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Series & Trilogias Literarias
O Grande Raptor é uma criatura temível e mortal, embora não seja o animal de estimação de ninguém, ele é ferozmente protetor e amoroso com sua família...
Carly e Miki nunca se esqueceram das histórias que Grim lhes contou sobre o Grande Raptor, o símbolo de sua nova casa, Luda. No entanto, é a comparação que sua mãe fez do Grande Raptor com Grim, que lhes dá coragem para ajudar o pássaro machucado que encontram no jardim.
Descubra o que acontece quando seu único ato de amor, fé e bondade cria consequências de longo alcance que ninguém, incluindo sua mãe e Grim, poderiam ter previsto.
CAPÍTULO UM
Lisa apenas sorriu quando Grim, pela terceira vez, verificou se a capa estava bem fechada contra o leve frio no ar antes de fazer o mesmo com as meninas. As capas não eram as mesmas cinzas que usaram na Cerimônia de União. Grim destruiu aquelas, não queria ser lembrado de como quase perdeu sua família. Agora usavam capas na cor roxa de sua casa, a Casa Luanda.
— Estamos bem, Grim. — Lisa disse a ele quando a ajustou novamente. — Não está tão frio assim.
— Eu deveria ter considerado que o sol ainda não aqueceu esta área quando tomei a decisão. — Ele resmungou.
— Mas acontecerá em breve. — Disse ela, colocando uma mão reconfortante sobre a dele. — Não posso acreditar que você e seus guerreiros puderam fazer tudo isso em tão pouco tempo.
Deixou o olhar percorrer a recém-construída arena circular que agora ficava no terreno em frente à Casa Luanda. Havia uma área de assento elevada que curvava a metade, em seguida, uma área de reunião para guerreiros no outro extremo. Hoje era o Festival da Deusa, mas não era como qualquer festival que Lisa já vivenciou na Terra.
Para os Tornianos, o Festival era uma competição. Uma maneira de impressionar a Deusa com sua força e habilidade, na esperança de que ela os achasse dignos aptos o suficiente para abençoá-los com uma fêmea. Era um combate armado e não era incomum que guerreiros ficassem feridos, às vezes severamente.
Lisa ficou horrorizada quando Grim a informou sobre isso e disse que não permitiria que as meninas testemunhassem tal coisa. Iria aterrorizá-las ver os guerreiros, que conheciam e amavam, atacando e ferindo uns aos outros.
Eles finalmente chegaram a um acordo e em pouco tempo, descobririam se os guerreiros de Grim aceitariam.
— Eles sabiam que era o desejo de sua rainha, então foi feito. — Disse Grim, referindo-se à arena como se isso não devesse surpreendê-la.
— Eles são todos machos aptos e dignos. — Disse Lisa, sorrindo para ele, — Mas eu peguei o melhor deles.
— Nunca deveria ter deixado você sair de nossos aposentos esta manhã. — Grim rosnou quando se inclinou para baixo, tomando seus lábios em um beijo longo e profundo, suas mãos se movendo sob a capa que acabou de fechar. Estava prestes a levantá-la em seus braços e levá-la embora, quando ouviu Alger limpar a garganta e as garotas rirem.
Afastando a boca de sua Lisa, quase ignorou todos eles quando o olhar nos olhos dela lhe dizia que queria isso também. Mas respirou fundo e se forçou a soltá-la, endireitou-se e se certificou que a capa estivesse segura novamente.
— Vá. — Ela encorajou suavemente. — Nós terminaremos isto hoje à noite.
Dando-lhe um aceno de cabeça rígido, ele se virou e foi até a frente do pódio para se dirigir à grande multidão reunida ali. Tradicionalmente, os Guerreiros que desejavam competir se reuniam nos campos de treinamento, mas Lisa expandiu o Festival para um evento de um dia inteiro. Ela convidou vendedores de todos os cantos de Luda para instalar-se dentro das paredes da casa e oferecer sua comida, mercadorias e habilidades para créditos. Quando se aquietaram, Grim falou.
— Guerreiros, hoje é o Festival da Deusa. — Um rugido de excitação atravessou a multidão e Grim levantou as mãos para acalmá-los. — E devemos agradecer pelas muitas bênçãos que ela nos concedeu. — Olhou para Lisa, Carly e Miki quando um rugido de concordância se espalhou pela multidão.
— Essas bênçãos mudaram nossas vidas para melhor. — Grim continuou, uma vez que se acalmaram novamente. — Agora, devemos mostrar à Deusa que nós o apreciamos. — Um silêncio confuso encontrou essa afirmação. — Como guerreiros, estamos acostumados com o sangue que vem com a batalha. Aceitamos isso. Mas a rainha Lisa, as princesas Carly e Miki e todas as outras fêmeas aqui hoje, não. E eu, não quero que elas o vejam.
Um baixo murmúrio de concordância lhe respondeu.
— Por causa disso, nossas espadas de batalha não serão usadas durante a competição. Em vez disso, apenas as lanças serão permitidas. — Ele gesticulou para as lanças apoiadas contra a plataforma abaixo dele. — Qualquer guerreiro que receba três picadas será considerado derrotado.
O silêncio absoluto encontrou a declaração de Grim e Lisa deixou seu olhar preocupado percorrer aqueles diante deles. Ultrapassou o limite ao pedir isso a Grim? Levantando-se, ficou ao lado dele.
— Vejo que isso é um choque para vocês. — Disse ela, segurando a mão de Grim. — Acham que apenas mostrando toda sua força e habilidade contra seus irmãos guerreiros, poderão provar à Deusa que são um macho apto e digno. — Deixou suas palavras pairarem ali por um momento e viu muitos dos guerreiros balançando a cabeça. — Eu não acredito que isso seja verdade. Não acredito que vencer uma competição seja suficiente para provar que seja um macho digno e apto. — Viu que eles não entenderam.
— Faber não foi vencedor no último? — Perguntou, sabendo que foi. — Ele era um guerreiro digno e apto?
— Não. — Veio a resposta imediata.
— Luuken uma vez ganhou na casa de seu manno. Ele era um guerreiro digno e apto? — Ela perguntou.
— Não! — Eles gritaram ainda mais alto.
— Então lhes digo que esta competição permitirá que outros vejam a força e as habilidades que adquiriram através de sua dedicação e sacrifício, mas não tem absolutamente nada a ver com vocês sendo guerreiros dignos e aptos. São suas ações diárias que a Deusa vê e é isso que ela abençoa.
— E se compartilharem dessa crença, a partir de agora o vencedor da competição do Festival da Deusa receberá um troféu criado pelo Mestre de Vidros, Gahan, e créditos equivalentes a uma compensação anual de guerreiro. — Um murmúrio de excitação percorreu a multidão e Lisa levantou a mão para acalmá-los. — Mas se não compartilharem essa crença, então poderão continuar a competição como sempre foi com suas espadas de batalha e lâminas, mas as princesas e eu não iremos testemunhá-la. Nós não temos nenhum desejo de ver machos aptos e dignos com quem nos preocupamos, prejudicar uns aos outros sem sentido. A escolha é de vocês.
Lisa ficou ao lado de Grim, silenciosamente esperando para ver o que os guerreiros decidiriam quando, pelo canto do olho, viu Alger começar a se mover.
— Fique. — Grim grunhiu baixo e Alger parou.
Tanto a Guarda do rei quanto a da rainha optaram por não participar dos eventos de hoje. Em vez disso, cercavam a área onde Grim e Lisa estavam sentados com as fêmeas da Terra, junto com Padma, Gossamer, Gahan, Dagan e Caitir.
Por causa disso, Grim não deixaria a Guarda influenciar os outros agora. Seria uma decisão de seus guerreiros sobre como procederiam. Lentamente, o guerreiro Tagma separou-se do grupo de guerreiros do outro lado da arena e se dirigiu para seu rei e rainha, sua espada de batalha amarrada às costas.
Uma vez que ficou na frente deles, colocou o braço sobre o peito e fez uma profunda reverência. Endireitando-se, soltou o fecho que segurava sua espada no lugar e envolveu as correias agora soltas ao redor da lâmina em sua bainha. Colocando-a contra a parede abaixo de onde Lisa e Grim estavam, ele escolheu a lança que melhor se ajustava ao seu aperto. Virando-se, voltou ao centro da arena e esperou.
Não demorou muito para o guerreiro Oya dar um passo à frente. Ele trocou sua arma, assumiu sua posição em frente a Tagma e saudando-o com a lança que escolheu, esperou pelo comando.
— Comecem! — Grim rugiu e com um aplauso da multidão, o Festival começou.
Lisa piscou de volta as lágrimas que queriam encher seus olhos quando se sentou. Deveria ter mais fé nos guerreiros de Luda. Deveria saber que eles entenderiam e estariam dispostos a mudar. Realmente eram homens aptos e dignos.
— Minha Lisa? — Grim perguntou baixinho, os olhos cheios de preocupação para ela.
— Estou bem. — Assegurou, dando-lhe um sorriso aguado. — São apenas hormônios.
— Hormônios? — Ele franziu a testa para a palavra.
— Produtos químicos que estão naturalmente em nossos corpos. — Explicou ela. — Eles aumentam quando uma mulher concebe. Isso tende a nos deixar apenas um pouquinho... — Lisa levantou a mão para que ele pudesse ver que o polegar e o dedo indicador estavam poucos separados. — Emocional.
— Encontrarei Hadar! Ele cuidará disso. — A mão de Lisa em seu braço o parou.
— Não, Grim. Não há nada que ele possa fazer sobre isso. É normal. Natural. Não é prejudicial.
— Verdade?
— Verdade. Fiquei tocada que nossos guerreiros aceitaram tão prontamente essa mudança. — Precisou respirar fundo para combater a nova onda de lágrimas. Sabia que se não o fizesse, Grim a levaria de volta para Luanda.
— Mamãe? — A vozinha de Carly a fez olhar para baixo e vê-la com os olhos fixos nos dois guerreiros na arena.
— Sim, bebê?
— Por que aquele guerreiro está atacando o cozinheiro?
— Oya não está atacando Tagma, Carly. Nós conversamos sobre isso. Lembra-se? Eles estão apenas competindo uns contra os outros.
— Mas parece que está.
— Eu sei, mas eles não estão usando espadas reais. Veem? — Lisa apontou para as espadas de Tagma e Oya que se chocavam e fazia flashes de luz surgirem delas. — Estão usando lanças.
— Mas ainda dói. — Carly argumentou ao ver Tagma rosnar quando a lança de Oya atingiu seu braço.
— Sim, minha Carly. — Grim assumiu a conversa, não minimizando o que ela estava vendo. — Mas é uma maneira de um guerreiro aprender e melhorar suas habilidades para que, quando for real, não seja prejudicado.
— Oh. — Carly ficou em silêncio por um momento, em seguida, seu olhar foi para Grim. — Ainda não gosto disso, manno.
Grim sentiu o coração acelerar. Foi apenas naquela manhã que Carly e Miki perguntaram se poderiam chamá-lo de manno em vez de Grim e ele sabia que levaria muito tempo para se acostumar e não se sentir afetado ao ouvir isto.
— Isso é bom, minha Carly. Mostra aos guerreiros que você realmente se importa com o bem-estar deles. Assim como sua mãe faz.
O pequeno peito de Carly inchou com o elogio do manno. Lembrou a Grim que eram as pequenas coisas que faziam que realmente afetavam aqueles que amava. Um rugido dos guerreiros fez com que Grim e Carly voltassem a atenção para a arena e encontrassem Tagma com três marcas em seus braços e Oya com apenas duas, declarando o Capitão da guarda do castelo o vencedor.
— Posso ir me certificar de que o cozinheiro está bem? — Carly perguntou, olhando de volta para o manno.
— Sim, Ion e Nairn irão acompanhá-la. — Os dois guardas que nomeou imediatamente se moveram para a escada.
Oya grunhiu seus agradecimentos enquanto pegava o pano que Tagma segurava, para limpar o suor e a sujeira de sua batalha.
— Foi um bom jogo, velho amigo.
— Sim. — Concordou Tagma. — Certificarei-me de passar mais tempo nos campos antes de nos encontrarmos no próximo Festival.
— Isso não mudará o resultado. — Declarou Oya. — Seu tempo na cozinha entorpeceu suas habilidades.
— Como se andar em uma parede tivesse aguçado a sua. — Respondeu Tagma.
— Não sou o único fora da competição. — Disse Oya presunçosamente. — Bem, se deseja grandes recompensas, deve provar que é digno.
— Cozinheiro! — A voz jovem fez os dois Guerreiros girarem rapidamente para encontrar a Princesa Carly correndo na direção deles, dois dos Guardas de Elite da Rainha seguindo de perto.
— Princesa Carly. — Tagma franziu o cenho para Ion e Nairn, mesmo quando ficou sobre um joelho, para então ficar quase no nível dela. — Aqui não é lugar para você.
— Eu queria ter certeza de que você está bem. O manno disse que estava, mas... — Ela estendeu a mãozinha, mas não tocou os cortes vermelhos que marcaram seu braço e peito, cortesia da lança de Oya.
— O Rei... seu manno. — Corrigiu-se Tagma, com os olhos arregalados ao ver como ela se referia a Grim. — Está certo. Desaparecerão pela manhã.
— Verdade? — Seu olhar âmbar procurou o dele.
— Verdade, pequena. Verá isso por si mesma quando vier me ajudar com os biscoitos amanhã.
Carly ficou em silêncio por um momento e todos os machos ao redor puderam ver que ela estava pensando.
— Tudo bem, mas quero ter certeza. — Disse ela e antes que alguém soubesse o que ela estava fazendo, se inclinou para frente e pressionou um pequeno beijo em cada corte vermelho. — Sempre que me machuco, mamãe beija meus dodóis e isso os faz sentir melhor. Eu fiz o seu se sentir melhor, Tagma?
A respiração de Tagma ficou presa por um momento e sabia que, mesmo se estivesse com a dor mais excruciante, ainda lhe diria que ela o deixou melhor.
— Você fez, pequena. — Disse a ela. — Obrigado.
O sorriso que ela o presenteou brilhou mais que o sol de Tornian.
— Bom. Eu o vejo amanhã então. — Com isso e um pequeno aceno, ela se foi.
Lentamente se levantando, Tagma olhou para Oya.
— Acho que acabei de receber uma recompensa maior do que você poderia receber na arena.
— Verdade. — Oya concordou em voz baixa.
Lisa caminhou pelas barracas conversando com os vendedores, observando atentamente o que tinham para oferecer. Havia pequenos pedaços de coisas que ela não conseguia identificar. Joias artesanais. Cestas tecidas. E claro, haviam lâminas e espadas de todas as formas e tamanhos. Vê-las fez com que se conscientizasse da Garra do Raptor presa a seu braço. Grim insistiu que ela carregasse. Não importava que estivesse cercada pela sua Guarda de Elite. Carregava a prole dele e ele não se arriscaria.
Não pode deixar de sorrir enquanto esfregava a pronunciada barriga que já ostentava. A filha não nascida de Grim estava fazendo sua presença conhecida, fazendo Lisa parecer mais como se estivesse grávida de cinco meses, em vez dos três que era.
Sabia que Grim estava preocupado. Seu tamanho aumentando rapidamente. Ele temia que conceber sua descendência a prejudicasse, mas Lisa não estava preocupada. Sim, os descendentes de Tornianos eram maiores que os humanos ao nascer ou ao serem apresentados como se referiam. E sim, a duração da gravidez era um mês mais curta, mas Hadar e Rebecca estavam constantemente a monitorando e ela se sentia bem.
— Mamãe, podemos ver se Dagan quer brincar no jardim? — Miki perguntou, com um olhar esperançoso.
Observando um pouco mais abaixo no caminho, Lisa viu Padma com Gossamer e Dagan ao seu lado. Todos deixaram a arena juntos durante o intervalo entre as rodadas, mas se separaram enquanto vagavam pelas barracas.
— Não quer continuar assistindo o torneio? — Quando as meninas apenas se olharam, Lisa franziu a testa. — Meninas?
— Nós não gostamos de vê-los lutar, mamãe. — Carly sussurrou olhando para ela com olhos arrependidos. — Eu sei que manno disse que não estão realmente sendo feridos, mas ainda estão sendo feridos.
— Entendo.
— Manno ficará louco? — Miki perguntou.
— Louco com o que? — Grim perguntou, se aproximando por trás delas. Não gostou da maneira como suas garotas saltaram em sua pergunta ou os olhares culpados que eles lhe deram. Olhou interrogativamente para Lisa. — Minha Lisa?
— As garotas estavam apenas perguntando se elas e Dagan poderiam ir brincar no jardim.
Grim franziu a testa para isso, sua mente repassando as questões de segurança envolvidas. O Festival estava sendo realizado nos terrenos entre a entrada da Casa Luanda e o portão, tornando-o facilmente defensável com guardas posicionados ao longo das muralhas. Os jardins que suas meninas gostavam de brincar estavam atrás da casa. Tinham guardas lá, mas não tantos.
— Por favor, manno? — Miki perguntou e dois conjuntos de pequenos olhos imploraram aos seus. Grim sentiu seu coração derreter. Havia pouco que pudesse negar quando suas garotas o olhavam daquele jeito.
— Devem levar Ion, Nairn e Caius com vocês. — Ele finalmente concordou e os guardas nomeados se adiantaram.
— Sim, manno! — Elas gritaram, pulando para cima e para baixo.
— E irão obedecê-los. — Ele rosnou quando se ajoelhou para dar a cada uma delas um abraço.
— Iremos, manno. Verdade. — Prometeram, cada uma beijando uma bochecha. Com isso, foram correndo em direção a Dagan, seus guardas correndo para acompanhá-las.
— Parece que estava certa novamente, minha Lisa. — Disse Grim, seu olhar finalmente deixando as meninas.
— Apenas porque sou pai e mãe há mais tempo que você. Um dia elas irão querer assistir e será quando não irá querer.
— Por que não irei querer? — Grim questionou, franzindo a testa para ela.
— Porque será quando elas irão olhar para os guerreiros como uma fêmea olha para um macho.
— Não! — A negação de Grim foi alta e fez cabeças virarem em sua direção. — Isso não acontecerá. Nenhum macho jamais será apto ou digno o suficiente para nossas meninas.
— Acho que isso dependerá do que elas decidirem. — Lisa escondeu seu sorriso com a reação de Grim, entrelaçando seu braço ao dele para que pudessem andar. — Mas demorará um pouco até você precisar se preocupar com isso.
— Muito tempo. — Grim concordou.
CAPÍTULO DOIS
— Vamos, Dagan! — Miki gritou. Correndo de onde parou no caminho do jardim. — Carly está quase na rocha.
Miki era a mais nova e a menor dos três. Por causa disso, nunca chegava a lugar nenhum primeiro, mas tentava. Agora estava ganhando de Carly, mas quando olhou para trás, para ver o quão perto Dagan estava, descobriu que ele ainda estava na árvore, mas de joelhos agora.
Diminuindo a velocidade, ela se virou e voltou para ele.
— Dagan? O que há de errado?
— Há algo ali. — Disse ele, inclinando-se para frente para olhar entre os galhos baixos que tocavam o chão.
— Sim? — Ela questionou quando ficou ao lado dele. — O que?
— Não sei, mas ouvi.
— O que está olhando? — Carly perguntou, chegando por trás deles.
— Dagan diz que há algo em nossa árvore. — Miki disse à irmã, seu olhar nunca deixando a árvore.
— Mesmo? — Carly ficou ao lado deles. — O que?
— Não sei. — Repetiu Dagan. — Mas...
Apenas então, um grito curto e agudo veio debaixo da árvore, fazendo com que os três caíssem em seus traseiros.
— Há... há algo lá embaixo. — Miki sussurrou e rapidamente ficou sobre suas mãos e joelhos, rastejando para mais perto da árvore.
— Miki, volte. — Carly disse a ela. — Você não sabe o que é.
— Seja o que for, está com dor. E tem medo. — Disse Dagan.
— Como sabe? — Carly perguntou olhando para Dagan.
— Apenas sei. — Disse ele, encolhendo os ombros.
— Então precisamos ajudar. — Disse Miki, ainda rastejando sob os galhos.
— Miki! — Carly tentou agarrar o tornozelo de sua irmã, mas Miki se moveu muito rápido.
— Vamos, vocês dois, é incrível aqui embaixo.
Dagan e Carly se entreolharam. Miki sempre fazia isso. Ela apenas corria e esperava que eles a seguissem. Isso os colocou em apuros mais de uma vez.
— Não podemos deixá-la sozinha. — Disse Dagan.
— Eu sei. — Carly suspirou. Às vezes odiava ser a irmã mais velha. — Vamos lá.
Juntos, eles se arrastaram e ficaram chocados com o que descobriram. Os galhos baixos do lado de fora estavam realmente presos à árvore a vários metros de altura, deixando uma grande área aberta que era como um mundo particular destinado apenas a eles.
— Uau... — Carly sussurrou enquanto olhava ao redor.
— Eu disse. — Miki falou, lançando um olhar presunçoso.
— Olhem. — Chamou-as Dagan e seus olhares foram para onde ele apontou para a forma escura perto do tronco da árvore.
E de repente, o que parecia ser uma massa pequena e não ameaçadora subiu e cresceu até ficar quase tão alto quanto Miki. Ele abriu as asas e soltou um guincho que os fez cobrir as orelhas e olhar em estado de choque.
— É um Raptor. — Carly sussurrou, sua voz cheia de admiração.
— Ele está machucado. — Dagan apontou para a ponta de uma das asas que estava pendurada.
— Mas ele não pode se machucar. — Miki gritou em desespero. — É o Grande Raptor. Quem vai nos proteger agora?
O pássaro inclinou a cabeça para o lado, seu olhar roxo encarando Miki como se entendesse suas palavras. Lentamente, dobrou as asas de volta para os lados.
— Este não pode ser o Grande Raptor, Miki. — Carly disse a ela. — Não é grande o suficiente. Manno disse que ele era tão grande que podia bloquear o sol.
— Verdade. — Murmurou Miki. — Mas talvez ele seja o filho do Grande Raptor.
— Manno nunca disse isso em nenhuma de suas histórias.
— Talvez não tenha chegado a essa parte da história ainda. — Miki levantou o queixo teimosamente para sua irmã. — Ele disse que tinha milhares de histórias ainda para nos contar.
— Verdade. — Carly precisava concordar com sua irmã.
— Como podemos ajudá-lo? — Miki olhou para Dagan.
— Não sei com certeza. — Disse Dagan lentamente, inclinando a cabeça para o lado, assim como a do Raptor. — Nunca encontrei um Raptor antes.
— Mas encontrou outros animais, certo? — Miki exigiu. — Você nos contou como curou um Kepie.
— Sim, mas esse é um pássaro muito menor.
— Então, curar um maior deve ser mais fácil. — Miki disse a ele.
— Tudo que fiz foi mantê-lo aquecido e ter certeza que tivesse comida e água. O resto aconteceu sozinho.
— Oh. — Miki franziu a testa para isso. — Bem, isso é o que faremos para o Príncipe.
— Príncipe? — Ambos, Dagan e Carly perguntaram.
— Bem, é isso que ele é, não é, se é o filho do Grande Raptor? O Grande Raptor protege Luda assim como o manno, e manno é um Rei. Então o Grande Raptor é um Rei. E seu filho é um Príncipe, assim como somos Princesas.
Dagan e Carly se viram vagarosamente acenando para a lógica de três anos de Miki e parecia que o raptor também gostou, enquanto soltava um grito baixo e depois voltava a pousar no chão, com a asa machucada se movendo levemente. Seus olhos penetrantes estavam prestes a fechar quando o chamado de Ion os fez virar.
— Princesa Miki! Princesa Carly! — Gritou Ion, seus passos rápidos seguidos por Nairn e Caius. — Onde estão?
— Nós precisamos ir, Miki. — Carly sussurrou, espiando entre os galhos uma vez que seus guardas passaram.
— Mas e o Príncipe?
— Ele ficará bem aqui, Miki. — Dagan disse a ela. — Foi por isso que ele escolheu este local.
— Mas... ele precisa de comida e água, olha... — Ela apontou e todos eles viram um arrepio passar por seu corpo negro. — Ele está com frio.
— Nós voltaremos com tudo isso, mas precisamos ir, Miki. Caso contrário, Ion dirá a manno que não o obedecemos e então não poderemos voltar para o Príncipe.
— Ah, tudo bem. — Resmungou Miki, obviamente não feliz, mas concordando. Quando começaram a engatinhar, ela parou e olhou para o raptor trêmulo. Tirando a capa, se arrastou em direção à criatura mortal. — Aqui, fique com isso. Padma me fez outra.
Cuidadosamente ela colocou a capa sobre o pássaro, sem notar o quão perto estava do bico afiado e mortal.
— Volto assim que puder com comida e água. Apenas descansa e tenta melhorar. — Com isso, ela saiu de debaixo da árvore.
— Miki. — Lisa esperou até que o olhar de sua filha mais nova se erguesse do prato para ela. Ambas as garotas estavam anormalmente quietas durante a refeição. — Ion disse que você perdeu sua capa hoje. Como?
— Eu... humm... — O olhar de Miki foi para Carly antes de voltar para sua mãe. Nunca mentiu para sua mãe antes. Bem, na verdade não. Não contou que apenas tinha dois biscoitos quando na verdade tinha três. Mas isso... — Eu tirei para poder explorar uma das árvores e esqueci de colocá-la de volta.
— Mas estava frio. — Disse Grim franzindo a testa para ela.
— Não estava assim tão frio, manno.
— Estou desapontada com você, Miki Renee. — Lisa disse a ela. — Padma trabalhou muito para criar essa capa para você e simplesmente a deixou?
— Sinto muito, mamãe. — Os pequenos olhos de Miki se encheram de lágrimas quando olhou para a mãe.
— Amanhã iremos ao jardim e encontraremos sua capa.
— Sim, mamãe.
— Agora termine de comer. — Ela olhou para Carly, vendo que quase não comeu nada. — Ambas. Então se prepararem para cama.
— Sim, mamãe. — Disseram juntas.
As duas terminaram rapidamente a refeição e quando se levantaram, Miki parou ao lado de Grim.
— Você vai nos contar outra história sobre o Grande Raptor, manno?
— Sim, quando estiverem na cama. — Grim disse a ela, se perguntando o porquê desta pergunta. Ele sempre lhes contava uma história, mas antes que pudesse perguntar, elas saíram.
— Elas estão tramando alguma coisa. — Disse Lisa, observando as meninas saírem da sala e sussurrando uma para a outra.
— O que poderiam fazer? — Grim perguntou franzindo a testa. — Tinham guardas com elas o dia todo.
— Então onde estavam quando Miki tirou a capa?
— Eu... — Grim percebeu que ela estava certa. Isso não deveria ser possível. — Você está certa. Encontrarei melhores guerreiros para proteger nossas garotas.
— Grim, não, não foi isso que quis dizer. Ion e Nairn são os guardas perfeitos para as garotas. — Ela instantaneamente defendeu os dois guerreiros. Eles mais que provaram a si mesmos enquanto se sacrificaram para que ela e as meninas pudessem fugir quando Luuken tentou levá-las. — Eles dão a elas o espaço que precisam para brincar e explorar, para serem garotinhas, enquanto ainda as protegem. O que estava tentando dizer, é que nossas garotas são inteligentes e se quiserem esconder algo de nós, poderiam.
— Você acha que é isso que elas estão fazendo?
— Sim.
— Então as farei dizer o que é. — Grim ficou de pé, querendo ir atrás de suas garotas.
— Não, Grim.
— Não? — Ele se virou para ela. — O que quer dizer? Elas não deveriam esconder coisas de nós. E se for algo que as prejudique?
— Você está me dizendo que nunca escondeu as coisas do seu manno enquanto crescia?
— Eu... — As bochechas de Grim escureceram. — Sim, mas isso é diferente.
— Mesmo? — Lisa sorriu enquanto se levantava e entrava nos braços dele. — Por que?
— Porque sou do sexo masculino e elas são do sexo feminino. — Ele disse a ela rudemente, envolvendo-a em seus braços.
— Mesmo? — Lisa se recostou em seus braços, dando-lhe um olhar de provocação. — Essa é a razão? Porque você é macho?
— Fêmeas...
— Tem tanto direito de fazer o que quiserem quanto qualquer macho.
— Elas precisam ser protegidas. — Argumentou.
— Verdade. — Ela concordou. — Mas fazer um não significa que não pode fazer o outro. Elas precisam explorar, Grim. Precisam encontrar seu lugar neste mundo. E não podem fazer isso se você as trancar. E se não lhes der alguma liberdade. O jardim é um lugar seguro.
— Não foi para você. — Ele rosnou, lembrando-se de Luuken.
— E isso nunca acontecerá novamente. Não apenas porque Wray me reconheceu como sua Rainha, mas porque você triplicou os guardas naquela parte da muralha. — Ela estendeu a mão para acariciar gentilmente sua bochecha. Sabia que ainda o incomodava que ela tenha sido atacada em seu jardim. — Estamos seguros aqui, Grim. Por sua causa.
— Você significa tudo para mim, minha Lisa. Você, nossas garotas e a que ainda está por vir. — Ele estendeu a mão cuidadosa sobre seu estômago protuberante.
Lisa não pode deixar de sorrir. Grim amava vê-la mudando de forma. Estava sempre tocando e a acariciando, especialmente sua barriga. Ele ainda não conseguia acreditar que tinha um descendente crescendo ali.
— E você significa tudo para nós.
— Manno! — As vozinhas das garotas vieram do quarto. — Estamos prontas para nossa história.
— E parece que as que temos atualmente estão impacientes por sua história.
— Sim, elas sempre estão. — Ele sorriu com isso. — Então nós as deixamos manter o segredo?
— Por enquanto, sim. Elas não serão capazes de mantê-lo por muito tempo. — Disse a ele e juntos foram para suas meninas.
— Manno?
— Sim, minha Miki? — Grim perguntou, sentando-se ao lado dela na cama que compartilhava com sua irmã.
— Pode nos contar uma história sobre o filho do Grande Raptor?
— Seu o que? — Grim olhou para Lisa, que estava do outro lado da cama ao lado de Carly e franziu a testa.
— Prole masculina. — Lisa disse. Ainda havia momentos em que as palavras da Terra escorregavam em suas conversas e Grim não entendia.
— Oh. — Ele olhou de volta para Miki. — Por que acha que ele teve um filho, Miki?
— Bem, ele teria que... verdade? Você tem mamãe e nós. O Grande Raptor também deve ter uma família.
— Eu... — Grim percebeu que em toda a sua existência isto era algo que nunca considerou. O Grande Raptor apenas existia. Mas olhando para a expectativa nos olhos de suas filhas, ele sabia que não poderia desapontá-las.
— O filho do Grande Raptor o ajuda a guardar os céus de Luda...
Lisa soltou um suspiro cansado enquanto descansava a cabeça no peito de Grim com uma perna jogada sobre a dele, sua mão descansando sobre seu coração, enquanto sua barriga arredondada aninhava-se contra a dele. Grim puxou-a para perto, sua mão acariciando suavemente sua barriga.
— Você fez muito hoje. — Ele rosnou bruscamente.
— Não muito. — Ela negou. — Não me encontrei com Ull, como planejamos, mas foi um longo dia.
— Você se encontrará com eles amanhã.
— Com eles? — Inclinou a cabeça para olhá-lo. — Pensei que me encontraria apenas com Ull.
— Eu também, mas parece que há uma nave Kaliszian viajando com ele.
— Por que? Por causa da nave Ganglian que os Kaliszianos encontraram com as fêmeas da Terra?
— Sim, é o que penso.
— Então precisamos nos levantar e nos encontrar com eles. — Lisa começou a se levantar, apenas para Grim apertar seu braço, acalmando-a.
— Ull já voltou para o Seacher. Ele e os outros voltarão amanhã depois que você descansar.
— Oh. — Ela deitou a cabeça em seu peito e se aconchegou mais perto, silenciosamente feliz por não ter que sair da cama. — Você fez um trabalho maravilhoso inventando essa história sobre o filho do Grande Raptor.
— Foi tão óbvio?
— Apenas para mim.
— Elas sempre me surpreendem com suas perguntas.
— Elas sempre o fazem olhar as coisas de um jeito diferente, não é?
— Sim. — Ele concordou, estendendo a mão para tocar as impressões azuis e verdes presas ao colar que as garotas lhe deram naquela manhã, quando pediram para chamá-lo de manno.
Lisa cobriu a mão dele com a dela, sabendo o que estava pensando.
— Elas amam muito você, Grim. Eu também.
— Eu sei. — Disse rudemente, seus dedos apertando os dela. — Isso me faz o macho mais abençoado em todos os universos conhecidos ou desconhecidos. Agora descanse, minha Lisa.
CAPÍTULO TRÊS
— Comam, garotas. — Disse Lisa às filhas na manhã seguinte. — Assim que estiverem prontas, encontraremos a capa que você esqueceu no jardim ontem.
— Sim, mamãe. — Disseram, mas Lisa captou o olhar que elas deram uma a outra. Sim, definitivamente havia algo acontecendo que não queriam que Grim ou ela, soubessem. Teria que ficar de olho nelas.
— Lisa. — Grim voltou para o quarto deles. Ele saiu por um tempo para receber um comunicado. — Ull e os outros estão descendo. Esperam por nós na minha Sala de Comando.
— Já?
— Sim, parece que o General Rayner quer voltar a Pontus o mais rápido possível.
— General Rayner?
— Ele é o Comandante Supremo da Defesa Kaliszian. — Grim informou. — A outra nave viajando com o Seacher é dele. Ele também tem sua Companheira Verdadeira com ele.
— Companheira Verdadeira?
— Esqueci que você ainda não conheceu um Kalisziano.
— Não, não o fiz, mas Kim me contou sobre o que deu a ela uma lâmina.
— Sim, esse é o General Rayner.
— Isso salvou sua vida em Vesta. Gostaria muito de conhecer o macho que desafiou Wray e deu a ela aquela lâmina.
Os lábios de Grim se apertaram quando se lembrou de Wray dizendo-lhe exatamente o que aconteceu entre ele e o General. Se o General não tivesse recuado, os dois impérios poderiam estar agora em guerra, algo que ninguém queria. Eles precisavam muito um do outro.
— Rayner não é um macho que você deseja como inimigo. — Disse ele. — Que tenha uma Companheira Verdadeira com ele é surpreendente embora.
— Por que? Os Kaliszianos escondem suas Companheiras Verdadeiras da mesma maneira que vocês, os Tornianos, fazem com suas fêmeas?
— Não, não há razão para isso. Enquanto os Kaliszianos têm fêmeas mais que suficientes, eles não tiveram Companheiras Verdadeiras desde que a Grande Infecção atacou.
— Quer dizer além de tirar sua habilidade de alimentar seu povo, a Grande Infecção também tirou a habilidade dos Kaliszianos de encontrar o amor verdadeiro?
— Sim.
— Isso parece duplamente duro.
— Os dois foram prejudicados, minha Lisa. — Ele gentilmente lembrou a ela, seu olhar indo para Carly e Miki. Sempre acreditou entender o horror do que o Imperador Berto fez com suas jovens fêmeas. Mas agora, olhando para sua prole olhando-o com tanto amor e confiança em seus olhinhos, o verdadeiro horror o atingiu e o deixou enojado. Esse tipo de traição era tão impensável, tão maligno. E se um macho sequer pensasse em suas garotas dessa maneira, ele terminaria com sua vida. Dolorosamente.
— Grim? — Lisa perguntou baixinho, tirando sua atenção das garotas. Ela não gostou do quão duro seus olhos ficaram ou como a pele dele escureceu. Apenas o viu assim uma vez antes e isso foi depois que Luuken a atacou. Olhando de volta para suas filhas, percebeu o que o deixou tão chateado, o pensamento de suas filhas sendo abusadas dessa maneira. — Isso nunca acontecerá, Grim. Você não permitiria que alguém as prejudicasse.
— Não foi ninguém, Lisa. — Ele murmurou, olhando-a.
— Não, não foi. Mas isso é algo que você nunca faria. — Levantando a mão, ela colocou em seu estômago. — Com qualquer um dos nossos descendentes.
— Eu não faria, minha Lisa. — Sua mão se curvou protetoramente sobre seu estômago. — Meu voto.
— Eu sei. — Ficando na ponta dos pés, ela gentilmente beijou seus lábios.
— Senhor. — Eles se viraram para encontrar Alger de pé na porta. — O Guerreiro Ull e o General Rayner estão esperando.
— Nós já vamos, Alger.
— Sim, Majestade. — Alger inclinou-se levemente para Lisa e saiu.
— Garotas. — Lisa olhou para elas. — Seu manno e eu precisamos nos encontrar com algumas pessoas. Ion e Nairn ficarão com vocês.
— Eles podem nos levar para o jardim para que possamos encontrar minha capa? — Miki perguntou.
Lisa franziu a testa. Quando avisou às garotas que, logo após a primeira refeição, elas encontrariam a capa esquecida nenhuma delas ficou entusiasmada.
— Você quer ir encontrar sua capa?
— Sim, mamãe. — Miki disse a ela.
— Tudo bem. Ion e Nairn podem levá-las.
Olhando por cima dos ombros para se certificar de que Ion e Nairn não estavam vigiando-as, Carly e Miki foram rapidamente sob os galhos onde o raptor descansava.
— Oi, Príncipe. Voltamos. — Miki disse se movendo em direção ao pássaro que estava aconchegado no ninho que fez com sua capa. — Está se sentindo melhor?
Sem que o raptor a olhasse, ela continuou.
— Nós lhe trouxemos algo para comer.
Isso fez Príncipe levantar a cabeça, seus olhos roxos se concentraram nas tiras de rashtar que ela estava tirando do bolso. Ela conseguiu colocá-las em seu bolso na primeira refeição enquanto sua mãe e manno estavam conversando. Sentando-se na frente dele, quebrou um pedaço e o estendeu para ele.
— Tenha cuidado, Miki. — Disse Carly, sendo a irmã protetora de sempre.
— Ele não vai nos machucar, Carly. — Miki disse a ela com toda a confiança de uma criança de três anos. — Estamos ajudando-o.
Enquanto as meninas conversavam, o raptor se levantou de seu ninho quente até se erguer sobre elas. Lentamente, abaixou o bico mortal e cuidadosamente pegou a comida da mão dela.
— Veja. — Miki disse para sua irmã presunçosamente. — Eu te disse que ele não iria nos machucar.
Lisa não fez nenhum comentário quando Grim entrou na frente dela, parando por um momento enquanto abria as portas da Sala de Comando. Ela sabia por que fazia isso. Embora Ull e o General Rayner fossem considerados homens valiosos, Grim não se arriscaria com sua segurança e de sua filha por nascer. Depois de vários momentos tensos, ele se moveu para o lado e colocou uma mão protetora na parte de baixo de suas costas, guiando-a para a sala.
Ao lado de Alger e Agee, havia outras três pessoas. Um era o guerreiro que ela conhecia como Ull. A alguns passos dele estava um homem enorme com contas no cabelo e atrás dele havia uma pequena figura encapuzada.
— Guerreiro Ull. — Lisa reconheceu, seu olhar frio percorrendo-o. Ela ainda não tinha certeza se ele era a pessoa certa para essa tarefa, mas lhe daria a o benefício da dúvida, já que Grim e Wray pareciam pensar que ele era.
Depois de um momento, que se arrastou tempo suficiente para Grim começar a rosnar seu descontentamento, Ull se curvou levemente.
— Majestade.
Grim deu a Ull um olhar duro antes de levar Lisa para o outro macho.
— Lisa, este é o General Treyvon Rayner, Comandante Supremo da Defesa de Kaliszian. General Rayner, minha Rainha, Lisa Vasteri.
— Majestade, é uma grande honra conhecê-la. — Treyvon cruzou um braço sobre o peito e fez uma reverencia mais profunda que Ull. — Posso apresentar minha Companheira Verdadeira, Jennifer Rayner.
A figura encapuzada deu um passo à frente e quando o capuz da capa se abaixou, Lisa ofegou.
— Você é da Terra!
— Sim. — Jen afirmou.
— Mas... o que? Como? Apenas assumi que você seria Kalisziana. — Ela se virou para encarar Grim. — Não me disse que ela era da Terra.
— Eu não sabia. — Disse Grim, franzindo a testa para o General.
— Poucos podem saber que existem fêmeas da Terra no Império Kaliszian e que podem ser nossas Companheiras Verdadeiras. — Treyvon olhou firme para os guardas na sala.
— Isso é verdade. — Grim concordou, seguindo para onde o olhar de Rayner foi. Alger e Agee são confiáveis. São Capitães da Guarda de Elite dele e de sua Rainha.
— Você foi encontrada na nave Ganglian? — Lisa ignorou a conversa entre Grim e Rayner, falando diretamente com Jennifer.
— Não, fui tomada pelos Ganglians há mais de um ano e meio.
— Um ano e meio... — Os olhos de Lisa se arregalaram. — Espere, seu nome é Jennifer?
— Sim.
— Jennifer Teel?
— Sim. — Jen ficou surpresa por essa mulher fazer a conexão tão rápido. — Kim é minha irmã mais nova.
— Oh meu Deus! — Lisa estava imediatamente abraçando Jennifer antes que qualquer macho pudesse se mexer. — Kim sabe? Claro que sabe. O que eu estou dizendo? Ela a mandou aqui. Deve estar em êxtase! Mas espere... — Lisa se afastou um pouco, franzindo a testa. — Por que está aqui? Por que não está com ela e Destiny? Ela sentiu tanto a sua falta e ficou tão preocupada com você.
— E eu senti sua falta e fiquei preocupada com ela também. — Jen sorriu para Lisa. Ela era exatamente como Kimmy a descreveu. Bonita, inteligente e carinhosa. — Nós passamos quase uma semana juntas antes do Guerreiro Ull chegar. — Ela disse olhando para Ull. — Kimmy queria que eu ficasse mais tempo, mas há mais vidas envolvidas aqui do que apenas as nossas.
— Está falando sobre a nave Ganglian cheia de mulheres da Terra que os Kaliszianos interceptaram. — Disse Lisa, levando-a para um dos sofás da sala.
— Sim, Kimmy me contou sobre o que aconteceu com você e as outras mulheres, que os Tornianos fizeram exatamente como os Ganglians fizeram conosco.
O grunhido desagradado de Grim fez as duas mulheres olharem para ele e Rayner se moveu para ficar entre o Rei e sua Companheira Verdadeira.
— Não rosne para mim, Rei Grim. — Jen disse olhando para ele. — Isso realmente aconteceu.
— Ela está certa, Grim. — Lisa disse a ele em voz baixa. — Eu sei que você fez o seu melhor, certificando-se que pegassem apenas fêmeas desprotegidas e que nenhuma de nós foi abusada como Kim e Jen foram, mas isso ainda não faz a coisa certa.
— Eu não fui abusada. — Jen informou Lisa. — E nem as mulheres que foram encontradas na última nave Ganglian. — Ignorou o olhar chocado de Lisa e continuou. — Mas os Ganglians não são tão seletivos quanto os Tornianos. Eles apenas pegam qualquer fêmea que encontram. Jovem, velha, casada, solteira. Não importa para eles.
— Oh meu Deus.
— Por isso que precisamos ir para Pontus primeiro. — Jen olhou para Ull. — Para pegá-las e levá-las à Terra, junto com os homens que vieram com Mac e eu.
— Mac? — Perguntou Lisa.
— Mackenzie Wharton. Bem, Kozar agora. — Corrigiu Jen. — A guia que estava conosco quando os Ganglians nos levaram. Ela é agora a Companheira Verdadeira do segundo em comando de Treyvon e a outra razão pela qual precisamos voltar a Pontus.
— Essas fêmeas não devem ser devolvidas. — Ull rosnou.
— Está não é sua decisão. — Jen disse a ele, olhando-o com raiva. — Elas estão sob a proteção do Império Kaliszian e você recebeu ordens do seu Imperador, o marido da minha irmã, para devolvê-las em segurança. E por Deus, é melhor fazê-lo ou reze para que Wray chegue antes de mim!
Grim encontrou seus lábios se contorcendo enquanto a companheira de Rayner desafiava destemidamente o primeiro macho de um dos Lordes mais poderosos do Império Tornian.
— Parece que sua Companheira é tão destemida ao lidar com machos muito maiores quanto minha Lisa. — Grim murmurou para Rayner.
— Ela é. — Rayner concordou, relaxando a postura um pouco. — Ela é forte e sobreviveu mais do que qualquer fêmea deveria. E se voltar a rosnar assim, acabarei com você. Irmão de sangue do Imperador ou não.
Os olhos de Grim se estreitaram por um momento, ignorando o modo como as mãos de Alger e Agee ficaram tensas no punho de suas espadas ouvindo a ameaça de Rayner.
— Não o farei. — Grim concordou e seus Capitães relaxaram. — Sinto o mesmo sobre a minha Rainha.
Olhando um para o outro, os dois machos dominantes perceberam que tinham mais em comum do que imaginavam.
Mais tarde naquele dia, Lisa se viu andando pelos corredores de Luanda, distraidamente passando a mão pelo estômago enquanto pensava sobre tudo que descobriu naquele dia. Jennifer era uma mulher verdadeiramente incrível. Elas se sentaram e conversaram enquanto Grim, Treyvon e Ull discutiam o que consideravam importante, mas o que ela e Jennifer discutiram era muito mais.
Não apenas os Kaliszianos começaram a encontrar suas Verdadeiras Companheiras novamente, algumas humanas, outras não, eles também eram capazes de conceber descendentes com humanos. Era a outra razão pela qual Jen queria retornar a Pontus. Sua amiga, Mackenzie, concebeu com seu Companheiro Verdadeiro e enquanto as duas espécies eram semelhantes, os Kaliszianos não tinham conhecimento real de como lidar com uma fêmea grávida da Terra.
Lisa imediatamente entendeu o que Jen queria. Queria levar Rebecca para Pontus com eles. Queria que Rebecca checasse Mackenzie e compartilhasse seu conhecimento sobre as fêmeas da Terra com o curandeiro Kalisziano, Luol. Algo que Lisa sabia que Grim lutaria contra. Ele gostaria que Rebecca permanecesse em Luda para que pudesse cuidar dela até que sua prole fosse apresentada. Mas Lisa sabia que isso não seria possível. Ah, ela queria Rebecca ali quando desse à luz. Mas até então, havia outras que precisavam das habilidades de Rebecca. Jennifer também confessou que gostaria que Rebecca a examinasse porque acreditava que também estava grávida.
Sim, foi uma manhã movimentada, mas informativa e ainda havia mais que precisava ser decidido. Mas primeiro deveria checar as garotas. Olhando para cima, viu Nairn se aproximando.
— Você está de volta do jardim?
— Sim, Majestade. O cozinheiro prometeu às princesas que poderiam ajudá-lo a fazer biscoitos.
— Claro. — Lisa sorriu. Nada mantinha as meninas fora da cozinha quando o guerreiro Tagma fazia biscoitos. — Miki encontrou sua capa?
— Sim, Majestade.
Lisa conhecia bem os machos de Luanda, especialmente os da Guarda de Elite. Ela podia dizer que havia algo mais que Nairn queria dizer.
— O que foi, Nairn? As meninas desobedeceram?
— Não! Claro que não, Majestade. As princesas são sempre bem comportadas.
— Isso é uma mentira, Nairn. — Lisa suavemente repreendeu. — Sabe que elas gostam de ver se podem se esconder de você.
Nairn sorriu levemente.
— Isso é verdade, Majestade. Então nós as deixamos.
— O que?
O olhar no rosto de sua Rainha fez Nairn perceber que ela entendeu mal e ele rapidamente a tranquilizou.
— Nós sabemos onde elas estão, Majestade, apenas as deixamos pensar que não.
— Oh, bem, isso é bom. Inteligente também. — Lisa deveria saber que nunca permitiriam que Carly ou Miki se afastassem deles. — Então, o que elas estão fazendo, que acham que você não notou, que o está incomodando?
— Elas estão passando muito tempo embaixo de uma das árvores.
— Uma das árvores?
— Sim, é como a que você nos fez trazer para Luanda. Aquela que chamou de árvore de natal, exceto que esta tem galhos baixos e pesados que tocam o chão.
— Então elas se arrastaram para baixo e você não consegue vê-las?
— Sim, Majestade.
— Nós tínhamos uma árvore como essa em nosso quintal na Terra. Elas ficavam embaixo dela por horas.
— Parece que elas também o fazem aqui, mas...
— Mas o que, Nairn?
— Miki foi usando sua capa de pele. Ela voltou vestindo a roxa.
— Ela deixou a pele dela lá?
— Sim e elas pareciam conversar, mas não uma com a outra.
Lisa franziu o cenho para isso.
— Não havia mais ninguém lá?
— Não, Majestade.
— Não há nada no jardim que possa prejudicá-las, Nairn? Não há animais selvagens?
— Não, Majestade. Nós nunca as deixaríamos fora de nossa vista se fosse esse o caso.
— Claro que não, Nairn. Eu sei o quanto você e seus irmãos guerreiros se importam com as garotas.
— E você, Majestade. — Disse Nairn rapidamente, suas bochechas escurecendo levemente.
— Obrigada, Nairn. — Lisa deu-lhe um pequeno sorriso. Ainda a surpreendia a facilidade com que esses guerreiros grandes e fortes podiam ficar confusos ao conversar com uma fêmea. — Vou falar com Grim sobre isso e ver o que ele quer fazer. Até ouvir de qualquer um de nós, permita que as garotas continuem brincando debaixo da árvore.
— Sim, Majestade.
CAPÍTULO QUATRO
— Debaixo de uma árvore? — Grim franziu a testa quando Lisa contou-lhe o que descobriu, mais tarde naquela noite, depois que as meninas estavam dormindo.
— Sim. — Disse ela, puxando seus pés para baixo enquanto se aconchegava em seu lado.
Grim estendeu a mão e puxou a manta das costas do sofá, certificando-se que seus pés descalços estivessem cobertos, antes de responder. — Não deve haver nada no jardim que possa prejudicá-las, mas irei amanhã e me certificarei.
— Obrigada. — Ela disse olhando-o.
— Não precisa me agradecer por proteger nossas meninas. — Disse a ela.
— Eu sei, mas também sei que há muitas outras coisas que você precisa ver amanhã. Poderia simplesmente ter Ion ou Nairn checando e se reportando.
— É verdade, mas isso é algo que eu preciso ver. — Grim estendeu a mão tocando as impressões digitais de vidro no colar que usava. — Afinal, eu sou seu manno.
— Você é. — Ela concordou, sorrindo para ele com sono.
— E sou seu macho. — Levantando-se, ele pegou-a em seus braços. — E agora preciso cuidar de você.
— Oh você precisa? — Lisa perguntou enquanto pressionava um beijo na cicatriz grossa que corria pelo pescoço dele.
— Sim. — Ele disse rudemente. — Está cansada. Precisa descansar.
— Sim. — Ela concordou. — Mas nunca estou cansada demais para amar meu macho e sim, Grim. Amo você.
— E eu te amo, minha Lisa.
— Então me mostre.
— Sim. — Ele jurou e cuidadosamente colocou-a em sua cama, sua boca cobrindo a dela.
Uma Lisa totalmente descansada e totalmente satisfeita sorriu para Grim do outro lado da mesa na manhã seguinte, enquanto as garotas comiam. Finalmente, sabendo que ela precisava afastar seus pensamentos do que fizeram na cama juntos na noite anterior, olhou para as filhas.
— Então meninas, há alguém que gostaria que vocês conhecessem esta manhã.
— Quem, mamãe? — Carly perguntou.
— O nome dela é Jennifer. Ela é a irmã mais velha da Imperatriz Kim.
— Irmã mais velha? Você quer dizer como eu sou para Miki?
— Sim, Carly.
— Mas mamãe, Kim não é parte da família do nosso manno? — Ela olhou para Grim. — Parte da nossa família?
— Sim, bebê. — Lisa disse a ela.
— Então, Jennifer é parte da nossa família também?
Lisa olhou para Grim e percebeu que era algo que nenhum deles considerou, pelo menos não a extensão total disso. Sim, Jennifer estava agora relacionada a eles através de Kim, mas era mais que isso. O General Rayner agora também era da família, porque ele era o Companheiro Verdadeiro de Jennifer e era parente de sangue de Liron, o Imperador Kaliszian. Os dois impérios estavam agora para sempre conectados.
— Sim, Carly, ela é. Então precisamos recebê-la na família.
— Mas...
— Mas o que, Miki? — Lisa perguntou, franzindo a testa para a mais nova.
— Mas... nós queremos ir brincar no jardim.
— Novamente? — Lisa olhou para Grim e viu que ele estava franzindo a testa também. Embora não fosse incomum as meninas brincarem no jardim, geralmente não iam lá por dias.
— Sim. Por favor, mamãe. — Seus olhos âmbar imploraram, depois olhou para o manno e fez o mesmo. — Por favor, manno?
Grim era o guerreiro mais poderoso e temido no Império Tornian, mas olhando nos olhos de Miki, ele se achou tão indefeso quanto um aprendiz de primeiro ciclo contra um guerreiro de elite.
— Por que deseja tanto isso, Miki? — Grim questionou baixinho.
— Bem... uh... porque... — Miki gaguejou, seu olhar em pânico indo para Carly suplicando por ajuda.
— Nós realmente gostamos de brincar lá fora. — Disse Carly.
— Você quer dizer debaixo da sua árvore? — Lisa perguntou.
— Como sabe? — Os olhos de Carly se arregalaram de espanto quando olhou de volta para sua mãe.
— Um passarinho me contou. — Disse Lisa brincando, não querendo que as meninas soubessem que foi Nairn quem contou. Ela não queria que achassem que não tinham liberdade.
— Príncipe disse a você? — Miki sussurrou, seus pequenos olhos ficando ainda mais largos. — Ele fala com você?
— Príncipe? — Lisa perguntou dando-lhes um olhar confuso. — Quem é Príncipe?
— O filho do Grande Raptor. — Miki disse a ela como se fosse óbvio. — Ele machucou sua asa, então estamos ajudando-o a melhorar.
— E como está fazendo isso, Miki? — Grim questionou cuidadosamente, achando que precisava de todo o seu controle de guerreiro para manter o alarme fora de sua voz. Raptores eram criaturas solitárias que raramente atacavam sem causa. Eles matavam apenas quando era uma questão de sobrevivência. Eram o símbolo da Casa Luanda por causa disso. Mas este Raptor estava ferido e até mesmo as criaturas mais nobres poderiam atacar sem pensar quando enlouquecidas pela dor. A ideia de suas filhas doces e inocentes serem expostas a tal criatura fez seu sangue gelar.
— Fazendo o que você faz por nós, manno. — Miki disse a ele. — Estamos nos certificando de que fique seguro, mantendo-o aquecido e levando comida. E está funcionando. Ele parecia melhor ontem. Não é, Carly?
— Uh-huh. — Concordou Carly.
— Você o encontrou no dia do festival? — Lisa olhou para as filhas. — Foi por isso que esqueceu sua capa?
— Príncipe precisava mais, mamãe. Ele estava tão frio e assustado.
— Não duvido disso, Miki, mas deveria ter vindo e contado ao seu mano ou a mim.
— Mas não podíamos, mamãe. — Miki disse a ela.
— Por que bebê?
— Porque... nós precisávamos ajudá-lo. Eu prometi... juramos que o faríamos e se não mantivermos nossos votos... — A testa de Miki franziu enquanto procurava pela palavra. — Então nós não somos dignas, não é verdade, manno? — Ela olhou para Grim. — É o que diz aos seus guerreiros, não é? Que se você não mantiver seu voto, então não é digno e deve sempre proteger aqueles que não podem. Bem, Príncipe não pode se defender agora, então precisamos cuidar dele.
— Isso é verdade. — Grim Admitiu lentamente, olhando de uma garota para outra. Ele não percebeu que elas ouviam atentamente o que dizia aos seus guerreiros. — Um voto é uma coisa muito importante. Mas dando-o, ainda pode pedir ajuda para mantê-lo e nisso, deveria ter perguntado.
— Sinto muito, manno. — Os pequenos lábios de Miki tremeram quando o olhou. — Eu apenas queria ser digna... como você é.
Grim estava imediatamente fora de sua cadeira e de joelhos entre as duas garotas sentadas.
— Você é, Miki, sempre será digna, muito mais digna do que eu. Você também, Carly.
— Verdade, manno? — Carly perguntou.
— Verdade. — Ele abraçou as meninas por um momento e depois se levantou. — Agora, terminem suas refeições e então todos nós iremos ver seu Príncipe.
— Sim, manno. — Disseram em coro e rapidamente voltaram a comer.
Estava cinza e nublado enquanto as meninas levavam Lisa e Grim para a árvore delas. Grim se abaixou sobre um joelho, depois se abaixou ainda mais para ver sob o galho baixo que levantou. Atrás dele, Lisa e as garotas esperavam junto com Nairn e Ion. Ele podia entender porque o Raptor escolheu este local. Estava bem escondido e seus guerreiros não pensariam que uma ameaça pudesse existir em uma área tão compacta. Nenhum macho com mais de cinco anos de idade caberia dentro, mas suas filhas eram muito menores que os jovens Tornianos.
Alcançando embaixo, Grim tirou o que encontrou.
— Cuidado, manno, Príncipe não o conhece. — A preocupação de Carly foi facilmente ouvida. Era outra coisa que ele ainda estava se acostumando. O amor incondicional e a preocupação de sua prole por ele.
— Não há nada aqui para se preocupar, minha Carly. — Disse Grim, enquanto puxava a agora suja, mas vazia, capa de pele.
— Ele se foi. — Miki sussurrou, seu olhar âmbar indo de sua capa para Grim. — Ele sequer disse adeus.
E de repente, um grito alto encheu o ar acima deles e cada cabeça olhou para cima e encontrou o Raptor sentado em um dos galhos mais altos da árvore, olhando-os.
— Meu Deus. — Lisa murmurou baixinho, observando o tamanho do pássaro. Ela imaginou uma criatura muito menor em sua mente, não uma que parecesse tão alta quanto sua filha mais nova. Seu corpo era tão preto e elegante quanto o criado por Gahan que agora estava na sala de comando de Grim. E enquanto suas asas descansavam contra seu corpo, não havia dúvida de que ele era tão mortal quanto qualquer Guerreiro de Elite com seu bico afiado, curvado e garras longas e letais. No entanto, podia ver a inteligência no penetrante púrpura de seus olhos. Não admirava que ele fosse o símbolo da Casa Luanda.
Apenas o pensamento de suas filhas inocentes estarem perto de tal criatura, quanto mais alimentá-la, enviou um arrepio de apreensão pela espinha de Lisa.
— Príncipe. — As pequenas mãos de Miki descansaram em seus quadris quando ela olhava para cima e o encontrava. Não havia um pingo de medo em sua voz. — O que você está fazendo aí em cima? Deveria estar descansando. Nós lhe trouxemos a primeira refeição. — Colocando a mão no bolso, tirou o pedaço de rashtar que guardou da primeira refeição e segurou-o para ele.
Com uma rapidez que ninguém esperaria de uma criatura tão grande e presumivelmente ferida, o Raptor desceu direto para frente de Miki.
Lisa ofegou.
Ion e Nairn avançaram.
Grim sacou a espada.
Mas o intenso olhar violeta do Raptor permaneceu fixo em Miki.
— Oh, você está melhor. — Ela exclamou feliz, sem perceber a tensão dos adultos ao seu redor e aparentemente despreocupada que um pássaro mortal quase tão alto quanto ela acabou de pousar na sua frente. — Estou tão feliz. Aqui. — Ela estendeu o rashtar para ele.
Lisa prendeu a respiração enquanto o bico afiado e mortal do Raptor abaixava em direção à pele suave e desprotegida dos dedos de sua filha mais nova. Mas ele apenas mordeu o rashtar, parecendo saber que poderia prejudicar Miki se não fosse cuidadoso.
— Príncipe, estes são minha mamãe e meu mano. — Miki disse ao pássaro. Ela olhou para sua mãe e sabia que era rude não apresentar as pessoas. — Mamãe, manno, este é Príncipe.
— Eu... — Lisa olhou para Grim por um momento. Ela nunca foi apresentada a um pássaro antes, mas isso parecia ser importante para sua filha, então ela foi junto. — Olá, Príncipe. — Disse e curvou-se levemente para o pássaro, assim como faria com um verdadeiro príncipe. Ela ficou chocada quando ele retornou o gesto, curvando-se mais do que ela, como um príncipe faria com uma rainha. Então, voltou seu intenso olhar para Grim.
Grim ficou completamente chocado com o que estava acontecendo. Enquanto suas histórias de ninar sobre o Grande Raptor foram preenchidas com a forma como a criatura agia e respondia exatamente como um Guerreiro de Elite, eram apenas histórias transmitidas para que um jovem macho soubesse o que se esperava dele. Ninguém realmente pensava que fossem verdadeiras, pelo menos não uma vez que cresciam. Mas aqui estavam suas garotas, cuidando e conversando com um deles, exatamente como disse que deveriam. E o Raptor estava respondendo.
— Príncipe. — Grim abaixou a espada, mas não a embainhou enquanto inclinava a cabeça para criatura.
O Raptor olhou a espada por um momento antes de parecer se curvar ao Rei de Luda.
E de repente, um trovão ensurdecedor rolou pela terra e uma cortina de chuva começou a avançar em direção a eles. Com um grande grito, Príncipe abriu as asas e se lançou no céu.
— Dentro, agora! — Embainhando sua espada, Grim pegou Miki e Carly, uma em cada braço. Então, usando sua estrutura maciça, protegeu Lisa do vento enquanto os movia para Luanda. Quando tempestades como essa apareciam de repente, eram mortais.
Ion e Nairn mantiveram abertas as portas, enquanto Grim corria para dentro com a família, fechando-as quando um clarão ofuscante iluminou o jardim. Isso fez a duas garotas gritarem de medo.
— Calma, pequeninas. Estão seguras.
— Mas Príncipe não, Manno. — Miki olhou para ele, lágrimas enchendo seus olhos.
— Ele está seguro. — Grim a tranquilizou. — Isso é o que ele faz.
— Seu voto? — Ela perguntou, seu lábio inferior tremendo.
— Sim, meu voto, minha Miki.
Lisa descobriu que ainda estava um pouco abalada com o que aconteceu no jardim e o estrondo da tempestade contínua não estava ajudando a acalmar seus nervos.
Pelas meninas estarem tão perto de uma criatura tão perigosa.
Por ela e Grim para sequer saberem que estava lá.
Pela tempestade aparecer tão de repente.
Precisou lutar contra a vontade de segurar as mãozinhas de suas garotas com muita força enquanto caminhavam em direção a Sala de Comando de Grim. Ela pensou estar ciente de todos os perigos que sua nova casa continha, mas todos os dias se encontrava aprendendo algo novo. Como um pássaro perigoso poderia estar em seu jardim. Grim entendeu que ela precisava ter certeza de que seus bebês estavam bem e as levou para o encontro com Ull, o General Rayner e Jennifer. Entrando na Sala de Comando de Grim, viu que todos estavam lá.
— Sinto muito, por deixá-los esperando.
— Está tudo bem, minha Lisa. — Grim a tranquilizou, saindo de trás de sua mesa.
— Meninas, este é o Guerreiro Ull da Casa Rigel. — Lisa começou as apresentações.
— Eu me lembro de você. — Carly disse olhando para Ull. — Você estava na Cerimônia de União.
Ull franziu a testa enquanto a mais alta das jovens falava sem permissão.
— Minha prole está falando com você, Guerreiro Ull. — O grunhido de Grim expressou seu descontentamento com a falta de resposta de Ull a Carly.
— Eu estava. — Ull respondeu rápido. Ele nunca se acostumaria com essas fêmeas da Terra falando sempre que queriam.
— Você é irmão de Ynyr. — Continuou Carly, imperturbável pela falta de calor no rosto de Ull ou em seu tom.
— Sim, seu irmão mais velho.
— Sério? Mas ele já é um Lorde. — Ela disse dando-lhe um olhar confuso.
— E este é o General Treyvon Rayner do Império Kaliszian. — Lisa rapidamente continuou afastando o olhar de Carly de Ull. Ela sabia de suas conversas com Abby que Ull ainda estava tendo dificuldade em lidar com o fato de seu irmão mais novo ter se tornado Lorde antes dele. Isso e que Abby escolheu Ynyr sobre ele.
— Uau. — Miki sussurrou e soltando a mão da mãe, atravessou a sala parando na frente de Treyvon. — Você é quase tão bonito quanto o nosso manno.
— Ele não é! — Carly imediatamente defendeu Grim. — Manno é mais bonito.
— Eu disse quase. — Miki se virou para discutir com sua irmã. — Porque manno sempre será muito mais bonito do que qualquer macho nos Universos Conhecidos.
— É mais bonito. — Lisa corrigiu calmamente suas filhas, enquanto tentava manter o sorriso longe de seu rosto. Especialmente quando viu a gama de expressões cruzando os rostos dos machos.
Ull estava branco em estado de choque. Treyvon obviamente tentava conter sua diversão. Mas Grim era o mais expressivo de todos, pelo menos para ela. Uma careta infeliz cruzou seu rosto ao pensar que outro macho poderia rivalizar com ele aos olhos de Miki, mas seu peito se expandiu com orgulho absoluto de como suas filhas pensavam e falavam dele.
— Já chega, garotas. — Disse Lisa gentil, mas com firmeza, sabendo que seu argumento aumentaria se ela não parasse. — Vocês duas precisam dizer ao General Rayner que sentem muito.
— Desnecessário. — Treyvon começou, mas o olhar penetrante de Lisa o silenciou.
— Sim, é necessário General Rayner. Às vezes, nossas garotas esquecem suas maneiras. — Seu olhar voltou para suas filhas. — Certo, meninas?
— Sim, mamãe. — Eles disseram em coro então se voltaram para Treyvon. — Sentimos muito.
Treyvon se viu preso por um momento por seus olhares de âmbar antes de lhes fazer uma leve reverência, deixando-as saber que ele aceitou seu pedido de desculpas.
— E essa... — Lisa gesticulou para Jennifer, que permaneceu em silêncio ao lado de Treyvon. — É Jennifer, a Companheira Verdadeira do General Rayner.
— Oh, você é a irmã de Kim! — Miki bateu palmas animada, enquanto olhava para Jennifer.
— Eu sou. — Concordou Jennifer.
— Bem-vinda à família!
— O que? — Jennifer deu a Lisa um olhar confuso.
— Carly apontou na primeira refeição esta manhã que somos agora uma família desde que sua irmã é casada com o irmão de Grim. — Lisa olhou para Treyvon. — O que significa que você é agora da família também, General. Nossas famílias e impérios estão agora ligados para sempre.
Um relâmpago agudo, instantaneamente seguido por um trovão de chocalhar a janela, impediu que alguém respondesse.
CAPÍTULO CINCO
— Manno! — As garotas gritaram quando a sala ficou escura por um momento após o brilhante lampejo de luz. Grim estava imediatamente lá, envolvendo-as em seus braços protetores.
— Calma, pequeninas. — Ele murmurou. — Estamos dentro. Lembram-se? Estão seguras.
— Mas Príncipe... — Miki olhou para ele com os olhos arregalados e cheios de medo.
— Está com seu manno, que o está protegendo assim como estou protegendo vocês.
— Você tem certeza? — Ela questionou, seu pequeno queixo tremendo.
— Tenho certeza, Miki.
— Ei, gostariam que Ion e Nairn levassem vocês para a cozinha? — Lisa perguntou enquanto gentilmente esfregava as costas de cada uma das meninas. — Sei que o cozinheiro está planejando fazer mais biscoitos hoje.
— Verdade? — Carly perguntou, seus olhos esperançosos.
— Verdade.
As garotas se entreolharam por um momento, depois se agitaram nos braços de Grim para serem soltas. E depois de beijar uma de suas bochechas, elas se foram.
— Que tipo? — A chef em Jennifer precisou perguntar e ela se viu presa pelos poderosos olhares do Rei e da Rainha de Luda.
Foi Lisa quem finalmente respondeu.
— A versão Torniana de biscoitos amanteigados.
— Sério? Adoraria pegar a receita.
— Eu esqueci, você era Chef na Terra.
— Ela é Chef aqui também. — Treyvon rosnou. — Suas habilidades aumentaram a vida de nosso pessoal. Seus biscoitos e brownies são altamente valorizados.
Lisa colocou uma mão gentil no braço de Grim, sabendo que ele não iria gostar do jeito que o General estava falando com ela.
— É claro que ela é, General. — Lisa o acalmou e gesticulou para a área de estar, algo que foi adicionado a Sala de Comando de Grim desde sua chegada. — Eu não quis ofender. Como disse, apenas me esqueci.
Enquanto todos se sentavam, Lisa franziu a testa para Jennifer.
— Brownies?
— Sim. — A mão de Jennifer imitou a de Lisa, acalmando seu próprio companheiro. — Uma das naves Zaludian que Treyvon interceptou carregava chocolate da Terra.
— Mesmo? — Os olhos de Lisa se arregalaram de excitação e por um momento ela lembrou Treyvon de suas filhas.
— Sim, parecem ter limpado um depósito.
— Então você tem chocolate?
Grim franziu a testa para o modo como sua Lisa enfatizava a palavra desconhecida. Seu tom estava cheio de admiração e desejo que ele apenas ouviu antes quando ela estava em seus braços.
— Sim. Temos pedaços de chocolate, barras de chocolate, chocolate ao leite, chocolate amargo, chocolate em pé, até mesmo chocolate branco e cacau em pó.
— O que é isso... chocolate? — Grim perguntou. E se era algo que sua Lisa desejava tanto, se certificaria que o tivesse.
— É algo incrível da Terra. — Lisa disse a ele, os olhos ainda fixos em Jennifer.
— Isso é verdade. — Concordou Treyvon. — Meus guerreiros nunca perdem a última refeição quando minha Jennifer prepara alguma coisa com ele. A Imperatriz Kim até ameaçou seu marido de que não lhe dará mais descendentes a menos que ele tenha um suprimento disponível.
— O que? — Foi os olhos de Grim que se alargaram desta vez.
— Totalmente compreensível. — Lisa assentiu, esfregando seu bebê enquanto perguntava. — Quanto dinheiro custará?
— Cozinhar? — Carly levantou os olhos da tigela que estava mexendo para o velho guerreiro que ajudava sua irmã.
— O que é isso, pequenina? — Tagma perguntou, sorrindo para Miki, deixando-a saber que estava fazendo um bom trabalho, embora ele tivesse que jogar essa mistura fora antes de voltar sua atenção para Carly.
Não podia acreditar como a vida mudou na Casa Luanda desde a chegada destas preciosas pequenas e sua mãe. Ele era um guerreiro amargo e velho que a Deusa não achou que poderia abençoar com uma fêmea ou com a glória de morrer em batalha. Em vez disso, como suas habilidades diminuíram com a idade, precisou voltar para a cozinha e usar as habilidades que seu manno lhe ensinou antes de começar seu treinamento de guerreiro.
Durante anos, ele negou sua posição, vendo-a como um estigma de suas falhas, em vez de uma chance de uma vida melhor e diferente. E a vida dele se tornou melhor graças a essas pequeninas. Elas olhavam para o que ele fazia com tanta reverência e admiração que o enchia de orgulho, que ser um guerreiro nunca causou. Elas queriam aprender com ele e isso fez com que visse sua posição de forma diferente, fazendo dele um macho diferente.
— O que você sabe sobre o Grande Raptor? — Ela perguntou, colocando a tigela de lado.
— O Grande Raptor? — Ele perguntou franzindo a testa.
— Uh-huh.
— O Rei... — Ele parou. Sabia que as pequenas agora chamavam o Rei Grim de manno. A notícia disso se espalhou mais rápido do que uma tempestade solar durante o Festival. Era mais um sinal de como estas fêmeas eram dignas de Grim. — Seu manno não fala sobre ele?
— Oh, sim. Manno nos conta uma nova história toda noite.
— Histórias realmente boas. — Miki acrescentou, não querendo ficar de fora da conversa.
— Então por que você quer que eu conte uma?
Carly apenas encolheu os ombros.
— Apenas pensei que talvez o seu manno lhe contasse histórias diferentes.
— Meu manno me contou histórias do Grande Raptor.
— Mesmo? — Colocando sua tigela de lado agora, Miki colocou os cotovelos no balcão, o queixo apoiado em cima de suas mãos, assim como sua irmã. — Ele contou alguma coisa sobre Príncipe?
— Príncipe? — Ele deu a ela um olhar confuso.
— Sim, o filho do Grande Raptor. — Carly respondeu como se fosse óbvio.
— Nós o encontramos no jardim. — Miki disse a ele. — Ele ficou ferido e nós o ajudamos.
— O que? — Tagma gritou, surpreendendo as meninas. Os reflexos que ele pensava terem diminuído com a idade nunca foram mais rápidos, enquanto estabilizava as duas. Isso fez Ion e Nairn correrem para cozinha, espadas desembainhadas, até que Tagma balançou a cabeça para eles dizendo que estava tudo bem.
— Sinto muito, pequenas. — Ele continuou abaixando a voz quando ficou de joelhos. — Eu não queria assustá-las.
— Por que está irritado? — Miki perguntou, sua voz tremendo.
— Fiquei surpreso. Isso é tudo. — A mente de Tagma correu para encontrar uma maneira de explicar seu terror ao pensar naquelas preciosas pequenas tão próximas de uma criatura tão perigosa. — É muito raro ver o Grande Raptor, muito menos seu... filho.
— Mesmo? — Carly perguntou.
— Sim. Meu manno me disse que é uma grande honra alguém ver... Príncipe.
— Mesmo?
— Sim. Vê enquanto o Grande Raptor protege o povo de Luda, Príncipe fica atrás protegendo a companheira do Grande Raptor, sua mãe. Embora, seja dito que ela é tão mortal quanto seu companheiro, especialmente quando se trata de defender aqueles que ela ama.
— Como a mamãe é.
— Sim, pequena, assim como sua mãe.
— Eles devem ter ficado tão preocupados. Príncipe ficou no jardim por dois dias. Manno e mamãe ficariam se fossemos nós.
— Ficariam. — Disse Tagma, sua garganta se apertando o pensamento e seu olhar foi para Ion e Nairn. Todos sabiam que o Rei e a Rainha de Luda não ficariam apenas preocupados se as pequenas desaparecessem por dois dias. Eles ficariam tristes e furiosos! Grim rasgaria toda Luda para encontrá-las.
— Então outros conheceram Príncipe? — Carly perguntou.
— Apenas sei de um outro. — Tagma pensou em uma história que seu manno lhe contou apenas uma vez. — Meu manno me disse que uma vez um guerreiro o encontrou como vocês duas.
— Mesmo?
— Sim. Ele encontrou, protegeu e curou um raptor ferido. Por causa disso, o Raptor deu ao guerreiro um pedaço de si mesmo.
— O que deu a ele? — Miki sussurrou.
— O olho do raptor. Aqui. — Tagma segurou a mão aberta e apontou para um ponto não marcado na palma da mão entre o polegar e o indicador, onde duas linhas se encontravam e se assemelhavam vagamente à cabeça de um pássaro. — Isso permitia ao guerreiro sentir o mal e ter o poder de destruí-lo, protegendo aqueles sob seus cuidados. Como o Grande Raptor faz.
— Uau... — As meninas sussurraram, depois olharam para as próprias mãos que estavam tão sem marcas quanto as de Tagma e ficaram desapontadas.
— Não se preocupem, pequenas. O Olho do Raptor apenas aparece quando necessário, mas vocês ainda tiveram a honra de conhecer o Príncipe. Já se passaram centenas de anos desde que alguém recebeu essa honra... você concorda, Ion? — Tagma olhou para o guerreiro mais jovem em busca de ajuda.
— Muitas centenas de anos. — Concordou Ion. — Há tanto tempo que não consigo me lembrar do nome do último guerreiro.
— Uau, então somos as primeiras fêmeas a conhecê-lo? — Carly perguntou, seus olhos se arregalando.
— Sim.
— Isso é tão legal. — As meninas sussurraram olhando uma para a outra.
— Você acredita que esta gravação será o suficiente? — Ull perguntou cético depois que Lisa terminou de falar.
— Será um começo, pelo menos para Trisha. Não tenho dúvidas de que ela está tentando descobrir o que aconteceu com as garotas e comigo. O problema é que você deverá se aproximar o suficiente dela para fazê-la ouvir, especialmente depois do modo como os Ganglians levaram o último grupo de mulheres.
— Isso não será um problema.
— Acha que conseguirá se aproximar da sobrinha do presidente dos Estados Unidos? Uma mulher que ele considera sua filha? Seria como Grim permitir que um macho desconhecido se aproxime de qualquer uma das nossas garotas.
Isso fez com que Ull fechasse a boca, porque sabia com que cuidado o Rei Grim guardava suas fêmeas. Ter recebido permissão para vê-las o surpreendeu.
— Então terá que se aproximar quando ela estiver sozinha e convencê-la a ver a gravação antes que seus guardas ataquem. E não! — Lisa deu-lhe um olhar penetrante. — Você não pode simplesmente matá-los. Está tentando construir um relacionamento entre o Império Tornian e a Terra. Seu primeiro ato não pode ser matar pessoas.
Ull rosnou seu descontentamento com isso.
— Você também não pode forçar o educador nela. — Lisa disse a ele com uma voz dura e podia ver que era o seu plano. — Não sujeitarei Trisha ao que o restante de nós tivemos que passar. Trisha fará isso ou não.
— E se não fizer? — Ull rosnou.
— Então, teremos que encontrar outro caminho. Sei que posso conseguir tempo suficiente para que Trisha, pelo menos, considere usar o educador, mas você e suas ações serão o fator decisivo. — Lisa voltou os olhos preocupados para Grim, que estava sentado ao lado dela no sofá. — Você e Wray tem certeza que o Guerreiro Ull é o melhor macho para isso? Talvez eu...
O rugido de ultraje de Ull abafou o restante do que ela ia dizer quando Ull saiu de sua cadeira. Grim ficou imediatamente de pé e na frente de sua Lisa, sua espada apontada para Ull. O General Rayner fez o mesmo, mantendo-se protetoramente diante de sua Jennifer, mas pronto para ajudar o Rei, se necessário.
— Você não ameaça minha Rainha, Guerreiro Ull. Primeiro macho ou não, acabarei com você se der um passo em direção a ela.
— Ela se atreve a questionar a minha dignidade!
— Quando você age assim, então sim, eu questiono. — Lisa se levantou e enquanto se movia para onde pudesse ver Ull, ela permaneceu atrás de Grim. — Isso é importante demais e não apenas para os Tornianos, também para os Kaliszianos e para o povo da Terra. As fêmeas não são posses na Terra, Guerreiro Ull. Elas não irão apenas obedecê-lo porque é um macho. Somos criaturas independentes. Tomamos nossas próprias decisões, escolhemos como queremos viver nossas vidas e falamos o que vem à mente. Você mostrou uma e outra vez que tem dificuldade em aceitar isso. Algo que acho difícil acreditar com uma mãe como Isis.
— Minha mãe...
— É uma mulher notável. — Lisa cortou-o. — Ela se levantou pelo que acreditava, pelo que queria e por quem ela amava. Que você não possa entender é o que me faz questionar ser o macho certo para essa tarefa. Trisha precisou sobreviver e lidar muito com isso. Ela é forte e independente. Não irá tolerar sua atitude idiota em relação às mulheres. Ela lidou com idiotas suficientes em sua vida.
— Idiotas? — Ull questionou.
— Machos indignos e impróprios. — Lisa esclareceu para ele. — Aqueles que apenas queriam usá-la para seus próprios ganhos.
— Não sou um idiota. — Ull resmungou, quando se sentou de volta.
— Talvez não para outros machos, mas para as fêmeas da Terra... Jennifer? — Lisa olhou para a companheira de Rayner.
— Total idiota. — Concordou Jennifer.
— Olha, Ull. — A voz de Lisa suavizou quando se moveu para se sentar, e lentamente Grim a seguiu. — Eu sei que o que aconteceu na Cerimônia de União ainda o incomoda. Não ser selecionado foi como um reflexo do seu valor, mas não é assim. Não teve absolutamente nada a ver com você. Poderia ser o macho mais digno dos Universos Conhecidos e ainda assim, não seria escolhido.
— Ynyr foi. — As palavras passaram por seus lábios antes que pudesse impedi-las.
— Verdade. — Lisa deu-lhe um olhar simpático.
— Talvez eu deveria ir para Terra. — Lisa sussurrou mais tarde naquela noite, enquanto estava deitada nos braços de Grim, uma mão distraidamente acariciando seu peito enquanto olhava pelas janelas para o céu cheio de estrelas.
— Não.
— Mas Grim...
— Você tem filhas, Lisa.
— Verdade, mas isso não significa...
— Não deixaria você ir sem mim.
— Eu não iria querer.
— E as meninas? As outras fêmeas? Nós as deixamos para trás? Quem irá ajudá-las e protegê-las se o fizermos?
O coração de Lisa se apertou com o pensamento de estar tão longe de seus bebês se precisassem dela. Sabia que algum dia essa hora chegaria, mas não era hoje. Então havia as outras fêmeas da Terra. Os machos convidados começaram a chegar e ela precisava estar ali para ajudar a supervisionar as reuniões e acalmar os medos. Soltando um suspiro profundo, ela olhou para ele.
— Você está certo. Meu lugar, nosso lugar é aqui em Luda, mas Ull ainda está com tanta raiva e eu não entendo o porquê.
— Ele é o primeiro macho de um Senhor, minha Lisa. Foi criado para acreditar que seria o primeiro e provavelmente apenas o único macho em sua linhagem a obter uma fêmea.
— Mas por que? Ele tem três irmãos mais novos.
— O que é inédito. Sabe disso, minha Lisa. Uma fêmea pode ficar com o mesmo macho tempo suficiente para dar a ele dois machos, mas quatro? Ela lançou um estigma na Casa Rigel. Nenhuma fêmea Kalisziana consideraria se unir a alguém que não fosse o futuro Senhor.
— E então Abby escolheu Ynyr, um terceiro macho.
— Sim.
— Mas se ele quer tanto uma fêmea, por que não fez sua inscrição para conhecer ver alguma das fêmeas?
— Orgulho. Seu irmão mais novo é agora o mais poderoso Lorde do Império. Ele tem uma fêmea e ela já está grávida.
— Bem, é melhor ele superar isso antes de chegar à Terra.
— Ele é um guerreiro. Deixará seus sentimentos de lado e fará o que é exigido dele.
— É melhor. — Disse Lisa, depois esquecendo-se de Ull, esticou-se para que os seios nus roçassem o peito dele enquanto brincava. — Agora há algo que eu exijo do Guerreiro sob mim.
— O que a minha Rainha exige de mim? — Grim perguntou, seu eixo endurecendo quando ela se moveu por ele, seu canal já escorregadio roçando-o.
— Você me amar, meu Rei.
— Eu o faço. — Grim rosnou quando lentamente entrou nela e começou a empurrar. — Sempre irei. Porque você é minha Rainha. Minha Lisa. Meu tudo.
Com cada declaração, Grim empurrava com mais força, mais profundo e a paixão que nunca precisou de muito para reacender entre eles se transformou em uma tempestade solar.
— Deusa sim, Grim! — Lisa gritou quando colocou as mãos contra o peito dele e arqueando as costas, começou a montá-lo. — Você é meu. Meu Rei. Meu Grim. Meu tudo.
— Então me dê tudo o que é meu, minha Lisa. — Ele ordenou, sabendo que nenhum deles duraria muito. Não com a forma como que ela já estava apertando-o. Tomando um dos seios exuberantes que ela estava oferecendo tão prontamente, ele chupou profundamente da forma como sabia que sempre a levava ao limite, especialmente agora que carregava sua prole.
— Grim! — Ela gritou quando sua liberação surgiu.
— Lisa! — Grim rugiu quando a seguiu e juntos eles experimentaram o céu.
CAPÍTULO SEIS
— Jen, gostaria que conhecesse Rebecca Mines. — Lisa apresentou as duas mulheres na manhã seguinte no salão, depois que seus guardas saíram, fechando a porta atrás deles. — Dra. Rebecca Mines, Obstetra. Rebecca, esta é Jennifer Rayner, A Companheira Verdadeira do General Rayner e irmã de Kim.
— Irmã? — Os olhos de Rebecca se arregalaram. — A que Kim estava procurando quando os Ganglians a capturaram?
— Sim. — Respondeu Jen. — Eles me levaram e o grupo com quem eu estava, seis meses antes.
— Uau. Quais são as chances disso?
Provavelmente melhor do que você pensa. Pensou Jen, mas não disse nada.
— Venha, vamos sentar. — Lisa gesticulou para a área de conversa que ficava na frente da parede de janelas que deixavam a luz do sol entrar na sala.
— Uau, isso é realmente lindo. — Disse Jen se movendo para ver mais de perto o enfeite que estava pendurado na janela. Havia uma miríade de cores que o fazia pensar que estava apenas ao acaso, mas com uma inspeção mais próxima, ela pode ver o padrão repetido, como em um caleidoscópio. Os fragmentos de cor que emitia a luz da manhã eram surpreendentes.
— Não é? — Lisa concordou sorrindo. — Dagan fez para mim para o Festival da Deusa.
— Dagan?
— Ele é nosso Mestre de Vidro, o segundo macho de Padma e Gossamer. Ele é muito especial.
— Com certeza. — Finalmente se sentando, Jen esperou e Lisa voltou seu olhar para Rebecca.
— Rebecca, a razão pela qual queria que nos encontrasse aqui é que há algo que preciso falar com você. E não pode ir além desta sala.
— Tudo bem... — O olhar de Rebecca foi de Lisa para Jen e vice-versa.
— Mais mulheres foram tiradas da Terra. — Disse Lisa sem rodeios.
— O que? — Ela levantou rigidamente em sua cadeira. — Wray enviou...
— Não! — Lisa a interrompeu. — Wray jurou a Kim que não o faria e ele não fez.
— Então quem? — Rebecca olhou acusadora para Jen. — Os Kaliszianos?
— Errado novamente. — Jen disse a ela, seu olhar duro. — Os Kaliszianos as salvaram. Foram os Ganglians.
— Os Ganglians... — As palavras de Rebecca se apagaram. — Oh, meu Deus. Quantas sobreviveram?
— Todas elas. — Jen a informou. — Os Ganglians não as tomaram para estuprar. Eles as sequestraram para que pudessem vendê-las a guerreiros Tornianos em Vesta.
— O que? Não! — Rebecca negou, parecendo fisicamente doente. — Callen nunca faria...
— Claro que ele não faria isso. — Lisa rapidamente a tranquilizou. — Isso foi feito por Reeve.
— Callen descobriu isso? — Rebecca perguntou, a cor lentamente retornando ao seu rosto.
— Não, os Kaliszianos o fizeram quando interceptaram uma nave Ganglian em seu Império.
— Eu não entendo.
— Veja bem, os Kaliszianos interceptaram naves Ganglian e Zaludian desde que Wray foi abatido sobre Pontus. — Jen disse a ela. — Eles estão tentando descobrir por que os dois trabalhavam juntos e acham que podem ter descoberto isso.
— E isso é?
— Para interromper o equilíbrio de poder, fornecendo aos homens mulheres compatíveis e ao povo Kaliszian comida. E se fizessem isso, se tornariam as duas espécies mais poderosas nos Universos Conhecidos.
— Mas não há como conseguirem fazê-lo. — Argumentou Rebecca. — Nenhuma das espécies tem um mundo familiar.
— Eles poderiam, porque eles sabem onde a Terra está e eles são os únicos, já que Wray manteve sua localização em segredo.
— Mas você disse que os Kaliszianos interceptaram suas naves.
— E toda vez que fazemos isso, eles podem excluir os dados de navegação. É uma das razões pelas quais Treyvon e eu queríamos conversar com Wray. Queremos devolver as mulheres para Terra, mas não podemos, porque não sabemos onde fica.
— E se se tornar conhecido que existem fêmeas da Terra compatíveis no Império Kaliszian... — Lisa parou.
— Isso pode significar guerra. — Rebecca sussurrou.
— Sim. Alguns dos guerreiros estão ficando desesperados, Rebecca. E se eles atacarem...
— Treyvon e Liron as defenderiam. Eles não teriam escolha, não depois do que Aadi fez.
— Tudo bem. Então, qual é o plano e por que você está me dizendo isso? Eu sou apenas uma médica.
— O plano é que Ull vá para Terra e faça contato, explique o que está acontecendo e tente negociar um tratado que não apenas proteja a Terra, mas ajude os Tornianos e Kaliszianos.
— Os Tornianos nos sequestrando não ajudará com isso.
— Nós sabemos e é por isso que Ull seguirá com Jen e o General Rayner para Pontus primeiro, para pegar as mulheres que resgataram e devolvê-las à Terra.
— Junto com os homens sobreviventes do grupo que eu estava. — Acrescentou Jen.
— Mas não nós.
— Não, Rebecca, sinto muito. Tentei fazer Wray deixá-las voltar também, mas...
— Ele recusou.
— Meu cunhado pode ser um verdadeiro idiota. — Jen murmurou. — Mas nisso, preciso concordar com ele.
— Claro que concordaria! — Rebecca acusou. — Você está bem confortável, não é? Companheira Verdadeira de um General. Irmã da Imperatriz.
— Rebecca. — Lisa tentou cortá-la.
— Confortável? — Jen rosnou. — Acha que fiquei confortável? O que sabe sobre isso? Foi capturada pelos Ganglians? Foi forçada a testemunhá-los estuprando mulheres? Foi vendida como escravo? Trabalhou em uma mina? Morou em uma caverna! Ficou faminta, Rebecca? Seu marido foi espancado até a morte diante de seus olhos? Você chorou toda noite e desejou que pudesse morrer?
— Eu... — Rebecca foi cortada pelas portas sendo abertas e um homem que ela nunca viu, passando por elas, apesar dos guardas tentarem pará-lo. Ele foi imediatamente para Jennifer, puxando-a para cima e em seus braços.
— O que está errado, minha Jennifer? Quem a perturbou?
Grim invadiu em segundos após Treyvon, sua espada levantada.
— Lisa?
— Tudo bem, Grim. As coisas ficaram um pouco... aquecidas.
— É minha culpa. — Rebecca disse devagar, com os olhos cheios de arrependimento e um pouco de medo do grande General Kalisziano. Seu duro e brilhante olhar foi para ela enquanto segurava gentilmente Jen. — Eu não entendia a situação dela. Apenas assumi que ela estava segura no Império Kaliszian todo esse tempo.
— Embora seja verdade que esteve em nosso Império desde o seu sequestro, Jen estava longe de estar segura. — Treyvon rosnou.
— Apenas assumi. Sinto muito, Jen. Verdadeiramente. — Ela disse quando Jen olhou para ela por cima de um enorme bíceps. — Normalmente não pulo apenas para conclusões como essa, mas ultimamente...
— Sua vida está um tumulto.
— Sim.
— Está tudo bem, Treyvon. — Ela estendeu a mão para acariciar suavemente sua bochecha. — Pode me colocar para baixo. Eu exagerei também e tenho a sensação de que isso acontecerá muito mais por um tempo.
— O que quer dizer? — Treyvon perguntou, lentamente colocando-a de volta em seus pés. E enquanto a soltou, uma mão ficou na parte baixa de suas costas.
— Chegarei a isso, mas primeiro... — Ela se virou para encarar Rebecca. — Eu também sinto muito, Rebecca. Deveria ter me explicado melhor quando disse que concordava com Wray. Não quis dizer que você deveria ter que ficar aqui e se unir a um Torniano. O que quis dizer foi que, por agora, precisamos proceder como se nada tivesse mudado. Porque se os Ganglians ou os Zaludians descobrirem o que estamos tentando fazer...
— Lisa! Você disse a ela? — Grim franziu a testa para sua Rainha.
— Ela tem o direito de saber já que ajudará. — Lisa disse a ele, não se intimidando nem um pouco com a sua expressão feroz.
— Fora! — Grim se virou para os guardas. — Fechem as portas. Ninguém entra.
— Sim, Senhor!
— Eles deveriam ter feito isso antes. — Os lábios de Lisa se contraíram olhando para Treyvon.
— Ninguém mantém um Kalisziano longe de sua Companheira Verdadeira. — Treyvon disse a ela. — Especialmente quando sabe que ela está em perigo.
— Como sabia? — Rebecca perguntou parecendo confusa. — Você estava por perto? Nós não gritamos assim, gritamos?
— É uma coisa de companheiros. — Jen disse a ela, não querendo ir além disso. — Então, estamos bem? Com o que eu disse quero dizer? Entenderia se não, por não ter permissão para voltar também.
— Sim. — Disse Rebecca, balançando a cabeça.
— Obrigada, porque a razão pela qual estamos lhe dizendo isso é que precisamos de sua ajuda.
— Minha ajuda?
— Sim, como médica. Havia outra mulher conosco quando fomos levadas. Mackenzie, Mac.
— E ela não voltará para a Terra com as outras mulheres?
— Não, ela é a Companheira Verdadeira do segundo em comando de Treyvon, Nikhil... e está grávida.
— Entendo.
— Foi por este motivo que Treyvon e eu queríamos nos encontrar com Wray e fazer com que ele nos contasse a localização da Terra. Íamos lá para encontrar minha irmã e trazer de volta as informações que Luol, nosso curandeiro, precisaria para garantir que Mac tivesse uma gravidez segura. Nós não sabíamos que a nova Imperatriz era minha irmã. Nem que você estava aqui.
— Deve ter sido uma reunião chocante.
— Foi, especialmente ver a pequena Destiny. — Um sorriso tocou seus lábios enquanto pensava em Destiny. — Obrigada pelo que fez. — Seu olhar incluía Lisa. — Kimmy me disse que não poderia ter feito isso sem as duas.
— Kim e Rebecca fizeram todo o trabalho duro. Eu apenas estava lá para apoiar. — Disse Lisa, minimizando sua parte.
— Estava lá por mais do que isso. Kimmy me contou como você, Rebecca, recebeu uma facada nas costas para proteger Destiny e que você, Lisa, distraiu a psicótica Risa por tempo suficiente para Kim tirá-la do quarto.
Nenhuma mulher disse nada.
— É por isso que espero que venha a Pontus conosco e ajude Mac.
— Este Nikhil é tão grande quanto ele? — Rebecca apontou para Treyvon.
— Maior.
— Maior? — Lisa e Rebecca disseram em incredulidade.
— O Comandante Nikhil é um dos maiores e mais poderosos Kaliszianos do nosso Império. — Treyvon disse-lhes em voz baixa. — Ele também está profundamente preocupado que, por causa disso, a prole com a qual a Deusa os abençoou possa prejudicar sua companheira. E se for capaz de ajudar nosso curandeiro a garantir que isso não aconteça, o Império Kaliszian estaria em dívida com você.
— Assim como eu. — Disse Treyvon dando a Jennifer um olhar duro. — Porque acredito que minha companheira está com descendência, mas ainda precisa me dizer.
— Queria que Rebecca verificasse primeiro para ter certeza. Você viu como Nikhil perdeu o controle quando achou que Mac estava.
— Um de seus guerreiros de Elite perdeu o controle? — Grim questionou movendo-se um pouco mais perto de Lisa.
— Apenas por um momento. As fêmeas da Terra são menores que as nossas. Você está dizendo que não teme pela sua Rainha? — Treyvon olhou para a diferença de tamanho entre Grim e Lisa.
— Eu temo. — Grim reconheceu em voz baixa e os dois machos compartilharam um olhar compreensivo. — É por isso que, se escolher ir com eles, Rebecca, devo exigir que esteja aqui para a apresentação de nossa filha. — Ele colocou um braço protetor ao redor de Lisa, puxando-a para perto.
— Claro que estarei. — Rebecca rapidamente tranquilizou Grim. — Mas Hadar agora tem conhecimento suficiente para cuidar de Lisa se eu for por um tempo. Ele fez muito bem quando fui verificar Abby.
— Isso é verdade, Grim. — Lisa olhou para ele tranquila. — E posso me certificar que Rebecca faça uma varredura completa antes de sair, se isso ajudar.
— Ela o fará. — Grunhiu Grim.
— Claro que sim. — Concordou Rebecca.
— Realmente não vejo por que isso é necessário. — Disse Rebecca, pela terceira vez enquanto olhava para Lisa. — Os revestimentos que tenho ficarão bem.
— Jen disse que está quente em Pontus, como o verão na Terra. Não é inverno como aqui agora. Por causa disso, Padma e Caitir estão se concentrando em fazer coberturas mais quentes, mas você precisará de outra coisa.
— Gostaria que o General tivesse deixado Jen vir conosco.
— Duvido que Treyvon deixe Jen sair de sua vista por um tempo. Não depois que você confirmou que ela está grávida.
— Sim, ainda não sei se a reação dele foi fofa ou assustadora.
— Quer dizer envolvê-la em seus braços, rosnando para todo mundo e imediatamente levando-a de volta para seu quarto? — Lisa perguntou rindo. — Grim teria feito o mesmo comigo se não estivéssemos no meio da Assembleia quando ele descobriu.
— Isso é verdade. — Rebecca sorriu lembrando da reação do Rei de Luda a Lisa anunciando que ela carregava seu descendente.
— Além disso, as garotas querem ver Dagan. Certo, meninas? — Ela olhou para Carly e Miki que estavam sentadas em frente a elas.
— Uh-huh. — Elas responderam. — É para sempre desde que nós o vimos.
— Faz apenas uma semana. — Lisa lembrou.
— Como dissemos. — Miki disse a elas. — Para sempre.
— Também estou surpresa que Grim a deixou vir sozinha. — Rebecca deu-lhe um olhar interrogativo. Todos sabiam o quanto o Rei de Luda era protetor de sua família, especialmente com a chegada dos guerreiros.
— Eu dificilmente diria que estou sozinha. — Lisa deu a Rebecca um olhar exasperado. — Há três transportes cheios de guardas conosco.
— Como eu disse, sozinha. — Brincou Rebecca. Seu transporte parando, terminou a conversa.
— Vamos lá, mamãe, vamos. — Disse Miki.
— Miki Renee, você sabe melhor. — Lisa suavemente advertiu sua filha mais nova. — Precisamos esperar até Agee ou Kirk abrir a porta. — Era uma pequena concessão que ajudava Grim a não se preocupar tanto.
— Oh sim. Eu esqueci. Sinto muito, mamãe.
— Tudo bem, bebê. Sei que está animada, mas precisa se lembrar para que seu manno não se preocupe.
— Sim, mamãe.
Olhando para cima quando a porta se abriu, Lisa viu Agee parado ali estendendo a mão.
— Minha Rainha, a área é segura.
Tomando sua mão, Lisa deixou que ele a ajudasse a sair do transporte. Era algo que estava ficando cada vez mais difícil quanto mais tempo passava com a gravidez.
— Obrigada, Agee. — Disse ela, dando-lhe um sorriso de desculpas, sabendo que ele teria que fazer isso mais e mais enquanto ela ficava mais pesada.
— Não é um problema, minha Rainha. — Agee disse baixinho. Então, certificando-se de que Kirk estava lá, virou-se para ajudar Rebecca e as meninas.
— Lisa. — Padma chamou enquanto ia em direção aos transportes. — O que está fazendo aqui? Por que não ligou? Eu teria ido até você.
— Eu sei que teria. — Lisa riu, abraçando sua primeira amiga verdadeira em Luda. — Mas as meninas queriam brincar com Dagan e sinceramente eu queria sair por um tempo.
— Está tudo bem? — Padma perguntou olhando para sua amiga e Rainha, bem como o número de guardas que as cercavam.
— Claro que sim. Grim nunca me deixaria sair se não fosse assim.
— Isso é verdade. — Padma concordou sorrindo levemente enquanto gesticulava em direção a porta aberta. — Venha para dentro e nós vamos conversar ou você prefere se sentar lá atrás? Não está tão frio hoje. Não com o jeito que o sol está batendo.
— Na verdade, preciso falar com você sobre como fazer algumas coberturas mais leves.
— Para você? — Padma franziu a testa enquanto esperavam que os guardas dissessem que sua casa estava segura. Uma vez feito isso, eles entraram em sua casa.
— Não, para Rebecca. — Lisa disse a ela uma vez que a porta se fechou.
— Entendo. — Padma disse, mas não o fazia. — Meninas, Dagan está lá atrás.
— Podemos ir encontrá-lo, mamãe? — Carly perguntou.
— Sim. Levem Agee ou Kirk com vocês.
— Sim, mamãe. — Disseram em coro quando saíram pela porta dos fundos.
CAPÍTULO SETE
— Olha, é o idiota.
Dagan olhou para cima e viu três jovens machos se aproximando dele. Não gostava deles. Eram novos em Luda, foram enviados recentemente por seus mannos para que o Grande Guerreiro do Império, o Rei Grim, pudesse treiná-los. Mas quando não estavam treinando, gostavam de fugir da Casa Luanda e aterrorizar no campo. Um dia, descobriram Dagan caminhando ao longo do riacho pegando pedras bonitas. No começo, pensou que queriam brincar com ele, do jeito que Carly e Miki faziam, mas rapidamente descobriu que o que eles consideravam divertido era empurrá-lo no chão e acertá-lo.
A última vez que o encontraram, ele foi para casa com a camisa rasgada e o corpo machucado. Mentiu para sua mãe e disse que caiu, não apenas porque às vezes sentia, mas porque sabia que ela ficaria chateada se contasse a verdade.
Ninguém bateu nele desde que Gahan deixou a loja do Fabricante de Vidros do Rei e sua mãe estava feliz desde então. Dagan não queria que ela ficasse triste novamente.
— Vão embora. — Disse Dagan, afastando-se deles.
— Oh olha, ele fala. — Eero, o menor dos três, zombou. Ele era o que parecia gostar mais de machucar Dagan.
— Não achei que ele pudesse fazer nada além de chorar. — Disse Lalo, o maior deles.
— Veremos quanto tempo levará isso. — Dal, o líder dos três, inclinou-se para pegar uma vara grossa enquanto os outros dois se moviam para cercar Dagan.
O olhar de Dagan se alargou quando ele se virou em um círculo em busca de uma saída.
— Ah, não, você não fugirá, não tem como sair dessa vez. — Dal levantou a vara. — O seu manno deveria ter acabado com você antes de respirar pela primeira vez. Mas como ele não foi macho o suficiente para fazer isso, nós podemos fazê-lo. — Com isso, ele começou a balançar e com um grito, Dagan caiu no chão protegendo a cabeça.
— Vamos, Miki. — Carly chamou por cima do ombro enquanto corria. — Acho que ouço Dagan no prado.
O caminho na mata era um que as garotas caíram antes. Isso levava ao pequeno forno que Gossamer construiu para seu primeiro macho, Gahan, para que pudesse praticar suas habilidades em fazer vidro. Dagan mostrou a eles em uma de suas visitas, confidenciando que gostava de ir lá.
Entrando no prado, Carly parou abruptamente quando viu três jovens machos circulando Dagan. Ela não sabia que Dagan encontrou outros amigos, especialmente mais próximos de sua idade.
— Que jogo eles estão jogando? — Miki perguntou, chegando ao lado de sua irmã.
— Não sei.
— Eu não gosto deles. — Disse Miki, franzindo a testa. — Eles parecem maus.
— Você sabe o que a mamãe diz sobre julgar as pessoas pela aparência delas.
— Eu sei, mas... — Apenas então, Dagan caiu no chão e os três começaram a bater e chutá-lo.
— Parem com isso! — Carly gritou e começou a correr diretamente para os meninos. Quando ela chegou mais perto, se lançou no que balançava o bastão. Ela apontou para os joelhos do jeito que viu um dos guerreiros fazer no Festival. Durante uma disputa, os guerreiros não usaram lanças e o menor deles venceu a partida com apenas um golpe desse tipo. Seu manno grunhiu em aprovação.
Dal não sabia o que estava acontecendo. Um minuto ele estava lá batendo no idiota, no seguinte estava no chão, a vara voando de seu aperto. Chutando, ele descobriu que seu atacante desapareceu, rolando para longe com uma habilidade que ainda não dominou. Olhando para cima, se viu olhando para os olhos âmbares furiosos de... uma fêmea?
— Você não vai machucar Dagan assim! — Ela rosnou para ele.
— Vocês são machos maus. — Miki sibilou, ficando de joelhos ao lado de Dagan. — Mau.
Os outros dois pararam de atacar quando Dal o fez.
— O que o... — Lalo olhou da jovem fêmea que apareceu de repente ao lado de Dagan, para a outra que agora segurava a vara sobre Dal como se fosse uma espada.
— Você vai deixá-lo em paz. Agora! — Carly ordenou.
O rosto de Dal era verde esmeralda e escureceu com vergonha e raiva por esta... fêmea pensar que poderia dizer o que fazer. Ficando de pé, ele deu um passo ameaçador em direção a ela.
— Você se atreve a falar com um guerreiro assim?
— Você não é um guerreiro. — Carly disse a ele não recuando. — Guerreiros são aptos e dignos. Protegem os menores e mais fracos que eles. Não os atacam. Quando eu disser ao meu mano o que fez, ele ficará com raiva.
— Sim. — Miki concordou com a cabeça. — Muito zangado.
— Não, não dirá nada a ele. — Dal rosnou quando arrancou a vara das mãos de Carly e a levantava. — Pegue-a também. — Ele ordenou aos outros dois, apontando com a cabeça em direção a Miki.
Dagan levantou-se, envolvendo seu corpo maior ao redor de Miki, então ele recebeu os chutes apontados para ela e gritou
— Não! — Mas foi abafado por um grito furioso que ecoou no ar.
Lisa olhou para cima, surpresa quando viu Grim entrando na cabana de Padma.
— Grim, o que está fazendo aqui? — Ela perguntou enquanto se levantava, movendo-se em direção a ele com um sorriso nos lábios.
— Senti necessidade de estar com você. — Ele disse a ela baixinho enquanto se inclinava beijando seus lábios suavemente.
— Nós não saímos por tanto tempo. Nem mesmo uma hora.
— Mas você se foi. — Ele disse como se isso fosse uma explicação suficiente. — Onde estão as garotas? — Ele perguntou olhando ao redor da sala, seu olhar absorvendo sua ausência.
— Eles estão do lado de fora brincando com Dagan. Agee ou Kirk estão com eles.
— Não é verdade. — Grunhiu Grim, todo o seu comportamento mudando quando ele se virou e saiu pela porta que acabou de entrar.
— Não é verdade? — Lisa perguntou seguindo. — O que você quer dizer com não é verdade?
Grim a ignorou enquanto rugia.
— Agee! Kirk! Para mim!
— Senhor? — Os dois foram rapidamente.
— Onde estão minhas filhas? — Grim exigiu.
— As princesas? — Eles o olharam em confusão. — Elas estão na cabana com a Rainha. Nós as escoltamos para dentro pessoalmente.
— Elas saíram pela porta dos fundos para brincar com Dagan. — Lisa disse a eles, estendendo a mão para segurar o braço de Grim. — Eu disse a elas para levar um de vocês quando saíram.
Em suas palavras, os dois guardas de elite mais confiáveis empalideceram.
— Nós não as vimos, Majestade. Verdade.
— Encontre-as! — Grim rugiu quando o grito de um Raptor furioso encheu o ar.
Dal, Eero e Lalo ergueram os olhos, horrorizados e incrédulos, quando um Raptor, em pleno modo de ataque, desceu para eles. Apavorados, abandonaram seu ataque a Carly, Miki e Dagan, correram para a floresta acreditando que estariam a salvo ali.
Grim correu pelo caminho que sabia que suas filhas passaram, pelo tamanho de suas pequenas pegadas. Forçou a memória para a última vez que correu em um caminho como este, para encontrar sua Lisa espancada e quase abusada. Desta vez, não seria o mesmo. Não poderia ser. Suas garotas eram muito jovens, preciosas demais.
Quando ele fez uma curva, três corpos colidiram com ele, cada um saltando, voando para o lado. Olhando para baixo, ele viu três dos seus primeiros jovens em treinamento.
— Dal. Eero. Lalo. O que estão fazendo aqui? Viram as princesas? — Ele perguntou
— Não... estamos ap-penas explorando, Rei Grim. — Dal gaguejou, ainda olhando freneticamente para trás, no caminho do qual vieram.
— P-princesas? — Perguntou Lalo.
— Sim, elas vieram para cá.
— No... prado. — Eero apontou para o caminho. — Mas devem estar mortas agora. Há um Raptor enlouquecido ali. Apenas atacou.
O rugido de Grim sacudiu as árvores enquanto corria pelo caminho, rezando para a Deusa que chegasse a tempo.
— Oh, Príncipe. — Carly aproximou-se do pássaro gigante que estava agora entre eles e o caminho que os jovens tomaram. — Obrigada por nos ajudar.
— Sim, Príncipe. — Miki disse se levantando do chão. — Eles eram machos maus, mas Dagan não é. — Ela ajudou o sujo e machucado Dagan a se levantar. — Se lembra de Dagan, não é? Você o encontrou em nosso jardim.
Príncipe abaixou a cabeça, inclinando-a para o lado enquanto olhava para Dagan, seu olhar violeta parecendo absorver cada parte dele, então deu um leve aceno de cabeça. Quando sons de pés correndo de repente foram ouvidos, ele se virou, abrindo suas asas protetoramente para esconder os três atrás dele.
Grim invadiu a campina com a espada desembainhada quando o Raptor se virou. Suas asas estavam bem abertas e seu bico mortal em alerta. Grim absorveu tudo em um momento, incluindo o fato de que Carly, Miki e Dagan estavam atrás dele.
Lentamente, embainhando a espada, Grim atravessou o prado e Príncipe baixou as asas na presença do Rei, permitindo que ele passasse. Grim ficou de joelhos para poder inspecionar cuidadosamente cada uma de suas filhas, percebendo os pequenos arranhões e as coberturas sujas, mas não encontrando nenhum dano real. O mesmo não podia ser dito para Dagan.
— Ali está! — Dal exclamou. — Mate-o antes que ataque novamente!
— Príncipe te atacou. — Exclamou Carly. — Você atacou Dagan e teria nos atacado também se Príncipe não tivesse impedido!
— Você mente! — Dal acusou calorosamente.
— Você se atreve a acusar minha prole de dizer uma inverdade? — Grim exigiu calmamente, levantando-se lentamente para enfrentar Dal.
— Eu... — A mente de Dal correu. — Ela está confusa. Era o idiota, o inapto que as estava atacando. Nós... — Ele gesticulou para si mesmo, Eero e Lalo. — Impedimos.
— Ainda assim, eu os encontrei fugindo.
— Apenas por causa do Raptor. — Alegou Dal. — Não tínhamos como combatê-lo.
— Então escolheram se salvar em vez de proteger duas fêmeas?
— Eu...
Grim virou as costas para o macho e olhou para Dagan. Abaixando-se em um joelho diante do macho que ele gostava, notou o hematoma escuro ao longo de sua mandíbula, o lábio cortado e a camisa rasgada.
— Diga-me verdade, Dagan. — Disse ele suavemente. — O que aconteceu aqui?
— Venho aqui porque eu gosto. É bonito. — Dagan disse a Grim em voz baixa. — O sol. — Ele apontou para o céu. — Faz o chão brilhar. — Apontou para onde ainda havia neve e Grim viu brilhar sob o sol de Luda. — Isso me dá ideias.
— Posso ver o porquê. — Grim concordou paciente. — Mas o que aconteceu hoje?
— Como disse, gosto daqui, mas não quando eles vêm. — Ele espiou por cima do ombro de Grim para Dal, Eero e Lalo, então rapidamente olhou de volta para Grim.
— Por que? O que eles fazem?
— Eles me provocam. — Disse baixinho, mas todo mundo foi capaz de ouvir. — Chamam-me de impróprio, apesar de ser um bom macho. Eles me empurram para baixo. Batem em mim. Hoje disseram que acabariam comigo desde que meu manno não fez. — O lábio partido de Dagan estava tremendo quando terminou.
— Ele mente! — Dal gritou, mas ninguém acreditava nele.
Grim ignorou Dal enquanto lutava para manter a raiva fora de sua voz. Ele sabia que Dagan não reagia bem a isso.
— Você não é impróprio, Dagan. Você é uma bênção da Deusa e seu manno soube disso desde o primeiro fôlego.
— Verdade? — Dagan perguntou, seus olhos implorando a Grim para que fosse verdade.
— O Rei de Luda não fala inverdades, Dagan.
E apesar do lábio partido, o rosto de Dagan se abriu em um sorriso brilhante quando ele disse.
— Isso é verdade.
Erguendo-se, Grim virou o olhar, prendendo Dal e seus amigos enquanto dizia.
— Kirk.
— Sim, senhor. — Kirk estava imediatamente diante dele.
— Tragam dois guardas e escoltem pessoalmente os três de volta a Luanda, onde serão colocados em celas de contenção até que seus mannos os recolham. Se vierem buscá-los. — Ele observou os três pálidos.
— Com prazer, senhor. — Kirk respondeu, em seguida, girando escoltou os três para longe.
— Estou feliz que eles tenham ido, manno. — Grim olhou para baixo para encontrar Miki olhando para ele enquanto colocava os braços ao redor de sua perna.
— Eles nunca a machucarão novamente, pequena.
— Eles não me machucaram, graças a Dagan e Príncipe. — Ela disse a ele.
— Sim, Príncipe assustou-os antes que pudessem nos machucar. — Disse Carly, abraçando sua outra perna. — Mas eles machucaram Dagan.
— Hadar vai curá-lo. — Grim a tranquilizou.
Grim olhou para a criatura que ainda estava de pé protetoramente entre eles e os guardas restantes. Ele nunca ouviu relatos de um Raptor fazendo tal coisa. Apenas nos mitos pouco lembrados que contavam como o Grande Raptor foi companheiro de um Deus. Um Deus cujo nome apenas as estrelas conheciam agora e que esse Deus encarregou o Raptor de proteger aqueles que considerava dignos quando o Deus não podia.
Esses mitos antigos não poderiam ser verdade... poderiam?
— Agradeço a você, Príncipe. — Grim se viu usando o nome que suas filhas deram ao pássaro. — Por proteger aqueles que considero preciosos, quando não consegui.
O Raptor olhou para o Rei de Luda por um momento, parecendo reconhecer que o Rei era tão mortal quanto ele em proteger aqueles que estavam sob seus cuidados. Lentamente, Príncipe virou a cabeça e arrancou uma de suas longas penas negras. Quando deu um passo à frente, Grim instintivamente endureceu, mesmo quando estendeu a mão para pegar a pena. Mas Príncipe abaixou a cabeça e em vez disso, ofereceu a pena a Carly.
— Para mim? — Carly perguntou, sua voz cheia de admiração e quando Príncipe assentiu, ela estendeu a mão para pegá-la. — Obrigada, Príncipe. Irei guardá-la.
Príncipe então olhou para Miki, que olhava esperançosamente da pena de Carly para ele. Mas em vez de escolher uma segunda pena, Príncipe gentilmente cutucou sua pequena mão que ainda estava apoiada na perna de seu manno.
— O que você quer, Príncipe? — Miki perguntou, estendendo a mão para tocar sua cabeça.
— Cuidado, Miki. — Grim rosnou baixinho, não gostando da criatura perigosa tão perto de sua filha pequena.
— Mas por que, manno? — Miki perguntou olhando para ele. — Príncipe nunca me machucaria.
Foi quando Príncipe atacou, encaixando seu bico afiado na carne suave de sua pequena mão entre o polegar e o dedo indicador.
Seu grito chocado fez Grim tiras suas filhas do caminho do mal, mas antes que pudesse desembainhar sua espada, o Raptor foi embora.
— Miki, você está bem? — Grim estava novamente em seu joelho, suas mãos tremendo enquanto cuidadosamente tentava abrir a mão que Miki apertava contra o peito, surpreso ao ver que não havia sangue fluindo para baixo.
— Eu... eu acho que sim. — Ela disse a ele. — Príncipe apenas me surpreendeu.
— Deixe-me ver. — Ele murmurou gentilmente.
— Ele não fez mal. — Disse ela, abrindo a mão para que ele pudesse ver.
E lá na pequena mão de Miki, olhando para ele, estava o Olho do Raptor.
— O que significa, Grim? — Lisa perguntou, mais tarde naquela noite depois que as meninas estavam dormindo. Ele levou Dagan de volta a Luanda e Hadar curou todos os machucados e cortes, enquanto todas as fêmeas da Terra foram checá-lo. Dagan ganhou cada um de seus corações com seu jeito gentil e sorriso. Ele partiu para casa mais feliz do que Lisa já viu um macho especial.
Hadar também verificou a mão de Miki, mas não havia nada para curar. Sem machucado, sem sangue e sem perfuração. Havia apenas uma leve mancha violeta na palma da mão dela. Ele tentou removê-la com todas as unidades portáteis de reparo da Casa Luanda, mas nenhuma delas encontrou nada para remover.
Agora estavam em seu quarto de dormir, a casa quieta e havia um fogo crepitante diante deles quando Grim lhe entregou uma pequena taça de vinho com refresco.
Grim suspirou forte quando se sentou ao lado dela no sofá.
— A pena do Raptor é dada desde os primeiros tempos registrados. Embora eu nunca tenha ouvido falar de um Raptor em pessoa.
— O que você quer dizer?
— A descoberta da pena de um Raptor é uma coisa rara. Encontrar uma é uma honra.
— Por que?
— Porque acredita-se que apenas os verdadeiros protetores têm permissão para encontrá-las e usá-las.
— Protetores verdadeiros?
— Sim, aqueles que protegem, servem e vigiam aqueles que não podem fazer isso sozinhos. Da maneira como o Grande Raptor faz pelo povo de Luda.
— Mas Carly é apenas uma criança.
— E ainda assim ela foi em auxílio de Dagan. Nós dois vimos como ela protege Miki... e você. Ela é uma protetora digna da pena do Raptor.
— E a mão de Miki?
— O Olho do Raptor. — A voz de Grim estava muito mais abafada desta vez, quase pensativa.
— Por que você diz dessa maneira? — Lisa perguntou, seu estômago apertado.
— O olho do raptor. Lisa...
— Sim? E?
— Poucas pessoas já ouviram falar sobre isso e menos ainda sabem qual é o seu dom.
— O que esse maldito pássaro fez com meu bebê? — Ela exigiu, colocando seu copo de lado.
— Ele deu a ela a capacidade de sentir o mal e a escuridão que é Daco.
— O que?!
— Eu conheço apenas um outro a quem foi dado o Olho de Raptor. Dizem que ele salvou muitos das garras de Daco, mas a um custo terrível.
— Qual custo?
— Isso não é conhecido.
— Deusa, Grim. O que faremos?
— Nada.
— O que quer dizer com nada?
— Calma, minha Lisa. — Disse Grim, gentilmente segurando seu rosto com as mãos grandes. — Primeiro, porque não há nada que possamos fazer e segundo, o que eu acabei de dizer é um mito. Isso não significa que é verdade.
— Mas...
— Não. — Ele suavemente disse. — Você mesmo disse que Carly sempre foi sua pequena guerreira, cuidou de Miki e de você, antes mesmo de vir para cá.
— Isso é verdade. — Lisa assentiu acalmando-se te.
— Quanto a Miki, ela nunca gostou de Luuken.
— Ninguém gostava de Luuken. — Lisa murmurou.
— Verdade. Então veja, não é nada que ela não teve antes. Não coloque tanta crença em mitos que foram mencionados por milhares de anos.
— Suponho que você está certo. — Disse ela, relaxando de volta em seus braços, pegando o copo que ele estendeu novamente.
— Claro que estou. Eu sou o Rei de Luda. — Seu comentário conseguiu exatamente a reação que esperava. Seu amor bufou de incredulidade e revirou seus belos olhos para ele, mas os últimos momentos de preocupação e tensão deixaram seu corpo e ela se aconchegou mais profundamente em seu abraço.
— Agora vamos aproveitar o fogo e talvez... se você não estiver muito cansada, nós poderemos acender um depois.
— Oh, eu acho que isso pode ser arranjado.
EPÍLOGO
Vários dias depois...
— Minha Rainha ainda dúvida que você é o macho certo para essa tarefa, Guerreiro Ull. — Grim disse olhando através de sua mesa para o Guerreiro parado ali.
— Com todo o respeito por sua Rainha, Rei Grim, ela não sabe nada sobre mim, então não está em posição de julgar minhas habilidades.
— Não são suas habilidades que ela julga, Guerreiro Ull. — Grim disse a ele. — É a sua atitude desde a Cerimônia de União. Ela e Lady Abby conversam regularmente. Como eu e Lorde Ynyr.
— Eles sentem que têm o direito de criticar a assistência que lhes dei? — Ull questionou, sua pele cor de rosa escurecendo de raiva. — Assistência que eles pediram? Para você?
— Ninguém reclamou de sua ajuda, Guerreiro Ull. Na verdade, Lorde Ynyr repetidamente o elogiou, afirmando que sem você, ele levaria muito mais tempo para colocar a Casa Jamison em ordem. Foi por causa disso que Wray o escolheu para isto.
— Então, qual foi a queixa deles? — Deveria ter aliviado o temperamento de Ull, saber que seu irmão reconhecia e apreciava tudo o que fez por ele. Mas isso não aconteceu. Em vez disso, o deixou mais irritado. Por que aceitaria a palavra de um terceiro macho, Senhor ou não, para ele o primeiro macho a receber essa honra? Não fazia sentido, mas havia muita coisa que não fazia sentido para ele ultimamente.
— Que você parecia... diferente desde a Cerimônia de União.
— Eles estão errados.
— Espero que sim, porque o futuro de seus irmãos guerreiros e talvez o de todo o nosso Império, depende do resultado dessa missão. — Grim parou por um momento e estendeu a mão para entregar a Ull um cristal de memória. — Esta é a transmissão que Lisa gravou para sua amiga, Trisha. Você deve encontrá-la, convencê-la a ver e ajudar.
— Ela o fará. — Ull rosnou. — Meu voto.
— Rebecca. — Grim e Ull caminharam até onde sua Lisa e um grupo estavam ao lado dos ônibus espaciais. Um levaria Ull ao Seacher, enquanto o outro levaria o General Rayner, Jennifer e Rebecca a nave do General, o Defensor. Decidiram que Rebecca viajaria na nave Kaliszian quando Jennifer ficou doente pela manhã. — Informei a Lorde Callen que você estará em Pontus.
— O que? — Rebecca perguntou mais forte do que pretendia. — Por que fez isso?
— Porque Vesta é o planeta Tornian mais próximo de Pontus e é onde você se reportará. Seu Senhor precisava ser informado.
— Ah, claro.
— Lorde Callen é também aquele que a trará de volta a Luda quando chegar a hora. E se precisar dele antes, por qualquer coisa, entre em contato. — Grim entregou-lhe um pequeno objeto do tamanho da palma da mão. — É seguro e não permitirá que os outros saibam onde você está. Isso é importante, Rebecca. Não devem saber que permitimos que uma fêmea compatível deixasse nosso Império...
— Sim, sim, sim. Eu entendo. Então, meu disfarce é que irei me encontrar com Lorde Callen.
— Disfarce?
— Razão para ir. — Explicou ela.
— Isso seria verdade então.
— Rebecca! — Cada cabeça se virou para ver Miki correndo pelos terrenos em direção a eles, passando pelos corpos que a separavam de seu objetivo. Três guardas tentavam acompanhar.
— Miki? — Rebecca se ajoelhou quando Miki a alcançou. — O que há de errado?
— Você não pode sair! — Miki disse sem fôlego. — Não sem isto.
O rosto de Rebecca se transformou em um sorriso quando ela abriu a bolsa que Miki empurrou em suas mãos.
— Você me trouxe biscoitos?
— Sim, mamãe costumava sempre fazer para nós quando íamos em uma longa viagem, então pensei que você deveria ter alguns também.
— Obrigada, Miki. — Rebecca abraçou a menininha. — Tenho certeza de que isso tornará minha viagem muito mais agradável.
Miki sorriu, em seguida, se afastou de Rebecca e correu para as pernas de seu manno. Pelo menos ela achava que era seu manno, mas quando olhou para cima, viu-se olhando nos olhos escuros do guerreiro Ull. Olhos que, por um momento, eram mais escuros do que deveriam ser.
— Miki. — Grim a ergueu em seus braços. — O que nós dissemos a você sobre fugir de seus guardas? — Isso fez com que o olhar dela se movesse para ele, em vez de Ull.
— Mas eu não estava, manno. — Ela disse sinceramente. — Apenas não queria que Rebecca saísse sem seus biscoitos.
Grim soltou um suspiro pesado percebendo que este era um assunto que ele abordaria de novo e de novo enquanto sua pequena crescia.
— Rei Grim. — Os lábios do General Rayner se contorceram enquanto ele assentia levemente. — E Princesa Miki. É hora de partirmos.
— Tenha uma viagem segura, General Rayner. Lembre-se de que está carregando uma carga preciosa. — Grim olhou para Rebecca.
— Ninguém sabe disso melhor do que eu, Rei Grim. — Treyvon disse a ele, mas seu olhar foi para sua Jennifer.
— Adeus, Tio Treyvon. Adeus, Tia Jennifer. Adeus, Rebecca. — Miki acenou enquanto se afastavam e Lisa não se incomodou em corrigi-la que tecnicamente estava errada. Suas meninas aceitaram Treyvon e Jen em sua família e se era assim que elas queriam se expressar, então as deixaria.
Ull inclinou a cabeça para o lado levemente, observando o grupo se despedir e não sentiu nada. Não, isso não era verdade, ele sentia algo... algo escuro.
Nós não deveríamos trabalhar com os Kaliszianos. — O pensamento insidiosamente sussurrou em sua mente. — Eles são fracos. Nós podemos pegar o que eles têm, pegar o que a Terra tem. Isso serviria melhor nossos irmãos guerreiros. Isso faria com que eles vissem quem é o digno e apto em sua família.
Ull não sabia de onde esses pensamentos vinham, mas faziam sentido. Não havia garantia de que sua missão na Terra teria sucesso. Afinal, o que o Imperador sabia? Ele estava permitindo que uma mulher influenciasse suas decisões, assim como o Rei de Luda, assim como o Supremo Comandante da Defesa Kaliszian. Isso os tornavam fracos. As fêmeas apenas foram feitas para uma coisa. Todas as fêmeas.
Seu olhar foi para a pequena nos braços do Rei e ficou surpreso ao encontrá-la olhando fixamente para ele.
— Cuidado com a escuridão que fala com você. — As palavras de Miki enquanto eram baixas, foram ditas em uma voz muito mais antiga, mais sábia e mais poderosa do que a dela jamais poderia ser. — Ele sabe onde você é mais vulnerável, quando está mais fraco. Então mente para você, fazendo-o acreditar e fazer coisas que nunca faria. Coisas terríveis. Cuidado com a escuridão, Guerreiro Ull.
— Miki. — Grim rosnou, olhando para sua prole mais nova em estado de choque. A mão dela, a que tinha o Olho de Raptor, tocava seu pescoço e por um momento sentiu tal poder irradiando que ele pensou que iria queimá-lo e seus olhos pareciam brilhar.
— O que, manno? — Ela perguntou, sua voz mais uma vez cheia de inocência, seu toque suave e seus olhos eram o belo âmbar de sua mãe.
O olhar de Grim foi para Ull para perguntar o que acabou de acontecer, apenas para encontrar o guerreiro fechando a escotilha de seu ônibus espacial.
— Eu deveria ter trazido biscoitos para o Guerreiro Ull. — Disse Miki, observando enquanto o ônibus espacial voava para longe. — Ele não está muito feliz.
— Isso é verdade, pequena. — O olhar preocupado de Grim permaneceu no ônibus.
— Talvez os biscoitos da Trisha o deixem feliz. Eles são os melhores.
M. K. Eidem
O melhor da literatura para todos os gostos e idades