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O fogo está aceso e levantou-se uma nova ameaça para a humanidade...
Nick tem licença de motorista e não tem medo de usá-la. Mas, fazer dezesseis anos não é o que pensou que seria. Enquanto outros meninos de sua idade estão preocupados com datas de baile e requerendo entrada em universidades, Nick está até o pescoço com inimigos impedindo-o de viver um novo dia. Não tinha mais certeza de que poderia confiar em alguém, seu único aliado parece ser uma pessoa que quer matá-lo.
Mas, passar uma vida servindo aos mortos-vivos é qualquer coisa, exceto normal. E aqueles que estavam lá para pegá-lo eram uma força antiga tão poderosa que até os deuses temiam. Como Nick aprendeu a comandar e controlar os elementos, o que deve dominar a fim de combater seu inimigo mais recente é o mais provável a destruí-lo.
Como diz o velho provérbio, o fogo não entende nada sobre clemência e se Nick sobrevivesse nesta última rodada, terá que sacrificar uma parte de si mesmo. Porém, o melhor sacrifício é raramente o movimento mais sensato. Às vezes ele é quem deixa seus inimigos confusos e você ainda mais.
E às vezes, é preciso confiar em seu inimigo para salvar seus amigos. Mas, o que fazer quando esse inimigo é ele mesmo?
Nova Orleans
No futuro distante...
Recortado pelo pôr do sol e completamente oxidado por dentro, por seu ódio a todos os seres vivos, Nick ficou no topo do que restou do antigo edifício Jax
Brewery, observando sua cidade uma vez amada, reduzida a cinzas. Seus olhos de demônio brilhavam com fome e orgulho próprio, refletindo os incêndios que queimavam
tudo ao seu redor. Não tendo mais nem um fragmento de humanidade, olhou para a mão, onde segurava uma espada ensanguentada. Embaixo da armadura dourada, sua pele
de demônio mostrou seu verdadeiro padrão preto e vermelho. Erguendo o queixo, ficou altivo e desafiante, com suas asas pretas bem abertas. Feroz e apavorante para
qualquer coisa que se aproximasse, finalmente ele se realizara.
E o massacre abaixo era o que alimentava profundamente sua alma enegrecida.
Destruição total e absoluta miséria humana. Não havia nenhuma mistura mais embriagadora. Não há visão melhor.
Não poderia estar mais feliz enquanto inspecionava o resultado de sua guerra contra os seres humanos e os deuses.
Pedaços de helicóptero estavam dispersos no asfalto e por toda a Jackson Square. Mas aqueles não eram os únicos restos nas ruas... a visão grotesca viraria
seu estômago se tivesse qualquer tipo de sentimento. Porém, suas emoções ternas, assim como a grande cidade e os humanos que chamou de lar, haviam desaparecido.
Nada exceto ódio e a raiva o governavam agora.
Enquanto observava, afastado de tudo, seu exército de demônios festejava sobre as criaturas que tentavam lutar ou os estúpidos o suficiente para tentar fugir.
Logo não haveria ninguém para chorar.
Riu em triunfo. Ganhou esta guerra e reinaria soberano. Agora não havia ninguém para lutar com ele.
De repente, o vento trouxe algo estranho aos seus ouvidos. Ele ouviu...
Vozes humanas. Não gritando de medo ou clamando por misericórdia como os outros. Esses estavam...
Dentro da catedral. Eram as vozes de guerreiros preparando-se para a batalha.
Mas como... ninguém deveria sobreviver.
Nick fechou os olhos para que pudesse investigar a cena com seus poderes. Dentro da famosa catedral, gritos de crianças ecoaram quando seu exército golpeou
contra a porta fortificada. Alguém tinha empilhado confessionários e bancos contra a porta para bloquear seus demônios.
Não, não alguém...
Três mulheres permaneciam no centro da nave, prontas para defender um punhado de crianças e um grupo pequeno de mães que se agacharam atrás do altar. Diferentemente
dos apavorados que choraram e choramingaram em desamparo, as três mulheres balançavam suas armas.
Em sua mente, podia vê-las claramente. As irmãs gêmeas que havia chamado de amigas, Tabitha e Amanda, estavam com outra mulher cujo nome não conhecia. Ela
lhe era familiar, mas por alguma razão, ele não recordava. Não que importasse.
Armadas com espadas, facas e uma besta1, as mulheres pareciam desgastadas e exaustas pela batalha. Ainda assim, permaneceram como guerreiras ferozes, prontas
para lutar até o amargo fim. O cabelo de Tabitha era tingindo de preto enquanto Amanda manteve o tom castanho-escuro. Conforme sua maneira habitual, Tabitha estava
vestida de couro. As roupas de Amanda eram justas, estilo ioga, permitindo liberdade de movimento. A terceira mulher vestia traje de guerrilha completo com um colete
de Kevlar e botas de combate. Cabelos quimicamente alisados, negros e longos estavam presos atrás e um hematoma profundo marcava a pele escura e a bochecha esquerda.
- Não podemos detê-los, - Tabitha sussurrou para as outras duas mulheres de forma que as crianças não pudessem escutá-la.
Amanda ergueu o queixo com determinação. - Então nós morreremos defendendo... assim como nossas famílias fizeram.
A terceira mulher assentiu com a cabeça. - Acta est fabula.
Tabitha e Amanda franziram o cenho para ela.
Ela verificou a extremidade de sua espada antes de falar novamente. - O jogo acabou? Últimas palavras de César?
Tabitha revirou os olhos. - Eu sei o que quer dizer, mulher. Eu era casada com um General romano. Mas droga, se quer citar César, pelo menos use veni, vedi,
vici.
- Eu vim, eu vi, eu venci? - Amanda perguntou incrédula. - Sério? Boa tentativa, Tabby, mas infelizmente os únicos alvos que serão expulsos hoje somos nós.
Um ataque alto ecoou quando as portas cederam sob o golpe mais recente.
Tabitha rosnou. - Eles estão chegando.
Amanda e Tabitha ficaram lado a lado enquanto a terceira mulher ergueu os braços. O fogo envolveu suas mãos, deixando-o saber que esta mulher não era humana.
Ela era uma deusa...
Não era Ma'at, com quem ele havia crescido, mas o fazia lembrar as deusas egípcias que encontrou e matou ao longo dos séculos. Se apenas soubesse qual...
Usando sua telecinese, Amanda tentou segurar a porta. Mas tudo o que conseguiu foi uma hemorragia nasal quando os demônios atravessaram a madeira e lançaram
os bancos e confessionários em todas as direções. Seu exército se espalhou no prédio e foi diretamente para as crianças.
Como soldados antigos, as mulheres encarregaram-se deles e lutaram com uma habilidade incomparável. Tabitha pegou três demônios com um golpe de espada, enquanto
Amanda e a outra mulher matavam ainda mais.
Por alguns minutos, elas pareciam estar ganhando.
Mas elas não eram páreo para o grande número de suas tropas quando seus demônios infestaram o lugar. Amanda caiu primeiro e depois Tabitha quando ela correu
para ajudar sua irmã. Com elas fora do caminho, seu exército virou-se para a última mulher e a cercaram. Por dois longos minutos ela conseguiu segurá-los com raios.
Mas no final, ela também, caiu.
As crianças e as mulheres correram para a parte de trás. Não que isso fosse bom. Em uníssono, seu exército irrompeu atrás deles.
- Bon appétit - Nick sussurrou.
Ele começou a se virar, até que um demônio chamou sua atenção e o manteve lá. Ao contrário dos outros, esse não lutava ou perseguia os humanos.
Vestido com uma armadura negra que parecida escorrer sangue, embora não estivesse ferido, esse demônio era mais feroz que todos os outros. Malphas inspecionou
os corpos das mulheres com um olhar de desgosto e tristeza.
Até que percebeu que Tabitha ainda estava viva.
Ajoelhou-se ao seu lado e segurou sua cabeça com ternura. - Tabby... eu sinto muito.
Fazendo uma careta, ela abriu os olhos enquanto lutava para respirar. Ela riu amargamente, expondo um conjunto de dentes sangrando. - Existem algumas coisas
que arrependimento não resolve, Caleb.
- Shhh, não fale. Eu posso...
- Você falhou conosco - ela respirou, impedindo Malphas de continuar. Ela lambeu os lábios machucados, então ficou mole em seus braços. Seus olhos ficaram
vidrados.
Tabitha Lane Devereaux Magnus estava morta.
Estremecendo, Caleb a segurou perto do coração e acariciou seu cabelo ensanguentado. - Não, Tabby. Eu falhei comigo mesmo. - Ele olhou para as outras duas
mulheres enquanto as lágrimas enchiam seus olhos demoníacos. - Acima de tudo, eu falhei com Nick.
Aquelas palavras rasgaram Nick como uma máquina trituradora. Como seu servo atrevia-se a ter piedade dele. Ele não era nenhum humano insignificante para ser
protegido como se não fosse nada.
Ele era o Malachai. Senhor e governante de todos os universos conhecidos!
Sua visão escureceu com o peso da fúria, manifestou-se no interior da catedral, bem ao lado de Malphas. Com sua armadura de ouro brilhando na luz ofuscante,
Nick ergueu suas asas negras quando se elevou sobre seu servo. - Você nunca aprendeu o tom ou a postura adequada.
Ele agarrou Malphas pela garganta e o ergueu longe do corpo de Tabitha.
- Vá em frente - Caleb o desafiou. - Mate-me. Meu único desejo era que tivesse feito isso séculos atrás antes que eu fosse forçado a servir ao que se tornou.
Está bem, então...
- Eu terminei com você de qualquer maneira, - Nick rosnou em seu rosto. Quebrou o pescoço de Malphas, e em seguida o lançou contra a parede tão forte que seu
corpo atravessou a pedra e aterrissou no beco do lado de fora.
Rosnando em fúria, Nick girou para perseguir os que haviam fugido, mas quando deu o primeiro passo, seu olhar foi para o braço de Tabitha. Sua pele manchada
de sangue, não foi o que chamou sua atenção. Pelo contrário, foram as palavras em latim tatuadas em seu antebraço. Fabra est sui quaeque fati. Você cria seu próprio
destino.
Pela primeira vez em anos, Nick sentiu algo diferente de fúria e ódio. Havia passado muito tempo desde a última vez que teve essa emoção que levou um minuto
inteiro para nomeá-la.
Remorso. Que o devastou pelo que havia feito às pessoas que uma vez chamou de família. As mesmas pessoas que o amou e protegeu.
Kyrian Hunter o salvou, também salvou sua mãe e como o recompensou?
Arrancou e destruiu tudo o que Kyrian amou e depois tirou sua vida.
Como me tornei esse monstro? Não havia ninguém para culpar por sua transformação. Depois de todas as promessas que fez, que nunca iria desistir, ele cedeu.
Nick olhou para baixo, para sua armadura encharcada de sangue e as mãos em garras que há muito tempo deixaram de ser humanas. Moveu o olhar em torno do salão sagrado
onde estavam todos os marcos importantes de sua vida humana e viu o que restou.
Apenas destroços torcidos e em chamas o rodeavam.
Por dentro e por fora.
Quando foi que se perdeu tão completamente?
Jogando a cabeça para trás, Nick rugiu em agonia...
* * *
Ambrose sentou-se na cama, tremendo pela premonição que viu em seu sono.
Mais uma vez.
As lágrimas encheram seus olhos quando viu em sua mente a imagem de Tabitha e Amanda mortas no mesmo chão onde frequentou missas com sua mãe. Onde caminhou
como coroinha e jurou repetidamente que nunca se tornaria o monstro que seu pai foi.
Ao invés disso, se tornou em algo muito pior.
Como farei uma coisa dessas? Como se permitiu se transformar nessa besta?
Apertando os dentes, quis purificar as imagens descontroladas. Mas elas estavam lá. Doendo. Provocando.
Real.
Era o futuro que viu e não poderia deixar isso acontecer. Custasse o que custasse, teria que salvar a todos.
Ele teria.
- Nicholas?
Ele vacilou quando Artemis sentou-se ao seu lado e tocou seu ombro nu. A preocupação franzia sua sobrancelha bonita quando seu cabelo vermelho caiu ao redor
dos ombros finos em cachos perfeitos. - Você está tremendo.
Ambrose sacudiu a cabeça em negação. - Eu nunca tremo. Nada me assusta.
Ela não acreditou nisto. Ela viu a verdade em seus olhos verdes quando penteou seu cabelo úmido para trás. - É o seu sonho novamente?
- Isso não é um sonho, Artie. Isso é uma visão. Acheron estava certo. Nós não podemos mudar nosso destino. Mudamos apenas como faremos.
- É realmente o que acredita?
Ambrose passou a mão pelo cabelo encharcado de suor. - Não. Eu não posso...
Ele fixou o olhar nela, então falou mais vigorosamente. - Eu não... - Naquele momento, sentiu seus poderes crescendo, tentando abafar sua humanidade e torná-lo
a criatura que nasceu para ser.
Mas não estava perdido. Não ainda.
- Ninguém me controla, - ele rosnou na voz de seu demônio, empurrando aquela escuridão que se apresentava. - Nunca. Não me tornarei o Malachai!
Saiu da cama e rapidamente vestiu-se.
- Onde está indo?
Ele hesitou, depois respondeu com maior convicção. - Vou alterar meu passado de forma que eu possa mudar meu futuro.
CAPÍTULO 1
Quando a maioria dos caras diz que sua namorada vai matá-lo, é um exagero ou paranoia extrema. No caso de Nicholas Gautier era um fato cruel, brutal. Tão sólido,
que podia derrubá-lo. Especialmente quando o aviso que sua namorada era uma assassina enviada para matá-lo vinha da própria Morte.
A única criatura que conheceria um assassino como ninguém...
Como diz o velho ditado, você não pode discutir com a Morte.
Atordoado e dormente por aquela inesperada mina terrestre, Nick mudou sua atenção para Nekoda Kennedy quando ela sentou-se na aula de química ao lado de seu
melhor amigo, Caleb Malphas. Pela primeira vez o suéter creme apertado dela não deixou sua mente confusa. Nem o sorriso brilhante em seus lábios. Os lábios que mantiveram
sua atenção e momentaneamente distraíram seus pensamentos...
Sim, certo, ela realmente era muito quente, desde a ponta de seus cabelos castanhos suaves e brilhantes até as pontas de suas botas de couro rosa. E não começava
em seus olhos verdes, verdes que seguravam um fogo permanente tão brilhante, que ofuscava. Mas um homem deve ter alguns padrões e não ser assassinado por sua namorada
era definitivamente um deles.
Os hormônios adolescentes estavam desafiantes.
Então por que sentia como se alguém houvesse chutado suas propostas quando seu sorriso desapareceu e a tristeza substituiu a alegria em seu rosto? Por que
doía-lhe ver a incerteza que lhe causou?
Eu estou tão confuso...
Essa era a única explicação razoável. Nenhuma pessoa normal, em sã consciência se importaria se machucaria ou não uma mulher enviada para matá-lo.
Com exceção de Nick-Idiota-Anormal-Gautier.
Nick desviou o olhar para o colar de coração rosa que ela usava e que ele lhe presenteou para celebrar seu aniversário... e a fuga de mais uma aventura da
quase-morte. Havia sido um símbolo do quanto a amava e para que ela soubesse que sua vida significava muito mais para ele do que a sua própria e que morreria feliz
em protegê-la.
E ainda assim ela sabia o tempo todo que sua missão aqui em St. Richard era acabar com sua vida.
Não era um monte de porcaria? Eu juro minha lealdade eterna e ela jura arrancar minha cabeça.
Por que estava surpreso mesmo?
Porque, apesar do fato de ser metade demônio, queria acreditar na bondade dos outros. Que as pessoas no fundo eram decentes. Até não-pessoas.
E Quando o olhar dela segurou o seu, ele não mais viu a sala de aula de química ou qualquer um dos colegas. Tudo desbotou em sua visão, exceto Nekoda. Ela
pareceu tão amável e inocente. Como qualquer menina adolescente. Ninguém acharia que fosse qualquer coisa, exceto normal.
O mesmo com Caleb. Com seu cabelo e olhos escuros, constituição e características perfeitas, Caleb era o requintado Senhor Toda-Criança Rica Americana. Não
tinha nenhuma semelhança com o demônio alado que Nick sabia que era.
No que dizia respeito a esse assunto, Nick parecia normal por fora, também. Bem, com exceção da terrível camisa havaiana que sua mãe escolhia para ele vestir.
O único lado positivo de vesti-la era que cegava alguns inimigos enviados a fim de acabar com sua existência. Ou riam tanto que ele conseguia desferir alguns golpes
antes que eles o matassem.
E servia como um grande repelente de demônio feminino. Humano, também, no que diz respeito a esse assunto.
Mas Nick era qualquer coisa, exceto normal.
Eu sei o que eu sou. Essa não era a questão. Ele, como Caleb, era demônio, nascido e criado.
Espécie que Nekoda estava lá para pegar.
Quem é você?
Não. O que é você?
Havia feito essa pergunta repetidamente. E toda vez, ela recusou-se a responder e agora ele sabia o porquê.
O que significava que ela podia ser humana, deus, demônio, sugadora de almas, metamorfo, Guarda Fringe. Existiam tantas criaturas que havia conhecido ao longo
do ano passado que não poderia sequer começar a adivinhar suas origens.
Até onde sabia, ela era um pouco canibal devoradora de coração de gelo. O que pelo menos explicava o frio e a dor amarga no centro de seu tórax.
- Está planejando sentar-se em seu lugar a qualquer hora num futuro próximo, Sr. Gautier? Ou devo começar a aula enquanto fica fixo no centro da sala?
Seus colegas riram.
Nick virou-se para encarar Grim por cima do ombro. O famoso ceifador estava diante do quadro branco, onde havia escrito o nome "Senhor Graves".
Sim, você está morto, Grim. Completamente.
Mas apenas Nick via a verdadeira forma de Grim - a de um homem loiro bonito em sua juventude. Nossa, até viu a foice presa nas costas da criatura. Para o resto
dos ocupantes da sala, incluindo Nekoda e Caleb, Grim aparecia como um homem comum, gordinho, de meia-idade em um terno marrom barato.
Sim...
Nick riria, mas Grim poderia tomar aquilo como um desafio pessoal e decidir ajudar Kody a matá-lo. Contudo o que Nick não podia suportar era a presença de
Grim nesta sala.
Era um dia triste quando a Morte não tinha nada melhor para fazer que fingir ser um professor substituto de química...
Não, não era tão simples. Alguém nesta sala iria morrer logo e Grim estava aqui para brincar com sua vítima. Nick podia sentir isto com toda sua parte desumana.
Mas quem?
Sabendo que não teria uma resposta hoje, ele sorriu para Grim, o que provavelmente não foi a ideia mais brilhante. Mas longe dele deixar seu bom senso parar
sua estupidez. - Certamente, pode começar... Senhor Graves. A última coisa que eu gostaria de fazer é atrapalhar seus negócios.
A Morte deu-lhe um sorriso torto. - Sábio, garoto. Eu sabia que você podia ser ensinado.
Nick não perdeu o tom sinistro e a referência ao fato que Grim tinha sido seu tutor durante este último ano. O espectro ensinou-lhe muitas coisas interessantes,
mas aqueles poderes tinham um costume ruim, não por culpa de Nick, de explodir. Por causa disso, Grim pensou que ele fosse grosseiro e estúpido. Mas ele não era.
Compreendeu tudo rápido e viu coisas que outras pessoas não entendiam.
Incluindo o fato de que Grim tinha seu próprio programa de trabalho no qual Nick estava preocupado. Ele definitivamente não ensinava Nick pela bondade de seu
coração sombrio.
Nick ainda tinha que descobrir a verdade sobre a motivação de Grim, mas com o tempo, descobriria.
Entretanto essa informação mais recente sobre Nekoda o sacudiu. Ousava acreditar nisso? Especialmente desde que sabia que encrenqueiro era Grim. No que diz
respeito a esse assunto, Grim podia facilmente estar mentindo só para provocar.
Confie nela mais que na Morte. Kody lutou do seu lado inúmeras vezes e salvou sua vida. E ainda assim... ele ouviu Ambrose falar em sua cabeça, alertando que
ainda tinha que experimentar as traições que iriam um dia matá-lo.
E a sua mãe.
Mal do estômago com esse pensamento, Nick sentou-se entre Nekoda e Caleb.
Nekoda estendeu a mão para tocar a sua. - Você está bem?
Nick deslizou a mão por baixo da dela. - Sim, claro. Por que não estaria? - Ele abriu sua mochila de forma que podia pegar os livros que precisava para a aula,
mas pausou quando viu seu cenho franzido pelo canto do olho.
Você realmente vai lançar-se em minha garganta um dia, Kody? Depois de termos passado por tanta coisa? Essa era a pergunta que queria fazer a ela. Mas não
havia necessidade de falar sobre isso quando estavam em aula. Sua reputação na escola já era tão baixa que teria que usar um trator cheio de dinamite só para explodi-lo
até o nível da sarjeta. A última coisa que precisava era acusar publicamente sua namorada de ser algum demônio do mal enviado para dar fim à sua vida.
É ruim o suficiente eles pensarem que eu sou um criminoso e um lixo. Não há necessidade de fazê-los pensar que sou louco, também.
Abriu seu livro e tentou concentrar-se em palavras que perderam todo significado. Você devia cair fora e esquecer toda essa porcaria. Não que a escola ensinasse
tudo o que precisava na vida real. Ela definitivamente não lhe ensinou como sobreviver aos predadores que continuavam vindo atrás dele. Como evitar todas as armadilhas
sobrenaturais que estavam esperando...
Nick cerrou o punho com um desejo opressivo de ir dizer ao diretor onde empurrar este currículo inútil.
Eu não posso fazer isso.
Partiria o coração de sua mãe. E ele seria rotulado como um verdadeiro perdedor por todo mundo... inclusive por ele mesmo.
Se Caleb conseguia sofrer todas as indignidades, lutas e aborrecimentos do ensino médio apenas com uma ou duas reclamações de hora em hora, ele também conseguia.
E ao contrário de Caleb, ele não tinha vivido a história e lições que estavam sendo ensinadas. Para Nick, a maior parte era nova.
O que está pegando, Nick? Por que você de repente está furioso comigo?
Ele olhou para Nekoda, que havia empurrado seus pensamentos em sua mente. Ele pensou em não responder, mas era o único que podia ouvir sua telepatia.
Quem é você, Kody? Desta vez não era uma pergunta, exigiu uma resposta.
Ela olhou para longe. Você sabe que não posso dizer a você.
Sim, pode. Você não vai me dizer, esse é o problema.
Ela suspirou. Por que você está nessa de novo?
Porque eu soube da verdade alguns minutos atrás. Que você está aqui para me matar.
Suas feições empalideceram, confirmando a previsão sombria de Grim na qual ela estava relacionada.
A raiva rasgou por ele tão rápido e furiosamente quanto podia sentir. Você não vai negar?
Ela hesitou antes de responder. O que você quer que eu diga?
Eu quero a verdade, Kody.
Seus olhos encheram-se de lágrimas quando ela olhou para ele. Por um momento sentiu-se como um salto de sapato a perturbá-la, depois se sentiu estúpido com
aquela emoção. Que tipo de idiota se preocupava com a tristeza de alguém que foi enviado para matá-lo?
Nick Gautier.
Idiota. Tolo.
Vilão.
Maior idiota fracassado.
Kody tocou sua mão novamente. A única verdade que deveria importar é que eu gosto de você. Profundamente.
Profundamente. Sim, certo. Que tipo de merda vulgar era essa? Ele classificou isso como "Ele tem uma grande personalidade" Ou melhor, ainda: "Por que não podemos
apenas ser amigos?".
Nick estreitou o olhar para ela, tentando ver a verdade em suas emoções. Ela realmente se importa ou era apenas uma boa atriz?
Você está aqui para me matar... sim ou não?
Ela puxou a mão de volta. Não é tão simples.
Ele ficou boquiaberto. Ela estava falando sério - O que pode ser mais simples que isso?
Todas as cabeças da sala viraram para olhar para ele. Nick sentiu seu rosto inteiro esquentar. Oh sim, como se a puberdade não fosse constrangedora o suficiente.
Agora tinha que gritar no meio da sala sem nenhuma razão aparente.
- Canalizando espíritos novamente, Gautier? - Stone Blakemore "o atleta idiota" perguntou.
- Não - o melhor amigo de Stone, Mason, disse. - É provavelmente algum distúrbio mental, como caipiras com síndrome de Tourette.2
A sala inteira explodiu em risadas.
Envergonhado e irritado, Nick olhou para Stone apropriadamente chamado "pedra", pois era aproximadamente tão inteligente quanto uma pedra comum... para não
insultar as pedras.
Grim arqueou uma sobrancelha. - Você está em meio a algum problema pessoal? Eu deveria indicar-lhe um conselheiro?
Nick teve que morder a vontade de insultar seu mentor, mas só um tolo zombava da Morte. E uma coisa que Nick aprendeu ao longo do ano passado era que a Morte
não tem senso de humor e especialmente não quando ele era o motivo da piada.
- Não. Foi um espasmo momentâneo de mandíbula.
- Então eu sugiro que você tente controlar completamente suas funções corporais no futuro. - A Morte se voltou para o quadro.
Nick apertou os dentes. Este não era o momento nem o lugar para isso e ele sabia. Nunca tinha sido bom em drama de qualquer modo. Vamos conversar sobre isso
mais tarde.
Kody endureceu. Ótimo. Eu não quero conversar sobre isso de jeito nenhum.
Claro que não queria. Deixe isso para ele que encontrou a única mulher no universo que não quer conversar sobre ela ou sobre a relação. A única que quis manter
as coisas como estão e sem discussão.
Você está bem?
Suspirando, Nick assentiu para Caleb. Se não parasse de conversar silenciosamente com ele, logo iria parecer afetado mentalmente.
Para piorar, Caleb inclinou-se para frente e olhou significativamente para Kody.
Ótimo. Agora os dois estavam conversando entre si e ele não podia ouvir.
Nick passou a mão pelo cabelo enquanto a raiva crescia. Era tão feroz, que fez seus ouvidos zumbirem. Ao longo das últimas semanas, notou que seu temperamento
explosivo estava ficando pior. Entretanto, sempre teve problema com controle da raiva. Uma maneira muito rápida de crescer e muito mais difícil de acalmar. Foi por
isso que tentou ser calmo e deixar as coisas fluírem. Por isso que tentou não se importar muito com qualquer coisa.
No entanto, ultimamente cada pequena coisa o aborrecia.
Isso era o demônio dentro dele ganhando poder? Seu próprio futuro, Ambrose, advertiu-lhe repetidamente sobre permitir seu temperamento governá-lo. Normalmente,
era Kody quem o acalmava quando chegava nesse humor.
Sim... mas não hoje. Hoje, a simples menção do seu nome despertava sua fúria. Sentiu-se no limite e mais perto de perder o que ele já tinha, exceto aqueles
momentos que ele realmente já tinha perdido.
Vamos lá, turma. Já acabou. Eu definitivamente preciso de um intervalo.
Por que não tinha o poder de manipulação do tempo? De acordo com Ambrose esse seria o único poder que ele nunca possuiria. A menos que roubasse de outros.
Claro, ele tinha o poder da persuasão sugestiva. Isso realmente funcionava a maior parte do tempo... mas não com a Morte. Cara, tinha que ser você a ensinar
para esta sala.
Sentiu uma tortura, e não a habitual minha-aula-é-uma-tortura-muito-longa, essa ele até já estava acostumado.
- Estou entediando você, Gautier?
Nick piscou quando percebeu que Grim estava conversando com ele. Preferiu ignorar os risos silenciosos e comentários maliciosos da galera do amendoim que muito
facilmente se divertia, como a maioria das criaturas descuidadas que eram, por sua falta de atenção.
- Desculpe?
- Nós estamos revisando cuidadosamente a tabela periódica. Eu perguntei a você, quatro vezes, o que é R-U, e qual é sua categoria de elemento e peso atômico.
Como saberia isso? Quem em seu juízo...
Seu pensamento reduziu quando a resposta surgiu em sua cabeça.
- Ruthenium. É um metal de transição rara. O número atômico é quarenta e quatro e seu peso é 101.07. Tem um ponto de fusão de 2334 graus Celsius e 4233 graus
Fahrenheit e um ponto de ebulição de 7502 graus Fahrenheit. Algo mais que queira saber sobre isto?
Espere... ele entendeu alguma coisa?
Sim, estranhamente entendeu.
Mas como? Isto era outro poder que ia e vinha, e que nunca iria funcionar corretamente?
Grim assentiu com a cabeça com uma luz relutante de respeito em seus olhos. - Então você pode aprender por osmose.
Isso era uma teoria. Porque não havia outro modo de explicar como ele sabia algo que não se lembrava de ter visto. Deve ter infiltrado em sua pele enquanto
dormia em cima de seu livro. Aquilo fazia sentido para ele.
- Aparentemente.
- Eu sempre soube que você era uma aberração, Gautier, - Stone murmurou.
O temperamento de Nick explodiu.
E Stone também. Em um segundo ele estava zombando de Nick e no outro, sua camisa pegou fogo. Nick levantou-se com Caleb e metade da classe. Algumas das meninas
gritaram e correram para a porta enquanto Grim ficou para trás com um brilho maligno de esperança em seus olhos mortos.
Brynna Addams pegou o extintor de incêndio da parede e tentou acioná-lo.
Nick correu e tomou de sua mão para ajudá-la com o cilindro vermelho. Devido à propensão de seu fogão velho para entrar espontaneamente e repentinamente em
chamas eles sempre usavam isto, Nick tinha uma tonelada de experiência usando-o.
Brynna aceitou sem questionamento.
Nick moveu-se depressa para Stone e o encharcou com um estouro gigantesco. A fumaça branca encheu a sala e depois que o fogo se dissipou Nick percebeu o quão
errado ele esteve no passado.
Acho que eu o deixaria se você estivesse queimando, Stone.
Quem diria?
Ele era mais humanitário do que pensava. Então mais uma vez, devido ao comportamento típico de Stone ele realmente não estava fazendo favor a ninguém salvando
o idiota. Deveria ter deixado Grim levá-lo.
Nick segurou o extintor de incêndio em seus braços quando vários alunos aplaudiram. Stone estava molhado e coberto com gosma. Pela primeira vez, ele olhou
para Nick com algo diferente de desdém. Se Nick não o conhecesse bem, poderia até pensar que era gratidão.
- Você está bem, querido? - Casey recolheu a jaqueta de Stone e colocou-a em seus ombros. Ela enxugou um resíduo do rosto de Stone. - Fale comigo...
- Sim, eu estou bem.
Soluçando, Casey lançou-se contra Stone.
Grim agiu com calma. - Acho que você está precisando passar na enfermaria.
Ele poderia soar mais desapontado? Entretanto, a Morte realmente não se misturava com as pessoas normais, e muito provavelmente estaria esperando para reivindicar
outro corpo.
Mason bateu forte nos ombros de Nick. - Raciocínio rápido, Gautier. Não sabia que você tinha um cérebro de verdade.
O desejo de girar o extintor de incêndio contra Mason era tão forte que não sabia ao certo como evitou isso.
Brynna avançou e tocou a mão de Nick. - É melhor você me entregar isto antes que ceda.
Nick fez uma careta. - Hum?
Ela sorriu para ele. - Eu conheço esse olhar, Nick. Eu acho que você está a segundos de encharcar Mason ou usar isso para bater na cabeça dele.
Nick deixou-a tomar o cilindro dele. - Algumas pessoas considerariam isso um serviço público.
- Mas não o nosso diretor.
Infelizmente, ela estava correta. O Sr. Head teria um acesso de raiva, e depois colocaria Nick na detenção. E isso era uma coisa que gostaria de ficar fora
durante algum tempo.
Stone e Casey deixaram a sala em direção à enfermaria.
Grim pigarreava para conseguir a atenção de todos. - Agora que o drama acabou e, infelizmente, ninguém morreu, melhor voltarmos ao trabalho.
Quando Nick retornou à sua cadeira, ele pegou o olhar apreensivo que Nekoda trocou com Caleb.
- O que foi? - Ele perguntou a ela quando se sentou.
- Você fez isso? - Ela sussurrou.
- O que?
- Ateou fogo em Stone?
Ridicularizando, Nick começou a negar, mas no minuto em que ele abriu a boca para falar, ele percebeu algo.
Dois segundos antes que Stone entrou repentinamente em chamas, Nick desejou isso.
Merda.
CAPÍTULO 2
Eu ateei fogo em alguém.
Nick não conseguia parar de pensar nisso. Estava horrorizando em pensar que podia fazer algo tão mortal com nada além de um único pensamento aleatório.
Meus poderes estão aumentando.
Mas não sua habilidade de controlá-los...
Pelo contrário, estava piorando e explodindo por todo lado sem qualquer aviso ou razão aparente.
O poder sem controle não tem valor, o ditado favorito de Acheron. Pelo menos era a frase de estimação de Ash em qualquer momento que Nick ficava atrás do volante
com o pé no acelerador.
Droga, Nick! Você precisa aprender a ir devagar e não correr no tráfego dez vezes mais, especialmente não quando ele está vindo direto para você! Outro discurso
favorito de Acheron quando ele estava preocupado.
No passado, Nick ignorou aqueles avisos. Agora...
A imagem de Stone explodindo em chamas ficou gravada em sua mente. Claro que o cheiro do cabelo de lobisomem queimado não estava totalmente dissipado da sala.
Respirou fundo com a lembrança brutal do que inconscientemente fez. Um nanosegundo de julgamento tardio e quase matava alguém. Tudo bem que Stone era um idiota,
mas não merecia morrer por isto.
Pelo menos não hoje.
Nick teria que tomar conta de si próprio depois disso, para que não causasse a ninguém nenhum dano real.
De repente, o sino tocou, assustando-o. Nick pulou em pé pelo som inesperado. Falando em parecer estúpido. Era só o que queria. Outra razão para parecer desajeitado
na frente de seus colegas.
Caleb arqueou uma sobrancelha para ele. - Você está bem?
- Você não viu outra sombra, não é? - Nekoda perguntou sussurrando. Uma questão que ele entendia bem, já que a última sombra que viu foi de um demônio que
alguns de seus colegas desencadearam para causar estragos em suas vidas. A destruição ainda era profunda. Enquanto havia sido inocentado de todas as acusações que
Dina fez contra ele, rumores sobre toda a terrível situação que o levou a ser algemado e arrastado para fora da escola abundavam, e grudaram nele com a tenacidade
do velcro.
Aquele pensamento não ajudou o seu humor de nenhuma forma.
Nick estreitou o olhar sobre o colar que lhe dera. - O único demônio que vejo agora é você, Kody.
Ela enrijeceu. - Isso não é justo.
- Nem fingir ser minha namorada enquanto está me medindo para me colocar em um saco de cadáver. - Ele empurrou seu livro na mochila, e em seguida virou-se
para olhar Caleb. - Você sabia sobre isso?
- Eu ainda não sei sobre o que você está falando.
- Estou falando sobre o fato de Kody ser uma assassina enviada para me matar.
Caleb ficou em modo de proteção, deixando Nick saber que estava tão ignorante sobre suas verdadeiras intenções quanto ele. Pelo menos Caleb não estava envolvido.
Isso o fez sentir-se um pouco melhor.
Ele se colocou entre Nick e Kody. - Isso é verdade? - Ele rosnou.
Kody olhou ao redor para ter certeza de que ninguém estava escutando antes de responder. - Não é tão simples, Malphas. Eu fui enviada para impedi-lo de se
tornar o que deveria ser.
Caleb ridicularizou. - Sim, Nick, isso soa como ordem de matança para mim.
Kody tentou dar um passo até ele, mas Caleb recusou-se a deixá-la passar.
- Nós somos inimigos, Nekoda. Meu trabalho é protegê-lo de todas as ameaças. E agora claramente isso significa você.
- Você não pode estar falando sério. - Ela olhou sobre o enorme ombro de Caleb. - Nick? Isso é realmente o que você quer?
- Não. O que eu queria era uma namorada normal que só conversasse sobre compras e moda, e porcarias com as quais não me importo. Eu tenho inimigos o suficiente
em minhas costas. A última coisa que eu preciso fazer é colocar alguém lá que eu sei que pretende disparar contra mim mais cedo ou mais tarde. - Ele empurrou sua
mochila em cima do ombro. - Nós terminamos.
Nick virou-se e começou a ir para a porta.
- Você não pode fazer isso! - O som de lágrimas em sua voz fez seu intestino se torcer em um nó. - Nick...
Não se vire. Ele a perdoaria se fizesse isso. Um olhar para as lágrimas em seus olhos e ele seria um idiota. Ele sabia disso. Não suportava ver nenhuma mulher
com dor, que faria qualquer coisa para conseguir um sorriso.
Mas não ceder àquele impulso foi a coisa mais difícil que fez. Porque a verdade era que a amava. Ele realmente a amava.
O amor o fará estúpido, criança. Confie em mim. Você não ouve ninguém, nem mesmo seu próprio bom senso. Esse era o discurso favorito do seu chefe, Kyrian.
Ele martelou a cabeça de Nick com isso. Tenha cuidado para quem você dá seu coração, Nick. Tenha certeza que você tem o dela antes de dar o seu. Não cometa meu erro.
Kyrian Hunter era agora um protetor imortal porque sua esposa o traiu na Grécia antiga e o entregou a seus inimigos para ser brutalmente torturado e morto.
O horror de suas ações marcou Kyrian tão duro que ele vendeu sua alma para a deusa grega Artemis de forma que pudesse vingar-se dos seus inimigos. Em troca de seu
Ato de Vingança, Kyrian tornou-se um Dark Hunter. Soldados lendários, os Dark Hunter lutavam para manter a humanidade protegida de todos os predadores sobrenaturais
que quisessem colocar os humanos em seus menus. Era uma vida eterna com um monte de vantagens.
Mesmo assim, Kyrian teria achado muito melhor ficar humano e morrer pobre do que ser traído pela esposa que estimava acima de tudo.
Amor e lealdade antes de tudo. Essa era uma garantia que Nick subscreveu. A traição era para os covardes que não tinham coragem de lutar cara a cara. E mesmo
que Nick Gautier pudesse ser muitas coisas, ele nunca tinha sido, nem iria ser um covarde.
Não senhor. Se ele fosse atrás de você, não seria de nenhuma maneira mal interpretado em suas palavras e ações.
E ainda assim seu coração doeu com a perda da amizade de Kody. Com a perda do que podia ter havido entre eles.
Eu sou um idiota. Por que ficaria mal por uma mulher que planejava matá-lo?
Quando parou em seu armário, Caleb colocou uma mão em seu ombro.
- Anime-se, amigo. Eu sei que parece que acabou de ter sua lápide entregue a você, mas sobreviverá.
Nick abriu a porta, não tendo certeza de que quisesse sobreviver. - Alguma vez uma mulher o traiu?
- De maneiras que você é muito jovem para saber, Nick. Acredite em mim, no grande esquema da dor, isso não é tão ruim.
Engraçado, não parecia assim. Nick apertou os dentes quando a agonia espalhou por ele. Só queria ir para casa, deitar na cama, e fingir que este dia nunca
aconteceu. - Foi como você acabou escravizado por meu pai?
- Não.
Nick trocou seus livros. - Você nunca vai me dizer como ele conseguiu sua coleira, não é?
- Não.
- Por quê?
- Porque um dia, você crescerá e se tornará um Malachai completo. Seu pai morrerá, espero que logo, e então eu estarei livre. Mas se eu confiar a você essa
informação, então você saberá como me atar. Sem ofensa, mas eu não confio que o demônio em você não irá ligar-me e me achar depois que eu me for, e eu já passei
tempo suficiente como um escravo. Não quero viver nem um dia a mais do que o necessário.
Nick estava ainda mais ofendido. - Eu morreria antes de fazer isso com você. Você tem que me conhecer melhor.
- Este é o seu coração humano falando e eu respeito. Mas também sei que mais cedo ou mais tarde esse coração será devorado pela escuridão que há dentro de
você. Então nós não seremos amigos. Serei um instrumento e você não hesitará em lançar-me em uma caixa e me usar.
Caleb soou como Kody agora, e sinceramente, Nick estava farto disso. - Se você realmente acha que eu não tenho esperança, por que você está aqui?
- Porque meu mestre ordenou.
- E se meu pai estivesse morto?
Caleb desviou o olhar. Nick não conseguia definir as emoções que cruzaram seu semblante. Parecia que Caleb estava lutando contra si mesmo.
- E então? - Nick o questionou.
Caleb suspirou. - A única coisa que sei com certeza é que se seu pai estivesse morto, eu definitivamente não estaria na escola com você. Eu ainda estaria dormindo.
Nick riu. Ele não podia culpar Caleb por isso. Não estaria aqui também se pudesse achar outra saída. Mas isso não era o que o preocupava. - Você ainda estaria
na minha discagem rápida?
Caleb estreitou aqueles olhos escuros nele. - Eu realmente quero odiá-lo, Gautier.
Nick sorriu. - Sim, sou como um kudzu. Eu pareço bom e inocente e a próxima coisa que você sabe é que criei raízes e aí será tarde demais... você gosta de
mim. - Seu sorriso desapareceu quando viu Kody no corredor, vindo na direção deles. Bateu-lhe com um punho. - Então quanto tempo normalmente leva para recuperar-se
de um coração partido?
Caleb olhou em direção a Kody antes de responder. - Você não gostaria de saber... meu melhor conselho? - Ele apontou seu queixo para o lado oposto do corredor.
- Distração.
Carrancudo, Nick não tinha certeza sobre o que ele queria dizer até que Casey Woods lançou-se contra ele tão forte que tropeçou de volta e bateu nos armários
atrás de si com um estrondo retumbante. Reclamaria, mas os braços cheios da líder de torcida mais popular na escola esmagou qualquer desejo de ser negativo sobre
como este milagre ocorreu.
Olhou para ele e sorriu. - Você é meu herói, Nick! - E beijou-o.
Atordoado para qualquer tipo de pensamento racional, não se moveu. Não poderia. Não é todo dia que a capitã das líderes de torcida o empurrava contra a parede
e contra a política da escola, beijava-o. Ainda mais chocante era a sensação de seu rabo-de-cavalo longo e escuro roçando a pele nua de seu braço.
Após um segundo, ela recuou e deu-lhe um olhar quente que o derreteu naquele lugar. - Ligue-me mais tarde, ok?
Ele tentou falar, mas nada saía. Ao invés disso, ficou lá como algum tipo de bagre abrindo e fechando a boca sem fazer qualquer som.
Sim, eu sou tão esperto, modelos adolescentes liguem-me para conselhos de namoro.
Felizmente, Casey não esperou para que seu cérebro o forçasse a dizer algo realmente estúpido. Ela saltou de volta na multidão com um de seus amigos. Ainda
atordoado, Nick empurrou-se para fora dos armários.
- Estou tão feliz que não sou você.
Ele piscou para o tom terrível de Brynna quando ela abriu seu armário ao lado do dele. - Eu não fiz nada.
- Sim, mas eu peguei o olhar de Kody quando ela viu Casey incomodando você, depois mudou o caminho e dirigiu-se para o outro lado. Oh, Nick, isso não foi bonito.
Kody vai te fazer alguns testículos a crioula fritos para jantar... e provavelmente no café da manhã, também.
Nick soltou um suspiro cansado quando sua dor voltou... com os amigos. - Não, ela não vai. Nós terminamos.
- Desde quando?
- Dez minutos atrás, - Caleb respondeu por ele.
- Não! - Brynna engasgou. - Diga que não é verdade, Gautier. Você dois eram perfeitos juntos.
Isso não ajudava seu estado mental. O que vem depois? Uma música melosa começaria a tocar no sistema de comunicação para torturá-lo? - Não perfeito o suficiente.
Brynna rosnou baixo. - O que você fez?
Sua pergunta o ofendeu. - Não fui eu. Por que a culpa tem sempre que ser do cara?
- Porque normalmente é.
Bem, isso foi um insulto. - Muito obrigado, Brynna. E para constar, eu sou a vítima.
- Então me desculpe.
Nick inclinou a cabeça para ela, grato que pelo menos tentou soar sincera. - Eu agradeço.
Roçando seu braço, ela ofereceu-lhe um sorriso simpático. - Para constar? Espero que vocês reatem.
- Para constar, não reataremos.
Sacudindo a cabeça tristemente ela fechou seu armário. - Bem, se você precisar de uma amiga, você tem meu número. Não esqueci o que você fez por mim quando
precisei de alguém. Você realmente é um grande cara, Nick.
- Obrigado.
- A qualquer hora. - Brynna dirigiu-se para a sala.
Nick virou-se e caminhou em direção ao seu próximo horário. Felizmente, era com Caleb e não com Kody.
Caleb pegou seu ritmo para caminhar ao lado dele. - Você realmente sabe que Brynna estava dando em cima de você agora mesmo.
Sim, certo. Caleb não era muito esperto se ele realmente acreditasse nisso. - Não, ela não está. Ela pensa em mim como um irmão.
- Tem certeza?
- Positivo. Eu tentei segurar sua mão uma vez quando comecei aqui e ela me repreendeu. Eu consegui o nós-somos-somente-amigos-então-não-me-faça-chamar-meu-irmão-mais
velho-que-vai-bater-em-você-até-reduzi-lo-em-uma-pasta anos atrás.
Caleb riu. - É por isso que só fico com mulheres que têm irmãs ou, ainda melhor, sem nenhum irmão mesmo.
- Chicotearam sua bunda uma vez, hein?
- Não. - Caleb ficou sério. - Mas, sei o que eu faria por minha irmã se um idiota partisse seu coração.
Aquela notícia o pegou de surpresa. Caleb nunca falou sobre sua família, e nunca antes fez qualquer tipo de declaração de amor sobre eles. - Você tem uma irmã?
- Não puro-sangue. Mas sim, eu tenho vários deles.
- Eles estão por aí?
Caleb agitou sua cabeça. - Embora matasse por eles se precisassem de mim, não somos tão próximos. - Ele abriu a porta de sala de aula para Nick entrar primeiro.
- Sinto muito.
- Não sinta. Eu não sinto. Não gosto de embaraços ou obrigações pessoais. Você fica em muita dificuldade. Mas sangue é sangue. No fim, se um deles precisasse
de mim, eu faria tudo por eles.
E era por isso que, embora Caleb fosse um demônio, Nick o respeitava e o chamava de amigo. Caleb gastou muito tempo negando sua melhor natureza, mas Nick viu
de perto o suficiente para saber que Caleb era um sangue frio decente. Não importava quanto o demônio protestasse, poderia sempre contar com ele em uma briga.
Sentando-se, Nick puxou seu livro e abriu para a tarefa do dia. Ele ainda não conseguia tirar Kody da mente. Agora que eles estavam oficialmente rompidos,
ela viria pegá-lo, com certeza. A única questão era: quando?
* * *
Belam?
Nekoda ouviu o sussurro de seu verdadeiro nome que ninguém mais no reino humano usava. Num canto mais distante estava a imagem de seu guia, o shimmery, Sraosha.
Só ela podia vê-lo e ele definitivamente estava chamando-a.
Esse dia poderia ficar melhor? Sério? Por que Nick não podia tê-la incendiado e terminado sua miséria?
Suspirando, levantou-se e caminhou para a mesa do Sr. Raney. - Sr. Raney... por favor, posso ir ao banheiro?
- Você sabe que nós não...
Ela baixou a voz para um tema que seu professor masculino não discutiria.
- Desculpe, mas é aquela época do mês e...
- Basta! - Ele explodiu, pegando o bloco de permissões na sua mesa. - Eu não quero ouvir sobre nada tão pessoal. - Depressa rabiscou no formulário, depois
rasgou a folha. - Não demore muito, Senhorita Kennedy.
- Obrigada. - Pegando a permissão, ela saiu da sala e dirigiu-se ao banheiro. Poderia desaparecer imediatamente, mas não queria correr o risco de ser pega
por uma das câmeras escondidas da escola. Embora soubesse onde a maioria estava localizada, não tinha certeza sobre todas e seus poderes não lidavam bem com eletrônica.
Seguro morreu de velho.
Entrou no banheiro e seguiu para o primeiro box, em seguida trancou a porta e transportou-se para o escritório pouco amigável de Sraosha.
Escuro e sombrio, era um escritório triste em cinza e marrom. Nada bonito. Mas ele parecia gostar daquele jeito.
Diferentemente de seu escritório, Sraosha era um tipo de beleza absoluta enquanto ficava esperando próximo às janelas que iam do chão ao teto que davam para
nada. Literalmente. Estava absolutamente escuro... como quando estavam perdidos no espaço. A única luz vinha das extremidades de uma bandeja âmbar escura que estava
acima.
Alto, flexível, e extremamente belo, Sraosha era tão bonito que era difícil olhar diretamente para ele. Seu cabelo loiro longo fluía em volta de um corpo que
era a perfeição pura. Cada característica parecia ser esculpida com precisão para torná-lo angelical e de tirar o fôlego. E pela primeira vez, ele permitiu que ela
visse seus olhos. Eram de um verde misterioso, iridescente. Vestido com armadura antiga de batalha, exigia atenção e respeito, até mesmo dela.
- Chamou-me?
Sraosha piscou devagar antes de responder. - Chegou a hora.
Aquelas eram as três palavras que mais temia. Sua ordem final. - Nós não podemos matá-lo. Não ainda.
Sraosha arqueou uma sobrancelha dominante que questionava sua sanidade para a ousadia de contradizê-lo. - Qual é a sua desculpa hoje?
- O Malachai mais antigo ainda vive. Se eu matar Nick, Adarian não terá qualquer tipo de fraqueza e nenhuma razão para contê-lo, uma vez que nada diferente
de Nick pode enfraquecê-lo. E nós dois sabemos que não posso derrotar Adarian sozinha. - Ela tinha as cicatrizes para provar isto. - Então a menos que você abrigue
uma arma que eu não conheço ainda, ou esteja disposto a me dar um apoio na luta, nós não temos nenhuma escolha exceto esperar Nick cumprir seu destino e matar seu
pai.
- E então ele terá a força do pai e poderes além daqueles que já possui. Pensa que poderá derrotá-lo?
Não. Ela seria até mais ineficaz contra ele do que havia sido contra seus predecessores.
Mas a morte não era a sua única opção. - Ele tem salvação. - Diferentemente de seu pai e dos outros, Nick tinha um coração que sentiu e entendeu o amor verdadeiro.
O sacrifício pessoal.
Lealdade.
Nenhum Malachai antes sabia que aqueles termos existiam.
Sraosha zombou. - Você está deixando seus sentimentos cegá-la. Da mesma maneira de antes.
Era verdade. Teve uma chance perfeita de sacrificar Adarian na primeira vez que ele escapou do Reino Nether e, em vez de atirar, teve pena em matá-lo. Até
agora, podia ver seu estado miserável. Seu mestre, Noir, o torturou bastante. Fraco e destruído, Adarian mal podia ficar por conta própria e ela recusou-se a matá-lo
a sangue frio.
Como a guerreira que seu pai treinou para ser, ela tinha dado a ele a chance de recuperar-se antes da batalha.
Seu erro vital.
Se ela o tivesse abatido quando surgiu, seus irmãos ainda estariam aqui.
Vivos e inteiros. E ela estaria em casa com sua família, em seu próprio período de tempo. Não presa neste purgatório.
- Eu aprendi bem e não vou cometer aquele erro novamente.
Sraosha zombou. - Não? De onde estou é exatamente o que você está fazendo. Você acha que não posso sentir o amor que mantém por esse demônio? - Ele cuspiu
a última palavra.
Envergonhada, Nekoda olhou para longe. - Eu não esqueci meus deveres. - Como poderia? Ela tinha renunciado ao seu verdadeiro nome e assumiu seu título sagrado
de forma que nunca mais fosse tentada por suas emoções. Nekodas eram empregados marcados que não tinham nenhum laço familiar para distraí-los. Eles viviam apenas
para o propósito de servir a ordem mais alta e manter intacto o equilíbrio das forças. Diferentemente dos Chthonians que tinham a habilidade de matar deuses e eram
encarregados de vigiá-los, nekodas não nasceram para certas posições.
Eles eram escolhidos.
E diferentemente dos Chthonians, tinham regras muito rígidas que precisavam seguir, e seres aos quais tinham que obedecer.
Ela não tinha permissão para duvidar de seu guia, e, no entanto, Sraosha estava errado sobre Nick. Podia sentir isso com cada parte de si mesma. Nick não era
seu inimigo.
Não ainda, de qualquer forma.
Sraosha avançou para dominá-la. Um ato de intimidação suprema que poderia ter funcionado se ela fosse humana ou nascida de linhagem inferior. - Você está se
recusando a matá-lo, Belam?
Enfrentou-o sem vacilar ou encolher-se. - Eu estou me recusando a soltar o Malachai mais antigo sobre este mundo, especialmente quando não sabemos se ele irá
ser pai de outra criança. Nick é o único que pode enfraquecê-lo. E o único outro ser capaz de matar Adarian com força total está preso em um lugar e não podemos
libertá-lo. Não sem começar um fogo que nenhum de nós está pronto para acender.
Sraosha respirou fundo, nitidamente entre seus dentes. A expressão em seu rosto dizia que estava a apenas um segundo de bater nela. - Tudo bem, então. Leve-o
ao seu pai, então mate ambos. Essas são suas ordens.
Cara, ele fez soar tão simples.
- Mas...
- Nada de mais! - Sraosha rosnou. - Eu estou bem ciente que você não domina mais a emoção do mais novo. Outra pessoa está manipulando-o. Só podemos supor que
ele trabalha para a Ordem dos Atramentaceous e antes que eles tomem o controle completo de sua arma, nós devemos destruí-lo.
Aquelas palavras incendiaram sua fúria. - Nick é um garoto. Ele não é isso.
Sraosha arqueou uma sobrancelha, incrédulo. - É insubordinação que ouço?
- Não, senhor. - Era indignação e extrema irritação por ele ser tão obtuso sobre isso. Ela foi criada com a crença de que não se sacrifica inocentes pela possiblidade
de que "podem" fazer algo de errado.
- É melhor não ser e você faria bem em lembrar seu lugar, Nekoda. Eu a peguei quando não tinha nada e nem ninguém. Esqueceu-se de como a encontrei?
Ela engoliu as lágrimas que a sufocavam sempre que olhava para o passado. - Não esqueci nada. - Especialmente não esqueceu o demônio que destruiu sua família
inteira e a deixou sozinha no universo. Ela jurou sob o túmulo de seus pais que acharia o demônio Malachai e o destruiria antes dele ter uma chance de matá-los.
Não importava como, o pararia.
- Cumprirei meu dever.
- Então é melhor correr antes que Nick fique mais forte.
Nekoda baixou a cabeça e apertou o punho na altura do coração em saudação ao seu guia. Mas quando retornou ao box que deixou em St. Richard, não pode deter
a onda de emoções que a partia ao meio.
Sraosha estava certo. Apaixonou-se por Nick da pior maneira e agora ele não queria nada com ela. E julgando pelo olhar que ele deu-lhe mais cedo, a odiava.
E isso doía-lhe mais do que devia.
Quem podia ter contado a ele o que ela era? Não contou nada para uma única alma. Ela não tinha nenhum amigo verdadeiro. Nenhuma família.
Ninguém devia saber sua verdadeira identidade.
Alguém estava trabalhando contra ela. Se pudesse descobrir quem, então talvez pudesse poupar Nick de sua sentença de morte.
Não seja estúpida. Você sabe que Sraosha está certo.
Mais cedo ou mais tarde, Nick seria o Malachai. O demônio nele devoraria cada parte do coração humano que ela estimava, e o deixaria com nada mais do que uma
máquina mortal que não tinha nenhuma piedade ou compaixão por ninguém. Se tornaria o monstro sobre o qual tinham lendas escritas.
Estendendo a mão, tocou o colar de coração que ele havia lhe dado.
Ele era uma alma tão amável e generosa. Respeitoso. Gentil. Coisa que seu pai nunca fora.
Onde nascemos e de quem descendemos não nos define. Escolhemos nossos caminhos. Não temos que ser o que nascemos para ser. Temos mais coragem e poder do que
sabemos. Confie em você mesma, gatinha, e fique fiel às suas próprias convicções, não importa o que outros dizem ou fazem. Eles não se importam de qualquer forma.
As pessoas vêm e vão em sua vida, mas você caminhará de mãos dadas consigo mesma para sempre. Faça o que fizer, não escolha ser algo que odeia. Eu andei nesse caminho
por muito tempo e é um lugar feio para se viver. Eu quero que você seja melhor, porque sei que é melhor do que eu já fui. As palavras de seu pai a assombravam.
Ele desafiou seu nascimento e seus pais. Assim como fez sua mãe e seu tio. Cada um escolheu ser muito mais do que havia nascido para ser. Eles mostraram sua
força e coragem. O que significou nadar contra a corrente pelas águas mais mortais e perigosas.
Haverá um Malachai nascido diferentemente de todos os outros. Ele saberá amar e se conseguir mantê-lo envolvido com este amor, ele poderá sair da escuridão
que o gerou. Ele será o maior campeão que este mundo já conheceu. Mas se ele perder a âncora, se transformará no que destruirá a todos. Por muito amor que dê a bondade
é o amor que vai transformar-se em ódio puro quando ele o perder.
- Eu preciso reconquistá-lo - sussurrou. Era a única maneira. Não podia arriscar que Nick a odiasse. Se pudesse manter o ódio fora de seu coração, ele ficaria
como era.
Um herói.
Diferentemente de Sraosha, não pensava que a morte dele resolveria qualquer coisa. Outro Malachai avançaria para substituí-lo, e se fosse o que suspeitava,
seria até pior. Atualmente, o próximo na fila para substituir Nick era um deus completo, com plenos poderes. Ninguém poderia parar um Malachai assim.
Nunca.
Nem mesmo os Chthonians.
Mas Sraosha não a escutava. Ele queria o coração de Nick com uma luxúria que ela não entendia. Se alguém deveria querer Nick morto, esse alguém era ela.
E parte dela queria. Como não podia, por tudo o que ele lhe tirou. Repetidas vezes, viu o demônio Malachai, a verdadeira forma de Nick, matando seus irmãos.
Sua família inteira tinha sido sacrificada por causa dele.
Sem reserva ou hesitação, voltou no tempo de forma que pudesse parar sua metamorfose. Esta era sua única chance de salvar todo mundo.
Até ela própria.
- Eu não posso falhar.
Salvaria Nick de sua verdadeira natureza, ou entregaria seu coração a Sraosha.
CAPÍTULO 3
- Droga, garoto, arraste esse rabo mais baixo e você não conseguirá atravessar um estacionamento.
Nick fez uma pausa quando ele e Caleb entraram no Triplo B, a maior loja de armas de fogo e de computador no Sul, talvez até no mundo.
O dono, o grande Bubba Burdette, era um dos melhores amigos de Nick e a coisa mais próxima de um pai que Nick já conheceu. Com mais de um metro e oitenta de
altura, Bubba era bem musculoso e enorme, algo que vinha de seus dias como jogador de futebol caso não tivesse desistido da glória para ficar em casa com a esposa
e filho que amou mais que qualquer outra coisa.
A esposa e o filho haviam morrido tragicamente uma década atrás em uma invasão de sua casa e que devastou Bubba e o transformou numa espécie de defensor extremo
da sobrevivência que era apresentado em documentários do Doomsday (Dia do juízo final) e em revistas de arma de fogo.
Sem mencionar que ele acreditava firmemente que um apocalipse zumbi era iminente. Daí os numerosos alvos zumbis, a parafernália de mortos-vivos e os cartazes
na parede anunciando suas aulas de sobrevivência contra zumbis que dava com seu amigo Mark. Por toda parte da loja e presos como pequenos-cartões de bolso havia
dicas de como sobreviver a um ataque.
O favorito de Nick era o cartaz logo atrás da caixa registradora que listava a dica número um. "Lembre-se, não tem que correr mais que o zumbi. Você só tem
que correr mais que seus amigos".
Aquilo não exatamente aquecia seu coração e o fazia querer colocar Bubba em sua retaguarda em uma luta. Mas, novamente, Bubba não aceitaria, e Nick lutou contra
mortos-vivos, inclusive zumbis, o suficiente com Bubba para saber que naquela luta se podia contar com ele e mais um pouco.
Bubba não deixava nenhum homem para trás e sua verdadeira filosofia em uma briga era atirar primeiro, tiro duplo na cabeça, e em seguida deixar Deus resolver
o problema.
Como esta era a semana de aniversário da morte de sua família, a mãe de Bubba estava na cidade, visitando-o. Por causa disso, seu cabelo escuro estava curto
e a barba havia se tornado um cavanhaque bem aparado. Ele também tinha dispensado seus onipresentes alvos de filmes de zumbi e trocado as camisas de flanela vermelhas
por camisa preta com mangas enroladas até os cotovelos. Mas suas botas de combate com bico de aço ainda eram seus calçados preferidos.
Com mamãe ou sem mamãe.
Nick pensou em provocá-lo por seu medo materno, mas considerando que ele também temia sua própria mãe e era ela que o mantinha intimidado e em rédea curta,
não encontrava espaço para zombaria. Entendia bem o poder potente da nave-mãe para sufocar até o adversário mais feroz com nada além de um arquear de sobrancelha.
Mas a única coisa sobre Bubba, além do fato de que o homem era um lunático total imprevisível, era que ele constantemente usava Southernisms (dialeto sulista)
que até Nick tinha dificuldade em decifrar.
- O que foi?
Bubba passou a chave na gaveta onde guardava os documentos e depois deslizou a chave no bolso. Levantou-se para ficar de frente com Nick e Caleb. - Você está
triste, filho. Praticamente incandescente, como em algum sacrifício maia, esperando ter o coração arrancado. O que o deixou tão para baixo?
Caleb debruçou-se contra o balcão de vidro longo e deu a Nick um sorriso malicioso. - Sua analogia maia é incrivelmente astuta, Bubba. Ele terminou com a namorada.
Bubba estalou a língua. - Ah, agora isso é uma maldita vergonha. Eu realmente gostei de Kody. Ela era de sangue frio decente.
Pelo canto do olho, Nick viu Mark que se aproximava da sala pela parte de trás. Com cabelo castanho desgrenhado, ele era mais ou menos cinco centímetros mais
baixo que Bubba, e era apenas ligeiramente menos musculoso. Pensando que o parceiro de crime de Bubba iria consolá-lo, não reagiu até Mark o eletrocutar na bunda
com um marcador de gado.
- Ei! - Nick gritou quando a dor o atravessou. - O que você está fazendo?
Mark, que não trocou a roupa amarrotada habitual porque a mãe de Bubba estava na cidade, segurou o marcador para que pudesse usá-lo novamente. - Dando-lhe
um choque para colocar algum juízo em sua cabeça. Garoto, você está doido? Não se deixa uma garota como Kody ir embora sem uma luta... pelo menos não até que ela
ateie fogo em tudo o que você possui. Só então pode chutá-la. Mas não antes disso. - Ele moveu-se para dar outro choque em Nick.
Nick pulou para trás de Caleb como proteção. - Você quer parar com isso?
- Não. Não posso colocar bom senso em você sem ir para prisão. - Mark diminuiu a distância entre eles. - Não há nenhuma lei contra dar um choque em um menor
de idade.
Nick continuou a dançar ao redor de Caleb, que estava sendo negligente em sua tarefa de protegê-lo do louco. - Isso não é delito ou algo assim? Eu tenho certeza
de que há uma lei contra isso.
Bubba deixou escapar um suspiro pesado. - Infelizmente, Mark, ele tem razão. Vai contra as leis de toque ofensivo.
- Leis de toque ofensivo? - Mark estancou para estreitar seus olhos em Bubba. - Como você sabe disso?
- Não quero ir lá... não em um de meus melhores momentos. Basta dizer, eu não quero pagar mais honorários de advogado durante algum tempo. Estou fora disso.
- Querido Deus, será que eu quero saber no que vocês estão se metendo agora? - A mãe de Bubba perguntou quando veio de trás das cortinas pretas que separavam
a área da frente. Mãos nos quadris, ela lançou um olhar ameaçador para Mark. - Eu preciso chamar seu pai para pedir mais dinheiro de fiança, filho?
Mark endireitou-se imediatamente perante a pequena senhora. Vestida com um terninho Armani preto e saltos baixos, ela parecia substancialmente mais alta que
seu minúsculo um metro e cinquenta e cinco de altura... principalmente porque se sabia que ela não hesitaria em pegar uma vara para bater em seu traseiro caso precisasse
disso, não importa o quão grande fosse em comparação a ela.
Uma cirurgiã pediátrica mundialmente famosa, Bobbi Jean Burdette não tirou nada de ninguém, e isso incluía o lábio de seu único filho e o melhor amigo que
crescera junto com ele.
No instante em que Nick a viu, ele sorriu em uma recepção calorosa. Em sua cabeça, ouviu sua frase favorita sobre Bubba e seu cabelo, que atualmente havia
colocado em um coque sofisticado- Deus o fez preto, depois Michael transformou-o em cinza, e a L'Oreal me fez ruiva.
Mas a melhor parte sobre mãe de Bubba? Ela salvou sua vida duas vezes.
- Oi, Dra. Burdette, - Nick saudou, depois gesticulou para Mark. - Apenas para constar, ele estava me aplicando choques sem nenhum motivo.
A tempestade estava preparada em seus olhos castanhos quando ela olhou de volta para Mark. - Markus Jethro Fingerman, abaixe essa coisa. Agora mesmo! Meu Deus,
consegui remendar o menino e agora você ameaça desfazer todo trabalho duro que tive. Não faça nada para prejudicá-lo ou solto a mãe dele em você.
Mark imediatamente jogou o marcador de gado, que aterrissou aos pés de Caleb. Ele ergueu as mãos ao alto quando o medo real entrou em seus olhos. - Qualquer
coisa, exceto Cherise. Eu juro que prefiro ficar nu no pântano, cercado pelos super-zumbis de Madaug e por jacarés famintos, cobertos de Kevlar, completamente armado
com uma granada em meus dentes e lança-chamas em minhas mãos do que enfrentar Cherise Gautier quando está protegendo Nick. Eu nunca vi uma Chihuahua mais assustadora.
Mark estava certo. Esqueça seu guarda-costas demônio, a mãe de Nick era mil vezes mais feroz.
E mais mortal.
- Além disso, não é totalmente minha culpa, Dra. Burdette, - Mark continuou. - Eu estava só tentando colocar um pouco de juízo nele.
- Então, pelo amor de Deus, rapaz, tente conversar primeiro. Ele é uma criança esperta, sabia? Tenho certeza de que poderá ver a razão sem tratamento de choque.
O olhar de Mark disse que duvidava. Mas, não comentou quando se virou para Nick. - Então o que você disse para que ela fosse embora?
Nick fez careta quando Mark repetiu a suposição anterior de Brynna. - Por que todo mundo pensa que eu sou culpado?
- Cara, - Mark disse em um tom paternalista. - Você tem um espelho? Os sujeitos como você não conseguem mulheres tão perfeitas.
Agora foi totalmente rude. - Desculpe-me?
Mark levantou as mãos novamente. - Eu não estou dizendo que você é um cara feio, não que eu olho para você dessa forma, mas... você não tem senso de moda.
Mesmo.
Nick sacudiu a ponta da jaqueta de Mark. - Isto é do Dr. Camo?
- Não fui eu quem terminou com a namorada gostosa. Eu nunca entendi como você a atraiu de qualquer maneira. Então sim, tem que ser culpa sua.
Nick ficou horrorizado. - Você sabe que sou um dos jogadores mais valiosos em meu time do futebol, certo?
Mark bufou. - Eu também era, e Bubba nos supera em habilidade. Então enquanto isso funciona no cinema e nos programas de TV, na vida real... não é grande coisa.
Mulheres boas e decentes não se importam com qual camiseta você veste. Para começo de conversa, definitivamente não sei como conseguiu uma mulher como Nekoda para
falar com você. Então meu conselho, garoto... uma boa joia e alguns chocolates caros.
Dra. Burdette assentiu com a cabeça. - Eu tenho que dizer que isso é o correto para a maioria de mulheres. Um bom chocolate normalmente supera a estupidez,
e faz uma menina se lembrar por que gostou de você.
Sim, mas ele não queria seu assassino de volta em sua vida, e tinha que manter isso para si mesmo. Dra. Burdette poderia de uma maneira concebível fazer divagações
naquele tipo de loucura, ainda que fosse a verdade.
Então ficou com a parte da história que o manteria fora de uma camisa de força. - Em todo caso, eu terminei com ela.
Mark olhou para Caleb. - Passe-me aquele marcador de gado de volta. Este garoto é tão estúpido, que eu preciso chocar um pouco o cérebro dele.
Caleb riu. - Não me tente.
Ignorando-os, Bubba falou impaciente. - Espero que você tenha uma boa razão, Nick. Pelo que eu vi, você dois eram ótimos juntos. E isso não acontece muitas
vezes.
Não, isso não acontecia. E tendo perdido o amor de sua vida, Bubba sabia aquilo melhor que a maioria.
- Não foi estúpido, - Nick assegurou.
Mark suspirou. - Eu ainda acho que nós deveríamos segurá-lo e dar-lhe choques até acabar com tudo que o perturba.
Dra. Burdette fez um som grave no fundo da garganta. - Tente isto, Mark, e eu direi à mãe dele.
Mark imediatamente murchou. - Sim, senhora. - Mas o brilho em seus olhos dizia que assim que a Dra. Burdette os deixasse às sós, Mark voltaria com tudo.
Nick avançou de forma que seu pé descansou sobre o marcador de gado. Melhor prevenir do que remediar, especialmente quando Mark estava por perto.
- Então, o que você dois estão fazendo aqui tão cedo? - Bubba perguntou, mudando o assunto. - Vocês não têm treino de futebol?
Nick soltou uma risada maléfica. - Terminou cedo. Stone rachou as bolas do treinador com uma bola mal lançada. Tenho certeza de que todos vamos correr várias
voltas por horas amanhã. Mas hoje o treinador teve que ir colocar gelo em si mesmo.
Bubba e Mark nitidamente respiraram fundo. - Isso vai estragar seu fim de semana.
- Sim, e mais um pouco - Caleb adicionou.
Nick aproximou-se do balcão e apontou para os pentes de memória RAM que estavam próximos das caixas de munição. - Kyrian quer aumentar sua memória RAM.
- Ah, sem problema. Quanto?
- O máximo que puder.
- Aqui está. - Bubba puxou a memória enquanto Nick pegou a carteira e cartão de crédito.
- Como está na escola? - Dra. Burdette perguntou quando se apoiou contra o balcão não muito longe de Nick. - Já fizeram aquela menina pedir desculpas em público?
Nick estremeceu com a pergunta. Dina Quattlebaum era a melhor amiga de Brynna desde que começaram a escola juntas. Sempre foram próximas e inseparáveis até
que Dina feriu seus sentimentos com algo ridículo, e invocou um demônio que causou estragos na escola inteira. Dina tinha maliciosamente arruinado a reputação de
vários alunos, inclusive de Brynna. Mas pior que isso, Dina acusou Nick de atacá-la, algo que o fez aterrissar na prisão e fez com que o pai dela fosse para cima
dele como Babe Ruth3, que era o que Dra. Burdette se referia mais cedo quando falou sobre remendá-lo. O homem quase o matou.
Felizmente a verdade apareceu antes que qualquer dano real fosse feito, mas a discórdia ainda era uma coisa sórdida que todos ainda estavam tendo que lidar
na escola. Como diz o velho ditado, "as mentiras viajam muito mais rápido que a verdade e a verdade nunca alcança uma mentira". Ele estava descobrindo aquilo de
um jeito ruim.
- Ela se desculpou na primeira hora da manhã, e depois a levaram para a prisão por todas as coisas que ela fez.
Dra. Burdette balançou sua cabeça. - É uma pena danada. Detesto ver uma pessoa tão jovem arruinar sua vida por algo estúpido como o ciúme.
- Sim, senhora. Eu também. - Nick pagou pela memória RAM. Mas quando ele a pegou, algo doloroso o apunhalou bem entre os olhos.
Ele ofegou agudamente.
Bubba franziu a testa. - Você está bem?
Nick assentiu e depois agitou a cabeça. - De repente tive uma sensação estranha.
Dra. Burdette deu a volta no balcão para olhar para ele. - Que tipo de sensação?
- Tontura, eu não sei. Apenas estranho.
Ela colocou a mão em forma de concha em seu queixo e curvou sua cabeça para baixo para poder estudar suas características enquanto apertava a outra mão contra
sua testa. - Quando foi a última vez que você comeu algo?
- Almoço.
- E um saco de batatas fritas uma hora atrás, - Caleb adicionou. - Nick não perde uma refeição ou um lanche.
Sem responder o tom seco de Caleb, ela puxou uma caneta de luz do bolso. - Vamos lá para trás e deixe-me dar uma olhada melhor em você.
- Mãe, ele está bem.
Ela lançou um olhar de raiva para Bubba. - Michael, eu notei que nenhum de seus doutorados do MIT4 é em medicina. Então se você não se importa... eu não digo
a você como consertar computadores ou o que é física quântica ou explico sobre aqueles caracteres e você não me diz como funciona um corpo e o que eu preciso ficar
olhando quando um antigo paciente estiver pálido sem nenhuma razão aparente.
- Sim, senhora - disse Bubba, retirando-se.
Nick começou a ir para a parte de trás e depois tropeçou.
Bubba o pegou e o levou para uma cadeira. - Ei, rapaz? Você está bem?
Movimentando a cabeça, Nick tentou se orientar, mas tudo girava com um frenesi maligno. Parecia como se o tempo houvesse saído de sincronia ou algo assim.
Tudo se movia lento e rápido ao mesmo tempo. Ouviu as vozes do éter sussurrando ao seu redor. Alguns estavam ameaçando e alguns eram estridentes. Juntos, faziam
uma cacofonia confusa que só fazia sua vertigem piorar.
De repente, através da névoa, cheirou algo absolutamente podre. Era tão ruim, que sufocou e tossiu. Muito.
Mas trouxe tudo de volta ao foco. Bubba, Caleb, Dra. Burdette e Mark estavam amontoados ao redor ele.
Mark puxou a mão de volta do rosto de Nick. - Veja! Urina de pato não é apenas disfarce para zumbi, funciona como sais de cheiro.
Nick tossiu muito mais, depois limpou a garganta. -Essa é a porcaria mais desagradável do planeta, Mark. Por favor, não faça isso novamente. Eu prefiro que
você me dê choques... ou até atire em mim.
- Sim - Mark disse com uma risada retorcida, - mas funcionou, não é?
Nick fez uma careta de desgosto quando Dra. Burdette inclinou a cabeça para trás e passou a luz por seus olhos.
- Você está um pouco suado. O que você almoçou?
- A mesma coisa que Caleb. Bolo de carne, purê de batatas, dois pacotes de batatas fritas, um enrolado de fruta, sorvete de chocolate e um Pop-Tart5.
Estava certo de que ela tinha a mesma expressão que ele teve quando cheirou a urina de pato. - Eu nem vou comentar... oh, sim eu vou. Menino, você ficou louco?
Que tipo de almoço estúpido é esse? Existe qualquer coisa remotamente nutritiva nessa lista? Ela olhou para Caleb. - E você juntou-se a ele nisso?
- Era bom, Dra. Burdette.
- Era nutritivo, - Nick disse depressa. - Nós tínhamos algo de cada grupo de alimentos.
Ela ficou horrorizada. - Como você descobriu isso?
- Bolo de carne para proteína. Enrolado de fruta, o morango Pop-Tart e purê de batatas para frutas e vegetais. Batatas fritas para grãos e sorvete como laticínios.
Tudo isso são coisas boas.
- Eu estremeço pelo o que estão ensinando aos jovens de hoje. Eu não posso acreditar que você chama esse material de comida. - Ela revirou os olhos. - Isso
é tão ruim quanto a época que eu peguei o Michael abrindo buracos em todos os meus biscoitos e despejando xarope neles para jantar e bebendo um pacote de seis de
Coca-Cola enquanto fazia isso.
- Ei - Bubba disse defensivamente. - Isso foi umas das minhas melhores refeições.
- Só se você quisesse entrar em um coma diabético.
Nick riu, então ficou sério um momento. Dra. Burdette estreitou olhar nele. - Desculpe, minha senhora... mas me sinto muito melhor agora.
Ela não se convenceu. - Você só está dizendo isso para eu deixá-lo sozinho?
- Não, senhora. Eu realmente me sinto normal de novo.
A dúvida nublou seus olhos. - Deixe-me chamar sua mãe para vir buscá-lo. Não precisa ficar andando por aí à toa.
- Eu posso levá-lo, Dra. Burdette.
Ela franziu a testa Caleb. - Você tem certeza?
Ele assentiu. - Vai ser um prazer. Dessa forma a Sra. Gautier não terá que deixar o trabalho e ficar chateada.
- Certo. - Ela voltou-se em direção a Nick. - Mas se você começar a sentir qualquer coisa anormal novamente, chame-me imediatamente. Entendeu?
- Sim, senhora.
Balançando a cabeça, ela bateu levemente no ombro de Nick e virou-se de forma que ele pudesse se levantar.
Bubba deu-lhe a pequena sacola com a memória RAM de Kyrian. - Você tem certeza que está bem?
- Sim. Excelente.
- Tudo bem, então. Tenha cuidado.
- Eu terei.
Caleb o levou para fora da loja e atrás para a calçada. No momento em que estavam sozinhos e a porta estava bem fechada, ele enfrentou Nick. - O que você não
disse a eles?
Isso era uma pegadinha? - Você sabe o que eu não disse a eles. Parecia como se algo estivesse arranhando dentro de mim, tentando sair e fazer um Nick-kabob6.
Como quando meus poderes me pegam e eu não consigo controlá-los. Mas não foi do mesmo jeito. Não realmente... ah, droga, eu não sei. Foi apenas estranho. Você tem
alguma ideia do que causou isso?
Caleb balançou a cabeça. - Pode ser muitas coisas. Talvez uma mudança na sequência do tempo.
Um calafrio desceu pela espinha de Nick quando pensou em Ambrose, que ocasionalmente vinha do futuro para ajudá-lo. - Como assim?
- Ao contrário da maioria de nós, algumas entidades não-humanas, podem sentir sempre quando alguém mexe com o tempo. Enquanto não temos nenhuma pista se foi
alterado, Malachais sabem... ou pode ser a manifestação da competição de poderes. Como um sistema de alerta para deixá-lo saber que algo está na cidade e que poderá
sangrá-lo. Pense nisso como um sentido aranha.
Sim, mas ele não queria saber nada daquilo. - Isso não é reconfortante.
- Não deveria ser. - Caleb adiantou-se.
Nick pegou seu braço e o puxou para uma pausa. - Só isso? São as únicas duas coisas que pode ter sido?
- Não. Poderia ser Noir tentando chamar você para o Reino Nether. Ou um Guarda Fringe ou outro caçador de recompensas entrando ou passando na loja de Bubba.
Poderia ter sido um deus que estourando no Santuário para um lanche... ou um milhão de outras coisas. Seja o que for, são seus poderes tentando recarregar, de modo
que possa enfrentar qualquer ameaça que pode estar vindo em sua direção.
Oh, ótimo. Era só o que queria. Outra pessoa lá fora para pegá-lo.
- Seus poderes fazem isto, também?
Caleb assentiu.
Isso lhe deu esperança. - Então você sentiu isto alguns minutos atrás?
- Não, mas o que quer que seja significa que estão atrás de você e não atrás de mim. Ou pode ser que não seja forte o suficiente para que eu precise carregar
meus poderes para lutar contra. O sistema de aviso só sai quando você precisa preparar-se para a batalha.
Sim! Eu.
Assim que Caleb terminou, outra onda estranha passou por Nick e com ela veio uma clareza sobre seu amigo. Algo que ele nunca desconfiou.
Foi a razão pela qual o poder de Caleb não recarregou naquele exato momento.
- Você é um semideus.
Suas feições empalideceram, Caleb recuou. Ele estreitou o olhar em alerta.
- O que você disse?
Nick fez uma pausa quando buscou a fonte daquela revelação. Mas não existia nada mais tangível do que um sentimento de certeza profunda em seu estômago. Sabia
de fato que Caleb era um deus antigo e importante. - Você é, não é? É por isso que você é mais forte do que outros demônios de nível médio. É porque você era um
general na Primeira Guerra. Você pode extrair os poderes de seu pai.
Um escudo desceu sobre Caleb, impedindo Nick de sentir qualquer outra coisa sobre ele, até seu humor. - Você não sabe o que está falando.
- Sim, certo. Você sabe que mente para mim. - O detector de mentiras era o único poder que Nick tinha que nunca falhava.
Os olhos de Caleb brilharam laranjas vivo em aviso. - Deixe esse assunto, Nick. Agora.
Por quê? Porque isso o incomoda? Se Nick tivesse sangue de um deus, dançaria em volta do quarteirão e diria a todo mundo e suas galinhas. Em voz alta. Droga,
ele provavelmente tatuaria isso na testa.
- Por que não me contou?
- Não faça perguntas que você não queira saber a resposta, - Caleb rosnou.
E naquele momento, Nick viu o gatilho de raiva de Caleb em sua mente tão claramente quanto viu a ira no rosto de Caleb.
Profundamente no passado, Caleb esteve em frente de seu pai, que se parecia tanto com ele que era difícil distingui-los. Mas Nick sabia que a armadura preta
de Caleb parecia sangrar sozinha como camuflagem para que ninguém soubesse se Caleb estava ferido em uma batalha. O cabelo preto de Caleb era mais longo e caia em
ondas sobre os ombros. Uma barba curta bem feita espalhava-se em suas bochechas quando ele confrontou o deus que era seu pai.
- O que você fez?
Seu pai rangeu os dentes em uma raiva que rivalizava com Caleb. - Não é o que você pensa.
- Não é? Você liquidou todos nós... Inclusive eu.
- Eu não tive nenhuma escolha.
Caleb riu amargamente. - Todos nós temos escolhas, velho. - Deu um sorriso de escárnio ao pai. - Pelo menos finalmente sei com certeza onde caio em seus afetos.
Não que não soubesse antes... obrigado pela confirmação. - Com aquelas palavras, sua pele humana transformou-se naquela de um demônio... como se Caleb não quisesse
reivindicar aquela parte de si. Ele enterrou o capacete na cabeça e começou a se afastar, mas seu pai o pegou pelo braço.
- Eu amo você, Murahn.
Caleb puxou o braço. - Eu não sou teu filho, - rosnou entre os dentes cerrados, - então não finja o contrário. Não sou nada mais que um subproduto indesejado
de seu desejo por um demônio que não possui nenhum instinto materno. Você deveria ter deixado ela me devorar no momento em que fui gerado. Mas não se preocupe. Eu
não vou envergonhá-lo novamente reclamando-o. Até onde me preocupo, eu nasci órfão. - Com isto, Caleb agitou suas asas e alçou voo, deixando seu pai para trás estremecendo
em dor.
Nick desesperadamente quis saber o que seu pai fez para prejudicá-lo, mas seus poderes não cooperavam. Tudo que tinha era aquela parte minúscula do passado
de Caleb.
E se entendia alguma coisa, era de conflito paterno. Sua relação com o próprio pai fez o de Caleb parecer normal.
Mas no fim, uma coisa ficou clara. Ele odiava machucar seu amigo de qualquer forma. E nada machuca mais que memórias ruins.
- Eu sinto muito, Caleb. Não falarei disso novamente, certo? Tudo o que está entre você e os seus fica entre você e os seus. Não é da minha conta.
Caleb respirou de forma irregular. - Você só acabou de descobrir o que é nascer mestiço. O que é sentir-se rasgado entre duas culturas e duas partes opostas
de si próprio. Eu tive essa batalha em toda a minha existência e honestamente, é uma porcaria. É exatamente como ser rasgado entre duas mulheres. A melhor coisa
a fazer garoto... é decidir com qual delas você quer ficar e ignorar a outra.
- E se não puder?
- Então você está realmente ferrado e nunca conhecerá qualquer tipo de paz. As lealdades divididas não trabalham para ninguém.
Quando Nick abriu a boca para responder, outra imagem passou por sua mente. Era uma de Caleb e outros seis homens que formavam uma parede formidável contra
seus inimigos. Um poder feroz emanava deles enquanto esperaram para confrontar o que quer que estivesse vindo contra eles. Não sabia o que aqueles outros homens
eram, se eram demônios, deuses, ou algum outro grupo, mas era óbvio que tinham sido irmãos, se não por sangue, então por vínculo.
- Quem eram seus aliados quando você lutou contra meu pai na Primeira Guerra?
Caleb bufou. - Eu nunca lutei contra seu pai, Nick. Eu levei meu exército contra o primeiro Malachai.
Aquilo o atordoou. - Mas eu pensei...
- Você é um descendente direto do primogênito, mas existiram vários Malachais antes de seu pai. Adarian viveu mais tempo que todos. Vários só duraram alguns
anos... longo o suficiente para gerar um substituto e depois se foram.
E a única coisa que fez aqueles Malachais tão diferentes de Nick era que cada um soube o que eram desde o nascimento. Nick foi o único Malachai que nasceu
achando que era humano.
Foi duro acordar um dia e saber que tudo o que pensou que sabia sobre si mesmo era uma mentira. Que nada em seu passado era o que parecia ou que foi dito.
Que seus pais não eram quem ou o que acreditava ser.
Ele ainda estava lutando arduamente para acreditar todos os dias.
Cara, mas às vezes era impossível. Tudo mudava tão rápido que fazia sua cabeça girar até mais do que dentro da loja de Bubba.
Ontem, ele era um menino pobre cuja maior preocupação era manter as boas notas e chegar à escola no horário - andando com sua mãe para casa sempre que ela
trabalhava até tarde. Agora ele tinha dois anos de formação com um trabalho que continha um pouco de responsabilidade e segredos. E pensava que era o homem da casa
quando era uma criança, agora entendeu completamente o que cuidar de sua mãe realmente implicava. Como sua segurança dependia de toda decisão que tomava. Um movimento
errado e sua vida acabaria... por causa dele.
Sem mencionar que seu corpo estava mudando e crescendo mais rápido do que podia acompanhar, e como se isso não bastasse...
Ele era um maldito demônio que metade do universo queria caçar e matar.
Inclusive sua namorada.
E a única coisa que tinha do seu lado... os poderes estúpidos que mais atrapalhavam do que ajudavam.
Obrigado por isso, universo. Ainda bem que você me escolheu.
Fechando os olhos, Nick suspirou. - Eu sou muito jovem para lidar com tudo isso.
Caleb bufou. - Eu conheço o sentimento.
Sim, certo. - Você está a milhares de anos de idade.
- Eu não nasci com essa idade, Nick, e por causa dos meus pais eu também tive uma recompensa por minha cabeça quando era uma criança. Então eu realmente sei
o que você está sentindo. E é um lugar duro para chamar de lar. Confie em mim, eu tive aquele endereço todos os dias de minha vida.
Uau. Caleb podia realmente compartilhar. Esta foi a primeira vez.
- Como você sobreviveu? - Nick perguntou a ele.
- Eu tive um tio que me protegeu. Ensinou-me como lutar e proteger-me e proteger meus poderes. Acima de tudo, me ensinou a compreender quando eu devia tomar
parte em uma guerra e quando eu devia ir embora e deixá-la acontecer.
- Ultimamente, não tenho notado você fazendo muito isso.
Caleb riu. - Nós temos muito em comum, Nick. Teimosos e estúpidos até o núcleo de nossas almas.
Sim, mas era o que chamavam de uma amizade suficiente para Nick sempre confiar em Caleb em sua retaguarda? Ou Caleb iria um dia tentar matá-lo, também?
Só o tempo diria.
Tempo...
Ah, merda!
Nick olhou o relógio e estremeceu quando percebeu o quão tarde ele havia chegado. - Posso pegar uma carona até a casa de Kyrian?
- Claro. - Caleb o levou de volta para a escola, onde seu Porsche preto 911 Cabriolé turbo estava estacionado. Não havia passado muito tempo desde que Nick
ficava intimidado por um carro tão caro que tinha até medo de tocá-lo.
Engraçado como as coisas mudavam rápido. Agora, ficava ao redor de tantos carros caros que começava a pensar nisso como normal. Quem teria imaginado isto?
Definitivamente não ele.
Nick abriu a porta do carro para entrar e parou quando avistou vários colegas deixando o prédio. Dois deles gritaram uma saudação para Caleb, que os ignorou
completamente, como ele sempre fazia. Caleb odiava ter que desempenhar seu papel de Sr. Jock Popularidade7. Todo mundo na escola pensava nele como uma criança rica
cujos pais estavam sempre em viagem.
Se eles apenas soubessem a verdade...
Eles provavelmente explodiriam em chamas ou teriam um derrame e morreriam de incredulidade.
Deixando aquele pensamento de lado, Nick entrou e prendeu o cinto de segurança. - Tente manter abaixo de noventa, certo?
Caleb riu quando ligou o motor e depois pisou fundo. Nick prendeu a respiração quando eles viraram a esquina tão rápido que teve a certeza que duas rodas saíram
do chão.
- Pensando bem eu devia ter tomado um bonde - murmurou baixinho.
Caleb reduziu a marcha. - Você luta com exércitos que querem matá-lo e meu modo de dirigir é o que assusta você? Sério?
- Tenho que dizer que essa é uma grande afirmativa.
Caleb balançou a cabeça e riu. - Não se preocupe, Nick. Você está seguro como um bebê na minha presença. Eu não posso me permitir deixar que qualquer coisa
aconteça a você.
Isso seria mais confortante se eles não estivessem cambaleando dentro e fora do trânsito a toda velocidade. Porque os imortais amavam acelerar e costurar entre
os carros? Pensando nisso, nenhum deles já fez ou passou por um teste para licença de motorista...
Ajude-me.
A boa notícia é que não demorou muito para ele chegar à casa de Kyrian. Sobretudo por que estavam viajando na velocidade do som.
Nick soltou um suspiro aliviado por chegar em segurança. - Para sua informação, acho que posso ter manchado seu assento. Você provavelmente vai querer limpar
isso mais tarde.
Caleb parou o carro apenas a um milímetro do portão fechado de ferro fundido de Kyrian. - Está tudo bem. Eu vou comprar um novo.
- Certo, então. Hasta mañana. - Nick saiu do carro e pegou sua mochila no chão. Nem bem fechou a porta e Caleb arrancou.
Não sabia com certeza o que Caleb fazia quando não estava por perto. Caleb recusava-se a entrar em detalhes sobre seu tempo livre. Então novamente, recusou-se
a comentar a maioria das coisas.
Assim como o chefe dele, Kyrian e seu amigo, Acheron. Outra coisa que os imortais tinham em comum, aparentemente.
Você também não fala muito sobre si mesmo.
Verdade. Não gostava de pessoas ao redor de si. Dessa forma não doía tanto quando fossem embora.
Talvez fosse problema deles, também. Fazia sentido. Uma vida meio humana não era nada quando se vivia para sempre. Era como possuir um cachorro dinamarquês
(dogue alemão). Logo que você conseguia fazer com que ele ficasse bom e domesticado, a velhice o reclamava e eles iam embora e você ficava sozinho novamente.
Sim, isso seria duro de lidar. O céu sabia que Nick tinha uma fobia mortal séria em todo caso. Não podia suportar essa ideia.
Tentando apagar isso da mente, Nick inseriu o código no portão e esperou que abrisse.
Assim que abriu o suficiente, se dirigiu para a entrada curva de carros que levava à mansão de arquitetura Antebellum que Kyrian chamava de casa. Era um lugar
impressionante com pórticos de cima abaixo. O tipo de casa que lembrava um bolo de casamento.
E quando caminhou para mais perto, sentiu outra sensação estranha passar por ele... como uma experiência fora do corpo. Viu a si mesmo do alto, nas nuvens.
Não havia nenhuma dúvida que era Nick Gautier caminhando, mas parecia algum outro personagem desconhecido em uma tela de TV. Como se estivesse completamente separado
de suas emoções e corpo.
O que está acontecendo comigo hoje?
Felizmente, seu telefone vibrou no bolso. Aquela sensação fez seu corpo retornar a realidade e o reconectou às suas emoções.
Nick pegou o telefone para ver uma mensagem de Casey.
Oi, querido. Ouvi dizer que ficou livre mais cedo. Quer comer alguma coisa?
Nick fez uma careta, depois depressa digitou uma resposta. Acho que você quis enviar isso para o Stone.
Ele apenas acabou de digitar quando ela respondeu.
Ha, ha, Nick. Eu sei para quem estou escrevendo. Então você está com fome? Quer sair por algum tempo?
Sim, este dia não poderia ficar mais estranho.
Bem, exceto por outro ataque de zumbis de Madaug ou um assalto de demônios.
Tenho que trabalhar. Desculpe.
Mal enviou aquela mensagem quando ela voltou com outro texto. Caramba, aquela garota podia martelar palavras.
Ligue-me quando sair. Estarei aqui.
Nick estava tão atordoado que teria trombado diretamente na porta da frente se Rosa não a abrisse primeiro. Quase da mesma altura da mãe de Bubba, Rosa tinha
o cabelo grisalho. Em seus quarenta e poucos anos, era empregada de Kyrian e mais como outra mãe para Nick.
- Está com algum problema, Sr. Nick? - Ele sempre amou o modo que ela dizia seu nome com seu sotaque espanhol pesado. Era tão legal.
- Nenhum, Rosa. Estou só tentando entender uma menina da escola.
Ela riu e andou para trás, de forma que ele pudesse entrar na casa. - Não há o que compreender quando se fala em mulheres, mi hijo. Nós somos criaturas misteriosas.
- Sim, sim vocês são. - Deslizou o telefone para o bolso. - Kyrian já está acordado?
Ela fechou a porta e puxou o pano de seu ombro. - Sí. Ele está no chuveiro.
- Incrível.
Rosa fez uma careta para ele. - Você se sente bem, Nick? Você parece um pouco pálido.
Isso era outra coisa de Rosa, não se podia esconder nada dela. - Sim, senhora. Apenas tive um dia ruim.
Ela fez um beicinho para ele. - Gotas de chocolate o ajudariam a sentir-se melhor?
Imediatamente deu um sorriso para ela. - Ah, Sra. Rosa, você é uma dádiva de Deus. Sim, isso ajudaria a melhorar o meu dia exponencialmente.
Erguendo-se nas pontas dos pés, ela arrepiou seu cabelo. - Estão na cozinha, mi hijo. Ainda mornas e grudentas. Vá pegar algumas você mesmo.
- Muchas gracias!
- De nada.
Com passos rápidos, Nick correu para a parte de trás da casa, então parou quando sentiu uma presença lá que não era normal. - Rosa? - Ele gritou. - Acheron
está aqui? - Ele sempre deixava uma sensação estranha no ar.
- Não. Só você, eu e Kyrian.
Estranho. - Certo. Obrigado.
Ainda assim, ele não conseguia afastar a sensação quando fez seu caminho para o balcão da cozinha para pegar um punhado dos deliciosos biscoitos de Rosa. O
cheiro estava suave, mas não conseguia superar o formigamento estranho. Fazia a pele de trás de seu pescoço se arrepiar.
Ele engoliu um biscoito e procurou ao redor, buscando a fonte de seu desconforto.
O que...?
Você vai morrer. - A voz incorpórea que vinha do corredor era do gênero neutro.
Com seu coração martelando, Nick procurou em todos os lugares, tentando achar a fonte disto.
Não havia nada. Ele estava completamente sozinho na cozinha.
- Quem é você? - Perguntou de volta em um tom baixo de forma que Rosa não pudesse ouvir e pensasse que estava louco. Saiu do balcão em direção à porta de seu
escritório, então ela se fechou de repente.
Eu sou um ceifeiro e você é minha recompensa.
CAPÍTULO 4
- Venha para o papai, idiota, - Nick rosnou para a voz, soltando a mochila no chão do escritório que ele dividia com Rosa. E preparou-se para a luta. - Este
Cajun não é derrubado por qualquer coisa. Se acha que pode me levar é melhor trazer alguns amigos.
A porta de trás abriu-se. Nick virou-se, pronto para lutar com qualquer coisa que estivesse lá.
Assim que viu quem estava entrando, respirou fundo. Era um homem gigante de quase dois metros de altura. Usava um par de óculos de sol opacos que escondiam
seus olhos. Vestindo-se de preto e com longo cabelo roxo, parecia à primeira vista não ter mais que vinte anos, mas a ferocidade de sua presença dizia a todo mundo
que era muito mais do que aparentava.
Que era mau o suficiente para derrubar alguém burro o suficiente para desafiá-lo.
E felizmente, era um dos melhores amigos de Nick.
Nick rosnou para ele. - Maldição, Ash. Você me assustou. Poderia, por favor, bater de vez em quando?
Uma batida soou na porta que estava aberta atrás da forma gigantesca de Acheron. - Melhor?
Para falar a verdade não. Era um tanto assustador. Mas pelo menos sabia sobre os poderes sobrenaturais de Acheron e seu humor excêntrico, então a batida incorpórea
não foi tanto uma surpresa. Como líder dos Dark Hunters e membro mais velho do seu grupo, as habilidades psíquicas de Ash eram ferozes e assustadoras. As pessoas
tinham pesadelos.
Mas Nick não temia quase nada, e Ash definitivamente não estava mais naquela lista.
Rolando os olhos, suspirou. - Um pouco tarde para a batida, amigo.
- Desculpe. Eu não percebi que estava tão nervoso. Esqueço que os adolescentes são como filhotes de cachorro. Tensos e nervosos sem nenhuma razão aparente.
Temos sorte por você não ter sujado o tapete, hein?
- Ha, ha. Olhe para você, T. Rex, nasceu antes que as portas fossem inventadas e não sabe o protocolo adequado. Só para esclarecer. Bate-se antes de entrar
em um cômodo.
Ash soltou um suspiro grave quando tocou a sobrancelha com o dedo médio. - Só para constar, tínhamos portas onze mil anos atrás. Como muitas outras coisas
que vocês erroneamente levam crédito, vocês não inventaram tudo.
Nick bufou. - Hum-hum. É o que dizem os povos antigos. Então o que você está fazendo aqui?
Ash enfiou as mãos nos bolsos de sua jaqueta de motociclista que tinha uma caveira e ossos pintados por toda parte. - Respondendo aquela mensagem louca que
você me enviou da escola. Por que você de repente está curioso sobre demonologia?
Existia algo em Ash tão digno de confiança que Nick quase disse tudo a ele. Mas Ambrose foi enfático ao dizer para ele manter Acheron fora de sua vida tanto
quanto possível... por causa de Ash, tanto quanto por sua própria causa. E enquanto Nick não confiasse em seu futuro, não tinha nenhuma razão para duvidar das advertências
de Ambrose. Especialmente por que Ambrose sabia sobre o futuro e exatamente o que aconteceria com Nick se ele não mudasse as coisas.
Então optou por uma verdade parcial. - Um esteve à solta na minha escola, assim eu pensei, já que estou agora no meio deste seu mundo tão-divertido, deveria
aprender sobre eles para o caso de outro decidir usar o St. Richard's ou me usar como um playground... então você conhece alguns bons livros sobre esse assunto?
Acheron riu com vontade. - Isso é algo que pensei nunca ouvir saindo da sua boca. Pelo menos não, a menos que envolvesse hentai ou mangá.
Nick bateu no joelho em um grandioso gesto, sarcástico. - Você é tão hilário. Sabe, se todo este show de matar Daimon não funcionar, você devia realmente considerar
ser um comediante. O cabelo de Barney colorido brilhante ajudaria para o entretenimento geral.
Acheron sorriu, mostrando um pouco das presas. Com mais de onze mil anos, Ash sabia praticamente tudo sobre qualquer coisa. Mas ao contrário da maior parte
dos professores de Nick, não era arrogante ou condescendente sobre isto. E quando explicava o passado, era realmente interessante, especialmente porque se sabia
que ele viveu aquilo e estava falando por experiência própria.
- E um dia, garoto, esse seu senso de humor vai fazer você ser comido por algo horrível.
- Assim dizem.
Com uma expressão que dizia que era menos que divertida, Ash roçou o polegar ao longo da extremidade do lábio. - O melhor livro que conheço está encadernado
em carne humana e escrito com sangue. Não tenho certeza se você gostaria que lhe desse isso, e ele é escrito em cuneiforme.
- Cune o quê?
- Exatamente meu ponto, Nick... Cuneiforme. Sumério antigo. Não é exatamente algo que ensinam no ensino médio.
Foi o que imaginei. Nick fez uma careta. - Esse que é o bom, então?
- Muito. É o livro definitivo sobre toda subespécie de demonkyn eurasiano e africano. Não há uma raça naqueles continentes que não está bem documentada, até
como prender e matá-los. Mas, não tem nada sobre americano, australiano ou demônios da Antártica.
Aquele última informação o derrubou. Ash estava falando sério ou de brincadeira novamente? - Tem demônios na Antártica?
- Sim, - Ash respirou. - Não estavam sempre cobertos por gelo. Isso era só uma precaução quando os enterraram. Sem mencionar que existem alguns continentes
pequenos afundados ao redor, como Mu, Asmayda, Lumeria, Vlaanderen e o propriamente chamado Satanazes, que se traduz para a Ilha de Demônios. Existe uma boa razão
para nenhum humano viver no Polo Sul. E por que muitos nunca retornaram de suas viagens de lá.
Nick estreitou o olhar em Acheron. - Você está brincando comigo, não é?
- Não. Existe muita história humana que não está escrita. Às vezes por boas razões e existem toneladas de coisas como os poderes constituídos que a humanidade
não quer se lembrar ou descobrir. E o que está escrito não está sempre certo. As pessoas distorcem as coisas o tempo todo para parecerem melhores.
- Como?
- Bem, se você perguntar ao deus Apollo o que aconteceu em Atlântida, ele dirá que a afundou. Platão, por outro lado, culpa Poseidon pelo afundamento. Keetoowah
diz que foi um demônio cabeludo loiro que a aniquilou.
- E a verdade? - Nick perguntou.
Acheron deu de ombros. - Eu não sei. Eu estava temporariamente morto quando minha casa foi sugada pelo oceano. Continuo assistindo o Canal de História esperando
um esclarecimento, mas até agora... nada.
Nick riu de seu tom seco. - Você está mentindo para mim.
Acheron arqueou uma sobrancelha. - O que faz você pensar isso?
- Eu não sei. É um pressentimento que tenho de que você sabe exatamente o que aconteceu à sua pátria, mas não quer compartilhar.
A postura de Acheron e sua expressão não entregava nada. O homem tinha aqueles poderes de cara de pôquer. - O que posso dizer? Tenho uma história longa de
não lidar bem com outros.
Sabendo que Acheron era até menos provável de compartilhar coisas que Caleb, Nick mudou de assunto. - Então quantas classificações de demônios existem?
- Milhares. Toda cultura tem seu próprio grupo.
- Você não pode ser mais específico?
Ash deu de ombros. - Se eu pensasse nisso, mas sinceramente? Quem se importa?
- Eu me importo. Então qual o número exato?
- Nove mil, duzentas e doze subcategorias.
Agora isso era muito, e Nick era um deles. Não, Nick era o rei deles, ou seria um dia.
Mas Acheron não sabia disso. E Nick não estava disposto a contar. Especialmente por que Acheron tinha um hábito de matar um tipo de demônio particular entre
os seres.
Entretanto, foi impressionante que Acheron pudesse tirar o número exato do éter. Seus poderes realmente eram aterrorizantes. - Você conhece todos eles?
- Não pessoalmente. Ao contrário do que você pensa, nem todo ser sobrenatural ronda no Bar Sobrenatural local procurando por humanos e encontros.
Nick soltou um suspiro irritado. - Não foi isso que eu quis dizer. Você conhece todos os tipos diferentes?
- Sim, e já conversamos sobre isso antes. Você gostaria da lista alfabética, regional ou cronológica?
Nick rolou os olhos novamente. - Eu o acusaria de ser sarcástico, mas tenho o pressentimento de que você realmente poderia nomear todos nessas ordens.
- Sim, eu posso. Mas dito isto, não sei tudo sobre todos eles. Alguns deles não estão no reino humano, então eu nunca tive a chance de cruzar seu caminho.
Alguns estão extintos e estavam assim até quando eu nasci. Outros são grandes dores no meu traseiro há mais tempo do que deviam ser.
Um frio esquisito passou pela espinha de Nick naquela última parte. Foi algo que Ash disse sobre ele. Muito. Ash possivelmente podia saber o que ele era?
Não, existia nenhuma possibilidade. Ash não teria sido tão indiferente sobre isso se soubesse. De fato, dada sua devoção pelos humanos, Acheron provavelmente
o mataria se já soubesse que Nick era um Malachai.
- Acheron, eu não sabia que você ainda estava na cidade.
Ash girou quando Kyrian juntou-se a eles no escritório de Nick e Rosa. Com um metro e oitenta de altura, Kyrian não erguia o rosto para muitos homens, mas
Ash era um dos poucos. Loiro, bem musculoso e com características que um modelo de capa invejaria, ele tinha uma presença tão feroz quanto Acheron. Seus cachos loiros
estavam puxados para trás e molhados do banho, mas estava vestido com seu habitual estilo preto de grife.
Em sua vida humana, Kyrian foi um general e um príncipe grego famoso. Aquela aura de nobreza dominante ainda exalava de todo gesto preciso que fazia. Até sua
posição dizia, "curve-se diante de mim ou cortarei sua garganta".
Ash apertou a mão de Kyrian. - Devido à estranha vibração que sentimos ontem à noite, decidi ficar mais um pouco.
Nick fez uma carranca. - Que vibração estranha?
Kyrian esfregou o ombro como se tivesse sido ferido na noite anterior. - Nós achamos um grupo de Daimons que de fato resistiram com muita habilidade, em vez
de fugir como normalmente fazem.
- Você os pegou?
- Não, - Acheron respondeu antes que Kyrian tivesse uma chance. - Que é outra razão para que eu tenha ficado um pouco mais do que o planejado.
Kyrian olhou para Acheron. - Sabe, Acheron, liderei exércitos inteiros contra o melhor de Roma. Acho que posso lidar com isso sem uma babá.
- E quando estava subindo contra Roma, ouso dizer que tinha mais pessoas com você em seu exército, por exemplo, Xander e Talon.
- Eu realmente odeio quando você usa a lógica contra mim. - Kyrian cruzou os braços no peito.
- Xander? - Nick perguntou a Acheron, refletindo sobre o nome desconhecido.
- Outro Dark Hunter aqui em Nova Orleans.
Nick ficou boquiaberto. - Há um terceiro Dark Hunter e agora que vocês estão me dizendo isso?
- Na verdade, nós temos quatro aqui, - Kyrian disse. - Mas Rogue fala até menos do que Xander.
Nick olhou de um para outro. - E... por que estou descobrindo somente agora sobre isso?
Ash deu de ombros. - Você precisava saber... e não sabia.
Sim, ele falou muito sobre como eram reservados e o fato de que, como empregado humano de Kyrian, Nick deveria estar a par de tudo sobre os Dark-Hunter, especialmente
o que lhe interessasse ou importasse. - Vocês não estão com medo que eu encontre um deles e crave uma estaca nele por engano?
- Não - disse Ash. - Eles não são loiros. Essa é a única razão porque contamos sobre Talon. Imaginamos que se encontrasse casualmente Xander ou Kit, você pensaria
que eles eram alguma outra espécie.
Isso era algo que sabia sobre Daimons, caso não se misturassem com outra espécie, eles eram todos loiros naturais.
- Quem é Kit? - Nick perguntou com uma careta. - É outro?
Kyrian balançou a cabeça. - O verdadeiro nome de Rogue não é Rogue. Seus pais não eram tão cruéis. O nome dele é Christopher Boughy, ou Kit.
- Por que ele usa Rogue, então? Ele é fã dos X-men?
Ash suspirou. - Para sua informação, eu não faria essa brincadeira perto dele. Duvido que seu grande mau humor seja divertido e ele tende a ser rápido com
uma lâmina na garganta. No século dezoito ele era um assaltante inglês conhecido como o Rogue Negro. Rogue para encurtar.
- Oh.
- Então, Acheron, - Kyrian disse, sequestrando sua conversa. - O que aconteceu com seu carro? Eu vi o para-choque. Como não é do seu feitio bater em qualquer
coisa...
Nick encolheu-se quando Acheron girou em sua direção com uma sobrancelha arqueada.
- Ei, - Nick disse, levantando as mãos em sua própria defesa, - não foi minha culpa. Eu estava cuidando da minha própria vida quando aquela lixeira suicida,
veio do nada e pulou na frente do carro.
- Ela estava no meio-fio, Nick, - disse Ash secamente. - Junto com vários pedestres gritando, correndo para salvar suas vidas.
- Essa é a sua história. Eu vou ficar com a minha... e deveria haver uma lei sobre latas de lixo homicidas e multas para as pessoas que as colocam na rua.
Elas são realmente perigosas. Só dizendo.
Kyrian meneou a cabeça. - E me pergunta por que não me ofereci como voluntário para ensiná-lo a dirigir?
- Eu sei por que você não se ofereceu. Eu, por outro lado, preciso de uma avaliação psicológica por ser tão estúpido.
- Sem comentários, pois nunca fui tão estúpido a ponto de insultá-lo intencionalmente. - Kyrian cravou uma careta em Nick. - Então, garoto, você conseguiu...
- Aqui, chefe. - Sabendo o que Kyrian queria antes que terminasse a frase, Nick puxou a memória RAM do bolso. - Vou instalá-la primeiro. Também enviei uma
mensagem de texto a Kell sobre suas botas e ele disse que seu escudeiro reenviou-as ontem, mas sua espada ainda vai levar uma semana. Ele está esperando uma remessa
de titânio que costuma usar para fundir as lâminas. Então chequei com Liza para ver o que ela tinha no estoque. Ela disse que tem uma espada pequena se você quiser
experimentar enquanto espera a substituição. Se estiver interessado, eu posso pegar antes de sair hoje à noite e pedi para Kell para fazer mais quatro espadas auxiliares,
de forma que não tenha que esperar no futuro se a principal e a segunda ficar presa.
Kyrian inclinou a cabeça para Acheron. - Vale cada centavo do salário.
- Sim, estou pensando na clonagem dele. Nós podíamos ganhar uma fortuna vendendo os direitos sobre o Nick.
Kyrian riu e acenou com a cabeça para Nick. - Eu vou deixá-lo com seus afazeres até o pôr-do-sol. Se quiser se juntar a mim um pouco, posso mostrar-lhe mais
técnicas de combate com espadas.
E com isso, deixou o escritório.
Acheron retornou a discussão anterior. - Então, existe algum demônio sobre quem você quer saber em particular?
Não faça isso.
Mas antes que seu bom senso pudesse prevalecer sobre sua estupidez, deixou escapar aquela coisa que mais queria saber. - Já ouviu falar de um Malachai?
A mandíbula de Acheron relaxou, confirmando que tinha mais que um conhecimento sobre a espécie de Nick. - Onde ouviu esse termo?
Sim, ok, era um assunto sensível para Acheron, também.
- O demônio em minha escola mencionou um. Você sabe alguma coisa sobre eles?
- Mais do que quero.
- Como assim?
Ash fez o que fazia melhor... desviou de uma pergunta pessoal para uma resposta genérica. - Um Malachai é um dos mais antigos demônios. Resta apenas um, então
é provável que você nunca vá topar com ele.
Se ao menos tivesse essa sorte.
Agora para testar exatamente quanto conhecimento Ash tinha de seu pai.
- Você sabe onde ele está?
Acheron balançou sua cabeça. - Ninguém sabe. Ele escapou de seu mestre há séculos e esteve desaparecido desde então.
Nick teve que dar crédito ao seu pai. Ele podia ser um idiota de primeira, mas sabia como se proteger.
- Sabe como ele surgiu?
Ash fez uma carranca. - Você parece estar mais do que curioso sobre isso.
- Estou. Quero saber por que o demônio estava falando sobre ele. Existe algo realmente especial sobre um Malachai?
- Sim, se você realmente quiser mutilar pessoas ou acabar com o mundo como nós o conhecemos, é a ele que você tem que invocar. Ele foi o primeiro dos destruidores
demoníacos e sua raça gerou muitos demônios subsequentes e mais conhecidos. Por sorte, nenhuma das crianças possui os poderes de seus pais. Em vez disso, elas são
versões diluídas do Malachai.
- Sério? - Aquilo não foi o que disseram para Nick.
Ash acenou com a cabeça. - A única exceção é a linhagem do Malachai original. O primogênito sozinho pode gerar uma criança até mais poderosa do que ele.
Certo, isso explicava os poderes de Nick e por que eram tão perigosos.
- Você sabe por quê? - Nick perguntou.
- Para falar a verdade, não. Mas suspeito que tenha a ver com o fato de que, diferentemente dos outros de sua espécie, ele nasceu de uma deusa que se envolveu
com um Sephiroth.
- O que é um Sephiroth? - Nick já sabia, mas se não perguntasse Acheron poderia suspeitar novamente.
- Eles eram parceiros e soldados dos deuses primitivos. Mas eles nunca deveriam procriar com eles.
- Então por que eles?
Acheron deu de ombros. - A deusa queria um bebê e quis que fosse poderoso, porém não dilacerado pela política do Panteão. Então, concebeu uma criança com seu
Sephiroth, que também era um semideus.
- O que fez a maldade do Malachai?
Ash fez uma pausa antes de responder. - Enquanto nasceu de uma mãe que brandia poderes sombrios, seu pai nasceu da luz. Então ele tinha uma chance de cinquenta
por cento sobre qual lado poderia recair. Alguns dizem que ele era decente o suficiente até a primeira guerra dos deuses. Para acabar com a guerra e salvar o mundo,
os deuses originais forjaram uma trégua que exigia, que tanto os poderes da luz quanto os das trevas destruíssem o que restava de seus exércitos. Recusando-se a
matar seu próprio filho, a deusa fez um acordo para poupar um Sephiroth e um Malachai. Então todos foram mortos, exceto o Sephiroth que traiu seu povo e seu filho.
Então seu filho foi infundido com ódio e tornou-se psicótico quando recebeu ordem dos deuses da luz para matar a fêmea Malachai que ele havia escondido da execução.
- Ele a amava?
Acheron assentiu.
Isso deu esperança a Nick. - Eu não pensei que eles pudessem amar.
- Não se pode odiar sem amar. E Monakribos adorava sua Rubati amada. Mas quando ele se recusou a dar fim à sua vida, os deuses o enganaram. Quando estava morrendo
em seus braços, ela confessou que estava grávida e que por suas próprias ações, ele havia matado a ambos. Ele implorou aos deuses e, em particular, à sua mãe, para
salvá-los, mas ela não podia faz isto sem reiniciar a guerra que recém tinha acabado. Ao invés disso, ela permitiu que ele pudesse ter mais filhos. Mas, se eles
nascessem com suas habilidades de Malachai, para manter a trégua que havia acordado, ele teria que morrer no seu décimo aniversário ou quando surgissem seus poderes.
Cara. É um saco ser um Malachai.
Eu nunca terei filhos.
- Como ele tornou-se uma ferramenta do mal?
- Ele foi enganado para matar a mulher que amou, Nick. E seu futuro filho. A culpa e a dor o deixaram louco e intoxicaram seu sangue com ódio e veneno. É assim
que se conhece um Malachai quando se deparar com um. A menos que usem seus poderes para esconder o que são, eles não sangram vermelho. Um Malachai maduro sangra
preto.
Isso era algo para se lembrar. Até agora, estava sangrando vermelho... bom. Ainda existia esperança para ele.
- Só fica escuro quando se tornam maus?
Ash assentiu.
Agora Nick sabia o que procurar. Isso realmente ajudou muito. - Próxima pergunta. Eles têm que ser do mal?
- Essa é a questão, não é? Nós somos peões ou mestres de nossos próprios destinos? Todo ser tem que fazer essa escolha por si mesmo.
- Então é possível para um Malachai ser bom?
- Em teoria. Tal como toda outra espécie, isso depende de sua força de caráter, e das decisões que toma.
Pela primeira vez em meses, Nick tinha uma esperança verdadeira. Ambrose estava certo. Ele podia evitar o destino que o aguardava. Não tinha que se tornar
um assassino a sangue frio, afinal.
Incrível!
- Mas, - Acheron continuou, - não é fácil ir contra a sua natureza. Especialmente quando se é uma criatura da destruição. Uma explosão de temperamento ruim
e se perde toda a humanidade. Diz e faz coisas que não quer e é muito tarde para desfazer. Criaturas como o Malachai têm mais dificuldade que outros de manter seus
narizes limpos, não cedendo à escuridão que está sempre os seduzindo.
Nick fez uma careta. - Parece que você teve experiência pessoal com isso.
- Todos nós temos demônios dentro de nós, Nick. O Tsalagi tem um velho ditado "todo coração tem dois lobos". Um é o lobo branco, que é feito de amor, generosidade,
respeito, decência, compaixão e todas as coisas que são boas na vida. O lobo preto nasce do ciúme, ódio, mesquinhez, preconceito, vingança e todos os venenos da
personalidade humana. Os dois constantemente guerreiam entre si pelo domínio. E um dia, um lobo vai ultrapassar e devorar o outro.
- Sim, mas qual?
- Sempre aquele que você mais alimenta, garoto. Você alimenta bem o branco, ele cresce. Você o alimenta mal e o lobo preto o devora. Mas no final, você apenas
faz a escolha de qual lobo alimentar. E isso é verdadeiro em cada espécie e raça.
Nick acenou com a cabeça. Eu posso superar.
Não, teria que superar. Seu pai e seu nascimento não o definiriam, afinal. Estava no controle de si mesmo. Ninguém mais...
- Obrigado, Ash. Você me deu muito sobre o que pensar.
- Sem problemas. Se tiver quaisquer outras perguntas, sabe onde me encontrar. - Ash virou-se para sair.
- Espere. - Nick o parou. - Tenho mais uma. Você já ouviu falar de uma ceifeira?
- Como alguém que colhe legumes de um jardim?
Nick rolou os olhos. - Não, como algo que vai atrás de demônios?
- Não por si. Existem todos os tipos de criaturas que caçam demônios por razões diferentes. Isso, na verdade, depende do demônio e de seu país de origem, como
também aquele do caçador. E naturalmente, tem os caçadores de recompensa, que são uma espécie completamente à parte.
Nick não gostou como isso soou. - Como assim?
- Se um demônio quebra uma lei de seu panteão ou de outro, ou se alguém ou algo quiser possuí-lo ou controlá-lo, eles podem oferecer uma recompensa para qualquer
captura ou morte de um demônio. Neste ponto, os caçadores de recompensa saem com força.
Ótimo. Era só o que queria ouvir. Mais criaturas à solta para matá-lo. Sim-porra-haha!
- Alguém alguma vez caçaria um Malachai?
- Oh, sim. Todo mundo caça o Malachai. Ele é o prêmio principal de todos os tempos. Não há um demônio em toda a existência que tenha um prêmio mais robusto
por sua cabeça do que ele. Sem mencionar que se escravizar o Malachai, se tem o mal absoluto à sua disposição e não há nada que não possa conquistar.
Oh, ótimo, escravidão? E aqui Nick pensava que ser empregado de Kyrian era inibidor e degradante.
- Como se escraviza um Malachai? - Perguntou, querendo saber o que evitar.
- Com um grande exército.
- Estou falando sério, Ash.
Ele deu um sorriso sarcástico. - Você teria que enfraquecê-lo em primeiro lugar.
- E se faz isto, como?
Ash fez uma careta. - Por que está tão preocupado com isto?
Nick não ousou dizer a verdade. - Curiosidade acadêmica. Você fala sobre o mal supremo. Eu quero saber como derrotá-lo. Porque você sabe como funciona minha
sorte. E para o caso de que uma noite venha para o sul quando você não estiver por perto para me ajudar a lutar, eu gostaria de saber como feri-lo.
Ash arqueou uma sobrancelha, chocado. - Bem, já que a curiosidade acadêmica é uma novidade para você...
Nick ignorou seu sarcasmo.
- O modo mais fácil é se ele tem um filho destinado a herdar seus poderes, coloque-os juntos. O Malachai mais jovem começa a sugar o poder imediatamente. Mas
a desvantagem é que, assim que o pai estiver morto a criança então terá seus poderes e de seu pai. Então se for esperto, mata-se um e escraviza-se o outro, antes
que a criança se desenvolva completamente. Talvez não tenha um Malachai tão forte assim, mas terá apenas um e não morrerá no processo.
Sim, isso definitivamente não era atraente. Então tudo o tinha que fazer era não deixar que alguém o levasse novamente no mesmo lugar que seu pai estivesse.
Não importa onde seja.
- E o modo mais difícil? - Nick perguntou.
- Você vai com tudo e tenta prendê-lo. E boa sorte com isso.
Nick fez uma carranca. - Eu não entendi. Prendê-lo, como?
- Os três deuses primitivos que uma vez o controlaram têm um colar especial que restringe seus poderes e o impede de prejudicá-los. Essa foi a escravidão da
qual escapou. Consiga o colar, os deuses que o possuem tem que permitir que você o tenha, coloque-o no pescoço dele antes que o mate. Este é definitivamente o modo
mais difícil. - Acheron fez uma pausa. - Então, está escrevendo um livro com tudo isso?
Nick riu nervosamente. - Não. Mas acho que usarei na minha próxima experiência de D&D8. O quão legal isso seria, hum?
Acheron sacudiu sua cabeça. - Feliz caça ao dragão, garoto. Não se perca no labirinto.
Quando Ash saiu, Nick subiu as escadas para instalar a memória RAM no computador de Kyrian enquanto seus pensamentos se agitavam com as informações de Ash.
Era muita coisa para digerir e fez com que desejasse ter uma base do conhecimento de Acheron. Como seria ter o cérebro de uma enciclopédia?
Viva tempo suficiente e você terá essa resposta, também.
Verdade. Ambrose era como Acheron. Ele conhecia tudo: passado, presente e futuro.
Quando Nick chegou à escada, hesitou. Uma sensação elétrica estranha passou por ele. Parecia que alguém estava observando cada movimento.
- Rosa?
Não respondeu, o que significava que não era ela.
- Kyrian?
Novamente, nenhuma resposta.
Nick deu um passo, depois parou. - Ceifeira?
No fundo de sua mente, ouviu uma risada sinistra que o fez saltar.
Sim, certo, assustador não chega nem perto de descrever o que sentia. Havia um frio em seu sangue que corria e fez o cabelo de seus braços arrepiarem-se novamente.
- O que é você? - Ele soprou.
Morte. O sussurro era tão fraco que a princípio pensou que fosse sua imaginação.
- Sim, certo. Acontece que sou amigo íntimo da Morte e você não é ele, amigo.
Ele não é o único e não é o que vem para pegá-lo. Logo sua vida será minha.
Em vez de assustá-lo, aquela ameaça ateou fogo ao seu temperamento. Ninguém ameaçava Nick Gautier.
- Não tenho medo de você. Quer lutar... venha.
Algo atingiu a parede atrás do seu rosto. Forte. Foi tão perto que o que quer que fosse o atingiu de raspão no nariz.
Apesar do seu desafio, realmente ficou cego de susto. Era difícil lutar com algo quando não podia ver... subiu correndo as escadas e em vez de seu escritório
entrou na sala de treinamento de Kyrian.
Nick bateu a porta e lançou-se contra ela, espalhando os braços para mantê-la fechada.
Kyrian olhou de cima do saco de pancadas com uma sobrancelha arqueada. Andou para perto dele. - Você está bem, garoto?
Não. Mas, tinha muita dignidade para admitir aquilo em voz alta. - Pergunta. Esta casa é assombrada?
Com uma carranca muito mais profunda, Kyrian balançou a cabeça. - Não. Acredite em mim. Antes de qualquer Dark Hunter mudar-se para um novo local, este local
é cuidadosamente verificado sobre todo e qualquer fantasma.
Existia outra coisa que ele não disse a Nick. Quantos estavam escondendo? - Sério? Por quê?
- Somos criaturas sem alma, Nick. Então os que têm almas e nenhum corpo tendem a querer morar dentro de nós. Na verdade não é difícil para eles assumirem o
comando. Por isso os Dark Hunter não entram em cemitérios. É muito perigoso e ninguém quer um Dark Hunter possuído à solta.
Isso adicionou outro calafrio a ele. - Os demônios podem possuir Dark Hunters?
- Não. Eles não são a mesma coisa que um fantasma humano. Sempre que usam esses poderes contra nós, entram em conflitos com os nossos e explodem contra eles.
Foi uma proteção que Artemis colocou no lugar para impedir os Daimons vivos de nos assumir e nos controlar.
- Ah... certo.
Kyrian voltou a esmurrar seu pesado saco de pancadas. - Você conseguiu instalar minha memória RAM?
- Não, não ainda. Eu... vou... hum... vou fazer isto. - Mas Nick não queria deixar a segurança da presença de Kyrian.
Infelizmente, não tinha escolha. Não sem parecer ainda mais ridículo para seu chefe. E um total fracassado, para início de conversa.
Suspirando, forçou-se a sair e voltar ao fim do corredor, ao escritório de Kyrian. Assim que ficou do lado de dentro, fechou a porta... por via das dúvidas.
Então reconsiderou a ação, já que Kyrian pensaria que estava louco se o encontrasse daquele modo. Nick destrancou-a. E ainda a sensação de ser observado continuou
com ele.
O que quer que seja ainda está aqui.
Provocando a si mesmo por ser uma galinha, Nick puxou o gabinete do PC de Kyrian. Colocou a memória na mesa e depois alcançou seu bolso de trás para tirar
seu grimório9. Do tamanho de um livro de bolso, foi um presente de Ambrose para ajudá-lo a entender um pouco da loucura que o cercava e responder algumas das "outras"
questões que surgiram.
- Tudo bem, Nashira, - Nick disse em um tom baixo. - Fale comigo. Quem diabos está me vigiando?
Deslizou a faca para fora do bolso, abriu o livro e espetou o dedo, permitindo que três gotas de sangue tocasse uma página em branco.
- Dredanya eire coulet - sussurrou, despertando o espírito feminino que vivia dentro das páginas encantadas. Assim que acabou de falar, seu sangue começou
a rodar até que formou palavras:
Não tema o que não pode ser visto. Eles estão meio perdidos. São aqueles que tomam vidas que seu sangue permitirá prosperar. Nick bufou para as estrofes enigmáticas.
- Não foi realmente útil, Nashira. Não respondeu a minha pergunta.
Seu sangue rastejou para a próxima página.
Resposta, resposta, sempre diz, mas não funciona assim. Com o tempo, a verdade deve encontrar. E então entenderá minha rima.
- Eu sou um masoquista por tentar conversar com você.
Sob as palavras, formou-se uma imagem de um gesto obsceno.
- Ah muito legal, Nashira. Muito bom. Onde você aprendeu isso?
Resido em seu bolso. Sempre a par de sua zombaria. Mas, mais do que isso, eu posso ver. E isso inclui grafite no box do banheiro.
Nick fez cara de desgosto. - Oh meu Deus, não. Diga-me que você não tem me espionado no banheiro público. Você é uma pervertida!
Acalme-se, ogro mau. Meu trabalho não é confortar. Mas se for privacidade que procura, deixe-me em sua mochila assim eu não posso espreitar.
Agora entendeu por que outras pessoas o provocavam tanto por seu distúrbio de atitude. Queria estrangular seu livro.
Ou queimá-lo. Onde estavam os bombeiros de Bradbury quando se precisava deles?
- Obrigado pelo conforto, querida. Agradeço muito por isso. - Nick recolocou o grimório no bolso e terminou de colocar a memória RAM no PC de Kyrian.
Mas, enquanto fazia isso, refletia sobre as palavras de Nashira. Não tenha medo de quem não pode ser visto... eles estão meio perdidos. O que isso significa?
A entidade só estava brincando com sua cabeça?
Kyrian dissera-lhe que não podia haver um fantasma na casa. O que deixou muitas outras possibilidades. Nenhum das quais servia para sua saúde.
Ou sanidade.
Pare de resmungar. Você está seguro.
Determinado a ignorar o sentimento estranho e desagradável em seu intestino, Nick foi para a porta. Assim que alcançou o centro da sala, ouviu algo estalando.
Parando, procurou a fonte do som.
Instantes depois, o lustre enorme acima de sua cabeça caiu sobre ele.
CAPÍTULO 5
Nick saltou para trás, por pouco escapando do alcance do lustre. Mas seu pé pego pela franja do tapete Persa enviou-lhe ao chão enquanto caiu abaixo ao lado
dele. Os fragmentos de cristal e vidro choveram em seu corpo e cabelo. Mal teve tempo para virar a cabeça e proteger os olhos.
A porta se abriu.
- Nick?
Abaixando o braço que tinha sobre o rosto para proteger-se, abriu os olhos para achar um suado Kyrian sobre ele, tirando suas luvas de boxe. Nick agitou a
cabeça para soltar fragmentos de seu cabelo. - Eu estou bem.
Com uma expressão que disse que ele não estava acreditando, Kyrian ajoelhou para investigar a condição de Nick. Suavemente, pegou o queixo de Nick em sua mão
e o examinou. - O que aconteceu?
- Não faço ideia. Eu ouvi algo estalando e a próxima coisa que eu sei... seu lustre tentava me matar. Eu vi toda a minha vida passar como um flash diante de
meus olhos, chefe. Foi horroroso. Eu não fiz nada para lamentar ainda e isso foi muito breve. Eu pelo menos quero uma licença para dirigir antes de ir, sabia?
Kyrian revirou seus olhos. - Sim, está certo. Agradeço aos deuses. Eu odiaria ter sua mãe vindo atrás de mim novamente porque deixo você se machucar no meu
horário. - Ajudou Nick a ficar em pé.
Em seguida foi estudar os restos do lustre. Nick parou ao vê-lo... por toda a sala. Nunca viu nada se quebrar em tantos pedaços.
Ainda estava sacudindo fragmentos de suas roupas e cabelo. - Espero que não seja caro.
- Provavelmente aproximadamente sessenta a oitenta mil dólares.
Nick nitidamente respirou fundo. - Eu espero que você queira dizer dólares jamaicanos e não o cara dos Estados Unidos. Sério? Isso é um lustre, não um supercarro...
ou uma casa.
Kyrian pegou alguns pedaços quebrados com a ponta da bota. - Deixe de hiperventilar. Veio com a casa, mas é um antigo lustre de cristal Waterford. Antes, essa
sala era um salão de baile formal, e esee era um exemplar admirável.
- Oh. - Mesmo assim... quem pagou isso por uma luz?
Kyrian olhou para o teto onde o fio de seda pendurado do ornado medalhão como uma serpente selvagem. - Acho que a corrente desgastou-se. Eu devia ter verificado.
- Encontrou o olhar arregalado de Nick. - Peça a um eletricista para examinar e ver se alguma fiação representa perigo de incêndio ou choque e marque uma hora para
instalar outro assim que puder e verificar o resto das instalações na casa.
Ele disse aquilo como se crescessem em árvores. - Onde eu consigo um lustre?
Kyrian deu-lhe um olhar seco. - Nós vivemos em Nova Orleans, Einstein. Você não pode assoar o nariz na Royal Street que seus germes pousarão sobre um lustre
de cristal em uma loja de antiguidades. Apenas escolha um que seja aproximadamente do mesmo tamanho e desenho.
Nick retornou para Kyrian um olhar igualmente insultante. - Sabe, chefe, enquanto percebo que isso não seria um problema para você, o custo de um destes definitivamente
excede meu limite de cartão. Como quer que eu pague por ele? Porque sem ofensa, não sou tão bonito assim.
Oh, sim, isso era um olhar incrivelmente cruel. - Adicionarei você ao meu cartão AmEx, e eles irão mandar durante a noite outro cartão para você.
- Limite?
- Sem limite. Mas não fique super animado. Embora sua mãe me assuste, eu sei como enterrar corpos em lugares onde nunca serão achados.
Rosa correu para a sala e ficou boquiaberta com a bagunça. - Madre de Dios! O que aconteceu?
Nick apontou para os restos do lustre. - Ele tentou me transformar em uma panqueca.
Ela o agarrou em um abraço feroz. - Mi hijo! Você está machucado? Não bateu em você, não é?
- Só agrediu meu ego. Fisicamente, estou bem.
- Não - ela retrucou. - Você está sangrando.
Os olhos de Nick se arregalaram. - Sangrando? Onde?
- Você cortou a bochecha, - Kyrian respondeu. - Isso não é ruim.
Nick retrucou. - Desde quando estar sangrando é uma boa coisa?
Kyrian fez um som de desgosto.
Rosa o ignorou enquanto envolveu o braço sobre os ombros de Nick.
- Venha ao andar de baixo, Nick, e deixe-me cuidar de você.
- Sim, senhora.
- E não sangre no meu chão - Kyrian falou.
Nick não podia deixar passar isso. Enfiou a cabeça na porta. - Não se preocupe, chefe. São os balcões e os tapetes que vou...
Esquivando-se para fora do escritório antes que Kyrian esquecesse o medo de sua mãe, Nick seguiu Rosa pelas escadas, mas não conseguia afastar o sentimento
ruim dentro dele de que a fonte da voz incorpórea tinha muito poder.
Suficiente para quase soltar um lustre em mim.
Sim, tinha sido um pouco perto demais. Informaria a Caleb mais tarde. Talvez C pudesse ter um pouco de discernimento sobre o que podia ter feito aquilo para
ele.
Talvez eu não devesse caminhar pela casa...
Se a ceifeira podia chegar até aqui, onde Kyrian tinha todos os tipos de proteções contra seres sobrenaturais, seria mil vezes mais fácil agredi-lo na rua
onde não existia nada.
Rosa o levou até a cozinha e sentou-o em um banquinho alto no balcão do café da manhã enquanto foi para o armário que continha o material de primeiros socorros
de Kyrian. Voltou com compressa de álcool, neosporin e band-aid.
Enquanto cuidava dele, seus pensamentos giravam com possibilidades sobre o que estaria atrás dele com tanta crueldade. E não importa o quanto procurava, continuou
voltando para um nome.
Nekoda.
Quem mais teve acesso à casa de Kyrian quando foi mantido guardado e protegido? Por tudo que sabia, ela era a ceifeira e esteve usando isso apenas para ferrar
com sua cabeça.
Sua mãe sempre o avisou de que não existia nada mais letal no planeta que uma mulher com um coração partido. Ou alguém que pensava que um cara havia feito
mal a ela. Usariam falhas de um cara para justificar qualquer ação que tomassem contra ele.
Mesmo entregando o marido que adorava aos seus piores inimigos...
E olhe para Mark. Sua última namorada tinha empilhado tudo o que era seu no gramado da frente e queimou tudo. Então ela riscou seu carro e postou coisas cruéis
sobre ele on-line.
Sim. Quem mais iria querer soltar um lustre de cristal de duzentos quilos nele sem motivo?
Aquilo tinha ex-namorada louca escrito por toda parte.
Quanto mais pensava sobre isso, mais fazia sentido. Era assim que ela iria matá-lo, afinal. Torturá-lo até que estivesse morto. Fazer com que pensasse que
estava louco.
Imaginem. Eu consegui uma namorada maluca com abundantes e épicos poderes psíquicos.
E estava certo que ela faria com que pagasse caro, antes de acabar com ele. Isso vai ser tão ruim.
Ao longo das próximas horas enquanto fazia seu trabalho, Nick estava extremamente nervoso. Qualquer barulho o fazia saltar como um gato de três caldas em uma
fábrica de cadeira de balanço. Kyrian tinha muitos lustres em sua casa. E aquele do vestíbulo era verdadeiramente assustador em tamanho. Dado o quanto pesava aquele
que quase o espremeu, ele nem queria contemplar o peso daquela coisa imbecil.
Como um insulto à injúria, havia cortado a mão enquanto limpava a bagunça dele, também. Agora parecia uma múmia rejeitada com bandagem em sua bochecha e gaze
envolta ao redor da mão e dedos.
Obrigado, Kody.
Vingança absorvida. E ela era a rainha em distribuí-las.
Quando Nick juntou seus livros escolares para ir para casa, Rosa juntou-se a ele em seu escritório compartilhado.
- Mi hijo, há uma menina que eu não conheço na porta da frente. Ela diz que veio para buscá-lo e levá-lo para casa.
Nick fez uma careta. Não era Kody. Pelo que sabia, ela não tinha carteira de motorista. Ou um carro. Poderia ser Brynna? Ela já tinha idade suficiente para
dirigir?
Inseguro sobre quem estava esperando por ele, jogou a mochila sobre o ombro. - Obrigado, Rosa. Tenha uma boa noite.
- Para você, também. Vejo você amanhã.
- Hasta mañana. - Relutante, Nick dirigiu-se à porta da frente. Abriu-a lentamente, temendo o que poderia estar do outro lado.
Para seu choque completo, era Casey.
Ela ofegou assim que o viu. - Oh meu Deus, Nick. O que aconteceu com você? Você estava em um naufrágio ou algo assim?
- Hum, oi, Casey. Não foi um naufrágio. Só um dia desastrado. - Sim, então ninguém jamais o acusaria de ser suave e articulado, especialmente não em torno
da espécie feminina. Parecia que Kody não era a única que podia torná-lo incoerente. Aparentemente isso acontecia com todas as fêmeas de sua faixa etária.
Ótimo, morrerei como um velho solitário... sozinho.
Um silêncio constrangedor pairava entre eles até que Nick pigarreou. - Uh... O que está fazendo aqui? Você não está me perseguindo, não é?
- Dificilmente. Você disse que iria trabalhar hoje à noite, então eu pensei em dar-lhe uma carona para casa. - Ela segurou as chaves para mostrar-lhe o chaveiro
de bolas de pelúcia rosa. - Certamente você prefere ir comigo a ir de bonde, certo?
Na realidade, não. O bonde não o deixava nervoso. Nem o fazia se sentir como um nerd perdedor. Mas, não iria dizer isso e nem o seu quociente de idiotice do
dia. Se a capitã das líderes de torcida se oferecia para levá-lo para casa, a resposta correta seria sempre - Certo. Isso seria bom. Obrigado.
Ela sorriu, mas o estranho era que não fazia seu estômago tremular do modo que Kody sempre fazia.
Não estou certo...
Só um verdadeiro idiota ansiaria por uma mulher que foi enviada para matá-lo. Disfarce, idiota.
Verdade seja dita, Casey realmente era a menina mais gostosa da escola. Devia estar emocionado por ela dignar-se a falar com ele. Entretanto, ela também era
a mais ferrada. Tinha que ser, para jogar uma relação ping-pong o tempo todo com Stone. Em um minuto estava por toda parte com ele e no próximo estava cuspindo-o
e em seguida dando em cima de Nick, só para voltar para Stone. Era o suficiente para deixar um homem atordoado.
Como se saltando etapas, ela o conduziu degraus abaixo e fora para a rua onde seu carro estava estacionado. Nick reduziu a velocidade quando viu alguma coisa
vintage, algo que o lembrou de um rato... era até do mesmo rosa do chaveiro. Tudo o que precisava era de orelhas e um rabo para fazer a imagem mais precisa. Droga,
o para-choques parecia como um conjunto de bigodes.
- O que é isso?
Ela sorriu. - 1972, um Karmann Ghia conversível. Não é de matar? É a coisa mais fofa do mundo! Amo esse carro. Ele está totalmente restaurado. É como dirigir
uma cápsula do tempo ou algo assim.
Era muito legal. - Eu nunca ouvi falar de um antes.
- É um Volkswagen. Agora entre e seja cuidadoso com o interior. Não o quero danificado.
Uau, essa foi a primeira vez. Uma menina que valorizava seu carro. Talvez tivessem algo em comum, afinal. Não que ele tivesse um carro, mas amava e apreciava
passeios com outras pessoas.
Chegando do seu lado, franziu a testa com incerteza. Por mais incrível que fosse, no entanto, o carro era um minúsculo de dois assentos que não deixava muito
espaço para suas pernas longas e a sobrecarregada mochila. - Você quer que eu coloque minhas coisas no porta-malas?
- Claro. - Ela riu delicadamente enquanto se dirigia para a parte traseira. - Mas não é na parte traseira, tolo. O motor está lá. A mala está na frente.
Nick inverteu o curso. - Oh. Desculpe. - Não fazia ideia de que fosse como um Porsche. Deve ser coisa de carro alemão.
Ela abriu o porta-malas, depois invadiu seu espaço pessoal de forma muito perturbadora. - Quer fazer um lanche a caminho de casa?
Pela forma sedutora como ela disse, não estava muito certo de que estivesse falando sobre comida. E isso o deixava realmente nervoso. As meninas parecidas
com ela normalmente não o notavam. Embora estivesse dando em cima dele de vez em quando desde o ano passado, ele ainda não aceitava que não era um desafio ou algo
assim.
Nick aceitou e deu um passo para trás. - Pensei que você tivesse voltado com Stone.
Ela enrugou o nariz. - Nós terminamos.
- Desde quando?
- Desde que descobri que você estava disponível. - Olhando-o como o último osso do canil, ela correu a língua pela parte inferior do lábio.
O coração de Nick disparou. Sentiu-se como uma raposa encurralada e cercada por cães de caça. Ajude-me...
Antes que pudesse perceber o que ela estava fazendo, ela colocou as mãos em sua camisa havaiana horrorosa e puxou-o em sua direção. Então deu-lhe o beijo mais
quente que já teve. Um que ateava fogo ao sangue e roubava sua respiração. Soltando seu aperto, ela deslizou as mãos ao redor de suas costas e o segurou apertado
contra ela.
Seu corpo rugiu para vida com o gosto dela. Estou alucinando. Isso não está acontecendo.
Não pode ser.
Ela retrocedeu e mordeu seu queixo com os dentes. Cara, espero que eu tenha me barbeado o suficiente. Mais horrível do que tê-la beliscando seus três pelos
era ser grosseiro pela falta de barba de um verdadeiro homem.
- Então que tal? - Ela perguntou.
Que tal o quê? Esqueceu totalmente sobre o que estavam conversando.
Era comida, idiota.
Oh sim, era isso.
Nick lambeu os lábios. - Hum, eu já comi.
Ela revirou os olhos e riu. - Às vezes você é tão maravilhosamente sem noção. E não estou dizendo isso como um insulto. Apenas que você é tão atraente.
- Sim, por aí - disse ele sarcástico.
Ela riu novamente. Fechando o porta-malas, dirigiu-se ao assento do motorista.
Inseguro e na verdade, um pouco assustado com ela, Nick foi para o lado do passageiro e entrou.
- Então, onde você mora? - Ela ligou o carro.
Ele ainda estava se acostumando a não ficar mortificado sempre que alguém da escola perguntava isso. Seu antigo condomínio tinha estado tão dilapidado que
nem dez milhões de famílias de baratas chamariam aquilo de casa. - Uns quarteirões longe da escola... em Bourbon.
Ela ficou boquiaberta. - Você realmente vive na rua Bourbon?
- Sim.
- Não é barulhento à noite?
Não tinha certeza se ela estava horrorizada ou intrigada com seu endereço. - Não é onde vivemos. Depois que você passar pela St. Ann, siga em direção a Ursulinas,
é realmente tranquilo... exceto durante o Mardi Gras. Então, não há muito no Quarteirão que não exploda os tímpanos.
Ela afastou-se do meio-fio. - Conte-me mais... bem, já que nós temos que ir por esse caminho para deixá-lo, quer parar para comer beignets10 no Café Du Monde?
Essa era provavelmente a primeira vez em sua vida que estava recusando comida, mas por causa de sua sanidade, ele não conseguia aceitar. Apenas seria muito
estranho estar lá com Casey. Sem mencionar que beignets não era a comida para um primeiro encontro já que o açúcar polvilhado no topo fazia de todo mundo que o comia
parecer uma criança suja. Realmente não era a imagem que queria que ela tivesse dele. O açúcar polvilhado era a única coisa na terra que podia deixar sua camisa
mais feia do que já era. - Eu preciso chegar em casa. Minha mãe ficará preocupada comigo.
- Podia ligar e dizer-lhe que estamos parando no caminho.
- Sim, mas ela me sondaria para saber quem você é e por que nós estamos parando e depois ela ficaria ofendida porque não conseguiu conhecê-la primeiro.
- Sua mãe é realmente rígida, hein?
- Você não faz ideia.
Enquanto ela dirigia, soltou a mão para descansar em sua coxa. Nick quase caiu do assento do carro com uma descarga de adrenalina que passou por ele. Especialmente
quando ela começou a arrastar a mão pequena, delicada de forma mais íntima para sua zona íntima.
Ele pegou a mão para pará-la em seu tortuoso caminho antes de atingir o ouro.
Ela fez uma careta. - O que há de errado? Stone adora quando faço isso nele.
Sim, e ele gostaria também. Mas, não era esse tipo de cara. Eles mal se conheciam. Ela nem mesmo havia comprado o jantar dele ainda. - Eu não sou Stone.
- E eu não sei disso. Você é muito mais delicioso.
A cabeça de Nick girava. Isso não é real. Devo ter sido atingido por aquele lustre, afinal. Sim, fazia sentido. Estava no hospital, em coma e esta era uma
realidade absurda conjurada por... Muitos cookies ou algo assim.
Então ele se lembrou do que Ambrose disse-lhe. Conseguir meninas não será seu problema... Casey será uma boa namorada no ensino médio e vocês serão amigos
muito tempo depois.
Talvez fora assim que sua relação começou. Sim e talvez eu esteja naquele coma em algum lugar. Engolindo em seco, viu a maneira como seu cabelo soprou no vento
quando eles dirigiram no tráfego. Estava um pouco frio para puxar a capota, mas Casey não parecia se importar. Ela colocou o aquecedor soprando no máximo.
- Você precisa relaxar, Nick. - Acariciou sua coxa abaixo de sua mão. - E deixe de ser tão duro consigo mesmo.
- Eu não sou duro comigo mesmo.
- Sim, é. Você é um grande sujeito, sabia? Merece grandes coisas.
- Eu tenho grandes coisas. - Pelo menos agora tinha. Seu passado, nem tanto.
- Você pode tê-las, mas age como se estivesse esperando por alguém para arrebatar-lhe tudo. Como se não fosse merecedor de qualquer coisa, exceto sobras de
comida e insultos.
Era tão óbvio? E nesse momento ele sempre pensou que tinha uma boa cara de pôquer. Não tão boa quanto a de Ash...
Mas, não iria admitir isso para Casey. - Eu não faço isso.
- Sim, faz. Caso em questão, ontem no treino... o treinador chamou seu nome para lançador e você pareceu positivamente atordoado. Como se não pudesse acreditar.
Quando treinou, até com seu capacete, eu podia dizer que estava esperando que ele mudasse de ideia e o mandasse para o banco. Você faz isso com tudo.
Abriu a boca para discutir, então percebeu como ela estava certa. Manteve a cabeça baixa. Muitos anos de pobreza amarga, de pessoas que o olhavam por cima
de seus narizes, deixaram marca em sua alma. Metade da escola estava convencida de que ele havia se enganado de algum jeito.
Metade?
Algo como noventa por cento, ou mais. Mesmo seus companheiros de time continuaram comentando que a única razão que ele havia sido deixado atrás no time era
porque haviam perdido muitos dos seus membros para os zumbis de Madaug. Isso poderia não machucar tanto se o treinador Devus não tivesse dito que ele não se importava
se Nick jogasse ou não, ele apenas precisava de alguém em uma camiseta para preencher sua lista. Então no final, seus companheiros de time estavam certos.
No que dizia respeito a esse assunto, em qualquer momento que tentou ter mesmo um fragmento minúsculo de ego, alguém ou algo o arrastava para fora da toca
para mortificá-lo na frente de todo mundo e bater seu ego na pedra mais próxima. Portanto havia desistido de ter qualquer tipo de autoestima. Sim, fingiu ser arrogante
como um mecanismo de defesa. Mas, por dentro sabia a verdade. Acreditava ser um perdedor muito maior que o resto do mundo achava.
Ela apertou sua perna. - Você é uma Ferrari, Nick. Já é tempo de perceber isto.
Ele ridicularizou. - Poderia ser uma Ferrari, mas tenho quatro pneus furados. - E um motor enferrujado e nenhuma porta.
- Vê? Lá vai você, rebaixando-se. Por que sempre faz isso?
Antes que pudesse se conter, a verdade veio fluindo para fora dele. - É mais fácil levar insultos de outras pessoas e porcarias do que se eu socá-los. Não
vale a pena ter delírios de grandeza quando existem tantas pessoas no mundo que querem levá-lo para baixo um degrau toda vez que você ousa tentar ter alguma dignidade.
Então, por que deveria tentar?
- E daí? - Ela estalou. - Que se lixem! Eles não poderiam atacá-lo se não fossem patéticos. Não é nada além de sua própria admissão de que são criaturas inferiores
que invejam você. Pessoas bem ajustadas, inteligentes não precisam derrubar outra pessoa a fim de parecer superior ou bem consigo mesmas. Só os perdedores maciços
fazem isto. E você, Nick, ao contrário de que pensa, não é um perdedor.
Engraçado, quando ela disse isso, ele quase podia acreditar.
- Nós somos jovens, Nick. Nosso tempo é agora e não há volta para este lugar em nossas vidas. Você precisa viver ao máximo. Agarre a maçã e dê uma grande mordida.
- Sim, mas não funcionou tão bem para Adão.
Rindo, ela recuou a mão para o câmbio. - Você está me chamando de serpente?
- Não. Apenas lembrando que às vezes precaução é uma coisa boa.
Ela bufou para ele. - Aqui. Eu quero que você memorize algo para mim... Digmus sum.
- Dig... como?
Ela balançou a cabeça. - É latim e isto quer dizer: "eu sou digno". Quero que diga até que acredite realmente nisso.
Nick franziu o cenho. - Eu não sei...
- Estou falando sério, Nick. Diga isto repetidas vezes até que se torne uma ladainha.
- Eu gostaria, mas ainda estou preso no fato de que você realmente sabe latim.
Ela deu a ele um sorriso irritado. - Não sou tão vazia quanto você pensa que eu sou.
- Nunca disse que você era vazia.
- Seu olhar diz.
A culpa o consumiu. Mas honestamente, nunca pensou nela como uma estúpida. Pelo menos não até que se tratasse da única coisa que ele não conseguia entender.
- Não, isso é mais minha confusão sobre o que você vê em um idiota como Stone. E por que você o tolera o tempo todo.
Dando de ombros, ela virou o volante e reduziu a marcha. - A vida é solitária. Às vezes só quer estar com alguém, ainda que não seja o melhor para você. Eles
são melhores que nada.
Isso era algo que ele nunca iria concordar. - Agora quem precisa de uma palestra sobre merecimento? Melhor estar só que preso a alguém que o trata mal.
- É por isso que gosto de você, Nick. Você não é como os outros garotos na escola. Você vê a verdade pelas mentiras. Não segue como uma ovelha cega pelos alvos
do rebanho na frente dela.
Isso era definitivamente verdade, e era algo que muitos deles não hesitaram em esfregar em seu nariz. Ser diferente não era fácil, e isso fez dele um objetivo
constante, alvo do ódio adolescente e da zombaria.
Tentando não pensar sobre isso, ele a guiou pelo quarteirão até onde seu condomínio estava. Ela estacionou na porta e desligou o carro.
- Você realmente vive perto da escola, - Casey disse quando saiu e depois abriu seu porta-malas para ele recuperar sua mochila.
- Sim, eu realmente gosto daqui. - Era uma grande melhoria em vista de sua última casa onde o sujeito do outro lado da rua tinha sido baleado e morto em uma
transação de drogas que deu errado. - Não consigo me imaginar vivendo em qualquer outro lugar.
Ela fez uma careta. - Você nunca pensa em viajar?
Ele deu de ombros com indiferença. - Por que eu deveria? Tudo o que eu podia querer está aqui mesmo em casa.
Seu comentário chocou-a. - Você é extremamente complacente, não é? Nunca quer mais?
Nick olhou para o edifício de três andares na frente dele onde seu apartamento era um dos nove. Era espaçoso e ele tinha seu próprio quarto e banheiro. Sem
mencionar que todos os vizinhos eram realmente bons e amigáveis. Então a sua pergunta o confundiu. - Eu tenho mais do que preciso e isso é o bastante para mim. Não
há nada mais para querer.
Boquiaberta, ela cruzou os braços sobre seu peito. - Você não quer visitar Paris? Londres? Tóquio? Não existe realmente nenhum lugar na terra que você gostaria
de ver?
Ele olhou para as venezianas verdes e os degraus e pensou em sua mãe. - Eu acho que Roma.
Isso pareceu atordoá-la ainda mais. - Sério? Você gosta de gladiadores ou algo assim?
- Não. Não é para mim. Minha mãe adoraria visitar o Vaticano e talvez ter um vislumbre do Papa. Isso seria a única maior emoção de sua vida.
- Muito maior do que quando ela teve você?
Nick reprimiu um calafrio ao se lembrar do horror que sua mãe deve ter sentido no seu nascimento. Nem mesmo tinha nascido em um hospital... porque não tinham
dinheiro. Ela o concebeu no sofá de tia Menyara. Não havia maneira de ser uma recordação feliz para ninguém, exceto para a companhia de limpeza. - Ter-me não foi
fácil para ela, eu garanto. Mesmo que ela não lamente, eu sei que tem sido difícil para ela. Então não, eu não me coloco no mesmo nível de emoção que seu encontro
com o Papa.
Ela estalou a língua para ele. - O que é que eu vou fazer com você? Sua mãe é sortuda por ter um filho adolescente que conversa com ela, nunca mente para ela,
não lhe dá respostas malcriadas o tempo todo. Confie em mim, isso faz de você o melhor filho que se possa imaginar. - Ela fechou o porta-malas. - Há um mundo inteiro
lá fora, Nick. Um que está cheio de aventuras e pontos turísticos que você não pode imaginar. Eu amo Nova Orleans, também. Mas há muito mais para visitar e aprender.
Por que limitar-se a uma cidade para o resto de sua vida?
Agora que ela mencionou, isso foi o que ele fez. Realmente, nunca considerou deixar Nova Orleans, exceto durante suas evacuações, durante a temporada de furacões.
E mesmo assim, nunca voltava para casa rápido suficiente.
Talvez devesse pensar mais.
Casey aproximou-se dele. - Então, eu posso conhecer sua mãe?
Ele hesitou. - Por que?
- Para que da próxima vez que eu convidá-lo, você não tenha uma desculpa para me dispensar. - Ela pressionou-se contra ele, deixando-o desconfortável novamente.
- Você é muito avançada, sabia disso?
Ela deu-lhe um sorriso que transformou seu sangue em lava. - Não há nada errado com ir atrás do que se quer. E eu quero você, Nicholas Gautier.
Sim, o diabo está sentando em gelo hoje.
E tomando um sorvete de sua própria mão.
Ainda, não conseguia acreditar no que ela estava dizendo para ele. - Pouco mais de um ano atrás, nem sabia que eu existia e me sentava atrás de você em quatro
aulas.
Ela fez um som de aborrecimento extremo. - Quantas vezes tenho que me desculpar por isso? E não esqueça, fui a única pessoa que salvou você de ser pego quando
estava bisbilhotando no escritório do treinador. E fui eu também que o ajudei a recolher os itens que precisava para mantê-lo fora da prisão ou do necrotério.
Nick não conseguiu olhar para ela quando a verdade lhe deu um tapa forte. Ela fez todas aquelas coisas por ele. E como ele, ela podia ter ido para a prisão
ou sido morta se alguém a pegasse. Gostasse ou não, devia a ela por passar por todos aqueles riscos.
Casey passou os dedos do seu tórax para o seu queixo, em seguida a mão no seu cabelo e sussurrou em sua orelha. - Apresente-me, Nick. Eu prometo que não vou
morder ou envergonhá-lo.
Foi duro pensar com clareza com calafrios por toda parte de seu corpo e com ela de pé tão perto dele, respirando em sua orelha. Honestamente, só existia uma
coisa em sua mente e não era apresentá-la à sua mãe.
- Você nunca poderia me envergonhar. Meu Deus, mulher, você viu meu guarda-roupa? A dignidade me deu adeus há muito tempo.
Ela riu quando lhe tocou a orelha. - Ah... Nick. Você é tão engraçado e inteligente. O mundo tem sorte de ter você.
Pela primeira vez, sentiu certo grau de orgulho. Era tão agradável estar com alguém que via apenas o bom nele. Sua mãe, com suas boas-intenções de tentar fazê-lo
um homem melhor, perseguia as porcarias dele o tempo todo. Kody havia sido gentil com ele, mas nunca hesitou em ser brutalmente honesta, também, e ele nem queria
pensar nas horríveis advertências de Caleb e Ambrose sobre se tornar um monstro que iria um dia devorar o mundo. Enquanto, o elogiavam de vez em quando, não era
nada como o que Casey fez.
Ela foi a única que não supôs que seu rompimento com Kody havia sido causado por suas ações. Em seus olhos, ele era bom e decente, e nada mais.
Que refrescante.
- Certo. - Tomando sua mão, a levou até porta e apertou o código. Ele abriu a porta de ferro pesado e deixou-a entrar primeiro. - Nós estamos no primeiro apartamento
no segundo andar.
Ele a seguiu até as escadas, tirando suas chaves do bolso de forma que pudesse destrancar a porta quando chegassem.
Casey ficou para trás enquanto ele abria a porta. Ele entrou e soltou sua mochila ao lado sofá.
- Ei, mãe?
- Em meu quarto, Boo, - ela chamou do corredor abaixo. - Sairei em um segundo.
Fechou a porta enquanto Casey olhou ao redor, e ele tentou imaginar através de seus olhos. Seu pai era um cirurgião e viviam em uma casa realmente enorme,
o que fez seu prédio inteiro parecer pequeno. O quarto dela era provavelmente maior que sua sala de estar e cozinha conjugadas. - Eu sei que isso não é muito, mas...
- Nick - ela repreendeu. - É lindo. Eu amo as cores brilhantes. Sua mãe tem bom gosto e o que ela está cozinhando cheira incrivelmente bem.
Ele deixou cair suas chaves na mesa perto da porta. - É gumbo de peixe. Ela sempre faz isto nas noites de quinta-feira para que possamos comer durante toda
a sexta-feira.
Ela fez uma careta. - Por que isso?
Ele apontou primeiro para o crucifixo próximo à porta, depois para o santuário de Maria e Jesus no canto da sala de estar que veio para completar com velas
de santo e uma fonte pequena de água benta de São Miguel. - Católica. Nós não podemos ter carne nas sextas-feiras, só peixe.
- Eu pensei que a Igreja havia parado de fazer isso?
- A igreja pode ter parado, mas não minha mãe. Ela é realmente antiquada. Caramba, nem mesmo entra na igreja sem algo cobrindo a cabeça. E se você não é católica,
por favor, não diga a ela. Isso partiria seu coração.
Casey riu. - Certo então. Obrigado pela advertência.
Sua mãe desceu para o corredor e diminuiu a velocidade quando viu Casey. Minúscula e loira, sua mãe parecia muito mais jovem que seus trinta anos. A maioria
das pessoas achava que fosse sua irmã mais velha até que a chamava de mãe, então ficavam atordoados.
Ela apenas alcançava o meio de seu peito nestes dias e até Casey era vários centímetros mais alta. Ainda assim, sua mãe era absolutamente destemida, especialmente
quando se tratava de protegê-lo.
- Mãe, esta é Casey Woods. Ela vai para a escola comigo.
- Olá, Sra. Gautier.
Sua mãe não parecia ouvir qualquer um deles. Em vez disso, engasgou e segurou o rosto de Nick com as mãos. - O que aconteceu com você, garoto? - Carrancuda,
tentou espiar por baixo do curativo sob sua bochecha.
- Nada, mãe. A Sra. Rosa colocou isso em mim. Eu só cortei minha mão e arranhei minha bochecha.
Aquilo não parecia acalmá-la. - Fazendo o que?
Evitando a morte, mas isso só a deixaria pior que já estava. Então ele optou por outra meia-verdade. - Algum vidro quebrou e eu fui limpá-lo.
Sua mãe suspirou. - Nicholas Ambrosius Aloysius Gautier...
Oooh, ela irrompeu inesperadamente o nome de batismo católico completo. Isso nunca era um bom sinal.
- Você está tentando encurtar minha vida, não é?
- Nunca, mãe. - Na verdade, estava fazendo tudo o que podia para ter certeza de que ela viveria bem até uma idade avançada.
Seu próprio futuro tinha até voltado no tempo para isso.
Resmungando para ele, ela deslizou o olhar fixo em direção a Casey. - Oi, Casey. Peço desculpas. Não estava ignorando você. Apena preocupei-me com o meu garoto...
que parece ser minha ocupação em tempo integral nesses dias. - Ela sorriu, mas o gesto não alcançou bastante seus olhos azuis. - Você devia ter me avisado que nós
teríamos companhia, Boo.
- Eu não sabia. Desculpe. Ela me pegou no trabalho e me trouxe para casa, então pensei que você gostaria de conhecê-la já que acha isso estranho.
Sua mãe estreitou os olhos para ele, depois girou ao redor de Casey. - Você tem licença para dirigir, eu presumo.
- Sim, senhora. Eu passei com louvor.
Seu olhar se intensificou. - Quanto tempo você dirige?
- Dois meses.
- E você se sente competente para dirigir com outros adolescentes no carro?
Boquiaberta, Casey olhou para ele.
Nick levantou a mãos em rendição. - Eu avisei que ela faria o jogo das Mil Perguntas.
Finalmente, um verdadeiro sorriso rompeu o rosto de sua mãe. - Estou só brincando com você, Casey. Desculpe... então o que seus pais fazem?
Casey relaxou um pouco. - Meu pai é um cirurgião e minha mãe é uma filantropa.
- Uma o que? - Sua mãe perguntou.
Nick inclinou-se em sua direção e sussurrou em voz alta: - É o código das pessoas ricas, mãe. Significa que eles têm tanto dinheiro que procuram por maneiras
de dar um pouco dele.
Sua mandíbula relaxou, então girou em direção a Casey. - É verdade?
Casey torceu a cara em desconforto. - Mais ou menos. Mas ela ajuda muitas boas organizações com seu trabalho... inclusive a Caridades Católicas.
Isso conseguiu mudar todo o comportamento de sua mãe. Uma coisa sobre Cherise Gautier, é que era uma defensora ardente da Fé e da Igreja. - Isso é maravilhoso.
Muito amável e gentil da parte dela.
- Sim, senhora.
- Bem, preciso ir ver o gumbo para ter certeza de que não vou queimá-lo. Você gostaria de ficar para jantar?
Nick encolheu-se com a pergunta. Mesmo que gostasse de Casey, ela o deixava realmente desconfortável às vezes.
Mas, pela primeira vez, Casey deu-lhe um indulto. - Obrigado pela oferta, Sra. Gautier. Infelizmente, tenho muita lição que preciso começar a fazer. Entretanto,
foi um prazer conhecê-la.
- E eu a você. - Sua mãe dirigiu-se à cozinha.
Sozinho com Casey, Nick caiu em seu habitual silêncio constrangedor.
Ela enrugou o nariz para ele. - Não se preocupe, querido. Está tudo bem. Eu realmente gosto de sua mãe. Ela é ótima. - Erguendo-se na ponta dos pés, beijou
seus lábios. Afastou-se e mordeu o lábio enquanto esquadrinhava seu corpo com um olhar faminto. - Amanhã, você me pertencerá, Nick, e depois do trabalho e na prática,
nós teremos alguma diversão real.
Antes que pudesse recuperar os sentidos, ela partiu.
Nick ficou lá por um minuto inteiro em estupefação completa. O que estava acontecendo? Foi sugado para algum universo paralelo ou o quê?
Esqueça o que havia depois dele... isso devia ser um sinal do Apocalipse.
Estava indo ao encontro de sua morte, tudo bem. Só que seria morte por prazer. E viria das mãos de sua líder de torcida.
CAPÍTULO 6
Ignorando os homens quem viravam para olhar fixamente atrás dela, Zarelda passeou pelas mesas lotadas no Café Du Monde até que encontrou Grim esperando-a no
canto mais distante, comendo beignets. Sentou-se na cadeira vazia na frente dele.
Ele gesticulou em direção à xícara extra de café com leite na frente dele. - Tomei a liberdade de pedir para você.
Ela ridicularizou sua generosidade. - Sem ofensa, mas eu mesma faço meus pedidos. Só um tolo participaria do que Morte tem a oferecer e minha mãe afogou todas
as suas crianças estúpidas.
Ele riu em voz alta. - Você não confia em mim?
- Nem um pouco. Eu conheço você há muito tempo. - Apontou para um garçom e pediu sua própria bebida e beignets.
Quando o garçom saiu, Zarelda olhou em torno do café lotado, para as cadeiras açucaradas que mostraram um pouco de desgaste e as mesas que eram espalhadas
com até mais açúcar em pó sujo.
Enquanto estavam sentados na área grande coberta com um toldo verde-e-branco-listrado, ainda estavam abertos e expostos aos elementos... e insetos, não para
dizer nada dos pássaros que pulavam entre as pernas humanas e de metal, batalhando pelos restos.
Arqueou uma sobrancelha para Grim. - Este não é o lugar que imaginei que frequentasse, levando-se em conta seu medo de germes e sujeira. Sem mencionar sua
aversão as pessoas que respiram.
Ele puxou um recipiente grande de Purell11 de seu bolso e colocou ao lado dela. - Melhor invenção desde o papel higiênico. Com exceção do fato que diminui
as coisas invisíveis que podem matar humanos... essa parte é uma merda para mim, mas tenho que dizer que gosto muito de usar ists. Ainda que não possa salvar minha
vida, faz maravilhas com minha saúde mental... tal como ela é.
E agora que ela percebeu isso, Grim tinha toda a mesa coberta com guardanapos de papel branco até onde não houvesse nada em exibição. - Acho tão estranho que
a Morte seja um misofóbico.
Ele deu de ombros. - Só porque sei quantas pessoas morrem todo ano de infecções bacterianas causadas por comida mal cozida e falta de higiene básica.
- Mas você é imortal.
Ele franziu os lábios. - Não é desculpa para a maldade. Posso ser imune, mas ainda não tenho vontade de tocar a sujeira humana ou que ela me toque, sem importar
o que vou ingerir.
Eu não vou vencer essa discussão. A morte é enfática sobre esse assunto.
Louca, mas enfática.
Grim limpou a boca. - Então como está indo em sua missão? Melhor, eu confio.
- Seu pequeno truque com a namorada era só o que precisávamos para empurrá-lo para frente. Tenho que parabenizá-lo por isto.
- Vale a pena conhecer pessoas e não-pessoas. Eu tive muita sorte em rastrear a pepita desde sua origem e natureza de sua missão.
Ela não comentou isso. - Entretanto, Nekoda ainda pode ser um problema. Se ela não o matou ainda...
- Eu não me preocuparia com ela. Ela é fraca e estupidamente simpática com o nosso Malachai. É mais provável que não o mate. Então não vamos desperdiçar tempo
falando sobre ela. Nick é o que nós precisamos controlar. Rápido.
- E o entregarei para você. - Ela parou quando o garçom retornou com seu pedido e pagou por sua comida. Levantando o café com leite claro, estreitou os olhos
em Grim. - Mas, quero ter certeza que nosso acordo ainda esteja em vigor e que você não tenha uma surpresa sórdida esperando por mim. Você pode e irá libertar meu
irmão, correto?
- Absolutamente. Já entrei em contato com a facção necessária, que diz que enquanto não está emocionada com isso, não se opõe com a possibilidade. Você traz
Nick para nossa causa e Zavid será libertado, prometo a você.
Esperando que não estivesse mentindo ou enganando, Zarelda olhou para longe quando uma onda de culpa a consumiu. Séculos atrás, Zavid tomou seu lugar em um
inferno para mantê-la segura. Não queria pensar no que ele tinha passado por lá. Se era o mesmo irmão que conheceu há muito tempo.
Tortura e miséria mudam pessoas...
Um negócio terrível que foi feito por medo.
E ambas as vidas haviam sido arruinadas para sempre e tudo porque ela não prestou atenção nas letras pequenas. Não olhou à frente para ver todas as repercussões
de seus desejos egoístas.
Deuses, como desejava que houvesse sido a única a sofrer por isso. Nunca devia concordar em permitir que Zavid fosse tão altruísta. Em retrospecto, teria sido
muito mais fácil suportar sua prisão do que saber que ele estava sendo torturado por causa de sua estupidez e seu amor e proteção para com ela, que o fez tão altruístico.
Idiota.
Mas não importava como, tinha que conseguir tirá-lo de lá. E depois de todos esses séculos de tentativa, ela finalmente conseguiu um caminho para fazer isso.
Desde que Grim não fosse tão cruel quanto a última criatura maligna com quem negociou.
Nunca confie em uma deusa ciumenta, especialmente quando um homem estiver envolvido.
- Então está desfrutando de seu novo corpo? - Grim perguntou. - Deve ser estranho para você ter um novamente depois de tanto tempo.
Engolindo seu café, ela enrugou o nariz para o gosto amargo. Pegou o açúcar. - Demorei um pouco a me acostumar e irrita um pouco. Mas, acho que me ajustei
a ele. - Isso depois que fez um buraco gigante em sua língua na primeira vez que tentou comer. Na verdade, existiam muitas coisas sobre estar presa dentro de um
corpo que havia esquecido. Mau hálito. Cabelo emaranhado. Líquidos quentes. Água de banho escaldante. A mobília que espreita em quartos escuros e esse tão mal localizado
cotovelo.
Sem mencionar as horas intermináveis gastas procurando por um banheiro público semi-limpo. Estremeceu com aquela memória sombria.
- Diga-me, Grim... como os seres humanos conseguem passar pelo ensino médio sem se tornarem delirantes lunáticos? Agh! Estou tão contente de ter nascido antes
das escolas serem inventadas, e daria qualquer coisa para escapar dessa miséria que sou forçada a suportar.
Ela pousou a caneca. - Preciso matar seus pais assim que tudo isso estiver acabado. Eles são... ridículos. - Aprofundou para zombar deles. - Limpe os pratos,
tire o lixo, faça sua lição, você está se atrasando. Por que ainda está em cima? - Ela fez careta. - Sem parar, eles reclamam. Apenas o som da voz de seu pai me
faz querer explodi-lo no esquecimento. Não admira que você queira o fim o mundo. Quando foi que a humanidade conseguiu ser tão chorona por cada pequena coisa?
Ele riu, depois mudou o assunto. - Ela está lutando com você por controle?
Flexionando a mão para ter certeza que tinha cem por cento do controle de seu corpo, suspirou cansada. - Às vezes, mas é fraca. Ainda assim, eu preciso fazer
meu irmão extrair sua alma de mim assim que ele for libertado. Odeio como ela está sempre chorando e implorando. Está tão carente e enjoativa. Ficarei feliz quando
não precisar mais de suas memórias e poder acabar com ela, de uma vez por todas. - Olhou mais de três mesas para um grupo de garotas dando uma risadinha adolescente
que fizeram estremecer.
Droga, como desprezava todos eles.
Voltando para Grim, lançou outro suspiro pesado. - Mas, a pequena pateta tem sua utilidade no momento. Eu a libero sempre que tem que ter um tempo em privado
com aquele estúpido que namora. - Enrugou o lábio com repugnância. - Nunca entenderei por que mulheres toleram animais como Stone.
Ou qualquer homem, na verdade.
- Gosto não se discute.
Ela o saudou com sua caneca, desejando que pudesse voltar no tempo e empatar o jogo com um homem em particular.
Inclinado para trás em sua cadeira, Grim cruzou os braços no peito. - Quanto tempo você acha que vai demorar?
Ela tomou seu café lentamente enquanto pensava nisso. - Difícil dizer. Como você sabe por suas próprias relações com ele, ele é muito determinado. Mas apesar
de sua fanfarronice e postura, não tem confiança alguma. E isso, meu amigo do mal, é a fraqueza que estou atacando e explorando. Ele não acha que merece qualquer
coisa, então isso o deixa aberto... não importa o quão fortes são suas opiniões.
- Subserviente... eu gosto disso.
- Bem, você conhece o ditado. Construir para derrubar. Diga o que querem ouvir até que parem de escutar aqueles que dizem a verdade. Em seguida eles são seus.
Ego e inveja humana. As duas armas mais potentes para destruir qualquer humano.
E funcionavam muito bem em deuses e demônios, também.
Grim acariciou o queixo quando considerou cuidadosamente seu plano. - Eu devo advertir que já ensinei a ele os poderes da persuasão.
- Isso não é persuasão, querido. É sobre o poder do ego humano e sua necessidade voraz de ser alimentado.
Grim soltou uma risada perversa. - Lembre-me de não ficar do seu lado ruim.
- Não se preocupe. Você mantém a sua parte do acordo e não me trai ou engana, e serei sua cúmplice eterna para arruinar e/ou escravizar qualquer um que me
enviar.
* * *
- Então, quem que era a menina?
Nick olhou por cima da mochila com uma carranca. - Eu disse a você, mãe. Casey Woods.
Ela fez uma pausa na limpeza para encará-lo. - Eu ouvi isso. Por que ela trouxe você para casa? Você não pode deixar uma menina fazer isso quando está com
outra pessoa. Kody teria um ataque justificável se descobrisse.
Aqui vamos nós.
Levantando-se, enfiou as mãos nos bolsos e abaixou a cabeça na expectativa de sua reação. - Nós terminamos.
Sua mãe respirou fundo quando parou de limpar, com um meio-baque. - O que você fez?
Nick suspirou em desgosto. - Sério, mãe? Você também?
- Eu também, o que?
Sua mandíbula fez um tique e olhou para ela. - Por que eu tenho que ser a pessoa que estragou tudo? - Hein? Ela não poderia ter feito algo errado?
Ela secou as mãos em um pano de prato. - Ela fez?
- Sim.
- E o que foi?
Como dizer à sua mãe que sua namorada era uma assassina sobrenatural pronta para matá-lo e não ficar trancado em um hospício?
Ele não fazia ideia e nenhum desejo de testar sua lealdade materna com alguém que ela pensasse que era um paranoico esquizofrênico. Nick moveu os pés inquieto.
Já que não queria mentir para ela, tinha que apresentar alguma verdade seriamente criativa.
Eu devia estar escrevendo ficção...
- Ela dividiu lealdades, e não quero ter que tomar cuidado toda vez que ela estiver por perto. - Aí. Verdade.
Sua mãe foi até ele e passou a mão por seu cabelo. - Sinto muito, querido. Você está bem?
Nick balançou a cabeça. - Para falar a verdade, não. Eu sinto falta dela. - Porque sou um idiota ardente que não pode deixar ir uma mulher que vai me matar.
- Mas o que não nos mata...
- Vai apenas exigir anos de terapia, - terminou com seu giro favorito sobre o velho ditado. - Você quer um sundae de lasca de chocolate para alegrar-se?
Nick fez uma careta. - Não sou uma menina, Mãe. Caso você não tenha notado, sua filha vem equipada com encanamento exterior.
Rindo, ela arrepiou seu cabelo novamente. - Mas...?
- Sim, ok. Tomarei um pouco. Obrigado.
Ele a seguiu para a cozinha e ficou atrás enquanto ela foi para o congelador para pegar o pote de sorvete de lascas de chocolate. - É sempre tão duro, mãe?
- Eu não sei, Boo. Neste ponto você teve mais namoradas do que eu já tive namorados.
E isso era definitivamente sua culpa. Por causa dele e de seu pai, ela nunca namorou ninguém. Ela não queria arriscar-se e trazer para casa um que gritaria
ou bateria nele. Por isto, ele sempre foi grato... e extremamente cheio de culpa.
Sua mãe era uma mulher bonita que podia ter qualquer homem que quisesse. Um que a trataria como uma rainha. A parte mais triste? Foi o único que ela sempre
amou e o único que ela achou que devia manter.
A mulher era definitivamente louca.
Ela colocou a tigela cheia de sorvete de chocolate na frente dele, junto com um pote de creme chantilly. - Bon appétit, mon fils.
- Merci. - Ele pegou a tigela e o pote, foi para a mesa da cozinha e sentou-se.
Ela deu-lhe um beijo no topo da cabeça enquanto ele enchia a tigela com metade do pote de Chantilly. Franzindo o nariz, ela tremeu. - Você tem o suficiente
aí, Sparky?
Ele pegou a colher de sua mão. - Eu não sou a única pessoa aqui que afoga suas mágoas em chantilly.
- Apenas não termine o pote sem aviso prévio antes que eu compre um novo.
- Certo. - Ele cavou dentro do pote.
Sua mãe demorou-se ao seu lado até que ele olhou para cima com uma carranca. - O que foi?
Ela hesitou. - Você quer conversar sobre isso?
Nick encolheu-se para a sua oferta. - Novamente, não sou uma filha.
Ela colocou as mãos em forma de concha em sua bochecha e sorriu para ele. - Os homens também têm sentimentos. Eu sei... criei você, e conheço esse olhar magoado
em seus olhos. Parte meu coração, querido. Por favor, diga-me o que posso fazer para ajudar.
Nick colocou a mão sobre a dela e lutou contra uma súbita onda de lágrimas. Ela estava certa. Doía. Era ruim. Como um pontapé inesperado nas pedras. Era tão
estúpido, mas, tinha visto um futuro com Kody. E queria ficar com ela para sempre.
E sua traição cortou sua alma.
Pelo menos eu não estou sozinho nessa. Kody poderia rejeitá-lo ou tentar matá-lo, mas sua mãe era uma mulher que ele sabia que nunca o trairia ou o desapontaria.
Não importa o que acontecesse, ela o amaria, independentemente.
Ele deu um leve aperto em sua mão. - Você está fazendo isso, mãe. Além disso, eu superarei eventualmente, certo?
- Com certeza. - Ela inclinou a cabeça para baixo em cima dele e deu-lhe um abraço feroz por trás. - Sempre meu forte pequeno soldado. Eu amo você, Nick. Mais
que a minha vida. Faria qualquer coisa por você.
- Eu sei. O sentimento é recíproco.
Ela beijou sua cabeça, depois o soltou. - Não se preocupe em fazer suas tarefas hoje à noite. Eu farei.
Ele bocejou. - Sério? Droga... lembre-me de frequentemente ter um coração partido.
Rindo novamente, ela colocou o sorvete no lugar. - Eu ia assistir algumas reprises. Adoraria se você se juntasse a mim... se quiser.
Estranhamente, ele quis. De fato, não conseguia pensar qualquer coisa melhor que deitar sua cabeça em seu colo e ser seu bebê hoje à noite.
Você está muito velho para isso.
Talvez, mas ninguém saberia e significaria muito para sua mãe. E seria um longo caminho até fazer com que seu estômago não doesse tanto.
Desde que conseguia lembrar, sua mãe dizia que não importava quantos anos ele tivesse, sempre seria seu bebê. Agora entendia o que isso significava. Não foi
só para ela. Havia momentos em que homens e mulheres precisavam ser crianças novamente. Precisavam saber que existia alguém lá fora que os amava, não importava o
que fizessem. Alguém com quem podiam voltar para um abraço sempre que a vida armasse para eles. Enquanto namoradas iam e vinham, sua mãe sempre estaria com ele.
Até que eu faça algo estúpido que cause a morte dela...
Estremeceu quando lembrou um detalhe que Ambrose soltou em sua cabeça.
Eu tenho menos de dez anos para parar isto.
Embora isso pudesse parecer muito tempo, sabia que não era. O tempo passava rápido. Muito rápido na maioria dos dias.
Sem querer pensar sobre isso hoje à noite, terminou seu sundae e lavou a tigela antes de levar o lixo para ela, embora ela dissesse que não precisava. Nunca
gostou que ela fosse do lado de fora sozinha a essa hora da noite. Apesar de sua ferocidade, ainda era uma mulher pequena que seria um alvo fácil para alguém como
os animais que ele uma vez combateu. Eles não hesitariam em assaltá-la.
Depois de colocar um saco novo na lata, juntou-se à sua mãe no sofá. Ela já estava enrolada embaixo do cobertor rosa grosso, macio que ele havia dado a ela
no Dia das Mães do ano passado. Por alguma razão, ela estava sempre com frio. Nick sentou-se, em seguida inclinou-se para o lado de forma que pudesse colocar a cabeça
em seu colo.
Sua mãe imediatamente colocou a mão sobre seu cabelo e acariciou seu couro cabeludo. Algo que foi uma forma de fazê-lo sentir-se melhor. - Estou muito orgulhosa
de você, Nick.
- Obrigado, mãe... por tudo.
Ela beijou sua cabeça e depois lhe entregou o controle remoto. - Eu sei que você não gosta de meus programas de menina. Apenas não ache algo assustador ou
sangrento. Você sabe o quanto odeio qualquer coisa que tenha a ver com sobrenatural.
Nossa, obrigado, mãe. Perguntou-se como ela se sentiria ao saber que havia realmente dado a luz a um.
Será que se importaria com ele? O odiaria, também?
Não. Ele bem sabia.
Mas, novamente, quis arriscar. Ambrose já o alertou que quando disse a sua mãe a verdade sobre seu nascimento em uma vida anterior, ela não lidou muito bem
com isso.
Não que ele a culpasse. Havia momentos quando enfrentou isso que quis correr para um canto e chorar como uma criança num jardim de infância com pena de si
mesmo.
E diferentemente dela houve um tempo em que esperava que vampiros e metamorfos fossem reais.
Palmas para minha estupidez.
De repente, sentiu algo no ar. Olhou para cima quando a sensação se espalhou por seu corpo como um prenúncio, ativando seus poderes de forma que não fosse
pego desprevenido.
Os símbolos de proteção invisíveis que Menyara pintou acima de sua porta de entrada começaram a brilhar. Sua mãe não podia vê-lo. Mas, ele via e sabia exatamente
o que queria dizer.
Algo não humano estava tentando pegá-lo.
Obrigado, Menyara. - Não queria saber o que aconteceria com ele hoje à noite se sua madrinha não fosse uma sacerdotisa Vodu. Os símbolos no alto estavam realmente
brilhantes. Como se o ser estivesse testando uma fraqueza que pudesse explorar.
Era a mesma que ouviu mais cedo? A ceifeira foi pegá-lo?
Ou era Kody tentando matá-lo?
Tinha como saber com certeza, e nunca tinha sido mais agradecido a Menyara por seus modos excessivamente cautelosos. De fato, iria dormir hoje à noite com
sua pequena bolsa com o talismã que ela fez para seu pescoço, apertando-o firmemente.
Fechando os olhos, Nick usou o pouco dos poderes que aprendeu com Grim e Caleb para empurrar contra qualquer coisa que estava tentando entrar. Por um minuto
inteiro, o brilho girou tão incandescente que era como seco sol estivesse brilhando na sala.
Então foi embora tão depressa quanto veio.
Seu coração batia forte. O que é você?
Em momentos como esses, daria qualquer coisa para ter habilidades de Kyrian ou Ash. Eles não tinham que aguentar porcaria de ninguém.
E um dia, eu terei aqueles poderes também.
Não. Não é verdade. Suas habilidades de Malachai iriam zombar deles... não podia esperar para manejá-las quando não mais explodissem contra ele.
Mas, quando isso passou em sua mente ele ouviu alguém sussurrar em seu ouvido.
Tenha cuidado com o que deseja...
Você pode conseguir.
CAPÍTULO 7
- Nick!
Caminhando pelo corredor em direção à aula de inglês, Nick mal teve tempo para preparar-se antes que Casey grudar em seu braço como velcro.
- Ei.
Ela fez uma careta para ele. - Ei? É o melhor que você pode fazer? Sério?- Estalou a língua para ele. - A propósito, você está incrível com sua camiseta de
futebol.
Cara, ele odiava elogios. Sempre o fizeram parecer estranho, especialmente quando vinham de pessoas que não se dignavam a falar com ele. - Obrigado. Você parece
bem em seu uniforme, também.
Ela sorriu para ele e balançou seus quadris para exibir os painéis brancos em sua saia de líder de torcida, plissada em preto e dourado. - Eu sei, certo?
Ninguém jamais poderia acusá-la de ter baixa autoestima. Não que ele a culpasse. Ela era magnífica.
Do nada, Stone agarrou a frente de sua camisa e jogou seu corpo contra os armários. - O que você pensa que está fazendo, Gautier?
Nick o empurrou de volta. - Eu não sou seu garoto de programa. E você não é meu cafetão. Você não vai me bater. Eu sei que você sente atração por mim e tudo,
mas...
Stone virou-se para ele.
Nick abaixou-se e veio com um soco que teria deixado um desprevenido inconsciente se Caleb não tivesse agarrado Stone e o empurrado de volta um nano segundo
antes do punho de Nick bater em sua mandíbula.
Caleb plantou-se entre eles. - Você dois perderam a cabeça? Querem ser suspensos do time e da escola?
- Eu estava cuidando da minha vida, - Nick rosnou. - Ele me abordou primeiro.
Stone agarrou Casey pelo braço. - Vamos, amor.
Ela arrancou a mão. - Não vou a lugar nenhum com você.
Stone olhou para ela. - Você quer sair com um estuprador? Tudo bem. Não venha chorando para mim quando ele violá-la.
O olhar de Nick escureceu. - Dina mentiu e ela admitiu isso... publicamente.
Stone zombou dele. - Sim, certo. Como se nós não soubéssemos que seu chefe pagou a ela.
Ele estava louco?
Sua raiva estimulando-o para a violência, Nick começou a ir para ele, mas Caleb o pegou e o empurrou dois passos de volta.
- Deixa prá lá, Gautier, - Caleb rosnou em sua orelha.
- O que está acontecendo aqui?
Nick acalmou-se quando seu diretor, Sr. Head, parou ao lado de Stone e deu aos dois um olhar fixo curioso.
Nick capturou o flash vermelho nos olhos de Caleb quando o demônio o lançou.
- Nada - Nick murmurou para o diretor. - Nada.
Head olhou para Stone. - Isso é verdade, Blakemore?
Stone enrolou o lábio em Nick. - Nós temos um predador nesta escola, Sr. Head, e eu estava tentando proteger minha garota dele.
Casey ficou de boca aberta, depois zombou. - Eu não sou sua garota, você é um neanderthal que arrasta os nós dos dedos. - Ela recuou para o lado de Nick. -
Stone atacou Nick sem motivo algum, Sr. Head e Nick está sendo gentil para não deixar Stone em problemas, embora ele mereça isso.
Nick ficou boquiaberto. Droga, Casey... será que alguém anotou a placa do ônibus que você jogou-se embaixo? Lembre-me de não fazer nada errado ao seu redor.
Deslealdade, seu nome é Casey Woods.
Head girou para Caleb. - Ela está dizendo a verdade?
Caleb passou por um olhar significativo para Nick antes de responder honestamente. - Sim, senhor.
- Certo, então. Stone, no meu escritório. Agora. - Head hesitou, depois se voltou para Nick. - É melhor não te ver em outra briga em minha escola, Gautier.
Você me entendeu?
- Sim, senhor.
Para choque completo de Nick, Head, efetivamente o deixou sozinho e levou Stone ao seu escritório.
Uau, essa foi a primeira vez. No passado, sempre que Stone começava algo com ele, Nick pagava por isso e Stone dançava impune. Na verdade, seu medo era que
não estivesse indo para o escritório para pegar a detenção em vez de Stone.
Os polos da Terra se inverteram. O mundo inteiro está de cabeça para baixo. Houston, nós temos algum tipo de problema estranho, porque isso realmente não acontece
comigo.
Estou em uma realidade alternativa.
Sim, isso fazia sentido. Encontrou o olhar sombrio de Caleb. - O mundo está acabando, é isso?
Caleb bufou. - Não que eu saiba, e eu provavelmente saberia se fosse acontecer.
- Você dois são tão engraçados. - Casey beijou a bochecha de Nick. - Verei você depois da aula. - E disparou para fora, no meio da multidão.
Nick ainda estava em estado de choque com o que tinha acontecido. - Eu juro que isto realmente tem que ser um sinal do Apocalipse.
Caleb bateu-lhe nas costas. - Veja o lado bom e vamos para a aula antes de acumular outro atraso.
Sim, mas era difícil aceitar o bem quando ele tinha sido alimentado com uma dieta constante de mal desde que conseguia lembrar.
Quando chegou na sala, viu Kody indo em sua direção. Contra sua vontade, seu coração pulou uma batida. Em seguida foi direto ao seu estômago quando viu que
ela já não usava seu colar.
Bem, por que devia usar? Não é como se não terminasse com ela ou algo assim.
Sim, certo, ela não tinha nenhuma razão para usá-lo mais. Então por que dói tanto que ela não use?
Tentando não pensar sobre isso, entrou na sala e tomou seu lugar habitual próximo a Caleb. Kody sentou-se em frente e manteve-se de costas para ele.
Olhou para a mesa vazia à sua esquerda. A mesa que tinha sido de Kody até hoje. Sua garganta apertou e tentou não olhar para ela. Mas seus olhos continuaram
traindo-o. Não podia evitar. Ela era tão bonita. E hoje seu corpo perfeito estava envolto em um suéter rosa que foi estrategicamente desenhado por algum idiota sádico
que queria ter certeza que nenhum homem mortal podia concentrar-se em nada, exceto nela.
Ou em seu caso, um demônio semi-imortal.
O que está acontecendo, Nick?
Ele deslizou o olhar para Caleb. Pela primeira vez, recebeu Malphas em sua cabeça, desde que o distraiu.
Eu não dormi muito ontem à noite. Algo estranho aconteceu.
Caleb arqueou uma sobrancelha. Defina estranho.
Bom ponto. No mundo dele, estranho tinha muitas conotações. Nenhuma dos quais era normalmente saudável para Nick.
Os símbolos de Menyara iluminaram como a Rua Bourbon em Mardi Gras. E eu continuei ouvindo uma voz me dizendo que iria me pegar.
Kody?
Contra a sua vontade, olhou para ela novamente.
Mesmo que eu tenha certeza de que é sua ocupação atual e constante me matar, não foi sua voz que ouvi.
Você reconheceu?
Nick balançou a cabeça.
Por que não me chamou quando aconteceu?
Percebi que estava a salvo já que os símbolos brilhavam. Certo?
Caleb rosnou para ele. Não brinque com sua segurança, Gautier. No futuro, quando você receber ameaças de morte de vozes sem corpo, ligue-me. Noite ou dia.
Por que? Tudo que você faz é reclamar sempre que eu o chateio.
Caleb olhou para ele. Me chateie de qualquer maneira.
Certo. Tanto faz. Caleb podia ser tão irritável sem nenhuma razão conhecida. Às vezes, era como namorar uma mulher com síndrome de intestino irritável.
Ou raiva.
Finalmente, sentiu a bunda irritadiça de Caleb saindo de sua cabeça. Sozinho com seus pensamentos, Nick tentou concentrar-se na aula. Mas, era difícil se importar
com inglês quando tinha um assassino desconhecido e uma ex-namorada tentando matá-lo.
Era um pensamento pesado que pendeu em sua mente durante todo o dia.
Quando o sino finalmente soou, soltou um suspiro aliviado. Sobreviveu a outro dia da escola sem mortes, ataques de zumbis ou aniquilação massiva de ego.
Ou assim pensou.
Nick diminuiu a velocidade quando parou em seu armário para pegar sua lição de casa. Alguém havia escrito PORCO ESTUPRADOR em letras gigantes com um marcador
preto. Um músculo fez um tique nervoso em seu maxilar quando sua fúria aumentou.
Estava tão cansado de lidar com a explosão causada por Dina e seu ridículo ciúme mesquinho. Esquece, gente. Tenham uma vida.
E deixe-me ter uma nova.
- Não se sinta tão mal, Nick, - Brynna disse quando surgiu atrás dele. - Eles me pegaram, também. - Ela apontou para seu armário, onde alguém escreveu VAGABUNDA
e desenhou imagens obscenas. - Eu já falei ao Sr. Head sobre isto, e ele prometeu que pintaria por cima antes das aulas de amanhã.
Sim, ótimo. Depois que todo mundo viu. Isso serviria para quê?
Ei, garoto, desculpe se atiraram na sua cabeça. Olha aqui, vamos colocar um curativo em seu dedo para sentir-se melhor sobre o que falta no lobo frontal.
Nick soltou um suspiro baixo, mortal. - Estou realmente ficando cansado disto, Bryn. É ridículo. Eles a fizeram se desculpar conosco publicamente, pelo amor
de Deus e admitir para todo mundo que mentiu sobre tudo.
- Não importa. As pessoas acreditam no que querem, a verdade é foda. Isso me mata, também. Veja minha prima, Kim, por exemplo. Quando estava no ensino médio,
foi eleita rainha do baile por dois anos seguidos. No segundo ano, a mãe de uma das outras meninas em sua sala telefonou para a minha tia em histeria, reclamando
o quão injusto era que ninguém gostasse da vaca de sua filha. E era errado Kim ser eleita rainha do baile duas vezes, embora todo mundo na sala votasse em Kim e
não na vaca ou em outra menina.
Brynna balançou a cabeça. - Deus ama minha tia, ela é como sua mãe, Nick, a pessoa mais amável que já nasceu. Não querendo qualquer drama e não querendo ferir
os sentimentos de uma menina de quatorze anos de idade, minha tia convenceu Kim a compartilhar sua coroa no segundo ano. E porque Kim é uma doçura, também, ficou
com pena da menina e concordou. Então, quatro anos mais tarde quando ambas eram idosas, aquela bruxa, que não conseguia segurar uma vela para Kim no seu grande dia,
disse a todo mundo que a mãe de Kim foi quem telefonou histérica e a fez compartilhar sua coroa. Como se... e aqui está o kicker12. A rainha do baile foi anunciada
publicamente para a escola quando os votos foram contados pela primeira vez. Foi só no dia seguinte que voltaram e acrescentaram a vaca como co-rainha. Todo mundo
sabia que Kim havia ganhado, livre e limpo e mesmo assim alguns deles acreditaram na bruxa quatro anos mais tarde quando ela mentiu sobre isto. Ridículo, não é?
Uma mentira e uma eternidade de dor. Eu acho que é por isso que aqueles cretinos sem alma fazem isso. Eles não se importam com o que dizem ou quem eles machucam.
Querendo o sangue de todos eles, Nick agitou a cabeça. - Deveria haver um lugar especial no inferno para todos eles.
- Existe - Brynna disse enfaticamente. - Eles têm que viver suas vidas miseráveis presos a si mesmos. Eu não consigo pensar em outro castigo pior.
Nick ridicularizou. - Eu posso. Uma boca cheia de dentes quebrados.
Bryn estalou a língua para sua sugestão. - Violência gera violência.
- E às vezes violência gera satisfação.
Ela suspirou fortemente. - Você não acredita realmente nisso, não é?
Ele olhou para seu armário vandalizado quando outra onda de raiva indignada o consumiu. - Vamos apenas dizer que se eu soubesse quem fez isto, ele iria mancando
para casa.
Ela bateu levemente em seu ombro para acalmá-lo. - Você lembra o que me disse quando permiti que os babacas desta escola quase me levassem ao suicídio por
causa das mentiras de Dina?
Claro que lembrava. Ficou apavorado em perder sua amizade por algo tão estúpido quanto a crueldade humana. - Que você valia a pena mais que todos eles juntos.
- Sim, e você disse que eu nunca devia deixá-los roubar o meu dia. Que eles não valiam a pena. E você estava certo. Eles não valem.
Sim, mas agora mesmo, ele não conseguia achar aquela parte decente de si mesmo. Tudo que podia sentir era o ódio puro, completamente frio. E infectou-o ao
nível do osso.
Brynna abriu seu caderno e retirou várias folhas de papel. Entregou-as para ele. - LaShonda e eu estamos começando uma nova iniciativa - A brigada anti-tirania.
É o cartaz e o manifesto que nós estamos postando em todos os lugares que vamos. Eles vão até mesmo publicar no jornal da escola.
Nick sorriu com o logotipo que elas usavam. Era um chaveiro em forma de gato caçando com o símbolo ABB (Anti-Bull Brigade) formando uma borboleta. Em grandes
letras brancas sobre o chaveiro vermelho estavam as palavras: É Fácil Fazer Parte. Junte-se à Brigada Anti-Tirania.
Puxou as outras páginas para cima de forma que pudesse lê-las.
"Caro atormentador, hoje você me fez chorar. Você me fez sentir como o pedaço mais inferior de sujeira que já caminhou por esta terra. Roubou um pedaço do
meu coração e alma, e minha autoestima. Justamente quando eu finalmente consegui me convencer de que não era a pessoa mais feia ou mais idiota viva, você entrou
e reafirmou aquela reprodução repetitiva na minha cabeça que me insulta, mesmo quando você não está por perto. A mesma reprodução que, repetidas vezes me diz que
a vida é uma merda e nunca ficará melhor, não importa o que eu faça, porque não mereço coisa melhor. Não sou nada, e nada é tudo o que sempre serei. Mesmo quando
tento o meu melhor, como fiz hoje, não é bom o suficiente para me fazer humana ou algo valioso aos olhos do mundo.
Não preciso de você ou qualquer outro para reafirmar algo que já sei sobre mim mesma. Minha mágoa não se mostra no exterior porque aprendi muito tempo atrás
de certificar-me de que você não tenha esse prazer e também, que você e os outros que pensam que é engraçado ou inteligente ou atraente, ou estão com muito com medo
de que você faça qualquer coisa mais que estar junto, não possa ver quanta dor me causou. Às vezes, no passado, quando cometi o engano de deixar você ver minhas
lágrimas, todos riram de mim por causa disso e você fez pior. Você me fez sufocar em minha dignidade e odiar o que tinha sido uma fonte de orgulho para mim... até
que você zombou disso. Chutou meu coração, e devastou a pequena autoestima que consegui juntar. Mas, tudo bem porque é isso que me faz mais forte que você e seus
seguidores. Não tenho que apontar falhas de outra pessoa.
Não preciso derrubar outra pessoa ou zombar de alguém para me sentir melhor, ou provar o meu valor, autoridade, poder ou inteligência. O simples fato de você
fazer, prova que nós, que nos abstivemos de tal crueldade, somos uma espécie superior. Nós somos aqueles que evoluímos além do simples comportamento animal que faz
um ataque a uma criatura por algo que não entende, algo que é diferente ou não tão forte. Não é preciso inteligência superior para derrubar alguém e/ou seu trabalho
duro. Para zombar de seu melhor esforço ou uma característica física que não pode ser melhorada. Isso não prova que seja mais inteligente ou melhor de qualquer forma.
Uma banana de dinamite pode derrubar um edifício, mas não pode construir um.
Você me fez ter medo de ir à escola. Você me fez ficar doente sempre que eu pensava em ir trabalhar. Você me fez ter medo em minha própria casa. Você desnecessariamente
me insultou em lojas, pelo telefone ou onde quer que eu encontrasse acidentalmente e inesperadamente você. Você arruinou meu passado, meu presente, meu dia e roubou
uma parte da minha alma. Como o resto de nós, você vem de todo os tipos de origem. Algumas não muito felizes e a crueldade é tudo o que você sempre conheceu, então
ataca em um esforço para aliviar sua própria dor. Outros não têm qualquer desculpa. Seu passado é irrepreensível. Pelo contrário é uma necessidade maligna dentro
de você que não entendemos e por isso é tão difícil identificá-lo às vezes, porque você se mistura como um veneno.
Foi meu professor, sacerdote, meus colegas estudantes, colegas de trabalho, chefes, diretor, às vezes você era um antigo amigo ou mesmo um familiar que eu
uma vez confiei. Pegou coisas que eu disse a você em absoluta confiança e torceu em mentiras para serem usadas contra mim. Sem causa, disse estar contra mim. Recusou
me ver como um ser humano. Me chutou quando eu estava por cima, e me chutou quando eu estava por baixo. Mas hoje, não me chutará mais. Eu não serei seu saco de pancadas
física ou verbal. Hoje, eu descobri que o segredo que nunca permitirá a você ou seus amigos, que um dia ficarão como você também, me machucar de novo.
Hoje, quando estava ferida e sangrando naquele lugar escuro rastejando até quando achava que não aguentava mais, eu achei algo extraordinário. Minha humanidade.
Quando minha alma gritou em agonia sangrando e quis morrer em vez de viver mais um dia em um mundo onde você existe, percebi que minhas lágrimas e habilidade de
sentir dor sem atacar e devolver isso contra outra pessoa me faz humano. Encontrei meu prazer quando alguém sorria com algo que eu disse ou fiz. Quando os faço se
sentirem melhor sobre si mesmos e suas vidas. Quando olho para um desenho legal e digo ao artista que é uma obra de arte, merecedor de ser pendurada em um museu.
O sorriso em seu rosto, o orgulho que arde em seus olhos, a felicidade que vejo dentro deles faz meu coração inflar. Isso me dá uma alegria que você nunca poderá
entender. Da mesma maneira que eu nunca entenderei sua necessidade de ferir.
Gentileza não custa nada para dar, mas para uma pessoa que recebe, pode ser a única coisa que salva sua vida. A única coisa que lhe dá esperança em sua hora
mais sombria. Nenhum ato de caridade ou generosidade, não importa quão pequeno, nunca é desperdiçado. Nas palavras imortais de Maya Angelou... As pessoas esquecerão
o que disse, as pessoas esquecerão o que fez, mas as pessoas nunca esquecerão como os fez se sentir. Sempre que pensem em mim, quero que sorriam e se sintam bem
por dentro...
E nunca permitirei que você tire isso de mim ou deles. Não importa se me insultar ou me bater, não me tornarei você, e pagar sua crueldade adiante. Com o tempo,
você sairá de minha vida e eu vou seguir em frente e me tornar muito mais forte e mais esperto do que sou hoje. Porque posso comemorar com outros e aplaudir os seus
esforços com o coração aberto capaz de amor e aceitação. Evoluirei para um nível maior de felicidade enquanto você ficará atolado em seu ódio insignificante e ressentido.
Mais que isso, descobri o melhor segredo de todos. Não me importo com o que pensa porque eu não penso em você o suficiente para escutá-lo. Você não vale a energia
que me custaria para odiá-lo. Não há nada em você que eu quero ser. Não quero suas roupas. Não quero seus amigos. Seu trabalho. Não quero sua vida, e eu definitivamente
não quero viver uma existência onde tenho que magoar outra pessoa a fim de parecer bem comigo mesmo. Não deixarei você roubar minha humanidade. Não me ensinará seu
ódio ou intolerância. Não hoje. Nem nunca.
Ao contrário do que pensa, você não é anônimo. Você é onipresente. Não importa de onde venha, ou a roupa que veste, ou se esconde-se atrás de uma tela de computador,
você é como todos os ladrões. Ao invés de trabalhar e criar algo por si mesmo, prefere roubar de outra pessoa. Até suas emoções são roubadas. E mesmo que eu não
seja capaz de ver o futuro hoje ou qualquer luz, sei que serei e que sairei dessa escuridão, e me libertar dessa coisa desagradável que você causou. Se me agarrar
com as duas mãos, minha força me salvará. Minha vida é um dom e não deixarei você tomar isso de mim, também. Você definitivamente não vale isso. Estou aqui e sou
importante. Talvez não para você. Mas, para aqueles que eu faço sorrir, para as pessoas que veem a beleza dentro de mim, as que me procuram por quem sou e por causa
das emoções positivas que dou a elas.
Eu sou insubstituível. Você não é. Você devia morrer amanhã, ninguém lamentaria. Já estive em seu funeral e vi que isto é verdade. Quando você morrer, existirá
outro tirano, assim como você, vomitando as mesmas mentiras cruéis que nunca mudam, para tomar seu lugar. Como disse, vocês são todos iguais. Mas, nós não somos.
Somos indivíduos. Nos importamos com o próximo, somos o mundo inteiro. Nossa perda cortaria os corações e lamentariam para sempre. Nossa morte deixaria um buraco
dentro deles que nunca fecharia. Somos as flores frágeis que derramam sua fragrância no mundo e levamos beleza sempre que somos descobertas por aqueles capazes de
nos ver em toda a nossa glória.
E, portanto, termino minha carta com isto. Vá em frente e ria de mim. Zombe-me. Insulte-me. Derrube-me. Faça o seu pior. Porque apesar de tudo, farei o meu
melhor, apesar de você e de sua crueldade. Deste dia em diante, nunca ouvirei suas palavras feias novamente. Viverei minha vida para mim e para aqueles poucos que
me amam da maneira como sou, as pessoas que não podem imaginar um mundo sem mim. De agora em diante, rirei de você quando começar a agir contra mim, porque agora
sei a verdade. Os animais atacam o que temem. E você, apesar de toda arrogância e fanfarronice, tem um pouco de medo de mim. Se eu verdadeiramente fosse insignificante
e desprezível, você não se incomodaria em me atormentar. Então continuarei a viver minha vida, sabendo ser feliz e que eu o ameaço. Entretanto, eu e o resto de meus
verdadeiros amigos não nos incomodaremos em falar sobre você. Você não é importante o suficiente para tomar nosso melhor tempo gasto em preparar um futuro em que
você não existe.
O tempo muda tudo e todos. Hoje você é o valentão. Amanhã alguém irá abusar de você. E quando isso acontecer, ao contrário de você, vamos chegar até você com
simpatia e amor e tentar fazê-lo sentir-se melhor. Porque é quem nós somos... inteligentes e belos seres sempre humanos. Brigada Anti-Tirania".
Com as sobrancelhas franzidas, Nick olhou para cima para ver a expressão ansiosa dela enquanto esperava uma resposta.
- Você escreveu isso?
O semblante dela caiu instantaneamente. - Você não precisar soar tão surpreso, sabia?
Nick balbuciou. Não estava surpreso. Em vez disso, estava altamente impressionado. - Não tive intenção de ofendê-la, é apenas...
- Honesto? Duro? É porque escrevi logo depois que você deixou minha casa. Suas palavras e generosidade na minha hora mais escura tocaram um lugar bem no fundo
do meu coração. Sei o quão longe eu moro, e você ainda largou tudo e correu para ter certeza que eu estava bem. Não há muitos meninos neste mundo que fariam o que
você fez por um amigo. Então obrigado por ser você, Nick. Significou tudo para mim naquele dia.
Ele estava muito chocado para falar quando ela beijou sua bochecha.
Ela pegou as páginas de volta e, em seguida, entregou-lhe um botão da ABB com o logotipo.
- Você é nosso primeiro membro oficial. - A mão dele permaneceu na sua quando ela ignorou isso. Ela apertou seus dedos, em seguida o deixou ir.
Que estranho. Ela havia drenado cada pedaço de sua raiva. Estava tão calmo agora. Tão em paz. Apenas sua mãe e Kody teve esse efeito sobre ele.
- Faça o que fizer, Nick, nunca mude. - Ela começou a se afastar.
- Ei, Bryn?- Ele chamou.
Ela fez uma pausa para olhar para nele.
- Eu não estava surpreso. Eu estava muito impressionado. Você é uma grande escritora.
Seu rosto ficou rosa claro antes que ela murmurasse um baixo "Obrigada", e corresse para fora.
- É incrível, não é?
Ele fez uma careta quando Caleb moveu-se atrás dele. - O quê?
- O impacto que uma pessoa pode ter sobre outra. O que poderia ser uma passagem de jovialidade para você poderia ser uma tábua de salvação para outra pessoa...
Você salvou sua vida, sabia...
Nick sacudiu sua cabeça. - Fui à sua casa para ter certeza que ela estava bem.
Caleb inclinou-se mais perto dele para falar baixo. - E isso é o que me dá esperança de que você não se tornará Adarian. Você não faz ideia de como é um presente
raro em colocar os outros antes de si mesmo. Não é uma coisa fácil de fazer.
Ele zombou. - Você põe minha segurança na frente de si o tempo todo.
- Só porque minha saúde contínua depende da sua.
-Não acredito em você.
Caleb deu de ombros indiferente. - Não precisa. Eu acredito em mim, e neste momento, sou o que conta. - Ele agarrou Nick pela camisa e o puxou em direção às
portas. - Vamos lá, esperto, precisamos ir antes que cheguemos atrasados para o treino. Não vou correr voltas porque você arrastou sua bunda, e, graças a você, Stone
não está aqui para chutar o treinador hoje e nos liberar mais cedo.
* * *
Kody hesitou quando se aproximou do Santuário das Ursulinas. Não porque o famoso bar e grill abrigava uma mistura variada de metamorfos letais e era propriedade
de uma família de ursos, mas porque a mãe de Nick trabalhava lá. No passado, Cherise sempre foi amigável com ela. Mas, não tinha ideia do que Nick havia dito à sua
mãe ou como Cherise a saudaria hoje.
Ainda assim, tinha que ser feito, e não era uma covarde.
Reunindo sua coragem, dirigiu-se às portas que eram guardadas por um enorme urso metamorfo loiro chamado Dev. Ele tinha o cabelo loiro longo, ondulado puxado
para trás em um rabo-de-cavalo e sorriu quando ela se aproximou.
- Boa tarde, senhorita Kody. Como vai?
- Muito bem. E você?
Relampejando seu sorriso deslumbrante, passou a mão sobre a tatuagem de arco-e-flecha duplo em seus bíceps. - Não posso reclamar, mas sempre reclamo.
Kody riu. Uma coisa que sabia sobre Dev, fora o fato de que era extremamente lindo, era que tinha senso de humor.
- Cherise está trabalhando?
- Está. Mas, seu filho do mal não está com ela.
Se Dev soubesse o quão perto da verdade aquelas palavras estavam. - Eu sei. Estava esperando para encontrá-la aqui sem ele.
- Então está com sorte. Hoje ela está na cozinha. Se Remi der qualquer bronca, avise-me e reorientarei sua atitude para com você.- Remi e Dev compunham a metade
de um conjunto de quadrigêmeos idênticos. E enquanto quatro deles poderiam parecer iguais, Dev, Remi, Cherif e Quinn tinham personalidades muito diferentes. Remi
era o rabugento do grupo. Quinn o tímido. Cherif o Sr. Sério e Dev, o sedutor eterno.
- Obrigado, Dev.
- De nada, doçura.
Kody entrou e esquadrinhou as mesas que eram agrupadas em torno da entrada. Um sorriso curvou seus lábios para o caixão no canto esquerdo que tinha uma placa
caída sobre ele. Escritas no que pareceu ser sangue estavam as letras do nome do último namorado de Aimee.
Aimee Peltier era a única filha da família urso, e era linda com um corpo que Kody teria que pagar um cirurgião para conseguir. Como tal, o pai e os onze irmãos
gigantes de Aimee tendiam a ser um pouco superprotetores com ela.
Kody estremeceu com aquele pensamento lembrando-se de sua própria família. Seus irmãos a deixaram tão louca com sua interferência incessante e sua loucura
superprotetora. Naquela época eles combinavam inspecionar qualquer cara que estivesse interessada. Então o ameaçavam com imagens horrorosas do que fariam, se o cara
que ela quisesse, fizesse até mesmo sua testa franzir.
E eram anjos comparados ao seu pai, que não suportava nada masculino, além dele, seu irmão e seus irmãos, chegando próximo dela.
Deuses, como sentia falta de todos eles. O que não daria para tê-los deixando-a louca mais uma vez.
Tentando não pensar sobre isso, dirigiu-se ao bar na parte de trás. A porta para a cozinha era ao lado dele.
Assentiu para Cherif, que estava secando os óculos para colocá-los quando empurrou a porta da cozinha. Há esta hora, não estava muito ocupadão. Cherise estava
em pé em uma das mesas de aço, pressionando biscoitos artesanais.
Kody não viu Remi e ficou agradecida por isso. A única pessoa na parte de trás com Cherise era o outro cozinheiro, Jose, que estava ocupado cortando legumes.
Jose sorriu nela. - Hola, Kody.
- Oi, Jose.
Cherise parou quando a viu. Um véu desceu sobre seu rosto, escondendo suas emoções e pensamentos. - O que está fazendo aqui? - Eles podiam usar aquele tom
para gelar refrigerantes.
Kody enfiou a mão no bolso e tirou a caixa que continha o colar que Nick lhe dera. Fechando a distância entre elas, colocou-a em uma área limpa da mesa de
aço inoxidável próximo a Cherise. - Eu queria que Nick tivesse isto de volta. Espero que possa conseguir um reembolso por ele.
Cherise franziu a testa. - É muito digno de você, Nekoda. Obrigada. Não existem muitas garotas que seriam tão atenciosas, especialmente com algo que custou
tanto quanto isso.
Kody relutantemente deixou a caixa. Não porque o colar era valioso, não se importava muito com isso, mas porque significou a confiança quebrada com Nick. E
que odiou com cada parte sua. - Meus pais me criaram bem. Não se usa as pessoas, e não se tira nada deles.
Ela viu a dor simpática nos olhos de Cherise... e o respeito. - Lamento que as coisas não deram certo entre vocês.
- Eu também. Mas é o que é. - Ela virou-se para sair.
- Kody?
Ela olhou de volta para Cherise com uma sobrancelha arqueada.
- Nick é muito temperamental... como eu. É o sangue de Cajun picante que corre espesso em nossas veias. Dê-lhe alguns dias e...
- Ele não vai mudar de ideia, Sra. Gautier. Sabemos que ele é teimoso demais para isso. Quando coloca uma ideia na cabeça...
- Outra coisa que vem por honestidade. Não esperava que ele não tivesse herdado algumas de minhas menores características desejáveis.
Kody sorriu. - Obstinação tem seu lugar e não há nada errado em ser passional por algumas coisas.
- Passional - sua mãe disse melancolicamente. - Gosto disso. - Voltou a desenrolar seus biscoitos. - Cuide-se, querida. Se precisar de qualquer coisa, ainda
estou aqui por você. Com Nick ou sem Nick.
Aquelas palavras a tocou profundamente. E lembraram sua dor por sua própria mãe.
Cherise Gautier tinha o maior coração que Kody já viu. Era uma mulher fácil de amar.
- Sim, senhora. Obrigada. - Quando Kody alcançou a porta de vai-e-vem que a levava para a área pública, olhou de volta para Cherise.
Ela tinha farinha manchando uma bochecha e seu cabelo loiro estava puxado em um coque. Mesmo assim, estava incrivelmente bonita. No fundo de sua mente, Kody
viu a vida alternativa de Cherise. A mãe colocava Nick para adoção como seus pais queriam, ela continuaria a Universidade de Tulane e casaria-se com um advogado,
vivendo a vida de uma socialite rica. Em vez de um só filho, teria tido três filhas muito parecidas com ela. Cherise nunca teria conhecido as degradações e a pobreza
que tinha enfrentado com uma criança e nenhum lugar para chamar de casa.
Mas para Cherise, Nick valia cada pedaço dela e mais um pouco. Podia-se ver isso em seus olhos toda vez que olhava para seu filho. Amava-o completamente e
não existia nenhum remorso dentro de si.
Se eu o matar, isso vai destruí-la.
Cherise não seria capaz de funcionar sem seu filho. Não depois que sofreu tanto para mantê-lo e criá-lo.
Kody olhou para o teto e empurrou seus pensamentos fora desse domínio, em Sraosha de forma que seu Guia pudesse ouvir suas palavras. Nós nunca prejudicamos
ou causamos o prejuízo de inocentes. Minhas ordens contradizem umas às outras.
A resposta de Sraosha foi fria e frágil. A vida dele ou a sua. É tão simples.
Simples? Por favor. Era a coisa mais complicada que já teve que enfrentar.
Mas não havia necessidade de continuar adiando o inevitável. Não importava o que acontecesse, Adarian tinha que morrer. Ele era muito perigoso para viver com
os poderes que tinha acumulado. Nenhum Malachai alguma vez crescera tão forte.
E assim que ele se fosse, ela teria que lidar com seu filho. Nick não podia se transformar no monstro que era o pai. Não podia permitir isso. Não se fosse
salvar sua própria família.
De uma forma ou de outra, Nick teria que ser parado. E era a única que podia fazer isso.
CAPÍTULO 8
Sentando em um banco do vestiário, Nick amarrou seus tênis e gemeu em absoluta agonia. Depois de enfrentá-lo com um golpe cruel, Mason discretamente pisou
duro em suas costelas, em vingança pela detenção de Stone que o manteve fora do campo hoje e fora do próximo jogo. E a cada minuto que passava, doía mais.
No ritmo atual de expansão, deveria estar completamente incapacitado dentro de uma hora.
Talvez dez minutos.
- Você vai viver?- Caleb perguntou quando parou ao lado de Nick.
Nick olhou para a mochila preta abarrotada no chão aos pés de Caleb que ele realmente não queria levantar. - Provavelmente não.
Caleb bufou. - Bem, se planeja morrer, dê-me um alerta, assim eu posso salvá-lo ou me esconder para salvar minha pele.
Oh, isso acabou por aquecer os ventrículos de seu coração. - Ok... entendido. - O telefone de Nick começou a tocar novamente. Suspirando, olhou para ver quem
que era. - Como se existisse alguma dúvida.
- Casey? - Caleb perguntou.
Ele cortou o som. - Quem mais?
Caleb jogou a toalha sobre o ombro e fechou a porta do armário. - Droga, Nick, ela é como um perseguidor enlouquecido de celebridade.
- Sim, bem, eu disse que queria uma namorada normal que não tivesse nenhum problema real.
- Cuidado com o que você deseja. Você pode conseguir.
Um calafrio desceu por sua espinha. Levantou a cabeça para encontrar o olhar de Caleb. - O que você disse?
- Cuidado...
- Sim, não, eu ouvi você. Foi apenas... assustador. Tenho ouvido muito isso ultimamente.
Caleb lançou a toalha no cesto de roupa suja. - Bem, você sabe o que eles dizem... Echriana verti yana.
Nick fez uma careta quando cuidadosamente esfregou seu lado ferido. - Hum, sim. Eu ouço isso o tempo todo. - O que você quis dizer, amigo?
Rindo, Caleb levantou a mochila com uma facilidade que Nick invejou e a deixou no banco ao lado dele. - É meu idioma. Quer dizer, quando o universo fala, escute.
É comum no folclore de demonkyn acreditar que os deuses nos envie sinais e presságios o tempo todo. Assim que aprende a reconhecê-los, pode salvar sua bunda de muita
agonia.
- Você realmente acredita nisto?
- Honestamente? Acho que eles gostam apenas de mexer com nossas cabeças. Mas se há algo a ser dito para monitorar qualquer coisa em seu mundo, isso é redundante.
Seu telefone tocou novamente.
- Ugh!- Nick o silenciou.
Então ela mandou uma mensagem para ele.
Na verdade, ele choramingou. - Todas as meninas fazem isso?
Caleb deu de ombros. - Como poderia saber? Não fico com meninas.
- Muita informação, Cay. Muito mais do que preciso. Não quero saber com o que, ou alguma coisa, você ficou.
Rindo novamente, Caleb tirou as chaves do carro do bolso. - Quer que eu o leve para trabalhar?
- Se não se importa. Eu definitivamente não quero caminhar com isso agora. - Nick levantou e olhou fixamente para sua infeliz mochila de 300 quilos.
- Sério, Nick? - Caleb estava mais seco que o deserto do Saara. - Você quer que a leve, também?
Nick bateu os cílios para ele. - Por que você é tão brutalmente lindo e forte, Caleb Malphas - disse em um espesso, sotaque sulista exagerado. - Por que, significaria
o mundo inteiro para mim ter meu pretendente sendo tão atencioso e gentil.
Caleb o empurrou, fazendo-o gemer de dor. - Não diga uma merda dessas em voz alta. Vou matá-lo se alguém o escutar e pensar que está falando sério. - Puxou
a mochila do banco, jogou-a no ombro e dirigiu-se à porta.
- Caleb, amor, espere! Querido, não tive a intenção de deixá-lo bravo!- Nick andou atrás dele, então teve que parar quando uma onda de dor de suas costelas
o atormentou. Amaldiçoou Mason sob a respiração.
Espero que não pegue você fora do campus, imbecil egocêntrico perdedor. Da próxima vez que deixasse alguém queimando, poderia muito bem ser Mason... e não
poderia ser um acidente.
- Nick? Amor? O que há de errado?
Nick inalou uma respiração curta no momento em que deixou o vestiário e ficou cara-a-cara com a Rainha dos Textos Múltiplos e Irritantes.
- Oi, Casey.
Ela arqueou ambas as sobrancelhas quando notou seu braço e sua posição caída. - Algo está errado, docinho?
- Levei uma pancada durante o treino.
- É por isso que você esteve me ignorando?
Nick encolheu-se enquanto examinava uma lista de respostas possíveis que não poderia causar mais mal ao seu corpo. O único problema... ele não conseguia pensar
em uma única que escapasse de um leve tapa.
- Ele não está ignorando você, Casey, - Caleb disse quando voltou para o lado de Nick. - Foi minha culpa. Eu tirei o telefone dele. Não o queria distraído
depois de já ter sido machucado. Desculpe.
Um ponto para o amigo demônio de pensamento rápido.
Obrigado, Nick disparou nos pensamentos de Caleb.
Caleb inclinou a cabeça para ele.
- Então você acabou? - Casey perguntou a Nick.
- Não ainda. Eu ainda preciso ir trabalhar.
Ela esboçou um sorriso malicioso para ele. - Não, você não vai. Eu já conversei com Sr. Hunter, e ele concordou que você podia ter uma noite de folga. Portanto
parece que você é meu hoje à noite.
Nick fingiu um sorriso acima do súbito nó em seu estômago. - Bom. - Ele olhou acima dela para Caleb.
Ajude-me.
Caleb deu-lhe um sorriso perverso.
Não em sua vida, amigo. Sua garota. Seu problema. - Deu a Nick a mochila com tanta força que causou um grunhido em Nick. - Vocês crianças, divirtam-se, - disse
com um brilho maligno nos olhos. - Vejo vocês amanhã.
Caleb!
Ele ignorou o apelo desesperado de Nick enquanto se dirigia para fora do prédio.
Covarde.
Eu ouvi isso.
Claro que ele ouviu. E então o rato decidiu ignorá-lo. Perfeito, Vou lembrar disso, Malphas.
Casey ergueu-se nas pontas dos pés e o beijou. - Finalmente, nós temos um tempo as sós.
- Sim, mas eu tenho muita lição de casa.
Ela beliscou seu queixo. - Vai conseguir fazer. Sempre consegue. Além disso, você é o número um no ranking da sala. Deixe passar uma noite e dê a Brynna alguma
esperança de que possa conseguir ser a oradora oficial antes da graduação. - Pegou sua mão e o puxou em direção à porta. - Tenho uma surpresa para você.
Isso realmente fez um nó em seu intestino a ponto de que provavelmente passaria um diamante mais tarde hoje à noite. - Aprendi a odiar surpresas.
- Não vai odiar essa.
Não estava tão certo disto. Da última vez que ouviu isso, quase havia sido comido por um demônio.
Casey o puxou para seu carro, então colocou a mochila no porta-malas da frente.
- Aonde estamos indo?- Ele perguntou quando entraram no carro.
- Você realmente não gosta de surpresas, não é?
- Nem mesmo um pouco.
Suspirando, ela ligou o carro e esperou até que estivessem a caminho antes de responder. - Você ouviu falar que Alex Peltier está começando uma banda?
- Sim, ouvi algo. Por quê?
- Eles estão procurando um baterista.
Ainda não estava seguindo a sua linha de raciocínio ou a atitude excessivamente alegre sobre isto. - Ok...
Ela virou a cabeça para fixá-lo com um olha aguçado.
Aquilo não o ajudou a adivinhar, em todo caso. Sua telepatia só trabalhava com outro telepata. E já que Casey era normal, ele estava sem indícios. - Estou
aparentemente sem uma pista vital. Posso comprar uma vogal, Pat13?
Para seu alívio absoluto, ela virou a cabeça para o tráfego antes que eles batessem e se tornassem um ornamento de capuz para um caminhão-reboque. - Eles estão
procurando por um baterista, Nick. Você é um baterista, certo?
Ela era louca?
- Hum - Não. Não, não sou.
- Você tocou em banda. Eu lembro disso.
Sim, tocou, ainda que tentasse seu melhor para esquecer aquilo. - Três anos atrás por seis semanas e então eu tive que sair.
- Por quê?
Ele fechou a mandíbula apertada antes de admitir que ele não tinha sido capaz de pagar as baquetas. Quão embaraçoso era isso? As baquetas eram apenas um par
de dólares e até que Kyrian o contratou, eles não tinham um dinheirinho e mudança de sobra para ficar na banda.
Infelizmente, com toda razão escolheu a bateria porque era o único instrumento que não tinha que comprar ou alugar. Usou seus livros da escola como blocos
de prática. E até que tinha sido mais do que sua mãe podia dispor.
Mas, nunca admitiria aquela pobreza em voz alta. Era orgulhoso demais para isso.
- Eu não tinha tempo - mentiu.
- Você aprendeu como tocar?
- Não muito bem, - ele acrescentou depressa. - Sabe, há uma realmente grande diferença entre saber o que é uma nota e ser um Tommy Lee14.
- Sim, mas aposto que você lembra muito mais que pensa.
Apreciou sua confiança nele, mas em algum momento, o bom senso tinha que aparecer nesta conversação. - Não, Casey, eu não sei. Quase não aprendi nada.
- Sério, Nick? Precisa aprender a acreditar em si mesmo. Não há nada que não possa fazer se colocar sua mente nisso. É por isso que vou levá-lo para a audição.
Ele olhou para a estrada e realmente considerou saltar para ela. Preferia ser uma mancha no chão do que suportar os horrores que ela planejou. - Eu digo a
você o que acredito... acredito que vou envergonhar a mim mesmo... o que é algo que eu posso passar sem.
- Não, você não vai. - Ele ouviu o grave tom de voz profundo quando ela virou-se para ele.
Embora suas costelas protestassem, ele passou as mãos por seu cabelo escuro. - Por que você está fazendo isso comigo? O que fiz para você me odiar assim?
Ela deu-lhe um olhar irritado. - Eu não odeio você, querido. E não estou fazendo nada para você. Você disse outro dia na sala que adoraria estar numa banda.
- Também disse que gostaria de ser um astronauta. Espero que isso não signifique que você vá me jogar em um foguete e lançar minha bunda no espaço.
- Pare de ser ridículo.
Nick quis bater nela. Não estava sendo ridículo. Ela estava. E irracional também.
Eu não preciso dessa merda. Realmente não precisava. O dia tinha sido ruim o suficiente e depois de escapar ontem da morte, duas vezes, não queria ir ao encontro
de algo horrível hoje.
Era realmente pedir muito por um período de vinte e quatro horas de normalidade? Seu estômago saltou quando uma onda de terror o consumiu.
Aquela sensação não melhorou quando pararam em frente à casa de Madaug de St. James e ela estacionou o carro no meio-fio. Ela girou na cadeira para enfrentá-lo.
- Eles estão fazendo testes na garagem de Eric. Eric e Alex são os guitarristas... ou um é baixista ou coisa assim. Não consigo lembrar. Mas, você conhece Eric,
não é?
Ele acenou a cabeça. Eric era o irmão mais velho de Madaug. Nick e Bubba ajudaram a salva-lo de zumbis no ano passado. - Casey...
- Shh! Sem argumento. - Ela saiu e depois literalmente o puxou do carro até a calçada arrastando seus pés por todo o caminho. Não havia sido um grande bebê
desde que tinha dez anos de idade e sua mãe o puxou para dentro da seção de calcinhas rendadas do Walmart na frente de um de seus professores e sua filha que era
de sua sala enquanto as duas foram fazer compras para o treinamento de Tina.
Oh! A humanidade e a degradação daquele pesadelo!
Nick sentiu que ia vomitar. Por que Mason não me matou durante o treino?
Quando se aproximaram da garagem, ele ouviu alguém tentando tocar... uma música que não conseguia sequer tentar identificar. Lembrou-lhe uma criança de dois
anos com uma panela virada. O pobre garoto estava batendo a bateria muito deliberadamente enquanto contava a batida em voz alta. Ele pisava duro no pedal baixo com
o pé, depois contava e batia no tarol e no surdo.
E a séria tortura que continuava com os pratos fazia os pelos de trás de seu pescoço se arrepiar.
Sim, ok, Nick podia provavelmente tocar melhor que isso. Mas o garoto não parecia se importar enquanto continuava em um estilo desajeitado que congelou Nick
no lugar assim que avistaram o baterista. Nick não o reconhecia da escola, mas já que Eric não ia para St. Richard com ele, Alex e Madaug, ele, ao invés, podia ser
do colégio de ensino médio de Eric.
Para o crédito da banda, nenhum deles riu ou zombou das pobres habilidades do cara. Claro, suas expressões basicamente diziam que estavam muito horrorizados
ou chocados para se moverem, não se importavam em falar.
Com exceção de Alex, que tinha uma mão sobre a boca enquanto seus olhos azuis estavam arregalados e redondos enquanto assistia a criança tocar. Alto e loiro,
Alex Peltier era um membro do clã urso que era proprietária do Santuário das Ursulinas, onde a mãe de Nick trabalhava. Ele e Nick tinham sido meio amigos por alguns
anos e com toda honestidade, ele gostava do urso.
Nick realmente só conhecia Eric por Madaug e suas sessões ritualísticas sobre o quanto Madaug odiava seu irmão mais velho e a fase emo em que Eric parecia
ter se trancado.
Muito estranho, mas extremamente brilhante, ao seu lado Madaug era o gênio louco que criou o jogo Zumbi Hunter que transformou metade de seu time de futebol
em zumbis quase dois anos atrás. Felizmente, eles pararam aquilo, mas não havia sido fácil.
Os outros dois caras que estavam sentados em silêncio atordoado com Eric e Alex, Nick não sabia nada.
Fazendo careta, Casey apertou o dedo em sua orelha esquerda e estremeceu.
Finalmente, a criança parou de abusar da bateria. Ele levantou-se e fez uma reverência formal grandiosa, para Alex e companhia. - Obrigado. Muito obrigado,
- ele disse, embora ninguém estivesse aplaudindo. - Para que conste, posso praticar qualquer dia, exceto domingo. - Avançou e deu a cada membro da banda um cartão.
- Este é meu nome e número para sua conveniência. Eu sei, para ser justo, que vocês vão querer ouvir todo mundo em outra audição para a banda. Assim que acabarem
perceberão como sou bom, podem me ligar até as nove. Não tenho permissão para receber ligações após as nove. - Ele sorriu para cada um deles. - Mal posso esperar
para ter notícias de vocês.
A boca de Alex abriu e fechou várias vezes antes que ele finalmente falasse. - Obrigado... - Olhou para baixo no cartão. - David. Agradecemos por você ter
vindo.
- Vejo vocês em breve. - David aproximou-se de Nick e deu-lhe um sorriso de escárnio. - Você deveria ir para casa. Eles já têm um baterista. - Eu.
Ego bonito, amigo.
Mas Nick não disse nada em voz alta. Quem era ele para ferir os sentimentos de outra pessoa? Honestamente, invejava a criança por esse tipo de confiança. Deus
sabia que ele nunca teve uma gota disso.
- Ei, Nick,- Alex disse, levantando-se quando percebeu que estavam lá. - Casey. O que você está fazendo aqui?
- Eu não faço ideia, - Nick murmurou.
Casey zombou dele, depois avançou, arrastando Nick consigo. - Ele está aqui para o teste.
Os olhos de Alex se arregalaram. - Você toca bateria?
- Toco o rádio, principalmente.
- Pare, Nick, - Casey repreendeu quando o empurrou mais perto de Alex. - Ele toca incrivelmente bem. É apenas tímido sobre isso.
Ainda assim, ele continuou lutando. - Realmente não. Sou péssimo, grande momento. - Ele gesticulou acima do ombro para o Chihuahua minúsculo que não teria
seus dentes na sua bunda. - Casey bateu a cabeça mais cedo quando a deixaram cair do topo de sua pirâmide de líder de torcida, então acho que vou levá-la para fazer
uma tomografia computadorizada e...
- Nick!- Ela retrucou. - Pare com isso! Agora vá até lá e toque.
Alex conteve uma gargalhada. - Não acho que ela vá deixá-lo escapar até que toque algo.
- Sim, porque não passei vergonha até os meus ossos suficiente vezes hoje. Obrigado, Case.
Alex gesticulou para Eric. - Sei que você já conhece Eric.
Vestido todo de preto, Eric tinha uma faixa loira no meio de seu cabelo tingido de preto que usava eriçado por toda a cabeça. Ele empurrou o queixo em saudação.
- Tudo em cima, Gautier?
Não minha dignidade. Essa é maldita, com certeza. - Eric.
Em seguida, Alex indicou um sujeito que parecia mais velho que Eric e de Nick. - Nosso vocalista é Marlon Phelps.
Ele levantou-se para apertar a mão de Nick. Com pele escura e olhos pretos, Marlon era vários centímetros mais baixo que Nick. E quando chegou perto, passou
um olhar faminto em Nick que logo transmitiu que os dois estavam em times completamente diferentes quando se tratava de procurar acompanhantes para o baile.
- Oi - ele disse com uma voz fina quando estendeu a mão em direção a Nick. - Por favor, me chame Marla ou Marls.
- Oi, Marls. - Nick sacudiu a mão estendida.
Alex continuou suas apresentações. - E o silencioso, mal-humorado ali, com os óculos de sol que nunca tira, é nosso baixista, Duff Portakalian.
Duff tinha cabelo curto e preto e uma aura em torno dele de punk de rua que preferia arrancar sua cabeça que apertar sua mão. Mas, quando ele deu um aceno
com a cabeça em direção a Nick, Nick viu um flash de sua forma real através de sua mente. Como Alex, ele poderia parecer ser um cara em sua adolescência, mas na
realidade, ele estava em seus trinta... uma pantera metamorfo. Uma das coisas mais peculiares sobre Were-Hunters era que envelheciam mais lentamente do que os humanos.
Sua adolescência bate em seus vinte e tantos, trinta anos. No ponto em que eram colocados em escolas humanas para ajudá-los a aprender como interagir com seres não-sobrenaturais.
Algo que nem sempre deu certo para benefício de todos.
- Oi, Duff.
Duff o ignorou completamente.
Alex suspirou. - Você terá que perdoá-lo, Nick. Ele tem tensão pré-menstrual perpétua.
- Ei! - Casey retrucou indignada. - Essa é uma coisa machista para se dizer!
Alex riu. - Não sua TPM. A TPM dele. (No original - PMS15). Doença Mental Premeditada.
Carrancuda, ela olhou de um lado para outro entre eles. - O que é isso?
- Ele finge ser clinicamente antissocial. Certo, Duff?
Duff mostrou-lhe o dedo.
Ignorando o gesto, Alex voltou-se para Nick. - De qualquer maneira, nós estamos pedindo a todos para tocar "Wipe Out", se puderem... ou qualquer outra coisa
que você poderia saber que é rock.
- Certo...
"Wipe Out". Que oportuno, já que era o que estava a ponto de fazer.
Nick olhou para Casey, ainda querendo uma saída, mas ela não estava disposta a dar-lhe uma. Parecia até mais determinada que antes.
Obrigado, Casey.
Nick arranhado nervosamente a parte de trás do pescoço. - Por acaso você não teria um conjunto extra de baquetas para emprestar. Não é?
Duff curvou seus lábios. - Ele nem mesmo tem suas próprias baquetas? Vamos lá, Alex. Isto é um completo desperdício do meu tempo.
- Oh, cale a boca, - Casey virou-se para ele. - Você não tem coisa melhor para fazer do que sentir pena de si mesmo. - Estendeu a mão e pegou um conjunto de
baquetas do estojo de guitarra aos pés de Eric.
Nick não tinha certeza sobre qual deles eram os mais atordoados por suas ações. Ele não sabia se devia se desculpar ou correr.
Ela apertou as varas em suas mãos. - Mostre a eles o que você pode fazer, querido.
Nick ainda queria vomitar. Mas que diabos? Já havia sofrido piores humilhações em sua vida que essa. Pelo menos ela não estava fazendo compras de sutiã com
sua mãe quando sua própria mãe provava calcinhas de renda em público enquanto ele segurava sua bolsa rosa.
Querendo um buraco negro gigante para sugá-lo, dirigiu-se para o kit de bateria padrão vermelho de cinco partes e levou alguns minutos para ajustar o trono
e as peças à sua altura. Colocou o pé no pedal e fez um inventário do que estava trabalhando. Um tambor, dois pratos suspensos, o tarol e o bumbo. Chimbau e címbalos...
dois pratos de impacto e um de condução.
Tudo bem. Tudo o que precisava para constranger completamente a sim mesmo. Legal.
Isto também passará...
E infelizmente, viveria com isto.
Com um suspiro de medo, Nick fechou os olhos de forma que não visse seus rostos horrorizados e procurou na memória algo que pudesse tocar e que não fosse humilhante
para nenhum deles.
De repente, no fundo de sua mente, ouviu o som de um trovão, então uma risada esquisita e alguém dizendo apagar (wipe out)...
A próxima coisa que soube é que estava tocando a canção. Não, não tocando...
Ele foi possuído. Sem perder uma única batida...
Que diabos... como ele podia fazer isso? Realmente nunca havia tocado essa canção antes. Só a ouviu algumas vezes no rádio. No entanto seu corpo fazia movimentos
e notas como se houvesse tocado mil vezes.
Alex ficou em pé com um grito alegre, depois pegou sua guitarra e juntou-se no refrão.
Sim, ok, não parecia egoísta, mas era muito épico. Nick sorriu quando saboreou o verdadeiro orgulho pela primeira vez em sua vida. E quando Duff juntou-se
e começou a tocar com eles, realmente sentiu como algo diferente que um insensível perdedor.
Até mesmo Ian, irmão mais novo de Madaug veio do lado de fora para escutá-los tocar. Entretanto por que Ian estava vestido como uma caixa era uma incógnita.
Mas, pelo menos a pequena caixa gostou da música de Nick. Só por isso, poderia estar disposto a adotar o irmão mais novo da próxima vez que Madaug tentasse
doar Ian.
Dois minutos mais tarde, Nick terminou com um floreado. Ian saltou para cima e para baixo, junto com Casey. Pelo menos até que perdeu um braço de caixa que
teve levantar depressa e tentar reencaixar.
Nick não tinha certeza quem estava mais surpreso por sua falta de ridículo. Os caras ou ele.
Duff enfiou a palheta nas cordas do braço do seu baixo. - Você é bom, Gautier. Muito bom.
Vindo de sua personalidade ranzinza, isso tinha que ser um elogio gigante. - Obrigado, Duff.
Duff inclinou a cabeça para ele, depois deixou seu baixo de lado.
- E então? - Alex perguntou ao grupo.
- Ele tem meu voto - disse Eric.
Marlon concordou. - Definitivamente por mim tudo bem. - Um sorriso lento espalhou-se pelo seu rosto. - Em mais de um sentido.
Alex irradiou. - Então parece que temos uma banda. Tudo o que precisamos agora é um nome.
- Pokémon Vive!- Ian gritou.
Eric curvou seus lábios para o irmão. - Não estamos do outro lado do rio, Ian. Vá para dentro e nos deixe em paz.
Ian olhou para ele. - Eu espero que Madaug transforme você em um zumbi novamente, sua aberração e desta vez o diretor vai te comer!
Eric deu um passo em sua direção. Ian gritou e disparou para a casa, derrubando pedaços de sua fantasia de caixa em sua corrida.
Com um som de desgosto, Eric balançou a cabeça. - Sabia que devia tê-lo trocado por uma irmã quando eu era uma criança.
Ignorando o drama da família de Eric, Duff inclinou-se para frente em sua cadeira para colocar seus cotovelos nos joelhos. - Que tal Contrariado?
Eric meneou a cabeça. - Não queremos um nome que pessoas terão que procurar entender.
- Contrariado? - Duff perguntou em tom de revolta. - Sério?
- Ei, você conhece o aluno comum de nossas escolas? - Eric perguntou.
Duff desistiu. - Ponto para você. Contrariado está fora.
Casey trocou uma carranca com Nick, que não fazia ideia que nome dar ao grupo.
Eric bateu suas unhas pretas longas no auto-falante na frente dele. - Que tal Cinco Caras Irritados16?
Quando os outros começaram a concordar, Nick falou mais alto rapidamente. - Hum, não. Nunca.
Duff franziu a testa. - Por que não? Eu gosto.
- Sim, eu, também, - Alex disse.
Nick levantou as mãos. - Tudo bem, mas quando as pessoas escutarem, nós seremos conhecidos como F-A-G17·.
Eric, Alex, e Duff ficaram mortificados com a sigla.
Marlon riu. - Oh, eu gostei ainda mais.
Os outros membros trocaram caretas desconfortáveis.
- Oh, vamos lá, pessoal, - Marlon disse, ainda pressionando. - Nós seremos como Queen, com Freddie Mercury.
Nick passou o braço nos ombros de Marlon. - Enquanto isso irá ajudá-lo com seu cartão de dança, Marls, quatro seremos relegados ao status de tundra18 na escola.
Por favor, tenha piedade. Nós imploramos.
Ele suspirou cansado. - Tudo bem. Mas, podemos alterá-lo para Cinco Homens Irritados (Five Angry Men). Claro que não estou bravo, mas estou disposto a aprender.
Nick riu quando Alex entrou na conversa, com sua aprovação.
Duff assentiu.
- Cinco Homens Irritados, é isso. - Eric foi bater nas costas de Duff.
- Não me toque! - Ele rosnou como uma pantera que era.
Eric pulou para trás.
Casey se se encostou em Nick e sorriu para ele. - Eu disse que você podia tocar a bateria.
Algo em seu tom de voz fez seu sistema de alerta interno saltar. - Como você sabia?
Ela encolheu os ombros. - Você parece com um baterista.
Ele também parecia um idiota nas camisas cafonas que sua mãe insistia que vestisse, mas isso era definitivamente falso.
Ele esperava.
De repente desconfiado dela, Nick entregou as baquetas para Alex, que se recusou a aceitar a devolução delas.
- Guarde-as. Vamos praticar aqui na garagem de Eric três noites por semana. Se quiser um tempo extra, pode usar o kit de prática de Damien no clube do Santuário.
Os Howlers normalmente praticam tarde da noite ou cedo pela manhã. Então o kit deve estar livre para seu uso durante horas depois da escola.
Nick ficou tocado pela generosidade de Alex. Entretanto uma coisa sobre os ursos que ele sabia é que eram todos bondosos e eram completamente legais com ele
e sua mãe.
- Quando será o primeiro ensaio? - Nick perguntou.
Alex fechou sua guitarra em uma sacola preta gigante. - Depois de amanhã. Das quatro as seis.
Nick sugou a respiração nitidamente. - Isso entra em conflito com o futebol.
Alex considerou por um minuto, em seguida olhou os outros. - Podemos fazer sete às nove?
Duff deu ombros. - Eu não me importo.
- Tudo bem com minha agenda - Marlon disse.
Eric assentiu. - Tabby poderá ficar um pouco louca já que isso vai reduzir o tempo de seu vampiro perseguidor, mas isso não será grande coisa. De qualquer
maneira ela prefere que eu toque em uma banda.
Nick teve que conter uma risada. Ele conhecia a namorada de Eric, Tabitha Devereaux, antes que ela conhecesse Eric. Enquanto ela era sensual em um nível alto
até para si mesma, era um pouco desequilibrada.
- Sete, é isto,- Alex disse, trazendo os pensamentos de Nick de volta para eles. - Vemos você, então.
- Certo.
Casey se enrolou em volta dele no caminho de volta em direção ao carro. Ela sorriu para ele todo o caminho. - Como se sente, Nick?
Ele odiava admitir isto, mas... - Incrivelmente bem comigo mesmo. Obrigado por fazer-me tentar isso.
- Sem problema. Às vezes não sabemos quais são nossos talentos até que tentemos.
Talvez. Ainda assim, nunca teria listado isso em seu currículo. Claro, tinha certeza de que seus poderes lhe deram esta habilidade. Como a resposta na aula
de química...
Ele estava ficando mais forte a cada dia.
- Estou em uma banda, - exalou, incapaz de acreditar nisso. Sempre quis estar em uma. O sonho era tão forte que nunca falou realmente sobre ele para sua mãe.
Principalmente porque não queria chateá-la pelo fato de que não podiam pagar.
Agora que eles podiam...
Ele iria balançar a casa e usar seus poderes para algo diferente do mal.
* * *
Dentro do templo de Artemis no Monte Olympus, Ambrose deparou-se com uma dor feroz rasgando seu crânio. Era uma agonia familiar que tinha conhecido muito bem
nestes últimos anos.
Nick mudou algo em seu passado que afetou seu futuro.
Fechando os olhos, tentou ver o que foi alterado. Mas antes que conseguisse, outra onda miserável o consumiu. E essa o deixou de joelhos.
- O que você está fazendo, Nick? - Ele sibilou, tentando afastar a dor o suficiente para se concentrar.
Era inútil. A agonia o puxou para baixo e recusou-se a deixá-lo ir.
- Ambrose?
Ele estremeceu com a voz Artemis ecoando dentro do seu crânio dolorido.
Ela ajoelhou-se ao lado dele, em seguida engasgou. - Seu nariz está sangrando.
O que ele já sabia já que podia provar. Ela colocou as mãos em forma de concha em seu rosto.
- Estou bem, Artie.
Artemis agitou a cabeça em negação. - Você não parece estar bem. Parece bastante doente e pálido.
Pior, ele estava tremendo. - Eu preciso de sangue.
Ela puxou o cabelo vermelho ondulado em volta do pescoço em um convite aberto. A visão de sua pele de alabastro o fez salivar. Mas, o sangue dela não era o
que ele precisava naquele momento.
- O sangue de demônio.
A cor desapareceu de seu rosto. - Você está quase fora. Me disse para não deixá-lo usar mais isso.
- Eu não tenho nenhuma escolha. Algo está errado. - Ele arquejou quando sentiu seus poderes crescerem ainda mais fortes. Mais ferozes. Sua pele começou a mudar
de marrom-alaranjado até o vermelho e preto da pele do Malachai.
Artemis recuou horrorizada com ele.
Ambrose lutou com o demônio que estava chutando dentro dele, exigindo liberação. Rosnando, ele lutou por controle com tudo o que tinha. Mas não era fácil.
A besta era muito mais que havia sido.
O que você fez, garoto?
Suas memórias estavam mudando e reorganizavam tão rápido que deixou doente seu estômago.
Por um momento, viu sua mãe naquela noite fatal quando foi morta e pensou que isso talvez, apenas talvez, desta vez eles a tinham salvo. Mas foi uma falsa
esperança. A marca do arco e flecha de Artemis ainda estava em seu rosto e sua mãe permanecia morta.
Mas, a percepção mais assustadora veio um segundo mais tarde. Em vez deles empurrando o Malachai para a submissão eterna, Nick acabou por libertá-lo.
Ambrose sentiu sua humanidade partir quando sua visão transformou-se de humano até a névoa vermelha de ira. Já não se importava com nada nem ninguém. Tudo
o que podia sentir era sangue. Tudo o que podia sentir era ódio. Chega de sua humanidade e sua doença. Estava na hora de render-se ao seu mundo e aos seus mestres.
Ficou em pé como suas asas desfraldadas.
Artemis gritou.
Rindo, ele avançou para ela.
CAPÍTULO 9
Nick mal reconheceu a si mesmo quando olhou fixamente no espelho da loja de corpo inteiro na frente dele. Casey pegou-o pelo braço até um salão fru-fru para
cortar o cabelo que cheirava demais a perfume e depois o forçou a ir a Saks Fifith Avenue para algo menos horroroso para vestir. Durante toda a sua vida, ele passou
ao lado das lojas do Canal Place e se perguntou como seria ter dinheiro suficiente para comprar ali.
Sua primeira excursão havia sido há alguns meses atrás quando comprou uma camisa para o aniversário de Kyrian. Por mais estranho que parecesse, não lhe ocorreu
comprar roupas para si mesmo.
Agora...
Sorriu com a visão das calças pretas caras, cinto e camisa de seda preta que vestiu. Sim, isto era definitivamente a vida. - Eu faço isso parecer bom.
Casey riu. - Eu amo quando você cintila aquelas covinhas para mim.
Isso aterrissou como um soco em seu nariz. Nick parou de sorrir imediatamente, e passou sem tocar sua garganta.
Ela estalou a língua para ele. - Como diabos eu chateei você elogiando-o?
- Eu odeio minhas covinhas - ele disse em um tom baixo, mas enfático. - Elas são femininas.
Ela retumbou em discordância total. - Elas não são. São imãs para garotas, talvez, mas definitivamente não são afeminadas. Por que pensaria isso?
Ele limpou suas bochechas onde ficavam as covinhas, desejando que pudesse removê-las para sempre. - Havia uma mulher na igreja quando eu era uma criança que
sempre disse que eu sorria tão bonito que devia ter nascido uma menina. Não seria tão ruim se eu não tivesse a sensação de que minha mãe preferia uma filha a mim.
Ela pareceu horrorizada com o comentário. - Como você pode pensar isso?
Nick encolheu os ombros quando se lembrou das expressões descuidadas no rosto de sua mãe quando a pegou melancolicamente tocando vestidos de babados minúsculos
em lojas, ou na forma como seu olhar de desejo seguia atrás das meninas com suas mães. Mas, ele não queria compartilhar isso com Casey. - Eu não sei.
- Ela já disse isso para você?
Ela fez piadas sobre isso de vez em quando. E ele não queria admitir isto em voz alta também. - Não, acho que não.
Casey inclinou-se contra suas costas e cruzou os braços ao redor da cintura. Ela sorriu para ele no espelho. - Confie em mim, Nick. Você parece gostoso nisso.
Completamente comestível.
Isso fez com que sua sobrancelha direita crescesse rapidamente quando o calor queimou suas bochechas e seus pensamentos com imagens que ainda era muito jovem
para ter em sua cabeça. Isso o deixou ainda mais desconfortável em estar em uma loja cara onde ele sentia como uma fraude e o fez esperar o guarda costas para vir
expulsá-lo.
- Então, o que acha? - O balconista perguntou quando se juntou a eles.
- Ele vai levá-los - Casey disse antes que Nick tivesse chance de falar.
Nick hesitou, sabendo que sua mãe nunca aprovaria uma roupa toda preta. Ela teria todo tipo de ataque.
Mas, ele gostou...
- Oh, Akri-Nick, parecendo sofisticado como Simi em suas roupas todas pretas. Só que você é um garoto e não um Simi, mas você sabe o que Simi quer dizer. Você
finalmente está entrando no mundo de demônios com todo o seu vestuário elegante. Agora tudo que precisa conseguir é um pouco de molho de churrasco, e um grande prato
de Cajun Boudin19 Rouge, crocante e cabeça de porco e queijo. Yum. Yum. Yum!
Rindo do seu sotaque cantado único que era diferente de qualquer outra coisa que tinha ouvido falar, Nick virou quando Simi apareceu à sua direita e fez uma
pausa para examinar o espelho acima de seu ombro esquerdo.
Um pouco estranho... não, retiro o que disse, muito estranho, Simi era seu outro bom amigo demoníaco. Hoje seu cabelo preto em constante mudança tinha uma
faixa roxa no lado esquerdo que combinava com a saia curta, com babados e Doc Martens que ela vestia. Um espartilho púrpura que combinando espreitava embaixo de
uma jaqueta enfeitada de renda preta lembrava-lhe o desenho de um anime. Ela estava absolutamente impressionante e sempre boa para uma risada. - Ei, menina! O que
está fazendo aqui?
Com um sorriso largo, Simi ergueu seus braços para mostrar os dois pulsos cheios de pulseiras. - Comprando alguns novos brilhos para Simi. Eu estava me sentindo
um pouco para baixo por causa daquela deusa vaca que Akri que não me deixa comer, e pensei que algo bom para comer me animaria e eu sei que vai. - Ela estalou os
dentes.
Nick ainda não fazia ideia sobre que deusa vaca ou o Akri que ela falava o tempo todo. Ela agiu como se soubesse e se perguntasse a ela, ela diria outro tanto.
Isso realmente não o ajudava a compreender sua identidade.
Simi enrugou os lábios. - O que você está fazendo aqui sozinho, sem mais ninguém?
Casey passou um braço possessivo ao redor de sua cintura e o arrastou para longe das mãos de Simi. - Ele não está sozinho... nem de longe.
Seu tom podia ser mais glacial?
Mas Simi foi destemida e insolente quando olhou ao redor da loja com gestos de cabeça, que lembrava um pássaro. - Onde está Akra-Kody? Eu sei que ela não iria
deixar você por si só, solitário. Ela sabe melhor porque o menino Cajun entra em todos os tipos de problemas sempre que ele sai sozinho.
Suas palavras fizeram retornar o caroço de tristeza ao seu estômago. Simi estava certa. Ele e Kody haviam sido basicamente inseparáveis.
Até agora.
- Nós terminamos.
Simi saiu fazendo um barulho que parecia estranhamente com alguém digitando em um teclado. - Agora por que você quer deixar uma perfeitamente boa akra por
qualquer outra coisa? - Ela passou um olhar desprezível pelo corpo de Casey. - E Simi achava que os homens negociavam para cima, não para baixo... - Ela deixou sua
voz cair para um barítono profundo. - Como um caminho para baixo. No fundo dos barris.
Casey chegou perto dele com um grunhido.
Nick a pegou e puxou de volta. Tinha visto Simi em uma luta e Casey não era páreo para um demônio furioso com as habilidades de Simi. E se Simi tinha seu molho
de churrasco de sempre na bolsa em forma de caixão que sempre levava, faria um pequeno trabalho em Casey.
- Talvez devêssemos conversar sobre isso mais tarde, Simi? - Ele questionou incisivamente.
Simi silvou para Casey como um gato. - Nós podemos conversar mais tarde, mas Simi diz que você não vai ouvir porque você está ouvindo mais alguma coisa agora
e não tem nada a ver com seus ouvidos de menino ou cérebro, mas, sim com suas partes de menino. - Ela levantou as mãos imperiosamente para impedi-los de interrompê-la.
- Mas, marque as palavras de Simi, Sr. Gautier. Um pouco de conselho... - Hesitando, ela apertou o dedo nos lábios, pensativa. - Ou isso é conselho? - Ela acenou
com um gesto de impaciência. - Oh, quem se importa? Não vale a pena escutar algumas coisas. Então não deixe as coisas em sua cabeça, Nick, onde eles, - ela baixou
a voz até que ele mal podia ouvir - sussurro, sussurro, sussurro. - Ela endireitou-se e alfinetou Casey com um perfurante olhar fixo. - Demônios irritados são difíceis
de exorcizar e sair de sua pele. Confie em mim porque Simi conhece seus demônios... e seus demônios também a conhecem.
Com um último silvo sórdido em Casey, Simi virou-se e saiu.
Nick começou a segui-la, mas Casey o deteve.
- Você precisa pagar por suas roupas, Nick.
Oh, sim... maldição. A última coisa que queria era ser preso por furto na Saks. Como podia ter esquecido tão facilmente? As roupas suaves, bem-ajustadas pareciam
muito diferentes de suas habituais de segunda mão.
No entanto girou a cabeça para olhar além de Casey, tentando ver para onde Simi estava indo. Mas, era muito tarde. Ela havia desaparecido completamente.
Maldição, aquele demônio podia correr...
Suspirando, deixou Casey de lado e voltou ao vestiário para mudar suas roupas velhas, depois foi para o caixa onde quase engasgou apenas com o preço isolado
de sua camisa. Mas o balconista não teve piedade dele ou de sua carteira. O custo de tudo o fez hiperventilar. Santa vaca sagrada e carne de boi estúpida...
Sério?
Para seu crédito, não mostrou a sua mortificação, embora quisesse embalar sua carteira em seu peito e correr para a porta antes que comprasse coisas que realmente
não necessitasse. Era tão difícil agir com indiferença quando algo equivalia a dois meses de aluguel. Ainda bem que sua mamãe não estava aqui. Ela bateria nele pelo
desperdício.
Meu Deus, quando ficou tão caro comprar um par de sapatos, meias, uma camiseta preta e três roupas? Não admira que sua mãe fizesse compras em Goodwill. Aquelas
camisas feias não eram tão feias, afinal.
Não pense nisso, Nick. Você ganhará bastante dinheiro agora e, além disso, seu custo é o menor de seus problemas atuais.
Verdade, ele ainda tinha Kody lá fora, querendo vê-lo morto.
E se você tiver que morrer, saia bem vestido.
Sim, certo. Sua felicidade completamente evaporou pela simples menção do nome de Kody, Nick agarrou as bolsas.
- Espere. - Casey voltou para o balconista. - Ele quer vestir a última roupa para ir para casa. Corte as etiquetas para nós, por favor.
Nick quase choramingou quando a balconista obedeceu. Não havia nenhuma maneira de devolvê-las agora. Depois que saísse, eles nunca aceitariam a devolução dos
artigos. Seu estômago encolheu com o pensamento.
Ainda mais chateado que antes, levou suas novas roupas para vestiário para trocá-las.
Estou tão exausto. Enfrentou zumbis, demônios e um treinador enlouquecido por roubar sua alma, então por que era tão difícil dizer a uma bela líder de torcida
que não queria ir à falência por um par de calças jeans?
Porque estou cansado de ser um perdedor. Apenas uma vez em sua vida, queria parecer alguém. Sentir-se alguém.
Dobrou sua monstruosidade havaiana brega, a calça jeans puída e os sapatos desgastados na bolsa e depois foi encontrar Casey, que mordeu o lábio inferior quando
o viu. Seu rosto inteiro iluminou.
Sim, ok, o preço valeu a pena. Pelo menos era o pensamento até que outra memória o atingiu duro.
Kody sempre olhou para ele assim sem que ele tivesse que ir à falência para isso. Eu gosto de suas camisas havaianas, Nick. Elas são sua assinatura.
Assinatura brega, talvez...
Mas Kody nunca esteve envergonhada ou desconfortável por causa da insistência de sua mãe em suas roupas feias.
Ao contrário de Casey.
Nick mordeu o lábio quando tentou não ir por aí. Mudar é bom, certo? Todo mundo precisa sacudir as coisas. Desafiar a norma. Tentar algo novo...
Mas, se isso era verdade, então por que se sentiu tão mal agora? Foi estúpido. No entanto, não conseguia sacudir o medo que tinha de uma feroz chave de braço.
Enquanto gostava das roupas, não gostava da razão para usá-las.
Casey o parou quando passaram por uma coluna espelhada e o forçou a olhar para o seu reflexo. - Quem é esse bonito cavalheiro refinado?
Mas, Nick não via a si mesmo. Ao contrário, viu uma funcionária atrás deles que o olhava fixamente com fome em seus olhos que combinavam com Casey. Mais calor
explodiu em seu rosto. Não estava acostumado a mulheres dando-lhe muita atenção, a não ser que estivessem insultando-o ou rindo de algo estúpido que fez.
Sem comentar a pergunta de Casey, caminhou para as portas, mas ela o alcançou e o parou. - Não tão rápido. Você precisa de óculos de sol para combinar com
sua nova imagem elegante.
- Eu já tenho um par.
Ela revirou os olhos. - Não aquelas coisas baratas que você usa. O par certo de óculos de sol pode fazer ou quebrar o homem.
Ele discutiria aquele ponto, mas teve que admitir que aqueles que Kyrian e Acheron usavam eram excepcionais. E enquanto não achasse que quebraria o homem,
emprestou um ar de frescor para eles que infelizmente faltava a ele.
Então permitiu que ela o arrastasse até o mostruário de óculos de sol onde o desenhista de óculos da moda era exposto em um luminoso brilhante que Simi muito
provavelmente deixaria seu rastro com seu molho de churrasco.
Sim, ok, estes realmente eram muito melhores que o par arranhado que ele comprou em uma caixa de autoatendimento de um posto de gasolina três anos atrás por
um dólar. Honestamente, nunca soube que existiam vários tipos ou cores.
Uma atendente foi ao seu encontro. - Posso ajudá-los?
Nick teve uma compunção de olhar para trás para ver se outra pessoa chegava. A outra balconista tinha levado dez minutos para reconhecê-los no departamento
masculino. E até então, relutava em ajudar até que percebeu que Nick tinha um cartão de crédito platinum e Casey não tinha medo de usar.
- Qual deles você gosta? - Casey perguntou.
Nick encolheu os ombros. Como podia um mero mortal, ou no seu caso, um homem semi-imortal escolher entre tantos? - O que você sugere?
O balconista retirou um par de Oakleys amarelado. - Estes são muito populares. Muitos caras escolhem estes.
Uau! Nick teve que morder de volta os palavrões pelo preço. Mas, tinha certeza de que esbugalhou os olhos quando olhou para aquilo. Eles estavam fora de suas
mentes sempre amorosas? Quem pagaria aquilo por algo que iria cair na entrada da garagem e possivelmente você passaria por cima na volta? Ou pior, sentar-se neles
e os esmagar ou deixá-los em algum lugar em um restaurante?
Fazendo careta, agitou a cabeça e afastou-se dela. - Você tem óculos de sol Predator? - Ele não tinha ideia quanto custavam, mas era o que Acheron usava, e
Ash, em toda sua glória gótica, não parecia alguém que daria uma parte do corpo pela moda.
- Claro. - Quando o balconista começou dá-los para Nick, Casey interveio e tirou a etiqueta antes dele ter uma chance de vê-la.
Casey os deixou em sua mão. - Eles são meu presente se você gostar.
Nick hesitou. - Eu não sei nada sobre isto, Case...
- Shh. - Ela colocou os dedos em seus lábios, fazendo seu corpo entrar em erupção novamente. Maldição, devia ter comprado uma jaqueta mais longa...
- Não pense, Nick. Apenas experimente. - Era definitivamente difícil pensar corretamente quando ela olhava para ele como um modelo Victoria's Secret.
Com a garganta seca, Nick congelou quando viu a si mesmo no espelho do balcão. Com seu novo corte de cabelo, os óculos e as roupas elegantes, parecia adulto.
Lá no espelho, não viu a criança assustada que normalmente olhava para ele com medo que acidentalmente fosse cortar sua garganta enquanto se barbeava e sangrasse
antes que sua mãe achasse seu corpo.
Ele parecia um homem. Confiante. Sofisticado.
Rico.
Era realmente ele? Virou a cabeça para verificar. Sim, era definitivamente seu reflexo.
Mas não parecia com ele.
Casey curvou uma sobrancelha em expectativa. - Bem?
- Eu gosto deles, - disse antes que pudesse parar.
Ela sorriu e tirou seu próprio cartão de Visa cor-de-rosa. - Vamos levá-los. - Ela deu o cartão ao balconista.
Ainda assim, Nick hesitou. Uma coisa era ela lhe comprar uma coca-cola. Outra era pagar algo que podia muito bem custar cem dólares ou mais. - Casey, eu realmente
não posso...
- Sim, você pode - ela disse, cortando-o. - Apenas diga obrigado.
Ele quis discutir, realmente quis, mas ela tinha aquela expressão única de garota que dizia, - Rapaz, não ouse discutir comigo ou você lamentará. - Sua mãe
e Kody o haviam ensinado bem sobre o que acontecia a qualquer macho burro o suficiente para tentar sua sorte quando aquele olhar estava presente.
Submeta-se...
Respirando fundo, inclinou a cabeça para ela. - Obrigado.
Ela o beijou. - De nada.
- Eles realmente parecem bons em você, - o balconista disse quando deu a Casey o recibo para assinar. - Usando-os é como se eles fossem feitos sob encomenda
para você.
E isso fez com que ele ficasse até mais desconfortável. Gente, parem de me elogiar. Ele realmente não gostava. - Hum, obrigado.
Casey entregou o recibo assinado de volta enquanto o balconista entregava-lhes a capa e bolsa para os óculos de sol.
Nick não conseguia explicar, mas se sentia diferente. Muito mais confiante. Era isso que Kyrian, Caleb e Acheron sentia o tempo todo?
Era legal não ser constrangedor. Ter roupas que você sabia que não vinha de uma prateleira de brechó.
Erguendo o queixo com um orgulho recém-descoberto, ele e Casey saíram da loja.
Casey observou Nick com muito cuidado enquanto andavam para a vaga onde ela estacionou seu carro. Ainda que ele fosse atraente em suas roupas normais, em suas
novas roupas, ele estava absolutamente impressionante. Não fazia ideia quando começou este jogo de construção de confiança do Malachai como realmente parecia.
Maldição...
Adulto, Nick seria uma estrela. De fato, ela fazia tudo para não aborrecê-lo agora. Mas, ele era ainda muito arisco. Toda vez que chegou perto dele, ele saltou
como se ela fosse um fio de alta-tensão que iria envolvê-lo e fazê-lo cair duro. Mesmo que ele fosse atraente no início, estava começando a gastar lentamente seus
nervos.
Ela tinha que conseguir que ele para relaxasse se quisesse abrir o canal para seus poderes. - Você está com fome?- Ela perguntou enquanto eles colocavam suas
novas roupas na mala.
- Eu sempre estou faminto.
Isso era verdade no caso de seu irmão na idade de Nick, também. Ela nunca viu alguém empacotar mais comida que Zavid.
Ela examinou em sua mente os restaurantes que estavam por perto e que atraia um adolescente Malachai. - Hard Rock?
Ela viu a hesitação em seus olhos antes dele murmurar, - Claro.
O que foi isso? - Você prefere comer em outro lugar?
- Não. Hard Rock é bom. - Ele franziu a testa quando ela moveu-se para destrancar as portas do carro. - Nós vamos dirigindo?
- Claro.
Na realidade ele fez uma careta para ela. - Por que? É apenas do outro lado do Westin. É o que? Um quilômetro, se muito? Vamos mudar de estacionamento mais
de duas quadras. Levaremos mais tempo no tráfego que indo a pé.
Ele estava falando sério? Zarelda não andava. Ela nunca foi uma pedestre.
- Vamos lá - ele disse, brilhando aquelas covinhas adoráveis para ela. - Nós podemos caminhar ao longo do rio. É divertido e pitoresco. É por isso que você
tem um conversível, certo? Para abraçar natureza e o ar fresco?
Não, mas ela não podia dizer a ele a verdadeira razão... fazê-la saltar muito mais fácil em suas vítimas humanas. Mordendo o lábio, ela olhou para o céu da
noite. - Está ficando escuro.
Ele zombou de seu argumento. - Ainda é cedo e há bastante iluminação ao longo do caminho. - Ele piscou para ela. - Vamos, Casey, serei seu protetor.
Se ele soubesse a verdade.
Ele é que precisava de um protetor.
Dela.
Os seres humanos definitivamente não eram seu predador. Eles eram sua comida. - Tudo bem. - Ela trancou, então fechou a porta e deu a volta para o seu lado
do carro.
Ele segurou seu cotovelo de forma que pudesse levá-la. Zarelda quase recusou, mas Casey não faria isso. Ela ficaria lisonjeada e emocionada em caminhar de
braço dado com um menino bonito. E, na realidade, também estava. Havia passado muito tempo desde que alguém a fez sentir-se assim. Desejável e normal.
Ela o odiava por isso.
E o pior, ele colocou a mão sobre a sua e era como se ela quisesse dizer algo a ele. O que só fez com que ela quisesse arrancar seus olhos e comê-los em "hors
d'oeuvres" 20... porque sabia que era uma mentira. Se ele tivesse alguma ideia sobre quem e o que ela realmente era, ele estria lutando com ela ou tentando matá-la.
Assim como todos os demônios fizeram.
Ela já mentiu e traiu uma vez e seu irmão estava pagando o preço por isso.
Não confie em ninguém. Qualquer um trai.
E o Malachai, em particular, era uma besta sórdida, traiçoeira.
Inconsciente de seu ódio, Nick a levou para a parte de trás do estacionamento que dava para uma grande parede de cimento que bloqueava um depósito enorme de
transformadores.
Casey fez um gesto afetado para nele. - Linda parede, Nick. Amei os sinais de perigo alta voltagem.
Ele riu. - Só o melhor para você, querida. Só o melhor para você. - Ainda sorridente, a levou através do estacionamento em direção aos caminhos do bonde. E
quanto mais perto eles chegavam, mais tenso ele ficava. Ele sentia algo que ela não sentia? Eles estavam prestes a ser atacados por uma ameaça invisível?
Ela olhou em volta com nervosismo, ciente do fato de que até um Malachai meio formado tinha um sistema de alarme mais elevado do que ela. - Você está bem?
- Sim. - Ele afrouxou seu controle sobre ela como se precisasse começar a correr a qualquer momento. - Resposta Pavloviana para quantas vezes no passado eu
tive que correr para pegar um bonde.
Ela bufou até que percebeu que não estava brincando. - Quanto tempo você teve que fazer isto?
- Deixe-me colocar deste modo... - Ele verificou o relógio. - O próximo carro que estará indo para a estação do mercado francês daqui chegará menos de seis
minutos.
- Oh meu Deus, você tem toda a programação da linha memorizada? Está falando sério?
- Como a insuficiência cardíaca. Antes de nos mudarmos, eu costumava pegar a parada no mercado francês para Dumaine toda manhã para ir à escola.
Ela enrugou o nariz quando se lembrou daqueles dias. - Não admira que você estivesse sempre gotejando de suor quando chegava lá. Por que não andava de ônibus?
Ele encolheu os ombros. - O ônibus teria levado mais tempo e ele não conseguiria levar-me mais perto do que da Ursulinas ou da Praça. O bonde era mais rápido
e mais direto.
Que apenas a confundiu ainda mais. - Mas o trajeto do mercado para Dumaine é muito menor com relação ao nosso pequeno passeio. Não teria sido mais fácil e
mais perto sair das Ursulinas em qualquer ônibus ou bonde?
- Sim, mas depois que eu corria para pegar o bonde no mercado, eu precisava daquela parada extra para recuperar o fôlego. E com tráfego matutino, o bonde era
ainda mais rápido e muito mais confiável.
Aquela confissão a surpreendeu. Por que alguém se colocaria naquele tipo de miséria apenas para chegar a uma escola onde era um pária? - Você não está brincando?
- Não, não estou.
Nem estava reclamando. Essa era a parte mais difícil de acreditar.
Por falar nisso, ele nunca reclamou. Apenas aceitou as pessoas e as coisas como eram.
Que animador.
E estúpido.
De braços dados, subiram as escadas atrás da estação Bienville, para a passarela de tijolos que havia paralela ao Rio de Mississippi. A água brilhava ao sol
poente e proporcionava uma tranquilidade boa para a noite fresca. Ao fundo estava a pitoresca ponte suspensa que ligava a cidade a Algiers Point.
Nick tinha razão. Era muito bonito e nessa hora do dia, semiprivado. Não havia quase ninguém com eles. Só alguns vagabundos à distância.
Pela primeira vez que desde que Grim atribuiu sua missão em Nova Orleans, ela viu a cidade como algo diferente de um incômodo e Nick como algo diferente de
um alvo.
- Estou feliz que você me convenceu. Eu gosto disso.
Ele relampejou aquelas covinhas. - Eu disse a você.
Diminuindo a velocidade, ela riu quando se aproximaram do lindo monumento para o Imigrante onde a musa da esperança olhava para o rio enquanto protegia uma
família vitoriana de quatro pessoas que corajosamente enfrentava a cidade com nada além das roupas em suas costas. Ela não sabia por que, mas a menina e o menino
esculpidos lembraram ela e seu irmão.
Pouco disposta a lembrar daqueles dias, deslizou olhar provocante para Nick. - Sim, sim. Você é o cara. O que eu posso dizer?
Antes de Nick pudesse responder, uma sombra levantou-se de onde estava abaixada nos bancos escondidos na frente do monumento e apontou uma arma para eles.
- Você pode não dizer nada, sua puta, se quiser permanecer viva.
Outro homem armado saiu da árvore à esquerda e prendeu Casey e Nick entre eles.
Inspirando nitidamente, ela congelou. Mesmo que fosse uma criatura imortal, o corpo que usava não era. Uma tiro na carne de Casey e ela poderia ficar presa
entre os mundos para sempre.
CAPÍTULO 10
Quais eram as chances disso acontecer? Nick apertou os dentes até que saboreou sangue quando reconheceu os sujeitos segurando armas para eles.
Alan e Tyree.
Oh sim, isto era o karma em proporções épicas. Devia a eles um retorno grande suficiente para deixar o país completamente fora das dívidas. Eles eram toda
a razão pela qual agora trabalhava para Kyrian Hunter. Voltar ao dia em que estupidamente os chamou de amigos, quando Alan o enganou e quase assaltou dois turistas.
Que tipo de "amigo" faria isso com outro, certo?
Ei, vamos todos para a prisão juntos, não é? Esqueça a faculdade, Nick, e um futuro com uma bela esposa e crianças. A prisão da Angola e aqueles macacões folgados
laranja são muito melhores para você e seu ego, também. Todos nós conseguiremos namorados grandes e cabeludos e nunca teremos direito a um trabalho decente novamente.
Vamos lá!
Sim!
Quando Nick recusou-se a arriscar o pequeno futuro que tinha ao aceitar o brilhante esquema de Alan, eles se voltaram contra ele com prazer e quase o mataram.
Mas, se Kyrian não interferisse no último segundo, eles teriam conseguido. E fizeram aquilo com um brilho nos olhos que Nick não esqueceu. Seus "amigos" de
infância que ele considerava seus irmãos, filhos de outra mãe, teriam gostado de espancá-lo no chão.
Agora quando ele olhava fixamente para eles em seu natural hábitat criminoso, perguntou-se quando já os viu como qualquer coisa diferente dos animais egoístas
que eram. Como os chamou de amigos e não viu a crueldade do que eram capazes de cometer? No entanto, enquanto que aquela crueldade nunca havia sido dirigida a ele,
apenas para outras pessoas, Tyree e Alan o julgaram merecedores do seu ódio.
No fim, Nick não quis julgá-los por coisas que não poderia ajudar, do mesmo modo que o resto do mundo injustamente o julgou. Mas, às vezes, só às vezes, aqueles
julgamentos eram autorizados e as habilidades de sobrevivência eram necessárias. E em vez de sumariamente dizer que foram julgados por circunstâncias alheias à sua
vontade, Nick devia ter olhado mais de perto e visto que parte de sua situação era exatamente culpa deles e mais ninguém.
Certo ou errado, todo mundo tomava suas próprias decisões e deveriam ser responsabilizados por elas.
Tentando não parecer óbvio, Nick esquadrinhou as sombras procurando o membro perdido de sua alegre gang criminosa. Mas, pela primeira vez, ele não foi visto
em nenhum lugar.
- Onde está Mike? - Nick perguntou, colocando Casey atrás dele quando calmamente os enfrentou. Este tipo de escória covarde não o assustava mesmo. Eles apenas
o irritavam. - Ele finalmente ficou esperto e endireitou-se, ou está deitado na barriga de um jacaré dentro do rio porque descobriu uma pista e disse a você onde
enfiar seu pau?
Alan ficou boquiaberto ao reconhecer a voz de Nick. - Go-shay21? Não, cão, não é você. Não pode ser você.
Tyree curvou o lábio quando correu seu cobiçado olhar pelas novas roupas de Nick. - Não. Ele não parece com Go-chay mesmo. Ele não está vestindo as camisas
feias.
- Go-shay, - Nick disse com dentes trincados, corrigindo a pronúncia de seu sobrenome, algo que sabiam que ele não suportava.
Alan zombou dele. - Quem você enrolou para conseguir estas roupas, menino? Eu sei que você não pode pagar com o que a prostituta de sua mamãe tira as roupas
por alguns trocados, e aquela velha senhora para quem você trabalha com certeza não paga essa quantia de dinheiro para você tirar seu lixo de noite.
Tyree riu. - Se ela paga, eu acho que nós devíamos visitá-la uma noite depois que fechar sua loja.
Casey começou a chorar histericamente. - O que está acontecendo, Nick? Quem são essas pessoas?
Ele falou com ela por cima do ombro. - Está tudo bem. Fique calma.
Alan soltou um apito baixo. - É sua mulher? Demônios. - Ele inclinou a cabeça para ver melhor. - Não, não pode ser. Ela é muito fina para um pedaço de lixo
de sarjeta Cajun ignorante como você. Agora seja um bom menino e nos passe sua bolsa e sua carteira, e nós podemos deixá-lo viver a noite toda.
Um sorriso lento espalhou-se no rosto de Nick quando ele irrompeu em um forte sotaque Cajun. Algo que devia tê-los avisado o quão quente seu temperamento estava
agora e o fato de que eles deveriam estar correndo tão rápido quanto podiam. Quanto mais Cajun ele soava, mais letais eram suas ações. - À presént, cher22. O que
dizer de passarmos um bon temps, ao invés, n'est pas?
Alan armou a 38 que manteve na lateral e apontou para o peito de Nick. - Quantas vezes eu preciso atirar em você para aprender melhor a não se meter comigo,
garoto?
Um empréstimo...
E ela estava prestes a vir com amigos para cobrar o aluguel com interesse.
Nick levantou as mãos ao alto e estendeu os dedos para fazê-los pensar que ele era passivo.
Sim, certo. Nick Gautier passivo...
Eles realmente eram estúpidos demais para viver.
- Ça c'est bon, capon23. Não há necessidade de hostilidade. Bon rien. - Nick movia-se devagar enquanto o choro de Casey ganhava ritmo. Ele levantou uma mão
para ela. - Dê-me sua bolsa, bebelle.
Lágrimas caiam por seu rosto, abrindo listras em sua maquilagem quando obedeceu sem questionar... algo que Kody nunca teria feito. Diabos, Kody já teria arrancado
fora uma espada e cortaria uma de suas cabeças.
Mas Casey não era Kody. Ela era submissa e indefesa.
Nick envolveu sua mão na alça da bolsa enquanto pescava a carteira de seu bolso traseiro. Depois sussurrou para Casey, - Quando eu me mover em direção a eles,
quero que você deite no chão, ok? E fique lá até que eu diga para você levantar. - Mais alto, para o chamar a atenção de seus assaltantes, ele disse, - Faça apenas
o que eles dizem, Boo. Vai ficar tudo bem.
Suas mãos tremendo visivelmente, ela movimentou a cabeça.
Tyree lambeu os lábios quando deslizou os olhos rapidamente sobre o corpo de Casey com interesse. - Eu acho que devíamos manter sua menina e ter alguma diversão
com ela antes que a deixemos ir. O que você acha, Alan?
Alan sorriu. - Sim. Eu acho que poderíamos fazer isto.
O diabo que você vai fazer isso.
Nick segurou a bolsa para Alan, tendo certeza manter a distância de um cabelo de alcance. - Eu acho que seria uma coisa não muito saudável para você fazer,
tchu, - Nick disse, sua voz saindo uma oitava acima quando suas mãos começaram a aquecer. - É como fumar dois pacotes por dia, só que muito mais letal e mais rápido
para matá-lo.
- Você não me assusta, cachorro, e não me diga o que fazer. - Alan pegou a bolsa, pensando que Nick a soltaria e o deixaria pegá-la.
Ao invés, Nick empurrou-o para frente, trazendo Alan para o seu alcance. Antes de Alan pudesse pegar equilíbrio, Nick arrancou a arma de fogo de sua mão e
apontou para Tyree. Ele atirou.
Gritando, Tyree correu para o estacionamento.
Nick o teria perseguido, mas Alan deu-lhe um soco e tentou pegar a arma de fogo de volta. Naquele momento, Nick sentiu seus poderes surgirem para frente com
um ímpeto audível que encheu seus ouvidos com ferozes batidas.
O cheiro e gosto de sangue permeava tudo.
Kirast kiroza kirent. Concebido na violência para fazer violência e morrer violentamente. Essa era a promessa escrita no primeiro idioma ao redor do símbolo
Malachai de Nick. Era o Código de sua raça.
O ódio e a propensão de Alan para ferir os outros alimentaram o Malachai dentro de Nick, fazendo-o mais forte. Foi por isso que o pai de Nick escolheu viver
na prisão quando não existia poder humano na existência que pudesse prender Adarian.
O ódio, o preconceito, a inveja... todas as emoções negativas ao redor de um Malachai eram como dar uma lata de espinafre superpotente ao Popeye. Quanto mais
violência era dirigida a eles ou próximo deles, mais poder e força eles poderiam tirar disso.
O calor envolveu as mãos de Nick, queimando ambos, ele e Alan.
Com um grito feroz de ira, Nick pegou Alan em um soco duro na mandíbula que o mandou diretamente ao chão. Nick caiu sobre o corpo dele, chovendo golpe sobre
golpe enquanto ele buscava fazer algum tipo de paz com o passado quando Alan teve intenção de matá-lo.
Repetidas vezes, viu aquela noite fatal em sua mente quando era um menino de quatorze anos de idade assustado, e os três deles o pisaram, bateram, e atiraram
enquanto apenas tentava proteger-se de sua brutalidade injustificada.
E para que?
Por se recusar traumatizar e roubar um casal de idosos cujo único erro foi andar na rua errada na hora errada?
Escória como eles precisavam morrer. Alan e seu bando eram uma doença nesta Terra e estava na hora de curar isto.
- Mate-o, Nick!- Casey gritou. - Mate-o! É o que ele merece!
O cheiro de sangue engrossou suas narinas quando Alan implorou por uma misericórdia que não havia mostrado a Nick, enquanto isso Casey continuou a gritar para
ele acabar com a vida de Alan até que as duas vozes se misturavam como um tipo de dueto macabro.
Dentro de sua mente, ouviu a voz endiabrada de seu Malachai rindo. Viu sua pele começando a cobrir-se em seu verdadeiro tom preto e vermelho.
Mil sons o assaltaram, mas uma voz ecoou mais alto.
Nós dormimos tranquilamente em nossas camas porque homens ásperos estão em prontidão à noite para usar a violência naqueles que nos fariam mal. Winston Churchill...
Kyrian citou tanto que perpetuamente tocou os ouvidos de Nick. Era um mantra tão comum para os Dark Hunters que muitos deles o usavam como slogan de seus e-mails
ou tinha tatuado em seus corpos. Era o segundo mais usado, perdendo apenas para o lema Espartano: È tàn è epì tâs. Volte com seu escudo ou sobre ele, isto é, a vitória
ou a morte.
E Alan definitivamente merecia morrer por todos os seus pecados contra esse mundo. Todos os seus crimes contra as pessoas inocente que vitimou. Nick prometeu
vingança contra ele com sua própria arma de fogo se eles se encontrassem novamente.
O destino trouxe Alan de volta ao seu alcance. Quem era ele para discutir com o que era, obviamente, um presente de Deus?
Eu tenho que manter minha palavra. Os Gautiers eram conhecidos por seus juramentos. Aquela foi a única coisa que sua mãe perfurou nele. Nunca quebre uma promessa,
especialmente quando for para si mesmo.
Ele segurou a arma de fogo para o local no meio dos olhos de Alan e, em sua mente, viu a imagem clara de Alan de pé em cima dele enquanto Nick estava abatido
e indefeso na rua. Viu o brilho ansioso nos olhos de Alan quando esperava para estourar a cabeça de Nick.
- Diga suas orações, Gautier. - Aquelas tinham sido suas palavras para Nick. - Você está prestes a se tornar uma estatística.
A frieza das ações de Alan naquela noite estimulou Nick puxar a trava com o dedo polegar para armar o revólver.
Aumentou o aperto no gatilho.
Quando estava prestes a fazer isto, seu cérebro chutou uma voz que abafou as de Alan e Casey.
De Kody...
Cada pessoa nasce com sentimentos de inveja e ódio. Se esses sentimentos aumentam, o levarão a cometer violência e crime, e qualquer sentimento de lealdade
e boa-fé será ignorado. Então está perdido para sempre. Será para sempre maldito. Não pelo mundo ou as circunstâncias de seu nascimento, mas por seu próprio livre
arbítrio.
De repente, sua visão clareou e parecia que retornava para seu corpo. Hiperconsciente agora, viu a confusão sangrenta que havia feito em Alan. A visão horrorosa
o deixou doente. Quase não reconhecia as características de Alan. O sangue estava espalhado por toda parte entre os dois. As novas roupas que esteve tão orgulhoso
estavam agora arruinadas.
Como podia ter feito isso a outro ser humano? Ele não era um animal.
Não, você é pior. Você é o Malachai.
- P-p-por favor,- Alan implorou através dos inchados e sangrentos lábios. - Não me mate.
Libertando-o, Nick tropeçou para trás.
- O que você está fazendo? - Casey exigiu quando fechou a distância entre eles. - Ele iria roubá-lo e me estuprar. Ele é um animal! Mate-o antes que prejudique
outra pessoa. Você deve isto ao mundo para torná-lo seguro e acabar com sua vida.
Com sua incessante reclamação, sua raiva começou a subir mais uma vez... tudo desapareceu até que estava novamente focado apenas em fazer Alan sofrer.
Eu estou indo, Malachai.
E não havia nada que pudesse ser feito para parar isto.
CAPÍTULO 11
Caleb levantou os olhos do texto de Sumeriano que estava lendo quando um frio correu por sua pele. Era uma agitação antiga no éter que nunca mais havia sentido
em séculos.
E era um que fazia os pelos de seu pescoço subirem e gelar seu sangue derretido.
De alguma forma Nick estava puxando os poderes de seu pai depressa demais para o seu corpo.
Isso não era bom. Nick não estava acostumado ao poder que tinha, não importa a maior potência de um Malachai completo. - O que você fez, garoto?- Ele levantou
e começou a seguir Nick, mas antes que pudesse, sentiu outra ondulação profunda, inegável.
Adarian estava chamando-o para estar ao seu lado.
Como escravo pessoal de Adarian, Caleb não tinha nenhuma escolha exceto fazer o que foi dito. E não existia falta de frenesi nesse chamando. Adarian estava
apavorado.
Talvez finalmente estivesse morrendo...
Um raio de esperança incandescente passou por ele. Esteve rezando pela morte de Adarian por tanto tempo que não conseguia lembrar-se da última respiração livre
que apreciou.
Morra, já, pedaço de merda desprezível.
Transformando em sua forma de corvo, Caleb voou para fora da janela aberta de cima e foi para o norte, para a prisão de Angola, onde o pai de Nick escondeu-se
da visão de alguns do mais perigosos criminosos do país. Era um lugar onde Adarian podia manter seus poderes completamente carregados sem nem tentar. Um lugar onde
seus inimigos nunca sonhariam em buscá-lo. Afinal, quem iria voluntariamente encarcerar-se depois que se livrou da infernal prisão no outro mundo, na qual Adarian
passou a maior parte de sua vida?
Resposta óbvia... o Malachai. Mas, outras criaturas não pensavam como eles. A raça Malachai era um tipo especial, um tanto quanto torcido que desafiou a maioria
dos cérebros e códigos morais.
Alcançando a famosa prisão, Caleb voou para a janela onde estava a solitária de Adarian. Mas, o Malachai mais velho não estava lá. Caleb levantou a cabeça.
Era muito tarde para Adarian ter um de seus passeios no pátio.
Desde que esteve no corredor da morte por causa de um dos massacres mais hediondos da história de Louisiana, ele deveria ser mantido em sua cela vinte e três
horas por dia.
Ele finalmente estava morto.
Por meia batida de coração, Caleb alegrou-se.
Até que percebeu que ainda estava sendo chamado por seu mestre.
Merda. Ele vive...
Revoltado com sua sorte, Caleb seguiu a sensação até que chegar ao Centro de Tratamento R. E. Jr. Centro de tratamento, aonde presos iam para cuidados médicos.
Retornando à sua forma humana, mostrou-se dentro do prédio e ficou invisível quando procurou seu mestre.
Soube que havia encontrado Adarian quando veio ao quarto mais seguro da instalação. Algo que era realmente cômico já que Adarian podia entrar e sair do prédio
tão facilmente quanto Caleb.
Sem diminuir a velocidade, caminhou pela porta guardada e no quarto escassamente mobiliado onde Adarian estava amarrado com quatro cordas na cama de hospital...
Sim, ok. Isso realmente pararia Adarian se ele quisesse matar alguém.
Mas, dito isso, Adarian parecia horrível. O Malachai mais velho estava pálido e magro na aparência. Fraco. Caleb nunca o viu assim. Adarian tinha até uma curativo
na cabeça e contusões escuras, profundas cobrindo sua pele exposta.
No entanto não foi isso que mais surpreendeu Caleb. Foi a cor do sangue que vazava da atadura de gaze de Adarian.
Vermelho escuro. Isso só podia significar uma coisa...
- Você está morrendo?
Adarian franziu o lábio para a pergunta estúpida e óbvia de Caleb. - Tire a alegria do seu tom, escravo. Ainda não estou morto e ainda tenho suficiente poder
para terminar sua existência patética. - Mas a batida mortal em seu peito zombou daquela ameaça.
Caleb moveu-se para mais perto cama para examinar os inúmeros ferimentos que arruinavam o corpo de Adarian. - O que aconteceu?
Com respiração difícil, ele lambeu os lábios secos, rachados. - Revolta. A princípio, me fortaleceu. Depois... - Ele ergueu a mão amarrada para mostrar sua
pele sangrando. - O que está acontecendo, Malphas? Eu não devia estar enfraquecendo enquanto os humanos estão lutando entre si aqui. Eu deveria está crescendo mais
forte do que nunca. Como pode ser isso?
Caleb não tinha ideia por que Adarian estaria perdendo poder assim. No passado, sempre foi simples. O mais velho sempre reteve sua força até que o Malachai
mais jovem chegou em si próprio. Então o mais jovem enfrentaria seu pai e o drenaria. Assim que o ancião estava fraco o suficiente, o mais jovem o matava e assumia
seu lugar legítimo como o único Malachai.
Uma troca de sangue e herança perfeitas.
Bem, não era perfeito se você fosse o Malachai que morria...
Mas, Nick não esteve próximo de seu pai desde que Adarian foi ao quarto do hospital de Nick e tentou matá-lo primeiro e absorver os poderes incipientes antes
que Nick aprendesse como matá-lo.
- Foi um demônio que atacou você? - Caleb perguntou, pensando que fosse um dos muitos predadores que procuravam Adarian que havia pousado um tiro sortudo na
besta.
- Humano, de todas as coisas asquerosas. Eu fui ferido por um mero mortal!- Ele tinha direito de estar indignado. Caleb estaria altamente ofendido, também,
se um humilde humano o tivesse reduzido ao estado atual de Adarian.
O maxilar de Adarian tremia. - Ache quem fez isto para mim e matou-o.
- E se for Nick?
- Traga-o aqui para que eu possa matá-lo.
Ah, o amor paternal...
Como abominava isso. Como Nick, ele nunca soube o que era ter um pai de verdade. Seu pai conspirou contra ele e o usou como Adarian havia feito com Nick. Mas,
como um ponto em favor de seu pai, o bastardo não havia tentado matá-lo.
Ainda.
- Estou ficando sem tempo, Malphas. Não me traia no presente. Saiba que se algo me matar, você não será liberado.
Caleb ridicularizou. - Não é assim que funciona.
Adarian riu com crueldade. - É quando você negocia por isso. - Ele olhou presunçoso para Caleb. - Eu conheço sua laia, e sei que não iria erguer um dedo para
me salvar a menos que sua própria pele estivesse na mira, também. Então eu amarrei seu fantasma ao meu. Quem toma meus poderes toma sua servidão com eles. Para sempre.
Caleb amaldiçoou quando aquela realidade fria, brutal o torturou. Apenas o Malachai tinha a habilidade de unir fantasmas de demônios. Não era fácil, mas...
- Eu não tenho nenhuma maneira de ganhar minha liberdade? Nunca? - Ele rosnou para Adarian.
- Você só pode controlar quem segura sua guia.
Bem, isso tudo não era ótimo? Era só o que queria ouvir. Foi classificado lá em cima como Desculpe, você foi acidentalmente transformado em um eunuco enquanto
dormia...
Naquele exato momento, quis matar Adarian mais do que já quis antes. Mas as leis de seu povo drenariam seus próprios poderes e o matariam se sequer tentasse
isto. E se ele morresse em cativeiro, seu fantasma estaria preso em um horrível reino inferior onde nunca teria qualquer tipo de paz ou algum descanso.
O temido inferno eterno que fez escárnio dos mortais.
A ira impotente nublou sua visão. - Eu odeio você.
Adarian fechou os olhos como se saboreasse aquelas palavras, e por que não? O ódio de Caleb só alimentava o poder de Adarian e o fazia mais forte.
Depois de um segundo, ele abriu os olhos para olhar para ele. - Vá, Malphas. Encontre meu agressor.
- Como quiser, minha hemorroida externa em chamas. - Caleb retirou-se tão rápido quanto pode, antes que seu ódio alimentasse Adarian ainda mais. Não queria
fazer nada para a besta que não precisasse.
Como eu me tornei assim um miserável tão patético?
Sua fúria e tristeza misturaram-se dentro dele quando se lembrou do demônio feroz, invicto, que costumava ser. Deuses, como desprezou suas memórias. Tudo o
que elas fizeram foi mostrar os erros que havia cometido. Os rostos do passado o perseguiam ao ponto de que não podia mais dormir toda a noite.
Antes que pudesse se conter, manifestou seu bem mais precioso na palma da mão. Um medalhão de ouro antigo, que continha uma única mecha preciosa de cabelo
loiro branco que não via há séculos. Estava com muito medo de abrir o medalhão e perder sua última ligação com a única coisa que considerou valioso. Lágrimas rolaram
de seus olhos quando correu o dedo sobre a gravação do lado de fora que estava escrito em sua língua nativa...
Teria assim.
Para sempre sua.
Em sua mente, viu a mulher humana mais perfeita que já havia nascido. Gentil e amável, ela o transformou de um instrumento de destruição absoluta em um herói
nobre que estava disposto a arriscar tudo para salvar sua raça e protegê-los de tudo, não importava o custo pessoal. Quando toda criatura viva saíram para tomar
sua vida e o tinham deixado louco com sua necessidade de sobreviver e conquistá-los, ela o domou com seu toque mais tenro. Ela nunca o tinha visto como um monstro
raivoso para ser destruído ou escravizado.
Enquanto outros o temeram e o amaldiçoaram, ela estendeu a mão e ofereceu a ele amizade inocente. Em todos os séculos em que ele existira, ela só o amou. E
a agonia de sua perda era tão profunda e cortante agora como foi no momento em que tinha exalado seu último suspiro em seus braços.
Eu daria tudo para ter mais um momento com você... para sentir o cheiro do sol em sua pele...
Ouvir meu nome em seus lábios preciosos.
- Eu sinto tanto a sua falta, Lilliana,- ele respirou, sua voz quebrando com o peso de sua dor.
Ele viveu apenas por seu sorriso bonito.
E ela morreu protegendo sua vida desprezível.
A injustiça foi suficiente para deixá-lo louco. Mas, os deuses não permitiram a ele nem mesmo o conforto da loucura para escapar desse inferno em que estava
preso. E não era mais a criatura que tinha amado a distração. Ela levou sua nobreza e o amor com ela para a eternidade, e o deixou para sempre, despojado e dolorido
por ela.
Eu sou a dor.
Meu nome é Ódio.
Doença.
Ira.
Uma única lágrima escorreu por sua bochecha.
Enfurecido por aquela fraqueza, limpou-a com tanta força que machucou a pele. A dor lancinante o devolveu ao presente e à tarefa que Adarian lhe dera. O Malachai
mais velho estava para morrer, e já que Caleb não sabia o que o estava matando, não tinha ideia de quem seria seu próximo mestre.
Mas, a única coisa que podia garantir, é que quem ou o que estivesse vindo por Adarian não hesitaria em usar e abusar tanto do ser físico de Caleb, quanto
de seus poderes. E ainda que Adarian fosse ruim, a maior parte do tempo deixou Caleb em paz.
Seu próximo mestre poderia não ser tão descuidado.
Um tique começou em sua mandíbula. Escravidão era uma merda para qualquer um, mas para demônios era muito pior. Se seus mestres queriam torturá-los, não podia
nem mesmo morrer ou escapar disto. E a quase tudo que sabia sobre como escravizar demônios possuía um traço cruel que fazia o Marquês de Sade parecer uma flor de
criança monge budista.
Rangendo os dentes, usou seus poderes para voltar o medalhão de Lilliana para seu quarto onde estaria protegido de dano ou perda. Sua mão ficou imediatamente
fria do vazio súbito, e o buraco em seu coração doeu ainda mais.
Quando examinou sua espécie, olhos azuis, viu um futuro com ela ao seu lado para sempre.
Em vez de uma eternidade de felicidade e o amor, só foi concedido a ele três preciosos anos com ela. Ou mais precisamente, doze centenas e quatro dias.
Um mero pontinho na eternidade.
Fechando os olhos, tentou esquecer que sua vida havia sido a única coisa que já implorou.
Mas, até mesmo agora, podia ver a si mesmo coberto com seu sangue quando gritou para seu pai ajudá-lo. Por alguém, qualquer um que havia servido para trazer
a vida de volta da única pessoa que o fez sentir-se inteiro. Necessário.
Amado.
Sua preciosa Lilliana tinha vivido e perecido por suas condenações.
...Maldita é a alma que morre enquanto o mal que cometeu vive. E os mais malditos de todos são aqueles que veem o mal vindo para os outros e se recusam a enfrentá-los.
Pois, não é por medo que heróis nascem, mas, sim por seu amor altruísta que não permitirá a eles segurança comprada da tortura, morte e degradação de outros. É melhor
morrer em defesa de outro do que viver com o conhecimento que podia tê-los salvado mas, optou por não fazer nada.
E para aqueles que pensam que uma pessoa não pode fazer diferença, digo isto... a onda mais mortal começa como uma ondulação invisível no vasto oceano.
Viva sua vida de forma que sua integridade motive outros a se esforçar para buscar excelência muito depois que você passou, e saiba que nenhuma boa ação ou sacrifício,
ou oferta de amizade ou o amor sincero, é esquecido por quem o recebe.
As palavras de Lilliana o assombravam. Ela o ensinou que era muito melhor estar sozinho que cercado por pessoas que eram moralmente falidas. Pessoas que tentavam
derrubá-lo com palavras invejosas e farpas que expressavam humor, pensando que era muito estúpido para não reconhecer os insultos que pensavam estar muito habilmente
escondidos.
Havia desistido de seu papel de liderança militar feroz conquistador para viver em uma cabana minúscula onde Lilliana o fez rei de seu mundo pequeno, precioso.
E ela tinha razão. Ele nunca, mesmo por um nanosegundo, tinha esquecido o calor do seu amor que ensinara seu coração morto como bater.
Até hoje, mesmo que odiasse isso, ainda se esforçava para ser o homem que ela viu.
Sim, entendeu exatamente o ódio frio brutal que o primeiro Malachai tinha suportado por sua mãe por causa da morte de sua esposa e filho. Era o mesmo ódio
que ele sentia por seu próprio pai, por ter ignorado seus apelos para poupar a vida de Lilliana. Para tomar sua vida em troca da vida dela.
Como poderia, desprezível bastardo, quando sabia muito bem que ela era tudo o que eu tinha?
Seu nariz inflamou quando mais raiva o encheu.
Pare, Malphas. Não pense nisso. Não havia nada que pudesse fazer para mudar o passado.
Era no futuro que precisava se concentrar. Essa era a única coisa que podia alterar.
Quem quer que estivesse matando o Malachai era uma força do mal a ser temida. E se eles podiam matar Adarian quando ele estava em um lugar onde nada além de
Nick devia ser capaz de enfraquecê-lo, então poderiam controlar Nick, também.
Isso era realmente de arrepiar.
Ainda que Caleb não gostasse desse mundo era forçado a viver nele. Sabia o quanto pior o mundo seria nas mãos de algo tão poderoso e não desonraria a memória
de sua esposa colocando as mãos nos bolsos e se afastando da batalha por vir.
Não quando sabia como lutar e como ganhar.
Não se tratava de seguir as ordens que havia recebido. Não se tratava de salvar sua própria desprezível existência... ele já estava no inferno. Significava
fazer o que era certo.
Lutando por aqueles que não podiam lutar por si mesmos.
Adarian perdeu-se em seu ódio e não havia nada que Caleb pudesse fazer para salvá-lo.
Mas Nick...
A Esperança é aquela luz minúscula que os deuses nos deram para que pudéssemos encontrar nosso caminho em nossas horas mais sombrias. E mesmo se podemos dar
topadas nos nossos dedões do pé e machucar nossos joelhos, se continuarmos avançando, mesmo quando nosso progresso é lento e doloroso, superaremos e nos faremos
melhores por nossa jornada...nenhuma miséria ou situação ruim é sempre infinita ou final até tomarmos uma decisão consciente de que seja assim.
Caleb havia zombado do idealismo ingênuo de Lilliana. Então basicamente o que você está me dizendo, pequena, é que a esperança é o modo de um ser humano sacudir
os deuses dizendo "ha, ha, você perde e eu não tenho nenhuma intenção de desistir?". Tome isso de alguém com muita experiência pessoal, eles tendem a reagir mal
quando você faz assim.
Mas, no final, entregou sua bandeira da batalha para sua esposa. Principalmente porque ela o beijou até ele perder a capacidade de formar qualquer pensamento
racional. Pelo menos foi a mentira que disse que a si mesmo para não admitir que apesar de todos os horrores que viu e a agonia absoluta que tinha sobrevivido, ainda
tinha esperança dentro do seu coração. Se isso se originou como mais uma tortura ou como inspiração divina, alguma coisa sempre aconteceu para levá-lo por cada provação
sombria.
E mesmo que não pudesse vencer esta última luta, iria cair lutando por todo o caminho, com tudo o que tinha. Não por si mesmo ou para sua própria vaidade.
Não porque havia sido ordenado para fazer isto.
Ele estaria forte e lutaria até o amargo fim pela simples razão de que era a coisa certa a fazer.
Sim, até mesmo ele admitiu que era estúpido.
Caleb olhou para o prédio onde deixou Adarian e soltou um riso amargo.
- Com certeza nós vamos morrer.
CAPÍTULO 12
Com o cano da arma direto entre os olhos de Alan, Nick puxou o gatilho e sentiu o recuo de sua mão.
Um mero instante antes de a bala deixar a câmara, algo duro bateu em seu pulso, derrubando a arma de fogo salvando a vida podre de Alan. A arma aterrissou
um momento mais tarde com um baque sólido no concreto. Com fúria explodindo, Nick virou-se para seu novo atacante, pretendendo matá-lo.
Mas, assim que sua mão voou de volta para um soco, mãos macias, quentes, seguraram seu rosto e, em seguida, um par de lábios tenros tocou os seus.
O choque de ser inesperadamente beijado levou todo o demônio e raiva para fora dele. A essência feminina, doce, encheu-lhe as narinas, fazendo sua cabeça girar
enquanto a respirava. Não era Kody nem Casey, percebeu. E o beijo que ela lhe deu era tão quente que despertou todos os hormônios de seu corpo.
Rosnando no fundo de sua garganta, Nick perdeu-se para a sensação maravilhosa.
Até que alguém bateu no seu ombro. Duro. Com a raiva renovada, virou-se com uma maldição para encontrar Casey encarando-o.
A expressão austera em seu rosto disse a ele que ela queria estraçalhar seu coração. - O que você pensa que está fazendo?
Chocado e confuso, Nick olhou para a mulher em seus braços. No momento em que viu quem era, seu estômago bateu no chão. Não, não podia ser.
Simi?
Santa merda!
Com um sorriso terno, Simi moveu-se para beijá-lo novamente.
Nick saltou um metro e meio para trás. A única coisa de tudo que seu eu do futuro tinha, exceto atacá-lo, era que ele tinha que afastar-se de Simi. Ela deveria
ser mantida fora de seu cardápio por toda a eternidade. Sem discussão.
Simi passou um olhar faminto sobre Nick. - Sabe, Akri-Nick... você é delicioso até sem molho barbecue.
Oh, alguém me dê um tiro...
O olhar no rosto de Casey dizia o que ela estava para fazer.
Mas, antes que ela tivesse a chance, outro tiro ecoou. Simi derrubou Nick no chão, enchendo seus braços com suas curvas mornas novamente.
Sim, isso era bom, mas...
Ele rolou com Simi para ver Alan aos seus pés, apontando a arma para atirar novamente. Reagindo em puro instinto, Nick conjurou uma bola de fogo e a atirou
em Alan. Ela atingiu seu braço engolindo-o em chamas. Alan caiu gritando enquanto Nick olhou em direção a Casey, que não fez um único som desde que a arma de fogo
disparou.
Ela estava deitada no chão a poucos metros dele, toda amassada. Imóvel.
Não...
As sirenes encheram o ar quando a polícia finalmente veio na direção deles. Nick não prestou atenção enquanto dirigia-se a Casey para ver se ela ainda estava
viva.
- Simi? Certifique-se de que ele não consiga pegar aquela arma novamente.
Com os olhos iluminados de alegria, Simi lambeu os lábios. - Simi pode comer seu braço? Você já o tostou. Estou esperando a hora do jantar.
- Não, Simi. Não.
Ela fez um som de irritação absoluta quando levantou a arma de fogo e olhou para Alan. - Você está tão relacionado com akri. Não, Simi, não. É tudo que eu
ouço. Sabe, "bon appétit" é uma frase perfeitamente boa, também. E é isso que faz Simi muito mais feliz do que "não, Simi, não"...
Ele ignorou seu monólogo irritado e os gritos de dor de Alan enquanto apressou-se para o lado de Casey. Por favor não morra. Ele nunca perdoaria a si mesmo
se a deixasse morrer porque ele foi estúpido e hormonal. Ele examinou rapidamente seu corpo, mas não viu nenhum sangue.
- Casey? - Ele soprou enquanto a polícia descia no estacionamento, enchendo o céu escuro com o brilho das luzes piscando.
Ela não respondia de maneira nenhuma quando as portas de carro abriram.
- Pare!- Alguém gritou. - Solte a arma!
Nick olhou para cima e viu Simi segurando contra Alan, cujo braço estava agora ardendo sem chamas. O pânico o fez vomitar quando teve medo do que o demônio
poderia fazer com a polícia. - Simi, solta isso rápido e levanta as mãos para o alto assim eles podem ver que não está armada. - Não que importasse. Ela era realmente
cem vezes mais letal sem armamento do que um batalhão com arsenal completo.
Felizmente, Simi o obedeceu.
Ainda ajoelhado ao lado de Casey, Nick ergueu seus braços e cruzou seus dedos atrás da cabeça, de forma que nenhum novato nervoso acidentalmente atirasse nele.
- Nós precisamos de uma ambulância. Por favor!
A polícia correu para cima deles.
- O que aconteceu? - Uma oficial perguntou quando se agachou ao lado de Nick.
- Nós estávamos andando para jantar no Hard Rock quando ele e outro cara puxaram as armas para nós. - Ele apontou para Alan, que estava dizendo a outro oficial
que Nick saltou sobre ele depois que ele perguntou o nome de Casey. - Sem saber que nós estávamos sendo assaltados, minha amiga Simi apareceu e os surpreendeu. O
outro cara foi embora enquanto eu lutava com ele pela arma. Eu a derrubei, ele a pegou e atirou. Eu acho que atirou em minha namorada, mas eu não posso confirmar.
Por favor, consiga ajuda!
- Não se preocupe. Uma ambulância está a caminho.
Nick balançou a cabeça quando um oficial surgiu e o empurrou no chão. - O que você está fazendo?
- Ele diz que você o atacou sem nenhum motivo e que estava se protegendo de um lunático homicida. Já que ele está sangrando mais e sua namorada estava segurando
uma arma de fogo não registrada contra ele quando chegamos... vamos levar todos vocês para a delegacia até conseguirmos resolver isso.
- Ele nos assaltou!- Nick rosnou, indignado que Alan poderia sair livre no final.
Não importava o que ele disse. O policial bateu com força uma algema em seu pulso e empurrou seu braço para trás para fechá-la com a outra mão. Puxou-o com
tanta força, que Nick estava pasmo por não arrancar seu braço.
- Ele é louco!- Alan gritou quando o policial arrastou Nick em direção aos carros de polícia estacionados onde uma multidão grande, curiosa formou-se. - Não
o deixe próximo de mim. Estão drogados ou algo assim. Nunca vi ninguém agir deste modo. Ele até me incendiou!
Nick teve que morder a língua para não dizer que Alan mereceu.
Quando eles alcançaram um dos carros, uma voz profunda ressoou perto deles. - Ei, Lenny, o que está acontecendo?
Graças a Deus, era Acheron.
O policial parou ao lado de Ash, que, graças às suas botas pretas de motociclista, era quase sete metros mais alto. - Eu não sei, Ash. Nós recebemos um telefonema
sobre vários tiros e agora pegamos este sujeito,- empurrou Nick algemado pelas mãos, - alegando ter sido assaltado e aquele ali dizendo que esse aqui o atacou sem
motivo.
Ash sacudiu a cabeça, depois inclinou-se para falar em um tom baixo. - Você sabe que está prendendo o escudeiro de Kyrian, certo?
O policial empalideceu imediatamente. - Ele é um de nós?
Ash balançou a cabeça. - Completamente introduzido no conselho sagrado.
- Filho da... Não. Eu não fazia ideia.
- Eu tenho meu cartão de escudeiro na minha carteira,- Nick disse por cima do ombro. - Está no chão lá trás onde eu a soltei enquanto tentava entregá-la antes
que ele disparasse contra nós... em primeiro lugar.
- Kyrian o tem treinado para proteger-se de nossos inimigos naturais. - Ash empurrou seu queixo em direção a Alan. - Parece que Nick tem sido um bom aluno.
- Sim, vou te dizer. Ele espancou o cara.
- O que eu deveria fazer? Ele ameaçou estuprar minha namorada e me matar.
O policial abaixou-se e destrancou as algemas de seus punhos. - Desculpe sobre isso, mas você tem que avaliar o que nós vimos quando chegamos aqui.
Virando-se para encará-lo, Nick franziu os lábios. - Sim, eu sei o que você pensa que viu... um lixo Cajun.
O policial desviou o olhar, envergonhado.
Ash cruzou os braços sobre o peito. - Você está bem, garoto?
Nick mal respondeu quando viu os paramédicos empurrando a maca de Casey em direção à ambulância que estava estacionada a alguns metros deles. Ele correu para
ver como ela estava. Estava consciente e eles colocaram uma máscara de oxigênio em seu rosto.
- Casey?
Ela o agarrou. - Nick? Você está bem?
- Sim, e você?
Ela assentiu.
- Estamos levando-a apenas por precaução. - o socorrista explicou quando pararam para abrir as portas traseiras.
Casey apertou sua mão. - Você leva meu carro para minha casa?
- Você tem certeza de que não quer que seu pai faça isso?
- Tenho certeza. As chaves estão na minha bolsa.
- Não se preocupe. Eu cuidarei disso. Apenas melhore.
Ela sorriu quando a socorrista separou suas mãos. Eles ergueram a maca e a deslizaram para dentro da ambulância.
Nick não se moveu quando fecharam as portas e foram embora com ela.
Ash aproximou-se e colocou uma mão confortante em seu ombro. - Então o que realmente aconteceu?
- Eu não sei o que você quer dizer.
Ash arqueou uma sobrancelha amargamente divertida. - Eu sou um guerreiro de onze e mil anos de idade, Nick. Eu posso saber a diferença entre alguém lutando
e resistindo para proteger-se, e alguém espancando outro por um rancor pessoal. O que ele fez a você?
- Foi ele que atirou em mim na noite em que conheci Kyrian.
- E você não o matou?
Nick encolheu os ombros. - A polícia chegou aqui primeiro e pareciam um pouco inclinados a provocar o conflito.
Acheron meneou a cabeça quando soltou sua mão. - Boa decisão. - De repente, seu telefone começou a tocar. - Com licença. - Ash pegou o telefone e virou-se
para atender.
Nick o deixou para verificar Simi, mas não havia sinal dela. Andou até a oficial que havia sido tão boa antes de Lenny agredi-lo. - Onde está minha amiga?
- Eles acabaram de levá-la na ambulância.
- Não a Casey. Simi.
- Quem?
A mulher era cega? Simi era uma criatura difícil de perder. - A menina alta, gótica que estava aqui um minuto atrás.
Ela franziu o cenho. - Eu não a vi. Ei, Tim? Havia outra menina aqui?
- Não. Por quê?
Nick abriu a boca para responder, mas, depois fechou-a. Agora para a maior parte das pessoas, seria estranho que ninguém lembrasse de ver uma Simi de um metro
e oitenta e três de altura apontando uma arma para Alan.
Para ele...
Como sempre.
Simi tinha alguns poderes psíquicos impressionantes e obviamente provocar amnésia nos outros era um deles. Cara, ter esses incríveis truques mentais Jedi.
Isso e a aquela força asfixiante...
Duas coisas que todo adolescente poderia usar para fazer sua vida muito mais fácil.
Desejando o que não podia ter, andou até o oficial que estava ensacando a bolsa de Casey e sua carteira. - Hum, posso ter minhas coisa de volta?
O oficial hesitou antes de dar sua carteira, mas manteve a bolsa.
Sério? Nick suspirou quando se preparou para uma briga. - O carro dela está no Canal Place. Elar queria que eu o levasse para casa dela. Um pouco difícil,
se eu não tiver as chaves.
Ele franziu o rosto em dúvida.
- Dê as chaves ao garoto, Leo.
- Tem certeza? - Perguntou a Lenny, que caminhava em direção à policial feminina.
- Sim, mas eu levarei a bolsa para o hospital.
Nick revirou os olhos. - O que? Acha que vou roubá-lo?
- É só protocolo. - Lenny deu-lhe as chaves do carro e, em seguida, afastou-se.
Ainda irritado, Nick voltou para onde havia deixado Acheron, que estava terminando seu telefonema. - Eu posso pedir um favor?
Ash deslizou o telefone no bolso de trás. - Claro.
- Casey pediu que eu levasse seu carro para casa e já que não tenho minha licença ainda...
- Sua mãe ainda segurando aquele cartão acima de sua cabeça, hein?
Nick fez um som de profundo desgosto. - Sim. Ela diz que não tenho tempo suficiente ao volante. Tanto faz, eu acho.
- Sua mãe o ama, Nick.
- Eu sei, Ash. Eu realmente sei. Mas, existe uma diferença entre amor e propriedade e a asfixia, sabia?
- Melhor do que a maioria - ele murmurou respirando baixo. Havia tanta simpatia e raiva sincera em seu tom que fez Nick pausar.
- Sua mãe, também?
Acheron riu, mostrando um pouco das presas. - Não. Meus pais não estavam por perto quando eu era uma criança. Fui criado por estranhos.
Aquelas palavras o surpreenderam. Ash raramente falava sobre seu passado para qualquer um. - Como foi isso?
Ash encolheu os ombros. - Foi como ser criado por estranhos... as pessoas não se importam com o que acontece com você e nunca tem seus melhores interesses
no coração. Na maior parte do tempo, estava realmente só.
Sim, ele deveria ser. - Então você nunca viu seus pais em absoluto?
- Não.
- Eles morreram?
Ash bufou. - É uma longa história, Nick, e não tem final feliz, por isso tento não falar sobre isso. E é por isso que tenho dificuldade sempre que você reclama
sobre sua mãe sufocante enquanto eu venderia minha alma para crescer com isso. Eu sei que Cherise é severa com você às vezes, mas há uma diferença entre alguém que
genuinamente se preocupa com você e seu futuro, e alguém o castigando para seus próprios interesses e prazer perverso. Confie em mim.
Ele nunca pensou daquele modo. - Sinto muito, Ash.
- Não sinta. Não importa o quão ruim pensa que sua vida é, existe sempre alguém lá fora com uma história parecendo pior, em comparação. Pelo menos as pessoas
que eram cruéis comigo não eram realmente da família. Na minha opinião, teria sido muito pior se fossem as pessoas que deveriam me amar e me proteger do mal.
Nick balançou a cabeça. - Às vezes, Ash, você me irrita. Mas, honestamente, eu realmente aprecio a maneira como põe as coisas em perspectiva. Ajuda, sabia?
- É a única coisa sobre viver tanto tempo... isso definitivamente dá a você tempo para refletir e ver as coisas que perde quando está sendo assaltado com problemas
e estão tentando passar por um período de vida muito curto.- Ash recuou. - Então onde está o carro dela?
- Canal Place.
Ash ficou ao seu lado enquanto caminhavam para o estacionamento onde ele e Casey deixaram o carro.
- Não era dessa maneira que isso deveria acontecer,- Nick disse quando destrancou as portas.
- Isso é verdade, na maioria dos dias. Então você dirige ou eu?
Nick riu. - Eu já tive excitação suficiente por um dia, Ash. Não acho que meu coração possa lidar com uma viagem no tráfego à noite com você atrás do volante.
Sorrindo, Ash curvou-se no carro enquanto Nick entrou e arrancou.
Enquanto dirigia em direção a residência de Casey, os eventos do dia continuavam se repetindo em sua cabeça. Mas, a única coisa na qual se fixou foi em como
esteve perto de matar Alan e Tyree. Sim, havia matado zumbis, mas eles não eram pessoas vivas, e havia banido demônios, mas...
- Como é, Ash?
- Como é o quê?
Nick engoliu seco quando forçou-se a perguntar o que precisava ter uma resposta. - Matar alguém.
Acheron hesitou como se revivesse algo brutal em seu próprio passado.
- É uma merda. Para os dois. Especialmente na primeira vez. - Ele pausou por um segundo antes de continuar. - Savitar tem um ditado...
Nick nunca conheceu Savitar, mas da maneira como Acheron falava sobre ele, entendeu que o ser antigo havia sido algum tipo de mentor para Ash ao longo dos
séculos. E um extremamente poderoso.
- Quando você tira a vida de alguém, duas pessoas morrem. A pessoa que acabou de matar e o ser humano que você costumava ser. Nunca será o mesmo depois, isso
faz você mudar para sempre e não de uma boa maneira e não importa o quanto você tenta, não consegue voltar para a inocência que tinha. Nunca mais.
Nick virou à esquerda enquanto considerava isto. - Então, quem foi seu primeiro?
- Meu irmão.
Nick ofegou com aquela resposta inesperada. Ash? Fratricida? Ouviu corretamente?
Certamente não. Ash era um bom sujeito. Nunca tiraria a vida de seu próprio irmão. Não é?
Não, não a menos que existisse realmente uma boa razão para isto.
- Como foi isso? - Ele para Ash, cujo rosto estava completamente impassível. - Por que? Como? Foi um acidente?
Ash soltou um suspiro longo, cansado. - Não foi um acidente em absoluto. Puramente e cruelmente meditado. Eu o esfaqueei enquanto ele dormia em sua cama.
Aquilo bateu em Nick como um soco no estômago. - Quantos anos você tinha?
- Não muito mais velho que você é... apenas um bebê com um temperamento ruim.
Calafrios passaram por ele pela dureza de matar alguém enquanto dormia. Cara, isso era frio, e era muito fora do caráter de Acheron. - Por que faria algo assim?
Ash fez um som amargo antes de responder. - Não acreditaria em mim se eu dissesse... felizmente, embora ele morrera, o trouxeram de volta. Mas, isso não importava.
O que fiz foi imperdoável. E no meu coração, sei que matei meu próprio irmão basicamente por minhas próprias razões egoístas e ciúme. Que olhei diretamente em seus
olhos quando ele acordou com dor, e eu vi o choque, o medo, e o horror que ele sentiu quando sua vida era drenada e seu sangue quente cobria minha mão. Ainda posso
sentir isso às vezes... junto com a vergonha e o nojo que tive quando percebi que eu não era a pessoa que pensei que fosse. Naquele momento terrível, vi a mim mesmo
como realmente era... um animal insensível que merecia nada além de ódio. As razões não importavam. E ainda não importam. E a morte, mesmo quando necessária e justificada,
assombrará você para sempre.
Nick tentava imaginar as emoções que Ash estava falando, mas, realmente não conseguia. E honestamente, estava grato por essa misericórdia. Haviam algumas experiências
que ninguém precisava ter.
- E sobre os Daimons que você matou? - Eles eram demônios que roubavam almas humanas para prolongar suas vidas. Se um Dark-Hunter não achasse e matasse o Daimon,
a alma humana roubada morreria e seria perdida para sempre, dando à sua vítima o tormento eterno. O único modo de salvar a alma humana era matar o Daimon antes que
ele a devorasse totalmente. - Certamente você não se importa em matá-los.
- Nick ... eles ainda estão vivendo, respirando pessoas e eles não merecem a maldição que Apollo lhes deu por algo que seus antepassados fizeram. Eles têm
famílias e amigos que amam, e que os amam de volta. Pessoas que ficarão dilaceradas de dor quando eles se forem. Toda criatura senciente tem planos e esperanças
para seu futuro. E todos eles olharão para você com terror em seus olhos quando perceberem que a vida que acalentaram acabou e que nunca mais verão as pessoas que
amaram. Não importa o quão justificada sua morte é, você ainda se sentirá um merda depois, e eu me pergunto que tipo de monstro você é para fazer o que fez.
Ash rangeu os dentes. - Seja quem for, merecia o ódio ou a indignação que se tivesse em relação a eles, ou o ímpeto precipitado de adrenalina que vem quando
é autodefesa e não se tem nenhuma chance... murchará embaixo do tsunami de sua culpa e auto-aversão. Com o tempo, se tiver sorte, fará as pazes com suas ações, e
enquanto estiver acordado, poderá até convencer sua consciência de que suas ações salvaram os outros e eram completamente justificadas e aprovadas. Mas, a noite,
quando estiver dormindo, ou qualquer hora que seus pensamentos desprotegidos viajarem, será assombrado por seus olhos e rostos, e pelo conhecimento de que sua vida
foi comprada às custas deles... e isso, pequeno irmão, vai devorá-lo para sempre.
- É por isso que Kyrian raramente dorme?
- É por isso que nenhum de nós dorme por muito tempo.
Nick agarrou o volante quando tentou conciliar tudo o que aprendeu e tudo que aconteceu hoje à noite. Mas, o que o perturbava era o medo que não teria sempre
a mesma humanidade que Acheron assim que o Malachai assumisse o comando. Ele simplesmente não podia ver seu insensível pai sendo assombrado por qualquer coisa. -
Você pensa que isso é verdadeiro para os demônios, também? Os Daimons que matam humanos?
- Eu sei que é verdade, Nick. E enquanto existem raras exceções de criaturas selvagens que são realmente sem consciência ou compaixão, a maioria não é.
- Mas, e se você nasce quebrado? E se seus genes são tão contaminados que não tem nenhuma escolha exceto ser um assassino?
Ash agitou a cabeça, cansado. - Você precisa deixar de se fixar nisso, Nick. Todos nós temos uma escolha. Acredite em mim. Eu nasci no canto mais escuro do
inferno e dentro de mim vive um monstro vingativo que quer atacar e destruir tudo o que toca, sem hesitação ou preconceito.
Aquelas notícias o derrubaram. Era verdade?
- Mas, você está sempre tão tranquilo e relaxado.
- Aprendi a esconder bem. Mas, não significa que não está lá, logo abaixo da superfície tranquila, salivando para a jugular mais próxima.- Você não é seu pai,
irmãozinho. Você nunca será como ele.
Se pudesse ter a convicção de Ash sobre si próprio. - Você é o único que pensa assim.
- Não importa o que outras pessoas pensam. A única opinião que realmente importa é a sua. Somos os escritores de nossas vidas. Podemos fazer nossas histórias
comédias ou tragédias. Contos de horror, ou de inspiração. Sua atitude e sua força de coragem são o que determinam seu destino, Nick... a vida é dura e uma merda
para todos. Cada pessoa que encontra está travando sua própria guerra contra um universo cruel que está conspirando contra eles. E todos estamos cansados da batalha.
Mas, no meio de nosso inferno, existe sempre algo que podemos agarrar, se é um sonho do futuro ou uma memória do passado, ou uma mão quente que nos acalma. Nós só
temos que ter um momento durante a luta para lembrar que não estamos sós, e que estamos lutando não apenas por nós mesmos. Lutamos pelas pessoas que amamos.
- Você realmente acredita nisso?
Ash riu amargamente. - A maior parte do tempo. Mas, evidentemente, há muitas outras vezes quando penso que estou tão cheio de merda como você está.
Nick riu, embora odiasse o modo como Acheron podia ver seus pensamentos. - Agradeço a honestidade.
- Quando quiser.
Fez uma pausa enquanto deixava as palavras de Ash tocar seus pensamentos por um minuto. Mas, para o melhor ou o pior, continuava voltando para um medo básico...
- Ash, sabe o que me mantém acordado à noite?
- Em sua idade, eu imagino que pensamentos de mulheres seminuas.
Nick bufou. - Tão típico de você.
- Ei, eu tive sua idade uma vez, e sabia muito mais sobre nós ao longo dos séculos. Mas, honestamente, sei o que está pensando. E sei o que esconde dos outros.
Bem no fundo, em lugares que não queremos admitir possuir, aqueles que temos doadores de esperma em vez de pais, desejam que uma vez, apenas uma vez, eles olhassem
para nós como um pai deveria olhar para seu filho. Que teriam orgulho para nos chamar seus filhos. E ao lado desse desejo amargo odiamos a nós mesmos pelo sentimento
que vem do medo de que seremos eles um dia, e que nossas crianças nos odiarão do mesmo modo que os odiamos.
- Sim. Exatamente. Eu não quero ser meu pai.
- Você não tem que ser... há uma cena em Ilíada que...
- O que?
- Eu lamento o sistema educacional moderno,- Ash disse em voz baixa. Depois, mais alto. - É uma história escrita por um homem chamado Homero sobre a Guerra
de Tróia.
- Oh, eu conheço isso.
Ash inclinou a cabeça para ele. - Existe uma cena em Ilíada, quando Heitor está prestes a sair para a batalha, onde conversa com sua esposa, Andrômaca, e pega
seu filho, Scamandrius, que recua porque não reconhece seu pai quando Heitor está vestido com sua armadura. Heitor ri, e em seguida remove o elmo e coloca-o no chão
para que Scamandrius possa ver seu rosto. Então ele acalma seu filho e reza em voz alta para ele. "Zeus, você e todos os outros deuses, concedei que esta criança,
meu filho, possa se tornar, como eu, preeminente entre os Troianos, tão forte e valente quanto eu. Faça com que ele possa governar Tróia com força. Que as pessoas
possam algum dia dizer, quando ele retornar da guerra, "Este homem é muito melhor que seu pai'". Isso, Nick, é o que todo mundo devia se esforçar para... não ser
como nossos doadores de esperma, porém melhor. Seu pai mostrou-lhe o que você não quer ser. Agora cabe a você tomar as decisões que ensinaram-lhe e usá-las para
fazer melhor. Todos devíamos tentar deixar o mundo um lugar melhor do que o que encontramos quando chegamos aqui.
Nick ficou em silêncio diante daquelas palavras por vários minutos. Era isso que queria. Quando morresse, não queria que o mundo ficasse feliz por não mais
existir. - Foi isso que aconteceu com você?
- Isso é para o mundo decidir. Mas, posso dizer isso a você. Eu tento e eu faço meu melhor todo dia. No fim das contas, é tudo que nós podemos fazer.
Nick considerou aquilo o resto do caminho durante o tráfego.
Estacionou o carro na frente de casa de Casey. Não havia uma luz no interior da ampla mansão. Parecia completamente deserta. - Você acha que seus pais foram
notificados?
Ash ficou imóvel como se estivesse escutando o éter. Depois de alguns segundos, movimentou a cabeça. - Estão a caminho até ela.
Bom. Ele sabia como era terrível estar sozinho em um hospital. Ninguém devia ser pego assim.
Saindo do carro, fechou a porta, depois recuperou seu material da mala.
Nick hesitou. - Onde acha que devo colocar as chaves?
- Sob o tapete na varanda da frente. Pode mandar uma mensagem de texto para deixá-la saber onde estão.
- Você é brilhante.
Ash irrompeu inesperadamente com um sorriso convencido. - Eu sei.
Rindo, Nick fez o que ele disse. Estava voltando para a rua quando uma onda misteriosa passou por ele. Pensou que tinha imaginado isso até que viu o modo como
Ash ficou na sua rota, tenso e alerta.
Completamente quieto.
- Você sentiu isso, não é?- Nick sussurrou.
Ash fez um aceno sutil com a cabeça.
- O que é isso?
- Não tenho certeza.- Ash aproximou-se de Nick como se para protegê-lo. - E honestamente, Nick, é o que me preocupa. Não é sempre que não tenho uma resposta.
Você devia tê-lo matado.
Aquelas palavras ecoadas vieram como uma brisa sutil que era tão leve, que Nick não tinha certeza de que fosse real.
Você tem que tomar o seu lugar.
- Você ouve isto? - Ele perguntou a Ash.
- Ouço o que?
O ar em torno deles ficou perfeitamente quieto. Como se estivessem no olho de um furacão.
Antes de Nick pudesse reagir, Acheron usou seus poderes para teleportá-los da casa de Casey para o quarto de Nick em seu apartamento. A rapidez da ação desorientou
Nick a ponto que pensou que iria vomitar.
Sufocando a bile, forçou seu estômago a recuar. - Da próxima vez, previna um irmão antes de arrebatá-lo, Ash. Isso é cruel e eu odiaria vomitar em suas botas
caras.
- Sim, e eu odiaria ter que matá-lo por isso, também.
Nick começou a responder até que olhou para cima e percebeu pela primeira vez que Acheron não estava usando seus óculos de sol opacos. Fora imediatamente assaltado
por duas verdades simultâneas e chocantes sobre seu amigo.
Uma... sem aqueles óculos de sol, Acheron era absolutamente belo. Todos os seus traços eram perfeitamente esculpidos como uma grande obra de arte.
Mas, o que realmente lhe esbofeteou mais duro foram os olhos de Acheron. Não existia nada de humano neles. Giravam em uma prata incandescente profunda... como
mercúrio em uma centrífuga. Nick nunca viu ou ouviu falar sobre nada parecido com isso. Aqueles não eram os negros, olhos sensíveis à luz de um Dark-Hunter.
Eram os olhos de algo muito mais poderoso e antigo.
- Cara,- Nick arfou. - Qual o problema com seus olhos?
Os óculos de sol voltaram imediatamente para cobri-los. - Desculpe por isso. Você está bem?
Não, ele não estava. - O que é você, Ash...Realmente.
- O último da minha espécie nesta Terra. Você sabe disso.
Sim, mas... - Todo Atlante tem olhos como o seu?
- Não.
- Por que eles giram?
Um tique começou na mandíbula de Ash, deixando-o saber que Ash estava extremamente consciente sobre eles ... deve ser por isso que sempre os manteve cobertos
não importava o quão escuro era.
- Por que seus olhos são azuis, Nick? Genética ruim. Seus olhos são tanto uma anomalia como a minha. Apenas ocorre que mais pessoas compartilham sua mutação.
De repente, se sentiu mal por dizer qualquer coisa. - Eu sinto muito, Ash. Se quiser saber a verdade, porém, acho eles o máximo. Posso vê-los novamente?
- Eu não sou um espécime em um museu, suspenso em uma parede para a sua diversão.
- Eu não quis dizer isso dessa maneira.
Ash levantou as mãos em irritação. - Eu sei, Nick. Eu sei. Mas, eu já sofri muito por causa deles ao longo dos séculos. Você não faz ideia... e é um ponto
sério para mim.
E Ash não estava tão tranquilo quanto pareceu. Nick fez uma nota mental do que disse no carro sobre seu temperamento. Por tudo o que fez, não queria forçar
Ash além da extremidade.
- Ainda acho que são incríveis.
- É porque você não tem que lidar com os aspectos negativos de uma deformidade que as pessoas nunca entenderam.
Naquele momento, Nick teve um epifania da infância de Ash como deve ter sido. As sociedades antigas haviam sido até menos tolerantes com as pessoas que eram
diferentes do que os colégios modernos atuais. E por alguma razão, Ash foi criado sem os pais para protegê-lo.
Oh sim, seu passado de m-e-r-d-a.
- Seu irmão tinha olhos como o seu?
Ash agitou a cabeça. - Os olhos dele eram a mesma cor que os seus... era como as pessoas nos distinguiam de imediato.
Oh, sim... é isso. Ash disse-lhe que era um gêmeo, mas Nick havia esquecido. - É por isso que você o odiava?
- Não, e vou te contar um segredo. Nunca realmente odiei meu irmão. Odiei a mim mesmo, e levei isso para ele, e o culpei por coisas que não eram sua culpa
mais que eram minhas. Quando se está nesse tipo de extrema angústia mental e sofrimento absoluto que não pode escapar não importa como tente, você vira seu ódio
para fora, porque é muito mais fácil focar seu ódio em alguém que não tem que olhar no espelho. E meu irmão era apenas uma pessoa fácil de culpar já que ele era
tudo que eu queria ser... respeitado, inteligente, hábil, um líder natural...e eu não suportava permanecer em sua sombra como um ser inferior.
Nick fez uma careta. - Você me diz essas coisas e eu simplesmente não posso envolver minha cabeça nisso. Você é Acheron Parthenopaeus... o pior dos bundões...
o líder temido e amado de um exército de protetores imortais. É rico além dos sonhos e tem os poderes mais épicos que já ouvi falar de alguém. Eu mataria para ter
um décimo de sua aparência e crescimento. Como poderia olhar para si mesmo e achar-se uma falha? Sério?
- Porque não sou a mesma pessoa agora do que eu era quando humano. Mudei de maneiras que você não pode nem começar a imaginar, e no final, o que aprendi é
que a infância é o que você gasta toda a sua vida adulta tentando recuperar. E quando se é ruim, nenhuma quantidade de sucesso ou riqueza vai aliviar o maligno,
as vozes de ódio que perdurarão muito depois de seus algozes estiverem mortos e enterrados. Leva o que odeia a todos os lugares que vai. É por isso que continuo
dizendo-lhe para não escutar as pessoas que o atacam. Não comece essa interminável trilha sonora. É a coisa mais auto-destrutiva que pode fazer a si mesmo.
Aquelas palavras sinceras fizeram murchar algo dentro de Nick, mas não de uma maneira ruim. Elas o alcançaram de uma maneira que nunca ocorreu antes. - Ash?
- Sim?
Nick limpou a garganta. - Não... eu quero dizer que... não... não me leve a mal, ok? - Envolveu seus braços ao redor de Ash e o abraçou. - Sempre serei seu
irmão,- ele sussurrou na orelha de Ash. - E nunca vou odiá-lo.
Só então Ash o abraçou de volta, e era desajeitado suficiente para deixá-lo saber que Ash nunca deu e nem recebeu muitos abraços em sua vida extremamente longa.
- Você é um garoto tão estranho, Nick.
Rindo, Nick o soltou. - Então todo mundo me diz isso. Mas, gosto de ser estranho e diferente... a maior parte dos dias de qualquer maneira.
Ash deu-lhe um sorriso triste. - Você tem um grande coração. Nunca deixe a vida mudar isto.
- Não planejo isso.
Mas, mesmo enquanto falava essas palavras, Nick teve um mal pressentimento de que sua mudança não estava, em última instância, em suas mãos. Que o destino
iria seguir em frente, quer quisesse ou não. Ambrose tentou e tentou transformá-lo no Malachai.
Em todas as vezes ele falhou.
De acordo com seu eu futuro, essa era a última chance de salvar todos eles. Não haveria mais repetições.
Se Nick estragasse tudo de novo...
Sua mãe, Bubba, Caleb, Kyrian, e todo mundo que amava, morreria. Ele e Ash poderiam se tornar inimigos ferozes.
E Nick destruiria o mundo inteiro e todo mundo nele.
Aquele pensamento mal havia terminado antes que ouvisse um grito arrepiante ecoando da sala de estar.
CAPÍTULO 13
- Nick!
Aquele grito rasgou o sistema nervoso de Nick como um instrumento de tortura elétrica quando correu do seu quarto até a sala de estar com Ash um passo atrás
dele. Pelo tom estridente e o pânico crus nele, estava esperando encontrar sangue nas paredes e pelo menos dez ou doze dúzias de homens armados atacando sua mãe.
Então a visão de seu lamento solitário na sala de estar o levou a uma parada tão súbita, que Ash colidiu contra ele. Aterrorizado achou que havia perdido algo
em sua pressa e virou-se freneticamente, tentando achar os demônios ou o que a deixou tão devastada.
Mas, eles eram os únicos na sala.
Sem aviso prévio, ela o agarrou no abraço mais apertado que havia tido. Droga, para uma mulher minúscula, ela era forte.
- Mãe, você está me matando. Eu não consigo respirar.
Em vez de soltar seu abraço, o apertou mais forte quando chorou contra seu peito.
Ele olhou desesperadamente para Acheron.
Para seu crédito, Ash não reagiu à histeria insana de sua mãe. Com uma indiferença que Nick invejou, Ash enfiou as mãos nos bolsos de sua jaqueta. - Chame-me
de louco, mas suponho que por tudo isso ela ouviu sobre seu pequeno incidente hoje à noite.
Recuando, ela segurou o rosto de Nick com as mãos e virou a cabeça de um lado e de outro para inspecioná-lo. - Você se feriu, bebê?
- Acho que você poderia ter machucado uma costela ou duas agora mesmo.
Ela revirou os olhos, irritada. - Não de mim, menino! Quando aquele animal atacou você. Ele te machucou?
- Não. Estou bem.
Ela olhou para o sangue em suas roupas. - Quem estava sangrando?
- Não eu. Prometo. - Muito, de qualquer forma.
Só então ela o soltou e foi para Acheron. Ela o agarrou em um abraço igualmente feroz embora mal chegou a sua cintura. - Obrigada por trazer meu bebê para
casa e ficar com ele até que eu chegasse.
Uau, Ash parecia até mais desconfortável e inseguro com a mãe de Nick do que quando Nick o abraçou alguns minutos atrás. Aquele homem realmente não estava
acostumado a abrir afeto. Lembrou a Nick um filhote de cachorro sendo seguro por uma criança pequena. Enquanto tolerava aquilo, era óbvio que preferia estar recebendo
um tratamento de canal ou uma colonoscopia.
Com a respiração irregular, ela soltou Ash e voltou-se para Nick, que afastou-se antes que o agarrasse novamente naquele aperto de anaconda. - É isso,- ela
retrucou. - Amanhã estará recebendo sua licença, e não quero ouvir qualquer argumento seu sobre isto. Não deixarei você andar para qualquer outro lugar mais uma
vez novamente. De agora em diante, você dirige meu carro para qualquer lugar que precise ir e isso inclui a escola, está me ouvindo?
Estava louca? Levaria o dobro do tempo para dirigir até a escola, e depois provavelmente teria que estacionar até mais distante do que em seu condomínio. -
Mãe, é só virar a esquina.
- Eu não me importo. Não vale a pena a possibilidade. - Ela rompeu em mais lágrimas.
Encolhendo-se, mas sabendo que tinha que fazer algo para deixá-la tranquila, Nick forçou a si mesmo em seu abraço de anaconda e segurou-a contra si porque
assim ela poderia espremer todo o sangue de sua cabeça. Olhou desamparado para Acheron.
Ash encolheu os ombros. - Não lance esses olhos perniciosos sobre mim, garoto. Kyrian foi o único que teve mãe e irmãs. Talvez ele possa dizer a você o que
fazer com ela. Eu sou ignorante.
- Oh, pare. Vocês dois.- Sua mãe deu um passo para trás e apertou as mãos contra seu rosto quando finalmente acalmou-se. - Estou bem ciente do fato que de
que sou um caso perdido, ok? Não consigo. Nenhum de vocês tem qualquer ideia do que acontece com um pai ao descobrir que algo ruim aconteceu ao seu bebê quando não
está lá para ajudá-los. É como se o universo extraísse todo o ar de seus pulmões e não pudesse respirar novamente até que veja por si mesmo que estão bem. É um inferno
inimaginável.
- Não estou dizendo nada, Sra. Gautier. Não tenho nenhum problema com sua maternidade. Mais poder para você.
Nick levantou as mãos em sinal de rendição. - Não tenho estúpido escrito na minha testa e não quero ficar de castigo. Chore quanto quiser, mãe. A qualquer
hora.
Ela soltou um som de irritação supremo e depois fez uma careta para as roupas novas de Nick. - O que você está vestindo?
Nick baixou o olhar quando mau pressentimento ruim passou por ele. Com toda a merda que aconteceu, esqueceu completamente de trocar-se.
Estou ferrado...
- Roupas,- disse ele hesitando.
Não foi sua resposta suave. Era como atirar uma granada em uma fábrica de nitroglicerina. - De quem são essas roupas?
- Minhas.
- E onde você conseguiu isso?
- Numa loja.
Ela sussurrou com raiva, fazendo com que seu estômago encolhesse apertado na expectativa pavloviana de sua reação exagerada. - Nick, parece com algum bandido
vagabundo aprontando e saindo para arranjar problemas! Bons meninos não se vestem todo de preto na rua. Por falar nisso, por que não deixa crescer seu cabelo até
o meio das costas e fura as orelhas e outras partes do corpo para que todo mundo pense que não é nada além de lixo fétido sem que ninguém se importe com você?
Horrorizado com seu discurso, Nick cortou seu olhar para Acheron, que estava envolvido de preto da cabeça aos pés e cujo cabelo caía até o meio das costas.
Sem mencionar o brinco em seu lóbulo esquerdo e o pino pequeno em sua narina.
Ash era o garoto-propaganda que sua mãe acabou de condenar...
O rosto de sua mãe incendiou inteiro quando percebeu o que inadvertidamente disse e implicou seu amigo. Virou-se para encará-lo. - Não quis dizer isso, Ash.
Ash deu-lhe um sorriso amável. - Não fiquei ofendido, Sra. Gautier. Eu fui chamado de algo muito pior que isso há apenas umas horas atrás.
Ainda assim, sua mãe ficou mortificada com seus comentários insensíveis. - Eu nunca, nunca pensei alguma vez isso de você. Sei que é um bom homem e não quis
dizer o contrário.
- Realmente, está tudo bem. Não estou nem um pouco ofendido,- ele reiterou. - Me visto assim porque quero que as pessoas me deixem em paz e atravessem a rua
quando me virem chegando. Tudo o que disse a Nick sobre a percepção de outras pessoas é correta e eu a apoio cem por cento.
- Ainda assim fui insensível e cruel, e nunca magoaria você desse modo, Ash.
- Eu sei.
Com expressão triste, estendeu a mão e puxou o rosto de Ash para o dela, depois beijou sua bochecha. - Penso o melhor de vocês e fico contente que seja amigo
de Nick.
- Obrigado... e depois dessa vou sair de forma que possa terminar a correção em seu filho sem se preocupar com os sentimentos que não tenho.- Sorriu para ela,
em seguida olhou para Nick. - Vejo você amanhã, esperto. Tente não entrar mais em dificuldade de vez em quando.
- Até mais tarde.
Sua mãe nada falou até depois que Ash foi embora, depois virou-se para ele com um olhar que o fez querer segurar um crucifixo na frente do rosto para banir
o mau que vinha em direção a ele. - Agora explique essas roupas, rapaz, e o que é isso que ouvi no trabalho de Alex Peltier sobre você entrar para uma banda? Uma
banda, Nick? Realmente?
Ele encolheu os ombros. - É inofensivo, mãe. Pensei que tentaria algo novo.
- Então tente tirar o lixo sem que eu tenha que atormentá-lo para isto. Faça minha cama para mim pela manhã. Limpe a banheira e abaixe a tampa do sanitário.
Eu posso pensar mil coisas novas que você pode fazer que não me faz querer bater em você até que vire um anão.
- Mãe... vamos lá. Eu não quero ser grosseiro, mas, você realmente está exagerando sobre isso. Conhece Alex e sua família inteira. Ele é tão escrupuloso e
íntegro quanto aparentam. Estou só tocando bateria para ele. Não é nenhuma grande coisa. Quanto as minhas roupas... eu odeio aquelas camisas havaianas bregas usadas,
e disse isso a você por anos. Ash, Caleb e Kyrian, e Dev e dúzias de outras pessoas vestem preto o tempo todo. Ninguém pensa nada sobre isso. Sério.
Ela estreitou um olhar para ele. - Quero o melhor para você, Boo. Passei minha juventude inteira com as pessoas me tratando com desprezo e me chamando de lixo.
- Estava lá com você, mãe. Eu os ouvi, também. Sei exatamente como você se sentiu, e prometo a você que aquelas camisas horríveis que me obrigou a usar não
me poupou da ira ou dos insultos de meus colegas idiotas. Se tiver que ser insultado, por favor deixe-me fazer isso em Dolce e Gabbana, e usando sapatos de couro
verdadeiro, em vez de roupas bregas desgastadas.
Mordendo o lábio, ela balançou a cabeça. - Ok. Você tem razão. Você tem dezesseis anos, tem seu próprio trabalho que paga um bom dinheiro e trabalha duro.
Tanto quanto eu odeio isso, é um homem e não meu pequeno bebê boo mais. Eu só... - Ela cessou bruscamente um pequeno soluço.
Ele a puxou para seus braços e segurou-a apertado. - Tudo bem. Eu ainda sou o seu bebê boo, mas não quero que o resto do mundo me chame assim. Apenas você.
Ela riu e o abraçou apertado. - Somos um par, não somos?
- Duas ervilhas, você e eu, tão confortáveis quanto insetos em um tapete,- ele disse, citando uma de suas frases favoritas de sua infância. Sempre que esteve
doente ou sentia-se mal por alguma coisa, ela o pegava no colo e sussurrava aquilo enquanto o fazia se sentir melhor.
Deus, amava tanto a sua mãe.
Ela afundou a mão em seu cabelo e parou. - Você comeu alguma coisa?
- Não, senhora. Eu ia caminho do restaurante quando... - Ele parou quando percebeu o que estava para dizer. A última coisa que queria era fazê-la começar a
chorar novamente.
Para seu alívio, ela o segurou junto dela. - Vou esquentar algo bom para você.
- Obrigado, Mãe. Estarei lá em um segundo. Primeiro, vou vestir algo sem manchas de sangue.
Ela rosnou nele. - Não é engraçado.
Sem comentar sobre isso, retornou ao seu quarto para encontrar Caleb sozinho dentro sob sua janela fechada. Inspirando nitidamente, fechou a porta depressa
antes que sua mãe pegasse um vislumbre do invasor de sua casa e ficasse histérica novamente. - O que você está fazendo aqui, C? -
- Checando você.
Nick fez uma carranca. Certamente Caleb não sabia sobre o assalto... sabia? - Por quê?
Caleb afastou-se da janela e foi para escrivaninha de Nick. Puxou uma cadeira e escarranchou-se. - Algo estranho está acontecendo... seu pai está morrendo.
Mesmo que não tivesse muitos sentimentos por seu papai, aquela notícia o chocou. - O que?
Caleb balançou a cabeça devagar. - Ele está mal. Você o está matando?
- Não!- Ele disse enfaticamente. - Que tipo de pergunta idiota é essa? Por que você deixaria que esse pensamento entrasse em sua cabeça? Caramba!
Caleb debruçou-se para frente para escorar seus braços no encosto da cadeira. - Porque o único que eu sei que pode matá-lo é você.- Ele pausou e depois franziu
o cenho quando notou as roupas amarrotadas de Nick. - Por que você está coberto em sangue?
- Verdadeiramente rápido na compreensão, fagulha. Ainda bem que eu não estava sangrando no chão, precisando de ajuda. Com esses poderes agudos de observação
que possui, eu teria morrido dez minutos atrás.
Caleb bufou. - Não se preocupe, docinho. Eu teria cauterizado o ferimento muito antes que sangrasse.
- E, também, provavelmente, gostaria disso.
Caleb deu um sorriso. - Não tanto como quanto apreciaria beber seu sangue, mas... - Ele ficou sério. - O que realmente aconteceu?
- Eu fui assaltado no Riverwalk.
Ele soltou um assobio baixo. - Por um demônio? Um Daimon? Um viciado em TV?
Nick balançou a cabeça. - Seres Humanos. Alan e Tyree. Eles não me reconheceram até depois de terem deixado cair uma gota sobre mim.-
Caleb arqueou ambas as sobrancelhas. - Eles ainda estão vivos?
- Alan está. Não tenho certeza sobre Tyree. Eu atirei contra ele com o revólver de Alan, e ele fugiu.
Depois de erguer-se da cadeira, Caleb fechou a distância entre eles e agarrou mandíbula de Nick em um aperto feroz.
- Ei!- Ele gritou, tentando empurrá-lo de volta.
Ele afrouxou toda a pressão. Após um minuto, suspirou de alívio e deixou Nick ir. - Ele está vivo.
Sim, ok, isso foi um pouco assustador.
Nick esfregou a mandíbula agora dolorida. - Como você sabe?
- Você ainda está sozinho. Se você matasse um humano, mesmo por acidente, e especialmente com malícia, o Malachai estaria no processo de devorar toda a sua
humanidade.
Nick ficou boquiaberto. - Só me diz isso agora?
- Não era um problema até agora. Mas, com seu pai fraco, não seria preciso muito para transformá-lo.
Nick ficou enjoado com o pensamento. Mas, pelo menos esclareceu uma coisa que o preocupava. - Então é por isso que meu sangue ficou negro na luta...
Caleb centrou toda a sua atenção. - Como foi isso?
Nick ergueu a mão para mostrar os nós dos dedos arrebentados. - Enquanto estávamos lutando e eu quis matar Alan, minha pele mudou e meu sangue escureceu. Foi
realmente assustador e brutal.
Caleb amaldiçoou sob sua respiração. - Temos uma situação ruim aqui.
- Como assim?
Ele viu a hesitação nos olhos escuros de Caleb. Após um minuto, ele soltou uma respiração lenta, cansada. - Não vou mentir para você, Nick. Seu pai me ferrou
completamente, e não faço ideia por que estou surpreso por isto. - Mas, lembra quando disse a você que eu teria minha liberdade quando ele morresse?
- Sim?
- Ele me vinculou aos seus poderes.
Confuso, Nick perguntou-se por que Caleb estava tão chateado com isso. - Não entendi.
Caleb retornou à sua cadeira. - Quando um demônio é escravizado, estamos vinculados à força vital de nosso mestre. Mas, um Malachai é um tipo diferente de
besta. Diferentemente de outros, seus poderes e força vital são duas coisas separadas, coisas vivas, portanto um Malachai pode ligar um demônio à sua vida ou à vida
de seus poderes. Quando ele faz a última opção...
Nick sugou a respiração nitidamente quando pegou até a ira de Caleb.- Você será escravizado por qualquer um que assumir os poderes de meu pai.
Caleb tocou o dedo na ponta do nariz em uma saudação silenciosa para a resposta correta de Nick. - E porque ele me encarregou de vigiar você nos últimos anos,
eu sei quem você é e onde vive e dorme.
- Sim, e então?
- Nick. Pense sobre isso por um segundo. Dê aquele passo extra, depois do óbvio. Se meu próximo mestre me pedir para trazer você a ele para que possa drená-lo,
também, não terei nenhuma escolha a não ser seguir suas ordens e magoá-lo... nunca mais serei livre, e enquanto eu viver, sou uma ameaça enorme a você. Agora entendeu
isso?
Ele considerou a situação de Caleb por um segundo, depois apresentou outra alternativa. - Mas, se eu tomar os poderes de meu pai, posso libertá-lo, certo?
Caleb balançou a cabeça. - Não é assim que funciona. Por causa do que Adarian fez, sou e para sempre serei escravizado... a menos que a criatura que possua
seus poderes esteja totalmente destruída.
- Mesmo que você morra primeiro?
Não havia ausência de amargura na espessura dos olhos escuros de Caleb. - Você sabe como os Dark-Hunters se transformam em sombras quando morrem e vivem em
inferno e miséria eterna?
- Sim?
Caleb inclinou sua cabeça. - Bingo. Eles não são os únicos.
Nick gemeu em uma dor simpática para com ele. Que horrível. - Por que ele faria isso para você? O que você fez?
- Ele é o Malachai, Nick. É completamente incapaz de se preocupar com alguém ou qualquer coisa. Sou seu instrumento e ele fez isso para me motivar a achar
o que o está enfraquecendo e matá-lo para que eu não me torne sua propriedade. - Mas, se você o matar enquanto ele estiver fraco, eu não o impedirei.
Fez isso parecer tão fácil, mas Nick sabia que não era. - Caleb...
Caleb ergueu a mão para cortar o seu argumento. - Eu sei, Nick. É um risco para você. Mas, de qualquer modo, estamos ambos ferrados. Você não pode pagar pelo
que quer que seja que está matando-o para obter seus poderes, e depois vir atrás de você. Você não será capaz de sobreviver ao ataque deles.
Juntando as mãos em seu cabelo, Nick tentou seu melhor para pensar em outra coisa, mas, não conseguia. Mais do que isso, continuava voltando para uma verdade
simples. - Não estou pronto para ser um Malachai.
Caleb deitou a cabeça sobre seus braços dobrados. - Nós podíamos tentar aprisionar os poderes de seu pai enquanto ele está morrendo. Para bloqueá-los, de forma
que não batam em você de uma vez. Desse modo, podíamos usar nosso tempo treinando e expô-los a você individualmente.
Nick suspeitava fortemente disso. - Pode ser feito?
- Em teoria.
Ele soltou uma risada estridente. - Teoria, Caleb? Você está bêbado? Eu não gosto dessa palavra. E se algo der errado?
- E se der certo?
- Oh sim, isso é muito útil... obrigado, Cay. Lance alguma possibilidade otimista na minha cara, por que não você? Porque como nós dois sabemos, com muita
experiência, tudo que eu tento sempre dá errado.
- Corte o sarcasmo, Gautier.- Caleb suspirou. - Você está certo. Tudo que você toca torna-se nuclear de maneiras que nunca prevemos.
Nick balançou a cabeça em acordo. Mas, ao final, ele sabia que Caleb tinha razão. Se, Deus me livre, alguma outra coisa tomasse o controle da escravidão de
Caleb, Nick não teria chance contra ele.
E não era só isso. Caleb era seu amigo. O demônio tinha sangrado por ele várias vezes. Não havia muitas pessoas que Nick colocaria para protegê-lo.
Caleb estava lá para isso. E não hesitaria em confiar nele. Sempre.
- Certo, Cay. Vamos dizer que nós tentemos do seu modo. O que nós teríamos que fazer para bloquear meus poderes?
Uma luz de esperança brilhou nos olhos escuros de Caleb. - Não brinque comigo, Nick. Não sobre isso.
Nick ficou horrorizado. - Sabe, nós somos amigos. Pelo menos é assim como penso. Acredita honestamente em que poderia viver comigo mesmo se eu deixasse alguém
te machucar depois de tudo o que fez por mim? Nossa, obrigado por esse amor, Malphas.
Caleb levantou-se lentamente da cadeira e andou para ficar de frente para ele. A expressão em seu rosto dizia que não podia sequer conceber a amizade verdadeira.
Aquilo em seu mundo era o conceito mais estranho que conhecia. - Eu não sei o que dizer sobre isso. Eu nunca tive um amigo desde antes do tempo humano começar. Pelo
menos não um que não hesitaria em me trair para salvar sua própria pele. E com você sendo um Malachai...
- Não sou apenas um Malachai, Caleb. Acima de tudo sou um Gautier, e Gautiers cuidam de sua família. Sempre. E até que você me dê razões para pensar ao contrário,
nós somos irmãos.
Caleb congelou quando ouviu uma palavra que ninguém havia aplicado a ele desde o dia em enterrou sua esposa.
Família. Em seu mundo, a exceção de Lilliana, família acabou por significar que seriam os primeiros a oferecer-se em sacrifício por qualquer coisa egoísta
que quisessem.
E quando olhou fixamente no olhar sincero de Nick, percebeu que considerava Nick um irmão, também. Que morreria para protegê-lo. Não porque Adarian havia ordenado.
Porque finalmente acreditou que Kody estava certa.
Nick não era como os outros antes dele. Ele tinha uma alma e um coração. Ele se importava com as outras pessoas.
Contra todas as probabilidades e genética, Nick era decente.
Caleb levantou a mão para ele. - Irmãos de batalhas?
- Irmãos de batalhas,- Nick disse, pegando sua mão e agitando. - Agora, o que precisamos para fazer isso?
- Honestamente? Um inferno de um milagre.
Nick realmente riu com isso. - Ei, garoto, o que você é? Cego? - Bateu no medalhão religioso que sempre usava no pescoço. - Eu sou católico. Milagres são nossa
especialidade.
Caleb desejou compartilhar o otimismo de Nick sobre isso. Mas, como Nick assinalou, tudo o que tocaram ricocheteava de volta para eles. E mesmo sendo grato
a Nick por pelo menos estar disposto a tentar, existia realmente uma boa chance que ambos podiam morrer ao tentar restringir o poder de um Malachai.
Pelo que sabia, nunca existiu um Malachai que fosse metade humano. No passado, eles sempre procriaram com demônios, deuses e outros seres sobrenaturais. As
criaturas que tiveram a força e a fibra para suportar o peso da força sobrenatural de um Malachai. Pelo menos no início.
Mas, com o tempo, um por um, todos ficaram loucos com ele e se tornam o pior tipo de monstro.
- Nick?- Cherise chamou da cozinha. - Sua comida está ficando fria, querido.
- Já vou, mãe,- Nick disse antes de virar o rosto para Caleb. - Quando faremos isto?
- Tão rápidos quanto pudermos. Não sei em quanto tempo a criatura que está drenando Adarian poderá atacar. Temos que matá-lo antes que façam isso.
Nick engoliu aquelas palavras, especialmente depois que Ash disse a ele sobre matar alguém.
E tinham conversado sobre estranhos, então...
Será que Nick realmente poderia executar seu próprio pai? Com certeza, eles não eram próximos, mas...
Era seu pai.
Sua dúvida foi engolida pela memória que o tinha possuído quando confrontou Alan. Não só teria sido capaz disso, ele havia saboreado os apelos e gritos de
dor de Alan. Algo que verdadeiramente o deixava doente.
Concebido na violência para fazer violência.
Com medo do destino que estava prestes a entrar por vontade própria, Nick estendeu a mão até esfregar seu medalhão de São Nicolau que sua mãe lhe dera na crisma.
O santo de quem ele havia recebido o nome. Enquanto a maioria das pessoas só conhecia São Nicolau como Papai Noel, a mãe de Nick tinha certeza de que ele entendia
o porquê que ela havia dado o nome do bispo medieval. O próprio nome queria dizer vitória do povo. E São Nicolau era o santo protetor e guardião designado para crianças,
mulheres, inocentes e aqueles que buscaram a justiça e refúgio das tempestades, como também uma passagem segura para casa.
Que São Nicolau segure o leme.
Através das noites mais escuras e as mais perigosas das tempestades, São Nicolau me guia com segurança de volta à luz e a segurança da minha família.
E ele encontraria seu caminho para casa. Não havia nenhuma maneira de permitir que os poderes de seu pai o corrompessem ou o mudassem.
Nick fechou o medalhão em seu punho. Não falharei nisto. Embora fosse um Malachai, também era um guardião. De alguma maneira, iria desafiar as probabilidades
que o condenaram. E salvaria as vidas daqueles que amava.
Ele salvaria.
Uma risada demoníaca encheu sua cabeça. Acredite em suas mentiras, Malachai. Mas, farei banquete de seu coração e usarei seus poderes para sacrificar as mesmas
coisas que está tentando proteger, começando por sua mãe.
Você não tem chance...
CAPÍTULO 14
- Você está pronto para isso?
Nick saltou ao som da voz de Ash em seu quarto. Esperava Caleb estar esperando por ele depois de jantar. Em vez disso, era o Atlante. - Nossa, você me assustou!
O que você está fazendo aqui?
Ash levantou a mão. Um pequeno pedaço de plástico estava entre dois dedos que ele balançou de um lado para outro. - Não acho que vai querer esperar.
Nick franziu o cenho. - Por que?
Rindo, Ash segurou a carteira para ele. - Não joga este jogo direito.
Nick pegou o plástico, depois olhou para baixo. Deu uma segunda olhada antes de, boquiaberto, olhar para Ash. - Não pode ser!
- Você é um Escudeiro, esperto. Temos a tendência de mexer uns pauzinhos por vocês e não há chance no planeta que eu vá gastar horas esperando no Departamento
de Veículos Motorizados para você ser chamado e então possivelmente falhar. Já fiz meu tempo no inferno. Não faço mais.
Ainda assim, Nick não conseguia acreditar. Segurou a licença até verificá-la contra a luz. Parecia autêntica. Tinha até um retrato ruim dele em uma camisa
cafona. - Isso é de verdade?
- Claro. Mas, a única desvantagem é se sua mãe mudar de ideia sobre você dirigir, será revogado. Até então, bem-vindo ao mundo de responsabilidade adulta.
Nick podia gritar, estava tão excitado. - Isso é tão incrível. Obrigado!
- Sem problema.- Ash virou-se se estivesse indo embora, então parou. - A propósito, provavelmente vai querer me encontrar lá fora por alguns minutos.
- Ok. Tudo bem.
Ash desapareceu enquanto Nick foi perguntar a sua mãe se poderia resolver umas questões.
- Não demore muito tempo.
- Não. Prometo. - Nick a deixou no sofá e saiu para a rua.
Nick levou um segundo para achar Ash, que estava a uns poucos metros abaixo perto de um conjunto de carros estacionados.
- Então o que você precisa que eu faça? - Nick perguntou.
Ash deu-lhe um conjunto de chaves de carro. - Apenas que não se machuque ou machuque outra pessoa.
Nick fez uma careta. Ash falava em mais enigmas que Nashira. - Hum?
Rindo, Ash balançou a cabeça e deu um passo para trás. Indicou o Jaguar prata que ele usava na maioria das aulas de direção de Nick. - É todo seu, garoto.
Divirta-se.
De jeito nenhum...
Nick não poderia estar mais atordoado do que se levasse um soco de Ash. De fato, esperava por isso. Mas, havia um pequeno problema... - Você sabe que minha
mãe não vai me deixar aceitar isso, não é?
- É um carro da empresa, para seu uso pessoal. O nome de Kyrian está no contrato, mas você está listado como o principal motorista no seguro. Quando se formar,
vamos transferi-lo para você.
Soltando um grito alto, Nick lançou-se contra Ash e o abraçou. - Eu te amo, cara! Você é o melhor!
Ash deu-lhe palmadas nas costas. - Te vejo mais tarde, garoto.- Ele dirigiu-se para as Ursulinas.
- Ei, Ash...
Ele virou-se para olhar Nick.
- Realmente... Obrigado!
- Por nada. Apenas fique longe de problemas.
Uma sensação de mal estar instalou-se em seu estômago quando assistiu Ash desaparecer na escuridão. Fique longe de problemas.
Esse sempre tinha sido seu plano, mas, os problemas continuavam puxando-o para o chão e para seu peito.
- Ei, o que está acontecendo?
Saltou ao som da voz de Caleb atrás dele. - Ash acabou de me dar as chaves do carro que esteve me treinando.- Sorriu como um idiota. - Eu posso dirigir!
- Nem todos são loucos até ser.
Nick deslizou as chaves no bolso, junto com sua licença. - Agora tenho que descobrir, não é?
- Você descobriu, na verdade.- Caleb inclinou a cabeça em direção à rua. - Está pronto para fazer isso?
- Sim, só não me mate hoje. Tenho lugares para ir mais tarde.
- Onde?
- Não faço ideia.
Caleb riu, depois abriu caminho ao longo da Royal Street. Pararam na frente de uma loja com longas janelas verdes. Caleb assegurou-lhe que esta loja teria
tudo o que precisariam para vincular os poderes de Nick de forma que não o dominassem. Vodu Autêntico de Erzulie. Sua primeira impressão era de que parecia incrivelmente
rosa e roxo, e extremamente popular.
Franzindo a testa, virou a cabeça para Caleb. - Há quanto tempo esta loja está aqui?
Caleb encolheu os ombros. - Estava aqui quando eu cheguei em Nova Orleans.
Que estranho. - Então isso esteve aqui por anos.
- Sim, por que?
- Nunca vi isto antes. - E estava a menos de um quarteirão da Triple B, de Bubba, e apenas uma rua abaixo de sua escola. Sem mencionar que era ao lado da Royal
Street Deli de Sean Kelly, onde comeu tantas vezes, não poderia nem começar a contar todas as vezes. Deve ter passado milhões de vezes neste lugar. Então como não
soube que estava aqui?
Os olhos de Caleb arregalaram.
Aquele olhar não era bom presságio. - O que foi? - Nick perguntou quando uma onda de temor o encheu.
- Apenas pensando... - Caleb deslizou rapidamente o olhar na rua e nos edifícios ao redor. - Se nunca viu este lugar quando está basicamente na esquina da
St. Ann e Royal onde andamos quase todos os dias... é que alguma coisa estava protegendo de você.
- O que isso significa?
- Significa que este lugar será importante para você um dia e que algo estava tentando mantê-lo afastado disso.
- Isto é uma coisa boa ou ruim?- Nick perguntou.
- Não faço ideia, que é o que mais me preocupa.
Não tanto quanto preocupava Nick. Ao contrário de Caleb, não tinha dúvida que seria algo ruim. Isso era apenas a maneira como sua sorte funcionava. - Nós devíamos
ir embora, então?
Caleb balançou a cabeça. - Não é possível. Tenho que ter o material certo para o aprisionamento e alguns dos ingredientes são realmente raros... este é o melhor
lugar para consegui-los.- Passou por Nick e abriu a porta.
Nick entrou com muita reserva, sem ter certeza sobre o que esperar de uma loja cujo universo não queria que ele visse. Parte dele esperava que explodisse em
chamas no momento em que cruzou o limiar. Esteve em várias lojas de vodu ao longo dos anos. Era difícil viver em Nova Orleans e não entrar em uma em algum momento,
se não por outra razão, por mera curiosidade.
E esta era um tanto semelhante e, ao mesmo tempo, muito diferente. À sua esquerda havia um altar de Vudu grande que cercava a lareira e era coberto por um
manto roxo. Em cima do manto havia um típico aviso de não tocar ou fotografar o altar como se fosse um lugar real de adoração.
Acima de garrafas de vinho, velas, contas, dinheiro e flores que as pessoas haviam deixado na parte superior da estante como oferenda havia uma pintura enorme
de uma mulher de pele branca que tinha uma serpente púrpura rastejando por seu braço esquerdo. A placa logo abaixo a identificava como Erzulie- a Loa/lwa24 de amor
e beleza que deu nome à loja.
Ah... agora Nick compreendia totalmente a decoração. Era por isso que a loja era tão feminina em sua decoração... todo o lugar que levava seu nome era uma
homenagem a ela. Fazia sentido.
Virou-se para olhar em volta. A parede à sua direita era forrada com prateleiras de mercadoria. Garrafas de óleos, feitiços, bonecas, perfumes, Loa/lwas, sabonetes,
fetiches e todos os outros tipos de artigos para rituais. Havia mesas redondas pequenas com mais óleos, sabonetes e perfumes alinhados no centro. Na parte de trás
da loja havia uma tela e mesa vazia junto com duas cadeiras para aquelas pessoas que queriam leituras ou outros serviços de vodu particulares.
Uma mulher alta, de cabelos castanhos saiu da parte de trás, carregando uma caixa de papelão ondulado de mercadoria nova. Linda e cheia de graça, ela estava
vestida com calças jeans e um suéter roxo com mangas sino. Seus olhos azuis iluminados com amizade jovial quando os viu. - Caleb... já faz tanto tempo, querido.
Como você está?
- Ei, Ana. Muito bem. - Tomou-lhe a caixa das mãos e a levou para o balcão para que pudesse colocá-la perto de seu livro de registros para ela desempacotar.
- Muito obrigada pela ajuda.- Ana fez uma pausa com a visão de Nick. - Posso ajudá-lo?
- Ele está comigo.- Caleb gesticulou entre eles. - Nick, conheça Ana. Ana, Nick.
- Oi,- Nick disse baixinho. Havia algo nela que era realmente familiar, mas não conseguia saber.
- Tímido. Que atraente. - Ela voltou-se para Caleb. - Então o que posso fazer por meu lunático bem educado favorito?
Sorrindo com a brincadeira dela, ele indicou as prateleiras com o polegar. - Eu preciso de algumas coisas. Importa-se se eu mesmo procurar?
- Vá em frente, docinho. Apenas deixe-me saber se precisar de qualquer ajuda.
- Farei isso.
Nick levantou uma das cestas no altar e a entregou a Caleb, que levou-a à parede e começou a enchê-la com coisas que Nick não conhecia. Enquanto estava tentando
aprender tudo isso, havia tanta coisa e com a escola...
Esperava que um dia seu cérebro explodisse com todas as informações necessária e trivial que estava tentava enchê-lo.
Quando olhou em volta enquanto esperava por Caleb, viu umas fotografias próximas ao livro de registro. Algumas eram de sacerdotes de Vudu e sacerdotisas. Mas
outras eram de uma família toda de garotas. Uma enorme família só de garotas. E enquanto olhava para elas, pegou um rosto familiar.
Essa era...?
Ele chegou mais perto para ter certeza que era quem pensava, e então sua mandíbula relaxou.
Sim... sim, era.
Nick franziu o cenho para Ana. - Você conhece Tabitha Devereaux?
- Claro. É minha sobrinha.
- Sério? - Teve que segurar-se antes de dizer "mas você parece tão normal". Afinal, a mulher possuiu uma loja de vodu, que por sua existência foi expulsa do
reino da normalidade. E ainda... possuir esta loja estava muito longe da raça especial de Tabitha de intensidade assustadora.
De repente, Nick sentiu uma sensação estranha na pele. Não fazia ideia do que era, mas o fez virar para ver uma garota não muito mais velha que ele saindo
da parte de trás. Seu cabelo castanho era quase da mesma cor que Ana e tinha um par de grandes olhos azuis.
- Precisamos de mais toalhas de papel,- ela disse para Ana. Endireitou o topo da pilha e logo diminuiu a velocidade da aproximação quando percebeu que não
estavam sozinhas na loja. Ela olhou para Ana, curiosa.
Ana empurrou seu queixo em direção a ele. - Seu nome é Nick. Conhece Tabby. Você dois se conhecem?
A menina agitou a cabeça antes de fixar um olhar suspeito em Nick. Ela tinha um brilho no olhar que dizia que estava tentando decidir em que categoria o colocaria.
Assustador. Louco. Ou amigável.
- Você é da tripulação do jardim zoológico de Tabby?
Nick não tinha ideia do que ela queria dizer com isso. - Tripulação do jardim zoológico?
- Os lunáticos insanos com quem ela anda de noite, procurando por estacas de vampiros?- Ela balançou a cabeça para Ana. - Eu não sei onde ela consegue aquilo.
Porque ela definitivamente não conseguiu isso do lado vodu da família.
Mas, Nick absteve-se de declarar o óbvio e tê-la enfeitiçando-o por isso. - Não. Não sou de uma tripulação de jardim zoológico psicótico.
Isso a satisfez. - Ah, bom. Sou sua irmã mais velha, Tiyana, a propósito. Prazer em conhecê-lo.
- Sim, o prazer é meu.- De certa forma. Embora para ser honesto, ele estava começando a pensar que sua árvore genealógica inteira estava profundamente arraigada
no pântano exuberante misterioso, idiossincrático e louco.
- Ei, Ana? - Caleb perguntou, intrometendo-se numa conversação que não estava ido a lugar nenhum. - Você tem alguma amora-preta nova, cardo25 e raiz papoose26
lá trás?
- Claro. Também precisa de valeriana?
- Não, obrigado. Estamos tentando prender o mal, não convidá-lo para uma festa.
- Fico feliz por ouvir isso. O último garoto que tivemos aqui... vamos dizer apenas que pessoas que não entendem os poderes que estão cortejando devia jogar
Parcheesi27 em suas horas vagas.
- Concordo plenamente. - Caleb colocou outro recipiente pequeno em sua cesta. - Também preciso pelo menos 300 ml de seus sete óleos dos sete poderes africanos
e um enorme barril de sal preto.
Ela trocou um olhar arregalado com Tiyana que dizia que o pedido de Caleb era excessivo. - Quem é você, garoto?- Ah sim, não havia censura ou castigo em seu
tom ou pergunta.
- Não posso falar. Mas, não se preocupe. Realmente sei o que estou fazendo.
- Eu espero, C. Porque não quero ter que salvá-lo de algo que exige tanta amarração.- Ela soltou um assovio baixo antes de olhar de volta para Tiyana. - E
se você mexer com algo igual a isso... tanto eu quanto sua mãe e vamos te pegar.
Tiyana revirou os olhos. - Não sou Tabitha ou sua gêmea. Ou o psicótico chamado Karma. Por favor não nos confunda.
Rindo, Ana foi para a parte de trás para conseguir o que Caleb precisava. Nick congelou quando chegou ao fim do balcão alto e viu uma bola de cristal grande
abandonada. Foi puxado em sua direção com uma isca que não conseguia resistir. O único poder que ele tinha e que funcionava melhor era a vidência, e a qualquer momento
que visse algo refletido, tinha que examinar. Colocou a mão atrás da superfície fria para ajudar dirigir a luz.
No centro da bola, ele viu uma imagem de uma ligeiramente mais velha Tiyana jantando com Ambrose dentro de um restaurante realmente bom.
Não, não era Ambrose...
Ele. Eles estavam rindo e conversando de tal modo que soube que eram bons amigos. Ou talvez até algo mais. Foi por isso que a loja havia sido protegida dele?
- Você vai para a escola com minhas irmãs?- Tiyana perguntou quando começou a avaliar os artigos na caixa que Caleb levou para sua tia.
Levou um segundo para quebrar o contato com a bola e entender sua pergunta. - Hum, não. Eu vou para St. Richard.
Ela estreitou o olhar para ele como se tentando, sem palavras, arrancar informações de seu cérebro. - Então como você sabe sobre Tabby?
- Bubba Burdette.
Aquilo relaxou-a imediatamente. Enrugou o nariz, depois riu. - Eu amo Bubba... ele é...
- Único?
- Boa palavra.- Ela se debruçou sobre o balcão e deu-lhe uma visão por baixo da camisa que tinha certeza que ela não queria. Ele rapidamente desviou o olhar
para o dela quando o calor arrastou-se ao longo de todo o seu rosto e fez suas orelhas queimarem. - Você tem o mais bonito par de olhos azuis que eu já vi. Aposto
que as meninas de sua escola ficam loucas o tempo todo por causa deles.
E ela perderia a aposta. Era boa coisa que aquela menina não jogava pôquer. - Para falar a verdade não.
Ela riu, então, para seu alívio imediato, endireitou-se. - Sabe, Nick. Se eu fosse alguns anos mais jovem...- Ela piscou para ele.
Sentindo realmente estranho agora e um pouco assustado por seus modos de puma, Nick deu um passo para trás, mais perto de Caleb. O que o diabos está acontecendo
ultimamente?- Ele perguntou a Caleb em sua cabeça. - As meninas estão dando em cima de mim em todos os lugares.
Relaxe, garoto. É o deslumbramento que vem com seus poderes. Eles fazem isso com a maioria de nós.
Então era isso. Agora entendeu o que aconteceu com Simi e fez ele sentir-se muito melhor.
Ainda que não parasse de pensar sobre isso.
Ele provavelmente devia ser grato pelo poder chega-mais que tinha sobre as mulheres, mas honestamente não gostava nada.
Bem, isso é um saco, Cay. Como saberei se uma mulher realmente gosta de mim?
Fácil. Será a mulher que é imune a isso. Ela não avançará. Ela o repreenderá severamente.
Ótimo. Era só o que precisava. Outra pessoa criticando-o. Eu acho que prefiro ficar com os que ficam admirados com meus poderes demoníacos de doce de persuasão.
Caleb bufou para ele.
- Certo,- Ana disse quando retornou com outra de caixa cheia de coisas. - Eu acho... - Ela parou a frase no meio quando todas as luzes da loja se apagaram,
deixando-os em completa escuridão.
Caleb andou mais perto de Nick enquanto Ana procurou a sobrinha para protegê-la.
- Ana? - Tiyana perguntou, pegando a mão de sua tia. - Você sente isso?
- Eu sinto. Caleb?
Ele deixou a cesta em cima do balcão e abaixou a cabeça de modo a dizer a Nick que estava escutando o éter ao redor eles. - Sim, são alguns poderes seriamente
escuros e eles estão procurando por alguém.
Seria ele? Nick sabia que tinha que ser, mas esperava e rezava que talvez outra pessoa poderia pela primeira vez estar no menu. Ash estava na cidade... era
possível que ele pudesse ter algo com enorme irritação e capacidade de rancor.
Certo?
- Juro que parece Noir,- Ana sussurrava.
Nick ficou frio pelo nome que seriamente não queria ouvir. Noir era o deus antigo que possuiu o Malachai... o mesmo deus de quem seu pai estava atualmente
se escondendo. Olhou para Caleb e jogou seus pensamentos para ele. Eu pensei que ele - Nick não conseguia nem mesmo pensar no nome de Noir sem alimentar os poderes
do deus escuro- estivesse trancado em seu reino e não pudesse sair.
Ele está. Seus servos não.
Ah, bom. Isso significava que eles podiam facilmente estar aqui por ele. E ele apenas podia imaginar que tipo de companheiros Noir enviaria para recuperar
o embrião de Malachai perdido. Nick encontrou um par deles e não teve nenhum interesse em ficar familiarizados em conhecer mais.
Com o pânico crescendo, engoliu em seco com o som de farfalhar... pernas ou asas ou alguma outra parte do corpo sinistra ecoou na rua do lado de fora. Isso
fez o cabelo de trás de seu pescoço ficar em pé.
Caleb correu para a porta da loja e trancou-a apertado. Ao redor deles, vários objetos na loja começaram a brilhar. Como símbolos de Menyara em seu apartamento,
Ana tinha jogado feitiços de proteção para manter sua loja protegida das criaturas que fariam mal a ela ou aos seus clientes.
- Isso os afastará?- Caleb perguntou a Ana.
Ana e sua sobrinha trocaram um olhar franzido preocupado. - Deveria. Mas...
Eu odeio "mas"...
Um tique começou na mandíbula de Caleb. - Agora não é um bom momento para um mas...
Ana não respondeu verbalmente. Seus olhos, porém, ficaram tão grandes, que era uma maravilha que permanecessem em suas órbitas.
Girando para ver o que a deixou tão horrorizada, Nick andou para trás quando seu próprio terror se apoderou dele. As portas e janelas começaram a mover como
se estivessem respirando. Para dentro e para fora, repetidas vezes, com tal força que a madeira gemia sob a pressão. O vidro começou a rachar. O som passou por sua
espinha como pregos contra um quadro-negro.
Então, mais rápido que pudesse reagir, as janelas estouraram, chovendo cacos de vidro. Um riso louco ecoou. E do nada um rebanho de animais raivosos - gatos,
cachorros, pássaros, insetos e outros - passaram correndo pela loja como uma matilha de cães de caça perseguindo uma raposa.
Nick soltou um suspiro comprido de alívio. Já que não estavam parando, talvez não estivessem atrás dele, afinal.
Pelo menos que era o que pensava até que um cachorro grande sarnento marrom, voltou atrás. Coberto de uma espuma branca de suor, ficou em pé diante das janelas
sobre as patas traseiras para olhar para eles e rosnar furiosamente.
Nick benzeu-se e começou a rezar.
- Mara,- Tiyana disse em um tom ofegante.
Nick fez uma careta para ela. - Quem diabos é Mara?
- Não um quem, Nick,- Caleb explicou. - Mara são espíritos escandinavos que usam animais para conseguir caçar um alvo determinado.
- O que eles estão procurando? - Ana perguntou.
A mim. Era a aposta mais segura. Mas, Nick não disse isso em voz alta. Tinha medo de que se o fizesse, o cão pudesse atacar. Embora a julgar pela forma como
estava olhando para eles, estava prestes a atacá-los de qualquer maneira.
Ele apoiou-se sobre as patas traseiras.
Nick agachou-se, preparando-se para o ataque.
De repente, do nada , um fogo estourou através da abertura da loja, iluminando a rua escura e enviando o cachorro e seus amigos embora tão rápido quanto podiam.
Um grito rebelde eufórico ecoou, trazendo um sorriso ao rosto de Nick quando reconheceu o som lunático. E estava agradecido que estivesse muito longe para
sentir o cheiro de urina de pato.
Um instante depois, Bubba e Mark, ambos armados com lança-chamas de nível militar, varreu a rua livrando-a da Mara. Em uníssono, cobriram cada centímetro da
calçada sem atear fogo a nada.
Isso por si só era um milagre. Especialmente para as duas pessoas mais propensas a acidentes que Nick já teve a infelicidade de chamar de amigo.
- É!- Mark gritou em um tom profundo, agitando o punho após os cães. - É isso mesmo, suas putas, corram de volta para onde quer que seja o buraco de onde saíram
e fiquem lá mesmo!
Bubba inclinou-se de fora da Erzulie para olhar através das janelas quebradas. - Tudo bem com vocês aí?
Ana riu dele. - Depende. Você está planejando queimar totalmente a minha loja?
- Não planejando. Mas... eu não estava contando em ter que parar meu treinamento de sobrevivência zumbi hoje à noite para perseguir alguns cães de caça de
demônios eslavos antigos.
Ana o saudou. - Touché.
- Bubba!- Mark gritou da rua de baixo. - Preciso de um pouco de ajuda aqui. Cujo está voltando e tem um monte de amigos irritados com ele.
Bubba deu um passo atrás para olhar para rua debaixo onde o Mark foi. - Não, você parece estar fazendo tudo certo sozinho.
- Eu odeio você, gordo!
- Gordo? - Bubba disse indignado. - Sua cabeça pesa mais do que eu, e não me fale sobre seu ego que tem seu próprio cep.- Ele voltou-se em direção a eles e
saudou-os com a luz de seu lança-chamas. - Tenham uma boa noite e permaneçam vivos.
Assim que Caleb tomou um passo em direção ao balcão erguido, Bubba reapareceu nas janelas abertas. - Ei, Nick? Você tem um minuto?
Inseguro sobre quanto sábio seria, dada a estranheza desta noite, olhou para Caleb ver o que ele pensava.
- Nada irá te comer enquanto vocês estiver em torno de Bubba,- Caleb disse com uma risada. - Eles poderiam sacaneá-lo por diversão, mas, não vão deixá-los
passar. Vai em frente e veja o que ele quer enquanto termino aqui. Estarei lá em alguns minutos.
Nick não tinha certeza se gostava daquela ideia, mas saiu apesar de seu bom senso. Cuidadosamente, para não se machucar, fez seu caminho no meio dos cacos
de vidro até que estava do lado de fora, na calçada, ao lado de Bubba.
Alarmes de carro ecoavam de cima a baixo na rua e quase não havia uma loja à esquerda com janelas intactas. Ao som das sirenes de polícia se aproximando, Mark
veio correndo pela rua com parte da mochila do lança-chamas balançando enquanto embalava o tubo com a luz piloto em seus braços protegendo-a.
Era uma visão que não se via todo dia.
A menos que fosse amigo de lunáticos.
Com a velocidade de um raio, Bubba tirou seu lança-chamas e o segurou com um braço. Em uma entrega perfeita, Mark pegou-o enquanto passou correndo por eles,
em direção ao Triplo B. O homem nem mesmo reduziu a velocidade ou perdeu um único passo.
Nick estava impressionado. Horrorizado e divertido, mas realmente impressionado. - Eu devia perguntar?
Bubba enxugou as mãos em sua calça jeans. - Umas semanas atrás, o delegado nos disse que se outro oficial de polícia pegasse a mim ou Mark em público com os
lança-chamas novamente, nos prenderia por incêndio premeditado e nos manteria lá até que fôssemos muito velhos e fracos para erguer uma arma.
- Ah... então o que você queria?
Bubba esfregou o pescoço num gesto que sempre sinalizou que estava nervoso com alguma coisa. Uma onda de medo percorreu Nick. Não era sempre que alguma coisa
sacudia Bubba. E quando isso acontecia...
Era biblicamente ruim.
- Tem algo errado? - Nick perguntou.
- Não... eu apenas...- Sua voz sumiu quando várias expressões passaram por seu rosto.
Um sentimento terrível passou por Nick. Por favor, que eu esteja errado. Esta noite já sugou o suficiente. Não podia aceitar que isso ficasse pior. - Por favor,
Deus, Bubba, não me diga que vai me convidar para sair, não é?
Bubba fez um som grosseiro para ele. - Inferno, não. Eu namoraria Mark primeiro, já que ele tomou banho, dessa forma eu não teria que dedetizar meu caminhão
ou loja.
Isso era um alívio.
- Mas,- Bubba continuou, - agora que você mencionou isso... é isso que eu queria perguntar a você.
- Namorar Mark? Sério?
Porque o garoto com uma licença para dirigir novíssima era um perito em sair com outros.
Bubba deu-lhe um olhar fixo seco, irritado.
Então após alguns segundos, ele resoirou fundo e esfregou a mão sobre o queixo. - Olhe, apenas vou deixar isso escapar, então tenha paciência comigo. Queria
perguntar se você se opõe em que eu convide sua mãe para sair... Tenho pensado sobre isso durante algum tempo e eu não queria fazer por suas costas. Se isso incomoda
você em absoluto, apenas diga-me e nunca mencionarei isso novamente. Mas, sua mãe é uma mulher perfeita e eu nunca qualquer coisa para desonrá-la ou aborrecê-lo.
Por um minuto inteiro, sólido, Nick não conseguia respirar enquanto aquela pergunta bateu nele como um pontapé em sua virilha. Ele realmente ouviu isso? Era
possível?
Bubba quer namorar minha mãe...
O mero conceito o lançou diretamente em choque.
Bubba estalou seus dedos na frente de seu rosto. - Nick? Você está bem?
Não. O mundo de repente estava de cabeça para baixo... Inversão de polo total, e não eram os demônios e outras coisas que queriam pegá-lo.
Bubba queria namorar sua mãe.
Bubba...
Sua mãe. Sua santa mãe, santa que nunca nem sequer olhou para um homem desse modo. Era tão irritada e firme sobre isto, que Nick estava quase certo de que
se transformaria em uma estátua de sal até se tentasse conversar com o sexo oposto, sem importar se realmente tocasse em um deles.
Entretanto, Bubba nunca olhou para mulheres, também. Nem uma única vez desde que sua esposa morreu. Mark disse-lhe isto. Nossa. Bubba nem sequer conversava
sobre mulheres. Era como se seu coração estivesse tão quebrado pela perda de Melissa que ele não podia aguentar o pensamento de passar até um minuto com outra mulher,
diferente de sua própria mãe.
No entanto, assim que o choque inicial da questão passou e Nick teve algum funcionamento cognitivo alto novamente, parou de olhar para si como uma criança
que pensava ter nascido da Imaculada Conceição.
Sua mãe era uma mulher doce, bonita que tinha apenas trinta anos.
E Bubba, ainda que tenha um lado um pouco louco, era um grande homem que não era tão mais velho que ela. Ele também era a coisa mais perto de um pai que Nick
já tinha conhecido.
Com a mente girando, voltou no tempo para aquela tarde em que conheceu Bubba. Tinha sido um dia particularmente ruim no seu primeiro mês em St. Richard. Stone
o esmurrou tão forte durante primeiro período que seu nariz ainda estava ardendo naquela tarde, e seus olhos não paravam de lacrimejar.
E o pior, havia recebido uma tarefa em inglês que exigia que tivesse um computador com conexão de Internet. Já que eles não podiam pagar, Nick tinha passado
mais de uma hora tentando achar um cybercafé ou loja de informática que alugaria um, mesmo ele não tendo uma identidade ou pai com ele. A maioria tinha corrido com
ele três segundos após ele entrar no prédio.
No momento em que tropeçou no Triplo B, estava tão frustrado, que quis lançar a sim mesmo na ponte do lago Pontchartrain.
Bubba, em toda a sua extraordinariamente forma ondulada musculosa, que fazia o Hulk parecer um pigmeu, permaneceu no balcão de sua loja olhando diretamente
para ele. Naquela época não tinha uma barba preta espessa, cabelo desgrenhado, e estava vestindo uma camiseta brilhosa fosforescente preta com a inscrição "MATE
TODOS ELES E DEIXE DEUS SEPARÁ-LOS" coberta por uma camisa de lenhador de flanela vermelha.
Congelado de terror com a visão do olhar furioso de Bubba e os braços do tamanho de um tronco de árvore, Nick quis correr, mas tinha medo de se mover para
não molhar as calças. E estava convencido de que Bubba o mataria se ele molhasse o chão.
- Posso ajudá-lo?- O sotaque grosso de Bubba retumbou em seu peito maciço como um trovão baixo.
Levou alguns segundos antes que a própria voz de Nick sair em um sussurro. - Hum, eu preciso alugar um computador para um trabalho de casa.
Aquela expressão escureceu antes que Bubba irrompesse um de seus famosos sorrisos comedores de merda. - Você não tem que parecer tão assustado, rapaz. Eu já
me enchi de meleca de nariz no almoço e não tenho mais espaço para outra coisa na minha barriga durante algum tempo. - Ele colocou a mão embaixo do balcão e retirou
um laptop, depois o configurou e o instalou numa cadeira para Nick na frente da loja. - Eu normalmente não alugo computadores, mas tenho um aqui mesmo que você pode
usar até terminar sua lição. Apenas não se apresse e não se preocupe com o custo.
- Eu não posso aceitar caridade. Minha mamãe não me deixa.
- Tudo bem, então. Pode tirar um pouco de lixo lá atrás quando acabar.
A próxima coisa que Nick soube, é que estava trabalhando em seu trabalho no balcão, perto da registradora, rindo das histórias de Bubba, de suas aventuras
assustadoras com Mark e dividindo uma pizza com ele depois que Bubba ouviu seu estômago roncando.
Quando terminou sua tarefa, com muita ajuda de Bubba, ele pensou no mundo do homem. Não faziam muitos caras como o Grande Bubba Burdette.
E sua mãe era uma senhora de uma categoria só dela...
Se ela já iria ter uma relação com um homem, Nick não conseguia pensar em mais ninguém que preferisse que não fosse Bubba.
- Droga, Bubba,- Caleb disse quando juntou-se eles. - O que você fez a ele?
- Eu só fiz uma pergunta. Mas, acho que ela o mandou para um coma ou algo assim.
- Qual foi a pergunta?
Nick levantou a mão para interrompê-los quando finalmente teve um pensamento racional novamente. - Você sabe o que, Bubba? - Ele encarou Bubba. - Eu estaria
bem com você namorando com minha mamãe. Eu não sei se ela dirá sim. Ela nunca namorou antes, mas se ela concordar, também estou de acordo. Ela precisa de alguém
para fazê-la feliz. Mas, eu só tenho uma pergunta.
- Sim?
- Se você dois vierem a se casar, Mark seria meu meio-irmão irritante ou meu tio com problemas mentais, que não falamos dele em público?
Bubba riu. - É melhor estar contente por ele não estar aqui para ouvir isso, rapaz. Ele chutaria seu traseiro.
Provavelmente sim. - Falando sério, estou bem com isso. Que a força esteja contigo quando perguntar a ela. Nunca se sabe como ela vai reagir a essas coisas.
Se ela disser não, não use isso contra mim.
- Não se preocupe. Não usarei. - Bubba inclinou a cabeça para ele. - Obrigado, Nick. Eu agradeço. E prometo que não farei nada para deixar você desconfortável
ou desonrar sua mamãe. - Em seguida acenou para Caleb e foi para a sua loja ao mesmo tempo em que a polícia começou a chegar.
Nick olhou para Caleb. - É um sinal, não é?
- O que é um sinal?
- Bubba querendo namorar minha mãe... o mundo está chegando ao fim...
Caleb riu de seu tom grave. - Não, Nick. Não se pudermos ajudar.
Nick quis acreditar nisto, mas quando começaram a voltar em direção à sua casa, um sentimento ruim passou por ele. Um sentimento que só piorava enquanto estavam
passando por um carro de polícia e ele ouviu um oficial falando no rádio.
- Qual era o nome daquele prisioneiro que escapou de novo?
- Adarian Malachai. E eles têm quase certeza de que está vindo em nossa direção. Ele já matou seis pessoas que tentaram parar sua fuga. Então, ele está definitivamente
armado e perigoso. Não tente prendê-lo sozinho. Estamos recebendo informações agora sobre qualquer família que ele poderia ter na área e vamos passar essa mensagem
assim que ele entra na área.
Nick sentiu a cor drenar seu rosto quando encontrou o olhar arregalado de Caleb. Enquanto ele sabia que seria o alvo primário que seu pai poderia querer matar,
existia uma outra pessoa que seu pai iria se alimentar.
- Precisamos chegar até minha mãe. Agora!
CAPÍTULO 15
Caleb pegou o braço de Nick e o puxou para parar. - Calma aí. Algo não está certo.
- Sim, meu pai bastardo escapou e...
- Não!- rosnou com dentes cerrados. - Escute-me, Nick. Eu vi seu pai antes de vir até você. Ele não está em qualquer condição de lutar com ninguém. Nem mesmo
com um humano. Não sairia de lá sozinho. Ele não conseguiria.
Querendo matar Caleb por segurá-lo de volta, Nick tentou sair do aperto de ferro dele. - Então ele tem um ajudante. O que mais há de novo?
Os dedos de Caleb apertaram mais forte seu braço, mantendo-o no lugar, apesar de Nick lutar para ficar livre. - Seu pai não tem nenhum aliado, Nick. É apenas
eu. Você me entende? O Malachai é o Rei de merda do nosso universo. Todas as criaturas sobrenaturais, inclusive a maioria dos deuses que permanecem no poder, existem
em um estado de medo absoluto dele. Mesmo Noir. Ele poderia ter mantido seu pai preso, mas sabia que estava segurando sua morte em cativeiro, e é por isso que manteve
seu pai enfraquecido e acorrentado... quer dizer, todo mundo cobiça seu poder, e se eles podem alguma vez chegar a um Malachai enfraquecido, eles podem tomar esses
poderes e usá-los.
- Então por que ele confia você?
- Sou seu escravo. Não há nenhuma maneira de que eu possa machucá-lo e ele sabe disso. Enquanto ele viver, meus poderes estão sob seu comando. Se eu tentasse
usá-los contra ele, ricocheteariam em mim e eu poderia perde-me completamente ou morrer sozinho. Sou a única criatura viva com quem ele pode contar agora e que não
pode matá-lo para ter seus poderes.
Nick agitou a cabeça. - Eu não entendo o que está dizendo.
- Estou dizendo que se seu pai está realmente fora da prisão, algo entrou e o pegou por uma razão, e se ele está vivo, aquela criatura está mantendo-o preso.
E quaisquer que sejam razões pelas quais não o mataram não são para o benefício do seu pai, e especialmente não para o seu. O Malachai é a criatura mais amaldiçoada
já nascida. Eles podem não conhecer nenhum amor de qualquer tipo, e isso inclui amizade. Eles podem nem mesmo confiar em suas próprias mães ao seu redor.
Nick acalmou um pouco quando avaliou aquilo e chegou à conclusão de que sua mãe não estava em perigo imediato por causa de seu pai. Ela devia estar em casa,
segura.
- Quemo teria levado, então?
Caleb finalmente soltou seu braço. - Essa é a pergunta certa. Agora me deixe realmente macular seus flocos de milho lembrando-lhe que se algo o achasse e se
conseguirem tomar seus poderes, só eles terão a habilidade de matar você. É por isso que disse que teríamos que levar você até ele imediatamente, antes que algo
como isso aconteça ou que ele morra.
- Você não saberia se o mataram? Eles não têm controle de você agora?
- Não necessariamente. Isso podia significar apenas que ainda não me chamaram. Não podem sequer perceber que eles têm um escravo. Mas, você está certo sobre
uma coisa. Precisamos proteger sua mãe até que isso acabe. Não por causa de seu pai, mas porque ela é sua conexão mais fraca. Quem a tem, tem você.
Nick olhou abaixo, para a loja de Bubba. Seu primeiro pensamento era deixar sua mãe com ele. Bubba a protegeria com sua vida. Sabia disso. Mas, os policiais
estavam por todo o Triplo B, e estavam interrogando ele e Mark sobre que aconteceu.
Isso o deixou com apenas outra pessoa em quem ele podia confiar. Puxando seu telefone, chamou Kyrian, que respondeu no segundo toque.
- O que você precisa, Cajun?
- Pode me encontrar em minha casa? Acabei de ouvir pela polícia que meu pai fugiu da prisão e estou com medo que possa vir atrás de minha mãe.
Kyrian não hesitou na sua resposta. - Estarei está lá em cinco minutos.
Nick desligou e deslizou o telefone de volta em seu bolso. Encontrou o olhar perplexo de Caleb que silenciosamente perguntou se Nick ouviu uma palavra do que
disse sobre a situação real de seu pai. - É a única coisa que podemos usar para fazer com que minha mãe coopere,- ele explicou. - Caso contrário, ela se recusaria
a ficar na casa de Kyrian. Mas, se ela achar que meu pai possa aparecer em nossa porta e me machucar...
- Boa ideia.
- Sim, eu sei. Alguns dias eu não sou totalmente estúpido. - Nick dirigiu-se para casa com uma sensação de mal estar no estômago. Tudo isso era a ceifeira
destruindo sua vida ou era outra coisa?
Alguém novo?
Todo dia parecia trazer um inimigo mais poderoso do éter para ferrar com ele. E o pior é que jogava o último nível de um jogo de vídeo sem vidas sobrando.
E sem códigos de fraude.
- Sou muito jovem para esta merda,- ele disse baixinho.
- Se serve de consolo, você lida com isso como um homem, e melhor que qualquer um com quem lutei ao lado durante um tempo muito longo.
O elogio raro de Caleb o surpreendeu. Sem saber o que motivou isso, ele franziu a testa para o seu amigo. - Isso nunca ficará mais fácil?
- Eu podia mentir e dizer que sim, mas honestamente? Não se supõe que a vida seja fácil. Nunca. Mas, com os desafios mais difíceis virão as maiores recompensas.
E todo momento incrível de minha vida só veio depois que fiz algo que fez meu intestino apertar de medo.
Nick zombou de suas palavras. - Você é mais cheio de merda que uma fábrica de dejetos de esgoto.
Caleb riu. - Eu sei que acha que tudo no universo quer pegá-lo e no seu caso é realmente verdade, mas...
- Sem ofensa, Caleb, conversas estimulantes não são seu forte. Por favor, pare. Mais um e estarei amarrando um laço ao redor da minha garganta.
- Deixe-me terminar, idiota. Todos nós temos momentos em que temos certeza que os deuses no poder nos escolheram para ser seus meninos particulares chicoteados,
mas se der um passo atrás, verá a saída, e anos mais tarde quando olhar para isso de novo com alguma perspectiva...
- Se me disser que isso não parece tão ruim, eu juro por Deus, no humor que estou, vou te dar um soco.
- Eu não vou dizer isso. Haverá muitos dias em sua vida em que nenhuma quantidade de tempo tirará a dor disto. Dias em que saberá que seu coração foi brutalmente
arrancado e completamente pisado. Mas, cada um desses dias será um momento decisivo em nossas vidas que, para melhor ou pior, nos muda para sempre e esculpe uma
cicatriz em nossas almas. Nos deixarão com raiva, amargos, em estado de choque e sangrando, o que é uma garantia de um universo frio e brutal que nos odeia.
Nick realmente não queria ouvir isso.
Mas, não existia meios de parar Caleb quando estava empolgado. - Não podemos escolher como ou quando nossos dias ruins nos cegarão. Mas, podemos escolher como
permitimos que nos deixe quando se forem. Pode usar esses momentos como um catalisador para estimulá-lo a coisas maiores ou você pode deixar que o evento o quebre
e o deixe destruído e para sempre perdido na escuridão. Isso, meu amigo, é a maldição do livre arbítrio. Você pode jogar a culpa no destino e no universo, mas no
final só você decide se vai se deitar e deixar o inferno tomar você, ou se ficará forte desafiando tudo isso com o dedo do meio levantado.
Caleb parou na calçada para perfurá-lo com um olhar ardente. - Se reunir aquela coragem para permanecer sob o fogo e não afundar, acumulará uma força interna
que ninguém poderá tocar. Não será outro humano sem rosto, sem nome, esquecido em uma linha de tempo histórica de derrotados. Será um guerreiro forjado, e uma força
a ser reconhecida para sempre. E sob dor que perdura, terá o conforto de saber que é mais forte que todos. Que quando outros caíram e quebraram, você continuou lutando
mesmo contra as probabilidades, sem esperanças.
Nick ridicularizou. - E realmente se supõe que isso me fará sentir melhor? Sério?
- Ninguém pode tirar sua dignidade ou segurar você, Nick, a menos que você deixe que façam isso. Eu já fui o mais temido comandante de um exército de demônios
e agora sou um escravo de uma criatura que eu preferia estripar a olhar para ele. Toda manhã quando levanto e tenho que me preparar para enfrentar o horror de uma
pútrida escola de ensino médio humana, professores condescendentes e adolescentes hormonais para que eu possa proteger seu esconderijo inútil, é uma manhã em que
quero pintar as paredes atrás de mim com minha massa encefálica.
- Obrigado, Cay,- Nick disse amargamente. - Que maneira de me motivar. Você devia pensar sobre cobrar seus conselhos.
- Mas... - Caleb levantou o dedo na frente de Nick para silenciá-lo. - Eu não puxo aquele gatilho porque sei que embora não veja um fim para o meu inferno
agora, nada é final ou eterno. Não é sucesso, e definitivamente não é fracasso. O ensino médio passará e nós partiremos para a próxima fase. Não posso garantir o
que irá acontecer ou se a merda do universo decidirá me estripar, mas controlo se sou um lutador ou uma vítima... e eu nunca serei uma vítima.
- Nem eu.
- E é por isso que luto por você, Nick. Mesmo quando tenho vontade de matá-lo.
Nick sacudiu a cabeça para a agressividade do último comentário. - Você realmente é péssimo nisso.
Caleb riu. - Mas, não sou péssimo em tudo, e precisamos chegar até sua mãe e garantir sua segurança.
Quando começaram a avançar, Nick ouviu um grunhido fundo, baixo. Procurou a fonte na escuridão. - Isso é a Mara novamente?
Caleb apertou o passo e empurrou Nick para caminhar diretamente na frente dele. - Não. É algo pior.
- Um dia você precisa escrever a hierarquia dessa merda fantasmagórica para mim.
Caleb não comentou quando empurrou sua bolsa nas mãos de Nick. - Vá até sua mãe e mande-a com Kyrian para a casa dele. Não deixe aquele condomínio até que
eu venha até você. Entendido?
- Sim, mas eu não...
Caleb o empurrou com ambas as mãos. - Corra!
Nick hesitou quando um lobo preto enorme que era o tamanho de um cavalo lançou-se em sua garganta. Antes que tivesse mordido Nick, Caleb o pegou pelo pescoço
e o derrubou no chão. Com brilhantes olhos roxos, o lobo, rosnando, afundou seus dentes no braço de Caleb.
Caleb amaldiçoou em dor.
Nick começou a avançar para ajudar, mas olhos alaranjados de Caleb queimaram na escuridão quando chamou seus poderes de demônio. - Vá para a segurança, Nick.
Droga, garoto, vá!
Embora a própria ideia de correr ficasse presa em seu estômago, Nick virou e fez o que Caleb ordenou, sabendo que se ficasse, seria apenas uma distração que
poderia deixar Caleb seriamente machucado ou morto. Agarrou a bolsa para que não perdesse nada, e não diminuiu a velocidade até que alcançou a porta de ferro trancada
de seu condomínio. Quando esmurrou o código, sentiu uma agitação no ar atrás dele.
Por favor seja Kyrian.
Ele girou para ver uma sombra preta gigante aproximando-se dele.
Definitivamente não era seu chefe. O forte odor de enxofre o sufocou. Era tão denso que podia sentir o gosto.
Entre, entre.
Por que sempre que precisava se apressar, o porteiro eletrônico diminuía a velocidade para um rastejar e retardar? Como eles sabiam?
Finalmente ouviu o bip leve, seguido pelo zumbido da abertura da fechadura.
Quando agarrou a maçaneta, a escuridão apoderou-se dele e o atirou para o lado do edifício.
Nick bate forte no tijolo, luzes dançavam, nublando sua visão. Os suprimentos de Caleb espalharam-se em todos os lugares, rolando pela calçada. A criatura
o agarrou pela garganta, cortando seu ar.
Seus olhos se arregalaram quando seu olhar focou suas feições perfeitas, translúcidas. Etéreas e fantasmagóricas, ela flutuava acima do chão como um anjo gracioso
com anéis de tiras em espirais ao redor dela. Mas, seus olhos estavam totalmente e impiedosamente brancos quando ela inclinou-se para beijá-lo.
Só que isso não era um beijo. No momento em que ela colocou seus lábios nos seus, sentiu ela puxar o fôlego de seu corpo com a força de um completo furacão.
Seu riso ecoou em sua cabeça enquanto sua alma era arrancada de suas fundações.
Nick tentou lutar contra ela, mas já que ela não tinha nenhuma forma real, não existia nada para bater ou empurrar. Não havia modo de impedi-la de sufocá-lo.
Mesmo enquanto o segurava em um corpo que não se sentia, ele não podia escapar dela. Tentou seu melhor para respirar, mas nenhum ar enchia seus pulmões. Apenas o
deixava.
Sem escolha e com sua fraqueza aumentando a cada batida do coração, caiu na calçada. Ainda assim lutou rastejando pelo caminho de volta para os degraus de
forma que pudesse entrar onde Menyara pintou seus símbolos de proteção. Eles iriam tirar essa coisa fora dele...
Eles tinham que tirar.
Depois do que pareceu uma eternidade, alcançou a porta novamente, apenas para descobrir que ela havia se fechado novamente e emperrado. Não havia maneira que
pudesse levantar-se sob seu ataque para alcançar o teclado.
Com a cabeça girando, sabia que estava morrendo.
E não havia nada que pudesse fazer para parar isso.
CAPÍTULO 16
- Nós temos um sério problema.
Grim abriu os olhos para ver Wynter Laguerre na sua frente enquanto se sentava em seu trono frio que era feito dos ossos de heróis caídos. Mesmo agora, podia
ouvir seus sussurros, pois haviam tentado negociar com ele por suas vidas.
Huum, como amava o som de miséria desesperada. Não importa o quão valente era a alma, todos tinham uma propensão para virar covarde quando sabiam que suas
mortes eram iminentes.
Era quando sabiam em primeira mão que a Morte não negociava.
Mas, não era aquilo que precisava saber para se concentrar.
- Você tem coragem de me acordar de minha soneca, War. De todas as criaturas, você devia saber melhor. - Porque muito raramente dormia, Grim nunca foi uma
pessoa matutina feliz. Em vez disso, acordou com sede de sangue e raiva.
War, porém, não tinha nenhum medo natural dele desde que eram aliados antigos, e baseou-se nela para alimentá-lo com uma dieta constante de vítimas. - Oh...
bom então,- ela disse calmamente,- volte a dormir. Isso vai esperar. - Começou a sair.
Seu tom gélido disse-lhe que o que quer que fosse, era urgente. - O que vai esperar?
Ela jogou seu longo cabelo escuro acima do ombro. Mesmo que fosse negro como breu em seu exame, ele a viu perfeitamente porque nada se podia esconder da morte.
- Você disse que queria descansar. Longe de mim incomodá-lo.
Grim esfregou os olhos e esmagou sua inclinação natural para mordê-la. Ela estava tentando comprar uma briga com ele. Era o que vivia querendo e ele não tinha
nenhuma intenção de dar-lhe isto. - Estou acordado agora. O dano foi feito. Diga-me o que a trouxe à minha humilde moradia.
Ela lançou o olhar em torno de sua sala de trono maciço onde ele acumulou alguns dos maiores tesouros do mundo. - Sim, seu barraco é um lixo. Devia contratar
uma empregada doméstica.
Ele suspirou irritado. - Realmente veio aqui para discutir minha limpeza primaveril?
- Não... Estou aqui para avisá-lo de que Thorn sabe que alguém libertou seu animal de estimação de seu poço e está furioso com isso. Ele já convocou seu exército
para ir atrás dele, e devolvê-lo ao seu buraco imediatamente.
Grim amaldiçoou em voz baixa. Thorn era uma dor apropriadamente nomeada de sua região inferior. Muito parecido com os Dark Hunter que Grim odiava, Thorn ajudou
os humanos liderando um grupo chamado Hellchasers - almas condenadas, Thorn barganhou que eles pudessem ganhar seu resgate em troca dos piores fugitivos sobrenaturais
para qualquer inferno ou reino de prisão de onde escaparam... ele era uma hemorragia no coração maior que Acheron.
Mas, o que mais doía foi que Thorn havia sido o maior aliado de Grim. Até dizem que, durante a maior praga de todos os tempos, a besta rebelou-se contra Grim
e arrebentou Holler do seu lado, depois encarcerou Holler no calabouço de Thorn e desafiou Grim a libertá-lo.
Estiveram em guerra entre si, desde então.
Ele olhou para War. - Como ele descobriu?
- Eu pareço com uma bola de cristal?
Oh, como seria reviver o passado quando pudesse pegar um machado para esse tipo irritante. Ele tinha essas memórias carinhosas, mas eram inúteis agora quando
tinha que lidar com ela e seus caprichos.
- Então como sabe que ele sabe que nós libertamos Holler? - Perguntou, deixando todo o peso de sua agitação manchar seu tom de voz.
Ela afastou-se para mostrar a forma de fantasma cintilante que havia escondido atrás dela.
Zarelda engoliu com medo quando ela o enfrentou. - Holler me expulsou do corpo da garota hoje à noite, e eu não posso mais entrar nela.
Sério? Tinha que fazer tudo por eles? - Sacrifique outra vítima e retorne.
- Eu tentei.
- E?
- Eu fui interrompida por um Hellchaser enorme que depois me interrogou sobre o paradeiro de Holler. Ele me marcou com algum tipo de dispositivo, e agora sou
não-corpórea não importa o que eu tente.
- Mas espere,- War disse, seus olhos brilhando com prazer perverso. - Fica melhor... Depois do seu pequeno bate-papo com Hel sobre livrar o irmão de Zarelda
de sua custódia em troca da escravidão de Holler, nossa deusa nórdica favorita ficou curiosa, foi cavando e descobriu que você estava atrás do Malachai. Já que ela
não confia em você, Grim, ela chamou sua Mara e os cães de caça Hel Hound para buscá-la para Helheim.
Zarelda sugou nitidamente a respiração pela menção dos cães Hel. - Zavid está entre eles?
War deu de ombros. - Novamente, não sou uma bola de cristal e eu realmente não dou a mínima para seu irmão.
- Então como você sabe tanto?- Zarelda perguntou brusca.
Grim recostou-se com um breve sorriso, esperando que War destruísse a pequena merda estúpida.
Para sua grande decepção, ela não fez isso. Sua voz era quase gentil quando respondeu. - Eu soltei uma de minhas ceifeiras no Malachai júnior, na esperança
de ajudá-lo na época de sua conversão. Minha agente o tem observado e aterrorizado-o desde então, e por acaso ela conhece um Hel Hound e uma Mara quando vê um. Ela
estava prestes a mudar quando eles rasgaram através dela.
Grim fechou os olhos e silvou de raiva enquanto colocava em ordem as últimas notícias. Seu plano tinha sido impecável. Pedir emprestado o Holler de Thorn para
enfraquecer Adarian enquanto Zarelda fortalecia Nick e atava seu coração a ela. Assim que Adarian estivesse morto e Nick estivesse firmemente em sua área, planejava
enganar a deusa Hel, liberar Zavid e fazer Zarelda feliz, e mantê-la ao seu redor para pacificar o Malachai mais jovem para que Nick não se voltasse contra eles.
Sem mencionar a redonda gratificação de ter Zavid matando Caleb por eles. O deus nórdico, Holler, era só uma pepita de ouro para conseguir livrar Zavid. Depois
disto, Grim teria retornado Holler com prazer à masmorra de Thorn e então lidaria com a ira de Hel por causa de sua pequena mentira. Ainda que ela não fosse quase
tão poderosa quanto Thorn, não estava preocupado por enganá-la.
Agora...
Desastre.
Maldição por Hel ser esperta o suficiente para saber que ele estava mentindo para ela.
War encontrou seu olhar furioso sem vacilar. - Então, gênio. Qual o seu plano agora?
- Onde está sua ceifeira?
- Em modo de espera, aguardando ordens.
Grim levantou-se e desceu seu estrado. - Então certamente, vamos libertá-la.
CAPÍTULO 17
Caleb desacelerou enquanto se aproximava do condomínio de Nick e viu seu material disperso por todo o chão na frente dele. - Mas o que...? - Fechando os olhos,
ele lançou seus poderes para contatar Nick.
Ninguém respondeu.
Com o coração batendo, esmurrou o código na porta ao mesmo tempo em que Kyrian parou no meio-fio com sua Lamborghini preta e saiu. Caleb segurou a porta aberta
até que Kyrian juntou-se ele na varanda.
O antigo general grego fez uma careta quando chegou perto o suficiente para ver o sangue, hematomas e arranhões que o Hel Hound fez em Caleb como uma lembrança
de seu adorável momento juntos. - O que aconteceu a você?
- Briga com cães.- Caleb bufou. - Nova Orleans definitivamente precisa de leis mais rigorosas para coleiras.
Kyrian não respondeu àquilo. - Nick está lá dentro?
Caleb olhou de volta para a bagunça espalhada no chão e silenciou o medo que se apoderou dele. - Eu espero que sim.
Tentando não entrar em pânico antes do tempo, liderou o caminho ao apartamento. Batendo na porta, esperou, mas ninguém respondeu.
Vamos lá, dá um tempo. Deixe o garoto apenas ter sua habitual reação lenta.
Kyrian o empurrou para o lado. - Nick? - Ele chamou, batendo ele mesmo na porta. - Cherise?
Ainda sem resposta.
Claro que não. Porque que isso faria apenas sua merda de vida um pouco melhor.
Os deuses não permitem.
Fazendo uma careta quando seu próprio pânico e preocupação aumentaram, Kyrian puxou as chaves de seu bolso e destrancou a porta. No minuto que andaram no lado
de dentro, todas as dúvidas que algo aconteceu desapareceram. Caleb amaldiçoou. Uma luta importante aconteceu aqui. Quadros caíram das paredes. A mesa ao lado estava
virada para cima e a luminária que normalmente repousava sobre ela estava quebrada. Mas ainda pior era o sangue no chão.
E no teto.
Não...
Eles estavam muito atrasados. Kyrian rapidamente procurou nos quartos, mas Caleb sabia que não havia nenhum corpo aqui. O que quer que os prendeu os tinham
levado para fora do reino humano. Não havia absolutamente nenhum sinal de Nick nesta Terra. Se houvesse, ele teria sentido e teria podido localizá-lo.
O mesmo acontecia com Adarian. Caleb não conseguia achá-lo, também.
Kyrian voltou para a sala de estar com um grunhido feroz. - Chame a polícia. Eu vou procurá-los.
Espere que eu faça isso. Mas, ele estava feliz em ter Kyrian ocupado com uma perseguição a ganso selvagem. O general grego não fazia ideia de que Caleb fosse
qualquer coisa diferente de um adolescente normal e ele queria manter assim. Nunca foi muito tagarela sobre si mesmo de qualquer maneira e quanto menos criaturas
soubessem quem e o que ele era, mais fácil ele respirava e mais longa era sua vida.
Inimigos matam. Amigos traem.
Não apenas acreditava nisso, tinha tatuadas as palavras em suas costas sob a marca de seu demônio.
- Ligue-me se você achar qualquer coisa,- Caleb disse.
Assim que teve certeza de que Kyrian saiu do local, correu para o lado de fora para juntar os ingredientes para o seu feitiço. Se Nick e sua mãe ainda estavam
vivos, agora era ainda mais importante que eles conseguissem os poderes de Adarian.
Não esteja morto. A dor que causou este pensamento não era algo que quis examinar. Eu não me importo com ele. É com minha própria bunda que me preocupo. Repetidas
vezes, tentou convencer a si mesmo de que a única coisa que importava era que não queria ser escravizado por um idiota desconhecido.
Sim, era isso. Caso contrário ele não se importaria mesmo. Mas, bem no fundo, em um lugar que não queria admitir, sabia que estava mentindo.
Caleb encontrou o último recipiente enterrado em uma fenda da casa ao lado. Agora podia começar o feitiço. Subindo, suspirou quando sondou a rua escura.
- Onde está você, Nick?
O que teria acontecido com ele?
Não tinha como saber, mas conhecia alguém que poderia descobrir. Rápido. Se ela falasse com ele...
Caleb provavelmente teria que implorar seriamente para recuperá-la para o lado deles.
Eu odeio engolir meu orgulho.
Mas, às vezes era um mal necessário. E este era definitivamente um daqueles momentos. Esperando que pudesse fazer um milagre, transportou-se do apartamento
de Nick para Bourbon, na casa de Kody, em Burgundy Street. Não tinha ideia se ela estaria lá ou se até abriria a porta.
Não importava. Tinha que tentar.
Dito isso, ele não estava preparado para o que o aguardava quando apareceu na calçada do lado de fora do seu prédio. Ao contrário de Nick, nunca havia estado
aqui antes. Ele não tinha razão para visitá-la.
Só sabia o endereço porque o adicionou ao seu telefone para o caso de uma emergência. Claro que nunca achou que a emergência seria essa.
Também não achava que iria querer matar Kody do jeito que queria agora quando rolou seus olhos para a casa cor de salmão colorida com painéis verdes escuros
que era um estilo de casa de campo, semelhante a várias outras na cidade.
- Sério, Kody? Qualé? Você deve estar brincando comigo.
O problema? Por causa de leis fiscais passadas, muitas das casas em Nova Orleans eram estreitas na frente e longa por trás. Eram chamadas de espingardas porque
literalmente podia-se abrir a porta da frente e atirar em uma linha reta através delas para a porta dos fundos, sem bater em nenhuma parede. O outro grande imposto
histórico tinha sido nas janelas dianteiras. Então os cidadãos espertos que se recusaram a ser taxados por algo tão ridículo decidiram colocar portas ao longo das
fachadas das casas.
A pequena fortaleza de Kody tinha quatro delas e nem uma única janela. Pior, as quatro "portas" estavam aparafusadas e tinham o mesmo pequeno alpendre de pedra
inclinado abaixo deles. Não havia maneira de saber qual era a porta e quais eram as janelas. Era como jogar um jogo ruim de "Vamos fazer um Negócio28", ou a senhora
e o tigre.
Eu não tenho tempo para esta merda.
Caleb enrolou seus lábios. - Tudo bem, Monty. Vamos ver o que está por trás da porta número dois. - Rosnando em frustração, ele bateu.
A porta de número quatro abriu alguns segundos depois para mostrar-lhe uma zangada Kody. - O que você está fazendo aqui?
- Ficando seriamente irritado.
- Bem, você pode fazer isso em outro lugar. Sugiro ao longo do número 809, da Bourbon.- Ela moveu-se para fechar a porta.
Ignorando o fato que ela havia acabado de dizer que voltasse para Nick, Caleb lançou-se para a porta e a bloqueou antes que ela pudesse bater contra ele.
Seus olhos verdes brilharam com fúria indignada. - Desesperado para perder um braço, não é?
- Não. Desesperado para salvar a vida de Nick.
Ela empalideceu imediatamente quando a luz furiosa no seu olhar transformou-se em preocupação. - O que há de errado?
- No caso de você não poder saber pelas contusões sangrentas em mim, ele foi atacado, e agora ambos, ele e sua mãe, estão desaparecidos.
Ela abriu a porta e o deixou entrar em sua pitoresca casa que era muito ornamentada, rosa e feminina para seu gosto pessoal. - Desembuche.
Caleb colocou sua bolsa na mesa de canto, coberta com uma renda. - Adarian me chamou mais cedo para deixar-me saber que estava morrendo.
- Nick está matando-o?- Essa seria a pergunta óbvia. Pena que nada com Nick era da maneira que deveria ser.
Caleb balançou a cabeça. - Adarian não sabe o que o enfraqueceu e eu ainda não sei. O plano era que eu levasse Nick até Adarian para que ele pudesse matá-lo
e em seguida bloquear os poderes de Adarian até que Nick estivesse pronto para eles.
Ela gesticulou em direção a sua bolsa. - Isso explica suas compras.
- Sim, e enquanto eu estava buscando-as pouco tempo atrás, estávamos sendo violentamente atacados.
- Isso eu ouvi e vi.
- E você não pensou em vir ajudar?
- Fui informada de que não era bem-vinda ou permitida. Imaginei que se eu fosse, ou você ou Nick me culpariam por aquilo.
Ele odiou admitir que estava certa.
- De qualquer maneira,- ele disse, continuando. - Quando estávamos voltando para a casa de Nick ouvimos no rádio da polícia que Adarian tinha escapado da prisão,
mas ele estava muito fraco para fazer isto. O demônio mal podia piscar quando eu o deixei. Então estou achando que quem quer que seja que o levou, sequestrou os
três e está pensando em se tornar o próximo Malachai.
Kody apertou o rosto em desgosto. - Eu acabei de ter uma perversa indigestão.
- Bom, porque eu tive isso a noite toda. Você pode localizar Nick?
- Tudo que eu posso fazer é tentar.
* * *
Nick acordou para encontrar a si mesmo de bruços em uma gaiola pequena dentro do que tinha que ser a caverna mais fria no planeta. Tremendo, soprou ar em suas
mãos para aquecê-las, mas tudo o que conseguiu foi formar uma nuvem que rapidamente se dissipou e deixou-o ainda mais frio que antes.
Ainda estou vivo?
Não tinha certeza. Este lugar definitivamente não era o céu, e se o inferno era tão frio, ele tinha grandes problemas com seus padres por suas desinformações.
Mas, isso pelo menos o fez lembrar-se de seu poder mais recente que podia realmente ser prático neste buraco estéril. Fechando seus olhos, ele invocou o fogo.
Suas mãos imediatamente iluminaram.
Oh, sim, muito melhor.
Até que acendeu alto e quase queimou a cabeça. Ótimo, era só o que precisava. Chamuscador de sobrancelhas, estilo exterminador. Isso poderia consegui-lo um
incrível par no baile de formatura... nunca. Amaldiçoando, Nick agitou as mãos até que saíram, depois tentou novamente.
Desta vez, conseguiu mais controle sobre o tamanho da chama. Erguendo sua mão de forma que pudesse ver mais detalhes sobre sua prisão, esquadrinhou a caverna
de gelo vazia. Sua gaiola estava em um canto e não havia nada exceto cristais de gelo suspensos ao seu redor. Algo sobre isso lembrou-lhe um jogo de videogame. Talvez
porque parecia um bom lugar para tornar-se corpóreo.
Este era um dos reinos dos demônios Antárticos que Acheron havia lhe dito? Isso definitivamente explicaria o frio cortante e o cheiro desagradável que faziam
seu estômago dar nó de desgosto.
Ao longe, podia ouvir cães latindo e lobos uivando. Ou talvez eram lobos latindo, também.
Será que eles fazem isso?
Não tinha certeza.
E falando nisso, ouviu o ruído surdo de um grunhido profundo à sua direita. O que quer que estivesse fazendo aquele barulho soou massivamente enorme. Nick
recuou na gaiola, esperando o que quer que fosse, não pudesse morder o aço e que continuasse passando por sua área.
Após alguns segundos, a besta entrou por uma abertura pequena na frente da caverna. Negro como a escuridão em torno deles, era um lobo gigante. E no momento
que girou o olhar para ele e Nick viu seus olhos roxos luminosos, percebeu era o mesmo que havia atacado Caleb.
Oh, isso não pode ser bom...
Mancando e sangrando se aproximou de sua gaiola para que o animal pudesse cheirá-lo. Preocupado com Caleb, Nick mordeu o lábio. Embora parecesse que Caleb
havia tirado um pedaço do lobo, o fato é que ele estava aqui e vivo e Caleb não estava, isso não era bom presságio para seu amigo.
Mostrou os ensanguentados dentes afiados, depois rosnou e grunhiu para Nick como se tentasse alcançá-lo pelas grades.
- Para trás!- Um chicote alto rachou nas costas do lobo, fazendo-o recuar e uivar, depois tentar morder a corda de couro. - Para trás, eu disse!- Mais duas
chicotadas caíram sobre ele antes que o lobo desistisse e mancasse até um poste de aço embutidos na parede da caverna.
Nick olhou fixamente para a trilha de sangue manchando o gelo na esteira do lobo. Sentiria pena da criatura se ele não tivesse comido Caleb.
Pelo menos era seu pensamento até que o lobo entrou em colapso e depois se transformou em um cara que não era muito mais velho do que ele. Tinha o cabelo espesso,
ondulado escuro que caia sobre seus ombros e uma barba de alguns dias. Completamente nu, deitou de costas para Nick. Cicatrizes marcavam quase cada centímetro dele.
A maioria era de chicote, mas haviam marcas de mordida, ferimentos de faca e balas.
Ignorando Nick e sua gaiola, a mulher que o batia aproximou-se do lobo lentamente como esperasse que se levantasse e a atacasse. Quando estava quase ao alcance
da mão, ela transformou seu chicote em um bastão longo, com lâmina. Usou a lâmina para cutucá-lo. Chegou ao ponto de erguer seu rosto com aquilo.
Ele não se movimentou.
Finalmente satisfeita de que não estivesse bancando o gambá, ela levantou sua mão em direção ao poste. Uma corrente materializou-se e depois rastejou sobre
o gelo em direção ao homem e o enlaçou ao redor do pescoço para mantê-lo lá.
Só então virou o rosto para Nick.
Sua respiração ficou presa na garganta. Aproximadamente da idade de sua mãe, era etérea e requintada. O cabelo longo, louro-branco se espalhava sobre um corpo
que devia estar ilustrando revistas que o teriam deixado de castigo por toda vida se sua mãe o pegasse lendo. Mas, da cintura para baixo, tinha as pernas de um cadáver
em decomposição. Um que veio completo com o cheiro de traseiro de um touro selvagem sujo.
- Então você é o Malachai? - Ela pareceu desapontada.
Bom. Talvez o deixasse ir. - Quem é você?
- Hel.
Não tanto por medo dela, mas bastante apreensivo, ele arqueou uma sobrancelha. - Não é um pouco frio para o inferno?
Ela riu disso. - Não é o seu inferno, idiota. Eu sou a deusa Hel e este é o meu reino, Helheim.
Helheim ele conhecia por jogar Calabouços e Dragões com Madaug e seus amigos. Hel... ele nunca ouviu falar antes. Mas, Madaug provavelmente poderia recitar
uma dissertação inteira sobre ela, sua família, e qualquer inseto que ela já conheceu. Muito melhor, Madaug muito provavelmente saberia qual, se fosse o caso, a
fraqueza que ela tinha. Lembre-me de nunca mais tirar sarro novamente de seu banco de informações inúteis.
Nick levantou-se para enfrentá-la. - Por que estou aqui e o que você fez com minha mãe?
- Não sei nada de sua mãe. Não me importo com sua mãe. Assim como não me importo com você. Para mim, você é apenas um meio para um fim. E assim que eu conseguir
o que quero, não me importa o que eles façam com você.
Lançou uma de suas bolas de fogo nela.
Ela a parou com uma explosão de gelo que a quebrou no ar. - Em vez de me atacar, menino, você devia ser grato.
- Grato por estar preso em uma gaiola?
- Agradecido por estar vivo. De acordo com meu cão de caça, você estava quase morto quando ele tirou a ceifeira de você.
O pulso de Nick acelerou. Finalmente alguém que sabia o que era. Embora para ser honesto, poderia ter achado a definição on-line. - Ceifeira?
- Comedores de alma. São enviados para destruir qualquer um que nasce do mal.- Ela caminhou para um círculo pequeno ao redor sua gaiola. - Difícil de acreditar
que algo tão insignificante quanto você vale a pena a vida de um deus cativo.
Antes que ele pudesse responder, ela desapareceu.
- Eu não sou insignificante!- Nick gritou. Embora pudesse ser magro e desengonçado, media um metro e oitenta e três de altura. Não era fraco sob quaisquer
padrões.
Bastante.
Sentando, virou sua atenção para o lobo desmaiado, que estava ainda sangrando por todo lugar. Então a coisa que comeu seu melhor amigo salvou sua vida... Nick
não sabia o que pensar sobre isso.
Não que realmente se importasse. Ainda que não gostasse da ideia de Caleb sendo machucado ou morto, o pensamento que o assustava mais era o de sua mãe. O que
aconteceu com ela?
Talvez Kyrian tivesse chegado a tempo e agora estava mantendo-a segura. Era sua única esperança, e tinha intenção de agarrar-se a isso com ambas as mãos.
E dentes.
* * *
Horas se passaram enquanto Nick tentou cada poder que podia para escapar de sua gaiola. Nada funcionou. Como sempre, o universo zombou de suas tentativas com
uma dose de inépcia que o fez se perguntar por que droga continuou tentando quando devia apenas deitar e pensar em princesas pornôs como um adolescente normal.
Maldito seja Caleb, com suas conversas deturpadas revigorantes. Eles o manteriam até mesmo quando era um estúpido.
Frustrado, lançou fogo na porta novamente com ambas as mãos. As chamas bateram nela, depois ricocheteou tanto nos cabelos de sua cabeça quanto nos de seus
braços.
Lindo. Eu cheiro como um rato de esgoto queimado.
Ei, Casey, quer ir jantar comigo agora?
- Você está desperdiçando seu tempo.
Nick saltou ao som da voz profunda e fortemente acentuada. Girando, viu que o lobo estava acordado e olhando fixamente para ele com aqueles olhos roxos luminosos.
- Pensei que estava morto.
Ignorando o comentário de Nick, o lobo ergueu um canto do cobertor azul grosso, morno, que o cobria. - Você?
- Sim, eu estava ficando cego com a visão da sua bunda cabeluda nua.
Um canto de sua boca se contorceu como se começasse a sorrir, depois se conteve. - E o travesseiro?
Agora era a vez de Nick não comentar. Não havia necessidade de deixá-lo saber que embora houvesse muito provavelmente comido Caleb, Nick tinha pena dele. Sem
mencionar que o lobo era realmente sortudo pelos poderes de Nick não terem funcionado e não o transformou em uma cabra ou algo assim.
Mas, agora que o lobo estava acordado, havia uma pergunta que Nick estava desesperado para ter resposta. - Você matou Caleb?
- O daeve que estava com você ?
- Sim.
- Ele vive.
O alívio de Nick saiu como uma rajada forte de respiração. Não tinha percebido o quanto estava chateado com o pensamento de Caleb morrendo enquanto o protegia
até este segundo. - Parece que ele conseguiu um bom pedaço de você.
O lobo olhou para longe, depois correu a mão por seu cabelo escuro e ondulado. Fez careta quando viu o sangue em sua mão de uma lesão que deve ter tido em
sua cabeça. Para seu crédito, lidava muito bem com a dor.
- Eu sou Nick, a propósito.
O lobo limpou o sangue em sua perna. - Eu sei.
Esperou que lobo oferecesse seu nome por sua vez, mas depois de alguns minutos percebeu que o lobo não tinha nenhuma intenção disso. - Você tem um nome? -
Nick perguntou.
- Eu não me lembro.
Carrancudo, Nick bufou. - Você está brincando, não é?
Ele balançou a cabeça, matando o último pedaço de humor de Nick. Uau... ele tinha amnésia ou algo mais?
Uma suspeita realmente ruim surgiu. - Quanto tempo você está aqui? - Nick perguntou.
Ele lançou olhar severo e irritado em direção a Nick. - Por que você conversa tanto?
- Eu sou do Sul.
A carranca aprofundou em seu rosto revelando que não tinha nenhuma ideia do que Nick estava falando. O que significava que havia sido preso aqui por um mínimo
várias centenas de anos.
- Você não sai muito, não é?
Isso foi diretamente para a cabeça do lobo. Sem dizer uma palavra, ele se arrastou até a parede e lambeu o gelo.
Eca. Nick estremeceu. - O que você está fazendo?
Ele lambeu por mais alguns segundos antes que limpasse a mão em sua boca. - Estou sedento.
- Cara, sério... Não podia esperar até que nos trouxessem água?
- Eles não trazem água para nós aqui. Você consegue o que surrupia.
A mandíbula de Nick caiu. - Não nos trazem comida?
Ele agitou a cabeça.
Uh-uh. De jeito nenhum. Recusou-se a acreditar no que o lobo estava dizendo. - Cara... sério?
- Somos imortais. Não temos que comer. - O ronco do estômago do lobo negou isso. Foi tão alto, que Nick ouviu do outro lado da sala.
Isso fez sua própria câimbra de estômago por comida. - Oh não, não, não, não. Não vai funcionar. Tenho que ter três refeições por dia. Comprends?
- Não conheço esse idioma.
Nick franziu o cenho. Isso era inglês, mas por uma palavra. - Comida. Estou falando sobre comida. O que fazemos quando estamos com fome?
- Às vezes animais vagam. Se conseguirem chegar perto o suficiente, temos comida.
Sórdido...
- Cara, por que você vive lá, então? Digamos... você me tira daqui e eu comprarei a melhor refeição que você já teve. Estamos falando sobre suflês, andouille,
e gumbo tão bom irá bater em sua mamãe por isso.
- Acha que estaria aqui se tivesse escolha? - O lobo rosnou violentamente.
Isso o desconcertava. O lobo estava livre em Nova Orleans e ninguém segurava sua coleira quando entrou aqui mais cedo. - Você estava fora daqui e livre, por
que voltaria neste mundo?
Ele fez uma careta para Nick como se não entendesse a pergunta.
Mas, sua confusão iluminou Nick, que finalmente compreendeu. - Oh... você é como Caleb. Você é escravizado.
- Não. Não escravizado. Fiz um bom negócio. Estou aqui para que minha irmã não esteja.
- Então levante-se e saia, e leve minha bunda com você... por favor.
O lobo sacudiu a cabeça. - Minha irmã teria que servir no meu lugar, e ela não é tão forte. Não duraria uma semana aqui.
- Embora eu admire sua devoção, isso é loucura e me deixa realmente feliz de ser filho único. Mas, já que você a ama tanto, então vai entender que preciso
sair daqui e encontrar minha mãe, certo? Tenho certeza de que ela está em perigo.
O olhar em seu rosto disse que não fazia ideia do que Nick estava falando. Era como se o conceito de mãe fosse completamente estranho para ele.
- Besta!
Um profundo, assustador, nível de ferocidade apoderou-se dele no grito masculino que cortou a caverna e repercutiu nas paredes. Imediatamente transformou-se
novamente no lobo. Agachando-se, apoiou-se contra a parede, pronto para atacar o que quer que estivesse vindo na direção deles.
- Onde ele está?- Outra voz masculina perguntou.
Nick franziu a testa quando um homem gigante veio invadir seu canto. Ele parou no momento em que viu Nick. - Quem é você?
- Nick. E você?
- Não sou Nick.
- Balder? O que está tomando tanto tempo? Eu tenho uma aposta para ganhar.
- Indo. - Balder foi para a corrente que prendia o lobo e o empurrou na parede.
O lobo ficou louco, rosnando e lutando contra ele enquanto Balder o empurrava e arrastava em direção à entrada. - Economize sua energia para o anel, cachorro.
Nick não tina certeza do que eles estavam prestes a fazer com ele, mas, tinha uma boa ideia. E julgando pelo modo como o lobo fez tudo o que podia para não
ser arrastado daqui, sabia exatamente o que estava esperando por ele.
Pobre homem. Tinha que ser terrível.
Mas, a única coisa que esse incidente golpeou em sua memória com cruel clareza era saber o que seria feito a Nick se Noir já tivesse conseguido encontrá-lo,
e o destino que Caleb poderia ter nas mãos de outro mestre.
Era um pensamento preocupante. E isso estimulou Nick a renovar sua luta para sair desta gaiola tão rápido quanto possível. Essas pessoas eram loucas e a última
coisa que queria era ser parte de seu retorcido mundo doente.
- Tenho que ir para casa...- Nick olhou ao redor, então decidiu romper. - Ambrose!- Ele gritou, tentando chamar seu próprio futuro. - Rapaz... Responda-me!
Não me importo o quão louco você é. Preciso de sua ajuda e preciso agora!
Sempre no passado, Ambrose vinha quando ele chamava. Se não fisicamente, ele conversava com Nick em sua cabeça. Mas Nick não o ouvia havia dias.
Que diabos estava acontecendo?
CAPÍTULO 18
Monte Olympus
O futuro distante
Apavorada e tremendo, Artemis escondeu-se na mesma fenda que uma vez costumava usar para brincar de esconde-esconde com seu irmão Apollo, incontáveis séculos
atrás, quando eram jovens e ingênuos... quando haviam sido o panteão mais poderoso que governara. Nunca naqueles dias, há muito tempo, sonhara que estaria escondendo-se
aqui para salvar sua própria vida.
Seu precioso Nick estava completamente perdido agora. Não havia nenhuma parte dele ou de Ambrose. Depois de todo esse tempo de luta contra sua verdadeira natureza,
apenas o monstro Malachai habitava seu belo corpo.
Lágrimas fluíam por seu rosto enquanto lutava por autocontrole. Não poderia fazer um só som ou ele a acharia e a mataria, da mesma maneira que havia feito
com o resto de sua família.
Pressionando a mão trêmula sobre os lábios para se manter em silêncio, ela quis gritar de horror e tristeza com um monte de culpa. Ela era uma deusa. Por que
não foi capaz de ajudá-lo a manter seu controle?
- Artemis?
Ofegou com o sussurro baixo de alguém que achava que estava morto há muito tempo. Olhou para trás para ver um deus antigo da Order. - O que você está fazendo
aqui?
- Tentando salvar o mundo.
- Você está muito atrasado.
- Nos mais desesperados dos infernos, sempre existe uma coisa que permanece. Uma coisa que não pode ser morta a menos que decida morrer por conta própria e
é rendido por quem possuí-lo.
O indomável espírito humano. Maior dom da humanidade e sua pior maldição.
Era a única coisa que nem mesmo os deuses podiam derrotar.
Order ofereceu-lhe um sorriso. - Enquanto um ser humano possuir isso, podemos parar qualquer maldade. Não importa o quão forte e potente pensamos que isso
seja.
Artemis quis acreditar que... ela queria ter esperança novamente, mas sabia que não podia. - Não existe nenhum humano remanescente.
- Nunca subestime a sobrevivência humana ou sua capacidade para sacrificar a si mesmo por aquilo que mais ama. - Ordem estendeu a mão para ela. - Ainda temos
uma pequena chance de parar o Malachai. Você está comigo, irmãzinha?
Artemis hesitou. A única coisa que Acheron lhe ensinara... Até as minúsculas chances podiam ser transformadas em uma grande vitória. Tudo que precisava era
encontrar a coragem interior para tentar.
Mas, estava tão assustada. E se falhasse? Agora, estava viva. Se colocasse sua cabeça para fora deste buraco, podia morrer.
Podia perder tudo.
Não, já havia perdido tudo. O que tinha nesse buraco não era viver. E enquanto a sobrevivência tinha seu lugar, mais cedo ou mais tarde toda criatura merecia
ter mais que apenas a escassa, sobrevivência do medo.
Eles mereciam viver.
Se ao menos fosse tão fácil quanto parecia, mas a vida requer coragem. E eu não sou corajosa. Nunca tinha sido. Acheron estava certo sobre isto. Sempre colocou
seu próprio bem-estar acima daqueles que amou. E o que conseguiu?
Miséria. Solidão.
Você está viva.
Sim, tinha sua vida, mas a que custo? Não conseguia mais encarar espelhos, porque toda vez que via seu próprio olhar, sabia o que havia feito, e não conseguia
esconder-se de sua consciência.
Você não pode mudar o passado. Mas, poderia mudar o futuro. E podia mudar o presente.
Pela primeira vez que em sua existência encontrou aquela coisa que nunca soube que teve.
Bravura.
Tomando a mão de Order, balançou a cabeça. - Vamos desfazer o que foi feito.
* * *
Nick rosnou enquanto tentava novamente libertar-se. - Eu não ficarei preso por você!- Gritou, esperando que Hel pudesse ouvi-lo. E quis dizer cada palavra.
Gautiers não recuam. Eles não cedem.
E ninguém jamais o derrotaria. Nem mesmo uma deusa.
Chutou as barras mesmo machucando os pés e pernas e abalou cada centímetro dele.
Não há esperança.
- Cale-se,- rosnou para si mesmo. - Não quero sua merda negativa! Se não pode ajudar, saia da minha cabeça.
De repente, ouviu alguém aproximando-se. Agachando-se, preparou-se para lutar com quem quer que fosse.
- Traga-o, idiota.
Algo enorme e escuro arrastou-se lentamente em sua prisão, lançando uma sombra volumosa na parede. Isso era suficiente para fazer um demônio meio crescido
molhar as calças.
Nick apoiou-se, tenso e alerta.
Tão rapidamente quanto cresceu no tamanho do Empire State, a sombra encolheu-se até mostrar que era o lobo retornando. Nick esperou que voltasse ao seu posto.
Em vez disso, ele mancou em três patas, arrastando a esquerda para frente, em direção à gaiola de Nick.
Ofegando e coberto de suor branco espumante, sangue e arranhões, o lobo parou do lado de fora da porta para olhar fixamente para Nick. Havia um corte acima
de seu olho esquerdo e a dor em seu olhar era abrasadora. Isso manteve Nick enfeitiçado. E enquanto continuavam a olhar fixamente um para o outro, o lobo voltou
à sua forma humana. Nick fez uma careta para a profundidade do corte que corria junto à sua sobrancelha. Precisava levar pontos. Ruim. Todo o lado esquerdo de seu
rosto estava horrivelmente ferido, e seu nariz e lábios estavam sangrando como louco. Seu braço esquerdo estava quebrado e torcido. Ele parecia tão estropiado e
derrotado que Nick não conseguia entender como se manteve em pé sem desmoronar no chão novamente.
Antes que Nick pudesse recuperar-se do choque em vê-lo assim, o lobo abriu a porta.
- Vá,- sussurrou, gesticulando em direção à parte de trás da caverna. - Há um caminho pequeno, estreito que levará você pela névoa de shrills. Não podem machucá-lo
a menos que você os ouça. Ignore tudo o que digam e fique em seu curso. Mova-se tão depressa quanto puder. No fim do caminho, emergirá em um quarto que contém várias
portas. Lá terá que escolher seu caminho para casa. Mas, tenha cuidado, o mais fácil é o mais difícil e o mais difícil não é tão ruim quanto você pensa... E uma
delas levará você à sua morte.
- Como saberei que é a morte?
O lobo estremeceu como se uma onda de dor passasse por ele. - Os caminhos são diferentes para cada um de nós. E não saberá se escolheu o certo até que seja
muito tarde. Mas, só você pode decidir qual delas o levará para casa. - Ele recuou e caiu no chão.
Nick foi até ele, mas o lobo o empurrou longe com um grunhido.
- Por que está me ajudando? - Ele perguntou, tentando entender a reviravolta súbita do lobo.
- Não faço ideia. Eu acho que Hel e os outros estão certos. Sou um estúpido.
Não, ele era um herói. - Vamos,- Nick agarrou seu braço direito, - podemos sair daqui juntos.
Ele balançou a cabeça. - Você tem que viajar sozinho. É a única maneira de conseguir fazer isso. Além disso, se eu for com você, não posso segurar Hel e seus
cães de caça de retomar por seu rastro.
- Cara, sem ofensa, mas não parece que poderia reter uma lagarta em sua condição atual.
Ele encontrou o olhar fixo de Nick e o fogo naqueles olhos roxos desmentiu a dor que também queimava lá. - Sou mais forte do que pareço. Agora vá antes que
seja tarde demais.
- O que acontecerá a você quando ela descobrir que me libertou?
Ele riu amargamente. - Olhe para mim, garoto. O que mais ela pode fazer?
Matá-lo. Torturá-lo. Pelos deuses, não havia como dizer.
A culpa bateu duro em Nick. - Não posso deixá-lo, sabendo que será castigado por me ajudar. Que tipo de idiota pensa que eu sou?
- Às vezes nós temos que fazer escolhas duras, e não sou nada para você.
- Você não é nada. É um herói para mim. O homem que salvou minha vida.
O lobo ridicularizou. - Definitivamente não sou um homem. Sou só um estranho e você tem família que precisa de você. Vá salvar sua mãe, e lembre-se, desde
que siga seu verdadeiro coração, nunca fará uma escolha ruim.
Da mesma forma que o lobo ficou aqui para salvar sua irmã. Ele entendia família da mesma maneira que Nick. - Obrigado.
O lobo não respondeu.
Relutante, Nick dirigiu-se à pequena abertura. Assim que a alcançou, o lobo gritou, - Nick?
Ele parou para olhar para trás e ver o lobo deitando em cima do cobertor. - Sim?
- Obrigado por seus dons.
- De nada.- Inclinando a cabeça para o lobo, Nick esgueirou seu corpo pela fenda estreita.
Enquanto andava pelo o caminho, considerou sua última permuta. O lobo estava certo. Era um completo estranho. Nick não sabia nada sobre ele.
Exceto por uma coisa muito importante.
O lobo deu a Nick uma chance quando ninguém mais deu. Por isso, sempre ficaria devendo. E ele não iria desperdiçar o sacrifício do lobo. Prometeu a si mesmo
que valorizaria isso.
Mais determinado que antes, Nick começou a descer no caminho escuro aterrorizante. O ar aqui era tão frio que cerrou os dentes para não baterem. Era tão gelado
que até seus ossos doíam. Quem teria pensado que existia algo que podia fazer sua gaiola parecer desejável?
Deixe isso para Hel...
Fechando os olhos, Nick usou seus poderes para atear fogo em suas mãos.
Não funcionou. Nem mesmo uma pequena faísca...
Ah, cara, isso era horrível. Por um segundo, realmente considerou voltar de modo que pudesse ver pelo menos algo diferente da escuridão opressiva que fazia
seus olhos doerem. Mas, sabia o que o esperava lá. E não era agradável nem desejável.
Sim, e o que está na sua frente pode comê-lo.
Verdade. Se sua sorte padrão se mantivesse, isso seria mais provavelmente muito pior. Quem surgiu com o ditado "fora da frigideira e no fogo" definitivamente
o conheceu em uma vida anterior. Deviam ter sido melhores amigos.
Com os desafios mais difíceis virão as maiores recompensas. Ele zombou desse pensamento. As palavras de Caleb ofereceram quase tanto conforto agora mesmo quanto
um bom corte no olho. E ainda assim tão estúpidos quanto eles eram, Nick agarrou-se a isso e marchou adiante, esperando com tudo o que tinha que Caleb não estivesse
mentindo sobre isso.
Que talvez uma vez, uma só vez, o destino trabalhasse a seu favor e não contra ele num jogo de rancor que pareceu tomar cada respiração que recebeu como um
insulto pessoal. Mantendo as mãos na frente, Nick tentou sentir uma parede ou algo sólido, mas a única coisa que havia era o chão embaixo de seus pés.
Como o lobo advertiu, estava completamente cego sobre onde estava indo. Não podia ver nada. Apenas um corredor interminável de escuridão que cheirava como
o baixo ventre de um monstro de merda. Existia também um forte som de estala que não conseguia identificar.
De repente, algo prendeu seu dedão do pé e ele tropeçou. A barriga de Nick caiu no chão com tanta força que perdeu o fôlego. Por um momento, não podia mover-se
enquanto a dor o torturava com força.
Quando foi levantar-se, seu pé escorregou no gelo e ele deslizou para um lado...
Em absoluto nada.
Nick agarrou-se na terra o tanto quanto podia enquanto seu corpo oscilou sobre um precipício. Merda! Sua mão direita deslizou e quase perdeu o controle do
lado esquerdo. Apavorado, esforçou-se para manter ambos os braços no lado correto da borda. Finalmente conseguiu parar de cair, mas ainda estava pendurado sobre
a extremidade da... morte súbita?
O lobo tinha se esquecido de avisá-lo sobre isso.
Seu coração batia contra o peito com tanta força que sentia como se pudesse atravessá-lo. Sabia que precisava se levantar, mas honestamente estava com medo
de sequer tentar. E se deslizasse novamente e não conseguisse segurar-se?
Quão longe estava o chão?
A poucos centímetros, não era tão ruim. A alguns metros, factível. Algumas jardas?
Não era agradável.
Seus braços doíam pela tensão de manter o peso de seu corpo. Não seria capaz de segurar-se por mais tempo. Assustado ou não, tinha que tentar.
Apoiando-se, lembrou-se do canto para força que Nashira lhe dera em seu grimório.
Luz sagrada. Noite sagrada. Dai-me forças... além de minha visão. Sussurrou as palavras, repetidas vezes, concentrando-se naquilo em vez de seus medos e dúvidas.
Apertando os dentes, passou a perna para cima e pegou a extremidade do caminho com seu calcanhar. Usou todo pedaço de força que tinha para erguer o corpo para cima
e para rolar de volta para a terra firme.
Fraco, ofegante e abalado, Nick estava deitado e escutava a escuridão enquanto seu coração continuava a bater forte em seu peito. Isso tinha sido muito próximo
da morte. Determinado a não repetir essa queda, tateou ao longo da escuridão até que achou uma pedra pequena. Pelo menos esperou que fosse isso o que o objeto redondo
suave era.
Cruzando as pernas para ter certeza de que não cairia acidentalmente, permaneceu sentado e jogou-a sobre a borda onde havia caído.
Durante vários minutos não ouviu nada.
Não até que finalmente chegou ao fundo. No instante em que fez isso, um raio relampejou ao redor, iluminando a caverna inteira. Santa Mãe de Deus...
Estava sentando em uma passarela de gelo extremamente estreita com estalactites gigantes suspensas acima dele pelas mais estreitas bases. Bases que estavam
derretendo rápido e rachando...
Essa era a fonte dos sons de estalos que ouviu. Se um desses caísse, ele seria empalado com uma estaca afiada.
Na água longe abaixo eram feios, gigantescos monstros répteis marinhos que deslizavam ao longo da superfície preta. Nick não conseguia respirar quando percebeu
o quanto estava em perigo, com tudo ao seu redor.
- Eu vou morrer.
Você realmente não achou que a jornada seria fácil, não é? Nick encolheu-se com o insulto favorito de sua mãe sempre que coisas ficadas ruins para eles.
- Saia de minha cabeça, mãe. Eu não tenho tempo para suas palestras agora.
No entanto ouviu sua voz alta e clara dela em sua mente.
Por que acha que só existe uma escada para o céu, mas uma estrada inteira para inferno? Porque é muito mais fácil deslizar para baixo do que subir, e leva
muito menos energia para arrancar. Mas, a única coisa sobre nós Gautiers é que nunca fazemos nada que é fácil quando há um único pontapé na bunda a ser dado.
- Entendi,- virou-se para si mesmo. - Nelly está morta. Pode parar de bater nela.
Tinha que continuar e não deixar nada impedi-lo.
E por mais tentador que fosse virar e correr de volta para a segurança enjaulada que deixou para trás, teria da mesma maneira que atravessar tanto terreno
perigoso para retornar quanto para avançar para onde quem sabia o que estava esperando por ele.
Por que eu joguei aquela pedra?
Porque quis ver o que estava lá. E quem disse que a curiosidade matou o gato devia ter assistido-o sair deste precipício e ser comido pelos monstros nadando
abaixo.
Ok. Foco. Preciso continuar. E não podia fazer isso até que voltasse a seus pés. Conteve um gemido com o simples pensamento.
Acima, abaixo, ao redor ou explodindo como Bubba e Mark. Havia sempre um caminho para conseguir transpor qualquer obstáculo. Você só tem que encontrar o explosivo
certo.
Deixando escapar um suspiro profundo, Nick preparou-se para se levantar e seguir em frente. Vou fingir que não sei que existe uma iguana de quinhentos metros
em um mar abaixo esperando por mim.
Ou espadas enormes oscilando acima da minha cabeça prestes a quebrar bruscamente e me plantar na ponte...
Podia ser pior.
Sim, certo. Por que pessoas diziam isso quando era uma mentira óbvia? Realmente, não podia ficar pior.
Pelo menos era o pensamento. Mas, assim que aquelas palavras passaram por sua mente ouviu as vozes estridentes sobre as quais o lobo o advertiu.
Falhará. Quem é você para pensar que não vai? O que faz de você tão especial? Nada. Absolutamente nada. É igualzinho ao seu pai desprezível, egoísta. Todo
mundo te odeia. Ninguém se importaria se você morresse agora. Ninguém iria sentir sua falta. Não iriam nem mesmo enviar um cartão para o seu funeral.
Quem você pensa que é para se aventurar aqui como alguém? Não passa de um desperdício patético que nunca deveria ser nascido. Sua mãe chora por seu nascimento
e toda vez que ela pensa em você. O mundo seria muito melhor sem você nele. Perdedor. Estúpido. Retardado. Idiota.
Cada pensamento horrível que já teve sobre si mesmo... todas as dúvidas... cada insulto e palavra dura que outras pessoas usaram nele ecoaram na escuridão
úmida. Sua crueldade e seu próprio grito até que não podia ouvir mais nada. Nem mesmo o estalar de enfraquecimento do gelo.
Quem disse que aquelas palavras nunca podiam machucá-lo era um idiota! Porque cada uma delas rasgaram por ele e cortaram em tiras o pouco ego que tinha. Deixaram
sua alma sangrando em agonia. Sentiu como se estivesse caminhando descalço sobre um prado de vidro com seu coração amarrado na parte inferior de cada pé.
Aquelas palavras machucam muito mais que qualquer golpe físico e eles expressaram todas as dúvidas internas sobre si mesmo que constantemente o açoitavam.
Eu sou um mandork29 socialmente desajeitado. Nenhuma garota jamais vai querer ser vista em público com alguém tão feio e estúpido quanto eu. Por que deveriam?
Nunca serei nada mais que um pedaço de ignorância, lixo rude, fazendo durar uma existência arrependida que eu mal alugo...
Você não pertence a esse mundo com as pessoas decentes, Gautier. Seu lugar é no lixo, junto com o resto do lixo.
Lágrimas encheram seus olhos. Acheron tinha razão. Não importava se tornasse-se presidente e governasse o mundo inteiro, se liderasse um exército para salvar
toda a humanidade, sempre ouviria aquele ódio. Estava esculpido para sempre em sua alma.
O peso de tudo isso deixou-o de joelhos. Cobriu as orelhas, tentando apagar e não ouvir mais nada. Mas, não importava o que tentasse, não parava. Parecia ficar
mais alto.
Nick gritava em agonia absoluta. - Eu odeio todos vocês! - Mas não era isso que realmente o machucava. Nem era a verdade e sabia disso.
Odiava a si mesmo. Sempre odiou-se.
Você destruirá o mundo. Não importa o que faça ou tente, não é suficiente. Matará todo mundo que ama.
E todo mundo acreditava nisto. Caleb. Kody. Ambrose.
Ele.
Você deveria apenas lançar-se da borda e deixar a feia iguana ter você.
O riso zombeteiro ecoou.
Lágrimas juntaram-se em seus olhos quando considerava o futuro que Ambrose disse a ele. Foi quando viu o rosto cheio de cicatrizes de Ambrose e os olhos cicatrizados
irritados, amargos.
Seus olhos.
Seu rosto.
Devia apenas deitar-se e morrer.
Tudo era tão opressivo. Se morresse, sua mãe estaria segura. Kody poderia retornar de onde quer que tivesse vindo...
O mundo seria um lugar melhor.
Faça isso.
Mais cansado do que jamais pensou que estaria aos dezesseis anos, Nick começou a cair. Eu só quero que a dor acabe.
O que você está fazendo, Gautier? Nick franziu a testa quando ouviu o rosnado de Caleb em seu ouvido que abafou todas as palavras de ódio. Quando foi que você
se transformou em um idiota?
Foi o suficiente para bater-lhe com força, e quando o fez, a letra de sua canção favorita saiu de seus lábios como um sussurro ofegante.
Se está à procura de problemas, basta olhar na minha cara.
Sim, este Cajun não foge. Não por nada.
E definitivamente não hoje.
Levantou-se na escuridão e olhou diretamente em seu rosto. - Quer um pedaço de mim? Então venha, cadela, e pegue um pouco. Mas, é melhor não vir sozinho!
Nesse momento, sentiu o calor da perseverança dentro de si levantar-se e tomar posse. Ardeu tão forte que não sentiu mais frio. Oh, inferno não...
Abaixando a cabeça, moveu-se para frente com passos determinados. Tinha coisas a fazer e pessoas para salvar.
Começando consigo mesmo.
Não prestou atenção aos seus inimigos. Nenhuma atenção para os perigos. Focou em caminhar em linha reta o mais rápido que podia. As vozes ficaram mais altas,
mas fez o que sempre fazia quando sua mãe começava em uma de suas sessões de reclamações olímpicas.
Ignorava tudo o que não valia a pena.
Tinha dezesseis anos contínuos de treinamento de audição seletiva. E seus professores pensavam que era inútil.
Há!
E, no final, o lobo estava certo. As brumas inofensivamente desapareceram sem feri-lo, e finalmente encontrou-se na sala com várias portas.
Certo, estamos aqui.
Cada porta tinha uma janela pequena. Nick foi para a mais próxima e olhou por ela. No segundo em que fez isso, um monstro pulou e rosnou em seu rosto.
Gritando, Nick saltou para trás.
O monstro bateu na porta, tentando chegar até ele.
Nick arquejou de terror. Graças a Deus ninguém o viu agir como uma menina. Bem, não Simi ou Kody. Teria feito isso muito mais cedo que qualquer uma delas.
Mas Casey teria gritado como ele fez, logo em seguida.
- Pelo menos não molhei as calças.- Mas, isso era o mais perto de perda espontânea do controle da bexiga que queria. Sempre.
Abordou a próxima porta com muito mais respeito e cautela. Olhando lentamente, franziu a testa. Parecia uma praia ensolarada. A água rolava na perfeita areia
branca. Podia até ouvir pássaros cantando.
Bom. Magnífico. Convidativo.
Definitivamente a morte certa. Tinha que ser uma armadilha. Assistiu a este filme o suficiente para saber disto.
Estreitando os olhos, tentou a próxima candidata. Mas, era muito escuro para ver alguma coisa. Já que a escuridão o levara até ali com segurança, talvez devesse
escolher esta?
Eu nasci na escuridão.
Poderia ter certa simetria.
Ainda assim, hesitou. Melhor verificar as outras duas portas antes de tomar uma decisão. Não havia necessidade de apressar quando sua vida estava na reta.
Franzindo a testa, passou adiante. A próxima era o que pareceu ser um prado ao entardecer. O bosque o cercava. Já que não era nada atraente nem assustador,
poderia ser uma aposta segura.
Talvez escolha esse.
Coçando a orelha, foi para a última e congelou. Em vez de uma janela, havia um espelho que refletia sua imagem.
Essa era a porta certa.
Fazia todo sentido. Seu maior inimigo era si mesmo. Kyrian dizia isso o tempo todo. Sabemos instintivamente o que fazer e em todo o caso ainda não fazemos.
Faça o que fizer, Nick, não faça do seu próprio modo.
Nick colocou a mão na maçaneta, depois parou. E se eu estiver errado?
- Tenho que confiar em mim mesmo para fazer a coisa certa.- E toda jornada começa com um único passo. Abrindo a porta, passou por ela e levou um momento para
conseguir orientar-se quando a porta fechou-se.
No instante em que a trava clicou, o céu ensolarado acima retumbou com trovões. Nuvens escuras chegavam em grande quantidade e ferviam, transformando o céu
em um profundo, vermelho escuro. Da cor de sangue.
Destemido, Nick avançou, através do campo vazio que desvaneceu até que se transformou em Nova Orleans.
Olhando ao redor, fez uma careta. - Conheço este lugar.
Era onde a North Robertson terminava, próxima à North Claiborne na Ninth Ward. Quando era criança, ele, Tyree e Mike costumavam jogar aqui. A avó de Tyree
morava na pequena shotgun30 branca no fim da rua onde o asfalto acabava abruptamente a poucos metros do dique. Alta e corpulenta, a avó de Tyree costumava sentar-se
na varanda da frente, em sua cadeira de balanço, descascando feijões ou fazendo tricô, ou abanando-se com o grande e velho leque de Jesus, que tinha recebido da
igreja para que pudesse vê-los e, como muitas vezes gritava, "mantenha os ímpios longe de problemas".
Eles jogavam bola perto da barragem ou fingiam ser exploradores da região selvagem, no terreno baldio coberto do outro lado da rua. Tinha um bloco de cimento
onde tinha uma casa, ou onde alguém planejou construir uma e nunca o fez. De qualquer modo, foi um ótimo lugar para sentarem-se e comerem os biscoitos que avó de
Tyree assava para eles aos domingos. E toda vez que ela trazia uma fornada, dizia, "Agora meninos tomem cuidado e não sejam comidos por algum crocodilo faminto que
apareça acima do dique, porque crocodilos sentem o cheiro de garotos podres como açúcar de biscoito. Odiaria ter que dizer suas mães que foram comidos". Eles trocavam
olhares esbugalhados e vigiavam tal crocodilo que nunca apareceu. Ou falavam entre si que se tinham visto um nos arbustos, tinham que correr ou seriam comidos.
Mesmo nos sufocantes e quentes verões infestados de mosquitos, tinha sido bons tempos. Como sentiu falta de ser tão inocente e despreocupado. Naquela época
não sabia que eram pobres. Não entendia o que sua mãe fazia para viver. Ninguém em seu bairro os tratava com desprezo.
Uma vida de compaixão que não permaneceria para sempre.
Quando Nick surgiu na parte de trás da casa, onde a avó de Tyree pendurava suas "não mencionáveis" (roupas de baixo) e eles perseguiam vaga-lumes, ele sorriu
com a lembrança de uma mulher que não poderia ter amado mais mesmo se fosse um parente dela.
Há anos não pensava nesse lugar. Na última vez em que esteve aqui, tinha oito anos e vieram para prestar condolências à família de Tyree depois que eles haviam
enterrado sua avó em St. Louis com seu marido que ele nunca conhecera.
Nick fez uma pausa quando seu coração se partiu de novo pela perda de uma mulher tão maravilhosa. Ainda podia ouvir a mãe e as tias de Tyree cantando os hinos
favoritos da mãe deles. - O Ciclo será ininterrupto... Um calafrio passou por ele quando viu uma imagem fantasmagórica dela ainda no varal, ralhando com ele por
atirar lama muito perto de sua roupa.
Com a garganta apertada, pigarreou. - Tenho saudades de você, Senhora Mabel.
Não fique triste por mim, pequeno Nick. Um dia, vou estar no céu com os anjos. Mas, não se preocupe. Ainda terei tempo para olhar para baixo, para os meus
rapazes e sorrir com orgulho para os homens que se tornaram.
Seus olhos encheram-se de lágrimas, Nick estendeu a mão em direção à imagem dela, mesmo sabendo que não podia tocá-la, mas ainda sentindo necessidade de tentar.
A imagem imediatamente desapareceu.
Piscando de volta em sua tristeza, olhou ao redor. Por que estava aqui? Qual era o sentido?
Era porque estava tentando encontrar seu caminho para casa, e este tinha sido um dos primeiros lugares onde ele aprendeu a entender a palavra "lar".
Sem qualquer pista, Nick dirigiu-se ao ponto de ônibus da Claiborne na Tennessee. Pelo menos sabia como voltar para seu apartamento a partir dali. Não levaria
muito tempo.
Mas, quando virou para descer a Rua Tennessee, ouviu algo estranho acima. Não era um avião ou um helicóptero. Não conseguia identificar o som. Até que ouviu
um grito. Olhando para cima, viu um pássaro enorme vindo diretamente para ele.
Não, não era um pássaro.
Era um demônio alado, com armadura. Aquilo descia, soprando fogo nele. Nick mergulhou em direção a um SUV estacionado, mas em vez de aterrissar ao lado, ele
passou pela porta.
Rolou pelo chão várias vezes antes de parar sobre as costas. Todo dolorido, olhou fixamente para um teto, em vez do céu.
Mas o que...?
Não estava mais fora ao ar livre, estava na escola entre as salas.
- Você está bem, querido? - Casey ajoelhou-se ao seu lado.
Franzindo a testa, Nick olhou em volta. Tudo parecia normal. Só mais um dia em St. Richard's.
Aquilo era real?
- Gautier? - O treinador Heffron explodiu quando parou próximo a ele e olhou para baixo onde Nick estava estendido. - Espero que não tropece assim durante
o jogo. Levante-se, menino, está bloqueando o corredor e envergonhando a si mesmo e sua equipe.
Caleb parou ao seu lado e estendeu a mão para ele. Nick pegou-a e deixou seu amigo puxá-lo para cima.
- Você está bem? - Ele perguntou.
Nick não tinha certeza. Olhou de Caleb a Casey e para os outros alunos que ele conhecia tão bem. Brynna estava em seu armário, conversando com LaShonda sobre
compras. Stone e Mason estavam olhando para ele junto a seus armários. Madaug passava, com o nariz enterrado em um caderno com as páginas derramando para fora.
Parecia estar tudo certo. Tudo como normalmente era. Nada estranho, diferentemente de como parou ali.
- Sim.
Casey estendeu a mão para esfregar sua cabeça. - Não sei. Você teve uma queda feia.
- Não forte o suficiente,- Kody murmurou quando passou por eles e a luz bateu contra o colar de coração que ele lhe dera. Ela lhe lançou um olhar malévolo
que acrescentou credibilidade a isso ser real.
Talvez fosse assim que a porta funcionasse. Ela lançava-o de volta em um dia normal.
Casey rosnou em direção a Kody. - O ciúme não combina com você, puta! - Então se inclinou para Nick. - Ignore-a. Você subiu no mundo.
Sim, isso parecia normal.
Caleb lhe deu seus nove e mil quilos de mochila.
Nick inclinou-se para falar com ele de modo que Casey não pudesse ouvir nada. - O que aconteceu com minha mãe e meu pai?
Ele piscou inocentemente. - O que aconteceu a eles?
Abriu a boca para entrar em detalhes, e a fechou. O corredor ocupado cheio de ouvidos curiosos não era o lugar para ter esta discussão. - Nada.
Talvez a porta redefiniu o passado?
Talvez tudo fora um sonho. Como saberia?
Stone "acidentalmente" esbarrou nele enquanto se dirigia à sala de aula. - Você parece ainda mais como uma aberração com essas roupas, Gautier. Você devia
voltar para seu lixo de trailer.
Caleb balançou a cabeça. - Ignore-o, Nick. Só está com ciúmes porque você é o herói e ele um perdedor.
Nick fez uma careta confusa. - Herói?
- O jogo? Você marcou o TD (Touchdown) vencedor na sexta-feira à noite depois que Stone se atrapalhou com a bola. Não se lembra?
Ok, isso deve tê-lo deixado à frente no tempo.
Caleb arqueou uma sobrancelha para Nick. - Talvez devesse ir para a enfermaria.
- Estou bem.- Mais ou menos. Como não tinha certeza em que período estava, não importava o dia da semana, Nick caminhou com Caleb, que não parecia achar estranho
que Nick estivesse com ele. Esperando que essa fosse uma de suas aulas em comum. Mas assim que foram ao corredor de trás da escola, não havia nenhum relógio para
verificar o tempo.
Caleb entrou na sala de aula severa e sem graça de Richardson. Ótimo... a porta dimensional não poderia tê-lo soltado de volta no final do dia? Não, tinha
que estar na aula da bruxa. Imagina. Mas pelo menos era a sala de estudos e a hora do almoço.
Richardson estreitou os olhos pequenos para ele e suas roupas novas. - O que você está vestindo, Sr. Gah-tee-aa?
Nick reprimiu uma réplica cáustica na pronuncia deliberada de seu sobrenome. Ela odiava Cajuns e em particular odiava Cajun francês, especialmente se misturasse
com inglês. E por isso era moralmente imperativo que rompesse inesperadamente seu sorriso mais encantador e seu sotaque mais espesso. - Pourquoi, cher, je voulais
pas m'obstiner avec toi. Ça me fait de la peine that you take issue avec mon linge.
Por que, meu bem, não quero discutir com você. Fico triste que tenha problema com minhas roupas. Eu faço o melhor que posso.
Oh, sim, ela estava mais louca que o diabo agora. Seu rosto estava tão vermelho que combinava com seus óculos brega. - Sente-se, Gah-tee-yah, antes que eu
escreva sobre você.
Nick piscou para ela. - Je t'aime, itou.
- Pare de provocá-la,- Caleb murmurou.
- Não posso evitar.
- Tente por mim.
Nick sentou-se e abriu os livros para fazer a tarefa de casa. Acabava de começar quando alguém lançou um pedaço de papel amassado nele. Carrancudo, olhou para
ver Ben, outro amigo de Stone, olhando para ele.
- Qual cafetão você matou por essa roupa, Gautier?
Deixando escapar um suspiro de frustração, Nick não comentou quando voltou ao trabalho e viu o enigma que queriam que ele resolvesse para a aula de inglês:
Pode ser roubado, mas nunca comprado. Pode ser dado, mas nunca levado. Pode ser pisado, mas não pode andar. Pode voar, mas não tem asas. Pode cantar, mas não
tem voz. Pode ser quebrado, mas ainda assim funciona. Pode ser deixado, até enquanto é seguido. E apesar de ser facilmente comandado, pode nunca ser exigido.
O que essa merda queria dizer? Cara, como odiava essa lição.
Como sempre, a aula arrastou-se até que estivesse pronto para gritar. Os vinte minutos que teve que esperar antes que pudesse ir almoçar pareceram uma eternidade.
Não relaxou até que entraram no refeitório. Mas seu alívio durou pouco quando outras pessoas começaram a fazer comentários sobre seu novo visual de camisa
não-havaiana.
- Acha que ele era gay?
- Não, acho que ele sempre foi gay.
Nick bateu os cílios para a mesa muito machona de companheiros de Stone quando parou depois desse comentário e franziu os lábios. - Ora, sei que todos vocês
procuram novos namorados. Porém, estou feliz com o que tenho. - Laçou seu braço em Caleb e afetado saiu com ele em direção à fila da comida.
Caleb deu-lhe um olhar fixo impassível.
- O que foi? - Nick perguntou com ingenuidade.
- Já que sou seu namorado, o mínimo que você pode fazer é comprar meu almoço.
Nick zombou dele. - O cavalheirismo está tão morto. Você devia comprar o meu.
Caleb revirou os olhos quando jogou um monte de purê de batatas sobre sua bandeja e moveu-se para a fila de baixo.
Assim que pagaram, Nick dirigiu-se até Casey, que estava em uma mesa com duas de suas amigas.
Ela franziu a testa quando sentou-se ao lado dela. - O que está fazendo?
Ele trocou um olhar confuso com Caleb. - Almoçando com minha namorada?
Franzindo ainda mais, ela olhou para suas amigas. - Qual de vocês está namorando o perdedor?
- Eca! Não eu.
- Você deve estar brincando!- Stephanie esquadrinhou com um sorriso de escárnio o corpo de Nick. - Eu pegaria toda menina da escola antes.
Stone empurrou Nick por trás. - O que você pensa que está fazendo?
Ainda mais confuso, Nick olhou fixamente para Casey. - Que jogo você está jogando?
- Stone!- Ela surtou. - Faça seu trabalho e leve este estúpido idiota para longe de mim.
Stone e seus amigos atacaram Nick tão rápido e furiosamente que nem sequer teve tempo para dar um único soco. Num minuto estava sentado, no próximo o tinham
no chão, pisando-o como Alan, Tyree, e Mike fizeram.
- Caleb?
Pela primeira vez, ele não veio em seu auxílio. Em vez disso, a existência de Nick foi mudada. Voltou de seu eu atual para o dia em que começou em St. Richard's.
Apenas com um metro e cinquenta e sete, era desajeitado e esquelético quando a Sra. Pantall o apresentou para a turma. - Este é Nick Gautier. É um novo aluno.
- O que ele fez? - Stone riu. - Fraude para entrar? Sei que não subornou ninguém. Não pode nem pagar sapatos que sirvam, droga, com certeza não pode se dar
ao luxo de subornar alguém. E de qual lixeira roubou essa mochila de 1985?
Risos estouraram.
- Perdedor! Volte para o estacionamento de trailers!
- É isso realmente o que quer?
Nick virou-se, analisando o local em busca da origem da voz. - O quê?
Uma sombra manifestou-se ao seu lado. - Não tem que voltar aqui. É a sua vida, você a controla.
A voz fazia soar fácil. - Não controlo outras pessoas.
- Não?
Bem, tinha o poder de persuasão... quando funcionava, o que era raro.
- Para falar a verdade não.
- Sim, você controla,- ela sussurrou em sua orelha. Colocou um punhal em sua mão e o empurrou suavemente em direção a Stone. - Mate-o e enterre seu passado
de forma que possa passar para o futuro.
O coração de Nick bateu com a ordem inesperada. - O quê?
- Você quer ir para casa... isso exige um sacrifício de sangue. Corte sua garganta. Ele nunca hesitaria em cortar a sua.
Nick? Ouviu sua mãe chamando. Onde está? Preciso que me ajude. Nick, volte para casa!
- Sua mãe morrerá se não chegar até ela.
Nick segurou a faca apertado e olhou fixamente para ela. Queria ir para casa mais do que qualquer coisa. E não tinha nenhum amor por Stone.
Deu um passo para frente, depois parou. Algo não estava certo. Parecia errado.
Muito errado.
Virando, correu para a porta e empurrou para abri-la. Mas em vez de mostrar o corredor da escola, encontrou Ambrose na entrada, olhando para ele. Seus olhos
refletiam o demônio vermelho do mal que Nick desprezava.
- Você me decepcionou,- Ambrose rosnou.
- Como? Estou tentando.
- Você está falhando... outra vez.- Ambrose agarrou-o e virou-o ao contrário em seus braços para impedir Nick de mover-se.
Um momento, estavam na sala de aula, e na próxima, estavam alto sobre a Cervejaria de Jackson olhando para uma Nova Orleans em chamas.
- Abrace seu destino. Somos o fim de todas as coisas.
O horror o encheu quando assistiu as coisas que mais amava perecer. As asas de Ambrose desfraldaram e bateram em torno deles.
- Não há nada que possamos fazer. Quanto mais lutamos, mais cedo vem. Ceda... - Apertando-o mais, Ambrose lançou-se em vôo com Nick nos braços. - Diga as palavras,
Nick, e seremos um.
- Não!- Nick o esmurrou forte, fazendo Ambrose soltá-lo. O vento corria por seu corpo, rasgando seu cabelo e pele, quando caiu em direção ao solo em um ritmo
assustador.
Eu vou morrer.
O chão aproximava-se, mais rápido e mais rápido.
Nick esperava que Ambrose retornasse e o salvasse, mas não voltou. Não havia Caleb. Nada.
Ninguém ia salvar sua vida. Era o fim.
Fechando os olhos, esperou o impacto.
CAPÍTULO 19
Caleb parou quando deixou banheiro de Kody e um flash de algo chamou sua atenção. A porta do quarto estava ligeiramente entreaberta. Empurrando para abri-la
mais, olhou rapidamente o quarto de babados rosa à procura do que havia gritado para ele.
Deve ser meu esgotamento.
Deu um passo para trás e depois congelou quando aconteceu novamente. Era um símbolo que ela pintou na parede. Quase imperceptível, só brilhou em resposta quando
ele tocou o perímetro do quarto. Isso era normal já que era um demônio. Era como símbolos de proteção e feitiços funcionavam.
O que não era normal era o design daquilo.
Ou o arco antigo que estava preso acima de sua cabeceira.
O ar deixou seu corpo quando foi lançado de volta ao tempo em que viu pela última vez aqueles artigos. Era impossível Kody tê-los. A senhora que os possuiu
nunca, jamais permitiria que outro os usasse.
- O que você está fazendo? - Kody reclamou, movendo-se ao seu redor de forma que pudesse fechar a porta.
Mas, Caleb não estava com disposição para sua atitude. Passando por ela, entrou no quarto, fazendo com que o emblema brilhasse como fogo na parede à esquerda.
Uma mulher estilizada, tinha o cabelo longo fluindo para trás enquanto segurava um arco e flecha apontada para o céu. Era o símbolo de Dexaria Belam... a caçadora.
O mesmo emblema que tinha adornado seu escudo de batalha.
Com a mão tremendo, agarrou o arco. Assim que seus dedos encostaram na madeira, o arco voou da parede, para as mãos de Kody.
- Ninguém toca no meu arco.
- Seu arco? - Ele perguntou incrédulo.
Ela ergueu o queixo em desafio. - Sim.
A fúria o incendiou e fechou a distância entre eles. Usou cada pedaço de paciência que tinha para não agarrá-la e sacudi-la até que respondesse suas perguntas.
- Onde você conseguiu isso?
- Não é da sua conta.
Fez um gesto para as penas pretas que estavam presas ao topo do arco por um cordão de couro fino. - Sabe o que é isso?
- Homenagens.
- De?
- Nada que te interesse.
Caleb sentiu a mudança de seus olhos para o de seu demônio quando ela acordou a parte perigosa dele com a repetição da mesma resposta inútil. - Está errada.
E se quiser viver outro minuto, me dirá o que quero saber ou vamos lutar até um de nós estarmos mortos. Onde você conseguiu esse arco de Bathymaas?
Ele assistiu a indecisão tocar seu rosto enquanto ela debatia se iria responder ou lutaria.
Depois de um minuto inteiro, ela soltou uma respiração irregular. - Minha mãe me deu isso, e eu invoco seu mais sagrado juramento que prometeu a ela quando
lhe ofereceu seu tributo de que nunca dirá a outro ser quem e o que eu sou.
Atordoado para silenciar, Caleb não conseguiu mover-se quando aquelas palavras afundaram nele. Não era possível. Como poderia Nekoda ser...
- É sua filha?
- Sou.
E então ele viu. Diante de seus olhos, Kody mudou de sua camiseta rosa e calça jeans atual para a armadura de couro que as mulheres do exército de sua mãe
vestiam. Seu cabelo era mais claro que o de sua mãe e ela era menor. Mas as características eram as mesmas. Especialmente a forma de seus olhos e lábios. A constituição
escultural de seu corpo.
Não era de admirar que Kody tinha sido tão destemida em suas lutas. Sua mãe era a deusa original da Ordem e da Justiça.
Apertando o punho em seu ombro, caiu em um joelho diante dela e abaixou a cabeça. - Jurei minha fidelidade eterna à sua mãe... e morrerei por você.
Kody sentiu as lágrimas picando em seus olhos com a sinceridade de Caleb. - De todos os generais de minha mãe, você foi quem ela mais estimou. Em quem ela
mais confiava.
Levantou-se para elevar-se sobre ela novamente. - Então por que não confia em mim?
- Muitos séculos se passaram. Você passou muito tempo em cativeiro com um monstro que ainda exerce influência sobre você. Ambos podem mudar até o coração mais
forte e mais firme.
- Não mudaram o meu.
- Eu sei. Eu devia ter dito a você mais cedo. Mas, não me atrevi. Não enquanto minhas ordens estavam em conflito com as suas.
Caleb desconfiou. Bathymaas sempre foi sobre direito e justiça acima de um assassinato. Nunca toleraria o assassinato mesmo de um Malachai inocente.
- Sua mãe mandou que o matasse?
- Não. Os poderes a quem eu sirvo, pediram. É por causa de minha mãe que não fiz.
Isso fazia sentido. - Você está julgando-o.
Ela balançou a cabeça. - Não vejo o monstro ainda. Portanto não posso justificar tirar sua vida.
- E o seu amor por ele não tem nada a ver com isso?
Seu rosto ficou vermelho vivo.
- Não negue,- ele disse, cortando-a quando ela abriu a boca para falar. - Eu posso ver isso tão claramente quanto uma chama sobre um mar aberto à meia-noite.
Ela suspirou cansada. - Quando fui enviada para matar o Malachai antes que tomasse todos os poderes de seu pai, eu não estava esperando encontrar Nicholas
Gautier.
- Sim, nem eu.- Caleb estreitou seu olhar nela. - Então o que vamos fazer?
- Agora? Podemos achá-lo e salvá-lo. Depois, veremos.
Tal ambiguidade doce como a vida, morte, e destino...
Kody, definitivamente, não era sua mãe.
* * *
Instintivamente, Nick abriu os braços quando estava prestes a bater no chão. No momento em que fez isso, suas asas saíram e espalharam-se amplas, erguendo-o
para cima e para longe da calçada.
Oh, meu Deus...
Estou voando!
Esqueça dirigir um carro, isso era a coisa mais incrível que tinha feito. Até que sua asa bateu em um fio de arame e ele se inclinou lateralmente. Conteve-se
um momento antes de manchar a lateral de um prédio.
- Isso é incrível!- Gritou e em seguida olhou ao redor para ter certeza que ninguém viu sua explosão. A última coisa que queria era parecer estúpido enquanto
fazia algo tão foda.
Ah, sim... isso era viver.
- Venham me pegar agora!- Provocou seus inimigos.
As palavras mal haviam deixado seus lábios quando alguém atirou uma bola de fogo nele. Empurrou-se para longe da explosão, muito rápido e muito longe. Novato
em suas asas, não tinha muito controle. Então acabou batendo em outro prédio.
Sim, isso iria deixar uma marca.
Eu tenho que ficar longe destas coisas.
Saiu para o Rio de Mississippi. Lá, só tinha que evitar pontes.
Por que você escolhe sofrer?
Nick desacelerou quando a voz ecoou em sua cabeça. - Não escolho.
- Então por que não junta-se a nós? Você é um Malachai. Não tem que tolerar ninguém insultando-o ou depreciando-o. Nunca. Você tem o poder para ser qualquer
coisa que quiser. Ter qualquer coisa que queira.
- Tudo bem, então. Se isso é verdade, só há uma coisa desejo. Quero ir para casa!
- Por que? Explique-me a mente de alguém que escolhe ir onde ninguém o quer. Eu vi como o tratam. O que o faz desejar isso?
Nick diminuiu ainda mais a velocidade quando aquelas palavras penduraram em sua mente. Sabe, a voz esquisita tinha razão. Por que queria ser derrubado pelos
outros? Não foi abusado o suficiente quando criança?
Mas isso era infantil, de repente percebeu. Existem dois lados para tudo.
Era história de lobo de Ash.
- Você se concentra em meus aborrecimentos,- Nick disse para a voz. - E não tenho nenhuma vontade de vê-los.
- Então fique e nunca será insultado novamente.
- Não posso.
- Por que?
Nick riu quando finalmente entendeu o ponto desta jornada... e o caminho de casa. O lobo tinha dado a ele.
- Você sabe a resposta. Escreveu isto em meu caderno.
- Pode ser roubado, mas nunca comprado.
- Pode ser dado, mas nunca tomado.
- Pode ser pisado, mas não pode caminhar.
- Pode voar, mas não tem asa.
- Pode cantar, mas não tem voz.
- Pode estar quebrado, mas ainda funciona.
- Pode ser deixado, até quando segue.
- E embora se ordene facilmente, nunca poderá ser exigido.
A sombra tremulou na frente dele com uma sobrancelha arqueada.
- Você sabe a resposta?
Claro que sabia.
- Meu coração.
A sombra pareceu impressionada.
- Em todos esses séculos, apenas você aprendeu nosso enigma.
- Isso significa que posso ir embora?- Nick perguntou esperançoso.
O cenário desvaneceu até que estavam novamente na caverna escura. Mas, dessa vez havia apenas uma porta com nenhuma janela. O fantasma abaixou-o ao chão para
assomar sobre ele. - Quando estiver pronto, pode ir.
Nick foi direto para lá. - Não precisa me falar duas vezes.
- Mas...
Hesitando, olhou novamente para o espírito. Eu realmente odeio essa palavra. - Sim?
- Pode ficar aqui, onde será respeitado e temido por todos. Onde ninguém jamais ousará zombar ou menosprezá-lo. A escolha é sua.
- Eu já escolhi. Quero ir para casa.
A porta abriu. Mas em vez de estar exultante, Nick estava devidamente cauteloso.
Seria outro truque?
Com sua sorte... Por que deveria duvidar?
No entanto, pela primeira vez, decidiu ir com fé e seguir seu coração como o lobo havia dito. Preparando-se, por via das dúvidas, caminhou pela porta e acabou
exatamente aonde começou.
Do lado de fora do seu condomínio.
Está brincando comigo, não é?
Nick esquadrinhou a rua. Estava muito mais escuro agora e tão silencioso que era até mais assustador. Mas aquilo não importava. Tinha que avisar sua mãe que
estava em segurança.
Abrindo a porta de ferro de seu prédio, apressou-se e correu em direção às escadas. Quando chegou ao seu apartamento, a porta estava entreaberta. Uma onda
de medo furioso correu por ele.
Sua mãe nunca deixaria a porta entreaberta. Por nada. Ela era tão paranoica, que até bloqueava as portas de seu quarto e do banheiro.
- Mãe? - Chamou, abrindo-a com cautela.
Parando abismado no caminho, inspecionou a sala de estar prejudicada. Mas, era o sangue no chão e teto que não conseguia parar de olhar fixamente. Era de sua
mãe?
Aquele pensamento o aterrorizou.
- Mãe!- Chamou, correndo para seu quarto, esperando que ela pudesse estar trancada lá com segurança.
Ela não estava. Aquilo estava tão vazio quanto seu coração. E foi exatamente como Ambrose o advertiu. Ele colocou sua mãe em perigo e quando ela mais precisava
dele para protegê-la, ele não estava aqui.
Como pude fazer isso com ela?
Como?
Incapaz de suportar a dor e culpa, virou-se com a intenção de encontrar Caleb e depois conseguir encontrar o paradeiro de sua mãe para que pudesse matar quem
ou o que a tinha levado.
CAPÍTULO 20
Convocando Caleb para seu lado, Nick sabia que havia mudado de alguma maneira. Podia sentir isso com cada molécula de seu corpo. Estava mais forte e mais confiante
agora. Mais certo sobre seus poderes. Aquela caverna e seu passeio para casa fizeram algo estranho com ele. Como se algum interruptor cósmico interno tivesse sido
virado numa ultrapassagem.
Mas não tinha tempo para investigar isso. Não enquanto sua mãe estava desaparecida.
- Caleb!- Gritou.
Para seu alívio, Caleb finalmente apareceu ao seu lado na sala de estar de Nick.
Desconfiado, Caleb lhe passou um olhar lento de cima a baixo. - É você. Certo?
Que tipo de pergunta era essa? - Quem pensou que estava chamando-o?- Nick perguntou sarcasticamente.
Caleb encolheu os ombros. - Não fazia ideia. Sabia que não era seu pai, e, embora suspeitasse que fosse você... você estava desaparecido, eu não queria aparecer
em uma situação ruim, sem saber de nada. Então arrastei meus pés um pouco.
Nick podia perdoá-lo por isao, especialmente depois de ter visto o lobo e o que o verdadeiro cativeiro podia significar para um demonkyn. Caleb tinha o direito
de ser cauteloso.
Deslizando mais perto dele, Caleb inclinou a cabeça enquanto dava a Nick um olhar penetrante. Parecia que estava pronto para fugir ou lutar se Nick fizesse
qualquer movimento errado ou súbito. Parte de Nick quis dizer "boo" para ver o quão alto o demônio saltaria de medo. Só o respeito às reações rápidas e mortais de
Caleb mantiveram seu impulso sob controle.
- O que aconteceu com você? - Caleb perguntou.
Sua pele tinha ficado verde? Enquanto Nick podia sentir uma mudança interna, perguntava-se o que Caleb viu nele que fez seu amigo tão arisco e hesitante. -
O que você quer dizer?
Caleb pegou o queixo de Nick e girou sua cabeça de forma que pudesse examiná-lo cuidadosamente. - Você parece o mesmo, mas está diferente. Posso sentir nas
minhas entranhas. Está mais poderoso do que era antes. Onde foi?
- Hel - Nick disse amargamente.
Caleb começou a revirar os olhos, em seguida conteve-se como se percebesse Nick não estava sendo espertinho pela primeira vez. Ele soltou-o imediatamente.
- Você quer dizer Helheim?
- Você conhece?
- Não pessoalmente, mas conheci alguns de seus moradores ao longo dos séculos. Criaturas maravilhosas... se você não se importa com lunáticos e assassinos
em série.
- Sim. Definitivamente não é um lugar que recomendaria para umas férias, a menos que queira uma espécie de horrível e magnífica prisão... é como o ensino médio,
só que mais frio.
Caleb ignorou aquela última parte. - Por que estava lá?
- Hel me aprisionou de maneira que pudesse me usar como moeda de troca. Bom ser eu, não é?
Caleb ignorou seu sarcasmo. - Com quem ela estava negociando?
- Não sei. Ela não disse, e eu não fiquei lá tempo suficiente para descobrir. Achei que não importava quem me queria, era melhor cair fora e pensar sobre isso
mais tarde.
Caleb riu. - Escolha sábia. Mas como ficou livre? E não ouse me dizer que foi porque é muito atraente para manter.
Ele esteve em torno de Nick por muito tempo para conhecer seu estoque de réplicas sarcásticas. Mas Caleb estava certo, não tinham tempo para desperdiçar com
brincadeiras.
- Um de seus servos deixou-me ir.
Caleb franziu a testa. - Por que alguém faria isso?
- Eu realmente não sei. Não me importei. Queria chegar em casa, mas se eu tivesse que adivinhar, julgo que foi mais um ato de rebeldia de sua parte para voltar-se
contra ela e irritá-la.
Ele riu. - Então ele deve ter sido um demônio.
- Por que? - Nick perguntou.
- Nós somos os únicos estúpidos e fortes o suficiente para desafiar nossos mestres tão descaradamente.
Aquilo explicava muito sobre o defeito congênito no nascimento de Nick. Obrigado, Papai.
- Você poderia ficar interessado em saber que ele era o mesmo lobisomem que nos atacou antes na Royal.
Ambas das sobrancelhas de Caleb arquearam rapidamente quando seu rosto foi drenado de toda cor. - Não fui atacado por um lobisomem, Nick. Se assim fosse, eu
o teria matado. Eu lutei com um Aamon.
Tudo o que Nick mais amava. Mais uma palavra para aprender. E ao contrário do lixo da escola, não saber destas palavras podia matá-lo. - Um o quê?
- Uma das primeiras e mais altas ordens de demônios guerreiros.
Aquilo não soou bem. - Como um do poucos quem pode chutar seu traseiro?
Caleb gesticulou em direção às contusões de seu rosto e pescoço que diziam que o lobo limpou a rua com ele. - Achei que ele estava atrás dos poderes do seu
pai. Não fazia ideia de que fosse alguém mandado para sequestrar você. Ele lhe contou seu nome?
- Não. Ele disse que não conseguia lembrar-se.
- O que você quer dizer?
Nick encolheu os ombros com uma indiferença que não sentia. - Pelo que juntei, ele foi trancafiado em Hel por vários séculos. E acho que é o galo de briga
deles. Mas a única coisa que sei com certeza é que eles o mantém sem qualquer tipo de consideração. Eles o têm preso como um animal raivoso e o tratam como um.
Viu seu próprio horror refletido nos olhos de Caleb, e ainda que Caleb não tivesse visto o abuso, havia algo que Nick pegou naquilo que dizia que Caleb viu
ou experimentou algo bem parecido em seu passado.
- Não consigo acreditar que tropeçou com um Aamon.- Um tique bateu na mandíbula de Caleb. - Eles não são amigáveis com pessoas - e com demônios - quem dirá
um Malachai... em primeiro lugar não há muitos deles e muito menos que possa ainda estar vivo hoje. Assombroso.
- Suponho pelo seu tom de voz, que eles estavam ao seu lado na guerra.
- Não. Estavam definitivamente na sua e tive sorte de ter fugido deles intacto até hoje. Ele quereria muito você para deixar-me ir antes de rasgar minha garganta.
Nick riu nervosamente. Foi muito divertido ser o anel de bronze para macacos do inferno (hellmonkeys) e idiotas. - Ultimamente, todo mundo me quer.- Com exceção
de super modelos e gostosas.
Droga, se tivesse que ser perseguido e preso não poderia pelo menos ser pelas pessoas que queria que o perseguissem? As mulheres cujos leitos não se importariam
de estar preso por toda a eternidade?
Ah, bem. A vida o ferrava e depois mandava a fatura. Como empresas aéreas que cobram antes do embarque de forma que se o amassam e matam, já foram pagos, e
não teriam que dar-lhe um reembolso.
Nick suspirou, depois empurrou o queixo para a bagunça em sua casa. - Então o que aconteceu aqui? Onde está minha mãe?
Caleb visivelmente encolheu. - Sabe tanto quanto eu.
E devia ter se encolhido para dar aquela resposta. A visão de Nick escureceu quando sua fúria corria por ele, exigiu o coração de Caleb por não proteger sua
mãe.
- O que fez enquanto estive fora?
Frisando os lábios, Caleb desdenhou. - Assistindo novelas de barriga e pegando fiapos de meus dedões do pé. Que diabo pensa que eu estava fazendo? Estava fazendo
preparativos para manter sua bunda arrependida viva.
- E para o diabo com minha mãe e sua segurança?
- Sim, Nick. É exatamente o que eu estava pensando.- Caleb falou escorrendo sarcasmo. - Porque eu sabia o quão enlouquecido minha falta de ação faria a você.
Meu processo de pensamento era como poderia irritá-lo e fazer de você um Malachai mais cedo ou mais tarde. Ah, cara, você me pegou.- Com um sorriso que devia ser
usado por um palhaço psicopata, Caleb bateu em suas costas. - Então diga-me, Nick, fiz meu brilhante trabalho?
- É bom estar contente por eu não saber como forçar um sufocamento.
Caleb deu um passo inteiro de volta. Sua raiva murchou sob uma onda real de medo. Agora havia algo que Nick nunca viu antes no rosto de Caleb. Pelo menos não
onde estava preocupado.
- O que aconteceu com você?
Nick acalmou-se com a nota cautelosa na voz de Caleb. O que ele estava vendo quando olhou para si? - Tenho que achar minha mãe.
- E você é o único que pode.
Nick franziu o cenho. - O que quer dizer?
- É por isso que não tentei encontrá-la, Nick. Ela foi levada deste reino... - Ele recuou outro passo quando Nick atirou-se contra ele, depois virou-se de
lado, fora do alcance imediato de Nick. - Ela não está morta. Caramba!- Caleb ergueu as mãos e ergueu um escudo de energia ao redor de si mesmo para impedir Nick
de bater nele. - Acalme-se e ouça. Ela não é minha mãe. Não tenho nenhuma conexão com ela, o que significa que não há maneira de localizá-la. Da mesma maneira que
não consegui encontrá-lo em Helheim. Mas agora que voltou, nós podemos conseguir.
Nick esmagou o punho contra a parede invisível que protegia Caleb - que devia estar grato por Nick não poder alcançá-lo. - Jure para mim que não está mentindo.
- Se não achasse que poderíamos ter sua mãe de volta viva e inteira, eu não estaria aqui. Estaria a caminho de outra causa de outro reino do inferno porque
sei que a morte dela levaria você a um frenesi mortal maciço no estilo piranha. E quanto mais tempo fica tentando arrancar minha cabeça, o tempo dela esgota-se.
Aquilo conseguiu acalmá-lo. - Ok. Como é que vamos encontrá-la?
Caleb encolheu-se visivelmente.
O intestino de Nick apertou-se imediatamente. - O que foi?
- Respire fundo. Segure seu temperamento e não entre em pânico.
Sim, isso realmente ajudou seu temperamento. Como um pontapé em sua cabeça e um chute em suas bolas. - O que foi?
- Nós precisamos de ajuda para fazer isto.
O nó seu estômago ficou mais apertado. - Realmente não vou gostar disso, não é?
- Não. Mas temos que fazer isso.
Rosnando fundo em sua garganta, Nick passou a mão pelo cabelo. - Muito bem. O que é?
O olhar de Caleb passou por cima do ombro de Nick para se concentrar em algo atrás dele.
Curioso e desconfiado, Nick virou-se e depois congelou. Vestida com uma blusa de gola olímpica preta e calça jeans, Kody estava lá, segurando um pequeno frasco.
Seu estômago disparou bile do sul para norte.
- Oh, inferno, não!- Nick retrucou quando enfrentou Caleb novamente. Furioso, gesticulou em direção a ela. - Ela está aqui para me matar. Esta é a sua solução?
Você é um daqueles generais que querem apagar o fogo de uma casa com uma bomba nuclear, não é?
- Nick...
- Não me venha com Nick, Malphas. Você não é minha mãe. Eu...
- Nick!- Kody gritou, interrompendo-o.
Furioso pelo tom de voz que só sua mãe podia usar, Nick virou-se em direção a ela. - O quê!
Ela fechou a distância entre eles. - Respire,- disse com uma tranquilidade que ele não podia penetrar. - Tem que deixar sair tudo de negativo de dentro de
você. Se quiser achar sua mãe, tem que localizá-la com seu coração. Só pode localizá-la com seu coração. O ódio destrói tudo o que toca, nunca permitirá que você
construa qualquer tipo de ponte deste reino para qualquer outro que ela tenha sido levada. Seu amor por ela é o que permitirá que você se conecte e a encontre.
Ele olhou de volta para Caleb.
- Não sei como usar esses poderes, Nick. Como você, nasci para o maligno. É o que me alimenta.
Nick engoliu quando finalmente controlou suas emoções. Apenas por sua mãe estava disposto a confiar em seu inimigo. - O que preciso fazer?
Ela estendeu a mão para ele.
Seu primeiro impulso era dar-lhe um bofetão e amaldiçoá-la. Mas sua mãe era mais importante do que seu ódio por Kody. Forçando-se a ficar tranquilo, pegou
sua mão quente. A sensação da carne dela tocando a sua enviou uma onda morna através dele. Ele havia esquecido o quão suave era sua pele. O quanto ela cheirava a
luz do sol e rosas.
Kody sorriu para ele.
Aquilo e seu toque tiveram sucesso em expulsar seu ódio e raiva. A perda foi tão súbita que o deixou exausto. Drenado.
Kody puxou-o contra si e afundou a outra mão em seu cabelo. Embora ele quisesse odiá-la pelo que ela veio fazer, deitou a cabeça em seu ombro e permitiu que
ela o segurasse contra si. Muito lentamente, ela balançava com ele em seus braços.
- Pax tecum,- ela sussurrou em sua orelha, enviando arrepios por todo o seu corpo. A paz esteja com você.
- Et cum spiritu tuo,- ele automaticamente respondeu. E com seu espírito.
E quando ela depositou um beijo leve, macio do lado de sua cabeça, ele encontrou um reino tenro de serenidade que nunca conheceu antes. Era como se tudo estivesse
certo no mundo. Como se nada pudesse prejudicá-lo ou perturbá-lo.
Ela acariciou suas costas. - Ora pro nobis...
Com aquelas palavras abriu-se uma represa dentro dele. Em um instante, podia ver o tecido do universo inteiro e tudo nele. Ouviu as vozes de milhões de pessoas
que viveram e que estavam vivas. Aquilo bateu tão duro e rápido que se ela não estivesse segurando-o, teria caído. Em vez disso, sua força o manteve equilibrado
enquanto seu calor o manteve ancorado firmemente ali.
O éter gritou como acontecia quando tentava acessá-lo para obter informações. Mas onde era normalmente muito opressivo para navegar, esta noite entendeu completamente
como encontrar seu caminho nisso tudo. Como focar até que só ouvia a voz que procurava.
Sua mãe.
E ainda assim não conseguia encontrá-la. Em nenhum outro lugar... ela estava completamente silenciosa para ele. Sua raiva e seu pânico começaram a crescer,
mas Kody apertou seus braços ao redor dele.
- Shh,- ela respirou contra sua orelha. - Fique tranquilo. Sicut erat em principio, et nunc, et semper, et em saecula saeculorum.- Como era no princípio, agora
e sempre e por todos os séculos.
Mais uma vez, sua raiva desapareceu. Ouviu os sons de uma luta terrível vindo forte e rápido para ele.
Com medo por sua mãe, ele a seguiu. Só que não era uma batalha para ou sobre ela.
Viu-se em sua forma demoníaca. Sua armadura brilhava na luz opaca de um sol poente, enquanto lutava contra um exército que estava determinado a destruir
até o último pedaço dele e de suas tropas. Seus soldados recuaram para protegê-lo. Mas era tarde demais.
Seria derrotado.
Atordoado, não conseguia entender como isso aconteceu. Nunca ninguém havia se igualado a ele. Nem mesmo Sephiroth. Ele matou seu arqui-inimigo em questão de
minutos.
E então viu seu verdadeiro inimigo. Aquele que tinha sangrado a ele e a seus homens e mais...
Seu líder emergiu do meio de seu número. Bêbado em sua vitória iminente, ele gritou para reunir seus soldados e empurrá-los para frente para o último ataque.
Nick sabia instintivamente que se matasse seu líder, eles sumiriam assustados como baratas. Os humanos cairiam.
Seus olhos piscaram vermelhos, depois veio o mesmo redemoinho prata como o de Acheron antes de lançar-se para o tolo que tinha deixado o abrigo seguro de seu
exército. Focado exclusivamente nele, Nick ignorou todo o resto.
Desceu em cima do líder com sua espada erguida. Suas armas ecoaram quando eles entraram em confronto um contra o outro. Seu inimigo choveu sangue ácido e fogo
em Nick, que usou seus próprios poderes para repelir seu inimigo. Conhecia seu ataque violento. Para seu crédito, o homem ficou firme e lutou mais que qualquer outro
que já havia durado.
O homem poderia até tê-lo derrotado, menos por uma coisa...
Um grito feminino súbito de dor. A atenção de seu inimigo virou da luta até o soldado menor a vários metros de distância. Ele deu um pontapé em Nick, depois
correu para ela.
Garantindo-lhe que estava segura, ela ordenou-lhe a retornar a luta.
Ele recusou-se a ir. - Não há nada que eu não faria para proteger minha família, - ele disse com uma determinação tão crua, reverberou todo o caminho até o
Malachai.
Fascinado com isso, Nick assistiu o líder embalá-la em seus braços como se ela fosse indescritivelmente preciosa... como se não pesasse nada. Ele pegou-a e
carregou-a, tentando levá-la para longe do perigo. Ela agarrou-se a ele enquanto seu sangue escorria de ambas suas peças blindadas.
Fazia tanto tempo que Nick amou alguém assim, que tentou lembrar-se da emoção. Mas enquanto observava os dois, sua fúria acendeu. Como seu inimigo se atreve
a virar as costas quando havia uma guerra a ser travada!
Nick dirigiu-se a ele, esquivando-se de seus combatentes ao redor de si, matando qualquer que ousou impedir seu caminho.
Sem saber que Nick estava vindo na sua direção, o soldado entregou-a para outros de seus homens. - Levem-na para segurança. Não deixem que ela morra!
Virou-se para lutar, mas era muito tarde. Nick já estava em cima dele. Apunhalou o líder direto em seu inútil coração e o jogou ao chão, onde plantou seu inimigo
com sua espada pressionando até o fim através de seu frágil corpo humano. Seu inimigo retrocedeu e se contorceu, mas não havia nada que pudesse fazer a não ser morrer.
A mulher gritava enquanto lutava contra o homem que a segurava. Chocado com tudo, o soldado a soltou. Desconsiderando todo o perigo, ela correu para o soldado
caído.
- Não! - Ela soluçou inúmeras vezes enquanto descobria seu rosto. Ela colocou a mão em seu rosto e chorou como se seu mundo inteiro tivesse quebrado.
Estava morto e não havia nada que ela pudesse fazer.
Com o grito da guerra de mil Fúrias, ela tomou a espada do líder e correu em direção a Nick para matá-lo.
Ele levantou o braço e pegou seu golpe, então atirou uma rajada em sua direção que arrancou seu elmo.
Ofuscada, mas destemida, ela jogou a cabeça para trás para olhar para ele. Um par de olhos afiados, verdes enviou seu ódio de um rosto machucado que ele conhecia
muito bem.
Kody.
Nick recuou, querendo fugir de uma guerra que não queria mais ver. Era passado ou ainda iria combater?
Não tinha controle suficiente de seus poderes para saber com certeza.
Matei o que ela amava.
Voltando para a cena, olhou para baixo, ao soldado que apunhalou, e choque total o derrubou.
Matou a si mesmo.
Ele era o líder. Era seu rosto.
O pânico rasgou-o ao meio quando começou a perder o fôlego pelas imagens que não fazia nenhum sentido. Como ele podia ser ambas as pessoas?
Seguro no presente, Kody, rápida, o controlava enquanto sua voz continuava a oferecer-lhe conforto e calor. Ela colocou seu rosto contra o dele. Sua respiração
provocava sua orelha e eletrificava seu corpo.
Sentiu seus poderes aguçarem.
- Não chore, Cherise. Não permitirei que a machuquem.
Ainda cru pelo que tinha visto naquela última batalha, e com seus alicerces abalados, Nick contraiu-se com a última coisa que esperava ouvir. O tom amargo
de seu pai prometendo proteção à sua mãe.
O que...?
Vagou de volta para eles de modo que pudesse identificar onde estavam.
Paredes de gelo azuis os cercavam com uma superfície brilhante que lançava imagens retorcidas ao redor deles. De certa forma, lembrou-lhe um armazém. Mas ele
não era o mesmo. Nunca viu nada como aquilo. E depois de alguns segundos, percebeu que aquilo não eram reflexos na parede.
Eram demônios tentando atravessá-la.
No centro da sala vazia, sua mãe estava apavorada e soluçando enquanto seu pai andava em círculo ao redor dela com raiva, desafiando os demônios da parede
a tentarem ir até ele. Em resposta, os demônios que fervilhavam salivavam pelo poder do Malachai mais velho.
E Nick sabia o que todos fariam. Logo Adarian seria fraco o suficiente para ser morto por eles. Não importava quanto seu pai pudesse lutar, não duraria muito
contra aquele número.
Os demônios batiam contra a gaiola, simultaneamente tentando quebrá-la, abri-la e drenar seu pai.
Nick afastou-se de Kody com um puxão. Seu cérebro estava bloqueado, com tudo o que viu, a tal ponto que não conseguia falar.
- Você a encontrou? - Kody perguntou.
Atordoado, Nick balançou a cabeça, em seguida olhou para Caleb.
- Eu sou uma porra de um idiota.
- Nós sabíamos disso,- ele disse secamente. - Definitivamente não o deixaríamos em coma por essa humilhação pouco conhecida.
Nick o empurrou.
- O que você viu? - Kody perguntou como sua voz da razão sempre presente.
Nick voltou sua atenção para ela. - Ela está em um lugar que eu não consigo identificar. Não é nada parecido com o que eu já tenha visto. Era apenas um quarto
com demônios dentro das paredes. - Estremeceu quando a imagem de seu rosto apavorado o cortou. - Nunca devia ter deixado minha mãe sozinha esta noite. Quão egoísta
eu sou?
- A preocupação com sua própria sobrevivência não é egoísmo. É humano.
E isso era o que ele mais tinha perdido por não ter Kody por perto. Ela tinha um incrível talento para tirar a dor de sua estupidez. Mas hoje à noite, não
iria permitir que ela o fizesse se sentir melhor. Ele não merecia isto. - Foi egoísmo, mas a única pergunta real é, como encontrar a sua localização e tirá-la de
lá?
Caleb cruzou os braços sobre o peito quando fixou um olhar presunçoso em Kody. - Tenho uma ideia. O que acha sobre convocar um Aamon?
Sua expressão disse que Caleb tinha perdido a cabeça. - Que isso é uma péssima ideia.
- Então estou fora. Não tenho mais nenhuma ideia.
Nick deu-lhe olhar aflito, engraçado.
- Bela maneira de participar, Malphas. Obrigado.
Kody levantou a mão para interrompê-los. - Poderia haver outro modo.
- Sim? - Caleb perguntou.
Ela sorriu para os dois. - Podíamos chamar o Malachai.
Caleb fez uma careta. - Um Malachai nós temos. - Ele apontou Nick.
- Eu sei... e um Malachai pode rastrear aqueles de sua raça. Até em outra dimensão.
- Porta cósmica, - Caleb sussurrou, depois voltou sua atenção para Nick. - Eu gosto disso.
Nick não fazia ideia sobre o que estavam conversando, mas pela intensidade daqueles olhares fixos ele tinha uma sensação de que isso não era bom. Especialmente
não para ele. - O que é uma porta cósmica?
Ignorando a pergunta, Kody bateu o dedo em seu queixo quando continuou a ponderar sua sugestão. - É arriscado.
Caleb encolheu os ombros com indiferença. - Viver é assim.
- Entidades, por favor, - Nick disse, conseguindo sua atenção. - Sobre o que nós estamos conversando?
Kody respirou fundo antes de explicar. - À prova de falha (Failsafe). O Malachai mais jovem sempre pode ir até o mais velho. Não existe nenhum lugar nesta
existência que ele consiga esconder-se de seu filho.
Nick finalmente entendeu. - De forma que eu posso matá-lo quando atingir a maioridade.
Kody balançou a cabeça. - Mas é arriscado. Se você não estiver pronto para matá-lo, ele pode matá-lo, e, conhecendo seu pai, não hesitará. Assim como no hospital.
Ela tinha que trazer isso à tona. Não seria um de seus momentos por muito tempo. Ainda que, em sua defesa, estivesse inconsciente e gravemente ferido quando
seu pai entrou no quarto para matá-lo.
Antes que Kyrian e Acheron o levassem para fora e salvado a vida de Nick, seu pai prometeu matá-lo da próxima vez que se encontrassem.
Aplausos para a preocupação paterna.
Mesmo assim, Nick não estava tão seguro sobre a capacidade de seu pai de executar sua ameaça. Não enquanto sua mãe estivesse com ele. Sozinho...
Sim, seu pai seria torrado se tentasse alguma coisa.
Ele lançou-lhes um sorriso maroto. - Por mais estranho que pareça, acho que ele não irá me tocar com minha mãe na sala.
Caleb considerou. - Ele recuará mais rápido que um poderoso e terrível Chihuahua... não que eu o culpe. Cherise é bastante intensa quando se trata de você.
Ela realmente era.
- Então o que nós precisamos fazer? - Nick perguntou.
Kody estendeu a mão para ele pegá-la.
Nick hesitou. Tinha sido enviada para matá-lo. Ela admitiu.
No entanto, assim que esse pensamento passou por sua mente viu a imagem dela segurando seu corpo morto em seus braços e chorando sua perda. Uma vez que ele
havia sido o homem que lutou ao seu lado em sua visão, sabia que isso não poderia ser de seu passado.
Nem fazia sentido aquilo ser seu futuro. Mesmo que fosse, o futuro não foi escrito em pedra. Ambrose ensinou isto. Qualquer coisa pequena, ele podia mudar.
Porém, se aquela visão era um vislumbre de seu futuro, pelo menos em um tempo e lugar alternativo ele e Kody estariam juntos.
O que significava que ela não necessariamente o mataria nesta vida, neste momento.
Talvez.
Olhou para Caleb e lembrou o que seu amigo disse sobre tomar decisões que faziam seu intestino apertar. Este era definitivamente um desses momentos.
Esperando que não vivesse para lamentar isso, Nick pegou sua mão.
- Quando isto terminar, precisamos conversar.
- Nick, eu não posso.
- Shh, - ele disse, cortando-a. - Vamos passar por isso primeiro. - Olhou para Caleb.
- Posso ser seu namorado na escola, mas não vou segurar sua mão. Jamais. - Ele colocou seu punho no ombro de Nick.
- Homofóbico.
- Gênio-meleca.
Nick estalou a língua para ele. - Cay... você me desaponta.
Caleb estapeou por trás de sua cabeça. - Diga a ele como fazer, Kody, antes que minha hostilidade aumente.
- Pense em seu pai, Nick. Então imagine todos nós juntos com ele.
* * *
Adarian passeava pela sala, tentando de tudo que podia para sair.
Foi inútil.
Maldito seja, Grim! Seu cão traiçoeiro!
Devia saber que nunca devia confiar na Morte. No que estava pensando?
No entanto ele sabia. A morte deveria ser seu aliado em todas as coisas.
Desde quando um Malachai já teve alguém em quem confiar? Você está louco? Era verdade. Sua raça era conhecida apenas por fazer inimigos. Nunca amigos.
Todos o odiavam.
Atrás dele, Cherise caiu em outra rodada de soluços enquanto se amontoava no chão aterrorizada pela sua situação, e pelos demônios que queriam matá-los.
Adarian estremeceu com o som. Suas lágrimas rasgavam um coração que ele nem sabia que possuía até o dia fatídico que ela passou por ele na rua. Estava na trilha
de um demônio que queria matar e absorver. Mas aquele desejo fugiu no momento que seu perfume doce o atingiu.
Ela tinha ido fazer compras com suas amigas, cujos rostos não conseguia lembrar. Eram completamente sem importância. Sua atenção esteve somente nela. Seu cabelo
loiro era da cor da luz do sol e seus olhos azuis grandes igual a um céu perfeito.
Mas foi sua risada preciosa que quebrou o gelo dentro dele. Tão cheia de vida. Então muito doce. Ela o capturou em um momento e o deixou impotente contra ela.
Estava tão encantado com ela que até matriculou-se em sua escola e atuou como aluno. Tudo para que pudesse vê-la de longe.
Por mais de um ano, isso foi tudo o que fez. Sentou-se nas aulas de entorpecimento mental apenas para que pudesse estar na mesma sala que ela, como uma flor
desesperada para chegar à luz solar pelas rachaduras irregulares de uma parede quebrada. Não tinha sequer tentado conversar com ela. Não era digno.
E então um dia, milagrosamente, ela o notou sentado atrás dela em uma aula de história. Todos os dias depois disso, ela fazia gestos impetuosos na sala e conversava
com ele antes do sino bater, como se ele fosse um menino normal. Pela primeira vez em sua existência, ele ansiou por sua amizade. Então, a procurava por nenhuma
outra razão senão rir com ela. Nunca quis seu mal. Jamais.
Mas por causa de sua falta de contato humano e ignorância de seu mundo e costumes, não tinha percebido o quão jovem ela era na época. Que foi a sua inocência
ingênua que o atraiu quando devia tê-la deixado sozinha.
Mesmo assim, poderia nunca ter tocado nela e por ingenuidade nunca a beijado. Foi a primeira vez em seus séculos de vida que alguém havia mostrado tanta ternura.
Ou mesmo qualquer ternura.
Ela tinha aberto emoções nele que nunca havia conhecido antes. Que não conseguia entender. Nascido para matar e destruir, um Malachai era uma criatura básica.
Não sentiam absolutamente nada exceto ódio total. Não havia nenhuma outra coisa. Apenas um vazio.
E aquele maravilhoso, lindo beijo...
Ele só lhe ensinara desgosto e tristeza. Miséria. Até hoje, ele daria qualquer coisa se pudesse ter de volta aquela tarde e deixá-la tão pura quanto a encontrou.
Em um piscar de olhos, irrefletido, egoísta, ele matou o que mais amou.
Sou um destruidor.
Foi para o que havia nascido. E destruiu a única mulher no universo que já significou alguma coisa para ele. Condene-me por isso. E bem devia ter sido condenado.
Com o coração partido, ele a alcançou. - Por favor não chore, Cherise. Juro que não vou deixar ninguém machucá-la novamente.
Seu olhar frio o perfurou. - Por que eu deveria acreditar em você?
- Porque é sério. - Ele tentou enxugar suas lágrimas. Ela encolheu-se com seu toque, e seu estômago embrulhou. Por favor, não faça isso comigo...
Tudo que queria era que ela sorrisse do modo que costumava fazer.
Você arruinou tudo. Da mesma maneira que arruína tudo.
- O que você quer de mim, Cherise?
Ela enxugou furiosamente suas lágrimas. - Não quero nada de você. Não quero nada que tenha a ver com você, também.
Sua garganta apertou com uma tristeza desconhecida. Muito bem, minha preciosa...
Ele a deixaria só. Mas teria certeza que ninguém mais colocaria uma luz de tristeza naqueles olhos azuis celestes.
* * *
Nick fez seu melhor para evocar o quarto onde viu seus pais.
Nada aconteceu. Continuou recapitulando a imagem em sua cabeça, mas a cada segundo que passava, perdia a esperança. Não consigo fazer isso. Eu sou um inútil.
Não posso salvar nem minha própria mãe.
Kody levantou-se nas pontas dos pés e sussurrou em seu ouvido. - Eu acredito em você, Nick.- Ela apertou sua mão.
Naquele momento, uma luz branca brilhante atravessou seu crânio e explodiu. Quando isso aconteceu, sentiu como se um ataque repentino atingisse seu estômago,
um que o ergueu de seus pés e o atirou no céu.
Em um segundo, estavam em sua sala de estar. No próximo...
Eles estavam no fim do Canal Street? Sério?
Como consigo ferrar com tudo?
Franzindo o cenho, Nick girou ao redor no centro da área neutra onde o Centro de Convenções Boulevard cruzava com o Canal no World Trade Center.
Ainda piorava? Aquela bruta, assustadora, estátua de palhaço de Mardi Gras que era coisa de filmes de terror e más recordações de infância olhava bem para
ele, zombando de sua incompetência. Sempre odiou o lunático sorriso Batman/Coringa que aquilo tinha.
À luz do dia era perturbador. De noite com as luzes sombrias sobre ele...
- Oi, pequeno menino com seus pequenos amigos, - sua mente criou um falsete demoníaco para a voz da estátua. - Gostaria de brincar com minha cabeça recolhida
em uma vara? Não tenha medo, só quero uma pequena mordida. E só quero a sua alma...
Sim, o psicopata pensava que era uma grande referência quando noventa por cento da população compartilhava sua fobia por palhaços?
- Por que estamos aqui? - Nick perguntou aos seus amigos enquanto encarava o bobo da corte para que não se movesse e fizesse algo de mal, como todo palhaço
eventualmente fazia.
Caleb amaldiçoou baixinho. - Eu devia ter pensado neste lugar.
Nick ficou ainda mais confuso. - Por que? A balsa não funciona tão tarde e o Riverwalk fechou há horas.
- Não, não esses. - Kody soltou sua mão e verificou o relógio. - Você acha que ainda podemos entrar? - Ela perguntou a Caleb, que encolheu os ombros.
Nick estava ficando realmente irritado. - Aonde? Problema? Sincronia? Entre nós?
Eles trocaram um olhar divertido com sua última suposição.
- Você está quente,- disse Caleb com uma torção do mal em seu lábios.
Sim, aquele palhaço estava definitivamente o possuindo.
- Le monde au delà du voile, - disse Kody.
Nick fez uma carranca. - O mundo atrás do véu?
Ela balançou a cabeça. - Por que acha que eles chamam isto de terreno neutro?
- Porque os Creoles estão no Quartier, - ele apontou à esquerda lateral do Canal, - e os americanos no Uptown (parte alta da cidade), - ele apontou à direita,
- não se suportavam. Então deixam ervas daninhas e lixo crescerem para ser uma barreira entre as duas partes da cidade. Mais tarde, começaram a se encontrar aqui
para fazer negócios e vender coisas. Uma vez que estavam realizando uma forma de guerra fria, começaram a chamar todos os medianos onde se encontraram de terreno
neutro.
- É... você continua acreditando em todo tipo de mentiras que nutrimos os humanos. - Caleb bateu sua mão contra ombro de Nick. - Nunca se perguntou sobre a
Spanish Plaza atrás deste lugar?
Estava na rachadura do demônio? - Hum, não. Para falar a verdade não. Além disso, era um lugar fresco para molhar meus pés quando era uma criança.
Kody saltou na loucura de Caleb. - Já notaram que de cima e do alto, a fonte no centro e sua área ao redor tem uma semelhança assustadora com uma Xibalba redonda?
Até o modo que ele se lança ao rio?
- Não. Mas isso tem muito a ver com o fato de eu não saber quem ou que é Xibalba.
- Submundo maia, - Kody explicou. - A palavra propriamente quer dizer "lugar de medo". E no mundo inteiro, existem portas deste mundo para os outros. As portas
que podemos usar para acessar lugares alternativos.
Nick olhou para a estátua sinistra. - Bem, isso explica o Sr. Palhaço Assustador estar aqui, não é?
Um sorriso lento curvou um lado da boca de Caleb quando soltou uma risada baixa, maligna. - Isto vai ser uma diversão retorcida.
- Malphas! - Kody surtou. - Não ouse!
Recuando, Caleb abriu seus braços e riu. - Eu preciso. Eu não consigo resistir. Está me puxando, Kody... não posso parar.- Caleb fingiu uma grande dor física.
Kody rosnou para Caleb antes de pegar a mão de Nick e puxá-lo de perto de Caleb. Nick queria arrastar os pés, mas não podia se realmente isso iria levá-lo
à sua mãe.
Caleb começou a correr, então lançou até o pedestal muito estreito onde estava o palhaço. Nick ficou boquiaberto com o que tinha que ser um salto de seis metros.
Sem mencionar que Caleb teve que equilibrar em algo sobre o tamanho de um estreito dois-por-quatro.
- Esqueça o quarterback. Você devia jogar running back.
Ignorando-o, Caleb alcançou a pequena cabeça do bobo da corte em uma vara que Nick havia chamado de Sr. Pequeno Assustador.
Nick enrolou o lábio. - Não toque naquilo. Vai pegar raiva ou sarna ou parvovírus ou algo assim.
Com outra risada maligna, Caleb tocou a cabeça.
- Tira o dedo do meu nariz, daeve!
Amaldiçoando, Nick saltou três pés de volta quando a estátua ganhou vida. - Eu sabia! Dane-se! Eu sabia que aquela coisa era um servo do inferno!
O bobo da corte ficou de queixo caído quando girou a cabeça em direção a Caleb. - Por favor diga-me que ele não é um de nós.
- Odeio desapontá-lo, Sal.
O bobo da corte fez uma cara de agonia absoluta. - Quantos demônios caíram para ele pode ser contado entre nossa família. Dia triste, triste. - Suspirando
fortemente, agitou a cabeça. Então olhou atrás para Caleb. - Suponho que queira entrar?
- Sim, queremos.
O bobo da corte estendeu a cabeça pequena em direção a Caleb. - Sabe o custo de admissão.
Caleb mordeu seu dedo, então deixou nove gotas de sangue cair sobre a cabeça do palhaço menor.
O bobo da corte bateu em seu coração com a pequena cabeça, em seguida acenou para o alto. Enquanto moveu-se, o sinal do Riverwalk bruxeleou tão rápido que
por um momento, Nick pensou que estava imaginando coisas.
- Obrigado, Sal.- Caleb saltou até aterrissar próximo de Nick. - Está pronto?
- Para pesadelos? Com certeza. Agora terei muitos, Cay, merci beaucoup.
Caleb bufou. - Você é como um bebê.
Sim, claro. - Não sou a única pessoa que não gosta de palhaços, sabia?
Kody bateu levemente em seu ombro em simpatia. Caleb o ignorou.
Quando passaram pela estátua de cavalo de Lafayette gigante ao lado do World Trade, Lafayette ergueu o chapéu de três pontas para eles enquanto seu cavalo
empinava-se em seu pedestal. O cavaleiro da estátua empurrou suas rédeas e acomodaram-se. - Malphas,- disse ele, em saudação.
Caleb inclinou a cabeça para ele. - Gilbert. Que bom ver você.
- Et toi, mon ami. Bon soir.
- À Bientôt.
Com o queixo caindo, Nick piscou para Caleb. - Acho que agora sei o que é que você faz quando não está comigo. Quanto tempo passa aqui? Aparentemente, muito.
Caleb passou-lhe um olhar inocente. - Não sei do que você está falando.
Claro que não sabia...
Sem outra palavra, Caleb os levou sob o sinal do arco de Riverwalk que Nick passou centenas de vezes em sua vida. Normalmente, levava para a Spanish Plaza
onde a monstruosa, fonte ornamentada estava à direita e barra de ostras mais atrás.
Esta noite, o ar parecia tremer ao redor eles. E enquanto passavam embaixo do arco, um flash de luz cegou Nick por um mero segundo. Quando conseguiu ver novamente,
a Praça tinha uma cúpula sobre ela. Em vez do escuro da noite, um sinistro brilho verde a tornou tão brilhante quanto dia. E a água na fonte parecia ser sangue.
- Que lugar é esse? - Sussurrou para Kody.
- Pense nisso como um parque de diversão e a estação de passagem. É onde os demônios que querem entrar no mundo humano podem ficar até que encontrem uma maneira
de entrar. Ou onde demônios de nosso mundo podem vir e misturar-se com não humanos em um ambiente relativamente seguro. - Ela gesticulou para o que parecia ser uma
fila de lojas e um edifício que tinha uma música estranha vindo de lá. - Há até um bordel e bar demônio.
Ótimo...
- É também onde o Hellchasers mantem seus prisioneiros até que possam entregá-los à festa certa. - Caleb diminuiu a velocidade do seu passo quando aproximaram-se
de um homem com cabelo curto castanho e olhos castanhos esverdeados. Usava protetores de braço marrom com bordados de ouro que começaram a arder com a abordagem
de Caleb.
- Falando da dor, - Caleb murmurou para Nick e Kody. Depois, mais alto, ele falou com o homem na frente deles. - Tristan.
Tristan estreitou os olhos perigosamente para Nick e Kody. - Quem são seus amigos, Malphas?
- Não são seus alvos.
- Sim,- Nick adicionou. - Não somos o droids que procura.
Kody ficou horrorizada. - Não insulte o Hellchaser, Nick. A maioria deles não tem senso de humor.
Sem aviso prévio, Caleb inclinou-se à esquerda e andou até um conjunto de portas de vidro que levava a um corredor longo, estreito. - Tudo bem, Nick. Você
está aqui. Fareje seus pais.
- Desculpe?
- Aqui é o Corredor de Holding. Se os viu em uma cela, ela provavelmente seria uma destas.
Nick diminuiu seus passos. - O que é isso? É como a fila da morte de demônios?
- Não. É mais como uma ingestão.
Aquilo não fazia sentido. - Por que meus pais estariam aqui?
Caleb levantou as mãos e encolheu os ombros. - Foi você que nos trouxe aqui.
Verdade. Ainda não fazia ideia do que levou seus pais, não importa o porquê.
Com um profundo suspiro de coragem, Nick convocou seus poderes e usou-os para sondar o éter por um vestígio ou sinal. Suas orelhas ficaram quentes quando ele
finalmente os localizou. Eles realmente estavam aqui.
Obrigado, Deus.
Ele sorriu para seus amigos. - Eu os achei.
Kody pegou sua mão quando Caleb tocou em seu ombro. Nick os teletransportou para a sala... bem em frente ao seu pai. No momento em que eles apareceram, os
demônios nas paredes congelaram em choque, assim como os pais de Nick.
Caleb apertou tanto seu ombro que o feriu. - Uh... Nick.- Ele enunciou cada palavra lentamente e com grande irritação. - Esqueceu-se de nos dizer um pequeno
detalhe importante. - Seu aperto aumentou ainda mais enquanto rosnava rapidamente. - Como o fato de seus pais estarem cercados por paredes finas contendo coisas
que querem nos comer!
Como se ouvissem toda palavra, os demônios passaram a um frenesi de ataque.
- Querido? - Sua mãe correu para ele e o agarrou em um abraço feroz. - Você está bem?
- Tudo bem. E você?
Ela deslizou o olhar para seu pai antes de concordar.
Nick virou lentamente para enfrentar Adarian. Esta era a primeira vez que estava ao lado de seu pai desde que era uma criança. Naquela época seu pai parecia
um gigante e o assustava terrivelmente.
Esta noite, olhavam olho no olho. E mesmo que seu pai tivesse mais peso e massa muscular, ele não mais intimidava Nick.
E Adarian sabia disso.
Mas a única coisa que perturbava Nick era quanto seu pai o favoreceu na aparência. A única coisa diferente era a cor dos olhos. Como sua mãe podia olhar para
ele e não o amaldiçoar ou bater nele, não sabia como. Era uma lembrança ambulante, todo os dias de sua vida, do que seu pai fez a ela quando era mais jovem do que
ele era agora, e nenhuma uma vez em dezesseis anos ela deixou Nick saber isso.
Naquele único segundo, a capacidade total do seu coração e do amor bateu tão fundo, que ele mal podia respirar.
E um dia, ele, que arruinou sua vida inteira nascendo dela, seria a causa de sua morte.
Não era de admirar Ambrose ser o Malachai. Nick finalmente entendeu isso.
- Você é um idiota da primeira magnitude,- seu pai rosnou. - Eu devia tê-lo devorado quando nasceu.
Sua mãe virou-se para defendê-lo, mas Nick não iria deixar. - Está tudo bem, mãe. - Deu a volta para bloqueá-la de seu pai. - Não sou mais uma criança e não
tenho medo dele.
Sua mãe tocou em seu ombro. - Não entendo o que está acontecendo aqui, Nick... onde estamos? Por que não posso ir embora?
Kody colocou seus braços ao redor dos ombros de sua mãe e a puxou de volta. - Está tudo bem, Sra. Gautier. É só um sonho ruim. Isso é tudo.
Nick inclinou a cabeça para Kody, grato por seu apoio e força. Quando voltou-se para seu pai, pegou a expressão indefesa dele enquanto Adarian tinha certeza
de que Kody não estava machucando sua mãe.
O desprezível bastardo realmente amava sua mãe...
Mas o amor em seu olhar transformou-se em ódio brutal quando encontrou o olhar de Nick.
Sim, eles ainda estavam em guerra um com o outro. Não havia dúvida naquele olhar.
- Você faz alguma ideia do que fez? - Adarian rosnou para ele. - Eles agora nos têm a ambos, e não há como sair daqui.
- Isso não é completamente verdade.
Ambos, Nick e seu pai olharam para Kody.
- Não tenho sangue de demônio. Eu posso abrir a porta. Mas o problema que teremos é que sua mãe é humana. Ela é o chocolate Godiva para todas as criaturas
rondando por aqui. Quando sairmos, todos estarão atrás dela.
- E Kody,- Caleb interrompeu, - não tem a senha para esta sala. Então quando ela abrir a porta, um alarme soará e não há nada que podemos fazer para pará-lo.
Os dampeners aparecerão e não poderemos nos teletransportar. Nossos poderes estarão enfraquecidos. O único modo de voltar para o reino humano é chegar ao arco e
passar por ele.
Seu pai saltou para ele. - Você é tão estúpido.
Nick começou a andar para ele, então parou pela primeira vez. Este não era o tempo e o lugar para perder sua paciência. Não enquanto sua mãe e Kody estavam
em perigo.
Olhou para seu doador de esperma. - Vamos lutar. Um dia, nos mataremos. Isso é fato. Mas hoje, temos algo mais importante pelo que lutar. - Passou por um olhar
significativo para sua mãe antes de voltar para Adarian. - Agora, você pode ser o caralho que eu sei que você é. Ou você pode finalmente ser o homem que minha mãe
precisa que seja.
- Você não sabe com o que ou quem você está lidando, garoto. - Seu pai cutucou um dedo no ombro de Nick.
Nick o agarrou e empurrou seu pai para trás. - Estou lidando com um muito velho e patético Malachai que morre e a cada segundo que estou aqui com ele, está
ficando mais fraco e mais doente. Infelizmente, enquanto posso ter todo o poder, você não tem o controle disto. Precisamos um ao outro para conseguir tirá-la daqui.
Então vamos lutar um com o outro, e deixar todo mundo morrer, ou você vai aprender como jogar em um time pela primeira vez?
A expressão no rosto de seu pai revelou que estavam jogando o jogo da morte.
Nick preparou-se para a luta.
Seu pai aspirou com tanta força que parecia um rugido maligno. E quando fez isso, cresceu em altura até que ficou vinte metros de altura. Sua pele mudou de
sua cor amarela-castanha normal até uma mistura de ouro e preto que rodou em um belo padrão. Com olhos de ouro brilhantes, Adarian abriu a boca, mostrando suas presas.
Completamente sem sentir qualquer impressão, Nick deu-lhe um, olhar frio e seco. - Está tentando me assustar? Não está funcionando.
Caleb riu. - Sim, mas coloque uma roupa de palhaço e ele vai gritar como uma menina.
Arrepiada com suas palavras, Kody limpou a garganta.
- Você não é uma menina, Kody.
Ela revirou os olhos. - Oh, pare enquanto você está atrás, Malphas.
Adarian deu um passo em direção à mãe de Nick, depois parou. Olhou para Kody. - Abra a porta, menina. Mas uma vez que estivermos de volta ao mundo humano...
- Seus olhos ardiam vermelhos quando ele alfinetou Nick com desprezo assassino. - Matarei você.
- Bonne Chance. - Nick cobriu sua mãe enquanto Kody manifestou um pequeno arco curvo.
Colocando uma flecha na posição, ela apontou para a parede. - Direto e verdadeiro. Um tiro e terminamos. - Ela piscou para Nick, então girou ao redor e colocou
suas costas contra a parede. No momento que sua pele a tocou, abriu-se.
Ela preparou seu arco enquanto segurava a porta. - Vai.
Eles correram para ela. Mas como Caleb previu, não foram longe. Os demônios desceram neles como formigas de parque em melancia fatiada.
Kody disparou seu arco enquanto Caleb manifestou sua armadura para lutar. Nick usou suas bombas de fogo para atacá-los.
Com suas mãos nuas, seu pai rasgou os demônios, que se amontoavam.
Nick fez uma pausa enquanto assistia seu pai lutando. Seria impressionante se não fosse tão terrível.
Passo a passo, excruciante, fizeram seu caminho pelo corredor abaixo em direção à entrada. Nick manteve sua mãe entre ele e Kody. E quando achava que poderiam
conseguir, seu pai escorregou e caiu de joelhos.
Adarian tentou levantar-se e caiu novamente.
O que estava errado com o demônio mais velho?
Seu pai olhou diretamente para ele. Nick aspirou forte com a visão de seu rosto. Suas feições estavam ocas e pálidas. Magro. Um cobertor espesso de suor o
cobria.
Nick estava enfraquecendo seu pai muito mais rápido que achava possível. A culpa o apunhalou duro. Sem pensar, estendeu a mão para ajudar seu pai.
Adarian mordeu e silvou. - Não me toque!
- Você o debilita muito mais rápido, - Kody advertiu.
Nick colocou mais distância entre eles. Quando eles alcançaram o quarto da frente do corredor, uma sombra disparou da parede. Antes que alguém pudesse identificar
aquilo, ela agarrou sua mãe.
Ele atirou-se para detê-lo e falhou. Adarian não falhou. Ele agarrou o demônio pela garganta e trouxe-o para baixo.
Nick agarrou sua mãe e moveu-se muito mais rápido para a porta. Assim que ele a alcançou, sua mãe era arrancada de seus braços.
- Mãe!- Mas era muito tarde. O demônio alçou vôo com ela. Nick disparou suas asas e lançou-se em direção a eles.
Em seguida bateu na parede. Amaldiçoou na dor que rasgou todo seu corpo. Ele, portanto, não teve como se erguer.
Mas homem, seu pai conseguiu. Ele assistiu quando Adarian baixou a cabeça e a sua aerodinâmica e o coeficiente de resistência o empurrou como uma bala. Ele
e o demônio rolaram e lutaram no ar.
Aproveitando-se de sua desatenção, Nick colocou sua mãe na dobra de seu cotovelo e chutou a porta aberta.
Não muito mais longe.
Quando ainda desciam os degraus, ficou cara a cara com o lobo que o livrou de Helheim. Bloqueando sua fuga, o lobo rosnou e pressionou.
- O que você está fazendo? - Nick o perguntou.
- Não posso deixar você passar desta vez. Não depois que o libertei. A humana é minha responsabilidade e eu devo mantê-la aqui.
Nick agitou a cabeça. - Vamos passar.
- Não posso deixar.
- Você pode e você deixará.
O lobo lançou-se em sua garganta. Nick abaixou-se e o retorceu para longe enquanto Kody movia-se para proteger sua mãe por ele. Caminhando para trás colocando
mais distância entre ele e as mulheres, Nick preparou-se para outro ataque.
- Zavid! - O grito masculino ecoou.
O lobo hesitou. Em seguida lançou-se contra Nick só para ter uma flecha aterrissando bem na frente dele.
- Zavid, renda-se ou você será executado.
O lobo virou-se e rosnou, finalmente dando um olhar em quem estava atrás dele.
Era o amigo de Caleb, Tristan. Ele colocou outra flecha e apontou-a para o lobo.
Nick começou a andar para impedir Tristan de matar Zavid, mas Caleb agarrou seu cotovelo e o segurou no lugar.
- Deixe ir. A luta é entre eles.
- Eu devo ao lobo.
Caleb olhou para a lateral para onde as mulheres estavam esperando, mas ainda em perigo. - Pense em sua mãe.
Nick assentiu. Caleb estava certo. Sua mãe era muito mais importante do que a dívida que tinha com Zavid.
Protegendo sua mãe, certificou-se de que nenhum dos demônios chegariam perto dela. Quando finalmente alcançaram o arco, soltou um suspiro aliviado. Mais alguns
metros...
Caleb saiu primeiro. Kody. E Nick estava ao lado de sua mãe. Tinha acabado de colocar um pé debaixo do arco quando sua mãe gritou.
Um demônio a pegou pelo cabelo.
Amaldiçoando, Nick agarrou o demônio e torceu sua mão até que deixou sua mãe. O demônio caiu para trás.
- Malachai!
Nick virou-se ao mesmo tempo que seu pai. O demônio que gritou disparou uma rajada de raio em sua mãe. Agindo por puro instinto, Nick jogou-se na frente e
colocou seu corpo em volta dela para que a explosão o atingisse ao invés nela.
Isso não aconteceu.
Confuso, esperou várias segundos por aquele choque. Depois olhou para cima. O demônio que disparou contra ela estava preso a uma parede alta acima do chão.
Nick olhou para Caleb, esperando que ele tivesse sido seu matador. Mas Caleb estava completamente boquiaberto.
Assim como Kody.
Ainda mais confuso, Nick teve um mal pressentimento profundo em seu estômago. Girou sempre muito lentamente para ver seu pai no chão com um enorme buraco fumaçando
em seu lado.
Não...
Não podia ser.
Com respirações afiadas, repuxadas, seu pai estendeu a mão para ele. - Aqui, garoto! - Rosnou.
- Não sou um cachorro. - Mas Nick obedeceu de qualquer maneira. - Por quê?
Adarian enrolou seu lábio. - Lamento sua concepção. - Então seu olhar passou de Nick para sua mãe e imediatamente suavizou. - O que eu dou a você, eu dou para
sua proteção. Você está me ouvindo? Abrace seu destino e não deixe nenhum mal tocar sua mãe. - Ele agarrou a cabeça de Nick e puxou-o para perto.
Nick sentiu algo como um golpe quente e penetrante passando através dele. Queimou e trançou como se fosse vivo. A agonia explodiu em seu crânio. Incapaz de
ver, ouvir, ou cheirar, caiu para frente e ainda assim a dor piorava.
Chorando, ele queria que aquilo parasse. Mas não parava. Nem mesmo diminuía.
De repente, um par de braços envolveu sua cintura e o segurou. Do zumbido terrível, ouviu a voz de Kody acalmando-o. - Beba isto, - ela sussurrou, segurando
algo em seus lábios. - Vai ajudar, eu prometo.
Nick engoliu aquilo, mas a dor persistiu.
Com um último rugido, seu pai o soltou. Nick caiu nos braços de Kody.
Atordoado e nauseado, não conseguia respirar. Doeu tanto...
Nick encontrou a carranca de Caleb. Pela expressão no rosto de seu amigo, sabia que ele devia estar muito feio. Seu olhar foi para seu pai, que era agora nada
além de uma mancha escura no chão. Não existia nenhum sangue. Nenhum pó. Nada a dizer sobre o Malachai mais velho que já tinha vivido.
Um tremor de medo passou por Nick. Esse seria seu destino um dia?
- Nick!
Ele olhou em direção de sua mãe para ver um demônio tentando levá-la. Com um assobio, lançou-se sobre a besta e o pegou ao meio. O demônio caiu para trás.
Nick foi para sua garganta e teria rasgado se Caleb não o parasse.
- Sua mãe.
Nick assentiu. Buscando-a, ele desfraldou suas asas e a voou para o arco, depois sob ele.
Só quando voltou ao terreno neutro parou para olhar de volta para os outros. Caleb e Kody estavam logo atrás dele.
Dobrando-se para recuperar o fôlego, Caleb tossiu e tossiu. Kody soltou seu arco enquanto ele desaparecia no ar.
Com o coração batendo, Nick olhou para baixo até ver sua mãe dormindo em seus braços. Ele dobrou suas asas e franziu o cenho. - Por que ela está dormindo?
- Ela é humana. - Caleb enxugou o suor na testa. - Não lembrará de nenhuma parte sobre estar do outro lado. Humanos não conseguem lembrar.
Isso fez ele se sentir melhor.
Caleb balançou a cabeça incrédulo. - Não consigo acreditar que seu pai morreu por você. Que sacrificou a si mesmo por sua mãe...
- Você está livre agora, - Kody disse para Caleb.
Caleb bufou com escárnio. - Quem me dera. Nick me herdou.
- Não posso libertá-lo? - Nick perguntou.
- Só se você me matar, e no momento, eu prefiro que não.
Assobiando, Nick fez careta quando uma dor súbita cortou seu braço.
- Você está ferido.- Caleb pegou a mãe de Nick dele. - Precisa cuidar disso.
Balançou a cabeça quando finalmente viu o que parecia ser um corte violento em seu bíceps. - Obrigado. A ambos. Não conseguiria sem vocês.
Kody sorriu. - A qualquer momento, doçura.
Caleb inclinou a cabeça para a mãe adormecida de Nick. - Vamos levá-los para casa.
Cruzaram a rua vazia, silenciosa. Às três da manhã, não havia quase ninguém fora quando andavam em direção a casa.
- Ei, rapazes? - Kody perguntou. - Por que estamos caminhando? Sabem que podemos nos materializar em casa, correto?
Nick começou a rir quando a comicidade de sua vida o atingiu. - Ainda não estou habituado a tudo isso.
Caleb bufou. - Em minha defesa, estou muito cansado para pensar direito.
Com a intenção de teletransportarem-se, pararam na frente ao estacionamento do Canal Place. Antes de Nick poder mover-se, o som de um animal em dor cortou
o silêncio. Uma sensação ruim passou por ele.
Ele começou a avançar.
- Deixe-o! - Caleb estalou.
Não poderia. Não quando ouviu a ferocidade da luta. Inclinando a cabeça para baixo, correu para ajudar.
Nick derrapou até parar depois do portão onde Tristan tinha Zavid encurralado contra a parede e uma flecha apontada para ele.
- Coloque isto! - Tristan gritou.
Nick não tinha ideia sobre o que Tristan queria que Zavid fizesse, mas não deixaria que ele sofresse mais. Não depois de tanta coisa que o lobo tinha passado.
Tristan disparou sua flecha.
Nick jogou sua mão e usou seus poderes para desviá-la. Para seu choque imediato, isso realmente funcionou.
Essa foi a primeira vez.
Tristan virou-se para ele com um grunhido. - O que você fez?
- Não posso permitir que mate-o.
Pelo expressão do homem, era óbvio que Tristan queria plantar aquele arco em algum lugar especial no corpo de Nick.
- Estou muito atrasado? - Caleb perguntou quando juntou-se a eles. - Ele fez algo estúpido?
- Sim. Em ambos os casos. - Com passos largos furiosos, Tristan passou andando por Nick.
- O que há de errado com vocês dois? - Nick foi até Zavid, que se encostou contra a parede. Com respiração ofegante, ele não se movia.
Caleb aspirou bruscamente entre os dentes. - Você não salvou sua vida. Por favor diz que não fez isso.
- Não. Eu apenas impedi Tristan de atirar nele.
Caleb soltou uma maldição tão suja que Nick recuou.
Nick fez uma careta. - Qual é o seu problema?
Caleb olhou para ele com uma fúria que não conseguia começar a entender.
- Você queria saber como seu pai me escravizou? Ele salvou minha vida, Nick. É assim que funciona. Quando um Malachai poupa a vida de qualquer demônio, ele
se torna seu mestre até o dia que morra. Esta é outra razão para que todos nós odiemos sua espécie.
Nick não conseguia respirar enquanto aquelas notícias o derrubavam.
- Por que não me disse antes?
- Porque nunca pensei que seria tão estúpido.
- Bem, deveria me conhecer melhor do que isso, não deveria? - O olhar de Nick passou de Caleb para Kody, que parecia tão mal quanto ele.
- Parem de brigar, você dois, - ela disse. - Não há nada mais a ser feito. Sobrevivemos hoje à noite. Devemos estar agradecidos. Agora podem fazer o que quiserem,
mas eu estou levando Cherise para casa, e depois vou mergulhar em um bom banho quente até o amanhecer. - Ela desapareceu.
Caleb fechou a distância entre eles. - Estou indo, mas antes de ir, quero deixá-lo com este pensamento. Seu pai está morto e não é mais uma ameaça para você.
Mas você ainda não tem todos os seus poderes. Essa bebida que Kody deu a você era uma poção de ligação e isso vai ajudar a protegê-lo daqueles que agora se lançarão
contra você. Mas isso não é permanente e pode ser quebrado. Intencionalmente ou por acidente. Mas a coisa mais importante para você digerir é que nós não sabemos
quem sequestrou você ou aos seus pais. Se seu pai sabia, ele levou isso com ele para o grande além, e sua mãe nunca lembrará.
O que significava que existia um inimigo verdadeiramente assustador lá fora e sabia que ele era o Malachai.
Um inimigo que sabia quem era sua mãe...
Merda.
Caleb girou e foi embora, deixando Nick sozinho com Zavid, que se transformou em seu corpo humano.
Zavid olhou para ele. - Devia ter deixado ele me matar, Malachai.
- Você não quis dizer isto... vamos, deixe-me levá-lo para casa e limpá-lo.
- Eu não sou um animal de estimação,- Zavid ferozmente rosnou.
- E eu não sou um mestre. Só queria ajudar.
Zavid franziu a testa como se não entendesse o idioma que Nick estava falando. - É tudo o que queria?
- Honestamente. Daria qualquer coisa para ter uma vida meio normal. - Suspirando aborrecido, Nick ajudou Zavid a levantar-se e depois teletransportou-os para
seu apartamento, onde Kody já havia colocado sua mãe na cama.
Nick mostrou a Zavid como usar o chuveiro, e em seguida deixou-o.
Exausto e preocupado com as coisas que Caleb tinha falado, juntou-se a Kody na sala de estar e a puxou em seus braços. Ele apertou sua testa contra a dela.
- Somos amigos ou somos inimigos? - Perguntou-lhe, precisando saber em que pé estavam.
- Só seremos inimigos se você quiser assim.
Amigos podiam matar tão rápido quanto inimigos. Ela não queria dizer aquelas palavras, mas ele estava aprendendo a pegar aqueles furos subjacentes.
Querendo confiar, mas com medo do que poderia acontecer se fizesse isso, ele a beijou. - Nos veremos amanhã.
- Tem certeza?
Ele balançou a cabeça. - Vamos tenta resolver isso quando eu não estiver tão cansado, tão atordoado.
Kody beijou sua bochecha. - Certo. Durma bem. Não deixe que o Hel Hound te morda.
- Você não é engraçada.
Ela enrugou o nariz nele, depois tocou seus lábios com seus dedos.
- Amanhã, meu Cajun. Vai ser um dia todo novo. - E com isso, ela recuou e o deixou.
Sentindo-se mais velho que Acheron, Nick tropeçou até seu quarto e lançou-se sobre a cama. Ele quis ficar acordado e ajudar Zavid a se aclimatar neste mundo.
Mas no momento em que sua cabeça tocou a suavidade de seu travesseiro, esteve fora do ar.
No entanto, quando fechou os olhos, houve um clarão, seguido de um sussurro leve.
Seja cuidadoso com o que deseja.
Você pode conseguir.
EPÍLOGO
- Nick? Querido? Não está realmente dormindo, não é?
Nick piscou seus olhos abertos quando alguma música alta que ele não sabia tocou em seus ouvidos. De fato, estava cercado por todos os tipos de barulho. Como
uma festa.
O que...?
Ergueu a cabeça de seus braços cruzados para não se encontrar na cama que havia caído, mas em um...
Baile de Formatura?
Franzindo o cenho, examinou a sala escura onde seus colegas estavam se divertindo. Sua mandíbula relaxou. Mas o que o derrubou mais foram as pessoas sentadas
à mesa com ele. Caleb estava à sua direita, mas em vez do belo menino atleta que deveria ser, Caleb estava um pouco pesado e usava um aparelho ortodôntico.
Aparelho? Era algum tipo de festa a fantasia?
E Simi, que estava vestindo um vestido rosa discreto com babados até seus tornozelos com um suéter abotoado até o queixo, segurando a mão de Caleb. Demônio...
Simi...
Casey estava ao lado dele, usando um par de óculos de lentes grossas e um vestido antiquado que parecia algo da década de 1980. Isto é um sonho?
Era muito real para que, e ainda...
- Nick, você está bem? Está parecendo um pouco fora do clima.
Não. Ele definitivamente não estava bem. Sentiu como se alguém tivesse acabado de esmurrar seu nariz e seu olhar ficasse bloqueado em um pequeno, curto e grosso...
nerd cujos olhos e cabelo eram todos muito familiares.
Não... não pode ser.
Poderia?
- Stone?
Ele sorriu alegre. - Sim, amigo. Eu deveria chamar seu pai para vir buscá-lo? Não está em condições de dirigir.
- Eu posso levá-lo para casa.
Nick gelou ao ouvir a voz que não queria reconhecer. Não, não, não. Não havia nenhum modo de que ele estivesse aqui. Seu estômago apertou, Nick tinha horror
em saber para onde seu pesadelo iria levá-lo desta vez. Não olhe. Não.
Mas era como um acidente de trem. Não se conteve. Tinha que saber.
Pare!
No momento em que se virou, sabia que tinha morrido e ido para o verdadeiro inferno. Essa era a única explicação plausível que podia meter na cabeça. A única
explicação que fazia sentido.
Porque isso...
Essa era a festa mais bizarra de todos os tempos.
Era Ash... um metro e cinquenta e dois de altura com cabelo castanhos curtos e olhos azuis. E vestindo um smoking cor de rosa...
Nick riu do que era muito mais assustador que engraçado. Não sabia mais o que fazer... exceto gritar, e isso poderia levá-lo a ser colocado em uma camisa de
força. Talvez eu já esteja louco.
Sim, isso era um pouco mais aceitável que este pesadelo atual.
Engoliu em seco, depois voltou sua atenção para Stone. - Posso fazer uma pergunta estranha?
- Se for necessário.
Passando a mão pelo cabelo, Nick tentava compreender por que estava tendo um sonho ferrado. O que tinha comido?
Mas no momento, não tinha escolha a não ser superar esse... horror.
- Qual o nome do meu pai?
Todos riram.
Sim, desse modo não era engraçado. Forçou-se a não insultá-los por sua zombaria. - Vamos lá, pessoal. Apenas joguem junto e respondam a pergunta.
Ash bufou, depois respondeu em um tom nasal. - Você conhece seu pai, Nick. Michael Burdette. Ele é contador e trabalha com o pai de Caleb.
Caleb tinha um pai, também...
Certo. Por que isso agora? E gordas fadas voadoras faziam as roupas de Nick toda noite e deixavam para ele no banheiro.
Nick arqueou uma sobrancelha para Caleb. - E seu pai seria...?
- Qual é o seu problema, Nick? Você sabe que meu pai é o melhor amigo de seu pai e sempre foram amigos. Caleb Fingerman? Olá? Mark é meu pai.
Nick começou a rir. Não conseguia parar. Sim, isso tudo era insano. - Ok, acabou a piada, todo mundo. Ha. Ha. Você me pegou.
- Que piada? - Ash, Caleb, e Stone perguntaram enquanto as mulheres olharam como se ele fosse a única pessoa louca.
Incapaz de lidar mais com isso, Nick ficou em pé e franziu os lábios. - Sabe, para uma piada funcionar realmente precisa ser engraçado... e isto não é nem
um pouco. - Bravo com eles, saiu correndo para o banheiro para jogar água no rosto e acordar.
Algo tinha que tirá-lo deste inferno e levá-lo de volta para casa.
Mas no momento em que Nick olhou para o espelho do banheiro, congelou em horror absoluto. Não só estava em um fraque azul feio que nunca usaria, como seu cabelo
era loiro, e seus olhos eram de uma cor cinza médio.
Sou baixinho?
Com o coração batendo, verificou suas pernas para ter certeza que estavam intactas.
Estavam.
E ainda tinha um metro e setenta.
Não...
Mais que isto... todos os seus poderes foram embora. Cada um deles. Não tinha nada.
Nick ficou boquiaberto com o rosto que viu no espelho e que não era seu. Beliscou-se e agitou a cabeça. Era ele. De alguma maneira transformou-se em um cara
loiro baixinho.
Incapaz de aceitar isto, tentou tudo o que podia para acordar.
Isto não é um sonho.
De alguma maneira aquilo era real.
Madaug entrou e zombou dele. Ele não era mais fraco e nerd, tinha um metro e oitenta e dois e com físico definido. - O que está olhando, Burdette?
- Burdette? - Nick repetiu, procurando Bubba.
Madaug o empurrou. - Nick Burdette? Não consegue nem reconhecer seu próprio nome? - Ele revirou os olhos. - Droga, pirralho, ficou mudo? - Foi até o mictório.
Atordoado, confuso e horrorizado, Nick tropeçou para o baile de formatura, que estava cheio de pessoas que ele conhecia, mas não reconhecia. Pegando alguma
coisa, qualquer coisa para provar que aquilo não estava acontecendo, puxou a carteira e verificou sua licença de motorista.
Era o loiro "novo" na fotografia, mas o que mais o atingiu como um chute na virilha foi o nome.
Nicholas Michael Burdette.
- O que diabos aconteceu?
E o mais importante... Como podia desfazer aquilo quando não tinha mais nenhum poder e seus aliados eram terrivelmente normais?
Sherrilyn Kenyon
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