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Poesia & Contos Infantis

 

 

 


HIGHLANDER PARA O NATAL / Paula Quinn
HIGHLANDER PARA O NATAL / Paula Quinn

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Reação mágica
Como bardo do clã MacGregor, Finlay Grant é um ser naturalmente sedutor. Ele pode facilmente conquistar o coração de qualquer moça... mas de alguma forma, as palavras certas para expressar seu amor pela deslumbrante Leslie Harrison escaparam. No entanto, quando a Christmastide1 se aproxima, Finn sabe que deve encontrar uma maneira de propor matrimônio à beleza de cabelos negros que roubou seu coração.

Uma batalha pelo verdadeiro amor
Uma Leslie Harrison furiosa poderia chutar seus irmãos por prometerem-na a outro. Mas ela fará qualquer coisa para salvar sua família da desonra... embora em seu coração ela não queira outro homem além de Finn. Quando o noivo de Leslie faz um acordo covarde, colocando sua família e o clã MacGregor em perigo, Finn prova que ele é tão feroz na batalha quanto é doce na música.
Esses dois amantes podem encontrar um milagre de Natal que lhes conceda um feliz para sempre?

 

 

 

 

Skye, Escócia
17 de dezembro de 1688

01

O vento gélido soprava o plaid de lã sobre os ombros e joelhos de Finlay Grant e esfriou o sangue de seus lábios. Era o tipo de frio que fazia seus olhos arderem, o tipo que congelava sua respiração. De onde estava sobre os penhascos de Bla Bheinn, a maioria das pessoas preferia a vista na primavera, quando os vales eram pintados em tons de lavanda e âmbar. Ele não. Ele era a favor do inverno e da nítida clareza do mundo que o cercava.

Ele olhou através do vale varrido pelo vento em direção ao Castelo de Camlochlin, lar dos MacGregors, dos Grants e de qualquer outra alma que procurasse refúgio contra o clima ou algo pior. Apesar do clima gelado, o calor penetrou profundamente em seus ossos. Ele quase podia sentir o cheiro dos aromas de pães pretos de Natal e pães caseiros nas cozinhas, os doces ramos de viscos e azevinho sendo preparados para o Natal. Se ele escutasse bastante, ele pensou que podia ouvir risadas e música ao vento.

Ele se perguntava se esse lugar mudaria algum dia e se as ações dos homens aqui seriam esquecidas. Ele nunca quis que isso acontecesse. Era seu dever fazer que isso nunca acontecesse.

Abrindo a boca, ele fez o que fazia de melhor e encheu o ar com o som de sua música, uma que ele havia trabalhado nas últimas seis horas.

— Deixe-me falar sobre um lugar entre as montanhas e a névoa.

Um lugar onde você nunca sonhou, onde ainda existem heróis.

De uma fortaleza esculpida em coragem, desafiando a terra.

Um refúgio para os proscritos e um refúgio para os condenados.

Camlochlin, Camlochlin, joia do meu coração...

Espalhando o olhar pelos picos sombrios de Sgurr na Stri e pelas cadeias majestosas de montanhas Cuillins mais além, ele fez uma pausa para reconsiderar escrever uma ode a esse lugar. Ele era bom com as palavras, mas mesmo um bardo mestre tinha problemas para descrever o local de seu nascimento.

— Bonita, — veio uma voz doce atrás dele.

Ele se virou e sorriu com a única visão que poderia rivalizar com Camlochlin, iluminada pela lua e varrida pelo vento enquanto ela pisava sob o véu brilhante que se instalava nas montanhas.

— Isso é impossível, moça, porque eu não mencionei você ainda.

Leslie Harrison jogou sua trança grossa e preta por cima do ombro, fazendo-o querer soltá-la e deixar seus cabelos caírem em seu rosto esbelto. O riso dela dançou na espinha dele, mais bonito do que qualquer som que ele já ouvira, ou poderia produzir com sua própria voz.

Lembrou-se do dia em que Colin MacGregor chegou em casa com George Gates, capitão da Royal Horse Guards2, e com a esposa do capitão, Sarah, e seus parentes, os Harrison. Ele devia muito a Colin por trazê-la aqui. Pois ela fez o que nenhuma outra antes dela poderia fazer. Ela se apossara do coração dele e dava à vida um novo significado. Ele a amava e hoje pretendia contar a ela.

— O que faz você pensar que eu estava me referindo à sua ode e não a você quando falei, Finlay Grant? — Ela passou por ele, deixando a fragrância de turfa e noz-moscada em seu rastro. — Eu não sou a única moça nas Highlands que pensa que você é bonito, sou? — Ela se virou e encostou as costas na parede da montanha, seu sorriso brincalhão ainda intacto quando olhou para ele. — Ora, nessa mesma noite, ouvi Heather MacDonald descrevê-lo como celestial. Com um sorriso criado da luz das estrelas e do sol. — Ela riu e revirou os olhos como se nunca tivesse ouvido tanta bobagem antes.

— Você está com ciúmes, então? — Ele se aproximou dela, sorrindo como um filhote enfeitiçado, impotente com o efeito que ela tinha sobre ele e não se importando. Então, as outras o achavam agradável de olhar. Esta era a única mulher cujo favor ele procurava ganhar.

— Ora, bardo, — disse ela, o sorriso caprichoso de seus lábios o aproximando. — Está claro para todos ver quem tem direito ao seu coração.

Och, ela era tão inteligente, ou ele, tão transparente? Quem se importava? Ele certamente não. E o que eram as estrelas comparadas com a alegria da vida provocando seus olhos cor de mar? O ar fresco da montanha comparado com o chicote de sua língua? Ele amava a confiança dela, o ar de absoluta posse de si mesma que pairava sobre ela como uma capa sensual. Ele estava feliz por seu coração ser tão óbvio. Ele a amava e queria que todos os Skye soubessem. Ele diria a ela hoje à noite, mesmo que parecesse que ela já sabia. Ele pensou sobre a melhor maneira de contar a ela várias vezes nos últimos meses. Ele era poeta. O evento da iluminação — quando alguém descobre que seu coração não é mais seu, quando ele acorda todos os dias para encontrá-la em seus pensamentos, tentando-o a procurar a companhia dela, quando ele daria seu último suspiro em troca da vida dela — bem, esse evento era importante e merecedor das palavras certas. Ele queria pedir que ela fosse sua esposa. Uma proposta deve ser perfeita... e a perfeição leva-se tempo para dominar. Mas, finalmente, ele acreditava que estava pronto.

Ainda assim, o que as palavras certas importavam se ela não o amava em troca? Havia muitos pretendentes ansiosos para compartilhar sua companhia nos últimos meses. Ela não demonstrou interesse em nenhum deles. Sim, eles passaram muito tempo juntos e era verdade que o sorriso dela iluminava o salão inteiro quando ele cantava sobre o amor. Mas ela o amava? Ele decidiu colocar sua pergunta à prova e ver se ela o deixaria beijá-la. Ele se aproximou, ansioso para provar o gelo dos lábios dela antes de derramar seus elogios em sua bochecha.

— Andrew me espera, — disse ela sem fôlego contra a boca dele, então o empurrou com uma mão gentil. — Deve haver um anúncio e ele pediu que todos estivessem presentes.

Finn apertou o braço em volta da cintura dela, mantendo-a perto, sem vontade de deixá-la ir sem dizer a ela.

— Deixe ele esperar mais um momento, eu imploro.

— Tudo bem. — Ela cedeu facilmente, sorrindo e se aproximando dele novamente, matando seu coração onde ele estava. — Ele deu a impressão de que seu anúncio era de importância.

Finn deu de ombros e passou a manta em volta dos ombros dela, protegendo-a do frio.

— Talvez seu irmão finalmente vai exigir que Brodie MacGregor honre sua mãe e se case com ela. Todo mundo sabe sobre os seus encontros clandestinos, sabe.

Leslie balançou a cabeça.

— Minha mãe terminou isso há um mês. Não, acho que o anúncio de meu irmão tem mais a ver com uma carta que ele recebeu recentemente de James Douglas, marquês de Dumfriesshire.

Finn se afastou para vê-la melhor. Douglas?

— Que relações seu irmão tem com eles? Eles são Covenanters3 das terras baixas.

— Sim, eu sei. — O sorriso dela era ainda mais sedutor pela peculiaridade de sua sobrancelha escura. — Minha família também é Covenanters das terras baixas, Finn. Lembra? A Inglaterra era apenas nossa residência temporária. Manteve Andrew e Alan longe das massas locais e longe dos exércitos reais enviados para massacrar aqueles que compareceram.

— Sim. — Ele assentiu, sabendo que os Harrison eram Covenanters ativos que sofreram severamente sob o domínio de Stuart. Eles se mudaram para a Inglaterra depois que o rei James teve alguns presbiterianos ativos presos em sua cidade natal, Dumfriesshire. Os parentes de Leslie viveram vidas tranquilas em Norfolk, mantendo-se até o verão, quando fugiram com a ameaça da vitória do rei James sobre o príncipe William de Orange. Eles temiam que o rei certamente punisse os protestantes por não o apoiarem.

Mas James havia perdido quase todo seu apoio no momento em que William desembarcou seus navios na Inglaterra, e no início deste mês ele tentou, sem sucesso, fugir do país.

— Acho que Andrew quer levar-lhes de volta para suas casas agora que é seguro voltar? — Perguntou Finn, pegando sua mão e trazendo os nós dos dedos sobre os lábios. Ele não se importava com quem governava. As leis da Inglaterra raramente alcançavam Skye. Mas hoje à noite, ele prometeu, pediria sua mão ao irmão mais velho antes de Andrew fazer planos para tentar levá-la de volta às terras baixas... ou pior, à Inglaterra.

— Você seria tão contrário à noção de eu partir então?

Ele olhou nos olhos dela, esperando ver o flash familiar de humor passando por eles. Ele não encontrou. Ela estava falando sério.

— Claro que sou contra você partir. Leslie... — Ele passou a parte de trás dos dedos sobre a bochecha dela e, em seguida, segurando seu queixo, ele a aproximou. — Eu ponderei mil maneiras de dizer isto, mas é meu coração, que deve falar por mim.

— E o que diria? — Ela perguntou baixinho, ousadamente, levando as pontas dos dedos aos lábios dele.

— Diria a você que que acho o mundo tão bonito é ainda mais deslumbrante com você nele. Isso me faria dizer que eu te amo. Que eu vou amá-la daqui a cinquenta ou mil anos depois disso. Vou manter seus lábios inchados e rosados, mas não seus olhos. Vou tentar sempre fazê-la feliz, em nossa cama e fora dela. E quando nossos bairns nascerem, você poderá nomear todos eles. Eu sei que isso é importante para uma moça.

— Você? — Ela riu e levantou uma sobrancelha para ele. — E como sabe que eu gostaria de ter bairns com você?

Ele pressionou a boca na têmpora dela, depois traçou seus lábios, levemente, na bochecha dela.

— Você não quer?

Aqui estava, o momento que revelaria seu coração. Ele mal respirava, e ele não estava certo de que queria continuar a respirar se ela disse nae4.

— Leslie! — Uma voz masculina aguda chamou da névoa. Era Alan, o mais novo dos dois irmãos Harrison.

O juramento abafado de Finn chamuscou o ar. Och, inferno! Agora não, caramba!

— Aqui. —Ela tentou se soltar do abraço de Finn, mas ele a segurou imóvel, não querendo entregá-la ainda.

— Encontre-me aqui mais tarde, — ele sussurrou. — Há algo que eu gostaria de perguntar. — Ele sorriu quando os olhos dela se arregalaram. Se ele não a beijasse logo, ficaria louco. Seu irmão o deteve mais uma vez quando ele chamou o nome dela, e Finn se arrependeu de passar mais horas com um alaúde do que com uma espada enquanto crescia.

— Venha! — Ela riu baixinho e concedeu a Finn o que ele queria. Seu beijo foi breve, mas quente e cheio de promessas, apesar de seu sussurro brincalhão nos lábios dele. — Você terá que me manter aquecida se eu voltar para você.

— Eu vou te abraçar, moça — ele prometeu, enrolando a mão em sua nuca. — Vou aquecer seu sangue com meu corpo e minha respiração — ele mergulhou a boca na garganta dela, — enquanto lhe digo como o pensamento de beijar você me assombra.

Ela estremeceu contra ele, pelo frio ou por algo mais significativo, e então se libertou e o deixou observando-a desaparecer na névoa que havia engrossado sobre a colina. Ele sorriu, passando a língua pelos lábios, provando-a, já sentindo sua falta. Recém-inspirado, ele pensou em ficar ao ar livre e terminar sua música. Mas ele estava curioso sobre o anúncio de Andrew Harrison. Na verdade, ele poderia descobrir isso mais tarde. O que ele realmente queria era assistir enquanto ela compartilhava palavras com o povo de Camlochlin. Ela se encaixaria bem aqui depois que eles se casassem. As outras mulheres gostaram dela e a esposa do Laird, Davina, estava entre as poucas que conheciam suas intenções e não apenas o apoiavam, mas pediram que ele fosse rápido em pedir a mão dela.

Ele sorriu, atravessando a neblina e desaparecendo por dentro. O momento poderia chegar em breve.

 

02

— Foi assim que você chegou lá?

Leslie virou-se para o irmão quando eles pisaram na luz da tocha em torno do castelo.

— Sim, foi. Não estávamos nos escondendo da visão por nossa própria vontade. A névoa havia rolado...

— Eu pensei que Andrew tivesse lhe dito algumas palavras sobre formar vínculos com ele.

Ela parou e esperou que ele fizesse o mesmo. Andrew tinha falado com ela sobre isso, mas era tarde demais.

— Ele falou, e eu vou lhe contar o que disse a ele. Eu já sou apegada a Finn e não vou desconsiderá-lo porque Andrew me disse para fazê-lo.

— Ele é seu irmão mais velho.

— Não importa para mim quem...

Os dedos de Alan se fechando com força em torno de seu braço interrompendo suas palavras.

— Você vai acabar nos fazendo ser presos, Leslie. Talvez até mortos. Essas pessoas são inimigas do novo rei. Viver entre eles se torna mais perigoso a cada dia...

— Perigoso? — Agora era sua vez de cortá-lo. — Eles nos acolheram quando precisávamos deles! E William ainda não é rei. Certamente Andrew entende o quão ridículo... — Ela parou, seus olhos se arregalando de surpresa e um pouco de horror. Quando Alan deu as costas para ela entrar, ela o perseguiu. — Uma coisa é deixar Camlochlin porque é seguro partir. Fugir deste clã porque um novo governante protestante pode tentar persegui-los é covarde.

— Leslie!

Ela se virou e encontrou a irmã vindo em sua direção em um dos longos corredores à luz de velas. Nos dois lados de Sarah, estavam suas duas amigas mais queridas, Gillian MacGregor e a esposa do Laird, Lady Davina, que quase sempre pareciam gostar da vida um pouco mais do que todos os outros ao seu redor. Agora, ela usava uma carranca que não fazia nada para diminuir seu brilho sobrenatural. Ela podia ser a dama do castelo, mas com seus grossos cachos perolados penteados acima da cabeça em montes de cachos delicadamente presos, e seus grandes olhos arregalados, ela parecia a rainha das fadas. Quando suas feições se suavizaram em Leslie, a última desviou o olhar, envergonhada pelo que Davina deve ter ouvido.

Um momento constrangedor se passou com Leslie querendo chutar Alan nas canelas por fazê-la falar uma coisa tão desprezível em voz alta, fosse verdade ou não.

— Leslie. — Sua irmã quebrou o silêncio. — Ofereci sua ajuda amanhã para ajudar as mulheres a decorar o castelo para o Natal.

— Eu sei que ainda falta um par de semanas — a voz doce de Davina chamou a atenção de Leslie de volta para ela — mas eu esperava que você se juntasse a nós na preparação da festa de Hogmanday, o último dia do ano.

— Hogmanay, — uma voz corrigiu da porta.

Davina virou-se para Finn, que estava entrando vindo do vento frio, e seu sorriso, tão inocente e radiante quanto o dele, voltou à glória total.

— Claro! Hogmanay. Muitas vezes tenho dificuldade em lembrar o nome. — Ela se virou e piscou para Sarah e Gillian. — Nós, sulistas, ficamos privados da celebração do Natal por muito tempo. — Ela voltou sua atenção para Finn. — Mas desta vez vou escrever o nome, primo. Eu prometo.

— Não há necessidade, princesa. — Ele puxou seu chapéu, derramando mechas de loiro claro sobre os olhos e bochechas coradas. — Vou colocar em prosa para ajudá-la a lembrar. É meu dever.

As duas mulheres ao seu lado, junto com a própria Davina, coraram e pareciam ficar um pouco sem fôlego.

Leslie revirou os olhos. Sempre era o mesmo. As mulheres tropeçavam nos próprios pés quando ele colocava toda a medida de seu semblante nelas. Ela não estava com ciúmes. Ele não estava tentando deliberadamente conquistar o favor de ninguém. Não era culpa dele que algo genuinamente feliz e à vontade com a vida irradiasse até do menor traço de seus sorrisos. Guardião de histórias, ele seduzia com música... e olhos que brilhavam como pó de esmeralda espalhados por algum campo etéreo. Os sussurros eram todos verdadeiros. Finlay Grant era celestial.

E embora ele não o usasse, pelo menos não deliberadamente a seu favor, ele conhecia todo o poder de seu charme.

— Não faço ideia da natureza do anúncio de seu irmão Andrew, mas espero que você fique em Camlochlin até a décima segunda noite.

Leslie piscou para Davina, lembrando-se da conversa antes de Finn aparecer... e da conversa que ela compartilhou com Alan antes disso. Ela gostava de Davina. Ela gostava de todo mundo em Camlochlin. Ela não queria ir embora, principalmente agora, quando Finn finalmente confessou seu amor por ela. Ela inclinou o olhar para ele e sorriu suavemente. Ele a amava. Ela suspeitava, mas Finn Grant capturou muitos corações e Leslie não tinha certeza se alguém poderia transformá-lo.

— Eu adoraria ficar, minha lady. Embora alguns dos Atos dos Estados do Parlamento que aboliram as festividades de Natal tenham sido revogados, ainda há muitas coisas que não podemos fazer. Estou ansiosa para comemorar em Camlochlin.

— Adorável! — A beleza loira clara sorriu.

Leslie notou que o sorriso de Finn se aprofundava e adivinhou que ele havia pedido a ajuda de Davina para ajudar a manter Leslie aqui. O pensamento dele pedir ajuda a fez flexionar os joelhos. Ele poderia possuir a mesma magia das fadas que Davina quando se tratava de parar o coração dos outros com sua beleza e comportamento acolhedor, mas Leslie o detinha. Este homem divino era dela. Finn a amava. Oh, ele a amava! Graças a Deus ele amava. Isso salvaria seus anos de miséria vivendo sem ele. Pois ela o amava também.

— Isso é mais que gentil da sua parte, minha senhora. Eu adoraria.

— Venha, Leslie. — Seu irmão puxou seu braço. — Temos deveres a cuidar.

Ele a puxou, gentil, mas de maneira grosseira, para longe dos outros e na direção do Salão Principal. Ela se virou, incapaz de se conter, e sorriu para Finn por cima do ombro. Ela o encontraria mais tarde e diria sim se ele pedisse que se casasse com ele. Ela ficaria aqui com ele e moraria em uma das casas que pontilhavam o grande vale de Camlochlin. Ela usaria mantas grossas de lã no inverno e o ouviria cantar para ela à noite. Ela ficaria pesada com os filhos dele e não apreciaria outro senão Deus sobre ele.

Ela entrou no Salão Principal, seu sorriso permanecendo intacto enquanto seu olhar se espalhava pelos habitantes de Camlochlin. Que tolo não gostaria de ficar aqui na companhia de homens que foram construídos tão sólidos quanto as montanhas do lado de fora dessas portas, levados pelas dobras pelas mulheres gentis e graciosas que eles queriam? Sarah estava aqui com o marido, George. A esposa de Andrew, Margaret, queria ficar, e até Elizabeth, a esposa de Alan, parecia mais feliz aqui. Leslie não via razão para que ela também não pudesse ficar se quisesse. Deixaria seus irmãos fugirem. Ela queria deitar nos braços de Finn no final de cada noite, até o final de sua vida.

Deixe o problema chegar. Ela não tinha medo de morrer. Ela cresceu com a morte e a possibilidade iminente disso. Ela assistiu seu pai e centenas de outros morrerem durante os cultos de campo presbiterianos considerados traidores por um rei católico. Ela entendia o que significava crescer marcado como inimigo do rei. Ela não tinha medo de viver entre os MacGregors católicos agora que a Inglaterra tinha um rei protestante.

Ela nunca soube que tipo de vida queria. Pelo que ela viu, os maridos morreram ou fugiram aos caprichos de outros homens. De qualquer maneira, por que ela iria querer se casar apenas para esperar outra tragédia? Pelo menos, era o que ela pensava antes de vir aqui. Antes de conhecer homens cujos olhares podiam deter um exército, mas apenas um olhar para as esposas quase os transformava em manteiga.

Antes de conhecer... ele.

Ela viu Finn entrar no Salão Principal com Lady Davina em um braço e sua tia Maggie no outro. A grande lareira e os muitos candelabros forneciam ampla luz no salão, mas sua própria fonte de luz... e o calor o iluminava. Leslie sentiu que queimava em algum lugar no fundo de seu coração quando seus olhares se encontraram através da sala lotada. Ela sorriu, agradecida por ele a ter escolhido dentre as outras mulheres que aceitariam qualquer coisa que ele oferecesse. Ela não havia revelado a ele ainda o quanto de seu coração havia lhe dado.

Esta noite ela diria a ele. Ela o deixaria beijá-la e muito mais, e mostraria a ele. Ela mal podia esperar.

— Ah, aqui está Leslie agora. — Andrew, seu irmão mais velho, pegou a mão de Alan e a puxou para ele antes de voltar para o anfitrião. — Gratidão pela sua paciência, MacGregor.

Leslie olhou para o Laird que se erguia do seu assento na cabeceira da mesa mais próxima da lareira. Robert MacGregor pareceria mais perigoso sem as quatro crianças pequenas penduradas em seus ombros e gritando de alegria quando ele levantava a toda a sua altura de... bem, ela não sabia como calcular a altura de um homem, mas ele era um homem muito grande.

— Silêncio! — Sua voz ecoou pelo salão, atingindo todos os cantos. Quando ele tinha a orelha de todos, cobriu o ombro de Andrew com a palma da mão. — Deem atenção a Andrew Harrison, que tem algo a dizer ao povo de Camlochlin.

Leslie sentou-se à mesa e rezou para que o irmão mostrasse gratidão a essas pessoas por sua bondade. Estes eram homens das montanhas, não ingleses. Estes eram guerreiros, filhos do antigo rei dos pictos, Kenneth MacAlpine. Eles não se agradariam de covardes que fugiam ao primeiro sinal de problema.

E não havia razão para fugir. A família dela estaria segura aqui. Nenhum exército sobreviveria montando para Camlochlin com a intenção de massacrar seus habitantes por sua religião.

Andrew pigarreou. Leslie fechou os olhos.

— Meu Laird. — O irmão dela reconheceu o Laird e esperou enquanto ele recuperava a cadeira. — Como o mais velho da minha família, permita-me expressar minha gratidão a todos vocês por nos acolherem e nos oferecerem um refúgio seguro, apesar do fato de sermos protestantes. Sei que falo pela minha família quando digo a todos que Camlochlin se tornou nosso segundo lar, mas — ele desviou o olhar para as botas e limpou a garganta novamente, — nosso primeiro lar nos aguarda, e é hora de partirmos.

O olhar de Leslie encontrou o de Finn através das mesas. Ela sabia que chegaria o dia em que seus irmãos iriam querer deixar este lugar, e agora o dia estava chegando. Seu estômago torceu em um nó doloroso. Ela queria ficar, mas Andrew nunca permitiria, a menos que estivesse casada. Era isso que Finn queria perguntar a ela mais tarde? Ser esposa dele? Oh, ela rezou para que fosse. Ela diria que sim, é claro! Ela sorriu para ele do outro lado do corredor lotado. Mal podia esperar para encontrá-lo mais tarde.

— Você sempre é bem-vindo aqui, Harrison, — disse o Laird, levantando-se mais uma vez e encarando a multidão. — Nós esperamos que você fique até a décima segunda noite e depois eu vou tê-lo com uma escolta para a Inglaterra.

— Você tem meus agradecimentos, Rob, mas não estamos voltando para a Inglaterra — disse Andrew, surpreendendo Leslie o suficiente para desviar os olhos de Finn para o irmão. — E nós já temos uma escolta. James Douglas, marquês de Dumfriesshire, vai nos encontrar do outro lado do Narrows, em Glenelg, e depois nos acompanhar até Dumfries.

O quê? A família dela estava voltando para Dumfries? Leslie levantou-se e puxou a manga do irmão. Ela não queria voltar para lá. Ela não se importava se o rei Stuart estava prestes a ser deposto e eles não precisavam mais temer o que ele poderia fazer com os hereges em seguida. Dumfries era sombria, tinha memórias sombrias que ela nunca quis voltar para lá. Seu pai morreu ali, junto com dezenas de outras pessoas que ela conhecia, maridos, irmãos, filhos e filhas. Ela não queria voltar para lá e só podia imaginar que sua mãe sentia o mesmo.

— Irmão, eu quero uma palavra. O que a mãe...

— Mais tarde. — O olhar de Andrew a advertiu para não discutir, pelo menos não na companhia dos outros. — Por favor, volte para o seu lugar.

Leslie obedeceu, embora com as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo. Eles falariam depois, tudo bem.

— Andrew. — Agora era Finn quem estava de pé em sua cadeira. Ele olhou para o Laird e depois para ela. Quando ele o fez, seu sorriso suavizou e penetrou em seus ossos, fazendo-a sorrir de volta. — Há algo que eu gostaria de perguntar a você.

O coração de Leslie batia tão freneticamente que ela temia que pudesse se libertar de suas costelas e voar direto para as mãos dele. Ele iria pedir sua mão agora? Ela esperava que sim. Ela rezou. Ela o amava. Ela queria passar o resto da vida com ele, aqui em Camlochlin.

— Antes que você faça... — Andrew levantou a palma da mão para detê-lo, mas Finn não tirou os olhos dela, então ele não viu. Ele obviamente também não o ouviu.

— Eu sei que não sou digno dela, e há provavelmente muitos outros homens que poderia dar-lhe riquezas mais finas do que eu poderia, mas eu amo sua irmã e eu...

— Finn, eu devo... — Andrew o interrompeu novamente.

Dessa vez, Leslie não se conteve e ficou de pé.

— E eu o amo! — Ela não olhou para Andrew ou Alan ou qualquer outra pessoa, exceto Finn. Ela queria rir do alívio em sua expressão. Ele honestamente não sabia como ela se sentia esse tempo todo?

— Sinto muito... vocês dois, mas... minha irmã está comprometida com outro.

Leslie piscou para o irmão, certa de que seus ouvidos haviam acabado de enganá-la e não havia razão para que seu coração estivesse quebrado aos seus pés.

— O quê? — Ela não queria perguntar, mas precisava.

— O que eu disse, — Andrew repetiu, parecendo mais arrependido desta vez, encontrando o olhar dela, — você foi prometida a outra pessoa.

 

03

Não poderia estar noiva. Era a única coisa que passava pela cabeça de Finn enquanto ele olhava na direção de Rob. Era impossível. Ele foi a Rob semanas depois da chegada dos Harrison, perguntando sobre Leslie e se ela já havia sido prometida a outro. Segundo seu irmão e guardião mais velho, ela não estava. Nae. Ele tinha que ter ouvido errado. Ela não poderia ser prometida a outra pessoa. Ela deveria ser dele.

— Andrew Harrison, — disse ele, sua voz rouca com a emoção que ele lutou para conter. — Qual é o significado de seu ato? É porque sou católico que você não a quer comigo? Porque eu sou um Highlander, talvez? Ou isso tem mais a ver com meu parentesco com os MacGregors?

— Não, eu... eu... — Harrison gaguejou.

— Por que mais você falaria de seu noivado pela primeira vez desde que chegou aqui?

Finn podia ouvir o coração de Andrew batendo no silêncio que desceu pelo salão ou era seu próprio coração que ecoava em seus ouvidos?

— Não houve engano aqui, Finn, — o irmão de Leslie ofereceu. — O noivado dela é uma ocorrência recente. É...

— Recente? — Finn olhou para os homens no salão. Seus parentes, seus amigos. Se um deles... — Quem é? A quem você a prometeu?

— Andrew. — Foi Leslie quem falou, os olhos arregalados de medo. — O que é isso? Por favor, diga que você está brincando.

Seu irmão não podia olhar para ela, o que tentou Finn a pular sobre a mesa e tirar sua vida rasgando sua garganta.

— Eu pretendia lhe contar mais cedo, — Andrew comentou calmamente. — Não era isso que eu queria para você, Leslie. Mas não temos escolha. Estamos indo para casa irmã, o local de nosso nascimento e da terra de nosso pai.

— Não.

Andrew continuou como se ela não tivesse dito nada.

— Infelizmente, haverá pouca recepção para nós, já que fomos traidores da fé. Nossos antigos vizinhos pensam que somos católicos e até prometeram nos entregar aos homens do príncipe William ao voltarmos.

— Então não seria melhor manter sua família segura aqui? — Rob colocou para ele.

Andrew balançou a cabeça.

— Não sei quanto tempo será seguro aqui. Sei que os homens de Camlochlin são poderosos e numerosos, mas você não vai resistir ao exército de William.

— Leslie vai...

— Estará segura em Dumfries. — Andrew virou-se para Finn, terminando a frase para ele. — Eu garanti isso. Ela deve vir conosco. É onde ela pertence.

— Não fale por mim! — Protestou Leslie.

Seu irmão olhou para ela, seu olhar suave e sombrio de arrependimento.

— Você está prometida ao marquês de Dumfriesshire. — Seus olhos fugiram dela quando ela caiu sentada em seu assento. — Era a única maneira de voltar para casa e garantir nossa segurança, — explicou ele, mais para o resto deles do que para ela. — Como eu disse, o povo de Dumfries sussurra que nos afastamos de nossa fé. Os Douglas são uma família poderosa. Eles sentam-se no Parlamento e obtiveram influência ao se casarem com casas reais escocesas e europeias. O marquês prometeu nos proteger de um escândalo que poderia custar nossas vidas com o novo rei protestante. Para provar seu apoio a nós, — ele finalmente se voltou para Leslie — ele concordou em pegar sua mão.

O coração de Finn bateu furiosamente contra seus ouvidos, quebrando o silêncio no salão. Incapaz de se mover, ele permaneceu em seu lugar enquanto algo que nunca havia sentido antes percorria suas veias. Algo que homens como seu irmão, Connor e Colin MacGregor haviam treinado e aproveitado enquanto aprendia a tocar instrumentos musicais. Ele não nasceu para ser um guerreiro como a maioria dos outros aqui. Até agora, ele era o que ele sempre quis ser o bardo do Laird.

— Harrison, eu aviso. Vou matar o homem que a tirar de mim.

— Finn.

Ele não reconheceu Rob ou os dois homens que apareceram ao seu lado para segurar seus braços. Ele simplesmente esperou que Andrew o encarasse. Ele poderia fazer isso. Ele poderia matar um homem por ela. Ele iria à guerra por ela. Porque agora? Porque ela? Por que ele não pediu que ela fosse sua esposa antes? Ele sabia que a amava logo depois que ela chegou a Camlochlin com a língua atrevida e os quadris balançando a condizer. Oh, santos, ele não poderia perdê-la. Ele não a perderia.

— Diga ao marquês que mudou de ideia e não trocará sua irmã como um saco de cevada. Diga a ele que ela pertence a outro, e se ele quiser trocar espadas comigo, você o trará a Skye.

Andrew balançou a cabeça.

— Eu não posso dizer isso a ele

Os dois homens que seguravam Finn eram seus primos Will e Tristan MacGregor. Felizmente, os dois possuíam reflexos rápidos e o pegaram antes que ele pulasse na direção de Andrew.

— Finn. — Desta vez, o aviso na voz do Laird atraiu o olhar de Finn para ele. — Espere do lado de fora.

Finn hesitou, mas apenas por um momento. Não havia ninguém em quem ele confiasse mais que Rob. Ele não o desonraria desobedecendo suas ordens na frente de todos. O Laird sabia que amava Leslie e não apenas porque sua esposa, Davina, havia dito a ele. Rob era o amigo mais próximo de Finn e, como tal, garantiria que Andrew entendesse as consequências de recusar o único pedido feito a ele.

E assim, Finn saiu, sem restrições por Will ou Tristan. Ele encontrou o olhar de Leslie quando ele se virou para dar uma última olhada nela. Todos os ossos, músculos e nervos que terminavam em seu corpo resistiam à direção que seus pés estavam tomando. Ansiava por ir até ela, puxá-la para seus braços e prometer nunca a deixar ir.

Ele faria. Mais tarde. Quando tudo acabasse.

Ele encontrou o olhar de Andrew e depois o de Alan com um olhar assassino.

Leslie era dele e ele não estava disposto a deixar aqueles dois impedi-lo de tê-la.

 

04

— Eu não me importo se você já assinou um pacto com James Douglas pela minha mão, — Leslie discutiu com sua família quando eles voltaram aos aposentos de sua mãe mais tarde naquela noite. — O Laird nos ofereceu residência permanente aqui. O rei William não mandará seus exércitos para o norte. Você não tem nada a temer — ela implorou. — Não precisamos fazer o que os Douglas dizem. Nós podemos viver em segurança aqui. Nós podemos...

— Camlochlin não é nossa casa, irmã, — Andrew a cortou gentilmente de seu lugar perto da janela. — Nossas raízes não estão aqui. Pai não teria aprovado se...

— Pai está morto, — ela lembrou, cruzando os braços sobre o peito.

— Sim, — disse Alan. — Morto por um rei católico a quem esses Highlanders juram lealdade.

— Não somos Highlanders — disse Andrew mais gentilmente quando ela olhou para Alan, — nem somos formados para tal existência. A temporada de inverno é longa aqui e os dias são breves. Eles raramente recebem visitantes. Eles fazem pouco mais que trabalhar, comer, dormir, beber e ter mais filhos.

— O que mais há para fazer em Dumfries? — Perguntou Leslie. — Pelo menos aqui eles vivem e riem com propósito e vigor. As mulheres são felizes e as crianças são bem alimentadas.

— Leslie — Andrew tentou interrompê-la.

— Eu não confio no marquês. — Pelo menos não o que ela lembrava dele. Ele tinha passado dos quarenta anos. Mais ou menos a mesma idade que seu pai teria se tivesse vivido. — O MacGregor também não confia nele. Você viu o quão zangado ele apareceu quando lhe disse que os Douglas estavam a caminho de Glenelg para nos escoltar de volta.

— Os MacGregors não confiam em ninguém, — Alan interrompeu ironicamente.

Leslie o ignorou.

— Por que o marquês faria alguma coisa por nós? Faz muitos anos desde que o vimos. O que ele quer de nós que está sendo tão útil?

Andrew olhou para ela.

— Você.

Sua coluna tremia com um fio de repulsa. Ele nem a conhecia.

— Gostaria de ficar aqui com Finn, — disse ela à Andrew antes que ele tivesse chance de dizer mais alguma coisa. Ela não se importava com o que ele pensava dela se apaixonar por um Highlander. Ir para casa em Dumfries já era ruim o suficiente, casar com um velho que tinha mais o pé na cova do que tomar uma jovem noiva era demais. — Sarah pode cuidar de mim

— Olhe para mamãe. — Alan se levantou da cadeira. — Ela não quer ficar aqui. Você a puniria porque Andrew quebrou seu acordo com Douglas? Você a privaria de retornar à casa que seu marido construiu? E Elizabeth, Margaret e nossos filhos? Você colocaria a vida delas em perigo?

Os olhos de Leslie caíram na mãe, engolida em uma das enormes cadeiras de Camlochlin. Ela não tinha pensado no que sua mãe queria em tudo isso. Lembrou-se de como Helen Harrison falava constantemente de Dumfries depois que eles se mudaram para a Inglaterra. Ela tinha perdido muito. Primeiro, sua filha mais velha, Sarah, casou-se com o capitão George Gates e se mudou para Essex. Então seu marido foi morto em um campo, onde ele estava rezando, desarmado. Finalmente, ela foi forçada a desistir de sua casa para manter seus filhos vivos. Agora eles tinham a chance de voltar. Era justo impedir que sua mãe tivesse o que ansiava?

Mas e o que ela ansiava?

— Mãe, pensei que você estivesse começando a gostar de Brodie MacGregor. Você e ele passaram muito tempo na companhia um do outro. Você parecia feliz pela primeira vez desde então.

— Leslie, — Alan advertiu antes que ela fosse mais longe, — Brodie MacGregor é um bárbaro. Você não pode imaginar a nossa mãe sendo a consorte dele.

Leslie não podia acreditar no que estava ouvindo. Quando seu irmão se tornou tão esnobe... e tão ingrato nisso? Ela estava prestes a perguntar quando sua mãe se levantou.

— Alan, Andrew, deixem-nos. Desejo uma palavra sozinha com sua irmã.

Nenhum homem protestou, dando à mãe o respeito que devia a ela. Quando estavam sozinhas, Helen Harrison lançou um olhar irritado para a filha e depois desviou o olhar.

— Ele me pediu em casamento.

Leslie reprimiu o desejo de jogar os braços em volta da mãe e parabenizá-la.

— É por isso que você terminou as coisas com ele?

— É claro. — A mãe torceu as mãos e virou-se para a janela, longe do olhar consciente de Leslie. — Eu amei seu pai. Como posso trair a memória dele?

— Mãe.

Sua mãe deu um longo suspiro e voltou-se para ela.

— Você se lembra quando Sarah tinha oito anos e ela pediu sua ajuda para assar um biscoito amanteigado para seu pai de Christmastide?

Leslie sorriu com ela, lembrando.

— Eu tinha três anos. Ela me disse para adicionar farinha à mistura, então eu me apressei e recuperei os cardos que cresciam perto da porta. Eu pensei que meu pai gostasse da cor.

Helen riu baixinho.

— Ele comeu aquele biscoito e não contou a nenhuma de vocês como quase se engasgou até a morte.

— Ele era um bom homem.

— Sim. Ele era.

— Ele gostaria que você fosse feliz, mãe. Faz quase sete anos.

O sorriso de Helen desapareceu e ela balançou a cabeça.

— Não com um Highlander, Leslie. — Ela caminhou em direção à porta para sair do quarto. — Não para mim, nem para a filha dele. Nós pertencemos a outra casa.

Leslie cuidou dela, recusando-se a deixar as lágrimas se formarem na borda dos olhos.

Quando seus irmãos voltaram alguns momentos depois, ela conseguiu se recompor. Ela não se importava se o pai teria aprovado Finn ou não. Deixaria sua mãe voltar ao passado para evitar o futuro. Leslie não faria o mesmo.

— A mãe falou de novo com você? — Alan perguntou, sentando na cadeira que a mãe havia ocupado anteriormente.

— Não, ela não falou. Eu quero ficar aqui.

— Com o seu bárbaro?

— Alan, eles não são bárbaros. Finn é um poeta!

— Ora. — Ele disse, as palavras saindo de sua língua. — Não pareça tão ofendido. Você sabe tão bem quanto eu que essas pessoas, inclusive as mulheres, cortariam sua garganta e depois vão comer com seu precioso uísque e música. Não pense que seu poeta é diferente. Você o ouviu bem o suficiente quando ele ameaçou Andrew.

— Você sabe perfeitamente bem, Finn nunca faria mal a nenhum de nós, — argumentou ela.

— Não sabemos nada disso, — Alan disse a ela, — e é por isso que entramos nos aposentos de Colin e roubamos duas de suas pistolas. Droga, mas ele tinha muitas para escolher. O homem é um...

Eles atirariam em Finn?

— Alan, você nos levaria à guerra com os MacGregors e os Grants! Todos nós seríamos mortos. Você está louco?

— Não é algo que eu queira fazer, irmã. Mas devemos nos defender caso ele nos atinja com uma espada.

Isso mudava tudo. Deus a ajude, isso estava realmente acontecendo.

— Ele não vai. Ele não faria.

— Mesmo por você? — Andrew perguntou a ela.

Leslie virou-se para ele. Sim, por ela, ele poderia.

— Não existe outro caminho? — Ela perguntou a Andrew calmamente. — Não quero me casar com o marquês.

— Você deseja se casar com Grant, — disse Alan, parecendo enojado. — Um escocês católico.

Antes que ela pudesse lhe dizer o que pensava dele, Andrew se levantou da cadeira.

— Não tem outro jeito, Leslie. O marquês e eu estamos nos correspondendo há mais de um mês sobre isso. O príncipe William será coroado em breve e nossas vidas podem voltar ao normal. Os Douglas são quase tão influentes nos tribunais da Inglaterra quanto os Campbells. Com o apoio deles, ninguém se atreverá a acusar por sermos apenas protestantes. Podemos ir para casa e viver em paz. Se eu voltar com minha palavra agora, quem sabe o que ele fará. Pense na mãe. Pense na segurança dela. Certamente ela expressou a você seu desejo de sair daqui.

Sim, porque ela está fugindo de ser feliz novamente. O estômago de Leslie se revirou. Seu coração batia forte entre as orelhas. Era tudo tão extraordinário que, poucos anos atrás, eles foram caçados por um rei católico, e agora eles tinham que a casar para impedir que as línguas protestantes os sentenciassem.

— Davina disse que é pecado guerrear e matar em nome de Deus.

Andrew afastou sua expressão dolorida, talvez concordando com a avaliação. Ele permaneceu em silêncio por um momento enquanto seu olhar pousava nas chamas da lareira.

— Não podemos terminar a guerra, nem a matança, — ele finalmente disse, — mas podemos optar por não fazer parte dela novamente.

— Eu escolhi não fazer parte novamente permanecendo aqui, — ela disse a ele.

— Não podemos voltar para casa sem você. Fazer isso pode significar nossas vidas.

Leslie enxugou os olhos. Ela era mais forte que isso, não era? Se a família dela precisava dela, era seu dever... Ah, mas ela não podia! Ela não podia deixar Finn. Ela nunca esqueceria a dor e o pânico nos olhos dele no Salão Principal. Ela nunca o viu parecer tão sombrio. Como ela poderia se casar com outro homem? Como ela poderia deitar com outra pessoa? E o coração dela? O coração dela não importava?

Sua garganta ardeu com gritos que ela se recusava a soltar até ficar sozinha. Ela estava sendo doada em troca da segurança de sua família, mas ainda tinha sua dignidade.

— Vamos ficar aqui por mais alguns dias. Os Douglas estão nos encontrando em Glenelg, mas não chegarão por mais uma semana, pelo menos.

— Não, Andrew, — disse Leslie. Quanto mais ela ficava, mais difícil seria deixar Finn para trás. — Se vamos, então vamos embora com pressa. Vamos ficar em uma pousada em Glenelg e aguardar nossas escoltas lá. Faça os arranjos. Faça isso por mim e não lutarei mais com você. — Ela se virou e saiu do quarto sem esperar que seus irmãos respondessem. O que restou a dizer? Ela não podia fazê-los ficar aqui e não podia permitir que fossem presos por trair sua fé se os Douglas os atacassem. Acima de tudo, ela tinha que manter essas pistolas longe de Finn.

Sozinha no corredor, ela encostou as costas na parede e cobriu o rosto com as mãos. Como a vida dela mudou tão drasticamente em uma noite? Como suas esperanças e seus sonhos recém-nascidos de um futuro podem ser frustrados tão rapidamente? Ela queria revidar, invadir a sala e dizer que eles eram tolos em deixar Camlochlin. Que ela queria uma nova vida, não uma continuação da antiga. E que ela estava com Finn.

Mas ela se importava muito com eles para fazer isso.

— Minha paixão.

Ela olhou por cima dos dedos e depois desejou que não tivesse visto Finn parado a poucos metros de distância, a mão dele se para a dela. Ao ver sua miserável decomposição, sua expressão já dolorida ficou mais sombria.

— Gostaria de ter uma palavra sozinha com seu irmão.

— Não! — Ela recusou rapidamente.

— Não? — Ele se aproximou, mas deixou cair a mão para o lado.

Ela não queria olhar para ele, ver sua reação ao que ela estava prestes a lhe dizer. Ela temia que, se o fizesse, pudesse desmoronar e ceder a seus próprios desejos. Mas o olhar dela permaneceu, como se seus olhos tivessem uma mente própria, absorvendo todas as nuances de seu rosto, postura, joelhos fortes e bronzeados sob a bainha da manta e queimando-os na superfície de seu coração.

— Eu estou voltando para Dumfries com minha família, Finn. Eu devo! — Ela gritou, erguendo as palmas das mãos para detê-lo quando ele pulou para ela.

— Não, Leslie. — Ele a puxou a seus braços e arrastou a boca contra a orelha dela. — Eu imploro para você não ir. Você é a música no meu coração. Não me silencie.

Leslie pediu a ajuda dos anjos para impedir que suas pernas cedessem debaixo dela. Cada terminação nervosa, cada músculo, osso e emoção que a formava tremiam para afastar sua família dos seus ombros e prometer sua vida a ele. Mas ela não podia. Ela nunca o deixaria morrer por ela, e ela não podia deixar sua família morrer por causa de seu egoísmo. Ela era sua única esperança de ficar fora da prisão... ou pior.

Ela sufocou um soluço com o bater do coração pressionado no peito dele, e a resposta dele contra ela.

— Eu preciso ir. Eu devo. — E ela tinha que ir rápido antes de mudar de ideia e implorar que ele a salvasse de alguma forma. — Os papéis foram assinados para mim, Finn. Meu irmão não pode voltar atrás em sua palavra sem o risco de refutação. — Quando ele abriu a boca para falar, ela o deteve. — Você não entende. Se alguém vier contra sua família, você tem exército de guerreiros muito capazes nas suas costas. Andrew não terá suporte em Dumfries, exceto pelos Douglas.

— Nae, — ele a lembrou. — Rob concordou em deixar todos vocês aqui sob nossa proteção. Seu irmão não precisa sair e colocar você em perigo.

— Minha mãe deseja voltar para casa. Não posso colocar sua vida em risco retornando sem mim. Não é minha vontade. Mas devo fazer o que puder pela minha família. Você não faria nada menos.

— Eu gostaria! Você não me ouviu antes? Eu amo você, Leslie! — Ele a agarrou pelos braços e a sacudiu um pouco, forçando-a a olhá-lo... direto nos olhos dele. Ela olhou, sem piscar, hipnotizada pelo que viu em seu olhar. Nenhum outro homem jamais a olharia assim. Como se ela fosse tão vital e tão deslumbrante quanto um nascer do sol no meio do inverno. — Eu faria qualquer coisa por você. Eu deixaria Camlochlin, minha família, minha música, tudo para você. Nada importa para mim, mas ver seu rosto todos os dias, ouvindo você falar meu nome, seja para me irritar ou me seduzir. Eu quero te levar para a minha cama. Mais do que isso, quero acordar ao seu lado no dia seguinte e todos os dias depois disso. Eu não vou deixar você tomar outro para marido... — Ele fechou os olhos brevemente, como se a imagem que ele conjurou fosse muito dolorosa para considerar. — Eu vou enlouquecer, Leslie.

Ela não sabia como estava fazendo isso, realmente. Ela cambaleou à beira de uma tristeza tão completa que receava nunca superar isso. Mas as palavras dele a assustaram, então ela conseguiu controlar as emoções agitadas. Ela não podia ficar e se Finn lutasse por ela, seus irmãos poderiam matá-lo.

— Och, moça. — Ele balançou a cabeça para ela e passou os nós dos dedos sobre sua bochecha. — Não suporto o pensamento de você nos braços de outro homem. Não vá. Você disse que devolvia meu amor.

Ela não podia olhar para ele e virou-se para soluçar.

— Eu amo.

— Eu vou para Dumfries, Leslie. Vou colocar um fim a isso e...

Alan o mataria!

— Não! — Ela colocou as palmas das mãos entre eles e empurrou-o para longe. — Não, Finn. Eu não... eu não quero que você me siga. Me deixe ir. Me esqueça, como eu tentarei te esquecer. Não temos outra escolha.

Ela se libertou dele e correu para o quarto. Ela não parou até trancar a porta e cair em sua cama, finalmente liberando a dor que ameaçava consumi-la.

 

05

Finn não ouvia as vozes dos homens sentados ao seu redor no solar privado do Laird. Ele mal sabia como chegara em sua cadeira, de frente para a lareira e as chamas que espelhavam o sangue pulsando em suas veias. Ele respirou fundo o ar com cheiro de turfa e pinheiro e fez o possível para aproveitar os desejos escuros e desconhecidos que o percorriam. Exortando-o a fazer coisas que ele nunca fez, ou nunca pensou em fazer no passado. Como pegar uma espada e cortar um homem. Talvez dois. E gostando. Ou invadir o quarto de Leslie, chutando a maldita porta e tomando posse dela, como ele deveria ter feito meses atrás.

Infelizmente, ambos os desejos tiveram consequências terríveis. O que quer que Leslie sentisse por ele morreria se ele matasse seus irmãos, ou se causasse uma guerra que seus irmãos não poderiam vencer. Ela o estava deixando e ele não podia fazer nada para detê-lo sem causar algum tipo de dano a seus parentes.

Ele não sabia o que fazer e isso o estava deixando louco.

Ela ia se casar com outro.

Ele passou a mão pelo rosto. Não conseguia respirar. Ele se mexeu na cadeira e olhou em direção à janela. Ele precisava sair do solar, sair do castelo e deixar que o frio revigorante do inverno o esfriasse. Ele precisava de uma cabeça clara para descobrir como manter Leslie com ele.

— Estou me recolhendo, — disse ele, levantando-se e virando-se para a porta.

— Finn. — A voz de Rob o parou. — Eu quero uma palavra primeiro.

Finn deu uma olhada ansiosa na porta, depois olhou por cima do ombro para o Laird.

— Não quero me lembrar de nenhuma parte dessa noite falando disso.

— Irmão, — Connor Grant, ex-capitão do exército inglês, arrastou-se de uma cadeira pesada e almofadada. — Sente-se e ouça o que seu Laird tem a dizer, não é? Queremos ajudá-lo.

— Vocês não podem. — Finn fez uma pausa e se virou para dar a Rob o respeito devido a ele. — Me perdoe, amigo. Eu só preciso de um pouco de ar fresco. — Ele forçou o que deveria ser um sorriso, depois se virou para a porta e caminhou direto para Tristan.

— Você ia pedir sua mão hoje à noite.

Finn encolheu os ombros e tentou contorná-lo.

— Não tenha vergonha de se apaixonar, rapaz, — disse Tristan, enrolando o braço em volta do pescoço de Finn e levando-o de volta para sua cadeira. — Todo homem é impotente contra isso. Olhe ao seu redor. Existe alguém entre nossos parentes que deixou alguma coisa no caminho do amor? Robbie desafiou dois exércitos e um rei por Davina. Connor lutou e finalmente domesticou a cobra venenosa que lutava contra ele.

— Eu não domestiquei sua irmã, — disse Connor, balançando o pé sobre a lateral da cadeira. — Ela gosta que eu pense que sim, para que possa me pegar desprevenido.

Sentado ao lado dele, Colin, o caçula dos irmãos MacGregor, riu.

— Faz bem ao meu coração ouvir você admitir uma coisa dessas.

— Sim. — Tristan riu com ele, inclinando-se ligeiramente sobre a cadeira para tocar a criança no colo de Colin. — Todos admitimos que no fundo somos governados por nossas mulheres. Alguns de nós caíram um pouco mais duro do que outros, não concorda, Colin?

Sim, Finn pensou, olhando para seu amigo de longa data. Colin era particularmente pedregoso e mais difícil de quebrar do que o resto. Quando ele se apaixonou caiu duas vezes mais que o resto deles. A prova disso estava em seus braços, no mesmo lugar em que Edmund MacGregor podia ser encontrado antes de adormecer todas as noites.

Finn piscou para o sorriso sonhador do bebê e observou enquanto Tristan pressionava um beijo nos cachos felpudos de seu sobrinho.

— Nós sabemos o que você está passando agora, Finn, — Rob disse, puxando a atenção de Finn de volta para ele. — Se há algo a ser feito, nós faremos. Estamos atrás de você no que decidir.

De que maneira? Finn se perguntou. Indo para Glenelg com ele e iniciando uma guerra entre Highlanders e Lowlanders? Ou eles o ajudariam em algo mais desprezível, como assassinar silenciosamente o marquês em sua cama? Ele faria o possível para evitar qualquer cenário, pelo bem de Leslie e pelos parentes dela. Ele apreciava esses homens que o apoiavam, mas ele não queria levá-los a uma batalha. Mesmo se eles vencessem (o que ele tinha certeza de que iriam), a luta sempre teria um custo que ele não queria que seus parentes pagassem.

— Talvez, — ele ofereceu, sentindo-se um pouco menos desanimado, — poderíamos pedir a Brodie que cortejasse Helen Harrison com um pouco mais da agressão que ele mostra à cortiça em sua bolsa de uísque. Se a mãe de Leslie quisesse ficar...

Will balançou a cabeça, depois passou os dedos pelos cabelos escuros para limpá-los.

— Meu pai fica muito nervoso para atrair a última gota de cerveja da bolsa dele, não importa uma mulher.

— Nossos pais são mais próximos deles. Eles podem convencê-lo a nos ajudar — disse Colin, depois olhou novamente para o filho nos braços. — É um bom começo.

 

06

Leslie apoiou o ombro contra a vidraça da Pousada Red Kyeloe Inn e olhou para as montanhas cobertas de neve além dos Narrows. Aninhado em algum lugar dentro dessas estruturas gigantescas estava Camlochlin, se preparado para as férias, que começariam em alguns dias. Ela se perguntou se sair de Camlochlin durante a noite, sem se despedir de ninguém, era a coisa certa a fazer. Ela não teve escolha. Ela não podia suportar a ideia de um longo e prolongado adeus com Finn... ou qualquer um dos MacGregors e os Grants que ela havia amado. Finn seria machucado. Talvez ele nunca a perdoasse. Ela enxugou os olhos, inchada de chorar até dormir. Ela não teve escolha.

Ela imaginou as crianças correndo pelos corredores cavernosos, amarrando ramos de sempre-verdes e meias às lareiras dos vários salões. Muitas das tradições de Highland Yuletide estavam imersas na tradição viking e Leslie estava ansiosa por ouvir as histórias de Saint Nicholas. Isobel MacGregor prometeu ensiná-la a fazer pão preto, um tradicional bolo da décima segunda noite feito com frutas, amêndoas e especiarias. Mairi, irmã de Finn por casamento, queria que ela ajudasse na queima cerimonial de Cailleach5, ou Old Winter — Inverno velho, quando um pedaço de madeira era esculpido com o rosto de uma mulher idosa e depois queimado.

Tradições pertencentes à família de Finn que ela nunca experimentaria.

Ela tinha saído de Camlochlin a três dias e já sentia falta. Acima de tudo, porém, ela sentia falta de Finn. Oh, que Deus a ajudasse, ela sentia falta dele. Pode ter sido apenas três dias, mas cada um apresentou um novo desafio, como tentar esquecer a maneira como sua voz melodiosa se misturava com o vento soprando dos Cuillins, ou como seus olhos brilhavam como grama orvalhada em uma manhã de verão quando ele olhava para ela.

Ela pensou que seria mais fácil sair rapidamente, mas ficar longe dele era pior do que qualquer coisa que experimentara no passado. A passagem de cada momento tornou-se mais lenta e sem graça do que a anterior.

Ela esperava e temia que ele não a seguisse, e ambos foram realizados. Ele não tinha vindo. Parte do seu coração doía por causa disso. Outra parte agradeceu e rezou para que, para seu próprio bem, que ele ficasse longe.

— Leslie?

— Hmmm? — Ela suspirou, sem se virar para o irmão.

— Os Douglas devem chegar hoje. Quando eles chegarem, podemos voltar para casa.

— Está começando a nevar.

O silêncio de Andrew provou que ele ainda possuía um coração suficiente para sentir sua miséria e sofrer uma perda de palavras, sabendo que ele era a causa disso.

— Antes, — ele começou timidamente depois de pigarrear, — eu vi você compartilhando uma conversa agradável com uma dama da sua idade. Alegrava meu coração vê-la sorrir em vez de definhar como se o diabo tivesse arrancado a alma do seu corpo.

Seu olhar se fixou em um grande floco cristalizado caindo na terra. Ele tinha razão.

— Mãe e eu estávamos preocupados com você. — Ele atravessou o vestíbulo e veio ficar com ela junto à janela. — Desde que deixamos Skye, você mal falou uma palavra. Temíamos que você pudesse nos odiar.

Por que ela iria? Por fazê-la deixar o homem por quem se apaixonou, e na noite em que ele iria pedir a mão dela? Por prometê-la a outro homem com o dobro da sua idade e quem ela mal conhecia? Por que ela iria odiar sua família que escolhera deixar o porto mais pacifico, de tirar o fôlego, que já conheceram e a arrastou de volta para Dumfries e as dolorosas lembranças da morte de seu pai?

— Acho que os Douglas finalmente chegaram. — Andrew se inclinou para dar uma olhada melhor pela janela e a figura solitária galopando sobre a colina em um garanhão tão branco quanto a neve atingiu o topo da montanha. — Onde estão os outros? Certamente, o marquês não foi suficientemente tolo para vir sozinho.

Não era o marquês. Leslie não precisava olhar mais de perto. Ela sabia quem era.

Finn. Era Finn! Não havia muitas pessoas na Escócia ou na Inglaterra com cabelos quase tão brancos quanto o cavalo embaixo dele. Ele veio atrás dela. Oh! Ele veio atrás dela! Por um instante louco, ela lutou contra o desejo de pular de alegria e alívio, mas não se mexeu. Ela mal respirou. Seus irmãos nunca o deixariam levá-la. O marquês chegaria a qualquer momento e se Alan não atirasse em Finn, seu noivo certamente o faria. Ela não podia deixar isso acontecer.

— Ora, isso é... — Andrew estreitou os olhos para ajudar sua visão. — Condenação! É Grant! — Ele se afastou e, endireitando-se a toda a sua altura acima dela, a olhou como se ela tivesse planejado a chegada de Finn.

Sua acusação silenciosa a irritou. Ela pensou que ele a conhecia melhor que isso. Ele deveria, depois do que ela desistiu.

— Você realmente acha que eu colocaria em risco sua vida ou a vida da minha família? Se eu o tivesse escolhido, não teria sido mais simples para mim ficar com ele em primeiro lugar? Use sua cabeça, Andrew. Se ele viesse aqui para lutar, os outros estariam com ele. Ele queria conversar com você antes de partirmos, então tenho certeza de que é tudo o que ele quer agora.

— Ele quer você, Leslie. E se ele...

— O que ele disser ou fizer — interrompeu ela, sabendo que devia dizer ou fazer qualquer coisa para ajudá-lo a permanecer vivo, — quando o marquês deixar Glenelg, eu estarei com ele. Vamos fazer tudo para evitar derramamento de sangue, eu imploro.

Quando ele assentiu, ela quase desmaiou de alívio. Ela olhou para fora novamente, mas Finn se foi. O que ela viu tinha sido um sonho? Ela desejou poder falar com ele primeiro... se deleitar com o som da voz dele, olhar em seus olhos brincalhão e suaves e esquecer seu futuro...

— Você o ama, — disse Andrew.

— O que importa? Eu sei o que deve ser feito.

Seu irmão permaneceu em silêncio por um momento e depois beijou o topo de sua cabeça.

— Sua família lhe deve uma grande dívida.

A porta da frente se abriu, impedindo-a de falar sem cair em lágrimas. O ar frio e os flocos de neve agitados precederam uma bota de couro marrom e depois outra entrando na estalagem. Ela pensou que devia ser Finn, mas não era ele. Para onde ele foi? Ela queria correr para fora e procurá-lo.

A figura que entrava no frio varreu seu capuz e sacudiu os cabelos escuros dos olhos. Ele olhou em volta com olhos afiados de cor de estanho, examinando o ambiente, depois se virou para ela e Andrew. O olhar dele, mais poderoso do que ela lembrava quando jovem, permaneceu nela por tempo suficiente para deixá-la desconfortável.

— Você cresceu desde a última vez que te vi, Harrison, — disse ele a Andrew, finalmente seguindo em frente.

— Os anos foram gentis com você, meu lorde Douglas.

E eles tinham. O marquês ainda era bastante bonito. Ele era mais alto do que a maioria dos homens que entram na estalagem atrás dele, esbelto, mas solidamente construído.

— Senhorita Harrison? — Ele perguntou antes que Andrew pudesse fazer a apresentação. Quando ela assentiu, o que poderia ter passado por satisfação presunçosa se estabeleceu sobre suas feições e engrossou sua voz. — A sua visão me deixa ansioso para voltar à estrada, mas temo que devamos permanecer aqui mais um dia. Tenho negócios para atender primeiro.

Hmmm, ela suspeitava disso. Havia mais em sua promessa de proteção do que simplesmente ganhar a mão dela. Protegê-los era uma coisa, cavalgar tão longe ao norte, tão longe no “território inimigo” era outra. Os habitantes das terras baixas muito raramente viajavam para o norte, se é que alguma vez o fizeram. Mas que outro motivo ele poderia ter por estar aqui?

— Alrick, — o marquês virou-se para um dos homens que haviam entrado na estalagem atrás dele. — Arranje-me acomodações e um lugar no celeiro para você e os homens.

Alrick se apressou em sua tarefa, da mesma maneira que Alan poderia ter feito se tivesse sido ordenado. Leslie observou com desgosto, enquanto o mais novo de seus irmãos apareceu ao lado do marquês e curvou-se o suficiente para beijar as botas do homem.

— Graças a Deus por sua chegada segura, meu lorde, — Alan falou, endireitando-se.

— Você me insulta, Harrison — brincou o marquês e passou os olhos pela esposa de Alan, Elizabeth, que apareceu ao lado do marido. — Você esqueceu que nós do Sul não somos apenas mais civilizados do que nossos vizinhos das montanhas, mas somos tão eficientes com os nossos floretes quanto com seus costumes de claymore.

Leslie duvidava disso. Ela não gostava de homens orgulhosos e altivos e avaliou o marquês com um sorriso frio que deixou os dois irmãos um pouco pálidos.

— Uma demonstração de sua reivindicação, talvez? — Ela perguntou, seus olhos brilhando entre grossos cílios piscando. — Mais tarde, quando o tempo melhorar, você poderá demonstrar a rapidez com que sua espada pode cortar uma árvore.

— Uma árvore? — A pele do marquês assumiu a mesma tonalidade que a dos irmãos dela um instante antes que ele reconhecesse o desafio dela e cerrasse os dentes para ela.

— Um rebento, é claro. — Ela riu, claramente zombando de sua falta de lógica comum. Seu noivo não prestou atenção, mergulhando o olhar em sua mão, que gentilmente afagava seu decote. Ela esperou um momento enquanto a vontade de dar um tapa no rosto dele passava. — Poucos homens podem sentir algo mais forte.

Ele sorriu, sombrio, perigoso, deliberado.

— E quantos MacGregors deitaram com você, minha querida? Eu aviso, não posso discernir enganos.

Andrew deu um passo à frente, ofendendo-se. Alan o deteve; o medo em seus olhos de que a irmã deles os tivesse traído era quase tangível. Leslie daria um tapa nele mais tarde. No momento, ela não precisava da ajuda deles. Via onde isso a levou.

— Nenhum MacGregor deitou comigo, — ela assegurou ao acusador calmamente. — Mas se você optar por não acreditar nas minhas palavras, não vou mantê-lo com acordo com meu irmão pela minha mão.

Ele a considerava à vontade, chegando a uma conclusão que o agradava. Quando ele pegou a mão dela e a levou aos lábios, ela quis sair da pele.

— Para minha sorte, então, sou mais homem do que qualquer MacGregor. — Ele se inclinou para mais perto dela e disse em um tom mais baixo e mais grosso, destinado apenas aos ouvidos dela: — Pois eu vou deitar contigo e quando terminar, eu deitá-la-ei novamente.

Ele se afastou e piscou para Elizabeth quando passou por ela.

Leslie observou-o seguir o Sr. Matheson, o estalajadeiro, em direção à escada, rezando da maneira que Davina lhe ensinara, para que tivesse força e não subisse no barco mais próximo e seguisse seu caminho de volta para Camlochlin.

 

07

A noite havia caído e ainda não havia sinal de Finn. Ela apertou os olhos, espiando pela janela em seu quarto na estalagem. Ela duvidava que pudesse vê-lo se ele estivesse louco o suficiente para enfrentar a nevasca que caíra sobre Glenelg. Tudo, em toda parte, dormia sob um cobertor de branco imaculado... lindo, silencioso, incapacitante.

Eles estavam presos. Ela não iria para casa tão cedo. Seus pensamentos, como haviam feito desde que ela deixou Skye, retornaram a Finn.

Teria sido ele antes? Agora ela não tinha tanta certeza. Talvez ela e Andrew estivessem errados. Ele apareceu como um anjo. Talvez ele não tivesse sido real. Por que Finn viria aqui sozinho? Ele pode ter ameaçado Andrew, mas ele era um bardo, não um guerreiro. Se ele avançasse em direção a ela diante do marquês, não teria chance contra o marquês e seus homens. Finn não era tolo o suficiente para vir sozinho. Não poderia ter sido ele.

Os sons das canções de Natal de Christmastide surgiram do andar de baixo, chamando sua atenção e puxando-a em direção à porta. Oh, como ela estava desesperada por música e alegria. Ela sentia falta do Salão Principal de Camlochlin. Ela queria tanto passar Hogmanay6 com as pessoas que havia chegado a gostar. Ela estava animada com o primeiro passo, um costume envolvendo ser o primeiro a pisar na casa de um amigo ou vizinho no primeiro dia do Ano Novo. Eles teriam trazido presentes de uísque, biscoito amanteigado ou bolo de yule. Ninguém em Dumfries jamais havia visitado as casas dos vizinhos com tais presentes. As pessoas em sua cidade natal desconfiavam dos vizinhos. E por um bom motivo, depois que muitos deles foram traídos por amigos que entregaram seus irmãos protestantes para ganhar o favor de um rei católico.

Ela sorriu quando viu sua mãe e suas irmãs em lei deixando seus quartos e encontrou-as na escada.

— Não parece que vamos sair por pelo menos mais alguns dias, — disse a mãe, lançando um olhar preocupado por cima do ombro para as janelas do salão. — Nunca vi tanta neve se acumular tão rapidamente.

— São as Terras Altas, mãe. — Leslie ofereceu-lhe um tapinha tranquilizador.

— Sim, sim, eu estou ciente. E perto o suficiente para certos homens... — O rosto dela ficou vermelho. — Ou melhor, um homem para seguir e encontrar você. Andrew me disse que viu o Sr. Grant.

Leslie olhou para ela. Sua mãe estava com medo de que Brodie MacGregor viesse buscá-la? Ele viria? Bom Deus, ninguém havia considerado isso. Se ele viesse buscá-la, certamente seria derramado sangue. Leslie ainda achava difícil acreditar que sua mãe de fala mansa encontrara companhia com um homem tão severo e mal-humorado. Mas Brodie, que provavelmente combinava em idade com o marquês, era um homem bonito e tinha sido muito gentil vê-lo oferecer seus raros sorrisos à mãe dela.

— Você deveria ter dito sim à proposta dele, mãe. Eu acho que ele poderia tê-la feito feliz.

Helen Harrison piscou para a filha, desta vez corou até as raízes do cabelo e depois continuou a descer as escadas em um ritmo rápido.

— O marquês não deveria ter insistido em passar a noite. Deveríamos ter ido a muito tempo agora.

Margaret observava sua mãe em lei e, em seguida, balançou a cabeça para Leslie.

— Ela se recusa a falar dele. Acho que ela partiu o próprio coração deixando-o.

Leslie assentiu.

— Ela é teimosa e tem medo de amar tanto alguém de novo.

— Sim, — Margaret concordou enquanto elas seguiam a mãe de Leslie e Elizabeth descendo as escadas. — É verdade então? Grant chegou para roubar você?

Não. Não, não era verdade. Leslie queria dizer isso. Era muito perigoso para ele estar aqui. Ela não queria que ele viesse. Mas, por alguma razão, ela achou difícil dizer. Eles estavam a apenas um dia de viagem de Camlochlin. Se alguém estava vindo para roubá-la, ele teve tempo suficiente para fazê-lo.

— O homem que Andrew e eu vimos obviamente não era Finn. Ele não é tolo o suficiente para vir — disse Leslie suavemente, parecendo mais triste do que ela pretendia.

— Os homens fazem coisas tolas quando estão apaixonados. — Margaret pegou a mão dela e deu um tapinha. — E Finlay Grant certamente a ama. Honestamente, nós ficamos surpresas que você demorou tanto para descobrir isso.

— Margaret — Leslie tentou intervir, mas foi interrompida.

— Quero dizer, é tão óbvio, Leslie. Ele canta tudo com palavras que fazem as outras mulheres desejarem que tenha escrito tanta poesia para elas. Sinceramente, duvido que ele esteja disposto a esquecer quem o inspira.

— Ele sabe as consequências de me seguir, — admitiu Leslie, incapaz de negar o que deixara claro toda vez que abria a boca para ela ou sobre ela. Ela conquistou o coração dele e depois o partiu. — Eu... — ela tentou continuar, parando na escada para se encostar na parede. — O que você gostaria que eu dissesse, Margaret? Se você está ciente da dor que eu lhe causei, por que insiste em segurá-la diante dos meus olhos?

Em vez de responder, o olhar de Margaret moveu sutilmente sobre o ombro de Leslie, silenciando Leslie de dizer mais alguma coisa.

— Minha prometida noiva deixou alguém para trás em Skye? — O marquês perguntou, parando um passo acima delas. — Eu tinha certeza de que nenhuma de vocês havia se apegado aos seus anfitriões católicos. Eu estava mal informado?

A mãe de Leslie parou e virou-se para lançar um olhar severo para as duas filhas.

— Eles falam de uma criança, meu lorde. Um dos netos do Laird, Adam. O garoto gosta particularmente de Leslie. Ele tem três anos.

— Quatro agora — Leslie corrigiu, mantendo os olhos no marquês. Era assim que a vida dela seria com ele? Sendo constantemente controlada por seu poder de manter a família segura? Isso nunca iria funcionar. Sua família não fez nada de errado e ela não estava prestes a viver com medo de acusações falsas. — Também gosto particularmente dele. Mas eu não sou governada pelo meu coração. Se você está procurando uma esposa que não possa pensar por si mesma, que será governada por alguém, católico, protestante ou pagão, garanto que a esposa não sou eu.

Seu sorriso se aprofundou e ele levantou a mão em direção ao rosto dela.

— Você vai me agradar, senhorita Harrison. Provavelmente quando estiver menos tentando. Isso vai te enfurecer, o que vai me agradar ainda mais.

Isso já a enfureceu. Ela inalou uma respiração limpa e firme e afastou o rosto antes que ele a tocasse.

— Há convidados esperando atrás de você para descer até o refeitório. — Ela ofereceu a ele um sorriso levemente vitorioso e encontrou sua mãe no pé da escada.

Elas entraram no salão com o marquês e alguns de seus homens atrás deles. Os músicos pararam para beber, conversando e rindo com alguns dos outros convidados. As três filhas do estalajadeiro estavam decorando o grande pinheiro com sempre-viva trazida da neve ontem e o visco estava sendo pendurado nos vários batentes da porta da estalagem. Leslie fez o possível para evitar ficar embaixo de qualquer um.

Quando os viu, Honora Matheson, esposa do estalajadeiro, correu para buscar os Harrison para a mesa deles. O marquês dispensou seus homens e juntou-se à mesa tão facilmente como se tivesse sido convidado. Ele não tinha sido.

Em vez de falar com ele, Leslie olhou ao redor da sala de jantar para os convidados. Mais algumas pessoas entraram na tempestade e estavam se preparando para jantar. Comerciantes principalmente, homens grandes envoltos em peles. A única coisa que os distinguia dos grandes animais que vagavam nas Terras Altas eram seus produtos amarrados em seus peitos e longas claymores penduradas em seus quadris. Se o marquês conseguia olhar para qualquer um deles e, ainda assim, acreditando que poderia enfrentar um Highlander em batalha, estava realmente louco.

Seus olhos se voltaram para as outras mesas ao seu redor. Não havia outras mulheres presentes, exceto a esposa e as filhas do estalajadeiro. E não havia sinal de Finn.

Ela respirou um pouco mais fácil e acenou para Honora quando o marquês pediu duas garrafas de vinho para a mesa. Se ele continuasse sentado com eles, Leslie apreciaria vinhos.

— Diga-me. — O marquês recostou-se na cadeira e passou um olhar negro sobre elas. — Andrew e Alan costumam abandonar suas mulheres na companhia de homens estranhos? — Ele riu quando Leslie olhou para ele. — Só pergunto porque me interessa pensar em quantas vezes você ficou sentada, sem vigilância, um tesouro no meio de MacGregors.

Ela cerrou os dentes para ele, odiando como ele os condenava sem conhecê-los. Ela estava prestes a abrir a boca e dizer o que pensava quando a voz do estalajadeiro ecoou alegremente por todo o refeitório e acalmou sua respiração e seu coração.

— Pode estar mais frio lá fora do que o coração da minha mãe de lei, mas Deus não se esqueceu de nós, e para provar isso, Ele enviou o bardo mais habilidoso em todo o reino à nossa porta.

As três filhas do estalajadeiro, Jane, Murron e Judith, bateram palmas e se levantaram, rindo e acenando para o homem que estava entre os músicos. Seu sorriso, mesmo sob a sombra da aba do capuz, era absolutamente radiante e dolorosamente familiar.

Leslie quase desmaiou. Finn estava aqui. Ele veio! E não parecia tão com o coração partido quanto ela pensava enquanto ele acenava para os ágeis músicos. Leslie não se atreveu a olhar para a mãe ou suas irmãs em lei. Ela podia sentir a ansiedade do outro lado da mesa, mas elas não disseram nada. Se o marquês pensasse que um escocês católico a seguira até aqui...

Que tipo de idiota ele era por ter vindo? Oh, ela o mataria antes que alguém tivesse a chance! O que ele pretendia fazer? Ele planejava lutar contra o marquês por ela? Ela implorou a Deus que não fosse assim, porque temia que Finn pudesse perder contra os homens do marquês.

— Artistas que viajam... — sua recém-prometido zombou, trazendo os pensamentos de Leslie de volta ao presente e seus olhos de volta para ele, — ...e todos são muito baixos. Fique de olho no que você possui de valor. Sua espécie é conhecida por ser ladrões.

Sim, ele certamente roubou o coração de Leslie sem muita luta dela. Oh, por que ele veio? Não havia nada que eles pudessem fazer sem trazer tragédia para possivelmente as duas famílias. Eles tinham que deixar o que sentiam um pelo outro acabar. Mas vê-lo a deixou fraca. Isso a forçou a admitir o quanto o amava, o queria. Seria difícil ser gelada e incapaz de falar com ele, não tocá-lo. Ela deixou Camlochlin com pressa, porque não era forte o suficiente para olhá-lo sem ver seus filhos ainda não nascidos nos olhos dele.

Involuntariamente, seu olhar voltou ao dele quando ele começou a falar e o som de sua voz clara e melódica entorpeceu seus joelhos.

— Eles roubam o máximo que podem e depois partem antes do próximo pôr do sol, — continuou o marquês para quem estivesse ouvindo, o que não incluía mais Leslie.

— Foi um dia longo e triste. — O sorriso covarde de Finn brilhou, vencendo a escuridão de que ele falava. — Vamos inaugurar a noite com uísque, alegria e lembranças de amor para nos aquecer. — Seu olhar verde varreu sobre ela, absorvendo-a completamente antes de seguir em frente.

Quando ele começou a cantar, Leslie sabia pelo esforço necessário para não sorrir que eles estavam condenados se ele ficasse aqui.

— Vou compartilhar com vocês a história de uma moça que eu conheci. O cabelo dela, da cor do pôr do sol e os lábios, mais doce que o orvalho da manhã.

Leslie resistiu ao desejo de olhar para cima e estudar a cor do cabelo que cada uma das filhas do estalajadeiro possuía. De que ela se importava com quem ele cantava? Contanto que não fosse sobre ela. Se o marquês suspeitasse de um caso entre eles, acreditaria que ela se convertera e era uma traidora. Ele não ajudaria a família dela.

Quem Finn escolheu homenagear esta noite não era mais sua preocupação. Ainda assim, ela procurou em sua mente por qualquer mulher em Camlochlin com cabelos ruivos e uma língua delicada.

Judith, a caçula das três filhas, riu atrás da mão de algo que Finn cantou. Leslie tinha perdido um pouco disso. Mas, aparentemente, essa deusa que ele honrou na música não era tão perfeita, afinal. Na verdade, ela era absolutamente desprezível.

— Ela me disse que me amava e, com um beijo, me deixou cego.

Leslie sentiu o coração se acelerar, observando o modo como os lábios dele se enrugavam quando ele pronunciou certas palavras, como dito, covarde ou amado.

O ritmo aumentou e, atrás dele, os dois músicos acompanharam sua versão, como se tivessem tocado isso com ele várias vezes antes.

— Ela levou tudo de manhã, meu ouro, meu coração e até minha manta. Mas pelo menos ela deixou o uísque para trás.

As mulheres presentes, incluindo seus parentes, sorriram com o charme dele. Enquanto os homens, mesmo os vestidos de peles, erguiam seus copos para brindar sua bebida preciosa e aquele que dava elogios a ela.

Claro, tudo acabaria com uísque.

Leslie abandonou a guarda por quase um instante e sorriu, encharcando sua visão à vista de seu verdadeiro amor. Sua risada fácil, a sombra das covinhas sob seus rudes e dourados pelos faciais, a maneira como seus cabelos absorviam a luz das velas quando ele os tirava dos olhos. Finn pode se parecer com algo etéreo, mas ele era, acima de tudo, um Highlander que apreciava um bom copo de cerveja.

Sua próxima música tocou com um ritmo ainda mais animado, e quando Leslie se sentou e o ouviu, ela se perguntou como alguma vez encontraria a felicidade sem ele novamente.

 

08

FINN levantou o copo aos velhos amigos e novos dentro do Red Kyeloe Inn. Ele sempre preferiu fazer amigos do que matar inimigos. Do jeito que ele via, se um homem tivesse amigos onde quer que viajasse, nunca usaria uma espada. Finn poderia matar se ele precisasse. Ele apenas preferia que não.

Até que soube do homem que pretendia tirar Leslie dele. Ele não parou de pensar em matar James Douglas, marquês de Dumfriesshire, desde que deixou Camlochlin.

Ele não deveria ter vindo aqui sozinho, mas preferiu manter os MacGregors longe de guerras desnecessárias, e os parentes de Leslie provavelmente morreriam nelas. Ele percebeu seu erro quando chegou esta manhã, exatamente quando o marquês e seu bando de homens chegaram do sul. Ele ficou escondido para avaliar sua situação e as chances de permanecer vivo por tempo suficiente para levar Leslie de volta.

Ele não era bobo. As chances de qualquer briga entre ele e os vinte homens do marquês não estavam a seu favor. Por isso ele reconsiderou seu plano anterior e enviou uma mensagem ao seu Laird. Ele ainda pretendia levá-la para Camlochlin, esperançosamente sem derramamento de sangue, mas ele precisava da ajuda de seus parentes. Ele veio buscar Leslie e não estava partindo sem ela.

Ele tinha que fazer algo em breve. A neve não duraria para sempre e a escolta de Leslie continuaria. Pior, vê-la sentada a uma mesa a alguns metros de distância, com o homem que pretendia fazer dela sua esposa, quase lhe custou seu último pingo de autocontrole.

— O que nas chamas você quer aqui? — A voz baixa de Andrew cortou os ouvidos de Finn quando ele se inclinou sobre a cadeira de Finn.

Ah, aqui estava a pergunta de ouro. Qualquer que fosse a maneira como ele respondesse apontaria para a mesma conclusão, ele decidiu ser honesto desde o início.

— Eu vim por sua irmã.

O sangue escorreu do rosto de Andrew, mas ele conseguiu dar um sorriso um pouco tenso, como se fingisse falar em apreciar outra música alegre.

— Como você propõe sair sem encontrar uma espada nas costas ou um tiro de pistola nas entranhas? Não há ninguém aqui para ajudá-lo. Não seja bobo!

Finn bebeu o conteúdo de seu copo e comemorou com o próximo cliente, que pagou pelo reabastecimento.

— Fiz amigos a noite toda, Andrew. Jamie Matheson, o estalajadeiro, é um velho amigo de meu pai. — Finn acenou com a cabeça para o homem que bebia com ele em sua mesa. — De fato, uma de suas filhas, Murron, recebeu o nome de minha tia.

— Esse é seu ponto? — Andrew perguntou.

— Ele tem quatro filhos e filhas. Dois dos quais são maiores que Rob. Quando falei com Jamie mais cedo, ele me disse que voltariam hoje à noite. Então não vou morrer tão facilmente.

Andrew balançou a cabeça, depois se virou para olhar por cima do ombro em direção ao marquês.

O olhar de Finn seguiu e se estabeleceu no marquês, sua mão colocada possessivamente sobre a de Leslie na mesa.

— E Andrew, — disse Finn com firmeza, quando o que ele realmente queria fazer era marchar para lá e cortar a mão ofensiva do bastardo, — se o fogo da pistola de que você falou tem algo a ver com as duas armas roubadas de Camlochlin, deixe-me avisar que vou levá-las de volta também.

— Finn, eu te imploro... — A sinceridade em seu tom chamou a atenção de Finn. — Eu não quero vê-lo se machucar.

Finn sorriu para ele.

— E se perdermos o apoio da Douglas, nunca poderemos voltar para casa. Certamente, você, cujos antepassados vieram dessas colinas, entende a atração do local de nascimento.

— Sim, eu sei, — Finn admitiu facilmente. — Mas até a memória do local de nascimento de um homem desaparece quando o coração de uma moça se torna sua casa. Certamente, depois de deixar sua casa duas vezes para manter sua mulher segura, você entende.

Andrew o encarou nos olhos por um momento, depois abaixou o olhar e se virou.

— Promessas foram postas em papel. Elas não podem ser desfeitas. Existem leis.

— Essas leis não significam nada em Camlochlin, — Finn lembrou. — Você não é um homem sem escolhas. Só precisa decidir se a vida de sua irmã vale menos do que qualquer outra pessoa da sua família.

— O valor dela é muito maior, — disse Andrew. — Pois é ela quem mantém o resto de nós livre da perseguição ou mesmo da morte.

Finn colocou seu copo na mesa. Ele deveria ver a luz agora? Ele se levantou da cadeira. Entendia de repente por que Leslie deveria ser sacrificada?

— Vocês que colocam em risco suas vidas com a decisão de retornar a Dumfriesshire. Como o mais velho, deveria protegê-la, não usá-la como peão. O marquês não a ama. Ele nem a conhece. Você diz que prometeu manter seus parentes em segurança, mas o que ele ganha com essa união?

Quando Andrew não respondeu imediatamente, Finn continuou com o que tinha a dizer.

— Volte para Skye, — ele avisou, cansado de ser paciente. Chegara a hora de agir. A única maneira de tê-la era salvar seus parentes. Se ele queria atualmente, ou não. A melhor maneira de salvar seus parentes era ter tudo em aberto aqui nas Highlands, onde tinha uma melhor chance de mantê-los vivos. — Se sua irmã voltar para Dumfries com você ou não, meus parentes vão mantê-la a salvo... mesmo dele. — Ele apontou com o queixo para o marquês. — Nisto, você tem minha palavra. Mas eu coloquei isso para você mais de uma vez, Andrew. Volte para Camlochlin e fique livre de perseguição e morte nas mãos de seu inimigo. A escolha é simples. Você estará em casa ou na minha?

Andrew continuou olhando para ele, não querendo responder, então Finn se afastou, determinado a cumprir sua tarefa. Ele evitaria brigas reais o máximo que pudesse e esperaria que seus parentes chegassem a tempo de manter sua cabeça longe de uma cova no jardim da frente da estalagem.

Ele sorriu para Margaret e para a mãe de Leslie quando a visão dele chegando drenou o sangue de seus rostos. Ele faria o possível para evitar danos, mas sua principal preocupação era afastar Leslie da cama do marquês.

— Perdoe minha intrusão. — Ele olhou para Douglas e depois olhou para Leslie. Ele não fez nada para impedir que sua expressão se suavizasse contra o escrutínio zangado dela. Ele sabia que estava perdido para ela. O amor agarrou seu coração e assumiu o controle completo. Isso disparou seus pensamentos, paixões e ações. — Eu já a vi em algum lugar antes, moça? Talvez em uma pintura em um reino mais celestial do que este?

Em vez de arquear uma sobrancelha para ele, Leslie poderia ter empalidecido como alguns dos outros em sua mesa. Mas havia uma razão para ele se apaixonar por essa mulher.

— Você pensa muito em si mesmo se acredita que desci do céu.

Honestamente, como diabos ele deveria deixar de sorrir para ela como se tivesse acabado de colocar os olhos no sol depois de um inverno longo e frio? Ele desviou o olhar e lançou seu sorriso rápido e largo para os outros, incluindo o marquês e Andrew, que o alcançara.

— Eu culpo por tanta vaidade a Heather MacDonald. Sabe que ela me compara à luz das estrelas e...

— O que você quer nesta mesa, ladrão?

O clarão de metal contra a luz do fogo atraiu os olhos de Finn para a mão do marquês e o cano de uma pistola apontada para suas entranhas.

Andrew saltou para o lado dele, para surpresa de Finn. Para olhos destreinados, Leslie parecia indiferente ao evento. Mas Finn notou sua coluna rígida, respiração superficial e juntas brancas enquanto ela apertava as mãos.

Ele esperava que ela fosse forte, inteligente. Ele não esperava que ela falasse.

— Antes de atirar nele, meu lorde, — disse ela, traindo seu medo e raiva com o menor estalo no tom de voz, — você deve saber que ele é Finlay Grant, bardo do Laird dos MacGregors de Skye, filho de Graham Grant, que por mais de uma década liderou a acusação do diabo MacGregor contra os Campbells e que pessoalmente ajudou Charles Stuart a voltar ao trono.

Finn não se importava com quem estava assistindo; ele a encarou abertamente, se perguntando por que ela daria a ele sua identidade tão facilmente. Ela realmente aceitou seu destino então? Ela não o amava como reivindicou diante de todo o salão de Camlochlin?

— Antes que ele aparecesse à mesa, — ela continuou a Douglas, ignorando a atenção de Finn e sua expressão desanimada, — você estava pedindo a Alan a direção da propriedade MacGregor. — Seu olhar se voltou para Finn sob seu longo véu de cílios. — Como eu lhe disse, meu lorde, estávamos com os olhos vendados no caminho de entrada e saída. Grant, por outro lado, pode ser muito mais útil.

Ele era um tolo por duvidar dela e compensaria isso pelo próximo ano. Ela acabara de dar uma razão ao inimigo para mantê-lo vivo. Ele teria se curvado à sua mente magistral. Mas ele não se mexeu, preferindo o tiro de pistola nas entranhas do que o sorriso enfeitando os lábios de Leslie. Um sorriso que ela ofereceu ao seu recém-noivo.

— Talvez eu precise torturá-lo pela informação, — disse o marquês.

Ela encolheu os ombros.

— Se você o fizer, esteja preparado para matar todos os seus parentes quando os encontrar. Quantos você diria que tem, Andrew? Quatrocentos?

— Provavelmente quinhentos, — o irmão corrigiu.

— Sim, provavelmente quinhentos, — ela concordou. — E cada um deles, homem ou mulher, o caçará até que seja encontrado, e então eles o matarão pelo que você fez.

— Você o protege — acusou o marquês, movendo o cano em sua direção.

— Eu protejo você. — Ela ficou de pé e balançou a cabeça, olhando para ele. — O que acontecerá com minha família depois que você e todos os outros Douglas em Dumfriesshire, e provavelmente toda a Inglaterra, forem massacrados em suas camas? Eu morava com os bárbaros. Eu tenho medo deles, como você teria se não fosse um tolo orgulhoso.

Finn reconheceu o brilho de diversão e interesse nos olhos do marquês enquanto avaliava Leslie. Finn não gostou, já que era a mesma diversão e interesse que ele sentia por ela quando se conheceram. Não seria bom que o marquês perdesse o coração para Leslie. Ele estaria muito menos disposto a se separar dela.

— E você. — Ela voltou seu olhar glacial para Finn. — Você me viu em Skye. Nossos caminhos se cruzaram quando saí com minha família e você volte de onde quer que tenha saído. Todos nós gostamos do seu entretenimento esta noite, mas estou comprometida com o marquês e suas palavras floridas caem em ouvidos surdos. Não as desperdice comigo novamente.

Finn observou-a sair da sala de jantar com suas parentes e fez o possível para não deixar seu olhar permanecer no balanço de seus quadris finos. Ele voltou o sorriso para o marquês e deixou-o desaparecer um pouco na pistola, voltando a apontar para ele.

Então, Douglas queria o paradeiro de Camlochlin, não é? Muito provavelmente o daria ao príncipe William e aos inimigos dos MacGregors.

Finn tinha que se mover rapidamente. Sua tarefa seria mais fácil agora que ela havia fornecido a armadura que ele precisava. Ele a agradeceria por isso mais tarde.

— Parece que você e eu temos algo que o outro quer.

O marquês riu e enfiou a pistola nas calças.

— E o que, por favor, diga, você quer em troca de trair seu clã e me levar para a casa deles?

Se virando por cima do ombro para Leslie subindo as escadas, o sorriso de Finn se transformou em algo mais duro.

— Ela. — Ele voltou sua atenção para o marquês. — Eu quero uma noite com ela.

Uma noite era tudo o que ele precisava.

 

09

Leslie soprou nos punhos, mas não fez nada para aquecê-la. Ela devia estar louca por concordar em encontrar Finn à meia-noite, do lado de fora, na temperatura congelante. Mas ele enviou a ela uma mensagem de que era urgente. Os homens do marquês estavam dormindo no celeiro, então ela e Finn não podiam se encontrar lá. Mas honestamente, o que havia nas chamas para se falar? O que era tão importante? Falariam sobre o quanto sentiriam falta um do outro? Quão diferentes e vazias seriam suas vidas agora? Ela esfregou o nariz já vermelho e desejou que as lágrimas que ameaçavam cair que ficasse onde estava. Ela deveria ter ficado na cama.

— Você vai precisar se acostumar com esse clima, Leslie.

Ela não se virou ao som da voz dele, pois sabia quem era. Além disso, ela não confiava em si mesma para olhá-lo.

— Você precisa voltar para Skye antes que ele tente forçar você a contar a ele sobre Camlochlin.

— Eu já concordei em levá-lo lá pessoalmente.

Ela se virou para encará-lo por baixo do capuz.

— O quê? Por que você faria isso? Oh, Finn, quando eu lhe disse quem você era, eu não quis dizer para que...

— Meu preço foi uma noite com você, — ele a interrompeu suavemente. — Ele concordou com isso.

Ambos sabiam o que aquilo significava, mas foi Leslie quem falou em voz alta.

— Ele concordou em se casar comigo para vir aqui e obter as instruções para sua casa. Era tudo o que ele queria. Ele não parou de nos incomodar a noite toda pelo paradeiro de Camlochlin. Não estou surpresa, sério. Eu sabia que ele queria algo diferente de mim. Tudo bem, pois nunca vou amá-lo. Na verdade, acho-o bastante repulsivo.

Finn sorriu para ela como se ela tivesse acabado de prometer a ele o mundo.

— Isso me agrada, — ele disse suavemente, — porque eu vim para ter a minha noite, e milhares mais depois. Eu vim para salvar você, Leslie.

Se ele pudesse, sem que isso custasse vidas...

— Eu não preciso ser salva.

— Você quer viver uma vida de miséria, então?

— Se minha miséria significa salvar a vida daqueles que eu amo com todo o meu coração, então sim, eu vou viver essa vida.

Deus, por que ele continuava sorrindo para ela? Ela queria sorrir de volta. Um instante se passou antes que ela cedesse à tentação e depois se caísse em seus braços quando ele se aproximou dela.

Eles colidiram em um emaranhado de braços e suspiros lânguidos, ansiosos que atearam fogo ao ar. Ela reconheceu o ardor do beijo dele com a mesma necessidade, faminta pelo gosto dele. Como ela iria deixá-lo novamente? Ela não conseguiria. Ele não deveria ter vindo, mas o coração dela se alegrava que o tivesse. Ele gemeu com a paixão entre eles. O abraço dele, puxando-a mais profundamente, aqueceu seu sangue, seu corpo.

— Minha vida que volta. — Sua voz era baixa, sua respiração quente contra a bochecha dela quando ele quebrou o beijo.

Leslie fechou os olhos quando ele falou, suas palavras ecoando em seus pensamentos.

— Eu não quero casar com ele, Finn.

— Você não vai, meu amor. Sou eu quem terá como esposo.

Ela olhou nos olhos dele, uma cor de esmeralda mais profunda no céu crepuscular do inverno e sentiu o coração amolecer no peito. Não era a beleza dele que a fez querer cair a seus pés, mas a paixão que ele sentia por ela se emitia em cada centímetro dele. Isso era muito perigoso. Ele veio sozinho e não tinha chance contra o marquês... ou as pistolas de Alan se ele tentasse levá-la embora.

Mas agora que ele estava aqui, em seus braços, como ela poderia afastá-lo novamente?

— Eu não posso ser sua esposa.

— Se pudéssemos, — ele perguntou, pegando as mãos dela e levando-as aos lábios, — você se casaria comigo?

Aqui estava aquele momento que poderia mudar tudo. Ela tinha apenas que mentir para ele e tinha certeza de que ele iria para casa sem ela.

— Sim, eu seria. Eu sei que sou fraca — ela confessou quando o sorriso dele atravessou seu coração, despreocupado e confiante, quase como se ele não soubesse nada de perigo ou os males de homens inferiores. Ela colocou as pontas dos dedos sobre a boca dele e balançou a cabeça para ele. — Eu preciso que você seja forte. Você deve me ajudar a fazer a coisa certa, apesar do custo terrível. Por favor, Finn. Se você for morto, eu não sei o que farei.

— Eu não vou ser morto, amor, mas você deve confiar em mim.

— Confiar em você com o quê?

— Com o que eu vou fazer.

Ela sentiu as mãos dele se moverem sobre suas costas, acariciando suas curvas. Ela achava que perguntou o que ele pretendia fazer, mas o único som que saiu de seus lábios foi um gemido apertado. Ela queria tanto que fosse ele quem tomasse sua virgindade. Ela sonhara com isso, deixando-a aquecê-la durante as noites frias das montanhas. Ele esfregou a mandíbula áspera em sua bochecha debilitada.

— Confie em mim, amada.

Ela sorriu sonhadora e então arregalou os olhos quando ele se abaixou e a jogou por cima do ombro. Por um instante aterrorizante, ela ficou atordoada demais para resistir. O que diabos ele estava fazendo? Ele ia matá-los a todos! Oh, ela nunca o perdoaria. Nem mesmo na vida após a morte.

— Finn! Você está louco? — Ela gritou para ele e bateu nas costas dele. — Coloque-me no chão neste instante!

— Quieta, moça, — ele avisou enquanto corria para as sombras, um braço enrolado em torno de suas pernas, o outro sobre seu traseiro. — Para que alguém não a ouça e atire em mim me levando a morte.

Ela congelou nas costas dele e jurou fazer isso ela mesma, se colocasse as mãos nas pistolas de Colin MacGregor.

— Todos nós vamos ser mortos a tiros... ou enforcados, — argumentou ela em um tom abafado. — Não faça isso.

— Já está feito. Vou te levar para casa, Leslie. De volta a Camlochlin comigo. Onde você pertence.

Ela desejou poder chutá-lo por parecer o tipo de homem que uma mulher velha poderia ter encontrado vagando em uma caverna. Mas, a julgar pela maneira como a declaração dele entorpecia seus joelhos, ela não teria conseguido levantar o pé para ele.

— Havia algo que eu queria perguntar na noite em que você saiu de casa. — Ele parou de correr quando alcançou um garanhão castanho amarrado a um galho além da linha das árvores. — Eu nunca tive a chance. — Ele olhou nos olhos dela enquanto a transferia do ombro para a sela. — Meu coração...

— Você está aí! — Uma voz gritou na penumbra. — O que você pensa que está fazendo roubando esse cavalo?

Um dos homens do marquês que se aproxima do celeiro! Felizmente, ele ainda estava muito longe para ver com quem estava gritando. Leslie tremeu com uma onda de puro pânico e medo. Finn pode ter recebido a permissão do marquês para passar a noite com ela, mas certamente ele não concordou em deixá-los sair de Glenelg. Eles estavam prestes a ser pegos. Finn seria levado ao marquês e...

— Dê outro passo, — alertou Finn, levantando os canos de duas pistolas enquanto as puxava para debaixo do manto. Pistolas de Alan ou melhor, de Colin! — E seus amigos tentarão buscar seu cérebro na grama quando vierem em seu auxilio.

O soldado que se aproximava derrapou, com as duas mãos para cima. O silêncio se apegou ao ar gelado, enquanto todos esperavam para ver quem se moveria primeiro. O soldado o fez, virando-se e fugindo. Finn o perseguiu na escuridão. Ele voltou para ela um momento depois que Leslie ouviu algo estalar a alguns metros de distância.

— Você o matou? — Ela perguntou quando ele saltou para a sela atrás dela.

— Não. Acabei de nos dar um tempo.

— Finn, eu imploro, — disse ela quando ele sacudiu as rédeas e colocou o garanhão correndo contra o vento. — Não é tarde demais para acabar com essa loucura.

— Minha loucura, — ele disse, mergulhando a boca perto da orelha dela, — começou no dia em que você tomou posse do meu coração. É tarde demais para mim, moça. Se você for, minha razão para respirar vai com você.

Oh, quantas vezes ela poderia resistir a ele? Como ela esperava permanecer forte quando ele derramava palavras como estas para ela? Mas ela tinha que ficar forte e resistir a ele.

— Finn, se você desaparecer sem preencher o limite da barganha, o marquês nos seguirá. Ele é um espadachim experiente. Se ele nos encontrar... — Ela não pôde continuar.

— Tudo vai ficar bem, bela dama.

Ela fechou os olhos contra o vento forte e a onda de lágrimas que ameaçava derramar de seus olhos. Esta noite era a última vez que ela veria a mãe e os irmãos? E oh, o que seria deles em Dumfries sem o apoio do marquês? Essa noite ela e Finn ainda estariam vivos? O marquês certamente o mataria se ele descobrisse que Finn a sequestrara sem deixar as informações que queria sobre o paradeiro de Camlochlin. Ela queria gritar, implorar a Finn para levá-la de volta antes que fosse tarde demais, mas ela não podia. Não quando uma parte dela queria passar uma noite com ele.

— Diga-me novamente que você me ama. Faça nossa morte valer a pena. — Ela ouviu o riso dele ao vento atrás dela.

— Oh, Leslie, eu a amo muito para fazer valer a pena morrer. Nós vamos viver. Nós vamos ser felizes. E vou salvar seus parentes enquanto estiver nisso.

 

10

Finn reclinou-se em uma cadeira ao lado da lareira e refletiu na jornada de volta para Skye. Não demorou muito, mas ele o considerou o mais cansativo e desgastante das muitas jornadas que ele havia feito. O principal motivo era que, a cada passo, Leslie tentava convencê-lo a levá-la de volta para seus irmãos ou discutia com ele sobre a tolice de seu ato. Quando cruzaram os Narrows e entraram em Kylerhea, Finn duvidou de sua sanidade duas vezes e pensou em amordaçá-la.

Seu olhar cansado ficou suave ao atravessar sua forma, onde ela dormia na última cama disponível em Otter House. Ele não tinha certeza de que sequestrá-la era seu melhor curso de ação, mas não tinha outra escolha. Pedir uma noite com ela lhe dera tempo para levá-la para casa, uma noite inteira para ser exato. Ele parou em Otter House para que ela pudesse descansar algumas horas e uma cama macia onde pudesse deitar com ele. Ele não pretendia ficar lá por muito tempo.

Ele deixou sua cadeira e foi até ela, rezando para que não tivesse acabado de causar a morte de todos eles. Ele não se importava em morrer. Quando se vive e cavalga com guerreiros, aprende-se a não temer o inevitável. Para ela, ele desistiria de sua vida cedo.

Ele atravessou a cama em silêncio e se acomodou perto dela para observá-la enquanto ela sonhava. Por um tempo, ele sentiu o frio da loucura ao pensar em nunca mais vê-la. Agora, encharcando sua visão com ela, seus pulmões com o perfume delicado dela, ele pensou que poderia ficar ainda mais louco se não a tocasse.

Os olhos dela se abriram com o toque dos lábios dele contra a curva de sua mandíbula. Ele deixou uma trilha de beijos lentos e quentes lembrando-a de onde estavam; em uma cama, sozinhos em um quarto. Quando ela não fugiu depois de um momento ou dois, ele ficou mais ousado e deslizou seu corpo sobre o dela, mordendo o pulso em sua garganta. Ele ficou feliz por ela não ter fugido, mas não ficou surpreso quando sua boca respondeu ao seu apelo ansioso com uma fome insaciável dela própria. Sim, ela foi criada a partir do pó da lua e da luz das estrelas, mas o sangue que corria por suas veias queimava mais que o sol. E queimava por ele.

Que homem, sabendo que sua mulher o desejava acima de tudo, poderia resistir aos gemidos doces que ele puxou dela? Ele não. Não mais. Desta vez, ninguém a levaria dele.

Ela olhou nos olhos dele quando ele abaixou os quadris e os pressionou contra os dela. O olhar dela escureceu sob as pálpebras pesadas, tornando-o mais duro do que ele já estava. Ele tomou a boca da maneira que ele queria tomar seu corpo, apaixonadamente e possessivamente. Ela tremeu e se mexeu embaixo dele quando ele abriu suas pernas com as dele e pressionou seu pau pesado e duro contra ela. Quando ela parecia querer começar a protestar, ele a silenciou com uma série de beijos suaves ao longo da costura de seus lábios.

— Deixe-me dizer o que você é para mim, — ele disse contra o brilho quente da luz do fogo, — e então, o que eu pretendo fazer com você. — Ele acariciou a têmpora dela com as costas dos dedos e respirou fundo, mantendo a cabeça limpa.

— Você é tudo que preciso para rir, cantar, viver. Você é a razão de eu deixar minha cama quente na manhã fria. — Ele sorriu quando ela o fez, emocionado com o bater de seu coração contra o dele. — Você é a resposta para minhas orações e a deusa dos meus sonhos. Você é a espada que corta meu orgulho e a clara luz da lua que me obriga a uivar para o céu.

O rubor de mel em suas bochechas o levou a provar que, embora alguns possam chamá-lo de celestial, ele não era um anjo. Ele palpitava com a necessidade de tomá-la e fazê-la dele. — Você me rouba a razão e a lógica até que eu não consiga pensar em nada além de estar com você. — Sua respiração no seio dela aqueceu sua carne antes que ele a beijasse. — Eu quero revelar cada centímetro de você e deleitar meus olhos até que eu esteja satisfeito. — Ele puxou os laços da saia com os dentes, depois passou a língua sobre o seio leitoso. — Eu quero correr minhas mãos em cima de você, — ele correu sobre ela e puxou sua saia afrouxada até que seus seios se derramaram sob ele.

— Finn.

Ele sorriu com a dor do desejo na voz dela. Ela não o afastaria. Ela era uma mulher forte e se admitisse ou não, ela queria reivindicá-lo da mesma forma. Ele a deixaria, não querendo nenhuma mulher além dela.

— Eu quero encher minha boca com o seu gosto. — Ele rolou de costas, levando-a com ele e colocando-a em cima dele. As pernas dela montaram em seus quadris, sua ereção grossa se empurrando contra seu kilt para se libertar. — Quero encher você com tudo isso. — Colocando as nádegas dela nas mãos dele, ele a moveu para cima e para baixo em seu pênis, depois em movimentos lentos de giro que puxaram um grito de seus lábios. — Você me quer, Leslie?

— Sim, — ela gemeu, ondulando sobre ele. — Depressa, — ela implorou, olhando para ele.

Ele puxou as saias dela por cima de seu traseiro com uma mão e puxou seu pau deixando-o livre com a outra. Alguns golpes longos de seu pênis em seu ponto abrasador os levaram ao auge do êxtase. Ele provocou o líquido dela fluir, molhando-a o suficiente para tomá-la, o suficiente para aliviar sua dor e fazê-la agarrar seu peito e gritar seu nome.

Ele a segurou, a guiou e a encorajou enquanto ela o bombeava com força e rapidez. Ele a puxou para mais perto do rosto, enquanto derramava sua semente, confiante em sua potência de plantar um bebê nela. Não havia como voltar agora.

E qualquer um que tentasse fazê-lo teria que matá-lo.

 

11

— Vamos para o inferno.

— Seria justo com o que acabamos de fazer. Felizmente, estamos sujeitos à lei das Highlands.

O calor escorreu pela espinha de Leslie com a cadência rouca de sua voz ao lado dela e a lembrança do que ele falava. Eles haviam feito amor novamente, mais devagar que a primeira vez, mas não menos volátil. Eles tinham... se vinculado pela lei das Highlands?

Ela sentou-se e virou-se para ele. Ela viveu entre os Highlanders por tempo suficiente para saber o que o termo significava. Certamente ele percebeu que os dias de tal barbárie haviam terminado. Ele realmente não acreditava que eles estavam presos agora, não é?

— Você não pode realmente seguir leis tão primitivas, Finn. Uma mulher não pertence a um homem simplesmente porque ele a comanda, com a língua ou seu... — Ela olhou para o cobertor espalhado pelos quadris nus e corou dois tons mais escuros.

Sua risada atraiu o olhar dela de volta para o rosto dele e a tentou esquecer todo o resto, menos a visão dele.

— O que te diverte tanto?

— Gosto da modéstia e da cor que ela pinta. Faz você parecer pura e inocente, mesmo que eu saiba que não. — Sua covinha brilhou em sua risada.

— Como sua risada, — ela respondeu. — É a sua melhor arma. Mas você não deve me desviar dos meus pensamentos. — Você sabe que eu não pertenço a você. Toda a nossa noite juntos só conseguiu mais tristeza.

Ele balançou a cabeça, seu sorriso desaparecendo, mas ainda intacto.

— Você é minha, Leslie. Todo highlander, norte, oeste, leste e sul concordará e a força da lei estará do meu lado.

— Contra a Inglaterra? — Ela não sabia se queria gritar com ele ou se jogar contra ele e chorar.

— Não precisamos ir à Inglaterra para fazer o que prometemos. A história provou isso. Se você quiser, eu posso lembrá-la de nossas vitórias na música. Eu poderia começar com o namoro de Rob com a filha do rei James depois que ele a resgatou de uma abadia em chamas. Ou...

— Rob cortejou a princesa Mary? — Leslie perguntou com uma inclinação cética de sobrancelha.

— Não.

— Anne?

Ele balançou sua cabeça.

— Davina. Ela é herdeira do trono como primogênita de James. Agora que você sabe disso, meus parentes vão me apoiar ainda mais na minha decisão.

Davina era filha do rei James? Querido Deus, ela nunca teria acreditado. Ela não tinha certeza se acreditava agora. Mas Davina e sua família real teriam que esperar.

— E a minha família? — Ela perguntou. — Eu tenho medo de perdê-los. É Natal, Finn. Será que eu vou vê-los novamente? Eles sofrerão por minha causa? Não suporto pensar nisso.

Ele sentou-se lentamente, seu sorriso desapareceu, seus olhos se fixaram longe.

— Farei tudo ao meu alcance para que ninguém na sua família sofra. Meu desejo é que todos voltem a Camlochlin e celebremos Christmastide juntos, em segurança e paz. Em Camlochlin, você disse que meus parentes têm um exército de guerreiros nas costas. Bem, seus parentes têm os mesmos guerreiros para protegê-los. Não importa onde seus irmãos ou sua mãe escolham viver, meus parentes estarão ao seu lado quando forem necessários por sua causa e o que você significa para mim. Confie em mim, meu amor. Sei o que seus parentes significam para você e não deixarei que o mal lhes aconteça.

Ela o amava. Se ela pudesse rasgar seu peito e arrancar seu coração, entregaria a ele sem brigar. Talvez houvesse uma maneira de ficar com ele para sempre, sem risco para a família dela.

Ele parecia tão certo. Ele tornou difícil fazer qualquer coisa, exceto responder ao seu beijo com a mesma paixão. Ela discutia com ele sobre suas antigas crenças e o questionava mais sobre como ele planejava manter sua família segura... mas amanhã.

Agora, ela tinha necessidades mais atraentes, como provar a doçura quente de sua língua. Resistindo ao desejo de abrir suas pernas no instante em que ele a puxou para baixo e subiu em cima dela. Ela não era uma devassa, mas também não era uma tímida rata. Qual era o mal em fazer amor com ele de novo se ele já acreditava que ela lhe pertencia? E oh, ela adoraria pertencer a ele. Ela suspirou enquanto ele beijava seu pescoço, queixo, boca, o tempo todo sussurrando palavras de adoração para ela. Ela queria ser dele, ser quem o fazia sorrir como se tivesse acabado de acordar de um sonho maravilhoso e descobrisse que se tornara realidade.

Ele ficou de joelhos e a puxou com ele. Girando-a nos braços, ele pressionou sua espinha contra seu peito e passou as mãos sobre os seios, a barriga e os quadris. Ela fortaleceu sua determinação de não se afastar do tamanho e da prontidão do aço pressionando suas nádegas. Em vez disso, ela se esfregou sobre ele, louca de desejo enquanto ele passava os lábios e a língua sobre o pescoço dela. Quando ele deslizou a mão entre as coxas dela, ela sorriu e gemeu como um desejo, faminta.

— Você me faz sentir tão... — Ela levantou os braços atrás dela e os enganchou na nuca de Finn.

— Sensual? — Ele terminou por ela, trocando os dedos que ele usou para fazê-la entrar em um frenesi com seu pau.

Ela ofegou e puxou os cabelos dele quando ele empurrou a cabeça grossa contra a entrada ensopada e escorregadia.

— Sem vergonha? — Ele esfregou as palmas das mãos sobre os mamilos e rosnou em seu ouvido. — Feral? — Ele se deslizou para dentro dela, depois para fora e para cima de seu ponto escaldante até que ela gritou seu nome e ofegou como um animal da floresta contra ele. Provando que ele estava certo. — Linda? — Ele perguntou enquanto se dirigia para ela com impulsos profundos e lânguidos.

— Adorada, — ela respondeu, cobrindo as mãos dele com as dela. — Quero me lembrar desta noite até o fim dos tempos.

— Você vai, meu amor. — Ele a empurrou e a virou. Ela sabia o que ele queria e montou nele. — Eu estarei com você para lembrá-lo sempre que pudermos. — Ele sorriu para ela e depois a beijou engolindo o suspiro da boca dela quando mergulhou nela novamente.

Mais tarde, Leslie sonhava com homens gigantes e de pernas nuas balançando machados nas árvores e depois se afastando enquanto as árvores caíam.

Ela acordou com o som das vozes dos homens, tão familiares quanto a chuva, mas ainda gritou quando abriu os olhos.

 

12

Finn observou a figura dar a volta na cama em direção a Leslie. Ele pegou uma espada que não estava ao seu lado e tentou se inclinar. Uma mão em seu peito o deteve.

— Calma, irmão. — Connor, de pé sobre ele, sorriu. — Somos nós que viemos resgatá-lo.

— Sim. — Tristan MacGregor fez uma perfeita reverência diante de Leslie, que estava sentada segurando um cobertor em seu corpo nu... enquanto ela sorria de volta para ele. — Como eu já prometi a sua amada, — disse ele, voltando-se para Finn, — ela está nas mãos mais capazes.

— Bem, pelo menos agora ela está. — Colin entrou no quarto, deu uma olhada rápida, embora completa, e depois caiu para trás na beira da cama. — Então, por que você não estava em Glenelg, onde nos disse para encontrá-lo? E tivemos tempo para tirar uma soneca antes de voltarmos para casa? Não estou aquecido há dois dias.

Finn se levantou e olhou em direção à janela. Era de manhã! Ou, pelo menos, era quase manhã! Tanto para ter a liderança na frente do marquês a noite. — Oh, inferno, rapazes, temos que ir! — Ele pulou da cama, pegou seu plaid e se agachou na janela. — O marquês de Dumfriesshire estará vindo por nós a qualquer momento agora.

— Você a tirou de suas garras, então? — Tristan perguntou, sorrindo orgulhosamente para ele do outro lado da sala.

— Sim, pensei que tivéssemos mais seis horas.

— Inferno, ele dormiu demais, — Colin murmurou, se empurrando para fora da cama e se juntando a Finn na janela. — Qual era seu plano, bardo? Se soubesse que ele o seguiria, poderia ter chegado em casa de manhã se não tivesse parado por aqui.

— Eu não queria que ele me seguisse até o fim. O marquês não se importa com a noiva prometida ou com a proteção da família dela, mas apenas com o caminho para Camlochlin.

Colin fechou os olhos por um momento.

— Ele faz isso pelo usurpador. O príncipe William está olhando para nós como eu suspeitava que ele faria.

— Você não sabe se isso é verdade.

— Por que mais um Covenanter de Dumfriesshire de repente se interessou de onde moram os MacGregors?

— Se William deseja pedir nossas cabeças por nossa associação com o trono de Stuart e por causa de seu serviço ao rei James, — Finn disse a eles, — minha intenção não era ajudá-lo. Eu esperava que estivéssemos mais fundo nas montanhas antes que Douglas viesse sobre nós.

— Você sabia que estávamos chegando, — disse Connor, abrindo uma fresta na porta para ouvir os sons no corredor. — Você estava o levando para nós.

Finn assentiu, depois olhou para quem ele estava mais preocupado. Seus irmãos estariam entre os homens do marquês? Ele poderia impedir que seus parentes os matassem? Sérias ponderações eram essas, mas ele não conseguia deixar de sorrir quando seu olhar caiu na cama, ou melhor, no pequeno monte debaixo do cobertor onde Leslie estava lutando para vestir o vestido.

— Eles estão chegando, — anunciou Colin, quebrando os pensamentos mais agradáveis de Finn.

— Quantos? — Perguntou Connor, ficando no lugar de Colin perto da janela enquanto este se movia em direção à porta.

— Eles ainda estão longe, mas há pelo menos quinze. — Colin puxou duas pistolas do cinto e as girou com um movimento dos pulsos. —Connor, pegue o lado esquerdo. Tristan, você entrará à direita deles. Finn, encontre Will e suba no telhado. Esteja pronto para usar suas flechas, se precisar.

Finn cresceu com Colin. Eles praticaram juntos quando crianças, riram e se meteram em problemas juntos. Então Finn não se importava se seu amigo já fora general no Exército Real. Eles não estavam no exército agora e Finn não era um soldado para receber ordens.

— Will pode lidar com o telhado, — disse ele antes de Colin sair. — Eu quero evitar derramamento de sangue, então eu vou na frente com você.

Colin parou e se virou para encará-lo com um olhar incrédulo.

— Evitar derramamento de sangue?

— Sim. De alguns.

O olhar de Colin se estreitou nele.

— O marquês?

Finn assentiu.

— E eu quero que nenhum dano venha aos irmãos de Leslie.

— Então você pode mantê-los seguros.

— Eu vou, — respondeu Finn. — Quanto ao marquês, se o matarmos, todo Douglas nas terras baixas se juntará ao exército de William contra nós.

Colin realmente sorriu para ele.

— Eu sabia que havia mais do que poesia e elogios sobre a Srta. Harrison e meu irmão. Bom. — Ele se inclinou para a frente e deu um tapinha nas costas de Finn. — O que você quer que façamos então?

— Acho que você concorda que precisamos assustar Douglas sobre o que o aguardará se ele encontrar nossas terras e se atrever a pisar nela. Ele precisa saber que qualquer quantidade de homens que ele trouxer com ele não sairão vivos e nem ele.

Colin olhou em direção à janela e parecia contemplar algo que escureceu sua expressão.

— Sim, eu concordo. Quem são os homens com quem ele cavalga?

— Nenhum deles é Douglas. Eles são apenas guardas.

Compreendendo seu significado, Colin assentiu e puxou uma espada do cinto. Ele jogou para Finn.

— Você se lembra de como usá-la?

— Sim.

— Você realmente matará homens simplesmente por segui-lo? — Leslie disse da cama, onde ela parecia estar tentando, sem sucesso, amarrar os cadarços atrás das costas.

— Não, Srta. Harrison, — Connor respondeu de seu lugar perto da porta. — Vamos impedir que eles se tornem a causa, direta ou indiretamente, da morte de nossas esposas e bairns7.

— Muito bem, então, rapazes, — disse Colin quando a conversa parecia ter terminado. — Vamos aterrorizar o traidor.

— Mais uma coisa. — Finn o deteve novamente. — Quero a garantia do marquês de que, se o deixarmos viver, ele e sua família farão tudo o que estiver ao seu alcance para proteger os Harrisons, independentemente de optarem por voltar para o sul ou não.

— Eu vou contigo.

Ambos se viraram para Leslie, que estava se empurrando para fora de sua pilha emaranhada e saindo da cama.

— Sente-se, moça. — Colin se moveu para bloquear seu caminho quando ela os seguiu até a porta.

— Você tem algum assento? — Ela empurrou Colin para fora do caminho. — Vou garantir que meus irmãos continuem ilesos.

Connor a parou quando ela colocou a mão na maçaneta da porta.

— Pelo menos vamos primeiro. Sim, moça?

Finn estava agradecido por seu irmão ter falado com ela, e mais ainda porque Leslie concordou. Ele foi ficar ao lado dela enquanto os outros saíam do quarto. Mais uma vez, eram apenas os dois. Ele se virou para ela e, pela milésima vez, considerou tudo o que daria por ela.

— Sua felicidade significa tudo para mim, Leslie. Se não estivesse confiante em alcançar meu plano, teria deixado tudo de lado e deixado Glenelg em paz.

— Vamos ver, Finn. Veremos.

Ele a observou caminhar em direção à porta, seu sorriso se ampliando com a esperança na resposta dela. Ele a seguiu, prometendo vê-lo cumprido.

O amanhecer pintou a paisagem em tons de cinza e índigo claro. Finn nunca esqueceria a beleza gritante ao seu redor, as montanhas brancas ao longe cortando o horizonte como se tivessem sido esculpidas por uma espada empunhada por uma mão paralisada. Que alma poderia enfrentá-la, especialmente no inverno, e não sentir o poder de sua grandeza? Até o som fugiu em ondas de vento gélido, até Finn ouvir nada além de suas botas esmagando a neve debaixo dele... e o cavalo do marquês bufando contra o frio quando homens e animais se aproximaram.

Ele sabia que deveria se perguntar por que estava sozinho contra James Douglas e toda a sua companhia. Onde estavam o irmão e os outros? Mas seus pensamentos estavam ocupados com Leslie. Mais tarde, ela ficaria louca com ele por prendê-la dentro do quarto e trancá-la. Ele não se importava. Ela estava segura, e isso era tudo o que importava.

— Isso não fazia parte do nosso acordo, Grant? — Douglas gritou de sua sela. — Você pretendia levá-la de volta para mim depois que a sujou?

Isso provocou a fúria de Alan, pelo menos. Ele respirou fundo, mas assim que começou a vomitar sua raiva em Finn, Andrew bateu os flancos de seu cavalo nos de Alan, depois o silenciou com um olhar de aviso.

— Meu lorde? — Andrew galopou para frente. — Qual acordo você fez com o Sr. Grant?

— Sua virgindade, se ela ainda possuísse uma na noite passada, — o marquês zombou. — Em troca de uma escolta para a exploração da propriedade dos MacGregor.

A raiva de Andrew pulsou espessa no ar. Por um momento ele pareceu furioso demais para falar. Então disse:

— Ela não significa nada para você, então?

— Admito — disse Douglas, parecendo um pouco impaciente, — a princípio concordei em casar com ela com a esperança de que um de vocês me desse a informação que eu queria. Quero dizer, vocês passaram meses morando com os MacGregors. Quem melhor para me levar a sua propriedade secreta? Mas todos vocês se recusaram.

— Nós não os trairemos para que você possa ganhar o favor com o príncipe William.

Inferno, Finn pensou, ouvindo o tremor na voz de Andrew enquanto ele falava, as coisas poderiam ir de perigosas a mortais em um instante. Onde diabos estava Colin, seu irmão, Tristan? Ele ficou tentado a olhar por cima do ombro para o telhado para ter certeza de que Will estava lá. Pelo menos dez dos homens do marquês usavam pistolas. Metade estava apontada para ele. A outra metade, em Andrew.

— E eu não trairei minha irmã, deixando-a casar com um homem que a considera tão pouco.

O marquês jogou a cabeça para trás e riu.

— Não quero mais e nem preciso da sua irmã, Harrison. De fato — ele tirou a pistola do coldre e acenou para Andrew — depois que esse artista da taberna me levar aos seus irmãos, não terei mais utilidade para nenhum de vocês.

Finn não tinha certeza se era a prova de traição de Douglas em relação a todos ou a visão de Tristan MacGregor aparecendo como um espectro na linha das árvores que drenava o último pedaço de cor da pele de Alan Harrison.

Quando o marquês olhou por cima do ombro para ver o que trouxe tanto medo ao rosto de Alan, Finn sabia que tinha que fazer alguma coisa. Ele não queria que Tristan fosse baleado enquanto estava longe demais para se defender.

— Douglas! — Finn gritou. — Largue sua arma e ordene que seus homens façam o mesmo. Faça! — Ele ordenou, levantando uma das pistolas que ele roubara de Alan e mirando-a diretamente no marquês enquanto ele avançava. — Ou vai vê-los morrerem diante de seus olhos.

— Oh? — Douglas perguntou, olhando para a pistola de Finn. — Você vai matar todos os meus homens com uma bola?

— Largue sua arma — gritou Finn, ignorando o eco de quase uma dúzia de pistolas sendo engatilhadas. Ele sabia que seus parentes estavam lá, ocultos e mortais. — Não vou avisá-lo novamente.

O marquês riu, virou o cano para Finn e fechou um olho para mirar.

— Por que você não vem pegar?

A primeira flecha voou pela têmpora de Finn e entrou na pistola de Douglas, derrubando-a da sua mão e no chão, inútil. Outra seguiu em sua cauda e entrou no peito de um guarda com pistola. Outro homem à esquerda de Douglas caiu de sua montaria, com o lado quase partido pela metade pela claymore pesada de Connor. Alguém gritou à direita quando o garanhão de Tristan se levantou e sua lâmina rapidamente encontrou seu alvo. Mais duas flechas voaram, se deslizando perto o suficiente de Finn para fazê-lo olhar para o telhado da pousada e encarar Will.

Alguém disparou sua arma, mas errou seu alvo quando a adaga de Colin encontrou sua garganta. Por um momento, Finn observou tudo, absorvendo cada pancada, lançamento e golpe esmagador. Era seu dever lembrar momentos como esses. Os homens de Camlochlin eram como uma onda de destruição, atacando sem cessar, sem piedade ou pausa, manchando o chão de vermelho.

O grito agudo de uma mulher carregado pelo vento de algum lugar atrás dele. Ele acalmou seus pensamentos e congelou seu sangue. Ele se virou para olhar a pousada e viu Leslie correndo em sua direção, o terror e o ar fresco da manhã empalidecendo-a para um branco mortal. Ele ergueu as mãos para impedir que ela se aproximasse. Nae! Ele não queria que ela visse os mortos ou sofresse a visão de ver seus irmãos possivelmente mortos de perto. Ele tinha que chegar até ela, então começou a correr.

Quando se aproximou, sua voz ficou mais clara.

— Finn! Atrás de você!

 

13

Leslie não sabia se ela ainda estava gritando. Ela tinha, com certeza, parado de correr. Ela assistiu, paralisada e aterrorizada, enquanto Finn lutava por sua vida contra um dos homens do marquês. Se ele morresse... Se ele morresse porque ela o distraíra... Ela não conseguiu terminar o pensamento.

Ela implorou a Deus que o deixasse viver. Eles tinham acabado de se encontrar, apenas alguns dias atrás proclamaram seu amor um pelo outro. Eles tinham a vida inteira para viver e Leslie queria viver a dela com ele. Ela quase desistiu. Ela sabia melhor agora. O que era a vida sem o sorriso radiante de Finlay Grant, seu riso fácil iluminando qualquer escuridão? Ela queria acordar com ele todas as manhãs do jeito que tinha feito hoje.

Ele aparou e investiu com alguma habilidade e estava, de fato, gerenciando muito bem. Ainda assim, ela estava apavorada por ele. Quando ela viu Connor Grant avistar seu irmão e chutar sua montaria para frente, o alívio inundou suas veias. Seu próprio irmão, muito mais mortal com uma espada estava a caminho de Finn, e não evocava a mesma reação. E se eles fossem mortos?

Mas Finn era se cansando. Ele precisava de ajuda contra o soldado treinado e Andrew estava mais perto, então ela orou para que o irmão se apressasse.

Quando o guarda de repente caiu de um golpe esmagador da espada de Finn, ela gritou e começou a chorar. Ele vivia! Sua amada vivia!

Ela queria correr para ele, mas Andrew pulou de sua montaria bufante e o alcançou primeiro, gritando para ela permanecer onde estava.

Finn levou um momento para compartilhar um sorriso com ela, mas seu olhar se elevou acima de sua cabeça para algum lugar atrás dela e o que ele viu venceu seu alívio e escureceu sua expressão.

Leslie virou-se para seguir seu olhar. O telhado! Will estava prestes a atirar em seu irmão!

— Nae! — Finn saltou para Andrew, protegendo-o da flecha que assobiava pela orelha de Leslie, a flecha destinada ao seu irmão, mas tomada deliberadamente por Finn. Ele salvou Andrew. Para ela. Ele cumpriu sua promessa. Leslie caiu de joelhos, vendo seu amado cair.

— Finn! — O cavalo de Connor quase derrubou Andrew antes de derrapar para o cavaleiro saltar.

Ao redor seus homens gritavam, suas vozes duras com descrença e o terror de perder o irmão e o bardo. Mas foi a voz de Will, vindo atrás dela, dura como a manhã e sem fôlego, que finalmente arrancou um soluço de sua garganta.

— Ele vive? Pela misericórdia de Deus, diga-me, ele vive?

Oh, por favor, por favor, eu imploro, Deus, deixe-o viver.

— Sim, eu vivo, — Finn chamou Will de algum lugar além de seu irmão e dela.

Leslie quase desmaiou ao ouvir isso. Ela lutou contra o desejo, precisando de suas forças para correr até ele.

Quando ela o alcançou, ela teve que romper uma barreira de força antes de cair de joelhos ao lado dele. A flecha tinha perfurado o lado dele, possivelmente quebrando uma costela se a carranca de dor em seu rosto de arrancar o coração fosse alguma indicação.

— Você vive, — ela respirou contra sua bochecha, sem se preocupar com os homens ao seu redor. — Você sempre faz essas coisas para me agradar?

— Sim, — ele prometeu, alcançando sua boca na dela. — Sempre.

— Por que você atirou sua flecha, Will? — Connor exigiu enquanto examinava a ferida cutucando-a e distraindo Finn.

— Eu pensei que Harrison estava indo atrás dele.

— Finn pulou para me salvar, — explicou Andrew quando seu irmão, o único outro homem que restou vivo, além do marquês e dos Highlanders, se juntou a eles.

— Por que você faria isso? — Alan perguntou de algum lugar acima dela e da cabeça de Finn.

Tristan, que se juntou a eles, suspirou raivosamente.

— É amor, rapazes. Isso faz os homens ficarem um pouco loucos.

— Isso é verdade? — Leslie olhou nos vívidos olhos verdes de Finn, depois traçou sua visão sobre o ângulo de suas maçãs do rosto, a sugestão de um vinco sombrio em sua bochecha se aprofundando enquanto sua boca se curvava em um sorriso mais suave e menos tenso.

— Sim. — Esquecendo sua dor, ele tocou os dedos no rosto dela e se aproximou. — É verdade. No meu caso, a alma tumultuadamente trêmula, a vida alteradamente louca. Isso vai me inspirar nos próximos anos.

Oh, como ela ganhou esse homem quando tantas o queriam? Ele viajou quilômetros sozinho na neve por ela. Para ela, ele ousadamente arriscou sua vida, sugerindo o preço de sua assistência ao marquês. Por ela, ele ofereceu sua vida em troca da do irmão dela.

Ela seria uma tola em deixá-lo ir. Ela queria beijá-lo ali mesmo na frente de seus amigos. Mais tarde, ela diria o quanto o amava.

O garanhão de Colin, a alguns centímetros deles, a levou de volta ao mundo real.

— Para alguém baleado por uma das flechas de Will, — disse ele, olhando para baixo da sela, — você parece extraordinariamente bem.

— É uma ferida de carne — assegurou Finn enquanto Connor e Tristan o ajudavam a se levantar. — Onde está o marquês? Você não o matou, matou?

— Não, — respondeu Colin com um leve beicinho, arqueando a boca. — Ele está amarrado a uma árvore e será tratado momentaneamente. — Ele colocou os olhos claros na flecha que se projetava para fora do lado de Finn, depois para Will. — É o dia mais feliz da sua vida, primo. A mãe dele, e possivelmente também a minha mãe, o matariam se sua mira fosse mais precisa.

Will fechou os olhos e depois esfregou a mão sobre eles como se não pudesse suportar a ideia de matar seu amigo.

— Will. — Finn empurrou a mão no ombro de Will. — Foi minha culpa. — Sem dar a chance de responder ao amigo, ele se virou e olhou para o cativo, pálido, tremendo e amarrado a uma árvore a alguns metros de distância.

— O que você planeja fazer com o marquês?

Colin encolheu os ombros.

— Estou pensando em convencê-lo a não nos seguir. Logo depois do seu irmão... — Algo quebrou. Finn jogou a cabeça para trás e gritou quando Connor puxou a flecha quebrada, — ...cuida da sua ferida, — concluiu Colin, depois olhou para os outros. — Bem, está feito. Quem quer se juntar a mim?

Enfraquecido pela dor chocante, Finn enrolou o braço em volta do ombro de Leslie e se inclinou para ela, enquanto Connor arrancou uma tira do seu xadrez e amarrou-o na cintura do irmão.

— Fique comigo, minha amada.

Ela assentiu, seu coração batendo tão freneticamente que quase desmaiou. Ela nunca iria deixá-lo. Ela olhou para os irmãos, que não haviam seguido Will e Colin enquanto eles lidavam com o marquês. Andrew piscou para ela.

— Para sempre, Leslie, — Finn sussurrou em seu pescoço. Quero ser tudo o que você precisará. Seu servo — ele levantou a cabeça para lhe lançar um sorriso covarde, — e seu mestre.

Ela riu como uma virgem tímida, o que, graças a ele, ela não era mais. Ele já era tudo e mais. Ela ficaria com ele. Seu coração não lhe deu outra escolha. A família dela teria que entender. Finn era a alegria e o amor de sua vida. Ela não o deixaria desta vez.

— Eu vou ficar, Finn. Eu vou ficar com você para sempre.

Ele a beijou, depois gemeu de dor.

— Aqui, — disse Connor, passando o braço sob o ombro do irmão e levando-o para frente, de volta para a estalagem. — Haverá muito tempo para isso mais tarde, irmão.

— Haverá? — Perguntou Alan, com a irmã notando o novo respeito em seu tom quando falou com Connor. Depois de vê-los lutar, qualquer homem seria um tolo se não estivesse atento ao seu tom.

— Sim, sim, — respondeu Andrew. — Não podemos voltar com o marquês depois desta manhã.

— Podem voltar para Dumfries, se desejarem, — Finn o corrigiu. — O marquês terá permissão para viver se ele concordar em não fazer mal a vocês. Se ele quebrar o acordo, iremos por ele.

Ela poderia ter chutado Finn se ele já não estivesse machucado. Por que ele daria ao irmão uma opção? Ela olhou para ele. Ele piscou para ela em resposta.

— Talvez, — disse Andrew, puxando o cavalo, — esteja na hora de estabelecer novas raízes. Nossa irmã Sarah já está em Camlochlin e agora Leslie está ficando. Margaret também queria permanecer lá. Deveríamos permanecer juntos.

— Vou me arriscar em Dumfries, — Alan disse a ele, sem um traço de malícia em sua voz. — Eu quero ir para casa, irmão. E a mãe também. Você sempre será bem-vindo lá se quiser voltar.

— Se a verdade for dita, — Leslie disse a eles, — a mãe está muito apaixonada por Brodie MacGregor e só deseja voltar a Dumfries porque teme trair a memória do pai.

— Bem, ela...

Leslie levantou a palma da mão para impedir que Alan falasse.

— Ela está sendo tola. Margaret e eu falaremos com ela. Juntas, tenho certeza de que podemos convencê-la de que ela pertence a Camlochlin. E irmão — disse ela à Alan, — tenho certeza de que sempre será bem-vindo lá se desejar voltar.

— Está combinado então — anunciou Andrew, sorrindo para a irmã. — Vou ter que começar a usar peles.

— E plaids, — disse Finn, caminhando com a ajuda de seu irmão e Leslie de volta para a pousada.

Andrew riu e balançou a cabeça.

— Meu traseiro está congelado o suficiente em calções.

— Whisky vai mantê-lo aquecido do frio. — A promessa de Connor foi cumprida com o acordo imediato dos outros.

Leslie sorriu e olhou para o céu branco. Highlanders. Mal podia esperar para voltar ao calor de Camlochlin e começar a celebrar Christmastide e seu futuro com seu amado e sua família.

 

14

As rajadas de vento rodopiavam a neve caída, soprando-a em nuvens frias que brilhavam sob a luz da lua. Nada no vale ou nas colinas circundantes se mexia. Nada, exceto a fortaleza irregular esculpida na montanha atrás dela. Iluminada por uma única chama em todas as centenas de janelas, Camlochlin brilhava dourada na neblina prateada, um refúgio tocado pelo dedo ardente de Deus para os oprimidos, proscritos e seus herdeiros.

Era véspera de Natal, a Noite das Velas, quando velas eram acesas para guiar a Sagrada Família em segurança. Mas todos dentro do castelo sabiam que Camlochlin era sua fortaleza em todas as estações. Eles sabiam que era proibido celebrar Christmastide com qualquer tipo de alegria, mas se os MacGregors eram alguma coisa, eles eram um bando sem lei e encontravam alegria em muitas coisas.

Hoje à noite, enquanto o vento soprava do lado de fora, parecendo muito com as flautas sendo tocadas em algum lugar no cavernoso Salão Principal, Leslie agradeceu a Deus pela milésima vez por Finn, Camlochlin e as pessoas sentadas com ela no solar privado do Laird. Enquanto tomavam um gole de wassail, um vinho quente e com especiarias que Leslie achou ainda mais delicioso quando saboreado com os bolinhos e pão de frutas de Isobel MacGregor, as crianças cantavam canções de natal lideradas pelo mestre bardo. Ela sorriu para Finn, uma resposta que ela não podia mais controlar desde o seu casamento ontem.

Quando a música terminou, ela o viu voltar para ela e desejou que a noite terminasse em breve para que eles pudessem ir para a cama.

— Você está corada, — disse ele, juntando-se a ela embaixo de um cobertor de lã em um sofá comprido.

— É o calor. — Ela corou e o parou quando ele tentou remover o cobertor. — Não é esse tipo de calor.

A covinha dele brilhou, derretendo suas rótulas e aquecendo seus ossos de uma maneira que o tronco de yule queimando na lareira nunca poderia.

Ela o empurrou gentilmente e riu.

— Você mal está curado da sua ferida.

— Estou curado o suficiente. Deixe-me mostrar-lhe.

— Tio Finn, — interrompeu-o o filho de Connor e Mairi, — você ensinará a mim e a Edmund outra música?

— Claro, Malcolm. — Ele piscou para Leslie e juntou os meninos nos braços, começando outra música.

Leslie ouviu com olhos lacrimejantes enquanto Finn cantava o nascimento do Salvador. Ela olhou em volta e sorriu para Davina e seus dois bebês, embalados na cadeira do marido.

Todos os móveis de Camlochlin foram confeccionados para caber homens gigantes e com músculos. Isso fez o sofá onde ela estava sentada com Finn, Malcolm e Edmund, os dois garotos aconchegados na dobra dos braços de Finn, bastante aconchegante. Ela voltou o olhar para Colin, de pé junto à janela iluminada por velas com sua esposa grávida e observou a respiração do comandante sombrio vacilar quando Gillian sorriu para ele. O que quer que Leslie tenha visto contra os homens do marquês naquela manhã em Kylerhea, essa fera se foi e foi substituída por um marido, um pai terno e dedicado.

Todos os filhos de Camlochlin eram homens leais, dedicados e obedientes, exemplos de força, honra e coragem... assim como seus pais e tios antes deles. Dois dos quais reclinados perto do fogo da lareira ouvindo uma história que Rob estava contando.

Leslie não tinha ideia de como Callum MacGregor deve ter parecido em seus dias de glória, cavalgando das Highlands como um demônio separando as brumas, mas agora parecia muito bonito, rindo com o filho mais velho e o amigo mais querido. Seu pai em lei, Graham Grant, pegou seu olhar e lançou-lhe um sorriso de covinhas, bem como seus filhos. Ele pode ter sido um velho pecador que ajudou na restauração do trono do rei Charles, mas criou dois homens que honravam os dignos e amavam suas mulheres e seu país com paixão.

— Finn? — Ela esperou até que a música dele terminasse e os meninos pulassem no colo de Connor em seguida.

— Sim, amor?

Ela inclinou os lábios no ouvido dele e sussurrou.

— Eu quero ter seu filho.

O braço dele a apertou.

— Vamos sair então, esposa.

Ela riu, corou e empurrou-o quando ele a levou para fora do assento.

— Devemos esperar até depois do culto da meia-noite. Você conhece as tradições. Agora, por favor, seja sério. — Ela acrescentou isso, embora ele parecesse tudo menos feliz, e foi ela quem não conseguiu parar de sorrir como uma idiota. — Você prefere um rapaz ou uma moça?

— Uma moça. — Ele sorriu para ela. — Quero ver você ensiná-la a se transformar no tipo de mulher que nos orgulha de ser seus pais.

Leslie suspirou contra os lábios dele e depois inclinou o olhar para a porta.

— Talvez ninguém sinta nossa falta.

— Leslie, — disse Davina, provando que estava errada e agitando o calor no seu ventre. — O que você achou da bênção da ceia do padre Lachlan?

— Gostei muito, — Leslie disse honestamente. — Eu não esperava tanta paixão nas palavras dele.

Davina assentiu, concordando.

— Para um homem com seus anos, ele também é bem-humorado, não acha? — Ela continuou sem dar a Leslie a chance de concordar ou discordar. — Pode parecer um pouco mais sombrio aqui do que o habitual, mas em apenas alguns dias a celebração de Hogmanay, — ela compartilhou o sorriso com Finn antes de voltar para Leslie — começará e haverá dança, canto e jogos...

— Minha esposa gosta mais de dançar, — Rob disse a Leslie, depois sentou no chão aos pés de Davina. Ele riu e pegou o filho quando a criança pulou do colo da mãe e entrou no dele.

— É porque eu vou dançar com Tristan, — Davina admitiu, depois gritou de rir quando o marido a agarrou pelos tornozelos e a puxou, junto com a filha bebê, para fora do assento e para o colo dele.

— Você vai ser gentil com a minha garota, Robbie. — Sua tia, Maggie MacGregor, bateu levemente na lateral da sua cabeça antes de cair em sua cadeira ao lado e aceitar a pequena Caitrina em seus braços. — E Colin, você manterá o cachorro longe dos meus patos ou ele vai lidar comigo. — Ela estreitou os olhos no cachorro do pequeno Edmund, Aurelius, até que o cão envergonhado enfiou o rabo entre as pernas e desviou o olhar.

Sim, Leslie amava Camlochlin e as pessoas nele. A única coisa melhor do que estar aqui com eles era ficar sozinha com Finn. Ele queria uma filha. A ideia de criar uma menininha com ele aqueceu seu sangue.

— Temos duas horas, pelo menos, antes da meia-noite, amada — ele sussurrou em seus cabelos, como se soubesse seus pensamentos.

Leslie fingiu um bocejo aberto, esticando os braços acima da cabeça.

— Acho que vou tirar uma soneca antes da missa.

— Não muito curto, esperamos, — Tristan gritou quando Finn se levantou com ela do sofá para acompanhá-la para a cama.

Leslie corou dois tons mais escuros quando encontrou os rostos conhecidos sorrindo de volta para ela.

— Nos vemos depois, — Finn gritou por cima do ombro, completamente imperturbável pelo fato de que todos no solar sabiam para onde estavam indo e por quê.

A porta se abriu quando Andrew e Margaret entraram com Brodie com Helen Harrison no braço. Leslie sorriu para todos eles, cheia da verdade de que a única coisa melhor do que morar em Camlochlin com Finn era morar aqui com a maioria de sua família.

— Para onde você vai, querida?

Quando seus olhos se encontraram, Leslie viu a mesma alegria no sorriso brilhante de sua mãe que ela sentia por si mesma. Ela estava certa sobre sua mãe amar Brodie e ser feliz com ele aqui em Camlochlin. Leslie se perguntou se sua mãe não estava mais feliz agora do que antes.

— Só vou me recolher um pouco, mãe.

Leslie nunca tinha visto sua mãe corar antes. Ela parecia adorável, mais jovem. E era por causa do homem ao seu lado. Quem diria que um guerreiro tão brusco e endurecido poderia conquistar o coração de sua mãe? Brodie MacGregor rosnava para a maioria das pessoas, fossem homens, mulheres ou crianças. Ele não dava muita importância, exceto, talvez, seu uísque e mais alguma coisa.

— Sr. MacGregor? — Leslie o deteve quando ele passou por ela.

— Hmmm?

— Obrigado por fazer minha mãe tão feliz.

Por um momento, ele pareceu um pouco perdido, depois olhou em volta para se certificar de que ninguém mais estava olhando ou ouvindo.

— Ela concordou em se casar comigo. Então é ela quem me faz feliz.

O coração de Leslie inchou na porta do solar. Tudo isso teria sido perdido para eles se Finn não tivesse ido a Glenelg para trazê-la de volta. Ele a salvou de um casamento infeliz e sem amor e provavelmente também a mãe dela.

— Vejo você na missa. — Leslie beijou a mãe, pegou a mão de Finn e o levou embora.

— Você está ansiosa, — disse ele profundamente contra a nuca dela.

— Sim. — Ela se impediu de puxá-lo para ir mais rápido. Ansiosa era uma coisa. Patética era outra.

Mas ele era mais corajoso que qualquer guerreiro, mais brilhante que qualquer anjo, mais cativante do que qualquer campeão da lenda.

Seu coração era verdadeiro e ansiava por ela.

Ela se virou para ele e, andando para trás, o levou para frente.

— Eu sou sua, Finn Grant. Amo você e somente você pelo resto dos meus dias.

Ela adorava assistir à reação dele às suas ardentes confissões. Desde que voltou com ele, ela descobriu quais coisas ele mais gostava de ouvir e, em seguida, tinha o dever de dizê-las com frequência.

— Eu quero suas mãos em mim... e sua boca...

Ele passou o braço em volta da cintura dela e a puxou contra ele. Sua boca estava quente e faminta na dela, sua língua, lenta e sensual... provando-a, provocando-a até que a paixão se aprofundasse, seu abraço apertado e ele se endureceu como uma pedra contra ela.

— Hoje à noite, — ele prometeu, deixando-a ir e olhando em seus olhos quando ela se afastou e virou-se para correr, — eu vou lhe fazer uma filha.

Ele a seguiu pelas escadas e por dois corredores até a porta do quarto. Ao alcançá-la, ele a puxou em seus braços para carregá-la através do limiar e levá-la para a cama deles.

Finlay Grant, mestre bardo do Laird do clã MacGregor dos MacGregors de Skye, não conseguiu encontrar um discurso para homenagear sua esposa enquanto a observava tomá-lo ao máximo. Suas pálpebras estavam pesadas, seus lábios carnudos se entreabriram um pouco, expelindo sopros curtos. Quando a língua dela apareceu entre seus lábios vorazes, ele sabia que se a beijasse, perderia o controle de si mesmo cedo demais. Tentou pensar em palavras adequadas e dignas do que ela significava para ele, como ela o olhava, soava contra seu ouvido, a sentia contra sua carne e músculo, mas nada acontecia. Nada comparado. Não que ele fosse capaz de pronunciar tais louvores com a mandíbula presa em êxtase. Ele diria a ela depois, quando seu sorriso sinuoso não o tentasse a tomá-la com mais força. Ele perdeu a batalha, para seu deleite, e acariciou-a com longos e profundos mergulhos até os dois gritarem.

Saciado, por enquanto, Finn afundou no colchão e a puxou para seus braços.

— Dentro de algumas horas será Natal, o dia em que Ele, o maior presente de amor foi dado ao mundo. É justo que você esteja aqui em meus braços, minha cama. Você faz as palavras serem insignificantes, mas eu direi mesmo assim. Eu amo você, moça.

Ele sentiu o sorriso dela contra seu peito, satisfeita com sua confissão, tão nua e simples quanto era.

 

 

 

Notas

 

 

[1] Christmastide: A Quadra Natalícia ou Quadra Festiva é uma sucessão de datas comemorativas que acontecem no final do ano e início do ano gregoriano. Engloba quatro cerimónias importantes na maioria das igrejas cristãs. Os eventos que ocorrem nesta época são: dia da Família e do Natal, Ano-Novo e Paz.
[2] O Regimento Real de Guardas de Cavalos (The Blues) (RHG) era um regimento de cavalaria dos britânicos.
[3] Covenanters - aderentes da Aliança Nacional (1638) ou da Liga e Aliança Solene (1643), mantendo a organização da Igreja Presbiteriana Escocesa
[4] Nae: não em gaélico.
[5] Cailleach, também conhecida como Cailleach Bheur, ou Buí é uma figura mitológica que aparece na Irlanda, Escócia e na Ilha de Man, sob o nome de Caillagh-ny-Faashag. Na mitologia irlandesa, é descrita como sendo uma mulher muito velha e lamentosa pela sua velhice
[6] Hogmanay é a palavra escocesa para o último dia do ano e é sinônimo de celebração do ano novo à maneira escocesa. Normalmente, é seguida de mais comemorações na manhã do dia de ano novo ou, em alguns casos, em 2 de janeiro - um feriado bancário escocês.
[7] Bairn – crianças, filhos em gaélico.

 

 

                                                   Paula Quinn         

 

 

 

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