Criar uma Loja Virtual Grátis
Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


O Menino Maluquinho / Ziraldo
O Menino Maluquinho / Ziraldo

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

O Menino Maluquinho

                          

Era uma vez um menino maluquinho

Ele tinha o olho maior que a barriga

tinha fogo no rabo

tinha vento nos pés

umas pernas enormes
(que davam para abraçar o mundo)

e macaquinhos no sótão
(embora nem soubesse o que
significava macaquinhos no sótão).

Ele era um menino impossível!

A melhor coisa do mundo
na casa do menino maluquinho
era quando ele voltava da escola
A pasta e os livros
chegavam sempre primeiro
voando na frente

Um dia no fim de ano
o menino maluquinho
chegou em casa com uma bomba:
"Mamãe, tou aí com uma bomba!"


"Meu neto é um subversivo!"
gritou o avô.

"Ele vai matar o gato!"
gritou a avó.

"Tira esse negócio daí!"
falou - de novo - a babá.

Mas aí o menino explicou:
"A bomba já explodiu, gente.
Lá no colégio."

"Esse menino é maluquinho!"
falou o pai, aliviado."
E foi conferir o boletim
Esse susto não era nada
tinha outros que ele pregava.
Às vezes
sem qualquer ordem
do papai e da mamãe
se trancava lá no quarto
e estudava e estudava
e voltava do colégio
com as provas terminadas
tinha dez no boletim
que não acabava mais

E ele dizia aos pais
cheio de
contentamento:
"Só tem um zerinho aí.
Num tal de
comportamento!"

A pipa que
o menino maluquinho soltava
era a mais maluca de todas
rabeava lá no céu
rodopiava adoidado
caía de ponta cabeça
dava tranco e cabeçada
e sua linha cortava
mais que o afiado cerol.

E a pipa
quem fazia
era mesmo o menininho
pois ele havia aprendido
a amarrar linha e taquara
a colar papel de seda
e fazer com polvilho
o grude para colar
a pipa triangular
como o papai
lhe ensinara
do jeito que havia
aprendido
com o pai
e o pai do pai
do papai.

Era preciso ver
o menino maluquinho
na casa da vovó!

Ele deitava
e rolava
pintava e bordava
e se empanturrava
de bolo e cocada
E ria
com a boca cheia
e dormia
cansado
no colo da vovó
suspirando de
alegria
E a vovó dizia:
"Esse meu neto
é tão maluquinho"


O menino maluquinho
tinha
dez namoradas!

Ele era
um namorado
formidável
que desenhava
corações
nos troncos
das árvores




 

e fazia versinhos

e fazia canções.
E se escalavrava
nos paralelepípedos


e rasgava os fundilhos
no arame da cerca
e tinha tanto esparadrapo
nas canelas
e nos cotovelos
e tanta bandagem
na volta das férias
que todo ano ganhava
dos colegas
no colégio
o apelido de Múmia

E chorava escondido
se tinha tristezas

O menino maluquinho
tinha lá os seus segredos
e nunca ninguém sabia
os segredos que ele tinha
(pois segredo é justo assim).


Tinha uns mais segredáveis
E outros que eram menos.


O menino maluquinho
jogava futebol.


E toda a turma
ficava esperando
ele chegar
pra começar o jogo.


É que o time
era cheio de craques
e ninguém queria
ficar no gol.
Só o menino maluquinho
que dizia sempre:


"Deixa comigo!"">

E ia rindo pro gol
para o jogo começar.


E o menino maluquinho
voava na bola
e caía de lado
e caía de frente
e caía de pernas pro ar
e caía de bunda no chão


E a torcida ria
e gostava de ver
a alegria daquele goleiro.
E todos diziam:
"Que goleiro maluquinho!"


E aí, o tempo passou.
E, como todo mundo,
o menino maluquinho cresceu.


Cresceu
e virou um cara legal!


 

Aliás,
virou o cara mais legal
do mundo!

Mas, um cara legal, mesmo!


E foi aí que todo mundo descobriu que ele
não tinha sido um menino maluquinho


ele tinha sido era um menino feliz!

 

                                                                            Ziraldo

 

 

                      

O melhor da literatura para todos os gostos e idades