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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


HISTÓRIAS PARA PAIS E FILHOS / Silvia Urbani
HISTÓRIAS PARA PAIS E FILHOS / Silvia Urbani

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

HISTÓRIAS PARA PAIS E FILHOS

 

 

O valor do pensamento

Sabem vocês que o Brasil é muito grande. Tem tantas belezas naturais que nempara enumerar aqui. Pois bem, no norte do Brasil tem um estado muito grande, com um rio muito grandão, com tanta água que mais parece um mar! Ele se chama Amazonas e é nele que se desenrola a nossa história.

Havia no fundo do rio uma família de peixes surubins. O pai, seu Bino era um pouco severo com seus três filhotes, mas os amava acima de tudo.Nos momentos de folga, quando não estava procurando comida, ora brincava com eles pulando fora d’água, ora conversava sobre a vida, os perigos do rio e a maneira segura de viver com coragem. Sussu, Rubi e Bilu eram três peixinhos felizes, ainda mais porque Dona Bina, a mãe, era muito cuidadosa com eles.

Num lindo dia ensolarado estavam brincando:

–Venha Rubi, vamos ver quem pula mais alto?

–Ah, sou eu, Sussu! Olhe!e deu um enorme pulo.

–Venha também Bilu– disseram os dois.

Ao que Bilu respondeu:

Não, tenho medo, prefiro ficar seguro, escondido aqui na toca.

Ora, Bilu, lembre-se do que papai ensina sempre: “que o medo é o caminho mais certo para o fracasso” – falou Rubi.

–É mesmo – disse Sussu – pensamento negativo atrai acontecimento negativo, não é, papai?

Sim... sim... meus filhos. Temos que ter cuidado, mas nunca ficar com medo sem razão. Quando nós pensamos alguma coisa negativa, atraímos do espaço todos os pensamentos semelhantes, parecidos. Assim ficamos mais vulneráveis para que aconteça exatamente o que tememos. É mais ou menos como um ímã que atrai limalhas de ferro. Nosso pensamento é magnetizado como um ímã. Vai agarrando pensamentos semelhantes. Se forem pensamentos bons, de alegria de coragem, de força de vontade, amor, vai agarrando e formando uma força cada vez maior e melhor.

–Sei não... Sei não... – disse Bilu.

Nesse momento ouviu-se um ruído. Era um barco de pesca. A família de surubins se escondeu rápido por entre as pedras. Justamente Bilu, de tanto medo, fugiu para o lado do barco e foi apanhado na rede.Colocado num latão cheio d’água, se via indo pra panela. De repente, lembrando-se das palavras do pai, encheu-se de coragem. Começou a pensar:

“ – Eu vou sair daqui! Eu vou sair daqui! me vejo nadando no rio outra vez! me vejo brincando com minha família! Eu vou sair... eu vou...”

Não é que o pescador abriu o latão para colocar mais água e esqueceu a tampa aberta?

Pois Bilu não pensou duas vezes: deu um pulo bem alto e caiu nas águas escuras do rio, fugindo com rapidez.

Ah! Aquela tinha sido uma grande lição! Daquele dia em diante Bilu ia ser um peixe corajoso.

Quando encontrou sua família, foi uma festa!

Abraçaram-se e cantaram assim:

 

                  “Vai dar tudo certo                                        Vai dar tudo certo

                   basta eu pensar que vai.                               positivo é o bem.

                   Vai dar tudo certo                                        Penso com coragem

                   O que é negativo sai.                                   E vou mais além

 

O macaco falador

Numa imensa floresta moravam várias famílias de macacos. O tempo todo ficavam por cima das árvores, balançando-se nos galhos e pulando de uma para outra quando desejavam se locomover a procura de comida. Quando encontravam uma árvore frutífera, era uma festa!

Por estarem no alto das árvores, eles observam tudo o que se passa na floresta. Nesse ponto se inicia a nossa história.

Pimpão era um filhote de macaco muito curioso, Até , nada demais. Contudo, tinha o péssimo hábito de ser... fofoqueiro. Ficava bisbilhotando a vida dos outros bichos, ouvia as conversas e saía contando aqui e ali. Além disso, gostava de falar mal de seus amiguinhos.

Que coisa tão feia!

Veja o que aconteceu:

Macacada! Vocês nem sabem o que eu vi! – disse ofegante o Pimpão.

Ih... vem você com essas fofocas! – disseram em coro seus primos.

– É verdade... eu vi dona onça ser expulsa de casa. Será que ela andou fazendo alguma coisa errada? Ela estava na beira do rio, com cara de fome...

Pimpão falava alto e, distraído, nem viu que dona onça passava embaixo da árvore. Ela ouviu tudo.

–Ah, seu macaco safado, linguarudo! – falou zangada, dona onçanão é nada disso! Eu estava andando com os filhotes a procura de uma erva.Eles comeram carne estragada e estavam com dor de barriga. Pois vou dar um aviso: nunca mais desça desta árvore nem para beber água, porque estarei esperando para lhe dar uma lição! Fofoqueiro!

Pimpão ficou roxo de vergonha dos primos e dos outros bichos que se aproximaram para ver o que estava acontecendo.

Durante cinco dias e cinco noites Pimpão não bebeu água. Até torcia para que chovesse de tanta sede! Para onde ele ia por cima das árvores, dona onça ia atrás, pelo chão. E rugia: – ROAM!

Depois, a onça também teve sede e foi embora. Ela resolveu perdoar o macaco, pois sabia que guardar mágoa e raiva faz mal á saúde. Pensou:  “–Ora, dei uma lição nele. Agora vou deixar isso pra , senão eu também sofro e vou atrair energias negativas com esse pensamento de vingança.

Adeus, macaco Pimpão! Eu te liberto e liberto meu pensamento!...

O Pimpão correu a beber água no rio. Que sede! Prometeu a si mesmo nunca mais falar mal de ninguém. Nem que tivesse que morder a língua, quando se visse tentado...

A maledicência é um vício que deve ser combatido desde a infância.

 

A ociosidade

Jony era um adolescente, filho único. Acostumara-se a ter todos os seus desejos satisfeitos, vivendo por isso na indolência.

Seus pais eram de classe média, porém não procuraram prepará-lo para ganhar a vida, pelo contrário, gastavam todas as suas economias satisfazendo seus desejos de ter, ter, comprar, comprar...

Seus avós, velhinhos, chegavam ao cúmulo de permitir que ele tirasse dinheiro de suas carteiras, pedindo, mas tirando... Achavam com isso que conquistavam o afeto do neto.

Jony não se interessava pelos estudos e ia à escola por ser obrigado. Com o tempo, passou a faltar às aulas, sem o conhecimento dos pais. Não se preocupava com o futuro, nem se lembrava que, perdendo os pais e os avós, teria que trabalhar para continuar tendo a vida a que se acostumara.

Assim o rapaz cresceu, ficou homem, mas continuou sempre como filhinho dentro de casa, exigindo e sendo obedecido pelos pais e avós.

Um dia, o velho avô caiu enfermo e morreu. Logo a seguir faleceu a avó. O pai, desgostoso, levava a vida a beber para esquecer a péssima educação que haviam ministrado ao filho, agora um rapaz bonito, forte e musculoso.

Em algum tempo, cai o pai doente e parte deste mundo.

Ficou a mãe, que gastou as economias deixadas pelos sogros e o seguro que recebera pela morte do marido, na compra de uma loja de comércio para o filhinho, que este não acertava com emprego algum.

Jony, que nunca trabalhara e nunca lavara um copo em sua casa, logo botou um empregado para tomar conta do negócio e vivia de casa para o clube, em festas, com seu carro zerinho, dado pela mãe como presente de aniversário.

O empregado, vendo que o patrão não queria nada e não sabia administrar a loja de peças de automóveis, logo começou a roubar, a deixar faltar peças, e dentro em pouco o negócio faliu, com dívidas.

A mãe vivia com dificuldades, mas sempre paciente e achando o filhinho muito bom e que a loja falira por culpa do empregado.

Os parentes mais próximos procuravam abrir seus olhos, contudo a mãe não queria ver e abraçava seu filho que para ela era o mais lindo e perfeito.

O malandro gastou os últimos recursos recebidos pela mãe e empenhou as poucas jóias que ela ainda possuía.

Depois de sua morte, como os parentes começaram a tratá-lo como homem, viveu de pequenos serviços, bebendo nos finais de semana para esquecer suas dívidas.

Não habitue seus filhos ao trabalho e ao estudo e faça deles homens inúteis.

 

Pensamento firme

Suzana trabalhava naquela empresadez anos, como secretária. Era eficiente, cumpridora dos seus deveres, responsável e admirada por seus superiores e colegas. Não que ela gostasse tanto assim daquele emprego, mas era o que ela arranjara numa época de poucas ofertas e, além disso, ela estava com vinte e oito anos.

Procurava realizar o melhor possível suas tarefas, ajudando a quem precisasse, fazia cursos para se aperfeiçoar em informática e tinha a exata noção da importância do trabalho na vida das pessoas. Ela não via o trabalho como um castigo, mas como um prêmio.

No entanto, a empresa estava no vermelho e teria que dispensar vários funcionários.

Suzana seria demitida.

Ela chorou... chorou... se deu o direito de se questionar por alguns dias. Perguntava: “– Por que?” “– Como isso foi acontecer comigo?”

Depois, parou de se lamentar e disse para si mesma: “–Tenho certeza de que se a vida me fechou uma porta, outra se abrirá...”

Certo dia, desempregada, foi caminhar pela praia. Próximo à sua casa viu, num terreno baldio, onde crescia capim alto, muitos “biquinhos-de-lacre” comendo as sementes. Quando ela passou, voaram em bando. Pensou: “–Se a Inteligência Universal alimenta esses passarinhos que nem trabalham, imagina se vai me abandonar!” Então, ela pegou um pouquinho do capim e guardou no bolso para não se esquecer desse dia. Sempre que ficava um pouco triste, ia no armário, no quarto, e colocava a mão no bolso do casaco. Pegava no capim, que estava seco. Pensava que algo de bom estava reservado para ela.

Entregou muitos currículos e esperou.

Passaram-se oito meses, de novembro a julho. No início de agosto, ela foi chamada para uma empresa muito melhor. Afinal, além de suas qualidades, o tempo de serviço de dez anos no mesmo emprego, pesou bastante para sua escolha.

Essa história nos mostra que a vida tem muitos caminhos e que, estando preparados, nunca devemos desanimar.

Manter o pensamento firme em dias melhores é a única forma de vencer as adversidades.

 

Educação familiar e livre-arbítrio

Pedro estava de olhos fechados e relembrava acontecimentos de sua infância...

Brincava com dois amigos perto de sua casa. Ele havia feito nove anos e sua mãe fizera um bolo simples com refrigerantes para os colegas cantarem parabéns. Ganhara de presente de seu pai, um caminhãozinho.

Flavio, seu amigo de brincadeiras, tinha dez anos e José Roberto estava com onze.Os dois arrastavam pelo chão seus carrinhos feitos delatas deazeite vazias,amarradas com barbante e Pedro empurrava seu caminhão. Colocavam terra dentro das latas e diziam transportar areia para a construção de uma ponte imaginária. Depois, Pedro levava alguns pauzinhos achados na rua e colocava num buraco. Era a ponte.

Ficaram ali, durante algum tempo, rindo e falando da tal ponte, levando terra e jogando no buraco.

De repente, Flavio parou e olhou na direção das moradias. Ele viu que uma casa estava com a porta aberta. Flavio falou baixinho:

Olha . A casa aberta. Vamos ?

Pedro e José Roberto se assustaram. Pedro falou:

Não, Flavio. Deve ter alguém!

Ora, se tiver, a gente volta! respondeu Flavio.

– Vamos devagar... disse o .

Pedro não estava gostando daquilo. Alguma coisa dizia pra ele que não estava certo, mas acompanhou seus colegas.

Abriram mais a porta. Ninguém. Entraram de mansinho. Em cima da mesa viram um relógio de metal. Os meninos se entreolharam. Como se fosse um gato, com total destreza, Flavio pegou o relógio, enfiou embaixo da camisa e fugiu para sua casa. e Pedro correram também, cheios de medo. Ouviram barulho de tosse no outro cômodo da casa.

Chegando em casa, Pedro chorou e contou o acontecido para sua mãe. Dona Maria, pessoa calma e correta, conversou com o filho, aconselhando-o a não mais brincar com o Flavio, pois eracompanhia. Disse-lhe que ele tinha passado enorme perigo, porque se o dono da casa os visse, chamaria a polícia e eles seriam cúmplices. Explicou que ninguém deve pegar nada que não seja seu, que um menino que comete um roubo, depois outro e mais outro, fica viciado em roubar. Esse menino passa a não ser mais acreditado em lugar algum. Ninguém o quer na sua casa, com medo que ele subtraia algum objeto. Nada é mais triste do que alguém em quem não se confia. Olhar para qualquer quantia em dinheiro, seja uma moeda de um real ou um milhão, que não seja seu, e não tocar nela, isso se chama honestidade.

Pedrinho ouviu tudo e chorou com pena do Flavio.

Pedro abriu os olhos e sorriu. Aquilo fazia tanto tempo!... Agora era um homem e se tornara um torneiro mecânico numa grande fábrica de automóveis.

José Roberto também conseguiu vencer as dificuldades. Sua mãe costumava conversar com ele. Elogiava seus trabalhos da escola e dava umas “broncasquando necessário. Ele se tornou soldado do Corpo de Bombeiros.

Quanto a Flavio, cuja mãe recebeu o relógio como se fora achado na rua, acreditando no filho, não procurando se certificar, hoje está cumprindo pena numa penitenciária, por inúmeros delitos cometidos durante sua vida. Ele se tornou um bandido.

Procurem, meus amigos, discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, colocando seu livre-arbítrio a serviço do bem.

 

Conforme você pensar, assim será

Carlos e Ygor acabavam de ingressar na quinta série do primeiro grau. O ano letivo estava iniciando e os dois enfrentavam as dificuldades normais dos pré-adolescentes que deixam uma professora única e vão encontrar seis ou sete professores de diferentes matérias.

Carlos estava com onze e, embora fosse um ano mais novo que Ygor, parecia mais amadurecido.

Os meses foram passando e chegaram as primeiras provas.

Ygor estava em pânico. Estudava regularmente em casa, mas não muito. Ficava tão nervoso que roia as unhas.

Carlos, ao contrário, pensava em êxito. Tinha confiança que seria bem sucedido nos exames. Ele acordava cedo, tomava um café da manhã reforçado com frutas, leite, queijo e pão.Ia para a escola a , que a mesma ficava a apenas trezentos metros de sua casa. Prestava bastante atenção nas aulas, fazia perguntas quando tinha dúvidas e anotava os pontos importantes. Carlos era organizado. Ele sabia que estava numa grande jornada. Ele via sua vida de estudante como uma grande viagem e no final, a conquista de um emprego para ser independente. Desde tenra idade que Carlos dizia: “–Quero crescer e ganhar meu dinheirinho.”

Ygor custava a acordar pela manhã. Sua mãe tinha que ficar chamando muitas vezes. Seu café era puro com pão e manteiga. Ele não tomava leite nem gostava de queijos. Raramente comia frutas. A mãe o levava de carro até a escola, apesar de morar na mesma rua que o Carlos. Durante as aulas ficava desenhando no caderno ou conversando com outros meninos. Poucas vezes prestava bastante atenção, por isso, quando ia estudar em casa, tinha dificuldades e demorava mais para terminar os deveres.

Durante o período de provas, Carlos e Ygor se encontravam no recreio. Ygor dizia estar cheio de medo, pensava em derrota, que a prova seria difícil, pensamentos negativos. Carlos zangava com o amigo dizendo:

– Pare com isso! Você tem pensamentos ruins!

Ygor respondia;

Que posso fazer? Fico nervoso e tenho medo!

Carlos abraçava o colega de turma, com ar de adulto:

Não pode ser assim, não, cara! Tem que pensar que vai dar tudo certo! Mesmo quando vejo que vai ser difícil, eu penso que vai dar tudo certo, que vou fazer o melhor que puder. Tá ligado?e ensinava: Olha, faz assim, respira fundo e solta pela boca. Devagar...devagar! Vai...vai... respira!

Ygor ia ficando mais calmo e pensava que Carlos era um amigão; afinal ele era um menino de sorte por ter um amigo como aquele...

Com a ajuda de Carlos, Ygor conseguiu superar as dificuldades e terminar o primeiro grau. O amigo estava sempre aconselhando para pensar positivo; e não desistiu,percebendoque Ygor, mesmo sem conseguir totalmente, estava melhorando seu modo de pensar.

No final do curso, quando estavam de férias, Ygor mudou-se com sua família para outra cidade e os dois não se viram por muitos anos.

Certo dia, no Centro do Rio de Janeiro, Carlos viu um homem de terno cinza atravessando a avenida. Era Ygor. Abraçaram-se, com saudades dos tempos de escola. Em conversa, Ygor disse estar trabalhando num banco e estudando à noite, começando a faculdade de Administração. Carlos contou que era médico e estava fazendo um curso de especialização, além de trabalhar num grande hospital pediátrico.

Despediram-se, trocando telefones.

Quando Carlos ia guardar o telefone de Ygor, olhou atrás do cartão e viu que estava escrito: “Quem encontra um bom amigo, acha um tesouro.”

O pensamento é o segredo de tudo.

 

Uma história sem final

Milene vive numa linda casa confortável, cercada por jardins floridos e bancos que convidam para a leitura de um bom livro. É ... mas Milene não gosta de ler e nunca senta naqueles bancos nem mesmo para apreciar as flores. Ela está com treze anos. Passa horas e horas em salas de bate-papo, no computador, perdendo tempo. Fica até madrugada sem dormir. Pela manhã, para ir à escola, sua mãe precisa chamar...chamar...e chamar. Algumas vezes, ela não consegue se levantar. Então, falta ou chega atrasada. Não se alimenta direito, porque foi acostumada a comer e fazer o que deseja... Por isso, Mila, como é chamada, resolveu sair da escola. Começou a faltar... a faltar...até que não foi mais. Seus pais falaram, brigaram, mas acabaram por se conformar. Nos finais de semana, Mila vai para bailes funk.

Certo dia, apareceu doente, com febre e infecção. Escondeu os sintomas, entretanto a mãe desconfiou e, pergunta daqui, pergunta dali, Mila acabou confessando que estava com um problema ginecológico e nem sabia quem havia transmitido aquilo para ela. Não usava preservativo. Levada ao médico, fez inúmeros exames e felizmente, apesar de grave, não era nada fatal.

Seu Danilo, pai de Mila, não gosta de ter problemas e acha certo criar a filha dessa maneira, com total liberdade.

Dona Leila, a mãe, na filhinha uma princesa que não pode estragar as unhas e está sempre elogiando sua beleza.

Mila não arruma seu quarto. Suas roupas ficam jogadas por toda parte, até as peças íntimas.

Como essa história vai terminar eu não sei, podemos imaginar...

Pais! Acostumem seus filhos ao trabalho e à leitura. Dêem liberdade com responsabilidade. Os pais têm a obrigação moral de conduzir os seus filhos pelos caminhos do mundo enquanto eles crescem, mostrando os perigos e vigiando os seus passos como um farol na escuridão.

 

Brasil, terra querida

Quando eu estava com oito anos, minha família mudou de bairro e eu tive que trocar de escola.

Minha escola de primeiro grau tinha dois andares. Em cima ficavam as salas. Embaixo havia um auditório muito grande, parecendo um teatro. Por trás da escola, a cozinha com cheirinho de mingau de fubá ou de tapioca, o refeitório e o pátio enorme. Ali corríamos, conversávamos; era uma festa o recreio. O pátio possuía uma parte coberta, de modo que mesmo chovendo, podíamos brincar.

Passei anos muito felizes nesta escola, até a quarta série.

Tínhamos uma professora de canto. Ela ensinava os hinos para toda a escola. Explicava também sobre o valor e o significado da bandeira e os símbolos da pátria.

Ah! Como eu gostava dos hinos! Foi com dona Marilia que aprendi a cantar com correção o hino Nacional. Ela ensinava com prazer e era rigorosa. Fazia-nos repetir as frases dos hinos até aprendermos; também explicava o significado dos versos, o que fazia crescer o amor pela nossa pátria. Com ela, meu coraçãozinho de criança tomou-se de amores pelo Brasil de tal forma que persiste até hoje, apesar das decepções com os políticos. Aprendi que o Brasil é uma terra querida que forma com seu povo uma nação maravilhosa. Os maus políticos não são o Brasil!

E me vem à memória o meu hino favorito:

 

FIBRA DE HERÓI.

“Se a pátria querida for envolvida pelo perigo,

na paz ou na guerra defende a terra, contra o inimigo.

Com ânimo forte, se for preciso, enfrenta a morte,

Afronta se lava com fibra de herói e gente brava!

Bandeira do Brasil! Ninguém te manchará!

Teu povo varonil, isto não consentirá!

Bandeira idolatrada! Altiva a tremular...

Onde a liberdade é mais uma estrela a brilhar...”

 

Meus amigos, amem a terra onde nasceram. Sejam trabalhadores, honestos e cumpridores dos seus deveres.

Mães, procurem desenvolver desde cedo o amor de seus filhos pela nossa terra. Precisamos de bons brasileiros!

 

Muitos amigos e uma vidraça

Toda tarde, mais ou menos às quinze horas, um grupo de meninos desciam a ladeira em direção a um campinho de futebol improvisado. Na mão, levavam uma bola de couro surrada. Vestiam-se com roupas de time. Uns de azul e outros de vermelho.. Dois deles seguravam um par de luvas gastas. Deviam ser os goleiros. No caminho iam alegres, contando casos, jogando a bola um para o outro. Pareciam bons garotos.

Certa tarde, aconteceu um acidente. Jorge, que mostrava ser o mais velho da turma, deu um chute mais forte e a bola foi parar na janela de uma casa, quebrando a vidraça. No momento, não havia ninguém por perto e eles correram para o campo. , ficaram discutindo e Sergio, o mais novo, achava que se a dona da casa perguntasse, deviam dizer que tinha sido o Jorge. Ele que se entendesse com ela!

Recomeçaram a discutir. Naquele dia nem teve jogo.

De repente, Samuel, o mais pobre do grupo, gritou:

Chega! Vamos parar. Estamos parecendo umas galinhas cacarejando. – dizendo isso, pediu aos colegas que se sentassem para pensarem melhor.

Fizeram uma roda e sentaram no chão batido.

Samuel falou:

Puxa, gente, somos amigostanto tempo. Não vamos entregar o Jorge. Foi um acidente. O chute podia ter sido de qualquer um... Eu proponho uma vaquinha. Somos dez. Cada um traga o que conseguir. Vamos e pagamos a vidraça. Não deve ser tão caro.

Eu tenho um cofre de porquinho. – falou Paulo – vou quebrar hoje mesmo.

Tudo bem, eu concordo – falou Roberto.

E combinaram em se reunir no dia seguinte, ali mesmo, às três em ponto.

Assim fizeram e contaram o dinheiro de todos. Era bastante, parecia que ia sobrar... Foram então na tal casa, chamaram a dona, que havia trocado o vidro. Pediram desculpas e perguntaram o preço do conserto. Depois foram comprar um refrigerante de dois litros com o troco. Levaram para o campinho e passaram de mão em mão, tomando com gosto.

Samuel então perguntou:

Vocês estão sentindo assim uma coisa boa como eu? Assim como uma alegria...

–É... estamos – falaram todos.

Então vamos gritar: é big! é big! é hora! é hora! Amigos!– Amigos! Amigos! Amigos!

 

 O preconceito

A professora ouviu uma algazarra na sala de aula quando voltava da secretaria, onde fora pegar a ficha de chamada. Ao entrar, as crianças gritavam:

– Maria Preta! Maria Preta! Maria Preta!

Mas o que é isso? perguntou

As crianças se aquietaram, se entreolhando e rindo.

Dona Dulce notou uma das alunas com a cabeça debruçada na carteira. Aproximando-se, viu que ela chorava baixinho.

Que foi, meu amor? Está chorando?

Dona Dulce se encaminhou para a frente da turma e, de forma calma, mas firme começou a falar:

Crianças, por que estão fazendo isso com a Maria? Deus, a Força Criadora do Universo criou todos nós e nos ama sem distinção. Brancos, pretos, mulatos, amarelos, são como as flores num jardim. Cada um de nós deve ser honesto, bondoso, estudioso, alegre e compreensivo com os amigos. Isso é que é ser bonito! Vocês gostariam de ser ridicularizados? Não façam aos outros o que não querem para vocês! Nunca mais quero ver meus alunos rindo de ninguém! Está combinado? E você, Maria, pare de chorar. Você tem a pele preta e é bonita., ainda mais por ser uma boa aluna, estudiosa. A partir de hoje vai ser minha ajudante. Vai ensinar leitura para aquele grupinho que está com dificuldades – e apontou para o fundo da sala.

Assim acabou o preconceito de cor naquela turma. Dona Dulce mostrou que a menina preta podia ajudar aos mais fracos e a partir desse dia, todos passaram a respeitá-la.

 

Aconteceu no Natal

Faltavam cinco dias para o Natal.

Mariana estava eufórica. Corria para e para , ajudando à mãe a arrumar os enfeites na árvore. Era uma árvore enorme que quase tocava o teto da sala e a menina, com seus sete anos, sentia-se muito pequena perto dela.

Todos estavam felizes, esperando a grande noite.. Será que Papai Noel chegaria trazendo os presentes? A mãe havia ajudado a escrever uma cartinha com os pedidos de Mariana. Todos os anos ela esperava até a meia noite para ver o Papai Noel entrando pelo quintal, tocando um sino de bronze: Blom! Blom!

Finalmente chegou o dia.

Na hora certa, foi aquela alegria. O bom velhinho entrando com um grande saco de veludo nas costas. Caixas de presente eram rasgadas e o brinquedo novo aparecia como mágica na frente da menina. Os tios , os avós e os amigos também deram presentes.

No dia seguinte, Mariana acordou cedo e foi logo brincar com tudo. Após algum tempo, ficou quieta e duas lágrimas rolaram de sua face corada. A mãe, vendo a menina calada, perguntou o que tinha acontecido. A menina, muito séria, respondeu:

Mamãe, por que será que o Papai Noel metantos presentes, meus tios, a vovó e o vovô também e você e o papai não me dão nada?

A mãe ficou assustada e surpresa. Não sabia o que dizer. Ela e o marido haviam comprado com sacrifício a boneca enorme que o Papai Noel entrara a Mariana. O que dizer? Era preciso acabar com aquilo.

Mariana, você precisa saber. Tudo isso tem sido uma fantasia de Natal. É como um teatro, sabe? Na verdade foram papai e mamãe que compraram a boneca que você pediu. E o Papai Noel... era ...era...o seu pai vestido de fantasia. Pronto! Falei.

Mariana pulou no pescoço da mãe e a abraçou dizendo:

Que bom, mamãe! Que bom! Eu sempre quis mesmo que o papai fosse o Papai Noel!

Felizmente tudo acabou bem.

Temos que tomar cuidado ao iludir uma criança pequena. Papai Noel é uma fantasia linda, mas completamente inverossímil. Um velhinho que percorre o mundo dando presentes e se esquece dos pobres... Podemos falar da figura, mostrar, dizer que é bonito, mas sempre ligando a fantasia ao pai verdadeiro. Algumas crianças ficam muito decepcionadas quando descobrem que ele não existe.

 

Não destruir, construir

Eram sete horas.

Na volta às aulas, após as férias, as crianças encontraram a escola toda branquinha. Pintaram até o telhado com tinta marrom-claro. Dava gosto de ver! As carteiras, as portas, as janelas, o refeitório, tudo pintado de azul. O ar trazia aquele cheiro bom de coisa nova, combinando com o ano letivo que ia começar.

Era aquele alvoroço todo de primeiro dia, com professoras levando os alunos para as salas.

fora, as mães davam adeus e alguns alunos novatos choravam, sendo consolados pelas “tias”.

Havia no ar também, um aroma gostoso de merenda, a qual estava sendo preparada.

Mais tarde, teve o recreio. Comeram merenda, brincaram e voltaram para as salas.

Foi então que a diretora viu na parede nova do banheiro masculino,uns rabiscos feitos com lápis-cera vermelho. A tampa de um vaso sanitário também estava quebrada.

A diretora resolveu ir de sala em sala relatando o acontecido. Não queria descobrir o autor. queria entender, por que destruir o que era deles e para eles?

As crianças reagiam com espanto. Algumas riam. Outras ficavam indignadas com tamanho descaso com a escola.

Dona Célia, professora da quarta série, conversou com os alunos:

Vocês gostaram de encontrar a escola toda novinha, limpa, na volta às aulas, não é?

– Gostamos! responderam em coro.

Dona Célia continuou:

– Espero que não tenha sido ninguém desta turma, mas...se foi... espero que ele pense bem, em casa, se é certo destruir algo tão bom, que foi feito com tanto carinho para todos. Será que ele faria isso na sua própria casa? Se começarem a destruir, rabiscar as paredes, quebrar as carteiras, vão ter que freqüentar um lugar feio, como era no ano que passou! Os pais ficam reclamando do governo que não conserta a escola, e agora? Por que destruir, se podemos construir?

Ana Luiza, uma menina esperta, levantou o braço para falar:

Tia, eu acho que destruir é uma coisa ruim e que pode atrair para nós acontecimentos ruins...

Dona Célia sorriu e completou:

Muito bem Luiza! É isso mesmo! Se vocês pensarem coisas positivas, coisas boas, podem atrair o bem para suas vidas. Ao contrário, se pensarem em destruir, atraem coisas negativas.

Como assim? perguntou Otavio- um menino moreno de cabelos encaracolados.

Quem rabiscou as paredes e quebrou o vaso, pode perder um estojo, pode levar um tombo na rua... Não é, tia? apressou-se a explicar a Luiza.

– É... mais ou menos isso... O certo é que crianças ou adultos que fazem o bem, recebem o bem; é a lei da vida. Não é castigo de Deus, não! É a lei da atração. O bem atrai o bem.

– E o mal atrai o mal! falaram em coro os alunos.

Bem no fundo da sala, com os olhos arregalados, um menino perguntou:

– E se a pessoa se arrepender e não fizer mais?

– Se for sincero, de coração e for uma criança, tudo será esquecido.disse sorrindo a professora.

Assim continuaram a aula e não falaram mais naquele assunto.

Talvez o aluno travesso fosse da turma da Dona Célia. O fato é que o ano todo passou e nunca mais apareceu um rabisco nas paredes. A diretora, porém, conversou com todas as turmas. Ali, os funcionários tratavam as crianças com muito respeito e carinho. Quando alguém não se comportava bem, era levado para a sala da diretora e ia bem uma hora de conversa e conselhos. Quem é que queria isso? Era pior do que um puxão de orelhas!

Aquela escola era muito feliz. Todas as turmas faziam uma oração antes de iniciar a aula.

À noite, quem passava pela rua, avistava a brancura da escola ao longe. Havia até quem jurasse ter visto um brilho suave de estrelas por cima do telhado...

Mas isso, pode ser imaginação...

 

Saúde, o bem mais precioso

As gaivotas voavam em círculos sobre nossas cabeças naquela tarde cinzenta.

Eram quinze horas.

Ana Lucia brincava com o neto de nove anos no jardim. Procurava distraí-lo, mostrando os pássaros.

– É... parece que vai chover...– disse Ana.

Gustavo se esforçava para sorrir, mas não estava bem. Tivera febre a noite passada e sentia dores no corpo. Era gripe.

Ana Lucia levou o menino para o quintal. Gustavo sentou-se no balanço e brincou um pouquinho. Depois, pegou a bicicleta e deu duas voltas. Olhou para seu jogo de Totó sem vontade de jogar.

– Vamos entrar, vovó?pediu o menino com os olhos caídos.

A avó estava com ele enquanto a mãe trabalhava. Haviam combinado esperar que ela chegasse para levá-lo ao médico, mas a febre tinha voltado. Ana colocou o termômetro e se assustou ao ver o resultado: quase trinta e nove graus. Gustavo estava deitado no sofá e não havia comido nada o dia todo. bebia água. Então, Ana resolveu levá-lo ao médico logo. Estava preocupada.

O doutor Antonio o examinou, olhou a garganta, os ouvidos, auscultou os pulmões e disse:

– É gripe mesmo, mas como ele está assimvários dias, é melhor receitar um remédio.

Fez recomendações para descansar e beber bastante líquidos, além de tomar o remédio nas horas certas.

foram os dois no carro da avó Ana de volta para casa.

Quando chegaram, Gustavo sorriu para a avó e disse:

Obrigado por cuidar de mim, vovó.

– De nada, meu neto.

O menino ficou sério, olhou para a avó e falou:

– Vó, eu tenho tantos brinquedos, computador, até motocicleta elétrica, mas nada tem graça quando fico doente...

Ana Lucia abraçou o neto:

– É, meu querido, o bem mais precioso que existe é a saúde. Sem ela, nada vale a pena. Nós devemos comer alimentos saudáveis, praticar um esporte e ter bons pensamentos. Nada de ficar fechado por horas a fio no computador, viu?

Quando a mãe chegou, Gustavo estava melhor e a vida foi seguindo seu curso normal. Afinal de contas, não chovera e as gaivotas certamente voltariam no dia seguinte.

 

Meu amiguinho não é legal

Gustavo, que tinha cinco anos, puxava o braço da mãe para falar:

Mãe, posso comprar um doce na padaria?

A mãe parou de conversar com sua amiga e olhou para o menino:

– Está bem, mas não demore. Leve dez reais e traga o troco.

Gustavo correu para a rua pulando de contente. No caminho, encontrou seu amiguinho Pezão, que estava com nove anos. Foram os dois para a padaria, que ficava bem perto. Depois, Gustavo foi dar o troco para a mãe e disse ter comprado dois doces. Um para ele e outro para seu amigo. A mãe fez que sim com a cabeça e continuou conversando.

Gustavo e Pezão ficaram por ali, comendo seus doces. De repente Pezão falou:

Puxa, vamos voltar na padaria e jogar a lata de lixo no chão?

– Vamos – falou Gustavo, rindo.

Era uma travessura, mas Gustavo não tinha idéia de que não era certo, era apenas engraçado. Mas, Pezão sabia que aquilo era errado e, pior, ele fazia outras coisas mais erradas ainda, e todas as pessoas da redondeza sabiam. Ele costumava roubar pequenas coisas como doces, balas, chicletes...

Os dois meninos chegaram de mansinho e, como não havia ninguém olhando, derrubaram a lata que fez um barulho enorme.

Um senhor, vizinho do menino, avisou à mãe de Gustavo sobre o que acontecera.

À noite, a mãe chamou o filho para uma conversa.

Filho, estou sabendo o que você fez com a lata de lixo da padaria.

O menino quis dizer que não. A mãe pediu que ele falasse a verdade.

– Está bem, mamãe. Foi o Pezão que me chamou para fazer isso.

A mãe aproveitou para falar mais:

Filho, você acha que isso está certo? Você queria que alguém viesse aqui e jogasse nosso lixo no chão de propósito?

Não, mamãe, não está certo.

Pois bem, não faça mais isso e tome cuidado porque existem crianças que pegam coisas sem pagar na padaria e isso se chama roubar.

O menino arregalou os olhos e disse para a mãe:

Mamãe, eu vi o Pezão pegando uma bala no outro dia. Ele saiu correndo!

Então, tome cuidado, porque se você for com ele, o dono da padaria vai pensar que você também pega.

Mãe, meu amiguinho não é legal, não vou mais andar com ele!

– É, meu filho, ainda bem que você é um filho muito legal!

– E você, mamãe, é muito amiga!e eles se abraçaram.

Gustavo ouvia os conselhos de sua mãe. Por isso eles eram felizes.

 

Um rapaz de caráter

Quando dona Lucia perguntou ao Daniel quem havia quebrado o espelho do quarto, este respondeu bem depressa:– “Não fui eu!”

A mãe sabia que tinha sido ele, mas deixou passar.

E assim, dia após dia, vieram outras respostas: – “Não fui eu!”

O cadarço do sapato cortado com a tesoura, o copo de vidro quebrado e na lixeira, o fio de telefone arrancado, a parede riscada com lápis de cera e outras coisinhas sem tanta importância, travessuras de criança, mas que Daniel ia logo avisando – “Não fui eu!”

Certo dia, a cortina do quarto apareceu com um buraco, cortada com a faca. Nesse momento dona Lucia parece que acordou e resolveu parar de fechar os olhos para as pequenas mentiras e traquinagens do filho, que estava com cinco anos.

Chamou a criança para uma conversa a dois:

Meu filho, sabe que pode confiar na sua mãe, não é?

Sim, mamãe–respondeu o menino, com os olhos baixos.

Pois bem–continuou–você confia em mim porque sempre cuidei de você com carinho, porque sou verdadeira e leal com você. Chegou a hora de você parar de fazer essas travessuras e estragar as coisas.

Mas mamãe...

Não tem mas nem meio mas! Sei que você cortou os cadarços do sapato, quebrou o espelho do quarto, riscou a parede e agora cortou a cortina! chega! E chega também de mentir! É natural que você tenha medo de dizer a verdade, mas deve dizê-la de qualquer jeito. A partir de hoje não quero mais essas “artes” de cortar coisas. Você está ficando um homem. Por isso, se voltar a estragar alguma coisa que prejuízo, vai ficar sem ir ao shopping no fim de semana. Eu quero me orgulhar de você, ouvindo “a verdade”. Estamos entendidos?

Sim, mamãe – respondeu Daniel.

Dois dias após essa conversa, Daniel subiu na cadeira da cozinha para pegar água e, sem querer, quebrou uma xícara. Quando sua mãe viu, perguntou o que acontecera. Desta vez, Daniel respondeu meio reticente:

– Foi sem querer, mamãe, mas fui eu...

Dona Lucia abraçou o filho e disse:

Tudo bem, filho, acidentes acontecem. Fiquei orgulhosa porque disse a verdade.

E assim, aos poucos, a mentira foi dando lugar à verdade e as “artes” ficaram para trás na vida de um menino que hoje é um rapaz de caráter, graças à maneira como foi educado por sua mãe: com carinho, mas com firmeza.

 

A velocidade

Olhando para o céu azul, quem não tem vontade de voar? Ser um pássaro, cruzar os mares, ver tudo por cima, ser livre...

Nós não sonhamos ser um avião. Talvez porque intuímos que ele significa de algum modo o perigo de cair. Ele não pode pousar onde deseja como um pássaro.

Quando fazemos dezoito anos e começamos a dirigir um automóvel, o sentido de liberdade e velocidade se juntam à falsa idéia de segurança, porque ele está no chão. Então o jovem tem a sensação de poder. O carro é ele, poderoso, ágil, imortal. Ledo engano...

Estar dentro de um automóvel é como estar dentro de um revólver. Somos quase uma bala ambulante. que o jovem não lembra disso e bebe cerveja, e... pisa fundo. Cem... cento e dez... e numa curva, óleo na pista, asfalto molhado, ter que frear bruscamente e o acidente acontece com vítimas fatais.

Torna-se necessário conscientizar as pessoas que a dobradinha velocidade X bebida alcoólica é fatal.

Como podemos nos sentir protegidos se estamos dentro de uma lata que amassa, que pode ser atingida por outra lata pesada? Precisamos de toda atenção possível ao dirigir um veículo. Nada de falar ao celular, no máximo dizer para ligar depois. Nada de olhar para seu acompanhante: conversar olhando para a frente com a atenção em todas as direções. Se bebeu, peça a alguém que está sóbrio para dirigir. Não se envergonhe disso porque se você provocar um acidente, sim, vai ficar com vergonha e remorso.

A vida é o bem mais precioso. Vida com saúde, membros perfeitos. Será que o jovem vai dar valor à sua maior riqueza – a saúde – se perdê-la? De que adianta dinheiro no bolso, garotas, um lindo carro amassado e ficar tetraplégico? E o que dizer de matar outras pessoas, até mesmo seus amigos?

Essa onda de acidentes pode ter um fim. É isso: PARE E PENSE.

Reflita no que leu e resolva se quer viver bem, com saúde perfeita e sem remorso. , tome sua decisão: “Vou dirigir, não bebo. Se bebi, não dirijo.”

 

Estudante pontual

– Trim! Trim! Trim!

O relógio acabava de tocar. Eram sete horas. Roberta tinha que levantar para ir ao colégio.

Droga de relógio!ela bateu com a mão nele, derrubando-o.

Roberta pegou no sono novamente.

eram sete e quarenta. Sua mãe entra no quarto e grita:

– Roberta, você vai chegar atrasada! Levanta!

A garota levanta sonolenta, contrariada.

Anda logo!diz a mãe.

Esta cena se repetia quase todos os dias. A mãe ficava triste e desgostosa e não sabia o que fazer para mudar o comportamento da filha. Roberta ficava até tarde no computador, em salas de bate-papo. Ia dormir após a meia noite e pela manhã, não conseguia acordar. Chegava atrasada na escola, perdia a primeira aula, e estava com péssimas notas.

Aposto que você, meu leitor, mesmo que seja um adolescente, sabe o que a mãe dela deveria fazer, não é?

Certo dia, Dona Teresa, a mãe de Roberta, foi chamada no colégio para conversar com a psicóloga. Depois de umas orientações, resolveu por em prática o que ouviu. Chamou a filha para uma conversa, onde deixou claro seus deveres e direitos. E que a partir daquela data haveria horário para tudo.

Roberta chiou:

Puxa mamãe, as minhas amigas dormem tarde também!

Ao que a mãe retrucou:

Então mude de amigas, porque agora, você vai dormir às dez horas para poder acordar às sete. E tem mais: se as notas não melhorarem, vai passar os finais de semana estudando!

Durante alguns dias Roberta reclamou, mas a mãe se manteve firme. Com o tempo, foi se acostumando. não chegava atrasada. Suas notas melhoraram. Suas amigas se afastaram, mas outras apareceram: outras mais estudiosas e que a ajudaram nos estudos.

Vendo a mudança da garota, Dona Teresa elogiava e dava roupas novas em algumas ocasiões.

Roberta mudou mesmo e conseguiu terminar seu curso. Assim ficou animada para fazer o pré-vestibular para informática.

Todo estudante precisa ter horas para estudar, horas para se recrear, usar o computador com consciência. Sua vida será feliz e tudo correrá bem. Se ele não consegue administrar sozinho o seu tempo, então cabe aos pais colocar um freio, antes que ele caia num abismo sem fim...

 

A honestidade

Naquela casa morava uma família feliz. Eram pobres, mas tinham alimentos para todos. Não passavam fome, mas a comida era bem simples. E, no entanto, eram felizes. Havia união entre eles. Brigavam, como todos os irmãos brigam, discutiam, mas ai de quem se metesse com um deles!

O pai, senhor austero, de pouco estudo, porém tinha o hábito de conversar com os filhos, à noite, após o jantar. E isso era muito bom.

A mãe, um pouco magra e cansada pela luta em criar oito filhos, estava sempre na escola para saber como iam os maiores, pois os menores ainda andavam agarrados nas suas saias compridas, sendo que um, ia ao colo, pendurado no seio.

Esses irmãos cresceram assim, orientados pelos pais e depois de vários anos, todos se formaram, menos Josué, que tinha mais dificuldade na aprendizagem. Após terminar o primeiro grau, Josué conseguiu uma vaga numa empresa que prestava serviço para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Era encarregado da limpeza dos banheiros do setor de desembarque.

Certo dia, ao entrar no recinto dos toaletes, Josué encontrou uma maleta esquecida num canto. Cuidadosamente, ele a abriu e ficou assustado com o que ela continha. Assim, tratou logo de fechar e sem pensar muito levou-a ao departamentos de achados e perdidos, pedindo a um colega que fosse testemunha do que havia dentro e que ele a estava entregando.

No dia seguinte, a imprensa toda estava sabendo do ocorrido e procurava Josué para entrevistá-lo. Este, muito tímido, procurava esquivar-se e respondia com poucas palavras.

Logo apareceu o dono da maleta, procurando recuperá-la. Era um senhor de idade avançada, de nacionalidade estrangeira. Distraído, esquecera a maleta no toalete. Queria encontrar Josué para recompensá-lo.

Então descobriu-se que a maleta continha dez mil dólares!

No momento em que o estrangeiro agradecia a Josué, câmeras de tevê, repórteres em volta deles, aquela confusão toda, mas Josué não aceitava a recompensa. Um jornalista perguntou por que ele não queria aceitar.Josué coçou a cabeça, sorriu e disse:

– O dinheiro não é meu. Foi perdido e é minha obrigação entregá-lo ao dono. Penso que se eu fosse o dono, gostaria de recuperar o dinheiro. Tenho certeza de que serei recompensado com saúde e alegria e isso não tem preço.

Todos se admiraram de como um rapaz simples tinha essa visão da vida. Entretanto, Josué sabia como. Quem lhe deu essa visão da vida, ainda vivia naquela casinha pobre: estava mais velho, mas ainda tinha o hábito de conversar com os filhos após o jantar...

 

Duas irmãs

Assim como os dedos das mãos não são diferentes, são também diferentes os temperamentos dos nossos filhos. Por esse motivo, os pais não podem querer criá-los de forma igual. É preciso ter mais paciência com um, mais rigor com outro, mais esperança com um terceiro e por vai. Contudo, o que não pode faltar no pensamento dos pais é a certeza de que no fim, tudo dará certo.

Anita e Patrícia são irmãs. A diferença de idade delas é de oito anos.

Anita era a mais tímida. Era a mais velha. Desde as primeiras séries ela era organizada, cuidava de seus cadernos e dificilmente perdia um lápis ou borracha. Embora não fosse a primeira da classe, sempre tirava boas notas e era responsável. Dava gosto ver seus cadernos!

Patrícia estava sempre perdendo as borrachas. Seus lápis eram roídos nas extremidades. Seus cadernos ficavam cheios de orelhas e para desespero da mãe, nos exercícios faltavam letras nas palavras. Suas notas não eram as melhores, mas mesmo assim, conseguiu ir seguindo os estudos sem repetir de série, embora duas ou três vezes tivesse ficado para segunda época. Sua mãe a acompanhava com cuidado, procurando adverti-la, estimulá-la quando de um acerto ou castigá-la quando necessário.

O tempo foi passando.

Anita, logo que terminou o segundo grau, estudou para o vestibular e conseguiu passar para uma faculdade. Formou-se com distinção e foi trabalhar com muita coragem e determinação.

Patrícia, ao iniciar o segundo grau, vendo o exemplo da irmã e através da orientação segura de seus pais, começou a mudar de atitude. No último ano do colégio, era mais estudiosa, organizada e longe iam os dias dos cadernos com orelhas. Precisou de dois vestibulares para ingressar numa faculdade, mas conseguiu. Então, tornou-se a pessoa mais caprichosa, organizada e responsável que a mãe vira! Seus pais estavam radiantes.

Esta história é real e é para mostrar que devemos sempre esperar o melhor, porque ele virá. Corrigir os filhos, orientá-los, castigá-los se for preciso, mas sempre se mostrar confiante de que eles vão melhorar e superar as dificuldades.

 

Vaidade excessiva

Quando Karina nasceu era uma menininha muito fofa. Quase não tinha cabelos que eram somente uma penugem dourada. Sua boca parecia um coração vermelho e seus olhos eram dois pedacinhos do céu.

Seus pais estavam orgulhosos. Todos que a viam falavam de sua beleza.

Assim ela foi crescendo e aos três anos se percebia sua vaidade, que era estimulada pela mãe e pela avó. Achavam graça porque ela procurava o batom e a sombra de olhos da mãe para usar. Ficava horas escovando os cabelos, agora louros e cacheados nas pontas. Fazia poses diante do espelho, passando o blush da avó.

Foi assim que a menina cresceu, exigindo a sandália tal, a roupa de marca, o tênis mais caro. Para ela isso era mais importante que as notas na escola e a leitura de bons livros. Ela estava com treze anos. Desde os doze namorava com garotos cinco ou seis anos mais velhos. No colégio havia passado de mão em mão dos rapazes mais atrevidos. Karina era linda! Atraía os olhares por onde passasse. Sua vaidade ia a extremos de pintar os cabelos e as unhas todos os sábados. pensava em baladas e em namorar.

agora a ficha estava caindo na cabeça de seus pais. E agora, era tarde demais.

Karina havia repetido três vezes a sexta série. Não queria mais estudar. Vivia de ilusão.

O tempo foi passando e naquela família crescia uma bela menina fútil e sem conteúdo. Por esse motivo, os namorados que ela arranjava eram como ela. Não estudavam e não trabalhavam.

Como não terminara os estudos e era vaidosa, não se conformava com um empreguinho qualquer. Assim, com dezoito anos, saiu de casa, para desespero da família. Foi morar com uma colega e, embora não confessasse, seus pais sabiam que era garota de programa...

Pais, prestem atenção nos seus filhinhos quando ainda são pequenos. Não estimulem atitudes que não são próprias para a idade. Com muito jeito, desviem aquilo para outra brincadeira. Cuidado com o que eles vêem na tevê. Não fechem os olhos fingindo que nãonada, porque quando os abrirem, o tempo terá passado e será tarde demais!

 

Amizades na adolescência

Suzana morava desde os dois anos num local maravilhoso. Sua casa ficava em frente a uma praça rodeada por árvores frondosas. Havia brinquedos para os menores e uma quadra para jogos com bola. Nesse lugar ela cresceu e fez muitas amizades.

Agora Suzana está com quatorze anos e não obedece como antes à sua zelosa mãe. Coisas de adolescente...

Porém, ultimamente, Dona Marta não estava nada satisfeita porque Suzana passava os dias na casa de uma colega – a Diana. Chegava do colégio, fazia seus deveres e pimba! ia ela para a casa da menina. Esta, não parecia má garota. Crescera ali, era estudiosa e Dona Marta não via mal nisso. O problema é que Marta sabia que a mãe e a avó de Diana fumavam o dia inteiro, um cigarro após o outro. Marta achava que não era um bom ambiente e que a filha acabaria por fumar também.

Um dia, Dona Marta chamou Suzana para uma conversa. Explicou tudo. O mal do fumo e sobre o fumante passivo. Disse também que não era certo a filha ficar todos os dias na casa de vizinhos.

Suzana não gostou. Com jeito de adolescente respondeu:

Ora mamãe, você está querendo me afastar das minhas amigas!

A mãe garantiu não se tratar disso, mas de nada adiantou. Apesar de diminuir um pouco as idas à casa da amiga, continuou a freqüentá-la com assiduidade.

Marta confiava na educação que dera à filha e viu que lhe restava irradiar(rezar) aos Espíritos Superiores(santos) para que a luz se fizesse na mente da garota e ela enxergasse a realidade. Confiava muito nisso.

Todos os dias Marta irradiava e pensava: “– Tenho certeza de que Suzana vai enxergar o que é certo!”

Não passou muito tempo para que Suzana procurasse a mãe para contar:

Mãe, você tinha razão. Descobri uma coisa que me deixou chocada!

– O quê, minha filha? dona Marta cortava a salsinha do almoço e continuou o serviço.

Mãe, a Diana está fumando maconha com o namorado. Ela me contou e queria que eu experimentasse.

A mãe, sentando na cadeira da cozinha, olhou nos olhos da menina.

– E o que você respondeu?

– Disse que nossa amizade poderia continuar se ela deixasse de fazer isso. E ela falou que não ia parar. Falou que eu era muito boba!

Dona Marta abraçou a filha com carinho.

Tudo bem, Suzana, estas são experiências que a vida nos reserva. os fortes de espírito resistem. Ainda bem que você tem juízo. Eu sempre confiei em você!

Oh, mamãe, que coisa triste! Minha amiga...

Dona Marta abraçou a filha mais forte:

Aqui em casa você tem bons exemplos. Seu pai não bebe nem fuma. Eu também não. Você sabe que pode confiar em mim. Por isso eu dizia que não era um bom ambiente.

A partir daquele dia Suzana se afastou de Diana. Pouco se falavam.

Tempos depois, soube que Diana deixara de estudar, ficando reprovada. Estava viciada.

Cuidado com as amizades. Devemos conhecer melhor nossos amigos para sair com eles.

 

Gravidez na adolescência

Quando somos pequenos, somos muito ligados aos nossos pais, principalmente a nossa mãe. Nós a admiramos e queremos estar sempre com ela. Depois, um pouco maiores, temos nossos amigos na escola, mas ela ainda é a pessoa mais importante na nossa vida.

De repente, pelos doze anos, acordamos diferentes. Olhamos no espelho e vemos uma ou duas espinhas no rosto. No nosso corpo crescem pelos. Sentimos coisas e sensações que não sabemos explicar. Ficamos impacientes com as ordens da nossa mãe. Ela não é tão admirada como antes. Queremos estar com nossa turma de amigos e ser como eles. Chegou a adolescência.

Nesse momento, devemos lembrar que todo mundo passa por isso. Seu pai e sua mãe também passaram, embora você não consiga acreditar.

Nada como o tempo para acomodar e curar os problemas. É um tempo um pouco demorado. Mas, paciência! pelos dezessete estará melhor. Pior mesmo é esse início: doze, treze, quatorze, quinze... Pior e mais perigoso. Nessa fase você deverá ter cuidado com suas amizades. Escolha mesmo! Afaste-se dos maus estudantes, dos que fumam e dos arruaceiros. Isso vai trazer inúmeros problemas sérios para você e sua família. Tenha paciência com seus pais assim como eles terão com você. É uma paciência mútua. Seus pais terão que falar com você, conversar, e você terá que ouvi-los se não quiser cometer atos dos quais venha a se arrepender sem remédio, mais tarde. São três atos principais: a falta de estudo, as drogas e a gravidez precoce. Vamos falar de gravidez precoce. E isso diz respeito aos meninos e meninas!

Os hormônios estão em alta. Os apelos eróticos estão em toda parte: na tevê, nas músicas, propagandas... Não podemos culpar os jovens por uma coisa natural e saudável.

Sei que você sabe de tudo isso, leu e ouviu, então por que a toda hora meninas tão novas estão engravidando? Acho que pensam que uma vez não vai acontecer”, ou entãocomigo nãoou ainda usam pílulas, mas nem sempre. Parecem não acreditar em doenças sexualmente transmissíveis.

Então não é demais dizer: – Seu corpo é seu. Você vai fazer dele o que quiser. Não serão seus pais que vão lhe segurar. Eles nem vão saber. Você é quem tem que respeitar seu corpo. Ele é o seu bem mais precioso. Não o entregue a qualquer um, a alguém especial, porque você é especial para a Inteligência Universal(Deus). A gravidez é uma responsabilidade enorme. Se você tiver um bebê sem estar preparado financeira e emocionalmente, isto será para sempre. Sua vida mudará: você que gosta de sair com seus amigos nos finais de semana, terá que cuidar do seu filho. E os estudos? E seu futuro financeiro? O bebê não é um boneco. Ele chora, tem fome, fica doente, usa fraldas para você trocar. E tudo isso pode ser evitado. Seja responsável. Estou falando com os dois: meninos e meninas.

Procure se dedicar aos estudos não como uma obrigação, mas com a consciência de que disso depende seu futuro financeiro e até emocional. Praticar um esporte será ótimo para descarregar as tensões e acalmar os hormônios. Sua saúde também depende de uma boa alimentação e oito horas de sono. Portanto, desligue o computador e vá dormir mais cedo durante o período de aulas.

No mais, nunca perca de vista que seus pais são seus melhores amigos, os únicos que jamais lhe abandonarão, seja em que circunstância for.

Todos os dias, beije-os pela manhã e à noite. A gente nunca sabe quando será a última vez...

 

Por que é preciso estudar?

Você viu como se inicia a construção de um edifício?

Primeiro os engenheiros e arquitetos planejam a obra. Então os arquitetos desenham em detalhes várias plantas. Os engenheiros fazem os cálculos estruturais e diversos outros cálculos. Contratam pessoal e compram o material. Cavam buracos onde serão colocados os alicerces principais com concreto e ferro. Surge a base. Vão construindo os andares com estruturas sólidas. Às vezes, depois de dois ou três anos é que o prédio fica pronto.

Assim também se inicia a sua vida escolar. Por que você estuda? Para quê? Você sabe que é para ser alguém, para ter uma profissão no futuro. Então, o que tem a ver com o edifício?

É uma comparação. Se você estudar com gosto, não para passar de ano, mas para aprender, você vai construindo seu futuro com bases sólidas, vai construindo seu intelecto, sua cultura. Isso vai levar anos. E na frente, quando você se formar, não terá apenas um diploma na mão. Será um homem ou uma mulher com um conhecimento diferenciado, com muita cultura. Você será como um edifício bem construído e poderá fazer uma entrevista de emprego com segurança.

Quando estiver fazendo uma faculdade, ou curso técnico, procure se interessar por tudo que lhe possa dar algo mais. Cursos paralelos, congressos, livros, pesquisa na Internet, enfim. E assim se tornará como um belo prédio, será uma pessoa completa.

E o que acontece com os estudantes que não se interessam, que vão à escola por serem obrigados, que vivem brincando na aula, tiram notas mínimas, faltam, repetem de ano? Se continuarem assim, terão sua construção intelectual mal feita e depois, será muito difícil competir com outros melhor preparados. Contudo, é sempre tempo de mudar, de refletir no que você está lendo e tomar sua decisão. Quando se quer, tudo se consegue porque somos humanos e podemos reprogramar nossa vida, mudando o modo de pensar. Dividindo bem o tempo, podemos nos divertir, descansar e estudar. Para isso você tem uma agenda. Nela, você mesmo pode anotar seus horários, se não conseguir sozinho, peça ao seus pais e se não cumprir, cabe aos pais uma boa conversa.

Na construção de um edifício, o concreto e o ferro são os ingredientes fortes.

Na construção do seu caráter será a força de vontade.

Desejo a você que me , um grande futuro!

 

Como a droga pode chegar até você

Gostaria, meu amigo ou amiga, de lhe dizer algumas palavras de alerta.

Sei que você ouviu falar em droga. Pode ter sido sua mãe, seu pai ou alguma palestra na escola. Todos explicaram o que é a droga, os tipos que existem, que fazem mal, etc...etc...

O que eu quero que você fique atento é: de que modo, quando, a droga pode chegar na sua vida.

Quando você ouviu falar sobre ela, aposto que pensou: “Eu nunca vou experimentar isso, Deus me livre!” Então, meu amigo, escreva isso num papel bem grande e coloque no seu quarto: DROGAS, TÔ FORA! E lembre-se do que escreveu se a droga chegar até você.

É normal, na sua idade, que você muitas vezes fique triste, inseguro, sem saber o que fazer, ou então, fica eufórico, querendo tudo ao mesmo tempo, achando que sabe mais que seus pais. Faz parte da adolescência. De doze até os dezessete anos é o período mais difícil. Entretanto, posso lhe assegurar, isto vai passar. É nesse período que um amigo (ou inimigo?) pode lhe oferecer um cigarro, uma bebida ou coisa pior. A droga pode ser oferecida pelo seu namorado (ou namorada) que vai tentar por todos os meios lhe convencer a experimentar. Os drogados sempre querem que suas amizades sejam como eles. Você deverá dizer sempre NÃO e por mais que lhe doa, afaste-se dessa pessoa. Se você for a uma balada e rolar essas coisas, sempre haverá quem não entre nessa. Fique com esse grupo. Porque, isso você sabe: a droga é uma droga. Ela vai deixar você alegrinho por uns instantes apenas e depois, na maior deprê. E para sair da deprê, mais droga e vira uma bola de neve. No início, vão lhe dar a droga para você se viciar. Depois terá que comprar e a seguir, quando não conseguir dinheiro, vai roubar. É isso que acontece com todos os que ousam experimentar. É como uma armadilha no meio de uma floresta (a turma de amigos). Você não o perigo e cai. Para se livrar é muito, muito, muito difícil.

Então, meu amigo ou amiga, passe longe!

E lembre-se: seus pais são seus melhores amigos. Eles foram da sua idade e passaram para outra fase. Assim como eles querem compreender você, procure também compreendê-los porque você será o pai ou a mãe de amanhã.

 

Mãe passarinho

Naquele dia acordei atrasada para o trabalho. Tomei banho rápido, escovei os dentes, passei o protetor solar no rosto e peguei qualquer roupa no armário, sem escolher muito. Tomei um copo de leite e desci as escadas comendo uns biscoitos.

Ao chegar perto do carro, vi que havia uma coisinha caída em cima do caput. Oh, meu Deus! Era um filhote de passarinho. E estava morto. Segurei o bichinho entre os dedos: “– Será que está morto mesmo?” Estava. Coitado, nem penas tinha! , olhei para o teto da garagem para ver de onde ele caíra. A mãe dele havia feito o ninho dentro da caixa de luz; aquela estava vazia, sem lâmpada, com os fios. Pobrezinho...criado naquele lugar tão exíguo...

Peguei o carro, saí para o trânsito e fui pensando na vida dos pássaros; como criam seus filhos. Quando pequenos são tão frágeis e a mãe sai a procura de alimento. Na volta, traz na goela guardado o que vai dar ao rebento. Assim, ela cuida dele até que o instinto lhe diz que está na hora de empurrá-lo do ninho para ensiná-lo a voar. Ela não hesita e empurra mesmo! Mas ainda fica por perto para ajudá-lo a procurar comida por conta própria. Também ensina a fugir dos predadores. Quando sente que aprendeu, deixa que ele se vire sozinho.

Assim também devem ser as mães humanas. Aquelas que não agirem desse modo, cercando seus filhinhos de mimos ou entregues a empregadas, sem disciplina de horários, cheios de vontadinhas, verão crescer pessoas inseguras, onde a coragem, a decisão e a força de vontade serão fracas ou deformadas.

 

Pai e filho

O céu estava coberto de cinza. Uma frente fria fazia o vento balançar as árvores e levantar poeira do chão. Estava escurecendo, apesar de ser apenas dezesseis horas.

Pessoas passavam ligeiras para e para , com medo do temporal.

De repente viu-se um garoto de uns dezesseis anos, sacudindo-se todo. Andava cambaleando, dizendo coisas sem sentido. Era bonito. Louro, de olhos bem azuis e corpo musculoso. Vestia boas roupas.

Uma senhora o segurou pelo braço, temendo que fosse atropelado, tal o seu estado. Ele se desvencilhou da mão dela.

Foi então que algumas pessoas chamaram a polícia, que não demorou a chegar.

Os policiais o revistaram, mas nada encontraram a não ser um celular. Um policial dizia aos gritos: – Leva ele, leva!

Um outro procurou o telefone da família no celular e achou. Falou: – Calma, calma, vou ligar para o pai dele!

Enquanto esperavam perguntaram seu nome, sua idade e ele não sabia responder. Estava visivelmente drogado.

Logo chegou o pai. Respondeu as perguntas dos policiais e pediu para levá-lo para casa.

Em casa, fez com que o filho tomasse um banho, trocasse de roupas e fosse dormir.

O sono foi agitado. Revirava-se na cama naquele quarto bonito, com um armário abarrotado de roupas caras, todas “de marca”. Havia computador, jogos, tudo. Tinha dezesseis anos e uma boa mesada nos finais de semana.

O que podia lhe faltar para que ele usasse drogas? O pai estava ali. O pai o amava, embora freqüentemente estivesse com os amigos bebendo cerveja.

Aquele pai que tudo dava, dava demais. Dava amor demais, presentes demais, diversão demais, dinheiro demais, liberdade demais e achava que isso era tudo.

Então, o que faltava? Creio que limites, responsabilidade, diálogo. Mas o pai conversava com ele!... Quantas vezes o pai tinha conversado com ele! Mas não era aquela coisa de falar para tomar cuidado, ter juízo. Era diálogo, onde os dois falam e um ouve o outro; não monólogo.

Esse menino faltava às aulas quando queria, ia a shows, baladas, não tinha horário para dormir nem para acordar.

E agora? O que poderia ser feito?

O pai teria que conversar muito com ele. Não uma única vez, mas muitas. E como faria isso de modo a ser ouvido? Teria que recriar laços esquecidos. Chamar o filho para sair com ele. com ele. os dois, como dois amigos. Ir à uma praia longe, com ele. , tomariam caldos nas ondas e iriam rir como nos velhos tempos. Depois, sentados na areia viria a conversa, os conselhos. Juntos, fariam planos para o futuro e nesses planos teria que haver limites, horários, perdas e ganhos.

Tenho certeza de que esse menino ainda tem jeito. Tenho certeza de que agindo assim, esse pai o reconquistaria para a família e para o mundo com mais consciência. Resta saber se esse pai estaria disposto a ser mais presente na vida da família.

E você, meu amigo? O que acha disso tudo? Você conhece meninos assim?

 

O álcool é a primeira droga

Danilo não queria ir, mas Rodrigo ficou insistindo:

, cara, vamos ! É legal, tem uma galera maneira!

Danilo balançava a cabeça para os lados, meio desconfiado:

– Pô, cara, sei não! Aquela turma é meio barra pesada, rola uns negócios ...

Rodrigo insiste mais:

Tu é muito vacilão! cheio de gatinhas... e tu fica na tua. Deixa a turma na deles...

Nesse ponto Danilo ficou com vergonha do amigo. Lembrava os conselhos do pai. Era ficar longe da turma...

– Tá legal! Tá legal! Eu vou.

Foram se arrumar. Marcaram às dez na esquina da rua onde ficava a balada.

Entraram juntos. Tinham ambos quinze anos.

dentro, o som forte demais não deixava ouvir o que falavam. E quem queria falar? Era emoção. A dança fervendo no sangue, a bateria tocando dentro do peito. Todos se balançavam e riam. Havia muita fumaça e um cheiro esquisito no ar. Naquele momento, Danilo dançava com uma gata de cabelos louros que iam até a cintura. Ele estava feliz e esquecido de todo o resto. Foi assim que Rodrigo passou por ele e lhe entregou um copo de vodka com gelo. Ele não queria tomar, mas a menina pegou de sua mão e bebeu um pouco. Num relâmpago, lembrou da conversa com o pai. Foi um relâmpago. Como o acender e apagar de uma luz. Olhou a menina, pegou o copo e bebeu o restante, pensando que seria aquele. Danilo riu mais, dançou mais e tomou coragem de beijar a garota... Por isso comprou mais bebida, pensando: “ mais uma.”

Foi uma ótima noite aquela e depois se seguiram outras e outras noites com mais bebidas. Cada vez mais. Ele pensava que podia parar, mas estava sentindo necessidade do álcool.

Foi assim que num sábado à noite, meio alcoolizados, ele e Rodrigo, que estava no mesmo esquema, se viram diante de um comprimido que era oferecido pelo Bira, um moleque meio miolo mole, conhecido nessas festas:

– Vai , vai logo!

Não, não... falou Danilo, sem convicção.

Tu é um vacilão mesmo! Parece uma moça...gritou Rodrigo.

Me dá essa porcaria aqui. Vou te mostrar que tu é vacilão, é medroso!e Rodrigo tomou a droga.

Metambém. E Danilo tomou, para mostrar que era homem.

Ali começava um pesadelo para aqueles dois meninos de classe média, estudantes, filhos de bons pais, cujo erro foi freqüentar um mal ambiente, ainda sem a idade em que o caráter e a responsabilidade andam de mãos dadas.

Meses mais tarde, na sala de estar de sua casa, Danilo uma notícia no jornal: “JOVEM BATE NA MÃE POR CAUSA DE DROGA.”

Nesse ponto, meu leitor está pensando: “–Ah! Eu jamais faria isso!” E eu lhe afirmo: afaste-se das drogas, do contrário elas farão com que você faça. Lembre-se: o álcool é a primeira drogapreciso que você tenha consciência de que maneira as outras drogas podem chegar na sua vida.

E Danilo, apavorado, o que diz a notícia:

Caramba! Meu Deus! É o Rodrigo! amassou o jornal, jogando-o no lixo.

Seu Antonio, pai do Danilo, procurou o jornal ao chegar do trabalho. Por acaso, aquela bola de papel na lixeira. Desamassa, com cuidado e pensa: “Ora, ora, por que será que jogaram fora o noticiário?” Ele se assusta ao ver a nota na primeira página falando do Rodrigo. Na mesma hora chama Danilo:

Filho, onde está você?

O garoto está no quarto, ressabiado. Seu Antonio aproxima-se devagar, passando a mão pelos cabelos.

Filho, você jogou o jornal no lixo por causa do Rodrigo?

– Foi, pai.

Os olhos do menino se enchem de lágrimas. Ele abraça o pai com força.

Meu filho – disse Seu Antonio – o que está acontecendo que eu não sei?

Oh, pai...Danilo não consegue encarar o pai.

Vocês estão usando drogas? Seja franco. É melhor para você! Preciso ajudá-lo! Você não vai sair dessa sozinho!

Danilo chora mais forte e balança a cabeça que sim. Seu Antonio chora junto com ele. A seguir, conversam muito e combinam procurar uma clínica especializada em tratamento de dependentes químicos no dia seguinte.

Com a ajuda da família, Danilo se tratou deixando para trás a bebida e as drogas. Além disso, mudaram para outro bairro a fim de afastá-lo dos amigos antigos.

Agora, livre daquele pesadelo, ele era um bom aluno e tinha sonhos. Queria se formar engenheiro naval.

Durante alguns anos Danilo não ouviu falar de Rodrigo.

Certa manhã, leu uma nova notícia no jornal: “ JOVEM FOI PRESO COM TRINTA COMPRIMIDOS DE ECSTAZY NO CARRO

Desta vez Danilo não chorou. Sentia-se um homem de verdade. Olhou para a foto no porta-retratos da sala e pensou, sorrindo: “Meu pai me salvou.”

 

                                                                                            Silvia Regina Alves Urbani

 

Carlos Cunha Arte & Produção Visual

 

 

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