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A Guerra se Aproxima da Austrália
A Guerra se Aproxima da Austrália

 

 

Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites

 

 

RELATOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A Guerra se Aproxima da Austrália

 

                  

 

Luta no Pacífico

Ataque japonês no Oceano Índico

Bombardeio aéreo americano a Tóquio

Batalha do Mar de Coral

 

Ao começar o ano de 1942, os exércitos japoneses haviam alcançado um por um todos os objetivos militares que os altos-comandos lhes haviam fixado para este período. Com efeito, durante o mês de dezembro de 1941, as forças japonesas haviam concretizado as seguintes operações: no dia 8, a invasão da Malásia; no dia 9, a ocupação de Bangkok; a 10, a ocupação das ilhas de Guam e Wake; dia 16, a invasão de Bornéu; no dia 22, a invasão das Filipinas; e por fim, a 25, a ocupação de Hong- Kong.

 

A esta primeira fase da campanha, haveria de se seguir a definitiva conquista de todo o sudeste asiático (Índias Orientais Holandesas, Birmânia e Arquipélago das Bismarck). Uma vez assegurada a possessão desses riquíssimos territórios, que permitiriam abastecer indefinidamente a indústria bélica japonesa, os exércitos japoneses passariam à defensiva em toda a frente do Pacífico, concentrando seus esforços na China, para forçar uma definição favorável do conflito, que ali se desenvolvia desde 1937.

 

A rapidez da conquista, obtida a uma preço sumamente reduzido, levou contudo o Alto-Comando da Marinha japonesa a planejar a continuação das ofensivas no Pacífico. O comando marítimo japonês considerou, acertadamente, que os Aliados utilizariam a Austrália como ponto de apoio para proceder ao contra-ataque e reconquista do terreno perdido. Em conseqüência, os oficiais do Estado-Maior da Armada japonesa julgaram necessário invadir a Austrália, ou, pelo menos, isolá-la, ocupando o cinturão de ilhas que a rodeava. Esses planos foram, no entanto, mal recebidos pelos comandos do Exército. Atendo-se aos projetos originais, o Exército insistiu na necessidade de se manterem na defensiva no Pacífico, e concentrar a massa do poderio em terra, mar e ar, para obter uma vitória definitiva na China. A marinha, porém, não se conformou em aceitar um papel puramente passivo na luta. Inflamados pelos triunfos obtidos (encouraçados afundados e grande quantidade de barcos menores atingidos) os marinheiros japoneses desejavam continuar os seus ataques até conseguir o aniquilamento das forças navais aliadas no Extremo Oriente. Assim foi que o Contra-Almirante Ugaki, Chefe do Estado-Maior da Armada, ordenou a seus assessores que planejassem um possível ataque contra o Havaí, principal base americana no Pacífico. Os estudos realizados mostraram a impossibilidade de proceder à ocupação dessas ilhas, em virtude das enormes distâncias a percorrer, e pela negativa do Exército de colaborar na empresa.

 

Enquanto isso, a frota de porta-aviões comandada pelo Vice-Almirante Nagumo, não havia permanecido inativa. Em fins de fevereiro de 1942, escoltou as forças e invasão que ocuparam as ilhas de Nova Bretanha e Nova Irlanda, e, posteriormente, atacou com seus aviões as bases aéreas aliadas situadas na costa norte da Nova Guiné. Estas operações permitiram aos japoneses estabelecer uma poderosa base em Rabaul, na ilha da Nova Bretanha, que serviria de trampolim para iniciar a expansão rumo à Austrália. O Estado-Maior da Marinha, por sua vez, prosseguiu estudando os seus projetos ofensivos. Um dos oficiais desse organismo, o Capitão-de-Fragata Kuroshima, propôs que a frota (ante a impossibilidade de levar adiante a ocupação do Havaí) realizasse um ataque de surpresa no Oceano Índico e aniquilasse a esquadra inglesa. A princípio, essa operação foi concebida como um plano de grande importância, que incluiria a invasão da Índia. O Exército, contudo, negou novamente a sua aprovação ao plano, pois considerava que, sem o apoio das demais potências do Eixo, a operação seria impraticável. De fato, a 18 de janeiro de 1942 havia-se firmado um acordo militar entre a Alemanha, o Japão e a Itália, no qual as três potências fixavam o limite de suas conquistas na Ásia, no meridiano 70; porém não se tomaria nenhuma medida concreta para coordenar a ação militar e efetuar essa projetada expansão. A Marinha japonesa, contudo,  não desanimou. Introduziram-se algumas modificações no projeto original de Kuroshima e decidiu-se levar adiante o ataque no Índico.

 

Ataque no Índico

 

Os britânicos, enquanto isso, não permaneciam inativos. Por ordem de Churchill, o Almirantado aumentou aceleradamente os efetivos navais no Índico. A 24 de março de 1942, o Almirante Sommerville, que tivera destacada atuação no Mediterrâneo, atracou no porto de Colombo, no Ceilão, com sua nave capitânia, o porta-aviões Formidable. Sob seu comando ficaram as unidades que integravam a frota do Oceano Índico. Esta incluía os porta-aviões Hermes e Indomitable, o encouraçado Warspite e outros quatro encouraçados de modelo mais antigo, sete cruzadores e 16 destróieres. Além disso, contavam os britânicos, no Ceilão, com uma força de 60 caças e várias esquadrilhas de bombardeiros.

 

Os japoneses, uma vez decididos os planos da operação no Índico, se aprontaram a pô-la em prática. Previamente, a frota do Almirante Nagumo levou a cabo um reide contra a costa australiana. No dia 19 de fevereiro, os porta-aviões Shokaku, Suikaku, Soryu e Horyu se aproximaram inesperadamente de Port Darwin pela manhã, e lançaram ao ar suas esquadrilhas. Sob a direção do Comandante Fuchida, o mesmo que comandava a força aérea durante o ataque a Pearl Harbor, 190 aviões bombardearam a base e arrasaram suas instalações, destruindo 23 aviões e afundando dois destróieres. Posteriormente, Nagumo realizou uma incursão contra a navegação aliada ao sul de Java e retornou ao seu ancoradouro nas ilhas Célebes. A 9 de março, finalmente, o Almirante Yamamoto, Comandante-chefe da Marinha japonesa, ordenou o início da operação no Índico. O comando supremo seria exercido pelo Vice-Almirante Kondo, a quem ficariam subordinados Nagumo, com sua frota de porta-aviões, e o Vice-Almirante Osawa, no comando de uma frota de apoio, integrada por um porta-aviões leve, 6 cruzadores e 4 destróieres.

 

De acordo com o plano de ataque, a força de porta-aviões de Nagumo (Akagi, Soryu, Hiru, Suikaku e Shokaku), apoiada por 4 encouraçados, 3 cruzadores e 8 destróieres, se dirigia a todo vapor para o porto de Colombo, no Ceilão, com a intenção de surpreender e aniquilar a frota do Almirante Sommerville. Simultaneamente, o Vice-Almirante Osawa atacava as linhas de navegação, para causar destruição entre os barcos mercantes aliados. No dia 26 de março, os grandes porta-aviões japoneses de Nagumo fizeram-se ao mar. Partiam novamente com uma cega confiança na vitória. Pearl Harbor voltaria a repetir-se, segundo os seus minuciosos planos. A surpresa paralisaria o inimigo.

 

A 28 de março, o Almirante Sommerville recebeu notícias, através da Inteligência, do ataque planejado pelos japoneses. Agindo logo, ordenou que suas naves zarpassem, localizando-as ao sul de Ceilão. Nessa posição estavam em condições de enviar patrulhas de exploração até o porto de Colombo; estas dariam o alarme com margem de tempo suficiente para que Sommerville, avaliando a força inimiga com segurança, pudesse optar por atacar ou retirar-se para o ancoradouro secreto do atol de Addu, situado a 600 milhas a sudoeste de Colombo. Esta base, denominada porto T, contava com poderosas defesas antiaéreas e depósitos de combustível. Enquanto isso, em Ceilão, o Almirante Dayton, chefe da sua guarnição, ordenou a imediata mobilização de todos os efetivos. Paralelamente, os cruzadores Dorsetshire e Cornwall, que ainda permaneciam na ilha, levantaram âncora e zarparam para incorporar-se à frota de Sommerville.

 

Bombardeio de Ceilão

 

A esquadra inglesa permaneceu na expectativa até a tarde do dia 2 de abril. Foi então que o Almirante Sommerville resolveu abandonar o patrulhamento e dirigir-se para a base do atol de Addu, pois algumas das suas naves haviam consumido a maior parte da provisão de água potável. No dia 4 de abril, os barcos ingleses chegaram ao ancoradouro secreto e ali receberam uma mensagem urgente. Um hidroavião Catalina de exploração acabava de avistar os porta-aviões de Nagumo, navegando a todo vapor, rumo ao Ceilão. O Catalina foi imediatamente derrubado pelos Zeros japoneses, porém já havia conseguido dar o alarme. A surpresa, portanto, fôra perdida. Nagumo, contudo, resolveu atacar o porto de Colombo no dia seguinte, tal como fora planejado. Por sua vez, Sommerville se fez imediatamente ao mar com os barcos que estavam prontos: o encouraçado Warspite, os porta-aviões Indomitable e Formidable, dois cruzadores e seis destróieres.

 

No porto de Colombo, os aviões da RAF se aprontaram para repelir o iminente ataque. No dia seguinte, 5 de abril, pouco antes das 8 da manhã, 36 Zeros e 89 bombardeiros de picada japoneses se lançaram sobre a cidade, desfechando o ataque. Foram enfrentados pelos aviões britânicos e com eles travaram combate. Apesar da resistência britânica, os aviões japoneses conseguiram lançar suas bombas nos objetivos prefixados, causando grandes danos nas instalações portuárias e afundando o destróier Tenedos e o barco mercante armado Hector. No decorrer do reide o Almirante Nagumo recebeu uma urgente mensagem de um de seus aviões de reconhecimento, que patrulhava as águas a sudeste de Ceilão. A mensagem dizia: “Dois destróieres avistados. Navegam rumo sul-sudoeste. Velocidade 25 nós”. Nagumo não vacilou. Seus aviões já haviam destruído todos os alvos determinados em Colombo e, portanto, podia dispor dos 80 bombardeiros em picada que mantinha em reserva. Sob as ordens do Comandante Egusa, estes aparelhos decolaram imediatamente, em busca dos dois barcos britânicos. Uma distância de quase 300 milhas os separava do objetivo.

 

Pouco tempo depois, o Almirante Nagumo recebeu, uma nova mensagem de seus aviões de reconhecimento. Os barcos inimigos não eram destróieres, mas sim os grandes cruzadores Dorsetshire e Cornwall.

 

Às 13h40, o Capitão Agar, do Dorsetshire, avistou as esquadrilhas japonesas. O céu estava limpo e claro. As massas dos grandes navios se destacavam nitidamente nas águas azuis do oceano. Era impossível fugir à ação iminente.

 

Dividindo-se em dois grupos de ataque, os bombardeiros japoneses, lançaram-se sobre os cruzadores, atacando em formações sucessivas de três aparelhos cada uma. A operação culminou com êxito. Em 19 minutos, os dois barcos haviam desaparecido da superfície, destroçados pelos repetidos impactos das bombas japonesas. Flutuando sobre as ondas, 1.122 oficiais e marinheiros britânicos procuravam salvar a vida. No dia seguinte, depois de permanecer nessas águas infestadas de tubarões por 30 horas, foram resgatados pelos barcos do Almirante Sommerville. Esta havia compreendido já que suas forças seriam facilmente aniquiladas pela poderosa frota japonesa. Resolveu evitar a batalha e buscar refúgio no atol de Addu.

 

A retirada japonesa

 

Enquanto isso, o Almirante Nagumo, alentado pela vitória obtida e diante da falta de reação da esquadra britânica, decidiu atacar o porto de Trincomalee, situado na costa de Ceilão. Os barcos japoneses se reagruparam e rumaram para o novo objetivo que foi alcançado na manhã de 9 de abril. Novamente a frota japonesa fôra avistada pelos aviões de reconhecimento, o que permitiu aos britânicos que se preparassem para repelir o ataque. Nagumo, por sua vez, esperando uma forte oposição, enviou contra Trincomalee uma poderosa força, integrada por 125 bombardeiros e caças. Em que pese a encarniçada resistência dos aparelhos da RAF, os aviões japoneses conseguiram causar grandes destruições na zona do porto e derrubaram 11 aviões ingleses. Nessa circunstância, os ingleses lançaram contra a frota de Nagumo um desesperado ataque com suas esquadrilhas de bombardeiros bimotores Blenheim. Era a primeira vez que os porta-aviões de Nagumo se viam atacados por aviões inimigos, desde o começo da guerra no Pacífico. Os Blenheim não conseguiram nenhum impacto direto sobre as naves e a metade deles foi abatida pelo fogo dos Zeros de proteção.

 

Enquanto essas operações se processavam, os aviões de reconhecimento japoneses percorriam a zona próxima a Trincomalee. Avistaram, afastando-se a todo vapor, o porta-aviões Hermes, escoltado pelo destróier Vampire. Uma vez mais, os bombardeiros de mergulho do Comandante Egusa receberam ordens de destruir os barcos inimigos. Como na oportunidade anterior, a ordem foi cumprida. Em menos de 15 minutos, depois de avistados, os dois barcos britânicos foram afundados. Com eles, pereceram, mais de 300 marinheiros ingleses.

 

Uma vez terminado este último ataque, Nagumo, considerando que havia cumprido a sua missão, ordenou aos navios que regressassem ao Japão. O almirantado japonês, na realidade, não conseguira concretizar o objetivo principal do reide: aniquilar a frota britânica, porém conseguiu força-la a abandonar o Oceano Índico. Efetivamente, o grosso das naves inglesas, juntamente com o Almirante Sommerville, transferiram-se para o porto de Kilindini, na costa oriental da África.

 

A operação “MO”

 

Enquanto Churchill e os dirigentes aliados aguardavam com crescente alarme o prosseguimento dos ataques japoneses no Índico e a eventual invasão do Ceilão e da Índia, em Tóquio, o Alto-Comando das forças japonesas resolvia empreender a ofensiva no Pacífico. No dia 18 de abril emitiram-se as ordens para iniciar as operações contra a ilha de Tulagi, no arquipélago de Salomão; posteriormente se seguiria o ataque contra a importante base de Port Moresby, na costa sul da Nova Guiné. Numa etapa posterior seriam ocupadas as ilhas de Nova Caledônia, Fiji e Samoa. Dessa maneira, o cerco da Austrália ficaria completado nos primeiros dias de julho de 1942.

 

Um fato inesperado veio introduzir mudanças radicais na estratégia japonesa. No próprio dia 18 de abril, uma esquadrilha de bombardeiros americanos Mitchell B-25, decolando do porta-aviões Hornet, bombardeou Tóquio inesperadamente, em vôo rasante. Foram também atacadas, por aviões isolados, as cidades de Nagóia, Osaca e Kobe. Os bombardeiros, num total de 16, prosseguiram depois o vôo, internando-se no continente e efetuaram aterrissagens forçadas.

 

Embora os danos causados pelo ataque, comandado pelo General Doolittle, fossem praticamente nulos, a ação teve profunda repercussão entre a população civil e mesmo nos integrantes do Alto-Comando japonês. A conseqüência mais decisiva, contudo, foi que o Almirante Yamamoto obteve aprovação definitiva, do Estado-maior da Marinha, para levar adiante os planos de ataque contra a ilha de Midway e as Aleutas. A impressão causada pelo bombardeio contra o território metropolitano japonês, que se considerava inatingível, motivou a aceitação, pelos altos chefes navais, do plano Yamamoto. O objetivo desse projeto era incitar a frota americana estacionada nas ilhas do Havaí a uma batalha decisiva, na qual seria aniquilada.

 

A frota de Nagumo chegou ao porto de Kure a 23 de abril e ali foi notificada da extraordinária missão que lhe fôra confiada. Imediatamente, os chefes da esquadra se dedicaram ao estudo e preparação dos planos para efetuar a decisiva operação.

 

O ataque, aprovado pelo QG imperial a 5 de maio, se iniciaria nos primeiros dias de junho. Enquanto isso, a operação denominada com a senha “MO” seria levada adiante. Consistia no ataque a Tulagi, no arquipélago das Salomão e Port Moresby, na Nova Guiné. Desta ação participaria, sob as ordens do Vice-Almirante Inohue, uma grande frota de 70 barcos que incluía os porta-aviões Shokaku, Suikaku e Shoho. A ordem emitida dizia textualmente: “Em colaboração com um destacamento dos exércitos do sul, a Marinha ocupará Port Moresby, Tulagi e importantes posições na Nova Guiné, onde serão instaladas bases aéreas, a fim de efetuar reides sobre a Austrália. A data de início do ataque será 3 de maio”.

 

A batalha no Mar de Coral

 

O Almirante Inohue estabeleceu seu posto de comando na base de Rabaul, onde a frota se concentrou. Esta foi dividida num grupamento de combate (porta-aviões Shokaku e Suikaku e dois cruzadores pesados), comandado pelo Vice-Almirante Takagi, e duas forças de invasão, comandadas pelo Contra-Almirante Goto, encarregadas de ocupar Tulagi e Port Moresby. Os japoneses disporiam também de uma força de apoio, integrada por dois cruzadores leves e um porta-aviões, e um grupo de proteção que compreendia quatro cruzadores pesados e um porta-aviões leve. Além disso, sete submarinos completariam a poderosa frota. O plano de ação japonês se baseava no presuposto de que teriam de enfrentar uma força americana integrada por dois porta-aviões e sua escolta. O Almirante Inohue planejara o movimento de suas forças de tal maneira, que Tulagi seria ocupada no dia 4 de maio e Port Moresby no dia 7. Paralelamente, também as esquadras de Takagi e Goto manobrariam de modo a envolver a frota americana. Uma vez efetuados estes movimentos, as guarnições dos porta-aviões Shokaku e Suikaku deveriam bombardear as bases aéreas  situadas no norte da Austrália.

 

A 4 de maio, tal como estava planejado, Tulagi foi ocupada sem dificuldades. A operação foi apoiada por navios que, terminada a operação, se retiraram. Pouco depois, contudo, no dia 5, os aviões que formavam a guarnição do porta-aviões Yorktown bombardearam Tulagi em três oportunidades. Os danos causados não foram consideráveis e somente algumas embarcações menores foram afundadas. Informado da operação que se estava realizando, o Almirante Takagi aprontou imediatamente as suas naves e zarpou para o sul. No dia 5, à noite, as duas frotas chegaram a situa-se a apenas 60 milhas uma da outra. Porém, o péssimo estado do tempo impediu que os aviões de reconhecimento pudessem detectar a presença dos barcos. Takagi, cujos navios tinham escasso combustível, rumou para o norte, retirando-se da zona e se dirigindo a toda velocidade para o ponto onde os esperavam os petroleiros encarregados do abastecimento. Paralelamente, a esquadra do Contra-Almirante Goto era atacada por quatro B-17; os aviões americanos foram derrubados pelos caças do porta-aviões japonês Shoho.

 

No dia 7 de maio, nas primeiras horas da manhã, um avião de reconhecimento do porta-aviões japonês Shokaku transmitiu à frota uma mensagem urgente: “Um porta-aviões e um cruzador inimigos avistados”. Imediatamente as esquadrilhas dos porta-aviões Shokakuk e Suikaku decolaram e rumaram para o local indicado. Não se tratava, no entanto, de porta-aviões e cruzador, mas sim de um destróier, o Sims, e de um navio-tanque, o Neosho. Os aviões atacantes, 10 bombardeiros e 15 bombardeiros de mergulho, depois de se lançarem sobre os dois barcos americanos e afundá-los, voltaram aos seus porta-aviões. Foram então surpreendidos por caças americanos. Imediatamente, para abandonar o lugar, jogaram suas bombas e torpedos ao mar e manobraram a toda velocidade. Minutos depois, desarmados e  privados de poder ofensivo, os pilotos japoneses viram, navegando abaixo os porta-aviões americanos.

 

Na noite de 7, depois de várias horas de busca, perseguições e falsas pistas seguidas, os barcos afundados de ambas as partes eram o porta-aviões japonês Shoho e os navios americanos Sims e Neosho. O Shoho era o primeiro porta-aviões japonês que os EUA afundavam no Pacífico.

 

“A batalha dos fantasmas”

 

A noite de 7 de maio foi empregada por ambas as partes numa busca constante do inimigo. O Almirante Takagi descreveu as ações daquelas horas dizendo ter-se tratado de uma “batalha de fantasmas”. Efetivamente, nenhuma das duas frotas sabia qual era a posição da outra, nem quais as unidades que a integravam. As forças, contudo, eram estranhamente semelhantes. A frota americana era composta pelo porta-aviões Yorktown e Lexington, transportando 122 aviões; a formação japonesa era integrada pelos porta-aviões Shokaku e Suizaku com um total de 121 aparelhos.

 

Ao amanhecer do dia 8, aviões de reconhecimento japoneses levantaram vôo e partiram em busca dos navios americanos. Imediatamente, após os aparelhos de reconhecimento, decolaram 33 bombardeiros, 18 torpedeiros e 18 caças. Um dos aviões de observação detectou a presença dos porta-aviões americanos e, horas depois, ainda pela manhã, as esquadrilhas japonesas sobrevoavam os barcos dos EUA.

 

Enquanto isso, os porta-aviões japoneses, descobertos por aviões de reconhecimento americanos, foram atacados por 29 bombardeiros e 29 torpedeiros; 20 caças protegiam os aviões atacantes. Imediatamente, 18 caças japoneses Zero os enfrentaram e trataram de rechaça-los. Por quatro vezes os aviões americanos lançaram-se ao ataque dos porta-aviões japoneses. O Shokaku foi atingido; conseguiu, assim mesmo, continuar navegando. Os americanos por sua vez, sofreram a perda de 30 aviões derrubados pelos caças, e 10, abatidos pelas baterias antiaéreas.

 

Enquanto isso, a sorte dos navios americanos estava selada. Com efeito, uma primeira mensagem irradiada pelos atacantes japoneses expressava: “O Lexington atingido por dois torpedos”. Em seguida, outra: “O Yorktown avariado”.

 

Os navios japoneses, por sua parte, haviam sido duramente atacados pelos aviões americanos. O Suikaku continuava navegando. O Shokaku estava envolto em chamas. Pouco depois, uma mensagem do coando japonês anunciava: “Os dois porta-aviões inimigos foram afundados”. A batalha do mar de Coral havia terminado.

 

As perdas japonesas compreendiam o porta-aviões Shoho, o destróier Kikuzuki e várias unidades menores. O porta-aviões Shokaku fôra seriamente avariado; 77 aviões, além disso, se haviam perdido. Os americanos, paralelamente, haviam perdido o porta-aviões Lexington, o petroleiro Neosho e o destróier Sims.

 

Os japoneses celebraram ruidosamente o resultado da batalha. É inegável que o balanço das perdas e ganhos os favorecera. Porém, era inegável também que o montante da vitória era muito pequeno para ter ilusões a respeito do futuro da guerra no mar. A “batalha dos fantasmas” foi, primordialmente, uma batalha de preparação, de aprendizagem, de “reconhecimento”. As lições seriam aplicadas, um pouco mais tarde, na batalha de Midway.

 

Anexo

 

Bombardeio aéreo a Tóquio

Abril de 1942. O porta-aviões americano Hornet navega a todo vapor pelas águas do Oceano Pacífico, rumo ao oeste. Embaixo da coberta de vôo, numa grande sala, um grupo de pilotos e navegadores estudam dezenas de fotografias aéreas e mapas. Verificando tudo, dando instruções e falando animadamente com os homens, um oficial de pequena estatura percorre os diversos grupos. É James Doolittle, o responsável pela operação que já está em andamento.

Três meses antes, 80 homens deram um passo à frente quando esse mesmo oficial os convidou a participar, voluntariamente, de uma “importante missão secreta de bombardeio sobre zonas industriais de um país estrangeiro”.

Durante dias e dias, os 80 homens treinaram num aeródromo da Flórida onde haviam sido pintadas grandes faixas de tinta branca, reproduzindo as medidas  da coberta de vôo de um porta-aviões. Haviam percorrido, também, sobre o território americano uma distância similar àquela que deviam cobrir no dia da operação. Em seguida, dispersaram-se, exatamente como deveriam fazer sobre o alvo a ser indicado. E ali, estavam, a bordo do porta-aviões Hornet, os 80 homens que tripulariam os 16 B-26 cuja missão era atacar vários objetivos situados em pleno coração do Japão: Tóquio, Iocoama, Nagóia, Cobe e Osaca.

O plano de ataque determinava que os bombardeiros decolariam do porta-aviões quando este se achasse a uma distância de uns 560 km de Tóquio. Depois, após bombardear seus objetivos, os aviadores continuariam o vôo até o território chinês, onde aterrissariam. O início do vôo seria ao anoitecer, o bombardeio, durante a noite, e a chegada aos aeródromos chineses, nas primeiras horas da manhã seguinte. O plano , no entanto, não pôde cumprir-se totalmente.

Quando o Hornet e sua escolta se encontravam ainda a 1.300 km do alvo, na manhã de 18 de abril, uma patrulha japonesa, integrada por diversas unidades menores, mostrou-se no horizonte. Os barcos americanos, imediatamente lançaram-se ao ataque. Era necessário destruir a patrulha antes que alertassem da presença de um porta-aviões naquela zona. Duas das naves inimigas conseguiram se esquivar, porém uma terceira surgiu inesperadamente diante dos barcos americanos. Depois de afundá-lo, o Almirante Halsey e Doolittle decidiram desfechar o ataque da posição em que se encontravam. O porta-aviões não podia se arriscar a um encontro, naquelas águas, com grandes unidades japonesas.

O mar estava agitado e as ondas fustigavam a proa do navio. O sol estava brilhante e soprava um vento de cauda de uns 50 km/hora. Eram 8h20 da manhã quando o primeiro avião, tripulado pelo próprio Doolitle, levantou vôo. Com intervalos de três minutos, os outros 15 bombardeiros o seguiram. Pouco depois, eram apenas pontos visíveis no horizonte.

As naves, manobrando imediatamente, afastaram-se a todo vapor. Ao meio-dia, os pilotos divisaram a costa do Japão. Aproximavam-se da terra voando a 4 a 5 metros acima da superfície do mar. Os aeroplanos não foram descobertos até o momento em que sobrevoaram a costa. A surpresa foi total. Três esquadrilhas deslocaram-se para Tóquio, uma quarta para Iocoama; a quinta, por fim, dividiu-se para bombardear Nagóia, Osaca e Cobe. Depois de tomar altura e alcançar os 500 metros, os aviões começaram o bombardeio. O fogo antiaéreo, em geral, foi escasso. Também, muito poucos caças procuraram interceptar os atacantes.

A retirada, tal como fôra previsto foi feita em direção à China. Porém, as condições do tempo complicaram a operação. Os aviões, dispersos, entraram numa zona de turbulência. Os fortes ventos fizeram com que o consumo de gasolina aumentasse perigosamente. Em conseqüência, alguns aviões caíram no mar. Outros aterrissaram na zona da China em poder dos japoneses e alguns pilotos se lançaram de pára-quedas, abandonando os aviões. A maior parte chegou à China não ocupada e conseguiu aterrissar.

As emissoras de Tóquio deram imediatamente a notícia do ataque. Os americanos, em troca, guardaram o mais absoluto silêncio. Procuravam, desse modo, evitar a captura de algumas das tripulações que tivessem caído em território inimigo não fornecendo dados que pudessem orientar os japoneses. Além disso o Hornet e sua escolta ainda se achavam navegando em zonas patrulhadas por barcos japoneses. Por outro lado, quanto maior fosse o silêncio dos americanos maior seria o desconcerto dos japoneses e o seu temor de uma nova incursão, o que os obrigaria a extremar as medidas defensivas.

Passados vários meses pôde se estabelecer finalmente o resultado da operação em baixas. A lista era a seguinte: um piloto morrera, dois estavam desaparecidos, cinco em poder dos japoneses e outros três, segundo todos os indícios eram também prisioneiros.

A 19 de outubro de 1942, o governo dos Estados Unidos foi informado acerca do julgamento, condenação e execução de alguns dos pilotos prisioneiros. Os japoneses os acusaram de bombardear deliberadamente objetivos não militares.

O Subsecretário da Guerra, Robert Patterson, declarou: - As represálias por esse ato, tomadas contra soldados japoneses em nosso poder, nos fariam descer ao nível dos nossos inimigos, sem atingir os perversos indivíduos que são os únicos responsáveis. Levaremos a cabo nossas represálias contra os funcionários japoneses que instigaram esses crimes.

 

Declaração de Roosevelt

“Com o sentimento de profundo horror, que creio que há de ser compartido por todos os povos civilizados, tenho que tornar público a selvagem execução, realizada pelo Governo japonês, de alguns membros das forças armadas desta nação que caíram em poder dos japoneses no curso de uma ação de guerra (Bombardeio sob o comando de Doolitle).

“Este Governo condenou energicamente esse ato de barbárie, numa comunicação oficial enviada ao Governo japonês. Nessa comunicação, este Governo informou ao Governo japonês que consideraremos responsáveis, individual e oficialmente, por estes satânicos crimes a todos os funcionários do Governo do Japão que neles participaram e que, no seu devido tempo, entregaremos estes funcionários à Justiça.

“Esse recurso ao terror de nossos inimigos é desumano. O esforço da camarilha japonesa com o intuito de intimidar-nos fracassará completamente. Tornará o povo americano mais decidido do que nunca ao extermínio do militarismo imprudente do Japão”.

 

Doolitle

James Harold Doolitle nasceu em Alameda, Califórnia, no ano de 1896. Durante a Grande Guerra (1914-18) interveio em ações bélicas como aviador. Em 1920 era segundo-tenente da Força Aérea americana. Em 1922 realizou uma façanha que teve repercussão: voou de Paola Beach, na Flórida, até San Diego, na Califórnia; o tempo empregado foi de 21 horas e 19 minutos. Em 1931 ganhou o troféu Bendix num vôo de costa a costa dos Estados Unidos. O exército, que abandonara em 1930, o convocou novamente em 1940. Em plena guerra foi condecorado, após o bombardeio realizado contra Tóquio, dirigido por ele.

Al realizar-se a invasão da África do Norte, em 1942, Doolitle comandou as forças aéreas que intervieram na operação. Posteriormente, durante a invasão do continente europeu, teve a seu cargo a condução da 8a Frota Aérea. Em março de 1944 atingiu o posto de tenente-general.

 

 

Sommerville

Jaime Fownes Sommerville nasceu em 1882. Ingressou na Marinha de Guerra em 1898. Em 1915 era capitão-de-fragata e durante a Grande Guerra distinguiu-se em operações nos Dardanelos. Ascendeu de posto em 1921 e durante o período de 1925/27 desempenhou a direção do Departamento de Sinais do Almirantado. Entre 1927 e 1929 serviu na esquadra do Vice-Almirante Kelly e foi professor no Imperial Defense College de 1929 até 1931. Teve mais tarde sob seu comando o encouraçado Norfolk, entre 1931 a 1932. Posteriormente, após ter sido designado chefe dos quartéis do arsenal de Portsmouth, foi promovido a contra-almirante. Depois foi diretor dos Serviços de Pessoal (1934-1936), comandante das flotilhas de destróieres do Mediterrâneo (1936-1938) e comandante-chefe da frota das Índias Orientais. Retirado em 1939, passou a desempenhar serviços especiais no Almirantado. Na Segunda Guerra Mundial, voltou à atividade, assumindo o comando da frota do Mediterrâneo ocidental, com base em Gibraltar, arvorando sua insígnia no encouraçado Renown.

                                                                                      

 

                      

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