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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


INFRACTION /Rachel Van Dyken
INFRACTION /Rachel Van Dyken

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

O jogador profissional de futebol americano Miller Quinton faria qualquer coisa por seu melhor amigo e companheiro de equipe, incluindo um ‘namoro falso’ com a irmã dele. O que ninguém sabe é que em Vegas, sete meses atrás, Miller e Kinsey fizeram muito mais do que apenas beijar. Miller sabe que essa líder de torcida está fora dos limites para ele e qualquer cara da equipe. Mesmo assim, Miller não consegue parar.
Todo o mundo de Kinsey está quase ruindo. O seu pai tem câncer. Seu irmão superprotetor está desmoronando. Sair com Miller pode ser uma mentira, mas ele é o único cara que pode fazê-la esquecer tudo, incluindo todas as razões pelas quais ela ficou longe de jogadores de futebol. Com cada momento quente, Miller parece cada vez mais com um lugar seguro... embora ele não seja seguro de jeito nenhum.
Agora, a tentação está testando todas as regras no jogo do amor. Mas quanto tempo eles podem continuar jogando, quando vencer é um objetivo muito mais difícil do que qualquer um deles imaginou?

 


 


Prólogo

MILLER

“É o nosso segredo, certo?” Seu olhar preocupado não me deixa à vontade, nem um pouco. Já o meu corpo rejeita a ideia de manter segredos, especialmente do seu irmão, o meu melhor amigo, o atacante dos Bucks, o cara que eu deveria bloquear e defender e pegar suas bolas — o mesmo que, anos atrás, tinha trancado sua irmã em casa, para que ela perdesse o baile. Esse cara.

“Certo.” Kins lambe os lábios, arrasta-se para fora do quarto e escapa de volta para o sofá. Meu corpo sente sua ausência.

Eu não deveria tê-la beijado.

Ela não deveria ter me beijado de volta.

E Kins, com certeza, não deveria ter se arrastado para cima de mim.

Droga, com certeza eu não deveria tê-la deixado!

Talvez fosse eu. Minha culpa. Talvez ainda estivesse quebrado pelo fato de que minha melhor amiga de infância, a garota por quem pensei que ainda estava apaixonado — estava atualmente noiva de Sanchez, nosso receptor e, basicamente, o único cara no universo que era difícil odiar apesar dele ser um merda arrogante.

Bato no travesseiro com as duas mãos e, em seguida, o empurro para o chão.

Kinsey rasteja de volta para o quarto. “Desculpe, esqueci a minha um...” ela aponta para o chão, corando, e depois bate em sua testa. “Roupa íntima. Eu estava com ela. E não consigo encontrá-la. Precisamos encontrá-la, Miller!” Um lençol voa pelo ar, seguido por um travesseiro.

Eu me esquivo. “Pare de entrar em pânico.” Porquê? Por que ela tem que ser tão linda?

Afasto o restante dos lençóis enquanto ela olha debaixo da cama. Jax mandou uma mensagem dizendo que estava vindo falar comigo, e se ele a encontrar no meu quarto, haverá derramamento de sangue e absolutamente nenhuma palavra compartilhada entre nós. O cara literalmente me disse que iria envenenar qualquer cara da equipe que saísse com ela, e quando chamei o seu blefe, ele me mostrou o histórico de pesquisa em seu telefone sobre as formas de sair impune de um assassinato. O cara era psicótico ou apenas, realmente, leva a vida sexual de sua irmã muito a sério, ou ambos.

Bem feito, Miller, foi negociado pelos Bucks, e depois da primeira temporada do campeonato você decide foder a irmã do Jax! Plano de mestre!

“Encontrei!” Kins grita, triunfante, empurrando a calcinha de renda no ar como um troféu, enquanto o meu corpo fica duro com as imagens gráficas que aquela calcinha conjura. Imagens das minhas mãos em seu corpo, minha boca chupando-a até secar. Engulo em seco. Sim, eu seria envenenado hoje. Nenhuma dúvida sobre isso. Já que no momento que ando em direção a ela, a voz de Jax enche a grande cobertura.

“Miller, você está no seu quarto? Onde está Kins?”

Ela esconde-se no outro lado da cama enquanto o encontro rapidamente na porta do meu quarto. “Kins? Como vou saber, talvez você devesse colocar um sino nela? Melhor ainda, uma daquelas coleiras de rastreamento que se põe em cães?”

“Bom plano.” Jax revira os olhos. “Olha, eu sei que você estava acordado até tarde na noite passada ficando bêbado pra caramba.” Foi a minha vez de revirar os olhos. Eu ganhei o campeonato. O Campeonato. É claro que eu tinha bebido pra caramba. “Mas tenho um favor a pedir.”

“Claro.” Dou de ombros, minha boca seca. Eu faria qualquer coisa para tirá-lo do meu quarto. “O que você quiser homem, é seu.”

“Ótimo.” Jax suspira de alívio. “É só que, um dos ex de Kinsey voltou e o cara é problema — então eu preciso da sua ajuda.”

“Quer que eu o mate?” Ofereço, concordando completamente com a ideia, mas chateado comigo mesmo por pensar que tivesse algum tipo de parte ou reivindicação sobre uma menina que dias atrás eu nem estava ansiando ou pensando.

Deus, ela cheira bem.

“Miller?”

“Hã? Sim?” Pisco. Merda, o que mais ele disse?

“De qualquer forma, acho que se nós apenas arrumarmos a merda, as coisas vão mais rápido.”

“Mais rápido.” Repito lentamente.

Jax se inclina. “Você ainda está bêbado, homem?”

Pela sua irmã? Claro que sim, eu estou. “Não, estou totalmente sóbrio.” E duro, ainda duro. Isso também.

“Nossa avó está sentindo falta dela de qualquer maneira, por isso este é o plano perfeito. Simplesmente não tenho tempo para empacotar toda a sua merda e tentar convencê-la de que é uma boa ideia.”

“Serei a pessoa que vai empacotar ou que vai convencê-la?” Não tento recuar quando ele me olha como se eu estivesse medicado.

“Cara, esse é o favor. Sério, você não bebeu, nem mesmo um pouco? Vocês são próximos. Convença minha irmã louca a ir para a Europa passar o verão para que eu não precise me preocupar com a merda na cabeça dela enquanto estamos treinando para a pré-temporada.”

Engulo em seco. “O que faz você pensar que ela me ouvirá?”

Jax se estica, as sobrancelhas escuras franzidas, antes de me dar um leve encolher de ombros, que basicamente transmite que ele não uma tem ideia do caralho de que sua irmã está seminua, no meu quarto, provavelmente, ainda queimando pela memória de nós nos arranhando na noite anterior, e que eu estava pensando em assassiná-lo para fazer tudo aquilo novamente. “Porque vocês são amigos.”

Amigos.

Nunca odiei essa palavra mais do que odeio agora, e não por causa do significado por trás dela, mas porque eu estava mentindo para Jax, meu amigo, um cara que respeito; um dos nossos capitães de equipe, o meu atacante, porque a mão que ele sacudia tinha acabado de acariciar o corpo nu da sua irmã e a desejava mais do que malditamente deveria.

“Tudo bem,” falo, odiando o fato de que a palavra maldita sequer existe no idioma Inglês. “Você sabe, talvez eu não esteja me sentindo tão bem. Acho que vou deitar antes de falar com ela.”

“Obrigado.” Jax assente. “Vou sair para comprar o café da manhã.”

Observo-o sair.

E espero o inevitável.

“Então, amigos, né?” Veio a voz de Kinsey, e depois, aquela calcinha maldita foi atirada no meu rosto, seguida de um travesseiro e outro e outro, até que todos os travesseiros estavam no meu lado da sala. Que diabos tinha aquela mulher com os travesseiros?

“Os melhores.” Viro-me e tento o meu melhor em um sorriso arrogante.

Kinsey não se apaixonou por mim.

“Não irei.” Com as mãos nos quadris, ela me encara. “Além disso, odeio o meu ex. Jax não tem nada com o que se preocupar.”

“Quando Jax se preocupa, a equipe se preocupa, porque a equipe precisa dele para não ir mal, portanto, por que não ir para a Europa passar o verão? Você estará de volta a tempo para ter a sua equipe em forma para a temporada e todos ficarão felizes.”

Todos, menos eu.

Deixo essa parte de fora.

“Todos?” Kins lambe os lábios conforme insegurança atravessa o seu rosto.

“Merda, Kins, você sabe o que quero dizer.”

“Então eu devo ir?” Sua voz está pensativa, mas seus olhos fazem aquela coisa de piscar, que faz quando esta a segundos de distância de qualquer um bater seu irmão na cara ou ir chutar o pau de alguém. “Não é, Miller?”

Quero que ela fique.

Quero descobrir o que há entre nós antes disso escapar.

Eu anseio o que tínhamos compartilhado. Anseio por algum tipo de ligação emocional tangível.

O que não preciso? De outro coração partido.

Idiota.

Estúpido.

Fraco.

Tanto faz.

Estou cansado de relacionamentos.

Cansado da dor que vem com eles e o sentimento de desamparo que sempre aparece depois que acabam.

“Sim, Kins.” Engulo a secura repentina na minha garganta, a dor em meu peito, e o olhar de dor em seus olhos brilhantes. “Acho que você deve ir.”


Capítulo um

KINSEY

 

Sete meses mais tarde

Duas semanas antes da pré temporada

 

“Você está sendo ridículo.” Jax, meu irmão, ‘o atacante da América’ e tudo que cerca o Sr. Perfeito, com seus olhos azul-bebê e cabelos castanhos encaracolados, não estava olhando na minha direção!

Estalo os dedos na frente do seu rosto. Com um suspiro, ele pressiona o pause no controle remoto da TV e lentamente olha para mim. “Você é linda.”

“Ganhei quase cinco quilos.”

Jax encolhe os ombros. “Onde?”

“Onde?” Repito. “Onde?” Eu estava prestes a dizer uma terceira vez quando uma batida soou na porta.

“Bom, Miller finalmente está aqui.” Jax levanta-se da poltrona e abre a porta enquanto eu permaneço imóvel e quase paro de respirar completamente.

Miller.

O maldito MILLER está aqui?

Não o vi desde Vegas.

Realmente o evitei como a peste, até que parti para a Europa, apenas para descobrir que ele tinha saído sem parar desde que eu tinha viajado! Não que eu o tenha perseguido, ou prestei atenção as mídias sociais, incluindo os sites de fofocas, tweets e hashtags estúpidas sobre seus bíceps. Não, nem mesmo aqueles que diziam que ele era o mais quente bloqueador ofensivo ou um bloqueador ofensivo feito para o pecado. Particularmente ignoro esses, por razões óbvias. Eu vi aquele bloqueador ofensivo de perto e pessoalmente — eles não têm ideia do tipo de pecado que uma menina comete quando é confrontada com aquilo — e seus lábios perfeitos. Eu tremo, então mentalmente me estrangulo até que meu ego mental perde toda a consciência.

Controle-se, Kins.

Fui capaz de fazer isso por anos!

Eu tinha sido constantemente cercada por jogadores de futebol e por homens de boa aparência com músculos e dinheiro suficiente para fazer qualquer humano irracional.

Miller era como qualquer outro jogador de futebol estúpido que eu já tinha conhecido, quero dizer, exceto o meu irmão. Pelo menos Jax manteve suas calças e não usa sua arrogância em sua manga como um emblema de escoteiro.

O distintivo de Miller provavelmente diria algo como ‘A maioria dos orgasmos dados por causa de um sorriso’. E estaria certo.

“Como foi a sua corrida?” Jax pergunta todo casual conforme o cheiro de Miller enche o ar. Não quero inalar, não quero as memórias que vem com seu cheiro, memórias de nossos beijos roubados, a forma como sua boca encontrou todas as minhas necessidades antes mesmo que eu soubesse que as tinha.

“Ótima.” Sua voz estava tão sexy como sempre, com uma pitada de rouquidão aveludada que me deixa completamente louca e faz minhas pernas fracas junto com o meu autocontrole. Minha obsessão com Grant Sanchez nunca tinha sido tão grande; era luxúria, nada mais. E foi por isso que nunca fiz nada sobre isso e fiquei feliz quando ele começou a namorar Emerson, minha companheira de equipe e agora minha amiga.

Finalmente olho para cima.

Nossos olhos se encontram. Há quanto tempo Miller estava olhando para mim?

Engulo em seco.

Ele imita o meu movimento, e por alguma razão, parece que sua garganta se move em câmera lenta. Aquela maldita garganta, toda suave e musculosa. Certo. Como se ele tivesse uma razão para estar nervoso ou até mesmo chateado. Miller era um paquerador em série que tinha basicamente me dito cara a cara, veja bem, depois de fazer sexo comigo duas vezes, que eu deveria deixar o país e ir para a Europa passar o verão!

Não é a melhor maneira de fazer uma garota se sentir segura. Acrescente o fato de que ganhei quase cinco quilos porque os europeus comem um monte de pão, e eu tinha deixado o país com um coração quebrado misturado com a fúria de uma mulher desprezada. Estava completamente pronta para me atirar de um penhasco ou pelo menos colocar um saco de papel sobre a metade macia do meu corpo que, desde que voltei para os Estados Unidos, se recusa a me deixar eliminar os quilos que ganhei.

“Então, o que está acontecendo?” Miller finalmente estala sua atenção de volta para o meu irmão, e novamente fico invisível. “Seu texto disse emergência familiar.”

Todos os cabelos na parte de trás do meu braço arrepiam. Emergência familiar?

Jax parece desconfortável quando abaixa a cabeça e, em seguida, passa as mãos pelo seu cabelo encaracolado. “Ele está no time de treino.”

“Ele?” Repito. “Quem é ele?”

“Ele fez?” Miller cerra os punhos. “Isso é besteira.”

“Isso foi o que eu disse.” Jax responde. “Eu mesmo fui até o treinador e expliquei que seria ruim para a moral da equipe, que a razão pela qual ele não pode ficar na liga é porque ele é um idiota egoísta que prefere levar toda a glória a dar um maldito passe, mas o treinador não quis ouvir. O treinador disse que suas estatísticas eram boas e o cara era barato, e após perder alguns jogadores depois do campeonato, devemos reconstruir com os jogadores que não custam tanto quanto nós.”

Sorrio para isso.

Jax, Sanchez, e Miller são os três dos jogadores mais bem pagos da liga. Faz sentido que tentem encontrar bons jogadores por menos dinheiro, não que precisem disso desde que esses caras ganham jogos com os olhos fechados, mas tanto faz.

“Quem é esse cara de quem vocês estão falando?” Pergunto em voz alta. “Porque vocês dois parecem muito chateados com isso, e nenhum de vocês é o tipo de perder a cabeça—” Miller arqueia uma sobrancelha em minha direção como se eu tivesse terminado com uma voz oca. “Em um, hum, giro.” Tusso, dou um tapa em meu peito e tusso. Por que ele estava aqui de novo?

“Você está ficando doente?” Jax está ao meu lado imediatamente.

“Não.” Não consigo encontrar os olhos de Miller por medo de confessar tudo ao meu irmão e conseguir um jogador de futebol assassinado e outro trancado em uma cela na prisão para apodrecer. “De qualquer forma, esse cara? Quem é ele?”

A sala fica silenciosa.

E, em seguida, uma tensão enche o ar, tão espessa que quase sinto asfixia. Jax está olhando para mim com raiva, e Miller com piedade.

Ah não.

“Não.” Fico com as pernas trêmulas. “Não.”

“Eu tentei Kins.”

“Andy.” O meu ex, que Jax tentou me manter longe, ao que parecia, ficaria. “Como é que ele não foi atropelado por um carro ainda? Ou foi expulso para a terra por maridos irritados e ex-namoradas? Foi comido por cães? Engolido por uma baleia—”

“Ele não é Jonas,” Miller interrompe.

Dou-lhe um olhar aquecido e jogo minhas mãos no ar. “Então, ele está aqui. Grande negócio. Vou evitá-lo, ele vai me evitar, e tudo ficará bem no universo. Se vocês meninos me desculparem, verei um homem enquanto dou um cochilo.”

“Ela tem um homem lá dentro?” Miller perguntou a Jax.

“É o único tipo que eu a deixo ter, especialmente depois de Andy.”

“O tipo de pelúcia?”

Já estou indo embora quando ouço Jax chamar o meu nome.

Rangendo os dentes, eu paro e me viro. “Sério Jax, estou exausta.”

O olhar de Miller passa por cima de mim como se eu fosse a única refeição quente que ele tinha visto depois de sobreviver a uma tempestade de neve que durou dez anos. Tremo e tento ficar firme, e por ficar firme quero dizer, eu tento não correr em sua direção e me jogar contra sua boca.

“Vocês vão namorar,” Jax anuncia.

A expressão atordoada de Miller não me dá esperança de que ele já esteja a par da ideia mais estúpida de todos os tempos.

“Não.” Dizemos em uníssono, em seguida compartilhamos um olhar.

“Por que você está sugerindo isso?” A voz de Miller está estranhamente calma, seus olhos azuis selvagens. “O ponto não é manter os caras longe da sua irmã? Eu incluído?”

Jax suspira. “Confio em você.” Seus olhos procuram Miller. “Você sabe que Anderson é problema. Olha, eu pensei que ao longo de toda—”

“Não vou fazer isso.” Cruzo os braços. “Jax, você não pode controlar tudo ao seu redor. Continue com o futebol. Você é bom nisso. E sou uma mulher adulta!”

“Você tem vinte e dois,” Jax aponta com uma voz altiva que soa estranhamente como a de meu pai quando bebia muita gemada no Natal. “E não quero me preocupar com você. Se ele te ver com Miller, Anderson vai recuar, especialmente porque quer um lugar na equipe. Ele não se comprometeria apenas para ter uma chance de...”

Eu suspiro.

Miller dá um tapa no peito.

“A chance do quê?” Dou um passo em direção a ambos, ansiosa para dar-lhes olhos roxos correspondentes. “Dormir comigo? Isso é o que você ia dizer? Que eu não valho nem mesmo pôr a carreira em risco? Obrigada, Jax, você realmente sabe como fazer uma garota se sentir bem!”

“Deus, pela última vez, você não está gorda!” Jax grita.

Miller levanta as mãos como se não tivesse certeza do que fazer.

“E vocês vão sair!” Jax empurra um dedo na minha direção. “Confio no Miller, ele não tocaria em você! E eu preciso me focar este ano. Eu só—"

“Jax,” suavizo a voz. “Sobre o que é isso realmente?”

Eu nunca vi meu irmão tão estressado. Seu rosto trai seus trinta e dois anos, pela primeira vez desde que ele começou na liga.

“Não posso me preocupar com mais uma coisa.” Ele olha para o chão e seu corpo treme antes de puxar seu cabelo e xingar.

“Só mais uma coisa no topo para ganhar?” Estendo a mão para ele. “Ajude-me a entender, porque você está agindo mais psicótico do que o normal.”

Lágrimas enchem os olhos de Jax, ele empalidece e deixa escapar em um tom abafado, “Nosso pai...” ele respira. “Ele tem câncer.”

E assim, o meu mundo passa de cores brilhantes para cinza. “O-o quê?”

“Mamãe me pediu para não lhe dizer enquanto estava na Europa. Ela não queria preocupá-la e—” a voz de Jax vacila.

Eu cresci com um irmão que nunca vacilou.

Que nunca chorou.

Que sempre me deu a impressão de que, assim como o meu pai, ele foi enviado à Terra para ser uma espécie de super-herói do futebol.

Eu preciso de força agora, porque nunca fui aquela pessoa na família. O pilar — meu pilar atualmente está desmoronando diante dos meus olhos, e não sei como fazê-lo se sentir melhor.

Parece que uma bomba acabou de cair na sala.

Por mais de uma razão.

Procuro os olhos de Jax e o que encontro lá me faz querer protegê-lo da mudança.

Não é uma pergunta.

De modo nenhum. Mas antes que eu possa responder Miller fala por nós dois.

“Vou fazer isso.” A voz rouca de Miller retira a dor do meu peito o suficiente para que o meu corpo respire. “Vamos namorar. É uma coisa a menos para vocês pensarem. Considere isso feito.”

E apenas assim.

Estou oficialmente namorando o bloqueador ofensivo dos Bucks Bellevue, o cara que dormiu comigo, e me empurrou para fora do país, o companheiro e melhor amigo do meu irmão — Quinton Miller.


Capítulo dois

MILLER

 

Estou fodido.

Não há nenhuma outra forma de contornar isso.

As palavras saíram da minha boca antes de eu ter uma maldita chance de detê-las. Mas no momento em que foram lançadas para o universo e vi a expressão pálida de Kinsey, o suficiente para que eu não ficasse com medo que ela desmaiasse, então, me senti melhor.

O melhor que me senti em meses.

Porque eu a tinha salvo.

E a última vez em que a vi?

Eu ferrei com ela.

Ambas as vezes por meio do seu irmão.

Merda, esta temporada não está começando tão bem.

“Ótimo!” Jax exala e depois inspira e expira novamente. Ele bate nas minhas costas e me dá uma massagem meio estranha antes de me empurrar para longe e coçar a cabeça. “Eu, uh, aprecio isso, Miller, eu só—”

“Não há de quê.” Não, é sério. Não. Porque cada vez que o nome Kinsey rola fora da sua maldita língua, todo o meu corpo zumbe com consciência e meus olhos procuram por ela.

“Diga-me mais sobre o papai,” Kinsey implora; seus lábios pressionados em uma linha fina antes de cruzar os braços e os esfregar.

Jax baixa a cabeça. “Agora não, Kins.”

Suas mãos se fecham em punhos minúsculos.

É injusto que ela esteja tão linda, que minha boca queime para acariciar a dela, que quero devorar cada palavra que cai de seus lábios deliciosos mesmo que estejam cheios de amargura e ressentimento. Seus olhos estão cobertos com preocupação e mesmo assim, ela ainda é linda. Kinsey. A única garota que está fora dos limites — a única garota que não consegui me fartar.

O tipo de mulher que faz um homem se sentir melhor, mesmo quando ele está no seu pior.

Lágrimas enchem seus olhos e, em seguida, ela vem em minha direção.

Não tenho certeza se me afasto ou apenas deixo que ela me bata, que acabe com isso, e peço a Deus que não exponha o que fiz. Se Jax descobrir, estarei morto, e também estaria na consciência dela.

“Tudo bem.” Kins cutuca o meu peito com um de seus dedos. Seu rosto está mais suave do que o normal, um pouco mais redondo. O peso que ganhou (não que eu admitiria a ela que percebi isso) parecia bom para ela, como se estivesse finalmente saudável, ganhando essa bunda pela qual estava comicamente obcecado desde que minha melhor amiga Emerson se juntou a equipe das torcedoras e mostrou-lhe como sobreviver fora das coisas que não são verdes.

Como o pão.

Massa.

Vida.

“Mas ele não tem permissão para me tocar.” Kinsey lambe os lábios carnudos. “De jeito nenhum, especialmente—”

“Uau!” Jax sacode a cabeça e depois ri tão alto que estou realmente ofendido. “Miller? Ele sabe que eu o mataria e enterraria o corpo. É por isso que ele é o único cara que pode fazer isso, é o único cara que poderia olhar para o outro lado se você estivesse correndo por aí fazendo um striptease.”

Kinsey olha. “Eu era criança.”

“Não importa.” Jax dá de ombros. “Nua é nua. Vá tirar o cochilo.”

“Não.” Ela cruza os braços. “Eu quero saber mais sobre o papai.”

E essa é a minha deixa para sair.

Verifico meu telefone desajeitadamente. Porra, eu mataria por uma mensagem de texto ou por uma ligação perdida, mesmo se fosse de Sanchez. Então, novamente, ele não veio à tona para respirar desde que pediu Emerson em casamento há alguns meses.

Esfrego rapidamente o local no meu peito que ainda queima após ter sido rejeitado e, em seguida eu me lembro — já superei.

Não totalmente.

Mas estou chegando lá.

Apenas não tão rápido como eu gostaria; especialmente desde que estou constantemente cercado por sua incapacidade de não gritar durante o sexo.

Acho que Sanchez faz isso para me irritar.

E já que sou seu vizinho.

Estou no inferno.

Claro que isso me levou a ficar com Jax algumas vezes por semana, o que levou a esta corrente decisão de vida ruim.

Ele confia em mim.

Aceitou-me em sua vida.

Algo que nunca tinha feito com qualquer outro companheiro de equipe, exceto Sanchez.

E tudo sem saber que vi sua irmã nua, e ela com certeza não tinha seis anos na época.

Que raio de pensamento eu acabei de ter?

Pisco e vejo Kinsey tremendo nos braços de Jax. Perdi uma parte crucial da conversa, e ainda estou tentando descobrir se isso é uma coisa boa ou ruim quando ela funga contra seu peito e, em seguida, empurra-se para longe dele e corre para o seu quarto.

Batendo a porta atrás dela.

Sua bagagem ainda está espalhada pela sala, mesmo que ela tenha chegado na semana passada.

E nos últimos sete dias Jax me pediu para vir.

Eu disse claro que não na minha cabeça e menti, disse-lhe que estava ocupado, quando realmente estou evitando sua irmã como a peste.

E não porque ela é uma líder de torcida psicótica e sexualmente frustrada, mas porque tenho medo de esquecer Jax, e todas as razões do porque eu não tenho permissão para tocá-la, e apenas fundir minha boca com a dela até que eu desmaie por privação de oxigênio.

“Kins aceitou muito bem.” Jax baixa a cabeça, empurrando as mãos nos bolsos. “Eu não posso ganhar com ela.”

Conversas emocionais de coração para coração, especialmente sobre coisas como câncer ou morte iminente, não são pra mim. Não é que não posso explorar essa parte do meu coração, mas eu não estou pronto para isso, porque uma parte de mim não está pronto para reconhecer que ainda tenho um monte de merda trancada em mim e que está forçando seu caminho para fora. Falar me lembra da minha própria dor e eu odeio isso. Além do mais, que raio de incentivo eu ainda tenho para dar? Quando não sei de nada. E tentar oferecer-lhe esperança parece ser a pior ideia possível, quando eu às vezes me sinto como se não tivesse nenhuma.

E Jax? Bem, ele é o tipo de cara que tinha sua merda resolvida e guardada; ele vê através de minhas tentativas desastrosas de fazê-lo se sentir melhor.

“Kins estava fora do país. Isso é um monte de notícias para despejar em sua primeira semana de volta, cara; e meu pai quer que ela tenha esse tempo - Kinsey precisa desse tempo, ela merece.”

Algo sobre a maneira como Jax disse isso me fez parar.

Ela merecia isso?

A mandíbula de Jax aperta.

O silêncio toma conta da sala.

E ainda estava olhando para a porta com sua visão de raio laser como se estivesse esperando que ela abrisse ou talvez desaparecesse completamente. “Meu pai deve estar bem.”

“Essa é uma boa notícia.”

“Só mais uma rodada de quimioterapia.” Diz em uma voz oca.

“Quanto tempo leva?” Tenho a sensação de que Jax quer falar. E eu me sinto como um bastardo por pensar em cada desculpa existente para fugir.

Ainda olhando para a porta, Jax dá um encolher de ombro evasivo. “Um mês, talvez dois. Vamos jogar com os Pilots novamente.” Ele me dá um aceno de cabeça sério e estala os dedos. “Um bom atacante, equipes especiais fortes, ouvi que eles pegaram aquele idiota do Silva.”

“Silva pode beijar minha bunda.” Sinto meu corpo relaxar visivelmente. Sobre futebol eu posso falar. Lentamente, caminho em sua direção, em seguida, entro diretamente em sua linha de visão. “Além disso, ele só é rápido, quando não está fora festejando todas as horas, e todos nós sabemos que sua disciplina é uma merda total.”

Jax balança a cabeça, olhando através de mim, em direção à porta... em direção a sua irmã. Droga.

“Deus. Futebol. Família - Kinsey.” Ele engole em seco, finalmente seus olhos bloqueiam com os meus enquanto um músculo salta no seu pescoço. “É assim que eu lido com merda. Eles não costumam se misturar, cara. Tenho que compartimentar para me concentrar, em seguida, me sinto como um completo idiota por ter de fazer isso. Eu só, não posso olhar para a imagem inteira de uma só vez. É o mesmo com peças de teatro, eu tenho que olhar para cada resultado possível, em seguida, volta para o quadro inteiro e dissecar. E com o meu pai, isso significa-”

“Você olha para o fim.”

“Sim.” Sua voz falha. “Eu olho.”

Meu coração se estilhaça um pouco.

Eu sei o que é perder um pai.

Não há palavras no idioma Inglês para descrever o quanto de vida é sugada de uma pessoa - quanto ainda dói, anos mais tarde, quando você ainda ouve a voz da pessoa e acorda correndo para a cozinha apenas para perceber que eles nunca voltarão.

Desvio o olhar. “Estou aqui para você, sabe disso, certo?”

“Sim, cara.” Ele finalmente parece sair dessa. “Eu sei.”

“E irei cuidar de Kins, pelo menos, essa é uma caixa que você não tem que abrir, certo?”

Porque eu já abri, saqueei, mergulhei, empurrei - merda, eu vou queimar no inferno.

“Você lida com o que tem que lidar e vou ajudar com o resto.”

“Ele quebrou o coração dela,” Jax acrescenta. “Não vou deixar isso acontecer novamente.”

“Você vai trancá-la quarto de novo?”

“Se precisar.” Jax está falando sério, pobre Kins.

“Eu literalmente te sufocaria dormindo.” A voz de Kinsey vem enquanto ela caminha para fora da sala usando shorts apertados o suficiente para me dar um ataque cardíaco e uma blusa que deixa quase nada para a imaginação. “Vou para o estádio treinar.”

“O inferno que você vai!” Jax ruge.

Aqui vamos nós.

Kins seca algumas lágrimas. “É como eu desestresso!” Ela pega as chaves. “E começamos os treinos em uma semana, eu preciso perder isso!”

Ela bate em sua bunda.

Juro que o momento mais difícil da minha vida ocorre quando olho para o teto, em vez de olhar na direção do som da sua mão batendo no spandex, embora eu provavelmente perca pontos com Deus quando repasso a imagem fazendo exatamente a mesma coisa até que minha palma estivesse dolorida.

“Eu não posso ir com você.” Jax aperta os dentes. “Tenho que ver uns vídeos.”

E assim, todos os olhos caem em mim.

E quando digo todos, Kinsey olha e silenciosamente me dá olhares ameaçadores o suficiente para passar o seu ponto de vista enquanto Jax implora.

Não posso ganhar de qualquer maneira.

“Eu deveria, uh, treinar também.”

“Caramba, talvez possamos ter um sessão de irmãos e eu possa te encontrar.” Kins esfrega as mãos. “Oh, espere, você pode levantar dez de mim. Apenas deixe-me fazer minhas coisas, e você pode ir fazer o que jogadores de futebol idiotas fazem.”

“Ah, sim, e o que seria isso?” Mordo a isca.

“Ficarem bonitos.” Ela pisca para nós.

“Jax, ela nos chamou de bonitos.”

“Não lute contra isso.” Kinsey abre a geladeira e pega uma garrafa de água. “E se você será minha babá, então, eu pelo menos tenho que dirigir.”

“Ok.”

“Seu carro.” Ela deixa cair as suas chaves no balcão e estende a mão. “Vamos lá, entregue-as, baby. Ou espere,” Kins bate em seu queixo- “eu acho que preciso de um apelido melhor para você...” seus olhos parecem maus. Não gosto desse olhar, bem, grande parte de mim não gostou, outras partes estavam a bordo, bastardos traiçoeiros. “Franco com Waffle1.”

“Você não pode chamá-lo de Frango com Waffle.”

“Eu não vou.” Ela sorri. “Miller pode ser o frango, e eu o waffle.”

A porta quase bate em sua bunda no caminho para fora.

“Melhor ir atrás dela,” Jax suspira. “Ela tem cinco multas.”

“Isso não é muito-”

“No ano passado.”

Eu gemo.

E a sigo.


Capítulo três

KINSEY

 

Já disse a mim mesma para não olhá-lo diretamente nos olhos, algo sobre seus olhos azuis contra a sua pele morena faz garotas como eu virar mingau e dizer coisas estúpidas como ‘Devemos sair algum dia’. Quando eu não tinha nada que sair com ele - nunca.

Especialmente fora do nosso grupo de amigos.

Pelo menos Miller é uma distração muito necessária do fato de que meu pai irá para outro tratamento amanhã, e que provavelmente ficará doente durante todo o dia, e que ele não quer me ver.

Porque o papai está tão doente, tão fraco, que pensou que iria me traumatizar.

É tão injusto.

E ainda assim, eu não posso gritar com ele, porque ele está doente.

Enviei-lhe um texto frustrado apenas para conseguir um coração de volta, como se tudo estivesse bem em seu mundo, quando na verdade estão injetando produtos químicos que lentamente estão matando todas as partes boas dentro dele.

Cerro meus dentes.

“É um botão de partida.” A voz de Miller interrompe meus pensamentos. “Você tem que apertar o botão, Waffle.”

Eu não vou rir.

Ou sorrir.

Ou mesmo dar-lhe um indício de que ele usar meu apelido ridículo realmente me fez sentir melhor.

“Tente não ser um covarde, Frango.” Coloco no meu cinto de segurança, pressiono o pé contra o freio, e ligo o carro. Um muito lindo Mercedes-AMG SUV, que dirigi-lo parece o mesmo que dirigir um tanque de guerra, mas de alguma forma ele ainda sabe como ir rápido.

“Oh, as coisas que eu poderia fazer com você, baby.” Sussurro.

“Que inferno?” Miller convulsiona colocando o cinto de segurança enquanto viro no canto da garagem como se estivéssemos estrelando um novo filme da franquia Onze homens e um segredo.

“Mmmm...” balanço a cabeça, passando minhas mãos no volante quando tomamos outro rumo e, em seguida, acelero para fora da garagem pela rua em direção ao primeiro semáforo. Eu pressiono o acelerador mais forte. Posso jurar que ouço Miller rezando.

“Não sabia que você era católico.” Murmuro no próximo semáforo.

“Recém convertido.”

“Deus te abençoe.” Sorrio, finalmente, verificando-o com o canto do meu olho. Ele está segurando a fivela do cinto de segurança com uma mão como se tivesse medo que fosse sair e segurando a porta do carro com a outra. “Miller, esse carro é um tanque, você não vai cair.”

“Pela forma como você dirige, eu não teria tanta certeza.” ele diz com os dentes cerrados.

Reviro os olhos e continuo perdida em meus pensamentos todo o caminho até o estádio, parando bruscamente no estacionamento semi-vazio e desligo o motor com um profundo suspiro. “Foi divertido.”

“Divertido,” Miller repete com aquela voz profunda. “Diversão é ir ao cinema, tomar uma bebida, um happy hour, futebol, jogos do campeonato.” Ele pega as chaves do meio do console. “Isso foi Velozes e Furiosos, sem sósias e dublês.”

Dou de ombros. “A velocidade me faz sentir melhor.”

“Da próxima vez vamos caminhar.” Miller resmunga, batendo a porta atrás dele como se eu me sentisse ofendida, quando era ele o único que claramente não acreditava na segurança do seu próprio veículo!

“Não haverá uma próxima vez, Frango.” Dou de ombros. “Sou mais como uma performance solo. Toda esta coisa de namorar é apenas para certificar-se de que Anderson Imbecil Harris não irá latir para a árvore errada e não terá suas bolas cortadas.”

“Tem uma árvore neste cenário?” Miller sorri.

“Não fique muito animado. Não gostaria que suas nozes fossem pegas na linha de fogo também, Miller. Você sabe que meu irmão é um lançador, e é muito preciso.”

“Isso é engraçado.” Miller bufa e bate a mão contra a porta quando tento abri-la.

Ok. Eu mordo a isca. “O quê?”

“Você.”

“Por que sou engraçada?”

Por que ele é tão sexy?

Por quê?

Como era justo eu ter ganhado peso?

E ele ganhar músculos?

“Você percebe que bastaria um texto para Jax.” Ele levanta o telefone com a mão livre. O que diabos o cara comeu no café da manhã? A outra mão ainda estava pressionada contra a porta, provavelmente com todos os seus 100 quilos a segurando. “Ou um telefonema e, possivelmente, uma confissão bêbada que você me seduziu em Las Vegas, e isto seria o fim.”

Meus olhos se estreitaram em pequenas fendas. “Eu não te seduzi.”

“Não foi assim?” Miller inclina a cabeça enquanto um sorriso arrogante se espalha pelo seu rosto.

“Não.” Em seguida, abro e fecho a boca, só para abri-la novamente quando memórias difusas ressurgem. “Nós dois participamos daquele beijo.”

Ele se inclina até que nossos rostos estão quase se tocando. “Hmm, e em que cama estávamos hein, Kins?”

Minha boca fica seca. Até mesmo a maneira como ele diz meu nome é sexy, posso sentir as baixas vibrações de sua voz carregar o ar com eletricidade.

“Que cama?” Ele toca sua orelha com a mão livre. “Porque eu tenho certeza que não era a sua...”

“Eu não te seduzi.” Eu tinha apenas que repetir isso, não é? Alto? Fazendo todas as minhas partes femininas reviver cada momento do seu toque e repetir tudo, pausar, depois reproduzir, em seguida, um pedaço de um monte de pausas durante certos momentos. “Eu estava cansada, o sofá era desconfortável, você tinha uma cama, e você estava desmaiado de beber cada dose que as vadias jogaram pra você.”

“Você e Emerson me deram doses.” Ele diz com uma voz inexpressiva.

Droga! Esqueci-me sobre essa parte.

Claro, Kins, você se lembra do sexo, mas não os momentos que o antecederam? Os momentos sóbrios onde o dobrou com álcool?

“Não importa,” Argumento. “Jax ainda o mataria, e ele está passando pelo suficiente agora e te conheço o suficiente para saber que você faria qualquer coisa por um amigo. Além disso, Jax perderia o foco e vocês não fariam as pazes antes do campeonato, e todo o mundo saberia que é porque você não pode manter seu pau em sua calça!”

“Sou um frango, não um pintinho.”

“Mesmo? Isso? Agora? É com isso que você vem?”

Ele dá de ombros, “Te vejo lá dentro, Waffles. Tente não se machucar no elíptico. Acho que uma das meninas deixou algumas revistas para você olhar quando começar a suar.” Seus olhos aquecem enquanto seu olhar passa sobre mim, até que desembarca na minha bunda. “Então, novamente, talvez você deva fazer apenas alguns agachamentos. Eu odiaria que você perdesse tudo isso que ganhou.”

“Olhe para a minha bunda de novo, e vou pegar a primeira coisa que eu ver e enfiarei em você!”

Ele solta uma gargalhada quando o empurro e passo por ele. Mesmo que quisesse me esconder nas sombras, eu queria todos os motivos para infligir violência no cara por olhar para mim. Mas coloco um pouco de balanço extra no meu quadril.

E quando me viro, ele estava cobrindo seus olhos.

Odeio estar desapontada.

Quase tanto quanto odeio que ele realmente tenha auto-controle quando tudo o que eu realmente queria fazer, desde que seu cheiro me envolveu no carro, era uma trégua e em seguida, dar uns amassos como adolescentes.

“Veja Miller? Isso é trabalho em equipe, bem ali!” Eu falo, quase correndo para a porta fechada antes de correr para a sala de treino e soltar minhas coisas no primeiro banco que vejo.

Minha respiração está forte.

E não posso decidir o que é pior, o fato de que estou atraída por ele, ou o fato de que, naqueles breves momentos eu esqueci tudo sobre a doença do meu pai e de todas as razões porque eu tinha que ficar longe de jogadores de futebol.

As luzes estavam acesas.

Música Techno tocava alto.

Mas não vi mais ninguém na sala, apenas Miller e eu.

Sozinhos.

O que basicamente significa que minha babá teria que levantar ou ficar entediado enquanto eu fazia tudo, menos usar os aparelhos de cardio.

“Tem certeza que você pode levantar isso?” A voz de Miller soa atrás de mim enquanto eu carrego uma das barras com cinco quilos de cada lado.

“Tem certeza que você pode contar tanto?” Retruco, empurrando o anel em cada extremidade. A barra era de trinta quilos, quase o meu máximo sem pôr mais peso.

Fiz alguns alongamentos e levantamentos para esticar meus tendões, e fiquei desapontada quando não percebi Miller em nenhum lugar.

Ótimo, a babá tinha me abandonado.

Uma voz interior me irritou lembrando-me de que eu basicamente lhe pedi isso, mas ainda assim estava desapontada.

Dei uma sacudida na minha cabeça e fiz oito repetições.

“Sua postura é uma merda.” Miller aparece de repente no espelho atrás de mim, segurando uma garrafa de água, e eu quase deixo cair a barra em meus pés. “Seu puxar do chão é muito rápido.”

“Você se importa?” Respondo.

“Não. Mas você deveria. E suas costas vão doer pra caramba amanhã, junto com os bíceps se você continuar, em vez de um bom encolher de ombros, mas se você não quiser a minha ajuda...” ele fecha a tampa da garrafa e senta-se no banco ao meu lado. “Vou calar a boca.”

Então, começo a minha próxima sequência.

Dolorosamente consciente de que ele estava me observando.

Diminuo meu puxão e encolho os ombros com mais força.

Quando termino, Miller bate palmas. “Isso foi tão difícil?”

“Na verdade, foi fácil.” Respondo.

“Waffles, esse foi um momento? Será que somos possivelmente...” Miller faz uma pausa. “Parceiros de levantamento agora?”

“Talvez um dia sejamos companheiros halterofilistas.” Começo a minha próxima sequência com sua risada enquanto ele caminha até o banco e começa a aquecer.

Eu estaria mentindo se dissesse que meus olhos não têm esse hábito irritante de verificá-lo constantemente para garantir que a barra não o tinha atingido nos dentes.

O quê? Ele tem dentes bonitos.

Peitoral.

Pele.

Foco.

Respiro fundo e empurro os pensamentos sobre Miller para longe. Tudo o que importa é afastar a minha agressividade de uma maneira segura que não me teria usando Miller como um calmante.

E meu pai.

Meu pai tem importância.

Passamos a próxima hora trabalhando em silêncio.

E quando Miller termina, ele não só trás uma toalha, mas me dá uma garrafa de água gelada e, em seguida, as chaves.

“Não nos mate,” brinca. “Eu realmente quero outro anel.”

“Tão impressionado com minhas habilidades de levantamento?” O provoco, pegando as chaves de sua mão.

“Não.” Miller me deixa andar na sua frente. “Mas passei a última hora assistindo a sua bunda em um short colado... eu acho que um parabéns seria bom, embora eu tenha que parar de chamar você de sem-bunda na minha cabeça.”

A maioria das meninas provavelmente estaria ofendida.

Em vez disso, eu ando um pouco mais leve conforme salto para fora do prédio e caminho para o carro.

Mas a minha atitude feliz tem curta duração.

Porque quando eu estou me sentindo melhor sobre a maneira horrível que o dia começou, Anderson Imbecil Harris dança em minha direção.

“Kinsey.” Ele me olha de cima a baixo, devagar, não casualmente, mas como se soubesse como eu pareço sem roupas e queria ter certeza de que eu estava consciente de que era exatamente o que ele está pensando.

Respiro fundo.

Então sinto um braço de aço envolver-se em mim.

Eu exalo.

E me agarro a ele.

Mas não deveria.

De todos os movimentos que deveria ter feito nesse dia, eu deveria ter fugido da tentação – e o meu corpo sabia disso, pela forma como um sentimento de mau presságio tomou conta de mim.

Mas o meu coração?

Ele tinha outros planos.

Ele estava fraco demais para correr.

Fique.

Então eu fiquei.

Aguente.

E fiz isso também.

Agarre-se.

Uma sensação de calma tomou conta de mim.


Capítulo quatro

MILLER

 

Anderson tinha um metro e oitenta e oito e cerca de noventa quilos e uma das maiores bundas que eu já vi em toda a minha vida.

Não me importo se ele é a porra de uma promessa e veio para ganhar cada campeonato a partir de agora - ainda o odeio, e ainda gostaria de remover a sua cabeça de seu corpo e arremessa-la longe.

“Miller.” Ele sempre acena com a cabeça, não aperta minha mão, nunca fez qualquer tipo de reconhecimento que mostrasse que tinha boas maneiras. Apenas um aceno de cabeça, dizia rapidamente o meu nome, e conversava sobre futebol.

Também era sobre futebol.

Ou meninas.

Principalmente a única garota que ele simplesmente não conseguia parar de falar, a menina que escapou. Engraçado, já que ela parecia ter se encontrado em meus braços... e em minha cama. Desgraçado.

A mesma garota que eu estava tentando não sufocar. A mesma que, se estar agitada era alguma dica, queria rastejar até mim como uma árvore e se esconder.

Inferno.

“Onde está o Jax?” A combinação do seu chapéu de baseball azul com os olhos castanhos o fazia parecer um menino de ouro mimado. A verdade? Ele tinha um andar, um falar idiota que precisava ser colocado em seu lugar - eu ainda não tinha ideia do que Kinsey viu nele além do fato de que ele era um merdinha manipulador, e ela estava tentando irritar Jax alguns anos atrás, porque estava cansada de estar em sua rédea curta.

Jax era mais protetor do que ele é agora, se isso é sequer possível de imaginar.

“Jax?” Repito. “Quem sabe? Provavelmente, assistindo filmes ou algo assim.” Dou de ombros, puxando Kinsey mais apertado contra mim, e, em seguida, em um movimento que eu sabia que nos levaria ao ponto mais rápido e sair do estacionamento, caramba, eu mentalmente peço desculpas a Kins, Jax, Deus, meu maldito corpo cheio de desejo, e estendo a mão para o seu queixo. Sua pele é suave em todos os lugares, meu dedo inclina aquela boca em direção a minha e selo o nosso relacionamento com um beijo quente de boca aberta.

Kins serpenteia os braços em volta do meu pescoço, sua boca se despede com um gemido antes de roçar aquelas unhas na minha cabeça de uma maneira que envia todos os sinais errados para todos os lugares certos.

Seios cheios grudados no meu peito, e porque eu posso, porque sou um bastardo que claramente não tem autocontrole, agarro sua bunda com a mão direita e aperto.

Kins dá um gritinho, então morde o meu lábio inferior antes de eu rir contra sua boca, em seguida, sussurro: “Desculpe, não consegui me controlar.”

Pelo menos isso é verdade.

Nós dois estamos ofegantes, seu rosto está corado, aquele rosto pálido lindo com lábios totalmente beijáveis e olhos de um azul profundo.

No momento que enfrento Anderson novamente, seu sorriso era frio, seus olhos se estreitando mais e mais a cada segundo. “Não posso imaginar que Jax esteja feliz com isso.” Ele sacode um dedo entre nós dois, em seguida, descansa esse mesmo dedo no queixo antes de tocar seu boné e lhe dar um puxão nervoso sobre os olhos.

“Bem...” Kinsey aperta minha mão. Uma mulher tão minúscula nunca deveria ser capaz de apertar tão forte quanto ela estava apertando. “Jax meio que nos juntou certo, Frango?”

Belisco sua bunda novamente, esperando que ela solte a minha mão; isso a faz apertar mais. “É isso mesmo, Waffle Cakes, eu realmente nunca vi o seu irmão mais feliz.”

Kins engole em seco e seus olhos piscam antes de sorrir. “Isso é a pura verdade.”

“Uh-huh.” Anderson concorda novamente. Droga, chega desse seu olhar arrogante e esses acenos! “Bem, isso é ótimo. Estou feliz por você, Kinsey. E Miller, devo avisá-lo de que ela é intensa.” Ele se move para passar por nós e levanta as mãos no ar. “Mas tenho certeza que você provavelmente já está ciente do que é preciso para mantê-la na linha.”

“Que porra é essa?” Começo a caminhar em direção a ele, mas sou interrompido por uma pequena mão no meu braço.

“Vou pegar leve com ele,” Kinsey responde a Anderson com um sorriso corajoso. “Vamos, baby, eu dirijo.”

“Você lhe deu as chaves?” Os olhos de Anderson alargam até que penso que eles fossem pular para fora de sua cabeça. “Do seu carro?”

“Ela é uma ótima motorista.” Minto com as visões de nossa viagem e o medo que o desmembramento me provoca.

“Seja como for, homem, você deve estar ruim da cabeça se acha isso. Ela quase passou por cima da minha avó.”

Kinsey vira a cabeça e sussurra: “Provavelmente por que sua avó é uma vagabunda.”

Mal contenho a minha risada antes de Anderson acenar uma última vez, presumivelmente, só porque ele sabe o quanto isso me irritava - e entrar na instalação.

No momento que viro Kinsey já ligou o carro.

“Isso foi bom.” Coloco o cinto de segurança.

Ela bate no acelerador com tanta força que de repente estou grato pelos airbags, e quando Kins não diz nada, tento iniciar uma conversa, mas sou recebido com uma tirana acelerando cada vez que tento. Então eu paro.

Deixo-a desfrutar do silêncio.

Da velocidade.

E nem sequer discuto quando ela puxa para o meu prédio e estaciona no meu lugar, um que eu não tinha percebido que ela sabia ser meu.

Ainda em silêncio quando caminhamos até o elevador.

E para a cobertura.

“Você sabe onde minha chave reserva está escondida também?” Resmungo atrás dela, só para calar a boca quando Kins alcança debaixo do tapete e tira a chave pink, deslizando-a na fechadura e entrando.

“Quem é você?” Bato a porta atrás de mim. “Eu nunca mostrei a ninguém esse esconderijo.”

“Primeiro de tudo, é um esconderijo de merda.” Ela joga o cabelo longo e escuro por cima do ombro. “Em segundo lugar, você mostrou a Emerson, então, basicamente, me mostrou.”

“Eu não mostrei a Emerson merda nenhuma!” Será que mostrei? Droga, Sanchez provavelmente disse a ela. O homem diz tudo a Em.

“Você mostrou.” Kins dá um suspiro exasperado, e fica a vontade, entrando em minha cozinha, pega um Gatorade - meu Gatorade - e, em seguida, tira seus tênis e pega o controle remoto.

Confuso como o inferno, olho ao redor e então, finalmente me junto a ela no sofá. “Você vai embora ou algo assim? Porque tenho que ser honesto, Kins, eu gosto de descansar nu e tenho certeza que se você não fizer o mesmo, é contra as regras. Além disso, quero permanecer vivo, e se Jax descobrir que você está no meu apartamento ele me matará.”

“Não é como se nós estivéssemos fazendo sexo.” Ela encolhe os ombros.

“O quê?” Puxo minha atenção de volta para ela. “Não importa! Estamos sozinhos! Você está esquecendo da última temporada, quando ele quase me empurrou para fora de um edifício por estar de pé ao seu lado no bar!”

“Ele estava brincando.” Kins me dispensa e aperta o ‘On’. “Jogadores!”

“Sério? É por isso que ele disse: 'Eu quero te matar'? Porque ele estava brincando?”

“Você era novo na equipe no ano passado. Jax estava sendo superprotetor como sempre. Além disso” - Kins inclina seu corpo de volta contra as almofadas do sofá. “ele confia em você agora, lembra-se dessa parte da conversa? Onde você provavelmente repetiu a minha visão nua naquela cama de hotel e acenou a cabeça para ele como se fosse realmente digno dessa mesma confiança?”

Eu a olho. “Errado.” Pego o controle remoto da sua mão. “Jax pode confiar em mim.”

“Ele pode?”

“Você está perguntando sobre ele ou sobre você?”

Kins desvia o olhar e cruza os braços. “Não direi nada para Jax, não é disso que se trata.”

“Então, se importa de me dizer do que se trata? Porque há poucas horas eu estava sob a impressão de que a única vez que você está fingindo é quando estamos em público, e agora seus pés estão na minha mesa de café, seu suor está misturando-se com o meu sofá de couro novinho em folha e você roubou meu sabor favorito de Gatorade.”

Certo, porque aquele beijo tinha sido falso, bastardo mentiroso.

Ela pega a garrafa de sabor ponche de frutas e vira metade dela antes de entregá-la para mim. “Nossa, Policial de Gatorade, há dois sobrando.”

“Essa não é a questão!”

“Então qual é? Estou tentando assistir TV aqui.”

“Você tem a sua casa!” Ela é realmente tão estúpida? A conheço há mais de um ano, já a vi nua, e nenhuma vez tive toda a vibração louca dela. “Kins?”

Com um suspiro, ela baixa a cabeça. “Se eu espirro errado, Jax para, larga tudo e me obriga a chamar o médico. Juro por tudo que é sagrado, uma vez ele realmente disse, ‘Sua tosse soa diferente, eu acho que é gripe suína, nós vamos para o PS’.”

Eu assobio. “Merda, Kins, isso é um alto nível de carinho fraternal.”

“Ele é protetor.” Um sorriso brinca em sua boca. “E o amo por isso. Acho que é porque eu era realmente muito doente quando era pequena, mas não é o real motivo.” Ela ergue a mão como se não quisesse que eu fizesse perguntas. Como se não fosse meu direito ser curioso. “O ponto é, se eu for para casa agora, ele verá através de mim,” Kins revira os olhos. “E eu não quero mentir para ele. Não com tudo que está acontecendo. Porque eu sei que ele me conhece, Miller. Jax vai se matar tentando descobrir se é sobre meu pai ou se é você ou se é Anderson, e então ele vai jogar mal, porque quando deveria estar pensando em futebol, ele estará pensando em todas as coisas que não pode controlar, mas que deseja poder.” Ela finalmente expira. “Então, eu estou aqui, em seu louco apartamento de cobertura, porque preciso de um minuto, certo? Você pode me dar isso?”

Muito chocado para responder imediatamente, inspiro algumas vezes e finalmente, concordo. “Sim. Com uma condição.”

Seus olhos se encontram com os meus, e embora eu não tivesse tanta prática como Jax, já que ele conhece Kinsey a vinte e dois anos, eu vejo o medo, a ligeira hesitação. Porque, tanto quanto gosto de pensar que não me importo com ela, eu me importo. Realmente me importo pra caramba. E tudo começou no momento em que nos tornamos amigos e, em seguida, tomamos uma decisão estúpida de nos beijar, em seguida, tirar as roupas um do outro e - o ponto? Comecei a perceber os detalhes.

E cada detalhe era importante.

Do jeito que ela se comporta à maneira como seu rosto se ilumina quando fala sobre futebol.

Até o irritado olhar em seu rosto quando está cansada demais para lutar.

E quando ela está excitada...

Suas bochechas coram e Kins morde o lábio quando está excitada.

Aquelas são noções perigosas para se ter.

Apenas outra razão para deixá-la ir.

E outra razão pela qual eu novamente deveria deixá-la ir.

“Preciso que você tome um banho.”

Kins solta um suspiro trêmulo. “Você está dizendo que estou fedendo?”

Inclino-me e inspiro. “Como waffles salgados combinado com um pouco de sutiã esportivo sujo.”

Ela entorta seu dedo e, em seguida, trás a minha camisa para seu rosto. “E você cheira como uma galinha que atravessou a rua e foi atropelada por um semi carregamento especial de merda, e ainda assim, aqui estou eu, pronta para perdoá-lo por isso. Que amigo você é.”

Lambo meus lábios.

A resposta automática a sua proximidade e o fato de que sou um mentiroso, ela não cheira mal, Kins tem um cheiro perfeito, como um erro perfeito querendo ficar ainda mais suado, na minha cama, com minhas mãos sobre ela.

A porta do meu apartamento se abre.

“Porra, todo mundo tem uma chave?” Sussurro baixinho.

“Por que ela está farejando sua camisa?” Sanchez sorri, balançando nos calcanhares antes de piscar para Kinsey e, em seguida, balança a cabeça para mim. Espero um high five, seguido por um- “Então como ele é na cama?”

Graças a Deus Emerson intervém e dá um tapa no estômago dele.

“Obrigado, Em.” Lentamente me afasto de Kins, colocando espaço suficiente entre nós para que pareçamos ser amigos, e não a segundos de distância de transar no sofá.

“Vocês estão namorando?” Em abre os braços.

Sanchez estreita os olhos. “Vocês dois se assustaram.”

“Espasmo muscular.” Eu tusso. “Nós acabamos de malhar.”

“Uau, sinto como se tivesse sido traído.” Sanchez balança a cabeça lentamente. “Se você for para o banco de reservas, nós terminamos.”

“Nah, eu guardo isso para você.” Digo com uma voz sarcástica.

“Meu homem.” Ele estende um punho. “E você não tem espasmos, eu não engulo isso.”

“Eu tenho desde que ela dirigiu meu carro, quase nos matou e me enterrou nele.”

“Você deixou Kins operar uma maquinaria pesada?”

“Desde que segurei uma arma apontada para ele.” Kinsey faz um pequeno movimento de arma com a mão e atira em minha direção.

“Então, eu não engulo essa história.” Sanchez e Emerson fazem poses combinando, e isso me deixa muito nervoso. Como é que eles sabem alguma coisa? Tinha passado algumas horas, não dias, e não é como se qualquer um de nós tivesse postado nas mídias sociais.

“E Jax? Ele está de acordo com isso? Ele sabe?” Emerson começa a caminhar em nossa direção. “Ele tentou matá-lo no ano passado.”

“Obrigado! Eu disse a mesma coisa.” Olho para Kinsey antes de encolher os ombros. “Ele está sendo, uh, encorajador... com isso.”

“Sério?” Sanchez sorri. “O que exatamente é isso? Quão grande é isso? Quão agradável? Será que ele-”

Viro para ele.

Sanchez para de falar e, em seguida, começa a rir. “Puta merda, ele sabe que vocês dormiram juntos?”

Droga, a única razão para Sanchez saber era porque ele a viu nua na minha cama e fez uma suposição. Uma correta, mas ainda uma suposição.

“Diga mais alto, Sanchez, eu não acho que toda a Costa Leste ouviu você!” Kinsey salta para seus pés. “E não, ele não sabe sobre isso, por isso o seu amigo Miller ainda está respirando!”

“E ainda assim vocês estão namorando?” Emerson estava claramente tendo problemas para colocar os pedaços juntos.

Merda. Não quero mentir para os meus melhores amigos, as pessoas que, literalmente, me ajudaram a passar por um dos mais difíceis anos da minha vida, mesmo que eles fossem parcialmente a causa do mesmo.

“Olha,” Kinsey pega minha mão. “Vocês não podem dizer nada sobre o sexo.”

“Estou tão confuso.” Sanchez puxa uma cadeira e senta-se. “Mas ele sabe que vocês estão namorando?”

“Estamos indo devagar.” Mesmo quando as palavras saem da minha boca, eu quero me sufocar até a morte. Indo devagar? Sério, cara? “É a única maneira de Jax dar a permissão.”

Se os olhos de Sanchez estivessem mais amplos, eles sairiam de sua cabeça estúpida. “Você pediu... permissão?” Por mais que eu quisesse dizer a Sanchez o que realmente está acontecendo, ele tem muitas perguntas que não estou preparado para responder.

“Gente!” Kins me salva, agarrando minha mão e, por uma vez, não a apertando com tanta força que eu estremecesse na frente deles. “Isto é uma coisa boa. Basta ficar feliz por nós.”

Emerson ainda não parecia que estava comprando. “Olha, somos nós, é só, eu quero dizer há quanto tempo isso vem acontecendo?”

“Desde Vegas,” Kins diz. “Mantivemos contato por e-mail, mensagens,” - seu rosto corado com a mentira - “esse tipo de coisa.”

As mentiras continuam se acumulando.

E com isso.

A culpa.

Porque, para esquecê-la, eu tive que cortar todo o contato quando ela estava na Europa.

Nunca enviei uma mensagem.

Nunca enviei e-mails.

Não liguei.

Era como se o que tínhamos feito nunca tivesse acontecido, e foi ruim o suficiente eu ter ajudado a arrumar a merda e fingir que queria que ela fosse por não encontrar seus olhos quando Kins chamou meu nome. Eu só virei e fui embora.


(Naquela época)


“Miller.” Sua voz estava tremendo. “Você não-”

“-Você provavelmente deve arrumar algumas coisas em sua bagagem de mão,” resmungo. “É um voo longo, eu tenho certeza que você está na primeira classe mas -”

“-Miller.” Eu realmente preciso que ela pare de dizer o meu nome, porque cada vez que o faz, minha resistência vacila, e meu desejo de mantê-la ao meu lado aumenta. Tudo o que quero fazer é trancá-la no quarto e descobrir o que diabos está acontecendo entre nós e por que meu corpo está reagindo com uma necessidade tão violenta de beijá-la novamente.

Nada de bom viria de arruinar a única outra amizade que já tive com uma menina. Deus, eu sou um babaca.

Eu tive que beijá-la.

Tive que vê-la nua.

Aperto meus olhos fechados. “Kins.”

Ela se aproxima de mim, os olhos claros. Quando pisca para mim, esperando, sua postura é cautelosa, fechada. Ela já está se protegendo do que provavelmente assume que está por vir.

Rejeição.

“Isso será bom para você.” Finalmente digo. “Não é?”

Por favor, diga não. Diga. Não.

Em vez disso, ela baixa a cabeça, então se afasta e sussurra: “Claro.”

Eu tinha sido um idiota de propósito.

Não estava pronto para um relacionamento, não depois de toda a merda no ano passado com Em. Inferno, eu não tinha certeza de que tinha um coração funcionando - ou se era capaz de dar a Kins o que ela precisava.

Deus, toda essa situação com Em tinha sido tão dolorosa que a possibilidade de reviver isso era a coisa mais terrível que eu poderia imaginar. Emerson tinha decidido que terminamos antes mesmo que eu soubesse que havia uma chance de reconciliação, e eu não podia suportar o pensamento de que Kins faria a mesma coisa, então fiz isso primeiro.

Com Kins, a parte do relacionamento seria muito fácil.

Namorá-la.

Gostar dela.

Amá-la.

Perdê-la.

Então, sim, me sinto culpado. Culpado que estou mentindo, ainda estou confuso a respeito, porque parece que estou mentindo mais para mim mesmo.

"Isso é...” Em franze a testa. “Impressionante!”

“Você está franzindo a testa,” aponto.

“Bem, é apenas, eu quero dizer que não estou tentando fazer disso algo sobre mim, mas por que vocês não disseram nada? Por que todo esse segredo?”

“Acho que você sabe a resposta para isso, Curves.” Sanchez me dá um olhar compreensivo. “E eu acho que, dada a sua história com o idiota aqui...”

Reviro os olhos e balanço a cabeça.

“Você deve dar-lhe uma folga.”

O rosto de Emerson cai. “Eu sinto muito, não pensei-”

“Não se preocupe,” Kins a interrompe com um sorriso alegre. “Então, por curiosidade, como vocês descobriram?”

Sanchez estende seu telefone. “Está tudo nas mídias sociais. Uma imagem de vocês no carro apareceu e, em seguida, uma de vocês se pegando no estacionamento.”

“Como diabos alguém conseguiu isso? O único cara lá era Anderson e nós estávamos conversando para ele o tempo todo.”

“Exceto quando a sua língua estava em sua garganta, parece.” Sanchez amplia a imagem. Droga, parecíamos bem juntos. Mantenha-se impassível, Miller. “Olhe o ângulo, tem que ter sido aquele sacana.”

“Nada de xingamentos!” Kins estende a mão para Sanchez, e surpreendentemente ele devolve o seu high five. Aqueles dois estavam sempre brigando, de modo que o seu comportamento atual não foi só uma mudança bem-vinda, mas também tomou o foco de todos para fora do fato de que eu estava agarrando sua bunda na foto, e tenho certeza que as palavras exatas de Jax foram ‘você não vai tocá-la’.

E assim, meu telefone começa a tocar.

Com o nome de Jax aparecendo na tela.

Sanchez solta uma gargalhada. “Coloque-o no viva-voz.”

“Claro que não!” Puxo meu telefone para fora de seu alcance e clico em ‘Ignorar’.

“Isto é absolutamente o melhor. Quase melhor do que a vez que Emerson me escolheu em vez de você e concordou em casar comigo.” Ele está brincando, mas ainda quero dar um soco na cara dele. “O quê? Ainda é muito cedo?”

“Você é um idiota.” Kins fala para ele.

“Eu sou seu idiota.” Ele aponta para Emerson, que o agarra pelo braço e começa a arrastá-lo de volta para a porta. “O quê? Onde estamos indo?”

Ela sussurra algo em seu ouvido.

Sanchez a empurra para fora da porta, e a bate atrás deles.

“Pergunto-me o que ela disse,” Kins murmura.

“Provavelmente algo bizarro. É de Sanchez que estamos falando e só há realmente três maneiras de distrai-lo: futebol, sexo e cookies.”

Kins dá de ombros e olha para a porta. “Huh, não é uma maneira ruim de viver.”

Meu telefone começa a tocar novamente.

O pânico toma conta de mim.

Não tenho ideia se ele está chateado ou só quer saber por que diabos eu senti a necessidade de colocar minhas mãos sobre o traseiro de sua irmã e minha língua em sua garganta.

“Você parece apavorado.” Kins pega o telefone e clica em ‘Ignorar’, em seguida, coloca-o sobre o balcão. “Dê-lhe alguns minutos, vamos tomar banho-”

“E quando você diz-”

“Pare.” Ela coloca a mão no meu peito e empurra. “Você não acha que está em apuros suficiente agora? Se Jax descobrir que você esteve em qualquer lugar perto de mim ou no chuveiro enquanto estou nele, ele vai castrá-lo.”

“Foi um beijo.”

“Nós estamos olhando para a mesma imagem?” Ela bate o meu código em meu telefone com a velocidade de alguém que tinha o meu aniversário memorizado e, em seguida, amplia a imagem. “Parece que nós estamos tendo relações sexuais com nossas roupas.”

Nossos corpos literalmente não tinham espaço entre eles e de alguma forma kins tinha embrulhado metade do dela ao redor do meu como se estivesse pendurada para sobreviver.

“Peraí, como você sabe a minha senha?”

“Seu aniversário é sete de março. Deus, espanta-me como os caras são estúpidos às vezes. Você está muito ocupado com o futebol para mudar sua senha, você é igual ao Jax.”

Agarro-a pelos quadris e a empurro contra o balcão. “Diga que sou como seu irmão novamente, e vou me juntar a você nesse chuveiro para provar o quanto não sou como ele, entendeu?”

Os olhos dela brilham antes de engolir em seco e acenar.

“Bom...” meu corpo tem outras ideias, aquelas que não envolvem deixá-la um passo longe de mim. Mas Kins vale mais do que isso, mais do que sexo, mais do que a única coisa que estou disposto a dar a ela. “No final do corredor, primeira porta à direita, toalhas na cesta de madeira, e se você usar o meu sabonete líquido eu vou te caçar.”

“Sério?” Ela bufa. “Seu sabonete líquido?”

“Sou estranho sobre minhas merdas.”

“Estou chocada. Você vai ficar transtornado se eu acidentalmente pegar sua navalha também?”

“Toque-a e eu saberei, Kins.”

“O que você é, algum tipo de maníaco por limpeza?”

“Não, só gosto que minhas coisas continuem sendo minhas coisas.”

“Ah, então você nunca aprendeu a compartilhar? Lembre-se, você se senta em círculo e passa biscoitos ao redor.” Kins fica na ponta dos pés e me dá um tapinha na bochecha. “Não se preocupe, não vou roubar seu cookie, Miller, nem mesmo se você forçá-lo na minha garganta.”

Gemo.

Ela bate na minha bunda.

E eu quase quebro a bancada com meus dedos enquanto Kinsey pula fora com um aceno de costas.


Capítulo cinco

JAX

 

O bastardo não atende ao telefone.

Claro, porra.

Olho para a foto novamente. Não consigo parar de olhar para ela, todo mundo pode ver minha irmã colada a Miller como tivesse sob a impressão de que precisava de seus pulmões para ajudá-la em sua próxima dose de oxigênio.

A chamada vai para o correio de voz novamente.

Com um grunhido, eu bato minha mão contra a bancada de granito e olho para a TV. Não há uma chance no inferno de poder assistir a fita da última temporada e tomar notas.

Opções.

Inspiro calmamente pelo nariz, expiro através da boca, repito o processo mais cinco vezes antes de calmamente sentar no sofá e deixar o som suave do relógio ao fundo marcar a passagem de tempo.

O silêncio zumbe.

Cerro os punhos.

Minha culpa.

Eu lhes disse para fingirem namorar.

Preciso parar de tirar conclusões precipitadas. Ficar calmo, e pensar sobre o que poderia possuir duas pessoas que, esta manhã, pareciam prestes a matar um ao outro, para se beijarem assim.

Fecho os olhos.

Em seguida, os abro e pego meu telefone novamente, desta vez olhando para o ângulo da imagem. Alguém estava lá.

Outro companheiro de equipe olharia para o outro lado ou daria a Miller um high five, ou isso ou começaria a escrever seu obituário.

Mas Anderson...

O idiota do Anderson seria desonesto o suficiente para tirar uma foto e postá-la sempre que podia, para quê? Deixar Miller em apuros? Tirar-me da equipe depois que eu descobrisse quem tirou a foto e chutasse a sua bunda? A temporada não tinha começado. A gerência já tinha as mãos amarradas com dilemas maiores do que seu jogador principal beijando uma das líderes de torcida.

Ciúmes?

Ou talvez, ele estava tentando chamar seu blefe?

Talvez Anderson não acreditasse que eles estavam em um relacionamento, Deus sabe que ele estava ciente de como eu me sinto sobre Kins namorando um jogador de futebol.

E se Anderson não acreditasse.

Não ficaria longe dela.

Caio para trás contra o sofá e gemo.

Recuso-me a aproveitar a oportunidade onde todo o meu foco seria tirado de futebol e do papai - para a ligeira possibilidade de Anderson arruinar a vida dela novamente.

Meu peito aperta.

E meus pensamentos confusos concentram-se nas memórias escuras de levar Kinsey quando ela era uma criança para dentro da casa, o sangue, seus gritos. E anos mais tarde, quando ela estava saindo com Anderson, o vazio em seu rosto era assombroso. O bastardo controlador deveria estar na prisão.

Levo a vida da minha irmã, e seu coração, a sério. Alguns diriam que é muito a sério. Mas essas pessoas podem ir para o inferno, porque não a conhecem como eu, eles não conhecem a sua dor, eles não a compartilharam.

Porque eu estava lá para pegar todos os pedaços anos atrás.

Quando ela foi abandonada.

Quando estava perdida.

Ferida.

Quando ele tinha abusado verbalmente dela até que a garota que eu conhecia já não existia.

Quando Kins era uma concha da mulher que ela era agora. Observando tudo o que comia como se fosse atacá-la, quando parou de vir para férias completamente porque o cara era um bastardo controlador, tão sádico que se recusava a deixá-la ver sua família por medo de nós lhe dizermos a verdade, ele a tratava como uma escrava, e a fez agradecer-lhe por isso.

Odiei o quanto de mim eu vi nele.

E a pré-temporada começaria em duas semanas.

Duas. Semanas.

Abri meu telefone e liguei para Miller mais uma vez.

“Yo.” Ele parecia sem fôlego.

“Yo?” Eu repeti. “Yo? É assim que você atende o telefone depois que merda como essa foto atinge a mídia? Yo?”

“Oh, me desculpe, você esperava que eu atendesse com uma explicação? Você me pediu para fazer isso, e, ao primeiro sinal de namoro real você está latindo na minha bunda?”

Ele estava muito defensivo.

Os cabelos nos meus braços ficaram em pé.

Decido não tocar nesse assunto.

Porque se eu sabia alguma coisa sobre o meu amigo era que ele era defensivo apenas quando estava escondendo algo.

Eu só esperava em Deus que não tivesse nada a ver com a minha irmã.

“Olhe” - limpo minha garganta, e tento soar mais descontraído - “eu estive pensando-”

“Quando você não está pensando?”

Sorrio. “Para alguém que acabou de ter sua língua na garganta da minha irmã, você não está de bom humor. Eu me pergunto por quê?”

“Não porque eu gostei. Isso é certo.” Ele diz rapidamente.

“Oh?”

“De jeito nenhum! Ela é sua irmã, homem. Agora, no que você estava pensando?”

“Jantar.”

Ele faz uma pausa e, em seguida, “Você me ligou porque você está com fome?”

“Sim, Miller, liguei para você, assim você pode trazer comida para mim.” Reviro os olhos. “Não, eu pensei que isso seria... divertido.” Engasgo com a palavra. Quando foi a última vez que eu tinha me divertido? “Divertido,” repeti, me forçando a soar mais relaxado, embora a minha mão livre estivesse segurando a almofada do sofá com tal força que meus dedos estavam ficando dormentes. “Que todos nós saíssemos jantar.”

“Nós?”

“Você, eu, Sanchez, Emerson, Kins... você sabe, todos nós.”

Ele está hesitando. Por que diabos ele está hesitando? Miller estava falando com alguém em segundo plano.

“Tem alguém aí?”

“Não!” ele grita. “Desculpe, tive que desligar a TV, estava alta e me irritando...”

“Ok...”

“Então sobre o jantar...” ele tosse e depois tosse mais alto.

“Cara, você está ficando doente? É melhor não ter passado nada para Kins!”

“Que bom que você se preocupa mais com ela do que comigo, isso dói, cara.”

“Ela tem meu sangue.” Faço uma pausa, uma careta, e depois acrescento: “Você é substituível.”

“Anotado.”

“Jantar?” Essa é a terceira vez que eu disse isso? Eu perdi o controle.

“Parece ótimo, mas você vai trazer uma companhia.”

Congelo. “O inferno que eu vou!”

“Vai sim, seu fresco, e eu garanto que Kins não concordará em ir a menos que você traga uma companhia. Você sabe como ela ultimamente está tentando juntar você.”

“Kins está arruinando a minha concentração e ela sabe disso!”

“Divertido.” Miller bufa. “Você mal pode dizer a palavra sem ficar carrancudo, mas pode também tentar isso - atacante americano, vencedor do Troféu Heisman.”

Minha garganta fica seca. “Você sabe que odeio quando você me lembra dessa merda.”

“Os amigos reais mostram aos amigos os seus troféus.”

“Repita isso mais lentamente e me diga como soa, Miller, vou esperar.”

Ele solta uma gargalhada. “Cara, basta trazer alguém!”

O suor começa a se reunir na minha testa. Eu não namoro. Não posso. Mulheres não namoram caras como eu. Elas querem transar com eles, conseguir o papel principal no próximo filme que elas estão atrás, de repente ficam grávidas, e depois riem o caminho inteiro para o banco. Em todo o meu tempo no futebol, não houve uma única situação em que me senti confortável o suficiente para chamar uma mulher para sair sem sentir medo que ela tivesse as intenções erradas.

“Não tenho tempo para encontrar companhia,” murmuro. “Já são duas horas, e você sabe que eu gosto de comer mais cedo.”

“Deus, você é tão velho, você percebe que há algo diferente no menu para madrugadores, certo?”

Claro que sei, e tenho dinheiro para fazer o inferno que eu quiser, só que não quero ficar preso em uma multidão onde todas as mulheres olham, sobem suas saias, escrevem seus números em guardanapos, ou apenas me encurralam e pedem sexo. Eu queria algo real.

Algo como meus pais têm.

Uma pontada tão chocante, que sugou meu fôlego, me acertou no peito. “Miller...”

Ele deve ter notado a mudança na minha voz, porque, acrescentou rapidamente. “Vamos pelo menos esperar dar cinco e meia, enviar um texto no grupo, e talvez você terá sorte e entre agora e mais tarde, alguém vá aparecer na sua porta.”

“Odeio te interromper, amigo, mas eu realmente não estou pagando por companhia ou strippers ou prostitutas.”

“Ah, você gosta delas de graça?”

“Desgraçado.”

“Jax?”

Olho para o teto, meu peito apertado com ansiedade sobre a própria ideia de levar uma menina para sair em um encontro. Não tive namorada desde a faculdade, e isso tinha sido um desastre completo. Meninas vinham a mim tanto e de forma tão barata e desesperada que meu foco no futebol se afiou, porque foi a única coisa que me deu paz, a única coisa que eu podia confiar que ficaria, e não só por causa de um grande salário que estava por vir.

“Eu arranjo uma.”

Exalo.

E então faço isso de novo. “Eu sei, cara, sinto muito, estou agindo de forma tão louca, e não sei o que está errado...” Eu sabia. Só não queria admitir isso.

O corpo do meu pai está morrendo com cada ciclo de quimioterapia.

E não há nada que eu possa fazer para pará-lo.

Para impedir o meu herói de desaparecer no nada.

Ou parar de temer que isso possa quebrar Kinsey fisicamente e emocionalmente como ela já quebrou no passado. Saber que Miller está cuidando dela me dá um pouco de paz.

“Ok.” Eu sussurro.


Capítulo seis

KINSEY

 

“Para registro, eu voto que esta é a pior ideia na história das ideias ruins.” Miller resmunga, levantando a mão para bater na porta e, em seguida, a deixa cair e me empurra em seu lugar. “Bata você.”

“Que homem você é,” Resmungo de volta, tentando lembrar ao meu corpo, meu coração e meu cérebro que isso não é real, que não estamos realmente em um relacionamento, e que, se ele estivesse no meu time, ele seria o pior companheiro de equipe que já existiu, porque quando eu estava mais vulnerável ele me abandonou.

Misture isso que com todas as coisas dolorosas que ele disse a Jax, quando pensou que eu estava no banheiro, e eu estava apenas cansada em tentar descobrir o que havia entre nós. Pronta para jogar a toalha e parar com a farsa. Mas então eu tinha visto a preocupação nos olhos de Miller, ouvi a preocupação em sua voz, e sabia que o meu irmão, o cara do outro lado, precisava que eu aguentasse com ele.

E enquanto isso era completamente estúpido, eu estava fazendo a minha parte para manter sua mente no que ele podia controlar - ou seja eu.

E mesmo que fisicamente ferida por deixar alguém me controlar, era diferente quando feito por amor e não por medo.

Estremeço.

“Você vai fazer isso ou o quê?” O sussurro rouco de Miller bate no meu ouvido direito, fazendo minha perna direita tremer, e todo o meu corpo acende em chamas com essa consciência.

“Sim.” Balanço a cabeça, em seguida, bato de novo. “Só quero dizer que éramos amigas na faculdade, eu a vi um punhado de vezes ao longo de alguns happy hours, e tudo que sei é que ela é solteira, super bonita, inteligente, e oh, quem estou enganando, eu mal conheço, mas ele precisa de uma companhia, caso contrário, todo o seu foco ficará sobre você e eu, e Jax será capaz de dizer que eu -”

Miller fica tenso atrás de mim. Suas mãos correm pelos meus braços, causando um tremor involuntário que corre pelo meu corpo. “Ele perceberá isso.”

“Não posso fingir isso.” Me afasto dele. “É luxúria, não é como se eu passasse todo o meu verão transando com cada indivíduo disponível, como algumas pessoas.”

“Eu não transo com caras.”

“Tanto faz,” murmuro. “Você sabe o que eu quero dizer!”

“Eu sinto muito.”

Estou tão atordoada que ele disse as palavras que meu queixo cai, assim que a porta se abre. Harley está vestindo calça jeans boyfriend de corte baixo, botas estilo combate pretas, uma camisa branca de ombro caído, e um chapéu que diz: ‘Emocionalmente indisponível’.

Miller assobia.

Ela é linda de morrer, com seu cabelo vermelho-fogo e os olhos azuis; mal usa maquiagem, exceto rímel e gloss, e faria qualquer garota insegura querer atirar-se de um penhasco.

Harley também é uma das pessoas mais independentes que eu conheço.

Essa foi a razão pela qual eu a chamei em primeiro lugar.

E pedi-lhe para vir quando não tinha saído com ela nas últimas semanas, não porque não desfruto de sua companhia, mas porque eu estava no exterior e ela era um modelo de roupa esportiva - que viajou o mundo e fez yoga em praias arenosas - e realmente se destaca. Na verdade, Harley mais parecia o tipo de garota que seria a vocalista de uma banda de rock.

“O quê?” Ela encolhe os ombros. “Vocês estão prontos para fazer isso?”

Miller estende a mão. “Sou Quinton-”

“Sim, eu sei quem você é, possuo uma TV, e também vi uma foto realmente atrevida de vocês no noticiário.” Ela pisca. “Eu acho que é seguro dizer que mesmo minha avó sabe quem você é, e ela é cega do olho direito. Deixe-me pegar meu casaco.”

“Ótimo,” Miller exala. “Isso não é estranho de jeito nenhum.” Ele volta seu olhar para mim. “Você está absolutamente certa que seu irmão não lhe enviou nenhuma mensagem de advertência que ele ia me matar?”

“Nenhuma.” Faço uma careta. “É tudo tão decepcionante, se você me perguntar, eu quero dizer que tipo de relacionamento não precisa de um pouco de tempero?”

“Um pouco de tempero é um sex shop. A versão de Jax de tempero é um facão.” Miller balança a cabeça. “Grande diferença entre essas especiarias, garota Waffle.”

“Garota Waffle?” Harley reaparece, com o casaco na mão.

“Ignore o Frango, ele está chateado que seu pau não saiu do galinheiro esta manhã.” Dou um tapinha no ombro de Miller. Ele me lança um olhar fervente. Eu pisco.

“Tenho um mau pressentimento sobre isso.” Miller diz em voz alta.

“Queixo para cima.” Seguro a mão dele. “Pelo menos o seu foco não estará em matá-lo. E você diz que sou insensível.”

Nós contornamos o seu pedido de desculpas, que aconteceu a apenas uns minutos atrás.

Eu não tinha certeza se devia estar grata ou desapontada.

Porque, por um segundo, ele realmente soou como se fosse verdade.

Melhor que eu ignore qualquer tipo de desculpas em seu nome - Quinton Miller como um prostituto e amigo irritante / fingir ser namorado era fácil de manusear. Quinton Miller como um homem que está arrependido, um homem que olha para você como se ele quisesse dizer isso, como se quisesse provar isso...

Bem, nenhuma mulher é capaz de negar isso.

E sou mais fraca do que a maioria.

Afinal, eu já dormi com ele duas vezes em uma noite, com pleno conhecimento de que ele era muito provavelmente uma aberração.

Só não imaginei que ser uma aberração o incluísse arrumando as malas para mim.

Eu me encolho.

“Você está bem?” Harley pergunta.

“Nunca estive melhor,” Minto.

Nós caminhamos para o carro em silêncio.

Miller dirige embora eu implore pelas chaves.

E ensino a Harley todas as formas para ela ganhar Jax e distraí-lo de todo o stress em sua vida.

Eu só espero que funcione.

Meu celular vibra.

Mãe: Seu pai quer ver você na segunda-feira. Ele deve se sentir melhor até lá.

Finalmente. Exalo um suspiro de alívio.

Eu: Estarei aí.

Mãe: Ele está animado, apenas... esteja preparada.

Para quê? Eu quero perguntar. Para ele parecer doente? Não dou a mínima se ele parecer um esqueleto, ele é o meu herói, e cada herói precisa de um ajudante.

Não percebo que o carro tinha parado até que ouvi uma porta bater.

Quando olho para cima, Harley já está caminhando em direção ao restaurante.

E Miller olha diretamente para mim, seus olhos azuis procurando os meus por respostas que eu sabia que não estava pronta para dar.

Por que eu estou triste.

Por que atingiu tanto o alvo.

Por que Jax é tão super protetor.

Miller foi perspicaz, então eu tive que contar com o fato de que seu olhar é um daqueles com preocupação genuína e nada mais.

“O quê?” Estendo a mão para o cinto de segurança.

Ele aperta sua mão sobre a minha, segurando a minha lá. “Algo está errado.”

Não é uma pergunta. É uma afirmação.

“Você quer dizer além do meu pai ter câncer?” Eu surto, então abaixo minha cabeça.

“Kins-”

“Estou com fome e você está me prendendo nesse carro quente.” Engulo em seco, o sorriso forçado ferindo quase tanto quanto o caroço na minha garganta.

“Kins-”

“Não.” Lambo os lábios. “Você sabe, antes de Vegas, éramos amigos, certo?”

“Certo.” Seus olhos não deixam os meus. “Tenho certeza que você forçou a amizade, mas não importa.”

Eu sei que ele está brincando, mas minha armadura não sabe.

Assim, em vez de rir, eu sinto mais lágrimas nos olhos, ameaçando caírem sobre minhas bochechas.

“Merda, Kins.” Miller solta o cinto de segurança e aperta as mãos em cada lado do meu rosto. “Eu estava brincando.”

Tento lutar contra o seu aperto, mas ele segura mais apertado.

É tão bom.

É bom demais ser segurada, e respirá-lo e não pensar em nada, exceto na maneira como ele me faz sentir segura em seus braços, quando eu tenho tanto medo de tudo desmoronando ao meu redor.

“Amigos,” sussurro. “Talvez quando ninguém estiver assistindo possamos simplesmente fazer isso... e esquecer a parte intermediária.”

“A parte intermediária sendo as duas vezes que eu vi você nua e lhe dei orgasmos múltiplos enquanto gritava meu nome e mordia meu ombro – essa parte intermediária?”

Meu rosto aquece. “Por favor.”

Seu peito arfa; ele suga seu lábio inferior, em seguida, o libera, e meu corpo responde com uma alarmante necessidade de fazer a mesma coisa somente com os seus lábios, não os meus, para ter certeza que tem um sabor tão bom quanto eu me lembro. Talvez eu precise de alguma forma de garantia doentia que, apesar do caos à minha volta – o gosto de Miller ainda é o mesmo.

Um lugar seguro.

Isso não é realmente seguro.

“Por favor,” Digo novamente. Jurei que nunca seria a vítima novamente quando se tratava de um cara – e ainda com Miller eu me deixo ser o cachorro chutado, a garota que ele afastou, que ele tomou – e descartou tão facilmente.

Talvez Anderson estivesse certo.

Ele disse que eu tive sorte de ter um cara como ele, que eu era inútil, lixo, uma líder de torcida estúpida.

Não.

Empurro o pensamento para fora da minha mente.

E é por isso que não posso fazer isso, não com Miller. Eu poderia fingir para as câmeras, fingir para o meu irmão para que ele pensasse que eu estava a salvo das garras de Anderson, mas estar com Miller em privado, não importa o quanto eu ansiava por isso, seria fácil.

Me mataria.

Mataria qualquer pedaço de mim que ainda restasse.

As peças fortes que Jax me deu de volta estavam constantemente em batalha com as fracas que Anderson tentou infundir em minha psique. Recuso-me a deixá-lo vencer.

“Kins.” A testa de Miller toca a minha. “Eu nunca quis te machucar.”

“Perdão?” Incrível. Perfeito. O que toda menina quer ouvir. “Você nunca quis me machucar quando você veio para minha casa, fez minhas malas, e não olhou para mim enquanto me deixava no maldito aeroporto? Você poderia muito bem ter me expulsado do país com um tapinha na bunda, Miller! E não sou essa garota! Eu não durmo por aí, por isso não se sinta alto e poderoso em seu carro caro – com seu coração na manga, e diga-me uma linha de besteira que cada menina neste mundo ouve diariamente, quando o mesmo cara que as fodeu muito na noite anterior, de repente, decide que não quer nada além de um pedaço de bunda. Se é isso que você quer – você é mais do que bem-vindo para procurar em outro lugar. Amigos. É pegar ou largar. E mesmo agora eu sinto que estou sendo muito generosa. Estamos fazendo isso para que meu irmão não perca a cabeça sobre meu pai, e sobre a possibilidade de que...” paro de falar. Eu preciso.

“Que ele pode não recuperar?” Miller termina como se estivesse me questionando.

“Apenas” – afasto-me dele – “desempenhe o seu papel, e eu farei o meu, vamos apertar as mãos quando isso tudo acabar, e se você me beijar de novo, alguma vez, sem a minha autorização eu direi a Jax todos os outros lugares que você beijou sem a permissão dele e vamos ver onde isso te deixa... e a equipe.”

“E quando eu lhe disser que você implorou por aqueles beijos, que tal isso?” Miller se inclina até que sua boca esteja a um centímetro da minha.

“Isso deixa você sem dois amigos e um campeonato.”

Miller afasta-se tão rápido que pensei que sua cabeça bateria contra a janela do lado do motorista. “Seremos amigos.”

Ele estende a mão.

Seus olhos encontram os meus, uma faísca de eletricidade queima entre nós, tão real, tão pesada e com significado, que seguro sua mão. Preciso de sua palavra. Eu preciso saber que ele não vai me tocar, me beijar, me tentar, fazer-me acreditar que ele está disposto a oferecer o que ele não tinha quando perdeu Emerson para Sanchez.

Quando os nossos dedos se tocam, eu pulo.

Miller reprime uma maldição e solta minha mão tão rápido que bate no console.

“Isso não vai funcionar.” Seu sorriso é triste. “Vai?”

“Claro que sim, vai.” Ofereço um sorriso encorajador. “Você só precisa ser agressivo, S-E-J-A A-G-R-E-S-S-I-V-O sobre a nossa amizade e não cruze todas as linhas que foram colocadas lá por um propósito.”

“Para sua informação, Kins, eu posso torcer de coração, e eu quero dizer tudo, os movimentos, as palmas. Eu sou uma espécie de pró-torcedor.”

“Veremos.”

“Por que você estava chorando... Amiga?” Ele enfatiza a palavra em voz mais alta.

“Estou triste... porque meu pai poder estar morrendo... Amigo.”

“Então...” ele suspira. “Eu acho que tudo o que resta a fazer é isso... Amiga...” Miller sai do carro, dá a volta pela frente, abre a porta, me puxa de pé, e envolve seus braços musculosos em torno de mim. “Hora do Abraço.”

“Mas já?”

“Eu queria que fosse a cada meia hora.” Ele se queixa.

E sorrio.

Forte.

Tanto que lágrimas começam a correr pelo meu rosto. “Você tem uma referência do filme Trolls.”

“Vamos, sem-bunda, você sabe como me sinto sobre minhas animações.”

“Ei! Eu pensei que esse apelido tinha acabado!”

“Eh, eu esqueci.”

Bato no seu peito e me afasto. “Nós provavelmente devemos entrar lá antes que Harley decida que o meu irmão precisa de um sorriso no rosto e coloque patos sob a mesa para dar-lhe uma razão para isso.”

“Ela não faria isso...” ele franze a testa. “Será que faria?”

“Posso ter encorajado todos os avanços sexuais. Você disse que ele precisava ficar com alguém!”

“Não durante o jantar!” Miller pega minha mão e corre.

Sorrio por todo o caminho.

Eu jamais incentivaria Harley a fazer algo assim – como se qualquer menina precisasse de encorajamento quando se trata de Jax.

Para um cara que mantinha suas calças, de acordo com a população feminina ele era sexo ambulante e falante.

Sim, esta noite ia ser interessante.


Capítulo sete

MILLER

 

Por fora, estou calmo.

Por dentro, estou uma bagunça.

Porque estou enfrentando outra escolha, uma que estou sendo forçado a fazer.

Namore-a. Não toque nela.

Proteja-a. Não toque nela.

Passe algum tempo com ela.

Apaixone-se por ela.

Desejo-a.

Quero-a.

Não. Toque. Nela.

De repente preciso tanto do primeiro jogo e dos treinos da pré-temporada, como eu preciso respirar. A distração, a dor, o estresse seriam bem-vindos depois de passar as últimas vinte e quatro horas com uma garota que não posso ter — a história da minha vida — e não mereço. É a primeira vez, desde Emerson, que sinto isso.

Que profundo — droga.

A conexão que você sente sem usar palavras.

E não estou apenas confuso, mas com raiva pra caralho que a única menina livre é a única que se mantém afastada de mim.

Meses atrás eu dormi com ela e lhe disse que seria apenas uma vez.

Eu menti para ela.

Menti para mim mesmo.

Então fiz isso de novo naquela mesma noite para provar que eu tinha o controle da situação, e então a mandei embora para provar que eu não precisava dela — nem de ninguém.

E quando ela saiu, tudo o que senti foi o pânico, e uma raiva crescente que ela poderia afastar-se de mim tão facilmente quando eu ainda sentia sua pele na minha—quando a provei em meus sonhos.

Merda, vou morrer antes que isso acabe.

“Nós perdemos alguma coisa?” Puxo minha própria cadeira desde que Kins já se sentou. O restaurante é incrivelmente barulhento para uma lanchonete de alta classe. Está escuro o suficiente, então, sei que não seríamos reconhecidos, pelo menos não por nossos rostos. Nossos tamanhos, no entanto, muitas vezes nos denuncia.

Porque, o que mais alguns homens que têm mais de 1,96m fariam com suas vidas além de jogar futebol?

Sanchez me dá um olhar que diz para não trazer o assunto à tona, enquanto Em faz um movimento de ‘corte’ no pescoço para encerrar o assunto.

“Explique-me novamente, o que um atacante faz, além de lançar uma bola estúpida?” Harley dirige a pergunta a Jax.

“Oh merda,” digo baixinho, em seguida, dou uma cotovelada em Kins nas costelas.

Ela olha para mim e murmura, “O quê?”

“Acho que você não é uma fã de futebol?” Pego uma batata frita, graças a Deus eles já pediram algo, estou morrendo de fome.

Harley sorri para mim. “Oh, eu amo futebol. Só não gosto dos jogadores ofensivos.”

Engasgo com minha batatinha enquanto Sanchez murmura uma maldição em voz baixa.

“E ao dizer isso, você percebe” — a mandíbula de Jax faz aquele movimento assustador-como-merda — “que todos os homens nesta mesa são ofensivos?”

Harley olha em volta e dá de ombros. “Olha, tenho certeza que o que vocês fazem é muito difícil, mas a defesa é mais agressiva para mim. Desculpa. Além disso, eles são maiores.” Ela olha para os braços de Jax e dá-lhe um sorriso tímido.

“Haverá sangue,” Sanchez diz em voz baixa, enquanto Emerson me chuta por baixo da mesa. Tipo, como se eu soubesse como melhorar as coisas?

“Engraçado, como você pode insultar algo que você não sabe merda nenhuma,” Jax diz de uma maneira muito calma. “Acho que seria como eu aparecer no seu trabalho e dizer que você está fazendo-o de forma errada. O que é que você disse que faz?”

“Equipamento desportivo. Como modelo. Eu também ensino yoga por todo o mundo...” ela inclina-se, e até pensei que Jax ia ficar com medo e recuar, mas ele me surpreende quando a encontra no meio do caminho, com o rosto completamente vazio de emoção. “Você vai aparecer no meu trabalho e se curvar?”

Emerson cobre o rosto com as mãos. Sanchez deixa escapar um assobio baixo, e eu não consigo afastar os olhos do desastre iminente.

Jax não move um músculo, ao invés disso ele inclina a cabeça e finalmente sorri. “Você sabe, é meio engraçado...”

“O quê?” Os olhos de Harley estreitam.

“Quanto você não sabe sobre futebol, vida, homens — ou provavelmente até mesmo a sua própria ocupação. Ei, Sanchez—”

Sanchez amaldiçoa. “O quê?”

“Quantas horas por semana você faz de yoga?”

Mordo o lábio para não rir.

Sei que Sanchez só vai para a yoga porque Emerson o faz ir, porque está convencida de que ajudaria a evitar que ele se machucasse novamente. O cara estava com medo de ir sozinho, então ele forçou a mim e Jax a ir com ele.

Demorou uma semana com nossos traseiros sendo chutados para implorar ao treinador para contratar alguém em tempo integral para trabalhar com o treinador e a equipe.

Nós fazemos yoga duas vezes por semana nos últimos seis meses.

E Jax, bem, está fazendo isso como um profissional.

Ele é o perfeccionista de nós três.

“Ah,” Sanchez pega uma batata frita. “Eu diria não mais do que três a quatro horas por semana, nada demais.”

Harley recua. “Você?”

“Nós.” Jax sorri, pega uma batata frita, e coloca em sua boca aberta. “Então, talvez você pense antes de falar da próxima vez, ou apenas sente lá e fique bonita, você poderia ganhar mais fãs.”

Harley mastiga as batatas fritas.

E Jax acena para o nosso garçom. “Vocês estão prontos para pedir?”

“Não foi tão ruim,” sussurro para Kins.

Ela pressiona os dedos contra as têmporas e sussurra de volta, “Talvez eu devesse ter dito à Harley para começar com o sexo e terminar com a conversa.”

“Sempre há a próxima vez.” Pisco para ela.

 

“Não se sinta mal,” acaricio a perna de Kins. “pelo menos Jax estava tão irritado com a gente por convidá-la que esqueceu toda sua raiva sobre o beijo.”

Kinsey geme e bate o punho contra a almofada do sofá. Depois do jantar, Jax disse que ela teria o apartamento, pois ele iria para os seus pais e a veria lá de manhã.

É a maneira dele dizer que precisa de espaço.

Deixo-a lá e depois a sigo, porque ela se recusa a ir mais longe, a menos que tivesse apoio — aparentemente Kins tem medo do escuro. Entro em cada porra de quarto e acendo a luz para garantir que ninguém está esperando para levá-la para um país estrangeiro e vendê-la como escrava sexual.

Terminei o último quarto há dez minutos atrás.

Dez minutos atrás, eu deveria ter saído.

Em vez disso, eu me sento.

Droga, por que estou me torturando?

“Jax fugiu do seu próprio apartamento, Miller. Eu diria que ele está muito chateado. É pedir muito para ele se concentrar em sua própria vida por um minuto? E se divertir?”

“Tem que haver uma história lá.” Pego o controle remoto da sua mão e mudo de canal. O que há com ela e essa série Ballers2? É ofensivo e, embora completamente realista, apenas uma lembrança de como o mundo nos via, ou talvez como a liga inteira se via.

Kins coloca seus pés sob sua bunda, que agora está coberta por um moletom cinza que ela trocou enquanto eu brincava de segurança pessoal. “Jax apenas... ele funciona melhor quando pode separar as coisas. Quando não pode, quando as áreas de sua vida ficam borradas, ele fica frustrado. Jax é hipersensível sobre namorar a garota errada... quase tão sensível quanto é sobre encontrar a garota certa e não ser o suficiente, eu acho.” Kins franze a testa. “Nossos pais... eles têm um relacionamento maravilhoso. Honestamente,” diz, dando de ombros, “é muita pressão — e um enorme sonho a seguir quando você não é apenas o líder da equipe da América, mas o capitão perfeito, o menino de ouro, aquele que não faz besteira, que raramente bebe, que visita hospitais nos dias de folga e quer a paz mundial.” Ela ri. “Ok, talvez por isso Jax ficou bêbado no ano passado, quando vocês ganharam, e ele nunca disse nada sobre a paz mundial, mas você entende o que quero dizer, certo? Vocês têm essa enorme lupa sobre suas vidas — e acho que, às vezes, por causa disso, ele tem medo de vivê-la.”

A culpa passa em seu rosto antes que acrescenta: “Mas ele fez uma promessa de que tentaria — alguns anos atrás — então ele deve pelo menos seguir com sua promessa até agora.”

“E deve parar de prendê-la em armários antes de grandes festas como o baile.”

“Sim, bem, agora eu tenho o meu grande namorado mau para lutar com ele por mim.” Kins pisca e pega o controle remoto da minha mão e coloca de volta para Ballers. “Então, nenhum monstro?”

“Apenas os que eu disse para se esconderem e esperarem até que você estivesse dormindo para aparecerem. Espero que esteja tudo bem por eu lhes dizer que poderiam se servir de um pouco de refrigerante.” Sorrio para ela. Deus, ela é linda, com o rosto sem maquiagem, cabelo escuro brilhante e belos lábios.

Eu me ajusto sem pensar.

Só para encontrá-la me observando.

Inferno.

Solto um suspiro exasperado, sabendo que não posso realmente ficar de pé, não se eu quisesse que ela soubesse — inferno, ela já sabe, é dolorosamente óbvio onde meus pensamentos estão indo.

“Obrigada, amigo.” Kins diz isso de novo para me lembrar, talvez para nos lembrar.

Balanço a cabeça. “A qualquer hora.”

"Você sabe... já que somos amigos, você pode ficar um pouco mais, se quiser. Isso não tem que significar nada, apenas que você está disposto a assumir o dever de guarda muito a sério.”

“Nah.” Balanço minha cabeça. “Isso provavelmente não é uma boa ideia.”

“Eu sei,” Kins sussurra. “Momento honesto?”

“Momento honesto,” repito.

“Eu nunca conseguiria viver sozinha, fico muito assustada.”

“E desde que Jax foi embora...”

“Que tal se nós fingirmos ser companheiros de quarto com absolutamente nenhum passado sexual que decidem ter uma festa de pijamas onde não é necessário nenhum toque?” Ela implora. “Sinto muito, juro que não planejei isso. Eu apenas, agora que tenho que enfrentar você saindo, já estou pensando sobre todos os meus planos de fuga e armas.”

“Dê-me um plano de fuga, um exemplo de arma, e eu vou ficar.” Cruzo meus braços.

“Você vai rir de mim.”

“Provavelmente.”

Kins rosna, “Tudo bem, então meu primeiro plano de fuga,” ela salta do sofá e corre para a porta. “Digamos que alguém arrombe a porta. Tenho que correr pelo corredor, então há esse esconderijo estranho perto do armário do corredor.” Ela corre em direção ao armário do corredor, e vou atrás dela.

Kinsey inclina-se e puxa a tela de uma das aberturas, em seguida, me lança uma lanterna que ela escondeu lá, juntamente com um celular pré-pago. “Segure estes.”

“Por que diabos você precisa de uma lanterna?”

“Os intrusos sempre desligam a luz primeiro.”

“Merda, preciso falar com Jax sobre deixar você assistir TV à noite.”

“HLN3 é a minha paixão,” Kins brinca comigo e pisca.

“Nunca mais diga essa frase novamente.” Aponto a lanterna para ela. “Para onde?”

“Aqui.” Ela rasteja pelo chão. “Depressa, abaixe-se.”

Caio de joelhos, e eles estalam contra o chão de madeira dura. “Isso é loucura. Você sabe disso, certo?”

“Shhh.” Kins chuta o meu ombro com o pé. “Isso é sobrevivência.”

Eu sorrio; Kinsey é fofa. Psicótica, mas fofa.

“Aqui está.” Ela finalmente chega a uma pequena estante, e ao lado dela, um recanto, um armário que não aguentaria metade do meu corpo. “Coloquei uma fechadura nele por dentro.”

“Você?” Aponto a lanterna para ela. “Colocou uma fechadura? Sozinha?”

“Então, eu gosto de Home Depot4! E daí?”

“Você está se ouvindo, certo? Toda essa conversa? Rastejando pelo chão? Por que todo o medo?”

Sua expressão muda. E então ela se levanta. O momento foi perdido. “Você está certo, nós devemos—”

“Amigo.” Falo a palavra tão perto que quase toco seus lábios, em seguida, trago-a de volta para o chão. “Vamos tentar a verdade, só desta vez. Você fala, eu ouço.

“Às vezes a verdade é mais assustadora do que a mentira, Miller.”

“Às vezes é, Kins.”

“Que tal deixarmos isso assim... é importante usar cada minuto de vida que você recebe, e eu sou muito parecida com o meu irmão nisso, quando confrontada com o que posso controlar, quero controlá-lo. Quero saber que, se alguém derrubar aquela porta, fiz tudo o que estava ao meu alcance para me salvar.” Os olhos dela fecham-se enquanto sussurra: “Porque a vida não está cheia de pessoas que estão dispostas a salvá-la — às vezes, tudo o que você tem é você mesma.”

Meu coração bate de forma irregular. Sinto que a cadência dele estala em uma parada à medida que seguro seu rosto com as mãos. “Isso é fodidamente a coisa mais triste que eu já ouvi, Kins.”

“A verdade pode ser triste também...” ela admite.

E talvez eu não tenha o direito.

Mas prometo a mim mesmo, naquele momento, que se isso acontecesse para mim ou ela — seria comigo. Porque meninas como Kinsey, aquelas que confiam cegamente, que veem o melhor em todos, que faz do seu trabalho encontrar a felicidade, elas são as únicas que merecem um salvador, alguém para lutar por elas, para que, no final, se isso acontecesse, então morreriam sabendo que não é porque estavam sozinhas.

O som da porta abrindo me faz ficar de pé.

Kins faz um barulho assustado e depois me puxa para um quarto, desliga as luzes, leva-me para dentro de um armário e coloca uma mão sobre minha boca.

“Kins?” A voz de Jax definitivamente faz meu coração palpitar de novo.

“Merda,” assobio. “Se ele me encontrar aqui—”

“Nós diremos a ele que estávamos brincando de esconde-esconde!” Kins me dá uma cotovelada.

“Com o meu pau?” Sussurro para ela. “Porque você sabe que é exatamente o que ele vai pensar!”

“Kins?” Jax chama novamente.

“Merda, seu telefone,” Sussurro em seu ouvido. “Cadê?”

“No bolso.”

Rapidamente coloco minhas mãos em ambos os bolsos, e depois gemo quando deslizo no bolso de trás, agarrando sua bunda no processo. Kins dá um gritinho. Eu aperto, incapaz de porra me parar.

Porque a bunda dessa mulher.

“Miller, foco,” Kins sussurra, estendendo a mão.

Dou-lhe o telefone, mas mantenho minha mão no lugar.

E digo a mim mesmo que é porque qualquer tipo de movimento pode fazer barulho, embora nós estivéssemos falando.

Kinsey coloca seu telefone em modo silencioso.

E de repente estou agradecendo a Deus que deixei o meu no carro.

Minhas chaves, no entanto...

“Suas chaves.” Ela começa a me dar tapinhas como se eu estivesse sendo revistado no aeroporto. E mesmo sabendo que minhas chaves estão no balcão da cozinha, eu deixo. “Não consigo encontrá-las.”

“Procure direito.” Sorrio para suas mãos ocupadas enquanto elas se movem mais lentamente desta vez, sobre meu corpo e depois param quando chegam à frente. “Desculpa?”

“Mentiroso!” Ela bate meu peito. “Você não está com elas, não é?”

“Eu esqueci.” Meu sorriso está firmemente no lugar enquanto meu pau está pronto para lançar uma guerra total contra o meu jeans e se libertar.

Pego sua mão antes que ela me dê um tapa, depois a outra até que ambos os pulsos estão presos acima de sua cabeça.

Passos soam.

Lentamente a apoio contra a parede do armário, atrás de alguns casacos de inverno, e pressiono meu corpo contra o dela.

Os olhos de Kinsey não deixam os meus.

Nossos corpos se encaixam perfeitamente.

Eu já sabia disso.

Já estive dentro dela e ainda estou chateado com a perda do seu calor, daquelas pernas ao meu redor.

Do jeito apertado que me segurou.

“Pare com isso,” Kins sussurra.

“Não estou fazendo nada.”

“Você está...” ela olha para baixo. “Você está.”

“Eu não posso controlar tudo, não com você, Kins, desculpe.”

Os passos ficam mais altos.

A porta do seu quarto se abre.

Uma luz acende.

A luz do armário ainda está desligada.

Sua expressão preocupada não ajuda. Então, novamente, nem o fato de que, se ele nos encontrasse, Jax pensaria o pior, porque estávamos descaradamente nos escondendo dele juntos.

Lágrimas brotam em seus olhos.

E, de repente, ocorre-me. Isso era mais do que um namoro falso.

Mais do que a doença de seu pai.

Mais do que Anderson.

Eu só não sei como os pontos estão conectados e por que é tão importante que eu a proteja.

“Olhe para mim.” Umedeço meus lábios. “Apenas concentre-se em mim.”

Ela assente com a cabeça e não pisca.

Minutos depois, o som da porta da frente fechando ecoa pelo apartamento.

Eu expiro.

Meu corpo em chamas.

Pronto.

Kinsey levanta-se na ponta dos pés e me beija na bochecha. “Obrigada por isso.”

“Pela revista? A qualquer hora.” Tento brincar quando tudo o que quero fazer é despi-la e jogá-la contra essa mesma parede, entrar nela com todo o entusiasmo acumulado entre nós, e me afundar entre suas pernas, viver lá por alguns anos em êxtase, e repetir o processo.

“Você sabe o que quero dizer.” Kins segura minha mão e me leva para fora do armário.

E mais tarde naquela noite, quando ela adormece no sofá, Kinsey ainda está segurando minha mão.

Ela poderia muito bem estar segurando a porra do meu coração.


Capítulo oito

JAX

 

Acordo com uma forte dor de cabeça.

Harley.

Afinal, que diabo de nome é Harley? Para uma menina? Faço uma nota mental para adicioná-la à lista de meninas que nunca falaria novamente. Tudo o que ela fez foi insultar não só a mim, mas a minha profissão durante todo o maldito jantar. Incomoda-me que ainda estou pensando nela, assim como me incomoda que no momento em que ela entrou no restaurante eu dei uma segunda olhada e quase tropecei em meus próprios pés antes de me sentar à mesa.

Seus olhos são um azul elétrico que me cortava como uma faca, e foi por essa mesma razão que olhei de volta. Raramente sou desafiado em qualquer área da minha vida, futebol incluído, então ela olha para mim como se eu não importasse? Como se meu trabalho não importasse? Como se eu fosse apenas outro jogador de futebol idiota? Irritou-me pra caralho, principalmente porque isso me fez perceber o quanto penso muito de mim mesmo — e do que eu faço.

Torta de humildade tem gosto de merda.

Meu telefone toca, limpo o rosto e pego outro cobertor do sofá enquanto ligo a TV. Ainda estou na casa dos meus pais; felizmente peguei algumas roupas no apartamento na noite passada, o apartamento vazio já que Kinsey estava ausente.

Não pela primeira vez, provavelmente não a última.

Além disso, eu sabia que Kins estava segura. Ela estava com Miller.

Meu telefone toca novamente.

Com um grunhido, olho para a tela.

Não reconheço o número. E apenas algumas pessoas importantes na minha vida sabem meu número, para começar.

Toco na tela e olho o texto.

Desconhecido: Só queria pedir desculpas formalmente por ser uma idiota na noite passada. Assisti o jogo do campeonato na noite passada na ESPN Classic. Aparentemente, os deuses do futebol estavam com raiva e queriam provar que estava errada. Você foi bem. Você acreditaria em mim se eu lhe dissesse que é fisicamente doloroso digitar isso?

Que diabos?

Desconhecido: PS: sua bunda ainda parece gorda naquelas calças.

Solto uma gargalhada.

E releio os textos.

A menina tem bolas de aço.

Encontro-me sorrindo para o meu telefone como se tivesse recebido uma medalha olímpica pelo passe perfeito e começo a digitar.

Eu: Estou surpreso que você tenha sido capaz de escrever essa desculpa — ou foi mais uma declaração? — sem morrer. Deve ter sido quase tão doloroso como a percepção de que minha bunda não parece tão boa de preto como eu pensei que fosse.

Pronto, isso parece bom.

E ainda estou olhando para o meu telefone.

“Jax?” Mamãe grita. Estou aqui embaixo, na sala da família, fazendo do sofá a minha casa por causa da noite passada e do texto da mamãe dizendo que o papai queria falar comigo. Fiz Kins pensar que eu estava chateado com ela — só não queria que ela conhecesse os detalhes, os sangrentos, os que a manteriam acordada à noite. Pais, irmãos mais velhos, homens, esse é o nosso trabalho. Foi assim que fui criado. Assumi o papel que meu pai me deu muito a sério. Fomos construídos para assumir as responsabilidades. Eu cresci dessa maneira, e com certeza não deixarei meu pai para baixo agora, tornando difícil para Kinsey dormir à noite porque ela estava tão preocupada com ele. Isso não tornaria as coisas melhores ou mais fáceis para ela. Se alguma coisa, Kins poderia ficar doente novamente. Então dei instruções rigorosas aos meus pais e, de forma surpreendente, eles ouviram.

Recebo os detalhes.

Kins fica feliz.

Fim.

“O que está acontecendo?” Por alguma razão escondo meu telefone, como se eu fosse um adolescente olhando pornografia, então mentalmente me repreendo. Tenho trinta e dois anos, não treze.

Mamãe finalmente faz o resto do caminho e entra na sala. Os cabelos castanhos prateados estão empilhados no topo da cabeça em um curto rabo de cavalo, e está usando, seu sempre presente, suéter Victoria's Secret e suas calças de ioga.

Com uma careta, ela franze o nariz para a TV. Inferno, nem sei o que está passando.

Ouço gemidos.

Oh, bom. HBO. Excelente, Jax.

“Não entendo sua obsessão e de sua irmã com esse programa.” Mamãe suspira e balança a cabeça.

“Não deixe Kins ouvir você dizer isso. Ballers é a paixão dela.” Faço aspas no ar enquanto minha mãe sorri e atira um travesseiro na minha cara. “Ei!”

“Gosto quando você fica aqui.”

“Eu também.” Olho em volta. “Lembra-me o que a vida teria sido se papai não forçasse minha bunda para fora. Provavelmente ainda estaria aqui neste lugar, morando em seu porão e lhe pedindo que lavasse minha roupa.”

“Não é provável.” Sorrindo, ela pisca. “Eu teria matado você antes disso.”

“Também te amo, mãe.”

“Nós precisamos conversar.”

Sim, sentindo-me com treze anos novamente, bom.

Meu telefone toca duas vezes.

Harley mandou uma mensagem de volta?

Por que eu me importo?

Por que estou literalmente perdendo o foco rapidamente por um texto estúpido que talvez nem estivesse na minha tela?

“Você parece estressado.” Mamãe dá um tapinha na minha mão.

“Nem um pouco.” Mentira. Eu vivo em um estado constante de estresse, sono, estresse, sono, repetição.

Mamãe esfrega seus lábios e, em seguida, diz as palavras que estou temendo nos últimos meses. “Querido, eu acho que é hora de chamar uma casa de repouso.”

Respiro fundo e olho para suas mãos tensas. Um lenço está enrolado entre os dedos, seu anel de casamento brilhando de volta para mim.

É injusto.

Isso não está certo.

Ele jogou bola na faculdade.

Ainda correu maratonas.

Meu pai era saudável.

Casa de repouso?

“Precisamos dizer a Kins, querido.” A voz da minha mãe quebra. “Não é justo com ela. Eu disse a ela para vir nos visitar sexta-feira, e continuo mandando os textos felizes que você queria, mas querido, seu pai não está melhorando, ele não está—” sua voz termina em um soluço. “Querido, ele não vai melhorar.”

“Você não sabe disso,” digo com um sussurro. “Os médicos disseram—”

“Seu pai não quer mais fazer quimioterapia. Ele...” ela estremece. “Ele quer viver, querido, mas não desta forma, com uma doença constante, a sensação de dormência, cansaço, dor.”

A quimioterapia está matando-o, lentamente, comendo-o de dentro para fora. Coloco meu rosto forte e empurro a raiva, a tristeza, cada sentimento que trairia a minha voz, a forma como fico de pé, o jeito que eu falo.

“Eu entendo.” Balanço a cabeça e puxo minha mãe para um abraço apertado, odiando o fato de que não estou tremendo porque estou triste. Estou tremendo, porque ele está perdendo a batalha, e não há uma maldita coisa que eu possa fazer neste universo para ajudá-lo a ganhar.

Mamãe afasta-se e limpa seus olhos. “Bem, sem mais tristeza. Diga-me como foi o jantar na noite passada.”

Gemo com a sua mudança de assunto. Ela sempre foi boa em redirecionamento, diria coisas como ‘Oh querido, estou tão orgulhosa de você por ganhar esse jogo. Você sabia que a neta de Lola acabou de conseguir um emprego perto da cidade? Ela não é bonita?’

“Uau.” Eu rio. “Legal mãe, realmente legal.”

“O jantar?”

“Você.” Deixo escapar uma pequena risada. “Se você quer saber, a menina que Kins me apresentou...” os olhos dela se iluminam como uma árvore de Natal. “Sim, pelo olhar em seu rosto, você já está planejando meu casamento e se preparando para me entregar preservativos com furos neles.”

“Eu nunca daria preservativos ao meu filho.” Ela coloca a mão sobre o coração.

“Mamãe, você me deu preservativos no ano passado!”

“Você não está casado ainda! Eu preciso de netos!” Ela grita. “Eu estava tentando ser encorajadora. O Dr. Phil disse que—”

Tapo meus ouvidos.

Mamãe empurra minhas mãos. “Então? Foi tudo bem?”

“Ela me insultou,” mamãe não parece perturbada.

“E aos meus amigos.”

Nem mesmo um estremecimento.

“E basicamente disse que eu não tinha nenhum músculo.”

Mamãe inclina a cabeça. “Bem, você está muito magro.”

“Você nem a conhece e já está do lado dela! É por isso que eu não trago meninas para casa! Você teria nos casado antes que ela saísse pela porta!”

“O que há de tão errado com o casamento?”

“Quem vai se casar?” Veio a voz rouca do meu pai.

“Oh, Ben, não é maravilhoso?” Mamãe grita.

Papai está no topo da escada sorrindo de orelha a orelha.

“Volte para a cama!” Ordeno a ele.

“Eu quero um sanduíche!” Papai grita.

“Pelo menos ele tem o apetite de volta.” Dou a minha mãe um olhar esperançoso.

Ela fica de pé. “Isso ainda não acabou. Por que você não traz sua jovem senhora para um jantar em família nesta sexta-feira? Quando Kins vem?”

“Nós não fazemos mais jantares de família nas sextas-feiras,” figo com uma voz inexpressiva. “Nós paramos quando Kins se mudou.”

“Boas notícias, Ben!” Mamãe grita, mas está sorrindo para mim o tempo todo, “Estamos fazendo jantares de família nas sextas-feiras de novo!”

“Viva!” Obtive claramente o meu sarcasmo e atitude de meu pai.

Levanto meu punho e aperto e depois balanço a cabeça lentamente para a minha mãe. “Não vai acontecer.”

“Vai acontecer.” Ela me cutuca no peito com tanta força que temi que a sua unha estivesse enfiada na minha pele. “Agora, seja um bom menino, e chame essa menina.” Sua expressão muda de feliz para triste em um instante. “Você sabe, isso faria o seu pai se sentir bem, vê-lo estabelecido.”

“Você está usando um homem doente para me manipular. Isso deve ser contra as regras em algum lugar.”

Mamãe encolhe os ombros. “Eu sou uma mãe, eu faço as regras. Traga-a. Faça o seu pai feliz. Quão difícil pode ser?”

Difícil.

Inferno.

Papai enfia a cabeça ao virar a esquina. “Onde temos aquele sanduíche?”

“Mais uma boa notícia!” Mamãe começa a andar em direção à escada. “Nosso filho está trazendo para casa uma menina!”

“Huh, e todo esse tempo eu pensei que ele fosse gay.”

“Eu também te amo, papai.” Mostro o dedo para ele enquanto minha mãe está de costas e recebo um de volta quando ela olha para mim para me dar um ‘joinha’.

Quase sinto pena da pobre moça que teria de se sentar na nossa mesa de jantar. Se você não cresceu com a loucura, isso é um pouco difícil de acostumar.

Sorrio, pensando em como Harley lidaria com os meus pais.

Provavelmente perfeitamente bem.

Ela poderia insultar cada maldita coisa em seus rostos, e ainda ficariam tão excitados que uma mulher respirando entrou por aquelas portas, que eles a receberiam na família de braços abertos. Apenas o que eu não preciso.

E ainda assim, quando pego meu telefone e vejo mais dois textos dela, eu não posso deixar de imaginar como seria.

Rapidamente coloco seu nome e adiciono o número que está enviando mensagens, em seguida, leio o texto.

Harley: odeio dizer isso para você, mas com calças tão apertadas, até mesmo a vovó podia ver aquela bunda.

Harley: Ela diz oi, a propósito, grande fã.


Jax: Pelo menos alguém na família gosta de mim, talvez eu vá levá-la para sair em vez de você.


Harley: Correção. Foi uma armadilha. Você nem sabia que eu estaria lá, então aquilo não foi um encontro de verdade, Atacante. Além disso, eu sou vegana.

Reviro os olhos.

Jax: Que surpresa.

Harley: Estou brincando... eu gosto de carne.

Quase engasgo com a minha língua, porque a minha imaginação definitivamente está lá, e tento pensar em uma resposta.

Harley: Todos os tipos de carne.


Jax: Eu literalmente não tenho resposta apropriada para esse texto.


Harley: Você é um cara.


Jax: Não pedirei desculpas.


Harley: Não estou pedindo.


Jax: Quer sair comigo?

No instante em que envio o texto, quero abrir meu telefone e encontrar uma maneira de recuperá-lo.

O que diabos estou fazendo?

Ela envia uma mensagem de volta imediatamente.

Harley: Por quê? Não teve o suficiente do meu charme na noite passada?


Jax: Se aquilo era você sendo charmosa... e, honestamente, eu não sei. A única coisa que você tem a seu favor é que você tem uma bela bunda, ao contrário de mim.

Estou realmente tendo que convencer uma menina a sair comigo?

Harley: Ora, um elogio. Ok, atacante, sairei com você com uma condição.


Jax: O que seria isso?


Harley: Você tem que trazer uma bola de futebol autografada para minha avó, ela está literalmente tentando lutar pelo telefone comigo agora e perguntou se você gosta de mulheres mais velhas.

Estremeço.

Jax: Diga a ela que se eu gostasse — ela seria a primeira mulher na minha lista.


Harley: Ela disse que nem teve um acidente vascular cerebral ou um... não importa, eu não estou terminando a frase.


Jax: As coisas ficaram estranhas.


Harley: Moro com ela. Você não tem ideia.

Olho para as escadas e sorrio.

Jax: Eu acho que realmente tenho alguma ideia... ah, e nosso primeiro encontro será você conhecendo meus pais. Tome isso, menina da Yoga.


Harley: Eu sou como o sussurro dos pais — veja-me em ação, atacante.

Eu enviaria mensagem para ela o dia todo se meu telefone não tivesse tocado. Se Miller não estivesse enchendo minha paciência sobre ir para o treino.

Desligo o mais rápido possível e disparo um texto para Harley. Como se ela não fosse um encontro às cegas estranho ontem à noite — como se ela fosse uma menina que eu poderia realmente me ver namorando.

Droga, Kins.

O karma está beijando minha bunda.

Jax: Tenho que ir construir alguns músculos já que alguém disse que não sou grande o suficiente. Para sua informação, alguns de nós compensam nossa falta de músculos em outras áreas, apenas dizendo.


Harley: Vá pegá-los, atacante. PS: estou bem ciente desse fato. Seus uniformes são assustadoramente apertados. Ou o futebol te excita ou você é bem dotado. Eu vi frente e verso. Vovó pressionou a pausa. Somos muito dedicadas... Fãs.

Sorrio.

Muito.

Depois paro.

Porque, de repente, eu percebo que tem sido um longo tempo desde que uma risada de verdade passa pelos meus lábios.


Capítulo nove

KINSEY

 

Acordo agarrando-me a Miller como uma segunda pele. O cara dorme como um morto, o que me dá a oportunidade perfeita para fugir. No instante em que tomo a decisão de me mover, seu braço dispara e me puxa contra ele, de conchinha. Por que Miller tem que ser tão quente?

Tento lutar contra isso.

Não muito.

Mas é o esforço que conta, certo?

Dormimos mais uma hora nos braços um do outro, e quando meu telefone toca pela terceira vez com o nome de Emerson na tela, o momento é quebrado.

Pego meu telefone, Miller agarra o dele.

Não há palavras trocadas, mas ainda sinto o calor de seu corpo e não queria nada mais do que excluir o mundo, esquecer todas as promessas de amizade e apenas pedir-lhe para me abraçar. Às vezes isso é tudo que uma garota precisa, um abraço, um toque.

Rapidamente ligo para Emerson de volta. Aparentemente, ela e Sanchez estão indo para o estádio de treino para se exercitar.

“Vou fazer um shake de proteína, se você quiser se preparar mais rápido.” Miller levanta-se e começa a ficar à vontade na cozinha.

E eu tive isso.

Essas visões horríveis de como seria a vida se tudo fosse exatamente assim.

Miller na cozinha, sem camisa, revirando os armários depois de ter o melhor sono de sua vida em meus braços.

E eu, me arrumando, colocando minha escova de dente ao lado da dele e lhe perguntando se pode parar na loja para comprar absorventes.

Controle-se, Kins!

“Uh...” Coço a cabeça, ando em círculo, e coloco o cobertor de volta no sofá. “Sim, claro.”

“Nós podemos resolver tudo, vou ligar para o Jax.” Miller não está olhando para mim.

Grosseiro!

Cruzo os braços e, em seguida, lembro de ficar quente no meio da noite, e tirar meu... sutiã.

Sem sutiã.

Olá, faróis.

“Tentando ser um cavalheiro aqui, Kins, mas quando você cruza os braços isso apenas fica pior para mim. Talvez você tenha ganhado peso em seus peitos também, porque eu não me lembro deles parecendo tão fodidamente comestíveis.” Miller inclina seu enorme corpo contra o balcão e finalmente olha para mim. Sua leitura lenta é suficiente para fazer todo o meu corpo tremer de necessidade. “Sim, você precisa colocar algumas roupas... Amiga.”

“Diz o jogador de futebol sem camisa.” Arqueio as sobrancelhas.

Ele dá dois passos em minha direção. “Não me faça carregá-la.”

“Desesperado para pegar algumas roupas para mim?”

“Então eu não as rasgo de você? Sim, basicamente.” Mais um passo e um arremesso, e estou sendo carregada como um saco de batatas por todo o corredor até meu quarto. Estou atordoada demais para reagir. Miller me coloca de pé, vira-se e se afasta.

“Obrigada pelo passeio!” Grito atrás dele.

Miller olha para trás ao virar a esquina assustando-me. “Isso não foi um passeio e você sabe disso, Kins. Você está familiarizada com os tipos de passeios que dou, e quando toda essa coisa de amizade for para o inferno e você realmente me pedir para te beijar — e te tocar — você precisará apertar o cinto, querida, porque vai ser áspero.”

“Engraçado, eu lembro do suave.”

“Atiçando o urso, amiga.”

Estou respirando com dificuldade para uma garota que está parada. “Talvez eu goste de atiçar.”

Miller geme e bate a cabeça contra o lado da parede antes de sair e gritar: “Você tem dez minutos.”

Faço uma careta e consigo puxar uma muito necessária respiração de oxigênio antes de rapidamente vestir minhas roupas de treino. Uma onda de tontura toma conta de mim, apenas breve o suficiente para me forçar a agarrar a porta antes de pegar minha bolsa de treino.

E com as tonturas — o medo.

Isso é debilitante.

Você está sendo ridícula. Você é saudável. Você está bem.

Fecho os olhos e desligo o mundo e, então, me concentro na única coisa que não seja uma lembrança do meu passado — do que meu pai está passando — do que ele está lutando.

Miller.

Meus olhos se abrem.

Por que o vi?

Engraçado, já que Jax foi quem me ensinou a meditar, assumir o controle de meus pensamentos antes de assumir o controle de mim. E é sempre a voz de Jax que me traz a esse lugar de paz, onde nada poderia me tocar, onde eu simplesmente vivo.

Engulo em seco.

Em vez disso, é a voz rouca de Miller, seus lábios cheios, aquele sorriso atraente, que força o meu medo a se dissipar.

“Kins!” Miller chama. “Está pronta?”

“Sim.” Coloco a mão no meu peito e balanço a cabeça. “Claro, estou indo.”

Ele resmunga algo sobre Jax ter a paciência de um santo comigo, e quando me junto a ele na cozinha, Miller de alguma forma mudou de roupa e fez dois shakes de proteína. Ele joga para mim uma garrafa cheia de uma porcaria de aspecto verde que quase me faz vomitar antes mesmo de sentir o cheiro.

Com um sorriso, ele pega as chaves. “Não critique sem experimentar.”

“O que é isso?” Balanço a garrafa e me encolho, o lodo verde nem se move! Eu precisaria de uma colher! “Veneno?”

“Kins,” Miller abre a porta para mim. “Você realmente acha que eu iria envenenar você antes de prová-la novamente? Não seria tão inteligente da minha parte. Então você provavelmente me perseguirá sempre que eu tentasse ficar com alguém e arruinaria completamente todos os orgasmos no futuro.”

Passo por ele. “Então, basicamente, não preciso vigiar minhas costas até que você receba um pequeno petisco?”

“Ok.” Ele agarra minha bolsa da minha mão e aperta o botão do elevador. “Eu diria mais como uma festa.”

Meus ouvidos queimam. “Desculpe, amigo, o restaurante está fechado.” Aperto minhas pernas para provar isso, e noto Miller me dar uma olhada, seus lábios se curvam como se ele soubesse o que está fazendo para mim.

“Veremos.”

“O que aconteceu na noite passada? Nossa conversa sobre sermos amigos?”

“Perda de memória seletiva” ele me conduz para dentro do elevador; sua grande mão pega metade das minhas costas, pelo menos, parece isso.

Afasto-me de seu toque e encosto-me contra a parede oposta. “Bem, coisa boa que eu ainda me lembro da conversa.”

Um grunhido é sua única resposta.

Outra onda de tontura me atinge.

Agarro o corrimão.

E de repente Miller está na minha frente, com as mãos no meu rosto, seus olhos enlouquecidos. “Que diabos foi isso?”

Endireito-me. “Hã? O quê?”

Miller não está acreditando, seus lábios pressionados em uma linha firme. “Você sabe exatamente o que estou falando. Você tropeçou como se fosse desmaiar.”

Finjo um sorriso que não sinto e encolho os ombros. “Estou cansada, eu compartilhei um sofá com um gigante na noite passada e quase fui sufocada.”

“Besteira.” Miller aperta as mãos em cada lado do meu corpo, prendendo-me contra a parede. “Você dormiu bem, quer saber como eu sei?”

Provavelmente não. Engulo em seco. E balanço a cabeça.

“Azar do caralho.” O elevador para. Miller não se move. “Eu conheço você, Kins. Conheço a sua pele, conheço o seu cheiro, estou muito consciente de cada movimento que você faz, mesmo em seu sono, eu vi você tirar seu sutiã, senti você pressionar essa bunda contra mim quando você pensou que eu estava adormecido — eu conheço você. E isso, isso não é você... então irei perguntar novamente. O que está acontecendo?”

Estou muito atordoada para responder.

Felizmente, as portas se abrem e as pessoas começam a entrar.

“Isso ainda não acabou,” ele murmura, pegando minha mão e levando-nos para fora do elevador no lobby do apartamento.

Fui salva pelos olhares curiosos de pessoas ao nosso redor, e quando entramos na garagem adjacente, eu sei que é apenas uma questão de tempo antes que ele descobrisse.

Não porque eu diria alguma coisa.

Mas porque ele me conhece.

Miller vê tudo.

E se eu continuasse ficando tonta assim, ele tiraria isso de Jax, ou apenas me forçaria a ir ao médico.

Não que isso importasse.

Eu estou saudável.

Totalmente bem.

Meu pai, por outro lado...

É quinta-feira. Posso vê-lo amanhã.

Eu me agarro a essa promessa com unhas e dentes.

Tudo vai ficar bem, eu só preciso me forçar a acreditar nisso.


Capítulo dez

MILLER

 

“Ele literalmente está no telefone durante a última meia hora.” Sanchez acena com a cabeça na direção de Jax. “Cara, eu sei que isso parece insano, mas acho... acho que Jax está enviando mensagens.”

“É definitivamente algo de proporções estilo Armageddon,” concordo, terminando minha série e saltando do banco para que Sanchez pudesse começar a dele. “Ele parou no meio do levantamento.”

“Jax,” Sanchez grunhe enquanto levanta a barra do suporte, “não é por nada, mas você sabe a maneira como ele funciona. Como se estivesse sendo perseguido por zumbis comedores de carne de merda.”

“Mais dois.” Tenho minhas mãos sob a barra apenas no caso. “Nós provavelmente deveríamos roubar seu telefone.”

“É como se nós compartilhássemos um cérebro quando levantamos pesos, homem, porque estou tentando descobrir uma maneira de quebrar a senha dele.”

“Aniversário.”

Sanchez termina o levantamento e pega uma toalha. “Merda, cara, esse é Jax. Você realmente acha que ele ainda manteria isso como sua senha? Ele não é preguiçoso como nós.” Nós dois olhamos para trás onde Jax está a três metros de distância.

Jax abaixa o telefone e depois sorri.

“Ele—” Sanchez me bate com uma toalha. “Ele sorriu? Para o telefone dele? Você viu aquilo?”

Não posso acreditar nos meus próprios olhos. Jax Romonov enviando mensagens para uma garota, e pela aparência de seu rosto, uma gostosa.

“Jax!” Chamo. “Sua vez.”

“Oh.” Ele tosse em sua mão, deixa cair seu telefone em seu equipamento no chão, e, lentamente, chega até nós. “Desculpe, eu estava apenas... hmm. Enviando uma mensagem.”

“Para quem?” A boca de Sanchez amplia em um sorriso.

Jax faz uma careta e deita-se no banco enquanto o observo. “Que tal não é da sua maldita conta?”

Ele levanta a barra do banco e começa a fazer suas repetições. Quando chega à última, Sanchez se aproxima, pega a barra, e, lentamente, pressiona-a até quase conectá-la com o peito de Jax.

Jax geme em um esforço para empurrá-la.

“Que inferno, cara!” Ele grita, com os braços tremendo. “Você está tentando me matar?”

“Depende.” Sanchez sorri. “Para quem você está enviando mensagens?”

“São cem quilos, seu idiota!” Jax chia, seu rosto ficando vermelho.

Sanchez diz. “Uau, cara, eu não estava ciente. Isso é realmente pesado. Não é pesado, Miller?”

Tusso uma risada. “Claro que é.”

“Apenas nos diga para quem você está enviando mensagens e vou levantar a barra.”

“É para, para...” Jax chuta as pernas, se debate, desiste, e olha. “Vou dizer para a defesa destruir vocês dois por qualquer meio necessário na próxima semana.”

Sanchez boceja.

Suspiro. “Para quem é?”

“O que vocês estão fazendo?” Kinsey grita, correndo até a seção de peso com Emerson seguindo atrás. “Pare com isso! Você pode matá-lo! São, pelo menos, cem quilos. Você sabe que seu máximo é apenas cinquenta!”

“Ele está bem.” Sanchez empurra com mais força. “Além disso, as mãos de Miller estão bem embaixo, a barra não vai a lugar nenhum até que ele confesse para quem ele estava enviando mensagens.”

“Que porra é essa? O ensino médio?” Jax revira os olhos.

“Mensagens?” Os olhos de Kins se iluminam, e em segundos ela está ao meu lado. “Você está enviando mensagens?”

“Eu mando mensagens o tempo todo!” Jax ruge.

O cara está ficando muito nervoso por causa de algumas mensagens. Apostaria meu contrato inteiro que ele estava enviando mensagens para uma menina. Só quero saber quem.

Emerson ri de seu lugar atrás de Kinsey. “Talvez devêssemos simplesmente pegar o telefone e ver?”

“Dê isso aqui.” Kins estende a mão.

“Kins,” Jax implora. “Não se atreva.”

“Você me trancou em um armário durante o baile,” Kinsey diz enquanto Emerson coloca o telefone em sua mão. “Vou me atrever a qualquer momento que eu quiser.”

“Não posso acreditar nessa merda,” Jax murmura.

“Sério?” Olho para Kins. “Você sabe a senha de todos?”

“É o seu dom.” Emerson suspira. “Ela descobriu a minha em segundos, não sei como ela faz isso.”

“Chato como o inferno!” Jax grita, lutando contra Sanchez, que ainda está rindo pra caralho.

Kins rapidamente acerta a senha de acesso e, em seguida, diz ofegante, “De jeito nenhum!”

“O quê!” Todos exclamamos, quase esquecendo que Jax estava lutando, antes que ele gritasse.

Sanchez puxa a barra de cima dele e a coloca no suporte, e, em seguida, corre para Kins. Ficamos reunidos em volta como crianças com nada melhor para fazer do que fofocar enquanto Jax xinga como um marinheiro no banco, alternando entre a gritar e jogar uma toalha contra o chão.

“Harley.” Kins rapidamente esconde o telefone. “Uau, irmão, eu não pensei que você fosse capaz. Quer dizer, eu lhe dei o seu número porque ela disse que queria pedir desculpas, mas isso...” Seu sorriso é brilhante, esperançoso. Deus, ela é linda quando sorri.

Coloco meus sentimentos de lado.

Uma coisa é cobiça-la, outra querê-la. Outra coisa bem diferente é querer mais — pensar que é possível depois de toda a merda que passei no ano passado. Fiquei muito fodido para ser qualquer coisa exceto seu amigo, embora nas últimas doze horas minhas ações e minhas palavras tenham sido completamente opostas à promessa que fiz.

Prometi porque o rosto dela quase acabou com meu coração.

Mas depois da noite passada, suas confissões, o sofá.

Estou de volta à estaca zero.

Querendo-a nua e embaixo de mim.

Mais de uma vez.

Mais.

Apenas, querendo mais.

Droga.

“Gente!” Kins fecha o telefone e joga-o para um Jax irritado. “Por essa projeção, eu imagino que Jax vai transar.”

Sanchez começa a bater palmas, enquanto o rosto de Jax fica vermelho brilhante.

Emerson e eu trocamos um high five enquanto Kins faz uma pequena dança, sua bunda aponta na minha direção tempo suficiente para minha boca ficar completamente seca.

Em me dá uma cotovelada nas costelas. “Você vai aguentar isso?”

“Cale-se.”

Ela levanta as mãos com falsa inocência e pisca.

É a minha vez de corar.

“Está tudo bem, você sabe,” ela sussurra enquanto Sanchez e Kins continuam sua provocação incessante com Jax, incluindo planejar sua roupa para o encontro deles amanhã à noite.

Finjo ignorância. “O quê?”

“Gostar dela.”

“Uau, nós realmente voltamos para o ensino médio, não é?”

Em ri. “Hum, quase tivemos um professor demitido no ensino médio.”

“Deus, a Sra. Perkins foi a pior!”

“Lembra-se quando ela nos disse que íamos acabar na prisão?”

Envolvo meu braço em torno de seus ombros e lhe dou um abraço de lado. “Quem diabos diz isso para crianças de onze anos de idade? Você chorou por dois dias e me disse que não sobreviveria em um lugar que não permitia que você se expressasse criativamente.”

Em geme, enfiando a cabeça no meu peito. Cara, eu senti tanta falta de Em, mas é diferente, segurá-la é diferente, como se uma parte da minha vida tivesse retornado, mas não da mesma maneira. Nós não nos encaixamos como antes, nós pertencemos um ao outro, apenas não da maneira que sempre imaginei.

“Admita, eu era uma nerd que você protegia porque eu era a única garota na escola que levava lanches extra de frutas.”

“Tipo os Power Rangers. Às vezes ainda anseio pelo Ranger azul.”

“Homem doentio.”

“Eles são dois por cinco dólares na mercearia na esquina agora. Talvez eu possa lhe fornecer alguns se você me fizer um favor.”

Em olha para mim com aqueles lindos olhos castanhos. “Não estou roubando o mascote dos Bucks.”

“Isso foi no ensino médio, e você totalmente arrebentou naquele vídeo do YouTube quando eles te pegaram no banheiro dos homens com seu pé na privada. Horrível esconderijo, mas quem sou eu para julgar?”

“Cala a boca.” Ela me empurra. “O que é esse favor?”

“Descubra por que ela está ficando tonta.”

Em franze a testa. “Ela seria Kins?”

“Sim.” Engulo em seco, meus olhos encontram Kins como se ela fosse a única pessoa na sala. “Ela ficou tonta como se fosse desmaiar. Felizmente eu já tinha feito para ela um shake com eletrólitos extra e tal, eu só... algo parece errado.”

“E você a conhece bem o suficiente para dizer isso.” Emerson diz isso como uma declaração, e depois aperta a mão contra meu antebraço. “Vou descobrir, mas você pensou em pergunta-la?”

“Kins mentiria... além disso, nós estamos apenas, você sabe, levando as coisas devagar com toda essa relação, quase como amigos, porém mais...”

Em sufoca uma risada. “Ceeerto. Então nenhum momento de nudez ainda?”

Cubro sua boca com a mão. “Diga isso perto de Jax, e você sabe que ele encontrará uma razão para me matar.”

Em puxa minha mão. “Tudo bem, vou perguntar.”

O telefone de Jax toca.

Todos nós voltamos nossa atenção para ele, sorrindo.

“Você vai atender?” Sanchez cruza os braços musculosos sobre o peito. “Ou simplesmente deixará ir para caixa de mensagens?”

Jax afasta-se e atende ao telefone quando sai da sala.

“Notícia de última hora,” Sanchez anuncia. “Estou me convidando para o jantar em família amanhã à noite. De jeito nenhum vou perder a merda bater no ventilador. Inferno, isso pode ser melhor do que o futebol, o nosso pequeno Jax crescendo e ficando nu com garotas.”

Kins pisca para mim e junta-se a Emerson nos pesos livres enquanto Sanchez e eu terminamos nossas séries.

Tento me concentrar no aquecimento da pré-temporada.

No fato de que o treino começa na próxima semana.

Mas meus olhos, os bastardos traiçoeiros, continuam a encontrar Kins e a travar os olhos com os dela pelo espelho.

Estou perdido.


Capítulo onze

KINSEY

 

Sinto-me melhor depois de malhar com a turma, e uma vez que termino o resto da gosma verde, que é estranhamente mais doce do que esperei, esqueço tudo sobre as tonturas e de repente estou focada no treino dos Bucks.

Como uma das capitãs da equipe, é meu trabalho ter certeza de que todas as garotas estão fazendo o seu condicionamento atribuído e incentivar aquelas que estão lutando. No ano passado, foi a Emerson. Ela era uma líder de torcida talentosa, mas eu sabia que seria difícil para ela desde que não se encaixava no padrão típico de um líder de torcida profissional.

Ela tem uma bunda assassina, curvas deslumbrantes, e seios que as meninas matariam para ter — minha teoria ainda está de pé, de que Sanchez foi hipnotizado por seus peitos e então se apaixonou por seu coração. Tanto seus peitos e seu coração são incríveis, e estou feliz que eles encontraram um ao outro e esse foi o ajuste perfeito.

Vasculho minha bolsa em busca da agenda para o treino. Quero checar os horários de início e ter certeza de que tudo está no lugar.

“Ei.” Em entra no vestiário. “Você quer rever algumas coisas antes do treino?”

“Sim.” Rapidamente olho para cima das folhas e suspiro, finalmente me sentindo como eu. “Só preciso organizar tudo isso primeiro.” Franzo meu nariz.

Em inclina a cabeça. “Você me diria se você estivesse se pressionando muito, não é?”

Deixo cair o papel. “Hã?”

Em revira os olhos. “Não estou tentando ser intrometida—”

Arqueio as sobrancelhas.

“Ok, isso é uma mentira, eu totalmente estou. Mas só quero ter certeza de que você está bem com tudo... seu pai... Miller...”

“Eu estou bem.” Queria falar com ela, dizer-lhe minhas dúvidas e inseguranças, mas parece estranho. Ela é minha melhor amiga, mas também foi o mundo inteiro de Miller por anos. Toda a situação é confusa e porque eu mantive o meu passado secreto, a última coisa que quero é lhe dar a notícia e ter isso espalhado por algum intruso sem nada melhor para fazer com sua vida. “Prometo.”

Ela me olha e depois balança a cabeça lentamente. “Tudo bem, você sabe onde me encontrar quando precisar de mim.”

“Olá!” A porta para a sala de musculação se abre. “Em, eu pensei que você fosse lavar minhas costas?”

Bufo e reviro os olhos enquanto Em apenas balança a cabeça e sorri.

“Estou indo.”

“Sim, você vai,” Sanchez grita de volta.

“Controle-o.” Sorrio.

“é impossível.” Ela me dá um abraço e sai. Sigo até o corredor principal que se encontra entre os dois vestiários e paro, deixando meus pensamentos assumir.

Pelo menos por mim, eu poderia me concentrar no treino e em qualquer outra coisa que poderia e iria me distrair da boca viciante de Miller. “Não esperava vê-la aqui.” O som da voz nasal de Anderson envia arrepios pelos meus braços.

“Oh?” Recuso-me a olhar para ele. Não quero que ele veja minha irritação — ou o medo por trás da máscara calma que tento demonstrar. “Bem, eu trabalho para a organização Bucks como líder de torcida, então não sei por que seria tão chocante.”

“Não, eu quis dizer no ginásio, malhando.” Sua voz é fria, distante. “Você não parece estar tão em forma como na última vez que te vi. Presumo que você parou de tentar.”

Parou. De. Tentar.

É estranho como as memórias podem ser esquecidas e, de repente, um ruído ou um barulho ou cheiro — a maldita colônia que ele sempre usava — trazem tudo de volta à superfície, como se estivessem presas em pequenas boias apenas esperando para voltar a subir. As palavras ofensivas são tão duras agora como foram há alguns anos atrás.

Aperto o papel em minhas mãos e de repente desejo as habilidades ninja dos valentões para que eu pudesse cortar a minha agenda pela garganta dele e chamá-lo de acidente de papelada anormal, um que envolve sangue e desmembramento.

“O quê?” Ele se aproxima até que posso ver seus tênis Nike e calças de corrida. “Não estou tentando ser rude, você sabe. Eu gosto de ser completamente honesto com os meus amigos.”

“Nós não somos amigos,” rebato, empurrando o papel de volta à sua pasta e a pasta de volta na minha bolsa. “Nós nunca fomos amigos.”

Seus olhos frios prendem os meus. “É isso que você acha? Depois de namorar comigo por um ano inteiro? Então nunca fomos amigos?” Seu sorriso é triste, é manipulador; quero estrangulá-lo e a sua fachada de garoto que mora ao lado. “Talvez eu me lembre das coisas de maneira diferente, você estava feliz, ficamos felizes...” encolho-me quando ele move a mão no meu rosto, seus dedos frios pressionam contra minha bochecha. Estou congelada no lugar. Paralisada de medo. “Poderíamos ter isso novamente... o sexo incrível...” meu estômago revira. “A proximidade...” ele sorri. “Nós éramos bons um para o outro, éramos ótimos juntos, e então você teve que dizer ao seu irmão uma besteira sobre eu ser controlador.”

Engulo lentamente e sussurro: “Porque você era.”

“Eu estava ajudando você.” É como se ele realmente acreditasse no que está dizendo. Seu sorriso desaparece, seu rosto cheio de tristeza.

Deus, ele é um mestre manipulador.

“Não, você me machucou.”

“Eu nunca te machucaria.”

“Você fez.” É tudo o que sou capaz de dizer. Preciso sair, ficar longe dele, do olhar cabisbaixo no seu rosto e a culpa que ele jogou em mim que me faz sentir como se de alguma maneira, tudo fosse culpa minha, incluindo sua atitude controladora.

“Anderson.” Miller grita o seu nome como uma maldição. “O treinador acabou de entrar, quer repassar a agenda da próxima semana com você.”

Anderson não se move.

Miller aperta os dentes, em seguida, diz isso mais alto. “Agora.”

Anderson deixa cair sua mão e me dá uma piscada antes de lentamente passar por Miller como se fosse dono do lugar.

Não sei como Miller chega ao meu lado antes que meus joelhos cedam, mas de repente estou em seu colo, minha cabeça pressionada contra o seu peito, seu coração batendo no meu ouvido como se estivesse prestes a bater através da pele e me dar um tapa no rosto por minha estupidez.

“Você está bem?” Seu queixo apoiado na minha cabeça, posso sentir a vibração das palavras em meu corpo.

Balanço a cabeça, o peso de sua cabeça se movendo comigo.

“Waffle, é errado mentir para o seu frango, você sabe disso, certo? Isso é como... a manteiga de amendoim insultar a geleia, simplesmente errado.”

Fungo uma risada, e depois encontro-me passando os braços ao redor de seu torso nu e pela primeira vez, percebo que ele está basicamente seminu.

“Você está usando uma toalha.” Minhas mãos congelam atrás do seu pescoço.

Seus lábios encontram minha orelha direita. “Você quer que eu esteja usando uma? Porque posso estar fora dela em segundos.”

“Você me aconselharia a tentar esquecer as coisas.”

“Por coisas você quer dizer aquele idiota?”

Balanço a cabeça novamente. Sua respiração é quente no meu pescoço, e quero me enrolar nele, implorá-lo para envolver seus braços em volta de mim e me proteger do mau — Miller sempre parece tão bom.

O que é que ele tem que o faz parecer assim?

Ele é genuíno.

Fiel.

Mas definitivamente não é seguro. Não é seguro nem de longe.

Não, a maneira como ele se parece é muito diferente da realidade do que ele é — um homem perigoso, que estou estupidamente me apaixonando mais e mais, mesmo que eu tenha sido queimada duas vezes por ele.

E, no entanto, o meu coração estúpido segue adiante. Talvez as coisas tenham mudado? Talvez ele esteja diferente? Talvez ele queira mais?

Quinton Miller?

Não, ele experimentou o amor uma vez.

Duvido que ele corra o risco novamente.

Especialmente por mim.

“Você está suspirando muito para uma garota que só percebeu que uma toalha a separa do seu objeto favorito.”

“Então agora você é um objeto?”

Miller puxa a cabeça para trás. “Somente partes de mim, que tal?”

“Jax te mataria se visse você agora.”

“Jax pode beijar minha bunda.” Miller rosna baixo em sua garganta, sua testa tocando a minha à medida que seus lábios descem.

“Whoa!” Sanchez entra, em seguida, caminha de volta.

Afasto-me de Miller e amaldiçoo minha própria fraqueza.

“Dê-me uma razão para não remover a cabeça de Anderson do seu corpo.” Miller ignora completamente o fato de que Sanchez me viu em seu colo. “Uma razão ou irei atrás dele, com ou sem esta toalha.”

“Antes de tudo, sua nudez provavelmente faria o truque para assustá-lo—”

“Porque eu tenho um pau grande?”

Cubro meu rosto aquecido com minhas mãos. “Sim, porque o dele é tão pequeno.”

“Ha!” Miller dá uma gargalhada em seguida, puxa uma das minhas mãos e me dá um high five. “Toca aqui, sem-bunda, esse é o tipo de ousadia que você precisa mostrar na próxima vez que ele te incomodar.”

Eu tremo, o que é suficiente para Miller perder o seu sorriso e me dar um daqueles olhares penetrantes que faz todas as minhas partes femininas torcer por todas as razões erradas.

“Kins, prometa-me, apenas fique longe, e se ele te encurralar de novo, seja insolente, e vá embora, entendeu?”

Balanço a cabeça algumas vezes. “Entendi, Sr. mandão.”

“Ou eu lhe mostrarei o meu pau,” ele promete com uma piscadela.

Jax escolhe um momento realmente ruim para nos interromper.

Estou completamente vestida sentada em um Miller seminu, que está me segurando perto o suficiente para me beijar, e ele apenas acabou de dizer que vai mostrar seu pênis.

“Ninguém está mostrando seu pau para NINGUÉM!” Jax grita, empurrando um dedo na direção de Miller.

“Não para mim.” Reviro os olhos e finjo sentir náuseas enquanto saio do colo de Miller só para quase plantar a cara no chão. Ele tem esse efeito sobre mim, oh alegria.

“Kins, você está se sentindo bem?” Jax está ao meu lado em um instante, a mesma expressão preocupada em seu rosto que o vi usar e tentar esconder nos últimos anos sempre que eu espirrava ou tive qualquer temperatura acima dos trinta e seis graus.

Afasto-me dele, meus olhos encontrando os de Miller. Recuso-me a deixá-lo conhecer essa parte de mim, a parte que tornaria ainda mais difícil para ele se apaixonar por mim.

O que estou dizendo mesmo?

Que eu quero isso agora?

Não.

Seja forte.

Resoluta.

Ele só quer sexo.

Uau, de repente sinto-me tão parecida com Emerson com Sanchez no ano passado, presa com um cara que só queria uma coisa de mim quando tudo o que eu queria era mais.

De tudo.

Se há uma coisa que aprendi com Anderson — e meu passado — é que eu mereço mais.

E vou lutar para ter isso.

Não há mais fraqueza.

Não mais.

A toalha cai.

Essa porra cai.

No chão.

Miller é rápido para pegá-la.

Desacelero o tempo — ou talvez o tempo apenas desacelera para meu benefício. Ele é...

“Cubra-se, cara!” Jax atira-lhe um olhar fervente, em seguida, volta sua atenção para mim, mas não antes que eu pegue a piscadela de Miller.

O bastardo fez isso de propósito!

Sim, ele irá pagar por isso mais tarde.

Depois de reviver o momento, pelo menos uma dúzia de vezes e, em seguida, armazenar nos locais mais recônditos rotulados em minha mente: Miller nu. Que simplesmente acontece de estar ao lado de: Os melhores orgasmos da minha vida, que está diretamente na frente de: Beijos do Miller.

Miller levanta as mãos em defesa e caminha de volta para o vestiário dos homens, provavelmente para se trocar.

“Kins,” Jax geme. “Olhe para mim.”

Encontro seus olhos.

Porra, odeio a preocupação lá.

“Eu sei que mamãe mandou uma mensagem sobre o jantar em família. Ela literalmente fez isso bem na minha frente depois que papai me mostrou o dedo, é claro.”

Sorrio. “E por esses textos parece que você levará a Harley.”

O olho esquerdo de Jax se contrai, ele rapidamente olha para o chão. “Fui basicamente forçado por mamãe.”

“Sim, posso ver como isso aconteceria. Ela tem o quê? 1,57m? Cinquenta e dois quilos? Coitadinho, o que ela fez? Sentou-se em você? Cutucou seu peito com o dedo e ameaçou cuspir em sua testa?”

“Muito engraçado.” Jax sorri, seus olhos ainda não encontrando os meus. “Ela, uh, usou a pressão, vamos apenas dizer que ela é muito boa em lançar pilhas de culpa e fazer você dizer obrigado em resposta.”

“Como alguém que eu conheço.”

“Hum...” ele dá um passo para frente, olhando para trás, em seguida, apoia as mãos no meu ombro. “Você não está... Deus, não posso acreditar que estou mesmo perguntando isso, quero dizer, você está...” ele dá uma risada constrangedora. “Não há nada acontecendo entre você e Miller, certo? Você sabe, além de todo o namoro falso para que o idiota do Anderson fique longe?”

Sorrio brilhantemente. É o sorriso de uma mentirosa. Eu sei. E só espero que ele não saiba — então, novamente, esse é Jax, ele pode me ler como um livro. “Você pediu para nós sairmos, e é isso que estamos fazendo. Nada mais.”

Pronto, isso soou bem.

“Então, vocês são apenas... amigos.”

“Ele é o frango do meu waffle, irmão, não se preocupe.”

“Eu poderia ir por alguns waffles.” Ele dá tapinhas em seu abdômen plano atrás de sua camiseta branca apertada. Jax provavelmente poderia comer um celeiro e ainda parecer que pertence à capa da Men's Fitness pela terceira vez.

“Você e comida.” Empurro seu peito.

“Eu amo comida.”

“Junk food,” provoco.

Ele coloca a mão sobre a minha boca. “Diga a alguém e vou prendê-la novamente. Momento difícil.”

Mordo sua mão, e ele se afasta com um grito. “Senhor eu-apenas-como-saladas-na-frente-de-todos-mas-sozinho-eu-tenho-um-esconderijo-de-doces-em-cada-recanto-do-apartamento! Mesmo na sua mesa de cabeceira! Esqueça os preservativos! Você tem jujubas!”

“Kins, eu juro, se você contar a alguém—”

“Skittles5.” Cruzo os braços. “Mas só o tipo vermelho.”

“É isso.” Jax avança, joga-me sobre o ombro com uma mão, depois agarra nossas duas bolsas e começa a marchar para fora. “Hora de ir para casa antes de derramar mais segredos.”

“Oooh!” Sorrio. “Como quando você só tem abacaxi em sua pizza um dia antes do jogo e literalmente enviará a pizza se você não tiver exatamente trinta e oito pedaços de fruta nela?”

Jax belisca minha perna.

“Ei!”

“Whoa!” Miller está saindo do vestiário, totalmente vestido, droga. “Kins está lhe dando problemas, cara?”

“Quando é que ela não está me dando problemas?”

“Que bom que agora compartilhamos esse fardo,” Miller diz, piscando para mim antes de nos seguir.

“Certo?” Jax brinca.

Mas a piada é ele, porque o tempo todo que Miller nos segue, tudo o que faz é olhar diretamente minha camisa com um sorriso malicioso no rosto.

Estou ferrada.


Capítulo doze

MILLER

 

Jantar em família.

Algo que não faço desde que a minha mãe estava viva.

O pensamento de realmente sentar durante uma refeição inteira com os pais de Kinsey me dá vontade de correr na direção oposta.

Isso é perturbador.

Antes que meu pai descobrisse o amor de sua vida — o álcool — ele tinha outro. Minha mãe.

E, embora não tivessem o casamento perfeito, eles sempre conseguiram manter os domingos para jantarmos juntos.

Era sempre o mesmo. Carne assada com cenouras e algumas batatas jogadas dentro. Às vezes havia sobremesa, e quase sempre terminávamos a nossa refeição na sala assistindo ao Sunday Night Football6.

Tradição.

A palavra queima.

Faz meu peito sentir como se estivesse se expandindo muito rápido, como se eu não conseguisse me impedir de implodir.

Mas Kinsey havia pedido.

E então acrescentou, como se eu já não estivesse lidando com merda emocional suficiente, que faria seu pai feliz ao vê-la com alguém.

Ótimo.

Se ele soubesse que a machuquei, não uma, mas duas vezes.

Que provavelmente sou a razão pela qual ela estava tão brava quando voltou da Europa.

Que sou capaz de fazer isso novamente.

E que apesar de tudo isso — eu ainda quero, quero-a tanto — talvez porque quando estou com ela, Kins me faz querer mais.

E se isso não for terrível, não tenho certeza do que seja.

Eu perdi Em.

Perdi minha mãe. As únicas duas mulheres da minha vida que já amei foram tiradas de mim em circunstâncias diferentes. Não tenho certeza que posso sobreviver a isso uma terceira vez.

Não tenho certeza se quero sequer tentar.

E meninas como Kins, luzes solares brilhantes que sabem como invadir propriedades, mas ainda têm medo do escuro, elas merecem um herói.

Não um jogador de futebol emocionalmente fodido que prefere dormir à sua maneira com outras mulheres do que realmente comprometer seu coração e arriscar a perder tudo de novo.

É estúpido.

Eu sou estúpido.

A única explicação que tenho é ainda mais estúpida.

Eu acho que... Não. Eu sei.

Meu coração não está inteiro.

Então, como é justo de minha parte sequer tentar dar algo que nem mesmo está funcionando corretamente para uma menina que tem o maior coração que eu já vi?

Não é justo.

Isso não a faz menos desejável e com certeza não faz a chama do desejo morrer.

Longe disso.

O som de pratos sendo repassados me traz de volta ao presente. Meu inferno atual.

O jantar.

“Então, Harley,” Paula, a mãe de Kinsey, passa-lhe a salada. “O que você faz, querida?”

“Yoga,” Jax interrompe bruscamente. “E ela modela... O que mesmo? Roupa de criança?”

Harley pega o garfo e cutuca Jax na mão, forte, antes de falar, “Ops, pensei que fosse meu frango.”

Jax esfrega a mão.

“E, na verdade, é um desgaste atlético, que seu filho deve saber, uma vez que ele afirma ser um atleta, mas isso ainda não foi comprovado nesta temporada, não é... Querido?”

Sanchez do outro lado da mesa entrega a Jax a faca de cozinha com um aceno sólido de encorajamento.

“Agora, meninos,” Paula ri. “Eu acho que a menina tem razão. Você tem um ano difícil pela frente.”

“Que legal” — Jax parece estar engasgado com as palavras: “de modelar para apontar isso para nós.” Ele pega a faca e começa a cortar o frango tão forte que um pedaço voa no meu prato e, em seguida, no de Kinsey.

“Cuidado, querido!” Paula instrui, “Essa é uma ave macia.”

“Eu sei de outra coisa que é macia,” Harley diz em voz baixa.

Emerson engasga com o vinho enquanto Sanchez pega a garrafa e enche o copo de água vazio de Jax com vinho, dando-lhe outro aceno de encorajamento.

Uma vez que a comida é passada ao redor, presumi que haveria paz.

Comer.

Conversa fiada.

Um pouco de café.

Eu iria para casa, bateria a cabeça contra a parede, tomaria uma ducha fria, e tentaria não sonhar com Kinsey nua.

No geral, exatamente o que faço nos últimos meses, enquanto ela estava na Europa.

Mas o destino não é tão gentil.

“Então, Miller,” Ben diz, a faca em sua mão esquerda apontada em minha direção como se estivesse se preparando para jogá-la. “Você está dormindo com a minha filha?”

A boca de Jax cospe o vinho diretamente no rosto de Sanchez.

Emerson entrega-lhe um guardanapo, mas não antes de rir dele e enxugar algumas lágrimas.

Sanchez amaldiçoa e limpa o vinho tinto e joga o guardanapo no rosto de Jax.

“Papai...” Kins tem que falar. Agora mesmo. Com uma faca apontada para o meu coração. “Essa é uma pergunta boba, nós apenas começamos a namorar!”

“Uh-huh.” A faca não se move. “E sua mãe e eu éramos virgens na nossa noite de núpcias. Você percebe que Jax ou era prematuro ou nasceu fora do casamento?”

Sanchez dá um suspiro falso enquanto Harley dá de ombros e diz: “Huh, eu diria prematuro. Não é isso que afeta o desenvolvimento muscular?”

Jax geme em seu vinho e continua bebendo enquanto Harley dá um gritinho como se ela tivesse acabado de ser beliscada.

“Hah-hah.” Merda, está quente aqui? Puxo a gola da minha camisa e engulo contra minha garganta-seca-como-inferno. “Senhor, com todo o respeito, eu nunca—” mentiras, tudo mentiras, eu vi seus peitos! Está literalmente na ponta da língua para confessar, eu geralmente sou melhor sob esse tipo de pressão, sou um bloqueador ofensivo, pelo amor de Deus! “Eu não iria desrespeitá-la dessa... Maneira.”

Ele abaixa a faca.

Eu expiro.

Ele a levanta novamente.

Meu pau se contrai com horror e culpa.

“Então você está dizendo... que o beijo que vocês compartilharam — o que mesmo, Paula, dois dias atrás?”

“Parece certo.” Ela assente com entusiasmo. “Querido, sua língua era bastante... visível.”

“Muito visível,” Ben concorda. Inferno, eu pensei que o homem tinha câncer? Por que ele parece a segundos de me castrar? “Você está dizendo que isso é o mais longe que você foi com a minha menina.”

“Senhor, sim senhor.” De repente estou no serviço militar. Pronto para morrer pelo rei e pelo país — ou apenas proteger todas as minhas extremidades inferiores do atual terrorista com a faca.

“Certo.” Ben deixa cair a faca. “Bem, o que diabos está errado com você? Você não acha que ela é bonita?”

Jax rosna, empurrando um pedaço de carne na boca, me encarando com um olhar que faria a maioria dos homens mijar em suas calças.

“Linda,” digo, olhando para o meu prato. “Uma das meninas mais bonitas que eu já vi.”

Pequenos dedos roçam minha coxa e depois uma mão segue — eu sei que é Kinsey, pego a mão dela como uma tábua de salvação.

“Então, ela é a coisa mais linda que você já viu e ainda... você o manteve em suas calças?”

“Por medo deste aqui cortá-lo.” Aponto para Jax. “Claro, sim, basicamente.”

Kinsey ri ao meu lado.

“Bem, se há alguma coisa que eu aprendi...” Ben começa a cortar a sua carne novamente. “É que esta vida é tão malditamente curta, não seja esse cara, filho. Aquele que deixa a linda garota se afastar. Se tivesse feito isso com Paula eu não estaria preso com esse idiota aqui.” Ele aponta para Jax. “Ou minha princesinha.”

“Eu sou uma princesa!” Kinsey ri na direção de Jax enquanto ele sorri de volta para ela. Aparentemente, isso é normal para sua família.

“Sim senhor...” expiro. Eu concordei em fazer sexo com Kinsey? Seu pai apenas... me pediu isso? Que tipo de família é essa?

“Obrigada,” Kinsey diz em voz baixa. “Ele é muito passional sobre... Amor.”

Seus olhos baixam.

E com isso, a culpa sobre toda a situação surge de novo. Porque estou escondendo tudo dela — por causa do meu próprio medo, meu próprio egoísmo.

“Você sabe como fazer?” Ah bom, mais perguntas de Ben... o cara precisa do seu próprio seriado.

A mão de Kinsey move-se para acariciar a frente do meu jeans.

Quase salto da cadeira.

“Miller?” Sanchez diz. “Confie em mim, se você tivesse ouvido os ruídos que saíam de seu apartamento neste verão, você realmente não precisaria fazer essa pergunta.”

Kinsey afasta a mão.

Enquanto meu pau chora com a perda de seus dedos.

Porra.

Abaixo a cabeça.

Duas meninas. Dormi com duas meninas sem importância enquanto ela esteve fora. Eu não tinha planejado dizer a ela — não é como se estivéssemos namorando.

Mas sei que teria importância.

Para ela, isso teria importância.

Porque, como disse ontem, Kins não é aquela garota, aquela que você dorme e manda embora no dia seguinte. Aposto que o último cara que ela esteve foi Anderson, o idiota que ainda tem um louco poder mental e emocional sobre ela.

Fiz sexo casual com duas meninas que não viram nada além de dinheiro nos meus bolsos e um corpo que poderia dar-lhes um bom momento, e sou tão culpado porque as usei para esquecer Kinsey.

O silêncio cai sobre a mesa.

Emerson balança a cabeça lentamente para mim.

Ótimo, agora Em está desapontada também.

Como se não tivesse casado com o cara que no ano passado disse-lhe que queria transar com ela para se divertir.

E olhe como isso acabou!

“Mãe,” A voz de Kinsey treme. “Vou verificar a torta, ok?”

“Vou com você.” Eu me movo para ficar de pé.

“Não,” Jax balança a cabeça. “Eu irei.”

Tento sorrir.

Eu falho.

E pergunto-me se perdi a Kinsey.

E então pergunto-me, se realmente a tive em primeiro lugar?


Capítulo treze

KINSEY

 

Eu tinha superado ele.

Superado isso.

Até Jax forçar o grande modelo de volta à minha vida sem me dar uma escolha na questão. Talvez se nós dois tivéssemos mantido a nossa distância, isso não ferisse tanto. Se Miller não tivesse se desculpado.

Se ele não tivesse procurado em cada cômodo da minha casa por um intruso, se não tivesse prometido me beijar mais uma vez se eu desistisse da nossa amizade falsa e somente pedisse. Se não fosse um grande namorador com seus olhos azuis cristalinos e a pele morena.

Se não me dissesse com os olhos e ações que tudo o que quer fazer é me proteger do mundo.

Mas Miller fez todas essas coisas.

Dois dias. Levou dois malditos dias para Miller ficar sob a minha pele novamente como uma doença, para me fazer acreditar que talvez, apenas talvez, eu pudesse confiar nele, confiar nas palavras que ele disse.

“Ei você.” A voz de Jax está calma, racional, exatamente o que preciso. “Quer ajuda com a torta?”

“Não.” Eu a puxo para fora do forno e coloco no balcão de granito, jogo as luvas de forno no chão e começo a cortar pedaços realmente irregulares, ficando com açúcar e migalhas em toda minha mão antes de Jax me agarrar por trás, colocar sua mãos sobre as minhas, e sussurrar: “Pare.”

Eu paro.

Fecho os olhos.

Inalo-o.

Uma constante na minha vida.

Os dois homens que confio mais do que tudo, meu irmão, meu pai.

E mais uma vez, isso acabou de ser comprovado, talvez isso seja tudo o que terei, e não estou bem com isso - eu quero ser. Talvez um dia eu possa ser. Agora não.

“Ele é jovem e estúpido,” Jax diz em voz baixa. “Quando você está na liga, e você tem muito dinheiro, fama,” ele suspira. “Você esquece quantas garotas se ofereceram para mim antes que eu tivesse minha reputação lendária de homem de gelo. Houve uma garota que literalmente tirou a roupa na minha frente, abriu as pernas, e pediu pelo menos um minuto do meu tempo para que ela morresse feliz.”

Eu estremeço. “Você está brincando?”

“Isso acontecia o tempo todo, Kins. Não estou dizendo que vou voltar lá e dar parabéns para ele por pensar com seu pau - principalmente uma vez que esta seja uma das muitas razões que eu não quero qualquer jogador perto de você. Tudo que estou dizendo é que, quando você é solteiro, há a tentação. Miller é um dos bons, e ele só teve um ano difícil no ano passado, com tudo o que aconteceu com Em e Sanchez.”

E lá está.

Sempre volta ao passado de Miller.

Seu passado com Em.

E agora, parece que eu nunca serei realmente uma parte do seu futuro.

“Você está certo.” Não me sinto melhor. Não consigo. E nunca conseguirei. Mas não quero que meu irmão saiba porque isso me machuca tão profundamente - por que quando eu estava naquele avião para a Europa e a comissária de bordo da primeira classe teve que me dar mais lenços, eu pensei que meu coração ia explodir.

Enquanto Miller estava passando seu tempo nu, com um rosto sem nome que provavelmente nem sabia sua cor favorita.

Rosa. É rosa.

Não pergunte.

“Eu só... foi uma noite estressante, sabe?” Eu me viro nos braços de Jax e lhe dou um abraço de urso. “Obrigada por ser o melhor irmão mais velho do mundo.”

Seu rosto cai enquanto seus braços me apertam como uma faixa apertada. “Eu não sou.”

“Você é.”

“Não, Kins.” Ele me afasta. Jax nunca tinha feito isso antes. Se afastar. “Eu realmente não sou.”

Nunca vi aquele olhar em seu rosto - me lembra culpa, do tipo que você não pode fugir, do tipo que te segue você até te matar. Do tipo que eu costumava sufocar quando Anderson me fazia sentir mal sobre mim mesma, o meu corpo. “Jax?”

“Eu sabia.”

“Sabia?”

“Sobre o papai,” Jax sussurra. “Antes de eu te mandar para a Europa. Eu sabia.”

O mundo cai à minha volta, primeiro em pequenos pedaços, e então, de repente, o chão cede, e eu estou no chão, de joelhos, olhando para o homem que jurou que nunca iria me deixar para baixo - que disse que seria sempre a minha rocha.

“O - o quê?”

“Kins.” Seus olhos se enchem de lágrimas. “Sinto muito, pra caralho, desculpe, eu não quero que você fique doente de novo, você sabe o que o stress pode fazer com você, e naquele momento não estava tão ruim. A quimioterapia funcionou na primeira rodada, e-”

“Cala a boca, só cala a boca!” Grito, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. “Eu poderia ter tido meses com ele, MESES, e você me mandou embora!”

“Eu pensei-”

“Você pensou?” Grito mais, batendo o punho na superfície da madeira. “Você pensou o quê? Que tinha acabado de fazer o que você faz para todos? Empurrar o Anderson para mim e controlar toda a situação do caralho? VOCÊ PENSOU?”

Mamãe e papai de repente correm para dentro da cozinha, o rosto da mamãe pálido, mais pálido ainda que o do meu pai.

Fecho os olhos.

De repente braços frágeis estão ao meu redor. “Nós não queríamos que você sofresse.”

Papai.

Ambos.

Traída pelos meus pais e Jax.

Afundo dentro de mim, querendo engatinhar no chão e chorar, gritar, e repetir o processo. “Vocês não tinham o direito.”

“Eu sei, querida.” O papai beija a minha cabeça. “Nós calculamos mal o quão rápido o câncer estava se movendo, nós apenas... não tínhamos ideia. Nós queríamos proteger você.”

“Não cabia a vocês isso,” digo em voz baixa, uma que não reconheço, que pinga tanta tristeza e traição que me sinto uma estranha no meu próprio corpo. “Eu preciso... eu preciso sair.”

“Querida.” Papai me aperta com mais força. “Não vá, não assim.”

“Todos vocês sabiam.” O ignoro, e opto por olhar para minha mãe, irmão, e, finalmente, o meu pai. “Todos vocês? E ainda escolheram isso por mim? Quando seu tempo foi literalmente cortado a quê? Um ano?”

Papai desvia o olhar.

Engulo. “Quanto tempo, pai?”

“Seis meses, querida. Talvez menos. Eu parei os tratamentos.”

“E vocês iam esconder isso de mim também?”

“Hoje à noite,” Mamãe intercede, “nós íamos te dizer esta noite.”

“Um jantar em família,” murmuro. Com um suspiro, beijo meu pai na bochecha. “Eu te amo, mas preciso ir. Volto amanhã para ver você, eu só... preciso de espaço nesse momento. Não quero sair com raiva, mas... estou tão brava.” Minha voz treme.

Jax me dá um olhar nervoso antes de me ajudar a ficar de pé. Puxo as minhas mãos longe dele e olho. “Vou me mudar.”

“O quê?” Ele grita. “Por causa disso? Por protegê-la?”

“Isso é tudo que você faz! Você é um pé arrogante na minha bunda! Que tal você se concentrar em viver a sua própria vida, em vez de tentar me impedir de viver a minha!”

Saio, pego minha bolsa e corro para fora.

Não é até eu estar na calçada que percebo que Miller me deu uma carona.

Dois segundos depois, seu cheiro familiar ao meu redor. “Para onde?”

“O apartamento de Jax. Vou pegar algumas coisas.”

“E vai para onde?”

“Não sei ainda. Um hotel. Ainda estou chateada com você. Eu nem sei por que estou falando com você.”

“Nem eu,” Miller sussurra. “Estou feliz que você esteja, mesmo que seja mais alto do que você normalmente fala.”

“Isso é porque estou tentando não gritar com você.”

“Posso perceber.”

Não sorrio.

“Eu dirijo.” Pego as chaves da sua mão.

E ele deixa.


Capítulo quatorze

MILLER

 

Cada pessoa no jantar ouve os gritos. Até mesmo Harley fica sóbria, sua expressão fica pálida quando Jax grita com Kins, enquanto ela grita de volta.

Os conheço há um pouco mais de um ano. Nem uma vez eu os vi brigar - costumava me incomodar, o tipo de relacionamento que eles têm como irmão e irmã é assustadoramente próximo. Eu não sou estúpido. Há algo mais lá, entre eles. Algo que eu e todos os outros em suas vidas não conseguimos entender, algum vínculo que é inquebrável.

Parte de mim está com medo de perguntar.

Com medo da resposta.

Com medo do que vai me fazer sentir.

Ainda estou chateado com Sanchez, mas quanto mais penso nisso, menos a minha raiva se dirige a ele e mais para dentro, como se eu fosse o pau que decidiu ter umas transas de uma noite sem sentido só porque sou muito covarde para admitir que os meus sentimentos por Kinsey são alimentados por mais do que álcool e luxúria.

“Kins,” é inútil tentar acalmar a mulher. Nos dez minutos desde que estivemos em seu apartamento ela pegou duas mochilas e enfiou tantas roupas nelas que não conseguia fechá-las. Um par de chinelos sai voando pela minha cabeça, seguido por um salto que por pouco não acerta minha orelha direita. “Você quer que eu leve esses?”

“Ou se esfaqueie com eles,” ela responde com uma voz doce. “Apenas tente não deixar sangue na parte de tecido do sapato, eles custaram uma fortuna. Jax comprou para mim no ano passado. Pensando bem, coloque fogo neles, não me importo.” Seu sorriso vacila como se ela fosse explodir em lágrimas e, em seguida, pensa melhor.

Kins carrega outra mala para a sala, em seguida, marcha até a geladeira e a abre - ela está cantarolando?

Com um sorriso Kins tira a tampa do leite, em seguida, vira na boca, a garganta se movendo lentamente conforme ela inclina a cabeça para trás para todo o líquido descer. Um pouco sai da sua boca, escorrendo pelos lados e em sua camisa. Foda-se, eu não consigo desviar o olhar.

“Faz bem para o corpo, hein?” Brinco.

Kins bate a jarra vazia contra o balcão e volta seu olhar penetrante para mim. “A maior implicância é quando eu termino o leite.”

Cruzo os braços, precisando de algo para fazer para não ir até ela e acabar com meus dedos quebrados. “Isso seria a implicância de qualquer atleta, especialmente aquele que gosta de seu shakes de proteína todas as manhãs.”

Ela limpa a boca com a manga, e sinto meu corpo tremer com um desejo selvagem de lamber o resto do leite daqueles lábios inchados, ou pelo menos lamber seu corpo para ver se algum líquido encontrou o seu caminho pelas suas curvas.

Puxo um fôlego lento, já sabendo que o meu corpo está me traindo e balançando em direção a ela, meus lábios se separam.

“Não.” Suas narinas abrem. Um dedo é apontado na minha direção. “Agora eu estou mais puta com ele do que com você - considere-se sortudo, Miller.”

A boca de Kins de repente irrompe em um sorriso, e com um sorriso perverso ela pega um banco do bar, arrasta-se sobre ele, e abre os armários em cima do fogão.

“Pega!” Ela joga uma caixa gigante de snacks de frutas no meu rosto então não tenho opção, só estico minhas mãos já que perdi o memorando sobre trazer meu capacete de futebol. Outra caixa de snacks de frutas segue, do tipo que você compra em atacado que pode alimentar um refeitório inteiro cheio de alunos da primeira série, e em seguida, dois sacos de dois quilos de M&Ms estão cambaleando na minha direção.

Kins pula do banco e limpa as mãos nas leggins pretas. “De repente, me sinto muito melhor.”

Bufo e levanto um dos sacos de doces no ar. “Porque você pegou o seu estoque de açúcar?”

“Não.” Ela pisca então sussurra, “Porque eu peguei o dele.”

Faço uma careta. “Jax? Mas ele só come salada.” O cara é notório por ser o único na equipe que come como um coelho sempre que saímos para jantar, sem nenhuma chance do caralho que qualquer tipo de açúcar branco processado passaria por sua boca. A última vez que um cara trouxe um Snickers para treinar, Jax o bateu longe.

Filho da puta. Ele tinha comido?

“Jax é um mentiroso, ele tem um dente doce do tamanho da sua cabeça estúpida egoísta - que, para sua informação é gigante, o idiota.”

Estou preso em uma posição onde sinto que preciso tomar partido e queimar a camisa dele na pia e dançar em volta dando a Kins uma palestra sobre o empoderamento das mulheres, ou defendê-lo, seja lá o que ele fez para irritá-la.

Kins lambe os lábios enquanto as lágrimas enchem seus olhos pela segunda vez naquela noite.

“Merda.” Agarro-a antes que ela possa ir para longe de mim, e no minuto que seu corpo entra em contato com o meu, sou atingido por tanta saudade que quero bater minha cabeça contra o balcão de granito. Ela está triste. Eu estou abraçando-a. E de repente me sinto melhor do que tinha me sentido o dia todo?

Não faz sentido.

“Eu o odeio.” Kins funga.

“Não, você não odeia.” Falo contra seu cabelo, que cheira a coco e lavanda. Dou outro cheirada, mal suprimindo o gemido na parte de trás da minha garganta.

Kins olha para mim com olhos provocantes. “Você acabou de cheirar o meu cabelo?”

“Seria assustador como o inferno se eu fiz?”

Seu nariz enruga. “Só porque parece que você fez isso duas vezes.”

“Talvez eu só quisesse ter certeza.”

Uma sobrancelha levanta. “Certificar-se que seu nariz funciona?”

“Não.” Levanto o queixo. “Talvez eu só quisesse ter certeza que não vou esquecer nunca como você cheira, você sabe, apenas no caso de te chatear ainda mais no futuro próximo, e vamos ser honestos, as chances não estão a meu favor. Quero lembrar do seu cheiro quando estiver sozinho, na minha cama fria, deprimente, e você estiver fora bebendo todo o leite de Jax e roubando senhas de acesso e chaves de casas aleatórias de estranhos.”

O sorriso dela quebra a porra do meu coração, os cantos de seus lábios se reúnem com as bochechas revestidas com lágrimas secas. “Você me faz soar como uma psicopata.”

“Se a carapuça serve...”

Ela me dá um soco no ombro. “Eu estava chateada, certo?”

“E você me bater significa que você está feliz?”

“Estou chegando lá. Eu só... Preciso de tempo para processar.”

“Tenho ouvidos.”

“Sim, dois deles, eu percebi. Você vai me dizer que tem um pênis, em seguida, tirá-lo para fora para provar isso?”

“Hah!” Dou uma gargalhada e a solto. “É essa a sua maneira meiga de me pedir para te mostrar novamente? Já sente falta dele, né?”

“Não se pode sentir falta do que nunca teve, Miller. E eu realmente não me lembro de tê-lo, você sabe, todo aquele sexo embriagado, pensamentos difusos..." A voz dela some.

“Besteira.” Seguro-a pelo cotovelo e puxo-a contra o meu corpo onde ela pode muito bem sentir a porra de cada centímetro meu contra ela. “Eu não compro o seu blefe.”

“Diga tudo o que quiser. Isso não muda o fato de que ninguém vai ver o pau de ninguém, mesmo que seja...” Ela lambe os lábios e olha para baixo, fazendo a maldita coisa sentir a necessidade de encontrá-la na metade do caminho. “Impressionante.” Kins faz aspas no ar.

Eu nunca quis tanto tirar a roupa em toda a minha vida.

“Impressionante.” Repito a palavra, enrolada na minha língua, não, não é a palavra que estou procurando, e a rejeito imediatamente. “Acho que você pode fazer melhor do que impressionante.”

Pelo menos as lágrimas foram embora, a lembrança de que elas estiveram lá antes estão em sua maquiagem listrada e a piscada dos olhos castanhos.

É um momento que nunca vou esquecer.

O calor de seu corpo pulsa contra o meu no ritmo perfeito, como se meu coração estivesse se esforçando para corresponder a cadência dela - é mais do que apenas a sensação dela nos meus braços, ou a forma como ela olha para mim com a confiança que não mereço - a cada pedaço do quebra-cabeças, pulsando, me tentando.

Beije-a.

Beije-a.

Eu preciso beijá-la.

Para sugar a tristeza longe daquela boca, para pressionar meus lábios contra essas lágrimas, para fazer tudo ir embora.

Para fazê-la esquecer.

Ou talvez, para nos fazer lembrar.

Porque foi tão bom, antes de mais nada.

Porque ainda estou com tanto medo da sensação de tê-la debaixo de mim, de deslizar dentro dela enquanto ela observa com muita atenção.

Kins morde o lábio inferior e balança a cabeça lentamente. “Devo encontrar um hotel, ou algo assim.”

“Ou algo assim.” Empurro-a contra o balcão, meu corpo ainda firmemente pressionado contra o dela. “Eu acho que sei de um lugar que tem uma vaga.”

A cabeça dela inclina, aqueles lábios se separam o suficiente para sugar todo o ar que ela precisa provavelmente para gritar comigo para parar de microgerenciar sua vida como seu irmão. Em vez disso, Kins fecha a boca e olha para baixo antes de dizer: “Este lugar tem HBO?”

“Talvez.”

“Este lugar permite igualdade de benefícios do controle remoto?”

“Claro... eu não sou um monstro.” Uma batida do coração, duas, posso sentir meu pulso subindo rapidamente quanto mais tempo ela está me tocando. “Você pode até ser alimentada.”

“Uau. Que demais.” Kins sorri com os olhos cheios de lágrimas. “Soa quase bom demais para ser verdade.”

“Sim, bem, nada nunca é de graça.”

“Eu imaginei.”

“Mas você pode desfrutar do pagamento.”

Ela revira os olhos. “Não vou dormir com você, Miller.”

Seu rosto está vermelho brilhante, os olhos claros, os lábios apertados como se estivesse tentando não pensar sobre a última vez que nos beijamos.

“Falei alguma coisa sobre sexo?”

“Não mas-”

“Um beijo,” termino por ela.

“Um beijo?” Seus olhos se estreitam. “E então posso usar seu quarto extra?”

“Um beijo,” eu repito. “Inofensivo.”

Nós dois sabemos que é uma mentira.

Não há nada inofensivo sobre a maneira como nos tocamos, assim como não há nada inofensivo sobre seu gosto, o sabor viciante dela pode ser minha queda, e mesmo que eu saiba disso, ainda acendo o fósforo e aceno em volta como se ele não fosse queimar o inferno fora da minha mão.

“Ok.” Ela fecha os olhos. “Vá em frente.”

Seu rosto está vazio de emoção, perfeito, ainda assim. “Isso não é o que eu quis dizer.”

Um olho abre, em seguida, dois. “Você disse um beijo?”

“Certo, mas você tem que me beijar.”

“Miller!” Uma borda da irritação atinge sua voz. “É a mesma coisa.”

“Se fosse a mesma coisa você não estaria discutindo comigo, não é? Mas, ei,” me afasto apenas o suficiente para colocar alguns centímetros de espaço entre nossos corpos. “Se preferir arrumar um quarto de hotel, com o que suponho ser o dinheiro do seu irmão, então...” é um golpe baixo. Um que a lembra que, tanto quanto ela odeia seu irmão naquele instante, ele é a razão pela qual ela é capaz de viver e respirar como se fosse a sua vida.

Porque Kins tem recebido muita merda.

É uma aposta.

Usar o seu orgulho contra ela.

Mas sou um homem desesperado.

Desesperado por seu beijo, seu toque, e talvez apenas desesperado para provar para ela e para mim que alguma coisa entre nós pode ser bom.

Mesmo que isso signifique que não possa ser para sempre.

“Tudo bem.” Ela segura a frente da minha camisa com a mão direita, e fica na ponta dos pés. Deixo-a me puxar para o seu nível, enquanto sua cabeça desce. Eu quero encontrá-la no meio do caminho.

Mas encontrá-la no meio do caminho iria arruinar o ponto.

Então fico parado com meus pés gigantes no chão e espero o primeiro roçar de lábios.

Em um movimento hipnótico, de torcer o coração, sua boca funde contra a minha, seus lábios desaceleram.

Um passo.

Dois.

As pernas dela se enroscam com as minhas, seus quadris batendo contra minhas coxas conforme respiro através dos seus pulmões, através de sua boca, tornando-a minha. Reivindicando o ar, o espaço entre nossos corpos.

Calor irradia entre nós enquanto Kins lentamente desliza sua mão até meu peito e a envolve em volta do meu pescoço, a outra mão se juntando a ela conforme ela se pendura no meu corpo. Levanto-a pela bunda e a coloco na bancada, nenhuma vez me afastando dos seus lábios, mas tragando cada beijo de sua boca como uma droga, apenas mais um golpe, e depois outro.

Palavras que foram ditas entre nós pegam fogo - subindo em fumaça conforme nosso beijo se intensifica, conforme a necessidade triplica. Beijo a coluna esbelta de sua garganta, aproveitando meu tempo de prová-la antes de reivindicar seus lábios novamente.

Sua língua explora a minha boca, lentamente, ternamente, antes dela se afastar e agarrar meu bíceps, cavando seus dedos na minha pele apenas com força suficiente para fazer parar meu ataque em sua boca.

“Um beijo,” ela repete, sua voz rouca.

“Isso foi um beijo,” corrijo.

“Como você sabe?”

Coloco seu cabelo atrás das orelhas, ela tem um pequeno tremor. “Porque a minha boca não saiu de você nenhuma vez.”

E mesmo que eu queira puxá-la em meus braços novamente, beijar o inferno fora dela, e deixá-la nua.

Eu não o faço.

Dou um passo para trás, e depois outro antes de me virar e pegar suas mochilas. “É melhor irmos.”

“Certo.” Kins desliza fora do balcão, pressiona uma mão em seu rosto corado, e, em seguida, faz um círculo completo antes de pegar a última sacola e o par de chinelos que ela jogou na minha cara. “Obrigada, por isso...”

“Isto é o que os amigos fazem.”

E não sei por que eu digo isso.

Por que desenho aquela linha na areia novamente.

Talvez fosse auto-preservação.

Ou apenas minha mente protegendo todas as peças restantes do meu coração.

Porque por aqueles poucos breves minutos, eu podia jurar, que ela não estava apenas me beijando, ela estava puxando a dor longe e obrigando-me a esquecer todas as razões porque a ajudei a mandá-la para fora do país em primeiro lugar.

E todas as razões que eu faria isso novamente.

Porque ainda sou egoísta.

E quando você é egoísta, você se concentra na única coisa que você pode pensar que possa cegar você da dor dos outros.

A sua própria.


Capítulo quinze

KINSEY

 

Duas semanas.

Esse é quanto tempo eu vivo com Quinton Miller.

E, em todo o tempo que vivemos juntos virou uma coisa terrivelmente normal não só vê-lo apenas de toalha, pelo menos, noventa e nove por cento do tempo, mas começar a ter visões da bunda quando ele esquece - certo, esquece - de lavar roupa.

De manhã, ele toma leite sem camisa, e sei disso porque eu quase sempre encontro aqueles músculos, todas as manhãs na cozinha.

Miller faz o seu café forte o suficiente para que eu fique preocupada de um dia acordar com pelo no peito.

E ele comprou uma caneca especial para mim.

É rosa.

Ela tem um K nela.

Em suma, Quinton Miller está lentamente me matando.

Ele faz shakes de proteína como um chef, sempre tem snacks de frutas no armário apenas no caso do apocalipse zumbi acontecer e houver uma escassez, são suas palavras não minhas, e ele é o perfeito cavalheiro.

Estou falando perfeito.

Uma noite, após um treino duplo, eu cheguei em casa com ele não só me arrumando um banho de espuma, mas me perguntando se eu gostaria de champanhe para acompanhar.

Não foi até o dia quinze que eu chego ao limite, completamente perdida e quase bato o punho no seu rosto perfeito, porque como diabos ele se atreve! Não é o seu trabalho me fazer feliz, ou cozinhar ovos, ou certificar-se de que eu tenha a minha própria caneca de café de cerâmica! Nós não estamos realmente namorando e tudo o que ele está fazendo é me fazer desejar que estivéssemos, o que é muito injusto, já que ele é como um terrorista emocional que bombardeia o seu coração só para depois lhe dizer que você tem que deixar o país para encontrar um hospital grande o suficiente para consertá-lo!

Quando chego em casa essa noite, estou furiosa, furiosa! Ele me deixou um bilhete na minha bolsa para ter um bom dia.

Certo. Dizia Tenha um bom dia.

Só isso.

Ainda estou irritada que eu estou chateada com algo tão pequeno, algo tão gentil, algo que, por alguma razão maldita traz lágrimas aos meus olhos, pelo menos quatro vezes durante o treino.

Jax me deu um grande espaço nas últimas semanas, e saber que estou assim tão brava está provavelmente o matando tanto quanto eu.

E depois há os telefonemas e visitas aos meus pais, onde finjo ser corajosa, depois choro até dormir.

“Miller!” Bato o bilhete sobre o balcão da cozinha do seu imaculado apartamento de cobertura.

Ele está longe de ser visto.

“QUINTON MILLER, VOCÊ TRAGA SUA BUNDA AQUI AGORA!” Estou totalmente apertando minhas mãos em punhos pequenos e me preparando para começar a atirar louça por toda a cozinha quando ele vira a esquina.

Em uma toalha do caralho.

Novamente.

“É isso!” Vou para ele. “Esta é a última gota!” Puxo a toalha livre, sem realmente pensar em outra coisa senão quão irritada eu estou que ele está basicamente nu novamente. Eu seguro a toalha em uma mão e o bilhete amassado na outra.

E Quinton Miller, o atacante mais sexy que Deus já criou, está pairando sobre mim com um sorriso confiante e pequenas gotas de água correndo pelo seu abdômen para o chão a seus pés. “Kins, você está bem?”

“S-sim.” Desvie o olhar, apenas desvie. “Quero dizer não, não.” Deus abençoe o futebol, e Deus abençoe aquele V, é tão profundo e eu quero alcançar e tocar o vale do seu abdômen até minhas mãos roçarem o impressionante-

“Kins?”

“Hmm?” Pulo em atenção. “Sim?”

“Você estava gritando.”

“Eu estava.”

Suas sobrancelhas se erguem. “E você roubou minha toalha. Estou meio que em um impasse aqui, pequena Waffle, se você só quer me ver nu, ou o quê? Porque eu tenho um encontro daqui a pouco.”

“Um encontro?” Desanimada, deixo a palavra pairar no ar como uma completa idiota. “Claro que você tem.”

O ciúme bate em mim. Com o coração fraco, sinto que preciso me sentar. Por que estou chateada de novo? Ah, certo, porque ele está me fazendo gostar dele mais do que eu já gostava, ele está sendo gentil, e agora? Agora, o tapete está sendo puxado debaixo de mim. Que porra. Um encontro.

“Você pode se juntar a mim se quiser.” Ele dá aquele sorriso estúpido que faz mulheres idosas em todos os lugares segurarem seus peitos e querem desmaiar ou ir ao PS com sintomas de ataque cardíaco.

Droga. “Não, um, não quero me intrometer.”

“Não é realmente esse tipo de encontro, Kins.”

“Ah.” Movo os meus pés, e, em seguida, entrego a toalha, tudo feito com movimentos bruscos, como se eu fosse a errada quando era ele me tratando como o melhor amigo que nunca teve. Engulo em seco, “Eu provavelmente devo me trocar.”

O que estou dizendo?

Estou realmente pensando em ir com ele?

É sério?

“Ótimo.” O cara me irrita ainda mais, batendo na minha cabeça como se eu fosse uma criança, e então despenteia meu cabelo. “Basta usar o que você normalmente usa, jeans, legging, nada muito sexy.”

Meus olhos se estreitaram em pequenas fendas.

“O quê?” Ele parecia genuinamente confuso sobre porque essa última afirmação tinha me preparado para arrancar seus olhos fora. “Você quer ir, certo? Nós temos que estar lá em quinze minutos. Vamos lá, você está deprimida há duas semanas. É hora de sair, Kins, viver a sua vida, e deixar de ficar triste.”

“Eu não estou triste,” Argumento como uma criança, indo tão longe a ponto de cruzar os braços.

“Você está certa,” Miller sussurra. “Você está brava. O que é quase pior. Porque pelo menos quando está triste você pode lamentar. Contra a tristeza você pode lutar. Mas raiva? A raiva nós apenas justificamos até que estamos tristes como inferno. A última vez que a vi sorrir foi na cozinha do seu irmão, você está perdendo peso, e se esqueceu de tomar banho ontem.”

“Eu não fiz isso!” Envergonhada, quero rastejar debaixo do sofá e deixá-lo me sufocar até a morte. “Eu estive ocupada com o treino!”

“Você está treinando demais.” Seus dedos roçam meu queixo. “Você tem chorado para dormir, e nós não temos mais ibuprofeno. Quantas dores de cabeça você já teve?”

Afasto-me dele. O psicopata realmente contou os comprimidos de ibuprofeno? Com quem diabos eu estou vivendo? “Você não é meu irmão.”

“Você está certa.” Miller se encolhe como se eu tivesse acabado de lhe bater, em seguida, um sorriso ilumina seu rosto. “Sou o seu namorado de mentira, então você pode muito bem sair comigo. Inferno, eu estou mesmo disposto a enfrentar a ira de Jax, a fim de ter aquele sorriso de volta no seu rosto.”

“Você esqueceu que eu tenho vivido com você? Eu sou imune aos seus encantos.” Sou uma mentirosa, mas é tudo que tenho, ele claramente vê todas as pequenas coisas que estou tentando esconder. As dores de cabeça, o cansaço, as olheiras sob os olhos. É ruim o suficiente que Jax suspeite, mas Miller nem deveria me conhecer tão bem.

“O tempo está passando, Waffle, vá se trocar.”

Olho para os meus shorts e tênis Nike. “O que há de errado com o que estou vestindo?”

“Eu posso ver que será difícil.” Ele me joga por cima do ombro, levando-me para o quarto de hóspedes e me deposita sobre o colchão. Eu pulo para cima, com a cabeça quase se conectando com seu queixo enquanto ele vasculha uma das minhas malas. Logo, um jeans está passando pela minha cabeça, seguido por um dos meus tops favoritos, como ele sequer sabe disso? É uma coincidência? Miller encontra um par de botas Gucci e acrescenta à pilha sendo jogada na minha direção. Ele faz uma pausa e, em seguida, caminha até a cômoda onde guardo minhas joias. Sua mão enorme pega alguma coisa e, em seguida, ele caminha para mim.

Com um suspiro, Miller pega minha mão e aperta um par de diamantes na minha palma. Os diamantes que meu pai me deu quando me formei na faculdade. Os mesmos que não uso há duas semanas, por medo, raiva irracional, tristeza.

“Você tem dois minutos.”

Ele fecha a porta atrás dele.

E ao invés de argumentar, eu fico em pé, vacilante, e me troco.


Capítulo dezesseis

MILLER

 

Ela está me matando.

Não é uma morte rápida também.

Kins representa tudo o que jurei a mim mesmo que nunca repetiria. Como me tornar amigo de uma garota por quem poderia me apaixonar, e de alguma forma, depois da primeira noite, quando a ouvi chorar até dormir, fui e perdi a cabeça.

Não é que eu apenas me importasse.

Se fosse assim tão simples, eu tinha apenas lhe dado um ombro para chorar quando ela pediu.

Não, é pior.

De alguma forma, cada pequena particularidade sobre ela deixa meu corpo em estado de alerta; a primeira vez que tomei um banho depois de quase bater com a cabeça na parede. Lavanda e coco quase me sufocava até a morte, e todos os dias desde aquele primeiro banho fatídico, o meu tempo de banho mais do que duplicou, por razões óbvias, apenas pensar nela me deixa pronto para me desculpar e sair da sala.

Eu posso aguentar seus gritos.

Posso aguentar seu choro para dormir.

O que eu não posso aguentar? O vazio em seu rosto. Kinsey é uma mulher forte, que de repente perdeu alguma coisa, só não sei o quê. Por que ela está tão atormentada?

Tudo que eu sei é que Jax escondeu a doença do pai dela até que fosse tarde demais. Ele tirou o tempo dela.

Tempo.

Porra.

Conheço esse sentimento muito bem.

É tudo o que temos.

Nunca tive mais tempo com a minha mãe.

E ainda me traumatiza que ela foi arrancada antes que eu pudesse ter uma última refeição com ela, um último sorriso.

Estremeço.

“Então,” O perfume das Kins será a minha morte. Desvio o carro por acidente e quase atinjo um pedestre enquanto tento mudar meu peso para a perna esquerda, tudo no esforço vão de protegê-la do fato de que estou tão excitado que tenho visão dupla. O atrito entre os jeans apertado que estou usando realmente não me ajuda, jeans maldito. “Onde estamos indo?”

“A um encontro.” Sorrio para o desconforto dela.

“Certo, mas você disse que estava se preparando para um encontro.”

“Estava sim.”

“Então quem vamos encontrar?”

“Você vai ver.” Viro o carro no estacionamento do hospital e estaciono. “Apenas tente ter uma boa atitude, e não grite.”

“Não gritar?” Ela franze mais a testa. “Por que diabos estamos em um hospital?”

“Ei, quer pegar as blusas no porta-malas?” A ignoro de propósito. “Preciso mandar uma mensagem rápida.”

Kins resmunga algo sobre ter que fazer todo o trabalho, e pega a caixa na parte de trás do carro.

Pego dela uma vez que envio uma mensagem de texto para Jax e peço para ela ir na frente. “Depressa, estamos atrasados.”

“Atrasados para quê?”

“Eu já te disse.”

“Não, tudo o que você continua a dizer é que é encontro,” Ela sussurra para mim antes das portas do hospital se abrirem. O lobby está decorado com as nossas cores da equipe e alguns dos funcionários do hospital estão com suas câmeras para fora.

Uma das enfermeiras acena para mim. “Todo mundo está no átrio do segundo andar. Basta pegar o elevador para cima e virar à direita.” Ela sorri calorosamente para mim e depois para Kins. “Você parece familiar.”

Kins se endireita e estende a mão. “Eu sou uma das líderes de torcida dos Bucks.”

“Sua namorada?” a enfermeira pergunta com um sorriso agradável.

“Sim,” Digo antes que Kins possa arruinar tudo e fazer uma careta, tecnicamente, é um dos nossos primeiros passeios oficiais, e agora que a pré-temporada está em pleno andamento, só significa que ela terá que respirar e interagir assim Jax pode focar em toda a outra merda que ele tem na cabeça, incluindo o fato de que a avó de Harley de alguma forma pegou seu número e não para de enviar mensagens para ele com selfies.

“Vamos.” Balanço a cabeça em direção aos elevadores.

“Divirtam-se!” A enfermeira grita atrás de nós.

Kins me dá um olhar confuso. “Sério, o que está acontecendo?”

“Você pode pressionar o segundo andar?”

As portas do elevador se fecham. Nós esperamos em silêncio enquanto a música toca, e quando as portas se abrem é para uma loucura completa e absoluta.

“Primeiro Baile Anual de Boas-vindas dos Bucks Bellevue!” A faixa está em escrita preto e branco e alguns colegas do time estão dançando com estudantes do ensino médio, a maioria deles usando vestidos extravagantes e smokings.

E todos eles com algum tipo de doença terminal que está lentamente matando-os ou tornando impossível ter suas próprias boas-vindas. Foi ideia do Jax, e o resto de nós seguiu com ele.

Eu sei que algo estava errado no minuto que Kins sai do elevador. Seus movimentos são bruscos, as mãos trêmulas, sua pele pálida.

“Kins?” Largo a caixa no chão e a puxo em meus braços. “O que está errado?”

Ela levanta uma mão trêmula para os olhos cheios de lágrimas. “Você organizou isso?”

“Não, fui eu.” A voz de Jax enche o ar.

Ela endurece, e então de repente joga os braços ao redor de seu irmão como se ela não o visse há anos. “Obrigada.”

“Achei que era a única maneira de compensar você.”

Kins chora contra seu peito.

E eu fico lá estupefato. Claro, isso foi ideia de Jax, mas fui eu que trouxe Kinsey. Ele estava convencido de que ela não viria sozinha.

“Não posso acreditar nisso.” Kins funga. “Obrigada, Jax, apenas... Obrigada.”

Ela se vira e me abraça tão firmemente quanto acabou de abraçá-lo, em seguida, beija meu rosto. “Eu sei que você pensa que sou louca, mas isso é tudo para mim, obrigada por me forçar para sair de casa e...” Sua voz baixa. “Sinto muito por ter gritado. E sobre a toalha, e por usar sua escova de dentes.”

Olho para ela. “Minha escova de dentes? O que há com você em quebrar as regras?”

“O que há com você em tê-las?” Ela argumenta. “Além disso, eu não consegui encontrar a minha na primeira noite.”

Jax está nos observando de perto, à espera de uma razão para me bater, sem dúvida. Inclino-me para frente e sussurro: “Está tudo bem, pelo menos tenho você na minha boca, certo?”

Kins faz um som de asfixia antes de tossir e, em seguida, dá uma balançada com a cabeça.

“Hmm, posso sonhar com isso esta noite.”

“Jax está vendo.”

“Não dou a mínima,” Rosno, de repente percebendo que eu não dava mesmo. Puxo-a em meus braços e a beijo, beijo-a como se a possuísse, beijo-a como se fosse real, beijo porque estou tão feliz de vê-la sorrir que me sinto tonto. Aprofundo o beijo com as vaias e gritos dos meus companheiros de equipe e não sou puxado para longe dela como espero, em vez disso, eu paro e dou um passo atrás.

A mandíbula de Jax pulsa.

Suas narinas também.

Mas ele não pode fazer nada.

Porque estou fazendo exatamente o que me pediu.

Namorando sua irmã, certo?

Dou-lhe um aceno.

Ele acena de volta.

Enquanto isso, Anderson nos observa do outro lado da sala, seu sorriso bruto, sua linguagem corporal indignada.

Estou fazendo muitos amigos hoje.

“Por que isso significa tanto para você?” Pergunto-lhe uma vez que começamos a desembalar as camisas do caixa no chão. “Quer dizer, eu acho que é incrível, mas por que isso importa para você?”

As mãos dela congelam nas camisas, em seguida, começam a tremer novamente. “Não vamos falar sobre o passado agora, você está bem com isso?”

“Uma vez que o meu passado é provavelmente mais fodido do que o seu, com certeza.”

“Eu não seria capaz de apostar nisso,” Kins sussurra antes de dobrar outra camisa na caixa e me entregar uma caneta.

“Você está tentando me deixar curioso de propósito?”

“Talvez.” Ela encolhe os ombros. “Obrigada por me trazer, a propósito.”

“Kins,” Não consigo me impedir, embora eu tente. O beijo está me fazendo perder a cabeça e dizer merda que acabaria me mordendo na bunda, mas eu literalmente não consigo impedir as próximas palavras de saírem da minha boca. “Deixe-me beijá-la novamente.”

“Não.”

“Deixe-me levá-la para jantar.”

Ela sorri.

“Não.”

“Deixe-me deixá-la nua.”

“Não.”

“Vou cansar você um dia.”

“E me mandar arrumar as malas em seguida?” Ela arqueia as sobrancelhas.

“O maior erro da minha vida,” Digo honestamente. “Um jantar.”

Ela engole em seco. Não encontrando meus olhos.

“Um jantar inofensivo.”

“Não é apenas um jantar.”

“Não, provavelmente não.”

“Você não é inofensivo.”

"Definitivamente não."

“Você não é seguro.”

Um sorriso se espalha no meu rosto. “Se você quisesse segurança, você deveria falsificar um namoro com um dos iniciantes ainda assustados pelo seu irmão.”

“Hah.” Kins balança a cabeça triste. “Eu não valho a pena, Miller. Encontre outra garota para um caso de uma noite.”

“Eu não disse que quero um caso de uma noite.”

“Uau, mudando de pele?”

Seguro a mão dela; ela tenta puxá-la. “E se eu quiser duas? Talvez três? E se eu quiser quatro?”

“Então eu diria que você é ganancioso.”

“Quando se trata de você?” Rosno, puxando-a de pé. “Sou sim.”

Todo mundo está dançando em volta de nós, mas parece que estamos sozinhos. Jax desde então caminhou para o outro lado da sala. Levo Kinsey contra uma das paredes, um vaso de plantas nos escondendo, mas não muito.

“Vou continuar pedindo.”

“Eu não estou pronta para voltar a morar com meu irmão,” Kins bufa. “E se nós complicarmos as coisas, e ficar ruim, e vai, o que acontece então?”

“Então, aceite o risco.”

“Você está me pedindo para confiar em você?”

“Não.” Balanço a cabeça amargamente. “Em todas as áreas de sua vida, sua segurança, sua felicidade, sua saúde - você pode confiar em mim. Só não me dê seu coração, não quando eu nem tenho certeza que ainda tenho o meu.”

Ela bufa. “Então vai ser apenas sexo.”

“Distração do seu pai, distração do Jax, vamos chamar de uma distração mútua entre bons amigos... Os melhores dos amigos.” Beijo sua testa, em seguida, passo minha mão em volta do seu peito, levemente fazendo cócegas em sua pele com os dedos conforme levanto a camisa, meus dedos passando pelo seu umbigo conforme vou mais e mais até que chego em seu seio. Ela respira fundo, e trago a minha mão de volta para baixo do seu estômago até que entro em contato com a frente do seu jeans.

“O que você está fazendo?” Kins assobia.

“Nada,” Sussurro em seu ouvido, beijando seu pescoço enquanto a minha mão a segura e, em seguida, levanto seu quadril na minha perna, apoiando-a contra a parede. Mudo apenas o suficiente para ela se prender contra a minha perna, e pressionar as mãos no meu peito. “Nada mesmo. Você tem que decidir o que acontece.”

Kins solta um xingamento e pressiona para baixo na minha perna novamente. “Você é um amigo muito mau.”

“Eu sou o melhor amigo nessa maldita sala.” Continuo salpicando beijos leves contra sua boca. “Vamos, Waffle, hora do xarope.”

“Mau.” Ela me leva devagar, monta na minha perna dura, me imagino pulsando dentro dela, as paredes do seu corpo me apertando em uma morte lenta e dolorosa. “Isto é... Tão impróprio.”

“Você faz um homem querer um inferno de um monte de impropriedades, Kins. Você está me deixando fodidamente louco há duas semanas. E já que é tudo nos seus termos, estou lhe dando as chaves - você sabe que você gosta de dirigir - para dar a si mesma um passeio, querida... Pegue.”

Seguro seu quadril e a guio apenas o suficiente para que ela possa pegar um ritmo, então lentamente nos arrasto para a sombra atrás da planta e a cadeira à minha direita. Nós estávamos escondidos, mas não o suficiente que não poderíamos ser pegos.

“Eu preciso...” Kins solta um pequeno gemido e me dá um soco no peito, e então dá uma sacudida na cabeça e começa a me maltratar com a boca.

Agarro seu quadril, batendo seu corpo pequeno apertado contra o meu, e ela sobe em cima de mim, seu corpo encontrando meus golpes como se fôssemos dois adolescentes excitados matando aula.

É tão bom, estou a segundos de distância de deixá-la nua contra a parede. Kins diminui seus movimentos, arqueando contra a minha perna, em seguida, pressiona a palma da mão no meu pau; o toque me excitando com tanta força que tiro sangue do meu lábio inferior.

“Eu não posso decidir,” Sussurra, “o que gosto mais.” Ela se mexe mais forte, e eu estou tão perto e ainda estou com todas as minhas roupas. Que inferno? “Se eu gosto mais de cavalgar-” Um último impulso contra a minha coxa. “Ou-” Sua mão esfrega contra mim, para cima e para baixo, eu fico cego de ambos os olhos, quase vejo minha alma sair do meu corpo, e peço-lhe para não parar. “Ou-” Kins desliza a mão no meu jeans. Morto. Estou morto. “Dirigir?” Um último aperto.

Explodo.

Insanidade recebida de braços abertos.

Esmago minha boca na dela.

E tomo uma decisão.

Uma que não tenho que me meter.

“Você é minha,” Rosno contra sua boca, meus dentes beliscando seu lábio inferior. “Diga isso.”

“Sim.”


Capítulo dezessete

JAX

 

Senti-me perdido sem a minha outra metade.

A comida não tinha gosto bom.

Meu apartamento era solitário.

Harley ainda me mandou uma mensagem.

Mas eu era um ser humano de merda, porque depois daquela noite, enviei uma mensagem dizendo que não tinha certeza de como as coisas funcionariam entre nós.

Desde então, sou o destinatário feliz de selfies da sua avó. Estou muito confiante de que ela propositadamente deu meu número para sua avó tarada em uma forma de vingança por chutá-la depois de dormir com ela. Oh, certo, deixe de fora essa parte.

Completa e totalmente a usei de uma forma que me fez estremecer, e por quê? Porque eu estava chateado.

E me senti tão fora de controle que quando ela sugeriu sair de lá, eu tinha dirigido direto para o meu apartamento vazio, abri uma garrafa de Jack, e preparei os copos.

Estávamos no copo número quatro quando as roupas começaram a sair. E desandou a partir daí.

 


(Naquele dia)


“Você usa roupa intima do Superman,” Digo calmamente enquanto ela fez um pequeno giro em seu sutiã preto e calcinha estampada de quadrinhos. Suas meias tinham pequenos trevos de quatro folhas estampados nelas. Ela tinha uma tatuagem no lado direito de sua perna na forma de uma árvore. Eu queria lambê-la para ver se isso tinha um gosto tão bom como parecia.

“Vá em frente,” Ela provocou.

“Foda-se, eu disse isso em voz alta?” Gemo, cobrindo o rosto com as mãos. “Eu não bebo. Nunca. Não especialmente dias antes dos treinos.”

“Eh.” Ela inclinou o copo, mesmo sua garganta era bonita enquanto se movimentava engolindo o uísque. “Parece que você precisa se soltar um pouco, especialmente depois de tanto gritar, então vá em frente, lamba a tatuagem, não vou julgá-lo. E não vou dizer a vovó.”

Bufei uma risada. “Você normalmente conta para sua avó sobre todos os seus encontros sexuais?”

“Por quê, Jax Romonov... Isso está se transformando em algo sexual? Oh, inferno!” Ela cobriu o rosto com as mãos, o riso escapando dela. “Você está corando?”

Eu endureci. “Você está zombando de mim?”

“Você ainda cora.” Ela aproximou de mim, beijou minha bochecha esquerda, em seguida, minha direita, e depois chupou meu queixo antes de se afastar. “Mmmm, rubor tem um bom gosto em um atacante... Você é virgem também?”

“Não.” Duas mulheres. Tive relações sexuais com duas mulheres. A primeira quebrou meu coração. A segunda quebrou a minha confiança. “E não há nada de errado com a decisão de não dormir com todas durante minha carreira no futebol.”

“Absolutamente não.” Ela girou na minha frente, seu cabelo vermelho balançando sobre sua pele cremosa, pegando seu sutiã e ao redor de seus ombros. Harley era como este pequeno elfo de bronze, uma raposa, ela era uma tortura. “Mas viver pode não machucar, talvez apenas esta noite.”

“Com você,” termino por ela. “Você acha que sua avó aprovaria?”

“Eu acho que ela já teria ficado pelada.” Harley ri, em seguida, levantou a perna sobre o balcão. “Fiz essa tatuagem quando meus pais morreram. Vovó me levou de imediato. Eu não consigo ter coragem para deixá-la. Ela é... tudo.” A tatuagem era um desenho de árvore intrincada, assombrada, eu nunca tinha visto nada tão bonito.

Segurei sua panturrilha, passei minha mão por sua pele, e depois inclinei, deslizando minha língua no tronco da árvore, beijando debaixo de seu joelho antes de agarrar sua bunda e levantá-la no ar, ajudando-a envolver as pernas ao redor da minha cintura enquanto aproximei minha boca da dela. Harley agarrou meu cabelo com as mãos como se estivesse segurando sua preciosa vida, e quando interrompi o beijo ela estava corando.

Eu sorri. “Harley, você está... Você está corando? Garotas ainda ficam coradas? O quê? Você é... ” Sussurrei asperamente contra sua boca, minha barba esfregando sua pele perfeita, “virgem?”

“Com você?” Ela pressionou os seios contra o meu peito. “Sim, parece isso... lembre-se, eu pareço difícil por fora, mas sou toda suave por dentro.”

“Porra, você é um M&M!” Eu ri tanto que tinha lágrimas nos meus olhos. Então eu a beijei novamente, desta vez provando sua boca, memorizando. “Esses são meus favoritos.”

“Ah é?” Sem fôlego, ela se agarrou a mim com mais força. “Qual é o seu sabor colorido favorito?”

“Onde você esteve toda minha vida?” Sussurrei com a voz rouca. “Você é a única pessoa que entende que as cores significam sabores.”

Harley encolheu os ombros. “Não é possível ajudar as pessoas estúpidas.”

“Ontem...” A carreguei pelo corredor. “Ontem, se você tivesse me feito essa pergunta eu teria dito marrom.”

“E agora?” Ela deslizou pelo meu corpo, em seguida, puxou minha mão enquanto caminhávamos para o quarto principal. “Agora, qual é a sua resposta?”

Peguei uma mecha de seu cabelo, girei em torno de meus dedos, em seguida, arrastei-a contra mim. “Vermelho. Eu diria vermelho.”

“Boa resposta.” Ela lambeu meu lábio inferior. “Boas respostas trazem recompensas.”

Deixei escapar um gemido quando tirei seu sutiã e joguei-o no canto. Logo minhas calças saíram, a calcinha Superman saiu voando em direção à cômoda, e eu tive a mulher mais linda que já vi abaixo de mim ofegante, dizendo meu nome como uma oração.

“Eu não faço isso,” Confessei.

“Bom.” Ela engoliu em seco quando medo penetrou em seu rosto. “Nem eu. Quero dizer, eu moro com minha avó.”

“Vamos deixá-la fora do quarto, sim?” Sorrio, cheirando seu pescoço, lambendo todos os lugares que eu poderia encontrar, com fome pelo que eu não podia. “Deus, você tem um gosto bom.”

“Lembre-me da próxima vez mergulhar em sabonete com sabor de chocolate.”

Eu gemi. “Pare de me provocar.”

“Ok.” Ela encolheu os ombros, e me beijou tão forte que esqueci por que eu estava triste. Por que eu estava com raiva.

Eu esqueci sobre o auto-controle.

Eu esqueci sobre a minha imagem.

Eu esqueci sobre meu pai.

Eu esqueci sobre Kinsey.

Eu esqueci o preservativo.

Afasto a memória e envio para Harley outra mensagem, outro pedido de desculpas por ser um idiota.

E recebo um emoji do dedo médio como resposta.

Não foi o sexo que tinha feito isso.

Foi o fato de que quando eu acordei, entrei em pânico, disse-lhe que foi divertido, e literalmente a deixei sozinha no meu apartamento para ir malhar. Oh, e indiquei onde as toalhas estavam e disse que ela poderia ficar quanto tempo quisesse, mas também consegui avisar o quão ocupado eu estaria naquele dia.

Fui um completo idiota.

Um fodido medroso.

“Ei,” Sanchez me dá um tapa no ombro. “Você viu o Miller?”

“Não.” Faço uma careta. “Mas se ele beijar minha irmã daquele jeito novamente em público, eu vou arrancar a cabeça dele.”

Sanchez move a mão. “Sem ofensa, mas Miller é um cara bom. Então, se ele conseguir vê-la nua, não é como se você fosse perfeito.” Ele sorriu como se esperando eu negar isso. “Certo?”

Olho irritado para ele. “Que diabos você sabe que eu não sei?”

“Oh, você quer dizer sobre... Uma certa garota chamada Harley?”

“Esqueça isso,” Respondo.

“Não, eu acho que vou continuar um pouco mais, mas tenho uma pergunta...”

“Não quero nem saber.” Luto contra a vontade de gemer em minhas mãos.

“Quando você fez aquela coisa com a boca,” Sim, eu ia machucá-lo fisicamente. “E você sabe, o movimento da língua, você fica tão profundo-”

“Estou fora.” Caminho para trás e vou em busca de Kinsey. Tínhamos coisas para conversar, e agora que ela finalmente falaria comigo, eu tinha muito a dizer.


Capítulo dezoito

KINSEY

 

Evitei o meu irmão como o sal antes de um grande jogo.

E desta vez não foi porque eu estava chateada.

Foi porque seu melhor amigo, aquele que eu estava realmente começando a favorecer, tinha me dado um orgasmo atrás de um vaso de plantas com nada além de sua coxa e muito entusiasmo da minha parte.

Sou uma vadia.

E, no entanto, cada vez que tentei encontrar a culpa, ela não estava lá. Confie em mim, procurei muito por ela. No meu cérebro eu estava de quatro procurando debaixo de cada objeto, abrindo cada pasta que dizia puta ou piranha, e nada.

Talvez fosse porque ele não iria embora desta vez.

Miller endireitou o meu cabelo.

E beijou meus lábios machucados.

E depois, lentamente, baixou meus pés no chão, mas não antes de beijar contra o meu pescoço e sussurrar, “Lembre-se de quem você é.”

“Sua?” Eu tinha respondido.

“Você também é sua, Kins.” Miller piscou, pegou minha mão e me levou para beber e disse que eu deveria me refrescar.

Certo, um suco realmente me ajudaria a não derreter em minhas roupas e arremessá-las em seu rosto enquanto eu imploro por uma segunda rodada.

Meu corpo traiçoeiro estremeceu com o pensamento real.

O que estou fazendo?

Esta não sou eu.

Não era.

Ele me fez querer ser má.

E depois de Anderson, eu tinha jurado a mim mesma que quando ficasse com outro cara seria em meus termos, seria porque ele me amava, porque ele se importava. Sim, e olha como isso acabou! Pulei na cama com o próximo jogador de futebol da equipe e me queimei.

Sanchez literalmente apareceu do nada, fazendo-me derramar meu suco por todo o chão. Mal consegui afastar minhas botas pretas Gucci da bagunça. “Você precisa melhorar a aparência do seu rosto.”

“Puxa, obrigada, Sanchez, bom ver você também,” Digo em uma voz monótona mas ainda irritada enquanto as pessoas passam por nós.

Ele puxa meu cotovelo e então de repente o Receptor mais arrogante que já conheci em toda a minha vida está me entregando um guardanapo e apontando para minha boca. “Sério, Kins, não estou tentando ser um idiota, mas você tem Miller em cima de você.”

“Hã?”

“Brilho labial... Um cara percebe estas coisas. Inferno, está no seu nariz, Kins. O que o cara fez com você?”

Calor inunda meu rosto.

“Merda, acho que esta é a minha resposta.” Ele balança com o riso. “Garota, você tem brilho labial na sua orelha, na sua orelha!” Sanchez gritou mais alto, batendo no meu ombro com uma das suas mãos enormes. “Oh, isso é ótimo. Tem tanta sorte que eu encontrei você antes de Jax. Ele estava procurando por você durante a última hora.”

“Estive andando por aí assim por uma hora?” Eu gritei.

“Talvez Miller queria deixar sua marca, e uma vez que fazer xixi em você não é realmente muito atraente, ele decidiu espalhar o seu brilho labial em todas as fendas.” Os olhos de Sanchez se estreitaram. “Não importa, eu não quero saber.”

“Você não quer.” Limpo minha orelha e me viro para ele. “Tudo bem, como é que eu pareço agora?”

Suas sobrancelhas se erguem.

“Tão ruim assim?”

“Tão ruim assim? Ou se você é Miller, apenas tão bom. Eu não me preocuparia muito sobre isso, porém, quero dizer Jax está encorajando isso, certo?” Seus olhos se estreitam.

Tusso. “Claro. Ideia dele.”

“E aí está,” Ele cruza os braços. “Por que seria ideia dele, Kins?”

“Uhhhh.” Começo a recuar e quase bato com força em outro corpo masculino.

Eu sabia que era Anderson pela colônia picante. Ainda me faz engasgar quando sinto esse cheiro. Eu tropeço em direção a Sanchez e me agarro a ele como se fosse a minha única salvação. Felizmente, desde que Em havia domado ele um pouco, em vez de me empurrar para o batedor como o idiota que ele normalmente era, Sanchez coloca um braço protetor em volta do meu ombro.

Anderson parece confuso. “Um pouco possessivo com a garota do seu melhor amigo, Sanchez.”

“Um pouco estúpido para o futebol, eh, Anderson?”

Mordo o lábio para não rir.

O cara literalmente não tinha fãs.

Eu só peço a Deus que uma vez que a prática estiver em pleno andamento, ele mostre suas verdadeiras cores para a comissão técnica e seja chutado para fora. Anderson estava sem patrocinador, sem reconhecimento. Ele estava fora de si mesmo, o que era triste, porque ele tinha talento, mas só queria ser mais do que a equipe.

“Tudo bem?” A voz de Miller interrompe o olhar tenso de Anderson e Sanchez.

Sanchez vira-se para Miller. “Sim, apenas dizendo a Anderson que ótimo para ele tornar o hospital responsável por uma causa tão impressionante, certo, Anderson?”

“Que seja.” Anderson se afasta, claramente chateado. Exalo um suspiro de alívio, enquanto Sanchez me lança nos braços de Miller.

“Ideia do Jax...” Sanchez coloca um dedo em sua boca e, em seguida, sorri. “Hmm, acho que entendi.” Com isso, ele vai embora e me deixa nos braços de Miller.

“Você acha que ele sabe?” Sussurro.

“Isso importa?” Ele me vira em seus braços. “No grande esquema das coisas, quem se importa com o que alguém pensa?”

Balanço a cabeça e então foi como ser levada de volta a uma hora atrás, quando sua boca estava sugando a minha, quando suas mãos percorriam meu corpo como se ele fosse meu dono, quando o agarrei como uma tábua de salvação.

“Pare,” Miller diz. “Eu realmente não tenho tanto auto-controle quanto você acha que tenho. Viver com você durante as últimas duas semanas tem sido uma tortura absoluta, e você está tornando isso pior quando olha para mim como se você quisesse que eu-” Ele interrompe e xinga. “Olhe para mim assim quando estivermos em casa.”

“Casa,” Repito.

Miller balança a cabeça, assim que Jax aparece, o rosto pálido. “Eu, uh, vocês estão bem aqui? Eu preciso ir a um lugar.”

Faço uma careta e então o pânico se instala. “É o papai? Ele está bem?”

Jax suspira. “Sim, não é o pai, eu juro que nunca vou fazer isso com você novamente, ok? É apenas... Não se preocupe.” Seu sorriso calmo estava de volta. “Está tudo bem. Eu só esqueci que precisava estar em um lugar, e me sinto mal por sair, desde que sou um dos principais organizadores.”

“Nós cobrimos você.” Miller estende seu punho. “Não se preocupe, cara.”

“Obrigado.” Seus ombros relaxam com alívio. “Kins, precisamos conversar, mas...” Ele engole em seco e olha para o seu telefone. “Olha, vou ligar, ou passar por lá, qual hotel você está? Mamãe e papai não me contaram.”

Miller olha para mim com um sorriso. “Sim, Kins, qual é o hotel?” Ele estala os dedos. “Merda, fugiu da minha mente.”

Xingo e o chuto em suas bolas, tudo na minha cabeça, é claro, antes de sorrir para meu irmão e gaguejar, “Hotel Kimpton, o único no centro do cais.”

“O Alexis.” Miller acrescenta, “Eu me lembro agora, desculpe, muitas pancadas na cabeça.”

Eu me esforço para pisar em seu pé.

“Legal.” Jax assente. “Vou tentar passar lá hoje à noite, certo?”

“Maravilha.” Aceno para ele.

Uma vez que Jax está fora de vista eu bato no peito de Miller. “Que diabos foi aquilo?"

“Você não disse a ele!” Ele diz exatamente ao mesmo tempo.

“Você percebe todas as pequenas coisas e ainda não vemos todas as razões porque eu não enviaria uma mensagem aleatoriamente para meu irmão e dizer, oh, a propósito, estou morando com um de seus melhores amigos!”

“Engraçado, porque eu pensei que morar incluía sexo.” Miller sorri aquele sorriso sexy estúpido que me faz lutar entre arrancar seus olhos e escalá-lo como uma árvore e apertar minhas pernas ao redor de suas coxas e-

Miller rosna, “Droga, eu disse a você, não em público.” Ele xinga e passa a mão no seu cabelo bagunçado.

“Desculpe!” Levanto as mãos. “E eu pensei que você estaria feliz que não contei a ele! Você está vivo! De nada!”

Ele me lança um olhar. “Bem. Vamos ajudar com a limpeza e depois vamos conseguir um quarto.”

“Nós?” Eu repito. “Que negócio é este de nós?”

“Os colegas de equipe.” Miller aponta entre nós dois. “Amigos. Lembra?”

Cruzo os braços. “A maioria dos meus amigos não me seduzem atrás de vasos de plantas.”

“É por isso que eu sou o seu melhor amigo.” Seus olhos enrugam, quando um sorriso arrogante me dá muitas coisas para fantasiar pelos próximos dez anos da minha vida. “E deixarei você alugar um quarto de hotel sozinha.”

“Você não vai deixar?”

Ele geme. “Você sabe o que eu quero dizer.”

“Não,” Falo com raiva. “Eu não sei! Você não vai conseguir pegar o lugar de Jax como a pessoa louca superprotetora que não me deixa ter uma opinião sobre tudo, porque ele é tão medroso que eu vá-” Engulo em seco.

Miller congela.

“Ei, posso pegar seu autógrafo?” Um menino de muletas mancando vem até Miller. Ele não tem cabelo em sua cabeça, mas possui um dos maiores sorrisos que eu já vi em toda a minha vida.

Miller sorri para ele. “Uau, cara, isso é gesso, você devia estar jogando muito, heim?”

O garoto balança a cabeça. “Minha mãe diz que é porque os meus ossos estão doentes. Joguei futebol o ano passado inteiro, mas consegui muitos ferimentos, então tive que ficar no hospital.” Ele entorta seu dedo. “Eu não deveria estar na festa, mas uma das enfermeiras disse que achava que estaria tudo bem.”

Miller abre um grande sorriso e aponta alguns metros atrás dele. “É aquela bem ali?”

O menino vira-se e então acena com a cabeça para Miller. “Sim, senhor, ela me disse que sim, mas tinha que me trazer até aqui porque eu sou pequeno.”

“Pequeno!” Miller engasga em choque. “Não, eu não vejo um menino na minha frente,” ele inclina-se- “Eu vejo um homem.”

“Você vê?” Os olhos do menino se arregalam. “Bem, eu tenho andado muito ultimamente com minhas muletas.”

Ele mostra as duas muletas para Miller e oscila em sua perna boa.

“Impressionante.” Miller examina ambas as muletas como se fosse a coisa mais preciosa que ele já tinha visto. “Eu aposto que você pode correr muito rápido nessas coisas.”

“Muito rápido.” O menino ri.

“Qual é seu nome?” Pergunta Miller.

“Marcus, mas meus amigos me chamam de Marco.”

“Uau, esse é um nome muito legal.”

Marco encolhe os ombros e cora.

“Por que não pedimos para minha namorada, Kinsey, ir até ali e pegar uma camisa enquanto eu assino essas muletas?”

“Uau!” Marco assente ansiosamente. “Isso seria o máximo, Sr. Miller!”

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto rapidamente vou até a caixa de camisas, pego uma, bem como uma bola de futebol, e volto para eles.

Marco estava sussurrando algo no ouvido de Miller no momento em que voltei, e por algum motivo o olhar no rosto de Miller quase quebrou meu coração.

“Marco, eu vou te dizer uma coisa muito importante, e quero que você lembre disso por um longo tempo, ok?”

Com muita atenção, Marco espera.

“Às vezes na vida você cai, você é atingido, às vezes você tem dias difíceis, dias que fazem você querer parar... às vezes, seu corpo faz você achar que é hora de parar.” Ele engole em seco. “Mas nunca se esqueça sobre o seu coração.” Ele bate no peito de Marco levemente com o dedo. “O coração é forte. O coração pode convencer o corpo de qualquer coisa. Ele pode convencer sua mente de qualquer coisa. Seu coração lhe permite ser o que você quer ser, você só tem que confiar nele.”

“Eu, Sr. Miller, confio no meu coração.”

“E o que o seu coração diz?”

“Bem, quando fui conectado as máquinas fizeram um sinal sonoro.”

“Uau!” Miller leva uma mão ao peito de Marco. “Isso faz tum, tum, tum, tum, assim?”

“Sim!” Marco ri. “Bem desse jeito! O que você acha que isso significa?”

“Isso significa que você tem a força de um leão.” Miller sorri. “Esse é o seu coração dizendo para o resto do seu corpo que está tudo bem, que é a forma como o coração lhe diz que ele está lutando. Que tum, tum é o grito de guerra do coração. Você não quer ser um guerreiro, Marco?”

Ele assente. “Eu quero ser como você.”

Meu coração aperta, eu tive que desviar o olhar então eles não iriam ver minhas lágrimas.

“Não Marco, não seja como eu... seja melhor. Acha que você pode fazer isso?”

“Eu posso tentar!”

A enfermeira se aproxima. “Devemos voltar, Marco. Você esteve usando essa perna muito tempo.”

Ela balbucia um ‘obrigado’ a Miller, e as lágrimas enchem seus olhos enquanto Marco joga-se nos braços de Miller e envolve seus braços magros no pescoço.

Quando estavam a uma distância segura, seguro a mão de Miller e sussurro, “O que ele perguntou a você?”

A voz de Miller sai rouca quando ele responde. “Ele me perguntou se ia morrer.”


Capítulo dezenove

MILLER

 

O rosto do garoto me fez lembrar do meu quando eu perdi minha mãe. Seus olhos – eram tão tristes, e para ele perguntar a um completo estranho, alguém que ele admira, se ele ia passar por isso? Deus, isso quase me matou.

Isso trouxe de volta memórias de não querer viver – de querer dormir e nunca mais acordar para que pudesse estar com a minha mãe. Mas, então, eu ia praticar e lembrar de todos os jogos que ela ia e todas as vezes que ela me apoiou – e eu continuei. Por causa dela. Porque o futebol não era apenas uma distração mais, não, ele se transformou em necessidade – porque, quando jogava eu estava mais perto dela. A morte da minha mãe ensinou-me que o futuro nunca estava determinado.

Ver um menino com o mesmo olhar.

Na sua idade.

Droga, o garoto precisava de esperança, assim como eu precisava de futebol.

A dor cortou através de mim.

Grosseira.

Dolorosa.

O vazio de perder minha mãe.

E então Emerson.

A dor de perder nosso filho que eu nem sabia que existia.

A dor física eu poderia lidar, mas a dor emocional? Às vezes eu não tinha certeza que estava equipado para lidar com isso, com certeza não lidei bem com isso. Tudo o que tinha a fazer era dar uma olhada em Kinsey e era óbvio que eu não era um fã de me colocar em qualquer posição de sentir qualquer coisa como amar e perder novamente.

E ainda assim.

Eu estava fazendo check-in em um hotel para nós.

Quartos separados.

Que tem uma porta adjacente, porque por algum motivo a ideia dela estar sozinha em qualquer ponto enquanto ela passa pela doença do seu pai me deixou preocupado.

“Lar, doce lar!” Jogo uma das minhas malas em cima da cama e entro no quarto ao lado, onde Kinsey está ocupada jogando suas coisas por todo o quarto, então pareceria que ela esteve lá por mais de dez minutos.

“Como parece?” Ela cruza os braços e examina sua obra. Sapatos estão empilhados no canto, roupas penduradas em uma das cadeiras, e um sutiã foi estrategicamente colocado na TV. Bom.

“Parece que um tornado passou por aqui e decidiu tirar suas roupas então eu poderia vê-la nua mais uma vez antes do seu irmão detonar com a minha vida.” Encolho os ombros. “Então, sim, está muito bom.”

Ela suspirou. “Bom.”

“O sutiã é um toque interessante.” Pego-o e fecho os olhos, então, propositadamente gemo algumas vezes antes que ela o arranque das minhas mãos e me golpeie com ele.

“Isto não é hora de brincar! Tenho que me concentrar. Você sabe, a coisa toda de manter você vivo.”

“Nós somos adultos,” acrescento. “Você realmente acha que ele estaria chateado o suficiente para me matar? Honestamente?”

Kins congela, deixa cair o sutiã na cama, e baixa a cabeça, seu cabelo escuro espalhado sobre um ombro enquanto ela treme visivelmente. “Sim. Eu acho. Você é um jogador de futebol.”

“Então, Jax ficaria mais chateado sobre eu ser um jogador de futebol? Isso não faz sentido. Kins, você tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões.”

Ela levanta um ombro, quando mais cabelo se reúne ali. “Sim, eu sei disso. Ele mesmo sabe disso. Ele apenas... Jax não quer me ver machucada.”

“Você acha que eu a machucaria?” Isso saiu antes que eu pudesse detê-lo.

Ela se vira, seus olhos tristes. “Você já fez isso.”

“E você acha que sou burro o suficiente para repetir o erro?”

“Não tem nada a ver com as células cerebrais, Miller, caso contrário, você já teria sido eliminado.” Ela pisca. “Tem tudo a ver com a sua capacidade de superar qualquer coisa que você precisa superar. Você é o único que disse que não está mesmo certo se você tem posse do seu próprio coração, que não é realmente o tipo de risco que a maioria das garotas querem assumir. Quero dizer, você está me dizendo basicamente que você é incapaz de assumir, e desculpe revelar isso para você, mas a maioria das garotas querem compromisso.”

Balanço a cabeça, descontente com o rumo da conversa, e precisando desesperadamente fazer algo sobre isso, como beija-la até desaparecer toda a sua dúvida e deixá-la nua.

Nós seriamos bom juntos.

Mais do que bom.

Eu estava em guerra comigo mesmo, querendo provar a ela o quão bom isso poderia ser, enquanto dizia a mim mesmo simultaneamente que poderia ser ruim, havia muitos fatores incontroláveis.

“Droga, Kins,” gemo, cansado dos meus próprios pensamentos. “E se eu quiser tentar?”

“E se tentar não for bom o suficiente?” Ela responde.

Uma batida soa na porta. Eu congelo. Ela congela.

Corro para a porta adjacente que leva ao meu quarto. Trancada. Merda. Eu tinha esquecido minha chave.

“Kins!” A voz de Jax soa. “Sou eu, tem alguém aí?”

“Não!” Kins grita, “Eu, uh, é a... TV está muito alta, calma aí!”

Ela me empurra para o banheiro e então sussurra- “Entre no chuveiro.”

“Você tem que estar brincando comigo,” murmuro. “Kins, isso é ridículo.”

“Entre!” Lágrimas brotam nos olhos dela. “Por favor?”

As lágrimas são a minha queda, especialmente quando elas vem de uma garota tão forte, uma garota que raramente deixa as pessoas verem o seu lado carinhoso. Eu a conheço há mais de um ano e todos os dias ela me impressionou com sua força. “Não posso acreditar que estou me escondendo do seu irmão no banheiro,” murmuro, entrando na banheira e puxando a cortina para me proteger. “Se ele vier aqui por qualquer outra razão do que mijar, eu estou fora!”

“Tudo bem!” A porta bate atrás dela quando ela corre para fora do banheiro e diz um pouco alto demais. “Jax!”

“Por que você está gritando o meu nome?” Ele soa divertido. “Quero dizer, a gritaria eu esperava, mas você parece realmente animada para conversar.”

“Bem, eu estou.” Ela ri.

Ah, inferno, estávamos ferrados. O pior mentiroso na história de mentirosos estava tentando enganar um cara que lê a linguagem corporal para viver. Ótimo.

“Você tem certeza que está bem?” Pergunta Jax, a preocupação atada em sua voz. “Você está tomando toda a sua medicação e dormindo o suficiente?”

Medicação? Inferno? Que tipo de medicação ela estava tomando? E por que, após duas semanas de basicamente viver com ela, não peguei nenhuma dica sobre isso? Irritado, eu aperto as cortinas com os dedos, pronto para arrancar isso do trilho.

“Eu não sou estúpida,” Kins diz em uma voz áspera. “Ok, fala.”

“Sinto muito,” ele revela.

Minhas sobrancelhas se erguem – acredite, estou impressionado, dois pedidos de desculpas em um dia. Libero a cortina e agacho na banheira. Tento ficar confortável, mas meu corpo é muito grande e eu tenho que abraçar meus joelhos para caber, fico sozinho sentado no pequeno espaço sem acidentalmente me pendurar pela mesma cortina que acabei de mutilar.

“Eu sei que você está arrependido.” Sua voz é triste. “sei que você está estressado. Eu só...” outro suspiro. Droga, eu preciso chegar mais perto. “Você não pode consertar tudo. Você não pode salvar todos.”

Ele fica quieto.

“Jax, você sabe disso, certo? Você não é o Capitão América.”

“Mas é apenas isso. Eu sempre fui capaz de consertar as coisas. Sempre fui seu herói, como o papai, e eu falhei. Sinceramente, pensei que você ficar longe de tudo ajudaria, que se você ficasse doente eu nunca me perdoaria.”

Doente?

Como uma gripe? A sensação de formigamento percorre a parte de trás do meu pescoço enquanto espero por mais informações.

Continuo ouvindo. Mesmo que algo me diz que eu não devo.

“Vamos focar no papai. Sobre nós. Não no passado.”

A mesma coisa maldita que ela disse para mim.

Que diabos foi tão horrível sobre o seu passado? Outro além de Anderson?

“Só isso?” Ele não parece convencido. Inferno, eu não estava convencido. Pressione ela, cara! Faça-a falar! Contar tudo! Você é um Atacante da NFL, pelo amor de Deus! Coragem homem!

“Jax...”

“Certo.” Sua voz suaviza, e talvez seja minha imaginação, mas ele parece aterrorizado. “Eu sei que nós dois temos prática amanhã, então estarei por perto se Anderson incomodar você...” ele suspira. “Eu notei que as coisas estão indo muito bem com Miller. Ótimas demais, se você me perguntar. Importaria de me dizer por que ele continua beijando você?”

“Porque eu sou irresistível.”

Sorrio para o seu tom de provocação. Isso é toda ela.

Mal seguro minha risada quando ele amaldiçoa. Deus, só de pensar sobre ela se contorcendo contra mim me deixa pronto para ligar a água fria e ficar embaixo por uns bons dez minutos.

“Você jurou que nunca namoraria um jogador de futebol após Anderson.” Interessante. “Você ama o futebol, odeia os jogadores.” Bem, maldição. “Anderson tentou quebrar seu espírito, Kins. Eu sei que Miller é diferente, mas lembre-se, este cenário de falso namoro está mantendo você segura. Isso não é... não é real, Kins.”

Filho da puta.

“Eu sei.” Sua voz sai fraca. Odeio aquele tom derrotado. “Eu sei disso, ok?”

“Miller é um bom cara.” Isso é melhor. “Mas ele é jovem,” que inferno? Estou na idade legal para beber e fui forçado a crescer mais rápido do que idiotas com o dobro da minha idade! “Ele ainda não superou Em.”

Eu vou matá-lo.

Com minhas próprias mãos.

“Oh.” Ela responde enquanto limpa sua garganta.

Estou tão tentado a escapar dessa banheira que meus dedos ficaram dormentes de apertar a cerâmica.

“Eles tinham uma história, você sabe disso.”

“Eu sei.”

Deus, ele está piorando isso.

“Ele é um bom ator.”

Talvez eu vá apenas atropelá-lo com o meu carro em vez disso? A ideia tinha mérito. Mãos, eu preciso de mãos para pegar bolas.

“Olha, é melhor você saber. A única razão que o escolhi é porque eu sei que ele não vai tocá-la quando relembrar o passado, e talvez ele pense que está tudo bem, mas eu realmente não acho que ele teve um encerramento nesse relacionamento. E trazer você no meio disso seria uma merda. Então sim, eu confio nele para não machucá-la, porque não acho que ele é idiota o suficiente para fazer algo como dormir com você e então fugir.”

Ela respira fundo.

O sangue ruge nos meus ouvidos.

Pulsa rapidamente nas minhas veias.

Fecho os olhos e murmuro uma maldição enquanto um silêncio ensurdecedor espalha-se pelo que parece uma eternidade.

“Você está certo,” Kins sussurra em voz baixa. “Eu não sei o que estava pensando... eu só... fui pega de surpresa.” Não! Eu estou tão tentado a correr para fora do banheiro, explicar tudo para ela, para ele, pedir-lhe perdão, mesmo quando não mereço isso.

“Você é linda,” Jax diz com uma pitada de agonia em sua voz. “Olha, quando a temporada estiver em pleno andamento e nós soubermos que tipo de batalha vamos ter com Anderson jogando – deveríamos talvez.... eu não sei, encontrar um cara para você que vale a pena namorar.”

Eu sou esse cara, porra.

Eu.

Não algum idiota sem rosto que quer provar o que é meu. Um grunhido primitivo escapa da minha garganta.

“Claro.” Kinsey de verdade está de acordo? Inferno! “Miller e eu vamos apenas ser discretos até então.”

“É o melhor,” Jax diz em uma voz monótona. “Especialmente se você está desenvolvendo sentimentos por ele, Kins. Isso não vai acabar bem.”

Eu vou assassinar o filho da puta com minhas próprias mãos. Ele não sabe nada sobre mim. Ele só pensa que sabe. Realmente isso me irrita!

Mesmo que ele esteja certo.

Não.

Afasto o pensamento.

Estou completamente encerrado com Em.

Nós tivemos o encerramento. A única razão pela qual ela ainda está na minha vida é porque tínhamos sido melhores amigos – ainda somos, até certo ponto. Mas agora que ela está com Sanchez, eu tinha feito a única coisa que fazia sentido. Me afastei a fim de dar-lhes tempo.

Como diabos isso me torna o cara mau?

“Você está pálido,” Kinsey aponta. “Tudo bem, Jax?”

“Você quer dizer além do fato de que papai está morrendo, Anderson me incomodando, e Miller teve a língua dele na sua garganta mais cedo? Não, não consigo pensar em nada!”

“Bem, quando você coloca dessa forma...” ela suspira. Ambos ficam em silêncio novamente. Esforço para ouvir qualquer coisa, até mesmo a respiração dela seria bom. Em vez disso, nada.

“Amo você, irmã.” Jax suspira. “Você tem certeza que não quer voltar para o apartamento?”

“Logo.” Como diabos que ela vai. “Eu tenho o espaço por mais alguns... Dias.”

“Amo você.”

A porta se fecha.

Eu fico sentado na banheira, pensando, imaginando... quando a cortina é afastada, eu não preciso perguntar o que Kinsey está pensando, isso está escrito em seu rosto.

Dor.

Tristeza.

Raiva.

“Não.” É a primeira palavra que sou capaz de deixar escapar.

Ela franze o cenho, soltando a cortina e cruzando os braços. “Não? Não o quê?”

“Você não vai a um encontro às cegas com algum sociopata doente.”

“Quem disse que apenas os sociopatas são atraídos por mim?”

Eu zombo.

Ela levanta as mãos. “Seja como for, estou cansada.”

“Kins, espera.” Eu quase quebro o toalheiro, em um esforço para sair da banheira. No momento em que meu corpo está livre, ela já saiu do banheiro e voltou para o quarto, ligou a TV e abraçou um travesseiro na cama.

Com um suspiro, vou até ela e me sento.

Ela se afasta um pouco.

Eu a sigo.

Com um acesso de raiva, ela olha. “O que você quer?”

“Você,” sussurro. “Só você.”

Ela engole em seco, e olha para o controle remoto, os dedos pálidos contra os botões pretos e cinzentos. “Não.”

“Sim.”

“Não.” Um sorriso se forma em seus lábios. “Apenas Amigos.”

“Ok.”

Ela levanta a cabeça em atenção.

Eu seguro seu rosto com as mãos e sussurro em seus lábios, “Apenas amigos.”

O controle remoto cai de sua mão sobre o colchão e então ela está me montando, seu pequeno corpo se contorcendo contra o meu como se tivesse esperado por anos para provar o meu sabor em sua língua.

“Eu não vou compartilhar você,” murmuro em seu pescoço. “Nem agora, nem nunca. Diga-lhe que não.”

Ela sorri, aprofundando o beijo. “Você é possessivo?”

“Sim,” resmungo, meu sangue aquecendo para um grau doloroso. “Eu sou, diga a Jax que não.”

“Ou o quê?”

Bato na bunda dela com a mão direita, um formigamento persistente percorre em meus dedos. “Desculpe, eu escorreguei.”

Seus olhos se estreitam. “Escorregou, na minha bunda.”

“É uma bela bunda.” Bato novamente.

Ela grita e depois tenta me prender na cama. Divertido, agarro suas mãos nas minhas, enquanto ela luta por uns bons cinco minutos e depois cai contra mim.

“Você se cansou, Kins?”

“Você é enorme.”

“Eu sei.”

Ela golpeia meu ombro. “Pare de considerar tudo sexualmente.”

Enterro meus quadris contra ela. “Então pare de me incentivar.”

Os olhos de Kins caem para a minha boca. “Diga-me algo que é verdade...”

“Eu odeio hipopótamos.”

“Algo que não posso pesquisar.” Ela cruza os braços.

Meus olhos procuram os dela, eles estavam sempre fazendo isso, como se estivessem tentando encontrar razões para a minha reação a ela. Porque eu tenho mulheres bonitas que me cercam diariamente, mas por alguma razão, essa, garota espirituosa e fora dos limites – tinha me dominado. E eu estou impotente para parar a minha descida ao inferno, o fogo lambeu meu rosto, e ainda assim me inclinei para frente, roubei beijos com o conhecimento que isso não acabaria bem. Como poderia? Quando eu não sabia o que diabos estava fazendo? Como poderia, quando seu irmão me odiaria para sempre?

“Não posso esquecer aquilo.”

“Esquecer o que?” Ela entrelaça os dedos nos meus, nossas palmas pressionadas juntas enquanto pressiono outro beijo em sua boca.

“Vegas,” sussurro. “Eu não me arrependo. Não vou esquecer. E faria isso de novo, e de novo, e de novo. Não posso decidir se isso me torna egoísta ou apenas muito viciado em algo que sei que vai acabar sendo muito difícil deixar.”

“Minha vez,” Kinsey anuncia. Ela aproxima da boca do meu ouvido e sussurra, “Não quero que você me deixe.”

“Eu deveria.”

“Eu sei.”

“Mas a verdade...” abraço-a bem perto de mim. “Eu não quero te machucar.”

“Então não machuque.”

“Você faz parecer fácil,” sussurro com uma respiração irregular. Meu coração aperta. Deus, eu faria qualquer coisa por ela. Era aterrorizante. “Como respirar.”

“Miller, é assim que deve ser. Você já pensou que talvez a pessoa tornando isso difícil – é você?”

Engulo em seco e depois lambo os lábios. “Quero mudar minha primeira resposta.”

Ela franze a testa. “Sobre os hipopótamos?”

“Eu odeio hipopótamos, mas meu maior medo é perder alguém com quem me importo, alguém que eu amo – tê-los em um dia e perdê-los no outro. E parece ser uma coisa comigo, perder o que é mais importante - e ser o único deixado para trás.”

Pronto, eu disse isso.

Nunca tinha admitido isso em voz alta.

Eu não tinha certeza se queria as palavras flutuando entre nós. Na verdade, eu estava muito certo de que queria pegá-las de volta, e enfiá-las na minha boca, e segurar minha respiração até ficar azul.

Kinsey prende seu olhar no meu, e então, muito lentamente tira a camiseta e joga-a para o lado da cama.

Minha respiração falha, eu não sou capaz de me mover, e dói como o inferno respirar. “O que você está fazendo?”

“Ajudando você a conquistar o seu medo,” Kins sussurra rispidamente antes de pegar minha boca com a dela, enfiando as mãos na minha camisa e empurrando-a sobre minha cabeça.

“Pode precisar mais de uma vez.” Viro-a e a coloco de costas.

Ela sorri para mim. “Ótimo.”


Capítulo vinte

KINSEY

 

Eu estava incrivelmente ciente da maneira como ele me beijou, com uma mistura de urgência e ternura, como se estivesse com medo de que eu me afastasse, com cinco minutos de conversa de Jax comigo eu sabia que as coisas terminariam desta forma.

Não foi um adeus.

Na verdade, não.

Era um risco.

Um risco que quero aceitar, porque gosto dele, porque eu estou me apaixonando pelo homem que vejo debaixo de todas as besteiras do futebol. Miller é mais do que deixa as pessoas verem, e às vezes é mais fácil de reconhecer a dor em outras pessoas quando se lembra de si mesmo.

Eu nunca disse a ele sobre meus fantasmas.

Minhas cicatrizes.

E eu sabia que, se soubesse sobre isso – ele estaria mais disposto a ter uma chance no que poderíamos ter – ou ele me afastaria? Porque a possibilidade está aí, não da maneira assustadora que foi antes, mas meus problemas de saúde ainda persistem, e conhecendo Miller, a verdade seria mais assustadora do que a mentira que continuo dizendo por meio de omissão.

Eu sou dele.

Mas por quanto tempo?

Até que ele descubra sobre o meu passado?

Até que Ja descubra sobre nós?

A vida é cheia de escolhas egoístas.

Quinton Miller é meu.

E, assim quando ele disse que não se arrependeria de Vegas, eu não poderia lamentar beijá-lo, estimulando, implorando por sua amizade, sua confiança, seu corpo, sabendo muito bem que se ele arrancar as camadas da minha alma provavelmente iria dizer que não valia a pena o risco.

Que as chances não estavam a meu favor.

Que ele se recusava a me machucar novamente.

Eu absorvo a sensação de suas mãos ásperas enquanto elas percorrem meu corpo, o sabor de seus lábios cheios quando ele move sua boca perversa no meu pescoço como se o único objetivo é provar cada parte de mim da forma mais erótica possível.

Ele fecha as mãos sobre meus seios, em seguida, desliza para baixo da alça do sutiã no meu ombro direito, e sua boca beija a extensão de pele. Ele faz o mesmo do outro lado, em seguida, fecha os olhos comigo. Ele parece bêbado, enlouquecido.

“Diga-me para parar.” Sua voz grave provoca calafrios nas minhas costas. “Caso contrário, eu não vou.”

Engulo em seco.

Ele não se move.

Eu puxo meu sutiã para fora do caminho e jogo-o para o lado.

“Foda-se.” Seus olhos reviram e então ele beija entre meus seios, descansando a cabeça no meu peito por vários segundos antes de se afastar e encontrar minha boca novamente.

Seu corpo poderoso é o suficiente para me dar arrepios enquanto seus dedos ágeis afundam em meu cabelo, dando-lhe um puxão forte antes de beijos ásperos beliscarem minha boca, me machucando, me marcando como sua.

Uma respiração fica presa em minha garganta quando ele pressiona um dedo nos meus lábios, em seguida, arrasta esse mesmo dedo pela fenda entre meus seios. Ele descansa a palma da mão contra o meu umbigo e sorri ferozmente para mim, antes de enfiar sua mão na parte de trás da minha calça e lentamente puxar para fora do meu corpo.

Ela se reúne com meu sutiã no chão.

Miller apoia meus quadris com as mãos, então lentamente se arrasta até mim, o rosto ameaçador, bonito, cheio de promessas, cheio de prazer.

Engulo em seco. Estou fora do meu alcance com Quinton Miller.

Um estremecimento de tensão percorre meu corpo quando sorrio sedutoramente para ele.

Ele morde o lábio inferior, sugando-o com tanta força que perde toda a cor. “Eu não consigo parar de olhar.”

“Então não pare.”

“Você está arrepiada.” Ele aponta para meus braços e então beija minhas costelas. “Eu vou sonhar com essa bunda.” Ele aperta a pele com os dedos e pressiona um beijo em minha barriga antes de morder em minha calcinha e lentamente a puxar pelas pernas, sua respiração quente na minha pele, provocando mais arrepios em minhas coxas.

Estou completamente nua para ele.

Tremendo.

E ele está sorrindo como um lobo que tinha acabado de descobrir um ninho inteiro cheio de passarinhos inocentes.

Inferno, eu sou o pássaro.

Eu sou o Piu-Piu.

Isso faz dele um gatinho?

Ele lambe minha coxa, fazendo uma trilha de beijos que ardem cada vez que ele respira contra minha pele febril.

“Você está indo devagar.” Eu agarro seus ombros com as mãos. “Por quê?”

Ele para e pisca para mim. “Talvez porque da última vez eu não consegui ver você inteira. Talvez porque agora eu sei que você está impotente para parar esta coisa que está acontecendo entre nós, quase tão impotente quanto eu sou para parar de olhar. Talvez...” ele dá um beijo áspero no arco do meu pé antes de massageá-lo com os dedos, apertando os músculos doloridos como se ele tivesse um grau de mestre em massagem terapêutica. “Talvez eu só quero saborear você.”

Lágrimas enchem meus olhos. “Você diz coisas assim, e eu posso ficar apegada a você, Quinton Miller.”

“Isso é um objetivo, Kinsey Romonov.”

Ele nunca disse o meu nome completo antes.

Medo cresce no meu peito apertando meu coração fortemente, quase até não conseguir respirar. Os segredos do meu passado estão despencando... hoje não, não, não hoje.

Hoje. Eu sou apenas uma garota.

Com um cara.

Um cara muito atraente.

Que de alguma forma conhece cada ponto de pressão no meu corpo, e sabe como manipular cada ângulo de modo que o sinto em todos os lugares. Sinto-o no ar, sinto-o na tensão girando entre os nossos corpos aquecidos.

“Tire seu jeans,” sussurro.

“Não.”

Um fio de decepção ameaça esvaziar o meu humor. “Não?”

“Não.” Ele sorri. “Eu fico nu, e isso estará acabado antes mesmo de começar... digo a você que... você me deve dois e depois eu tiro a minha calça..”

“Dois?” O quê? Dólares? Abraços? High five?

Ele joga a cabeça para trás e ri. “Às vezes eu gostaria que você apenas dissesse o que está pensando, porque eu posso sentir seu cérebro sobrecarregado.”

“Dois... O quê?”

“Adivinha.”

“Beijos?”

“Hmmm.” Ele pressiona dois beijos da minha boca. “Gosto bom, soa bom, mas não, na verdade, eu estava pensando outra coisa, Kins.”

“Dois...” engulo devagar. “Abraços?”

Um som profundo começou no peito dele antes de começar a rir. “Diga-me você não está falando sério.”

Eu não conseguia pensar. Não com ele pairando sobre mim, me tocando. Ficar nua não estava exatamente na agenda do dia.

Suas mãos habilidosas repousavam sobre meus quadris, em seguida, começa lentamente avançar em direção ao meu núcleo. “Dois.”

“Dois.” Engulo em seco.

Ele sorri.

“Dois.” Eu preciso parar de repetir. Um aperto involuntário aumenta entre as minhas pernas, a necessidade de atravessá-los, fugir, me trancar no banheiro.

“Orgasmos.” Ele encolhe os ombros. “Eu preciso de dois, Kins, e só porque eu estou me sentindo generoso, eu vou lhe dar mais um... Se você puder aguentar isso.”

“Ah, então você é um idiota confiante no quarto?” Tento brincar com o meu medo.

Ele beija meus lábios com tanta força que eu engasgo com o seu fôlego, lutando para manter a minha compreensão sobre a realidade. Isso é real, mas ele é? O que estava acontecendo entre nós era mais do que isso? Eu espero confiantemente que sim.

Porque ninguém nunca fala sobre isso.

O depois.

O acúmulo em relação ao sexo é tudo.

O ato – implacável em sua busca egoísta de fazer você pensar em nada além de prazer.

Mas o depois?

Os segundos que se transformam em minutos, que se transformam em horas.

E sobre o depois?

Ele iria embora?

Ou ficaria?

“Pare de pensar.” Miller me segura com uma das mãos. “Tudo o que você precisa se preocupar é sentir.”

“Mas-”

Arqueio na ordem para aceitá-lo.

E fecho meus olhos.

Minhas coxas apertam sob suas mãos; ele usa uma para abri-las e me provoca com tal frenesi que penso que perderei a cabeça enquanto meu corpo afunda contra o lençol – em fogo, eu só preciso da liberação, para ser livre, para – excitação cresce dentro de mim quando a boca de Miller encontra minha orelha, sua língua molhada, sua risada quente.

“Pronta?”

“Huh?” Confusa, abro os olhos.

Ele não me preparou.

Talvez isso era parte do seu plano.

A sensação que eu só posso descrever como perfeição me atinge tão forte que quase bato minha cabeça contra a dele, seus dedos brincam, esticam, trabalhando como se eu fosse um jogo de futebol que ele tinha memorizado com facilidade.

“Esse é o um.”

Meu cérebro se recusa a se concentrar. Um? Um, o que vem depois de um?

Eu.

Dois.

Espera.

Eu coloco minhas mãos em seu pescoço enquanto as suas mãos ousadas me provocam em uma lunática febril. Eu acho que o arranhei, dedos ágeis acumulando mais tensão, e então mordo seu ombro. Miller xinga, e eu começo a hiperventilar.

Meu grito de libertação não é bonito.

É quase doloroso.

A sensação é tão forte que estou desorientada, e então a calça jeans sai voando.

O número dois quase me matou.

Três seria o meu fim.

“Preciso estar dentro de você,” ele implora.

Balanço a cabeça, não confiando em minha voz.

Estendo a mão para a dele, ele a estende para mim, segurando seu corpo sobre o meu enquanto seus lábios machucam, doem, reivindicam.

Miller se afasta, olhando meu rosto.

E porque eu estava preocupada, porque ele tinha visto muito, eu tento fechar meus olhos.

“Kins,” ele suplica, “Olhe para mim.”

Miler pressiona minhas mãos sobre minha cabeça e se posiciona.

Sinto o seu calor latejante.

Meu corpo anseia por isso.

Por ele.

Lágrimas enchem meus olhos. “Por favor.”

“Eu não estive com ninguém, eu fiz exames, eu-”

O interrompo com um beijo, meus lábios se separam quando ele desliza dentro de mim só para retirar-se e fazer novamente, desta vez com tanta força que a cama rangeu. A mesa ao lado da cama estremece, um abajur cai.

Perdemos nossas mentes.

Com beijos frenéticos o encontro impulso por impulso. “Eu preciso de você.”

“Não tanto quanto eu preciso de você.” Miller xinga, sua língua domina minha boca, mergulhando, girando, quando ele aumenta o ritmo, e sobe em cima de mim uma última vez quando um mar de prazer explode entre nós. Ele provoca meus lábios com outro beijo e me leva ao limite. Seu corpo sofre um espasmo, o meu entorpecido com prazer.

Ele cai ao meu lado.

Nós dois olhamos para o teto branco em um silêncio confortável.

Passo a mão sobre seu o peito definido. “Eu acho que a entrevista de Jax é na ESPN esta noite.”

Miller beija minha testa. “Você quer assistir?”

Balanço a cabeça, agradecida que ele está tão confortável comigo quanto eu estou com ele.

Miller liga a TV.

O som da notícia enche o silêncio tenso.

“Fique atento para as notícias do esportes! Dê uma olhada na entrevistas de alguns dos nossos jogadores favoritos, incluindo Quinton Miller, quem, rumores dizem, está namorando a irmã do Atacante Jax Romonov! Temos também um relatório especial sobre seus primeiros dias com a família Romonov e a adoção que quase não aconteceu!”

Eu congelo.

Miller congela.

Fecho os olhos.

Tenho medo de abri-los e ver o julgamento ou pelo menos a raiva que sei que estaria lá quando Miller descobrir que não estou biologicamente relacionada com o cara que era obcecado por me proteger de tudo no mundo grande e mau. Isso ia ser como Anderson também. Fecho os olhos quando memórias tomam conta de mim.

“Ele fode você também?” Anderson puxou meu cabelo, me arrastando contra a parede, em seguida, me punindo com outro beijo violento. “Eu vi a maneira como ele olhou para você ontem, verificando sua bunda.” Ele bateu na minha bunda. “Pior ainda, eu acho que você gosta!”

Balancei a cabeça negativamente. Desde que Anderson descobriu que Jax e eu não estávamos relacionados por sangue, ele agiu totalmente suspeito sobre o nosso relacionamento.

Ele agarrou meu pescoço e apertou. “Se ele te tocar, eu vou matá-lo.”

“Meu irmão,” murmurei, “ele é meu irmão.”

Os olhos de Anderson suavizaram. “Oh, querida, não chore. Sinto muito, eu só...” ele me soltou em seguida, puxou-me em seus braços. “Eu apenas sou muito ciumento... Você é tão bonita e a maioria dos caras não são bons caras como eu, eles não vão protegê-la como eu vou...”


Miller solta minha mão.

Ela cai sem vida ao meu lado.

A cama afunda.

Exalo quando o som do chuveiro enche o ar tenso.

Fico ali.

E segundos depois sou carregada para o banheiro. Um músculo flexiona a mandíbula de Miller, mas ele não diz nada.

Ele lava minhas costas.

E beija meu pescoço.

Ele me prende contra a parede e me toma novamente.

E quando termina, quando é difícil de respirar através da água escorrendo pelos nossos corpos, Miller sussurra em uma voz calma, “Hora para mais verdades... Amiga."

Ele me deixa.

No chuveiro.

Na água fica fria e me pergunto quanto tempo eu poderia me esconder antes dele vir e me pegar novamente.

Assim, com um arrepio, eu desligo a água, pego uma toalha e vou me encontrar com o cara que depois desta noite, tenho certeza que ficará muito chateado.


Capítulo vinte e um

MILLER

 

Eu estava chateado.

Lívido.

Além de pronto para quebrar algo com minhas próprias mãos. E eu tinha prática em exatamente seis horas.

O que significava, ou falamos ou dormimos.

Como diabos a mídia consegue esse tipo de informação? Especialmente desde que claramente não foi algo que qualquer um deles sentiu a necessidade de me dizer?

Kinsey volta para o quarto, seu rosto incerto enquanto lentamente se arrasta para a cama, a toalha ainda envolta em seu pequeno corpo. “Eu não sei como diabos eles descobriram, mas porque Anderson tem sido um verdadeiro idiota ultimamente, eu imagino que ele está por trás disso. Minha adoção era apenas mais uma coisa que o deixou com ciúmes de Jax. Foi o ponto de inflexão entre nós, ele nunca poderia lidar com a relação que Jax e eu tivemos – temos.” Seus olhos se enchem de lágrimas. “Mas, Miller, eu ainda sou a irmã dele, em todos os sentidos que importa.”

“É com isso que você começa?” Tento e não consigo esconder a irritação da minha voz, mas algo sobre a situação estava me irritando, e eu não tinha ideia do porquê.

“O quê?” Kinsey puxa a toalha mais apertada como se estivesse tentando se proteger de mim, como se eu estivesse prestes a machucá-la. “O que você quer que eu diga? Que eu sinto muito que não disse a você? Quando você teria gostado que lhe contasse a história da minha vida, Miller? Hmm? Antes de você dormir comigo pela primeira vez? Ou depois? Que tal entre os momentos nus? Ou não!” Ela estala os dedos. “Espere, eu descobri, no aeroporto, certo? Quando você me deu o seu número de celular...” ela faz uma careta. “Oh, isso mesmo, você não me deu. Ou que tal todas as vezes que você mandou emails? Não, isso não iria funcionar também, bem, talvez quando voltei da Europa. Sim, isso funcionaria perfeitamente, exceto que não aconteceu.” Ela faz um gesto entre nós. “E sinto muito que eu estive um pouco distraída ultimamente, mas, vamos lá!” Lágrimas derramam em suas bochechas. “Quando há um bom momento para dizer a alguém que você se importa que as duas pessoas em sua vida que deveriam ter te amado mais do que as drogas? Hmm? Ou que no minuto em que saíram da prisão por vender drogas, a única razão que estenderam a mão para mim era porque tinham descoberto que a família que me adotou tinha um filho na NFL? Até então eu era adulta o suficiente para saber que a única coisa que eles queriam de mim ou da minha família seria dinheiro.”

Arrepios percorrem meu corpo. “O quê?”

“Jax é meu irmão,” diz ela defensivamente. “Ele sempre foi meu irmão, desde que eu tinha onze anos ele tem sido meu irmão... mas antes disso... Ele era apenas... meu vizinho de porta. O garoto cuja casa eu dormi quando meus pais estavam fazendo festas. Seu pai – quero dizer, meu pai, minha mãe – eles são meus pais verdadeiros, eles são os únicos que me deram presentes de natal quando eu nem sequer tinha um bastão de doces na minha casa, eles são os únicos que se lembravam do meu aniversário, eles garantiram que eu tivesse novas botas de inverno, que eu tivesse uma jaqueta para a escola, a mamãe até mesmo me levou para tomar sorvete depois do primeiro dia de aula e perguntou como foi, eles sempre foram meus pais.” Ela cruza os braços, enquanto algumas lágrimas deslizam por suas bochechas. “Eu só, eu não queria mencionar tudo, não com...”

“A doença do seu pai,” termino para ela, esfregando as mãos sobre o meu rosto. “E toda essa merda do Anderson...”

“Acho que ele ainda odeia Jax por causa disso e o culpa pelo nosso relacionamento terminar, quando na verdade acabou porque ele era um psicopata controlador abusivo. Mas, por alguns momentos ele me fazia sentir... bem e então era como se eu estivesse presa na minha antiga casa apenas esperando por alguém me resgatar.” Ela pisca para conter as lágrimas. “Ele estava sempre acusando Jax de olhar para mim como se ele me quisesse.”

“Kins.” Deus, eu sou um idiota. “Diga-me, você sabe que eu não sou assim, que eu nunca iria colocar um dedo em você, ou até mesmo pensar que havia algo entre você e seu irmão. Diga-me, você não está me colocando na mesma categoria que Anderson.”

Seus ombros relaxam. “Eu sei que você não é ele, mas você ficou tão chateado-”

“Chateado,” interrompo, “porque eu me importo com você, porque quero te conhecer, quero tudo, cada maldito pedaço seu. Então, quando eu descubro que você é adotada pelas notícias em vez de você, sim, eu reagi, e sinto muito, mas sei que nunca a tratei como aquele idiota fez.”

Ela engole em seco.

“Além disso, eu estava tendo um daqueles momentos, o tipo onde um idiota assume o controle da minha boca e deixei acontecer.”

Ela funga.

Merda.

“Meu pai era” – eu tusso – “é um alcoólatra. Assim que minha mãe morreu, ele apenas... Queria mais a garrafa, acho que ele só queria que a dor fosse embora, mas quando você ama alguém tanto assim, eu não acho que isso realmente vai embora.” Deixo escapar um suspiro áspero. “Nem sequer o vejo mais, não por falta de tentativas, o cara pede dinheiro, eu dou, e às vezes ele me envia mensagens com uma atualização sobre sua vida. Nós todos temos um passado confuso, sabe?”

Kinsey pega minha mão e aperta.

Suspiro. “Devemos ir para a cama.”

“Sim.”

“Juntos.”

“Você na verdade está me reivindicando, Miller?” Brinca ela.

“Sim, amiga.” Puxo-a contra mim. “Mas esqueça a toalha.”

“Eu sou uma dama.”

“Sim,” respondo rispidamente contra o pescoço dela. “Você é a minha dama.”

Ela ri. “Isso soou tão extravagante e ainda, meu coração estúpido acelerou.”

“Certeza disso.” Dou um beijo em sua têmpora. “Porque eu sou Quinton Miller, é por isso.”

Eu recebo uma cotovelada no estômago. “Equilibre a arrogância.”

“É a confiança.”

“Oh?”

“Sim.” Eu me viro e apago a luz, em seguida, puxo seu corpo para o meu, enfiando-a onde ela pertence, ao meu lado. “Por exemplo, eu estou confiante de que vou acordar pelo menos uma vez e me afundar entre as suas coxas. E estou confiante de que você vai me deixar.”

Sua respiração falha.

“Estou confiante de que amanhã de manhã, quando eu pressionar um beijo entre suas pernas, eu vou amaldiçoar o fato de que tenho que ir para a prática, e você vai amaldiçoar o fato de que, se você se atrasar terá que fazer agachamentos.” Viro-a de frente para mim. “Eu também estou confiante de que isso vai provocar um monte de pancadas para manter meu foco no jogo, em vez do seu rosto.”

“Só meu rosto.”

“Esses também.” Agarro seus seios provocando enquanto seguro firme sua bunda. “E isso, não vamos esquecer disso.”

Kins arqueia essa bunda perfeita na minha mão.

“Cuidado,” resmungo, meus dedos afundando em sua carne. “Vou aceitar isso como outro convite.”

“Engraçado, desde que estou confiante de você que deseja ser convidado.”

“Sempre.” Sorrio. “Exceto que realmente precisamos dormir, o dia será cansativo.”

Ela geme e então coloca os braços em volta do meu pescoço. “Não há mais segredos.”

Eu fico imóvel. “Kins, não podemos dizer a Jax.”

“Mas-”

Eu a beijo afastando sua dúvida. “Espere até depois de alguns jogos, certo? Deixe que ele se acostume a nos ver juntos. Especialmente agora que sei por que ele é tão protetor com você.”

Ela franze a testa. “Porque ele é um irmão mais velho?”

“Não, Kins.” Eu suspiro. “Porque quando você mais precisava de um herói, parece que ele colocou a porra da capa e resgatou você como grandes irmãos deveria... Porque quando você chorou, quando você estava sozinha, ele era o único que lidou com as lágrimas. Porque quando ele fecha os olhos à noite, sua única missão é certificar-se de aquelas lágrimas não voltem mais. Pegue leve com o Superman, não pode ser fácil usar uma capa o tempo todo.”

“Ou um uniforme apertado,” Acrescenta com uma risadinha.

Eu sorrio. “Sim, isso também.”

“Vou falar com o pai depois do treino de amanhã, quer vir?”

Vacilo. Eu não queria.

“Ou não.” Ela começa a se afastar.

“Não, não é isso.” Fecho meus braços em torno dela. “Eu só – você não quer algum tempo a sós com ele?”

Kins abaixa a cabeça no meu peito. “Meu pai sabe tudo sobre mim. Vamos... Pelo menos, seremos honestos com ele sobre isso.”

Ela estava me pedindo para dizer ao seu pai morrendo que eu tinha sentimentos por ela.

Sem pressão.

“Tudo bem.” Tento respirar, mas a pressão acumula contra o meu peito. “Não sou a melhor pessoa com a morte.”

“Engraçado, você foi incrível com aquele garotinho hoje.”

Suspiro; ela não tinha ideia do impacto que causou em mim, emocionalmente, não explodir em lágrimas ou apenas fugir de tudo aquilo, porque mesmo que meus demônios fossem diferentes dos dela, eles ainda existiam.

Solidão ainda me assombra.

O vazio ainda permanece.

“Obrigado, Kins.” Era isso. Um agradecimento, uma mensagem silenciosa de parar de falar e dormir para que eu pudesse organizar toda a merda na minha cabeça, começando com o que diabos eu diria ao seu pai moribundo, quando não tinha certeza de que eu sabia o que ia acontecer.

O sono não veio por mais uma hora pelo menos.

E quando finalmente chegou.

Sonhei com o rosto da minha mãe.

O sorriso dela.

E a perda absoluta que senti quando ela estava fora da minha vida, quando Emerson também foi embora, e o entorpecimento que assumiu no minuto em que percebi que a única pessoa com quem eu podia contar neste mundo era eu mesmo.


Capítulo vinte e dois

MILLER

 

Jax lança uma série de maldições na linha ofensiva. “Porra, juro para os deuses do futebol que se você perder um outro bloqueio eu vou chutar o seu traseiro!” Jax chuta a grama, e basicamente demonstra uma birra que rivalizava com as de alguns dos piores Atacantes da liga.

“Dê-nos um minuto,” grito para Jax.

Sanchez olha para mim e diz aos caras para ir pegar água.

Nós dois seguimos até ele.

Sanchez segura seu capacete na mão, o rosto coberto de suor e sujeira. O cara tinha pego cada lance que Jax tinha atirado em sua direção, quase sacrificando seu corpo, a fim de fazer isso, e era prática, não o grande jogo.

“O quê?” Jax fala irritado para nós.

Sanchez levanta as mãos. “Você está apenas sexualmente reprimido ou todo mundo apenas irritou você hoje?”

Jax olha para o chão. “Desculpa.”

Passo a mão sobre a minha cabeça suada. “Cara, eu sei que as coisas estão ruins com o seu pai, eu irei lá com Kins depois que...”

“Que porra é essa?” Jax olha na minha direção, solta o capacete, e me agarra pela camisa. “Você fica bem longe da boca dela!”

Eu me afasto dele. “Você é o único que nos encorajou a ficar juntos!”

Sanchez sorri entre nós dois. “Melhor do que TV durante o dia. Eu só vou ficar aqui assistindo, continue!”

“Eu sei o que eu disse.” Jax aperta a ponta de seu nariz. “Eu só, eu não achei...”

“O quê?” Falo irritado. “Que nós realmente seríamos melhores amigos? Que ela precisava de alguém que não seja você para ajudá-la a passar por isso?”

Seu corpo dá um pequeno vacilo.

Foi o suficiente.

“Puta merda.” Inacreditável! Eu jogo minha cabeça para trás e rio, “Você está com ciúmes!”

Os olhos de Sanchez se arregalam até que eu pensei que eles iam saltar fora de sua cabeça e rolar para os pés de Jax. “Uau! Tempo esgotado! Você está atraído por sua irmã?”

Jax geme. “Você poderia simplesmente...” ele balança sua cabeça. “Não ser você mesmo por cinco minutos, Sanchez?”

Sanchez olha entre nós dois. “Me diz então.”

Olho para Jax, os lábios estão unidos.

Bem.

“Foi no noticiário ontem à noite.” Pelo menos essa parte era verdade. “Kinsey e Jax não são irmãos biologicamente. Ela é adotada.”

“Aos onze anos de idade,” Jax termina em uma voz monótona. “Ela deveria vir para o jantar, encontrei-a em sua casa... Kinsey estava sangrando, ela tropeçou em vidro e havia sangue por toda parte, seus pais tinham ido embora, agulhas cobriam o chão como lixo.” Ele engole em seco, o pomo de Adão lentamente sobe e desce como se ele estivesse tentando não chorar. “Ela disse que eu parecia um anjo.”

Sanchez, por uma vez, fica quieto.

“Ela costumava me chamar de Capitão América, idiota, eu sei, mas desde esse momento tem sido eu e ela, meus pais tentaram, mas não poderiam ter mais filhos e isso só parecia... destinado a ser, você entende?”

“Você está?” Sanchez pergunta a ele sem hesitação.

“Estou o quê?” Jax não olha para mim.

“Com ciúmes? Você está com ciúmes?"

Jax solta um xingamento frustrado e chuta o chão, o resto da equipe já tinha começado a correr de volta para o campo. “Eu sou ciumento como o inferno... porque ela olha para ele do jeito que ela costumava olhar para mim, como se ele fosse o seu herói, e tudo o que fiz nos últimos meses foram besteiras, protegê-la, irritá-la, protegê-la, irritá-la-”

“Talvez,” interrompo, “é hora de você apenas... deixá-la viver.”

“Sim.” Ele lambe os lábios. “Eu costumava ser melhor com essa merda.”

“O que? Ser um humano decente?” Sanchez apenas tinha que dizer.

“Não, ser um bom irmão, e depois com meu pai adoecendo e...” seus olhos estão desfocados. “Todo o resto...” ele encolhe os ombros. “Eu não posso perdê-la também.”

“Você não vai,” prometo.

Ele parecia não acreditar em mim quando coloca o capacete de volta e caminha em direção ao time.

Sanchez me dá uma cotovelada. “Se tivéssemos o nosso próprio reality show esse momento seria nossa melhor tomada de vídeo – apenas imagine, música de violino, choro suave no fundo.” Ele suspira.

“Quem é você?” Afasto-me um pouco para trás.

Ele simplesmente ri e diz, “Grant Sanchez,” como se isso fizesse mais sentido do que qualquer resposta.

“Ei!” Ele agarra meu braço. “Momento sério... não, e repito, não brinque com ele agora.” Seus olhos ficam sérios. “Jax tem problemas suficiente ultimamente e se você... se você machucá-la...” ele revira os olhos. “Deus, me sinto como um idiota por dizer isso, mas se você machucá-la, se ele descobrir sobre Vegas, se ele até mesmo farejar em sua direção e descobrir que você não está apenas substituindo-o por agora, mas pensando em fazer isso de uma forma mais permanente...” ele estremece. “Eu sei que poucos têm a permissão dele, ou o que diabos isso significa, mas parece-me que ele ainda está em cima do muro sobre vocês e isso é sem ele saber o que aconteceu entre vocês dois. Se você machucá-la, não haverá um lugar longe o suficiente para você fugir onde ele não irá persegui-lo e enterrar o corpo, e sou muito jovem para ir para a cadeia por você, cara.”

“Isso foi um sermão?” Eu assobio.

“Sim.” Ele me dá um sorriso arrogante. “Como eu fui?”

“Desagradável!” Estou tentado a deslocar sua mandíbula com a parte de trás do meu capacete.

“Não é possível vencer todos.” Ele encolhe os ombros e, com uma piscadela, corre para o time. Sigo lentamente atrás dele, a culpa roendo através do meu uniforme.

Ainda sinto o cheiro dela quando respiro.

Eu a sinto em meus dedos.

Sim, eu não estou em posição de julgar Jax.

Porque quando ela olha para mim daquele jeito, tudo o que eu quero é ser digno dela. E quase todas as vezes, parece que não fiz nada exceto perder essa posição.


Capítulo vinte e três

JAX

 

Eu estava em um humor de merda.

Provocado por uma situação ainda pior.

E incapaz de me concentrar em qualquer coisa, exceto o fato de que não recebi nenhuma mensagem de Harley desde que eu basicamente fugi do meu próprio apartamento.

Meus lances estavam fora na prática hoje.

Minha concentração estava em uma garota espirituosa que tinha gosto de chiclete e tinha a risada rouca mais sexy que já ouvi.

Tomei banho, agarrei minhas coisas, e entrei no meu carro.

A chuva bate em rápida sucessão contra o para-brisa, como se estivesse tão irritada e atormentada como eu me sinto. Com uma maldição, ligo o carro e saio pelas ruas.

E de alguma forma encontro-me em seu apartamento.

Pingando de chuva.

Na frente da sua porta.

Meus pés assumem, pelo menos metade do tapete de boas vindas, e há um pequeno sinal que diz ‘Bênçãos’ pendurado no centro da porta.

Baixo a cabeça e levanto a mão, só para ter a porta aberta. Uma senhora baixa, idosa, com cabelo branco brilhante me olha de baixo, com os olhos castanho-escuros pensativos, seus lábios franzidos em uma linha fina.

Engulo em seco.

“Você.” Sua voz é rouca, como se tivesse fumado um maço por dia durante trinta anos.

Lambo meus lábios. “Harley está-”

“Aqui.” A avó de Harley empurra uma caixa em minhas mãos. Há pelo menos duas camisas dentro, e uma bola de futebol.

“O que é isso-”

“A caneta preta está na mesa. Vou sair para um pouco de ar.”

“O-k.” Falo lentamente a palavra e passo por ela em busca da misteriosa caneta preta. Isso tinha que ser a recepção mais estranha que eu já tive de um fã.

“Eu tenho netos.” Ela funga, agarra uma jaqueta leve e as chaves, e depois acrescenta, “Harley está a caminho de casa.”

A porta bate atrás dela.

“Bom, então.” Suspiro, esfregando as mãos no meu jeans antes de destampar a tampa da caneta e começar. Assino o meu nome, a minha assinatura ocupa pelo menos metade do ombro de cada camisa, então faço uma nota mental para conseguir mais equipamentos para a avó de Harley, especialmente quando noto a decoração.

Papel de parede do Bellevue Bucks.

Harley não estava brincando sobre sua avó ser uma fã.

Um copo dos Bucks de café foi colocado ao lado de um jogo de palavras cruzadas. O vapor do café quente ainda gira sobre a borda, como se ela estava pensando em preparar isso para uma tarde agradável, mas em vez disso eu tinha batido em sua porta e... o quê? Ela decidiu que precisava de uma caminhada na chuva?

O som de chaves me faz saltar em um esforço para parecer que eu realmente estava à vontade na mesa de jantar de Harley. Merda, eu nunca quis tanto me esconder em toda a minha vida.

O que diabos estou mesmo fazendo aqui?

Eu apenas – queria ver como ela estava, pedir desculpas pessoalmente. Sentir o cheiro dela? Inferno! Estou ficando louco.

A porta se abre.

Harley coloca sua bolsa sobre a cadeira próxima e então olha para cima. Sua boca cai aberta, e então ela está andando em minha direção.

E me preparo para o impacto.

Espero pelo tapa.

Até mesmo fecho os olhos.

Mas quando nada acontece, eu não tenho escolha exceto abri-los, e enfrentar a garota que eu tinha dormido e abandonado. Quem faz isso? Quem dorme com uma garota que realmente gosta e foge no dia seguinte?

Eu fiz.

Jax idiota tinha um belo anel para isso.

“Você.” Ela cutuca meu peito com o dedo. Deus, ela é como uma versão mais alta de sua avó.

“Eu,” respondo.

“Por que você está aqui?”

“Porque você não queria falar comigo.”

“E isso significa automaticamente que eu quero ver você? Convidá-lo para minha casa? Fazer sopa para você?”

“Há sopa?” Meu estômago ronca coma ideia. Sou um viciado em comida caseira, como toda a equipe viajando é. Não é minha culpa.

“Não.” Ela cruza os braços. “Quero dizer, bem, há sempre sopa, é a nossa coisa, não pergunte.”

Minha boca enche de água.

Eu não tenho certeza se é por causa da sua proximidade, ou a maneira como seu cabelo molhado agarra-se a suas bochechas, ou o fato de que eu tinha esquecido de comer depois do treino.

“Sinto muito.” Eu poderia soar mais robótico? E estúpido? “Por deixa-la, por...” passo as mãos pelo meu cabelo molhado. “Por apenas...” esfrego minha testa. “Por tudo.”

“Tudo?” Ela sussurra.

“As partes ruins.” Dou um passo mais perto dela. Nossos corpos estão se tocando, peito com peito. Respirar está precisando de mais esforço do que deveria. “Não os bons.”

“Quem disse que houve bons?” Uma sobrancelha desafiadora arqueia na sua testa.

Eu sorrio. “Mesmo?”

“Mesmo.”

“Você deve ter uma memória ruim, Harley.”

“Ou talvez isso simplesmente não foi tão memorável.”

Eu esmago minha boca na dela por instinto, coloco minhas mãos em torno da sua bunda porque não posso evitar, então a levanto na mesa de jantar antiga de sua avó e a deito sobre as camisas, porque eu literalmente não tenho autocontrole quando ela está tão perto de mim.

Os olhos de Harley fecham quando beijo o pescoço dela e arranco sua roupa molhada, esfregando as mãos em todos os lugares que posso, tocando cada parte doce dela, antes que ela me empurre para longe, antes que me diga que estava tudo acabado, que eu tinha fodido tudo.

“Você é um idiota,” ela murmura contra a minha boca antes de morder meu lábio inferior com tanta força que faço careta de dor. “Um idiota gigante.”

“Eu sei.”

“Você me deixou sozinha.” Ela me beija mais forte e então morde. Em seguida, a mulher louca agarra a frente da minha calça e desliza a mão dentro, agarrando-me tão apertado que meu pau quase entrou em coma por perda de sangue. “Fez sexo comigo e me deixou!”

“Merda.” Como diabos eu estava ficando excitado pelo seu toque psicótico? A mulher ia me matar! Me castrar! E ainda me movo contra sua mão, meus lábios se separam, e inclino-me para ela. “Sinto muito, sinto muito mesmo.”

“E você é um idiota.”

“O maior idiota do mundo,” concordo quando seu toque fica mais leve, eu empurro contra ela, e quase fico cego.

“Ok,” ela diz suavemente.

Prendo meu olhar no dela. “Ok.”

Harley me solta, esfrega as mãos, e encolhe os ombros. “Então você quer um pouco de sopa?”

O quê?

Ela me joga um sorriso por cima do ombro. “Isso é um não?”

Estou tendo problemas para organizar qualquer tipo de frase que não têm a ver com a gente ficando nus na mesa da cozinha.

“Hum...” solto uma respiração reprimida de frustração. “Sim, claro, sopa, sopa soa bem.”

Harley começa a rir. “Eu estava brincando com você. Você passou, a propósito.”

“Como assim?” Aperto os olhos.

“Bem, você estava tentando ser um cavalheiro quando tudo o que queria fazer era ficar nu na sala de estar da vovó. A propósito, um aviso, ela tem câmeras.”

Eu faço um pequeno círculo.

“É quase muito fácil.” Harley continua rindo. “Vamos.”

Ela estende sua mão.

Eu aceito.

Eu não deveria.

Ela me faz querer coisas que eu não tinha desejado.

Todo maldito dia eu pensei nela - não em futebol, não no meu pai, somente nela.

Com uma piscadela, Harley me puxa para um quarto, fecha a porta atrás dela, em seguida, puxa sua camisa sobre a cabeça e joga-a sobre o tapete. “Agora que nós terminamos de conversar...”

Não a deixo terminar. Devoro suas próximas palavras, enfio uma mão em seus cabelos, a outra trabalha em abaixar sua calça jeans enquanto ela desabotoa a minha. O riso borbulha entre nós enquanto tropeçamos em direção a sua cama.

Puxo-a em cima de mim e suspiro. “Senti sua falta.”

Ela se acalma. “Também senti sua falta.”

Era tudo que eu precisava ouvir.

Antes da minha boca voltar para a dela.

Antes de perder minha sanidade novamente.

“Estou tomando pílula.” Ela geme. “Apenas... pensei, desde a última vez e-”

“Sim,” termino por ela.

“Não quero arruinar totalmente este momento, mas a vovó deve estar chegando em breve?”

“Não, eu não acho-”

O som de uma porta se abrindo surpreende-me em silêncio.

Eu estava a segundos de sentir Harley em torno de mim, centímetros de onde eu queria estar.

“Harley garota?” Vovó chama. “Você está no seu quarto?”

Ela bate a mão contra a minha boca. “Sim, vovó, apenas, um, jogando um jogo de tabuleiro.” Ela revira os olhos enquanto chupo seus dedos.

Ela treme enquanto a jogo de costas, imobilizando-a com meu corpo enquanto hesito em sua entrada.

“Que jogo?”

Eu pressiono dentro dela e murmuro, “Sim, Harley, qual jogo?”

Seus olhos se estreitam, “É, uh, Rampas e, hum, Escadas?”

“Eu sou a rampa ou escada?” Sussurro.

Um gemido escapa entre seus lábios antes da vovó anunciar de volta, “Esqueci meu telefone, divirtam-se crianças.”

Harley solta um gemido frustrado.

“Melhor colocar uma rampa sobre essa escada, querida!”

Harley cobre o rosto com as mãos. “Obrigada, vovó.”

“E quando eu digo rampa, quero dizer preservativo!”

“Entendi, tchau!”

Eu não tenho certeza de quem estava mais aterrorizado, eu ou Harley. Mas basta a porta da frente bater para a vontade voltar ao jeito que estava antes da interrupção prematura: desesperado, carente.

“Huh.” Sorrio. “E todo esse tempo aqui eu pensei que era mais um tipo rampa.”

Ela me dá um tapa no ombro, em seguida, puxa meu pescoço, até que nossas bocas se encontram em outro beijo ardente. “Seu movimento em primeiro lugar.”

Um impulso longo e meu mundo de repente se endireita novamente.


Capítulo vinte e quatro

KINSEY

 


A doença tem um cheiro específico. Posso descrevê-lo como uma mistura de remédios, tristeza e equipamento estéril. No minuto em que entro em casa, sei que há algo de errado.

Tudo por causa do cheiro.

O cheiro é como se um hospital tivesse sido montado dentro da minha casa. O paciente, meu pai. E o fato de que ele está se deteriorando lentamente faz com que eu queira gritar e, em seguida, chorar até que minha voz fique rouca.

Miller não disse nem mesmo uma palavra durante todo o trajeto.

O que é bom para mim, porque a última coisa que quero agora é falar sobre meus sentimentos. Falar sobre a tristeza só a faz parecer maior e se ela ficasse ainda maior, seria mais difícil de combatê-la, pelo menos dentro da minha mente.

Papai está sentado na sala de estar, conectado a uma infusão intravenosa.

“Oi.” Pisco e sento no sofá. “Você parece bem.”

“Mentirosa.” Seus olhos se estreitam. “Eu tenho esta engenhoca robótica de merda aqui conectada, para me manter hidratado e isso deixa meus braços gelados.”

Pego um cobertor.

“Se você colocar esse cobertor em cima de mim como se eu fosse uma criança, vou contar a sua mãe sobre aquela vez que você escapou do seu quarto e ficou bêbada na casa da árvore.”

Eu suspiro. “Você não faria isso.”

“Paula!” O homem pode estar doente, mas ainda tem bons pulmões.

Estremeço.

Miller deixa escapar uma risada.

Meu pai volta seus olhos para Miller. “Quanto tempo, meu filho?”

“Uhhh,” Miller engole em seco. “Quanto tempo... O quê?”

Papai sorri e se inclina para trás. “Oh, estou vendo como vão ser as coisas. Vou ter que soletrar, então. Há quanto tempo você vem dormindo com a minha filha?”

Para seu crédito, Miller não chega a recuar. “O que faz você pensar que estou dormindo com ela?”

Os olhos do meu pai se estreitam. “Você parece muito feliz para um homem que está ficando sem sexo.”

“Um cara não pode estar feliz?” Miller dá de ombros. “E se eu estiver apenas de bem com a vida?”

“Besteira.” Papai limpa seu nariz. “Se você a machucar, vou transformar em meu objetivo pessoal de pós vida vir aqui assombrar seu traseiro e enviá-lo a uma morte prematura, ouviu?”

Miller morde o lábio e depois sorri. “Sim, bem, se eu machucá-la, posso lhe dar permissão para fazer isso.”

“Permissão?”

Ah não. Estou me preparando para dizer ao papai para deixar isso para lá quando mamãe entra com uma bandeja cheia de café. “Eu tenho bolinhos quentes.”

Miller coloca dois em sua boca antes que eu possa avisá-lo que o gosto deles não é tão bom quanto seu cheiro.

Ele engole em seco, sorve seu café, e olha para os bolinhos desagradáveis.

“Meu pai está em uma dieta livre de açúcar,” digo. “Isso deveria ajudá-lo a viver mais tempo.”

“Viver mais, minha bunda.” Papai faz uma careta para os bolinhos. “Se esta for minha última refeição, eu posso pedir o que eu quiser, certo? Querida, por que você não volta naquela cozinha e faz alguns biscoitos de chocolate? Do tipo que ficam bem grudentos no meio.”

Faço um pouco de barulho na parte de trás da minha garganta. Isso soa incrível.

Mamãe coloca as mãos nos quadris. “Mas o açúcar...”

“Eu acho que alguns biscoitos cairiam bem,” diz Miller, saindo em defesa de meu pai. “Na verdade, eu posso até ajudar a prepará-los.”

“Bom homem.” Papai pisca para Miller. “Eu sabia que ia gostar de você.”

Ah, quão facilmente papai muda de lado quando há comida envolvida. Se ele não tomasse cuidado, Miller acabaria assumindo o lugar de Jax no sofá e acabaria sendo convidado para assistir ESPN. Sim, meu irmão provavelmente mataria seu companheiro de equipe antes de permitir que isso acontecesse.

Miller dá um aperto no meu ombro e segue minha mãe para fora da sala, deixando para trás eu, meu pai, e o silêncio.

Desvio o olhar.

Ele agarra minha mão.

Aperto de volta e luto contra a picada quente das lágrimas.

“Como está a equipe este ano? Você está distribuindo chicotadas para deixá-las em forma?” Apesar de apreciar a mudança de assunto, e o fato de que ele quer que o foco esteja em mim, eu desejo falar sobre ele.

“Bem.” Chego mais perto dele, então coloco minha cabeça em seu ombro e solto a respiração que vinha segurando desde que entrei pela porta da frente.

Papai esfrega círculos ao redor da minha palma. Ele cheira a colônia e alcaçuz. Aposto dez dólares, como ele provavelmente tem alguns pedaços de doce escondidos em seu bolso para fins de emergência. “Sabe,” – a voz de papai está baixa e retumba pelo seu corpo, fazendo cócegas no meu ouvido com suas vibrações – “que você costumava ficar aqui sentada comigo por horas, quando era pequena. A maldita TV nem precisava estar ligada. Eu acho que...” Ele engole em seco. “Bem, querida, eu acho que você só queria estar perto de alguém – ou de ninguém.”

Fecho os olhos quando as memórias tomam conta de mim – um estômago vazio, o som de brigas, violências horríveis demais para uma menina testemunhar diariamente. Eu costumava assistir aos programas de TV de Jax, sentada na minha janela e espiando para dentro de seu quarto, já que não tinha permissão para assistir o que eu queria. Odiava quando chovia, porque as cortinas eram fechadas. Então, um dia, apesar de estar chovendo, eles mantiveram as cortinas abertas, e mesmo ficando encharcada, continuei lá sentada.

Foi nesse dia que Jax me convidou para brincar, embora eu tivesse apenas cinco anos e ele, quinze.

Eu estava tão desesperada por qualquer tipo de atenção que agarrei aquela oportunidade de passar tempo com alguém que quisesse me ouvir.

Felizmente, quem me convidou foi Jax, basicamente, o cara com o maior coração de ouro em todo o mundo, ao lado de meu pai – meu pai adotivo.

Então, quando aquele dia chegou ao fim, fiquei surpresa ao ver a mesa posta para o jantar, e um lugar para mim nela – eles sempre fizeram questão que eu tivesse um lugar.

Fungo.

“Você ainda é a mesma garota agora. A mesma garota que era naquela época, querida,” Papai murmura. “Você precisa... de sentimentos, de toques, de colo.” Ele beija o topo da minha cabeça. “E isso está bem, você sabe. Tudo bem querer ser... valorizada.”

Meu pai e eu não tínhamos conversas como esta.

Temos personalidades semelhantes e usamos o sarcasmo para proteger nossos sentimentos, o que significa apenas uma coisa: esta é uma daquelas conversas que você tem com as pessoas que você ama antes que seja tarde demais. Nunca em toda minha vida eu desejei tanto poder correr para longe.

“Eu sei, pai,” finalmente respondo.

“Ele é bom com você?”

Balanço a cabeça e, em seguida, respondo “Sim.”

“Ele olha para você cada vez que se move. Suas mãos nem mesmo ficam ao lado de seu corpo. Ele sempre parece estar se preparando para o impacto. Só não sei se ele está esperando para correr na direção oposta, ou para seus braços.”

“Hah!” Como uma brincadeira, belisco a lateral do corpo do meu pai. “Eu gostaria de saber.”

“Os homens são estúpidos.”

“Obrigada, papai.” começo a rir entre as lágrimas que se acumulam nas minhas bochechas.

“Tente não usar isso contra ele, querida.”

Nosso riso desaparece quando meu pai solta minha mão e se afasta para trás para que possa olhar para mim. “Você é a minha garotinha.”

Quero revirar os olhos, para aliviar a situação. Em vez disso, sinto como se eu estivesse murchando, meu estômago pesado.

“Você...” – papai inclina meu queixo em sua direção – “é a melhor coisa que já aconteceu a esta família. Seja na doença, ou na saúde, no inferno ou na enchente, você é a cola. Seu irmão e sua mãe precisarão de você e você precisará deles também. E querida, não há problema nenhum em ter que confiar em alguém quando você se sentir como se estivesse prestes a desabar – a vida é assim. Lembra-se do que você prometeu quando estava no hospital e não sabíamos o que havia de errado?”

“Prometi viver,” sussurro, “não importa o que aconteça.”

“Então viva.” Ele dá de ombros e sorri. “Viva bem.”

“E você?”

Papai ri. “Oh querida, eu sou o homem mais rico do mundo.” Seu sorriso é contagiante. “Tenho a sua mãe, Jax, você, aquele velho peixinho que morreu alguns anos atrás – como era mesmo seu nome?”

Reviro os olhos. “Era um beta chamado Todd, e você se esqueceu de alimentá-lo.”

“Certo.” Ele sorri. “Querida, um pai nunca quer viver mais do que seus filhos. Esta,” ele inspira profundamente, “é a parte fácil. Viver? Isso sempre será a coisa mais difícil que você terá que fazer. Dói pra caramba e a vida é cheia de solavancos em cada trecho da estrada, e você pegará alguns caminhos errados, mas, acima de tudo, é uma bênção ter a chance de cometer erros. Não estou certo?”

Balanço a cabeça novamente.

“Boa conversa.” Ele pisca. “Agora, descubra quando esses cookies ficarão prontos e enquanto estiver fazendo isso, roube um pouco de massa em uma colher e traga também um copo de leite grande.”

Reviro os olhos. “Então, basicamente, eu tenho que fazer o seu trabalho sujo?”

Ele dá de ombros, pega o jornal, e ergue-o de forma que eu não possa mais ver seu rosto. “Bem, eu estou doente! Vamos lá, conceda ao moribundo seu último desejo!”

Mostro a língua para ele. Injusto!

“Eu vi isso.” Ele parece entediado. “Lembre-se, uma colher com gotas de chocolate extras! Não vá me decepcionar.”

Sorrio e entro na cozinha em busca de uma colher de chá em vez disso, apenas para encontrar Miller segurando minha mãe em seus braços gigantes.

Seu rosto está pressionado contra o peito dele.

E ele está pálido, como se tivesse visto um fantasma.

“Sinto muito!” Mamãe soluça. “Escorreguei e eu não tenho dormido e...”

Miller abre a boca para falar e dá uma pequena sacudida na cabeça dela.

“Mãe?” Digo. “Por que eu não termino os cookies? Você pode matar algum tempo com papai no sofá, talvez deitar um pouco?”

Ela assente, enxugando os olhos, e nos deixa na cozinha.

“O que aconteceu?” Corro para Miller, que está apoiado contra a bancada com ambas as mãos, o corpo gigante ainda tremendo como se ele fosse dar um soco em alguém ou, então, desmaiar. “Miller?”

“Não.” Ele cerra os dentes. “Eu só preciso de um minuto.”

Não dou ouvidos e apenas toco suas costas, só para tê-lo se afastando para longe de mim e passando as mãos pelo cabelo.

Finalmente, ele lambe os lábios e olha para mim, seus olhos assombrados, frios. “Eu, uh, tenho que ir.”

“Ok.” Minha garganta fica inchada. Claro, fugir. Ele é bom nisso, certo? Ou será que é bom somente em afastar as pessoas para longe dele? Forçando-os a ser aqueles que querem desistir dele? “Eu acho que Jax pode vir me buscar mais tarde.”

“Vou ligar para ele.” Miller dá uma última olhada para mim e sai.

A cozinha de repente parece muito pequena para as emoções que estou sentindo: a tristeza por causa da minha conversa com o papai, a rejeição de Miller quando eu precisava do seu toque.

Cerro os olhos.

Tudo o que desejo é um abraço.

E alguém que diga para mim que tudo vai ficar bem.

Isso vem bem mais tarde, quando meu irmão me encontra encolhida no meu antigo quarto, no cantinho. É o mesmo canto que eu costumava ficar sentada quando vim viver com eles na primeira vez. Quando sentia muito medo de querer coisas boas, porque quando você deseja coisas agradáveis, quando você gosta delas, elas podem ir embora, certo? Meus pais biológicos costumavam dizer o tempo todo, que nada é de graça e que se algo está sendo dado a você sem nenhum custo, provavelmente isso seria rapidamente tirado também.

Estou com tanto medo.

E eu achava que já tivesse superado isso.

Isso foi anos atrás.

Então por quê? Por que a expressão assombrada de Miller de repente me trouxe de volta para aquele ponto? Onde tudo o que eu quero é que alguém me veja. E em vez disso sou ignorada? Uma parte de mim reconhece que algo estava errado com sua expressão, mas meu coração frágil só consegue se concentrar em uma coisa: ele fugiu.

Para longe de mim.

 

Jax murmura uma maldição dura, em seguida, senta-se ao meu lado.

Coloco minha cabeça em seu ombro.

Ele segura minha mão.

Silêncio.

E toque.

Tudo que eu preciso.

E, no entanto, não é suficiente.

Porque, pela primeira vez, não quero que seja meu irmão aqui. Pela primeira vez em minha vida eu quero outra pessoa, eu quero mais.

Quero Miller.


Capítulo vinte e cinco

MILLER

 

Segundos depois de ligar para Jax, dirijo meu carro em torno do quarteirão apenas para estacionar em frente à casa de seus pais. Eu sou um stalker de merda.

E nem sequer desligo os faróis. Apenas fico sentado no SUV quente, enquanto a chuva bate com raiva contra o para-brisa. Até mesmo a natureza está com raiva de mim, não que eu culpe a chuva, ou qualquer outra pessoa além de mim mesmo.

Isso é culpa minha.

Fugir é o meu padrão.

E eu queria ficar, Deus, queria plantar meu pé contra o chão e dizer a Kinsey que tudo ia ficar bem.

Eu teria sido um mentiroso.

E essa é a parte que pegou.

Não vai ficar tudo bem.

Pelo menos não por enquanto.

Isso me pegou com tanta força, tirando meu fôlego tão violentamente que fiquei com dificuldade em pensar coerentemente. A mãe dela tropeçou, caiu no chão.

Eu a agarrei e tive um flashback muito vívido e real de encontrar minha mãe caída em nossa cozinha.

E a percepção atingiu um nervo muito sensível do meu corpo.

As coisas melhoram.

Mas isso leva tempo.

E mesmo agora, eu ainda tenho meus momentos de fraqueza. Então, ficar ali sentado dizendo a Kins que tudo ficará bem, que os unicórnios e arco-íris estariam se derramando sobre o seu rosto assim que o funeral acabasse, que o sol brilhará novamente, que um dia ela olharia para trás, para este momento e seria capaz de não chorar.

Bem, para mim isso parece como a coisa mais insensível que eu poderia fazer, e gosto demais dela para fazer isso.

A luz da varanda é acesa.

Jax sai com o braço em volta de Kinsey.

Ele é o primeiro a me ver.

Seu olhar de desgosto não passa despercebido. O bastardo quer me esfaquear com o objeto cortante mais próximo, e eu não o culparia se fizesse.

Kinsey respira fundo, a chuva escorrendo pelo seu queixo. Eu nunca tinha visto nada tão bonito em toda a minha vida.

Meu coração fica apertado, enquanto ela puxa o moletom preto mais apertado contra seu corpo. Jax olha entre nós. Indecisão fica refletida em seu rosto.

E então, Kinsey sussurra algo em seu ouvido.

Saio do carro e espero, com as mãos enfiadas nos bolsos.

Ele caminha na minha direção, sem nem tentar desviar de mim, mas, literalmente, direto para cima de mim, fazendo meu corpo tropeçar para trás alguns centímetros sobre a grama molhada.

Jax entra em seu próprio carro.

E vai embora.

Kinsey não se move.

Eu tenho medo de caminhar até ela.

Com medo do que aquele momento pode significar.

Porque isso é mais do que seu pai.

Mais do que minha mãe.

Mais do que nosso passado.

Eu estou olhando para o meu futuro.

E isso me assusta pra caralho.

Seu cabelo castanho-escuro parece tinta preta presa em seu pescoço suave, o mesmo pescoço que diariamente sonho em beijar. Com os punhos cerrados ao lado do corpo, ela dá dois passos em direção a mim; narinas dilatadas, avaliando-me de cima abaixo. “Por quê?”

Lambo os meus lábios. “Porque o quê?”

“Porque você foi embora?”

“Você quer dizer, além da completa covardia e da total falta de caráter?”

Kins não ri.

Eu espero que ela ria.

“Porque...” engulo em seco, dando um passo na direção dela. “No minuto em que entrei naquela cozinha, eu não quis mentir. Tudo aquilo me lembrou de quando eu perdi minha mãe. O mesmo sentimento de naufrágio, aquele mesmo desespero. E não quero mentir para você.”

Sua testa se enruga. “O que você quer dizer? Você vem mentindo?”

“Kins.” Estendo a mão para segurar a dela e ela deixa. Suas mãos estão frias e parecem muito frágeis contra a minha. “Não vai ficar tudo bem.”

O rosto dela fica triste.

“Olhe para mim.”

Ela balança a cabeça.

“Tudo bem.” Respiro fundo. “Não vai ficar tudo bem. Não hoje, nem amanhã, nem na próxima semana, enquanto você estiver assistindo seu pai sofrer nos dias bons, apenas para ter um dia ainda pior. E quando...” minha voz falha. “Quando você for ao seu funeral, quando assistir às pessoas falarem sobre ele no passado, quando de repente o mundo não for mais tão brilhante, quando a dor em seu peito se transformar em um abismo de dor tão grande que o fato de você não conseguir respirar vai se tornar a única constante em sua vida, não vai estar tudo bem. Eu me importo com você, me importo mesmo. Mais do que deveria. Eu quero você. Mais do que deveria. Mas não posso mentir para você, Kins. Os seres humanos não são feitos para suportar este tipo de dor, isso... É de quebrar qualquer um.” Minha voz trava. “Eu sei o que é perder um de seus pais, perder alguém que você ama tanto que se pergunta se algum dia voltará a ser quem era antes daquilo acontecer, se você algum dia vai acordar e voltar a se sentir como você mesmo. Eu não vou ser essa pessoa. Recuso-me a ser como todos os outros, que vão lhe dar um tapinha na mão e dizer que vai ficar tudo bem. Porra, não está tudo bem, Kins. Ele está morrendo. Nunca vai ficar tudo bem. Mas...” minha voz maldita não para de tremer. “Um dia...”

Seus olhos finalmente encontram os meus.

“Um dia o sol vai ficar um pouco mais brilhante, um dia, não vai doer tanto assim quando você entrar naquela sala. Um dia, você vai sentir vontade de sorrir. E eu só...” meu mundo balança. “Só queria que você soubesse que quando esse dia chegar, eu estarei lá, de pé ao seu lado, sorrindo de volta.”

Ela concorda com a cabeça, enquanto as lágrimas se misturam com a chuva, o que torna impossível dizer se ela está chorando um dilúvio ou apenas suavemente – mas qualquer um dos dois parte meu coração. “Você promete?”

“Eu prometo.” Puxo-a em meus braços. “Nada mais de fugir.”

Ela me abraça tão apertado que é difícil respirar, e apenas quando acho que ela vai se afastar, Kinsey fica na ponta dos pés, oferecendo-me sua boca.

Eu roubo um beijo que não mereço.

Da última garota por quem eu deveria estar me apaixonando.

A única atualmente capaz de partir meu coração, já quebrado ao meio.

Sabedoria escorre de sua expressão quando ela se afasta e segura o meu rosto. “Você está errado.”

“Estou?”

Ela assente com a cabeça. “Porque agora...” suas mãos deslizam pelo meu peito. “Eu já me sinto melhor.”

“Por causa da chuva gelada?” Tento provocá-la.

“Não,” Kins sussurra. “Por causa de você.” Sua mão repousa no meu peito como se ela estivesse tentando sentir meu coração. “Às vezes, tudo o que o coração precisa para se sentir melhor é um lembrete de que em outro lugar, outros corações ainda estão batendo apesar de maltratados, quebrados, abusados. Às vezes, você só precisa experimentar o amor na sua forma mais pura... mesmo que isso pareça a coisa mais idiota para dizer.”

Fecho os olhos, descansando minha mão sobre a dela, deixando a chuva cair sobre nós dois, enquanto nos tocamos.

E então Kinsey está me puxando em direção ao meu carro.

Eu vou atrás.

Irei segui-la para qualquer lugar.

Chega de fugir.

Eu quero correr na direção dela.

Kinsey abre a porta para o banco de trás e engatinha para dentro. Não tenho escolha a não ser seguir atrás, e seria um idiota se ficasse na chuva, enquanto ela estaria no carro quente.

Kinsey puxa o agasalho molhado sobre sua cabeça e joga-o no assento de couro. Seu sutiã de renda vermelha é a coisa mais perturbadora que já vi em toda a minha vida.

“Kins.” Minha voz sai como uma maldição. “Estamos literalmente estacionados na frente da casa de seus pais.”

“Vamos viver um pouco,” Ela implora.

E porque estou cansado – cansado de fugir do que isso entre nós realmente é, porque preciso dela tanto quanto ela precisa de mim, eu a puxo para o meu colo e beijo o inferno fora dela.

Escovo o cabelo úmido do seu rosto, a minha língua acariciando seus lábios trêmulos enquanto deslizo as alças do sutiã pelos seus braços, minhas mãos em concha sobre seus pequenos ombros por um minuto enquanto prendo minha respiração.

“O quê?” Ela sussurra.

Sua pele é tão suave e cremosa – pálida contra minhas mãos bronzeadas.

“Você é perfeita.” Corro meus dedos por seus braços, embebendo-me com a visão dela montada em mim como uma ninfa molhada. Com uma risada, dou um beijo em sua boca e sussurro: “Eu nunca tive uma chance sequer, não é mesmo?”

“Nunca.” Sua risada é suave, enquanto ela trabalha em meu jeans até ele está no meio pendurado pelas minhas pernas. Não há nada de sexy ou previsível sobre este momento, e ainda assim eu estou tão duro por ela que sinto dor em toda parte com esta intensa necessidade de fazê-la minha, de realmente tornar Kinsey minha, e de certificar-me que ela saiba que isso é o que quero para minha vida – uma menina com cabelos castanhos, olhos hipnotizantes e com a capacidade de derrubar um homem, sem nem mesmo usar palavras.

Ela desliza para fora de seu agasalho, mal se movimentando alguns centímetros durante a manobra.

Nossos olhares se encontram.

“Nada mais de fugir.” Seus polegares esfregam contra meu lábio inferior e eu capturo um deles em minha boca, tomando o meu tempo, sugando sua pele, saboreando a chuva com minha língua.

Com um suspiro impotente, eu concordo. “Estou com você.”

Coloco minha cabeça contra ela, respirando fundo e fechando os olhos, simplesmente aproveitando a sensação de tê-la em meus braços.

Quando abro os olhos, Kinsey ainda está me observando enquanto se move lentamente, deslizando seu corpo para baixo, sobre o meu.

Eu impulsiono contra ela, segurando seus quadris com as mãos enquanto nós dois nos jogamos na selvageria silenciosa de dar tudo o que temos um para o outro.

Com um estremecimento impotente, diminuo o ritmo, minha mão batendo contra o assento de couro para não terminar com o momento cedo demais, tentando retomar o controle.

“Miller,” ela choraminga.

Puxo seus pés com as mãos, trazendo-a para mais perto, em seguida, prendo meus braços atrás dos joelhos dela para obter um ângulo melhor.

Suas costas arqueiam.

Beijo entre seus seios, em seguida, firmo o nosso ritmo antes de preenchê-la ao máximo e observo seus lábios soltar um gemido. “Vamos, Kins.”

“Eu não quero que isso acabe,” ela sussurra enquanto uma lágrima corre pelo seu rosto.

“Olhe para mim.”

Kins abre os olhos cheios de lágrimas.

“Isso...” mudo minhas mãos de seus joelhos de volta para seus quadris. “Isso não é normal, Kins. Isso é demais. Você,” minha voz fica presa. “É tudo para mim.”

Com um tremor, ela morde meu ombro.

Não é exatamente a resposta que eu esperava.

E então ela se move contra mim de forma diferente.

E talvez eu tenha apagado.

Talvez eu só não tivesse experimentado um prazer parecido antes, em meus vinte e dois anos, mas ele vem tão rapidamente que não consigo me impedir de alcançá-la e encontrar sua boca com um beijo aberto.

Sacudo sua língua com a minha, então aprofundo o beijo enquanto ela balança contra mim.

“Miller...”

Devoro suas palavras com minha língua outra vez, enquanto a sinto apertar em torno de mim, baixando com tanta força que não consigo impedir meu corpo de encontrá-la no meio do caminho a cada vez.

Seu prazer estimula o meu, e eu odeio isso.

Odeio que isso tenha terminado.

Que não posso ficar dentro dela para sempre.

Que não posso prendê-la no meu banco de trás e continuar fazendo sexo selvagem – de preferência não na frente da casa dos seus pais – pelo resto daquela noite.

Sua cabeça cai no meu ombro. Ofegante, ela me dá um tapa de leve no peito e solta uma risadinha. “Bom jogo.”

É tão inesperado, tanto a minha gargalhada quanto a sua provocação, que não consigo parar de rir.

“Eu poderia ganhar um campeonato.” Ela toca meus lábios com a língua.

Suspiro contra sua boca. “Você precisa me lembrar de deixar você usar meu anel.”

“Nua?”

“E tem outra opção, amiga?”

“Ah.” Ela ri. “Estamos de volta a amizade?”

“Do tipo que fica junto e sai em encontros, sim.”

“Que bom que todo mundo já pensa que somos namorados, não é?” Ela estremece contra mim.

“Sim.” Recuso-me a pensar sobre o time, sobre Anderson, seu irmão. Merda, eu teria que contar a Jax, eventualmente, porque o que está acontecendo entre nós está saindo de controle, e quanto mais tempo eu passo com ela, mais percebo que não serei capaz de manter isso em segredo. E também não quero, não mais. “Sobre isso.”

“Só mais uma semana,” ela me interrompe. “E então nós poderemos contar ao Jax... ele merece saber.”

“E eu mereço jogar sem ter uma clavícula quebrada, mas nem todos podem ter o que querem.” Praguejo. “Ok... depois do primeiro jogo de pré-temporada contra o Tampa.”

Kinsey faz uma careta. “Maldito Tampa. Cinco treinadores e eles ainda não conseguem ganhar um jogo? Você não sente pena deles? A finalização do Taylor no ano passado era horrível, e eles só têm um bom receptor, mas Van Austin prefere fazer selfies a se preparar fisicamente com seriedade o suficiente para conseguir segurar uma maldita bola!”

“Uau.” Eu concordo. “Estou tão excitado agora que acho que podemos partir para uma segunda rodada... bom demais ver minha mulher falar sobre futebol. Rápido, diga aí quais são minhas estatísticas.”

Ela revira os olhos, em seguida, dispara todas as minhas estatísticas da última temporada como se as tivesse decorado.

Beijo-a antes que comece a recitar as de Jax.

E ignoro a sensação incômoda de culpa, porque quando meu melhor amigo me pediu para cuidar de sua irmã para que ele não ficasse estressado, eu fui lá e comecei a transar com ela.

E escondi isso dele.

Boa, Miller.

Sou um homem morto.


Capítulo vinte e seis

KINSEY

 

“Você está pronta para isso?” Lidero o resto da equipe em alguns alongamentos de aquecimento, dando uma piscadela para Emerson.

Eu finalmente consigo ver.

Por que Miller não conseguia deixar Em livre.

Há esse magnetismo nela, que é viciante. Eu mesma não fiquei apegada a ela após um dia de prática? Seu sorriso ilumina o ambiente e apenas estar ao redor dela me deixa mais confiante.

Solto um gemido.

É errado esperar que Miller veja qualidades semelhantes em mim? Que quando estou ao seu lado ele se sinta melhor apenas por isso? Talvez eu esteja quase lá. Talvez precise apenas parar de pensar tanto nisso.

“Tudo bem, senhoras.” Alterno entre o alongamento da panturrilha para o de quadril e dou uma olhada no relógio. “Vocês precisam estar completamente maquiadas antes de irem para o campo, para os anúncios da equipe. Certifiquem-se de ficarem prontas em poucos minutos, e lembrem-se...” olho para Lily, a única garota com quem eu realmente tive problemas – já que ela acha que pode dormir com cada membro da equipe. O único problema é que ela é boa, e sua família é patrocinadora ligada ao Programa de Futebol dos Bucks. “Nada de conversar com os jogadores antes do jogo! Eles precisam se concentrar.”

Lily levanta a mão. “Você quer dizer que Emerson não pode falar com Sanchez?”

Emerson revira os olhos. “Não,” ela se vira para Lily. “Já conversei bastante com ele ontem à noite... e esta manhã... e esta tarde.”

As meninas riem suavemente, enquanto Lily faz uma careta.

“Dispersar.” Balanço as mãos enquanto as meninas correm em diferentes direções para dar seus toques finais na maquiagem e tudo o mais que precisem fazer. Xixi nervoso, gloss. Isso é torcer, e precisamos fazer a nossa parte.

Eu realmente fico pronta em tempo recorde. E Emerson também. Ela me dá um olhar compreensivo e acena com a cabeça em direção ao corredor dos vestiários. “Caminhe comigo.”

“Estamos prestes a ter a conversa?” Sorrio para ela. “Aquela em que você me diz para ter cuidado?”

“Hah!” Ela pisca, seu cabelo loiro brilhante saltando pelas costas a cada passo alegre. “Absolutamente, não. Você é uma menina grande, assim como ele é um menino grande. Você parece feliz. Então, estou feliz.”

“Eu estava feliz antes!” Tento explicar, apontando ao redor.

“Não, você estava contente antes,” Em argumenta. “Agora você... está brilhando.”

“Não diga brilhando.” Balanço a cabeça. “Isso é tudo que não precisamos, um boato de gravidez sendo espalhado por aí durante nosso primeiro jogo.”

“Kinsey Romonov!” Ela me dá uma cotovelada na lateral. “Não foi isso que eu quis dizer e você sabe disso, mas você está certa, vou ficar quieta.”

Eu paro de andar. “Você não está... brava?”

Em ergue as mãos. “Por que no mundo eu estaria brava?”

“Ele é... ele era seu namorado, seu melhor amigo...”

“Uau!” Em ergue as mãos. “Pode parar aí mesmo. Seis anos atrás, sim, mas agora eu tenho Sanchez, e mesmo amando Miller até a morte e para sempre, Grant Sanchez é meu futuro. Oh, isso soou tão errado, mesmo para os meus ouvidos.” Ela brinca com a pedra gigante em seu dedo.

“Tão errado é certo?” Eu sorrio.

“Ele é terrivelmente impressionante.” Ela suspira feliz. “Eu apenas quero matá-lo metade do tempo, então isso é um bônus, e ontem à noite ele fez bolo de chocolate.”

Gemo e bato no meu estômago. “Da próxima vez, pode guardar um pedaço para sua amiga.”

“Eu não sou um monstro!” Estamos chegando ao final do túnel. “Guardei dois para você!”

“Isso.” Pego a mão dela. “É por isso que nós somos melhores amigas.”

“Pensei que eu fosse seu melhor amigo.” A voz profunda de Miller quase me faz pular para fora do meu collant. “Droga, já está me traindo, Waffles?”

“Frango frito, eu nunca faria isso,” respondo.

Sanchez e Jax estão com ele.

Enquanto Jax parece prestes a estrangular qualquer coisa que esteja falando, Sanchez está gemendo e batendo no próprio estômago. “Prometa-me que vamos comer frango e waffles depois disso.”

“Eu nomeio Em para este tributo.” Aponto para ela com meus pompons. “Ela é capaz de cozinhar qualquer coisa.”

“Resolvido.” Miller me olha de cima a baixo. “Jantar depois do jogo.”

Jax bufa. “Parece super divertido.”

“Traga Harley.” Cruzo os braços.

Todos ao nosso redor congelam.

Jax tenta passar por Miller, mas ele o agarra pela camisa e puxa de volta. “Algo que você queira nos contar?”

“Sim.” Sanchez coça o queixo. “Eu pensei que vocês não estivessem se falando... algo sobre... vestir suas roupas e depois fugir.”

“Puta merda, você dormiu com ela e depois deu o fora?” A expressão chocada de Miller não está ajudando em nada para acabar com o olhar ameaçador de Jax.

“Vocês garotas deveriam estar aqui conversando conosco agora?” Jax aponta. “Por que diabos vocês estão neste túnel?”

Olho em volta e fico pálida. “Merda! Em e eu estávamos conversando, e acabamos dobrando pra esquerda. EM!”

Ela já está correndo de volta pelo túnel comigo. Mesmo que os jogadores e as líderes de torcida sejam como uma pequena família, a conversa antes de um jogo ainda é algo desaprovado.

Conseguimos ir para o lado direito antes que a maioria das nossas companheiras de equipe se reúnam. Eu arquejo com uma tosse enquanto Em me dá um tapa nas costas.

“Então, frango e waffles?”

“Sim, pode ser.” Concordo.

“E esta situação com Harley?”

Suspiro. “Então, não tenho ideia. Jax se recusa a falar sobre isso, mas na noite passada o cara tinha um chupão do tamanho do ego do Sanchez na lateral do pescoço dele...” dou de ombros. “Sem ofensa.”

“Isso deve ter sido um chupão bem grande.” Ela diz e envolve um braço em volta do meu pescoço. “Sei que tem muita coisa acontecendo, Kins. Apenas tenha em mente que estou aqui pra você, e eu acho... que este será um ano muito bom.”

“Obrigada.” Sinto meu corpo estremecer.

“Pelo quê?” Ela franze a testa, apertando meu corpo com mais força.

Dou de ombros. “Apenas, por ser você. Uma amiga impressionante.”

“Ohh.” Ela me solta e toma uma respiração profunda, olhando para o campo em frente a nós; o entusiasmo da multidão é como um pulso elétrico, deixando-me tonta de emoção. Luzes piscam bem lá na frente. “Bem, obrigada por ter me colocado sob sua asa neste último ano.”

“Como se você precisasse de mim.” Aperto sua mão.

“Eu realmente precisei.” Ela coloca a cabeça no meu ombro, em seguida, me dá um tapa na bunda. “Tudo bem, vamos fazer isso.”

Eu sorrio quando o ar gira e ela se move à minha volta.

Apesar da doença do meu pai e da situação entre Jax e Miller, eu tenho que admitir que algo parece ordenado – diferente.

Pela primeira vez em semanas.

Eu me sinto bem.

E isso deveria ter sido o aviso que eu precisava.

De que o que sobe.

Deve sempre.

Sempre.

Descer.


Capítulo vinte e sete

MILLER

 


Jogo 1 da Pré-temporada

Tampa X Bellevue

Início do Turf

Equipe Favorecida: Bucks Bellevue

 

Jax ganha a disputa da moeda.

Parece que o cara sempre ganha o sorteio. Vamos começar chutando e, em seguida, no segundo quarto, começaremos recebendo. Parte do plano de jogo dos Bucks é usar a nossa defesa para deixar o ataque adversário arisco quando se trata de fazer qualquer tipo de jogadas de passe, e isso quase sempre dá certo.

E durante o confronto com o Tampa? Bem, ou eles se atrapalham nos primeiros dois minutos ou uma interceptação é lançada. Luthor é um bom Atacante. Ele já vem jogando há quase uma década, mas sempre teve receptores ruins e novatos muito jovens que amam o jogo, mas que amam a fama ainda mais.

Correm rumores desenfreados que os novatos de Luthor são conhecidos por festejarem durante a temporada, enquanto o resto de nós está apenas focado em vencer. Eles gastam todo o dinheiro que ganham mais rapidamente do que a maioria das equipes.

Então, novamente, isso não é nada em comparação com o Miami.

Esses caras podem entrar em campo mesmo tendo bebido exageradamente e, de alguma forma, ainda encontram uma maneira de ganhar.

Eu odeio o Miami.

Todo mundo odeia o Miami.

Graças a Deus nós não jogaremos contra eles, a menos que estejam nos playoffs ou em um jogo de pré-temporada.

Começa o quarto down, meus dedos coçam para jogar meu capacete no chão.

É difícil pra caralho não olhar continuamente na direção de Kinsey, mas eu sei que se fizer isso, acabarei perdendo toda minha concentração. Então, foco no jogo e digo a mim mesmo que teremos bastante tempo depois.

“Você está pronto para isso?” Sanchez ladeia minha esquerda, enquanto Jax está à minha direita.

“Venho esperando o ano todo.”

No quarto down, Taylor o bloqueador, não pega um lançamento, quase permitindo que um dos nossos homens faça uma interceptação.

Jax amaldiçoa. “O cara precisa de receptores melhores.”

“Ou bloqueadores de verdade.” Coloco o meu capacete.

Jax funga e olha para a grama. “E aí, tá afim de uns truques de jogo?”

Sanchez esfrega as mãos. “Deus, como eu amo o futebol.”

Hesito. “De que tipo de truque estamos falando?”

Jax coloca seu capacete. “Miller, mas que inferno! Onde está seu senso de aventura?”

“Jax está transando!” Sanchez ri baixinho. “E nós vamos ganhar o campeonato novamente.”

Jax faz uma careta, mas ele mesmo não consegue tirar aquele sorriso estúpido do rosto. Eu e Sanchez pulamos em cima do cara como se ele tivesse acabado de dizer que ganhou um bilhão de dólares e seu próprio jato particular.

Mas é bem perto disso.

Ele viu uma menina nua.

Bato em seu capacete com a mão enluvada. “E eu pensando que você estava sendo um idiota, porque não estava pegando ninguém.”

“Nah, isso é apenas a rotina pré-jogo de Jax. Muita chatice7 e dor na barriga.” Sanchez sorri. “Truque de jogo... espera aí...” seus olhos se estreitam. “Você não está falando do Cherry Coke Me8?”

O rosto de Jax se abre em um sorriso. “Olha, eles vão nos deixar do lado de fora logo depois do segundo quarto de qualquer maneira. Então, podemos muito bem ter alguma diversão.”

“Treinador!” Sanchez aponta para Jax. “O seu Atacante acabou de usar a palavra que começa com F9!”

“Entrem em campo, seus merdinhas!” O treinador grita de volta.

“Eu adoro quando ele nos elogia.” Sanchez sorri enquanto todos nós corremos para a lateral para combinarmos a nossa próxima jogada.

Jax fica sobre um joelho. “Cavalheiros, vamos começar esta temporada com o pé direito. A maioria de vocês está lutando por um lugar nesta equipe, então mostrem do que são capazes. Preciso de um bom bloqueio e vamos torcer para que nosso deus, Miller, ainda saiba como jogar uma bola de futebol.”

Todo mundo ri quando dou uma sacudida nele.

“Cherry Coke Me no três!”

Sanchez parece tonto como se estivesse pronto para molhar suas calças enquanto eu estou pensando em todas as coisas horríveis que podem acontecer comigo se o bloqueio não der certo.

Então de novo.

Eu só preciso lançar uma bola.

Ficamos em posição.

Insultos são disparados.

“Eu fodi sua irmã, Jax,” uma das extremidades defensivas grita.

Enquanto isso tem como destino desestabilizar Jax, acaba mexendo comigo mais do que com ele.

Jax faz a contagem.

No três, a bola explode. Eu bloqueio e em seguida, corro longe para a direita. Jax atira a bola na minha direção e parte diretamente para o meio do campo, enquanto Sanchez vira e bloqueia para que ele possa passar.

Uma vez que ele está na marca das quarenta jardas, eu recito uma Ave-Maria. A bola aterrissa diretamente em suas mãos e ele corre para a zona final.

Touchdown, dos Bucks.

Eu o cumprimento do meu lugar no campo e faço uma reverência.

Jax e Sanchez estão de pé lado a lado e fazem o gesto de volta para mim.

Recebemos um aviso para não comemorar.

E a multidão vai à loucura.

Enlouquece completamente.

O barulho no estádio é tão alto que não consigo pensar.

Isso costumava ser o suficiente. Os fãs, o pandemônio, os aplausos, mas naquele momento, tudo que eu quero é ver a expressão no rosto de Kins.

A câmera me segue enquanto caminho de volta para a lateral do campo, recebendo tapinhas nas costas e então, finalmente, a encontro, travo meu olhar com o dela e dou uma piscada.

Ela joga um beijo.

E é quando Jax bate nas minhas costas com seu capacete. “Corta essa merda.”

“Sinto muito.” Mas, na verdade, não lamento.

Vai ser um bom ano.

Uma boa temporada.

Eu posso sentir isso.

 

O treinador nos tira de campo no segundo quarto, uma vez que o Tampa ainda não tinha marcado. É chato pra caramba ficar sentado no banco quando tudo o que eu quero é jogar, mas eles não querem arriscar uma lesão estúpida em seus melhores jogadores durante a pré-temporada.

“Isso é um saco.” Sanchez me oferece um pedaço de alcaçuz, que eu aceito e coloco meu boné do Bucks.

“Nem me fale,” suspiro, meus dedos coçando para tocar a bola novamente.

Jax se junta a nós, com o rosto tenso.

“O que está acontecendo?” Faço uma careta enquanto ele estala os dedos e balança a cabeça como se estivesse cogitando um assassinato.

Ele acena com a cabeça para o treinador. “Anderson está bloqueando bem, o treinador quer mantê-lo na posição. Só tivemos um jogo e o treinador diz que já viu tudo o que precisa ver.”

“Isso é besteira,” Sanchez cuspe. “Anderson é...”

Anderson aparece de repente do nada, sem seu capacete. Ele pega um copo de Gatorade e o levanta em nossa direção, como se estivesse comemorando. Enquanto isso, eu quero arrancar sua cabeça. Com um sorriso, ele se afasta.

Aperto o banco com os dedos. “Ele tem sorte de eu não atropelá-lo com meu carro.”

Jax me dá uma segunda olhada. “Você sabe onde enterrar um corpo?”

Sanchez solta uma gargalhada. “Não sei se isso vem ao caso, mas tenho alguns primos em New York que afirmam pertencer à máfia. Um é florista, então duvido muito, mas acho que posso dar alguns telefonemas.”

“Não, pessoal.” Tento acalmar os ânimos. “Ele está fazendo isso de propósito... a última coisa que precisamos é entrar em uma briga com ele e deixar as coisas de um jeito que fique parecendo que nós somos o problema. Ele é um merdinha arrogante. Como diabos você deixou Kinsey namorá-lo?”

“Eu deixei?” Jax enxuga o rosto com as mãos. “Eu avisei minha irmã, mas quanto mais eu colocava empecilhos, mais ela o desejava. Então, finalmente, parei de falar e depois, quando as coisas ficaram feias, entrei em cena, e ainda precisei de mais algumas conversas até convencê-la de que ele era o único com problemas, e não ela.”

Raiva cresce dentro de mim até que não aguento mais. Fico de pé num pulo, só para ser agarrado tanto por Jax, quanto por Sanchez e puxado de volta para o banco.

“Sossegue, homem.” Sanchez bate nas minhas ombreiras. “Ela tem você agora, está bem? Ele não tem nada. Não lhe dê qualquer coisa só porque você está irritado sobre algo que aconteceu anos atrás.”

Jax congela ao meu lado.

Lambo meus lábios, aquele sentimento de culpa voltando como uma vingança. “Sim, você está certo."

Não olho para Jax.

Eu sei que minha expressão seria mais como uma confissão do que um pedido de desculpas sobre querer matar Anderson.

Então, ao invés, de entregar tudo, fico de pé e começo a fazer alguns alongamentos, em seguida, saio em busca de uma barra de proteína. Minha bunda culpada vai queimar no inferno se eu não contar tudo a ele em breve.

Olho para Kinsey do outro lado do campo.

Mais alguns dias antes do mundo desabar.

E depois de Jax distribuir alguns socos – ele ficará bem.


Capítulo vinte e oito

JAX

 

Harley: Bom jogo! Você pegou uma bola!


Jax: Estou ofendido! Sou um jogador de futebol. Pego todas as bolas.


Harley: Não deixe a bola quicando perto de mim, Atacante. Conheço todas as piadas de futebol, todos os trocadilhos. Vovó me ensinou.


Eu gemo e mando uma mensagem de volta rapidamente.


Jax: Ainda traumatizado por ela ter nos flagrado transando.


Harley: Traumatizado? A mulher me deu um high five quando chegou em casa e começou a preparar um peru para o jantar – e nós não temos peru nem mesmo no jantar de Ação de Graças. Acho que ela ganhou o ano. Embora eu tenha mentido quando ela me perguntou sobre o tamanho do seu pau. Espero que você não se importe.


Jax: Mas que inferno!!!


Harley: E por mentira, quero dizer que eu disse eh, que não tem nada de muito impressionante. Mas prometi a ela que tentaria obter uns nudes mais tarde.


Jax: Você é louca.


Harley: Ela é uma fã muito dedicada. Acho que se realmente ver as fotos, ela provavelmente terá um ataque cardíaco e acabará indo ao encontro de Jesus – você não quer que ela morra feliz, Jax?


Jax: Ela não vai receber um nude meu.


Harley: Desmancha-prazeres.


Estou nervoso.

Nervoso por trazê-la para minha vida.

Mesmo que eu a veja diariamente, e que esteja indo tão longe ao ponto de buscá-la no trabalho porque não posso mais esperar para beijá-la.

Sou patético.

Completamente patético.

O sexo está mexendo com os meus neurônios.

E, no entanto, acabei de jogar o melhor jogo da minha vida, apesar do fato de que minha irmã quer me esfaquear, meu pai está morrendo e Miller ainda se recusa a olhar nos meus olhos.

Não tenho certeza se ele se sente culpado por abandonar Kins na casa dos meus pais ou se há mais alguma outra coisa que o faz se sentir culpado. Eu tenho medo de perguntar. Medo da resposta. Medo de ter que recolher os cacos quando ele quebrar seu coração e medo do que eu faria com meu melhor amigo, se o pior acabasse se tornando realidade.

Acho que eu arrancaria seu coração.

E ficaria pulando em cima.

Usaria uma caixa inteira de balas nele.

Em seguida, o mandaria para o inferno.


Harley: Então, qual o motivo das mensagens de texto? Você não deveria estar se divertindo, grande estrela?

Balanço a cabeça. Grande estrela? Ok, certo. Eu raramente saio depois dos jogos. No máximo, assisto a gravação do jogo, saio para comer alguma coisa com Kins, e vou para a cama cedo.

Grande estrela? Isso parece mais como o homem mais chato no futebol.

Jax: Quer se juntar a mim para o jantar?


Harley: comida de verdade? Você vai me alimentar antes do sexo? Uau, parece uma fantasia minha. Devo usar uma saia?


Reviro os olhos e sorrio.


Jax: Basta trazer a si mesma, de preferência sem roupas. Mas, olha só, vai ter mais gente conosco. Então... a escolha é sua.


Harley: Beleza... vou usar roupas. O que vai ser?


Jax: Frango e waffles.


Harley: Eu vou ser o xarope...


Solto um gemido. A mulher vai me matar.

“Ela vem?” Miller aparece do nada e me dá um tapa no ombro. Eu quase deixo cair meu telefone. Ainda estou imaginando a cena de lamber o xarope do corpo dela... sim, ela vai se juntar a nós...

“Se aquele sorriso não é terrível, eu não sei o que é.” Miller cruza os braços.

Limpo a garganta. “Sim, ela virá.”

“Bom.” Miller olha para o chão do vestiário, descruza os braços, empurrando as mãos nos bolsos e depois, lentamente, acena com a cabeça, indo pegar sua bolsa.

“Tudo certo?”

“Claro,” ele responde por cima do ombro. “Por quê?"

Ele joga a bolsa por cima do ombro e se vira, sua expressão completamente neutra. “Qual o problema?”

Droga. Nada bom. “Posso pegar uma carona?”

“Onde está seu carro?”

“Eu o emprestei a Harley durante o dia. Ela tinha um ensaio em...” o sorriso de Miller não está ajudando a minha atitude, nem mesmo um pouco. “Por que mesmo que eu ainda falo com você?”

“Melhores amigos.” Ele dá de ombros. “Além disso, você me acha divertido. Então, ela está dirigindo seu carro para o trabalho... ela vai começar a preparar marmita com seu almoço também?”

Dou-lhe um soco na lateral, bem quando Anderson quase colide com a gente no corredor.

“Bom jogo.” Ele estende a mão.

Miller parece pronto para jogar seu punho no rosto de Anderson, mas em vez disso, ele o ignora e caminha para o outro lado enquanto observo o sorriso de Anderson ficar maior a cada passo que Miller dá.

“Corte a merda antes que ele acabe te matando, Anderson.”

Anderson levanta as mãos. “Ei, estou tentando ser legal.”

Eu bufo. “Tente mais arduamente.”

“O que você disser, capitão.” Ele passa por mim.

A única razão pela qual não me viro, é que vi um flash de Kinsey do lado de fora quando Miller abriu a porta para o estacionamento.

Ela pula em seus braços.

A porta bate fechada.

Até que eu chego lá, Kinsey já foi embora e Miller está em seu SUV.

Eu coço a cabeça.

“Você vem?” Miller grita do outro lado do estacionamento.

Corro para o lado do passageiro e entro.

“Desculpe.” Jogo minha mochila no banco de trás, enquanto ele liga o carro e sai do estacionamento.

Dou uma boa olhada nele.

Em seu pescoço.

Que está coberto com o batom dela.

Isso pode significar nada.

Um beijo rápido no pescoço.

Ainda me deixa chateado, mas fui eu que pedi para que eles simulassem um namoro, para que as câmeras os flagrasse a tempo de ser noticiado nos destaques esportivos. Assim, Anderson veria e saberia que Kinsey está completamente fora dos limites para ele. Talvez então ele superasse seu fascínio doentio com Kinsey e eu.

Sim, eu preciso relaxar.

“Talvez fosse legal limpar o batom do seu pescoço da próxima vez. Assim eu não preciso imaginar mil maneiras de matar você no caminho até o seu apartamento,” digo em um tom aborrecido.

“Merda.” Miller limpa o pescoço, e a expressão de culpa volta ao seu rosto.

“Não vai sair.” Bato os dedos contra minha coxa. “As líderes de torcida usam essa merda resistente que precisa de pelo menos cinco garrafas de removedor de maquiagem para sair. Ela devia ter acabado de reaplicar quando...” – eu resmungo – “fez isso.”

“Você com certeza sabe muito sobre produtos de maquiagem, Jax. Algo que queira me contar?”

Mostro o dedo do meio para dele.

E as coisas voltam ao normal.

Foco no jogo.

Na vitória.

No fato de que veria Harley em breve.

Checo meu telefone outra vez. Nada dela, mas do meu pai? Tudo.


Papai: ORGULHOSO!


Um tremor atormenta meu corpo. Recuso-me a pensar em como será a vida quando meu herói não estiver mais aqui.


Capítulo vinte e nove

KINSEY

 

Nós estamos correndo muitos riscos. Eu beijei sua boca com tanta força, e então meus lábios haviam encontrado seu pescoço. Eu não conseguia parar de beijá-lo, e suas mãos estavam por toda parte, sob minha camisa, segurando meus quadris.

Faz quatro dias desde o sexo mais incrível da minha vida. Quatro dias desde que eu ri até que lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Quatro dias de felicidade.

Quatro dias acordando ao lado do meu novo companheiro de quarto.

Parei na loja para pegar os ingredientes que Em disse serem necessários e, então, rapidamente voltei para o apartamento para trocar de roupa antes que meu irmão chegasse.

Eu estava justamente colocando uma legging, quando a porta se abre.

Espio pelo canto, certificando-me que é seguro.

Ele deixa cair sua bolsa no chão, dá dois passos para dentro do apartamento, com seu sorriso largo. “Kins, pare de se esconder.”

“Foi um lançamento poderoso, Quinton Miller.” Recosto-me contra a parede do corredor; minha voz sendo levada por toda a sala. Antecipação está bombeando em meu sangue tão alto que ele provavelmente consegue ouvir.

“Uma líder de torcida? Elogiando minhas habilidades de jogo?”

“Não uma líder de torcida qualquer. Lembre-se que eu ajudei Jax a afiar as jogadas.”

Miller aparece dobrando o canto, seu rosto se abrindo em um grande sorriso. “Peguei você.”

Mãos serpenteiam em torno da minha cintura quando ele me puxa contra seu corpo.

“Este é um novo look para você? Legging, sutiã, sem camisa? Preciso reconhecer que eu realmente gosto...” ele manuseia o sutiã, em seguida, seguras meus seios.

Dou um tapa em suas mãos. “Precisamos ir até o apartamento ao lado.”

“Nós precisamos.” Sua boca desce.

“Mmmm.” Salto para os seus braços, envolvendo minhas pernas em sua cintura e encontrando sua boca com tanto entusiasmo quanto existe dentro de mim. Seus dedos cavam em meu cabelo, puxando minha cabeça para baixo, e nossas bocas são fundidas. Ele tem gosto de hortelã com pimenta e cheira a limpeza e sabão picante. Eu inalo a cada beijo, embebendo-me com seu cheiro.

“Um cara pode acabar ficando viciado em seus beijos,” Miller sussurra contra meus lábios.

“Isso é tudo parte do meu plano.”

“A dominação do mundo com sua boca, quem sabe?” Ele brinca, apertando meu bumbum e, em seguida, cavando com as mãos sob a legging e segurando-me com mãos quentes. “Temos cerca de cinco minutos antes que eles venham nos procurar. Seu irmão não pode encontrá-la aqui ou ver a bagunça em que se transformou este apartamento desde que você se mudou pra cá.”

“Eu poderia voltar para o hotel.”

“Se você voltar para aquele hotel eu irei atrás e vou trazê-la de volta para cá.”

Mordo o lábio inferior. “Tem certeza que você não se importa?”

“Importar?” Meus céus, seu sorriso não é apenas capaz de derreter calcinhas. Aquela coisa poderia derreter calotas polares. “Acordar ao seu lado compensa o fato de que um dos seus saltos pontiagudos quase empalou meu pé ontem.”

Encolho meus ombros. “Talvez você devesse prestar atenção por onde anda.”

“Seus sapatos são como um campo minado. Estão espalhados pela suíte e pelo quarto de hóspedes. Nem tente negar isso.” Sua respiração se espalha pelo meu pescoço.

“Oh. O grande e malvado jogador de futebol está intimidado com os sapatos?”

Miller me dá um tapa na bunda e empurra meu corpo contra a parede com mais força, desta vez encontrando minha boca com um beijo punitivo, arrastando os lábios sobre os meus com ferocidade que traz lágrimas aos meus olhos.

“Nós devemos ir,” ele sussurra contra os meus lábios.

“Sim.” Não faço qualquer movimento.

Ele suspira.

“Ou...”

“Estou ouvindo.” Ele sorri.

“Nós podemos causar um monte de danos em três minutos.”

“Danos.” Miller já está usando sua mão esquerda para descascar as camadas de roupa que eu acabei de vestir. “Danos fortes e rápidos.”

Gemo quando ele estende a mão para seu jeans de cintura baixa e fica livre. Deslizo pela parede e ele me vira e morde minha orelha.

Minha cabeça cai para trás contra seu ombro. “Sim, esse tipo de dano.”

“Paredes são finas, Kins; não faça qualquer barulho.”

“Isso aqui é uma cobertura e tem paredes finas?”

“Você não faz ideia.”

Deixo escapar um suspiro quando ele desliza para dentro de mim, então me preparo, usando a parede como apoio. O tempo todo tentando não fazer barulho, mas a cada impulso eu perco mais e mais minha sanidade, finalmente, batendo a mão contra a parede enquanto ele continua entrando e saindo rapidamente.

“Porra, você é tão gostosa.” Miller empurra meus quadris para trás contra ele e me segura lá. “Acho que só sou capaz de fazer isso rápido e duro agora. Estou tão perto.”

Remexo contra ele.

Ele reprime uma maldição.

"O que você está esperando?"

“Um cavalheiro nunca chega na frente.”

Começo a me movimentar, apesar de seus protestos. “Eu acho que não falei nada sobre querer um cavalheiro.”

“Kins...”

Miller acelera seus movimentos, xingando, até que minhas pernas parecem querer ceder. E quando ele perde o controle completo e chega ao orgasmo, eu estou junto com ele.

E grito seu nome.

Ele fecha a mão sobre minha boca, com o peito arfando, enquanto tento retomar o controle da minha respiração.

Ouvimos uma batida na porta.

Miller sobe minha legging e me empurra em direção à suíte, erguendo seu jeans, e correndo pelo corredor.

“E aí, cara?” Atende a porta, completamente sem fôlego, nem parecendo um homem que ganha a vida jogando futebol.

“Você tem sorte de Jax estar no banheiro durante seu show.” A voz profunda de Sanchez ecoa pelas paredes. “Em e eu quase tivemos que nos transformar em dois exibicionistas para que ele não ouvisse vocês.”

“Porra.”

“Dá um jeito nisso, cara,” Sanchez avisa. “No momento que ele souber que você está transando com a irmã dele, isso vai ser uma merda.”

“Sim.”

Já ouvi o suficiente. Mesma história de sempre. Eu rapidamente me limpo, pego uma camiseta folgada, e saio do quarto principal. Miller está esperando na porta.

“Você ouviu?” Ele coça a cabeça.

Passo meus braços em torno de sua cintura. “Sim, ouvi.”

“Vamos contar a ele amanhã.” Beijo o topo de sua cabeça. “Ele vai ficar bem.”

“Acho que você disse que nunca mentiria para mim.”

Ele fecha os olhos e suspira. “Sim, bem, há uma primeira vez para tudo, certo?” Ele estende a mão. Dou um aperto nela e solto em seguida. “Eu vou primeiro, você pode vir em poucos minutos, ok?”

Eu balanço a cabeça.

Miller sai, fechando a porta silenciosamente atrás de si.

Depois de alguns minutos encarando a porta, eu finalmente vou até o apartamento de Sanchez. Entro assim que Harley está saindo do elevador, graças a Deus. A última coisa que ela precisa é ver-me saindo do apartamento de Miller. Eu não tenho certeza do quanto Jax disse a ela, mas no que depende de mim, tudo o que lhe disse é que estamos namorando, o que tenho certeza que Harley assumiu que significa um pouco de sexo, mas não que estamos morando juntos.

“Olá, estranha.” Harley me dá uma piscada.

Encontro-a no meio do caminho e dou-lhe um abraço. “Como está Jax?”

“Eh.” Ela olha para ele por cima do meu ombro. “Ele está bem, eu acho.”

“Ouvi isso.” JAX se move por trás de mim, em seguida puxa Harley para um abraço. Eu esperava que ela o abraçasse de volta. Eu esperava até um pouco de timidez, já que nosso último encontro no jantar não tinha ido assim tão bem.

Em vez disso, a mulher agarra Jax pela camisa e lhe dá um beijo de língua. Isso quer dizer que sua língua já estava fora antes que seus lábios tocassem a boca dele.

Com um gemido, ela arrasta as mãos pelo cabelo e pula em seus braços. Meu irmão, para seu crédito, a segura firme e beija de volta com igual fervor.

Sanchez começa a bater palmas lentamente, enquanto Miller assobia.

“Vovó manda um olá.” Harley beija seu nariz.

Sorrio tanto que tenho lágrimas nos olhos.

“Que raio de merda esquisita vocês dois estão metidos?” Sanchez balança a cabeça. “Além disso, podemos falar sobre o elefante na sala?”

Todo mundo fica em silêncio. Em enfia a cabeça para fora da geladeira.

Sanchez cruza os braços, seu sempre presente sorriso crescendo a cada segundo. “Jax, cara, finalmente está se dando bem.”

“Eita, garoto.” Miller e Sanchez tilintam suas garrafas de cerveja, enquanto Em e eu caímos na gargalhada novamente. Olha isso! Se eu posso apoiar a vida sexual dele, por que ele não pode ser solidário com a minha? Estúpido antiquado. Irmão protetor estúpido que só fica enchendo meu saco!

Jax mostra o dedo do meio para os rapazes atrás das costas de Harley e, em seguida, coloca-a lentamente de pé.

“É isso que acontece toda vez que ele me atrai para o seu quarto?” Harley pergunta em voz alta. “E eu que pensava que Jax queria meu cérebro mais do que meu corpo. Bem, não se pode vencer todas, né? A propósito, parabéns pela vitória de hoje, senhores.” Ela pisca e pega uma cerveja do balde, estendendo-a para o alto.

Jax não consegue tirar os olhos dela.

É como se não existisse mais ninguém.

Suspiro feliz ao observar como Miller também está capturando a mesma sensação enquanto olha entre Jax e Harley.

Mentalmente eu me cumprimento por ter conseguido juntar aqueles dois e durante alguns breves segundos, contemplo a possibilidade de iniciar meu próprio serviço de namoros.

Se sou capaz de fazer meu irmão se dar bem, provavelmente posso planejar a dominação mundial e transformar o negócio em um sucesso!

“Obrigado, Harley.” Miller fala primeiro e brinda sua cerveja com a dela, em seguida, vai até a cozinha. “Em, quando o frango vai ficar pronto?”

Ela bate a mão dele para longe do fogão. “Estará pronto quando eu disser que está pronto!” Em lhe dá outro tapa.

Tento não ficar com ciúmes.

Mesmo depois de tudo o que tinham passado – eles ainda têm um vínculo que ninguém pode competir e eu sei que não é algo com que preciso me preocupar, mas ainda há aquele pensamento pessimista e persistente: e se Em e Sanchez terminarem por algum motivo? Será que ele me deixaria por ela?

Não, estou sendo ridícula.

“Você se acostuma,” Sanchez diz a minha esquerda, assustando-me tanto que quase tropeço na mesa da sala de jantar. “Com essa relação deles.”

“Oh.” Merda, eu sou assim tão transparente? Enfio o cabelo atrás da minha orelha.

“Kins...” ele usa meu apelido. “O cara é louco por você. Confie em mim, se houvesse qualquer indicação de que ele quisesse a Em novamente, eu acabaria com a vida dele. Beleza?”

Sorrio para ele. “Estou tentando decidir se fico grata a você ou se devo sentir um pouco de medo, achando que você pode estar falando sério agora.”

“Em vem antes de Miller, antes do jogo, da equipe, de mim – de tudo. Ou seja, sim, eu acabaria com a vida dele,” Sanchez diz em um tom frio que eu nunca o vi usar antes. “Então, novamente, a prisão não soa exatamente como um lugar divertido para se passar o tempo, mas eu deixaria o lugar com um aspecto mais agradável. Modelo da Armani.” Ele pisca e faz uma pose de passarela, finalmente injetando um pouco de humor nesta conversa.

Dou-lhe um tapinha no ombro. “Você faria do laranja o novo preto10.”

“Inferno sim, eu faria.”

Nós rimos.

Miller se junta a nós, seus olhos se estreitando. “Vocês dois fizeram as pazes?”

“Pazes?” Sanchez franze a testa. “Não, ela ainda continua querendo chutar minha bunda.” Ele diz com um encolher de ombros, então pisca novamente antes de sair. E então, como se pensasse melhor sobre isso, ele se vira e olha para Miller. “Então, por falar nisso, ela não ganhou certo peso extra na bunda?”

A mandíbula de Miller fica cerrada.

Sanchez joga a cabeça para trás e ri. “Ficou bem em você, Kins.”

“Diga mais uma palavra, eu te desafio, porra.” Miller o encara.

“Uma das minhas coisas favoritas no mundo é irritar você, Miller. Por que parar agora?”

“Para que eu não acabe enfiando meu punho em você e arrancando seu coração pra fora bem pelo meio do seu traseiro fracote?”

“Interessante.” Sanchez assente. “Conversa legal, como sempre.”

Ele se junta a Em na cozinha.

“Isso foi bem explicativo.” Enfrento Miller, cruzando os braços para não chegar até ele.

“Ele sabe que eu o protegeria com minha vida – a menos que ele se meta com você. Então eu deixaria os zumbis pegá-lo, mas algo me diz que ele provavelmente tem um plano para isso também.”

Nós compartilhamos um sorriso.

“Ei!” Jax aparece. “Deixei minhas coisas em seu carro. Vou jogar tudo no meu, agora que Harley veio dirigindo com ele até aqui.”

“Não tem problema.” Miller atira-lhe as chaves e me encara novamente. “Então, bom trabalho com Harley. Ele claramente está caído por ela e ignorando completamente o fato de que estou tão duro que poderia martelar pregos no granito só de olhar para sua boca.”

Pelo calor que inunda meu rosto, eu devo estar vermelha brilhante. “Você não pode dizer coisas assim para mim.”

“Por quê?” Ele franze a testa. “Isso faz você se sentir desconfortável?”

“Não,” Jax deixa o apartamento. Jogo meus braços ao redor do pescoço de Miller, em seguida, deposito um beijo de boca aberta abaixo da orelha dele, sussurrando, “Isso faz com que eu queira ficar nua no mesmo granito que você está obcecado em martelar.”

Miller solta um gemido.

Sanchez dá uma tossidinha.

Nós nos separamos.

E voltamos para a cozinha.

Miller para tentar roubar alguma comida.

Eu, para ajudar.

Harley se junta a nós logo depois e ela está justamente nos contando que sua avó é uma defensora do sexo seguro, e que ela tinha fingido ser um homem para poder se alistar no Vietnã, quando a porta do apartamento é aberta com força.

Eu cambaleio para trás.

O rosto de Jax não está apenas chateado.

É ameaçador.

“Jax?”

“Não.” Ele aponta um dedo para mim. “Não.”

Hã?

Sua outra mão levanta.

Um sutiã vermelho.

Meu sutiã vermelho.

Meu corpo inteiro enfraquece.

Não é assim que eu queria que ele descobrisse.

Minha mandíbula fica frouxa. Tento falar, mas não sai nada. Sanchez me olha então rapidamente limpa sua garganta. “Oh, impressionante.” Sanchez avança. “Você encontrou o sutiã de Em, eu estive procurando por isso.”

“No carro de Miller.” Os dentes de Jax estão apertados. “E pode parar de besteira, Sanchez, porque eu reconheço as coisas da minha irmã quando as vejo por aí.”

Sanchez levanta as mãos e diz baixinho: “Ei, eu tentei.”

Miller baixa a cabeça, em seguida, lambe os lábios. “Jax, não aqui, cara. Vamos lá para dentro e...”

Jax se lança através da sala e acerta um soco no rosto de Miller. Miller não faz nada para impedir, apenas fica lá e deixa meu irmão acertá-lo na cabeça como se merecesse aquilo!

Corro até eles, gritando.

Sanchez se coloca entre eles, mas Jax acerta um soco no seu estômago, ao tentar dar outro golpe em Miller.

“Pare!” Eu grito.

Ninguém ouve.

“Jax, PARE!”

Ele hesita o suficiente para que Sanchez o jogue contra uma parede e o mantenha longe de Miller. Sangue jorra da boca e do nariz de Miller, e eu tenho quase certeza de que ele ficará cuidando de um olho roxo por pelo menos uma semana ou duas.

Estou ao seu lado em poucos segundos e Em traz para mim um pano quente.

“Que porra é essa, Miller!” Jax ruge. “Quem diabos você pensa que é? Eu pedi pra você sair com ela para que Anderson finalmente a deixasse sozinha. Não era para você começar a transar com ela!”

As sobrancelhas de Sanchez se arregalam enquanto Em cobre a boca com as mãos em choque.

Harley não parece surpresa. Então, novamente, esta é Harley.

Ela ficaria mais surpresa se nós não estivéssemos dormindo juntos.

“Há quanto tempo?” Ele empurra as mãos de Sanchez. “Maldito seja, quanto tempo, Miller?” Seu peito arfa.

Miller deixa cair o pano e faz uma careta. “A primeira vez foi em Vegas.”

“Primeira vez?” As narinas de Jax se dilatam. “Vegas? No ano passado, em Vegas?”

Mordo meu lábio inferior e fico na frente de Miller. “Fui eu.”

“Afaste-se, Kins. Não vou dar outro soco, e não é como se eu culpasse você por seduzi-lo!”

“Pare!” Fecho minhas mãos em punhos apertados. “Simplesmente pare! Fui eu! OK! Eu estava no sofá e não conseguia dormir, então rastejei para a cama dele pensando que ele estava bêbado demais para perceber.”

“Você fez sexo embriagado com a minha irmã!” Jax ruge sobre minha cabeça, pronto para se lançar sobre Miller novamente.

Oh, isso não está dando certo.

“Jax!” Levanto minhas mãos, pressionando-as contra seu peito duro feito pedra. “Eu dei em cima dele. Fui eu que, bem tecnicamente, fomos nós...”

Jax me interrompe soltando um palavrão.

E tento com mais esforço. “Mas a questão é, isso aconteceu. Miller ajudou-me a sair do país para o meu próprio bem e, em seguida, quando você nos pediu para namorar, bem, foi como... acender um fósforo e jogá-lo na madeira seca.”

“Madeira,” Sanchez repete com uma risada baixa.

“Sério?” Em lhe dá uma cotovelada na lateral.

“Peraí. Deixe-me ver se entendi direito, você fodeu minha irmã, então me ajudou a incentivá-la a sair do país? Um dos meus melhores amigos? Você não me contou nada e então começou a mentir por omissão, prometendo não voltar a tocá-la, e apenas o quê? Tentou não dormir com ela, ficou nu, e decidiu 'Que diabos, eu vou fazer isso de novo porque da primeira vez as coisas deram muito certo'?”

“Você não sabe do que está falando.” Miller zomba atrás de mim. “Eu gosto dela, ok? E sabia como você ficaria! Como é que isso faz de mim o cara mau, diabos?”

Ouvi-lo colocar as coisas desta maneira fez tudo doer um pouco menos.

“Então é isso que você faz, Miller? Se as coisas ficam difíceis, você quer ir embora? Você ouve as pessoas ao seu redor? Por favor, ajude-me aqui, porque na outra noite, quando ela estava na pior, você fugiu. Você é um cara que corre, então como vai ser agora? O que vai acontecer quando nosso pai morrer? O que acontece...” a voz dele engasga, “se o lúpus voltar a atacar outra vez? O que você vai fazer quando o tratamento for muito ruim? O que vai acontecer então? Você vai largar dela para seu próprio bem? Por favor, ajude-me a entender isso, porque eu tenho certeza que você não a merecia naquela época, assim como tenho certeza de que não a merece agora, porra. Não depois do que ela já passou.”

Meu mundo inteiro para.

Minha boca se abre.

Eu não consigo emitir nenhum som.

Ele revelou meu segredo.

Na frente de todos.

Não me lembro de cair de joelhos, só que acabo assim.

“De que diabos você está falando?” Miller sussurra.

“É sobre mim,” respondo. “Ele está falando de mim.”

A sala gira.

Braços quentes me pegam antes da minha cabeça bater em alguma coisa.

Um túnel negro.

E depois, nada.


Capítulo trinta

MILLER

 

Lúpus.

Inflamação.

Doença.

Ela desmaiou. Eu a peguei antes que seu corpo caísse no chão. A briga entre eu e Jax ficou esquecida agora que a coisa mais preciosa da minha vida – e da dele – está momentaneamente desacordada.

Flashes da minha mãe em colapso, desmoronando no chão sem vida, passam na frente dos meus olhos.

E a dor lancinante que me divide em dois, ameaçando nunca mais me deixar inteiro novamente, bate em minha linha de visão. De novo não. De novo não.

“Kins?” Seguro a mão dela. “Acorda, baby.”

Jax caminha na frente do sofá, alternando entre enxugar o rosto com as mãos e jogar palavrões em minha direção.

Finalmente, depois de alguns segundos, embora tenha parecido dez minutos, seus olhos se abrem, concentrando-se em meu rosto. Um pequeno sorriso se espalha em suas feições e depois desaparece. Ela se move lentamente até conseguir ficar sentada.

Jax para de andar e se ajoelha na frente dela, segurando as mãos entre as suas.

Ela se afasta. “Que direito você acha que tem?”

Jax sacode a cabeça, em seguida, suga seu lábio inferior, mordendo tão forte que acho que o cara vai acabar tirando sangue. “Eu sou seu irmão. É o meu trabalho. Meu.”

“É seu trabalho contar a todos nesta sala sobre o meu passado?” Ela grita.

Jax se encolhe. “Não.” O rosto dele brilha com raiva. “Mas o que diabos você pensa que está fazendo, Kins? Se isso é real, se você realmente ama esse cara,” odeio que eles estejam falando de mim. Eles merecem privacidade. Meu coração está como se alguém tivesse pegado uma marreta com o objetivo de quebrá-lo. “Se você o amasse, você diria tudo a ele. Se ele te amasse, se você não fosse apenas um rabo de saia para ele, conveniente...”

Rosno baixo na minha garganta.

“Ele exigiria saber tudo sobre você... você ficou tão doente quando esteve com Anderson, tão doente, e eu não estava lá para impedir. Você não me deixou ajudá-la, e agora você se coloca em outra situação sem esperança.”

“Eu nunca lhe pedi para me socorrer dele,” Kins aponta, sua voz cheia de raiva e mágoa.

Socorrer? Que diabos? Por que ela precisaria de socorro? De mim? Por que haveria qualquer tipo de socorro nesta história?

Largo sua mão.

Eu preciso.

A minha está tremendo demais para fazer qualquer bem.

Jax faz uma careta. “É o meu trabalho.”

“Quem disse que isso é seu trabalho?” Ela dispara de volta.

“Eu!” Ele grita, saltando de pé. “Quem estava lá quando seus pais deixaram você sozinha no chão sujo? Quem ajudou a lavar os cortes em seus pés?” Lágrimas brotam nos olhos dele. “Quem segurou sua mão no hospital quando os médicos não conseguiam descobrir o que havia de errado com você e eu achava que você estava com câncer? Eu! Eu estava lá!” Jax golpeia o peito. “Eu ganhei a porra do direito de protegê-la. De garantir que nada de ruim aconteça com você, de...”

“Deixa pra lá,” ela sussurra. “Agora.”

“Kins...” dor atravessa suas feições. “Desculpe-me, eu não deveria ter falado...”

“Vá embora.”

“E ele?” Jax aponta com a cabeça para mim. Sim, aparentemente, sou o sortudo filho da puta que ele está jogando debaixo do ônibus. Legal.

Se ele pensa que vou deixá-la, está muito enganado.

Kins suspira e me olha com o canto dos olhos. “Você deveria ir também.”

Eu inspiro profundamente.

“Não.”

O rosto de Jax passa de apologético à raiva completa.

Kinsey olha para baixo quando seus ombros caem.

“Eu vou ficar.”

“Miller...” uma lágrima escorre pelo rosto dela. “Apenas, vá.”

“Não.”

Jax se vira para mim. Eu me preparo para receber outra pancada, mas surpreendentemente ele não faz isso, ele coloca a mão no meu ombro e sai. Harley vai atrás.

A porta se fecha atrás deles.

Sanchez e Em silenciosamente deixam a sala, de mãos dadas e fecham a porta do quarto.

O frango foi esquecido.

Os waffles.

Engraçado, que nosso relacionamento começou com esses apelidos estúpidos, e agora, parece estar quebrando, terminando, da mesma maneira.

“Você esteve doente,” sussurro com a voz rouca.

“Estou.” Ela corrige. “Estou doente. Estou em remissão, não tenho nenhuma manifestação da doença há anos. Mas posso ficar doente, em qualquer ponto da minha vida, precisando ser hospitalizada.” Sua cabeça inclina para o lado, talvez avaliando minha reação.

Pego a mão dela, mas ela se afasta.

“Kins?”

“Eu não ia dizer nada para você.”

Isso dói.

Mais do que deveria.

Porque enquanto estou convencido que vou entrar nesta história de cabeça, que estou apaixonado por ela, que confio nela, disposto a colocar em risco minha amizade com Jax e o relacionamento com a equipe...

Ela vem fazendo, o quê? Mentindo para mim?

Eu preciso saber.

Tenho que perguntar.

“Você nunca contaria isso para mim?”

Ela fica em silêncio.

Muito em silêncio.

Quando um segundo se transforma em cinco minutos, eu sei que aquela é minha resposta.

Fico parado, incapaz de encará-la. “Então, todos aqueles momentos em que eu me afastei e depois voltei, lutando por você, os momentos que segurei você em meus braços, e beijei suas lágrimas. Eu estava me apaixonando e você estava... O quê? Apenas curtindo o sexo? Apenas tentando irritar seu irmão? Que diabos está acontecendo entre nós? É apenas uma distração para a doença do seu pai?”

Ela levanta a cabeça. “Não! Você sabe que não é verdade!”

“Eu?” Abro os braços. “Porque não estou ouvindo você negar! Se você não vai mesmo me contar sobre o seu passado, como diabos vamos ter algum futuro?”

Seu lábio inferior começa a tremer.

“Mas que beleza.” Amaldiçoo baixinho. “Mais silêncio da menina por quem estou apaixonado. Daquela que nem sequer confia em mim o suficiente para me contar que está doente! Como eu poderia cuidar de você se alguma coisa...”

“Cale a boca, cale a boca!” Kinsey salta de pé, e bate o punho contra meu peito. “Você já pensou que talvez, por uma vez na minha vida, eu não quisesse ser protegida?”

Tropeço para trás.

“Você não é o Jax! Eu não preciso de outro Jax! Ou de um pai que chama o médico toda vez que tenho uma dor de cabeça ou se me sinto sonolenta! Não queria isso com você! Você não entende! Não quero que você olhe para mim e pense que sou fraca! Que estou doente!”

“Oh, Kins...” balanço a cabeça. “Fraca é a última coisa que eu penso quando olho em seus olhos.”

Uma lágrima desliza em seu queixo.

“Você é uma das pessoas mais fortes que conheço. É uma lutadora. Ameaçadora. Muito deslumbrante...” estendo a mão para ela. “Eu nunca tive qualquer chance contra você.”

“Mas isso muda tudo agora.” Ela enxuga suas bochechas.

“Só se você deixar.” Dou de ombros. “E essa é uma escolha sua, Kinsey, não minha, não de Jax. Sua.” Largo a mão. “Mas preciso que você saiba de uma coisa.”

Ela olha para o chão.

“Eu já fiz a minha.”

Kinsey levanta a cabeça.

“Minha escolha é você.” Dou um passo para frente. “Eu odeio saber que você está doente, mas o que odeio mais é que você pense por um segundo que eu seria capaz de abandonar você e ir embora, porra. Ou pior, que eu me transformaria naquele cara idiota e controlador que faria você se sentir presa. Sim, eu quero protegê-la. Porque é isso que você faz quando ama alguém. E alguém como você, alguém tão especial como você, merece todo o bem que puder conseguir. Então, apesar de estar chateado pra caramba com Jax, eu consigo entendê-lo. Entendo porque ele está chateado, entendo porque ele fez o que fez. E mereço sua ira, porque eu agi pelas costas dele e peguei algo precioso. Tomei você e levei para longe do que ele acha que é trabalho dele: proteger você. Aos olhos de Jax, eu joguei você no meio da selva e pedi-lhe para sobreviver... e mesmo que nada de ruim tenha acontecido, poderia... e o poderia-ter-acontecido é o que assusta o Jax até a morte.” Suspiro. “Eu escolho você, mas preciso que você também me escolha.”

Mais silêncio.

Ótimo.

Kinsey pega minha mão. “Você realmente me ama?”

Solto minha respiração. “Mais do que eu deveria, se não quiser que Jax me mate. Então, novamente, talvez seja a única maneira de permanecer vivo... amo você tanto, que ele não tem alternativa, a não ser admitir a derrota.”

Kinsey sorri pela primeira vez desde a briga. “Ele tem boas intenções.”

Eu aponto para a minha cara. “Intenções que não estão na direção certa, mas são boas.”

Kinsey entra em meus braços abertos e coloca a cabeça no meu peito. “Você não vai a lugar nenhum?”

“Não.” Aperto seu corpo com força. “Não, a menos que você vá comigo.”

“Portanto, isso é realmente real.”

“Tem sido muito real desde Vegas, mas eu fui covarde demais para admitir isso, Kins. Eu espero que você possa me perdoar por isso.”

“É por isso que eu te chamei de Frango.”

“Então por que você será sempre a Waffle?”

Kins sorri para mim. “Porque sou muito doce.”

Eu reivindico seus lábios. “Sim, você é.”

Ela dá um passo para longe de mim e entra na cozinha. “Você sabe, nós temos estes alimentos todos...”

“Toque na comida e você estará morta.” Sanchez vem correndo pelo corredor. “Oh, e bela conversa, pessoal, eu realmente senti a emoção.”

Emerson bate na parte de trás da cabeça dele e nos dá um sorriso. “Ele literalmente só ouviu a última parte, porque eu estava com a TV bem alta antes. Mas estou feliz que vocês tenham conversado.”

“Eu também.” Beijo Kinsey na testa, e forço um sorriso de mentira, não que não esteja feliz por ela ter realmente ouvido o que eu tinha a dizer. Mas porque não é o final que eu queria. O final que quero é Jax dando-nos sua provação, dizendo que me aceita, que aceita o que temos entre nós. E agora, a culpa está me comendo vivo e estou me sentindo um merda.

O cara vai precisar de um tempo para esfriar.

O que significa que eu tenho que esperar para falar com ele novamente.

Eu só espero que nossa amizade não seja danificada a ponto de não ter volta, porque ele e Sanchez são literalmente a única família que eu já conheci, ao lado de Em, e me recuso a quebrar minha família.

Mesmo que seja por um bom motivo.

Kins desliza sua mão na minha. “Você está bem?”

“Eu deveria estar perguntando isso a você.”

“Seu rosto parece pior que o meu.”

A dor irradia pela minha bochecha. “Aposto que sim.”

Sanchez me joga um bloco de gelo.

Pressiono isso contra minha bochecha e faço uma careta de dor.

“Tenho que reconhecer,” – Sanchez cruza os braços e se recosta no sofá – “Jax sabe como dar um belo gancho de direita.”

“Meu rosto está bem ciente disso,” resmungo.

Kins dá de ombros. “Ele tem uma faixa preta também.”

Todos os olhos se voltam para ela.

“Você está me zoando, certo?” Sanchez sorri. “O velho Jax é um lutador? Huh, nunca teria imaginado.”

“Juro que ele poderia ter chegado ao UFC,” Kins acrescenta, “mas ele ama o futebol mais do que qualquer outra coisa.”

Eu conheço este sentimento.

“Bem, espero que ele consiga esfriar a cabeça antes da próxima semana. Vamos jogar contra o Seattle, e por mais que eu queira dizer que vai ser um jogo fácil, todos nós sabemos que os tubarões sempre estão dispostos a uma boa luta.”

Kinsey assente seriamente. “Vou falar com ele, e vai ficar tudo bem.”

Mentira.

Vejo isso em seu rosto.

Em sua linguagem corporal.

Nada ficará bem.


Capítulo trinta e um

KINSEY

 

“Ele não está falando comigo.”

Estou assistindo o jogo com o meu pai, pronta para socar uma parede. Jax está jogando como um idiota completo, e Miller está salvando o jogo por meio do bloqueio — uma técnica que a linha ofensiva da outra equipe não está executando, deixando seu atacante vulnerável à defesa do Bucks.

Papai dá um tapinha no meu joelho. “Ele só está chateado, querida, dê-lhe algum tempo. Não esqueça que ele a viu no seu pior momento, e te ajudou a passar por isso. Mostre-lhe um pouco de gratidão. É a sua vez de ajudar.”

Meus ombros caem. “Ele não quer minha ajuda.”

“Ele quer. Só não sabe disso.”

Tiro um cookie do seu prato e dou uma mordida. Desde que a coisa toda do câncer e do lúpus veio à tona, ando muito nervosa, esperando o momento que Miller me pedirá os detalhes.

O que é lúpus?

Há quanto tempo você está doente?

Pode adoecer outra vez?

Quanto tempo ficou hospitalizada?

Mas ele não fez as perguntas. Sei que está esperando que eu fale sobre o assunto, mas não quero, porque falar sobre algo o torna real. Além disso, estou tão esgotada emocionalmente com o estado de saúde do meu pai, que falar sobre minha própria saúde me causaria um ataque de ansiedade.

Suspiro novamente.

Papai aumenta o volume. “Você vai suspirar durante todo o jogo?”

“Desculpe,” resmungo.

Está empatado 3-3. Seattle tem uma equipe muito boa, mas sei que a nossa é melhor. A batalha entre os Bucks e os Sharks remonta à década de quarenta, e por estarmos na mesma divisão quase sempre acontece de jogar duas vezes antes dos playoffs.

As duas vezes, segurei a respiração durante o jogo inteiro.

Sua defesa é forte.

Meus olhos são atraídos para Anderson. Estremeço. O cara basicamente me ignorou nas últimas semanas, e devo agradecer a Miller por isso, mas existe sempre o medo persistente dele me encurralar, dizer algo ruim, ou apenas me levar de volta para aquele lugar vulnerável onde eu vivia aterrorizada de jamais conseguir me livrar. Ele é um tirano emocional — se alimenta dos fracos, e ser assediada por ele me deixou desesperada, e já estou farta dessa sensação.

Os Sharks têm um ataque bloqueado, em seguida, entram em uma corrida. Anderson está lá, ele salta, pega a bola e faz uma corrida em direção ao nosso território. Vinte, trinta, quarenta jardas.

Touchdown.

Não comemoro.

Eu o odeio.

Ele corre para fora do campo como um maldito pavão, depois para, quando chega ao lado de Miller e diz algo que provavelmente é ofensivo.

Miller ignora e desvia o olhar.

Mas, em seguida, Jax empurra Anderson pelas costas.

Ah não.

Não, Jax, recue. Afaste-se!

“Ah inferno,” Papai pragueja. “Sua mãe não ficará feliz com isso.”

As câmeras capturam tudo. Miller agarra Jax para evitar que ele atinja Anderson, e Jax se volta contra ele. Sanchez se mete entre eles e acaba recebendo o soco do imbecil do Anderson.

Miller vai ajudar Sanchez, quando Jax empurra passando por eles e desfere três golpes enormes no rosto de Anderson.

O treinador o puxa para longe.

Cubro minha boca com as mãos. Jax, o que você está fazendo?

São jogadas três bandeiras amarelas.

E em questão de segundos, Jax e Anderson são expulsos do jogo.

Papai desliga a TV.

Ficamos em silêncio.

Finalmente, ele se levanta e se espreguiça. “Você quer um cookie?”

“Um cookie,” Digo categoricamente. “Jax acabou de ser expulso do jogo, e você pergunta se eu quero cookies.”

Papai oferece um encolher de ombros. “Eles ainda estão quentes.”

“Papai!” Jogo minhas mãos no ar. “Olha, eu sei que o estresse é ruim por causa do câncer, mas você não pode simplesmente ignorar o fato de que Jax, o Sr. Futebol americano, acabou de entrar em uma briga!”

“Claro que posso.” Ele sorri. “Já era hora daquele garoto extravasar tudo isso.”

“Mas...”

“A raiva sempre ganhará, Kinsey. É impossível esconder seus sentimentos eternamente.” A voz de papai baixa. “E esse menino tem guardado tanta raiva, por tanto tempo, que não é surpresa nenhuma ele descarregar agora. Jax está com raiva de você, com raiva de mim.”

“Por que ele estaria com raiva de você?”

“Oh, querida.” Papai dá um passo em minha direção, em seguida, baixa seu corpo ao meu nível. “Porque não dá para ficar irritado com o câncer, ele precisa de algo tangível para sentir raiva, algo em sua frente, então está com raiva de mim, está com raiva de você, mas principalmente está com raiva dele mesmo. Esse menino sempre teve um complexo de herói. Ele teve sorte, cresceu sendo capaz de salvar todos de tudo ou, pelo menos, pensou que fazia. E agora... agora seu mundo está desmoronando. Tudo o que lhe resta é o futebol, a última coisa para ficar irritado — e dê uma olhada, ele está descarregando nisso também. Agora, você quer um cookie?”

“Mas, o que você vai fazer sobre isso?”

Papai olhou de mim para a TV desligada. “Absolutamente nada.”

“Mas...”

“Kins, os cookies estão frios agora. Espero que esteja feliz.” Ele sai, e me deixa sozinha na sala, perguntando se o meu irmão cansou de salvar todos — ou de salvar a si mesmo?


Capítulo trinta e dois

JAX

 

Deixo a água quente cair em minhas costas como pequenas agulhas. Não faz a dor desaparecer.

Nada mais faz.

Falhei com meu pai.

Falhei com Kinsey.

Falhei com minha equipe.

Falha, falha, falha, falha.

“Precisamos conversar.” Miller.

Não estou no clima para ele.

Perdemos o jogo.

E a culpa foi minha.

Tudo isso.

Não tenho nem coragem de olhar para o meu telefone por medo que Harley jogue em minha cara a culpa por ter sido tão idiota, ou pior, que o meu pai me envie um texto que seja o oposto de orgulhoso.

E Kins.

Meu coração aperta.

“Sim, tudo bem.” Pego uma toalha, enrolo em volta da minha cintura, e o sigo para o vestiário.

Sanchez ainda está com seu equipamento, assim como Miller.

O resto da equipe já foi embora.

O inferno?

“Isto...” Miller ergue as mãos afastadas. “É uma intervenção.”

“Íamos fazer cartazes.” Sanchez sorri. “Mas não consegui encontrar nenhum marcador, e eu sabia que você não nos levaria a sério se usasse o lápis rosa de uma das filhas do treinador.”

“E você acha que estou levando a sério agora?”

“Nós dois fomos ao treinador, contamos o que Anderson disse.” Miller cruza os braços. “Ele passou dos limites.”

Balanço a cabeça, ainda lembrando as palavras tão claramente, a frase. Ele fez de propósito, e eu caí nessa.

Com um touchdown como esse, acho que devo celebrar fodendo sua irmã, ou você já vem fazendo isso o tempo todo nas costas de Miller?

A raiva me domina.

Ela é minha irmã.

Minha irmã mais nova.

Eu nunca olhei para ela — bile sobe em minha garganta — dessa forma. Nunca quis que as pessoas soubessem que ela era adotada para que não pudessem usá-la contra mim, ou fazê-la se sentir ainda pior consigo mesma, mas isso era Anderson sendo ele.

Ele é um idiota manipulador que se alimenta da dor dos outros. E ver Miller com Kinsey finalmente o empurrou ao limite, do qual despencaria quanto mais tempo ficasse sem conseguir o que queria, e o que ele queria era Kinsey. Eu sabia que sua máscara cairia, e logo mostraria sua verdadeira face, só não esperava que me arrastasse junto com ele.

“E?” Minha voz está rouca.

“Ele está fora da equipe.” Miller dá de ombros. Fico visivelmente relaxado. “Ajudou contar ao treinador sobre o passado dele com Kinsey.”

“Você fez o quê?” Rosno. “Não tinha o direito de dizer isso ao treinador!”

Sanchez pressiona uma mão no meu peito e me empurra de volta. “Na verdade, já que ele a ama, ele meio que tem. O amor é assim, cara, protege, não mantendo tudo escondido, mas sendo honesto.”

Pisco para ele. “Está de gozação comigo agora?”

“Eu a amo.” Os olhos de Miller encontram os meus. “Eu faria qualquer coisa para protegê-la.”

“Não é da conta do treinador. Não é da maldita conta de ninguém!”

“Você não pode consertar tudo!” Miller grita: “Deus, olhe para você! Você é uma bagunça!” Ele fica bem na minha cara. “Não só você é o melhor Atacante da liga, mas também a sua família, e você está destruindo tudo porque não consegue ver além do seu próprio maldito orgulho! Sim, eu a amo. Mas você ainda pode amá-la também! E sim, é uma porcaria que o seu pai está doente, mas pelo menos você tem um tempo com ele. Você tem uma equipe que está contando com você para liderá-los! Quer ser um herói? Então aja como tal! Começando agora.” Ele me empurra contra a parede. “Engula seu orgulho, peça desculpa à equipe e vá falar com Kinsey, resolva sua merda e perceba que a vida não é sobre memorizar cada jogada. A vida não é perfeita, você nem sempre pode planejar as coisas. Às vezes, acontecem, e tudo o que você pode fazer é reagir de uma forma que seja digna a como sua irmã olha para você todo maldito dia, de como sua equipe olha para você, e de como olhamos para você.”

Sanchez suspira. “Só para constar, grande parte do tempo que olho para você, vejo um gigantesco idiota.”

Miller sorri.

Mordo meu lábio inferior para evitar fazer algo insano como rir em uma situação tão tensa, mas não consigo evitar. Uma risada escapa, seguida por outra.

Até que estamos os três limpando as lágrimas dos nossos olhos.

Irmãos.

Eles são meus irmãos.

O riso cessa.

Olho para Miller, realmente olho para ele, e foi como se nossas responsabilidades tivessem sido transferidas, como se tivesse lhe dado essa parte sem sequer perceber que precisava deixar isso para trás.

E deixar Kinsey ir.

“Você realmente a ama?”

“Sim, cara.” Miller assente. “Eu realmente amo.”

“E se ela ficar doente...”

“Eu vou fazer sopa para ela,” ele interrompe com um suspiro irritado. “Eu cuido disso. Você apenas precisa me deixar fazer, cara.”

Concordo com um aceno de cabeça, não confiando em minha voz.

Sanchez cruza os braços e balança a cabeça. “Gente, eu sei que este foi um desses momentos... assim, só existe uma coisa a fazer.” Ele envolve seus braços em torno de nós, em meio a palavrões e gritando entre mim e o Miller.

“O que diabos vocês pensam que estão fazendo?” O treinador grita enquanto a porta bate atrás dele.

“Abraçando, treinador!” Sanchez grita. “Você quer entrar?”

“Sanchez.”

“Sim, treinador?”

“Você é uma dor na minha bunda!”

“Isso foi um sim?”

O treinador revira os olhos e murmura, “Eu o socaria se não precisasse tanto dele.”

“Ouvi isso," Sanchez grita.

O treinador balança a cabeça para nós, e então oferece um sorriso em minha direção. “Você agiu como um merdinha?”

“Sim senhor.”

“Bom ouvir isso. Nenhum treino amanhã, e senhores, se eu voltar aqui e encontrar os três ainda abraçados — todos vão correr.”

“Não há nada de errado com amor fraternal, treinador!”

“Uh-huh.” Ele sai do vestiário.

Já nos separamos.

Sento em uma das cadeiras e pego minha bolsa. “E agora?”

“Agora, você começa a rastejar.” Miller me dá um tapinha nas costas. “Começando por sua irmã.”


Capítulo trinta e três

KINSEY

 

Miller envia uma mensagem de texto para que o encontre em casa. Quando leio, isso coloca um sorriso em meu rosto. Casa. Estamos vivendo juntos.

Ele disse que me amava.

E ele enviou de casa.

Dou um sorriso e abro a porta do apartamento, em seguida, quase corro na direção oposta quando meu irmão se levanta do sofá e muito lentamente começa a caminhar em minha direção até que realmente olho para ele.

Nunca o tinha visto tão abatido.

Tão cansado.

Exausto.

“Kins...” sua voz trava.

Corro para seus braços, preocupada demais com o seu estado para ficar irritada. O abraço com toda minha força enquanto ele beija minha testa repetidas vezes.

Com um suspiro, Jax toca sua testa na minha e apoia suas mãos em meus ombros. “A primeira vez, você tinha apenas quatro anos.”

Lágrimas enchem meus olhos. “Jax, você não precisa fazer isso.”

“Quatro,” ele repete, me ignorando. “Eu vi a árvore atingir sua casa. Nunca fiquei tão apavorado em toda minha vida. Meus pais tinham saído, e eu sabia que estava sozinha. Corri como o inferno, graças a Deus que a sua porta da frente estava aberta. E quando finalmente te encontrei. Você estava...” sua voz treme, “...você estava chorando no canto, seus pés cortados pelos vidros das janelas quebradas.”

Lágrimas inundam meus olhos com a memória. Eu estava com tanto medo. Tão desesperada para alguém me abraçar e me dizer que tudo ficaria bem.

“Você parecia um anjo,” sussurro. “Eu te perguntei se essa foi à razão pela qual Deus colocou você na porta ao lado, para cuidar de mim.”

“E eu disse que sim.” Jax fecha os olhos. “Que seria seu salvador todos os dias, todas as noites, até o dia da minha morte.”

“Você me carregou.”

“Eu carreguei você no meio da tempestade,” Jax acrescenta. “E lembro claramente de prometer que não deixaria nada te machucar. E por alguns anos, uma vez que a adoção foi aprovada, uma vez que você era realmente uma Romonov... Tudo foi perfeito. E então você ficou doente e estava tão indefesa.” Ele estremece. “Foi uma estupidez, mas lembro de me odiar naquele momento, me culpando por ter te carregado debaixo de toda aquela tempestade, e me perguntava se talvez não fosse esse o motivo da sua doença.”

“Oh, Jax.” Balanço a cabeça. “Uma tempestade não faz as pessoas adoecerem.”

“Eu estava com tanto medo, e uma vez que os médicos nos disseram que não era câncer, mas lúpus, e que você ficaria bem, prometi mais uma vez que me certificaria que nada te machucasse — e que nada te afetaria.” Sua voz falha. “E na minha mente de alguma forma, te salvei novamente, quando fiz essa promessa.” Jax fez uma pausa. “Você foi, você é, a minha melhor amiga.”

Lágrimas deslizam pelo meu rosto.

“Mas não consegui te proteger de Anderson.” Ele afirma. “Seu abuso foi à causa para que seu organismo atacasse a si mesmo, e quando descobrimos que estava tendo crises de novo, eu me culpei. Você o conheceu por minha causa. Você confiava em mim, portanto, confiou nele. Eu deveria ter visto o quanto ele estava te tratando mal. Deveria ter lutado como o inferno para te afastar dele.” Seus punhos cerram.

“Jax.” Eu seguro seu rosto. “Você não pode salvar o mundo.”

“Eu posso tentar.”

“Não.” Balanço a cabeça. “Você não pode.”

“Isso ficou claro.” Seu sorriso está triste. “Porque parece que cada vez que tento, estrago as coisas ainda mais que antes.”

“Lamento informar, irmão, mas você é humano.”

Ele faz uma careta. “Conversa fiada, você sempre disse que eu pareço o Capitão América.”

“Não significa que você tem superpoderes, mesmo que secretamente eu tenha acreditado. Foi minha culpa também, Jax. Eu o coloquei nessa posição, sem perceber a pressão exercida sobre você. Você me salvou do Anderson, e quando me mandou embora, estava tentando me salvar novamente, mas desta vez...” engulo o nó na garganta. “Desta vez não deu certo porque encontrei alguém que não me tratou como se estivesse a ponto de quebrar, mas como se eu fosse inquebrável.”

“Nunca quis te tratar assim.”

“Eu sei.” Abraço-o. “Sei que você não fez isso de propósito, Jax.”

“O bastardo te ama, e não posso fazê-lo parar.”

Sorrio contra seu peito. “Deixe-me adivinhar, você tentou e ele disse não?”

“Algo assim.” Sua risada se junta a minha. “Desculpe, Kins, sinto muito. Por contar a todos sobre sua doença, por ser superprotetor — por tudo.”

“Esqueça.” Dou de ombros. “Você não seria você se não fosse um babaca superprotetor com um complexo de Deus.”

Jax me belisca. “Muito engraçado.”

“Meu pai disse que você cairia em si.”

Lágrimas enchem os olhos de Jax. “Ele me conhece bem.”

“Porque você é como ele.” Sorrio. “Você não vê? Vocês são iguaizinhos, protegendo todos e tudo ao seu redor, lutando pelo justo, o que é certo. Você é filho dele, e sei que ele não poderia estar mais orgulhoso de você.”

“Ele está morrendo,” Jax sussurra. “E não podemos impedir.”

“Não.” Eu o abraço mais apertado quando o meu coração aperta no peito. “Mas podemos viver...”

“Você ainda se lembra, não é?”

“Você me disse que era o meu único trabalho.”

“Viver.”

“E olhe para mim agora.” Afasto-me dele. “Miller disse algo que me ajudou. Ele disse que não vai ser fácil, nem hoje, nem amanhã, nem durante o funeral... ele disse que não poderia mentir na minha cara, e que ia doer, mas ele disse que, eventualmente, machucaria menos, e que um dia, a dor não será tão intensa. Então, mesmo que doa agora, e tenho certeza que ficará muito pior... espero ansiosamente por esse dia, quando tudo doer menos.”

“Uau.” Jax enfia as mãos nos bolsos. “Não é à toa que você se apaixonou pelo cara. Honestidade brutal.”

“Eu precisava ouvir.”

“Acho que eu também.”

A porta do apartamento abre. Miller lentamente entra, olhando entre nós como se não estivesse seguro se uma briga está prestes a começar ou se finalmente estamos bem.

“Você foi péssimo hoje,” Digo, quebrando o momento. “Vocês dois foram. Talvez tentar não entrar em uma briga na próxima vez, possa manter suas cabeças no jogo.” Aponto para Miller. “O seu bloqueio foi bom, mas você é melhor, e sabe disso.” Viro para Jax. “E nem me faça falar em seus lançamentos. Quase toda vez que teve a bola em suas mãos, levou pelo menos quatro segundos para lançar. Você é mais rápido que isso, pare de enrolar e consiga uma vitória na próxima semana!”

“Eu adoro quando ela fala sujo.” Miller diz e pisca para mim.

Jax geme e tapa seus ouvidos antes de caminhar em direção a Miller, socando-o no estômago e dando tapinhas nas costas. “Bem-vindo à família. Jamais esqueça, eu sento à cabeceira da mesa durante o jantar em família, a poltrona de couro é minha quando temos uma semana de folga e se você pensar em roubar o último cookie de chocolate, eu acabo com você.”

“Adoro os cookies da sua mãe.”

Dou um gemido atrás das minhas mãos.

Jax e Miller sorriem, trocam um estranho abraço de macho, e meu irmão vai embora.

Miller sorri para mim. “Então, como foi?”

Estendo minhas mãos. “Foi bom falar sobre tudo, incluindo todas as coisas com as quais provavelmente preciso conversar com você, mas ainda não fiz.”

Miller assente. “Sempre achei que você faria quando estivesse pronta, eu sei que não pode ser fácil.”

“Não, não é.” Ainda posso sentir o vidro em meus pés, os tubos saindo do meu corpo durante a transfusão de sangue. “Mas...”

A porta se abre, Jax retorna com o rosto pálido. “Kins, mamãe acabou de ligar, precisamos ir.”

“O quê?”

“É o papai.”


Capítulo trinta e quatro

MILLER

 

Tudo na vida tem ciclo completo. Tudo.

Seguro a mão de Kinsey enquanto caminhamos pelo corredor do hospital, o mesmo corredor que caminhamos há duas semanas para o baile de formatura das crianças. Funcionários passam por nós, alguns olham.

Enviei uma mensagem de texto para Sanchez e Em no momento em que entramos no carro de Jax. Se fosse ruim, ele precisava de sua família — toda a sua família.

Jax me entregou seu telefone para enviar um texto para Harley, e quando ela respondeu, tudo que fiz foi olhar o telefone e balançar a cabeça. Essa mulher... Era exatamente o que ele precisava, porque sua primeira resposta foi reunir a equipe.

Harley entendeu que sua equipe era uma família como Kinsey era sua família mesmo que não fosse sangue. Se você tivesse a sorte de estar na vida de Jax Romonov, estaria lá por uma eternidade, talvez por isso tenha sido tão difícil para mim, fazer tudo por suas costas, porque o amava como o irmão que nunca tive.

Quando Jax entrou na sala de espera, não foi para enfrentar sozinho essa situação.

Foi para batalhar com seus irmãos ao seu lado, do jeito que deveria ser. Cada membro da equipe estava lá, alguns acompanhados por seus familiares, e então havia o treinador, com lágrimas nos olhos enquanto caminhava em direção a Jax e o puxava para um abraço.

Harley estava ao lado de treinador, segurando um prato de cookies.

Seu sorriso é grande, esperançoso.

Jax estende a mão para ela.

Ela o encontra a meio caminho.

Quando acabam de se beijar, ele se vira para mim. “Você chamou o time?”

“Não.” Aponto para a sua menina. “Isso foi tudo dela. Aparentemente, ela é a rainha de textos em grupo, quem imaginaria?”

“Eu.” Jax simplesmente descansa sua cabeça contra pescoço de Harley, respira nela por alguns segundos antes de se endireitar.

A mão de Kinsey treme na minha quando sua mãe levanta de seu assento e se aproxima.

Seus olhos se enchem de lágrimas quando ela balança a cabeça lentamente e sussurra com voz rouca: “Talvez seja melhor começarmos a nos despedir.”

Kinsey congela ao meu lado. Eu respiro fundo. “Eu não entendo.”

“Ele piorou.”

Meu sangue gela.

“Liguei para a ambulância. Eles o trouxeram pra cá e...” seu queixo treme. “O câncer se espalhou para os pulmões, os médicos lhe deram uma semana no máximo.”

“Mas...” Kinsey se afasta de mim em direção a sua mãe. “Nós deveríamos ter mais tempo. Ele deveria ficar saudável por um tempinho mais, certo? Não é por isso que vocês pararam a quimioterapia?”

Jax está imediatamente ao seu lado, abraçando-a bem junto ao peito enquanto ela soluça baixinho contra ele.

Meus dedos coçam para puxá-la de volta, e a consolar como se só eu soubesse o quanto.

“Oh, querida.” Sua mãe se junta a eles em um abraço. “Não sei por que isso ocorreu dessa forma, só que infelizmente aconteceu.” Ela passa os dedos sob os olhos de Kinsey, onde as lágrimas brilham. “Ele quer te ver...” seu olhar fixo no meu e Harley. “Os quatro.”

Atordoado, apenas consigo acenar a cabeça e tentar me impedir de quebrar, de modo que Kinsey tenha algo sólido para segurar, quando tudo que quero fazer é correr.

E nesse momento, sinto-me como a pessoa que Jax sempre me acusou de ser.

O cara que corre.

A intensidade do medo que paralisou meu corpo é tão forte que começo a ficar tonto, e então Kins agarra minha mão.

A ansiedade desaparece.

E em seu lugar, a paz.

Minha mãe sempre brincou que eu era sua âncora na vida — e sempre brinquei que, se fosse uma âncora, deveria ser muito pesado, e a troca quase sempre terminou comigo dizendo que ela precisava me alimentar mais se tinha expectativas tão elevadas.

Nós ríamos.

Ela enchia o meu prato, e compartilhávamos a refeição juntos.

“Por aqui.” A mãe de Kinsey nos afasta do grupo em direção ao final do corredor.

“Ei! Ei! Sr. Miller!” Uma voz infantil grita em minha direção.

Paro de andar e olho para a direita. Marco corre para mim sem muletas.

Ele bate contra a minha perna, abraçando minha coxa, como se estivesse tentando me espremer até a morte. “Eu sabia que você voltaria, eu disse a minha mãe que você voltaria, e ela não acreditou em mim! Eu até disse a minha enfermeira!”

Sorrio apesar da tristeza de estar lá por razões erradas, e me ajoelho para ficar ao nível dos olhos. “Bem, olhe para isso, você está certo! E vejo que você não está usando muletas.” Estendo meu punho.

Ele bate e dá uma risadinha. “Sim, bem, eu me lembrei do que você disse.” Ele se inclina e sussurra, “sobre o meu coração ser como um leão.”

Meus olhos lacrimejam. “Ah é?”

Ele balança a cabeça vigorosamente. “E adivinha?”

“O quê, homenzinho?”

O resto do grupo tinha parado para assistir a troca; até a estação das enfermeiras parecia congelada no tempo.

“Uma noite eu fiquei muito doente. Mamãe disse que era uma infecção, e eu quase morri e adivinhe!”

“O quê?” Porra, eu poderia falar com o garoto para sempre.

“Apareceu um anjo! Ela tinha olhos como os seus.” Ele toca meu rosto e franze a testa. “E bochechas como as suas! E uma covinha aqui.” Ele ri. “E ela disse que te conhecia e que você ficaria muito triste se eu parasse de ser um leão! Ela me pediu para rugir e eu fiz, eu rugi tão alto, Sr. Miller! E ela disse que um dia eu seria como você! Não é legal? E, oh garoto, a música que ela cantou era tão bonita.” Ele começa a cantarolar.

Meu sangue esfria completamente. Era a mesma canção que minha mãe costumava cantar para mim à noite, quando era criança.

“Quase esqueci!” Ele ri novamente. “Ela me disse que eu ficaria bem, eu só precisava acordar e lutar, e eu fiz assim, e quando ela desapareceu, uma pequena pulseira no seu braço fez um barulho. Ela tinha um coração e uma bola de futebol — a bola de futebol é vermelha?” Ele encolhe os ombros.

Do tipo que dei à minha mãe quando tinha seis anos.

Do tipo que ela usava no pulso até a morte.

Do tipo que eu poderia jurar que ela usava quando a enterrei — quando me pediram para trazer as roupas para o caixão.

Respiro fundo e olho para o garoto.

Lágrimas invadem meus olhos, e quase não consigo responder. Ele balança sua cabeça.

Pego sua mão e seguro. “Essa pulseira deve ser mágica.”

Uma lágrima escorre por seu rosto. “Achei que era algo legal, porque assim que acordei... mamãe disse que melhorei, você acha que ela me curou? Meu anjo do destino com a pulseira?”

“Sim, Marco,” sussurro com voz rouca, “eu acho que ela fez.”

“Legal.” Ele balança a cabeça, com os olhos repletos de inocência e felicidade. “Foi o que pensei Sr. Miller. Obrigado por ter voltado para me ver.”

Fiz a promessa de não deixar passar uma semana sem ver esse garoto. “Ei, você acha que seria legal se eu voltasse na próxima semana? Você ainda vai estar aqui?”

“Não!” Ele balança para trás e para frente em seus calcanhares. “Eu já estarei melhor, então posso ir ao seu jogo contra o San Francisco!”

“Soa como um bom plano.”

Uma das enfermeiras dá um passo adiante. “Ok, Marco, é hora do jantar. Por que não diz boa noite ao seu novo amigo?”

Marco me abraça de novo e sussurra: “Obrigado por me mostrar como rugir alto, Sr. Miller.”

Apenas consegui assentir com a cabeça, minha voz é um desastre e minha garganta parece estar queimando. Ele desaparece na esquina, e me viro para o posto de enfermagem. “Posso pegar o número da mãe dele, por favor?”

“Isso é contra o protocolo.” Ela sorri com tristeza. “Mas se você me der o seu, eu posso transmitir a informação.”

Rapidamente escrevo meu nome e número e depois viro para Kinsey.

Ela está chorando.

Imaginei que era por causa do seu pai e toda a situação só lembrou a ela que, embora Marco estivesse bem — seu pai não estaria.

Olho para o grupo.

Jax umedece os lábios e diz em voz baixa: “Algo me diz que você conheceu alguém com uma pulseira assim.”

Sorrio. “Minha mãe.”

Kinsey cobre a boca com as mãos.

Sua mãe deixa escapar um soluço antes de me alcançar.

E desta vez

Desta vez eu a abraço fortemente. Tão apertado quanto posso.

O pânico não me domina.

Não penso em fugir.

Não penso na dor ou no caminho a seguir.

Apenas a abraço.

E ela me segura.

E então, Kinsey, Harley e Jax se juntam a mim.

Minutos se passam.

E então, tão natural como sempre, minha família se separa, e caminha com o coração pesado em direção ao quarto que diz: “Ben Romonov.”


Capítulo trinta e cinco

KINSEY

 

Meu pai não parece ser ele mesmo.

Está mais pálido que o habitual, e seus lábios estão puxados para trás contra os dentes como se estivesse com dificuldades em aspirar o ar e não conseguisse obter umidade suficiente na boca para lambê-los — ou talvez estivesse tão exausto que não queria se incomodar. O que estou vendo não é o meu pai.

É uma concha.

E nesse momento.

Queria que ele estivesse em paz.

Queria que ele estivesse livre.

Queria libertá-lo.

Porque meu pai já não está ali.

Incrível como a morte se aproxima sorrateiramente, como ela muda a estrutura do corpo, tornando a pessoa irreconhecível, talvez seja o fato da alma finalmente liberar seus tentáculos ao redor do coração humano, desistindo primeiro, ao perceber que este nunca foi o plano, viver com a doença — mas apenas se libertar dela.

Papai sorri para nós. “Alguém trouxe cookies?”

Harley entrega o prato e pisca.

“Mantenha esta menina, filho.” Papai pega um cookie, o leva ao nariz e pisca para Harley. “Cheira como o céu. Você adici...” Ele tosse um pouco. “Você adiciona manteiga extra?”

Harley sorri para ele. “O truque é açúcar mascavo extra e um pouco de amor.”

Os olhos de Jax enchem de lágrimas quando ele agarra a mão dela.

“Mmm.” Ele levanta o cookie para os lábios e dá uma pequena mordida. “O açúcar é fácil de saborear, mas o amor? Isso é o que permanece com você, não é mesmo, Harley?”

“Sim.” Seus lábios tremem. “Ele é o que importa.”

Ela toca seu estômago.

Franzo a testa brevemente, em seguida, olho para Jax.

Suas mãos seguem a dela.

Como se ele a estivesse protegendo.

Protegendo seu corpo?

Ou talvez eu só esteja sendo muito sensível e excessivamente emocional.

Não tenho certeza se ele está fazendo isso de forma ativa ou simplesmente porque as mãos dela estão lá; meu pai também nota, seus olhos fazem aquele pequeno gesto avaliativo que significava que está pensando.

Minha mãe está ocupada endireitando seus travesseiros. Ele agarra a mão dela e beija. “Dê-me alguns minutos com meus filhos.”

Miller e Harley começam a sair.

Ele pigarreia. “Todos os meus filhos.”

Miller congela.

Harley deixa escapar um pequeno suspiro.

“Sentem-se.” Papai não tem que pedir duas vezes.

Todos encontram lugares ao redor da sua cama, Jax senta no canto, e eu me sento no colo de Miller, enquanto Harley encontra a única cadeira que resta no quarto e puxa para frente.

“Agora.” Papai sorri. “Assim está muito melhor. Então, Jax, parece que você se manteve ocupado fora do campo.”

“Papai...”

“Bom para você, filho.” Ele olha para Harley. “Ele te trata bem?”

Jax pragueja em voz baixa.

“No começo sim, então não, e agora sim.” Ela pisca. “Estamos felizes. Muito felizes... apesar dele roncar como um elefante e não lavar o banheiro.”

“Mesmo?” Entro na conversa.

Papai gargalha enquanto Miller abafa uma risada atrás da sua mão.

“Obrigado, Harley.” Jax revira os olhos, em seguida, um sorriso se forma atrás de seus lábios antes dele pegar a mão dela.

“Vocês, crianças, vão precisar um do outro.” Papai assente. “Kinsey, você e Miller estão cada vez mais fortes, eu vejo.”

Dou um sorriso. “Sim, bem, eu meio que o amo.”

“Eu sei.” Papai encolhe os ombros. “Mesmo quando você tentou não amar.”

Umedeço meus lábios e concordo com a cabeça.

“Miller?” Papai franze a testa. “Você cansou de ser um bundão?”

Jax dá risada.

“Sim, senhor.” Miller sorri largamente. “Eu posso dizer com segurança que meus dias de bundão ficaram para trás... acabei de receber outro lembrete antes de chegar aqui, que é melhor ter o coração de um leão. Já tive esse coração uma vez — antes da minha mãe morrer — e acho que finalmente o recuperei.” Ele aperta minha mão. “E tenho que agradecer a Kinsey por isso... e um certo garotinho que estará saindo daqui em poucos dias.”

“Ah.” Papai coloca metade de seu cookie de volta no prato. Rapidamente pego o prato e coloco na bandeja para facilitar o acesso.

“Jax, ainda não estou morto. Tente não entrar em nenhuma briga esta semana, estarei assistindo. E Miller, precisa bloquear um pouco mais duro, dê ao meu filho mais alguns segundos para lançar para você.”

“Sim, senhor,” ambos dizem em uníssono.

“Agora...” Papai faz um gesto com o dedo, e todos nos curvamos. “Ouçam com atenção...”

Prendo a respiração.

“Meu corpo está desistindo. Mas minha alma é uma lutadora, então quando eu deixar esta terra; quero que lembrem que, ainda que meu corpo esteja acabado, partindo, virando pó, minha alma estará livre.” Meus olhos se enchem de lágrimas. “Vocês tomarão doses de uísque depois do meu funeral. E eu quero cookies. Se alguém trouxer lasanha para sua mãe, jogue fora! Sem ensopados também! Quero alegria! Eu quero sair do jeito que entrei, totalmente nu e aos berros. Quero balões, celebração, e quero ser enterrado com o meu garfo.” Ele pisca.

“O seu garfo?” Miller apenas pergunta.

“Você nunca ouviu essa história?” Papai sorri. “Um marido e uma esposa estavam morrendo. Ele disse que se morresse primeiro, queria que ela o enterrasse com seu garfo, você quer saber por quê?”

“Porque ele gostava de torta?” Miller tenta adivinhar.

“Não!” O sorriso de papai aumenta. “A vida é o prato principal, filho... e depois da vida? Bem, essa é a sobremesa, e não vou me apresentar ao céu — a minha sobremesa — sem o meu garfo. Não tem absolutamente nenhum sentido. Um homem tem que estar preparado para essas coisas.”

Reviro meus olhos mesmo que as lágrimas ainda os preencham, enquanto Miller explode rindo e acena com a cabeça. “Certo, então, terá um garfo.”

Jax e ele trocam um olhar.

Um olhar de irmãos. De tristeza compartilhada.

De dor compartilhada.

Em toda a minha vida, nunca vi meu irmão tocar outro homem que não fosse meu pai. Eu não o chamaria de frio. Ele é apenas reservado e controlado.

Mas quando Miller estende a mão para Jax na cama.

Jax pega.

Ele aperta.

Jax não a solta.

E de repente estou tão grata que Miller está não apenas em minha vida, mas na de Jax também.

“Tudo bem, nada mais de tristeza,” Papai anuncia. “Vocês crianças, dispersem para que eu possa dormir um pouco antes da Paula entrar e esfolar outro maldito travesseiro.”

Todos nos despedimos.

Eu o beijo na testa.

“Você se saiu muito bem,” ele sussurra.

“Sim, eu sei.”

Estávamos quase saindo da porta quando papai diz, “Miller, uma palavra, filho.”

Jax lhe dá um tapa em suas costas.

Relutantemente solto sua mão, fecho a porta, e espero.


Capítulo trinta e seis

MILLER

 

“Alguma coisa está me incomodando,” diz Ben em um tom casual. “Quer saber o que é?”

“Tenho certeza que você vai me dizer de qualquer maneira, então vá em frente.” Sento e ofereço-lhe um sorriso educado enquanto me inclino e cruzo as mãos para evitar fazer algo estúpido como segurar a mão dele e começar a chorar como um menino, devido ao fato de que a mulher que eu amo está perdendo seu pai e a única coisa que posso fazer é ficar assistindo.

“Você falou com Kinsey e Jax. Naturalmente, ele falaram com a mãe deles e ela veio falar comigo.” Ele dá de ombros. “Somos faladores.”

“Todo mundo, menos Jax.”

“Hah!” Ele ri. “Ele é mais do tipo pensador.” Ben respira fundo. “Sua mãe... Kinsey diz que ela morreu de repente.”

Eu literalmente só falei com Kinsey sobre a minha mãe uma ou duas vezes. De repente culpado, eu assinto.

“Alguma vez você chorou, meu filho?”

Eu balanço minha cabeça. “Não, mas estou melhorando.”

"Não é bom o suficiente. Não para mim. Não para ela. Está tudo bem se dói aqui dentro.” Ele toca seu peito. “E, também se lembrar deles aqui.” Ele aponta para sua cabeça. “Mas, não pode deixar isso paralisar você, transformá-lo no oposto do homem que ela queria que você fosse... Não estou dizendo que isso é o que você está fazendo.” Ele dá de ombros fracamente. “Mas, isso não é justo com você, não é justo com a vida que ela lhe deu. Eu acho que, antes que você possa amar plenamente a minha menina, você precisa deixar que a única outra mulher que já esteve em seu coração, se vá.”

Atordoado, somente olho para ele.

“E esta mulher é sua mãe.” Ele dá de ombros novamente. “Não sei nada sobre seus relacionamentos passados, mas estou supondo que nenhum deles acabou exatamente do jeito que você desejava. E com Kinsey, bem, vejo para sempre nos olhos da minha menina, então eu quero que você me faça um favor.” Ele se inclina para frente. “Quando ela precisar deixar que eu vá, você deixa sua mãe ir também. Vocês dois podem chorar juntos. Vocês passam pelo luto juntos. Vocês lamentam juntos. Acho que talvez nós tenhamos sido colocados em sua vida por uma razão. Eu acho que talvez esta seja sua chance de superar algo que aconteceu quando você ainda era muito jovem para entender, muito jovem para lidar com isso.”

Lágrimas enchem meus olhos. Eu desvio o olhar.

“E quando vocês tiverem passado pelo luto, eu preciso que você peça para Paula o anel de sua mãe... Assim você pode colocá-lo na mão da minha filha.”

“Eu não a pedi em casamento ainda.”

“Você irá.”

“Eu irei.” Fungo. “Você sabe que irei.”

“Então, você pedirá meu consentimento? Ou eu preciso arrancar isso de você?”

Sorrio através das lágrimas. “Ben Romonov, eu posso ter a honra de casar com sua filha?”

Ele me olha diretamente nos olhos e sussurra, “A honra é toda minha.”

Não quero me mover.

Assim como não quero envolver meus braços ao redor de seu corpo frágil e magro.

E quando as lágrimas vêm.

Ele me abraça.

E diz algo que eu vinha esperando ouvir durante os últimos seis anos, desde a morte de minha mãe.

“Ela teria muito orgulho de você.”


Capítulo trinta e sete

JAX

 

Miller e Kinsey saíram para comer alguma coisa enquanto eu me certifico que mamãe tem tudo o que precisa para passar a noite. Ela se recusa a deixar o lado dele. Não a culpo, não posso culpá-la uma vez que eu quero fazer a mesma coisa.

Mas de acordo com o meu pai, eu terei treinamentos duros e um jogo ainda mais difícil naquela semana, e como prometi que venceria e pararia de entrar em brigas, sei que é hora de ir embora.

Seguro a mão de Harley e caminho com ela até meu carro.

Não tenho certeza do que dizer.

Palavras parecem... impróprias neste tipo de situação. Obrigado por fazer biscoitos para o meu pai que está morrendo não soa muito adequado.

Obrigado por segurar minha mão quando tudo que eu quero é dar um tempo.

Obrigado por ser você.

Obrigado por não fugir.

Aperto meus lábios durante toda viagem de volta ao meu apartamento. Nem mesmo pensando que ela poderia querer ir para sua casa.

Felizmente, Harley não protesta. Simplesmente deixa sua bolsa cair sobre a bancada de granito intocada e, em seguida, estende a mão para o meu corpo.

Ela pressiona a cabeça no meu peito e sussurra, “Eu sei que você não está bem, então não vou perguntar se você está... mas o que posso fazer para ajudá-lo a se preparar para o treino de amanhã? O jogo desta semana? Lavar? Cozinhar? Limpar?”

Sorrio para ela. “Você sabe como lavar roupas?”

Ela me belisca. “Eu sei fazer um monte de coisas domésticas. Por exemplo...” solto a respiração enquanto ela se move em torno de minha máquina de lavar. “Eu sei que este é o botão de ligar, sei que se eu usar água fria posso tirar as manchas de chocolate, e eu sei que, mesmo quando uma pessoa está triste, ela ainda precisa de comida.”

Balanço a cabeça. “Sopa. Você disse que é uma pessoa de sopas.”

“Sim, uma pessoa que gosta de sopa de abóbora, para ser mais exata.” Ela pisca e, em seguida, com uma voz rouca acrescenta, “Com uma pitada de bacon.”

“Eu não acho que isso jamais soou tão sexy.”

Harley cantarola enquanto se familiariza com a minha cozinha, e quando percebe que precisará ir até a loja, ela beija meu rosto, pega minhas chaves, diz que estará de volta logo, e depois me deixa sozinho com meus pensamentos, com minha tristeza.

Tomo um banho, em seguida, caminho em volta do meu apartamento como um zumbi. Fora de controle. Fora de tudo.

O que diabos eu farei sem o meu pai?

Isso me parte em pedaços.

Quebra meu coração.

E parece que estou prestes a ser totalmente partido. Durante toda minha vida eu me espelhei nele, e agora me sinto perdido. Fora de foco. Com medo.

Droga, estou com tanto medo.

E me pergunto se algum dia voltarei a ser o mesmo sem meu pai na minha vida, sem suas palavras de encorajamento, sem suas piadas grosseiras e sua capacidade de acabar com uma bandeja inteira de cookies sozinho.

Perdido em pensamentos, deito no sofá.

Parece que passaram apenas alguns minutos, quando estou sendo suavemente acordado.

Harley está em cima de mim com uma tigela de sopa e um pedaço do pão mais cheiroso do universo.

Eu como, aceito mais uma tigela e então confesso a ela que, se eu já não estivesse apaixonado por ela, esta sopa teria feito isso.

Ela respira fundo.

Amaldiçoo a comida mágica.

“Você realmente se sente assim?” Ela pergunta em voz baixa. “Quero dizer, nós nos conhecemos há apenas algumas semanas.”

“Sim, bem.” Coloco a tigela para baixo. “Parece muito mais tempo quando você passa por uma merda dessas juntos, hein? Isso mata um relacionamento ou o deixa ainda mais forte.”

Seu sorriso é fraco e, em seguida, ela se levanta e sai.

Merda. Estraguei tudo. Novamente.

Em poucos segundos, ela emerge do fundo do corredor e me entrega alguma coisa.

Franzindo a testa, eu olho para o bastão de plástico na minha mão.

Duas linhas azuis são visíveis em uma pequena janela.

Duas.

Linhas.

Azuis.

“Eu estava suspeitando,” Ela sussurra. “Estava com medo de contar a você.”

Devoro suas próximas palavras com minha boca, erguendo-a sobre a mesa, e segurando seu rosto com as mãos. “Você está grávida?”

“Sim.” Ela engole em seco. “Lembra-se que na primeira noite...?”

“Eu acho que é impossível esquecer.”

É a segunda vez que eu a vejo corar. “Eu estava com medo que desse positivo, com medo que você surtasse, e então, tudo isso aconteceu.” Ela suspira. “Simplesmente empurrei a suspeita de volta, pensando que meu corpo estava sob uma quantidade insana de stress, e então você voltou e nós estávamos felizes, e eu pensei, Oh que beleza, só mais uma coisa para ele ter que lidar.” Seus olhos encontram os meus. “Só mais uma coisa que você não pode controlar.”

Nossas testas se tocam. Deixo escapar um longo suspiro. “Sabe, se tem alguma coisa que este último ano tem me ensinado, é que algumas das melhores coisas da vida não podem ser controladas ou planejadas.”

Lágrimas enchem seus olhos.

“Como você,” sussurro contra seus lábios. “Como o nosso bebê.”

“Nosso bebê,” ela repete com um sorriso.

“Sim.” Beijo sua boca suavemente. “Nosso.”

“Nós vamos contar ao seu pai sobre isso?”

Balanço a cabeça e dou uma risada. “Ele vai me matar, vai me chamar de idiota, e, em seguida, vai tentar viver um pouco mais de tempo para sentir este bebê chutando.”

“Eu espero que sim.” Ela toca a barriga lisa.

“Obrigado.” Levanto-a do balcão e a carrego até o sofá, tomando cuidado para deitá-la de modo que a estivesse segurando e não empurrando com força contra seu corpo frágil.

“Por ficar grávida?” Brinca ela.

“Desculpe por isso, mas esta façanha é toda minha... É só... Deus, Harley, é tão bom estar em seus braços, não ter nada além de você em volta de mim, nunca me senti assim com ninguém antes. Acho que a primeira vez que eu já abandonei qualquer tipo de controle foi naquele momento, em seus braços.”

Ela funga.

Olho por cima do ombro. “A Harley invencível está chorando? Devo contar a sua avó?”

Ela me dá uma cotovelada no estômago. “Isso foi realmente doce.”

“É verdade.” Beijo seu pescoço. “Então, acho que posso dizer que a primeira vez que perdi o controle eu fui contemplado não com um presente.” Coloco minha mão sobre a barriga dela. “Mas com dois.”

Ela se vira em meus braços e beija minha boca, as mãos puxando meu cabelo e, em seguida, minha camisa.

As roupas são descartadas em segundos, sem que nossas bocas nunca deixem um ao outro.

E então, eu estou em casa.

Em seus braços.

E só posso imaginar que este é exatamente o jeito como as coisas deveriam acontecer para mim, porque, naquele momento, parece impossível que seja de outra maneira.


Capítulo trinta e oito

MILLER

 

2º Jogo pré-temporada

San Francisco X Bellevue

Início do Turf

Equipe Favorecida: Bucks Bellevue

 

O treinador entra no vestiário, dá uma olhada em volta, e limpa a garganta. “Caras, normalmente eu não estaria dando um discurso antes de um jogo de pré-temporada, e se eu fizesse, seria algo sobre jogar com seu coração para garantir um lugar no programa. Mas hoje, depois desta última semana, sinto que algumas palavras são justificadas.” Ele volta sua atenção para Jax. “Quando um de nós está sofrendo, todos nós sentimos juntos. É assim uma fraternidade, sofremos juntos, estamos juntos. Então quando entrarmos naquele campo, eu quero ver a unidade, eu quero que o mundo saiba que tipo de equipe é esta por quem eles torcem. Isso vai além do futebol. Isto aqui, homens, é a vida. Você nunca sabe quem pode estar assistindo, quem pode estar precisando ver seus heróis altivos. Joguem como heróis hoje, e vocês vão ganhar.”

Ninguém faz contato visual.

Provavelmente porque este foi um dos melhores discursos que qualquer um de nós já ouviu, e cada um de nós está com lágrimas nos olhos. Maldição!

Jax fica.

Nós fazemos o mesmo.

E então ele faz algo que eu nunca o tinha visto fazer antes, ele estende a mão para Sanchez, de um lado e então enrola seu braço no meu.

O resto dos jogadores seguem o exemplo e seguimos todos de braços dados até o fim do túnel e para dentro do campo.

A gritaria torna difícil de concentrar-se em qualquer coisa, além do fato de que quando o mundo nos vê andando de cabeça erguida sobre aquele campo.

Todos enxergam unidade.

Esperança.

Eles veem uma irmandade.

E eu nunca me senti, em toda a minha vida, tão honrado por fazer parte dela.

Jax, naquele único segundo, consolidou-se como o único líder que quero seguir, e sei que não sou o único que se sente desta maneira – preferindo sofrer qualquer pancada antes de deixar que qualquer dano o acerte.

Então, quando nós ganhamos o sorteio.

Quando a nossa defesa os coloca para correr e chega a nossa vez de tentar conquistar um lugar no campo, eu me viro para ele e digo, “Truque de jogo?”

Ele joga a cabeça para trás e ri. “Isso significa que você quer lançar a bola de novo?”

“Eles não vão esperar a mesma jogada novamente.”

“Não.”

“Seu pai está assistindo.”

A equipe fica em silêncio.

Sanchez é o primeiro a falar. “Dr. Pepper Duplo no dois.”

Jax olha para ele e balança a cabeça.

Sanchez bate o punho e corre para sua posição no campo.

Quando a bola é agarrada, corro em direção a Jax, bloqueando o meio antes que ele se vire e lance a bola para Sanchez.

Sanchez pega enquanto eu sigo a trajetória de Jax, acertando todos em seu caminho com tanta violência quanto posso reunir.

Sei o momento exato em que a bola está navegando na direção de Jax. Seus olhos se iluminam, seu foco está preparado. Um cara está no nosso caminho. Eu o jogo para fora com tanta força que ele cai no chão de costas.

Jax pega a bola.

Faz o touchdown.

E saúda Sanchez.

E nesse momento, aquilo é mais do que o futebol para mim.

Mais do que um jogo.

É algo que eu nunca esquecerei.

Algo que eu vou ensinar aos meus filhos, aos filhos deles e a quem diabos quiser me ouvir: que a vida não é sempre sobre os grandes momentos, mas sim sobre os menores que levam até eles. As partes realmente importantes de sua vida são aquelas que muitas vezes você preferiria ignorar. São as dores, a agonia, a ansiedade, as coisas ruins.

Mas tudo têm um propósito.

Tudo contribui.

Para que aquele grande momento seja incrível.

Os momentos que o levam até ele, os dolorosos.

E ainda assim eu posso apenas ficar lá e olhar ao redor do estádio e sussurrar para mim mesmo: “Pode doer, mas é bom. A vida é boa.”


“Sr. Miller, Sr. Miller!” Marco está esperando por mim no vestiário junto com sua mãe. “Você jogou tão bem!”

“Obrigado, cara.” Troco um high five com ele justamente quando Sanchez vem pela esquina.

Os olhos de Marco saltam de sua cabeça. “Grant Sanchez! Melhor receptor na liga!”

“Ei, olha isso, ele sabe meu título oficial.” Sanchez pisca para ele, em seguida, se ajoelha. “Você se divertiu hoje, meu homem?”

“Nossa, um monte.” Marco faz uma pequena dança. “Ei, você pode assinar minha bola?”

“Eu assinaria mil bolas de futebol para você.” Sanchez dá de ombros como se não fosse um grande negócio quando nós dois sabemos que é.

Dou-lhe um tapa nas costas e, em seguida, agarro Jax para que Marco possa encontrá-lo.

Jax já está vindo em minha direção. “Oi Marco infame, é bom ver você de novo.”

“Oh, Oi!” Ele aponta para Jax. “Você estava no hospital também. Você está doente?”

“Nah, cara” – Jax se ajoelha – “mas meu pai sim.”

“Oh.” O sorriso de Marco fica triste. “Quando meu pai morreu, ele me disse que é muito importante comer legumes.”

Os olhos de Jax se arregalam. “Uau! Sério? Eu vou ter que fazer isso, então.”

“Sabe o que mais?”

“O quê?”

“Ele disse para tratar cada dia como se fosse o último, porque você nunca sabe se será ou não. Eu aposto que seu pai está fazendo isso agora, hein? Aposto que ele assistiu seu jogo e ficou tão orgulhoso e gritando e gritando, assim como eu fiquei. Aposto que ele também chorou. Porque é isso que os pais fazem quando ficam orgulhosos, eles choram.”

Os olhos de Jax se enchem de lágrimas. “Eu acredito em você nessa, amigo.” Ele coloca as mãos nos quadris. “Sabe, você é muito inteligente.”

“Duh.” Ele revira os olhos. “Minha mãe sempre diz isso.”

“Bem, então.” Sanchez ri enquanto a mãe de Marco fica corada, e você poderia dizer que ela já passou por muita coisa. Seu rosto está cansado. Exausto, na verdade.

“Então,” divido meu olhar entre ele e sua mãe. “Os caras e eu achamos que seria muito legal se você tivesse ingressos para a temporada toda. O que você acha disso?”

“Mesmo?”

“Sim! Apenas com uma condição. Você vê aqueles boxes lá em cima?”

Ele concorda com a cabeça vigorosamente.

“Você tem que sentar-se lá onde é agradável e quente, e você tem que prometer comer tanta comida quanto for possível.”

“Estou dentro!” Ele bate palmas enquanto sua mãe declama um ‘obrigada’ para nós, e enxuga algumas lágrimas.

A vida sem um marido, com um filho doente... eu não poderia sequer imaginar.

E então isso me atinge. Todo esse tempo eu estive focado em mim e no que eu não poderia oferecer a Kinsey e não no que poderia oferecer. Eu tinha ficado com raiva pelo que aconteceu no meu passado, irracional sobre a minha mãe, até mesmo por ter perdido Em e ainda assim esta criança está me desafiando, me humilhando a tais extremos que tenho vontade de me socar.

Quando eles vão embora, ainda estou pensando sobre isso.

Quando chego em casa, Kinsey está me esperando com uma taça de vinho.

Deixo escapar: “Você acha que sou egoísta?”

Ela franze a testa. “O quê? De onde veio isso? Você é uma das pessoas mais altruístas que eu conheço!”

“Não.” Balanço a cabeça. “Eu gostaria que isso fosse verdade. Eu acho que quando se trata de você, especialmente, sou o homem mais egoísta que existe.”

“Miller...”

“Apenas ouça. Eu quero você toda para mim. Eu queria você, mesmo quando não deveria querer, quando com certeza não merecia tocá-la, ter seu coração, e depois, prometi a você nada além de sexo? Prometi protegê-la de Anderson e não tomá-la para mim? Tudo isso. Egoísmo. Horrível. Este não é o cara que quero ser para você, Kins. Não posso ser este cara para você. Eu quero você, mas preciso que isso seja do jeito certo, onde se você hoje saísse por aquela porta, dizendo que não quer mais nada comigo, meus pés ficariam plantados neste chão, apenas para honrar o que você realmente deseja.”

“Você já terminou?”

Suspiro. “Sim. Talvez. Eu não sei.”

“Você, Quinton Miller, ao lado do meu pai e do meu irmão, é um dos melhores homens que conheço. Você é gentil. Inteligente. Generoso. Inspirador. Você ama com todo seu coração, mesmo quando você está com medo de se ferir e quando eu mais precisei de você na minha vida, você esteve lá. Sabe, quando eu era pequena, Jax era o meu herói. Ele era... Tudo. Eu o coloquei em um pedestal e fiquei chateada quando ele tropeçou fora dele.”

“Jax estúpido,” eu provoco.

“Não é? Aprendi uma coisa ou duas sobre pedestais, sobre a perfeição. Eventualmente, você falha, e quando você falha, cai de um lugar muito alto, com força, Miller. Eu não quero perfeição. Só quero você. Quero vocês. Quero o que temos, este fogo incontrolável e violento entre nós. Isso é tudo que eu preciso. E sobre você ser egoísta? Ok. Porque isso significa que você me quer apenas para si mesmo, e isso funciona muito bem para mim, pois tenho sido sua desde aquele primeiro beijo em Las Vegas.”

“Eu te amo.”

“Eu também te amo.” Ela diz, lentamente, sem tirar os olhos dos meus.

Eu beijo, provo e a desejo tanto que é impossível parar de beijá-la.

“Fique com meu coração, Quinton Miller. Lamento que ele esteja tão ferido agora. Você merece um coração que não esteja de luto.”

Suspiro. “Aw, Kinsey, meu coração nunca deixou o luto, talvez os nossos dois corações possam ajudar a curar um ao outro.”

Ela assente com a cabeça.

“Eu estava errado.”

“Sobre o quê?”

Lentamente puxo a camiseta do seu corpo. “Vai ficar tudo bem. Tudo fica melhor. Quando você está com alguém que você ama. Fica melhor.”

Seus olhos se enchem de lágrimas quando ela balança a cabeça e coloca uma mão no meu coração. “Eu sei.”


Capítulo trinta e nove

KINSEY

 

Seus beijos são como uma droga. Suas mãos, possessivas, do jeito que sempre foram, desde a primeira vez.

Quando sua língua circula ao redor do meu umbigo, eu quase o chuto seu rosto.

“Você é linda.” A boca de Miller cobre a minha. “Tão bonita.”

“Tem certeza que você não está muito dolorido? Você acabou sendo bastante atingido hoje.”

“Você vale a pena.” Ele estremece um pouco enquanto paira sobre mim.

“Não!” Arrasto-me debaixo dele, para fora e ando nua até o chuveiro, ligo a água quente, e aponto. “Agora.”

“Mandona,” ele resmunga, levantando-se e tirando a calça até que tudo o que vejo é sua pele morena, músculos abdominais, tantos gomos ali... estou tonta. “Vê algo que gosta?”

“Algumas coisas.” Dou de ombros. “No plural.” Ele para na minha frente. Minhas mãos encontram seu peito e, em seguida, Miller está me beijando contra a parede, carregando-me para o chuveiro, provocando minha língua com a dele. A água quente bate contra minhas costas, molhando meu cabelo e deixando pedaços dele presos no meu rosto.

“Amo você.” Sua cabeça desce quando acaricia meu pescoço, inspirando antes de apoiar uma mão sobre minha cabeça e me puxar para ele.

Minha respiração acelera quando ele empurra para dentro e para fora. Vapor ondula entre nós enquanto fazemos amor.

Amor.

Isso é o que há entre nós.

E em minha mente de repente tudo se encaixa.

Salva pelo príncipe.

Protegida pelo rei.

Entregue ao cavaleiro no cavalo-branco – aquele que alega ter um coração quebrado – apenas para descobrir que combina exatamente com aquele que bate dentro do meu próprio peito.

Amor... seria mais forte do que a morte.

Vou me certificar que seja assim.

“Amo você,” ele diz de novo e de novo. Estou perdida nas sensações que seu corpo forte provoca em mim, em como ele faz com que eu me sinta forte. “Muito.”


Epílogo

MILLER

 

O funeral foi três semanas depois.

Não uma.

Três.

Eu gosto de pensar que ele lutou com um pouco mais de força porque queria ver os netos. O câncer tinha se espalhado por toda parte, até que ficou impossível que ele continuasse respirando sem ajuda.

E quando chegou a hora.

Estávamos todos com ele.

Mesmo Sanchez e Em.

O resto da equipe estava na sala de espera.

Minha família.

Seis anos atrás, eu havia perdido minha família, havia perdido tudo.

E agora?

Tenho cerca de oitenta pessoas a quem chamo de irmãos, alguns que eu chamo de irmãs, vários que chamo de amigos.

Uma que logo chamaria de noiva.

Eu choro.

Havia prometido a ele que me permitiria isso.

Choro por ele. Choro por minha mãe. Choro por Kinsey e Jax.

E choro por mim.

Por todas as vezes que segurei as lágrimas por medo de parecer fraco na frente do meu pai, por medo de que uma vez que eu começasse, não fosse mais capaz de parar.

E quando a terra é jogada sobre seu caixão.

Eu sorrio.

Porque ele está em paz.

“Vamos brindar.” Jax se aproxima com uma garrafa de uísque e sete copos de dose. Cada um de nós pega um deles e espera que ele nos sirva. Depois que termina, Jax olha para o túmulo e diz, “Para o melhor homem que já viveu – que possa viver um pouco mais... e que sempre continuemos tendo muitos cookies.”

“E futebol,” acrescenta Kinsey.

“Uísque.” Harley entrega sua dose para Sanchez, que a bebe.

“E Eddell.” Sorrio, dizendo o nome da minha mãe. “Diga oi para minha mãe, ela vai ser aquela assando os biscoitos.”

Paula me puxa para um abraço de lado depois que toma sua dose. Olho para ela e sorrio. “Então, sobre aquele anel...”


Nós não ganhamos o campeonato.

Perdemos por um gol.

Mas estou muito nervoso para ficar puto.

Em questão de minutos, pedirei minha menina em casamento, e tudo que eu tenho para ela é um uniforme sujo e um anel na minha mão.

Ela está apenas começando a correr para fora do campo quando eu aponto meu dedo em sua direção, chamando-a.

Franzindo a testa, ela corre até mim. “E ai, como está? Você está bem? Você se machucou? Eu sinto muito que tenhamos perdido...”

“Eu ainda posso vencer,” interrompo-a.

“Oh?” Ela sorri quando as pessoas começam a se mover em torno de nós, dando-me o espaço que eu preciso para ficar de joelhos.

E de repente o resto da equipe nos rodeia.

Em se aproxima de mim e me dá o maior abraço. “Ela vai dizer que sim, eu prometo. Estou tão orgulhosa de você, e ela também estaria, seu jogador de futebol mudo.”

“Elogie forte, torça com alegria,” eu a provoco de volta.

Ela se junta a Sanchez e eu fico sobre um joelho.

Kinsey engasga quando sua mãe dá um passo adiante segurando rosas e um prato de biscoitos. Naturalmente, nós teríamos que celebrar quando minha mulher dissesse que sim, e eu sei que ela gostaria de ter um pedaço de seu pai com a gente.

“Kinsey Romonov...”

“Sim!” Ela pula para o ar em meio a vaias e gritos, bem como muitos risos.

“Baby.” Sorrio. “Você vai me deixar terminar?”

Ela realmente bate na minha bunda.

“Oh.” Ela apoia as mãos em ambos os lados da grama, então se inclina e beija minha boca. “Sim, eu vou me casar com você.”

“Você roubou a minha frase.”

“Fale mais rápido da próxima vez.”

“Kins...”

Ela deixa escapar um suspiro e sorri.

“Será que você realmente quer se casar comigo?”

“Sim. Eu só disse sim três vezes.” Ela me beija na boca e diz mais uma quarta vez. “Sim, Quinton Miller... melhor bloqueador da liga, com o tigh end11 mais apertado, eu vou casar com você.”

Minha equipe inteira começa a rir.

Sim, não vou me livrar desse apelido por um bom tempo. Obrigado, Kins.

Minha.

Ela é minha.

Eu só não sabia.

Kins me ajuda a ficar de pé enquanto a multidão ao nosso redor aplaude e alguns dos jogadores do Dallas vem para nos dar os parabéns, e minha equipe a levanta no ar e faz algazarra.

Eles a levam para fora.

Fico para trás.

Em pega minha mão.

Eu aperto com força. “Bem, melhor amigo, definitivamente eu não teria escrito a história assim.”

Ela deita a cabeça no meu ombro. “Nem eu.” Envolvo meu braço em torno dela. “É melhor. Este é o jeito que as coisas devem ser.”

“É exatamente do jeito que era para ser.”

Ela assente com a cabeça.

“Obrigado por ser você, Em.”

“Estou tão orgulhosa de chamá-lo de amigo, Miller.”

O círculo está completo.

Assim como eu disse.

Tudo.

Tudo sempre termina num círculo completo.

Assim é a vida.

E a minha?

Está apenas começando – tudo porque ela disse sim.

 

 

 

Notas

 

[1] Chiken Waflle - Frango frito com Waffle, comida típica nos Estados unidos.
[2] Ballers, série que conta a história de um grupo de jogadores de Futebol Americano - entre ativos e aposentados, que vivem em Miami. Ator principal: Dwayne Johnson.
[3] Canal de televisão.
[4] Home Depot, é uma companhia varejista norte-americana que vende produtos para o lar e construção civil.
[5] Skittles é uma marca de doces com sabor de frutas.
[6] NBC Sunday Night Football - Programa de TV.
[7] Jackassery no original. Um trocadilho com o nome do personagem (Jax) e ass (bundão).
[8] Trocadilho com um sabor de refrigerante para dar nome a uma jogada.
[9] Palavra que começa com F, neste caso, FUN (no original) - diversão. Mas muito frequentemente, dizemos que alguém usou a palavra que começa com F quando a pessoa diz “Fuck”!
[10] Referência ao Seriado de televisão Orange is The New Black(Tradução literal: O laranja é o novo preto.),
[11] Tigh end é a posição do Miller, mas pode também significar ânus.

 

 

                                                                  Rachel Van Dyken

 

 

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