris?
Maccoaunt:
Não é possível
Você ensina dança o dia inteiro e ainda quer dançar no final do dia?
Cheguei antes das nove horas, horário daqui, e fui direto para uma reunião chata. Não demorou mais do que vinte minutos, mas parecia uma eternidade. Acabei de chegar no Ritz. Estou cansado.
Jantarei sozinho.
Vick.RED
Por enquanto eu danço, mas assim que concluir a faculdade de arquitetura e conseguir minha vaga na Charper&Lousan, a dança será apenas nas horas vagas.
Ainda não jantei, vou improvisar algo aqui no hotel mesmo.
Roubaram meu cartão...
Maccouant:
Poderia repensar sobre a empresa mencionada?
Eu queria ter roubado a dona do cartão.
(pensando em adquirir uma empresa de design)
Vick.RED:
A Charper é a melhor, não consigo pensar em outra.
Então o caso do cartão foi premeditado?
(gostaria de ser meu chefe?)
Maccouant:
Sim, foi premeditado, não gostaria de saber que bebeu e dançou em um bar.
Gostaria de ser seu chefe... em todos os sentidos.
Depois falamos sobre a Charper.
Não quero estragar meu jantar, já basta estar sozinho...
Vick.RED:
Apesar de estranho, gostei de saber sobre a sua intenção em relação ao meu cartão.
Por favor, coma, não quero ser responsável por nenhum caso de desnutrição.
Maccouant:
Admito que, quando li o assunto “coma!”, outra ideia me ocorreu. Perdoe a maneira rude, mas não tem ideia de como meu corpo reage a você.
Minha desnutrição nesse momento é em
outro sentido. =D
Vick.RED:
Mensagem altamente recepcionada pelo meu corpo. Não sou nenhuma candidata à santa e espero poder lhe ajudar com sua refeição.
(bom apetite) =)
Maccouant:
Está causando um terrível e incontrolável desejo, por favor, me ajude a não cancelar meus compromissos e voltar na primeira hora de amanhã.
Estou imaginando você nua... (faminto)
Vick.RED:
Não imagine, apenas lembre. Estive
diante de você por duas vezes assim. Pare com as mensagens e jante. (estou com fome também)
Nos conhecemos a pouco, mas já sinto sua falta. Não sei o nome disso, mas conto as horas para que ele volte. Esse evento seria muito melhor se fossemos juntos.
O telefone toca, o atendente pergunta se desejo receber a ligação, é meu pai, fico tranquila, a voz dele sempre me acalma, trocamos cumprimentos; ele pergunta se estou bem, digo que sim, conto sobre a GAEL e meu emprego como instrutora, se surpreende, está orgulhoso de mim. E me recorda que meu aniversário está próximo. O tranquilizo no que se refere a minha solidão, então passa o telefone para minha mãe, e pela primeira vez, ela diz que está orgulhosa de mim, nem acredito, aviso que Lucca foi para Boston, ela fica preocupada, eu a tranquilizo, mamãe me avisa que em dez dias a casa estará pronta e pergunta quanto ao hotel. Respondo que o hotel é ótimo, mas a segurança deixa a deseja. Não que isso seja de todo ruim, claro. (Evan). Falamos por mais alguns minutos então nos despedimos.
Agradeço ao universo que logo estarei em uma casa, um quarto, um lar. Estou feliz com o contexto geral do que está acontecendo, menos por conta da pequena Alice.
Ouço batidas na porta.
- Um minuto! grito e corro para abri-la. Meu estômago está gritando. Um funcionário do hotel trazendo meu jantar, peço que coloque em uma pequena mesa lateral, ele serve a refeição em seguida se vai, me alimento e minutos depois estou dormindo, mal lembro de verificar as mensagens, exausta durmo por quase cinco horas.
* * *
Acordo com o telefone tocando, a recepção pergunta se desejo atender a ligação, respondo que sim, e meu coração vai a boca quando ouço aquela voz deliciosamente brava, Evan.
- Onde você se meteu?
- Evan? ainda sonolenta.
- Sim, puto da vida!
- Eu estava dormindo! Me defendo.
- Dormindo ou dançando com uma dose uísque? Acusa de modo arrogante.
- Eu não saí! Você me acorda para brigar comigo? Resmungo, ríspida. Silêncio na linha.
- Fiquei preocupado!
- Que horas são?
- Seis da manhã. Responde mais tranquilo.
- Seis da manhã? Me sento, tentando clarear a mente.
- Aqui são seis da manhã.
- Está escuro! São seis da manhã em Paris, eu estou em Nova York, lembra?
- Lembro, mas você não respondeu minhas mensagens, não tem celular? Pergunta incrédulo.
- Evan, não sai, eu comi demais estava exausta, e não tenho celular perdi ainda na Escócia.
- Droga, Não posso imaginar você saindo sozinha. Usa um tom carinhoso, eu sorrio.
- Não seja bobo, roubaram meu cartão! Eu gargalho.
- Bobo? Mal começou meu dia e estou uma pilha. Pensei em você a noite toda. Deveria ter roubado você junto e, por favor, não zombe de mim. Pelo tom da voz está sorrindo também, imagino as covinhas aparecendo.
- Eu prometi para você que não sairia, eu cumpro o que minhas promessas.
- Mesmo?
- Sim, por quê? Pego uma caneta próxima ao telefone e começo a rabiscar vários corações distraidamente.
- Lembrei de uma conversa sobre uma determinada refeição.
- Sim, eu cumpro.
- Meu dia ficou melhor, vou fazer uma corrida. Estarei sem comunicação.
- Fala como se fosse meu namorado. Eu sorrio, pela ousadia.
- E não sou? Pergunta em tom sério.
- Não pediu... Quer fazer amor comigo, isso ficou claro, mas sobre um relacionamento mais sério, não recordo ter mencionado nada a respeito.
- Não vou pedir por telefone. Ele ri.
- Também não responderia, por que você riu?
- Fazer amor...
- Não sabe o que é? Eu, que nunca fiz, tenho ideia do que seja, quer algumas revistas emprestadas? Gargalho.
- Então a minha bailarina lê sobre sexo?
- Sim, eu preciso ao menos saber como as peças se encaixam, mas por que você riu?
- Porque não me lembro de ter feito ou querer fazer amor com alguém, que não fosse você
Minha baixa cintura reage forte, é inacreditável.
- É melhor você ir para sua corrida. Meu corpo responde a você de forma incontrolável.
- Bom saber que não sou o único nesse diálogo que está excitado.
- Evan, eu preciso dormir.
- Prefere dormir?
- Você está longe, é o que me resta.
- Não fala assim... Que vontade de ir embora, mas não posso. -Bom assim que acordar, me avise, estarei esperando.
- Aviso, sim. - Bocejo. - Desculpe, estou com sono.
- Nossa! Imaginei sua boca enquanto bocejava. É, por favor, melhor desligar.
- Até amanhã, Evan.
- Até amanhã, Ruiva, gostaria de poder te beijar.
- Você pode quando quiser, pena que está longe. Até logo!
- Até logo, Victoria.
Ele desliga e eu posso ouvir o suspiro. Por um instante sinto como se ele estivesse aqui.
Durmo pensando nele, cheia de saudades. Tudo está acontecendo tão rápido.
Capítulo 4
- Bom dia, Sam!
- Bom dia, Victoria, que cara boa! Ela diz em relação ao meu sorriso.
- Dormi muito bem, e você?
- Sim, está tudo bem, você tem uma aluna especial te esperando!
- Que bom ouvir isso, até mais tarde! Agarro a barra do meu vestido laranja com uma mão e com a outra seguro a minha bolsa. Subo correndo as escadas.
- Oi, minha princesa! Saúdo, olhando para ela.
- Oi, Victoria, você está linda nesse vestido. Ela tem um sorriso mesmo com algo a matando. Tenho muito que aprender.
- Você é que está linda nesse conjunto verde, combina com seus olhos! Aos dezenove anos, me vejo diante de uma professora com menos da metade da minha idade. - Com que música dançaremos hoje? Pergunto, assim que beijo os dois lados do rostinho dela.
- A obra de Giselle, o que você acha?
- Você conhece Giselle? É uma obra do século XIV, estou surpresa.
- Minha mãe costumava assistir comigo. Giselle está apaixonada por um nobre que está disfarçado de camponês. Ao descobrir, ela fica inconsolável e morre. E, mesmo tendo morrido, ela o salva dos fantasmas de garotas noivas que morreram antes de se casarem. Elas poderiam fazê-lo dançar até a morte, mas Giselle dança em seu lugar e o salva da exaustão. Ela quebra o encanto e o perdoa.
- Você me surpreendeu! Vamos dançar duas, hoje! Ela sorri e eu também Corro e troco de roupa rapidamente.
Dançamos, rimos e nos deitamos no chão da sala espelhada. Ainda temos quinze minutos antes da minha aula. Conto sobre as bailarinas que conheci, das que gostaria de conhecer, da dançarina formidável que ela virá a ser... Seguro para não chorar, sei que em breve ela dançará no céu. Tenho certeza que é para lá que as crianças vão.
- Está na hora, minha pequena Alice. Sam entra e observa nossa brincadeira.
- Mas já!? Ela faz beicinho.
- Segunda-feira você volta e dança mais. Victoria vai esperar por você. Sam a pega e a coloca na cadeira de rodas.
- Vou esperar, mesmo! Confirmo e a beijo muito. Queria ter metade da força que ela tem.
- Até logo, Victoria!
- Até logo, minha bailarina preferida!
Sam a leva. Ela está rindo, eu um bagaço por dentro.
- Ver o que você faz por ela, todas as manhãs me faz ter certeza que, além de ter escolhido uma excelente bailarina, eu escolhi alguém com alma.
Rose me surpreende, saindo do jardim e enxugando seus olhos.
- Desculpe, aproveito o período que fico sem aula. Me assusto com ela entrando. Não havia notado sua presença.
- Por favor, não se desculpe, fico bem quando as vejo juntas. Sinto muita falta de Caroline, mãe dela. Ela costumava fazer isso. Você está dançando com Alice há três dias, e ela não para de falar da moça bonita de cabelo vermelho que consegue espantar a dor. Victoria, escutar de Alice que alguém ameniza sua dor é algo mágico.
- Não faço nada, apenas danço com alguém que aprecia a dança tanto quanto eu.
"Eu sou boa para ela", única coisa que vem na minha mente. Sou boa o bastante para alguém.
- Você faz mais que isso, acredite.
- Como sabe que estou fazendo isso diariamente?
- As câmeras. Não é à toa que Evan está apaixonado por você. Ela se aproxima e beija os dois lados do meu rosto. - Obrigada. Meus dois filhos, Alice e Evan, têm sorte. Ela diz e se vai.
Ultimamente ando muito chorona, e agora estou aos prantos. Como pude esquecer as câmeras?
Minhas bailarinas entram, me cumprimentando. Saúdo elas calorosamente, dou inicio aos ensaios para apresentação de final de ano, explico pacientemente a coreografia.
Foi uma festa. Elas são ótimas, estão desde muito novas e todas já estão feras em sapatilhas de ponta. Evan me vem em mente por conta disso e também lembro que não falei com ele quando acordei.
Repito com elas todos os movimentos, por toda a aula, até a hora do almoço.
Me despeço das trinta meninas enquanto elas vão esvaziando a sala. Corro até minha bolsa e alcanço o iPad. Muitos e-mails, alguns de Evan.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Bom dia!
Sexta-feira 22 de agosto 08h21min
Bom dia,
Impossível não pensar em você.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Bom dia?
Sexta-feira 22 de agosto 08h35min
Espero que responda...
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Não gosto disso
Sexta-feira 22 de agosto 08h41min
Liguei para o hotel e você saiu há mais de cinquenta minutos, poderia ter ao menos a educação de me dizer bom dia.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Nada
Sexta-feira 22 de agosto 10h51min
Participei de duas reuniões, fechei acordos, inclusive com outro país, mas ainda não consegui falar com você.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Esqueci!
Sexta-feira 22 de agosto 11h41min
Desculpa, saí correndo e esqueci, não fica bravo!
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes (sem memória)
-@@-
Sam entra com várias caixas contendo meu almoço, Aposto que Evan está por traz disso, agradeço e, a convido para fazer a refeição comigo, tem muita comida.
Ela aceita e iniciamos uma conversa enquanto nos esbaldamos.
- Você mora sozinha, Sam? Pergunto enquanto coloco uma batata na boca.
- Sim, meus país são médicos, trabalham no programa Sem Fronteiras junto com a POWER&HEARTH.
- Legal. -Solidariedade. - E você vive bem, tipo, com o que ganha aqui?
- Não posso reclamar. Meus pais trabalham para Rose, de certo modo, e ela arca com todas as minhas despesas meu salário também é recompensador.
- Sam, você me surpreende a cada dia. Admito, jogando as caixas vazias no lixo.
- Victoria, onde está o irmão que você iria me apresentar?
Vamos caminhando em direção ao toalete.
- Boston, trabalhando e estudando. Respondo rindo, enquanto alcanço minha bolsa de higiene pessoal.
- E lá se vai minha esperança. Ela brinca, enquanto escovo meus dentes.
- Semana que vem no mudaremos para o novo apartamento, e com certeza ele estará aqui. Podemos sair, conhece algum lugar?
- Sim, um lugar ótimo. Combine com ele e depois te digo onde é. Agora preciso descer. Obrigada pelo almoço.
- Obrigada pela companhia. Nos cumprimentamos, como no fim de um espetáculo.
Vou até meu iPad e não tem nenhuma mensagem dele. Estou preocupada.
Sigo com minhas aulas até as quinze pras cinco da tarde e nenhum sinal de Evan. Como não resta nada a ser feito, decido ficar na Gael mais um pouco. Em todo caso, meu iPad está aqui. Seis e vinte marca o relógio quando termino o ensaio. Estou sozinha e decido dançar para minha alma. When You’re Gone - Avril Lavigne.
"E os dias parecem anos quando estou sozinha"...
Invento uma coreografia para essa música. Nada de passos complexos, apenas uma dança calma e generosamente sentida; com o coração.
Faço e refaço mais de dez vezes, o som não está tão alto e consigo ouvir as turmas da dança de salão e Jazz treinando.
Percorro toda a sala espelhada como se estivesse ali há muito tempo, essa é a sensação que tenho quando estou na Gael, gosto do lugar, em especial a minha sala, e algo me chama a atenção enquanto danço, onde estaria a outra professora de balé? As meninas estavam sem coreógrafa? Poderia perguntar para Sam, mas ela já foi. Amanhã pergunto, afinal, seremos companhia uma para a outra.
Troquei de música, de sapatilhas e coloquei Addicted To Love, com Florence e The Machine, música que Evan interrompeu.
"Outro beijo é tudo que você precisa. "
Minha música para libertar meus demônios, ou para alimentá-los.
O iPad anuncia algumas mensagens.
É Evan, está bravo com minha total falta de memória, trocamos algumas letras, e ele comenta sobre a música que estou ouvindo, não sei como advinhou, pergunto; ele me lembra sobre as camêras, recuperou o acesso a elas esta manhã. Estou sendo vigiada o dia todo e não sabia. Realmente considero uma invasão, mas Evan só pensa em invadir em outro sentido. Ele consegue me fazer sorrir com tanta nauralidade que chega a assustar, mas eu confesso que gosto. Está sem sono, oferece o motorista para me levar ao hotel, dispenso, quero caminhar, respirar ar fresco, divagar, ele insiste, acha perigoso. Faço os caúculos, em Paris passa das duas da manhã, ele não foi dormir apenas para ficar me espionando. Comentamos sobre a vista do jardim, é realmente magnifica. Despedimos-nos com a promessa de contato assim que chegar ao hotel.
"Ele deveria dormir um pouco", penso, enquanto saio, ainda com a roupa de balé. A saia é linda e esse top longo nem parece um uniforme. Tenho dó das minhas sapatilhas de jazz, mas estão tão velhinhas que duas quadras não vão fazer diferença.
Desço saltando os degraus de dois em dois, há três turmas fazendo aula. No último lance de escadas, pulo e dou um giro em meu eixo, mas alguém não vê o que estou fazendo. Com o choque, caio de bunda no chão, e o rapaz também. Rapidamente me desculpo O moço bonito, de corpo definido, está com roupa de Hip-Hop, tem pele morena clara, cabelos escuros e um par de olhos belíssimos, cor mel, diferente. Ele tem traços indígenas. Muito bonito, nos apresentamos, ele é instrutor de Hip- hop,
- Eu realmente lamento. Desculpo- me e vou levantando. Ele é educado e estica a mão para mim, seu nome é Pablo.
Apertamos as mãos. Respondo que sou do balé sorrindo com vergonha, e saio rapidinho.
Sinto um incomodo e percebo que bati o cotovelo no chão. Assim que piso na calçada, alguém me chama. É um motorista, se apresenta como sendo da Maccouant, está sob as ordens de Evan para me levar ao hotel,
Não acredito, ele sabia que eu não ligaria. Evan enviou um motorista por conta de duas quadras? Entro no carro e partimos, em menos de cinco minutos estou no hotel, o motorista limita a conversa comigo por todo o caminho, magicamente ele aparece do outro lado e abre a porta para mim Evan quer me fazer uma Lady, é ruim eu ficar assim para cima e para baixo, vai sonhando!
Piso no hotel o mensageiro me encontra. Traz um recado de Lucca, que chegará domingo pela manhã.
Corro para o elevador. Quero tirar essa roupa, tomar um banho, avisar Evan e sua paranoia que estou sã e salva.
É exatamente o que faço, tiro a roupa e coloco na dispensa da lavanderia do próprio hotel junto com minhas outras peças que precisam de água e sabão, preciso de todos os meus vestidos disponíveis. Tomo um grande banho e me jogo de roupão em cima da cama. Meu iPad está em minhas mãos e, nele, um E-mail de Evan.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Não faça mais isso
Sexta-feira 22 de agosto 22h08min
Srf Campbell, realmente possui muitos dons, me faz rir e me deixa profundamente puto da vida!
Saiu da sala vestindo uma roupa que não seria apropriada, afinal, o pedaço de fita adesiva que você chama de roupa de dança não cobre absolutamente nada. Não teria problema andar assim desde que tivesse ligado para o motorista como lhe pedi, mas você não o fez, ou seja, caminharia por duas quadras quase nua.
Bom, mas para piorar, resolve descer as escadas lindamente, mas, realmente, eu não gostei da trombada, não gostei dos dois minutos de conversa e muito menos dele pegar na sua mão e você deixar.
Não consigo aceitar muito bem qualquer proximidade de outra pessoa em relação a você.
Assim que ler esse e-mail, o responda!
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc. (fodido de raiva)
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De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Boa noite
Sexta-feira 22 de agosto 22h10min
Boa noite durma bem.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes (fodidamente decepcionada)
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Cretino, não viu que foi sem querer? Nossa! Como eu odeio chorar, ainda mais por raiva. Vontade de dar um soco na cara dele. Juro que daria.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Teimosa
Sexta-feira 22 de agosto 22h11min
Não posso dormir bem, tem muita gente perto de você e eu ainda estou longe.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Dormiu?
Sexta-feira 22 de agosto 22h11min
Poderia responder esse e-mail?
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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"Não vou responder coisa nenhuma, maluco possessivo. Vai me trancar em uma jaula e colocar para exposição? Doido!" Durmo chorando, depois de resmungar por horas.
- Minha! Acordo com Evan enroscado em mim. Realmente, a segurança desse lugar é péssima. Um sorriso está em meu rosto.
- Evan, quero dormir. Brava e feliz, mesmo com o rosto dele enfiado em meu pescoço, suas pernas e sapato embaraçados em minhas coxas, seus braços me apertam tanto. - Que horas são?
- Quase onze da manhã, e não vou sair daqui.
Não quero que saia, mas não posso o deixar saber disso, estou feliz com a presença dele, mas triste por conta do e- mail.
- Não precisa sair, mas cale a boca, tira esse sapato e me deixe dormir. Ele beija meu ombro, fazendo minha pele ouriçar. Por um breve momento me dou conta de que estou completamente nua.
"Desisto do sono, preciso manter a minha posição, e, por favor, não olhe por baixo do lençol". Penso comigo.
Ainda estou acordada quando sinto o corpo dele relaxar e sua respiração ficar calma, Evan adormece misturado em mim, essa sensação é impagável, só não consigo me mexer.
O perfume dele é impressionante, como ele chegou tão rápido? Ele tinha tanto para resolver... Posso ter culpa caso tenha acontecido algo de errado em Paris. Droga! Estou suando embaixo dele, sou bem menor e tenho um quinto dos seus músculos.
Tento me desvencilhar dos tentáculos dele sem acordá-lo, é difícil, mas consigo, preciso do meu roupão e um banho frio, não necessariamente nessa ordem.
Sigo para o banheiro. Ter um homem desse enroscado assim, forte, lindo... Puta merda! Entro no box, apoio minhas mãos na parede, deixando a água cair em minhas costas. Ele não pode invadir meu quarto assim Claro que gostei, mas ele tem um problema sério com invasões. Pensando bem, câmeras, meu cadastro, almoço... Ele gosta de saber detalhes pequenos, aqueles que passam despercebidos aos olhos de todos. Puxa, queria entendê-lo.
- Atrapalhei seu sono? Ele está olhando minha bunda, estou nua, mas não sinto vergonha.
- Um pouco.
Isso, menina, se mantenha firme.
Você é forte.
- Desculpe, não foi a minha intenção, precisava ver você. Pode se virar para mim? Quando cheguei, a única parte do seu corpo que vi foi o lado oposto de seu rosto. - A voz dele é calma, mas pelo iPad pude ouvir seus gritos.
- Pode falar. Viro-me e, graças a Deus, o vidro do box está embaçado.
- Me perdoe não me controlei ao ver você segurando a mão de um completo desconhecido.
- Evan. Passo a mão pelo box, revelando apenas meu rosto e posso ver ele melhor, está esgotado, olheiras profundas em torno de seus olhos. Em menos de quarenta e oito horas, ele foi, voltou de Paris, e ainda trabalhou. -
Você não pode fazer isso, simplesmente achar que qualquer um vai ter o que é seu. A essa altura não me preocupo com mais nada, Abro a porta do box, ao lado dele as coisas acontecem naturalmente.
- Eu sei; você é novidade para mim, um mundo novo, não tenho familiaridade com esse tipo de sentimento. Se puder me perdoar. Ele olha apenas para os meus olhos, como se não quisesse ver o restante.
- Não faça mais.
Isso mesmo, se mantenha firme, está indo bem, agora crie coragem e dê um passo em direção à toalha, não esqueça que você está nua. Meu sub me indica o caminho. Enrolo-me na toalha branca.
- Posso ficar aqui com você?
Isso não pode estar acontecendo. Esse homem lindo, perfumado, que dormiu em cima de mim e me viu nua quer ficar aqui.
- Preciso de um banho. Ele pede. Está realmente cansado, como ele havia dito.
- Fique à vontade, vejo que tem uma pequena bagagem no canto do quarto. Como ela não me pertence, deduzo que seja sua. Brinco.
- Seu sorriso é lindo, precisava tanto dele. Preciso tanto de você. Não sei por que, mas preciso. Ouvir isso me faz querer gritar.
- Acho que ele é seu, espero você no quarto. Ando em sua direção, beijo seu rosto e vou para o quarto. Posso vê-lo inclinando a cabeça, como se aquele beijo, aquele simples beijo, fosse salvá- lo de um precipício.
Evan Maccouant está na minha suíte tomando banho. Alguma coisa aconteceu com a praga da minha tia Isabel.
Pego o telefone solicito um café da manhã para dois, Assim que desligo, reparo em seu celular sobre a mesa lateral. Sou mulher, curiosa e preciso ao menos espiar, só para ter certeza. Eu tenho uma forte tendência a fazer besteira em território que não conheço. Assim que passo o dedo sobre a tela escura, o maldito celular com megafone embutido apita um barulho alto. Levo um susto.
- Procurando alguma coisa? Ele pergunta do chuveiro.
- Curiosidade, sabe, sou mulher e queria ver a tela, mas não sabia que havia um dispositivo contra Victoria. Escuto a risada dele. Ufa!
- Era só pedir. Ele diz assim que sai do banho, todo molhado, uma toalha na cintura e outra nas mãos secando o cabelo, um inferno de homem bonito. Pode olhar. Ele destrava e entrega o iPhone em minhas mãos.
- Não acredito!
- Em que você não acredita?
- Essa foto em seu celular.
- Por que não? Não reconhece essa pessoa ou o lugar?
- É o meu primeiro dia na Gael! Não reparei que alguém havia tirado uma foto minha, ou melhor, que você havia feito isso.
- Deslumbrante, simples, nas pontas dos pés. Perfeita. Ele está com o corpo colado no meu. - Nesse mesmo dia, você salvou a minha vida.
- Ah! O ônibus!
- Não apenas dele. Ele fecha os olhos por um breve momento.
Alguém bate na porta.
- É o café da manhã. Aviso enquanto tento caminhar até a porta.
- Aonde você vai?
- Abrir a porta, assim o mensageiro pode entrar e posso degustar a refeição matinal. Sou didática e soletro pausadamente.
- Não seja malcriada, isso eu sei. O que não entendo é porque vai atender a porta nua. Pode deixar que eu atendo. Ele passa por mim, apanha a carteira de dentro do seu terno e aponta o banheiro, indicando o lugar para eu entrar. Não entendo, mas cumpro a ordem Ele também está de toalha.
- Obrigado, pode deixar comigo. Dispensa o pobre homem, com uma voz educada e calma.
- Não entendi você também está de toalha, e se fosse uma mulher?
- Não existem mensageiras nesse hotel. Diz ele, com um sorriso de canto. É tão raro Evan sorrir, quando vejo essas covinhas todos meus pensamentos se esvaem. - Vou ter problemas com isso.
Seu sorriso se alarga, revelando um ar de menino.
- Com isso o quê? Ele pergunta, colocando a toalha em volta de seu pescoço.
- Você e a proximidade de outras pessoas.
- Para ser bem honesto, vou precisar de sua paciência e compreensão, não acredito que estou falando isso.
Ele parece não acreditar, eu destampo as travessas e avalio o café da manhã.
- Sou paciente e compreensiva até a página dois, ou seja, sou mulher e tem uma determinada época do mês que esses adjetivos pulam a janela. Então, para evitar qualquer tipo de chacina, tente nesse período não precisar de nenhum deles. Ele está rindo. - Posso saber o motivo da graça?
- Você é linda. Coma está co m fome, e pode ficar tranquila. Avise-me sobre seu ciclo, assim aciono o exército caso te envie flores. Ele graceja.
- Estou com fome e com sono, unindo essas duas forças, tenho uma arma letal. Coloco um morango na boca. Assim que engulo, tomo em poucos goles um copo de suco de laranja.
- Para onde vai essa comida toda?
- Para as pontas dos meus pés! Sorrio e alcanço outro morango. Gosto de frutas, todas elas. Outro morango e, em seguida, um mamão. Você não vai comer? Pergunto, com a boca cheia de mamão.
- Vou, mas admito! É muito bom ver você comer assim Ele corta meio mamão e começa a comer.
- Gosto de comida saudável ou não. Às vezes falo de boca cheia e meu ciclo é dia três. Termino o mamão e tomo outro copo de suco de laranja.
- Vai fazer ligações em pleno sábado? Escolho um short branco e uma camisa fina, cor de rosa e sem mangas.
- Preciso fazer uma ligação, apenas uma. Ele desliza o polegar sobre a tela e termino de calçar minhas sandálias.
- Günter, estou no hotel.
- Eu sei, imagino o que teve que aguentar. Tento entender, mas não consigo.
- Günter, você deixou de ser apenas meu funcionário para ser um amigo há muito tempo, sabe disso.
- Quero que entregue meu smoking aqui. Não vou para casa, avise Simon que ele está dispensado.
- Você a viu? Ele olha para mim, me avalia, eu engulo seco.
- Sim, ela está feliz, não perguntou de você nesses dias, alguém supriu isso. Evan sorri ao falar.
- Depois nos falamos, preciso do carro para as vinte horas em ponto.
- Apenas isso e, mais uma vez, obrigado.
* * *
- Vai se trocar aqui comigo?
Pergunto, enquanto acalmo minha juba.
- Sim Ele responde e está terminando de colocar sua roupa, calça jeans, camisa azul escura, e vamos combinar que é algo muito bom de olhar.
- Não chegou a usar essa roupa em Paris?
- Não deu tempo, precisei voltar. Uma menina linda não respondeu aos meus e-mails. O sorriso dele é fantástico. Ele causa um formigamento forte em meu corpo. Escutar sua voz faz nascer uma roseira em meu cabelo.
- Desculpe ter atrapalhado, estou feliz que esteja aqui. Sorrio, encolhendo os ombros. - Poderia, por gentileza, devolver meu cartão?
- Não.
- Evan, preciso dele, preciso pagar os profissionais que vão operar um milagre em mim. Digo, apontando com o indicador para minha juba em forma de coque.
- O cartão é do seu pai, você é adicional dele.
- Evan, não sou proprietária de uma importadora, não sou capa da Forbes, tenho dezenove anos, sou sustentada por ele. Minha renda antes era algumas aulas esporádicas de balé.
- Está certo. Ele retira o cartão de sua carteira e me entrega.
- Ficou chateado pelo que eu disse?
- Não.
- Pensei que não gostou quando falei sobre a importadora.
- Isso não me incomoda. Lido com isso desde meus vinte um anos, quando fui capa da Forbes, tudo por conta de um lucro que obviamente calculei e presumi que ganharia. A mídia sempre fez parte das empresas que levantei e administro.
- Evan, você é novo. Vinte e cinco anos?
- Vinte e seis, até setembro. Ele coloca o sapatênis.
- Não sei qual foi seu segredo, mas é realmente espantoso ver alguém tão novo e tão poderoso. Seus pais devem se orgulhar de você.
- Acho que sim, eu apenas estudei e entendi o processo. Minha facilidade com números ajudou bastante, algumas jogadas de sorte em Vegas também Ele sorri. - Quero que conheça meu pai, ele vai estar no evento hoje à noite.
- Faço questão. Podemos ir, falamos no caminho. Levanto-me e ele me puxa. Está sentado e me abraça pela cintura, encostando seu rosto em minha barriga. Está tudo bem, Evan?
- Sim, agora está. Não sabia o quanto era bom sentir saudade de alguém Ele beija minha barriga, coberta de rosa, e olha para cima. - Senti saudades! - Eu também senti sua falta. Deslizo meus dedos entre as mechas de seus cabelos, me inclino e selo demoradamente sua boca. - Oi. Digo, com carinho, olhando dentro dos seus olhos.
- Oi, Ruiva. Ele sorri e mal sabe o efeito que me causa ao chamar-me assim- Vamos? - digo e o levanto, pela mão.
- Como conseguiu? Pergunto e o elevador chega ao térreo.
- Conseguiu o quê? Entrar nesse hotel sem segurança nenhuma? Ele pisca. Que homem é esse?
- Foi à coisa mais fácil da minha vida, e me incomoda saber que você está hospedada aqui.
- Não isso, suas empresas!
- Necessidades, pessoas, cálculos, mercado e foco ele responde assim.
- Obrigada por ser tão claro. Sou irônica.
- Estude cada um desses aspectos a fundo e pronto. Onde fica o lugar que você quer ir?
- Não sei! Não conheço nenhum por aqui.
- Você iria sair sem rumo?
- Sim, afinal, nessa cidadezinha de interior deve ter pelo menos uns dois milhões de cabeleireiros. Estou sendo sarcástica.
- Costuma responder dessa forma?
- Constantemente. Respondo brincando com um cacho do meu cabelo.
- Gosta de provocar, também?
- Sim Provoco mostrando os dentes.
- Está me testando?
- É possível. Dessa vez eu quem pisco.
- Posso fazer pior!
- Então faça Evan! Mas cuidado com os fotógrafos, aviso, olhando para os dois lados da rua, em tom divertido.
- Irão me fotografar com a minha namorada, não vejo problema com isso. "Preciso de outro banho", penso comigo.
- Sua namorada? Pergunto, sorrindo.
- Sim. Ele me solta e coloca as duas mãos em meu rosto.
- Não sei. Digo em tom brincalhão.
- Por quê? Ele também brincou.
- Nunca namorei, ou fiz muita coisa nesse sentido e, de cara, o homem mais lindo desse mundo quer namorar comigo.
- Lindo é você quem está afirmando. O mais feliz isso com certeza. Quero você, te namorar, poder comprar um presente sem que você se ofenda, beijar você sempre que sentir vontade.
- Tem certeza? Estou pasma com essa declaração.
- Sim. Ele franze as sobrancelhas e esboça um sorriso.
- Vou pensar. Respondo-te essa noite.
- Vai fazer isso comigo?
- Sim, precisa ter paciência. Esperei por você minha vida toda e posso garantir que valeu a pena. Ele abre um sorriso lindo, que faz meu coração pular. - Posso beijar você? Pergunto, encolhendo os ombros.
- Não sei... Antes que eu termine a frase sua língua encontra a minha, ele me deseja, E o meu corpo pede em orações por ele, por cada centímetro definido do homem.
- Conheço um lugar ele diz e desliza o polegar sobre a tela do celular, liga para Günter e pergunta em quanto tempo ele irá chegar.
- Por que não vamos a pé? Pergunto.
- Porque é longe.
- Tenho pouco tempo! Imagina o trabalho que os profissionais terão! Brinco.
- Não precisa de muito, você é linda e é minha também!
- Ainda não! Ele sorri e, minutos depois, Günter nos encontra na frente do hotel.
- Bom dia, Srf Campbell. Ele sabe meu nome e está sorrindo para mim.
- Bom dia, Günter. Respondo apreensiva pela forma extremamente receptiva que ele me recebe.
- Para onde, Senhor?
- Rose. Ele respondeu o nome da mãe dele. Provavelmente a casa dela, quer passar lá antes de me levar ao salão. Günter liga o motor e partimos.
Capítulo 5
Pouco tempo depois, seguro meu queixo. Um salão perfeito, enorme, todo preto e espelhado, altíssimo padrão, próximo ao Wall Street. Na fachada, apenas um R em letra cheia de voltas e contornos. Dentro, tão impecável quanto fora, porém branco, branco irritante de tão perfeito e limpo. O lugar poderia ser usado como centro cirúrgico. Sofás ovais ao lado direito, do lado esquerdo, cadeiras reclináveis e bastante sofisticadas; ao fundo, salas com portas em tom vinho quebram o aspecto hospitalar. O lugar é algo fora dos padrões normais.
- Bom dia, Sr. Maccouant.
- Bom dia, Val, cuide bem dela. Evan me beija, fazendo as mulheres se revirarem. - Essa é minha namorada, Victoria Campbell. Ele me apresenta para Val e me explica que ela é amiga de Rose e gerente do luxuoso salão.
Val tem cerca de quarenta anos, muito bonita, loura, estatura mediana, olhos verdes, magra e muito bem vestida, com um tubinho preto até os joelhos.
Ela é simpática e eu quero correr. Todas estão me olhando. Então ouço uma voz familiar chamar meu nome. Sam! Agradeço a todo universo, alguém conhecida, estou me sentindo um peixe fora d’agua nesse lugar, sou muito simples para isso tudo.
- Oi, Sam! Sorriso aliviado em meu rosto.
- Que bom que está aqui, vem comigo, a Rose esta lá no fundo. Olho para Evan, que encolhe os ombros em sinal de que não ha muito a ser feito.
- Victoria. Ele alcança minha mão e me puxa para perto dele. - Vou resolver um assunto e volto aqui para te buscar. Ele sussurra em meu ouvido, sela minha boca e sai.
Sam me puxa em direção ao fundo do salão e abre uma das portas escuras, revelando uma sala de pelo menos quarenta metros quadrados, com um jardim de inverno em toda a parede do fundo, lavatório, cadeira, poltronas, tudo em cores branco, marfim e vinho.
- Olha quem encontrei! Sam pronuncia e Rose me espia através do espelho.
- Victoria, minha linda!
Pronto, era só o que me faltava, um grau de intimidade que me deixa ainda mais encabulada.
- Boa tarde, Rose, tudo bem?
- Sim, esta tudo ótimo. Kátia quero que façam tudo pela Victoria.
Essa é a ordem de Rose e, depois disso, várias mãos mexem em mim Eu não saio daquela sala até entender que era a área exclusiva da Rose. O lugar foi feito para ela e as amigas serem atendidas. Na parede, algumas fotos em um mural de alumínio. Crianças no salão, crianças de algum hospital sendo atendidas pelos profissionais, em outras, fotos de idosos aproveitando as regalias do lugar. Que mulher é essa? Tem tudo para ser uma madame, sem dores de cabeça, mas não, ela está presente em todas as fotos.
Meu cabelo está pronto, minha maquiagem também, a manicure está terminando minha mão direita quando alguém abre a porta bruscamente.
- Então você está aqui! Uma mulher grita. Todo o salão para.
- Quem a deixou entrar? Rose fala mais alto ainda.
- Vai embora, Lívia! Sam entra no meio da confusão.
- Quero apenas olhar para cara dela. A garota de pele clara e cabelo preto que acaba de invadir a sala está me encarando através do espelho, está de calça jeans e regata, parece que dormiu com aquela roupa, mas não a conheço.
- Val, onde está o segurança desse lugar? Rose, ao telefone, se levanta e se coloca a minha frente.
- Saia daqui! Rose, em uma versão nova e irritada. - Kátia, chame a segurança. Rose ordena para uma das profissionais.
- Não preciso de segurança, estou saindo, queria olhar bem para a cara dela e ver qual é o rosto que vai ser enganado, assim como eu! - Morta, é assim que estou, sem respirar, sem gesticular, nada, sem reação. Ela me olha com fúria.
- Olhe bem para o meu rosto. Fui enganada por ele e você será a próxima.
- Terá que se retirar. O segurança tenta pega-la pelo braço, mas ela se esquiva e sai pelo salão. - Você vai engana-la, também? Ela aponta o dedo na cara de Evan, que acabara de entrar no salão, e sai. Evan aperta o passo em direção à sala onde estou. Vejo toda a cena pelo espelho.
- Quem a deixou entrar? Evan pergunta, olhando para Rose; ainda estou em fase de sepultamento, nunca vi uma cena dessas, ainda mais comigo!
- Não sei, ela está com restrição policial, mas não está preocupada com isso. Rose volta ao normal e fala baixo.
Meus olhos azuis miram para meus joelhos.
- Victoria? Sam coloca a mão em meu ombro. - Está tudo bem?
Uma maluca invade um lugar e quer olhar para minha cara porque também vou ser enganada. Estou muito bem, vou até comemorar.
- Sim, assustada, talvez. Tiro os olhos em direção da Sam e alcanço o olhar de Evan.
- Oi, está tudo bem? Ele se aproxima e beija o topo da minha cabeça.
- Está estou bem Acho melhor discutir isso depois do baile, não quero ser a pedra da noite enchendo todo mundo com perguntas.
- Ela está tremendo. A linguaruda da manicure me denuncia.
- Val, providencie água para Victoria. Evan ordena, mas seu tom mudou. Ele está com raiva.
- Não precisa, foi apenas um susto. Minto lindamente. Depois da festa teremos uma inquisição.
- Vejo em seus olhos que não está bem Evan cochicha em meu ouvido.
- Não acho que seja hora e o local de fazer perguntas sobre ex-namoradas enfurecidas. Retribuo o cochicho e sorrio. Ninguém precisa saber, também estou com vergonha. Poderia ser a enganada da vez.
- Ela não é a minha ex. Ele cochicha bravo. Não gostou do que falei.
- Agora não, Evan; depois conversamos. Uma copeira entra com uma bandeja e a água.
- Beba! Evan pede.
- Sim, senhor. Respondo com um sorriso de canto. Nada de simpático, era ameaçador.
- Está pronta, Victoria. A manicure fofoqueira avisa.
- Obrigado. Agradeço e me levanto.
- Espero por vocês. Rose pronuncia. Um olhar preocupado em mim Despeço-me e saio da sala, com Evan me escoltando.
- Quanto devo? Pergunto para a menina baixinha de cabelo preto atrás do balcão, que estica os olhos para Evan.
- Nada! Evan responde e coloca a mão em minhas costas, com intenção de deixarmos o local.
Agradeço em voz baixa e caminho para fora do salão. Günter está à nossa espera e abre a porta do XC60. Eu me acomodo no banco de trás. Estou em silêncio, pensando na garota que invadiu o local.
- Você está bem? Evan está preocupado.
- Estou, mas não quero conversar agora. Espio Günter, que nem ao menos olha pelo retrovisor.
Minutos depois de silêncio dentro do carro, chegamos ao hotel.
Evan pede a Günter que nos pegue às vinte horas, está sério, um olhar preocupado.
Entramos no hotel e o mensageiro avisa sobre o smoking e o par de sapatos de Evan. Subimos, ainda em silêncio, e entramos no quarto.
- Conversa comigo. Evan pede, assim que ele fecha a porta do quarto.
- É você que tem que falar. Respondo secamente.
- Lívia era a professora de balé que ocupava a vaga que hoje é sua. Um penhasco está diante de mim, e o maldito choro que evito está explodindo. Sento-me na cama.
- E? Não quero falar só quero respostas, o encaro por alguns segundos.
- Tivemos um caso, mas ela não aceitou o fim.
- Apenas isso, Evan?
- Sim, saíamos sem nenhum compromisso, mas ela começou a criar expectativas que eu não tinha a menor intenção de atingir. Por conta disso, ela começou a falhar nas aulas e em seguida abandonou o corpo de balé. Ele senta na poltrona, de frente comigo.
- Quando isso aconteceu?
- Começou há seis meses, e há um mês ela saiu da Gael.
- Devo me preocupar? Porque eu não quero ser mais uma professora em sua lista.
- Não se compare a ela, você é minha namorada, ela era uma foda de vez em quando.
- Ainda não sou sua namorada. Uma foda? Ela se apaixonou por você e é assim que você a trata?
- Nunca menti para ela, em nenhum momento prometi algo que não fosse cumprir. Ele passa a mão pelos cabelos.
- E, por conta disso, precisa de uma ordem de restrição?
- Ela perdeu o controle, invadia a minha casa e chegou a quebrar alguns objetos; ofendia a Maria, minha governanta... Precisei me proteger e quem estava ao meu redor.
- E se você fizer o mesmo comigo? Mais uma professora que passa pelos punhos de Evan. Estou tremendo.
- Não fiz nada com ela, apenas não a quis mais, exatamente o oposto do que sinto por você. Se eu quisesse realmente te enganar, já teria feito. Dormi ao seu lado e você estava nua, foi a melhor experiência da minha vida... Ao lado de uma menina linda, um corpo escultural, e virgem, me senti como os santos fazendo isso.
- Evan, você não pode me enganar, eu não aguentaria. Declaro em tom triste.
- Posso garantir que estou tomando atitudes e decisões em nome da enorme porção de você que existe em mim. Eu não teria deixado meus negócios de lado e viajado como um maluco apenas para poder me enroscar em você.
- Confio em você. Estico a mão para ele e ele beija a palma.
- Não vamos mais falar disso.
- Parece que estou diante de uma mulher de trinta anos, agora.
- O que sinto por você é mais importante do que o motivo dessa conversa, e antes que eu me esqueça, adorei você ter se enroscado em mim Faça sempre que tiver vontade.
- Não sabe como fico feliz em ouvir isso. Ele senta-se ao meu lado e beija meu rosto.
- Preciso me trocar - alerto e levanto.
- Me ajuda com o vestido?
- Você gosta de me ver sofrer! Ele suspira gostoso.
- Não, deduzo que seu desejo... Desabotoo minha camisa e a deixo cair no chão. - Está tudo sob controle. Retiro meu short, ficando apenas de calcinha e sutiã na frente dele.
- Você tem ideia do quanto é linda? Seu corpo merece uma oração.
- Não posso confirmar seu exagero. Viro-me de costas para ele e abro o guarda-roupa, pegando o vestido que ganhei.
- Você me tortura. Ele levanta e me abraça por trás.
- Por que você resiste tanto a mim? A virgindade é um problema? Se for, acredito que você possa resolver. Ele está com suas mãos sobre a minha barriga.
- Não posso fazer nada com você até que aceite meu pedido. Ele sussurra em meu ouvido e minha pele arrepia.
- Terá que esperar. - Contorço-me entre seus braços. - Aonde você vai?
- Tomar um banho gelado. Ele sai, arrancando a camiseta e mostrando o triângulo invertido que suas costas formam.
- Posso tomar banho com você?
- Não, Victoria, você é cruel! Ele passa as mãos impacientes pelos cabelos.
- Posso piorar, também Ameaço assim que removo minhas peças íntimas e minha sandália, e encosto no batente. Meus cabelos estão com um ondulado bonito, presos de lado e cobrindo o ombro esquerdo por conta do vestido, unhas francesas nos pés e mãos e, no rosto, apenas o rímel em meus olhos.
- Por que você me castiga? Sabe que vou respeitar você. Ele está debaixo da água, sem vapor nenhum, realmente um banho frio.
- Não é castigo, quero que olhe e bem e veja se realmente vale o sacrifício. Ele me analisa de cima a baixo e essa é a primeira vez que vejo o quanto seu corpo é bonito; pernas, braços e abdômen muito bem definidos e o "v" de sua cintura leva a algo que vejo pela primeira vez. "Uau!", pensei comigo, ele tem um corpo perfeito.
- Vou me virar, não quero ver você assim.
- Evan? Estou próxima do box, meus seios encostam de leve no vidro.
- Victoria, por Deus, vai se trocar. Ele clama, assim que olha onde estou.
- Tudo bem. Obedeço. Sei a sua situação, mas também não estou preparada, não seria o momento. Resolvo colocar uma trilha sonora de acordo para o momento, Bruce Springsteen, estou pegando fogo. Alcanço meu iPad e aperto play, e ela desliza em nossa audição enquanto coloco uma calcinha de pouco tecido e meu vestido. Por último, os saltos. Escolho CH Carolina Herrera como perfume e um par de brincos de rubi, presente do meu pai quando fiz quinze anos. Ouço o chuveiro sendo desligado. Espio pela janela para ver o movimento da noite que acaba de começar. Essa cidade é uma loucura.
- Linda e, quem sabe, minha! Essa música diz muito sobre mim nesse momento...
- Obrigada, seu gosto para roupas femininas é muito bom, confesso que não quero pensar em quantas aproveitaram esse tato para vestimentas; a música também fala muito sobre mim..
- Caso queira, posso responder. Ele é tão direto enquanto veste seu traje.
- Eu quero. "Acho que não quero..." Penso.
- Às vezes, Victoria, muita informação apenas para alimentar a curiosidade pode ser prejudicial, as mulheres especiais que passaram pela minha vida puderam ter esse gosto, o que posso dizer é isso.
Não sei se fico feliz ou triste. Pode ter sido um número pequeno.
- Estou satisfeita com a resposta. Sou escocesa, sangue forte. - Gostou de dormir comigo? Desvio o assunto.
- Não sabe o quanto. Seu cheiro, sua pele... Indescritível. Ele está tentando fazer o laço borboleta.
- Posso? E aproximo e olho para a gravata.
- Por favor, essa eu ainda apanho. Ele diz e começo a fazê-la. Minha mão toca suavemente seu queixo bem desenhado, nossas respirações se encontram e estou apenas alguns centímetros mais baixa que ele, graças ao salto. O contorno perfeito de seu rosto retangular forma o conjunto perfeito com seu nariz, fino e bem desenhado.
- Posso saber onde aprendeu a fazer a gravata borboleta?
- Às vezes, Evan, muita informação apenas para alimentar a curiosidade pode ser prejudicial. - Sorrio com a brincadeira. - Sou bailarina. Nos bastidores um tem que ajudar o outro, aprendi a fazer todos os tipos de gravata e havia um bailarino excelente que sabia como prender a fita em torno dos nossos seios. Fazíamos fila para que ele cuidasse disso. Foi ele quem me ensinou.
- Perdoe-me, acho que não entendi.
Outro homem colocou a mão neles? Ele diz e aponta para os meus seios com o indicador.
- Não, Evan, ninguém os tocou, nunca. E se tem uma coisa que Pierre não é, é homem - Gargalho. - Sinto falta dele, mas ele era muito bom Não podia ficar na Escócia, seu sonho era Bolshoi.
- Que bom ouvir isso. - Ele me olha e eu olho a gravata. - Você é um desaforo de bonita.
- Não me acho bonita. Pintinhas laranja, cabelo vermelho e nariz arrebitado. Às vezes me sentia tão esquisita... A sorte é que nasci no lugar do mundo onde mais tem vermelhos. Ele gargalha.
- Não consigo pensar em ficar longe de você. Você é divertida, inteligente, gosta de Vivaldi e é linda. Sou o homem mais sortudo do mundo.
- Também sou chata, tenho crises violentas de sono e gosto de chocolate. Acabei.
- Que pena, estava tão bom olhar para você pertinho. Essa boca vermelha. De supetão, ele beija minha boca.
O iPad me avisa sobre mensagens novas.
-@@-
De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: E aí, encontrou o cara certo?
Sábado 23 de agosto 19h21min
Victoria, que saudade de você!
Está se divertindo com os errados? Espero que esteja mais calma.
Bjs.
A Apple e eu estamos aguardando o visto e vamos te visitar. Por favor, nos apresente homens bonitos.
-@@-
- Essa não tem jeito. Comento sobre a Ellis, e esqueço o e-mail em que estava puta da vida com ela.
- Quem não tem jeito? Ele pergunta, com um sorriso tão lindo.
- Minha amiga Ellis, Ellis Serena. Ela odeia o segundo nome. O rosto de Evan se apaga e uma sombra invade sua fisionomia.
- Onde ela mora? Ele pergunta e se vira de costas para mim. Vejo sua cabeça levemente inclinada enquanto ele caminha.
- Na Escócia. Sou de lá, lembra? Você está estranho, está tudo bem?
- Sim, apenas uma dor de cabeça. Daqui a pouco passa. Ele se vira e tenta sorrir.
- Vou responder o e-mail dela e já vamos, assim podemos comprar um remédio para você.
- Não precisa essa dor de cabeça não sara com remédio.
- Está tudo bem mesmo, Evan?
- Sim, está. Ele senta-se ao meu lado e abro o perfil de Ellis para ver as novidades antes de responder. Não quero que ele veja o que ela escreveu.
- Essa é a Ellis...
Evan olha a foto da menina de pele clara e cabelo castanho e levanta rapidamente.
- Evan, o que foi?
- Nada, me dê apenas alguns minutos, lembrei-me de algo que precisava fazer em Paris. Ele alcança o celular e sai do quarto, deixando a trava para a porta não fechar.
"O que está acontecendo?" Pergunto a mim mesma.
- Desculpe. Evan diz assim que entra no quarto, mas seus olhos ainda estão preocupados.
- Me dê um minuto, estou respondendo o e-mail dela. Aviso e ele leva a mão até os cabelos, os colocando para trás. Rapidamente respondo o e-mail de Ellis, conto que ele é uma mistura entre o certo e o errado e que estou saindo para uma festa em companhia dele, e depois envio mais detalhes.
Levanto-me aproximo de Evan e coloco a mão sobre o ombro dele.
- Podemos ir, se quiser. Seu olhar está profundo, um traço de preocupação.
- Não posso perder você. Ele declara e beija meu rosto.
- Está em suas mãos, cuide. Dê motivos para eu ficar, prometo que vou fazer o mesmo. Beijo sua boca e olho dentro dos seus olhos. Há uma sombra por ali. Ele pega o celular chama por Günter e então seguimos para a portaria do hotel. Günter chega e partimos, e o olhar perdido de Evan me assusta. Não sei o que está acontecendo, o que sei é que teremos que enfrentar mais de quarenta minutos de estrada, sem contar o trânsito.
Eu não quero silêncio, o quero perto de mim Estamos em lados opostos no banco do carro. O que posso falar? Qual assunto? Ele está tenso e eu mais ainda.
- Você está bem? Pergunto com a voz baixa e calma.
- Sim Ele desliza o indicador desde o nariz até a boca, em seguida esfrega o queixo.
- Estou atrapalhando a sua noite? Sinto- me estranha, também parece que o humor dele me afeta.
- Não tem nada a ver com você, apenas um pequeno problema. Você nunca me atrapalha. Ele alcança a minha mão e me leva para junto dele.
- Agora está melhor. Sorrio para ele assim que termino a frase.
- Muito melhor. - Ele me beija. - Olhar para você me anima muito.
- Que bom que posso ajudar, estou preocupada com você.
- Linda! Não precisa se preocupar. Ele me coloca sob seu abraço e me deita em seu peito. Sei que está preocupado, mas não vou tocar nesse assunto.
O percurso é longo, e é quase todo feito em silêncio. Entre um suspiro e outro de Evan, eu apenas olho pela janela.
- Victoria, preciso fazer uma viagem Não o quero longe.
- Gostaria de saber se você poderia me acompanhar. Ele pede e eu me descolo do seu corpo.
- Evan, tenho um compromisso com as minhas bailarinas e com a Gael, não posso falhar.
- Não é agora, é daqui a alguns dias, durante o recesso da companhia. Minha mãe quer fazer uma reforma na área do jardim, um espaço para leitura.
Está me comunicando sobre algo que eu não deveria saber dessa forma, mas sua voz preocupada com outra coisa me deixa mais aflita.
- Evan, se não for atrapalhar o desempenho das meninas, tudo bem. Posso saber onde o meu talvez namorado queira me levar?
- Talvez? Você consegue me fazer sorrir sempre, não tenho força para separar quem eu sou de você.
- Idem. O carro para e um turbilhão de flashes está sobre o carro. Não fazia ideia da grandiosidade do evento. - Evan, não vou sair, vamos entrar pelos fundos? Estou assustada, nunca vi tantos fotógrafos juntos.
- Não precisa se preocupar, serão fotos, capas de tabloides e algumas mentiras.
- Como você pode falar com essa naturalidade? Eu não sou assim.
- Conquiste um império antes dos vinte e três anos e vai saber como é. Tenho que lidar com isso sempre. Vem comigo, sim, estou esperando uma resposta sua.
- Günter abre a porta, as luzes me deixam tonta, e a fome também Acabo de lembrar que não comi nada além de frutas. Cambaleio e Evan me segura pela cintura. - "Evan! Evan! Uma palavrinha aqui!" Repórteres nos rodeiam.
- É isso que escuto enquanto caminhamos sobre o tapete que nos leva ao evento. Evan não sorri apenas me laça pela cintura e me acompanha o tempo todo.
Assim que entramos, o visual em tom verde claro e marfim predomina entre as mesas redondas de oito lugares, espalhadas por todo o salão oval. Uma banda faz a animação e garçons, com roupas coloridas, transitam entre os futuros doadores em nome de uma causa nobre. É fácil entender as roupas dos garçons. POWER&HEARTH está angariando fundos para o novo hospital infantil e para a pesquisa da cura do câncer. É de bater palmas mesmo, o prospecto do evento explica tudo. Os garçons são animados e, entre uma batida e outra da música, eles gritam um "HEI!" e levantam as bandejas que estiverem vazias.
- Victoria, está linda. Venha, tem uma cadeira reservada para você. Rose me beija os dois lados do rosto.
- Meu filho. - Ela repete o gesto. - Vamos. Ela anda à nossa frente. Rose está feliz e bem arrumada. Fez um coque alto e está de vestido longo azul turquesa.
- Sentem-se aqui, seu pai está andando pelo salão e seus primos ainda não chegaram Rose dispara e uma senhora a leva de nós.
- Primos? Estou envergonhada por conta da sua mãe, que já conheço, imagina agora, que vou ter que encarar seu pai e seus primos. -Evan muda a expressão. Não está mais preocupado, está irritado.
- Sim, primos. Sem emoção. - Espero que minha mãe sente-se ao seu lado.
Ainda não estou pronto para proximidades.
- Quer que eu me acomode no seu colo? Estico meus olhos por todo seu abdômen.
- Está me distraindo para eu não matar ninguém?
- Não! Levanto as sobrancelhas.
- Então está me provocando?
- Sim. Um sorriso malicioso acompanha minha resposta.
- Posso usar isso contra você depois?
- Usaria isso contra sua namorada?
- Aceitou meu pedido?
- Sim.
Um suspiro aliviado escapa de seus lábios e eu percebo o quanto ele ansiava por essa resposta.
- E decidiu me torturar...
- Sim, mas acho que você sabia da resposta.
- Desconfiava. Ele sorri, faz um carinho em meu rosto.
- Mas não quis fazer amor comigo. Aproximo-me de seu pescoço e sussurro.
- Quero. Ele puxa minha cadeira para perto dele, e roça a perna na minha, sob a mesa. - Você não sabe como eu quero estar dentro de você nesse momento. Pega a minha mão e passa sobre o seu quadril. - Sentiu como eu quero você? Mas não se assuste, não farei nada que não queira. Ele sussurra em meu ouvido. Minha pele ouriça.
- Deveria me assustar? Porque não foi bem assim que meu corpo reagiu. Na realidade, lembrei-me de você enquanto tomava banho. Não sei como funciona, o que sei é como as peças se encaixam. Estou por conta da sua experiência.
- Tem certeza que sou a pessoa que você escolheu para isso?
- Não, mas é isso que me faz te desejar, escolhi você, a não ser que não queira. Faço menção de levantar, ele me segura.
- Não faça isso, vai ficar comigo até o final, esse evento é muito importante para mim e o que vou fazer depois, também. Ele consegue acabar com o forro da minha calcinha.
- Preciso ir ao banheiro.
- Vou com você.
- Evan, seus primos logo chegarão! Tem que fazer companhia para eles.
- Você está brincando comigo? Vamos, eu te levo. Ele me coloca à sua frente e uma de suas mãos está em minha cintura.
- Olá, Evan! Alguma perua o chama, mas ele continua andando e eu também Desviamos das mesas e chegamos à pequena sala que se divide entre os banheiros.
- Você vai me esperar ou vai ver quem foi que te chamou?
- Ciúmes? Seu ego infla por achar que estou com ciúmes.
- Zelo! Respondo sem dar o braço a torcer, claro que estou ciumenta.
- Quer que eu entre com você?
- Quero!
Mal acabo de falar e ele entra comigo, atracado em minha cintura.
- Moço, você não pode entrar aqui. A funcionária do banheiro diz.
- Ela passou mal. Ele responde, olhando em meus olhos. - Faço qualquer coisa por você. Murmura em meu ouvido e sai.
- Desculpe, foi eu quem pediu para que ele entrasse. Há apenas duas mulheres no banheiro, a moça da limpeza e uma mulher retocando a maquiagem Executo as ações necessárias e saio. O maldito não está na porta. Profano antes mesmo de procurar por ele. Ao longe, eu o vejo com um homem mais velho. Em poucos minutos o local está lotado; um entra e sai dos banheiros, uma andança de garçons coloridos... Ando por ali, tentando sair da multidão, e então sinto uma mão em minha cintura e o perfume de Evan. Viro-me, sorrindo, e olho nos olhos de um ser que não conheço, mas, caramba, que lindo. Nova York deve ter algo mágico. Um homem alto como Evan, cabelos castanhos e olhos verdes. Impossível não admirar. O perfume inebriante de Evan está nele, então naturalmente me confundi.
- Você é linda. Acho que minha noite começou bem Seu sorriso me suga para ele. Claro que prefiro Evan, sempre, mas que esse cara é bonito.
- Estou acompanhada. Informo, tentando me afastar de sua mão que está em minha cintura.
- Deixa eu me apresentar. Ele insiste.
- Pode deixar que eu apresento. Evan tira a mão dele da minha cintura e se coloca entre nós.
- Evan, quanto tempo! A última vez foi em Madri, acho. Simpático e lindo perigo!
- Sebastian. Meu coração entalou na garganta. Pai eterno, esse é o dono da Charper&Lousan. Esse cara esnobou a Sam. Está explicado por que ela se apaixonou. Cadê a Sam?
- Acho que sim, como estão os negócios? Evan responde em tom arrogante.
- Fechamos um acordo alto semana passada e conseguimos uma conta grande de uma multinacional. Esse final de ano promete ser o melhor dos últimos anos. Entram em um assunto tão sério...
- E as importações? Soube da filial de Paris, muito bom.
- Triplicamos em menos de seis meses, um resultado muito acima da média. Assunto chato. Puxo a mão de Evan para lembrá-lo que eu estou ali.
Evan nos apresenta eu continuo séria.
- Muito prazer, Victoria. Amiga? Cínico.
- Namorada. Sorrio amarelo para ele.
- Evan, namorando? Muitas notícias novas! Encontrei Günter em Madri.
Sebastian fala olhando afiado para Evan. Não sou idiota.
- Sebastian, passar bem. Evan me tira da presença dele. Sebastian é bonito, mas é um seboso.
- Você me leva de um extremo ao outro. Por que você tinha que conversar com ele?
- Meu namorado não estava onde falou que estaria. Eu te procurei, então senti uma mão em minha cintura e senti o seu perfume. Confundi você com ele. O cheiro... Sei lá, Evan.
- O que você disse?
- O cheiro?
- Me confundiu com ele?
- Por conta da altura e o perfume, Evan, por que diabos você está brigando comigo?
- Nunca mais me fale isso, nunca mais diga que você quer trabalhar para a empresa dele. Não quero você perto dele. Evan está furioso e eu, não entendo o por que.
- Você está gritando, e as pessoas podem ouvir. Sussurro, obrigando-o a se inclinar. - Não precisa gritar comigo. Ele se aproxima tanto que meus lábios tocam em sua orelha.
- Não vai funcionar, estou puto da vida com você.
- Se você continuar gritando, vou pegar uma bebida e dançar. Vou pedir para banda tocar Addicted To Love.
- Bato na sua bunda se fizer isso.
- Fica lindo quando está bravo.
- Não vai conseguir. Ele me pega pelo cotovelo e me leva para a mesa, que está lotada. - Não sei o que fazer com você!
- Tenho uma sugestão. Digo, em tom de malícia, e ele me aperta ainda mais. Gosto disso.
- Pai, essa é Victoria Campbell; Victoria, esse é o Sr. John Maccouant, meu pai.
- Victoria, estou muito feliz em conhecer você, ouvi maravilhas a seu respeito. O homem parece o Al Pacino, em Advogado do Diabo.
- Muito prazer, Sr. Maccouant.
- Por favor, me chame de John.
- Desculpe John. Retrato-me e solto meu melhor sorriso garota comportada.
- Tinha razão, filho, ela é realmente linda. John resolve me deixar sem graça na frente de outros quatro que estavam na mesa.
- Obrigada.
- Evan, não vai me apresentar ao restante da mesa? Provoco baixinho em seu ouvido.
- Quer assistir a um genocídio? Evan sussurra em meu ouvido, e morde minha orelha, forte.
- Ai, Evan!
- Não provoque Victoria! Ele me puxa para junto do seu corpo.
- Posso beber?
- Pode.
- Qualquer coisa?
- Não, pode beber tudo que não seja alcoólico.
- Chato, Evan, você é muito chato, mas confesso que gosto de sua tendência assassina. Sorrio para ele.
- Victoria, como pode sorrir?
- Você quer que eu chore? Por que um bonitão pôs a mão na minha cintura?
- Acha ele bonitão?
- Feio ele não é, você é cego? Estou me divertindo muito com isso.
- Não sei onde estou com a cabeça que ainda não esquentei esse seu... Deixa para lá. Ele suspira.
- Tem vontade de me bater, Evan Louis?
- Às vezes...
- Está com raiva, ainda? Alcanço um dos meus cachos e começo a brincar com ele.
- Sim.
- Quer dançar comigo?
- Não!
- Mas quero dançar, senão esse evento vai ser igual o chá bingo da minha tia- Isabel. Ele gargalha. Ninguém resiste a essa história.
- Estou rindo e com vontade de bater em você. Ele me abraça e me beija.
- Viu, perdeu um tempão brigando comigo por algo que não existiu. Olho dentro dos olhos dele. Há tanto dele em mim...
- Não posso perder você. Sua língua encontra a minha e meu corpo grita por ele.
- Não vai perder. Asseguro.
- Então você quer dançar? Ele suspende uma das sobrancelhas, de um jeito engraçado.
- Sim, e quero só um pouquinho de vinho, por favor!
- Uma única taça.
- Perfeito, é o que preciso, posso ir buscar? Pisco com um dos olhos.
- Atrevida! Vem comigo. Dançamos e rimos a noite inteira. Os milionários fazendo suas doações, as brincadeiras durante a noite entre os palhaços... O mal estar entre Sebastian e Evan havia passado. O seboso doou cem mil dólares e foi embora. Danço com John e Evan dança com Rose.
Eu estou segurando a segunda taça de vinho quando sinto o chão ficar mole. Não estou bêbada; fraca seria a palavra. Claro, estou sem comer nada e o efeito do vinho é como uma bomba. Sinto quando alguém me segura pelo braço e minha visão escurece. Evan está há alguns passos de mim.
- Pode deixar, eu a seguro. É a voz dele espantando os urubus, segundo ele eu cambaleio.
- Victoria? Ele diz, em meu ouvido, assim que me senta em uma banqueta alta.
- Oi.
- Você bebeu escondida? Ele sussurra bravo.
- Não, Evan. Deslizo minha mão em seu rosto e olho em seus olhos. - Não comi nada o dia todo, tomei apenas a taça de vinho que você me deu.
- Desculpa. Ele me abraça, deixando meu rosto em seu tórax. - Hoje o dia foi cheio, quer ir embora?
- Se Rose não se importar...
- Ela se encontra na pista de dança com meu pai, eles irão ficar aqui até o sol raiar. Vamos nos despedir deles. Consegue andar?
- Consigo, estou melhor.
Despedimo-nos e partimos.
Assim que Günter abre a porta do carro, eu entro. Evan entra em seguida e me coloca em seu colo, retira meus brincos,
em seguida os sapatos e me deita em seu peito.
Capítulo 6
- Ei, Victoria, chegamos. Evan sussurra em meu ouvido.
- Sinto fome. Meu estômago ruge.
- O que você deseja comer?
- Evan, qualquer coisa, mas antes preciso de um banho. Saio do carro descalça e levo um susto. Estou na casa dele.
- Por favor, entre.
- Günter, obrigado. Evan o dispensa.
Eu estou suada e fraca.
- Vem aqui. Ele me leva até o andar de cima, pela escada em arco. Abre a porta do quarto. Pede que eu entre, o espaço é enorme uma cama king size bem ao centro. Duas portas de vidro à direita. Ele me coloca sentada na cama e abre uma das portas. É um banheiro grande, pelo barulho, a hidro foi acionada, e em seguida ele volta.
Pede permissão para tirar meu vestido, eu concordo com um movimento de cabeça e me levanto. Pede que eu me vire, desliza o zíper lateral e desce meu vestido, fazendo uma montanha negra sobre meus pés.
- Você é incrivelmente bela. Ele me conduz pela mão e me leva até o banheiro, desce minha calcinha, me ajuda a entrar na hidro e sai.
A água quente ameniza um pouco a ronquidão do meu estômago vazio. O banheiro é bonito, branco, apenas a bancada em torno da hidro em tom mel.
- Posso tomar banho com você? Ele volta com uma tigela com frutas, uvas, morangos, jabuticabas, e a descansa na bancada lateral da hidro.
- Deve e, se possível, me dê um banho também Roubo um morango para enganar a fome. Amo morangos.
- Com prazer. Minha baixa cintura reage ao vê-lo nu. Ele entra na hidro e senta-se atrás de mim Alcança uma enorme esponja branca e enche de sabonete líquido. O cheiro de morango domina o ambiente. Sabonete e frutas. Meu corpo o quer. Viajo para um mundo paralelo, enquanto ele habilmente possui meu corpo, espuma e desejo, em temperatura perfeita com a água movimentada da hidro. Viajo para um mundo paralelo, enquanto ele habilmente possui meu corpo, espuma e desejo, em temperatura perfeita com a água movimentada da banheira.
Assim que Evan termina de usar a esponja, enche a mão com o mesmo sabonete e começa a deslizar pelo meu corpo, em todos os pontos, até que seus dedos alcançam o ponto entre minhas pernas, eu me contorço.
- Victoria, não faça isso. Um gemido escapa de seus lábios.
- Não fiz nada! Alcanço dois morangos e uma jabuticaba.
- Fez! O movimento de suas costas é algo enlouquecedor. Ele diz e brinca com seus dedos em uma região que grita por ele.
- Quero você. Peço.
Ele gira uma pequena manivela e o chuveiro sobre a hidro dispensa água necessária para remover a espuma. Levantamos, eliminamos as bolhas e grandes toalhas nos envolvem Evan me enxuga, habilidosamente e me mantem molhada também..
- Quero experimentar você, beijar você inteira. Nossas línguas se encontram, ele me conduz até a cama.
Minha fome passou. Ao menos nesse momento. Um traço úmido feito por sua língua se inicia do peito de meu pé e sobe, assim como o calor do meu corpo. Pulso por ele e sua língua aveludada sabe como me manter assim. Então esse percurso molhado feito por sua boca alcança o meio de minhas pernas. Remexo-me. Eu o quero, mas não sei o que fazer. Viajo para um mundo paralelo e mesmo nele sinto que preciso de Evan dentro de mim O circular de sua majestosa língua me chama de volta para seu luxuoso quarto e para sua luxúria.
- Hummmm... Murmuro o deixando sentir o quanto estou receptiva em relação a sua habilidade oral.
- Deliciosa! E sua língua continua, com movimentos circulares, desfazendo o trabalho da toalha. De repente sua ele me invade, e retoma o movimento, sensação única, por que não fiz isso antes? Fazendo-me gozar em sua boca. Timidamente me entrego. Dou um gemido, profundo, estou em êxtase.
- Para mim? Eu realmente estava com sede.
Suas palavras me fazem gemer e ele não para, continua me sugando. Sua língua aveludada me enlouquece e eu, dentro de minha falta de experiência, sussurro os gemidos que meu corpo grita.
Ele alcança tudo e, de repente, me invade de novo, em uma sucessão frenética e altamente enlouquecedora.
- Doce. E, de novo, abocanha, retirando em goles exagerados. Enquanto gemo, uma de suas mãos alcança meu seio e, com o polegar, ele brinca, o fazendo enrijecer.
Eu espremo o lençol entre meus dedos e Evan traça uma linha úmida até meu umbigo. Minha baixa cintura clama pelo que está ao redor de sua cintura, eu o quero.
- Gosto do seu sabor. E sua boca sobe até meu outro seio. Ele está entre as minhas pernas, enquanto uma de suas mãos passeia por meu corpo, sua língua está no outro, em uma série prazerosa entre sugar e lamber. Sua boca sobe até a minha, deixando aquele rosto esculpido diante do meu.
- Estou apaixonado por você. Ele ajeita-se entre as minhas pernas e roça suavemente seu corpo no meu, pulso em todos os sentidos, e fico a beira de um lapso sexual apenas por imaginar ele dentro de mim. Percorro meus olhos ao meu redor e tudo agora faz sentido, então ele começa a me invadir, suavemente, com toda a calma do mundo. O desconforto misturado com prazer, os olhos de Evan em mim como se ele quisesse ver minha reação... Tudo junto me faz desejá-lo ainda mais. Dor e prazer, tudo ali, em minha baixa cintura. De repente ele me beija e termina de me preencher. Suspiro dentro de sua boca, fazendo-o gemer também. Meu prazer é o dele.
- Minha! Ele começa o movimento suave, indo e vindo, delicioso. Como eu o quero. O incômodo vai embora e ali resta um corpo rendido, entregue a ele.
Muito melhor do que revistas e livros, o calor dele e nosso suor, sim, nasci para ser dele. Como o despertar da Branca de Neve, como acordar de um coma, ou simplesmente ter a vida que esperava ter.
Gemo em voz baixa e me remexo sob ele, seu peso e sua condição viril exigem de mim um orgasmo, o tipo de clímax que vou me lembrar para sempre.
_Simplesmente perfeita... Ele sussurra em meu ouvido assim que sente meu corpo agradecer por engolir o corpo dele.
Alucinante. Por muito tempo vai e vem. Eu o quero mais, ele percebe. Solto um gemido alto que o enlouquece e o faz pressionar com mais força, sinto mais prazer em tê-lo dentro de mim e perco em sua mão que apoia um dos lados de minha face.
- Minha... Outro sussurro, outro orgasmo e meu novo mundo.
Levo minhas mãos até suas costas largas e pressiono meus dedos contra ela, até que, por instinto, o laço pela cintura com minhas pernas.
- Não consigo mais resistir. Ouvir isso é como se meu corpo fosse realmente digno de uma oração, e mais forte ele me toma.
Eu o sinto pressionar seu corpo contra o meu e me encher de uma única vez. Evan suspira em meu pescoço e esvai dentro de mim.
Dezenove anos percorrem a minha mente, percebo que nada vivi até esse dia. Evan ainda suspira sobre meu corpo e eu o aconchego em meu colo. Seu rosto úmido, assim como o meu na noite em que me apresentei para ele, nos tornam iguais, nos tornam únicos e nos transformam em um só.
Questionar se ele é o certo ou o errado já não está na minha lista e possivelmente eu não queira saber a resposta.
- A melhor noite da minha vida. Ele se coloca ao meu lado e me abraça, enfiando o nariz em meu cabelo e meu pescoço.
- Você é incrível, você é minha. Ele sussurra, ele me fez suspirar. A última vez que olhei para o relógio era pouco mais de três horas da manhã.
* * *
Acordo com Evan enroscado em mim e com meu estômago gritando de fome, agora de comida. Me solto do seu corpo e alcanço o chão. Olho para o rosto dele, cabelo bagunçado e lindo, boca carnuda ondulada pelo travesseiro. Que boca, é um absurdo seu rosto. Enquanto o observo lembro-me de cada sensação extraordinária que me fez sentir. Então a fome me chama para o presente.
Abro todas as portas, descubro um closet. Faço em silêncio, não quero acordá-lo. As portas transparentes me ajudam a achar em qual das alas posso encontrar uma camiseta. Pego uma preta que me cobre até a coxa, vou até o banheiro e depois desço as escadas.
"Preciso comer" Penso comigo. O relógio cuco, que lembra a casa do meu avô, anuncia cinco horas da manhã. Dormi pouco, pois a fome não me deixou dormir mais.
Assim que alcanço a cozinha, necessito de luz e não sei onde fica o interruptor. Abro a geladeira tem comida para matar a fome de um país de pequeno porte. Uma fartura. Pego queijo, presunto, suco, pasta de amendoim e uma travessa de bolo de chocolate. Coloco tudo em cima do balcão, que posa de suporte para pia e fogão no meio da cozinha.
Deixo a porta da geladeira aberta, puxo bem a camiseta e me sento em cima do balcão, ao lado do meu piquenique, ficando de costas para a porta. Apenas a luz da geladeira me ilumina. Faço a maior mistura, enrolo o presunto e queijo e mergulho na pasta de amendoim, depois passo a pasta no bolo e bebo o suco direto da garrafa. Eu não sei onde estão os copos.
- Victoria. Evan me chama. "Porra!" Penso. Não posso responder, minha boca está cheia. Minha única reação é levantar a mão.
- O que você está fazendo?
Não posso avisar que estou comendo como uma pessoa que passou três dias amarrada.
Evan acende a luz, estico o pé e fecho a porta da geladeira, ele caminha em minha direção dando a volta na ilha, pode ver a bagunça que está sobre o balcão.
- Estava com muita fome. Respondo assim que engulo a mistura que fiz em minha boca.
- Por que não me acordou? Aquela beldade de cueca boxer, abrindo uma das trilhões de portas do armário suspenso e pegando um copo, é de perder o eixo, mesmo.
- Você estava dormindo tão gostoso. Desculpe.
- Uma mulher linda e deliciosa sentada sobre o balcão fazendo bagunça. O sorriso dele é covarde de tão perfeito.
Ele coloca o copo sobre o balcão, mas não o usa. Ele bebe o suco como eu e depois me beija.
- Uma criança, você quis dizer? Sorri e passa o dedo no canto da minha boca, retira um pouco de pasta de amendoim e lambe o dedo.
- Bom ter uma criança em casa, aqui é sempre tão arrumado. Gosto da organização, da limpeza impecável que Maria exerce, mas tudo em dose exagerada perde seu efeito benéfico.
- Tudo mesmo? O tom de uma profissional do sexo. Não tem outra explicação, virei uma Ellis.
- Bom quase tudo. Ele esfrega as costas do polegar na testa.
- Mas preciso lhe fazer uma pergunta.
- Faça. Peço e mordo um pedaço de bolo.
- Não usamos nenhum tipo de proteção. Sou saudável, tenho exames recentes, a verdade é que a cada três meses eu os faço. Bom, tinha que fazer, algumas coisas pelo visto mudaram. Ele balança a cabeça, com um rastro de um sorriso em seus lábios. - Mas acho que uma gravidez agora não seria legal.
- Evan... Engulo o bolo mastigado.
- Tomo remédio desde meus treze anos, Muita cólica. Fique tranquilo. Filhos não estão no topo de minha lista.
- Achei que ficaria chateada pela pergunta.
- Claro que não, imagino a quantidade de mulheres que tentaram aplicar o golpe em você. Não é o meu caso.
Bebo mais um gole de suco, e o encaro.
- Me surpreendeu. Fico desarmado com algumas atitudes suas.
- Evan, vem aqui. O chamo e o coloco entre minhas pernas.
- Escute, eu era apenas virgem, não se esqueça de que convivia com meninas de todos os pensamentos. Amei o que aconteceu, senti-me especial e, se eu não puder ter uma conversa madura depois de fazer amor com você é sinal que não estou preparada.
- Não ficaria sem você nem um minuto, ele declara.
- A não ser que não me queira mais. Em meus planos, pretendo ficar muito tempo com você. Admito, encolhendo os ombros.
- Não me deixaria? Ele me abraça forte, como um menino indefeso, diferente do cara do trabalho que fecha negócios em teleconferências.
- Por que deixaria você? Estou feliz. Eu o aperto forte entre meus braços e pernas enquanto respondo.
- Matou sua fome?
- De comida, sim!
- Você é linda Ruiva.
- Evan, para onde quer viajar que vai me levar junto? Não respondeu àquela hora, no carro.
- Seu aniversário está chegando e pensei em dois presentes, espero que goste.
- Gostar do quê?
- Será uma surpresa.
- E a Gael? Pergunto cruzando os braços.
- Vai estar em obras. Soube da reforma e automaticamente pensei em nós dois longe daqui. Seu semblante me passa a sensação de estar preocupado, tenso.
- Algo lhe incomoda, mas você não vai falar.
- Não posso, não agora, preciso resolver uma situação.
- Qual situação?
- Victoria, é complicado. Ele se senta na banqueta alta, em volta da ilha bem a minha frente.
- Complicado é você não dividir comigo e querer me oferecer um Evan perfeito. Perfeição não existe.
- Acredito que exista, há algumas horas eu a experimentei. Minha baixa cintura trepida e ele continua.
- Mas eu não quero falar de um problema que nesse exato momento não tem solução.
- É grave? Ele pega meus dedos do pé.
- Um pouco, o problema é que envolve mais pessoas. Ele desliza os dedos pelas minhas pernas, seu rosto é apreensivo, o problema o incomoda, nitidamente.
- Você não vai falar, nesse momento não tem solução, melhor esquecer. Mordo mais um pedaço de bolo por que, não quero estragar esse momento.
- Vick, esse mundo é sujo, nunca acreditei nas pessoas e agora me vejo diante de um labirinto. -Peço apenas que me entenda, tenha paciência. Seus olhos me alcançam e ele se levanta. - Você é, de longe, o melhor que poderia ter me acontecido.
- Posso garantir que existe muito de você em mim. Não posso exigir que me conte, mas posso pedir que não me engane. Ele abaixa a cabeça e uma lança triste é disparada.
- Não vou, mas, por enquanto, não posso te dizer nada. Ou melhor, o que te posso dizer é que, apesar do problema existir, ele não faz mais parte dos meus planos. Ele se levanta e me abraça forte. Largo o bolo e retribuo.
- Estou aqui, vai ser muito difícil eu sair. Gosto de você, muito mais agora.
- Minha linda. Ele beija minha testa e minha boca. - Chocolate fica bem em você. Enfim, um sorriso.
Seguimos para o quarto. Tiro a camiseta e me deito nua. Pude observar várias vezes seus olhos perdidos em direção do teto, seu revirar na cama e, logo em seguida, me abraça forte. Os suspiros em busca de alívio denunciam a gravidade, mas o que poderia ser tão grave? Outra família? Outra mulher? Não sei definitivamente o que pensar. Dormimos enroscados, Evan dorme eu fico um bom tempo divagando.
* * *
Acordo com Evan, gritando do alto da escada, chama por alguém de nome Maria, ele está pedindo café da manhã na beira da piscina, a voz doce responde do primeiro andar da casa que sim Não abro meus olhos, tenho o pecado da preguiça explodindo sobre mim Gosto de pensar no que aconteceu ontem No lençol, apenas a pequena marca do que eu havia perdido ou encontrado, ainda não sei...
Permaneço de olhos fechados e Evan entra no quarto. Dou uma pequena espiada. Ele está sem camisa, calça jeans surrada e descalço. O "v" de sua cintura mostra um caminho suntuoso e pecador.
- Você é linda, poderia te admirar assim por muito tempo, todos os dias! Ele caminha com seus dedos sobre as minhas costas. Estou de bruços e algumas mechas vermelhas estão espalhadas pelo meu rosto.
- Me aguentaria todos os dias? Sussurro.
- Aguentar indica sacrifício, olhar para você não parece se encaixar nesse ato. - Ele tira as mechas do meu rosto e abro os olhos, sorrindo para ele.
- Seu sorriso é lindo, e ter esses olhos em minha direção me faz querer você ainda mais.
- Poderia me acordar assim todas as manhãs? Ele desliza os dedos por cima do meu bumbum, até as costas.
- Então você quer ficar comigo todas as noites? Ele pergunta, com malícia.
- Todas as tardes, também! Estico- me virando de lado.
- Gostaria muito que ficasse comigo aqui, hoje.
- Só hoje? Acabo de confessar que adoraria ficar com você todos os dias!
- Quer mesmo? Posso ser cansativo com o tempo.
- Então espere o tempo me mostrar isso, porque não foi o que pareceu ontem à noite. Não termino a frase e ele está em cima de mim.
- Você é tentadora. Vejo uma menina e uma mulher deliciosa dentro do mesmo frasco. Você é minha!
Eu não sei como ele faz isso, mas a calça jeans dele vai parar no outro lado do quarto e ele está dentro de mim. Não há dor, e o contato de sua pele na minha é algo mágico. Poderia acordar assim todas as manhãs. Santa Ellis! Evan sabe o que fazer e como fazer. Eu o quero outra vez. Uma tarada compulsiva. Ele rola para o meu lado enquanto tento conter a trepidação de meu joelho.
- Está me acostumando mal, Evan! Digo, enquanto me levanto e sigo para o banheiro.
- Por quê?
- Posso exigir isso todos os dias! Respondo alto, ligando o chuveiro.
- Por favor, exija! Sinto o sorriso em suas palavras.
- O que gostaria de fazer aqui hoje? Pergunto, desviando as palavras da água forte que cai sobre mim.
- Parece uma casa simples de dois andares. Simples? Cacete, se ele visitar minha casa da Escócia saberá o que é simples. - Mas tenho alguns passatempos. Ele está dentro do box comigo em menos de um segundo.
- Espero que não seja nenhum quarto sem janela, com correntes presas na parede. Ele sorri enquanto desliza a mão ensaboada pelas minhas costas.
- Na realidade é um calabouço. V>u trancar você lá e te visito diariamente. Gosto do lado brincalhão dele.
- Uma escrava sexual, li isso em um livro. Rimos juntos e, depois de alguns minutos, saímos.
Eu me sinto à vontade, tão à vontade que entro novamente em seu closet, tiro uma camisa azul de mangas longas com espaço para duas Victorias e a deslizo sobre meu corpo. Ele estava de toalha na cintura, olhando pela janela em direção da piscina.
- Como você consegue ficar linda dentro de uma camisa enorme?
- Sou uma espécie de bruxinha, franzo o nariz assim e pronto, você pensa que está vendo algo belo. Volto para o banheiro para escovar os dentes; com a escova dele, é claro.
- Não penso que vi algo belo, apreciei algo incrivelmente bonito. Inacreditável, fica por trás de mim, e eu praticamente sumo na frente dele. Coloca a mão por baixo da camisa que visto e contorna meus seios com as mãos. Uma delas desce até minha baixa cintura. Ele desliza seu indicador até o alto do meu sexo. - Bonito e extraordinariamente delicioso. Ele desgraçadamente lambe o dedo.
Meu corpo reage a isso.
- Você sempre terá esse efeito sobre mim? Pergunto, assim que elimino a espuma do creme dental da minha boca.
- Espero que sim Ele volta para o quarto.
- Realmente sou sua opção, Evan?
- Não, você não é minha opção, você é minha escolha. Seu olhar é sério e apaixonante.
- Me deixou sem jeito. Assumo constrangida.
- Você me deixou sem saída. Não pensei que um dia pudesse sentir o que sinto por você. Ainda é novo, mas é bom, algo que preciso; acho que sempre precisei, só faltava à pessoa certa.
- Você acredita em pessoa certa?
- Hoje, sim Ele me chama assim que veste novamente a sua calça. Vou te apresentar meus passatempos.
- Oh, não! Calabouço! Brinco, e ele gargalha. -Gosto disso.
- Do quê?
- Do barulho bom da sua risada. Ele me suspende pela cintura enquanto andamos em volta do mezanino e me beija.
A parte superior da casa tem acesso visual em toda parte de baixo. O mezanino é em forma de arco, de onde se pode ver a piscina pela grande vidraça e a sala que leva ao escritório. Do outro lado, algumas portas; quatro, para ser exata. Evan abre à última e eu não acredito.
- Evan, quantos anos você tem? Doze?
- Isso faria de você uma pedófila. Não gosta de videogame?
- Eu gosto, até arriscaria, mas não é por isso, que vou ter uma infinidade deles. É uma sala de cinema, com poltronas, apenas seis, todas reclináveis e em patamares diferentes. Na parede de frente, um telão; ao lado, pelo menos três marcas de videogames famosos e todos os acessórios possíveis; na parede lateral, frigobar, micro-ondas e uma cafeteira.
- Não gostou? Faz tempo que não entro aqui. Mas passei muitas horas jogando alguns anos atrás... Sem tempo.
- Exagerado, mas eu gostei. Sinto muito por você ter sido sozinho, não vejo interação saudável nesses artefatos. Prefiro a dança.
- Antes só do que mal acompanhado. Era meu lema. Ele retruca, em tom sereno.
- Evan, e quem pode lhe afirmar que, solitário, você já não estava em péssima companhia? Ninguém é tão alguém que não precise de ninguém. Afirmo novamente, pena você ter sido tão sozinho. Penso nas pessoas que não tiveram a oportunidade que estou tendo agora.
- Sempre vou ficar sem reação com você?
- Espero que não, algumas de suas ações me tiram o fôlego! -Gracejo e quebro o clima, que começou a ficar muito tenso. - Vamos ver a próxima?
- Sim, pode abrir a porta. é uma academia isso Explica o corpo desgraçadamente perfeito de Evan.
- Sabia que não tinha sido cirurgia plástica. zombo e ele me pega no colo.
- Atrevida! Ele beija meu rosto todo.
- Gostei daqui. admito assim que ele me coloca no chão. - Que horas você costuma malhar?
- Entre seis e sete da manhã.
- Bom conhecer um pouco mais de você, assim não me sinto alienada à sua vida.
- Você gosta de brincar. Ele afirma, sorrindo.
- Sim, quando encontro alguém que posso fazer isso, eu gosto.
- Encontra sempre com pessoas que despertam esse seu lado?
- Você é primeira pessoa que passo mais tempo por perto.
- Ouvir isso é como se Deus tivesse preparado uma encomenda especial. Ninguém tocou em você e nem vai tocar.
Não posso pensar nisso.
- Não, Evan, ninguém além de você, porque honestamente não consigo separar quem eu sou de você. Odeio chorar, mas meus olhos se inundam. Precisava falar.
- Minha menina. Ele me puxa e me laça pela cintura. Um abraço tão bom, tão forte.
- É de alegria. Vamos para as próximas portas? Provavelmente é o calabouço em uma delas. Quebro o clima e brinco de novo.
- Não tem nada atrás dessas portas. Ele abre. É apenas um quarto vazio, com uma porta dupla que dá acesso à vista para piscina e a outra um cômodo menor.
- O que você quer fazer? Pergunto enquanto corro a sua frente, descendo a escada de dois em dois degraus, girando como balé e trombando com Maria, que carrega um monte de roupa. Caímos de bunda no chão.
- Me desculpa, sou um desastre, pode deixar que eu pego.
- Não se preocupe. A mulher da voz doce.
- Você está bem? Pergunto, ajudando-a a levantar-se. Evan desce a escada com a cara fechada. Fiz merda, claro.
- Estou bem, foi apenas uma trombada. Você é magrinha, não causa estrago. Ela é agradável, gostei de primeira.
- Maria, você está bem? Evan pergunta.
- Estou, fiquem tranquilos. Ela ri da situação.
- Maria, essa é a Victoria, ela tem um problema com pessoas no fim da escada. Victoria, essa é a Maria, minha babá. Ele diz carinhoso em relação a ela.
- Prazer. Peço desculpas, esse é o segundo acidente essa semana envolvendo pessoas e escada.
- O prazer é meu, não precisa se desculpar, Sr. Maccouant. O café está servido - ela diz e estica os braços, pegando as roupas que estão no meu colo. - Com licença. - Ela sai, rindo da situação. Evan está com a cara fechada.
- Está proibida de descer as escadas dessa forma. Ele me dá uma tapa na bunda.
- Não pode me bater, sou mulher!
- Ah, posso sim, novamente. Dessa forma para você ver o que eu faço. É uma ignorância a beleza dele. Bravo, então, é uma perdição.
- Tenho fome. Brinco, passando a mão sobre a marca em meu traseiro.
- Sente-se. Ele puxa uma cadeira de madeira e fala sério. Gosto disso.
Uma piscina grande retangular e um pequeno jardim nos cercam.
- Quantas pessoas trabalham para você? Arrisco um novo assunto, enquanto lambuzo uma fatia de pão com geleia de damasco.
- Mais de dez mil, mas sob minhas mãos estão apenas os administradores. Administro quarenta pessoas diretamente que cuidam do restante, que mantêm nossos representantes em mais de quinze países na linha, além de cuidar de nossas filiais, Nova York, Alemanha e Paris.
Ele leva a xícara de café até a boca com uma tranquilidade. Porra, ele tem vinte e seis anos, como pode achar natural ter tudo isso sob suas asas recém-criadas?
- Não acha muita responsabilidade?
- Sim, mas eu gosto do que faço e dispenso muito dinheiro contratando o que existe de melhor, assim a responsabilidade fica por conta do RH, que contrata apenas os capacitados. Se algo der errado, temos o foco do problema.
Uma alma perdida de um velho acaba de incorporar o moço bonito que está me acompanhando.
- É assustador. Pessoas são assustadoras, às vezes. E nessa proporção, ainda... O que seu pai faz?
- Manhã de investigação, Srf Campbell?
- Apenas curiosidade. Por favor, sinta-se à vontade para não responder. Educação que acoberta o "pelo amor de Deus, conte-me tudo sobre você".
- Posso responder. Meu pai é proprietário de uma rede de concessionárias. Hoje em dia ele não trabalha mais, apenas colhe os frutos. Foi por conta disso que me interessei pelo ramo de importação e exportação. Eu percebia algumas dificuldades em importação e isso fazia com que algumas vendas fossem perdidas. Atraso falta de comprometimento... Então comecei a elaborar a estratégia para que meu pai pudesse atender os clientes em prazo satisfatório. Isso foi aos dezesseis anos e nunca mais parei.
- Aos dezesseis anos fui capa de uma revista sobre balé. Pronto, só fiz isso. Sorrio, e ele também - Somos muito diferentes, e você não me pergunta muita coisa sobre mim Não tem curiosidade?
- Claro que sim, mas eu tenho a informação em minhas mãos. Seu pai trabalha em uma empresa de tecnologia de informação há mais de vinte anos e foi transferido da Escócia para Nova York por conta de seu exímio desempenho, já que funcionários assim são raros. Sua mãe é arquiteta, exerce a profissão de forma autônoma, sem vínculo empregatício, e entrou em contato com Charper&Lousan quinze dias antes de sua mudança, tudo por conta de um trabalho que ela fez em Londres e a Charper gostou muito. Ela recusou a oferta, pois seria necessário fazer duas viagens semanais e isso não interessou.
- Como você sabe disso e eu não sei?
- Tenho meus meios. Precisava descobrir tudo sobre a menina que fica na ponta dos pés e coloca meu mundo de cabeça para baixo.
- Minha mãe, a Charper... Adoraria trabalhar com eles.
- Não gostaria. Ele franze a testa.
- Evan, farei arquitetura e, se puder, vou trabalhar com eles, sim Digo convicta, olhando nos olhos do Sherlock Holmes.
- Não quero discutir isso agora. Termine seu café.
- Gosta de dar ordens, mas não sou muito boa em obediência. Descobriu isso, também?
- Você está brava por quê?
- Você me investigou. O que poderia te contar que lhe causaria surpresa ou agrado?
- Você é minha surpresa e agrado, e o que descobri foram informações simples. Não acredito que ficou brava por eu querer saber sobre você.
- Era só ter perguntado a mim Puxo meus pés para cima da cadeira e abraço meus joelhos.
- Tenho muito para saber sobre você, mas nesse momento, se puder fazer a gentileza de tirar os pés da cadeira, agradeço. Ele pede de um jeito estranho e leva a xícara até a boca.
- Desculpa, não quero estragar sua cadeira de madeira maciça.
"Cínica!", meu subconsciente grita.
- Com o que eu ganho, compraria todas as cadeiras disponíveis no mercado por mais de cem anos. O meu problema não é a cadeira, é você estar sem calcinha. Ele é mais cínico e eu abaixo minhas pernas.
- Achei que gostasse. Provoco.
- Gosto muito do que estava à mostra, mas temos pelo menos oito câmeras por aqui. Não gostaria de saber que o algo meu está sendo gravado em um sistema de segurança.
- Ops!
- Terminou seu café? Quero lhe mostrar outra parte da casa.
- Fica no subterrâneo? Pergunto séria, porque pensei que tinha visto de tudo.
- Sim, calabouço. Ele sorri e me leva com ele.
Passamos pela cozinha a escada em arco. À esquerda, entramos no escritório. Estantes até o teto, muitos livros e uma mesa larga cobre a cadeira reclinável em couro preto.
Ao lado da janela pequena que permite a vista para a rua, um divã preto e duas poltronas, também pretas, sobre o tapete de marfim liso.
- Livros? Pergunto curiosa.
- Não, boliche! Ele ri.
- Você está sendo zombeteiro?
- Não! É boliche mesmo. Rebate em tom divertido.
Ele empurra a lateral da estante e abre como uma porta. Minha tia Isabel, responsável por todas as desgraças da minha vida, tinha isso na casa dela. O banheiro ficava atrás de uma das portas do guarda roupa.
- Por que você escondeu isso? É uma pequena pista de boliche ao canto, uma mesa de sinuca, outra de pebolim e uma pista de dança, além de um bar, montado ao lado direito.
- Não está escondido, é a prova de som.
- Quantas vezes por semana você joga boliche?
- Nunca segurei nenhum objeto desse lugar.
- Então por que diabos você tem?
- Não sei. Responde dando de ombros.
- Acenda as luzes, vamos jogar...
Evan e eu jogamos boliche, sinuca, pebolim e alguns jogos de videogame. Assistimos juntos a dois filmes. Valente, uma animação infantil que por algumas vezes me identifiquei; e Os Vingadores. Comemos muito e também dormimos. Passa das duas horas da manhã quando o filme acaba. Acordo com Evan me levando para a cama.
- Preciso ir embora?
- Nunca. ele responde, beijando o topo de minha cabeça.
* * *
O dia está lindo; eu radiante, chego a GAEL vestindo uma macacão preto de balé, sobre ele uma saia em Jersey própria para ensaios, nos pés um par de sapatilhas da mesma cor.
Sam já está lá e me cumprimenta, recebo um elogio pela roupa, ela pergunta sobre o evento no fim de semana.
- Obrigada! Foi bom, muito bom - Penso nos dois eventos. - Mas eu não a vi por lá?
- Estive no evento, mas encontrei com Sebastian. Fui embora. - Ela parece triste.
- Você não ficou por conta dele?
- Eu não fiquei por conta delas. Havia duas mulheres com ele. Estavam do lado de fora aguardando.
- Isso passa Sam Preciso subir depois nos falamos. Subo as escadas correndo. Preciso queimar a quantidade absurda de porcarias que ingeri nesse final de semana.
Alice está no canto da sala e me cumprimenta.
- Hoje não posso dançar muitas músicas, tenho pouco tempo, dia de matar o bichinho. Isso me desmonta, mas preciso me manter em pé, sem chorar.
- Então vamos rodar por esse salão e mostrar para esse bichinho quem é que manda. Beijo o rosto dela. Queria tanto que ela se curasse, e pudesse usar suas perninhas sobre as sapatilhas de ponta...
Dançamos apenas uma música. Temos tempo apenas para uma breve história e Alice precisa tomar seu remédio. Passo a manhã envolvida com as meninas e nosso ensaio de final de ano. São quase três horas de dança, com apenas quinze minutos de descanso. A aula acaba e Alice martela em minha mente. Ela não sai da minha cabeça. Oro por ela.
Alcanço minha bolsa e resgato meu iPad; duas mensagens de Evan.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Pensando em você
Segunda-feira 25 de agosto 09h37min
Melhor final de semana da minha vida. Gostei de acordar ao seu lado, de ter a cama bagunçada e ter ficado sem sossego.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Reunião
Segunda-feira 25 de agosto 10h45min
Vou entrar em uma reunião em dez minutos, vou ficar sem comunicação por algum tempo.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
-@@-
Samantha me desperta dos pensamentos sobre Evan, ela me avisa que a professora de jazz faltou e pergunta se posso substitui-la, pois sua turma está esperando a mais de dez minutos, eu concordo, coloco, e coloco meu iPad na bolsa, enquanto descemos as escadas de madeira.
Sigo em direção à sala e cumprimento as vinte e duas alunas de macacão preto até o pé. Elas têm em torno de dez anos e são lindas. Tudo que envolve dança e música é bonito.
Começamos a aula.
- Valeu garotas, vocês são ótimas, conhecem bem as antigas da Madonna. Elogio pelo desempenho em dançar músicas da década de oitenta. Elas nem sonhavam em existir.
Passo mais cinquenta minutos dançando, o que me causa alívio. Queimei todas as calorias extras que consumi. Desço para falar com a Sam e alguém na porta me chama a atenção.
- Lucca! Corro na direção dele.
- Vermelhinha! Que abraço bom.. '
Pergunto o que ele faz aqui, explica que chegou ontem pela manhã, e retorna para Boston hoje à tarde, estou radiante com a presença de meu irmão. Alguém pigarreia. É Sam, então me lembro de apresenta-los, estava devendo essa para ela. Lucca a cumprimenta com sua lábia doce, seu interesse é notório, os olhos de Sam brilham Pronto! Virei cupido.
Ele me dá um beijo, olha para Sam e se vai. - Até logo. Despeço-me e ele acena com a mão.
- Victoria, ele é lindo! Esta encantada.
- Ele é vermelho como eu. Brinco.
- Que rosto perfeito.
- Assim como eu. - Brincadeira. - Sábado à noite faremos algo juntos. Preciso responder uma mensagem, depois nos falamos. Digo e subo a escada, em pulos.
Chego à sala espelhada e pego meu iPad. Evan está online!
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Maccouant:
Mania de descer as escadas saltitando. Até eu saber quem era o rapaz que você abraçou, eu quase matei alguém.
Vick.RED:
Ciúme?
Tenho problemas com degraus. Se puder me ajudar quanto a esse distúrbio, eu agradeço.
Desculpa não ter respondido, cobri uma aula de outra turma.
Eu não mencionei, mas me mudo no sábado.
Maccoaunt:
Zelo!
Belo apartamento, vou conhecer seus pais?
Vick.RED:
Sherlock Holmes
Sim, vai conhecê-los.
Investigou mais alguma coisa, além de minha futura casa?
Maccouant:
É elementar... =D
Vick. RED:
Não está trabalhando?
O que descobriu em suas investigações?
Maccouant:
Eu sempre estou trabalhando. Você não precisa saber.
Ainda não almoçou... Almoce agora!
Vick.RED:
Não posso, minha turma chega em dez minutos.
Está me vigiando?
Olho para cima, procurando a câmera, mas não vejo nada.
Maccouant:
Sim.
Ninguém instala câmeras por puro capricho, pare de procurar! Maccouant:
Arrume tempo e almoce.
Vou entrar em outra reunião, beijos Gosto do que vejo nesse momento. =D Ele termina a mensagem enviando vários corações, esses pequenos gestos mechem comigo.
Eu estou de bruços, com as pernas dobradas, lendo os e-mails; e ainda não sei onde está essa câmera.
As meninas da turma da tarde entram. Estas são mais velhas, têm entre doze e catorze anos.
Dançamos por duas horas seguidas. Esse prazo esticado, é por conta da reforma. Havia um comunicado na recepção sobre isso.
Meu estômago começa a dar sinais fortes de fome pouco antes de a aula terminar. Eu sorrio enquanto me despeço.
Sigo em direção á minha bolsa.
Tornou-se um vício. Preciso de Evan em tempo integral, estou contando os dias para domingo.
Uma mensagem de Evan e outra de Ellis. Evan envia letras em Caps. Locke, mandando que eu almoce e me acusando de teimosa, eu respondo dizendo que logo compro um lanche natural. Quanto a Ellis...
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De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: Conte-me tudo
Segunda-feira 25 de agosto 15h21min
Victoria, quero saber tudo.
Quem, quando, por que, onde...
Mande uma foto dele, vamos ver se aprovamos...
A Apple está aqui com corações em torno dela...
Bjs.
De: Victoria Red
Para: Ellis Pepper
Assunto: Quer saber demais
Segunda-feira 25 de agosto 15h27min
Ele é lindo, lindo mesmo, nos conhecemos aqui na companhia de dança.
Não preciso mandar foto alguma, pesquise no GOOGLE - Evan Louis Maccouant.
Meninas, preciso ir para a aula. Agora eu tenho um emprego, o melhor do mundo!
Bjs.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes
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Quando eu me levanto, escuto a mensagem chegando. Não resisto, pode ser o Evan.
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De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: Lindo!
Segunda-feira 25 de agosto 15h30min Victoria,
Ele é lindo! Tão lindo que a Ellis passou mal e foi para o banheiro vomitar.
Bjs.
Apple.
-@@-
"Essas duas", penso comigo.
A turma avançada chega, São apenas dez.
Elas vão apresentar A Morte do
Cisne. A Lívia havia começado a coreografia, eu precisava continuar.
Mais duas horas de dança, ainda sem comer. Minha última refeição foi um copo de suco e um morango no café da manhã com Evan.
As meninas saem. Essa é minha última turma e meu estômago começa a doer. Mas preciso do meu iPad, de minha dose de Evan, e eu fico de bruços no chão.
-@@-
De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Demissão
Segunda-feira 25 de agosto 16h53min
Vou solicitar a sua demissão caso não cumpra o horário de almoço.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Preciso desse emprego!
Segunda-feira 25 de agosto 17h41min
Não faça isso, foi hoje, apenas, uma professora faltou e acabou atrasando meu dia.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes.
-@@-
"Radical demais, mas estou com uma fome absurda", penso e escuto outra mensagem.
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De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: Feliz?
Segunda-feira 25 de agosto 17h43min
Victoria,
Você está feliz?
Bjs.
Ellis
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De: Victoria Red
Para: Ellis Pepper
Assunto: Muito feliz
Segunda-feira 25 de agosto 17h45min
Mais que isso...
Bjs.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes
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De: Ellis Pepper
Para: Victoria Red
Assunto: Fico feliz também
Segunda-feira 25 de agosto 17h48min
Victoria,
É isso que importa, preciso ir, tenho um compromisso.
Bjs.
Ellis.
-@@-
Ellis desfiaria um rosário por conta disso. Ela deve estar com pressa. Perco- me de novo, olhando as mensagens de Evan.
- Terei que vir aqui todos os dias e obrigá-la a almoçar? Evan se materializa na sala e eu me deito de barriga para cima.
- Não seja radical! Sorrio para ele e dobro meus joelhos.
- Você está sem comer o dia inteiro.
O telefone dele me salva da ladainha.
Ele atende, do outro lado é Jony, ele fala sobre dividas do governo, sua competência no trabalho e sobre querer a empresa de alguém chamado Gutenberg, e uma filial em Madri, cita um prédio em New Jersey, comenta sobre alguma escritura. Eu fico quieta esperando ele terminar a ligação Puta merda, nunca o vi falar desse jeito. Espero que tenha descarregado sua fúria nesse coitado do Jony. Ele encerra e vem direto para mim furioso também.
- E você, mocinha?
- E você, Senhor de cinquenta e sete anos quando fala ao telefone. Zombo, mas ele não gosta.
- Desculpa, é que ficou tão sério ao telefone, andando para lá é para cá com esse terno preto. Tento sorrir e ele se aproxima.
Ele estica a mão em minha direção e eu a alcanço, levanto e rodopio, parando diante dele.
- Você é linda, é divertida, e teimosa, te adoro mas juro por Deus que tenho vontade de esquentar a sua bunda. Ele está quase sorrindo.
- Sabe de uma coisa, Evan?
- Não, você ainda não me contou. Bravo, olhar sério.
- Você bateria na minha bunda com ou sem roupa? Dou um selinho no canto de sua boca, com sacrifício e nas pontas dos pés.
- Vamos jantar e depois penso se devo tirar ou não a sua roupa antes de lhe dar umas palmadas. Ele sorri e eu venci.
Alcanço minha bolsa e ele estica a mão, fazendo menção para carregar.
- Obrigada. Levanto a mão dele que está entrelaçada com a minha e beijo os nós dos seus dedos. - Preciso trocar de roupa, vou jantar assim?
- Eu sei, vou te levar para o hotel, quero que pegue algumas roupas e venha para a minha casa. Paro no meio da escada.
- O que foi que você disse?
- Quero que você pegue algumas roupas e venha para minha casa. Por quê?
- Isso não está indo muito rápido? Vou dormir lá hoje de novo? Sorrio.
- Bom, não estava pensando em dormir, mas se você não quiser, te deixo no hotel. Ele entra na brincadeira.
- Evan. Sento no degrau e minha visão embaça.
- Victoria, viu como precisa comer?
- É, acho que você tem razão. Tiro minhas sapatilhas e ele as pega.
- Acha? Sem roupa! Ele segura minha bolsa e as sapatilhas em uma única mão.
- Sem roupa o quê? Pergunto, me levantando.
- Os tapas que vai ganhar. E não vou passar no hotel, vamos direto para a minha casa. Ele está bravo de novo.
- Não tenho calcinha na sua casa! Esbravejo.
- O que quero fazer com você, com certeza não vou precisar dela! Ele me pega pela cintura e desce o restante da escada.
- Mas depois que fizer, vou precisar! Ralho novamente.
- Victoria, minha linda, está me irritando e me excitando, não sei para qual inclino mais. Ele fala com dentes cerrados, assim que pisamos na calçada.
- Vou te ajudar, primeiro use sua excitação a meu favor e depois deixo você me dar alguns tapas. Aconselho e aproveito a porta do carro que está aberta graças ao Günter. - Oi, Günter - cumprimento rapidamente e me sento. Evan coloca minhas coisas entre nós, no banco de trás do carro.
- Para a quinta avenida, Günter. Por que quinta avenida? Ele vai me largar lá? Assim, de macacão e saia preta?
- Estou em apuros? Mordo o canto interno da boca e arqueio a sobrancelha.
- Sim Evan seco, bravo, rude,
grosso... Seria interminável a lista.
- Pense bem, Evan, não faça mal para essa escocesa suada, cansada e faminta brinco, mas estou enrascada, mesmo.
- Suada e cansada eu assimilo bem, mas o faminta me irrita. Ele pronuncia em tom melhor. Tiro o rude da lista supracitada.
- Posso estar faminta em outro sentido. Isso te irritaria? Pulo as minhas coisas e me sento no colo dele, encaixando meus joelhos em seu quadril.
- Não vai conseguir nada com isso. Ele está sério e eu gosto muito desses lados velhos de Evan.
- Que pena que não vou conseguir nada. Deslizo minha língua pelo contorno de sua orelha. - Porque eu não queria ficar longe de você, na verdade adoraria ter você em mim novamente. Mordisco seu lóbulo e sinto seu suspiro.
- Golpe baixo. Ele me beija, finalmente.
- Foi muito difícil conseguir um beijo seu hoje! Estou exausta por conta disso. Desfaço do colo e deito com a cabeça em sua perna. Em qualquer ângulo que eu o olhe, ele é um excomungo de bonito.
- Pode parar na próxima quadra. Evan ordena a Günter. - E você, não saia daqui. "Ufa!", pensei, e ele desce do carro.
- Günter, trabalha há muito tempo para Evan? Indago, Depois penso na indelicadeza. Desculpa a curiosidade.
- Trabalho para a família há mais de vinte anos. Sr. Maccouant me tirou de John há sete anos. - Ele tem um rosto bonito. Günter é novo, mas quando fala há mais de vinte anos me assusta. Ele tem uma pele bronzeada, olhos bem desenhados e um nariz angular perfeito, reto. O cabelo é bem cortado. Definitivamente, ele não parece um funcionário, parece o patrão.
- Confiança é a base para tudo. Digo, correspondendo ao olhar dele pelo retrovisor.
- Amizade, lealdade, solidariedade e humildade são as características principais da família Maccouant. Daria minha vida por eles, por cada um deles.
Gosto do Günter, ele tem olhos sinceros.
- Tenho a sensação de que conheço você, mas sei que é loucura e...
Evan entra no carro nos interrompendo; está com uma sacola azul clara na mão e a coloca do lado oposto de onde estou.
- Podemos ir, Günter. Evan ordena e Günter acelera.
- Posso voltar onde eu estava? Pergunto, deitando de novo com a cabeça sobre a perna dele.
- E se eu dissesse "não"?
- Faria do mesmo jeito! Franzo o nariz.
Ele me puxa, com facilidade, para o seu colo, e beija meu nariz. Passo meus dedos pelos seus cabelos, os jogando para trás.
- Você não pode fazer isso, ficar sem comer o dia todo. Não gostei do que fez ele fala carinhoso, mas muito sério.
- Gosto de quase tudo que você faz. Encosto meu rosto em seu ombro.
- Do que você não gosta?
- Quando me fala tchau. Sorrio, com a bochecha apoiada em seu ombro, e ele me aperta.
- Colo bom, poderia dormir aqui. Ele desliza as mãos pelas minhas costas.
- Pode dormir, se quiser. - Evan inclina o rosto junto ao meu, estou tão cansada que as mãos macias dele me fazem cochilar.
* * *
- Acorde! Evan sopra em meu ouvido. - Chegamos.
O carro está na garagem da casa, que fica na lateral e tem acesso à área da piscina.
- Eu dormi mesmo. Sorrio, encolhendo os ombros.
- Linda. Ele responde, rindo, enquanto saio do colo e do carro dele.
- Preciso de um banho. Vou na frente, me guiando pelas arandelas da garagem Para que quatro carros? "Bom, o pai dele tem várias opções", pensei.
- Fique à vontade, preciso fazer algumas ligações. Ele diz, parando na casa menor, e mais do que depressa subo, arrancando minha roupa e entrando embaixo do chuveiro.
Eu estou cansada, mas o cochilo me renovou em partes. Era apenas banho e comida. Sento no chão do box e deixo a água cair em cima das minhas pernas. Coitadas. Olho para o par de joelhos dobrados à minha frente.
- O que você está fazendo aí?
- Relaxando! Sorrio para ele e, em seguida, encho a boca com água quente e bochecho.
- Você é sempre assim? Ele pergunta jogo à água de minha boca, como um chafariz.
- Assim como, Evan?
- Surpreendente. Às vezes, vejo você como se tivesse uma experiência de trinta anos, mas logo em seguida a vejo com cinco. Não vou enjoar nunca.
Ele sorri, as covinhas aparecem e eu fico extasiada.
- Pode ser um sintoma forte de bipolaridade. - Gargalho. - Camaleão Evan, é melhor viver assim a ter que suportar a rigidez e correr o risco de quebrar. Penso em dois extremos, mas não esqueça do período do mês em que me torno uma serial killer.
- Pedi para a Maria esconder as facas da casa - ele avisa, rindo, tirando a gravata e indo para o quarto.
Ensaboo-me com o sabonete de morango, lavo meu alien e saio do box para me enxugar. "Estou sem calcinha, vou usar uma cueca dele", penso e dou risada ao imaginar a cena. Enrolo uma toalha na cabeça e outra no corpo. Vou para o quarto e um pré-AVC quase me acontece.
Sobre a cama, a sacola azul clara; à sua volta, vários jogos de lingerie, tecido fino e renda delicada, um de cada cor.
- Agora você tem calcinhas aqui - Evan fala, assim que sai do closet.
- Você comprou calcinhas para mim.
- E sutiã também - Ele passa por mim, beija meu rosto e segue para o banheiro.
- Você entrou em uma loja de roupas íntimas femininas por mim - Estou encantada e lembro dos trapos que costumo usar. Não que sejam velhos ou furados, mas perto dessa seda são praticamente panos de chão. Sigo-o até o banheiro e percebo mais uma escova de dente sobre a bancada da pia; ao lado, uma escova de cabelo. Detalhista e surpreendente.
- Qual é o problema? É apenas uma loja e você é minha namorada. - Ele abre o chuveiro e começa seu banho.
- Nenhum, é apenas surpreendente. - Alcanço a escova e penteio a juba.
- Maria está arrumando a mesa para o jantar - ele diz, e eu estou ainda espantada com o que ele fez.
Vou para o quarto e escolho a branca. Veste perfeitamente. Ele sabe com exatidão meu tamanho. Sigo para o closet e escolho uma camisa social branca. Observo a coleção de abotoaduras que ele tem, elas estão em uma caixa de veludo com a tampa de vidro, em cima da ilha de madeira ao centro do closet. Guardo as minhas peças finas junto com suas cuecas.
- Você ficou linda assim Evan sai do banheiro com a toalha enrolada em sua cintura e olha para mim dos pés à cabeça. A camisa dele chega até o meio de minhas coxas e havia dobrado as mangas até a altura do meu pulso.
- Obrigada, e você fica lindo assim Pele úmida, cheirando a banho, cabelos molhados e um corpo terrivelmente torneado.
- Obrigado, fico feliz em saber que gosta do que está vendo. - "Eu estou o comendo com os olhos, é isso que você
quer dizer?", pensei.
- Gosto muito. - Santo Deus, como gosto. De virgem puritana à devota sexual.
- Espere um minuto, já vamos descer. Ele passa por mim, sela minha boca e vai para o closet. Retorna em alguns instantes, vestindo bermuda clara e camiseta preta. Porra! Como consegue ficar lindo com qualquer roupa?
- Vamos ? Eu imploro, mais dois minutos ali, eu sucumbo a ele.
Ele estica a mão em minha direção e, como imã, grudo nela.
O cheiro de comida implode meu estômago; o cheiro de Evan implode minha baixa cintura. Tenho medo do que estou sentindo. Não a fome, nem da comida e nem dele, sinto medo de tudo isso acabar.
- Boa noite, Victoria - Maria, com um sorriso largo, me recepciona assim que entro na cozinha. Provavelmente ela já cumprimentou Evan logo que ele chegou.
- Boa noite, Maria. - Ainda tenho vergonha da trombada. - O cheiro está ótimo. - Elogio modesto perto do incrível aroma de peixe grelhado que dominou a cozinha. Maria se despede e vai para a casa de empregados, que fica ao lado do jardim.
Evan ordena com sobrancelhas arqueadas, que eu me sirva, enquanto alcança os pegadores. Sentamo-nos em torno no balcão e me esbaldo. Como duas vezes, que vergonha.
- Boa menina - ele diz assim que me vê afastar meu prato.
- Comi muito, parecia que seria minha última refeição. Não posso comer assim todos os dias, vai chegar uma hora que não vou conseguir girar sobre os meus pés.
- Exagerada. Comeu peixe e salada, refeição saudável.
- Por duas vezes, Evan. Pura gula, agora sinto sono porque meus olhos foram maior do que a barriga. - Ele gargalha, sinfonia para meus ouvidos.
- Não tem graça, olha só isso. - Desabotoo os últimos botões da camisa e mostro a pequena onda que se forma em meu estômago devido ao exagero.
Com isso ele vê a calcinha recém- comprada por ele em meu corpo.
- Abriu meu apetite. - Ele olha maliciosamente entre minhas pernas e meu corpo reage em forma líquida sob esse olhar.
- Posso ajudar com alguma coisa? - desabotoo o restante da camisa e penduro na banqueta em que ele está sentado.
- Pode, pode subir agora, junto comigo.
Evan me pega no colo e seguimos para o quarto.
- Fico feliz em poder ajudar. - Sorrio e ele me coloca no chão. Rapidamente ele tranca a porta e tira a camiseta. Minha baixa cintura trepida.
- Você ficou linda de lingerie branca, mas honestamente prefiro você sem ela.
- Fique à vontade. - Eu mal termino e seu corpo está colado ao meu.
Ele me beija, desliza suas mãos sobre meus braços e os leva até minhas costas. - É como um presente de aniversário. Ele suspira eu estremeço.
Ele abre os fechos do sutiã e, com os indicadores, remove as alças dos meus ombros, revelando meus seios rígidos.
Evan me deita na cama, me olha dentro dos olhos, deixando-me ainda mais nua, coloca suas mãos sobre eles e carinhosamente os acomoda, massageando os bicos com os polegares.
- Você é perfeita. - Sua língua encontra a minha e ele desce meu pescoço, até meus seios, os suga de maneira calma, como se o tempo parasse para nós. E acho que parou. A maneira como desliza sua língua sobre eles, o brilho da saliva e o contrate entre o tom vermelho de sua boca e o branco perfeito de seus dentes, elevam minha excitação. Ele continua a sugar enquanto encaixa sua mão sob o seio refém, seio feliz Sua boca vai até meu umbigo e o circula com a língua, fazendo me remexer entre seus braços que o apoiam Ele mantém o percurso e morde a lateral estreita da calcinha, passando os dentes de leve sobre minha pele ouriçada; abaixa um lado, depois o outro e, por fim, com a mão, a tira sem dificuldade.
Tudo que ele faz há uma habilidade incrível, sem erros. Não que eu tenha alguma experiência nesse assunto, mas a segurança de como ele faz é inacreditável.
Pequenos beijos os lados do quadril e sua mão dobra uma de minhas pernas. A outra permanece esticada o convidando para mim. Minha coxa por pouco não encosta em minha barriga. Ele dispensa beijos na parte interna da minha perna dobrada e, instantes depois, sua língua me encontra. Mágico, me fazendo gemer alto, me fazendo revirar, mas estou presa nas mãos poderosas e macias de Evan.
Sem qualquer receio, ele me invade com sua língua aveludada e sobe no ponto sensível do meu sexo, ele sabe exatamente quando estou para explodir em sua boca e ele desacelera, me fazendo reclamar em gemido. Por duas vezes ele faz isso, até que, por instinto safado dessa Victoria sem vergonha recém-despertada, seguro sua cabeça em protesto para ele me deixar gozar. Ele estava judiando. Para minha surpresa, era exatamente essa sua intenção, ele circula e suga majestosamente, e meu prazer vai direto para sua língua hábil e macia.
De repente ele dobra minhas duas pernas, meus joelhos quase encostam em meu nariz e ele mantem meu sexo refém de sua língua, o percorrer de sua boca me sugando me leva aos céus.
Inebriante, alcoólico e viciante, me tornei dependente desse homem e suas habilidades.
- Você tem algo para me dizer? Ele pergunta com os lábios quase encostando aos meus. Não na minha boca, lá embaixo. Isso faz um curto circuito acontecer. Sua voz é como um murmúrio.
- Tenho. Confirmo, gemendo e me contorcendo diante da sua boca.
- Então fale. Ele mantém o murmúrio e eu estou subindo pelas paredes.
- Não pare, por favor. Imploro, gemendo, e isso o faz cair de boca e repetir sua técnica realmente satisfatória.
Assim que me solta, eu o quero mais e ele tira a bermuda, revelando que estava sem cueca.
- Premeditado?
- Sim - ele responde e sua boca está na minha. - Adoro onde estou agora - ele diz em meu ouvido.
- Adoro que esteja aí. Retribuo o murmúrio. Não há mais incômodo, somente ele em mim, de maneira doce. Parece que tem medo de me quebrar. Adoro ouvir sua respiração forte, profunda, a cada vez que me invade. Gosto de senti-lo aqui dentro. Pressionando seu quadril contra o meu e me fazendo chegar ao máximo. Ele sabe que conseguiu. Quando seu corpo relaxa sobre o meu, tento negar a mim mesma, tento não pensar, mas já é tarde demais.
Não conseguiria viver sem ele.
- Quero que fique aqui, para sempre. Ele diz, em meu pescoço, assim que encaixa meu corpo ao seu, me abraça como conchinha.
- Para sempre é muito tempo, você pode mudar de ideia. Brinco, me acomodando em seu peito.
- Não existe essa possibilidade. Evan suspira e me aperta contra seu corpo. Após algum tempo ele decide ir até a cozinha, escuto o telefone da casa tocar, não sei quem é posso apenas ouvir partes da conversa, então pego meu iPad e me distraio em minha rede social enquanto ele não vem...
* * *
- Maccouant. Atendo secamente, odeio quando interrompem meus momentos com a Vick.
- É com você mesmo que quero falar. A voz sombria do outro lado da linha responde.
Quem está falando? Pergunto ríspido.
- Você sabe quem é. Filho da puta descobriu meu telefone residencial penso comigo.
- Como você conseguiu esse número? Bastardo. Com Victória aqui, não posso nem pensar em discutir.
- Isso não importa. O que vale é que temos uma sociedade e sabe perfeitamente, sou contra o encerramento da mesma, aliás, sou contra você ter ficado com a encomenda, afinal de contas à diversão é essa, colocamos um pedido em nossa rede social secreta e por fim fodemos de acordo com nossas solicitações, me lembro bem da solicitação de um dos sócios, e ao que tudo indica receberemos uma multa milionária. Você mesmo estipulou, a garota que você esta fodendo é uma das solicitações, eu tenho quase certeza disso.
por mil demônios, quero esmurrar a merda da mesa e a cara desse desgraçado.
Caralho! Preciso medir o que estou falando, ela está lá em cima e pode me ouvir. Deus! Se ela ouve eu a perco, tenho certeza disso. Não posso correr esse risco, não posso nem pensar sobre isso, Victoria é meu mundo, todo meu dinheiro não paga a alegria que ela me traz. No primeiro momento que eu a avistei, eu soube que essa mulher seria meu tudo.
- Preciso encerrar esse assunto, não posso te dar a devida atenção nesse momento. Respondo calmamente, contra toda a minha vontade.
- Sabe que posso recorrer juridicamente, temos um contrato que declara sete anos sem rompimento, e acho Maccouant que você dispensa qualquer publicidade nesse sentido. - preciso respirar e talvez andar enquanto escuto esse merda falar do outro lado possa ser uma tentativa eficaz, melhor dar logo um fim nisso.
- Você sabe que posso resolver...
Claro que ele sabe, e eu vou, mas neste momento ele esta me enchendo o saco.
- Senhor Importação, minha ligação não tem como propósito irrita-lo.
Mas está conseguindo seu bastardo maldito. Droga! O que será que minha menina esta fazendo? Estou longe a menos de 1 minuto e já sinto sua falta.
- Não acredito que seja uma boa hora para conversar! Preciso acabar com isso imediatamente.
- Claro, mas lembre-se, não é por que você arranjou uma fodinha fixa e conveniente que nosso trato vai se romper. Minha vontade é pegar o próximo voo para Chicago e matar esse cretino, como ousar comparar a minha Victoria com uma foda.
- Aguarde Alexander, estou encontrando a melhor solução para ambas as partes. E peço que não torne a ligar para minha residência novamente, eu trato de meus negócios em horário comercial. Civilidade Evan, você consegue, sempre consegue o que quer. Uso a confiança que sempre fez parte de mim e fez com que chegasse onde estou hoje. Sou Evan Maccouant possuo um império tenho a mulher mais linda do mundo e esse cretino não vai estragar minha noite.
- Encontre uma maneira dentro das condições do contrato, entregue a garota, caso contrário, os tabloides de nova York vão adorar saber sobre seus hobbies, ou pague, já que está tão envolvido.
- Acredite, eu vou resolver, dentro das condições legais, gentilmente me despeço, mas gostaria de usar uma arma, juro por Deus que eu a usaria, Victoria é minha vida e nada, nem ninguém vai estar em nosso caminho. Levo meus polegares à testa, esse gesto sempre me acalma, respiro fundo. Melhor resolver esse problema o mais rápido possível, penso, enquanto subo em direção à única pessoa capaz de me levar ao paraíso.
* * *
Esses dias com Evan tem sido os melhores da minha vida, e espero que continue assim por um longo, longo tempo. Sigo para a cozinha Maria já se encontra lá, ela me cumprimenta calorosamente.
Sinto que sou bem-vinda e querida por ela e Günter, até mesmo Rose, não sei explicar.
- Posso pegar um copo de suco? Eu peço e ela me olha de cima a baixo. Eu estou com a camisa de Evan.
- Você está pedindo para pegar suco?
- Sim estou. Eu sorrio, encabulada.
- Sr. Maccouant pediu que lhe deixasse à vontade.
- Por quê? Não quero que mude a rotina, não pretendo ser invasiva, eu não moro aqui, acabei de conhecer Evan e tudo foi muito depressa.
- Você faz bem para ele, eu nunca o vi assim.
- Bom ouvir isso, ele é importante para mim também Meu coração rodopia. Obrigada pelo suco, vou para o hotel, não vou incomodá-lo. Chamarei um taxi. Maria arregala um par de olhos enormes para mim, assustada.
- Faria isso?
Evan esta atrás de mim e me abraça.
- Eu ficaria muito irritado se o fizesse.
Ele beija meu pescoço ao mesmo tempo em que inala profundamente.
- Não queria incomodar você.
- Isso me incomoda. Eu quero fazer tanto por você, com você... Ele sussurra em meu ouvido e Maria sai discretamente da cozinha.
- Você já faz muito. Eu preciso passar no hotel, necessito das minhas roupas; as suas não me servem Eu estico as pontas da camisa.
- Está tudo muito diferente. Evan sai das minhas costas e caminha, mostrando que está pronto para o trabalho. Veste e social, um conjunto impecável em tom de azul bem escuro risca de giz. Está sem o terno, exibindo o colete da mesma cor e gravata em um tom vermelho vivo.
- O que está diferente? Pergunto, enquanto ele abre uma das portas do armário e resgata uma tigela vermelha.
- Tudo.
O celular dele interrompe nossa conversa, é Jony. Evan pede para marcar uma reunião, e designa Jony para intermediário em alguma negociação com o tal Gutenberg, balanço a cabeça inconformada, ele segura o celular com o ombro enquanto despeja alguns grãos dentro da tigela. Após alguns instantes encerra a ligação.
- Está tudo bem?
Claro que está, ele está sorrindo enquanto despeja grãos no recipiente cerâmico.
- Sim, está tudo ótimo. Ele começa a comer e seu olhar, apesar de estar em mim, também está vazio.
- Vou subir e colocar uma roupa que me sirva. Sorrio, enquanto olho para a camisa branca enorme que me veste.
- Estou te esperando. Eu saio, mas posso ouvir quando Maria volta. Paro no meio da escada ao escutar o começo da conversa.
- Maria, você cuida de mim desde que nasci e me sinto confortável em dizer que não preciso de mais ninguém Ela me faz sorrir. Evan coloca a tigela sobre a bancada. É possível ouvir o barulho da cerâmica sobre o mármore.
- Evan, meu querido, ela é importante para você?
- Muito importante. Salvou minha vida. Meu Deus, o ônibus... Ele fala em um tom mais baixo. Fala para ele mesmo - Esse conjunto... Victoria me fez querer ficar com ela. Somente ela, é como se esse fosse meu destino, como se eu tivesse nascido para ela.
- Você sorri como criança quando está perto dela. Maria fala com propriedade. Ela detém a absoluta confiança de Evan.
- Mas eu preciso resolver um problema, eu não quero essa pendência em minhas costas, não posso perdê-la por conta disso. Não posso perder por conta de uma decisão infantil, um acordo idiota, me odeio por algumas escolhas. Sentada na escada, eu posso ouvir quando Evan despede-se de Maria.
- Então, seja lá o que for resolva, ela é boa e não precisa sofrer. Ela, sem saber qual é problema, me defende.
Evan caminha em direção da escada e eu subo ligeiramente.
Coloco minha roupa correndo, lavo meu rosto de novo e prendo meu cabelo. Por mais que eu queira ser madura e ficar feliz com a minha importância sobre sua vida, há um problema. Puta merda, Victoria! Onde você foi se enfiar?
- Está pronta? Ele me surpreende, me olhando através do espelho do banheiro.
- Sim Carregado de não, do tipo "me conte tudo, você tem algo para me dizer e por isso eu estou péssimo". Eu não consigo olhar para ele sem demonstrar meu total incômodo.
- Está tudo bem?
Ele insiste, e eu preciso de música e dança. Não posso cobrá-lo por algo que ouvi às escondidas. Mas que inferno. Eu escutei, e agora essa informação rasgada e azeda está em minha garganta.
- Está sim, apenas uma dor de cabeça.
"Por conta de uma informação pela metade", penso. Ele me olha com estranheza, enquanto termino de me vestir e alcançar minhas coisas.
- Podemos ir?
- Claro. Ele responde desconfiado de minha resposta.
Está nítida a minha agonia e vontade de perguntar sobre a conversa maldita. Ele apanha seu terno e coloca sua carteira no bolso interno, mas não tira os olhos de mim.
Desço a escada devagar e Maria vem em minha direção.
Ela me entrega uma embalagem contendo um pedaço de bolo. Você é especial, não apenas para ele. Seus olhos me dizem mais que suas palavras.
Agradeço beijo seu rosto e coloco o pote dentro da minha bolsa.
- Mimando a Victoria, Maria Sanches? Evan pergunta, descendo a escada com minhas sapatilhas em uma das mãos.
- Apenas um pedaço de bolo. - Ela sorri e ele retribui. - Espero que goste.
Sinto-me querida e bem-vinda, mas não sei o que está acontecendo. Junto com o pedaço de bolo há apenas o lado bom, o lado que me convém saber. Não é o bastante para mim.
- Não vai me dizer o que está acontecendo? Ele pergunta, enquanto entramos no banco de trás do carro. - Eu não sei lidar com essa Vick de olhos perdidos.
- Apenas uma terrível dor de cabeça. O carro avança e quero avançar nele. - Vou tomar um remédio, logo passa. Não, não passa. Penso.
Eu subo para o quarto e me ajeito em minutos para não atrasá-lo. Contenho minha curiosidade e fúria e o carro parte em direção da Gael. Escolho um conjunto todo rosa, regata e saia até o joelho, cobrindo as meias calças. Junto com a sapatilha de balé eu trouxe uma sapatilha de Jazz. Preciso delas hoje.
- Não esqueça de almoçar. Te pego às cinco. Evan sela minha boca e eu apenas aceno com a cabeça. Desço do carro com um milhão de dúvidas, mas saber que algo obscuro existe em sua vida faz minha espinha congelar. Nesse exato momento, tenho plena certeza de que não sei nada sobre ele.
* * *
Sam está na recepção me cumprimenta e penso que talvez eu Possa tentar investigar através dela. Oferto um sorriso amarelo, porque estou furiosa com Evan e isso naturalmente é percebido.
Subo em disparada e coloco meu iPad sobre a mesa redonda próxima à janela do jardim.
- Oi, Vick!
- Oi, minha bailarina, como você está? Alice me oferta um sorriso, fazendo-me esquecer a conversa secreta de Evan.
- Estou bem, mas acho que o bichinho é mais forte do que eu. Tenho um bom tempo antes da primeira turma do dia. Eu poderia conversar mais com ela hoje; poderia dançar mais, também.
- Não diga isso, você é mais forte! Vamos colocar esse bichinho para fora. Sorrio, beijando seu rosto. Ela está diferente, seu olhar me diz que a doença está vencendo, e isso me mata por dentro. Não quero que ela parta, tenho um carinho muito forte por ela.
- Queria que fosse mais fácil, queria poder dançar. Ela diz, segurando a barra de minha saia que está cobrindo meus joelhos dobrados.
- Então a gente pode dançar, o que me diz?
- Para mim está perfeito; mas, apenas uma música, eu gostaria de dançar "My Love", da Sia. Gosto do filme que ela faz parte. Pode ser? "Também gosto", penso.
- Seu pedido é uma ordem, minha bailarina mais linda! Assim que tento levantar, ela segura minha mão.
- Vick, contei para o meu pai que tenho alguém que dança comigo todas as manhãs, assim como minha mãe fazia, e ele disse que há um lugar especial para você no céu. É a recompensa por fazer alguém feliz.
Meus olhos enchem e quase transbordam; essa menina mesmo com tantas dificuldades só tem bondade, admiro sua pureza.
- Então nós duas teremos, porque sou muito feliz quando danço com você! Ela sorri. Atendo o pedido, contamos muitas histórias, conheço um pouco sobre a garotinha miúda que me faz companhia todas as manhãs.
Sam entra e nos flagra, deitadas de barriga para cima, no meio da sala espelhada, hora de Alice ir.
- Vick, sonhei com a minha mãe ontem e não fiquei triste. No sonho eu contei sobre você e ela disse que gostaria de dançar comigo novamente. O que vou dizer? Não posso chorar na frente dela.
- Alice, assim que você expulsar o bichinho, vou lhe dar um par de sapatilhas e vamos ensaiar juntas todos os dias, prometo.
Eu a pego no colo, coloco na cadeira e a levo até o elevador. - Eu te vejo amanhã aqui, para dançarmos juntas, combinado? Beijo seu rosto, demoradamente.
- Sim, nos vemos amanhã. - Sam a leva e meu coração fica dolorido. Não gosto de pensar nela doente. Alice está fraca hoje, sinto em suas palavras.
Agora seria um bom momento para um milagre.
Capítulo 7
O iPad me resgata da porta do elevador. Mensagem de Evan:
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Seus olhos
Terça-feira 26 de agosto 09h20min
Victoria,
Poderia disfarçar melhor... O que aconteceu?
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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"Sabe o que aconteceu, Evan? Você tem um puta de um segredo e está me escondendo. Não quero responder", pensei. Deixo o iPad de lado e me sento de pernas cruzadas, apoio minha testa sobre minhas mãos. Outra mensagem chega.
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De: Evan
Para: Victoria Red
Assunto: Não gosto de te ver assim
Terça-feira 26 de agosto 09h23min
Não gosto do que vejo nesse momento.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
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Eu olho por toda a sala espelhada. Preciso descobrir onde está essa câmera, mas não encontro.
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De: Victoria Red
Para: Evan
Assunto: Dor de cabeça
Terça-feira 26 de agosto 09h27min
Uma terrível dor de cabeça, apenas isso. Tenho que dar minha aula.
Victoria Campbell
Corpo de Balé Companhia Gael de Artes
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- Bom dia, Vick. As meninas entram e começamos as aulas. Serão quase duas horas e trinta minutos de ensaio intensivo. É a maior aula da grade, um treino diferente.
Após um longo tempo Despeço-me delas e retorno, em rodopios, pela sala. Ainda está tocando Mozart. Continuo meus passos, meus giros e minha cabeça parece que irão explodir. Penso em tantas hipóteses, tantas possibilidades, mas nenhuma se encaixa.
- O que está acontecendo? Evan invade a sala. - Você está fechada e não quer me falar, eu te fiz alguma coisa? Não sei lidar com isso. Ele carrega uma sacola de papel pardo.
- Então aprenda, mas não sei se sobre isso agora. Guardo o iPad e coloco minha bolsa em cima da mesa.
- Vamos almoçar. Ele estica a mão e eu a alcanço o mesmo tempo que coloca a sacola ao lado da minha bolsa.
- O que você está me escondendo? Paro na frente dele. - Está nos seus olhos que precisa me contar algo, mas não sabe como fazê-lo. Seguro em suas mãos. - Ouvi sua conversa com a Maria, mas em menos de cinco minutos minhas meninas chegarão. Tenho quase certeza de que esse assunto precisa de mais tempo.
- Sim, tenho muito para falar, mais do que imagina. Seus olhos se perdem e isso me incomoda.
- Conversamos depois. Deslizo minha mão sobre seu rosto. Não quero seus olhos perdidos, quero seus olhos em mim.
- Almoça comigo? Ele beija os nós dos meus dedos.
- Sim. Tiro minhas sapatilhas, e Evan retira duas caixas de dentro da sacola. Está apreensivo, e eu mais ainda. Com certeza está preocupado. Ele revira a comida e não come nada.
O que ele teria para me contar que pudesse deixar seus olhos assim, tão distantes? Esta longínquo, como se ensaiasse algo para me dizer.
Sam entra na sala espelhada e nos interrompe para avisar que minhas alunas não virão hoje, ela pede desculpas pelo incomodo e se retira.
Terminamos o almoço sem quase mexer na comida. Limpamos tudo e Evan alcança minha bolsa.
Evan e eu saímos da Gael, Günter nos espera e, logo em seguida, partimos. É nítida a preocupação dele. Em determinados momentos ele esfrega o polegar e o indicador na testa. Flagro os momentos em que ele me espia.
- Vamos conversar aqui? Pergunto, assim que o carro estaciona na garagem de sua casa.
- Victoria, é mais difícil do que parece, é mais complicado do que imagina. Saímos do carro e andamos em direção da casa menor.
- Você quer me falar, mas tem medo da minha reação, por isso está achando difícil iniciar essa conversa. Acuso.
Seguimos para e edícula próxima à piscina e me sento em uma espreguiçadeira, levanto as pernas e abraço meus joelhos. Minha voz está calma.
- Medo? Ele ri.
- Sim, medo. Por que está rindo?
- Porque faz tempo que não sinto isso, e confesso que não sei lidar. Ele tira o terno e a gravata e senta ao meu lado.
- Conte-me, Evan. Que pendência é essa? Arremesso contra ele parte do que ouvi.
- Não quero perder você. Ele me puxa para perto e beija minha boca, em seguida se levanta e desvia o olhar em direção à piscina. Eles se perdem, novamente.
- Por que você me perderia? Foi algo que fez no passado? Tem alguém em sua vida? Explique esse medo, Evan? Ele está começando a me irritar.
- Vick. Ele respira fundo. Faço parte de um acordo que, nesse momento, não parece ser tão bom quanto era. Nem tão empolgante. Ele cessa a conversa. - Não quero falar - ele dispara sério, melancólico.
- Você acha que não posso entender?
- Tenho quase certeza e não consigo assimilar com facilidade a possibilidade de perder você.
Ele ainda está decidido, serio, coloca as mãos nos bolsos. E acredito que não irá falar.
- Evan, se não sou capaz de entender, se não pode dividir isso comigo, não posso continuar aqui. Levanto-me. - Você não está me perdendo porque não quer me contar, está me perdendo porque acredita na minha falta de maturidade em entender algo que aconteceu com você. Alcanço minha bolsa e a coloco no ombro. Estou de pé, de costas para ele.
- Não é uma questão de entender. Ele olha por cima do ombro e volta seus olhos pela vidraça. - É uma questão de aceitar, essa é a parte mais difícil.
- Então o mais sensato é você pensar. Termino o assunto e saio da casa menor. Ele não reage não me chama, e isso me mata de certa forma.
Caminho em direção à saída, não pode haver um relacionamento sem confiança, ele não confia em mim, me trata como uma menina ingênua e creio que Evan sempre irá pensar em mim dessa forma.
- Victoria. Ele me alcança antes que eu feche a porta. - Não acho que posso te contar algo agora, não quero que vá embora. Não consigo imaginar minha vida sem você, mas não posso lhe contar só te peço um tempo. Isso envolve mais pessoas. Novamente, ele esfrega o polegar e o indicador na testa.
- Sou apenas a menina que rodopia sobre as pontas dos pés.
E, nesse mesmo rodopio, saio da casa de Evan. Dessa vez, ele me deixa partir.
Günter me chama enquanto caminhos em lágrimas pela calçada enxugo o rostos, ele se oferece para me levar, aceito. Ele para o carro e abre à porta, eu entro, pois quero chegar logo ao hotel.
Sento-me no banco de trás e posso sentir os olhos de Günter no retrovisor.
- Foi ele quem pediu que viesse? Pergunto entre lágrimas.
- Não, Sr. Maccouant é um homem bom Necessita apenas resolver uma situação que ele mesmo criou, tenha paciência. Desculpe-me, fui indelicado e indiscreto, mas sinto que devo dizer. Ele nunca esteve com outra mulher da forma que está com você.
- Mas não posso estar com alguém que não confia em mim. Encontro, nele, conforto para poder falar.
- Acredite, não é falta de confiança, tem de sua reação. Medo de perder você.
- Günter, não sei o que pensar.
- Para o que precisar, quando precisar, em qualquer situação, me ligue.
Ele me entrega um cartão assim que abre a porta do carro, na frente do hotel. Agradeço pego o cartão e subo.
A tarde está quase chegando ao fim e não fiz nada além de me esvair em lágrimas. Não gosto de chorar, mas estou com tanta raiva, com tanta saudade...
* * *
- Bom dia, Vick.
- Bom dia, Sam Saúdo e ela percebe que estou triste, pelo tom de voz, ou por meus olhos vermelhos e inchados.
Eu estou de roupa preta e, antes de colocar as sapatilhas de balé, calço as sapatilhas de Jazz e coloco Madonna. Daqui a pouco a Alice chega e parte da minha tristeza vai embora. Danço por quase trinta minutos e percebo alguém na porta.
Sam vem em minha direção, pergunto sobre Alice que está atrasada, recebo a noticia que ela não virá hoje, seu estado piorou e foi hospitalizada, quero visitá- la, mas Samantha me informa que as visitas estão suspensas até que ela melhore, meu dia fica mais triste, contava com Alice para me trazer um pouco de alegria. Peço que me informe sobre qualquer noticia e Sam se vai.
As meninas começam a entrar e me tiram dos pensamentos distantes. Danço por mais de quarenta minutos e não percebo. Dançamos muito. Pego pesado. Não posso, nem por um minuto, pensar na realidade.
Termino a aula elas se despedem e outra turma entra. Eu pulo o almoço e continuo minhas aulas.
São quase cinco horas da tarde quando minha última turma sai e Sam entra na sala. Acabara de pegar meu iPad e nenhuma mensagem de Evan. Uma garoa triste está sobre mim. Ele não quer falar comigo, ou deve estar muito ocupado, ou simplesmente acatou que eu não deva fazer parte de sua vida, por conta da minha imaturidade.
- Vick, Eu... Eu... Realmente não sei como te dizer. Ela invade a sala, seus olhos estão encharcados.
- Fale de uma vez... O que foi que aconteceu? Fico nervosa ao vê-la chorando.
- É Alice. Fala triste, meu coração vai à boca.
- Ela piorou? Tiro as sapatilhas e vou até minha bolsa. Coloco meu All Star. Estou com minha bolsa a tiracolo.
- Vamos visitá-la. Saio da sala e ela segura meu braço.
- Vick, não podemos visitá-la. Ela começa a chorar de novo.
- Fala, Sam o que foi que aconteceu?
Está me deixando nervosa.
Ela me abraça. - Ela piorou muito... Ela não aguentou. Sam está em um choro contínuo.
- Pare com isso! Dancei com ela ontem de manhã! - Não acredito. - Quero ir até ela!
- Ela está na unidade de tratamento. Rose pediu para fechar a companhia pelo restante da semana e, com isso, ficaremos sem aula por algum tempo, também por conta da reforma.
- Vamos, Sam Desço sem sentir os degraus e Evan está me esperando. Minha tristeza me empurra para os braços dele.
- Obrigado. - Ele está de camiseta preta e calça jeans. - Muito obrigado.
- Por que está me agradecendo? Escondo meu rosto em seu peito.
- Porque você fez, dos últimos dias dela, os mais felizes. Alice sempre será muito especial. - Evan me leva até o carro, ele mesmo está dirigindo e eu não entendo, mas a essa altura não quero entender muita coisa, eu só quero que acabe tudo, logo.
- Alice fez minhas manhãs muito felizes, tenho um carinho muito grande por ela e não sei se quero vê-la sem música. Sua mãe cuida dela. Vocês devem ama-la muito.
- Sou padrinho dela. - Evan desce os óculos de sol, que estão sobre os cabelos, e seus olhos estão inundados. - Não entrei em contato com você hoje, por que estava com a minha mãe no hospital. Ele explica sua ausência e algo dói aqui dentro, acho que não deveria doer.
- Não tem problema, o que importa é que você esta aqui.
- Não sabia, ela nunca comentou nada. Tento conter o choro, mas não consigo. Pouco tempo depois, estou no hotel.
Tiro minha calça jeans e minha regata preta de dentro de uma das malas, minha sapatilha de quando tinha a idade da Alice, coloco dentro da minha bolsa, Evan apenas olha. Percebo todas as vezes que ele corre o indicador pelos olhos.
- Podemos ir. Aviso, triste, enquanto estendo a mão para ele. Descemos em silêncio. Ele está terrivelmente abalado, pergunto por Günter, Evan informa que não ele não pode vir hoje, se limita a pequenas respostas, e apenas me calo.
A travessia desse período até a liberação do pequeno corpo de Alice é longa, cansativa. Queria abraçar o pai dela e dizer que foi um privilégio eu ter conhecido a pequena menina que o bichinho fez dormir. Contar para ele que sua pequena não reclamava de absolutamente nada, e que a dança fazia a vida dela mais feliz e, minhas manhãs eram mais felizes ao lado dela.
Rose e uma voz, com sombra, senta- se ao meu lado, nos cumprimentamos.
- Olá, Rose. Digo com tristeza.
- O que você fez por essa menina na última semana se estendeu a toda a família. O pai dela se sente profundamente grato e, eu, mais ainda. Caroline ficaria feliz em conhecer você.
- Não fiz nada, acho que ela fez mais por mim Meu rosto está molhado.
- Acho que ela sabia disso, mas agora ela descansou.
Evan, com a voz embargada, senta-se ao meu lado. Seu polegar e indicador tentam deter as lágrimas. Sofro uma amnésia aos últimos acontecimentos e alcanço a mão dele. Ele está sofrendo e eu também, pelos dois. Rose se levanta, beija os dois lados do seu rosto, e sai.
- Há algo que eu possa fazer por você? Beijo seus dedos.
- Sim, fique comigo, apenas isso. Deixe-me dormir abraçado com você.
- Sim, mas fique comigo também Inteiro, de verdade e sincero. Selo sua boca e, minutos depois, seguimos para o velório de nosso raiozinho de sol.
A pior parte de tudo isso é o tempo moroso e carrasco, que nos faz olhar para o corpo de Alice, sem vida, dentro do caixão branco por horas que parecem dias. O cheiro de flores, os rostos, as bailarinas da Gael, Sam.. Triste é pouco. Convivi com Alice por uma semana e meu peito parece que está em pedaços. O tramite para o sepultamento foi rápido e por conta da doença, ele foi bem antecipado.
Rose está aos prantos e John está se mantendo firme.
- Ainda bem que você está aqui. Evan sussurra em meu ouvido.
- Sempre. Respondo e corro meus olhos por todo o velório. Ela era querida, sua mãe era querida e Günter está desesperado. Não há outra palavra. Ele também a conhecia. De repente, os olhos de Günter encontram os meus e ele vem em minha direção. Provavelmente ele levava a pequena para os tratamentos.
- Srf Campbell. Günter me cumprimenta, totalmente desolado.
- Günter. Ele deve estar querendo saber o que estou fazendo aqui. Briguei com Evan e agora estou velando o corpinho da minha companheira das manhãs.
- Gostaria de agradecer por tudo que você fez. Alice gostava muito de você. Não parou de citar seu nome a semana inteira, sei que todos nós temos um pouco de anjo, mas o que você fez foi além.
- Não me agradeça, Günter, fiz realmente por simpatia. Gosto muito da Alice. Ela tem seu lugar reservado ao lado de Deus. Gostava muito de dançar com ela todas as manhãs. Ela era inteligente, querida, e de uma alma apaixonante.
- Agradeço, sim, tenho uma gratidão por você que será eterna. Você fez minha filha sorrir, você a fez ter paz em seus últimos dias. Nesse momento não estou surpresa, estou petrificada. Günter me tira o chão. Günter me agradece, beijando meu rosto de forma respeitosa e posso ver Maria ao lado do pequeno caixão. Günter sai e fico imóvel por alguns instantes, até que Evan me abraça e eu desmorono.
- Não posso ficar sem você, não sou bom perdedor e hoje senti o que é perder alguém que amo. Ele beija as pontas dos meus dedos.
- Não vai me perder, estou com você...
* * *
A marcha fúnebre, os restos de dias que seguirão e tudo de bom que fiz ao lado da pequena Alice, ficarão. Aproximo-me do pequeno caixão branco e coloco minhas sapatilhas pequenas ao lado do corpo gelado que, por algumas manhãs, teve movimento. Seus pés não ficavam de pontas e também não rodopiavam. E agora estão imóveis. Pés que precisavam de descanso, assim como seu corpo cansado de lutar contra um bichinho terrível. Alice foi dançar com Caroline.
- Existe algo que possa fazer por você neste momento? Pergunto assim que caminhamos para fora do cemitério.
- Apenas fique comigo. Partimos em direção da casa de Evan e não há muito que dizer. É um dia terrivelmente triste. Precisamos de repouso, em todos os sentidos.
Subimos em direção ao quarto, ele se senta na cama e cruza os dedos enquanto apoia seus cotovelos sobre os joelhos. Evan chora, sentido. Alice era como sua irmã mais nova e não posso assistir a isso sem me emocionar, também. Vou até o banheiro e ligo a hidromassagem. Precisamos de um banho quente e demorado. Escuto quando Evan abre algumas gavetas e portas e remexe em alguns papeis.
- Evan? - chamo-o, enquanto ele olha algumas fotos.
- Ela era a única pessoa que Günter ainda tinha. Günter é filho único. Pais mortos há mais de trinta anos em um acidente de carro. O que sobrou para ele? Se eu, que sou apenas padrinho dela, estou totalmente destruído, penso em como ele está nesse momento. - Evan estica o braço e mostra as fotos da família completa de Günter: Caroline, com cabelos negros lindos até a cintura; em seu colo a pequena Alice, ainda bebê; ao lado, Günter, Evan, Maria, Rose e John.
- Não gosto de ver você sofrendo, mas sei que não tenho nenhum poder de remover isso.
- Obrigado por estar aqui. Percebo que as lágrimas cessaram.
- Vamos, venha tomar um banho, é minha vez de cuidar de você. Eu o levo até a hidro, dispo-o e sento do lado de fora. O que eu poderia fazer nesse momento para ele não sofrer desta forma? Nada.
- Posso entrar aí com você? Retiro minha regata e meu jeans e me visto de mulher madura.
- Tudo que mais quero. Cuidou tão bem de minha pequena... Fez tanto sem saber que estava fazendo por mim..
- Essa dor vai passar. O tempo vai deixá-la virar saudade e vou estar com você. - Entro na hidro e me sento atrás dele, deixando-o apoiar seu corpo no meu. Não acontece nada além de um banho e um sono, que dura mais de oito horas.
Acordo com um barulho na cozinha e desço, vestindo apenas uma camiseta do Evan.
- Maria?
- Ah, Victoria, se você soubesse o quanto está doendo... Maria chora compulsivamente.
- Maria, o que eu poderia fazer para te ajudar?
- Você já fez, mas minha menininha se foi. Maria, chorando, me desmoronava também. Eu a abraço tão forte... -Ficarei fora por alguns dias. Ela enxuga o rosto eu a libero.
- Maria, se eu puder fazer algo, estou aqui.
- Cuide dele. Você é a única que pode fazer isso. Ela beija meu rosto e sai.
Escuto quando a porta é fechada, me sinto responsável por Evan. É como se tivessem deixado um bebê na porta da minha casa. Esqueço assuntos pendentes, acredito que agora não seja uma boa hora para inquisições. Abro a geladeira por força do hábito, mas estou sem fome. Fico olhando, deixo meus pés à mostra por baixo da porta.
- Não prefere a cama? Evan me abraça, beijando meu pescoço.
- Sim, estava com sede. Ele me solta e abre uma das portas do armário, apanhando um copo. Ele usa apenas uma cueca boxer vermelha.
- Perdeu o sono? - ele pergunta.
- Sim, acordei com sede. Assim que respondo, ouço o barulho do meu iPad; Nova mensagem.
- Quer que eu busque?
- Não, Evan, quero que me abrace. Pouco importa de quem seja essa mensagem, preciso estar com ele.
- Não sei como isso foi acontecer. Ele está encaixado entre minhas pernas.
- Mas não consigo separar quem eu sou de você.
- Então o homem mais lindo e educado do mundo quer ficar com a Pimenta?
- Sim, quero ficar com você, se você concordar. Para sempre.
- Decidiu ficar comigo pelo resto da vida com apenas alguns dias?
- Geralmente demoro a tomar decisões. Meus contratos, minhas filiais... Mas com você tenho a sensação de que é algo que eu preciso resolver agora. Algo imediato.
- Posso pensar?
- Sim... Já pensou? Ele responde, sorrindo rapidamente. Muito bom ver um pequeno sorriso.
- Para ser honesta, não precisei pensar muito. Sorrio e ele também Não quero vê-lo sofrendo.
- Então você tem uma tática de me manter próximo?
- Sim, não posso te contar muito, só posso adiantar que se trata de um par de sapatilhas. Dou um beijo em seu rosto, salto da ilha e abro a geladeira.
- Conseguiu me deixar com mais vontade de você. Ele me abraça por trás enquanto retiro frutas e queijo da geladeira.
- Fique à vontade, Sr. Maccouant. Mal acabo de falar e suas mãos passeiam por baixo de minha camiseta.
- Posso ficar à vontade?
- Deve. Arranco a camiseta, estamos apenas nós dois, e adoro esse balcão.
- Adoro seu cheiro. Ele acomoda o nariz em meu pescoço e suas mãos estão em meu corpo.
- Quero você, aqui e agora. Sussurro em seu ouvido maliciosamente.
E, como uma ordem, ele obedece. Evan tem um corpo perfeito, torneado e um vestígio de Caribe que realmente completa o visual tentador.
- Não sei se já disse isso, mas gosto muito de estar onde estou agora. Ele olha para minha baixa cintura, onde meu corpo esconde parte do corpo dele.
- Gosto de onde você está agora, mais ainda do que consegue estando aí.
- E o que eu consigo? Ele força um pouco mais e me derreto sobre ele, fazendo-o gemer e explodir em mim também.
Evan beija todo meu rosto e pescoço, causando-me cócegas.
- Gargalhada gostosa.
- Estou com fome. Reclamo, sorrindo.
- Ainda?
- De comida, Evan. Ele abre a geladeira e despeja tudo o que está disponível para resolver meu problema.
- O que pretende fazer nos próximos dias? Pergunta, enquanto coloca, sobre um pão de forma, uma fatia de peito de peru e queijo.
- Preciso ensaiar uma coreografia usando apenas um par de sapatilhas Repetto que ganhei. Explico, vestindo a camiseta e, em seguida, refaço o coque no cabelo.
- Posso assistir aos ensaios?
- Todos eles, e eu gostaria de saber se posso utilizar o quarto menor que está vago ao lado da academia.
- Ele é seu. Ele responde, selando a minha boca.
- Chego aqui às dezoito horas, todos os dias. Anuncio decidida.
- Como assim chego às dezoito horas? Achei que fosse ficar aqui.
- Não posso ser a hóspede eterna e chata. Bebo na garrafa um gole de suco de laranja.
- Não pensei em você como hóspede, pensei em minha convidada especial com livre acesso. Inclui o direito de dormir, comer, banho, ensaios e pode, com certeza, usar o proprietário como escravo.
- Oferta tentadora, mas o que vou falar para os meus pais? Oi, mãe; oi, pai; vou passar mais tempo na casa desse homem deslumbrante porque ele me faz sentir a pessoa mais especial do mundo, inclusive na cama. O que você acha?
- Posso falar que a filha deles me faz sentir o homem mais feliz do planeta, que ela tem um sabor viciante e que adoro como meu corpo se encaixa com perfeição ao dela. O que você acha dessa sugestão?
- Provavelmente, meu pai enfartaria. Rimos juntos, e quando o sono toma conta do meu corpo, Evan me pega no colo me colocando na cama.
- Sabe que posso me acostumar com isso, Evan.
- Por favor, sinta-se à vontade.
Durmo com Evan aconchegado em mim, estamos bem, mas, ainda há uma pendência.
* * *
- Evan desliza os dedos pelas minhas costas enquanto fala ao telefone.
Aguardo pacientemente enquanto ele encerra a ligação.
Distribui beijos em meu corpo, e eu nem ao menos abro os olhos, apenas me estico sob o lençol.
- Sabia que a preguiça é um pecado capital? Ele pergunta, com um irresistível cheiro de banho. Evan viciante.
- Gula também. Comento baixinho e ele ouve.
- Sim, em relação a você sou guloso e egoísta. Ele dispara beijos em minhas costas enquanto me faz cócegas.
- Pecador! Brinco e observo uma tigela com morangos no criado mudo. Estico meu braço e alcanço um morango grande, Agradeço em troca recebo um tapa na bunda. Meu bum bum, sempre teve um tratamento especial e agora vive a base de dedos estralados. Jogo o lençol e ando por cima da cama, alcançando outro morango.
- Está vendo isso? Mostro os dedos dele em meu traseiro enquanto minha boca está cheia de morango.
- Sim, continua com o bumbum mais lindo do mundo.
- Você já tomou banho e não me esperou. Acuso.
- Treinei por mais de uma hora e não conseguiria ficar sem um bom banho e, para ser honesto, fiquei alguns minutos olhando você dormir.
- Gosta de me ver dormindo?
- Sim Ele tenta me alcançar em cima da cama e eu me esquivo.
- Mais rápido, não esqueça que tenho movimentos rápidos. São muitos anos de dança. Esquivo, por pouco, das mãos macias de Evan.
- Posso pegar você e não soltar mais. Ele chega a encostar as pontas dos dedos em mim.
- Se conseguir pegar! - Gargalho.
- Se eu pegar, vou fazer o quiser! Quase que ele me pega.
- Sou menor do que você, mas sou mais ágil. Continuo rindo.
- Victoria, não tem ideia do que está fazendo. Ele passa os dedos pelo meu braço.
- Agilidade! Ai, Evan! - Claro que ele me pega. - Não, tenho cócegas! Ele me joga na cama e senta em cima da minha barriga. Ele é forte prende minhas mãos sobre a minha cabeça levantando a minha camiseta e pressionando minha barriga, me fazendo gargalhar. Logo eu me liberto corro para o chuveiro. Então eu paro repentinamente e pergunto em tom sério.
- Vai me visitar quando eu me mudar?
- Gostaria que você ficasse aqui. Ele admite.
- Como assim, Evan? Morar aqui, com você? Sinto meu coração parar por alguns segundos.
- Sim, qual é o problema?
- Evan, você acabou de me conhecer, como vou explicar isso para os meus pais?
- Eu poderia falar com eles. Evan sugere mostrando as covinhas.
- Posso saber o que você falaria?
- A verdade.
- Qual verdade?
- Que preciso do seu sorriso todas as manhãs, sou apaixonado por seus pés e seu equilíbrio, que não consigo imaginar essa casa sem suas estripulias, que minha cozinha é muito arrumada sem você por perto, que o seu cheiro deixa meu mundo melhor e que fazer amor com você é algo realmente incrível. - Desligo o chuveiro e saio molhada, sem me enxugar, e caminho em sua direção.
- Isso tudo é verdade?
- Sim, e me faria muito feliz se viesse morar comigo. Eu enfrentaria todos por isso, mas creio que não será necessário.
- V>u pensar. Respondo séria, e ele não debate.
- Vamos passar no hotel e você pode se trocar. Ele ordena, e vai para o box.
- Não está acostumado com a espera, está acostumado com pessoas fazendo suas vontades. A vida não é assim Digo, enquanto escolho o conjunto laranja de lingerie e caminho até o banheiro, tentando abotoar o fecho.
- Não estou, e pode ter certeza que está sendo difícil essa lição. Ele mantém palavras rígidas. Ele me encara através espelho enquanto escova os dentes.
- Mas sou uma boa professora. Paro na frente do box e ele passa a palma da mão para desembaçar o vidro.
- Sei que você é boa professora. Ele olha dos meus pés à cabeça. - O problema é que sou um péssimo aluno, e, a propósito, está linda. Evan ainda está sério.
- Vamos treinar, você fica aí em seu banho e vou de taxi até ao hotel. Depois você me pega, o que acha? Sugiro do quarto, colocando meu jeans e minha regata.
- Acho que palmadas não estão funcionando. Talvez um cinto funcione melhor. Ele ameaça rindo.
- Tchau, Evan, te espero no hotel! Bato a porta do quarto e me escondo no closet.
- Victoria Campbell! Ele grita e seguro minha boca para não rir.
Escuto quando ele desliga o chuveiro e se enrola na toalha. Ele abre a porta do closet e pulo nele.
- Você pensou que eu iria mesmo?
- Não faça isso. Ralha comigo e não sorrio.
- Tem que se acostumar com isso, gosto de brincar! Brigo com ele, também.
- Porra, Victoria, achei que tivesse ido embora! ele grita.
- Não posso ir embora, a não ser que você me expulse, afinal de contas eu moro aqui! Continuo com a gritaria.
- O que você disse?
- Que gosto de brincar, que você tem que se acostumar com isso e que aceito morar aqui, porque não consigo me imaginar sem você. Paro de gritar e fico diante dele.
- Por que você faz isso?
- Porque você, apesar de possuir alguns segredos e grande fortuna, é altamente previsível. Escolho a camiseta branca e o jeans que ele está vestindo, além da boxer branca.
- Sou previsível?
- Sim, muito. Dou risada, calçando meu All Star.
- Pessoas previsíveis não são boas com cartas. ele argumenta.
- Pôquer? Pergunto, com um sorriso debochado.
- Como sabe?
- Uma lembrancinha de Vegas em sua estante, próxima aos livros de mitologia grega.
- Observadora, estou há mais de uma semana sendo espionado. ele diz, sorrindo.
- E você, obviamente, é contra isso?
- Sou contra quando fazem comigo.
- O que mais observou sobre mim?
- É bom com números e isso faz de você um excelente jogador. Black Jack e Pôquer. É bom com sequências, bom com pessoas, ótimo em relacionamento interpessoal, alta persuasão e, em geral, gosta de controle. Sim, Evan, você é previsível.
- Meu Deus, você é uma bruxinha linda, que perigo estou correndo.
- Sim, ainda mais agora que vai dormir e acordar comigo todos os dias. Franzo o nariz e ele me agarra.
- Não quero saber como você fez isso, mas gosto de saber que estou sendo analisado. - Ele beija, desfazendo o franzido do meu nariz.
- Mas eu também não contaria, posso usar isso a todo o momento. É só torcer meu nariz e pronto, suas informações estão aqui.
Ele me coloca em seu ombro e desce as escadas, enquanto ouve meus protestos, me deixa sentada sobre a ilha da cozinha, pega a tigela vermelha de cerâmica, uma caneca e um copo e os coloca ao meu lado, entre eu e a pia.
- Coma e vamos, preciso de um favor.
- Sim, senhor, mas posso saber para onde vamos? Pergunto enquanto mastigo.
- Não.
- Gosta de dizer não. V>u começar a falar, também.
- Mas quando falar, tente mantê-lo até o final. Não caia na tentação de voltar atrás.
Terminamos a refeição e seguimos para X6, outro carro então partimos para o hotel, lá, troco de roupa e escolho uma calça preta e uma camisa laranja, além do casaco e botas pretas. Minha curiosidade é imensa mas Evan, insiste no suspense. Saímos do hotel, e o carro segue em direção à autoestrada.
Após alguns minutos chegamos a New Jersey, de frente com um prédio sem fachada e com as janelas quebradas, tenho a sensação de que Bruce Willis tenha usado esse lugar para um de seus filmes. Evan me entrega uma pasta preta e pede para que eu olhe o lugar. Eu faço um pequeno discurso para ele.
- Vejo um prédio com três andares, com uma bela entrada em arco. Caminho em direção da entrada e aponto.
- Sobre a entrada, um perfeito pergolado de madeira, um refúgio do sol para quem estiver visitando o lugar; do lado direito da portaria vejo um pequeno jardim, não muito grande e com flores e plantas nativas da região.
Mais alguns passos e mostro onde vejo esse detalhe. - Do lado esquerdo, vejo um painel identificando o prédio, afinal nem todos sabem o que é esse local; aqui onde estamos imagino um passeio com pedras arredondadas e uma limitação para carros. Pela localização, deduzo que ninguém visitaria esse lugar de ônibus. Explano tudo olhando para um esqueleto cinza, sem reboque, sem fachada, sem jardim, sem pergolado. Consigo ver tudo que poderia ser feito. e entramos pelos escombros do prédio, que precisa realmente de um milagre, analiso todos os pontos do edifício sempre visualizando depois de pronto.
Coloco tudo no papel em um rascunho, transformo aquele concreto feio em uma filial da Maccouant Import.
Inc. perfeitamente alinhada e sofisticada.
Quando finalizamos, Evan esticou sua mão em minha direção e como um vício eu a alcanço.
Seu primeiro projeto, estou apaixonado por uma arquiteta - ele sela minha boca com os desenhos do prédio em suas mãos.
- Você é louco! Sorrio para ele -Sim, sou louco por você e por todas as suas primeiras vezes, isso inclui seu primeiro projeto também Ele me beija demoradamente e eu sinto que não sou mais nada sem ele.
- Fico feliz por ouvir isso. Encosto meu nariz com o dele.
Ele pega o celular, faz uma ligação para Jony e avisa que encontrou alguém para realizar o projeto de New Jersey, eu me sinto grata pela confiança que está depositando em mim. Em seguida pede que eu ligue para meus pais, entramos no carro e partimos, segundo Evan temos um assunto para resolver.
* * *
Eu estou tão empolgada que não paro de falar um segundo, não sei como Evan esta me aguentando. Em algum momento citei uma vaga na Charper, e levo um tapa no bumbum que chega a estalar.
- Por que você faz isso? Doeu. Reclamo enquanto acaricio meu traseiro.
- Por você ser teimosa e insistir nesse assunto. Ele fechou a cara linda e eu gosto disso.
- Então posso bater em você quando me irritar? Pergunto, mostrando a palma da mão.
- Adoro suas mãos, não acredito que um dia você possa me prejudicar através delas.
- Nunca faria mal algum a você. Pulo em seu colo.
- O que minha pequena arquiteta quer fazer agora?
- Posso responder, mesmo?
- Por favor, estou à sua disposição. Ele se coloca solícito.
- Adoraria ficar com você, isso me basta. Tento desmontar ele também.
- Seu desejo é uma sentença para mim - E sua boca encontra a minha. - Mas temos um assunto para resolver,
preciso que ligue para os seus pais.
- Por que, Evan?
- Porque vou te devolver apenas daqui a alguns dias. Ele se refere à viagem.
- Não tenho como ligar para os meus pais. Nós nos falamos por e-mail, e por sinal acho que eles nem se lembram de mim.
- Não fale isso, eles estão ocupados. Não gosto desse tipo de observação, eles são seus pais.
Evan briga comigo.
- Minha mãe e eu somos distantes. Meu pai e eu temos um bom relacionamento, mas minha mãe colocou um muro entre nós.
- E você nunca pensou no que poderia fazer com isso?
- Você quer me dizer que eu deveria quebrar ou derrubar o muro? Ele apoia no carro e me apoia nele.
- Não. Se você quebrar ou derrubar, pode causar um confronto desnecessário.
- Por que não sobe e tenta se aproximar dela?
- Porque nunca pensei em me aproximar, meu objetivo é sempre me defender.
- Isso explica a arquitetura.
- Não entendi. Ele abre a porta do carro e entro.
- Você busca fazer algo por ela. Não que não goste de arquitetura, mas sua paixão é a dança. Ele coloca o cinto e partimos para Nova York.
- Gosto de arquitetura, de desenhos e projetos, mas é a dança que faz meu corpo ficar liberto e minha mente também.
- Eu sei. Ele beija minha mão e coloca sobre sua perna.
- Tenho medo de como ela vai reagir, como vou explicar para ela que estou indo morar com um homem que conheci em meu primeiro dia em Nova York.
- Medo? Não precisa, mas tem que falar a verdade. Quem eu sou, como me conheceu... Não quero nada escondido, nada de mentiras!
- Me ajuda?
- Vou estar ao seu lado. Andamos por mais de quarenta minutos e paramos em frente ao hotel.
- Está me devolvendo?
- Não, estou aqui para pegar suas coisas e levar para minha casa.
- Evan, você tem certeza de que realmente quer isso?
- Sim, por que ainda tem dúvida?
- Porque tenho medo de você voltar atrás e não me querer mais. Desço do carro assim que Evan abre a porta e ele me laça pela cintura.
- Não tem como, não consigo pensar nessa hipótese. Ela não existe. Ele me beija e me atraco em seu pescoço, sei a decisão que estou tomando e sei bem do que minha mãe é capaz. Entramos e vou direto para a recepção.
- Srf Campbell, boa tarde, seu pai ligou e aguarda o seu retorno.
- Por favor, caso liguem, estarei fora. Apenas avise isso, obrigada. Evan segura a minha mão e beija a palma, colocando sobre seu coração.
- Vem, vamos pegar suas coisas e depois misturar elas com as minhas, e depois quero me misturar com você. Ele percebe que estou triste. Quando esse tipo de sentimento me invade, tento me lembrar da minha casa na Escócia, da minha infância, de um tempo em que minha inocência não permitia ver as indiferenças.
- Sente-se aqui. Ele me coloca na cama.
- Algumas roupas estão na lavanderia. Aviso e ele começa a recolher minhas coisas. Posso ver os momentos em que ele me olha atento enquanto dobro minhas roupas. Por um instante ele sai e retorna com minhas roupas que estavam na lavanderia. Guarda tudo. Não esboça nenhuma reação a não ser se preocupar comigo. Então ele me beija a cada roupa dobrada e eu o olho como meu escudo, minha espada e meu espelho.
- Obrigada, Evan. Entrelaço meus dedos com os braços apoiados em meus joelhos. Sou a pessoa mais sozinha do mundo.
- Acho que está tudo aqui. Ele senta ao meu lado. - Não consigo saber o que fazer com seu olhar assim, porque me apaixonei por um olhar incrível. Seus olhos é a parte de você que me desmonta, que me fortalece, e agora não consigo mudar isso.
- Você é bom com malas e calcinhas, devo me preocupar? Pergunto, olhando dentro dos seus olhos.
- Sim, gosto de tirar a sua calcinha. Ele sela minha boca em seguida liga para a recepção, e pede que busquem minhas malas.
- Podemos ir?
- Sim, podemos. Respondo e verifico se não há nada embaixo da cama.
- São estas. Evan responde ao mensageiro, que entra e retira as malas. Saímos em seguida.
* * *
- Alô? - O celular dele nos surpreende dentro do elevador. - Quem está falando? Posso ouvir uma voz de mulher. - Quem lhe passou esse número? Esqueça-me! Não chegue perto dela. Ele me puxa para junto do seu corpo. - Você vai se arrepender. Ele desliga o celular e bufa.
- Calma. Eu o tranquilizo.
- Preciso de outro número de celular, é o quinto em menos de um mês. Ele fecha a mão e, se pudesse, esmagaria o iPhone.
- Posso perguntar quem era?
- Sim, era a Lívia.
- Ela está com raiva, mas logo ela conhece outra pessoa.
Digo da boca para fora. No fundo de minha consciência quero que ela morra.
- Não quero você andando sozinha em hipótese nenhuma. Ele adverte preocupado.
- Por quê? Você acha que ela pode fazer algo ruim?
- Sinceramente não sei, mas não quero arriscar. Ele me abraça e beija o topo da minha cabeça.
Assim que o mensageiro coloca as malas no carro, começo a analisar a situação. Estou indo morar com um homem que mal conheço, tem uma maluca atrás dele e ele guarda um segredo, que ainda está pendente. Talvez seja loucura, não sei como meus pais irão reagir, mas nunca estive tão feliz em toda a minha vida.
O carro avança e penso em como tudo mudou em tão pouco tempo.
- Um doce pelos seus pensamentos. Evan coloca a mão sobre a minha perna.
- Estou pensando na bagunça que você fez na minha vida.
- Arrependida?
- Nunca! Evan estaciona o carro na garagem e subimos com minha bagagem, quando ouço o iPad anunciar uma mensagem.
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De: Samuel Campbell
Para: Vick Red
Assunto: Hotel
Hora: 10h53min
Posso saber onde a senhorita tem dormido?
O hotel não é o bastante para você? Responda assim que ler, temos um problema com a casa e com minha transferência, use o cartão e compre um celular, preciso falar com você.
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- Meu pai está uma fera comigo. Ele encaminhou a mensagem de manhã.
- Responda a mensagem e vamos resolver o problema do celular. Evan está sentado ao meu lado e leu a mensagem junto comigo.
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De: Vick Red
Para: Samuel Campbell
Assunto: Hotel
Hora: 16h43min
Oi pai,
Estou bem, obrigada por perguntar. Afinal, meus pais sumiram, meu irmão mal chegou e se arranjou em outra cidade e agora eu sou a errada.
Não estou dormindo no hotel há alguns dias por conta do ensaio da companhia de dança; e sim, o hotel está acima do que mereço.
Vou comprar um celular hoje, qual é o problema com a casa e com a transferência?
Victoria Campbell
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- Você mentiu! Odeio mentiras! Evan levanta, inconformado, e anda de um lado para o outro.
- O que você gostaria que eu escrevesse? "Oi, pai, estou dormindo com um homem mais velho, mas fique tranquilo, foi o cara que tirou minha virgindade e agora vou morar com ele!" Porra, Evan como eu vou falar a verdade por e-mail?
- Não precisava falar, apenas respondesse de forma sutil. Ele está bravo e eu também, e o iPad anuncia a resposta.
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De: Samuel Campbell
Para: Vick Red
Assunto: Hotel
Hora: 16h47min
Está certo, filha, desculpe, mas é que houve um problema. Bom, ainda bem que para você será uma boa notícia, estamos voltando para Escócia.
Meu substituto voltou atrás e o resto é questão burocrática.
Partiremos dentro de dez dias. Sua mãe e eu estaremos em Washington até a próxima semana. Já avisamos o Lucca. Compre o celular.
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Ao ler, senti desespero. Como vou falar para o Evan que vou embora?
- Evan, vou embora. Sussurro apreensiva.
- Embora para o hotel?
- Não, meu pai vai voltar para a Escócia. Houve algum problema e tenho apenas uma semana aqui. coloco minha cabeça entre as mãos e as apoio nas pernas.
- Não pode ir. Preciso de você. Ele esquece o surto sobre a mentira e me abraça forte.
- Também preciso de você, mas agora não sei. Inalo forte como se o cheiro dele pudesse me libertar de todos o problemas.
- Victoria, não vai sair daqui, não vou deixar. Ele me puxa para o seu colo.
- Onde eles estão em Washington? -Sei pouco sobre meus pais. O Lucca sabe tudo, sempre. Evan puxa o iPad e responde a mensagem.
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De: Vick Red
Para: Samuel Campbell
Assunto: Hotel
Hora: 16h51min
Qual é o hotel que vocês estão em Washington?
Enquanto não comprar o celular, posso ligar direto para o hotel.
Victoria Campbell
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- O que você está fazendo?
- Ainda não posso falar. A resposta chega e Evan lê. Arrume uma mala, estamos indo para Washington.
- Como assim?
- Apenas obedeça, agora não tenho tempo. Não posso correr o risco de perder você. Estou saindo volto logo.
Evan me deixou arrumando a mala e sumiu por quase duas horas. Para piorar, deixou-me trancada dentro de casa.
- Evan! Se você fizer isso de novo, vou bater em você! Grito com ele assim que volta.
- Está gritando muito. Ele diz baixo.
- Quero bater muito em você. Você me deixou trancada aqui!
- Ainda está gritando! Aonde você vai?
- Estou com fome e furiosa. Desço as escadas, estou descalça e minha camisa está para fora da calça. Sigo para a cozinha. Ele sobe, rindo.
- Você fica linda brava! - Ele aparece no parapeito do mezanino.
- Me manteve em cativeiro! Jogo uma colher de pau e quase acerto.
- Ruiva, você está muito violenta! Ele gargalha, enquanto desce as escadas.
- Evan, não chegue perto. Você adiantou em alguns dias meu lado psicopata.
- Estou correndo algum risco? Ele entra na cozinha e apoia no batente.
- Sim! Respondo, com a boca cheia de queijo e presunto.
- Vou jogar os copos fora. Ele repreende, enquanto viro a garrafa de suco na boca. Eu apenas dou de ombros.
- Posso me aproximar sem correr o risco de levar uma facada?
- Melhor você sair. Eu nunca fiquei presa, deveria ter chamado à polícia!
- E não chamou por quê? Evan se aproxima rápido e me segura pelas mãos.
- Me solta, Evan, você é forte e está me machucando.
- Não estou te machucando, você ficou presa por duas horas. Está nervosa porque estou segurando seus braços com apenas uma mão ou porque meu corpo está pressionando o seu contra o balcão, limitando seus movimentos?
- Enfurecida por conta de tudo isso.
- Tenho uma mão livre, posso bater em você, fazer cócegas ou...
Ele coloca sua mão livre por baixo da minha camisa e percorre meus seios.
- Isso é abuso, não quero você encostando em mim nesse momento.
- Não quer mesmo? E o maldito, com sua mão macia, continua o movimento, mas agora ela está por baixo do meu sutiã, e minha baixa cintura grita. - Gosto da sua boca. - Ele acaricia meus lábios com a língua.
- Não! Claro que quero meu interior grita por ele.
- Soltarei você. Não me bata, por favor, isso poderia desencadear algumas reações e posso não responder por mim. O maldito diz isso enquanto acaricia o bico do meu seio com o polegar.
- Vou tentar. Ele solta minha mão e dou um tapa em seu braço.
- Avisei. Ele me coloca apoiada na ilha, rasga minha camisa e abre minha calça. - Não deveria ter feito isso, sou contra qualquer tipo de agressão.
- Mas gosta de bater na minha bunda! Grito.
- Gosto. Ele mordisca meus seios. - Gosto muito. - Ele desce os dedos dentro da minha calça e começa uma sequência de movimentos que me deixam à beira de explodir, e simplesmente para.
- Por que você parou?
- Porque eu quis.
- Não pode fazer isso. Estou ardendo ele não pode parar.
- Posso e fiz; ou melhor, não fiz. Ele sai, alcança um copo e vai até a geladeira.
- V>u colocar um cinto de castidade e vou jogar a chave fora. Ando ao redor dele, de sutiã e calça jeans aberta.
- Hmm. Ele murmura, enquanto enche o copo com água.
- "Hmm" o quê, Evan? Cruzo os braços e ele bebe toda a água.
- Pensei em você com o cinto e tendo que tirá-lo a força, porque ficarei louco para estar aí dentro. Ele se aproxima e me espreme entre ele e o balcão.
- Você me tem em suas mãos e isso me causa medo. Não sei como reagir contra você. Abaixo a cabeça enquanto falo.
- E você revirou minha vida, uma bagunceira de mão cheia. Como poderia encarar minha vida nessa casa sem uma menina linda tomando suco direto da jarra?
- Arrumaria outra Pimenta e seguiria sua vida.
- Não quero outra; acho que não entendeu. Você é o que preciso. Abriria mão de tudo por você.
- Fico feliz em ouvir isso. Ainda vai querer minha apresentação especial? Digo, apenas de Repetto?
- Faço questão. Ele me senta em cima da ilha e desliza o indicador sobre as montanhas dos meus seios.
- Você gosta deles?
- Gosto do conjunto todo, mas eles são magníficos. As pintinhas...
Ele coloca a ponta do dedo em algumas delas.
- Assim você olha melhor. Retiro a peça rendada.
- Covardia! ele diz, quase descendo a boca até meu colo.
- Agora não. Desencosto da ilha, viro o restante da água que estava no copo dele e subo a escada. Orgulhosa essa partida eu ganhei.
Capítulo 8
- A vingança também é considerada um pecado. Ele fala alto, para eu escutar.
- Justiça, Evan, apenas justiça. Retruco, rindo.
- Posso subir aí e requerer o que é meu!
- Seu?
- Sim, meu, tudo meu. Responde aos gritos.
- Não é seu. Se subir, não vou deixar você tocar em mim! Entro embaixo do chuveiro.
Silêncio... Fico preocupada e curiosa.
Eu o chamo, minutos depois.
A noite começa a cair e a casa está escura. Paro no parapeito do mezanino e decido descer as escadas.
- Evan Louis Maccouant! Coloco meu pé no primeiro degrau e penso que o maldito pode ter me deixado presa novamente. Ainda estou de lingerie.
- Você fica linda me procurando! Ele me pega pela cintura.
- Evan, onde você foi hoje?
- Fui resolver um problema.
- Ótimo. Claro, como sempre. Poderia, por favor, me dizer qual?
- Não. Ele responde em tom misterioso, seus olhos brilham.
- Evan! Ralho.
- Vai gritar?
- E vou bater em você também.
- Sou contra violência e também não gosto de gritos.
- E não gosto de ficar trancada, muito menos de tapas na bunda e mesmo assim você o faz!
- Poderia obedecer mais! Alcançamos a cozinha novamente.
- Não! Respondo com rispidez.
- Não?
- Não! Está difícil de entender? Sento-me em cima da ilha.
- Sim, está difícil. Ele surge como ninja entre minhas pernas e puxa meu quadril para junto do seu. - Sabe que sua teimosia me deixa muito excitado?
- Bom saber, assim vou ser muito teimosa! grito e sua boca está lá, concluindo o trabalho. - Isso não vale ! Advirto em um gemido.
- Não mesmo! ele responde com a boca cheia enquanto desce suas calças.
- Você é uma delicia. Ele sussurra em meu ouvido e se encaixa dentro de mim.
- Nossas discussões sempre vão acabar assim? Pergunto, gemendo.
- Por favor, vamos discutir sempre. Ele me invade pela última vez e relaxa seu corpo dentro do meu.
* * *
Devo me preparar para ir a algum lugar, embora eu tenha insistido em saber onde, Evan não hesita em fazer mistério, ainda estou estirada na cama enquanto escuto o barulho do chuveiro,
Evan esta tomando banho, e eu insistindo para saber o porquê de tanto mistério.
- Por que não levanta daí e vem tomar banho comigo?
Não quero responder, estou com preguiça, ele esta me irritando com esse mistério, e além do mais me trancou aqui ontem à noite.
- Vai me dizer aonde vamos?
- Vou, mas terá que vir até aqui. Pulo da cama e corro para o banheiro, parando encostada no batente. - Você me engana. Não vai me dizer, certo?
- Certo! Vem tomar banho comigo, ou melhor, me deixe dar um banho em você.
Claro que corro para ele.
Magnetismo, vício, sei lá o nome que damos para isso. Enquanto tomamos banho, pergunto que roupa levar, ele pede que eu providencie apenas três trocas, e decide que comprara mais caso eu precise.
- Vai me sustentar? Saímos do banheiro.
- Sim.
- Tenho meu trabalho, não há necessidade.
Não quero ele comprando tudo para mim, sei que ele faria isso, mas valorizo minha independência.
- Posso providenciar sua demissão!
- Tento uma vaga na Charper, então!
- Victoria! Não brinque com isso. Ele muda a expressão, e gostaria de entender o que ele tem contra a Charper.
- Irritado? Pergunto, enquanto fecho o zíper da bolsa bege.
- Sim, e por favor, coloque uma roupa. Fica difícil eu me concentrar com você de lingerie preta.
- Se fosse branca facilitaria?
- Não, ande logo, Vick! Preciso resolver isso hoje!
- O que tem para resolver?
- Infelizmente não é da sua conta nesse momento. Ele veste calça escura de brim e camiseta pólo branca de alguma dessas marcas que custam propriedades. O perfume dele é algo que domina e perturba.
Ele sai do quarto, com uma bolsa preta de couro, parece que já está de saída.
- Vai me deixar aqui sozinha? Exclamo.
- Estou te esperando. Ele retruca.
- Sim, senhor. Coloco uma calça jeans e uma malha fina cor de rosa. Partimos minutos depois.
Pegamos a autoestrada e francamente não saberia dizer para onde estamos indo.
- Posso ligar o som? Pergunto com a ponta do dedo no botãopower do rádio.
- Pode, veja se gosta dos CDs.
O som do X6 é muito bom e a seleção de Evan é muito melhor. Temos gostos semelhantes. Deixo o CD do A- Ha tocar; Take On Me.
- Não se assusta quando olha para sua vida e percebe que ganha mais do que muitos?
- Assustar? Não! Busco mais. Não dinheiro, isso eu ganho e perco, mas almejo ser o melhor.
- Perfeccionismo?
- Pode ser, mas nem sempre conseguimos ter controle.
- Muito controle pode ser prejudicial. Olho para o rosto perfeito de Evan.
Viajamos por mais de três horas e o carro para em frente ao hotel antigo e altamente luxuoso. Não preciso de muito tempo para entender. Evan alcança uma sacola preta de papel e saímos do carro. Meus pais aparecem no saguão e o manobrista se encarrega de estacionar o carro. Estamos no Mandarim Oriental Hotel, Washington.
- Oi, pai! Estou com saudade deles, mas o rosto de meu pai é de preocupação.
- Oi, minha vermelhinha. Ele me abraça e estica os olhos para o Evan.
- Oi, mãe. Seu olhar sobre Evan é investigativo.
- Oi, Victoria. Ela me abraça e suspira.
Eu faço as apresentações. De alguma forma, eles simpatizam, mas mantêm pulso firme e aparência quase negativa. Também pudera, Evan domina o lugar. Todas estão olhando para ele, bando de sirigaitas. Minha mãe lança um olhar inquisidor, pergunta se somos amigos,
Evan incorpora o velho bem sucedido e apenas pede para que caminhemos em direção ao restaurante.
Meu pai concorda franze o cenho para mim e eu apenas encolho os ombros e abaixo a cabeça. Enquanto andamos Evan alcança e segura minha mão. Sinto a metralhadora no olhar da Sra. Campbell. Ele pede mesa para quatro enquanto entramos no restaurante. A posição firme dele em não me soltar é algo que estremece. Ele puxa a cadeira para mim e meu pai repete o gesto para a minha mãe.
Sra. Campbell, com seu vestido tubinho preto e saltos, não amedronta Evan, que também não repara no jeans simples e camisa branca do meu pai.
Adentramos ao Cityzen, colunas revestidas com pedras e mesas sabiamente decoradas com pequenas arandelas vermelhas. Sofá de um lado da mesa e, do outro, duas cadeiras.
- Evan, correto? Minha mãe finge não ter entendido.
- Evan Louis Maccouant, Sra. Campbell. Firme, e minha mãe está perdendo a batalha. Ela sabe disso.
- Então, Victoria, qual seria o assunto de extrema urgência? Minha mãe apresenta sinais de desistência ao perceber a postura firme de Evan. - O e- mail que encaminhou ontem marcando esse encontro me assustou e agora acho que não foi você que o enviou. Ela olha afiado para Evan.
- Senhora e Sr. Campbell, gostaria imensamente que entendessem minha real intenção. Não me deslocaria por mais de trezentos quilômetros se realmente Victoria fosse irrelevante para mim. Mas creio que represento as pessoas que têm verdadeiro apreço por ela.
- Evan, não estou entendendo. Digo, com dentes cerrados ao ombro de Evan.
- Você já vai entender. Bom, espero que entenda. Ele beija meu rosto e meu pai convulsiona internamente.
- Não tomaria nenhuma decisão sem analisar seu resultado futuro. Meu trabalho exige isso e acredito que agora é um excelente momento de manter essa postura, afinal de contas. Ele pega uma caixa de veludo preto e meu coração p ara. - Ficaria extremamente feliz se você, Victoria Campbell, aceitasse se casar comigo. Ele abre a caixa e meu sistema digestivo entra em colapso.
- Desculpe, acho que não entendi, ela está a menos de duas semanas em Nova York e já está noiva? Minha mãe consegue falar, meu pai eu desconfio que sua alma tenha desencarnado na hora em que Evan pega a caixinha preta.
- Tecnicamente, ainda não. Esperava fazer isso junto com vocês, e também espero que ela aceite. Isso me faria extraordinariamente feliz. Os olhos de Evan não desgrudam dos meus, e isso fez meu coração voltar à vida.
- Vocês dois têm ideia do que estão fazendo? Estou feliz. Meu pai não morreu e conseguiu esboçar uma reação.
- Ainda não fizemos nada. Como disse, dependo de uma resposta para algo acontecer. Evan está, ainda, com os olhos em mim.
- Victoria Campbell, o que tem a dizer a respeito disso? Minha mãe está em dúvida em esboçar preocupação, entendimento ou raiva. Meu pai fica inerte e juro que essa reação me deixa confusa.
- O que tenho a dizer? Digo, entre nuvens.
- Isso mesmo, o que você tem a dizer? Nunca namorou, e agora isso? Minha mãe bronqueia, com o cenho franzido.
- Bom, mãe, o que tenho a dizer é que aceito. Meu sorriso vai de uma orelha a outra.
Sinto os marimbondos e o fogo saindo das narinas de Sra. Campbell. Mas meus olhos estão em Evan, que beija meu rosto.
- Acho que está cometendo uma loucura. Meu pai desabafa, negando com a cabeça.
- Sim, pai, uma loucura, com quase vinte anos resolvi tomar uma decisão pensando em mim Acho que essa é a primeira que tomo em minha vida. Alcanço a mão de meu pai e de minha mãe. - Não quero um confronto, quero paz. Um casamento simples em uma igreja, com meu pai ao meu lado.
- Filha, não quero ver você sofrer. Meu pai segura forte a minha mão.
- Não vou sofrer. Retribuo a preocupação com um sorriso. Evan retira da caixa um anel fino, com um diamante se equilibrando em cima de um pequeno pedestal, e o coloca em meu dedo. Evan está preocupado com a posição de meus pais, mas nada mudaria sua postura.
- Espero que você cuide dela. Estamos voltando para a Escócia, nossa casa foi vendida e a reserva do hotel se encerra em quinze dias.
Minha mãe é obviamente contra, e meu pai é uma incógnita, mas possivelmente também não aceita. Anos de missa e ensinamento religioso se esvaindo sob a mesa do restaurante.
- Assim que a reserva se encerrar, vou morar com a Sam Inclusive o Lucca a conhece. Minto e Evan aperta minha mão.
- Francamente, não é o que idealizei para você. minha mãe começa a disparar.
- E o que você idealizou? Ser como o Lucca? Ser uma arquiteta, porque você com certeza encontraria defeitos em todos os meus projetos? Quero paz, mas estou engasgada, e esse é o melhor momento para expressar o que sinto.
- De onde tirou esse absurdo, Victoria?
- Nunca fui boa o bastante para você, mãe, mas não quero discutir agora.
Estou feliz. Será que poderiam aprovar de coração e nos dar suas bênçãos? Porque, honestamente, nada vai mudar minha opinião. Arranco coragem de anos sendo comparada ao meu irmão gêmeo.
- Sra. Sr. Campbell, entendo perfeitamente a preocupação de vocês. É tudo muito recente, não me conhecem, mas garanto que não estaria aqui se não fosse algo importante.
- Não conhecemos ou sabemos nada sobre você e de repente, chega aqui e coloca uma aliança no dedo da minha filha. Espero que não pense que achamos normal essa situação. Meu pai começa a colocar para fora o coágulo de sua garganta.
- Por favor, sintam-se à vontade para qualquer pergunta, apesar de que não irão acreditar em nada do que eu disser. Evan não transpassa nenhum medo, nenhuma preocupação, como se estivesse disposto a enfrentá-los.
- Honestamente, Evan, é muito difícil assistir a isso. Uma semana de relacionamento, no máximo, e você quer se casar com minha filha. Um pouco de ironia do Sr. Campbell.
- Compreendo, gostaria que essa apresentação e pedido fossem interpretados de maneira respeitosa. Honestamente, não ficaria feliz em saber que Victoria vai deixar seu trabalho espetacular na Gael por conta de um retorno para Escócia.
- Não podemos simplesmente impedi-los, sei o que isso nos causaria futuramente, mas não posso aceitar como algo normal. Meu pai fala e apoia os cotovelos sobre a mesa, quase esbarrando nos pratos sobre a toalha de linho, então continua; - Mas vejo nos olhos de minha filha algo que não sabia que ela possuía. Não seria justo priva-la de sua vontade. Caso precise, poderá contar comigo. Finalmente meu pai desiste e aceita Evan.
- Samuel! Minha mãe ralha, elevando o tom de voz. - Como pode aceitar? Ela tem dezenove anos!
- Stella, nós nos casamos com dois meses de namoro e não me lembro de um motivo, ao menos, que tenha feito eu me arrepender dessa decisão. E você tinha dezesseis anos. Vick completa vinte amanhã. Meu pai olha dentro dos olhos de minha mãe. Stella me surpreende com uma verdadeira e inédita preocupação sobre mim.
- Ela só vai saber se tentar. Mudamo- nos da Escócia e achamos que tudo estaria sob controle, mas agora estamos presos em Washington aguardando novas ordens. Muito controle é prejudicial, Stella. Papai e eu com nossos pontos iguais.
- Obrigada, pai, isso é importante para mim Alcanço sua mão e olho em suas piscinas azuis tão idênticas as minhas.
- Filha, amo você e nada me deixaria mais feliz do que ver esse sorriso que está agora em seu rosto.
- Batalha perdida, mesmo. Minha mãe sorri e delata o quanto é bom sentir o que estou sentindo. - Quero que cuide muito bem dela, é minha filha, e eu, com certeza, caçaria você se a fizesse sofrer.
- Obrigado pela confiança, e com certeza cuidarei. O sorriso de Evan desmonta os dois e, em seguida, Evan, que parece conhecer o restaurante, faz os pedidos.
- Bom, acho que posso perguntar o que você faz. Posso? Minha mãe começa a inquisição.
- Deve! Evan destrói as armas dela com um sorriso impecavelmente branco, enquanto fatia o filé de peixe grelhado. -
Trabalho com importação e exportação. Ele leva o garfo até a boca e me lembro do que esse lábios são é capazes.
- Qual o nome da empresa? Nossa, vai ser pior agora, ela deveria ter feito esse monte de perguntas antes desse diamante que vale mais do que meus dois rins estar em meu anelar.
- Maccouant Import. Inc. Ele fatia outra vez e sua boca majestosa abocanha o filé. Queria ser o peixe.
- Você é o proprietário da empresa?
- Sim, de todas elas. Outro filé e o queixo da minha mãe está despedaçado sobre o prato com massa e brócolis.
- Espero que isso não tenha abrilhantado seus olhos. Vick sempre teve uma vida de regalias. Papai franze a sobrancelha em minha direção.
- Fique tranquilo, pai, não estou à venda e também tenho meu emprego com ótimo salário. Enrolo a massa no garfo e levo até a boca.
- Poderia te dar umas palmadas pela resposta. Ele olha, sério.
- Desculpe. Encolho meus ombros.
- Meu dinheiro é apenas um detalhe, gosto do que faço. Ele termina o prato e descansa os talheres lateralmente sobre o prato.
- Você é muito novo para ter essa postura... Ou um senhor bem conservado. Meu pai brinca, desfazendo o clima tenso.
- Tenho vinte e seis anos. Evan limita a resposta e meu pai se conforma com isso.
- Victoria, fiquei muito orgulhosa de você. Sozinha, se virou muito bem Espero que mantenha a responsabilidade. Minha mãe tirou o dia para mostrar o outro lado.
- Sempre, mãe. Afasto meu prato e coloco meus cotovelos sobre a mesa, um traço de rebeldia.
- Acho que finalizamos, por enquanto. Papai e mamãe se levantam, em seguida, Evan com sua etiqueta impecável está de pé, estendendo a mão para minha mãe e, e depois para mim - Me perdoe pela pressa, mas tenho um compromisso com meus diretores. Meu pai e seu profissionalismo.
- Muito prazer, Sr. Campbell. Evan aperta firme a mão dele.
- O prazer é todo meu. Os olhos do meu pai denunciam que ele gostou de Evan.
- Não esqueça de fazê-la feliz. Minha mãe leva a mão até Evan, mas ele não se abala.
- Não posso esquecer, isso me deixaria triste também. Posição inquebrável, Evan tem quarenta e oito anos, com certeza.
Me despeço abraçando os dois e me sento novamente. Evan, o que você tem na cabeça?
- Você, apenas você. Ele sela minha boca. - Agora é minha noiva! - E senta ao meu lado e prossegue; - Mas você mentiu, por que não disse que estava morando comigo?
- Porque não tenho curso de primeiros socorros. Quem salvaria meu pai de um enfarto? Você é louco? Deixa assim como está, a Sam mora sozinha e qualquer coisa tenho para onde correr.
- Não vou brigar por conta disso, o anel ficou lindo em você. Ele beija os nós dos meus dedos.
- Se eu soubesse, teria ido ao cabeleireiro e não tinha feito um coque assim. Aponto meu indicador para o volume vermelho de minha cabeça. - E também teria colocado um vestido, e não esse trapo. Estico a barra de minha malha cor de rosa.
- Prefiro você com os cabelos de qualquer jeito e de preferência nua.
Fiquei com sede agora. Ele sorri, malicioso.
- Beba. Alcanço a taça com água e o provoco.
- Essa brincadeira foi terrível e vou usar contra você mais tarde. Ele aperta meus dedos.
- Cuidado, minha mãe poderá caçar você! Evan gargalha e pede a conta ao garçom.
- Realmente, sua mãe é um perigo. Ela se esconde atrás de uma carcaça dura, mas na realidade é uma mulher frágil e tem como objetivo viver em função de seu pai. Meus olhos se arregalaram para ele enquanto o manobrista trazia o carro.
- Conseguiu observar tudo isso em menos de quarenta minutos de conversa?
- Sim, a mão dela descia subitamente até o joelho dele, o que mostra medo de tomar alguma atitude, além do cruzar impaciente de pernas diante de uma situação nova e que ela nunca imaginou viver, o que me deixa feliz. Afinal de contas, nenhum outro se aproximou mesmo de você.
- Ah, e você ainda duvida?
- Não, eu tenho certeza de que tenho algo único. Seu pai é mais seguro, não precisa falar muito para mostrar que tem seus limites e que confia na educação que ofertou aos filhos.
- Mal sabe ele que adoro ficar nua com você fazendo miséria sobre meu corpo.
- Deveria ter contado. ele zomba, enquanto abre a porta do carro para mim. Ele dispensa o manobrista nessa hora.
- É trabalho dele abrir a porta, Evan!
- É meu dever proibir qualquer acesso do sexo oposto até você. Ele fala sério e bate a porta do carro, se sentando ao volante.
- Dominador, possessivo, perfeccionista e altamente sedutor. Corro sérios riscos. Aperto sua perna com força, pressionando os lábios.
- Sim, corre muitos riscos, inclusive por conta de uma taça de água. Ele sorri de canto de boca.
- Oh, não! Esse homem é perigoso! Brinco dentro do carro. - Para aonde vamos agora?
- Curiosa demais, espere e vai saber. Evan estica seu tronco e escuto o estralar.
- Precisa relaxar!
- Alguma sugestão? Pergunta, com uma de suas sobrancelhas arqueadas, e o carro segue.
- Na Escócia tem um homem muito bom com massagens relaxantes. Costumávamos ir até lá depois de algumas apresentações. Gargalho.
- Outro registro. Ele fica sério.
- É brincadeira! Você tem que aprender a brincar mais, é muito novo para ficar carrancudo! - Ele está mudo.
- Vai me ignorar? Você é chato, não posso brincar com você? Cruzo os braços e ele para a X6 no acostamento da autoestrada.
- O que você está fazendo? Pergunto enquanto ele desabotoa o cinto de segurança e me puxa para o seu colo. - Evan! A polícia pode vir até aqui!
- Victoria, quero apenas beijar você! Ele esconde o nariz em meu pescoço e, em seguida, sua boca encontra a minha.
- Minha noiva, linda e absurdamente deliciosa. Evan beija e morde meus lábios, e sua mão está sobre o meu seio.
- Linda.
- Era só ter pedido. Às vezes acho que você faz algumas coisas pensando que não vamos ter o amanhã. Então me abraça forte.
- Não diga isso, nem por brincadeira. Ele beija meu rosto todo e me aninha no seu colo. O carro ainda está ligado.
- Vai me dizer aonde vamos?
Meu noivo me senta no banco passageiro novamente e gargalha sobre a minha curiosidade.
- Sequestrada! Acho que é isso, que deveria gritar! Rimos enquanto o carro retoma o percurso. Temos quatro horas de viagem, Evan sugere que eu ouça algumas musicas, estou ansiosa, ele me acalma espalmando a mão sobre meus joelhos, Aperto o play. Deixo Kaiser Chiefs começar a trilha sonora com "Ruby".
- Gosto dessa música.
Aprecio quase todos os tipos de música. Para cada tempo, um estilo. Por algum motivo forte eu me sinto assustadoramente encantada pelo movimento de sua mão na direção do carro. Antebraço forte, mão grande, pele ainda bronzeada. Gosto tanto desse homem a causar medo. Dói o estômago minha cabeça e revira. Fico um tempo de estrada divagando com cenas obscenas sobre ele.
- Estranharia se eu dissesse que estou com fome? Pergunto encabulada. Troco o CD e coloco Kings of Leon. A primeira é "Use Somebody". . Desconfio que Evan goste mesmo dessa banda.
- Podemos parar no próximo posto.
Algum tempo depois ele estaciona o carro em um posto de estrada.
Assim que o carro passa a poeira levanta.
- Vou ao banheiro antes.
- Vai usar esse banheiro? Evan, me pergunta inconformado.
- Evan, preciso! Enquanto isso, peça algo para mim.
- Vou com você. Deve ter ao menos uns oito caminhoneiros encostados atrás do posto. Evan dispara apreensivo.
- Sei me defender! Foi a mesma coisa de dizer "vamos, Evan, me acompanhe até o banheiro". Você é teimoso!
- Convivência! Ele sorri e me dá um tapa na bunda.
- Evan! Não faça mais isso!
- Faço sim, e vou fazer na hora que tiver sem calças.
- Vai me pegar à força e me bater no banheiro de beira de estrada, senhor Maccouant?
- Não me falta vontade. Ande, entre aí e pare de me provocar. Por favor, não encoste em nada.
- É limpo, Evan, quer conferir?
- Não! Escuto a risada dele.
Após usar o tão inconveniente banheiro e ingerir um copo de suco, seguimos para o veiculo, ainda falta uma hora de viagem.
Ele abre a porta do carro eu entro, ele prende meu cinto. Em seguida me entrega um celular igual ao dele, um iPhone 5, mas o meu é branco.
- Por que fez isso? Não gosto que gaste seu dinheiro comigo.
- Não gostou?
- Gostei, mas deveria ter usado meu cartão.
- Esse? Ele me entrega alguns pedaços de plástico.
- O que você fez? Meu meio de sobrevivência!
- Na realidade, do seu pai, e eu faço questão de lhe dar alguns presentes, afinal, é minha noiva. A propósito, está com a bateria carregada e na agenda, meus telefones de emergência.
- Paranóico.
- Obrigada. Ele acelera e continuamos o passeio. Amei o celular, mas teria comprado um bem mais barato.
Entramos por uma estrada de terra com muitas entradas de fazendas e chácaras, alguns postes iluminam a noite que começa. Até que, depois de alguns instantes, paramos em frente a um portão de ferro preto. Nele, a palavra "POWER&HEART" destacada em branco. Duas folhas se abrem automaticamente. O lugar é simplesmente deslumbrante. Pouco tempo depois chegamos a uma imensa casa branca, avarandada em toda à sua volta. Janelas de madeira e redes espalhadas colorindo as paredes da casa.
- Eles chegaram! escuto alguém gritar da varanda.
Evan estaciona o carro, sai e abre a porta para mim.
Ele estica a mão em minha direção, eu aceito enquanto saio do carro. Alguns metros depois posso ver Rose se aproximando.
- Vick, que alegria vê-la! Como foi a viagem? Ela pergunta, abraçando-me e me levando com ela.
- Muito bem! Respondo ainda surpresa. Ela está de macacão jeans, sujo de terra, e um chapéu.
- Você realmente aceitou o convite, estou muito feliz em vê-la.
Outro susto. O dono da cordialidade é John Maccouant. Calça jeans e uma camisa xadrez que se esconde por baixo do suéter creme. "Não fui convidada, fui arrastada", pensei comigo. Enquanto agradeço o convite.
Estou envergonhada, Deveria ter escolhido algo melhor para vestir. Olho com piedade para minhas roupas.
- Você veio! É Maria. Gosto muito de ver o rosto dela, mas ainda há tristeza. Pequenos traços de Alice.
- Que bom ver você, Maria!
- Ninguém fica feliz em me ver? Evan brinca.
- Carência nunca foi uma característica sua, meu filho, mas sempre terá um abraço. A mãe dele beija os dois lados de seu rosto antes de abraçá-lo.
O Sr. Maccouant, inicia uma conversa sobre negócios com Evan, e a aquisição de um novo contrato afastando-se de nós e levando meu noivo com ele. Percebo que o assunto "Alice" é totalmente evitado. Há certa tristeza no olhar deles, mas é vida que segue. Eles riem e suas vozes somem enquanto caminham.
Os dois conversam muito e o pai dele não hesita em sorrir e colocar a mão no ombro de Evan. Uma cena tipicamente familiar, rara.
Estamos em cinco pessoas, e na hora do café a Maria é convidada a se sentar conosco na mesa. Ela está a tanto tempo trabalhando para eles que é considerada membro da família. Seus filhos estudaram nos melhores colégios do Texas, tudo patrocinado pelo pai de Evan. Maria ganhou uma casa e está aposentada há dois anos, mas não consegue largar a família. Ela me conta tudo na hora do café, e a gratidão pela família Maccouant é nítida.
A noite chega rápido e havia conhecido parte do lugar caminhando com Rose. Eles mantêm na fazenda uma produção de vinho que é exportada para mais de vinte países, inclusive para a Europa. O lucro líquido é destinado à POWER&HEART.
* * *
Por quase vinte minutos estou procurando Evan pela casa, ele cismou em uma brincadeira de frio ou quente, ele se esconde e envia mensagens através do celular, para que eu tente adivinhar onde ele está. A última dizia que esta na varanda mas a casa possui varandas por todos os lados, peço por outra dica ele diz que é pra mim Desligo e, é claro, vou à procura do meu presente misterioso. Corro pelo corredor principal da casa e, quando estou quase saindo, sinto um braço me agarrando.
- Você está ficando atrevida, desligou mesmo! Ele sorri enquanto me carrega em seu ombro para fora das dependências da varanda.
- Agora me fale pelo menos se estou quente ou fria, como uma brincadeira. - Volto aos meus seis anos e o levo comigo.
- Posso garantir que terá que procurar duas vezes, só posso dizer isso e, além do mais, você está muito fria. Então, Evan ri.
Continuo com a brincadeira e começo a caminhar. Já havia anoitecido e nossa farra atrai os pais de Evan e a Maria, que está hilária em seu pijama azul.
- Estou quente? Grito, enquanto faço o contorno da casa.
- Muito fria! ele responde.
- Evan, ajuda, não vou achar nunca!
- Pare de reclamar e procure direito! ele continua a gritar do lado de dentro da varanda, enquanto caminho por fora.
- Estou quente agora? novamente, falando alto. Ele está longe de mim.
- Esfriou mais ainda! Fiz toda a volta, então uma ideia me surge.
- Evan, estou ficando quente? Dou um passo em sua direção e olho em seus olhos.
- Morna, quase fria. Ele responde.
- E agora? Outro passo.
- Morna.
- E agora? Assim sucessivamente, até que encosto meu corpo no dele.
- Está no bolso de trás da minha calça. Ele sussurra em meus cabelos.
Coloco a mão e puxo dois ingressos. São do Cirque Du Soleil, apresentação em Las Vegas, dia vinte e nove.
- Amanhã! Pulo no pescoço dele. Feliz é pouco, o que sinto ainda não tem nome. - Evan, vou comemorar meu aniversário no Cirque Du Soleil?
- Sim, mas falta um presente. Ele diz.
- Onde está?
- No quarto onde dormiremos. Ele diz, beijando minha testa.
Claro que corro e, quando encontro meu sorriso ultrapassa meu rosto. Um vestido violeta esticado sobre a cama com edredom branco; ao lado do vestido, um par de sandálias cinza fosca e, no meio, uma caixa comprida, branca e com um laço violeta. Abro a caixa e não cabe mais sorriso em mim Rosas, brancas, embaixo delas um envelope e uma caixinha.
No envelope, um bilhete:
"Seja bem-vinda".
Na caixinha, uma cópia da chave de sua casa.
- Gostou? Evan me pergunta. Encostado no batente da porta com os braços cruzados, ele assistia os sorrisos que arrancou de mim - Amei cada detalhe! Pulo no colo dele.
- Não sei separar quem eu sou de você. Ele confessa.
Eu o beijo calorosamente, enquanto acaricio seu rosto.
- Vamos jantar? Estou com fome! Sorrio ternamente, enquanto seguro sua mão.
- Tem ideia do quanto está me fazendo feliz?
- Acho que sou mais feliz do que você nessa relação. Brinco.
- Obrigado.
- Pelo que, exatamente, está me agradecendo, Sr. Maccouant?
- Por estar aqui, por confiar em mim, por me deixar estar na sua vida. Apenas com você eu sou assim, você é minha fraqueza.
- Engraçado você dizer isso. Digo, ganhando o corredor da casa, ainda segurando as mãos de Evan.
- Por quê? Pergunta, segurando minha mão e detendo meus passos.
- Porque iria agradecer você pelo mesmo motivo. Olho em seus olhos e sorrio.
Maria interrompe nosso pequeno momento invasor e bilateral. É hora do jantar. O cheiro está ótimo, percebo enquanto seguimos para a mesa bem posta e fartamente abastecida.
Jantar bem humorado, uma família rica em todos os sentidos, e descubro que Evan havia tido uma única namorada na época da faculdade, mas ela virou sua amiga e acabou casando com seu colega de quarto. Hoje ela mora na Austrália e não desperta meus ciúmes, mas as viagens misteriosas, sim Evan parece extremamente incomodado com o assunto e trata de encerrar o quanto mais depressa.
Percebo todas as vezes que ele desvia a conversa. Ele não deixa nenhuma brecha para que possa interrogá-lo.
Partimos para a sala e o papo se estende, mas sou naturalmente sonolenta e passa das onze horas.
- Posso ir para cama? Sussurro no ouvido de Evan.
- "Podemos" seria a pergunta perfeita. Ele cochicha.
- Estou com sono. Bocejo atrás dos dedos.
Evan e eu nos despedimos e vamos para o quarto.
* * *
O domingo surge com sol tímido, e na cama estou nos braços de Evan. Apenas dormimos lindamente abraçados. Eu completo vinte anos nesse dia.
Levanto-me sorrateiramente, preciso de um longo banho e todos na casa estão dormindo. São seis e vinte da manhã e o único barulho é da ducha. Tenho tempo de sobra para pensar nas informações, no jantar amistoso e feliz, na alegria dos pais de Evan ao ver o filho diferente do que ele era... Mas as amarras do passado ainda estão ali.
Perdida em pensamentos não notei a presença de Evan, encostado na porta do banheiro, assistindo meu banho.
Olho, sorrindo, para o rosto encantador e terrivelmente lindo.
- Sorriso lindo! Dormi com você, e isso me deu a certeza de que o dia seria verdadeiramente bom. Ele me dá o melhor dos sorrisos e fica ali, sentado na beira da hidro, olhando como se não me visse há muito tempo. Entre nós dois há apenas o vidro do box levemente embaçado.
- Temos um longo dia pela frente, preciso que você se alimente muito bem. Evan está preocupado.
- Estou animada com o espetáculo de hoje. Estou falando como uma menina que ganha uma boneca.
- Meus pais irão conosco, partiremos às catorze horas. Programa familiar, não me importo. Era o Cirque Du Soleil, apresentando Mystère.
Peço a toalha, abrindo o vidro embaçado. Evan pega a de rosto e me entrega, uma pequena indireta.
- Engraçado logo cedo, que ótimo! Ele então puxa a toalha maior e segura longe de minhas mãos. Eu vou obrigada a caminhar em sua direção. Paro de frente com aquele belo tórax, e gentilmente o bom homem cobre.
Peço a ele que se adiante no banho enquanto me visto, estou faminta escolho calça saruel e regata preta e, por comodismo, calço as sandálias de tiras de couro.
Ele pede que eu vá na frente e avisa que logo termina o banho. Vou em direção da cozinha. Aproveito o tempo que ainda tenho e conheço a piscina natural da propriedade assim que tomo o café da manhã na companhia dos pais de Evan e de Maria.
Logo que entro na casa, ele me laça pela cintura, escondo o rosto em seu pescoço. O perfume de Evan age como uma droga em minhas veias me entorpecendo.
- Vamos andar apenas nós dois. Ele mordisca meu queixo e me coloca no chão.
Andamos pela entrada da propriedade, um caminho de pedras perfeitamente encaixadas. As árvores unidas em sombra fazendo o caminho. As flores incrivelmente coloridas no contorno de toda a varanda...
- Adorei esse lugar, vai me trazer aqui sempre?
- Pretendo.
- Evan, preciso me arrumar. Peço alguns minutos para operar um milagre em minha aparência.
- Tudo bem, vou tentar superar isso.
Ele sela minha boca e me deixa na porta principal da casa.
Volto ao quarto, resgato meus presentes e tento, assim como o Macgyver em seu seriado, fazer um milagre com essa forma de vida alienígena que está sobre a minha cabeça.
Demora mais de uma hora e enfim termino. Estou pronta. O vestido violeta frente única dança delicadamente até a altura dos joelhos e a sandália fosca combina perfeitamente. Então saio do quarto com uma vergonha do tamanho do mundo. Havia prendido meu cabelo em coque com alguns grampos que encontrei milagrosamente no fundo da bolsa. Óbvio que não prendi tudo, pois não tenho essa habilidade motora. Algumas mexas cobrem estrategicamente parte do meu rosto com quase nada de maquiagem, apenas o velho e bom rímel de sempre.
Deixei minha bolsa arrumada sobre a cama, ao lado da maleta de Evan; a minha era de lona e a dele de uma marca exclusiva europeia, fino contraste entre dois mundos distantes e juntos.
- Linda. escuto Evan falar atrás de mim, no final do corredor, e me viro.
- Oi! Ele está magnífico. Calça esporte fino em tom creme e uma camisa preta sob o suéter fino quase do mesmo tom da calça, que contrasta com o branco irritante do seu sorriso.
Ele sela minha boca com um beijo e caminhamos em direção à sala, onde seus pais nos aguardam.
- Victoria! Você está deslumbrante. Rose, de conjunto social verde escuro, elogia, deixando-me sem jeito.
- Vegas! - John, de social sem terno, clama pelo nosso destino. - Está preparada, Victoria?
- Sim, acho. - Encolho os ombros. - Acho melhor colocar uma roupa mais simples para a viagem, mais confortável. comento ao ombro de Evan.
- Você vai ficar confortável, eu coloco você no meu colo. Ele mordisca meu lóbulo.
John avisa que vai pegar nossas bolsas e segue em direção ao quarto.
- Podemos ir? Rose pergunta e passa seu braço sobre meus ombros.
- Sim - Evan responde. - Mas essa é minha. ele me puxa para junto de seu corpo.
Um carro nos aguarda, o destino é o aeroporto Lehigh Valley Intl, e de lá partiremos para o espetáculo.
É um sonho, isso não acontece na vida real. Estou com medo de alguém bater no meu ombro e dizer: Acorde!
Eu não posso acordar nunca, é mágico, é único, estou dentro do jato alugado imaginando o que está por vir. Minha mão está sob o peito de Evan e o meu coração se alegra. É um feitiço. Sorrio ao olhar para ele, posso me acostumar com isso.
- Me dê seus pés. Evan me pede, enquanto o compartimento do jato alugado é fechado. Apenas obedeço.
- Vai me fazer dormir?
- Se dormir eu vou te colocar no meu colo.
- Está me acostumando mal, muito mal. Beijo sua boca e coloco meus pés sobre suas pernas, ele tem o verdadeiro dom de massagear.
Cinco horas depois estamos no suntuoso quarto do Hotel e Cassino Bellagio. Os pais de Evan estão exatamente no quarto ao lado.
- Vamos descer? Evan pergunta enquanto tiro minhas sandálias. Meus pés estão inchados.
- Me dê dois minutos, por favor, meus pés estão muito inchados.
Respondo. Estou esticada sobre a cama gigante. Tudo no quarto é um exagero: uma varanda cercada por um vidro contorna a sala em tom marfim e dourado. Um banheiro que deixa qualquer um de queixo caído acompanha a decoração do restante do quarto.
Os pais dele avisam que estão descendo e saem debaixo do batente da porta.
- Coloque-os aqui. Evan diz assim que senta na cama, apontando para os dois pães que estão no final de minhas pernas, e continua com a mesma massagem do avião.
- Está ótimo. Evan massageia meus pés tão calmamente... - Está me acostumando mal. Digo, sorrindo.
- Fico feliz em saber que te agrado. Ele fala e os seus dedos passam entre os meus.
- Acho melhor descermos, não quero ser uma tentação ou te levar para o mau caminho admito, mordendo o lábio inferior. Eu o quero tanto...
- Então vamos descer, preciso de ar fresco. Evan veste a sandália em meus pés e os coloca no chão.
Descemos e o cassino está lotado, mas Evan sabe onde seu pai está. Eles viajam com certa frequência para Vegas.
- Vamos levantar o capital para nossa próxima filial? - Evan pergunta para seu pai, forma brincalhona sobre o quanto vão ganhar.
- Claro, mas não se esqueça de que estamos na roleta e não no vinte e um. Nossa próxima filial está lá, no canto esquerdo do saguão. John manteve a brincadeira, apontando para as mesas de Black Jack, mas ele se refere à extraordinária habilidade de Evan com números. Foi na mesa de vinte e um que Evan faturou cento e vinte mil dólares. A própria Rose me contou e, o mais impressionante, é que ele fez um cheque no valor ganho e doou para a Cruz Vermelha.
- Já que temos pouco tempo aqui no cassino, esta noite apostaremos na roleta. Evan diz, enquanto acompanha o girar da roleta.
Aviso que vou ao banheiro ele insiste em me seguir, sugiro que faça companhia ao pai, ele não desiste, selo sua boa e me desvencilho.
- Minha?
- Enquanto você quiser. Respondo, já longe de suas mãos. Ele sorri e eu estou mal acostumada.
O lugar é como nos filmes; gente bonita, o som alto dos vencedores, o sorriso enigmático dos Crupiês, bebidas e carrinhos com estrondosas fichas douradas. A sensação é de que haverá a continuação dos filmes sobre alguns homens e alguns segredos.
Entre os "não acredito!" e os "estou com sorte!" As belas mulheres que beijam os dados veem ali um futuro de luxo, ao lado de homens com o dobro de suas idades. Meu deslumbre com o lugar caminha comigo até o banheiro, que mantém o mesmo requinte e sofisticação do cassino e hotel.
A visão é estonteante. Um tapete vinho por todo o local, o dourado imponente. Paro diante da porta do banheiro assim que saio e admiro o lugar barulhento e luxuoso.
Louras de farmácia e morenas interesseiras, não todas, mas a grande maioria aqui quer o que todo ser humano quer. Dinheiro, muito dinheiro.
Um estranho está bem atrás de mim com a mão em meu ombro. Mão fria, meu corpo estremece.
- Então, vejo uma bela mulher sem brincos, usando um simples anel com um único diamante. Não hesitei em vir aqui e perguntar; O que precisaria fazer para ter sua companhia essa noite?
Não consigo ver Evan de onde estou. Esse estranho fala em meus ouvidos e me chama de bela mulher. Sei que a roupa e o cabelo me deixam um pouco mais velha, mas não é para tanto.
Respondo que estou acompanhada sem olhar para trás. Não quero estragar essa noite, tenho um espetáculo pela frente.
- Eu sei, por isso te segui até aqui, só não entendo o que você faz com alguém tão novo que talvez não possa lhe proporcionar o que eu posso. Ah! Quero muito dar um soco na cara dele.
- Não estou interessada. Viro me bruscamente sobre meus calcanhares. A minha vontade é mandá-lo para o inferno.
- Mas estaria se soubesse. O homem de cabelo levemente prateado insiste. Ele parece meu tio Augusto. Fico enojada ao ver a semelhança e, pior, ele volta sua mão na descida frontal de meu ombro.
"Onde está o Evan?", penso, tirando a mão ensebada do velho que está sobre a minha pele.
- Não posso te deixar por um minuto. Evan me levanta, atracado em minha cintura e, diante do tio Augusto, me beija. Evan simplesmente ignora o atirado, me coloca no chão e meu corpo fica diante dele. Estou protegida e ele discretamente enciumado.
- Você sempre me salva!
- E você provavelmente está me testando. Ele acusa, encostando seus lábios em minha orelha.
- Qual o problema em conversar? - provoco. - Você está com ciúmes, Evan?
- Sim, e parece que você está se divertindo com isso.
- Não, claro que não, não fiz nada proposital e, para ser franca, aquelas duas que estão encarando você também estão me irritando. Devo ir até elas e dar um soco em cada uma? Duas ordinárias babando por ele, duas louras com cara de mico leão.
- Muito sexy três mulheres brigando aqui, no meio das mesas de jogos. Me provoca, sussurrando esse desaforo em meu ouvido.
- Vou fingir que não ouvi. Um pequeno beliscão em seu braço e uma bufadinha de leve.
Ele me agarra e beija meu rosto, posso ver John e Rose rindo de mim, pareço uma boneca nas mãos de Evan.
Jogamos por mais de uma hora. Bom, ele jogou, isso não é para mim, quero correr para a plateia do Mystére.
- Brigaria por mim? Ele me provoca.
- Sim, ainda quero dar um soco na cara daquelas duas.
- Linda mesmo, sou o cara mais sortudo do planeta.
- E o que mais me provoca, também.
Sinto seus braços ao meu redor, e sua boca invade a minha. Alguns minutos depois de Evan trocar suas fichas por dinheiro, partimos para o teatro do cassino.
Quem nos recebe é um palhaço, mas sem o habitual nariz vermelho. É um homem caracterizado de Einstein. Claro, sou escolhida, a vermelha da vez. Einstein me arranca gargalhadas. O espetáculo é maravilhoso, eu vibro me sentindo uma criança de cinco anos.
- Está gostando mesmo desse ato? Evan interrompe meu deslumbre.
- Sim, estou, estou gostando muito de tudo. Respondo, acenando com a cabeça sem tirar os olhos dos músculos que saltavam em meus olhos.
- Muito bem, e qual é o nome desse ato? Evan pergunta e seu rosto está voltado para o meu, que, de fato, olha para o show perfeito no palco.
- Nome de quem? Inclino minha cabeça, sem virar meu rosto.
- De quem? Vick, por favor, ao menos pisque. Ele, enciumado, sorri e negativa com a cabeça.
- Que foi, Evan? Alcanço seu rosto, tentando entender o que ele está falando.
- O nome?
- Nome do quê? Pergunto.
- Mais um pouco você estaria no palco. Ele me metralha discretamente e percebo porque está irritado.
- Será que eu poderia ir até lá? Brinco com a situação, me vingando da brincadeira sobre três mulheres brigarem por ele. - Deveria ter trazido minhas sapatilhas.
- Não me provoque. Ele segura forte a minha mão.
- Está com ciúmes, Evan?
- Não quero falar com você agora.
- Não trocaria você por nada. Alcanço seu rosto e beijo o canto de sua boca.
- Não é uma questão de troca, e sim seu olhar em cima deles.
- Ciúmes, Evan?
- Não, quase nada. Tom cínico e lindo.
- Também tenho ciúmes de você quando você passa por algumas mulheres que se contorcem como a menina do filme Exorcista. Gostaria de quebrar alguns pescoços, mas no final das contas é comigo que você está, é comigo que você vai para a cama e faz realmente um ótimo trabalho. Beijo os nós de seus dedos e mordisco a ponta de seu indicador, percorrendo-o com a língua em seguida.
- Mereço um prêmio. Ele diz convencido.
- Quanta modéstia, posso saber por quê?
- Pelo meu excelente trabalho, você não sabe o que me causa.
- O que lhe causo, Sr. Maccouant?
- Não faça isso.
- Não consigo, preciso olhar para seu rosto lindo e esperar pela resposta.
- Mas não precisa mostrar essa língua vermelha dessa forma, não precisa percorrer sua boca com ela.
- Assim? Repito o ato.
- Eu não respondo por mim.
- Ah! Ficaria grata.
- Teimosa.
- Esqueceu o "deliciosamente".
- Vick, volte sua atenção ao show.
- Sim, você manda. Levanto sua mão e beijo a ponta de seus dedos.
- Não vou me esquecer disso.
- Por favor, não esqueça. Pisco maliciosamente e ouço sua respiração profunda em tentativa de alívio.
Eu, Evan, e seus pais rimos e nos surpreendemos. Sinto-me a menininha olhando pela primeira vez um elefante sobre uma bola. É a noite do meu aniversário, o primeiro sem minha família, mas é, de longe, o mais feliz.
O espetáculo acaba e meu sorriso ainda está lá tatuado no meu rosto laranja. Se eu pudesse, trocaria a eternidade por esta noite.
Evan estica sua mão em minha direção, eu posso me acostumar com isso, então seguimos para o jantar. Em um dos restaurantes do hotel especializado em frutos do mar. Nos acomodamos e uma enorme lagosta é servida. Eu nunca comi lagosta então, meu olhar fica entre o alicate em forma de talher, o enorme bicho no centro da mesa e Evan.
Ele entende meu problema pega o alicate e depois de vários "crecks", a coitada está picotada, e eu ainda temo ao olhar os olhos pretos do crustáceo.
"Poderíamos ter ido jantar no Mc Donalds", penso, enquanto olho aquele negócio quase da mesma cor que eu. Comi apenas alguns pedaços.
- Estava uma delícia, realmente vale a pena. elogio olhando para Rose, o olhar dela me indaga se estou gostando.
- Quer comer mais alguma coisa? Evan me pergunta. Tenho vontade de oferecer uma resposta, mas não estamos sozinhos.
- Não, obrigada. Para ser honesta, estou com pena da pobre lagosta. Observo os restos da pobre.
- Está com sentimento por conta de uma lagosta?
- Sim. Ondulo a boca. Ele beija a ondulação.
- Você comeu com tanto gosto. Deveria ter mais coração, ela parecia viva. Levanto os restos da coitada e, em seguida, o garçom traz uma comanda.
- Por minha conta. John dispara, eles brincam em relação à conta.
- Vamos? Ele diz para mim, estendendo a mão.
- Estou muito cansada, acho que vamos direto para o quarto. Boa noite, crianças. Rose me diz adeus junto de John.
- Até amanhã. Ele despede do Senhor e Sra. Maccouant segurando minha mão em seu peito e me levando para o outro lado do hotel, onde a saída é entre dois bares e lá fora há uma deslumbrante piscina. Formidável. Tudo é impecável. Espreguiçadeiras e palmeiras propositalmente alinhadas com perfeição.
- Gostou do espetáculo? a pergunta acompanha uma caixinha marrom de veludo, e isso me amolece da cintura para baixo.
- Eu... Eu gostei, Eu... Eu amei, para ser franca. Estou gaguejando e, enquanto respondo, ele abre a caixinha e meu coração dispara. E ele abre lentamente, fazendo um suspense desnecessário, continuando o fazendo até que a caixa se abre.
- Uau!
- Preciso ver como fica em você. Evan coloca em meu pescoço uma correntinha, com um pingente igual de minha aliança.
- É lindo. só consigo dizer isto.
- Feliz aniversário, Victoria Campbell! Evan me beija intensamente. É o meu lugar no mundo me fazendo suspirar.
- O primeiro aniversário que comemoramos juntos. Ele beija o canto de minha boca e me leva até uma espreguiçadeira.
- Posso te confessar algo? Pergunto, enquanto me sento ao seu lado.
- Deve! Ele diz, colocando seu braço ao meu redor.
- Não sei quem sou quando estou longe de você. Meus olhos estão inundados, ele sabe que me faz bem.
- Com certeza perderia meu chão. É o que chamam de "à primeira vista"?
- Não sei, mas fica difícil de respirar se você não está ao meu redor, como um dependente químico ou um alcoólatra que precisa de seus tragos. Balanço minha cabeça, não posso acreditar no que havia dito.
- Gosto do que sou quando estou com você. Ele beija meu rosto. Lábios quentes, tenho vontade dele.
É além do que qualquer garota ingênua que veio do outro lado do oceano poderia esperar. Ficamos por alguns minutos em uma das espreguiçadeiras e em seguida subimos.
Não quero que a noite acabe, ficaria aqui até o amanhecer.
Quando chego ao quarto, minhas sandálias estão em minhas mãos. A marca das tiras no peito do pé são em alto relevo. Não quero esperar mais, quero Evan em mim, eu o quero e muito.
Assim que ele fecha a porta, levo minha mão até a nuca e o laço do vestido atrás do pescoço está desfeito. Dois passos a mais e o vestido cai no chão.
Evan deixa a iluminação apropriada, saca seu celular e deixa no aleatório entre as músicas que gostamos. - Fique aqui. - Ele me senta na cama.
Prepara a banheira, vai até a pequena geladeira e distribui o vinho tinto em duas taças, as levando até a borda da hidro que está quase cheia. Conduz-me pela mão até a montanha de espuma. Evan está nu e me dá o melhor banho da minha vida, entre um gole e outro incitando as partes secretas. Minha taça está vazia e meu corpo pulsa por ele. Ele me conduz até o box do chuveiro.
A água da ducha não acalma meus ânimos e eu o quero mais e mais, e sem nos enxugarmos, com os movimentos invasores e avassaladores, fomos instintivamente para cama. Sentir a boca de Evan me sugando é algo mágico, talvez não mereça. Minha baixa cintura trepida com sua língua e meus seios oram em nome de mãos tão macias que os acalentam. Devo acreditar no paraíso, estou nele.
Há tanto dele em mim. Há toda eu o querendo mais. A volúpia se estende e pouco tempo depois atinjo o ponto máximo do prazer.
Ele percorre a própria boca com a língua e isso me alucina. Poderia fazer isso por horas. Meu corpo grita por ele.
Não preciso saber que horas são, o que acontece no mundo lá fora... O meu lugar do mundo é ali.
Meu corpo ainda o quer, está nítido em cada centímetro da minha pele; o rubor da minha face, na rigidez dos meus seios, a reação física e úmida que eu libero... Nada mais importa, e em uma fração de segundos sua boca traça um caminho perfeitamente pecaminoso da minha virilha até meus seios. Como em um passe mágica, sua boca invade a minha.
- Minha menina. Um murmúrio em meu ouvido me faz contorcer e sua boca encontra a minha.
Contorço-me ao beijá-lo. Seu polegar circula em torno do meu seio e isso me deixa altamente combustível. Quero-o em mim Meus demônios pedem, em tom de oração, por isso. Ele me beija e desliza suas mãos quentes sobre meu corpo, descendo até minha coxa, fazendo minha perna dobrar.
- Eu quero você. peço em seu ouvido.
- Já me tem Sua língua encontra a minha e seus dedos me invadem, me abandonam, gemo timidamente assim que ele desce sua língua até minha baixa cintura. Imploro, e ele, sem se importar, continua com seus movimentos orais e intensos.
- Amo seu gosto. Ele sussurra entre as minhas pernas e, de repente, seu rosto está diante do meu. - Você é linda. Fala, enquanto está encaixado em mim E o movimento do seu corpo me faz alcançar algo acima do esperado.
ele murmura palavras doces em meu ouvido, mantém o movimento, invadindo, preenchendo, e estou desesperadamente apaixonada por ele.
A dança de corpos suados, a temperatura de Evan que aquece meu corpo, é a mistura de tudo que aconteceu até chegarmos aqui. "Você me pergunta sobre minha consciência e lhe entrego minha alma". Bon Jovi sopra para nós.
Nenhum ruído do mundo é ouvido dentro da suíte 703. Nenhum barulho além do nosso. É perfeito.
- Gosto muito de estar onde estou nesse momento. Ele se encaixa ainda mais dentro de mim enquanto sussurra em meu ouvido.
- Gosto de como está me olhando nesse momento. olho dentro dos seus olhos.
Ele deita ao meu lado e me aninha em seu corpo. Nesse combate há dois vencedores, sempre.
* * *
Acordo nos braços de Evan, minhas costas em seu peito, seu rosto escondido em meu cabelo e sua respiração é a minha calmaria. Vivo o conto de fadas, não sei em qual me encaixaria, mas entre as histórias felizes entre princesas e seus bem feitores, eu estaria lá. Estou sendo a prova viva de que elas e seus contos são reais. Beijo alguém em um quarto de hotel. Sangue latino pulsando em mim.
Levanto-me e o deixo ali, perfeito. Evan me tira da geleira e preciso de um banho. A água cai e meus pensamentos não estão ali. Ainda estou na noite anterior, lembrando detalhadamente de cada toque, cada sensação, cada inexplicável impulso que me faz amá-lo ainda mais. Ele ainda não sabe, mas meu amor não saberia viver em outra pessoa se não ele, meu Evan. Meu Deus! Eu amo o Evan. O toque divino de suas mãos, seu corpo me preenchendo, me libertando, não posso me cansar disso, nunca.
Evan surpreende me abraçando por trás, me resgatando das lembranças de poucas horas.
- Não poderá voltar atrás. ameaço, olhando para o diamante em meu dedo.
- Nunca!
- Não pense em me deixar nunca. Ele me adverte assim que saímos do banho.
- Não faria isso. Meus olhos estão sobre os lençóis da cama.
- O que foi? Evan pergunta assim que vê meu olhar, estático sobre o cenário do pecado carnal.
- Nada, é que foi especial, foi perfeito. Sempre é perfeito.
- Perfeito? Ele pergunta, enquanto seus braços me alcançam.
- Sim, perfeito, foi com você. Finalmente eu declaro.
- Fiz amor com a mulher mais linda do mundo, perfeito é pouco.
- Obrigada.
- Pelo que, exatamente? Ele pergunta, enquanto me conduz para a cama e me deita ao seu lado.
- Pelo carinho, é que estou irremediavelmente apaixonada por você. Nossos olhares se encontram, ele me entende perfeitamente.
* * *
Pergunto sobre o par de ingressos que estão sobre a cama, assim que voltamos da jogatina, mais precisamente eu dos caça-níqueis, Evan brinca sobre seu amigo ter uma pequena banda que está tentando divulgar seu talento, eu me sinto eufórica, Ele fez um favor a Chris Martin no passado, e os dois ainda mantém contato. Incrédula sorrio olhando para os ingressos.
Estamos a algumas horas do show do Coldplay, e Evan me apresenta uma pequena porção de Las Vegas, Nos divertimos por algum tempo, e por incrível que pareça em algum momento eu tirei a sorte nos dados, segundo Evan, só precisa ter estratégia. Por todo tempo que ficamos ali ele me mimou, sempre dispensando elogios ou carinho, a todo o momento lembrando o quanto eu o completo. Eu sinto o mesmo, não conseguiria ficar sem ele e isso me causa medo. Não sei por quanto tempo irei conseguir completa-lo, em algum momento pensei em desabafar e dizer realmente o que sinto por ele. Mas a lenda diz que depois das palavras o encanto se quebra, tenho medo de dizer e tudo desaparecer como um despertar.
Por fim subimos para o quarto e nos encontramos um no outro.
- Ansiosa? - Evan pergunta quando estamos a caminho do show. Ele alugou um Audi R8 preto, lindíssimo.
- Um pouco, é a primeira vez que vou a um show e de cara é o Coldplay. Estou eufórica. Quero que comece logo e demore muito para terminar.
Faltam alguns minutos para começar a apresentação e uma banda local está tocando.
Não sei dizer quantas pessoas tem São milhares, um mar de gente. Do nosso camarote, de frente para o palco com a melhor vista do show, posso ver que não cabe mais ninguém na pista.
Estamos bem acomodados. Poltronas confortáveis, bebidas e alguns petiscos. Somos apenas dois e alguns fotógrafos que transitam de um lado ao outro. Em nosso camarote caberia pelo menos umas vinte pessoas. É o conto de fadas com direito a um cenário perfeito, com uma banda perfeita. É o mundo perfeito de Evan.
- Evan, podíamos estar lá embaixo, perto deles. Pareço uma criança.
- Nem pensar! Teria que exterminar metade da plateia. Ele beija meu rosto.
- Mas esse lugar é imenso. Olho ao meu redor.
Um fotógrafo invade o nosso espaço e pede por uma foto. Aceno com os ombros e com a cabeça em sinal positivo. Evan reclama da minha roupa achando meu decote extravagante para os jornais. ele quem comprou o vestido, o acuso e ele está profundamente arrependido.
- O que está aqui dentro é seu. Puxo parte do decote, o deixando ver boa parte do meu seio. Me transformei em uma devassa.
- Não faça isso. Ele me aperta contra seu corpo.
- Eu sei, também quero. Mordisco sua boca.
- Vou ter que esperar o show acabar, ótimo, mais um treino sobre autocontrole. Ele beija meu rosto e Chris Martin invade o palco.
A abertura do show é incrível. Eles surgem cantando Viva La Vida e arrasam. Mas antes de começar a segunda música, Chris Martin pausa.
- Estamos aqui para celebrar a vida e tudo de bom que ela pode nos proporcionar. A próxima música é dedicada especialmente para uma garota que salvou um rapaz, mas não salvou apenas da morte. Srta. Victoria Campbell, essa música é para você, que levou o rapaz perdido para o seu paraíso. - Evan, aproveite o amor, é isso que faz a vida valer a pena.
Evan usou sua amizade para pedir essa dedicatória. Os fotógrafos, ao perceber o foco de luz em nós, disparam seus flashes alucinadamente. O pedido foi Paradise.
Apesar da multidão que acompanha o show, nesse momento, o lugar esvazia. Era apenas Evan, eu e Chris, sentado ao piano.
Os meus olhos estão inundados. Divido meu olhar entre Evan e Chris e tento pensar no meu mundo que nesse momento existe por Evan. Ele transformara meu pequeno picadeiro.
- Não acredito que você fez isso! Exclamo com a voz embargada, e sou interrompida por um beijo.
- Mas acredite, agora estou no seu paraíso e nada poderá mudar essa condição. Ele conclui e retoma o beijo.
Seguem-se as músicas. O show tem que continuar e o meu mundo de fadas ganha mais vida. Há realidade no meu era uma vez.
- Você gostou do seu aniversário?
- Se eu gostei? O que senti é mais que isso, muito mais que isso, o que senti ainda não tem nome. Respondo ao som de Yellow.
- Estou novamente me controlando. Eu teria você aqui, agora. Ele fala, acariciando meu rosto com as costas de seus dedos.
E a menina vermelha de cabelos de fogo entende o que é preciso para criar reis e vagabundos.
Aproveitei um raro momento sem Evan e corri para o shopping que fica dentro do Bellagio, quero adiantar seu presente de aniversário, quero aproveitar nossa ultima noite aqui em Vegas. Sei que o clima para qualquer comemoração em família não é propício, nossa pequena Alice ainda sorri para nós em sua cadeira de rodas, lembrança da recente e inconsolável perda. Mas acredito que entre nós dois e quatro paredes existam algo que eu possa ousar a fazer. Entidade Ellis abriga meu corpo.
Olho os objetos e um brilho no alto de uma estante me chama a atenção, sim é o presente perfeito e decido não embrulha-lo, decido usá-lo, falta um item para poder usa-lo com perfeição, e eu o acho na loja ao lado, Lacoste.
Corro para nossa suíte e aguento um pequeno sermão sobre desaparecer, o velho Evan domina meu novo Evan e me puxa a orelha, gosto disso. Seu presente esta escondido por baixo da minha blusa.
- Evan, apenas fui conhecer o hotel enquanto você tomava banho. Boa Victoria, bem natural, naturalmente mentirosa, mas foi por uma causa plausível.
- Não faça mais isso! Ele me repreende -Sim senhor. -sorrio e vou para o banheiro.
- O que a minha ruiva recém- desaparecida pretende fazer hoje? Ele pergunta do quarto em tom alto para que eu possa ouvir do banheiro, pretendo sair usando seu presente.
- Amor com você... - eu o quebro.
- Isso é fato minha linda, mas não quer sair, conhecer os outros cassinos? Ele pergunta no mesmo tom.
- Não, quero que peça champanhe e morangos. - ordeno.
- Vai me usar essa noite? Ele brinca.
- Essa e todas as outras também.. Escuto sua risada e ele pega no telefone e obedece meu comando. Ainda estou no chuveiro e pretendo sair apenas quando o meu pedido chegar.
- Vou cobrar esse abuso, e vou aguardar de fato que ele aconteça. Minha cintura reage às palavras dele. Escuto alguém na porta, meu pedido chegou. Escuto também Evan dispensando o mensageiro e fechando a porta.
- Poderia servir o champanhe, por favor?
- Sim senhorita. Evan sorri -Obrigada, peço também que acenda apenas as arandelas laterais do quarto. -Esta abusando de seu alto poder de sedução minha ruiva.
- Vai dizer que não gosta? - sorrio e pelo brilho das luzas que vem do quarto, percebo que ele me obedeceu novamente, gosto disso.
- Gosto, mas confesso que nunca obedeci ninguém Ele diz e eu desligo o chuveiro.
- Outra primeira vez Sr. Maccouant? -Sim, você realmente é muito competente. Enxugo-me e visto o presente dele. Uma camisa branca da Lacoste e um par de abotoaduras visto apenas isso e vou em direção dele, meu paraíso.
Assim que piso no quarto, Evan esta sentado na poltrona próxima da janela, vestindo apenas uma cueca branca boxer. As taças estão servidas e os morangos brilham aos meus olhos. O olhar de Evan sobre seu presente me excita. Fechei apenas um botão da camisa fina e o volume dos meus seios enrijecidos empurram o tecido fazendo Evan inclinar sua cabeça de forma incrédula. Ele me oferece uma taça e depois de um brinde e um longo gole do espumante caro, ele tira a taça de minhas mãos e as descansam sobre a mesa.
- Feliz aniversário adiantado, gostou do seu presente? Ele se levanta e vem em minha direção.
- Sim, gostei muito do meu presente. Ele retira a camisa, observa a abotoadura e a coloca sobre a poltrona. Gosto muito desse meu presente, ainda mais agora que esta desembrulhado.
Ele me beija serenamente e me leva até a cama.
- Me refiro à camisa! Explico dentro da sua boca.
- Me refiro ao que estava escondido por ela. - ele retoma o beijo e acaricia meu seio. Ele descola sua boca da minha e leva sua língua até meu colo, me suga, com fome. Eu o quero.
Mantendo a boca em meu seio seu dedo me invade e eu gemo alto.
- Gosto da forma como seu corpo me espera. Ele se refere à maneira úmida de como eu me encontro.
- Aproveite...
Ele desce sua boca até minha baixa cintura e suga meu sexo com vontade. Sua língua macia e vermelha extrai o meu melhor, é isso que quero ser para ele, o melhor que ele já teve.
- Não pare. Mendigo ao ponto de explodir sob sua língua.
Ele novamente me obedece e eu derreto em sua boca o fazendo gemer também.
Habilidosamente ele remove a sua cueca e me vira de costas para ele.
Bumbum perfeito. Ele gentilmente abre minhas pernas e me invade. Deliciosamente perfeito.
Em uma sucessão de invasões delicadas ou não me rendo a ele, de todas as formas. Como mágica estou sobre seu corpo, escondendo parte do seu corpo e deixando meu coro satisfeito.
- Gosta do que esta vendo? -pergunto enquanto ele acaricia meus seios e olha em meus olhos.
- Vejo a perfeição, você sobre mim, sentindo você como estou sentindo... Indescritível. Ele força um pouco mais e essa batalha meu corpo já perdeu, ou ganhou... Ainda não sei.
Ele me deita e se posiciona entre as minhas pernas, sinto o quanto estou excitada e ele também.
Perdemo-nos e nos encontramos no mesmo ponto, e quando o tempo voltou a se mover era dia, a aurora vence a mais escura madrugada. Sim, a perfeição existe.
Um pouco antes de adormecer, lembro-me de esticar meus olhos até ele, formidável, lindo e a camisa que repousa sobre a poltrona como se precisasse de descanso como nós, me sugere outras idéias.
Acho que ele gostou do presente... De todos eles. Penso olhando para o rosto emoldurado por cabelos bagunçados que suspira em um sono profundo ao meu lado.
Capítulo 9
Chegamos ontem de Las Vegas, foram quatro dias incríveis, mas Evan já está no ritmo de trabalho.
É isso mesmo, Jony, não quero pagar nenhum centavo a mais e você sabe que não vou fechar fusão alguma se não estiver dentro de minhas condições... Apenas isso.
Estico meu braço até o criado-mudo e meu iPad anuncia algumas mensagens assim que eu o ligo. Uma de papai avisando que embarcou há quatro dias para Escócia, e me lembrando de comprar o celular. Outra de Lucca querendo saber onde eu estava no fim de semana e contando que saiu com a Sam.
- Posso saber de quem está recebendo essas mensagens? Evan entra no quarto ao ouvir o anúncio do iPad para cada nova mensagem Eu leio novamente os e-mails para ele. Enquanto segue direto para o banheiro e sai de lá enxugando as mãos.
- Passe seu número de celular para eles. Ele ordena, vindo até mim e beijando minha testa.
- Gosta de mandar? Pergunto, respondendo as mensagens com meu número de celular.
- Muito. Ele responde, rindo dentro do closet, e vou para o meu sagrado banho.
- Está com fome? Pergunta-me, assim que entra no banheiro e penteia seus cabelos com os dedos.
- Sim, sempre. - Sorrio, encolhendo os ombros. - Por que sorriu?
- Gosto do seu apetite, de todos eles. Ele sai e deixa minha baixa cintura gritando por ele.
- Evan? Ele não responde, acho que desceu. Mais do que depressa termino meu banho e saio do banheiro. Ele me agarra.
- Que susto, Evan! Ele me beija e o iPad grita novas mensagens.
- Bom dia, seu sorriso é lindo. Ele me abraça tão forte tão bom... Eu o amo e estou com problemas. Sinto pânico de pensar em perdê-lo. O celular dele nos interrompe.
- Desculpe, preciso atender. Ele saca o celular do bolso e atende, sentando-se na cama.
É Günter. Eles conversam por algum tempo, Evan fala algo sobre seu rápido retorno, e que respeita alguma decisão que Günter tenha tomado, por fim desliga e um traço de Alice invade o quarto. Eu apenas resgato um vestido azul do roupeiro e calço minhas sandálias.
* * *
Deixo o silêncio dominar. Há sete dias a pequena Alice partiu. Hoje será sua missa de sétimo dia, estamos tristes, uma sombra circula olhar de Evan, paro diante dele que apoia seu rosto em minha barriga. Evan, com os olhos embaçados, me leva para o andar de baixo para que possamos comer. Ele tenta fugir do que está sentindo, e no lugar dele eu também fugiria. A família tinha muitas esperanças e, de repente, tudo foge do controle.
- Por favor, estou com muita fome.
- Novidade! Ele diz, em tom zombador, e consigo um sorriso, graças a Deus. Ele triste me mata.
- Estou em fase de crescimento, preciso alimentar essa carcaça usada sabiamente por você. Desço na sua frente, saltitando de dois em dois degraus, e por fim rodopio com uma dança.
- Preciso remover essa escada. Ele sorri.
- Não, é meu playground! Agarro-me em seu braço enquanto caminhamos. - Já não basta você ter pedido para cobri- la com carpete?
- Carpete não escorrega e a empresa virá hoje à tarde. Vou ter que trabalhar e depois vamos à missa. ele me avisa e torço o nariz. Não quero ficar sozinha aqui, quero ficar com ele.
- Tudo bem, pretendo ir a New Jersey, Woodbury. Sam me disse que é um lugar ótimo para compras. aviso, enquanto me sento à mesa posta no jardim Maria está por perto.
- Pensei que pudesse ir comigo. Ele fala entre dentes, em tom decepcionado.
- Pensei que não fosse me convidar.
Reverto à situação com uma habilidade que me causa espanto. - Por que está me olhando assim? Ele lança seus olhos sobre mim de uma forma terna, como se quisesse me dizer ou pedir algo.
- Gostaria muito, ou melhor, devo confessar que essa ideia sempre me causou espanto e até mesmo arrepios, mas com você passou a ser parte do contexto geral. Ele balança a cabeça de um lado ao outro, tentando se entender.
- Fico feliz que você seja tão claro. Ironia junto com suco de laranja.
- Por que você consegue isso?
- Isso o quê, Evan? O que você gostaria?
- Me fez tomar decisões, atitudes, não tem ideia do que estou fazendo por conta do que sinto por você. Adoraria ter um filho com você. Sei que há duas semanas eu estava aqui nessa casa preocupado exatamente com isso. Meu queixo está em cima do presunto fatiado em meu prato.
- Fico extremamente feliz em ouvir isso. Poderia me passar à jarra de suco? Despejo dentro do copo e meus olhos se inundam ter um filho com ele! Meu subconsciente me estende um lenço.
- Me perdoe, não foi essa intenção. Ele se levanta e beija meu rosto - O problema é que tudo que eu pensava não existe mais.
- Feliz em ouvir isso. - Sorrio enquanto uma lágrima desce pelo meu rosto.
- Nunca conheci alguém como você. Ele diz, beijando em cima do rastro da lágrima.
- É recíproco. Bebo o suco usando o copo e isso faz as sobrancelhas de Evan se arquearem. - Estou treinando. Faço menção ao utensilio que raramente uso. Sorrio com a boca no copo e meus dentes tilintam nele.
- Então me acompanha no trabalho?
- Preciso ver minha agenda, comento divertida.
- Vamos? Ele sorri, e as covinhas aparecem.
- Gosto do seu sorriso. confesso.
- Ele é culpa sua!
* * *
Por fim chegamos em frente a uma casa. São quatro andares de tijolo vermelho aparente, janelas largas de madeira e uma porta de duas folhas na entrada. Ele se adianta e faz a gentileza de abrir a porta e me convidar.
Um escândalo. O lugar é lindo. Uma imensa sala com muitos quadros e quatro jogos de sofá distribuídos em cada um dos cantos da sala; bem ao centro, um balcão e uma recepção. Percebo que se trata de uma empresa. Uma estrutura maravilhosa. Amo arquitetura. Logo atrás da recepção, uma escada semicircular se divide em duas, uma para cada lado do mezanino. Para cada mezanino, várias salas. Estou encantada com o lugar e Evan conhece bem onde estamos. É claro que o lugar pertence à família dele. Na parede há o registro disso: MACCOUANT IMPORT Inc. Confesso que o Inc. é imponente, assim como todo o ambiente.
- Bom dia, Sra. Everhill. Ele cumprimenta a mulher morena, com aparência entre seus trinta e cinco e quarenta anos, ela retribui com gentileza e limites. Profissional.
- Os documentos estão sobre a sua mesa.
- Obrigado, Sra. Everhill. Esta é Victoria Campbell, o acesso dela aqui é livre, incluindo à minha sala. Evan direto e com o espírito de quarenta anos alojado em seu corpo.
- Sim, senhor. Ela responde com a sombra de um sorriso por detrás de seus lábios e subimos para a sala de Evan.
- Entre. Peço paciência e tente não me levar a mal pelo que vai ouvir aqui dentro durante o meu trabalho. ele pede com o ar profissional exigido no momento.
Claro que ele vai falar a beça no telefone, enviar e-mails, calcular, preencher planilhas, o que isso tem de mais? É só me concentrar nos jogos disponíveis em meu iPhone. Ele não vai nem notar minha presença.
Eu estou feliz. É mais um mundo de Evan, uma sala moderna com uma mesa de madeira com mais de dois metros; em cima, dois monitores, embutida embaixo uma CPU e uma calculadora financeira ao lado dos monitores. Uma poltrona reclinável de um lado e duas cadeiras do outro. Estou sentada em um sofá de dois lugares. Sob meus pés, um tapete felpudo marrom Tudo alinhado, perfeitamente alinhado.
- Jony, resolveu? é o Evan massacrando o tal de Jony. Percebeu? É isso que eles querem Sabe lá Deus sobre o que esse homem está falando. Estou tentando ficar surda, mas é muito difícil. - Não quero perder meu tempo com esse tipo de problema, altere os contratos para que seja obrigatório esse tipo de custo adicional, obrigado... Sra. Everhill, poderia vir até minha sala, por favor?
Evan digita sem parar. A secretária entra ele pede alguns memorando das filiais de Paris e Alemanha, sem nunca desviar os olhos do computador. O telefone toca, ele aceita a ligação:
- Petter? Como vai? Sim, a segunda remessa foi enviada e a terceira está sendo conferida para embarque, minha logística confirmou o recebimento e meu financeiro acusou o pagamento. Está tudo certo... Não, Petter, é o mesmo valor, nem um centavo a menos. Ok, obrigado.
Evan tem razão, está chato ficar aqui.
Um entra e sai de mensageiro, o telefone não para, ele digita e fala no viva-voz, fecha e cancela negócios... Estou na sala de um velho.
- Vick?
- Oi!
- Sorriso lindo, quer dormir aqui ou prefere meu colo?
- Dormi muito? Observo as abotoaduras em sua camisa, realmente ele gostou.
- Não muito, o sol ainda está lá fora. Ele responde e me espreguiço dentro do vestido.
- Retirou minhas sandálias, obrigada. Mexo meus dedos dos pés e o celular dele toca:
- Sim? Não posso falar com você agora. Evan começa a se exaltar.
- Não me ligue mais, esse problema está resolvido. Evan desliga e desliza com pressão seus dedos sobre seus cabelos.
- Está tudo bem? Pergunto, tentando alcançá-lo, mas ele esquiva. Isso é novo, ele nunca fez isso. E o Polo Norte se transfere para dentro de mim, tudo está gelado.
- Sim, está, vamos. Ele abre a porta e saio primeiro. Meu estômago revira. Desço em silêncio as escadas e apenas aceno para a Sra. Everhill. Partimos da Maccouant em silêncio. Total e ensurdecedor silêncio. Essa treva no rosto de Evan não é estranha, ela já ocorrera e, com isso, me lembro de uma pendência. O segredo ainda está guardado, mas não está a salvo, é uma questão de tempo. O carro segue em direção à casa de Evan e eu tento usar o tal otimismo, mas o rosto dele é algo preocupante.
Chegamos e vou direto para a cozinha, olho rápido para a escada coberta com carpete fofo em tom marfim.
- Oi, Maria, que cheiro bom elogio, mas o rosto dela também está escuro.
- Obrigada, Victoria. Ela olha para mim e corre seus olhos para Evan, que entra em seguida.
- Boa tarde, Sr. Maccouant, tem dois recados em cima da mesa no escritório. Maria está preocupada.
- Aconteceu alguma coisa? Pergunto, assim que Evan sai da cozinha.
- Espero que não. Ela volta a revirar as panelas.
- Maria, o que aconteceu?
- A pessoa que ligou duas vezes disse coisas que não entendo, mas me deixou preocupada.
- Mas ameaçaram você? Pergunto, contornando a ilha e colocando a mão sobre o ombro de Maria.
- Não, mas não entendi muito bem, apenas anotei o número e deixei sobre a mesa. Meu iPad anuncia novas mensagens.
- Maria eu já volto. Subo correndo, mas antes espio Evan pela porta do escritório. Ele está com a cabeça apoiada em suas palmas e seus cotovelos estão sobre a mesa. Entro no quarto e alcanço o iPad. É Ellis.
-@@-
De: Ellis Pepper
Para: Vick Red
Assunto: Urgente
Hora: 04 de setembro de 2013 - 12h34min
Vick,
Tudo bem?
Espero que sim, de verdade, espero que sim.
Preciso muito falar com você, eu teria que esperar até novembro, quando eu conseguiria viajar para Nova York, mas eu preciso adiantar, pelo menos uma parte.
Eu quero que entenda que eu precisava muito do dinheiro, você sabe minhas condições, que se não fosse as bolsas eu jamais teria chance de frequentar boas escolas e cursos. Mas, a cirurgia da minha mãe, eu precisei de um patrocinador, na verdade treze; treze patrocinadores.
Minha amiga, não se iluda com o dinheiro ou com a beleza, sua mãe visitou a minha essa semana e ela me contou que você está noiva, noiva do Evan. Você sabe tudo sobre ele? Você o conhece bem?
Porra! Eu não durmo desde que soube, eu não durmo desde que tudo isso começou, eu preciso te contar, você tem que saber.
Eu amo você, Vick, e tenha certeza que jamais faria algo contra você.
-@@-
- Que merda é essa? Pergunto para mim mesma. - Ellis quer me enlouquecer? Essa mensagem é de ontem!
-@@-
De: Vick Red
Para: Ellis Pepper
Assunto: Desembucha agora
Hora: 05 de setembro de 2013 - 16h54min
Ellis,
Cacete, vai me contar agora, responda essa merda.
Victoria Campbell - Fodida de ódio.
-@@-
Quero matar a Ellis! Por que não falou tudo e por que não responde? Evan preciso falar com ele. Desço as escadas com o diabo incorporado em mim e, antes de tocar o último degrau, a campainha toca.
- Pode deixar que a Maria atende. Evan fala, olhando para mim, ainda sentado na mesa do escritório.
- Estou de pé, não custa atender. Digo fuzilando-o.
- Victoria! Abro a porta e Ellis entra, como um jato e chorando.
- Ellis? O que aconteceu? Eu a amparo segurando a sua bolsa e Evan surge como um ninja ao meu lado.
- Ainda nada. Ela olha diretamente para ele e meu instinto levanta a trincheira.
- Ellis, entre, venha comigo. Evan esfrega o polegar e o indicador na testa e, o pior de tudo, ele não demonstra estranheza, mas preocupação. Ele retirou apenas o terno, ainda esta de social, colete esconde parte da camisa branca e da gravata vermelha. As abotoaduras brilham e seus olhos estão fervendo.
- Me conte, sem rodeios. Ordeno, e ela se senta na cadeira próxima à piscina.
- Não, Ellis! Evan grita, e eu me desespero.
- Que merda está acontecendo? Fuzilo os dois.
- Calma Vick! Evan fala.
- Calma? Você está louco? Vocês se conhecem?
O silêncio me emputece de vez.
- É claro que se conhecem, como pude ser tão otária? No hotel, quando mostrei a foto dela, quando disse o nome dela, seu rosto mudou de expressão! - Estou aos berros. - E você, Ellis? Por isso foi vomitar e Apple respondeu a minha mensagem.. Seria pedir muito para alguém me explicar? Pode ser você, minha amiga de infância, ou você, senhor que não absorve ou tolera mentiras? Pensar que você chegou a me julgar por eu não falar toda a verdade para os meus pais, quer que eu ligue para eles agora? Quer que eu conte essa verdade que esta para aparecer? Acho melhor não! Tudo isso deve estar sujo demais. -olho com nojo para eles, entre nós apenas minhas lágrimas são cristalinas, me sinto a enganada da vez.
- Não é tão fácil assim. Evan diz e se senta, apoiando a testa em seus polegares.
- Foda-se, quero saber o que está acontecendo, afinal de contas a verdade é um dos seus princípios, certo Sr. Maccouant? E você Ellis? Se minha decepção nesse momento pudesse fazer algo, ela vomitaria na cara de vocês, ande sua infeliz, me conte! -ordeno aos gritos.
- Vick, sim, conheço o Evan, não há muito tempo, mais ou menos três meses. Ou menos. Ela para e tenho vontade de arrancar a maldita cabeça dela.
- Ellis, está quebrando o contrato. Evan a adverte.
- Foda-se, Evan, ela precisa saber, ela tem que saber. Você vai se casar com ela e não contou sobre seu hobbie?
Ellis se levanta e anda de um lado para o outro. Sua calça jeans está larga, sua blusa bege está com uma mancha de molho de tomate. Ela emagreceu muito.
- Chega me conte agora! Grito e Maria fecha a porta de vidro, indo para o segundo andar da casa. Que contrato? De que maldito contrato vocês estão falando?
- Se você não contar Evan, eu conto. Ellis abaixa o tom de voz e tenta se acalmar.
- Não era dessa forma que eu planejava te contar. Precisava encontrar um meio, uma forma, até pensei em fazer isso em Vegas, mas não tive coragem.
- Me conte agora, Evan Louis, quero saber tudo. Ordeno, como se Ellis não existisse.
- Faço parte de uma reunião que acontece de acordo com o pedido de um membro, cacete, não era para ser assim Ele bufa, balançando a cabeça, inconformado com cena. - Esse membro, desse clube... Estou infringindo regras, era para ser secreto. - Ele balança a cabeça novamente. - Clube 13, esse é o nome. Caralho, como vou contar isso para você, Victoria?
- Exatamente como está fazendo, continue. Cruzo os braços e crio uma barreira entre nós dois.
- Essa organização é formada por pessoas influentes e que, de certa forma, querem alimentar suas fantasias. Cada um faz um pedido, ou melhor, uma encomenda. Quem do clube conseguir encontrar o exemplar de acordo com o pedido atual tem direito a ser o primeiro ou o único da próxima encomenda. Assim sucessivamente, como um jogo, brincadeira, uma aposta entre homens. A explicação é superficial e minhas entranhas se contorcem.
- Perdoe-me, o que é pedido, encomenda, ou sei lá como vocês chamam? Cada palavra está com ódio.
- Mulheres. Ele responde e abaixa à cabeça, meu estômago revira. Vick, por favor, isso foi antes de te conhecer.
- Vick! Ellis me chama.
- Cala a boca, Ellis! Evan, você está me dizendo que procuram mulheres pelo mundo seguindo uma solicitação, um perfil?
- Sim, isso é como um jogo e envolve dinheiro, muito dinheiro. Eu te conheci e tudo mudou, acredite em mim.
- Pelo amor de Deus, vocês as transformam em prostitutas! Elas transam pela grana... Santo Deus, o que estou ouvindo? Você tem ideia do que faz?
- É um jogo. Homens influentes que precisam de discrição. Uma brincadeira.
- É um absurdo, Evan - Grito - Por isso você ficou revoltado hoje com a ligação, desviou de mim por conta de uma merda dessa, o recado da Maria... Inferno, Evan, por que não me contou antes?
Ellis teve que aparecer aqui para você ter coragem?
- Então meu mundo fica cinza, uma escala péssima. Sinto nesse momento que não pertenço a esse plano, não sinto meu coração, ou melhor, eu o sinto, vazio, talvez com a densidade de uma pedra.
- Ellis, não me diga que foi assim que conseguiu o dinheiro para sua mãe, por favor, não me diga; não posso acreditar.
- Foi, mas essa não é a pior parte.
- Então fala de uma vez, Ellis, sua desgraçada. Estou gritando e chorando.
- Fazíamos cabanas no quintal e juramos ser amigas para sempre, lembra? - Meu rosto está molhado e continuo gritando. Evan me olha como se quisesse fazer para de doer, como se não quisesse me ver chorando. Mas a dor agora é meu único sentimento, dói saber, ouvir cada palavra. Não sei se estou preparada para ouvir o restante, sinto meu peito apertar, é como se estivesse segurando a minha respiração, por horas...
- A encomenda anterior a mim foi Evan quem conseguiu! Ela sentencia.
Vomito muito, tudo roda, nada faz sentido e tudo se encaixa.
- Não! - digo, chorando. - Por favor, me digam que é mentira! Caio de joelhos. E vejo Evan negar com a cabeça, ele não quer me ver no chão, mas foi ele quem me colocou aqui.
- Victoria... Ellis se aproxima de mim.
- Não encosta em mim, Ellis! Evan quero saber de você, quem encontrou a encomenda Ellis?
- Sebastian. Ele confessa e abaixa a cabeça, e como um quebra-cabeças tudo se encaixa. Ele mudou de ideia e desistiu de me enviar. Eu também era uma encomenda.
- Não, Evan, por que fez isso comigo? Está me dizendo que eu era a próxima. Alguém pediu uma ruivinha para viagem no Fast Food do Clube 13, você encontrou essa encomenda sobre as pontas dos pés e sabia que Sebastian iria me foder primeiro? Essa é sua raiva dele. Essa é mais uma raiva dele, porque provavelmente ele fodeu com alguma antes de você! - Grito - Por isso a foto no seu celular! Estou aos berros e nada mais importa.
- Vick... Amor. Ele tenta se aproximar e mostro as palmas de minha mão para ele.
- Para você, Evan, sou Victoria Campbell, professora do corpo de balé da Gael, escola de artes que faço parte e pretendo não sair. Exclamo, enxugando meu nariz com as costas das mãos. - O que me assusta é você querer casar com uma encomenda e, pior ainda, querer um filho com ela. Bom, durma em paz, porque um filho aqui precisaria de fé, a fé nos exige a verdade e acho que a sua não tinha contrato assinado.
- Por favor, Victoria, me ouça. Ele me chama.
- Não! Quero apenas pegar as minhas coisas. Quero sair daqui, tentar não pensar em tudo que acabei de ouvir. Caminho para dentro da casa, mas antes olho para Ellis.
- Você e eu fazíamos limonada para vender, lembra? Foi assim que conseguiu comprar uma mochila igual à minha. Poderíamos ter encontrado uma solução juntas, como amigas, mas também não posso pensar nisso agora, talvez eu seja a garota tola, a menina sem experiência que se viu em um conto de fadas, talvez no meu conto, o final feliz seja esse, de acordo com profecias já estabelecidas em minha vida. Olho nos olhos de Evan, assim como eu olhei na noite em que dancei para ele, olhei com decepção. Sim, estou decepcionada, comigo mesma, com ele e com a minha total falta de habilidade com a vida, saio e deixo os dois sozinhos no jardim.
- Vick, meu amor. Maria me abraça assim que alcanço o segundo andar, e eu desmonto.
- Maria, você ouviu? Soluço no ombro dela.
- Sim, meu anjo, fique calma. Ela alisa meu cabelo.
- Me ajuda com minha mala, não é muita coisa. Peço, segurando a mão dela e a levando para dentro do quarto. Posso ouvir quando Ellis vai embora e a pancada na porta graças a Evan, que está à beira de um colapso.
Evan pede para Maria nos deixar, assim que entra no quarto. Ela sai e ele fecha a porta.
- Não vou conseguir sem você, não sobra absolutamente nada de mim sem você. Ele se senta na beira da cama e continuo guardando minhas coisas em minha bolsa velha e sem marca.
- Você tem noção de como estou? - pergunto, chorando muito. - Você me destruiu, e sabe que também não sei se posso continuar sem você, mas vou ter que tentar.
- Não vá embora, estou pedindo. Ele tenta alcançar minha mão, mas não consegue.
- Vou te deixar. Não posso dividir você com um clube, com mulheres sob encomenda, não tenho estômago para isso. Não sei como te contar, mas já que hoje é o dia das verdades, acho justo que você saiba. - Fecho o zíper da bolsa. - A mulher que te entregou tudo que ela guardava como um tesouro tem verdadeiros sentimentos por você, mesmo que você não tivesse tudo o que você tem desde que você fosse quem você é, ou pelo menos quem pensei que fosse.
- Não faça isso, por favor, fique.
- Evan, foi um prazer imensurável conhecer você, estar com você. Obrigada pelas viagens, pelos presentes que estão aqui. - Aponto para uma prateleira dentro do roupeiro. - Mas acho que, para mim, vai além do que posso suportar. Eu era uma idiota virgem há duas semanas e agora sou apenas uma idiota. E você, bom, você é apenas alguém que conheci.
Apanho minha bolsa, abro a porta e desço a escada. Quero morrer, simples assim.
Chamo por Maria e agradeço todo o carinho dela, lhe dou um beijo no rosto, ela está inconformada com a situação assim como eu.
- Esfrie a cabeça, pense, ele gosta muito de você. Ela me esfaqueia o coração sem saber.
- Também gosto muito dele, mas não tenho estrutura para algumas coisas. Adeus. Saio da casa de Evan torcendo por um taxi rápido.
* * *
Retorno ao antigo hotel onde estava hospedada, pergunto pelo meu quarto e aviso que a reserva estava em nome de meu pai. Após alguns instantes a recepcionista avisa que minha reserva foi fechada há dois dias por falta de comparecimento, que haviam entrado em contato com a empresa que paga a hospedagem e eles cancelaram A atendente me oferece outro quarto, e avisa que posso pagar com cartão.
Caralho! Qual cartão? O que Evan destruiu? Pensa no pior dia. Então... o meu, para ficar assim, teria que pelo menos melhorar um pouco.
Saio do hotel e vou caminhar. Central Park é claro. De graça e tem bancos, posso dormir por lá.
"O que vou fazer?", penso comigo. Sem dinheiro, sem cartão, sem lugar para dormir, algumas peças de roupa. Meu Deus, por que foi acontecer tudo isso?
- Vick?
- Sam? Graças a Deus. Percebo sua presença , e imploro para mim mesma não chorar.
- Tudo bem? Você estava chorando? Qualquer um saberia, meus olhos estavam enormes.
- Discussão com Evan. Abaixo a cabeça.
- O que é isso no seu dedo?
- Droga! Sam viu a aliança que esqueci de tirar.
- Uma longa história. Droga, Vick, não quis o iPhone, mas levou o diamante. - O que você está fazendo aqui? Pergunto, por conta do horário.
- Apenas uma boa caminhada, e você?
- Se te contar com certeza você não vai acreditar.
- Tenho tempo, e pelo visto você está sem rumo. Vamos, vai dormir na minha casa hoje. Ela me puxa pelo braço.
- Obrigado. agradeço e caminhamos em silêncio por algumas quadras.
- Por favor, entre.
Exagero, um apartamento para três pessoas, mas só uma habita o lugar. Mais de cento e vinte metros quadrados. Estamos no vigésimo sétimo andar, duas salas, uma de estar e outra de jantar divididas por armários, uma espécie de Buffet. O sofá em U na cor palha combina com a madeira usada em todo chão e batentes. A cozinha planejada por alguma empresa de alto padrão não deixa nada a desejar; uma madeira bonita que contrasta como inox dos eletrodomésticos. Tudo muito bem posicionado.
Sam indica um quarto para mim.
- Quer me contar o que aconteceu? Sam encosta no batente da porta enquanto jogo minha bolsa em cima cama.
- Sam, estou destruída. Declaro, olhando para o anel com o brilhante e segurando a correntinha. - Não sei se consigo sem ele. Claro que não vou mencionar nada sobre o maldito clube, encomendas e amiga desgraçada. Conto sobre uma briga, mas seu real motivo, nem pensar.
- Vick, pense com calma, pode ficar aqui o quanto quiser. O celular da Sam toca. - Alô? É ela. Evan espere um pouco. Ela aperta o mudo do celular e olha para mim.
- Não quero falar com ele.
- Posso falar que você está aqui? Dou de ombros, sei lá o que é bom nesse momento.
- Oi, Evan. Eu sei que somos amigos. Sim, ela está aqui... Não, Evan, ela não quer falar com você. Eu não posso colocar o telefone na orelha dela.
Sam se distancia e vai em direção à cozinha. - Evan, calma, eu estou conversando com ela. Sei que discutiu com você, mas não disse o motivo - Ela fala baixo - O quê? Evan, como proprietário do prédio, você abusa dos seus direitos. Ela volta para o quarto onde estou.
- Vick, Evan está aqui na porta. Diz, olhando para mim.
- Ele é dono desse prédio?
- Sim.
- Não sei nada sobre ele. Apoio minha cabeça em minhas mãos. - Pode o deixar entrar. Desculpa pelo inconveniente, Sam, sei que aqui é sua casa e eu sou fraca.
- Não se preocupe, vou deixá-lo entrar e vou descer assim vocês conversam.
- Ok.
- Sam, onde ela está? Evan e invade meu quarto provisório. Pareço uma sem teto. Em menos de duas semanas me mudei duas vezes.
- Me deixa explicar. Ele pede, se aproximando. Não sei por quanto tempo posso resistir.
- Sim, mas não coloque suas mãos em mim, por favor.
- Não tem ideia do que está fazendo comigo.
- Você tem ideia do que fez comigo? Estou chorando de novo.
- Sim, é por isso que estou aqui, trouxe isso. Ele deixa um envelope sobre a cama. - Nada nesse mundo me faria mais feliz do que poder ter você ao meu redor, mas é como se estivesse começando do zero. Dentro desse envelope tem tudo sobre o clube. Estou quebrando todas as regras e, quando sair por aquela porta, vou ter deixado você aqui com toda a verdade.
- Começar do zero? Você está em vantagem. Enxugo meu nariz com as costas da mão.
- Não chora. Ele desliza as costas dos dedos em meu rosto. Gosto tanto das mãos macias dele... - Por que estou em vantagem? Que vantagem eu tenho se não tenho você? Ele se ajoelha à minha frente e percebo seus olhos vermelhos. Não sou a única a chorar.
- Evan, não vou conseguir dividir você com esse bando de caras maníacos, com encomendas e exemplares escolhidos a dedo. Mas a sua vantagem sobre mim é que você pode ter o que quiser e quando quiser. Sou ingênua sozinha na selva de Nova York, sem cartão de crédito porque um cara que me conquistou e mostrou um mundo maravilhoso quebrou ele em pedaços. Minha única distração é a dança, mas minha companhia só abre na segunda-feira. Essa é sua vantagem.
- Eu te amo, Victoria, é essa minha única vantagem, saber que; de alguma forma, tive o privilégio da sua companhia. Ele está dizendo pela primeira vez que me ama, e isso me balança.
- Preciso seguir minha vida, não posso pensar em você, nas viagens que poderão ou não ser de negócios.
- É isso que você não está entendendo. Eu saí do clube, por isso as ligações, o recado com a Maria. Mas é difícil porque preciso de um substituto. Não pode ser qualquer um. Saio, mas sou responsável por quem entrar no meu lugar.
- Vai ser difícil encontrar alguém sem um anúncio no j ornal. ironizo.
- Vai ser muito difícil, coloquei alguém em meu lugar, mas é provisório. Meu lugar no clube é o mais difícil.
- Günter, eu sei. Ele me olha, espantado.
- Como sabe?
- O ponto de encontro é Madri. Ele estava lá e você, apesar de falar baixo ao celular... Os corredores do hotel propagam som. - Estou revoltada com o contexto geral do passado dele. Preciso esfriar minha cabeça, preciso de calma.
- Você é linda, inteligente e eu te amo. Volta comigo para casa, para sua casa, você tem a chave.
- Não tenho, deixei ao lado o do celular. Ele fica de pé e tira o iPhone e a chave do bolso.
- Não, Evan, não voltarei. Não falo com convicção. Não estou convencida, quero pegar minhas coisas e voltar com ele, mas meu estômago revira notícias nojentas, encomendas, Ellis... Eu seria a próxima e minha cabeça está confusa.
- Não vou conseguir dormir esta noite.
- Evan, vá embora, é melhor.
- Não pensei que um dia fosse ouvir isso de você. Ele desabafa.
- Não imaginei, nem em um milhão de anos, que poderia lhe pedir isso. Uma lágrima cai e Evan sai do quarto, em silêncio.
Morrer seria o melhor nesse momento. Como está doendo, puta merda. Evan, por que foi entrar nesse clube? Gostaria de saber quem foi o maldito que lhe apresentou isso. Meus olhos correm a cama e o envelope grita por mim. Não sei se tenho estômago para ler isso agora, por outro lado, hoje é o dia das verdades.
- Você está bem? Sam entra no quarto e me flagra com o envelope nas mãos.
- Sim, estou ainda está cedo, vou tomar banho, trocar de roupa, e o que acha de uma boa dose de uísque? Pergunto.
- Estou dentro, há meses que não bebo... Mentira bebi uma taça de vinho com seu irmão. Ela sorri e vai para a suíte dela.
Abro o envelope e parece que estou lendo um contrato sério de trabalho, mas as letras miúdas denunciam o tipo de trabalho.
Crio coragem e começo a ler.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO TEMPORÁRIO
Contratante: Accord. Entretenimento e Turismo Inc.
Contratada: Ellis Serena Burnent.
Cláusula 1ª
A contratada prestará à contratante, a partir da data e assinatura desse contrato, a função de monitora de entretenimento, conforme acertado entre as partes.
Cláusula 2ª
Este contrato tem validade de vinte quatro horas, a contratada deverá prestar o serviço dentro desse período; o não cumprimento acarretará em multa estipulada em cem vezes o valor recebido.
Cláusula 3ª
O pagamento desse contrato foi estipulado em trinta mil dólares como teto e mil dólares como piso. Valor de acordo com a excelência do trabalho executado e cachê dos participantes.
Cláusula 4ª
Esse acordo é de total sigilo, mantendo a multa supracitada em caso de desacordo ou de não cumprimento.
Cláusula 5ª
A contratada está de acordo em fornecer seus trabalhos para mais de um cliente durante o período de vinte e quatro horas, está de acordo com todos os acessórios envolvidos e aceita as condições firmadas entre as partes, tais como não colocar limites na hora do trabalho.
Cláusula 6ª
A contratada está assinando esse acordo por livre e espontânea vontade, exonerando qualquer um dos clientes de qualquer responsabilidade futura. Clausula 7
Os custos com transporte e hospedagem e alimentação são de inteira responsabilidade do contratante.
Cláusula 8ª
Filmagem, fotos ou qualquer tipo de registro é proibido para ambas às partes, preservando a identidade de cada um.
Cláusula 9ª
Fica estabelecido que não haverá contato depois do término do contrato.
Cláusula 10ª
A contratada declara que está ciente de todos os atos envolvidos nesse contrato e está disposta a cumprir cada um deles. Declara e comprova através de exames que é saudável e goza de plena saúde, assim como o contratante.
E, por estarem em pleno acordo, às partes assinam o presente documento em apenas uma única via que fica em posse da Accord. Entretenimento e Turismo Inc.
________________________________
Ellis Serena Burnent
________________________________
Accord Entretenimento e Turismo Inc.
Eu estou aos prantos assim que termino de ler e, para piorar, o maldito que apresentou Evan para esse clube foi ele mesmo; ele assina pela empresa, ele é proprietário da Accord. Proprietário da empresa que encomenda e paga por mulheres de acordo com o perfil. Santo Deus preciso de muito uísque.
Pego o envelope para guardar o contrato nojento e cai outra folha.
Características
Cabelos:
Cor dos olhos:
Altura:
Pele:
Peso:
Nacionalidade:
Condição social:
Idade:
Fluente em línguas:
Escolaridade:
Casa própria:
Ponto fraco:
Virgem
Com certeza esse último item vale mais. Para mim, vale muito. Tanto que nem todo dinheiro do mundo poderia comprar.
Estou enojada. Escuto Sam saindo do banho e escondo o envelope.
- Sam? Altero minha voz, e coloco o anel e a correntinha que Evan me deu sobre o criado-mudo. Não vou usá-los até tomar uma decisão.
- Oi. Ela responde, no mesmo tom.
- Não vou nem tomar banho, quero sair. Vou fazer um milagre com minha maquiagem e vamos, o que me diz?
- Perfeito, em dez minutos estou pronta. Alcanço minha maquiagem dentro da bolsa e vou para frente do espelho.
Como vou assimilar essas informações? Como digerir isso tudo? Meu noivo, ou melhor, meu ex-noivo, tem uma empresa de regalias sexuais. Evan deve ganhar muito dinheiro com isso.
- Podemos ir? Sam pergunta e eu termino a maquiagem.
- Sim, aonde vai me levar?
- Chacal. Ela responde e olha para a minha roupa.
- Devo me trocar?
- Sim, precisa de algo mais adequado às suas curvas. É uma bailarina de seios fartos, não esconda isso. Ela me puxa para o seu quarto e abre uma porta do guarda-roupa com pelo menos trezentos vestidos.
- Com qual eu vou?
- Eu escolho. E não é que ela acerta? Escolhe um vestido de um ombro só, não muito colado, mas curto. Cobre minhas coxas até a metade. Um tom de azul escuro brilhante como purpurina. O mais engraçado é o vestido; vem com uma espécie de shorts da mesma cor e mais curto do que o ele, ou seja, não é possível ver nada. E, nos pés, um salto altíssimo, fino.
- Nossa, adorei. Elogio olhando para o espelho.
- Agora esse cabelo fabuloso merece liberdade. ela diz e corre para o banheiro, volta com um creme para pentear, alguns grampos e um mousse.
- O que vai fazer?
- Confie, Vick. Ela me senta na cama e começa a transformação. Um pouco de creme, um pouco de mousse e um cacho largo e perfeito é construído, e quando todo o cabelo está homogêneo e perfeitamente domesticado, ela puxa para cima do ombro coberto pelo vestido e prende com grampos, deixando ondulado de um único lado.
- Sam, você é muito boa com isso.
- Calma que ainda falta à maquiagem Ela pega uma caixa de metal e abre. Saem pequenas gavetinhas para todos os lados e outra transformação. Marca bem meus olhos com lápis preto e uma sombra azul, fazendo referência ao vestido.
- Uau, nem parece que quase desidratei de tanto chorar. Olhos marcados e brilho nos lábios. Gosto do visual ousado, essa noite eu não poderia ser eu.
- Vamos? Sam, de vestido preto estupidamente colado ao seu corpo esguio e cabelos soltos, quase repete a mesma maquiagem que eu.
- Sim.
Descemos abaixo do primeiro andar.
- Aonde vamos, Sam?
- Para a garagem, por quê?
- Você tem carro?
- Sim, tenho um carro e uma moto. A moto eu não ando, e o carro é de uso noturno. A Chacal é longe e nossos saltos com certeza não são esportivos. Ela conclui e para diante de um Audi TT, e meu queixo se parte em dois ao tocar o chão.
- Se algum dia você reclamar do seu salário na Gael, eu te mato. Brinco, mesmo sem sorriso, e entramos no carro.
- Você é divertida, mesmo estando triste.
- Eu tento, parece que alivia, não sei. Desculpa, mas como conseguiu esse carro? Ai, que pergunta, não quis ser inconveniente.
- Imagina, recebi uma herança há alguns anos. Sou a única neta por parte da minha mãe, já que ela também é filha única. Foi isso.
- Que legal, ainda bem que você conseguiu investir bem.
- Quem investiu foi meu pai. Esse carro foi meu único capricho. A simplicidade de Sam é admirável. Ela tem muito dinheiro.
- Chegamos. Diz Sam depois de alguns quarteirões.
- Sam, você viu o tamanho da fila?
- Sim Ela responde, entrega a chave para o manobrista e vai até um dos seguranças, que a abraça pela cintura.
- Minha cliente mais linda! O cara, do tamanho de uma geladeira duplex, com corte de cabelo militar, fala para Sam.
- Trouxe uma bailarina comigo hoje. O grandão me mede de cima a baixo.
- Hoje a conta de vocês é por conta da casa! Cacete! Será que ele pensa que eu não bebo? Prejuízo para a casa.
- Tem certeza, Ian?
- Tenho, mas terão que dar um show no pole dance!
- É hora do show, Vick! Sam segura minha mão e entramos. O lugar é maravilhoso. Pequenos poles espalhados em algumas ilhas e dois poles majestosos e imponentes no centro da pista de dança. A cor predominante é vermelho. Um balcão enorme rodeia da porta até o fim da pista. Algumas mesas redondas e altas espalhadas e, no andar de cima, mesas com quatro cadeiras para descanso, além do Lounge ao lado direito em um patamar acima da pista.
- Posso te contar um segredo? Sussurro para Sam.
- Deve! Ela é curiosa como eu.
- Na Escócia, tinha um amigo, o Pierre, ele é fantástico, dança muito bem e coloca uma faixa peitoral de um jeito perfeito, ele me dava aulas de pole dance. Bom, às vezes eu pensava que ele era mais mulher do que eu.
- Não acredito! Ainda bem que você trocou de roupa. O shorts por baixo tinham um real motivo.
- Seus vestidos são todos preparados para o pole?
- Quase todos. Ela levanta a barra e mostra o adorno protetor.
- Preciso de uma dose, ou melhor, duas! Pouco tempo depois já estou na quarta dose e Sam volta com mais uma, dizendo que os poles maiores seriam abertos para nós e que ela já havia escolhido a música.
- Posso saber que música você escolheu?
- Seria "quais músicas". Aceitei o desafio das dobradinhas. Três músicas seguidas, acha que pode aguentar?
- Podemos fazer a prancha dupla, o que me diz? Entro no clima, apesar de não estar em clima algum.
- Um brinde à prancha dupla Sam e Vick! Batemos os copos e viramos goela abaixo.
Uma gritaria de homens e assobios dominam o ambiente. Uma luz azul se torna a única iluminação do local e, de repente, somos anunciadas.
- Você falou nossos nomes, sua maluca. Ralho com ela, andando em direção dos poles maiores.
- Não, eu disse só o seu, o meu eles já sabem. Ela gargalha e as doses que ingeri me deixam rir também Amei conhecer seu irmão, ele ligou para Gael no dia seguinte.
- E você não me contou nada! Finjo estar zangada.
- Ele pediu! Ela sorri e seguimos nosso caminho até a exibição.
Assim que subimos, a música "Buttons" da banda Pussycat Dolls começa e Sam corre e pula no pole, girando algumas vezes. Parece que há uma conexão entre nós. Repito o mesmo gesto e daí por diante, basta uma olhar para a outra e tudo acontece. Escalo e me apoio apenas com o cotovelo sobre a barra e abro minhas pernas, Sam repete e, por uma coincidência, descemos de uma vez escorregando pelo pole e paramos a menos de dois palmos do chão.
Confusão, assobios e gritaria, até o DJ está elogiando. Finalizamos a primeira dança. Ela mal acabou e começa a segunda, "Hips Don’t Lie", Shakira, e trocamos de pole.
Eu preciso descarregar aqui o meu dia, as maldições, notícias e tudo que vou ter que digerir. Olho para Sam e, sem querer, combinamos algumas escaladas e aberturas. Tudo está indo muito bem, até que a terceira musica começa. Olho para Sam e ela sorri. Não posso parar, não por conta de uma música; Florence cantando "Addicted To Love". Evan odeia essa música e, por algum motivo, me sinto mal por fazer o que estou fazendo.
- Ânimo, Vick, amo essa música! Eu quero bater nela, mas preciso girar e dançar. São apenas três minutos, aguente firme, Vick! Tento me convencer e a música vai ganhando intensidade, com o uísque ganhando espaço dentro do meu cérebro. Assim que termino o rodopio e olho para Sam, finalizamos com a prancha e abrimos as pernas no chão.
Ovacionadas, e o DJ pirando no microfone. E Evan encostado no bar, se revirando. Puta merda, como ele soube? Desço e vou na direção oposta da dele, percebo quando uma loura aguada tenta se aproximar dele e ele apenas desvia, andando em minha direção.
- Por favor, uma dose. Aponto para a garrafa e rapidamente o atendente me serve.
- Que abertura, hein! O garçom faz menção às danças e Evan está muito próximo. Viro a bebida.
- Posso abrir sua cara, também! Evan pega o garçom pelo colarinho.
- Evan, para! - Seguro o braço dele e ele solta o atendente. Peço mais uma dose para o garçom.
- Seu namorado é bem esquentadinho, mas se você fosse minha não subiria ali nunca. Ele enche o copo e se distancia a tempo, porque Evan fecha a mão. Viro a segunda dose.
- Vai me seguir? Pergunto, babando raiva da Accord, da Ellis, dele.
- Não, eu não deveria ter vindo. Ele abaixa a cabeça e isso dói em mim, afinal de contas estou o punindo por conta de alguns contratos que não foram assinados por obrigação. Acho que o uísque está me ajudando, mas estou zonza demais.
- Sabe, Evan, o problema todo - viro o outro copo - é que não consigo assimilar bem as pessoas se aproximando de você. - Está tudo rodando, não é para eu me sentir assim Pego o copo, entrego para Evan e seguro em seu ombro.
- Gostaria muito de bater em você. Evan me aperta contra seu peito.
- Quer me bater? Não sabe como quis arrancar sua alma pela garganta. Evan me leva até o Lounge.
- Sim, quero muito, mas eu quero que você volte para casa comigo. Ele me coloca em seu colo e choro. Bêbados choram mesmo.
- Então bata, talvez doa menos do que saber o que soube hoje. Me sinto melhor por ter chorado.
- Evan, o que você está fazendo aqui?
Sam nos encontra e questiona Evan, que me segura em seu colo. O perfume dele é tão bom..
- Estou assistindo a um show de horrores, Samantha. Você sabe que odeio esse lugar e você a traz aqui? Sinto o bufar dele e, em seguida, ele beija o topo da minha cabeça.
- Evan, você é meu amigo, um dos melhores, e sabe muito bem que amo esse lugar. Para onde mais a levaria? Sam e Evan estão discutindo por minha causa, e por algum milagre a bebedeira começa a desistir de mim.
- Para lugar nenhum Não vou discutir com você, vou levá-la para a minha casa. Ele tenta se mexer comigo em seu colo.
- Não, eu vou para casa da Sam, e peço que atenda um único favor: deixe-me sozinha por algum tempo, preciso digerir algumas informações. Estou mole e, de repente, tudo escurece.
Capítulo 10
A claridade invade o quarto e atinge meu rosto. Minha cabeça dói. Levanto o lençol e percebo que estou quase nua, apenas de calcinha. Olho à minha volta e dói ao perceber onde estou. Estou deitada na confortável cama da casa da Sam, ao meu lado um criado-mudo com um copo de água e um Tylenol. Embaixo do comprimido, um bilhete.
"Vick, tenho um compromisso em New Jersey, fique à vontade, a casa é sua. A propósito, foi Evan quem cuidou de você, pense nisso. Ele realmente mudou muito e tenho certeza de que foi por você." Sam.
Meu iPad anuncia mensagens. Espero que não sejam meus pais.
-@@-
De: Evan
Para: Vick Red
Assunto: Muito espaço
Hora: 06 de setembro de 2013 - 03h59min
Tome o remédio para que sua dor de cabeça não piore.
Espero que seu dia seja bom, porque o meu com certeza será vazio e sem cor alguma. Minha cama ficou grande, minha casa perdeu o que a deixava feliz.
Não sei se posso ficar longe de você, isso de alguma forma me mataria. Apreciei dar banho em você essa noite, remover sua maquiagem e colocá-la para dormir, mas quando fechei a porta e a deixei, deixei o que me mantém de pé.
Não consigo sem você.
Eu te amo.
Evan Louis Maccouant
Relações Internacionais Maccouant Import. Inc.
-@@-
Também te amo, mas não sou madura para isso, ou pelo menos não consigo pensar nisso com maturidade. Começo o dia chorando e não quero ler as outras mensagens, pelo menos não naquele momento.
Levanto-me, lavo meu rosto e vou para a cozinha. Em cima da ilha, uma jarra de suco de laranja e outro bilhete:
"Victoria, os copos estão na terceira porta à esquerda". Saudade de quando você não os usava.
"Evan."
- Por que está fazendo isso? Preciso de um tempo, Evan! Meu tom de voz se excede, uma verdadeira maluca, gritando, vestindo apenas uma calcinha branca e com uma jarra de suco nas mãos. A dor de cabeça piora e eu tomo um bom gole do suco na jarra.
- Não consigo ficar longe de você. Evan está sentado na poltrona no canto da sala e quase me mata do coração. - Não sei o que fazer, não consigo pensar em nada, você acha que se soubesse que um dia eu iria encontrar alguém como você teria feito tudo isso? Não posso te pedir perdão pelo que fiz, mas posso te garantir que não vai voltar a acontecer.
- Evan não levanta da cadeira e coloco a jarra sobre a ilha.
- E você acha que é fácil para mim? Caminho quase nua até o quarto, fazendo Evan se levantar e me seguir.
- Sei que não. Ele se senta na cama.
- Você tem uma empresa que cuida dessa putaria. Ontem eu queria saber quem foi o maldito que te apresentou, mas lendo isso. Alcanço o envelope e entrego em suas mãos - Pude entender. Para você é difícil sair porque você é presidente do clube, foi você quem começou. Quando olhei sua assinatura em cima da palavra Accord., meu coração se fez em mil. Na hora pensei em algo que ao menos pudesse fazer doer menos.
- Não quero te perder. Ele lamenta.
- Apenas preciso de um tempo, você me perdeu pela falta de verdade e não pelo seu passado, me perdeu por conta do seu medo em ser franco, honesto e limpo, deveria ter colocado em prática o que exige das pessoas, a verdade, nada mais que isso, se eu voltar atrás agora será pelo calor do momento. Eu não posso agir assim Em nosso primeiro encontro você disse que não tolera ou absorve mentiras, você me enganou pela primeira vez e depois disse que não me faria mal algum, pois bem, você fez. Saber o que soube, mesmo depois de ter lhe dado todas as chances de me dizer a verdade, é difícil, é difícil por que atravessei o oceano para encontrar você; encontrar alguém que pudesse fazer valer a pena, no entanto eu acabei colidindo com seu mundo, suas maldições e monstros. Sou apenas a menina do outro lado do rio, que caminha sobre as pontas dos pés; não sou nada, pelo menos nesse exato momento é assim que eu me sinto.
Apesar de estar nua, ele me encara e isso me destrói.
- Por favor...
- Não Evan, preciso pensar em tudo. Meu subconsciente me alerta sobre a distância, afinal de contas, o que ele fez contra mim?
- Vou lhe deixar com tempo para pensar. Evan se levanta e vai embora. Seus olhos estão perdidos e os meus também.
Passa das onze horas da manhã, tomo um banho e coloco um vestido de mangas curtas que cobre meu corpo até os pés. Ele é branco e tem um bordado lindo, com dois bolsos enormes, um de cada lado, e combina com minha sandália de couro. Preciso de ar puro.
Entro no elevador e o perfume de Evan ainda está por ali. Um martírio.
Eu não posso ficar brava com ele por algo que fez antes de me conhecer. A verdade é que não estou, estou insegura, tenho medo de uma recaída. Nem o fato de ele ter transado com a Ellis me incomoda, pois sei que ele não se apaixonaria por ela. Meus pensamentos reviram e o iPhone que ele me deu gira em minha mão. Sim, é obvio que ele deveria ter me contado, mas o que sinto é maior do que a raiva desse momento.
- O que estou esperando? Por que ficar longe se o problema já existe e nada vai mudar? Divago em voz alta e deslizo meu dedo sobre a tela do celular. Decido enviar uma mensagem para ele:
‘Evan, eu tenho que lhe fazer uma confissão. ’ - 11h48min
‘Onde e quando? ’ - Evan - 11h49min
‘Sua casa, agora, estou a caminho ’
- Vick - 11h50min
Em menos de um minuto a resposta chega.
‘Estou te esperando ’ - Evan - 11h51min
Coloco o celular no bolso e ando duas quadras tentando um taxi, mas parece que todos desapareceram.
- Ande comigo e não se mexa. O homem ordena e encosta algo em minhas costelas.
- Você provavelmente está me confundindo com alguém. Se isso for um sequestro, não tem ninguém para pedir resgate. Caminho na frente do homem, que é vários centímetros mais alto do que eu.
- Cala a sua boca de merda e entra. Ele me empurra para dentro de uma van branca. - Amarrem-na. Ordena para outros dois homens que estão com capuz preto.
- O que vocês querem? Essa é a última frase que digo antes do silver tape me calar. O vidro escuro não permite ver o motorista. Quem está comigo são dois homens com o rosto coberto. O cara que levou até a van não entra no carro e parte conversando ao celular, avisando que está tudo certo.
O carro ganha as ruas e o trânsito intenso não permite que o motorista acelere demais. Quarenta minutos depois, colocam um capuz em minha cabeça e percebo o carro fluir. Estamos em alguma auto estrada. Meu único pedido é que ninguém ligue ou envie alguma mensagem. Estou sendo sequestrada, sou uma dura, não tenho nada e moro de favor na casa de uma menina que conheci há duas semanas. Com certeza eles erraram. Entre os meus pensamentos, tentei orar.
- Você tem certeza que é essa garota? Um deles pergunta para o motorista.
- Sim, é ela. O condutor limita a resposta.
- Vamos seguir o combinado, mas cadê o pagamento? O outro pergunta também ao motorista, esse parece ser o chefe do bando.
- Não se preocupe, está tudo certo, agora calem a boca. o motorista coloca ordem e o carro segue.
Andamos por mais de duas horas e o carro para. Venha, garota, não temos o dia todo. Um deles me puxa e caio de joelhos. Chão de pedra e cheiro de mar.
- Levanta logo! O outro me ergue pelo ombro e o capuz cai. Eles me empurram em direção do galpão e apenas peço para que meu celular não toque. Acho estranho depois de duas horas Evan não ligar. Pode ter sido falta de sinal. E, de repente, sinto o vibrar na minha perna. Graças a Deus está no vibra e apenas eu sei que está tocando. - Ande. E um soco em minhas costas me faz cair de joelhos. Depois disso é uma sequência de chutes, tapas e puxões em meus cabelos.
Estou apavorada, meu nariz sangra e sei que estou com os olhos inchados, pois sinto o latejar por conta dos chutes e socos, estou com dores por todo corpo, espero que não tenham quebrado uma costela, o gosto acido do sangue está em minha boca, mas não posso cuspir, está vedada com uma fita, tento engolir, meu estomago revira, Deus! Não posso vomitar, respiro rapidamente pelo nariz tomando varias golfadas de ar, a ânsia está indo embora, não sei por quanto tempo apanhei, em algum momento perdi os sentidos e só agora acordei, tento me dar conta de onde estou provavelmente um galpão abandonado fora dos limites da cidade, Eu preciso me concentrar, escutar algum barulho, alguém, alguma coisa.
Um motor ronca e ouço se distanciar então o silêncio, agora só o barulho de ratos brigando pelo lixo.
Vejo o brilho insistente do meu celular, não consigo atender, por mais força que eu faça, sinto o álcool da noite passada, e após a sessão espanca a cabeça de tomate, juntamente com esse cheiro de peixe podre que faz meus estomago revirar, surge o medo súbito de morrer aqui.
Estou totalmente perdida, em todos os sentidos, Preciso desatar as amarras, mas o nó esta muito forte, sinto meus pulsos ralados meus dedos estão esfolados por conta do atrito contra o chão de concreto, eu preciso me soltar, não sei se eles vão voltar, mas também não consigo afrouxar os nós.
Fecho meus olhos e me imagino com ele, a noite do show, nossa primeira noite juntos, posso sentir seu calor, seu cheiro.
Preciso me acalmar, o sangue desce pelo meu rosto, eu sinto os ratos andarem sobre minhas pernas, e tem uma barata passeando no meu pescoço, entro em pânico, solto um grito sufocado, e novamente ânsias de vomito, preciso me controlar, poderia morrer engasgada no próprio vômito como Kurt Cobain. A diferença Kurt era famoso eu sou só uma menina tola de que se deixou ser sequestrada por que estava distraída Santo Deus, Não foi Kurt quem morreu no vomito, Foi Amy Winehouse? Michael?..Jimmy? Não! Caramba preciso me lembrar de pesquisar na internet caso saia dessa... Droga, se estou nessa situação o culpado foi o álcool. Entre alucinações com famosos, surras, e Evan perco os sentidos novamente. Estou definhando, a ultima coisa que ingeri foi um suco de laranja e um Tylenol, e não sei há quanto tempo foi isso, começa a chover e tem uma goteira acima de mim, um galpão enorme; e fui parar diretamente abaixo do teto furado, logo sinto minhas roupas absorvendo a umidade, começo a sentir frio, tento lutar com as amarras, mas vejo ser inútil.
Acordo com o barulho do motor de barco, mas é um som longínquo, como se estivesse apenas passeando por ali e não parando.
Alguns minutos um carro para, também não esta próximo, eu não tenho muita noção, mas de repente: algumas crianças gritam longe, tento chamar, mas minha garganta doí, a fita não permite que eu abra minha boca, tenho tanta sede, estou sobre uma poça d'agua, a chuva sessou e não posso beber sequer a água suja no chão,
Meus braços estão dormentes, fecho os olhos e penso no Evan, em cada momento, cada segundo, tudo que vivemos as vezes que deitei ao seu lado, em seu colo seu sorriso, suas broncas em cada pensamento eu posso senti-lo.
O carro se foi, as crianças também, não há nada por perto, provavelmente só pararam para verificar o mapa ou esticarem as pernas.
É possível que ninguém sinta minha falta, meus pais estão longe, Lucca aproveitando sua vida com alguma garota bonita... Mas Evan, ele com certeza está esta me procurando, eu sinto, ele não me abandonaria, me sinto inútil em não poder ao menos mandar um sinal da minha localização, eu não tenho forças sequer para abrir os olhos, devo estar horrível, talvez como aqueles lutadores de boxe após a luta.
Oro, peço para Deus a oportunidade, apenas uma, de poder sentir novamente seu abraço, suas mãos, Evan é minha e minha única salvação. Peço em silêncio, eu não consigo conter o choro, eu chego ao limite, no fundo do poço. Eu estou perdida, mas não posso desistir,
Faço um esforço sobre humano, e me sento recostada a parede, as cordas ainda prendem minhas mãos, uma calma me invadiu, eu posso ver o rosto do Evan na minha frente, sinto seu inebriante perfume, e me aqueço em seu calor, Meu Evan, meu menino velho. Ele não sabe que meu amor pertence a ele, por que eu não disse antes?
Acordo assustada, não tenho mais forças para chorar, minha língua esta áspera e seca, como eu queria um gole d água, meu estomago produz uma verdadeira orquestra - Ai! Um dos ratos mordeu a ponta do meu dedo. Se essa é uma amostra, eu dispenso a excursão para o inferno.
A tarde foi chegando, meu estômago pedindo comida, água, novamente barulho de barcos, ondas quebrando, eu quero apenas libertar minhas mãos, então eu passaria todas essas informações e ele viria me salvar.
- Você chutou a bola longe, vá lá e pegue!
O mesmo carro havia parado ali novamente, mas as crianças estavam próximas.
- Por favor! Eu clamo, entrem nesse galpão. Meu cérebro já não inventa uma forma de chamar atenção.
- Eu não vou, vai você que é maior! Uma das crianças retruca.
- Mas foi você quem chutou seu medroso! A outra criança rebate e eu grito em pensamentos.
- Não sou medroso!
- É sim!
- Não sou e vou provar, eu vou buscar essa bola imbecil! Uma das crianças gritou.
Posso escutar o garoto se aproximando, ele esta enfrentando seu medo e poderia me ajudar. A porta de madeira grande se abriu, eu quero gritar, escuto os passinhos do menino com medo.
- Não vai para longe, Martin, seu pai está verificando o mapa e já estamos indo embora. Possivelmente é a mãe das crianças.
- Me... Ajude! Minha voz não saía mais que isso.
- Me... Ajude! Repeti Mas a mãe chamou pelos filhos e o carro partiu.
- Por favor, me ajude! Tento gritar, mas fracasso.
- Volta aqui! Por favor! Choro, mas não consigo gritar, e os meninos sumiram.
Estou fazendo um esforço fora do normal para me manter sentada, quero dormir e acordar apenas quando tudo estiver como antes, Evan e eu.
A tarde estava chegando ao fim, com certeza vou passar a noite aqui. Tão sozinha quanto à noite passada.
Ouço um movimento do lado de fora -Você entra e vê se ela ainda esta acordada, estamos arriscando em voltar aqui seu idiota! Eles voltaram.
- Entra logo, olha e sai! Rápido. Ordenou um deles e meu coração dispara. Deito e tento ficar totalmente imóvel.
- Ela não esta se mexendo, os ratos estão andando em cima dela, será que ela morreu mesmo? Um dos homens me observa, rezo para que Deus me deixe totalmente imóvel, preciso me conter por conta dos ratos.
- Se você estiver com dúvida chega perto e confere! Um dos homens irritado rebate a pergunta.
- Vamos sair daqui, não precisamos voltar. Um deles declara -Claro que precisamos, preciso saber se essa aí já era. O outro protesta e meus pensamentos estão em Deus Ele caminha até onde estou então dispara vários chutes em minhas costelas, tento me manter imóvel e calada, melhor pensarem que estou morta, recebo cada pancada em silêncio suplicando internamente para que acabe logo.
Então ele para, percebo seu movimento enquanto se agacha e fica me analisando, prendo a respiração.
- Ela era mesmo uma belezinha, devíamos ter aproveitado antes de deixa-la nesse estado, daria uma boa foda. Ouço esse comentário e meu espirito congela Estupro! O desgraçado queria me estuprar... Meu corpo que só pertenceu a um ao meu Evan...
- Agora já era, vai foder com morta? O outro comenta, e entre todas as dores sinto uma pontada de alivio Essa já era vamos embora, alguém pode nos ver! -Quem iria vir até aqui seu imbecil? Mesmo morta tem um corpo lindo.
- Vou sair, eu não volto mais aqui, se você quiser se ferre sozinho, nosso trato não é esse você não tem limites.
- Você esta arrependido? Então posso ficar com a sua parte do dinheiro -Não seu imbecil, filho da puta, não quero voltar para a cadeia, você não pensa muito nas consequências, alguém pode nos ver sim, o lugar é deserto e do nada uma van branca visita duas vezes, acorda!
- Medroso!
- Você é estranho, mas eu já deveria saber, desde o dia que me procurou para propor tudo isso. A menina esta jogada aos ratos, quem nesse mundo merece acabar assim?
Vejo alma em um deles, mas isso não me salva.
Estou imóvel, chocada com as informações, respiro o mínimo possível, eles precisam ir embora e por Deus eu peço para não me encaminharem nenhuma mensagem nesse momento.
Os homens saem fechando a porta atrás de suas costas, e eu posso ver por entre os cabelos que estão em meu rosto, o meu celular brilhando, foi por muito pouco, eles ainda podem voltar, mas as vozes estão sumindo e eu ouço quando a Van parte.
Cada vez que meu celular anuncia uma mensagem, mais preocupada eu fico deveria ter colocado ele para carregar, eu não sei por quanto tempo a bateria vai durar.
Meu estômago dói, estou com uma sede absurda e começo a entrar em pânico, morrer assim, jogada aos ratos, com fome sede e frio. Penso como um dos homens:
Quem nesse mundo merece morrer assim? As lembranças da minha infância na Escócia, meus amigos, minha casa com a árvore que virou banco, os braços de Evan, a pequena Alice, uma mistura de boas recordações, eu preciso me ater a coisas boas, o pior já aconteceu.
Preciso me manter lucida, aguentar o quanto for possível, quero ser resgatada com vida, mas não consigo, a esperança está se esvaindo e talvez nunca possa dizer a Evan quanto eu o amo.
Estou tão sozinha, mas ainda vejo o rosto dele, eu sinto seu beijo nas palmas de minhas mãos machucadas, sinto o pulsar do seu coração. Eu quero o banho de Evan em mim, quero suas mãos agora, eu quero dizer tudo que não disse, somos parte um do outro, penso em nossas músicas, nosso passeios, ele me cercando, protegendo, defendendo. Evan! Evan! Como queria que pudesse ouvir meus pensamentos, mas estou sozinha.
Meu corpo não suporta mais, estou desistindo, eu não aguento, os ratos, o lixo, o mau cheiro, a fome, frio, as dores, ficar longe de Evan, tudo isso me faz adormecer, Entro em um lugar que eu mesma não conhecia.
Em meus sonhos, estou em um jardim familiar, meus pais por perto e Evan segura minha mão, Lucca e Sam esperam seu primeiro filho, mas eu estou muito gelada, imóvel. Em uma visão panorâmica me vejo em um caixão branco, vejo Evan partir chorando, e essa é a parte que mais me dói, vê-lo sofrer.
Um barulho de tambores de lata caindo e alguns gatos brigando me desperta, sinto alívio, Evan não esta mais sofrendo, não tenho ideia de que horas possa ser. Dois ratos estão em cima de mim, eles estão sempre a minha volta já até os nomeei, embora às vezes tentem arrancar pedacinhos do meu corpo, estou toda mordida, Pink e Cérebro não tem piedade acho que o cheiro do meu sangue desperta fome neles.
Por alguma força divina eu me sento expulsando os ratos, o cheiro esta pior, eu quero apenas me soltar, eu não consigo gritar, eu não consigo saber que horas são, estou realmente no inferno. Mais tambores rolaram, ouço vozes ao longe, mas não posso alcança-las.
Entrego-me covardemente e me deito não me importo mais com os ratos, choro tentando me livrar das amarras, minha mão arde muito, é tanta sujeira em cima da carne viva dos meus pulsos, choro até adormecer, profundamente.
Em algum momento antes da morte sabemos o que de fato valeu a pena, a família, os amigos, os amores. Em algum momento próximo do fim, tentamos ter mais vida, mesmo que em vão, acredito que se houvesse uma possibilidade de minha vida não acabar agora, como eu sinto que está acontecendo, eu a usaria com Evan, por ele, com ele, somente ele.
Fecho meus olhos: e a escuridão me toma novamente, agora já não sinto dor...
Barbara Biazioli
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