Sabem vocêsque o Brasil é muitogrande. Tem tantas belezasnaturaisquenem dá paraenumeraraqui. Poisbem, lá no norte do Brasil tem umestadomuitogrande, comumriomuito grandão, comtantaáguaquemais parece ummar! Ele se chamaAmazonas e é nele que se desenrola a nossahistória.
Havia no fundo do rio uma família de peixessurubins. O pai, seu Bino eraumpoucoseverocomseustrêsfilhotes, mas os amava acima de tudo.Nosmomentos de folga, quandonão estava procurando comida, ora brincava comeles pulando fora d’água, ora conversava sobre a vida, os perigos do rio e a maneirasegura de vivercomcoragem. Sussu, Rubi e Bilu eram três peixinhos felizes, aindamaisporqueDona Bina, a mãe, eramuito cuidadosa comeles.
Num lindodiaensolarado estavam brincando:
–Venha Rubi, vamos verquempulamaisalto?
–Ah, sou eu, Sussu! Olhe!e deu umenormepulo.
–Venha também Bilu– disseram os dois.
Ao que Bilu respondeu:
–Não, tenho medo, prefiro ficarseguro, escondido aqui na toca.
– Ora, Bilu, lembre-se do quepapaiensinasempre: “que o medo é o caminhomaiscertopara o fracasso” – falou Rubi.
–É mesmo – disse Sussu – pensamentonegativo atrai acontecimentonegativo, não é, papai?
–Sim... sim... meusfilhos. Temos quetercuidado, masnuncaficarcommedosemrazão. Quandonós pensamos alguma coisanegativa, atraímos do espaçotodos os pensamentossemelhantes, parecidos. Assim ficamos maisvulneráveisparaque aconteça exatamente o que tememos. É maisoumenoscomoumímãque atrai limalhas de ferro. Nossopensamento é magnetizado comoumímã. Vai agarrando pensamentossemelhantes. Se forem pensamentosbons, de alegria de coragem, de força de vontade, amor, vai agarrando e formando uma forçacadavezmaior e melhor.
–Sei não... Sei não... – disse Bilu.
Nesse momento ouviu-se umruído. Eraumbarco de pesca. A família de surubins se escondeu rápidoporentre as pedras. Justamente Bilu, de tantomedo, fugiu para o lado do barco e foi apanhado na rede.Colocado num latãocheio d’água, já se via indo prapanela. De repente, lembrando-se das palavras do pai, encheu-se de coragem. Começou a pensar:
“ – Eu vou sair daqui! Eu vou sair daqui! Jáme vejo nadando no riooutravez! Jáme vejo brincando comminhafamília! Eu vou sair... eu vou...”
Não é que o pescador abriu o latãoparacolocarmaiságua e esqueceu a tampaaberta?
Pois Bilu não pensou duas vezes: deu umpulobemalto e caiu nas águas escuras do rio, fugindo comrapidez.
Ah! Aquela tinha sido uma grandelição! Daquele diaemdiante Bilu ia serumpeixecorajoso.
Quando encontrou suafamília, foi uma festa!
Abraçaram-se e cantaram assim:
“Vai dartudocerto Vai dartudocerto
bastaeupensarque vai. positivo é o bem.
Vai dartudocertoPensocomcoragem
O que é negativo sai. E vou maisalém”
O macacofalador
Numa imensafloresta moravam várias famílias de macacos. O tempotodo ficavam porcima das árvores, balançando-se nosgalhos e pulando de uma paraoutraquando desejavam se locomover a procura de comida. Quando encontravam uma árvorefrutífera, era uma festa!
Por estarem no alto das árvores, eles observam tudo o que se passa na floresta. Nesse ponto se inicia a nossahistória.
Pimpãoeraumfilhote de macacomuitocurioso, Atéaí, nadademais. Contudo, tinha o péssimohábito de ser... fofoqueiro. Ficava bisbilhotando a vida dos outrosbichos, ouvia as conversas e saía contando aqui e ali. Além disso, gostava de falarmal de seus amiguinhos.
Quecoisatãofeia!
Veja o que aconteceu:
– Macacada! Vocêsnem sabem o queeu vi! – disse ofegante o Pimpão.
– Ih... lá vem vocêcom essas fofocas! – disseram emcoroseusprimos.
– É verdade... eu vi donaonçaserexpulsa de casa. Será queela andou fazendo alguma coisa errada? Ela estava lá na beira do rio, comcara de fome...
Pimpão falava alto e, distraído, nem viu quedonaonça passava embaixo da árvore. Ela ouviu tudo.
–Ah, seumacacosafado, linguarudo! – falou zangada, donaonça – não é nada disso! Eu estava andando com os filhotes a procura de uma erva.Eles comeram carne estragada e estavam comdor de barriga. Pois vou darum aviso: nuncamais desça desta árvorenemparabeberágua, porque estarei esperando paralhedar uma lição! Fofoqueiro!
Pimpão ficou roxo de vergonha dos primos e dos outrosbichosque se aproximaram paraver o que estava acontecendo.
Durantecincodias e cinconoitesPimpãonão bebeu água. Até torcia paraque chovesse de tantasede! Paraondeele ia porcima das árvores, donaonça ia atrás, pelochão. E rugia: – ROAM!
Depois, a onçatambém teve sede e foi embora. Ela resolveu perdoar o macaco, pois sabia queguardarmágoa e raiva faz mal á saúde. Pensou: “–Ora, já dei uma lição nele. Agora vou deixarissopralá, senãoeutambém sofro e só vou atrairenergiasnegativascomessepensamento de vingança.
–Adeus, macacoPimpão! Euteliberto e libertomeupensamento!...
O Pimpão correu a beberágua no rio. Quesede! Prometeu a simesmonuncamaisfalarmal de ninguém. Nemque tivesse quemorder a língua, quando se visse tentado...
A maledicência é umvícioque deve sercombatidodesde a infância.
A ociosidade
Jony eraumadolescente, filhoúnico. Acostumara-se a tertodos os seusdesejossatisfeitos, vivendo porisso na indolência.
Seuspais eram de classemédia, porémnão procuraram prepará-lo paraganhar a vida, pelocontrário, gastavam todas as suaseconomias satisfazendo seusdesejos de ter, ter, comprar, comprar...
Seus avós, já velhinhos, chegavam ao cúmulo de permitirqueele tirasse dinheiro de suascarteiras, pedindo, masjá tirando... Achavam comissoque conquistavam o afeto do neto.
Jony não se interessava pelosestudos e só ia à escolaporserobrigado. Com o tempo, passou a faltar às aulas, sem o conhecimento dos pais. Não se preocupava com o futuro, nem se lembrava que, perdendo os pais e os avós, teria quetrabalharparacontinuar tendo a vida a que se acostumara.
Assim o rapaz cresceu, ficou homem, mas continuou semprecomo filhinho dentro de casa, exigindo e sendo obedecido pelospais e avós.
Umdia, o velhoavô caiu enfermo e morreu. Logo a seguir faleceu a avó. O pai, desgostoso, levava a vida a beberparaesquecer a péssimaeducaçãoque haviam ministrado ao filho, agoraumrapazbonito, forte e musculoso.
Emalgumtempo, cai o paidoente e parte deste mundo.
Ficou a mãe, que gastou as economias deixadas pelossogros e o seguroque recebera pelamorte do marido, na compra de uma loja de comérciopara o filhinho, jáqueestenão acertava comempregoalgum.
Jony, quenunca trabalhara e nunca lavara umcopoemsuacasa, logo botou umempregadoparatomarconta do negócio e vivia de casapara o clube, emfestas, comseucarro zerinho, dadopelamãecomopresente de aniversário.
O empregado, vendo que o patrãonão queria nada e não sabia administrar a loja de peças de automóveis, logo começou a roubar, a deixarfaltarpeças, e dentroempouco o negócio faliu, comdívidas.
A mãe vivia comdificuldades, massemprepaciente e achando o filhinho muitobom e que a loja falira porculpa do empregado.
Os parentesmaispróximos procuravam abrirseusolhos, contudo a mãenão queria ver e abraçava seufilhoqueparaelaera o maislindo e perfeito.
O malandro gastou os últimosrecursos recebidos pelamãe e empenhou as poucas jóiasqueelaainda possuía.
Depois de suamorte, como os parentes começaram a tratá-lo comohomem, viveu de pequenosserviços, bebendo nosfinais de semanaparaesquecersuasdívidas.
Não habitue seusfilhos ao trabalho e ao estudo e faça deles homens inúteis.
Pensamentofirme
Suzana já trabalhava naquela empresa há dezanos, comosecretária. Eraeficiente, cumpridora dos seusdeveres, responsável e admirada porseussuperiores e colegas. Nãoqueela gostasse tantoassim daquele emprego, masera o queela arranjara numa época de poucas ofertas e, além disso, elajá estava com vinte e oitoanos.
Procurava realizar o melhorpossívelsuastarefas, ajudando a quem precisasse, fazia cursospara se aperfeiçoareminformática e tinha a exatanoção da importância do trabalho na vida das pessoas. Elanãovia o trabalhocomoumcastigo, mascomoumprêmio.
No entanto, a empresa estava no vermelho e teria quedispensarváriosfuncionários.
Suzana seria demitida.
Ela chorou... chorou... se deu o direito de se questionarporalgunsdias. Perguntava: “– Porque?” “– Comoisso foi acontecercomigo?”
Depois, parou de se lamentar e disse parasimesma: “–Tenho certeza de que se a vidame fechou uma porta, outra se abrirá...”
Certodia, já desempregada, foi caminharpelapraia. Próximo à suacasa viu, num terrenobaldio, onde crescia capimalto, muitos “biquinhos-de-lacre” comendo as sementes. Quandoela passou, voaram embando. Pensou: “–Se a InteligênciaUniversalalimentaessespassarinhosquenem trabalham, imagina se vai meabandonar!” Então, ela pegou um pouquinho do capim e guardou no bolsoparanão se esquecer desse dia. Sempreque ficava umpoucotriste, ia no armário, no quarto, e colocava a mão no bolso do casaco. Pegava no capim, quejá estava seco. Pensava quealgo de bom estava reservadoparaela.
Entregou muitoscurrículos e esperou.
Passaram-se oito meses, de novembro a julho. No início de agosto, ela foi chamadapara uma empresamuitomelhor. Afinal, além de suasqualidades, o tempo de serviço de dezanos no mesmoemprego, pesou bastanteparasuaescolha.
Essa histórianosmostraque a vida tem muitoscaminhos e que, estando preparados, nunca devemos desanimar.
Manter o pensamentofirmeemdiasmelhores é a únicaforma de vencer as adversidades.
Educaçãofamiliar e livre-arbítrio
Pedro estava de olhos fechados e relembrava acontecimentos de suainfância...
Brincava comdoisamigosperto de suacasa. Ele havia feitonoveanos e suamãe fizera umbolosimplescomrefrigerantespara os colegas cantarem parabéns. Ganhara de presente de seupai, um caminhãozinho.
Flavio, seuamigo de brincadeiras, tinhadezanos e José Roberto estava com onze.Os dois arrastavam pelochãoseuscarrinhosfeitos delatas deazeite vazias,amarradas combarbante e Pedro empurrava seucaminhão. Colocavam terradentro das latas e diziam transportarareiapara a construção de uma ponteimaginária. Depois, Pedro levava alguns pauzinhos achados na rua e colocava num buraco. Era a ponte.
Ficaram ali, durantealgumtempo, rindo e falando da talponte, levando terra e jogando no buraco.
De repente, Flavio parou e olhou na direção das moradias. Ele viu que uma casa estava com a portaaberta. Flavio falou baixinho:
– Olhasó. A casaaberta. Vamos lá?
Pedro e José Roberto se assustaram. Pedro falou:
– Não, Flavio. Deve teralguém!
– Ora, se tiver, a gentevolta! respondeu Flavio.
– Vamos devagar... disse o Zé.
Pedro não estava gostando daquilo. Alguma coisa dizia praelequenão estava certo, mas acompanhou seuscolegas.
Abriram mais a porta. Ninguém. Entraram de mansinho. Emcima da mesa viram umrelógio de metal. Os meninos se entreolharam. Como se fosse umgato, comtotaldestreza, Flavio pegou o relógio, enfiou embaixo da camisa e fugiu parasuacasa. Zé e Pedro correram também, cheios de medo. Ouviram barulho de tosse no outrocômodo da casa.
Chegando emcasa, Pedro chorou e contou o acontecido parasuamãe. Dona Maria, pessoacalma e correta, conversou com o filho, aconselhando-o a nãomaisbrincarcom o Flavio, poisera má companhia. Disse-lhe queeletinhapassadoenormeperigo, porque se o dono da casa os visse, chamaria a polícia e eles seriam cúmplices. Explicou queninguém deve pegarnadaquenão seja seu, queummeninoque comete umroubo, depoisoutro e maisoutro, fica viciado emroubar. Essemeninopassa a nãosermaisacreditadoemlugaralgum. Ninguém o quer na suacasa, commedoqueele subtraia algumobjeto. Nada é maistriste do quealguémemquemnão se confia. Olharparaqualquerquantiaemdinheiro, seja uma moeda de umrealouummilhão, quenão seja seu, e nãotocar nela, isso se chamahonestidade.
Pedrinho ouviu tudo e chorou compena do Flavio.
Pedro abriu os olhos e sorriu. Aquilo fazia tantotempo!... Agoraeraumhomem e se tornara umtorneiromecânico numa grandefábrica de automóveis.
José Roberto também conseguiu vencer as dificuldades. Suamãe costumava conversarcomele. Elogiava seustrabalhos da escola e dava umas “broncas” quandonecessário. Ele se tornou soldado do Corpo de Bombeiros.
Quanto a Flavio, cujamãe recebeu o relógiocomo se foraachado na rua, acreditando no filho, não procurando se certificar, hoje está cumprindo pena numa penitenciária, por inúmeros delitos cometidos durantesuavida. Ele se tornou umbandido.
Procurem, meusamigos, discernirentre o bem e o mal, entre o certo e o errado, colocando seulivre-arbítrio a serviço do bem.
Conformevocêpensar, assim será
Carlos e Ygor acabavam de ingressar na quintasérie do primeirograu. O anoletivo estava iniciando e os dois enfrentavam as dificuldadesnormais dos pré-adolescentes que deixam uma professora única e vãoencontrarseisouseteprofessores de diferentesmatérias.
Carlos estava com onze e, embora fosse umanomaisnovoque Ygor, parecia maisamadurecido.
Os meses foram passando e chegaram as primeiras provas.
Ygor estava empânico. Estudava regularmenteemcasa, masnãomuito. Ficava tãonervosoque roia as unhas.
Carlos, ao contrário, só pensava emêxito. Tinhaconfiançaque seria bem sucedido nosexames. Ele acordava cedo, tomava umcafé da manhã reforçado comfrutas, leite, queijo e pão.Ia para a escola a pé, jáque a mesma ficava a apenas trezentos metros de suacasa. Prestava bastanteatenção nas aulas, fazia perguntasquandotinhadúvidas e anotava os pontosimportantes. Carlos era organizado. Ele sabia que estava numa grandejornada. Eleviasuavida de estudantecomo uma grandeviagem e no final, a conquista de umempregoparaserindependente. Desdetenraidadeque Carlos dizia: “–Quero crescer e ganharmeu dinheirinho.”
Ygor custava a acordarpelamanhã. Suamãetinhaqueficar chamando muitas vezes. Seucaféerapurocompão e manteiga. Elenão tomava leitenem gostava de queijos. Raramente comia frutas. A mãe o levava de carroaté a escola, apesar de morar na mesmaruaque o Carlos. Durante as aulas ficava desenhando no cadernoou conversando comoutrosmeninos. Poucas vezes prestava bastanteatenção, porisso, quando ia estudaremcasa, tinhadificuldades e demorava maisparaterminar os deveres.
Durante o período de provas, Carlos e Ygor se encontravam no recreio. Ygor dizia estarcheio de medo, só pensava emderrota, que a prova seria difícil, sópensamentosnegativos. Carlos zangava com o amigo dizendo:
– Pare comisso! Vocêsó tem pensamentosruins!
Ygor respondia;
– Que posso fazer? Fico nervoso e tenho medo!
Carlos abraçava o colega de turma, comar de adulto:
– Não pode serassim, não, cara! Tem quepensarque vai dartudocerto! Mesmoquando vejo que vai serdifícil, eupensoque vai dartudocerto, que vou fazer o melhorque puder. Tá ligado?e ensinava: Olha, faz assim, respirafundo e soltapelaboca. Devagar...devagar! Vai...vai... respira!
Ygor ia ficando maiscalmo e pensava que Carlos eraum amigão; afinaleleeraummenino de sorteporterumamigocomoaquele...
Com a ajuda de Carlos, Ygor conseguiu superar as dificuldades e terminar o primeirograu. O amigo estava sempre aconselhando parasópensarpositivo; e não desistiu,percebendoque Ygor, mesmosemconseguirtotalmente, estava melhorando seumodo de pensar.
No final do curso, quando estavam de férias, Ygor mudou-se comsuafamíliaparaoutracidade e os doisnão se viram pormuitosanos.
Certodia, no Centro do Rio de Janeiro, Carlos viu umhomem de ternocinza atravessando a avenida. Era Ygor. Abraçaram-se, comsaudades dos tempos de escola. Emconversa, Ygor disse estar trabalhando num banco e estudando à noite, começando a faculdade de Administração. Carlos contou queeramédico e estava fazendo umcurso de especialização, além de trabalhar num grandehospital pediátrico.
Despediram-se, trocando telefones.
Quando Carlos ia guardar o telefone de Ygor, olhou atrás do cartão e viu que estava escrito: “Quemencontraumbomamigo, achaumtesouro.”
O pensamento é o segredo de tudo.
Uma históriasemfinal
Milene vive numa lindacasaconfortável, cercadaporjardins floridos e bancosque convidam para a leitura de umbomlivro. É ... mas Milene nãogosta de ler e nunca senta naqueles bancosnemmesmoparaapreciar as flores. Ela está com treze anos. Passahoras e horasemsalas de bate-papo, no computador, perdendo tempo. Fica atémadrugadasemdormir. Pelamanhã, parair à escola, suamãeprecisachamar...chamar...e chamar. Algumas vezes, elanão consegue se levantar. Então, faltaouchega atrasada. Não se alimentadireito, porque foi acostumada a sócomer e fazer o quedeseja... Porisso, Mila, como é chamada, resolveu sair da escola. Começou a faltar... a faltar...atéquenão foi mais. Seuspais falaram, brigaram, mas acabaram por se conformar. Nosfinais de semana, Mila vai parabailesfunk.
Certodia, apareceu doente, comfebre e infecção. Escondeu os sintomas, entretanto a mãe desconfiou e, pergunta daqui, pergunta dali, Mila acabou confessando que estava comumproblemaginecológico e nem sabia quem havia transmitido aquiloparaela. Não usava preservativo. Levada ao médico, fez inúmeros exames e felizmente, apesar de grave, nãoeranadafatal.
Seu Danilo, pai de Mila, nãogosta de terproblemas e achacertocriar a filha dessa maneira, comtotalliberdade.
Dona Leila, a mãe, vê na filhinha uma princesa quenão pode estragar as unhas e está sempre elogiando suabeleza.
Mila não arruma seuquarto. Suasroupas ficam jogadasportodaparte, até as peças íntimas.
Como essa história vai terminareunão sei, só podemos imaginar...
Pais! Acostumem seusfilhos ao trabalho e à leitura. Dêem liberdadecomresponsabilidade. Os pais têm a obrigaçãomoral de conduzir os seusfilhospeloscaminhos do mundoenquantoeles crescem, mostrando os perigos e vigiando os seuspassoscomoumfarol na escuridão.
Brasil, terraquerida
Quandoeu estava comoitoanos, minhafamília mudou de bairro e eu tive quetrocar de escola.
Minhaescola de primeirograutinhadoisandares. Emcima ficavam as salas. Embaixo havia umauditóriomuitogrande, parecendo umteatro. Portrás da escola, a cozinhacom cheirinho de mingau de fubáou de tapioca, o refeitório e o pátioenorme. Ali corríamos, conversávamos; era uma festa o recreio. O pátio possuía uma partecoberta, de modoquemesmo chovendo, podíamos brincar.
Passei anosmuitofelizes nesta escola, até a quartasérie.
Tínhamos uma professora de canto. Ela ensinava os hinosparatoda a escola. Explicava tambémsobre o valor e o significado da bandeira e os símbolos da pátria.
Ah! Comoeu gostava dos hinos! Foi comdona Marilia que aprendi a cantarcomcorreção o hinoNacional. Ela ensinava comprazer e erarigorosa. Fazia-nos repetir as frases dos hinosaté aprendermos; também explicava o significado dos versos, o quesó fazia crescer o amorpelanossapátria. Comela, meu coraçãozinho de criança tomou-se de amorespelo Brasil de talformaque persiste atéhoje, apesar das decepçõescom os políticos. Aprendi que o Brasil é uma terraqueridaqueformacomseupovo uma naçãomaravilhosa. Os mauspolíticosnãosão o Brasil!
E me vem à memória o meuhinofavorito:
FIBRA DE HERÓI.
“Se a pátriaquerida for envolvida peloperigo,
na pazou na guerra defende a terra, contra o inimigo.
Comânimoforte, se for preciso, enfrenta a morte,
Afronta se lavacomfibra de herói e gentebrava!
Bandeira do Brasil! Ninguémte manchará!
Teupovovaronil, istonão consentirá!
Bandeira idolatrada! Altiva a tremular...
Onde a liberdade é mais uma estrela a brilhar...”
Meusamigos, amem a terraonde nasceram. Sejam trabalhadores, honestos e cumpridores dos seusdeveres.
Mães, procurem desenvolverdesdecedo o amor de seusfilhospelanossaterra. Precisamos de bonsbrasileiros!
Muitosamigos e uma vidraça
Todatarde, maisoumenos às quinze horas, umgrupo de meninos desciam a ladeiraemdireção a um campinho de futebol improvisado. Na mão, levavam uma bola de courojá surrada. Vestiam-se comroupas de time. Uns de azul e outros de vermelho.. Dois deles seguravam umpar de luvas gastas. Deviam ser os goleiros. No caminho iam alegres, contando casos, jogando a bolaumpara o outro. Pareciam bonsgarotos.
Certatarde, aconteceu umacidente. Jorge, que mostrava ser o maisvelho da turma, deu umchutemaisforte e a bola foi parar na janela de uma casa, quebrando a vidraça. No momento, não havia ninguémporperto e eles correram para o campo. Lá, ficaram discutindo e Sergio, o maisnovo, achava que se a dona da casa perguntasse, deviam dizerquetinha sido o Jorge. Eleque se entendesse comela!
Recomeçaram a discutir. Naquele dianem teve jogo.
De repente, Samuel, o maispobre do grupo, gritou:
– Chega! Vamos parar. Estamos parecendo umas galinhas cacarejando. – dizendo isso, pediu aos colegasque se sentassem para pensarem melhor.
Fizeram uma roda e sentaram no chãobatido.
Samuel falou:
– Puxa, gente, somos amigos há tantotempo. Não vamos entregar o Jorge. Foi umacidente. O chute podia ter sido de qualquerum... Eu proponho uma vaquinha. Somos dez. Cadaumtraga o queconseguir. Vamos lá e pagamos a vidraça. Não deve sertãocaro.
– Eu tenho umcofre de porquinho. – falou Paulo – vou quebrarhojemesmo.
– Tudobem, eu concordo – falou Roberto.
E combinaram em se reunir no diaseguinte, alimesmo, às trêsemponto.
Assim fizeram e contaram o dinheiro de todos. Erabastante, parecia que ia sobrar... Foram então na talcasa, chamaram a dona, quejá havia trocado o vidro. Pediram desculpas e perguntaram o preço do conserto. Depois foram comprarumrefrigerante de doislitroscom o troco. Levaram para o campinho e passaram de mãoemmão, tomando comgosto.
Samuel então perguntou:
– Vocês estão sentindo assim uma coisa boa comoeu? Assimcomo uma alegria...
–É... estamos – falaram todos.
– Então vamos gritar: é big! é big! é hora! é hora! Amigos!– Amigos! Amigos! Amigos!
O preconceito
A professora ouviu uma algazarra na sala de aulaquando voltava da secretaria, ondeforapegar a ficha de chamada. Ao entrar, as crianças gritavam:
– Maria Preta! Maria Preta! Maria Preta!
– Mas o que é isso? perguntou
As crianças se aquietaram, se entreolhando e rindo.
Dona Dulce notou uma das alunas com a cabeça debruçada na carteira. Aproximando-se, viu queela chorava baixinho.
– Que foi, meuamor? Está chorando?
Dona Dulce se encaminhou para a frente da turma e, de formacalma, masfirme começou a falar:
– Crianças, porque estão fazendo issocom a Maria? Deus, a Força Criadora do Universo criou todosnós e nosamasemdistinção. Brancos, pretos, mulatos, amarelos, sãocomo as flores num jardim. Cadaum de nós deve serhonesto, bondoso, estudioso, alegre e compreensivocom os amigos. Isso é que é serbonito! Vocês gostariam de ser ridicularizados? Não façam aos outros o quenão querem paravocês! Nuncamais quero vermeusalunos rindo de ninguém! Está combinado? E você, Maria, pare de chorar. Você tem a pelepreta e é bonita., aindamaisporser uma boa aluna, estudiosa. A partir de hoje vai serminhaajudante. Vai ensinarleituraparaaquele grupinho que está comdificuldades – e apontou para o fundo da sala.
Assim acabou o preconceito de cor naquela turma. Dona Dulce mostrou que a meninapreta podia ajudar aos maisfracos e a partir desse dia, todos passaram a respeitá-la.
Aconteceu no Natal
Faltavam cincodiaspara o Natal.
Mariana estava eufórica. Corria paralá e paracá, ajudando à mãe a arrumar os enfeites na árvore. Era uma árvoreenormequequase tocava o teto da sala e a menina, comseusseteanos, sentia-se muitopequenaperto dela.
Todos estavam felizes, esperando a grandenoite.. Será quePapai Noel chegaria trazendo os presentes? A mãe havia ajudado a escrever uma cartinha com os pedidos de Mariana. Todos os anosela esperava até a meianoiteparaver o Papai Noel entrando peloquintal, tocando umsino de bronze: Blom! Blom!
Finalmente chegou o dia.
Na horacerta, foi aquela alegria. O bom velhinho entrando comumgrandesaco de veludo nas costas. Caixas de presente eram rasgadas e o brinquedonovo aparecia comomágica na frente da menina. Os tios , os avós e os amigostambém deram presentes.
No diaseguinte, Mariana acordou cedo e foi logobrincarcomtudo. Apósalgumtempo, ficou quieta e duas lágrimas rolaram de suaface corada. A mãe, vendo a meninacalada, perguntou o quetinha acontecido. A menina, muitoséria, respondeu:
– Mamãe, porque será que o Papai Noel me dá tantospresentes, meustios, a vovó e o vovôtambém e sóvocê e o papainãome dão nada?
A mãe ficou assustada e surpresa. Não sabia o quedizer. Ela e o marido haviam comprado comsacrifício a bonecaenormeque o Papai Noel entrara a Mariana. O quedizer? Eraprecisoacabarcomaquilo.
– Mariana, vocêprecisasaber. Tudoisso tem sido uma fantasia de Natal. É comoumteatro, sabe? Na verdade foram papai e mamãeque compraram a bonecaquevocê pediu. E o Papai Noel... era ...era...o seupaivestido de fantasia. Pronto! Falei.
Mariana pulou no pescoço da mãe e a abraçou dizendo:
– Quebom, mamãe! Quebom! Eusempre quis mesmoque o papai fosse o Papai Noel!
Felizmentetudo acabou bem.
Temos quetomarcuidado ao iludir uma criançapequena. Papai Noel é uma fantasialinda, mascompletamente inverossímil. Um velhinho que percorre o mundo dando presentes e se esquece dos pobres... Podemos falar da figura, mostrar, dizerque é bonito, massempre ligando a fantasia ao paiverdadeiro. Algumas crianças ficam muito decepcionadas quando descobrem queelenão existe.
Nãodestruir, sóconstruir
Eram setehoras.
Na volta às aulas, após as férias, as crianças encontraram a escolatodabranquinha. Pintaram até o telhadocomtinta marrom-claro. Dava gosto de ver! As carteiras, as portas, as janelas, o refeitório, tudopintado de azul. O ar trazia aquelecheirobom de coisanova, combinando com o anoletivoque ia começar.
Eraaquelealvoroçotodo de primeirodia, com professoras levando os alunospara as salas.
Láfora, as mães davam adeus e algunsalunosnovatos choravam, sendo consolados pelas “tias”.
Havia no artambém, umaromagostoso de merenda, a qualjá estava sendo preparada.
Maistarde, teve o recreio. Comeram merenda, brincaram e voltaram para as salas.
Foi entãoque a diretora viu na paredenova do banheiromasculino,uns rabiscosfeitoscom lápis-cera vermelho. A tampa de umvasosanitáriotambém estava quebrada.
A diretora resolveu ir de salaemsala relatando o acontecido. Não queria descobrir o autor. Só queria entender, porquedestruir o queera deles e paraeles?
As crianças reagiam comespanto. Algumas riam. Outras ficavam indignadas comtamanhodescasocom a escola.
Dona Célia, professora da quartasérie, conversou com os alunos:
– Vocês gostaram de encontrar a escolatoda novinha, limpa, na volta às aulas, não é?
– Gostamos! responderam emcoro.
Dona Célia continuou:
– Espero quenão tenha sido ninguém desta turma, mas...se foi... espero queele pense bem, emcasa, se é certodestruiralgotãobom, que foi feitocomtantocarinhoparatodos. Será queele faria isso na suaprópriacasa? Se começarem a destruir, rabiscar as paredes, quebrar as carteiras, vãoterquefreqüentarumlugarfeio, comoera no anoque passou! Os pais ficam reclamando do governoquenãoconserta a escola, e agora? Porquedestruir, se podemos construir?
Ana Luiza, uma meninaesperta, levantou o braçoparafalar:
– Tia, eu acho quedestruir é uma coisaruim e que pode atrairparanósacontecimentosruins...
Dona Célia sorriu e completou:
– Muitobem Luiza! É issomesmo! Se vocês pensarem coisas positivas, coisas boas, só podem atrair o bemparasuasvidas. Ao contrário, se pensarem emdestruir, atraem coisasnegativas.
– Comoassim? perguntou Otavio- ummeninomoreno de cabelos encaracolados.
– Quem rabiscou as paredes e quebrou o vaso, pode perderumestojo, pode levarumtombo na rua... Não é, tia? apressou-se a explicar a Luiza.
– É... maisoumenosisso... O certo é quecriançasouadultosque fazem o bem, recebem o bem; é a lei da vida. Não é castigo de Deus, não! É a lei da atração. O bem atrai o bem.
– E o mal atrai o mal! falaram emcoro os alunos.
Bemlá no fundo da sala, com os olhos arregalados, ummenino perguntou:
– E se a pessoa se arrepender e não fizer mais?
– Se for sincero, de coração e for uma criança, tudo será esquecido.disse sorrindo a professora.
Assim continuaram a aula e não falaram mais naquele assunto.
Talvez o alunotravesso fosse da turma da Dona Célia. O fato é que o anotodo passou e nuncamais apareceu umrabisco nas paredes. A diretora, porém, conversou com todas as turmas. Ali, os funcionários tratavam as criançascommuitorespeito e carinho. Quandoalguémnão se comportava bem, eralevadopara a sala da diretora e lá ia bem uma hora de conversa e conselhos. Quem é que queria isso? Erapior do queumpuxão de orelhas!
Aquela escolaeramuitofeliz. Todas as turmas faziam uma oraçãoantes de iniciar a aula.
À noite, quem passava pelarua, já avistava a brancura da escola ao longe. Havia atéquem jurasse tervistoumbrilhosuave de estrelasporcima do telhado...
Masisso, já pode serimaginação...
Saúde, o bemmaisprecioso
As gaivotas voavam emcírculossobre nossas cabeças naquela tarde cinzenta.
Eram quinze horas.
Ana Lucia brincava com o neto de noveanos no jardim. Procurava distraí-lo, mostrando os pássaros.
– É... parece que vai chover...– disse Ana.
Gustavo se esforçava parasorrir, masnão estava bem. Tivera febre a noitepassada e sentia dores no corpo. Eragripe.
Ana Lucia levou o meninopara o quintal. Gustavo sentou-se no balanço e brincou um pouquinho. Depois, pegou a bicicleta e deu duas voltas. Olhou paraseujogo de Totó semvontade de jogar.
– Vamos entrar, vovó?pediu o meninocom os olhoscaídos.
A avó estava comeleenquanto a mãe trabalhava. Haviam combinado esperarqueela chegasse para levá-lo ao médico, mas a febretinha voltado. Ana colocou o termômetro e se assustou ao ver o resultado: quase trinta e novegraus. Gustavo estava deitado no sofá e não havia comido nada o diatodo. Só bebia água. Então, Ana resolveu levá-lo ao médicologo. Estava preocupada.
O doutor Antonio o examinou, olhou a garganta, os ouvidos, auscultou os pulmões e disse:
– É gripemesmo, mascomoelejá está assim há váriosdias, é melhorreceitarumremédio.
Fez recomendaçõesparadescansar e beberbastantelíquidos, além de tomar o remédio nas horascertas.
Lá foram os dois no carro da avó Ana de voltaparacasa.
Quando chegaram, Gustavo sorriu para a avó e disse:
– Obrigadoporcuidar de mim, vovó.
– De nada, meuneto.
O menino ficou sério, olhou para a avó e falou:
– Vó, eu tenho tantosbrinquedos, computador, atémotocicletaelétrica, masnada tem graçaquando fico doente...
Ana Lucia abraçou o neto:
– É, meuquerido, o bemmaispreciosoque existe é a saúde. Semela, nadavale a pena. Nós devemos comeralimentossaudáveis, praticarumesporte e terbonspensamentos. Nada de ficar fechado porhoras a fio no computador, viu?
Quando a mãe chegou, Gustavo já estava melhor e a vida foi seguindo seucursonormal. Afinal de contas, não chovera e as gaivotascertamente voltariam no diaseguinte.
Meu amiguinho não é legal
Gustavo, quetinhacincoanos, puxava o braço da mãeparafalar:
– Mãe, posso comprarumdoce na padaria?
A mãe parou de conversarcomsuaamiga e olhou para o menino:
– Está bem, masnão demore. Levedezreais e traga o troco.
Gustavo correu para a rua pulando de contente. No caminho, encontrou seu amiguinho Pezão, que estava comnoveanos. Foram os doispara a padaria, que ficava bemperto. Depois, Gustavo foi dar o trocopara a mãe e disse ter comprado doisdoces. Umparaele e outroparaseuamigo. A mãe fez quesimcom a cabeça e continuou conversando.
Gustavo e Pezão ficaram porali, comendo seusdoces. De repente Pezão falou:
– Puxa, vamos voltar na padaria e jogar a lata de lixo no chão?
– Vamos – falou Gustavo, rindo.
Era uma travessura, mas Gustavo nãotinhaidéia de quenãoeracerto, eraapenasengraçado. Mas, Pezão já sabia queaquiloera errado e, pior, ele fazia outras coisasmais erradas ainda, e todas as pessoas da redondezajá sabiam. Ele costumava roubarpequenascoisascomodoces, balas, chicletes...
Os doismeninos chegaram de mansinho e, comonão havia ninguém olhando, derrubaram a lataque fez umbarulhoenorme.
Umsenhor, vizinho do menino, avisou à mãe de Gustavo sobre o que acontecera.
À noite, a mãe chamou o filhopara uma conversa.
– Filho, estou sabendo o quevocê fez com a lata de lixo da padaria.
O menino quis dizerquenão. A mãe pediu queele falasse a verdade.
– Está bem, mamãe. Foi o Pezão queme chamou parafazerisso.
A mãe aproveitou parafalarmais:
– Filho, vocêachaqueisso está certo? Você queria quealguém viesse aqui e jogasse nossolixo no chão de propósito?
– Não, mamãe, não está certo.
– Poisbem, não faça maisisso e tome cuidadoporque existem criançasque pegam coisassempagar na padaria e isso se chamaroubar.
O menino arregalou os olhos e disse para a mãe:
– Mamãe, eu vi o Pezão pegando uma bala no outrodia. Ele saiu correndo!
–Então, tome cuidado, porque se você for comele, o dono da padaria vai pensarquevocêtambémpega.
– Mãe, meu amiguinho não é legal, não vou maisandarcomele!
– É, meufilho, aindabemquevocê é umfilhomuitolegal!
– E você, mamãe, é muitoamiga!e eles se abraçaram.
Gustavo ouvia os conselhos de suamãe. Porissoeles eram felizes.
Umrapaz de caráter
Quandodona Lucia perguntou ao Daniel quem havia quebrado o espelho do quarto, este respondeu bemdepressa:– “Não fui eu!”
A mãe sabia quetinha sido ele, mas deixou passar.
E assim, diaapósdia, vieram outras respostas: – “Não fui eu!”
O cadarço do sapato cortado com a tesoura, o copo de vidroquebrado e já na lixeira, o fio de telefone arrancado, a parederiscadacomlápis de cera e outras coisinhas semtantaimportância, travessuras de criança, masque Daniel ia logo avisando – “Não fui eu!”
Certodia, a cortina do quarto apareceu comumburaco, cortadacom a faca. Nesse momentodona Lucia parece que acordou e resolveu parar de fechar os olhospara as pequenasmentiras e traquinagens do filho, quejá estava comcincoanos.
Chamou a criançapara uma conversa a dois:
– Meufilho, sabe que pode confiar na suamãe, não é?
– Sim, mamãe–respondeu o menino, jácom os olhosbaixos.
– Poisbem–continuou–você confia emmimporquesempre cuidei de vocêcomcarinho, porque sou verdadeira e lealcomvocê. Chegou a hora de vocêparar de fazer essas travessuras e estragar as coisas.
– Masmamãe...
– Não tem masnemmeiomas! Sei quevocê cortou os cadarços do sapato, quebrou o espelho do quarto, riscou a parede e agora cortou a cortina! Jáchega! E chegatambém de mentir! É naturalquevocê tenha medo de dizer a verdade, mas deve dizê-la de qualquerjeito. A partir de hojenão quero mais essas “artes” de cortarcoisas. Vocêjá está ficando umhomem. Porisso, se voltar a estragar alguma coisaquedêprejuízo, vai ficarsemir ao shopping no fim de semana. Eu quero meorgulhar de você, ouvindo “a verdade”. Estamos entendidos?
– Sim, mamãe – respondeu Daniel.
Doisdiasapós essa conversa, Daniel subiu na cadeira da cozinhaparapegarágua e, semquerer, quebrou uma xícara. Quandosuamãe viu, perguntou o que acontecera. Desta vez, Daniel respondeu meioreticente:
– Foi semquerer, mamãe, mas fui eu...
Dona Lucia abraçou o filho e disse:
– Tudobem, filho, acidentes acontecem. Fiquei orgulhosaporque disse a verdade.
E assim, aos poucos, a mentira foi dando lugar à verdade e as “artes” ficaram paratrás na vida de ummeninoquehoje é umrapaz de caráter, graças à maneiracomo foi educado porsuamãe: comcarinho, mascomfirmeza.
A velocidade
Olhando para o céuazul, quemnão tem vontade de voar? Serumpássaro, cruzar os mares, vertudoporcima, serlivre...
Nósnão sonhamos serumavião. Talvezporque intuímos queele significa de algummodo o perigo de cair. Elenão pode pousarondedesejacomoumpássaro.
Quando fazemos dezoito anos e começamos a dirigirumautomóvel, o sentido de liberdade e velocidade se juntam à falsaidéia de segurança, porqueele está no chão. Então o jovem tem a sensação de poder. O carro é ele, poderoso, ágil, imortal. Ledoengano...
Estardentro de umautomóvel é comoestardentro de umrevólver. Somos quase uma balaambulante. Sóque o jovemnão lembra disso e bebe cerveja, e... pisafundo. Cem... cento e dez... e numa curva, óleo na pista, asfaltomolhado, terquefrearbruscamente e o acidente acontece comvítimasfatais.
Torna-se necessárioconscientizar as pessoasque a dobradinhavelocidade X bebidaalcoólica é fatal.
Como podemos nossentir protegidos se estamos dentro de uma lataque amassa, que pode ser atingida poroutralatapesada? Precisamos de todaatençãopossível ao dirigirumveículo. Nada de falar ao celular, no máximodizerparaligardepois. Nada de olharparaseuacompanhante: conversar olhando para a frentecom a atençãoem todas as direções. Se bebeu, peça a alguémque está sóbrioparadirigir. Não se envergonhe disso porque se vocêprovocarumacidente, aísim, vai ficarcomvergonha e remorso.
A vida é o bemmaisprecioso. Vidacomsaúde, membrosperfeitos. Será que o jovemsó vai darvalor à suamaiorriqueza – a saúde – se perdê-la? De que adianta dinheiro no bolso, garotas, umlindocarro amassado e ficartetraplégico? E o quedizer de matar outras pessoas, atémesmoseusamigos?
Essa onda de acidentes pode terumfim. É sóisso: PARE E PENSE.
Reflita no que leu e resolva se querviverbem, comsaúdeperfeita e semremorso. Aí, tome suadecisão: “Vou dirigir, não bebo. Se bebi, nãodirijo.”
Estudantepontual
– Trim! Trim! Trim!
O relógio acabava de tocar. Eram setehoras. Roberta tinhaquelevantarparair ao colégio.
– Droga de relógio!ela bateu com a mão nele, derrubando-o.
Roberta pegou no sononovamente.
Já eram sete e quarenta. Suamãe entra no quarto e grita:
– Roberta, você vai chegar atrasada! Levanta!
A garota levanta sonolenta, contrariada.
– Andalogo!diz a mãe.
Esta cena se repetia quasetodos os dias. A mãe ficava triste e desgostosa e não sabia o quefazerparamudar o comportamento da filha. Roberta ficava atétarde no computador, emsalas de bate-papo. Ia dormirapós a meianoite e pelamanhã, não conseguia acordar. Chegava atrasada na escola, perdia a primeiraaula, e estava com péssimas notas.
Apostoquevocê, meuleitor, mesmoque seja umadolescente, sabe o que a mãe dela deveria fazer, não é?
Certodia, Dona Teresa, a mãe de Roberta, foi chamada no colégioparaconversarcom a psicóloga. Depois de umas orientações, resolveu poremprática o que ouviu. Chamou a filhapara uma conversa, onde deixou claroseusdeveres e direitos. E que a partir daquela data haveria horárioparatudo.
Roberta chiou:
– Puxamamãe, as minhas amigas dormem tardetambém!
Ao que a mãe retrucou:
– Então mude de amigas, porqueagora, você vai dormir às dezhorasparapoderacordar às sete. E tem mais: se as notasnão melhorarem, vai passar os finais de semana estudando!
Durantealgunsdias Roberta reclamou, mas a mãe se manteve firme. Com o tempo, foi se acostumando. Jánão chegava atrasada. Suasnotas melhoraram. Suas amigas se afastaram, mas outras apareceram: outras mais estudiosas e que a ajudaram nosestudos.
Vendo a mudança da garota, Dona Teresa elogiava e dava roupasnovasem algumas ocasiões.
Roberta mudou mesmo e conseguiu terminarseucurso. Assim ficou animadaparafazer o pré-vestibularparainformática.
Todoestudanteprecisaterhorasparaestudar, horaspara se recrear, usar o computadorcomconsciência. Suavida será feliz e tudo correrá bem. Se elenão consegue administrarsozinho o seutempo, então cabe aos paiscolocarumfreio, antesqueele caia num abismosemfim...
A honestidade
Naquela casa morava uma famíliafeliz. Eram pobres, mas tinham alimentosparatodos. Não passavam fome, mas a comidaerabemsimples. E, no entanto, eram felizes. Havia uniãoentreeles. Brigavam, comotodos os irmãos brigam, discutiam, mas ai de quem se metesse comum deles!
O pai, senhoraustero, de poucoestudo, porémtinha o hábito de conversarcom os filhos, à noite, após o jantar. E issoeramuitobom.
A mãe, umpoucomagra e cansada pelalutaemcriaroitofilhos, estava sempre na escolaparasabercomo iam os maiores, pois os menoresainda andavam agarrados nas suassaias compridas, sendo queum, ia ao colo, pendurado no seio.
Essesirmãos cresceram assim, orientados pelospais e depois de váriosanos, todos se formaram, menos Josué, quetinhamaisdificuldade na aprendizagem. Apósterminar o primeirograu, Josué conseguiu uma vaga numa empresaque prestava serviçopara o AeroportoSantos Dumont, no Rio de Janeiro. Eraencarregado da limpeza dos banheiros do setor de desembarque.
Certodia, ao entrar no recinto dos toaletes, Josué encontrou uma maleta esquecida num canto. Cuidadosamente, ele a abriu e ficou assustado com o queela continha. Assim, tratou logo de fechar e sempensarmuito levou-a ao departamentos de achados e perdidos, pedindo a umcolegaque fosse testemunha do que havia dentro e queele a estava entregando.
No diaseguinte, a imprensatoda estava sabendo do ocorrido e procurava Josué para entrevistá-lo. Este, muitotímido, procurava esquivar-se e respondia com poucas palavras.
Logo apareceu o dono da maleta, procurando recuperá-la. Eraumsenhor de idadeavançada, de nacionalidadeestrangeira. Distraído, esquecera a maleta no toalete. Queria encontrar Josué para recompensá-lo.
Então descobriu-se que a maleta continha dezmil dólares!
No momentoemque o estrangeiro agradecia a Josué, câmeras de tevê, repórteresemvolta deles, aquela confusãotoda, mas Josué não aceitava a recompensa. Umjornalista perguntou porqueelenão queria aceitar.Josué coçou a cabeça, sorriu e disse:
– O dinheironão é meu. Foi perdido e é minhaobrigação entregá-lo ao dono. Pensoque se eu fosse o dono, gostaria de recuperar o dinheiro. Tenho certeza de que serei recompensado comsaúde e alegria e issonão tem preço.
Todos se admiraram de comoumrapazsimplestinha essa visão da vida. Entretanto, Josué sabia como. Quemlhe deu essa visão da vida, ainda vivia naquela casinha pobre: já estava maisvelho, masaindatinha o hábito de conversarcom os filhosapós o jantar...
Duas irmãs
Assimcomo os dedos das mãosnãosãodiferentes, sãotambémdiferentes os temperamentos dos nossosfilhos. Poressemotivo, os paisnão podem querer criá-los de formaigual. É precisotermaispaciênciacomum, maisrigorcomoutro, maisesperançacomumterceiro e poraí vai. Contudo, o quenão pode faltar no pensamento dos pais é a certeza de que no fim, tudo dará certo.
Anita e Patríciasão irmãs. A diferença de idade delas é de oitoanos.
Anita era a maistímida. Era a maisvelha. Desde as primeiras sérieselaera organizada, cuidava de seuscadernos e dificilmente perdia umlápisouborracha. Emboranão fosse a primeira da classe, sempre tirava boas notas e eraresponsável. Dava gostoverseuscadernos!
Patrícia estava sempre perdendo as borrachas. Seuslápis eram roídos nas extremidades. Seuscadernos ficavam cheios de orelhas e paradesespero da mãe, nosexercícios faltavam letras nas palavras. Suasnotasnão eram as melhores, masmesmoassim, conseguiu ir seguindo os estudossemrepetir de série, embora duas outrêsvezes tivesse ficado parasegundaépoca. Suamãe a acompanhava comcuidado, procurando adverti-la, estimulá-la quando de umacertoou castigá-la quandonecessário.
O tempo foi passando.
Anita, logoque terminou o segundograu, estudou para o vestibular e conseguiu passarpara uma faculdade. Formou-se comdistinção e foi trabalharcommuitacoragem e determinação.
Patrícia, ao iniciar o segundograu, vendo o exemplo da irmã e através da orientaçãosegura de seuspais, começou a mudar de atitude. No últimoano do colégio, jáeramaisestudiosa, organizada e longe iam os dias dos cadernoscomorelhas. Precisou de doisvestibularesparaingressar numa faculdade, mas conseguiu. Então, tornou-se a pessoamaiscaprichosa, organizada e responsávelque a mãejávira! Seuspais estavam radiantes.
Esta história é real e é paramostrarque devemos sempreesperar o melhor, porqueele virá. Corrigir os filhos, orientá-los, castigá-los se for preciso, massempre se mostrarconfiante de queelesvãomelhorar e superar as dificuldades.
Vaidadeexcessiva
Quando Karina nasceu era uma menininha muitofofa. Quasenãotinhacabelosque eram somente uma penugemdourada. Suaboca parecia umcoraçãovermelho e seusolhos eram dois pedacinhos do céu.
Seuspais estavam orgulhosos. Todosque a viam falavam de suabeleza.
Assimela foi crescendo e aos trêsanosjá se percebia suavaidade, queera estimulada pelamãe e pela avó. Achavam graçaporqueela procurava o batom e a sombra de olhos da mãeparausar. Ficava horas escovando os cabelos, agoralouros e cacheados nas pontas. Fazia posesdiante do espelho, passando o blush da avó.
Foi assimque a menina cresceu, exigindo a sandáliatal, a roupa de marca, o tênismaiscaro. Paraelaissoeramaisimportanteque as notas na escola e a leitura de bonslivros. Elajá estava com treze anos. Desde os doze já namorava comgarotoscincoouseisanosmaisvelhos. No colégiojá havia passado de mãoemmão dos rapazesmaisatrevidos. Karina eralinda! Atraía os olharesporonde passasse. Suavaidade ia a extremos de pintar os cabelos e as unhastodos os sábados. Só pensava embaladas e emnamorar.
Sóagora a ficha estava caindo na cabeça de seuspais. E agora, eratardedemais.
Karina já havia repetido trêsvezes a sextasérie. Não queria maisestudar. Vivia de ilusão.
O tempo foi passando e naquela família crescia uma belameninafútil e semconteúdo. Poressemotivo, os namoradosqueela arranjava eram comoela. Não estudavam e não trabalhavam.
Comonão terminara os estudos e eravaidosa, não se conformava comum empreguinho qualquer. Assim, com dezoito anos, saiu de casa, paradesespero da família. Foi morarcom uma colega e, emboranão confessasse, seuspais sabiam queeragarota de programa...
Pais, prestem atençãonosseus filhinhos quandoaindasãopequenos. Não estimulem atitudesquenãosão próprias para a idade. Commuitojeito, desviem aquiloparaoutrabrincadeira. Cuidadocom o queeles vêem na tevê. Não fechem os olhos fingindo quenão há nada, porquequando os abrirem, o tempo terá passado e será tardedemais!
Amizades na adolescência
Suzana morava desde os doisanos num localmaravilhoso. Suacasa ficava emfrente a uma praça rodeada porárvores frondosas. Havia brinquedospara os menores e uma quadraparajogoscombola. Nesse lugarela cresceu e fez muitas amizades.
Agora Suzana está com quatorze anos e jánão obedece comoantes à suazelosamãe. Coisas de adolescente...
Porém, ultimamente, DonaMartanão estava nadasatisfeitaporque Suzana passava os dias na casa de uma colega – a Diana. Chegava do colégio, fazia seusdeveres e pimba! Lá ia elapara a casa da menina. Esta, não parecia má garota. Crescera ali, eraestudiosa e DonaMartanãoviamal nisso. O problema é queMarta sabia que a mãe e a avó de Diana fumavam o diainteiro, umcigarroapós o outro. Marta achava quenãoeraumbomambiente e que a filha acabaria porfumartambém.
Umdia, DonaMarta chamou Suzana para uma conversa. Explicou tudo. O mal do fumo e sobre o fumantepassivo. Disse tambémquenãoeracerto a filhaficartodos os dias na casa de vizinhos.
Suzana não gostou. Comjeito de adolescente respondeu:
– Oramamãe, você está querendo meafastar das minhas amigas!
A mãe garantiu não se tratar disso, mas de nada adiantou. Apesar de diminuirumpouco as idas à casa da amiga, continuou a freqüentá-la comassiduidade.
Marta confiava na educaçãoque dera à filha e viu quesólhe restava irradiar(rezar) aos EspíritosSuperiores(santos) paraque a luz se fizesse na mente da garota e ela enxergasse a realidade. Confiava muito nisso.
Todos os diasMarta irradiava e pensava: “– Tenho certeza de que Suzana vai enxergar o que é certo!”
Não passou muitotempoparaque Suzana procurasse a mãeparacontar:
– Mãe, vocêtinharazão. Descobri uma coisaqueme deixou chocada!
– O quê, minhafilha? donaMarta cortava a salsinha do almoço e continuou o serviço.
– Mãe, a Diana está fumando maconhacom o namorado. Elame contou e queria queeu experimentasse.
A mãe, sentando na cadeira da cozinha, olhou nosolhos da menina.
– E o quevocê respondeu?
– Disse quenossaamizadesópoderiacontinuar se ela deixasse de fazerisso. E ela falou quenão ia parar. Falou queeueramuitoboba!
DonaMarta abraçou a filhacomcarinho.
– Tudobem, Suzana, estas sãoexperiênciasque a vidanosreserva. Só os fortes de espírito resistem. Aindabemquevocê tem juízo. Eusempre confiei emvocê!
– Oh, mamãe, quecoisatriste! Minhaamiga...
DonaMarta abraçou a filhamaisforte:
– Aquiemcasavocêsó tem bonsexemplos. Seupainão bebe nemfuma. Eutambémnão. Você sabe que pode confiaremmim. Porissoeu dizia quelánãoeraumbomambiente.
A partir daquele dia Suzana se afastou de Diana. Pouco se falavam.
Temposdepois, soube que Diana deixara de estudar, ficando reprovada. Estava viciada.
Cuidadocom as amizades. Devemos conhecermelhornossosamigosparasaircomeles.
Gravidez na adolescência
Quando somos pequenos, somos muito ligados aos nossospais, principalmente a nossamãe. Nós a admiramos e queremos estarsemprecomela. Depois, umpoucomaiores, já temos nossosamigos na escola, maselaainda é a pessoamaisimportante na nossavida.
De repente, lápelos doze anos, acordamos diferentes. Olhamos no espelho e vemos uma ou duas espinhas no rosto. No nossocorpo crescem pelos. Sentimos coisas e sensaçõesquenão sabemos explicar. Ficamos impacientescom as ordens da nossamãe. Elajánão é tão admirada comoantes. Queremos estarcomnossaturma de amigos e sercomoeles. Chegou a adolescência.
Nesse momento, devemos lembrarquetodomundopassaporisso. Seupai e suamãetambémjá passaram, emboravocênãoconsigaacreditar.
Nadacomo o tempoparaacomodar e curar os problemas. É umtempoumpouco demorado. Mas, paciência! Lápelos dezessete já estará melhor. Piormesmo é esseinício: doze, treze, quatorze, quinze... Pior e maisperigoso. Nessa fasevocê deverá tercuidadocomsuasamizades. Escolhamesmo! Afaste-se dos mausestudantes, dos que fumam e dos arruaceiros. Issosó vai trazer inúmeros problemassériosparavocê e suafamília. Tenha paciênciacomseuspaisassimcomoeles terão comvocê. É uma paciênciamútua. Seuspais terão quefalarcomvocê, conversar, e você terá que ouvi-los se não quiser cometeratos dos quais venha a se arrependersemremédio, maistarde. Sãotrêsatosprincipais: a falta de estudo, as drogas e a gravidezprecoce. Vamos falar de gravidezprecoce. E isso diz respeito aos meninos e meninas!
Os hormônios estão emalta. Os apeloseróticos estão emtodaparte: na tevê, nas músicas, propagandas... Não podemos culpar os jovenspor uma coisanatural e saudável.
Sei quevocêjá sabe de tudoisso, já leu e ouviu, entãoporque a todahora meninas tãonovas estão engravidando? Acho que pensam que “só uma veznão vai acontecer”, ouentão “comigonão” ouainda usam pílulas, masnemsempre. Parecem nãoacreditaremdoençassexualmente transmissíveis.
Entãonão é demaisdizer: – Seucorpo é seu. Você vai fazer dele o que quiser. Nãoserãoseuspaisquevãolhesegurar. Elesnemvãosaber. Você é quem tem querespeitarseucorpo. Ele é o seubemmaisprecioso. Não o entregue a qualquerum, só a alguémespecial, porquevocê é especialpara a InteligênciaUniversal(Deus). A gravidez é uma responsabilidadeenorme. Se você tiver umbebêsemestarpreparadofinanceira e emocionalmente, isto será parasempre. Suavida mudará: vocêquegosta de saircomseusamigosnosfinais de semana, terá quecuidar do seufilho. E os estudos? E seufuturofinanceiro? O bebênão é umboneco. Elechora, tem fome, fica doente, usafraldasparavocêtrocar. E tudoisso pode ser evitado. Seja responsável. Estou falando com os dois: meninos e meninas.
Procure se dedicar aos estudosnãocomo uma obrigação, mascom a consciência de que disso depende seufuturofinanceiro e atéemocional. Praticarumesporte será ótimoparadescarregar as tensões e acalmar os hormônios. Suasaúdetambém depende de uma boa alimentação e oitohoras de sono. Portanto, desligue o computador e vá dormirmaiscedodurante o período de aulas.
No mais, nuncaperca de vistaqueseuspaissãoseusmelhoresamigos, os únicosquejamaislhe abandonarão, seja emquecircunstância for.
Todos os dias, beije-os pelamanhã e à noite. A gentenunca sabe quando será a últimavez...
Porque é precisoestudar?
Vocêjá viu como se inicia a construção de umedifício?
Primeiro os engenheiros e arquitetos planejam a obra. Então os arquitetos desenham emdetalhes várias plantas. Os engenheiros fazem os cálculos estruturais e diversosoutroscálculos. Contratam pessoal e compram o material. Cavam buracosondeserão colocados os alicercesprincipaiscomconcreto e ferro. Surge a base. Vão construindo os andarescomestruturas sólidas. Às vezes, sódepois de doisoutrêsanos é que o prédio fica pronto.
Assimtambém se inicia a suavidaescolar. Porquevocêestuda? Paraquê? Você sabe que é paraseralguém, parater uma profissão no futuro. Então, o que tem a vercom o edifício?
É uma comparação. Se vocêestudarcomgosto, nãosóparapassar de ano, masparaaprender, você vai construindo seufuturocombases sólidas, vai construindo seuintelecto, suacultura. Isso vai levaranos. E lá na frente, quandovocê se formar, não terá apenasumdiploma na mão. Será umhomemou uma mulhercomumconhecimento diferenciado, commuitacultura. Você será comoumedifíciobemconstruído e poderá fazer uma entrevista de empregocomsegurança.
Quando estiver fazendo uma faculdade, oucursotécnico, procure se interessarportudoquelhe possa daralgomais. Cursosparalelos, congressos, livros, pesquisa na Internet, enfim. E assim se tornará comoumbeloprédio, será uma pessoacompleta.
E o que acontece com os estudantesquenão se interessam, quesóvão à escolapor serem obrigados, quesó vivem brincando na aula, tiram notasmínimas, faltam, repetem de ano? Se continuarem assim, terão suaconstruçãointelectualmalfeita e depois, será muitodifícilcompetircomoutrosmelhorpreparados. Contudo, é sempretempo de mudar, de refletir no quevocê está lendo e tomarsuadecisão. Quando se quer, tudo se consegue porque somos humanos e podemos reprogramarnossavida, mudando o modo de pensar. Dividindo bem o tempo, podemos nosdivertir, descansar e estudar. Paraissovocê tem uma agenda. Nela, vocêmesmo pode anotarseushorários, se nãoconseguirsozinho, peça ao seuspais e se nãocumprir, cabe aos pais uma boa conversa.
Na construção de umedifício, o concreto e o ferrosão os ingredientesfortes.
Na construção do seucaráter será a força de vontade.
Desejo a vocêquemelê, umgrandefuturo!
Como a droga pode chegaratévocê
Gostaria, meuamigoouamiga, de lhedizer algumas palavras de alerta.
Sei quevocêjá ouviu falaremdroga. Pode ter sido suamãe, seupaiou alguma palestra na escola. Todosjá explicaram o que é a droga, os tiposque existem, que fazem mal, etc...etc...
O queeu quero quevocê fique atento é: de quemodo, quando, a droga pode chegar na suavida.
Quandovocê ouviu falarsobreela, apostoque pensou: “Eununca vou experimentarisso, Deusmelivre!” Então, meuamigo, escreva isso num papelbemgrande e coloque no seuquarto: DROGAS, TÔ FORA! E lembre-se do que escreveu se a drogachegaratévocê.
É normal, na suaidade, quevocê muitas vezes fique triste, inseguro, semsaber o quefazer, ouentão, fica eufórico, querendo tudo ao mesmotempo, achando que sabe maisqueseuspais. Faz parte da adolescência. De doze até os dezessete anos é o períodomaisdifícil. Entretanto, posso lheassegurar, isto vai passar. É nesse períodoqueumamigo (ouinimigo?) pode lheoferecerumcigarro, uma bebidaoucoisapior. A droga pode ser oferecida peloseunamorado (ounamorada) que vai tentarportodos os meioslheconvencer a experimentar. Os drogadossempre querem quesuasamizades sejam comoeles. Você deverá dizersempreNÃO e pormaisquelhe doa, afaste-se dessa pessoa. Se você for a uma balada e rolar essas coisas, sempre haverá quemnãoentre nessa. Fique comessegrupo. Porque, issovocêjá sabe: a droga é uma droga. Ela vai deixarvocê alegrinho por uns instantesapenas e depois, na maior deprê. E parasair da deprê, sómaisdroga e vira uma bola de neve. No início, vãolhedar a drogaparavocê se viciar. Depois terá quecomprar e a seguir, quandonãoconseguirdinheiro, vai roubar. É issoque acontece comtodos os que ousam experimentar. É como uma armadilha no meio de uma floresta (a turma de amigos). Vocênãovê o perigo e cai. Para se livrar é muito, muito, muitodifícil.
Então, meuamigoouamiga, passelonge!
E lembre-se: seuspaissãoseusmelhoresamigos. Elesjá foram da suaidade e passaram paraoutrafase. Assimcomoeles querem compreendervocê, procure também compreendê-los porquevocê será o paiou a mãe de amanhã.
Mãepassarinho
Naquele dia acordei atrasada para o trabalho. Tomei banhorápido, escovei os dentes, passei o protetorsolar no rosto e peguei qualquerroupa no armário, semescolhermuito. Tomei sóumcopo de leite e desci as escadas comendo uns biscoitos.
Ao chegarperto do carro, vi que havia uma coisinha caídaemcima do caput. Oh, meuDeus! Eraumfilhote de passarinho. E estava morto. Segurei o bichinho entre os dedos: “– Será que está mortomesmo?” Estava. Coitado, nempenastinha! Aí, olhei para o teto da garagemparaver de ondeele caíra. A mãe dele havia feito o ninhodentro da caixa de luz; aquela estava vazia, semlâmpada, sócom os fios. Pobrezinho...criado naquele lugartãoexíguo...
Peguei o carro, saí para o trânsito e fui pensando na vida dos pássaros; como criam seusfilhos. Quandopequenossãotão frágeis e a mãe sai a procura de alimento. Na volta, traz na goela guardado o que vai dar ao rebento. Assim, ela cuida dele atéque o instintolhe diz quejá está na hora de empurrá-lo do ninhopara ensiná-lo a voar. Elanão hesita e empurra mesmo! Masainda fica porpertopara ajudá-lo a procurarcomidaporcontaprópria. Tambémensina a fugir dos predadores. Quando sente que aprendeu, deixaqueele se vire sozinho.
Assimtambém devem ser as mães humanas. Aquelas quenão agirem desse modo, cercando seus filhinhos de mimosouentregues a empregadas, semdisciplina de horários, cheios de vontadinhas, verãocrescerpessoas inseguras, onde a coragem, a decisão e a força de vontadeserão fracas ou deformadas.
Pai e filho
O céu estava coberto de cinza. Uma frentefria fazia o ventobalançar as árvores e levantarpoeira do chão. Estava escurecendo, apesar de serapenas dezesseis horas.
Pessoas passavam ligeiras paralá e paracá, commedo do temporal.
De repente viu-se umgaroto de uns dezesseis anos, sacudindo-se todo. Andava cambaleando, dizendo coisassemsentido. Erabonito. Louro, de olhosbem azuis e corpo musculoso. Vestia boas roupas.
Uma senhora o segurou pelobraço, temendo que fosse atropelado, tal o seuestado. Ele se desvencilhou da mão dela.
Foi entãoque algumas pessoas chamaram a polícia, quenão demorou a chegar.
Os policiais o revistaram, masnada encontraram a nãoserumcelular. Umpolicial dizia aos gritos: – Levaele, leva!
Umoutro procurou o telefone da família no celular e achou. Falou: – Calma, calma, vou ligarpara o pai dele!
Enquanto esperavam perguntaram seunome, suaidade e elenão sabia responder. Estava visivelmente drogado.
Logo chegou o pai. Respondeu as perguntas dos policiais e pediu para levá-lo paracasa.
Emcasa, fez comque o filho tomasse umbanho, trocasse de roupas e fosse dormir.
O sono foi agitado. Revirava-se na cama naquele quartobonito, comumarmárioabarrotado de roupascaras, todas “de marca”. Havia computador, jogos, tudo. Tinha dezesseis anos e uma boa mesadanosfinais de semana.
O que podia lhefaltarparaqueele usasse drogas? O pai estava ali. O pai o amava, emborafreqüentemente estivesse com os amigos bebendo cerveja.
Então, o que faltava? Creio quelimites, responsabilidade, diálogo. Mas o pai conversava comele!... Quantas vezes o paijátinha conversado comele! Masnãoera aquela coisa de sófalarparatomarcuidado, terjuízo. Eradiálogo, onde os dois falam e um ouve o outro; nãomonólogo.
Essemenino faltava às aulasquando queria, ia a shows, baladas, nãotinhahorárioparadormirnemparaacordar.
E agora? O quepoderiaserfeito?
O pai teria queconversarmuitocomele. Não uma únicavez, mas muitas. E como faria isso de modo a serouvido? Teria querecriarlaços esquecidos. Chamar o filhoparasaircomele. Sócomele. Só os dois, comodoisamigos. Ir à uma praialonge, sócomele. Lá, tomariam caldos nas ondas e iriam rircomonosvelhostempos. Depois, sentados na areia viria a conversa, os conselhos. Juntos, fariam planospara o futuro e nesses planos teria quehaverlimites, horários, perdas e ganhos.
Tenho certeza de queessemeninoainda tem jeito. Tenho certeza de que agindo assim, essepai o reconquistaria para a família e para o mundocommaisconsciência. Restasaber se essepai estaria disposto a sermaispresente na vida da família.
E você, meuamigo? O queacha disso tudo? Você conhece meninosassim?
O álcool é a primeiradroga
Danilo não queria ir, mas Rodrigo ficou insistindo:
– Aí, cara, vamos lá! É legal, tem uma galeramaneira!
Danilo balançava a cabeçapara os lados, meiodesconfiado:
– Pô, cara, sei não! Aquela turma é meiobarrapesada, rola uns negócioslá...
Rodrigo insiste mais:
– Tu é muito vacilão! Lá tá cheio de gatinhas... e tu fica na tua. Deixa a turma na deles...
Nesse ponto Danilo ficou comvergonha do amigo. Lembrava os conselhos do pai. Erasóficarlonge da turma...
– Tá legal! Tá legal! Eu vou.
Foram se arrumar. Marcaram às dez na esquina da ruaonde ficava a balada.
Entraram juntos. Tinham ambos quinze anos.
Ládentro, o somfortedemaisnão deixava ouvir o que falavam. E quem queria falar? Erasóemoção. A dança fervendo no sangue, a bateria tocando dentro do peito. Todos se balançavam e riam. Havia muitafumaça e umcheiroesquisito no ar. Naquele momento, Danilo já dançava com uma gata de cabeloslourosque iam até a cintura. Ele estava feliz e esquecido de todo o resto. Foi assimque Rodrigo passou porele e lhe entregou umcopo de vodka comgelo. Elenão queria tomar, mas a menina pegou de suamão e bebeu umpouco. Num relâmpago, lembrou da conversacom o pai. Foi sóumrelâmpago. Como o acender e apagar de uma luz. Olhou a menina, pegou o copo e bebeu o restante, pensando que seria sóaquele. Danilo riu mais, dançou mais e tomou coragem de beijar a garota... Porisso comprou maisbebida, pensando: “Sómais uma.”
Foi uma ótimanoite aquela e depois se seguiram outras e outras noitescommaisbebidas. Cadavezmais. Ele pensava que podia parar, masjá estava sentindo necessidade do álcool.
Foi assimque num sábado à noite, jámeio alcoolizados, ele e Rodrigo, que estava no mesmoesquema, se viram diante de umcomprimidoqueera oferecido pelo Bira, ummolequemeiomiolomole, conhecido nessas festas:
– Vai aí, vai logo!
– Não, não... falou Danilo, semconvicção.
– Tu é um vacilão mesmo! Parece uma moça...gritou Rodrigo.
– Me dá essa porcariaaqui. Vou temostrarquetu é vacilão, é medroso!e Rodrigo tomou a droga.
– Me dá também. E Danilo tomou, paramostrarqueerahomem.
Ali começava umpesadeloparaaquelesdoismeninos de classemédia, estudantes, filhos de bonspais, cujoerro foi freqüentarummalambiente, aindasem a idadeemque o caráter e a responsabilidade andam de mãos dadas.
Meses maistarde, na sala de estar de suacasa, Danilo lê uma notícia no jornal: “JOVEM BATE NA MÃEPORCAUSA DE DROGA.”
Nesse ponto, meuleitor está pensando: “–Ah! Eujamais faria isso!” E eulhe afirmo: afaste-se das drogas, do contrárioelas farão comquevocê faça. Lembre-se: o álcool é a primeiradroga.É precisoquevocê tenha consciência de quemaneira as outras drogas podem chegar na suavida.
E Danilo, apavorado, lê o que diz a notícia:
– Caramba! MeuDeus! É o Rodrigo! amassou o jornal, jogando-o no lixo.
Seu Antonio, pai do Danilo, procurou o jornal ao chegar do trabalho. Poracaso, vê aquela bola de papel na lixeira. Desamassa, comcuidado e pensa: “Ora, ora, porque será que jogaram fora o noticiário?” Ele se assusta ao ver a nota na primeirapágina falando do Rodrigo. Na mesmahorachama Danilo:
– Filho, onde está você?
O garoto está no quarto, ressabiado. Seu Antonio aproxima-se devagar, passando a mãopeloscabelos.
– Filho, você jogou o jornal no lixoporcausa do Rodrigo?
– Foi, pai.
Os olhos do menino se enchem de lágrimas. Eleabraça o paicomforça.
– Meufilho – disse Seu Antonio – o que está acontecendo queeunão sei?
– Oh, pai...Danilo não consegue encarar o pai.
– Vocês estão usando drogas? Seja franco. É melhorparavocê! Preciso ajudá-lo! Vocênão vai sair dessa sozinho!
Danilo choramaisforte e balança a cabeçaquesim. Seu Antonio chorajuntocomele. A seguir, conversam muito e combinam procurar uma clínica especializada emtratamento de dependentesquímicos no diaseguinte.
Com a ajuda da família, Danilo se tratou deixando paratrás a bebida e as drogas. Além disso, mudaram paraoutrobairro a fim de afastá-lo dos amigosantigos.
Agora, livre daquele pesadelo, eleeraumbomaluno e tinhasonhos. Queria se formarengenheironaval.
Durantealgunsanos Danilo não ouviu falar de Rodrigo.
Certamanhã, leu uma novanotícia no jornal: “ JOVEM FOI PRESOCOM TRINTA COMPRIMIDOS DE ECSTAZY NO CARRO”
Desta vez Danilo não chorou. Sentia-se umhomem de verdade. Olhou para a foto no porta-retratos da sala e pensou, sorrindo: “Meupaime salvou.”